Edição 07 Revista Universo da Enfermagem Janeiro a Junho de 2015
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Edição 07 Revista Universo da Enfermagem Janeiro a Junho de 2015
ISSN 2238-7137 UNIVERSO DA ENFERMAGEM Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia V. 04 Nº 01 Janeiro/Junho – 2015 - Semestral Diretor Executivo Tadeu Antônio de Oliveira Penina Diretora Acadêmica Eliene Maria Gava Ferrão Diretora Geral Sandrélia Cerutti Carminati Coordenadora Acadêmica Profª. Elen Karla Trés Coordenadora Administrativo-Financeira Silnara Salvador Bom Coordenador de Graduação José Junior de Oliveira Silva Bibliotecária Profº. Alexandra Barbosa Oliveira Comissão Editorial Profª. Eliene Maria Gava Ferrão Profª. Elen Karla Trés Profº. José Junior de Oliveira Silva Profº. MSc. Ivan Paulino COORDENADORES Sabryna Zen Rauta Ferreira Maxwilian Novais Oliveira Talita Aparecida Pletsch Olivia Nascimento Boldrini Ivan Paulino Ludimila Oliveira Francielle Milanez França Karina Fonseca Endereço para correspondência Biblioteca Pe. Carlos Furbetta Rua Jacobina, 165 – Bairro São Francisco 29830-000 – Nova Venécia – ES e-mail: [email protected] Capa Alex Cavalini Pereira Universo da Enfermagem / Faculdade Capixaba de Nova Venécia– v. 4. n.1, 2015 – Nova Venécia: MULTIVIX, 2015. Semestral ISSN 2238-7137 1. Pesquisa científica: Periódicos. I. Faculdade Capixaba de Nova Venécia.135 p. CDD. 610.73 UNIVERSO DA ENFERMAGEM SUMÁRIO ARTIGOS Ações desempenhadas pelo enfermeiro no puerpério .................................................... 05 Dayanne Silva Alvarenga de Oliveira; Geandra Aparecida dos Anjos Martins; Gláucia Jana Comério; Maria Francisca Braga de Paulo; Thyago Souza Teixeira; Luciana Ferreira Brito. Assistência de enfermagem a pacientes com câncer de próstata .................................. 15 Cleide Caldas Santiago Marques; Hortência Alberto Andrade Ferreira; Larissa Dourado Araújo; Maini Morelo; Luciana Ferreira Brito. Qualidade da assistência de enfermagem no Pré-Natal em gestantes idosas............... 30 Ellen Cristian Lima Soares; Karina e Souza da Silva; Katiucy Leonardi Tetzner; Silmara Capiche Pereira; Ivan Paulino. Atuação do enfermeiro frente às dificuldades no controle da hipertensão arterial................................................................................................................................. 45 Danyelle Morgam Batista; Francielle Bom de Souza Beltrame; Luziane Aparecida de Jesus da Silva; Neuzimar da Silva Maciel; Monara Souza Vieira1. Úlcera por pressão: é um indicador de qualidade do serviço de enfermagem............ 53 Solange Belúcio Tetzner; Sophia Cunha Boldrini; Vinicius Alberto Alves Santos; Dayana Loureiro Seibert Fiorini. Câncer de mama: a importância do cuidado e prevenção............................................. 62 Angela Soto Cunha; Genilson Galvao; Micheli Rodrigues de Oliveira; Ozana Soto, Ivan Paulino. A importância do enfermeiro na assistência ao paciente terminal ............................... 73 Barbara Michele Freitas da Silva ; Gessica Paula de Souza; Ivan Paulino. Endocervicite: possíveis causas em mulheres.................................................................. 80 Mayara Renoke da Silva; Valquíria Wutke Reetz; Dayana Loureiro Seibert Fiorini. A importância da atuação do enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno............................................................................................................................... 91 Eva Aparecida Galvão Pereira da Silva ; Lorena Silva Falcão; Samia Leticia Franca Mendes; Milânia Effgen Caran. Ações, Promoção, Prevenção e Reabilitação na saúde relacionadas ao HPV: um desafio possível............................................................................................................... 103 Adrieli Marre Bom; Monara Souza Vieira. O papel do enfermeiro no controle de infecções hospitalares........................................ Fernanda Elias Costa e Cardoso; Ivan Paulino. 113 Saúde familiar..................................................................................................................... 122 Andréia da Silva Mariano; Ivan Paulino. Normas para publicação na Revista Universo da Enfermagem.................................... 134 ISSN 2238-7137 EDITORIAL Encerramos mais uma etapa de atividades com a colação de grau de nossa primeira turma de enfermeiros, formados pela Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia, com a certeza de que os desafios em nossa área,fazem parte da trajetória de qualquer instituição, que busca a excelência em seus serviços. Aos nossos formandos, congratulações, que sejam bons profissionais, sobretudo éticos. Que ponham em prática todos os ensinamentos aqui adquiridos, pois temos a certeza que nossos conteúdos, debatidos em classe, atenderão plenamente as necessidades do mercado de trabalho. Os desafios são bens vindos e devem fazer parte de nossas vidas, pois lidamos com pessoas, humanamente mutáveis, em sua essência, que tem por natureza o desejo de sempre aprimorar algo que já existe e de criar aquilo que pode ser ainda melhor. Acreditamos que estamos no caminho certo, mantendo nossa postura de incentivo quanto a iniciação científica de nossos acadêmicos, aqui transmitidas em forma de artigos originais e de iniciação científica, fruto do trabalho de nossos docentes e discentes. Com isso temos um desafio, sermos cada vez melhores, mais ousados, sem medo das adversidades de quem deseja transmitir idéias, na maioria das vezes inovadoras e, nem sempre bem entendidas. Continuamos abertos para contribuições, críticas, que muito nos ajudarão na melhoria do trabalho acadêmico. Que tenhamos todos uma boa leitura. Prof. MSc. Ivan Paulino COREN – ES- 7138 Editor e Coordenador do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia, MULTIVIX – Nova Venécia Foto: Primeira turma de Enfermeiros da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia. 5 AÇÕES DESEMPENHADAS PELO ENFERMEIRO NO PUERPÉRIO¹ Dayanne Silva Alvarenga de Oliveira² Geandra Aparecida dos Anjos Martins² Gláucia Jana Comério² Maria Francisca Braga de Paulo² Thyago Souza Teixeira² Luciana Ferreira Brito³ RESUMO No puerpério as transformações físicas e fisiológicas ocorridas durante a gestação e o parto tendem a voltar ao seu estado pré-concepcional ou estado que a caracterizava antes da gravidez, que divide-se em imediato, tardio e remoto. Toda mulher necessita de atenção e cuidado, e para isso, o Ministério da Saúde criou o Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher onde esta população é assistida da adolescência a menopausa. O puerpério é uma das fases onde a mesma necessita de maior atenção, pois há alterações tanto físicas quanto psicológicas que por vezes pedem um novo estilo de vida. Diante disso este artigo visa esclarecer o que é o puerpério e como deve ser as ações prestadas pelo enfermeiro às puérperas durante esse período visto que, esse profissional é de suma importância no processo pré e pós-gravídico. Trata-se de uma pesquisa com o tema Saúde da Mulher, por referências bibliográficas, exploratória, com abordagem qualitativa, descritiva, com coleta de dados secundários, direcionado à profissionais da enfermagem e puérperas, que possibilitou mostrar o papel do enfermeiro nesse período delicado, cheio de transformações e rico em descobertas. PALAVRAS-CHAVES: Puerpério. Assistência à puérpera. Saúde da mulher. ABSTRACT In postpartum period physical and physiological changes occurring during pregnancy and childbirth tend to return to their pre-conception state or state which characterized before pregnancy, that is divided into immediate, delayed and remote. Every woman needs attention and care, and for this, the Ministério da Saúde established the Health Program of Integral Assistance of Women where this population is assisted from adolescence to menopause. The postpartum period is a phase where it needs greater attention, as there are both physical and psychological changes that often demand a new life style. Therefore this article aims to clarify what is postpartum and how actions should be provided by the nurse during the postpartum period since, this professional is of great importance in the pre and post-pregnancy process. This is a survey of the topic Women's Health, bibliographic references, exploratory, qualitative and descriptive approach, with secondary data collection, focused on nursing professional and postpartum women, which enabled to show the role of the nurse in this delicate period, full of transformation and rich in discoveries. KEYWORDS : Puerperium. Assistance for postpartum. Women's health. ______ ¹ Artigo Científico de Conclusão de Curso de Graduação em Enfermagem. ² Graduandos do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia. ³ Professora orientadora do Curso de Enfermagem da Faculdade MULTIVIX – Nova Venécia, Especialista em Docência do Ensino Superior e Enfermagem do Trabalho. 6 1 INTRODUÇÃO A mulher passa em sua vida por diversas fases e em cada uma delas há barreiras a serem enfrentados, medos a serem abandonados, novas experiências, e por vezes essas alterações femininas pedem um novo estilo de vida. Portanto, deve ser assistida num contexto geral e pessoal, onde se avalia o corpo, a mente e a sociedade que a cerca para que se possa identificar e tratar o possível problema. A justificativa para produção desse trabalho consiste em disponibilizar informações relevantes sobre o assunto e mostrar como deve ser uma assistência de qualidade no puerpério em que tange aos cuidados, tanto à mãe quanto ao bebê. Vale ressaltar que parte do sucesso obtido no pós-parto depende da assistência oferecida pelos profissionais de enfermagem. A mulher se prepara para ser mãe, e logo após conceber, inicia uma fase de suma importância chamada puerpério. Nesse período ela amamenta, tem os primeiros cuidados com o bebê, passa por alterações emocionais, psicológicas e hormonais. Partindo deste contexto, a assistência do enfermeiro é primordial, pois ele oferece cuidados e dispõe de orientações que melhoram a qualidade de vida da puérpera. Temos por objetivos apresentar o que é o período do puerpério; apontar alguns dos fatores que podem interferir sua eficácia; identificar os cuidados/assistência de enfermagem oferecidos à puérpera. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 PROGRAMA SAÚDE DA MULHER As mulheres, nos dias de hoje, são a maioria da população brasileira. Sabendo-se disso, em 1984 o Ministério da Saúde com a finalidade de oferecer assistência integral a saúde da mulher, criou um programa com ideia de descentralização, hierarquização e regionalização, que é denominado PAISM (Programa de Assistência Integral a Saúde da Mulher). Esse programa propõe que haja um relacionamento entre o profissional e a usuária, auxiliando no controle da saúde da clientela e ofertando/ensinando medidas de prevenção às diversas patologias que as acometem. Desta forma, o PAISM busca assistir as mulheres em todas as fases da vida, começando na adolescência e até a terceira idade. Essa política busca a prevenção e tratamento de DST/AIDS, dá a devida assistência ao pré-natal, puerpério, climatério e menopausa, oferece acesso ao planejamento familiar, e medidas preventivas do câncer de mama e colo de útero, dentre outros (BRASIL, 2001). 2.2 PRÉ-NATAL O pré-natal é o acompanhamento do ciclo gravídico onde tem como objeto oferecer apoio à gestante, transmitir a ela segurança e autonomia na hora do parto, acompanhar a gestação e assim diminuir os índices de mortalidade perinatal e materna. O mesmo deve ser realizado de forma organizada para atender às necessidades das gestantes utilizando de técnicas e conhecimento para oferecer melhor assistência a essa população (PAULINO, 2009). Já Montenegro e Rezende (2013, p.187) afirmam que “o principal objetivo da assistência prénatal é assegurar o nascimento de uma criança saudável com risco mínimo para a mãe”. Durante o pré-natal o profissional deve orientar sobre mudanças de hábito com a higiene, incentivo a alguma atividade física adequada a essa fase, drogas lícitas e ilícitas e alimentação. Também deve assistir a gestante quanto ao psicológico e alertá-la sobre 7 mudanças hormonais, oferecer noções básicas sobre puericultura e investigar doenças intercorrentes à gestação ou dela própria. (MONTENEGRO; REZENDE, 2012) O ministério da saúde preconiza que sejam realizadas no mínimo seis consultas de pré-natal, sendo uma no primeiro trimestre, duas no segundo e três no terceiro trimestre. O acompanhamento dessa mulher deve começar o mais cedo possível e só se encerra assim que forem realizadas as consultas puerperais. (BRASIL, 2006) É de grande importância que os companheiros participem das reuniões e consultas de prénatal, para que eles consigam compreender o período gravídico e pós-gravídico, e assim ofereçam suporte emocional às gestantes e desenvolvam maior vínculo pai-filho, que é essencial para que a criança se desenvolva de forma saudável. (BRASIL,2006) 2.3 O PUERPÉRIO Segundo BRASIL (2001, p. 175) “Conceitua-se puerpério o período do ciclo gravídicopuerperal em que as modificações locais e sistêmicas, provocadas pela gravidez e parto no organismo da mulher, retornam a situação do estado pré-gravídico”. De acordo com Montenegro e Rezende (2012, p. 224): “Puerpério, sobreparto ou pós-parto, é o período cronologicamente variável, de âmbito impreciso, durante o qual se desenrolam todas as manifestações involutivas e de recuperação da genitália maternas havidas após o parto”. É aceitável que se divida o puerpério em três fases, imediato (do 1° ao 10° dia), tardio (11° ao 45° dia) e é nessas duas fases que acontece as principais modificações, e a terceira fase é o pós-parto remoto, que se compreende além do 45° dia, caracterizado pelo retorno da ovulação e menstruação (MONTENEGRO; REZENDE, 2012). O puerpério não tem um período certo, pois seu inicio é entre uma ou duas horas após a saída da placenta e tem seu término indeterminado, pois enquanto a mulher estiver amamentando e não retornar ao seu ciclo menstrual, ela estará sofrendo mudanças. As primeiras duas horas após o delivramento é chamado de quarto período do parto, e devem ser passadas no Centro obstétrico, pois pode ocorrer hemorragia. A mulher só deve ser encaminhada ao alojamento conjunto após estar equilibrada hemodinamicamente e com o útero firmemente contraído na altura da cicatriz umbilical (BRASIL, 2001). Os profissionais e puérperas devem dar uma atenção extra a essa fase, pois é nela que se descobre as principais modificações tanto psicoemocionais como biológicas (VARGAS E ZUSE, 2010). 2.4 ALGUMAS COMPLICAÇÕES NO PERÍODO PUERPERAL 2.4.1 INFECÇÃO PUERPERAL Segundo Montenegro e Rezende (2012, p.578) “Chama-se infecção puerperal (febre puerperal) a que se origina no aparelho genital após parto recente”. Já na concepção de BENZECRY (2000, p.380): 8 Infecção puerperal é consignada como sendo aquela que se instala no aparelho genital nos dez primeiros dias de puerpério imediato com exclusão do primeiro dia e caracterizado por temperatura maior que 38°C aferida quatro vezes ao dia e com duração mínima de dois dias. Alguns fatores que predispõem a infecção puerperal é o parto cesariano, déficit na higiene intima baixo nível socioeconômico e numerosos toques vaginais. A febre elevada é o melhor sinal para diagnosticar infecção puerperal. (MONTENEGRO; REZENDE, 2012) Além desses fatores, ainda temos anemia e desnutrição, infecções de aparelho genital, urinário e pulmonar, diabete, perdas sanguíneas pós-parto e contaminação de ferida operatória. (BENZECRY, 2000) Esse tipo de infecção é uma complicação do período gravídico puerperal e é compreendida como qualquer infecção por bactérias do trato genital em mulheres decorrente do processo de parto e nascimento, e está relacionada com infecções da assistência a saúde, se tornando ainda um agravante na saúde publica, pois tem ocorrido de forma letal. Assim, o enfermeiro deve prestar cuidados que não somente visem a melhora do quadro de infecção, mas também atividades que promovam a prevenção das complicações puerperais e diminuição dos fatores de risco. (DUARTE, 2014). 2.4.2 HEMORRAGIA A hemorragia é colocada como uma das três maiores causas de morte materna no Brasil em hospitais despreparados, onde não há banco de sangue ou sua disponibilidade é ineficaz. Ela vem de forma abrupta e se não tiver atendimento médico imediato, pode não ser possível reverter à situação. Quando se há profissionais treinados e preparados para tratar de choque hipovolêmico há maior possibilidade de redução de mortalidade por hemorragias. As principais causas de hemorragia puerperal são a atonia uterina, retenção de placenta e lacerações de trajeto. (BENZECRY, 2000) Na visão de Montenegro e Rezende (2012, p. 588) “A hemorragia pós-parto é usualmente definida como a perda de sangue maior que 500 ml após o parto vaginal, ou maior que 1000 ml após o parto cesáreo”. Essa hemorragia é classificada como precoce ou tardia podendo ocorrer o sangramento entre 24 horas e de 6 a 12 semanas. Deve-se estar atento ao tipo e volume do sangramento para não se confundir com a loquiação fisiológica, que também é um sangramento que as puérperas têm semelhante à menstruação, sem odor fétido e de cor característica que ocorre no período de involução uterina. (MONTENEGRO; REZENDE, 2012) 2.4.3 MASTITE PUERPERAL A mastite é uma infecção das glândulas mamarias que afeta em sua maioria as puérperas primíparas, dificultando assim o aleitamento materno. As mulheres deixam de amamentar por sentirem dor geralmente em uma das mamas durante a sucção e pega do bebê, e febre alta na maioria das vezes. A detecção precoce do problema auxilia em uma melhor qualidade de vida do bebê, pois somente após o tratamento a mãe deverá amamentar a criança, porém, ela deve esvaziar a mama e desprezar o leite. (BENZECRY, 2000) 9 Além dos sintomas já citados, alguns outros podem acometer essa puérpera como astenia, mal estar geral, calafrios, abscessos, septicemia e prostração. Há um desmame precoce devido a falta de conhecimento das mães e ao incomodo gerado por essa infecção, que geralmente é causada pelo microrganismo Staphilococcus aureus. Educação em saúde ainda é a melhor medida de prevenção para evitar a mastite puerperal, pois as puérperas receberem orientações sobre aleitamento materno e ordenha, e assim favorece um melhor relacionamento psicoemocional de mãe-filho. (BENZECRY, 2000) Esses processos inflamatórios são principalmente caracterizados nas mamas puerperais, sendo dificilmente encontradas em homens e em outras situações, devido ao aleitamento e a atividade maior da glândula mamária. O tratamento é à base de antibióticos, porém o enfermeiro ou médico podem e devem orientar medidas para alívio da dor como manter as mamas suspensas por porta-seios ajustados, colocar sobre as mamas bolsas de gelo por 10 minutos quatro vezes ao dia, evitar a sucção pelo recém-nascido e a expressão dos mamilos. Seguindo as orientações dadas pelos profissionais da saúde, a puérpera obterá melhora e poderá retornar à amamentação. (MONTENEGRO; REZENDE, 2012) 2.4.4 ALTERAÇÕES PSICOLÓGICAS E EMOCIONAIS Os problemas psicológicos é um dos fatores que mais influencia na saúde física e mental da mãe e do bebê após o parto, pois diversos fatores desfavorecem esse vínculo, trazendo agravos psiquiátricos tanto pessoais quanto familiar. O baixo nível socioeconômico e a falta de um parceiro fixo podem levar a desencadear uma depressão pós-parto, gerando problemas não somente à mulher, mas também aos filhos e a família. (MONTENEGRO;REZENDE, 2013) Os profissionais de saúde devem estar aptos para atenderem as necessidades das mulheres portadoras de transtornos depressivos no pós-parto, por que quanto mais treinados e especializados esses profissionais forem, maiores serão as chances de descobrir precocemente, tratar e até mesmo prevenir determinados transtornos psicológicos. (KOGIMA; REIS, 2009) A depressão puerperal é considerada o transtorno psiquiátrico que aparece com maior frequência após o nascimento do bebê. A depressão pode colocar em risco tanto a mãe quando o bem-estar do bebê. Já a psicose puerperal, é de pouca incidência, e considerada emergência médica quando no primeiro mês de puerpério. (KOGIMA; REIS, 2009) Quando não há suporte social e psicológico com a mulher logo nos primeiros dias de puerpério pode ocorrer uma comum tristeza em uma grande porcentagem delas, que é denominada depressão pós-parto. Sua causa não é totalmente confirmada, o que se sabe é que alguns estudos fornecem evidencias de que condições sociais estão relacionadas com depressão pós-parto, pois a própria sociedade impõe essa mudança de vida das novas mães. Os profissionais devem estar preparados para oferecer apoio e ouvir essas mulheres, pois o incentivo para que ela converse sobre seus sentimentos pode ajudá-la em sua recuperação. (EKIN, 2008) Os profissionais devem realizar estratégias de detecção precoce de problemas puerperais relacionados à saúde mental, praticando medidas que possibilitem o tratamento e diagnóstico dessas doenças que acomete grande parte das mulheres no pós-parto. (MONTENEGRO; REZENDE, 2013) 10 2.5 CONTRACEPÇÃO NO PUERPÉRIO O Ministério da Saúde disponibiliza diversos métodos contraceptivos que poderão ser utilizados a partir de seis semanas após o parto, onde a puérpera decidirá junto ao profissional qual o melhor método e melhor momento para iniciar o uso de anticoncepcionais, levando em conta o retorno da menstruação, o tipo de amamentação, os efeitos colaterais, dentre outros fatores. Enquanto a mulher estiver com aleitamento exclusivo e o seu ciclo menstrual não tiver retornado, a possibilidade de ela engravidar novamente é diminuída. O planejamento familiar deve ser explicado na consulta puerperal para que a mesma seja informada quanto aos métodos contraceptivos, levando em conta a escolha do casal. (BRASIL, 2006) Os métodos de contracepção durante o puerpério são os de barreira, conhecidos como preservativo masculino ou feminino, que além de outra gravidez previne também as doenças sexualmente transmissíveis; lactação e amenorreia como método (LAM), utilizado quando há aleitamento exclusivo e ausência de menstruação até seis meses após o parto; dispositivo intrauterino (DIU) podendo ser inserido após a placenta ser eliminada; métodos definitivos (laqueadura das trompas e vasectomia) onde o casal deve decidir junto, pois é irreversível; métodos hormonais (progestogênios), também chamado de minipílula, é utilizado associado a amamentação enquanto houver ausência de menstruação; anticoncepcional oral combinado indicado apenas para puérperas que não praticam aleitamento materno; e métodos comportamentais como tabelinha, coito interrompido, abstinência sexual e Billings. (BRASIL, 2001) 2.6 ASSISTENCIA DO ENFERMEIRO NO PUERPÉRIO O enfermeiro tem um papel primordial na manutenção da qualidade de vida das puérperas através da assistência que ele oferece à mesma. Toda mulher deve ser tratada de igual forma, com respeito e atenção. Elas têm necessidade de serem assistidas como um todo, tanto física como psíquica, e não somente serem tratadas como doença, caso ou número do leito de um hospital. A assistência deve ser integral e eficaz, para que se consiga abranger todos os aspectos que necessitam ser assistidos. (BRASIL, 2001) A puérpera deve receber avaliação clinica rigorosa, e o exame físico deve ser céfalo-caudal. Existem ações que auxiliam na recuperação e melhoram a qualidade de vida da mulher no puerpério. Ainda devem receber orientações sobre higiene pessoal e alimentação. (BRASIL, 2006) REZENDE; MONTENEGRO (2013, p. 311) afirma que: Além dos cuidados médicos, a equipe de saúde é também responsável por instruir a mulher sobre alterações evolutivas e fisiológicas esperadas ao longo do puerpério imediato e tardio, especialmente a características dos lóquios, a perda de peso, a diurese e a apojadura. Além disso, a mulher deve receber informação sobre os principais sinais e sintomas que sugerem a presença de complicações. Durante o puerpério imediato, a deambulação precoce deve ser estimulada, e se após a deambulação a mulher estiver se sentindo bem, deve-se incentivar o banho no chuveiro. A enfermagem deve recomendar o uso de sutiã para oferecer conforto à mulher, e também incentivar o aleitamento materno, dando orientações a puérpera sobre a pega correta, a importância do aleitamento exclusivo até seis meses, e outros assuntos pertinentes 11 relacionados ao aleitamento materno. O profissional de enfermagem deve estar atento se há rachaduras, fissuras, e deformidade nos mamilos, ou qualquer outro sinal que possa causar transtornos e dificultar o aleitamento materno. (BRASIL, 2001) Deve-se estar atento à involução uterina, e se há formação do globo de segurança de Pinard. É necessário ausculta dos ruídos hidroaéreos. A região perineal deve ser inspecionada sistematicamente, com atenção especial à loquiação, no que tange cor e odor fétido, pois quaisquer alterações com sinais flogísticos podem evoluir para infecção. Se houver edemas, equimoses e hematomas na genitália devem ser prescritas aplicações de frio no local. Identificar se há sinais de trombose venosa profunda, principalmente se houver relato de dores em membros inferiores. É muito importante que a alta hospitalar seja dada somente após o conhecimento da classificação sanguínea da puérpera, e com resultado da sorologia de sífilis, e se reagente, iniciar o tratamento e investigar patologia no bebê (BRASIL, 2001). Há exames que são indispensáveis até o segundo dia de pós-parto e que devem ser realizados diariamente, que são eles: aferição de temperatura, pulso e pressão; palpação do útero e da bexiga; exame dos lóquios; inspeção do períneo e exame dos membros inferiores (REZENDE; MONTENEGRO, 2012). BRASIL (2006, p. 80), afirma que é recomendado “uma visita domiciliar na primeira semana após a alta do bebê. Caso o RN tenha sido classificado como de risco, essa visita deverá acontecer nos primeiros três dias após a alta”. Após o período de internação hospitalar, ainda há mudanças principalmente emocionais. A mulher deve ser orientada a procurar os serviços de saúde para o acompanhamento de sua evolução ainda na primeira semana de pós-natal, entre 7 e 10 dias. É muito importante ser realizada essa consulta ainda na primeira semana para assegurar o bem estar da puérpera e do bebê, pois boa parte da mortalidade e morbidade materna e neonatal ocorre durante esse período. Durante essa consulta o enfermeiro deve orientar a puérpera sobre cuidados com o recém-nascido, a importância da interação da mãe com o bebê, identificar intercorrências e orientar sobre o planejamento familiar. A segunda consulta deve ser marcada 6 semanas após o parto, e devem ser dadas orientações semelhantes a primeira consulta, ressaltando a importância do aleitamento materno exclusivo e seus benefícios, orientar sobre o retorno da menstruação, ovulação e vida sexual. A consulta de revisão pós-parto é ideal para que seja revista as complicações do ciclo gravídico-puerperal (REZENDE; MONTENEGRO, 2013). A consulta de puerpério também está inserida dentro do contexto do pré natal. Seguindo o preconizado pelo Ministério da Saúde, a puérpera deve ser bem acolhida, isso inclui apresentar-se e chamá-la pelo nome, atendendo com respeito e gentileza. Durante a consulta, escutar o que a mulher tem a dizer, incluindo possíveis queixas, estimulando-a a fazer perguntas; informar sobre os passos da consulta e esclarecer dúvidas. Os objetivos da consulta puerperal visam avaliação do estado de saúde da mulher (e do recém-nascido) e retorno às condições pré – gravídicas, orientação e apoio à amamentação, avaliação da interação da mãe com o recém-nascido, identificação de situações de risco ou intercorrências e conduzi-las, orientação sobre o planejamento familiar, complementação ou realização de ações não executadas no pré-natal, e ainda, orientação sobre os cuidados básicos com o recém-nascido e quanto a necessidade de vacinação nas datas corretas. (BRASIL, 2006) No ponto de vista de Vargas; Zuse ( 2010, p. 525): 12 É extremamente importante a realização de ações educativas durante o período gravídico-puerperal. Atividades educativas podem ser realizadas em grupo ou individualmente, e com uma linguagem que proporcione à mulher respostas as suas indagações e da família, a qual deve ser incentivada a fazer parte do processo. 3 METODOLOGIA Os trabalhos de pesquisa podem ser classificados como explicativos, descritivos e exploratórios, sendo que, a elaboração deste utilizou-se das pesquisas exploratória e descritiva. De acordo com (Gil 2002, p. 41): A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com visitas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipótese. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou as descobertas de instituições. Seu planejamento é, portanto bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Para Vergara (2000, p. 47): A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. As técnicas utilizadas para coleta de dados na realização do trabalho é a pesquisa bibliográfica. Por pesquisa bibliográfica entende-se como levantamento realizado em bibliotecas públicas, universitárias, virtuais e tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno (OLIVEIRA, 1999). Portanto, este tipo de pesquisa proporciona inúmeras vantagens, sendo considerada fonte riquíssima e estável de dados. Para a coleta de dados é utilizada fonte secundária. Segundo Andrade, (2001, p. 43) “Fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constitui-se em fontes das pesquisas bibliográficas.” 4 CONCLUSÃO O cuidado de enfermagem no período puerperal deve oferecer à mulher segurança nas estratégias para a adaptação a esta fase de transição. Informações sobre o puerpério são importantes e necessitam ser repassadas integralmente desde o pré-natal até o final desse período em um curto espaço de tempo, seja durante a internação ou em seu retorno ao serviço de saúde para a consulta puerperal. Tanto em hospitais quanto nas Unidades Básicas de Saúde, é papel do enfermeiro proporcionar conforto e praticar uma assistência de qualidade a essas mulheres que necessitam de apoio e atenção para retornarem de forma satisfatória ao estado pré-gravídico. A participação do enfermeiro é fundamental na promoção da saúde da mãe e do bebe, pois, é através de seus conhecimentos técnicos e científicos podem orientar, instigar e direcionar as mães, no que diz respeito aos 13 inúmeros benefícios que uma acompanhamento de qualidade pode proporcionar aos dois. Contudo, conclui-se que informação e cuidado durante todo ciclo gravídico-puerperal evita complicações posteriores, promovendo assim bem estar físico, mental e social para ambos. Ainda há uma certa dificuldade, por parte dos profissionais de enfermagem em exercerem seu papel real, no que tange esse assunto aqui exposto. Isso acaba por fazer com as programas oferecidos pelo Ministério da Saúde não tenham a necessária adesão por parte dessa população. 5. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001. BENZECRY, Roberto; OLIVEIRA, Hildoberto Carneiro de; LEMGRUBER, Ivan. Tratado de Obstetrícia FEBRASG. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. BRASIL. Ministério da Saúde. Assistência Integral à saúde da mulher: Bases de ação programática. Brasília, DF: 1984. Disponível em: <Dtr2001.saude.gov.br>. Acesso em 30 Março 2014. ______. Ministério da Saúde. Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília, DF: 2001. ______- Ministério da Saúde. Pré-natal e puerpério: atenção qualificada e humanizada. Brasília, DF: 2006. CARVALHO, Marcus Renato de; TAVARES, Luís Alberto Musso. Amamentação: Bases cientificas. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. DUARTE, Micheliana Rodrigues et al. Atuação do enfermeiro no controle de infecção puerperal: Revisão Integrativa. Revista de enfermagem UFPE online, Recife, p.433-441, fev. 2014. EKIN, Murray et al. Guia para atenção efetiva na gravidez e no parto. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2002. 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São Paulo, Atlas, 2000. 15 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PARA PACIENTES COM CÂNCER DE PROSTATA.¹ Cleide Caldas Santiago Marques2 Hortência Alberto Andrade Ferreira2 Larissa Dourado Araújo2 Maini Morelo2 Luciana Ferreira Brito3 RESUMO O programa de assistência integral a saúde do homem não deve apenas visualizar as doenças que acometem a população masculina. Esse olhar deve passar a ser em todo o seu contexto de vida. O esclarecimento de dúvidas, por profissionais de saúde, sobre o câncer de próstata, pode ajudar muito para que os mesmos eliminem as inseguranças a respeito da patologia, dando maior incentivo á procura do tratamento precoce. O artigo vem mostrar as a assistência de enfermagem em pacientes prostáticos. Trata-se de uma pesquisa, com o tema Saúde do Homem, por referências bibliográficas, exploratória, com abordagem qualitativa, com coleta de dados secundários, direcionado a homens com câncer de próstata. Os profissionais da saúde, especialmente os enfermeiros, são de extrema importância diante desse desafio, devendo-se tornar os articuladores e motivadores dos saberes e fazeres relacionados a prevenção do câncer prostático. O enfermeiro deve desenvolver tanto seu papel de cuidador quanto de educador em saúde, criando uma maior adesão da população masculina no cuidar de sua saúde. Esclarecer que os exames facilitam o diagnostico precoce, possibilitando maior chance de cura, ou mesmo uma maior sobrevida dos acometidos por essa doença. Esse destaque se justifica pelas características de sua formação profissional. PALAVRAS-CHAVE: Saúde do Homem; Câncer de Próstata; Prevenção; Tratamento. ABSTRACT The program of comprehensive assistance to men’s health should not only visualize the diseases that affect the male population. This look should be made in the context of his entire life. Health professionals clarifying prostate cancer questions can help them to eliminate the insecurities about the pathology, giving greater incentive looking for early treatment. The article shows the nursing care in prostatic patients. This is a research, entitled Health of Man, by bibliographic and exploratory references, qualitative approach, with secondary data collection, focused on men with prostate cancer. Health professionals, especially nurses, are paramount on this challenge. They should seek to become the organizers and motivators of knowledge and practices related to the prostate cancer prevention. Nurses must develop both their caregiving role as a health educator, to create greater adhesion of the male population in caring for their health. They must clarify that tests allow early diagnosis, enabling a greater chance of cure, or even a longer survival of affected by this disease. This emphasis is justified by the characteristics of their professional training. KEYWORDS: Health of Man; Prostate Cancer; Prevention; Treatment. ____ ¹Artigo Cientifico de término de Curso de Graduação em Enfermagem. ²Acadêmicos 10° Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia. 3 Professora Orientadora Especialista em Docência do Ensino Superior e Enfermagem do Trabalho. 16 1 INTRODUÇÃO O programa de assistência integral a saúde do homem não deve apenas visualizar as doenças que acometem os homens, deve lançar um olhar neste como um todo. O esclarecimento de dúvidas, por profissionais da saúde, sobre o câncer de próstata, pode ajudar muito para que os mesmos eliminem as inseguranças a respeito da patologia, dando maior incentivo à procura da prevenção e tratamento precoce (BRASIL, 2008). O profissional enfermeiro tem por papel diante a este programa, orientar os mesmo quanto a doença e exames que serão realizados para prevenir essa patologia. Mitos foram criados em relação a estes e o pós-tratamento. Muitos temem e recusam-se a fazer os exames necessários para a detecção precoce da hiperplasia prostática temendo que sua virilidade seja questionada (BRASIL, 2008). A realização de exames para a prevenção é um ato que ajuda muito no cuidado do homem que muitas vezes nega por machismo ou por simples insegurança de não saber direito como é realizado e como poderá ajudá-lo. Diante de tantos fatores positivos que podem ajudar na prevenção, nota-se ainda que exista um grande descaso e desinteresse por grande parte dos homens, que acham que nunca serão acometidos. Sabendo-se que o enfermeiro é indispensável no que tange a promoção da saúde em seu âmbito geral, objetivou- se identificar a importância deste profissional mediante assistência de enfermagem em pacientes prostáticos, enfatizando as doenças, mostrando a importância da prevenção, promovendo ações que possam evita-las, enfatizar o trabalho do enfermeiro junto a estes pacientes, apontando todos os cuidados que devem ser prestados (BRASIL, 2007). Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, exploratória, com abordagem qualitativa, que possibilitou a discussão do papel do enfermeiro na prevenção e os benefícios propiciados através da atuação desse profissional junto ao esclarecimento a cerca do C.A de prostata. Para análise das publicações foram considerados como critério de inclusão, artigos completos na língua portuguesa, que descrevem a importância do profissional na assistência primaria. A construção deste artigo está alicerçada nos fundamentos teóricos, conceitos e preceitos disponibilizados na literatura e pelos órgãos oficiais de saúde, em que propôs-se, a tratar desse assunto de extrema relevância assim como a importância da atuação do enfermeiro na prevenção, controle e assistência ao mesmo. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 ANATOMIA DO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO O aparelho reprodutor masculino é formado pelos testículos, sistema de ductos que correspondem ao epidídimo, o ducto deferente, os ductos ejaculatórios e a uretra, glândulas sexuais acessórias que compreendem as glândulas seminais, próstata e glândulas bulbouretrais, e estruturas de apoio como escroto e o pênis (TORTORA e NIELSEN, 2013). 2.1.1 ESCROTO De acordo com Dangelo e Fattini, (2011), o escroto é a estrutura de sustentação dos testículos localizada na parte posterior do pênis e abaixo da sínfise púbica, ele é formado por pele frouxa hiperpigmentada com pelos e tecido subcutâneo, localizado na parte fixa do pênis. 17 A parte externa do escroto assemelha-se a uma bolsa de pele dividida em porções laterais por uma crista mediana cujo nome é rafe do escroto, já a parte interna apresenta duas bolsas sendo que cada uma contêm um testículo (TORTORA e NIELSEN, 2013). 2.1.2 TESTÍCULOS Segundo Dangelo e Fattini, (2007), os testículos são duas glândulas ovais que ficam dentro do escroto responsáveis pela produção de espermatozóides e também produzem hormônios responsáveis pelas características masculinas a partir da puberdade. Eles são revestidos pela tunica albugínea, uma membrana fibrosa, são divididos incompletamente por septos em lóbulos cuneiformes, onde estão os túbulos seminíferos, local onde são produzidos os espermatozóides. Os ápices dos lóbulos convergem e formam o mediastino formado por uma massa de tecido fibroso. Os testículos desenvolvem-se na cavidade abdominal e descem para o escroto durante o desenvolvimento fetal (DANGELO e FATTINI, 2008). 