Plano de saúde da Epagri - Governo do Estado de Santa Catarina
Transcrição
Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina Balanço Social 2012 3 4 Epagri: uma empresa conhecida e reconhecida O reconhecimento do trabalho de uma organização não acontece por acaso. É fruto do esforço coletivo dos agentes que atuam nos diversos elos que compõem sua estrutura. Na Epagri, esse reconhecimento torna-se cada vez mais significativo na medida em que reflete a opinião da sociedade catarinense. Esta edição do Balanço Social mostra o resultado das ações da Epagri de acordo com a percepção das pessoas que trabalham e vivem no campo. O sucesso alcançado pelo trabalho da Empresa em 2012 inspirou também a forma de apresentá-lo. Entre as atividades desenvolvidas pela Epagri foram selecionadas 47 tecnologias para avaliação e 12 assuntos relevantes. Cada assunto serviu de base para produzir uma reportagem enriquecida pelos depoimentos de agricultores e pescadores. Dessa forma, além de estar relacionado diretamente aos resultados obtidos pela empresa, o êxito dos projetos e das ações da empresa pode ser comprovado com base no grau de satisfação do público-alvo. É importante reconhecer que boa parte do sucesso da Empresa se atribui ao corpo técnico altamente capacitado, especialmente às pessoas que vestem a camisa e atuam nas unidades da Epagri localizadas em todo o território catarinense. Merecem igualmente nosso reconhecimento e agradecimento o Governo Estado de Santa Catarina, a Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a Agência Nacional de Águas (ANA), o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as universidades, prefeituras municipais e outras instituições públicas e privadas cujas parcerias foram fundamentais para a Epagri atingir seus objetivos e cumprir sua missão. Saber que o nosso trabalho é reconhecido pela ampla maioria da sociedade é o nosso maior estímulo. 5 Luiz Ademir Hessmann Presidente da Epagri 6 R$ 813,7 milhões é a contribuição da Epagri no retorno social que as tecnologias e ações da Empresa geraram para a sociedade catarinense em 2012. 7 8 R$ 3,17 é o retorno que a sociedade catarinense obteve para cada real investido na Epagri. 9 R$ 2,13 bilhões é o retorno global das tecnologias geradas pela Epagri, considerando a contribuição de todos os agentes econômicos, científicos e sociais que participaram do processo em 2012. 10 11 12 123.042 famílias e 3.001 entidades foram assistidas pelo trabalho da Epagri durante o ano. 13 Pasto garantido o ano todo Sobressemeadura de espécies de inverno reduz custos e eleva a produção de leite O entre o fim de abril e o início de maio diretamente sobre as pastagens perenes de verão ou naturalizadas. Com o auxílio dos próprios animais, a forragem existente é rebaixada, e sementes de aveia, azevém e trevo-branco são colocadas em contato com o solo. outono e o inverno são o período mais difícil para quem produz leite. Nos meses frios as pastagens perenes de verão reduzem seu crescimento, o volume de forragem diminui e o valor nutritivo também. Sem alimento adequado para as vacas, o pecuarista vê a produção de leite cair enquanto os custos sobem, pois precisa investir em ração e silagem. O impacto é ainda maior para os pequenos produtores familiares, que têm no leite a principal fonte de renda e respondem pela maior parte da produção do Estado. As espécies de inverno, altamente produtivas e tolerantes a baixas temperaturas, ajudam a reduzir o vazio forrageiro no período mais crítico. Com pasto garantido, o produtor depende menos de silagem e usa cerca de 50% menos rações concentradas. Ele também pode comprar rações mais baratas, já que a forragem é mais nutritiva. Para enfrentar esse problema, a Epagri difunde entre os produtores a sobressemeadura de espécies anuais de inverno, uma técnica simples, de baixo custo, que garante pasto de qualidade o ano inteiro. A semeadura é feita Além de reduzir custos, a técnica permite aumentar o número de vacas por hectare e eleva a produção de leite. 14 Nas cerca de 36 mil propriedades do Estado que praticam a sobressemeadura, estima-se um aumento de produção de 200 milhões de litros por ano, o equivalente a 10% do volume estadual. O meio ambiente também sai ganhando, já que a sobressemeadura não mobiliza o solo, mantém-no coberto o ano todo, aumenta a infiltração da água, diminui a erosão e eleva o teor de matéria orgânica, contribuindo para reduzir o volume de gás carbônico na atmosfera. O custo de implantação varia entre R$350 e R$500 por hectare e se dilui com o tempo, já que apenas a aveia precisa ser semeada todos os anos (as outras espécies se ressemeiam naturalmente). Além disso, as leguminosas fixam no solo o nitrogênio do ar, reduzindo a necessidade de aplicar fertilizantes nitrogenados. Em Unidades de Referência Técnica, reuniões, dias de campo e excursões, a prática é difundida especialmente nas regiões Oeste, Planalto e Litoral Sul, onde se concentra a maior parte dos produtores. Além de incentivar a sobressemeadura, a Epagri orienta as famílias a implantar sistemas de piqueteamento com pastoreio rotativo nas pastagens. Um futuro bem semeado A satisfação da família Voloszyn é o resultado mais visível dessa técnica. Eles compraram as primeiras vacas leiteiras há 12 anos, em São Lourenço do Oeste, e há seis se mudaram para uma propriedade de 32 hectares em Concórdia, na Linha Maria Goretti. Nos cálculos de Natalino, a produção de hoje, com sobressemeadura, piqueteamento e organização da propriedade, é cerca de 40% maior do que nos primeiros anos. Matheus, de 21 anos, fizeram cursos e passaram a receber assistência técnica da Epagri. Hoje são 18 hectares de pastos perenes sobressemeados com espécies de inverno. O rebanho de 63 animais tem 28 vacas em lactação que rendem cerca de 12 mil litros de leite por mês. “No início não tínhamos organização. No inverno a produção caía, faltava alimento para os animais e ficava caro produzir. Hoje temos planejamento, fazemos sobressemeadura, piqueteamento, reserva de silagem, manejo nutricional. É tudo calculado para não faltar alimento”, explica Natalino. Além de depender menos de silagem, ele economiza cerca de R$3 de ração concentrada por dia para cada vaca em lactação. “Somos privilegiados por ter assistência técnica dessa qualidade e ainda gratuita”, avalia. Para melhorar os resultados, Natalino e o filho O sucesso é tanto que Natalino nunca mais pensou em voltar para a cidade, onde nasceu e cresceu. “Temos qualidade de vida, dinheiro, carro, internet, as mesmas coisas de quem mora na cidade.” Matheus, que é técnico agrícola, pensa da mesma forma e não pretende sair do campo. Na propriedade de Natalino, a produção cresceu 40% 15 Pomar protegido, qualidade garantida Com financiamento, produtores de maçã instalam sistemas de cobertura antigranizo U m ano de trabalho destruído em minutos. Na Serra Catarinense, onde as chuvas de granizo têm se tornado comuns na primavera e no verão, é isso que muitas famílias rurais sentem ao ver seus pomares de maçã ser atingidos em plena época de desenvolvimento das flores e dos frutos. Em São Joaquim, cerca de 100 mil toneladas de maçã foram destruídas na safra de 2012. Esse volume, correspondente a 33% do total colhido no município, foi diretamente para indústrias de processamento, perdendo 90% do valor comercial – um prejuízo estimado em R$90 milhões. ameixa e uva na Serra Catarinense. O problema é que esse sistema tem custo de implantação alto: o investimento de aproximadamente R$35 mil por hectare está longe do alcance de grande parte dos 1,6 mil fruticultores familiares da região. Em 2012, a equipe do Escritório Municipal da Epagri de São Joaquim propôs ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural que projetos de implantação de cobertura antigranizo para os fruticultores familiares do município fossem priorizados no uso dos recursos do programa Juro Zero, da Secretaria de Estado da Agricultura e da Pesca. Esse programa subsidia os juros previstos para financiamentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). A melhor forma de evitar esses danos é construir sistemas de cobertura antigranizo. A cada ano, a solução vem sendo adotada por mais fruticultores que produzem maçã, 16 Proposta aceita, a equipe da Epagri se empenhou em fazer visitas técnicas às propriedades, organizar reuniões sobre a importância de cobrir os pomares, tirar dúvidas, elaborar os projetos, além de acompanhar e emitir laudos sobre a implantação das estruturas. Com pomares cobertos, as famílias ficam tranquilas enquanto as macieiras frutificam. Os jovens podem sonhar com o futuro nas propriedades onde cresceram, já que a renda está garantida, mesmo com tempo ruim. Os frutos de qualidade garantem faturamento médio de R$29 mil e rendimento líquido aproximado de R$15 mil por hectare. As famílias ganham competitividade e fazem novos investimentos; mais empregos são gerados e a economia do município se fortalece. Graças a