Águas Emendadas
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Águas Emendadas
Águas Emendadas um templo da natureza A Maçonaria na Revolução Farroupilha 10 anos sem Murilo Pinto As origens da Matemática a! Terceiro setor Fundação Gonçalves Lêdo Sumário ss o é n o? a i ôn and z a qu m A Até A 4 14 24 28 34 38 Sumário 4 10 12 14 17 18 20 21 22 24 28 32 33 34 36 38 40 42 43 46 47 50 Águas Emendadas ao norte e ao sul, nascentes para a vida Educação ambiental e aprendizagem Comunicare Baile do Maçom – 18º Baile da Maçonaria do Distrito Federal Bento Gonçalves – nova estrela no Planalto Central Homenagem justa e perfeita A tríade da Tolosa – estudo, trabalho e união Miguel Archanjo – maestro da harmonia Curso de Maçonaria Simbólica Fundação Gonçalves Lêdo – uma organização social Nebulosa Amazônia O poder político e suas transformações Cidadania planetária A Independência do Brasil escrita pelas bandeiras A Maçonaria na Revolução Farroupilha Amadeus – a coragem do mestre Influências do Iluminismo no Rito Moderno Saudade Legado de Murilo Pinto – paz e cultura Revolução do saber As origens da Matemática Hora do descanso 43 Sumário Quer anunciar na revista Ao Zenyte? [email protected] 47 Expediente Grande Oriente do Distrito Federal, federado ao Grande Oriente do Brasil Grão-Mestre Jafé Torres Grão-Mestre Adjunto Lucas Francisco Galdeano Grandes secretários Esmeraldino Henrique da Silva Alamir Soares Ferreira Laélio Ladeira de Souza Luiz Hamilton da Silva Sylvio Santinoni Wagner Lima Reginaldo Pereira de Araújo José Wedson Feitosa Fernando Sergio de Britto e Silva Humberto Pereira Abreu Flávio Amaury Fusco Mauro Magalhães Cristiano Loder Francisco de Assis Castro Editor-chefe Gilberto Simonassi Corbacho Editor-executivo e jornalista responsável Joaquim Nogales Vasconcelos MTB – 897/05/141/DF Conselho editorial Félix Fischer José de Jesus Filho Lecio Resende da Silva Lucas Galdeano Projeto gráfico, diagramação e capa Renata Guimarães Leitão Revisão gramatical Edelweiss de Morais Mafra Colaboradores Antônio Altair Ribeiro Johaben Camargo Lucas Galdeano Laélio Ladeira Walber Coutinho Pinheiro Redação GODF – Grande Oriente do Distrito Federal SQN 415 – Área para templos 70878-000 Brasília/DF Tels.: (61) 3340-2427 e 3340-2664 Fax: (61) 3340-1828 www.godf.org.br [email protected] Impressão GráfiKa Papel e Cores Tiragem 10.000 exemplares A Ao Zenyte não se responsabiliza por opiniões em artigos assinados. As matérias publicadas podem ser reproduzidas parcial ou totalmente, sem consulta prévia, desde que indicada a fonte. Palavra do Grão-Mestre As vésperas do novo ano ensejam percepção do ciclo da vida em renovação. Os laços familiares, as amizades, as esperanças, os esforços para a construção de um mundo melhor são revigorados pelo portal de novos e promissores percursos. É tempo de avaliar nossas realizações — e pautar os novos sonhos —, refletir sobre os momentos em que uma postura de maior tolerância com o nosso próximo nos faria, certamente, melhores. Tempo de confraternização e de compreensão de que as naturais diferenças existentes não deveriam nos tornar menos irmãos. Nestes novos tempos, ainda há muito a se fazer em prol da sociedade. Sem abrir mão de nossas tradições e da realização dos importantes trabalhos em loja, podemos contribuir muito, fazendo a diferença, sendo verdadeiros construtores sociais. Nesse sentido, a nossa revista Ao Zenyte se propõe a trazer à luz temas de significativa relevância social. A título de exemplo, nesta edição, apresentamos a questão ecológica; ou, ainda, a qualificação profissional e as campanhas beneficentes promovidas pela instituição social Fundação Gonçalves Lêdo. A instrução se constitui área prioritária para a construção de um país mais justo e perfeito. E, por esse motivo, a edição da Ao Zenyte premia seus leitores com vários artigos sobre a história do Brasil, da Maçonaria e de maçons conhecidos, como Wolfgang Amadeus Mozart e Francisco Murilo Pinto. Os eventos de congraçamento de nossa Ordem também são destacados, bem como as atividades das lojas jurisdicionadas ao GODF, com a criação de espaço denominado “Loja em foco”. Pretendemos que seu conteúdo seja elaborado pelos próprios membros da loja, com vistas à valorização do “próprio fazer” da loja maçônica. Feliz Natal a todos e um próspero ano novo. Jafé Torres Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal Sumário Capa Lagoa Bonita – Estação Ecológica Águas Emendadas 4 ao enyte enyte Sumário Águas Emendadas ao norte e ao sul, nascentes para a vida Os Gustavo Souto Maior* rios que nascem no Distrito Federal abastecem três importantes bacias hidrográficas nacionais. Considerando a drenagem dos nossos cursos d’água, 62,5% do território do Distrito Federal contribuem para a formação da Bacia do Paraná, 24,2% para a Bacia do São Francisco e 13,3% para a Bacia do Tocantins/Araguaia. Entre as dezenas de nascentes já conhecidas, uma atrai particularmente nossa atenção, a do córrego Vereda Grande, um raro fenômeno natural. Suas águas deslizam em sentidos opostos e alimentam as Bacias do Paraná, ao Sul, e do Tocantins/Araguaia, ao Norte. O Vereda Grande está protegido pela Estação Ecológica Águas Emendadas, com área aproximada de 10.500 hectares, vizinha a Planaltina, a 38 quilômetros do Plano Piloto. Fotos: Evando Ferreira Lopes** *Gustavo Souto Maior é engenheiro e Mestre em Economia do Meio Ambiente e atual Presidente do Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal – Brasília Ambiental (Ibram). ** Evando Lopes Ferreira é fotógrafo da Estação Ecológica Águas Emendadas e gentilmente cedeu as fotos desta reportagem. Sumário ao enyte 5 Família de capivaras na Lagoa Bonita de Águas Emendadas. A Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil, chefiada pelo astrônomo Luiz Cruls, foi a primeira a constatar a riqueza ecológica do local, no século XIX. Em seu diário, Cruls descreveu o local onde seria instituída a Reserva Biológica de Águas Emendadas quase oito décadas mais tarde: “A 30 de agosto de 1892, antes de chegarmos à Vila do Mestre-d’Armas, demos uma volta com o fim de explorarmos a lagoa do mesmo nome. Tem (...) um aspecto pitoresco, isso devido à vegetação, rica de palmeiras, que a circunda”. De lá para cá, a lagoa passou a se chamar Lagoa Bonita, e a antiga Vila do Mestre-d’Armas transformouse na agitada Planaltina. Mas os estudos decisivos para a localização da nova capital ocorreram somente na década de 50, quando o governo Vargas instituiu a Comissão de Localização da Nova Capital Federal e contratou amplo levantamento aerofotogramétrico à firma norte-americana Donald J. Belcher and Associates Incorporated. O levantamento resultou no Relatório Técnico sobre a Nova Capital da República. 6 ao enyte A Comissão Cruls (1892) e os estudos de Belcher (1954) analisaram áreas no Planalto Central com capacidade de suportar populações humanas, para que fosse instalada a futura sede do governo federal. Nessa busca, critérios como a adequação das características físicas dos solos e do manto rochoso para edificações, fertilidade para a agricultura, clima e a disponibilidade de mananciais para abastecimento doméstico foram decisivos na escolha da atual localização do Distrito Federal. Atualmente, esses parâmetros fazem parte da versão moderna das condicionantes ambientais e embasam o conceito de capacidade de suporte de uma área. A área escolhida para o Distrito Federal encontra-se em cabeceiras e em área de recarga de aquíferos, não podendo ser indiscriminadamente impermeabilizada. Cruls e Belcher citam, em seus estudos, a necessidade de se preservar uma boa fração da cobertura vegetal para garantir boa qualidade de vida nesse território. Os locais que ainda possuem água de qualidade são justamente aqueles protegidos por lei, como as unidades de conservação de uso indireto. Sumário A 12 de agosto de 1968, o Decreto 771 constituiu, no Distrito Federal, a Reserva Biológica de Águas Emendadas. Vinte anos depois, em 16 de junho de 1988, o Decreto 11.137 modificou a denominação da categoria de unidade de conservação para Estação Ecológica, visando a promover o desenvolvimento de pesquisas científicas aplicadas à ecologia. Em 8 de outubro de 1993, na sede da Unesco, em Paris, foi assinada a criação da Reserva da Biosfera do Cerrado, marco importante para a preservação da Estação Ecológica de Águas Emendadas como uma de suas áreas-núcleo. Seu objetivo é a conservação dos recursos naturais, o equilíbrio do meio ambiente e o desenvolvimento de projetos de pesquisa para ampliar o conhecimento dos recursos naturais. Pesquisadoras da Universidade de Brasília Taissa Camelo Vilas Boas (esquerda) é mestranda em Ecologia e estuda duas populações de sapos — Rhinella schneideri e Rhinella rubescens — na Estação Ecológica, há dois anos. Carolina Stieler é graduanda de Biologia e, antes de se interessar pelos batráquios há alguns meses, estudava Limnologia (ciência que investiga a vida em lagos, rios, e reservatórios de água). A pesquisa da UnB sobre os sapos em Águas Emendadas começou em 2004. A Estação atrai pesquisadores nacionais e internacionais. “As populações de anfíbios do mundo inteiro estão em declínio. A principal causa desse declínio é a degradação do ambiente pelo homem. E o cerrado é um dos ambientes que mais sofrem com os impactos negativos causados pela ação do homem. O conhecimento acerca da ecologia da fauna do cerrado é essencial para a sua conservação”, destaca Taissa Vilas Boas. Parque Nacional Estação Ecológica Águas Emendadas Mapa do relevo do Distrito Federal com as três principais áreas de preservação do bioma do cerrado. Lago Paranoá Jardim Botânico Sumário ao enyte 7 Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) O cerrado está distribuído, principalmente, pelo Planalto Central brasileiro. Abrange mais de 196 milhões de hectares e é reconhecido como a savana (vegetação rasteira com arbustos e poucas árvores) mais rica do mundo em biodiversidade. A Reserva da Biosfera do Cerrado no Brasil foi formada por vários motivos: 1. pela riqueza singular de sua biodiversidade e pelo nível de desconhecimento do cerrado quanto ao seu potencial biológico; 2. por ser um dos biomas mais ameaçados do planeta pela ocupação humana — atualmente está entre os vinte e cinco biomas prognosticados como passíveis de desaparecer (hot spots); 3. por nascerem no cerrado os grandes rios brasileiros, que abastecem as Bacias do Amazonas, São Francisco, Tocantins e Prata; 4. pela falta de políticas eficazes de planejamento, desenvolvimento e conservação da região; 5. pela ausência de zoneamentos ambientais adequados e integrados para as áreas urbanas e rurais; 6. pelo repasse de tecnologias apropriadas para os produtores; 7. pelo não reconhecimento do cerrado como patrimônio nacional. A conservação da boa qualidade e quantidade das águas da Estação Ecológica proporcionam a riqueza da biodiversidade. As águas cristalinas do córrego Vereda Grande, quando seguem para o norte, encontram o rio Maranhão, que vai alimentar o caudaloso rio Tocantins. Para o sul, desembocam no córrego Brejinho, engrossam o córrego Fumal, seguem para o rio São Bartolomeu, depois Corumbá, desaguando no Paranaíba e formando, então, os rios Paraná e Prata. Araribamba-de-cauda-ruiva (Galbula ruficauda) Na Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE) encontram-se representadas várias das fitofisionomias regionais, particularmente o cerrado sensu stricto, o cerradão, o campo sujo e o campo limpo, as matas de galeria alagáveis e as veredas. A fitossociologia do componente arbóreo para o cerrado registra que Águas Emendadas é a área mais rica em espécies, em comparação com o Parque Nacional de Brasília e a APA Gama-Cabeça de Veado. As famílias mais importantes são Leguminosae, Vochysiaceae, Guttiferae, Malpighiaceae, Styracaceae e Erythroxylaceae. A ESECAE possui 80 espécies da herpetofauna (répteis e anfíbios) registradas. Também foram registradas 66 espécies de mamíferos em Águas Emendadas, que correspondem aproximadamente a ⅓ do total de es- Veado campeiro (Ozotocerus bezoarticus) ao enyte 8 Sumário Jovem Caracará (Caracará plancus) pécies de mamíferos de ocorrência confirmada para o bioma do cerrado. Alguns dos animais observados aparecem na lista oficial das espécies brasileiras ameaçadas de extinção: tatu canastra (Priodontes maximus); tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla); lobo-guará (Chrysocyon brachyurus); suçuarana (Puma concolor); gato-do-mato-pintado (Leopardus sp); lontra (Lontra longicaudis); veadocampeiro (Ozotocerus bezoarticus) e rato-do-mato (Kunsia tomentosus). Atualmente, um dos principais problemas da Estação Ecológica é a forte pressão de ocupação existente no seu entorno. Tal processo é crescente e generalizado no Distrito Federal. No dia 5 de junho de 2009, foi aprovado e oficializado o Plano de Manejo da Estação Ecológica de Águas Emendadas. Durante o ano de execução desse trabalho, coordenado pelo Instituto Brasília Ambiental (Ibram), foram realizadas intensas atividades, que contaram com a participação de organizações da sociedade civil, universidades, instituições públicas federais e distritais, Ministério Público, Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, produtores rurais, empresários. Assim, a comunidade em geral pôde apresentar preocupações e sugestões. Foram constituídas parcerias em que cada entidade, dentro da sua possibilidade, poderá contribuir para a proteção da unidade de conservação. O planejamento integrado da gestão e manejo das estações ecológicas supervisionadas pelo governo do Distrito Federal, realizado de forma participativa e articulada, favorece a preservação de modo consolidado. Define métodos para a proteção e recuperação ambiental e proporciona mais harmonia na busca da sustentabilidade das áreas localizadas no entorno dessas unidades de conservação. Ferreirinho relógio (Todirostrum cinereum) Tatu-peba (Euphractus sexcinctus) Com o cumprimento do Plano de Manejo, podemos acreditar que Águas Emendadas será também contemplada pelas gerações futuras. Além de grande beleza paisagística, esta Estação Ecológica possui um patrimônio biológico único. É um laboratório vivo, centro de excelência para produção de conhecimento e informação socioambiental sobre o