2.1.3 SISTEMA DE DUCTOS No sistema de ductos temos o epidídimo que é a estrutura responsável por armazenar os espermatozóides até a ejaculação, e é formado por cabeça, corpo e cauda. Fica situado na margem superior de cada testículo. Outra estrutura é o ducto deferente se encontra além da cauda do epidídimo, ele se localiza através de uma passagem na porção mais inferior da parede abdominal chamada canal inguinal, sua função é conduzir os espermatozóides (TORTORA e NIELSEN, 2013). Os ductos ejaculatórios é a estrutura formada pela união do ducto deferente com ducto excretor da glândula seminal. É a porção com menor tamanho e calibre mais reduzido. Estão localizados na parte superior da próstata seguindo até a parte prostática da uretra (DANGELO e FATTINE, 2007). A uretra é um canal comum para o sêmen e a urina. Dangelo e Fattini, (2008), diz que ela possui três partes, prostática que passa pela próstata e contém uma saliência denominada de colículo seminal onde desembocam os ductos ejaculatórios, parte membranácea da uretra que passa pelo músculo transverso profundo do períneo e parte esponjosa situada no corpo esponjoso do pênis, nessa parte encontra-se uma porção dilatada chamada fossa navicular da uretra. 2.1.4 FUNÍCULO ESPERMÁTICO Para Tortora e Nielsen, (2013), funículo espermático é uma estrutura de apoio ao sistema genital masculino que se ascende e se origina do escroto. Tal estrutura possui veias que drenam os testículos e conduzem a testosterona para a circulação. 2.1.5 GLÂNDULAS SEXUAIS ACESSÓRIAS As glândulas sexuais acessórias correspondem a glândulas seminais que possuem aparência de bolsas localizadas na parte inferior da bexiga e posterior a ela. Tais glândulas secretam um liquido que ajuda a neutralizar o ácido da uretra e do trato genital feminino, também contribui para a motilidade e a viabillidade dos espermatozóides e estimula contrações musculares no trato genital feminino (TORTORA e NIELSEN, 2013). 18 Também corresponde a glândulas bulbouretrais que estão posicionadas na parte superior a próstata em cada lado da parte membranosa da uretra. Possuem tamanho pequeno e também são responsáveis por secretar uma substância que neutraliza os ácidos da urina encontrados na uretra para proteger os espermatozóides que passam. De acordo com Tortora e Nielsen, (2013), elas também secretam muco que lubrifica a extremidade do pênis e o revestimento da uretra com isso reduz-se o número de espermatozóides danificados no momento da ejaculação. 2.1.6 SEMEN Para Dangelo e Fattini, (2011), o sêmen é uma combinação de espermatozóides e liquido seminal, para ativar os espermatozóides e facilitar o avanço até as vias de passagem. Uma ejaculação normal é de 2,5 a 5 ml com 50 a 150 milhões de espermatozóides/ml. Um homem que possui uma contagem de espermatozóides menor que 20 milhões/ml provavelmente é infértil, pois é preciso uma quantidade muito grande de espermatozóides para a fertilização (TORTORA e NIELSEN, 2013). 2.1.7 PÊNIS O pênis é um órgão do sistema genital e do sistema urinário, ele da passagem para ejaculação do sêmen e excreção da urina. Sua estrutura é composta por raiz, corpo e glande, o corpo possui três massas envolvidas por tecido fibroso sendo que duas recebem o nome de corpos cavernosos e uma chamada de copo esponjoso, pois contêm a parte esponjosa da uretra. Essas três massas são envolvidas por pele e camada subcutânea formadas de tecido erétil, que é formado por espaços vasculares revestidos por células endoteliais, músculo liso e tecido conjuntivo elástico. A glande do pênis compreende a extremidade distante do corpo esponjoso do pênis e é envolvida por um revestimento frouxo denominado prepúcio. A porção fixa é denominada raiz do pênis e é formada pelo bulbo do pênis e os ramos. O processo de ereção do pênis ocorre a partir da dilatação de vasos sanguíneos aumentando a quantidade de sangue que entra no tecido erétil levando a ereção. De acordo com Koeppen e Stanton, (2009), a ereção é um processo neurovascular. Quando a estimulação sexual acaba os espaços vasculares diminuem por causa da constrição das arteríolas e contração do músculo liso, a pressão que está sobre as veias durante a ereção é aliviada permitindo a drenagem do sangue fazendo com que o pênis volte ao estado de flacidez. 2.1.8 PRÓSTATA A próstata faz parte das glândulas sexuais acessórias, segundo Tortora e Nielson, (2013), ela possui formato de anel, mede aproximadamente 4 cm de largura, 3 cm de altura e 2 cm de profundidade. Está posicionada inferiormente a bexiga e em volta da parte prostática da uretra. Ela secreta um líquido leitoso e alcalino que se junta à secreção da vesícula seminal para formar o sêmen. Moore, Dalley e Agur, (2013) diz que ela é a maior glândula acessória do aparelho reprodutor masculino. 19 A cápsula da próstata se contrai ao mesmo tempo com as contrações do canal deferente para que o líquido que ela produz se junte ao sêmen. O liquido prostático é levemente alcalino, sua alcalinidade é essencial para a fertilização do óvulo, já que o sêmen é relativamente ácido e as secreções vaginais também apresentam acidez. Para que o espermatozóide adquira a mobilidade necessária o pH dos líquidos que o envolvem precisa atingir valores de 6,0 a 6,5, sendo assim o líquido prostático levemente alcalino ajuda a neutralizar a acidez dos outros líquidos seminais aumentando a mobilidade e a fertilidade do espermatozóide (GUYTON & HALL, 2011). 2.2 FISIOPATOLOGIA DO CANCER DE PROSTATA De acordo com Tortora e Nielson, (2013) a próstata envolve parte da uretra, por isso, qualquer infecção aumento de volume ou tumor pode obstruir o fluxo de urina. Os sinais e sintomas são febre, calafrios, aumento da frequência de micção, micção frequente a noite, dificuldade de micção, queimação ou dor a micção, dor lombar, dor articular e muscular, presença de sangue na urina ou dor a ejaculação. Muitas vezes porém é assintomática. São usados antibióticos no tratamento da maioria dos casos decorrentes de infecção bacteriana. Ainda segundo Tortora e Nielson, (2013), na prostatite aguda a próstata pode estar edemaciada e dolorida. A prostatite crônica é uma das infecções crônicas mais comuns em homens na meia-idade e idosos, Ao exame, a próstata apresenta-se aumentada, de consistência amolecida, muito dolorosa e com contorno superficial. 2.3 O CÂNCER Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se metástase para outras regiões do corpo (BRASIL,2007). Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. À origem do câncer a nível genético, vem do latim e significa modificação, pois quando bastante estimulada pode sofrer transformações enérgicas, que podem ser de diferentes estímulos: mecânicos, químicos ou físicos. E a estimulação prolongada em algum momento, segue seu próprio caminho, levando-a a difundir-se em seu crescimento e à auto-realização (BRASIL,2007). A OMS considera o câncer como uma doença crônica percepcionada pelo indivíduo como uma ameaça à sua própria vida pela dificuldade em prever o processo de doença, os efeitos do tratamento no indivíduo, bem como as suas repercussões nas atividades de vida e doença, agravadas pelo tempo de tratamento e objetivos que podem abarcar três dimensões: curativa; complementar ou paliativa. (BRASIL, 2007). 2.4 O CANCER DE PRÓSTATA De acordo com Tortora e Nielson, (2013), o câncer de próstata é a principal causa de morte nos EUA. No Brasil é o mais comum entre os homens, em São Paulo são diagnosticados 22 novos casos novos por 100.000 habitantes a cada ano. Ele é o sexto tipo de câncer mais 20 comum no mundo, considerado um câncer da terceira idade, visto que cerca de três quartos dos casos no mundo ocorrem a partir dos 65 anos. Alguns fatores podem influenciar a desencadear câncer de próstata como fatores genéticos, indivíduos que têm familiares portadores das doenças possuem mais chance de desenvolver, o fator hormonal também é muito significativo, pois a doença regride com a diminuição do hormônio masculino, a testosterona não induz ao câncer, contudo em pessoas que já possuem a doença ela pode estimular o crescimento do tumor. O fator alimentação também é essencial, pois uma dieta rica em gordura e pobre em frutas e verduras aumenta a chance de desenvolvimento do câncer, levar uma vida sedentária também contribui para o aparecimento da doença. O câncer de próstata geralmente não apresenta sintomas, podendo em estágio avançado apresentar dificuldades para urinar e sangue na urina. Ele cresce de uma maneira muito lenta, sendo que é de extrema relevância que homens a partir dos 50 anos consultem um médico anualmente e se houver casos na família ou fatores de riscos é importante que comece a consulta anual a partir dos 45 anos. Ele é raro em homens asiáticos, é mais prevalente entre negros nos Estados Unidos, não se tem muita informação sobre a etiologia do câncer de próstata, múltiplos fatores de risco como idade, raça, historia familiar, níveis hormonais e influências ambientais podem influenciar no aparecimento do câncer. É fundamental avaliar o estágio da doença, tanto para definir o prognóstico como para fazer o tratamento adequado. Para analisar a gradação do tumor é usado o sistema de Gleason, uma parte do tecido prostático é retirado para biópsia e analisado através de um microscópio. Escores de Gleason de 2 a 4 são tipicamente constatados em tumores pequenos na zona de transição. Em amostras cirúrgicas esse câncer de baixo grau é tipicamente descoberto de forma incidental na ressecção transuretral realizada para sintomas de HPB. A maioria dos cânceres potencialmente tratáveis que são identificados a biópsia por agulha possuem escores de Gleason de 5 a 7. Tumores com escore de Gleason de 8 a 10 tendem a serem cânceres avançados com pouca possibilidade de cura. Embora existam evidências de que alguns cânceres de próstata podem se tornar menos diferenciados com o tempo, na maioria dos casos o escore de Gleason permanece estável por um período de vários anos. O sistema de estadiamento mais comum é o TNM. O estágio T1 se refere ao câncer descoberto incidentalmente na ressecção transuretral feita para sintomas de HPB (T1a e T1b dependendo da extensão e grau) ou na biópsia por agulha, realizada para níveis plasmáticos de PSA elevados (estágio T1c). O estágio T2 é um câncer confinado ao órgão. Tumores de estágios T3a e T3b têm extensão extraprostática com e sem invasão da vesícula seminal, respectivamente. O estágio T4 reflete a invasão direta de órgãos contíguos. Qualquer dissipação tumoral para linfonodos, independentemente da extensão, é finalmente associada a um final fatal, de modo que o sistema de estadiamento meramente registra a presença ou ausência deste achado (KUMAR, ABBAS e FAUSTO, 2005). 2.5 AÇÕES DE CONTROLE 2.5.1 PROMOÇÃO DA SAÚDE A mudança nos hábitos precisa acontecer em todos. Os profissionais da estratégia de Saúde da Família precisam se preparar melhor para atender o homem e promover a saúde dessa população. 21 Ações que atuem sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença e promovam qualidade de vida são fundamentais para a melhoria da saúde da população e o controle de doenças e agravos. O amplo acesso da população a informações claras, consistentes e culturalmente apropriadas deve ser uma iniciativa dos serviços de saúde em todos os níveis. Nos últimos anos, a Política Nacional de Promoção da Saúde no Brasil tem intensificado a atuação na perspectiva de promoção da qualidade de vida e ampliação das oportunidades para práticas saudáveis (BRASIL, 2006). 2.5.2 PREVENÇÃO Segundo o INCA, Alguns desses tumores podem crescer de forma rápida, espalhando-se para outros órgãos e podendo levar à morte. A grande maioria, porém, cresce de forma tão lenta (leva cerca de 15 anos para atingir 1 cm³) que não chega a dar sinais durante a vida e nem a ameaçar a saúde do homem. 2.5.3 RASTREAMENTO O rastreamento do câncer de próstata, como qualquer intervenção em saúde pode trazer benefícios e malefícios ou riscos que podem ser analisados e comparados antes da incorporação na prática clínica e como programa de saúde pública. O resultado esperado é a redução da mortalidade pela patologia. Os possíveis malefícios incluem sangramentos resultados falsos-positivos, infecções e sangramentos resultantes de biópsias, ansiedade associada ao saber do diagnóstico (overdiagnósis) de câncer e de danos resultantes do sobre tratamento overtreatment) de canceres que nunca iriam evoluir clinicamente. 2.5.4 DETECÇÃO PRECOCE O Câncer de próstata raramente causa sintomas precocemente. O objetivo primário da detecção precoce é a redução dos casos de mortalidade desta patologia específica. O objetivo não é somente diagnosticar cada vez mais casos, nem aumentar a sobrevida específica, e sim fazer com que haja um entendimento maior por parte desta população, no que tange a procura dos Serviços de Saúde para esclarecimentos a cerca desta patologia. O segundo principal objetivo é o ganho de sobrevida em anos associado à manutenção da qualidade de vida após um diagnóstico positivo. 2.5.5 DIAGNÓSTICO O diagnóstico é feito através do exame físico que corresponde ao toque retal e o exame laboratorial que é a dosagem do PSA (Antígeno Prostático Especifico), uma proteína produzida pela próstata. Ele é confirmado histológico do tecido retirado cirurgicamente por ressecção transuretal da próstata (RTUP), Prostatectomia Aberta ou Biopsia por Agulha Transretal orientada por Ultrasson. A aspiração por agulha fina constitui um método rápido e indolor de obter células da próstata para exame citológico e para estadiamento da doença (SMELTZER, et al, 2011). No toque retal analisa-se o tamanho da próstata a consistência, a superfície, presença de alguma área endurecida, caso ocorra alguma alteração no exame, o médico solicita uma biópsia. Segundo KUMAR, ABBAS e FAUSTO 2005, em 70% dos casos o tumor aparece na 22 zona periférica da próstata que frequentemente pode ser palpável ao toque retal. Já no exame de PSA analisa-se a quantidade dessa proteína, se estiver aumentada significa que o tamanho da próstata aumentou, porem não quer dizer que seja a presença de um câncer, outros fatores também podem causar o aumento da próstata, sendo por isso importante a realização dos dois exames. 2.5.5.1 EXAME RETAL Exame realizado por um especialista (Proctologista) através do toque retal, que pode detectar anormalidades na próstata. O toque retal tem por objetivo principal analisar o tamanho da próstata a consistência, a superfície, presença de alguma área endurecida, caso ocorra alguma alteração no exame, o médico solicita uma biópsia. Segundo KUMAR, ABBAS e FAUSTO 2005, em 70% dos casos o tumor aparece na zona periférica da próstata que frequentemente pode ser palpável ao toque retal. Já no exame de PSA analisa-se a quantidade dessa proteína, se estiver aumentada significa que o tamanho da próstata aumentou porem não quer dizer que seja a presença de um câncer, outros fatores também podem causar o aumento da próstata, sendo por isso importante a realização dos dois exames. 2.5.5.2 PSA- ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO A dosagem do PSA surgiu como teste promissor na detecção precoce do câncer da próstata. No exame de PSA analisa-se a quantidade dessa proteína, onde se houver elevados níveis desta, significa que o tamanho da próstata também aumentou porem não quer dizer que seja a presença de um câncer, outros fatores também podem causar o aumento da próstata, sendo por isso importante a realização dos dois exames. 2.5.5.3 TESTE DE URINA Segundo estudos realizados por pesquisadores da Universidade de Surrey, na Inglaterra este teste pode tornar a detecção ainda mais certeira. O exame inovador verifica a presença na urina – e não no sangue – de uma outra proteína, a EN2, também indicativa da existência do câncer. É o mais extraordinário passo no diagnóstico precoce da doença em 25 anos, desde que o PSA entrou para a rotina médica. O novo teste será aplicado a partir de 2015. Além de detectar a existência do tumor, alterações nas quantidades de EN2 podem indicar a agressividade da doença, diz o Oncologista Fernando Maluf, do Hospital São José, em São Paulo. Quanto maior a sua concentração mais perigoso é o câncer. A ideia é que no futuro o exame substitua o toque retal, disse a VEJA, o Oncologista Hardev Pandha, coordenador da pesquisa da Universidade de Surrey. 2.5.5.4 ULTRA-SONOGRAFIA TRANSRETAL A ultra-sonografia transretal é um método que, apesar de não possuir a sensibilidade e a especificidade que se acreditava ter no início de seu desenvolvimento, consegue detectar maior quantidade de tumores e em estágios mais precoces do que os outros métodos. Além disso, ocorreram avanços técnicos como a introdução do Doppler colorido, que apesar de não haver correspondido plenamente às expectativas iniciais, é um fator adjuvante importante a procura do câncer prostático, ao aumentar o valor preditivo positivo e a sensibilidade. 23 A ultrassonografia transretal (USGTR) da próstata tem dois papéis em potencial para a detecção do câncer de próstata: identificar lesões suspeitas de malignidade e melhorar a acurácia da biópsia prostática. Porém, somente 37,5% das lesões malignas da próstata são detectáveis a USGTR. Além disso, 50% das lesões não palpáveis com dimensões superiores a 1cm em seu maior diâmetro não são visíveis à USGTR. O valor preditivo positivo para o uso das diversas combinações de exames diagnósticos em população de rastreamento varia de 20% a 80%. Entretanto, o principal papel da ultrassonogra-a transretal no câncer de próstata é permitir uma biópsia prostática sistemática e direcionada a áreas suspeitas (DORNAS Maria C. et al, 2008). 2.5.6 TRATAMENTO O tratamento varia de acordo com o tamanho, classificação do tumor, idade do paciente, expectativa de vida, nos sintomas, no risco do reaparecimento da doença, no escore de Gleason, nos níveis de PSA, na probabilidade de complicações, e na preferencia do paciente. Ele pode causar tanto impotência sexual como incontinência urinária. Os tipos de tratamentos mais indicados são a cirurgia, radioterapia e braquiterapia (SMELTZER, et al, 2011). 2.5.6.1 CIRURGIA Moore, Dalley e Agur, (2013), diz que nos casos graves toda a próstata é retirada junto com as glândulas seminais, ductos ejaculatórios e as partes terminais do ductos deferente. A cirurgia é feita através de uma incisão no abdômen, abaixo do umbigo onde a próstata é removida juntamente com o tumor, é um tratamento mais agressivo, visto que é uma intervenção complexa. Atualmente o tratamento mais comum para o câncer de próstata clinicamente localizado é a prostatectomia radical. Notáveis melhoras na técnica cirúrgica reduzindo o risco de perda sanguínea intraoperatória, impotência e incontinência pós operatórias tornou esse procedimento mais notório (KUMAR, ABBAS e FAUSTO 2005). 2.5.6.2 RADIOTERAPIA A radioterapia é realizada através de varias aplicações, uma por dia, de um feixe externo concentrado de irradiação que atinge a próstata. É um tratamento prolongado que dura sete ou oito semanas durante cinco dias por semana, porem um pouco mais simples que a cirurgia, já que não envolve internação e anestesia. É uma opção de tratamento para pacientes com câncer de próstata de baixo risco, os pacientes que apresentam risco intermediário e alto risco recebem doses mais altas (SMELTZER, et al, 2011). Para Kumar, Abbas e Fausto (2005), o câncer de próstata pode ocorrer de uma maneira muito lenta e pode passar ate dez anos para notar um beneficio depois da cirurgia ou radioterapia. 2.5.6.3 BRAQUITERAPIA A braquiterapia consiste na colocação de agulhas na próstata com orientação ultrassonica do doente mantido sobre leve anestesia, através das quais são aplicadas 80 a 100 sementes radioativas intersticiais dentro da glândula de acordo com o volume da próstata. Para tumores que estão localizados dentro da glândula, a prostatectomia radical e a radioterapia são as primeiras opções consideradas de melhor eficácia. Após o procedimento o paciente retorna 24 para casa e deve tomar alguns cuidados como evitar relações sexuais com mulheres grávidas, lactantes até dois meses, a urina deve ser coada para recuperação das sementes e usar preservativo durante a relação sexual por duas semanas após o implante para captar sementes que possam passara pela uretra. Todos os tipos de tratamento podem causar impotência e incontinência urinária (SMELTZER, et al, 2011). De acordo com Kumar, Abbas e Fausto, 2005, no caso de metástase a terapia endócrina é o tratamento mais adequado, pois as células do câncer de próstata dependem de androgênios para sua sustentação, então as manipulações endócrinas reduzem as células tumorais de testosterona. 2.6 AÇÕES DO ENFERMEIRO VOLTADAS PARA PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PRÓSTATA É evidente que há uma quantidade significativa de homens com câncer de próstata e o maior obstáculo para a prevenção é a resistência para fazer o exame de toque, cabe ressaltar que é importante a realização dos dois exames, tanto o de toque como o de sangue. BRASIL, (2007), pontua que a atuação do enfermeiro compreende um conjunto de ações, de caráter individual e coletivo, que engloba a promoção da saúde, a prevenção de agravos, o tratamento e a reabilitação com autonomia e preceitos éticos e legais. O papel do enfermeiro é ajudar a ampliar o acesso dos homens as informações. Para que isso aconteça é importante a realização de estratégias, tais como: Planejar palestras educativas em escolas, igrejas e na Unidade de Saúde; Realizar consulta de enfermagem; Organizar campanhas incluindo o novembro azul; Orientar sobre atividade física, dieta e hábitos de saúde; Aumentar a capacidade comunitária e dar direito de voz ao individuo; Realização de eventos nas próprias Unidades de Saúde juntos com graduados, ou aqueles em fase de término de faculdade ou curso de nível técnico; Promover educação em saúde; Capacitação da equipe; Visitas domiciliares; Ampliar o acesso ao serviço; Participação em assuntos ligados à comunidade na Associação de Moradores; Horta comunitária com finalidade de criar modos de interagir e maior participação desse homem e sua família; Planejar e coordenar maior integração da família; Manter uma linguagem de fácil entendimento. Planejar e coordenar maior integração da família; O enfermeiro deve proporcionar informações à população sobre assuntos relacionados ao câncer de próstata interagindo com a comunidade com humanização do atendimento e foco holístico, prestando qualidade no atendimento oferecido. Deve-se avaliar e planejar a assistência oferecida à população masculina visando alcançar o bem-estar e melhores condições para manutenção da saúde. O enfermeiro deve responder a dúvidas de maneira clara e satisfatória, proporcionar informações sobre recursos na comunidade para enfrentar o câncer (MURTA, 2009). 25 Segundo GAS, 2009 a enfermagem é uma profissão que presta assistência ao paciente, que ajuda a promover e a manter a saúde ideal evitando a doença e restaurando a saúde, o relacionamento entre enfermeiro e paciente é um relacionamento assistencial baseado na confiança e no respeito, para que esse relacionamento ocorra é necessário empatia, ou seja, capacidade de compreender o sentimento das pessoas em determinadas situações. O enfermeiro ao realizar as funções que pertencem ao seu papel deve ter competência para comunicar-se efetivando o relacionamento com os demais profissionais, pacientes e suas famílias (STEFANELLI e CARVALHO, 2012). 2.7 A POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO INTEGRAL A SAÚDE DO HOMEM Segundo o Ministério da Saúde (2008), nos 20 anos do sistema único de saúde (SUS), apresenta uma das prioridades desse governo, a política nacional de atenção integral à Saúde do Homem, desenvolvida em parceria entre gestores dos SUS, sociedades cientificas, sociedade civil organizada. Um dos principais objetivos desta política é promover ações de saúde que contribuam significativamente para a compreensão da realidade singular masculina nos seus diversos contextos socioculturais, e político-econômicos. De acordo com Rocha, (2013), as práticas de Saúde Pública equivalem às ações que administradas direta ou indiretamente pelo Estado objetivam a resolução de problemas do âmbito. Analisando o alto índice de morbimortalidade presente na população masculina e tendo a necessidade de organizar ações integrais para o cuidado na saúde do homem foi criada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem, Portaria Nº 1.944, de 27 de Agosto de 2009. BRASIL, (2008), diz que a política reconhece que os problemas de saúde do sexo masculino constituem verdadeiros problemas de saúde pública. A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) busca promover ações de saúde que contribuam para o aumento da expectativa de vida e redução dos índices de morbimortalidade por prevenções nessa população. Dessa forma estimula-se o autocuidado e, sobretudo o reconhecimento que a saúde é um direito social básico e de cidadania (BRASIL, 2008). Os homens possuem muita resistência em buscar os serviços de atenção primária, pois associam o autocuidado com a fragilidade e fraqueza, o que acaba por ocasionar complicações que poderiam ser evitadas pela busca de medidas da atenção básica. Eles possuem dificuldade de reconhecer suas necessidades achando-se invulneráveis a doenças por conta de sua masculinidade, fazendo com que se cuidem menos e se exponham a situações de risco (BRASIL, 2008). A PNAISH visa à promoção de saúde, com melhorias ao acesso a saúde pública e aos serviços de assistência integral a saúde, tendo como princípios a equidade e universalidade no atendimento a população masculina com equipamentos e materiais adequados, humanização, respeitando cada homem em sua individualidade e seguindo princípios éticos, responsabilidade quanto à qualidade de vida abrangendo as áreas do governo e a sociedade, orientação a população masculina, a sua família e a comunidade (BRASIL, 2008). 26 As diretrizes da política que regem os planos, programas, projetos e atividades foram elaborados visando à integralidade, ou seja, o atendimento integral, o usuário precisa ter atendimento em todas as suas necessidades, factibilidade que visa o acesso a saúde com todos os equipamentos necessários, recursos, tecnologias, estrutura adequada, coerência, em que as diretrizes precisam estar pautadas e coerentes de acordo com o princípio do SUS e a viabilidade que está ligada a gestão e controle social para a execução das diretrizes. Segundo Brasil, (2008, P. 37), as diretrizes da PNAISH são as seguintes: Entender a Saúde do Homem como um conjunto de ações de promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde, executado nos diferentes níveis de atenção. Devese priorizar a atenção básica, com foco na Estratégia de Saúde da Família, porta de entrada do sistema de saúde integral, hierarquizado e regionalizado; Reforçar a responsabilidade dos três níveis de gestão e do controle social, de acordo com as competências de cada um, garantindo condições para a execução da presente política; Nortear a prática de saúde pela humanização e a qualidade da assistência a ser prestada, princípios que devem permear todas as ações; Integrar a execução da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem às demais políticas, programas, estratégias e ações do Ministério da Saúde; Promover a articulação interinstitucional, em especial com o setor Educação, como promotor de novas formas de pensar e agir; Reorganizar as ações de saúde, através de uma proposta inclusiva, na qual os homens considerem os serviços de saúde também como espaços masculinos e, por sua vez, os serviços de saúde reconheçam os homens como sujeitos que necessitem de cuidados; Integrar as entidades da sociedade organizada na corresponsabilidade das ações governamentais pela convicção de que a saúde não é só um dever do Estado, mas uma prerrogativa da cidadania; Incluir na Educação Permanente dos trabalhadores do SUS temas ligados a Atenção Integral à Saúde do Homem; Aperfeiçoar os sistemas de informações de maneira a possibilitar um melhor monitoramento que permita tomadas racionais de decisão; Realizar estudos e pesquisas que contribuam para a melhoria das ações da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem. 3 METODOLOGIA Os trabalhos de pesquisa podem ser classificados como explicativos, descritivos e exploratórios, sendo que, a elaboração deste utilizou-se das pesquisas exploratória e descritiva. De acordo com (Gil 2002, p. 41): A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com visitas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipótese. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou as descobertas de instituições. Seu planejamento é, portanto bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Para Vergara (2000, p. 47): A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. 27 Por pesquisa bibliográfica entende-se como levantamento realizado em bibliotecas públicas, universitárias, virtuais e tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno (OLIVEIRA, 1999). Portanto, este tipo de pesquisa proporciona inúmeras vantagens, sendo considerada fonte riquíssima e estável de dados. Para a coleta de dados é utilizada fonte secundária. Segundo Andrade, (2001, p. 43) “Fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constitui-se em fontes das pesquisas bibliográficas.” 4 CONCLUSÃO As contribuições deste estudo vão além da produção do conhecimento, na medida em que pretende servir de subsídio para orientar ou definir ações no âmbito dos serviços de saúde preventivo, visando aumentar adesão dos profissionais de enfermagem no que tange o Câncer de Próstata. A realização de exames de detecção precoce para esta patologia, tem como principal função contribuir significativamente para a redução da proporção de diagnóstico sem estágios avançados desta doença. Com base na bibliografia analisada, surge uma observação para reforçar a tese de que a prevenção e a detecção precoce, nas estratégias básicas para o controle do câncer de próstata, tem como requisito essencial um conjunto de atividades educativas constantes, persistentes e dinâmicas para os homens, segundo seu padrão de valores, escolaridade, entre outras variáveis. Consideramos que tais atividades educativas devam priorizar a necessidade urgente de mudança de comportamento, tanto por parte dos homens quanto dos serviços oferecidos pelas Unidades Básicas de Saúde e Estratégias de Saúde da Família, a enfermagem tem que reconhecer seu papel na educação em saúde da população masculina. Esta realidade vem sendo mudada em um crescimento importante com a Campanha Novembro Azul, destinada especialmente a esta população, tendo como principal foco a quebra de paradigmas onde a maioria dos homens imaginam que os exames realizados para a detecção do câncer prostático poderia mexer com sua virilidade. Partindo desse principio toda a equipe de enfermagem deve estar envolvida e preparada para acolher essa população, esclarecendo suas duvidas, mostrando-lhes segurança e destreza no que diz respeito a esta patologia, e isso somente ira acontecer com uma busca incessante de conhecimentos a cerca deste assunto. 5 REFERENCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001. BRASIL, COFEN. Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Rio de Janeiro-RJ, 2007. BRASIL, Política Nacional de Atenção Integral a Saúde do Homem. Brasília-DF, 2008. BRASIL. Plano de Ação Nacional 2009-2011 da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2009. 28 CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia Humana Básica, 2 ed. São Paulo, SP: Atheneu, 2007. DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia Humana Básica, 2 ed. São Paulo, SP: Atheneu, 2008. DÂNGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlo Américo. Anatomia Humana: Sistêmica e Segmentar, 3 ed. São Paulo, SP: Atheneu, 2011. DORNAS, Maria C. et al. Envelhecimento Humano: câncer de próstata. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto UERJ. Vol.7, N 1, p.2, 2008. Disponível http://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=196f. Acesso em: outubro de 2014. GAS, B. W. Du. Enfermagem Prática, 4 ed. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2008. 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São Paulo, Atlas, 2000. 30 QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NO PRÉ-NATAL EM GESTANTES IDOSAS¹ Ellen Cristian Lima Soares² Karina e Souza da Silva² Katiucy Leonardi Tetzner² Silmara Capiche Pereira² Ivan Paulino³ RESUMO Atualmente a gravidez tardia é um fato na sociedade, pois a carreira profissional, situação financeira e o fator social fazem com que muitas mulheres optem à engravidar mais tarde. Em contrapartida, a evolução da medicina ajuda as mulheres que desejam engravidar após os 35 anos de idade. A partir dessa idade, às mulheres possuem maior dificuldade para engravidar, ficando expostas ao risco de gerarem uma criança portadora de anormalidades genéticas. Observamos ainda, o aparecimento de doenças crônicas, como hipertenção arterial, diabetes mellitus entre outras, diretamente ou indiretamente ao processo da gestação com a ocorrência de abortamento, mortalidade materna, gestação múltipla e a pré-eclampsia. A gravidez tardia necessita de uma atenção mais rigorosa no pré-natal e no parto, pois é de suma importância a atuação do profissional de saúde nesse assunto. O artigo ressalta a qualidade da assistência de enfermagem no pré-natal em gestantes idosas e traz como objetivos compreender o que estão levando as mulheres a engravidarem depois dos 35 anos de idade, o posicionamento da assistência de enfermagem sobre essa situação, avaliando a qualidade da mesma. Trata-se de uma pesquisa com o tema Saúde da Mulher, por referencia bibliográfica, exploratória, com abordagem, quantitativa, com coletas de dados secundarias direcionada as gestantes idosas. A pesquisa conclui que a gravidez tardia necessita de uma atenção mais rigorosa no pré-natal, sendo de suma importância a atuação do profissional de enfermagem, que compreendam os sentimentos e temores mais comuns das gestantes que estão vivenciando este evento complexo, onde buscam a otimização da assistência do pré-natal e no parto. PALAVRAS CHAVES: Gestação idosa. Pré-natal. Assistência de enfermagem. ABSTRACT Currently late pregnancy is a fact of society because their professional careers, financial situation and the social factors make that many women choose to get pregnant later. In return, the evolution of medicine helps women who wish to become pregnant after 35 years of age. From that age, women have more difficulty getting pregnant, getting exposed to the risk of generating a child with genetic abnormalities. Furthermore, we observed the emergence of chronic diseases such as arterial hypertension, diabetes mellitus among others, directly or indirectly to the process of pregnancy and the occurrence of spontaneous abortion, maternal mortality, multiple pregnancy and preeclampsia. Late pregnancy requires a more rigorous attention to prenatal and childbirth, it is of paramount importance to operations of the health professional in this subject.The article highlights the quality of nursing care in prenatal care in pregnant women and elderly brings objectives were to understand what they are taking women to become pregnant after the age of 35, the positioning of nursing care on this situation, assessing the quality of the same. This is a survey of the topic Women's Health, _____ ¹ Artigo Científico de Término de Curso de Graduação em Enfermagem. ² Acadêmicas do 10º Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia. ³ Professor Orientador Mestre em Saúde da Família. 31 bibliography, references exploratory, with approach, quantitative, with collections of secondary data, targeted older pregnant women. The research concludes that late pregnancy requires a more rigorous attention to prenatal care, which is extremely important the role of the nursing professional who understand the feelings and fears more common in women who are experiencing this complex event, which seek to optimize of prenatal care and childbirth. KEYWORDS: Elderly Pregnancy. Prenatal care. Nursing care 1. INTRODUÇÃO Atualmente a gravidez tardia é um fato na sociedade, pois a carreira profissional, situação financeira e o fator social fazem com que muitas mulheres optem à engravidar mais tarde. Em contrapartida, a evolução da medicina ajuda as mulheres que desejam engravidar após os 35 anos de idade. Sendo que estas possuem maior dificuldade para engravidar, ficando expostas ao risco de gerarem uma criança portadora de anormalidades genéticas. Observamos ainda, o aparecimento de doenças crônicas, como hipertensão arterial, diabetes mellitus entre outras, diretamente ou indiretamente ao processo da gestação com a ocorrência de abortamento, mortalidade materna, gestação múltipla e a pré-eclampsia. A pesquisa objetiva compreender o que estão levando as mulheres a engravidarem depois dos 35 anos de idade e o posicionamento da assistência de enfermagem. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 GRAVIDEZ A gravidez é um período de 9 meses ,onde a mulher passa por varias modificações no seu corpo para receber o feto ,que se divide em três trimestres. O diagnostico e feito através de anamnese, exame físico e teste laboratorial. Diante das alterações que ocorrem no corpo da mulher e do medo, ela precisa de muita compreensão do marido e da família para passar por essa fase. Segundo BRASIL (2012, p. 9): A gestação é um fenômeno fisiológico e, por isso mesmo, sua evolução se dá na maior parte dos casos sem intercorrências. Apesar desse fato, há uma parcela pequena de gestantes que, por serem portadoras de alguma doença, sofrerem algum agravo ou desenvolverem problemas, apresentam maiores probabilidades de evolução desfavorável, tanto para o feto como para a mãe. 2.2 PRÉ-NATAL O pré-natal é o acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, que toda gestante tem direito durante a gestação, a realizações dessas consultas ocorrem assim que se suspeitar da gravidez. Durante as consultas, o profissional de saúde solicitará vários exames para diagnosticar alguns tipos de doenças, prevenindo assim, a mortalidade de materno-fetal, orientando e tranquilizando a futura mãe para uma gestação com sucesso. 32 De acordo com Costa (2009, p. 102) “A gestante deve ter acesso a seis consultas pré-natais, sendo preferencialmente uma no primeiro trimestre, duas no segundo trimestre, e três no terceiro trimestre de gestação”. Segundo BRASIL (2006, p. 10): “Uma atenção pré-natal e puerperal qualificada e humanizada se dá por meio da incorporação de condutas acolhedoras e sem intervenções desnecessárias; do fácil acesso a serviços de saúde de qualidade, com ações que integrem todos os níveis da atenção: promoção, prevenção e assistência à saúde da gestante e do recém-nascido, desde o atendimento ambulatorial básico ao atendimento hospitalar para alto risco.” 