Cap.27 - Ex-Alunos MSC

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Cap.27 - Ex-Alunos MSC
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CAPÍTULO VIGÉSIMO SÉTIMO
NOSSA GENTE
CRÔNICAS DE JOÃO BAPTISTA GOMES
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Dentre os presentes, Sebastião Mariano (foto ao lado) é o único que participou de
todas as reuniões da Associação, desde sua criação, em fevereiro de 1946. Aos 74 anos,
Sebastião, que entrou na turma de 1937, em Pirassununga, fala que a idéia de se criar
urna Associação começou a ser pensada em 1 945, dois anos após sua saída do
noviciado, em Itapetininga. A criação partiu, entre outros, do padre Hercílio Bertolini e de
Eurico Cotrim.
Sebastião Mariano Franco de Carvalho
entrou na Escola
Apostólica de Pirassununga em 1937 com treze anos de idade. Juntamente com ele,
estava seu irmão Francisco Mariano Franco de Carvalho, dois anos mais novo. Juntos
entraram e juntos chegaram ao Noviciado quando se separaram.
O Sebastião Mariano porque saiu, e o Francisco porque, convocado para o serviço militar, mesmo de batina, retornou a Pirassununga para ser incorporado ao Segundo
Regimento de Cavalaria Divisionária, onde serviu por um ano.
Passava o dia fardado no quartel e à noite retornava ao seminário, trocava a farda
pela batina e participava do recreio dos menores. Lembro-me das rodinhas que se
formavam em torno dele para ouvir as histórias do quartel. Muitos anos depois, em
conversa com ele, ficamos sabendo o quanto sofreu moralmente com as gozações da
soldadesca pelo fato de estar “estudando para padre”.
Quando deu baixa também saiu da Congregação.
O Sebastião, desde sua saída, dedicou-se ao magistério e à administração escolar,
funções que exerceu em inúmeros estabelecimentos de nível médio e superior.
Habilitado em Pedagogia, Língua e Literatura Inglesa, Língua Latina, Português,
Francês e Lingüística, foi titular dessas cadeiras nas Faculdades de Guaxupé, Mococa e
Alfenas, passando antes pela PUC - Campinas onde se formou em Letras Anglo
Germânicas.
Paralelamente a essa longa e dedicada atividade de professor e mestre, enveredou
também por funções públicas chegando a subchefe do Gabinete do Governo de Minas
e Chefe do Gabinete da Liderança da Assembléia Legislativa daquele Estado.
Orgulha-se de ter coordenado programas de alto interesse público, tais como:
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política de diretrizes de meio ambiente,
assistência a menores,
opções energéticas,
terminais rodo— ferroviários,
beneficiamento de minérios e recomposição de áreas mineradas,
segurança no trabalho,
preservação da fauna e flora e tantas outras.
Sebastião realmente exerce intensas e profícuas atividades intelectuais e políticas.
Hoje, aos setenta e oito anos de idade, è assessor de relações internacionais da
Universidade de Alfenas - MG.
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Como ex-aluno MSC é uma pessoa digna de nota por várias razões. Uma delas, pela
sua constante presença nos nossos encontros. O primeiro aconteceu no dia 10 de
fevereiro de 1946 e o Sebastião esteve presente.
De lá para cá, já se foram 56 encontros e o Sebastião não perdeu nenhum. Incrível ? E
tem mais.
Até hoje, não perdeu nenhuma reunião em Ibicaré ou ltajubá, apesar de não ter
passado por esses lugares como seminarista. Haverá alguém com tanto amor e
dedicação à nossa Associação.
E ele também o autor da letra do Hino dos Ex-Alunos MSC cujo refrão aparece no Editorial
deste boletim, letra essa lindamente musicada pelo colega Luiz Gonzaga de Almeida.
Mestre da língua latina, o Sebastião traduziu a letra para o latim para que, a exemplo dos
poemas de Ovídio, esse hino possa resistir aos séculos e aos milênios.
Está sendo publicada para apreciação e gáudio de todos aqueles que ainda não
esqueceram a língua mãe de todas as neolatinas (ver no Capítulo da Associação).
Precisamos falar mais alguma coisa a respeito do Sebastião Mariano Franco de
Carvalho?
Podemos e devemos dizer apenas que estamos muito orgulhosos de tê-lo como
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GERALDO JOSÉ DE PAIVA
No ano de 1947 estávamos na Poesis,
penúltimo ano do seminário menor de
Pirassununga.
Aqueles pequeninos que estavam na
Sexta (1º ano) já conhecíamos de
sobra. Era costume do Pe. superior
anunciar seus nomes e cidades de
origem algumas semanas antes de eles
chegarem.
Assim,
eram
eles
aguardados com expectativa e muita
curiosidade. Eram examinados de cima
abaixo e, muitas vezes, desse exame
surgiam os apelidos.
Decorridos alguns meses e durante
urna aula de grego, o professor Pe.
Donato fez uma afirmação inusitada:
“Na turma da Sexta há um menino, o
Geraldo José de Paiva, muito
inteligente e bastante acima da
média”.
A partir dai, passamos a observá-lo
com admiração e até com uma santa
inveja. O Paiva foi, na verdade, uma
dos mais brilhantes cabeças que por lá
passou e deixou seu nome na história
e na lembrança de todos os seus
contemporâneos como um “super
dotado”.
Toda a sua vida futura vem atestar o que
acima relatamos com muito orgulho de têlo como “GENTE NOSSA”. Deixemos que
ele próprio nos conte sua trajetória.
1947: com quase dez anos e meio sai de Itajubá para Pirassununga, no dia 1 de fevereiro. Colegas: Hugo e Orozimbo Arantes Nunes, Hélcio de Mello, Sérgio Cabral, Afonso
Peres, José Tavares (Zé Chico), Moacir Sigrist, José Léo Gut (da turma anterior), mais
tarde Daniel Billerbeck Nery, Mauro Pasquarelli e a turma do Maranhão: Tomás, Toninho
Ribeiro, Geraldo Silva.
1950: Lembro-me de ouvir, pelo rádio, na Sala de Estudos, a proclamação do dogma
da Assunção, pela voz de Pio XII. Derrota do Brasil na Copa, também pelo rádio. Perto
dos exames, contraio alastrim, um tipo de varíola benévola que não deixou traço, e
que me livrou do exame de Geometria... Neste ano chega meu irmão José Maria.
1952: Chega meu irmão Paulo. Nas férias em casa, contraio nefrite, que me rende algumas semanas a mais com minha família. De saúde, aliás, nunca fui muito firme, até
1958.
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1953: ano do Noviciado, em Itapetininga, sob a direção do Pe. Adriano Seelen, que
fora meu Diretor nos 6 anos de Pirassununga.
1954-1956: Filosofia em Vila Formosa. Impressionou-me como professor o Pe. Hubert
Rademakers.
1957-1960: estudos na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Conheci alguns
dos famosos professores da época: Hürth, na Moral; Tromp, na Teologia Fundamental;
Zalba, no Direito Canônico; Lonergan (que ainda hoje é muito citado em filosofia!), no
De Trinitate e no De Verbo Incarnato, os tratados mais difíceis.
Convivi com Alberto Antonelli e com Albino Diniz Dias da Silva (vide fotos abaixo).
Época de inesquecíveis viagens à França e à Irlanda, nas grandes férias, durante as
quais os colegas europeus voltavam para suas províncias. Em 1958 acompanhei o luto
pela morte de Pio XII. Na Gregoriana, numa recepção aos cardeais, aplaudíamos o
cardeal Montini como papa: de fato, foi eleito João XXIII e só depois Paulo VI
(Montini).
João XXIII tinha fama de conservador intra muros: iríamos ser obrigados a usar chapéu e,
sobre a batina, a capa talar... Felizmente, não pegou. Em 19.12.1959 recebi a ordenação
na igreja de Nossa Senhora do Sagrado Coração, da Piazza Navona.
Lembro-me da simplicidade da locomoção: fomos e voltamos simplesmente... de bonde.
Manifestei o desejo de continuar em Roma, para estudar a S. Escritura, no Pontifício Colégio Bíblico, mas voltei porque a Província estava precisando de professor de Teologia
Dogmática, uma vez que o Pe. Glera1do van Rooijen estava muito doente.
1960-1967: Magistério de Teologia Dogmática no Seminário de V. Formosa e no IFT,
Instituto de Filosofia e Teologia que agregava os seminaristas maiores de várias Congregações. Nesse ínterim, participei por 2 vezes de reuniões da Congregação, em Roma e em
Leuven, para a reforma das Constituições.
1968: um ano especial, no Curso Christus Sacerdos, em São Leopoldo, RS: curso de
aprofundamento teológico e psicológico. Durante um ano fiz psicanálise pessoal e
psicanálise grupal, quatro vezes por semana. Conheci extraordinários colegas, de
várias Congregações e de várias procedências, dos quais vários continuam amigos.
1969: solicitei à Congregação um tempo para pensar na vida, e graças ao Pe. Hubert
Rademakers consegui um lugar para lecionar Filosofia, na Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras de Tupã, na Alta paulista. Em Tupã permaneci até 1971, inclusive.
Em 1970, prestei Vestibular para o curso de Psicologia, na Faculdade de Filosofia de
Assis, hoje Unesp.
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Fiz um ano de psicologia, com muito trabalho experimental, de laboratório, com ratos.
Em 1971, julgando-me velho demais para enfrentar mais 4 anos de graduação, prestei
exame para a pós-graduação em Psicologia, na USP, e fui admitido.
1972: prestei concurso na Fundação Educacional de Bauru, atual Unesp, para professor
de Psicologia e fui admitido. Nessa Fundação fui colega de sala e vizinho de rua de Hubert
Rademakers, um amigo exemplar. Em Bauru fiquei até 1986, anos que considero muito
felizes.
