PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS NO CENTRO URBANO: O CASO
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PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS NO CENTRO URBANO: O CASO
PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS NO CENTRO URBANO: O CASO DA REVITALIZAÇÃO URBANA NA ÁREA DE CISNEROS, MEDELLÍN – COLÔMBIA Juan Fernando Muneton Orrego Universidade de Brasília, UnB [email protected] RESUMO Atualmente, diversas propostas intervencionistas focam os centros originais, das cidades, que passaram pelo esvaziamento nos últimos 50 anos. A revitalização e a requalificação, intervenções características do período pós-moderno (re) criam novos espaços que antes estavam obsoletos nos núcleos centrais. A partir de essa afirmação, o presente artigo se desenvolve, tendo como principal objetivo entender as dinâmicas das transformações das áreas centrais, trazendo como objeto de estudo a área de Cisneros, Medellín, Colômbia. Para tanto, o trabalho esta dividido em três partes: num primeiro momento abordaremos os vazios urbanos das cidades. A segunda parte, a revitalização nestas áreas, antes obsoletas, agora alvo de diversas intervenções. A última parte apresenta o estudo de caso, ou seja, a área de Cisneros. Palavras-chave: Vazios Urbanos, Revitalização, Cisneros. ABSTRACT Currently, several interventionist proposals focus the originals centers of the cities which passed through emptying the last 50 years. The revitalization and redevelopment, interventions features of the postmodern period, create new spaces that were before obsolete in the cities centers. Based in this affirmation, the main objective this article is to understand the dynamics changes in the central areas, taking as case study, Cisneros area, Medellin, Colombia. For this purpose, the work is divided in three parts: First, discuss about urban voids. The second part, broach the revitalization in this obsolete areas, now target of several interventions. Finally, the case study Cisneros area. Keywords: Urban Voids, Revitalization, Cisneros. 1 INTRODUÇÃO. Diversas ações urbanísticas têm sido associadas à intervenção de antigas áreas centrais no mundo inteiro. O recurso do ordenamento do território a partir de práticas urbanas como a revitalização de centros históricos e a preservação do patrimônio, é conceituado como uma prática para inserir as cidades no contexto da economia global. O discurso da recuperação da identidade dos centros urbanos e o aproveitamento de vazios - deixados pelas mudanças econômicas e sociais no mundo - foram bem aproveitados por diferentes atores do mercado, fazendo grandes investimentos dirigidos aos centros históricos. Deste modo, a cidade passou a ter novas funções, especialmente no campo da cultura; tudo isto, teve como principais paradigmas as experiências internacionais de Barcelona, Bilbao e Berlim. Neste texto busca-se fazer uma reflexão da dinâmica das transformações nas áreas centrais; os processos que levaram à sua descaracterização e as transformações pelas quais ditas áreas passaram para atingir os objetivos de uma nova ordem global. Para tanto, levamos em consideração as concepções teóricas de alguns autores para entender as mudanças no espaço urbano, o processo de declínio e posterior revitalização do centro das cidades. Para entendermos um pouco este processo, estudaremos o caso da cidade de Medellín e abordaremos os exemplos das intervenções no centro histórico da cidade, dos acertos e desacertos durante o processo de revitalização, além das contradições advindas em ditas operações urbanas. 2 VAZIOS URBANOS: ESPAÇOS OBSOLETOS EM ÁREAS CENTRAIS. Os vazios urbanos, fenômeno típico da cidade industrial do século XIX, são caracterizados, inicialmente, como espaços residuais resultantes de áreas abandonadas por indústrias obsoletas, por ferrovias, por portos, por conseqüência da violência, pelo esvaziamento de áreas residenciais e comerciais, ou simplesmente pela deterioração de um edifício (SABBAG, 2008). A existência de vazios dentro da cidade, especialmente nos centros, poder-se-ia entender através do processo de evolução histórica da cidade segundo algumas questões: reminiscências de intervenções urbanas, legislação restritiva quanto a usos do solo e a superposição de poderes e interesses. Segundo Clichevsky (2004), os vazios urbanos são áreas resultantes das dinâmicas da cidade, como o funcionamento do mercado imobiliário, por exemplo, que detém o poder de influenciar significativamente a forma e a direção de crescimento urbano. O declínio da indústria gerou um esvaziamento de vastas áreas urbanas; as cidades se tornaram um grande deposito de desperdícios urbanos. A configuração destes vazios urbanos é difícil de quantificar, posto que, encontram-se espalhados na cidade casarões abandonados em centros históricos, edifícios comerciais e diversas infra-estruturas obsoletas, fazem parte do conjunto destes espaços residuais. Os maiores vazios que podem ser distinguidos dentro de uma cidade, e que deixam