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speleo ULE ISSN 00000000-0000 Boletim Eletrônico da União Latino-americana de Espeleologia Ano I - Nº 1 - MARÇO - 2011 UNIÃO LATINOAMERICANA LATINOAMERICANA DE ESPELEOLOGIA: FOCO NA ESPELEOLOGIA LATINA Fundada no dia 10 de outubro de 2010, a União Latino -Americana de Espeleologia ULE tem por objetivo o desenvolvimento e o intercâmbio técnico e científico entre os espeleólogos da América Latina e países amigos. Participaram da Assembleia geral realizada em Mallargüe – Mendoza – Argentina, representantes do Brasil, Paraguai e Argentina, contando com o apoio de espeleólogos e grupos da Colômbia, Uruguai, Costa Rica, México, Guatemala, Bolívia e Venezuela. Já se passaram cinco meses de sua fundação, e hoje somos mais de 350 espeleólogos, divididos em 17 países não somente latinos, mas também países amigos dos cinco continentes e todos podem contar com a nossa força, pois a ULE objetiva encurtar distâncias e promover a globalização da Espeleologia. A ULE teve sua primeira diretoria eleita em Assembleia, assim constituída: Presidente: Emerson Gomes Presidente Pedro (Brasil Brasil); ViceBrasil Vice-presidente: presidente Alfredo Cuevas (Paraguai Paraguai); Paraguai S e c r e ta r i a : M a r ta Br o j a n (Argentina); Tesoureiro: Alexandre Felizardo (Brasil Brasil). Brasil Também foram criadas as seções que darão inicio à organização da ULE e ao desenvolvimento de trabalhos específicos: Seção de Espeleobiologia: Espeleobiologia Eleonora Trajano; Seção de Espeleo vertical e Resgate: Resgate Emerson Gomes Pedro, Pablo Grosso, Alfredo Cuevas, Juan Anibal Gonzales, Renato Toloza, Marco Antolin; Seção de História: História Alexandre Felizardo; Seção de Educação: Educação Carlos Benedetto. Nosso primeiro Congresso será realizado em 2012 em Mallargüe, em conjunto com o IV CONAE. Até lá as comissões formadas estarão trabalhando no regulamento interno de nossa instituição e na sua consolidação. A ULE surge como uma alternativa para a Espeleologia sul-americana que vem engatinhando a passos curtos e restritos, sem divulgação ou promoção de atividades que Nesta edição: Logopo da ULE - outubro -2010 realmente objetivem o intercâmbio espeleológico. Objetivamos ser uma alternativa onde os espeleólogos possuam livre acesso aos grupos e aos membros da ULE, promovendo atividades conjuntas independentes de suas bandeiras, pois acreditamos na Espeleologia como atividade multidisciplinar e construtora de uma estrada sólida em busca de uma verdadeira interrelação com a natureza. Diretoria da ULE Participe da ULE, se inscreva em nossa lista de discussões: [email protected] pág. pág. pág. pág. EDITORIAL: ULE: FOCO NA ESPELEOLOGIA LATINA 1 CULTURA: LIVRO SOBRE CAVERNAS, ESPELEOFILATELIA, OUTROS 8 A MONTANHA ŠMARNA (ŠMARNA GORA) 2 AGENDA: UIS - 16º CONGRESSO INTERNACIONAL DE ESPELEOLOGIA - 2013 8 ESPELEOBIOLOGIA: A INTEGRAÇÃO NA AMÉRICA LATINA 3 EDUCAÇÃO: AMBIENTAL E FORMAÇÃO ESPELEOLÓGICA HISTÓRIA: ESPELEOLOGIA BRASILEIRA - PARTE I 4 ESPELEOFIILATELIA: CELEBRIDADES E PESSOAS LIGADAS A CAVERNAS 12 SUA FOTO: CUEVA DE SAN AGUSTÍN - ARGENTINA 13 REGULAMENTO PARA CAMPEONATOS DE ESPELEOLOGIA ESPORTIVA 5-7 9 a 11 Neste primeiro boletim ULEspeleo ULEspeleo apresentamos um projeto abrangente para a Espeleologia na América Latina e países amigos, com vistas ao desenvolvimento e a difusão de conhecimento. É o primeiro passo para a troca de experiências e de práticas espeleológicas entre entre países que tem características semelhantes em vários aspectos, com um objetivo comum 1de disseminar a Espeleologia. Venha trabalhar conosco! Página 2 ULEspeleo A MONTANHA ŠMARNA ( Š MARNA GORA ) Muito tempo atrás um gigante vivia nas terras em torno da Šmarna gora. Seu nome era Hrust. Todos os fazendeiros da região sentiam medo do grande e perverso gigante que costumava roubar o gado e destruir os campos arados. Ele vivia numa caverna e um grande e perigoso cachorro era seu único amigo. Um garoto de dezesseis anos, Kajžerjev Janez, filho de uma pobre viúva, decidiu matá-lo. Pegou uma grande vara e um saco com um coelho dentro e certo dia cruzou o rio Sava bem cedo. Quando chegou à caverna, o cachorro do gigante acordou e partiu em direção ao garoto que rapidamente abriu a sacola. Neste momento o coelho saltou para fora e fugiu. O cachorro foi então atrás do coelho e Janez livrou-se do cão de guarda. A partir daí o gigante acordou, saiu da caverna e espirrou tão forte que atirou o garoto por cima do rio até a multidão que assistia a tudo da outra margem. Quando as pessoas se dispersaram, o nervoso gigante começou a atirar grandes pedras por sobre o rio. Fez isso por um dia inteiro. Ao final do dia resolveu cruzá-lo e ficou feliz em ver a enorme pilha de rochas que havia feito. Nesse momento, teve a certeza de que o jovem rapaz estava enterrado sob elas. Resolveu, então, sentar-se sobre as rochas e acabou escorregando para o interior e nunca mais foi visto. O rapaz escapou e foi para casa como um herói. O lugar onde o gigante teria desaparecido é visto hoje na forma de uma sela ou assento entre Šmarna gora e Grmada. Diário Digital - quinta-feira, 28 de Outubro de 2010 A pequena lenda, traduzida do livro “Slovenian folk tales” é apenas uma das muitas que retratam a relação entre o imaginário eslavo e as cavernas. O livro reúne várias destas, especialmente aquelas que foram passadas de geração para geração na longa história eslovena. Nessa leitura percebe-se que a oralidade popular surge em resposta a eventos históricos, bem como a eventos fantasiosos como o reproduzido aqui. Ainda que alguns trechos pareçam fantásticos, vale a pena dizer que algumas narrativas populares podem ser recheadas de eventos baseados na realidade. No livro mencionado, os eventos históricos narrados e mesclados ao imaginário popular dão conta da chegada dos primeiros eslavos à região, de cavaleiros medievais, das invasões turcas, do tempo de Napoleão, etc. Postal de 1935 mostrando a Šmarna gora e Grmada O material folclórico pode ser identificado em diversas regiões que extrapolam as fronteiras atuais da Eslovênia estando, portanto, disseminado pelo seu território étnico. Embora provenientes de diferentes regiões da Eslovênia, os temas principais que permeiam alguns dos textos apresentam semelhanças em outras nações. Assim, percebe-se que a tradição oral não possui limites geográficos e viaja pelo mundo junto com as pessoas. O livro torna-se interessante por ser um dos poucos que aborda tais assuntos e foi publicado em inglês, facilitando a divulgação dos estudos do imaginário popular e do carste. Através de sua leitura é possível identificar de que maneira os ancestrais “explicavam” a formação das montanhas, fontes cársticas e algumas vilas. Percebemos que elementos das sociedades arcaicas e pagãs regionais foram sendo assimilados pela tradição popular; são identificados como elementos da paisagem como rios, montanhas e florestas, bem como de entidades que habitavam tais espaços. Deuses, deusas, fadas, demônios e outras criaturas se fazem presentes assim como figuras históricas de heróis populares, fazendo com que tais lendas sirvam como uma espécie de “modelo” na eterna luta entre o bem e o mal. Prof. Dr. Luiz Eduardo Panisset Travassos - Programa de Pós-Graduação em Geografia da PUC Minas - Brasil 2 ULEspeleo Página 3 A INTEGRAÇÃO DA ESPELEOBIOLOGIA* ESPELEOBIOLOGIA* NA AMÉRICA LATINA Três séculos se passaram entre o primeiro registro escrito