Na Faculdade de Ciências, à qual pertence até hoje o Curso de Psicologia, fui professor,
Chefe de Departamento e Diretor da Faculdade. Como Diretor, criei o Curso de Ciência da
Computação, em período integrai, até hoje um dos mais procurados da Unesp.
Em 1973, casei-me com Maria Cristina Yamamoto, com quem tive 3 filhos, dois rapazes e
uma moça. Foi o Pe. Ângelo Cardillo D’Angelo que fez nosso casamento e batizou nossos
filhos. Atualmente, o mais velho está concluindo Administração de Empresas, na Getúlio
Vargas; o segundo começará Administração Pública, na mesma instituição, e a terceira
estará fazendo o “cursinho” em preparação dos terríveis Vestibulares...
Em 1975, defendi o Mestrado, com uma dissertação relacionada com metodologia em
pesquisa intercultural em psicologia.. A dissertação foi publicada, como livro, pela Ed.
Pioneira, com o titulo “Introdução à Psicologia Intercultural”.
Em 1976 prestei, com êxito, concurso de ingresso na Universidade de São Paulo, onde
leciono desde 1977, no Departamento de Psicologia Social e do Trabalho. Em 1979
defendi o Doutorado, com urna tese que examinava certos princípios de organização
do conhecimento em pessoas pertencentes a subculturas relativamente diferentes, a
saber nipo-brasileiros e brasileiros de outras origens.
Em 1984 aposentei-me, em Bauru, pelo INSS e em 1986 mudamo-nos de São Paulo, onde
comecei a trabalhar em “regime de dedicação integrai à docência e à pesquisa”, o que
exclui receber rendimentos de outra fonte que não a Universidade mas, em contrapartida,
garante a aposentadoria integral.
Em 1988 passei, com a família, um ano na Universidade Católica de Louvain-la-Neuve, na
Bélgica, num programa de pós-doutorado em Psicologia da Religião. Foi um ano
esplêndido, de muito progresso pessoal e familiar, de muitos contatos, um ano
inolvidável.
Voltando a São Paulo realizei uma longa pesquisa acerca das atitudes dos cientistas
avançados em relação à religião.
1993: dessa pesquisa resultou, em 1993, minha terceira tese, de Livre-Docência, que se
intitulou “Itinerários religiosos de acadêmicos: um enfoque psicológico”.
O trabalho, um tanto resumido, foi publicado em julho de 2000, peias Edições Loyola,
com o titulo “A Religião dos Cientistas: uma leitura psicológica”.
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Com a Livre-Docência tornei-me Professor Associado. Estou aguardando vaga para
prestar o Concurso de Professor Titular. A carreira USP, quando entrei em 1977, tinha seis
degraus e era, provavelmente, a mais longa do mundo...; hoje tem apenas três: Professor
doutor, Professor associado e Professor titular.
No Departamento onde trabalho sou professor de graduação e pós-graduação, tenho
orientado mestrados e doutorados, criei disciplinas que relacionam psicologia e religião,
constitui um grupo de trabalho, “Psicologia e Religião”, na Associação Nacional de
Pesquisa em Pós Graduação em Psicologia, organizei o Laboratório de Psicologia Social da
Religião, propus um grupo de pesquisa de Psicologia e Religião ao CNPQ, organizei
eventos científicos ligados às relações entre religião e psicologia, escrevi artigos e colaborações em livros e, regularmente, tenho participado de congressos internacionais da
área.
Neste ano de 2000 estive em Sigtuna, na Suécia, e, em Verona, fui a Roma e, após 35
anos, pude entrar no Studentato Internazionale de Via Aventina, e matar as saudades dos
anos, dos estudos, dos colegas, dos jogos de vôlei... Também em Roma, participei, por
feliz coincidência, do centenário da Província italiana, infelizmente em aparente extinção.
Foi graças à gentileza do Pe. Bertasi, Provincial, e do Pe. Mário Scalici, ecônomo residente
no Lungotevere Prati, que pude gozar da nunca desmentida hospitalidade MSC.
Um dado particular, mas significativo, tem sido as oportunidades de, na Holanda, visitar
os antigos professores e colegas, como os padres Walter Grol, Frederico van Leeuwen e
Mauro Pasquarelli, hoje feliz monge trapista.
Minha previsão é de continuar, ao menos até a aposentadoria compulsória aos 70 anos,
em minhas atividades que, na orientação de um sábio colega, são minha forma concreta
de continuar, num ambiente oficialmente laico como o da Universidade, um certo
testemunho de Cristo.
Devo dizer que há muito interesse por parte de alunos de graduação e de pós-graduação
pelo tema da religião. Nem sempre, julgo, um interesse esclarecido, mas mesmo assim
um interesse que pode vivificar sua vida e sua atividade profissional.
Concluindo esses apontamentos, sinto não só o dever mas a alegria de agradecer à
Congregação dos MSC o muito que fez por meu desenvolvimento intelectual, moral, cultural e espiritual. Não acrescentaria, sem mais, o desenvolvimento físico, que esse foi menos notável que os demais...
Tanto em Pirassununga, como em V. Formosa e em Roma, a Congregação me ofereceu
oportunidades impares de progresso em muitos sentidos. A ela sou para sempre grato.”
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EM ROMA:
GERALDO PAIVA, ANTONELLI E
ALBINO EM FRENTE AO CASTELO
SANTO ANGELO 02/1958
ANTONELLI, ALBINO E GERALDO
PAIVA EM FRENTE AO FORO DE
TRAJANO – 02/1958
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JOSÉ BERTUOL
nasceu em Erechim - RS, em 18.01.51, filho mais velho de uma prole de sete, dos
quais dois estudaram com os MSC. Reside em Cotia - SP desde 1984.
Nos trinta e três anos de Erechim a Cotia, Bertuol teve urna peregrinação peculiar a
todos os que aspiram a uma vida melhor.
Em 1954 , mudou-se com a família para Irani - SC e, em 1963, com doze anos de
idade, foi mandado para o seminário de Ibicaré, onde fez o primeiro grau.
Em 1968, foi para a Escola Apostólica de Pirassununga onde concluiu o segundo grau.
Em 1970, foi para Valinhos onde começou o curso de Filosofia nas Faculdades
Anchieta (Km 12 da Via Anhangüera) dos padres jesuítas.
Voltou a Pirassununga em 1973 para fazer o noviciado e, em 1974, foi morar na Vila
Formosa, em São Paulo.
Bacharelou-se em Teologia pela Faculdade Nossa Senhora da Assunção no bairro do
Ipiranga.
Licenciou-se em Filosofia pelas Faculdades Anchieta e completou sua formação
acadêmica com mestrado em Filosofia da Educação pela Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
Em 1977 iniciou sua carreira de professor de Filosofia no Colégio São Luiz, em São
Paulo, tendo deixado a Congregação dos Missionários do Sagrado Coração. Trocou o
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Colégio São Luiz pelo Pio XII, no Morumbi, em 1978, onde permanece até hoje.
Nesse mesmo ano, casou-se com Anita, formada em Letras pela Universidade de São
Paulo e o casal tem um filho único, o João Marcos.
Bertuol lecionou em vários colégios como o Santa Catarina (Moóca), São Francisco de
Assis (Tatuapé), Agostiniano São José (Belém) e Santo Agostinho (Liberdade).
Desde 1990 leciona Filosofia na Escola Estadual Prof. Odair Pacheco Pedroso, no
Atalaia, em Cotia, onde foi efetivado por concurso público após seis anos e onde
também preside a Associação de Pais e Mestres já no segundo mandato.
De 1993 a 1999 foi contratado pelo Colégio Aquarius, em Cotia. Em 1995, ingressou
no Colégio Rio Branco, sempre como professor de Filosofia, função que acumula com a
de coordenador do “Projeto Viver” (prevenção ao uso indevido de drogas).
Toda essa imensa bagagem intelectual, moral e principalmente cristã e religiosa, levou
Bertuol às atividades comunitárias, como presidente da SAB Chácaras da Represinha
já em seu quinto mandato.
Foi fundador e presidente por duas gestões dos CONSABs (Conselho das SABs de
Cotia), conquistando importantes benefícios para a comunidade, como por exemplo, a
implantação de linha de ônibus executivos ligando Atalaia-Metrô Barra Funda, via
Hospital das Clinicas.
Católico praticante, é Ministro da Palavra e da Eucaristia, formador de catequistas e
coordenador de cursos de noivos.
Ao lado de tantas atividades importantes para a comunidade e para a Igreja, cremos
que sua mais significativa e invulgar obra seja a que relatamos agora.
Em 1993, Bertuol fundou e preside até hoje uma ONG (Organização Não
Governamental) denominada “Conselho Comunitário de Educação, Cultura e Ação
Social de Cotia” destinada à alfabetização de jovens e adultos que já beneficiou mais
de seis mil pessoas.
Cerca de 820 alunos freqüentam hoje suas 38 salas de aula que não se limitam ao
município de Cotia mas incluem também Carapicuíba, Vargem Grande Paulista, São
Roque e bairros de São Paulo, adjacentes á rodovia Raposo Tavares.
A entidade trabalha em parceria com o Instituto Brasileiro de Estudos e Apoio
Comunitário. Esses Conselhos Comunitários (existem 22 no Estado de São Paulo),
durante esses oito anos de trabalho, já escolarizaram mais de cem mil pessoas.
Milhares delas continuam estudando, centenas estão cursando o segundo grau e
algumas estão em Faculdades.