grandes marcas, são aqueles gerados pela indústria. Quando uma indústria de porte abandona o seu sitio original, o estrago causado na área é gigantesco; ultrapassa, em muito, o já grande vazio deixado no seu território industrial (MESTRINER, 2008). Figura 1 – Edifício Companhia Antártica Paulista, atualmente desocupado (RODRIGUES, 2009) Já na cidade moderna, ou melhor, na cidade traçada sob os preceitos da urbanística modernista, os vazios do final do século XIX devem ser integrados à malha urbana funcionalista. Estes espaços foram encarados pelos urbanistas modernos como pontos de ruptura no tecido urbano, o que não condiz mais à cidade funcional, ligada ao produtivismo e a eficiência de espaços. O traçado de caráter moderno, regido pelas quatro funções – Habitar, Trabalhar, Circular e Recrear- apresentadas na carta de Atenas de 1993, traz uma concepção da cidade. os vazios urbanos agora são elementos de projeto, ou seja, são parte integrante do traçado urbano moderno, fazendo parte da paisagem da cidade. De acordo com Sabbag (2008), com a incorporação dos princípios das cidades jardim ou cidades-parque, há uma inversão na figura-fundo, onde o plano principal é o vazio, e não mais os edifícios; estes devem ser dispostos livremente no solo, agora liberado e tratado como público. Portanto, na cidade moderna, é composto por grandes vazios como objetos dispostos isoladamente. Entretanto, nos últimos 40 anos, os centros das cidades passaram por diversas transformações e processos de produção e consumo do espaço. As mudanças econômicas e sociais no mundo inverteram as formas de ocupação do espaço urbano; o centro, origem no processo de produção da cidade e local a partir do qual se configuram novos espaços e hierarquias, vivenciam novamente o processo de esvaziamento e deterioração, devido, em parte, ao surgimento de novos pólos de urbanos, com novas ofertas de habitação, serviços e lazer. Muito deste processo se deve pela especulação imobiliária, fato observado desde a cidade pós-industrial: saído do centro para a periferia. Esses novos centros ou pólo urbanos se converteram no foco principal de iniciativas públicas e privadas, redirecionando os grandes investimentos, o que intensificou a desvalorização de áreas urbanas centrais, outrora pontos de referência na cidade. Deste modo, o centro primário da cidade começou a ser identificado pela concentração de atividades econômicas informais, pela gentrificação, pela degradação de seu patrimônio histórico e pela subutilização e abandono dos seus edifícios, alterando o perfil das atividades comerciais e de serviços. Segundo Villaça (1998), o processo popularmente chamado de “decadência” e “deterioração” do centro consiste no abandono por parte das camadas de alta renda e em sua tomada pelas camadas populares. O autor chama atenção para o fato da degradação das áreas centrais à saída da população de alta renda, posto que as elites possuem um alto poder de influência e sempre procuram se distinguir, de forma diferenciada, nas relações políticas, econômicas e sociais. Isto tudo se reflete nas concentrações em determinadas áreas da cidade, das camadas de alta renda. De acordo com Gutierrez (1998) a degradação dos espaços acontece quando, além das estruturas físicas, verifica-se a reverberação da mesma situação nos grupos sociais. As atividades existentes são gradativamente substituídas por outras de menor rentabilidade, até mesmo ilegais, praticadas por moradores de menor poder aquisitivo. Segundo Maricato (2000), a construção de novos centros (comerciais, administrativos, etc.) tem nos investimentos públicos seu grande motor. As grandes construções na cidade, como sedes do poder público seguem a lógica da localização valorizada, conferindo importância institucional à nova realidade e condenando o esvaziamento do centro antigo. Assim, o processo de esvaziamento de áreas centrais se dá também pelo alto custo dos terrenos em detrimento ao surgimento de loteamentos nas periferias e subúrbios das cidades, além da alteração dos padrões de consumo dos centros tradicionais com o surgimento de Shoppings Centers, ora, pela procura de um lugar mais aprazível de se morar, mesmo que este lugar seja afastado do trabalho e das atividades cotidianas. Os principais estudos acerca dos vazios urbanos tiveram inicio a partir da década de 1980, quando arquitetos e urbanistas levaram sua atenção em função de sua presença marcante nas áreas urbanas. No XIX Congresso da União Internacional de Arquitetos, realizado em Barcelona, 1996, analisou-se a questão sobre a realidade urbana contemporânea e os vazios urbanos na cidade. Nesse congresso a arquiteta Irena Fialová (1996, apud ROSA, 2008), utilizou o termo francês terrain vague para designar áreas vagas. No entanto, na discussão contemporânea, foi Solá-morales quem melhor traduz o conceito de vazios urbanos, utilizando também a expressão. Podendo ser entendido no sentido de vazio, livre de atividade, improdutivo, em muitos casos obsoletos, terrain vague também pode ser visto como memórias urbanas, como uma área plena de identidade coletiva das cidades, a forma de ausência (SABBAG, 2008). É sabido que as cidades contemporâneas ainda apresentam áreas e edifícios vagos. No contexto pós-moderno, pretende-se, através de ações e projetos intervencionistas, reinserir estes espaços na trama produtiva da cidade. Para tal, o melhor projeto de requalificação deve ser discutido pela população, que opta, muitas vezes, pela manutenção do espaço vazio como memória urbana, como reconhecimento de um tempo passado vivenciado no presente, passível de preservação para futuras gerações. 