de um organismo cavernícola — um “bizarro” peixe translúcido da China — e o aparecimento na Europa e nos Estados Unidos da Espeleobiologia como disciplina organizada e reconhecida, com problemas e conceitos próprios, mas integrados aos paradigmas evolutivos então vigentes. As primeiras publicações abrangentes sobre comunidades cavernícolas dessas regiões datam da primeira metade do séc. XIX, com destaque aos trabalhos unificadores do norte-americano Packard, defensor do Neolamarquismo, e do romeno E. Racovitza, considerado o “Pai” da Espeleobiologia moderna. O alvorecer do séc. XX foi marcado pelas obras de cunho geral e teórico de Racovitza baseadas nas comunidades cavernícolas da Europa e Estados Unidos. Tal progresso, no entanto, não foi acompanhado de um desenvolvimento similar nas demais regiões do globo. Nessa época a fauna cavernícola tropical era praticamente desconhecida, exceto por algumas referências esparsas a animais observados em cavernas, principalmente as exploradas com fins econômicos (p.ex. extração de salitre e óleo de guácharo) ou para estudos paleontológicos (cavernas de Minas gerais, Brasil, escavadas por P. Lund), além das poucas visitadas brevemente por naturalistas do séc. XIX. modo a usufruirmos totalmente dessa colaboração na área, com reais benefícios à espeleobiologia autóctone, optamos por não aceitar tais propostas enquanto não atingíssemos esse nível. Atualmente, o Brasil conta com uma Espeleobiologia robusta e florescente, com projetos em cooperação onde a participação brasileira é, no mínimo, equivalente do ponto de vista intelectual, à de nossos colaboradores estrangeiros, ainda predominantemente europeus e norte-americanos. O descompasso da Espeleobiologia latino-americana em relação aos países europeus e norte-americanos em grande parte deveu-se — e ainda se deve em vários países — à falta de espeleobiólogos autóctones, dedicados aos problemas específicos da disciplina. Em parte isto está relacionado ao próprio atraso geral no desenvolvimento das Ciências Biológicas e em parte, a tendência colonialista dos europeus e estadunidenses, incentivados pelo deslumbramento dos espeleólogos latino-americanos. Além disso o chamado impedimento taxonômico, i.e., a falta de estudos taxonômicos básicos por carência de especialistas da sistemática dos grupos de interesse, é mais grave em regiões de megadiversidade biológica. A experiência mostra que a cooperação científica entre diferentes grupos, com diferentes experiências e recursos, é extremamente benéfica para todas as partes, sobretudo nos tempos atuais de demandas aceleradas. *Atualmente,otermoEspeleobiologiavemsendopreferidoaBioespeleologia,poisreletemelhorofatodabiologiadecavernas serumaespecialidadedasCiênciasBiológicas,dentrodeseusprincípiosgeraisteóricosemetodologia;defato,Biologia Subterrâneaéaindamaisprevalente,poisincluioestudodehabitatsnãocavernícolas. A situação na América Latina pouco mudou na primeira metade do séc. XX, as poucas informações espeleobiológicas vinham de observações ocasionais, não sistematizadas, de exploradores de cavernas, com coleta esporádica de materiais encaminhados a pesquisadores da fauna epígea. Daí resultaram algumas publicações esparsas, não articuladas, incluindo descrições de novas espécies, troglóbias ou não. A mudança começou de fato a partir da década de 1960, com a vinda de espeleobiólogos estrangeiros, sobretudo europeus, como o suíço P. Strinati, que visitou cavernas no Brasil, Argentina, Uruguai, Chile o Venezuela, sendo que o material coletado foi entregue a especialistas europeus, gerando várias publicações, na grande maioria descrições de espécies troglóbias e troglófilas. Além da vinda de equipes estrangeiras, como a dos belgas Leleup & Leleup ao Equador e Galápagos em 19641965, foram realizadas algumas expedições bioespeleológicas conjuntas, como as expedições cubanoromenas, entre 1969-1973 e a primeira expedição romenovenezuelana em 1982, todas rendendo publicações importantes com grande volume de informações. Seria de se esperar que a partir do contato — levando idealmente à colaboração — a Espeleologia nesses países tivesse se desenvolvido progressivamente, atingindo uma posição de destaque no cenário internacional, mas infelizmente não é o que vemos atualmente. No Brasil a história teve um rumo um pouco diferente, na década de 1970 fomos procurados por espeleobiólogos europeus interessados em vir ao país para realizar estudos com o necessário apoio logístico local. Como àquela época ainda não tínhamos o conhecimento e o preparo adequado a uma interação em termos equilibrados de Um claro exemplo da importância da cooperação internacional é o sucesso do recente programa europeu PASCALIS — Protocols for the Assessment of Conservation of Aquatic Life in the Subsurface — que envolveu vários países e representou um salto significativo no conhecimento da biologia subterrânea europeia. Por outro lado, com poucas e honrosas exceções, os países latino-americanos sempre estiveram isolados entre si, com pouquíssima colaboração mútua, a colaboração científica internacional — quando ocorre — geralmente envolve países da Europa e América do Norte temperada. Isto não é exclusivo da Espeleobiologia, mas faz parte de uma síndrome generalizada na comunidade científica, que tende a supervalorizar o que vem da Europa e, principalmente dos EUA, em detrimento de nossa própria pesquisa, considerada por esses países como de segunda classe, já foi demonstrado que o mesmo trabalho tem menor chance de ser aceito para publicação se os autores tiverem sobrenomes latinos. Falta de oportunidade, de incentivo, preconceito? A cooperação espeleológica entre países latino-americanos é desejável não simplesmente do ponto de vista ideológico — na ciência não cabe a dicotomia entre países desenvolvidos versus “não tão” desenvolvidos — mas, por ser mais lógica tendo em vista a proximidade geográfica, permitindo um uso otimizado de recursos: culturais, linguísticos e mesmo biológicos, pois lidamos com problemas bem mais próximos. É neste ponto que a ULESPELEO surge como uma associação com um grande potencial para incentivar e facilitar a tão desejável cooperação entre espeleobiólogos latino-americanos, servindo como ponte para romper esse isolamento que já durou demais! Eleonora Trajano - Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo - Brasil 3 ULEspeleo Página 4 SEÇÃO DE HISTÓRIA: ESPELEOLOGIA BRASILEIRA - PARTE I As Cavernas Brasileiras - O Brasil é um país muito rico no que se refere ao seu potencial cárstico, ou seja, à possibilidade de existência de cavernas. Há estimativas de que o país possua mais de 100.000 cavernas, no entanto, pouco mais de 5.195 cavernas estão cadastradas junto ao CNC (Cadastro Nacional de Cavernas) da SBE - Sociedade Brasileira de Espeleologia. (FONTE: PESQUISA NO CNC/SBE EM 13/09/2010), já um número um tanto menor que esse, 3.819 cavernas, pode ser encontrado junto ao CODEX (Cadastro Nacional de Cavernas) da Redespeleo - organização que também atua na área espeleológica brasileira. (FONTE: PESQUISA NO CODEX EM 13/09/2010) Desta forma, fica bastante claro que muito pouco foi pesquisado na área espeleológica, diferentemente dos países europeus, por exemplo, que exploram e estudam suas cavernas desde o séc. XVI (FELIZARDO, 2010) conhecendo a fundo as suas maravilhas subterrâneas, dominando as técnicas de exploração e realizando numerosos estudos científicos. Já no nosso caso, além de