nove meses emocionantes, você e seu bebê
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nove meses emocionantes, você e seu bebê
NOVE MESES EMOCIONANTES, VOCÊ E SEU BEBÊ Maria da Graça Guidotti dos Santos Ginecologia e Obstetrícia ASSISTÊNCIA PRÉ-NATAL l O que é? É uma das aquisições mais valiosas da medicina preventiva que visa, diagnosticar e tratar problemas que possam prejudicar a mãe e o bebê e assim estaremos reduzindo as taxas de mortalidade materna e infantil. A ASSISTÊNCIA PRE NATAL VISA : l 1. PREPARAÇÃO PARA A MATERNIDADE, tanto no sentido de preparo para o quarto, métodos psicossomáticos, como ensinando noções de cuidado com o recém nascido. l 2. Assistência psicológica ajudando a resolver conflitos e problemas. l 3. Diagnóstico e tratamento de doenças pré existentes que complicam ou agravam a gravidez ou o parto. l 4. Orientação dietética, atividades físicas, orientar hábitos de vida, fumo, álcool, cafeína. ORGANIZAÇÃO DA ASSISTENCIA PRÉ NATAL: l QUANDO INICIAR? O mais precoce possível, sendo importante saber qual a classificação da gestação, baixo ou alto risco. l Número de consultas e intervalo das consultas? Em um pré natal normal, de baixo risco, será de uma consulta mensal até 28 semanas, e após de 15/15 dias até 37 semanas e depois, semanalmente até o término da gestação em uma gestação de risco a freqüência será determinada pelo médico que acompanha a gestante. INDICADORES DE RISCO GESTACIONAL l 1. Biológicos: Idade materna inferior a 16 e superior a 35 anos, peso inferior a 50 Kg, estatura inferior a 1,50 e história familiar de doenças hereditárias. l 2. Clínicos: HAS, Nefropatia, Diabete, DST, Cardiopatia...etc. l 3. Ambientais:Falta de esgoto, água, condições de habitação precárias. l 4.Comportamentais: Fumo, etilismo, uso de drogas, sedentarismo, trabalho braçal. l 5. Sócio Culturais: Nível educacional, mães solteiras, adolescentes, aceitação da gestação. l 6. Econômicos: Baixa renda. l 7. Obstétricos: História de infertilidade, gravidez ectópica, história de feto morto, aborto espontâneo, anormalidades uterinas, recém-nascido de baixo peso. DIAGNÓSTICO DE GESTAÇÃO l Baseia-se na história, no exame físico e nos testes laboratoriais. l Teste urinário e teste sanguíneo. Estes são os testes que detectam a presença do hormônio HCG (Gonadotrofina coriônica). Quanto tempo dura a gestação? A gestação tem como duração média de 40 semanas podendo ir até 42 semanas. l A termo – 40 semanas l Pré-termo – antes de 37 semanas l Pós-termo – após 42 semanas CONSULTA PRÉ-NATAL Consulta de pré natal será realizada pelo médico obstetra onde será feita a história da paciente e o exame clinico assim como a solicitação dos exames da gestação. Anamnese DUM Amamentação, dificuldades e tempo de amamentação Idade Gestacional Alimentação DPP Medicamentos Gesta/Para Álcool, fumo e drogas Abortos Atividade Física Peso anterior a gestação Doenças pré-existentes com tratamentos Intercorrências em gestações anteriores História Familiar Partos anteriores(normais ou cesariana e o motivo da cesárea) Idade do casal O que avaliar no exame da gestante? l Altura l IMC l Pressão Arterial l Altura Uterina l BCF l Toque l Avaliação das mamas Acompanhamento do crescimento uterino conforme a idade gestacional em semanas Acompanhamento do ganho de peso da gestante conforme a idade gestacional em semanas (Ministério da Saúde) Estime o ganho de peso na gestação Ganho de peso recomendado, em Kg, na gestação, segundo o estado nutricional inicial Estado Nutricional (IMC) Ganho de peso total Kg no 1º trim Ganho de peso semanal médio-Kg 2º e 3º trim Ganho de peso total Kg Baixo peso 2,3 0,5 12,5 – 18,0 Adequado 1,6 0,4 11,5 – 16,0 Sobrepeso 0,9 0,3 7,0 – 11,5 Obesidade --- 