3 REVITALIZAÇÃO URBANA EM ÁREAS CENTRAIS. Com a crítica ao movimento moderno, verificado na década de 1950, inicia-se um reação pós-moderna que, resumidamente, é a rejeição ao discurso universal, totalizante do período moderno. Neste contexto, a apropriação do solo volta a ter participação de incentivos privados. Se o urbanismo moderno se baseia em projetos de larga escala, tendo na renovação urbana a sua principal intervenção, o planejamento urbano pósmoderno, sendo planejamento estratégico uma das suas vertentes, cultiva o conceito de tecido urbano como algo fragmentado, lançando mão da revitalização e da requalificação urbana para vender os projetos urbanos contemporâneos (SABBAG, 2008). Experiências européias de revitalização e requalificação de áreas ociosas e degradadas serviram como referências para diversos países da América latina, sendo Barcelona uma das primeiras cidades a se apropriar destas intervenções nos projetos urbanos pontuais desenvolvidos para sediar as Olimpíadas de 1992. O modelo de Barcelona para os Jogos Olímpicos de 1992 consolidou a fórmula-padrão dos projetos urbanos para outras cidades a fim de se inserirem na rede das cidades globais. Assim, cidades como Buenos Aires, São Paulo e Rio de Janeiro receberam a orientação e consultoria de urbanistas catalães, seguindo o mesmo modelo de planejamento estratégico para a intervenção de áreas urbanas empregado em Barcelona. Figura 2 – Barcelona antes da Requalificação Urbana, Espanha (VIÑAS, 2010) Figura 3 – Requalificação Urbana em Barcelona, Espanha (WIKKIPEDIA, 2007) Nesse contexto, a cultura tem se revelado como um poderoso instrumento propício para alcançar a competitividade e divulgação da imagem urbana necessária para a promoção da cidade. Teatros, museus, centros de convenções, peças arquitetônicas patrimoniais, desvendam um novo modo de projetar a cidade a partir de um urbanismo monumentalista. Para Arantes (2000), vale lembrar o papel do “cultural” para a consolidação das estratégias neoliberais de intervenção urbana, inclusive para a criação dos consensos: a identidade da cidade – sua cultura – valorizada por grandes eventos ou projetos culturais, fortalecendo sua inserção na rede de “cidades-globais”. Nos últimos trinta anos estes processos atingiram diversos países que voltaram sua atenção à recuperação de áreas abandonadas, principalmente aquelas de cunho histórico. Deste modo, a valorização cultural, sobretudo, de bens patrimoniais aliada com as idéias do mercado e o turismo, foram um dos preceitos para a aplicação e legitimação destes tipos de intervenções nos centros das cidades. De acordo com Medeiros (2002), o processo e a consolidação do patrimônio mundial, cultural e natural encontram-se nas bases da requalificação e da revitalização. Esta autora conceitua revitalização como um modo de intervir em um espaço urbano considerado social, cultural e economicamente falido, visando uma qualidade espacial para sua reinserção na malha urbana. Já a requalificação, segundo Medeiros (2009), é a ação intervencionista que soma o viés metodológico da revitalização à visão sócia da reabilitação, outro tipo de intervenção. David Harvey (2010), diz que a requalificação urbana é uma ação intervencionista indissociável da condição pós-moderna, sendo uma forma de promover o (re) desenvolvimento urbano. Uma arquitetura de espetáculo é quase essencial para o sucesso de um projeto de requalificação e de revitalização urbana. Harvey (2010), conclui que proporcionar determinada imagem à cidade através da reorganização dos espaços urbanos espetaculares se toma uma forma de atração de capital e de pessoas, principalmente nas áreas centrais as cidades, locais estes muitas vezes caracterizados pelo abandono, pelo esvaziamento. Segundo Botler e Rolnik (2004), na década de 1990 surgiram diversos programas de revitalização dos centros tradicionais vinculados à estratégia de fortalecer a competitividade das cidades em atrair investimentos. Os projetos urbanos nas áreas centrais começam a fazer parte da estratégia de atrair grandes financiadores das propostas de revitalização e renovação dos centros. Portanto, os centros das cidades passam a ser pensados como laboratórios de marketing, lugares de empreendimento seguindo as lógicas impostas pelo mercado. No Brasil, importantes estratégias de revitalização foram disseminadas por diversos locais, cidades como Salvador, Recife, Belo Horizonte, São