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PRODUÇÃO E CARACTERIZAÇÃO POR ANÁLISE TÉRMICA DINAMICO-MECÂNICA (ATDM) DE NANOCOMPÓSITO POLIMÉRICO JOSÉ C. MACÊDO NETO1, SANDRO L. M. QUEIROGA2, LILIANE M. F. LONA3 Escola Superior de Tecnologia - Universidade do Estado do Amazonas (EST-UEA) Av. Darcy Vargas, 1200, Parque 10, Manaus-AM, CEP:69050-020, Brasil. [email protected] 1 2 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM), Campus Manaus Distrito Industrial. Av. Danilo Areosa, 1672 - Distrito Industrial - Manaus - AM CEP: 69075-351, Brasil. [email protected] 3 Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Química, Departamento de Eng. de Materiais e Bioprocessos. Av. Albert Einstein, 500, Cidade Universitária, CEP: 13083852 - Campinas, SP – Brasil. [email protected] RESUMO. Nanocompósitos poliméricos utilizando argilas naturais como nanopartícula têm as propriedades mecânicas, anti-chamas, de barreiras a gases melhoradas em relação aos polímeros sem nanopartícula. Dentre as técnicas de produção de nanocompósitos como fusão, sol-gel, polímeros em solução, destaca-se a polimerização in situ em emulsão. A produção de nanocompósitos in situ em emulsão apresenta algumas vantagens como melhor distribuição do reforço, baixo impacto ao meio ambiente e a polimerização ocorre juntamente com o a nanopartícla o que aumenta a interação nanopartícula-polímero. Este trabalho tem como objetivo produzir e caracterizar nanocompósito polimérico por polimerização in situ em emulsão utilizando caulinita como nanopartícula nas quantidades de 0 e 3% (em relação ao monômero). O nanocompósito produzido foi caracterizado por difração de raios X (DRX) e análise térmica dinâmico-mecânica (ATDM). A morfologia da argila e a razão de aspecto foram obtidas utilizando três microscópios eletrônicos de varredura (MEV). Os resultados mostraram que houve pouca influência do polímero com reforço em relação ao sem reforço em relação ao módulo de armazenamento e temperatura de transição vítrea. PALAVRAS-CHAVE: Nanocompósito; Polímeros; Caulinita. ABSTRACT. Polymer nanocomposites using natural clays such nanofiller have mechanical properties, flame retardants, barrier improvement compared to unreinforced polymer. Among manufacturing techniques such as nanocomposite fusion, sol-gel, solution polymers, highlights the in situ emulsion polymerization. The production of nanocomposites in situ emulsion polymerization has some advantages such as better distribution of the reinforcement, environmentally friendly and the polymerization occurs along with the nanofiller which increases the nanofiller-polymer interaction. This work aims at the production and characterization of polymer nanocomposite produced by emulsion polymerization using kaolinite as reinforcement in the amounts of 0 and 3 % (relative to monomer). The nanocomposite produced were characterized by X-ray Diffraction (XRD), Thermal Analysis Dinamicomechanical (TADM). The morphology of the clay and the aspect ratio were obtained using three scanning electron microscopes (SEM). The results showed that there was little effect on the polymer enhanced compared to neat in relation to the storage modulus and glass transition temperature. KEYWORDS: Nanocomposite; Polymers; Kaolinite. Submetido em 09/11/2014; revisado em /12/2014. Artigo aceito sob recomendação do Editor-Chefe Prof. Dr. Ginalber L. O. Serra. Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 61 Produção e Caracterização por Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (ATDM) de Nanocompósito Polimérico 1 INTRODUÇÃO Materiais nanocompósitos poliméricos utilizando como nanocargas argilas lamelares quimicamente modificadas vêm despertando tanto o interesse científico como o industrial. Segundo VILLANUEVA et al. (2009) as propriedades obtidas são melhores em relação a outros materiais como: polímeros virgens, micro-compósitos e compósitos poliméricos tradicionais. Para SUN et al. (2010) algumas propriedades melhoradas desses nanocompósitos são barreira a gases, anti-chamas, rigidez, ópticas e térmicas. Segundo POMOGALIO (2006) as propriedades melhoradas desses materiais despertaram o interesse da indústria automotiva, aeroespacial, de alimentos, de cosméticos e outras. Segundo UDIN (2008) os principais grupos de argilas naturais lamelares utilizadas como nanocargas em polímeros são os da caulinita, ilita ou micas hidratadas e esmectitas ou motmorilonita, haloisita, vermiculita e paligosquita. Para GARDOLINSKI et al. (2000) dentre as argilas naturais lamelares utilizadas em nanocompósitos, a caulinita ganha um destaque por ser uma das mais abundantes na terra e ter uma alta cristalinidade. Segundo SANTOS (1989) no Brasil depósitos de caulim são encontrados nos Estados do Amazonas, Pará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Bahia, São Paulo, Rio Grande do Sul. Depósitos de caulim aparecem em todo o mundo como China, Itália, Japão, Austrália, México, USA. Segundo COELHO et al. (2007) a caulinita é constituída de lamelas de silicatos. Esses silicatos em camadas são constituídos por folhas contínuas composta de células unitárias na forma de tetraedros SiO4, ordenados de forma hexagonal, condensados com folhas octaédricas de hidróxidos de metais tri e divalentes. Para PARK et al. (2009) partículas com dimensões nanométricas (nanopartículas) utilizadas em nanocompósitos apresentam uma grande área superficial em um determinado volume e uma elevada razão de aspecto (R.A = D/e) em que D é o comprimento da nanopartícula e e é a espessura da nanopartícula. Assim, as nanopartículas apresentam uma grande área de contato com a matriz polimérica, o que aumenta a eficiência do reforço utilizando pequenas quantidades de nanocarga. Na produção de nanocompósitos poliméricos 62 Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 utilizando argilas como nanocargas a compatibilidade polímero-argila é imprescindível para a o êxito das propriedades desses nanomateriais. Para GARDOLINSKI (2005) a intercalação de componentes orgânicos em argilas inorgânicas lamelares é uma estratégia para a compatibilização de um material orgânico com um inorgânico. Assim, para a realização da síntese de nanocompósitos poliméricos utilizando a caulinita como nanocarga, é preciso que se faça um pré-tratamento de intercalação de moléculas orgânicas na caulinita. Este pré-tratamento proporciona que a caulinita (inorgânica) tenha compatibilidade com o polímero (orgânico). Os trabalhos de GARDOLINSKI et al. (2000), ITAGAKI et al. (2001), WANG et al. (2010) e Essaway et al. (2009) mostram as substâncias que podem fazer a compatibilidade do polímero com a caulinita, como por exemplo: o dimetilsulfóxido (DMSO), ácido 6-aminohexano (AHA), N-metil-formamida e dodecilamina (NMF-DDMNA), ácido carboxílico e amônia funcionalizada e uréia. Para ALEXANDRE e DUBOIS (2000), e TURHAN et al. (2010) existem de vários métodos de produção de nanocompósitos que têm sido abordados na literatura como, por exemplo, a técnica mistura em polímero no fundido (melting blending), em solução, processo Sol-Gel e polimerização in situ. Desta forma, materiais nanocompósitos poliméricos utilizando como nanocarga a caulinita apresenta grandes expectativas quanto a sua utilidade em pesquisas em novos materiais. 