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Director: José Luís Araújo | N.º 208 | 31 de Agosto de 2013 | Preço 2,00 Euros
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Tondela - FICTON espera 50 mil visitantes
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Opinião - Miguel Galante – Engº Florestal
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Aveiro - Gestão florestal em debate
Conferência Nacional debate gestão florestal mais participativa e sustentável no Encontro do Projeto ForeStake, a 20
a 21 de Setembro na Universidade de Aveiro.
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Por estes dias quentes de Agosto, os noticiários voltaram a
trazer aos portugueses imagens dramáticas de um “país em
chamas”. A floresta a arder, a trágica morte dos bombeiros
e o desespero das populações das aldeias cercadas pelas
chamas voltam a evidenciar que o problema dos incêndios
florestais ainda está longe de estar resolvido.
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Tondela recebe de 13 e 16 de Setembro mais uma edição da
Ficton – Feira Industrial e Comercial do Concelho de Tondela, uma iniciativa da Câmara de Tondela, que espera receber
cerca de 50 mil pessoas.
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Em Mangualde até 8 de Setembro
Festas da Cidade com Festival
de Sopa e muita animação
De 13 a 16 de Setembro
Ficton espera receber
cerca de 50 mil visitantes
Até 8 de Setembro, Mangualde vai estar em festa com um
programa repleto de animação. As Festas da Cidade, promovidas pela Câmara de Mangualde, são já uma tradição mangualdense e esperam atrair inúmeros visitantes ao município. Por sua
vez, as festas da Senhora do Castelo, que decorrem no fim-de-semana de 7 e 8 de Setembro, são uma organização da Santa
Casa da Misericórdia de Mangualde.
Durante os dias de festa são várias as iniciativas esperadas e
que se dividem um pouco por toda a cidade, que decorrem entre 31 de agosto e 5 de Setembro. Neste periodo, será possível
visitar a Mostra de Produtos Regionais, ver o desfile de Bandas
Filarmónicas, o IV Torneio Jovem Internacional de Xadrez, o Encontro de Tunas, o jogo de Futebol de Veteranos e assistir ao
concerto do Grupo TGV.
No domingo terá lugar o Encontro de Folclore, o IV Festival
das Sopas de Mangualde, a actuação do Grupo de Concertinas
“Os Lusitanos” e o concerto AS BAND. Nos dias seguintes será
ainda possível assistir aos concertos dos grupos FUNÇÃO PÚBLIKA (dia 2 de Setembro) e Taskavelha (dia 3 de Setembro).
Na noite de terça-feira irá decorrer um espectáculo de ilusionismo e na quarta-feira o programa contempla o Warm up 20º
Mangualde HardmetalFest e o espectáculo de Rua ON STAGE. A
iniciativa MangualdeFashion terá lugar no dia 5 de Setembro e
conta com a actuação do grupo BE FLAT.
Seguem-se as Festas da Senhora do Castelo, no fim-de-semana de 7 e 8 de Setembro. Do programa consta a Procissão de velas
a partir da Capela de Nª Sr.ª da Conceição (fundo das escadinhas),
as actuações da Escola de Ballet e Dança Infantil de Mangualde e
do Grupo Musical “Kayene Show”, no sábado. E no domingo, após
um período para confissões no Santuário, irá realizar-se a Procissão da Igreja da Misericórdia, seguida de Missa Campal, tarde de
folclore e actuação do Grupo Musical “3ª. Geração”.
Apresentação pública do Projeto InTuR
Mangualde promove inovação no turismo rural
De forma a promover a inovação no turismo rural, a Biblioteca Municipal Alexandre Alves, de Mangualde, acolhe no próximo
dia 10 de Setembro, pelas 15 horas, a apresentação pública do
Projeto InTuR - Inovação em Turismo Rural.
O projecto, dinamizado pela PRIVETUR – Associação Portuguesa de Turismo em Espaço Rural, conta com o apoio da Câmara de Mangualde e é cofinanciado pelo QREN no âmbito do
Programa Operacional Factores de Competitividade.
A criação de um portal que divulgue o destino e a oferta do
país, explorando o potencial criado com as novas tecnologias
de comunicação e as novas procuras turísticas é o principal
objectivo do Projecto que vai ser apresentado. O portal está
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concebido segundo um modelo tecnológico e organizacional
que facilita a simplificação dos processos de compra/venda e
a troca e difusão da informação, de forma célere e eficiente,
em tempo real. A iniciativa tem ainda como intuito incentivar a
promoção do trabalho em parceria e a participação em redes
internacionais do sector, incorporando boas práticas existentes,
com impacto positivo na procura turística e na promoção da
competitividade das empresas no mercado global.
De referir que este projecto vai ainda ser apresentado nas
cidades de Évora e Grândola (4 de Setembro), Aveiro e Arouca
(5 de Setembro) e Arcos de Valdevez (11 de Setembro).
Tondela recebe de 13 e 16 de Setembro mais uma edição da
Ficton – Feira Industrial e Comercial do Concelho de Tondela,
uma iniciativa da Câmara de Tondela, que espera receber cerca
de 50 mil pessoas.
O certame tem como objectivo ser uma montra das potencialidades económicas, culturais e sociais do município. “Num
concelho em permanente movimento, a Ficton tem como missão principal o incentivo à economia local”, sublinhou o vice-presidente da autarquia, José António de Jesus, acrescentando que a programação criada para este ano vai garantir “uma
animação permanente do recinto, onde também não faltarão
eventos desportivos e culturais”.
No plano da animação, a autarquia de Tondela assumiu a
aposta em artistas portugueses. Emanuel (dia 13), Amor Electro
(dia 14), The Gift e Samuel Úria (dia 15) e a Orquestra Aeminium
e os Hi-fi (dia 16), são os destaques do programa, mas do qual
fazem parte artistas e grupos da região.
O presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região do Centro, Pedro Saraiva, é a personalidade
convidada para a inauguração do certame, por onde passarão,
também, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo,
no dia 16, que marcará presença nas comemorações do aniversários dos Bombeiros Voluntários de Tondela e na cerimónia oficial evocativa do feriado municipal, assim como, a secretária de
Estado Adjunta e da Defesa Nacional, Berta Cabral, que, no dia
15, presidirá ao aniversário da Associação Nacional dos Combatentes do Ultramar.
A transmissão da SIC, em directo da Ficton, no dia 15, obrigará a organização a fazer algumas alterações ao recinto onde
habitualmente se realiza a feira, mas que, segundo José António
Jesus, dará outra visibilidade ao evento e aos expositores que
participam na iniciativa. Além disso, será tentado estabelecer o
recorde do maior número de frangos assados no mesmo local.
A escolha desta ave para estabelecer um recorde deve-se à sua
importância para o desenvolvimento económico do concelho e
de toda a região, justificando-se assim também a realização da
Semana do Frango, durante a qual todos os restaurantes da cidade terão diversos pratos de frango na sua ementa.
Quanto ao número de visitantes, o vice-presidente referiu
que a média dos últimos anos tem sido de 10 a 15 mil pessoas
por dia, dependendo esse valor das condições climatéricas, pelo
que considera ser realista receber este ano cerca de 50 mil pessoas no recinto. O autarca lembrou ainda que a esse número se
juntarão milhares de pessoas que, no fim-de-semana anterior à
realização da Ficton, se deslocarão a Tondela para assistir a dois
eventos importantes, nomeadamente, o Caramulo Motorfestival, destinado aos amantes do desporto automóvel e não só,
que se realiza de 6 a 8 de Setembro, e o espectáculo “A Viagem
do Elefante”, da ACERT, que será apresentado nos dias 7 e 8, no
Largo Anselmo Ferraz de Carvalho, e que contará com o envolvimento de toda a comunidade.
Mais de uma centena de expositores
O vereador, Pedro Adão, revelou que na Ficton irão participar
mais de uma centena de expositores, entre os quais quase oito
dezenas de instituições e empresas que terão os seus stands no
pavilhão, e aos quais se juntarão os stands das associações, das
freguesias e as tasquinhas no exterior.
Explicou ainda que este ano o Espaço Ao’Sabor, dedicado à
gastronomia, contará com uma zona própria para a realização
de seminários, degustações e provas de vinho.
J. Fonseca
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OPINIÃO
As lições de 2003
Por estes dias quentes de Agosto, os noticiários voltaram a trazer aos portugueses imagens dramáticas de um “país em chamas”. A floresta a arder, a trágica morte dos bombeiros
e o desespero das populações das aldeias cercadas pelas chamas voltam a evidenciar que
o problema dos incêndios florestais ainda está longe de estar resolvido.
“Inferno”, “Caça aos incendiários”, “A Guerra do fogo” eram títulos que faziam as manchetes da comunicação social em 2003. 10 anos volvidos após esse Verão trágico, o que
mudou em Portugal? Desde logo, destaco a existência de um sistema integrado de Defesa
da Floresta Contra os Incêndios, que assenta em três pilares – prevenção estrutural, prevenção operacional e combate. No entanto, verifico que nos últimos anos tem vindo a perder
consistência, sobretudo em resultado da extinção dos Governos Civis, e consequentemente,
das Comissões Distritais de Defesa da Floresta que contribuíam para um envolvimento activo dos principais agentes presentes no terreno.
Uma das principais lições resultantes dos incêndios de 2003 foi a necessidade de dotar
o País de um instrumento de planeamento interministerial que orientasse de forma efectiva
e sistemática as políticas públicas de Defesa da Floresta Contra Incêndios, que viria a ser
concretizado com a aprovação em Conselho de Ministros de Maio de 2006 do Plano Nacional de DFCI.
Também a reforma operada nesse ano na Protecção Civil, permitiu criar as condições
legislativas e operacionais para uma melhoria significativa no combate aos incêndios florestais, quer em termos da hierarquização da cadeia do comando e da capacidade de coordenação dos meios no teatro das operações, quer em matéria da eficácia do desempenho do
ataque inicial. De facto, a melhoria da capacidade de resposta ao ataque inicial dos focos de
incêndio foi induzida pela aposta do Governo também em 2006 na profissionalização das
equipas da Força Especial de Bombeiros “Canarinhos” e dos GIPS da GNR.
No entanto, os grandes incêndios florestais continuam a ser um problema por resolver e nesse domínio retomo as preocupações que escrevi neste espaço de opinião há um
ano – Portugal precisa de formar equipas multidisciplinares profissionais para coordenar as
operações em teatros de operações complexos.
É nestas situações de maior complexidade, como se verificou na Serra do Caramulo,
que se constata que a prevenção continua a percorrer um caminho penoso… Pese embora
o empenho dos técnicos dos Gabinetes Técnicos Florestais dos municípios na elaboração
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dos Planos Municipais de Defesa da
Floresta Contra Incêndios, continua
a registar-se dificuldades na sua
concretização no terreno.
Apesar dos milhões de euros de
dinheiros públicos disponibilizados
pelo Fundo Florestal Permanente e
pelo ProDeR, as manchas florestais
de risco mais elevado continuam
sem a necessária compartimentação. O incêndio que consumiu milhares de hectares de floresta da
Serra do Caramulo é bem demonstrativo dessa falta de capacidade e
de decisão para intervir prioritariamente nos territórios mais críticos.
E esta é uma crítica que deve ser
apontada ao actual Sistema Nacional de DFCI – a falta de definição de
prioridades nacionais (e regionais)
de intervenção por parte do ICNF,
enquanto entidade responsável pela
coordenação do pilar da prevenção
estrutural.
Também a interface urbano-florestal continua sem ser uma
prioridade, quer na actuação da
Administração Central, quer da Administração Local, condicionando a
capacidade de resposta dos bombeiros e dos agentes de protecção
civil na protecção das pessoas e
bens.
Os registos preocupantes dos
incêndios florestais nos últimos três
anos e a evolução dos incêndios
neste Verão justificam um novo
olhar para as políticas de prevenção,
que permitam corrigir as falhas e estabelecer medidas de incentivo para
a gestão florestal dos proprietários
florestais, prioridades para os apoios
financeiros nesse domínio e estruturar um verdadeiro sistema nacional
de prevenção dos incêndios florestais, nos quais os municípios e as organizações de produtores florestais,
nomeadamente no contexto das
ZIF, poderão dar um contributo mais
efectivo para a mitigação do flagelo
dos incêndios florestais em Portugal.
Num momento em que o Sistema Europeu de Informação de Incêndios Florestais estima uma área
ardida superior a 100.000 ha no
final de Agosto, termino com uma
questão que julgo retractar o sentimento da sociedade portuguesa perante a “inevitabilidade” do flagelo
dos incêndios florestais: Porque não
aprendemos a lição?
Miguel Galante
Engº Florestal
Diz o especialista José Marques Aranha
Questão financeira
impede limpeza de matas e florestas
O especialista na área de engenharia florestal José Marques
Aranha referiu que a “questão financeira” impede a limpeza de
matas e florestas, acção que considera ser fundamental para
prevenir a ocorrência de incêndios.
José Marques Aranha, docente na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Ordem dos Engenheiros - Região
Norte, sublinhou que “há legislação suficiente” em Portugal de
defesa da floresta contra incêndios, mas assinalou que “não
existe aplicação concreta no terreno”.
O engenheiro da área florestal acentuou que “não há forma de aplicar directamente as medidas de limpeza, controlo e
ordenamento florestal por uma questão financeira”. “Temos gabinetes técnicos, florestais e a Protecção Civil a preparar devidamente a época de incêndios, a fazer os planos municipais de
defesa contra incêndios e a calcular o perigo de incêndio, mas,
depois de estar tudo desenhado e programado, não existe aplicação concreta no terreno”, vincou.
O especialista notou que se tem negligenciado a obrigação
legal de fazer cumprir o Plano Municipal de Defesa das Florestas
Contra Incêndios e asseverou que “vai ser muito difícil aplicar a
lei”. “Enquanto não se valorizar a biomassa florestal, para que o
resultado das limpezas das matas e florestas tenha algum valor
económico, e enquanto isto for só uma despesa que é atribuída
à autarquia local, vai ser muito difícil fazer cumprir os planos de
defesa da floresta que são feitos todos os anos”, disse.
Por isso, José Marques Aranha considerou que é preciso “ter
uma atitude mais física e responsável e programar atempadamente a limpeza dos terrenos urbanos no limite de confronto
entre a situação urbana ou agro-urbana e a situação florestal e
proceder a essas limpezas durante o inverno”. “O que acontece
é que, muitas vezes, são feitas as limpezas no fim da primavera, por o tempo atmosférico estar melhor, e continua a haver
acumulação de biomassa entre essa franja limite dessas zonas
urbanas, no interior do país”, observou.
Com o registo de ocorrência de mais de 3.400 incêndios em
matas e florestas nos últimos 15 dias, e com a perda de cinco
vidas humanas, José Marques Aranha admitiu que é primordial
uma nova consciencialização para uma nova política de defesa
da floresta. “Era preciso que houvesse uma acção continuada
entre as acções da protecção civil, do ponto de vista de fazer
o ordenamento dessa franja, dos serviços florestais, para fazer
o ordenamento das matas, e haver um efectiva frequência de
operações para proteger as pessoas e bens e evitar que haja
incêndios florestais”, declarou o docente universitário.
O responsável da Ordem dos Engenheiros - Região Norte
salientou que “faz falta uma política florestal adequada”, porque, frisou, “uma percentagem considerável dos incêndios em
Portugal poderia ser evitada se a floresta não tivesse sido relegada para segundo plano pelos vários governos que temos
tido”.
Acusou ainda a “falta de articulação entre os comandos
locais, os distritais e a direcção nacional”, sustentando que “os
serviços estão demasiados centralizados e, depois, não há uma
boa cadeia operativa eficiente desde a chefia máxima até à local”.
Os incêndios florestais em Portugal durante o mês de Agosto já consumiram uma área superior a 60 mil hectares, segundo
dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS).
Diz a Liga de Protecção da Natureza
Desordenamento florestal prejudica
eficácia dos bombeiros no combate ao fogo
Um responsável da Liga de Protecção da Natureza (LPN)
defendeu que o desordenamento florestal torna impossível a
eficácia dos bombeiros no combate aos incêndios, se chegarem
ao local mais de 20 minutos após o início do fogo. “Da forma
como a floresta está, não é possível que os bombeiros tenham
qualquer eficácia no combate se não chegarem lá até 20 minutos depois de começar a ignição”, disse Eugénio Sequeira.
Para o especialista, “depois do fogo estar forte, com uma
frente larga e avanço, os bombeiros que se ponham na mata
para tentar apagar o fogo são suicidas”. Nestas circunstâncias,
“não é possível apagar um fogo a não ser nas estradas alcatroadas”, salientou, acrescentando que, “se houver um dia quente
com vento, não há nada a fazer”.
Eugénio Sequeira recordou que, após 2003, quando se registaram grandes incêndios e a área ardida ultrapassou 400 mil hectares, o tempo de chegada das primeiras equipas de bombeiros ao
local reduziu-se a menos de um terço e “houve um esforço notável” para aumentar a eficácia, a vigilância durante o verão “melhorou muito”, tal como a organização dos sistemas de combate. No
entanto, a biomassa aumentou porque cada vez há menos agricultura e o desordenamento florestal agravou-se. “Não há descontinuidade nem ordenamento e todas as tentativas políticas são de
desordenar”, criticou o especialista da Liga para a LPN.
As preocupações de Domingos Patacho, da Quercus, vão no
mesmo sentido. “Há falta de apoio às políticas de prevenção, à gestão da floresta e corte de alguns matos, nomeadamente junto às
infraestruturas, caminhos, estradas e casas, para reduzir o risco de
afectação de pessoas e bens”, disse.
As redes viárias municipais e nacionais devem ter faixas de
gestão de combustíveis, o que inclui cortar os matos, como estipula a lei, “e isso não se verifica em grande parte das situações”,
salientou o ambientalista. “O problema é que quando não se
cumpre, normalmente não acontece nada, não há propriamente
uma penalização por incumprimento das medidas de prevenção, da defesa da faixa contra incêndios”, alertou o técnico da
Quercus.
Manter estas faixas de segurança “tem um custo que pode
ser elevado”, reconheceu, mas na sua ausência, quando há um
incêndio, “é muito mais difícil” combater o fogo e o risco para os
bombeiros “é maior”.
Por isso, “devia aplicar-se mais investimento na prevenção
para reduzir a área ardida e a intensidade dos incêndios”, frisou
Domingos Patacho, acrescentando que “há alguns pirómanos a
pôr fogos, mas também há muita negligência”, como beatas de
cigarro atiradas na beira da estrada.
No início de Agosto, a Quercus pediu à Procuradoria-Geral
da República o apuramento de responsabilidades pelo incumprimento das acções de prevenção e fiscalização previstas na lei
e denunciou a “incúria das administrações locais e central” e a
ausência de corredores sem vegetação, de dez metros em cada
lado das vias de comunicação e de 50 metros à volta das casas.
O último relatório sobre incêndios indicava que, até final de
Julho, o fogo consumiu uma área de quase 18 mil hectares, perto
de um quarto da área ardida em igual período de 2012.