Paulo e Rio de Janeiro, foram alvos de projetos urbanos com o intuito de recuperar antigos centros históricos. Na Bahia, para reverter a degradação física da área central do Pelourinho, foram propostos uma série de projetos, conduzidos pela arquiteta Lina Bo Bardi. A idéia do projeto estava baseada na restauração de antigos casarões para o uso residencial de população de baixa renda, junto com atividades comerciais e culturais no térreo. Para manter a diversidade de atividades e usos, que foi uma das preocupações da arquiteta, decidiu-se promover a mistura de habitação social, comercio informal e atividades culturais, evitando assim, a expulsão da população de baixa renda, residente na área. Na teoria, o projeto procurava conservar as ligações sociais e reforçar as raízes populares no contexto do Pelourinho. Figura 4 – Revitalização urbana no Pelourinho em Salvador, Bahia, Brasil (FURSTENAU, 2012) Figura 5 – Revitalização urbana no Pelourinho em Salvador, Bahia, Brasil (WWW.NUBLOG.COM.BR, 2009) Contudo, o processo de revitalização do Pelourinho transformou o modo de apropriação e consumo do espaço urbano: a maioria dos prédios reabilitados foi convertida para uso comercial (lojas de souvenir, bares e restaurantes), galerias de arte, museus e casas de espetáculo invadiram as grandes residências coloniais. Isto revela a estratégia de planejamento cultural e turística do governo local para promover a imagem e o desenvolvimento econômico na cidade. Quanto à população residente, a maioria dela foi relocada pelo governo, os moradores receberam uma compensação financeira ou a opção de se mudar para outra casa restaurada. Portanto, a população do centro e os arredores tiveram uma considerável redução entre os anos 1980 e 2000. Tanto no Brasil quanto nos demais países da América latina estão sendo utilizados modelos similares de intervenção para recuperar áreas degradadas e revitalizar os centros históricos; ditas estratégias aliadas com outros fatores, têm sido empregadas por governos para fomentar o desenvolvimento econômico em cada região. Para Rolnik & Balbim (2005), é possível utilizar referências das práticas já resolvidas em outras cidades como uma boa forma de obter resultados, mesmo que haja a necessidade de adaptá-los ao contexto local. Diante desse panorama de intervenções, aparece o planejamento estratégico como uma forma de integrar ações entre o poder público e privado, de modo que, essa integração possa atender às exigências da economia do mundo globalizado. Este processo visa atrair grandes investimentos para a geração de projetos de grande porte: promoção de grandes equipamentos públicos e de lazer, a valorização de conjuntos históricos, criando espaços especializados para o consumo. Os governos locais procuram a criação de uma imagem da cidade de alta qualidade e assumir protagonismo no cenário global a partir da construção de novos espaços urbanos. Segundo Vainer (2000), o planejamento estratégico nasceu inspirado em técnicas de planejamento empresarial, e sua adoção pelos governos é justificado pelo discurso das cidades estarem submetidas às mesmas condições das empresas. O modelo surge também da necessidade de dar soluções de curto prazo às demandas urbanas, aliado às questões de recuperar partes da cidade, no meio de carência financeiras. Portanto, a cidade é vista como um produto a ser vendido, consolidando-se, o marketing urbano, como forma relevante dentro do planejamento estratégico na construção de imagens positivas de cidades. Nesse aspecto, para o sucesso do planejamento, é necessário escolher um grande evento internacional (Exposições mundiais, Copa do Mundo ou Olimpíadas), equipamentos culturais de grande porte, junto com a revalorização de grandes áreas degradadas dentro da cidade. Colômbia se insere perfeitamente nesse quadro das práticas de revitalização e do planejamento estratégico. Nos últimos 13 anos, grandes projetos urbanos têm se revelado como peças fundamentais no arcabouço de um modelo de desenvolvimento urbano e econômico do país. Projetos de recuperação de espaços degradados nos centros históricos das principais cidades a partir de programas culturais e educativos, além de alguns eventos internacionais, têm sido utilizados como estratégia para projetar as cidades ao mundo. Atualmente, Medellín é a cidade da Colômbia que mais tem desenvolvido projetos urbanísticos visando se inserir no mercado das cidades globais. Com diversos eventos de cunho internacional acontecendo nos últimos oito anos, como o Mundial Categoria Sub 20 de futebol, o governo local fez grandes investimentos para melhorar a imagem de diferentes áreas e implementar novas infra-estruturas. Tudo isso foi baseado nos modelos internacionais, utilizando o recurso da cultura como principal instrumento para legitimar a revitalização de diversas áreas subutilizadas no centro da cidade. 