cerrado. P.S.: Mais informações sobre o tema na publicação Águas Emendadas, disponível no site www.ibram.df.gov.br. Sumário ao enyte 9 Educacao , - ambiental e aprendizagem* Pedro Demo* A prender ambientalmente significa encaixar o desafio ambiental na própria dinâmica da aprendizagem, e não tê-lo como complemento eventual. Não se condenam outros tipos de iniciativa (por exemplo, trazer um ambientalista para uma conversa com os alunos), mas o lance crucial precisa ser formativo tipicamente. Para começar, aprender ambientalmente não pode significar só (não precisa excluir) produzir eventos periódicos, por exemplo, reservar um dia por semestre como “Dia do meio ambiente”, ou fazer uma palestra de vez em quando, ou plantar uma árvore na escola. A preocupação ambiental não pode ser apenas preocupação, mas valorização intrínseca da referência ambiental para se aprender bem. Podemos fazer o esforço de analisar essa pretensão do ponto de vista teórico e prático. Do ponto de vista teórico, cabe reconstruir a visão tradicional de aprendizagem ainda não vinculada às questões ambientais. O ponto de partida seria o fato de que, para analisar minimamente bem a realidade que nos cerca, a referência ambiental é parte constituinte, não só por conta do risco que corremos em não tomá-la em conta, mas mormente porque é fundamental mudar de visão em nome da qualidade de vida ambientalmente correta. Componente dessa visão é considerar a natureza como parte integrante da vida no planeta, revendo, entre outras coisas, a questão histórico-social. Também em Sociologia, sempre predominou a visão eurocêntrica do ser humano como centro do universo, resultando daí a inclinação predatória da natureza e de outros seres vivos. Hoje tendemos a considerar “social” e “natural” praticamente como sinônimos, implicando, entre outras sugestões, não mais olhar o ser humano como razão de ser do universo. Ele é apenas, talvez, mais evoluído, mas jamais especial, superior, único. Nesse sentido, teria * Pedro Demo é PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken, Alemanha, e pós-doutor pela University of California at Los Angeles (Ucla), Estados Unidos. Atualmente é professor titular aposentado e Professor Emérito da Universidade de Brasília (UnB), Departamento de Sociologia. 10 ao enyte Sumário de se construir outro sentido para “fraternidade”, que incluísse a natureza como parceira, mãe. Do ponto de vista prático, o processo de aprendizagem precisa ser realizado, não apenas adaptado, de modo correto ambientalmente. Algumas sugestões podem ser: a escola precisa ser arquitetada de modo ambientalmente correto (em termos de áreas verdes, manejo de materiais, trato da alimentação, uso de energia, produção de lixo); no currículo, a organização dos conteúdos precisa inserir, naturalmente, a referência ambiental a cada momento, sempre, intrinsecamente; não se trata apenas de exemplificar com indicações ambientes (meio ambiente não é só exemplo, é questão de qualidade de vida), mas de inserir a referência ambiental como modo de ver, pensar, interferir, mudar, questionar; todas as atividades escolares precisam estar configuradas ambientalmente, de sorte a não surgirem contradições de visão e comportamento; preocupações mais centrais precisam deter o devido relevo, por exemplo: manejo do lixo, desperdício; estilo de alimentação; limpeza e asseio na escola; tratamento ao ambiente natural na escola (área verde, árvores etc.); avaliação permanente do ciclo de vida dos produtos e ambientes, de forma que a escola mantenha consciência sempre renovada de como lidar com a questão ambiental: como a escola envelhece ou se degrada; como a área física é preservada; como a área verde é cultivada; como os materiais didáticos são manejados, depredados; cuidado com o meio ambiente circundante da escola (na comunidade próxima), para que a escola seja vista como líder da causa, tendo alunos como protagonistas. Há muito que fazer na esfera da educação ambiental. Eu diria que a educação ambiental em geral evita enfrentar a questão da aprendizagem. Faz isso Sumário por comodismo, comum entre nós: toma como referência tranquila a aula. Estou sugerindo a necessidade de rever radicalmente os procedimentos de aprendizagem. Quando autores sugerem que é preciso colocar o aluno no centro, em parte exigem que se respeite o modo como se aprende naturalmente. Se tomássemos em conta, por exemplo, como funciona o cérebro da criança de seis anos, jamais daríamos aula. Aula lhe é algo estranho, tanto assim que as mães não dão aula (Schneider, 2007). As crianças aprendem ludicamente, dependem muito de motivação, necessitam de orientação, interagem naturalmente, como parte de sua linguagem natural. A escola deveria, então, ser como a natureza: instituição aberta, diversa, plural, formativa. Isso não desfigura a necessidade de organização, porque a liberdade de expressão só é produtiva em contexto de organização e que implique regras de jogo (O’Neil, 2009). Mas, como dizia Foucault (2007), a escola mais parece prisão: comportar-se bem sempre foi mais importante que aprender bem. A mensagem da natureza será: criar seres livres que não se depredam. Pode-se aprender tudo na vida, mas a referência maiúscula é aprender a conviver em ambientes diversos, plurais, complementares, onde se combinam igualitariamente rivalidades e solidariedades, de maneira minimamente sustentável. Não basta levar a sério a questão ambiental por conta de nossa sobrevivência ameaçada. Isso significa reação tardia e arrependida. Mais importante é oferecer para nossas crianças a oportunidade de aprender ambientalmente, tendo a relação com a natureza como referência intrínseca do que seria, hoje, aprender bem. Formando-se a criança ambientalmente, ela tem a oportunidade de inscrever em sua vida uma relação ambiental adequada, inaugurando outra expectativa cultural e civilizatória. * A íntegra do texto pode ser encontrada no endereço http:// pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/td30.html. ** Ilustração: A vida na palma da mão, de Raphael Alleph Leitão Vasconcelos. ao enyte 11 Joaquim Nogales Amar é ... Realizar a cerimônia de confirmação de bodas, o ritual do casamento, no templo nobre do Grande Oriente do Distrito Federal. E foi exatamente isso que o Ir. Augusto Flávio, da Loja Honra e Tradição, e a cunhada Claudia Mendes fizeram na tarde do dia 28 de agosto. Foi a primeira vez que esse tipo de cerimônia se realizou no templo nobre do GODF. Posse na Corte Ministro do Superior Tribunal de Justiça desde 1996, Felix Fischer tomou posse na vice-presidência daquela corte no dia 3 setembro. O STJ é a mais alta corte do país para julgamentos de questões referentes às leis federais (legislação infraconstitucional). Na foto, o casal Sônia e Felix Fischer ladeado pelo Grão-Mestre Jafé Torres e o venerável da Loja Areópago, Gilberto Corbacho. Política na pauta Cultura Espiritual O cientista político e pesquisador da UnB Leonardo Barreto proferiu palestra sobre o tema “Política e poder” na Loja Desembargador Francisco Murilo Pinto, dia 25 de outubro. A Loja é a mais nova oficina jurisdicionada ao GODF, fundada em 1º de setembro. Barreto nos brinda com o artigo da página 30. O presidente da ONG União Planetária, Ir. Ulisses Riedel, foi um dos cinco brasileiros convidados a participar do I Fórum Mundial de Cultura Espiritual, que aconteceu no Cazaquistão, entre os dias 18 e 20 de outubro. Os outros brasileiros convidados foram: Leonardo Boff, Frei Beto, Paulo Coelho e o senador Cristovam Buarque. Resultado das urnas A Comitiva do Real Arco (Rito York norte-americano) visitou o GODF no dia 5 de novembro. Além dos Irmãos eleitos vice-presidente, Michel Temer, e vice-governador do Distrito Federal, Tadeu Filippelli, a família maçônica do DF comemora a reeleição do deputado federal Ir. Isalci Lucas (foto), com cerca de 98 mil votos, e a eleição, para primeiro mandato na Assembleia Legislativa Distrital, do Ir. Olair Francisco. Sumário Academia Maçônica Perto de 100 pessoas pagaram para degustar a palestra-almoço do exsenador Lindenberg Cury, promovida pela Academia Maçônica de Letras do DF – AMLDF. Inserir palestra no menu do almoço já era hábito da AMLDF, mas, desde que a entidade firmou parcerias com a Associação Comercial, Federação das Indústrias, Rotary, OAB, Universidade de Brasília, Federação do Comércio e União Planetária, os eventos só vêm crescendo. Welcome brother Milagres acontecem Lee George Hunderhill, cônsul do Reino Unido e administrador da Embaixada da Inglaterra em Brasília, foi iniciado na Loja Três Poderes 2308. Este é um marcante livro lançado pelo Ir. Nelson Dias Leoni, oficial do Exército brasileiro, sobre sua história de luta pela vida, após levar um tiro de fuzil, em 2005, quando estava a serviço da Missão da ONU no Haiti. Subscreve a obra com Leoni a jornalista Damaris Giuliana. Monteiro Lobato Considerado precursor da campanha do “petróleo é nosso”, o escritor Monteiro Lobato será patrono de nova loja no DF. O autor do Sítio do Picapau Amarelo já é patrono de sete lojas em outros Orientes estaduais. Encontro dos veneráveis No dia 16 de outubro, a Poderosa Congregação reuniu-se no Templo Nobre do GODF para tratar de três temas: 1) sucessão ao Grão-Mestrado do GODF; 2) realização da 1ª Loja de Mesa (banquete ritualístico) pelo GODF, com a participação de todas as lojas e 3) Almoço Natalino, que ficou marcado para 5 de dezembro. A eleita A governadora eleita do Rio Grande do Norte, atual senadora Rosalba Ciarlini, visitou o Grande Oriente do Distrito Federal dia 17 de novembro, para conhecer o trabalho social desenvolvido por Irmãos à frente da Fundação Gonçalves Ledo. Na foto, o Ir. Augusto Escóssia de Oliveira, Jafé Torres, a senadora Ciarlini, o Ir. Johaben Camargo, representando o senador Mozarildo Cavalcanti, e o Ir. Eduardo Luiz Lucas Bruniera, coordenador da entidade paramaçônica Bodes do Asfalto. Sumário Aconteceu Baile do Maçom — 18° Baile da Maçonaria do Distrito Federal — A 18a edição do Baile do Maçom reuniu, na noite de 28 para 29 de agosto, mais de duas mil pessoas no salão do Grande Oriente do Brasil. Na festa, realizada conjuntamente pelo Grande Oriente do Distrito Federal – GODF e pela Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, ocorreu o sorteio de um Renault Clio 1.0 zero km. Foi mais uma homenagem da família maçônica aos 50 anos de Brasília. 1 3 2 1. O governador eleito do DF, Agnelo Queiroz, o vice-governador eleito, Tadeu Filippelli, com o Grão-Mestre Jafé Torres; 2. O GrãoMestre Jafé com o senador eleito pelo DF Rodrigo Rollemberg; 3. O Grão-Mestre Adjunto do GODF, Lucas Galdeano, Norma Torres, o senador Mozarildo Cavalcanti, com sua esposa, Geilda, e a presidente da Fraternidade Feminina, Maria do Carmo; 4. Nair Fernandes, João Alfredo Ximenes, o deputado federal reeleito Isalci Lucas e sua esposa Ivone. 14 ao enyte 4 Sumário 5 1 6 2 3 7 8 4 1. Panorâmica do baile; 2. Joãozinho Trinta esteve por lá; 3. O sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, Juvenal Amaral, comemora com a filha, Marianne, sorteada com o Renault Clio zero km; 4. O Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, com a irmã Ivanise, os sobinhos Fábio e Flavia e os Irmãos Reginaldo Pereira e Tasso Ottoni, respectivamente, conselheiro e presidente da Fundação Gonçalves Ledo; 5. Johaben Camargo e Alamir Ferreira agitam as urnas do sorteio do Clio zero; 6. O Grão-Mestre Jafé com o venerável mestre da Loja Três Poderes, Edilson Almeida, e a esposa, Maria Izabel; 7. Os veneráveis mestres Jorge Lunkes, da Loja Fraternidade Brasiliense, e Renes Mauro de Souza, da Loja José Castellani; 8. O colunista Gilberto Amaral gravou talk show no baile. Na foto, Amaral entrevista o Grão-Mestre Jafé Torres. Sumário ao enyte 15 1 5 2 6 3 7 4 1. Grão-Mestre Jafé Torres, senhora integrante da Fraternidade Feminina, vice-governador, Tadeu Filippelli, e os IIr. Gilberto Corbacho e Paulo Monteverde; 2. Marianne Amaral, feliz com seu carro novo; 3. Norma Torres e Jafé Junior; 4. Karla Grippe, secretária do GODF, ladeada pelo casal Francisco de Assis (assessor do GODF) e a esposa, Marlene; 5. O Grão-Mestre Jafé ladeado por Rubi Rodrigues, membro da AMLDF e Álvaro Luiz Tronconi, professor da UnB; 6. O Grão-Mestre Jafé Torres com o ministro José de Jesus e senhora; 7. As meninas “Filhas de Jó”. Preserve a segurança no que se constrói ao longo do tempo! Faça a cotação e descubra por que nossos clientes sentem-se mais seguros! www.alertaseguros.com.br ao enyte SCS Ed. São Paulo, sala 617 Brasília/DF – CEP: 70360-060 16 Tel.: (61) 3043-8080 Fax: (61) 3043-8060 Rua 104, n. 192, Setor Sul Goiania/GO – CEP: 74083-300 Sumário Tel.: (62) 3093 8080 Fax: (62) 3091-6307 alerta. seguros Bento Gonçalves nova estrela no Planalto Central Johaben Camargo* U ma nova estrela brilha no Oriente do Distrito Federal desde o dia 24 de setembro de 2010, data da regularização da Loja Bento Gonçalves número 4060. A nova oficina, fundada em maio deste ano por um grupo de 66 irmãos de diferentes lojas, irá reforçar as colunas do Grande Oriente do Brasil e do Grande Oriente do Distrito Federal. A loja nasce com o objetivo de exercitar a verdadeira Maçonaria universal, tendo por base os princípios da família, da caridade e das melhores tradições da Ordem. Não há, então, o que estranhar no fato de a escolha para patrono do novo ente do GODF ter recaído sobre o herói da Revolução Farroupilha, General Bento Gonçalves, homem probo, de bons costumes, amante das tradições, da liberdade, da solidariedade e da fraternidade. Ao contrário do que pode parecer, não se trata de oficina exclusiva de gaúchos, mas, sim, de uma loja imbuída do espírito libertário daqueles revolucionários que, entre os anos 1835 e 1845, desafiaram as forças imperiais e implantaram no sul do país a República do Rio Grande. Para registrar a regularização dessa nova estrela do Planalto Central, foi realizada, em 24 de setembro, Sessão Magna Branca em comemoração aos festejos da Epopeia Farroupilha, realizados tradicionalmente no dia 20 de setembro, data-símbolo para o povo gaúcho. Estavam presentes mais de 150 pessoas, entre Irmãos, familiares e convidados, incluindo representantes de Lojas Gaúchas e dos CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) de Brasília, devidamente pilchados. Sessão Magna em homenagem à epopeia Farroupilha. Ao fundo, Grão-Mestre Jafé Torres, Francisco Roni, venerável da Loja Bento Gonçalves, e Renes Mauro de Souza, venerável da Loja José Castellani, e Irmãos de diferentes lojas. nagens Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi. Uma centelha representativa da Chama Crioula foi o auge das festividades, que incluiu poesias e brilhante palestra sobre o comandante Bento Gonçalves, proferida pelo Ir. Flávio Rostirola. De acordo com o venerável mestre da nova oficina, Ir. Francisco Roni da Rosa, embora o Rito adotado seja o R.