desconhecermos grande parte de nossas cavernas, sabemos que muitas delas nem mesmo poderão ser estudadas, pois a iniciativa privada faz uso das mesmas desde longa data, os portugueses já exploravam o salitre logo após o descobrimento, depois disso a mineração atuou vorazmente sobre os campos virgens e também nas cavernas. Gruta do Janelão - MG 199 - BR O potencial de destruição até meados do final do séc. XIX era bastante limitado, assim como a demanda pelos materiais que tem como base matérias primas oriundas de regiões onde podem existir cavernas, como o cimento e o cal, eram muito menores. A partir do séc. XX, com a produção em série, linhas de montagem, produtos para todo o tipo de consumidor, intensificou-se o processo de degradação dessas regiões, chegando ao nível de destruição parcial ou total de grande quantidade de cavernas. A partir daí, quando começou a haver prejuízo não só ao meio ambiente, mas às populações vizinhas, geralmente em forma de contaminação de águas ou pela redução do fluxo turístico, campanhas pela exploração um pouco mais criteriosa e menos destrutiva obrigou os empreendedores a buscar outras maneiras de atuar. Uma delas é, através de lobbys, obter a flexibilização da legislação ambiental e mineral, de modo a poder destruir parcial ou totalmente regiões cársticas em troca de compensações ambientais. A intenção deste primeiro texto é introduzir o leitor na realidade fática da situação em que foi encontrado o país quando do descobrimento, o processo de utilização dos recursos relacionados ao carste e como está a situação atual. Mas o que reservamos para o momento é o início das explorações no Brasil, onde ocorreram, como eram feitas, qual foi o resultado disto. Exploração de Cavernas - Os estados da Bahia e Minas Gerais foram os principais alvos e os métodos utilizados extração por métodos rústicos - causaram grande descaracterização nas cavernas dessas regiões. O auge deste tipo de atividade ocorreu nos séc.s XVIII e XIX, mas os registros são muito raros e pouco esclarecedores, pois apenas no primeiro terço do séc. XIX é que começamos a encontrar registros descritivos e com alguma base científica. Alguns naturalistas nascidos no Brasil foram comissionados pela coroa portuguesa a fim de explorarem o território brasileiro para descobrirem as riquezas existentes bem como o seu potencial econômico. Outros naturalistas, de origem estrangeira, vieram ao Brasil, fizeram muitos estudos e iniciaram um período de grande desenvolvimento de trabalhos científicos na área espeleológica. As ditas “Viagens Filosóficas” também tinham a finalidade de abastecer de coleções naturais as instituições científicas das quais os pesquisadores eram aliados. Nos parecem estranhos os termos “naturalista” e “viagem filosófica”, mas vamos entender o seu significado. A Filosofia Natural foi iniciada por Aristóteles, o filósofo natural ou naturalista era o responsável por desvendar os mistérios da natureza seguindo métodos científicos. O naturalista havia cursado disciplinas que o habilitavam a fazer estudos de Filosofia Natural, que abrangiam o que seria hoje da área de Geografia, Geologia e História, por exemplo. Realizavam estudos hídricos, topográficos, etnográficos, botânicos, faunísticos, paleontológicos, arqueológicos, enfim uma vasta gama pesquisas que visavam a conhecer melhor o nosso habitat, incluindo o seu subterrâneo. Foram os primórdios da ciência espeleológica brasileira, e com isso o início dos trabalhos científicos. Pinturas Rupestres - Caboclo - MG 48 - BR Texto adaptado de: “Cavernas em Foco - História da Espeleologia Brasileira” - São Paulo - 2011 Alexandre Felizardo - Babilônicos Espeleo Clube - Brasil 4 ULEspeleo Página 5 REGULAMENTO PARA CAMPEONATOS CAMPEONATOS DE ESPELEOLOGIA ESPORTIVA 2° Lugar – Janaina Franco 13’ 12’’ O presente regulamento visa dar a resposta à demanda de um setor amplo dos grupos espeleológicos que vem exigindo a organização de competições na Espeleologia com o objetivo de implantar mais esta modalidade desportiva. É sabido que a competição dentro da Espeleologia propõe uma inovação importante e que alguns setores do grupo defendem uma concepção tradicional de nossa atividade, um pensamento arcaico que precisa ser modificado. A experiência brasileira já conta com três campeonatos realizados pelo Babilônicos Espeleo Clube (BEC) e Clube de Espeleologia Manduri, onde competiram ao todo 38 atletas, nas categorias: juvenil, Competidores e comissão organizadora do CAPEE 2009 adulto e máster, tanto masculino como feminino, além – Brasil com a participação da comissão Paraguaia. da experiência em outros países, que nos indica que a Estamos trabalhando para a realização de competição é vista com bons olhos dentro da comunidade esportiva, abrindo assim portas aos atletas Campeonatos de Espeleologia Esportiva também em para conseguirem patrocínios e atividades paralelas outros países da América Latina, contamos em 2009 com como: venda de publicações, de conferências práticas, a presença de Griselda Masó - presidente da FEPAE - com o interesse em divulgar a Espeleologia esportiva no de demonstrações, etc. Atualmente no Brasil temos os atuais recordes que, Paraguai, tal iniciativa está em andamento com os sabemos, ainda são modestos perto dos recordes amigos da Sociedade Paraguaia de Espeleologia, a quem parabenizamos por acreditarem nesta empreitada. alcançados em campeonatos na Europa. Trabalharemos de modo que a competição Modalidade: Adulto Masculino espeleológica, comece a ver luz, respondendo às Circuito Técnico demandas de todos os grupos que começam a 1° Lugar – Jaques Rodrigues Bastos 9,50 desenvolver esta nova modalidade da Espeleologia, (Técnica: 7,5 Velocidade: 2,00) praticando-a com respeito máximo aos ambientes 2° Lugar – Geraldo Lopes 9,40 naturais. (Técnica: 8.0 Velocidade: 1,40) Respeitando os testes previamente realizados e revistos 3° Lugar – Queizel A. Horiy 9,10 e utilizando os equipamentos da forma para qual foram (Técnica: 7,5 Velocidade: 1,60) projetados, para avaliar os seguintes aspectos: a Velocidade: resistência e a técnica da velocidade do esportista, as 1° Lugar – Queizel A. Horiy 1’ 42’’ competições ocorrerão em ambientes artificiais ou, em 2° Lugar – Jaques Rodrigues Bastos 2’ 09’’ caso de competição em ambiente natural, tanto o 3° Lugar - Geovani Rodrigues Bastos 2’ 10’’ público quanto os competidores terão de garantir o Resistência: respeito absoluto aos arredores do ambiente cárstico, 1° Lugar – Queizel A. Horiy 3’45’’ 2° Lugar – Geovani Rodrigues Bastos 4’31’’ sendo vedada neste momento a realização de competições dentro de cavernas ou abismos. Modalidade Veterano Masculino: Temos ciência de que um projeto deste tipo requer Circuito Técnico tempo e aqui iniciamos uma experiência de competição 1° Lugar – Valdecir Simão dos Santos 9,50 para estarmos aperfeiçoando as normas que a (Técnica: 7,5 Velocidade: 2,00) regulamentam. 