O segredo do sucesso desse trabalho é devido á simplicidade do Projeto, á
generosidade, vontade, persistência, entusiasmo e seriedade dos envolvidos,
principalmente, monitores e coordenadores pedagógicos que, no dia a dia, enfrentam
o desafio de encaminhar para o mundo da escrita, da leitura e da matemática, jovens
e adultos.
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Os alunos sabem que perderam tempo demais. Pressionados principalmente pelo
efeito da globalização e pelo afunilamento do mercado de trabalho, querem aprender
rapidamente. É o emprego que está em jogo.
Alguns querem realizar o sonho da independência; ganhar autonomia para viver no
mundo letrado; não precisar perguntar a ninguém o letreiro do Ônibus; ler urna
receita, um bilhete, a Bíblia, anotar um recado, escrever uma carta.
Outros querem acabar com a humilhação de ver revelados os seus segredos, querem,
sim, poder guardá-los e isso se torna possível ao se alfabetizarem,
quando
conseguem ler e escrever sozinhos as suas cartas.
Não é possível medir matematicamente a mudança que ocorre na vida das pessoas
quando se escolarizam, pois não se trata apenas de uma questão econômica mas
também de uma questão existencial: ser capaz de dialogar fundamentado em
conhecimentos, ajudar os filhos na lição de casa, ter uma visão crítica do mundo e
discernir para escolher.
É qualidade de vida, é exercício da cidadania, é a realização pessoal.
Pois bem, caros colegas ex-alunos MSC, a ONG do Bertuol, neste ano de 2001, foi
uma das escolhidas por um júri internacional para receber o Prêmio da Alfabetização
NOMA concedido anualmente pela Unesco ás organizações que se destacam na luta
contra o analfabetismo.
A escolha foi feita entre centenas de organizações de todo o mundo apresentadas á
Unesco pelos governos de seus países O júri esteve reunido em Paris.
No último dia 13 de setembro, José Bertuol, acompanhado por mais três presidentes
de Conselhos Comunitários, esteve em Brasília, no Palácio do Planalto, para receber
das mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso, em cerimônia oficial, uma
medalha, um diploma e um cheque de US$ 15.000 concedidos pela Unesco.
Ao nos enviar essas informações, José Bertuol faz questão de agradecer aos MSC pela
sua formação e á Vida por tê-lo colocado nesse desafio.
E nós, ex-alunos MSC, sentimo-nos orgulhosos por tê-lo como
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Alkmin com dois yanomamis
João Baptista Gomes
GERALDO AUGUSTO ALKMIM,
mais conhecido por “Coelho”, fez o curso completo do seminário dos MSC. No período de
1979 a 1991, passou por Pirassununga (ginásio), Itajubá (colegial), Rio de Janeiro
(noviciado) e São Paulo (filosofia e teologia).
No fim dessa longa caminhada, adoeceu. Adoeceu gravemente daquela doença que é,
mas parece que não é. Ela não se mostra no físico ou no semblante de ninguém.
Quem olha, diz que a pessoa não está doente, pois continua a mesma, aparentando sã e
bem estar. É a depressão
Uma terrível depressão tomou conta do Alkmim e desestruturou-o completamente.
Remédios, psicólogos, especialistas, nada parecia recompor seu equilíbrio emocional e
psíquico.
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Sem uma perspectiva melhor, deixou o seminário e voltou para a casa dos pais. Lá
continuou seu tratamento ainda recebendo apoio da Congregação, principalmente do
saudoso Pe. Hélio Pontes.
Mas era muito difícil. Se não bastassem os sofrimentos causados por aquele mal, tinha ele
ainda os problemas comuns a todos os ex-seminaristas, principalmente àqueles que
passaram longos anos no seminário, em regime quase monástico: a aceitação do mundo
leigo, a readaptação á família, o relacionamento com as pessoas, etc., etc,
Andou lecionando em algumas escolas de ltajubá substituindo professores durante seus
impedimentos, mas não se encontrou.
O tempo ia passando e nada de bom surgia em seu horizonte. Acuado, fugia das
situações de confronto e escondia-se para evitar um papo mais objetivo sobre qualquer
assunto. Enfim, andava mal.
Maloca vista por fora – dois yanomamis fazem uma canoa
Chegou a confessar à sua mãe que gostaria de sumir no mundo e de ir viver no meio dos
índios.
Coincidentemente, lá em Roraima, vivia e vive sua tia Luzia Pereira Leite, uma religiosa da
Congregação das Irmãs da Providência, mundialmente conhecida como Irmã Aléssia que
é enfermeira no Posto da FUNAI, em Xitei (Xitëtheri), divisa do Brasil com a Venezuela,
reserva dos Yanomamis.
Por que mundialmente conhecida? Porque foi ela quem, no dia 17-08-1993, denunciou ao
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Brasil e ao mundo o massacre de Haximou, quando garimpeiros mataram 7 crianças, 5
mulheres, 2 homens e atearam fogo a duas malocas.
Essa denúncia repercutiu negativamente em todo o mundo, provocou grande pressão
internacional sobre o Brasil, forçou a ida do Ministro da Justiça àquela região, possibilitou
a prisão da maioria dos criminosos, culminando com a expulsão dos garimpeiros, o
bombardeio de pistas de pouso na floresta e o empenho quase maciço do exército e da
policia federal.
Essa sua tia freira, estando de férias em Itajubá, convidou o sobrinho para trabalhar lá.
Não deu outra. O Alkmim aceitou de pronto. O convite viera na hora certa e de encontro
ao segredo que só ele e a mãe sabiam.
Inicialmente, teria que aprender a língua porque índios não falam nem entendem
Português. Viajou, então, para o norte e foi alojado na Casa de Apoio, em Boa Vista,
capital de Roraima, onde, por um ano e com muito esforço, aprendeu quase bem a língua
indígena.
“As yanomamis são lindas”
Estudou pormenorizadamente a geografia do território yanomami que cobre 192.000 km2
em ambos os lados da fronteira Brasil - Venezuela. No Brasil são 96.650 km2 com
população de 12.500 pessoas repartidas em 188 comunidades que falam línguas da
mesma família (yanomae, yanomami, sanima e ninam).
A língua yanomami que ele aprendeu tem 7 vogais e onze consoantes. Em seguida foi
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mandado para Catrimami, seu batismo de fogo e um ano depois, para Xiteí onde está sua
tia freira.
Mas, afinal, o que o Alkmim foi fazer lá? Essa pergunta já foi formulada pelo Inter-Ex em
número anterior. Agora ele nos explica.
Ele é voluntário leigo pela diocese de Roraima apoiada pelo CIMI (Conselho Indigenista
Missionário), num Projeto que se chama Etno Alfabetização Yanomami.
Ele é professor. Ele ensina os yanomamis a lerem e escreverem em sua própria língua.
Nada de Português. Aliás, na floresta, ele nem tem com quem falar o Português. Só bem
no futuro, num processo de evolução, poderão eles ter noções de Português e Aritmética.
Apesar de professor, não há escolas ou salas de aula. O aluno não vai à escola. É o
professor quem vai ao aluno.
E aí reside a grande curiosidade do trabalho do Alkmim. Ele vai para dentro da maloca
(vide foto) e ai fica ensinando quatro, cinco, oito, dez dias, o tempo que achar necessário.
Depois vai para outra maloca que fica muito distante dessa. No mínimo vinte km,
andando pela floresta.
Lá fica outros tantos dias e segue depois para mais outra e assim por diante. Ele mesmo
se qualifica como “cigano da floresta” e essa rotina dura quatro meses.
Quando tentamos falar com ele por telefone na Casa de Apoio, em Boa Vista, disseramnos ser impossível porque ele havia ido para a floresta no começo de março e só sairia de
lá no mês de julho.
E o lugar em que ele está trabalhando dista uma hora e meia de avião de Boa Vista.
A maneira de dar aula é totalmente diferente de tudo que conhecemos. Se ele está
ensinando e lá de fora vem a notícia da presença de uma caça nas imediações (macaco,
veado, onça ou o que mais for), todos saem correndo para caçar e ele fica falando
sozinho.
Esse é o modo yanomami, natural para eles.
Toda caça, pesca ou coleta de frutas é coletiva. Tudo é repartido na maior harmonia.. Diz
ele que os yanomamis têm muito a nos ensinar. Isso o encanta.
As malocas são muito grandes e em forma de cone, chamadas yano ou xapono e dentro
de cada uma vivem de 40 a 50 famílias.
Cada maloca é uma entidade econômica e política autônoma ( kamitheri yamaki = coresidentes) e seus membros preferem casar-se nesta comunidade de parentes com um(a)
primo(a) “cruzado(a)”, isto é, filho(a) de um tio materno e uma tia paterna.
Esse casamento é reproduzido o quanto possível entre as famílias de geração em geração
fazendo da casa coletiva ou aldeia yanomami um denso e confortável emaranhado de
1aços de consangüinidade e afinidade.
Vamos explicar agora a razão pela qual o Alkmim tem que andar tanto de uma maloca a
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outra, caminhada essa que pode durar até dois dias por picadas dentro do mato.
O espaço de floresta usado por cada casa-aldeia yanomami pode ser descrito como uma
série de círculos concêntricos.
O primeiro círculo, num raio de cinco km, circunscreve a área de uso imediato da
comunidade:
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pequena coleta feminina,
pesca individual,
ou no verão, pesca coletiva com timbó,
caça ocasional de curta duração e
atividades agrícolas.
Alkmin examina o que o yanomami pescou
O segundo círculo, num raio de cinco a dez km, é a área de caça individual ( rama huu) e
da coleta familiar do dia a dia.
O terceiro círculo, num raio de dez a vinte km, é a área das expedições de caça coletivas
(henimou) de uma a duas semanas. Encontram-se também nesse terceiro círculo tanto
as roças novas como as antigas, junto às quais se acampa esporadicamente - para
cultivar nas primeiras e colher nas segundas e em cujos arredores a caça é abundante.