·.E.·.A.·.A.·., a Loja conta com Irmãos dos outros cinco Ritos reconhecidos pelo GOB. Ele agradeceu especialmente a colaboração da Loja-Mãe da Loja Bento Gonçalves, a Loja José Castellani, e também o apoio da Loja Honra e Tradição, que contribuiu com muitos obreiros para a nova oficina. O público vibrou com a representação teatral da Epopeia Farroupilha, com diálogos entre os perso- A Sessão Magna foi prestigiada pelo Eminente GrãoMestre do GODF, Ir. Jafé Torres, e sua comitiva. Ao final dos trabalhos, ele destacou a expressão da rara e ímpar beleza do evento, salientando a virtude diferenciada da Maçonaria praticada no Distrito Federal. * Johaben Camargo é jornalista, professor universitário e MM das Lojas Honra e Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um dos fundadores. A Loja Bento Gonçalves reúne-se na segunda e na quarta semana do mês, às sextas-feiras, no Templo da Loja União e Silêncio, no Park Way, às 20 horas. Sumário ao enyte 17 Homenagem justa e perfeita Senador Mozarildo Cavalcanti discursando em sessão especial do Senado. O Senado Federal realizou sessão especial em homenagem à Ordem Maçônica no dia 20 de agosto último, Dia do Maçom, pelo décimo ano consecutivo, por iniciativa do senador e Ir. Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Estiveram presentes à solenidade representantes das três potências Maçônicas regulares: Grande Oriente do Brasil – GOB, Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB e Confederação Maçônica do Brasil – COMAB. O senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) destacou que os maçons têm a missão de autoaperfeiçoamento, a dedicação às boas obras, a promoção da verdade e o reconhecimento como homens e como irmãos de seus semelhantes. O Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal, Jafé Torres, por sua vez, afirmou que a Maçonaria tem realizado significativos trabalhos sociais em prol da comunidade, enfatizando a responsabilidade da instituição para a construção de um país com maior justiça social. História – 20 de agosto é denominado, por tradição, o Dia do Maçom. Segundo Manoel Joaquim de Menezes, em 20/08/1822, na 14a Sessão do GOB, Joaquim Gonçalves Ledo teria defendido a independência do Brasil antes mesmo de D. Pedro proclamá-la. Já para o historiador José Castellani, Menezes equivocou-se, Já o senador Mozarildo, após relembrar a participação marcante da Maçonaria em fatos históricos do Brasil, como a Independência, a libertação dos escravos e a proclamação da República, afirmou que a Ordem tem enorme responsabilidade na construção do futuro do Brasil. Para o senador, a Maçonaria adapta-se aos novos tempos, interagindo cada vez mais com a sociedade, “sendo um exemplo para os brasileiros pelo trabalho sério e honesto que desenvolve, contribuindo para que o país seja, realmente, democrático, fraterno e igualitário”. 18 ao enyte Convidados prestigiam o Dia do Maçom no Plenário. Sumário pois o GOB foi fundado em 17 de junho de 1922 e a sua 14ª sessão ocorreu no dia 9 de setembro. Mesmo assim, o discurso inflamado de Ledo pela independência, de acordo com Castellani, teria sido proferido antes da notícia da proclamação ocorrida em 7 de setembro ter chegado do Rio de Janeiro. Conforme explica José Castellani no livro que subscreve com William Carvalho sobre a história do Grande Oriente do Brasil, o equívoco de Menezes ocorreu porque, no século XIX, o calendário maçônico pautava-se pelo calendário judeu, com o início do ano em 23 de março, porém, Menezes contou como início do ano maçônico o 1º de março. Como a ata da 14ª sessão do GOB diz que a reunião ocorreu no 20º dia do 6º mês, Menezes contabilizou o discurso de Ledo no dia 20 de agosto. O cálculo de Menezes induziu a erro o Barão do Rio Branco, que propagou a data equivocada para todo o país, em meados do século XIX, ao escrever sobre a história da Independência. É fato incontestável, todavia, que a participação da Maçonaria foi decisiva no processo de independência da então colônia portuguesa. O Grão-Mestre Jafé Torres com 12 membros da delegação da Loja Honra e Tradição e o secretário de Educação e Cultura do GODF, Luiz Arino (2° à esquerda). Tasso Otoni, presidente da FGL; Jafé Torres, Grão-Mestre do GODF; Senador Mozarildo Cavalcanti e Antônio Rêgo Filho, presidente da PAEL da Paraíba, em almoço comemorativo ao Dia do Maçom. Jovens da Associação Paramaçônica Juvenil – APJ compareceram à sessão especial. Sumário ao enyte 19 Loja em foco A tríade da Tolosa estudo, trabalho e união Antônio Luís Rodrigues Alves * Q uando os fundadores constituem uma loja maçônica, além de escolher o rito, o nome e a obediência, hão de decidir a finalidade — ou objeto — à qual inicialmente a oficina vai se dedicar. Em geral, há consenso sobre os objetivos a serem alcançados, contudo, depois de fundada, a loja adquire personalidade própria e, às vezes, trilha caminho diverso ou desenvolve trabalhos diferentes daqueles originalmente previstos. Isso não aconteceu com a Loja Maçônica Miguel Archanjo Tolosa. Fundada em 16 de dezembro de 1981 por 14 mestres maçons reunidos na residência do Ir. Camillo de Oliveira Júnior, na Asa Norte, em Brasília/DF, a tríade “estudo, trabalho e união” foi erigida já na ata de fundação. Desde então, os objetivos originais vêm sendo tenazmente perseguidos. Para tanto, a Loja Miguel Archanjo Tolosa promove diversos eventos, entre eles, destacam-se as tradicionais costeladas, cuja renda é revertida para projetos sociais, por meio da AFETO – Associação Feminina Tolosa, e a campanha de serviços sociais organizada anualmente na cidade de Flores de Goiás. A Campanha de Flores de Goiás é realizada conjuntamente com Irmãos de outras lojas, notadamente da Fraternidade e Justiça II, do oriente de Sobradinho/DF, e conta com a participação de diversos profissionais, como médicos e dentistas, que prestam atendimento gratuito à população da cidade goiana. A tudo isso somam-se a distribuição de alimentos, roupas e remédios e um almoço oferecido àquela comunidade. * Antônio Luís Rodrigues Alves é servidor público do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e MM obreiro da Loja Miguel Arcanjo Tolosa. 20 ao enyte Os eventos sociais organizados pela Loja Miguel Archanjo Tolosa contam com grande prestígio na comunidade maçônica, de forma que a celebração das datas importantes, bem como o banquete ritualístico realizado anualmente no Dia do Maçom são disputados por Irmãos de todo o Distrito Federal. Embora mereçam apreço, não são a filantropia ou os eventos sociais que constituem o alicerce sobre o qual é construída a loja maçônica. Vale dizer que a própria sobrevivência da Ordem depende do estudo do simbolismo, da filosofia e da busca da verdade, pois qualquer associação pode praticar a filantropia ou organizar festividades, contudo, somente uma Augusta Regular Loja Simbólica pode transmitir às gerações futuras os conhecimentos e valores maçônicos. É nesse particular que se verifica a excelência da Loja Miguel Arcanjo Tolosa. Na formação dos aprendizes e companheiros é empregado um método de ensino, lapidado ao longo dos anos, que facilita a apreensão dos conhecimentos do grau, resultando na constituição de abalizados mestres maçons, capazes de estender a Maçonaria aos seus respectivos campos de atuação. Ferramenta essencial no processo de reciclagem e formação cultural do maçom é o Curso de Maçonaria Simbólica José Castellani, organizado anualmente e que hoje conta com o apoio do Grande Oriente do Distrito Federal (veja matéria na página 20). Em novembro de 2009, a Loja promoveu o 1º Seminário Maçônico de Assuntos Estratégicos, no qual se debateu a soberania nacional, política, educação e energia. Os ramos de acácia que exornam os três lados do Selo da Loja traduzem o título honorífico de Grande Benfeitora que o Grande Oriente do Brasil lhe concedeu, em razão dos relevantes serviços prestados à comunidade maçônica pelo então Jornal Egrégora, Sumário hoje revista com edição trimestral, que se consolidou como importante veículo de propagação cultural. Baluarte da união maçônica, tal qual seu patrono, a Miguel Arcanjo Tolosa prima pela concórdia e união de todos os ritos e potências. Facilita o diálogo, colocando-se a serviço da mediação na busca da solução harmoniosa dos conflitos. Internamente é exemplo de pluralidade e reunião daquilo que está disperso, pois abriga, sob suas asas de pelicano, pessoas de diferentes convicções políticas e religiosas, extirpando do seu ninho o sectarismo e a intolerância. Vê-se, pois, que, não obstante passados vinte e nove anos desde a sua fundação, a Loja Maçônica Miguel Arcanjo Tolosa segue firme na busca de seus objetivos originais, estudando, trabalhando e cultivando a união entre todos os maçons. Miguel Archanjo maestro da harmonia* O Ir. Miguel Archanjo Tolosa, Patrono de uma das Lojas mais atuantes do Grande Oriente do Distrito Federal, que leva o seu nome, nasceu em 29/09/1924, em São Luiz do Paraitinga, São Paulo, e faleceu em 10/11/1980, em Brasília. Fez carreira militar no Exército brasileiro e, como músico-maestro de banda militar e maçom, colheu reconhecimento, respeito e admiração de todos que o conheceram. Transferido para a 6ª CIA de Guarda do Exército em 1958, Tolosa foi um dos que contribuiu, como maestro da banda da Companhia, para o sucesso da festa de inauguração de Brasília, promovida pelo presidente Juscelino Kubistcheck. Após a inauguração da nova capital, a 6ª CIA foi extinta, e Tolosa, transferido para o Batalhão da Guarda Presidencial. Em 1970, Miguel Archanjo foi reformado pela Junta Militar de Saúde por problemas cardiovasculares. Sua patente: 1o Sargento. Na Ordem Maçônica, Tolosa foi um exemplo. Iniciado a 31/01/1965, na Loja Brasiliana n. 4 (atual Santuário de Adonai 4), da Sereníssima Grande Loja de Brasília, alcançou o Grau de Mestre em 30/03/1965. Em janeiro do ano seguinte, participou da fundação da Loja Abrigo do Centro 8, sendo eleito 1º vigilante em 1967. Em 1974, foi eleito venerável mestre da Loja Abrigo do Cedro. Em junho daquele ano, foi Exaltado ao Grau 33, tornando-se, assim, grande inspetor-geral da Ordem. Em outubro, tornou-se presidente do Conselho Kadosh Visconde Jequitinhonha. Sumário Com a saúde abalada, Tolosa, a partir de 1977, deixou de ocupar cargos em Loja, em virtude de um enfarte do miocárdio. Foi a partir desse momento que suas ligações do Grande Oriente do Brasil – GOB estreitaram-se. Morando próximo à sede do GOB em Brasília, na 713 Sul, Miguel Archanjo costumava ocupar o Tempo de Estudos nas Oficinas lá instaladas. Profundo conhecedor dos mistérios da Ordem, lutou pela união das Potências Maçônicas Brasileiras. “Após sua partida para o Oriente Eterno, em dezembro de 1981, criou-se a Loja Miguel Archanjo Tolosa 2131. Fundada por um grupo de obreiros do Grande Oriente do Brasil, representou uma homenagem a um valoroso maçom da Grande Loja. A Maçonaria do Distrito Federal prestou, desse modo, a mais justa e perfeita homenagem a Miguel Alrchanjo Tolosa”, escreveu o Ir. Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto do GODF e ex-venerável mestre da Loja Miguel Archanjo Tolosa. *Fonte: GALDEANO, Lucas F., Miguel Archanjo Tolosa: Patrono da Nossa Loja, in Cardernos de Pesquisas Maçônicas 18, Editora Maçônica A Trolha, 2001. Tempo de estudo Curso de Maçonaria Simbólica Abertura do XVII Curso de Maçonaria Simbólica José Castellani. A Loja Miguel Archanjo Tolosa promoveu, nos dias 22 e 23 de outubro, o XVII Curso de Maçonaria Simbólica “José Castellani”, no Templo Nobre do GODF. O evento contabilizou 70 irmãos presentes, entre eles, o eminente Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, e o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano. A palestra de abertura, na sexta à noite, foi proferida pelo Ir. Marden Maluf sobre o tema “A ciência Maçônica do equilíbrio”. 22 ao enyte No dia 23, sábado, outras cinco palestras: “O simbolismo das marchas no R.·.E.·.A.·.A.