Águas Emendadas

Transcrição

Águas Emendadas
Águas Emendadas
um templo da natureza
A Maçonaria na Revolução Farroupilha
10 anos sem Murilo Pinto
As origens da Matemática
a!
Terceiro setor
Fundação Gonçalves Lêdo
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Águas Emendadas ao norte e ao sul, nascentes para a vida
Educação ambiental e aprendizagem
Comunicare
Baile do Maçom – 18º Baile da Maçonaria do Distrito Federal
Bento Gonçalves – nova estrela no Planalto Central
Homenagem justa e perfeita
A tríade da Tolosa – estudo, trabalho e união
Miguel Archanjo – maestro da harmonia
Curso de Maçonaria Simbólica
Fundação Gonçalves Lêdo – uma organização social
Nebulosa Amazônia
O poder político e suas transformações
Cidadania planetária
A Independência do Brasil escrita pelas bandeiras
A Maçonaria na Revolução Farroupilha
Amadeus – a coragem do mestre
Influências do Iluminismo no Rito Moderno
Saudade
Legado de Murilo Pinto – paz e cultura
Revolução do saber
As origens da Matemática
Hora do descanso
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Sumário
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Expediente
Grande Oriente do Distrito Federal,
federado ao Grande Oriente do Brasil
Grão-Mestre
Jafé Torres
Grão-Mestre Adjunto
Lucas Francisco Galdeano
Grandes secretários
Esmeraldino Henrique da Silva
Alamir Soares Ferreira
Laélio Ladeira de Souza
Luiz Hamilton da Silva
Sylvio Santinoni
Wagner Lima
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José Wedson Feitosa
Fernando Sergio de Britto e Silva
Humberto Pereira Abreu
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Cristiano Loder
Francisco de Assis Castro
Editor-chefe
Gilberto Simonassi Corbacho
Editor-executivo e jornalista responsável
Joaquim Nogales Vasconcelos
MTB – 897/05/141/DF
Conselho editorial
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José de Jesus Filho
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Lucas Galdeano
Projeto gráfico, diagramação e capa
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Revisão gramatical
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Colaboradores
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Johaben Camargo
Lucas Galdeano
Laélio Ladeira
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Redação
GODF – Grande Oriente do Distrito Federal
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Impressão
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Tiragem
10.000 exemplares
A Ao Zenyte não se responsabiliza por opiniões
em artigos assinados.
As matérias publicadas podem ser reproduzidas parcial ou totalmente, sem consulta prévia, desde que indicada a fonte.
Palavra do
Grão-Mestre
As vésperas do novo ano ensejam percepção
do ciclo da vida em renovação. Os laços familiares, as amizades, as esperanças, os esforços
para a construção de um mundo melhor são
revigorados pelo portal de novos e promissores percursos.
É tempo de avaliar nossas realizações — e pautar os novos sonhos —, refletir sobre os momentos em que uma postura de
maior tolerância com o nosso próximo nos faria, certamente,
melhores. Tempo de confraternização e de compreensão de
que as naturais diferenças existentes não deveriam nos tornar
menos irmãos.
Nestes novos tempos, ainda há muito a se fazer em prol da sociedade. Sem abrir mão de nossas tradições e da realização dos
importantes trabalhos em loja, podemos contribuir muito, fazendo a diferença, sendo verdadeiros construtores sociais.
Nesse sentido, a nossa revista Ao Zenyte se propõe a trazer à
luz temas de significativa relevância social. A título de exemplo,
nesta edição, apresentamos a questão ecológica; ou, ainda, a
qualificação profissional e as campanhas beneficentes promovidas pela instituição social Fundação Gonçalves Lêdo.
A instrução se constitui área prioritária para a construção de
um país mais justo e perfeito. E, por esse motivo, a edição da
Ao Zenyte premia seus leitores com vários artigos sobre a história do Brasil, da Maçonaria e de maçons conhecidos, como
Wolfgang Amadeus Mozart e Francisco Murilo Pinto.
Os eventos de congraçamento de nossa Ordem também são
destacados, bem como as atividades das lojas jurisdicionadas
ao GODF, com a criação de espaço denominado “Loja em foco”.
Pretendemos que seu conteúdo seja elaborado pelos próprios
membros da loja, com vistas à valorização do “próprio fazer” da
loja maçônica.
Feliz Natal a todos e um próspero ano novo.
Jafé Torres
Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal
Sumário
Capa
Lagoa Bonita – Estação Ecológica Águas Emendadas
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Sumário
Águas Emendadas
ao norte e ao sul,
nascentes para a vida
Os
Gustavo Souto Maior*
rios que nascem no Distrito Federal abastecem três importantes bacias hidrográficas nacionais. Considerando a
drenagem dos nossos cursos d’água, 62,5% do território
do Distrito Federal contribuem para a formação da Bacia do Paraná, 24,2%
para a Bacia do São Francisco e 13,3% para a Bacia do Tocantins/Araguaia.
Entre as dezenas de nascentes já conhecidas, uma atrai particularmente
nossa atenção, a do córrego Vereda Grande, um raro fenômeno natural.
Suas águas deslizam em sentidos opostos e alimentam as Bacias do Paraná, ao Sul, e do Tocantins/Araguaia, ao Norte. O Vereda Grande está protegido pela Estação Ecológica Águas Emendadas, com área aproximada de
10.500 hectares, vizinha a Planaltina, a 38 quilômetros do Plano Piloto.
Fotos: Evando Ferreira Lopes**
*Gustavo Souto Maior é engenheiro e Mestre em Economia
do Meio Ambiente e atual Presidente do Instituto do Meio
Ambiente e dos Recursos Hídricos do Distrito Federal –
Brasília Ambiental (Ibram).
** Evando Lopes Ferreira é fotógrafo da Estação Ecológica
Águas Emendadas e gentilmente cedeu as fotos desta
reportagem.
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Família de capivaras na Lagoa Bonita de Águas Emendadas.
A Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil,
chefiada pelo astrônomo Luiz Cruls, foi a primeira a
constatar a riqueza ecológica do local, no século XIX.
Em seu diário, Cruls descreveu o local onde seria instituída a Reserva Biológica de Águas Emendadas quase oito décadas mais tarde: “A 30 de agosto de 1892,
antes de chegarmos à Vila do Mestre-d’Armas, demos
uma volta com o fim de explorarmos a lagoa do mesmo nome. Tem (...) um aspecto pitoresco, isso devido
à vegetação, rica de palmeiras, que a circunda”.
De lá para cá, a lagoa passou a se chamar Lagoa Bonita, e a antiga Vila do Mestre-d’Armas transformouse na agitada Planaltina.
Mas os estudos decisivos para a localização da nova
capital ocorreram somente na década de 50, quando
o governo Vargas instituiu a Comissão de Localização
da Nova Capital Federal e contratou amplo levantamento aerofotogramétrico à firma norte-americana
Donald J. Belcher and Associates Incorporated. O
levantamento resultou no Relatório Técnico sobre a
Nova Capital da República.
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A Comissão Cruls (1892) e os estudos de Belcher
(1954) analisaram áreas no Planalto Central com
capacidade de suportar populações humanas, para
que fosse instalada a futura sede do governo federal.
Nessa busca, critérios como a adequação das características físicas dos solos e do manto rochoso para
edificações, fertilidade para a agricultura, clima e a
disponibilidade de mananciais para abastecimento
doméstico foram decisivos na escolha da atual localização do Distrito Federal. Atualmente, esses parâmetros fazem parte da versão moderna das condicionantes ambientais e embasam o conceito de
capacidade de suporte de uma área.
A área escolhida para o Distrito Federal encontra-se
em cabeceiras e em área de recarga de aquíferos, não
podendo ser indiscriminadamente impermeabilizada.
Cruls e Belcher citam, em seus estudos, a necessidade
de se preservar uma boa fração da cobertura vegetal
para garantir boa qualidade de vida nesse território.
Os locais que ainda possuem água de qualidade são
justamente aqueles protegidos por lei, como as unidades de conservação de uso indireto.
Sumário
A 12 de agosto de 1968, o Decreto 771 constituiu,
no Distrito Federal, a Reserva Biológica de Águas
Emendadas. Vinte anos depois, em 16 de junho de
1988, o Decreto 11.137 modificou a denominação da
categoria de unidade de conservação para Estação
Ecológica, visando a promover o desenvolvimento
de pesquisas científicas aplicadas à ecologia.
Em 8 de outubro de 1993, na sede da Unesco, em
Paris, foi assinada a criação da Reserva da Biosfera do
Cerrado, marco importante para a preservação da
Estação Ecológica de Águas Emendadas como uma
de suas áreas-núcleo. Seu objetivo é a conservação
dos recursos naturais, o equilíbrio do meio ambiente
e o desenvolvimento de projetos de pesquisa para
ampliar o conhecimento dos recursos naturais.
Pesquisadoras da Universidade de Brasília
Taissa Camelo Vilas Boas (esquerda) é mestranda
em Ecologia e estuda duas populações de sapos —
Rhinella schneideri e Rhinella rubescens — na Estação
Ecológica, há dois anos. Carolina Stieler é graduanda
de Biologia e, antes de se interessar pelos batráquios
há alguns meses, estudava Limnologia (ciência que
investiga a vida em lagos, rios, e reservatórios de
água). A pesquisa da UnB sobre os sapos em Águas
Emendadas começou em 2004. A Estação atrai pesquisadores nacionais e internacionais.
“As populações de anfíbios do mundo inteiro estão
em declínio. A principal causa desse declínio é a
degradação do ambiente pelo homem. E o cerrado é um dos ambientes que mais sofrem com os
impactos negativos causados pela ação do homem.
O conhecimento acerca da ecologia da fauna do
cerrado é essencial para a sua conservação”, destaca Taissa Vilas Boas.
Parque Nacional
Estação Ecológica Águas Emendadas
Mapa do relevo do Distrito Federal
com as três principais áreas de
preservação do bioma do cerrado.
Lago Paranoá
Jardim Botânico
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Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla)
O cerrado está distribuído, principalmente, pelo Planalto Central brasileiro. Abrange mais de 196 milhões
de hectares e é reconhecido como a savana (vegetação rasteira com arbustos e poucas árvores) mais rica
do mundo em biodiversidade.
A Reserva da Biosfera do Cerrado no Brasil foi formada por vários motivos: 1. pela riqueza singular de
sua biodiversidade e pelo nível de desconhecimento do cerrado quanto ao seu potencial biológico; 2.
por ser um dos biomas mais ameaçados do planeta
pela ocupação humana — atualmente está entre os
vinte e cinco biomas prognosticados como passíveis de desaparecer (hot spots); 3. por nascerem no
cerrado os grandes rios brasileiros, que abastecem
as Bacias do Amazonas, São Francisco, Tocantins e
Prata; 4. pela falta de políticas eficazes de planejamento, desenvolvimento e conservação da região;
5. pela ausência de zoneamentos ambientais adequados e integrados para as áreas urbanas e rurais;
6. pelo repasse de tecnologias apropriadas para os
produtores; 7. pelo não reconhecimento do cerrado
como patrimônio nacional.
A conservação da boa qualidade e quantidade das
águas da Estação Ecológica proporcionam a riqueza
da biodiversidade. As águas cristalinas do córrego
Vereda Grande, quando seguem para o norte, encontram o rio Maranhão, que vai alimentar o caudaloso
rio Tocantins. Para o sul, desembocam no córrego
Brejinho, engrossam o córrego Fumal, seguem para o
rio São Bartolomeu, depois Corumbá, desaguando no
Paranaíba e formando, então, os rios Paraná e Prata.
Araribamba-de-cauda-ruiva (Galbula ruficauda)
Na Estação Ecológica de Águas Emendadas (ESECAE)
encontram-se representadas várias das fitofisionomias regionais, particularmente o cerrado sensu
stricto, o cerradão, o campo sujo e o campo limpo, as
matas de galeria alagáveis e as veredas. A fitossociologia do componente arbóreo para o cerrado registra
que Águas Emendadas é a área mais rica em espécies,
em comparação com o Parque Nacional de Brasília e
a APA Gama-Cabeça de Veado. As famílias mais importantes são Leguminosae, Vochysiaceae, Guttiferae,
Malpighiaceae, Styracaceae e Erythroxylaceae.
A ESECAE possui 80 espécies da herpetofauna (répteis e anfíbios) registradas. Também foram registradas
66 espécies de mamíferos em Águas Emendadas, que
correspondem aproximadamente a ⅓ do total de es-
Veado
campeiro
(Ozotocerus bezoarticus)
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Sumário
Jovem Caracará (Caracará plancus)
pécies de mamíferos de ocorrência confirmada para
o bioma do cerrado. Alguns dos animais observados aparecem na lista oficial das espécies brasileiras
ameaçadas de extinção: tatu canastra (Priodontes
maximus); tamanduá-bandeira (Myrmecophaga
tridactyla); lobo-guará (Chrysocyon brachyurus);
suçuarana (Puma concolor); gato-do-mato-pintado
(Leopardus sp); lontra (Lontra longicaudis); veadocampeiro (Ozotocerus bezoarticus) e rato-do-mato
(Kunsia tomentosus).
Atualmente, um dos principais problemas da Estação
Ecológica é a forte pressão de ocupação existente no
seu entorno. Tal processo é crescente e generalizado
no Distrito Federal.
No dia 5 de junho de 2009, foi aprovado e oficializado o Plano de Manejo da Estação Ecológica de Águas
Emendadas. Durante o ano de execução desse trabalho, coordenado pelo Instituto Brasília Ambiental
(Ibram), foram realizadas intensas atividades, que
contaram com a participação de organizações da
sociedade civil, universidades, instituições públicas
federais e distritais, Ministério Público, Polícia Ambiental, Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, produtores rurais, empresários. Assim, a comunidade em
geral pôde apresentar preocupações e sugestões.
Foram constituídas parcerias em que cada entidade,
dentro da sua possibilidade, poderá contribuir para a
proteção da unidade de conservação.
O planejamento integrado da gestão e manejo das
estações ecológicas supervisionadas pelo governo
do Distrito Federal, realizado de forma participativa e
articulada, favorece a preservação de modo consolidado. Define métodos para a proteção e recuperação
ambiental e proporciona mais harmonia na busca da
sustentabilidade das áreas localizadas no entorno
dessas unidades de conservação.
Ferreirinho relógio (Todirostrum cinereum)
Tatu-peba (Euphractus sexcinctus)
Com o cumprimento do Plano de Manejo, podemos
acreditar que Águas Emendadas será também contemplada pelas gerações futuras. Além de grande
beleza paisagística, esta Estação Ecológica possui um
patrimônio biológico único. É um laboratório vivo,
centro de excelência para produção de conhecimento e informação socioambiental sobre o cerrado.
P.S.: Mais informações sobre o tema na publicação Águas
Emendadas, disponível no site www.ibram.df.gov.br.