4 MEDELLÍN, A MORTE E O RENASCER DO CENTRO: AÇÕES DE REVITALIZAÇÃO URBANA. No final do século XIX, a cidade de Medellín teve um grande processo de desenvolvimento industrial; as atividades mineiras, cafeeiras, o crescimento da indústria têxtil e a implantação do transporte ferroviário, consolidaram a região como um importante núcleo econômico do país. O centro da cidade, peça fundamental nesse processo de desenvolvimento, passou por intensos processos de transformação, ao igual que muitas cidades latino americanas no decorrer do século XX. Nos anos setenta, o centro de Medellín perdeu a importância comercial que o caracterizava desde inícios do Século XX; a criação de novos pólos industriais e o fechamento da estação ferroviária, estimularam o abandono por parte de varias instituições públicas e privadas; edifícios de grande valor arquitetônico e praças, outrora centros de grande atividade comercial foram gradativamente abandonados e posteriormente ocupados por populações de baixa renda, subutilizando estas para diferentes atividades informais. O setor de Guayaquil sempre representou a principal área de comércio da cidade. Encontra-se configurada por um conjunto de equipamentos e edifícios de arquitetura Republicana[1], hoje considerados pelo governo como patrimônio histórico da cidade. O conjunto arquitetônico está configurado por diversos elementos: a Praça de Cisneros, os edifícios Vasquez e Carré, a passagem Sucre, o antigo mercado municipal e a estação ferroviária de Cisneros; todos eles possuem um grande valor na formação da identidade da população Medellinense [2]. Um dos lugares mais representativos do setor de Guayaquil é a Praça de Cisneros, parte da tradição da cidade ao ser um ícone do comércio de finais do século XIX. A praça nunca perdeu sua dinâmica própria de lugar de encontro de massas, mesmo após diversas mudanças, prevaleceu como ponto de referência do setor, sendo o lugar para as manifestações políticas e populares. O nome da praça é uma homenagem ao Engenheiro Francisco Javier Cisneros, o construtor da ferrovia da Antioquia. A praça passou por diversas alterações no decorrer dos últimos 50 anos, diversos planos viários e mudanças nos usos, levaram à degradação de uma grande parte do setor, refletindo na praça e, concomitantemente, nos edifícios que a circundavam. Outro fato que marcou sua decadência foi o fechamento da estação ferroviária e o deslocamento do comércio para os novos pólos industriais. Figura 6 – A Praça de Cisneros, Medellín, Colômbia (WWW.BANREPCULTURAL.ORG, 2012) O esvaziamento refletiu na descaracterização de uma vasta área de Guayaquil, ocasionando o abandono de muitos edifícios do setor, em detrimento das antigas atividades, a maioria dela de tipo comercial. Deste modo, casarões, armazéns e hotéis, ficaram abandonados, motivando a invasão dos prédios que começaram a ser habitados por população de baixa renda, a maioria dela, habitantes da rua; acelerando ainda mais o processo de degradação tanto dos edifícios, quanto de todo o setor. Um exemplo desse processo são os edifícios Vasquez e Carré, considerados pelo governo como ícones do patrimônio arquitetônico de Medellín. Estes dois prédios foram construídos pelo arquiteto Frances Charles Carré no final do século XIX, contratado por uma família cafeeira de classe alta da cidade, a família Vasquez. Naquela época os edifícios se destacaram no setor pela sua monumentalidade, apresentado detalhes estéticos característicos da arquitetura republicana da Colômbia, e pela técnica construtiva utilizada pelo arquiteto. Figura 7 – Edifícios Vasquez e Carré, Medellín, Colômbia (WWW.VISTAZ.COM.BR, 2012) O fim de Guayaquil como importante centro de comércio da cidade originou-se quando em 1952 a prefeitura de Medellín decidiu convidar os urbanistas Paul Wiesner e Jose Luis Sert, donos do escritório Town Planning Associates [3], para fazer uma proposta do Plano Piloto de Medellín. A dupla fez uma proposta que visava o desenvolvimento e ordenamento de uma vasta área da cidade, além de um plano regulador para o futuro crescimento. O plano urbanístico tinha como base o uso futuro da terra e a criação de uma racionalidade espacial baseada nas leis internacionais estabelecidas nos CIAM[4]. Assim, a construção do centro administrativo da Alpujarra, proposto no plano piloto, a racionalidade dos usos no setor e o incêndio do edifício do mercado municipal em 1968, contribuíram para a descaracterização de Guayaquil. Segundo Ocampo (2010), o incêndio “casual” do edifício do mercado municipal, construído também pelo arquiteto Carré, foi um dos acontecimentos que mais marcou a desvalorização do setor de Guayaquil, posto que, todos os comerciantes foram deslocados para o novo mercado municipal, proposto nos planos de reestruturação da cidade. As características do processo de deterioração do setor de Guayaquil foram as mesmas de outras cidades latino-americanas: a migração de funções para centros comerciais, a criação de novas centralidades, o advento do Shopping Center e a transformação na maneira de abordar o espaço público, também foram algumas das causas da crises dos centros. Assim, como aponta Villaça (1998), o centro