·.”, com o Ir. Raul Sturari; “200 anos de Maçonaria no Brasil”, com o Ir. William Carvalho; “Pavimento mosaico: pluralidade e multiculturalidade”, com o Ir. Danilo Porfírio; “As atribuições de um venerável mestre”, com Lucas Galdeano e “A contribuição de Wolfgang Amadeus Mozart à Maçonaria”, com o Ir. Marden Maluf. Colaborou o Ir. Orlando Galdeano. Sumário 1 2 3 5 4 6 1. Marden Maluf proferiu as palestras de abertura e de encerramento do evento; 2. William Carvalho falou sobre os 200 anos da Maçonaria no Brasil; 3. O pró-reitor dos cursos de pós-graduação do Centro Universitário UDF e um dos responsáveis pelo curso de pós-graduação sobre história da Maçonaria oferecido pela instituição, Fabiano Ferraz, participou do curso José Castellani como membro da Tolosa; 4. O venerável mestre da Loja Miguel Archanjo Tolosa, Clemir Márcio Rodrigues, agradeceu a participação de IIr. de outras lojas; 5. Os IIr. Orlando Galdeano, Décio Bottechia Jr., José Braz Jr. e Joaquim Nogales; 6. O Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, e o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano, seguram fotos dos IIr. Francisco Murilo Pinto e Joferlino Miranda Pontes, respectivamente, ex-Grão-Mestre-Geral do GOB e ex-Grão-Mestre-Geral Adjunto, que foram homenageados na palestra “A Ciência Maçônica do Equilíbrio”, proferida por Marden Maluf. O sucesso de sua festa nas mãos de profissionais qualificados, para que você possa realizar seu maior sonho e curti-lo. Há 40 anos trabalhando junto com você. Conheça nossa linha Office e torne seu trabalho mais prático. Sumário ao 40 anos de tradição (61) 3349-0880 www.brito.com.br [email protected] 23 enyte [email protected] Terceiro setor Fundação Gonçalves Lêdo uma organização social J oaquim Gonçalves Lêdo, 1o vigilante do Grande Oriente do Brasil em 1822, jamais poderia supor que, 172 anos mais tarde, um grupo de maçons intitularia uma organização social com o seu nome, no coração do país — a Fundação Gonçalves Lêdo – FGL. E se surpreenderia mais ainda ao sabê-la capaz de formar, em 20 meses, mais de 200 mil alunos nos diferentes 52 cursos ministrados, dos quais 40 na área de informática e 12 de capacitação em outras áreas profissionais. (Veja em http://www. dfdigital.df.gov.br/) A FGL, na qualidade de gestora do Programa do DF Digital, principal eixo na promoção da inclusão digital e capacitação técnica do Distrito Federal por meio de ensino a distância, multiplicou por cinco a quantidade de alunos inscritos no programa. No início da gestão da FGL, em abril de 2009, o DF Digital contava com 14,6 mil alunos matriculados. Considerando-se a matricula de estudantes em dois ou mais cursos, representava 28,8 mil cursos em andamento (veja quadro na página ao lado). Vocação beneficente Como seu patrono, a FGL enfrentou obstáculos para a implementação de ações empreendedoras implícitas em seus projetos de mudança social. Criada em 6 de abril de 1994, sob a inspiração de membros da Loja Gonçalves Lêdo, do Oriente de Taguatinga, a FGL se desvinculou de sua loja-mãe para firmar contrato de gestão, em 2009, com vigência por 5 anos, com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do GDF, por meio da Fundação de apoio à Pesquisa – FAP. Os resultados alcançados no programa de inclusão digital, porém, não afastaram a FGL de sua vocação beneficente, ao contrário. Integrou Ações Cívico-Sociais juntamente com outros parceiros sociais, compreendendo ações educativas de saúde, regularização de documentos, distribuição de alimentos e kits de saúde bucal nas cidades do entorno do DF. Mais recentemente, em 19 de novembro, a FGL lançou, juntamen24 ao enyte O presidente da FGL, Tasso Ottoni, e mil cestas básicas para a campanha Natal da Fraternidade, no pátio interno do ed. Embassy Tower, sede da Fundação no Plano Piloto. Outras duas mil cestas ficaram na garagem, porque a laje poderia não suportar o peso. te com o Grande Oriente do Distrito Federal, a Ordem dos Advogados do Brasil Seccional do DF – OAB/DF e com o apoio do Correio Braziliense e do Banco do Brasil, a campanha “Natal da Fraternidade”, com o objetivo de arrecadar 20 mil cestas básicas, a serem distribuídas à população de baixa renda. Em sua sede matriz, no Recanto das Emas, cidade satélite de Brasília, a FGL já atendeu gratuitamente a mais de 50 mil pessoas na área de clínica médica, oftalmológica e odontológica. A sede possui 3.000 m2 de área construída, num terreno de 600.000 m2, sendo equipada com ambulatórios médicos e consultórios odontológicos, refeitório e 11 salas de aula, onde cerca de 3,2 mil pessoas já foram certificadas em cursos profissionalizantes, entre 2000 e 2005, no âmbito das ações do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, do Ministério do Trabalho e Emprego. Trabalho reconhecido A transformação da FGL começou em 2005, quando Wellington de Queiroz, membro da Loja Gonçalves Lêdo, assumiu sua presidência. Os esforços então empreendidos foram para tornar a FGL independente de qualquer loja maçônica. Sumário Alterações procedidas em seu estatuto, desvincularam a FGL da loja-origem, permitindo sua habilitação como organização social sem fins lucrativos no GDF, ainda em 2007. O reconhecimento das ações implementadas pela FGL desde 1994 conferiu-lhe certificado de organização social, permitindo-lhe a participação em processos licitatórios em geral. Substituindo a UnB Com o encerramento, em 2008, do convênio firmado entre a Universidade de Brasília e o GDF para a gestão do DF Digital, instituído por decreto, em agosto de 2006, o GDF abriu nova concorrência pública para que entidades sociais capacitadas dela participassem. A FGL foi habilitada no processo licitatório, sendo selecionada como gestora do programa no primeiro trimestre de 2009. “Confirmado o resultado da licitação, alugamos instalações no edifício Palácio da Imprensa, no setor de Rádio de TV Sul, porque foi uma exigência do contrato criar uma sede administrativa da Fundação no Plano Piloto. Abrimos licitação para a aquisição de milhares de computadores, ao mesmo tempo em que realizamos concurso público para a contratação de 400 funcionários”, recorda Wellington de Queiroz, que presidiu a FGL por dois mandatos consecutivos (20052009), sendo membro atual do Conselho Curador da entidade. Suspeitas infundadas À Manoel Tavares Santos, sucessor de Queiroz à frente da FGL, coube esclarecer notícias infundadas então veiculadas, no início de 2010, sobre possível ilegalidade na contratação da FGL. Pós-graduado em administração de empresas e alto funcionário de carreira do Banco Central , Tavares alcançou pleno sucesso na gestão de esclarecimentos eficazmente prestados à sociedade sobre a legalidade da contratação de Organizações Sociais pelo Estado. O mal-entendido teve sua origem quando o GDF, ao encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça informações sobre valores pagos às empresas prestadoras de serviços de informática, não incluiu os valores deSumário Evolução da gestão FGL no DF Digital Categorias 04/2009 11/2010 Aumento Alunos matriculados 14,6 mil 74 mil 407% Cursos em andamento 28,8 mil 153 mil 431% Queda no custo por curso ministrado 2010 Custo por curso ministrado em R$ Variação de custo em % Fevereiro 321,48 100% Maio 217,57 – 32,3% Junho 195,31 – 39,2% vidos à FGL. O GDF não incluiu a Fundação, porque mantém com a FGL um contrato de gestão, e não de prestação de serviços de informática, mas, até explicar a diferença entre esses dois contratos, a imprensa divulgou suspeitas infundadas do Ministério Público e tudo teve de ser explicado no Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT, que aprovou o contrato de gestão de acordo com a lei. Por motivos de saúde, Manoel Tavares pediu exoneração do cargo em fevereiro, sendo substituído pelo prof. Tasso Ottoni, então diretor de operações da entidade. Em julho passado, com a superação judicial do impasse sobre a legalidade do contrato de gestão, deu-se continuidade aos serviços prestados em face da competência e zelo implícitos na execução do programa de inclusão digital. A meta é exportar Para Reginaldo Silva Pereira Filho, membro do Conselho Curador da FGL, a entidade está plenamente capacitada para expandir suas atividades para outros estados. “A FGL é a principal entidade de ensino a distância focada no atendimento da demanda de capacitação nos estados e municípios, com plenas condições de “exportar” a exitosa experiência do Distrito Federal , tanto na área de ensino a distância, como também em tecnologia Wi-Fi”. ao enyte 25 “Criamos padrões de eficiência na oferta de cursos de capacitação no setor de informática e de qualificação profissional. Unificamos a programação dos cursos em um Único Sistema de Gerenciamento da Aprendizagem e as plataformas dos polos, o que permite ao aluno fazer um curso em qualquer polo, ou até mesmo em casa, pelo seu computador”, salienta Tasso Ottoni. Numero de polos do DF Digital Abril 2009 Novembro de 2010 72 unidades 135 unidades O DF Digital conta com 135 polos com computadores com acesso à internet espalhados pelo Distrito Federal. Há polos instalados em edifícios próprios do GDF (27), paróquias (46), entidades conveniadas com o Ministério da Ciência e Tecnologia (29) e em outros órgãos parceiros (33). O secretário de Ciência e Tecnologia, Divino Martins, destaca: “O DF Digital gera renda para a população e, por isso, também é um programa de inclusão social”. 1 3 2 26 ao enyte 1. Equipe do Polo de Ceilândia Norte; 2. Magda Landim, monitora do Polo Paranoá: “o DF Digital já recuperou até alcoólatra”; 3. Seu Odir (83) e dona Alda Falcão (79), inclusão digital sem precisar dos netos. www.documentalcontabil.com.br E-mail: [email protected] SEPS 705/905, conj. A, salas 309 e 311 – Centro Empresarial Santa Cruz Tels.: (61) 3242-4132 / 3244-6476 Fax: (61) 3244-6476 Sumário O 1o vigilante do GOB J 1 2 1. Diplomados do Curso Geração III do Polo Sobradinho com o deputado federal reeleito Ir. Isalci Lucas: internet para a terceira idade; 2. Adriana de Queiroz, coordenadora do Polo Touring: “Os alunos do Geração III são os mais assíduos”. Sumário oaquim Gonçalves Lêdo (1781-1847) empregava o nome de Diderot, o revolucionário editor da Enciclopédia Francesa, nas sessões do Grande Oriente do Brasil, do qual foi um dos fundadores, em 17 de junho de 1822, e o primeiro a ocupar o cargo de 1o grande vigilante do GOB. Os historiadores maçons o consideram o maior maçom de sua época e também o mais injustiçado, pois muito pouco é citado sobre sua figura na história oficial do Brasil. Republicano, defendeu ardorosamente a independência do Brasil em sessão do GOB, o que originou as comemorações do Dia do Maçom (veja matéria na página16). Exilou-se quando D. Pedro fechou o GOB e retornou para reinstalação do Grande Oriente (1831-1832). Em 1834, perdeu a cadeira de deputado e deixou a vida pública. Faleceu em 1847, em sua fazenda Sumidouro, em Santana de Macacu, no Rio de Janeiro. ao enyte 27 Atualidade Nebulosa Amazônia Maynard Marques de Santa Rosa* Em 28 1908, no auge do ciclo econômico da borracha, Euclides da Cunha alertou para a problemática da Amazônia, figurando-a como uma nebulosa, cujo movimento centrífugo de expansão, ao crescer com o tempo, poderia levá-la a despregar-se do Brasil. A população da Amazônia Legal ultrapassa os 24 milhões e cresce a uma taxa superior à média nacional. Os polos urbanos concentram 72% do total. O restante vive às margens dos rios e estradas, esvaziando o interior. Somente a metrópole de Belém possui mais de 2 milhões de pessoas, e a de Manaus, mais de 1,5 milhão. Com um território que ocupa 60% do Brasil, a Bacia Amazônica detém 20% da água doce do planeta e sua malha hidroviária chega a 22 mil quilômetros. Sua biodiversidade representa 30% das florestas e 10% da biota mundial, com 3 bilhões de espécies e um banco genético incalculável. Geologicamente, é a última fronteira mineral da Terra. Apesar da magnitude do seu potencial, o produto regional bruto é pífio em relação à economia brasileira, representando apenas 6% do PIB nacional, logo, a Região ainda se constitui mais um problema do que uma solução para o Brasil. ao enyte Evocando o simbolismo da linguagem de Euclides, são abordados a seguir os principais fatores que, oriSumário ginados na vastidão amazônica, afetam o equilíbrio geopolítico do nosso país. Os fatores centrípetos são os que fortalecem a coesão nacional, e os centrífugos, os que a enfraquecem. Fatores Centrípetos O que mais favorece a soberania brasileira sobre a Amazônia são sua posição geográfica e configuração territorial. Excêntrica em relação à zona de maior circulação da riqueza global no hemisfério norte, a região dista mais de seis mil quilômetros dos Estados Unidos, evitando o chamado efeito gravitacional das superpotências e garantindo ao Brasil ampla liberdade de ação política. A forma compacta do território facilita o controle, contrastando com a Indonésia, por exemplo, onde as ilhas da periferia vêm sendo atraídas pelos polos de interesse circunvizinhos (Cingapura e Austrália). O arco orográfico que envolve a Bacia Amazônica — os Andes, o Planalto Central brasileiro e o Maciço Guianense — funciona como uma espécie de armadura natural, protegendo-a da ingerência externa. Debruçada no Atlântico, a região tem a cidade de Belém como portal de entrada, o que enfatiza sua importância estratégica. Fatores Centrífugos A Amazônia brasileira encerra contenciosos geopolíticos cujo potencial de risco é proporcional à vastidão do patrimônio territorial. Os principais são: o isolamento, o vazio populacional, que torna a região um deserto verde, o subdesenvolvimento e as questões ambiental, indígena e administrativa. O isolamento natural restringe o acesso à região, limitando-o historicamente ao transporte aquaviário, fato que justifica os dois séculos de independência do Grão-Pará em relação ao Brasil. Daí a necessidade de integração viária com o restante do país. O vazio populacional amazônico foi considerado pelo eminente prof. Armando Mendes como seu principal problema político. Na verdade, a colonização efetiva só aconteceu na segunda metade do século XIX, com a atração de mão de obra nordestina para os seringais da margem direita do rio Amazonas. Esse ambiente é Sumário o habitat natural da hevea brasiliensis, a seringueira de maior produtividade. Na margem esquerda, ou “Calha Norte”, predomina a hevea benthamiana, espécie secundária, de baixo rendimento, o que inviabiliza sua exploração econômica, por isso aquela área continua desabitada. A densidade populacional de Roraima é de 1,8 hab/ km2, enquanto a do Brasil é de 21,5, o que torna imprudente a política de reservas indígenas, que força a “desintrusão” de não índios, reduzindo ainda mais a humanização do território. O subdesenvolvimento regional decorre da matriz econômica, o extrativismo. Inicialmente vegetal, e atualmente mineral, a indústria extrativa não é capaz de assegurar sustentabilidade à economia. A política tradicional de incentivos fiscais vem criando alguma compensação, mas só conseguiu como resultado a Zona Franca de Manaus, que custa 5 bilhões de dólares por ano ao Brasil. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,725, enquanto a média nacional é de 0,792. O desenvolvimento autossustentável da Amazônia, portanto, é outro impositivo estratégico para o nosso país. A questão ambiental tem como tese o fundamentalismo ambientalista e como antítese a cultura nativa de desrespeito à natureza. Essa dialética ameaça conservar a região subdesenvolvida. Evidentemente, a mentalidade de respeito ao meio ambiente representa uma conquista da civilização, mas o radicalismo, que chega ao extremo de considerar o ser humano um intruso na natureza, só contribui para ocultar interesses inconfessáveis. Três bandeiras principais têm alimentado a propaganda a partir da década de 1970: a tese do “pulmão do mundo”, a do “aquecimento global” e o noticiário sobre o desmatamento. Segundo o prof. Samuel Benchimol, a primeira surgiu a partir de uma interpretação equivocada da resposta do dr. Harold Sioli, do Instituto Max Planck, a uma consulta da UPI, em 1971. O cientista afirmou que um quarto do CO2 existente na atmosfera estava armazenado na biosfera da floresta. A imprensa distorceu para um quarto do oxigênio, fazendo a polêmica perdurar por mais de três décadas. ao enyte 29 A segunda baseia-se na crença de que o “efeito estufa” é causado pela emissão de dióxido de carbono (CO2) gerado pela humanidade. São 14 bilhões de toneladas por ano, sendo quase 90% oriundos do primeiro mundo e da China. As queimadas da floresta representam 3% dessa poluição. Contudo, no contraponto de “A Fraude do Aquecimento Global”, o geólogo Geraldo Luís Lino afirma que: “não há evidência científica que vincule os combustíveis fósseis aos aumentos recentes de temperatura”. Em outra opinião científica, o prof. Luís Carlos Molion alerta que a redução forçada das emissões de carbono diminuiria a oferta de energia, condenando os países subdesenvolvidos à pobreza eterna. filhos foram tornados capazes legalmente, sendo proibida a discriminação. O efeito histórico dessa política manifesta-se nos traços físicos da sociedade amazônica, em que quase 70% da população é constituída de mestiços, 24% de brancos e apenas 2,7% de índios. Logo, são os nativos que vêm absorvendo o contingente branco. A revisão dessa tradição, no entanto, ensejou a proliferação de reservas indígenas quase sempre situadas sobre grandes riquezas minerais. São 294 terras indígenas, que ocupam 822,9 mil km2. A área yanomami (96 mil km2) é maior do que Portugal (92 mil km2) e foi criada na fronteira, para abrigar 7 mil índios. A de Raposa-Serra do Sol equivale a 80% do estado de Sergipe. A terceira polêmica é a do desmatamento. O noticiário voltado à formação da opinião pública costuma englobar indistintamente os índices de desmatamento legal e ilegal como violação ambiental, o que caracteriza manipulação com objetivo desconhecido. A questão administrativa iniciou-se em 1823, quando o território amazônico foi incorporado ao Brasil. A falta de vivência com sua gestão política, no entanto, tem induzido os governos a tratá-la como um grande latifúndio. O último estadista a aplicar um plano estratégico completo para a região foi o marquês de Pombal. As pressões ambientalistas vêm provocando a proliferação de legislação ambiental e de reservas em todos os níveis (federal, estadual e municipal). A Embrapa quantificou as restrições existentes (inclusive indígenas), concluindo que somente um quarto das terras nacionais está legalmente disponível para a atividade produtiva. Na Amazônia, essa orquestração tornou-se arma neocolonialista, inviabilizando o empreendedorismo privado, única forma de sustentar o desenvolvimento. A questão indígena exacerbou-se após a Cons- tituição Federal de 1988. Sob a influência do movimento indigenista, os Constituintes reverteram o princípio histórico de integração do índio à comunhão nacional, substituindo-o pelo da “interação”. Com isso, as tribos remanescentes tiveram reconhecido, ainda que tacitamente, o status de nações paralelas à nação brasileira, coexistindo no território nacional. O Estatuto do Índio, que mantém o preceito da integração, não foi atualizado, o que causa inúmeros contenciosos. Observe-se que a política indigenista tradicional remonta ao Regimento do Diretório dos Índios, de 1755. Por meio dele, o marquês de Pombal extinguiu a escravidão indígena, fomentou os casamentos entre portugueses e índias e concedeu o direito de preferência sobre as terras às famílias mestiças, cujos 30 ao enyte No século XIX, o Império brasileiro teve de postergálo, por força da Guerra do Paraguai. No início do século XX, o marechal Hermes da Fonseca, reagindo ao colapso do mercado da borracha, esboçou o primeiro plano republicano, que não pôde ser implementado devido às crises internas. Na 2ª Guerra Mundial, a ocupação dos seringais do Pacífico pelos japoneses fez reativar, por 4 anos, o comércio da borracha amazônica. Após o novo colapso, Getúlio Vargas criou os territórios federais do Guaporé (atual Rondônia), Rio Branco (atual Roraima) e Amapá. Foi por iniciativa parlamentar que a Constituição de 1946 previu a aplicação de 3% da receita tributária da União no desenvolvimento regional, levando o segundo governo Getúlio Vargas a definir a Amazônia Legal e a criar uma agência de desenvolvimento voltada para a borracha — a Sudhevea. As idiossincrasias locais, porém, impediram que ela atingisse sua finalidade. Juscelino Kubistchek iniciou a integração viária com a implantação da rodovia Belém-Brasília, uma obra sinérgica. E o Plano de Integração Nacional, adotado pelos governos militares, permitiu a abertura das rodovias Transamazônica, BR-319, BR-163, BR-174 e Perimetral Norte, a criação da Embratel e do Banco da Sumário RR Área da Amazônia Legal AP 5.217.423 km2 61% do território nacional (área sete vezes maior que a da França) Áreas de reserva 105.673.003 de hectares 12,1% do território nacional (equivalente a duas Espanhas) ac População total da Amazônia 24 milhões de brasileiros 12,83% da população nacional População indígena brasileira 534 mil índios 56% da população indígena do país está na Amazônia Crescimento demográfico na Amazônia 1,64% ao ano. 40% acima do crescimento médio nacional. Entre 1950 e 2007, a população da Amazônia Legal cresceu 516%, ritmo muito acima da média nacional, que foi de 254% Amazônia e a ativação da Zona Franca de Manaus, mas teve de ser interrompido pela crise do petróleo. A Constituição de 1988 instituiu o mecanismo das transferências da União (obrigatórias e voluntárias), dando aos estados amazônicos o mesmo tratamento dos demais. Em 2005, o governo Lula lançou o Plano Amazônia Sustentável (PAS). Trata-se, porém, de um discurso ideológico de 101 páginas, dirigido à comunidade amazônica, sem definir metas. Tem como premissa o seguinte: “a descentralização de políticas públicas reduz custos, aumenta a transparência e o controle social”. Contudo, o Programa Calha Norte constatou, em 2007, que “os estados amazônicos administram a própria economia, sem referencial federal e sem preocupação com a sustentabilidade. A mentalidade existente é de aplicações que aumentam a despesa de custeio, sem impacto no crescimento da economia”. E os indicadores da Secretaria do Tesouro Nacional mostram o quanto aqueles estados dependem dos repasses federais para sua vida vegetativa. Além de tudo, o PAS não é um plano de gestão. Nas suas próprias palavras, limita-se a “diretrizes estruturantes que balizem amplos processos de negociação com os atores sociais relevantes”. Sumário Reservas indígenas Faixa de fronteira Conclusão A Amazônia permanece como um megalatifúndio: espaços vazios, presença incipiente do Estado, integração incompleta do território e da população indígena, subdesenvolvimento econômico e social. Tem alta taxa de crescimento demográfico, com estagnação econômica, o que pode ressuscitar a cabanagem. A falta de um plano estratégico, a política de criação de reservas e a legislação ambiental restritiva inviabilizam o aproveitamento econômico do território. Mantidas as atuais condições, estarão comprometidos o desenvolvimento e a sustentabilidade, e o fator de risco à soberania nacional tende a crescer com o tempo. Do estudo sobressaem, portanto, três desafios inevitáveis para o futuro da Amazônia: desenvolvimento autossustentável, integração ao Brasil (física e psicossocial) e colonização seletiva da Calha Norte. * Maynard Marques de Santa Rosa é general de Exército, tendo desempenhado as funções de subchefe do Estado-Maior do Exército (EME), secretário de política, estratégia e assuntos internacionais do Ministério da Defesa (MD) e chefe do Departamento Geral do Pessoal, em Brasília/DF. ao enyte 31 O poder politico e suas transformacoes Leonardo Barreto* Se observarmos todas as comunidades humanas já existentes, veremos que reúnem uma característica comum: a divisão da sociedade entre governantes e governados. Um grupo detém e monopoliza o poder político (capacidade de influenciar e controlar pessoas) e o outro não. Boa parte da filosofia política dedicou-se a estudar o que gera poder político. Historicamente, para os gregos, o direito de comandar vinha da capacidade de persuadir. Por exemplo, Péricles não entrou para a história como um grande político por suas habilidades de administrador ou de chefe militar, mas pela eloquência com que proferia seus discursos e mantinha alta a estima do povo ateniense. Crítico dessa visão estética da política, Platão renegou a forma dos discursos e enfatizou seu conteúdo. O poder deveria ter como base de sustentação a verdade, a busca da essência das coisas (simplificando, o político deveria ser um especialista ou um tecnocrata, como se diz nos dias atuais). Bastante influenciada pelas ideias platônicas, a filosofia cristã foi pelo mesmo caminho, mas com uma conotação religiosa. A finalidade do poder político seria ajudar a conduzir as pessoas por “vales de sombras”, de forma a assegurar-lhes o gozo do paraíso revelado. Era comum realizar analogias entre ovelhas e pastores, com o Estado exercendo, muitas vezes de forma violenta, a tutela espiritual dos cidadãos. Maquiavel quebrou a ideia de que a política devesse ter algum compromisso com a busca de qualquer tipo de verdade, fosse ela filosófica ou divina. Para o pensador florentino, política se resumia à luta pelo poder, o que lhe conferia a dimensão de jogo que ela possui até hoje. A política seria possuidora de lógica e ética próprias, bastante distantes do convencionado pela moral cristã. A concepção maquiavélica de política como jogo é o que poderíamos chamar de hardpower, o que retrata sua dimensão competitiva, muito evidente na luta que os partidos travam pelo direito de dominar. Com o avanço da democracia, muitos grupos da sociedade civil começaram a manter outro tipo de relação com o poder político. O objetivo não era mais conquistá-lo, mas influenciá-lo. Esses novos atores, chamados grupos de pressão e interesse, tornaramse parte dos regimes abertos. Chama-se essa modalidade de poder político de softpower. A globalização, a crise ambiental e a informatização das relações humanas começaram a afetar a forma como o poder político é exercido e legitimado. O livre trânsito de pessoas fez com que pequenas organizações passassem a ameaçar grandes impérios por meio de atividades terroristas, países estão na iminência de disputar os recursos naturais restantes e a internet acabou com o controle da informação que os grandes grupos de mídia possuíam. Claramente estamos na fronteira de uma transformação profunda das relações tradicionais de poder. É difícil fazer previsões a respeito do futuro poder político, tanto no que se refere às suas fontes como à forma como ele é exercido. Mas uma coisa é certa: ele será cada vez mais plural, anárquico e horizontal. Muitas formas tradicionais de poder desaparecerão e novos atores virão inevitavelmente ocupar o papel de grupo dominante. *Leonardo Barreto é doutorando em Ciência Política pela Universidade de Brasília (UnB), coordenador do curso de Ciência Política do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF) e fundador do site http://casadepolitica.blogspot.com/. 32 ao enyte Sumário Mundo Cidadania planetaria Ulisses Riedel* N enhum regime, sistema de governo, instituição política ou econômica pode, por si só, garantir uma sociedade digna. Somente com a incorporação em nossas vidas da fraternidade, do afeto, da amorosidade, da espiritualidade e da ternura poderemos alcançar um saudável relacionamento humano e planetário. A percepção da irmandade de todos os seres é essencial. Pertencemos todos a uma mesma fonte de vida. Somos feitos do mesmo barro. Estamos todos interligados. A nossa família é a humanidade e todos os seres que compõem a teia da vida, filhos e filhas da terra. Não há ideologia superior à solidariedade. Quando um homem fere outro homem, ele fere toda a humanidade, como fere a si próprio. Do macrocosmo ao microcosmo, a teia da vida é única. A transformação da sociedade depende da transformação de cada um de nós. A sociedade deve despertar para a consciência coletiva da responsabilidade individual, encaminhando-se para a imprescindível consciência coletiva da amorosidade universal. A evolução humana faz-se por meio do desenvolvimento, pelo desabrochar de qualidades, sendo fundamentais a vontade, a sabedoria e o amor. Para vencer a ignorância é preciso o desenvolvimento da sabedoria; para vencer a inação é preciso o desenvolvimento da vontade; para vencer a insensibilidade é preciso o desenvolvimento do amor. A atuação deve ser a favor do bem. O mal só existe quando há ausência do bem. As trevas só existem pela ausência da luz. A reta atuação é com a luz. Essas qualidades fundamentais devem ser desenvolvidas simultaneamente. Uma delas pouco desenvolvida desestabiliza o equilíbrio essencial de atuação humana, individual e coletiva. * Ulisses Riedel é fundador do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar – DIAP, presidente da ONG União Planetária e MM das Lojas Areópago, Honra e Tradição e Loja de Pesquisas. Sumário O amor não é uma questão emocional. É uma lei da natureza. É a lei cósmica da harmonia. A amorosidade é a base de uma saudável relação humana. É a única forma saudável. Todas as pessoas sonham com uma humanidade feliz. No entanto, a morte provocada pelas guerras, mais de 100 milhões no século XX, e os trilhões gastos com elas abalam as convicções dos mais otimistas. Passa da hora de a humanidade romper a insana lógica da cultura da guerra. Não há caminho para a paz, a paz é o caminho, ensinou-nos Mahatma Gandhi, em sintonia com os ensinamentos de todos os grandes mestres da humanidade. Queiramos ou não, somos inexoravelmente responsáveis pelo mundo que temos, por ações ou omissões. Fazemos parte de uma mesma vida. Cada um de nós é um elo da corrente que une todas as criaturas. Somos os tripulantes da Nave Terra, somos a própria Terra. É fundamental a união amorosa de todos para uma viagem feliz, para a preservação da humanidade e da vida planetária nessa saga maravilhosa da nossa Mãe Terra, girando harmoniosamente rumo ao infinito, como afirma a Carta da Cidadania