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Educacao
, - ambiental e
aprendizagem*
Pedro Demo*
A
prender ambientalmente significa encaixar o desafio ambiental na própria dinâmica da aprendizagem, e não tê-lo
como complemento eventual. Não se condenam outros
tipos de iniciativa (por exemplo, trazer um ambientalista para uma conversa com os alunos), mas o lance crucial precisa
ser formativo tipicamente. Para começar, aprender ambientalmente não pode significar só (não precisa excluir) produzir
eventos periódicos, por exemplo, reservar um dia por semestre como “Dia do meio ambiente”, ou fazer uma palestra de
vez em quando, ou plantar uma árvore na escola.
A preocupação ambiental não pode ser apenas preocupação, mas valorização intrínseca da referência ambiental para
se aprender bem. Podemos fazer o esforço de analisar essa
pretensão do ponto de vista teórico e prático. Do ponto de
vista teórico, cabe reconstruir a visão tradicional de aprendizagem
ainda não vinculada às questões ambientais.
O ponto de partida seria o fato de que, para analisar minimamente bem a
realidade que nos cerca, a referência ambiental é parte constituinte, não só
por conta do risco que corremos em não tomá-la em conta, mas mormente porque é fundamental mudar de visão em nome da qualidade de vida
ambientalmente correta. Componente dessa visão é considerar a natureza
como parte integrante da vida no planeta, revendo, entre outras coisas, a
questão histórico-social. Também em Sociologia, sempre predominou a
visão eurocêntrica do ser humano como centro do universo, resultando daí a inclinação predatória da natureza e de outros seres vivos.
Hoje tendemos a considerar “social” e “natural” praticamente como
sinônimos, implicando, entre outras sugestões, não mais olhar o ser
humano como razão de ser do universo. Ele é apenas, talvez, mais
evoluído, mas jamais especial, superior, único. Nesse sentido, teria
* Pedro Demo é PhD em Sociologia pela Universidade de Saarbrücken,
Alemanha, e pós-doutor pela University of California at Los Angeles
(Ucla), Estados Unidos. Atualmente é professor titular aposentado e
Professor Emérito da Universidade de Brasília (UnB), Departamento
de Sociologia.
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Sumário
de se construir outro sentido para “fraternidade”,
que incluísse a natureza como parceira, mãe.
Do ponto de vista prático, o processo de aprendizagem precisa ser realizado, não apenas adaptado, de
modo correto ambientalmente. Algumas sugestões
podem ser:
 a escola precisa ser arquitetada de modo
ambientalmente correto (em termos de
áreas verdes, manejo de materiais, trato da
alimentação, uso de energia, produção de
lixo);
 no currículo, a organização dos conteúdos
precisa inserir, naturalmente, a referência
ambiental a cada momento, sempre,
intrinsecamente; não se trata apenas de
exemplificar com indicações ambientes
(meio ambiente não é só exemplo, é
questão de qualidade de vida), mas
de inserir a referência ambiental
como modo de ver, pensar,
interferir, mudar, questionar;
 todas as atividades
escolares precisam estar
configuradas ambientalmente,
de sorte a não surgirem contradições
de visão e comportamento;
 preocupações mais centrais precisam
deter o devido relevo, por exemplo:
manejo do lixo, desperdício; estilo de
alimentação; limpeza e asseio na escola;
tratamento ao ambiente natural na escola
(área verde, árvores etc.);
 avaliação permanente do ciclo de vida dos
produtos e ambientes, de forma que a escola
mantenha consciência sempre renovada de
como lidar com a questão ambiental: como
a escola envelhece ou se degrada; como a
área física é preservada; como a área verde
é cultivada; como os materiais didáticos são
manejados, depredados;
 cuidado com o meio ambiente circundante
da escola (na comunidade próxima), para
que a escola seja vista como líder da causa,
tendo alunos como protagonistas.
Há muito que fazer na esfera da educação ambiental. Eu diria que a educação ambiental em geral evita enfrentar a questão da aprendizagem. Faz isso
Sumário
por comodismo, comum entre nós: toma como referência tranquila a aula. Estou sugerindo a necessidade de rever radicalmente os procedimentos de
aprendizagem.
Quando autores sugerem que é preciso colocar o
aluno no centro, em parte exigem que se respeite
o modo como se aprende naturalmente. Se tomássemos em conta, por exemplo, como funciona o cérebro da criança de seis anos, jamais daríamos aula.
Aula lhe é algo estranho, tanto assim que as mães
não dão aula (Schneider, 2007). As crianças aprendem ludicamente, dependem muito de motivação,
necessitam de orientação, interagem naturalmente,
como parte de sua linguagem natural.
A escola deveria, então, ser como a natureza: instituição aberta, diversa, plural, formativa. Isso não
desfigura a necessidade de organização, porque a liberdade de expressão só é produtiva
em contexto de organização e que implique
regras de jogo (O’Neil, 2009). Mas, como
dizia Foucault (2007), a escola mais parece prisão: comportar-se bem sempre foi
mais importante que aprender bem.
A mensagem da natureza será: criar seres livres que não se depredam. Pode-se aprender tudo na vida, mas a referência maiúscula é aprender a conviver em ambientes
diversos, plurais, complementares, onde se
combinam igualitariamente rivalidades e solidariedades, de maneira minimamente sustentável.
Não basta levar a sério a questão ambiental por conta de nossa sobrevivência ameaçada. Isso significa
reação tardia e arrependida. Mais importante é oferecer para nossas crianças a oportunidade de aprender ambientalmente, tendo a relação com a natureza como referência intrínseca do que seria, hoje,
aprender bem. Formando-se a criança ambientalmente, ela tem a oportunidade de inscrever em sua
vida uma relação ambiental adequada, inaugurando outra expectativa cultural e civilizatória.
* A íntegra do texto pode ser encontrada no endereço http://
pedrodemo.sites.uol.com.br/textos/td30.html.
** Ilustração: A vida na palma da mão, de Raphael Alleph Leitão
Vasconcelos.
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Joaquim Nogales
Amar é ...
Realizar a cerimônia de confirmação de bodas, o ritual do casamento, no templo nobre do Grande Oriente do Distrito Federal.
E foi exatamente isso que o Ir. Augusto Flávio, da Loja Honra e
Tradição, e a cunhada Claudia Mendes fizeram na tarde do dia
28 de agosto. Foi a primeira vez que esse tipo de cerimônia se
realizou no templo nobre do GODF.
Posse na Corte
Ministro do Superior Tribunal de Justiça desde 1996, Felix
Fischer tomou posse na vice-presidência daquela corte no
dia 3 setembro. O STJ é a mais alta corte do país para julgamentos de questões referentes às leis federais (legislação
infraconstitucional). Na foto, o casal Sônia e Felix Fischer
ladeado pelo Grão-Mestre Jafé Torres e o venerável da Loja
Areópago, Gilberto Corbacho.
Política na pauta
Cultura Espiritual
O cientista político e pesquisador da UnB
Leonardo Barreto proferiu palestra sobre o
tema “Política e poder” na Loja Desembargador Francisco Murilo Pinto, dia 25 de outubro.
A Loja é a mais nova oficina jurisdicionada ao
GODF, fundada em 1º de setembro. Barreto
nos brinda com o artigo da página 30.
O presidente da ONG União Planetária, Ir. Ulisses
Riedel, foi um dos cinco brasileiros convidados a
participar do I Fórum Mundial de Cultura Espiritual, que aconteceu no Cazaquistão, entre os dias
18 e 20 de outubro. Os outros brasileiros convidados foram: Leonardo Boff, Frei Beto, Paulo Coelho
e o senador Cristovam Buarque.
Resultado das urnas
A Comitiva do Real Arco (Rito York
norte-americano) visitou o GODF
no dia 5 de novembro.
Além dos Irmãos eleitos vice-presidente, Michel Temer,
e vice-governador do Distrito
Federal, Tadeu Filippelli, a família maçônica do DF comemora a reeleição do deputado
federal Ir. Isalci Lucas (foto),
com cerca de 98 mil votos, e a
eleição, para primeiro mandato na Assembleia Legislativa
Distrital, do Ir. Olair Francisco.
Sumário
Academia Maçônica
Perto de 100 pessoas pagaram para degustar a palestra-almoço do exsenador Lindenberg Cury, promovida pela Academia Maçônica de Letras do DF – AMLDF. Inserir palestra no menu do almoço já era hábito
da AMLDF, mas, desde que a entidade firmou parcerias com a Associação Comercial, Federação das Indústrias, Rotary, OAB, Universidade de
Brasília, Federação do Comércio e União Planetária, os eventos só vêm
crescendo.
Welcome brother
Milagres acontecem
Lee George Hunderhill, cônsul do Reino
Unido e administrador da Embaixada da Inglaterra em Brasília, foi iniciado na Loja Três
Poderes 2308.
Este é um marcante livro
lançado pelo Ir. Nelson Dias
Leoni, oficial do Exército brasileiro, sobre sua história de
luta pela vida, após levar um
tiro de fuzil, em 2005, quando estava a serviço da Missão
da ONU no Haiti. Subscreve
a obra com Leoni a jornalista
Damaris Giuliana.
Monteiro Lobato
Considerado precursor da campanha do
“petróleo é nosso”, o escritor Monteiro Lobato será patrono de nova loja no DF. O autor
do Sítio do Picapau Amarelo já é patrono de
sete lojas em outros Orientes estaduais.
Encontro dos veneráveis
No dia 16 de outubro, a Poderosa Congregação reuniu-se no Templo Nobre do GODF para tratar de três
temas: 1) sucessão ao Grão-Mestrado do GODF; 2)
realização da 1ª Loja de Mesa (banquete ritualístico)
pelo GODF, com a participação de todas as lojas e 3)
Almoço Natalino, que ficou marcado para 5 de dezembro.
A eleita
A governadora eleita do Rio Grande do Norte, atual
senadora Rosalba Ciarlini, visitou o Grande Oriente do
Distrito Federal dia 17 de novembro, para conhecer o
trabalho social desenvolvido por Irmãos à frente da Fundação Gonçalves Ledo. Na foto, o Ir. Augusto Escóssia de
Oliveira, Jafé Torres, a senadora Ciarlini, o Ir. Johaben Camargo, representando o senador Mozarildo Cavalcanti,
e o Ir. Eduardo Luiz Lucas Bruniera, coordenador da entidade paramaçônica Bodes do Asfalto.
Sumário
Aconteceu
Baile do Maçom
— 18° Baile da Maçonaria do Distrito Federal —
A
18a edição do Baile do Maçom reuniu,
na noite de 28 para 29 de agosto, mais
de duas mil pessoas no salão do Grande
Oriente do Brasil. Na festa, realizada conjuntamente pelo Grande Oriente do Distrito Federal
– GODF e pela Grande Loja Maçônica do Distrito Federal, ocorreu o sorteio de um Renault Clio 1.0 zero
km. Foi mais uma homenagem da família maçônica
aos 50 anos de Brasília.
1
3
2
1. O governador eleito do DF, Agnelo Queiroz, o vice-governador
eleito, Tadeu Filippelli, com o Grão-Mestre Jafé Torres; 2. O GrãoMestre Jafé com o senador eleito pelo DF Rodrigo Rollemberg; 3.
O Grão-Mestre Adjunto do GODF, Lucas Galdeano, Norma Torres,
o senador Mozarildo Cavalcanti, com sua esposa, Geilda, e a
presidente da Fraternidade Feminina, Maria do Carmo; 4. Nair
Fernandes, João Alfredo Ximenes, o deputado federal reeleito
Isalci Lucas e sua esposa Ivone.
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1. Panorâmica do baile; 2. Joãozinho Trinta esteve por lá; 3. O sereníssimo Grão-Mestre da Grande Loja Maçônica do Distrito Federal,
Juvenal Amaral, comemora com a filha, Marianne, sorteada com o Renault Clio zero km; 4. O Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, com
a irmã Ivanise, os sobinhos Fábio e Flavia e os Irmãos Reginaldo Pereira e Tasso Ottoni, respectivamente, conselheiro e presidente da
Fundação Gonçalves Ledo; 5. Johaben Camargo e Alamir Ferreira agitam as urnas do sorteio do Clio zero; 6. O Grão-Mestre Jafé com
o venerável mestre da Loja Três Poderes, Edilson Almeida, e a esposa, Maria Izabel; 7. Os veneráveis mestres Jorge Lunkes, da Loja
Fraternidade Brasiliense, e Renes Mauro de Souza, da Loja José Castellani; 8. O colunista Gilberto Amaral gravou talk show no baile.
Na foto, Amaral entrevista o Grão-Mestre Jafé Torres.
Sumário
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1. Grão-Mestre Jafé Torres, senhora integrante da Fraternidade
Feminina, vice-governador, Tadeu Filippelli, e os IIr. Gilberto
Corbacho e Paulo Monteverde; 2. Marianne Amaral, feliz com
seu carro novo; 3. Norma Torres e Jafé Junior; 4. Karla Grippe,
secretária do GODF, ladeada pelo casal Francisco de Assis
(assessor do GODF) e a esposa, Marlene; 5. O Grão-Mestre Jafé
ladeado por Rubi Rodrigues, membro da AMLDF e Álvaro Luiz
Tronconi, professor da UnB; 6. O Grão-Mestre Jafé Torres com o
ministro José de Jesus e senhora; 7. As meninas “Filhas de Jó”.
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seguros
Bento Gonçalves
nova estrela no Planalto Central
Johaben Camargo*
U
ma nova estrela brilha no Oriente do
Distrito Federal desde o dia 24 de setembro de 2010, data da regularização
da Loja Bento Gonçalves número 4060.
A nova oficina, fundada em maio deste ano por um
grupo de 66 irmãos de diferentes lojas, irá reforçar
as colunas do Grande Oriente do Brasil e do Grande
Oriente do Distrito Federal.
A loja nasce com o objetivo de exercitar a verdadeira Maçonaria universal, tendo por base os princípios
da família, da caridade e das melhores tradições da
Ordem. Não há, então, o que estranhar no fato de
a escolha para patrono do novo ente do GODF ter
recaído sobre o herói da Revolução Farroupilha, General Bento Gonçalves, homem probo, de bons costumes, amante das tradições, da liberdade, da solidariedade e da fraternidade.
Ao contrário do que pode parecer, não se trata de
oficina exclusiva de gaúchos, mas, sim, de uma loja
imbuída do espírito libertário daqueles revolucionários que, entre os anos 1835 e 1845, desafiaram as
forças imperiais e implantaram no sul do país a República do Rio Grande.
Para registrar a regularização dessa nova estrela do Planalto Central, foi realizada, em 24 de setembro, Sessão
Magna Branca em comemoração aos festejos da Epopeia Farroupilha, realizados tradicionalmente no dia
20 de setembro, data-símbolo para o povo gaúcho.
Estavam presentes mais de 150 pessoas, entre Irmãos,
familiares e convidados, incluindo representantes de
Lojas Gaúchas e dos CTGs (Centros de Tradições Gaúchas) de Brasília, devidamente pilchados.
Sessão Magna em homenagem à epopeia Farroupilha. Ao fundo,
Grão-Mestre Jafé Torres, Francisco Roni, venerável da Loja Bento
Gonçalves, e Renes Mauro de Souza, venerável da Loja José
Castellani, e Irmãos de diferentes lojas.
nagens Bento Gonçalves e Giuseppe Garibaldi. Uma
centelha representativa da Chama Crioula foi o auge
das festividades, que incluiu poesias e brilhante palestra sobre o comandante Bento Gonçalves, proferida pelo Ir. Flávio Rostirola.