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Então o Alkmim tem que andar e muito. É nesse mundão da selva amazônica que vive e
trabalha esse nosso colega, muito longe da dita civilização, como ele sonhou um dia.
E está feliz, gente. Muito feliz.
Não se ordenou padre mas, como diz em carta que nos mandou, está realizando o sonho
de ser Missionário, sonho esse que, com força total, reascendeu após 1991 quando saiu
do seminário.
E a depressão, aquela doença mascarada que tanto o atormentou?
desaparecendo no convívio com o homem primitivo, o yanomami.
Acabou
Está aí a receita para quem quiser se curar.
Ele se diz também muito encantado com a postura da diocese de Roraima com relação
aos yanomamis. Eles não trabalham para catequizá-los.
Os brancos (napëpë) estão lá para marcar presença, instruí-los e, o que pode parecer
estranho à primeira vista, é que eles estimulam e respeitam suas crenças.
Eis aqui um belo exemplo dessa afirmação. Disse a Irmã Aléssia à sua irmã (mãe do
Alkmim) que, perguntada por um yanomami sobre o que era aquele pequeno crucifixo
pendurado em seu pescoço, respondeu: “Isto é o meu Deus. O seu deus é Omama, o
sol”.
O progresso dessa política de trabalho é confortador.
Diz ele que já têm yanomamis professores, outros que já conseguem ministrar
medicamentos e primeiros socorros e mesmo outros que já são capazes de identificar
malária no microscópio do laboratório.
Ele prometeu que, em agosto, após participar da Assembléia do CIMI em Brasília, irá
descansar em Itajubá e estará presente no nosso Encontro de Pirassununga.
Se isso acontecer, ele terá muita história para nos contar. Sem dúvida, sua vida e seu
trabalho enchem-nos de orgulho por tê-lo como
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No dia 02/03/1931, nascia, em Bauru, uma criança do sexo masculino, que na pia
batismal receberia o nome de
MAURO PASQUARELLI.
Seu pai, espalhafatoso como todo bom italiano, saiu para a rua de revólver em punho,
dando tiros para o ar como um desvairado, o que chamou a atenção de toda a
vizinhança.
Sua tia Rosa, que morava do outro lado da rua, veio correndo em direção àquele homem
e gritando: “Por acaso, nasceu aí algum príncipe?”, ao que ele respondeu: “Para mim, é
muito mais que um príncipe.”
Muitos anos depois, em 1959, no dia de sua ordenação sacerdotal, no Escolasticado da
Vila Formosa, em São Pauto, relembrando esse fato, seu pai comentou: "Viu, meu filho,
como eu tinha razão quando disse à sua tia Rosa que para mim nascera um príncipe?
Hoje você se tornou um príncipe da igreja.”!
Inútil foi corrigi-lo, dizendo que só os cardeais são chamados príncipes da igreja. "Mas
para mim, é assim!”, concluiu ele, satisfeito e feliz com seu filho padre.
Aos doze anos de idade, o Mauro era empregadinho na casa paroquial e foi perguntado
pelo Pe. Antônio Van Es, de passagem por Bauru, se gostaria de ser padre.
997
Diante de sua resposta afirmativa, ele disse que viria buscá-lo no fim do ano. Mauro
aguardou-o inutilmente, engavetando o assunto devido ao grande apego à família.
Aos dezesseis anos, já no final do terceiro ano ginasial, foi ao cinema para assistir ao
filme "Entre a Cruz e a Espada” com o Frei Mojica.
O filme tocou-o profundamente e foi a pedra que estava faltando ao quebra-cabeça de
sua decisão.
Não tinha mais dúvidas. Queria ser padre. Imediatamente, falou com seu vigário, Pe.
Rynja MSC e, na companhia deste, tomou o trem para Pirassununga, onde chegou no dia
20/10/1947.
Plenamente consciente de sua vocação, sentiu-se muito feliz e contente com tudo e com
todos na Escola Apostólica, a ponto de escrever para casa dizendo que, se soubesse como
era, teria entrado muito antes.
Pe. Léo, diretor de ensino, sugeriu colocá-lo no final da Quinta (2º ano), mas ele se
recusou temeroso de não poder acompanhar a classe.
Foi para a Sexta (1º ano) e incluído na turma dos maiores devido à sua idade. Dois meses
depois, voltou para visitar sua mãe gravemente enferma, presenciando seus últimos
momentos e seu falecimento, fato significativo que marcou-o profundamente.
FREI MAURO PASQUARELLI QUANDO ATOR EM PIRASSUNUNGA
Ordenado sacerdote no dia 19/12/1959, foi nomeado professor no IPN de Itajubá, onde
permaneceu até maio de 1961, quando foi indicado para compor o grupo de missionários
que iriam para a Indonésia. No dia 04/O7/1961, seguiu para lá juntamente com outros
cinco missionários brasileiros, onde iria permanecer até 1974.
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Uma vez embarcado no navio, quando viu o cais se afastando e a costa do Brasil ir
ficando cada vez mais longe, tirou da mala sua flauta enquanto o Pe. Laureano pegava
sua gaita de boca e ambos, sem nenhuma inibição, passaram a tocar "Tristeza do Jeca”
para gáudio e curiosidade dos demais passageiros.
Entre estes, estava um casal de portugueses, Sr Francisco e Dona Benvinda, que mais
tarde, em carta, confessaram terem ficado muito emocionados vendo dois padres tocando
o hino nacional quando deixavam o Brasil. Que Catulo da Paixão Cearense não saiba
disso!
Chegaram à Indonésia no dia 23/ 08/1961..
E a língua? Que problema.
Servindo-se do francês, começaram Pes. Mauro e Laureano a aprender o javanês com o
vigário de Wonosobo de quem foram nomeados coadjutores para esse fim.
Posteriormente aprenderiam o indonésio que é o malaio modernizado. Consta que o
malaio é muito simples e fácil e quem já consegue se virar com ele dificilmente vai querer
aprender o javanês que é super complicado.
Pe. Laureano, o Lau, não agüentou mais que duas semanas de aulas super teóricas do
vigário que cochilava e dormia durante as aulas.
Transferido para Purworedjo onde estava também o Pe. João Crisóstomo, consta que, em
poucas semanas, Pe. Lau já se virava com o malaio e nada aprendeu do javanês.
Já o Pe. Mauro, que após seis meses, se arrumava quase bem com o javanês, foi
transferido para o Grande Tegal como coadjutor do Pe. Hoos MSC que, por sua vez, não
sabia patavina do javanês.
E agora? Felizmente, aquele vigário falava bem o francês e então começou a ensinar-lhe
o indonésio.
Meses depois, Pe. Mauro já começou a brincar de catequizar as crianças que
indiretamente o adestravam no malaio.
Haja coração! Seu primeiro sermãozinho é digno de nota. Já no púlpito, após o
evangelho, quase desmaiou ao perceber que no lugar do texto em indonésio bem corrigido pelo vigário, tinha em mãos o relatório-caixa da contabilidade do mês.
No auge da angústia, valeu-lhe o Espírito Santo para manter a calma e improvisar
algumas poucas palavras desconexas mas educadamente aceitas e toleradas pelos
piedosos fiéis presentes.
Foi o Pe. Hoos quem lhe ensinou o caminho do mosteiro trapista javanês onde juntos
fizeram retiro. Em outras oportunidades ele lá esteve sozinho.
Desde o primeiro contato, sentiu forte atração pela vida monástica. Chegou mesmo a
conversar com o então padre provincial, Xavier Peres, que visitou a Indonésia em 1964 e
pregou um retiro para os seis MSC brasileiros em Gombong onde Pe. Crisóstomo era
vigário.
999
O provincial aconselhou-o a esquecer o desejo de entrar no referido mosteiro, o que ele
conseguiu fazer até 1984. Trabalhou na Indonésia até 1974 quando voltou para o Brasil.
Nos dez anos seguintes, passou por Alfenas, Vila Formosa, Bauru, Itapetininga (mestre
dos noviços) e Itajubá.
Por insistência do Pe. Tomás que continuava na Indonésia e convite oficial do bispo de
Purwokerto voltou em 1984, indo trabalhar em Kutoarjo e Gombong.
Para surpresa e satisfação sua, estava programado para o final desse ano o retiro dos
MSC no mosteiro trapista de Rawaseneng, Java, pregado pelo abade javanês.
Ai, seu coração ferveu. Ele se abriu com o abade manifestando-lhe o seu desejo
acalentado há vinte anos. O bondoso e sábio abade aconselhou-o a pensar melhor e
convidou-o a fazer urna experiência de dois meses no meio da comunidade.
Pe. Mauro não se fez de rogado. Aceitou de imediato e lá ficou por bem mais tempo,
concluindo que ali era o seu lugar.
Nessas alturas, veio-lhe o receio de decepcionar o bispo e o provincial dos MSC que o
haviam recebido de volta.
Achou, então, que deveria protelar a entrada no mosteiro por mais três anos. Mas,
perante a afirmação do abade de que não aceitavam candidatos acima dos 55 anos e
estando ele com essa idade, com as devidas Licenças de seus superiores, adentrou ao
mosteiro onde passou 3 anos de formação, o que eqüivalia a 1 de postulante e 2 de
noviciado.(1986/1988).
Era o tempo mínimo exigido para fazer a Profissão Monástica solene sem passar pelos
votos temporários já que ele era professo perpétuo na Congregação dos MSC.
No dia 01/11/1990, fez sua Profissão Monástica Solene, passando a assinar Pe. Mauro
Pasquarelli, OCSO (Ordo Cisterciensium Strictioris Observantiae) = TRAPISTA
O fato de se desligar da Congregação dos MSC causou-lhe alguma preocupação e muita
dor, já que a amava muito.