Encontro do Projeto ForeStake de 20 a 21 de Setembro na Universidade de Aveiro
Conferência Nacional debate gestão
florestal mais participativa e sustentável
A Conferência Nacional “Participar no rumo e no cuidar da floresta portuguesa: um repto para todos?” vai debater os resultados
do projecto de investigação ForeStake (2010-2013), integrando os
contributos e as experiências de agentes e entidades políticas nacionais, regionais e locais para uma gestão florestal mais participativa, mais responsável e mais sustentável. Este evento integra ainda
as comemorações dos 40 anos da Universidade de Aveiro (UA) e os
35 anos do Departamento de Ambiente e Ordenamento.
O projecto de investigação ForeStake (2008-2013), “O papel
dos agentes locais no sucesso da política florestal em áreas afectadas por incêndios em Portugal”, surgiu com o intuito de melhorar
o conhecimento das visões institucionais e sociais sobre a floresta
e a política florestal em Portugal, contribuindo para uma melhor
integração deste conhecimento na definição de políticas futuras.
O projecto coordenado pela UA contou com a participação da
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e da Escola Superior
Agrária de Coimbra, e foi financiado pela Fundação para a Ciência
e Tecnologia (FCT) e co-financiado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) através do COMPETE - Programa
Operacional Factores de Competitividade (POFC).
A Conferência Nacional do Projecto ForeStake representa o
culminar de três anos de investigação, pretendendo ser um espaço
de reflexão e discussão sobre os resultados do projeto, incorpo8
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rando as experiências de agentes e entidades políticas nacionais,
regionais e locais e dando um contributo para uma gestão florestal
mais participativa, mais responsável e mais sustentável.
A conferência irá decorrer nos dias 20 e 21 de Setembro, na UA
e a coordenação da organização está ao cargo de Celeste Coelho,
professora do Departamento de Ambiente e Ordenamento, juntamente com uma equipa multidisciplinar das entidades parceiras.
Os resultados preliminares do projecto ForeStake salientaram a importância da participação dos diferentes agentes, nos
diversos níveis de intervenção, nas decisões relativas à floresta e
à gestão florestal. A avaliação da percepção social demonstrou
consenso nos problemas e constrangimentos que afectam as
florestas, nomeadamente a centralidade dos incêndios florestais nos discursos associados à floresta. Por outro lado, a participação dos agentes nas oficinas de trabalho contribuiu para
a discussão de soluções e medidas orientadas para a gestão
florestal adequadas ao contexto local, tendo sido evidenciadas
medidas e acções assentes na cooperação e parcerias entre os
agentes locais e nacionais.
As inscrições encontram-se abertas para quem quiser participar ou assistir à Conferência. Para obter mais informações
aceda ao site oficial da Conferência disponível em:
http://www.cesam.ua.pt/forestake
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A Direcção Regional de Agricultura e
Pescas do Centro (DRAPC) vai realizar o Dia
Aberto “A Cultura do Arroz no Baixo Mondego” no dia 6 de Setembro, na Unidade Experimental do Bico da Barca, em Montemor-o-Velho.
O Dia Aberto começará com uma visita ao Ensaio de Variedades de Arroz, onde
são testadas as variedades mais cultivadas
e que poderão ter mais interesse quer para
a orizicultura nacional quer para a indústria.
De seguida, será mostrado o campo onde é
cultivado o arroz produzido segundo as regras da Agricultura Biológica, terminando a
primeira parte com uma visita aos ensaios do
Programa Nacional de Melhoramento Genético de Arroz. De realçar que nesta Unidade
da DRAPC se encontra um dos dois pólos de
execução deste Programa (o outro está localizado em Salvaterra de Magos), cujo objectivo é obter uma nova variedade de arroz
produzida em Portugal.
Da parte parte desta acção farão parte
duas demonstrações, destacando-se, pelo
seu carácter inovador na Região do Baixo Mondego, a que vai ser efectuada pelo
COTHN e que pretende divulgar um serviço
– inspecção de pulverizadores – que será
obrigatório dentro de poucos anos.
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DRAPC promove Dia Aberto
“A Cultura do Arroz no Baixo Mondego”
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A 6 de Setembro, na Unidade Experimental do Bico da Barca
A importância da vinha e do vinho no concelho de Nelas
Sendo Nelas o Coração do Dão faz todo o sentido a realização desta XXII edição
da Feira do Vinho do Dão, como reconhecimento da importância que a vinha e o vinho tiveram e têm na constituição e afirmação da nossa identidade cultural e a força
que demonstram como impulsionadores da economia local. Com efeito, o vinho será
sempre um produto de referência do nosso Concelho que tem sabido ultrapassar as
dificuldades e resistir aos períodos de crise, encontrando soluções, reinventandose, descobrindo novos mercados e possibilidades. Exemplo disso é a presença dos
nossos produtores em concursos internacionais e o elevado número de medalhas
conseguidas, que atestam a notoriedade e valorização dos nossos vinhos do Dão.
No fundo, promover a qualidade e o potencial da Região e dos vinhos do Dão, nesta
Feira, é homenagear todos aqueles, que ao longo dos tempos têm apostado na qualidade,
na excelência e nas características singulares de um produto e de uma região que fazem de
Nelas, inevitavelmente, pelo seu passado, pelo presente e pelo futuro, o Coração do Dão.
E este ano associámos ao sector vitivinícola o nosso património arquitectónico,
religioso e arqueológico, com visitas a locais e edifícios emblemáticos do nosso Concelho, nomeadamente em Santar e Termas das Caldas da Felgueira, a Gastronomia
Regional, animação cultural, artesanato, desporto, conferências, exposições, provas
e formações, oferecendo a todos os que nos visitam um diversificado leque de atividades, dirigido não só aos amantes do néctar da região, mas também às famílias que
podem descobrir em Nelas, um agradável espaço de encontro e de partilha.
O resultado do esforço continuado e coletivo, que envolve a autarquia, parceiros, viticultores, comerciantes, técnicos e enólogos, profissionais excelentes com elevado nível
de formação e que exercem com grande entusiasmo e dedicação, reforça e atesta o reconhecimento desta Feira do Vinho do Dão que, de ano para ano, vem crescendo e se afirma
como evento de referência da Região, com visibilidade nacional e internacional.
Organizar esta XXII edição da Feira do Vinho do Dão é sem dúvida um orgulho
para o Município de Nelas, e penso que para todos os que a tornam possível, a quem
eu dirijo um reconhecido agradecimento. Votos de muito sucesso e bons negócios.
Editorial
Programa
SEXTA-FEIRA
06.09.2013
16:00 | Auditório do Edifício Multiusos
Homenagem a Personalidade ligada ao Vinho
Org: Confraria dos Enófilos do Dão
Assinatura do Protocolo entre a CVRDão e a CIM Lafões
para a implementação da Rota dos Vinhos do Dão
Org. CVRDão e CIM Lafões
Sessão Solene de Abertura da Feira
Visita à Feira
Isaura Pedro
Presidente da Câmara
Municipal de Nelas
Lançamento da 1ª Pedra do Centro Interpretativo
da Vinha e do Vinho Dão - Lusovini
18:30 | Praça do Município
Grupo de Bombos do Paço
19:00 às 23:00 | Praça do Município
Animação Infantil :: Insufláveis e tendas temáticas
com pinturas faciais
MTM Team | Fundação Lapa do Lobo
21:30 | Praça do Município
Espectáculo do Teatro Hábitos
Teatro de Rua, Arte Circense e Pirotécnia
22:30 | Praça do Município
Fado a 02
| Carla Linhares e Carlos Viçoso
SÁBADO
07.09.2013
09:30 às 17:00 | Auditório Edifício Multiusos
Seminário “Inovar e Qualificar a Oferta Enoturística no Dão”
Org. AMPV (ver programa próprio)
10:00 às 13:00 | Freguesia de Santar
Viticultores no Campo
09:30 > Concentração na Praça do Município
ou 10:00 > Paços dos Cunhas, Santar
Org. Dão Sul
Inscrições até 06 de Setembro | limitado a 30 pessoas | Aceder à
Ficha de Inscrição
15:00 | Praça do Município
Passeio de Charrete e Pónei
para crianças
16:30 | Auditório do Edifício Multiusos de Nelas
Entrega de medalhas do Concurso La Selezione del Sindaco aos Produtores premiados do Concelho
Org. AMPV
16:30 | Estádio Municipal de Nelas
Jogo de Futebol
| Sport Clube de Nelas e Veteranos x Veteranos de Salamanca
17:30 às 19:30 e 21:00 às 23:00 | Praça do Município
Animação Infantil :: Insufláveis e tendas temáticas com pinturas faciais, modelagem de balões e andas
MTM Team | Fundação Lapa do Lobo
17:30 | Praça do Município
Workshop “Construir um Herbário”
| Lia Alvadia - Cacos e Farrapos
para pais e filhos
18:00 às 19:30 | Praça do Município
Tarde Folclórica
| Grupo de Danças e Cantares Regionais “Os Santarenses”
Rancho Folclórico de Vale Madeiros
Rancho Folclórico de Vilar Seco
20:00 | Restaurante dos Bombeiros Voluntários de Nelas
Jantar oferecido aos Expositores de Vinho do Dão presentes na Feira
Org: Verallia / Saint-Gobain Mondego, S.A.
22:00 | Praça do Município
Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra
Fundação Lapa do Lobo
DOMINGO
08.09.2013
09:00 | Concentração junto ao Estádio Municipal
VI Maratona de BTT do Dão (chegada ao Estádio Municipal às
12:30)
Org. Núcleo Dão Nelas BTT
09:30 às 12:00 | Caldas da Felgueira
Passeio “Pelos Trilhos das Termas”
09:30 > Concentração no Balneário das Termas
Inscrições até 07 de Setembro | Aceder à Ficha de Inscrição
14:00 | Pista do Penedo - Algeraz
III Encontro Kartcross Popcross
Org. BI Eventos/ARC Sto. António
14:00 às 20:00 | Praça do Município
Somos Portugal - TVI
| Programa em Directo
Festa, Música, Animação
17:00 às 19:00 e 20:30 às 23:00 | Praça do Município
Animação Infantil - Insufláveis, tendas temáticas com
pinturas faciais, modelagem de balões e andas
| MTM Team | Fundação Lapa do Lobo
19:00 | Praça do Município
Workshop “Bonecos de Palha
| Lia Alvadia - Cacos & Farrapos
para pais e filhos
21:30 | Praça do Município
Alma do Luso
| Espectáculo Musical
Expositores
Expositores
Sandra Coutinho
Segredos
Simão Monteiro
Tanoaria Godinho
Produtores de Vinho
Adegas Cooperativas do Dão (Mangualde, Silgueiros, Penalva do Castelo e Vila Nova de Tazém)
Adega da Corga
António Canto Moniz Unipessoal, Lda.
António Lopes Ribeiro Wines, Lda.
Caminhos Cruzados, Lda.
Casa da Ínsua
Chão da Quinta
Dão Sul, Sociedade Vitivinícola, S.A.
Fidalgas de Santar
Fonte de Gonçalvinho
Fontes da Cunha, CEG, S.A.
FTP Vinhos
Júlia Kemper Wines – CESCE Soc. Agrícola, S.A.
Ladeira da Santa, Lda.
Lusovini
Palwines, Lda.
Magnum Vinhos
Quinta da Espinhosa
Quinta da Fata
Quinta das Camélias
Quinta das Maias / Quinta dos Roques / Casa de Cello
Quinta das Marias
Quinta de Reis
Quinta do Carvalhão Torto
Quinta do Perdigão
Quinta do Sobral – Eng. Com. Vinhos, Lda.
Quinta dos Carvalhais / Grão Vasco
Quinta Madre de Água
Quinta Mendes Pereira
UCB / Quinta do Cerrado
Vinícola de Nelas, S.A.
Artesãos
Alexandra Henriques
Anabela Artes
Ana Paula Pimenta Marques
Arte de Brincar
Artes e Letras
Artimanus
As Coisinhas da Isabel
Bella de Sousa Farinha
Casinha das Lembranças
Cestaria Sampaio
Cuidados Naturais
Dinis Pereira Fernandes
Lia Alvadia – Cacos & Farrapos
Maria da Conceição Reis
Milena Santos
Momentos Criativos
Nélarte Décor
O Biscuit
Paula Gonçalves
Ponto sem Nó – Clube Lapense de Bordados e Artesanato
O Biscoito da Avó
Rogério de Sá Alves da Silva
Gastronomia
Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Nelas
Doce Fasquia
Chocolateria Delícia
Fumeiro Regional: Quinta do Vale Covo – Penalva do Castelo
Gelataria Pizzaria Sárita
Hotel Pantanha / Restaurante “A Moderna”
Ponte do Ouro
Restaurante Bem-haja
Restaurante Prata do Dão
Restaurante e Pizzaria Concerto
Sanzala – Sociedade Fornecedora de Cafés, S.A.
Comerciais
All Oliva
Anadil, S.A. Anadia
Beira Antiga, Lda.
Caldas da Felgueira Termas & Spa
Ecoemotion, Unipessoal, Lda.
Medinelas
Mestre Design, Lda.
Oriflame
Xá Zen
Queijarias
ANCOSE – Assoc. Nac. Criadores de Ovinos Serra da Estrela
Queijo Quinta da Lagoa – Queijo Serra da Estrela
Queijo Serra da Estrela Quinta da Lapa – Vilar Seco
Associações
ADD – Associação Desenvolvimento do Dão
ADRC Cimo do Povo
ARC Santo António
CERV – Conselho Empresarial da Região de Viseu – Associação Empresarial
Civilização Activa
Comissão de Finalistas de Nelas
Cooperativa de Olivicultores de Nelas
CVR Dão
Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro
Escola Superior Agrária de Viseu / Instituto Politécnico de Viseu
Fundação Lapa do Lobo
Jardim de Infância “O Malmequer”
Lar de S. Miguel
Núcleo Dão Nelas
Turismo Centro de Portugal
Máquinas Agrícolas
Auto Comboio
Capital Motor, Lda.
J. Amaral & Almeida, Lda.
JC Coimbra Automóveis
Máquinas Agrícolas Eurico
TractoPais, Lda.
design gráfico:
sá pinto encadernadores - viseu para gazeta rural
Adega Cooperativa de Penalva do Castelo
Calvário – Ínsua
3550-167 Penalva do Castelo
(Telefone) (+351) - 232 642 264
(Fax) (+351) - 232 642 565
Consultadoria e Mediação de Seguros
Director
José Luís Araújo (CP n.º 7515)
[email protected]
Edição Especial
Classe Média, Lda.
Câmara Municipal de Nelas
Seguros
Execução Gráfica
Sá Pinto Encadernadores - Viseu
Telef. 232 422 364
(E-mail) [email protected]
www.adegapenalva.com
precisavam de ser revitalizadas, precisavam
de vida. Foi um desgosto para nós ver o desfecho que a Cooperativa teve e, portanto, foi muito positivo para o concelho, para a economia
local, mas, sobretudo, para a história do concelho. Aliás, vai ser lançada a primeira pedra,
durante a Feira do Vinho, do novo projecto para
a Adega. É muito importante também em termos
de economia e da criação de postos de trabalho,
porque o encerramento de uma empresa, seja
ela qual for, é sempre um ponto negativo na vida
de um concelho.
É muito importante ver que aquele espaço
foi entregue a pessoas que estão à altura para
o desenvolver e confio muito no projecto, que
será importante para o concelho de Nelas, para
o Vinho do Dão e para a Região.
GR: Como estão os produtores do concelho nesta altura? Tem alguma ideia de
como vai ser a próxima campanha?
IP: Penso que estão optimistas. Pelos dados que conheço, penso que será um bom ano.
Isaura Pedro à Gazeta Rural
“O concelho de Nelas
é cheio de história no que toca ao vinho do Dão”
O ‘Coração do Dão’ recebe mais
uma edição da Feira do Vinho do Dão,
este ano com expectativas elevadas,
dada a presença da TVI na tarde de
domingo. Todavia, o certame tem no
vinho do Dão o seu “emblema maior”,
que harmoniza com a gastronomia
da região, e com a autarquia, nesta
edição, a juntar-lhe o património.
Num concelho “cheio de história ligada ao vinho”, como reconhece Isaura
Pedro, presidente da Câmara de Nelas,
a Feira do Vinho do Dão será, também,
um momento de reflexão sobre o sector e um encontro de proximidade entre produtores e consumidores.
Gazeta Rural (GR): O que temos
de novo na Feira de Vinhos do Dão
2013?
Isaura Pedro (IP): A Feira é um
evento que tem associado o vinho à
gastronomia, a que este ano juntáVI
mos também o património. Neste
âmbito, teremos vários eventos pelo
concelho, como, por exemplo, um
passeio pelos Trilhos das Termas,
uma tarde numa das quintas de produção de vinho, ou seja, vamos tentar mostrar que para além do vinho
e da gastronomia, há também um
património a defender e que vale a
pena visitar a Feira. Contamos ainda
com os habituais espaços do showcooking, dos workshops de artesanato, mel e azeites e provas de vinhos.
Durante a Feira de Vinho irá ser
assinado um protocolo, entre a CVR
Dão e a CIM Lafões, para a implementação da Rota dos Vinhos do Dão. É
muito importante ter sido escolhido
como palco da Feira de Vinhos de Nelas para a assinatura deste protocolo, uma vez que a rota dos Vinhos do
Dão é de extrema importância para
a região.
GR: Com o programa da feira
deste ano, Nelas pretende também vender a sua história?
IP: Claro que sim. Aliás, nesse aspecto o concelho tem todas as potencialidades e não é difícil vender a nossa história. O concelho de Nelas é cheio
de história no que toca ao vinho do
Dão, ou não estivesse aqui sedeado o
Centro de Estudos Vitivinícolas. Temos,
portanto, uma grande tradição e muito património ligado ao vinho. Por isso,
queremos que as pessoas o conheçam
e também o divulguem. Penso que será
uma mais-valia para a Feira, embora seja
essencialmente dedicada ao vinho.
GR: Como vê os novos projectos
no concelho ligados ao vinho, nomeadamente o da Lusovini para a
Adega de Nelas?
IP: É muito importante, em primeiro lugar porque as instalações
GR: Com a presença da TVI as expectativas são mais elevadas para a Feira?
IP: Penso que sim. Seis horas de televisão
em directo vão projectar e promover muito os
nossos vinhos, o concelho de Nelas e a Feira
do Vinho. E estas seis horas podem fazer muito mais do que qualquer tipo de publicidade
que se tem vindo a fazer até aqui. Esperamos
ter muito público, que para o próximo ano a
Feira seja ainda mais conhecida e que isso se
repercuta também nas visitas que iremos ter
ao concelho.
Vai ser uma oportunidade única para mostrar a importância deste sector na região e na
economia local, mas também o património, o
artesanato, e tudo aquilo que temos de bom no
nosso concelho. Iremos aproveitar tudo isto
para nos darmos a conhecer a nível nacional.