De acordo com o venerável mestre da nova oficina, Ir.
Francisco Roni da Rosa, embora o Rito adotado seja o
R.·.E.·.A.·.A.·., a Loja conta com Irmãos dos outros cinco Ritos reconhecidos pelo GOB. Ele agradeceu especialmente a colaboração da Loja-Mãe da Loja Bento
Gonçalves, a Loja José Castellani, e também o apoio
da Loja Honra e Tradição, que contribuiu com muitos
obreiros para a nova oficina.
O público vibrou com a representação teatral da
Epopeia Farroupilha, com diálogos entre os perso-
A Sessão Magna foi prestigiada pelo Eminente GrãoMestre do GODF, Ir. Jafé Torres, e sua comitiva. Ao final dos trabalhos, ele destacou a expressão da rara e
ímpar beleza do evento, salientando a virtude diferenciada da Maçonaria praticada no Distrito Federal.
* Johaben Camargo é jornalista, professor universitário e MM das
Lojas Honra e Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um dos
fundadores.
A Loja Bento Gonçalves reúne-se na segunda e na
quarta semana do mês, às sextas-feiras, no Templo
da Loja União e Silêncio, no Park Way, às 20 horas.
Sumário
ao
enyte
17
Homenagem justa e perfeita
Senador Mozarildo Cavalcanti discursando em sessão especial do Senado.
O
Senado Federal realizou sessão especial
em homenagem à Ordem Maçônica no
dia 20 de agosto último, Dia do Maçom,
pelo décimo ano consecutivo, por iniciativa do senador e Ir. Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Estiveram presentes à solenidade representantes das
três potências Maçônicas regulares: Grande Oriente
do Brasil – GOB, Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB e Confederação Maçônica do
Brasil – COMAB.
O senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) destacou
que os maçons têm a missão de autoaperfeiçoamento, a dedicação às boas obras, a promoção da
verdade e o reconhecimento como homens e como
irmãos de seus semelhantes.
O Grão-Mestre do Grande Oriente do Distrito Federal,
Jafé Torres, por sua vez, afirmou que a Maçonaria
tem realizado significativos trabalhos sociais em prol
da comunidade, enfatizando a responsabilidade da
instituição para a construção de um país com maior
justiça social.
História – 20 de agosto é denominado, por tradição, o
Dia do Maçom. Segundo Manoel Joaquim de Menezes, em 20/08/1822, na 14a Sessão do GOB, Joaquim
Gonçalves Ledo teria defendido a independência do
Brasil antes mesmo de D. Pedro proclamá-la. Já para
o historiador José Castellani, Menezes equivocou-se,
Já o senador Mozarildo, após relembrar a participação marcante da Maçonaria em fatos históricos do
Brasil, como a Independência, a libertação dos escravos e a proclamação da República, afirmou que a
Ordem tem enorme responsabilidade na construção
do futuro do Brasil.
Para o senador, a Maçonaria adapta-se aos novos
tempos, interagindo cada vez mais com a sociedade,
“sendo um exemplo para os brasileiros pelo trabalho
sério e honesto que desenvolve, contribuindo para
que o país seja, realmente, democrático, fraterno e
igualitário”.
18
ao
enyte
Convidados prestigiam o Dia do Maçom no Plenário.
Sumário
pois o GOB foi fundado em 17 de junho de 1922 e a
sua 14ª sessão ocorreu no dia 9 de setembro. Mesmo
assim, o discurso inflamado de Ledo pela independência, de acordo com Castellani, teria sido proferido antes da notícia da proclamação ocorrida em 7 de
setembro ter chegado do Rio de Janeiro.
Conforme explica José Castellani no livro que subscreve com William Carvalho sobre a história do Grande Oriente do Brasil, o equívoco de Menezes ocorreu
porque, no século XIX, o calendário maçônico pautava-se pelo calendário judeu, com o início do ano em
23 de março, porém, Menezes contou como início do
ano maçônico o 1º de março.
Como a ata da 14ª sessão do GOB diz que a reunião
ocorreu no 20º dia do 6º mês, Menezes contabilizou
o discurso de Ledo no dia 20 de agosto. O cálculo de
Menezes induziu a erro o Barão do Rio Branco, que
propagou a data equivocada para todo o país, em
meados do século XIX, ao escrever sobre a história
da Independência. É fato incontestável, todavia, que
a participação da Maçonaria foi decisiva no processo
de independência da então colônia portuguesa.
O Grão-Mestre Jafé Torres com 12 membros da delegação da Loja Honra e Tradição
e o secretário de Educação e Cultura do GODF, Luiz Arino (2° à esquerda).
Tasso Otoni, presidente da FGL; Jafé Torres, Grão-Mestre do GODF;
Senador Mozarildo Cavalcanti e Antônio Rêgo Filho, presidente da
PAEL da Paraíba, em almoço comemorativo ao Dia do Maçom.
Jovens da Associação Paramaçônica Juvenil – APJ
compareceram à sessão especial.
Sumário
ao
enyte
19
Loja em foco
A tríade da
Tolosa
estudo, trabalho e união
Antônio Luís Rodrigues Alves *
Q
uando os fundadores constituem uma
loja maçônica, além de escolher o rito,
o nome e a obediência, hão de decidir a
finalidade — ou objeto — à qual inicialmente a oficina vai se dedicar. Em geral, há consenso sobre os objetivos a serem alcançados, contudo,
depois de fundada, a loja adquire personalidade
própria e, às vezes, trilha caminho diverso ou desenvolve trabalhos diferentes daqueles originalmente
previstos.
Isso não aconteceu com a Loja Maçônica Miguel Archanjo Tolosa.
Fundada em 16 de dezembro de 1981 por 14 mestres maçons reunidos na residência do Ir. Camillo de
Oliveira Júnior, na Asa Norte, em Brasília/DF, a tríade
“estudo, trabalho e união” foi erigida já na ata de fundação. Desde então, os objetivos originais vêm sendo tenazmente perseguidos.
Para tanto, a Loja Miguel Archanjo Tolosa promove
diversos eventos, entre eles, destacam-se as tradicionais costeladas, cuja renda é revertida para projetos
sociais, por meio da AFETO – Associação Feminina
Tolosa, e a campanha de serviços sociais organizada
anualmente na cidade de Flores de Goiás.
A Campanha de Flores de Goiás é realizada conjuntamente com Irmãos de outras lojas, notadamente
da Fraternidade e Justiça II, do oriente de Sobradinho/DF, e conta com a participação de diversos profissionais, como médicos e dentistas, que prestam
atendimento gratuito à população da cidade goiana.
A tudo isso somam-se a distribuição de alimentos,
roupas e remédios e um almoço oferecido àquela
comunidade.
* Antônio Luís Rodrigues Alves é servidor público do Tribunal
de Justiça do Distrito Federal e MM obreiro da Loja Miguel
Arcanjo Tolosa.
20
ao
enyte
Os eventos sociais organizados pela Loja Miguel
Archanjo Tolosa contam com grande prestígio na
comunidade maçônica, de forma que a celebração
das datas importantes, bem como o banquete ritualístico realizado anualmente no Dia do Maçom são
disputados por Irmãos de todo o Distrito Federal.
Embora mereçam apreço, não são a filantropia ou
os eventos sociais que constituem o alicerce sobre
o qual é construída a loja maçônica. Vale dizer que a
própria sobrevivência da Ordem depende do estudo
do simbolismo, da filosofia e da busca da verdade,
pois qualquer associação pode praticar a filantropia
ou organizar festividades, contudo, somente uma
Augusta Regular Loja Simbólica pode transmitir às
gerações futuras os conhecimentos e valores maçônicos. É nesse particular que se verifica a excelência
da Loja Miguel Arcanjo Tolosa.
Na formação dos aprendizes e companheiros é empregado um método de ensino, lapidado ao longo
dos anos, que facilita a apreensão dos conhecimentos do grau, resultando na constituição de abalizados mestres maçons, capazes de estender a Maçonaria aos seus respectivos campos de atuação.
Ferramenta essencial no processo de reciclagem e
formação cultural do maçom é o Curso de Maçonaria Simbólica José Castellani, organizado anualmente
e que hoje conta com o apoio do Grande Oriente do
Distrito Federal (veja matéria na página 20). Em novembro de 2009, a Loja promoveu o 1º Seminário Maçônico de Assuntos Estratégicos, no qual se debateu a
soberania nacional, política, educação e energia.
Os ramos de acácia que exornam os três lados do
Selo da Loja traduzem o título honorífico de Grande
Benfeitora que o Grande Oriente do Brasil lhe concedeu, em razão dos relevantes serviços prestados à
comunidade maçônica pelo então Jornal Egrégora,
Sumário
hoje revista com edição trimestral, que se consolidou
como importante veículo de propagação cultural.
Baluarte da união maçônica, tal qual seu patrono, a
Miguel Arcanjo Tolosa prima pela concórdia e união
de todos os ritos e potências. Facilita o diálogo, colocando-se a serviço da mediação na busca da solução
harmoniosa dos conflitos. Internamente é exemplo
de pluralidade e reunião daquilo que está disperso,
pois abriga, sob suas asas de pelicano, pessoas de diferentes convicções políticas e religiosas, extirpando
do seu ninho o sectarismo e a intolerância.
Vê-se, pois, que, não obstante passados vinte e nove
anos desde a sua fundação, a Loja Maçônica Miguel
Arcanjo Tolosa segue firme na busca de seus objetivos originais, estudando, trabalhando e cultivando a
união entre todos os maçons.
Miguel Archanjo
maestro da harmonia*
O Ir. Miguel Archanjo Tolosa, Patrono de uma das Lojas mais atuantes do Grande Oriente do Distrito Federal, que leva o seu nome, nasceu em 29/09/1924,
em São Luiz do Paraitinga, São Paulo, e faleceu em
10/11/1980, em Brasília. Fez carreira militar no Exército brasileiro e, como músico-maestro de banda
militar e maçom, colheu reconhecimento, respeito e
admiração de todos que o conheceram.
Transferido para a 6ª CIA de Guarda do Exército em
1958, Tolosa foi um dos que contribuiu, como maestro da banda da Companhia, para o sucesso da festa
de inauguração de Brasília, promovida pelo presidente Juscelino Kubistcheck. Após a inauguração da
nova capital, a 6ª CIA foi extinta, e Tolosa, transferido
para o Batalhão da Guarda Presidencial. Em 1970,
Miguel Archanjo foi reformado pela Junta Militar de
Saúde por problemas cardiovasculares. Sua patente:
1o Sargento.
Na Ordem Maçônica, Tolosa foi um exemplo. Iniciado
a 31/01/1965, na Loja Brasiliana n. 4 (atual Santuário
de Adonai 4), da Sereníssima Grande Loja de Brasília, alcançou o Grau de Mestre em 30/03/1965. Em
janeiro do ano seguinte, participou da fundação da
Loja Abrigo do Centro 8, sendo eleito 1º vigilante em
1967.
Em 1974, foi eleito venerável mestre da Loja Abrigo
do Cedro. Em junho daquele ano, foi Exaltado ao
Grau 33, tornando-se, assim, grande inspetor-geral
da Ordem. Em outubro, tornou-se presidente do
Conselho Kadosh Visconde Jequitinhonha.
Sumário
Com a saúde abalada, Tolosa, a partir de 1977, deixou de ocupar cargos em Loja, em virtude de um
enfarte do miocárdio. Foi a partir desse momento
que suas ligações do Grande Oriente do Brasil – GOB
estreitaram-se. Morando próximo à sede do GOB em
Brasília, na 713 Sul, Miguel Archanjo costumava ocupar o Tempo de Estudos nas Oficinas lá instaladas.
Profundo conhecedor dos mistérios da Ordem, lutou
pela união das Potências Maçônicas Brasileiras.
“Após sua partida para o Oriente Eterno, em dezembro de 1981, criou-se a Loja Miguel Archanjo Tolosa
2131. Fundada por um grupo de obreiros do Grande Oriente do Brasil, representou uma homenagem
a um valoroso maçom da Grande Loja. A Maçonaria
do Distrito Federal prestou, desse modo, a mais justa
e perfeita homenagem a Miguel Alrchanjo Tolosa”,
escreveu o Ir. Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto
do GODF e ex-venerável mestre da Loja Miguel Archanjo Tolosa.
*Fonte: GALDEANO, Lucas F., Miguel Archanjo
Tolosa: Patrono da Nossa Loja, in Cardernos de
Pesquisas Maçônicas 18, Editora Maçônica
A Trolha, 2001.
Tempo de estudo
Curso de Maçonaria Simbólica
Abertura do XVII Curso de Maçonaria Simbólica José Castellani.
A
Loja Miguel Archanjo Tolosa promoveu,
nos dias 22 e 23 de outubro, o XVII Curso
de Maçonaria Simbólica “José Castellani”,
no Templo Nobre do GODF. O evento
contabilizou 70 irmãos presentes, entre
eles, o eminente Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, e
o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano.
A palestra de abertura, na sexta à noite, foi proferida
pelo Ir. Marden Maluf sobre o tema “A ciência Maçônica do equilíbrio”.
22
ao
enyte
No dia 23, sábado, outras cinco palestras: “O simbolismo das marchas no R.·.E.·.A.·.A.·.”, com o Ir. Raul
Sturari; “200 anos de Maçonaria no Brasil”, com o Ir.
William Carvalho; “Pavimento mosaico: pluralidade e
multiculturalidade”, com o Ir. Danilo Porfírio; “As atribuições de um venerável mestre”, com Lucas Galdeano e “A contribuição de Wolfgang Amadeus Mozart à
Maçonaria”, com o Ir. Marden Maluf.
Colaborou o Ir. Orlando Galdeano.
Sumário
1
2
3
5
4
6
1. Marden Maluf proferiu as palestras de abertura e de encerramento do evento; 2. William Carvalho falou sobre os 200 anos
da Maçonaria no Brasil; 3. O pró-reitor dos cursos de pós-graduação do Centro Universitário UDF e um dos responsáveis
pelo curso de pós-graduação sobre história da Maçonaria oferecido pela instituição, Fabiano Ferraz, participou do curso
José Castellani como membro da Tolosa; 4. O venerável mestre da Loja Miguel Archanjo Tolosa, Clemir Márcio Rodrigues,
agradeceu a participação de IIr. de outras lojas; 5. Os IIr. Orlando Galdeano, Décio Bottechia Jr., José Braz Jr. e Joaquim
Nogales; 6. O Grão-Mestre do GODF, Jafé Torres, e o Grão-Mestre Adjunto, Lucas Galdeano, seguram fotos dos IIr. Francisco
Murilo Pinto e Joferlino Miranda Pontes, respectivamente, ex-Grão-Mestre-Geral do GOB e ex-Grão-Mestre-Geral Adjunto,
que foram homenageados na palestra “A Ciência Maçônica do Equilíbrio”, proferida por Marden Maluf.
