Caderno de Resumos - Instituto de Educação de Angra dos Reis
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Caderno de Resumos - Instituto de Educação de Angra dos Reis
Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 1 APRESENTAÇÃO A cidade de Angra dos Reis é a terceira mais antiga do país. Em sua história, estão presentes as lutas dos povos indígenas, afro-brasileiros, caiçaras e dos imigrantes pobres. Questões de posse da terra, baixos salários, se juntam às condições de moradia, situação das ilhas, meio ambiente e inúmeros outros problemas, fundindo-se num mosaico de lutas que incluem a questão racial, indígena, de gênero, sexualidades, acessibilidade, entre outras. A diversidade em Angra dos Reis está na mesma proporção das reivindicações que ecoam historicamente. Neste quadro, diversas instituições e entidades vêm tomando iniciativas de combate às desigualdades. Nas últimas décadas, o Movimento Negro e o Grupo de Consciência Negra Ylá Dudu encaminhou várias lutas antirracistas. A Universidade Federal Fluminense criou cursos de extensão “Negros e Negras em Movimento” e a pós-graduação “Diversidade Cultural e Interculturalidade: matrizes indígenas e africanas na educação brasileira”. O Conselho Municipal de Educação tem realizado cursos sobre a temática da inclusão e acessibilidade. A Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis realiza ações com o objetivo de oferecer a formação docente para a implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, entre outras iniciativas. A Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos desenvolve ações para o fortalecimento de vínculos com as Comunidades Tradicionais. A Fundação de Cultura de Angra dos Reis – CULTUAR, realiza diversas ações voltadas para a diversidade cultural. A Câmara Municipal de Angra dos Reis tem fomentado discussões com a população sobre temáticas que envolvem a diversidade. O Fórum EJA é um espaço de diálogo sobre Jovens e Adultos, onde diferentes trajetórias se misturam com o cenário intercultural a nível regional. Anualmente, no mês de novembro, acontecem atividades promovidas por diferentes atores na cidade de Angra dos Reis, relacionadas ao dia da Consciência Negra. Em Agosto de 2015, alguns desses atores encontraram-se e resolveram unir esforços em prol da elaboração de uma atividade coletiva. Foi criado um grupo de trabalho, que Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 2 reuniu o Grupo de Consciência Negra – Ylá Dudu, o Conselho Municipal de Educação de Angra dos Reis – CMEAR, o Instituto de Educação de Angra Dos Reis – IEAR/UFF, o Núcleo de Ações e Políticas Interculturais da Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis – SECT, a Fundação de Cultura de Angra dos Reis – CULTUAR, a Secretaria de CMAR, o Fórum EJA e o Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro – CEDERJ. Esse grupo, a partir de alguns encontros, elaborou uma proposta de forma a contribuir para a formação de educadores, para a construção de políticas públicas antirracistas e para ampliar a consciência do respeito à diversidade. Desde o ano de 2010, a SECT vem valorizando as práticas educativas dos profissionais da Rede Municipal Pública, principalmente voltadas para a implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08, por meio do Incentivo Zumbi dos Palmares. No âmbito do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade, a comissão organizadora, com caráter interinstitucional, reafirma a importância de valorizar essas práticas, ampliando as parcerias e o Incentivo Zumbi dos Palmares para outros segmentos da sociedade. Neste sentido, o presente Congresso tem como objetivo proporcionar mais um espaço de discussão e formação aos diferentes sujeitos que atuam no campo da diversidade cultural e da educação, possibilitando o diálogo intercultural por meio da participação efetiva desses sujeitos na contribuição da construção de políticas públicas para a cidade de Angra dos Reis. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 3 PROGRAMAÇÃO 1º DIA: 12/11 (Quinta-Feira) – Casa Larangeiras 18h: Credenciamento (Praça Zumbi dos Palmares, 18h30min às 19h: Abertura com autoridades Centro) e representantes de instituições e entidades. 19h às 21h: Conferência de Abertura com a Prof.ª Dr.ª Iolanda de Oliveira (UFF) e o Cacique Marcos dos Santos 2ª DIA: 13/11 (Sexta-Feira) – Instituto de Educação de Angra dos Reis/UFF – Jacuecanga Tupã (Comissão Guarani Yvy Rupa) 8h: Credenciamento (Av. do Trabalhador, 179 – 9h às 10h30min: Conferência “Religiões eJacuecanga) Religiosidades na Educação”, Prof.ª Dr.ª Stela Caputo (UERJ) e Pr. João Carlos Araújo 21h às 22h: Atividades Culturais 10h30min às 12h30min: Comunicação Oral por Eixo Temático 12h30min às 14h: Almoço 14h às 16h: Comunicação Oral por Eixo Temático 16h às 17h: Apresentação de Pôsteres 17h às 18h30min: Conferência “Juventudes no Campo e na Cidade” com a Prof.ª Dr.ª Rosilda Bennáchio (IEAR/UFF), Prof.ª Dr.ª Marília Campos (UFRRJ) e convidados. 18h30min às 21h: Atividades Culturais 3º DIA: 14/11 (Sábado) – Instituto de Educação de Angra dos Reis/UFF – Jacuecanga 8h: Credenciamento (Av. do Trabalhador, 179 – Jacuecanga) 9h às 12h: Mesa de Debate com Representantes das Comunidades Tradicionais em Angra dos Reis (Indígenas, Quilombolas, Caiçaras, Ciganos e demais representações); Representante do Ministério da Cidadania; Representante Ministério Público Federal. 12h às 14h: Encerramento com Atividades Culturais Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 4 COMISSÃO ORGANIZADORA Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas - IEAR/UFF Prof. Dr. Augusto Lima - IEAR/UFF Prof. Me. Délcio Bernardo - CULTUAR Prof. Dr. Domingos Nobre - IEAR/UFF Prof.ª Glauciane Soares Basílio - CMEAR Prof.ª Jacqueline Máximo Moreira - Ylá Dudu Prof.ª Ma. Leila Mattos Haddad de Monteiro Marinho – Fórum EJA Sul Fluminense Prof.ª Esp. Norielem de Jesus Martins - SECT Prof.ª Esp. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos - SECT COMITÊ CIENTÍFICO Prof.ª Ma. Adriana Manzolillo Sanseverino – IEAR/UFF Prof.ª Dr.ª Aline Abbonizio – UFRRJ Prof.ª Dr.ª Dagmar de Mello e Silva – IEAR/UFF Prof. Me. Délcio Bernardo – CULTUAR Prof. Dr. Domingos Nobre – IEAR/UFF Prof.ª Ma. Eliana de Oliveira Teixeira – PPGEDUC/UFF Prof. Dr. Fabiano Avelino da Silva – SASDH Prof.ª Franciane Torres – SECT Prof.ª Jacqueline Máximo Moreira – YLÁ DUDU Prof.ª Luciana Telles – SECT Prof. Dr. Lício Caetano do Rego Monteiro – IEAR/UFF Prof.ª Dr.ª Luciana Requião – IEAR/UFF Prof.ª Dr.ª Mirian Alves de Souza – IEAR/UFF Prof.ª Esp. Norielem de Jesus Martins – SECT Me. Rafael Ribeiro – Sociedade Angrense de Proteção Ecológica Prof.ª Dr.ª Renata Silva Bergo – IEAR/UFF Prof.ª Esp. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos – SECT Profª Ma. Sandra Cardoso – FORUM EJA Sul Fluminense Prof.ª Esp. Teresinha Nascimento – Rede Pública Municipal de Angra dos Reis Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 5 EIXOS TEMÁTICOS 1. Educação das Relações Étnico-Raciais na Educação Básica. Coordenadores (as): Prof.ª Esp. Roseléa Aparecida Oliveira dos Santos – SECT, Prof.ª Esp. Norielem de Jesus Martins – SECT. Ementa: A Lei 10639/03, que estabelece o ensino da História da África e da Cultura afro- brasileira nos sistemas de ensino, significa o reconhecimento da importância da questão do combate ao preconceito, ao racismo e à discriminação na agenda brasileira de redução das desigualdades. Posteriormente, a Lei 11645/08 nos dá a mesma orientação quanto à temática indígena. Essas leis são importantes instrumentos de orientação para o combate à discriminação, pois são leis afirmativas, que promovem a necessária valorização das matrizes culturais que fizeram do Brasil o país rico, múltiplo e plural que somos. Este Eixo Temático espera receber trabalhos que tratem de pesquisas e projetos que promovam a implementação das leis 10.639/03 e 11.645/08 na Educação Básica, bem como ações de combate ao racismo nas escolas e demais espaços educativos. 2. Mídia, Artes, Racismos e Políticas Públicas de Igualdade Racial. Coordenadores (as): Prof.ª Jacqueline Máximo – Ylá Dudu e Prof.ª Dr.ª Luciana Requião – UFF Ementa: O presente eixo se propõe a discutir projetos e práticas que envolvam a produção das mídias, artes, linguagens e literaturas realizadas em contextos educativos, que ofereçam contribuições para o estudo das relações étnico-raciais e para a compreensão das identidades culturais negras, indígenas, caiçara, cigana, dentre outras. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 6 3. Territorialidade, Sustentabilidade, Identidades e Comunidades Tradicionais. Coordenadores (as): Prof. Dr. Lício Caetano do Rego Monteiro – UFF, Me. Rafael Ribeiro – SAPÊ, Prof.ª Franciane Torres, Prof.ª Dr.ª Mirian Alves de Souza – IEAR/UFF. Ementa: As comunidades tradicionais têm assumido um protagonismo crescente na região da Costa Verde, através de lutas e atividades que envolvem diferentes aspectos da vida social da região. Sendo assim, este eixo discutirá as expressões destas comunidades e suas demandas em termos de territorialidade, sustentabilidade e identidade, palavras-chave nesse processo, que tende a se manifestar de forma decisiva na educação e na cultura local. Compreendemos que as territorialidades revelam a íntima relação entre a resistência de povos e culturas, a defesa de suas terras e as formas de organização de seus territórios e identidades, no qual as sustentabilidades aparecem também como um conceito em disputa seja na arena ambiental, seja nos aspectos econômicos e sociais. 4. Gêneros, Sexualidades e Racismos. Coordenadores (as): Prof.ª Ma. Eliana de Oliveira Teixeira – PPGEDUC/UFF, Prof.ª Teresinha Nascimento – Rede Pública Municipal de Angra dos Reis. Ementa: Raça, gênero e sexualidade são conceitos social e historicamente construídos sobre o prisma das diferenças biológicas e possuem complexas dimensões e interseções. Este eixo temático, portanto, se propõe a receber relatos de práticas e estudos que abarquem a construção das identidades de gênero, a sexualidade, o corpo, o impacto do racismo e seu intercruzamento com outras formas de discriminação em nossa sociedade. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 7 5. Religiões e Religiosidades na Educação. Coordenadores (as): Prof.ª Dr.ª Renata Silva Bergo – IEAR/UFF, Me. Délcio Bernardo – CULTUAR. Ementa: Este eixo espera receber trabalhos que abordem as religiões e religiosidades enquanto conhecimentos, que discutam o caráter laico da educação pública e as religiões, a intolerância religiosa e a diversidade na escola, bem como experiências de ensino religioso nos currículos escolares. 6. Juventudes, Direitos Humanos e Políticas de Acesso e Permanência aos Sistemas de Ensino. Coordenadores (as): Prof. Dr. Fabiano Avelino – SASDH, Profª Ma. Sandra Cardoso – FÓRUM EJA Sul Fluminense, Leila Haddad - FÓRUM EJA Sul Fluminense. Ementa: Este eixo temático se propõe a discutir projetos, trabalhos e práticas voltadas para a juventude, juvenilização da EJA, juventude e escolarização, políticas públicas de acesso e permanência aos sistemas de ensino e suas correlações com os direitos humanos. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 8 7. Educação no Campo, Indígena, Quilombola, Caiçara, Ilhas, Sertões, Populações Itinerantes. Coordenadores (as): Prof. Dr. Domingos Nobre (IEAR/UFF), Prof.ª Dr.ª Aline Abbonizio – UFRRJ. Ementa: Este eixo temático busca abordar as variadas formas de pertencimento sociocultural dos atores que hoje lutam por políticas públicas específicas e universais de educação e cultura, que levem em conta e respeitem os contextos locais, cosmovisão, religiões, línguas e linguagens destes diferentes grupos sociais. Esperamos receber trabalhos que abordem, entre outros temas: a luta por direitos básicos em educação e cultura, o fortalecimento das identidades étnicas, os pertencimentos culturais, o direito à educação diferenciada, a luta pela terra, o respeito à diversidade cultural e religiosa, as manifestações culturais locais, bem como projetos educacionais e culturais voltados para essas populações. 8. Diversidade Cultural, Inclusão e Acessibilidade. Coordenadores (as): Prof.ª Dr.ª Dagmar de Mello e Silva – IEAR/UFF, Prof.ª Ma. Adriana Manzolillo Sanseverino – IEAR/UFF, Prof.ª Luciana Telles – SECT Ementa: Este eixo espera receber trabalhos que discutam a diversidade cultural, processos de inclusão social, as Políticas Públicas e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência – Lei 13.146, de 6 de julho de 2015, bem como as práticas em educação especial e inclusiva. Abordaremos também questões sobre o atendimento educacional especializado, a inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho e a acessibilidade da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 9 Carta da Comissão Organizadora e Equipe de Colaboradores do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Nos dias 12, 13 e 14 de em novembro de 2015, realizou-se o primeiro Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis, na Universidade Federal Fluminense. A proposta desse Congresso foi a de reunir movimentos sociais e instituições em prol da luta pela igualdade de direitos, de combate ao racismo e à todas as formas de discriminação. A comissão Organizadora e Equipe de Colaboradores entende que esse movimento é um passo importante na construção de políticas públicas a nível local e nacional. Ressaltamos algumas discussões importantes que foram realizadas neste espaço de aprendizagem: A necessidade de valorizar e fortalecer referenciais das populações negras, indígenas e de comunidades tradicionais na educação, garantindo a dignidade desses sujeitos dentro da nossa sociedade na luta e conquista pelos seus direitos. Reconhecer o protagonismo da juventude, desconstruindo estereótipos que os definem como alienados das questões sociais, políticas, etc. Enfatizando a necessidade de desenvolver políticas públicas que revertam o quadro de violência e descaso que têm culminado com o extermínio dos jovens, principalmente da juventude negra. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 10 Possibilitar o acesso e permanência dos diferentes sujeitos nos sistemas de ensino com respeito as suas especificidades culturais e a diversidade. Respeitar a diversidade religiosa e a importância da escola enquanto espaço de diálogo das diversas formas de ser e estar no mundo, combatendo a intolerância e o racismo epistêmico. Compreender e respeitar as diferentes formas de se relacionar com o ambiente e garantir a terra para quem nela e dela vive. Perceber os movimentos culturais como identidades em transformação, que são construídos social e historicamente e precisam ser reconhecidos na sua diversidade para que um único modelo de conhecimento não continue a ser imposto como o verdadeiro. Valorizar o papel da mulher na sociedade como protagonista da sua própria história e sujeito ativo das lutas sociais, combatendo as desigualdades de gênero e de discriminação sexual e de identidade de gênero. O Congresso propôs espaços para a formação continuada dos professores possibilitando a reflexão sobre todas as questões aqui discutidas como parte dos desafios cotidianos e das relações que nele se estabelecem. Esperamos que fóruns como esse se multipliquem e sejam motivadores de ações coletivas que possam cobrar do poder público mudanças nas posturas de descaso com a educação de forma geral, que vêm sendo demonstradas nos últimos tempos, levando os educadores a se sentirem desmotivados e desvalorizados enquanto profissionais e seres humanos, atuantes em diferentes realidades. Algumas propostas a partir das discussões do Congresso: Grupos de estudos sobre as questões fundiárias (territorialidade e sustentabilidade). Fortalecimento do Fórum EJA Sul Fluminense. Fortalecimento do Fórum Municipal de Educação para as Relações Étnico- Raciais. Ocupação do novo terreno da Universidade Federal Fluminense, no bairro do Retiro, nesta cidade, através de parcerias com os movimentos sociais e culturais, Secretaria Municipal de Educação, Sindicato dos Profissionais de Educação, Movimento Estudantil etc. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 11 Repúdio à PEC 215 e as demais emendas constitucionais que são contrárias aos direitos dos povos indígenas e quilombolas. Repúdio a situação de abandono da Educação Escolar Indígena no Rio de Janeiro. Fortalecimento de políticas públicas em educação que assegurem atendimento digno aos indígenas da região. Combate ao proselitismo religioso nas escolas. Finalizamos, agradecendo a todos e todas que se dispuseram a discutir essas temáticas, contribuindo de forma tão significativa para o fortalecimento desse Congresso. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 12 SUMÁRIO Pág. RESUMOS DO EIXO 1 EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA RESUMOS DOS TRABALHOS ................................................................... 14 RESUMOS DO EIXO 2 MÍDIA, ARTES, RACISMOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE IGUALDADE RACIAL RESUMOS DOS TRABALHOS ..................................................................... 33 RESUMOS DO EIXO 3 TERRITORIALIDADE, SUSTENTABILIDADE, IDENTIDADES E COMUNIDADES TRADICIONAIS RESUMOS DOS TRABALHOS ..................................................................... 41 RESUMOS DO EIXO 4 GÊNEROS, SEXUALIDADES E RACISMOS RESUMOS DOS TRABALHOS ..................................................................... 46 RESUMOS DO EIXO 5 RELIGIÕES E RELIGIOSIDADES NA EDUCAÇÃO RESUMOS DOS TRABALHOS ..................................................................... 56 RESUMOS DO EIXO 6 JUVENTUDES, DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA AOS SISTEMAS DE ENSINO RESUMOS DOS TRABALHOS ..................................................................... 62 RESUMOS DO EIXO 7 EDUCAÇÃO NO CAMPO, INDÍGENA, QUILOMBOLA, CAIÇARA, ILHAS, SERTÕES, POPULAÇÕES ITINERANTES RESUMOS DOS TRABALHOS ..................................................................... 68 RESUMOS DO EIXO 8 DIVERSIDADE CULTURAL, INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE RESUMOS DOS TRABALHOS ..................................................................... 80 Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 13 RESUMOS DO EIXO 1 EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO BÁSICA Coordenadoras: Norielem Martins e Roseléa Oliveira RELAÇÕES SOCIAIS E DE PODER DOS IRMÃOS BREVES ENTRE A ELITE E A ESCRAVIDÃO ANA MARIS DE FIGUEIREDO RIBEIRO (SECT) O artigo e projeto discute as relações políticas dos irmãos Breves entre a elite e a escravidão que possibilitou através da obtenção de títulos de nobreza e casamentos entre parentes, o domínio e a expansão de um espaço de poder que se perpetuou por quase um século. Os Breves em especial, Joaquim José e José Breves serão os objetos de estudo deste trabalho. A genealogia do poder presente até os dias atuais é também um dos objetivos deste artigo projeto. PALAVRAS-CHAVE: História, relações, leis, escravos, Barões. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 14 VESTIMENTAS DE TUMBAS ENCONTRADAS NO SÍTIO INGOMBE ILEDE PRESERVADAS COM AGENTE INORGÂNICO WAGNER CÉSAR DA SILVA LOSSANO JOCIVALDO DOS SANTOS CALVIM COSTA MARCELO FORNAZELLI (UFRRJ) Depois de uma revisão de literatura sobre os termos químicos do livro A Historia da África – vol. IV – UNESCO (2010) constatamos um equivoco de nomenclatura referente à descrição da substância, preservativa encontrada em túmulos de um sítio arqueológico localizado Ingombe Ilede no país Zâmbia na África Subsaariana. Segundo o livro editado pelo famoso Historiador Dr. Djibril Tamsir Niane a conservação da vestimenta de algodão e dos amuletos de madeira se dera por meio deste acido, porém o mesmo não existe na natureza. No texto, o autor se refere à existência do ácido cúprico como agente fungicida, que preservou alguns objetos desde o século XI DC. Assim, após consultas bibliográficas sobre nomenclatura química concluímos que o cobre metálico (Cuº) não sofre protonação (H+). Tal fato deve-se a menor reatividade do Cobre por ser considerado um metal nobre, portanto, o termo químico correto referente ao acido cúprico citado corresponde na verdade ao sulfato cúprico. PALAVRAS CHAVE: Preservação, Sulfato Cúprico, Sítio Arqueológico, Zâmbia, África Subsaariana. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 15 PROJETO DIVERSIDADE EM FOCO: O OLHAR FOTOGRÁFICO DOS ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL VILA FAZENDINHA SOBRE A DIVERSIDADE. YOLE MARIA EVANGELISTA FERREIRA ESCOLA MUNICIPAL VILA FAZENDINHA Um dos princípios que norteiam o âmbito da educação integral, permeia a necessidade de desenvolver cidadãos conscientes da valorização da sua identidade, do respeito aos seus direitos bem como da coletividade.Sensível à proposta, através das diferentes formas de abordagem que a fotografia permite, resolveu-se trabalhar a temática na oficina de fotografia do Programa Escola Integrada.O Projeto visa oportunizar atividades para o autoconhecimento e a autoaceitação, trabalhando a percepção da sua importância no mundo e exercitando o desejo do conhecimento do outro.Consequentemente, pretende-se desenvolver a valorização da diversidade étnico-racial e o respeito às diferenças através de um processo de construção da capacidade de reconhecer as diversidades e combater o preconceito no espaço escolar.No final de 2013 iniciou-se os trabalhos por um processo de sensibilização.Em 2014 aumentou-se os debates e as atividades de contextualização.Durante as discussões surgiu a idéia de uma exposição de fotos dos alunos afrodescendentes fotografados por seus colegas. Construiu-se um estúdio fotográfico.A Exposição PELE envolveu alunos, monitores, coordenadores pedagógicos e professores.Devido ao impacto positivo gerado resolveu-se construir uma nova exposição denominada PELES com crianças brancas e afrodescendentes. As Exposições visitaram diversos locais sendo expostas na Secretaria Municipal de Educação em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra.2015 iniciou-se com novos questionamentos e provocações.Por meio de uma percepção coletiva dos depoimentos nas rodas de conversa e mudanças de comportamento gerados, aprofundou-se a temática enriquecendo as atividades.A temática do cabelo tornou-se alvo das atenções e dentre as atividades construiu-se uma terceira exposição denominada SOL NEGRO tendo o cabelo como referência.A exposição participou de diversos eventos.O projeto contou com a assessoria do Núcleo de Relações Étnico-raciais .No decorrer do projeto observou-se os alunos fotógrafos satisfeitos ao verem o resultado do trabalho.Os alunos modelos como protagonistas demonstraram alegria e orgulho.As exposições geraram um grande impacto no público visitante.Percebe-se um caminhar no sentido da construção de relações étnico-raciais e sociais positivas no ambiente escolar ampliando os olhares dos alunos sobre a diversidade estimulando a continuidade dos trabalhos. PALAVRAS CHAVE: Fotografia, Autoaceitação, Autoconhecimento, Preconceito Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 16 DIVERSIDADE NA ESCOLA: IDENTIDADES E ESTEREÓTIPOS NUMA TURMA DO 3º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL ANA VICENTE VELASCO ROSANGELA HONÓRIO DOS SANTOS UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO O presente trabalho trata de uma contribuição de duas bolsistas do PIBID - Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – às pesquisas referentes à diversidade na escola, tendo por objetivo relatar uma experiência ocorrida durante a oficina “Estereótipos e Literatura Infantil”, elaborada para uma turma do terceiro ano do Ensino Fundamental, inserida na Escola Municipal Monteiro Lobato, no município de Queimados, RJ. A proposta foi apresentada à turma com o objetivo de promover atividades exploratórias, favorecendo o reconhecimento de si e do outro, além de promover o diálogo acerca dos estereótipos construídos socialmente. A oficina aconteceu em duas etapas e iniciou-se com a contação da história africana “O cabelo de Lelê”. O livro apresenta a história de uma menina que não gostava de seus cabelos cacheados, mas que após uma pesquisa sobre seus antepassados, descobriu a beleza que herdara, e passou a amá-los. Após a história, as bolsistas do PIBID falaram sobre as várias identidades, as maneiras de olharmos para nós mesmos, e as imposições que sofremos nesse processo. Posteriormente, as crianças receberam, em grupos de cinco pessoas, algumas fichas que correspondiam a identificações pessoais, contendo tipos de cabelo, cores dos olhos e cores de pele. Dessa forma, eles iniciaram um difícil processo de reconhecimento de si, pois numa turma de maioria negra, poucos foram os que escolheram a cor preta para sua identificação, sendo a cor “morena” preponderante. Na segunda etapa, pedimos que eles se dividissem em grupos e distribuímos alguns cartazes em branco para serem preenchidos. No cartaz, eles procuravam características comuns e diferentes ao grupo no qual fazia parte, ou seja, eles escolheriam uma determinada característica, por exemplo, a cor da pele, e colocaria o sinal de igual se todos do grupo tivessem a mesma cor, ou sinal de diferente se tivesse pelo menos um integrante com essa característica diferente. Ao final, vimos que as características diferentes excedem muito às características semelhantes, explicando que somos diferentes e que isso é natural dos seres humanos, e que, por mais que sejamos semelhantes em alguma característica, somos diferentes em tantas outras. PALAVRAS CHAVE: identidades - estereótipos - escola - educação - diversidade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 17 MORADA DO BRACUHY RESPIRA" QUILOMBOLADAMENTE" ROSILENE BARBOSA DOS SANTOS E.M. MORADA DO BRACUHY A cidade de Angra Dos Reis possui um rico patrimônio cultural que se constitui como reflexo da resistência do povo negro contra as mazelas da escravidão. O Quilombo do Bracuí é um reflexo deste patrimônio e percebemos que muitos alunos da nossa escola, que são moradores desta comunidade, não tem ciência desta importância histórica e cultural. Sendo assim o objetivo deste trabalho é resgatar e valorizar os traços da cultura negra presente em nosso cotidiano, entendendo as relações de poder e resistência que fazem parte da história do nosso país. O desenvolvimento deste trabalho nos mostrou que sendo abordada de forma crítica, a educação pode ser um valioso instrumento para minimizar desigualdades históricas do nosso país. PALAVRAS CHAVE: Cultura, Educação, e Resistência. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 18 QUESTÕES RACIAIS E DE IDENTIDADE – TRABALHANDO O RACISMO COM OS ALUNOS DO SEXTO ANO DA ESCOLA MUNICIPAL PROFESSOR LEOPOLDO MACHADO ALINE DE ALMEIDA HOCHE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA, EXTENSÃO E CULTURA COLÉGIO PEDRO II No decorrer do ano de 2015, durante as aulas de história nas turmas de sexto ano do ensino fundamental, percebemos que os alunos de uma escola localizada no município de Queimados, realizavam brincadeiras preconceituosas com os colegas e que muitos daqueles que praticavam os atos racistas eram também negros. A prática recorrente dessas brincadeiras em aula incomodavam e ainda incomodam, não só pelas ações preconceituosas, mas pela falta de um conhecimento identitário por parte desses alunos e da não valorização da etnia da qual fazem parte, fazendo com que não se enxerguem integrantes dessa cultura, chegando ao ponto de olharem de forma pejorativa as características físicas e culturais do seu grupo étnico. A partir de uma situação problema vivenciada pela professora durante suas aulas de história surgiu o projeto de trabalho baseado na Lei 10639/03, tendo como objetivo identificar, trabalhar e minimizar os discursos e as práticas racistas no contexto escolar. Dessa forma, um plano de ação foi traçado, culminando no projeto Questões raciais e de identidade – trabalhando o racismo com os alunos do sexto ano da Escola Municipal Professor Leopoldo Machado, aplicado durante o ano letivo de 2015, contendo algumas etapas e tendo como oficina a confecção de um jornal pelos alunos abordando temas diversos sobre raça e racismo. As etapas formadoras do projeto foram as aulas de história sobre os reinos africanos antigos, a exibição do documentário Vista a minha pele, a elaboração de uma redação sobre o documentário e o racismo existente na sociedade brasileira, debates e conversas sobre o tema ao longo das aulas e a confecção do jornal temático. Tendo como ponto norteador o conceito de afrocentricidade, que defende o estudo das questões étnico-raciais pelos próprios negros, buscou-se despertar nos alunos uma tomada de consciência da importância do conhecimento de sua história e de sua identidade e o reconhecimento de sua etnia e raça pertencentes. PALAVRAS CHAVE: Afrocentricidade; Práticas Racistas; Questões étnico-raciais. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 19 NO BRASIL NÃO HÁ NEGROS SAMIRIS FRAGA PEIXOTO UFRRJ Apesar de o Brasil ser um país em que sua identidade cultural seja marcada por uma mistura de raças, inclusive a cultura negra, é muito comum que a as raízes negras não sejam reconhecidas pelo povo brasileiro. É inimaginável pensar que no Brasil, apesar dessa miscigenação de povos é possível que uma raça seja tratada de maneira segregativa. Sim! No Brasil não há negros. Há morenos. Em uma experiência como bolsista do PIBID, em participação de um subprojeto PEDiversidade em uma turma de 4º ano, um aluno negro se descrevia como “moreno” depois de ficar muito surpreso com minha pergunta sobre a sua cor. Após se descrever, eu que por sua vez não possuo uma cor de pele de tom muito escuro e muito menos branco, esse mesmo aluno afirmou muito confiante: “Você é branca né, tia!”. A partir desse diálogo surge o presente trabalho que busca contribuir para uma reflexão desses alunos sobre suas raízes culturais com o intuito de desconstruir concepções racistas que permeiam nossa sociedade propondo a valorização de uma beleza “branca”. Este trabalho é fruto de uma atividade proposta pelo subprojeto PEDiversidade que nos permitia trabalhar uma sequência didática com as crianças com um tema que tratasse sobre diversidade. A identidade negra no Brasil é negada por um povo que está preso a cultura estereotipada e discriminatória, e por mais que sua história caracterize um povo mestiço de singularidade própria, essa mesma sociedade assume uma identidade padronizada por um conceito racista, e foi pensando nisso que me sensibilizei com aquelas crianças que desde tão cedo já possuem em suas representações uma valorização da raça branca. PALAVRAS CHAVE: Brasil, negro, identidade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 20 PEDAGOGIA TEATRAL DE EDUCAÇÃO INTERCULTURAL AFRO - BRASILEIRA DAYSE ANGELA DO NASCIMENTO AZEVEDO ESPRESSARTBRASILE O projeto, “Pedagogia Teatral de Educação Intercultural,” é fruto das experiências desenvolvidas, nesta área do conhecimento - Artes Cênicas, em Roma - Itália e no Rio de Janeiro - Brasil, nos últimos 25 anos, em diferentes escolas publicas do ensino formal. Tal projeto foi também resultado da pesquisa de mestrado “Pedagogia Teatral Afro – brasileira” entre 2009 e 2011, pelo Programa de Pós-graduação em Artes Cênicas - PPGAC – UniRio. São laboratórios, artístico – cultural, interetnico e interdisciplinar sob o tema - Corpo: memória imagem e identidade, destinado à formação de professores do curso de magistério do Colégio Estadual Mario Moura Brasil do Amaral – CEMBRA, Paraty – RJ. Percursos de ‘ações físicas’ e orgânicas em processo de desconstrução e construção do corpo em Arte, a partir dos estudos e das pesquisas do pedagogo Grotowski - organicidade africana, da tradição oral - Griot, África ocidental e, das culturas tradicionais presentes na localidade da Costa Verde, Estado do Rio de Janeiro, evidenciando-se a quilombola e indígena. Busca-se aproximar a relação entre o professor enquanto corpo performer, o aluno enquanto corpo participativo e, a mediação cultural, entendendo-se o programa performativo como a elaboração, adaptação e aplicação de novas metodologias, a partir da conscientização do corpo em movimento no espaço, destacando o fluxo, o ritmo, o tempo, a respiração em relação a si mesmo, ao outro e, sobretudo ao entorno de seu ambiente. Na tentativa de suprir a carência de material referente às metodologias de ensinoaprendizagem do teatro contemporâneo na educação voltadas às temáticas afro – indígena brasileira nas escolas, percorre-se trilhas do conhecimento de Pedagogia Teatral Afro-brasileira, pois acredita-se que a partir do encontro com essas matrizes, surgem novos olhares e maneiras de repensar a educação brasileira. Diretrizes essas, que sustentadas por reflexões democráticas, tornam-se sólidas, acessíveis a todas as crianças jovens e adultos no exercício da cidadania e dos direitos humanos. A escola abraça o local da cultura. Assume projetos com propostas pedagógicas voltadas ao desenvolvimento das habilidades humanas e de sustentabilidade a vida do planeta, preenchendo assim, novos espaços para a experimentação do saber – fazer – teatral, nas escolas. PALAVRAS CHAVE: Educação, Cultura e Arte Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 21 “TIA, VOCÊ É UMA BRUXA ?” O SILENCIAMENTO DA IDENTIDADE NEGRA ATRAVÉS DO CABELO. ARIANE ADÃO LOPES TEIXEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO Muito embora minhas próprias narrativas enquanto crespa já respondessem a inúmeras reflexões e perguntas sobre os reflexos de um padrão de beleza eurocêntrico dentro de uma sociedade tão diversa em etnias, como é a sociedade brasileira esse trabalho nasce na minha experiência como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), no subprojeto Pedagogia-Diversidade, a partir da sensibilidade do olhar despertada por uma criança quando me entrega uma carta dizendo que assim que me viu achava que era uma bruxa e explica a afirmação através do volume do meu cabelo. Só então começo a me sensibilizar em relação àquelas crianças pretas que não se enxergam como tal e mesmo sem intenção criam formas de negar suas raízes negras na tentativa de assumir um padrão de beleza eurocêntrico e imposto que silencia e atrofia a identidade delas através de discursos tomados de racismo, estereótipos e até de violência simbólica. Pela minha opção de permanecer com o cabelo crespo, ser crespa, já passei e passo diversas situações de dor e desconforto, na infância a tão famosa “juba” gerou muitos apelidos e até mesmo dor física, aos quinze anos ganhei duas chapinhas pra dar um jeito no cabelo porque agora era uma mocinha precisava me cuidar melhor, e ainda hoje é constante o discurso de meus familiares e amigas já alisadas quanto ao dar um jeito no cabelo. Hoje norteada por minhas posições políticas e ideológicas tenho plena consciência do que o meu cabelo crespo e minha estética negra representam minha identidade. Para Nilma Lino Gomes, Construir uma identidade negra positiva em uma sociedade que, historicamente, ensina ao negro, desde muito cedo, que para ser aceito é preciso negar-se a si mesmo, é um desafio enfrentado pelos negros brasileiros. (GOMES, 2003,p171) e é justamente essa negação de si mesmo que encontramos dentro dos discursos docentes, que com praticas e discursos naturalizados mostram as crianças o quanto é “errado ser” negro ou ainda na simples naturalização de brincadeiras racistas, preconceituosas e que reproduzem estereótipos, omitindo-se diante das relações étnico- raciais, colaborando para a manutenção e reprodução do racismo. PALAVRAS CHAVE: Relações étnico-raciais, educação básica, Pibid, Cabelo, identidade negra, racismo. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 22 RELIGIOSIDADE DE MATRIZ AFRICANA NA ESCOLA E RACISMO EPISTÊMICO. KATIA ANTUNES ZEPHIRO UFFRJ/PPGEDUC Todos sabemos que a escola é laica, nesse caso não deveria haver espaço para proselitismo religioso, contudo a religião está na escola. Onde? Em seus conteúdos escolares. Não há como abordar determinados conteúdos sem tocar nas questões religiosas que as influenciam. A religião ocupa um grande espaço na escola mesmo quando essa instituição segue as determinações de uma escola laica. Entendendo que a religião está nos conteúdos escolares, em quais momentos essa abordagem incomoda? Gera conflitos? Quando são conteúdos que se relacionam as religiosidades de matriz europeia, em geral, não há conflitos. Todos adoram saber quais foram os deuses gregos, a influência da religião no período Medieval, as Reformas Religiosas, etc. Mas e quando trazemos a África para sala de aula? Quando trazemos sua religião, seus tambores, sua música, sua dança, sua cultura? Nesse momento há incômodo e conflitos, pois a cultura e religião africana estão muitas vezes associadas ao mal, ao negativo. Segundo Grosfoguel (2007) houve a “partir da colonização da América, uma consagração e normalização de um privilégio epistêmico, caracterizando todo conhecimento ou saber não cristão como produto do demônio”, levando a crer que o único conhecimento válido é o ocidental. Apresentar no currículo conteúdos que levem os estudantes a perceberem que essa não é uma verdade e mostrar formas “outras” de construção do conhecimento, da vida, da religião deve ser uma forma de decolonizar esse currículo e interferir no processo de inferiorização de determinadas culturas e religiões levando ao reconhecimento e respeito a diversidade e o fim do racismo. O preconceito religioso, com relação as religiões de matriz africana, também é racismo a medida que ele tem uma raiz étnico-racial e surge de uma construção histórica de dominação de um povo sobre outro, no qual tentou-se tornar tudo que vinha do povo dominado como algo inferior, menor, negativo. Não falar sobre esses assuntos na escola colabora para o que chamamos de racismo epistêmico, ou seja, uma organização teórica que, por meio da tradição de pensamento e pensadores ocidentais (seculares e religiosos) privilegiou e ainda hoje privilegia a afirmação de serem estes os únicos sujeitos legítimos para a produção do conhecimento e os únicos com capacidade de acesso a universalidade e a verdade (GROSFOGUEL, 2007) PALAVRAS CHAVE: EDUCAÇÃO, RELAÇÕES ETNICO-RACIAIS, RACISMO EPISTEMICO Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 23 PROJETO AFRO- INDÍGENA: VALORIZANDO A IDENTIDADE CULTURAL BRASILEIRA. IRACILDA LUCIVÂNIA BATISTA DE PAULA MARIA CLÁUDIA DE ALMEIDA RIBEIRO LEONÁLIA BOECHAT DOS SANTOS MARILENE RODRIGUES DA SILVA RIBEIRO E.M. ALMIRANTE TAMANDARÉ A falta de conhecimento sobre a cultura afro-brasileira e indígena traz consequências desastrosas para estas etnias que compõem a população brasileira. Pensando na realidade local da escola, notamos a necessidade de um currículo mais dinâmico, interdisciplinar e democrático que se proponha a discutir questões importantes como o multiculturalismo, e os aspectos históricos destas etnias que são desvalorizadas. Devido a este fato consideramos necessário conhecer, preservar, incentivar e valorizar as contribuições das ditas “minorias”. Para além de se cumprir a exigência legal, o desenvolvimento deste trabalho pedagógico tem nos possibilitado perceber características singulares, proporcionando práticas pedagógicas, que viabilizam uma reflexão mais ampliada do nosso currículo. PALAVRAS CHAVE: Diversidade, identidade e Currículo. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 24 SUBJETIVIDADE DA FACES ELIANE SOARES ANDRADE E.M. MORADA DO BRACUHY Em nossa sociedade percebemos que características físicas que determinadas etnias são valorizadas em detrimento de outras. O Brasil se constitui como um dos países mais miscigenados do mundo, porém esta riqueza e beleza étnica não é respeitada em sua singularidade. Sendo assim o objetivo deste trabalho é entender que em meio a diversidade, e percepções diferenciadas do que é belo, os traços étnicos que nos identificam não podem nos condenar. O desenvolvimento deste trabalho pedagógico nos mostrou que muitos alunos apresentam dificuldades em reconhecer a beleza natural de traços físicos da ditas “minorias”, porém acreditamos que esta ação tem possibilitado uma reflexão sobre os fatos pelos quais esta inverdade tem sido propagada em nossa sociedade e como isto influencia a percepção das pessoas. PALAVRAS CHAVE: Beleza, Diversidade e Etnia. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 25 VIVA AS DIFERENÇAS! "NINGUÉM É IGUAL A NINGUÉM" LUCIANA DO SACRAMENTO MOREIRA E.M. SANTOS DUMONT O projeto de trabalho está sendo realizado com turma de pré-escolar com enfoque dado a questão da Diversidade cultural aliado com o projeto pedagógico da E. M. Santos Dumont ( Inspirar / Valores ). Inicialmente foi pensado em trazer aos alunos o conhecimento sobre a realidade de outros grupos sociais diferentes do seu. Porém, mediante situação-problema ocorrida na sala de aula onde um aluno fez o seguinte comentário: "Nossa, a prima da Jaqueline é muito preta" resolvi enfatizar sobre a questão da cor da pele com toda a turma. Após algumas falas percebi que mesmo havendo boa convivência entre os colegas porém a questão do preconceito em relação à diferença dos outros é algo cultural e infelizmente internalizado desde a Infância. A proposta deste trabalho com a turma é levá-los a refletir sobre diferentes tipos de preconceito existentes na sociedade e suas consequências. Além de buscar com que possam agir respeitosamente com todas as pessoas na sociedade independente do jeito que ela seja, fale, se vista, dance, creia, viva ou aja de maneira diferente da sua. O desenvolvimento ocorrerá através da sensibilização, reflexão e ação por meio de histórias, músicas, atividades artísticas e filme de animação. A culminância será realizada no dia 28/11/15 com toda escola. PALAVRAS CHAVE: RESPEITO - DIVERSIDADE - UNIÃO Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 26 REVISITANDO A "FÁBULA DAS TRÊS RAÇAS" NOS LIVROS DIDÁTICOS: AS REINVENÇÕES DA TRADIÇÃO NOS CONTEÚDOS E EM SALA DE AULA FABIANO DIAS MONTEIRO IEAR/UFF A presente comunicação tem como objetivo a apresentação dos resultados parciais do projeto de pesquisa Ethos Escolar: Gestão da Qualidade de Ensino, coordenado pela professora Yvonne Maggie (PPGSA/UFRJ), com apoio da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa (FAPERJ), onde atuei como Bolsista de pós-doutorado (PDR). A abordagem em curso visa mapear os discursos de brasilidade e “raça” presentes em livros didáticos voltados para o ensino de História e Estudos Sociais (ensino fundamental e médio), publicados entre os anos de 1952 e 2012, usados pela rede pública e privada do estado do Rio de Janeiro. Os materiais didáticos estão divididos esquematicamente a partir de sua aproximação com dois discursos altamente difundidos no pensamento social brasileiro e nos estudos sobre relações raciais que permearam a ciências sociais no Brasil, ao longo do século XX. O primeiro deles (base dos livros que defino como “de abordagem tradicional”), de inspiração freyreana, remete à imagem do Brasil como uma experiência singular da cultura ocidental, marcado pela composição genética e social de três elementos: o índio autóctone; o negro africano trazido para o Brasil na condição de escravo e o colonizador português. Esses materiais têm como perspectiva a experiência da miscigenação como elemento de composição da "nação", para além dos conflitos inerentes ao processo da colonização. O segundo (marcante nos livros que defino como “de abordagem revisionista”), inspirado na produção sociológica pós-Projeto UNESCO, observa a constituição da sociedade brasileira a partir das diversas contradições que a entrecortam, tendo como centro de gravidade o impacto destas sobre a disseminação (ou não) de práticas democráticas e sobre a afirmação (ou negação) de direitos a grupos historicamente estigmatizados, como negros e indígenas. Além da análise dos conteúdos, a pesquisa buscou se debruçar sobre os usos e abordagens feitas por professores do ensino fundamental e médio, em um contexto político de revisão (ou reversão) do discurso tradicional da brasilidade, sustentado, sobretudo, na denúncia da democracia racial como farsa voltada para a obliteração da organização política da população não-branca e sintetizada em leis, como a Lei 10639/03 – que regulamenta o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira. PALAVRAS CHAVE: Livros didáticos, brasilidade, relações raciais Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 27 FELIT – DESPERTANDO SENTIDOS, DESCOBRINDO TALENTOS: TRABALHANDO COM E NA DIVERSIDADE ENILZE ALVES FERREIRA DE LUCENA SECT-E.M. PROFA. TANIA RITA O. TEIXEIRA Foi diante do desafio de formar alunos capazes de escrever, com eficácia, textos coerentes e coesos que a E. M. Profª. Tânia Rita de Oliveira Teixeira resolveu criar a FELIT – Feira Literária da Tânia Rita – com o objetivo de desenvolver um projeto de produção de textos que envolvesse toda a escola durante todo o ano letivo. No início do ano, escolhe-se um tema e um ou mais autores/personalidades como ponto de partida para a leitura e a produção textual em todas as suas possibilidades. Em relação ao tema trabalhado anualmente, é relevante o fato de que a escola viu nesse projeto uma oportunidade de discutir e refletir sobre a diversidade presente na sociedade brasileira, em especial sobre a História e Cultura Afro-Brasileira e Africana cujo ensino é obrigatório nos currículos das escolas públicas e particulares da Educacão Básica, conforme a lei 10.639/2003, o Parecer 003/2004 do Conselho Nacional de Educacão e da Resolucão CNE/CP 01/2004. Em 2010, o tema “A África que está em nós”, serviu para incentivar o aluno a conhecer e a valorizar a cultura africana e sua influência na formação do povo brasileiro refletindo sobre sua existência como sujeito imerso em uma cultura plural, exercitando a valorização das diferenças, o respeito mútuo e a solidariedade. É nesse ano que a literatura afrobrasileira começa a se fazer presente na feira como proposta coletiva. Em 2011, ano do afrodescendente no Brasil, trabalhamos com textos e biografias de várias personalidades negras do Brasil, objetivando valorizar e divulgar a obra e a história de negros e afrodescendentes brasileiros. O homenageado foi Abdias do Nascimento, incansável na luta para preservar e valorizar a cultura negra. No ano de 2013, a homenageada foi Ruth Rocha e, com o tema Diversidade, procuramos levar os alunos a refletirem sobre as diferenças que existem ao nosso redor e que formam a comunidade onde vivemos e a sociedade onde estamos inseridos. Neste ano de 2015, o tema é “Direitos Humanos em Educação” e a escola escolheu homenagear Nelson Mandela que defende a educação como “a arma mais poderosa para mudar o mundo.” Nosso objetivo é fomentar a discussão e a reflexão sobre a igualdade de direitos entre povos, culturas e pessoas, a ética nos relacionamentos, o respeito, a amizade, a solidariedade. PALAVRAS CHAVE: Literatura Afro-brasileira, Personalidades Negras, Diversidade, Direitos Humanos. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 28 EDUCAÇÃO, ÉTICA E CULTURA: UMA REFLEXÃO A RESPEITO DAS PRÁTICAS DE BULLYING NAS ESCOLAS WILLIAM DE GOES RIBEIRO IEAR/ UFF Discutir educação hoje nos convida a um universo complexo, no qual há múltiplas disputas de sentido. Diante disto, levar em apreço uma abordagem da “cultura” e da “ética” para articulá-las na atual conjuntura não é algo simples, pois existem contribuições acadêmicas, mas igualmente percursos sinuosos. Somam-se ao desafio do estudo, as lacunas na produção do conhecimento, uma vez que o debate sobre valores vem sendo construído com base em uma racionalidade em crise em nossos dias. No entanto, esses aspectos não impedem alguns pressupostos. Organizações cujos fins são pedagógicos trilham caminhos pela intencionalidade de se construir visões de mundo, ou seja, interferem em concepções éticas, seja negando, afirmando ou contribuindo para a revisão delas. Conforme La Taylle (2012), a escola é uma “usina de sentidos”, na qual crianças não são matriculadas para saírem inalteradas. Embora não seja o único espaço de legitimação, pressupõe tratar de uma ambiência privilegiada. O tempo investido na escola influencia, inexoravelmente, a vida de quem por ela passa (MOITA LOPES, 2002). Nesse sentido, em uma sociedade multicultural, como tem sido conduzida a negociação das diferenças a partir da prática de bullying nas escolas? Quais significados e sentidos estão em jogo nesse debate proliferado nos variados espaços sociais? Como modificar opiniões cristalizadas em uma cultura etnocêntrica e intransigente? Até que ponto é factível promover, através da educação escolar, um processo de afirmação positiva da alteridade? O objetivo do estudo foi verificar o andamento das pesquisas no Brasil a respeito do assunto. Teço algumas articulações teórico-metodológicas que conduziram a leitura atual dos textos. Articulo alguns fios de análise no que tange à discussão. Finalizo a proposta com considerações provisórias a respeito da temática, salientando as lacunas que permanecem em aberto. PALAVRAS CHAVE: educação, ética, cultura, violência. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 29 UMA EXPERIÊNCIA DE ATENDIMENTO ÀS LEIS 10.639/2003 E 11.645/2008 NUMA ESCOLA RURAL NATALIA VASCONCELLOS DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS Visando atender as leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que tratam da obrigatoriedade do Ensino da História e Cultura Afro-brasileira e Africana, bem como da História e Cultura dos Povos Indígenas no Brasil, relatarei uma experiência de sua aplicação numa escola localizada na área rural, através de um Projeto de Ensino “Trabalhando com materiais didáticos alternativos para atendimento das leis 10.639/2003 e 11.645/2008”. Este teve por base a utilização de materiais alternativos que auxiliassem o nosso trabalho acerca da temática étnico-racial. A pequena quantidade de material disponível que tratasse da temática foi um fator instigante para iniciarmos o trabalho em 2011. O projeto foi desenvolvido numa escola multisseriada na área rural, com alunos oriundos, majoritariamente, da Comunidade Quilombola do Alto da Serra localizada em Lídice (Rio Claro-RJ). Com este dado, acabamos nos atentando, no primeiro momento, mais para a questão do negro do que a do indígena. A referida comunidade é pentecostal, o que trouxe uma complexidade a mais para lidarmos com alguns elementos da cultura afro-brasileira. Levando em consideração a localidade da escola, suas características e os sujeitos ali presentes, fomos trabalhando em cima de materiais didáticos alternativos com o intuito de proporcionar aos alunos, professores e a nós participantes do projeto, possibilidades de aprendizagens que superassem estereótipos, preconceitos. Partimos então de uma perspectiva de intervenção através da pesquisa-ação (Thiollent, 2000). Percebemos ao longo do processo, que houve algumas mudanças. Como por exemplo, a elevação da auto-estima dos estudantes e a maneira como as professoras passaram a organizar suas salas e murais. Contudo, não foi (e não é) um processo fácil. Alguns aspectos e condições que foram se modificando ao longo do tempo, mostraram a importância de se está em parceria a todo o momento. Partindo disso, resultaram reflexões sobre práticas pedagógicas que combatem diretamente o preconceito racial, assim como a importância da formação de professores para essas questões que estão relacionadas em trabalhar a diversidade em seus mais variados aspectos. PALAVRAS CHAVE: Leis 10.639/2003 e 11.645/2008, Material didático alternativo, Formação de Professores Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 30 Literaturas Africanas e Afro-brasileiras:estudos, reflexões e propostas pedagógicas Janice Rosane Silva Souza Jane Rose Silva Souza Faculdades Integradas Campo-Grandenses-PIBID/Capes O acesso à história e às culturas africanas e afro brasileira são elementos essenciais paras a compreensão da identidade e formação do povo brasileiro e deve ser garantido no cotidiano escolar. Esta temática é obrigatória nos currículos da educação Básica e nos Cursos de Licenciatura, conforme determinam as Leis 10.639/03 e 11.645/08 e as Diretrizes Curriculares para as Licenciaturas. Uma das formas de isto ocorrer com sucesso, desde os primeiros anos escolares, é a utilização de livros de Literatura que abordem a identidade, a cultura, a História e as histórias dos africanos e afro brasileiros, promovendo a construção da identidade do povo brasileiro através do resgate de aspectos da raiz cultural africana como importante matriz geradora da história e cultura brasileiras. Os principais objetivos do subprojeto interdisciplinar são: investigar como as literaturas africanas e afro-brasileiras têm sido trabalhadas na Educação Básica; construir alternativas metodológicas para o trabalho com as literaturas nos diversos segmentos da Educação Básica e capacitar os futuros docentes (alunos bolsistas e alunos do Ensino Médio) para o desenvolvimento de práticas pedagógicas, utilizando as literaturas africanas e afro-brasileiras. Para seu desenvolvimento, foram selecionados 25 bolsistas das Faculdades Integradas Campo-Grandenses, alunos dos Cursos de Letras, Pedagogia ,História e Ciências Sociais, através de edital e entrevistas. Os graduandos são preparados para trabalhar junto aos Normalistas do Instituto de Educação Sarah Kubitschek(campo Grande/RJ) como desenvolver práticas pedagógicas na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental, que desenvolvam tal temática. Para tal, realizam pesquisas bibliográficas e estudos de textos , oficinas, palestras, análise de vídeos, debates, apreciação e análise de contos, poesias e romances de autores africanos e Afro brasileiros. É incontestável a importância da Literatura como fonte de ampliação de conhecimentos (sociais, históricos e culturais) e do desenvolvimento de valores e sentimentos. A escola, através de praticas pedagógicas que utilizem livros de Literatura africana e afro-brasileira, pode contribuir efetivamente para a ressignificação da identidade brasileira e a formação de cidadãos que lutem contra o preconceito e a discriminação racial. PALAVRAS CHAVE: Relações Étinico-Raciais. Diversidade Cultural.Preconceito e Discriminação. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 31 CARTAS DE UMA CULTURA AFRICANA ANA CRISTINA DE PONTES CAVALCANTE DANIELLA FRANCISCA MARILEIDE PROCÓPIO DE FREITAS FACULDADES INTEGRADAS CAMPO-GRANDENSES-PIBID/CAPES O Subprojeto PIBID Interdisciplinar “Literaturas Africanas e Afro-brasileiras :Estudos, reflexões e práticas pedagógicas” visa contribuir para a elaboração de práticas pedagógicas, que possibilitem trabalhar no espaço escolar, principalmente os docentes, a formação humana, combatendo qualquer tipo de preconceito e discriminação racial. Nesta didática, na Festa Literária Internacional de Paraty de 2015 – FLIP, foram apresentadas atividades que evidenciavam como é possível utilizar a Contação de História para trabalhar as Leis nº 10.639/03 e 11.645/08 na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental. foi realizada a Contação das histórias “Os tesouros de Monifa” e “O aprendizado de Maria”, trabalhando as tradições culturais dos povos africanos e suas influências na formação do povo brasileiro e desenvolvendo valores étnico-raciais. Foram relacionadas às histórias a realidade do nosso país (possibilitando o entrelaçamento entre as culturas brasileiras e africanas) além de disponibilizados livros infanto-juvenis sobe a temática. A partir da Contação, foram oferecidas oficinas de dramatização, de confecção dos personagens de cada livro, de máscaras.O público que participou das atividades demonstrou sensibilidade ao que foi trabalhado e seus relatos agregaram aos contos imaginação e emoção. Ao final do projeto, atingimos o objetivo de trabalhar conhecimentos sobre a riquíssima cultura africana sob a ótica da contação de histórias, estimulando no público o interesse pelas Literaturas Africanas e Afro-brasileira. PALAVRAS CHAVE: Contação de Histórias. Relações Étnico-Raciais.Diversidade Cultural Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 32 RESUMOS DO EIXO 2 MÍDIA, ARTES, RACISMOS E POLÍTICAS PÚBLICAS DE IGUALDADE RACIAL Coordenadoras: Jaqueline Máximo e Luciana Requião CINEMA E ESCOLA PELA CONTRANARRATIVA E INSPIRAÇÕES DECOLONIAIS JESSYCA HELEN ROMÃO OLIVEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - UNIRIO Reconhecer a riqueza de possibilidades e aprendizagens fornecidas pelas vivências nos ambientes formais e informais, virtuais ou reais e o cotidiano escolar como um espaço-tempo de encontro entre culturas em conflito com a expressão do passado colonial nos dias atuais, introduz o seguinte desafio: como nós, sujeitos múltiplos, e as culturas que nos pertencem podem não só conviver, mas dialogar e assumir os diferentes espaços, em especial a escola, de forma justa e democrática? Buscando caminhos possíveis de atuação para esse desafio, o presente texto reúne as estratégias encontradas para o trabalho com estudantes normalistas em um Colégio Estadual do Rio de Janeiro através do subprojeto Ensino Médio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID/UNIRIO). O Projeto Cineclube desenvolvido na instituição, e que consiste na combinação da experiência cinematográfica ao cotidiano escolar, é o ambiente privilegiado neste documento. O desenvolvimento e análise do projeto dialogam com os estudos sobre educação intercultural e pedagogias decoloniais, sendo nosso objetivo é potencializar a escola como um espaço democrático de lazer, reflexão e participação. Assim, buscamos romper com quaisquer meios de dominação instigando os sujeitos e questionando avidamente as relações pautadas em tais processos. Nossa intenção é sensibilizar e desestruturar, apresentar e debater, e partir desses movimentos dialógicos instigar planos de ação. Dessa forma, reconhecemos a multiplicidade do ato educativo que não cabe dentro dos muros da escola. O mote é valorizar o cinema como produto cultural, explorando seu potencial educativo e experimentando-o como campo de interação simbólico, sendo este portador de narrativas diversas que refletem ideologias, crenças e valores. Ainda sim, valorizamos as produções que se apresentam como contra-narrativa, isto é, contrahegemônicas, uma narrativa permeada das vozes subalternizadas. Essa forma de trabalho mostra-se relevante uma vez que nos momentos de debate, pós-filme, os estudantes tornam-se essas vozes através das conversas e de relatos pessoais. Considerar tais movimentos dentro dos muros da escola permite-nos caminhar em sentido a uma educação que nos capacite para a luta, para o empoderamento e exercício da cidadania, como indica Gohn (1992). PALAVRAS CHAVE: escola pública, cinema, contra-narrativa, educação intercultural, pedagogias decoloniais Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 33 NEGATIVA DE ANGOLA CONTRA O CAPITAL: A CAPOEIRA COMO TERRITÓRIO DE PRODUÇÃO DE SUBJETIVIDADES RESISTENTES INÊS CHADA RIBEIRO CAROLINA SALOMÃO CORRÊA UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE / PONTÍFICA UNIVERSIDADE CATÓLICA Estruturada em duas etapas, a presente investigação propõe uma abordagem teórica do estágio atual do capitalismo reconhecendo a centralidade da subjetividade nos seus processos de acumulação e reprodução. Se há um domínio sem precedentes do capital sobre a vida, há também novas formas de resistir e divergir dos seus valores dominantes. Esse trabalho investiga a possibilidade da capoeira constituir-se como espaço de resistência e produção de subjetividades alternativas às produzidas pelo capitalismo. A partir da experiência narrada por praticantes de capoeira, a pesquisa busca entender como a capoeira se configura como uma prática resistente na medida que produz uma subjetividade contra hegemônica. Destacando valores éticos e estéticos da capoeira, os conceitos de resistência e biopotência são mobilizados para pensar os valores e as dimensões expressivas enunciadas pelos capoeiristas. Michel Foucault, Felix Guattari, Suely Rolnik, Antonio Negri e Michael Hardt compõem o arcabouço teórico que auxilia na compreensão dos conceitos, ao mesmo tempo em que se apresentam como potentes interlocutores no diálogo com os capoeiristas. Em um segundo momento, o trabalho propõe uma análise das políticas culturais recentes voltadas à capoeira. Para tanto, traça um breve mapeamento de iniciativas de amparo e fomento à prática da capoeira a partir de 2003. A pesquisa compreende a gestão de Gilberto Gil, no Ministério da Cultura, como paradigmática no campo das políticas culturais pelo seu caráter democrático e descentralizado, representado sobretudo pelo programa Cultura Viva. Os avanços e limitações das iniciativas implementadas nesse período são objeto de análise dessa investigação. Por fim, este trabalho traça uma compreensão dos aspectos da capoeira que apontam para a construção de realidades pautadas em outros valores, reconhecendo os impasses e contradições que práticas culturais enfrentam em contextos institucionais. A pluralidade do cenário da capoeira evidencia a tensão entre o risco de reprodução de valores dominantes e a possibilidade de afirmação da potência política da prática. Nesse sentido, a participação e empoderamento de todos os envolvidos - dos praticantes, aos mestres, aos formuladores de políticas públicas – parece um bom ponto de partida. PALAVRAS CHAVE: Capoeira, subjetividade, resistências e políticas culturais. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 34 SAIU NO JORNAL: É BRANCO PARA UM LADO, PRETO PARA OUTRO ELLEN APARECIDA DE ARAUJO ROSA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO O empreendimento busca evidenciar a partir da apreensão de jovens que se dirigiam à praia dentro do ônibus 474 - Jacaré x Jardim de Alah, como os mecanismos de exclusão operam cotidianamente e incidem sobre as vidas precarizadas que transitam na sociedade figurando inúmeros papéis, ou transitariam, no caso dos jovens oriundos da periferia na zona sul do Rio de Janeiro que foram apreendidos pela polícia militar do Estado do Rio de Janeiro. A arbitrariedade da ação da polícia representando no contexto político um poder de soberania, no qual atua se sobrepondo aos direitos dos cidadãos somada a condição de sujeição desses jovens pobres ao racismo institucionalizado, são sintomas latentes de um panorama político de exclusão que merece atenção pela lógica genocida que sua sistemática engendra. Ler uma notícia como essas no jornal, indica a existência um apartheid contemporâneo e, nos motiva a revisitar a história, voltando-nos para o que aconteceu na África do Sul e nos Estados Unidos da América para que nos alarmemos a respeito da completa incapacidade de reparação da implementação de tais políticas. Trataremos da questão ontológica no que tange a alteridade que a sociedade nega a esses jovens para que possamos pensar em termos biopolíticos o que significa esse tipo de restrição de acesso e a recepção popular do ocorrido. Passaremos ainda pelo viés do olhar crítico sobre a segurança pública no Estado do Rio de Janeiro, o poder da polícia e sua desenvoltura em agir acima da lei que, por presunção, deveria fazer valer. A questão racial e de pobreza tende a ser mascarada sob pretexto de contenção da violência e o esforço visa mostrar que trata-se de uma questão política e, na concepção apreendida nos cursos de política do Collège de France ministrados por Michel Foucault, literalmente racial. Há de se salientar que a abordagem escolhida é filosófica, trazendo para o debate uma nova perspectiva de pensamento acerca de como o Estado opera, de como a população se submete ao seu controle e de como a mídia atua acentuando reações tanto populares quanto estatais. PALAVRAS CHAVE: biopolítica- exclusão- genocídio- polícia militar- racismo Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 35 A ARTE DE CONTAR HISTÓRIAS: UM INSTRUMENTO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO MONIQUE LEITE DE ALMEIDA MARILÉIA SILVA DE PAULA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO O presente texto tem por finalidade compreender a contribuição da contação de história no processo de ensino-aprendizagem na Educação Infantil e Ensino Fundamental nas escolas do campo de Nova Iguaçu/RJ. As histórias representam situações que fazem parte da vivencia dos estudantes, fortalecendo vínculos sociais, afetivos e educativos. Tem como finalidade a valorização da identidade de cada indivíduo, promovendo a inclusão e contribuindo na prática pedagógica do corpo docente. Assim, é importante que cada educador dê continuidade às atividades propostas, utilizando a ferramenta contação de histórias para o desenvolvimento de todos os sujeitos envolvidos em tais atividades. Nossa intenção é despertar e estimular a imaginação com os sujeitos do campo, vivenciando suas histórias de luta, especificidades, direitos, memórias e identidades. Na contação de histórias, além de reforçarmos os conteúdos dados em sala de aula, trabalhamos com igualdade racial, inclusão e a valorização do território camponês. Indo nas escolas, conseguimos presenciar na prática as dificuldades para se chegar à escola; a perda da identidade; a luta por espaços de qualidade na produção emancipadora do conhecimento; as dificuldades dos professores compreenderem as realidades do campo e da sala de aula. Usamos bonecos, fantoches, músicas e teatro para falarmos aos alunos da Educação Infantil e Ensino Fundamental até o 5º ano. Nesta fase as crianças têm muita facilidade de serem inseridas no mundo através das diversas linguagens. Trabalhamos com o lúdico, a expressão corporal, musical e artística. Do 6º ao 9º ano fazemos debates a partir de temas geradores. Como diz Paulo Freire: “Sem a curiosidade que me move, que me inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino”. Nessa conjuntura, estamos inseridos na busca por uma educação de qualidade para o campo. PALAVRAS CHAVE: Contação de História, Processo ensino-aprendizagem, Prática Pedagógica, Educação do Campo. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 36 "QUANDO TOCA, NINGUÉM FICA PARADO": A JUVENTUDE DE PERIFERIA E O FUNK COMO CULTURA DE RESISTÊNCIA. MATEUS MARCÍLIO DE OLIVEIRA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO A apresentação deste texto visa evidenciar, primeiramente, a relação de um já conjunturado imaginário cultural liminar de periferia e uma de suas expressões mais demonizadas da atualidade: o Funk. Desta forma, tratarei o Funk como um fenômeno expansivo e resistente que engendra um falar, dançar, cantar e vivenciar característico. Para além dos debates de criminalização, a figura do liminar que perpassa a obra de Loic Wacquant e as características próprias da manifestação, o debate se debruça principalmente sobre o Funk enquanto cultura jovem e negra periférica, com base nos escritos de Stuart Hall. PALAVRAS CHAVE: Funk, juventude, cultura, preconceito, periferia. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 37 NÓS - DIVERSIDADE HUMANA KÁSSIO MOTTA ANA CORRÊA JOÃO PAULO COELHO BMBG Repórter: – Você se lembra da primeira vez que você sofreu racismo? Emicida: – Que eu fui entender mesmo que eu estava sendo discriminado? Você não entende o racismo. No começo, na infância, você não entende o racismo. (...) entrei na escola com seis anos de idade, escola de favela, né, mano?! (...) E você não entende isso”. O rapper deu essa resposta a uma entrevista que abordava a discriminação racial na Brasil. A fala do músico revela o grau de negligência com relação à questão racial no Brasil – crianças que ficam completamente a mercê de atos racistas, dentro e fora das escolas. Vítimas que não compreendem a situação discriminatória a que são submetidas. Como reverter o quadro? na busca por respostas construímos uma proposta de trabalho sobre a diversidade humana e cultural, junto a docentes e discentes dos Ensinos Fundamental e Médio.Em suma, a proposta está estruturada em três momentos: (1) Jornada Teórica – aproximar academia e escola, explorando com educadores(as) conceitos que permitam construir novos entendimentos sobre a diversidade a partir da História Natural; (2) Olhar Criativo - promover o protagonismo de educadores(as) e educandos(as) durante as atividades propostas, além de intensificar a comunicação e, consequentemente, as relações entre docentes e discentes; (3) Leitura Crítica - refletir sobre conteúdos cotidianos, em diversas linguagens, evidenciando a urgência em se abordar o tema em sala de aula – oportunidade de aplicar e articular os conceitos da Jornada Teórica com o Olhar Criativo. Apresentamos a proposta a educadores(as) e educandos(as) do Programa de Pós-graduação sobre o Negro na Sociedade Brasileira (PENESB/UFF), do Instituto Municipal de Educação de Rio das Ostras (IMERO) e da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro (SEMED). A recepção foi muito positiva, com contribuições a nossa ações, que visam retirar o véu que faz de crianças e jovens vítimas ignorantes do contexto em que estão inseridos. Esperamos assim formar cidadãos preparados psíquica, filosófica e politicamente para situações de preconceito e discriminação, seja contra quem for – mulher, negro(a), indígena, cigano(a), estrangeiro(a), idoso(a), LGBTT. Compreendemos o I Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis com oportunidade para socializar a iniciativa e aprimorá-la com as contribuições dos presentes. PALAVRAS CHAVE: História Natural, Teoria social, Representação, Mídia, Educação Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 38 CURSO DE ICONOGRAFIA DA ARTE MARAJOARA – CONEXÕES ENTRE ANCESTRALIDADE E CONTEMPORANEIDADE GILDASIO MIRANDA DO CARMO UFRRJ O presente trabalho apresenta os resultados de um curso de extensão denominado: CURSO DE ICONOGRAFIA DA ARTE MARAJOARA – Conexões entre ancestralidade e contemporaneidade que se realizou entre os meses de agosto de 2014 a janeiro de 2015 na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), nas instalações do Prédio de Aulas Praticas do Departamento de Artes (DArtes),em parceria com a Pró-reitoria de Extensão da UFRRJ (PROEXt) e o Grupo de Estudos da Amazônia (GEA). O curso teve como objetivo principal proporcionar uma formação prática e teórica aos discentes da UFRRJ, comunidade local e demais interessados, sobre os princípios da arte indígena ancestral e seus desdobramentos na arte contemporânea, apresentando vários aspectos da historia e cultura dos povos indígenas, com destaque especial para a chamada Arte Marajoara e suas reinvenções no decorrer do tempo. Considerou-se especialmente os utensílios cerâmicos dos habitantes da Ilha de Marajó, datados da c. 400-1350 da nossa era. Essa cultura produziu uma cerâmica de grande requinte e detalhamento, fruto de uma sociedade avançada e com fortes traços de estratificação social, instalada em aterros artificiais denominados tesos. Procurou-se estabelecer o conhecimento do grafismo marajoara e sua estética, de seus usos no cotidiano familiar indígena, das relações de hierarquia e conexões de gênero e poder. Além disso, estabelecemos comparações entre a cultura Marajoara ancestral e a cultura contemporânea produzida por artesãos de Icoaraci, distrito de Belém do do Pará, através da criação de ambientes socioeducativos através da convivência com os artesãos e incentivando a pesquisa acadêmica a partir de ações de ensino e extensão. PALAVRAS CHAVE: Arte Marajoara, Temática Indígena, Arte ancestral Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 39 UNIVERSIDADE E ESCOLA : REFLETINDO A LEGISLAÇÃO E A DIVERSIDADE NA LITERATURA INFANTIL VANIELE DE OLIVEIRA SILVA MARIA LUCIENE DO SANTOS RANGEL UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO Este trabalho é fruto de experiências possibilitadas pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), projeto desenvolvido na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) no Instituto Multidisciplinar (IM), Campos de Nova Iguaçu/RJ, dentro do subprojeto PEDiversidade intitulado “Práticas de Ensino na Diversidade”, em parceria com uma escola da rede pública do Município de Queimados/RJ, especificamente, em uma turma de 5º ano do Ensino Fundamental. O perfil desta turma revelou muitos desdobramentos relacionais, dentre eles a questão ligada à identidade racial, tema bastante discutido e atual. Tal demanda foi crucial para o desenvolvimento da pesquisa, respeitando os critérios legais como a Lei 10.639/03, alteração da Lei de Diretrizes e Base da Educação (LDB), que incorporou a diversidade etnicorracial nas práticas docentes, buscando, dessa forma, observar como as crianças se auto-reconhecem. O objetivo deste trabalho foi abordar com alunos/as aspectos relacionados à beleza negra, fazendo com que essa beleza seja reconhecida e admirada e apresentar através da literatura infantil e de forma lúdica um pouco da história dos negros. Utilizamos o método dinâmico que consistiu em três momentos: primeiramente foi realizada a leitura do livro “O cabelo de Lelê”, seguido de uma conversa informal com as crianças acerca do contexto apresentado, convidando os/as ouvintes a participarem ativamente da proposta. Logo após, os/as estudantes fizeram seu autorretrato, o que permitiu saber se eles transmitem características correspondentes em seus desenhos, como cor de pele, cabelo etc. Finalmente, foi realizada uma brincadeira chamada “Quem é esse”, em que cada aluno pôde ter contato com o desenho do colega após ser embaralhado e tentou identificar o/a autor da produção. As considerações feitas por esse grupo revelam a importância do que é fomentado na academia e do que é vivenciado no cotidiano escolar, bem como das múltiplas praticas docentes que podem ser exploradas. Ao término da atividade foi nítida a alegria nos olhos dos/as estudantes principalmente por sentirem-se valorizados e respeitados. PALAVRAS CHAVE: Diversidade,identidade, racismo,lúdico e legislação. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 40 RESUMOS DO EIXO 3 TERRITORIALIDADE, SUSTENTABILIDADE, IDENTIDADES E COMUNIDADES TRADICIONAIS Coordenadores: Rafael Ribeiro, Franciane Torres, Lício Monteiro PRAIAS LIVRES, MENTES ABERTAS: O DIREITO À CIDADE E A JUSTIÇA TERRITORIAL IRENE CHADA RIBEIRO SAPÊ (SOCIEDADE ANGRENSE DE PROTEÇÃO ECOLÓGICA) UFF (PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA) No Brasil, a legislação declara as praias como “bens públicos de uso comum do povo”, é proibido restringir ou dificultar o acesso à praia. Alguns autores consideram as praias “espaços públicos”, embora seja problematizado como as pessoas vêm estabelecendo relações privativas com a praia. O espaço público é composto por uma base física e pelas práticas sociais, essas associadas à vida pública, ao exercício da política. Entretanto, a vida política vem sendo “esvaziada” com um crescente individualismo na nossa sociedade. Na graduação investigou-se o tipo de acesso à praia em um trecho da orla marítima de Angra dos Reis/RJ que abriga 55 praias. As praias com acesso privatizado ou controlado somam 65% e apenas 24% das praias tem acesso público, com uma relação direta entre a ocupação da orla marítima e o tipo de acesso à praia. Com quase 50% das praias mapeadas com acesso privatizado pergunta-se como é a reação do público, das pessoas, se a privatização gera conflitos, se há dominação, se há resistência. Dando continuidade à pesquisa, agora no mestrado, tem-se como objetivo geral problematizar a desigual produção social do espaço em Angra dos Reis na perspectiva dos "bens comuns" e da Justiça Territorial. E como objetivos específicos: 1) Identificar os atores do processo de privatização do acesso à praia na produção social do espaço no município de Angra dos Reis a partir da década de 1970, analisando suas estratégias e práticas espaciais; 2) Investigar os conflitos socioambientais, as práticas de resistência e seus repertórios de ação no processo de privatização do acesso à praia; 3) Refletir sobre as categorias espaço público e bens comuns e suas potencialidades políticas na luta pelo direito à cidade. A produção do espaço é material, como os condomínios, espaços de auto-segregação que privatizam o acesso à praia, mas é também imaterial, subjetiva, com valores legitimando a “ordem” estabelecida, logo invisibilizando a relação de dominação. A privatização se insere numa série de cercamentos dos elementos essenciais à vida do ser humano, elementos ofertados pela Natureza, bens comuns que podem ser reapropriados pela perspectiva da Justiça Territorial. A luta pelo direito do acesso à praia se insere na disputa pelo direito à produção do espaço e à cidade. PALAVRAS CHAVE: Produção social do espaço, espaço público, bens comuns, Justiça Territorial. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 41 CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIOS E NÓS ÉRICA PEREIRA MOTA SECRETARIA DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS Uma cultura tradicional necessita do espaço físico pra se fazer existir com propriedade. Ela está tão atrelada a ele, quer seja a terra, quer o mar, que sua economia, história e temporalidade são neles forjados. A Ilha Grande já passou por algumas economias, porém, sem a participação ativa daqueles que aqui foram classificados como caiçaras, ou seja, a comunidade tradicional por excelência, depois do extermínio indígena, é claro. A expropriação territorial e o adulamento maquiavélico por parte do capital é o grotesco que nos chama atenção. Sorte nossa, que a prática educativa por nós intentada, faz com que as próprias crianças se apropriem da realidade social hora em curso. O que nos traz ao caso é uma análise, comparativa, de imagens fotográficas, feita pelas crianças a partir de uma das nossas práticas pedagógicas frenetianas, a saber, a aula-passeio. “A fotografia não remonta ao passado (não há nada de proustiano em numa foto). O efeito que ela produz em mim não é o de restituir o que é abolido (pelo tempo, pela distância), mas o de atestar que o que vejo de faro existiu. (... )” Nesse sentido, o que este trabalho ora apresenta, desvelado por desdobramentos após a aula-passeio, é um espólio não só do passado, mas que continua no presente: invasões territoriais por parte do capital crescente, tirando caminhos (quando o caiçara não tem mais a beira do mar, e precisa dar voltas para chegar ao destino) e brinquedos (quando crianças não podem mais subir nas pedras ou comer frutas frescas) daqueles cuja condição material, se comparada com a modernidade consumista, é ética e economicamente incomparável. PALAVRAS CHAVE: territorialidade; invasão portuguesa & capitalismo selvagem; escola Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 42 O USO LITÚRGICO DAS ERVAS RICARDO LAGE DE OLIVEIRA DIOGO BUENO KANOUTÉ UFRRJ No Brasil, o conhecimento sobre plantas medicinais é uma das riquezas da herança indígena e afro-brasileira passada através da oralidade até os dias atuais. Através da observação participante e da oralidade, pretendeu-se observar as estruturas simbólicas que compõem a tradição de alguns Terreiros de Candomblé no que se refere às ritualísticas com folhas e se constatou uma cosmologia que entrelaça os elementos da natureza, o ser humano e as divindades. As plantas utilizadas nos ritos, cerimônias e oferendas das religiões afrobrasileiras, que também podem ser chamadas de ervas, estão, como tudo na matéria, ligadas às vibrações dos Orixás. Neste artigo, selecionaram-se algumas dessas ervas ou plantas sagradas para as religiões afro-brasileiras, para conhecermos alguns de seus aspectos botânicos, etnobotânicos e sagrados, fazendo a ligação entre ciência e religião. PALAVRAS CHAVE: Etnobotância, Antropologia da Religião, Candomblé. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 43 GESTÃO CULTURAL: TERRITÓRIO, ECONOMIA CRIATIVA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL ANNA MARGARETH DOS SANTOS OLIVEIRA BRUNO LEONARDO RAMOS DE OLIVEIRA FUNDAÇÃO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS O relato fala da experiência na gestão pública da cultura no sentido de criar e consolidar instrumentos de democratização do acesso ao conhecimento e promoção da cidadania. A gestão cultural, hoje, está comprometida com conceitos e noções sobre território, diversidade e participação social. É necessário pensar a organização para que canais de comunicação entre governo e sociedade civil sejam eficientes na efetivação de políticas culturais e de seu financiamento, identificando cadeia produtivas de economia criativa. A economia criativa baseiase no capital simbólico da sociedade e no desenvolvimento de atividades, produtos ou serviços oferecidos do conhecimento existente visando a geração de trabalho e renda. Foca no desenvolvimento social que potencializa o bem estar, a autoestima e a qualidade de vida com o reconhecimento dos saberes e fazeres de uma comunidade. Pensar território é pensar a cidade sem perder de vista suas identidades e subjetividades. A CULTUAR, a partir de 2013, com sua nova gestão e de sua Assessoria de Fomento e Captação de Recursos, criou bases para o avanço da cultura em três linhas de atuação: Criação do Sistema Municipal de Cultura; Gestão do Incentivo à Cultura; e, Criação e Gestão de Mecanismos de Participação Social. O Sistema Municipal de Cultura é a organização do campo para garantir legalmente a existência de um órgão gestor específico para a pasta, conselho de política cultural atuante e fundo de recursos disponível para investimentos nas atividades culturais da cidade. Gerir o incentivo à cultura, proporcionou a revisão da atual Lei Municipal que, à exemplo da Lei Federal, não atende às demandas da sociedade e sim reproduz vícios do mercado capitalista que expropria do saber e do fazer popular para obter lucros. A criação do Programa Municipal de Financiamento à Cultura objetiva diversificar as fontes de recursos ampliando os canais de transferências e assumindo que os atores sociais são os produtores, cabendo ao Estado colaborar com o financiamento. A ampliação da participação social, na visão do fomento e da captação da recursos, está ligada à divulgação do conhecimento geradas pelas práticas culturais no território. Para transparência e eficiência, trabalha-se na criação de editais de estímulo às artes e ao patrimônio histórico e, como braço de diálogo com a sociedade, do Escritório de Apoio à Produção de Projetos. PALAVRAS CHAVE: Gestão Cultural, Política Pública, Economia, Criatividade, Alteridade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 44 POR UMA NOVA CULTURA POLÍTICA: O DIREITO À CIDADE E À MEMÓRIA EM ANGRA DOS REIS MARTHA MYRRHA RIBEIRO SOARES FUNDAÇÃO CULTURAL DO MUNICÍPIO DE ANGRA DOS REIS/UFF Democratizar a Democracia. Reconhecer direitos e afirmar diferenças significa reconhecer o princípio democrático de soberania popular que torna possível uma participação política guiada por uma determinação da vontade autônoma de cada individuo. Sem isto, um Estado não pode chamar-se liberal. O direito à cidade revela que, para além de direito individual, é um direito comum totalmente associado aos modos de vida nela estabelecidos, de sua relação com a natureza às suas projeções de desenvolvimento. Território de contrários, a cidade é tensa e diversa. A cidade como protagonista reivindica mudanças por uma nova governança na qual a cultura desempenha papel central na formulação de políticas públicas e soluções criativas. A memória, como direito fundamental e tratada como política pública, contribui para a ampliação do exercício da cidadania. É importante tratar, brevemente, da relação entre memória e história a fim de entendermos como, hoje, narrativas polifônicas apresentam a questão da alteridade como fator a ser considerado na construção de qualquer modelo de desenvolvimento. Para Pollok, discutir a construção de uma Memória Oficial e a subversão promovida pela emergência das memórias subterrâneas, nos coloca diante dos desafios que, através da história oral, nos levam a pensar, como sugere Nora, em como tratar a dialética da lembrança e do esquecimento. Ao definir o que é comum a um grupo e o que diferencia dos outros, a memória coletiva fundamenta e reforça os sentimentos de pertencimento e as fronteiras sócio-culturais. Segundo Halbwachs, a comunidade afetiva acentua as funções positivas desempenhadas pela memória comum, a saber, de reforçar a coesão social, não pela coerção, mas pela adesão afetiva ao grupo, enquanto, a Memória Oficial acentua o caráter destruidor, uniformizador e opressor da memória coletiva nacional. É preciso pensar a reviravolta e não a reforma. Uma nova cultura política é necessária para Angra dos Reis. A cidade precisa refletir e agir considerando seus aspectos simbólicos, sem distorcer seus potenciais econômicos e sem negar que um modelo de urbanização capitalista expropria não só terras, mas, cobre com um manto de invisibilidade a história crítica desta cidade. “O silencio sobre o passado não significa esquecimento, é a resistência que uma sociedade civil impotente opõe ao excesso de discursos oficiais”, afirma Pollok. PALAVRAS CHAVE: Cidade, Cultura, Política, Memória, Política Pública Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 45 RESUMOS DO EIXO 4 GÊNEROS, SEXUALIDADES E RACISMOS Coordenadores: Eliana Teixeira e Teresinha Nascimento DEBRET E OLHARES SOBRE O COTIDIANO: PERMANÊNCIAS E TRANSFORMAÇÕES ANA CRISTINA MENEGAZ DOS SANTOS CARPI COLÉGIO PEDRO II O presente relato refere-se a experiência vivida em turma de 4º ano do Colégio Pedro II, Campus São Cristóvão I, no ano de 2009. Faz parte das atividades de Estudos Sociais do colégio o estudo da cidade do Rio de Janeiro. Um dos princípios orientadores deste componente curricular afirma que “reconhecemos que a criança possui uma bagagem própria de conhecimentos, da qual fazem parte todas as experiências por ela vivenciadas. [...] E é nela que a criança vai encontrar subsídios para construir sua noção de identidade, sendo capaz de realizar a leitura da sociedade em que vive tornando-se seu agente participante e transformador”. Como forma de atender a esse princípio e enriquecer as experiências dos(as) alunos(as), foramlhes apresentadas gravuras de Jean-Baptiste Debret (1768-1848), especialmente aquelas que retratam o cotidiano da cidade do Rio de Janeiro no início do século XIX. Como preconiza o “Projeto Político-Pedagógico”, os(as) alunos(as) foram instigados(as) a conhecer histórias de outros tempos relacionadas ao espaço em que vivem, possibilitando a compreensão de si mesmo e da vida coletiva de que fazem parte; a perceber que existem permanências e transformações de costumes e hábitos, nos diferentes grupos e na dinâmica da vida social ao longo do tempo; a reconhecer que certos costumes e hábitos familiares são oriundos dos modos de viver dos locais de origem dos membros da família e/ou dos seus antepassados; a analisar relações estabelecidas entre grupos construtores do povo brasileiro, identificando processos de confronto e dominação cultural; a valorizar a diversidade cultural brasileira; a constatar as diversas formas de discriminação (étnica, etária, física, de gênero, econômica etc.); a formular algumas explicações para questões presentes e passadas; a valorizar a memória individual e coletiva; e a perceber que é no exercício dos direitos e deveres de cidadania que acontece a participação efetiva na vida social. Como culminância desse processo de conhecimento, reflexões, debates, estudos e pesquisas, os(as) alunos(as) elaboraram releituras de gravuras do artista, seguidas de texto nos quais expressaram suas visões acerca de permanências e transformações referentes aos seus cotidianos, no que tange aos seus diversos aspectos, tais como: a condição da mulher, do negro, do índio, do trabalhador, além de práticas e costumes institucionais e sociais. PALAVRAS CHAVE: Educação; Construção da identidade; Diversidade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 46 CINEMA E EDUCAÇÃO: CONTRIBUIÇÕES DA MOSTRA DE CINEMA “GÊNERO, SEXUALIDADE E CULTURA” PARA A FORMAÇÃO ACADÊMICA NO INSTITUTO MULTIDISCIPLINAR DA UFRRJ GETSEMANE DE FREITAS BATISTA UFRRJ/IM O presente trabalho tem como objetivo identificar as contribuições da Mostra de Cinema “Gênero, Sexualidade e Cultura” para a comunidade acadêmica do Instituto Multidisciplinar/UFRRJ. Este projeto realizou quatro ciclos de filmes desde o ano de 2014, com a exibição de 17 obras e participação de aproximadamente 350 pessoas; e está vinculado à linha de pesquisa “Gênero, sexualidade, infância e educação” do GRUPI’s (Grupo de Pesquisa Infância até os 10 anos). A pesquisa tem caráter qualitativo, a partir do levantamento das ações que foram desenvolvidas por discentes do IM e que guardam estreita relação com a mostra de cinema aqui objeto de investigação. Os filmes foram selecionados em conjunto pelos integrantes e coordenador do grupo de pesquisa responsável pela realização da atividade; estando aberta a todos/as (comunidade ruralina e extra-rural) e suscitando discussões sobre pedofilia/violência sexual infantil, aborto, adoção de crianças por casais homoafetivos, poliamor, homossexualidade, AIDS, papel da mulher na sociedade, transexualidade, entre outros. Dentre as contribuições da Mostra de Cinema “Gênero, Sexualidade e Cultura” para a formação acadêmica no Instituto Multidisciplinar, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, podem ser apontadas: a) publicação de artigos com temas relacionados aos apresentados e discutidos nas mostras; b) participação em eventos acadêmicos de estudantes que trabalham com eixos ligados a gênero e sexualidade; c) as exibições dos longas têm se mostrado espaços de discussão de temas ainda considerados tabu socialmente; d) possibilidade de obtenção de carga horária para as atividades complementares. Portanto, a partir dos resultados apresentados, podemos afirmar que a Mostra de Cinema “Gênero, Sexualidade e Cultura” tem contribuído de forma significativa para a formação acadêmica da comunidade universitária do Instituto Multidisciplinar, considerando tanto sua possibilidade de espaço de discussão quanto de fomento do desenvolvimento das atividades acadêmicas, cumprindo assim seu papel numa formação superior que estimula a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento crítico, com especial atenção para as reflexões sobre gênero e sexualidade. PALAVRAS CHAVE: Educação, cinema, gênero, sexualidade, extensão universitária. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 47 DESEMBARALHANDO OS PAPÉIS SOCIAIS: ATRAVESSAMENTOS DE GÊNERO NA COSTRUÇÃO DAS "ESCOLHAS" INFANTIS LÍVIA MACHADO OLIVEIRA ELAINE DA CONCEIÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO O presente trabalho é resultado da parceria firmada entre a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Instituto Multidisciplinar com a Escola Municipal Monteiro Lobato, situada em Queimados/RJ, por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID). O relato de experiência que fundamenta este trabalho foi extraído da atividade realizada com a turma do 1° ano do ensino fundamental. A proposta inicial consistiu na confecção de um livro de histórias, com a autoria dos alunos, após a leitura de um livro que abordava a perspectiva de construção de estereótipos. No decorrer da elaboração do livro, foi possível observar que, ao oferecermos às crianças etiquetas das mais diferentes cores para que elas escrevessem seus nomes em suas histórias, houve uma predominância da escolha das cores azul e rosa, baseadas nas justificativas de preferências que eram fortemente atravessas pelas relações de gênero. A construção do que é ser menina ou menino se faz presente na fala dos alunos diariamente. Tal fato é evidenciado intensamente nas “escolhas” de brincadeiras e modos de agir diante das mais diversas situações. Qualquer tipo de tentativa de “fuga” de seus lugares sociais é visto como inapropriado, rechaçado e questionado por esse grupo social. Constatamos, então, que ao possibilitarmos que os alunos escolhessem suas cores, as meninas optavam pelo rosa, justificando a escolha com falas do tipo: “porque é bonita”, “é de menina” e “eu gosto”. Já com relação aos meninos, as possibilidades de escolhas foram ampliadas para as cores verde e azul, tendo como predominância esta última. Apenas um menino fugiu das padronizações estabelecidas pela classe e escolheu a cor rosa. Instantaneamente as questões de gênero foram atravessadas pelo campo da sexualidade, com falas do tipo: “ele é mulherzinha”, “rosa é cor de menina”. No mesmo momento, o menino respondeu que não havia cor de homem ou de mulher e que ele só havia escolhido porque gostava. Diante dessa situação, torna-se relevante ressaltar o quanto das “escolhas” das crianças são atravessadas por concepções estereotipadas de funções sociais. Ser homem e ser mulher demanda padronizações de comportamento, que são legitimadas como atitudes “naturais”, porém tal argumento é questionável através de problematizações críticas acerca das construções de papéis sociais. PALAVRAS CHAVE: Gênero, Sexualidade, Esteriótipos Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 48 MOSTRA DE CINEMA: PELÍCULAS NORTEADORAS DE DEBATES SOBRE GÊNERO, SEXUALIDADE E CULTURA SANDRA REGINA DE OLIVEIRA FAUSTINO JONAS ALVES DA SILVA JUNIOR SAIONARA CORINA PUSSENTI COELHO MOREIRA UFRRJ A I Mostra de Cinema Gênero, Sexualidade e Cultura realizada no Instituto Multidisciplinar (IM) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) é uma atividade de extensão vinculada ao Grupo de Pesquisa Infância até os 10 anos (GRUPI’s/UFRRJ/CNPq), via linha de pesquisa Gênero, sexualidade, infância e educação (GESIED), que elegeu a linguagem artística para debater temas relacionados a gênero, sexualidade e cultura entre a comunidade e a universidade. Os filmes podem ser utilizados como uma preciosa ferramenta pedagógica para a aprendizagem de conteúdos de diversas disciplinas e criam a possibilidade de promover o acesso à inclusão, formação, produção e reflexão do universo audiovisual. Assim, as 4 projeções foram: Patrick 1,5 (Suécia, 2008) é uma comédia/drama que trata da