0,3 7,0 Fonte: MS, Manual do Puerpério, 2006. Em média, para onde vão os quilos ganhos durante a gestação? l O bebê pesará em torno de 3,3 kg l Músculo uterino pesará +/- 900g; l A placenta, que nutre o bebê, pesa 700 g ao final da gravidez; l Seus seios aumentarão de tamanho e pesarão +/- 400g; l O volume de sangue que circula no seu corpo crescerá, e todo o sangue extra pesará +/- 1,2 kg. l A quantidade de líquido no organismo, além do líquido amniótico que envolve o bebê, em média de 2 kg. l Além disso, você acumula gordura no corpo durante a gravidez um total de cerca de 4 kg - para garantir um estoque extra de energia para a fase da amamentação. EXAMES DO PRIMEIRO TRIMESTRE Grupo sanguíneo e fator Rh Na gestante e no pai do bebê Coombs Indireto em Rh negativas Repetir na 24ª semana e após a cada 4 semanas. Hemograma Identifica anemias. Anemia ausente - hemoglobina >11g% Glicemia de jejum O rastreamento e o diagnóstico de diabetes gestacional (DG) sofreram modificações nos últimos anos. A recomendação do MS é de que se utilize a glicemia de jejum como rastreamento na 1ª consulta como diagnóstico prévio de diabetes, anterior à gestação, se anterior a 20 semanas. Se a glicemia ≥ 90mg/dl procede-se o teste de tolerância à glicose com 75g de glicose, PAC com valores iguais ou maiores de 140mg/dl serão encaminhadas ao Pré-Natal de alto risco. Exame Comum de Urina Rastreamento infecção urinária, evitando a pielonefrite. VDRL Sigla em inglês para o exame de pesquisa da sífilis, doença sexualmente transmissível que aumentou a partir da década de 1980, provavelmente associada ao uso de drogas. Complicações como a morte intra-útero e a prematuridade está presente em 50% das gestações em mulheres com a doença e, ainda, os recém-nascidos poderão desenvolver a doença posteriormente. Anti-HIV Introduzido na rotina de pré-natal em virtude das pacientes positivas poderem ser assintomáticas. É possível reduzir o risco de infecção fetal com o uso de antiretroveirais durante a gestação. Em caso de positividade é necessário a confirmação através de testes mais específicos e a paciente será encaminhada para o Centro de Atendimento Especializado - SAE EXAMES DO PRIMEIRO TRIMESTRE(cont.) Anti-HCV Pesquisa se a gestante é portadora do vírus da hepatite C. Deve ser feita quando apresentar fatores de risco identificáveis, os mesmos para o vírus da hepatite B. A transmissão vertical para o feto é de 1 a 7%, não existe forma de prevenção e o momento de maior risco de transmissibilidade ocorre durante o parto. HBsAg Pesquisa de hepatite B. Recomenda-se a pesquisa do antígeno devido a incidência de 2% no nosso meio, história de hepatite, transfusão sanguínea e uso de drogas injetáveis os quais constituem fatores de risco. Se a gestante for portadora do antígeno devem ser feitos exames da função hepática e um estudo completo para a hepatite, havendo um riso de 70 a 90% do feto adquirir a doença e um risco de 85 a 90% de se tornar portador crônico ao entrar em contato com o sangue da mãe durante o parto. A prevenção e o tratamento será feito com o uso de vacina para hepatite B e da administração da imunoglobulina. O risco de contaminação da equipe que atuar no parto é presente , então recomenda-se para todos a vacinação compulsória. Sorologia para rubéola Confirma a imunidade, ou pela vacina, ou pela doença. A rubéola pode ser muito perigosa durante a gestação com a probabilidade de de ocorrer malformações fetais. Sorologia para toxoplasmose Verifica a possibilidade de contágio com o Toxoplasma gondii, um protozoário que é transmitido através de alimentos contaminados com fezes de gato, cachorro ou ingestão de carne crua contaminada. Pode ocasionar graves lesões no sistema