Leia - Associação Brasileira de Angus
Transcrição
Leia - Associação Brasileira de Angus
Impresso Outubro de 2008 Especial 1 2219/03 – DR/RS Associação Brasileira de Angus CORREIOS 2 Outubro de 2008 Associação Brasileira de Angus Diretoria Executiva Diretor Presidente José Paulo Dornelles Cairoli Diretor 1º Vice-Presidente Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Diretor Vice-Presidente Eduardo Macedo Linhares Diretor Vice-Presidente Renato Zancanaro Diretor Vice-Presidente Paulo de Castro Marques Diretor Financeiro Fábio Luiz Gomes Diretor Administrativo João Francisco Bade Wolf Diretor de Marketing Luiz Eduardo Batalha Diretor de Núcleos Flávio Montenegro Alves Diretor Programa Carne Angus Certificada Vivian Diesel Potter Conselho de Administração Conselheiro Estratégico Marcus Vinicius Pratini de Moraes Membros Eleitos Afonso Antunes da Motta Antônio dos Santos Maciel Neto Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno Luís Felipe Ferreira da Costa Valdomiro Poliselli Júnior Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA) Angelo Bastos Tellechea Antonio Martins Bastos Filho Fernando Bonotto Hermes Pinto João Vieira de Macedo Neto José Roberto Pires Weber Reynaldo Titoff Salvador Conselho Fiscal Membros Efetivos Cláudia Scalzzilli Paulo Valdez Roberto Soares Beck Membros Suplentes Elizabeth Linhares Torelly Luís Henrique Sesti Mariana Tellechea Conselho Técnico Ricardo Macedo Gregory – Presidente [email protected] Antônio Martins Bastos Filho [email protected] Ulisses Amaral [email protected] Luis Felipe Moura [email protected] Luiz Alberto Muller [email protected] Susana Macedo Salvador [email protected] Amilton Cardoso Elias - Representante ANC [email protected] Coordenação Fernando Furtado Velloso [email protected] Jornalistas Responsáveis Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655 e Horst Knak - MTB/RS 4834 Colaboradores: jorn. Nelson Moreira e jorn. Luciana Radicione Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA jorn. Luciana Bueno Diagramação: Jorge Macedo Departamento Comercial: Daniela Manfron e Gianna Corrêa Soccol 51 3231.6210 // 51 8116.9784 Edição, Diagramação, Arte e Finalização Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210 Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502 CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS www.agenciaciranda.com.br [email protected] Associação Brasileira de Angus Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501 CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS www.angus.org.br [email protected] Fone: 51 3328.9122 * Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores. Fotos de capa: ABA / Divulgação EDITORIAL Temporada de bons negócios Prezados associados e criadores da raça Aberdeen Angus, a chegada da Primavera marca o início das tradicionais exposições/feiras, responsáveis por movimentar o circuito de remates, especialmente no Rio Grande do Sul. Este ano, já começamos a temporada com confirmação da valorização da pecuária uma vez que na Expointer 2008 a média dos touros a campo da raça no VII Angus Rústico do Sul foi de R$ 9,383 mil, alta de 24% sobre os valores obtidos na edição de 2007. Mas, sobretudo, tivemos a ratificação de que estamos no caminho perseguido na busca da pecuária de resultados que tanto falamos. HUMOR Com os três remates promovidos pela Associação Brasileira de Angus, na Expointer – VII Angus Rústico do Sul, Golden Angus e Feira da Novilha Angus – a raça atingiu um total de R$ 1,104 milhão em vendas, cifra inédita para a Angus, na mostra. (Vale ressaltar que enquanto os bovinos de corte venderam R$ 1,757 milhão, destes, R$ 653 mil representam a soma da comercialização das demais raças de corte, com exceção da Angus.) Nesta direção, está o trabalho realizado pela Associação Brasileira de Angus junto com seus programas, como o Carne Angus Certificada, que realizou, em setem- bro, a terceira edição do Concurso de Carcaças Angus. Este ano, concorreram 14 lotes e foram abatidos 292 animais, resultado superior a edição de 2007 quando 270 animais concorreram. O concurso mostrou o crescimento da raça, no país, através da qualificação dos produtores que apresentaram animais diferenciados e que reafirmaram o compromisso de se investir em genética. Animais jovens e com conformação subconvexa, e, pesados, são as exigências do mercado quando o assunto é carne de qualidade. Nesta edição do Angus@newS você acompanhará também uma matéria com orientações para a melhor compra de touros. Especialistas darão as dicas da valorização dos touros dupla marca, bem como cuidados técnicos e noções de manejo, além de acompanhar as indicações da utilização dos animais PO ou PC e na escolha de touros para a produção de carne. Atente-se também para a agenda dos leilões chancelados pela Associação Brasileira de Angus. Neste semestre são 23 leilões com o melhor da raça Aberdeen Angus. Muito boa leitura e negócios nesta Primavera! José Paulo Dornelles Cairoli Presidente da ABA Outubro de 2008 MOVIMENTO 3 A realização, pela Associação Brasileira de Angus (ABA), de uma mostra especializada de animais rústicos Angus em nível nacional, já estava caindo de madura. E a escolha de Alegrete, na Fronteira Oeste Rio-grandense para o local de sua realização, não poderia ter sido mais feliz e acertada. Afinal, é praça forte de rústicos, onde são apresentados e comercializados exemplares de alta qualidade, em quantidade, já com tradição de várias edições de exposições bem sucedidas. No Alegrete, a 1ª Nacional de Rústicos A ssim, a 1ª Exposição Nacional de Rústicos Angus acontece de 14 a 16 de outubro, paralelamente à 66ª Exposição Agropecuária de Alegrete. A mostra representa uma aproximação ainda maior da área de produção de campo, visando mostrar, avaliar e premiar o trabalho que vem sendo desenvolvido por criadores e produtores que selecionam a genética Angus no campo, com o foco direcionado especialmente à geração de reprodutores rústicos e da produção de carne de qualidade. Como já vem promovendo com sucesso a mostra nacional de animais Angus de argola (ano passado na Feicorte, em São Paulo, SP, e neste ano a nacional ocorreu na Expointer, em Esteio, RS), a ABA também estará, a partir deste ano, promovendo e alavancando a comercialização também de animais Angus rústicos. A nova mostra foi anunciada com destaque pelo presidente da ABA, José Paulo Dornelles Cairoli, no encontro com a mídia especializada, no final de fevereiro deste ano. “Queremos fomentar o alto padrão da raça no País, assim como a produção de animais de plantel e de corte”, definiu, na ocasião, o presidente da ABA. Segundo ele, “é a ABA próxima ao campo, ao gado comercial, rústico, e ao produtor de rústicos Angus”. “O produtor e vendedor de novilhos já tem seu vínculo com a ABA através do Programa Carne Angus Certificada. O produtor de terneiros Fêmeas de produção também serão destaque nesta primavera Fotos: Felipe Ulbrich/ABA valoriza os resultados de sua atividade através do Programa Terneiro Angus Certificado. E agora a ABA se aproxima ainda mais do produtor que utiliza a genética Angus para a produção e comercialização de reprodutores rústicos, pois é através desses animais que a genética Angus chega aos rebanhos de campo”, avalia o gerente de operações da associação, veterinário Fernando Velloso. Pioneirismo e funcionalidade das instalações do parque Para o Diretor de Núcleos da ABA, colaborador do Sindicato Rural de Alegrete e ativo integrante do Núcleo Angus do Alegrete, veterinário Flávio Montenegro Alves, a escolha de Alegrete para sediar a Nacional de Rústicos deve-se principalmente ao fato de aquela exposição ter se transformado num verdadeiro ponto de encontro técnico e comercial de criadores de rústicos, reunindo criadores e expositores de várias outras localidades. “Alegrete é onde está o maior rebanho do Estado e a estrutura de seu parque de exposições é realmente muito eficiente, especialmente a pista de julgamentos de rústicos, que foi pioneira no Estado e inclusive serviu de modelo para a pista que hoje está estruturada no parque Assis Brasil, para a Expointer”, recorda Flávio Alves. Na Expointer, touros rústicos apontaram tendências para a temporada Período de excelência A mostra de Rústicos Angus acontece justo num momento de excelência para a raça no Brasil. Em 2007, a Angus consolidou sua liderança com larga vantagem sobre as demais raças, tanto na venda de reprodutores, sêmen, terneiros ou animais para abate, confirmando sua posição de raça líder. São feitos que devem ser comemorados por todos os criadores e produtores que usam a eficiente genética Angus. E é também uma colocação que agrega ainda mais valor a todo o trabalho de desenvolvimento e seleção de rebanhos Angus no Brasil. Para esta Exposição Nacional de Rústicos Angus estão sendo esperadas inscrições de mais de 500 animais, incluindo produtos para julgamento de classificação e para comercialização. E juntamente com o novo evento, serão realizadas outras atividades ligadas ao incremento da raça, tais como palestras técnicas e ações práticas no funcional parque do Sindicato Rural de Alegrete. Na programação básica, dia 14 será a entrada dos animais no parque; dia 15 à tarde o julgamento de fêmeas; dia 16 pela manhã o julgamento dos machos e à tarde grande leilão. 4 CARNE Outubro de 2008 Workshop Carne Angus identifica tendências favoráveis ao Brasil Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Durante o Workshop, transmitido ao vivo pelo Canal Rural, os palestrantes destacaram a abertura de novos mercados, com ampliação da demanda da carne brasileira O protecionismo internacional é, hoje, o principal inimigo das exportações de carnes produzidas no Brasil. A afirmação foi feita pela professora e integrante do Centro de Conhecimento em Agronegócio da Faculdade de Economia e Administração (Pensa/FEA) da USP, Maria Stella Saab, durante o V Workshop Carne Angus Certificada, com a palestra “Cadeia da Carne no Brasil - Uma visão além do ciclo pecuário” O evento ocorreu dia 4 de setembro, na Casa da RBS, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, durante a Expointer 2008. E la defendeu a necessidade de uma atuação mais eficiente da cadeia da carne do Brasil no sentido de responder às críticas, principalmente da União Européia, bloco comercial que estabelece mais sanções ao Brasil. Os principais problemas que contribuem para manchar a imagem brasileira no Exterior, segundo a especialista, são poucas pesquisas na área rural, câmbio desfavorável e taxa de juros elevada “Também temos que colocar em prática a idéia das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e investir em logística”, completou. A palestrante também apresentou dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial favoráveis ao Brasil com relação ao comércio de carne. A expectativa é de que distribuição de renda melhore até 2015, quando 76,6% da po- pulação mundial deixará de viver com apenas um dólar por dia. Deverá haver, ainda, grande crescimento da demanda com relação à carne brasileira. “O país inovará em rações, na tecnologia do campo e reduzirá os tributos”, previu. Conforme Maria Stella Saab, a cadeia da carne brasileira também deve valorizar outros clientes, além da UE, países que também remunerem bem, do que vender o produto para poucas nações, como as da União Européia, que têm maior Maria Stella Saab, Irineu Guarnier Filho e Sérgio De Zen poder aquisitivo, mas impõem diversas restrições à carne nacional. “A Índia, por exemplo, se tornará o país mais populoso do mundo daqui a alguns anos. Temos que explorar esse mercado”, concluiu Outro assunto abordado no encontro foi “A Cadeia da Carne Bovina no Brasil e os ciclos pecuários - Relação ganha-perde-ganha Quantas vezes vamos repetir os mesmos erros?” A palestra foi ministrada pelo Prof. Dr. Sérgio De Zen, que abordou a necessidade de gerenciamento de preço da carne brasileira. Segundo ele, não há um instrumento de cotação para o produto e o Brasil ainda não subsidia a instalação de frigoríficos. “Para se montar um frigorífico, 32% do custo total fica retido com o governo em impostos. Outro fator prejudicial é o dólar oscilante, que não favorece o produtor nem a indústria e, por conseqüência, também não traz vantagens ao consumidor”, lamentou De Zen. Para Sérgio De Zen, o país começou a ter um bom momento no comércio da carne em 1994, quando o Presidente Itamar Franco e o então ministro Fernando Henrique Cardoso implantaram o Real como moeda. A partir daí, a nação passou a ter a economia mais estável. “Com o Real, não houve mais necessidade de ativos para garantir o valor do boi. O animal passou a valer no mesmo momento em que gerava a carne”, analisou. Outro ponto importante da palestra foi a relação produtor-indústria. O professor defendeu que “todos devem estar no mesmo barco”. Segundo ele, é difícil entender a rivalidade que há entre as partes, causando prejuízos para ambos os lados. “Queremos que o nosso parceiro ganhe mais. Se o produtor vai bem, o resultado é o sucesso da indústria e um ótimo preço para o consumidor”, afirmou. As palestras de Maria Stella Saab e Sérgio De Zen foram apresentadas, ao vivo, no Canal Rural, com apresentação do jornalista Irineu Guarnier Filho. Após as palestras, foi realizado um painel de debates, coordenado pelo diretor do Canal Rural – Donário Lopes de Almeida. O presidente ABA, José Paulo Cairolli destacou a consolidação, cada vez mais forte, da Carne Angus no cenário internacional, que, segundo ele, é fruto de um trabalho de melhoramento de >> CARNE Outubro de 2008 5 Fotos: Felipe Ulbrich/ABA A certificação garante qualidade ao comprador cria compromisso com o consumidor final de que o produto seguiu rigoroso padrão de qualidade qualidade desenvolvido pelos criadores há sete anos. Mauro Pilz ressaltou o padrão de qualidade no RS é muito superior ao de outros estados mais expressivos na criação de gado de corte. Participaram também deste painel os produtores Joaquim Mello e Luis Cláudio Pereira, além do representante do Frigorífico Marfrig, Angelo Friguetto. O grupo debateu a importância da união e coesão da cadeia produtiva para enfrentar os desafios do mercado e as demandas de consumidores e importadores. O mercado a termo e o Grupo Marfrig foram temas abordados na palestra seguinte, denominada “Novas Ferramentas de comercialização do boi gordo”. O gerente de Pecuária e Mercados do Marfrig, Angelo Friguetto, foi o responsável pelo conteúdo. O investimento no mercado a termo, segundo ele, é a compra ou a venda, em mercado, de uma determinada quantidade de ações, a um preço fixado para liquidação em prazo determinado, a contar da data de sua realização em pregão. O resultado disso é um contrato entre as partes, que, no caso do boi gordo, permite a venda a um preço fixo, para entrega posterior. “Dessa forma, se evita o risco de oscilação da arroba”, explicou. O mercado a termo, conforme Friguetto, ainda é pouco utilizado José Paulo Cairoli Vivian Diesel Pötter Mário Macedo no Rio Grande do Sul, embora seja comum no Centro-Oeste e Sudeste do país. O V Workshop Carne Angus Certificada finalizou as atividades com a palestra da diretora do Programa Carne Angus Certificada, Vivian Diesel Pötter, para quem a conquista mais importante dos pro- dutores da raça, nos últimos anos, foi a certificação. Segundo ela, a certificação garante ao comprador que o produto seguiu rigoroso padrão de qualidade e cumpre o compromisso com o principal foco da cadeia, que é o consumidor. “O que o consumidor valoriza é o que nos importa. Por isso oferecemos uma carne com maciez e suculência sem igual”. Outro aspecto que contribui para a excelência da carne Angus, conforme Vivian, é ter a cadeia produtiva integrada, com produtor e frigorífico trabalhando juntos. “Oferecemos uma carne diferenciada, com a constância da qualidade”, completou. Interconf consolida novo fórum da pecuária intensiva Mais de 1.000 profissionais, entre pecuaristas, empresários, representantes de empresas e entidades de ensino e pesquisa ligados ao setor de pecuária de corte do Brasil e exterior, deram à 1ª edição da Interconf (Conferência Internacional de Confinadores), realizado dias 16 e 17 de setembro, em Goiânia, GO, ares de novo fórum da pecuária intensiva no País. A Associação Brasileira de Angus apoiou o Interconf e contou com estande próprio para atendimento dos interessados, com a presença do coordenador do Programa Carne Angus, Fernando Furtado Velloso e dos técnicos do Programa, Fábio Medeiros e Tito Mondadori. A raça Angus também esteve representada pelos associados Fazenda da Gruta, do RS, e VPJ Pecuária, de Goiás. Especialistas dos Estados Unidos, Austrália, África do Sul, Argentina e Brasil se revezaram na tribuna para apresentar ao público um pouco da realidade da criação de gado em confinamento em seus países. Com abordagem bastante precisa sobre as reais necessidades e os desafios que se apresentam para a criação dentro do contexto global, o s palestrantes apresentaram números de uma realidade que se ABA compareceu ao evento, um marco na pecuária nacional mostra favorável ao Brasil no futuro, uma vez Interconf pode ser considerada que o país reúne as condições ide- um grande sucesso, pois cumpriu ais para desenvolver uma pecuária com seu papel de servir como esde corte de alta produtividade, bai- paço de discussões sobre temas xo custo operacional e que oferece relevantes para o setor. “A produto de qualidade diferencia- Assocon nasceu com a proposta de trabalhar em defesa do da ao consumidor mundial. Para Ricardo Merola, presiden- confinador e servir como fonte te da Assocon (Associação Nacio- de informação sobre a produção nal dos Confinadores), organiza- de carne em confinamento”, fidora do evento, a pecuária de cri- naliza. Luís Gustavo Barioni, pesação intensiva cada vez mais se mostra um modelo de produção quisador da Embrapa Cerrados, que veio para ficar. “O confina- de Brasília (DF), destacou a immento deixou de ser apenas mais portância do confinamento uma atividade dentro da pecuária como fator de redução do tradicional para adquirir vida pró- desmatamento, principalmente, pria. Isso se reflete no atual nível próximas ao bioma amazônico. de profissionalização da cadeia e Para ele, a pecuária intensiva tenpreocupação dos agentes envolvi- de a ser um caminho natural para dos com o retorno da porteira para aumentar a rentabilidade e evitar as agressões contra os recurdentro das fazendas”. Nesta linha, disse Merola, a sos naturais. Carne certificada é sucesso no restaurante da Angus Cerca de duas mil refeições à base de carne Angus foram servidas no restaurante da Associação Brasileira de Angus (ABA) durante a Expointer 2008. Pelo quinto ano consecutivo, o local é administrado com sucesso por Jorge Antônio Kowalczyk, que elaborou um cardápio diversificado, com destaque para a picanha com risoto de pinhão, o assado de tiras com batatas ao murro, o filé de costela e o bife de chorizo. Durante a exposição foram servidos mais de 900 quilos de Carne Angus, que na opinião de Kowalczyk estava num padrão de qualidade perfeito, sabor excelente e maciez adequada. “Os clientes ficaram muito satisfeitos e notamos inclusive que criadores de outras raças e espécies freqüentaram o restaurante, elogiando a qualidade da carne”, relata Kowalczyk. Mais uma vez o restaurante foi muito badalado e muito bem freqüentado permanecendo lotado o dia inteiro durante toda a feira. Para atender a demanda durante o ano, Jorge Antônio Kowalczyk inaugura o restaurante Querência Beef, na zona Sul de Porto Alegre, que servirá exclusivamente carne Angus, inclusive com o destaque de cortes artesanais. ABA participa do Conbravet em Gramado De 19 a 22 de outubro será realizado o 35º Conbravet – Congresso Brasileiro de Medicina Veterinária, no Expogramado, em Gramado, RS. Nesta edição, o congresso contará com o apoio da Associação Brasileira de Angus (ABA), que terá um estande no local para atendimento aos interessados na raça. Na ampla programação do evento está prevista a realização do Painel “Qualidade de alimentos de origem animal. O que estamos fazendo pela qualidade da carne bovina?”, programado para dia 21 de outubro. O painel terá como palestrante Pedro Eduardo de Felício, da Unicamp, SP e terá como um dos debatedores o técnico do Programa Carne Angus Certificada, veterinário Fábio Medeiros, que apresentará as ações realizadas pela ABA, destacando o Programa Carne Angus em prol da qualidade e valorização da carne de animais Angus através da certificação. 