1000
Então, antes da importante decisão, consultou a Congregação dos Religiosos em Roma,
sobre a viabilidade de continuar MSC mas como oblato num mosteiro trapista.
Respondeu-lhe o padre atendente que, em principio, não havia problema desde que os
superiores maiores MSC e OCSO concordassem. Para Dom Cipriano, o Abade também
consultado, parecia esquisita a idéia de ficar só oblato, quando ele tinha condições para
fazer a Profissão Solene. Além do mais, não deveria ficar com os pés em duas canoas.
Semelhante resposta ele recebeu também do então provincial Pe. Henrique Roberto do
Brasil e do provincial da Indonésia. Assim sendo, tranqüilizou-se seu coração.
Desde então, vive num mosteiro em Tilburg, Holanda (vide fotos). E agora, Pe. Mauro,
mais uma língua para digerir? Será ela tão ou mais difícil que o javanês?
No mosteiro em que vive, há 16 monges dos quais apenas 5 são padres. Com ele são 5
estrangeiros (3 indonésios e um queniano), todos roendo o osso duro que é a língua
holandesa”.
Quando escrita, ele consegue entendê-la até bem, mas quando falada depressa, aí o
bicho pega. Para felicidade dele, ainda não entrou no rodízio dos celebrantes que, aos
domingos, devem pregar para os fiéis.
Celebra para a comunidade às segundas-feiras, concelebra em holandês mas,
privadamente, celebra em português, o que lhe é um consolo.
No dia 08/12/1999 comemorou 40 anos de sacerdócio e, para grande surpresa e emoção,
estavam presentes na solenidade seu irmão Dioniso e sua irmã Clarice cujas passagens
haviam sido pagas pelo abade. Que grande presente!.
Apesar dos pesares, da língua, do frio e da mentalidade holandesa tão diferente da nossa,
ele nos confessa que está bem satisfeito lá. E nós, ex-alunos MSC, ficamos muito contentes por conhecer um pouco mais de sua maravilhosa vida e imensamente orgulhosos
por tê-lo como
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Nosso colega João Costa Pinto, o redator da página “Notícias da Província”, que gostamos
de ler em todas as edições do Inter-Ex, costuma fazer caminhadas todos os domingos de
manhã pelas ruas do bairro em que reside, hábito de muitos anos que ele não troca por
nada.
É uma rotina domingueira que lhe garante a bela forma física que ostenta
merecidamente.
Numa dessas andanças, parou para amarrar melhor os cordões do tênis e procurou a
placa da rua para saber onde se encontrava.
Bem à sua frente pode ler uma placa que dizia: “PRAÇA LAUDINIR GODOI PAVÃO”.
Levou um tremendo susto, misto de surpresa e interrogação.
- Meu Deus, o Laudinir? E eu que não sabia?
Imediatamente, como num video-tape, viu rapidamente passarem pela sua lembrança as
imagens do saudoso colega de seminário, do companheiro na Sandoz, do colega de turma
na Faculdade de Direito da USP e de mil outras passagens nos longos anos de fraterna
convivência.
Vira-o pela última vez num memorável encontro em Pirassununga. A emoção tomou conta
do João Costa que, erguendo os olhos para o céu, fez uma sentida prece pelo descanso
eterno do querido companheiro.
1002
Sabia de sua grande formação cristã, fruto da longa passagem pelo seminário
(1956/1968) de onde saiu na Teologia.
Sabia também que ele atendia gratuitamente a pessoas carentes e humildes sem nenhum
alarde e com muita discrição.
Mas, ser reconhecido pela sociedade, a ponto de merecer uma praça com seu nome em
São Paulo, é porque deverá ter havido alguma coisa ainda mais relevante em sua vida.
Decidiu que deveria pesquisar. Fez a pesquisa e descobriu.
O Laudinir, além do curriculum acima lembrado, foi o idealizador e um dos fundadores
do “Lar Sta Margarida” com a finalidade de dar assistência a crianças carentes.
Isso aconteceu no Ano Internacional da Criança (1979) quando se uniu a um grupo de
outros cursilistas como ele.
Foi seu primeiro diretor e para essa obra assistencial dedicou muitos e muitos anos de
vida, onde fez de tudo, como secretário, tesoureiro, presidente, administrador sábio, pai,
protetor e educador.
Quem eram e de onde vinham as crianças que atendia?
As primeiras foram selecionadas na FEBEM, Unidade Pacaembu. Para isso, contou com a
colaboração da psicóloga Dra. Marta Cecília que, muitas vezes, em lágrimas, contava-lhe
o terrível dilema em escolher este ou aquele menino, o que, na verdade, significava
definir-lhe o destino e o futuro.
1003
Era extremamente triste ter pela frente um “lote” de crianças identificadas pela FEBEM
apenas por “números”.
Levaram os primeiros nove com idade entre um e dois anos, apenas um deles tinha cinco
anos.
Como funcionava?
O Lar abrigava crianças em grupos de dez, que eram entregues à responsabilidade de um
casal (muitas vezes já com outros filhos biológicos), casal esse que deveria exercer o
papel de pai e mãe numa verdadeira família, até que atingissem os dezoito anos. O Lar
previa tudo: roupa, alimentação, higiene, saúde, orientação psicológica, escola,
profissionalização e o que mais fosse necessário.
O casal respondia pelo ambiente familiar, amor, educação, exemplo de vida, convivência
fraternal, todos dentro de uma só família.
Tarefa muito difícil e de responsabilidade imensa.
Onde encontrar casais com tal grandeza de alma capaz de suportar tão grande fardo?
O primeiro e segundo casal que assumiram aquelas nove primeiras crianças ficaram
pouco tempo. Não se adaptaram.
Já o terceiro (Sr Hermínio e Dna Maria de Lourdes), mesmo com dois filhos biológicos,
educaram a todos até os dezoito anos como irmãos de verdade com muita dedicação e
carinho.
Levavam todos à escola, aos cursos de batismo, primeira eucaristia, crisma, tinham suas
festinhas de aniversário. Todos, sem exceção, concluíram o segundo grau e todos
exercem uma profissão que os tornou independentes do Lar.
De onde vinham os recursos para tão sublime empreitada?
Sem qualquer ajuda do poder público, os recursos vinham dos diretores, padrinhos (cada
um tinha o seu), voluntários e ainda de eventos promovidos mensalmente como
churrascos, rifas, almoços, feijoadas, bingos, etc.
Laudinir, o pilar central dessa imensa obra, inspecionava, fiscalizava e acompanhava
tudo nos mínimos detalhes da educação de cada menino, envolvia-se em todos os
problemas grandes ou pequenos, premiava, elogiava, dava “pitos quando necessário, mas
alegre e brincalhão, também levava-os para sua casa ou para sua casa de praia.
Sem prejuízo de outras atividades, acompanhava o dia a dia de cada criança.
Ele tinha um jeito todo seu para repreender algum de seus “filhos”. Vejam este exemplo.
O Luiz Alberto, um daqueles nove, agora com mais de dezoito anos e já motorista
habilitado, dirigindo uma saveiro do Laudinir, acabou batendo violentamente em um
muro.
Temeroso com a reação e a bronca que enfrentaria, ficou surpreso com a calma do
Laudinir que, primeiro, perguntou com expressão preocupada, se ele se tinha
1004
machucado e depois abraçou-o dizendo: “Filho, tome cuidado, você pode até se matar, se
dirigir assim...” Que nobreza!
O João Costa Pinto, descobridor da Praça, quis aprofundar suas pesquisas sobre o
Laudinir e então teve oportunidade de entrevistar vários egressos do Lar Sta Margarida
e de todos ouviu as mais carinhosas referências a esse nosso saudoso companheiro.
Uma coisa deixou-o impressionado. A maneira como até hoje eles se referem a Dona
Lourdes e Seu Hermínio, chamando-os de mãe e pai. Que coisa emocionante!
Que belíssima missão cumpriu o nosso Laudinir em sua curta vida no meio de nós!
Faleceu no dia 14 de julho de 1996 com apenas 53 anos de idade.
A pedido seu, seu corpo foi cremado e suas cinzas lançadas nas águas do rio Mogi Guaçu,
em frente ao sítio de sua família, em Pirassununga, onde nasceu.
Por iniciativa do vereador Emílio Meneghini, Celso Pitta, Prefeito Municipal de São Paulo,
promulgou o Decreto n.º 39.309, de 10.04.00, denominando
“Praça Laudinir Godoi Pavão”
o espaço livre situado na confluência das ruas Balzac e Tanganica no bairro de Vila
Formosa (vide fotos).
O ato do prefeito foi a resposta ao clamor público que exigiu uma homenagem capaz de
perpetuar o nome de tão benemérita figura daquele bairro.
Com essa história de vida, temos motivos de sobra para nos orgulhar do Laudinir como
1005
DA ESQUERDA PARA A DIREITA: ANTONIO CARLOS LUIS, VEREADOR EMÍLIO
MENEGHINI, JOSÉ PAVÃO (PAI), ANTONIO ESCALHÃO, ADELAIDE E OS FILHOS
ANA PAULA, JÚLIO, ROGÉRIO E MAIS À DIREITA, A MENINA FERNANDA E
HERMÍNIO DA SILVA
DA ESQUERDA PARA A DIREITA: ENTRE AS NUMEROSAS PESSOAS
PRESENTES, JOSÉ PAVÃO (PAI), ADELAIDE, ANA PAULA, JÚLIO, ROGÉRIO,
IRMÃO E IRMÃS DO LAUDINIR, BRUNA, MILLA, POLIANA, MARIA HELENA,
LAURO RICARDO FRADIQUE (ADMINISTRADOR REGIONAL), ANTONIO LUIS E
DOIS DIRETORES DO LAR STA. MARGARIDA, JOÃO DE SOUZA E EDEGARD
GNIPPER FILHO
1006
A casa fica alguns palmos abaixo do nível da rua.