2° Lugar – Emerson Gomes Pedro 8,75 Consideramos que no início é importante (Técnica: 7,5 Velocidade: 1,75) regulamentar não somente a competição, mas também 3° Lugar – Hyung Wook Kim 8,60 os aspectos relacionados intimamente à mesma, como: (Técnica: 7,5 Velocidade: 1,60) estrutura organizacional, segurança dos participantes, Velocidade: qualificação das competições, etc. 1° Lugar – Emerson Gomes Pedro 2’ 30’’ Estamos conscientes de que as mudanças devem Resistência: satisfazer as normas federais para a inclusão do esporte, 1° Lugar – Emerson Gomes Pedro 7’ 26’’ razão pela qual a aprovação deste regulamento por 2° Lugar–Valdecir Simão dos Santos 9’ 47’’ parte do Ministério dos Esportes não ocorrerá até que o Modalidade Adulto Feminino primeiro campeonato se realize. Circuito Técnico: Entretanto, a ULE considera que deve começar a sua 1° Lugar – Patrícia S. Dare 9,5 aplicação com caráter interno e inicia um período de (Técnica: 7,50 Velocidade: 2,0) transição até 2012, quando sua aprovação definitiva Velocidade: ocorrerá adaptando-se à todas as normas federais 1° Lugar – Patrícia S. Dare 2’ 56’’ relacionadas em cada país. 2° Lugar – Janaina Inácio 3’ 54’’ O presente Regulamento foi especificamente adotado Resistência: 1° Lugar – Patrícia S. Dare 9’27’’ Continua na página 6 5 ULEspeleo Página 6 Continuação da página 5 para ser aplicado no Campeonato Paulista de Espeleologia Esportiva e é baseado no Regulamento de Competição criado para os Jogos Mundiais de Sevilha 2006, tendo sido aprovado pela União Internacional de Espeleologia (UIS), pela Sociedade Brasileira de Espeleologia (2008) e homologado para a América Latina pela União Latino-americana de Espeleologia. A submissão da inscrição em CEE pressupõe a aceitação das regras descritas neste Regulamento. Regulamento de Competições Esportivas União Latino-americana de Espeleologia CAPÍTULO I – Do Comitê de Arbitragem Art. 1 – O Comitê de Arbitragem é composto pelo Diretor da Competição e pelos diretores Técnicos designados pela Comissão Desportiva da ULE: Art. 2 – Competências: a) Selecionar as instalações; b) Monitorar a montagem dos equipamentos; c) Organizar a segurança; d) Zelar pelo cumprimento das regras da competição, interpretá-las e intervir no decorrer da prova caso julgue necessário; e) Arbitrar as provas anotando as faltas estipuladas no regulamento; f) Aprovar e divulgar os resultados. CAPÍTULO II – Dos Participantes Art. 3 – Podem participar no Sistema de Progressão Vertical em Espeleologia do Campeonato Paulista de Espeleologia Esportiva, todos os espeleólogos, maiores de 12 anos, com curso de introdução às técnicas verticais. Os participantes terão ainda que ser admitidos pelo Comitê de Arbitragem. Os menores de idade deverão apresentar a correspondente autorização paterna. Art. 4 – Estabelecem-se as modalidades em função do sexo dos participantes. CAPÍTULO III – Do Equipamento individual Art. 5 – Cada atleta poderá eleger livremente o seu próprio material de progressão vertical e segurança desde que seja devidamente homologado. Está expressamente proibida a utilização de protótipos ou adaptações de equipamento. Os elementos mecânicos deverão ser acionados unicamente por meios humanos. Art. 6 – Equipamento individual mínimo: a) Capacete; b) Arnês tipo Espeleologia, fechado por maillon delta ou semilunar; c) Arnês de peito ou torse; d) Auto-seguro, pré-fabricado, ainda sem norma, ou construído de corda dinâmica, nunca inferior a 9 mm; e) Descensor e bloqueadores. CAPÍTULO IV – Das Modalidades Art. 7 – A competição terá as seguintes modalidades: a) Velocidade – consiste em percorrer uma distância de 30 metros de corda num circuito sem fim, no menor tempo possível; b) Resistência – consiste em percorrer uma distância de 120 metros de corda num circuito sem fim, no menor tempo possível; c) Circuito técnico – consiste em percorrer um circuito de progressão vertical em parede, no menor tempo possível. CAPÍTULO IV – Das Normas Art. 8 – Normas para as provas de velocidade e resistência: a) Para progredir na corda deverá ser utilizada exclusivamente a técnica europeia (Sistema “DED”) fazendo uso de bloqueador ventral e de punho bloqueador; b) A disposição dos circuitos sem fim será conforme ilustrada no Anexo I; c) Cada competidor deve eleger a sua equipe auxiliar, formada com um mínimo de dois assistentes encarregados de libertar a corda e recuperá-la. Caso o competidor não tenha equipe auxiliar deverá avisar ao Comitê de Arbitragem no momento de inscrição, para que este possa disponibilizar assistentes formados para este feito. A organização não poderá ser responsabilizada pela atuação da equipe de assistentes; d) O árbitro verificará se o atleta está corretamente posicionado na marca de saída e dará a ordem de saída; e) A prova terminará quando o atleta alcançar a marca da chegada com um dos seus bloqueadores; f) Os tempos máximos para fins de desclassificação numa prova serão: MODALIDADE (Tempo Máximo (min)) Velocidade Masculino Feminino 03 04 Resistência 12 15 g) Para não prolongar excessivamente a duração da prova, os atletas que superarem os tempos máximos estabelecidos serão desclassificados; h) Número de classificados para a final de cada modalidade: (Melhores Classificados) MODALIDADE Masculino Feminino Velocidade: 8 pontos 8 pontos Resistência: 8 pontos 8 pontos i) A classificação da prova será estabelecida em função dos tempos, ordenados do maior para o menor. O vencedor é aquele que completar a prova no menor tempo possível; j) Normas específicas para a prova de velocidade: a corda não terá um comprimento inferior a 30 m e um diâmetro inferior a 10 mm. A corda estará marcada no início e no final dos 30 m, bem como aos 15 m, para indicar metade da prova; k) Normas específicas para a prova de resistência: a corda não terá um comprimento inferior a 120 m e um diâmetro inferior a 10 mm; a corda estará marcada no início e no final dos 120 m, bem como aos 30 m, 60 m e 90 m. Art. 9 – Normas para a prova de circuito de progressão vertical (Circuito Circuito técnico) técnico): a) Durante a prova de circuito de progressão vertical é Continua na página 7 6 ULEspeleo Página 7 Continuação da página 6 obrigatório utilizar o material descrito no Capítulo III; b) Circuito eliminatório - desenvolve-se num circuito de 40 m a 60 m, com no mínimo: três fracionamentos, um corrimão de acesso, uma tirolesa e uma descida guiada; c) Circuito da final - desenvolve-se num circuito de 50 m a 70 m, com no mínimo: quatro fracionamentos, um nó, um corrimão de acesso, uma tirolesa e uma descida guiada; d) Descrição da prova: 1 - Posição de saída – o atleta deverá situar-se junto à corda, sem lhe tocar, com o material de progressão fechado (bloqueadores e descensor); 2 - O árbitro dará a partida com um sinal sonoro e ativando o cronômetro; 3 - A prova termina quando o atleta tiver completado o circuito na sua totalidade, depois de deixar a corda livre e o material de progressão estiver fechado (bloqueadores e descensor). e) Sistema de pontuação: 1 - Cada atleta poderá obter uma nota de 0 a 10 pontos, divididos da seguinte forma: um máximo de 8 pontos pela correta execução técnica das manobras e um máximo de 2 pontos pelo tempo obtido; 2 - Pontuação para a execução técnica das manobras: dos 8 pontos serão descontadas as penalizações aplicadas pelos árbitros obtendo-se assim a nota técnica; 3 - Normas obrigatórias: ao fracionar, na descida ou na subida, é obrigatório assegurar-se ao mosquetão. É proibido modificar a instalação. Na passagem de nós é obrigatório assegurar-se aos mesmos. À passagem de fracionamentos na subida é obrigatório deixar os mosquetões na posição correta. Serão consideradas faltas as situações descritas no Anexo II; 4 - Pontuação para o tempo de execução do circuito: obter-se-á um máximo de 2 pontos a serem somados à nota técnica. Será calculada aplicando uma escala obtida pela ponderação dos 2 pontos, que é o máximo possível, repartidos entre o intervalo de tempo que se obtém entre o maior tempo e o