Elison Oliveira Franco
Transcrição
Elison Oliveira Franco
PARA NOSSA ALEGRIA! VIVA A COMICOLOGIA? A investigação da cena entre teatro e pedagogia Elison Oliveira Franco1 Universidade de Brasília Resumo Este artigo2 apresenta o cômico e o riso como possibilidade de comunicação e diálogo entre saberes. Partindo da sua experiência como ator/palhaço e arte-educador, o autor faz uma análise etnocenológica do vídeo Para nossa alegria, amplamente acessado no You Tube, com o pensamento de alguns autores que investigaram as relações entre o cômico, o riso, o conhecimento e as suas manifestações no meio social, refletindo ainda sobre as suas possíveis contribuições para o campo artístico, especificamente a pedagogia teatral. O objetivo é discutir se o cômico e o riso necessitariam de algum respaldo epistemológico ou se a sua manifestação e utilização intencionalmente artística já colaborariam para a aprendizagem. Palavras-chave: Cômico: riso: etnocenologia: saberes: pedagogia teatral. Abstract This article presents the comic and the laugh as possibility of communication and dialogue between knowing. Leaving of its experience as actor/clown and art-educator, the author makes a ethno-scenological analysis of the video For our joy, widely had access in the You Tube, with the thought of some authors who had investigated the relations between the comic, the laugh, the knowledge and its manifestations in the social environment, reflecting still on its possible contributions for the artistic field, specifically the theater pedagogy. The objective is to argue if the comic and the laugh need some epistemological endorsement or if its manifestation and intentionally artistic use already would collaborate for the learning. Keywords: Comic: laugh: ethno-scenology: knowing: theater pedagogy. Comicologia? O que seria? Uma ciência? Uma nova disciplina? Esse neologismo pressupõe a investigação daquilo que provoca um dos maiores enigmas da humanidade: o riso. Que, segundo consta, estimula as forças vitais aliviando até mesmo a dor, diminui tensão e estimula o sistema imunológico. Dizem que cura! Um dom de Deus? 3 E como estão os encontros, colóquios, manifestos para a discussão dos seus aspectos epistemológicos e metodológicos? Mas não seria mais adequado o termo etnocomicocenologia? 1 Elison Oliveira Franco é ator/palhaço, arte-educador, coordenador do Grupo de Teatro Idiossincrasia e mestrando no Programa de Pós-Graduação em Artes da Universidade de Brasília - PPGArte/UnB, linha de pesquisa Processos Composicionais para a Cena, orientadora Luciana Hartmann. 2 Uma versão um pouco mais resumida deste artigo foi apresentada no VII Congresso da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas (ABRACE), ocorrido entre os dias 08 e 11 de outubro de 2012, em Porto Alegre, e enviada para possível publicação. 3 Ver Adams (1999); Alberti (2002); Minois (2003). 141 Não sei. Sei que ao me recordar dos momentos nos quais eu fazia a vovozinha da Chapeuzinho Vermelho, nas diversas apresentações que realizei quando cursava o ensino fundamental, eu já percebia que havia um tempo e referências necessárias para estabelecer uma comunicação com o público, emergindo então o riso; ou ainda, quando eu sentia o prazer provocado pelo riso ao assistir algo engraçado e, depois, tentava compreender como poderia fazer o mesmo. Era o caso dos trocadilhos pronunciados pela personagem velha surda no programa televiso A Praça é nossa.4 Era muito bom, eu ria muito! Assim, paulatinamente, de apresentação em apresentação, oficina em oficina e entre buscas e (in)formações, afirmei o cômico como um objeto de pesquisa para o meu trabalho de ator/palhaço e arte-educador, utilizando-o, inclusive, como abordagem pedagógica no ensino do teatro. Por isso, chamou minha atenção o vídeo Para nossa alegria,5 não só pelo prazer de assisti-lo e pela ampla quantidade de acessos, mas também porque presenciei em sala de aula e oficinas, fosse como pesquisador/observador, fosse como ministrante, a presença de uma geração que tende a tratar a aprendizagem com muito mais humor e se utiliza de recursos cômicos nas atividades produzidas. Portanto, inicialmente, descrevo e analiso o vídeo e os seus aspectos cômicos. Em seguida, continuo a análise baseando-me em alguns pressupostos da etnocenologia e determinados autores que trataram do cômico e do riso, refletindo, finalmente, sobre as suas possibilidades para o conhecimento. Segundo relatos,6 a cena retratava uma situação cotidiana simples: dois irmãos decidiram filmar o ensaio da música gospel Galhos Secos7 com a ajuda de uma