esse esforço, 20 produtores aderiram ao programa em 2012, totalizando uma área a ser coberta de 37,5 hectares. Os recursos liberados somam R$1,332 milhão do Pronaf e, do total, R$970 mil se enquadram no Juro Zero. Colheita boa mesmo com tempo ruim É na fria São Joaquim que se produz mais da metade da maçã de Santa Catarina e um quarto do total do País. Só em 2012, foram colhidas no município 306 mil toneladas. Esse volume é a soma do trabalho de grandes e também de pequenos fruticultores, como o produtor Carlos Alberto Demeciano. No interior da capital da maçã, na comunidade de Cruzeiro, ele colhe cerca de 100 toneladas por safra. Mas nem sempre a colheita foi motivo de comemoração. “Nos últimos dez anos, em nove choveu granizo aqui. Sempre tive perdas na qualidade dos frutos, e isso depreciava o valor em cerca de 30% a 40%”, conta. Sem ter como proteger os pomares, restava torcer para que o tempo colaborasse. “A gente via uma nuvem e já ficava preocupado; nunca sabia quando vinha granizo”, lembra. Em 2012, com a ajuda da Epagri, Carlos conseguiu recursos para cobrir 2 hectares de macieiras. Os R$78 mil, que serão pagos em sete anos, foram financiados pelo Pronaf e parte dos juros foi subsidiada pelo Juro Zero. Em setembro o sistema estava pronto. “Com recursos próprios eu não conseguiria implantar as telas”, diz o produtor. A qualidade das primeiras maçãs colhidas em 2013 já mostrou que o investimento valeu a pena. Cerca de 90% dos frutos da ‘Gala’, que responde por um quarto da produção de Carlos (a maior parte é ‘Fuji’), foram qualificados como classe 1. Cada quilo rendeu R$0,40 a mais que na safra anterior. “Agora sobra dinheiro para investir em mais cobertura e novas áreas de produção”, comemora. Na área de 1 hectare que ainda não está coberta, as perdas foram de 40%. Carlos Alberto não precisa mais se preocupar com o granizo 17 Construindo o futuro com madeira Produtores investem em florestas plantadas e novos empreendimentos para crescer P lantar árvores, manejar a floresta, serrar e vender. Essa é a rotina de muitas famílias catarinenses que descobriram no reflorestamento e no processamento primário da madeira uma opção sólida e rentável para sustentar seu futuro. Na região de Rio do Sul, no Vale do Itajaí, a Epagri iniciou em 2009 uma série de ações para estimular essa atividade. São seminários com demonstração do uso de serraria móvel, cursos de processamento primário da madeira, dias de campo, visitas e a instalação de Unidades Demonstrativas de manejo florestal. Em parceria com outras entidades, foram realizados, até 2012, 20 seminários, com 1,4 mil participantes. O objetivo desse trabalho é melhorar a qualidade e a rentabilidade das florestas plantadas e produzir madeira pelo beneficiamento primário, aumentando a renda das famílias. A Epagri apoia o surgimento de serrarias nas propriedades rurais, transformando agricultores em empreendedores e aumentando a participação dos jovens no negócio familiar. A cada ano, outros empreendimentos são criados no meio rural. A Epagri estima que cerca de 90 agricultores tenham implantado serrarias na região de Rio do Sul nos últimos 4 anos para trabalhar com madeira serrada, produzir paletes e caixarias para embalagem. Muitas famílias 18 entram no negócio serrando madeira para uso próprio, para os vizinhos e para a comunidade. Depois, para poder comercializar, legalizam a atividade. A floresta plantada funciona como uma “poupança verde” que cresce e se valoriza enquanto a família pode se dedicar a outras atividades. Se precisar de dinheiro, o produtor pode cortar e vender a madeira. As espécies mais cultivadas em Santa Catarina são eucalipto e pínus. Um hectare de eucalipto rende, em média, R$3,5 mil por ano. Comparada a uma lavoura tradicional, a floresta também exige pouca mão de obra, usa pouco ou quase nenhum agrotóxico e é um investimento mais seguro, já que sofre menos com geadas, secas ou excesso de chuva. Além disso, a atividade diminui a pressão sobre o corte de árvores nativas. Além de ver a renda e a qualidade de vida da família aumentar, os produtores rurais que se tornam empreendedores têm orgulho de trabalhar no próprio negócio. Os filhos se envolvem nas atividades da floresta e da serraria e acabam decidindo ficar na propriedade para assumir o empreendimento. Esse tipo de empreendimento tem ajudado a reduzir o êxodo rural. Agricultor vira empresário sem sair do campo Depois de tentar ganhar a vida produzindo fumo, leite e até trabalhando com bicho-da-seda, a família Bozan, do interior de Taió, descobriu na madeira sua verdadeira vocação. “A situação estava difícil e os filhos iam sair da propriedade, então plantei a floresta e investi em uma serraria”, conta Irineu, de 51 anos. A mudança aconteceu aos poucos. Em 2005, Irineu começou a cortar árvores reflorestadas da propriedade e a comprar de outros produtores para vender às serrarias do município. Em 2007 alugou uma serraria em Taió, onde trabalhou por dois anos. Em 2010, finalmente construiu a Madeireira IB na propriedade da família. Para que a atividade desse certo, o produtor, que decidiu ser empresário, também buscou capacitação. Fez cursos de reflorestamento e de processamento primário da madeira e, desde o início, conta com a assistência dos técnicos da Epagri. Hoje, dois dos quatro filhos ajudam a tocar o empreendimento: Luana, de 20 anos, trabalha no escritório e está até construindo uma casa na propriedade; Luan, de 19, trabalha com as máquinas e também pretende ficar por lá. A renda e o patrimônio da família nem se comparam ao que era antes. A empresa vende 150m3 por mês de madeira serrada bruta, caibro e sarrafo de telha no mercado regional e estadual. Também está bem estruturada, com máquinas, estufa, empilhadeira, caminhões e tratores. Dos 57 hectares da propriedade, cerca de 40 são de reflorestamento com eucalipto e pínus. Além de Irineu e dos filhos, o negócio emprega quatro funcionários. “Estamos muito contentes com o resultado do trabalho”, comemora o empresário. Irineu (de chapéu) se capacitou e abriu uma madeireira 19 Qualificação na beira do mar Com cursos da Epagri, as famílias que vivem da pesca conquistam uma vida melhor T ransformar peixes e frutos do mar em pratos saborosos, frutas da estação em geleias, conchas e resíduos da pesca em artesanato. Não importa quão simples pareçam ser as tarefas, elas são capazes de transformar a vida de famílias que vivem da pesca artesanal no litoral catarinense. Os eventos de capacitação realizados pela Epagri dentro do projeto de Assistência Técnica e Extensão Pesqueira (Atepa) beneficiaram, apenas em 2012, 660 pescadores, mulheres e jovens de 24 municípios do litoral catarinense nas regiões de Itajaí, Florianópolis, Tubarão e Araranguá. são ferramentas para levar qualificação, organização, cidadania, integração e novas opções de renda para quem vive do mar. A forma de atuar é diferente de muitos cursos que exigem deslocamento dos participantes: os extensionistas vão até as comunidades para ministrar as aulas, convivem com as famílias, identificam demandas, buscam atendê-las e criam laços de amizade e confiança com elas em um trabalho contínuo. Nesses cursos, os pescadores e suas famílias são capacitados em manutenção de motores marítimos, gestão de negócios, tecelagem, tapeçaria, artesanato de material reciclável, boas práticas de manipulação de alimentos, processamento de pescados e frutos do mar, As capacitações, realizadas em centros comunitários, salões paroquiais, residências ou onde for possível, 20 produção de pães artesanais, geleias, doces, entradas para coquetéis e pratos principais à base de peixes e frutos do mar, entre outras opções. melhorar a qualidade do cardápio nos restaurantes e aprimorar técnicas de artesanato para produzir peças mais bonitas e bem-acabadas. Qualificadas, as famílias conseguem aperfeiçoar suas atividades, descobrir uma fonte de renda, melhorar os resultados da pesca, incrementar o valor do pescado, ter noções de gestão para seus negócios e atender melhor os turistas durante a temporada. Muitos já têm o próprio negócio ou são artesãos, e com o curso conseguem Mas o resultado mais visível está na mobilização e na integração das pessoas em suas comunidades. Com encontros periódicos, as famílias vão se entrosando, resgatam sua cultura, se organizam, fortalecem a cidadania e melhoram a autoestima. Longe da cidade, perto das oportunidades Na Costa da Lagoa, em Florianópolis, não há estrada, carro nem ponto de ônibus. Para chegar lá, só de barco ou por trilha. Nessa comunidade isolada no norte da Lagoa da Conceição, cerca de 300 famílias vivem da pesca artesanal e do turismo. poucas opções e hoje são 50 tipos de doce, incluindo cocada, sonho, bombom, quindim, queijadinha, rosca, cuca, brigadeiro, musse e bolo, sem falar dos salgados, como empadinha de camarão, casquinha e bolinho de siri. Na temporada, as filhas ajudam a vender os doces de mesa em mesa nos restaurantes da Costa. Elizabete