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enyte
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Terceiro setor
Fundação Gonçalves Lêdo
uma organização social
J
oaquim Gonçalves Lêdo, 1o vigilante do Grande Oriente do Brasil em 1822, jamais poderia
supor que, 172 anos mais tarde, um grupo de
maçons intitularia uma organização social com
o seu nome, no coração do país — a Fundação Gonçalves Lêdo – FGL. E se surpreenderia mais ainda ao
sabê-la capaz de formar, em 20 meses, mais de 200
mil alunos nos diferentes 52 cursos ministrados, dos
quais 40 na área de informática e 12 de capacitação
em outras áreas profissionais. (Veja em http://www.
dfdigital.df.gov.br/)
A FGL, na qualidade de gestora do Programa do DF
Digital, principal eixo na promoção da inclusão digital e capacitação técnica do Distrito Federal por meio
de ensino a distância, multiplicou por cinco a quantidade de alunos inscritos no programa. No início da
gestão da FGL, em abril de 2009, o DF Digital contava
com 14,6 mil alunos matriculados. Considerando-se
a matricula de estudantes em dois ou mais cursos,
representava 28,8 mil cursos em andamento (veja
quadro na página ao lado).
Vocação beneficente
Como seu patrono, a FGL enfrentou obstáculos para
a implementação de ações empreendedoras implícitas em seus projetos de mudança social. Criada em
6 de abril de 1994, sob a inspiração de membros da
Loja Gonçalves Lêdo, do Oriente de Taguatinga, a
FGL se desvinculou de sua loja-mãe para firmar contrato de gestão, em 2009, com vigência por 5 anos,
com a Secretaria de Ciência e Tecnologia do GDF, por
meio da Fundação de apoio à Pesquisa – FAP.
Os resultados alcançados no programa de inclusão digital, porém, não afastaram a FGL de sua vocação beneficente, ao contrário. Integrou Ações Cívico-Sociais
juntamente com outros parceiros sociais, compreendendo ações educativas de saúde, regularização de
documentos, distribuição de alimentos e kits de saúde bucal nas cidades do entorno do DF. Mais recentemente, em 19 de novembro, a FGL lançou, juntamen24
ao
enyte
O presidente da FGL, Tasso Ottoni, e mil cestas básicas para
a campanha Natal da Fraternidade, no pátio interno do ed.
Embassy Tower, sede da Fundação no Plano Piloto. Outras
duas mil cestas ficaram na garagem, porque a laje poderia não
suportar o peso.
te com o Grande Oriente do Distrito Federal, a Ordem
dos Advogados do Brasil Seccional do DF – OAB/DF
e com o apoio do Correio Braziliense e do Banco do
Brasil, a campanha “Natal da Fraternidade”, com o objetivo de arrecadar 20 mil cestas básicas, a serem distribuídas à população de baixa renda.
Em sua sede matriz, no Recanto das Emas, cidade
satélite de Brasília, a FGL já atendeu gratuitamente
a mais de 50 mil pessoas na área de clínica médica,
oftalmológica e odontológica. A sede possui 3.000
m2 de área construída, num terreno de 600.000 m2,
sendo equipada com ambulatórios médicos e consultórios odontológicos, refeitório e 11 salas de aula,
onde cerca de 3,2 mil pessoas já foram certificadas
em cursos profissionalizantes, entre 2000 e 2005, no
âmbito das ações do FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador, do Ministério do Trabalho e Emprego.
Trabalho reconhecido
A transformação da FGL começou em 2005, quando
Wellington de Queiroz, membro da Loja Gonçalves
Lêdo, assumiu sua presidência. Os esforços então
empreendidos foram para tornar a FGL independente de qualquer loja maçônica.
Sumário
Alterações procedidas em seu estatuto, desvincularam a FGL da loja-origem, permitindo sua habilitação como organização social sem fins lucrativos no
GDF, ainda em 2007. O reconhecimento das ações
implementadas pela FGL desde 1994 conferiu-lhe
certificado de organização social, permitindo-lhe a
participação em processos licitatórios em geral.
Substituindo a UnB
Com o encerramento, em 2008, do convênio firmado
entre a Universidade de Brasília e o GDF para a gestão do DF Digital, instituído por decreto, em agosto de 2006, o GDF abriu nova concorrência pública
para que entidades sociais capacitadas dela participassem. A FGL foi habilitada no processo licitatório,
sendo selecionada como gestora do programa no
primeiro trimestre de 2009.
“Confirmado o resultado da licitação, alugamos instalações no edifício Palácio da Imprensa, no setor de
Rádio de TV Sul, porque foi uma exigência do contrato criar uma sede administrativa da Fundação
no Plano Piloto. Abrimos licitação para a aquisição
de milhares de computadores, ao mesmo tempo
em que realizamos concurso
público para a contratação
de 400 funcionários”, recorda
Wellington de Queiroz, que
presidiu a FGL por dois mandatos consecutivos (20052009), sendo membro atual
do Conselho Curador da entidade.
Suspeitas infundadas
À Manoel Tavares Santos, sucessor de Queiroz à
frente da FGL, coube esclarecer notícias infundadas
então veiculadas, no início de 2010, sobre possível
ilegalidade na contratação da FGL. Pós-graduado
em administração de empresas e alto funcionário de
carreira do Banco Central , Tavares alcançou pleno
sucesso na gestão de esclarecimentos eficazmente
prestados à sociedade sobre a legalidade da contratação de Organizações Sociais pelo Estado.
O mal-entendido teve sua origem quando o GDF, ao
encaminhar ao Superior Tribunal de Justiça informações sobre valores pagos às empresas prestadoras
de serviços de informática, não incluiu os valores deSumário
Evolução da gestão FGL no DF Digital
Categorias
04/2009
11/2010
Aumento
Alunos
matriculados
14,6 mil
74 mil
407%
Cursos em
andamento
28,8 mil
153 mil
431%
Queda no custo por curso ministrado
2010
Custo por curso
ministrado em R$
Variação de custo
em %
Fevereiro
321,48
100%
Maio
217,57
– 32,3%
Junho
195,31
– 39,2%
vidos à FGL. O GDF não incluiu a Fundação, porque
mantém com a FGL um contrato de gestão, e não de
prestação de serviços de informática, mas, até explicar a diferença entre esses dois contratos, a imprensa
divulgou suspeitas infundadas do Ministério Público
e tudo teve de ser explicado no Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e dos Territórios – TJDFT, que aprovou
o contrato de gestão de acordo com a lei.
Por motivos de saúde, Manoel Tavares pediu exoneração do cargo em fevereiro, sendo substituído pelo
prof. Tasso Ottoni, então diretor de operações da entidade. Em julho passado, com a superação judicial
do impasse sobre a legalidade do contrato de gestão, deu-se continuidade aos serviços prestados em
face da competência e zelo implícitos na execução
do programa de inclusão digital.
A meta é exportar
Para Reginaldo Silva Pereira
Filho, membro do Conselho
Curador da FGL, a entidade
está plenamente capacitada
para expandir suas atividades
para outros estados. “A FGL é
a principal entidade de ensino
a distância focada no atendimento da demanda de capacitação nos estados e municípios, com plenas condições de “exportar” a exitosa
experiência do Distrito Federal , tanto na área de ensino a distância, como também em tecnologia Wi-Fi”.
ao
enyte
25
“Criamos padrões de eficiência na oferta de cursos
de capacitação no setor de informática e de qualificação profissional. Unificamos a programação dos
cursos em um Único Sistema de Gerenciamento da
Aprendizagem e as plataformas dos polos, o que
permite ao aluno fazer um curso em qualquer polo,
ou até mesmo em casa, pelo seu computador”, salienta Tasso Ottoni.
Numero de polos do DF Digital
Abril 2009
Novembro de 2010
72 unidades
135 unidades
O DF Digital conta com 135 polos com computadores com acesso à internet espalhados
pelo Distrito Federal. Há polos instalados em
edifícios próprios do GDF (27), paróquias (46),
entidades conveniadas com o Ministério da
Ciência e Tecnologia (29) e em outros órgãos
parceiros (33).
O secretário de Ciência e Tecnologia, Divino Martins,
destaca: “O DF Digital gera renda para a população e,
por isso, também é um programa de inclusão social”.
1
3
2
26
ao
enyte
1. Equipe do Polo de Ceilândia Norte; 2. Magda Landim,
monitora do Polo Paranoá: “o DF Digital já recuperou
até alcoólatra”; 3. Seu Odir (83) e dona Alda Falcão (79),
inclusão digital sem precisar dos netos.
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Sumário
O 1o vigilante do GOB
J
1
2
1. Diplomados do Curso Geração III do Polo Sobradinho
com o deputado federal reeleito Ir. Isalci Lucas: internet
para a terceira idade; 2. Adriana de Queiroz, coordenadora do Polo Touring: “Os alunos do Geração III são os mais
assíduos”.
Sumário
oaquim Gonçalves Lêdo
(1781-1847) empregava o nome de Diderot,
o revolucionário editor
da Enciclopédia Francesa, nas sessões do Grande
Oriente do Brasil, do qual
foi um dos fundadores, em
17 de junho de 1822, e o
primeiro a ocupar o cargo
de 1o grande vigilante do
GOB. Os historiadores maçons o consideram o maior
maçom de sua época e também o mais injustiçado,
pois muito pouco é citado sobre sua figura na história oficial do Brasil.
Republicano, defendeu ardorosamente a independência do Brasil em sessão do GOB, o que originou
as comemorações do Dia do Maçom (veja matéria
na página16). Exilou-se quando D. Pedro fechou o
GOB e retornou para reinstalação do Grande Oriente
(1831-1832). Em 1834, perdeu a cadeira de deputado e deixou a vida pública. Faleceu em 1847, em sua
fazenda Sumidouro, em Santana de Macacu, no Rio
de Janeiro.
ao
enyte
27
Atualidade
Nebulosa
Amazônia
Maynard Marques de Santa Rosa*
Em
28
1908, no auge do ciclo econômico da borracha, Euclides da Cunha alertou para a
problemática da Amazônia,
figurando-a como uma nebulosa, cujo movimento
centrífugo de expansão, ao crescer com o tempo,
poderia levá-la a despregar-se do Brasil.
A população da Amazônia Legal ultrapassa os 24 milhões e cresce a uma taxa superior à média nacional.
Os polos urbanos concentram 72% do total. O restante vive às margens dos rios e estradas, esvaziando o interior. Somente a metrópole de Belém possui
mais de 2 milhões de pessoas, e a de Manaus, mais
de 1,5 milhão.
Com um território que ocupa 60% do Brasil, a Bacia
Amazônica detém 20% da água doce do planeta e
sua malha hidroviária chega a 22 mil quilômetros.
Sua biodiversidade representa 30% das florestas e
10% da biota mundial, com 3 bilhões de espécies e
um banco genético incalculável. Geologicamente, é
a última fronteira mineral da Terra.
Apesar da magnitude do seu potencial, o produto regional bruto é pífio em relação à economia brasileira, representando apenas 6% do PIB nacional, logo, a
Região ainda se constitui mais um problema do que
uma solução para o Brasil.
ao
enyte
Evocando o simbolismo da linguagem de Euclides,
são abordados a seguir os principais fatores que, oriSumário
ginados na vastidão amazônica, afetam o equilíbrio
geopolítico do nosso país. Os fatores centrípetos são
os que fortalecem a coesão nacional, e os centrífugos, os que a enfraquecem.
Fatores Centrípetos
O que mais favorece a soberania brasileira sobre a
Amazônia são sua posição geográfica e configuração territorial.
Excêntrica em relação à zona de maior circulação
da riqueza global no hemisfério norte, a região dista mais de seis mil quilômetros dos Estados Unidos,
evitando o chamado efeito gravitacional das superpotências e garantindo ao Brasil ampla liberdade de
ação política.
A forma compacta do território facilita o controle,
contrastando com a Indonésia, por exemplo, onde
as ilhas da periferia vêm sendo atraídas pelos polos
de interesse circunvizinhos (Cingapura e Austrália).
O arco orográfico que envolve a Bacia Amazônica
— os Andes, o Planalto Central brasileiro e o Maciço
Guianense — funciona como uma espécie de armadura natural, protegendo-a da ingerência externa.
Debruçada no Atlântico, a região tem a cidade de
Belém como portal de entrada, o que enfatiza sua
importância estratégica.
Fatores Centrífugos
A Amazônia brasileira encerra contenciosos geopolíticos cujo potencial de risco é proporcional à vastidão do patrimônio territorial. Os principais são: o
isolamento, o vazio populacional, que torna a região
um deserto verde, o subdesenvolvimento e as questões ambiental, indígena e administrativa.
O isolamento natural restringe o acesso à região, limitando-o historicamente ao transporte aquaviário,
fato que justifica os dois séculos de independência
do Grão-Pará em relação ao Brasil. Daí a necessidade
de integração viária com o restante do país.
O vazio populacional amazônico foi considerado pelo
eminente prof. Armando Mendes como seu principal
problema político. Na verdade, a colonização efetiva
só aconteceu na segunda metade do século XIX, com
a atração de mão de obra nordestina para os seringais
da margem direita do rio Amazonas. Esse ambiente é
Sumário
o habitat natural da hevea brasiliensis, a seringueira
de maior produtividade. Na margem esquerda, ou
“Calha Norte”, predomina a hevea benthamiana, espécie secundária, de baixo rendimento, o que inviabiliza sua exploração econômica, por isso aquela área
continua desabitada.
A densidade populacional de Roraima é de 1,8 hab/
km2, enquanto a do Brasil é de 21,5, o que torna imprudente a política de reservas indígenas, que força
a “desintrusão” de não índios, reduzindo ainda mais a
humanização do território.
O subdesenvolvimento regional decorre da matriz
econômica, o extrativismo. Inicialmente vegetal, e
atualmente mineral, a indústria extrativa não é capaz
de assegurar sustentabilidade à economia. A política
tradicional de incentivos fiscais vem criando alguma
compensação, mas só conseguiu como resultado a
Zona Franca de Manaus, que custa 5 bilhões de dólares por ano ao Brasil. O Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH) é de 0,725, enquanto a média nacional é de 0,792. O desenvolvimento autossustentável
da Amazônia, portanto, é outro impositivo estratégico para o nosso país.
A questão ambiental tem como tese o fundamentalismo ambientalista e como antítese a cultura
nativa de desrespeito à natureza. Essa dialética ameaça conservar a região subdesenvolvida. Evidentemente, a mentalidade de respeito ao meio ambiente
representa uma conquista da civilização, mas o radicalismo, que chega ao extremo de considerar o ser
humano um intruso na natureza, só contribui para
ocultar interesses inconfessáveis. Três bandeiras
principais têm alimentado a propaganda a partir da
década de 1970: a tese do “pulmão do mundo”, a do
“aquecimento global” e o noticiário sobre o desmatamento.
Segundo o prof. Samuel Benchimol, a primeira surgiu a partir de uma interpretação equivocada da resposta do dr. Harold Sioli, do Instituto Max Planck, a
uma consulta da UPI, em 1971. O cientista afirmou
que um quarto do CO2 existente na atmosfera estava
armazenado na biosfera da floresta. A imprensa distorceu para um quarto do oxigênio, fazendo a polêmica perdurar por mais de três décadas.