menor tempo. O tempo máximo a calcular para a classificação será o equivalente a 150% do tempo mínimo conseguido, no caso de algum atleta exceder os 150%. No caso de nenhum atleta exceder os 150% do menor tempo, será utilizado no cálculo, para efeitos de tempo, o máximo o maior tempo; f) Normas de segurança: nas manobras é obrigatório utilizar o material individual, sendo expressamente proibidas as passagens em livre. Nos descensores é obrigatória a sua utilização segundo a indicação do fabricante. Deve ser feita uma utilização correta dos elementos de segurança (ex. cintas do capacete devidamente fechadas). O não cumprimento destas normas de segurança implicará a eliminação automática da prova; g) Desvio ao itinerário do circuito: não haverá penalização adicional, uma vez que não se trata de uma falha técnica, mas sim de um engano. Nestes casos, o árbitro deve indicar a retificação da manobra que já pressupõe por si uma penalização suficiente; h) Tempos máximos para desclassificação numa prova: MODALIDADE (TEMPO MÁXIMO (min)) Masculino Feminino Velocidade 25 30 i) Para não prolongar excessivamente a duração da prova, os atletas que superarem os tempos máximos estabelecidos serão desclassificados; j) Número classificados para a final: MODALIDADE (Classificados) Masculino Feminino Velocidade 08 08 k) A classificação da prova será estabelecida em função das pontuações obtidas, ordenados do maior para o menor; em caso de empate é feita uma repetição da prova para desempate; o vencedor é aquele que complete a prova com maior pontuação; ANEXO I ANEXO II – Faltas e penalizações a) Falta muito graves: - 0,8 pontos - Montar e utilizar incorretamente o descensor; - Não fazer uso correto da instalação; - Não se assegurar ao acesso a uma cabeceira; - Modificar a instalação de um desvio; - Remover da corda o material de progressão; - Ficar suspenso por um só bloqueador, sem contar com uma segurança adicional. b) Faltas graves: - 0,3 pontos - Tirar a corda do mosquetão de instalação; - Abrir acidentalmente os mosquetões; - Soltar a corda da mão sem o descensor estar bloqueado; - Na passagem de um pêndulo na subida, não tirar a tensão do bloqueador ventral antes de soltar o autoseguro. c) Faltas leves: - 0,1 pontos - Não se assegurar ao mosquetão do fracionamento; - Não se assegurar ao mosquetão da cabeceira de um corrimão de acesso quando da descida; - Deixar as auto-seguro solto; - Deixar o material abandonado; - Pisar a corda; - Deixar os bloqueadores ou o descensor abertos. ULE 7 ULEspeleo Página 8 CULTURA: LIVRO SOBRE HISTÓRIA DAS CAVERNAS “Cavernas Em Foco - Espeleologia Histórica e Cultural Mundial” História das Cavernas e da Espeleologia Nesta obra inédita, o autor trata da história das cavernas e sua relação com o Homem desde a Pré-história, bem como do surgimento da Espeleologia: ciência-esporte que estuda o meio subterrâneo, mais especificamente as cavernas, desde os seus primórdios até os tempos modernos. Através de uma vasta pesquisa histórica, colocada de maneira didática, o autor introduz os elementos históricos e culturais, bem como apresenta os trabalhos e a biografia dos principais precursores dessa atividade. Uma obra escrita para o público em geral, em linguagem simples e didática, de modo a despertar a curiosidade e o interesse pelo mundo subterrâneo. É o ponto de partida para o estudo de um dos arquétipos mais antigos da humanidade: "O Mito da Caverna". Segundo Platão: "A gruta é um elemento importante associado à caverna, que é um arquétipo do útero materno. Numerosas cerimônias de iniciação ocorriam com a passagem do postulante por uma caverna, que também está associada à inteligência e à reflexão". Sinopse: Sinopse A interação entre o homem e as cavernas acontece na vida das sociedades humanas desde a Pré-história. De lá para cá, muita coisa aconteceu, tudo mudou, o homem saiu das cavernas, inventou máquinas e aparelhos que aumentaram as possiblidades e o conforto em sociedade. Mesmo passados milhares de anos, ainda interagimos com elas, precisamos de seus recursos e temos muito que aprender com o seu estudo. “Neste livro, procuramos mostrar como o Homem utilizava as cavernas, como ocorreram as primeiras visitas de caráter turístico e, finalmente, como surgiu a Espeleologia -- a ciência-esporte que estuda as cavernas -- quem foram os seus precursores e qual foram os primeiros trabalhos científicos realizados”. É feito um paralelo entre o tempo e a evolução desta ciência, quais foram as primeiras descobertas e os avanços que ocorreram, até chegar aos tempos atuais. É a maneira de dar os primeiros passos na direção desse ambiente novo e desafiador, que guarda segredos ancestrais e ainda desperta o nosso espírito aventureiro, o subterrâneo de nossos antepassados e por que não o nosso presente para as gerações vindouras: as cavernas. PARA CONHECER OU ADQUIRIR O LIVRO: WWW.BOOKESS.COM/READ/4505 Participe da Seção Cultural do boletim ULEspeleo Se você tem uma história sobre cavernas ou algo interessante sobre a Espeleologia que gostaria de divulgar, nos mande textos, fotos e vídeos para que nossa comunidade espeleológica possa apreciar e conhecer. Participe! Mande e-mail para: [email protected] Várias pessoas já me perguntaram o porquê de praticar a Espeleologia. Dentre várias respostas possíveis, a que primeiro me vem à mente é: "A possibilidade de adentrar um mundo novo e ainda caminhar por locais ainda nunca antes pisados ". Alexandre Felizardo - Brasil 16º Congresso Internacional de Espeleologia - 2013— 2013—República Tcheca O CIS é o principal evento do mundo espeleológico, é organizado pela União Internacional de Espeleologia e realizado a cada quatro anos num local escolhido pelos delegados dos países na UIS. UIS A nomeação para a República Checa foi aprovada no último Congresso Internacional em Kerrville Texas, em julho de 2009. No Texas, havia mais de 1.500 delegados de cerca de 60 países de todo o mundo. Mais de 500 trabalhos científicos foram apresentados. Esperasse que na República Checa se ultrapassem estes números. O denominador comum aos mais de 2.000 delegados será o interesse no subterrâneo. Para muitos, predominará a aventura e a exploração de cavernas. Haverá relatórios sobre as últimas descobertas em todo o mundo, particularmente aqueles que têm ocorrido recentemente, tais como: as enormes passagens no sudeste asiático, cavernas submarinas em França, Austrália e México, grutas profundas na Europa, Ásia Central, Central América, etc. Haverá uma enorme quantidade de informações fascinantes sobre as últimas descobertas. Os artigos científicos incluirão o mais recente e desvirtuarão os livro de história do subsolo, ajudando os cientistas a compreender as alterações climáticas. Não esquecendo das últimas descobertas da arqueologia nos sítios ao redor do mundo subterrâneo. A biologia subterrânea será amplamente coberta, incluindo a área relativamente nova da biologia de microrganismos e de bactérias, onde milhões de novas espécies de bactérias estão sendo encontradas. Alguns são incrivelmente raros e antigos, tendo permanecido adormecidos por dezenas ou mesmo centenas de milhares de anos. Veja mais em: h)p://www.speleo.cz/Arcle.asp?nDepartmentID=128&nArcleID=351&nLanguageID=2 8 ULEspeleo Página 9 SEÇÃO DE EDUCAÇÃO: EDUCAÇÃO AMBIENTAL E FORMAÇÃO EM ESPELEOLOGIA NA ARGENTINA E NA AMÉRICA AMÉRICA LATINA Introdução Desde a fundação da Federação Argentina de Espeleologia (FAdE) em 2000 foi uma preocupação