questão da homoparentalidade; Eu, tu, eles (Brasil, 2000) é um drama/comédia/romance sobre o poliamor, abordando a prática de união concomitante com pleno consentimento dos envolvidos; Hoje eu não quero voltar sozinho (Brasil, 2014) é um drama que aborda a homossexualidade juvenil, envolvendo um adolescente cego e tendo como pano de fundo as relações sociais tecidas na escola; Minha Vida em Cor-de-Rosa (Ma Vie en Rose, França, 1997) é um drama sobre transexualidade na infância e os decorrentes preconceitos na sociedade. Após a projeção dos vídeos, foram realizados debates entre os participantes e os organizadores. A pesquisa adotou o método qualitativo, distribuindo em todas as exibições questionários aos participantes para que estes opinassem sobre as temáticas abordadas nos filmes. Os dados coletados informaram também a quantidade de expectadores e suas respectivas faixas etárias, sexo, religião, escolaridade e opiniões a respeito da película. Cremos que os cine-debates possibilitaram a reflexão sobre ética, respeito, diversidade e inclusão, contribuindo para a desconstrução de preconceitos, além da promoção da inclusão de todos em diversos ambientes sociais, em especial, na escola. PALAVRAS CHAVE: Cinema; Gênero; Sexualidade; Extensão universitária Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 49 REFLEXÕES SOBRE DIVERSIDADE E IDENTIDADES EM UMA CLASSE HOSPITALAR DA BAIXADA FLUMINENSE PAULO OGG DOS SANTOS UFRRJ / IM O presente texto busca contribuir com a comunidade acadêmica acerca de um olhar para a ação pedagógica, na classe hospitalar, comprometida com a mediação e o desenvolvimento do educando, mesmo em situações de limitação, por conta de doença(s) e sua consequente internação no hospital. Este trabalho é fruto do estágio obrigatório do curso de licenciatura plena em Pedagogia, realizado na classe hospitalar do Hospital Geral de Nova Iguaçu, uma referência na baixada fluminense. O ensino pouco se assemelha a uma escola regular, pois as crianças são atendidas no mesmo espaço, independente da série ou idade, exigindo assim que o educador seja mais perceptivo e tenha um planejamento mais flexível. É neste contexto, de um hospital público, que seguem as reflexões sobre: 1) A ação pedagógica na classe hospitalar e sua ressignificação; 2) As implicações de gênero; 3) Reafirmação da identidade. Desta forma, o quadro de internação não pode desviar o educador das provocações do cotidiano, dos temas que enfatizam o combate à discriminação de gênero, preconceitos e estereótipos da população negra e marginalizada, evidenciando que o enfrentamento ao racismo e ao sexismo faz-se fundamental para a construção de identidades étnicas e de gênero positivas e autônomas. Em decorrência disso, a prática pedagógica deve mobilizar educador e educando com atividades que sejam significativas, com autonomia e com as marcas de um sujeito criador, capaz de ressignificar a beleza, a cultura e as normas na valorização do ser em construção. A difícil convivência e aprendizagem sobre diversidade, e os modelos que as crianças representam de suas identidades, como resultado de seu capital social e cultural, podem, de forma equivocada, alimentar a discriminação e exclusão em uma sociedade longe de ser homogênea, mas, sim, complexa e múltipla. O estágio também fez perceber a figura masculina como um paradigma a ser quebrado também na classe hospitalar, que se percebia nos comentários das crianças que estranhavam a figura do “professor”. Conclui-se que o enfrentamento destas questões deve ser uma prática pedagógica para a conscientização desses sujeitos em formação, quer seja o educando ou esse educador, que aprende ao ensinar. PALAVRAS CHAVE: classe hospitalar, gênero, identidade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 50 PROFESSORAS OPRIMIDAS X OPRESSORAS: UMA ANÁLISE NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS LUCIANA IZIS SILVA DE ABREU UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO Este trabalho tem como propósito debater as problemáticas do trabalho docente como baixa renumeração e condições precária de trabalho e controle do trabalho docente numa perspectiva de relações de gênero pensando numa lógica de professoras oprimidas que (talvez) possuem práticas opressoras.Entendo que o trabalho docente tem como sua grande maioria mulheres, compreendemos que não podemos analisá-los sem pensarmos nas desigualdades que nossa sociedade machista impõe as mulheres.Segundo Apple(1987) a proletarização docente não pode ser vista apenas numa perspectiva de classe,mas também sobre uma perspectiva de gênero pois as mulheres, devido ao sexismo , estão mais sujeitas a terem piores condições no mercado de trabalho .Contudo, mesmo neste cenário adverso temos a impressão de que uma grande parte das professoras não percebem suas salas de aula como um local de resistência, à primeira vista, percebemos que as docente apresentam discriminações em suas salas de aula ,tendo práticas sexistas e homofóbicas. Louro (2000) nos diz que a escola é um ambiente que percebe a identidade sexual hegemônica como natural e o que a escola investe na heterossexualidade, pensamos em nossa pesquisa como as professoras se relacionam com os alunos não que se apresentam no gênero e na orientação sexual esperados para sem sexo biológico. Uma de nossas indagações é buscar aproximações de respostas para perguntas como: ‘Por que uma mulher que sofre machismo em seu ambiente de trabalho o reproduz em sua sala de aula?’ ‘Se há estas práticas homofóbicas nas escolas, como as professoras se posicionam ?’ ‘, ‘Se há opressões como seria aproximações de uma educação não sexista e não-homofóbica?’ . A pesquisa está localizada no município de Duque de Caxias no estado do Rio de Janeiro com professoras de três escolas municipais sendo realizada por meio de observações em sala de aula e entrevistas com as professoras regentes. Este trabalho está referenciado numa perspectiva dos Estudos Culturais que nos permitem compreender as relações de poder que naturalizam certos comportamentos esperados para os gêneros e orientações sexuais, também nos apoiamos nos Estudos Feministas que compreendem como o gênero se constituiu como categoria de análise a partir dos conceitos e reivindicações dos movimentos feministas. PALAVRAS CHAVE: Relações de gênero, professoras, opressões, sexismo Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 51 GÊNERO E SEXUALIDADE NA FORMAÇÃO DAS CRIANÇAS: UM OLHAR SOBRE AS INSTITUIÇÕES, PROFESSORES E PAIS. LETICIA BASTOS PINHEIRO INFES UFF Este trabalho discute a desmistificação de estereótipos por parte das instituições, pais e alunos, buscando uma resposta de como ensinar educação sexual para as crianças. Partindo da premissa que o gênero e sexualidade ainda e um grande tabu pela sociedade, pois e transmitido e passado para as crianças. Esta pesquisa buscará conhecer os interesses colocados nas escolas pelas classes populares e pela mídia, pois os contatos fora dos muros da escola influenciam muito na organização e na estrutura escolar. Apontarei nesse trabalho uns dos objetivos propostos para um melhor desempenho e qualificação de todos que e incentivar a formação continuada e investir em cursos na área de gênero e sexualidade, regularizar os planos, currículos e projetos escolares a fim do desenvolvimento do grupo escolar e outros. Para a coleta de dados foi utilizado um questionário de 5 perguntas aplicado em uma escola do município de Santo Antônio de Pádua e as suas respostas foram analisadas e colocadas em gráficos e seus dados elevou à conclusão de que as instituições e professores tem conhecimento sobre o ensino de educação sexual em seus currículos.Com base nos conhecimentos obtidos através da pesquisa realizada, referencial teórico, dados da pesquisa elaborada, estudo de casos e relatos pessoais conclui-se que a Educação Sexual e o gênero estão presentes nas escolas e permeiam os caminhos das crianças, onde os professores devem sempre estar atentos e preparados para o conhecimento das questões e enriquecer sua preparação profissional com a melhor qualidade e, assim, fazer com que as crianças estejam bem mais orientadas sobre a sexualidade. Assim sendo, é primordial para as crianças que o tema em questão seja trabalhado bem no início de seus amadurecimentos e com isso eles poderão estar preparadas para os diferentes atributos da sociedade. Em vista disso, foi percebida a possibilidade de uma modificação de mudança de paradigmas, sejam em relação aos pais, professores e alunos. Desta forma aos poucos irá desconstruir esse processo construído pela sociedade. Visto que as condutas de ser masculino e feminino influenciam na formação de valores, traços, habilidades e em seus papéis desempenhados, pois formam as características entre os sexos. PALAVRAS CHAVE: Sexualidade, Gênero, Escola. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 52 DESENHOS ANIMADOS: REPENSANDO GÊNERO E ESTÉTICA. ANDRÉ LUIZ BERNARDO STORINO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO RIO DE JANEIRO - FEBF/EURJ O trabalho é um relato de experiência que teve como base discutir a (des) construção do gênero e dos padrões de beleza midiático a partir dos desenhos animados com alunos do ensino médio em uma escola do bairro Xerém – Duque de Caxias-RJ. Na inquietação com a temática, ao lecionar filosofia para alunos e alunas do ensino médio, pude constatar a urgência de uma abordagem mais sistemática, repensando e problematizando as relações de poder que determinam lugares demarcados para ambos. Escolhi partir dos desenhos animados para analisar esta relação – gênero e padrão de beleza midiático – pois funcionam como demarcadores de lugares e não tão ingênuo como se faz crer. Juntamente com o núcleo familiar e a escola, configuram-se como fonte de formação e informação. Eles funcionam propondo as regras de como se deve ser e agir, realizam a manutenção dessas mesmas regras, no viés heteronormativo, os quais predominam as representações do branco e heterossexual, em detrimento das identidades que não se configuram com esta “norma”, ou seja, a estética negra e as orientações sexuais não heterossexuais. Naturalizam construções e as propagam fazendo valer como verdades irrefutáveis produzindo mecanismos que mantem os discursos acerca do gênero e do padrão de beleza como postulados da natureza e não da cultura. Propôs-se construir e proporcionar um lugar privilegiado de reflexão. Balizando a discussão, a partir dos vídeos, textos, desenhos entre outros, acerca da construção do gênero e dos padrões de beleza, permitir-se-ia uma reflexão das associações construídas e alimentadas pelos meios de comunicação de massa, sobretudo nos desenhos animados infantis. PALAVRAS CHAVE: Gênero; Beleza Midiática; Desenhos Animados. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 53 REFLEXÕES UNIVERSITÁRIAS SOBRE HOMOSEXUALIDADE E POLÍTICA NIKOLAS BIGLER DE AZEVEDO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO O presente trabalho visa explorar dados e subjetividades de graduandos do Instituto Multidisciplinar da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, coletados durante a exibição do filme Milk – a voz da igualdade; exibido na 3° Mostra de Cinema sobre Gênero, Sexualidade e Cultura da UFRRJ/IM. A Mostra de Cinema é um projeto de extensão organizado pela linha de pesquisa “Gênero, sexualidade, infância e educação”, que está vinculada ao GRUPI’s (Grupo de Pesquisa Infância até os 10 anos); no qual busca enaltecer a linguagem artística e a reflexão como elementos norteadores de uma possível aproximação entre a comunidade e a universidade. O filme em questão retrata a história do ativista Harvey Milk, que nos anos 70 proporcionou um debate e representação dos direitos da comunidade LGBTT, em São Francisco, nos Estados Unidos. Para se discutir sobre essa temática, foi realizada uma pesquisa, utilizandose do método qualitativo, pois atende de forma mais ampla as pretensões que evidenciam a relevância desse estudo. Para tal, utilizamos dados coletados durante o filme na qual os/as participantes fizeram considerações sobre o filme, de forma anônima, evidenciando opiniões e discussões enriquecedoras sobre esse tema. Participaram da sessão do filme 48 estudantes, nos quais 30 responderam o questionário, representando 62,5% dos participantes. As considerações feitas pelo grupo exaltam a discussão dessa temática no ambiente universitário, sendo este um viés de suma relevância na formação acadêmica e social. Os/as entrevistados/as sinalizam a necessidade de direitos sociais à comunidade LGBTT que, ao longo de sua trajetória, principalmente no Brasil, foi privada de representatividade política. Outro fato comum relatado são as comparações do panorama político apresentado no filme com o cenário da câmara legislativa do Brasil contemporâneo, compreendendo o Deputado Jean Wyllys (PSOL/RJ) como defensor dos direitos dessas identidades historicamente segregadas, assim como foi Harvey Milk. PALAVRAS CHAVE: Homossexualidade, Política, Cinema, Universidade. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 54 MEDIAÇÃO DE LEITURA: DESCONSTRUINDO PARADIGMAS SOCIAIS POR MEIO DA LEITURA LUIZ FELIPE JESUS DE BARROS JOSÉ LUIZ COSTA SOUSA GONÇALVES UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO O trabalho apresenta a mediação de leitura como ação auxiliadora na formação social do indivíduo. Compreende esta como uma atividade social e interativa voltada à construção de uma compreensão coletiva por meio das relações sociais, autor-texto-mediador-ouvinte, o acesso à informação e o incentivo à leitura. Demonstra a Mediação de Leitura, também, como uma ferramenta potencial no que tange tratar de temáticas como gênero e preconceito, possibilitando a desconstrução desses paradigmas por intermédio do diálogo e contato com literaturas que abarquem essas temáticas. Problematiza a falta de literatura que compreenda essas temáticas e a falta de diálogo sobre essas questões sociais. Utiliza como processos metodológicos uma análise dos livros: Cada um com seu jeito, cada jeito é de um, da autora Lucimar Rosa Dias; Uma bola na barriga, da autora Lucia Fidalgo; O fado padrinho, o bruxo afilhado e outras coisas mais, da autora Anna Claudia Ramos. Além de revisar o que já foi publicado sobre a temática de Mediação de Leitura, associando-a com as questões de gênero e preconceito. Verifica a mediação de leitura como ação diretamente efetiva na construção cultural, social e identitária do indivíduo. Ressalta que atividades de leitura, bem como a mediação de leitura, sejam ações necessárias para abordar temáticas sociais, atuando e inferindo nas mais diversas faixas etárias e grupos sociais. Evidencia a medicação de leitura como atividade de incentivo à leitura, que possibilita o acesso à informação e a cultura. Conclui que a mediação de leitura seja uma ação prática e lúdica necessária para se estabelecer o diálogo e o contato com questões socais que quase sempre se tornam intocáveis, e que o acesso e o incentivo à leitura de livros que tratem de temáticas sociais como gênero e preconceito, seja vital para uma construção social mais coletiva, sendo a mediação de leitura uma ação que possibilita essa construção. PALAVRAS CHAVE: Mediação de leitura, Incentivo à leitura, Paradigmas sociais Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 55 RESUMSO DO EIXO 5 RELIGIÕES E RELIGIOSIDADES NA EDUCAÇÃO Coordenadores: Délcio Bernardo e Renata Silva Bergo HISTÓRIA DO CRISTIANISMO PROTESTANTE FABIO SALU VIANA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS Os Imperadores e as Perseguições. A primeira perseguição contra os cristão deu-se no ano 67 d.C, sob o domínio de Nero, o sexto imperador de Roma. Durante os cinco primeiros anos de seu reinado, o monarca agiu de forma tolerante. Depois, porém, deu vazão às mais atrozes barbaridades. E assim a as perseguições continuaram com requinte de tortura as quais eram jogados no Coliseu aos leões, crucificados, decapitados e esfolados para diversão da plateia pelos imperadores Trajano, Adriano, Marco, Aurélio Severo, Maino, Décio Valeriano, Diocleciano. Em 260 d.C, assumiu Qallieno, filho de Valeriano, e durante seu reinado (exceto por alguns poucos mártires) a Igreja gozou paz. O primeiro Papa e a Reforma. Ainda assim sobre perseguição os numero de cristão continuavam a crescer de forma exorbitante, sendo Constantino l ou Constantino, o grande (272-337), entrou para a história romana como o primeiro imperador romano a se converter ao cristianismo. Com a criação da Igreja Romana cessa a perseguições começa a inquisição no qual a bíblia era a bíblia era pregada de costas para os fiéis e em latim sendo ainda proibido citar versos da bíblia em público, ter a bíblia se não fosse padre ou tivesse alguma função religiosa na igreja, dentre as coisa mais graves da seria a venda da salvação por terras. A forma de como o cristianismo estava sendo praticado, trazendo a insatisfação de varias pessoas, mesmo entre os que trabalhavam na Igreja Romana. Com o tempo surge Martinho Lutero que estudando a bíblia, percebeu que era o oposto o que a igreja católica fazia, criando então as suas 95 teses no qual ele as colava na porta da igreja para que os fiéis lessem. Surge então a reforma protestante, dentre os princípios da doutrina Luterana foram: Salvação pela fé. Presença da verdade somente na Bíblia. Livre Interpretação da Bíblia, sem a necessidade de pregadores ou padres ou outros intermediários. Uso do alemão nos cultos religiosos (não mais o latim como única língua). PALAVRAS CHAVE: Protestante, Perseguições, Romana Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 56 ENTRE O TERREIRO E A SALA DE AULA – O PEDAGOGO NA CORRELAÇÃO RELIGIÃO-ESCOLA NEVALDO LEOCÁDIA BASTOS JÚNIOR INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS - UFF Os casos de agressão contra crianças adeptas das religiões de matriz africana são rotineiros nos veículos midiáticos. Tratados como incidentes pontuais, tais eventos não são novidade para esses alunos, que muitas vezes tem sua voz silenciada, sendo culpabilizados, julgados e condenados pela crença que manifestam. Tendo em mente o que promulga a Constituição Federal em seu artigo 205, sendo a educação como direito de todos e dever do Estado e da família, o presente trabalho tem por objetivo problematizar as práticas coercitivas de violência física e simbólica em que as crianças adeptas das religiões de matriz africana são submetidas ao manifestar sua crença religiosa no ambiente escolar e, principalmente, questionar o papel do professor enquanto mediador nesse processo. A relevância desse trabalho ainda em fase exploratória se justifica no fato da mesma Constituição Federal assegurar liberdade de credo e sua livre manifestação. Desta maneira, se faz necessário reafirmar e assegurar o caráter público e laico dos estabelecimentos oficiais de ensino, sobretudo em tempos de recrudescência de ideais preconceituosos. A problematização do tema em um ambiente de formação de professores se faz necessária, afinal são estes futuros profissionais que estarão em contato com essa realidade escolar. A metodologia se divide em dois momentos. No primeiro foi feita uma observação participante nos ambientes de formação oferecidos pelo Instituto de Educação de Angra dos Reis como palestras, disciplinas, seminários, dentre outros. A segunda parte consiste em um clipping onde recolhi reportagens de grandes jornais a fim de apontar as práticas de violência sofridas por estas crianças no ambiente escolar. A análise se sustenta em conceitos chave da obra sociológica de Pierre Bourdieu, como o Campo, Habitus, a Violência Simbólica e a Reprodução Cultural. Em base do observado, considero que as faculdades de formação de professores são insuficientes para formar plenamente o futuro professor para lidar com essas crianças. Por mais que ofereça instrumentos técnicos para atuação em ambientes escolares, tais instituições falham em despertar em sua totalidade a consciência crítica destes futuros profissionais que acabam por reproduzir velhos preconceitos naturalizados socialmente. PALAVRAS CHAVE: Violência Religiosidades na Educação Simbólica, Estado Laico, Formação de Professores, Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 57 RELIGIOSIDADES E EDUCAÇÃO: RELATO DE EXPERIÊNCIAS PATRÍCIA SOUZA GERMANO UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE- IEAR Minha curiosidade para tal tema surgiu quando, Já na faculdade na minha graduação em pedagogia, pude conhecer algumas disciplinas como Antropologia, Educação étnico racial, disciplina tópicos especiais sobre religiões, entre outras que me fizeram refletir sobre a relação entre religião e sociedade. Esta relação me fez perceber a minha própria condição social e religiosa. Quando criança, passei por algumas situações em minha vida escolar, que me deixaram em situações constrangedoras por conta de minha religião e também por ser negra . Minha família é evangélica, e antes de sermos evangélicos minha mãe costumava freqüentar terreiros de candomblé, umbanda. Passei um tempo também morando com minha avó que era católica praticante, e possuía muitas imagens de Santo dentro de sua casa. Com 9 ou 10 anos minha família foi para a igreja evangélica e comecei a viver os costumes deste meio, mas sem esquecer das pessoas que conheci e das coisas que vivi nas outras duas religiões. Ao entrar para a faculdade tive muitas experiências de conflitos religiosos, e de embates quanto a necessidade ou não de se ter uma religião. No terceiro período da faculdade entrei para um grupo de pesquisa que tratava da questão étnico racial e suas aplicações na escola. As atividades eram feitas em uma escola em terras quilombolas, e a maioria das pessoas eram evangélicas. Foi uma experiencia muito enriquecedora, onde eu pude ver de perto conflitos de credos e de cor (raça). Hoje tenho um olhar aberto para estas religiões, um olhar de uma alteridade próxima, como se eu pudesse enxergar no outro parte do que eu sou, como se o outro tivesse construído em mim a consciência da existência legitima da necessidade da vela para a minha avó e da necessidade da saia rodada para os amigos da minha mãe. Esta visão me fez perceber que somente quando você conhece algo, mas não um conhecer didático, um conhecer que te toque, um conhecer respeitoso, um conhecer que te possibilite enxergar- se no outro, e neste conhecimento é que a tolerância religiosa nasce, perceber as semelhanças que existem dentro das várias religiões. Perceber que não é a negação do outro que te fortalece, mas sim viver a tolerância ao outro. Somente quando um se reconhecer pertencente do outro é que poderemos promover uma relação de pluralidade religiosa igualitária dentro da escola. PALAVRAS CHAVE: Religião,Pluralidade,Tolerância,Intolerância,educação Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 58 EPISTEMICÍDIO CONTRA OS SABERES E CONHECIMENTOS DAS SAGRADAS MATRIZES RELIGIOSAS DE ORIGEM AFRICANA: O CASO DO JONGO DE SANTA RITA DE BRACUÍ – ANGRA DOS REIS/RJ JALBER LUIZ DA SILVA GPMC/UFRRJ Sou professor, pesquisador pelo GPMC/UFRRJ e recentemente defendi a dissertação de Mestrado em Educação intitulada Epistemicídio contra os saberes e conhecimentos das sagradas matrizes religiosas de origem africana: o caso do Jongo de Santa Rita de Bracuí – Angra dos Reis/RJ, onde investiguei a “morte” dos saberes dos mestres jongueiros fundadores e mantenedores da religiosidade africana que deu origem ao Jongo, hoje praticado apenas como folguedo ou dança folclórica. Minha imersão se deu na comunidade quilombola