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29
A segunda baseia-se na crença de que o “efeito estufa” é causado pela emissão de dióxido de carbono
(CO2) gerado pela humanidade. São 14 bilhões de
toneladas por ano, sendo quase 90% oriundos do
primeiro mundo e da China. As queimadas da floresta representam 3% dessa poluição. Contudo, no
contraponto de “A Fraude do Aquecimento Global”,
o geólogo Geraldo Luís Lino afirma que: “não há evidência científica que vincule os combustíveis fósseis
aos aumentos recentes de temperatura”. Em outra
opinião científica, o prof. Luís Carlos Molion alerta
que a redução forçada das emissões de carbono diminuiria a oferta de energia, condenando os países
subdesenvolvidos à pobreza eterna.
filhos foram tornados capazes legalmente, sendo
proibida a discriminação. O efeito histórico dessa
política manifesta-se nos traços físicos da sociedade
amazônica, em que quase 70% da população é constituída de mestiços, 24% de brancos e apenas 2,7%
de índios. Logo, são os nativos que vêm absorvendo
o contingente branco. A revisão dessa tradição, no
entanto, ensejou a proliferação de reservas indígenas quase sempre situadas sobre grandes riquezas
minerais. São 294 terras indígenas, que ocupam
822,9 mil km2. A área yanomami (96 mil km2) é maior
do que Portugal (92 mil km2) e foi criada na fronteira,
para abrigar 7 mil índios. A de Raposa-Serra do Sol
equivale a 80% do estado de Sergipe.
A terceira polêmica é a do desmatamento. O noticiário voltado à formação da opinião pública costuma
englobar indistintamente os índices de desmatamento legal e ilegal como violação ambiental, o que caracteriza manipulação com objetivo desconhecido.
A questão administrativa iniciou-se em 1823,
quando o território amazônico foi incorporado ao
Brasil. A falta de vivência com sua gestão política, no
entanto, tem induzido os governos a tratá-la como
um grande latifúndio. O último estadista a aplicar
um plano estratégico completo para a região foi o
marquês de Pombal.
As pressões ambientalistas vêm provocando a proliferação de legislação ambiental e de reservas em
todos os níveis (federal, estadual e municipal). A Embrapa quantificou as restrições existentes (inclusive
indígenas), concluindo que somente um quarto das
terras nacionais está legalmente disponível para a
atividade produtiva. Na Amazônia, essa orquestração tornou-se arma neocolonialista, inviabilizando o
empreendedorismo privado, única forma de sustentar o desenvolvimento.
A questão indígena exacerbou-se após a Cons-
tituição Federal de 1988. Sob a influência do movimento indigenista, os Constituintes reverteram o
princípio histórico de integração do índio à comunhão nacional, substituindo-o pelo da “interação”.
Com isso, as tribos remanescentes tiveram reconhecido, ainda que tacitamente, o status de nações paralelas à nação brasileira, coexistindo no território nacional. O Estatuto do Índio, que mantém o preceito
da integração, não foi atualizado, o que causa inúmeros contenciosos.
Observe-se que a política indigenista tradicional
remonta ao Regimento do Diretório dos Índios, de
1755. Por meio dele, o marquês de Pombal extinguiu
a escravidão indígena, fomentou os casamentos
entre portugueses e índias e concedeu o direito de
preferência sobre as terras às famílias mestiças, cujos
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No século XIX, o Império brasileiro teve de postergálo, por força da Guerra do Paraguai. No início do século XX, o marechal Hermes da Fonseca, reagindo ao
colapso do mercado da borracha, esboçou o primeiro plano republicano, que não pôde ser implementado devido às crises internas. Na 2ª Guerra Mundial, a
ocupação dos seringais do Pacífico pelos japoneses
fez reativar, por 4 anos, o comércio da borracha amazônica. Após o novo colapso, Getúlio Vargas criou os
territórios federais do Guaporé (atual Rondônia), Rio
Branco (atual Roraima) e Amapá.
Foi por iniciativa parlamentar que a Constituição de
1946 previu a aplicação de 3% da receita tributária
da União no desenvolvimento regional, levando o
segundo governo Getúlio Vargas a definir a Amazônia Legal e a criar uma agência de desenvolvimento
voltada para a borracha — a Sudhevea. As idiossincrasias locais, porém, impediram que ela atingisse
sua finalidade.
Juscelino Kubistchek iniciou a integração viária com
a implantação da rodovia Belém-Brasília, uma obra
sinérgica. E o Plano de Integração Nacional, adotado
pelos governos militares, permitiu a abertura das rodovias Transamazônica, BR-319, BR-163, BR-174 e Perimetral Norte, a criação da Embratel e do Banco da
Sumário
RR
Área da Amazônia Legal
AP
5.217.423 km2
61% do território nacional
(área sete vezes maior que a da França)
Áreas de reserva
105.673.003 de hectares
12,1% do território nacional (equivalente a duas Espanhas)
ac
População total da Amazônia
24 milhões de brasileiros
12,83% da população nacional
População indígena brasileira
534 mil índios
56% da população indígena do país está na Amazônia
Crescimento demográfico na Amazônia
1,64% ao ano.
40% acima do crescimento médio nacional. Entre 1950 e 2007, a população
da Amazônia Legal cresceu 516%, ritmo muito acima da média nacional,
que foi de 254%
Amazônia e a ativação da Zona Franca de Manaus,
mas teve de ser interrompido pela crise do petróleo.
A Constituição de 1988 instituiu o mecanismo das
transferências da União (obrigatórias e voluntárias),
dando aos estados amazônicos o mesmo tratamento dos demais.
Em 2005, o governo Lula lançou o Plano Amazônia
Sustentável (PAS). Trata-se, porém, de um discurso
ideológico de 101 páginas, dirigido à comunidade
amazônica, sem definir metas. Tem como premissa
o seguinte: “a descentralização de políticas públicas
reduz custos, aumenta a transparência e o controle
social”. Contudo, o Programa Calha Norte constatou,
em 2007, que “os estados amazônicos administram
a própria economia, sem referencial federal e sem
preocupação com a sustentabilidade. A mentalidade existente é de aplicações que aumentam a despesa de custeio, sem impacto no crescimento da
economia”. E os indicadores da Secretaria do Tesouro
Nacional mostram o quanto aqueles estados dependem dos repasses federais para sua vida vegetativa.
Além de tudo, o PAS não é um plano de gestão. Nas
suas próprias palavras, limita-se a “diretrizes estruturantes que balizem amplos processos de negociação
com os atores sociais relevantes”.
Sumário
Reservas indígenas
Faixa de fronteira
Conclusão
A Amazônia permanece como um megalatifúndio:
espaços vazios, presença incipiente do Estado, integração incompleta do território e da população
indígena, subdesenvolvimento econômico e social.
Tem alta taxa de crescimento demográfico, com estagnação econômica, o que pode ressuscitar a cabanagem.
A falta de um plano estratégico, a política de criação
de reservas e a legislação ambiental restritiva inviabilizam o aproveitamento econômico do território.
Mantidas as atuais condições, estarão comprometidos o desenvolvimento e a sustentabilidade, e o fator de risco à soberania nacional tende a crescer com
o tempo.
Do estudo sobressaem, portanto, três desafios inevitáveis para o futuro da Amazônia: desenvolvimento
autossustentável, integração ao Brasil (física e psicossocial) e colonização seletiva da Calha Norte.
* Maynard Marques de Santa Rosa é general de Exército, tendo
desempenhado as funções de subchefe do Estado-Maior do
Exército (EME), secretário de política, estratégia e assuntos
internacionais do Ministério da Defesa (MD) e chefe do
Departamento Geral do Pessoal, em Brasília/DF.
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O poder politico
e suas transformacoes
Leonardo Barreto*
Se
observarmos todas as comunidades humanas já existentes, veremos que reúnem
uma característica comum: a divisão da
sociedade entre governantes e governados. Um grupo detém e monopoliza o poder político (capacidade de influenciar e controlar pessoas) e o outro não.
Boa parte da filosofia política dedicou-se a estudar
o que gera poder político. Historicamente, para os
gregos, o direito de comandar vinha da capacidade
de persuadir. Por exemplo, Péricles não entrou para a
história como um grande político por suas habilidades de administrador ou de chefe militar, mas pela
eloquência com que proferia seus discursos e mantinha alta a estima do povo ateniense.
Crítico dessa visão estética da política, Platão renegou a forma dos discursos e enfatizou seu conteúdo.
O poder deveria ter como base de sustentação a verdade, a busca da essência das coisas (simplificando,
o político deveria ser um especialista ou um tecnocrata, como se diz nos dias atuais).
Bastante influenciada pelas ideias platônicas, a filosofia cristã foi pelo mesmo caminho, mas com
uma conotação religiosa. A finalidade do poder
político seria ajudar a conduzir as pessoas por “vales de sombras”, de forma a assegurar-lhes o gozo
do paraíso revelado. Era comum realizar analogias
entre ovelhas e pastores, com o Estado exercendo,
muitas vezes de forma violenta, a tutela espiritual
dos cidadãos.
Maquiavel quebrou a ideia de que a política devesse ter algum compromisso com a busca de qualquer
tipo de verdade, fosse ela filosófica ou divina. Para o
pensador florentino, política se resumia à luta pelo
poder, o que lhe conferia a dimensão de jogo que ela
possui até hoje. A política seria possuidora de lógica
e ética próprias, bastante distantes do convencionado pela moral cristã.
A concepção maquiavélica de política como jogo é o
que poderíamos chamar de hardpower, o que retrata
sua dimensão competitiva, muito evidente na luta
que os partidos travam pelo direito de dominar.
Com o avanço da democracia, muitos grupos da sociedade civil começaram a manter outro tipo de relação com o poder político. O objetivo não era mais
conquistá-lo, mas influenciá-lo. Esses novos atores,
chamados grupos de pressão e interesse, tornaramse parte dos regimes abertos. Chama-se essa modalidade de poder político de softpower.
A globalização, a crise ambiental e a informatização
das relações humanas começaram a afetar a forma
como o poder político é exercido e legitimado. O livre trânsito de pessoas fez com que pequenas organizações passassem a ameaçar grandes impérios por
meio de atividades terroristas, países estão na iminência de disputar os recursos naturais restantes e a
internet acabou com o controle da informação que
os grandes grupos de mídia possuíam. Claramente
estamos na fronteira de uma transformação profunda das relações tradicionais de poder.
É difícil fazer previsões a respeito do futuro poder
político, tanto no que se refere às suas fontes como
à forma como ele é exercido. Mas uma coisa é certa:
ele será cada vez mais plural, anárquico e horizontal.
Muitas formas tradicionais de poder desaparecerão
e novos atores virão inevitavelmente ocupar o papel
de grupo dominante.
*Leonardo Barreto é doutorando em Ciência Política pela
Universidade de Brasília (UnB), coordenador do curso de
Ciência Política do Centro Universitário do Distrito Federal
(UDF) e fundador do site http://casadepolitica.blogspot.com/.
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Sumário
Mundo
Cidadania planetaria
Ulisses Riedel*
N
enhum regime, sistema de governo, instituição política ou econômica pode, por si só,
garantir uma sociedade digna. Somente com
a incorporação em nossas vidas da fraternidade, do afeto, da amorosidade, da espiritualidade e da ternura poderemos alcançar um saudável
relacionamento humano e planetário.
A percepção da irmandade de todos os seres é essencial. Pertencemos todos a uma mesma fonte de vida.
Somos feitos do mesmo barro. Estamos todos interligados. A nossa família é a humanidade e todos os seres
que compõem a teia da vida, filhos e filhas da terra.
Não há ideologia superior à solidariedade. Quando
um homem fere outro homem, ele fere toda a humanidade, como fere a si próprio. Do macrocosmo ao
microcosmo, a teia da vida é única.
A transformação da sociedade depende da transformação de cada um de nós. A sociedade deve despertar para a consciência coletiva da responsabilidade
individual, encaminhando-se para a imprescindível
consciência coletiva da amorosidade universal.
A evolução humana faz-se por meio do desenvolvimento, pelo desabrochar de qualidades, sendo fundamentais a vontade, a sabedoria e o amor.
Para vencer a ignorância é preciso o desenvolvimento
da sabedoria; para vencer a inação é preciso o desenvolvimento da vontade; para vencer a insensibilidade
é preciso o desenvolvimento do amor. A atuação deve
ser a favor do bem. O mal só existe quando há ausência do bem. As trevas só existem pela ausência da luz. A
reta atuação é com a luz. Essas qualidades fundamentais devem ser desenvolvidas simultaneamente. Uma
delas pouco desenvolvida desestabiliza o equilíbrio
essencial de atuação humana, individual e coletiva.
* Ulisses Riedel é fundador do Departamento Intersindical de
Assessoria Parlamentar – DIAP, presidente da ONG União Planetária e MM das Lojas Areópago, Honra e Tradição e Loja de
Pesquisas.
Sumário
O amor não é uma questão emocional. É uma lei da
natureza. É a lei cósmica da harmonia.
A amorosidade é a base de uma saudável relação humana. É a única forma saudável.
Todas as pessoas sonham com uma humanidade feliz.
No entanto, a morte provocada pelas guerras, mais
de 100 milhões no século XX, e os trilhões gastos com
elas abalam as convicções dos mais otimistas.
Passa da hora de a humanidade romper a insana lógica da cultura da guerra. Não há caminho para a paz, a
paz é o caminho, ensinou-nos Mahatma Gandhi, em
sintonia com os ensinamentos de todos os grandes
mestres da humanidade.
Queiramos ou não, somos inexoravelmente responsáveis pelo mundo que temos, por ações ou omissões. Fazemos parte de uma mesma vida. Cada um
de nós é um elo da corrente que
une todas as criaturas. Somos
os tripulantes da Nave Terra,
somos a própria Terra. É fundamental a união amorosa
de todos para uma viagem
feliz, para a preservação da
humanidade e da vida planetária nessa saga maravilhosa da nossa
Mãe Terra, girando
harmoniosamente rumo ao infinito, como afirma
a Carta da Cidadania Planetária, aprovada
pelo 1º Fórum
Espiritual Mundial, coordenado pela União
Planetária e realizado em 2006,
em Brasília.
História
A Independência do Brasil
escrita pelas bandeiras
William Almeida de Carvalho*
Independência ou Morte, mais conhecido como O Grito do Ipiranga, óleo sobre tela de Pedro Américo, 1888,
ficção para um país carente de símbolos nacionais (atualmente no Museu Paulista da Usp).
O
intuito deste artigo não é demolir a data
do Sete de Setembro, quando se comemora a Independência do Brasil — data
magna da nacionalidade em um país tão
pobre de símbolos nacionais. Busca-se, no entanto, reconstituir a imagem de uma realidade histórica, que,
a nosso ver, sofreu distorção muito grande, principalmente entre os historiadores maçônicos.