VII
Empresa foi apresentada durante a edição 2012
da Feira do Vinho do Dão
Caminhos Cruzados é “Titular”
do Dão um ano depois
Há um ano, durante a Feira do Vinho do Dão, Paulo Santos
apresentava a empresa “Caminhos Cruzados”, projecto que tem
dado passos seguros no caminho da consolidação. Um ano depois, o empresário ligado aos têxteis e que decidiu investir na
sua terra mostra-se satisfeito.
A empresa cumpriu alguns dos objectivos para o primeiro
ano e o “Titular”, marca da empresa, deu passos importantes,
para ser reconhecido como um grande vinho do Dão, com a marca enológica de António Narciso.
“Ao longo deste ano cruzaram-se vários caminhos e dentro
do plano de trabalho que tínhamos traçado alguns objectivos
foram conseguidos”, diz Paulo Santos, referindo a presença em
várias mostras internacionais, onde demos a conhecer os nossos
vinhos e a nossa marca Titular, que teve uma aceitação bastante positiva, que nos encorajou a continuar por este caminho, de
fazer vinhos de qualidade, para os quais fizemos uma selecção
cada vez mais criteriosa dos nossos fornecedores de uvas”.
O empresário diz que “o mercado está receptivo a novos vinhos, e aos do Dão em particular, porque é, reconhecidamente,
das regiões portuguesa que mais tem vindo a crescer, pela qualidade, que sempre teve, e que está a ser redescoberta pelos mercados, que estão um pouco saturados com os vinhos que têm”.
No plano comercial a empresa tem vindo a implementar-se
no mercado. “Conseguimos abrir algumas portas, nomeadamente em alguns mercados da exportação”, destaca Paulo Santos,
sublinhando a importância do mercado nacional. “Temos que
aprender a fazer bem cá dentro, para depois nos conseguirmos
colocar na exportação”, frisa o empresário, destacando o reforço do mercado nacional, com “alguns parceiros na distribuição”,
no último trimestre deste ano. Paulo Santos refere a “excelente
aceitação a nível regional”. Prova disso, o facto do Titular se poder encontrar nos melhores restaurantes.
Medalha de Prata
Concurso 2013
Vinho Tinto
Colheita
Seleccionada 2010
VIII
Como recente ‘player’ no mercado, Paulo Santos tem uma
visão menos ‘instrumentalizada’ mas mais alargada do meio e
da região, apontando que “no Dão parece que há um ‘complexo’
daquilo que somos e do que temos”. Para o produtor, “não temos
que estar preocupados em contar uma história muito antiga,
muito rebuscada ou de família, para conseguir vender o vinho,
porque as pessoas estão receptivas a um produto novo, inovador
e com qualidade”. Para além disso, acrescenta Paulo Santos, “o
mundo apenas quer saber que somos portugueses, estamos na
Beira e é aquilo que temos para dar e ser valorizado”. Porém,
sublinha, “devemos fazê-lo com qualidade, com as novas tecnologias que temos ao nosso dispor e utilizando as parcerias certas, como a CVR Dão, que tem sido também um grande motor de
divulgação”. Para além disto, “o segredo é vender, ter ambição,
contar a história da nossa empresa e do que temos para produzir”, diz Paulo Santos.
Seja responsável. Beba com moderação.
O “complexo” do Dão
Encruzado
2012
Vinhos - Wines
Nelas/Portugal
Touriga Nacional
2011
Alfrocheiro
2011
CAMINHOS CRUZADOS, LDA. Largo Vasco da Gama, nº 23, 3520-079 Nelas - Portugal | T/F +351 232 940 195
E [email protected] | caminhos.cruzados.vinhos | www.caminhoscruzados.net
João Rego vai abrir loja gourmet
“Fidalgas de Santar” recomenda-se
João Rego nasceu em Santar, terra famosa onde estão sedeados alguns dos melhores
produtores de vinho do Dão. Como o vinho
lhe “corria” nas veias, decidiu adquirir vinhas
e produzir vinhos, com a marca Fidalgas de
Santar.
Em vez de investir numa adega, João Rego
preferiu apostar nas vinhas, mostrando-se
satisfeito com a opção tomada. “Por falta de
dimensão, era um erro montar uma estrutura
própria, porque criar uma adega, devidamente equipada, com todos os meios necessários
à vinificação, seria, nesta fase, suicida”, explica
o produtor, que entregou o processo de vinificação à Adega de Mangualde, que lhe entrega
o ‘produto’ acabado. “O serviço é fantástico”,
diz, elogiando o “trabalho extraordinário” da
dupla António Mendes e Jaime Murça.
Produzindo cerca de 50 mil garrafas, 40
mil de tinto e 10 mil de branco, a marca Fidalgas de Santar “está bem e recomenda-se e a
colheita de 2011 está a fazer grande sucesso”,
diz João Rego, frisando que “foi um vinho tinto que entrou bem no mercado e que em três
concursos ganhou duas medalhas. Tivemos
uma medalha em Itália e uma na CVR Dão, dos
melhores engarrafados”. Este Verão chegou o
branco 2012, com Encruzado e Malvasia-Fina,
“muito fresco e que está excelente”, adianta.
O produtor está há poucos anos envolvido
no mundo dos vinhos, mas já deu para perceber que “é um sector apaixonante”. Porém,
João Rego diz que se nota “que no Dão os produtores são muito pouco unidos e que, por
vezes, não vêem o Dão como uma região”. Todavia, acrescenta, “é um sector interessante e
acredito que temos grande futuro a produzir
Vinho do Dão”, porém “temos que mudar a estratégia de promoção e a forma de estar, porque todos juntos somos muito poucos”, defende o produtor, que tem apostado no mercado
nacional, sem perder de vista a exportação,
que deverá escoar “obrigatoriamente 60 a 70
% da produção”.
Revela o Instituto da Vinha e do Vinho
Exportações de vinho com
melhor primeiro semestre
desde 2010
As exportações de vinho aumentaram 2,6%
em valor nos primeiros seis meses do ano face
ao período homólogo de 2012, tendo alcançado
o melhor primeiro semestre desde 2010, revela
o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), que em
comunicado refere que as exportações aumentaram 7,7% em preço médio no primeiro semestre de 2013, “apesar de um ligeiro decréscimo em volume”, que não é quantificado pelo
documento.
“Os indicadores são positivos, pois o primeiro semestre foi o melhor desde 2010, e se o
segundo semestre tiver o desempenho que temos observado nos últimos três anos (57% do
valor das exportações ocorreu no segundo semestre), podemos ultrapassar este ano os 720
milhões euros”, diz, no mesmo comunicado, o
presidente do IVV, Frederico Falcão.
O mercado europeu continua a ser o principal destino das exportações de vinho português, com 57% do total, enquanto Angola, EUA,
Canadá e Brasil figuram “no grupo dos 10 principais mercados”. Em termos europeus, o IVV
realça o comportamento da Polónia, o mercado
com maior crescimento em volume e valor, e de
Espanha, enquanto o mercado chinês cresceu
40% em termos de preço média de venda.
As exportações de vinho atingiram 704,8
milhões de euros em 2012, um acréscimo de
7,1% face aos números de 2011 e a primeira
vez que foi ultrapassado o nível dos 700 milhões.
Loja em Santar vai vender vinhos e produtos regional
Convicto de que há um mercado por explorar, João Rego vai avançar até final do ano com a abertura de uma loja
em Santar, “onde vamos vender os nossos vinhos e alguns produtos locais e regionais”. “É aposta que vem de encontro
a uma ideia que já tem alguns anos, em que precisamos de aproveitar a Estrada Nacional 231, que liga Viseu a Nelas,
por onde passam milhares de pessoas, que talvez não tenham a noção do que de bom temos nesta região, desde o vinho, o azeite, o queijo Serra da Estrela, as compotas e a doçaria, produtos que é importante promover”, diz João Rego,
explicando que “é uma loja gourmet, que vai preencher uma lacuna que existe na região”.
X
XI
Uma iniciativa da ViniPortugal e dos comerciantes
Recuperar o costume do vinho a copo
Uma empresa familiar em Pindo, Penalva do Castelo
Recuperar o costume do vinho a copo, às refeições e
fora delas, apostando na qualidade do produto servido,
está a revelar-se uma luta para os agentes vitivinícolas
portugueses, que beneficiam agora de uma campanha da
ViniPortugal.
Enquanto em Espanha sempre foi habitual beber vinho
a copo nos bares de ‘tapas’, em Portugal esta tradição perdeu-se “de uma forma muito acentuada”, disse Jorge Monteiro, presidente da ViniPortugal, responsável pela campanha ‘A Copo’. Segundo Monteiro, pedir hoje um só copo de
vinho “não é muito apreciado socialmente” em Portugal,
fenómeno ainda mais estranhado fora dos meios urbanos
e entre jovens de 20 a 30 anos. Apesar de “uma percepção
de maior adesão ao vinho a copo”, a campanha da ViniPortugal não está a decorrer de acordo com as expectativas de
Jorge Monteiro, sendo que se trata de um projecto “educativo” a longo prazo que visa “mudar o consumo de vinho a
copo de 5 a 10 anos”.
A campanha tem como objectivos normalizar o consumo de vinho a copo “com moderação” fora das refeições
e incentivar a ampliação da oferta destes produtos nos
restaurantes, para que o consumidor possa escolher entre
diversas variedades sem ter de comprar a garrafa inteira.
A terceira geração da Adega da Corga
O sector primário vive dias difíceis, mas também de
renovação, com alguns jovens a acreditarem na agricultura e, neste caso, no vinho. João Barbosa, fundador da
Adega da Corga, é um homem feliz por ver os netos preparados para darem seguimento ao negócio da família.
Situada na freguesia de Pindo, no concelho de Penalva do Castelo, a Adega da Corga foi o produtor premiado
com o Grande Vinho do Dão, em 2011 e 2012, no concurso da Comissão Vitivinícola Regional do Dão, resultado
da aposta na produção de vinhos Reservas e Garrafeira,
tendo sempre como lema central a qualidade.
João Barbosa mostra-se satisfeito com os prémios
obtidos, “um galardão que todos os produtores ambicionam”, ao mesmo tempo que salienta a necessidade de
“continuar a trabalhar, no sentido de fazer sempre melhor vinho que na colheita anterior”. O produtor destaca
o trabalho feito na vinha, mas também pelos técnicos da
Wines & Wines que lhes prestam apoio enológico.
Geada não afectou a produção
As vinhas da Adega da Corga foram afectadas pelas
geadas de Abril, mas não afectaram a produção. O que
preocupa o produtor é a falta de chuva nesta fase da maturação das uvas,
“As vinhas recuperaram muito bem das geadas e não
XII
houve aquela calamidade que se esperava na região. Agora, faltaram as chuvas de Agosto e isso tem-se reflectido
na maturação“, afirma João Barbosa, preocupado com as
vinhas mais novas que estão a sofrer de algum stress hídrico, se entretanto não chover. Tudo isto está a gerar um
atraso nas vinhas de cerca de duas semanas.
Aposta nas castas tradicionais
Os vinhos do Dão já atingiram patamares elevados de
qualidade, sendo unanimemente reconhecido com estando entre os melhores do mundo. Falta, todavia, à região
dar o salto para um patamar de referência, de modo a que
consiga ombrear com as grandes regiões.
João Barbosa aponta o caminho, que passa pela aposta nas nossas castas mais emblemáticas, como a Touriga
Nacional e o Encruzado, para além das outras, como Jaen,
Alfrocheiro, Aragonês, nos tintos, ou na Malvasia Fina e
Bical nos brancos.
O produtor da Adega da Corga diz que o Dão “vive das
grandes companhias”, lamentando a queda do sector cooperativo na região, do qual restam quatro adegas. João Barbosa aponta a “falta de união dos produtores” como um dos
problemas a ultrapassar, para que se consiga “ganhar escala,
procurar novos mercados e dar um novo impulso à região”.
De outro modo, diz, “vamos vivendo o dia-a-dia”.
XIII
A Elegância do Dão
XIV
A região do Dão situa se no centro/norte de Portugal. A área da região com Denominação de Origem
Dão, compreende dezasseis concelhos do distrito de
Viseu, Guarda e Coimbra.
A influencia das as serras (Caramulo, Montemuro, Buçaco e Estrela), que protegem as vinhas de
ventos e os solos xistosos e graníticos, proporcionam excelentes condições de produção de vinhos. O
clima sofre simultaneamente a influência do Atlântico e do Interior, por isso os Invernos são frios e
chuvosos enquanto os Verões são quentes e secos.
No Dão há muitos produtores, onde cada um
detém pequenas propriedades; em diversas sub-regiões, que fazem toda a diferença juntamente com
as técnicas de cada enólogo. Durante os anos 50 até
os 70, as uvas eram entregues às adegas cooperativas encarregadas da produção do vinho, que era,
posteriormente, vendido a granel às empresas, que
o engarrafavam e exportavam com as suas marcas,
mas que sempre garantiram a característica do Dão.
Na região tem como base de produção, oito castas, das quais cinco tintas e três brancas. As castas
tintas são: a Touriga Nacional, a Tinta Roriz, o Jaen,
o Alfrocheiro e a Tinta Pinheira. As castas brancas
são: o Encruzado, a Malvazia Fina e o Borrado das
Moscas. De referir que, qualquer uma das castas
tem um potencial vitícola e enológico para ser vinificado como varietal como vinho elementar, mas
é no blend, que demonstra a força e o prestígio dos
vinhos do Dão.
Devido as condições geográficas e climáticas, as
uvas tradicionais do Dão, juntas, compõe uma verdadeira orquestra, dando boa cor, corpo e aroma.
Os ares serranos, as vinhas plantadas entre os pinheirais oferecem boa frescura, caracterizando uma
elegância sem igual.
Os tintos são geralmente feitos à base de Touriga Nacional, Alfrocheiro e Jaen, possuem coloração
rubi, aroma de frutos vermelhos com toques de especiarias. No paladar tem bom corpo, com taninos
muito equilibrados e presentes.
Os brancos tem como base uvas das castas Encruzado e Malvasia, juntamente com a Cercial,
possuem coloração amarela, com reflexos citrinos,
aromas de frutas e flores brancas, além de toques
de frutas tropicais; no paladar tem uma frescura
inigualável, juntamente com toques minerais, confirmando as sensações olfactivas de frutos e flores.
Além de tintos e brancos, o Dão faz bons rosés e espumantes.
Com todo o carácter e elegância, os vinhos do
Dão tem total capacidade de conquistar o mercado
mundial. Pois há qualidade e a facilidade de harmonizar diversas gastronomias.
Raphael Sena Cardoso Evangelisti
Sommelier da importadora La Pastina/World Wine
São Paulo, Brasil
Com a ampliação das instalações
Adega de Penalva quer aumentar
produção de vinhos engarrafados
Adega de Penalva comemorou recentemente
meio século ao serviço dos agricultores, nomeadamente dos produtores de vinhos, dos concelhos
de Penalva do Castelo e Sátão, com a inauguração
da ampliação das instalações da cooperativa, que
visam dar resposta ao aumento da produção, mas
também elevar ainda mais a qualidade dos vinhos
que produz, diminuindo o granel e aumentando os
engarrafados. “Foi um investimento muito significativo, mas só na próxima vindima é que vamos dar
conta de que valeu a pena”, referiu José Frias Clemente, lembrando que, assim, “faremos a vindima
em menos tempo, mas também na altura em que
uvas estiverem no estado de maturação ideal”.
O presidente da Adega mostra-se convicto que
o investimento irá beneficiar os produtores a curto
prazo, nomeadamente nos anos de 2014 e 2015,
pois pretende aumentar o volume de vinhos engarrafados, pois “são os que dão lucro e os que
dão nome à Adega”. É que, diz José Frias Clemente,
“ainda vendemos algum vinho a granel, o que não
é muito bom, porque o preço é sempre consoante
está o mercado e as produções de ano a ano, enquanto no mercado de vinhos engarrafados estamos mais à vontade, podemos sempre chegar mais
longe, nomeadamente aumentar a nossa cota de
exportação”, refere o dirigente.
Quanto à campanha deste ano, José Frias Clemente acredita num bom ano na área da Cooperativa, tanto em quantidade, sensivelmente igual
ao ano passado, como em qualidade. Todavia, está
expectante no que pode acontecer até às vindimas,
nomeadamente a falta de água nos solos.
Imagem e marketing
A região do Dão elevou, ao nível dos melhores
mundo, a qualidade dos vinhos que produz. Apontam-se, todavia, algumas lacunas para que o Dão
possa rivalizar, no mesmo patamar, com as regiões
mais famosas. José Frias Clemente aponta a imagem e marketing como elementos fulcrais para a
notoriedade do Dão junto dos consumidores, dado
que “qualidade tem e a prova disso são os inúmeros prémios obtidos em diversos concursos mundiais, em que obteve bastantes medalhas de ouro”.
Portanto, “em termos de qualidade nada tem faltado ao Dão”, refere o dirigente da Adega de Penalva.
XV
Uma empresa com quase 80 anos de história
Franckcork mostra inovação aliada à tradição
na produção de rolhas
É uma empresa com décadas de
história na produção de rolhas. A
Frankcork, criada por Américo Cardoso, hoje com 86 anos, tem vindo
a apostar na modernização da produção, com a introdução de técnicas inovadoras, procurando manter
a produção tradicional, de forma a
garantir um produto que vá de encontro às exigências de um mercado
cada vez mais competitivo.
Amadeu Rodrigues é a terceira
geração da empresa. Neto do fundador, assumiu os destinos da empresa,
procurando mantê-la num patamar
elevado, na produção de rolhas, cada
vez mais importantes enquanto vedante natural, capaz de melhorar a
qualidades dos vinhos.
À Gazeta Rural, o administrador
da Frankcork, abordou a história da
empresa e o gosto que tem por dar
continuidade a um projecto de família.
Gazeta Rural (GR): O que é a
Frankcork?
Amadeu Rodrigues (AR): É uma
empresa com muita história e que
nos últimos quatro tem vindo a dedicar-se às adegas- Para o efeito criou
uma equipa comercial composta por
seis pessoas. Sempre esteve ligada à
exportação, e que hoje é a nossa salvação, porque se estivéssemos só no
mercado nacional já tínhamos tido
problemas ou então teríamos que reduzir a produção, que neste momento está consolidada no mercado.
Os problemas desta empresa,
hoje em dia, prendem-se com o apoio
da banca. Este é um sector que vive
com a ajuda da banca, porque há um
longo curso entre a compra da matéria-prima e a entrega e recebimenXVI
to do produto ao cliente. Estamos a
falar de um período de cerca de seis
meses. A banca ajudava muito, mas
neste momento retirou quase todos
os apoios.
GR: Num cenário de recessão, a
empresa tem vindo a investir?
AR: A empresa começou a investir praticamente quando se começou
a falar de crise. Contratámos uma
engenheira para fazer todos os controlos internos, construímos um laboratório interno, comprámos duas
máquinas de qualidade e investimos
muito nos acabamentos finais. Este é
mais um aspecto dedicado às adegas,
que antes não tínhamos.
Fomos investindo e temos projectos em mão, para os quais precisamos de apoios, sem os quais não os
conseguiremos concretizar, pois têm
uma certa envergadura.