2.3 GESTAÇÃO IDOSA A gestação idosa é considerada quando a mulher engravida depois dos 35 e 40 anos de idade. Com o passar dos tempos esse desejo da maternidade vem sido adiado, pelos motivos das condições financeiras, desejo profissional, social e pessoal, fazendo com que as mulheres engravidam mais tarde. Para alguns profissionais de saúde, a idade consideravelmente ideal, é na faixa dos 20 e 30 anos, porque após os 35 e 40 anos é considerada uma gestação de risco. Segundo Armond (2014): Um dos principais desafios de ter uma gravidez após os 40 anos é o da concepção, pois com o passar dos anos a mulher diminui a sua reserva ovariana. Essa perda é mais acentuada após os 35 anos de idade. Portanto, até os 35 anos é mais fácil engravidar e depois dos 40 anos é mais difícil ainda. Além da diminuição de óvulos, existe ainda outro problema, complementa a obstetra: Sabemos que além da quantidade de óvulos, a mulher vai perdendo qualidade, pois as células germinativas envelhecem com a mulher. Assim, além de ser mais difícil engravidar, a taxa de perda também aumenta. 2.4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM NAS GESTAÇÕES IDOSAS O papel da assistência de enfermagem neste momento é muito importante, pois o desejo, medo e ansiedade aumentam nessa fase. A equipe multidisciplinar tem um papel fundamental e redobrado, pois a gestação tardia cresce os riscos de desenvolver varias doenças como hipertenção, diabetes gestacional problemas ginecológicos e outros. Segundo BRASIL (2012, p. 10) As normas de assistência devem permitir identificação precoce e adequada dos problemas que a gestante apresente, assim como os procedimentos diagnósticos terapêuticos necessários, e em que nível de assistência os mesmos serão realizados. Assim, o controle pré-natal da gestante sem problemas poderá ser diferente daquela que apresenta problemas, seja em objetivos, conteúdos, número de consultas e tipo de equipe que presta a assistência. 2.4.1 Alterações uterinas Zugaib (2008) explica que as mudanças uterinas são mais acentuadas, já que é durante a gestação que o útero exerce plenamente sua capacidade funcional e anatômica, participando da formação do concepto e do mecanismo do parto. Assim com o aumento progressivo de sua 33 capacidade volumétrica e o incremento considerável de sua vascularização, o útero retém o feto durante todo o seu desenvolvimento e crescimento, para finalmente servir de força motora para sua expulsão durante o trabalho de parto. De acordo com Ferreira e Ferreira (1999), o útero é capaz de reter o produto da concepção até o termo, quando as contrações tornam-se produtivas, transformando-o em um órgão motor impulsivo. Além disso, ele é considerado também um órgão endócrino, com redução de substâncias de efeito local e sistêmico, como prostaglandinas e prolactina. Há um imediato amolecimento na região correspondente ao local da implantação, progredindo para todo órgão. O amolecimento da região ístmica nas fases iniciais da gestação (Sinal de Hegar) cria condições para exagerar a referida anteversoflexão, que somado ao aumento do peso e volume uterino, promovem a compressão da bexiga, dando origem ao sintoma dos mais clássicos da prenhez inicial, a polaciúria (NEME, 2000). Ziegel e Cranley (1986) destacam que o útero é transformado, de um órgão pequeno e quase sólido, em um órgão que irá conter um feto a termo, uma placenta e cerca de 500 a 1000 ml de liquido amniótico. O seu peso aumentará cerca de 20 vezes durante o período de gestação, de aproximadamente 60 gramas, antes da gravidez, para cerca de 1000 gramas ao termino. Seu tamanho aumentará de cinco a seis vezes. Ao fim da gravidez o útero terá de 30 a 35 cm de comprimento, de 20 a 25 cm de largura e cerca de 20 cm de profundidade. De volume crescente, mantém o corpo do útero, uma configuração esférica até o quarto ou quinto mês, quando o alongamento predomina sobre os diâmetros transversais, conferindo à víscera forma cilíndrica. O volume da cavidade do útero não – gravídico ( volume intra uterino), de apenas alguns centímetros cúbicos, aumenta paulatinamente, ao termo, muito variável para cerca de 4500 – 5000 centímetros cúbicos. A espessura do miométrio, de 7 – 12mm antes da gravidez, para 25mm no 4º a 5º mês, mantendo-se até o fim da gestação (CABRAL,2002). Ainda conforme Cabral (2002), o útero gravídico pode impedir o retorno venoso quando a grávida assume posição supina. Diante disso, muitas mulheres experimentam em consequência, a chamada síndrome de hipotensão supina. Adotando posição, decúbito lateral esquerdo, o debito cardíaco é restaurado quase que automaticamente. Ferreira e Ferreira (1999) explicam que o aumento da massa do miométrio decorre da hiperplasia e hipertrofia dos elementos musculares e do aumento do tecido conectivo como células, fibras e líquidos interticiais. Em contrapartida, o aumento do volume uterino durante os três primeiros meses ocorre devido à ação do estrogênio. Após este período, o aumento se deve, parcialmente, à pressão exercida pelo feto em crescimento. Após o espessamento da camada muscular nos primeiros meses, segue-se o afinamento paulatino dessa camada, o que torna possível a palpação do feto. Nos três primeiros meses de gestação o útero também sofre contrações espontâneas, indolores e de baixo tônus, chamada de contrações de Braxton – Hicks. Antes do parto, o colo apresenta amolecimento crescente e redução do comprimento. A musculatura uterina, relativamente insensível à ocitocina passa a esboçar uma reação a esse hormônio gerando contrações uterinas mais acentuadas. 34 Conforme explica Cabral (2002), em decorrência do crescimento do corpo, a cérvice se eleva e orienta-se posteriormente na vagina, em direção ao sacro. Quando ocorre a insinuação da cabeça fetal, o colo desce e centraliza-se no eixo vaginal. O canal cervical é obliterado por uma secreção mucosa espessa, o tampão mucoso, que protege a cavidade uterina e é eliminado quando das primeiras contrações do trabalho de parto. Próximo do termo, também ocorre um encurtamento do comprimento da cérvice, prenúncio do parto. Tal encurtamento irá acentuando-se até o completo apagamento do colo. O colo tem sua estrutura formada por tecido conjuntivo, com poucas fibras musculares, e apresenta-se com fraca e mesmo ausente reação decidual. Sua coloração na gravidez é arroxeada pela intensa vascularização, e sua consistência é amolecida (sinal de Goodell) em decorrência da embebidação gravídica. Nele encontramos intensa hiperplasia glandular, dando origem as eversões da mucosa endocervical, também chamadas de ectopias. Dessa maneira, estabelece um intenso contato com o meio vaginal, que, com freqüência determina a transformação do epitélio colunar dessas glândulas em epitélio escamoso por metaplasia. As glândulas hipertrofiadas secretam um muco espesso, que oblitera o canal cervical, recebendo o nome de tampão mucoso ou rolha de Schoroeder, com papel de proteção ao ambiente ovular. Segundo Zugaib (2008), no tocante a posição, o colo uterino está em geral posteriorizado e apresenta-se longo durante toda gravidez, ficando a sua anteriorização e encurtamento restrito a fase final da gestação, como prenúncio de trabalho de parto. 2.4.2 Alterações do Sistema Cardiovascular Conforme CABRAL (2002), as alterações mais expressivas ocorrem no débito cardíaco e na distribuição do fluxo sanguíneo a nível regional. São também de grande importância as alterações que ocorrem na pressão arterial e na frequência cardíaca. Zugaib (2008) explica que as adaptações cardiovasculares se instalam logo no inicio da gestação. Antes mesmo das principais modificações da circulação do território ultraplacentário, observando-se novo equilíbrio circulatório na grávida. As gestantes hígidas toleram bem tais alterações, porém as portadoras de cardiopatia, hipertensão ou distúrbio hidroperdinâmico, como hipertireoidismo, podem apresentar descompensação clínica já nos primeiros meses de gestação. De acordo com Cabral (2002), o inicio da gravidez é caracterizada por vasodilatação periférica, à conta, provavelmente, do aumento de óxido nítrico, um fator vasoativo, relaxante, elaborado pelo endotélio vascular materno. O aumento considerável da frequência cardíaca já pode ser visto na gestação de cinco semanas e prossegue até o terceiro trimestre, quando o acréscimo é de 10 – 15 batimentos por minuto, se comparado ao ritmo existente fora do período gravídico, o que contribui para a evolução do débito cardíaco. Costa (2009) relata que o débito cardíaco eleva-se cerca de 30 a 50% durante a gravidez, sendo o aumento médio perto de 53%, de um nível não gravídico de 4,5 litros por minuto até um máximo na gravidez de aproximadamente 6,0 litros por minuto. Esse aumento do débito cardíaco é considerado como produto da frequência cardíaca aumentada e do volume sistólico durante a gravidez normal. A elevação inicial do debito cardíaco está relacionado a um 35 aumento do volume sistólico e a medida que progride a gestação, há um aumento gradativo da frequência cardíaca materna, notória inicio do terceiro trimestre. Neste momento, o volume sistólico diminui até níveis próximos dos parâmetros fora da gravidez e o aumento da frequência cardíaca torna-se responsável pela manutenção do débito cardíaco. Além de todas as alterações já descritas do sistema cardiovascular, há também um aumento da área cardíaca observada nos raios X de tórax, da frequência cardíaca e do consumo de oxigênio. Em decorrência dessas adaptações ocorrem manifestações tais como, dispneia aos esforços, taquicardia, edema de membros inferiores, sopro sistólico, hiperfonese de segunda bulha no foco pulmonar e síndrome de hipotensão supina. Ocorre também um aumento da massa ventricular e do final do ventrículo ao final da diástole. É interessante salientar que o aumento do débito cardíaco que ocorre na gestação é maior na gravidez múltipla decorrente do aumento do inotropismo. Em decorrência do inotropismo e do aumento da freqüência cardíaca, há redução da reserva cardíaca (RUDGE; BORGES e CALDERON, 2000). Ainda segundo os autores, é importante ter cuidado no momento da interpretação da ausculta cardíaca e do eletrocardiograma. Isso porque o aparecimento de sopro sistólico ocorre em 90% das gestantes e, no eletrocardiograma, observa-se um desvio do eixo elétrico para a esquerda, em função da alteração da posição do coração. 2.4.3 Alterações do Sistema Urinário De acordo com Bittar (2009), os rins aumentam de tamanho durante a gravidez, com seu comprimento medido por pielografia intravenosa, elevando-se cerca de 1 cm. Este aumento de tamanho e peso deve-se consequentemente ao aumento da vascularização renal e do volume intersticial, sendo que o rim direito tende a aumentar mais que o esquerdo. Também ocorre durante o período de gestação, a dilatação dos ureteres e pelves renais que começa por volta do segundo mês de gravidez tornando-se máxima no segundo trimestre, quando o diâmetro uretral pode ser de até 2 cm, e o volume de urina em cada ureter é de 20 a 50 ml. O ureter direito é quase que invariavelmente mais dilatado que o esquerdo, e a dilatação geralmente não pode ser demonstrada abaixo da borda pélvica. Estes achados levaram alguns afirmar que a dilatação é totalmente mecânica devido à compressão dos ureteres pelo útero em crescimento e pelo plexo venoso ovariano. Pareceria que os fatores mecânicos são as causas mais importantes desta dilatação, mas o início precoce de aumento uretral apoia a hipótese de que também participa o relaxamento do músculo liso causado pela liberação de progesterona levando a consequência obvias e incluem aumento da incidência de pielonefrite entre grávidas com bacteúria assintomática, dificuldade em interpretar radiografias urinárias e em diagnosticar obstrução do trato urinário durante a gravidez e interferência com estudos do fluxo sanguíneo renal, filtração glomerular e função tubular, que, devido à estase urinária, devem ser realizados em altas taxas de fluxo urinário. O aumento da volemia materna associado à diminuição da resistência vascular repercute sobre a função renal e ocasiona no aumento de 30 a 40% na taxa de filtração glomerular e no fluxo plasmático renal. Em decorrência desse aumento de vascularização e do espaço intersticial o rim aumenta cerca de um centímetro e demora cerca de seis meses após o parto para retornar ao seu tamanho normal. Esse aumento ainda significa maior quantidade de solutos do plasma 36 atravessando o glomérulo por unidade de tempo e pode explicar o a glicosúria e aminocidúria que podem ocorrer na gestação (RUDGE; BORGES e CALDERON, 2000). Ainda segundo Rudge; Borges e Calderon (2000) há uma ação da prostaciclina sobre a musculatura lisa do aparelho urinário ocasiona hipotonicidade e hipomotilidade do bacinete e do ureter, com aumento do diâmetro e dessa maneira facilita a estase urinária. A bexiga, progressivamente elevada pelo útero, principalmente após o primeiro trimestre, estira o trígono vesical, retifica o ângulo uretrovesical posterior, permitindo o aparecimento ou a piora da incontinência urinária aos esforços. Conforme explicam RUDGE; BORGES e CALDERON (2000) a partir do terceiro mês, os cálices renais, a sua pelve e o ureter se dilatam e a peristalse diminui. A hidroureter, respostas fisiológicas a essas modificações, acometem até 90% das gestantes, mais frequentemente à direita, já que facilitadas pela compressão do sistema urinário pelo útero gravídico que sofreu dextrorrotação fisilógica. A bexiga altera sua posição em decorrência do crescimento uterino e é rechaçada para frente em direção à cavidade abdominal, deixando de ser órgão exclusivamente pélvico. Com isso diminui a capacidade residual, o que motiva a polaciúria. A uretra experimenta crescimento de seu diâmetro e, na tentativa de preservar a continência da urina, aumenta a pressão interna, modificação nem sempre eficaz já que algumas grávidas apresentam episódios ocasionais de incontinência urinaria. Essas alterações renais e das vias urinária ocorrem devido à influência de fatores mecânicos e hormonais ocasionados em consequência da gravidez. O sistema excretor urinário é formado por fibras vasculares lisas longitudinais e circulares. Esse sistema sofre a ação relaxante da prostaciclina, levando a hipotonia e hipoatividade dessas fibras. Como consequência, os diferentes segmentos do sistema excretor encontram-se alongados, dobrados sobre si e dilatados. A diminuição do peristaltismo e da tonicidade facilita a estase urinária, que explica a maior incidência de infecções urinárias durante a gravidez. Esses fenômenos são observados de forma mais intensa no sistema excretor do rim direito, decorrente da dextrorrotação uterina (CABRAL, 2002). 2.4.4 Alterações do fluxo sanguíneo Conforme relata Zugaib (2008) a primeira alteração circulatória observada na gestação é referente as alterações ligadas ao volume e a constituição do sangue. O volume sanguíneo materno aumenta consideravelmente durante o período gestacional, atingindo volumes de 30 a 40% maiores do que nos períodos pré-gestacionais. As variações relacionadas ao aumento do volume sanguíneo associam-se a diferenças individuais e quantidade de trofoblásticos, sendo maior em gestações gemelares e menor em gestações com predisposição a insuficiência placentária. Assim observa-se aumento volêmico mais discreto em pacientes que apresentam restrição de crescimento fetal e hipertensão arterial sistêmica. O fluxo sanguíneo uterino aumenta, aproximadamente, de 50 ml/min. na gestação de 10 semanas para 75 ml/min. com 16 semanas, 185 ml com 28 semanas e 500 ml/ min. no termo. O fluxo sanguíneo renal sobe, durante o primeiro trimestre, cerca de 50%, após esse período permanece estacionário para diminuir no ultimo mês. A pele também tem seu fluxo sanguíneo intensificado (500 ml/minuto), o mesmo ocorrendo com os intestinos, esse ultimo sem comprovação. O fluxo sanguíneo a outros órgãos pelvinos, além do útero, também está elevado, nas extremidades o mesmo é observado, porém nos inferiores mostra-se reduzida. 37 No cérebro, fígado e músculos esqueléticos não há alterações. A reatividade dos vasos sistêmicos e pulmonares diminui, possivelmente em conseqüência da maior síntese de prostaciclina, que tem, propriedades vasodilatadoras (CABRAL, 2002). Segundo Carvalho (1987), os fluxos sanguíneos cerebral e hepáticos não sofrem alterações. O renal eleva-se durante o primeiro trimestre de gestação, estacionando-se e começa diminuir no final do ultimo trimestre. A pressão venosa aumenta nos membros inferiores cerca de três vezes devido a compressão uterina sobre a veia cava inferior. Piorando na posição de pé e parada, que leva ao confinamento do sangue nos membros inferiores. Estas alterações favorecem a hipotensão e lipotimia ortostática, edema, varizes e hemorróidas. Na gestação normal, com aumento da volemia, seria de se esperar aumento da pressão arterial nas arteríolas espiraladas. Entretanto, a invasão do trofoblasto na muscular da arteríola espiralada aumenta a luz desse vaso e diminui a pressão arterial a esse nível, com consequente diminuição local da resistência ao fluxo. Associado a esse mecanismo, há diminuição da reatividade vascular aos agentes vasoativos, sendo que os vasos uterinos são os mais refratários à infusão de angiotensina II. O aumento da volemia materna, associada à diminuição da resistência vascular uterina, eleva o fluxo sanguíneo uterino de 400 a 500ml por minuto e no segundo trimestre de gestação para 900 a 1000ml por minuto no terceiro trimestre. Não apenas a mãe aumenta o fluxo sanguíneo ao útero, mas também o próprio feto, no final de gestação, aumenta o numero de vasos na placenta. Assim, o organismo materno prepara-se para as mudanças no fluxo sanguíneo objetivando a nutrição e oxigenação do concepto (RUDGE; BORGES e CALDERON, 1999). 2.5 TERAPIAS ALTERNATIVAS Apesar de não estar entre as terapias "cientificamente comprovadas", têm sido largamente empregadas por diversos profissionais com resultados excelentes (SILVA,2007). Homeopatia: Existem vários recursos em homeopatia para o trabalho de parto, para auxiliar no relaxamento, na dilatação, na indução e aceleração. Acupuntura: Pode ser usada para alívio da tensão, indução e aceleração do parto. Cromoterapia: Relaxa durante as contrações e suaviza muito as sensações fortes da expulsão, quando aplicada diretamente sobre a vulva. Terapia Floral: abaixa o nível de ansiedade, ajuda a lidar com o medo, tranquiliza e acalma, permite uma percepção mais aguçada, reforça a resistência física e emocional. Estas são apenas algumas das sugestões. Existem aparatos interessantes como a bola suíça, uso de óleos vegetais específicos, objetos familiares à parturiente, preparação para o parto, leitura de livros, conversas com outras mães, também são ótimas opções. Tudo é válido quando o objetivo é proporcionar uma rica experiência de parto, que possa inaugurar com “chave de ouro” uma nova fase para a família envolvida. 2.6 PRÉ-NATAL NAS GESTANTES IDOSAS 38 Toda mulher que está grávida deve estar consciente de que o pré-natal é o melhor meio de garantir a saúde da mãe e do bebê, um parto saudável, prevenindo doenças graves específicas da gravidez. São necessárias no mínimo 6 consultas com seu obstetra, que podem ser feitas através dos postos de saúde, dos hospitais especializados e até de consultas em consultório particular. O acolhimento, aspecto essencial da política de humanização, implica recepção da mulher, desde sua chegada à unidade de saúde, responsabilizando-se por ela, ouvindo suas queixas, permitindo que ela expresse suas preocupações, angústias, garantindo atenção resolutiva e articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência, quando necessário. Cabe à equipe de saúde, ao entrar em contato com uma mulher gestante, na unidade de saúde ou na comunidade, buscar compreender os múltiplos significados da gestação para aquela mulher e sua família, notadamente se ela for adolescente. O contexto de cada gestação é determinante para o seu desenvolvimento, bem como para a relação que a mulher e a família estabelecerão com a criança, desde as primeiras horas após o nascimento. Interfere, também, no processo de amamentação e nos cuidados com a criança e com a mulher. Um contexto favorável fortalece os vínculos familiares, condição básica para o desenvolvimento saudável do ser humano. É cada vez mais frequente a participação do pai no pré-natal, sua presença deve ser estimulada durante as atividades de consulta e de grupo, preparando o casal para o parto. A gestação, o parto, o nascimento e o puerpério são eventos carregados de sentimentos profundos, momentos de crises construtivas, com forte potencial positivo para estimular a formação de vínculos e provocar transformações pessoais. É importante acolher o (a) acompanhante de escolha da mulher, não oferecendo obstáculos à sua participação no prénatal, no trabalho de parto, parto e pós-parto. O benefício da presença do (a) acompanhante já foi comprovado. Vários estudos científicos, nacionais e internacionais, evidenciaram que as gestantes que tiveram a presença de acompanhantes se sentiram mais seguras e confiantes durante o parto. A história que cada mulher grávida traz deve ser acolhida integralmente, a partir do seu relato e do seu parceiro. São também parte dessa história fatos, emoções ou sentimentos percebidos pelos membros da equipe envolvida no pré-natal. Contando suas histórias, as grávidas esperam partilhar experiências e obter ajuda. Assim, a assistência pré-natal torna-se um momento privilegiado para discutir e esclarecer questões que são únicas para cada mulher e seu parceiro, aparecendo de forma individualizada, até mesmo para quem já teve outros filhos. Temas tabus como a sexualidade, poderão suscitar dúvidas ou necessidade de esclarecimentos. O diálogo franco, a sensibilidade e a capacidade de percepção de quem acompanha o pré-natal são condições básicas para que o saber em saúde seja colocado à disposição da mulher e da sua família – atores principais da gestação e do parto. Uma escuta aberta, sem julgamento nem preconceitos, que permita à mulher falar de sua intimidade com segurança, fortalece a gestante no seu caminho até o parto e ajuda a construir o conhecimento sobre si mesmo, contribuindo para um parto e nascimento tranqüilos e saudáveis. Escutar uma gestante é algo mobilizador. É um ato de autoconhecimento e reflexão contínua sobre as próprias fantasias, medos, emoções, amores e desamores. Escutar é 39 desprendimento de si. Na escuta, o sujeito dispõe-se a conhecer aquilo que talvez esteja muito distante de sua experiência de vida e, por isso, exige grande esforço para compreender e ser capaz de oferecer ajuda, ou melhor, trocar experiências. Como ser capaz de corresponder à confiança que as mulheres demonstram ao aderir à assistência pré-natal? As respostas a essas perguntas são da competência de cada pessoa que escolheu trabalhar com a prática geral da saúde ou, especificamente, com gestantes, ou ainda que, por força das circunstâncias, se depara com essa função no seu dia a dia. Um desafio a ser aceito. Ao Ministério da Saúde compete estabelecer políticas e normas técnicas para a atenção prénatal de boa qualidade. Na prática cotidiana dos serviços de saúde, o acolhimento se expressa na relação estabelecida entre os profissionais de saúde e os (as) usuários (as), em atitudes como: os profissionais se apresentando, chamando os (as) usuários (as) pelo nome, informando sobre condutas e procedimentos a serem realizados, escutando e valorizando o que é dito pelas pessoas, garantindo a privacidade e a confidencialidade, incentivando a presença do (a) acompanhante, entre outras atitudes. Em geral, a consulta de pré-natal envolve procedimentos bastante simples, podendo o profissional de saúde dedicar-se a escutar as demandas da gestante, transmitindo nesse momento o apoio e a confiança necessários para que ela se fortaleça e possa conduzir com mais autonomia a gestação e o parto. A maioria das questões trazidas, embora pareça elementar para quem escuta, pode representar um problema sério para quem o apresenta. Assim, respostas diretas e seguras são significativas para o bem-estar da mulher e sua família. No contexto da assistência integral à saúde da mulher, a assistência pré-natal deve ser organizada para atender às reais necessidades da população de gestantes, mediante utilização dos conhecimentos técnico-científicos existentes e dos meios e recursos disponíveis mais adequados para cada caso. As ações de saúde devem estar voltadas para a cobertura de toda a população-alvo da área de abrangência da unidade de saúde, assegurando continuidade no atendimento, acompanhamento e avaliação dessas ações sobre a saúde materna e perinatal. Como condições para uma assistência pré-natal efetiva, deve-se garantir (SILVA,2007): I. Discussão permanente com a população da área, em especial com as mulheres, sobre a importância da assistência pré-natal na unidade de saúde e nas diversas ações comunitárias; II. Identificação precoce de todas as gestantes na comunidade e o pronto início do acompanhamento pré-natal, para que tal se dê ainda no 1° trimestre da gravidez, visando às intervenções oportunas em todo o período gestacional, sejam elas preventivas ou terapêuticas. Deve-se garantir a possibilidade de as mulheres realizarem o teste de gravidez na unidade de saúde sempre que necessário. O início precoce da assistência pré-natal e sua continuidade requerem preocupação permanente com o vínculo entre os profissionais e a gestante, assim como com a qualidade técnica da atenção; III. Acompanhamento periódico e contínuo de todas as mulheres grávidas, visando assegurar o seguimento da gestante durante toda a gestação, em intervalos preestabelecidos, acompanhando-a tanto na unidade de saúde como em seu domicílio, e por meio de reuniões comunitárias; 40 IV. Sistema eficiente de referência e contra-referência, objetivando garantir a continuidade da assistência pré-natal em todos os níveis de complexidade do sistema de saúde, para toda a clientela, conforme a exigência de cada caso. Toda gestante encaminhada para um nível de atenção mais complexo deverá levar consigo o cartão da gestante, bem como informações sobre o motivo do encaminhamento e dos dados clínicos de interesse. Da mesma forma, devese assegurar o retorno da gestante à unidade básica de origem, com todas as informações necessárias para o seguimento do pré-natal. Para que tais práticas sejam desenvolvidas, faz-se necessário (SILVA,2007): A) recursos humanos que possam acompanhar a gestante segundo os princípios técnicos e filosóficos da assistência integral à saúde da mulher, no seu contexto familiar e social; b) área física adequada para atendimento a gestantes e familiares, no centro de saúde; com condições adequadas de higiene e ventilação. A privacidade é um fator essencial nas consultas e exames clínicos ou ginecológicos. c) apoio laboratorial para a unidade básica de saúde, garantindo a realização dos seguintes exames de rotina: - dosagem de hemoglobina (Hb); - grupo sangüíneo e fator Rh; – teste de Coombs indireto; – sorologia para sífilis (VDRL); – glicemia em jejum; – teste de tolerância com sobrecarga oral de 75g de glicose anidra; – exame sumário de urina (Tipo I); – urocultura com antibiograma; – exame parasitológico de fezes; – colpocitologia oncótica; – bacterioscopia do conteúdo vaginal; – teste anti-HIV. d) instrumentos de registro e processamento e análise dos dados disponíveis, visando permitir o acompanhamento sistematizado da evolução da gravidez, do parto e do puerpério, por meio da coleta e da análise dos dados obtidos em cada encontro, seja na unidade ou no domicílio. O fluxo de informações entre os serviços de saúde, no sistema de referência e contra-referência, deve ser garantido. Para tanto, devem ser utilizados: – cartão da gestante - instrumento de registro. Deve conter os principais dados de acompanhamento da gestação, os quais são importantes para a referência e contra-referência. Deverá ficar, sempre, com a gestante; – ficha perinatal - instrumento de coleta de dados para uso dos profissionais da unidade. Deve conter os principais dados de acompanhamento da gestação, do parto, do recém-nascido e do puerpério; – mapa de registro diário - instrumento de avaliação das ações de assistência pré-natal. Deve conter as informações mínimas necessárias de cada consulta prestada; e) medicamentos essenciais: antiácidos, sulfato ferroso com ácido fólico, supositório de glicerina, analgésicos, antibióticos, tratamento de corrimentos vaginais. 41 f) avaliação permanente da assistência pré-natal, com vistas à identificação dos problemas de saúde da população-alvo, bem como o desempenho do serviço. Deve subsidiar também, quando necessário, a mudança de estratégia com a finalidade de melhorar a qualidade da assistência. A avaliação será feita segundo os indicadores construídos a partir dos dados registrados na ficha perinatal, no cartão da gestante, nos mapas de registro diário da unidade de saúde, nas informações obtidas no processo de referência e contra-referência e no sistema de estatística de saúde do estado. As consultas de pré-natal poderão ser feitas na unidade de saúde ou durante visitas domiciliares. O calendário de atendimento pré-natal deve ser programado em função: - da idade gestacional na primeira consulta; - dos períodos mais adequados para a coleta de dados necessários ao bom seguimento da gestação; - dos períodos nos quais se necessita intensificar a vigilância, pela possibilidade maior de incidência de complicações; - dos recursos disponíveis nos serviços de saúde e da possibilidade de acesso da clientela aos mesmos. De acordo com a Lei do Exercício Profissional da Enfermagem – Decreto nº 94.406/87 o prénatal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado pelo (a) enfermeiro (a). O intervalo entre as consultas deve ser de quatro semanas. Após a 36° semana, a gestante deverá ser acompanhada a cada 15 dias, visando à avaliação da pressão arterial, da presença de edemas, da altura uterina, dos movimentos do feto e dos batimentos cardiofetais. O acolhimento, portanto, é uma ação que pressupõe a mudança da relação Profissional /usuário (a). O acolhimento não é um espaço ou um local, mas uma postura ética e solidária. Desse modo, ele não se constitui como uma etapa do processo, mas como ação que deve ocorrer em todos os locais e momentos da atenção à saúde. Nas consultas, aprendem como lidar com os problemas típicos da gravidez, recebem orientações sobre parto e amamentação, fazem exames que ajudam a prevenir e diagnosticar doenças, que podem colocar a gravidez em riscos. Nas ações educativas, vários aspectos são abordados, durante o pré-natal e no atendimento após o parto, a mulher, ou a família, deve receber informações sobre os seguintes temas (BITTAR,2009): Importância do pré-natal .Cuidados de higiene; A realização de atividade física, de acordo com os princípios fisiológicos e metodológicos específicos para gestantes, pode proporcionar benefícios por meio do ajuste corporal à nova situação. Orientações sobre exercícios físicos básicos devem ser fornecidas na assistência pré-natal e puerperal. Uma boa preparação corporal e emocional capacita a mulher a vivenciar a gravidez com prazer, permitindo-lhe desfrutar plenamente seu parto; Nutrição: promoção da alimentação saudável (enfoque na prevenção dos distúrbios nutricionais e das doenças associadas à alimentação e nutrição – baixo peso, sobrepeso, obesidade, hipertensão e diabetes; e suplementação de ferro, ácido fólico e vitamina A – para as áreas e regiões endêmicas); Desenvolvimento da gestação; Modificações corporais e emocionais; 42 Medos e fantasias referentes à gestação e ao parto; Atividade sexual, incluindo prevenção das DST/Aids e aconselhamento para o teste antiHIV; Sintomas comuns na gravidez e orientações para as queixas mais freqüentes; (Sinais de alerta e o que fazer nessas situações (sangramento vaginal, dor de cabeça, transtornos visuais, dor abdominal, febre, perdas vaginais), dificuldade respiratória e cansaço); Preparo para o parto: planejamento individual considerando local, transporte, recursos necessários para o parto e para o recém-nascido, apoio familiar e social; Orientações e incentivo para o parto normal, resgatando-se a gestação, o parto, o puerpério e o aleitamento materno como processos fisiológicos; Incentivar o protagonismo da mulher, potencializando sua capacidade inata de dar à luz; Orientação e incentivo para o aleitamento materno e orientação específica para as mulheres que não poderão amamentar; Importância do planejamento familiar num contexto de escolha informada, com incentivo à dupla proteção; Sinais e sintomas do parto; Cuidados após o parto com a mulher e o recém-nascido, estimulando o retorno ao serviço de saúde; Saúde mental e violência doméstica e sexual; Benefícios legais a que a mulher tem direito, incluindo a Lei do acompanhante; Impacto e agravos das condições de trabalho sobre a gestação, o parto e o puerpério; Importância da participação do pai durante a gestação e o parto, para o desenvolvimento do vínculo entre pai e filho, fundamental para o desenvolvimento saudável da criança; O direito a acompanhante de sua escolha durante o trabalho de parto, no parto e no pósparto, garantido pelo Lei nº 11.108, de 7/4/2005, regulamentada pela Portaria GM 2.418, de 2/12/2005; Gravidez na adolescência e dificuldades sociais e familiares; Importância das consultas puerperais; Cuidados com o recém-nascido; Importância da realização da triagem neonatal (teste do pezinho) na primeira semana de vida do recém-nascido; Importância do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da criança, e das medidas preventivas (vacinação, higiene e saneamento do meio ambiente). 3. METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa exploratória e explicativa de abordagem qualitativa, com coleta de dados por referência bibliográfica,com fontes secundarias, tendo como amostra mulheres gestantes idosas, independente da fase gestacional. 4.CONCLUSÃO O enfermeiro é o profissional que mantém maior contato com as pacientes da unidade básica de saúde e de acordo com o Ministério da Saúde, pode solicitar os exames do pré-natal. Portanto, torna-se claro o papel crucial que a enfermagem exerce no cuidado à gestante, sendo possível uma detecção precoce de complicações. 43 Com a implantação da atenção aos partos de baixo risco por enfermeiros obstetras, houve alterações nas práticas e rotinas das instituições em virtudes das mesmas se encontrarem implícitas no contexto da humanização do parto e nascimento. A assistência hospitalar ao parto deve ser segura, garantindo a cada mulher os benefícios dos avanços científicos, mas principalmente, deve permitir e estimular o exercício da cidadania feminina, resgatando a autonomia da mulher no parto. A enfermagem vem em busca do seu reconhecimento como ciência, enfatizando que o cuidado é a essência de sua prática, seu ideal. Porém, o cuidar com o advento do modelo biomédico, arraigado no propósito de curar, meramente constitui-se como o cumprimento da prescrição médica, caracterizando-se como rotineiro e burocrático. Concorda-se com CARVALHO (1987) quando aponta como ideal, o eixo norteador da existência humana responsável pela congruência de esforços, para a exteriorização das aspirações, ou melhor, dos desejos subjetivos, de forma concreta na realidade. O autor enfatiza ainda que as imposições constantes contra a efetivação dos ideais tornam os esforços repetitivos e intoleráveis. Então, a insatisfação revela-se ao indivíduo, tornando-o indiferente às injustiças, antes desprezíveis. Assim, a banalização efetua-se, adormecendo a sensibilidade do indivíduo frente às atrocidades vivenciadas. Na enfermagem, a banalização se desenvolve quando há o abandono do ideal da humanização da assistência. Acredita-se que o cuidado como foco central da enfermagem, deverá constituir-se na interação, no contato com o paciente, no resgate do cuidado humano. Para resgatá-lo, a enfermagem precisará desenvolver uma relação interdependente, recíproca com o ser cuidado, propiciando condições de crescimento, de aprendizagem para seu restabelecimento. O que poderá contribuir para a consolidação de novas experiências, enriquecendo a sua capacidade de cuidar, evitando um contexto reducionista. Cumpre salientar, que o cuidado acompanha a vida desde o princípio. Assim, torna-se imprescindível tanto na higidez como na enfermidade e morte, representando o estímulo de gozar a vida, satisfazendo as carências humanas de relacionamento. Todavia, o processo de cuidar não deve se pautar somente na identificação dos sinais e sintomas clínicos da doença, mas nas modificações que ocorrem na estrutura dos seres humanos as quais abalam a sua totalidade. Observa-se que o cuidar não comporta somente a excelência na execução das intervenções de enfermagem. Mas, também a condição de que o cuidador deverá em suas ações expressar a sua sensibilidade fazendo com que o ser cuidado perceba seu interesse e respeito, transmitindo-lhe segurança. Segundo Zugaib (2007) “O cuidar parece deixar de ser um procedimento, uma intervenção para ser uma relação onde a ajuda é no sentido da qualidade do outro ser ou de vir a ser, respeitando-o, compreendendo-o, tocando-o de forma mais efetiva”. Entendendo o cuidar como cuidado humano e, que a situação de parto desperta as mais variadas reações de ansiedade na parturiente, observa-se que a equipe de enfermagem precisa estar preparada e ciente das complicações que sucedem cada reação. De acordo com as colaboradoras estudadas durante o período do parto há fatores como dor, sofrimento, solidão, o próprio parto, hospitalização, estado do bebê, que amedrontam a parturiente, resultando na falta de controle 44 das situações vivenciadas. Porém, as orientações contínuas, por parte dos profissionais da enfermagem, fornecendo explicações sobre as condições de evolução do parto, são estratégias apontadas para a superação destas dificuldades. Se a equipe de enfermagem não desenvolver um manejo correto, a experiência do parto poderá ser traumatizante, havendo maior probabilidade de complicações obstétricas. 5. REFERÊNCIAS , ARMOND Gravidez depois dos 40 anos: cuidados e prevenções. 28 de Março de 2014. Disponível em: https://br.mulher.yahoo.com/cuidados-e-preven-es-da-gravidez-depois-dos150100188.html. Acesso em 31 de Março de 2014. BRASIL, Ministério da Saúde. Pré-natal e puerperio atenção qualificada e humanizada manual técnico (2006). Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_pre_natal_puerperio_3ed.pdf. Acesso em 31 de Março em 2014. BITTAR, Roberto Eduardo; ZUGAIB, Marcelo. Tratamento do Trabalho de Parto Prematuro. Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2009. vol 31. n.8. pag. 415 a 422. CARVALHO, Maria Luiza Mello de. Participação dos pais no nascimento em maternidade Pública: dificuldades institucionais e motivações dos casais. Cad. Saúde Pública, vol. 19 suppl. 