6 CARNE Outubro de 2008 Carne Angus com padrão mundial ganha espaço na rede Outback Fotos: Divulgação Restaurante Outback Steakhouse em Porto Alegre, uma das 20 lojas da rede no Brasil A qualidade da carne brasileira, em especial a Carne Angus Certificada, vem ganhando espaço nos últimos anos no prato de restaurantes internacionais. Há pouco mais de seis anos, quando a norteamericana Outback Steakhouse começou um trabalho direcionado com fazendas brasileiras, a participação da carne nacional ainda era coisa rara de se ver nos restaurantes da rede. Hoje, o reconhecimento da qualidade da produção tornou o País fornecedor de 50% do produto que é consumido em todos os restaurantes do Outback no País, disputando a entrega taco a taco com o Uruguai. São cerca de mil bois abatidos por mês que abastecem as 20 lojas localizadas em São Paulo, Rio Grande do Sul, Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais. P ara ser um fornecedor do Outback, as regras são rígidas e seguidas à risca, uma vez que a rede trabalha com padrões internacionais de qualidade. Para participar do programa, é necessário que os animais cruzados tenham sangue 50% Angus ou Hereford, que têm disposições genéticas específicas para atender às exigências da carne Outback. No Brasil, o grau de sangue nas cruzas é o mesmo, só que com as raças sintéticas Brangus e Braford. Para ir ao gancho, os bois devem ter em média 120 dias em confinamento e até dois dentes, com peso final de 16 arrobas, sem distinção de machos ou fêmeas, desde que os machos sejam castrados. Tanta exigência tem um objetivo: manter a qualidade da carne e colocar no prato do cliente o melhor produto com marmoreio, suculência e sabor. Apesar de apenas três estabelecimentos pecuários no País estarem habilitadas a fornecer a matéria-prima à rede dos Estados Unidos (duas no Mato Grosso do Sul e outra no interior paulista), neste segundo semestre, a quantidade pode aumentar se a expectativa do Brasil, de vir a fornecer até 60% das carnes consumidas no Outback no curto prazo, se concretizar, além da previsão de aumento no número de lojas, que pode chegar a 31 unidades até o final de 2009. Embora aberto aos produtores, o programa é limitado de acordo com a demanda dos restaurantes, mas um dos pré-requisitos para se tornar um fornecedor de carne é trabalhar com confinamento o ano todo, para garantir o abastecimento e driblar a sazonalidade da pecuária. Além disso, a empresa precisa cumprir todas as exigências da Vigilância Sanitária e ter um certificado de manipulação segura de alimentos. A constância no fornecimento é apenas uma das vantagens de se tornar um fornecedor. Soma-se a isso o bônus que pode chegar a 10% pela entrega da carne dentro dos padrões para nichos específicos do mercado. O Grupo Marfrig foi eleito em junho deste ano como um dos melhores fornecedores internacionais da rede. Parceiro do Outback há nove anos, o Marfrig fornece cortes especiais para os restaurantes brasileiros, volume que chegou a 170 toneladas de carne bovina no ano passado. Os restaurantes servem apenas as carnes nobres: sirloin (miolo da alcatra), contra-filet, filet-mignon, tbone (corte específico em que filet mignon e contra-filet ficam unidos por um osso em forma de T) e ribeye, que é um corte exclusivo da parte superior da costela bovina. Todas as carnes precisam possuir três processos que as deixam mais macias: marmorização (é a característica específica das raças Hereford e Angus, que têm a carne marmorizada com pequenos filetes de gordura que se dissolvem quando cozidos), tenderização (processo de perfurações para soltar as fibras naturais da carne) e maturação (processo natural da ação de enzimas que deixam a carne mais macia). O produto é embalado a vácuo, o que impossibilita a ação de bactérias e mantém a carne conservada por até 60 dias. O Outback tem o seu próprio Manual de Boas Práticas para assegurar a manipulação correta de alimentos. Para evitar os riscos de contaminação o manual explica, entre outras coisas, como conservar os alimentos e a necessidade de servir sempre uma comida segura e de qualidade. Um dos pratos com carne Angus servido no Outback Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus - faça contato Foto: JG Martini Outubro de 2008 7 8 CONSELHO TÉCNICO Outubro de 2008 Cresce banco de dados de animais genotipados Os pêlos devem ser arrancados e não cortados do animal. A parte mais importante para extração do DNA é o bulbo do pêlo, que vem junto quando este é arrancado. Um ano após o início dos exames de genotipagem dos animais, durante a Expointer 2007, a Associação Brasileira de Angus já possui um banco de dados com mais 723 animais, formado por touros, vacas doadoras e produtos. A genotipagem é a técnica mais moderna para se caracterizar individualmente um animal, pois se baseia em seu DNA. O grande número de marcadores de DNA que pode ser detectado e de grupos sanguíneos apresentados por bovinos, permite a identificação do indivíduo. A probabilidade de se encontrarem dois animais não aparentados apresentando o mesmo conjunto de marcadores é mínima. Esta tipagem facilita a sua identificação posterior; possibilita a identificação de seus descendentes e ascendentes e também a rastreabilidade de qualquer material biológico deste animal, como sêmen, carnes, embriões; por fim, possibilita a criação de um banco de dados genético para o Brasil. A genotipagem pode ser realizada utilizando-se grande variedade de amostras biológicas, tais como: pêlo, sêmen (palheta cheia ou após sua utilização), tecidos e ossos, o que permite análises inclusive de animais que já morreram. A maior utilidade do testes em DNA é a possibilidade do controle de parentesco, baseado no fato de que todo marcador apresentado por animal inevitavelmente tem que estar presente em um ou ambos os pais. Os testes utilizam o princípio da exclusão, comparando-se o genoma (no caso do DNA) ou o tipo sanguíneo de um animal e seus possíveis pais. Quando estes não se qualificam como pais, a situação é incontestável: o indivíduo em questão não pode ser produto do acasalamento daquele macho com aquela fêmea. A probabilidade de detecção de erros na atribuição da paternidade ou maternidade varia conforme a raça, a qualidade e a quantidade de marcadores testados. Nos países desenvolvidos, Associações de Criadores de diversas raças de bovinos e eqüinos adotam a tipificação sanguínea ou os Testes em DNA como requisito essencial para o registro de qualquer animal, visando resguardar a integridade das informações e garantir um meio seguro e permanente de identificação de cada animal. A realização da genotipagem de DNA pode ser feita nos Laboratórios credenciados junto ao MAPA (Ministério da Agricultura e Pecuá- ANIMAIS PO ria), com um custo muito semelhantes ao do exame de tipagem sangüínea. Somente os técnicos credenciados pela ABA poderão realizar as coletas de material para exames de DNA, de acordo com Circular Técnica da ABA de 18 de Junho de 2007. Os exames que devem ser solicitados pelos criadores podem ser de dois tipos: Genotipagem e Teste de Paternidade. Genotipagem de um animal significa determinar quais alelos (apresentações diferentes de um mesmo gene) o indivíduo contém no seu DNA. Para este exame são necessárias somente amostras do animal a ser testado. Em futuros exames de paternidade nos quais este animal está envolvido, não será necessário refazer o exame. Teste de paternidade de um animal é um processo no qual são comparados os alelos que ele carrega no seu DNA com os de outros (vacas e touros). Desta maneira, estabelecemos parentescos entre os mesmos. Metade do DNA de um indivíduo é proveniente da mãe biológica e a outra metade do pai biológico. O teste de paternidade determina qual das metades do DNA da progênie que é herdado da mãe. A outra metade remanescente é obrigatoriamente herdada do verdadeiro pai. Para este exame são necessárias amostras de todos os animais envolvidos, devidamente identificadas. Segue abaixo um quadro explicativo, mostrando os animais com que devem ser realizados os exames de DNA e o tipo de exame para cada caso: GENOTIPAGEM PATERNIDADE DOADORAS Sim não TOUROS PAIS Sim não TERNEIROS Nasc. Pós 01/01/2007 Sim não FILHOS DE TE-FIV Sim sim CAMPEÕES EXPOSIÇÕES “A” Sim sim A maioria das centrais de coletas de sêmen já possui a genotipagem dos reprodutores cujo sêmen comercializam. O cliente ou interessado não deve hesitar em entrar em contato com estas ou com a ANC, no caso de necessidade de obtenção destes exames. Nos Remates de Primavera é importante certificar-se de que os touros que estão sendo adquiridos já possuam seu DNA genotipado e em poder da ANC. Curso de atualização de avaliadores Promebo/Angus A quarta edição do Curso de Credenciamento e Atualização de Avaliadores Promebo/Angus tem data certa: será nos dias 28 e 29 de novembro deste ano, na sede da Associação Brasileira de Angus (ABA), em Porto Alegre, RS. Segundo a Assessora Técnica da ABA, Fernanda Kuhl, as aulas estão divididas em dois segmentos - teóricas e práticas, estas últimas em local ainda a ser definido. Segundo ela, o Conselho Técnico da ABA já está anotando as reser- vas dos interessados em participar do evento. Os contatos podem ser feitos pelo fone 51.3328.9122 ou pelo e-mail [email protected] Destinado a técnicos e também a criadores, o curso é preparatório para a realização de avaliações de animais dentro do Programa de Melhoramento Gen é t i c o / Promebo. A meta, segundo Fernanda, é proporcionar uma atualização aos técnicos já credenciados, além de credenciar novos interessados no processo de seleção da raça Angus. CIRCULAR TÉCNICA – 03/2007 Por to Alegr e, 18 de junho 2007 orto Alegre, Dando seqüência a iniciativa da ABA em formar seu banco de dados para verificação/confirmação de genealogia por exame de DNA, vimos por meio desta informar as deliberações do Conselho Técnico desta data. 1. Todos os touros pais a serem utilizados a partir de 1º de agosto de 2007 em plantéis PO (monta natural, monta controlada e Inseminação artificial), deverão ser obrigatoriamente genotipados (teste de DNA); 2. A partir de junho 2008 a Associação Nacional de Criadores ANC somente registrará produtos PO cujos touros pais constem do banco de dados de genotipagem; 3. Fica instituído que nas exposições de Argola ranqueadas da ABA, a partir do ano calendário 2008 (inclusive), todos os animais participantes, nascidos após 1º de janeiro de 2007, deverão ser genotipados; 4. A colheita de amostras para realização dos testes de DNA deverá ser feita somente por membros do corpo técnico da ABA; 5. Será de responsabilidade do criador o agendamento da colheita de material com seu técnico oficial; 6. Após levantamento do seu estoque de sêmen o criador deverá informar-se junto a ANC (Dr. Amilton Elias) ou às centrais, quais os touros que possuem teste de DNA no banco de dados da ANC; 7. Para os touros utilizados em inseminações artificiais e programas de transferências de embriões, não constantes no banco de dados, a genotipagem poderá ser realizada através dos resíduos de sêmen na palheta após inseminação, Para tanto devem ser buscadas orientações junto aos laboratórios credenciados, quanto aos procedimentos para realização de tal exame; DEFINIÇÕES DA DIRET ORIA: DIRETORIA: Fica definido que nas exposições de Argola ranqueadas pela ABA categoria A, a partir do ano calendário 2008 (inclusive), os campeões de cada exposição (Grande campeão, Res. de Grande Campeão e 3º Melhor), machos e fêmeas, deverão ser genotipados (teste de DNA). Os animais que ainda não possuírem genotipagem terão coletadas amostras pelos técnicos ABA responsáveis pelo julgamento de admissão. As amostras serão encaminhadas pelos técnicos e custeadas pela ABA. Outubro de 2008 9 10 GENÉTICA Outubro de 2008 Marcadores moleculares Um salto da ciência no melhoramento genético dos rebanhos Foto: Eduardo F. Teixeira/Agência Ciranda Num futuro muito próximo, uma nova ferramenta de seleção de rebanho – os marcadores genéticos ou moleculares – poderá revolucionar a moderna pecuária de corte. Afinal, haverá um incremento na confiabilidade de escolha de bovinos machos e fêmeas para diferentes finalidades ou determinadas características economicamente desejáveis. Mas é fundamental que o produtor continue apurando seu rebanho, para identificar os pontos fortes e fracos do seu projeto, para poder usufruir de fato deste novo avanço da ciência em favor da produção pecuária. Por Eduardo Fehn Teixeira D espontando para a pecuária internacional com a promessa de, num futuro muito próximo, literalmente revolucionar a seleção de rebanhos, os marcadores genéticos ou moleculares surgem para elevar a confiabilidade de escolha de bovinos (machos e fêmeas) para as mais diferentes finalidades ou características economicamente desejáveis. Esses marcadores trazem a promessa de agregar aos rebanhos aspectos buscados na pecuária de corte, como por exemplo ganho de peso, maior produção de car- ne, teor ou cobertura de gordura, marmoreio, fertilidade, maciez de carne, produção de leite e até identificação de animais mais ou menos susceptíveis a doenças. “Mas a seleção assistida por marcadores moleculares não substitui de forma alguma a seleção realizada através de DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie)”, alerta a especialista Fernanda Varnieri Brito, agrônoma, M.Sc., pesquisadora integrante da equipe da GenSys Consultores Associados. Conforme Fernanda, especialmente para características de difícil medição, de herdabilidade baixa ou expressa somente num dos sexos, a seleção com o uso de marcadores pode mesmo auxiliar bastante. “Os marcadores genéticos representam o uso prático de técnicas de biologia molecular na pecuária”, assinala o prof. José Bento Ferraz, técnico da USP. Para ele, os marcadores moleculares contribuem tremendamente para o sucesso do processo seletivo porque incorporam uma ferramenta da ciência (o DNA). O especialista da Universidade de São Paulo diz que o sucesso do projeto pecuário depende da análise e do processamento de dados. Bento Fernanda Brito, do GenSys: marcadores vão agregar novas ferramentas de seleção Ferraz aponta que é preciso conhecer em profundidade os animais do plantel e identificar as qualidades daqueles que serão incorporados. Tudo de acordo com os objetivos do empreendimento, seja produção de carne, cria, recria, ou seleção. “A regra é simples: o pecuarista tem de apurar a qualidade dos seus animais para reforçar os pontos fortes do seu projeto e para atacar os pontos fracos, incorporando bovinos que tragam contribuição para resolver as possíveis deficiências do rebanho”, detalha o professor Ferraz. Ele chega a afirmar que está aí um processo sem volta e que vai contribuir muito para o contínuo melhoramento genético e produtivo da Foto: Horst Knak/Agência Ciranda pecuária brasileira. Objetivamente, Fernanda Brito revela que já existem marcadores para agregar ao rebanho algumas características desejáveis economicamente. Exemplos dessas características são marcadores para a qualidade de carcaça, para a maciez da carne, fertilidade, resistência a doenças, para características maternais, entre outras. Com viagem marcada para Guelph, no Canadá (University of Guelph), onde durante um ano vai desenvolver pesquisa na área de seleção genômica como parte de seu curso de Doutorado, que realiza na UFRGS, a especialista alerta que o criador precisa procurar se informar sobre este assunto, que se por um lado é tão novo, por outro avança em velocidade. “Só assim ele poderá tirar proveito de forma equilibrada dessas tecnologias, complexas, ainda caras e que, como outras, apresentam limitações, para poder somálas às suas ações rumo ao melhoramento, à seleção genética de seu rebanho”. E Fernanda Brito vai ainda mais fundo, observando que a seleção assistida por marcadores moleculares mal começou a ser aplicada e já existem perspectivas mais avançadas, que estão sendo estudadas e pesquisadas. “Exemplo disso é a seleção genômica, que é feita com base em marcadores distribuídos ao longo de todo o genoma”, aponta. Outubro de 2008 11 12 Outubro de 2008 MOVIMENTO Mapeamento do genoma humano foi o start Foto: Felipe Ulbrich/ABA Na prática, a seleção assistida por marcadores utiliza marcadores ligados a QTLs (lócus de características quantitativas), ensina Fernanda Brito. A partir do projeto de seqüenciamento do genoma humano - diz Fernanda Brito, da GenSys Consultores Associados -, o assunto chegou aos animais domésticos. E o desenvolvimento de toda uma tecnologia de laboratório é que está permitindo o avanço desses estudos. Trata-se de identificar os genes e mapeá-los dentro do DNA. Este trabalho é feito através da identificação de pontos de referência conhecidos, chamados de marcadores. “Esses marcadores podem estar muito próximos dos genes ou serem eles próprios”, observa Fernanda. F eito o mapa genético, é possível a realização de testes de associação entre esses marcadores e as características fenotípicas de interesse econômico. “A partir daí, a genotipagem dos animais é feita na busca de uma combinação de marcadores ligados a características desejáveis na produção pecuária”, reforça a especialista. Segundo ela, atualmente já existe um chip genômico que é capaz de genotipar, numa única análise, 50 mil marcadores ao longo de todo o genoma. “Começou com a identificação de 10 mil, foi a 30 e agora 50 mil e rapidamente a ciência e a pesquisa vão chegar a 100 mil marcadores ou mais”, prospecta a técnica. A leitura do DNA Os avanços na área de análise de DNA propiciaram o surgimento da Genômica, ciência que trata do estudo do genoma completo dos diferentes organismos. Daí o surgimento dos Projetos Genomas em que diferentes organismos, inclusive o humano, foram totalmente seqüenciados, ou seja, o DNA foi “lido”. Bem, mas isto foi feito para uma amostra da população, já que cada indivíduo tem o seu próprio código. A partir deste ponto, o que passou a ser feito foi analisar as diferenças entre os indivíduos de determinada espécie já seqüenciada. “Estas diferenças são chamadas de polimorfismos, ou seja, um mesmo gene assume diferentes formas, e, portanto, afeta uma determinada característica de diferentes maneiras”, explica a técnica. As novas tecnologias de análise molecular da variabilidade de DNA permitiram determinar pontos de referência nos cromossomos, tecnicamente denominados marcadores moleculares. Nada mais são do que seqüências de letras com endereço próprio no cromossomo e que apresentam polimorfismos, ou seja, variam de indivíduo para indivíduo. Estas seqüências podem ou não ser genes, mas o que importa é que elas servem como pontos de referên- cia, e mapas foram construídos com base nestas seqüências. Se elas estiverem muito próximas de um gene ou forem o próprio gene, a seleção para este marcador acarretará na seleção para a característica sobre a qual este gene atua. Então, argumenta Fernanda Brito, o que está sendo feito pelos pesquisadores é cruzar as informações genotípicas baseadas nestes mapas que estão disponíveis na Internet com informações fenotípicas coletadas a campo. Assim são identificados aqueles marcadores associados aos QTLs (Quantitative Trait Locus). Uma vez detectados, basta genotipar (seqüenciar para aquele marcador específico) e verificar qual a forma que ele se apresenta e executar a seleção. “Parece simples”, diz Fernanda. “E até para os mais renomados pesquisadores, num primeiro momento, causou um entusiasmo exagerado, logo colocado de lado para dar lugar à cautela necessária quando se trata de assuntos desta natureza”, alerta ela. Conforme Fernanda, em primeiro lugar é importante lembrar que somente um número limitado de genes que afetam características de interesse foi identificado. Ainda que estes genes representem uma porção importante da variância aditiva, o restante permanece obscuro. E no que se refere ao tipo de marcador utilizado, quando se trata de marcadores indiretos (o lócus não identifica a função) a seleção não ocorre diretamente no QTL, mas sim no marcador que está a uma determinada distância dele, o que pode resultar na sua “separação” através da recombinação. Finalmente, mesmo considerando marcadores diretos ou causais (quando o marcador é o próprio gene que afeta a característica), os efeitos do QTL são estimados com base em associações estatísticas entre marcadores e fenótipos, o que exige constante validação em populações comerciais. Na verdade, a análise de DNA, que hoje é extremamente praticada em programas avançados de melhoramento de plantas e de animais em diversos países do mundo, fornece a mais alta precisão na identificação individual e estudos de vínculo genético, transformando-se numa ferramenta complementar do melhoramento para a seleção de indivíduos superiores. Esses estudos fornecem perfis genéticos únicos de elevada precisão e reprodutibilidade também denominados “fingerprints” ou impressões digitais de DNA, que individualizam geneticamente animais para fins de proteção varietal, bem como permitem discriminar com absoluta certeza seus descendentes diretos. E por outro lado, fornecem pontos de referência em genomas complexos, que podem ser utilizados em gerações de melhoramento como marcadores diagnósticos de distância ou diversidade genética, ou ainda como marcadores selecionáveis ligados a genes de interesse agropecuário, facilitando e acelerando os processos convencionais de seleção e recombinação de indivíduos realmente superiores, tanto em biótipo como em performance de produção. Ciranda Outubro de 2008 13 14 CARNE Outubro de 2008 III Concurso de Carcaças Angus. Em cartaz, a carne que o mercado quer! Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Agora já se pode afirmar: o concurso de carcaças Angus definitivamente pegou, ganhou merecida fama, caiu no agrado de produtores, técnicos e industriais, por certo com reflexos ao comércio de carnes de alto padrão. Sem dúvida, a competição, recém em sua terceira edição, já caminha a passos firmes para selecionar ainda mais a eficiente genética Angus e também para premiar a competência de seus criadores, fazendo ao mesmo tempo um fantástico marketing para a raça. O que se viu na linha de matança do frigorífico, por certo preocupou sobremodo os responsáveis pela escolha as melhores carcaças, os jurados. Nos currais, os novilhos, definidos ou cruzas Angus, já admiravam pelo alto padrão apresentado, que era mesmo flagrante, chamando a atenção até de leigos no assunto. Mas depois, como carcaças, aí o bicho pegou: “eram todas muito uniformes. A disputa pelo melhor lote foi mesmo ponto a ponto”, definiu o coordenador do Programa Carne Angus Certificada, veterinário Fernando Furtado Velloso. Por Antônio Max e Eduardo Fehn Teixeira M as quem transbordava de alegria no almoço festivo, com degustação de carne Angus, realizado na churrascaria Barranco, em Porto Alegre, RS, no dia 23 de setembro, para a entrega de prêmios aos vencedores do concurso, se chama Antônio Carlos Vicente e Silva, o Perico, do Condomínio Yordi Vicente e Silva, em Dom Pedrito, RS. Ele foi o grande vencedor na categoria Angus Definidos no III Concurso de Carcaças Angus, realizado pela Associação Brasileira de Angus (ABA) e seu Programa Carne Angus Certificada, juntamente com o parceiro, o Frigorífico Mercosul, no dia 12 de setembro, na planta industrial daquele frigorífico – unidade de Alegrete, RS. Anos de Dedicação com a raça certa “Isto é fruto de 42 anos de seleção, sempre trabalhando com a raça, a genética certa”, atribui o criador. Segundo Vicente e Silva, como produtor de touros comerciais, tem a visão correta do que se deve produzir. “Nossos touros são selecionados para produzir este padrão de carcaças, com peso de 265 Kg e com 54% de rendimento”, sintetiza Perico. “Nos preparamos para alcançar esta meta e finalmente chegamos lá”, comemorou ele, qualificando o evento como um excelente momento para divulgar o resultado da produção de carne de qualidade a campo e a valorização da genética Angus. “Por iniciativas como essa é que a carne Angus é cada vez mais conhecida e realmente diferenciada no mercado”, declarou o criador, mais que satisfeito com a conquista do podium do concurso deste ano. Angus nos Cruzamentos Já na categoria Cruza Angus, o vitorioso foi outro criador que, assim como Perico, já é bem conhecido no mercado pelo trabalho que realiza em sua propriedade. Falamos de Fernando Costa Beber, da Pulqueria Agropecuária, em São Sepé, RS. Na edição do ano passado, ele já havia alcançado a segunda colocação no concurso. E este ano cumpriu a promessa que fez em 2007: “vou brigar pela vitória”, declarou, naquela ocasião. “Para este ano, não preparamos lotes específicos para o concurso. Apenas apartamos alguns animais de nosso produção”, disse Costa Beber, prospectando uma idéia do padrão de novilhos que produz. “Isso é o resultado de raça mais alimentação. Com bom nível de nutrição, conseguimos reduzir a idade de abate, elevar o marmoreio e a maciez da carne, assim como sua suculência”, afirma. Ele acredita muito no cruzamento como fator que agrega qualidade e vigor à produção (cruza Angus com Charolês). “Porque com a heterose resultante, se obtém animais de bom tamanho e peso, precoces e corretos em acabamento”, justifica. Lote Grande Campeão Angus Definido Participação crescente Este ano um total de 13 produtores, todos integrantes do Programa Carne Angus Certificada, da ABA, estiveram participando do concurso. Não houve a presença de fêmeas e os 14 lotes abatidos e com as carcaças avaliadas somaram um total de 292 animais. Em 2007 foram 11 produtores, que apresentaram um total de 277 novilhos. Outros vencedores A segunda colocação na categoria Angus Definidos ficou com a AML Agropecuária (de Santana do Livramento, RS), propriedade de José Azhaury Macedo Linhares, vencedor do concurso em 2007. “Este ano ficamos em segundo, mas para nós também é uma vitória mais do que importante”, valorizou Azhaury, já avisando: “nos aguardem para o ano que vem!”. E o terceiro lugar em Angus Definidos foi conquistado pela produtora Beatriz Isabel Correa Osório, da Agropecuária Corrêa Osório, em Santana do Livramento, RS. “Participamos do primeiro concurso de carcaças promovido pela Angus e agora estamos de volta. Somos do ramo e acreditamos que esse tipo de competição só gera boas perspectivas a todos”, definiu Antonio Carlos Osório, que esteve no Barranco, recebendo a premiação. Já o segundo e o terceiro lugares nos lotes de exemplares Cruza Angus ficaram respectivamente para os criadores Vandi Coradini, da Santa Corina Agropecuária, Bagé, RS, e para Sucessão Alicinda Vasconcellos, de Rosário do Sul, RS. Lote Grande Campeão Cruza Angus >> Outubro de 2008 15 16 CARNE Outubro de 2008 Estímulo à produção e ajuste da demanda Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Equipe da ABA acompanhou evento desde a chegada dos animais O Concurso de Carcaças Angus busca estimular os criadores à produção de animais de qualidade superior e direcionados para os padrões exigidos pela indústria. “A idéia é premiar quem se destaca nos quesitos mais valorizados pelo frigorífico (e por conseguinte pelos consumidores), produzindo carcaças de alta qualidade a partir de novilhos jovens da raça Aberdeen Angus”, define a diretora do Programa Carne Angus Certifi- cada, Vivian Diesel Pötter. Para a técnica e criadora de Angus em Dom Pedrito, RS, o caminho para se alcançar este nível de exigência em produção pastoril começa com o planejamento do padrão genético a ser selecionado, passando por sanidade e pelo manejo adequado, até chegar a um produto que atenda as necessidades do mercado”, sintetiza a dirigente. Vivian compara os concursos de carcaças aos campeonatos de pista. “Direcionados à área de produção de carcaças de alta qualidade, os concursos de carcaças, voltados à área de produção pecuária de qualidade são tão importantes para os produtores e técnicos quanto as disputas acirradas nos campeonatos de pistas de julgamentos de classificação, nas exposições”, diz. Segundo ela, a diferença é que nas pistas são eleitos os melhores animais em expressão genética, em biótipo. E no caso das carcaças, a vitória vem para aquelas mais corretas, que atendem aos quesitos da produção de carne de qualidade”, sintetiza Vivian Pötter, que no almoço de en- trega de prêmios, no Barranco, agradeceu a todos e especialmente aos produtores, que classificou de as verdadeiras estrelas de todo o espetáculo. Trabalho criterioso Os abates do III Concurso de Carcaças Angus começaram na madrugada e foram concluídos no fim da tarde do dia 12 de setembro. As avaliações foram realizadas por técnicos do Programa Carne Angus Certificada e também do parceiro, o Frigorífico Mercosul. Formaram o grupo de jurados o zootecnista Mário Macedo, diretor de compra de gado do Frigorífico Mercosul; Pedro Silveira Silva, classificador de carcaças da unidade de Alegrete do Mercosul; Sílvia Andréia da Silva, certificadora do Programa Carne Angus Certificada e Fernando Velloso, coordenador do Programa Carne Angus Certificada. O técnico do Programa Carne Angus Certificada, veterinário Fábio Schuler Medeiros, elogiou o acabamento e a padronização dos lotes concorrentes. “Com certeza o padrão está muito superior ao apresentado nas edições anteriores do evento’’, comparou. Todos os participantes receberam acréscimo de 5% no valor do quilo da carcaça e os vencedores foram contemplados com abono de 10% na remuneração de suas carcaças (5% de participação mais 5% pela vitória). Fábio Medeiros também comentou a mudança realizada neste ano para o concurso, quando foram separadas duas categorias distintas de animais: Angus Definidos e Cruzas Angus. “Esta subdivisão representou uma evolução na programação do concurso e foi muitíssimo bem recebida pelos produtores”, informou o técnico, que foi um dos responsáveis pela organização e coordenação do evento. Na hora do abate, apreensão, entusiasmo e interesse Ana Doralina Menezes, da ABA, e Mário Macedo, do Frigorífico Mercosul À medida que as carcaças iam avançando na linha de produção do Frigorífico Mercosul, os olhares de técnicos e dos produtores ficavam cada vez mais atentos. E os comentários, imediatos. Foi o caso, por exemplo, de Jorge Nei Amaral, que é comprador do frigorífico e se entusiasmou com a qualidade dos animais que foram apresentados. “Achei o acabamento excelente”, avaliou. Para o criador João Francisco Bade Wolf, da Cabanha dos Tapes, em Tapes, RS, o Concurso de Carcaças é a verdadeira oportunidade para apresentar a qualidade Angus e medir a competitividade do material produzido nas propriedades. “Aqui no frigorífico é que vemos a verdadeira qualidade da carne e o resultado real do trabalho que desenvolvemos na área de produção. Por isso eu acredito no Programa Carne Angus Certificada”, elogiou o conhecido criador de Angus, acrescentando que, em exposições e feiras, o animal é visto, mas não pode haver um julgamento preciso da carcaça, da carne que ele produz. Wolf participou do III Concurso de Carcaças com um lote de 20 animais, composto somente por Angus definidos. Outra que, até pelo olhar, vibrava com os resultados do Concurso de Carcaças Angus, no Barranco, durante a confraternização e premiações dos vencedores, era a supervisora do Programa Carne Angus Certificada no Rio Grande do Sul, a veterinária Ana Doralina Alves Menezes. Segundo ela, ficou evidente que os produtores preparam seus lotes para a competição deste ano. “Praticamente todos, ou muitos dos participantes reuniam condições de vitória, pelo altíssimo nível dos lotes que apresentaram”, definiu a técnica. O acabamento dos animais que participaram do concurso igualmente foi elogiado pelo diretor de compras de gado do Frigorífico Mercosul, Mario Macedo. Segundo ele, foi este to do criador para valorização do quesito que determinou o diferenci- evento. al do produto apresentado este ano. Macedo, no entanto, esperava “Tivemos praticamente um só pa- que a participação dos produtores de drão”, ilustrou. Macedo salientou Angus no concurso fosse maior. Ele que este deveria ser o aspecto mais lembrou também que os produtores valorizado numa avaliação da quali- devem ter em mente que um progradade dos animais. Ele também atri- ma como este tem o perfil de um inbuiu o bom desempenho dos parti- vestimento. Destacou que a análise cipantes à época do ano, que é favo- não pode ser baseada apenas no prerável às pastagens, permitindo anali- ço ou no momento. “É uma oportusar o gado na melhor época do ano nidade de pensar no fruto que o proem termos de qualidade de pasto, grama irá gerar para a propriedade”, onde os animais podem expressar definiu Macedo. >> todo seu potencial. “Pegamos o auge da qualidade do rebanho”, disse. O especialista, que participou de todas as edições do concurso, destacou ainda o maior comprometimenProdutores e convidados assistiram ao abate em Alegrete Outubro de 2008 17 18 Outubro de 2008 CARNE Experiência a serviço de todos Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Após o III Concurso de Carcaças Angus, ainda em Alegrete, RS, os campeões da edição anterior foram convidados pela organização do evento a falar aos demais participantes. Marcelo Linhares e Jorge Torelly, representando a AML Agropecuária, procuraram dizer às pessoas um pouco sobre a experiência vencedora que vem experimentando, tanto no desenvolvimento da raça, que resultou na premiação, quanto depois do reconhecimento conquistado no Concurso de 2007. Eles agradeceram a oportunidade e destacaram a rígida seleção genética que estabelecem na propriedade, para a criação de bovinos (e também de ovinos), como fator decisivo na hora de estabelecer um projeto bem sucedido. "P rimamos por melhor acabamento em menor tempo”, explicou Torelly. Ele relatou que sua produção está focada em novilhos e cordeiros para abate, mas também produz lã fina, que é uma tradição da família. Os critérios que o produtor utiliza na seleção de seu gado são, principalmente, a fertilidade e a habilidade materna, numa criação feita totalmente em regime de campo nativo. Por sua vez o criador Fernando da Costa Beber, da Pulqueria Agropecuária, em São Sepé, RS, que foi o vice-campeão do II Concurso de Carcaças Angus, ressaltou que o Rio Grande do Sul deve valorizar mais a sua pecuária de corte. “Ocupamos o sexto lugar no ranking dos produtos mais cultivados no Estado, mas temos condições de sobra para nos tornar a primeira atividade”, aposta. Ele afirma que a Participantes do III Concurso de Carcaças Angus Vandi Coradini - Santa Corina Agropecuária e Aliança Agropecuária – Bagé Fernando Costa Beber – São Sepé João Francisco Bade Wolf – Tapes Suc. Alicinda Vasconcellos – Rosário do Sul Maria Virginia Vasconcellos – Santana do Livramento José Azhaury Macedo Linhares – Manoel Viana e Santana do Livramento Maria Zulmira Dias Mariano da Rocha – Manoel Viana Beatriz Isabel Correa Osório – Alegrete e Santana do Livramento Antônio Carlos Torres Vicente e Silva – Dom Pedrito Eduardo Macedo Linhares, Gap – Uruguaiana Ayrto Alberto Schvan – Dom Pedrito Joaquim Francisco B. de Assumpção Mello – Tapes cultura vive um bom momento, porque os preços estão favoráveis ao produtor, além de ser uma atividade de fácil desenvolvimento e evolução. “Basta fazer um manejo adequado, aproveitando as pastagens de qualidade, mas é fundamental prestar atenção ao clima, muito instável”, explicou. Um fator importante destacado por Beber é o respeito que o produtor deve ter com relação à natureza e Jorge Torelly, da AML Agropecuária Fernando Beber, da Pulqueria Agropec. também ao animal. “O meu gado jamais fica estressado. Procuro nunca maltratar o animal, nem deixá-lo preso”, ensinou. comercialização que passou da casa de R$ 1 milhão. Para o dirigente, o Programa Carne Angus Certificada, que começou tímido, hoje está consolidado e segue literalmente seduzindo produtores e parceiros e, por conseqüência, o mercado de modo geral. José Paulo Cairoli não tem dúvidas de que o concurso de carcaças Angus, e seu irretocável sucesso – é parte importante da divulgação do Programa Carne Angus Certificada, cujos produtos, cortes nobres de carne de alta qualidade, chegam aos consumidores, no RS, através dos parceiros Frigorífico Mercosul, Supermercados Zaffari e Restaurante Barranco, sem falar dos demais parceiros que compõe o time da ABA. “Esse tipo de foco, de parceria, é o presente e o futuro de nossa atividade”, avalia o presidente da Associação Brasileira de Angus. >> Angus é crescimento Em sua fala, na abertura da cerimônia de entrega de prêmios do lll Concurso de Carcaças Angus, o presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli pronunciou várias vezes a palavra crescimento. “É a realidade da raça Aberdeen Angus e também a do Programa Carne Angus Certificada, que crescem a cada momento e conquistam a importância que o mercado já percebe, cada vez com maior clareza e intensidade”, sintetizou. Cairoli lembrou, por exemplo, que na última Expointer a Angus se superou e foi bem além do que obtiveram as demais raças, fixando uma Critérios de avaliação Idade – 30% Peso – 30% Terminação – 20 % Conformação – 20 % Nos julgamentos de classificação das carcaças, foram valorizados critérios de avaliação tais como: peso, maturidade (idade), conformação e acabamento, além de quesitos relacionados à sanidade, característica essencial da carne de qualidade. Os animais também precisa- vam apresentar um mínimo de 50% de sangue Angus no cruzamento com raças européias ou um mínimo de 5/8 de sangue Angus no cruzamento com raças zebuínas (padrão racial Carne Angus Certificada), ser jovens, com idade de até quatro dentes, e o lote possuir um mínimo de 20 animais. Outubro de 2008 19 20 Outubro de 2008 CARNE Vencedores do III Concurso de Carcaças Angus receberam prêmios no Restaurante Barranco Os vencedores do III Concurso de Carcaças Angus realizado na unidade de Alegrete do Frigorífico Mercosul – parceiro da Associação Brasileira de Angus, foram agraciados com prêmios em reunião-almoço realizada dia 23 de setembro no Restaurante Barranco, em Porto Alegre, RS. A ntonio Carlos Torres Vicente e Silva (Perico), do Condomínio Yordi Vicente e Silva (Dom Pedrito/RS), vencedor na categoria Angus Definido, recebeu o prêmio das mãos do presidente da ABA, José Paulo Dornelles Cairoli. O dirigente da AML Agropecuária (Santana do Livramento e Manoel Viana/RS), José Azhaury Macedo Linhares, distinguiu-se com o troféu de lote reservado campeão. Já a criadora Beatriz Isabel Corrêa Osório, da Agropecuária Corrêa Osório (Santana do Livramento/RS), faturou o terceiro melhor lote desta edição do Concurso. Na categoria Cruza Angus, o lote grande campeão dessa categoria foi para a (São Sepé/RS), de Fernando Costa Beber. O lote apresentado por Vandi Coradini, da Santa Corina Agropecuária (Bagé/RS), foi reservado campeão. A Sucessão Alicinda Vasconcelos (Rosário do Sul/RS) faturou o terceiro melhor lote Cruza Angus. Para a diretora do Programa Carne Angus Certificada, Vivian Diesel Pötter, a terceira edição comprovou que os produtores passaram a investir na Presidente da ABA destacou qualidade dos lotes Vivian valorizou crescimento da qualidade em relação a 2007 Ambiente descontraido e a saborosa Carne Angus marcaram a solenidade melhoria das carcaças, já que foram apresentados lotes de animais diferenciados e bem superiores à edição anterior do Concurso. “Os resultados têm a ver com a conscientização do produtor em entregar animais cada vez melhores e no investimento em genética que tem sido feito ao longo dos últimos anos.” O diretor de compra de gado do Frigorífico Mercosul, Mário Macedo, ressaltou a apresentação dos animais como ponto forte do III Concurso de Carcaças Angus. “Os produtores capricharam e deram provas de que começaram a entender, e a valorizar, o que é um concurso de carcaças, que baliza o que o mercado está exigindo, isto é, carne de qualidade.” O diretor do Frigorífico Mercosul citou ainda presença de mais animais com conformação subconvexa e pesados, exemplificando animais com dois den- tes de leite que chegaram a apresentar 300 quilos de carne. Entre os presentes no evento, destaque para a equipe do Frigorífico Mercosul representada por Mário Macedo, diretor de compra de gado e Armando Salis, diretor comercial. Os Supermercados Zaffari foram representados por Vilmar Borsati, Carlos Dienstmann e Luis Carlos Agnoletto. Pela ABA, as presenças do presidente José Paulo Dornelles Cairoli, Paulo de Castro Marques, Vivian Diesel Pötter, Flávio Alves e Luiz Walter Ribeiro. CARNE Outubro de 2008 21 Fotos: Horst Knak/Agência Ciranda Perico recebeu o troféu Melhor Lote Angus Definido Fernando Beber apresentou Melhor Lote Cruza Angus AML Agropecuária foi Reservado Grande Campeão Angus Definido Santa Corina foi Reservado Cruza Angus Agropecuária corrêa Osório foi Terceiro Melhor Lote Angus Guilherme Vasconcelos, da Sucessão Alicinda Vasconcelos - Terceiro Melhor Lote Cruza Angus 22 Outubro de 2008 INFORME PUBLICITÁRIO O desafio sanitário de expandir mercados Foto: Divulgação Por Octaviano Alves Pereira Neto Desde os primórdios da civilização, o Homem busca adaptar-se às condições climáticas para prover alimento para seu sustento e de sua família. Paralelamente, a pecuária mudou de nômade à sedentária, concentrando os animais em determinadas áreas o que trouxe consigo o surgimento de doenças parasitárias e infecciosas que impactam negativamente sobre a produção animal. Em uma revisão recente sobre resistência aos parasitos, Jonsson (2005) analisou diversos trabalhos sobre a migração realizada pelos bovinos há milhares de anos, os quais saíram da Ásia em direção à Europa e à África em pelo menos duas grandes correntes migratórias. Uma delas deslocando-se para a região próxima à linha do Equador, onde as condições climáticas são favoráveis ao desenvolvimento de parasitos (por exemplo, o carrapato), selecionando aqueles bovinos mais resistentes, os quais sobreviveram e geraram filhos, surgindo as raças zebuínas. O outro grupo migrou para o norte, uma região de clima mais ameno, formando as raças taurinas, tanto continentais como britânicas. A fertilidade dos solos e as pastagens abundantes geraram animais de alto potencial produtivo, porém devido ao menor desafio parasitário, a seleção natural para resistência aos parasitos foi menor, especialmente para os ectoparasitos. Estas diferenças de sensibilidade variam também entre indivíduos da mesma raça e esta variabilidade perdura até hoje. Na atualidade, existe cerca de 250 raças bovinas de importância econômica (Barbosa, 2003), as quais foram formadas a partir das características de cada local de origem. Condições nutricionais e sanitárias interferiram em sua formação, nas quais os indivíduos melhor adaptados sobreviveram e constituíram as gerações subseqüentes. A importação de animais de uma região para outra (ex: Europa para o Brasil) vem ocorrendo desde o século XVIII, muitas vezes trazendo genótipos que necessitam se adaptar à novas realidades. Este autor menciona a presença de 60 raças no Brasil. Esta breve introdução tem por objetivo discutir a adaptabilidade de certos genótipos a determinados ambientes hostis e a viabilidade de colher os benefícios de seu potencial produtivo nestas realidades. O Brasil possui dimensões continentais, com climas que vão de geadas e neve à temperaturas médias constantes acima dos 35ºC. Temperaturas acima de 15ºC e umidade relativa do ar elevada são condições excelentes para a manutenção e proliferação das populações de parasitos, caso não sejam tomadas medidas de controle parasitário eficazes. O Programa Carne Certificada Angus, desenvolvido pela ABA e agora expandindo para o restante do país em parceria com o Frigorífico MARFRIG é uma idéia brilhante e uma tremenda oportunidade de crescimento da Raça na regiões do Centro-oeste, Sudeste e Norte do país, aproveitando o elevado potencial produtivo do genótipo Angus sobre uma vasta base de vacas Nelore. Os bovinos oriundos de cruzamento (europeu x zebuíno) apresentam maior resistência aos ectoparasitos que os taurinos puros, mas mesmo assim têm prejuízos e queda na sua produtividade pela ação de carrapatos. Esta é uma real “barreira parasitária” ao crescimento destes sistemas em ambientes menos favoráveis, devendo ser alvo de cuidados por parte dos produtores. A adoção de programas integrados de controle de parasitos internos e externos, alicerçados em manejo de ambiente e controle químico com drogas eficazes, é uma alternativa para o sucesso desta e outras iniciativas, as quais visam desenvolver uma pecuária de maior nível produtivo. Busque sempre o apoio de profissionais capacitados que o auxilie no planejamento sanitário do rebanho, visando alcançar os benefícios oriundos da heterose dos programas de cruzamento, especialmente em ambientes favoráveis ao desenvolvimento dos endo e ectoparasitos. Méd. Vet., Mestre em Zootecnia Gerente Técnico - Bovinos ® Marca Registrada da Novartis, AG, Basiléia, Suíça. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação sem a autorização da Novartis Saúde Animal MOVIMENTO Sumário de Touros Angus 2008 O Sumário de Touros Angus 2008, já está disponível aos sócios da Associação Brasileira de Angus (ABA), participantes do Promebo/ Angus e integrantes do Programa Carne Angus Certificada. Os touros selecionados apresentam produtos nascidos nos últimos cinco anos, com mais de 20 filhos avaliados, e com várias tendências genéticas como perímetro escrotal, características relacionadas à fertilidade e precocidade, Conformação, Precocidade, Musculatura (CPM) – que são escores visuais –, além da análise de Área de Olho de Lombo (AOL) e Espessura de Gordura Subcutânea (EGS). Na edição 2008, o produtor encontra a avaliação de 690 touros, com mais de 300 rebanhos e 156.000 produtos avaliados para características como ganho de peso do nascimento a desmama. Integrante do conselho técnico da ABA, Susana Macedo Salvador, destaca a evolução dos rebanhos observada nos gráficos de tendência genética. “É possível visualizar o progresso genético dos animais, avaliados desde 1984, como o incremento no ganho de peso, sem o aumento de peso ao nascimento”, avalia. O sumário traz ainda tabela para as 48 vacas PO e PC, com índice Final DECA. Números que demonstram, segundo com a assessora técnica da ABA, Fernanda Kuhl, “a preocupação dos criadores com as avaliações de fêmeas”. Em sua 18ª edição, o sumário é ainda a principal ferramenta de seleção para os produtores, “e não pode deixar de ser consultado”, ressalva Susana. Para o coordenador técnico do Promebo, Leonardo Campos, o trabalho é instrumento fundamental na escolha de reprodutores, tanto por criadores, como pelas centrais de inseminação. “Só temos que ficar contentes e valorizar cada vez mais nosso trabalho”, comemora. Os interessados em obter o material podem solicitar junto à Associação Brasileira de Angus pelo fone (51) 3328.9122 Novas gerências na ABA A partir de 1º de Outubro, Fernando Velloso deixa a gerência de operações e passa a ser gerente do Programa Carne Angus Certificada e coordenador do Terneiro Angus Certificado. A Gerência Administrativa e Financeira da ABA ficará ao cargo de Tânia Gomes Ferraz. Outubro de 2008 23 Feiras de outono mantiveram sobrepreço para os Terneiros Angus Certificados Nas feiras de terneiros realizadas no Rio Grande do Sul e no Paraná, onde havia oferta de terneiros certificados pelo programa da ABA, os ganhos na hora da comercialização ficaram mais uma vez comprovados, com sobrepreço chegando até 8% acima do valor médio dos animais comercializados nas feiras. Estes resultados só vem confirmar a grande procura e qualidade dos terneiros angus comercializados. No ano de 2008 já foram certificados 3.000 terneiros, a grande maioria comercializados nas feiras. Nas feiras da primavera estes ganhos irão continuar. Entre em contato com nossos técnicos ou através do e-mail [email protected] e certifique seus terneiros, Cada vez mais, está se mostrando um ótimo negócio. 24 REPORTAGEM Outubro de 2008 Touros? A hora é agora. Por Eduardo Fehn Teixeira Já houve época em que, num recinto de leilão de produção, numa tradicional fazenda, o leiloeiro, depois de trabalhar um lote - um trio de touros que estava sendo ofertado em pista, com lances a escolher - finalmente bateu o martelo, informando: “vendido para o cavalheiro aqui à minha direita”. E olhando firme para o vivente, depois de agradecer pela compra, logo solicitava: “o senhor pode escolher o touro!” E de pronto, o tal cidadão, com um ar de muito orgulho, tradição e antiguidade em pecuária, exclamava, cheio de razão e em alto e bom tom, para todos ouvirem: “Me separa ali o grandão...” Pois esta época ficou mesmo para trás e pertence hoje aos tempos antigos. E em se tratando de Angus, então, fatos como esses são ainda mais raros. Hoje já se tem um número reduzido de produtores que compram touros baseados somente no fenótipo. A grande maioria utiliza a tecnologia disponível (dados mais fenótipo) para a escolha do touro. Os verdadeiros produtores bem sabem que atualmente, óbvio que o que se está vendo, o biótipo, o tipo do touro e o seu estado, com certeza, para uma análise visual, valem muito na hora da escolha, da compra. Mas esses elementos precisam ser complementados com o que se convencionou chamar de “a ficha do bicho”. Ou seja, o reprodutor precisa ter analisados os seus dados de performance. Esses dados efetivamente devem recomendá-lo, indicando que ele vai cumprir sua função, realmente agregando características desejáveis à sua produção. Até porque, do contrário, este touro será muito mais um sério candidato ou a fazer verdadeiros estragos revelados na produção da terneirada em rebanhos comerciais ou - o que é mais correto para a pecuária como um todo - a sobrar na pista do remate. Mas nunca é demais, mesmo que seja, como muitos dizem “coisa dominada”, repetir conceitos e recomendações que sempre são de grande utilidade na hora de investir e escolher bons touros, como ferramentas essenciais para uma qualificada produção na temporada. Afinal, a hora é agora! Foto: Horst Knak/Agência Ciranda Ricardo Macedo Gregory A escolha do touro depende da finalidade da produção Fotos: Felipe Ulbrich/ABA O assunto é realmente complexo, se consideramos, por exemplo, que cada caso é um caso. O produtor pode adquirir desde touros tatuados PC com origem totalmente desconhecida, pode comprar PC com algumas gerações conhecidas, pode investir num PO, com todos os dados à disposição ou ainda arrematar um touro dupla tatuagem, que é o Fórmula 1 da produção de campo. O melhor touro que existe, tanto PO quanto PC, é o touro dupla tatuagem, porque além do trabalho de seleção da cabanha, ele tem todo um trabalho de melhoramento genético. Esse reprodutor corresponde ao grupo 40% superior de todos os rebanhos amarrados ao Promebo. maior número de dados possível, com o maior número de gerações conhecidas”, recomenda. Já o touro dupla tatuagem é um touro de elite, praticamente um supertouro. “Ele integra os 40% superiores de todos os rebanhos amarrados no Promebo”, qualifica o dirigente do Conselho Técnico da ABA. M Fórmulas conhecidas Mas, conforme Ricardo Gregory, existem fórmulas conhecidas, que já são praticamente dominadas pelos produtores, embora nunca seja demais repeti-las. “Assim, se o touro vai ser usado em novilhas de primeira cria, deve-se procurar touros que em seu mérito genético, agreguem a característica de facilidade de parto”, exemplifica. E ele segue citando recomendações pontuais: se está comprando para produzir terneiros, que serão vendidos ao des- as falando com os especialistas na matéria, fica possível fazer algumas recomendações, que via de regra se encaixam na maior parte dos casos. “O ideal seria determinar o objetivo da produção e ter todas as vacas controladas. Aí a escolha do touro ideal fica bem mais certeira”, observa o veterinário Ricardo Macedo Gregory, atual presidente do Conselho Técnico da Associação Brasileira de Angus (ABA). Tentando ser o mais didático e direto possível, Gregory começa falando sobre o touro tatuado PO (Puro de Origem): “é um animal que tem todas as gerações controladas e portanto dispõe de todos os dados necessários a uma correta avaliação na hora da escolha”, define. Já o touro tatuado PC (Puro por Cruzamento), pode ter até três gerações conhecidas. “Mas se a opção for por um touro PC, o ideal é que o produtor procure animais com o mame, deve buscar touros com altos DEPs para peso à desmama; se o produtor faz o ciclo completo, da cria à terminação, então a preocupação precisa ser com o DEP final do touro, que deve ser o mais alto possível. “E os cabanheiros, que produzem touros, ou vão optar pelos tatuados PO ou, melhor ainda, pelos dupla tatuagem”, aponta o veterinário. REPORTAGEM Outubro de 2008 25 Portanto, acerte no alvo! Fotos: Divulgação/ABA Touros precisam ser melhoradores Walter Ney Louzada Ribeiro “Os touros precisam ser melhoradores. Eles precisam ter sido selecionados a partir de parâmetros reprodutivos, além do mérito genético, com características objetivas de ganho de peso, DEPs (Diferenças Esperadas na Progênie) ao nascimento, ao sobreano, índices de performance da mãe e as características objetivas que integram os bons programas de melhoramento genético”, assevera o veterinário Walter Ney Louzada Ribeiro, ex-professor da Faculdade de Veterinária da UFPEL, instrutor do Senar e consultor em reprodução animal. Campeiro e com larga vivência em orientação de rebanhos topo de linha na área da produção pecuária, Walter Ney lembra de quesitos que se por um lado podem até ser óbvios, por outro são de suma importância: “é fundamental que os touros tenham saúde comprovada, para poderem expressar todo o seu vigor ao caminhar à procura das vacas. E que venham de cabanhas idôneas”. Ele também recomenda que, na análise dos dados, a preferência deve recair sobre touros que vão agregar ao rebanho características que representem carências e que dependem muito mais da observação do criador sobre sua vacada, seu rebanho de produção. “O que se quer é a produção de carne de qualidade, de carcaças cor- retas e produtivas. Mas o touro também pode adicionar mais fertilidade, mais precocidade, entre vários outros aspectos mais necessários em alguns casos e menos noutros, mas sempre desejáveis, quando se busca produzir mais e melhor” observa o especialista. “A pecuária de cria tem aquecido o mercado de touros. Com a valorização do terneiro, o touro cresce em importância”, aponta. E segundo ele, com a intensificação do uso da Inseminação Artificial a Tempo Fixo (IATF) e de modo geral com o repasse feito com o touro, este produto, o touro novilheiro ou comercial, fica com demanda cada vez maior. Leo Warszawsky A preferência deve ser por tipos médios “O ideal, para reduzir as margens de erro, é buscar touros de estatura média – frames 5 a 6 - e que têm elevado ganho de peso”, aponta o experiente veterinário Leo Warszawsky, sócio gerente da Semeia Genética. Ele também chama a atenção para o fato dos animais terem boa saúde. “O criador deve ter o cuidado de só adquirir touros sadios, com todos os exames necessários e especialmente livres das doenças da reprodução”. E com certeza Warszawsky recomenda a opção por reprodutores que tenham dados de performance – DEPs, entre outras informações, como por exemplo exame de ultrasom. “O ideal é a busca por animais com peso baixo ao nascer. Isso é fundamental, porque vai facilitar os nascimentos”, destaca, observando também que deve ter DEP bom de ganho de peso pós-desmama. “O importante não é o tamanho do touro e sim os seus dados”, sintetiza. A partir do resultado do ultrasom, o veterinário observa que touros com boa área de olho de lombo vão contribuir para o maior rendimento dos cortes no varejo e a gordura de cobertura também revela precocidade de acabamento. Leo Warszawsky recomenda a aquisição de touros de dois anos. “A raça Aberdeen Angus é precoce”, argumenta. 26 REPORTAGEM Outubro de 2008 Adaptação ao meio e performance comprovada em dados José Fernando Piva Lobato “O touro ideal precisa estar adaptado ao meio de criação e apresentar dados de performance compatíveis com as necessidades do comprador, a partir das deficiências percebidas em seu rebanho”, sintetiza o professor de pecuária de corte e produção animal do departamento de zootecnia da UFRGS, José Fernando Piva Lobato. Com a experiência de toda uma vida dedicada à eficiência da produção pecuária, Lobato não hesita em afirmar que é preciso estar atento ao meio de produção, que é um regime totalmente a pasto, que é o que viabiliza a pecuária nacional. Assim, o touro tem que ter saúde em dia e estar bem adaptado e apresentar todas as condições de trabalhar com desenvoltura neste meio. Com o mesmo vigor, o especialista alerta que hoje não se pode escolher touros sem analisar os seus indicadores de mérito genético, o seu desempenho, seja dos seus ancestrais, como também as DEPs. “É fundamental, especialmente quanto a características funcionais, como peso ao nascer e facilidade de parto, como o desempenho posterior a este dois momentos. A parição é crucial, porque se não houver nascimento, não haverá vida”, ensina. Para Lobato, é preferível optar por um touro que tenha peso ao nascer Deca 1 (ou seja, baixo peso ao nascer), e peso à desmama de 215 kg do que por um touro Deca 10 para peso ao nascer (o pior índice de todos) e 235 kg para peso ao desmame. “É melhor ter um terneiro de Foto: Felipe Ulbrich/ABA Foto: Horst Knak/Agência Ciranda 215 kg, do que correr o risco de não ter nada devido ao alto peso ao nascer e ainda prejudicar a fêmea na hora do parto”, assevera. Ele observa ainda que, se as vacas forem todas identificadas e controladas, aí o ajuste da escolha do touro fica ainda mais técnico e com uma enorme redução das margens de erro. Mas além de chamar a atenção para o peso ao desmame e peso ao sobreano, José Fernando Lobato cita outros quesitos que também são importantes, como aprumos. O técnico lembra também que cada vez mais os frigoríficos tipificam a carne - a área de olho de lombo tem relação íntima com a quantidade de cortes comerciais na carcaça. E a gordura subcutânea revela a velocidade de acabamento, de terminação do novilho. Os cuidados de compradores de fora do RS Foto: Horst Knak/Agência Ciranda Antônio Francisco Chaves Neto Atuando numa vasta região do Brasil (com base em Arapongas, no Paraná), onde os cruzamentos são os principais alvos dos compradores de touros Angus, o veterinário Antônio Francisco Chaves Neto, técnico da ABA, faz algumas recomendações que, segundo ele, precisam ser observadas pelos criadores, sob pena do touro não trabalhar e com isso não produzir. A primeira medida aos criado- isto, gastam um maior número de saltos para a realização da cópula, com um gasto de energia superior aos touros maduros”, relata. Assim, observa o veterinário que é recomendável nestes casos de touros jovens a realização de um rodí- zio, deixando o touro com as vacas 10 a 30 dias e reservando-o em igual período para descanso. “E dependendo das condições das pastagens, este período de descanso deve ser acompanhado de uma suplementação alimentar”, ensina. E entre outras recomendações, Antônio Chaves Neto fala sobre o perímetro escrotal dos reprodutores. “Touros acima de 42 cm de circunferência escrotal, têm vida útil mais curta em regiões mais quentes”, adverte o técnico da ABA. Foto: Divulgação/ABA res de Santa Catarina, Paraná, São Paulo, do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, que vão comprar touros na temporada gaúcha de leilões desta Primavera, é saber se esses animais foram criados a pasto ou racionados e se já tiveram contato com o Carrapato. “O carrapato transmite a tristeza parasitária bovina e se esses touros ‘não conhecem’ o carrapato, precisam passar por uma premunição”, alerta o veterinário. Com as temperaturas mais elevadas – quando mais ao Norte no Brasil mais quente fica – Antônio Chaves Neto alerta sobre o pêlo dos touros. “A cor da pelagem, seja preta ou vermelha, é indiferente. Mas precisam ser touros pelechados, ou seja, com pêlos curtos, para suportarem bem o calor”, explica o técnico. Outra recomendação de Chaves Neto está relacionada com os touros de 2 anos. “Até os 3,5 ou 4 anos, esses touros estão em fase de desenvolvimento e ainda não têm experiência na realização da monta. Com Produtos desejados no Brasil Central: filhos de vacas Nelore e touros Angus REPORTAGEM Outubro de 2008 27 Manejo pós-compra para touros Angus Preocupada em estar sempre ao lado do produtor que utiliza a eficiência genética Angus, a Associação Brasileira de Angus (ABA) elaborou esta série de recomendações úteis, que formam um verdadeiro “manual de uso da tourada”. Manejo de adaptação - Na chegada dos animais, observar o estado geral e as condições. Notando alguma alteração, avisar imediatamente o médico veterinário responsável. - Não misturar com outros touros, só após a temporada de monta. - Fazer a adaptação através de pastoreio por duas semanas em potreiros e boas pastagens, boas aguadas e com sombra adequada. Manejo clínico-sanitário - Verificar se os animais foram vacinados recentemente para aftosa, carbúnculo hemático, carbúnculo sintomático, gangrena gasosa e leptospirose. Fazer reforço anual, preferencialmente durante a Primavera. - Controlar a verminose dosificando de forma contínua, com intervalo de 60 dias e usar antihelmínticos avançados. - Tristeza Parasitária: verificar se os animais estão pré-munidos para Tristeza Parasitária, no entanto, recomenda-se uma infestação moderada e progressiva de carrapatos. Para tal, fazer três banhos estratégicos com vinte dias de intervalo a partir da aquisição. - Nunca deixar carrapatear em excesso. - Não utilizar medicamentos à base de corticóides (imunodepressores), somente sob orientação do médico veterinário. - Recomenda-se a vistoria diária dos touros em reprodução, observando detalhadamente alterações de comportamento, bem como prepúcio, pênis, aprumos, olhos, etc. Se necessário, retirar os touros do serviço e adotar tratamento imediato, conforme orientação veterinária. Manejo reprodutivo Independentemente do tipo de sistema de acasalamento, realizar Foto: Felipe Ulbrich/ABA anualmente teste de fertilidade em todos os touros. Monta natural com Reprodutores múltiplos (RM) ou Reprodutor Único (RU) - A utilização de RU propicia orientações nos acasalamentos, avaliação individual dos reprodutores (fertilidade e dados da progênie); - Quando utilizar RM, monitorar a dominância entre os touros. Sempre que identificar um “touro dominador”, ele deve ser o primeiro a entrar no rodízio ou ser utilizado como RU. - Fazer rodízio de 15 em 15 dias, isto é, colocar os touros em serviço 15 dias e depois dar repouso sexual de 15 dias; - Usar carga de touros na proporção adequada - de 25 a 30 vacas por touro; - Não utilizar potreiros muito grandes durante o período de monta e juntar o rodeio de cria 2-3 vezes por semana. Monta controlada - Indicado para reprodutores de alto valor genético; - Aumenta em 2-4 vezes o potencial de utilização de um touro; - Acompanhamento diário do touro. Congelamento de sêmen para IA - Multiplica ao máximo o potencial de utilização de um touro; - Indicado para reprodutores de alto valor genético, preferencialmente, provados; Manejo Alimentar - A Condição Corporal ideal, no início da temporada de monta, para um touro é 4 +/- 0,5 (escala 1=magro e 5=gordo); - Os touros jovens estão em fase de crescimento. Portanto, eles requerem cuidados especiais e um bom nível alimentar sempre. - Utilizar suplementação mineral permanente e adequada. - Reservar um potreiro de pastagem de inverno para os touros, pois isso proporciona muitos ganhos: vida útil mais longa dos touros, menos gastos em reposição e taxas mais altas de prenhez. Orientações genéticas básicas - Usar DEPs conforme seus objetivos de produção e a genética de seu rebanho. - Para facilidade de partos em vaquilhonas / novilhas, usar touros com baixas DEPs para peso ao nascer. - Para produção de terneiros, usar touros com alta DEP ao desmame. - Para produção de novilhos, usar touros com alta DEP ao sobreano e DEPs para conformação, precocidade e musculatura. - Para incrementar fertilidade, usar touros com alta DEP para perímetro escrotal. 