modificação química da argila montmorilonita (mmt) para síntese de
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modificação química da argila montmorilonita (mmt) para síntese de
MODIFICAÇÃO QUÍMICA DA ARGILA MONTMORILONITA (MMT) PARA SÍNTESE DE MEMBRANAS NANOCOMPÓSITOS APLICADAS EM CÉLULAS A COMBUSTÍVEL Juliana M. F. da Silva1 (IC), Rayne Campos Luiz1 (IC), Jorge T. Filho2, Sérgio Pinheiro de Oliveira2e Luanda S. de Moraes1, 2* 1 – Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste – UEZO, Rio de Janeiro – RJ. [email protected] 2 – Instituto Nacional de Metrologia - INMETRO, Duque de Caxias, RJ. Resumo: Desenvolvimento de membranas híbridas orgânico/inorgânico com a fase inorgânica homogeneamente dispersa na matriz polimérica tem sido assunto para muitos estudos relacionados à produção de nanocompósitos poliméricos. Resultados existentes na literatura mostram que os argilo-silicatos são muito empregados para preparar nanocompósitos poliméricos com intuito de agregar propriedades mecânicas e térmicas à matriz polimérica. Neste trabalho, a argila montmorilonita foi tratada em meio ácido, tendo sido adicionados grupos modificadores orgânicos para gerar canais condutores de prótons, que são fundamentais em membranas poliméricas das células a combustível do tipo PEM (ou seja, célula a combustível com membrana trocadora de prótons), visto que a condução do hidrogênio se dá por este mecanismo. A conclusão foi que o tratamento químico dado à argila MMT foi capaz de alterar a microestrutura do material argiloso. Palavras-chave: Modificação química, argila, MMT, nanocompósitos, tipo PEM Chemical Modification of Montmorilonite to nanocomposite membrane synthesis applied in Fuel Cells Abstract: Development of organic/inorganic hybrid membranes with the inorganic phase homogeneously dispersed in the polymeric matrix has been the subject for many studies related to polymer nanocomposites production. Previously published papers show clay-silicates have been used for preparing polymer nanocomposites with the aim of adding mechanical and thermal properties to the polymer matrix. In this work, organic modifying groups for the generatation of proton conducting channels were added to montmorillonite clay treated in acid media. Such a treatment is fundamental in polymeric membranes of PEMFC fuel cells (e.g. proton exchange membrane fuel cells) since hydrogen conduction is made by this mechanism. It was concluded that the chemical treatment applied to the MMT was able to change the clay material microstructure. Keywords: Chemical modification, clay, MMT, nanocomposites, PEMFC 1. Introdução Compostos inorgânicos como zeólita, talco, mica, sílica, argilas são amplamente utilizados como material de preenchimento em matrizes poliméricas com o intuito de agregar propriedades e reforçar suas estruturas de base orgânica [1-5]. A adição de argila nas matrizes poliméricas tornouse bastante popular para a retenção de água, melhorar o desempenho mecânico e térmico de membranas e a retenção de água e metanol em membranas aplicáveis às células a combustível [2]. Dentre os materiais argilosos, a Montmorilonita é um mineral argilo-silicato de grande abundância no Brasil que apresenta grande área superficial, entre 220 e 270 m2.g-1, o que colabora de forma significativa para absorção de várias espécies químicas quando há necessidade de modificação em suas estruturas lamelares e absorção de umidade [3, 4]. Dessa forma, compósitos poliméricos à base de argila têm sido vastamente estudados. O desempenho da membrana compósito pode ser melhorado através da adsorção ou inserção de grupos funcionais orgânicos na estrutura lamelar desses materiais argilosos. As características constitucionais da argila facilitam a adsorção de compostos orgânicos devido às suas altas capacidades de troca iônica e de inchamento, alta razão de aspecto e livre acesso dos grupos nas lamelas para modificação química. Para a preparação de membranas compósitos para células a combustível, os grupos modificadores da superfície lamelar da argila são os ácidos orgânicos sulfônicos (SO3H). O grupo sulfônico apresenta ao próton livre o canal protônico que é decisivo para o desempenho da membrana para células a combustível do tipo PEM (célula a combustível com membrana trocadora de prótons). Neste trabalho, a argila MMT foi tratada com ácido sulfúrico e grupos modificadores orgânicos para gerar canais condutores de prótons que são de suma importância quando presentes nas matrizes poliméricas das membranas protônicas. 2. Materiais e Métodos 2.1 Materiais Os materiais utilizados neste trabalho foram: argila montmorilonita da família das bentonitas, denominada de bentonita sódica natural (MMT), solução de ácido sulfúrico 0,5 M, (3mercaptopropil) trimetoxi silano (3MPTMS), solução de peróxido de hidrogênio a 3 % (H2O2), tolueno, água deionizada e etanol. 2.2 Metodologia 2.2.1 Tratamento ácido da argila: troca dos cátions Na+ por próton H+ : MMTH+ Inicialmente, a argila foi tratada com solução de ácido sulfúrico 0,5 M sob agitação, por 24 horas a temperatura ambiente. Após esse tempo, o material foi lavado com água deionizada e etanol e seco a 60 oC até massa constante. 