2, Rio de Janeiro 1987. COSTA, Elisa Amarin da At Al. Saúde da família- uma abordagem multidisciplinar- 2. Ed Rio de Janeiro. Editora Rubia, 2009 CABRAL, Antônio Carlos Vieira. Obstetrícia. 2ª edição. Rio de janeiro. Editora Revinter. 2002. p. 427. FERREIRA, Cláudia Ramos de Carvalho; FERREIRA, Diana Carvalho. Adaptação Materna. In: CORREA, Mário Dias et al. Noções Práticas de Obstetrícia. 13ª edição. Belo Horizonte: COOPMED. 1999. cap 03. P. 27 a 44. NEME, Bussâmara; TEDESCO, Julio José; SABATINO, Hugo. Contração Uterina. In: Neme, B; Neme Obstetrícia Básica. 2 ª edição. São Paulo: Sarvier, 2000, cap. 17, p. 137 a 138. RUDGE, Marilsa Vieira Cunha; BORGES, Vera Therezinha Medeiros; CALDERON, Iracema de Matos Paranhos. Adaptação do Organismo Materno a Gravidez. In: NEME, Bulssâmara. Obstetrícia Básica. 3ª edição. São Paulo: Sarvier. 2000. cap 06. p. 36 a 44. SILVA, João Luiz Pinto e. Prematuridade: Aspectos Clínicos. In: NEME, Bussâmara; Neme Obstetrícia Básica. 2. Ed. São Paulo: Sarvier, 2007, cap 39, pag. 305 a 317. ZUGAIB, Marcelo. Zugaib Obstetrícia. SP – Barueri: Manole. 2002. P. 1228. ZIEGUEL, E.E., CRANLEY, M.S., Enfermagem Obstétrica, 8 ª ed, Rio de janeiro :Guanabara Koogan, 1986. 45 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO FRENTE ÀS DIFICULDADES NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL1 Danyelle Morgam Batista2 Francielle Bom de Souza Beltrame2 Luziane Aparecida de Jesus da Silva2 Neuzimar da Silva Maciel2 Monara Souza Vieira3 RESUMO O artigo pretende descrever os problemas relacionado a portadores de doenças crônicas que podem ou não está associada ao estilo de vida. Indivíduos vivem de forma sedentária e deixam de se preocupar com sua saúde, aumentando assim o risco de desenvolver hipertensão arterial e que podem até mesmo conduzir ao óbito. Será feito um breve estudo apresentando de forma geral as dificuldades do enfermeiro no controle da hipertensão arterial e como objetivos específicos buscar o conceito de hipertensão arterial, mostrar as dificuldades no controle da doença e ações a serem desenvolvidas pelo profissional junto ao portador. Tratase de uma pesquisa por referencial bibliográfico, exploratória, com coleta de dados secundários, direcionado a todos hipertensos ou pessoas que podem desenvolver a doença, independente das condições sócio-financeiras. Concluímos que incumbe aos enfermeiros programar a consulta de enfermagem juntamente com o apoio multiprofissional oferecendo ao hipertenso um atendimento de qualidade contribuindo de forma eficaz e efetiva para promoção e proteção a saúde da comunidade otimizando a adesão ao tratamento e estímulos para inovar seu modo de vida. PALAVRAS-CHAVES: Hipertensão Arterial. Dificuldade. Controle. Enfermeiro. ABSTRACT This article intends to describe the problems related to those who have chronicle diseases, which can or cannot be associated with their style of life. Some individuals have a sedentary way of life without worrying about their health, increasing their risk of developing arterial hypertension, which can cause death. A brief study will be carried out presenting in general the difficulties a nurse faces when it comes to hypertension control and, as its specific aims, search for the concept of arterial hypertension, show the difficulties to control the disease and the actions to be developed by the professional with the bearer. It is an exploratory research based on bibliographical references, with secondary data collection, towards all the hypertensive people or those who may develop the disease, independent on their social and financial conditions. We assumed that it is the nurse’s role to program the nursing appointment along with the multi-professional support, offering to the hypertensive person a good quality service, contributing effectively and efficiently to promote and protect the community health, turning better the adhesion to the treatment and stimulus to innovate their style of life. 1 Artigo Cientifico de Conclusão de Curso de Enfermagem da Faculdade MULTIVIX – NOVA VENÉCIA Graduandos do Curso de Enfermagem da Faculdade MULTIVIX – NOVA VENÉCIA 3 Professora Orientadora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade MULTIVIX – NOVA VENÉCIA. Especialista em Saúde da Família. Mestranda em Ciência da Educação. 2 46 KEY WORDS: Arterial Hypertension. Difficulties. Controll. Nurse. 1 INTRODUÇÃO No momento atual a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), tem um alto índice de predominância no mundo e é caracterizado pelo aumento da pressão arterial, sendo causas frequentes a obesidade, o sedentarismo, o etilismo, entre outros fatores como baixo nível escolar e portadores de diabetes na família (SANTOS; BACKES, 2009). A escolha do tema “Atuação do Enfermeiro Frente ás Dificuldades no Controle da Hipertensão Arterial”, justifica-se a importância em demonstrar as dificuldades encontradas pelo hipertenso no controle da doença e diante desse processo como os profissionais de enfermagem podem ser introduzidos no cuidado e orientação. O estudo pretende aprofundar-se sobre os obstáculos que o enfermeiro enfrenta com o paciente portador da doença, perante a mudança do estilo de vida no controle da hipertensão arterial, sendo essas relacionadas a questões financeiras, recusa nas mudanças dos hábitos de vida, desleixo pela modificação perante a vida. Essa pesquisa tem por objetivo apresentar o conceito de hipertensão arterial, mostrar os problemas enfrentados no controle da doença, estimular as ações a serem desenvolvidas pelo profissional enfermeiro junto ao portador. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A HIPERTENSÃO ARTERIAL Segundo Smeltzer et al (2009, p. 862): A pressão arterial é o produto do débito cardíaco multiplicado pela resistência periférica. O débito cardíaco é o produto da freqüência cardíaca multiplicada pelo volume sistólico. Na circulação normal, a pressão é exercida pelo fluxo de sangue através do coração e dos vasos sanguíneos. A pressão arterial alta, conhecida como hipertensão, pode resultar de uma alteração no débito cardíaco, uma modificação na resistência periférica ou de ambas. A hipertensão é definida pelo Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure (JNC 7) como uma pressão arterial sistólica superior a 140 mm Hg e uma pressão diastólica superior a 90 mm Hg na média de duas ou mais medições exatas da pressão arterial obtidas durante dois ou mais contatos com um profissional de saúde. Já na visão de Mahan; Escott-Stump e Raymond (2012, p.758): Para ser definida como hipertensão arterial sistêmica, a pressão arterial sistólica (PAS), a pressão arterial durante a fase de contração do ciclo cardíaco, precisa estar em 120mmHg ou acima disso; ou a pressão arterial diastólica (PAD), a pressão durante a fase de relaxamento do ciclo cardíaco, precisa ser de 80mmHg ou superior. 47 Segundo Kumar; Abbas e Fausto (2005, p. 552), “a prevalência e a vulnerabilidade quanto às complicações da doença aumentam com a idade e, por razões desconhecidas, são mais elevadas em afro-americanos”. 2.2 O PROGRAMA DE CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL Hiperdia é o programa disponível pelo Ministério da Saúde, inserido nos municípios, que cadastra os hipertensos e diabéticos, oferecendo a eles informação e tratamento. O objetivo desse programa é fazer o acompanhamento dos hipertenso-diabéticos e medicá-los com finalidade de tratar a doença. O sistema garante ao portador dessas doenças o recebimento dos medicamentos gratuitamente, ou seja, o tratamento a pessoas que sofrem de doenças crônicas como hipertensão e diabetes, bem como orientações sobre a mudança do estilo de vida (BRASIL, s.d.). 2.3 DIFICULDADES ENCONTRADAS NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO 2.3.1 Controle de peso Sobre o sobrepeso e a obesidade, a Estratégia Saúde da Família deve implementar medidas de combate com a finalidade de diminuir a morbidade e mortalidade causada por doenças cardiovasculares. A hipertensão arterial está totalmente ligada ao estilo de vida, por isso é importante a criação de medidas educativas para combater os fatores de risco (MAGRINI; MARTINI, 2012). Na concepção de BRASIL (2006, p. 25): O excesso de peso é um fator predisponente para hipertensão, estima-se que 20% a 30% da prevalência da hipertensão pode ser explicada pela presença do excesso de peso. Todos os hipertensos com excesso de peso devem ser incluídos em programas de redução de peso. A meta é alcançar um índice de massa corporal (IMC) inferior a 25 kg/m2 e circunferência da cintura inferior a 102 cm para homens e 88 cm para mulheres; embora a diminuição de 5% a 10% do peso corporal inicial já seja capaz de produzir redução da pressão arterial. Independente do valor do IMC, a distribuição de gordura, com localização predominantemente no abdome, está freqüentemente associada com resistência à insulina e elevação da pressão arterial. Assim, a circunferência abdominal acima dos valores de referencia é um fator preditivo de doenças cardiovascular. A redução da ingestão calórica leva à perda de peso e à diminuição da pressão arterial, mecanismo explicado pela queda da insulinemia, redução da sensibilidade ao sódio e diminuição da atividade do sistema nervoso autônomo simpático. A redução de ingestão de gorduras em portadores de hipertensão arterial, previne incidências de complicações de doenças coronarianas e obesidade, prevenindo a elevação da pressão sanguínea (PESSUTO; CARVALHO, 1998). 2.3.2 Adoção de hábitos alimentares saudáveis Segundo Spethmann (2004, p. 24 e 25): Quanto mais natural a alimentação, melhor [...] a nota discordante é dada por indivíduos que granjeiam lucro fantástico com a artificialização dos alimentos e com a doença. A ação de agentes inescrupulosos está dizimando a população mundial por meio de doenças crônico-degenerativas. Câncer, infarto, diabete, hipertensão arterial, 48 derrame cerebral, úlcera no estômago, doenças respiratórias, trombose e gangrena, são as conseqüências mais comuns dos erros alimentares. De acordo com BRASIL (2006, p.25): A dieta desempenha um papel importante no controle da hipertensão arterial. Uma dieta com conteúdo reduzido de teores de sódio ( < 2,4 g/dia, equivalente a 6 gramas de cloreto de sódio), baseada em frutas, verduras e legumes, cereais integrais, leguminosas, leite e derivados desnatados, quantidade reduzida de gordura saturadas, trans e colesterol mostrou ser capaz de reduzir a pressão arterial em indivíduos hipertensos. O consumo do sal é um elemento que contribui bastante para a aquisição de doenças. A hipertensão arterial assim como a retenção de líquido, são conseqüências que estão relacionadas ao consumo excessivo de sal (SPETHMANN, 2004). “A seleção dos alimentos que precisam ser ingeridos não deve se basear apenas nos tipos de alimentos, mas também na quantidade necessária para suprir o organismo de todos os nutrientes” (YAMAGUCHI, et al. 2010, p.219). 2.3.3 Redução do consumo de bebidas alcoólicas Segundo Gitlow e Peyser (1991, p. 15): Alcoolismo é uma doença caracterizada pela ingestão repetitiva e compulsiva de quaisquer drogas sedativas, o etanol representando apenas uma deste grupo, de maneira tal a resultar na interferência em algum aspecto na vida do paciente, seja ele à saúde, o estado civil, a carreira, os relacionamentos interpessoais, ou outras adaptações sociais necessárias. “O aumento das taxas de álcool no sangue eleva a pressão arterial lenta e progressivamente, na proporção de 2mmHg para cada 30ml de álcool etílicos ingeridos diariamente. Sendo que quando suspensos, as cifras revertem” (PESSUTO e CARVALHO, 1998, p.35). BRASIL (2006, p.26) afirma que: A relação entre alto consumo de bebida alcoólica e a elevação da pressão arterial tem sido relatada em estudos observacionais e a redução de álcool pode reduzir a pressão arterial em homens normotensos e hipertensos que consomem grandes quantidades de bebidas alcoólicas. Recomenda - se limitar a ingestão de bebidas alcoólicas a menos de 30 ml/dia de etanol para homens e a metade dessa quantidade para mulheres, preferencialmente com as refeições. Isso corresponde, para o homem, a ingestão diária de no máximo 720 ml de cerveja (uma garrafa); 240 ml de vinho (uma taça) ou 60 ml de bebida destilada (uma dose). Aos pacientes que não conseguem se enquadrar nesses limites de consumo sugere -se o abandono do consumo de bebida alcoólicas. 2.3.4 Abandono do tabagismo As pessoas que tem o hábito de fumar se preocupam muito com doenças relacionas ao sistema respiratório. E muitas vezes por falta de informação não sabem o risco que o uso da nicotina pode trazer para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e coronarianas. Essas doenças aumentam o índice de mortalidade tanto quanto o câncer. O uso da nicotina faz com que seja estimulada a liberação de adrenalina fazendo com que aumente a pressão arterial, e criando uma sobrecarga ao coração (CARVALHO, 1994). 49 Segundo BRASIL (2006, p.27): O risco associado ao tabagismo é proporcional ao número de cigarros fumados e à profundidade da inalação. Parece ser maior em mulheres do que em homens. Em avaliação por MAPA, a PA sistólica de hipertensos fumantes foi significativamente mais elevada do que não- fumantes, revelando o importante efeito hipertensivo transitório do fumo. Portanto, os hipertensos que fumam devem ser repetidamente estimulados a abandonar esse hábito por meio de aconselhamento e medidas terapêuticas de suporte específicas. Já de acordo com Pessuto e Carvalho (1998, p.36), “A nicotina é prejudicial ao organismo, pois promove a liberação de catecolaminas, que aumentam a frequência cardíaca, a pressão arterial e a resistência periférica”. 2.3.5 Prática de atividades físicas regulares A prática do exercício físico além de controlar o peso e diminuir a tensão melhora a saúde e a qualidade de vida. Pessoas que se exercitam regularmente são menos vulneráveis a adquirir doenças crônicas, e há alguns tipos de exercícios que fazem do coração uma bomba mais eficiente e diminuem a pressão alta (CARVALHO, 1994). Segundo Haywood e Getchell (2010, p. 306): O aumento ou a diminuição da pressão sanguínea durante o exercício também depende da saúde das fibras musculares cardíacas e da capacidade de tolerar uma carga de trabalho aumentada. Um estilo de vida com atividade física regular esta associado a uma menor pressão sanguínea sistólica. De acordo com o BRASIL (2006, p.27): Pacientes hipertensos devem iniciar atividade física regular, pois além de diminuir a pressão arterial, o exercício pode reduzir consideravelmente o risco de doença arterial coronária e de acidentes vasculares cerebrais e a mortalidade geral, facilitando ainda o controle do peso. A recomendação da atividade física baseia-se em parâmetros de freqüência, duração, intensidade e modo de realização. Portanto, a atividade física deve ser realizada por pelo menos 30 minutos, de intensidade moderada, na maior parte dos dias da semana (5) de forma contínua ou acumulada. A orientação ao paciente deve ser clara e objetiva. As pessoas devem incorporar a atividade física nas atividades rotineiras como caminhar, subir escadas, realizar atividades domésticas dentro e fora de casa, optar sempre que possível pelo transporte ativo nas funções diárias, que envolvam pelo menos 150 minutos/semana (equivalente a pelo menos 30 minutos realizados em 5 dias por semanas). O efeito da atividade de intensidade moderada realizada de forma acumulada é o mesmo daquela realizada de maneira contínua, isto é, os trinta minutos podem ser realizados em uma única sessões ou em duas sessão de 15 minutos (p.ex. manhã e tarde) ou ainda, em três sessões de dez minutos (p.ex. manhã, tarde e noite). 2.3.6 Estresse emocional Segundo Carvalho (1994, p.29): O estresse é apenas um dos fatores de risco. É relativamente freqüente, em pessoas predispostas, uma situação estressante anteceder ou desencadear uma crise de angina ou um infarto, ou até a morte súbita. O estresse aumenta a secreção de hormônios da 50 glândula supra-renal (as catecolaminas) e eles, por sua vez, aumentam a pressão arterial, as gorduras no sangue, e a agregação das plaquetas, que concorre para a formação de trombo nas artérias. 2.4 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO, UMA ABORDAGEM SISTEMATIZADA NO CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL Segundo BRASIL (2006, p. 24): A abordagem multiprofissional é de fundamental importância no tratamento da hipertensão e na prevenção das complicações crônicas. Assim como todas as doenças crônicas, a hipertensão arterial exige um processo contínuo de motivação para que o paciente não abandone o tratamento. Sempre que possível, além do médico, devem fazer parte da equipe multiprofissional os seguintes profissionais de saúde: enfermeiro, nutricionista, psicólogo, assistente social, professor de educação física, farmacêutico e agentes comunitários de saúde. Dentre as ações comuns à equipe multiprofissional, destacam-se as seguinte: Promoção à saúde (ações educativas com ênfase em mudanças do estilo de vida, correção dos fatores de risco e divulgação de material educativo); Treinamento de profissionais; Encaminhamento a outros profissionais, quando indicado; Ações assistenciais individuais e em grupo; Gerenciamento do programa. A participação do enfermeiro resume-se na consulta de enfermagem, onde ali é realizada a aferição de pressão arterial, investigação sobre os fatores de risco e hábitos de vida do paciente, dar orientações aos pacientes e familiares sobre a doença, uso de medicamentos e efeitos adversos, busca e acompanhamento de pacientes hipertensos, encaminhamento médico quando necessário administração do serviço, e delegação de atividades ao restante da equipe de enfermagem (ES, 2008). 3 METODOLOGIA Para obtenção desse trabalho foi necessário utilização da pesquisa exploratória. De acordo com Andrade (2001, p.174) : Pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo trabalho científico. São finalidades da pesquisa exploratória, proporcionar informações sobre determinado assunto; facilitar a delimitação de um tema de trabalho; definir os objetivos ou descobrir novo tipo de enfoque para o trabalho que se tem em mente. Através das pesquisas exploratórias avalia-se a possibilidade de desenvolver uma boa pesquisa sobre determinado assunto. A pesquisa exploratória é justificada, pois através dela podemos obter mais informações e conhecimento sobre o assunto apresentado. A técnica utilizada para coleta de dados desse projeto é a pesquisa bibliográfica. Segundo Gil (2002, p. 44), “ a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. 51 Conforme Cervo e Bervian (2002, p. 65), “a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos”. Justifica-se a utilização da pesquisa bibliográfica pela importância desse tipo de pesquisa relacionado ao conhecimento e informação fundamentais para realização do trabalho. Para realizar esse projeto, é necessário que se defina uma fonte, podendo ser primária ou secundária. A utilização da fonte para esse trabalho será a secundária. Na concepção de Andrade (2001, p. 43), “as fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constituem-se em fontes das pesquisas bibliográficas”. 4 CONCLUSÃO Diante do que foi exposto, entende-se que há necessidade de organizar um atendimento a portadores de hipertensão arterial, no sentido de fortalecer a importância de mudanças no comportamento, já que foram levantados aspectos quanto controle do peso, adoção de hábitos alimentares saudáveis, redução do consumo de bebidas alcoólicas, abandono do tabagismo, práticas de atividade física regular, estresses emocional. Dessa forma fica a sugestão aos enfermeiros programar a consulta de enfermagem juntamente com o apoio multiprofissional oferecendo ao hipertenso um atendimento de qualidade contribuindo de forma eficaz e efetiva para promoção e proteção a saúde da comunidade otimizando a adesão ao tratamento e estímulos para modificação do estilo de vida. 5 REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001. BRASIL.Ministério da Saúde. HIPERDIA: Sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensão e diabetes. Brasília-DF,s.d. Disponível em : <http://datasus.saude.gov.br/index.php/sistemas-aplicativos/epidemiologicos/hiperdia>. Acesso em: 02 abr. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica: Hipertensão Arterial Sistêmica. Brasília-DF: 2006. CARVALHO, Jairo Jesus Mancilha. Você e o seu coração. 2.ed. Rio de Janeiro-RJ: Qualitymark, 1994. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5 ed. 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Barueri-SP: Manole, 2010. 53 ÚLCERA POR PRESSÃO: É UM INDICADOR DE QUALIDADE DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM?¹ Solange Belúcio Tetzner² Sophia Cunha Boldrini² Vinicius Alberto Alves Santos² Dayana Loureiro Seibert Fiorini³ RESUMO O cuidado de enfermagem é imprescindível para o serviço de qualidade na assistência prestada ao cliente. A partir do tema proposto, considera-se de suma importância descrever se a ocorrência da úlcera por pressão é indicador da qualidade do serviço enfermagem, pois na maior parte dos casos, a úlcera por pressão ocorre a partir da ausência ou insuficiência desse cuidado, gerando um impacto na qualidade de vida do paciente e de sua família. Portanto o presente trabalho apresenta meios de compreensão ao leitor no que diz respeito a indicadores de qualidade no serviço de enfermagem nas úlceras por pressão, além de viabilizar uma pesquisa ampla, para que sejam analisados e conhecidos os fatores de risco para a úlcera por pressão, verificando a qualidade da assistência do serviço de enfermagem, e indicar ações de prevenção que visem melhorar a qualidade de vida do paciente. Para que os objetivos propostos fossem atingidos, foi realizada uma pesquisa por referências bibliográficas, exploratória, com abordagem qualitativa, e uso de fontes secundárias. PALAVRAS-CHAVES: Enfermagem. Úlcera por pressão. Indicador de qualidade. ABSTRACT Nursing care is essential for service quality in assisting the customer. From the theme, it is considered of paramount importance to describe the occurrence of pressure ulcers is an indicator of the quality of nursing service, because in most cases the pressure ulcer occurs from the absence or lack of care, generating an impact on quality of life of patients and their families. Therefore this paper presents ways of understanding the reader with regard to indicators of quality nursing service in pressure ulcers, as well as providing extensive research, to be analyzed and known risk factors for pressure ulcers, checking the quality of care of nursing service, and give preventive actions to improve the quality of life of patients. For the proposed objectives were achieved, a search for literature, exploratory references was conducted using a qualitative approach, and use of secondary sources. KEYWORD: Nursing, Pressure ulcer, Quality indicator. _________ ¹Trabalho de Conclusão de Curso. ²Acadêmicos do 10º Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia-MULTIVIX-Nova Venécia ³Professora Orientadora. Professora do Curso de Graduação Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – Multivix. Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA/SAE) do município de São Mateus,ES. 54 1 INTRODUÇÃO Há cem anos o patologista Rudolph Virchow descreveu a pele como uma cobertura protetora para os órgãos viscerais internos. Desde então a pele foi considerada uma barreira passiva contra a perda de fluidos e lesões mecânicas (KUMAR, ABBAS E FAUSTO, 2005). Diante da afirmação de Kumar, Abbas e Fausto (2005), compreende-se que a pele é um órgão complexo e essencial para a proteção do corpo humano, sua integridade prejudicada contribui para o desenvolvimento de lesões e entre elas a úlcera por pressão (UPP). De acordo com Figueiredo, Silva e Silva (2009, p.284): Úlcera por pressão são áreas enfartadas em tecidos moles, que ocorrem quando a pressão aplicada à pele, por algum tempo, é maior que a pressão capilar normal, estas podem ser desencadeadas por forças mecânicas externas como: pressão, fricção e cisalhamento. A partir do tema proposto, considera-se de suma importância descrever sobre a ocorrência da úlcera por pressão como um indicador da qualidade do serviço de enfermagem, pois na maior parte dos casos, a úlcera por pressão ocorre a partir da ausência ou insuficiência destes cuidados, gerando um impacto na qualidade de vida do paciente e de sua família. O trabalho da equipe de enfermagem é fundamental para o controle dos fatores de risco que favorecem o surgimento das úlceras. Devido a isso, a utilização de indicadores na prevenção de UPP tem sido associada a um cuidado de enfermagem de qualidade. O presente trabalho com o tema saúde do adulto tem como objetivo geral identificar se a úlcera por pressão é um indicador de qualidade do serviço de enfermagem e como objetivos específicos, apresentar a fisiopatologia da úlcera por pressão; identificar os fatores de risco da úlcera por pressão; indicar ações de enfermagem e sua importância na prevenção da úlcera por pressão. Para que os objetivos propostos fossem atingidos, foi realizada uma pesquisa por referências bibliográficas, exploratória, com abordagem qualitativa, e uso de fontes secundárias. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 ANATOMIA DA PELE Há cem anos o patologista Rudolph Virchow descreveu a pele como uma cobertura protetora para os órgãos viscerais internos. Desde então a pele foi considerada uma barreira passiva contra a perda de fluidos e lesões mecânicas (KUMAR, ABBAS E FAUSTO, 2005). A pele é considerada o maior órgão do Corpo Humano, constituída por duas camadas principais: Epiderme (camada externa), Derme (camada interna). Atua como órgão sensorial além de ser responsável pela proteção e defesa contra microrganismos. (DALACORTE et al., 2012). Segundo Figueiredo, Silva e Silva (2009), a pele é constituída por estruturas distintas, tendo a incumbência de manter o equilíbrio entre o meio interno e externo. Dentre suas múltiplas funções encontram-se: a proteção, a secreção, a termorregulação, a percepção, a comunicação e a identificação. 55 De acordo com Silva et al.(2011) a pele é a primeira linha de defesa do organismo, e constitui assim uma importante barreira contra as irritações. Sendo formada por três camadas: epiderme, derme e hipoderme. 2.2 FISIOPATOLOGIA DA ÚLCERA POR PRESSÃO Para Figueiredo, Silva e Silva (2009, p. 284): Úlcera por pressão são áreas enfartadas em tecidos moles, que ocorrem quando a pressão aplicada à pele, por algum tempo, é maior que a pressão capilar normal. Podem ser desencadeadas por forças mecânicas externas como: pressão, fricção e cisalhamento. “As úlceras por pressão tem múltiplos fatores etiológicos” (POTTER et al., 2013, p.1216). Porém a pressão é um fator primário para o seu desenvolvimento. A veemência da pressão e a tolerância do tecido estão diretamente relacionadas ao aparecimento das úlceras. Uma pressão externa maior do que a pressão nas arteríolas e nas vênulas pode causar uma deficiência na irrigação sanguínea, uma vez que a interferência do aporte nutricional, a oxigenação dos tecidos envolvidos e o acúmulo de produtos tóxicos proveniente do metabolismo causam anoxia e morte celular (INCA, 2009). De acordo com Guimarães (2011, p.117): O nosso organismo está habituado a uma dinâmica vascular que é, entre outras coisas, dependente da movimentação do corpo. Essa dinâmica vascular mantém a boa irrigação sanguínea arterial nutrindo os tecidos com oxigênio e nutrientes indispensáveis à vida dos tecidos. Além disso, evita o acúmulo de substâncias nocivas aos tecidos, como as resultantes das trocas gasosas e do metabolismo, não permitindo que haja estase venosa. Por consequência, em pacientes acamados, essa dinâmica encontra-se alterada, fazendo com que os tecidos sintam os efeitos da limitação funcional, resultando em uma modificação da pele, causando em seu estágio final a necrose (GUIMARÃES, 2011). Somente após o desbridamento da úlcera é que o estágio da mesma poderá ser diagnosticado de acordo com sua profundidade e grau de comprometimento dos tecidos (SILVA et al., 2011). Segue abaixo, tabela indicando possíveis estágios da úlcera por pressão e sua descrição: Tabela 1: Possíveis estágios da úlcera por pressão e sua descrição Estágios Estágio I Definição Pele intacta com eritema persistente na vigência da pressão de um dedo, geralmente localizada sobre uma proeminência óssea. Pele de coloração negra pode não ter eritema visível; sua cor pode ser diferente da área circundante. 56 Estágio II Perda parcial da espessura da derme, que se apresenta como uma úlcera rasa e aberta, com o leito da ferida de coloração vermelha ou rosa, sem esfacelo. Também pode apresentar-se como uma bolha intacta ou aberta, preenchida por soro. Estágio III Perda total da espessura do tecido. Gordura subcutânea pode ser visível, mas ossos, tendões ou músculos não estão expostas. Esfacelo pode estar presente, mas não obscurecem a profundidade de perda de tecido profunda. Podem incluir a destruição do tecido e formação de um túnel. Estágio IV Perda total da espessura do tecido com exposição óssea, tendões ou músculos. Esfacelo ou escara podem estar presentes em algumas áreas no leito da ferida. Frequentemente incluem a destruição do tecido e formação de um túnel. Sem Estágio Perda total da espessura do tecido em que a base da úlcera é coberta por esfacelo (amarelo, bronze, cinza, verde ou marrom) e/ou escara (bronze, marrom ou preto) no leito da ferida. Dano Tecidual Profundo Área localizada roxa ou marrom com pele intacta e descorada ou bolha com sangue devido ao dano de tecido mole subjacente por pressão e/ou cisalhamento. A área pode ser precedida por tecido que é doloroso, firme, amolecido, morno ou frio quando comparado ao tecido subjacente. Fonte: MALAGUTTI et al., (2014, p.242) 2.3 FATORES DE RISCO PARA O SURGIMENTO DAS ÚLCERAS POR PRESSÃO Segundo Silva et al. (2011, p.391) “ Úlceras por pressão são lesões decorrentes de hipóxia celular, levando a necrose tecidual”. Dalacorte et al. (2012) destacam os seguintes fatores como contribuintes para o surgimento de UPP: Doenças crônicas (hipertensão/ diabetes), as doenças cardiovasculares, medicamentos, hidratação, estado nutricional, idade, mobilidade, a intensidade da pressão, a tolerância tissular e a perfusão tecidual. Essas lesões surgem em locais de proeminência óssea quando a pele sofre uma pressão prolongada e podem ser causadas por fatores internos e fatores externos. (SILVA et al., 2011). “Fatores externos são aqueles que estão relacionados ao mecanismo da lesão, influenciando a tolerância tissular pelo impedimento da circulação sobre a superfície da pele, e que refletem o grau em que a pele é exposta”. (SILVA et al., 2011, p. 391). Para Silva et al. (2011) são considerados fatores externos: “A pressão, que é a compressão do tecido mole sobre uma saliência óssea e uma superfície dura, o cisalhamento que é o deslizamento do paciente sobre o leito, a fricção que ocorre quando o paciente é arrastado na cama e a umidade”. 57 São considerados fatores internos, aqueles relacionados com o estado físico do paciente, influenciando na integridade e constituição da pele, no sistema vascular e linfático, nas estruturas internas e no tempo de cicatrização. São eles: O nível de consciência, a idade avançada, a incontinência urinária ou fecal, a ausência ou redução da mobilidade, o baixo peso corporal, hipertensão, diabetes, doença vascular periférica, câncer e uso de alguns medicamentos. (SILVA et al., 2011). Para Smeltzer et al. (2009), os fatores relacionados a seguir contribuem, sem exceção, para o surgimento das UPP: Força de atrito e cisalhamento, o excesso de umidade, alterações cutâneas relacionadas a idade, deficiência do estado nutricional, imobilidade, déficit de cognição ou de percepção sensorial e perfusão tecidual diminuída. Os idosos apresentam maior susceptibilidade as UPP devido ao enfraquecimento e ressecamento da pele, diminuição da perfusão tecidual devido as alterações cardiovasculares, atrofia muscular levando a proeminência das estruturas ósseas, menor percepção sensorial e uma menor capacidade de se mover no leito promovendo uma pressão prolongada sobre a pele. Esses fatores, além de causar dor e sofrimento, reduz a qualidade de vida do idoso. (SMELTZER et al., 2009). 2.4 A ÚLCERA POR PRESSÃO COMO INDICADOR DE QUALIDADE DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM Com a evolução da saúde, surgiu a necessidade de um sistema que fosse possível quantificar e qualificar as informações geradas a partir dos atendimentos. Portanto foi desenvolvido um instrumento simples, prático e objetivo que uniu as informações, possibilitando desenvolver uma análise crítica, contribuindo para a melhoria na qualidade da assistência, ou seja, os indicadores (CHEREGATTI E AMORIM, 2010). Os indicadores de qualidade demonstram a satisfação do cliente e a capacidade da equipe em atender as expectativas dos mesmos, estes se baseiam em pesquisas de satisfação/opinião (CHEREGATTI E AMORIM, 2010). Indicadores são medidas de qualidade, utilizadas para avaliar e determinar o desempenho de funções ou processos ao longo do tempo. É um instrumento de gerenciamento e monitoramento para assinalar processos, serviços ou profissionais que podem estar apresentando problemas e que necessitam de uma avaliação. Indicadores são apresentados através de taxas, proporções, índices, percentuais, números absolutos ou fatos que permitem a tomada de decisões sobre determinados processos (CHEREGATTI E AMORIM 2010, p. 67). “No setor saúde, observa-se uma tendência a construir indicadores de eficiência, eficácia e efetividade com base em padrões e critérios preestabelecidos para uma dada realidade”(KURCGANT, 2012, p.78). A qualidade da assistência pode ser definida como a satisfação das necessidades dos usuários, considerando que este deverá ser o objeto central das estratégias em busca da qualidade, bem como participar ativamente desse processo, no papel de avaliador das atitudes dos profissionais de saúde e dos resultados alcançados com o tratamento recebido (KURCGANT et al., 2012, p.75). 58 Ao se falar em qualidade nos serviços de saúde, recorda-se da precursora da Enfermagem Florence Nightingale, que apresentou o primeiro modelo para melhorias da qualidade em saúde (KURCGANT et al, 2012). Na antiguidade, percebe-se que o surgimento de feridas na pele era atribuído unicamente à falta de cuidado da equipe de enfermagem (SILVA, 2011). “A qualidade da assistência à saúde é uma meta desejada pelas instituições, que se preocupam em assegurar, por meio das ações, o exercício profissional e de cidadania ao usuário e ao trabalhador”. (KURCGANT et al, 2012, p.77) Em uma instituição a comissão de prevenção de UPP é essencial para um trabalho de excelência em qualidade, pois esta reduz significativamente o surgimento das mesmas. (SILVA, 2011) O enfermeiro assistencial está constantemente em contato com o paciente, sendo assim o mesmo se torna essencial na promoção do bem-estar físico e conforto dos clientes durante o tratamento. Por nascer do cuidado a enfermagem supri essa necessidade com sua assistência tornando-se assim responsável pelo surgimento de UPP, indicando uma deficiência na qualidade do cuidado (SILVA, 2011). 2.5 AÇÕES DE ENFERMAGEM E SUA IMPORTÂNCIA NA PREVENÇÃO DA UPP Nos últimos anos a enfermagem vem inovando e alcançando novos resultados em relação ao tratamento e prevenção de feridas. Embora inúmeras conquistas, as UPP continuam sendo problemas do dia a dia da prática de enfermagem, ocasionando assim um alto custo econômico para os serviços de saúde, além de danos imensuráveis ao paciente em termos de dor e sofrimento. (SILVA, 2011). Para que o enfermeiro e toda equipe multiprofissional programem ações de prevenção e tratamento de UPP é necessário conhecer sobre as causas e os fatores de risco que envolve o aparecimento dessas lesões. (DALACORTE et al., 2012). Para Silva (2011), o enfermeiro por ter maior contato com o cliente e possuir autonomia para traçar medidas que sejam eficazes para o cuidar, ele desempenha atribuições significativas para a assistência, que em muitos momentos sobrepõe o papel de outros profissionais da saúde, o permitindo assim a execução de um melhor plano de cuidados incluindo a avaliação da pele do paciente e a prevenção de agravos. Várias medidas de avaliação são utilizadas dentre elas as escalas de risco como: Norton, Gosnell, Waterloo e Braden, que servem para pontuar o risco de uma determinada população a se ter Úlcera de Pressão, e através do resultado dessas, traçar planos de cuidados para reduzir a incidência de UPP, objetivando medidas preventivas e eficazes. Embora seja a escala de Braden a mais aplicada, por ter sido submetida á vários estudos e testes, conduzindo assim maior confiabilidade e validade em diferentes grupos abordados. (NAGEH, 2006). Segundo Dalacorte et al. (2012, p. 221) Pacientes em cuidados paliativos necessitam de atenção para a prevenção de úlceras por pressão, especialmente se forem acamados ou com mobilidade restrita. A escala de Braden é utilizada para identificar a predisposição de pacientes hospitalizados a desenvolverem úlceras por pressão. 59 Quanto ao cuidado domiciliar, o enfermeiro deverá desenvolver ações para avaliação de risco da UPP, tendo participação constante do cuidador, seja um profissional capacitado a assistência ou um membro familiar. A partir dos fatores de riscos identificados, traçarem juntos medidas de prevenção. (MALAGUTTI et al., 2014). Como metas de prevenção Smeltzer et al. (2009), incluem: A melhora da mobilidade, da percepção sensorial, da perfusão tecidual, do estado nutricional, diminuição da força de atrito e cisalhamento, redução da pressão, manter a pele em contato com superfície seca e cicatrização da lesão quando presente. Baseado nas ideias de Dalacorte et al. (2012), dentre outras ações de prevenção, o exame físico deve ser realizado diariamente, na inspeção da pele deve-se analisar: A integridade, a coloração, a textura, a palidez, a temperatura das extremidades e a presença de pulso; manter a pele do paciente sempre hidratada com óleos e/ ou cremes, não se deve massageá-la para não aumentar a área já lesionada; os lençóis devem ser mantidos esticados e trocados quando estiverem sujos ou úmidos e a mudança de decúbito deve ocorrer de 2/2h; colocar o paciente sentado varias vezes ao dia, em poltrona macia ou revestida com colchão piramidal, mudando sempre a posição e alternando as áreas de apoio; a nutrição deve ser avaliada sendo rica em vitaminas e proteínas; e a troca de fraldas deve ser realizada sempre que necessário, mantendo o paciente limpo e seco, dando prioridade ao uso de colchão piramidal no leito. O desencadeamento de uma UPP pode ocorrer em menos de duas a seis horas, portanto identificar o paciente vulnerável precocemente e traçar medidas de prevenção é essencial na obtenção dos resultados (MALAGUTTI et al., 2014). Silva et al. (2011), relata que anualmente, cerca de 1 milhão de pessoas desenvolvem UPP em ambiente hospitalar e devido aos agravos da mesma, 60 mil pessoas/ano vem à óbito, deste modo estratégias e medidas de prevenção tornam-se necessárias para diminuir o índice de mortalidade. 