GR: Na área da produção?
AR: Sim. Felizmente, temos um
bom nome no mercado. Os clientes
estão contentes, tanto os antigos como
os novos que conseguimos. Aliás, há
uma crescente procura dos nossos
produtos, pois somos uma empresa
que fornece com regularidade.
Há uma grande confiança e uma
boa relação com os nossos clientes.
GR: Durante muito tempo falouse na utilização de material sintético em vedantes. Porém, há indicadores claros de que a rolha de
cortiça voltou a ganhar terreno?
AR: Nota-se isso. Temos muitos
clientes nacionais e internacionais que
só querem a rolha clássica, de cortiça.
Falando da experiência da nossa
empresa, nota-se em alguns países
da Europa que a rolha sintética está
a perder mercado, que está a ser
ocupado pela rolha natural e pelo
vedante de rosca. É clara a perda de
mercado da rolha sintética.
GR: A rolha de cortiça, dizem estudos, ajuda na melhoria da qualidade dos vinhos?
AR: Deixa o vinho evoluir, respirar
e amadurecer na garrafa. Uma ajuda
que a rolha sintética não dá.
GR: Para isso muito contribuiu
o trabalho feito pela associação
do sector?
AR: Foi feito um excelente trabalho e é pena que não haja maior
união entre os fabricantes de rolhas
naturais, porque há espaço e mercado para todos, sendo desnecessárias
aquelas guerras, quase, internas do
sector. Foi feito um belíssimo trabalho pela APCOR e pelos produtores,
para além de que as campanhas de
publicidade e marketing que deram
resultados positivos.
GR: Faz parte da terceira geração que segue na frente desta empresa. Nasceu no meio das rolhas?
AR: Estive sempre envolvido
neste mundo das rolhas, embora
ultimamente de forma mais activa e
directa na produção e na gestão da
empresa. Com a chegada de novos
colaboradores, desde a parte técnica ao sector comercial, a empresa
decidiu seguir novos caminhos.
Gosto do que faço e é preciso
gostar disto. Não é tipo de negócio
em que hoje se vende uma rolha
e amanhã outra coisa qualquer. É
preciso gostar. A rolha, enquanto
produto natural, é preciso entende-
-la, saber explicar como ela chega ao
cliente final. Não é um produto quadriculado, sobre o qual podemos definir uma margem de lucro, porque
tem muitas variáveis. Por isso, acho
que é preciso gostar e eu gosto, acredito na empresa, no sector, no futuro
e com a satisfação e confiança que os
clientes têm demonstrado. Estamos
cá para continuar e seguir em frente.
GR: Mas, ao que sei, tem um
professor ‘catedrático’ nas rolhas?
AR: O meu avô tem-me ensinado
tudo. Aos 86 anos continua a acompanhar todo o processo produtivo.
Desligou-se da área comercial, que
ficou nas minhas mãos, mas continua a acompanhar diariamente
a actividade da empresa e tem-me
ensinado, especialmente, a parte de
aquisição das matérias-primas. Daí
eu ter criado uma equipa comercial,
para me dedicar também à compra
da matéria-prima, que é um aspecto
fundamental para se rentabilizar a
empresa continuamente.
Da natureza...
até à mesa ...
Da natureza…
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XVII
Casimiro Gomes, da Lusovini, à Gazeta Rural
“Poderíamos estar muito melhor
se não disséssemos tão mal de nós próprios”
É um nome incontornável no
mundo dos vinhos, em particular do
Dão. Fundador da Lusovini, uma empresa gestora de marcas, Casimiro
Gomes é, para muitos, um visionário,
que logrou atingir objectivos antes
inimagináveis.
Na sequência da aquisição das instalações da Adega de Nelas, que culminou o processo de insolvência, e onde
a Lusovini centrará toda a sua actividade, Casimiro Gomes aposta agora em
receber uvas na nova campanha e na
reconversão das instalações, que contarão a história da região. A primeira
pedra será lançada a 6 de Setembro, altura em que serão dados todos os pormenores do projecto. Quanto ao Dão,
o empresário é taxativo: “Poderíamos
estar muito melhor se não disséssemos tão mal de nós próprios”.
Gazeta Rural (GR): O espaço da
Adega de Nelas será, no futuro, mais
do que um centro de vinificação?
Casimiro Gomes (GR): Essa era
a função que teve até à nossa entrada
como proprietários. Nós entendemos
que o edifício da Adega tem muitas valências, para além da função de produção. E o vinho, para nós não é apenas
o líquido que colocamos na garrafa,
que tem que ser bom. À volta dele tem
que ser criado um conjunto de factores
que nos permitam potenciar o vinho e
região do Dão. Por um lado, mostrar o
território onde estamos, demonstrar o
que é vinicultura, a empresa e a marca
em que apoiamos o desenvolvimento
do Dão, que é a Pedra Cancela.
GR: Tudo isto é para ser feito a
curto prazo?
CS: Sim. Nós estabelecemos sempre metas, às vezes difíceis de cumprir, mas isso é bom para corrermos
um pouco mais rápido. Vamos fazer o
anúncio público, com o lançamento da
primeira pedra no dia 6 de Setembro.
Temos ainda algumas obrigações
do Turismo de Portugal. Aliás, é espantoso como o vinho está tão inserido no processo de turismo e é fasXVIII
cinante dizer isto pela positiva, uma
vez que os organismos estão sensibilizados e consideram-no como um
factor de potenciação do nosso turismo. Foi óptimo chegar ao Turismo de
Portugal e ver que as pessoas estão
receptivas e a própria legislação tem
enquadramento legal, com o que
pretendemos fazer.
Queremos claramente dirigir este
projecto também para o mercado internacional, não só porque esse é um
desígnio de todos, mas também porque a empresa está presente no mercado externo e pode vender estes
pacotes. Temos a potenciação como
base e os produtores das diferentes
regiões como complemento do próprio país. O maior investimento que
vamos fazer, para além da construção, é nas novas tecnologias e nos
conteúdos, inovando a nível global.
GR: Definiu como meta produzir este ano 2 milhões de quilos.
Como tem sido a receptividade
dos produtores?
CG: As pessoas estão a inscrever-se. Apresentámos as condições
aos agricultores, incluindo as de pagamento, colocando-as um pouco acima da média do que costuma ser na
região. Temos muitas inscrições. Aliás,
tem sido uma surpresa as pessoas que
se têm inscrito na nossa empresa para
entregar uvas, alguns que nunca tinham
sido associados da Adega.
Temos um caminho traçado e que
só é possível com esta complementaridade de fazer um bom trabalho em
Portugal, que é fundamental, e uma
componente de vendas fortíssima
no mercado. Temos hoje 75 % das
nossas vendas no mercado externo,
o que nos ajuda na estratégia de negociação.
GR: O que falta ao Dão para dar
esse grande salto para rivalizar
com outras grandes regiões?
CG: Penso que a responsabilidade é nossa, dos operadores que cá
estão instalados. Nada tem a ver com
a CVR, com o Estado, ou com a Direcção Regional. Poderíamos estar muito melhor se não disséssemos tão
mal de nós próprios. Os operadores
não estão ao nível que devem estar,
por falta de união. Nós, Portugal, somos uma autêntica plataforma, o que
nos falta é uma visão estratégica.
Valorizo pequenos detalhes, por
exemplo, o edifício da Adega de Nelas é velho mas pode perfeitamente
ser uma peça do concelho, da região
e do país.
Blogers do Dão
É preciso insistir na excelência do Dão
O Dão, região demarcada há mais de 100 anos, é das mais
antigas regiões demarcadas portuguesas, sendo capaz de
originar grandes vinhos, com uma elegância e complexidade
que são, porventura, únicas em Portugal e com forte pendor
gastronómico. Uma região que se acredita estar atravessar
uma efectiva fase de recuperação da notoriedade perdida e
que vivida nos anos 60 e 70 do século passado, mas que caiu
(as razões conhecidas) na década seguinte e até aos meados
dos anos 90, num marasmo e desleixo aflitivo e que hoje ainda se sente e se paga.
Esta recuperação deveu-se, em grande parte, a um conjunto de produtores pioneiros que tentaram mudar de paradigma. Investiram na vinha, no melhoramento das adegas,
apostando de forma bem incisiva na qualidade.
O cenário actual é, por conseguinte, bem mais risonho
que há meia dúzia de anos, mas o trabalho ainda não está
terminado. Muito longe disso, pois um terroir por inúmeras
qualidades em potência que possa ter, por si só, não chega,
não é suficiente e não basta. É preciso fazer muito mais, é preciso criar efectivas sinergias. É preciso transmitir a verdadeira alma do Dão nos vinhos, é importante saber comunicar. É
preciso insistir, até à exaustão, na excelência.
É imperioso, no estado actual, reflectir também sobre
o eventual perigo da estandardização, na aparente normalização e descaracterização de muitos vinhos do Dão, podendo tornar esta região num território sem alma e sem
qualquer carácter diferenciador em relação às demais regiões
demarcadas portuguesas. E todo produto indiferenciado perde mais-valias, perde valor acrescentado, perde literalmente
mercado e notoriedade.
Outro aspecto que devia merecer reflexão profunda situase na incapacidade para partilhar ideias, para despir camisolas dos diversos players da região, como forma para ultrapassar barreiras e, deste modo, poupar recursos financeiros, que
são escassos, criando um bloco coeso, capaz de intervir como
grupo de pressão nos mais diferentes cenários.
Por isso, advogamos a criação de um livro branco, de um
fórum público, aberto à sociedade, que apontasse claramente
um conjunto de caminhos para a região do Dão, ajudando
alavancar um potencial que está e continua, decididamente,
muito mal aproveitado. Há, portanto, a necessidade imperiosa de confrontar perspectivas, ideias e criar consensos.
É que o consumidor, em geral, ainda olha de lado e com
muita desconfiança para o vinho do Dão e o salto não acontecer, a região será sempre aquela eterna promessa adiada.
Equipa #daowinelover
(https://www.facebook.com/groups/daowinelover/)
Rui Miguel Massa
Miguel Pereira
XIX
Arlindo Cunha, presidente da CVR Dão
“Há vinhos produzidos no Dão
que andam em circuitos ilegais”
XX
O presidente da Comissão Vitivinícola Regional do Dão diz que há
necessidade “de combater a economia subterrânea do sector do vinho,
que em, parte resolveria parte dos problemas do Vinho do Dão”. Arlindo
Cunha refere o facto de no Dão “certificamos metade da nossa produção,
cerca de 20 milhões de litros, entre Terras do Dão e Vinho do Dão, mas
que a região produz mais 10 a 15 milhões de litros, que também tinham
qualidade para serem certificados, mas alguns andam a ser vendidos
como vinhos de mesa e outros em circuitos ilegais”.
A solução de alguns destes problemas permitiria à região dar um salto
importante, já que tem muitos anos de história e uma qualidade indiscutível. Para o dirigente, “os vinhos do Dão têm feito um percurso notório,
onde a crítica de vinhos é consensual no elogio que faz aos mesmos, destacando a sua qualidade, equilíbrio, harmonia e a diferença. O Dão é a região portuguesa que tem recebido mais prémios nos grandes concursos
consagrados internacionalmente, tendo em conta a sua produção”.
A qualidade destes vinhos deve-se a um trabalho sustentado de viticultura e enologia, permitindo ao Dão que se renove a cada ano, com novos vinhos e novas vinhas, não esquecendo o Dão histórico e a sua capacidade de
herança, fazendo desta região a mais famosa de vinhos de mesa portugueses.
Preservando as suas castas mais emblemáticas, como o Encruzado, o
Touriga-nacional e o Malvasia-fina, e ainda outras de menos expressão, o
Dão é conhecido e apreciado pela tipicidade dos seus vinhos, qualidade
que os diferencia dos demais.
O prémio recentemente atribuído à Quinta de Lemos é uma mais-valia
para estimular o reconhecimento nacional e internacional da região do Dão.
Arlindo Cunha da CVR Dão, afirma que “o prémio é o reflexo de todo o trabalho que tem sido feito, e que é plenamente justo”. Não sendo um caso isolado,
o Dão tem recebido todos os anos centenas de prémios nos melhores concursos e nas melhores provas internacionais, como reconhecimento do excelente trabalho feito pelos mais diversos produtores e pelas várias empresas.
Arlindo Cunha admite ser necessário vender a história dos vinhos e da
região do Dão. No entanto, e mesmo com os escassos recursos que possuí, a CVR Dão têm vindo a fazer um grande trabalho a nível de divulgação internacional, e é notória a forma como a imagem a si associada tem
crescido e se vem desenvolvendo. “É necessário incutir no consumidor o
gostos por estes vinhos, levá-los a provar e degustar, para que mais tarde
se possam tornar consumidores habituais”, refere o presidente da CVRD.
Para promoção do Vinho do Dão e da sua região, Arlindo Cunha diz
que serão lançados alguns projectos, que têm como principal objectivo
dar a conhecer este produto aos consumidores e expandir a outros mercados estes vinhos de grande qualidade. Será lançada a Rota do Vinho
do Dão, que associa o turismo ao vinho, e possivelmente será feita uma
prova semelhante ao Dão Primores, para vinhos do Dão de vários anos,
que será feita com alguma regularidade.
Será feito ainda um trabalho de divulgação junto das grandes superfícies
e junto de 50 dos melhores restaurantes do país, nas cidades do Porto, Lisboa, Braga e Coimbra, no sentido de voltar a sensibilizar um pouco a restauração, parte da qual deixou de ter vinho do Dão nas suas cartas de vinhos,
divulgar junto da grande distribuição com provas e com folhetos o Vinho do
Dão, e ainda nos meios de comunicação, como é o caso da rádio.
Relativamente à campanha deste ano, “foi feito um levantamento informal para avaliar, fazer previsões e uma pequena sondagem. Concluiuse que a situação estaria normalizada e que o ano de produção estará
dentro da média”. No entanto, e com o clima actual, “o estado de maturação é muito irregular dentro das mesmas castas, manifestando-se um ligeiro atraso que ainda não está contabilizado”, diz o presidente da CVRD.
“Castelo de Azurara” é gama premium da Cooperativa
Nova imagem reposiciona
Adega de Mangualde
Apostar numa nova imagem e em novas marcas foi o
mote para a recuperação da Adega de Mangualde. Depois
de um período de algumas dificuldades, a Cooperativa
tem vindo a mostrar uma nova face, fruto do esforço da
direcção presidida por António Mendes no reposicionamento da Adega no mercado.
“É o culminar de um trabalho iniciado há década e meia,
com a reconversão de parte das vinhas dos nossos associados, a que seguiu o investimento em tecnologia na Adega e,
mais recentemente, no reforço na parte técnica e na enologia”, afirma António Mendes, cumprindo assim o grande
objectivo que “era produzir vinhos de excelência”. “Este é o
lugar da Adega de Mangualde e é aqui que queremos estar
posicionados”, frisa o presidente da Cooperativa.
A nova imagem e o novo posicionamento dos vinhos
“foram bem recebidos pelo mercado e com um feedback
muito positivo por parte dos consumidores”, refere António Mendes, apontando os prémios que os vinhos da
Adega têm obtido, tanto a nível nacional como internacional, mas também as críticas muito positivas de vários
especialistas, como “fruto de todo o trabalho feito nos
últimos anos”.
O reposicionamento da Adega no mercado dos vinhos
tem como grande objectivo “acrescentar valor ao produto, através das suas marcas, e, desta forma, maior rentabilidade para a Cooperativa, que assim poderá também
pagar melhor as uvas aos seus associados”.
O Castelo de Azurara é a marca premium da Adega,
cuja superior qualidade tem sido reconhecida, que espera, com isso, alavancar a venda dos vinhos de grande volume, como o Foral D. Henrique e Flor de Mangualde, que
são comercializados a um preço mais baixo.
Parcerias para manter
Tal como em 2012, a Adega de Mangualde vai voltar a
receber uvas de produtores não associados. “Vamos continuar a fazer isso”, pois “temos uma parceria com uma
empresa em Espanha para escoamento desses vinhos de
mesa e já temos os contratos para este ano fechados”, refere António Mendes. “O nosso objectivo é pegar nessas
uvas, fazer vinho de mesa e enviar, até ao final do ano,
para o nosso parceiro em Espanha”, explica o dirigente.
Para além disso, a Cooperativa continua a prestar serviços a produtores de vinhos de quinta.
Quanto à campanha deste ano António Mendes está
“expectante” quanto à qualidade e à quantidade. “Temos
muitas vinhas na região em que é difícil avaliar a quebra
de produção devido ao stress hídrico e à onda térmica
que houve no mês de Julho. Há muitas vinhas que perderam bastante peso e é difícil de avaliarmos o prejuízo”,
refere o dirigente cooperativo, adiantando, contudo, que
“a menos de um mês da vindima, há indicadores de que
estamos perante um ano de boa qualidade”.
XXI
Defende o produtor da Vinha de Reis
Os vinhos do Dão “quanto
mais velhos melhor”
A moda dos vinhos novos começa a perder adeptos, em contraponto com um aumento de consumidores que, cada vez mais,
preferem vinhos com alguns anos de garrafa. Manuel Vieira, um
enólogo de referência no Dão, sempre afirmou que “os vinhos querem tempo”, o que muitos produtores do Dão estão a seguir.
É o caso de Jorge Reis, produtor em Oliveira de Barreiros. “Os
vinhos vão-se fazendo todos os anos, mas é a minha convicção de
que têm que ficar, pelo menos, três a quatro anos na quinta e só
depois serem vendidos”, diz o produtor da Vinha de Reis.
Jorge Reis diz que o mercado continua a querer vinhos novos
porque, “provavelmente, foi buscar a moda ao Alentejo, onde os
vinhos não têm capacidade de envelhecer”. O produtor defende a
“mudança de mentalidades das pessoas e gosto do consumidor,
para que comecem a apreciar os vinhos velhos do Dão, brancos e
tintos”.
Reconhecendo que é uma tarefa difícil, Jorge Reis questiona
qual a região em Portugal, sem ser o Dão, que tem “vinhos brancos, com 20 ou 30 anos, muitíssimo bons?”. “Creio que os vinhos do
Dão, quer o Encruzado, nos brancos, quer o Touriga-nacional, nos
tintos, precisam de tempo para lhes ser reconhecido todo o valor
que têm e merecem”, diz Jorge Reis.
Apesar de reconhecer a dificuldade da abertura do consumidor
para essa mudança, o produtor diz que tem conseguido fazer essa
transição “à custa de alguma restrição na venda de vinhos novos.
Um pouco contra as marés, consigo manter os vinhos na Adega e
vou vendendo preferencialmente os velhos, pois estou perfeitamente convencido de que quanto mais velho, melhor”. Para o produtor de Oliveira de Barreiros o caminho do Dão passa por aí. “São
vinhos que ganham com o tempo”.
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Os vinhos do Dão
serão a grande
aposta de Portugal
Não hesito em afirmar que os vinhos do Dão serão,
nos próximos anos, a grande aposta de Portugal. Entre a
explosão de aromas do Alentejo e a seriedade e complexidade do Douro, o Dão se encaixa perfeitamente com
sua interessante harmonia, estrutura, elegância e longevidade.