amiga, que ficou responsável pela filmagem, e a presença da mãe. Em suma, a cena é composta, conforme informado no vídeo, por: Mara, Jefferson e Suellen, mãe e filhos, respectivamente, os quais cantavam um hino de louvor ao mesmo tempo em que viam as suas imagens sendo transmitidas na televisão. Enquanto cantavam, os adolescentes sorriam, balançavam a cabeça e o pescoço interagindo com o aparelho, quando, de repente, o refrão composto pela frase Para nossa alegria exigia uma nota musical bem mais alta do que a cantada pelas mulheres. O rapaz, que até então apenas tocava o violão, gritou tentando 4 A personagem velha surda era interpretada por Rony Rios. O programa A Praça é Nossa é transmitido pelo canal SBT desde 1987 até os dias atuais. Mais informações < http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Pra%C3%A7a_%C3%A9_Nossa>. Acessado em: 19 jul. 2012. 5 Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=K02Cxo3fAC8>. Acessado em: 14 jul. 2012. 6 Algumas informações retiradas da entrevista concedida à TV Barukiana. O vídeo Para nossa alegria foi postado por uma amiga da família conhecida como Juliana. Nele, aparecem Marinalva da Silva Barbosa, Jefferson da Silva Barbosa e Suellen da Silva Barbosa, sequencialmente mãe e filhos. Disponível em: <http://www.youtube.com/watch?v=VlfS32j2svQ&feature=related>. Acessado em: 14 jul. 2012. 7 A canção gospel foi composta pela Banda Êxodo, em 1972, sendo regravada por outras pessoas e grupos. Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=uW_zwhXZFrc>. Acessado em 19 jul. 2012. 142 atingir o tom, atitude que provocou gargalhadas em sua irmã e a fúria de sua mãe, que se recusou em continuar o ensaio, pois entendeu demasiado desrespeito à fé. Esse momento inesperado que provocou o riso, não somente nos dois irmãos, mas também no grande público que assistiu, comentou e criou diversas paródias sobre o vídeo, foi motivado, em minha opinião, por alguns fatores que surgiram espontaneamente e podem ser intencionalmente aproveitados para outras circunstâncias, como uma cena ou uma abordagem pedagógica. Propp (1992) argumenta que, em algumas situações, o riso surge a partir da manifestação repentina de defeitos ocultos, que não causam repulsão e inicialmente imperceptíveis, porém notados gradativamente. Por isso, ele escreve que a utilização de procedimentos como a paródia e a caricatura pode contribuir para a produção da comicidade. Ao analisar detalhadamente, identifiquei alguns momentos que já demonstravam que algo incomum aconteceria, alguns resquícios de comicidade, como os defeitos imperceptíveis propostos por Propp. O início formal e glamoroso contrastava com a mãe chamando a atenção da filha para se comportar “corretamente” diante da câmera. Suellen, distraída com a sua imagem transmitida momentaneamente na televisão, esqueceu-se de começar o hino. O irmão teve que tocar novamente, mas ela já iniciou desafinada. Enquanto cantavam, brincavam com o reflexo de suas imagens na TV e, de novo, Suellen esqueceu a letra da música, porém, dessa vez, a mãe sustentou a canção. Juntos, continuavam cantando o hino – reparei que Jefferson já esboçava uma expressão de incômodo com o canto desafinado da irmã – e, no momento do refrão, o rapaz gritou muito mais que a irmã, revelando, assim, um defeito que se manifestava desde o início. Essa situação proporcionou a elaboração de outras cenas que se utilizaram de procedimentos como a paródia, o jogo, o foco e a caricatura a fim de resgatar os momentos que propiciaram a construção do riso naquele momento8. Também utilizo alguns desses procedimentos para motivar o riso numa cena ou como proposta pedagógica, visando instigar a comunicação e a compreensão do assunto em questão, o que já motiva o conhecimento produzido, dialogando com Icle (2010) ao investigar o trabalho de reconstruir o êxito conquistado em uma cena, em particular, aquela relacionada ao universo do clown. Na realidade, ao parodiar a cena, o público que postou outros vídeos na internet mostrou os modos de reconstruir aquela situação, oferecendo outras visões e, por que não, outras formas de saber. Assim sendo, para refletir sobre o cômico e o riso como uma abordagem artísticopedagógica, considero as suas relações com o jogo e a sua descrição enquanto fenômeno antropológico e não apenas como um gênero teatral (PAVIS, 1999, p. 58), bem como a noção de que o riso se manifesta quando faz sentido para o grupo, ri-se daquilo que se 8 Muitas paródias e informações sobre o vídeo podem ser encontradas seguindo o link do vídeo já indicado. 