Desafio Diagnóstico: Meningite viral x Meningite
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Desafio Diagnóstico: Meningite viral x Meningite
I Meningites- Etiologia Meningites (meningo/encefalites) Virais Meningites bacterianas Meningites fúngicas e tuberculosas Meningites (meningo/encefalites) assépticas Outros (eosinofílicas) Meningites Indeterminadas I Manifestações clínicas RN e lactente jovem: ~ septicemia Febre, vômitos, choro anormal, sonolência / irritabilidade, abaulamento de fontanela, convulsões I Manifestações clínicas Crianças maiores: Clássico – febre, cefaléia, vômitos, alteração de consciência, sinais de irritação meníngea (rigidez de nuca, Kernig, Brudzinski) I Quadro Clínico * Herpes febre vômitos cefaléia rigidez de nuca fotofobia I estupor convulsão tremor ataxia alucinações ** Herpes coma óbito raro Clínica < 3 meses Lactentes Quadro grave Fontanela abaulada Septicêmico e/ou Pré-escolar e escolar Sintomas específicos e sinais clássicos Sintomas Líquor Farhat, CK; Infect. Pediátrica, 1998 I Análise do Líquor Condição Normal Meningite bacteriana Células/µ µL 0-5 linfócitos (RN ~30 LMN) ~ 500 (25% PMN) Meningite viral 10-1000 (LMN) Meningite tuberculosa 250-500 (LMN) Meninigite fúngica 10-500 (LMN) I Proteína (mg/dL) 13-35 (RN até 150) Glicose (mg/dL) 50-80 > 2/3 da glicemia Elevada Diminuída 20-125 Normal 45-500 Elevada Muito Diminuída Diminuída Casos Clínicos Caso 1- Emergência Terça-Feira 10:00 horas Lactente de 8 meses, há 12 horas com quadro de fontanela abaulada, febre até 40 graus e choro incontrolável. Pele moteada, palidez tóxica, fontanela tensa. Temperatura 39,7º.C. Líquor: leucócitos 1000 polimorfonucleares 85% linfomonucleares 15% proteínas 60 glicose 20 ( glicemia 120 ) I I Meningite Bacteriana Clássica I Casos Clínicos Caso 1- Emergência Terça-Feira 10:00 horas Lactente de 8 meses, há 12 horas com quadro de fontanela abaulada, febre até 40 graus e choro incontrolável. Pele moteada, palidez tóxica, fontanela tensa. Temperatura 39,7º.C. Líquor: leucócitos 1000 polimorfonucleares 85% linfomonucleares 15% proteínas 60 glicose 20 ( glicemia 120 ) Iniciado Dexamentasona e Ceftriaxona EV logo na sala de emergência Internamento em Isolamento com Precauções Gotículas Gram: Diplococos Gram negativos Látex positivo para Neisseria meningitidis B Hemograma infeccioso I AGENTES BACTERIANOS Neisseria meningitidis Streptococcus pneumoniae DGN CGP Haemophilus influenzae B BGN I Doença Meningocócica Meningococcemia (choque séptico) Com meningite Sem meningite Com ou sem sufusão Meningite Meningocócica Com petéquias Sem petéquias I Patogenia Meningite bacteriana RN Transmissão perinatal Lactentes e crianças Colonização da nasofaringe Bacteremia Invasão meníngea Inflamação meníngea Contigüidade ( Staphylo... ) Sinusite, mastoidite, neurocirurgia I Meningite bacteriana Tratamento Precauções com gotículas e isolamento até 24 horas do início da antibioticoterapia (se ceftriaxona) (N. meningitidis, H. influenzae e indeterminado) Monitorização dos dados vitais Corticoterapia – Dexametasona Antibioticoterapia Empírica – Ceftriaxona Acesso e expansão para choque séptico quando meningococcemia I Casos Clínicos Caso 2 - Emergência Quinta-Feira 08:30 horas Escolar de 10 anos, há 12 horas com quadro de febre até 38,5º.C graus, cefaléia, rigidez de nuca e vômitos. Normocorado, hidratado, rigidez de nuca, Kernig e Brudzinski