Incompreendido por muitos, por outros mal interpretado, esse diamante bruto está em vias de receber o
merecido respeito. Complexo, estruturado, respeitando
a tradição e transmitindo a história de cada terroir, precisa de momentos de meditação para compreendê-lo,
mas aos que se permitem perceber sua história, momentos de sublime deleite estão reservados.
Elis Cabanilhas Glaser
www.revistavinicola.com.br
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XXII
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XXIII
Eurico Amaral e a posição
do Dão no mercado
“Produtores do Dão são
muito isolacionistas”
Colocar a região e os vinhos do Dão num patamar de
igualdade com outras regiões famosas do mundo só depende dos produtores. Esta é a posição de Eurico Amaral,
da Quinta da Fata, no concelho de Nelas.
Para o produtor “os vinhos do Dão têm qualidade para
estarem entre os melhores do mundo”, porém, “os produtores são muito isolacionistas”, refere Eurico Amaral.
“Numa região como Dão, que é um minifúndio, teríamos
uma vantagem enorme se nos uníssemos, em que pudéssemos falar do que nos afecta, dos nossos problemas, e já
não falo em termos comerciais, porque seria mais difícil”,
sustenta o produtor da Quinta da Fata, referindo que, por
exemplo, “há mercados onde não vou, porque não tenho
quantidades. Não vou investir num mercado, quando
não tenho vinho para lá ir e, por isso, tenho que apostar
em nichos de mercado, aqui, no Brasil, ou na Alemanha”.
“Podíamos ir mais longe se estivéssemos juntos”. Reitera
Eurico Amaral-
Vinhas da Fata recomendam-se
Diz o enólogo António Narciso
“Os novos investidores no Dão têm ajudado a
mudar as mentalidades”
Com o aparecimento de novos projectos, novas ideias
e uma melhoria qualitativa que se registou, o Dão tem
vindo a crescer e está cada vez mais na moda. Nacional e
internacionalmente, o mercado olha de maneira diferente para o Dão, mostrando mais interesse, procurando a
qualidade do seu vinho.
O aparecimento de novos investidores no Dão têm ajudado a mudar as mentalidades. António Narciso, enólogo,
não tem dúvidas de que “se houver novos investidores,
que apostem num grande profissionalismo e num bom
trabalho aliado à qualidade e não vir fazer mais vinho em
quantidade para mercados baratos, a região poderá dar
um salto significativo”.
Para o enólogo, “o importante é que os potenciais investidores façam um trabalho sério, apostem na qualidade e na exportação, uma vez que o mercado interno já
não absorve os projectos actuais, muito menos os novos”.
Concordando que é necessário vender a história do
Dão, como uma das mais antigas regiões de Portugal, a
produzir vinhos de mesa, António Narciso afirma que a
XXIV
promoção do Dão é uma constante, tendo em conta que,
com as provas dos vinhos velhos, se vende a história da
região. No entanto, as provas deverão também apresentar o novo Dão, que tem vindo a trabalhar com qualidade.
Esta nova imagem tem como objectivos fundamentais,
mostrar uma região renovada, uma nova mentalidade e
novos projectos, aliando este facto ao passado, que não
deve ser escondido.
Quanto à campanha deste ano, em termos meteorológicos, e tendo em conta a maturação das uvas, o enólogo refere que “se dizia que teríamos um verão mais
frio, no entanto tem sido um verão espectacular. A muita água que caiu no início da campanha, ajudou a repor
os níveis do ano passado, que, com o calor, foram sendo
consumidos. Em termos de viticultura, a maturação está
um pouco atrasada, praticamente em todo o país, mas até
agora tem tudo corrido bem, a não ser que tenhamos um
Setembro e um Outubro muito quentes e aí poderá ser
problemático a nível de maturação e da qualidade final
dos próprios vinhos”, conclui o enólogo.
Num ano difícil, devido ao calor que se tem feito sentir
nos últimos tempos, as vinhas da Quinta da Fata têm resistido e “nunca esteve tão boa, em qualidade e em quantidade”, revela Eurico Amaral, que teve que fazer monda
de cachos. “Deitei centenas de quilos de uvas ao chão
para poder garantir a qualidade do que ficou”, afirmou.
Apesar de alguma quebra nas vendas, o produtor da
Quinta da Fata mostra-se confiante, reconhecendo que
“os vinhos estão mais caros e são mais difíceis de vender
do que há três anos”. Ainda assim, “conseguimos vender
razoavelmente”, adianta Eurico Amaral.
Tudo que o Dão tem de bom para oferecer
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Mail: [email protected]
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GPS: N 40º 33' 33,01''
W 007º 52' 25,84''
Jorge Pina, administrador
da Global Wines/Dão Sul
Osvaldo Amado, enólogo-director do
Grupo Global Wines/Dão Sul
“Se quisermos
o Dão será uma região
com futuro”
Natural de Mangualde, Jorge Pina sempre exerceu a
sua actividade de gestor essencialmente na indústria automóvel e farmacêutica. Como bom beirão, regressa ao
mundo do vinho, com responsabilidades directas, abraçando a gestão da Global Wines/Dão Sul e, consequentemente, das várias empresas que compõem o Grupo.
A Dão Sul produz e comercializa os vinhos das empresas
Dão Sul (Cabriz), Paço dos Cunhas de Santar, Casa de Santar, Quinta dos Grilos (Dão), Quinta do Encontro (Bairrada),
Herdade Monte da Cal (Alentejo), Martim Joanes Gradil
(Lisboa), Encostas do Douro (Douro), Quinta de Lourosa
(Vinhos Verdes) e Vinibrasil (Vale do S. Francisco – Brasil).
“O Dão é uma região clássica, reconhecida pela sua distinta qualidade e os seus vinhos representam uma fatia
significativa do universo da Dão Sul”, diz administrador da
Global Wines/Dão Sul. Jorge Pina sustenta que “apesar da
aposta do Grupo na região e da falta de parceiros suficientemente empenhados, interessados e disponíveis para auxiliar a dignificar a marca Dão, o Grupo Dão Sul tem feito todos os esforços para que esta promoção aconteça. Por ser a
região de origem da empresa, a orientação dos investimentos tem sido especialmente direccionada para esta região”.
Para o gestor “existe já algum trabalho feito na reconquista dos clássicos consumidores do estilo de vinho
que a empresa produz (Dão)”. No entanto, “há ainda um
longo percurso a percorrer para que o comum dos consumidores reconheça esta região como uma excelente
origem de grandes vinhos de Portugal”. A aposta em fazer
vinhos brancos e espumantes com o perfil que os jovens
consumidores procuram, também tem sido uma das linhas orientadoras do trabalho feito pela Dão Sul. “Este
é também um dos segmentos de aposta da irreverente e
motivada equipa da Dão Sul. Estes objectivos estão a ser
atingidos a bom ritmo”, refere Jorge Pina.
Os objectivos para os próximos anos passam “pela
diversificação para alguns mercados, como a Rússia e o
Japão, mas o objectivo mais importante é a consolidação
de algumas posições já atingidas”, refere o administrador
da Global Wines, sublinhando que “a nível nacional, a Dão
Sul é representada por dois distribuidores de referência”.
O Grupo tem também apostado no desenvolvimento
de marcas próprias e de marcas alocadas com exclusividade em alguns clientes. A nível do mercado externo, a
empresa opta por procurar parcerias com distribuidores
representativos e bem posicionados nos países de destino, tais como Estados Unidos, Canadá, Brasil, Angola, AleXXVI
O Dão produz vinhos
de “classe mundial”
manha, entre outros. Excepção feita na China, onde a Dão
Sul tem uma empresa com distribuição própria.
Relativamente ao posicionamento dos seus produtos,
os seus vinhos assentam na gama média e média-alta
(85%) e nos topos de gama (15%). A gama económica é
residual, não tendo expressão no portfólio da empresa.
Sendo Jorge Pina, um convicto adepto do sector agro-alimentar, pelas suas raízes, o Grupo tem especial atenção a todas as actividades relacionadas com a agricultura.
“Hoje a Dão Sul já produz três variedades de compotas,
azeite e também vinagre tinto”, destaca o administrador
da Global Wines, referindo que nos espaços de Enoturismo do Grupo, as ervas aromáticas, parte dos legumes e
das frutas são de produção própria.
A Dão Sul tem vindo a fazer alterações profundas,
quer a nível organizacional quer a nível da própria cultura empresarial. A aposta no capital humano e a procura
contínua de melhorias a nível tecnológico e organizacional, sempre com o objectivo de garantir a adequação dos
vinhos ao mercado estão na base desta reestruturação. “A
missão da Dão Sul é trabalhar no sentido de procurar insistentemente vinhos que o mercado aprecie e seja capaz
de elogiar. A equipa de Enologia foi renovada, sendo composta por oito enólogos que gerem cada uma das adegas
do Grupo, as linhas de engarrafamento e o controlo da
qualidade dos produtos da Dão Sul”, refere Jorge Pina.
Com as novas exigências do mercado, a empresa é certificada na norma ISO 9001, possui a ISO 22000 aguarda
certificação e encontra-se em processo de implementação das normas IFS e BRC. Estas profundas alterações
resultam numa gestão correcta e funcional do capital financeiro e humano da empresa.
Os projectos de Enoturismo continuam a ser uma grande aposta da Dão Sul. Existem neste momento quatro espaços: na região do Dão, o restaurante Quinta de Cabriz, junto
à sede do Grupo em Carregal do Sal, e o Paço dos Cunhas de
Santar, na histórica Vila de Santar; na região da Bairrada, a
Quinta do Encontro, em São Lourenço do Bairro; e na região
do Alentejo, a Herdade Monte da Cal.
Com um percurso de 27 anos a criar vinhos um pouco por todo o País, a região do Dão não era desconhecida para Osvaldo Amado, mas por quem sempre teve um
carinho especial. Sendo bairradino, o fascínio pelo Dão é
imenso, tanto pelos terroirs como pelo potencial das suas
uvas. É certo que o desafio, ao abraçar o projecto Global
Wines/Dão Sul, é de grande responsabilidade, mas ainda
assim sente-se motivado, afirmando que sente o mesmo
entusiasmo que sentia no início da sua carreira.
O Dão é o berço da Touriga-Nacional e é uma região
com características especiais onde as castas tintas, como
a Touriga-Nacional, a Tinta-Roriz e o Alfrocheiro, expressam todo o seu potencial enológico, produzindo vinhos
de classe mundial, afirmando a Touriga-Nacional como
a grande casta portuguesa. Nas castas brancas, Osvaldo
Amado coloca o Encruzado no top 10 das melhores castas do mundo. A experiência vivida em Itália, Espanha,
África do Sul e Brasil não deixam qualquer dúvida para
a afirmação acabada de citar. A reunião de todos estes
factores – clima, solo, castas – constituem um factor de
diferenciação que seguramente irá produzir vinhos de
reconhecimento mundial. Osvaldo Amado relembra a
importância do trabalho realizado ao nível da viticultura
que, sem dúvida, é o pilar que sustenta todas as potencialidades desta região.
Para a aceitação do desafio Dão Sul foi determinante o
conhecimento da região e o potencial que reconhece nos
seus terroirs. A empresa é detentora de marcas de referência a nível nacional, mas Osvaldo Amado está apostado em fazer ainda mais e melhor, não obstante a elevada
notoriedade que os vinhos já alcançaram.
A reestruturação do portfólio já é uma realidade, mas
certamente que ainda há trabalho a realizar. As referências são imensas e há que ajustá-las à realidade do mercado. Além disso, os tempos são de mudança e a necessidade de condução de sinergias para a produção numa
escala adequada ao consumidor e a adequação dos preços, são dois objectivos a atingir.
Trabalhar com gente jovem, partilhar conhecimento e
ideias, é algo que sempre o estimulou. Formação de equipas multidisciplinares, com espírito de interajuda, partilha, respeito mútuo, são predicados que muito aprecia.
Sendo unicamente da sua responsabilidade, sente-se gratificado pelos enólogos que encontrou na empresa, bem
como pelos recém-chegados. Neles se revê e sente que fazem uma equipa segura, que já estar a dar frutos nos novos vinhos. Este facto é validado pela opinião dos críticos
de vinhos, pelos consumidores que reconhecem mais-va-
lias nos vinhos que encontram no mercado. A confirmar
tudo isto, temos como referência 86 medalhas que a Dão
Sul recebeu em concursos nacionais e internacionais nos
primeiros 8 meses de 2013.
Um dos sectores da empresa que dá apoio a este trabalho de enologia e também à viticultura é o Núcleo de
Investigação Aplicada, onde são desenvolvidos projectos
de investigação intra e extramuros. São vários os projectos realizados em conjunto com unidades de investigação, tais como o Instituto Superior de Agronomia, a
Universidade de Aveiro e o Biocant, onde a Dão Sul, além
de participar como líder ou co-promotor dos projectos,
contribui também com o seu conhecimento teórico-prático em enologia e investigação aplicada. Todos os trabalhos de I&D desenvolvidos têm como objectivo auxiliar a
viticultura e a enologia no dia-a-dia, optimizando e melhorando os processos de produção. Deste modo, a I&D
é orientada e validada sob uma perspectiva de aplicação
directa na indústria. Um exemplo mais recente destes
trabalhos é o projecto WineSulFree realizado em conjunto com a Universidade de Aveiro, em que se desenvolveu
uma alternativa à utilização de sulfitos na conservação de
vinhos brancos.
Osvaldo Amado prevê que a vindima de 2013, apesar
do atraso na maturação, vai ser uma boa colheita. A nível
quantitativo, apesar de se ter especulado pela abundância, na realidade vai ser um ano normal. As uvas brancas apresentam boa qualidade, as tintas estão ainda em
avaliação. No entanto, o potencial enológico é grande e
certamente irão existir produções correctas.
XXVII
A Quinta Mendes Pereira, sedeada em Oliveira do
Conde, vai apresentar na Feira do Vinho do Dão, em
Nelas, novos vinhos. Reserva Branco 2010, Rosé 2011,
Reserva Tinto 2007 e Reserva Tinto 2008 são os novos vinhos que o consumidor poderá degustar. Porém,
leva também duas “preciosidades”, para os amantes de
vinhos com mais anos, como o Garrafeira 2004 e o Reserva 2005, que, segundo Raquel Mendes Pereira, “têm
evoluído muito bem na garrafa”.
Questionada sobre o facto de apresentar um branco
com três anos, a produtora diz que “está a haver uma
nova procura de vinhos brancos com alguns anos”, salientando que “os vinhos evoluem de forma diferente e
ficam bastante mais complexos”.
A Quinta Mendes Pereira produz agora menos vinhos,
por via do arrendamento de parte das vinhas, pelo que a
aposta passa por elevar o patamar de qualidade dos vinhos que agora produz. “Vamos fazer um melhor acompanhamento das vinhas e uma melhoria nas condições,
de modo a produzir vinhos de um patamar ainda mais elevado que aquele que temos”, diz Raquel Mendes Pereira.
Se o mercado nacional está difícil, o mercado externo
também não está fácil. Grande parte dos vinhos da Quinta
são exportados para o Brasil, “onde a competição é grande, onde há vinhos de todo o mundo, para além de que o
sul do Brasil já está a produzir vinhos com bastante qualidade”, refere a produtora de Oliveira do Conde, salientando que em São Paulo “continua a haver muita procura de
vinhos portugueses, em especial os tintos. É um mercado
onde vale a pena apostar”, salienta. Neste âmbito, diz Raquel Mendes Pereira, “o Dão no Brasil, e S. Paulo em particular, sempre teve uma boa imagem, só que não havia
oferta, o que agora não acontece, pois as pessoas ainda se
lembram dos grandes vinhos do Dão de outrora que por
lá encontravam. O Dão sempre foi um nome e uma marca
forte, fruto do mercado da saudade, que hoje volta a estar
na moda”.
Um dos problemas com que defrontam os pequenos produtores é a falta de massa crítica e escala, de
modo a competir nalguns mercados. Para Raquel Mendes Pereira, em termos de qualidade, “o Dão pode competir com os melhores vinhos do mundo, mas falta-lhe
comunicação, dando a conhecer o que se está a fazer
e quem está a fazer”. Depois “há necessidade dos pequenos produtores se juntarem, se organizarem para
terem volume para competir nalguns mercados”.
A produtora diz que “é positivo o trabalho que a actual
CVR Dão está a fazer, mas os resultados não aparecem do
dia para a noite”, mas há também a parte dos produtores,
defendendo “a participação em concursos internacionais,
onde os nossos vinhos podem competir de forma igual
com os de outras regiões”. Há, no entanto, alguma insegurança da Região em participar nesses concursos”, sublinha a produtora, que realça o trabalho e atenção que as
revistas da especialidade nacionais têm dado ao Dão, mas
“no mercado externo temos que ir e estar presente”. Porém, “individualmente é difícil, pelo que uma associação
de produtores poderia ajudar nessa presença no mercado exterior”, defende Raquel Mendes Pereira.
XXVIII
Para além de duas
“preciosidades” de 2004 e 2005
Quinta Mendes
Pereira mostra
novas colheitas
de brancos e tintos
XXIX
Chão da Quinta Premium Selection galardoado com 5 medalhas
Vinhos da Quinta de São Francisco
premiados internacionalmente
É um dos mais recentes projectos
na região, mas que começa a imporse pela qualidade. Os vinhos da Quinta de São Francisco, em Lourosa de
Cima – Viseu, têm recebido rasgados
elogios da crítica e muita receptividade dos consumidores. O Chão da
Quinta Premium Selection já foi galardoado com cinco medalhas, duas
delas internacionais.
Sérgio Marques, da administração da empresa, diz que o balanço final é bom, salientando o lançamento
de uma nova marca, o Chão do Vale,
com um vinho branco da casta Fernão Pires.
Gazeta Rural (GR): Como foi
o último ano para os vinhos da
Quinta de S. Francisco?
Sérgio Marques (SM): Apesar de
se verificar uma contracção do consumo no mercado doméstico, este último ano foi de descobertas. Lançámos para o mercado os nossos dois
lotes de vinho Chão da Quinta, sendo
uma marca nova, o desafio foi ainda
maior pois sem marca implementada no mercado torna-se mais difícil.
Todos sabemos que uma marca leva
anos a implementar-se no mercado.
No entanto, o balanço final é muito
bom, não só pelas vendas alcançadas
mas também pelos prémios ganhos,
até agora o nosso vinho Chão da
Quinta Premium Selection já foi galardoado com 5 medalhas duas delas
internacionais.
GR: Os prémios conquistados
mostram um projecto consolidado
e de qualidade, ou ainda há mais
caminho para percorrer?
SM: De facto, as cinco medalhas
que já ganhámos até ao momento
apenas nos mostram que estamos a
ir no bom caminho. No entanto, ainda estamos no início, há muito caminho a percorrer e para chegar ao fim
temos noção que só a contínua aposta na qualidade como factor de diferenciação nos levará a bom porto.