A fachada é feia, sem atrativos.
Quase estranha à primeira vista.
Quem
lá
chega
à
procura
de
seu
morador,
José Vieira
Madalena, artista plástico que se instalou em Santana do Parnaíba há
dezesseis anos, estranha o modo de vida (refletido na fachada)
aparentemente quase espartano do pintor.
Mas o espanto dura pouco.
A curiosidade é saciada à medida que se obtém permissão para descer as
escadas e entrar na habitat que guarda em tudo um pouco de seu mundo.
1007
O que antes parecia feio e pobre revela-se claro e rico.
Pincéis, tubos de tintas, palheta, piano, telas e mais telas, horta no quintal
e outras coisas mais compõem quadro a quadro a alma do artista.
Alma de um homem generoso que acabou se transformando em um ícone
da cidade.
Se de tudo fica um pouco, a marca do talento artístico de Madalena
espalha-se pelos quatro cantos da cidade, seja na decoração da tradicional
festa de Corpos Christi, seja nas fantasias que cria para o Carnaval
parnaibano.
1008
“Demorei a descobrir a minha relação com a pintura. Tentei a música e o
canto e até a locução em rádio mas acabei me rendendo aos pincéis, telas
e tintas", conta o pintor, que acredita ter começado a pintar um pouco
tarde, em 1 978.
Natural de Itapetininga, no interior de São Paulo, foi aí que ele começou a
desenvolver seu talento no campo das artes.
"Pensei em me especializar em escultura em barro porque na infância
brincava muito com esse material", relembra.
Auxiliado pela mãe, a quem aponta como sua maior influência, o menino
fazia tapeçaria, esculturas e todo tipo de trabalhos manuais.
"Minhas primeiras noções sobre artesanato foram dadas por ela, que
sempre esteve a meu lado me incentivando".
Na juventude, resolveu vir para São Paulo onde foi locutor e ator de
radionovela.
Nessa época sua paixão pela pintura já existia mas era financeiramente
inviável.
"Procurava escolas de arte, fazia pesquisa de preços mas meu orçamento
nunca me permitiu sequer fazer a matrícula. Acabei comprando os pincéis
e tintas, confiei na intuição e hoje vivo disso", orgulha-se.
Em sua família, todos os oito irmãos tentaram seguir a carreira artística,
mas apenas Madalena foi em frente.
Telas nos EUA e na Europa
Autodidata assumido, Madalena diz que sua carreira teve uma arrancada
significativa logo no inicio.
Em quatro anos de profissionalização, seu trabalho já
exposto na Europa e nos Estados Unidos.
estava sendo
Aos que procuram semelhanças em seu trabalho com obras de artistas já
consagrados, Madalena rebate:
“Não me inspirei em ninguém para começar a pintar. Tenho um quadro de
girassol que muitos teimam em relacionar a uma famosa tela de Van
Gogh. Não fiz com essa intenção. Na verdade já tive uma plantação de
1009
girassóis. O que aconteceu foi uma coincidência de pensamentos. Acho
que meu estilo é bem próprio", explica o pintor.
A liberdade de sua técnica também aparece na temática.
"São temas muito variados, mas existe uma coluna psicológica vertebral na
minha pintura que é a natureza, flores, folclore, Carnaval e muita
preocupação com as crianças. Tive uma infância repleta de brincadeiras e
muita alegria e vejo que as crianças de hoje em dia não brincam mais”,
constata.
Seu gosto por temas polêmicos e atuais o levam também a abordar a
AIDS, a insegurança no amor e a religiosidade.
Perfeccionista, Madalena pode ficar horas terminando os pontinhos do
vestido rendado de uma baiana se for preciso.
Por realçar os detalhes e estar constantemente atento ao acabamento, ele
chega a demorar dez dias para finalizar um quadro produzindo entre três
e quatro telas por mês.
O pintor se reserva dois direitos: não dá aulas de pintura e não faz
quadros por encomenda.
Ensinar a pintar, para ele, seria muito complicado, pois acredita que sua
forte personalidade absorveria os alunos.
"Meus alunos, por mais isento que eu possa tentar ser, acabariam
adquirindo o meu estilo. Posso dar um incentivo, mas aulas não", reitera.
Quanto aos quadros por encomenda, ele só abre exceções nos casos em
que a idade do cliente bate com a sua.
'Não gosto de pintar um quadro com a obrigação de desenhar determinada
paisagem ou pessoa. Isso influenciaria meu método de trabalho".
Mesmo com essa convicção, Madalena acredita que sua atitude causa um
grande empecilho para ia venda de seus quadros.
"A verdade é que a primeira relação do cliente com a obra é apenas
decorativa e não um envolvimento com a arte ou com o artista'', acredita.
1010
Arte via consórcio
Para vender suas obras, Madalena montou um esquema muito peculiar.
Por meio de um consórcio, cerca de trinta pessoas pagam uma
mensalidade.
A cada mês dois participantes são contemplados.
Para entregar as obras, o pintor realiza um coquetel.
Uma conseqüência desses encontros é ter de manter a parede sempre
cheia de telas para que os sorteados possam escolher a de sua
preferência.
“Existem alguns que são exímios colecionadores de meus quadros”. O João
Amâncio, de Alphaville, é deles. Ele tem provavelmente quarenta das
minhas telas", contabiliza o artista.
O cuidado com sua criação não acaba na venda.
Ele costuma anotar o nome do cliente e arquivar em um álbum a foto do
quadro juntamente com a identidade do comprador.
Seu sonho, ainda distante de se realizar, é reunir a maioria dessas obras
para organizar uma grande exposição.
Sua produção artística já lhe rendeu admiradores famosos, como Fred
Mercury, o falecido vocalista do grupo Queen.
Em passagem pelo Brasil, ainda na d‚cada de 80, Mercury comprou quatro
quadros de Madalena em uma exposição ocorrida em São Paulo.
Com mais de duzentas exposições em seu currículo, o pintor recebeu
prêmios nos Estados Unidos e representou o Brasil em uma grande mostra
realizada em Nice, na França em comemoração do Centenário do Carnaval.
Em 1984, Madalena participou do primeiro Salão de Artes Plástica de
Alphaviile.
Arriscando uma incursão no mundo das letras, o pintor tem prontos seis
contos infantis, todos inteiramente ilustrados por ele.
1011
Os títulos são bem sugestivos; O Casório de Cravina, A Pacuera GuerGuer; Tiê Tê, O Ninho de Caiporas, A Aparição do Lobisomem e A Mula
sem Cabeça. Histórias de fundo folclórico, popularizadas pelo interior do
estado, seus contos prometem soltar a imaginação da criançada.
Sete instrumentos
Madalena é formado em matemática e dá aulas particulares.
“Tive uma loja de calçados e lecionei em colégios mas hoje só dou aulas
particulares", explica.
Ele não considera as atividades pintura e matemática completamente
opostas.
“Matemática é abstração, não tem nada de concreto.
É fascinante o desafio de conseguir realizar um exercício.
Você enfrenta situações de incompreensão de certos pormenores da
natureza.
O mistério dos números faz com que as pessoas percebam que somos algo
muito mais que matéria no universo”, garante o pintor.
Por enquanto Madalena se considera uma pessoa feliz, satisfeita e quase
livre.
“As pessoas me dão a oportunidade de fazer o que quero, viver como
quero e pensar o que quero, sou quase livre.. Tenho consciência de que a
liberdade total não existe", filosofa.
José Vieira Madalena
Rua Pe. Luiz A. S. Castro, 420
06500-000 Santana de Parnaíba -SP
Tel.: (0**11) 424-2309
Home Page: http://www.geo.to/madalena
E-mail: [email protected]
Fonte: Alpha/News – março de1997 (Nossos Vizinhos)
Madalena: para não interferir na obra, preferimos não colocar mais quadros pois as cores se
deterioram na transcrição eletrônica (desculpe a “Catléia Vermelha com Menino”).
1012
Pedro Tramontina ‚ filho de Pirassununga e entrou na Escola
Apostólica em 1941. Menos de dois anos depois, voltou para casa.
Não porque tivesse sido mandado embora ou porque tivesse manifestado
o desejo de sair.
Absolutamente. Aconteceu que durante o curto período em que lá esteve,
seu pai, insistentemente e por quatro vezes, tentou tirá-lo de lá .
Por que? Os padres conversavam com ele, explicavam as coisas e, então,
por mais algum tempo, ele desistia da idéia.
Mas chegou o dia em que não deu mais. Menor de idade, o pátrio poder
ganhou a guerra. Pedro acompanhou o pai pela longa rua José‚ Bonifácio,
a pé, mudo e chorando.
1013
Este não lhe dirigiu uma só palavra. Tinha 14 anos. Sem entender o
porquê dessa decisão do pai, voltou para casa, onde permaneceu alheio a
tudo e a todos ao seu redor, sem ambiente e sem diálogo.
Os dias foram passando e logo começaram as discussões, as agressões
verbais e tudo terminou com a recusa de apoio para que continuasse a
estudar. A razão para tudo isso?
Pasmem! O voto de pobreza a que seu filho estaria amarrado pelo resto da
vida, caso continuasse no seminário.
Homem materialista, excessivamente apegado ao dinheiro, conforto e
riquezas, não poderia admitir um tal futuro para seu filho, além do que ele
ainda seria mandado para terras distantes, para o meio de selvagens e
outros horrores (missionário).