nervoso central e outros órgãos do feto. Se tivermos uma IgM positiva, indicando infecção aguda, deve-se fazer o teste de avidez para IgG. Dessa forma, se distingue a infecção como antiga ou atual/recente. Anticorpo com alta avidez exclui contato nos últimos 3-4 meses. EXAMES DO PRIMEIRO TRIMESTRE Sorologia para citomegalovirus Pesquisa a infecção pelo citomegalovírus. Representa um risco de 0,2% a 2% dos nascimentos.Não existe tratamento efetivo que possa ser utilizado na gestação, nas pacientes imunossuprimidas e com HIV positivo está indicado o rastreamento. Não existe vacina para o CMV. TSH e T4 Identifica o hipotiroidismo. Sendo necessário o aumento da dose da medicação no 1º trimestre da gestação para evitar o hipotiroidismo fetal. Citopatológico de colo uterino e secreção vaginal Identifica vulvovaginites que possam ocasionar ruptura de bolsa e corioamnionite, endometrite e, às vezes, é o único momento de se fazer citopatológico como prevenção do CA de colo uterino. Pesquisa Streptococos beta hemolítico do grupo b A colonização desta bactéria é importante causa demorbidade perinatal sendo responsável po infecçãoes do trato urinário, corioamnionite, endometrite, meningite na gestante e acomentendo o neonato pela transmissão vertical, causando infecções invasivas precoces como sepse, pneumonia e meningite. Estima-se que 10-20% das gestantes sejam colonizadas e que 63% não apresentem nenhum fator de risco. É ideal a coleta no ânus e na vagina na 37ª semana gestacional. O uso de antibióticos profiláticos é indicado em situações de bolsa rota pré-termo, trabalho de parto com IG menor que 37 semanas, febre durante o trabalho de parto. VACINAÇÃO l Vacina Antitetânica l Não vacinada ou passado vacinal ignorado: Conduta: fazer 3 doses com intervalo de 8 semanas a partir da 20ª semana, se estiver em idade avançada de gestação fazer 2 doses que já protege ao feto reduzindo para 4 semanas o intervalo. l Vacinação incompleta 1 ou 2 doses Conduta: completa o total de 3 doses com intervalo de 8 semanas l Vacinada com esquema completo há mais de 5 anos Conduta: aplicar 1 dose de reforço assim que possível l Vacinada completa há menos de 5 anos Imunizada não vacinar VACINAÇÃO(cont.) l Hepatite B Sem risco para o feto. Vacinar na gravidez, se alto risco para adquirir a doença. l Influenza Vacinar na gravidez se o segundo e terceiro trimestre coincidirem com outono e inverno. l Raiva e Hepatite A Pode ser usado na gestação NÃO DEVEM SER USADAS AS SEGUINTES VACINAS l Febre Amarela: Só deve ser feita em casos de exposição iminente. Não deve ser feito por gestante que desejem gestar nos próximos 3 meses . l Sarampo, Caxumba, Rubéola e Varicela: São feitas com vírus vivos e atenuada não deve ser usada na gestação e ou mulheres que pretendem gestar nos próximos 3 meses. ÁLCOOL l O etanol é reconhecidamente o teratógeno mais utilizado em nível mundial, sendo capaz de causar abortamentos, aumentar a taxa de natimortalidade e de disfunções no sistema nervoso central. A exposição pré natal ao álcool é responsável pelo maior numero de defeitos congênitos que poderiam ser evitados. l Estima-se que 2 a 5 % das mulheres norte-americanas abusam do álcool. l 14,6% gestantes consomem álcool. l No Brasil 30,4% das gestantes consomem álcool. ÁLCOOL l O etanol se distribui livremente no tecido fetal, alcançando as mesmas concentrações no sangue materno. l Não se pode estabelecer uma dose segura de consumo de álcool durante a gestação, sendo as mulheres grávidas aconselhadas a se abster do seu consumo. EFEITOS TERATOGÊNICOS DO ETANOL EM HUMANOS l O risco teratogênico para uma criança que sofreu uma exposição intrauterina ao etanol é estimado como de moderado a alto, se a gestante for