XXX
Este ano é ainda de grandes lançamentos para a nossa marca, em
Dezembro iremos lançar um novo
lote de Chão da Quinta que nos permitirá aumentar a nossa carteira de
produtos e lançámos para o mercado a marca Chão do Vale, um vinho
branco monocasta da casta Fernão
Pires, um vinho de cor citrina, muito
equilibrado para os dias mais quentes.
GR: Como antevê a próxima
campanha?
SM: Prevemos uma produção ligeiramente superior à colheita de
2012. Neste momento as uvas apresentam um atraso na sua maturação
de cerca de duas semanas, prevendo-se um bom ano vitivinícola. No
entanto estas previsões dependerão
das condições climatéricas que se
verificarem até às vindimas.
GR Em que mercados têm apostado e o que sentem que falta para
uma maior notoriedade do Dão
junto do consumidor?
SM: Exportar é hoje uma inevitabilidade absoluta para o sector
vinícola, no entanto a nossa aposta
na exportação está ainda a dar os
primeiros passos. Estamos certos
que mercados como o de Inglaterra,
Brasil poderão eventualmente vir a
ser uma possibilidade muito devido
ao potencial de consumo que possuem. Devido à nossa capacidade de
produção a exportação e eventuais
parcerias nesse sentido estão a ser
devidamente ponderadas.
Apraz-me referir que o Dão tem
visto a sua notoriedade junto dos
consumidores aumentar e muito se
deve à qualidade inerente dos vinhos. Longe vão os tempos da política que imperava a quantidade em
detrimento da qualidade. Hoje já
são inúmeras as personalidades que
confirmam esta mesma qualidade,
bem como os prémios ganhos nos
diversos concursos que os vinhos do
Dão têm alcançado.
No entanto, e uma vez que a qualidade do produto está presente, julgo que o que está a faltar é uma forte
aposta em comunicação que ainda
não se faz e o Dão necessita chegar
aos consumidores. Terá de haver um
maior apoio por parte das entidades
envolvidas de forma a podermos levar o Dão para os grandes mercados
com uma forte aposta em iniciativas
de promoção interna e externa.
Chef Diogo Rocha aceitou o desafio
Restaurante da Quinta de Lemos
quer estar entre os melhores do mundo
É um projecto ainda a dar os primeiros passos,
mas está a ser ‘cozinhado’ na região um restaurante
que quer estar entre os melhores do mundo. Diogo
Rocha, um reconhecido chef de cozinha, aceitou o
desafio dos responsáveis da Quinta de Lemos para
dirigir este novo projecto, que contempla um hotel,
com um showroom dos produtos produzidos da Habidecor, dirigida por Celso de Lemos Esteves, e um
restaurante, cuja abertura ao público ainda não está
prevista.
O desafio é colocar o restaurante da Quinta de
Lemos como uma referência e no top internacional.
Diogo Rocha está ciente do desafio que o espera. “Os
vinhos da Quinta de Lemos estão posicionados no
top 5 do mundo e o objectivo é que o restaurante esteja, não direi no top 5, mas no top 10”, refere.
O chef de cozinha quer ter à mão os melhores
produtos, como “algumas águas de referência”, porque “queremos que as pessoas, até no pormenor da
água, percebam a diferença”. Porém, “quando chegarem ao vinho vão perceber que aqui se passa alguma
coisa do outro mundo”, diz Diogo Rocha, numa clara
referência à qualidade dos vinhos da Quinta de Lemos. Tudo isto, diz, “é um desafio”, até na escolha dos
copos. É que “se temos um vinho de excelência, tínhamos que ter uns copos de excelência”.
Os produtos regionais serão os ingredientes principais que Diogo Rocha vai utilizar na confecção de
pratos que servirá aos convivas que escolherão a
Quinta de Lemos. “Temos produtos portugueses,
como o peixe ou as carnes do Caramulo e da Serra da
Estrela, que são dos melhores do mundo”, refere Diogo Rocha, que já começou a desafiar alguns produtores de queijos a pensar em queijos internacionais.
Numa primeira fase o restaurante servirá apenas os hóspedes do hotel, na sua quase totalidade
clientes da Habidecor, que irão conhecer os produtos
da empresa, que ali terá um showroom. A abertura
ao público, como já referimos, ainda não está prevista. “É uma data que não queremos assumir, porque, quando abrirmos, queremos que seja já a um
nível elevado. Sabemos que quando os restaurantes
abrem há sempre alguns pormenores a acertar e nós
faremos isso de forma interna, com os nossos clientes e amigos”.
Questionado se está preparado para, um dia, vir a
receber uma ou mais Estrelas Michelin, Diogo Rocha
diz que seria “hipócrita se dissesse que não gostava”.
Porém, “não trabalhamos para galardões, mas se vierem é porque há reconhecimento do nosso trabalho.
Queremos ser uma referência nacional e internacional, se for com estrela, muito melhor”.
XXXI
Peter Eckert, da Quinta das Marias
“Conquistar mercados é um trabalho árduo
de planificação e muita persistência”
Quando olhamos para um expositor de garrafas de vinho e vemos um
“Quinta das Marias” é sinal de qualidade, diria, de excepcional qualidade, ou
não tivesse um Touriga Nacional entre
os melhores a nível nacional. Peter
Eckert, suíço de nascença, mas beirão
por adopção, é um profundo conhecedor do mundo, por via da sua actividade profissional, o levou a diferentes
partes do globo. Esse conhecimento,
a que junta a paixão pelo vinho e pelo
Dão, em particular, permite-lhe uma
visão mais abrangente do que falta à
região para o grande salto.
União dos produtores e muito trabalho, são as premissas do sucesso,
segundo o produtor de Oliveira do
Conde.
Gazeta Rural (GR): Reconhecendo-se que em termos de qualidade do vinho do Dão está ao nível
dos melhores do mundo, que lhe
falta para estar no mesmo patamar das grandes regiões?
Peter Eckert (PE): Quem sou eu a
dar conselhos? Conquistar mercados
é um trabalho árduo que precisa, em
primeiro lugar, de uma boa planificação e depois muita persistência na sua
execução. É também preciso uma certa
união entre os produtores, grandes e
pequenos, já que todos têm de suportar os objectivos definidos. Temos de
ver que o sucesso da região é a adição
dos sucessos de cada um e quando a
maré sobe, sobem todos com ela! Por
isto acabemos com as lamúrias e continuemos a trabalhar!
GR: Na Quinta das Marias, alguma vez sentiu dificuldade neste
aspecto?
PE: Não, tenho sempre seguido
uma política de marketing de “nicho”,
baseada numa certa exclusividade da
região e de um pequeno produtor de
vinhos de qualidade. A minha mulher Elisabeth e eu vamos às feiras,
a provas e jantares vínicos, organizados pelos nossos distribuidores
nos vários países, e ficámos sempre
XXXII
muito impressionados pela boa aceitação dos nossos vinhos de Dão.
GR: Que novidades vai apresentar na Feira de Nelas?
PE: Nos brancos, vamos apresentar os novos Encruzados, o 2012 fermentado na cuba e o 2011 “Barricas”
fermentado em barricas.
Nos tintos, além do lançamento
das novas colheitas dos nossos vinhos tradicionais, como o Lote 2011,
o Alfrocheiro 2011, o Reserva Cuvée
TT 2010 e o Reserva Touriga-Nacional 2011, vamos apresentar pela
segunda vez, depois de 2005, um
Garrafeira 2010. O vinho tem 80%
de Touriga-Nacional e 20% de Tinta-Roriz, ambas as castas fermentadas na mesma cuba de fermentação
Ganimede. O vinho passou 11 meses
em barricas de carvalho francês das
quais 80% eram novas e foi engarrafado em Maio de 2012.
O Garrafeira 2010 é um vinho
extraordinário de guarda. Tem um
aroma floral extremamente fresco e
equilibrado. Na boca mostra-se ainda novo, com taninos vivos mas muito bem integrados. Como em todos
os nossos vinhos, a barrica é muito
discreta e acentuada e não mata a
elegância típica do Dão. Estou muito
curioso para ouvir as opiniões dos
enófilos e do público em geral.
GR: Tem sido difícil a campanha deste ano? Como antevê a vindima?
PE: Tenho a sorte de poder contar com uma equipa muito dedicada
chefiada por António Coelho Lopes,
o meu encarregado e responsável
das vinhas. Trabalhamos em estreita
colaboração com o Sr. Abílio Monteiro, que nos tem dado uma assistência impecável para os tratamentos da
vinha. De toda a maneira, fazer bom
vinho é uma cadeia de muitos pequenos elos e a corrente é tão forte como
o elo mais fraco. Mas nunca podemos
esquecer o facto de que 70% desta
“cadeia” se situa na vinha e só 30 %
na adega!
Símbolos de Qualidade
Quinta das Marias - Oliveira do Conde - 3430-364 Carregal do Sal
Tel. 93 580 70 31 - www.quintadasmarias.com
XXXIII
Situada no coração de Santa Comba Dão
Quinta do Coladinho é um paraíso no Dão
Na Feira do Vinho de Nelas
Casa da Ínsua ‘mostra’ brancos e tintos de 2012
A longa tradição vitivinícola da Casa da Ínsua adquire uma notável proeminência a partir do século XIX, por
acção de Manuel Albuquerque, verdadeiro inovador em
matéria de vinhas, tecnologia e castas.
Em 1852 foram produzidos, nos terrenos da Quinta,
os primeiros vinhos Casa da Ínsua, tinto e branco, para
consumo da Casa e venda directa na adega. Aí se inicia
um período que se estende até hoje e que deu origem a
vinhos célebres, detentores de vários prémios.
Dos 30 hectares de vinha cultivados actualmente, cinco são de uvas brancas, com as castas Arinto ou Malvasia
Fina, Semillon e Encruzado. Os restantes 25 são preenchidos pelas castas tintas Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon, Tinta Roriz, Alfrocheiro e Jaen. Todas estas castas
são utilizadas para a produção de vinhos DOC DÃO, tendo
as castas de origem francesa sido introduzidas por Luís
de Albuquerque no século XVIII. A partir de 2006 deu-se
início à produção de novos vinhos até então inéditos na
Casa da Ínsua, como o Rosé e o Espumante.
Presente por mais um ano consecutivo na Feira de
Vinho de Nelas, a Casa Da Ínsua terá um expositor onde
apresentará alguns dos vinhos que produz, para além de
outros produtos que se fazem na quinta, de forma a dar a
conhecer aos consumidores as várias valências agrícolas
de que a quinta é detentora.
Durante a Feira de Nelas, a Casa da Ínsua apresentará
o tinto colheita 2012, um vinho recentemente medalhado
XXXIV
com ouro, e fará o lançamento do branco colheita 2012.
Para além destes vinhos, os consumidores podem ainda
ter acesso a branco reserva, tinto reserva e o espumante,
um produto que está actualmente na moda e que é muito
procurado.
As perspectivas para esta feira são as melhores, numa
vertente comercial, em que se fazem contactos, dão a conhecer e a degustar as novidades, onde há um contacto
entre produtores e clientes, uma vez que com este tipo
de eventos, para além da promoção, também podem ter
o feedback dos consumidores e, desta for, melhorar os
vinhos e ir de encontro às necessidades e gostos dos consumidores nacionais.
Segundo afirma José Matias, enólogo da Casa da Ínsua, “em termos qualitativos a região do Dão tem vindo a
crescer nos últimos anos. Já sabem onde actuar para melhorar, mas falta sempre dar o passo seguinte. O primeiro
passo já foi dado, em termos de promoção e divulgação.
Tanto aos produtores com a CVR Dão já fizeram muito
trabalho nesse aspecto. O que nos diferencia é a qualidade e não a quantidade. Há carência na região, no entanto
o principal objectivo é a divulgação, levando os possíveis
consumidores às explorações, para que vejam como se
faz o vinho, mostrar a rota do vinho do Dão, e virarmosmos para a exportação, porque essa sim é uma mais-valia
para a região vinícola do Dão”.
A Quinta do Coladinho, em pleno coração de Santa
Comba Dão e na região sul do Dão, conta com dois hectares, produzindo entre 10 a 15 litros de vinhos todos os
anos. Semelhante às quintas vinícolas da Borgonha, tem
uma vinha pequena, com vinhos de qualidade, num patamar mais elevado que a média da região, e cujo objectivo
é nunca produzir mais do que 15 mil litros de vinho, que
chega ao mercado com a marca Primado.
A enóloga Patrícia Santos explica que o “Primado é um
vinho muito suave, aveludado e que se bebe bem no Inverno ou no Verão, que pode acompanhar uma refeição ou
ser degustado numa conversa de amigos, por ser bastante
harmonioso e equilibrado”. A quinta apenas produz vinhos
tintos e rosés.
Colocando a Quinta do Coladinho lado a lado com uma
quinta da Borgonha, conclui-se que, apesar da qualidade e características serem semelhantes, os preços são bastante díspares. Na opinião da enóloga Patrícia Santos “estamos a falar
de história e cultura e de uma marca que já tem muitos anos,
como Borgonha, em que o nome e a marca estão feitos”.
Para a enóloga, na região “há excesso de humildade e o
Dão tem medo de ser bom, escondendo-se, por vezes, atrás
de outros”. Patrícia Santos diz que “o Dão é muito bom, tem
muita potencialidade e a nova geração de enólogos fez muito pela região, assim como os vinhos das adegas cooperativas mostraram que são realmente bons. Estamos a melhorar
muito os nossos vinhos, temos uma grande potencialidade e
tudo isto não é só o trabalho dos enólogos, mas é também os
produtores acreditam nas potencialidades da região”.
Patrícia Santos acredita que qualquer vinho do Dão “é
bom, novo ou velho, tem qualidade excelente, para além
de evoluir bem”. Tal como os tintos, os vinhos brancos são
bons novos ou velhos, embora o mercado prefira vinhos
novos. “Há brancos que envelhecendo perdem algumas características, mas há outros que com a idade melhoram”,
diz a enóloga, referindo que “há um grande estigma quanto aos vinhos brancos, que quando velhos já não prestam,
nem se vendem”. Patrícia Santos conclui que “as pessoas
confundem amadurecimento com oxidação”.
Residência
São Domingos d’Algeraz
Licença de Funcionamento N.º 04/2010
Rua Dr. Avelino Pais Borges, n.º 2 - 3520-011 3520-011 Algeraz, Nelas
Telef. 232 942 510 Telem. 932 836 769 Fax 232 942 511
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www.saodomingosdalgeraz.com
XXXV
Rui Henriques está expectante quanto à produção de 2012
Ano de 2013 está a ser positivo
para Vinícola de Nelas
A Vinícola de Nelas registou um aumento significativo das vendas no decorrer deste ano, sendo que os vinhos
produzidos no ano de 2012 foram substancialmente melhores e em maior quantidade que no ano anterior.
Rui Henriques espera o futuro com
alguma expectativa, acreditando que
até final do ano, a situação manter-se-á
semelhante. “Temos que ter em atenção
qual será a produção efectiva de vinho
no país, que é uma situação incerta, uma
vez que a nascença foi boa, mas o calor
vai reduzir substancialmente aquilo que
as pessoas pensam que têm na realidade.
Ao longo dos anos, o peso das uvas difere
e, portanto, também difere a quantidade
de vinho produzido”, sublinha Rui Henriques, frisando que “o calor tem atrasado
as vindimas, além de que as uvas não terão um peso de uma campanha normal”.
Para Rui Henriques o grande problema do Dão em alcançar o patamar de excelência mundial que tanto deseja, prende-se com o facto de poucos investidores
conseguirem investir de forma certa e
sustentável na região. Conclui ainda que
“somos uma região de minifúndio, com
propriedades relativamente pequenas,
e os grandes grupos gostam de Quintas
com 100 ou 200 hectares, o que na nossa
zona é impossível. As grandes empresas
é que ajudam a puxar muitas vezes o conhecimento das regiões e impulsioná-las.
Há empresas estrangeiras que têm algumas explorações no Alentejo, embora
possam não ser muito grandes, mas têm,
tal como no Douro. Aqui não há essa hipótese”, refere o administrador da Vinícola de Nelas.
Rui Henriques diz a pequena dimensão das empresas produtoras da região
impede-as de conseguirem entrar, por
exemplo, nos hipermercados em Inglaterra, “pois não produzem o necessário, o
mesmo acontece se quisermos entrar em
alguns mercados, pois há alguma dificuldade em termos um produto homogéneo
em grandes quantidades”. Agora “a nível
de qualidade do produto, somos uma das
duas regiões que tem melhor vinho no
país”, afirma Rui Henriques.
XXXVI
CVR Dão e a CIM Dão Lafões assinam
um protocolo
Vinícola de Nelas SA.
Rota do Vinho do Dão
‘arranca’ em Nelas
A Comissão Vitivinícola Regional do Dão (CVRD) vai
estar presente na XXII Feira do Vinho do Dão, evento
que constitui uma importante montra para os Vinhos do
Dão.
Neste evento, que contará com 100 expositores, o vinho do Dão será o protagonista máximo e será dado a
conhecer a um vasto e diversificado público, através da
dinamização e promoção de diversas actividades, como
provas orientadas e workshops de gastronomia.
Durante a Feira do Vinho do Dão, a CVRD e a CIM
Dão Lafões irão assinar um protocolo de cooperação
referente ao projecto Rota do Vinho do Dão, da responsabilidade da CVRD, foi aprovado pela CCDRC em Junho
de 2013.
Centrado na qualificação e estruturação da oferta do
enoturismo da Região Demarcada de Vinhos do Dão, a
Rota pretende criar condições favoráveis ao surgimento de novos investimentos e reforço da competitividade
da oferta turística regional, além de ser um importante
meio de promoção dos vinhos do Dão.
Com um custo de cerca de 429 mil euros, a implementação deste projecto conta com o apoio financeiro
do PO MAIS CENTRO e pela CIM Dão Lafões. Esta última
instituição irá auxiliar no financiamento da componente
nacional.
Areal - Apartado 2 - 3520-061 Nelas - Portugal
Telefone: +351 232 944 243
Fax: +351 232 945 729
Email: [email protected] XXXVII
Situada nas Caldas da Felgueira
Geada afectou 90%
das vinhas da Quinta do Mondego
Fernando Figueiredo, presidente da UDACA
“São necessárias acções de marketing
a nível internacional”
Com uma qualidade reconhecida e vinhos de excelência, a região do Dão pretende alcançar o patamar dos
melhores a nível mundial. Para o atingir, na perspectiva
do presidente da União das Adegas Cooperativas do Dão
(UDACA), “faltam, acima de tudo, acções de marketing
internacional, dando a conhecer o vinho do Dão e a sua
região aos líderes de opinião dos mercados de destino”.
Para Fernando Figueiredo, “quando um consumidor
é capaz de dar 100 euros por um vinho francês e não dá
20 por um vinho português, isso tem muito a ver com
o conhecimento que se tem desse vinho e por trás desse conhecimento, houve com certeza muito trabalho de
marketing. Não quer dizer que a diferença dos preços esteja na qualidade”. Para além disso, refere o presidente
da UDACA, “o marketing internacional de que falo tem a
ver com os mercados que pretendemos conquistar. Essas
acções não podem ser iguais para todos os mercados.