Sem outra alternativa, restava-lhe procurar trabalho. Foi o que fez, ali
mesmo em Pirassununga. O Ministério da Aeronáutica estava construindo
a Academia da Força Aérea.
Para lá foi e aprendeu a trabalhar com tratores e máquinas de
terraplanagem, adquirindo grande prática. Tornou-se um exímio operador.
Essa grande perícia favoreceu-lhe a entrada na Camargo Correia, indo
trabalhar em São Paulo na construção das novas pistas do Campo de
Marte.
Completados 18 anos, foi para o exército onde chegou a sargento. Foi
dentro da farda que conseguiu descarregar todas as mágoas,
ressentimentos e tudo que de negativo teimava em armazenar em seu
coração.
Como? Tornou-se pugilista e dos bons. Venceu todos os campeonatos nos
quartéis e tornou-se o grande campeão - peso médio - da 2ª Região
Militar.
Foi o pugilismo a grande e salutar terapia de que necessitava. Com punhos
de aço esmurrava com indescritível prazer o saco de areia nos
treinamentos ou a cara de seus adversários nas disputas oficiais.
Não ficou no exército, não tinha vocação para militar. Perito no manejo de
máquinas de terraplanagem, voltou a trabalhar, agora em Agudos - SP,
passando a morar no próprio canteiro de obras na companhia de dezenas
1014
de outros peões vindos do norte, do sul, de todas as origens, ¡índoles e
culturas.
Gente boa e gente má . Brigas constantes e diárias. Exímio pugilista,
sempre foi respeitado.
Num belo dia, numa briga, um dos desafetos levou 5 tiros. Pedro
Tramontina prontificou-se a fazer-lhe companhia no hospital durante treze
noites seguidas.
Conversando, soube que o doente era casado e separado da mulher.
Começou a aconselhá-lo e a convencê-lo da necessidade da reconciliação.
O lado bom do Pedro começava a aparecer. Seu carisma como
reconciliador de casais e famílias estava aflorando.
Conseguiu. Até hoje, agora com filhos e netos, o casal refeito vive em
harmonia.
Nesse hospital conheceu Frei Mário, franciscano que, com certeza, já
andava de olho nele. Sabendo de seu passado, o frei convidou-o a entrar
no seminário de sua Ordem que ficava ali mesmo, distante cinco
quilômetros.
Ficou de pensar. Afinal não sofreria mais a influência paterna, era maior de
idade, carteira assinada, reservista, vacinado e cidadão dono de seu nariz.
Curiosamente, isso, num instante, chegou aos
ouvidos dos padres lá da Escola Apostólica de
Pirassununga.
Imediatamente,
Pe.
Léo
escreveu-lhe uma carta em que lhe abria as
portas para que voltasse a estudar com eles.
Seria um aluno extracurricular com aulas
particulares de Latim, Francês, Grego, Religião,
etc., para, em seguida, ir para a Filosofia.
O amor antigo falou mais alto. Voltou para a Escola Apostólica em 1950
com 22 anos de idade, onde ficaria por quase dois anos.
1015
Não agüentou o Pe. Donato. O Pedro de agora era adulto e com larga
experiência do mundo lá de fora. É claro que diferia de todos os demais
seminaristas na maneira de ver as coisas, de argumentar, de agir nas
diversas situações. Enfim, era diferente.
Isso incomodava o Pe Donato que não se cansava de provocá-lo dando-lhe
castigos bobos com a finalidade de irritá-lo ou ver até onde agüentava. Por
exemplo: oferecia-lhe cigarro. Se aceitasse, não dava mas dava para os
outros na sua frente e assim outras coisas semelhantes. Tudo isso, no
sitio.
De volta ao seminário, procurou o Pe. Adriano Seelen, o superior que
estava tocando piano. Contou-lhe tudo em pormenores, suas tristezas, as
atitudes injustas por que estava passando e a decisão de ir embora.
Pe. Adriano, com lágrimas nos olhos, acenou afirmativamente com a
cabeça, abençoou-o e ele se foi.
Por muitos anos trabalhou com terraplanagem em grandes obras por este
Brasil a fora, Ilha Solteira, Trans-Amazônica e outras mais regiões.
Promovido a encarregado e chefe de obras, cansou-se de tantas andanças
correndo risco de vida e ameaças de índios revoltados, como os borás,
parecis, nhambiquaras, cintas-largas, muitos deles canibais.
Voltou para São Paulo,. fez curso de massagista (tradição em sua família)
com estágio na Sta Casa de Misericórdia de São Paulo e exerce essa
profissão em sua clínica própria até os dias de hoje.
Casou-se. Sua esposa, profundamente religiosa, juntamente com as irmãs
salesianas, estava envolvida na “catequese renovada" e bastante engajada
no trabalho junto à periferia pobre de São Bernardo do Campo.
Pouco a pouco o Pedro foi se envolvendo também, se doando e se
sentindo cada vez mais feliz.
Por quatro anos estudou História da Igreja, Bíblia e, na época, Catecismo
Holandês, sempre sob a orientação de Dom Cláudio Hummes, ao mesmo
tempo em que se preparava para ser Diácono.
Para trabalhar, recebeu desse bispo o Parque São Bernardo e o Jardim
Farina, regiões violentas de favelas.
Para lá foi como Ministro Animador de Capelania e mais tarde recebeu o
reforço do Pe Comissari e de algumas Irmãs de Imola (Itália).
1016
Esse padre pediu a Dom Cláudio Hummes que ordenasse o Pedro. Para
que isso ocorresse era necessário autorização prévia da esposa e dos
filhos.
A filha mais velha relutou a principio mas depois concordou e também
tornou-se catequista. Num instante toda a família estava envolvida nos
trabalhos da igreja.
Foi ordenado por Dom Cláudio no dia 16 de setembro de 1979, dentro da
própria favela, a pedido seu, porque o povão pobre de lá não freqüentava
a catedral de Santo André.
Os pobrezinhos, muitos até descalços, participaram da celebração,
cantando e rezando.
O Diaconato Permanente no Brasil está crescendo e dando frutos.
É bom esclarecer que o Diácono Permanente (casado) deixou de
existir desde 1551 até o Concílio Vaticano II(1962/1965). Talvez
devido à Reforma (1517) porque os diáconos são muito parecidos com
os pastores. Na terceira sessão plenária do Concilio (21.11.64) foi
solenemente promulgada pelo Papa Paulo VI a Constituição
Dogmática “Lumem Gentium". Dentre as muitas inovações propostas
encontra-se a restauração do ‘diaconato permanente" na igreja
Latina. Logo após, em 1967, veio o Motu Próprio “Sacrum Diaconatus
Ordinem" especificando as diretrizes que deveriam orientar o
processo da restauração. Foi quando começou a luta principalmente
dos bispos que apoiavam o diaconato porque muitos deles eram
contra. Hoje o apoio é total.
Há em Santo André uma Faculdade de Filosofia e Teologia (5 anos) aberta
a todos ou a todas que desejam fazer esses cursos.
Muitos desses alunos são convidados a tornarem-se diáconos. A partir do
segundo ano passam a fazer a escola diaconal que funciona aos sábados
das 9 às 12 hs., quando é dada a formação espiritual aos candidatos,
esposas e filhos. Isso porque é necessário que haja o apoio da esposa e
filhos.
O exemplo começa em casa. Se solteiro, a idade mínima é de 25 anos
(será celibatário). Se casado, a idade mínima é de 35 anos com pelo
menos 5 anos de vida matrimonial. Se viúvo, casado ou solteiro, a idade
máxima é de 65 anos.
O diácono depende diretamente do bispo. Mantém estreita colaboração
com os sacerdotes, sem contudo tornar-se um simples ajudante ou
substituto.
1017
A função do diácono é tríplice ministério = diaconia do culto, da palavra e
da caridade.
É considerado evangelizador, mediador entre a Igreja e o mundo, entre
hierarquia e laicato, testemunha oficial da diaconia de Cristo e da Igreja
nos mais diferentes ambientes e profissões, criador e formador de
comunidades cristas.
O diácono deve manter o equilíbrio entre as atividades pastorais e sua vida
familiar, juntamente com os sacerdotes e todo o povo de Deus. Santo
Estevão e São Francisco de Assis eram diáconos. Sabia?
Com tudo isso, o Pedro Tramontina, que por duas vezes tentou ser padre,
acabou se envolvendo na Igreja da mesma forma como se o tivesse sido e
arrastando consigo esposa, filhos, genros, netos. Veja que beleza!
Voltemos lá atrás. Quando pela segunda vez deixou a Escola Apostólica,
dias depois, recebeu a visita do Pe Léo que Lhe disse: “Pedro, case que
você poderá ajudar a Igreja de Jesus Cristo." Foi mais que uma profecia,
foi uma visão porque aquele querido e santo sacerdote conhecia
profundamente a alma de nosso homenageado de hoje.
Pedro Tramontina, nós, Ex-Alunos MSC como você, estamos orgulhosos
por tê-lo como
1018
A INFORMÁTICA PREGOU PEÇA E NÃO PUDEMOS TRANSCREVER
ELETRONICAMENTE O ARTIGO ”NOSSA GENTE” DO PRANTEADO JOSÉ
ROMÃO. COLOCAREMOS APENAS AS FOTOS QUE CONSEGUIMOS
SALVAR.
JOSÉ ROMÃO
JOSÉ ROMÃO E RUBENS MAIA EM 1948
1019
NA PRAÇA DA MATRIZ – ROMÃO, RUBENS MAIA E FAMILIARES – 9/7/48
1020
1021
AFONSO PERES DA SILVA NOGUEIRA entrou na Escola
Apostólica de Pirassununga no ano de 1947 e saiu do Escolasticado de Vila
Formosa em 1956, após a filosofia.