Frutuoso tem 46 anos e mora lá desde criança. Casada com um pescador, há 20 anos ela faz doces e sai com uma cesta no braço para vendê-los para turistas e famílias da comunidade. Começou com Apesar de morar em uma comunidade isolada, Elisabete vive por dentro das novidades. “Sempre que descubro um curso gratuito, eu participo porque gosto de aprender, me desenvolver”, conta. Para ela, as capacitações ministradas pelos extensionistas da Epagri no projeto Atepa são uma grande oportunidade. “Já fiz curso de pães, de conservas, de artesanato e de manipulação de alimentos”, lembra a doceira, que conseguiu melhorar as receitas e começou a vender mais. “Tenho muito orgulho do que eu era e do que sou hoje.” As capacitações também mudaram a vida de outras famílias da comunidade. No começo, ninguém acreditava que haveria participação nos cursos, mas o trabalho deu certo: as pessoas se envolveram cada vez mais e a comunidade foi se transformando. Com a cooperação de todos, a Costa da Lagoa tem ficado mais forte e unida. Elisabete descobriu uma nova fonte de renda 21 Merenda saudável e agricultor valorizado Famílias rurais melhoram a renda vendendo produtos para a alimentação escolar O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), do Governo Federal, é uma grande oportunidade de mercado para as famílias rurais. Ele atende a Lei no 11.947/2009, que determina que pelo menos 30% dos recursos repassados pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) aos estados e municípios para alimentação escolar devem ser usados na compra de produtos da agricultura familiar. ampliam a área cultivada e até iniciam outras atividades. A elevação da renda abre uma perspectiva melhor de futuro e os jovens podem ficar no campo ou até mesmo voltar para ele. O programa também estimula a transição das propriedades para o sistema agroecológico, uma atitude que faz bem para os produtores, os consumidores e a natureza. Eliminando o uso de agroquímicos nas lavouras, os agricultores protegem o solo e a água, reduzem custos de produção, trabalham em um ambiente mais saudável, melhoram a própria alimentação e a de outras famílias e ainda elevam o preço de venda dos produtos em 30%. Graças a esse programa, os pequenos produtores rurais têm sua atividade valorizada e conseguem vender os alimentos de forma direta, com preços competitivos. Com mais dinheiro entrando, eles investem em tecnologia, equipamentos e veículos para transportar as mercadorias, 22 Em Santa Catarina, os profissionais da Epagri se esforçam para viabilizar o acesso das famílias rurais a esse mercado. A Empresa capacita técnicos e produtores sobre a lei, presta assistência técnica, elabora o calendário agrícola nos municípios, discute com os nutricionistas o cardápio da alimentação escolar e assessora os agricultores na produção, industrialização e comercialização dos alimentos. com o assessoramento para a comercialização, foram beneficiadas oito cooperativas, com um total de 123 agricultores e pescadores e mais 15 grupos informais com 103 pessoas. As ações de assistência técnica atenderam 177 agricultores familiares envolvidos no PNAE. Nas escolas da região, a criançada pode comer alimentos fresquinhos, saudáveis e de qualidade produzidos com carinho pelas famílias locais. É uma lista longa e saborosa, incluindo frutas como abacaxi, banana, caqui, melancia, morango, tangerina e uva, hortaliças como brócolis, beterraba, cenoura, couve-flor, tomate e vagem, além de alimentos como geleias, pães, leite, mel, melado, peixes, bolachas e sucos. Um bom exemplo desse trabalho está nos municípios de Araquari, Ascurra, Balneário Camboriú, Barra Velha, Benedito Novo, Bombinhas, Garuva, Itajaí, Itapema, Itapoá, Jaraguá do Sul, Pomerode, Porto Belo, Rio dos Cedros, São Francisco do Sul e Timbó. Nesses 16 municípios, apenas Cor e sabor na hora do lanche Na Escola Municipal Antenor Sprotte, no interior de Araquari, os alimentos produzidos pelos agricultores da região alimentam 78 alunos do 2o ao 5o ano. “Muitos colhem de madrugada e trazem aqui bem cedinho para prepararmos a merenda das crianças. Os alimentos chegam bonitos e fresquinhos”, conta a diretora, Carla Xavier. e colorida. “Antes não tinha tanta variedade e quase sempre se fazia sopa. Agora o cardápio é bem diversificado: tem purê de abóbora, lasanha de berinjela, ensopado de legumes, abobrinha refogada, saladas variadas todos os dias e frutas após as refeições”, exemplifica a diretora. Os pratos fazem sucesso entre as crianças, que estão comendo mais e até provam legumes e verduras que não conhecem. “Introduzimos coisas diferentes e eles começam a gostar”, diz Carla. Em 2012, a escola iniciou um projeto de educação alimentar com os estudantes. Depois que a escola começou a receber produtos da agricultura familiar, a merenda ficou mais saudável Na outra ponta, famílias rurais como a do casal Ralf e Traudi Lach, de Pomerode, se sentem valorizadas e conseguem construir uma vida melhor no campo. “Deixamos de plantar fumo, que dava muito trabalho e usava agrotóxico, e agora produzimos verduras e legumes orgânicos. Plantamos repolho, couve-flor, brócolis, pepino, tomate, vagem, rúcula, agrião e muitas outras opções. A Epagri ajudou a gente a produzir nesse sistema”, conta a agricultora Traudi. Já faz quatro anos que, todas as semanas, eles mandam uma carga de alimentos para virar merenda nas escolas da região. Na escola Antenor Sprotte, em Araquari, o cardápio foi aprovado 23 Segurança para navegar Pescadores do Sul do Brasil recebem boletins específicos de previsão do tempo D eixar a família em casa, ir para o mar e passar dias balançando com as ondas, trabalhando para voltar com o barco cheio. Até a década de 1990, os pescadores do Sul do Brasil enfrentavam essa rotina sem saber os perigos que a natureza lhes reservava a cada jornada. Prever e enfrentar tempestades, ventos e ondas grandes que poderiam oferecer risco, atrasar o retorno ou dar prejuízo dependia da experiência e da coragem dos homens do mar. comunidade pesqueira que traz, entre outras informações, tamanho e direção de ondas e intensidade e direção dos ventos. Esses dados chegam à base de Passos de Torres (SC), que os repassa aos barcos que navegam na região em duas transmissões diárias de radiocomunicação (às 9h30 e às 16h). Os boletins também estão disponíveis no site do projeto. Sempre que há situações de risco, os pescadores são alertados para voltar para casa em segurança. Além disso, a base ajuda na comunicação entre terra e mar: dá recados da família, avisa sobre nascimentos, falecimentos e outros eventos importantes. E em caso de acidentes, ajuda a providenciar socorro para que os pescadores sejam atendidos rapidamente em terra. Desde o ano 2000, os pescadores contam com o Meteopesca, um programa de previsão e monitoramento das condições de tempo e mar inteiramente adaptado para eles. Diariamente, os meteorologistas da Epagri/ Ciram preparam um boletim de previsão específico para a 24 Além de salvar vidas, as informações melhoram a rentabilidade da pesca e evitam perdas econômicas significativas. Com base nelas, os pescadores não lançam redes e outros artefatos de captura se o mar não está para peixe. Um exemplo é quando há vento Nordeste de modo persistente, pois esse vento aumenta o consumo de combustível e o tempo de viagem, além de balançar mais o barco, o que deprecia o valor do pescado. Em 2012, os pescadores artesanais catarinenses economizaram cerca de R$1,12 milhão graças a esses avisos. Aproximadamente 10 mil pescadores e 800 embarcações industriais e artesanais que navegam pela Região Sul podem contar com os boletins do Meteopesca. Diariamente, o programa atende 400 a 500 barcos artesanais e industriais, somando 3,4 mil pescadores. Além das embarcações dos pescadores artesanais e industriais, veleiros, iates, navios cargueiros, de turismo, petroleiros e de pesquisa também são usuários frequentes das informações. Tranquilidade e muito peixe no barco O pescador artesanal Marcelo Gonçalves Rolim, de Passo de Torres, vive boa parte de seus dias no mar desde que tinha 17 anos. Ele aprendeu a profissão com o tio e, hoje, já tem 14 anos de experiência com redes e outros artefatos de captura. No barco que divide com um sócio, Marcelo viaja para o mar com mais seis ou sete pessoas várias vezes por mês e lá fica por quatro ou cinco dias, até voltar com o resultado da pescaria. No verão o mar dá linguado e corvina; entre maio e julho os pescadores aproveitam a safra da tainha e, de julho a novembro, carregam o barco de anchova. Ao final de cada mês, as viagens somam 10 a 25 toneladas de peixes, que são vendidos para uma empresa de pescados. Marcelo sabe que as condições do tempo podem determinar o sucesso da pescaria. Por isso, ele não embarca antes de ouvir os boletins de previsão do Meteopesca. E quando está no mar, longe da família, ouve as transmissões todos os dias para saber como o tempo vai se comportar. “Antes desse projeto, a gente