1.1 Motivação Amazônia corresponde a uma das maiores regiões da Terra e para VIEIRA et al. (2005) a ela contém a maior biodiversidade do planeta. Estima-se que a região abrigue cerca de quarenta mil espécies vasculares de plantas, mais de mil espécies de aves, 14 gêneros de primatas. Para SANTOS (2002) a Amazônia apresenta uma considerável variedade de ambientes geológicos, com potencialidade para depósitos minerais, desde os utilizados intensivamente pela indústria moderna até os mais valiosos. Exemplos de alguns depósitos JOSÉ C. MACÊDO NETO, SANDRO L. M. QUEIROGA, LILIANE M. F. LONA desses minerais presentes são: ferro, manganês, alumínio, cobre, zinco, níquel, cromo, titânio, fosfato, ouro, prata, platina, paládio, ródio, estanho, tungstênio, nióbio, tântalo, zircônio, terras-raras, urânio e diamante. SANTOS (2002) também afirma que o caulim da região amazônica apresenta excepcionais qualidades para revestimento de papel (tipo coating). COSTA e MORAES (1998) constataram no Estado do Amazonas a existência do caulim próximo as rodovias BR-307, entre os municípios de São Gabriel da Cachoeira e o distrito de Cucuí, BR-174, entre o muinicípio de Manaus e o município de Presidente Figueiredo e na BR-010 entre Manaus e o município de Itacoatiara Para que se preserve esta grande biodiversidade e a riqueza mineral é preciso o seu uso científico e tecnológico de maneira sustentável. Desta forma, este trabalho ganha importância por apresentar uma aplicação tecnológica para caulim amazônico, ou seja, a utilização da argila como nanocarga em polímeros. sódio laurilsulfato (SLS) (P.A., FMAIA, Brasil), inibidor hidroquinona (99%, marca Hidroquinon ReagentPlus®, Sigma Aldrich, Alemanha). Utilizou-se água destilada e deionizada em todo o experimento. O argilomineral utilizado foi a caulinita (Kao) modificada com dimetilsulfóxido (DMSO) (P.A., Synth, Brasil). 2.2 Síntese do poliestireno e nanocompósito Este trabalho teve como objetivo produzir, por polimerização in situ em emulsão e caracterizar por (ATDM), um material nanocompósito polimérico. Utilizou-se como nanocarga para o material nanocompósito polimérico a caulinita oriunda do Estado do Amazonas (na quantidade de 3%, em relação ao monômero). Este trabalho também mostra a caracterização morfológica da argila por MEV. Pelas imagens obtidas, pela microscopia utilizada, também foi possível calcular a razão de aspecto da argila (R.A). As reações foram realizadas em um reator em batelada de aço inoxidável, capacidade de 1,0L com camisa aquecedora equipado com tubo purgador e ciclone magnético. Primeiramente, pesou-se a quantidade de água. Utilizando 100mL, da água pesada, fez-se uma solução aquosa com SLS. Com 40 mL da mesma água fez-se uma solução de KPS e fez-se borbulhar nitrogênio por 20 minutos até o início da reação. Pesou-se o monômero e adicionou-se a argila, nas quantidades separadas por corrida em 0 (branco) e 3% (em massa, em relação à massa do monômero). A solução de monômero foi agitada por 2 horas e adicionada a um banho ultrassônico por 24 minutos. Em seguida foi adicionada ao reator a quantidade de água restante, a solução com surfactante, a solução de monômero e argila. Deixou-se sob agitação de 60rpm e fluxo suficiente de gás inerte (nitrogênio) até que atingisse uma temperatura estável de 60°C. Em seguida foi adicionado o iniciador e deu-se início a reação (tempo zero). O tempo da reação foi de 90 minutos e utilizou-se uma pressão de 1atm. O poliestireno (PS) e o nanocompósito poliestireno-3% de caulinita tratada com DMSO (PS-3%kao-DMSO) foram secos em estufa à vácuo por 4 horas a 100°C. 2 PROCEDIMENTOS 2.3 Caracterizações 1.2 Contribuições 2.1 Reagentes Para a polimerização em emulsão foi utilizado monômero estireno (99%, Sigma Aldrich, Alemanha) lavado três vezes com hidróxido de sódio (P.A., FMAIA, Brasil), iniciador persulfato de potássio (KPS) (99%, Sigma Aldrich, Alemanha), surfactante Neste trabalho utilizou-se um difratômetro de raios X - DRX (Shimadzu, XRD 7000, Japão). Utilizou-se uma radiação CuKα de 1,54060Å, os dados foram coletados numa faixa angular (2θ) entre 1,4-70°. Para a realização da análise térmica dinâmico-mecânica (TDMA), primeiramente, confeccionou-se corpos de prova a partir de uma mini-injetora (Haake, MiniJet II, Thermo Fisher Scientific, Alemanha). Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 63 Produção e Caracterização por Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (ATDM) de Nanocompósito Polimérico Os parâmetros de injeção mostrados pela Tabela 1. Para a caracterização por microscopia eletrônica de varredura da argila utilizou-se os microscópios JEOL, JEOL-JSM-5900LV (MEV1), Tókio, Japão; JEOL, JEOL-JSM-6330F, Tókio, Japão (MEV2) e o MEV/EDX LEO Electron Microscopy, LEO 440i, Oxford, Inglaterra (MEV3). Os corpos de provas produzidos apresentaram formas retangulares com dimensões, aproximadamente, de 64 x 2,3 x 3,2mm de acordo com a norma ASTM 5023-07 para ensaio DMTA para ensaio com flexão em três pontos. Para análise de TDMA utilizou-se um equipamento (Dynamic Mechanical Thermal Analysis, Netzsch DMTA 242, UK). As condições utilizadas durante os ensaios foram: variação de temperatura de 30 a 160°C, deformação de 60µ, taxa de aquecimento de 2°C/min, freqüência de 1,0 Hz, o modo de solicitação mecânica durante a análise foi em três pontos. A Fig. 1 mostra o equipamento TDMA utilizado neste trabalho. Pela Fig. 1 observa-se os três pontos de apoio utilizados durante o teste. Tabela 1: Condições utilizadas para a confecção dos corpos de prova. Parâmetros de injeção 64 Pressão de injeção 500 bar Tempo de injeção 30 s Temperatura do cilindro 200 °C Temperatura do molde 40 °C Pressão de recalque 250 bar Tempo de recalque 15 s Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 Figura 1: Equipamento TDMA utilizado no trabalho com três pontos de solicitação. 3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS 3.1 Estudo da morfologia da argila utilizada como nanopartícula As Fig. 2a e 2b mostram as imagens da caulinita utilizada neste trabalho e foram obtidas pelo MEV1. As Figuras 2c e 2d mostram as imagens obtidas pelo MEV2. As Fig. 2e e 2f mostram imagens obtidas pelo MEV3. As mostras foram medidas em duplicada em cada um dos microscópios utilizados. A necessidade de obter imagens da argila com melhor resolução, maior magnitude e campo de observação, foram os motivos os quais levaram a serem utilizados diferentes microscópios bem como diferentes metodologias de preparação de amostras. O MEV1 apresentou uma baixa resolução e magnitude de 19.000X (Fig. 2a e 2b), sendo necessário utilizar outro microscópio com uma melhor resolução e maior magnitude para a observação da morfologia da argila. Assim utilizou-se o MEV2 que apresentou uma melhor resolução e maior magnitude (20.000X) (Fig. 2c e 2d). JOSÉ C. MACÊDO NETO, SANDRO L. M. QUEIROGA, LILIANE M. F. LONA (a) (d) (b) (e) (c) (f) Figura 2: Lamelas da caulinita com aumento de (a) 15.000X, (b) 19.000X, (c) 20.000X, (d) 20.000X, (e) e (f) 10.000X. Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 65 Produção e Caracterização por Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (ATDM) de Nanocompósito Polimérico As imagens foram obtidas por meio da metodologia descrida no Apêndice (A.1). Por essa metodologia de preparação de amostra foi possível obter imagens dos diâmetros menores da argila (em torno de 0,25 µm) como pode ser visto pela Fig. 2d. Porém, não foi possível ter uma imagem com visão mais clara das dimensões das lamelas, pois elas ficaram muito agregadas podendo não mostrar outras lamelas com dimensões maiores que 3µm, caso existissem. Desta forma, foi necessária a utilização de outra metodologia que permitisse uma melhor observação das lamelas. A metodologia utilizada é descrita no Apêndice (A.2). Para obtenção das imagens utilizando a metodologia (A.2) utilizou-se o MEV3 com magnitude de 10.000X. Nas imagens vistas pelas Figuras 2e e 2f é possível observar as partículas dispersas, o que mostra a influência da metodologia utilizada. Assim, pelas figuras foi possível observar, claramente, a existência de argilas com dimensões de lamelas entre 6-7 µm. A Tabela 2 mostra cinco medidas de diâmetros das lamelas da caulinita obtidas das imagens em MEV (Fig. 2a, b, c, d, e, f) para cada um dos