positivos. Temperatura 38,2º.C. Líquor: leucócitos 300 polimorfonucleares 15% linfomonucleares 85% proteínas 30 glicose 60 ( glicemia 90 ) I I Meningite Viral Clássica I Casos Clínicos Caso 2 - Emergência Quinta-Feira 08:30 horas Escolar de 10 anos, há 12 horas com quadro de febre até 38,5º.C graus, cefaléia, rigidez de nuca e vômitos. Normocorado, hidratado, rigidez de nuca, Kernig e Brudzinski positivos. Temperatura 38,2º.C. Líquor: leucócitos 300 polimorfonucleares 15% linfomonucleares 85% proteínas 30 glicose 60 ( glicemia 90) Logo após a punção lombar houve melhora dos sintomas Iniciado sintomáticos – antieméticos e analgésicos se necessário Internamento em Isolamento respiratório pois a sala estava disponível, mas se não estivesse poderia ficar em uma vaga em enfermaria comum Gram: Não visualizado bactérias Látex: negativo para todas as bactérias Hemograma normal I AGENTES VIRAIS Meningites • Enterovírus - Echovírus - Poliovírus - Coxsakie • Herpes simples 1 e 2 • Varicella-zoster • EBV • Adenovírus • Caxumba • HIV I Encefalites • • • • • • • • • Togavírus Bunyavírus Arenovírus Raiva Herpes simples 1 e 2 Varicella zoster Enterovírus CMV Pós infecciosa: sarampo, caxumba, vírus influenza, varicela Meningites Virais Conduta EEG – quando convulsões – Herpes • Comprometimento em região temporal TAC crânio - se complicações Pesquisa de material genético (PCR) Sintomáticos para Enterovírus Aciclovir para Herpes I Casos Clínicos Caso 3- Emergência Sexta-Feira 22:00 horas Lactente de 7 meses, há 24 horas com quadro de febre persistente 38 a 39º.C, já foi em outro serviço as 13 horas e prescrito antitérmico. Choroso. Temperatura 38,4º.C. Fontanela tensa Líquor: leucócitos 30 hemácias 14000 polimorfonucleares 30% linfomonucleares 70% proteínas 45 glicose 50 ( glicemia 120 ) Gram: Não visualizado bactérias ( só foi realizado no sábado ) Látex não realizado Hemograma inespecífico I Como Proceder ? Diagnóstico Meningite Etiologia Indeterminada com maior probabilidade bacteriana Manejo como Meningite Bacteriana I Casos Clínicos Caso 4 - Emergência Domingo 01:30 horas Escolar de 8 anos, há 12 horas com quadro de febre até 38,5º.C graus, cefaléia, rigidez de nuca e vômitos. Normocorado, hidratado, rigidez de nuca, Kernig e Brudzinski positivos. Temperatura 38,2º.C. Líquor: leucócitos 14 polimorfonucleares 55% linfomonucleares 45% proteínas 40 glicose 60 ( glicemia 90) I Gram: somente poderá ser realizado na segunda feira Látex: somente na segunda feira Hemograma: Leucócitos 15000 e bastões 12 Melhora do quadro clínico pós punção Casos Clínicos Caso 4 - Emergência Domingo 01:30 horas Escolar de 8 anos, há 12 horas com quadro de febre até 38,5º.C graus, cefaléia, rigidez de nuca e vômitos. Normocorado, hidratado, rigidez de nuca, Kernig e Brudzinski positivos. Temperatura 38,2º.C. Líquor: leucócitos 14 polimorfonucleares 55% linfomonucleares 45% PCR + Enterovírus proteínas 40 glicose 60 ( glicemia 90) I Gram: somente poderá ser realizado na segunda feira Látex: somente na segunda feira Hemograma: Leucócitos 15000 e bastões 12 Melhora do quadro clínico pós punção Como Proceder ? Diagnóstico Meningite Etiologia Indeterminada com maior probabilidade viral Manejo como Meningite Viral, podendo repuncionar após 12 horas I Exames Diagnósticos das Meningites Hemograma / Hemocultura/ Glicemia Líquor completo Gram e cultura do líquor Látex – pode realizar mesmo após início da terapêutica ( líquor e sangue) J Pediatr. 