de Santa Rita do Bracuí, neste município, onde pude constatar as causas do silenciamento dessa religiosidade [demonizada pelo catolicismo e afastada da realidade coletiva] e de sua ressemantização para uma simples manifestação cultural. Procurei os rastros dos mestres cumbas, os jongueiros que guardam essas epistêmes míticas nos pontos cantados de jongo e outras práticas. Após três anos de imersão no território e colaborando no projeto “Redescobrindo o Bracuí”, proposta de inscrever a EM Aurea Pires da Gama como escola quilombola, o que ainda está em curso, pude constatar as diversas formas de discriminação que ainda sofrem as origens culturais e místicas trazidas de África, assim como episódios velados de racismo religioso no âmbito daquela escola. Meu objetivo nesta oportunidade é exatamente dar “voz” aos mestres cumbas amordaçados pela discriminação e cujos conhecimentos se perdem nas estratégias de ressignificação e sobreposição de outras epistêmes religiosas. Mas também demonstrar como a pesquisa cotribui para o atual debate sobre etnocentrismo europeu, racismo e intolerância elogiosa no âmbito das escolas do município de Angra dos Reis. A metodologia para a apresentação será a exposição oral dos conteúdos, além de cópias de resumo da dissertação para os participantes. Considero importante para a pesquisa, que prossegue, submeter minhas constatações para colegas e professores das redes de ensino locais, para ouví-los naquilo que têm a acrescentar, dando objetividade e consubstacialidade ao meu trabalho, escrito exatamente para ser debatido na sala de aula. PALAVRAS CHAVE: Jongo - religiosidade de matriz africana - epistemicídio - racismo Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 59 PRECONCEITO RELIGIOSO NA ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA. IOLANDA TAKIGUTI INSTITUTO DE ENSINO DE ANGRA DOS REIS/ UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE Ao matricular o meu filho na Escola Municipal Tereza Pinheiro de Almeida, para cursar o terceiro ano das séries iniciais, acreditei que assim facilitaria meu dia a dia. Buscava uma vaga no turno da manhã, para que eu pudesse trabalhar, e por não haver vaga na Escola Municipal Santos Dumont, no período da manhã onde o meu filho estava matriculado desde o C A. Na Escola Municipal Tereza Pinheiro de Almeida, em conversa com seus colegas de classe o meu filho comentou que eu distribuía doces no dia de São Cosme e São Damião, por que eu era umbandista. A professora começou a perseguir o meu filho.Ela dizia que: “se a sua mãe serve o diabo você também serve”. A diversidade religiosa existente em nosso país coloca a questão do tema “preconceito religioso”. O que me fez levantar esse questionamento e compreender como a instituição de ensino convive com esta questão na sala de aula. O preconceito religioso na educação me incomoda pelo fato de meu filho ter passado por essa experiência nas séries iniciais do ensino fundamental. O objetivo desta pesquisa é investigar a relação entre o preconceito religioso na escola e a religiosidade africana. O método que utilizarei consiste em relatar minha experiência vivida com o tema em questão e procurar respostas para alguns questionamentos tais como: Até onde a escola brasileira é laica? Em que medida a religião interfere na introdução da historia e cultura afro-brasileira no currículo da escola?.Espero que esses questionamentos contribua para a educação brasileira.Com isso se abra um leque de informações para que as religiões de matriz africana passe a ter voz no âmbito escolar para que as crianças seguidoras dessas religiões não continuem vendo sua religião como uma coisa feia ou errada tendo que esconder de sua religião e possam dizer sem medo sua crença assim como os católicos e evangélicos. A marca que fica em quem é vitima de um preconceito fica na alma pois apesar de passar tanto tempo esse fato muito me incomoda. PALAVRAS CHAVE: Religiosidade, Religiões africana, Preconceito. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 60 AS ÁGUAS DE MARÇO LEVANDO O VERÃO... LOUVANDO A RAINHA DO MAR YEMONJÁ. Israel Evangelista Santos Ofarere Movimento Afro Religioso Este Projeto tem sua motivação inicial a partir da indignação dos representantes da Associação de Pescadores da Barra da Tijuca – APELABATA, em função do ato de vandalismo que a imagem desta divindade instalada no quebra-mar do Posto 01 da Avenida do Pepê, na Barra da Tijuca/RJ sofreu após a realização da procissão de Yemonjá no ano de 2012. Na ocasião, a imagem cultuada pelos homens do mar daquela região, como uma protetora dos seus trabalhos e símbolo da relação destes com a natureza. foi completamente destruída. http://oglobo.globo.com/eu-reporter/vandalos-destroem-estatua-de-iemanja-na-praia-da-barra4405546#ixzz2NdWlJc4L). Assim, através de parceria entre o Grupo Ofarerê de Comunicação Cultural - que defende os signos da cultura negra - e a APELABATA foi organizado este Projeto que, para além de outras atividades, buscarão instalar no local (Píer do Posto 01 da Barra da Tijuca) uma imagem de Yemonjá em tamanho natural restabelecendo de forma apropriada o espaço de louvação dos pescadores da região à sua protetora. Esta homenagem também deverá ser efetivada em associação com a Subprefeitura de Barra da Tijuca e Jacarepaguá de modo que a sociedade civil e o poder público possam contribuir para evitar-se que a nova imagem seja alvo de vândalos ou intolerância religiosa. Cabe destacar que já o Prêmio Ações Locais - Edição Rio450 reconheceu o Projeto “Yemonjá: louvando a Rainha do Mar” enquanto uma ação local que representa a contribuição dos povos tradicionais da pesca e matriz africana para a valorização das manifestações culturais no Município e Estado do Rio de Janeiro. www.youtube.com/watch?v=cZPbdmwJHPE. A presente proposta objetiva a realização de um evento político e cultural nos dias 24, 25 e 26 de março de 2016 para a celebração da divindade Yemonjá com a finalidade de instalar no píer do posto 01 Barra da Tijuca - RJ a imagem da rainha do mar. PROGRAMAÇÃO DIA 24/09 ÁS 17h. CINELANDIA XIRE A YEMONJÁ - SEÇÃO SOLENE NA CÂMARA MUNICIPAL – RJ - DIA 25/09 ÁS 09h. SEMINÁRIO DE INTEGRAÇÃO CULTURA E RELIGIOSIDADE – UERJ - 18 h. XIRÉ EM LOUVOR A RAINHA DO MAR. - DIA 26/09 ÁS 10h. XIRÉ EM LOUVOR A RAINHA DO MAR IMPLANTAÇÃO DA IMAGEM DE YEMONJÁ NO PÍER DO POSTO 01 DA BARRA DA TIJUCA - PRAIA DOS AMORES -RJ. PALAVRAS CHAVE: RELIGIOSIDADE, FÉ, PESCADORES, INTOLERÂNCIA,YEMONJA Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 61 RESUMOS DO EIXO 6 JUVENTUDES, DIREITOS HUMANOS E POLÍTICAS DE ACESSO E PERMANÊNCIA AOS SISTEMAS DE ENSINO Coordenadores: Leila Haddad, Fabiano Avelino, Sandra Cardoso POLÍTICAS DE FORMAÇÃO OU PADRONIZAÇÃO NO SISTEMA DE ENSINO? ADRIANO VARGAS FREITAS CLARISSA BASTOS CRAVEIRO UFF/IEAR Este trabalho apresenta recortes de duas pesquisas desenvolvidas no campo da Educação com o intuito de contribuir para o melhor conhecimento a respeito da avaliação da docência, sua formação e atuação em diferentes modalidades, e diversidades culturais e sociais. Entendemos que essas temáticas de pesquisa fazem parte das políticas de acesso e permanência de profissionais nos ambiente educacionais. As pesquisas destacam como um dos objetivos centrais a apresentação de um olhar panorâmico sobre a área da educação com foco sobre a docência, privilegiando a metodologia do estado da arte. Partem de um grupo de pesquisa do campo do currículo desenvolvido na unidade de Angra dos Reis da Universidade Federal Fluminense e dialogam com temáticas relacionadas à formação de professores. A primeira pesquisa destaca sentidos da formação docente a partir de análises de projetos políticos curriculares que tem sido utilizados para o crescente processo de legitimação dos discursos em prol de avaliação institucionais externas. A segunda busca focar a avaliação sobre a formação e atuação do docente que atua em uma modalidade de ensino ainda entendida como inferior às demais, a Educação de Jovens e Adultos (EJA). Em comum, dentre outros pontos, a verificação da grande influência das avaliações sobre a formação e o fazer docente no Brasil marcado por políticas que buscam padronizar perfis idealizados que possam “contribuir” com o mundo globalizado. PALAVRAS CHAVE: Políticas, Currículo, Formação de Professores, Estado da Arte Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 62 OS SUJEITOS DA EJA: UM ESTUDO EM UMA ESCOLA DE ANGRA DOS REIS MERLIN DIAS GOMES IEAR/UFF Apresentamos neste trabalho recorte de pesquisa em andamento desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática do Instituto de Educação de Angra dos Reis da Universidade Federal Fluminense, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas para conclusão do Curso de Pedagogia. A pesquisa nasce de experiência de estágio na modalidade de ensino de Educação de Jovens e Adultos (EJA) em escola da rede municipal de Angra dos Reis. Buscamos conhecer quais as histórias de vida desses estudantes, seus desejos, perspectivas e receios, e principalmente, quais os motivos que os levaram a retornar aos bancos escolares. Em busca dessas respostas, fizemos incialmente leituras sobre o assunto que nos serviram de referenciais orientadores tanto para coleta de dados - obtidos via entrevistas e aplicação de questionários - quanto para a análise das informações obtidas. Como a pesquisa ainda não está concluída temos apenas dados preliminares que apontam para a necessidade de repensarmos esta modalidade como importante forma de inclusão de cidadãos, assim como a necessidade de reavaliarmos a formação dos professores e suas práticas de letramento para a EJA, de modo que ela promova mais oportunidades. PALAVRAS CHAVE: Educação de Jovens e Adultos, sujeitos, histórias de vida, inclusão social, formação de professores Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 63 AVANÇOS E DESAFIOS NA CONSTRUÇÃO DO PLANO JUVENTUDE VIVA HUGO RAFAEL RUFINO VILELA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS / UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE O Plano Juventude Viva surge a partir do resultado das demandas da I Conferência Nacional de Juventude, realizada em 2008, e tem como principal objetivo reduzir os índices de homicídios de jovens negros do sexo masculino, no Brasil. Ele nasce a partir da denúncia de diversos segmentos organizados da sociedade civil que têm parte de sua pauta embasada na desconstrução da cultura de banalização de violência física. Relatórios anuais de diversas organizações têm comprovado que os maiores índices de vulnerabilidade aos homicídios estão justamente entre pessoas que possuem esse estereótipo. E Desde então o governo Federal tem promovido uma série de ações coordenadas pela SNJ – Secretaria Nacional de Juventude e a SEPPIR – Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, em conjunta diversas ações já promovidas por 11 ministérios, que visam ampliar direitos e políticas públicas nos territórios dos 142 municípios brasileiros – entre eles o de Angra dos Reis – que juntos são os responsáveis por mais de 70% dos homicídios de jovens negros em todo o país; que em sua maior parte são ocasionadas pela disputa do controle das vendas de drogas ilícitas dentro dos territórios urbanos, e pela Polícia Militar. O tema passou a ter maior relevância e importância devido às discussões de matérias que surgiram durante esse período no congresso nacional, como: a apresentação do PL 4.471/12 de autoria do deputado federal paulo Teixeira do PT/SP, que pede o fim dos autos de resistência, da CPI da Câmara dos Deputados criada esse ano para apurar a violência e causas das mortes de jovens negros, de autoria do deputado federal Reginaldo Lopes, PT/MG, e da CPI do Senado para tratar do mesmo tema, que é de autoria do Senador Lindberg Farias, do PT/RJ. A proposta que eu quero apresentar nessa exposição de trabalhos é a de fazer um balanço preliminar dessas ações oferecidas pelos diversos órgãos do Governo Federal, de modo, a reduzir a mortalidade dos jovens negros nesses municípios nesses últimos 3 anos, desde que o Plano foi criado, através da apresentação dos dados obtidos por esses relatórios e dos resultados das intervenções provocadas pelo poder público dentro desses territórios. PALAVRAS CHAVE: juventude, viva, extermínio, homicídio, negro Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 64 CONSTRUÇÃO DOS SABERES MATEMÁTICOS NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS MARIA APARECIDA MOREIRA DE ALENCAR PIRES IEAR/UFF Apresentamos neste trabalho recorte de pesquisa desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática do IEAR/UFF, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas para conclusão do Curso de Pedagogia. Analisamos a construção do conhecimento matemático na Educação de Jovens e Adultos, tomando por base que ele está inserido em nosso cotidiano, e o usamos todos os instantes. Esta modalidade de ensino é voltada para jovens, adultos e idosos, e visa pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A questão que norteou nossa pesquisa foi: Como está sendo desenvolvido o processo de ensino e aprendizagem na EJA em matemática? A metodologia envolveu revisão bibliográfica e entrevista com uma professora de uma escola municipal de Angra dos Reis. Dentre os resultados obtidos, verificamos que a construção do conhecimento matemático do aluno da EJA deve envolver sua experiência de vida, e sua vivência do cotidiano, de forma a diminuir suas dificuldades nesta área. Estas dificuldades tem influenciado diretamente a permanência ou evasão desses estudantes do processo escolar, por isso é necessário que atentemos para a necessidade de motivá-los e buscarmos formas de envolvê-los neste processo, especialmente na área de matemática, que tem sido vista como uma das grandes causas de grande número de reprovações e abandonos. Além disso, a percepção de que os conhecimentos prévios influenciam nessa construção, pois, de uma forma geral, os alunos trabalham, tem acesso a mídia, fazem compras, cuidam das despesas diárias, aprendem com a vida a reconhecer o valor do dinheiro, entre tantas outras atividades que envolvem contagem e quantificação. Como referência de nossas análises, optamos pelo Programa de Etnomatemática, que, de acordo com D´Ambrosio (2007), envolve reconhecer a matemática como área que se organiza de acordo com as necessidades dos indivíduos, auxiliando-os a lidar com o ambiente, para sobreviver e tentar explicar o visível e o invisível. PALAVRAS CHAVE: conhecimentos matemáticos, educação de jovens e adultos, programa de etnomatemática Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 65 A INCLUSÃO DOS EXCLUÍDOS - O INGRESSO NA EJA DE JOVENS CADA VEZ MAIS JOVENS AMANDA GUERRA DE LEMOS UNIRIO Nos últimos anos, intensificou-se a entrada de jovens “cada vez mais jovens” no Programa de Educação de Jovens e Adultos (PEJA-SME/RJ). O PEJA vem recebendo alunos oriundos da própria rede, cursando o Ensino Fundamental, transferidos ao completar 17 anos. Não é raro o Programa receber alunos ainda mais novos, de 15 anos, também transferidos da própria rede, sem histórico de evasão, embora apresentando defasagem idade/série. Muitos desses alunos relatam motivos parecidos para ingressar no Programa: expulsão da escola. Embora saibamos que, formalmente não existe tal procedimento, é muito perceptível a sensação de não acolhimento nas suas escolas de origem, seja pelo “mau comportamento” ou por dificuldade de aprendizagem. O ingresso na EJA seria visto como um “castigo”, uma forma de retirá-los da escola em que não se “enquadram”, mantendo-os no “sistema”. Se a Resolução CNE/CEB nº 03, de junho de 2010 institui a idade de 15 anos como mínima para o ingresso na EJA de Ensino Fundamental, legaliza a transferência, esta mesma Resolução também expõe a necessidade de pensar políticas próprias de atendimento a esses alunos.Ouvimos que a EJA se descaracteriza com a entrada desses jovens, pois não se integram com os mais velhos, vistos como os verdadeiros detentores do direito à EJA, causando conflitos intergeracionais. No entanto, sendo a EJA em sua essência plural, é urgente discutir o lugar deste jovem: se a escola seriada do ensino fundamental não o quer e nem a EJA o inclui, qual a escola desse/para esse aluno? Quem é esse jovem aluno? Qual a juventude que está sendo excluída? Investigação das trajetórias escolares dos jovens que ingressam à EJA oriundos de transferências de escolas da rede, através de uma pesquisa qualitativa tendo como foco uma escola com o PEJA (SME/RJ) que apresente número significativo de jovens na condição apresentada.Acredito que a investigação que conduzirá no caminho de tentar responder a esses questionamentos pode ajudar a pensar uma escola verdadeiramente inclusiva, onde as relações sejam construídas no diálogo, partindo dos seus próprios atores e entendendo os jovens como sujeitos desse processo. PALAVRAS CHAVE: EJA, Juvenilização, Sujeitos da EJA Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 66 NÚCLEO INTERDISCIPLINAR DE ESTUDOS E PESQUISAS SOCIOAMBIENTAIS E EM DIREITOS HUMANOS COMO FERRAMENTA PARA A DISCUSSÃO E CONSTRUÇÃO AFIRMATIVAS EM RELAÇÃO A DIVERSIDADE E A SUSTENTABILIDADE. FERNANDO MENDES GUERRA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO UNIVERSITÁRIO Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas Socioambientais e em Direitos Humanos- Espaço institucional presencial e permanente, no âmbito acadêmico, de caráter didático-pedagógico, cultural, artístico, tecnológico e de interação com a sociedade, que tem por princípio contribuir para a construção e promoção de uma cultura dos direitos humanos e de ações afirmativas socioambientais. Objetivos: 1. Assumir compromisso de defesa dos princípios de justiça, liberdade, bem estar social e respeito ao reconhecimento da dignidade humana; estimular a incorporação dos Direitos Humanos e demais temas afins a nível curricular na graduação e pósgraduação; Metodologia - Todo o desenvolvimento de ações do Núcleo está fundamentada na construção de ações colaborativas intra e interinstitucionais, Cine debates, visitas técnicas e ações afirmativas junto à comunidades. Considerações finais: A complexidade das atuais questões socioambientais e de direitos humanos vem estimulando as instituições de ensino a construir processos pedagógicos que promovam a superação da perspectiva disciplinar. Através do Núcleo temos conseguido sucesso na construção de projetos interdisciplinares e inserção dos graduandos em questões ligadas aos direitos humanos e diversidade. PALAVRAS CHAVE: Direitos Humanos, sustentabilidade, currículo, Diversidade e Participação Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 67 RESUMOS DO EIXO 7 EDUCAÇÃO NO CAMPO, INDÍGENA,QUILOMBOLA, CAIÇARA, ILHAS, SERTÕES, POPULAÇÕES ITINERANTES Coordenadores: Domingos Nobre, Aline Abbonízio CIGANOS E POLÍTICAS PÚBLICAS NO CAMPO DA EDUCAÇÃO EM ANGRA DOS REIS, RIO DE JANEIRO MARIANA REGINA BEZERRA GUERREIRO BRUNO ANTONIO CERCHI INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS - IEAR - UFF O projeto de pesquisa “Ciganos e políticas públicas em Angra dos Reis, Rio de Janeiro”, que informa esta comunicação, tem como objetivo geral a produção de relatos etnográficos sobre a identidade cigana na esfera pública. Pretende-se pesquisar as formas pelas quais a identidade cigana é construída e negociada, como ela se transforma e é manipulada dentro do contexto definido por políticas públicas e práticas burocráticas. A coleta dos dados se estrutura a partir de trabalho de campo antropológico envolvendo observação direta em acampamentos ciganos do Perequê, Parque Mambucaba, Angra dos Reis, e observação participante na Secretaria Municipal de Educação, Ciência e Tecnologia de Angra dos Reis PALAVRAS CHAVE: Ciganos, educação, etnografia, políticas. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 68 ESCOLAS NAS TEKOA GUARANI: ENTRE O PROCLAMADO E O REAL LUIZA HELENA MARTINS DE CARVALHO UFRRJ - PPGEDUC Este trabalho tem como objetivo principal analisar algumas questões que envolvem as recentes mudanças propostas para a Educação Escolar Indígena no país, tendo como foco, identificarmos junto aos sujeitos envolvidos, as questões que se apresentam no momento em que as comunidades Guarani enfrentam um importante desafio: se apropriar desse aparelho Juruá, que é a escola, com seus instrumentos educativos formais e específicos, utilizando-se dela para garantir que o trabalho desenvolvido no mundo escolar alcance os resultados esperados por todo o seu grupo. A princípio, esses educadores apresentam o desejo de fortalecer, através da escola, os hábitos e os saberes tradicionais, sem que isso lhes traga perdas culturais. A proposta metodológica para nos ajudar a refletir sobre os impactos que a educação escolar tem sobre a vida tradicional Guarani, é a da pesquisa-ação participante, com base na análise de relatos de experiências vivenciadas por educadores Guarani M’Byá do Sul /Sudeste do Brasil, considerando as expectativas das famílias e das lideranças comunitárias nesse período. Para tal, além das observações da autora, foram recolhidos relatos e depoimentos em diversos trabalhos publicados em vídeos produzidos a partir de importantes projetos de pesquisa acadêmica. As considerações a respeito do que aqui proponho refletir, nos levam a perceber que, se há um campo em que a educação brasileira avançou a ponto de nos apontar caminhos que “incitam a esperança e a humanização ” nas escolas, esse campo é o da educação escolar para os povos indígenas. No entanto, percebemos também que estamos longe de ter, na prática, o ideal concretizado no real. Para aproximarmos a realidade vivenciada na educação escolar para essas comunidades dos ideais proclamados pelos papéis oficiais, teremos que rever nossa história e suplantar o que vem sendo perpetuado ideologicamente. PALAVRAS CHAVE: Educação, escola, tradição, interculturalidade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 69 EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DE CIÊNCIAS PARA COMUNIDADE GUARANI: A CONSTRUCÃO DE UM CURRÍCULO INTERCULTURAL EMERGENTE DE SITUAÇÕES DAS ALDEIAS INDÍGENAS DE MARICÁ E ITAIPUAÇÚ CLARA DOS SANTOS BAPTISTA CAROLINA ALVES DE OLIVEIRA CELSO SANCHEZ UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO A aldeia Guarani de Maricá, formada há dois anos e meio e a aldeia Guarani de Itaipuaçú, formada há um ano, ambas localizadas no município de Maricá, possuem um projeto de escola diferenciada que surgiu através de demandas da própria comunidade. As escolas da região não possuem um sistema para acolher as crianças da aldeia por isso a importancia de se pensar escolas diferenciadas que atendam as crianças das comunidades indígenas que se instalaram recentemente em Maricá. Nesse contexto, professores e alunos da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) se uniram no sentido de contruir um currículo intercultural em apoio as iniciativas dos membros das comunidades indígenas e apoiar o poder público. O projeto aqui apresentado tem como objetivo pensar uma educação ambiental e ensino de ciências contextualizada à realidade das aldeias, e visando a produção de um currículo construído junto com os Guarani das aldeias de Maricá e Itaipuaçú que emerja de situações concretas vividas pela comunidade e valorize seus conhecimentos e saberes. Este projeto toma forma através de visitas periódicas para reuniões nas duas comunidades com o intuito de discutir temas geradores de ciências pertinentes ao grupo de professores indígenas. As visitas às comunidades