saía com tempo bom e de repente ele ficava ruim, aí voltava sem peixe, perdia a viagem e gastava combustível à toa. Agora a gente sabe como o tempo vai estar e se vale a pena sair”, conta. Além de evitar os prejuízos provocados pelo tempo, os boletins dão a Marcelo a certeza de que será comunicado caso o mar fique perigoso para as embarcações. “A gente trabalha mais tranquilo porque sabe que a base vai avisar se vier tempo ruim. E se tiver algum recado da família, também ficamos sabendo”, diz o pescador, que é casado e tem duas filhas pequenas. Marcelo não embarca antes de ouvir os boletins do Meteopesca 25 Grão de qualidade Arroz catarinense rompe fronteiras e contribui para a segurança alimentar O arroz catarinense é um cereal com alto valor agregado. Os diversos tipos disponíveis no mercado são fruto de cultivares altamente produtivos, desenvolvidos pela Epagri para as condições de cultivo das regiões produtoras. É justamente essa tecnologia que permite que o arroz seja acessível e não pese no bolso do consumidor. O trabalho inicia com os cruzamentos realizados pelos melhoristas, responsáveis pelo acompanhamento de milhares de plantas que são a fonte de variabilidade genética utilizada para o desenvolvimento dos novos cultivares. As características agronômicas, industriais e culinárias, assim como a avaliação sensorial, são determinantes para a boa aceitação dos cultivares. Segundo pesquisadores da Epagri/Estação Experimental de Itajaí, um cultivar demora em média 13 anos para ser desenvolvido. Até que o arroz chegue à mesa do consumidor, há um longo caminho a ser percorrido. Além de conhecimento, o trabalho requer uma dose extra de dedicação, pois são várias as etapas anteriores ao lançamento de um cultivar. Entre os fatores climáticos importantes para o desenvolvimento da orizicultura, os técnicos da Epagri destacam a água, a temperatura noturna adequada e a luminosidade. Em algumas regiões do Estado, onde o grão encontra as condições ideais, o rendimento dos cultivares da Epagri atinge o limite de seu potencial genético. Isso se reflete na qualidade de vida dos produtores. 26 A produtividade nas lavouras catarinenses aumentou cerca de 300% nos últimos 30 anos e os resultados do trabalho da Epagri podem ser vistos em toda a cadeia produtiva. Com os avanços a qualidade das sementes produzidas em Santa Catarina ganhou fama entre os produtores e hoje os cultivares da Epagri são plantados em vários estados, como Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Ceará, Piauí, Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão, Roraima, Tocantins, e também em países vizinhos, como Paraguai, Bolívia, Argentina e Venezuela. O perfil do agricultor é outro fator decisivo no que se refere à rentabilidade da orizicultura. Para obter a renda esperada, não basta conhecer as técnicas de cultivo. É preciso saber negociar, manter-se informado sobre o mercado, as linhas de crédito e as novidades que surgem e podem tornar a atividade mais competitiva e sustentável. O segredo está na produtividade Agronômica é um município onde os produtores têm alcançado produtividades extraordinárias. Osmar Cattoni, 61 anos, presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Agronômica e proprietário de uma área de 14 hectares no município, é um exemplo. Respeitado por sua experiência na atividade, ele reconhece a importância da Epagri para o desenvolvimento da orizicultura na região: “Além de fornecer as linhagens para a produção de sementes, a Epagri ajuda a encaminhar propostas de Crédito Rural, esclarece dúvidas e está sempre à disposição do produtor”. Para Cattoni, “a rentabilidade da lavoura depende muito do clima, mas na safra 2011/12 houve um bom rendimento”. Em sua propriedade, a produtividade alcançou 10t/ha. A renda que vem das lavouras de arroz não é uma dádiva da natureza, mas fruto da parceria que envolve inúmeras instituições, técnicos, agricultores e também os consumidores. Graças a esse esforço conjunto, Santa Catarina é um dos estados brasileiros mais avançados nos estudos sobre o produto e o segundo maior produtor nacional de arroz. As pesquisas com o grão concentram-se atualmente no desenvolvimento de materiais genéticos mais produtivos e com maior aceitação pela indústria e pelos consumidores. As inovações estão relacionadas aos hábitos de consumo e a técnicas que preservem os recursos hídricos e o meio ambiente. O arroz também é um item importante na cesta básica do brasileiro. Ao lado de outros grãos, como o milho e o feijão, o produto é essencial na alimentação da população. Daí a importância dele nas políticas públicas para melhorar a segurança alimentar e nutricional. Em Santa Catarina, de acordo com dados da Epagri/ Cepa, entre os principais municípios produtores de arroz aparecem Araranguá, com produção de 375 mil toneladas; Tubarão, com 154 mil toneladas; Joinville, com 152 mil toneladas; Criciúma, com 140 mil toneladas; e Rio do Sul, com 90 mil toneladas. A área plantada no Estado não é grande: cerca de 150 mil hectares. O segredo do negócio está na produtividade das propriedades catarinenses, que atingem um rendimento extraordinário, equivalente aos maiores do mundo. Osni conhece o mercado tão bem quanto a lavoura 27 Santa Catarina aposta no cooperativismo Empreendimentos se multiplicam no Estado e abrem as portas do mercado para agricultores familiares Q desenvolvimento da agricultura. Com a criação da CooperCastello, a vida das pessoas em Presidente Castello Branco começou a mudar. uando são executadas de forma organizada e aberta à participação, as ideias ganham força e têm tudo para dar certo. A produção e a comercialização de alimentos de forma cooperada é um modo de ampliar horizontes e criar possibilidades para o agricultor familiar. Esse é só um exemplo das iniciativas que contam com o apoio das instituições públicas e criam um ambiente favorável ao desenvolvimento de inovações sociotécnicas. A multiplicação de empreendimentos de agregação de valor e de formas organizativas (cooperativas descentralizadas e redes de cooperação e comercialização) é, em grande parte, resultado dos esforços dos técnicos da Epagri que atuam em todo o Estado. Esse é o caso da Cooperativa de Produção e Consumo Agroindustrial Familiar de Presidente Castello Branco (CooperCastello), criada em 2006 no município de Presidente Castello Branco, a 436km de Florianópolis. Situado em uma região distante dos maiores centros urbanos do Estado, o município tinha dificuldades para gerar renda devido à sua localização, considerada pelos produtores um dos principais entraves para o A capacitação de mulheres agricultoras para a indústria caseira, a profissionalização de agricultores e os cursos dirigidos aos jovens são ações precursoras da agroindústria 28 familiar rural e da organização de redes de cooperação/ comercialização dos empreendimentos de agregação de valor. de gestão, organização dos produtores, processamento, design de embalagens, apresentação de produtos, bem como a elaboração de projetos e planos de negócios. A Epagri tem papel vital na implantação de ações em áreas como crédito, logística, transporte, comunicação, capacitação tecnológica e gerencial, gestão da qualidade, prestação de serviços, regulação e gestão ambiental. Atuando especialmente na formação e capacitação de técnicos, a Empresa busca desenvolver ações na área As mudanças não aparecem apenas na renda obtida pelos agricultores. Elas estão presentes na qualidade de vida das pessoas. Seja em Castello Branco, seja em qualquer outro ponto do Estado, as ações da Epagri buscam fortalecer as estratégias e assegurar a melhoria da competitividade da agricultura familiar e do espaço rural União faz a diferença Em Castello Branco, a ideia de criar uma cooperativa nasceu nas reuniões organizadas pelos extensionistas da Epagri com os agricultores da região depois de uma viagem a Gramado, RS. Segundo os agricultores, a visita a Gramado foi importante para mobilizar as pessoas. Para Alfeu Giacomini, 36 anos, agricultor e um dos sócios da CooperCastello, a iniciativa deu novo ânimo para os agricultores de Castello Branco. Segundo ele, “a cooperativa foi fundamental para alavancar as vendas de seus produtos”. Com 20 produtores associados, a CooperCastello facilitou a comercialização e permitiu a redução dos custos para legalizar os produtos. Embora seja uma iniciativa recente, a cooperativa já possui quatro empreendimentos legalizados: um moinho, uma fábrica de massas e duas agroindústrias, além de uma unidade de panificação em construção. A fruticultura, a apicultura, a piscicultura e a produção de chás são outros negócios que começam a deslanchar. A boa notícia circula por toda a região, mas para comprovar os efeitos positivos da cooperativa nada melhor que as palavras de seus associados: “Após a legalização da agroindústria, conseguimos aumentar as vendas e a produção. Fico contente em ver meu produto na prateleira do mercado. Temos bastante