2.2.2 Organofilização da argila: inserção do grupo mercapta (SH) nos grupos SiO- : MMTSH Nesta etapa, a argila protonada (MMTH+) foi tratada com o reagente orgânico 3MPTMS para inserção do grupo -SH nos ligantes -O-Si-. A argila foi dispersa em tolueno; em seguida, foi adicionado o reagente 3MPTMS, sob agitação, atmosfera saturada com N2 gasoso e refluxo a 110 o C por 24 horas. Ao final, a argila foi filtrada para separação da fase sobrenadante e obtenção do material argiloso, que seguiu diretamente para secagem até total evaporação do solvente e massa constante. 2.2.3 Oxidação da argila organofilizada: MMTSO3H A argila organofilizada (MMTSH) foi tratada com H2O2 a 3 % e novamente com solução de H2SO4 0,5 M para complementação das reações de sulfonação nas pontes organofilizadas.Em um balão de três bocas, a argila foi dispersa em solução de H2O2 3 %, mantida sob agitação constante, a 60 ºC durante 24 horas. Após esse tempo, o sobrenadante foi separado e a argila seca foi dispersa em H2SO4 0,5 M sob agitação por 24 horas à temperatura ambiente para complementação das reações de sulfonação. Ao final, a argila organofilizada e sulfonada (MMTSO3H) foi purificada e seca em estufa até massa constante. 2.2.4 Caracterizações da argila MMT tratada: MMTSO3H+ As amostras de argila foram metalizadas com Au utilizando o equipamento Bal-Tec, modelo SCD 050-Sputter Coater, com atmosfera de argônio e as condições foram: 15 minutos para a preparação do vácuo, 2 minutos para metalização a 30 mA com temperatura de bancada de 22 ºC. Posteriormente, para acompanhar as etapas de modificação, as amostras foram caracterizadas morfologicamente pelo equipamento JEOL JSM - 6490LV SEM com aceleração de 30 kV. 3. Resultados e Discussão 3.1 Avaliação das micrografias de MEV As micrografias de MEV das amostras de argila MMT tratadas, Figuras 1-5, ilustram que em todas as etapas de modificação da argila MMT houve mudança nas suas estruturas lamelares. Isto ocorreu devido à funcionalização da bentonita pela condensação com silano, o que gerou um maior número de íons intercambiáveis entre as lamelas da argila por conta da presença dos grupos silanos. Na Figura 1 é ilustrada a argila na sua estrutura in natura, isto é, com as suas lamelas totalmente compactadas. A Figura 2 mostra que as estruturas compactadas das lamelas da argila foram desfeitas e estruturas semelhantes a “folhas ou escamas” começam a aparecer em virtude do tratamento ácido, evidenciando que ocorreu modificação estrutural do material argiloso. O mesmo é observado na Figura 3, a micrografia da argila tratada com o reagente 3MPTMS, a qual indica que as lamelas estão ainda em menores dimensões e mais soltas uma das outras em comparação com a Figura 1. Após novo tratamento com ácido, sulfonação, as estruturas lamelares estão bem separadas e assemelhando-se a estruturas esfoliadas de lamelas, Figuras 4 e 5. A B Figura 1: Micrografias de MEV da argila MMT in natura com aumento de 1.000X (A) e 3.000X (B). B A Figura 2: Micrografias de MEV da argila MMTH+ com aumento de 1.000X (A) e 3.000X (B). A B Figura 3: Micrografias de MEV da argila MMTSH com aumento de 1.000X (A) e 3.000X (B). A B Figura 4: Micrografias de MEV da argila MMTSHO com aumento de 1.000X (A) e 3.000X (B). A B Figura 5: Micrografias de MEV da argila MMTSO3H com aumento de 1000X (A) e 3.000X (B). 3.2 Microanálise por Espectroscopia por Dispersão de Energia A Tabela 1 ilustra os resultados da microanálise de MEV (EDS) para as amostras MMT, MMTH+ e MMTSO3H. Esses resultados indicam que houve aumento do teor de silício e inclusão do enxofre na estrutura da argila, em função da reação de modificação com o grupo mercapta do 3MPTMS. Baseado nesses valores é possível prever a presença dos canais condutores de prótons provenientes da provável inserção dos grupos SO3H. Tabela 1: Resultados de EDS das amostras de argila in natura e tratada com modificador orgânico. MMT MMTH+ MMTSH MMTSO3H Elemento (% peso) (% peso) (% peso) (% peso) C 2,32 4,47 6,55 2,98 O 49,9 55,03 41,06 48,39 Si 28 30,2 31,62 40,5 S 0 0 2 2 4. Conclusões Através das micrografias foi possível concluir que o tratamento químico dado à argila MMT foi capaz de alterar totalmente a microestrutura lamelar do material argiloso. As microanálises de MEV (EDS) comprovaram a incorporação do elemento enxofre e o aumento do teor de silício na argila tratada, provenientes do reagente orgânico 3MPTMS. Futuras análises de difratometria de raios-x poderão dar informações a respeito do espaçamento basal alcançado após cada etapa do tratamento em comparação com a argila MMT in natura. 5. Agradecimentos Ao CNPq pela bolsas de IC e, ao Pronametro pelo incentivo ao pesquisador. 6. Referências Bibliográficas 1. A. Hacer Doğan; Y. Tülay; M. Koral, M. Kaya Applied Clay Science 2011, 52, 285–294 . 2. V. R. Hande, K. Sangram. S. R. Rath, M.Patri, Swati Rao Journal of Membrane Science 2011, 372, 40–48. 3. Y.-L. Liu, Y.-H. Su, Y.-M. Sun, J.-Y. Lai, M. D. Guiver, Yan Gao Journal of Power Sources 2006, 155, 111–117. 4. L. Unnikrishnan, S. Mohanty, S. K. Nayak High Performance Polymers 2013, 1–14. 5. S.D. Bhat, S. Sasikala, S. Meenakshi, A.K. Sahu Electrochimica Acta, 2014, 135, 232-241.
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