evidenciam que os saberes Guarani, desde o modo de cultivo até a relação com o território e com as pessoas, são riquíssimos. Com esta iniciativa junto aos membros das comunidades esperamos contribuir para construção de um sistema de educação indígena diferenciado, que possa, inclusive, servir de inspiração para outras aldeias em outras áreas. PALAVRAS CHAVE: Educação indígena, Guarani Mbyá, Interculturalidade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 70 PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO EM ENSINO DE LÍNGUA GUARANI ALGEMIRO DA SILVA KARAI MIRIM DOMINGOS BARROS NOBRE ESCOLA INDÍGENA ESTADUAL GUARANI KARAI KUERY RENDA / IEAR/UFF As escolas indígenas guarani ressentem-se da falta de materiais didáticos em língua materna adequados para o Ensino de Língua Guarani do 6º ao 9º Anos. O trabalho relata a experiência de produção de livro didático multimídia para ensino de língua indígena que prioriza a leitura e produção textual, com exercícios de gramática textual e enfoque temático na cultura Guarani Mbya, numa perspectiva crítica de preservação e fortalecimento da cultura e língua Guarani. O relato se insere no âmbito de um Projeto de Pesquisa e Extensão do IEAR/UFF. PALAVRAS CHAVE: Produção de Material Didático, Ensino de Língua Guarani, Material Didático Bilingue e Intercultural Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 71 A LUTA POR EDUCAÇÃO DAS COMUNIDADES TRADICIONAIS CAIÇARAS DE PARATYRJ: O CASO DA PRAIA DO SONO ROBERTA ROCHA BASTIANINI MARA EDILARA BATISTA DE OLIVEIRA LICIO CAETANO DO REGO MONTEIRO DOMINGOS BARROS NOBRE IEAR/UFF Este trabalho busca apresentar alguns resultados preliminares do Projeto Diagnóstico Socioeducacional para a Elaboração de Projetos de Educação Diferenciada na Zona Costeira de Paraty-RJ, desenvolvido no âmbito do IEAR/UFF, com apoio do Edital Fopin 2015. O projeto visa atender uma necessidade das comunidades tradicionais de formular uma política pública que possibilite ampliar o acesso ao ensino fundamental na Zona Costeira de Paraty-RJ para atender a alunos de 6º ao 9º ano. A Zona Costeira é um recorte administrativo da Secretaria Municipal de Educação de Paraty, que agrega as comunidades cujo acesso à sede do município só pode ser feito por trilha ou barco. Corresponde também a territórios de comunidades tradicionais caiçara. Nessa Zona Costeira existem oito escolas de 1º ao 5º ano. Ao concluírem o 5º ano, as crianças não têm acesso a escolas de 6º ao 9º, resultando em diversos problemas de não conclusão do ensino fundamental. Num contexto de mobilização das comunidades tradicionais em torno da educação diferenciada e da discussão do novo Plano Municipal de Educação, nosso diagnóstico pretende fazer um levantamento preliminar da demanda existente na Zona Costeira e dos projetos educacionais em desenvolvimento. O caso da Praia do Sono foi o primeiro a ser estudado pela equipe e se destaca como uma das escolas previstas para ampliação no ano de 2016. PALAVRAS CHAVE: Comunidades tradicionais caiçaras; Educação diferenciada; Diagnóstico socioeducacional Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 72 DISPUTAS PELA CONSTRUÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO DIFERENCIADA NAS COMUNIDADES CAIÇARAS DE PARATY-RJ COMO POLÍTICA PÚBLICA ESTRUTURANTE LEANDRO BULHÕES DOS SANTOS LICIO CAETANO DO REGO MONTEIRO DOMINGOS BARROS NOBRE MARA EDILARA BATISTA DE OLIVEIRA IEAR/UFF A partir do Projeto Diagnóstico Socioeducacional para a Elaboração de Projetos de Educação Diferenciada na Zona Costeira de Paraty-RJ, desenvolvido no âmbito do IEAR/UFF, com apoio do Edital Fopin 2015, este trabalho busca aprofundar alguns dilemas políticos e pedagógicos relacionados às atuais disputas em torno da implantação das séries finais do Ensino Fundamental nas comunidades tradicionais caiçaras de Paraty-RJ. Esse processo de ampliação das escolas na Zona Costeira tem ocorrido dentro de um contexto de forte mobilização das comunidades em torno de suas demandas historicamente reprimidas por educação. No ano de 2015, essa luta culminou com as discussões no Plano Municipal de Educação, aprovado em conferência em 2015, e no compromisso da Secretaria Municipal de Educação com a implantação do Ensino Fundamental II em duas comunidades caiçaras. Ao longo do segundo semestre de 2015, foram realizadas diversas reuniões, das quais participaram diversos atores envolvidos no processo: Secretaria Municipal de Educação, Fórum de Comunidades Tradicionais, professores da rede municipal, universidades públicas e ONGs. As discussões expressam os dilemas, dificuldades e tensões em torno da construção de uma política pública estruturante de educação diferenciada que está sendo elaborada já para o ano de 2016. PALAVRAS CHAVE: Comunidades tradicionais caiçaras; Educação diferenciada; Política pública Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 73 A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA GUARANI (KIRINGUE'I) ALGEMIRO DA SILVA COLÉGIO INDÍGENA ESTADUAL KARAI KUERY RENDÁ Desde a partir da contação da lenda da criação do mundo e da linda lenda do sol e da lua, o povo guarani vem falando de que a criança é um algo especial em nossa vida. Porque para o povo guarani, o sol e alua eram crianças, eram dois irmãos que viviam na terra como qualquer criança. Sendo assim então nós acreditamos que a criança guarani é, realmente são especiais. Crianças em guarani é Kiringue’i. Kiringue’i traduzindo em português é os pequeninos. Neste sentido nós povo guarani sempre cuidamos, gostamos e respeitamos as nossas crianças, aliás cuidamos muito antes do nascimento, desde a partir da gestação. Nós acreditamos que quando a criança guarani nasce ela deve ser adorada e precisa receber o nome em guarani, porque para nós o nascimento de uma criança é um anúncio de uma nova vida. Quando nasce a criança Deus (Nhanderuete) manda espírito descer junto (alma=nhe’ê)... Educando a Criança (Kiringue’i) - Nesta fase a educação de educação da criança precisa de acompanhamento dos pais. Para o povo Guarani educar a criança, mostrando alguma coisa, mostrar a criança aos filhos a importância de conviver junto. Nessa fase o pai não pode abandonar o filho, assim pode se dedicar melhor a seu filho e cumprir algumas regras, por exemplo: o casal não pode separar, dando o bom exemplo ao seu filho, a criança deve acompanha-los em todas as atividades que os pais fazem. Como a criança guarani aprende? A criança Guarani aprende a partir dos 3 anos pela observação, exemplo: tecendo cestarias, reunião da comunidade, festas cerimoniais, nas danças e cânticos. Em todas as atividades, crianças guarani é sempre bem vinda. Na sala de aula, nas classes de 1º a 5º ano, é sempre visto algumas crianças, sendo algumas meninas leva sua irmã par a escola por isso elas participam das aulas mesmo sem estar matriculada na classe. Assim cuidamos de nossas crianças, na aldeia todos somos responsáveis dos nossos filhos (Kringue’i). . PALAVRAS CHAVE: Educação Indígena; Criança Guarani; Educação diferenciada Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 74 ETNOMATEMÁTICA E O PRINCÍPIO EDUCATIVO DO TRABALHO CLAUDIO FERNANDES DA COSTA IEAR/UFF Esta comunicação se propõe a refletir centralmente sobre o Trabalho como princípio educativo, destacando, sobretudo, o seu viés onto-histórico na perspectiva do materialismo histórico e dialético. Adotamos como perspectiva empírica o contexto sócio-histórico-cultural de jovens e adultos agricultores, indígenas, quilombolas e caiçaras, bem como de outros grupos sociais habitantes de ilhas, Sertões, etc. Neste sentido, buscaremos relacionar o princípio educativo do Trabalho com o conhecimento matemático desenvolvido a partir desses diversos contextos, ou o que Ubiratan D`Ambrosio define como Etnomatemática. Neste sentido nos aproximamos do "Programa Etnomatemática", como concebido por D´Ambrósio: instrumentos de reflexão, de observação, instrumentos materiais e intelectuais (ticas), para explicar, entender, conhecer, aprender para saber fazer (matema), como resposta a necessidades de sobrevivência e de transcendência, ao longo da história, em diferentes ambientes naturais, sociais e culturais (etnos). Ou seja, destacamos que as diversas culturas humanas realizam, em cada momento histórico, atividades, inclusive matemáticas, relacionadas à necessidade e ao modo de produção da sua existência. D`Ambrosio, afirma, como vimos, que decorrem na necessidade de existência e transcendência, e Marx que vinculam-se às necessidades do estômago e da imaginação. Assim sendo, trabalhamos com a hipótese de que, nesta perspectiva, tal atividade (o Trabalho) como princípio educativo, constitui-se como princípio do núcleo firme da própria Etnomatemática. Propomos, assim, abordar o Trabalho, considerando que é fonte de humanização e ao mesmo tempo objeto de exploração e expropriação. Neste caso, adotamos metodologicamente as categorias totalidade e contradição, que em sua complementaridade, segundo Kosik, tanto nos servem para analisar as possibilidades onto-históricas do Trabalho, quanto para problematizá-las no contexto das formas atuais de reprodução da vida sob a égide do capital. PALAVRAS CHAVE: Etnomatemática, Ontologia, História, Educação, Trabalho Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 75 VIDAS CIGANAS FABIANO RANGEL DE ANDRADE PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS Com o perceptível aumento de ciganos na região de Mambucaba – Angra dos Reis – surgiu a vontade e necessidade de entender melhor essa cultura tão mistificada. Percebendo tal realidade tão presente no espaço escolar e no bairro a E.M. Nova Perequê resolveu criar o projeto Vida Cigana, que visa emergir a realidade cigana desmistificando uma barreira social presente entre tais comunidades e os moradores da região Ao invés de se trazer os ciganos pra escola, fomos um pouco mais ousados, inicialmente fizemos contatos com os lideres dos acampamentos e resolvemos levar a escola para dentro da realidade cigana. Visitas foram marcadas e grupos de estudantes visitaram os diversos tipos de moradia para perceber as diferenças e igualdades entre as culturas. Após essa preparação foi se feito a grande noite cigana onde a escola preparou a maior união dos acampamentos da região já ocorrida e como estudo ficou voltado no que mudou nos alunos na percepção dos ciganos e dos ciganos na escola. O trabalho a ser apresentando visa demostrar desde a organização das visitas até o momento de feedback dos alunos diante das concepções de mudanças de opiniões paradigmas em relação a cultura, suas crenças, religiões, hábitos e costumes. Perceber que na verdade o povo cigano e tão humano como nós e tem hábitos e costumes tão parecidos surpreendeu todos. Desde alunos até professores. Ver que eles tem um modo de viver e gostos diferentes como cada diversidade que conhecemos. A liberdade como tema e a experiência de ter corrido o mundo e ainda guardar tais histórias de forma oral é de se admirar que esta tão rica cultura não tenha se perdido ao longo dos tempos. PALAVRAS CHAVE: cigano ,cultura, sociedade, mambucaba, misticismo Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 76 ANÁLISES DE PRÁTICAS LABORAIS DE PESCADORES DA PRAIA DE PROVETÁ GUSTAVO MARTINS IEAR/UFF Apresentamos neste trabalho recorte de pesquisa desenvolvida no interior do Grupo de Pesquisa em Educação Matemática do Instituto de Educação de Angra dos Reis da Universidade Federal Fluminense, sob a orientação do Prof. Dr. Adriano Vargas Freitas para conclusão do Curso de Pedagogia. Nos propomos a analisar e descrever os conhecimentos matemáticos envolvidos nas práticas laborais dos pescadores e redeiros da comunidade da praia de Provetá, na Ilha Grande, Angra dos Reis. Surge daí nossa questão de pesquisa: quais são os conhecimentos matemáticos envolvidos nas práticas laborais da pesca da comunidade caiçara da praia de Provetá, Ilha Grande? Dentre estas práticas, destacamos o manejo manual das redes de pesca, o trabalho cotidiano no mar e a partilha dos resultados, cujos conhecimentos são passados de gerações a gerações de pescadores, em uma tentativa de manter a cultura e a sobrevivência dessa comunidade. Como metodologia, utilizaremos revisão bibliográfica sobre o tema, entrevistas semi-estruturadas com rendeiros e pescadores da comunidade de Provetá para coletarmos experiências envolvendo conhecimentos matemáticos, e coletar imagens dessas práticas laborais. Como referencial teórico, destacamos o Programa de Etnomatemática que entende os conhecimentos matemáticos atuando em um contexto multicultural, facilitando o entendimento dos processos de geração e transmissão de conhecimentos, no fazer ciências de cada grupo identificável, com propósito de utilizar esses conhecimentos para beneficio do próprio grupo, na manutenção de seus valores e práticas culturais/sociais/religiosas/profissionais/políticas.Dentre os resultados já verificados, a percepção de que a falta de incentivo a estas práticas de remendo e armação de rede tem trazido preocupações aos pescadores na atualidade, pois os jovens não vêm nisso interesse e não há qualquer mobilização para que esta cultura permaneça nas mãos dos caiçaras. PALAVRAS CHAVE: práticas laborais de pesca e remendo de redes, comunidade caiçara, programa de etnomatemática, conhecimentos matemáticos Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 77 CONSTRUINDO UMA IDENTIDADE DE ESCOLA DO CAMPO EM DUQUE DE CAIXAS/ RJ MICHELLE PESSANHA CABRAL ESCOLA MUNICIPAL DO CAMPO PRESIDENTE VARGAS Construindo uma identidade de Escola do Campo em Duque de Caxias/ RJ. O presente resumo, materializado num relato de experiência, apresenta o protagonismo docente numa Escola do Campo situada no município de Duque de Caxias, Baixada Fluminense, Rio de Janeiro. O processo de esvaziamento da Escola Municipal Presidente Vargas, localizada na área rural do município, foi a motivação dessa pesquisa realizada pela Orientadora Pedagógica Michelle Pessanha, que acredita na concepção progressista na qual a Escola não é uma instituição isolada dos problemas sociais que circundam o seu território. Ainda, segundo Freire(1989) “ As escolas estão inserida num mundo de relações afetivas, políticas, pedagógicas, constituem um espaço fundamental da prática e reflexão pedagógica”. Essa investigação esbarra numa política local que não reconhece a especificidade do território rural e, por conseguinte, ignora a particularidade pedagógica existentes em suas treze Escolas do Campo. O Projeto Político-Pedagógico será o instrumento de construção de uma Cultura da Escola realçando seu caráter instituinte (Libâneo,2011) pois sintetizará os interesses, os desejos e as propostas dos sujeitos sociais que dialogam nessa instituição educativa. A investigação histórica através de leituras da historiadora Marlúcia Santos de Souza, a observação de mapas locais e dados censitários, a análise documental do Plano Municipal de Educação serão as fontes de dados que contextualizarão esse diagnóstico social local. O currículo que se materializa nessa escola está sendo construído por seu grupo docente e praticado através da metodologia de Pedagogia de Projetos no qual a centralidade será o Projeto “Horta Escolar” e “Criando e Reciclando”. Dialogar com as demais escolas do município e com o Estado através da Secretaria Municipal de Educação, tem sido uma constante que reforça a concepção ideológica construída coletivamente pelos sujeitos sociais que compõem essa escola reforçada no cotidiano de uma “Escola Rural que sonha ser uma Escola do Campo” na qual se defende que “Educação do Campo é um direito nosso e dever do Estado”. PALAVRAS CHAVE: Palavras-chave: Baixada Fluminense, Currículo, Educação do Campo, Identidade, Projeto Político Pedagógico. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 78 METODOLOGIA DE FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES PARA EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA ANA PAULA ARAUJO DA SILVA TREVA ANNA BEATRIZ ALBUQUERQUE VECCHIA CAROLINA MIRANDA DE OLIVEIRA INSTITUTO DE EDUCAÇÃO DE ANGRA DOS REIS / UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE O objetivo deste trabalho é capacitar professores não indígenas para atuarem no segundo segmento da Educação Escolar Indígena do Colégio Indígena Estadual Guarani Karai Kuery Renda, numa perspectiva curricular diferenciada, intercultural e bilíngue. O trabalho baseia-se no acompanhamento pedagógico do curso Formação Continuada de Professores do 6º ao 9º ano Guarani e das aulas ministradas por esses professores na aldeia Sapukai. A metodologia consiste em filmagem, edição e análise didática dos conteúdos das aulas, tal análise se dá no curso e no grupo de pesquisa (CNPQ): "Espaços Educativos e Diversidade Cultural". Esta ação integra pesquisa, extensão e ensino tendo como componentes do grupo bolsistas de Iniciação à docência, iniciação cientifica (PIBID, PIBIC e FOPIN). PALAVRAS CHAVE: Formação de professores; Educação escolar indígena Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 79 RESUMOS DO EIXO 8 DIVERSIDADE CULTURAL, INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE Coordenadoras: Dagmar de Melo e Silva, Luciana Telles e Adriana Sanseverino A CRIAÇÃO DE PERSONAGEM AUXILIANDO A PRÁTICA PEDAGÓGICA ATRAVÉS DA MEDIAÇÃO. FÁTIMA VALÉRIA OLIVEIRA CAMPOS PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS O presente trabalho aponta a importância da construção do conhecimento do aluno, especialmente o aluno com autismo, tendo a participação direta do professor e de seus pares competentes, no ambiente da sala de aula. Essa forma especial de interação professor-aluno e aluno-aluno é caracterizada por alguns aspectos fundamentais diretamente relacionados à qualidade do processo de aprendizagem. Vygotsky entende que o ser humano nasce apenas com recursos biológicos, mas é através da interação social, da sua inserção na cultura e da intencionalidade dos processos de mediação que ele é capaz de superar funções meramente primárias ou elementares para o desenvolvimento de funções superiores, notadamente históricas e marcadas pela cultura. Nesse entendimento o projeto “A criação de personagem auxiliando a prática pedagógica através da mediação” possui o objetivo de desenvolver a capacidade nos alunos de expressar livremente suas ideias, experiências e emoções através da mediação. Essa ação pedagógica primeiramente foi realizada no Atendimento Educacional Especializado e posteriormente foi levada para a escola regular, onde o aluno está incluído, possibilitando um trabalho colaborativo entre a professora da escola regular e a professora do Atendimento Educacional Especializado. É preciso ressaltar que os resultados obtidos na escola regular foram mais significativos, pois observamos uma maior interação e mediação dos alunos com seus pares competentes, desta forma a intervenção da professora é de colaborar para as trocas entre o aluno com autismo e os demais alunos, promovendo a inclusão. Nessa perspectiva, a escola inclusiva deve estar disposta a adaptar seu currículo e seu ambiente físico às necessidades de todos os alunos, propondo-se a realizar uma mudança de paradigma dentro do próprio contexto educacional com vistas a atingir a sociedade como um todo. Neste espaço, a relação professor-aluno com deficiência deve influenciar a auto imagem desse aluno e o modo como os demais o veem, trazendo benefícios tanto para ele quanto para o seu grupo com base em um suporte que facilite a todos obter sucesso no processo educacional. Dessa forma, a escola para ser considerada inclusiva deve promover as possibilidades e potencialidades de todo e qualquer sujeito, sobretudo aquele com deficiência. PALAVRAS CHAVE: Educacional Especializado,Inclusão , Mediação Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 80 A IMPORTÂNCIA DOS PROGRAMAS DE INICIAÇÃO A DOCÊNCIA E SUAS METODOLOGIAS PARA A FORMAÇÃO SUPERIOR ISABEL SANTANNA SANTOS UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO Participo do Programa PIBID desde fevereiro de 2014, interagindo ativamente nas vivências educacionais da E. M Monteiro Lobato localizada na cidade de Queimados, RJ. Uma das metodologias utilizadas para que as bolsistas interajam nas salas de aula são as sequências didáticas, que nos possibilita auxiliar o aluno na leitura interpretativa, trabalho em equipe, com conteúdos diversos, fomentando questionamentos livres. Dentro da prática de elaboração das sequências didáticas percebo uma gama de discursos aos quais devemos manter olhos e ouvidos bem sensíveis, pois são por eles que fazemos uma análise de como está o censo crítico das crianças e professores sobre os temas de diversidades em geral. Na aplicação da sequência sobre o livro de José Saramago, “A Maior Flor do Mundo” o intuito foi a descontração e ouvir a voz de cada aluno/a, de modo a saber em que consistiam seus sonhos para o futuro. Por se tratar de uma cidade da periferia e de pouco acesso a recursos de necessidades básicas para manutenção de uma vida saudável, muitos alunos acabam passando por situações de risco, tais como: violência urbana e doméstica, insalubridade e falta de assistencialismo familiar. O livro de Saramago foi escolhido justamente para tentar trazer um fôlego de esperança para as crianças e demonstrar que acreditando em seus sonhos e deixando o medo de lado (assim como o personagem principal do livro) elas podem alcançar um futuro melhor, que talvez fosse visto como impossível. Mas assim que mostramos para elas que poderiam sentir-se à vontade para falar e participar sem se preocuparem com algum tipo de repressão as mesmas começaram a agir e se expressar como se estivessem falando com os colegas de sala.. As sequências didáticas aplicadas reduz o distanciamento. e traz uma visão mais ampla e libertária.Fazendo desta uma grande oportunidade para romper com os muros da intolerância e adentrar o mundo das possibilidades mediando múltiplas experiências no plano da diversidade cultural, étnica e de gênero. PALAVRAS CHAVE:Discursos na infância, Vivências escolares, Crianças, Sequências didáticas e Diversidade Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 81 ACESSIBILIDADE: OMITIR, RENEGAR OU PROMOVER? UMA ANÁLISE SOBRE OS EQUIPAMENTOS CULTURAIS DE ANGRA DOS REIS FERNANDA FERREIRA CAMARGO DOS SANTOS POLÍTICAS PÚBLICAS IEAR UFF A origem da ideia deste artigo tem vida a partir de uma diligência que recebi do Ministério da Cultura, ao apresentar um projeto cultural, via Salicweb, que seria captado através da Lei Rouanet. Na ocasião, a ausência de políticas de acessibilidade atrasou a aprovação daquele projeto, quase me fazendo perder um patrocínio de Hum Milhão de Reais já captado. A situação transformou meu entendimento sobre o tema levando-me a refletir sobre o respeito à Acessibilidade Cultural como prática cotidiana. Tendo Angra dos Reis como objeto de pesquisa, volto o olhar para os equipamentos culturais dessa senhora cidade, histórica no sentido da idade ( 513 anos) e que não dispõe de acessibilidade cultural em cinco de seis dos seus equipamentos públicos de cultura: Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis, Casa Laranjeiras, Convento São Bernardino de Sena, Museu de Arte Sacra e Centro Cultural Constantino Cokotós. Tendo apenas o Centro Cultural Theophilo Massad, excluído dessa triste realidade, com acessibilidade parcial. O presente trabalho além de um problematizador sobre a questão da acessibilidade em Angra dos Reis, também ausente nas Igrejas Históricas do Centro da Cidade, visa contribuir para o avanço das Políticas Públicas para as pessoas