3 METODOLOGIA Richardson et al. (1999), afirma que para realizar uma pesquisa não existe uma fórmula mágica, entretanto a única maneira de aprender a pesquisar é realizando uma pesquisa, porém outros meios podem ser eficazes, como a conversa com pessoas experientes no ramo da pesquisa, levando a um melhor entendimento dos fatos a serem abordados. Para desenvolver uma pesquisa é necessário ter conhecimento da realidade, noções básicas de metodologia e técnicas de pesquisa, seriedade e, principalmente, trabalho em equipe e consciência social (RICHARDSON et al., 1999). Vários autores como: Silva, Dalacorte, Figueiredo, Kurcgant, dentre outros estudiosos da área, contribuíram expressivamente para a construção e conclusão deste artigo. A metodologia que se adequou a presente pesquisa foi a do tipo exploratória. Ferrão (2003, p. 80) afirma que a pesquisa exploratória é o primeiro passo do trabalho científico. Geralmente é bibliográfica, pois avalia-se a possibilidade de desenvolver uma pesquisa sobre determinado assunto. Estabelece critérios, métodos, técnicas para a elaboração de uma pesquisa. 60 Para obtenção de informações e conhecimentos a técnica utilizada para coleta de dados foi à pesquisa bibliográfica, pois para Cervo e Bervian (2002), a pesquisa bibliográfica busca explicação dos problemas a partir de referências teóricas publicadas em documentos. Quanto à abordagem utilizou-se o método qualitativo, para Fachin (2003), a abordagem qualitativa se caracteriza por seus atributos e relaciona não somente aspectos mensuráveis, mas também definidos descritivamente. Para o desenvolvimento do trabalho foram utilizadas fontes secundárias, que de acordo com Andrade (2001), são obras originadas de materiais elaborados e publicados anteriormente. 4 CONCLUSÃO A enfermagem tem buscado atualizações e novas formas terapêuticas para o tratamento e prevenção de UPP, porém as mesmas continuam sendo um problema nas praticas diárias da equipe de enfermagem, mostrando falha na qualidade da assistência. Para minimizar o desenvolvimento das UPP, faz-se necessário identificar os pacientes de risco e a realização de medidas preventivas na primeira abordagem do enfermeiro, utilizando instrumentos que norteiam a identificação precoce das lesões, pois ainda observa-se que os gastos com o tratamento das mesmas, são maiores do que os gastos com a prevenção. Como exposto no presente artigo a UPP é um indicador de qualidade do serviço de enfermagem e tem sido eficaz como rastreador de pacientes susceptíveis a UPP, sendo de essencial importância em instituições para desenvoltura de um trabalho de excelência em qualidade, vindo ainda enriquecer a preocupação dos enfermeiros em proporcionar uma qualificação do cuidar, além de despertar um espírito de cidadania e responsabilidade com os pacientes e familiares. Conclui-se ainda que as ações da equipe de enfermagem são de suma importância, na prevenção das UPP e que a implantação de uma comissão de prevenção e um comprometimento multidisciplinar, tornam-se necessários para que hajam reduções significativas dessas lesões. 5 REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico: Elaboração de trabalhos na graduação. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. CERVO, Amado L.; BERVIAN, Pedro A. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CHEREGATTI, Aline Laurenti; AMORIM, Carolina Padrão. Enfermagem em unidade de terapia intensiva. 2 ed. São Paulo: Martinari, 2010. DALACORTE, Roberta Rigo [et al.]Cuidados Paliativos em Geriatria e Gerontologia. São Paulo: Atheneu, 2012. FACHIN, Odília. Fundamentos de metodologia. 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2003. FERRÃO, Romário Gava. Metodologia científica: Para iniciantes em pesquisa. Linhares: Unilinhares/Incaper, 2003. 61 FIGUEIREDO, Nébia Maria Almeida de; SILVA, Carlos Roberto Lyra da; SILVA, Roberto Carlos Lyra da. CTI: Atuação, intervenção e cuidados de enfermagem. 2º ed. São Paulo: Yendes, 2009. GUIMARAES, Marcio Cesar. Feridas e curativos: Uma forma simples de tratar. Rio de Janeiro: Rubio, 2011. INCA-Instituto Nacional de Câncer. Tratamento e controle de feridas tumorais e úlceras por pressão no câncer avançado: Série cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2009. KUMAR, Vinay; ABBAS Abel K; FAUSTO, Nelson. Robbins & Cotran: Patologia - Bases Patológicas das Doenças. 7ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. KURCGANT, Paulina. [et al.] Gerenciamento em Enfermagem. 2º ed. Rio de janeiro: Guanabara Koogan, 2012. MALAGUTTI, Willian. [et al.] Curativos, estomias e dermatologia: Uma abordagem multiprofissional. 3º ed. São Paulo: Martinari, 2014. NAGEH. Manual de indicadores de enfermagem: Programa de Qualidade Hospitalar. São Paulo: APM/CREMESP, 2006. POTTER, Patricia. [et al.] Fundamentos de Enfermagem. 8 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. RICHARDSON, Roberto Jarry. [et al.] Pesquisa Social: Métodos e técnicas. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1999. SILVA, Roberto Carlos Lyra da. [et al.] Feridas: Fundamentos e atualizações em enfermagem. 3º ed; São Paulo: Yends, 2011. SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G.; HINKLE, Janice L.; CHEEVER, Kerry H. BRUNNER E SUDDARTH: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica, 11 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. 62 CÂNCER DE MAMA: A IMPORTANCIA DO CUIDADO E PREVENÇÃO ¹ Angela Soto Cunha² Genilson Galvao² Micheli Rodrigues de Oliveira² Ozana Soto² Ivan Paulino³ RESUMO Dentro do tema “Saúde da Mulher”, o câncer de mama é provavelmente o mais temido pelas mulheres, devido à sua alta frequência e sobre tudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a percepção da sexualidade e a própria imagem pessoal. Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente. A pesquisa ressalta a importância do cuidado e prevenção do câncer de mama, e descreve: o câncer de mama, os fatores de risco, a prevenção, a detecção precoce, a educação em saúde e o papel do enfermeiro. Trata-se de uma pesquisa com o tema Saúde da Mulher, por referências bibliográficas, exploratória, com abordagem qualitativa, coleta de dados secundários, direcionada a todas às mulheres, independente da fase, puérpera ou não; idade; condições sócio-financeiras, com um ou mais filhos, casada ou solteira. Diante dos resultados observados nas literaturas pesquisadas, torna-se evidente, a necessidade da efetividade das ações dos profissionais de saúde envolvidos com essa clientela. O enfermeiro deve desenvolver tanto seu papel de cuidador quanto de educador em saúde, criando uma maior adesão das mulheres no auto exame, facilitando o diagnostico precoce, possibilitando maior chance de cura, ou mesmo uma maior sobrevida das mulheres acometidas pelo câncer de mama. PALAVRAS-CHAVES: Câncer de mama. Enfermeiro. Prevenção. Diagnóstico precoce. ABSTRACT Within the theme of "Women's Health", breast cancer is probably the most feared by women, due to their high frequency and above all for its psychological effects which affect the perception of sexuality and their own personal image. It is relatively rare before age 35, but above this age the incidence is growing fast and steadily. The research highlights the importance of care and prevention of breast cancer and describes: breast cancer, risk factors, prevention, early detection, health education and the role of the nurse. This is a survey of the topic Women's Health, bibliographic, references exploratory, qualitative approach, secondary data collection, targeted to all women, regardless of stage, given birth or not; age; social and financial conditions, with one or more children, married or single. Given the results observed in the surveyed literature, it becomes evident the need of effectiveness in the health professionals involved with this clientele.The nurse must develop both their caregiving role as a health educator, creating a larger membership of women in self examination, facilitating early diagnosis, enabling a greater chance of cure, or even a longer survival of women affected by breast cancer. KEYWORDS: Breast cancer. Nurse. Prevention. Early diagnosis. ___ ¹Artigo Cientifico de término de Curso de Graduação em Enfermagem ²Acadêmicos 10° Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia. ³Professor Orientador. Mestre em Saúde da Família 63 1 . INTRODUÇÃO O câncer de mama é com certeza uma das doenças mais temidas pelas mulheres devido à frequência com que vem ocorrendo e, sobretudo pelos seus efeitos psicológicos, que afetam a sexualidade e a imagem da mulher que o vivencia, sendo, portanto, devastadora tanto em termos físicos quanto psíquicos. A mulher atingida pelo câncer de mama passa por um processo psicológico onde entra em evidencia a desesperança, ansiedade, revolta, insegurança, mudança de humor, dor e o medo de uma morte agonizante (BRASIL, 2007). Ele é relativamente raro antes dos 35 anos de idade, mas acima desta faixa etária sua incidência cresce rápida e progressivamente (BRASIL, 2007). No Brasil a prevalência câncer de mama é a primeira ou a segunda mais frequente, dependendo da região. A sua incidência de é muito baixa aos 28 anos de idade, aumentando gradualmente e chegando a um pico à idade de 45 anos, aumentando dramaticamente depois dos 50 anos. São diagnosticados 50% de câncer de mama em mulheres com mais de 65 anos indicando a necessidade contínua de uma revisão anual ao longo da vida de uma mulher. O câncer de mama é a patologia maligna mais frequente nos países desenvolvidos, uma em cada nove mulheres desenvolvem câncer de mama durante a vida e cerca de um terço destas sucumbe à doença (BRASIL, 2007). Ainda o mesmo órgão diz que o câncer de mama é frequentemente encontrado nos seguintes grupos: mulheres com idade avançada; nulíparas; mulheres com menopausa tardia; mulheres com menarca precoce; obesas; mulheres com história prévia de câncer mamário, ovariano ou endometrial; mulheres com história de câncer mamário na família; mulheres que tem seu primeiro filho depois dos trinta anos de idade; e mulheres que utilizam anticoncepcionais orais com elevado teor de progesterona (BRASIL, 2007). O câncer de mama representa nos países ocidentais uma das principais causas de morte em mulheres. As estatísticas indicam o aumento de sua freqüência tantos nos países desenvolvidos quanto nos países em desenvolvimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), nas décadas de 60 e 70 registrou-se um aumento de 10 vezes nas taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de diversos continentes. No Brasil, o câncer de mama é o que mais causa mortes entre as mulheres. De acordo com as Estimativas de Incidência de Câncer no Brasil para 2006, o câncer de mama será o segundo mais incidente, com 48.930 casos (BRASIL, 2007). O câncer de mama é uma doença que se torna cada vez mais comum. O numero de mulheres vítimas desse tipo de enfermidade aumenta significativamente com o passar do tempo. A elevação na incidência do tumor mamário é entre outros fatores, decorrente do acompanhamento clinico adequado, cuja importância está associada ao diagnostico precoce do câncer. Essa tradição não existia antigamente, quando a cultura das pessoas ignorava a importância da visita rotineira ao profissional de saúde especializado. Nosso trabalho se justifica pelo interesse na prevenção e nos cuidados com essa nefasta patologia (BRASIL, 2007). A pesquisa objetiva, ressaltar a importância do cuidado e prevenção do câncer de mama, incluindo seus fatores de riscos e o papel do enfermeiro na detecção precoce e na educação em saúde. 64 A importância do cuidado e prevenção do câncer de mama é fundamental no diagnóstico precoce e na diminuição dos óbitos pela doença, possibilitando o conhecimento necessário para que se faça o cuidado e prevenção do Câncer de Mama, diminuindo assim a sua incidência. 2. REFERENCIAL TEÓRICO O câncer de mama é uma doença degenerativa resultante do acumulo de lesões num material genético das células, oque induz o processo de crescimento, reprodução e dispersão anormal dos mesmos (PACHECO et. al., 1996). O Brasil carrega em suas estatísticas como o país que apresenta o maior numero de casos de câncer de mama, tendo também o pior diagnostico entre mulheres jovens em relação as idosas. O controle do câncer de mama é preconizado pelo Ministério da Saúde, porem, não raramente as mulheres são desestimuladas pelo difícil acesso e demora no atendimento no serviço de saúde, agravados pela falta de profissionais qualificados. Não raramente, existem as dificuldades da rede básica de saúde na detecção precoce do câncer de mama, acrescentados aos fatores que desrespeitam as mulheres, tais como seus preconceitos e timidez na realização do auto exame, elementos esses que podem interferir de forma singular na detecção precoce (CHAPADEIRO; SALES; PAIVA e SCANDIUZZI, 2009). De acordo com Dmoch (1985) a iminência da perda da mama e a mutilação da imagem corporal representam uma desestruturação do sentimento de valor próprio da mulher, tendo como primeira reação diante desta possibilidade de perda, o desejo de salvação do órgão afetado. Mulheres com câncer sofrem muitas perdas significativas que se transformam em fontes de medo ou tristeza. São perdas ligadas à enfermidade, sofrimento, mutilação, dificuldades sexuais e de relacionamento (PACHECO et. al., 1996). 2.1 ANATOMIA DAS MAMAS As mamas são glândulas que se desenvolvem durante a gestação e amamentação. Na base da mama existe um entorno de 18 a 20 tecidos glandulares semelhantes a cachos de uva, onde ocorre a produção do leite (MOORE,2013). Segundo BRASIL (2007), as mamas são órgãos pares, situadas na parede anterior do tórax, sobre o músculo Grande Peitoral. Externamente, cada mama, na sua região central, apresenta uma aréola e uma papila. Na papila mamária exteriorizam-se 15 a 20 orifícios ductais, que correspondem às vias de drenagem das unidades funcionantes, que são os lobos mamários. A mama é dividida em 15 a 20 lobos mamários independentes, separados por tecido fibroso, de forma que cada um tem a sua via de drenagem, que converge para a papila, através do sistema ductal (BRASIL,2007). 2.2 O CÂNCER 65 Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se metástase para outras regiões do corpo (BRASIL,2007). Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. A origem do câncer a nível genético, vem do latim e significa modificação, pois quando bastante estimulada pode sofrer transformações enérgicas, que podem ser de diferentes estímulos: mecânicos, químicos ou físicos. E a estimulação prolongada em algum momento, segue seu próprio caminho, levando-a a difundir-se em seu crescimento e à auto-realização (BRASIL,2007). A OMS considera o câncer como uma doença crônica percepcionada pelo indivíduo como uma ameaça à sua própria vida pela dificuldade em prever o processo de doença, os efeitos do tratamento no indivíduo, bem como as suas repercussões nas atividades de vida e doença, agravadas pelo tempo de tratamento e objetivos que podem abarcar três dimensões: curativa; complementar ou paliativa (BRASIL,2007). 2.3 O CANCER DE MAMA Segundo a Organização Mundial de Saúde, estima-se que por ano ocorram mais de 1.050.000 novos casos de câncer de mama em todo o mundo tornando-o ainda mais comum entre mulheres, estima-se que 48.930 casos de câncer de mama serão registrados no Brasil (BRASIL,2007). De acordo com Santos e Gonçalves (2006) para compreendermos o que é câncer de mama, temos que saber os diferentes tipos: Carcinoma in situ: este termo serve para designar estados iniciais de câncer, ou seja, o tumor não é invasivo e é apenas confinado a parte onde começou. No câncer de mama significa que o câncer está confinado, aos ductos ou aos lóbulos, dependi onde tenha começado. Carcinoma ductal in situ:este é o tipo de câncer não invasivo mais comum e está apenas confinado aos chamados ductos (não chegam por isso ao tecido adiposo), que são um gênero de canais . este tipo de câncer é detectado através da mamografia. Carcinoma lobular in situ: estas condições começam nas glândulas mamarias, mas não se expande para fora das paredes dos lóbulos. Esta situação não é um câncer propriamente dito, mas as mulheres sob está condição podem correr o risco de mais tarde vir a padecer desta doença. Carcinoma ductal invasivo: este tipo de câncer começa nos ductos, mas acaba por ultrapassar as suas paredes invadindo o tecido adiposo do seio. Partir daqui a um grande risco de se espalhar pelo corpo. Cerca de 80% dos casos de câncer invasivo, corresponde ao carcinoma ductal invasivo. Carcinoma lobular invasivo: este tipo de câncer começa nas glândulas produtoras de leite ou então nos lóbulos. Este tipo de câncer corresponde entre 10%-15% dos casos de câncer invasivo. No pensar de Santos e Gonçalves (2006) o câncer ocorre quando a célula de uma determinada parte do corpo começa a crescer de uma forma descontrolada, ao contrario das células normais que cresce 66 de uma forma ordenada e controlada. Apesar de haver vários tipos de câncer, a multiplicação descontrolada das células é uma característica comum a todos eles. Quando penetram nos vasos linfáticos, ou sanguíneos, entrando na circulação, essas células podem se alojar noutras órgãos do corpo humano, formando novos tumores, dando origem ao que se denomina por metástase (ramificações do tumor). Quando tal acontece, o tumor espalha-se no organismo, tornado o combate a está doença mais complexa e difícil. Mesmo que o câncer se espalhe a outra parte do corpo este mantem o nome a partir da parte do corpo em que surgiu, ou seja, se o câncer da mama vai afetar os ossos, continua ser denominado câncer de mama. Segundo Pacheco et. al.(1996) o câncer de mama é uma doença que apresenta diferentes situações de ameaças aos seus portadores, trazendo desconforto psicológico, o que gera ansiedade e um estado depressivo na mulher: mudanças no seu estilo de vida causado por desconforto físico e pelo conceito de sua auto-imagem, gerando baixa-estima e libido sexual diminuído, o medo quanto ao sucesso do tratamento assim como a possibilidade de sua recorrência e o temor da morte. O câncer de mama é uma doença que apresenta diferentes situações de ameaças aos seus portadores, trazendo desconforto psicológico, o que gera ansiedade e um estado depressivo na mulher: mudanças no seu estilo de vida causado por desconforto físico e pelo conceito de sua auto-estima, gerando baixa-estima e libido sexual diminuído, o medo quanto ao sucesso do tratamento assim como a possibilidade de uma recorrência e o temor da morte (PACHECO et. al., 1996). 2.4 FATORES DE RISCO PARA O CANCER DE MAMA O câncer de mama está relacionado a fatores que, atuando isolada ou simultaneamente, define o grupo de risco para este tipo de câncer, como: Historia familiar de câncer mamário, Primeira gestação tardia, Nuliparidade, Disfunções hormonais, Historia de patologia mamária benigna (displasias mamárias) (BRASIL, 2007). São ainda considerados como fatores de relativa significação na epidemiologia do câncer de mama: obesidade, menarca precoce, menopausa tardia, não lactação, ingesta rica em gordura, e exposição à irradiações (BRASIL, 2007). Os principais fatores de risco para o câncer de mama estão ligados a idade, aspectos endócrinos e genéticos. Os aspectos endócrinos estão relacionados principalmente ao estímulo estrogênico, seja endógeno ou exógeno, com aumento do risco quanto maior for o tempo de exposição. Possuem risco aumentado as mulheres com história de menarca precoce (idade da primeira menstruação menor que 12 anos), menopausa tardia (após os 50 anos), primeira gravidez após os 30 anos, nuliparidade e terapia de reposição hormonal pós-menopausa, principalmente se prolongada por mais de cinco anos (BRASIL, 2007). Outros fatores incluem a exposição a radiações ionizantes em idade inferior a 40 anos, a ingestão regular de bebida alcoólica, mesmo que em quantidade moderada (30g/dia), obesidade, principalmente quando o aumento de peso se dá após a menopausa, e sedentarismo. A prática de 67 atividade física e o aleitamento materno exclusivo são considerados fatores protetores (BRASIL, 2007). História familiar, principalmente em parentes de primeiro grau antes dos 50 anos, são importantes fatores de risco para o câncer de mama e podem indicar predisposição genética associada à presença de mutações em determinados genes. Entretanto, o câncer de mama de caráter hereditário (predisposição genética) corresponde a cerca de 5-10% do total de casos (BRASIL, 2007). 2.5 AÇÕES DE CONTROLE As ações de controle do câncer de mama tem como principal objetivo a detecção precoce de alterações que podem sugerir ou constituir uma neoplasia. É importante lembrar que, quanto mais precocemente for diagnosticado o câncer de mama, melhor será o prognóstico e mais longo a sobrevida do paciente. Compõem as ações de controle do câncer de mama: Exames clínicos da mamas, Auto-exame e Exames complementares (BRASIL,2007). 2.5.1 Promoção da Saúde Ações que atuem sobre os determinantes sociais do processo saúde-doença e promovam qualidade de vida são fundamentais para a melhoria da saúde da população e o controle de doenças e agravos. Para o controle do câncer de mama, destaca-se a importância de ações intersetoriais que promovam acesso à informação e ampliem oportunidades para controle do peso corporal e a prática regular de atividade física. A redução das dificuldades de acesso aos serviços de saúde para o alcance da cobertura adequada da população-alvo no rastreamento é também componente estratégico que requer a qualificação contínua do SUS. O amplo acesso da população a informações claras, consistentes e culturalmente apropriadas deve ser uma iniciativa dos serviços de saúde em todos os níveis. Nos últimos anos, a Política Nacional de Promoção da Saúde no Brasil tem intensificado a atuação na perspectiva de promoção da qualidade de vida e ampliação das oportunidades para práticas saudáveis (BRASIL, 2007). 2.5.2 Prevenção A prevenção primária do câncer de mama está relacionada ao controle dos fatores de risco reconhecidos. Os fatores hereditários e os associados ao ciclo reprodutivo da mulher não são, em princípio, passíveis de mudança, porém fatores relacionados ao estilo de vida, como obesidade pósmenopausa, sedentarismo, consumo excessivo de álcool e terapia de reposição hormonal, são modificáveis. Estima-se que por meio da alimentação, nutrição e atividade física é possível reduzir em até 28% o risco de a mulher desenvolver câncer de mama (INCA, 2009). 2.5.3 Detecção precoce 68 O câncer de mama identificado em estágios iniciais, quando as lesões são menores de dois centímetros de diâmetro, apresenta prognóstico mais favorável e elevado percentual de cura. As estratégias para a detecção precoce são o diagnóstico precoce - abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas da doença - e o rastreamento - aplicação de teste ou exame numa população assintomática, aparentemente saudável, com o objetivo de identificar lesões sugestivas de câncer e encaminhar as mulheres com resultados alterados para investigação e tratamento. Em ambas estratégias, é fundamental que a mulher esteja bem informada e atenta a possíveis alterações nas mamas e, em caso de anormalidades, busque prontamente o serviço de saúde. 2.5.4 Diagnóstico precoce A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer. Nesta estratégia, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde. A política de alerta à saúde das mamas destaca a importância do diagnóstico precoce e significa orientar a população feminina sobre as mudanças habituais das mamas em diferentes momentos do ciclo de vida e os principais sinais do câncer de mama. A orientação é que a mulher realize a auto palpação das mamas sempre que se sentir confortável para tal (seja no banho, no momento da troca de roupa ou em outra situação do cotidiano), sem nenhuma recomendação de técnica específica, valorizando-se a descoberta casual de pequenas alterações mamárias. É necessário que a mulher seja estimulada a procurar esclarecimento médico sempre que houver dúvida em relação aos achados da autopalpação das mamas e a participar das ações de detecção precoce do câncer de mama. O sistema de saúde precisa adequar-se para acolher, informar e realizar os exames diagnósticos adequados em resposta a esta demanda estimulada. Prioridade na marcação de exames deve ser dada às mulheres sintomáticas, que já apresentam alguma alteração suspeita na mama. Esta estratégia mostrou ser mais efetiva do que o autoexame das mamas, isto é, a maior parte das mulheres com câncer de mama identificou o câncer por meio da palpação ocasional em comparação com o autoexame (aproximadamente 65% das mulheres identificam o câncer de mama ao acaso e 35% por meio do autoexame). 2.5.5 Rastreamento O rastreamento é uma estratégia dirigida às mulheres na faixa etária em que o balanço entre benefícios e riscos da prática é mais favorável, com maior impacto na redução da mortalidade. Os benefícios são o melhor prognóstico da doença, com tratamento mais efetivo e menor morbidade associada, enquanto os riscos ou malefícios incluem os resultados falso-positivos e falso-negativos, que geram ansiedade ou falsa tranquilidade à mulher; o sobre diagnóstico e o sobre tratamento, relacionados à identificação de tumores de comportamento indolente; e o risco da exposição à radiação ionizante, se excessiva ou mal controlada (BRASIL,2007). O rastreamento pode ser oportuníssimo ou organizado. No primeiro, o exame de rastreio é ofertado às mulheres que oportunamente chegam às unidades de saúde, enquanto o modelo organizado é dirigido às mulheres elegíveis de uma dada população que são formalmente convidadas para os 69 exames periódicos. A experiência internacional tem demonstrado que o segundo modelo apresenta melhores resultados e menores custos (INCA,2009). Em países que implantaram programas efetivos de rastreamento, com cobertura da população-alvo, qualidade dos exames e tratamento adequado, a mortalidade por câncer de mama vem diminuindo. As evidências do impacto do rastreamento na mortalidade por esta neoplasia justificam sua adoção como política de saúde pública, tal como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, a mamografia e o exame clínico das mamas (ECM) são os métodos preconizados para o rastreamento na rotina da atenção integral à saúde da mulher. A recomendação para as mulheres de 50 a 69 anos é a realização da mamografia a cada dois anos e do exame clínico das mamas anual. A mamografia nesta faixa etária e a periodicidade bienal é a rotina adotada na maioria dos países que implantaram o rastreamento organizado do câncer de mama e baseia-se na evidência científica do benefício desta estratégia na redução da mortalidade neste grupo (VERGARA,2000). Segundo revisões sistemáticas recentes, o impacto do rastreamento mamográfico na redução da mortalidade por câncer de mama pode chegar a 25% (VERGARA,2000). Para as mulheres de 40 a 49 anos, a recomendação é o exame clínico anual e a mamografia diagnóstica em caso de resultado alterado do ECM. Segundo a OMS, a inclusão desse grupo no rastreamento mamográfico tem hoje limitada evidência de redução da mortalidade (VERGARA,2000). Uma das razões é a menor sensibilidade da mamografia em mulheres na prémenopausa devido à maior densidade mamária. Além desses grupos, há também a recomendação para o rastreamento de mulheres com risco elevado de câncer de mama, cuja rotina deve se iniciar aos 35 anos, com exame clínico das mamas e mamografia anuais. Segundo o Consenso de Mama, risco elevado de câncer de mama inclui: história familiar de câncer de mama em parente de primeiro grau antes dos 50 anos ou de câncer bilateral ou de ovário em qualquer idade; história familiar de câncer de mama masculino; e diagnóstico histopatológico de lesão mamária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ. A definição sobre a forma de rastreamento da mulher de alto risco não tem ainda suporte nas evidências científicas atuais e é variada a abordagem deste grupo nos programas nacionais de rastreamento. Recomenda-se que as mulheres com risco elevado de câncer de mama tenham acompanhamento clínico individualizado (INCA,2009). O êxito das ações de rastreamento depende dos seguintes pilares (VERGARA,2000): Informar e mobilizar a população e a sociedade civil organizada; Alcançar a meta de cobertura da população-alvo; Garantir acesso a diagnóstico e tratamento; Garantir a qualidade das ações; Monitorar e gerenciar continuamente as ações. 2.6 PAPEL DO ENFEMEIRO NO CUIDADO E NA PREVENÇÃO O profissional de enfermagem possui uma formação multidisciplinar, o que gabarita este profissional a um importante papel na atenção a saúde, pois os conhecimentos teórico-científicos adquiridos em sua formação o capacitam a conhecer os fenômenos relacionados ao câncer de mama, assim como 70 seus fatores de risco e conduta mediante o diagnóstico, diminuindo assim a morbi-mortalidade, contribuindo para a melhor qualidade de vida. O enfermeiro desempenha importante papel de educador da população e de sua equipe no que tange a prevenção e detecção precoce do câncer de mama. O enfermeiro é dotado de conhecimentos teórico-científicos que o capacitam a realizar a detecção precoce do câncer de mama, deve estar apto para realizar o atendimento às mulheres realizando o exame clinico das mamas (ECM), solicitar exames mamográficos nas mulheres com situação de risco, receber resultados e encaminhar aquelas cujo resultado mamográfico, ou cujo exame clinico indiquem necessidade de maior investigação, realizar reuniões educativas, busca ativa na população alvo, das mulheres que nunca realizaram o ECM e mamografia, encaminhar para unidades de referencia os casos suspeitos de câncer de mama, encaminhar mulheres com exame clinico alterado para unidade de referencia, busca ativa das mulheres que forem encaminhadas a unidade de referencia e não compareceram ao tratamento, busca ativa das mulheres que apresentaram laudo mamográfico suspeito para malignidade e não retornaram para buscar o resultado, orientar as mulheres com exame clinico de mamas normal e de baixo risco para o acompanhamento de rotina (BRASIL,2007). Para impactar sobre os múltiplos fatores que interferem nas ações do câncer de mama é importante que a atenção às mulheres esteja pautada em uma equipe multiprofissional e com prática interdisciplinar, envolvendo intervenções na promoção da saúde, na prevenção da doença, no diagnóstico precoce, no tratamento, na reabilitação e nos cuidados paliativos (BRASIL, 2007). Sendo o enfermeiro o elemento da equipe de saúde que mais tempo contacta com o utente, o seu papel é fundamental na promoção da saúde e na prevenção do agrava-mento de doenças. A sua função de acompanhamento próximo e freqüente junto das pessoas (doentes ou não) deve privilegiar a educação em saúde, a aquisição de hábitos saudáveis, a descoberta de novas motivações e de outros fatores determinantes do comportamento. Assim, a educação em face ao câncer de mama deverá ter por objetivos iniciais a desmistificação do mesmo, a motivação da população para a adoção de estilos de vida saudáveis, dando-lhes a conhecer os sinais de alerta do câncer e motivá-las para a participação em rastreio oncológicos. 3. METODOLOGIA Os trabalhos de pesquisa podem ser classificados como explicativos, descritivos e exploratórios, sendo que, na elaboração deste, utilizou-se das pesquisas exploratória e descritiva. De acordo com Gil (2007, p. 41): A pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com visitas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipótese. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de idéias ou as descobertas de instituições. Seu planejamento é, portanto bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos mais variados aspectos relativos ao fato estudado. Ainda, segundo o autor: A pesquisa descritiva tem como objetivo primordial a descrição das características de determinadas populações ou fenômenos ou, então, o estabelecimento de relações entre variáveis. Uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas 71 padronizadas de coletas de dados, tais como o questionário e a observação sistemática. São as mais solicitadas por instituições educacionais, empresas comerciais, partidos políticos e etc. Segundo Ferrão (2008, p. 75) “a pesquisa exploratória é o primeiro passo do trabalho científico. Geralmente é a bibliográfica, pois avalia-se a possibilidade de desenvolver uma pesquisa sobre determinado assunto”. Para Vergara (2000, p.47): A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. A técnica utilizada para coleta de dados na realização do trabalho é a pesquisa bibliográfica. Por pesquisa bibliográfica entende-se como levantamento realizado em bibliotecas públicas, universitárias, virtuais e tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno (OLIVEIRA, 1999, p. 119). Conforme Gil (2007, p. 44): A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza. Há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Boa parte dos estudos exploratórios pode ser definida como pesquisas bibliográficas. Já a pesquisa documental assemelha-se muito a pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não recebem ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetivos da pesquisa. Portanto, este tipo de pesquisa proporciona inúmeras vantagens, sendo considerada fonte riquíssima e estável de dados. Para a coleta de dados é utilizada fonte secundária. Segundo Andrade (2001, p. 43): Fontes secundárias referem-se a determinadas fontes primárias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primárias e constitui-se em fontes das pesquisas bibliográficas, são as obras nas quais as informações já foram elaboradas (livros, apostilas, teses, monografias, etc.). 4. CONCLUSÃO Diante do resultado observado na literatura pesquisada, torna-se evidente, a necessidade da efetividade das ações dos profissionais de saúde envolvidos com essa clientela. O enfermeiro deve desenvolver tanto seu papel de cuidador quanto de educador em saúde, criando uma maior adesão das mulheres no auto exame, facilitando o diagnostico precoce, possibilitando maior chance de cura, ou mesmo uma maior sobrevida das mulheres acometidas pelo câncer de mama. 72 5. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida. Introdução a metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. BRASIL. Ministério da Saúde; Instituto Nacional do Câncer. Câncer de Mama. Rio de Janeiro; 2007. Disponível em: http://www.saude.gov.br. Acessado em: 12 nov 2009. CHAPADEIRO, C., SALES, C. PAIVA, L. SCANDIUZZI, D. ANJOS, A.Qualidade de vida de mulheres tratadas de câncer de mama: funcionamento social. Rev Bras Cancerologia. 2001 DMOCH, W. Sobre alguns aspectos do procedimento com pacientes pós- mastectomizadas. Em: Prill, H. J. e Langen, D. Ginecologia Psicossomática. São Paulo: Roca, 1985. FERRÃO, Romário Gava. Metodologia Científica para iniciantes em pesquisa, 3. ed. Vitória: Incaper, 2008. GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (Brasil). Sumário Executivo. Políticas e Ações para Prevenção do Câncer no Brasil. Alimentos, Nutrição e Atividade Física. Rio de Janeiro: INCA, 2009. 16p. http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_controle_ cancer_mama/deteccao_precoce - Acessado em 01/09/2014. MOORE, Keith L. Anatomia Orientada para clínica. 6. Ed. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2013. OLIVEIRA, Silvio Luiz de. Tratado de metodologia: projetos de pesquisa, TGI, TCC. Monografias, Dissertações e Teses. São Paulo: Pioneira, 1999. PACHECO, S.S., et al. Repercussões Psicossociais em mulheres acometidas por Câncer de Mama. Revista Médica PUCRS. v. 06, nº 03, Porto Alegre, 1996. SANTOS, Gilmar Cruz dos e GONCALVES, Leila Luíza Conceição. Mulheres mastectomizadas com recidiva de câncer: o significado do novo ciclo de quimioterapia. Rev. enferm. UERJ, jun. 2006, vol.14, no.2, p.239-244. ISSN 0104-355 VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2000. 73 A IMPORTANCIA DO ENFERMEIRO NA ASSISTENCIA AO PACIENTE TERMINAL¹ Barbara Michele Freitas da Silva² Gessica Paula de Souza² Ivan Paulino³ RESUMO A cultura do ser humano nega a morte, e diante disso vem um impulso para defender a vida, tentando se distanciar cada vez mais do fim. Os profissionais de enfermagem lidam diariamente com a morte e muitas vezes não pensam no paciente, e sim na patologia, esquecendo que estão lidando com vidas, com sentimentos, e que o sofrimento, e a espera pela morte, desses pacientes terminais, podem tornar-se menos dolorosas, se recebida, a assistência adequada, respeitando e escutando suas reais necessidades. A pesquisa destaca a importância da assistência de enfermagem ao paciente terminal, mostra como a atenção de enfermagem é fundamental nesse período, os fatores que contribuem para um melhor cuidado, a importância da correta assistência ao final da vida, as ações necessárias para o conforto e posiciona a importância do trabalho do enfermeiro junto a esse problema. Trata-se de uma pesquisa com o tema humanização na assistência ao paciente terminal, por referências bibliográficas, exploratória, com abordagem qualitativa, com coleta de dados secundários, direcionada a enfermeiros. O trabalho conclui que a equipe de enfermagem é, dentre os membros da equipe de saúde, a que mais possui acesso ao paciente, suas opiniões, seus ideais, e através desta proximidade pode criar um vínculo com o cliente, que torne possível influenciar o cliente a aceitar seu tratamento. Por ter uma convivência maior com o cliente, o enfermeiro pode melhor informá-lo e esclarecê-lo a respeito de sua condição e das propostas da equipe para seu tratamento e a manutenção da sua vida, na tentativa de promover a qualidade desta. A essência do cuidar humanizado em enfermagem é a comunicação interpessoal, que se traduz na inter-relação entre o profissional e seu paciente. Esta constitui um eixo fundamental, um instrumento imprescindível, no sentido de fornecer suporte e sustento à pessoa diante dos momentos mais difíceis da sua vida. PALAVRAS-CHAVES: Morte. Enfermagem. Paciente terminal. ABSTRACT The culture of human beings denies death,and before it has been a boost to defend the life, trying to distance itself increasingly from the end. Nursing professionals deal daily with death and often do not think of the patient itself, but in pathology, forgetting that they are dealing with lives, with feelings, and that suffering, and waiting for death, these terminal patients can become less painful, if received, appropriate assistance, respecting and listening to their real needs. The research highlights the importance of nursing care to the patient terminal, shows how nursing care is fundamental in this period, the factors that contribute to a better care, the importance of proper care at the end of life, the actions necessary for the comfort and positions the importance of the nurse's work together on this problem. This is a research topic with the humanization of terminal patient care, for bibliographic, references exploratory, qualitative approach, with to the to the patient terminal, shows how nursing care is fundamental in this period, the factors that contribute to a better care, the importance of proper care at the end of life, the actions necessary for the comfort and positions the importance of the nurse's work together on this problem. This is a research topic with the humanization of terminal patient care, for bibliographic, references exploratory, qualitative approach, with secondary data ___ ¹ Artigo Científico de término de Curso de Graduação em Enfermagem. ² Acadêmicas do 10º Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia. ³ Professor Orientador. Mestre em Saúde da Família. 