dos espeleólogos argentinos definir critérios para a formação de novos espeleólogos, o que não se alcançou com as ações em escolas primárias e secundárias, que não são nada mais do que projetos circunstanciais de eventual enriquecimento dos currículos escolares. Desde o início, foi considerado que a formação de novos espeleólogos deve se dar com critério ambientalista, ao mesmo tempo em que se vai gestando uma consciência de que a espeleologia não pode nem deve ser uma atividade de elite, mas deve ser integrada ao cotidiano de cada comunidade. A Espeleologia é uma atividade coletiva, para dentro e com foco para a comunidade, em ambos os planos inseparáveis. A experiência internacional (nossa Federação, desde a sua criação faz parte da Comissão de Educação de Espeleologia da UIS - União Internacional de Espeleologia), mas também a experiência própria de espeleólogos argentinos, desde que nasceu nossa disciplina em 1970. Foi preciso esperar até 2010 para que a partir do mundo da política e não da espeleologia, surgisse a iniciativa de profissionalizar a atividade, incentivando a criação de um curso técnico específico na província de Mendoza, mas de alcance nacional, como na FAdE, sendo também a primeira província com a legislação específica e o mais importante, por ser a Espeleologia local mais ativa e possuir escritório e ser a sede da federação. A EAE (Escola Argentina de Espeleologia) é uma estrutura interna da FAdE, gozando de autonomia política, inclusive graças a um Plano Estratégico de Desenvolvimento, aprovado em assembleia de abril de 2008, tem agora a tarefa de ser um trampolim para se tornar uma corrida oficial para o amadurecimento da comunidade espeleológica legalmente reconhecida, pelo amadurecimento político de Mendoza, pela articulação ambos lograram estabelecer com a humildade que estava faltando. Cronologia O processo de institucionalização do ensino de Espeleologia com critérios ambientais na Argentina surgiu com o nascimento da federação, mas foi em 2004 que começaram os debates formais para o desenvolvimento de um PEI (Projeto Educativo Institucional) , que foi um mérito da Lic. Cristina Gioia , do grupo GEA. Em Assembleia da FAdE de abril de 2005, a Sra. Gioia foi nomeada diretora de estudos, acompanhando os autores deste trabalho nas responsabilidades como chefe da escola. No início de 2007, a Sra. Gioia se desvinculou desse papel, deixando essa responsabilidade para o espeleólogo Gabriel Redonte, também do grupo GEA. O Grupo GEA foi desligado definitivamente da FAdE (e da EAE) em outubro de 2008, após um debate difícil sobre o perfil ambientalista da federação frente ao surgimento de novos problemas, tais como atividades econômicas que não respeitam os imperativos ecológicos, problema que não se tinha até meados de 2007; agora o Departamento de Estudos está nas mãos de Pablo Grosso Andersen, que está direcionando as atividades para um perfil técnico-resgatista que ainda não se tinha. Será útil um esquema cronológico da evolução da EAE, ano após ano, incluindo o plano de fundo antes da sua constituição formal: 1997: 1997 Fevereiro - Formação em salvamento e resgate em cavernas por André Slagmolen, ex-titular da Comissão Espeleoresgate da UIS. Malargüe; 2000: 2000 Fevereiro - I Congresso Argentino de Espeleologia, curso de resgate em cavernas por André Slagmolen e CERMA. A FAdE foi criado. Malargüe; 2002: 2002 Fevereiro - I Congresso Latino Americano de resgate em cavernas, pela Comissão do Espeleoresgate da FEALC - Federação Espeleológica da América Latina e Caribe (Efraim Mercado). Malargüe; 2002: 2002 Novo curso pelos alunos do curso de Fevereiro, mas em Córdoba, com a ajuda de espeleólogos, guias turísticos e forças de segurança da província, Mendoza, Buenos Aires e San Luis; 2004: 2004 II Congresso Argentino de Espeleologia - Tandil, Buenos Aires. Nós discutimos as linhas gerais da proposta PEI-EAE. Workshop de resgate nas montanhas de Tandil; 2005: 2005 Abril - Realizada Assembleia Anual Ordinária da FAdE, se institui a Escola como uma estrutura interna da FAdE. O PEI é aprovado, contemplando cursos em três níveis: 1: Difusão geral, sem práticas no campo. 2: Formação, com práticas no campo 3: Especialização 2005: 2005 Novembro - Ocorre um curso nível 1, na província de Neuquén para estudantes de Turismo da Universidade Nacional de Comahue. A experiência não foi além. 2005: 2005 Dezembro - Depois de ter partilhado conosco o Congresso da UIS em Kalamos na Grécia, o presidente da Federação Espanhola de Espeleologia viajou a Malargüe com o Diretor da Escola Espanhola e assinaram um convênio para a formação de resgatistas argentinos, cursos anuais equivalente ao Nível 3 - EAE. Por razões financeiras, o novo acordo seria lançado em outubro de 2008. A FEE estava firmando convênios semelhantes com outras federações da América Latina, como parte de sua estratégia de expansão para o mundo espeleológico “iberoparlante”; 2005: 2005 Dezembro - A FAdE e o prefeito Raúl Rodríguez (Malargüe) assinam um acordo que garante apoio financeiro e logístico para a EAE para cursos de Nível 2, nos 2006 e 2007. Destes cursos participaram futuros espeleólogos de Tandil, Buenos Aires, Neuquén, Mendoza e Paraguai, com formadores da FAdE das mesmas províncias mais de Tucumán e do Brasil. A primeira metade do ano de 2006 ocorreu em Vallemi, Paraguai, a um grupo que logo formaria a Federação Paraguaia de Espeleologia - FEPA. Também participaram guardaparques e operadores de turismo local. Os cursos foram estruturados em cinco encontros presenciais anuais, todos eles com práticas de campo e avaliação de ensino à distância. 2006: 2006 Outubro. A Secretaria de Meio Ambiente de Mendoza contratou um técnico com funções específicas para a capacitação de espeleólogos, guarda-parques, Continua na 9página 10 ULEspeleo Página 10 Continuação da página 9 guias turísticos e forças de segurança, na primeira tentativa de articular as ações Governo-ONGs. Este técnico é membro da Federação Argentina de Espeleologia, encarregado da articulação entre governo e as ONGs de Espeleológicas e redigir o esboço (2008) PROGRAMA ESTADUAL DE ESPELEOLOGIA no âmbito provincial do uso da terra e do Plano Estratégico e Plano de Gestão Ambiental 2008-2012 : 2006: Curso de nível 1 para a formação de jovens espeleólogos, exclusivamente em Malargüe como um reforço para o curso de próximo nível a ser realizado; 2008: Assembleia da FAdE aprova o seu Plano Estratégico, que coloca a Educação Ambiental e a Formação em Espeleologia como eixo, o qual visa formar novos espeleólogos em outras províncias e aproximar a Espeleologia ao meio acadêmico ,superando décadas de divórcio; 2008: Outubro - Primeiro curso de resgate em cavernas por instrutores espanhóis, segundo o convênio de 2005. Malargüe. 