três microscópicos utilizados. Tabela 2: Medidas de diâmetros das lamelas da caulinita. Diâmetro Medida (µm) Figuras 40a e b E1 2,88 E2 0,77 E3 0,58 E4 1,00 E5 0,50 Figuras 40c e d A1 0,88 A2 0,25 A3 0,36 A4 1,30 A5 0,85 Figuras 40e e f D1 3,11 D2 2,78 D3 4,10 66 Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 D4 D5 7,44 6,67 Média 2,23 ± 2,28 Pelos valores dos diâmetros das lamelas da argila visto na Tabela 2, foi possível obter um valor médio dos diâmetros das lamelas da argila. A partir do valor médio dos diâmetros (2230 nm), juntamente com o valor da espessura das lamelas da caulinita segundo Coelho e Santos (2007) (em = 0,473 nm), foi possível calcular a razão de aspecto (R.A.). Utilizou-se a expressão segundo Liu e Mai (2005) para cálculo da R.A.: 𝑅. 𝐴. = 𝐷 𝑒𝑚 = 2230 𝑛𝑚 0,473 𝑛𝑚 = 4714,59 (1) Em que D é o diâmetro médio obtido das imagens e em a espessura das lamelas. Observa-se pelas Fig. 2b, 2c, 2d que a argila apresenta lamelas com morfologias hexagonais característicos do argilomineral caulinita. Observa-se que as lamelas são unidas pela superfície formando um empilhamento. Coelho, Santos e Santos (2007) mostraram em seus trabalhos que a caulinita caracteriza-se por apresentar cristais lamelares com perfil hexagonal e pseudo-hexagonal. Murray (2000) afirmou que a maioria dos depósitos de caulins apresentam a caulinita com morfologia pseudo-hexagonais. Segundo Du et al. (2010) e Gardolinski (2005) as extensas faces hexagonais da caulinita são referentes ao plano basal (001). Segundo Lebedeva e Fogden (2011) a caulinita apresenta-se emplacas hexagonais individuais e empilhadas. Segundo Santos (1989), o empilhamento da caulinita pode ser devido à interação face-to-face. Este tipo de interação ocorre devido à água de solvatação e aos cátions trocáveis superficiais. Santos afirma que neste tipo de interação as partículas nunca se tocam devido à água superficial. A Fig. 3a mostra o DRX da caulinita em que é observado o espaçamento basal (d001 = 0,72nm, 2θ = 12,33°), conforme Rehim et al. (2010). As Fig. 3b e 3c mostram o DRX do PS e nanocompósito PS-3%Kao-DMSO, respectivamente. JOSÉ C. MACÊDO NETO, SANDRO L. M. QUEIROGA, LILIANE M. F. LONA Figura 3: DRX da (a) Caulinita, (b) Poliestireno, (c) Nanocompósito. Observa-se pela Fig. 3c a ausência de qualquer reflexão, que segundo Essawy et al. (2009) é devido à falta de qualquer ordenação remanescente da caulinita, que pode estar intercalada e/ou exfoliada na matriz polimérica. Pelas Fig. 4a e 4b observa-se as curvas obtidas da análise térmica dinâmico-mecânica para o poliestireno sem (0%) e com (3%) de argila. Pela Fig. 4a observa-se a variação do módulo de armazenamento (E’) com a temperatura. A Fig. 4b mostra a variação do armotecimento (tan (δ)) com a temperatura. (a) (b) Figura 4: Comportamento do (a) Armazenamento e (b) Amortecimento do poliestireno sem reforço 0% e com 3% de argila. A Tabela 3 ilustra os valores dos módulos e temperaturas de transição vítrea (Tg) obtidos das curvas mostradas das Fig. 4a e 4b. Pela Tabela 3 observa-se que o poliestireno (PS) sem reforço (0%) obteve um módulo um pouco maior que o do nanocompósito com 3% de argila, durante o aquecimento. Também são observadas as temperaturas de transições vítreas para o PS com e sem argila. Pela Tabela 3 observa-se que a quantidade de argila de 3% influenciou com uma leve redução no módulo de armazenamento nas temperaturas indicadas. A pressão de injeção 500bar e a temperatura do cilindro de 200°C podem ter influenciado de forma a aproximar as lamelas da argila intercalada e/ou esfoliada na matriz polimérica. Devido a esta pressão de injeção Park et al. (2004) afirma que pode ter ocorrido uma redução da interação da argila com o poliestireno e, consequentemente, reduzido o E’. Observa-se também pela Tabela 3 que a Tg não foi influenciada com a adição da quantidade de 3% de argila. Caso tenha ocorrido uma falta de interação da argila com a matriz polimérica, a mesma não foi influenciada pela argila. A quantidade de 3% poder ter sido pouca e assim não ter influenciado a Tg do nanocompósito. Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 67 Produção e Caracterização por Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (ATDM) de Nanocompósito Polimérico Tabela 3: Módulo de armazenamento (E’) obtido em diferentes temperaturas durante o ensaio e as temperaturas de transições vítreas obtidas dos gráficos de amortecimento tan (δ). E’ (GPa) Amostras Tg (°C) 0% 30°C 1,60 40°C 1,55 50°C 1,45 60°C 1,31 70°C 1,24 90°C 1,00 104 3% 1,51 1,46 1,39 1,30 1,19 0,74 104 As Fig. 5a e 5b mostram as imagens dos corpos de prova de PS e PS-3%Kao-DMSO antes e após serem submetidos ao ensaio de TDMA, respectivamente. A Figura 5b mostra os corpos de prova apresentando deformações. Essas deformações, ocorreram devido ao aumento de temperatura juntamente com os esforços em três pontos. O aumento da temperatura provocou os movimentos dos segmentos moleculares de toda a amostra e principalmente nos locais aonde ocorreram os três apoios resultando em três deformações localizadas. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 4.1 Conclusões (a) (b) Figura 5: Corpos de prova utilizados no ensaio TDMA (a) Antes e (b) Depois. 68 Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 Pela análise por MEV foi possível observar as morfologias hexagonais e pseudo-hexagonais, bem como calcular a razão de aspecto. A razão de aspecto foi alta com valor de 4717,59. Foi possível produzir um nanocompósitos polimérico por meio da polimerização in situ em emulsão utilizando 3% de caulinita. A análise por DRX do nanocompósito polimérico mostrou a ausência de picos referente a presença da caulinita. A semelhança entre os DRX do poliestireno e do nanocompósito confirmou a produção de um nanocompósito polimérico. A análise de TDMA mostrou que houve uma redução do E’ para o nanocompósito em relação ao poliestireno sem argila. A pressão de injeção e temperatura do cilindro pode ter influenciado a redução do E’. Essas duas variáveis podem ter aproximado as lamelas da argila e reduzido a interação polímero argila. A adição de 3% de argila não influenciou a Tg do nanocompósito. JOSÉ C. MACÊDO NETO, SANDRO L. M. QUEIROGA, LILIANE M. F. LONA 4.2 Propostas para trabalhos futuros Realizar estes mesmos procedimentos, para a produção de nanocompósitos, mostrados neste trabalho utilizando outras argilas como a montorilonita (MMt) e uma argila sintética como o hidróxido duplo lamelar (HDL). Caracterizar por microscopia eletrônica de transmissão (MET) os nanocompósitos obtidos com as argilas MMt e HDL e comparar com as imagens em MET dos nanocompósitos utilizando caulinita. Desta forma pode-se comparar o nível de argila esfoliada. Realizar microscopia eletrônica de feixe duplo nas amostras antes e depois do ensaio de ATDM. Desta forma poderá ser mostrada por imagens a distribuição da argila na matriz polimérica. APÊNDICE A.1. Preparação de amostra para análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV1/MEV2). Para a preparação da amostra utilizou-se argila em pó e foi utilizado um equipamento denominado Sputter (BAL-TEC, SCD050 SPUTTER COATER, Wetzlar, Alemanha), utilizado para deposição de filme de carbono sobre a amostra a ser analisada em microscopia eletrônica de varredura. O recobrimento da amostra com um filme de carbono facilita a condução dos elétrons sobre a amostra, melhorando a imagem obtida. Para o recobrimento da argila com carbono, utilizou-se um filme de carbono com diâmetro 10mm e densidade 0,70g/ml (TED PELLA INC, EUA). amostra. Após a adição das microgotas da solução ao porta-amostra, o mesmo foi levado a um dissecador ficando um tempo de 24 horas antes da análise em MEV. Utilizou-se um recobrimento metálico com um equipamento Sputter Coater POLARON (VG Microtech, SC7620 (Inglaterra) para facilitar a condução dos elétrons sobre a amostra. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), à Universidade do Estado do Amazonas (UEA), à Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), ao Instituto Federal do Amazonas Campus Manaus Distrito Industrial (IFAM-DI) e ao Laboratório Nacional de Luz Síncrontron (LNLS). REFERENCIAS ALEXANDRE, M.; DUBOIS, P. Polymer-layered silicate nanocomposites: preparation, properties and uses of a new class of materials. Materials Science and Engineering, Vol. 28, p. 1. 2000. URL:https://www.unm.edu/~solgel/Course %20Stuff/Alenandre%20Mat%20Sci_Engr%20 2000.pdf AMMALA A.; HILL A. J.; LAWRENCE K. A.; TRAN T. Poly(m-xylene adipamide)–Kaolinite and Poly(m-xylene adipamide)–Montmorillonite Nanocomposites. Journal. Applied Polymer Science, Vol. 104, 1377-1381, 2007. URL:http://onlinelibrary.wiley.com/doi /10.1002/app.22566/abstract COELHO A. C. V.; SANTOS P. S.; SANTOS, H. S. Argilas especiais: argilas quimicamente modificadas – uma revisão. Química Nova, Vol. 30, n. 1, p. 146-152, 2007. A.2 Preparação de amostra para análise em microscopia eletrônica de varredura (MEV3). URL:http://www.scielo.br/pdf/qn/v30n5/ a42v30n5.pdf Para a preparação da amostra de argila pura foi utilizada uma solução contendo 10ml de água e 10 ml de álcool aonde foi adicionada 0,5g de argila em pó. A mistura foi adicionada a um borrifador manual utilizado para gerar as microgotas sobre um porta COSTA, M. L. da; MORAES, E. L.. Mineralogy, geochemistry and genesis of kaolins from the Amazon region. Mineralium Deposita, Vol. 33, p. 283-297, 1998. URL:http://link.springer.com/article/1 0.1007%2Fs001260050147#page-1 Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 69 Produção e Caracterização por Análise Térmica Dinâmico-Mecânica (ATDM) de Nanocompósito Polimérico DU, J.; MORRIS, G.; PUSHKAROVA, R. A.; SMART, R. S. T. C.. Effect of Surface Structure of Kaolinite on Aggregation, Settling Rate, and Bed Density. Langmuir, Vol. 26, n. 16, 13227-13235, 2010. URL:http://pubs.acs.org/doi/abs/10.102 1/la100088n ESSAWY, H. A.; YOUSSEF, A. M.; ABD EL-HAKIM A. A.; RABIE, A. M. Exfoliation of Kaolinite Nanolayers in Poly(methylmethacrylate) Using Redox Initiator System Involving Intercalating Component. Vol. 48, pp. 177-184. 2009. URL:http://www.tandfonline.com/doi/abs /10.1080/03602550802577460 GARDOLINSKI, J. E.; CARRERA, L. C. M.; CANTÃO, M. P.; WYPYCH, F. Layered polymer-kaolinite nanocomposites. Journal of Materials Science, Vol. 35, p. 3113. 2000. URL:http://link.springer.com/article/1 0.1023/A:1004820003253#page-1 GARDOLINSKI, J. 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Sandro L. M. Queiroga possui graduação em Engenharia Mecânica pela Universidade Federal da Paraíba (2002) e mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de Campina Grande (2006). Atualmente é Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas. Tem experiência na área de Engenharia de Materiais e Metalúrgica, com ênfase em Metalurgia Física. Atuando principalmente nos seguintes temas: Ligas com memória de forma, Resistência elétrica, Atuadores elétricos, Ligas de cobre. Liliane M. F. Lona possui graduação (1991), mestrado (1994) e doutorado (1996) em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Campinas. Desenvolveu pós-doutorado no Institute for Polymer Research na Universidade de Waterloo - Canadá (2002). Iniciou a carreira docente em 1996, na Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Unicamp e em 2010 tornou-se professora titular. Atua na área de Engenharia de Polimerização e desenvolve pesquisas em nível experimental e de simulação. As principais áreas de interesse são: polimerização radicalar controlada, nanocompósitos poliméricos polímeros, biodegradávés e biocompatíveis e funcionalização de polímeros. Revista INNOVER, volume 1, número 4, Dezembro 2014 71