Planetária, aprovada pelo 1º Fórum Espiritual Mundial, coordenado pela União Planetária e realizado em 2006, em Brasília. História A Independência do Brasil escrita pelas bandeiras William Almeida de Carvalho* Independência ou Morte, mais conhecido como O Grito do Ipiranga, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1888, ficção para um país carente de símbolos nacionais (atualmente no Museu Paulista da Usp). O intuito deste artigo não é demolir a data do Sete de Setembro, quando se comemora a Independência do Brasil — data magna da nacionalidade em um país tão pobre de símbolos nacionais. Busca-se, no entanto, reconstituir a imagem de uma realidade histórica, que, a nosso ver, sofreu distorção muito grande, principalmente entre os historiadores maçônicos. Em linguagem moderna, pode-se afirmar que a Maçonaria era a vanguarda do movimento da Independência do Brasil. Com a inexistência de partidos políticos para articular, coordenar e mobilizar o povo e as elites, a Maçonaria agiu, individual e institucionalmente, como um verdadeiro partido político da Independência. Os maçons daquela época juravam, ao ingressar na Maçonaria, além dos juramentos de praxe, o de realizar a independência do Brasil. * William Almeida de Carvalho é economista, cientista político e presidente da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal. 34 ao enyte Informa-se, no ensino fundamental, que o verde representa nossas florestas e o amarelo, o ouro de nossas minas. A verdade, contudo, manda-nos dizer que o verde é a cor da Casa dos Braganças e o amarelo é a cor dos Habsburgos, de que provém a imperatriz Dona Leopoldina. Por sugestão do Ir. e confrade Alberto Ricardo Schmidt Patier, maçonólogo erudito e heraldista emérito, fui estudar a heráldica para uma palestra sobre o “Sete de Setembro e a Maçonaria”. Desejava resposta à seguinte pergunta: a Independência do Brasil deu-se realmente no dia 7 de setembro ou no dia 12 de outubro, data da “Aclamação de D. Pedro”? Liga-se, doravante, a questão acima a outra de cunho mais heráldico: durante o Brasil Império (1º e 2º), houve uma ou duas bandeiras e armas nacionais? Pensase que, ao responder à segunda pergunta, ilumina-se magistralmente, como nunca, a primeira questão. Sumário Desde a vinda da Família Real portuguesa em 1808, o Brasil começou seu processo de independência. A data da abertura dos portos do Brasil ao comércio direto com as nações amigas, em 28 de janeiro de 1808, pode ser vista como o marco inicial desse processo. O segundo marco, importantíssimo, foi a elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves, com direito a bandeira e a escudo, em 13 de maio de 1816. Em 1821, as Cortes constituintes portuguesas decretaram que o campo da bandeira do Reino Unido fosse azul e branco e que dela se eliminasse a esfera armilar, como se a bandeira constituinte não representasse mais o Reino Unido ou dele fosse excluído o Reino do Brasil. A volta de D. João VI a Portugal em 3 de julho de 1821 precipitou os acontecimentos no Brasil. Em 7 de setembro, quando regressava de Santos, às margens do riacho do Ipiranga, ao receber os Correios da Corte com as últimas notícias em relação à sua figura e ao Brasil — e com as cartas da princesa Leopoldina e de José Bonifácio —, D. Pedro, irado, teria proferido o Grito que separava o Reino do Brasil do de Portugal. Ainda no dia 7 de setembro, D. Pedro foi aclamado, no Teatro da Ópera de São Paulo, com três “Viva o primeiro rei do Brasil”. Ele retornou ao Rio de Janeiro na noite de 14 de setembro. O processo de independência havia galgado mais um degrau, mas ainda não estava completo, pois, em todos os decretos, alvarás, provisões e demais diplomas governamentais até o dia 12 de outubro, quando aí, sim, é proclamado imperador, inclui-se sempre a seguinte fórmula: “...o Reino do Brasil, de quem sou o regente e perpétuo defensor...”, ou ainda, “com a rubrica de sua Alteza real o príncipe regente”. Em 18 de setembro de 1822, exara-se o decreto que determina a adoção do brasão de armas e da ban- deira nacional do novo Reino. O príncipe regente deveria instituir nova bandeira, mas tudo sob a tutela de seu augusto pai. Uma nação com dois reinos. A ruptura total só viria a acontecer em 12 de outubro de 1822, dia natalício de D. Pedro e da verdadeira independência do Brasil, quando D. Pedro foi aclamado imperador com pompa e circunstância. Somente a partir dessa data, o ex-príncipe regente assumiria sua condição de imperador e cortaria definitivamente os laços que o amarravam a “Seo Augusto Pay”. Daí em diante, aclamado, apropria-se de todas as funções de estadista autônomo e independente. Finalizando o holofote heráldico, no dia 1° de dezembro, data de sua coroação como imperador, D. Pedro assinou seu primeiro decreto, substituindo a coroa diamantina pela coroa imperial e estabelecendo a bandeira que durou até a Proclamação da República. A bandeira do Brasil Reino (1) durou 35 dias, do 7 de setembro até 12 de outubro; e a bandeira do Brasil império (2), de 12 de outubro de 1822 até o dia 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da República, ou seja, 67 anos. (Veja as bandeiras numeradas abaixo.) O Sete de Setembro somente começou a ser feriado nacional oficial a partir do Decreto 1.285, de 30 de novembro de 1835, quando se inicia o processo de montagem do imaginário coletivo sobre a Independência em um país tão pobre de ícones cívicos. Espera-se que essa contribuição da heráldica para a história possa esclarecer alguns pontos que causaram e ainda causam confusão até os dias de hoje. O momento é o de desmistificar alguns traços impingidos como história, procurando extrair os fatos das lendas apresentadas como verdade. Este artigo insere-se nesse movimento de esclarecer um pedaço da controversa história da Independência do Brasil. 1 Sumário 2 ao enyte 35 A Maçonaria na Trecho do quadro A batalha dos Farrapos, de Wasth Rodrigues, acervo da prefeitura de São Paulo. Flávio Rostirola* A Regência instalada no Brasil (1831-1840), que sucedeu a D. Pedro I, imperador e maçom, impôs aos súditos da ex-colônia portuguesa austeras políticas econômicas, objetivando atender aos interesses nela entranhados, estranhos à população em geral. A província de São Pedro — atual Rio Grande do Sul — produzia trigo, couro, erva-mate e charque * Flávio Rostirola é Desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios e MM das Lojas Honra e Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um dos fundadores. 36 ao enyte bovino, importante produto da dieta do brasileiro à época. Uma vez instalada, a Regência elevou os impostos sobre o charque nacional, reduziu as taxas do charque importado dos países do Prata e sobretaxou o sal, item de seu custo de produção. Tais decisões provocaram colapso à economia do estado e a consequente indignação dos gaúchos. Na área política, a Regência imputou mera condição de estalagem à Intendência da província de São Pedro (atual governo do estado) e priorizou destacadamente os interesses econômicos pessoais e da Monarquia central. Desse cenário emerge Bento Gonçalves da Silva, maçom e major alfer da Monarquia, que Sumário Revolução Farroupilha já havia lutado nas campanhas contra os espanhóis (1811-1812) e na Argentina (1827). De espírito conciliador e liberal, Bento Gonçalves elegeu-se deputado para representar a província, condição que lhe permitiu mediar com a Regência a nomeação do intendente da província de São Pedro, Antonio Fernandes Braga. De nada valeram os esforços políticos de Bento Gonçalves, pois o indicado intendente manteve a política da Regência de altos tributos, provocando a indignação da população. Essa foi uma das principais causas da deflagração revolucionária. Nesse clima de inconformidade, aos 18 de setembro de 1835, foi feita uma reunião na Loja Maçônica Filantropia e Liberdade, em Porto Alegre, sob a presidência do venerável mestre Bento Gonçalves da Silva. Estavam presentes à sessão os maçons José Gomes de Vasconcellos Jardim, Domingos José de Almeida — mineiro de Diamantina, que redigiu a ata —, Pedro Boticário, Vicente da Fontoura, Paulino da Fontoura, Onofre Pires, Antonio Souza Neto, entre outros. Como consequência da deflagração do levante, os revolucionários se apoderaram da capital da província — hoje cidade de Porto Alegre — em 20 de setembro. A patrulha do comando do Cabo Rocha cruzou o riacho da Azenha, impondo baixas nas forças da Intendência local. Diante da iminente consolidação do levante, o governante Antônio Fernandes Braga apropriou-se dos fundos financeiros da província, fugindo em seguida. Sumário Bento Gonçalves, por sua vez, sitiou a cidade e empossou o então vice-presidente, Marciano Ribeiro, para acalmar a população, buscando, com sua ação revolucionária, mudança na política econômica da Monarquia em relação aos interesses da província. As reivindicações foram rechaçadas pela Monarquia, dando-se início à Revolução Farroupilha, que durou mais de 10 anos (1835-1845). Bento Gonçalves sofreu a primeira derrota na Batalha de Fanfa, às margens do rio Jacuí, com centenas de baixas. Rendeu-se ao comandante Bento Manuel Ribeiro, juntamente com seus comandantes Onofre Pires, Pedro Boticário, Corte Real e outros. Bento Gonçalves foi, então, encarcerado no Rio de Janeiro. Com o apoio da Maçonaria carioca, Corte Real e Onofre Pires fugiram da prisão por estreita passagem, ocasionando a transferência de Pedro Boticário e Bento Gonçalves para o cativeiro na Ilha do Forte, na Bahia. Novamente a Maçonaria agiu para libertá-los, servindo-se das relações com soldados da guarda prisional (que umedeceram a pólvora do presídio para evitar o alcance das armas). Ambos evadiram-se do local a nado, sendo resgatados por embarcações de pescadores que os aguardavam. Em seu retorno ao Rio Grande (1837), Bento Gonçalves foi empossado presidente da República, cuja proclamação se deu por orientação maçônica (1836), logo após a vitória na Batalha de Seival, comandada pelo também maçom general Neto. Decorrida quase uma década, com inúmeras batalhas vitoriosas e também algumas derrotas, os rebeldes farroupilhas, já exauridos pelo enfrentamento com as forças da Monarquia, com a intermediação da Maçonaria, firmaram, em 1º de março de 1845, o acordo de paz do Poncho Verde, subscrito pelo general Luiz Alves de Lima e Silva, à época, barão de Caxias, também maçom, representando as forças monárquicas. Estava assim selada a epopeia republicana farroupilha. ao enyte 37 Amadeus a coragem do mestre Marden Maluf * O talento do grande Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791) para o novo é algo indiscutível. A mestria que adquiriu no artesanato do ofício não pode ser questionada. Impossível um amador realizar, por exemplo, a “Sinfonia 41”, dita Júpiter. O terrível, porém, é a asfixia que o grande Amadeus sofreu por causa da incrível superficialidade, essência da época em que viveu, do malfadado rococó clássico. Isso é facilmente verificável em cada uma de suas mais de seiscentas obras catalogadas. Em determinado trecho, eis que surge o Mozart verdadeiro. Mas, lastimavelmente, no trecho seguinte, eis não mais Mozart, mas um Wolfgang qualquer, obrigado a rabiscar a torturante mediocridade da aristocracia e da burguesia reinantes em seu tempo. O “Réquiem”, última obra de Mozart, trabalhada no leito de morte, é a composição na qual, até o último instante, fato único e trágico, o nosso gênio teve finalmente licença de comprometer-se apenas consigo mesmo. Mozart em todas as notas. Ele próprio sabia disso. Embora houvesse recebido esse “Réquiem” por encomenda de terceiros, afirmou desde o primeiro instante: “Escrevo esse canto fúnebre para mim mesmo”. É a única peça que escreveu não para os outros, mas para o seu espírito. O espírito de Mozart, contrário ao de sua época e ao que dele hoje se diz, não era nem infantil, nem mesquinho, nem frívolo. Um espírito assim não teria capacidade para dominar a ciência das estruturas sonoras em tão alto grau. Perante o sufocamento que a época de Mozart representava para seu espírito, a Maçonaria lhe foi a dádiva suprema, elevada à vital refrigeração. * Marden Maluf é maestro, fundador e diretor artístico das Classes Musicais do Grande Oriente do Brasil. 