74 collection, targeted to nurses. The paper concludes that the nursing staff is among the members of the healthcare team, the one that has access to the patient, their opinions, their ideals, and through this proximity can create a bond with the customer, it becomes possible to influence the customer to accept treatment. By having a greater familiarity with the client, the nurse can better inform you and enlighten you about your condition and the staff proposed for the treatment and maintenance of his life in an attempt to promote the quality of this. The essence of humanized nursing care is interpersonal communication, which involves the interrelationship between professional and patient. This is a fundamental axis, an indispensable instrument in order to provide support and sustenance to the person facing the most difficult moments of his life. KEYWORDS: Death. Nursing. the terminal patient 1. INTRODUÇÃO Alguns profissionais de enfermagem muitas vezes são indagados sobre como tem trabalhado suas crenças, valores e sentimentos quando se trata de cuidar das pessoas que estão morrendo nas instituições de saúde. Percebemos dificuldades, ou mesmo despreparo, por parte dos profissionais enfermeiros, na abordagem do paciente terminal. A importância de se discutir esse tema vem da necessidade de propor melhorias no serviço prestado, possibilitar um amparo mais digno ao paciente, levando em consideração os direitos humanos e a ética. A enfermagem está mais próxima ao paciente ao longo dos dias de internação e deve procurar entender e atender as emoções do doente, isso faz parte do contexto profissional de enfermagem, mas essa abordagem vem sendo negligenciada, acarretando uma piora na assistência de enfermagem. A pesquisa destaca a importância da assistência de enfermagem ao paciente terminal, mostra como a atenção de enfermagem é fundamental nesse período, os fatores que contribuem para um melhor cuidado, a importância da correta assistência ao final da vida, as ações necessárias para o conforto e posiciona a importância do trabalho do enfermeiro junto a esse problema Segundo Brito et al (2014) no âmbito da saúde, os avanços científicos e tecnológicos vêm contribuindo para um significativo aumento da expectativa de vida, uma vez que suscitam inovações na condução de tratamento médico. Logo, esses avanços propiciam, muitas vezes, aos pacientes, principalmente aqueles que estão vivenciando a terminalidade da vida, um prolongamento do processo natural de morte e morrer, o que pode intensificar seu sofrimento e sua agonia. 2 . REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A MORTE Ao longo de toda historia a morte sempre promove debates na área da filosofia, da ética, moral e da religião. Todas buscando desvendar o significado entre a vida e morte, que inseridos em uma cultura acabam interferindo no processo de morrer. 75 Para um grande numero de pessoas a morte é um fato alheio, que fica distante da nossa sociedade, da agitação do cotidiano. A morte é um assunto que muitos insistem em não querer falar, pois se trata do desconhecido, de algo inexplicável. Os que mais relutam contra a morte são os profissionais de saúde. Nos estudos acadêmicos a morte não faz parte do ensino e quando ocorre é superficial, perdendo o individuo uma oportunidade de formar melhor suas próprias concepções. De acordo com D’Assumpção (1988, p.98) ‘’Morte é o final da vida material, tal como nós conhecemos. E o morrer é o ato pelo qual ocorre a morte’’. A morte está presente na imaginação de todo mundo e na dos profissionais da área de saúde, principalmente para os que lidam com isso rotineiramente ao exercer seu exercício, o que se torna determinante na relação com o paciente seja de aproximação ou afastamento. Para Kubler-Ross (2000,p.6) “ Quando retrocedemos no tempo e estudamos culturas e povos antigos, temos a impressão de que o homem sempre abominou a morte e, provavelmente, sempre a repelirá”. Uma coisa é pensar na morte e pensar que um dia ela vai chegar outra coisa é ter de encará-la e pensar na realidade individual de cada morte. 2. 2 O PACIENTE TERMINAL O conceito para paciente terminal não é fácil de ser definido, conquanto seja constante deparamos com princípios consensuais de profissionais distintos. O grande bloqueio provavelmente esteja em delinear e não admitir este momento. Segundo MARENGO; FLAVIO; SILVA, (2009) o paciente terminal é quando se esgotam as possibilidades de resgate das condições de saúde e a possibilidade de morte próxima parece inevitável e previsível. O indivíduo se torna “irrecuperável” e caminha para a morte, sem que se consiga reverter este caminhar. “Paciente terminal para o discurso médico, é classificado como fora de possibilidade terapêutica de cura – quando as intervenções capazes de reverter o quadro se esgotam e sua vida é mantida muitas vezes graças á tecnologia” (SANTANA et al,2009). A pessoa em fim de vida não deixa de ser um cidadão a quem não se pode negar o direito a uma assistência adequada às suas necessidades, nem privá-lo daquilo que faz transcender o sofrimento e o risco de perecer: a alegria, a esperança, o que se traduz no direito que a pessoa tem à partilha e ao amor do outro, condições que não se podem encontrar na solidão (LIMA, 2007). De acordo com BORGES (2006) a morte em si não é um problema para o paciente, mas sim, o medo de morrer, que nasce do sentimento de desesperança, de desamparo e isolamento que o acompanha. Por isso, o profissional que está em contato com o paciente considerado terminal precisa estar em paz com a vida e com a morte, sabendo que a morte é parte da vida e que por isso precisa ser cuidada. 2. 3 A IMPORTÂNCIA DO ENFERMEIRO NA ASSISTÊNCIA AO PACIENTE TERMINAL 76 O profissional de saúde é treinado para cuidar e tomar para si o corpo do outro, mais nem sempre isso acontece, constatamos cotidianamente o total despreparo dos profissionais da enfermagem para lidar com tal fato, tanto tecnicamente quanto emocionalmente. Parece simples evitar o envolvimento emocional com a dor e o sofrimento do paciente, torna-se difícil uma aproximação junto aos pacientes que estão fora das possibilidades terapêuticas, isso acarreta uma correlação com a morte do próprio profissional, possibilidade que não estamos preparados para enfrentar (TIMBY,2001). Segundo Potter Perry (1999,p.434) “ O luto resulta de perdas que o ser humano pode vir a ter”. Os enfermeiros, trabalhando com clientes críticos ou doentes terminais, também vivenciam o luto. Cada perda precisa ser lamentada, se o cuidador passa por varias perdas pode vir a ter sobrecarga de saudade. O enfermeiro é um instrumento básico da equipe ao acompanhar os últimos instantes da vida de um paciente, ajuda aliviar os sentimentos de angustia e dor e o medo. Aspirando sempre possibilitar um amparo digno para cada paciente. A bioética e seus princípios estão no dia-a-dia do enfermeiro, desde os pequenos procedimentos aos mais penosos. A própria palavra bioética significa ética da vida ou ética aplicada à vida. A partir do significado da palavra percebemos a sua necessidade para promover a vida. Então, alarga-se a necessidade dela estar presente em todas as ações da equipe de enfermagem, mais ainda em situações polêmicas, que geram conflitos até mesmo entre os princípios desta. A trindade da bioética é constituída pelos princípios da beneficência, autonomia e justiça. A autonomia e a beneficência seguem juntas, porém muitas vezes discordando entre si, em exemplos como os do aborto, eutanásia, reprodução assistida, transplantes, doação de órgãos, dentre outros. E nesta situação há uma intervenção da autonomia do paciente para recusar o tratamento ou o procedimento, impossibilitando assim a equipe médica e de enfermagem de trabalhar para promover a manutenção da vida e da qualidade desta. A bioética é um assunto a ser discutido com dinamismo, visto que a aplicação de seus princípios é variável, sendo analisada a situação e opinião do cliente, da família, do meio social no qual o cliente está inserido e da equipe de saúde. É necessário que haja um diálogo entre o cliente, a família e a equipe de saúde, para que seja definido o melhor plano de cuidado para o cliente, levando em consideração os princípios éticos, morais, sociais e religiosos. O enfermeiro é, dentro do âmbito hospitalar, aquele que tem o contato mais direto com o cliente. É muitas vezes nele que o cliente ou seu familiar procura respostas para suas duvidas, tenta saber sobre outros casos parecidos e como ficou a situação final. Conta-lhe sua aflição frente ao problema e busca a melhor forma de resolvê-lo. O enfermeiro por si, tenta abster-se de invadir o espaço do cliente, de ter o seu nome mencionado quanto a uma decisão, então, tentando não ser obrigado a deixar sua opinião acaba afastando-se do cliente ou do familiar e assim livrando-se de algo que poderia comprometê-lo. Outras vezes o enfermeiro questiona consigo a decisão do cliente ou família quanto ao assunto, mas ele sabe que não deve interferir nesta decisão. Trabalhadores da enfermagem vivenciam problemas, conflitos e dilemas morais, a partir de situações consideradas parte do seu cotidiano profissional, como a falta de consentimento informado de pacientes, antes de procedimentos diagnósticos e terapêuticos; a obstinação terapêutica; práticas profissionais questionáveis e desigualdade na distribuição de recursos, 77 em especial os destinados à equipe de enfermagem, o que lhes vem provocando sofrimento moral, sem que esta temática seja suficientemente explorada (BAO, A.C..P.et al., 2009). Devido a esses conflitos, estudos da bioética e suas implicações no exercício da enfermagem têm sido realizados, visando esclarecer o posicionamento da equipe frente a cada situação. Assim, possibilita ao profissional o acesso ao conhecimento dos princípios que podem mediar suas ações, dando liberdade ao profissional para se posicionar com maior segurança e conhecer seu respaldo legal e existente também em seu código de ética, definindo assim seu plano de ação no cuidado prestado ao paciente. De acordo com Brito et al (2014) na enfermagem, para um cuidado humano e individualizado ao paciente terminal, é preciso utilizar mais do que conhecimentos científicos; é necessário estabelecer uma relação, na qual o enfermeiro esteja sempre disposto a ouvir o paciente e a informá-lo a respeito de seu tratamento e estado geral de saúde. 3. METODOLOGIA Segundo Andrade (2001, p. 130)” Método de abordagem é o conjunto de procedimentos utilizados na investigação de fenômenos ou no caminho para chegar-se á verdade”. Dessa forma, na pesquisa, é utilizado como método a pesquisa bibliográfica. Segundo Cervo (2002, p. 41) “As pesquisas podem ser classificadas tendo como base seus objetivos gerais”. Sendo assim, são divididas em três grandes grupos: exploratórias, descritivas e explicativas. Toda e qualquer classificação e feita mediante um critério. Deste modo, a pesquisa que se adéqua ao trabalho é a exploratória, explicativa, por referência bibliográfica. Para Gil (2002, p. 44): A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora quase em todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. No trabalho utilizamos fontes secundárias. Segundo Andrade (2001, p. 43) as fontes secundarias referem-se a determinadas fontes primarias, isto é, são constituídas pela literatura originada de determinadas fontes primarias e constituem-se em fontes da pesquisas bibliográficas. As fontes secundárias têm extrema importância baseada em auxiliar as informações que por elas são fornecidas para uma melhor interpretação e analise das fontes primárias. A amostra atinge todos os pacientes terminais e enfermeiros. 4. CONCLUSÃO A equipe de enfermagem é, dentre os membros da equipe de saúde, a que mais possui acesso ao paciente, suas opiniões, seus ideais, e através desta proximidade pode criar um vínculo com o cliente, que torne possível influencia-lo a aceitar seu tratamento. Por ter uma convivência maior com o mesmo, o enfermeiro pode melhor informá-lo e esclarecê-lo a respeito de sua condição e das propostas da equipe para seu tratamento e a manutenção da sua vida, na tentativa de promover a qualidade desta. Por outro lado, o profissional de enfermagem deve estar consciente de que não deve se envolver emocionalmente com o paciente, fato que impossibilitaria uma assistência com qualidade, e poderia 78 expor o profissional a passar por situações de cunho pessoal que o afetariam no exercício de sua profissão, visto que o enfermeiro tem o dever de promover a vida e qualidade desta, mas em seu diaa-dia tem, inevitavelmente, que lidar com a morte, a doença, o sofrimento, a dor. Devendo assim, prestar a assistência psicológica ao cliente, mantendo, porém uma linha de divisão entre essa assistência e a criação de vínculos pessoais. A essência do cuidar humanizado em enfermagem é a comunicação interpessoal, que se traduz na inter-relação entre o profissional e seu paciente. Esta constitui um eixo fundamental, um instrumento imprescindível, no sentido de fornecer suporte e sustento à pessoa diante dos momentos mais difíceis da sua vida. 5. REFERÊNCIAS ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5.ed. São Paulo: Atlas, 2001. BAO, Ana Cristina Pretto; BARLEM, Edison Luiz Devos; BULHOSA, Michelle Salum; DALMOLIN, Graziele de Lima; FILHO, Wilson Danilo Lunardi, LUNARD, Valéria Lerch; SANTOS, Silvana Sidney Costa; SILEVEIRA, Rosemary Silva da. Sofrimento moral e a dimensão ética no trabalho da enfermagem. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-71672009000400018>. Acesso em: 16/08/14 às 15h12min. BORGES, A.V. S. B. et al. Percepção da morte pelo paciente oncológico ao longo do desenvolvimento. Psicologia em Estudo, Maringá, v. 11, n. 2, p. 361-369, mai./ago. 2006. BRITO et al. Comunicação na iminência da morte: percepções e estratégia adotada para humanizar o cuidar em enfermagem. Esc. Anna Nery, v. 18 n. 2, Rio de Janeiro Apr./June 2014 CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002 D’ASSUMPÇÃO, E.A. Comporta-se fazendo bioética: para quem se interessa pela ética. Rio de Janeiro: vozes, 1988. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2002. LIMA, Timothy Francisco O enfermeiro e os cuidados paliativos. Ordem dos enfermeiros. Publicado em 30.03.2007. Disponível em <http://www.ordemenfermeiros.pt/index.print.php?page=72&view=news:Print&id=41> Acesso em 28.04.2008. KUBLER-ROSS, E. Sobre a morte e o morrer. São Paulo, Martins Fontes, 1992. MARENGO, M. O. ; FLAVIO, D. A. ; SILVA, R. H. A. . Terminalidade de Vida: Bioética e Humanização em Saúde. Medicina(USP. FMRP), v. 42, p. 286-293, 2009. SANTANA Júlio César Batista et al; Cuidados paliativos aos pacientes terminais: percepção da equipe de enfermagem, p.77-86;2009. 79 POTTER, AP; PERRI, A.G. Lidado com a perda, morte e luto. In Fundamentos de enfermagem: conceitos processos e pratica. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999. Cap. 26, p.419-436. TIMBY, B. K. Morte e morrer.6 ed. Porto Alegre: Atmed, 2001. Cap. 38. 80 ENDOCERVICITE: POSSIVEIS CAUSAS EM MULHERES4 Mayara Renoke da Silva5 Valquíria Wutke Reetz2 Dayana Loureiro Seibert Fiorini6 RESUMO A saúde da mulher esta evoluindo, assim se forma um amplo leque para a avaliação e manutenção neste novo processo de inovação na vida das mesmas. Devem ser levadas em consideração a sexualidade, contracepção, pré-concepção, cuidados de pré-natais, gravidez, menopausa e envelhecimento. Ainda se torna necessário considerar as doenças que afetam as mulheres e suas implicações no seu estilo de vida para que seja efetuado um tratamento eficaz e completo. Pensando na saúde da mulher, o presente artigo descreve a endocervicite, tendo como objetivo identificar as possíveis causas da doença em mulheres. Para a elaboração da pesquisa foi utilizada como metodologia a revisão bibliográfica, do tipo exploratório e de abordagem qualitativa. PALAVRAS-CHAVE: Saúde da Mulher. Colo do útero. Endocervicite. ABSTRACT Women's health is evolving, thus forming a broad umbrella for the evaluation and maintenance in this new process of innovation in the life of the same. Should be taken into account sexuality, contraception, preconception, prenatal care, pregnancy, menopause and aging. Still necessary to consider the diseases that affect women and their implications in your lifestyle so that an effective and comprehensive treatment is made. Thinking on women's health, this article describes the endocervicitis, aiming to identify possible causes of the disease in women. In developing the survey methodology was used as a literature review, an exploratory and qualitative approach. KEYWORDS: Women's Health. The cervix. Endocervicitis. 4 Artigo Cientifico de Término de Curso de Graduação em Enfermagem Acadêmicos 10° Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia . 6 “Professora Orientadora. Professora do Curso de Graduação Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – Multivix. Enfermeira do Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA/SAE) do município de São Mateus, ES. 5 81 1 INTRODUÇÃO A luta das mulheres em conquistar seus direitos, vem crescendo a cada ano no mundo inteiro. O Brasil na década de oitenta (80) foi marcado por diversos movimentos de saúde onde questionavam, reivindicavam e exigiam a implementação de um programa, que hoje é denominado Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) (PAULINO, 2009). De acordo com Giovanella, et. al (2013), o PAISM, foi criado em 1983 pelo Ministério da Saúde, pois havia uma cobrança muito grande do governo e da sociedade sobre o planejamento familiar e da dinâmica demográfica. Neste período o país passava por movimentos de restauração da democracia e as instituições de saúde junto com a sociedade se mobilizavam para garantir o direito universal á saúde. Ainda retrata Giovanella, et. al (2013), que as mudanças na sociedade tiveram como consequência, a inclusão de novos papéis e desafios para as mulheres, surgia novos valores e moralidades associadas á ampliação da consciência das mulheres acerca do desejo e autonomia sobre seu corpo e sua sexualidade. Assim articulando as idéias feministas aos movimentos pelo direito á saúde pela Reforma Sanitária, foi possível á formulação do PAISM. Baseada na proposta do artigo entende-se por endocervicite, a inflamação da mucosa e das glândulas do colo uterino que pode ocorrer quando os organismos têm acesso as glândulas cervicais depois da relação sexual ou em situações, tais como, aborto, manipulação intra uterina ou parto vaginal (SMELTZER, et. al ,2009). O presente trabalho tem como objetivo geral identificar as possíveis causas da endocervicite em mulheres e como objetivos específicos: Realizar um levantamento bibliográfico sobre os fatores que predispõe o aparecimento da endocervicite e descrever os microrganismos mais comuns ao aparecimento da doença no colo do útero. Trata-se de uma pesquisa exploratória, baseada em revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa. 2 REFERENCAL TEÓRICO 2.1 ENDOCERVICITE 2.1.1 DESCRIÇÃO DA DOENÇA E ETIOPATOGENIA De acordo com Smeltzer, et. al (2009, p. 1413): A endocervicite é uma inflamação da mucosa e das glândulas do colo uterino que pode acontecer quando os organismos têm acesso as glândulas cervicais depois da relação sexual e, menos amiúde, depois de certos procedimentos, como aborto, manipulação intra uterina ou parto vaginal. Quando não tratada, a infecção pode estender-se para o útero, tubas uterinas e cavidade pélvica. A inflamação pode irritar o tecido cervical, resultando emborramento ou sangramento e cervicite muco purulenta. Segundo Porto (2011), as causas mais comuns de endocervicite se dão pela clamídia e a gonorréia, entre outros se destacam a gardnerella vaginalis, cândida, trichomonas vaginalis, Papiloma vírus humano, herpes vírus humano e reação alérgica a substâncias químicas introduzidas na vagina (espermicidas e látex do preservativo). 82 Para Smeltzer, et. al (2009) as infecções uterinas por clamídia freqüentemente não produzem sintomas, mas podem ocorrer secreção cervical, dispauremia, disúria e sangramento. Quando as mulheres grávidas são infectadas, podem ocorrer a natimortalidade, a morte neonatal e o trabalho de parto prematuro. O colo inflamado que resulta dessa infecção pode deixar a mulher mais vulnerável à transmissão do vírus da imunodeficiência humana (HIV) através de um parceiro infectado. Na concepção de BRASIL (2006), uma cervicite prolongada, sem tratamento adequado, pode estender-se ao endométrio e às trompas, causando Doença Inflamatória Pélvica (DIP). Por isso, é importante fazer como rotina, a avaliação de critérios de riscos pela realização da anamnese e sinais observáveis pelo exame ginecológico. Alguns sintomas genitais leves, como corrimento vaginal, dispareunia ou disúria, podem ocorrer na presença de cervicite muco purulento. O colo uterino pode ficar edemaciado, sangrando facilmente ao toque da espátula. Abaixo, segue imagem da endocervicite, para melhor compreensão do texto. Figura 1 – Endocervicite Fonte: http://missfrottis.blog.lemonde.fr/files/2012/04/endocervicite-%25C3%25A0-chlamydiae.jpg 2.1.2 DIAGNÓSTICO O principal método para diagnóstico da endocervicite é o exame ginecológico de colo de útero, que é parte essencial da conduta de enfermagem (BRASIL, 2006). De acordo com BRASIL, 2006, p. 54, o exame ginecológico deve ser realizado segundo os passos abaixo: I. II. III. IV. V. VI. Examinar a genitália externa e região anal; Separar os lábios vaginais para visualizar o intróito vaginal integralmente; Introduzir o espéculo para examinar a vagina, suas paredes, fundo de saco e colo uterino. Fazer o teste de pH vaginal, colocando, por um minuto, a fita de papel indicador na parede vaginal lateral (evitar tocar o colo). Colher material para realização da bacterioscopia quando disponível e para o teste de Whiff (teste das aminas ou do “cheiro” = lâmina com uma gota de KOH 10% sobre uma gota de conteúdo vaginal, considerando o resultado positivo se o cheiro for de peixe podre). Fazer teste do cotonete do conteúdo cervical (colher swab endocervical com cotonete e observar se muco purulento contrapondo em papel branco). 83 VII. Havendo possibilidade de realização no local ou em referência, coletar material para cultura de gonococos, pesquisa de clamídia. Se durante a coleta do material e inspeção do colo do útero houver muco pus endocervical, colo friável, sentir dor à mobilização do colo ou presença de algum critério de risco, recomenda-se o tratamento como cervicite (gonorréia e clamídia) (BRASIL, 2006). 2.1.3 TRATAMENTO Para BRASIL, 2006, a endocervicite deve ser tratada de acordo com seu agente etiológico. Segue abaixo as tabelas 1 e 2 indicando formas de tratamento. Tabela 1: Tratamento da Clamídia Agente Clamídia 1ª opção 2ª opção Azitromicina Eritromicina 1g, VO, em dose (estearato) única, 500 mg,VO, de 6/6 horas, durante 7 dias, Doxicilina Tetraciclina 100 mg, VO de 500mg oral, 4x/dia, 12/12 horas,durante 7 dias 7 dias Ofloxacina 400mg oral, 2x/dia, 7 dias Outras situações Em menores de 18 anos e gestantes, contra-indicar ofloxacina. Indicar azitromicina, eritromicina ou amoxacilina (500 mg, VO de 8/8 horas, por 7 dias). Fonte: BRASIL, 2006, p.56 Tabela 2: Tratamento da Gonorréia Agente 1ª opção 2ª opção Outras situações Gonorréia Ciprofloxacina 500mg, VO dose única Ceftriaxona 250mg, IM, dose única. Cefixima 400 mg, VO, dose única. Ofloxacina 400 mg, VO, dose única. Espectinomicina 2g IM dose única. Os parceiros sexuais: devem ser tratados, preferencialmente com medicamentos de dose única. Pacientes portadores de HIV: devem ser tratadas com os mesmos esquemas acima referidos. Fonte: BRASIL, 2006, p.56 84 De acordo com o Protocolo de Atenção Integral a Saúde da Mulher, da cidade de Tubarão, SP, 2010, para as cervicites agudas os antibióticos são os mais indicados, o parceiro sempre deve ser tratado. O tratamento medicamentoso é de competência médica. 2.1.4 PREVENÇÃO Smeltzer, et. al (2009) diz que a clamídia, a gonorréia e outras doenças sexualmente transmissíveis (DST) podem ter efeito grave sobre a saúde e fertilidades futuras, sendo assim o profissional de enfermagem traça metas para abordar as mulheres em fase reprodutiva para se atentar ao uso de preservativo, espermicidas e ter cautela na escolha dos parceiros. Os enfermeiros (as) podem desempenhar um papel importante no aconselhamento sobre práticas sexuais mais seguras. É importante que o paciente conclua o tratamento mesmo se os sinais e sintomas tiveram desaparecido. Também é indicado interromper as relações sexuais até a conclusão do tratamento, adotar formas de sexo mais seguro fazendo o uso de preservativo, encorajar o paciente a comunicar a todos os seus parceiros (as) sexuais do ultimo mês, para serem atendidos e tratados e ainda é importantíssimo recomendar o retorno do paciente ao serviço de saúde periodicamente. (BRASIL, 2006). 2.2 PRINCIPAIS CAUSAS DA ENDOCERVICITE 2.2.1 GONORREIA Para Murta (2010), a gonorréia é causada pelo Neisseria gonorrhoeae é uma doença infectocontagiosa, de espécie de bactéria gram-negativa. Também conhecida como uretrite gonocócica, fogagem e blenorragia. É uma DST muito freqüente e transmitida quase exclusivamente por contato sexual ou perinatal. De acordo com Nettina, (2011), a Gonorréia (blenorragia) é uma DST que acomete tanto mulheres quanto homens, causando na mulher cervicite, que quando não tratada ascendentemente migra para o colo do útero e para as tubas uterinas, e no homem causa uretrite. Nettina, (2011) traz que as principais manifestações clínicas em mulheres frequentemente podem ser assintomáticas, pode ocorrer secreção vaginal mucopurulenta ou ainda apresentar queimação dolorosa durante a micção. Ao exame ginecológico pode revelar secreção cervical e inflamação. Ao exame bimanual com a infecção já instalada pode desencadear hipersensibilidade no colo uterino e órgãos pélvicos. 2.2.2 CLAMÍDIA Para Murta (2010), a Clamídia é um bacilo gram-positivo, que afeta apenas seres humanos. Na maioria das vezes acometem a região geniturinária. As mulheres na maioria das vezes são assintomáticas, o que pode desencadear desde simples alterações endocervicais, como uma erosiva endocervicite com presença de secreção muco purulenta, além disso, pode causar infecção ascendente, que são responsáveis pela maior parte das seqüelas, tais como a infertilidade devido a hidrosalpinge que obstruem as tubas uterinas, gravidez ectópica, dor pélvica. No homem pode ocorrer a epididimite, podendo levar a uma oligospermia obstrutiva. 85 De acordo com Nettina, (2011, p.843): A infecção por clamídia é uma DST comum que ocorre em mulheres e homens, sobretudo em adolescentes e adulto jovens. As mulheres são assintomáticas ou apresentam-se como cervicite; os homens são mais comumente assintomáticos, mas podem apresentar-se como uretrite. Segundo Nettina, (2011), as principais manifestações clínicas nas mulheres podem ser assintomáticas ou apresentar secreção vaginal cremosa ou mucoide clara podendo haver desconforto pélvico e disúria. O colo uterino também pode ficar edemaciado, dolorido, friável e eritematoso, coberto por um espesso muco purulento. 2.2.3 INFECÇÕES BACTERIANAS 2.2.3.1 CÂNDIDA ALBICANS Segundo Smeltzer, et. al (2009, p.1408) “A candidíase vulvovaginal é uma infecção fúngica ou por leveduras causadas por cepas de Cândida [...]. Muitas mulheres com um ecossistema vaginal saudável alojam a Cândida, mas são assintomáticas”. Em uma infecção fúngica causada por Cândida albicans, existem fatores associados que facilita a infecção como à terapia esteróide, obesidade, gravidez, antibioticoterapia, diabetes mellitus, contraceptivos orais, duchas vaginais frequentes (NETTINA, 2010). Para Murta (2010), candidíase vaginal, é uma das causas mais freqüentes de infecção vaginal. É uma infecção causada por fungo, cujo agente causador é a cândida albicans. Este fungo é de espécie gram-positiva, encontrada na flora vaginal. Mas, quando ocorre alteração no ambiente da vagina se torna patogênico, causando doença na vulva e vagina. Não é transmitido exclusivamente por via sexual. Normalmente ocorre quando a cepa que é encontrada naturalmente na flora vaginal, se prolifera de forma inesperada. De acordo com Smeltzer, et. al (2009, p. 1408). As manifestações clinicas incluem uma secreção vaginal que provoca prurido (coceira) e subseqüente irritação. A secreção pode ser aquosa ou espessa, mas apresenta uma aparência esbranquiçada semelhante ao queijo ricota. Em geral, os sintomas são mais intensos exatamente ates da menstruação e podem ser menos responsivos ao tratamento durante gravidez. A tabela abaixo indica as opções de tratamento para Cândida Albicans: Tabela 3: Tratamento para Cândida Albicans Agente 1ª opção 2ª opção Outras opções (gestantes após o 1º trimestre e durante a amamentação) Miconazol, creme a Fluconazol, Miconazol, creme a 2%, via vaginal, 150 mg VO em 2%, via vaginal, uma uma aplicação à dose única; aplicação à noite ao noite ao deitar-se, deitar-se, por 7 dias; por 7 dias; Clotrimazol, creme Clotrimazol, creme 86 Candidíase vaginal a 1%, uma aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, durante 6 a 12 dias; Clotrimazol, óvulos de 100 mg, uma aplicação via vaginal, à noite ao deitar-se, por 7dias; Tioconazol creme a 6,5%, ou óvulos de 300mg, uma aplicação única, via vaginal ao deitar; Nistatina100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias. vaginal a 1%, uma Itraconazol 200mg VO 12/12 aplicação via vaginal, hs em 1 dia; à noite ao deitar-se, durante 6 a 12 dias; Clotrimazol, óvulos de 100 mg, uma Cetoconazol 400mg VO/dia por aplicação via vaginal, 5 dias à noite ao deitarse, por 7 dias; Nistatina 100.000 UI, uma aplicação, via vaginal, à noite ao deitar-se, por 14 dias. Fonte: Brasil, 2006, p.59. 2.2.3.2 TRICHOMONAS VAGINALIS Segundo Nettina, (2011), é uma condição do organismo, produzida por um protozoário (com formato de pêra e móvel) que prospera em um ambiente com pH alcalino. Podem ocorrer remissões, porém o organismo continua sendo resistente ao tratamento nas vias urinárias. É considerada uma DST. De acordo com Murta (2010, p.333): A tricomoníase é uma Doença Sexualmente Transmissível causada por um protozoário flagelado (Trichomonas vaginalis). É a doença sexualmente transmissível (DST) não viral mais comum no mundo. A infecção apresenta ampla variedade de manifestações clínicas, desde quadro assintomático até severa vaginite, acomete o sistema geniturinário do homem e da mulher. Segundo Smeltzer, et. al (2009, p. 1408): As manifestações clinicas incluem uma secreção vaginal que é fina (por vezes espumosa), amarelo á amarelo esverdeado, com odor fétido e muito irritativa. Pode sobrevir uma vulvite acompanhante, com sensação de queimação e prurido vulvovaginal. De acordo com Nettina, (2011) A infecção produz secreção abundante de odor fétido, pode ser espumosa e de coloração amarelo-esverdeada, podendo ser acompanhada de prurido, dispauremia e manchas. Possibilidade de hemorragias de coloração vermelha, pontilhadas e salpicadas (tipo morango), no colo uterino, podendo haver edema vulvar, disúria e hiperemia secundária a irritação induzida pela secreção. Brasil, 2006, refere que o tratamento se dá pelos seguintes medicamentos: 87 Tabela 4: Tratamento para Trichomonas Vaginalis Agente 1ª opção 2ª opção Metronidazol 2g, VO, dose única Secnidazol 2g,VO, dose única Trichomonas Vaginalis Metronidazol 400- 500mg 12/12hs VO, 7 dias Tinidazol 2g ,VO, dose única Outras opções (gestantes após o 1º trimestre e durante a amamentação) Metronidazol 2 g, VO, dose única. Metronidazol 400mg 12/12hs, VO, 7 dias ou 250 mg, VO, 3 vezes ao dia por 7 dias. Fonte: Brasil, 2006, p.58. 2.2.3.3 VAGINOSE BACTERIANA De acordo com Smeltzer, et. al (2009, p. 1408). A Vaginose bacteriana é causada por um crescimento excessivo de bactérias anaeróbias e de gardnerella vaginallis normalmente encontradas na vagina e na ausência de lactobacilos. Caracteriza-se por um odor semelhante a peixe, o qual é particularmente perceptível depois da relação sexual ou durante a menstruação em conseqüência de um aumento no pH vaginal. Segundo Nettina, (2011, pag. 839), “é uma Inflamação da vagina chamada vaginite inespecífica, pois não é causada por Trichomonas, Cândida nem gonorréia (blenorragia). E também não é considerada uma doença sexualmente transmissível (DST)”. De acordo com Murta (2010, p.327): É uma infecção que ocorre devido a proliferação da Gardnerella vaginalis em detrimento a uma desarmonia entre as outras bactérias existentes na flora vaginal. Essa infecção é polimicrobiana e tem estreito relacionamento com a diminuição dos lactobacilos. Para Smeltzer, et. al (2009), Mais da metade das mulheres com Vaginose Bacteriana não percebem nenhum sintoma. O corrimento tem coloração acinzentada a amarelo-esbranquiçada, o odor é semelhante a peixe podre. “A infecção produz secreção vaginal com odor, prurido e queimação podem sugerir a presença de microrganismos concomitantes. O PH vaginal fica entre 5,0 e 5,5. Pode ser assintomático” (NETTINA, 2011, p.839). Abaixo, segue tabela elaborada por Brasil, 2006, indicando forma de tratamento da Vaginose Bacteriana: Tabela 5: Tratamento para Vaginose Bacteriana Agente 1ª opção 2ª opção Outras opções (gestantes após o 1º trimestre e durante a amamentação) 88 Metronidazol 400-500mg 12/12hs ,VO, 7 dias; Vaginose Bacteriana Metronidazol 2 g, VO, dose única Ou Metronidazol gel 0,75%, uma aplicação vaginal (5 g), 2 vezes ao dia, por 5 dias; Metronidazol 250 mg ,3 vezes ao dia durante 7 dias ou Metronidazol 400mg, 12/12hs ,VO , 7 dias; Clindamicina 300mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias; ou Clindamicina creme 2%, uma aplicação à noite, por 7 dias. Clindamicina 300 mg, VO, de 12/12 horas, por 7 dias. Fonte: Brasil, 2006, p.58 2.3 ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM A MULHER PORTADORA DE ENDOCERVICITE. A educação em saúde é uma ferramenta indispensável para a promoção de saúde da mulher nas diversas fases do seu ciclo vital, que pode transformar a qualidade da atenção prestada às usuárias dos serviços de saúde. A educação em saúde é considerada uma forma de cuidar em enfermagem, sendo desenvolvida através de palestras, consultas de enfermagem, visitas domiciliares e projetos de extensão envolvendo a comunidade (MATTOS, 2013). Para Nettina, 2011, os cuidados com paciente portadores de endocervicites deve conter atenção para infecções provenientes da clamídia e gonorreia, sendo competência da enfermagem aconselhar a abstinência de atividade sexual até que o tratamento tenha sido todo completo, acompanhar e ter certeza que o parceiro vai ser tratado na mesma época, os parceiros recentes devem receber tratamento, mesmo com a ausência de sintomas e o resultado for negativo para clamídia e gonorreia. Deve-se enfatizar a importância da abstinência sexual até a regressão total dos sintomas e que a terapia tenha sido completada na paciente e no parceiro, como se dá a transmissão, as complicações e o risco para contrair outras DST´s. Ainda como competência do enfermeiro notificar ao departamento de saúde pública e informar a paciente que será obtida as informações necessárias para garantir a realização de exames nos contatos sexuais. (NETTINA, 2011). 3 METODOLOGIA Para a elaboração do presente trabalho utilizou-se a pesquisa exploratória por entender que este tipo de pesquisa é o primeiro passo do trabalho científico, pois são desenvolvidas com o objetivo de proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses (GIL, 2002). Para obter conhecimentos e informações precisas na coleta de dados, foi necessário usar recursos bibliográficos. Para Gil (2002, p.44) “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Conforme Cervo e Bervian (2002, p.65), “a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em documentos”. 89 “A pesquisa qualitativa aborda dados mais profundos do tema escolhido. Podendo ser conceituada como: [...] qualquer tipo de pesquisa que produz descobertas não obtidas por procedimentos estratégicos ou outros meios de quantificação”. (STRAUSS E CORBIN 1998, P.10-11). 4 CONCLUSÃO Diante da análise do tema, que teve como objetivo investigar quais as causas mais comuns de endocervicite em mulheres foi possível verificar que a clamídia e a gonorreia são as principais causas. Tais evidências indicam a importância dos profissionais de enfermagem em atuarem na prevenção e quando a doença instalada possibilitar um acompanhamento durante o tratamento para evitar a contaminação dos parceiros e a disseminação da doença, e, além disso, prevenindo complicações futuras que podem comprometer a saúde e fertilidades futuras. Quanto as formas de prevenção, atentar ao uso do preservativo, espermicidas e cautela na escolha dos parceiros e orientar os pacientes sobre a importância de não interromper o tratamento. Diante disso, este estudo traz para os profissionais de enfermagem, a necessidade de entender a realidade de cada paciente para colaborar da melhor forma possível a promoção, prevenção e o tratamento da mulher com endocervicite. 5 REFERENCIAS Anatomia Patológica: Caso I Endocervicite, Leiomioma. Disponível em: <http://missfrottis.blog.lemonde.fr/files/2012/04/endocervicite-%25C3%25A0-chlamydiae.jpg.> Acesso em: 09 nov. de 2014. Ás: 14h00min. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância e Saúde. Programa Nacional de DST e Aids. Manual de Bolso das doenças Sexualmente Transmissíveis / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Programa Nacional de DST e Aids. Brasília: Ministério da Saúde. 2006. CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5 ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2002. GIOVANELLA, Lígia (org.) Políticas e Sistema de Saúde no Brasil. 2. Ed. Ver. E amp. organizado por GIOVANELLA, Lígia; ESCOREL, Sarah; LOBATO, Lenaura de Vasconcelos Costa et. al. – Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2012. MATTOS, Magda de Veronesi; JUNIOR, Camila Lucchese; SILVA, Aristides José da. Enfermagem na Educação em Saúde. 