tradicional, convertido em velho, começou a se deteriorar ao abandono das edificações por parte das camadas de alta renda como local de emprego, diversão, lazer, atividade culturais, compra e moradia. Portanto, com a saída da população de alta renda, também saíram os investimentos públicos, e, sobretudo, privados. Em síntese, o setor de Guayaquil passou por diversos períodos de transformação e alteração até sua posterior decadência. Isto ficou claro no abandono e destruição de diferentes ícones arquitetônicos que configuravam o espaço. Vale destacar a importância do papel do poder público nesse processo de decadência durante a década de setenta. Os descuidos de sucessivas administrações e políticas públicas equivocadas acabaram por destruir parte do patrimônio histórico e ponto de referência na construção da memória da cidade. 4.1 Guayaquil hoje: Revitalização e contradição. Diante do panorama de degradação do centro, o governo local enxergou no planejamento estratégico uma possibilidade para o desenvolvimento da cidade. Essa idéia, aliada aos programas culturais e a questão da defesa do patrimônio arquitetônico, foi a chave para impulsionar diferentes propostas e mudar a imagem da cidade a partir de diversas intervenções urbanas, tudo isso com o intuito de posicionar a cidade no circuito do mercado global. Para Borja (2005), nos atuais processos urbanos é muito importante a contestação dos fatores culturais sobre os impactos da globalização e da economia de mercado; dentro de ditos processos encontra-se inserido a defesa do patrimônio construído, da paisagem, da população e das suas habilidades, da valorização do convívio urbano (por exemplo, a rua e o espaço público como elementos fundamentais da cidade). Nesse contexto, a intervenção urbana do conjunto histórico de Guayaquil adquiriu papel de destaque, no sentido de melhorar a imagem de Medellín através da reabilitação do antigo núcleo comercial da cidade. Diversas propostas foram incluídas nos programas de governo de diferentes administrações. Após a reforma da constituição colombiana de 1991, o governo criou as leis 388 e 397 de 1997 que originaram os P.O.T[5] (Planos de Ordenamento Territorial), estas leis forneceram as estratégias e as diretrizes necessárias de planejamento para as intervenções urbanas na cidade. A partir desse momento os governos locais começaram a implementar diversas estratégias de gestão de ocupação do solo em diferentes locais das cidades, principalmente nos centros antigos e nos bairros das periferias. No entanto, para executar ditas ações, sobretudo nas grandes cidades, foi necessário criar planos específicos, chamados planos parciais, para cada área a passar por intervenções. No plano de ordenamento de Medellín, em relação ao setor de Guayaquil, revela-se uma preocupação pela revitalização através de propostas de preservação do patrimônio edificado, do incentivo pela circulação de pedestres, a fim de reafirmar o papel como espaço de sociabilidade. Deste modo, inicia-se uma serie de estudos com vistas a revitalizar o espaço através da recuperação de edifícios antigos, a inserção de infraestruturas culturais e melhorar a imagem da Praça de Cisneros. No decorrer de várias administrações municipais, diversos projetos foram propostos no intuito de recuperar a praça e transformar o entorno, dentre elas, foi apresentada uma proposta de fazer da antiga praça um grande espaço verde que ajudasse a mitigar os efeitos da poluição na área central de Guayaquil. No entanto, a maioria foi rejeitada, em parte pela inviabilidade das propostas. Em 2002, a prefeitura decidiu fazer as primeiras intervenções na área, seguindo as diretrizes do plano parcial de Guayaquil. A estratégia inicial foi achar uma solução para o espaço público e o comércio informal, principalmente aos camelôs que costumavam trabalhar nos arredores da praça. Posteriormente, decidiu-se fazer a recuperação dos edifícios Carré e Vasquez através da uma parceria entre a prefeitura e o setor privado. Figura 8 – Revitalização dos Edifícios Vasquez e Carré, Medellín, Colômbia (WWW.SKYCRAPERCITY.COM, 2012) O projeto de reabilitação dos edifícios foi encomendado ao engenheiro Ivan Rodrigo Assuad e ao arquiteto Laureano Forero. A dupla tentou recuperar os elementos arquitetônicos que caracterizavam os edifícios; utilização do pátio central, pilares feitos com tijolo, janelas e portas foram reproduzidas aludindo o estilo original da época da construção. Neste caso, a iniciativa de recuperar a edificação foi proposta pelo capital privado, argumentando a importância que os edifícios suscitavam na memória da população. Com a parceria público–privada, a utilização atual dos prédios foi dada, por um lado, a uma empresa privada que decidiu utilizar o edifício Vasquez como sede administrativa, enquanto que o edifício Carré é atualmente a sede da secretária de educação de Medellín. Assim, a parceria entre a prefeitura e a empresa privada foi um dos instrumentos mais importantes dentro do planejamento, utilizado para viabilizar a construção