38 ao enyte Sumário Mozart foi um maçom apaixonado pela Maçonaria. Há registros de sua Iniciação e Elevação, embora não se tenha encontrado sua Exaltação ao Mestrado, mas certamente galgou degraus outros na Escola Filosófica. Na “Flauta Mágica”, ópera maçônica e dedicada à Maçonaria, há referências simbólicas explícitas aos mais diversos estágios. Além disso, compôs significativas Cantatas Maçônicas, cujo sucesso entre os Irmãos muito o alegravam. Amava e frequentava, de coração, a grandeza filosófica da instituição. Acredito que a crença em Deus segundo os princípios da Ordem foi o que deu a Mozart forças para viver seus últimos cinco anos. Não há registro de outro grande compositor que tenha sido obrigado a suportar tamanha carga de pressões em seu trabalho criador, somando-se ainda — fato pouco conhecido — problemas físicos de toda ordem. Sob tal aspecto, vejam-se algumas condições físicas em que o “anjinho” Mozart desenvolveu o que hoje se costuma considerar obras “felizes e despreocupadas”. Em 1762 (então com apenas seis anos de idade), contraiu uma infecção nas vias respiratórias superiores, devido a uma infecção estreptocócica. Tempos depois, o menino contraiu uma doença que o médico pensou ser escarlatina, mas que, na verdade, era um chamado erythema nodosum, quase certamente uma infecção estreptocócica. Neste mesmo ano, contraiu outra infecção e sofreu um ataque de febre reumática. Durante o ano de 1764, em Paris e Londres, Wolfgang teve tonsilite ou amigdalite (abscesso paritonsilar) e, outra vez, em 1765, padeceu desses mesmos males, complicados por uma sinusite. Em dezembro de 1765 (então com nove anos), entrou em coma e perdeu muito peso. Os terríveis sintomas incluíam toxiquemia aguda, pulso fraco, delírio, erupção de pele, pneumonia, exfoliação hemorrágica da membrana mucosa oral, sugerindo uma febre tifoide endêmica. Etc. etc. ... Esse impressionante quadro de males ininterruptos segue pela vida afora, em um relatório médico de páginas e páginas, baseado nas fontes atuais sobre Mozart. Espantosa não é a tragédia de haver morrido com apenas 35 anos, mas o milagre de ter vivido tanto, apesar de tudo. Os ataques morais deviam abater-lhe mais do que os males do corpo. Ele foi chamado de “caçador de dissoSumário nâncias”, “porcaria alemã” (atenção: Mozart é músico alemão — com pensamento e profundidade alemãos! —, e não austríaco, como todos imaginam e a Áustria se gaba. A sua Salzburg natal era, à época, território alemão) e outros xingamentos assim, veementes e constantes, inclusive por nobres de outros países. Por outro lado, claro que tinha grandes e numerosos defensores e era famosíssimo em sua época. O grande exemplo da existência de Wolfgang Amadeus Mozart, obras artísticas geniais à parte, é a coragem de haver feito o que fez em condições tão contrárias. É quase impossível, em 35 anos, tempo de sua vida, um bom copista copiar o que Mozart escreveu, ou melhor, o que sobrou do que escreveu. Entenda-se: um bom copista, em trabalho contínuo e ininterrupto, em perfeito estado de saúde e dedicação exclusiva. Como pôde Mozart fazê-lo, viajando incessantemente, nas condições precárias daquela época, atacado sem trégua por exércitos de males físicos e psicológicos, e, ainda assim, compondo (não simplesmente copiando o já pronto), ou seja, tendo a ideia, rabiscando, voltando atrás, consertando? E, nos entretempos, tocando em concertos, ensaiando, regendo, escrevendo uma quantidade fenomenal de cartas e todo o infinito problemático e inenarrável do dia a dia? Eis aqui em Mozart, como em Cervantes e em Aleijadinho, a essência fulgurante do verdadeiro Mestre, a coragem indômita frente a qualquer espécie de inimigo, o avançar contínuo do gênio, que se aperfeiçoa conforme as guerras das quais não foge. A grandiosa coragem (a bravura frente ao perigo!) — a verdadeira e principal coluna maçônica —, o exemplo brandido a essa Humanidade que se prostra, derrotada, ante uma simples dor de qualquer espécie. O exemplo sempre foi não apenas o melhor conselho, mas o grande símbolo! Congratulamo-nos com o Ir. Mozart, que nunca desistiu da terrível batalha contra o habitar a poderosíssima franzinidade de um Wolfgang pequenino e doentio. Wolfgang perdeu, e morreu. Porém Mozart — triunfante! — continua mais vivo do que nunca, a esbofetear todas as almas mesquinhas com a grandeza de sua maçônica vitória. ao enyte 39 Influências do Iluminismo no Rito Moderno Jair Araújo de Lima* O Iluminismo foi a filosofia que predominou na Europa durante o século XVIII. Segundo o historiador da filosofia, Giovanni Reale, o Iluminismo estava inserido em diversas tradições e não chegou a se configurar como um sistema compacto de doutrinas, uma vez que foi, na verdade, um articulado movimento filosófico, pedagógico e político. Os principais veículos de divulgação das ideias iluministas foram as academias científicas, a Maçonaria, os salões parisienses e a enciclopédia francesa. O Rito Moderno ou Francês, que, em grande medida, foi influenciado pelos ideais iluministas, procurou combater os exageros místicos e a acentuada valori- As raízes do Iluminismo podem ser encontradas no Renascimento e na filosofia moderna, cujo fundador foi René Descartes. Outras influências de grande relevância: o mercantilismo econômico e o liberalismo político. De maneira geral, essas influências buscaram valorizar os direitos naturais, a liberdade de pensamento e a razão, não apenas no que concerne às ideias inatas, como nas filosofias de Descartes e Leibniz, mas também àquelas ideias conquistadas pela via empírica, que tiveram em Locke seu principal representante. É importante ressaltar que a razão, no Iluminismo, foi utilizada de maneira crítica e teve os seguintes objetivos: libertação em relação aos dogmas metafísicos, libertação das superstições religiosas e acentuada defesa do conhecimento científico. Também é importante lembrar a defesa ao direito natural, que marcou, de maneira decisiva, aquilo que os iluministas denominaram a doutrina dos direitos naturais e invioláveis do homem. Kant sintetizou, de maneira exemplar, esses ideais, ao dizer que o homem deveria ter a coragem de fazer uso de sua própria inteligência. * Jair Araújo de Lima é mestre em Filosofia pela Universidade de Brasília e MM da Loja Universitária Verdade e Evolução 3492. 40 ao enyte Retrato de René Descartes, por Frans Hals, Museu do Louvre – Paris. zação dos ideais da nobreza, que estavam presentes nos demais ritos maçônicos que vigoravam naquela época. Esses acontecimentos tiveram como consequência o crescimento dos altos graus, que estavam Sumário desfigurando a Maçonaria, uma vez que essa procura, na maioria dos casos, era motivada pela vaidade. Sendo assim, O Grande Oriente da França nomeou uma comissão de maçons de elevada cultura para fazer um estudo dos ritos existentes. Desse modo, surgiu o Rito Moderno, com um número menor de graus, mas que não se afastava dos ideais originais da Maçonaria. O Rito Moderno foi concebido como uma espécie de síntese dos demais, mas sem exageros místicos. É importante, contudo, lembrar que o Rito Moderno foi inspirado nas primeiras corporações francesas da Maçonaria dos aceitos, conferindo a ele um caráter histórico e, portanto, pretendendo resgatar os ideais originais da Maçonaria. O novo rito foi aprovado pelo Grande Oriente da França em 1786 e recebeu o título de Rito Francês ou Moderno. O rito é composto por apenas 7 graus. Apesar de possuir algumas características dos outros ritos, o Rito Moderno não considera a Maçonaria uma ordem mística, portanto os seus três graus simbólicos representam as etapas da evolução do pensamento humano: intuição, análise e síntese. A principal característica do Iluminismo foi a defesa do uso crítico da razão, que deveria nortear todos os campos da experiência humana. Sendo todo tipo de conhecimento passível de ser criticado, não existe espaço para concepções dogmáticas. Outra característica importante é a certeza de que esse uso crítico da razão teria como consequência benefícios nos planos científico, cultural e social. A Maçonaria difundiu, de maneira exemplar, os ideais iluministas, pois defendeu a liberdade de pensamento, a tolerância em relação às diferen- O brilho da Verdade resultando da Razão e da Filosofia (alegoria Iluminista). ças culturais e a luta contra as tiranias no plano político. O Rito Moderno pode ser visto como o rito que mais sofreu a influência da filosofia iluminista, haja vista seu acentuado caráter racional, a liberdade absoluta de consciência e sua luta contra as desigualdades. SOF/SUL, quadra 4, conj. A, lote 2/4 – Guará – Fone: (61) 3362-2700 – Fax: 3361-6136 SOF/Sul, quadra 5, conj. B, lote 1/4 – Guará (linha pesada) – Fone: (61) 3362-2300 – Fax: 3361-7322 2º Av., bl. 341-A, loja 1 – Núcleo Bandeirante – Fone: (61) 3486-8800 – Fax: 3386-2525 SHN, Área Esp. 19 – Taguatinga Norte – Fone: (61) 3355-8500 – Fax: 3354-7474 Quadra 4, lote 1.560, Setor Leste Industrial – Gama – Fone: (61) 3484-9200 – Fax: 3384-1462 ADE, conj. 1, lote 1 (atrás da Nasa Caminhões) – Fone: (61) 3212-2020 ADE – Área de desenvolvimento econômico – Núcleo Bandeirante Brasília/DF Sumário ao enyte 41 Poesia Saudade Há quem afirme que esta palavra vem do árabe “suai-da”, que significa melancolia. Por definição, podemos dizer que saudade é a recordação melancólica de pessoas ausentes que se deseja ter, ver ou possuir. Nostalgia é mais apropriado para lugares, e saudade, para pessoas que estão dentro de nossos corações. Para se entender melhor o que significa a saudade, é necessário senti-la, e senti-la no fundo de nossos corações, pois só assim poderemos avaliar a extensão e o verdadeiro significado desta palavra. O sentimento de saudade se tem dos entes queridos que não retornam mais e daqueles que nos preenchem com a agradável esperança de um retorno. Esse sentimento de saudade decantado em prosa e verso nos acompanha em todos os momentos de nossa vida e, como se fosse um consolo, Tristão de Ataíde nos diz: ”A Saudade é a Presença da Ausência”. A transformação da ausência em presença é o milagre que todos desejamos, mas difícil de alcançar, porém, é o milagre da esperança, que está contido neste soneto de Lenine Fiuza Lima, de 1996, chamado “Presença”. Sylvio Santinoni* Presença Existe uma presença que se vê E existe uma presença que se sente. A que se vê os olhos dizem ver Se tem, diante de si, alguém presente. Enquanto a que se sente pode ser A imagem que se foi, portanto ausente, De alguém que ninguém pode olhar e ter, Mas que ficou no coração da gente. Quando aos sentidos faltam as sensações, Vem logo um sentimento de saudade, Uma lembrança viva em nosso espírito. Espírito que pulsa de emoção, Uma emoção que, milagrosamente, Traz-nos de volta a imagem querida. * Sylvio Santinoni é o atual Secretário de Comunicação do GODF. Atuação nas áreas: tributária, bancária e empresarial SRTV qd. 701, bl. A, sala 330 Fone: (61) 3321-2535 Brasília – DF 42 ao enyte E-mail: [email protected] Sumário Perfil Legado de Murilo Pinto paz e cultura Lucas Galdeano, Márcio Otávio, Francisco Murilo Pinto, Grão-Mestre-Geral, Joferlino Miranda Pontes, Grão-Mestre-Geral Adjunto, e Jafé Torres em Sessão Magna do evento Compasso para o Futuro, no Ginásio Nilson Nelson (1997). Joaquim Nogales* Ao tomar posse como Grão-MestreGeral do Grande Oriente do Brasil em 17 de junho de 1993, Francisco Murilo Pinto encontrou uma organização vicejante. Seu antecessor, Jair Assis Ribeiro, com a colaboração de um grupo técnico constituído para assessorá-lo, havia construído o Palácio Maçônico, sede do Poder Central, em Brasília, incentivando a pesquisa sobre a história da Ordem e institucionalizando a hoje próspera e atuante Associação Paramaçônica Juvenil – APJ. No plano internacional, Jair também ampliou o Sumário número de tratados de reconhecimento mútuo com potências estrangeiras. Seu sucessor, Murilo Pinto, disposto a promover o congraçamento da Maçonaria brasileira, firmou tratado de reconhecimento e amizade com algumas Grandes Lojas brasileiras, integradas na Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB, “pondo fim a uma situação de velada hostilidade que já durava mais de 70 anos”, como observou o historiador José Castellani. ao enyte 43 Nascido em 1929, em Fortaleza, no Ceará, Murilo Pinto cursou Direito e fez carreira em terras paulistas. Em 1963, ingressou na magistratura e, em 1984, foi promovido a desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo. Iniciado em 2 de dezembro de 1978 na Loja Maçônica “Universitária” de Bragança Paulista (SP), passou a representá-la desde 1982 na Poderosa Assembleia Legislativa do GOSP, onde foi 1º vigilante e presidente por três mandatos alternados. Edição n. 0 Edição n. 1 Eleito Grão-Mestre-Geral do Grande Oriente do Brasil em 1993, foi empossado em 24 de junho do mesmo ano. Seu primeiro mandato foi marcado pela busca da integração entre as potências maçônicas regulares, pelos cursos de Maçonaria Simbólica, que percorreram as cinco regiões do país, e pelo incentivo à criação e consolidação de Grandes Orientes estaduais. No plano internacional, Murilo Pinto promoveu o GOB nos Estados Unidos, sendo o primeiro Grão-Mestre-Geral do Brasil a participar da Conferência Nacional dos GrãoMestres norte-americanos em fevereiro de 1994. Com a viagem, elevou-se de quatro para nove o número de Grandes Lojas estaduais norte-americanas a reconhecerem o GOB como a maior obediência maçônica do mundo latino. Firmou, ainda, tratado com a Grande Loja do México. Edição especial bilíngue Edição n. 2 Ao mesmo tempo em que divulgava o GOB no exterior, em entidades como a Ação Maçônica Internacional (AMI), a administração Murilo Pinto colaborou expressivamente para a consolidação dos Grandes Orientes estaduais da Paraíba, Piauí, Sergipe, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Alagoas, Rio Grande do Sul e Paraná, investindo, recursos na construção de Palácio Maçônico estadual. Edição n. 3 44 ao enyte Mas foi no terreno da cultura que Murilo Pinto fez evoluir as hostes maçônicas. Juntamente com os Irmãos secretários José Castellani (de Educação e Cultura) e Álvaro Gomes dos Santos (de Orientação Ritualística), implantou dezenas de cursos itinerantes de Maçonaria, Sumário Edição n. 4 cujo currículo básico compreendia quatro disciplinas: História da Maçonaria e do GOB; Administração e Direito maçônico; Templo e símbolos maçônicos; Liturgia e ritualística maçônicas. Edição n. 5 “Somente com a evolução cultural dos Irmãos, a Maçonaria poderá voltar a ter o lugar de destaque social que já apresentou no passado”, costumava dizer Murilo. E, com esse pensamento, deu vida ao Palácio maçônico, construído pelo pragmático Jair Ribeiro, que instituiu o Conselho Federal de Cultura, o Museu maçônico e a Biblioteca do GOB, os Rituais dos seis Ritos reconhecidos pela Federação e a Revista Cultural Minerva Maçônica. Edição n. 6 Os frutos de sua gestão proliferaram rapidamente. Três anos após sua posse, em 1996, Murilo jactava-se de que o GOB crescia à razão de seis lojas por mês. Fundamos mais de uma loja por semana, comemorava. Reeleito para o GOB em 1998, Murilo não chegou a terminar sua gestão. Faleceu vítima de enfisema pulmonar em 21 de janeiro de 2001, sete meses depois da morte de seu inseparável adjunto, o inesquecível Joferlino Miranda Pontes. Edição n. 7 “Francisco Murilo Pinto passará à história como o Grão-Mestre da integração maçônica nacional e internacional e da evolução cultural, binômio que colocou o Grande Oriente do Brasil, novamente, no caminho de seus elevados destinos”, escreveu Castellani na última edição da revista Minerva Maçônica, que, para indignação dos Irmãos à época, viria a encerrar sua edição com o falecimento de seu idealizador. * Joaquim Nogales é mestre em Comunicação pela UnB, membro da Loja Honra e Tradição e editor-executivo da Revista Ao Zenyte. Edição n. 9 * Colaborou Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto do Grande Oriente do Distrito Federal (2007-2011) e presidente do Conselho Maçônico Distrital (20072011). Durante a gestão de Murilo Pinto, ocupou o cargo de secretário adjunto de Educação e Cultura do GOB. Sumário Edição n. 8 junho de 1997 † janeiro de 2001 Nascimento e morte da revista Minerva Maçônica ao enyte 45 Obra em destaque Revolução do saber Rubi Rodrigues* Iluminismo Radical – A Filosofia e a Construção da Modernidade 1650-1750, de Jonathan I. Israel, tradução de Claudio Blanc, São Paulo: Madras, 2009, 878 p., R$ 74,00. D esignamos Iluminismo ao movimento cultural que propiciou o advento da Modernidade e superou o período histórico chamado de Idade Média. A obra de Jonathan Israel, que vasculhou as principais bibliotecas públicas, universitárias e particulares da Europa, possui dois méritos que lhe garantem papel de destaque entre as produções da década. Primeiro, ela traz à luz correspondências trocadas entre editores, autores, livreiros, mercadores e gestores de acervos, retratando, de forma admirável, o clima de desconfiança, conspiração e perseguição que moldou aquela época e demonstrando como o Iluminismo foi um movimento geral, que mudou a face de toda a civilização, em contraposição ao hábito de tomá-lo como movimento regionalmente restrito e diferenciado, ensejando falar-se em Iluminismo europeu, Iluminismo inglês, alemão e, principalmente, francês. Segundo, merece realce o fato de a obra fugir à perspectiva que normalmente tem sido adotada na consideração desse movimento. Dado que a modernidade se caracteriza pela prevalência do pensamento * Rubi Rodrigues é escritor, membro da Academia Maçônica de Letras do DF e MM da Loja Três Poderes 2308. 