Em linguagem moderna, pode-se afirmar que a
Maçonaria era a vanguarda do movimento da Independência do Brasil. Com a inexistência de partidos
políticos para articular, coordenar e mobilizar o povo
e as elites, a Maçonaria agiu, individual e institucionalmente, como um verdadeiro partido político da
Independência. Os maçons daquela época juravam,
ao ingressar na Maçonaria, além dos juramentos de
praxe, o de realizar a independência do Brasil.
* William Almeida de Carvalho é economista, cientista político e
presidente da Academia Maçônica de Letras do Distrito Federal.
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Informa-se, no ensino fundamental, que o verde representa nossas florestas e o amarelo, o ouro de nossas minas. A verdade, contudo, manda-nos dizer que
o verde é a cor da Casa dos Braganças e o amarelo é
a cor dos Habsburgos, de que provém a imperatriz
Dona Leopoldina.
Por sugestão do Ir. e confrade Alberto Ricardo Schmidt
Patier, maçonólogo erudito e heraldista emérito, fui
estudar a heráldica para uma palestra sobre o “Sete
de Setembro e a Maçonaria”. Desejava resposta à seguinte pergunta: a Independência do Brasil deu-se
realmente no dia 7 de setembro ou no dia 12 de outubro, data da “Aclamação de D. Pedro”?
Liga-se, doravante, a questão acima a outra de cunho
mais heráldico: durante o Brasil Império (1º e 2º), houve uma ou duas bandeiras e armas nacionais? Pensase que, ao responder à segunda pergunta, ilumina-se
magistralmente, como nunca, a primeira questão.
Sumário
Desde a vinda da Família Real portuguesa em 1808,
o Brasil começou seu processo de independência. A
data da abertura dos portos do Brasil ao comércio direto com as nações amigas, em 28 de janeiro de 1808,
pode ser vista como o marco inicial desse processo.
O segundo marco, importantíssimo, foi a elevação do
Brasil a Reino Unido de Portugal e Algarves, com direito a bandeira e a escudo, em 13 de maio de 1816.
Em 1821, as Cortes constituintes portuguesas decretaram que o campo da bandeira do Reino Unido fosse
azul e branco e que dela se eliminasse a esfera armilar,
como se a bandeira constituinte não representasse
mais o Reino Unido ou dele fosse excluído o Reino do
Brasil. A volta de D. João VI a Portugal em 3 de julho de
1821 precipitou os acontecimentos no Brasil.
Em 7 de setembro, quando regressava de Santos, às
margens do riacho do Ipiranga, ao receber os Correios da Corte com as últimas notícias em relação à
sua figura e ao Brasil — e com as cartas da princesa
Leopoldina e de José Bonifácio —, D. Pedro, irado,
teria proferido o Grito que separava o Reino do Brasil
do de Portugal.
Ainda no dia 7 de setembro, D. Pedro foi aclamado,
no Teatro da Ópera de São Paulo, com três “Viva o
primeiro rei do Brasil”. Ele retornou ao Rio de Janeiro
na noite de 14 de setembro.
O processo de independência havia galgado mais
um degrau, mas ainda não estava completo, pois, em
todos os decretos, alvarás, provisões e demais diplomas governamentais até o dia 12 de outubro, quando aí, sim, é proclamado imperador, inclui-se sempre
a seguinte fórmula: “...o Reino do Brasil, de quem sou
o regente e perpétuo defensor...”, ou ainda, “com a rubrica de sua Alteza real o príncipe regente”.
Em 18 de setembro de 1822, exara-se o decreto que
determina a adoção do brasão de armas e da ban-
deira nacional do novo Reino. O príncipe regente deveria instituir nova bandeira, mas tudo sob a tutela
de seu augusto pai. Uma nação com dois reinos. A
ruptura total só viria a acontecer em 12 de outubro
de 1822, dia natalício de D. Pedro e da verdadeira independência do Brasil, quando D. Pedro foi aclamado imperador com pompa e circunstância.
Somente a partir dessa data, o ex-príncipe regente
assumiria sua condição de imperador e cortaria definitivamente os laços que o amarravam a “Seo Augusto Pay”. Daí em diante, aclamado, apropria-se de
todas as funções de estadista autônomo e independente.
Finalizando o holofote heráldico, no dia 1° de dezembro, data de sua coroação como imperador, D. Pedro
assinou seu primeiro decreto, substituindo a coroa
diamantina pela coroa imperial e estabelecendo a
bandeira que durou até a Proclamação da República.
A bandeira do Brasil Reino (1) durou 35 dias, do 7 de
setembro até 12 de outubro; e a bandeira do Brasil império (2), de 12 de outubro de 1822 até o dia 15 de novembro de 1889, data da Proclamação da República, ou
seja, 67 anos. (Veja as bandeiras numeradas abaixo.)
O Sete de Setembro somente começou a ser feriado
nacional oficial a partir do Decreto 1.285, de 30 de
novembro de 1835, quando se inicia o processo de
montagem do imaginário coletivo sobre a Independência em um país tão pobre de ícones cívicos.
Espera-se que essa contribuição da heráldica para a
história possa esclarecer alguns pontos que causaram e ainda causam confusão até os dias de hoje.
O momento é o de desmistificar alguns traços impingidos como história, procurando extrair os fatos das
lendas apresentadas como verdade. Este artigo insere-se nesse movimento de esclarecer um pedaço da
controversa história da Independência do Brasil.
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Sumário
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A Maçonaria na
Trecho do quadro A batalha dos Farrapos, de Wasth Rodrigues, acervo da prefeitura de São Paulo.
Flávio Rostirola*
A
Regência instalada no Brasil (1831-1840),
que sucedeu a D. Pedro I, imperador e
maçom, impôs aos súditos da ex-colônia
portuguesa austeras políticas econômicas, objetivando atender aos interesses nela entranhados, estranhos à população em geral.
A província de São Pedro — atual Rio Grande do
Sul — produzia trigo, couro, erva-mate e charque
* Flávio Rostirola é Desembargador do Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e Territórios e MM das Lojas Honra e
Tradição e Bento Gonçalves, da qual é um dos fundadores.
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bovino, importante produto da dieta do brasileiro à
época. Uma vez instalada, a Regência elevou os impostos sobre o charque nacional, reduziu as taxas do
charque importado dos países do Prata e sobretaxou
o sal, item de seu custo de produção. Tais decisões
provocaram colapso à economia do estado e a consequente indignação dos gaúchos.
Na área política, a Regência imputou mera condição
de estalagem à Intendência da província de São Pedro (atual governo do estado) e priorizou destacadamente os interesses econômicos pessoais e da Monarquia central. Desse cenário emerge Bento Gonçalves da Silva, maçom e major alfer da Monarquia, que
Sumário
Revolução Farroupilha
já havia lutado nas campanhas
contra os espanhóis (1811-1812)
e na Argentina (1827).
De espírito conciliador e liberal,
Bento Gonçalves elegeu-se deputado para representar a província, condição que lhe permitiu
mediar com a Regência a nomeação do intendente da província
de São Pedro, Antonio Fernandes
Braga. De nada valeram os esforços políticos de Bento Gonçalves, pois o indicado intendente
manteve a política da Regência
de altos tributos, provocando a
indignação da população. Essa
foi uma das principais causas da
deflagração revolucionária.
Nesse clima de inconformidade,
aos 18 de setembro de 1835, foi
feita uma reunião na Loja Maçônica Filantropia e Liberdade,
em Porto Alegre, sob a presidência do venerável mestre Bento
Gonçalves da Silva. Estavam presentes à sessão os maçons José
Gomes de Vasconcellos Jardim,
Domingos José de Almeida — mineiro de Diamantina, que redigiu a ata —, Pedro Boticário, Vicente da
Fontoura, Paulino da Fontoura, Onofre Pires, Antonio Souza Neto, entre outros.
Como consequência da deflagração do levante, os
revolucionários se apoderaram da capital da província — hoje cidade de Porto Alegre — em 20 de
setembro. A patrulha do comando do Cabo Rocha
cruzou o riacho da Azenha, impondo baixas nas
forças da Intendência local. Diante da iminente consolidação do levante, o governante Antônio Fernandes Braga apropriou-se dos fundos financeiros da
província, fugindo em seguida.
Sumário
Bento Gonçalves, por sua vez, sitiou a cidade e empossou o então vice-presidente, Marciano Ribeiro,
para acalmar a população, buscando, com sua ação
revolucionária, mudança na política econômica da
Monarquia em relação aos interesses da província.
As reivindicações foram rechaçadas pela Monarquia,
dando-se início à Revolução Farroupilha, que durou
mais de 10 anos (1835-1845).
Bento Gonçalves sofreu a primeira derrota na Batalha de Fanfa, às margens do rio Jacuí, com centenas
de baixas. Rendeu-se ao comandante Bento Manuel
Ribeiro, juntamente com seus comandantes Onofre
Pires, Pedro Boticário, Corte Real e outros. Bento Gonçalves foi, então, encarcerado no Rio de Janeiro. Com
o apoio da Maçonaria carioca, Corte Real e Onofre
Pires fugiram da prisão por estreita passagem, ocasionando a transferência de Pedro Boticário e Bento
Gonçalves para o cativeiro na Ilha do Forte, na Bahia.
Novamente a Maçonaria agiu para libertá-los, servindo-se das relações com soldados da guarda prisional
(que umedeceram a pólvora do presídio para evitar
o alcance das armas). Ambos evadiram-se do local a
nado, sendo resgatados por embarcações de pescadores que os aguardavam.
Em seu retorno ao Rio Grande (1837), Bento Gonçalves foi empossado presidente da República, cuja
proclamação se deu por orientação maçônica (1836),
logo após a vitória na Batalha de Seival, comandada
pelo também maçom general Neto.
Decorrida quase uma década, com inúmeras batalhas vitoriosas e também algumas derrotas, os rebeldes farroupilhas, já exauridos pelo enfrentamento
com as forças da Monarquia, com a intermediação
da Maçonaria, firmaram, em 1º de março de 1845, o
acordo de paz do Poncho Verde, subscrito pelo general Luiz Alves de Lima e Silva, à época, barão de
Caxias, também maçom, representando as forças
monárquicas. Estava assim selada a epopeia republicana farroupilha.
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Amadeus
a coragem do mestre
Marden Maluf *
O
talento do grande Wolfgang Amadeus Mozart
(1756-1791) para o novo é algo indiscutível. A
mestria que adquiriu no artesanato do ofício
não pode ser questionada. Impossível um amador realizar, por exemplo, a “Sinfonia 41”, dita Júpiter.
O terrível, porém, é a asfixia que o grande Amadeus
sofreu por causa da incrível superficialidade, essência da época em que viveu, do malfadado rococó
clássico.
Isso é facilmente verificável em cada uma de suas
mais de seiscentas obras catalogadas. Em determinado trecho, eis que surge o Mozart verdadeiro.
Mas, lastimavelmente, no trecho seguinte, eis não
mais Mozart, mas um Wolfgang qualquer, obrigado a
rabiscar a torturante mediocridade da aristocracia e da
burguesia reinantes em seu tempo.
O “Réquiem”, última obra de Mozart, trabalhada no leito de
morte, é a composição na qual, até o último instante, fato
único e trágico, o nosso gênio teve finalmente licença de
comprometer-se apenas consigo mesmo. Mozart em todas as notas.
Ele próprio sabia disso. Embora houvesse recebido esse “Réquiem” por encomenda de terceiros,
afirmou desde o primeiro instante: “Escrevo
esse canto fúnebre para mim mesmo”. É a única peça que escreveu não para os outros, mas
para o seu espírito.
O espírito de Mozart, contrário ao de sua
época e ao que dele hoje se diz, não era
nem infantil, nem mesquinho, nem frívolo. Um espírito assim não teria capacidade para dominar a ciência das estruturas
sonoras em tão alto grau.
Perante o sufocamento que a época de
Mozart representava para seu espírito, a
Maçonaria lhe foi a dádiva suprema, elevada à vital refrigeração.
* Marden Maluf é maestro, fundador e diretor artístico
das Classes Musicais do Grande Oriente do Brasil.
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Sumário
Mozart foi um maçom apaixonado pela Maçonaria.
Há registros de sua Iniciação e Elevação, embora não
se tenha encontrado sua Exaltação ao Mestrado, mas
certamente galgou degraus outros na Escola Filosófica. Na “Flauta Mágica”, ópera maçônica e dedicada
à Maçonaria, há referências simbólicas explícitas aos
mais diversos estágios. Além disso, compôs significativas Cantatas Maçônicas, cujo sucesso entre os
Irmãos muito o alegravam. Amava e frequentava, de
coração, a grandeza filosófica da instituição.
Acredito que a crença em Deus segundo os princípios da Ordem foi o que deu a Mozart forças para viver seus últimos cinco anos. Não há registro de outro
grande compositor que tenha sido obrigado a suportar tamanha carga de pressões em seu trabalho
criador, somando-se ainda — fato pouco conhecido
— problemas físicos de toda ordem.
Sob tal aspecto, vejam-se algumas condições físicas
em que o “anjinho” Mozart desenvolveu o que hoje se
costuma considerar obras “felizes e despreocupadas”.
Em 1762 (então com apenas seis anos de idade),
contraiu uma infecção nas vias respiratórias superiores, devido a uma infecção estreptocócica. Tempos
depois, o menino contraiu uma doença que o médico pensou ser escarlatina, mas que, na verdade, era
um chamado erythema nodosum, quase certamente uma infecção estreptocócica. Neste mesmo ano,
contraiu outra infecção e sofreu um ataque de febre
reumática. Durante o ano de 1764, em Paris e Londres, Wolfgang teve tonsilite ou amigdalite (abscesso
paritonsilar) e, outra vez, em 1765, padeceu desses
mesmos males, complicados por uma sinusite. Em
dezembro de 1765 (então com nove anos), entrou
em coma e perdeu muito peso. Os terríveis sintomas incluíam toxiquemia aguda, pulso fraco, delírio,
erupção de pele, pneumonia, exfoliação hemorrágica da membrana mucosa oral, sugerindo uma febre
tifoide endêmica. Etc. etc. ...
Esse impressionante quadro de males ininterruptos
segue pela vida afora, em um relatório médico de
páginas e páginas, baseado nas fontes atuais sobre
Mozart. Espantosa não é a tragédia de haver morrido com apenas 35 anos, mas o milagre de ter vivido
tanto, apesar de tudo.
Os ataques morais deviam abater-lhe mais do que os
males do corpo. Ele foi chamado de “caçador de dissoSumário
nâncias”, “porcaria alemã” (atenção: Mozart é músico
alemão — com pensamento e profundidade alemãos!
—, e não austríaco, como todos imaginam e a Áustria
se gaba. A sua Salzburg natal era, à época, território
alemão) e outros xingamentos assim, veementes e
constantes, inclusive por nobres de outros países. Por
outro lado, claro que tinha grandes e numerosos defensores e era famosíssimo em sua época.
O grande exemplo da existência de Wolfgang Amadeus Mozart, obras artísticas geniais à parte, é a coragem de haver feito o que fez em condições tão
contrárias. É quase impossível, em 35 anos, tempo
de sua vida, um bom copista copiar o que Mozart
escreveu, ou melhor, o que sobrou do que escreveu.