e revitalização dos edifícios patrimoniais no centro da cidade. Em seguida, no mesmo ano, a prefeitura lançou o concurso para a revitalização da Praça de Cisneros. A opção pelo concurso foi justificada pela complexidade dos problemas enfrentados na área com relação ao contexto imediato e a apropriação inadequada do espaço. Assim, com o concurso esperava-se que as propostas apresentadas conduzissem à revitalização urbanística da antiga praça, à conciliação entre a preservação do conjunto histórico, à qualidade ambiental e à apropriação dos espaços públicos. O vencedor do concurso foi o projeto da Praça da Luz, proposto pelo arquiteto Juan Manuel Pelaez. O projeto propunha uma grande praça com uma sucessão de recantos rodeados de bambu para o descanso e lazer; além disso, foram propostos uma serie de elementos verticais iluminados, simbolizando uma grande floresta de luz. Esta proposta trouxe muitas discussões e críticas por diversos arquitetos e intelectuais do país, ao evidenciar uma clara intenção de destruição da identidade da antiga praça. Figura 9 – Praça da Luz, Medellín, Colômbia (WWW.MEDELLIN.GOV.CO, 2012) Segundo Gonzáles (2006), tal projeto de revitalização tem gerado uma grande polêmica devido ao pouco entendimento do conceito da proposta, além da excessiva escala com relação aos edifícios Vasquez e Carré e ao entorno. O espaço projetado para dar vida à antiga praça, apenas passa a ser um lugar como muitos na cidade, um espaço de transito; já que o mesmo projeto limita a intercomunicação e a fluidez, devido aos imensos pilares que são percebidos como barreiras físicas e visuais. A tentativa da proposta pode ser vista como um processo de Urbanalização [6] do espaço Urbano, evidenciando uma clara intencionalidade de criar um ícone, um grande referente da nova imagem da cidade. Mesmo com as críticas e os desacertos, o projeto tem recebido alguns prêmios em diferentes eventos de arquitetura, em 2006 a Praça da Luz foi a ganhadora da XV Bienal de Arquitetura de Quito. XV BAQ 2006. Assim como a antiga praça desapareceu, o mesmo aconteceu com a passagem Sucre, localizada no mesmo conjunto de Cisneros; o edifício foi demolido em 2003, em um ato deliberado da prefeitura de acabar com o patrimônio histórico da cidade, inclusive fazendo omissão às leis de patrimônio estabelecidas pelo Conselho de Monumentos Nacionais. Ao invés de recuperar o antigo edifício que tinha sido afetado pelo incêndio de 1968, a passagem foi demolida para dar espaço à nova biblioteca temática de EPM7. A justificativa deste “crime patrimonial” foi a deterioração física e o possível risco que representava para os cidadãos. Figura 10 – Passagem Sucre (WWW.ELTIEMPO.COM.CO, 2012) Figura 11 Biblioteca Temática EPM (WWW.EPM.COM.CO, 2012) Nesse anseio de posicionar a cidade no mercado global, o governo local tem aproveitado o planejamento como instrumento para alcançar o objetivo. As incursões de novas arquiteturas no contexto do centro histórico de Medellín têm produzido fortes mudanças na configuração do espaço. Na nossa perspectiva, o conjunto original da Praça de Cisneros foi profanado, mutilado, a memória e a identidade da cidade foram desfiguradas. Assim, as intervenções urbanas justificadas pela estratégia cultural, como a criação da biblioteca temática, fazem parte das novas formas de agir para assumir um papel de destaque no mercado globalizado. 5 CONCLUSÕES Observamos que o processo de degradação nas áreas centrais pode se atribuída, em parte, às políticas negligentes das administrações que voltam sua atenção às novas áreas de serviço, isto tudo reflete em altos custos sociais ao incrementar o percentual de delitos, insegurança e na sucessiva estigmatização da imagem do centro da cidade. Na revitalização destas áreas, uma das características observadas é a parceria entre o capital público e privado, que passa a ser um instrumento muito importante dentro do planejamento para viabilizar a execução das obras urbanas. Ditas operações urbanas nos centros buscam atrair turistas ao oferecerem atividades dirigidas ao turismo, porém, muitas vezes esses processos mostram como resultado a banalização da cidade, vista simplesmente como objeto de consumo. Em Medellín, uma das premissas no processo de intervenção na cidade foi a questão da educação e da cultura através de programas impulsionados pela prefeitura. Assim, diversos projetos urbanos foram desenvolvidos em diferentes pontos da cidade, baseados em demandas culturais, melhoramento de infra-estruturas educativas, criação de museus, parques-bibliotecas e a recuperação de áreas centrais que outrora representaram a imagem do desenvolvimento econômico do país. Isto serviu para legitimar os novos slogans culturais da cidade: “Medellín La más educada” e “El centro vive”, com isto a prefeitura visou transformar a cidade num modelo a ser seguido na Colômbia. Nesse contexto, em ditas ações urbanísticas no centro de Medellín evidencia-se uma ambiguidade no processo de recuperação da área central da cidade: Por um lado houve