trabalho, mas estamos animados”, conta Renato Mioto, responsável pela unidade de processamento de cana-de-açúcar. A produção de pescados é outra atividade que se fortaleceu com a criação da CooperCastello. Até pouco tempo atrás não havia produtores de peixe no município. Com a criação da cooperativa e do Fundo Municipal de Desenvolvimento Agropecuário, esse tipo de empreendimento tornou-se rentável. Espera-se que em 2013 a produção de tilápias atinja 75 toneladas. Bons ventos movem o novo negócio de Alfeu 29 Festas comunitárias Eventos fortalecem comunidades rurais em Ponte Serrada C riar espaços para lazer com ações que atraiam e envolvam as pessoas é uma forma de fortalecer o espaço rural. As festas comunitárias, realizadas pelo Escritório Municipal da Epagri em Ponte Serrada, são um bom exemplo. Em 2012, as ações envolveram nove comunidades, mobilizando 250 famílias. No total, foram investidos R$150 mil nas reformas e na ampliação dos centros comunitários. O público envolvido anualmente nas festas gira em torno de duas mil pessoas, um número significativo para um município com uma população de pouco mais de 10 mil habitantes. A Epagri é uma das principais articuladoras do trabalho planejado anualmente pelos próprios moradores do município. Entre as ações, destacam-se as reformas dos centros comunitários, o embelezamento de praças e as melhorias das estradas que dão acesso às comunidades rurais. Com o planejamento, as datas de todas as festas comunitárias passaram a ser definidas nas reuniões e divulgadas no Calendário de Eventos do Município. Embora sejam diferentes entre si, os eventos são 30 Apesar da abrangência microrregional, as festas comunitárias transformaram-se em uma das prioridades do Escritório Municipal da Epagri em Ponte Serrada devido à sua importância econômica, cultural e social. marcados pela simplicidade e têm uma característica em comum: são as pessoas das comunidades que decidem o que fazer e a melhor data para cada realização. Cabe à Epagri e às instituições parceiras dar o apoio logístico, fazer a divulgação e colaborar na realização das festas que, em 2012, foram sete: Festa da Galinha Caipira, na Linha Fátima; Festa do Leitão, na Baia Baixa; Festa do Vinho Colonial e Jantar Italiano, em São Valentim; Festa do Pinhão, em Santa Terezinha; Festa da Mandioca, no Assentamento 25 de Maio; Festa da Ovelha, na Linha Alegre II; e Festa das Massas, realizada na Granja Berté. A Epagri também é responsável pelos cursos de boas práticas de manipulação de alimentos, preparo de pratos à base de mandioca, pinhão, ovelha, frango, suíno e massas. Além de melhorar a autoestima das famílias rurais, as festas trouxeram inúmeros benefícios para os moradores, como a valorização da agricultura familiar, o embelezamento das comunidades, o resgate da gastronomia e da cultura rural, o fortalecimento dos grupos de mulheres e o envolvimento dos jovens. A divulgação é feita de modo simples e não conta com os recursos sofisticados utilizados nos grandes eventos. Bons motivos para comemorar onde os eventos eram realizados. “Então decidimos fazer a Festa das Massas, que já vai para a segunda edição”, conta o casal. Desde os primeiros eventos coordenados pela Epagri em Ponte Serrada, em 2004, já se passaram nove anos. Com o tempo, as comunidades e as pessoas acumulam histórias para contar. O desenvolvimento sustentável é um dos temas mais difundidos hoje em dia, mas nem sempre as pessoas conseguem aplicá-lo. Em Ponte Serrada, para o projeto se tornar sustentável, a equipe da Epagri não mediu esforços e buscou seguir ao pé da letra os elementos em que se baseia o conceito de sustentabilidade. Assim, os resultados podem ser vistos de acordo com efeitos alcançados em cada área. Josiane Saretto, moradora da comunidade de São Valentim, ainda era menina quando a Festa do Vinho Colonial começou a ser realizada. “Hoje sou casada e participo ativamente junto com meu marido da organização da festa”, diz, orgulhosa. Nas primeiras festas organizadas pelos moradores, poucos acreditavam no sucesso desse tipo de evento. Na Granja Berté, onde mora o casal Jefson e Sidiane Berté, não havia nenhuma festa, até os moradores perceberem uma grande diferença no relacionamento entre as pessoas nas comunidades Na área econômica, ampliaram-se e reformaramse todos os centros comunitários; foram adquiridos equipamentos e utensílios para melhorar o preparo da alimentação e o atendimento ao público; na área social, fortaleceram-se as comunidades, as festas tornaram-se um objetivo comum das famílias, resgataram-se valores culturais e a gastronomia rural; na área ambiental, a oferta de água com qualidade aumentou e os acessos às comunidades também foram melhorados. Tudo isso agregado reavivou o espaço rural e ampliou as relações comunitárias. Com o aumento do fluxo de pessoas que movimentam a economia do município, Ponte Serrada tornou-se referência na região, atraindo visitantes de outras comunidades e também dos municípios vizinhos. Alencar e Josiane marcam presença na Festa do Leitão 31 Produção saudável e sustentável Ação da Epagri impulsiona produção agroecológica de hortaliças A produção de hortaliças em Santa Catarina é favorecida pela diversidade de clima, solos, topografia. A atividade também é beneficiada pela estrutura fundiária da pequena propriedade familiar que predomina no Estado. Na Epagri, esses elementos são trabalhados pelo Programa de Olericultura de forma integrada e funcionam como recursos importantes nas estratégias desenvolvidas para atender à crescente demanda por produtos saudáveis. regiões do Estado, é notável o percentual de agricultores que decidiram apostar na agroecologia, mesmo que a princípio essa opção não pareça tão lucrativa. Santa Rosa de Lima é um exemplo que merece destaque. Em março de 2011, um grupo de agricultores do município procurou os profissionais da Epagri com o objetivo de estruturar a atividade. Eles pretendiam ampliar a produção e a produtividade, reduzir as perdas decorrentes de intempéries e melhorar a qualidade dos produtos. Ao mesmo tempo que promovem a competitividade sustentável da atividade visando à produção e à oferta de produtos de qualidade, as técnicas agroecológicas são consideradas essenciais para a melhoria da qualidade de vida de agricultores e consumidores. Em diversas Foram elaborados projetos alternativos para melhorar os sistemas de produção, a ambiência do local de trabalho e aumentar a produção. A olericultura orgânica, aliada 32 a investimentos em infraestrutura de irrigação e à construção de abrigos, foi aprovada pelos agricultores. Além de já estarem familiarizados com as técnicas pelo cultivo de hortas domésticas, os agricultores demonstraram grande satisfação em produzir alimentos de forma ambientalmente equilibrada e socialmente justa. Os extensionistas da Epagri recebem com satisfação e apoiam prioritariamente esse tipo de iniciativa. Para eles, além de preservar os recursos naturais, os métodos agroecológicos são eficazes do ponto de vista econômico. O próximo passo, segundo os técnicos, é consolidar práticas sustentáveis na olericultura. Acesso a novos mercados “valeu a pena”. Após três anos plantando hortaliças, seu Dauri não tem motivos para se arrepender: “Hoje eu e minha família estamos colhendo os frutos da decisão”. Em Santa Rosa de Lima, um grupo composto por dez agricultores procurou a Epagri para melhorar o sistema orgânico de produção de olerícolas. O objetivo do grupo era ampliar a produção e a produtividade a fim de oferecer produtos com mais qualidade ao consumidor. Além de saúde, o cultivo de hortaliças levou fartura às propriedades dos agricultores. Alface, almeirão, rúcula, repolho, brócolis, couve-flor, tomate, pimentão, pepino, abóbora, morango, cebolinha e salsa são as principais hortaliças produzidas. Como resultado da iniciativa, merecem destaque a implantação de dez sistemas de irrigação suplementar, a certificação orgânica de oito propriedades e o aumento em 50% da produção. Com base no Programa de Olericultura, os técnicos da Epagri identificaram aí uma oportunidade de orientar os agricultores familiares a pôr em prática técnicas que permitissem substituir o cultivo de tabaco e a exploração irregular de carvão vegetal. O primeiro passo foi melhorar o manejo orgânico e ampliar a produção, a produtividade e o acesso a novos mercados. A instalação de abrigos e a implantação de sistemas de irrigação também permitiram o cultivo de hortaliças em períodos de entressafra. O uso dessas tecnologias na produção orgânica promoveu a saúde das plantas, reduzindo as perdas por estresses bióticos e abióticos, o que melhorou sensivelmente a qualidade e o rendimento dos produtos. Dauri Floriano, 39 anos, casado e pai de três filhos, é um dos agricultores que contaram com o apoio da Epagri para estruturar a propriedade para a produção agroecológica de hortaliças. Segundo o produtor, A produção anual atualmente atinge 320 toneladas e a maior parte é