28 EXPOINTER Outubro de 2008 Sucesso do Angus na Expointer: Ação total e mais de R$ 1 milhão em vendas Foto: Horst Knak/Agência Ciranda Praticamente sem novidades ... A raça Aberdeen Angus fez nesta Expointer 2008 o que já vem fazendo nos últimos anos e o que todos já esperavam: um enorme sucesso, o maior deles no parque de Esteio. S omando as vendas do Golden Angus, que faturou R$ 315,6 mil, ao leilão VII Angus Rústico do Sul, que comercializou R$ 403,5 mil e à 1ª Feira da Novilha Angus, que somou R$ 385,38 mil, a raça movimentou um total de R$ 1.104.480,00 durante esta Expointer, registrando um novo recorde para esta importante feira. Em 2007 a fatura fechou em R$ 719,1 mil em dois leilões. Numa avaliação geral, fica clara a supremacia da Angus entre os bovinos de corte. Contabilizadas a venda de todas as outras raças expostas (Charolês, Devon, Hereford, Polled Hereford, Braford e gado geral comercializado na Feira de Novilhas Selecionadas) o total chega tão somente R$ 653,040 mil. E no total, a venda de animais nesta Expointer chegou a R$ 10,651 milhões, destes R$ 8,275 milhões referemse a eqüinos Crioulos. O brilho começou pela organiza- ção da mostra, criteriosamente planejada pela Associação Brasileira de Angus (ABA), que durante toda a exposição literalmente envolveu os criadores, técnicos e interessados em Angus através de um grande número de atividades e ações do quilate do Workshop Carne Angus, que levantou e debateu temas da hora. Mas o movimento Angus na Expointer seguiu pelo pavilhão de gado de corte, onde o número e a qualidade dos animais chamava a atenção de todos. Pudera: eram 154 fêmeas e 80 machos, levados por 54 expositores do Rio Grande do Sul, Paraná e de São Paulo. Depois foi para as pistas de julgamentos de classificação, onde se viram animais feitos na fôrma. E a superação, o fecho com chave dourada surgiu nas vendas. Imagine só o tamanho deste sucesso: somados os resultados dos eventos comerciais da Angus na Expointer 2008 - o VII Angus Rústico do Sul, o Leilão Golden Angus e a 1ª Feira da Novilha Angus, de longe o resultado da Angus foi muito além do que fizeram todas as outras raças de corte expostas do parque Assis Brasil, em Esteio. Concorrido final do Grande Campeonato de Fêmeas Foi o legítimo termômetro, que dá aos criadores e investidores uma idéia nítida e otimista de quão afiada vai ser a temporada de leilões desta Primavera, que já se inicia por todos os cantos do Estado. Acreditou e acertou em cheio Mas entre todos os expositores de Angus na Expointer, um deles acreditou como nunca nesta exposição. Foi Roberto Soares Beck, da Estância do Espinilho, de Cruz Alta, RS. Ele apostou pesado. Levou para a feira, entre rústicos e produtos de argola, um total de 80 animais. E não deu outra. No leilão VII Angus Rústico do Sul, além de um trio de touros, vendeu mais 30 novilhas AD, e na 1ª Feira da Novilha Angus, negociou mais 37 fêmeas. No Golden Angus, fez sensação novamente. Duas fêmeas de sua criação despontaram. Uma delas, campeã de categoria - vaca, foi arrematada em 50% por R$ 42 mil (segundo maior preço do pregão). E a terneira, filha desta vaca, que foi a terceira melhor terneira da exposição, foi valorizada em R$ 22,5 mil. Assim, em números redondos, com seus animais Roberto O jurado Gustavo Ambroggio gostou do que viu Beck foi responsável por 20% do total de vendas de Angus na Expointer, com 72 animais. “Acreditei sim na Expointer como praça de venda e muito mais neste ano, que está muito bom para a pecuária. Meus animais estavam bem preparados e, além dos exemplares de argola, avaliei que haveria grande interesse por rústicos e por fêmeas, animais comerciais, de produção, que trazem uma excelente relação custo/benefício aos compradores”, observou Roberto Beck. “E não é que acertei”, disse ele, bastante satisfeito com a aposta que fez. Golden Angus: excelência à venda Produtor Top Mercosul Na noite de 3 de setembro, a Associação Brasileira de Criadores de Angus realizou o Leilão Golden Angus, um dos principais momentos comerciais da raça durante a Expointer 2008. O evento superou as expectativas, movimentando R$ 315,6 mil com a venda de 27 lotes por um preço médio de R$ 12 mil. O total de vendas representou um incremento de 13,3% em relação ao evento em 2007, quando foi vendido R$ 278,6 mil. A grande campeã da exposição, Major Gemada Kila, da Cabanha Olhos D’Água em Alegrete, RS foi o animal mais valorizado do leilão. 50% da fêmea foram arrematados por R$ 45 mil pelos irmãos Maurício e Fernando Weiand, titulares da Cabanha Maufer, em Cruzeiro do Sul, RS. Os criadores também adquiriram 50% da fêmea Espinilho 5005 por R$ 42 mil, o segundo maior valor negociado no leilão, além de 50% da filha da Espinilho 5005, Espinilho 7030 por R$ 22,5 mil, ambas da Es- Fotos: Felipe Ulbrich/ABA tância Espinilho, em Cruz Alta, RS. Atualmente, a Cabanha Maufer cria cavalos crioulos. De acordo com Maurício Weiand, o momento positivo da Angus foi somado ao interesse da Major Gemada Kila, animal mais valorizado cabanha pelo gado de corte. “Nosso objetivo é des- lorização da raça no leilão. “A raça pontar nas pistas. Queremos come- está num grande momento. A entraçar nossa criação com os melhores da de novos criadores também ajuda exemplares de Angus”, salientou. a valorizar a Angus”, analisou. Weiand explica que a parceria na criO leiloeiro do Golden Angus, ação de animais com cabanhas tradi- Guilherme Minssen, evidenciou a cionais é uma forma de aprender e distinção dos leilões da raça. ainda usufruir a melhor genética. “Angus é um leilão diferente, não “Não poderíamos ter feito melhor es- só pela seleção de animais, mas colha”, explica. A raça Aberdeen também pelos criadores, pela famíAngus, na avaliação de Weiand, é lia que foi feita. Eles confiam e uma das mais importantes. apostam no Angus, sabendo da sua O presidente da ABA, José Paulo consistência genética e de sua suDornelles Cairoli, comemorou a va- perioridade”, explicou. Produtores destaque receberam distinção durante Workshop Em evento realizado dia 4 de setembro, durante a Expointer, a Associação Brasileira de Angus (ABA) e Frigorífico Mercosul entregaram o prêmio Produtor Top – Mercosul Carne Angus 2008 aos produtores destaque no fornecimento de novilhos ao Programa Carne Angus Certificada. O primeiro prêmio foi para Vanderlei Tarouco Garcia, da Agropecuária Quirí, em Dom Pedrito, RS. Em segundo lugar ficou Eduardo Macedo Linhares, da GAP Genética, em Uruguaiana, RS. O Condomínio Yordi Vicente e Silva, de Dom Pedrito, RS, recebeu a premiação de terceiro lugar. Em sua segunda edição, o prêmio Produtor Top Mercosul 2008 teve como principais critérios a constância no fornecimento de gado, a qualidade e a rastreabilidade do rebanho. O Programa Carne Angus Certificada tem como principal objetivo potencializar a cadeia produtiva da carne Angus, dando suporte aos produtores, que valorizam sua produção através da diferenciação do produto ao consumidor. Outubro de 2008 29 30 Outubro de 2008 MOVIMENTO EXPOINTER Outubro de 2008 31 Disputa acirrada nas fêmeas premiou a Estância Olhos D’Água Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Grande Campeã, Major Gemada Kila 618 C om 18 meses, a fêmea Major Gemada Kila 618, propriedade da Estância Olhos D’Água – Alegrete, RS, foi a vencedora da disputa acirrada para o campeonato das fêmeas da raça Aberdeen Angus na Expointer 2008. Uma das proprietárias do animal, Ximena Dorneles, comemorou a consagração. “É resultado de um intenso trabalho da estância. Trabalhamos muito neste último ano e este prêmio represen- Reservada Grande Campeã, Quebracho TE239A ta uma enorme recompensa ao nosso esforço”, assinalou. As conquistas foram muito comemoradas no julgamento realizado dia 2 de setembro. O prêmio de reservada grande campeã foi para Quebracho TE239A, da parceria Cabanha da Corticeira de Luis Anselmo Cassol - São Borja, RS e Agropecuária GB, de Carlos Eduardo Galvão Bueno – Porecatu – PR. Com 27 meses, a fêmea vem somando premiações ao longo do ano. “Estamos muito satisfeitos com mais esta conquista. Esta fêmea vem evoluindo e deverá despontar ainda mais nos próximos campeonatos”, destaca um dos proprietários do exemplar por sociedade, Ivan Magalhães. O jurado argentino Gustavo Ambroggio escolheu como terceira melhor fêmea Delicada TE 47, da Cabanha da Maya, de Zuleika Torrealba – Bagé, RS. O administrador da cabanha, Chico Vieira, conta que a propriedade que completa cin- Terceira Melhor Fêmea, Delicada TE 47 co anos em outubro apresentou o exemplar Delicada como resultado de seu trabalho de consistência genética. “Este é o nosso segundo ano competindo e estamos conseguindo atingir todos nossos objetivos”, destacou. Conforme o jurado Gustavo Ambroggio os animais apresentados foram de alta qualidade. “São fêmeas de nível muito parelho, todas muito femininas”, analisou. O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli, parabenizou as cabanhas vencedoras e agradeceu a participação de todas pela bela amostragem. “As cabanhas vêm trazendo animais ainda melhores a cada ano que passa. São os produtores contribuindo para o melhoramento da raça”, explica o presidente. As premiações foram entregues pelo secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, João Carlos Machado, e pelo presidente da ABA. Catanduva foi destaque nos machos Grande Campeão, Catanduva TE 279 Perfurador King Rob N o dia 3 de setembro, foram escolhidos os melhores machos da exposição. O touro de 36 meses Catanduva TE 279 Perfurador King Rob, pertencente à Cabanha Catanduva, de Fábio e Fabiana Gomes – Cachoeira do Sul, RS foi escolhido como grande campeão. Vencedor na Expointer por diversas vezes, Gomes destaca a importância da premiação para o melhoramento da raça. “É preciso agregar valor ao nosso produto, o que Reservado Grande Campeão, São Bibiano Headliner 6509 só acontece com o Angus”, resumiu. Os machos Aberdeen Angus também foram julgados pelo argentino Gustavo Ambroggio. Atuando pela primeira vez no Brasil, o jurado salientou as qualidades do exemplar campeão, ressaltando a proporcionalidade do animal. “É um touro muito bom, com características muito fortes da raça”, analisou. O reservado grande campeão foi o touro de 27 meses São Bibiano Headliner 6509, pertencente a Cabanha São Bibiano, de Antonio Martins Bastos Filho – Uruguaiana, RS. De acordo com o criador, o touro já apresentava características de qualidade desde jovem, o que motivou o investimento no animal. “Atualmente a raça está em franca expansão, com animais de alta qualidade, o que torna essa conquista tão importante para nós”, relata. A Estância Olhos D’Água, de Antonino Dorneles - Alegrete, RS, em parceria com a Cabanha Vertente – Alegrete, RS, faturou o terceiro Terceiro Melhor Macho, ASD 530 Brigadier Pandero lugar nos machos com o touro ASD 530 Brigadier Pandero. O animal de 24 meses foi reservado grande campeão da Expointer 2007. Átila Dorneles, um dos proprietários do animal, comemorou os resultados da Estância nesta Expointer. “Vencer aqui é a realização da minha vida. Estamos sempre buscando melhorar e isso é um grande reconhecimento para o nosso trabalho”, comentou. O presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo Dornelles Cairoli, observou a distinção dos exemplares em pista. “Os animais estão cada vez melhores. Neste campeonato, podemos identificar a consolidação da raça com características que fortalecem sua supremacia em gado de corte”. As premiações foram entregues pelo vice-governador do Rio Grande do Sul, Paulo Afonso Feijó, pelo diretor e ex-presidente Associação Argentina de Angus, Ricardo Orci e pelo presidente da ABA. 32 Outubro de 2008 EXPOINTER Outubro de 2008 33 Itapororó foi destaque na Copa Incentivo Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Grande Campeã, Itapororó TE02 E m sua primeira participação na Copa Incentivo, o Condomínio Agropecuário Itapororó, de Alegrete, RS foi o grande vencedor da competição que está em sua quarta edição, com o principal objetivo de incentivar a participação de novos expositores em pista. Realizada dia 2 de setembro, du- rante a Expointer 2008, a IV Copa Incentivo teve como grande campeã a terneira Angus Itapororó TE02 e como reservada de grande campeã a terneira Angus Itapororó TE01, ambas com 12 meses e propriedades do Condomínio Agropecuário Itapororó. “Desde 1952, criamos Angus, que sempre teve o predomínio na nossa Reservada Grande Campeã, Itapororó TE01 propriedade. Já participamos de campeonatos, mas sempre com espécies PC. É a primeira vez que participamos da Copa Incentivo, com animais PO. Não esperávamos obter um resultado tão bom”, comemorou um dos proprietários do condomínio, Antonio Saint Pastous. A terceira melhor terneira foi a Terceira Melhor, Corticeiras TE012 Corticeiras TE012 . A fêmea pertence a Corticeiras Agropecuária, Cristal, RS. A criadora e expositora Carmem Maria Jardim volta a participar de campeonatos na raça depois de um intervalo de 10 anos. “Estou muito satisfeita com a colocação da minha terneira”, avalia Carmem. A expositora participa pela primeira vez da Copa Incentivo. O campeonato teve como jurado o argentino Gustavo Ambroggio, que se manifestou satisfeito com as fêmeas Aberdeen Angus apresentadas. “Todas são muito boas, mas destaco a grande campeã, que é uma ótima terneira. Seu criador debutou belamente na Copa Incentivo”, definiu o jurado. EXPOINTER 2008 – DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES Expositor: ANTONIO MARTINS B. FILHO, CAB. SAO BIBIANO, URUGUAIANA/RS Criador: ANTONIO MARTINS BASTOS FILHO GRANDE CAMPEÃ: ASD 618 MAJOR GEMADA KILA HBB: 116031 Pel: V BOX: 1290 Tatuagem: 618 Nascimento: 20/02/2007 Tatuagem: TE239A Nascimento: 05/05/2006 Idade: 27M28d Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO TE HBB: IA755 Pai: LEACHMAN KING ROB 8621 HBB: IA459 Mãe: CATANDUVA IMPALA STRYKER 4128 TE68 HBB: 84084 Peso: 506 Alt: 1.24 Dent: DL Peso: 986 C.E.: 42.00 Alt: 1.38 Dent: 6 Frame: 4.80 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 29 CDP205: 256 CDP365: 443 CDP550: 601 Idade: 18M13d Pai: LEACHMAN MAJOR LEAGUE A502M HBB: IA762 Mãe: ASD 418 RINCON PANCHO GEMADA HBB: 105558 Peso: 650 Alt: 1.29 Dent: DL Frame: 5.50 ER: P+ Mãe: RECONQUISTA 544 GRANADA CANYON MAMBO HBB: 93045 Peso: 702 Alt: 1.36 Dent: 2 Frame: 6.20 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 29 CDP205: 268 CDP365: 408 CDP550: 579 Frame: 5.80 AOL: 76.90 EGS: 7.30 P8: 7.70 CDP Nasc: 32 CDP205: 294 CDP365: 0 CDP550: 0 Expositor: ZULEIKA BORGES TORREALBA, CABANHA DA MAYA PAP, BAGE/RS Expositor: FABIO LUIZ GOMES E FABIANA DEFERRARI GOMES, CAB. CATANDUVA, CACHOEIRA DO SUL/RS Criador: FABIO LUIZ GOMES RESERVADO GRANDE CAMPEÃO: SAO BIBIANO HEADLINER 6509 3º MELHOR MACHO: ASD 530 BRIGADIER PANDERO HBB: 116014 Pel: V BOX: 1164 Premio Tatuagem: 530 Nascimento: 15/08/2006 Idade: 24M18d AOL: 103.50 EGS: 12.70 P8:16.00 CDP Nasc: 30 CDP205: 287 CDP365: 465 CDP550: 0 Expositor: ANTONINO SOUZA DORNELES, ESTANCIA OLHOS D’AGUA, ALEGRETE/RS Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E AGROPEC GB, CAB.DA CORTICEIRA/AGROPEC GB, SAO BORJA/RS Criador: CARLOS EDUARDO DOS SANTOS GALVAO BUENO Criador: ZULEIKA BORGES TORREALBA GRANDE CAMPEÃO: CATANDUVA TE 279 PERFURADOR KING ROB HBB: 110226 Pel: V BOX: 1177 HBB: 113333 Pel: P BOX: 1174 Tatuagem: 6509 Nascimento: 04/05/2006 Idade: 27M29d Pai: OCC HEADLINER 661H HBB: IA679 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE HBB: IA796 Mãe: OTTONO B1120 TE ASPRILLA HBB: 89036 Peso: 998 C.E.: 48.00 Alt: 1.42 Dent: DL Frame: 6.00 RESERVADA GRANDE CAMPEÃ: GB FLORICE 544 QUEBRACHO TE239A HBB: 115603 Pel: V 3º MELHOR FÊMEA: MAYA 47 TE DELICADA HBB: 121764 Pel: V BOX: 1270 Tatuagem: TE47 Nascimento: 12/07/2007 Tatuagem: TE279 Nascimento: 18/08/2005 Idade: 36M15d Pai: LEACHMAN KING ROB 8621 HBB: IA459 Mãe: CATANDUVA GITTANA STRIKER Mãe: SAO BIBIANO LADY GOSHAWK 6002 HBB: 84533 Peso: 964 C.E.: 43.00 Alt: 1.38 Dent: 2 Frame: 4.80 AOL: 0.00 EGS: 0.00 P8: 0.00 CDP Nasc: 30 CDP205: 315 AOL: 111.70 EGS: 14.20 P8: 19.60 CDP Nasc: 32 CDP205: 316 CDP365: 465 CDP550: 747 Expositor: PARC.OLHOS DAGUA E CABANHA VERTENTE Criador: ANTONINO DORNELLES E BOX: 1334 Idade: 13M21d 4128 TE 12 CDP365: 523 CDP550: 710 CAB. RINCON DEL SARANDY Criador: ANTONINO SOUZA DORNELES HBB: 75474 34 Outubro de 2008 MOVIMENTO EXPOINTER Outubro de 2008 35 Santo Ângelo e Rincon Del Sarandy foram destaque nos rústicos Fotos: Felipe Ulbrich/ABA O lote 13 (TE1240, 1209, 1185), da Cabanha Rincon del Sarandy – Uruguaiana, RS, propriedade de Cláudia Silva foi o trio grande campeão rústicos de fêmeas PO da Expointer 2008. Destaque deste lote para a terneira geração 2007 tatuagem 1185 apontada como a melhor fêmea Angus PO a campo. S egundo o jurado argentino, Gustavo Ambroggio, considerado um especialista em animais de produção e pela primeira vez avaliando animais Angus no Brasil, a terneira apresenta muita feminilidade e musculatura suave. “É um animal com camada de gordura muito boa, o que priorizo na seleção de Angus”, avaliou. Ainda nas fêmeas, o trio reservado grande campeão PO foi o lote 12 (2050TE, 2040TE, 2030TE), da ABN Agropecuária- Santiago, RS, de Fernando Bonotto. A Cabanha Santo Ângelo – Barra do Quarai, RS, propriedade de Jorge Martins Bastos faturou o grande campeonato machos rústicos PO com o lote 08 (TEIC15,TEIC11, TEIC5), sendo o touro geração 2006 TEIC5 o melhor touro rústico PO da raça. Na análise do jurado, o melhor touro a campo PO tem boa distribuição de carne, muito semelhante ao que buscam na Argentina. Trio Grande Campeão Machos PO Trio Reservado Grande Campeão Fêmeas PO Como trio reservado grande campeão PO da raça Abeerden Angus destaque para a Estância do Espinilho - Cruz Alta, RS, de Roberto Soares Beck, com o lote 06 (6039, 6031, 6027). A Cabanha Rincon del Sarandy também ficou com a premiação de terceiro melhor macho PO, com o lote 05 (1087, 1079, 1071). Trio Reservado Grande Campeão Machos PO Trio Grande Campeão Machos PC Nos animais PC, a Estância da Barragem – Quaraí, RS, de Ricardo Macedo Gregory, faturou o trio grande campeão rústico de fêmeas PC com o lote 18 (513, 512, 507), sendo a vaca geração 2005, tatuagem 507, a melhor fêmea a campo PC da exposição. O trio reservado grande campeão fêmeas PC foi o lote 17 (A478, A378, A266) da GAP Gené- Trio Grande Campeão Fêmeas PO Trio Grande Campeão Fêmeas PC tica – Uruguaiana, RS, de Eduardo Macedo Linhares. Nos machos PC, a Agropecuária Maipu – Ibirubá, RS, de Alberto de Abreu Medeiros, levou o campeonato dos machos. O trio grande campeão rústico de machos PC foi o lote 15 (401, 397, 391), sendo o exemplar de tatuagem 401 o melhor touro Angus a campo PC. Como trio reservado grande campeão PC destaque para a Cabanha São Xavier - Júlio de Castilhos, RS, de Caio Vianna, com o lote 16 (1479, 1470, 1492). O jurado Gustavo Ambroggio considerou muito positiva a qualidade dos animais em pista e a preparação realizada pelos criadores da raça. Angus Rústico do Sul cresceu 25% em relação a 2007 Grande número de compradores intensificou disputas e elevou médias Realizado dia 1º de setembro, durante a Expointer 2008, o VII Angus Rústico do Sul comercializou um total R$ 403,5 mil, com a venda de 72 animais rústicos. A comercialização foi 25% maior que em 2007, quando foram vendidos 56 exemplares. Com forte valorização dos machos, a média dos 30 touros PO e PC arrematados foi de R$ 9,383 mil. As 12 fêmeas PO e PC negociadas tiveram remuneração de R$ 5,225 mil em média. Este valor supera o de 2007, que chegou a R$ 3,692 mil. Também foi comercializado um lote especial de 30 fêmeas AD, com média de R$ 2 mil. O destaque do leilão foi a venda de dois touros PO da Cabanha Santo Ângelo – Barra do Quaraí, RS, de Jorge Martins Bastos, que saíram por R$ 16 mil cada um, sendo os animais mais valorizados no leilão. Carlos Alberto Martins Bastos, da Estância do Itapipocai, em Uruguaiana, RS foi o comprador do melhor touro a campo PO, o exemplar de tatuagem TEIC5. O leiloeiro Fábio Crespo avaliou positivamente os números obtidos pelo remate. “Foi muito bem. A mé- dia subiu cerca de 30% em relação ao ano passado. É um ótimo sinal para a primavera!”