2009: Janeiro. Se incorpora à FAdE o CERMA (Corpo de Espeleologia, Resgate e Montanhismo da Argen6na) e ETV (Escola Técnica Ver6cal), trazendo suas experiências formação em resga6smo em Salta, Córdoba e Buenos Aires; 2009: Primeiro curso de nível 2 em Salta, com a par6cipação da CERMA e da ETV, bem como do grupo IN.A.E. Um acordo foi assinado com o FEPAE, em seguida rescindido (início de 2011) por mo6vos polí6cos relacionados com a decisão de saída da FAdE junto a FEALC; 2009: Dezembro - Segundo curso de Nível 3, Malargüe, ministrados por instrutores espanhóis, pelo convênio referido ; 2010: Julho - Workshop Programa Provincial Espeleologia (PPE). Malargüe, Mendoza. Resumo dos resultados foi publicado no ESPELEOTEMA 21 (Brasil). O seminário teve patrocínio explícito Comissão para a Proteção do Karst da UIS (Jean-Pierre Bartholeyns) 2010: Outubro - San Rafael, Malargüe. Terceiro curso pelo convênio FEE-FAdE 2005, mas não puderam ser ministrado por instrutores espanhóis devido à crise econômica, por isso eles foram subs6tuídos por técnicos brasileiros (Emerson Gomes Pedro e Alexandre José Felizardo), com a par6cipação de espeleólogos de Buenos Aires e Mendoza, e pessoal da polícia e dos bombeiros de Mendoza e Córdoba, além de guardaparques locais nas prá6cas de campo. Desta forma, surgiram dois fatos importantes: a) Se produziu o esperado Plano de Contingência do ANP Caverna das Bruxas, que já está incorporado ao plano de manejo em elaboração da referida cavidade; b) fundou-se a União LatinoLatino-Americana de Espeleologia (ULE ULE), ULE com a proposição da criação de uma Escola Latino-americana com base nas experiência enumeradas. PPE, Escola Americana e Conferência 2012 Em 2007 teve lugar em Aguadilla, Porto Rico, um Congresso da FEALC em que a delegada da Colômbia se propôs a elaborar um Plano Estratégico para revitalizar a Federação Latino-Americana. Esse projeto fracassou e agora estão vendo as conseqüências. Da mesma forma, uma minoria de exploradores argentinos empurrou o seu próprio plano estratégico para "tirar a FAdE do pântano", segundo uma expressão da época, ano 2008. Finalmente o Plano Estratégico foi instituído em reunião ordinária com poucos assistentes em abril de 2008 e foi lançado. Também esteve a ponto de fracassar. No mesmo, o ensino de Espeleologia com critérios ambientais foi e continua sendo um eixo central na medida em que permite formar novos espeleólogos em províncias das cordilheiras (a sede jurídica da federação se encontra a quase exatamente a mesma distância, ao longo da Cordilheira dos Andes, de Ushuaia e La Quiaca e por esta e outras razões mencionados anteriormente, Malargüe é considerada como "Capital Nacional da Espeleologia"), assim como a abordagem para o ambiente acadêmico, com a visão de que Espeleologia é um conjunto de técnicas auxiliares da ciência, e não viceversa como pretendeu-se por várias décadas. Esta "revolução cultural" gerou resistência interna na "velha Espeleologia", que ainda hoje segue questionando o plano, embora ele exiba bons resultados ano após ano. O maior deles é a crescente incorporação, como membros ou como assessores, ou ambos, de pesquisadores de diferentes universidades. Além disso, pela primeira vez, a Espeleologia Argentina começa a formar delegações autônomas em províncias "novas", as mesmas que pouco antes pediam ajuda de espeleólogos de Buenos Aires para "expedicionar e voltar para casa." Esse processo de desenvolvimento da Espeleologia provincial tinha começado a reverter-se em 1995 em Malargue, com a formação do núcleo local do IN.A.E, que em 2000 seria (e ainda é) a coluna vertebral da Federação Argentina, ainda que na segunda metade dos anos 80 formou várias parcerias espeleológicas em Neuquén, que não prosperaram por razões políticas e que ate a presente data estão inativos, ao haver perdido o ímpeto do então centro Buenos Aires. Desde 2008, a Espeleologia das cordilheiras localizada em Malarg6ue rompeu com a tutela de Buenos Aires e isso criou um "poder" que cresce com o desenvolvimento de novos ramos da FAdE (NOA em 2009, Sul-Patagônia, em 2010, possivelmente Bacia Neuquén, Neuquén, Mendoza, em 2011). A abordagem dos pesquisadores científicos é um indicador claro que a Espeleologia só pode crescer, pois está sustentada em em si mesma, no lugar apropriado para a ciência ("quem se humilha será exaltado e aquele que se exalta será humilhado. ") O ensino dessa e não outra espeleologia é o que permitiu o progresso do Plano Estratégico FAdE 2008 e o próximo passo é a profissionalização técnica com base no que foi feito. Assim, foi em Malargüe, novamente, que surgiu a ideia de criar um curso técnico, no qual está trabalhando a FAdE junto a alguns políticos de Mendoza (Vereador Jorge Marenco, deputado Raul Rodriguez .... o mesmo que foi prefeito e co-criou a EAE em 2005, a Direção-Geral das Escolas de Mendoza, etc.) A ideia veio de uma atividade de "nível 3" da EAE. Em outras palavras, um espécie de auto-trampolim. Nessa mesma abordagem se basearam as reflexões conjuntas da assembleia de fundação da ULE em outubro de 2010, em Malargue, já que no Brasil e no Paraguai ocorreram processos semelhantes concomitantemente. Continua na página 11 10 ULEspeleo Página 11 Continuação da página 10 •Projeto Educacional Ins6tucional da Escola Argen6na de Espeleologia Como corolário de tudo isto, se pensou sobre o lema 2005 e atualizações de 2009 do IV Congresso Argentino de Espeleologia, que será •Convenio FFE-FAdE também o I da Latino-americano e a primeiro circular que publicamos através da lista de discussões. Para este •Conclusões e Recomendações do Workshop do Programa Provincial Congresso foram convidados a participar todos os atores de Espeleologia , resumidos no ar6go publicado na ESPELEOTEMA 21 citados ou indiretamente mencionados, incluindo as (Brasil): www.fade.org.ar equipes técnicas dos departamentos de Áreas Naturais Protegidas de Mendoza, Neuquén e Salta, apesar do Diretor da Escola Argen6na de Espeleologia - EAE envio dos convites. [email protected] ; Talvez essa seja a oportunidade final de discussão do UT-ANP– DNRN Mendoza projecto definitivo de uma formação técnica, ou a [email protected] profissionalização da Espeleologia, com o apoio de Ex-secretário e atual delegado 6tular argen6no UIS educadores espeleólogos de outras nações irmãs da (www.uis-speleo.org ) Carlos região, e inevitavelmente haverá a criação formal de Marta Brojan Benedetto uma Escola Latino-Americana, que seguirá trabalhando em silêncio, de maneira fragmentada, mas consciente de Tesoureira FAdE-EAE - Secretária da União La6noque seu destino é a unidade. Americana de Espeleologia (ULE) Agradecimentos [email protected] Artigos longos geram longas listas de agradecimentos, 1 2 3 esta comunicação será breve, mas resume muito do trabalho de muitas pessoas durante muitos anos, que pode ser ampliada com a leitura da bibliografia que é recomendada no final, obviamente incompleta. Pedimos desculpas pela discrepância entre o texto e as duas listas: •À Marcela Peralta (foto 11), MarNn Bravo (foto 9), Pablo Grosso Andersen (foto 10 e 12), Luis Carabelli, Rolando Lucero, Mónica SalveP, Josefina Otero, Yvanna Bustos, Valeria Outes, Verónica Chillo, George Brook (foto 3), Darío TromboJo, Luciana Yazlle, Rafael Kühl, Perla Bollo y Pablo Cabrera (foto 9), todos membros da FAdE, pela sua perseverança, apesar de todos os inconvenientes dos úl6mos três anos; •Ao deputado provincial (Mendoza) Raúl Rodríguez, ex-prefeito de Malargüe e ao vereador Jorge Marenco, por seu apoio polí6co passado e presente; •Ao Dr. Eduardo Llambías (foto 4), conselheiro FAdE, por incessantemente nos manter em mente em seus trabalhos de campo e em seus livros mais recentes; •Ao Professor Alfredo Cuevas (1) (Sociedade Paraguai a de Espeleologia - SPE, vice-presidente da ULE, um estudante em 2006 do nível 2 da EAE), por seu acompanhamento crí6co mas respeitoso; •Ao Lic. Juan Carlos López Casas, presidente da Federação Espanhola de Espeleologia - SPE, por ter construído como ninguém a lançar as bases da Escola La6no-Americana de Espeleologia em formação; •Ao Professor Manuel Sorigó Puig, Escola Espanhola de Espeleologia; •A Emerson Gomes Pedro (foto 6, 7, 8, 13) do Babilônicos Espeleo Club (BEC - Brasil) e presidente da ULE, pela sua paciência e perseverança na adversidade causada ao longo de 2010, em San Rafael e Malargüe; •Ao historiador da Espeleologia Alexandre José Felizardo (foto 7,8) do Babilônicos Espeleo Club (BEC - Brasil) e tesoureiro da ULE, pelas mesmas razões que Emerson; •Para ambos: por discernir quando a realidade deve ser encarada com olho abertos; •Ao Professor Sergio La Rosa, um estudante do nível 2 da EAE de 2007, por sua recordação permanente de que, a Espeleologia é uma construção inevitavelmente cole6va e por suas serenas reflexões crí6cas que enriqueceram esta apresentação; •A Rubén Darío Cepeda, grande espeleólogo e co-fundador da EAE e da EAE, que em breve espero voltar a ver em nossas fileiras. 