143 entende (BERGSON, 2001, p. 5). Paralelamente, os pressupostos de teatralidade e espetacularidade discutidos na etnocenologia possibilitam um diálogo com a cena do vídeo por tratar da consciência mais ou menos clara que o indivíduo tem ao se colocar para a alteridade (BIÃO, 1996). Nessa perspectiva, ao analisar o vídeo é preciso considerar os motivos que levaram à sua postagem, o antes e o depois, ou seja, a intencionalidade de cada momento. Tratava-se de um ensaio descompromissado, aparentemente sem pretensões, embora tivessem a consciência mais ou menos clara que estavam agindo para o outro, no caso a câmera e a própria amiga que estava presente, eles cumpriam uma rotina. Dessa forma, seria possível identificar o estado de teatralidade, tendo em vista que a imagem transmitida na televisão já instigava essa condição. Entretanto, se considero que o objetivo daquele ensaio era uma preparação para cantar na igreja, havia a intenção de se colocar para o olhar do outro, apesar de o culto evangélico ser caracterizado como um rito espetacular. Por outro lado, ainda é perceptível que eles se mostravam proposital e claramente para si mesmos. Que confusão! Crise existencial? Talvez não. Bião (1996, p. 15-16) esclarece que as noções de teatralidade e espetacularidade são parcialmente utilizadas para compreender a realidade, mas podem ser descartadas devido à confusão que há entre cotidiano e extracotidiano na contemporaneidade em consequência da utilização dos recursos tecnológicos resultantes da globalização, que possibilitam compartilhar “espaço e tempo reais e virtuais”. Nesse sentido, o momento extraordinário – no caso do vídeo, o grito de Jefferson –, possibilitou a reflexão sobre a probabilidade de torná-lo visível a outras pessoas, ou seja, o cotidiano ofereceu os recursos necessários para elaboração de algo que, a partir de então, ganhou as características de espetáculo. Dito de outro modo, eles intencionalmente postaram o vídeo conscientes de que seriam observados e por isso elaboraram e editaram a cena para exibi-la ao público. Evidentemente, poderiam tê-lo feito sem esta preocupação, mas, neste caso, chamo a atenção para a intenção que tiveram na apresentação da cena para o público, e como expõe Veloso (2009, p. 218): “a definição é para espetáculo, sem a necessidade de qualquer categorização. Com ou sem intermediação tecnológica, é espetáculo, somente. Carrega a pressuposição desta outra presença. Real ou virtual, ela é imprescindível”. O vídeo Para nossa alegria também apresenta questões ideológicas, dogmáticas e políticas, mas chamo atenção para a sua utilização como instrumento educativo para a própria religião, uma vez que um CD gospel será lançado pelos participantes da cena. Na realidade, independemente da zombaria apresentada, o cômico e o riso instigam a comunicação e a percepção do assunto em questão. Minois (2003) ao delinear a presença do riso na humanidade, afirma que ele pode revelar questões atinentes à determinada época, 144 tanto aquela que o instigou quanto aquela que o condenou, exemplifica as farpas entre líderes religiosos: “(...) O uso da zombaria prolonga as guerras de religião e marca a época triunfante da Contra Reforma.” (2003, p. 373). Ou ainda Bakhtin (1993, p. 67), que relata a utilização de recursos cômicos pela Igreja na Idade Média: A festa dos loucos é uma das expressões mais claras e mais puras do riso festivo associado à Igreja na Idade Média. Outra dessas manifestações, a “festa do asno”, evoca a fuga de Maria levando o menino Jesus para o Egito. Mas o centro dessa festa não é Maria nem Jesus (embora se vejam ali uma jovem e um menino), mas o asno e seu “hinham!” Celebravam-se “missas do asno”. Possuímos um ofício desse gênero redigido pelo austero eclesiástico Pierre de Corbeil. Cada uma das partes acompanhava-se de um cômico “Hin Han!”. No fim da cerimônia, o padre, à guisa de bênção, zurrava três vezes e os fiéis, em vez de responderem “amém”, zurravam outras três. Por isso, para nossa alegria vivemos em uma sociedade humorística, a qual, segundo Minois (2003, p. 115), redescobriu o riso bíblico. Vale a pena citar as palavras de um autor anônimo encontrada num papiro datado do século III. Sobre o Papiro de Leyde, Minois (2003, p. 21) assim o descreve, “Teria rido Deus, nasceram os sete deuses que governam o mundo [...] Quando ele gargalhou, fez-se a luz [...] Ele gargalhou pela segunda vez: tudo era água. Na terceira gargalhada, apareceu Hermes; na quarta, a geração; na quinta, o destino; na sexta, o tempo”. Depois pouco antes do sétimo riso, Deus inspira profundamente, mas ele ri tanto que