46 ao enyte científico, costuma-se tratar e dar ênfase, na consideração do Iluminismo, aos autores que foram precursores do pensamento científico moderno, cujas ideias deram alma à modernidade. Nesta obra, o autor, ao contrário, destaca produções e pensadores que atacaram e conseguiram destruir os alicerces conceituais que sustentavam o modo medieval de conduzir e vida e a sociedade. Embora se costume localizar o movimento iluminista no século XVIII, os elementos corrosivos que começaram a debilitar as colunas de sustentação da sociedade medieval já tinham sido lançados no século XVII. Seu mentor principal, o erudito dos países baixos, Bento Espinosa (1632-1677), logrou articular um sistema altamente consistente, um conjunto de ideias que já estava presente na tradição mística anterior ao cristianismo e que se mantinha sorrateira e marginalizada em escritos, lendas e tradições deístas transmitidas oralmente pela cultura popular, mas cujo fundo de verdades nunca deixou de impressionar os espíritos mais atentos. Daí a lição importante desta obra. Ela nos mostra que superar uma concepção exige tanto definir e criar algo novo, que se afigure melhor, como também é indispensável desacreditar o velho, demonstrando sua defasagem ou inconsistência. Tanto é necessário construir o novo como demolir o antigo. Sumário z = 2+ y x Ciência ≠ 6 As origens da Matemática ∑ √2 n = 0 n + = n -0 n A л 3,14 matemática remonta ao homem préhistórico, que, não sabendo operar com algarismos ou letras representativas de quantidades, desenhava figuras na parede das cavernas. A figuração dos números permitiu ao homem contar os objetos. 2,34 O emprego de traços verticais IIII e III para representar os números 4 e 3 guarda maior proximidade com o ábaco do que com a numeração literal mais elaborada dos hebreus, romanos, gregos, hindus, chineses e árabes, que introduziam novos símbolos para representar cada uma das colunas do ábaco. ½ Em mais de 2 mil anos de civilização, os romanos deixaram marcas da sua escrita e numeração de datas nos monumentos, sendo que os números (sinais) correspondiam, no ábaco, respectivamente, à coluna das unidades, dezenas, centenas e milhares. 5,79 Numeração indo-Arábica A numeração indo-arábica foi inventada pelos hindus, sendo sua divulgação na Europa Ocidental devida aos árabes. Ⅺ * Laélio Ladeira, ex-professor da Universidade de Brasília, do Instituto Militar de Engenharia na Praia Vermelha do Rio de Janeiro e da Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro é o atual Sumo Sacerdote (High Priest) do Tabernáculo Brasília 236 em Kt.Pt. Laélio Ladeira. 6 1 4 1 , 3 = ** Este texto foi alterado com a autorização do autor, sendo parte dele transformada na linha do tempo da história da Matemática. O texto, na íntegra, pode ser encontrado no http://lojadepesquisasgodf.webs.com/artigos.htm. π Sumário 100% ¾ A invenção hindu de sunya = 0 libertou o intelecto humano das grades discricionárias do ábaco. Uma vez inventado um símbolo representativo da coluna vazia, “trabalhar” na lousa, no papel, no pergaminho ou em qualquer material passou a ser tão simples quanto trabalhar no ábaco. $ No começo da história escrita dos algarismos, as civilizações empregavam uma escrita numeral do tipo “pauzinhos de madeira”. Em quase cinco mil anos de história, o homem evoluiu muito pouco na ciência dos números. ∞ Laélio Ladeira* ∆ Três grandes fatores contribuíram para a invenção da álgebra entre hindus e árabes: 1) a necessidade de regras de calcular mais simples, ou algorismos, como se chamava a aritmética no século XIII; 2) a solução de problemas práticos envolvendo o uso de números, isto é, a solução das equações e 3) o estudo das séries. % Os hindus escreviam as frações à nossa maneira, apenas omitindo o traço horizontal. A criação dos sistemas de numeração posicional e da noção do sinal zero foi de suma importância para a evolução da matemática e sua popularização. E aprender a ler e a escrever a linguagem das medições foi fundamental para o povo compreender as ciências modernas. 7 0 Uma das grandes figuras da história da matemática foi o sábio Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi, que formulou várias definições algébricas. Os árabes aperfeiçoaram o sistema hindu ao atribuir ao algarismo zero, pela primeira vez, um valor posicional na representação dos números. O resultado mais claro desse fértil período foi a criação do sistema de numeração indo-arábico, que, com ligeiras alterações na grafia, é utilizado em praticamente todos os países do mundo moderno. 2x 9 ¼ “Os algarismos não mentem, mas os mentirosos fabricam algarismos.” No século VII, teve início a religião islâmica, fundada pelo apóstolo Maomé, que conseguiu unir as tribos do deserto da Arábia. Nos séculos VIII e IX, os árabes passaram a invadir os territórios vizinhos, controlando o território desde a Espanha até o vale do rio Indo, na Índia, atual Paquistão. Nesse período, os árabes levaram seu sistema de numeração aos países conquistados. 7= 14 ao enyte 47 Linha do tempo da Os paradoxos de Zenão, filósofo e matemático grego, são difíceis de reconhecer no ábaco, o que não ocorre no papel. Zenão dizia que Aquiles jamais conseguiria alcançar uma tartaruga, pois a distância que os separava poderia ser subdividida infinitamente, configurando um problema matemático formidável. Papiro de Rhind ou Papiro de Ahmes, o mais antigo documento matemático da história. Relata a vida do escriba e matemático egípcio de nome Ahmes (1680-1620 a.C.), que detalhou a solução de 85 problemas de aritmética, frações, cálculo de áreas, volumes, regra de três, equações lineares, trigonometria básica e geometria. Os hindus inventaram o sistema decimal e os números arábicos. Os números foram chamados arábicos, porque foram os árabes que os levaram para a Europa. Os hindus também inventaram o conceito de zero: sunya = vazio = (0). Primeiros sistemas de imagem numérica: grupos de cinco, dez e vinte elementos em referência aos dedos das mãos e dos pés. Empregava-se uma escrita numeral do tipo “pauzinhos de madeira”, para representar os nove primeiros números pela repetição de traços verticais: A importância da descoberta do zero é globalmente reconhecida. Nos Vedas (8.500 a.C), há cálculos matemáticos precisos de solstícios e equinócios. 640 a.C a 50 a.C. Grécia antiga I II III IIII IIIII IIIIII IIIIIII IIIIIIII IIIIIIIII Em algum momento antes de Cristo 1.650 a.C. 8.000 a 5.000 a.C. Período Neolítico 490 a.C. a 430 a.C. Zenão de Eleia 3.400 a.C. –Antigo Egito 3.000 a.C. –Mesopotâmia, China, Índia Possivelmente a forma inicial de contar empregava um sistema de agrupamento de objetos, como seixos e gravetos. Surge o ábaco! Os gregos achavam a matemática uma ciência menor. Eles desenvolveram a geometria e outras ciências, porém não conseguiram criar nem sequer uma álgebra rudimentar. Não se preocupavam com grandes números, pois o comércio, grande incentivador dos grandes cálculos, só se expandiria com os romanos. Pitágoras cunhado em moeda É fundamental ter muito cuidado ao consultar a documentação sobre história da Matemática. Boa parte dela é escrita por curiosos sem o entendimento de que conceitos, métodos, terminologias, notações, valores e motivações de outrora não são os mesmos de hoje. Laélio Ladeira 48 ao enyte Sumário História da Matemática Brahmagupta se especializa nas mesmas questões – cálculos, séries e equações de Lilavati. Ambos respondem pela invenção das leis do zero, ou sunya, lema em que se baseia toda a nossa aritmética: E = mc2 1905 1202 780 d.C. a 850 d.C a x 0 = 0 a + 0 = a a – 0 = a 27 a.C. apogeu do Império Romano Albert Einsten publica a Teoria da Relatividade Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi, matemático e astrônomo muçulmano, introdutor dos numerais indo-arábicos e dos conceitos da álgebra na Matemática europeia. Escreveu o primeiro livro de álgebra – Tratado de álgebra. A palavra álgebra deriva do seu nome. ~ 598 a 670 d.C. 500 d.C. 470 d.C. Os romanos começam a utilizar letras para representar números. O sistema de símbolos dos romanos expressa os números de 1 a 1.000.000, utilizando sete símbolos: I (1), V (5), X (10), L (50), C (100), D (500), M (1000). O ábaco era o instrumento mais empregado para efetuar cálculo. A numeração romana foi difundida por mais de 2.000 anos, de 753 a.C. Publicação do Liber abaci (Livro do ábaco) por Fibonacci Coube ao matemático italiano Leonardo Pisano (apelidado Fibonacci) a glória de ter trazido para a Europa a numeração arábica (indo-arábico), que veio substituir o complicado sistema inventado pelos romanos. No entanto, a introdução dos numerais arábicos (indo-árabico) encontrou oposição do público, visto que estes símbolos dificultavam a leitura dos livros dos mercadores. O matemático Lilavati de Aryabhata discute regras aritméticas, aplica a lei dos sinais de Diofanto, apresenta uma tábua de senos a intervalos de 3 ¾° e atribui a π o valor 3,1416. Lilavati mostra como os aritméticos hindus se preocupavam com problemas de taxação, dívidas e juros. Os hindus não foram os únicos a inventar o zero. Os maias repetiram o feito, empregando um arranjo vertical de símbolos numerais análogos aos dos chineses para as inscrições dos seus monumentos e calendários. a 1.453 d.C. Números atuais Existem diversos mitos sobre a origem dos números arábicos. Alguns deles apontam que as formas originais dos números indicam seu valor por meio da quantidade de ângulos existentes no desenho de cada algarismo. Outros mitos sugerem a quantidade de traços, ou o número de pontos, ou de diâmetros e arcos de circunferência contidos no desenho de cada algarismo. árabes hindus europeus 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 Sumário m i t o s Humor O poder da informação Hora do descanso Numa capital cosmopolita, o vigário carola vivia brigando contra o que considerava ideias muito liberais do jornal do bairro. Cansado de reclamar, o padre decidiu excomungar o editor-chefe do matutino em pleno sermão da missa de domingo, com a igreja lotada. Dois dias depois, o jornal traz em manchetes garrafais a expulsão do referido padre da Maçonaria. Indignado, o sacerdote corre à redação da gazeta para tomar satisfação com o editor. Mestre Cayrú Segundo grau? No início da sessão de uma loja, se apresentou ao 2º vigilante um Irmão bem velhinho, portando avental branco de aprendiz, dizendo: — Vim ser elevado ao 2º grau. Entre surpreso e curioso, o vigilante perguntou: — O senhor não pode me expulsar da Maçonaria, porque eu não sou membro dessa instituição, vociferou o padre. — Olha, seu padre, reagiu o jornalista, todo mundo sabe que eu não sou católico e, mesmo assim, o senhor me excomungou. Agora, como ninguém sabe quem é maçom e quem não é, até que o senhor prove o contrário, vamos continuar dizendo que nós demos um furo de reportagem. — Ah! E quando o Irmão foi iniciado na Ordem? — Fui iniciado em 4 de julho de 1922 e estou pronto para ir ao 2º grau. Insistiu o ancião. A essa altura, toda a Loja já estava de olho no Irmão ancião e o vigilante foi conferir os arquivos da oficina. Para surpresa geral, lá estava a ficha de iniciação do sujeito: 4 de julho de 1922. Qual o maior receio de um bode velho casado com uma cabrita nova? Resposta: Que ela caminhe nos Passos Perdidos. Sorridente e ainda mais curioso, o vigilante inquiriu: Democracia — E por onde o Irmão andou todo esse tempo? Por que demorou tanto para ser elevado ao 2º grau? Rígidos seguidores do regimento interno que determinava a votação para qualquer decisão da oficina, obreiros de determinada loja se reuniram em comissão para decidir o que fazer em relação a um Irmão que acabara de ser internado em um hospital. Após rápida discussão, decidiram enviar mensagem desejando pronto restabelecimento ao hospitalizado. — Estive aprendendo a dominar minhas paixões, respondeu o velhinho, suspirando de saudade. Sou mais eu O aprendiz vai visitar outra loja, mas chega atrasado aos trabalhos. Desconfiado, o guarda externo pergunta: — Você é um maçom regular? O aprendiz visitante responde: — Eu, não! Maçons regulares são os outros. Eu sou dos bons! 50 Instinto animal ao enyte Encarregado de redigir a mensagem, o Irmão secretário escreveu: “Estimado Irmão, reunidos em comissão na mesma data em que o Irmão adentrou nessa digníssima instituição hospitalar, decidimos, por seis votos a favor, três contra e uma abstenção, enviar mensagem expressando o nosso desejo sincero de pronto restabelecimento do Irmão”. Sumário Sumário ao enyte 51 Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês O Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo e Aceito foi fundado em 12 de novembro de 1832, tendo funcionado, até o ano de 1976, no prédio da rua do Lavradio 97, na cidade do Rio de Janeiro, sede do Grande Oriente do Brasil. Sede atual: Campo de São Cristóvão 114 Rio de Janeiro/RJ – Brasil Fone: (21) 2589-8773 52 ao enyte Sumário
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