. Já o presidente da Associação Brasileira de Angus, José Paulo Dornelles Cairoli, afirmou que a superação das médias de vendas de 2007 só confirma a previsão de valorização do Angus na próxima temporada. “Isto é fruto do crescimento da raça. A evolução é visível nos resultados dos leilões, que desde o início do ano vem aumentando os valores. O mercado continuará aquecido na primavera, com preços ainda melhores”, avaliou. 36 Outubro de 2008 EXPOINTER Almoço integrou novos sócios Sucesso na Feira da Novilha Angus Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Ricardo Macedo Gregory recepcionou novos sócios no estande da ABA No dia 4 de setembro, os novos sócios da Associação Brasileira de Angus (ABA) participaram de almoço de integração, realizado na Casa Angus, no pavilhão de gado de corte do Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, RS, durante a Expointer 2008. Durante o almoço, novos e tradicionais criadores trocaram informações e idéias sobre a raça e o ingresso como associados da ABA. Os criadores foram recebidos pela gerente administrativa da ABA, Tânia Ferraz e pelo presidente do Conselho Técnico, Ricardo Gregory. “A Angus é uma raça que cresce cada vez mais por seus atributos, por suas qualidades únicas, e os novos sócios são resultados diretos desse desenvolvimento”, destacou Gregory, dando as boas vindas aos associados. Seguindo o objetivo de ser um fornecedor de carne, João Luiz Horta Barbosa encontrou na ABA toda a assistência técnica e de marketing necessárias ao projeto. Proprietário da Cabanha Prateada, em Cristal, RS, o criador enfatizou a organização da ABA como diferencial no apoio ao pecuarista em todos os momentos da cadeia produtiva. Já Vitélio Zago, criador há 30 anos, decidiu tornar-se sócio pela possibilidade de qualificar o seu rebanho. Proprietário da Cabanha Esperança, em São Sepé, RS, Zago revela que já criou outras raças, mas optou pela Aberdeen Angus por ser a mais completa. “E é a melhor carne”, concluiu. Antigo criador de gado geral, Flávio José Petersen Velho encontrou no Angus a possibilidade de agregar valor a sua propriedade, a Cabanha Renascença, em Minas do Leão, RS. “A ABA é uma facilitadora. Temos todos os subsídios”, ressaltou, revelando que os últimos animais comprados em sua propriedade foram por indicação técnica da Associação. Também reformulando seu plantel, Raul Ritter dos Santos optou pelo Angus na busca de mais qualidade. Além do valor agregado ao rebanho e pelo amparo técnico da ABA, o proprietário da Estância Paraíso do Piriqui, em Encruzilhada do Sul, RS destaca o diferencial da raça. Honório Porto Castro deu início a criação de Angus há menos de dois anos, na cabanha que leva o nome da filha, Aline, em Encruzilhada do Sul, RS. “Mas já conhecia a fama”, revelou, destacando a qualidade da carne e o prestígio da raça. Como associado, Castro busca garantia comercial e de qualidade para o seu rebanho. Realizada pela primeira vez na Expointer, com oferta de ventres comerciais AD e geral, a 1ª Feira da Novilha Angus obteve valor total de R$ 385,38 mil, ajudando a Angus a superar o total comercializado por outras raças de corte, em Esteio. Nessa edição relacionada ao gado comercial, promovida pela ABA, Farsul e Santa Úrsula Remates, a Feira da Novilha Angus obteve média de R$ 1,51 mil na venda de novilhas “AD”. Foram ofertadas 400 novilhas, sendo 171 registradas AD. Destaque para as 37 novilhas prenhes de Roberto Soares Beck, da Estância do Espinilho (Cruz Alta/RS), valorizadas em R$ 2,4 mil cada, arrematadas por Dirceu Machado Rodrigues, da Cabanha Valentina Brasil (Viamão/RS). Beck, que ainda comercializou animais nos leilões de argola e a campo, da raça, foi o criador individual que mais vendeu animais Angus na mostra. “Além das novilhas, vendi 30 animais rústicos PC, no Angus Rústico do Sul, e duas fêmeas de argola, no Golden Angus”, ressaltou, mostrando acreditar na arrancada da Expointer para a comercialização da temporada de Primavera. Prêmio ao melhor tratador Áurio Salin Fernandes (Martin, à direita na foto), tratador da Estância do Espinilho, propriedade de Roberto Soares Beck, em Cruz Alta, RS, foi eleito o melhor tratador/cabanheiro da raça Aberdeen Angus na Expointer 2008. A premiação ocorreu na Casa da Angus, no pavilhão de gado de corte do Parque de Exposições Assis Brasil, Esteio, RS, e foi entregue pelo diretor de núcleos da Associação Brasileira de Angus (ABA), veterinário Flávio Alves. Tratador há cinco anos, Martin, hoje com 40 anos, se sente reconhecido com este prêmio. Ele acredita que foi escolhido por sua pontuali- dade e por seu companheirismo, mas destaca também que busca constantemente melhorar sua performance em trabalho, acompanhando de perto o desenvolvimento da raça. MOVIMENTO Outubro de 2008 37 Desfile de touros Alta Progen 8º Leilão Angus VPJ vendeu mais de meio milhão Realizado no dia 24 de agosto, no Red Eventos, em Jaguariúna, SP, o 8º Leilão VPJ Angus, promovido pela VPJ Pecuária, do empresário e pecuarista Valdomiro Poliselli Júnior, e chancelado pela Associação Brasileira de Angus (ABA), fechou a fatura com 100% de vendas e mais de R$ 500 mil de faturamento. Foram vendidas 28 fêmeas jovens, um reprodutor e lotes de sêmen sexado, com média geral que superou os R$ 15 mil. O maior comprador do pregão foi Flávio José Petersen Velho, proprietário da Cabanha Renascença, em Minas do Leão, no Rio Grande do Sul, que adquiriu três animais da VPJ Pecuária, que acompanhou e adquiriu os animais pelo Agrocanal. A VPJ disponibilizou bezerras e novilhas da geração 2007, filhas de Hornero, BC Matriz, Brigadier, Quebracho e Nannok. O leilão contou com assessoria técnica do médico veterinário Fernando F. Velloso. Em clima de confraternização, o remate contou ainda com degustação do Steak Angus VPJ, produto da VPJ Pecuária com o selo de certificação da ABA. “Esta foi uma oportunidade ímpar, no melhor momento em que o mercado finalmente se curva para o Angus e reconhece a real importância da raça para o melhoramento da carne brasileira”, comemorou Poliselli Jr. Participaram da oferta do leilão como convidados a Casa Branca Agropastoril, FSL Angus, Agropecuária Fumaça, Giovanni Di Giunta e Luiz Antonio da Silva. A Cabanha São Xavier faz primeiro leilão da primavera com sucesso A Cabanha São Xavier (Santa Maria/RS), de propriedade de Caio Vianna, faturou R$ 301 mil com a venda de 36 lotes de animais a campo, tendo 100% da oferta comercializada durante o seu primeiro remate nesta temporada de primavera. O leilão foi realizado na tarde do dia 16 de Setembro no Parque de Exposições da UFSM, em Santa Maria. Segundo o proprietário, o Leilão São Xavier obteve média de R$ 5,27 mil para touros Angus de até 2 anos, com média de R$ 3,4 mil para vacas Angus PO e de R$ 3,6 para as novilhas Angus PO. As terneiras Angus PO ofertadas atingiram média de R$ 1,5 mil. Os valores do remate atenderam a expectativa de Vianna. “Obtivemos boa liquidez. As médias ficaram dentro do esperado para o primeiro leilão particular de primavera realizado no interior”, comentou. Os lotes foram comercializados em até 10 vezes e também no Plano Safra, com Fábio Crespo ao martelo para o escritório Cambará Remates. O Leilão São Xavier teve a chancela da Associação Brasileira de Angus. A Associação Brasileira de Angus (ABA), em parceria com a Alta Genetics e Progen, promoveu no dia 8 de agosto o tradicional desfile de seu catálogo de reprodutores. Realizado na sede da Progen em Dom Pedrito, RS, o evento contou com o desfile de oito touros Aberdeen Angus, com destaque para a apresentação de alguns touros participantes do Teste de Progênie Angus. “Foi uma ótima oportunidade para os criadores conhecerem os touros do teste”, afirmou o gerente de operações da ABA, Fernando Velloso, ressaltando o fato de que a Progen é a única central de coleta de touros em que os animais residem no Rio Grande do Sul. O Teste de Progênie Angus foi lançado oficialmente pela ABA em 2007, durante a VII Exposição Nacional da Raça Aberdeen Angus, na Feicorte, em São Paulo, SP. Na ocasião, a formalização da parceria entre ABA e as Centrais Alta Genetics e Progen foi assinada pelo vice-presidente da ABA, Luis Anselmo Cassol e pelo presidente da Alta Genetics, Heverardo Resende de Carvalho. O Teste de Progênie trabalha coletando sêmen de touros nacionais selecionados, distribuindo este material para uso de vários criadores de diferentes regiões do País e registrando os dados de desempenho através do Promebo, para nascimento, desmame e sobreano. Após o desfile dos touros, a assessora técnica da ABA, Fernanda Kuhl, realizou palestra sobre “Avaliação de Carcaças por Ultra-Sonografia”. Fernanda falou especialmente sobre como são realizadas as avaliações, exemplificando as avaliações realizadas na raça Aberdeen Angus com animais a campo e nas exposições. O consultor em pecuária de corte e membro do Departamento de Zootecnia da UFRGS, José Fernando Piva Lobato, também ministrou palestra sobre a “Genética para produção e produtividade a pasto”. Para o sócio administrador da Progen, médico veterinário Fábio Gularte Barreto, o evento foi sucesso absoluto de público. “Foi um grande início de temporada de venda de sêmen, onde nesta arrancada sempre aproveitamos para apresentar a bateria de touros e trazer temas de interesse dos produtores”, resumiu o dirigente. 38 MOVIMENTO Outubro de 2008 EXPOSIÇÕES RANQUEADAS 2008 LEILÕES CHANCELADOS 2008 08 outubro – 6º Leilão Marca Angus – Camaquã/RS SETEMBRO 10 outubro – Remate Santa Eulália e Pedra Só – Pelotas/RS Exposição de Primavera de Uruguaiana Exposição de Cachoeira do Sul 12 outubro – Cabanha Umbu Negocia – Uruguaiana/RS 30/09/2008 a 05/10/2008 16/10/2008 a 19/10/2008 13 outubro – Remate Paipasso Red – Livramento/RS 16 outubro – Remate Angus do Alegrete – Alegrete/RS OUTUBRO Exposição de Santana do Livramento 17 outubro – Remate Touros da Fronteira – Livramento/RS Expofeira de Pelotas 17/10/2008 17 outubro – Remate Selo Racial – Quarai/RS 03/10/2008 a 14/10/2008 18 outubro – 4º Remate Núcleo Centro Angus – Cachoeira do Sul/RS Exposição de S. José do Rio Preto 42° Exposição Agropecuária de São Francisco de Assis 06/10/2008 a 12/10/2008 23/10/2008 a 27/10/2008 18 outubro – Leilão Só angus – Pelotas/RS 18 outubro – Leilão Angus – Bagé/RS 23 outubro – 19º Remate Anual Agropecuária Quiri – Dom Pedrito/RS Expofeira de Bagé Expofeira de Dom Pedrito 24 outubro – 7º Leilão Santa Thereza e Convidados – Dom Pedrito/RS 11/10/2008 à 21/10/2008 Outubro/2008 26 outubro – 51º Remate Anual Cabanha Paineiras – Uruguaiana/RS 31 outubro – Remate Cinco Raças – Jaguarão/RS I Exposição Nacional de Rústicos Angus (paralela a 66° Exposição Agropecuária de Alegrete) NOVEMBRO 06 novembro – 48º Remate Cabanha São Bibiano – Uruguaiana/RS Expofeira de Rio Grande 08 novembro – 3º Primavera Angus Show – Butiá/RS 04/11/2008 a 10/11/2008 11/10/2008 a 21/10/2008 OUTROS EVENTOS Cascavel Expofeira de Santa Maria 13/10/2008 a 21/10/2008 Novembro/2008 09 outubro – X Remate de Elite – São Borja/RS 17 outubro – VIII Remate 3 Marcas – São Borja/RS MOVIMENTO Outubro de 2008 39 Expoguá foi palco da raça em agosto Grande Campeão, Bonde da Rio da Paz Reservado Grande Campeão, Quintus 300 Horneiro da Corticeira Terceiro Melhor Macho, Don Francisco 095 Delantero Grande Campeã, GB Florice 544 Quebracho Reservada Grande Campeã, EPV Patience 638 Terceira Melhor Fêmea, MC Guampa Merluza Zorzal R ealizada de 13 a 16 de agosto, no Parque de Exposições Lacerda Werneck, em Guarapuava, PR, a 33ª Feira Agropecuária e Industrial de Guarapuava (Expoguá), novamente foi palco de sucesso da raça Aberdeen Angus. A mostra contou com a participação do Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná, que levou 56 animais para a exposição. Eles foram avaliados pelo criador da raça e diretor de núcleos da ABA, veterinário Flávio Montenegro Alves. Nas fêmeas, a grande campeã da raça na mostra foi GB Florice 544 Quebracho, da parceria GB Agropecuária, de Carlos Eduardo Galvão Bueno – Porecatu, PR e Cabanha da Corticeira, de Luiz Anselmo Cassol, São Borja, RS. Como reservada de grande campeã foi escolhida EPV Patience 638, da Estância Ponche Verde, de José Filippon – Guaraniaçu, PR. Já o exemplar MC Guampa Merluza Zorzal, da Fazenda MC, de Eloy Tuffi – Espírito Santo do Pinhal, SP foi escolhido como terceira melhor fêmea da exposição. Entre os machos, o grande campeão foi Bonde da Rio da Paz, da Fazenda Rio da Paz, de Antônio Zancanaro, Cascavel, PR. O jurado escolheu Quintus 300 Horneiro da Corticeira como reservado de grande campeão. O animal foi exposto pela parceria GB Agropecuária e Cabanha Corticeira. A premiação de terceiro melhor macho foi para Don Francisco 095 Delantero, da Agropecuária Don Francisco, de Paulo E O. Valdez, de Lapa, PR. A mostra ranqueada contou com o 6º Leilão Angus, chancelado pela Associação Brasileira de Angus. Leilão pontual O leilão vendeu machos PO pela média de R$ 5.825,00 e machos CA por um valor médio de R$ 4.480,00. As fêmeas PO fixaram média de R$ 3.780,00. O animal mais valorizado foi arrematado pelo valor de R$ 6.500,00 por Pedro Ivo Noriler, do município de Pinhão, PR. Segundo o presidente do Núcleo de Criadores de Angus do Oeste do Paraná, Cristopher Filippon, os animais comercializados alcançaram média superior aos preços atingidos no ano passado. “Tivemos resultados positivos apesar de uma oferta reduzida de animais, pois este ano as cabanhas já comercializaram grande parte da sua safra de touros em suas propriedades”, comentou. EXPOGUÁ 2008 – DADOS DOS ANIMAIS CAMPEÕES GRANDE CAMPEÃ: RESERVADA GRANDE CAMPEÃ: Tatuagem: TE508 Mãe: SAFIRA DA RIO DA PAZ Expositor: CABANHA DA CORTICEIRA E GB FLORICE 544 QUEBRACHO TE239A EPV PATIENCE 638 Idade: 16M5d Peso: 1.096 AGROPECUÁRIA GB HBB: 115603 Pel: V BOX: 1334 Tatuagem: 638 Nascimento: 20/07/2007 Pai: TRÊS MARIAS 6301 ZORZAL TE Expositor: ANTONIO ZANCANARO, FAZENDA Criador: LUIZ ANSELMO CASSOL Tatuagem: TE239A Idade: 12M26d Mãe: CATANDUVA TE168 MERLUZA RIO DA PAZ, CASCAVEL/PR Criador: ANTÔNIO ZANCANARO Nascimento: 05/05/2006 Idade: 27M10d HBB: 123740 Nascimento: 10/04/2007 Pai: PASTORIZA 565 BRIGADIER TE Peso: 500 Pai: TRES MARIAS 5839 QUEBRACHO TE Mãe: EPV PATIENCE 516 Expositor: ELOY TUFFI, FAZENDA MC, ESPÍRITO HBB: IA755 Peso: 406 SANTO DO PINHAL/SP RESERVADO GRANDE CAMPEÃO: HBB: 121599 Mãe: RECONQUISTA 544 GRANADA Expositor: JOSÉ FILIPPON, ESTÂNCIA PONCHE Criador: ELOY TUFFY QUINTUS 300 HORNERO DA CORTICEIRA Tatuagem: TE095 CANYON MAMBO VERDE, CASCAVEL/PR HBB: 119969 Idade: 12M21d HBB: 93045 Peso: 710 Criador: JOSÉ FILIPPON Expositor: PARC.CABANHA DA CORTICEIRA E GRANDE CAMPEÃO: BONDE DA RIO DA PAZ Nascimento: 18/06/2007 Nascimento: 25/07/2007 Pai: TRÊS MARIAS 6301 ZORZAL TE Idade: 13M28d Mãe: CASAMU 1741 TREMENDA Pai: TRÊS MARIAS HORNERO Peso: 600 Idade: 32M13d Mãe: HELEN DA CORTICEIRA Expositor: PAULO EDGARD DE OLIVEIRA Pai: BUFFALO CREEK CHIEF 824 Peso: 564 VALDEZ, CABANHA DON FRANCISCO, AGROPEC GB, CAB.DA CORTICEIRA/ 3º MELHOR FÊMEA: Tatuagem: 301 AGROPEC GB, SAO BORJA/RS MC GUAMPA MERLUZA ZORZAL Criador: CARLOS EDUARDO DOS SANTOS HBB: 119381 GALVAO BUENO DON FRANCISCO 095 DELANTERO Tatuagem: Q758 HBB: 109257 3º MELHOR MACHO: Nascimento: 02/12/2005 LAPA/PR Criador: PAULO EDGARD DE OLIVEIRA VALDEZ 40 Outubro de 2008 MOVIMENTO INFORME SEMEIA Outubro de 2008 41 Intercâmbio Angus Youth Coalar Brasil - Austrália 2008 Andrei Beskow, de Cachoeira do Sul, RS, estudante do nono semestre de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul No primeiro semestre de 2008 - no período compreendido entre 15 de abril e 15 de julho - participei das atividades proporcionadas pelo intercâmbio “Angus Youth Coalar Brazil – Australia 2008”, oportunidade disponibilizada a partir de uma parceria entre a Associação Brasileira de Angus (ABA) e a associação australiana de Angus (Angus Society). O intercâmbio é patrocinado pelo órgão COALAR - Council of Australia Latin America Relations – que possui como objetivo principal promover e melhorar relações entre a Austrália e a América Latina. O COALAR grande relação com a associação australiana e com trabalho desenvolvido pela “Angus Youth”, o departamento jovem da entidade, que busca ampliar os conhecimentos dos jovens integrantes da cadeia produtiva da indústria da carne e manter maiores relações com outras nações que se destacam na pecuária de corte mundial. Em janeiro de 2008, Andrew Carey, australiano, estudante de Agricultural Sciences, esteve visitando o Brasil durante dois meses como parte do mesmo projeto. A Angus Society possui mais quatro intercâmbios que funcionam da mesma forma, sendo que, desses, dois são com os Estados Unidos, um com a Argentina e outro com a Nova Zelândia. D urante o período, visitei o leste do país, passando pelos estados de Queensland, New South Wales e Victoria. Fiquei hospedado em diversas cabanhas e criatórios de Angus, bem como fazendas de gado comercial que usam a raça Angus em seus cruzamentos. Tive a oportunidade de trabalhar e participar de todas as etapas de produção da carne australiana. No presente artigo, irei relatar um pouco dessa experiência, compartilhando os pontos que achei mais relevantes e tentando expor como funciona o sistema de produção pecuária, bem como retratar a situação da raça Angus na Austrália. As propriedades situadas nos estados de New South Wales, Victoria e parte sul do estado de Queensland têm um tamanho médio de 2000 a 2500 hectares. Nessas fazendas, o tipo de trabalho predominante é o familiar, onde pais e filhos trabalham juntos e fazem todo o serviço da estância, raros são os casos onde se têm empregados rurais fixos. Trabalhei os dois primeiros meses em propriedades nessa região, passando por quatro criatórios produtores de touros Angus, foram eles: Sandom & Glenoch Angus, na cidade de Chinchilla, sul do estado de Queensland; Bald Blair Angus, Guyra, forrageiras adaptadas a tais condições e a preocupação constante com água abundante e de qualidade – a água é um recurso que não é tão disponível como no Brasil, visto a menor quantidade de rios e as baixas precipitações anuais – tornam-se as ferramentas-chave para se produzir. A grande maioria dos recursos hídricos destinados à produção animal vem de lençóis freáticos, sendo que cada fazenda possui um moderno e sofisticado sistema de bombeamento e estocagem dessa água. Em áreas de maiores precipitações, o uso de pastagens cultivadas de melhor qualidade tornase mais evidente. Aí encontramos as chamadas “high performance pastures” que recebem fortes investimentos, principalmente em adubação com super-fosfato, Andrei literalmente a campo, em seu estágio de três meses na Austrália com custos de até AU$ 1.500/ha/ano. Todas as cabanhas por mim visitaNew South Wales; Ben Nevis Angus, cachorros, utilizados em todas proprieWalcha, New South Wales e Pathfinder dades e que têm papel fundamental no das trabalham somente com o Angus Angus, Hamilton, Victoria. Na área que trabalho de campo diário. Animais preto, sendo o Angus predominante em vai do centro de Queensland até o ex- muito bem adestrados que fazem o mes- todo o país. O Red Angus possui metremo norte australiano, partindo para mo trabalho (ou mais) que um homem nor expressão, e as associações de raça a região central e oeste do país, se en- faria. As raças mais utilizadas são a trabalham separadamente, ou seja, existe contram as grandes propriedades rurais, Kelpie e a Border Collie. O manejo do a Angus Society e a Australian Red as chamadas “Cattle Stations”. Algumas gado é em grande parte realizado com Angus Association. O gado Angus auscom extensões de até 1 milhão de hec- motocicletas e quadricículos, o que o traliano é muito padronizado e bastante consistente. Os criadores procuram tares, possuem manejos e características torna mais rápido. O país possui um eficaz sistema de manter um tipo animal que seja viável um pouco diferentes. Nesses locais o trabalho familiar também é a base, po- rastreabilidade, o NLIS (National e produtivo a pasto, buscando a permarém, há trabalhadores rurais contrata- Livestock Identification Sistem), que fun- nência do frame em torno de 5,5 a 6. dos para tornar a atividade viável. Áreas ciona através de brincos que contêm chips Toda a pecuária de corte australiana muitas vezes desérticas, com muita ve- eletrônicos, o que diminui bastante os possui um só foco: produção de carne getação fechada (principalmente problemas de leitura e, sendo compatí- de qualidade. Isso é perfeitamente perEucalipto), onde o gado é rebanhado veis com os sistemas das balanças eletrô- cebido quando se observa como é feita com helicópteros e pequenos aviões. nicas utilizadas, facilitam muito manejo. a seleção dos animais e a escolha dos Tive a oprtunidade de trabalhar o últi- Com uma