chora, e de suas lágrimas nasce a alma. Ora, independentemente de qualquer época, sentimos e intencionalmente utilizamos esse mel que escorre pelas conexões cerebrais, esquentando o diafragma, mobilizando-nos inteiramente e explodindo pela boca num estrondoso som de, virtualmente escrevendo, KKKKkkkkkkkkkkkkkkkkk kkkkkkkkk k kKk k kk k k k k k k k... . Por isso, penso que é possível provocar intencionalmente o riso em cena ou como uma abordagem pedagógica, objetivando a comunicação e a aprendizagem e, como escreve Castro (2005, p. 17): O riso pressupõe uma relação de cumplicidade e o conhecimento de inúmeras e sutis informações prévias. É possível rir em qualquer lugar: num velório, num batizado, dentro da cela de uma prisão. Mas o riso só se instala quando faz sentido para o grupo. Qualquer contador de piadas em festinha sabe que pode errar se não estiver muito atento ao ambiente. A mesma piada pode ser um sucesso ou se transformar na mais constrangedora gafe. Temos um ditado – não fale de corda na casa de enforcado – que exemplifica bem esta questão. Então, se a provocação do cômico e do riso dentro de um âmbito sociocultural e artístico já instiga aquisição de conhecimentos prévios e, por isso mesmo, a noção de conexão entre saberes, uma comicologia, em meu entender, consistiria no estímulo à compreensão do caminho de construção e reconstrução do riso entre um grupo, e buscando um diálogo com Ramos (2010, p. 4): “Seria a logia da ciência capaz e adequada para avaliar o conhecimento artístico? Talvez, uma Gnoseologia seja tarefa mais abrangente, mas inevitável para discutir a sabedoria que não é Episteme, mas é Gnose, é 145 conhecimento”. Portanto, seria uma gnoseocomicologia? Ou o cômico não dependeria de uma Gnose ou logia, pois já estimula o conhecimento humano? Talvez. O que sei, até aqui, é que o cômico e o riso não seriam a solução, mas possibilidades potencializadoras para a aprendizagem, como no trabalho realizado pelos estudantes do Centro de Ensino Médio 414 de Samambaia, no qual a professora sugeriu a construção de cenas por meio da elaboração de textos dramáticos sobre a vida de alguns cientistas tradicionalmente descritos na história. No exemplo da cena abaixo (Figura 1), Aristóteles conversa com Chico Xavier sobre a importância que a sua teoria ainda possui, contudo a morte sempre aparece para buscá-lo. Ou seja, ao seu modo, os estudantes conheceram um assunto já institucionalizado, porém, apresentando também questões contemporaneamente relacionadas às suas realidades. Tudo por meio da construção do riso. 9 Figura 1 Foto: Elison Oliveira REFERÊNCIAS ADAMS, Patch. O amor é contagioso. Ilustrações de Jerry Van Amerongen. Tradução Fabiana Colasanti. Rio de Janeiro: Sextante, 1999. ALBERTI, Verena. O riso e o risível: na história do pensamento. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora e Fundação Getúlio Vargas, 2002. BAKTIN, Mikhail Mikhailovitch. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. Tradução de Yara Frateschi Vieria. São Paulo: HUCITEC; Brasília: Universidade de Brasília, 1993. BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação da comicidade. São Paulo: Martins Fonseca, 2001. 9 Pesquisa que realizei em 2011 sobre o ensino das Artes nos Centros de Ensino Médio da cidade de Samambaia, Distrito Federal. Realização e Produção: Grupo de Teatro Idiossincrasia <http://grupodeteatroidiossincrasia2.blogspot.com.br/>; Patrocínio: Fundo de Apoio à Cultura (FAC-DF). 146 BIÃO, Armindo. Manifesto da etnocenologia; Estética performática e cotidiano. In: Performáticos, performance e sociedade. Brasília: UnB, 1996. CASTRO, Alice Viveiros de. O Elogio da bobagem: palhaços do Brasil e do mundo. Rio de Janeiro: Família Bastos, 2005. ICLE, Gilberto. O ator como xamã: configurações da consciência no sujeito extracotidiano. São Paulo: Perspectiva, 2010. MINOIS, Georges. História do riso e do escárnio. Tradução de Maria Elena O. Ortiz Assumpção. São Paulo: UNESP, 2003. PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Tradução para a língua portuguesa sob a direção de J. Guinsburg e Maria Lúcia Pereira. São Paulo: Perspectiva, 1999. PROPP, Vladimir. 1895-1970. Comicidade e riso. Tradução de Aurora Fornoni Bernardini e Homero Freitas de Andrade. São Paulo: Ática, 1992. RAMOS, Frederico. A benção e a peleja da Transdisciplinaridade na ciência e na arte. VI Congresso de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. 2010. Disponível em: <http://www.portalabrace.org>. Acessado em: 13 abr. 2012. VELOSO, Jorge das Graças. A visita do divino. Brasília: Thesaurus, 2009. 147