Entenda-se: um bom copista, em trabalho contínuo
e ininterrupto, em perfeito estado de saúde e dedicação exclusiva.
Como pôde Mozart fazê-lo, viajando incessantemente, nas condições precárias daquela época, atacado
sem trégua por exércitos de males físicos e psicológicos, e, ainda assim, compondo (não simplesmente
copiando o já pronto), ou seja, tendo a ideia, rabiscando, voltando atrás, consertando? E, nos entretempos, tocando em concertos, ensaiando, regendo,
escrevendo uma quantidade fenomenal de cartas e
todo o infinito problemático e inenarrável do dia a
dia?
Eis aqui em Mozart, como em Cervantes e em Aleijadinho, a essência fulgurante do verdadeiro Mestre, a
coragem indômita frente a qualquer espécie de inimigo, o avançar contínuo do gênio, que se aperfeiçoa conforme as guerras das quais não foge.
A grandiosa coragem (a bravura frente ao perigo!) —
a verdadeira e principal coluna maçônica —, o exemplo brandido a essa Humanidade que se prostra, derrotada, ante uma simples dor de qualquer espécie.
O exemplo sempre foi não apenas o melhor conselho, mas o grande símbolo!
Congratulamo-nos com o Ir. Mozart, que nunca desistiu da terrível batalha contra o habitar a poderosíssima franzinidade de um Wolfgang pequenino e
doentio. Wolfgang perdeu, e morreu. Porém Mozart
— triunfante! — continua mais vivo do que nunca, a
esbofetear todas as almas mesquinhas com a grandeza de sua maçônica vitória.
ao
enyte
39
Influências do Iluminismo
no
Rito Moderno
Jair Araújo de Lima*
O
Iluminismo foi a filosofia que predominou na Europa durante o século XVIII.
Segundo o historiador da filosofia,
Giovanni Reale, o Iluminismo estava inserido em diversas tradições e não chegou a se configurar como um sistema compacto de doutrinas, uma
vez que foi, na verdade, um articulado movimento
filosófico, pedagógico e político.
Os principais veículos de divulgação das ideias iluministas foram as academias científicas, a Maçonaria,
os salões parisienses e a enciclopédia francesa.
O Rito Moderno ou Francês, que, em grande medida,
foi influenciado pelos ideais iluministas, procurou
combater os exageros místicos e a acentuada valori-
As raízes do Iluminismo podem ser encontradas no
Renascimento e na filosofia moderna, cujo fundador
foi René Descartes. Outras influências de grande relevância: o mercantilismo econômico e o liberalismo
político. De maneira geral, essas influências buscaram valorizar os direitos naturais, a liberdade de
pensamento e a razão, não apenas no que concerne
às ideias inatas, como nas filosofias de Descartes e
Leibniz, mas também àquelas ideias conquistadas
pela via empírica, que tiveram em Locke seu principal representante.
É importante ressaltar que a razão, no Iluminismo, foi
utilizada de maneira crítica e teve os seguintes objetivos: libertação em relação aos dogmas metafísicos,
libertação das superstições religiosas e acentuada
defesa do conhecimento científico. Também é importante lembrar a defesa ao direito natural, que marcou,
de maneira decisiva, aquilo que os iluministas denominaram a doutrina dos direitos naturais e invioláveis
do homem. Kant sintetizou, de maneira exemplar, esses ideais, ao dizer que o homem deveria ter a coragem de fazer uso de sua própria inteligência.
* Jair Araújo de Lima é mestre em Filosofia pela Universidade de
Brasília e MM da Loja Universitária Verdade e Evolução 3492.
40
ao
enyte
Retrato de René Descartes, por Frans Hals,
Museu do Louvre – Paris.
zação dos ideais da nobreza, que estavam presentes
nos demais ritos maçônicos que vigoravam naquela
época. Esses acontecimentos tiveram como consequência o crescimento dos altos graus, que estavam
Sumário
desfigurando a Maçonaria, uma vez que essa
procura, na maioria dos casos, era motivada
pela vaidade. Sendo assim, O Grande Oriente
da França nomeou uma comissão de maçons de
elevada cultura para fazer um estudo dos ritos
existentes. Desse modo, surgiu o Rito Moderno,
com um número menor de graus, mas que não
se afastava dos ideais originais da Maçonaria.
O Rito Moderno foi concebido como uma espécie de síntese dos demais, mas sem exageros
místicos. É importante, contudo, lembrar que o
Rito Moderno foi inspirado nas primeiras corporações francesas da Maçonaria dos aceitos, conferindo a ele um caráter histórico e, portanto,
pretendendo resgatar os ideais originais da Maçonaria. O novo rito foi aprovado pelo Grande
Oriente da França em 1786 e recebeu o título de
Rito Francês ou Moderno. O rito é composto por
apenas 7 graus.
Apesar de possuir algumas características dos
outros ritos, o Rito Moderno não considera a
Maçonaria uma ordem mística, portanto os seus
três graus simbólicos representam as etapas da
evolução do pensamento humano: intuição,
análise e síntese.
A principal característica do Iluminismo foi a defesa do uso crítico da razão, que deveria nortear
todos os campos da experiência humana. Sendo
todo tipo de conhecimento passível de ser criticado, não existe espaço para concepções dogmáticas. Outra característica importante é a certeza de que esse uso crítico da razão teria como
consequência benefícios nos planos científico,
cultural e social.
A Maçonaria difundiu, de maneira exemplar, os
ideais iluministas, pois defendeu a liberdade de
pensamento, a tolerância em relação às diferen-
O brilho da Verdade resultando da Razão e da Filosofia
(alegoria Iluminista).
ças culturais e a luta contra as tiranias no plano político. O
Rito Moderno pode ser visto como o rito que mais sofreu a
influência da filosofia iluminista, haja vista seu acentuado
caráter racional, a liberdade absoluta de consciência e sua
luta contra as desigualdades.
SOF/SUL, quadra 4, conj. A, lote 2/4 – Guará – Fone: (61) 3362-2700 – Fax: 3361-6136
SOF/Sul, quadra 5, conj. B, lote 1/4 – Guará (linha pesada) – Fone: (61) 3362-2300 – Fax: 3361-7322
2º Av., bl. 341-A, loja 1 – Núcleo Bandeirante – Fone: (61) 3486-8800 – Fax: 3386-2525
SHN, Área Esp. 19 – Taguatinga Norte – Fone: (61) 3355-8500 – Fax: 3354-7474
Quadra 4, lote 1.560, Setor Leste Industrial – Gama – Fone: (61) 3484-9200 – Fax: 3384-1462
ADE, conj. 1, lote 1 (atrás da Nasa Caminhões) – Fone: (61) 3212-2020
ADE – Área de desenvolvimento econômico – Núcleo Bandeirante
Brasília/DF
Sumário
ao
enyte
41
Poesia
Saudade
Há
quem afirme que esta palavra
vem do árabe “suai-da”, que significa melancolia. Por definição,
podemos dizer que saudade é a recordação melancólica de pessoas ausentes que se deseja ter, ver ou
possuir.
Nostalgia é mais apropriado para lugares, e saudade,
para pessoas que estão dentro de nossos corações.
Para se entender melhor o que significa a saudade,
é necessário senti-la, e senti-la no fundo de nossos
corações, pois só assim poderemos avaliar a extensão
e o verdadeiro significado desta palavra.
O sentimento de saudade se tem dos entes queridos
que não retornam mais e daqueles que nos preenchem com a agradável esperança de um retorno.
Esse sentimento de saudade decantado em prosa e
verso nos acompanha em todos os momentos de nossa vida e, como se fosse um consolo, Tristão de Ataíde
nos diz: ”A Saudade é a Presença da Ausência”.
A transformação da ausência em presença é o milagre que todos desejamos, mas difícil de alcançar,
porém, é o milagre da esperança, que está contido
neste soneto de Lenine Fiuza Lima, de 1996, chamado “Presença”.
Sylvio Santinoni*
Presença
Existe uma presença que se vê
E existe uma presença que se sente.
A que se vê os olhos dizem ver
Se tem, diante de si, alguém presente.
Enquanto a que se sente pode ser
A imagem que se foi, portanto ausente,
De alguém que ninguém pode olhar e ter,
Mas que ficou no coração da gente.
Quando aos sentidos faltam as sensações,
Vem logo um sentimento de saudade,
Uma lembrança viva em nosso espírito.
Espírito que pulsa de emoção,
Uma emoção que, milagrosamente,
Traz-nos de volta a imagem querida.
* Sylvio Santinoni é o atual Secretário
de Comunicação do GODF.
Atuação nas áreas:
tributária, bancária e empresarial
SRTV qd. 701, bl. A, sala 330
Fone: (61) 3321-2535
Brasília – DF
42
ao
enyte
E-mail: [email protected]
Sumário
Perfil
Legado de Murilo Pinto
paz e cultura
Lucas Galdeano, Márcio Otávio, Francisco Murilo Pinto, Grão-Mestre-Geral, Joferlino Miranda Pontes, Grão-Mestre-Geral
Adjunto, e Jafé Torres em Sessão Magna do evento Compasso para o Futuro, no Ginásio Nilson Nelson (1997).
Joaquim Nogales*
Ao
tomar posse como Grão-MestreGeral do Grande Oriente do Brasil
em 17 de junho de 1993, Francisco
Murilo Pinto encontrou uma organização vicejante.
Seu antecessor, Jair Assis Ribeiro, com a colaboração
de um grupo técnico constituído para assessorá-lo,
havia construído o Palácio Maçônico, sede do Poder
Central, em Brasília, incentivando a pesquisa sobre a
história da Ordem e institucionalizando a hoje próspera e atuante Associação Paramaçônica Juvenil –
APJ. No plano internacional, Jair também ampliou o
Sumário
número de tratados de reconhecimento mútuo com
potências estrangeiras.
Seu sucessor, Murilo Pinto, disposto a promover o
congraçamento da Maçonaria brasileira, firmou tratado de reconhecimento e amizade com algumas
Grandes Lojas brasileiras, integradas na Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB, “pondo fim a uma situação de velada hostilidade que já
durava mais de 70 anos”, como observou o historiador José Castellani.
ao
enyte
43
Nascido em 1929, em Fortaleza, no Ceará,
Murilo Pinto cursou Direito e fez carreira em
terras paulistas. Em 1963, ingressou na magistratura e, em 1984, foi promovido a desembargador do Tribunal de Justiça de São
Paulo. Iniciado em 2 de dezembro de 1978
na Loja Maçônica “Universitária” de Bragança
Paulista (SP), passou a representá-la desde
1982 na Poderosa Assembleia Legislativa do
GOSP, onde foi 1º vigilante e presidente por
três mandatos alternados.
Edição n. 0
Edição n. 1
Eleito Grão-Mestre-Geral do Grande Oriente
do Brasil em 1993, foi empossado em 24 de
junho do mesmo ano. Seu primeiro mandato
foi marcado pela busca da integração entre
as potências maçônicas regulares, pelos cursos de Maçonaria Simbólica, que percorreram as cinco regiões do país, e pelo incentivo
à criação e consolidação de Grandes Orientes
estaduais.
No plano internacional, Murilo Pinto promoveu o GOB nos Estados Unidos, sendo o
primeiro Grão-Mestre-Geral do Brasil a participar da Conferência Nacional dos GrãoMestres norte-americanos em fevereiro de
1994. Com a viagem, elevou-se de quatro
para nove o número de Grandes Lojas estaduais norte-americanas a reconhecerem o
GOB como a maior obediência maçônica do
mundo latino. Firmou, ainda, tratado com a
Grande Loja do México.
Edição especial bilíngue
Edição n. 2
Ao mesmo tempo em que divulgava o GOB
no exterior, em entidades como a Ação Maçônica Internacional (AMI), a administração
Murilo Pinto colaborou expressivamente
para a consolidação dos Grandes Orientes estaduais da Paraíba, Piauí, Sergipe, Mato Grosso, Rio Grande do Norte, Alagoas, Rio Grande
do Sul e Paraná, investindo, recursos na construção de Palácio Maçônico estadual.
Edição n. 3
44
ao
enyte
Mas foi no terreno da cultura que Murilo Pinto
fez evoluir as hostes maçônicas. Juntamente
com os Irmãos secretários José Castellani (de
Educação e Cultura) e Álvaro Gomes dos Santos (de Orientação Ritualística), implantou
dezenas de cursos itinerantes de Maçonaria,
Sumário
Edição n. 4
cujo currículo básico compreendia quatro
disciplinas: História da Maçonaria e do GOB;
Administração e Direito maçônico; Templo
e símbolos maçônicos; Liturgia e ritualística
maçônicas.
Edição n. 5
“Somente com a evolução cultural dos Irmãos,
a Maçonaria poderá voltar a ter o lugar de destaque social que já apresentou no passado”,
costumava dizer Murilo. E, com esse pensamento, deu vida ao Palácio maçônico, construído pelo pragmático Jair Ribeiro, que instituiu o Conselho Federal de Cultura, o Museu
maçônico e a Biblioteca do GOB, os Rituais
dos seis Ritos reconhecidos pela Federação e
a Revista Cultural Minerva Maçônica.
Edição n. 6
Os frutos de sua gestão proliferaram rapidamente. Três anos após sua posse, em 1996,
Murilo jactava-se de que o GOB crescia à razão de seis lojas por mês. Fundamos mais de
uma loja por semana, comemorava.
Reeleito para o GOB em 1998, Murilo não
chegou a terminar sua gestão. Faleceu vítima de enfisema pulmonar em 21 de janeiro
de 2001, sete meses depois da morte de seu
inseparável adjunto, o inesquecível Joferlino
Miranda Pontes.
Edição n. 7
“Francisco Murilo Pinto passará à história
como o Grão-Mestre da integração maçônica
nacional e internacional e da evolução cultural, binômio que colocou o Grande Oriente
do Brasil, novamente, no caminho de seus
elevados destinos”, escreveu Castellani na
última edição da revista Minerva Maçônica,
que, para indignação dos Irmãos à época, viria a encerrar sua edição com o falecimento
de seu idealizador.
* Joaquim Nogales é mestre em Comunicação pela
UnB, membro da Loja Honra e Tradição e editor-executivo da Revista Ao Zenyte.
Edição n. 9
* Colaborou Lucas Galdeano, Grão-Mestre Adjunto
do Grande Oriente do Distrito Federal (2007-2011)
e presidente do Conselho Maçônico Distrital (20072011). Durante a gestão de Murilo Pinto, ocupou o
cargo de secretário adjunto de Educação e Cultura
do GOB.
Sumário
Edição n. 8


junho de 1997
† janeiro de 2001
Nascimento e morte da
revista Minerva Maçônica
ao
enyte
45
Obra em destaque
Revolução
do saber
Rubi Rodrigues*
Iluminismo Radical – A Filosofia e a Construção da
Modernidade 1650-1750, de Jonathan I. Israel, tradução de Claudio Blanc, São Paulo: Madras, 2009, 878 p.,
R$ 74,00.