sistemática simples e acessí- acasalamentos, onde os dados genéticos mo mês em uma dessas propriedades, a vel, os produtores têm facilidade para li- e produtivos dos animais são colocados Angus Pastoral Company, na cidade de dar com o programa, que rastreia grande em primeiro lugar. As EBV´s (estimate breeding Clermont, norte de Queensland, que parte do rebavalues), provepossui 160.000 hectares (considerada nho nacional. O país possui um eficaz nientes do propequena) e comporta 35.000 cabeças de As propriedagrama de megado, sendo a base do rebanho da raça des também re- sistema de rastreabilidade, cebem missões Brahman, fazendo cruzamento há mais o NLIS (National Livestock lhoramento geda União Euron é t i c o de oito anos com Angus. A fazenda traIdentification Sistem) BREEDPLAN balha na produção e terminação de no- péia para fisca(também usado vilhos, e conta com confinamento pró- lização dos proprio, com capacidade de 1.200 cabeças, gramas de rastreabiidade, e um bom na Argentina), são largamente utilizapercentual das fazendas australianas pos- das, onde destacam-se as de maior relelotado permanentemente. O proprietário rural australiano sui o crédito para exportar para esse des- vância para os criadores: qualidade de possui um perfil diferenciado. É um tino. O controle sanitário é bastante in- carcaça (marmoreio, área de olho de homem que tem suas origens na terra, tenso, o país possui uma condição privi- lombo, deposição de gordura), crescique trabalhou e que trabalhará sua vida legiada a nível mundial, livre de doenças mento e fertilidade. No momento, dois inteira na terra, sendo ela, na imensa como Febre Aftosa e BSE (Vaca Louca) e touros americanos que possuem os melhores dados de qualidade de carcaça são maioria das vezes, sua única fonte de preza por manter esse status. Com índices pluviométricos que os mais utilizados pelos criadores e liderenda. Ele ocupa todos os cargos: é o patrão, o capataz, e o peão. Esse fato se variam de 300 a 850 mm anuais, as re- ram a comercialização de sêmen no país. explica pela grande valorização da mão- giões visitadas caracterizam-se como se- No contexto de atender o mercado jade-obra no país, onde um trabalhador cas (comparado com os índices ponês, um dos principais compradores rural que trabalha de cinco a seis dias pluviométricos médios do RS, por de carne da Austrália, chama a atenção por semana, como peão de estância, exemplo). Nas regiões onde o clima é os contratos entre produtores e Feedganha, em média, de 500 a 600 dólares mais seco, encontram-se lotações que Lots japoneses. Os bois Angus e Angus australianos semanais (AU$=0,92 cen- vão de 7 até 45 hectares para cada uni- x Wagyu são entregues para terminação tavos de dólar americano). Nesse con- dade animal. Nessas áreas, o controle pesando em média 400 a 450 quilos. texto, se destaca também a figura dos da pressão de pastejo, o uso de plantas Esses animais permanecem em média 360 dias em confinamento e são abatidos com 750 a 800 quilos, atingindo os níveis de marmoreio e de deposição de gordura almejados por esse mercado. O programa de carne Angus certificada australiano é forte e consolidado, o produto tem grande aceitação, principalmente no mercado consumidor interno, que paga mais pelo produto de qualidade diferenciada. O mercado de touros Angus rústicos é bastante expressivo e representa a principal atividade da raça. Em geral são vendidos animais de dois anos em agosto/setembro, ou animais vendidos aos dois anos em fevereiro, filhos de temporadas de monta de outono, bastante praticadas em determinadas regiões. Existe também, embora menor, mercado para touros jovens, de 12 a 14 meses. Touros de dois anos em 2007 foram comercializados em média por AU$ 6.000, sendo que os de 12 a 14 meses por AU$ 4.000. As exposições de animais de argola existem, porém, possuem uma importância bem menor quando comparadas com os remates de produção. Existe um trabalho bastante interessante por parte da Angus Youth, que promove exposições de animais de argola preparados e apresentados por crianças e jovens, utilizando toda a atividade e envolvimento que o show exige, para incentivá-los a continuar no campo seguir promovendo a raça. A visão australiana do Brasil como produtor de carne é ótima, sendo que somos considerados seus maiores “rivais” na pecuária de corte. Existe uma grande preocupação por parte de produtores e autoridades do ramo no sentido de que o nosso país, no momento em que obtiver um melhor status sanitário a nível mundial, venha a incorporar os principais mercados compradores da carne australiana. Eles são cientes do grande potencial de produção brasileiro, em termos de área, disponibilidade de recursos naturais (água, pastagens naturais, etc.), condições climáticas, e, principalmente, disponibilidade de mão-de-obra barata. Todos esses fatores caracterizam a maior diferença entre os sistemas de produção de carne australiano e brasileiro: o custo. O intercâmbio “Angus Youth Coalar Brazil – Australia 2008” foi uma experiência ímpar. Ótimas vivências profissionais, novos conhecimentos, o convívio com uma cultura diferente, o ganho de novas amizades e lições que se levam para toda a vida. Agradeço à Associação Brasileira de Angus pela oportunidade a mim concedida e deixo a recomendação aos integrantes da juventude Angus brasileira que sejam candidatos ao intercâmbio no próximo ano. PERFIL 42 Agropecuária HR – Angus em ritmo empresarial Outubro de 2008 Fotos: Felipe Ulbrich/ABA Há apenas quatro anos atuando na criação de gado, o administrador de empresas Luiz Henrique Campana Rodrigues (acima com Antoninho Bastos) e seu irmão Luiz Fernando (ao lado) já possuem currículo de fazer inveja a pecuaristas mais experientes. O vínculo com o setor começou cedo, mas só em 2004 veio a primeira aquisição. “Meu pai sempre mexeu com isso, mas há cinco anos decidi que era hora de voar com minhas próprias asas”, conta Luiz Henrique. Os dois empresários são hoje proprietários de três estabelecimentos, formando a Agropecuária HR A s propriedades estão distribuídas nas cidades de Jataí (GO), Palmeira do Oeste e Pontalinda (SP), que somam 3,5 mil cabeças de gado, entre bovinos Angus e zebuínos da raça Nelore. “Utilizo Angus para o melhoramento genético da carne, promovido através do cruzamento das duas espécies. O destaque é o cruzamento industrial, em Goiás (Unidade 1), onde o sangue Angus é introduzido nos zebuínos. Na Unidade dois, em Palmeira do Oeste, é feita a recria de machos cruza Angus – fase do sistema de produção iniciada após o desmame das crias para melhorar a condição corporal dos animais. Na unidade 3, em Pontalinda, ocorre o engorde em confinamento, recria de fêmeas cruza Angus e toda a operação da genética. Cada unidade de negócio possui um gerente mais os empregados, num trabalho que mobiliza, ao todo, 17 pessoas. Existe, ainda, o cargo de gerente-geral, que é ocupado pelo irmão do investidor, Luiz Fernando Rodrigues, que é engenheiro agrôno- mo. Luiz Henrique prefere não se envolver nos aspectos técnicos, controla apenas a parte administrativa das terras que formam a Agropecuária HR, desde 2004. No caso da propriedade em que é desenvolvida a genética Angus, há um cabanheiro específico. A escolha pela raça se deu em função do preço diferenciado e da existência de programas especiais de bonificação pela qualidade gerada pelo criador. “Do sangue Angus, é possível gerar alta produtividade, que permite, inclusive, abater o gado mais cedo, gerando maior lucratividade”, enfatiza. Foi na capital paulista, onde reside atualmente e chegou aos 15 anos de idade, que Luiz Henrique Rodrigues se formou em Engenharia Eletrônica e deu os primeiros passos da vida profissional. “Na verdade eu gostaria de ter cursado Engenharia Automobilística, mas não pude por indisponibilidade de faculdades. Então comecei a trabalhar em empresas e vi que o meu perfil se encaixava exatamente nisso. Gerenciar um negócio”, explica. Hoje, em razão do cargo que ocupa na Votorantim, Rodrigues viaja todos os meses a uma de suas propriedades. “Passo um final de semana e vejo como está indo todo o trabalho”, relata. O contato com o irmão e com os gerentes, po- rém, é diário e mantém o pecuarista informado das condições de desenvolvimento do gado. Durante a visita de campo mensal, analisa o rebanho, discute a estratégia de gerenciamento dos negócios, para, então, tomar as decisões. “Hoje primo, principalmente, pela parte sanitária e também nutricional”, resume. O gado possui rica alimentação, graças a um sistema de irrigação, utilizado na produção dos alimentos. A dieta na parte de terminação e genética é suprida por composto de milho, sorgo, milheto e capim. Na Expointer 2008 considera ter avançado muito. “Foi uma excelente oportunidade para divulgar a raça Angus e a Agropecuária HR”, afirma. O criador participou, ainda neste ano, de feiras nas cidades de Avaré, Itapetininga, Araçatuba (SP) e Londrina (PR). Além disso, se fez presente na Feira Internacional da cadeia Produtiva da Carne, em São Pau- Animais cruza Angus x Nelore lo. “Tenho um time de pista, com plantel de 12 a 15 animais que são destacados especialmente para participar destas mostras.” Durante a Exposição Agropecuária de Araçatuba, em julho, a HR promoveu primeiro leilão próprio, com oferta de touros Angus e meio sangue Angus com Nelore. São vendidos, principalmente, cruzamentos industriais (zebuínos com Angus), e animais mais rústicos. O faturamento do leilão deste ano foi de 816 mil reais, com média de 6,1 mil reais por touro rústico. A atuação da Agropecuária HR é voltada ao mercado interno. A exportação, em um primeiro momento, é descartada por Luiz Henrique Rodrigues. Segundo ele, pelo protecionismo existente, sobretudo, nos Estados Unidos e na União Européia. “Só no caso desse bloco comercial, temos diversas sanções à carne brasileira para garantir mercado aos pecuaristas locais”, expõe. Com relação ao câmbio volátil, muito criticado por diversos setores voltados à exportação, ele considera bom para Economia. “A inconstância do dólar é positiva, uma vez que estimula o livre comércio. A intervenção no câmbio acaba gerando uma espécie de protecionismo”, avalia. A economia, na opinião do pecuarista, deve ser regida pela demanda. Segundo Rodrigues, deveria haver mais preocupação por parte dos governos com o setor, tanto no que diz respeito a políticas públicas que incentivem a produção, quanto que a regulem. Ele critica a falta de regras claras a serem seguidas, o que dificulta a atuação do pecuarista, a partir do momento que não sabe as diretrizes que pode seguir. Ele complementa dizendo que “há aspectos importantes que ficam esquecidos, como por exemplo, uma política melhor definida para a área sanitária”. OPINIÃO Outubro de 2008 43 Além da Rastreabilidade Por Vinícius do N. Lampert Alexandre Abicht Prof. Júlio Otávio Jardim Barcellos O que existe por trás da rastreabilidade? Inúmeras são as perguntas, os questionamentos, as dúvidas de muitos pecuaristas sobre a real necessidade de rastrear seus animais. Na frente, enxergamos o que parece ser óbvio: a rastreabilidade é uma exigência de mercados internacionais para que seja garantida aos consumidores informações relativa à produção e origem do produto consumido. de fato isto é compreensível. Os consumidores estão cada vez mais exigentes e a demanda por informações aumenta a cada instante. Todos querem saber o que comem, como foi produzida, qual a origem, qual a garantia de qualidade, qual o prazo de validade, etc. Fornecer informações aos nossos clientes talvez seja uma tendência de mercado E irreversível. Entretanto, quais são os resultados? Já temos boas notícias para tamanho esforço? As tentativas de implantar um sistema eficiente têm sido bem sucedidas? O que na prática alcançamos com a implantação da rastreabilidade no Brasil? Qual a relação benefício/custo para o produtor? Meça os resultados e me informe! As respostas para estas perguntas parecem não serem tão óbvias. E, além disso, podem muitas vezes ser alvos de discussões polêmicas. Mas afinal, onde está o “porquê” da rastreabilidade. Precisamos de respostas! A rastreabilidade até então não tem proporcionado benefícios econômicos para adesão maciça pelos produtores. Talvez com esses benefícios garantidos todos estivessem rastreando seus animais. O que fazer? Como compreender o que está acontecendo? Estamos com exigências que não conseguimos cumprir, não conseguimos satisfazer o mercado e nem aos produtores conseguimos proporcionar uma compreensão da necessidade de utilização do sistema. Por que as evidências que justificariam a rastreabilidade não vêm à tona rapidamente? Vivemos uma fase que requer uma demanda por paciência. Será que nos tornamos insensatos, ao criar algo que não estávamos preparados para cumprir, uma exigência criada por nós fora de tempo? O que está por trás de tudo isso? Chega de perguntas e vamos procurar enxergar as razões da rastreabilidade. Elas existem e são muitas! Existem motivos para ela existir. O sucesso de um plano nem sempre é fácil de medir. O que precisamos fazer é compreender que estamos sendo forçados a mudar nossa forma. O que está acontecendo é uma mudança no nosso estado. A evidência da necessidade da rastreabilidade é a necessidade de mudança. A nossa forma está mudando através de uma mudança de um estado, de um jeito de fazer a nossa pecuária. Essas razões nos fazem entender que os resultados de esforços nem sempre são mensuráveis. Estamos num tempo de transformações e elas exigem gasto de energia. Não vemos os resultados por que o papel invisível da rastreabilidade tem sido de mudar a forma de fazer a pecuária. Mudança de estado e não de valor. Devemos nos adequar para um tempo que já chegou. E nem sempre estamos preparados para correlacionar idéias distintas, aproveitar oportunidades, refletir sobre opiniões contrárias às nossas e às coisas que estamos acostumados a fazer. Estamos no caminho. Ainda que não se conheça exatamente a estrada, o importante é saber o caminho. A maior insensatez é a ausência de mudança. As grandes transformações são onerosas e ocasionam traumas muitas vezes generalizados, mas podem mudar o estado que nos encontramos. O pano de fundo para tudo isso pode ser encontrado na Física. A água pode existir basicamente em três estados: sólido, líquido e gasoso. A pressão e a temperatura exercem mudanças. Gastar energia em um estado implica aumento de temperatura. E isso é visível através de um termômetro. Fornecer mais calor em um mesmo estado aumenta o valor da tem- peratura, mas não muda seu estado. A transformação do estado da água ocorre pela mudança na estrutura de suas moléculas e não é acompanhada pelo aumento da temperatura. A energia fornecida serve para “quebrar” as ligações das moléculas. Esta “quebra” chama-se de fase. As fases são: fusão, solidificação, vaporização e liquefação. E é isso que está acontecendo. O exemplo da Física faz entendermos o processo de reorganização que estamos vivenciando. O que está por trás da rastreabilidade é uma oportunidade de mudança no estado da pecuária. Esta mudança passa por uma fase chamada gestão. A energia gasta não implica numa melhoria imediata, mas numa mudança organizacional gradativa. A demanda é por gestão. Essa mudança de estado ocorrerá após uma melhoria em como a informação é utilizada e compartilhada por todos os segmentos da cadeia produtiva. Na pecuária, com a rastreabilidade, tem-se um anúncio de grandes mudanças que virão pela frente. E, além disso, temos uma oportunidade da cadeia produtiva definir estratégias coletivas e se organizar de forma a responder mais rapidamente às demandas dos mercados em que atuamos. Med. Vet., D.Sc. Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeias Produtivas da Carne - Departamento de Zootecnia - Faculdade de Agronomia UFRGS - [email protected] www.ufrgs.br/zootecnia/nespro.htm 44 Outubro de 2008 INFORME PUBLICITÁRIO Touros Provados – a certeza na hora da escolha da genética Atualmente, a pecuária exige do criador eficiência na hora da produzir carne. Esta eficiência esta diretamente relacionada ao correto manejo sanitário, nutricional, reprodutivo e genético do rebanho. Qualquer erro relacionado à sanidade, nutrição ou reprodução é rapidamente observado, pois seu prejuízo é instantâneo e, dessa forma, sua correção pode ser imediatamente providenciada, diminuindo em médio prazo o prejuízo do produtor. O erro genético é mais difícil de reconhecer, pois ele se manifestará somente 3 ou 4 anos após sua realização e levará no mínimo o mesmo tempo para ser revertido. Assim, quando se comete um erro genético, o prejuízo vem em longo prazo e em escala muito maior. Ao final da temporada de parição de determinada propriedade, o criador enche os olhos ao perceber que alcançou seu objetivo, ou seja, os produtos nascidos são superiores aqueles que os originaram. A realização desta meta começa no mínimo 11 meses antes, quando este criador escolhe o touro com que irá inseminar suas vacas. Esta Peso ao Ano, leite, além de todos os ança na prova do touro selecionado, escolha será determinante para o fu- dados de carcaça, tanto por sabendo que os resultados de campo turo da propriedade, não apenas para ultrassonografia como por avaliação da obtidos na propriedade estarão muito a próxima geração, mas para os próxi- carcaça. No final do YSP, o esperado próximos daqueles indicados nas proé que cada touro tenha um mínimo vas. São egressos deste programa toumos 6 ou 7 anos. Sabendo da importância desta es- de 150 filhos controlados distribuídos ros que tiveram ou terão grande imcolha, a Select Sires desenvolveu um pelo menos por 10 diferentes rebanhos. pacto na raça Angus como Fullback, Programa de Teste de Progênie extre- No ano de 2007, o touro com menor Westwind, Scotch Cap, Bar Ext, mamente confiável, o Young Sire número de filhos dentro do programa Predestined, Big Eye, Bextor, Rito 6I6, Programa(YSP), objetivando que os teve 147 filhos distribuídos em 16 re- Grid Maker, Gar 5050, Rito 4L60 entre outros. touros jovens teTodas as raças nham uma proO YSP é o programa de teste de touros jovens que de bovinos com va consistente e realiza acasalamentos aleatórios em diferentes aptidão carniceira com alta acurácia o mais rebanhos e compara os dados destes produtos com estão dando ênfase na qualidade da cedo possível. os dados de touros referência carne em seus proO YSP é o gramas de melhoprograma de tesramento genético. Portanto, qualquer te de touros jovens mais antigo exis- banhos. Este programa pode ser desenvol- raça que tenha a intenção de ser refetente nos EUA. Este programa realiza acasalamentos aleatórios em diferen- vido graças ao caráter de central de rência para qualidade, precisa seleciotes rebanhos e compara os dados des- cooperativas que tem a Select Sires, nar seus animais também para qualites touros jovens com os dados de tou- contando atualmente com mais de 40 dade de carcaça. Isto significa incluir ros referência. A maioria dos touros mil produtores associados. Devido a no processo de seleção as DEPs para testados no YSP são da raça Aberdeen este número, o YSP permite obter pro- marmoreio, área de olho de lombo e Angus. Também são testados touros gênie dos touros em diferentes ambi- espessura de gordura subcutânea e Red Angus, Polled Hereford e entes e sistemas de manejo, o que ele- compreender o que estes dados podem Simental. São coletados dados de Peso va a acurácia das provas destes touros. nos fornecer de informação. A utilizaao Nascimento, Peso na desmama, Desta forma, o criador pode ter confi- ção dos marcadores moleculares como ferramenta complementar na seleção também deve começar fazer parte dos critérios de seleção do criador, pois a pesquisa sobre genes envolvidos na maciez da carne já está estabelecida e num futuro breve será parte importante deste processo. A concorrência entre a pecuária e a lavoura nos campos do RS sempre foi uma constante. Atualmente, além destas duas atividades, a silvicultura vem ganhando muito espaço, o que diminui a quantidade de campo disponível para o desenvolvimento da pecuária. Isto mostra que cada vez mais os pecuaristas gaúchos devem almejar uma genética consistente e muito bem provada. Sob este aspecto, é indispensável que os criadores saibam como interpretar corretamente as provas dos touros, sob o ponto de vista necessário a sua propriedade e utilizem touros muito bem provados, deixando os touros “aventuras genéticas” para no máximo 20% do rebanho. Por Felipe Escobar Médico Veterinário Departamento Técnico Semeia ARTIGO Outubro de 2008 45 A reedição de um livro que virou obra de arte “É uma obra de arte tanto em termos de beleza quanto científicos.” Joe Roybal, editor da revista Beef Magazine “Se você ama gado e criar gado, você vai considerar a obra uma preciosidade.” Lee Leachman, proprietário da Leachman Cattle of Colorado “Esse livro é um objeto obrigatório para qualquer pessoa que tem interesse em bovinos.” Raul