2006, 149 (1):72-76 / Critical Care 2007,11:(2) (http://ccforum.com/content/11/2/R41) I Exames Diagnósticos das Meningites Bacterianas Lactato do líquor e sangue Melhora nas PCRs para diagnóstico viral e insistir Ideal ???? J Pediatr. 2006, 149 (1):72-76 / Critical Care 2007,11:(2) (http://ccforum.com/content/11/2/R41) I Exames Diagnósticos das Meningites Bacterianas Dosagem sérica de procalcitonina ( nas M. bacterianas) Nível de cortisol no LCR ( nas M. bacterianas) J Pediatr. 2006, 149 (1):72-76 / Critical Care 2007,11:(2) (http://ccforum.com/content/11/2/R41) I BACTERIANA vs. VIRAL O diagnóstico diferencial entre as meningites bacterianas e virais sempre desafiou os profissionais da área de saúde Vários estudos têm sido publicados no intuito de facilitar a diferenciação entre os casos bacterianos e virais Pediatr Infec Dis J. 2000, 19(1): 66-72 / JAMA. 2007;297:52-60 I ESCORE NIGROVIC Escore de classificação das meningites desenvolvido nos EUA com intuito de auxiliar no diagnóstico diferencial das meningites bacterianas e virais no primeiro atendimento Objetivo: definir uso ou não de antibiótico Estudo retrospectivo (2001 a 2004) Pacientes = 3295 (∆ 29d-19a) aplicação do escore anteriormente desenvolvido JAMA. 2007;297:52-60 I ESCORE NIGROVIC Variáveis Pontos Presente Ausente Bacterioscopia positiva 2 0 Proteína no LCR ≥ 80 mg/dl 1 0 Neutrófilos totais no sangue ≥ 10000 cels/mm3 1 0 Convulsões antes ou na internação 1 0 Neutrófilos totais no LCR ≥ 1000 cels/mm3 1 0 Baixo risco = 0 / Risco intermediário = 1 / Alto risco ≥ 2 JAMA. 2007;297:52-60 I ESCORE NIGROVIC Baixo risco para meningite bacteriana: sem necessidade de uso de ATB Risco intermediário ou alto risco para meningite bacteriana ou < 2m: Necessário o uso de ATB parenteral JAMA. 2007;297:52-60 I IMPORTÂNCIA A confirmação do diagnóstico é importante para otimização do tratamento das crianças A introdução precoce do tratamento específico diminui a morbimortalidade A definição do diagnóstico influencia no tempo, tipo de tratamento e medidas de precaução e isolamento JAMA. 2007;297:52-60 I Meningite Viral ou Bacteriana? Somar anamnese, exame físico e laboratorial além da análise liquórica Viabilidade do Serviço de Investigação sequencial ( se difícil – continuar o manejo de meningite indeterminada como bacteriana) Conduzir a meningite duvidosa como bacteriana até provar o contrário I Meningite Viral ou Bacteriana? Meningite Neonatal sempre manejar como bacteriana até resultado da PCR viral pela quase maioria absoluta de meningites bacterianas de canal de parto Dificuldade de não conseguir o diagnóstico etiológico muitas vezes é decorrente da utilização prévia de antibióticos Esterilização do líquor após o início parenteral de antibióticos, pode ser do meningococo em 2 horas e do pneumococo em 4 horas. Kanegaye JT et al. Pediatrics 2001;108:1169-1174 I Considerações Finais A avaliação de uma criança com quadro de meningite requer história clínica e exames físicos detalhados para otimizar a terapêutica. Deve-se sempre insistir no diagnóstico etiológico, utilizando-se das diversas e modernas técnicas atuais para que a criança acometida tenha todo o suporte no momento do internamento e no acompanhamento futuro. I Obrigado pela atenção [email protected] I
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