Tão logo entrou, já foi apelidado de "Tio", apelido esse que conserva até
hoje. Já estava no seminário um sobrinho dele, o Geraldo Ribeiro de
Miranda. Daí, ser o "Tio".
1022
Oriundo de Delfim Moreira, sul de Minas, repetiu a Sexta e deixou sua
turma original da qual faziam parte, entre outros, o Mauro Pasquarelli,
hoje monge na Holanda e o Geraldo José de Paiva, um dos mais
inteligentes garotos que aquele seminário conheceu.
Pegou, então, a turma de 1948 da qual guarda muita recordação como do
Ézio Monari, do Nelson Autran, do Celso Pedro e de todos os demais já
descritos pelo Gino Crês nesta mesma coluna do Inter-Ex no. 83.
Ao deixar a Congregação, optou pelo magistério no qual se realizou
plenamente, exercendo ai um verdadeiro sacerdócio como católico
praticante e catequista, sempre procurando mostrar Deus a seus alunos
através das aulas e do seu exemplo vivo.
O Afonso Peres é o responsável pela existência no Brasil da palma de Sta
Rita que se vê na foto.
De cor rara, a coral, talvez só exista em seu jardim e ela tem origem e
história bastante curiosas. Deixemos que ele próprio conte essa história.
Já são decorridos 51 anos. Foi em 1949. O Irmão Francisco me pediu: Tio,
capine a grama entre os pátios dos menores e dos maiores para eu não
molhar a batina no orvalho.
Prontamente, procurei uma enxada, capinei e arranquei a grama. Fiz um
pequeno jardim que ficou sendo o "jardim do Tio".
Lembro-me da
Pirassununga:
maldade
de
um
colega
numa
tarde
quente
de
Olha a donzela passeando no jardim!
Mordi-me de raiva mas brigar era proibido. O importante naquilo tudo foi
que o lugar ficou limpo, bonito e o Irmão nunca mais molhou a batina e eu
adquiri gosto para lidar com flores.
Isto para mim foi o mais importante. Perdura até hoje.
Padre Mário Pennock vendo minha dedicação, emprestou-me um livro
grosso: "A Floricultura Brasileira" de um tal engenheiro Figueiredo, se não
me falha a memória.
Aí, conheci muitas flores, aprendi a enxertar roseiras, etc.
1023
Em 1950, Pe. Mário foi visitar seus familiares na Holanda. Seu pai era
floricultor.
Na volta, ele trouxe na bagagem alguns bulbos de glacídeos (palma de
santa Rita) que eram exclusivos da família dele.
Chamou-me e mandou que os plantasse no jardim da gruta. Eram de três
cores diferentes: branca, coral e de uma cor mista de que não me recordo
muito bem.
Plantei tudo conforme recomendando mas desviei alguns bulbos pana o
meu jardinzinho particular.
O jardim da gruta era muito exposto ao sol e as palmas recém-chegadas
da Holanda não se deram bem. Em meu jardinzinho elas ficaram em lugar
sombreado e floriram maravilhosamente.
Conservei-as até 1953 e, nas minhas férias em casa, levei uns dois bulbos
da palma coral pois os demais se perderam.
No clima frio de Delfim Moreira eles se sentiram na Holanda outra vez.
Aumentaram e, em 1959, quando me casei, levei uns bulbos comigo. Até
hoje, decorridos 50 anos, eu ainda os cultivo.
Pe. Mário nunca ficou sabendo. Alguns meses antes de sua morte, fui
visitá-lo no Instituto Pe. Nicolau com a intuito de lhe contar, mas, quando
cheguei, ele estava descansando.
Eu disse ao seminarista que voltaria depois. Não voltei e ele morreu logo
depois. Se desconfiou, nunca me repreendeu.
Dei alguns exemplares para poucos amigos. Dona Vera, esposa do Licínio,
foi uma das contempladas. Faço publicar uma foto. Podem ver como essa
palma é linda e rara.
Obrigado, Pe. Mário. Sempre que olhamos para essa palma maravilhosa,
nosso pensamento vai até o senhor.
1024
Ingressei no Instituto Pe. Nicolau de Itajubá em 1961 e saí em 1964, aos quinze
anos de idade, após concluir o curso ginasial.
Nunca fui muito quietinho (até pelo contrário), porém, afora as peraltices, sempre
tive muito respeito pelos colegas e palres professores.
Até hoje, prezo muitíssimo o meu antigo superior, o Pe. Antonio Rodrigues Pereira
Cortez, como se fosse ele um meu segundo pai.
Ao ingressar, fazia parte da mal-falada "turma do Rio" que, até hoje, é tida como a
culpada pela decadência dos costumes naquele seminário. Acredito, porém, que,
1025
smo sendo mais arteiros que os demais, nós do Rio, fomos para o seminário por
vocação mesmo e não por simples tradição como acontecia com a maioia dos
meninos das imediações (interior de Minas e de São Paulo).
Pe. Cortez, acredito, punha fé em nossa vocação apesar das peraltices".... Estavam
comigo os seguintes colegas e seus respectivos números:
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José Aristides Costa-419,
Cândido de Paiva Machado-400,
Marcos Antonio Ribeiro-402,
João Martinho Ribeiro (Santinho)-375,
Nelson Neiva-8,
André Expedito da Silva (Lua)-61,
Luiz Ribeiro Miranda-381,
Domingos Américo Rodrigues-65,
José Valentim Módena-85,
Casemiro Adilson Martins-55,
Luiz Francisco Ribeiro-367,
Vanderlei de Marque-62,
Luiz Raimundo Xavier-331,
Valternei José Gonçalves-301,
Adilson Dimas da Costa-11,
José Antonio Rodrigues de Souza-l,
Moacir Benine-71,
Leonel José Gomes de Souza-308,
Mauro Soares de Freitas-350 e
José Marcel Prado-54."...
"...Lembro com muita saudade e carinho de vários outros de outras salas e turmas
que me marcaram de maneira indelével.
Porém, meu grande orgulho é o de ter sido contemporâneo de um certo menino
muito inteligente chamado JOSÉ ROBERTO BERTASI que, no último encontro de
Itajubá (01-04-00) ouviu-me em confissão, deu-me a comunhão e é hoje o
Provincial da Congregação. Parece que ele realizou por todos n¢s o que fomos
fazer lá."
Eis aí o que nos disse o Nilo quando lhe pedimos que se apresentasse aos colegas
e leitores deste Inter-Ex.
Tão logo saiu do seminário, ele fundou o JOCA (Jovens Comunitários de
Alcântara), movimento paroquial que rapidamente se espalhou por Niterói, Rio de
Janeiro e imediações...
1026
Formou-se em contabilidade e em desenho arquitetônico.
Projetou várias igrejas na região, entre as quais se destaca o Santuário de Jesus
Crucificado, em Itaboraí, previsto para 2000 pessoas.
O desenho dessa igreja é um octógono que reproduz uma cabeça coroada de
espinhos. Atualmente, desenvolve o projeto da igreja de N. Sra. Rosa Mística para
a cidade de São Gonçalo do Amarante.
Paralelamente sua vida profissional, o Nilo tem um hobbie que o tornou muito
conhecido. E astrônomo.
Em manchete, o jornal “O DIA" do Rio, edição de 27-02-2000, diz: “Nilo, UMA
PAIXÃO ESCRITA NAS ž 5ESTRELAS". O jornal "O SÃO GONÇALO", edição de
17.05.1999, diz: “ELE VIVE SEMPRE NO MUNDO DA LUA”
"Quando, em conversa com o Nilo, continua o repórter daquele jornal, não é difícil
ficar-se fascinado pela Astronomia.
Com a fala pausada e o senso de humor aguçado, o assunto aparentemente
complicado pode se tornar até uma coisa agradável.
Entre as muitas curiosidades que ele passou reportagem, citamos algumas delas:
A estrela mais próxima de nós é Alfa Centauro, localizada a nada mais nada menos
do que a 4,3 mil anos luz do nosso sistema solar.
Para tornar mais clara a imensa distância, poderíamos dizer que para chegarmos
lá, embarcando no avião mais rápido do nosso planeta, nossa viagem levaria 1
milhão de anos.
Nilo construiu um terraço na sua casa especialmente para observar estrelas. Para
isso ele usa um telescópio com abertura de 150 milímetros, o que lhe permite
observar a lua, os planetas, as estrelas e galáxias aglomeradas.
O aparelho que pesa mais de 50 kg é também uma raridade. É o aparelho número
1 do Clube de Astronomia do Rio e montado por um dos maiores construtores do
ramo, Mário Jacir Monteiro.
A princípio, muitos riem ou dizem que astronomia é coisa de maluco, mas depois
acabam admirando.
Afinal, na minha opinião, diz ele, é muito difícil uma pessoa olhar para o céu e não
ficar interessado em saber seus mistérios.
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Tudo começou aos 12 anos, quando era aluno de um seminário em Itajubá no sul
de Minas e passou a dividir com os padres um pequeno telescópio com o qual os
religiosos observavam estrelas.
Influenciado pelo professor Pe Alberto Antonelli, passou a procurar e ler tudo que
se relacionava com o assunto, até que, em 1986, soube que estava para acontecer
um peri-hélio - quando Marte está mais próximo do Sol - e haveria
acompanhamento no Observatório Nacional, em São Cristóvão, hoje Museu de
Astronomia e Ciências Afins.
A partir daí, realizou vários cursos no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e
no CNPQ.
Nilo é um grande divulgador da astronomia, profere palestras em escolas e é
freqüentador assíduo do Planetário da Gávea, o mais moderno da América Latina.
ELE É
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