comercializada diretamente nas feiras da região. A participação da CooperAgreco é fundamental para a viabilização da logística de produção e comercialização, embora a execução do projeto seja feita diretamente pelos beneficiários. Além de fornecer alimentos orgânicos de qualidade para entidades que atuam em diferentes mercados consumidores, a ação assegura a participação coletiva na produção e comercialização de alimentos orgânicos, atendendo mercados regionais, programas de aquisição de alimentos e o restaurante universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Dauri está colhendo os frutos das tecnologias instaladas na propriedade 33 Gestão consciente da água Ações da Epagri no Oeste minimizam escassez e fortalecem espírito comunitário O Extremo Oeste de Santa Catarina é conhecido pelas estiagens e pela ausência de informações e de recursos considerados essenciais para o seu desenvolvimento. Esse problema gera dificuldades de todos os tipos para a população e acaba comprometendo o futuro de quem vive na região. do Rio das Flores, iniciada em 2008, foi a fórmula adotada para fazer isso na prática. A iniciativa proporcionou inúmeros benefícios para as comunidades, e as ações incluem a implantação de duas unidades de referência educativa, o mapeamento das áreas da microbacia, o monitoramento dos cursos d’água, a recomposição das matas ciliares, a avaliação da qualidade da água e do solo, orientações para o uso do carneiro hidráulico, a construção de lixeiras, entre outras. Entre as ações executadas pelos órgãos públicos, a educação ambiental pode contribuir para mitigar problemas como esse. A incorporação da educação ambiental como disciplina nos currículos das escolas da região, estimulada pela Epagri, é um passo importante para a preservação dos recursos hídricos. A revitalização Com sua nascente no município de Dionísio Cerqueira, o Rio das Flores abrange dez municípios. As comunidades 34 que habitam suas margens, compostas basicamente de agricultores, estão colhendo os frutos do trabalho que envolve estudantes, professores, lideranças e técnicos da Epagri. As orientações e os métodos dos extensionistas rurais são aplicados com sucesso e contam com a participação de lideranças, professores, pais e alunos. Cabe aos moradores recuperar a mata ciliar, retirar o lixo e construir cisternas e proteções de fontes para garantir água de boa qualidade. Além de conscientizar moradores urbanos e rurais sobre a importância dos cuidados com a água, o trabalho mobiliza as pessoas e fortalece os laços entre as comunidades. Com o apoio das pessoas, não foi difícil para os técnicos da Epagri fazer a ideia ganhar força e se espalhar pelos afluentes que formam a bacia hidrográfica. Segundo os técnicos da Epagri envolvidos no projeto, todas as melhorias estão ajudando a minimizar os efeitos da seca e seriam impraticáveis sem o trabalho de educação ambiental implantado pelas escolas da região em parceria com a Empresa. Entusiasmo se multiplica Conhecer o trabalho feito em outras regiões é uma forma de estimular novas iniciativas. Na Linha Pessegueiro, município de Guarujá do Sul, residem 128 famílias, a maioria de agricultores familiares. Depois de duas viagens à bacia do Rio Paraná e região de Foz do Iguaçu, os agricultores da comunidade retornaram entusiasmados. “Você vai lá, vê o resultado e sabe que aquilo pode ser feito”, conta Irton Eberhardt, agricultor que vive na Linha Pessegueiro com a mulher e duas filhas. da qualidade da água. Embora os investimentos sejam modestos, os primeiros resultados já estão surgindo: a boa qualidade da água melhorou a produção de leite e de hortaliças, e também há maior disponibilidade de água para a produção de frutíferas e de outras culturas. Segundo seu Irton, em sua propriedade “os animais não entram mais no córrego e a água já vem bem mais limpa”. Para o agricultor, se todos fizerem o isolamento de sangas, nascentes e rios, em breve os moradores poderão usar a água do riacho para beber. Com o apoio do Escritório Municipal da Epagri, os moradores da Linha Pessegueiro fizeram a programação e iniciaram os trabalhos para a melhoria Com o sucesso do trabalho realizado pelas escolas, as parcerias também se multiplicaram. As ações contam com o apoio de prefeituras municipais, secretarias municipais de educação, cooperativas, Sicoob, Fatma, Polícia Ambiental, Ministério Público e Secretaria de Desenvolvimento Regional de Dionísio Cerqueira. Até agora foram investidos pouco mais de R$ 60 mil no projeto. Além de viagens educativas, seminários e eventos, o prêmio Escola Ecologia foi outra iniciativa importante para sensibilizar as pessoas e reverter a situação em que se encontrava o Rio das Flores. Com o estímulo da Epagri e a participação de professores e alunos, três escolas da região já foram agraciadas com o prêmio. O entusiasmo dos jovens e a mobilização dos moradores das comunidades são sinais de uma nova consciência que desponta na região. Água de qualidade é o que não falta na propriedade de Seu Irton 35 Valorização das pessoas A Epagri tem várias formas de reconhecer o talento e o comprometimento dos colaboradores Avaliação de desempenho: mérito reconhecido Em 2012 foram incorporadas ao programa de Avaliação de Desempenho Funcional sugestões recebidas de empregados e dirigentes. Além de aperfeiçoar o processo, a proposta é estimular o bom desempenho e o comprometimento dos colaboradores com os objetivos institucionais. O programa segue conforme o Plano de Cargos e Salários (PCS) da Epagri, que prevê a promoção horizontal por merecimento. Nesse ano, foi reconhecido o mérito de 570 empregados, ou seja, 25% do quadro funcional. Educação continuada e qualificação profissional A atualização de conhecimentos do quadro funcional em áreas estratégicas para a agricultura e a pesca no Estado é um foco permanente na Epagri. A capacitação profissional é pré-requisito essencial para a execução dos trabalhos em todas as áreas da Empresa. Em 2012, o Programa de Capacitação Contínua viabilizou, com recursos que tiveram como fonte principal convênios e projetos elaborados em parceria com várias instituições, 511 participações em eventos, sendo 491 em eventos no País e 20 no exterior. Os cursos na modalidade de educação a distância (EaD) totalizaram 56 participações e sua aplicação na Epagri é imediata. O número de empregados integrantes do Programa de Pós-Graduação chegou a 55 em 2012. Ao longo do ano, 14 empregados concluíram seus cursos e 41 empregados estavam vinculados ao programa em dezembro. Atualmente, o número total de pósgraduados é de 513, distribuídos em especialistas (210), mestres (199) e doutores (104), e supera o de empregados enquadrados como bacharéis (300). 36 Segurança e saúde no trabalho A prevenção de acidentes e de doenças relacionadas ao trabalho é uma rotina na Epagri. Palestras, treinamentos e inspeções nos locais de trabalho são realizados periodicamente para conscientizar os empregados de formas seguras de executar suas atividades, utilizando equipamentos de proteção individual em funções que apresentam riscos ocupacionais. No ano de 2012 foram fornecidos equipamentos de proteção individual aos empregados que totalizaram aproximadamente R$110 mil. O acompanhamento das condições de saúde ocupacional é realizado por meio de exames clínicos admissionais, periódicos, de retorno ao trabalho, demissionais e exames complementares de acetilcolinesterase, raios-X de tórax, hemograma e audiometria. Em 2012 foram investidos R$374.695,17 em saúde ocupacional. Serviço social: orientação para quem precisa O Serviço Social da Epagri é executado por três assistentes sociais lotadas em Chapecó, Lages e Florianópolis. Empregados em situação de vulnerabilidade ou de risco à saúde necessitam de cuidado e orientação. As ações abrangem questões relacionadas a saúde, mediação de relações profissionais, identificação, orientação e encaminhamento de casos de dependência química e de doenças e agravos ocupacionais, bem como a motivação para o trabalho e a redução de faltas associadas a doenças. Em 2012 foram realizados 1.774 atendimentos a empregados, 176 atendimentos médico-hospitalares e 27 eventos relacionados à promoção da saúde, que totalizaram 1.221 participantes. Jovem aprendiz: um bom começo O primeiro passo para ingressar no mercado de trabalho nem sempre é fácil. Muitas vezes é preciso uma força. Hoje jovens catarinenses de todas as regiões do Estado sabem que podem contar com a Epagri. Em 2012 a Empresa contratou 51 jovens aprendizes, abriu espaço para 37 estudantes realizarem estágio curricular obrigatório e 9 para atuarem como bolsitas. 