Não podemos actuar nos EUA, da mesma forma que atuamos na China ou noutro mercado específico. Os gostos
dos consumidores, o seu poder de compra, a forma como
apreciam os vinhos e as características que mais destacam, não é de forma nenhuma igual. Está na descoberta
dessas diferenças, a possibilidade de definir a estratégia
adequada para cada mercado, antes de se avançar. Se o
não fizermos, poderemos estar a perder em vez de ganhar um potencial mercado. Na descoberta dos líderes de
opinião nas áreas de vinhos, gastronomia e da sua complementaridade, conjugada com a definição das características que os vinhos da Região do Dão têm e que outros
não têm, estará também o êxito ou inêxito dessas acções
de marketing. Presenças em feiras da especialidade bem
XXXVIII
organizadas, presenças nas revistas especializadas e,
acima de tudo, a conquista de prémios em concursos internacionais, ajudam com toda a certeza à promoção da
nossa região, onde a palavra Dão tem que aparecer acima
de todas as outras marcas”.
Para Fernando Figueiredo, a UDACA começou mal
posicionada em certos mercados, no que respeita aos
preços dos vinhos. “Se nos tivéssemos posicionado num
preço mais elevado, talvez fossemos capazes de ter melhores margens do que temos actualmente. Faltou, com
toda a certeza, uma análise mais profunda aos preços da
concorrência internacional, tendo em conta um objetivo
bem claro: - O chamado “value for money”, posicionando
os nossos vinhos num patamar superior. Gradualmente
isso tem-se vindo a corrigir”.
Em termos de união entre produtores, Fernando Figueiredo concorda que este é um dos aspectos a melhorar na região do Dão, que muito terá a ver com “lideranças, interesses instalados e, com certeza, também com a
união de esforços no seio da CVRD. Há bons exemplos de
outras regiões que podem e devem ser copiados”, sublinha o dirigente.
No que diz respeito à união do sector cooperativo,
Fernando Figueiredo diz que estão a ser dados grandes
passos nesse sentido. Prova disso é a presença na Feira
de Nelas, em stand único, em que estarão representadas
Adegas associadas à Udaca e onde serão dados a conhecer o que de muito bom se está a fazer no sector cooperativo. “Quem o desejar, pode comprar um Kit de vinhos
com uma garrafa de cada Adega, Udaca incluída” diz o
dirigente cooperativo.
A Quinta do Mondego foi, provavelmente, um
dos produtores da região do Dão mais afectados
pelas geadas. Situada junto do rio Mondego, nas
Caldas da Felgueira, as vinhas de onde sai o Munda, têm poucas uvas, já que cerca de 90% da produção foi afectada.
Joana Cunha diz que “este será um ano muito complicado, tivemos imensa geada que queimou bastante
área, cerca de 90 por cento, em todas as vinhas”. Quanto à produção, a viticultora diz que ainda é cedo para
saber o real valor da quebra de produção. “Não temos
noção do que iremos colher, mas de certeza que será
muito pouco, mas pelo menos que essa quantidade
seja muito boa. Talvez a casta menos afectada foi a Jaen,
mas ainda assim temos uma perda bastante acentuada”.
Em face desta calamidade que afectou a quinta,
Joana sustenta a necessidade de gestão correcta as
vendas. “Vamos ter que gerir com os nossos importadores e também com os nossos parceiros, uma vez
que temos que manter aquilo que nos compete”, no
que toca ao mercado, minimizando as perdas. É que
a Quinta do Mondego está actualmente mais dedicada à exportação, onde tem vindo a crescer e a desenvolver-se de forma sustentada. Joana Cunha conclui
que “o último ano foi bastante positivo” nesse aspecto, estando hoje a exportar os seus vinhos para
países como a Suíça, o Brasil, a China ou a Alemanha.
A nível do mercado nacional, a Quinta faz parte de
uma associação de produtores que permitiu que esta
se expandisse, vendo os seus vinhos presentes em
mais cartas dos diversos restaurantes portugueses.
Concordando que o Dão é uma região com vinhos de qualidade, com boas uvas, boas castas e
uma boa capacidade de envelhecimento, Joana
Cunha não deixa de salientar que ao Dão ainda
falta “união entre produtores e um maior mediatismo quanto aos vinhos que cá são produzidos”.
Quanto a lançamentos, a Quinta do Mondego
vai lançar o branco Encruzado de 2011, e engarrafar o de 2012.
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XXXIX
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Fiscais e de Gestão
A experiência do produtor Fonte do Gonçalvinho em França
“Porque haveria de provar vinho português?”
O desconhecimento que os europeus têm do vinho do
Dão mostra o muito trabalho a fazer no que concerne à promoção além-fronteiras. O casal Casimir da Silva e Christelle
Berinchy da Silva, proprietários da Fonte do Gonçalvinho,
em Paranhos da Beira, sentiram isso numa prova em Estrasburgo, quando um francês perguntar “porquê haveria de
provar vinho português”.
Em primeiro lugar “e gente muito fechada” refere Casimir, referindo que “falta fazer provas de vinho no estrangeiro, para mostrar a qualidade dos vinhos que se
produzem nesta região”.
Para o produtor, “não basta dizer que somos uma região
semelhante à Borgonha, é preciso promove-la”, para além de
que “se compararmos os vinhos, vemos que o Dão é como
os outros, tem qualidade e tem outro paladar que lhe advém
das características da nossa região”.
Para o viticultor, “falta dar a conhecer a região, dar a
provar os nossos vinhos e falta fazer eventos”, porque,
frisa, “vale a pena, as pessoas gostam e, neste caso, acaXL
baram por comprar os nossos vinhos”. O problema, sublinha o produtor, “são os custos e o tempo, mas temos que
ir a outros mercados, dar a conhecer e provar os nossos
vinhos, para potenciarmos ainda mais a região do Dão”.
Um rosé e um branco Fonte do Gonçalvinho
para a Feira de Nelas
O produtor de Paranhos vai levar como novidade para
a Feira de Nelas, um rosé 2012 Touriga-Nacional e um
branco Malvasia-fina e Encruzado. Christelle Berinchy da
Silva diz o rosé é um vinho “novo com um estilo diferente”. Lá para o final do ano o produtor vai lançar um Touriga-Nacional colheita de 2010.
Quanbto à colheita deste ano, Christelle diz que “é complicado saber”, pois “tivemos muita água no Inverno que falta agora, havendo algum stress hídrico das vinhas. Com isso,
as vindimas deverão atrasar duas a três semanas.
XLI
MAGNUM VINHOS • WINE & PEOPLE
Lúcia Freitas, da Magnum Vinhos
“O reconhecimento dos vinhos brancos
do Dão vai valorizar bastante a região”
Uma empresa com cerca de dois anos, a Magnum Vinhos foi criada em 2011 por Lúcia Freitas e Carlos Lucas,
que tinham trabalhado juntos na Dão Sul vários anos,
quando em 2011 decidiram mudar de vida e criaram este
novo projecto, que tem, também, na equipa de enologia
Carlos Rodrigues.
A Magnum está no mercado com dois vinhos. O Ribeiro Santo, marca de Carlos Lucas que já existe há 20 anos,
na altura era distribuída pela Dão Sul, e a Jardim da Estrela,
para vinhos de grande consumo. “A Ribeiro Santo era uma
marca mais usada para exportação, principalmente porque
em Portugal a Dão Sul já tinha tantas marcas do Dão e não
fazia sentido apostar em mais uma, ainda para mais sendo
uma quinta pequena. Portanto, foi nessa marca que começámos a apostar, no estrangeiro já havia algum trabalho feito
e clientes que conheciam a marca, enquanto em Portugal foi
praticamente começar do zero”, afirma Lúcia Freitas, referindo que o Ribeiro Santo é um vinho que queremos manter
exclusivo, sempre com a mesma qualidade, competitivo e
com uma boa relação qualidade-preço”.
Para o grande consumo, a Magnum criou a Jardim da Estrela, de forma a agradar a todo o tipo de público e para que
mais consumidores pudessem ter acesso, aumentando assim o
volume de vendas. Tudo isto, “devido à procura que existe por
vinhos mais baratos”, afirma a produtora.
Relativamente à região do Dão e aos seus vinhos, Lúcia Freitas acredita que já se deram alguns passos em
XLII
direcção ao reconhecimento internacional do vinho do
Dão, no entanto há sempre algum aspecto a melhorar, em
busca da perfeição. “Um dos passos importantes é a aposta nos vinhos brancos e o Dão é uma região para os fazer
de excelente qualidade, pois durante muitos anos foi uma
região de tintos. “O Encruzado é das melhores castas do
país e do Dão”, diz Lúcia Freitas, frisando que “o reconhecimento dos vinhos brancos do Dão vai valorizar bastante
a região”, reafirmando que “a nossa aposta, como empresa, passa também por isso e já há bastantes produtores a
fazerem o mesmo”. Por outro lado “há que aumentar ainda mais a qualidade geral dos vinhos”, uma vez que “havia muita heterogeneidade e com isso o consumidor fica
baralhado”. Mas, nesse sentido, acrescenta, “também está
a ser feito um bom trabalho, estão a começar a aparecer
bons produtores, vinhos de qualidade, marcas que começam a ser reconhecidas e não é uma marca que faz uma
região, são várias marcas e vários produtores”. Para além
disso, sublinha Lúcia Freitas, “tem que haver consistência
e qualidade, acima de tudo”, assim como “a centralização
nas castas com que trabalhamos, para que os vinhos tenham um perfil e, desta forma, o consumidor ao provar o
vinho saber que pertence à região do Dão. Nos brancos a
aposta é no Encruzado, que é das melhores castas do país
e do Dão, enquanto nos tintos a Touriga-nacional, a Tinta
Roriz, o Alfrocheiro e o Jaen”, conclui.
Quinta do Ribeiro Santo • Albergaria
3430-261 Carregal do Sal
tel 232 961652 • fax 232 969058
[email protected] • www.winemagnum.com
XLIII
Pedro Guerreiro, da Sociedade de Vinhos Borges
“A região do Dão tem que apostar mais nas marcas”
Medalhada em vários concursos
Vinho da Neta é o ícone da Quinta do Sobral
Conseguindo um dos melhores anos de vendas na
Quinta do Sobral, Cristina Simões mostra-se orgulhosa
por ter conseguir alcançar os objectivos previstos para
o corrente ano. Entrando numa nova fase da empresa,
sente que a aceitação dos novos vinhos é bastante positiva, tanto no mercado nacional e internacional. O Vinho
da Neta, sendo uma edição limitada, +e um sucesso de
vendas.
Se no mercado nacional as vendas têm vindo a estabilizar, Cristina Simões diz que a exportação é fundamental
para o crescimento da empresa, frisando que “neste momento representa 30 por cento das vendas e espero que,
com negócios e novas perspectivas, até ao final do ano se
consigamos chegar aos 40 por cento”.
Cristina Simões, que trabalha com o marido na gestão
da Quinta, afirma que o trabalho é sempre muito intenso,
mas gratificante, e ainda recentemente plantaram uma
pequena vinha de 4 hectares. Para além disso, a produtoXLIV
ra promove diversas degustações ao fim-de-semana em
vários hotéis e restaurantes.
A Quinta do Sobral vai estar presente na Feira de Vinhos de Nelas, levando consigo o Vinho da Neta branco e
tinto, lançado recentemente, e que arrecadou muitos prémios a nível internacional. Durante o certame de Nelas
será lançado o Touriga Nacional 2011. Estará presente
ainda com um vinho rosé, assim como outras referências
do portefólio da Quinta.
O Vinho da Neta, refere Cristina Simões, “tem dado
muitas alegrias, foi medalhado em vários concursos, tem
tido um excelente feedback e o resultado está nas vendas”.
A qualidade é bastante alta, com um preço de 15 euros a
garrafa, numa edição limitada. “Está quase tudo vendido
e é um vinho feito pelo meu pai para a minha filha, daí o
nome, e as pessoas têm achado muito bom e a crítica tem
sido muito favorável”, afirma orgulhosa a produtora.
A Sociedade de Vinhos Borges é
uma das mais antigas empresas vinícolas portugueses e com uma forte presença na região do Dão desde
1884, ano da sua fundação, a veia
exportadora desta empresa tem
sido uma constante. Actualmente,
exporta cerca de 50 por cento da
sua produção para cerca de 50 países dos cinco Continentes.
A Vinhos Borges tem, por isso,
uma larga experiência no mercado.
Pedro Guerreiro, director de marketing da empresa, quando questionado sobre o que falta ao Dão para
estar no mesmo patamar de outras
regiões famosas, como a Borgonha, diz que “a região atrasou-se
um pouco na aplicação das técnicas vitivinícolas mais modernas”,
não obstante “hoje em dia ser uma
região com vinhos de excelência,
premiados
internacionalmente”.
Para Pedro Guerreiro, “ para atingir um patamar internacional de
relevo, falta ao Dão apostar mais
nas marcas”, referindo, contudo,
que “este é um problema comum
a vários sectores em Portugal, com
forte predominância na indústria
alimentar”. Todavia, “os sinais de
evolução são muito positivos”, pelo
que “resta-nos agora apenas colher
alguns dos frutos das políticas que
têm vindo a ser implementadas”,
refere o director de marketing da
empresa.
Quanto ao futuro, “os grandes
desafios da Sociedade dos Vinhos
Borges, nesta altura, passam, pelo
investimento na expansão e reconhecimento internacional dos seus
vinhos bem como no reforço da sedimentação da sua posição no mercado nacional”.
Numa altura em que ainda algumas duvidas sobre a campanha
deste ano, e no que concerne ao
Vinhos Borges, segundo Pedro
Guerreiro, “a campanha deste ano
no Dão resultará, quer em termos
de quantidade, quer em termos de
qualidade, em níveis muito semelhantes aos do anos anterior”.
XLV
Manuel Vieira aponta o caminho para a região
“Falta notoriedade aos vinhos do Dão”
Carvalhais na Feira de Vinhos de Nelas
A Quinta de Carvalhais vai apresentar na Feira de Nelas as últimas colheitas lançadas no mercado, como o
Quinta dos Carvalhais Touriga Nacional
2010, Quinta dos Carvalhais Colheita
Seleccionada 2009, Quinta dos Carvalhais Encruzado 2011, Duque de Viseu
Branco 2012, Grão Vasco 2012, Duque
de Viseu Tinto 2010 e Grão Vaco 2010.
XLVI
Depois de muitos anos ao serviço da Quinta dos Carvalhais
como enólogo, Manuel Vieira vai deixar a Sogrape a partir do final
deste ano. O legado que deixa é sobejamente conhecido, fruto da
paixão e trabalho de excepção feito no grupo Sogrape. Conhecedor
profundo da região, Manuel Vieira diz que os vinhos do Dão estão
ao nível de outros produzidos noutras regiões famosas do mundo,
mas “falta notoriedade à região”.
Na hora de entregar a ‘pasta’ a Beatriz Cabral de Almeida,
com quem trabalhou nos últimos dois anos, Manuel Vieira destaque “a liberdade que a empresa dá aos enólogos e assim foi
possível, sempre, criar novos produtos de qualidade, empenhando-se na criatividade e na inovação”.
Manuel Vieira considera-se um grande apreciador dos vinhos
franceses e, por essa razão, introduziu na região do Dão a fermentação à borgonhesa, que era desconhecida até então e que nos dias
de hoje já se tornou uma prática corrente. Esta nova técnica de fermentação foi introduzida logo no ano de 1990 e foi utilizada em
todas as castas, em especial com o Encruzado por ter sido a casta
que melhor se adaptou. O Encruzado de Carvalhais é o ícone da região, sendo que mais tarde começaram a surgir novos vinhos que
se consideram de qualidade excelente, como é o caso do Único, do
Colheita Tardia ou do Espumante de Carvalhais.
Ao longo de mais de duas décadas, Manuel Vieira deixa um legado único, lamentando, todavia, “ter criado muitos mais produtos
de qualidade que nunca saíram para o mercado, por serem difíceis de comercializar”. Para o enólogo, “ a diferenciação na Quinta
dos Carvalhais é muito superior àquela que até hoje é conhecida
e comercializada”, sublinhando que “poderão ser utilizadas novas
castas, com novos aromas e a criação de novos vinhos”.
Na opinião de Manuel Vieira, o que de mais importante falta aos vinhos do Dão, para que estejam ao nível dos melhores
do mundo, é a notoriedade. Perdendo conhecimento e notoriedade com o passar dos anos, os vinhos do Dão sempre foram
dos mais presentes em todos os restaurantes nacionais. Vinho
de excelência e qualidade incomparável, o Dão perde força nos
mercados actuais, ao mesmo tempo que são introduzidas no
mercado os vinhos de mesa do Alentejo e do Douro. O enólogo
considera que repor a fama que os vinhos tinham anteriormente “não é fácil” e que os consumidores “precisam provar e perceber a qualidade dos vinhos do Dão”, para que a região volte a
ter a notoriedade que tanto necessita para se afirmar no mercado nacional e internacional.
Para a região do Dão voltar aos seus tempos de grande consumo, “é necessário ter peso específico, massificar a qualidade de
uma vasta gama de vinhos do Dão”, dis Manuel Vieira, destacando
que “a fase de massificação” deve ser feita tendo por base essencialmente a Touriga Nacional, que é a grande casta da região do Dão. No
entanto, Manuel Vieira concorda que esta “é a altura ideal para inovar
e dar a conhecer” as restantes castas de igual qualidade, de forma a
potenciar esta região, apostando na diversificação. “A grande riqueza
do Dão passa pela diversificação de castas, vinhos e produtos”, que deverão ser apreciados pelo mais diverso público.
De saída no final de 2013, Manuel Vieira deixa um projecto em marcha na Quinta dos Carvalhais, que é a construção de
uma adega que se adapte a uma maior quantidade de vinho e
produção da quinta.
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A 18 e 19 de Outubro, no Centro Cultural de Belém
Vinhos do Alentejo promovidos
em Lisboa em Outubro
Uma prova de 300 vinhos do Alentejo vai decorrer, nos dias
18 e 19 de Outubro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, com
a presença de produtores e especialistas do sector, divulgaram
hoje os promotores.
Segundo a Comissão Vitivinícola Regional Alentejana (CVRA),
durante os dois dias, vão estar em prova cerca de 300 vinhos
alentejanos, com destaque para os últimos lançamentos disponíveis no mercado e para as “grandes referências” da região.
A presidente da CVRA, Dora Simões, disse que este é o quinto ano consecutivo da prova de vinhos do Alentejo em Lisboa.
Trata-se, segundo a responsável, de um evento de promoção
dos vinhos da região, tendo este ano como palco “um dos mais
nobres espaços lisboetas”, o Centro Cultural de Belém. “A Grande
Lisboa é um dos principais mercados internos para os vinhos do
Alentejo. A realização deste evento permite reforçar o posicionamento dos nossos vinhos nesta região e, sobretudo, captar
novos públicos”, salientou Dora Simões.