com deficiência, já que há uma negação desse público nas atividades, manifestações e apresentações em tais espaços. Nesse sentido, entendendo que acessibilidade é uma forma de concepção de ambiente que considera o uso de todos os indivíduos, independente de suas limitações físicas, sensoriais e intelectuais, apresentamos os porquês da importância da não negação da acessibilidade, ouvindo, lendo e sentindo as necessidades que apenas a pessoa com deficiência pode exprimir. Como resultado a pesquisa apresenta propostas de alternativas, legislação vigente e modelos de cidades históricas, bem como, sugestões de posturas para que os espaços sejam plenamente acessíveis com a oferta de serviços que possam ser acessados, utilizados e compreendidos por qualquer pessoa. Visualizar o panorama das pessoas com deficiência nos permite perceber a luta empreitada por elas, seus pais, filhos e militantes em geral. Essa é a nossa busca. Busca pela cidadania de pessoas que foram condenadas a uma invisibilidade secular. Promover acessibilidade não é um favor, é um dever! PALAVRAS CHAVE: Acessibilidade cultural, cultura, UFF, iear Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 82 COMPREENDENDO A HISTÓRIA ATRAVÉS DA ARTE MARIA ONETE LOPES FERREIRA AMANCIA RENATA COELHO JANAINA KINDA DA SILVA DIAS UFF Projeto que visa proporcionar ao(s) bolsista(s) a ele integrado(s) um estudo crítico do itinerário da República brasileira, especialmente no seu nascedouro. Esta viagem pelo passado não será pelo curso das vias tradicionais, tais como manuais ou livros didático. Aqui as fontes que servirão como guia de navegação pelo mar republicano serão fontes culturais, tais como literatura, música, contos, crônicas, cordel; Revista de História da Biblioteca Nacional. Serão também priorizados arquivos originais preservados sobre dados alusivos à época em relevo no projeto, qual seja a República Velha desde a fase de transição mais ou menos uma década antes de sua “proclamação” e Era Vargas. O bolsista deverá, a partir de um plano de trabalho previamente definido ir descobrindo, analisando e escrevendo a por ótica própria uma compreensão da obra e da história. Assim sendo, o objetivo principal do projeto consiste em relacionar história e cultura visando compreender que a atividade criadora é produzida mediante uma relação dialética em que ambas se influenciam e deixam suas marcas. Conceber a história como legado da atividade produtiva e criadora humana, visando a aquisição de um modo de pensar que reivindica o direito ao acesso a toda riqueza social PALAVRAS CHAVE: história, arte, formação crítica Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 83 INCLUSÃO DE VERDADE CAROLINE CRISTINE SILVA SANTOS CEDERJ/UERJ Eu sou monitora de educação especial, na rede municipal de Angra dos Reis. Esse trabalho vem regado de desafios, pois lidar com a inclusão de forma tão direta, faz nos enxergar os erros e os acertos da inclusão. Pude ver que a inclusão, quando não é feita em parceria, família - escola, é prejudicial a todos, família, criança com deficiência, escola e os pares. A criança deve estar minimamente preparada para isso, não somente a criança, como também a escola e família. A pouco tempo conclui um curso chamado Pela Luz dos olhos teus, que é ministrado pelo CAP (centro de apoio pedagógico), que é maravilhoso. Nele foi relatado a uma coisa experiência maravilhosa que deveria ser copiada, fazendo este curso comigo tinha a professora de uma escola que no ano de 2016 irá receber uma aluna cega. Bom pode parecer óbvio uma professora receber uma capacitação mínima pra receber uma aluna cega, mas não é uma realidade. A realidade são crianças são "jogadas" nas salas de aula, onde professores muita das vezes sem o mínimo de capacitação pra receber crianças autistas, cegas, surdas, enfim das mais diversas deficiências. A rede adota a adaptação curricular como medida na inclusão, o que facilita muito o trabalho do professor, e a vida da criança. Infelizmente, não são todos os profissionais da educação que conseguem lidar com a inclusão. Faço a mediação de um aluno autista a 2 anos, no ano passado tive grande dificuldade com a professora regente da turma que ele estava incluído, pois ela não conseguia lidar com o comportamento dele, que era uma caixinha de surpresas. Além dele ser um menino barulhento, o que a encomodava muitíssimo, bom, aquele foi um ano difícil para todos nós. Já esse ano ele está em uma turma em que a professora lida muito bem com seu comportamento. Mas, ainda é um grande desafio, quando ele se torna agressivo, por exemplo, ter que manter a integridade física dele, das outras crianças e nossas. As vezes, me pergunto se a inclusão existe de fato! PALAVRAS CHAVE: Inclusão, família, deficiência, erros, acertos Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 84 TÍTULO E RESUMO: A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE ALUNOS COM AUTISMO NA EDUCAÇÃO INFANTIL SADANHA DEMENEZES MÁRCIA ELEOTÉRIO DA SILVA PATRÍCIA BLASQUEZ OLMEDO ADRIANA RODRIGUES SALDANHA DE MENEZES PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS Introdução: Uma das características sempre presente nos Transtornos do Espectro do Autismo (TEA) é o prejuízo na comunicação. Os distúrbios sociocomunicativos observados nestas crianças apresentam diversas manifestações, podendo aparecer em menor ou maior grau, afetando a comunicação oral e não oral, a habilidade de iniciar e manter uma conversa e a reciprocidade no diálogo. 2.Objetivos:O objetivo geral do relato é apresentar a experiência do atendimento educacional especializado e do trabalho com a comunicação alternativa oferecido pela UTD-Tea ( Instituição criada em 2007 no Município de Angra dos Reis-RJ- visando o atendimento educacional a alunos com transtorno do espectro autista). 2.Objetivos:O objetivo geral do relato é apresentar a experiência do atendimento educacional especializado e do trabalho com a comunicação alternativa oferecido pela UTD-Tea. Os objetivos específicos são analisar a importância do atendimento educacional especializado para crianças com autismo na educação infantil e o uso da comunicação alternativa no processo de inclusão desses alunos. 3.Metodologia:Esta pesquisa caracterizou-se como qualitativa. Para compor a base de dados utilizamos o procedimento de observação participante e entrevista aberta e semi-estuturada. A nossa ação no ambiente e os efeitos dessa ação foram, também, materiais relevantes para a pesquisa. Os sujeitos eleitos para esse estudo foram 05 alunos, na faixa etária de 02 a 05 anos de idade, apresentando autismo infantil. Frequentam uma mesma classe de atendimento educacional especializado, duas vezes por semana com duas horas de duração e estão incluídos em creches e escolas do ensino regular . 4.Conclusões :Os dados colhidos mostraram que investir na estimulação precoce em crianças com autismo na faixa etária de 2 a 5 anos tem evitado a instalação de atrasos significativos no processo evolutivo das crianças.Os dados mostraram também que o uso da comunicação alternativa mostrou-se um mecanismo eficaz para estimular a iniciativa de comunicação de alunos com autismo no espaço escolar. PALAVRAS CHAVE: Autismo,Comunicação Alternativa,inclusão,educação infantil. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 85 A EQUOTERAPIA ESCOLAR COMO PRÁTICA COLABORATIVA INCLUSIVA NA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA COM TEA – TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA FRANCELINA DE QUEIROZ FELIPE DA CRUZ JOSÉ RICARDO DA SILVA RAMOS UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO A Equoterapia está relacionada com a interação do cavalo como mais um elemento colaborativo na construção do ensino, aprendizagem e do desenvolvimento da criança autista como um todo, onde o trabalho equoterápico foi se organizando a partir das experiências efetivadas, na cultura escolarizada, com ações pedagógicas de inserir crianças autistas num tipo de Equoterapia Escolar Inclusiva em que se formassem a partir da vivência coletiva com outras crianças neurotípicas nos diferentes tempos e espaços da escola. Assim, o objetivo deste trabalho é descrever, observar e analisar as contribuições do Programa de Equoterapia Educacional da UFRRJ no CAIC – Paulo Dacorso Filho, com crianças Autistas como mediação do processo de ensino e aprendizagem na significação da cultura escolarizada apoiando-se na abordagem colaborativa entre todos os agentes educativos da escola e o cavalo. Desta forma, nessa primeira fase do projeto os iniciais resultados obtidos indicam avanços comportamentais, afetivos e significativos dessas crianças, rompendo com as perspectivas conservadoras baseadas na limitação de aprendizagem, sendo aos poucos desfeitas nas interações transdisciplinares que equoterapia passou a proporcionar entre atividades lúdicas, inclusivas baseadas em jogos e ações motrizes com e sobre o cavalo. Favorecendo a superação para a expectativa transformadora da aprendizagem desvendando novos saberes e práticas educativas, trazendo novos significados pedagógicos com a aproximação da escola e os diferentes cursos graduação e pós-graduação da UFRRJ e a unidade escolar efetivando a perspectiva da Educação Inclusiva e a perspectiva sócio-histórica, representada pelos estudos de Glat (2011), Vygotski (2007) reafirmando que as interações dos estabelecidas na vida dos sujeitos com necessidades educacionais especiais se constituem no importante papel da mediação educacional nos processos intercedidos no ensino, aprendizagem e no desenvolvimento da criança autista. PALAVRAS CHAVE: Equoterapia, TEA, Inclusão Escolar Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 86 OFICINAS PEDAGÓGICAS PARA JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL: ENFRENTAMENTO PARA UMA VIDA POSSÍVEL KELLY MAIA CORDEIRO ALESSANDRA MOREIRA SILVA NILCÉIA GALINDO TEIXEIRA RODOLFO DE ALMEIDA SANTOS PREFEITURA MUNCIPAL DE ANGRA DOS REIS O presente texto é um breve relato da experiência de trabalho realizado no projeto de Oficinas Pedagógicas para Jovens e Adultos com Deficiência Intelectual pós-escolarização, iniciado em 2014 na Unidade de Trabalho Diferenciado (UTD-DI). O público que está matriculado é diversificado, residentes em diferentes bairros do município de Angra dos Reis, com idades variando entre 21 e 44 anos, de ambos os sexos. O projeto em questão procura pelo alinhamento às Políticas da Educação Inclusiva (Brasil, 2010) e compreende o conceito de deficiência intelectual como “limitações significativas tanto no funcionamento intelectual como na conduta adaptativa e está expresso nas habilidades práticas, sociais e conceituais.” (AADID, 2010, p.31). O trabalho é realizado em formato de Atendimento Educacional Especializado (AEE) e não tem o caráter de escolarização.A base pedagógica de sustentação das oficinas procura constituir-se sobre três perspectivas: a teoria histórico-social do desenvolvimento Vygotsky, (apud Oliveira, 2005), o Currículo Funcional Natural (Suplino, 2009) e na aplicação do Plano de Desenvolvimento de Ensino Individualizado (PDEI). Tem como objetivo de trabalho, contribuir no processo de vida e cidadania dos jovens e adultos com deficiência intelectual, enfatizando que são indivíduos produtivos e participativos nos planos pessoal, familiar e social. Atualmente o atendimento oferece aos jovens e adultos, 2 oficinas (PEVI e Horta Escolar) e 7 projetos de trabalho (Culinária pra mim; Meu quarto, meu cafofo; Rótulos e Embalagens: embalando a comunicação; Ato criativo; Mexa-se; Curta: Eu desejo... e Arteterapia), os quais visam estimular atitudes, habilidades e técnicas no desenvolvimento de atividades para vida prática e independente, envolvendo ações relacionadas à alimentação, à higiene, à saúde, à arte, ao vestuário e à vida doméstica. Temos a disciplina de Educação Física que promove o desenvolvimento das habilidades motoras, psicomotoras, afetivas e sociais. E o apoio às famílias dos jovens e adultos com deficiência intelectual, ocorre através do acompanhamento da área da psicologia educacional. Para o ano de 2016 esperamos que, o atendimento seja transferido para um espaço físico mais adequado e mais equipado, para que possamos ampliar o número de jovens e adultos atendidos e desenvolver melhor a proposta das oficinas pedagógicas. PALAVRAS CHAVE: Deficiência Intelectual, Jovens e Adultos, Oficinas Pedagógicas, Atendimento Educacional Especializado, Educação Inclusiva. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 87 TÍTULO E RESUMO: Considerações sobre a inclusão no ensino médio profissional Tatiana Henrique Brives de Oliveira Fundação de Apoio à Escola Técnica- Faetec Apresentação: Este trabalho faz parte de uma pesquisa em andamento e pretende-se abordar questões que buscam entender o papel da inclusão como uma política pública na educação profissional, percebendo as demandas específicas que a perpassam, considerando a dinâmica das escolas e as peculiaridades dos alunos com deficiência. A educação inclusiva está contida em diversos instrumentos normativos em nosso país e as orientações destes documentos pressupõem o envolvimento da comunidade escolar para que seja respeitado o princípio da educação para todos. Objetivo: Refletir sobre a inclusão de alunos com deficiência na educação profissional de nível médio, compreendendo as implicações das políticas de educação inclusiva na educação profissional agrícola e as diversas situações que perpassam o cotidiano escolar a partir desse referencial. Metodologia: Iremos utilizar como método a pesquisa-ação, que busca articular a produção de conhecimentos com a ação educativa, isto é, por um lado, investigar, produzir conhecimentos sobre a realidade a ser estudada e, por outro e ao mesmo tempo, realizar um processo educativo para o enfrentamento dessa mesma realidade. A partir da experiência vivenciada na educação profissional agrícola no município de Magé, na Baixada Fluminense, pretende-se compreender os diversos olhares sobre a inclusão à luz dos atores sociais envolvidos nesse processo. Considerações: Tendo por base uma determinada realidade, percebeu-se que o acesso das pessoas com deficiência à educação profissional de nível médio ainda é baixo, se comparado ao ensino médio na modalidade da formação geral. Desta forma, faz-se necessária uma problematização desses dados para compreendermos o afastamento desse público nesta modalidade educacional. Além disso, é preciso analisar as demandas inerentes à realidade das pessoas com deficiência. Entendemos que a questão da inclusão no ensino médio profissional deve abarcar a heterogeneidade presente na escola e contemplar as especificidades de cada aluno, contribuindo para a sua inclusão no ambiente escolar e transpondo-se as barreiras impeditivas à sua participação. PALAVRAS CHAVE: Inclusão, educação profissional, ensino médio. Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 88 TRANSIÇÃO PARA A VIDA ADULTA NO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO JOELMA FABIANO DE SOUZA KÁTIA GONÇALVES PEREIRA DA SILVA UNIDADE DE TRABALHO DIFERENCIADO TRANSTORNO DO ESPECTRO DO AUTISMO PREFEITURA MUNICIPAL DE ANGRA DOS REIS Apresentação: Para tornar a prática pedagógica mais condizente com o estágio de desenvolvimento, a UTD-TEA (Unidade de Trabalho Diferenciado - Transtorno do Espectro do Autismo) tem como proposta o Projeto de Transição para a Vida Adulta. A idéia é que profissionais e familiares em ação de parceria traçar uma proposta para os alunos não incluídos na rede regular de ensino, com idade de 11 a 18 anos. Os alunos passarão a receber atendimento domiciliar. A equipe está organizada de forma a oferecer uma visita da professora especializada e da psicóloga. Objetivos: Na intervenção domiciliar, além das adaptações ambientais, pode-se treinar as atividades de vida diária (AVD) e atividades de vida prática (AVP). As AVD's incluem as atividades relacionadas à higiene pessoal e vestuário. Atividades essas que buscam a independência, autonomia e integração do indivíduo na sociedade. É sempre importante a estimulação da independência na realização das atividades, mesmo que isso demande um tempo maior para a realização dessas tarefas. AVP's são todas aquelas relacionadas à organização e limpeza do ambiente. Tais como: lavar , secar e guardar a louça; arrumar a mesa; tirar o pó dos móveis e do chão; cuidar da roupa: lavar, estender e passar; arrumar a cama e etc. Metodologia: Executar as seguintes etapas: (1) Identificação do contexto; (2) Linhas de base; (3) Capacitação; (4) Intervenção; (5) Tarefa da Família; e (6) Follow-up. Resultados: Uma prática pedagógica de acordo com os estágio de desenvolvimento desses alunos, pais e profissionais atuando como parceiros para melhoria de autonomia e qualidade de vida e traçar um plano para a vida adulta. Considerações Finais: Todos os indivíduos com autismo são diferentes, portanto cada adolescente exigirá suportes e serviços diferentes durante o processo de transição. É de fato importante começar cedo, avaliar gostos o que a criança gosta e o que ela não gosta, os pontos fortes e as fraquezas, e fazer um plano para ajudar a tornar a vida mais independente e agradável possível para ela. PALAVRAS CHAVE: Vida Adulta, Autismo, Inclusão Social Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 89 OBSERVAÇÕES ACERCA DA INCLUSÃO ATRAVÉS DO PROGRAMA INSTITUCIONAL DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA EMANUELLE MONTEIRO SANTIAGO FERNANDA ESTEFANI FERREIRA COSTA RAQUEL PAULINO DA SILVA COSTA UFRRJ Este trabalho teve sua base a partir do Programa Institucional de Iniciação à Docência, no qual passamos a interagir com as turmas do Ensino Fundamental I da Escola Municipal Monteiro Lobato, localizada em Queimados/RJ, que atende 34 alunos com necessidades educativas especiais, e para o apoio dos mesmos conta com 7 cuidadores e 2 intérpretes de Libras. A prefeitura de Queimados, passou a investir em políticas de inclusão em consonância com a LDB, Lei 9.394/96, em seu artigo 58, § 1º que afirma que “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial”. Sendo assim, nos aprofundamos em saber qual seria a qualidade desses profissionais e se o município estaria disposto a investir verdadeiramente na sua preparação. Observamos o trabalho de inclusão que ocorre na instituição, e nos empenhamos em saber qual o papel do Governo, seja Federal ou Municipal, para o desenvolvimento das práticas político-pedagógicas que abrangem os indivíduos com necessidades especiais. Conhecemos a sala de recursos e as atividades realizadas com cada educando, por meio de duas professoras, divididas em dois turnos, e nos inteiramos que elas participam de formação continuada, oferecida pela prefeitura, uma vez ao mês, junto com cuidadores e intérpretes. Neste ano de 2015, foi enviada para a instituição uma verba do Governo Federal para investimentos em acessibilidade, utilizada para implementação de rampas de acesso, pisos antiderrapantes, alargamento de portas, entre outras melhorias voltadas para o público especial existente na escola. Tais melhorias estão de acordo com a Lei 13.146/15. Porém essa verba enviada foi a primeira e única recebida em anos de funcionamento da escola. Durante esse período de análise, percebemos as melhorias ocorridas nas políticas públicas de inclusão, mesmo que ainda distantes do ideal. Como consta no Plano Nacional de Educação, em que a quarta meta seria universalizar a educação de 4 a 17 anos de sujeitos com deficiência, faz-se importante fomentar a formação continuada que, segundo os professores da rede de Queimados, não ocorre, pois a formação recebida por eles ainda está longe de abranger o que se vivencia na escola. Contudo, é notória a criatividade e compromisso que esses profissionais carregam para tornar a inclusão algo possível. PALAVRAS CHAVE: Educação especial, inclusão, políticas públicas Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 90 INCLUSÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO MÁRCIA GONZAGA DOS SANTOS CLEIDE TAVARES DE OLIVEIRA ARARIPE CENTRO UNIVERSITÁRIO MÓDULO A inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho foi ratificada pelas Leis nº 8.213/91 e em Caraguatatuba pela Lei municipal nº 539/96. Segundo o Decreto nº 3.956/01 a deficiência é conceituada como “uma limitação física, mental, sensorial ou múltipla, que incapacite a pessoa para o exercício de atividades normais da vida e que, em razão dessa incapacitação, a pessoa tenha dificuldades de inserção social”. O objetivo deste trabalho é conhecer e descrever o programa de empregabilidade da pessoa com deficiência no mercado de trabalho de Caraguatatuba. A pesquisa descritiva fará o levantamento de dados disponíveis na Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência e do Idoso, mensurando os encaminhamentos da SEPEDI ao mercado de trabalho, mediante solicitação de empresas empregadoras. Espera-se com este trabalho reconhecer a inclusão como o início de uma conscientização da sociedade quanto à importância das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e não apenas o atendimento às leis, bem como, conhecer o índice de empregabilidade do trabalhador com deficiência em Caraguatatuba. PALAVRAS CHAVE: Inclusão, empregabilidade, deficiência, legislação Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 91 NA MINHA ESCOLA TODO MUNDO É IGUAL ELANIA DA CONCEIÇÃO DE PAIVA MARTINS KÁTIA BERNARDO DO NASCIMENTO SILVA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO Este trabalho é o resultado das atividades desenvolvidas por duas integrantes do grupo PEDiversidade, que é um subgrupo do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/IM (UFRRJ) localizada na cidade de Nova Iguaçu/ RJ. Por meio do PIBID, uma sequência didática que foi elaborada a partir do livro de literatura infantil “Na minha escola todo mundo é igual”, de Rossana Ramos e Priscila Sanson, e apresentada e desenvolvida na Escola Municipal de Queimados, parceira do projeto. O trabalho tem como objetivos analisar questões referentes à educação especial, pensar no conceito de igualdade, observar questões que nos aproxima e nos afasta um do outro dentro da escola; promover a leitura entre o público escolar, relacionando o aspecto lúdico da atividade ao conhecimento da realidade das pessoas portadoras de necessidades especiais fazendo uma reflexão sobre a atual situação, estimulando as crianças a aprenderem a conviver com as diferenças e se tornarem cidadãs solidárias. Apresentando, através da Literatura Infantil a realidade das pessoas com necessidades especiais, despertando a sensibilização e experiências, vivenciando o lugar do outro refletindo sobre o preconceito e aceitação social e pessoal desses indivíduos. As metodologias utilizadas foram leitura dramatizada, para apresentar o livro, uma roda de conversa para compartilharmos nossas experiências, e uma atividade para registro (desenhos e texto) e avaliação do nosso encontro. Como resultados, podemos destacar sistematização da sequência didática, a participação dos alunos durantes as atividades, as trocas de experiência através dos relatos das crianças sobre o tema, entendendo os cuidados e atenção que devemos ter com os amigos e amigas com necessidades especiais, compreendendo essas necessidades e suas próprias dificuldades e habilidades e que para conviver melhor com os conflitos e as diferenças é necessário um diálogo. PALAVRAS CHAVE: educação especial, Igualdade, Diversidade, Inclusão Caderno de Resumos do 1º Congresso de Diversidade Cultural e Interculturalidade de Angra dos Reis Página 92