considerada uma usuária pesada de álcool, isto é, beber mais de seis dinques, copos de vinho ou cerveja por dia. l Acredita-se ainda que episódios de embriaguez possam produzir efeitos mais severos na prole do que a exposição crônica moderada, pois o álcool, em altas doses, induz apoptose no córtex cerebral em desenvolvimento. Se a gestante for uma usuária moderada de álcool, isto é , se beber menos de dois dinques, copos de vinho ou de cerveja por dia, o risco teratogenico seria menor, porém não há comprovação da segurança da ingestão de tais doses. Efeitos do álcool sobre o feto l Síndrome do álcool fetal Dismorfias faciais Evidências de retardo de crescimento Evidências de anomalias do sistema nervoso central l Efeitos relacionados ao álcool Malformações congênitas – cardíacas, esqueléticas, renais etc Desordens neuropsicomotoras Transtornos comportamentais CIGARRO l O fumo é um dos comportamentos mais prejudiciais durante a gestação, e seus vários componentes causam dano, tanto para a mãe como para o feto, de diferentes maneiras. CIGARRO lNicotina lMonóxido de carbono lChumbo lHidrocarbonetos CIGARRO Monóxido de carbono Diminui o fluxo placentário e a circulação fetal, causando episódios de hipóxia–isquemia e desnutrição no feto; Reduz a oferta de oxigênio materno e fetal Chumbo Neurotóxico Nicotina Hidrocarbonetos Mutagênicos Consequências l Existe uma relação dose-dependente entre o consumo de cigarro pela mãe e consequências adversas na prole. Esses riscos podem ser bem menores em mulheres que interrompem o fumo durante a gravidez. Consequências Infertilidade Aumenta em 30% a infertilidade no período desde a para da do ACO até a concepção, a chance de não engravidar no período de um ano é duas a três vezes maior, diminui a função ovariana e aumenta a infertilidade tubária. Por outro lado paterno, diminui a qualidade do espermatozóide, mas sem implicações no tempo até a concepção. Abortamento Maior nas fumantes pesadas. Alterações placentárias Efeito dose-dependente. Aumenta em 1,5 vezes o risco de placenta prévia e descolamento, sendo este efeito dosedependente, e responsável por aumento da mortalidade neonatal. São a vasoconstrição uterina e a redução da perfusão placentária as responsáveis diretas pela restrição do crescimento fetal intraútero. Restrição do crescimento intrauterino Efeito dose-dependente. Duas vezes mais frequentes em gestantes que fumam, mas que pode ser evitado cessando-se o fumo logo no início da gestação. Promove o baixo peso ao nascimento e e recém-nascidos pequenos para a idade gestacional. Consequências Prematuridade Sabe-se que 5% dos casos de prematuridade são causados pelo cigarro. Mulheres fumantes possuem 30% mais chance de ter gestações com menos de 37 semanas Mortalidade perinatal 30% mais chances de óbito perinatal aos bebês de mães tabagistas relacionados ao baixo peso de nascimento, prematuridade entre outros. Déficit de atenção Dose-dependente Déficit cognitivo Deficiência na compreensão verbal, desenvolvimento de memória, na percepção de estímulos visuais e auditivos, níveis mais baixos de Q.I etc Malformações congênitas Fendas orais. Dose-dependente FUMO PASSIVO FUMO PASSIVO Mesmo passivamente, o feto está exposto aos efeitos do cigarro, podendo levar ao aumento da suscetibilidade a doenças respiratórias e a mudança no sistema imune. FUMO PASSIVO Filhos de mães expostas à fumaça do cigarro durante a gestação apresentam uma redução de peso significativa ao nascimento; A exposição passiva intensa corresponde à exposição ativa fraca, de 1 a 5 cigarros por dia. Obrigada! Maria da Graça Guidotti dos Santos Ginecologia e Obstetrícia Pelotas, 14 abril de 2012
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