37 Plano de saúde da Epagri A assistência à saúde é extensiva aos familiares e proporciona aos associados e dependentes inscritos atendimento médico, hospitais, clínicas médicas especializadas, clínicas odontológicas ou odontólogos, fisioterapia, laboratórios, serviços de diagnóstico por imagem etc. Em 2012 a Casacaresc, responsável pela administração do plano, registrou 24.005 consultas médicas, 25.021 exames, 1.851 procedimentos odontológicos, 654 exames de ressonância magnética, 490 tomografias computadorizadas, 8.877 sessões de fisioterapia e 1.626 internações aos funcionários da Epagri e seus dependentes. Plano de previdência complementar Além da cobertura de imprevistos (doença, morte ou invalidez), o plano oferece condições mais vantajosas quando comparadas aos planos individuais vendidos por bancos e seguradoras. Entre os 2.161 empregados atualmente ativos na Epagri, 1.533 já optaram pela participação, ou seja, mais de 70%. Quem pensa no futuro sabe que vale a pena. 38 Retorno social Os resultados do trabalho da Epagri se refletem de várias formas no meio rural e pesqueiro: ganho de produtividade, redução de custos, agregação de valor ou expansão da produção em novas áreas são algumas mudanças que as famílias sentem no dia a dia em suas propriedades. Confira os impactos sociais, ambientais e econômicos desse esforço e conheça melhor algumas das tecnologias que têm transformado a vida de quem trabalha no campo e no mar. 39 Impacto Ganho de produtividade Tecnologias geradas e difundidas que contribuem para aumentar a produtividade da agropecuária de Santa Catarina. Os impactos sociais e ambientais são medidos na escala “+” quando positivo e na escala “-” quando negativo, sendo “n” = neutro. 40 Grãos e pastagens se alternam para gerar lucro No Sistema de Integração Lavoura-Pecuária, as áreas de cultivo produzem pasto no inverno e elevam a produção leiteira N Desde 2005, a adoção do SILP vem provocando aumento acentuado na produção de leite catarinense. Em 2012, os produtores que praticaram o sistema elevaram a renda anual em cerca de R$500 por hectare. Em todo o Estado, a soma ultrapassou R$150 milhões, dos quais aproximadamente R$46 milhões podem ser creditados ao trabalho realizado pela Epagri. o verão, as lavouras, especialmente de grãos como milho, feijão e soja, forram o chão e tomam conta da paisagem. No inverno, na mesma área, brotam pastagens que alimentam o gado leiteiro. Em Santa Catarina, o Sistema de Integração Lavoura-Pecuária (SILP) permite às famílias rurais, principalmente as que vivem em pequenas propriedades, baratear o custo do leite e melhorar a produção nos meses mais frios do ano, quando as forrageiras perenes reduzem o ritmo de crescimento. O sistema contribuiu para aumentar o número de estabelecimentos agrícolas na atividade leiteira e elevar a renda nas propriedades. Indiretamente, esse aumento da produção viabilizou a instalação de agroindústrias nas regiões com maior produção, gerando empregos e movimentando a economia dos municípios. As indústrias e o mercado passaram a ser abastecidos com mais regularidade e, no final da cadeia produtiva, o consumidor saiu ganhando com mais oferta e menor preço. Antes de adotarem esse sistema, para manter a produção no outono e no inverno, os agricultores alimentavam os animais com silagem, milho em espiga e insumos que precisavam ser comprados, o que aumentava muito o custo de produção do leite. Mas com a semeadura de pastagens nas áreas de lavoura, a deficiência de alimento deixou de ser um obstáculo para aumentar o número de animais e ainda melhorou a alimentação nesse período. O SILP elevou a produtividade por animal e o volume total de leite, reduzindo a sazonalidade da produção nas propriedades. Essa estratégia também é importante porque há poucas alternativas de cultivos agrícolas economicamente viáveis para o inverno. Em Santa Catarina, a área plantada com as principais culturas de verão foi de aproximadamente 1,1 milhão de hectares em 2011/12, enquanto o trigo, principal cultura de inverno, ocupou cerca de 76 mil hectares. Ao mesmo tempo, existem pastagens anuais de inverno adaptadas às condições edafoclimáticas do sul do Brasil, como a aveia-preta, a aveia-branca, o centeio, o azevém e as ervilhacas. Elas fornecem alimento aos animais exatamente no período em que a forragem é escassa nos campos naturais e naturalizados e nas pastagens perenes melhoradas de verão. Em 2012, os produtores que praticaram o sistema elevaram a renda anual em R$500 por hectare 41 Impacto Redução de custos Tecnologias geradas e difundidas que melhoram a competitividade da agropecuária de Santa Catarina devido à redução nos custos de produção. Os impactos sociais e ambientais são medidos na escala “+” quando positivo e na escala “-” quando negativo, sendo “n” = neutro. 42 Alimentos mais baratos com produção sustentável Plantio direto de hortaliças põe na mesa alimentos de qualidade com menor custo e ainda protege a natureza B e 60% do uso de adubos químicos. Estima-se que os impactos diretos e indiretos do SPDH tenham atingido pelo menos 30% da área cultivada com tomate no Estado, reduzindo o custo de produção de R$12 para R$8 por caixa. uscar uma forma de transição da agricultura convencional para um sistema sustentável que produza alimentos limpos, diminua os impactos ambientais e o custo de produção. Esse desafio foi a semente do Sistema de Plantio Direto de Hortaliças (SPDH) em Santa Catarina. As pesquisas da Epagri na área iniciaram em 1998 e, em 2001, as primeiras lavouras de estudos foram implantadas com a participação de agricultores familiares. No cultivo da cebola houve diminuição em mais de 70% do trabalho com trator, 60% do uso de adubo químico e mais de 40% de fungicidas. Além disso, o tempo de armazenagem do bulbo aumentou em cerca de 60 dias. De acordo com estimativas da Epagri, os impactos desse sistema atingem mais de 25% da área cultivada com cebola no Estado, fazendo o custo do quilo cair de R$0,39 para R$0,24. O SPDH é baseado em fundamentos como rotação de culturas, revolvimento do solo restrito à linha de plantio, manutenção de resíduos vegetais no solo, mecanização adequada às condições da propriedade familiar, redução até a eliminação do uso de agrotóxicos e adubos altamente solúveis, manejo das plantas espontâneas em consórcio com as hortaliças e promoção da saúde da planta. O sistema também tem como premissa a organização dos pequenos agricultores e a valorização da qualidade de vida de produtores e consumidores. Outra hortaliça cujos resultados surpreendem os agricultores com a adoção do SPDH é o chuchu. Em 2012, o incremento da produtividade resultou num ganho de R$24,62 mil para cada hectare plantado. Em todo o Estado, o benefício econômico foi de R$1,55 milhão. As tecnologias são geradas e adaptadas nas unidades da Epagri e em lavouras de estudos instaladas nas propriedades, onde técnicos e agricultores trabalham juntos. Esse conhecimento gerado em parceria vem sendo disseminado em Santa Catarina há 16 anos por meio de cursos, dias de campo, palestras e visitas a técnicos e agricultores. O resultado do trabalho mostra que é possível produzir alimentos de forma mais barata e com menos insumos químicos, protegendo a natureza e cuidando da saúde dos agricultores e consumidores. Apenas em 2012 o SPDH proporcionou uma economia de R$7,28 milhões para os produtores rurais catarinenses nos cultivos de tomate, cebola, chuchu e mandioquinha-salsa. Na cadeia produtiva do tomate, por exemplo, o sistema ajudou a reduzir em 70% o uso do trator, 60% do uso de fungicida, 100% do uso de herbicida O SPDH gerou economia de R$7,28 milhões para os produtores catarinenses em 2012 43 Impacto Agregação de valor ou expansão da produção em novas áreas Tecnologias geradas e difundidas que permitem introduzir atividades produtivas em novas áreas ou em áreas antes impróprias ou que agregam valores a produtos ou sistemas de produção tradicionais, melhorando a renda dos produtores. Os impactos sociais e ambientais são medidos na escala “+” quando positivo e na escala “-” quando negativo, sendo “n” = neutro. 