Telles, Secretário da Agricultura do Estado do Novo México “A edição atualizada e revisada de Breeds of Cattle não é apenas uma fascinante história da origem e da evolução de 45 raças bovinas de carne e leite. Ela é também uma impressionante narrativa ilustrada que conta as lendas dos bovinos durante os séculos em marcantes fotografias e pinturas históricas.” Dale Lasater, proprietário do Lasater Ranch Herman Purdie, em ilustração no livro Breeds of Cattle, o livro de autoria do mais respeitável juiz de bovinos que o mundo já conheceu, acaba de receber uma segunda edição. Quando lançada em 1987, a obra de Herman Purdy logo se esgotou e teve de ser re-impressa várias vezes, transformando-se numa espécie de enciclopédia de bovinos de carne e leite. Atualmente, ela pode ser encontrada em todos os 50 Estados que compõem os Estados Unidos da América, já que foi adquirida por todas as bibliotecas de universidades e escolas politécnicas da época naquele país, que somam mais de uma centena de instituições públicas e privadas, sem contar as bibliotecas municipais, estaduais e as diversas prateleiras de associações de raças e casas de criadores. O livro, além de reunir dados históricos e técnicos sobre as principais raças de gado criadas no mundo, também foi impresso em alto luxo. Com capa dura em tecido, páginas de papel com alto brilho e diversas fotografias em preto e branco e coloridas – sendo algumas delas reproduções autorizadas de pinturas do século 19 pertencentes a pessoas como a Rainha Mãe (Grã-Bretanha) e o Ex-Presidente Eisenhower (Estados Unidos) – a publicação possibilita uma leitura instrutiva e agradável. Quem foi Herman Purdy? Nascido no Estado do Missouri, a família de Herman Purdy criava gado Shorthorn. Depois de se formar em Zootecnia pela Ohio State University, ele foi para a Penn State University, onde recebeu os títulos de Mestre e mais tarde de Doutor. Foi lá também que ele trabalhou como Professor durante a maior parte de sua vida, aposentando-se como Emérito. Ainda jovem, Purdy foi o primeiro americano a atuar como juiz na mais concorrida exposição de bovinos do Reino Unido: a Exposição de Perth, na Escócia. Esse foi o trampolim na carreira como juiz. Por ser extremamente objetivo, justificar cada escolha através de critérios científicos práticos e ser um professor universitário em permanente atualização, Herman Purdy virou sinônimo como cientista, técnico e juiz imparcial. Em sua vida, ele atuou mais de 1.200 vezes como juiz tanto de bovinos de carne quanto de leite. No exterior, julgou na Austrália, Nova Zelândia, Irlanda, Espanha, México, Argentina, Brasil, Canadá, e inúmeras vezes no Reino Unido. Em solo americano, ele julgou bovinos em todo o tipo de exposições, merecendo destaque a American Royal (Kansas City), a International Livestock Exposition (Chicago), a South West Stock Show (Fort Worth), a North American International Livestock Show (Louisville) e, é claro, a enorme National Western Stock Show (Denver). Em todas elas, julgou várias vezes animais e de praticamente todas as raças, Touro Angus - foto cortesia da American Angus Association® além de terneiros comerciais e carcaças em concursos entre confinamentos e frigoríficos. A criadora Carla Sandra Staiger Schneider, da Cabanha Santa Bárbara (São Jerônimo, RS), revela que Purdy quase foi corrido de Buenos Aires quando julgou Angus em Palermo porque premiou um Campeão Terneiro como o Grande Campeão. “A escolha foi revolucionária na época e gerou polêmica, mas o terneiro Grande Campeão, quando Júnior, se tornou um sucesso na Argentina e a sua progênie foi ainda melhor, o que mostrou a todos que o juiz estava certo e que talvez não tenha simplesmente feito uma aposta ao escolher aquele animal”, recorda-se Carla. “Conta-se que o Herman Purdy teria sido convidado depois para julgar Angus em Palermo novamente, porém teria se recusado devido aos incidentes que haviam ocorrido”, completa a criadora que chegou a visitar a fazenda particular de Purdy, a Huntingdon Farm, na Pensilvânia. Na Penn State University, além de Professor, Herman Purdy também foi o instrutor do time de juízes da Faculdade de Zootecnia. E, na medida em que a universidade tinha um plantel de Angus, foi ele também o responsável pelo acasalamento que gerou o touro que se transformou no símbolo da raça Angus em nível mundial: PS Power Play (o “PS” é de Penn State). Esse reprodutor não tinha quaisquer defeitos e é considerado até hoje o padrão de touro Angus ideal. Prova disso é o fato que uma ilustração dele seja usada como o símbolo da American Angus Association e a sua cabeça estar também no logotipo da Associação Brasileira de Angus (ABA), o que também foi feito por outras associações de criadores da raça. Power Play é ainda o touro que está na capa do livro do Seminário de Avaliação Funcional de Bovinos de Corte e Formação do Corpo de Jurados da Raça Angus (evento realizado pela ABA em 2004) e foi também algumas vezes a imagem de capa dos Sumários de Touros Angus da ANC Herd-Book Collares. Mas, PS Power Play não foi apenas bonito. Ele produziu belas fêmeas com muito leite e muita longevidade e é apontado na Argentina, por exemplo, como o touro que produziu as melhores famílias de matrizes que aquele país já teve. E, para completar, Power Play ainda levava o gene vermelho, o que surpreendeu no início, mas foi utilizado como ferramenta depois. Com essas e outras conquistas, Herman Purdy ficou bastante famoso. Aliás, ele foi contratado por Dwight Eisenhower, quando este ainda era Presidente dos Estados Unidos, para administrar o seu rebanho Angus na famosa propriedade particular localizada em Gettysburg. “Numa parte do livro, o autor conta que ficou tão nervoso no primeiro encontro com o Presidente americano, marcado com um jantar na Casa Branca, que saiu do táxi sem pagar e teve de voltar ao veículo quando percebeu isso”, diz Stefan Staiger Schneider, Secretário de Relações Internacionais da ABA. Paralelamente, os ex-alunos de Purdy também ganharam reputação como juízes em exposições por julgaram de acordo com os “Purdy Principles”. Isso fez com que Purdy também se transformasse no Consultor Técnico de fazendas importantes como a Stonylonesome, a Summitcrest, a Sayre, a Sir William, a Windholme e a Down Acres (nos EUA), e a Crowfields, Sherwood e Castle of Mey (no Reino Unido), sendo a última a propriedade da Rainha Mãe que foi assumida pelo Príncipe Charles após a morte dela. Como Professor, Herman se dedicava sobremaneira aos alunos e estes gostavam muito dele. Alguns são atualmente Secretários Estaduais da Agricultura, membros do Congresso Nacional em Washington/ DC, Presidentes de associações de criadores, pecuaristas de sucesso e Professores de distintas universidades. A segunda edição de Breeds of Cattle Completamente revisada, atualizada e expandida, a segunda edição de Breeds of Cattle tem 400 páginas e 12 raças a mais que a primeira edição, reunindo um total de 45. John Drawes e Robert Hough (que deixou de ser o Secretário Executivo da Red Angus Association of America em Dezembro de 2007) são os responsáveis pelo novo livro, que logicamente também conta com os textos originais do Professor Purdy. Aliás, tanto Drawes quanto Hough foram alunos dele. Assim como na primeira obra, no capítulo referente a cada raça, é mostrado com pinturas e fotografias o desenvolvimento morfológico pelo qual os bovinos passaram. São mais de 400 imagens, que possibilitam ao leitor ver praticamente um álbum de fotos de cada uma das 45 raças apresentadas e descritas. E, como dito, algumas delas são reproduções autorizadas de pinturas do século 19 dos acervos particulares da Rainha Mãe (Reino Unido) e do ExPresidente Eisenhower (Estados Unidos) – ambos clientes do Professor Purdy. Tudo isso está reunido num formato que também impressiona. O livro tem 30,5 cm de largura por 30,5 cm de comprimento, uma grossura de 3,8 cm e 3,6 kg de peso. “É o que os americanos chamam de coffee table book”, diz Stefan. Preço do livro e da remessa ao Brasil O preço do livro nos Estados Unidos é US$ 110, porém Stefan Staiger Schneider informa que, para compradores brasileiros, ele conseguiu um desconto de 11% nesse valor, o que reduz o preço para US$ 97,90. Por se tratar de uma obra nova e recém-lançada, os autores e a editora se recusaram a oferecer um desconto maior. Tanto os pagamentos pelo livro como pela remessa ao Brasil podem ser feitos através de cartão de crédito internacional no momento da encomenda. O valor da remessa depende da empresa de serviço Express (DHL, FedEx ou UPS, por exemplo) ou, se for a escolha, do correio americano (o US Postal Service) e ainda a forma de remessa (Express, Economy, etc.). Livros e revistas são isentos de taxa de importação no Brasil. Para mais detalhes, visite o Site www.breedsofcattle.net ou escreva para Terry Gray, o responsável na TRS Publishing Corp.. O E-mail deve ser enviado para [email protected] . Para se receber o desconto, é necessário usar o cupom com código “Brazil” no Site informado ou fazer contato por e-mail com o responsável na editora. 46 Outubro de 2008 ARTIGO Herança do caráter mocho-aspado em bovinos Por Leonardo Talavera Campos Todo pecuarista tem interesse neste assunto, inclusive os criadores de animais de raça inteiramente mocha como a Angus. Inicialmente vamos esclarecer o significado de alguns termos usados a seguir: - Aspado: animal com chifres, com aspas. - Mocho: ausência de chifres; em inglês estes animais são denominados de polled. - Batoque: tocos de chifre (em inglês, scurs), rudimentos de aspas, protuberâncias, botões. Não são aderidos ao tecido ósseo da caixa craniana, diferentemente dos chifres verdadeiros. - Chifre Africano: tipo de chifre presente em animais de origem indiana somente. O s fatores de herança que controlam a presença ou ausência de chifres nos bovinos de corte são citados frequentemente como um exemplo clássico da ação de dominância e recessividade dos genes. Os aspectos genéticos envolvidos na herança do caráter mocho-aspado são cientificamente bem conhecidos, sendo, porém, muitas vezes, mal compreendidos pelos pecuaristas. O padrão de herança genética diferente do gene para batoque e do gene para chifre africano tornam o assunto um pouco mais complexo. As seguintes letras serão usadas para descrever o processo de herança destes 3 genes diferentes: - M: gene para mocho - m: gene para aspado - B: gene para batoque - b: ausência de gene para batoque - Af: presença do gene para chifre africano - af: ausência do gene para chifre africano Para cada característica, qualquer animal recebe um gene do gameta masculino e outro do gameta feminino, isto é, o zigoto ou organismo resultante contém dois genes para cada característica. Se estes genes pareados são idênticos para uma determinada característica, o animal é dito como sendo homozigoto ou puro para este caráter. Quando um animal tem genes diferentes para uma mesma característica é descrito como heterozigoto ou híbrido. As formas alternativas de um gene são descritos como alelomorfos ou, simplesmente, alelos. A herança dos chifres é controlada por um par de genes. O gene para mocho (M) é dominante sobre o gene para aspado (m). Isto significa que se um determinado animal apresentar um gene para mocho (M) e outro para aspado (m), este animal (Mm) será mocho, sendo denominado, neste caso, de mocho heterozigoto. Se um animal apresentar dois genes para mocho (MM) é considerado como mocho homozigoto ou puro. E, se, finalmente, tiver dois genes para aspado (mm), ele apresentará chifres uma vez que não existe o gene para mocho dominando sobre o gene aspado. A composição genética, ou seja, o par de genes que o animal possui, determinará se ele será mocho ou aspado. Entretanto, em animais mochos o par de genes presente não pode ser determinado visualmente. O animal mocho tanto pode ser “MM” como “Mm”. Nos dois casos o indivíduo será mocho, mas quando acasalado, por exemplo, com vacas aspadas, a percentagem de seus filhos que apresentará o caráter mocho vai variar de 50% para 100%. Como se originaram as linhagens de gado mocho? A pergunta torna-se pertinente se considerarmos que do acasalamento entre touros aspados (mm) e vacas aspadas (mm) somente grandes protuberâncias, quase do tamanho de aspas verdadeiras. Quando atingem tais dimensões, torna-se difícil distingui-los dos chifres. Pressupor que estes rudimentos córneos chamados de batoques e o caráter para mocho estejam associados está incorreto e pode conduzir a resultados inesperados. Existe certa confusão no que se refere à influência dos batoques na produção de progênie mocha ou aspada. Ensminger (1973) explica que existem opiniões contraditórias relacionadas com a herança destes rudimentos córneos. Segundo uma das teorias citadas por este autor acima, os batoques são um caráter influenciado pelo sexo; ocorrem em QUADRO 1 Composição Genética Genótipo MM MM MM Mm Mm Mm mm mm mm Onde: machos A herança dos chifres é controlada por um par de genes. O gene para mocho (M) é dominante sobre o gene para aspado (m). Isto significa que se um determinado animal apresentar um gene para mocho (M) e outro para aspado (m), este animal (Mm) será mocho, sendo denominado, neste caso, de mocho heterozigoto genes aspados serão transmitidos e toda a progênie será, portanto, de animais aspados. Sabese que a freqüência de terneiros mochos em rebaQUADRO 2 nhos de animais aspados é de 1 em vinte mil (20.000). A Genótipo aparição de terneiros mochos provenientes de pais aspados é, de acordo com Lasley Af Af (1963), o resultado de uma Af af mutação ou alteração súbita af af dos fatores hereditários dos pais. A origem da variedade Polled Hereford é interessante. Warren Gammon e seu filho, de Iowa, EUA, têm o mérito de serem os primeiros a selecionar os Hereford mochos. Estes homens se comunicaram com centenas de criadores de Hereford aspado em todos os Estados Unidos, em busca de progenitores que tivessem nascido sem chifres. Isto quer dizer que procuraram animais mochos em rebanhos de animais aspados onde ocorreram mutações. Encontraram e compraram sete vacas e quatro touros mochos. Estes foram os fundadores da variedade mocha da raça (Polled Hereford). A Presença de Batoques (“Scurs”): O gene principal (em inglês, major gene) para batoques (B) é inteiramente separado do processo que determina a ausência de chifres (caráter mocho). É um gene adicional que provoca o crescimento destas protuberâncias, semelhantes às aspas. São, na verdade, chifres com desenvolvimento incompleto (não o resultado de genes aspados), os quais são soltos e usualmente móveis embaixo do couro do animal. Variam desde minúsculas crostas crescidas, até homozigotos (BB) ou heterozigotos (Bb), mas unicamente em fêmeas homozigotas (BB). Em Fenótipo Machos Chifre Africano Chifre Africano —— Fêmeas Chifre Africano —— —— BB Bb bb BB Bb bb BB Bb bb Fenótipo Machos Fêmeas Batoque Mocho Mocho Batoque Batoque Mocho Aspado Aspado Aspado Batoque Mocho Mocho Batoque Mocho Mocho Aspado Aspado Aspado M: gene dominante para mocho B: gene para batoques pelo conseqüente crescimento dos chifres. O gado mocho também pode carregar este gene para batoques, mas a complexa transmissão do gene afeta sua aparência visual. O Quadro 1 resume a teoria conhecida para a complexa transmissão das características mocho-aspado e batoques: O Gene para Chifre Africano A herança para mocho-aspado é bem mais simples em animais Bos taurus, tais como Angus e Hereford. Em programas de cruzamentos com Bos indicus, um outro par de genes complica o padrão desta herança. Animais zebuínos possuem o gene para chifre africano (Af ) que está localizado em um ponto diferente no cromossomo, em relação ao gene para mocho no gado europeu. O resultado do gene para chifre africano também depende do sexo do animal. Assim, tem-se o que se vê no quadro 2. O gene para chifre africano é dominante em relação ao gene para o caráter mocho. A tabela constante no Quadro 3 mostra a expressão dos chifres nos machos e em fêmeas portadores do gene para chifre africano (Af) em combinação com os genes normais mocho-aspado para Bos taurus. outras palavras, atua como dominante em machos, e recessivo em fêmeas mochas. Outra teoria citada por Ensminger é de que o gene QUADRO 3 principal (M) para condição Composição Genética Fenótipo mocho é só parcialmente doMachos Fêmeas minante, e os exemplares heterozigotos (Mm) tendem AfAf MM ou AfAf Mm Aspado Aspado a ter batoques, especialmenAfaf MM ou Afaf Mm Aspado Mocho te os touros. afaf MM ou afaf Mm Mocho Mocho Os chifres impedem a afaf mm ou Afaf mm Aspado Aspado expressão dos genes que um animal poderia apresentar [ Af > af > (M, m, B, b) , em que > significa dominante ] para rudimentos, e deste modo, complicam os estudos destinados a determinar a Fonte principal: Polled Hereford World modalidade exata da herança para batoques. Desde o gene para batoques (B) é transmi- (May 1979) tido separadamente do gene para mocho (M), ele geralmente não tem nenhum efeito sobre a presença ou ausência de aspas ou chifres verda- Coordenador Técnico do Promebo® deiros. O gado aspado também pode ser porta- Associação Nacional de Criadores - Herd dor do gene para batoques, porem ele estará vi- Book Collares / ANC sualmente escondido pelo gene para aspado e e-mail: [email protected] OPINIÃO Outubro de 2008 47 O que esperar da demanda por carne bovina nos próximos meses? os últimos meses, porém, a volta da inflação, puxada principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos, passou a afetar negativamente o consumo, via achatamento do poder de compra. Veja a Figura 1. Lá fora, em função da inflação e da crise dos Estados Unidos, o cenário também mudou um pouco. E as exportações já vinham em queda, em parte por conta da própria redução da produção, mas também como reflexo da perda de atratividade do mercado externo (graças, principalmente, à valorização do real e ao embargo da União Européia). Esse ambiente - juntamente com o aumento da oferta de animais terminados em confinamento no Brasil Central e em pastagem de inverno no RS - minou (temporariamente?) as forças do movimento de alta no mercado físico do boi gordo, que passou a andar de lado. Na verdade, recuos foram registrados em várias N Por Fabiano R. Tito Rosa No último ano, além da redução da oferta de animais terminados, o aquecimento da demanda por carne bovina contribuiu significativamente para a valorização do boi gordo. E a demanda aumentou em função do próprio crescimento do consumo, graças ao bom desempenho da economia mundial, e da expansão da capacidade de abate das indústrias nacionais, com destaque para os grandes grupos frigoríficos. Analisando todos os lados, não dá para negar que o cenário, em termos de venda, se mostra melhor para os próximos três meses, em compração com os últimos três regiões. Mas a inflação começa a dar sinais de arrefecimento. Segundo a Fundação Getúlio Vargas, o IGP-DI, por exemplo, caiu 0,38% em agosto. E em final de ano, graças às festas e às gastanças típicas do período, sempre ocorre um aquecimento adicional da economia. Em síntese, o emprego e a renda tendem a se manter em alta, ao passo que a inflação está perdendo força. Isso significa aumento do poder de compra. No mercado internacional, espera-se, para o curto prazo, a retomada das vendas de carne in natura para o Chile, sendo que os embarques de carne industrializada para os Estados Unidos já recomeçaram. Além do mais, Goiás voltou, recentemente, a exportar para a Rússia (estava com as vendas suspensas devido a um caso de estomatite) e a União Européia está liberando novas fazendas para atender a demanda do bloco. Aliás, dados consolidados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) apontam que, em julho, o Brasil voltou a registrar recorde em volume exportado de carne bovina, na comparação com o mesmo período do ano anterior (alta de 2%). Isso não acontecia desde setembro de 2007, e os dados preliminares de agosto apontam para um novo desempenho positivo. O dólar, por sua fez, que há algumas semanas caminhava rumo a R$1,50, no fechamento desta coluna estava na casa dos R$1,77. Essa desvalorização da moeda nacional, aliada aos recuos registrados para as cotações da arroba, já fizeram o boi do Brasil (tomando SP como referência) voltar a valer menos que o do Uruguai, se distanciando das cotações da Europa e dos Estados Unidos, às quais estava se aproximando “perigosamente”. Logicamente que podemos apontar os ganhos de competitividade de proteínas concorrentes (como o frango, em função da retração dos preços do milho), o aumento dos índices de endividamento da população e outros fatores como limitadores de um possível aquecimento das vendas de carne. Mas ainda assim, analisando por “todos os lados”, não dá para negar que o cenário, em termos de venda, se mostra melhor para os próximos três meses, na comparação com os últimos três. Zootecnista Scot Consultoria [email protected] 48 Outubro de 2008