a tentativa de diversas administrações de melhorar a imagem do centro da cidade – que durante muitos anos esteve prejudicada por diversos fenômenos sociais, políticos e econômicos, além da marca deixada pelo narcotráfico – com propostas de revitalização urbana e, por outro lado, nessa pressa por atingir os objetivos propostos, houve um desacerto em algumas etapas no processo, ao não levar em consideração a estrutura original do setor e atentar contra o patrimônio histórico da cidade. Evidencia-se, portanto, o que nós chamamos um duplo processo de tombamento [8], referindo-se à intenção efetiva de preservar de uma parte do conjunto histórico – nesse caso, os edifícios Carré e Vasquez – e por outro lado, referindo-se ao derrubamento físico, a aplicação da “tabula rasa” da Praça de Cisneros e da passagem Sucre, considerados como patrimônio arquitetônico da cidade. Contudo, não podemos menosprezar os aspectos positivos das intervenções, posto que, mesmo sendo impulsionadas por uma condição econômica, conseguiram dar vida a uma área subtilizada da cidade, retomando o espaço através de múltiplos usos e incentivando a apropriação de uma parte da população. Aliás, nestes tipos de projetos, é difícil que os resultados não possuam algum tipo de contradição, já que quase sempre se encontram submetidos às imposições políticas e econômicas de capitais privados e interesses burocráticos. Por fim, muitas intervenções têm tido aspectos positivos e negativos na cidade, diversas discussões opiniões tem sido geradas em volta das intervenções no centro, por um lado estão aqueles que defendem o valor histórico e simbólico da área, e por outro, encontramse os que pregam dos benefícios da revitalização do centro como um processo necessário para posicionar as cidades diante do mundo globalizado. Temos considerar que estes tipos de ações são as mais complexas dentro do campo da arquitetura e urbanismo. Assim, quando houver uma tentativa de revitalizar uma área, implantando novas arquiteturas em conjuntos urbanos consolidados, é importante fazer uma boa leitura do entorno, das características físicas e sócias; levar em consideração os aspectos históricos e culturais do território a ser intervindo, tudo isto é relevante no momento de produzir intervenções urbanas mais coerentes. REFERÊNCIAS ARANTES, Otília; VAINER, Carlos; MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único. 5a ed. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 2000. BORJA, Jordi. A revolução urbana I. Café de las Ciudades, Buenos Aires, n.31, 2005. Disponível em: http://www.cafedelasciudades.com.ar/tendencias_31.htm. Acesso em 10 jul. 2012. BOTLER, Milton; ROLNIK, Raquel. Por uma política de reabilitação de centros urbanos. Revista ÓCULUM – FAU/PUC, 2004. In AMORIM, Ivana. Gestão de projetos em áreas urbanas: a experiência de Belo Horizonte na preservação e revitalização da Praça Rui Barbosa. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. Disponível em; http://www.bibliotecadigital.ufmg.br/dspace/bitstream/1843/ISMS8JGSRS/1/disserta__o.60.ivana_amorim.2011.pdf, Acesso em 7 Jul. 2012. GONZÁLES, Luis. Plaza de Cisneros: Ambigüedad y contradicción. El Colombiano, Medellín, 2006. Disponível em; http://proyectocoyote.net/blog/wp-content/uploads/Plazade-Cisneros.pdf. Acesso em 20 Jul. 2012. GUTIERREZ, Ramón. Arquitectura latinoamericana en el siglo XX. Buenos Aires: editorial Cedotal, 1998. 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[2] Gentílico utilizado para a pessoa que nasce na cidade de Medellín. [3] O Town Planning Associates foi um escritório fundado em nova Iorque, em 1941, pelos arquitetos Josép Luis Sert e Paul, Paul Schulz e Lester Wiener, e responsável, entre 1945 e 1957, por diversos projetos urbanos na América do Sul, dentre eles, o projeto para a Cidade dos Motores no Rio de Janeiro. [4] Congresso Internacional de Arquitetura Moderna. [5] Os Planos de Ordenamento Territorial na Colômbia surgiram a partir da lei 152 de 1994 – Lei Orgânica do Plano de desenvolvimento- e a lei 388 de 1997- lei de desenvolvimento territorial. Os planos de ordenamento se definem como o conjunto de ações político-administrativas, e fornecem ferramentas de planejamento e instrumentos de gestão do uso do solo, indispensáveis para a realização de operações urbanas. [6] Tomamos o termo utilizado pelo espanhol Francesc Muñoz para se referir às ações políticas adotadas nas últimas décadas para promover a regeneração de diversos centros históricos, prevalecendo a imagem, o consumo e o ócio, como primeiro fator da produção da cidade (Muñoz, 2008, p. 65). [7] Empresas Públicas de Medellín é a principal fornecedora de serviços públicos essenciais da cidade (Água, Energia elétrica, Gás, telefone e Tratamento do Esgoto). [8] Neste caso, utilizamos a palavra Tombamento, que no português serve para designar a ação de derrubar e, ao mesmo tempo, serve para fazer ênfase no processo de preservação de bens históricos através da aplicação da lei.
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