44 Demonstrativo do Balanço Social 45 O O método utilizado para os cálculos Balanço Social da Epagri representa a prestação de contas dos recursos que os catarinenses investem em pesquisa agropecuária e extensão rural. Nele é demonstrado o Retorno Social das tecnologias geradas e difundidas pela empresa junto aos agricultores e maricultores catarinenses. Para o cálculo desse retorno, utilizou-se uma metodologia desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)1 para avaliar impactos econômicos da introdução de tecnologias de produção agropecuária junto ao setor produtivo. O cálculo dos impactos econômicos U ma amostra de 43 tecnologias, entre o estoque de tecnologias geradas pela Empresa e transferidas aos produtores, foi usada como base de cálculo. Também foram selecionadas para avaliação quatro ações de assistência técnica e extensão rural e pesqueira (ATER), desenvolvidas nos últimos anos. Os impactos econômicos foram estimados com base nos benefícios apropriados pelos adotantes das tecnologias no ano de 2012. Esses benefícios econômicos são calculados pelo método do “Excedente Econômico”, desenvolvido A tabela da página anterior (43) foi elaborada tomando por base a metodologia proposta pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase) para a construção de balanços sociais de empresas. A receita operacional apresentada nessa tabela é composta pelas receitas com vendas de produtos e serviços gerados, deduzidos os impostos, e pelos repasses do Tesouro do Estado de Santa Catarina e da União, por intermédio dos convênios e contratos realizados com ministérios e órgãos federais. Os indicadores sociais internos mostram os recursos financeiros investidos com alimentação, encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde, segurança e saúde do trabalho, auxílio-creche, capacitação e desenvolvimento profissional do quadro funcional. pela Embrapa1 para avaliar os retornos dos investimentos realizados em pesquisa agropecuária. A metodologia permite estimar a renda adicional decorrente dos ganhos de produtividade, da redução de custos, da agregação de valor ou da expansão da produção em novas áreas e da incorporação de áreas anteriormente consideradas impróprias (pela carência de tecnologias ajustadas), a partir da adoção de uma nova tecnologia em substituição àquela em uso. A avaliação é feita pela comparação das duas situações: a situação anterior (sem a adoção da tecnologia) com a situação atual (com a tecnologia incorporada ao sistema de produção da agroindústria ou do produtor rural). Esses investimentos somaram 86,1 milhões de reais em 2012 e representaram 34% da receita líquida. Os tributos pagos em 2012, excluídos os encargos sociais, somaram 2,1 milhões de reais. Os benefícios atribuídos à Epagri, proporcionados pelas tecnologias e pelas ações de ATER aqui analisadas, deduzem os impactos ocorridos em outros estados da federação e a participação de outros parceiros, quando a pesquisa ou a transferência é compartilhada com outras instituições. Os dados foram estimados por meio O de levantamentos de campo, contatos com técnicos da O retorno social extensão rural (da empresa e de outras instituições) e pesquisadores que desenvolveram as tecnologias. impacto econômico global em 2012 das tecnologias avaliadas, desenvolvidas ou transferidas pela Epagri à sociedade catarinense e brasileira, alcançou a cifra de R$2.129.889.033,79. A parcela desse impacto atribuída à Epagri foi estimada em R$813.651.788,92, representando o retorno social da Empresa em 2012. 46 Avaliação dos impactos sociais e ambientais Cálculo de famílias e assistências realizadas O O número de famílias e entidades atendidas pelo trabalho da Epagri em 2012 (123.042 e 3.001 respectivamente) considera as assistências a unidades familiares e entidades, sem repetição dos registros, independentemente do tipo e do número de assistências realizadas. s impactos sociais e ambientais das tecnologias desenvolvidas pela pesquisa e das ações de ATER consideradas foram avaliados pelos técnicos da extensão rural e pelos pesquisadores, considerando uma escala de avaliação composta por nove níveis de impactos globais: • altamente negativo (- - - -); • bastante negativo (- - -); • moderadamente negativo (- -); • ligeiramente negativo (-); • neutro (n); • ligeiramente positivo (+); • moderadamente positivo (+ +); • bastante positivo (+ + +); e • altamente positivo (+ + + +). Na avaliação dos impactos sociais foram considerados os efeitos da tecnologia/ação sobre a geração de renda e de empregos, a inclusão social, as condições de trabalho, bem como a amplitude de adoção e a sua adequação aos pequenos produtores. Esses impactos podem ser positivos ou negativos, com diferentes intensidades. Para os impactos ambientais foi avaliada cada uma das tecnologias/ações quanto ao efeito de sua adoção, em substituição à situação anterior, no uso de agroquímicos, no consumo de energia fóssil e de outros insumos externos, nos processos internos de reciclagem, na poluição de solos e mananciais hídricos, no uso, na conservação e na melhoria do solo e da água, na manutenção da biodiversidade etc. Esses impactos também podem ser positivos ou negativos, com diferentes intensidades. 47 Sede Administrativa Gerências Regionais Chefe de Gabinete Laercio Torres Gerência de Pesquisa e Inovação Guilherme Rupp Gerência de Extensão Rural e Pesqueira José Cezar Pereira Gerência de Gestão de Pessoal Amélia Durieux Lopes Gerência de Marketing e Comunicação Décio Alfredo Rockenbach Gerência de Informação Renato Deggau Gerência Operacional Antonio Cesar Martins Gerência Financeira Jonas Pereira do Espírito Santo Gerência Regional de Araranguá Clodis Odacyr R. de Brito Gerência Regional de Blumenau Sérgio Flohr Gerência Regional de Caçador Valderis Rosset Gerência Regional de Campos Novos Claudemir Durli Gerência Regional de Canoinhas Donato João Noernberg Gerência Regional de Chapecó Valdir Crestani Gerência Regional de Concórdia Luiz Carlos Bergamo Gerência Regional de Criciúma Realdino José Busarello Gerência Regional de Curitibanos Gilmar C. Michelon Dallamaria Gerência Regional de Florianópolis José Orlando Borguezan Gerência Regional de Itajaí Jorge Luiz Malburg Gerência Regional de Joaçaba Luiz Carlos Coelho Gerência Regional de Joinville Onévio Antônio Zabot Gerência Regional de Lages Nelson Beretta Gerência Regional de Mafra Luiz Fernando G. de Souza Gerência Regional de Palmitos Mircon Fruhauf Gerência Regional de Rio do Sul Nivaldo José Nicoladelli Gerência Regional de São Joaquim Názaro Vieira Lima Gerência Regional de São Lourenço do Oeste Paulo Sérgio Scremim Gerência Regional de São Miguel do Oeste João Carlos Biasibetti Gerência Regional de Tubarão Luiz Marcos Bora Gerência Regional de Videira Jonatan Galio Gerência Regional de Xanxerê Tovar Raul Werlang Centros de Pesquisa Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap) Fabiano Muller Silva Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar (Cepaf) Nelson Cortina Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) Ilmar Borchardt Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia (Ciram) Edson Silva Estações Experimentais Estação Experimental de Caçador Gabriel Berenhauser Leite Estação Experimental de Campos Novos Sergio Roberto Zoldan Estação Experimental de Canoinhas Gilson José Marcinichen Gallotti Estação Experimental de Itajaí José Alberto Noldin Estação Experimental de Ituporanga Edison Xavier de Almeida Estação Experimental de Lages Vilmar Francisco Zardo Estação Experimental de São Joaquim Gilberto Nava Estação Experimental de Urussanga Fernando Damian Preve Filho Estação Experimental de Videira Jean Pierre Rosier *Dirigentes no período de janeiro a dezembro de 2012. 48 Equipe de produção Irceu Agostini – Estação Experimental de Itajaí (EEI) Jamil Abdalla Fayad – Gerência Regional de Florianópolis Jonas Pereira do Espírito Santo – Gerência Estadual de Finanças (GEF) José Alfredo da Fonseca – EECan Matias Guilherme Boll – Centro de Informações de Recursos Ambientais e de Hidrometeorologia de Santa Catarina (Ciram) Milton da Veiga – Estação Experimental de Campos Novos (EECN) Murilo Della Costa – Estação Experimental de Lages (EEL) Nelson Cortina – Centro de Pesquisa para a Agricultura Familiar (Cepaf) Robson Ventura de Souza – Cedap Sandro da Silva dos Santos – Gerência de Gestão de Pessoas (GGP) Sérgio Dias Lannes – Estação Experimental de Ituporanga (EEItu) Vamilson Prudêncio da Silva Júnior – Gerência de Pesquisa e Inovação (GPI) Coordenação geral Luiz Toresan – Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (CEPA) Redação Cinthia Andruchak Freitas – Gerência de Marketing e Comunicação (GMC) Laertes Rebelo – Gerência de Marketing e Comunicação (GMC) Revisão João Batista Leonel Ghizoni – Gerência de Marketing e Comunicação (GMC) Editoração Vilton Jorge de Souza – Gerência de Marketing e Comunicação (GMC) Fotos Aires Carmem Mariga – Gerência de Marketing e Comunicação (GMC) Nilson Otávio Teixeira – Gerência de Marketing e Comunicação (GMC) Arquivo das unidades da Epagri Agradecimentos Diretoria Executiva Gerências estaduais Gerências regionais Estações experimentais Centros especializados Coordenadores de programa Pesquisadores Extensionistas Participação Anderson Luiz Feltrim – Estação Experimental de Caçador (EECD) Edilene Steinwandter – Gerência de Extensão Rural e Pesqueira (GERP) Fernando Damian Preve Filho – Estação Experimental de Urussanga (EEU) Fernando Soares Silveira – Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap) Francisco Assis de Brito – Estação Experimental de Videira (EEV) Francisco Carlos Heiden – Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) Gilberto Emílio Barella – Gerência Regional de Chapecó Gilberto Nava – Estação Experimental de São Joaquim (EESJ) Gilson José Marcinichen Gallotti – Estação Experimental de Canoinhas (EECan) Henrique Appel (Cedap) Henrry Fernando Diniz Petcov – Gerência Regional de Florianópolis Apoio metodológico Antonio Flavio Dias Ávila – Embrapa Roberto de Camargo Penteado Filho – Embrapa 49 www.epagri.sc.gov.br 50
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