D
esignamos Iluminismo ao movimento cultural que propiciou o advento
da Modernidade e superou o período
histórico chamado de Idade Média. A
obra de Jonathan Israel, que vasculhou as principais
bibliotecas públicas, universitárias e particulares da
Europa, possui dois méritos que lhe garantem papel
de destaque entre as produções da década.
Primeiro, ela traz à luz correspondências trocadas
entre editores, autores, livreiros, mercadores e gestores de acervos, retratando, de forma admirável, o clima de desconfiança, conspiração e perseguição que
moldou aquela época e demonstrando como o Iluminismo foi um movimento geral, que mudou a face
de toda a civilização, em contraposição ao hábito de
tomá-lo como movimento regionalmente restrito e
diferenciado, ensejando falar-se em Iluminismo europeu, Iluminismo inglês, alemão e, principalmente,
francês.
Segundo, merece realce o fato de a obra fugir à perspectiva que normalmente tem sido adotada na consideração desse movimento. Dado que a modernidade se caracteriza pela prevalência do pensamento
* Rubi Rodrigues é escritor, membro da Academia Maçônica de
Letras do DF e MM da Loja Três Poderes 2308.
46
ao
enyte
científico, costuma-se tratar e dar ênfase, na consideração do Iluminismo, aos autores que foram precursores do pensamento científico moderno, cujas
ideias deram alma à modernidade.
Nesta obra, o autor, ao contrário, destaca produções
e pensadores que atacaram e conseguiram destruir
os alicerces conceituais que sustentavam o modo
medieval de conduzir e vida e a sociedade. Embora
se costume localizar o movimento iluminista no século XVIII, os elementos corrosivos que começaram
a debilitar as colunas de sustentação da sociedade
medieval já tinham sido lançados no século XVII. Seu
mentor principal, o erudito dos países baixos, Bento
Espinosa (1632-1677), logrou articular um sistema
altamente consistente, um conjunto de ideias que já
estava presente na tradição mística anterior ao cristianismo e que se mantinha sorrateira e marginalizada em escritos, lendas e tradições deístas transmitidas oralmente pela cultura popular, mas cujo fundo
de verdades nunca deixou de impressionar os espíritos mais atentos.
Daí a lição importante desta obra. Ela nos mostra que
superar uma concepção exige tanto definir e criar
algo novo, que se afigure melhor, como também é
indispensável desacreditar o velho, demonstrando
sua defasagem ou inconsistência. Tanto é necessário
construir o novo como demolir o antigo.
Sumário
z
=
2+ y
x
Ciência
≠
6
As origens da Matemática
∑
√2
n
=
0 n
+ =
n -0
n
A
л
3,14
matemática remonta ao homem préhistórico, que, não sabendo operar
com algarismos ou letras representativas de quantidades, desenhava
figuras na parede das cavernas. A
figuração dos números permitiu ao
homem contar os objetos.
2,34
O emprego de traços verticais IIII e III para representar os números 4 e 3 guarda maior proximidade com
o ábaco do que com a numeração literal mais elaborada dos hebreus, romanos, gregos, hindus, chineses
e árabes, que introduziam novos símbolos para representar cada uma das colunas do ábaco.
½
Em mais de 2 mil anos de civilização, os romanos deixaram marcas da sua escrita e numeração de datas
nos monumentos, sendo que os números (sinais)
correspondiam, no ábaco, respectivamente, à coluna das unidades, dezenas, centenas e milhares.
5,79
Numeração indo-Arábica
A numeração indo-arábica foi inventada pelos hindus, sendo sua divulgação na Europa Ocidental devida aos árabes.
Ⅺ
* Laélio Ladeira, ex-professor da Universidade de Brasília, do
Instituto Militar de Engenharia na Praia Vermelha do Rio de
Janeiro e da Escola Nacional de Engenharia do Rio de Janeiro
é o atual Sumo Sacerdote (High Priest) do Tabernáculo Brasília
236 em Kt.Pt. Laélio Ladeira.
6
1
4
1
,
3
=
** Este texto foi alterado com a autorização do autor, sendo
parte dele transformada na linha do tempo da história da
Matemática. O texto, na íntegra, pode ser encontrado no
http://lojadepesquisasgodf.webs.com/artigos.htm.
π
Sumário
100%
¾
A invenção hindu de sunya = 0 libertou o intelecto
humano das grades discricionárias do ábaco. Uma
vez inventado um símbolo representativo da coluna
vazia, “trabalhar” na lousa, no papel, no pergaminho
ou em qualquer material passou a ser tão simples
quanto trabalhar no ábaco.
$
No começo da história escrita dos algarismos, as civilizações empregavam uma escrita numeral do tipo
“pauzinhos de madeira”. Em quase cinco mil anos de
história, o homem evoluiu muito pouco na ciência
dos números.
∞
Laélio Ladeira*
∆
Três grandes fatores contribuíram para a invenção
da álgebra entre hindus e árabes: 1) a necessidade
de regras de calcular mais simples, ou algorismos,
como se chamava a aritmética no século XIII; 2) a
solução de problemas práticos envolvendo o uso de
números, isto é, a solução das equações e 3) o estudo das séries.
%
Os hindus escreviam as frações à nossa maneira,
apenas omitindo o traço horizontal. A criação dos
sistemas de numeração posicional e da noção do sinal zero foi de suma importância para a evolução da
matemática e sua popularização. E aprender a ler e a
escrever a linguagem das medições foi fundamental
para o povo compreender as ciências modernas.
7
0
Uma das grandes figuras da história da matemática
foi o sábio Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi, que formulou várias definições algébricas. Os árabes aperfeiçoaram o sistema hindu ao atribuir ao algarismo
zero, pela primeira vez, um valor posicional na representação dos números. O resultado mais claro desse
fértil período foi a criação do sistema de numeração
indo-arábico, que, com ligeiras alterações na grafia, é
utilizado em praticamente todos os países do mundo moderno.
2x
9
¼
“Os algarismos não mentem, mas os mentirosos fabricam algarismos.”
No século VII, teve início a religião islâmica, fundada
pelo apóstolo Maomé, que conseguiu unir as tribos
do deserto da Arábia. Nos séculos VIII e IX, os árabes passaram a invadir os territórios vizinhos, controlando o território desde a Espanha até o vale do
rio Indo, na Índia, atual Paquistão. Nesse período, os
árabes levaram seu sistema de numeração aos países conquistados.
7=
14
ao
enyte
47
Linha do tempo da
Os paradoxos de Zenão, filósofo e matemático
grego, são difíceis de reconhecer no ábaco, o que
não ocorre no papel. Zenão dizia que Aquiles
jamais conseguiria alcançar uma tartaruga, pois a
distância que os separava poderia ser subdividida
infinitamente, configurando um problema
matemático formidável.
Papiro de Rhind ou Papiro
de Ahmes, o mais antigo
documento matemático
da história. Relata a vida
do escriba e matemático
egípcio de nome Ahmes
(1680-1620 a.C.), que
detalhou a solução de 85
problemas de aritmética,
frações, cálculo de
áreas, volumes, regra de
três, equações lineares,
trigonometria básica e
geometria.
Os hindus inventaram o sistema
decimal e os números arábicos.
Os números foram chamados
arábicos, porque foram os árabes
que os levaram para a Europa.
Os hindus também inventaram o
conceito de zero:
sunya = vazio = (0).
Primeiros sistemas de imagem
numérica: grupos de cinco,
dez e vinte elementos em
referência aos dedos das mãos
e dos pés. Empregava-se
uma escrita numeral do tipo
“pauzinhos de madeira”, para
representar os nove primeiros
números pela repetição de
traços verticais:
A importância da descoberta do
zero é globalmente reconhecida.
Nos Vedas (8.500 a.C), há cálculos
matemáticos precisos de
solstícios e equinócios.
640 a.C a 50 a.C.
Grécia antiga
I II III IIII IIIII IIIIII IIIIIII IIIIIIII IIIIIIIII
Em algum momento
antes de Cristo
1.650 a.C.
8.000 a 5.000 a.C.
Período Neolítico
490 a.C. a 430 a.C.
Zenão de Eleia
3.400 a.C. –Antigo Egito
3.000 a.C. –Mesopotâmia, China, Índia
Possivelmente a
forma inicial de
contar empregava
um sistema de
agrupamento de
objetos, como seixos
e gravetos.
Surge o ábaco!
Os gregos achavam a matemática
uma ciência menor. Eles
desenvolveram a geometria
e outras ciências, porém não
conseguiram criar nem sequer
uma álgebra rudimentar. Não
se preocupavam com grandes
números, pois o comércio, grande
incentivador dos grandes cálculos,
só se expandiria com os romanos.
Pitágoras cunhado em
moeda
É fundamental ter muito cuidado ao consultar
a documentação sobre história da Matemática.
Boa parte dela é escrita por curiosos sem o
entendimento de que conceitos, métodos,
terminologias, notações, valores e motivações
de outrora não são os mesmos de hoje.
Laélio Ladeira
48
ao
enyte
Sumário
História da Matemática
Brahmagupta se especializa nas
mesmas questões – cálculos,
séries e equações de Lilavati.
Ambos respondem pela
invenção das leis do zero, ou
sunya, lema em que se baseia
toda a nossa aritmética:
E = mc2
1905
1202
780 d.C. a
850 d.C
a x 0 = 0
a + 0 = a
a – 0 = a
27 a.C. apogeu do
Império Romano
Albert Einsten publica a
Teoria da Relatividade
Mohamed ibn Musa al-Khwarizmi,
matemático e astrônomo
muçulmano, introdutor dos
numerais indo-arábicos e
dos conceitos da álgebra na
Matemática europeia. Escreveu o
primeiro livro de álgebra – Tratado
de álgebra. A palavra álgebra
deriva do seu nome.
~ 598 a 670 d.C.
500 d.C.
470 d.C.
Os romanos começam a utilizar
letras para representar números.
O sistema de símbolos dos
romanos expressa os números
de 1 a 1.000.000, utilizando sete
símbolos:
I (1), V (5), X (10), L (50), C (100),
D (500), M (1000).
O ábaco era o instrumento mais
empregado para efetuar cálculo.
A numeração romana foi difundida
por mais de 2.000 anos, de 753 a.C.
Publicação do Liber abaci
(Livro do ábaco) por Fibonacci
Coube ao matemático italiano Leonardo
Pisano (apelidado Fibonacci) a glória de
ter trazido para a Europa a numeração
arábica (indo-arábico), que veio substituir
o complicado sistema inventado pelos
romanos. No entanto, a introdução
dos numerais arábicos (indo-árabico)
encontrou oposição do público, visto que
estes símbolos dificultavam a leitura dos
livros dos mercadores.
O matemático Lilavati de
Aryabhata discute regras
aritméticas, aplica a lei dos
sinais de Diofanto, apresenta
uma tábua de senos a intervalos
de 3 ¾° e atribui a π o valor
3,1416. Lilavati mostra como
os aritméticos hindus se
preocupavam com problemas
de taxação, dívidas e juros.
Os hindus não foram os únicos
a inventar o zero. Os maias
repetiram o feito, empregando
um arranjo vertical de símbolos
numerais análogos aos dos
chineses para as inscrições dos
seus monumentos e calendários.
a 1.453 d.C.
Números atuais
Existem diversos mitos
sobre a origem dos
números arábicos. Alguns
deles apontam que as
formas originais dos
números indicam seu valor
por meio da quantidade
de ângulos existentes no
desenho de cada algarismo.
Outros mitos sugerem a
quantidade de traços, ou
o número de pontos, ou
de diâmetros e arcos de
circunferência contidos no
desenho de cada algarismo.
árabes
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Sumário
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Humor
O poder da informação
Hora do descanso
Numa capital cosmopolita, o vigário carola vivia brigando contra o que considerava ideias muito liberais do jornal do bairro. Cansado de reclamar, o padre decidiu excomungar o editor-chefe do matutino
em pleno sermão da missa de domingo, com a igreja
lotada.
Dois dias depois, o jornal traz em manchetes garrafais a expulsão do referido padre da Maçonaria. Indignado, o sacerdote corre à redação da gazeta para
tomar satisfação com o editor.
Mestre Cayrú
Segundo grau?
No início da sessão de uma loja, se apresentou ao 2º
vigilante um Irmão bem velhinho, portando avental
branco de aprendiz, dizendo:
— Vim ser elevado ao 2º grau.
Entre surpreso e curioso, o vigilante perguntou:
— O senhor não pode me expulsar da Maçonaria,
porque eu não sou membro dessa instituição, vociferou o padre.
— Olha, seu padre, reagiu o jornalista, todo mundo
sabe que eu não sou católico e, mesmo assim, o senhor me excomungou. Agora, como ninguém sabe
quem é maçom e quem não é, até que o senhor prove o contrário, vamos continuar dizendo que nós demos um furo de reportagem.
— Ah! E quando o Irmão foi iniciado na Ordem?
— Fui iniciado em 4 de julho de 1922 e estou pronto
para ir ao 2º grau. Insistiu o ancião.
A essa altura, toda a Loja já estava de olho no Irmão
ancião e o vigilante foi conferir os arquivos da oficina. Para surpresa geral, lá estava a ficha de iniciação
do sujeito: 4 de julho de 1922.
Qual o maior receio de um bode velho casado com
uma cabrita nova?
Resposta: Que ela caminhe nos Passos Perdidos.
Sorridente e ainda mais curioso, o vigilante inquiriu:
Democracia
— E por onde o Irmão andou todo esse tempo? Por
que demorou tanto para ser elevado ao 2º grau?
Rígidos seguidores do regimento interno que determinava a votação para qualquer decisão da oficina,
obreiros de determinada loja se reuniram em comissão para decidir o que fazer em relação a um Irmão
que acabara de ser internado em um hospital. Após
rápida discussão, decidiram enviar mensagem desejando pronto restabelecimento ao hospitalizado.
— Estive aprendendo a dominar minhas paixões,
respondeu o velhinho, suspirando de saudade.
Sou mais eu
O aprendiz vai visitar outra loja, mas chega atrasado
aos trabalhos. Desconfiado, o guarda externo pergunta:
— Você é um maçom regular?
O aprendiz visitante responde:
— Eu, não! Maçons regulares são os outros. Eu sou
dos bons!
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Instinto animal
ao
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Encarregado de redigir a mensagem, o Irmão secretário escreveu:
“Estimado Irmão, reunidos em comissão na mesma
data em que o Irmão adentrou nessa digníssima instituição hospitalar, decidimos, por seis votos a favor,
três contra e uma abstenção, enviar mensagem expressando o nosso desejo sincero de pronto restabelecimento do Irmão”.
Sumário
Sumário
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Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês
O Supremo Conselho do Brasil do Grau 33 para o Rito Escocês Antigo
e Aceito foi fundado em 12 de novembro de 1832, tendo funcionado,
até o ano de 1976, no prédio da rua do Lavradio 97, na cidade do Rio
de Janeiro, sede do Grande Oriente do Brasil.
Sede atual: Campo de São Cristóvão 114
Rio de Janeiro/RJ – Brasil
Fone: (21) 2589-8773
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ao
enyte
Sumário

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