Apresentacao - Introducao a Atividade Espeleologica
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Apresentacao - Introducao a Atividade Espeleologica
IIntrodução t d ã à Atividade Ati id d Espeleológica Curso de Iniciação à Espeleologia – Wind Rui Andrade / abril 2016 Níveis de Formação Federação Portuguesa de Espeleologia •O curso de nível I é um curso de descoberta da espeleologia, normalmente tem a duração de um dia e consiste na sensibilização e informação sobre a prática da espeleologia orientadas para o conhecimento do meio subterrâneo numa perspectiva espeleologia, educativa, incluindo a visita a uma cavidade. O curso de nível II é um curso de iniciação à espeleologia, com uma duração de no •O mínimo 6 dias, que consiste na aprendizagem dos aspectos teóricos e práticos das técnicas de exploração e regras de segurança, complementada pela abordagem dos diversos aspectos científicos da actividade espeleológica. Inclui o treino das técnicas p p g usuais em cavidades de diferentes tipos morfológicos e dificuldades variadas. Habilita o praticante a efectuar progressão autónoma em cavidade e a participar em trabalhos espeleológicos, quando integrado numa equipa. •O curso de nível III é já um curso mais avançado e consiste no aperfeiçoamento dos conhecimentos científicos e técnicos, técnicas básicas de salvamento e organização de actividades espeleológicas. Habilita o praticante a organizar e dirigir explorações e trabalhos espeleológicos. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 O que é a Espeleologia ? spélaion p ((caverna)) + logos g (estudo) ( ) + ia A espeleologia é a disciplina consagrada ao estudo das cavernas, sua génese e evolução, do meio físico que elas representam, do seu povoamento biológico actual ou passado, passado bem como dos meios ou técnicas próprios para o seu estudo (Géze, 1968) Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Espeleologia um estudo multidisciplinar d meio do i subterrâneo bt â Paleontologia Hidrologia Climatologia Geologia ESPELEOLOGIA Antropologia Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Biologia Arqueologia Rui Andrade / janeiro de 2016 Quem é então o espeleólogo? Um cientista? 1. 2. 3. 4. 5. Curioso do mundo subterrâneo Explorador e Aventureiro Desportista Cientista amador Um anfitrião do mundo subterrâneo A questão não será tanto quem é, mas quem poderá vir a ser. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Ética 1 Independentemente do que possa vir a ser, ser todo o Espeleólogo deve reger 1. a sua conduta e comportamento em que se destaca o respeito absoluto pela Equipa e pelo Ambiente. 2. Em 2005 a Federação Portuguesa de Espeleologia aprova em assembleia Espeleológica geral o Código de Ética Espeleológica. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Código de Ética Espeleológica 1 Os espeleólogos devem promover a protecção das grutas e do Ambiente 1. Ambiente. 2. Os espeleólogos devem valorizar a segurança, a confiança e o respeito mútuo. 3. Os espeleólogos devem reconhecer reciprocamente o trabalho uns dos outros. 4. O acesso às grutas deve em regra ser aberto e natural. 5. A progressão nas grutas deve ser feita com o mínimo de intrusão. 6 O h bit t das d grutas t não ã devem d l t d 6. Os habitantes ser molestados. 7. Não se devem danificar concreções e outras formações. 8. Deve minimizar-se a alteração do clima e da ecologia das grutas. 9. Os resíduos p produzidos nas grutas devem ser removidos. g 10. A criação de inscrições ou objectos nas grutas deve ser evitada. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Lema Internacional das Grutas - Nas grutas nada se tira a não ser fotografias; - Nada se mata a não ser o tempo; - Nada deixa N d se d i a não ã ser pegadas; d - Nada se leva a não ser saudades. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Pré-história 1. A história da espeleologia funde funde-se se com a história da humanidade 2. Glaciações “forçaram” o ser humano a procurar abrigo nas cavernas 3. Ocorrem vestígios humanos em cavernas desde há 450000 anos – homem de Tautavel – Gruta de Aragol, região de Languedoc - Roussillon, França 4. Entre 35000 a.C. a 10000 a.C. um ser humano mais evoluído dedicou os longos Invernos a produzir formas de arte parietal e esculturas 5. Durante este período terão surgido as primeiras crenças e rituais religiosos Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Pré-história – Grutas de Altamira Fonte: http://whc.unesco.org p g •Localiza-se na região da Cantábria, Espanha, e foi descoberta em 1868 •Primeiro conjunto de pinturas e gravuras pré-históricas descobertas até então então. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Pré-história – Grutas de Lascaux Fonte: http://witcombe.sbc.edu/sacredplaces/lascaux.html •Complexo subterrâneo que alberga importante coleção de pinturas do Paleolítico. •Cavidade do Sudoeste francês, região de Dordogne, descoberta no ano de 1940 •Visita Vi it virtual i t l possível í l em http://www.lascaux.culture.fr/index.php#/fr/00.xml htt // l lt f /i d h #/f /00 l Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Pré-história – Grutas de Chauvet bradshawfoundation com Fonte: http://www http://www.bradshawfoundation.com •Contém numerosas pinturas num excelente estado de conservação. •Localiza-se na região de Ardéche e foi descoberta em 1994 •Visita virtual possível em http://www.culture.gouv.fr/fr/arcnat/chauvet/fr/index.html •Excelentemente documentada no doc 3D “A A Caverna dos Sonhos Perdidos” Perdidos Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Pré-história – Gruta do Escoural Fonte: http://montemor-o-novo.blogspot.pt •Primeiros vestígios g de arte rupestre p paleolítica descobertos em Portugal p g e único exemplar de pinturas e gravuras em gruta. •Localiza-se no concelho de Montemor-o-Novo Cavidade descoberta no ano de 1963. 1963 •Cavidade Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Fonte: nargoron.deviantart.com/art Após as glaciações o Homem abandonou as cavernas e durante séculos o mundo subterrâneo subsistiu somente no seu imaginário. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia p g A partir do século XV realizam-se as primeiras incursões em cavernas com o intuito de as estudar e conhecer. conhecer Alguns autores efetuam os primeiros registos e estudos das suas incursões: Barão Johann Weichard Valvasor (1641-93) (1641 93) – nascido em Ljubliana, Eslovénia, Produziu uma obra de 4 volumes, Die Ehre des Herzogthums Crai (1689), cuja publicação empenhou toda a sua fortuna e teve de vender o seu castelo e biblioteca. Morreu pouco tempo depois. Na sua obra pela primeira vez alguém abordava e compreendia a rede todo Considerado subterrânea de grutas e rios como um todo. como o primeiro verdadeiro espeleólogo. (Gunn, 2004) Fonte: http://hr.wikipedia.org/wiki/Johann_Weichard_Valvasor Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Joseph Anton Nagel (1717-1800) – de origem germânica, este matemático esteve ao serviço do imperador Francisco I do império Austro-Húngaro. Austro Húngaro Foi a seu mando que percorreu algumas das principais áreas cársicas do mesmo império, produzindo extensos relatórios das suas incursões. O seu trabalho e as suas explorações foram relevantes na Morávia (Républica Checa) e na Eslovénia. Eslovénia Neste país produziu o primeiro mapa da muito conhecida Postojnska jame, da Vilenica, Socerbska jame, entre outras. Foi o primeiro a realizar trabalho geográficas (Gunn, (Gunn 2004) espeleológico em diferentes áreas geográficas. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Adolf Schmidl (1802-63) – nascido na atual Républica Checa, cedo foi estudar filosofia e direito em Viena. Permanecendo em Viena as suas explorações ocorreram principalmente i i l t na Eslovénia, E l é i Austria A t i e Hungria. H i As A suas explorações propunham-se a efetuar a topografia rigorosa das cavidades visitadas, tendo efetuado, entre outras o levantamento topográfico de cavidades outras, mundialmente conhecidas como a Postojnska jama, Skocjanska jama, Krizna jama. Adolf Schmidl produziu trabalhos de grande qualidade e rigor. rigor Pela primeira vez alguém teve a preocupação de incluir nos seus trabalhos outras observações de relevância científica como seja a presença de fauna, fauna a meteorologia, meteorologia recolha de dados da temperaturas e pressão barométrica, aglutinando diversos ramos do saber em prol do conhecimento das grutas. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Fonte: http://hu.wikipedia.org/wiki /Schmidl_Adolf Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Édouard Alfred Martel (1859 (1859-1938) 1938) Considerado o pai da espeleologia moderna. De nacionalidade francesa e formado em direito, direito as suas expedições percorreram 17 países de onde resultaram cerca de 20 livros e 780 artigos, muitos deles publicados em revistas da especialidade de renome (Gunn, renome. (Gunn 2004) É percursor de técnicas e inovações técnicas, tendo usado pela primeira vez o telefone no interior de uma gruta (Gunn, 2004), a técnica do escarpolette (semelhante a um baloiço onde o explorador era descido) e as escadas de cânhamo e madeira (Hernández, 2004). Em 1895 foi fundador da Sociedade de Espeleologia em Paris, organização que gozou de enorme prestígio no mundo inteiro e que editava a publicação Spelunca, que ainda hoje é publicada sob a égide g da Federação ç Francesa de Espeleologia. p g Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Fonte: http://speleovision.com/pre sse photos.html sse_photos.html Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Norbert Casteret Fonte: http://g.casteret.pagesperso-orange.fr/ http://g casteret pagesperso orange fr/ Robert de Joly Fonte: http://www.orgnac.com/site_uk/historique.htm Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia 1 Na segunda metade do século XX as técnicas de progressão evoluíram de 1. modo notável desenvolvendo-se as técnicas de progressão em corda. 2 Dotou os espeleólogos de uma enorme 2. consideravelmente os níveis de segurança. autonomia e elevou 3 Marcou o início do assalto aos grandes abismos que hoje já ultrapassam 3. os 2000 metros de profundidade Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Hi tó i da História d Espeleologia E l l i A utilização das cavidades portuguesas data de há vários milhares de anos caso da gruta do Escoural e do Almonda. Os primeiros O i i registos i t d actividade da ti id d espeleológica l ló i surgem da d mão ã do d Padre P d Manuel Dias descreveu a exsurgência dos Olhos de Água em 1758. Nos finais do século XIX produzem-se produzem se vários trabalhos sobre grutas nacionais, nacionais como os de Nery Delgado (1867, 1880, 1884, e 1889), Estácio da Veiga (1886), F. P. Oliveira (1889), C. Serrão (1891), J. L. Vasconcelos (1895, 1896), M. Apolinário (1897) e de J. J J. J Nunes (1897). (1897) No princípio deste século renovaram-se as visitas de cientistas estrangeiros (W. Brindley G. Brindley, G Eugenaud e E. E Harlé), Harlé) mas foi apenas nos anos vinte que estudiosos mais distintos nos visitaram, como H. Breuil, R. Jeannel, E. Recovitza e Ernest. Fleury. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Ernest Fleury publicou, em 1923, o livro "Portugal Subterrâneo”. De origem Suíça veio para Portugal a convite de Choffat lecionar as cadeiras de Geologia e Paleontologia no Instituto Superior Técnico. Técnico Vocacionado para o trabalho de campo interessou-se pela morfologia e hidrologia cársica tendo publicado “Portugal Subterrâneo”. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 História da Espeleologia Na década de quarenta foi dado outro passo importante para a espeleologia com o aparecimento dos primeiros espeleólogos, os quais começaram como auxiliares ili e colaboradores l b d d expedições. das di õ Em 1948 é criado o primeiro clube de espeleologia (Sociedade Portuguesa de E Espeleologia). l l i ) Nos anos 60 a espeleologia começa a evoluir fora dos meios universitários e científicos Foi ainda na década de 60 que se formaram vários clubes de científicos. espeleologia e que surgiram os primeiros cursos de formação. Na década de 70 a formação de espeleólogos passou a ter melhor qualidade, qualidade começando espeleólogos portugueses a realizar estágios em França e os clubes a apostar em cursos de formação. Surgem diversas publicações especializadas especializadas. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016 Em 1985 é publicado o livro "Grottes et Algares du Portugal" de C. Thomas; no mesmo ano o seu t b lh juntamente trabalho, j t t com o SAGA - Sociedade S i d d dos d Amigos das Grutas e Algares, na gruta do Almonda tornaram esta cavidade na 1ª do "ranking" nacional contando actualmente nacional, act almente com cerca de 13 Km de desenvolvimento total. Em Julho de 1986 constitui-se constitui se oficialmente a Federação Portuguesa de Espeleologia. Curso de Iniciação à Espeleologia – Geonauta Rui Andrade / janeiro de 2016