4 6 5 9 7 8 11 10 12 14 13 Bibliografia Recomendada: Recomendada •Trabalhos do II e III Congresso Argen6no de Espeleologia (CONAE) em www.fade.org.ar •Revista ARGENTINA SUBTERRANEA n º s 1 a 27 em www.fade.org.ar Efraim Mercado (foto 14) André Slagmolen (foto 2) Alunos Paraguaios e Argen6nos - 2006 (foto 5) 11 ULEspeleo Página 12 ESPELEOFILATELIA: CELEBRIDADES E PESSOAS PESSOAS LIGADAS A CAVERNAS RHM – C2142 Data de emissão: 10/07/98 Emissão comemorava: 400 anos do Mosteiro de São Bento de Núrcia São Paulo Valor facial: R$ 0,22 Tiragem: 1.800.000 Por: Emerson Gomes Pedro São Bento de Núrsia (c. 480 - 547), nascido em Núrsia (Norcia), na Itália, foi o fundador do monarquismo ocidental. A única autêntica obra sobre a vida de Bento de Núrsia está contido no segundo livro Diálogos de São Gregório (papa). Trata-se de um esboço biográfico e consiste, na sua maior parte, de uma série de incidentes milagrosos que ilustram a vida do santo. Tudo que São Gregório relata, foram dados repassados (contados) de seus próprios discípulos, viz. Constantino, que sucedeu-lhe como Abade de Monte Cassino; e Honorato, que foi Abade de Subiaco quando São Gregório escreveu seus Diálogos. Filho de um nobre romano de Núrsia e irmão gêmeo de sua irmã Escolástica, aos 20 anos, São Bento não deixou Roma com o objetivo de se tornar um eremita, mas apenas para encontrar algum lugar longe da vida da cidade grande; além disso, ele tinha seu velho enfermeiro que era como um servo e eles se instalaram e passaram a viver em Enfide, perto de uma igreja dedicada a São Pedro. A curta distância de Enfide é a entrada para um estreito, sombrio vale, penetrando as montanhas e conduzindo diretamente à Subiaco. Atravessando o Anio e virando à direita, os passos se elevam ao longo da face esquerda da ravina, e logo chega no local da chácara de Nero e da enorme toupeira que forma a extremidade inferior do meio do lago; em todo o vale existem ruínas de banhos romanos, dos quais alguns grandes arcos e apartadas massas de parede ainda se encontram em pé. A subida da toupeira após vinte cinco arcos baixos, as bases do que ainda pode até mesmo ser rastreados, ficava uma ponte que ligava a chácara para os banhos, ao abrigo do qual as águas do lago derramavam em meio a uma grande queda lago abaixo. As ruínas desses vastos edifícios e do amplo lençol de queda d'água fechada até à entrada do vale de São Bento do jeito como ele percebia quando vinha de Enfide; nos dias de hoje o estreito vale se deslumbra diante de nós, fechada apenas pelas montanhas distantes. O caminho continua a subir, e ao lado da ravina, no qual se pode correr, torna-se acentuada, até que alcancemos uma caverna acima da qual a montanha agora se eleva quase perpendicularmente, enquanto no lado direito, ela alcança uma rápida descida para baixa para onde, na época de São Bento, cinco cem metros abaixo, se lançava as águas azuis do lago. A gruta tem uma grande abertura de formato triangular e apresenta cerca de dez metros de profundidade. No seu caminho para Enfide, Bento encontrou um monge, Romanus, cujo mosteiro ficava acima do precipício da montanha que prendia a caverna. Romanus contara a Bento os motivos que o levaram a Subiaco, e que lhe fez vestir o hábito de monge. Por seu conselho Bento se tornou um eremita e por três anos, desconhecido para os homens, viveu nesta caverna que ficava acima do lago. São. Gregório nos conta pouco sobre esses anos. Ele agora fala de Bento já não como um jovem, mas como um homem de Deus. Romanus, nos diz por duas vezes, que servia o santo de todas as maneiras que podia. O monge aparentemente o visitava em dias pré-estabelecidos, lhe trazia comida. Durante estes três anos de solidão, quebrado apenas por ocasionais comunicações com o mundo exterior e com as visitas de Romanus, ele amadureceu tanto na mente como no caráter, em termos de conhecimento de si próprio e de seus companheiros, e, ao mesmo tempo ele se tornou não simplesmente um conhecido, mas angariou o respeito de muitos sobre si, tanto que com a morte do abade de um mosteiro, no bairro (identificado por alguns com vicovaro), a comunidade chegou-se a ele e lhe implorou para se tornar o seu abade . Bento estava familiarizada com a vida e a disciplina do mosteiro, e sabia que suas maneiras eram diferentes das da dele, por conseguinte, a partir da sua diversidade, jamais haviam concordado entre si: ainda, em comprimento, superar a sua súplica, ele deu o seu consentimento. O experimento fracassou; os monges tentaram envenenar ele, e ele retornou para a sua caverna. A partir deste momento seus milagres parecem ter se tornado frequentes, e muitas pessoas, atraídas por sua santidade e caráter, vieram até Subíaco para receber sua orientação. Para eles ele construiu no vale doze mosteiros, em cada um ele colocou um superior com doze monges. Em um terceiro ele viveu com poucos, como ele pensava que seria mais lucrativo de serem melhor instruídos pela sua própria presença. Ele manteve, no entanto, o pai ou abade de todos. Com a criação destes mosteiros começaram as escolas para as crianças, e entre os primeiros a serem levados foram Maurus e Placid. São Bento passou o resto de sua vida realizando o ideal do monarquismo que ele havia retirado do seu Estado. Morreu em Monte Cassino, Itália, em 21 de março e foi nomeado o patrono protetor da Europa pelo Papa Paulo VI em 1964. Sua festa é consagrada no dia 11 de julho. Referências bibliográficas: •A Regra de São Bento - La6m/Português, tradução e notas de Dom João Evangelista Enout, Lumen Chris6, 1992. •São Gregório Magno, Diálogos, Livro II (1608, 1911, St. Pachomius Library, 1995). Tradução em português: Vida e Milagres de São Bento, Lumen Chris6, 1986. •Pio XII, papa, Fulgens Radiator: sobre São Bento (Encíclica de 21 de março de 1947). 12 ULEspeleo ULEspeleo Página 13 é uma publicação eletrônica da ULE - União Lano-americana de Espeleologia Contato: [email protected] Editoração e diagramação: Alexandre José Felizardo Todas as edições estarão disponíveis em hJp://www.fade.org.ar/ULE_home.htm A reprodução deste é permida, desde que citada a fonte. Para você receber as edições periódicas deste boletim, cadastre o seu ee-mail junto à ULE e fique a par dos acontecimentos e novidades da Espeleologia Latina e dos países amigos. Mande para nós aquela sua foto especial, com seu nome e os dados da caverna para que possamos publicá-la no bole6m da ULEspeleo TÍTULO: LAGO NA CAVERNA SAN AGUSTIN - MALARGÜE - ARGENTINA Dados: Cueva de San Agustín - Potimalal-Malargüe - Argentina - Desen.: 450 m Desn. 67 m Litologia: gesso Foto: Alexandre Felizardo - BEC - Brasil 13