Para a presidente da CVRA, trata-se de uma “oportunidade
privilegiada para os agentes económicos alentejanos tomarem
o pulso aos consumidores, percebendo a evolução de gostos e
tendências”. Provas temáticas orientadas por especialistas e música ao vivo completam o programa do evento. A acção de promoção, destinada aos consumidores, é organizada pela CVRA.
Com oito sub-regiões vitivinícolas (Portalegre, Borba, Redondo, Reguengos de Monsaraz, Vidigueira, Moura, Évora e Granja/
Amareleja), o Alentejo, que possui 22 mil hectares de vinha, exporta os seus vinhos para os quatro cantos do mundo, sendo
Angola, Brasil, Estados Unidos e Canadá alguns dos principais
mercados.
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No âmbito das Festas do Concelho
Prova de vinhos mostrou
“Dão de Penalva do Castelo”
No âmbito das Festas do Concelho, a Câmara de Penalva
do Castelo promoveu a XII Prova Técnica de Vinhos do Dão de
produtores do concelho, que decorreu nas instalações da Adega
Cooperativa local.
O vinho do Dão é um produto de alto valor acrescentado e
constitui uma das potencialidades endógenas do concelho. Nas
encostas do rio Dão, as vinhas beneficiam de especificidades climáticas, que, aliadas à riqueza dos solos, permitem a produção
de vinhos de alta qualidade. Bem no coração do Dão, os vinhos
de Penalva do Castelo possuem uma especificidade própria e
uma qualidade que tem vindo a ser reconhecida através da atribuição de diversos prémios nos mais diversos certames nacionais e estrangeiros.
A ocasião, o presidente da Câmara de Penalva salientou que os
“produtores de vinho estão a fazer um esforço muito grande e a ter
uma recompensa pequena”, referiu Leonídio Monteiro, defendendo
que “urge inverter a situação e valorizar este produto de excelência de Penalva do Castelo”. É que “as fábricas fecham, mudam de
local, mas as vinhas não se podem mudar, não se podem fechar e
nós não queremos que sejam abandonadas”. Por isso, acrescentou
o autarca, “temos todos a responsabilidade de fazer com que os
produtores de vinho possam ter uma maior rentabilidade. É esse o
objectivo da Câmara Municipal com esta iniciativa”. Recordando
que “há milénios que, em Penalva do Castelo, o vinho tem sido o
produto mais importante em termos agrícolas”, Leonídio Monteiro
incentivou os vitivinicultores para terem a força de continuar a produzir com qualidade, apesar das dificuldades.
A Prova Técnica de Vinhos do Dão de Penalva do Castelo,
em que participaram a Adega de Penalva do Castelo; Quinta do
Serrado (Sociedade Agrícola Castro de Pena Alba/FTP Vinhos);
Casa da Ínsua; Adega da Corga e Quinta da Vegia, ficou marcada
pela presença de inúmeros convidados e pelo repto deixado aos
novos produtores/engarrafadores para se unirem neste esforço
de divulgação deste “Produto de Excelência”.
Organização faz balanço muito positivo do evento
Vindouro atraiu
mais público que em edições anteriores
A “Vindouro – Festa Pombalina”, que decorreu em São João
da Pesqueira, atraiu mais público em comparação com as passadas edições. A Câmara de São João da Pesqueira, que organiza o evento, faz um balanço muito positivo e regista a grande
afluência de público que a generalidade das acções do programa registou.
O programa “Aqui Portugal”, da RTP 1, conduzida por Sónia
Araújo e Hélder Reis, em directo de S. João da Pesqueira, foi a
emissão mais vista do programa, desde o início do ano, com
mais de 520.000 espectadores. O desfile pombalino, recriação
histórica do século XVIII, que percorreu o centro da vila e também teve transmissão televisiva, foi acompanhado por milhares
de pessoas, muitos dos quais visitantes de outras zonas do país
e alguns estrangeiros que estavam a conhecer o Douro e aproveitaram o momento para uma deslocação à Pesqueira.
No Cineteatro João Costa, com capacidade para 400 pessoas, a forte adesão de visitantes levou a organização a promover uma segunda sessão para assinalar a estreia de “O Tesouro”,
curta-metragem filmada em São João da Pesqueira, que resulta
de uma adaptação de Tito Olias ao conto de Eça de Queiroz.
Realizada pelo conhecido actor Marcantonio del Carlo, em parceria com Gonçalo Silva, no projecto participaram também os
atores Nuno Melo, Nuno Pardal, Diogo Lopes, Joaquim Nicolau,
José Martins e Sara Barros Leitão.
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Do lado da música, o concerto de Mickael Carreira foi presenciado por mais de 4.000 pessoas, numa noite que se tornou
memorável em S. João da Pesqueira e que significou o regresso
do artista a Portugal. Na mesma noite, na adega da Quinta de
Quevedo, teve lugar mais um “jantar pombalino”, onde a recriação de episódios históricos relacionados com a demarcação do
Douro e música ao vivo animaram os participantes.
No Salão de Exposições da Pesqueira registou-se ainda um
aumento do número de visitantes e de expositores – mais de 30
– de vinhos DOC Douro e Vinho do Porto. Os mais curiosos puderam também participar em conversas informais sobre vinho,
que transmitiram dicas e conselhos práticos.
Nesta edição da Vindouro foram reforçados os contactos
com os importadores asiáticos de vinho (China, Macau, Cantão
e Hong Kong), na sequência da visita, em 2012, da Comendadora Rita Santos, secretária-geral adjunta do Fórum Macau, em
parceria com o Secretário de Estado das Comunidades Portuguesas, José Cesário, com o apoio da Câmara de S. João da Pesqueira, que possibilitaram a abertura do mercado asiático aos
produtores de vinho do concelho de S. João da Pesqueira. Uma
delegação de importadores internacionais (da Ásia e do Brasil)
esteve em S. João da Pesqueira, a visitar quintas do concelho e a
estabelecer contactos comerciais com os produtores representados no certame.
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Com milhares de pessoas
Almeida reviveu período
das invasões francesas
Milhares de pessoas passaram por Almeida, com a recriação da
III Invasão Francesa, que teve inicio precisamente nesta vila Portuguesa, aquando da entrada dos franceses em território lusitano.
O rigor histórico deste evento torna-o um dos mais apreciados
em Portugal, atraindo milhares de turistas que se encantam com a
recriação das batalhas, com as oficinas históricas que se puderam
encontrar no recinto, com a ópera, assim como os vários concertos que se realizaram ao longo dos 3 dias.
Esta foi a IX edição do “Cerco de Almeida” que recriou as invasões napoleónicas em Portugal, que animou a vila e promoveu o
património português.
Concentram-se nas serras do Alvão e Marão
Numa década desceu mais de metade
o número de produtores de maronês
Numa década as famílias que se dedicam à produção de
gado maronês diminuíram das cerca de 3.000 para as 1.300,
mas o envelhecimento e as novas obrigações fiscais poderão
contribuir para um maior abandono da actividade.
Nas serras do Alvão e Marão há ainda muitas aldeias de produtores. É o caso de Limões, concelho de Ribeira de Pena. Em
quase todas as casas há pelo menos uma vaca.
Maria Augusta acorda cedo todos os dias para levar as duas
vacas para o pasto. Já teve mais, agora as duas vão dando para
ajudar a pagar as contas em casa, mas apenas por causa do
subsídio. “A gente para as manter tem que comprar o feno e
tudo. Se não viesse o subsídio não dava para nada”, afirmou.
Maria Lúcia tem mais animais, sete vacas e três vitelos, mas
a rotina é idêntica. Há que levantar cedo todos os animais para
limpar a corte e levar os animais para o lameiro. “Isto dá muita
despesa e muito trabalho, pouco ajuda a pagar as contas lá de
casa”, frisou.
Desde pequeno que José Ribeiro é criador de raça maronesa.
Possui um efectivo de 35 animais e é o subsídio que recebe que
ajuda a que a actividade compense. “Porque a perda de venda foi muito grande. Há 20 anos vendia-mos o quilo da carne
ao mesmo preço que vendemos hoje”, salientou. E, enquanto
isso, os custos de produção “aumentaram quatro, cinco ou seis
anos”.
Mas, segundo José Ribeiro, a vida dos produtores está “cada
vez mais complicada”. É que ao envelhecimento de grande parte
dos agricultores junta-se agora outra dificuldade: as novas obrigações fiscais. “Eu já estava colectado nas Finanças, mas senti
um agravamento. Estou a pagar cerca de 240 euros por mês, é
muito dinheiro”, salientou.
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O agricultor referiu ainda que “ainda há pessoas que têm resistido” na actividade, mas acrescentou que, com as novas regras,
“muitos vão abandonar”. “Quem tem dois, três ou quatro animais
não consegue pagar às Finanças e à Segurança Social porque não
tem rentabilidade para isso”, frisou.
Maria Augusta vende mais ou menos um vitelo por ano, o que
lhe rende cerca de 500 euros. Mas até isso pode estar em causa
devido à obrigação de se colectar.
Virgílio Alves, do Agrupamento de Produtores de Carne Maronesa, com sede em Vila Real, salientou o impacto que as novas
regras possui na vida dos agricultores. “Isto são burocracias que
não têm nenhuma justificação para existir, bem pelo contrário. Estão a por em causa a actividade de muitos produtores”, afirmou.
Com o principal nicho de mercado da carne maronesa a ser
afectado pela crise, a classe média, os produtores procuram agora deslocar o consumo para um segmento mais elevado e que
pode pagar melhor.
Cerca de 60% deste produto é consumido na região. “E é aqui
que reside o nosso grande objectivo e estratégia que é fazer deste, um produto âncora do nosso turismo gastronómico”.
O responsável referiu ainda que há uma década eram mais de
3.000 as famílias que se dedicavam à produção de carne maronesa. Actualmente são 1.300.
Porque se trata de uma actividade que é “naturalmente de
baixo rendimento”, Virgílio Alves defendeu que ela “tem muito
interesse” como um complemento de um outro trabalho ou para
quem já é reformado.
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Dia 13 de Setembro
Diz ministro da Economia
Visita de estudo à
Maçãs perdem
“Maçã da Beira Alta”
firmeza mas tornam-se
em Viseu
mais doces com
Agricultura é sector que mais emprego cria
Revela estudo realizado em dois pomares no Japão
aquecimento global
As maçãs estão a perder a sua textura ‘crocante’ devido ao
aquecimento global, embora estejam a ficar mais doces, refere
um estudo realizado durante 40 anos com base em dados de
dois pomares no Japão.
Os dados, analisados entre 1970 e 2010, demonstram sinais
evidentes que as mudanças climáticas estão a ter os seus efeitos na textura e sabor das maçãs, refere a equipa de investigadores. “Estas mudanças podem ter resultado de uma floração
precoce e altas temperaturas” durante a época de crescimento,
adiantam os investigadores na revista Nature Scientific Reports.
Anualmente, são produzidas cerca de 60 milhões de toneladas
de maçãs, o que a torna a terceira fruta mais popular do mundo.
Estudos anteriores mostraram que o aquecimento global
estava a provocar um florescimento tardio das maçãs e que as
colheitas são afectadas pelas chuvas e pela temperatura do ar.
Os pomares usados no estudo produzem maçãs Fuji e as
Tsugaru, as duas variedades mais populares no mundo. Os dados, recolhidos ao longo de anos, incluem medidas à acidez,
concentração de açúcar e firmeza da maçã.
Concluiu-se que tanto a acidez como a firmeza da maçã diminuiu, mas aumentou a concentração de açúcar ao longo do
tempo. “Achamos que uma maçã mais doce é algo positivo, mas
a perda de firmeza é negativo”, adiantou o co-autor do estudo
Toshihiko Sugiura, em declarações à AFP.
Pretende-se, com esta visita de estudo, dar a conhecer pomares de macieira onde as tecnologias de produção utilizadas
se traduzem em excelentes produções de maçã, quer em quantidade, quer em qualidade. A Espaço Visual e a Naturalfa querem
mostrar o que de melhor se faz na cultura da macieira na região
Centro com o apoio da Direcção Regional de Agricultura e Pescas
do Centro, através da Estacão Agrária de Viseu.
A metodologia a utilizar consistirá na apresentação prévia
de cada exploração a visitar, no autocarro, antes da chegada e,
posteriormente, na viagem até a exploração seguinte, serão discutidos os pormenores a reter, o que se viu no terreno e tiradas
as dúvidas existentes.
A visita de estudo é uma oportunidade importante, uma vez
que promove o contacto e convívio entre produtores, empresários, atuais e potenciais, bem como técnicos especialistas na
cultura. Trata-se de um evento único onde haverá a oportunidade de aprendermos, através das nossas dúvidas ou do esclarecimento das questões dos outros membros do grupo, constituído
por players com saber e experiência que dificilmente estariam
disponíveis, para troca de conhecimentos, noutros contextos.
Esta metodologia, utilizada e testada em inúmeras situações
pela Espaço Visual, tem-se traduzido em resultados que são uma
mais-valia para todos os participantes, uma vez que, têm oportunidade de aceder a uma grande quantidade de informação técnica num curto espaço de tempo.
Ano X - N.º 208
Director José Luís Araújo (CP n.º 7515), [email protected] | Editor Classe Média C. S. Unipessoal, Lda.
Redacção Isabel Costa e Daniela Machado | Departamento Comercial Filipe Figueiredo, João Silva, Helena Antunes
Opinião Miguel Galante | Apoio Administrativo Jorge Araújo
Redacção Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu | Telefones 232436400 / 968044320 Fax: 232461614 - E-mail: [email protected] | Web: www.gazetarural.com
ICS - Inscrição nº 124546
Propriedade Classe Média - Comunicação e Serviços, Unipessoal, Limitada Administração José Luís Araújo
Sede Lourosa de Cima - 3500-891 Viseu
Capital Social 5000 Euros | CRC Viseu Registo nº 5471 | NIF 507021339 | Dep. Legal N.º 215914/04
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Nota: Os textos de opinião publicados são da responsabilidade dos seus autores
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O ministro da Economia, António Pires de Lima, afirmou que a agricultura foi o sector que mais contribuiu
para a criação de postos de trabalho do primeiro para o
segundo trimestre de 2013.
“O sector agrícola e alimentar recuperou competitividade, com reputação renovada e atractiva para um
conjunto de pessoas mais jovens”, afirmou o governante
em Penafiel, onde presidiu à abertura da Feira Agrícola,
Agrival.
Segundo o ministro, dos 70.000 empregos gerados
pela economia, naquele período, cerca de 45.000 ocorreram no sector agrícola e alimentar. “Este sector tem
dado um importantíssimo contributo, com consistentes
passos para o crescimento económico”, afirmou.
António Pires de Lima felicitou o sector por ter sido
capaz de crescer 6% nas exportações em 2012, tendência que, disse, está a acelerar em 2013, com um crescimento, até ao momento, de 8,3%. O ministro precisou
que a agricultura já representa 10% das exportações
portuguesas, e tem ajudado, também, a diminuir as importações do país.
Falando para muitos representantes do sector presentes naquele certame, o governante adiantou também
que, nos últimos 12 meses, a agricultura foi responsável
por 5% das empresas criadas no país. “No primeiro semestre deste ano nasceram 1.017 novas sociedades,
mais 30% do que no ano passado”, destacou, frisando
ser “o momento oportuno para agradecer aos que trabalham neste sector”. “Estamos perante um momento
de relançamento de um sector que se porta como um
‘cluster’ integrado”, acentuou.
Pedem suspensão imediato das actividades já agendadas
Caçadores criticam tutela por autorizações
ilimitadas na caça aos javalis
A Federação Portuguesa de Caçadores (FPC) criticou o Ministério da Agricultura pelas autorizações ilimitadas para caçadas aos javalis, uma actividade que consideram perigosa por
haver, anualmente, registos de caçadores que perdem a vida
nesta actividade.
Hélder Ramos, presidente da FPC, exigiu que o Ministério da
Agricultura “suspenda de imediato todas as actividades já agendadas”, tendo assegurado que “se se voltarem a verificar uma
vez mais acidentes fatais”, irá accionar os meios legais ao seu
alcance a fim de responsabilizar juridicamente a presidente do
Instituto e Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) e a ministra da Agricultura por estes incidentes. “O Ministério da Agricultura teima em autorizar caçadas perigosas aos javalis onde
anualmente caçadores perdem a vida e esta é uma situação
inadmissível, tendo em conta o número de mortos e de feridos
com balas de caçadeira verificados nos últimos quatro anos”,
disse Hélder Ramos.
Segundo o dirigente associativo, que fez questão de defender os caçadores mas também as espécies cinegéticas, as caçadas vulgarmente conhecidas por milharias (ou montarias nos
milhos), visam na sua maioria proporcionar aos seus organizadores avultados lucros com a venda dos postos, traduzindo-se,
por outro lado, “em autênticas chacinas” uma vez que se abatem em massa os animais sem qualquer tipo de selecção.
“Este negócio gera muito dinheiro, tendo em conta que envolve centenas de participantes que pagam uma média de 150 a
300 euros por montaria, e que lança para o meio do milho mais
400 a 500 cães. No meio dos milheirais, e com a ânsia de disparar, muitas vezes são os caçadores a disparar sobre outros
participantes”, observou. “Esta actividade é horrenda, porque
chegam a dizimar colónias inteiras de javalis, e extremamente
perigosa, porque não oferece o mínimo de segurança e de organização”, vincou.
Hélder Ramos disse ainda que esta situação foi já por diversas vezes denunciada à tutela pela Federação Portuguesa
de Caçadores, a qual terá inclusivamente proposto junto do
Ministério da Agricultura e do ICNF soluções alternativas para
resolver os estragos nas culturas de milho, tabaco e beterraba
que passariam pela utilização de matilhas de cães sem recurso
a armas de fogo. “Desta forma os animais seriam afugentados
para o seu habitat natural e não ocorreriam mortes acidentais
advindas do recurso às armas de fogo”, defendeu.
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Previsões Agrícolas
Aumentos de produtividade nas vinhas
e nos pomares de pereiras e macieiras
As previsões agrícolas, a 31 de Julho,
apontam para um desenvolvimento vegetativo normal para a época, das culturas de primavera/verão, não se prevendo
variações significativas de produtividade.
Pelo terceiro ano consecutivo prevê-se um aumento da superfície de milho
de regadio, confirmando-se assim, a tendência para o investimento nesta cultura,
a qual revela um sector progressivamente mais dinâmico e competitivo.
Nos pomares registam-se aumentos
consideráveis na produtividade da pêra
e da maçã, enquanto no pêssego e na
amêndoa as condições climatéricas adversas na altura da floração/polinização
(frio e geada) determinaram reduções
nos rendimentos unitários.
As vinhas apresentam um bom desenvolvimento vegetativo, não havendo
problemas fitossanitários dignos de destaque, pelo que se prevê um aumento de
10% na uva para vinho e de 5% na uva de
mesa.
A campanha dos cereais de Outono/
Inverno saldou-se, após a má campanha
anterior marcada pela seca extrema, por
um aumento global da produção.