1ª ed. Curitiba: Prismas, 2013. MURTA, Genilda Ferreira. Saberes e Práticas: Guia para ensino e aprendizado de enfermagem. Volume 4. 5ª. ed. Atual.e rev. São Caetano do Sul, SP: Difusão, 2009. NETTINA, S. M. Práticas de Enfermagem. 9ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. PAULINO,I; BEDIM, L.P.; PAULINO,L.V. Estratégia saúde da familia. São Paulo: Ícone, 2009. 90 PORTO, Celmo Celeno. Vademecum de clinica medica. Celmo Celeno Porto; coeditor Arnaldo Lemos Porto. 3. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Protocolo de atenção integral a saúde da mulher. / Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Florianópolis. Tubarão: Ed. Copiart. SMELTZER, S.C; BARE, B.G; HINKLE, J.L; CHEEVER, K.H. Brunner e Suddarth: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgico. 11ª. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. STRAUSS, Anselm; CORBIN, Juliet. Fundamentos da pesquisa qualitativa. Estados Unidos da América, 1998. 91 A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NO INCENTIVO AO ALEITAMENTO MATERNO7 Eva Aparecida Galvão Pereira da Silva 8 Lorena Silva Falcão² Samia Leticia Franca Mendes² Milânia Effgen Caran9 RESUMO O leite materno é essencial para os lactentes como fonte nutricional, benefício imunológico e emocional, assim como benefício sócio cultural da amamentação para toda coletividade. Diversas são as iniciativas para a promoção do aleitamento materno, porém, a realidade apresentada não condiz com o que é preconizado pelos órgãos de saúde. Dentro dessa realidade, o enfermeiro é o principal responsável por promover a amamentação exclusiva. O artigo tem como objetivo geral, avaliar a atuação do enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno e como objetivo específico, enumerar as vantagens e desvantagens do aleitamento tanto para o bebê quanto para a mãe. Trata-se de um estudo descritivo, exploratório, de revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa, que possibilitou a discussão do papel do enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno, assim como os benefícios propiciados através da atuação desse profissional dentro da equipe. O aleitamento materno exclusivo até os seis primeiros meses de vida é uma das principais estratégias para redução da mortalidade infantil, entretanto, sabe-se que apesar de todos os esforços, esta tarefa não é fácil. A participação do enfermeiro é fundamental na promoção do aleitamento materno, pois é através de seus conhecimentos técnicos e científicos que podem direcionar as mães, no que diz respeito aos inúmeros benefícios da amamentação para a criança e sua família. PALAVRAS-CHAVES: Aleitamento Materno. Incentivo. Enfermeiro. ABSTRACT The breast milk is essential to the latents as a nutritional source, immunologic and emotional benefit, just as social-cultural benefit of the breastfeeding for all collectivity. The initiative to promote the maternal nutriment are diverse, but the reality presented do not suit the reality that professed by the Health Organizations. Within this reality the nurse has a major responsibility for promoting the exclusive breastfeeding. This article has the objective to evaluate the action of the nurse in the initiative of the maternal nutriment and list the advantages and disadvantages of the nutriment for the baby and for the mother. This is a descriptive study, exploratory, bibliographical review, with a qualitative approach, that allows the discussion of the role of nurses in the incentive of the maternal nutriment, just as the benefits propitiated through the situation of this professional inside the staff. The breastfeeding exclusive until the first six months of life is one of the main strategies to reduce infantile mortality, nevertheless, it’s well known that despite all the efforts, this is not an easy task. The nurse participation is fundamental in the promotability of the maternal nutriment, because it’s through technical and scientific knowledge that they can direct mothers, regarding the countless benefits of breastfeeding for the baby and its family. KEYWORDS: Breastfeeding, Incentive, Nurse. 7 Artigo Científico de Conclusão de Curso Bacharel em Enfermagem. Acadêmicas do Curso de Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX – Nova Venécia. 9 Professor (a) Orientador (a) Especialista em Controle de Infecção Hospitalar. 8 92 1 INTRODUÇÃO O leite materno é de extrema importância para os lactentes como fonte nutricional, benefício imunológico e emocional, assim como benefício sócio-cultural da amamentação para toda a coletividade (CIAMPO et al, 2008). A prática do aleitamento materno está diretamente ligada a fatores de ordem física, psicológica e social, sendo dessa maneira reconhecida a influência dos profissionais de saúde envolvidos neste processo (BATISTA; FARIAS; MELO, 2013) Na década de 70 foi criado o Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição, que apresentava como um de seus objetivos promover e estimular o retorno da amamentação ao seio, mas a alimentação do lactente era tarefa de controle médico e predominava, nessa década, a distribuição de leite e o uso de fórmulas lácteas (GUINSBURG, 2009). A década de 80 foi marcada pela criação do Programa Nacional de Incentivo ao Aleitamento Materno e dos Programas de Assistência Integral a Saúde da Mulher e da Criança, inovadores no sentido de destacar ações de incentivo ao aleitamento materno. Além disso, foi criado também o sistema de alojamento conjunto nas unidades do SUS, com a finalidade de proporcionar mais precocemente o contato mãe – filho, e consequente o estímulo à amamentação (GUINSBURG, 2009). No Brasil, a partir de 1981, ocorreram importantes transformações sociais no cenário do aleitamento materno, justificado pelo desenvolvimento de uma política estatal, estabelecida pelo Ministério da Saúde, focada na temática específica para o setor saúde. Embora tenha sido realizado o incentivo a amamentação e comprovada sua importância, ainda assim o desmame precoce é uma realidade predominante (BATISTA; FARIAS; MELO, 2013). Na década de 90, foram grandes as mudanças no cenário da amamentação, como o lançamento da Iniciativa Hospital Amigo da Criança, a valorização do apoio legal, pessoal e emocional à mulher, e a criação da Rede Nacional de Bancos de Leite Humano no Brasil, hoje Rede Íbero-Americana de Bancos de Leite Humano, a maior do mundo (GUINSBURG, 2009). Embora tenham ocorrido diversas iniciativas para promoção do aleitamento materno, a realidade apresentada não condiz com o que é preconizado pelos Órgãos de saúde. Dessa forma, supõe-se que essa realidade esteja diretamente relacionada às ações dos profissionais de saúde, pois muitas das vezes, não estão próximos, vivenciando os momentos de (in)sucesso da mulher no processo de lactação. O enfermeiro é o profissional que deve ser capaz de identificar e oportunizar momentos educativos, facilitando a amamentação, o diagnóstico e o tratamento adequados, considerando ser ele capacitado em aleitamento materno, e que poderá atuar junto a população, não somente prestando assistência, mas também na promoção e educação continuada, de forma efetiva (AMORIM; ANDRADE, 2009). Desta forma, destaca-se como estratégia para a promoção da saúde, dentre outros princípios a, educação e a alimentação propiciando, sobretudo, o fortalecimento das ações comunitárias e o desenvolvimento de habilidades pessoais (TEMPORÃO; PENELLO, 2010). Tendo em vista a importância dos Programas de Saúde criados a partir da década de 80, sugere-se que o programa de assistência integral a saúde da mulher não visualize apenas as doenças que acometem as mulheres, e que passe a olhar esse ser holisticamente, em seu contexto de vida. A ajuda 93 no pré-natal, o esclarecimento de dúvidas, por profissionais da saúde, nesse momento de grandes mudanças dão a mulher uma maior confiança, fazendo com ela se sinta capaz, mais forte. Nesse sentido, esta pesquisa justifica-se no preparo a prestação da assistência integral as mães, onde se observou que existe a necessidade de investir no incentivo, pois estas são geralmente portadoras de diversas dúvidas, deixando assim de amamentar corretamente, exigindo do enfermeiro mais tempo para a prestação da assistência e incentivo ao aleitamento. Sabendo-se que o enfermeiro é um profissional indispensável na prática do aleitamento materno, o artigo tem como objetivo geral ressaltar a importância desse profissional no incentivo à amamentação, assim como avaliar sua atuação durante a assistência de enfermagem no que diz respeito à promoção e educação, contribuindo assim para o enfrentamento de dificuldades; e como objetivo específico, enumerar as vantagens e desvantagens do aleitamento tanto para o bebê quanto para a mãe. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 A ANATOMIA DAS MAMAS Os seios são estruturas incorporadas à pele, especializadas na produção de leite. Existem nos dois sexos, e são rudimentares nos homens. Nas mulheres, são subdesenvolvidos antes da puberdade, contudo crescem e se caracterizam nesse período, e depois chegam ao seu maior desenvolvimento durante os últimos meses de gravidez e na lactação (CARVALHO; TAVARES, 2010). As glândulas mamárias encontram-se situadas no tecido subcutâneo, sobre os músculos peitorais maior e menor. Na parte mais protuberante da mama está a papila mamária, cercada por uma área cutânea pigmentada circular, a aréola da mama (MOORE et al, 2013). 2.1.1 ANATOMIA DO SEIO FEMININO A quantidade de gordura ao redor do tecido glandular determina o tamanho das mamas não lactantes. O corpo aproximadamente circular da mama feminina está apoiado sobre um leito que se amplia transversalmente da margem lateral do esterno até a linha axilar média e verticalmente da 2ª à 6ª costela. Dois terços do leito da mama são compostos pela fáscia peitoral sobre o músculo peitoral maior; outro terço, pela fáscia que cobre o músculo serrátil anterior. Entre a mama e a fáscia peitoral há um plano de tecido conjuntivo frouxo ou espaço virtual – o espaço retromamário (MOORE et al, 2013). A glândula mamária está firmemente fixada à derme da pele sobrejacente, por ligamentos cutâneos significativos, denominados suspensores da mama. Essas condensações de tecido conjuntivo fibroso, mais desenvolvido na parte superior da glândula, ajudam a sustentar os lobos e lóbulos da glândula mamária (MOORE et al, 2013). De acordo com Moore et al (2013 p.98): O tamanho e o formato da mama são determinados, em parte, por fatores genéticos, étnicos e alimentares. Os ductos lactíferos dão origem a brotos que formam 15 a 20 lóbulos da glândula mamária, que constituem o parênquima da glândula mamária. Assim, cada lóbulo é drenado por um ducto lactífero, esses ductos convergem e têm aberturas independentes. Cada ducto tem uma parte dilatada, situada profundamente à aréola, o seio lactífero, na qual uma 94 pequena gotícula de leite se acumula ou permanece na lactante. Quando o lactente começa a sugar, a compressão da aréola expele as gotículas acumuladas e estimula o bebê a continuar mamando enquanto ocorre o reflexo de ejeção do leite, mediado por hormônios. As glândulas mamárias são glândulas sudoríparas modificadas; por isso, não têm cápsulas nem bainha. O contorno circular e a maior parte do volume das mamas são produzidos por gorduras subcutâneas, exceto durante a gravidez, quando as glândulas mamárias aumentam e há desenvolvimento de novo tecido glandular. Os alvéolos que secretam leite são formados de modo semelhante a cachos de uva (MOORE et al, 2013). É formidável que a mãe conheça suas mamas e consiga identificar o seu tipo de mamilo podendo ele ser protuso ou normal com o bico saliente; plano com o bico achatado; invertido com o bico virado para dentro. Nenhum tipo de bico evita a amamentação, pois é possível torná-los hábeis por meio de treinamentos de exteriorização (BRANDÃO; COSTA, 2012). 2.2 IMPORTÂNCIA DO LEITE MATERNO A amamentação é um ato prático e eficaz, que para obtenção de sucesso depende de fatores históricos, sócio cultural, e psicológico da puérpera, do conhecimento dos profissionais de saúde envolvidos na promoção, e do incentivo ao aleitamento materno (ALMEIDA; FERNANDES; ARAÚJO, 2004). Quando a placenta é expulsa, a produção de estrogênio e progesterona para e dá lugar à produção do hormônio prolactina, que tem atuação sobre a lactação. Quando o bebê suga, excita a produção de prolactina e também de ocitocina, que é responsável não somente pela contração uterina, como também pela liberação do leite. Desse modo, quanto mais o recém-nascido mama, maior será a produção e liberação de leite. A ocitocina também é liberada em resposta a estímulos dependentes, como choro e cheiro do bebê. A fabricação do leite posteriormente ao nascimento é controlada por hormônios e a “descida do leite” acontece até o terceiro ou quarto dia, ainda que a criança não sugue o seio. Nos dias iniciais após o parto a produção de leite é pequena, mas no quarto dia a mãe já produz cerca de 60 ml de leite (BRANDÃO; COSTA, 2012). A formulação do leite humano modifica-se durante a mamada: no início é acinzentado, rico em proteínas, lactose, vitaminas, minerais e água, no final parece mais claro porque contém mais gordura, tornando-se mais rico em energia (SOUZA, 2011). Além de máxima proteção contra doenças, à amamentação exclusiva é formidável do ponto de vista nutricional. A oferta de outros alimentos, incluindo líquidos, diminui a ingestão de leite materno, o que pode ser desvantajoso para a criança, já que muitos alimentos, oferecidos às crianças pequenas são menos nutritivos que o leite materno. É importante ressaltar que a substituição de leite materno pelos alimentos complementares é menos impactante após os 6 meses. Outro respeitável aspecto pertinente à exclusividade do aleitamento materno refere-se à amenorréia pós- parto. Sabe-se que a amenorréia da lactação depende da frequência e da duração das mamadas (CARVALHO; TAVARES, 2010). 2.3 VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO A fundamental vantagem do leite de peito está na composição dos nutrientes, pois ele atende a todas as necessidades nutricionais da criança até os seis meses de vida. A qualidade e a quantidade dos seus componentes, como proteínas, água, vitaminas e sais minerais, satisfazem as necessidades do bebê. Além disso, o bebê aproveita muito melhor o leite materno, digerindo e absorvendo mais 95 nutrientes do que quando toma leite de vaca ou outro tipo de leite (PAULINO; BEDIN; PAULINO, 2009). O leite materno contém substâncias chamadas anticorpos, que protegem o bebê das infecções, (especialmente diarréias e pneumonias) e contra outras muitas doenças. É o alimento completo para o lactente menor de seis meses, tanto no aspecto nutricional, como digestivo, pois facilita a eliminação de mecônio e diminui o risco de icterícia. O primeiro leite é chamado colostro, é um leite muito nutritivo e com uma quantidade de agentes protetores muitas vezes maiores que a do "leite maduro", produzido posteriormente. O colostro é suficiente e adequado para o bebê, na quantidade em que é produzido. Ele contém uma grande quantidade desses anticorpos, por isso a amamentação deve ser iniciada logo após o nascimento, preferencialmente na primeira hora de vida, onde pode-se afirmar que o colostro é a “primeira vacina que o bebê recebe”. Durante o crescimento, o leite materno vai apresentando sua composição naturalmente alterada para se habituar às necessidades da criança, por isso, ele não é sempre igual, é exclusivo para cada criança. Por exemplo, as mães de crianças prematuras produzem leite mais rico em proteínas, porque esses bebês precisam mais desse nutriente para crescer (PAULINO; BEDIN; PAULINO, 2009). O leite materno é prático e higiênico, não tem risco de contaminação porque não precisa ser preparado, passa direto do peito da mãe para a boca da criança e já vem na temperatura certa, portanto, já encontra-se pronto e aquecido. Não se perde tempo preparando-o, nem lavando mamadeiras e panelas (PAULINO; BEDIN; PAULINO, 2009). 2.3.1 VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A CRIANÇA O colostro contém mais anticorpos e células brancas do que o leite maduro, resguardando o neonato contra infecções; é laxativo e auxilia a eliminação do mecônio (primeiras fezes), evitando a icterícia neonatal. Se a criança recebe leite de vaca ou outro alimento, antes de receber o colostro, pode apresentar lesão intestinal e alergia alimentar (SOUZA, 2011). Devido a sua composição e especialmente ao seu conteúdo em substâncias imunológicas, o leite materno protege o recém- nascido contra infecções bacterianas do sistema gastrointestinal e infecções respiratórias (MONTENEGRO, 2013). Amamentação é a forma mais eficaz de atender aos aspectos nutricionais, imunológicos e psicológicos da criança. O leite humano é o único alimento capaz de reduzir, mundialmente, as taxas de mortalidade infantil, pois transfere anticorpos maternos para o bebê, protegendo-o contra infecções, uma das principais causas de morte na criança. Além disso, suaviza o risco para o desenvolvimento futuro do diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares, anemia, alergias alimentares e cáries (SOUZA, 2011). O ato de amamentar estimula o crescimento natural da boca e mandíbula do bebê, diminui o risco de asma e leucemia na infância, além de reduzir os riscos de doenças crônicas na vida adulta, como obesidade e dislipidemia. É durante a amamentação que se cria uma ligação exclusiva entre mãe e bebê que reflete positivamente na vida da criança em termos de estimulação, fala, sensação de bemestar e segurança, e no seu modo de se relacionar com outras pessoas (MONTENEGRO, 2013). 2.3.2 VANTAGENS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA A MÃE Para as mães, o aleitamento também confere vantagens, como por exemplo, facilita o estabelecimento do vínculo afetivo mãe-filho, favorecendo assim um maior envolvimento familiar. É 96 importante amamentar o bebê logo que nasce, pois diminui o sangramento da mãe após o parto e faz com que o útero volte mais rápido ao seu tamanho normal. Quando o bebê suga perfeitamente, a mãe produz dois tipos de substância: prolactina, que faz os seios produzirem o leite, e ocitocina, que libera o leite. Deste modo, o bebê deve ser colocado no peito logo após o nascimento, ainda na sala de parto (PAULINO; BEDIN; PAULINO, 2009). Além das vantagens listadas acima, a amamentação exclusiva, ajuda a diminuir o risco de hemorragia pós-parto por ser relativamente efetiva, como método anticoncepcional, uma vez que as lactentes, enquanto amenorréicas, não conceberão, em sua grande maioria; e a longo prazo reduz o risco de diabetes tipo 2, câncer de mama, útero e ovários(MONTENEGRO, 2013). 2.4 ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM É importante que o profissional de saúde e toda sua equipe atuem junto às puérperas e aos familiares, realizando acompanhamento intensivo no pós-parto através de visitas domiciliares, palestras informando as estratégias e vantagens de se iniciar e dar continuidade ao processo de aleitamento, pois nessa fase a mulher precisa se adaptar as modificações puerperais, e conhecer sobre o auto cuidado, o aleitamento, e os cuidados com o recém-nascido (ALMEIDA; FERNANDES; ARAÚJO, 2004). A consulta de enfermagem à criança tem como objetivo proporcionar assistência sistematizada de enfermagem, de forma completa e individualizada, identificando problemas de saúde-doença, destacando e avaliando cuidados que cooperem para a promoção, proteção, recuperação e reabilitação de sua saúde (CAMPOS et al, 2011). Além de abordar a criança e sua família, o enfermeiro deve reconhecer que a assistência de enfermagem é capaz de gerar mudanças significativas em todo contexto da comunidade, tanto no aspecto preventivo como no curativo, atendendo as metas previstas pelo Ministério da Saúde relacionadas à saúde da criança, tais como: incentivo ao aleitamento materno, acompanhamento do crescimento e desenvolvimento, combate às carências nutricionais, imunização e assistência às doenças prevalentes na infância, mesmo que não seja de forma integral (CAMPOS et al, 2011). Do nascimento da criança até a visita domiciliar, deve o enfermeiro aproximar-se das famílias e interagir com elas, assim, o profissional será mais aceito, pois as famílias e a comunidade irão reconhecê-lo atendendo cada vez mais suas orientações, com máxima confiança. O enfermeiro deve vivenciar a assistência de forma amena e prazerosa, sentir-se gratificado, satisfeito ao ver o desenvolvimento da criança e, principalmente, pela possibilidade de atuar na prevenção (CAMPOS et al, 2011). Segundo Filho (2011), esses profissionais buscam, por meio de medidas educativas e de promoção de saúde ajudar as mulheres a desenvolver estratégias para prevenção de problemas no aleitamento materno. De acordo com Brandão e Costa (2012) seguem listadas abaixo algumas orientações importantes às gestantes: - Não usar sabão, sabonete, cremes e pomadas nos mamilos. - Evitar a remoção do colostro durante a gestação, pois pode estimular as contrações uterinas. - Consumir dieta variada e com bom aporte calórico, incluindo frutas e vegetais ricos em vitamina A. - Ingerir bastante líquido, evitando café e outros produtos derivados da cafeína. 97 - Planejar a volta ao trabalho, conhecendo as facilidades da retirada e armazenamento do leite materno por ordenha manual. - Ter bastante paciência, especialmente no início do aleitamento, não desistir nas primeiras tentativas. - Procurar os serviços de saúde em caso de maiores dificuldades com a amamentação. É importante que o profissional de enfermagem tenha habilidade, conhecimento técnico e atitude acolhedora para avaliar adequadamente a viabilidade da amamentação. Não basta que a mulher esteja informada das vantagens do aleitamento materno e faça opção por esta prática, ela precisa estar inserida em um recinto favorável à amamentação e encontrar apoio no profissional de saúde (FILHO et al, 2011). 2.4.1 ATUAÇÃO DO ENFERMEIRO NA PROMOÇÃO DO ALEITAMENTO MATERNO O sucesso da amamentação está diretamente ligado ao apoio e à orientação que essa mãe recebe a partir das consultas de pré – natal e nas primeiras semanas após o parto. Sempre que sejam escolhidas intervenções para promover o aleitamento, devem ser levados em consideração os fatores que também afetam negativamente sua prática (CARVALHO; TAVARES, 2010). Quase todas as mulheres podem ser bem sucedidas na amamentação. São fatores facilitadores desse processo: orientações apropriadas durante a gestação nas primeiras visitas de pré-natal, o apoio da família e parceiro, o início da amamentação dentro da primeira hora de vida do bebê, supervisão das primeiras mamadas pela equipe de enfermagem, entre outros (SOUZA, 2011). 2.5 PROBLEMAS MATERNOS RELACIONADOS AO ALEITAMENTO Além dos fatores culturais, educativos e sociais relativos ao aleitamento materno, doenças envolvendo a mãe podem instituir obstáculos importantes à amamentação. A má técnica de amamentação, mamadas infrequentes e em horários pré-determinados, constituem importantes fatores que podem predispor a manifestação de complicações da lactação, tais como: ingurgitamento mamário, traumas mamilares e baixa produção de leite, uma vez que se instituem em condições que levam a um esvaziamento mamário inadequado (FILHO et al, 2011). Se as mamas não são esvaziadas de modo adequado ficam ingurgitadas, o que pode diminuir a produção de leite. Isso ocorre devido ao aumento da concentração de substâncias inibidoras da produção de leite (BRASIL, 2002). Sobre estes aspectos Carvalho e Tavares (2010) declaram que: o chamado ingurgitamento das mamas (ingurgitamento mamário) resulta da limitação e, duração das mamadas, assim como do incorreto posicionamento do bebê na mama (pega). A hiperdistensão dos alvéolos pelo leite dá um crescente achatamento dos mesmos, levando ao alargamento e até mesmo a ruptura das células secretoras de leite. Um outro transtorno muito comum, denominado por mamilos dolorosos ocorre principalmente entre primigestas, e pode ser explicado devido à pouca espessura do epitélio papilar. De acordo com progressão da amamentação, tais sintomas tendem a melhorar até o desaparecimento. Não se aconselha mais o preparo das mamas com buchas e raspagem, uso de conchas; já os protetores de mamilo (de silicone) só devem ser usados de forma individualizada, quando os benefícios se mostrarem claros. O único tratamento que se mostrou verdadeiramente eficaz para evitar a dor da papila é o bom posicionamento do bebê na mama (CARVALHO; TAVARES, 2010). 98 Além dos transtornos supracitados, bem conhecido e não menos importante, existe ainda a mastite, conceituada como qualquer fator que atrapalhe ou iniba o livre fluxo de leite pela mama. Essa interrupção pode ser ocasionada por restrições na alimentação, mau posicionamento do bebê, ou um obstáculo no trajeto de drenagem do leite de um setor da mama. Esses obstáculos podem ser originados por bloqueio ductal, redução na frequência das mamadas ou compressão pelos dedos que seguram a mama. Uma das causas das mastites é o uso de sutiãs muito apertados, e essa condição deve ser explicada às gestantes, pois as mamas tendem a crescer, e os suportes mamários devem se adaptar à mama puerperal. A mastite se estabelece quando há extravasamento de substâncias do leite, através das paredes celulares rotas, para o tecido conjuntivo em volta, produzindo um processo inflamatório local (CARVALHO; TAVARES, 2010). As rachaduras e fissuras também fazem parte da realidade de algumas puérperas. As rachaduras são gretas que se abrem na região aréolo mamilar, e atingem a epiderme, e quando alcançam a derme, são chamadas de fissuras. As rachaduras podem ser dolorosas o suficiente para interromper a amamentação, por isso, deve-se ter o máximo de atenção com essas queixas. (CARVALHO; TAVARES, 2010). 2.5.1 TABUS E MITOS Para que o aleitamento materno seja um sucesso, é necessário que a mãe esteja determinada em seguir as orientações do profissional de saúde para assim proporcionar propostas para decidir os problemas que possivelmente virão durante o aleitamento (BRASIL, 2002). Algumas mulheres evitam amamentar porque receiam engordar e ficar com as mamas caídas, entretanto, há afirmações de que é a gravidez que leva à deformidade das mamas e não a amamentação (ICHISATO; SHIMO, 2001). As mães oferecem chás, água ou outros alimentos porque acham que a criança está com sede, para diminuir as cólicas, para acalmá-la a fim de que durma mais, ou porque pensam que seu leite é fraco ou escasso e não está sustentando adequadamente a criança. Esta é uma atitude desnecessária e prejudicial à sucção do bebê, pois faz com que este mame menos, provocando assim substituição do volume deste líquido. A oferta desses líquidos em chuquinhas ou mamadeiras faz com que o bebê engula mais ar (aerofagia) propiciando desconforto abdominal pela formação de gases e, consequentemente, cólicas no bebê e representam um meio de contaminação que pode aumentar o risco de doenças e confusão de bicos na hora de mamar no seio, o que dificulta a pega correta e evita que o bebê mame o leite do final da mamada rico em gordura (BRASIL, 2002). 2.5.2 AVALIAÇÕES DA EQUIPE DE ENFERMAGEM PARA A PREVENÇÃO DOS PROBLEMAS RELACIONADOS AO ALEITAMENTO Um grande problema na amamentação é a descrença da mulher a respeito da sua competência em produzir leite em quantidade adequada. Assim, informá-la e ampará-la para que possa entender os fatores intervenientes no processo de amamentação deverá ser a principal atitude dos profissionais de saúde (FILHO; NETO; MARTINS, 2011). A lactação é um dos modos mais competentes de atender aos aspectos nutricionais, imunológicos, psicológicos e o desenvolvimento de uma criança no seu início de vida. O leite materno não é somente biológico, mas é histórico, social e psicologicamente esquematizado. A tradição, a crença e os preconceitos têm influenciado de forma decisiva a sua prática. Para obter dados, os enfermeiros 99 precisam adentrar na comunidade estudando sua tradição, condutas, pensamentos e ações enraizadas que possam ser utilizadas para a criação de políticas de saúde na área materno-infantil voltada para a real dimensão dos problemas da mulher e da criança (ICHISATO; SHIMO, 2001). Um dos fatores que pode influenciar na disposição das mulheres a aceitar ou não o leite materno como sustento para seus filhos, nos primeiros meses de vida, depende do aporte nutricional da lactante. Sabendo-se da importância do aleitamento materno tanto para a criança quanto para a mulher, aconselha-se que a lactante receba, por meio de sua nutrição, grande quantidade de elementos que serão aproveitados para a constituição do leite, como água, glícides, prótides, lípides, sais minerais e vitaminas (ICHISATO; SHIMO, 2001). A dificuldade de amamentar nos países industrializados está agregada a insuficiente informação e experiência sobre a amamentação. Mulheres que recebem orientações de pessoas nas quais elas têm total confiança apresentam mudanças de conduta; dessa forma é indispensável que os profissionais de saúde dêem orientação educacional às mulheres, ainda no início da gravidez e que estes sejam capazes de identificar mães que estejam correndo risco de enfrentar problemas na técnica do aleitamento materno (ICHISATO; SHIMO, 2001). 2.6 TÉCNICAS DE AMAMENTAÇÃO O ideal é que a criança seja aleitada sem restrições de horários ou de período em cada mamada. Um bebê em aleitação exclusiva costuma mamar de 8 a 12 vezes por dia, e nos primeiros meses é natural que o bebê mame com muita assiduidade e sem horários e períodos regulares. O importante é que a criança esgote a mama, de jeito a receber tanto o leite do começo quanto o do fim da mamada, que é mais calórico e promove maior saciedade. A próxima mamada deve sucessivamente começar pela última mama oferecida e após as mamadas o bebê precisa ser colocado para arrotar. Caso não arrote, significa que não houve deglutição de ar (BRANDÃO; COSTA, 2012). O leite materno é altamente nutritivo devido à sua composição e especialmente ao seu conteúdo em substâncias imunológicas e pode preencher todas as necessidades alimentares do bebê durante os 4 a 6 primeiros meses de vida. De 6 a 12 meses, fornece ¾ das proteínas que a criança irá necessitar e daí em diante permanece como valioso suprimento proteico à dieta infantil. Além desses elementos, o leite materno contém açúcar, gorduras, sais minerais e vitaminas. Como exceção das gorduras e das vitaminas, sua composição é relativamente independente da alimentação materna (MONTENEGRO, 2013). 2.6.1 PEGA E SUCÇÃO A produção apropriada de leite vai depender predominantemente da sucção do bebê, que estimula a produção de prolactina (hormônio responsável pela produção do leite). Porém, a fabricação de ocitocina que é responsável pela ejeção do leite é naturalmente influenciada pela condição emocional da mãe (auto confiança). A mãe pode mencionar que está com pouco leite. Nesses casos, geralmente, o bebê ganha menos de 20g por dia, molha menos de seis fraldas por dia e, ao toque, os seios da mãe apresentam-se flácidas. O profissional de saúde pode reverter essa situação orientando a mãe a pôr a criança mais vezes no peito para aleitar inclusive durante a noite, observando se a pega do bebê está correta (BRASIL, 2002). Para que a amamentação traga sucesso, é indispensável que o bebê abocanhe a mama perfeitamente, o que acontece quando há abertura ampla da boca, pega não apenas o mamilo, mas toda a aréola do 100 seio. A língua do bebê faz um formato de concha que leva o leite até a faringe posterior e o esôfago, acionando o reflexo da deglutição (BRANDÃO; COSTA, 2012). A posição do bebê e da mãe é muito importante para a amamentação. O rosto do bebê deve estar de frente para a mama, com o nariz na altura do mamilo. O corpo do bebê precisa estar junto ao da mãe, com a cabeça e o tronco bem alinhado e apoiado. A pega apropriada é aquela em que tem mais aréola visível acima da boca do bebê. Além disso, é preciso que a boca esteja bem aberta, o lábio inferior girado para fora e o queixo tocando a mama (BRANDÃO; COSTA, 2012). 3 METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, exploratório de revisão bibliográfica, com abordagem qualitativa, que possibilitou a discussão do papel do enfermeiro no incentivo ao aleitamento materno, assim como os benefícios propiciados através da atuação desse profissional dentro da equipe. Segundo Oliveira (1999, p. 119) “por pesquisa bibliográfica entende-se como levantamento realizado em bibliotecas públicas, universitárias, virtuais e tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição científica que se realizaram sobre determinado assunto ou fenômeno”. Para análise das publicações foram considerados como critérios de inclusão, artigos completos na língua portuguesa, livros didáticos que descrevem a anatomia das mamas, a atuação, promoção, abordagem, incentivo e importância do profissional Enfermeiro frente à dificuldade de amamentação. A construção desse artigo está alicerçada nos fundamentos teórico, conceitos e preceitos disponibilizados na literatura e pelos órgãos oficiais de saúde, em que propôs-se a definição de Aleitamento materno, assim como a importância da participação do enfermeiro frente ao incentivo e a promoção do aleitamento materno exclusivo. 4 CONCLUSÃO O aleitamento materno exclusivo até os seis primeiros meses de vida é uma das principais estratégias mundiais para a redução da mortalidade infantil, porém sabe-se que apesar de todos os esforços apresentados pelos profissionais de saúde, esta tarefa não é de fácil execução. Diante do contexto apresentado, percebe-se que muitas são as dificuldades, mas as perspectivas são promissoras e dependem principalmente da atuação dos profissionais de enfermagem. A participação do enfermeiro é fundamental na promoção do aleitamento materno, pois, é através de seus conhecimentos técnicos e científicos que podem orientar, instigar e direcionar as mães, no que diz respeito aos inúmeros benefícios da amamentação para a criança e sua família. Para que essa orientação seja satisfatória é preciso trabalhar com a gestante e sua família, desde a primeira consulta de enfermagem, dando continuidade no decorrer dos seis primeiros meses de vida da criança, com esclarecimentos sobre técnicas adequadas para a amamentação, responsável pela prevenção de possíveis problemas. Tendo em vista a precariedade de estudos e pesquisas de campo sobre o tema exposto, constatou-se a necessidade de maior dedicação para análise desse tema, pois a realização deste trabalho permitiu conhecimento rápido e externo do atual preparo da prática e da verdadeira importância da assistência de enfermagem às mães. 101 5 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Nilza Alves Marques; FERNANDES, Aline Garcia; ARAÚJO, Cleide Gomes. Aleitamento Materno: Uma abordagem sobre o papel do enfermeiro no pós-parto.Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 06, n. 3, p. 358 – 367, 2004. Disponível em: http://www.fen.ufg.br/fen_revista/revista6_3/pdf/06_Original.pdf. Acesso em: outubro de 2014. AMORIM, M. M; ANDRADE, E. R.Atuação do enfermeiro no PSF sobre aleitamento materno. Revista científica Perspectivas online. Campos dos Goytacazes, v.3, n.9, p.93-110, 2009. ANDRADE, Maria Margarida. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. 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ABSTRACT This article discusses about the infection caused by the HPV virus, treating about the risks, symptoms, aggravation of the disease, methods of treatment and prophylaxis. HPV infection is very common, it corresponds the most common STD in sexually active individuals. Therefore, the nurse plays a main role in preventing HPV, since many individuals have the virus but are asymptomatic and unaware that they are infected, this contributes to the contamination and spread of the virus, which may cause condylomata acuminata to the oncogenic form of the disease. In most cases, the cancer of the cervix is caused by HPV. KEY-WORDS: HPV. Aggravation. Nurse. _______________ ¹ Artigo de Iniciação Científica. ² Acadêmica do 5º Período do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX. ³ Professora Orientadora. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da Faculdade Capixaba de Nova Venécia – MULTIVIX. Enfermeira da ESF do município de Pinheiros, ES. 104 1 INTRODUÇÃO HPV é uma doença sexualmente transmissível, bastante frequente, causada pelo papilomavírus humano, provoca infecção genital e diferencia-se por duas formas de manifestação clínica: forma benigna que corresponde a verrugas genitais e forma maligna que corresponde à causa do câncer anogenital (VERONESI E FOCACCIA, 2009). Em torno de 50% dos casos ocorrem entre os 15 e 25 anos, nos jovens varia de 27 a 46% os índices de manifestação. A probabilidade de um indivíduo sexualmente ativo de 50 anos ter sido infectado com o HPV ao longo da sua vida atinge os 70 a 80%. Embora seja uma infecção muito frequente, na maior parte dos casos é transitória e autolimitada. Ao fim de um a dois anos tem resolução espontânea em 80% dos infectados. A infecção torna-se persistente nos restantes 20%, condição predisponente para uma evolução desfavorável. Em 3 a 4 % dos casos evolui para lesões, das quais 0,7 a 1% para lesão pré-cancerosa e 0,1% para câncer invasivo, com um tempo de desenvolvimento variável, em geral longo, ao redor de 15 anos (VERONESI E FOCACCIA, 2009). Segundo SMELTZER, et al , 2011, a infecção pelo papilomavírus humano constitui a DST mais frequente em indivíduos jovens e sexualmente ativos. A ocorrência em mulheres jovens sexualmente ativas encontra-se alta. TRABULSI e ALTERTHUM, 2008, pontuam que as lesões podem perdurar por meses ou anos, mas em geral regridem automaticamente. A maioria dos papilomavírus pode ser dividida em três grupos: tipos cutâneos, EV e genital-mucoso. Fundamentado na sequencia do DNA os papilomavírus são classificados em mais de 100 tipos. São transmitidos principalmente pela pele ou por contato genital (KUMAR, ABBAS E FAUTOS, 2005). O presente artigo tem como objetivo geral mostrar os riscos que o HPV causa para a saúde bem como as medidas profiláticas necessárias e tem como objetivos específicos descrever a respeito das consequências ocasionadas pela infecção por HPV, abordar as formas de transmissões, orientar sobre a prevenção e medidas de imunização, pontuar as ações do enfermeiro diante da doença. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 CARACTERÍSTICAS DOS VÍRUS Para VERONESI E FOCACCIA, 2009, o papiloma vírus é um vírus DNA que pertence à família Papovaviridae, de conformação icosaédrica não envelopada, com 72 capsômeros. Possui genoma circular, composto por dupla fita de DNA. O HPV é classificado primeiramente pela espécie de hospedeiro natural, podendo ser humano, bovino, vírus de Shope e subclassificado em tipos de acordo com a organização das sequencias de nucleotídeos do DNA. Foram identificados cerca de 100 tipos de vírus e classificados em 16 grupos, A a P. De acordo com o tecido suscetível o HPV pode ser distinguido como cutâneo ou de mucosa (MURRAY, ROSENTHAL e PFALLER, 2009). De acordo com TRABULSI E ALTERTHUM, 2008, a maior parte dos papilomavírus pode ser dividida em três grupos segundo o quadro clínico, sendo estes: tipos cutâneos, do qual apresentam verrugas não-genitais, já os tipos EV causam verrugas não-genitais em pessoas com epidermodisplasia verruciforme, ou seja, uma situação rara de fator hereditário relacionada ao sistema imunológico apresentando predisposição para a infecção crônica por essa classe de HPV ou 105 em pessoas imunossuprimidas é comum a infecção com HPVs de tipo EV ser inaparente. Há também o tipo genital-mucoso que causa infecção na pele dos genitais e as mucosas genitais e não-genitais. Os vírus do papiloma infectam primeiramente as células basais no epitélio, mas há uma manifestação limitada dos genes virais nessas células. De acordo com que as células epiteliais se diferenciam, os genes adicionais do HPV são propagados. Os vírions maduros são produzidos nas células dentro da camada granular e propagados no estrato córneo. Nas camadas espinhosas superiores do epitélio, o HPV induz a uma vacuolização perinuclear característica nas células epiteliais (cilocitose). O DNA do papilomavírus é mantido como um plasmídeo epissomal e as proteínas decodificadas pelo vírus ocasionam o desenvolvimento celular e a malignidade. O HPV E6 impeli a ubiquitinação e degradação da p53, proteína responsável pela apoptose, isto é, a morte programada da célula, pois quando uma célula apresenta algum tipo de defeito ela realiza a apoptose impedindo a formação de outras células defeituosas e por conseguinte a formação de um tumor; e o HPV E7 liga-se a pRB liberando o fator de transição E2F. Ambas as ações desregulam o ciclo celular e podem ocasionar transformação celular e malignidade (KUMAR, ABBAS E FAUSTO, 2005). 2.2 TRANSMISSÃO As infecções genitais por papiloma são de transmissão sexual e sua prevalência pode ser correlacionada com a promiscuidade sexual, com a quantidade de parceiros e com o histórico de outras DSTs, sendo que acontecem em todo o mundo. No Nordeste brasileiro a incidência do câncer do colo do útero é a mais alta do mundo (TRABULSI E ALTERTHUM, 2008). VERONESI E FOCACCIA, 2009, diz que o HPV é transmitido pelo contato direto de pele com pele, sendo que não é transmitido pelo sangue e fluidos corporais, a transmissão sexual representa a via clássica de contaminação, sendo considerada uma DST. O vírus é relativamente resistente a água, isso explica o fato de poder haver contaminação através de superfície contaminada. Os condilomas genitais externos podem ser adquiridos por auto ou heteroinoculaçao de vírions de HPV das verrugas comuns da pele e de verrugas genitais. Em caso de infecção congênita, esta é obtida durante o nascimento na passagem pelo canal vaginal de uma mãe infectada e que apresenta verrugas genitais (BROOKS, ET AL, 2012). O HPV resiste a inativaçao e pode ser transmitido por fômites como superfícies de balcões ou mobília, pisos de banheiros e toalhas. A forma latente da infecção pode promover transmissão. A infecção por HPV é adquirida por contato direto através de pequenas lacerações da pele ou mucosa, durante a relação sexual. O papilomavírus humano possivelmente é a infecção sexualmente transmitida mais prevalente no mundo existindo certos tipos de HPV comuns entre pessoas sexualmente ativas (MURRAY, ROSENTHAL e PFALLER, 2009). 2.3 QUADRO CLÍNICO 2.3.1 Tipos de infecção Segundo VERONESI E FOCACCIA, 2009, a infecção pode permanecer na forma latente em que o DNA viral reside no núcleo em forma epissomal, ou seja, o DNA do vírus perdura livre dentro do núcleo da célula do hospedeiro sem se conectar ao DNA do hospedeiro e sem provocar alteração no tecido. Não existe um período definido para a permanência da infecção latente, alguns pesquisadores acreditam que ela possa permanecer por toda a vida. Esta infecção pode se tornar ativa por 106 mecanismos ainda desconhecidos, indivíduos que apresentam debilidades no sistema imunológico são mais suscetíveis. Não há alteração histológia, portanto, a infecção latente só pode ser constatada por métodos de biologia celular. Outra forma é a presença de infecção clínica, representada pelo condiloma acuminado ou subclínica que acontece pela rápida reprodução dos vírus ocasionando a contaminação e alteração de outras células. Com o aumento da velocidade mitótica ocorre espessamento epitelial interferindo com a citocinética, principalmente nas lesões de baixo grau, ocorrendo multinucleação e atipias celulares atribuídas a poliploidização.Outro tipo de infecção é aquela que o sistema imunológico consegue combater, o próprio organismo elimina o vírus, a maioria das infecções por HPV acontece dessa forma (VERONESI E FOCACCIA, 2009). 2.3.2 Verrugas Para MURRAY, ROSENTHAL e PFALLER, 2009, verruga é um problema da pele, um crescimento benigno que com o tempo regride. Antes que aconteça o desenvolvimento de uma verruga o tempo de incubação do vírus varia de 3 a 4 meses, pessoas infectadas por HPV manifestam sintomas com mais frequência em regiões queratinizadas como nas mãos e pés. O aspecto de cada verruga depende da classificação do HPV e da região infectada. No caso de verruga genital, o tecido atingido é o epitélio escamoso da genitália externa e áreas perianais, elas podem ser planas, elevadas e em forma de couve-flor. Aproximadamente 90% são causadas por HPV-6 e HPV-11. Esse tipo de infecção é assintomática na maioria dos casos, porém em pessoas que apresentam alguma patologia e sistema imune debilitado podem manifestar prurido e até desenvolver complicações no quadro como a manifestação maligna da doença (MURRAY, ROSENTHAL e PFALLER, 2009). Figura 1: Lesão verrucosa acuminada em fúrcula vulvar e presença de duas lesões de menor tamanho com superfície micropapilar. Fonte: VERONESI E FOCACCIA, 2009 107 Figura 2: Condilomas acuminados próximos ao freio do pênis Fonte: VERONESI E FOCACCIA, 2009 2.3.3 Tumores benignos Para MURRAY, ROSENTHAL e PFALLER, 2009, os papilomas orais geralmente constituem tumores epiteliais benignos, cuja superfície possui aspecto grosseiro e papilar na maioria dos casos, podendo ocorrer em indivíduos de qualquer idade. Os tipos de HPV que mais comumente estão associados aos tumores benignos de laringe são o HPV-6 e HPV-11. As crianças que são infectadas após o nascimento podem apresentam riscos à vida se os papilomas obstruírem as vias aéreas, eles também podem ser encontrados na traqueia e brônquios. 2.3.4 Tumores malignos. O vírus do HPV não é suficiente para causar câncer genital, porém é um fator relevante. HPV de alto risco, alta carga viral, infecção mais resistente ao tratamento, imunossupressão, presença de outras DSTs, tabagismo e genética são fatores relacionados à dificuldade da eliminação da infecção pelo sistema imunológico e, por conseguinte, o avanço e progressão para câncer (VERONESI E FOCACCIA, 2009). De acordo com TRABULSI E ALTERTHUM, 2008, o câncer causado devido à infecção pelo papiloma acontece muitos anos depois da infecção inicial das quais lesões típicas são papilomas benignos e displasia moderada. Se a carga viral for alta a mulher fica suscetível a risco de progressão para displasia de alto grau e doenças mais graves, o desenvolvimento do câncer ocorre se a infecção for contínua. Enquanto que em papilomas benignos o DNA permanece na forma epissomal, nos cânceres cervicais há integração de genomas parcialmente deletados que acontece junto com o desenvolvimento de displasias de alto grau relacionada à expressão do genoma viral aumentada em células da camada basal. O estado imunitário é de extrema importância em casos de progressão maligna, pois pessoas imunodeprimidas e portadores de HIV possuem risco aumentado para progressão à neoplasia. A diferença entre um genótipo de alto risco e outro não acontece de acordo com a eficácia que os HPVs de alto risco inativam as proteínas supressoras de tumores, p53 e pRB. Embora 99,7% das neoplasias invasoras do colo uterino apresentam DNA do HPV, apenas 3% das mulheres infectadas desenvolvem a neoplasia por algum tipo viral oncogênico. Tumores do colo uterino são mais constantes do que os de vagina, vulva, pênis e ânus. A forma maligna da doença se estende do epitélio normal ao epitélio francamente neoplásico, O vírus antes na forma epissomal (circular) muda para linear e se integra ao DNA da célula epitelial, o DNA viral se une aos cromossomos do hospedeiro (VERONESI E FOCACCIA, 2009). 2.4 DIAGNÓSTICO TRABULSI E ALTERTHUM, 2008, diz que para diagnosticar a patologia é feita a detecção do DNA do HPV por hibridização do DNA/RNA viral das amostras ou por amplificação in vitro dos genomas virais acompanhada por identificação tipo-específica por hibridização. O único método responsável por identificar a localidade dos genomas virais com relação à topografia do tecido é a 108 hibridização in situ, pois permite a localização do DNA ou RNA viral de forma específica nas células, constitui um método muito trabalhoso. Para a realização do teste de captura híbrida é hibridizado o DNA extraído das amostras com sondas específicas de RNA, um anticorpo monoclonal específico para híbridos DNA/RNA faz a captura em fase sólida e os híbridos capturados são constatados por anticorpos conjugados a fosfatase alcalina através de um substrato quimioluminescente, é usado um luminômetro para a leitura da reação. Os métodos mais utilizados são os baseados na região em cadeia pela polimerase, com muita frequência são utilizados primers degenerados para amplificação de um segmento na região L1 dos HPVs sendo capaz de amplificar vários tipos de HPV, sondas tipo-específicas preparadas a partir dos tipos importantes de HPV são utilizadas para identificar os produtos de polimerase (TRABULSI E ALTERTHUM, 2008). Exames diagnósticos baseados na detecção de anticorpos no soro dos pacientes ou o isolamento do vírus do tecido do paciente não são utilizados (LEVINSON E JAWETZ, 2008). “Diagnóstico diferencial: Condiloma plano da sífilis (sorologia e pesquisa do T. pallidum em campo escuro; carcinoma espinocelular do pênis e da vulva e doença de Bowen (carcinoma in situ). Nesse, a correlação clínico-histopatológica é de enorme valia para o diagnóstico” (BRASIL, 2010). 2.5 TRATAMENTO BRASIL, 2010, diz que o tratamento tem por objetivo remover as lesões condilomatosas visíveis e subclínicas, já que não é possível a erradicação do HPV. Embora seja realizado o tratamento adequado, recidivas são frequentes. Para escolher o melhor método de tratamento é necessário avaliar o número, a topografia das lesões e a associação ou não com neoplasia intraepitelial. Segundo SMELTZER, ET ALL, 2011, as verrugas podem regredir espontaneamente sem tratamento, mas também podem manifestar-se novamente com o tratamento. Para a realização do tratamento pode-se utilizar a aplicação tópica de ácido tricloroacético, podofilina (Podofin, Podocon) e agentes quimioterápicos e injeções de interferona administradas pelo médico. As pacientes podem aplicar com facilidade os agentes tópicos nas lesões externas, sendo que esses agentes correspondem ao podofilox (Condylox) e o imiquimode (Aldara). A podofilina, o imiquimode e o podofilox não são propícios para serem usados durante a gravidez, pois esses medicamentos ainda não possuem segurança para serem administrados durante a gestação. Pacientes que apresentam uma extensa área e grande número de verrugas genitais são indicados a tratamento alternativo com eletrocautério e terapia com laser. Quando é prescrito algum agente tópico, a paciente precisa ser devidamente orientada, pois é preciso reconhecer as verrugas e aplicar o agente adequadamente nelas. De acordo com BRASIL, 2010, a podofilina deve ser utilizada apenas nas regiões da vulva, períneo e peri-anal, é necessário lavar após 2 a 4 horas, a aplicação deve ser realizada no serviço de saúde, recomenda-se o uso de 0,5 ml em cada aplicação ou que se limite a área tratada em até 10 cm2 por sessão para evitar a possibilidade de complicações relacionadas com sua absorção sistêmica e toxicidade. Para redução da irritação local recomenda-se que a área tratada seja lavada com água morna e sabão neutro após 1 a 4 horas. Ao redor das lesões que serão cauterizadas recomenda-se aplicar vaselina líquida para isolar a pele circunjacente á lesão Para infecções recorrentes em que tratamentos com substâncias que não sejam antivirais, a interferona é mais recomendada. No caso de verrugas da pele nitrogênio líquido é a substância mais utilizada, já nas verrugas da planta do pé a substância mais comum para o tratamento é o acido salicílico ou cirurgia. Nas infecções graves é utilizado o cidofovir (LEVINSON E JAWETZ, 2007). 109 O fármaco 5-FLUOROURACIL é utilizado para o tratamento de câncer, pois inibe a síntese de DNA e RNA, o tratamento com essa substância ocasiona em algumas pacientes descamação severa da pele, não apresenta resultado eficaz na vulva, pois as lesões são mais queratinizadas. Na maioria dos indivíduos infectados são produzidos anticorpos contra as proteínas L1 da capsídeo viral. Os anticorpos L1 formados em resposta a infecção natural surgem tardiamente e apresentam concentrações baixas, pois a infecção não provoca viremia, nem inflamação local e as partículas virais espalham-se nas superfícies mucosas com pouca exposição às células apresentadoras de antígeno (VERONESI E FOCACCIA, 2009). 2.5.1 Tratamento durante a gravidez No período gestacional não deve-se usar nenhum método químico para o tratamento. Para tratar lesões pequenas, isoladas e externas usa-se termo ou criocauterização em qualquer fase da gravidez. No caso de lesões pequenas, colo, vagina e vulva utiliza-se termo ou criocauterização apenas a partir do 2º trimestre. Em lesões grandes e externas usa-se ressecção com eletrocautério ou cirurgia de alta frequência. O parto cesáreo é indicado caso o tamanho das lesões provoque hemorragias vaginais e dificuldades mecânicas. Vale ressaltar que a cesariana não é um método preventivo para que o recém-nascido não seja contaminado pelo HPV. Mulheres que apresentam condilomatose durante a gestação precisam ser acompanhadas por meio de citologia oncológica e colposcopia após o parto (BRASIL, 2010). 2.6 PROFILAXIA Profilaxia consiste em medidas de prevenção para evitar uma determinada doença. Foi aprovada pelo Food na Drug Administration (FDA) nos Estados Unidos no ano de 2006 e pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil, uma vacina profilática quadrivalente recombinante, Gardasil® Merck, que atua protegendo contra infecções pelos HPV dos tipos 6, 11, 16 e 18. A vacina é constituída de partículas equivalentes aos vírus (VLPs – Virus-Like Particles), ela é elaborada com proteínas L1 do capsídeo viral, não apresenta vírus infeccioso, sendo recomendada para meninas e mulheres de 9 a 26 anos e é administrada por via intramuscular, em três doses, a primeira quando indicada pelo médico, a segunda dose é administrada dois meses depois e a terceira dose seis meses após a primeira (TRABULSI E ALTERTHUM, 2008). As VLPs são produzidas a partir de clonagem com os principais genes da cápside viral (L1) de vários tipos de HPV e inserida em vetores, vacina bivalente introduzida em baculovírus e vacina quadrivalente introduzida em levedura. Essas vacinas são muito parecidas com os vírions do HPV, porém não possuem material genético, sendo assim, não infectam e nem são oncogênicas. Anticorpos neutralizantes e células que possuem antígeno são ativados pela administração via intramuscular (VERONESI E FOCACCIA, 2009). Ambas as vacinas apresentam eficácia na prevenção de infecções persistentes pelos tipos de HPV e no desencadeamento de lesões genitais pré-cancerosas ligadas ao HPV, mas não são eficazes contra patologia estabelecida. A população alvo para a vacinação é adolescentes e adultos jovens, estima-se que a duração da imunidade proporcionada pela vacina seja pelo menos de cinco anos, vale ressaltar que as vacinas contra o HPV não são recomendadas para mulheres grávidas. (BROOKS, ET AL, 2012). MURRAY, ROSENTHAL e PFALLER, 2009, mencionam que a vacina não é garantia de proteção contra todas as cepas de HPV e não substitui o exame papanicolau. Para impedir a transmissão é 110 necessário evitar o contato direto com o tecido infectado, a transmissão sexual pode ser evitada através de precauções adequadas como o uso de preservativos. A circuncisão masculina reduz o risco de infecção por HPV em 63% no homem e em suas parceiras reduz o câncer cervical em 68%. (VERONESI E FOCACCIA, 2009). 2.7 AÇÕES DO ENFERMEIRO DIANTE DE PORTADORES DE HPV O enfermeiro, de modo geral, precisa realizar a educação em saúde voltada para promoção da saúde e prevenção dos fatores de risco da doença, orientando aos portadores de HPV que após o diagnóstico e durante o tratamento é necessário um período de abstinência sexual para evitar a contaminação de outros indivíduos. Os parceiros sexuais devem ser encaminhados ao serviço de saúde para tratamento caso tenham sido contaminados. É de suma importância aconselhar e orientar o paciente sobre a importância do tratamento bem como de seus parceiros e comportamentos preventivos, uso de preservativos para diminuir o risco de transmissão do HIV e outras DSTs (BRASIL, 2010). A comunicação deverá ser contínua e direcionada aos diferentes públicos, como adolescentes, pais e responsáveis, profissionais da saúde, professores e população em geral, buscando sensibilizar e informar quanto ao tema. Deverá ser realizada por meio de comunicação tradicional, como campanhas de massa e distribuição de materiais informativos, e por meio de mídias sociais, telefonia móvel e outras tecnologias modernas (BRASIL, 2013, P. 22). As ações educativas devem abordar informações a respeito do HPV e câncer de colo de útero, à vacinação contra HPV, expondo seus objetivos e resultados, à realização do exame papanicolau, ao diagnóstico e tratamento do câncer, à prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, ações que valorizem a participação das adolescentes e favoreçam a sua autonomia, estimulando-as a assumirem comportamentos saudáveis (BRASIL, 2013). Segundo BRASIL, (2013, P. 22 e 23), as orientações quanto à prevenção do HPV e de outras doenças sexualmente transmissíveis devem abranger: Informações em linguagem clara, consistente e culturalmente adequada. Atualização do conhecimento técnico dos profissionais tanto da área da saúde quanto da área de educação. Orientação quanto ao comportamento sexual e ao uso de preservativos masculinos e femininos em todas as relações sexuais. Informações sobre o controle do tabagismo como forma de minimizar o risco de câncer do colo do útero. No que tange a assistência a adolescentes sem autorização ou desacompanhado dos pais ou responsáveis é importante destacar que: O acesso aos serviços e ações de saúde, inclusive à vacinação, é um direito previsto na Constituição Federal Brasileira de 1988, no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei nº 8.069/1990) e no Sistema Único de Saúde (Lei nº 8.080/1990). A ausência dos pais ou responsáveis não impede o atendimento de adolescentes pela equipe de saúde. A participação da família no acompanhamento das questões relacionadas à saúde é desejável e deve ser incentivada. No atendimento de adolescentes, tanto acompanhados quanto desacompanhados, prevalecem os princípios de autonomia, confidencialidade, privacidade e consentimento informado. 111 Durante o atendimento, deve-se avaliar a capacidade da adolescente de discernir e assumir o autocuidado, sendo necessária a solicitação da presença de um responsável se houver prejuízo dessa capacidade. SMETZER, et all, 2011, pontua que as mulheres são expostas com frequência ao HPV por parceiros que desconhecem que são portadores do vírus, sendo que em muitos casos as pacientes apresentamse com raiva por ter verrugas ou estarem contaminadas e não sabem de quem contraiu a infecção, já que os pacientes podem ser assintomáticos, pois o período de incubação pode ser grande. Ações importantes de enfermagem são reconhecer o sofrimento emocional que acontece quando é diagnosticada uma DST e fornecer apoio para as pessoas infectadas. 3 METODOLOGIA De acordo com os objetivos propostos, foi realizado um estudo de pesquisa de revisão bibliográfica. Revisar significa olhar novamente, retomar os discursos de outros pesquisadores, mas não no sentido de visualizar somente, mas de criticar. Só pode haver crítica se, os objetivos estiverem claros e bem formulados. Para FIGUEREIDO, 1990, a revisão de literatura, possui dois papéis interligados: 1 Constituem-se em parte integral do desenvolvimento da ciências; 2 Fornecem aos profissionais de qualquer área, informação sobre o desenvolvimento corrente das ciências e sua literatura: Função de atualização. Então, autores como: dentre outros que foram citados, sendo estes grandes estudiosos e pesquisadores da área, contribuíram significativamente para o enriquecimento e conclusão deste artigo. O referencial bibliográfico teve como fonte de pesquisa, livros e artigos científicos extraídos revistas, para fundamentação e embasamento teórico. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos fatos expostos fica claro que o HPV é uma doença viral que se não for tratada pode evoluir e tornar-se oncogênica, visto que a maioria dos casos de câncer de colo do útero é ocasionada pelo HPV. Dessa forma, fica evidente que o exame papanicolau deve ser realizado periodicamente, pois quanto mais cedo a patologia for descoberta, maiores serão as chances do tratamento ser bem sucedido. A imunidade é um fator relevante ao tratar sobre HPV, por isso é importante o cuidado com os hábitos de vida como alimentação e a prática de exercícios físicos. Como o vírus do HPV é transmitido em contato de pele com pele, o uso de preservativos não se apresenta como um método totalmente seguro para evitar a infecção, pois os locais onde fica sem o preservativo pode transmitir o vírus, assim também como fômites. O enfermeiro tem papel indispensável quanto à educação em saúde, orientando toda a comunidade sobre a transmissão, os riscos, o tratamento e a prevenção do HPV, passando as informações com uma linguagem de fácil entendimento para a compreensão de todos os públicos estimulando o cuidado e a prevenção à saúde. 5 REFERÊNCIAS BRASIL. Manual de doenças infecciosas e parasitárias, 8ª ed. Brasília- DF, Editora MS, 2010. 112 _______. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância de Doenças Transmissíveis. Coordenação-Geral do Programa Nacional de Imunizações. Informe técnico sobre a vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) na atenção básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2013. BROOKS, Geo. F. Et all. Microbiologia médica de Jawetz, Melnick e Adelberg, 25 ed. Porto Alegre. RS: AMGH, 2012. KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K. ; FAUSTO, Nelson. Robbins & Cotran Patologia: Bases patológicas das doenças, 7 ed. Rio de Janeiro, RJ: Saunders, 2005. LEVINSON, Warren; JAWETZ, Enest. Microbiologia Médica e Imunologia, 7 ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2007. MURRAY, Patrick R. ROSENTHAL, Ken S. PFALLER, Michael A. Microbiologia Médica, 6 ed. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, 2009. SMELTZER, Suzanne C.; BARE, Brenda G.; HINKLE, Janice L.; CHEEVER, Kerry H. BRUNNER E SUDDARTH: Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica, 12 ed. Rio de Janeiro, SP: Guanabara Koogan, 2011. TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flávio. Microbiologia, 5 ed. São Paulo, SP: Atheneu, 2008. VERONESI, Ricardo; FOCACCIA, Roberto. Tratado de Infectologia, 4 ed. São Paulo, SP: Atheneu, 2009. 113 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES¹ Fernanda Elias Costa e Cardoso² Ivan Paulino³ RESUMO Para Cardoso e Silva (2004), Florence Nightingale, a precursora da enfermagem em 1863, descreveu uma série de cuidados e estratégias relacionadas aos pacientes e ao meio, com o intuito de diminuir o risco de infecções hospitalares. Com as suas experiências na Guerra da Criméia e em hospitais militares, constituíram uma base de conhecimentos para a criação de seus inúmeros princípios utilizados até os dias de hoje. Oliveira e Maruyama (2008) ressaltam que as Infecções Hospitalares IH são complicações relacionadas à assistência à saúde e se constituem a principal causa de morbidade e mortalidade hospitalar, gerando prejuízos aos usuários, à comunidade e ao Estado. Neste contexto, com base nas práticas vivenciadas como profissional de saúde em diferentes instituições hospitalares, observa-se alguns aspectos do cotidiano dos profissionais de saúde e dos usuários que se relacionam com a problemática das infecções hospitalares. Diante da realidade apresentada e das reflexões, surgiram questões como: Quais as responsabilidades do enfermeiro no controle da infecção hospitalar? Como controlar as infecções hospitalares? E qual é o papel do enfermeiro no Controle das infecções hospitales? O enfermeiro é considerado como parte integrante e fundamental para as ações de Controle de Infecção Hospitalar nas instituições, sendo isso uma grande responsabilidade para os enfermeiros que atuam no serviço de controle de infecção, pois devem justificar sua existência na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, pela competência em executar suas funções e não apenas pela força de um dispositivo legal. PALAVRAS-CHAVE: Enfermeiro. Infecção Hospitalar. Hospital ABSTRACT For Cardoso and Silva (2004), Florence Nightingale, the precursor of nursing in 1863, described a series of care and strategies related to patients and the environment, in order to reduce the risk of hospital infections. With their experiences in the Crimean War and military hospitals, constituted a knowledge base for the creation of its many principles used until the present day. Oliveira and Maruyama (2008) point out that the Hospital Infections - IH are complications related to health care and are the leading cause of morbidity and mortality, causing damage to users, the community and the State. In this context, based on the practices experienced as a health professional in different hospitals, there are some aspects of health professionals and everyday users that relate to the problem of hospital infections. Facing the reality presented and reflections, questions have arisen as: What are the ___ ¹ Artigo Científico Original. Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação. ² Enfermeira Pós-Graduanda no Curso de Controle de Infecção Hospitalar da Faculdade MULTIVIX – Nova Venécia. ³ Mestre em Enfermagem e Professor Orientador do Curso de Pós-graduação em Controle de Infecção Hospitalar da Faculdade MULTIVIX – Nova Venécia. 114 nursing responsibilities in the control of hospital infection? How to control nosocomial infections? And what is the role of nurses in the control of infections hospitales? The nurse is considered as an integral and fundamental part of the infection control actions in the institutions, and that a great responsibility to nurses working in infection control service because they must justify their existence in the Hospital Infection Control Committee, the competence in performing their duties and not only by virtue of a legal provision. KEYWORDS: Nurse. Hospital Infection. Hospital. 1 INTRODUÇÃO A história da medicina nos revela que as infecções hospitalares (IH) são tão antigas quanto à origem dos hospitais, sendo que as primeiras referências remontam o ano de 325 a.C, porém, somente em 1950 institui-se, na Inglaterra, a primeira Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (GIAROLA ET AL, 2012). Para Cardoso e Silva (2004), Florence Nightingale, a precursora da enfermagem em 1863, descreveu uma série de cuidados e estratégias relacionadas aos pacientes e ao meio, com o intuito de diminuir o risco de infecções hospitalares. Com as suas experiências na Guerra da Criméia e em hospitais militares, constituíram uma base de conhecimentos para a criação de seus inúmeros princípios utilizados até os dias de hoje. Pereira ET AL (2005), afirmam que a infecção hospitalar é definida como aquela adquirida após a internação do paciente e que se manifesta durante a internação ou mesmo após a alta quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares, causada por um desequilíbrio da relação existente entre a microbiota humana normal e os mecanismos de defesa do hospedeiro. Oliveira e Maruyama (2008) ressaltam que as Infecções Hospitalares - IH são complicações relacionadas à assistência à saúde e se constituem a principal causa de morbidade e mortalidade hospitalar, gerando prejuízos aos usuários, à comunidade e ao Estado. Atualmente, as ações do controle de infecção hospitalar são norteadas pela Portaria nº2.616/19981 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), do Ministério da Saúde (MS) e, dentre as deliberações incluídas nesse documento, está a orientação sobre a constituição do Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH), entendido como um conjunto de ações desenvolvidas, deliberadas sistematicamente, com vistas à máxima redução da incidência e da gravidade das infecções hospitalares (BARBOSA, SIQUEIRA e MANTOVANI, 2007). Giarola ET AL (2012), demonstram em seu estudo que o papel da Enfermagem no controle da infecção hospitalar está presente desde suas primeiras descobertas. Florence Nightingale já apresentava preocupação com essa problemática e durante a Guerra da Criméia padronizou procedimentos de cuidados de enfermagem voltados à higiene e limpeza dos hospitais, introduzindo principalmente técnicas de anti-sepsia, com a finalidade de diminuir os riscos desse tipo de infecção. As ações do controle de infecção hospitalar são norteadas pela portaria nº MS 2.616/1998, embasada na Lei nº 9.431/1997. Os membros que devem executar as ações do controle de infecção devem ser técnicos de nível superior, em número mínimo de dois, contando eles obrigatoriamente com médico e enfermeiro, os quais representam o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e, por conseguinte, são incumbidos da execução do Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Dos executores, o enfermeiro é citado na Portaria com o termo “preferencialmente”. 115 Para Barbosa, Siqueira e Mantovani (2007), salientam que se trata de uma atividade complexa, na qual o enfermeiro, no exercício da função de controlador da infecção hospitalar, invariavelmente, encontrará muitas dificuldades em exercer seu trabalho em conjunto com outros profissionais, assim sua importância se torna essencial no controle das infecções hospitalares. Neste contexto, com base nas práticas vivenciadas como profissional de saúde em diferentes instituições hospitalares, observa-se alguns aspectos do cotidiano dos profissionais de saúde e dos usuários que se relacionam com a problemática das infecções hospitalares. Diante da realidade apresentada e das reflexões, surgiram questões como: Quais as responsabilidades do enfermeiro no controle da infecção hospitalar? Como controlar as infecções hospitalares? E qual é o papel do enfermeiro no Controle das infecções hospitales? A realização desse estudo exploratório, por revisão bibliográfica, surgiu com a necessidade de compreender as infecções hospitalares a partir da inserção do enfermeiro diretamente no controle das infecções hospitalares. Portanto, busca atender a dois objetivos: abordar a história das infecções hospitalares e suas relações com as práticas de controle de infecção, além de identificar o papel do Enfermeiro e sua importância, nos serviços no controle das Infecções Hospitalares. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 INFECÇÃO HOSPITALAR Giarola ET AL (2012), demonstram em seu estudo que as infecções hospitalares começaram a surgir na assistência em saúde a partir da criação de instituições destinadas a tratar os indivíduos, assim como pela implementação de procedimentos terapêuticos e diagnósticos mais invasores. As infecções hospitalares nasceram diante da necessidade, de intervenções dos órgãos governamentais de cada localidade, que passaram a adotar leis e outras medidas destinadas a prevenir e a combater os eventos infecciosos, bem como foram surgindo estudos das ciências biológicas no sentido de igualmente combater os índices de infecção (RIBAS, 2010). Agência Nacional de Vigilância Sanitária brasileira (ANVISA) como Programa de Controle de Infecção Hospitalar, instituído pela Resolução desse órgão. É a resolução que, juntamente com portarias e outras resoluções, além de manuais próprios e programas especiais conduzidos eventualmente por cada estabelecimento médico-hospitalar, tem servido de base para as ações nesta área, como esclarecem Oliveira et al (2009). Mas, alertam, que é campo de constante atualização e pesquisa. Segundo Chavez et al, 2008 a prevalência de infecções hospitalares no Brasil de maneira geral, ainda se mostra desconhecida. Não existem dados disponíveis confiáveis e recentes. Ainda para o autor lém do conhecido inquérito nacional de 1994, este que revelou taxas de infecção hospitalar aferidas entre de 12% a 15% em hospitais privados e públicos do país. De acordo com Turrini (2002), a infecção hospitalar é qualquer infecção contraída no período de internação hospitalar que, não estando presente no momento da internação e não se relacionando a intervenções anteriores em outros centros médicos. 116 Para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (apud TURRINI, 2002, p. 23), a infecção hospitalar é “aquela adquirida após a inserção do paciente à Unidade Hospitalar, sendo manifestada durante a internação ou logo após a alta, relacionando-a com procedimentos hospitalares”. Nogueras (2001), salienta em seu estudo que a infecção hospitalar é caracterizada pelo aparecimento, após o decurso de quarenta e oito horas da internação, o início da colonização microbiana, causada por patógenos hospitalares. A infecção, que é causada pela entrada de algumas bactérias, fungos ou vírus no organismo e causador de doenças, pode estar na água, alimentos contaminados, materiais e principalmente nas mãos dos visitantes profissionais da área de saúde. A prevenção fixa-se nas precauções de contato e remoção de micro-organismos com a lavagem das mãos. Pereira et al. (2005), afirmam em seu estudo que a maioria das infecções hospitalares manifesta-se como complicações de pacientes gravemente enfermos, em conseqüência da hospitalização e da realização de procedimentos invasivos ou imunossupressores a que o doente, correta ou incorretamente, foi submetido. As infecções são evitadas por intermédio de medidas de controle e prevenção. Medidas eficazes e simples, como o processamento adequado de superfícies e artigos médicos, lavagem das mãos, utilização adequada de equipamentos de proteção individual e o implemento (para correta observação) das regras de assepsia que visam a redução de sua incidência (KAHVECI et al, 2009). Para Wey et al (1998) o uso de luvas, não substitui a necessidade de higienização das mãos, que devem ser lavadas com água e sabão ou com produto à base de álcool, ou, ainda, outros indicados. O controle das infecções hospitalares é ligado ao processo de cuidar, estando o enfermeiro capacitado para prestar assim um cuidado mais livre de riscos de infecções (PEREIRA et al., 2009). 2.2 COMISSÃO DE CONTROLE DE INFECÇÕES HOSPITALARES As ações do controle de infecção hospitalar são norteadas pela portaria nº MS 2.616/1998, embasada na Lei nº 9.431/1997. De acordo com as deliberações descritas na portaria, está a orientação sobre como deve se constituir um Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH). É um conjunto de ações desenvolvidas, deliberadas sistematicamente, com vistas à redução máxima possível da incidência e da gravidade das infecções hospitalares. Assim para a adequada execução desse programa, os hospitais necessitam formar Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), órgão de assessoria máxima da instituição e de execução das ações de controle das infecções hospitalares. Essa referida comissão deve ser composta por profissionais da área de saúde, de nível superior e formalmente designado. De acordo com a portaria nº 2.616/1998, define que a CCIH tem como função elaborar, implementar, manter e avaliar o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar, adequado-se às características e necessidades da instituição e deve ser composto por membros consultores e executores. Os consultores devem ser profissionais representantes da medicina, da enfermagem, da farmácia, do laboratório de microbiologia e da administração. Ainda com base na portaria os membros que devem executar as ações do controle de infecção devem ser técnicos de nível superior, em número mínimo de dois, contando eles obrigatoriamente com médico e enfermeiro, os quais representam o Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e, por conseguinte, são incumbidos da execução do Programa de Controle de Infecção Hospitalar. Dos executores, o enfermeiro é citado na Portaria com o termo “preferencialmente”. 117 Manter as infecções hospitalares sob controle é um desafio permanente não só do enfermeiro, mas de toda equipe da saúde. Diante dessa situação a sobrecarga de trabalho do enfermeiro é grande, por força tanto da Portaria MS nº. 2.616/1998 que orienta as ações na prevenção e controle de infecção nos diversos segmentos do hospital, quanto da direção do hospital por entender que ele foi contratado com exclusividade para o serviço. Tendo assim a obrigatoriedade de atentar para todas as situações e resolver os problemas que envolvam o controle e a prevenção das infecções hospitalares. Entretanto, cabe ressaltar que trata-se de uma atividade complexa, na qual o enfermeiro, no exercício da função de controlador da infecção hospitalar, encontrará muitas dificuldades em exercer seu trabalho em conjunto com outros profissionais, assim sua importância se torna essencial no controle das infecções hospitalares (BARBOSA; SIQUEIRA; MANTOVANI, 2012). 2.3 O PAPEL DO ENFERMEIRO NO CONTROLE DAS INFECÇÕES HOSPITALARES O controle de infecção jamais será um simples negócio, é a nossa forma de sermos socialmente úteis, contribuindo a partir do nosso conhecimento e prática profissional com o aprimoramento da qualidade de vida de nossos semelhantes (FERNANDES, 2000, p. 3). Fernandes e Fernandes (2000) salientam em seu estudo que a participação do enfermeiro, oficialmente no cenário do controle das infecções hospitalares foi baseada na experiência inglesa que nomeou esse profissional como controlador de infecção hospitalar. Segundo Barbosa (2007) Florence Nightingale começou a desenvolver ações fundamentadas, conquistando para a enfermagem sua importância original, a de restabelecer a saúde por meio do uso da limpeza, ar puro, calor, dieta e repouso, ou seja, ações de controle sobre o meio. Fatores esses fundamentais na prevenção do controle das infecções hospitalares. Para Fernandes (2000) em pequenos hospitais, este profissional exercia esta atividade em tempo parcial, completando sua carga horária em uma das seguintes atividades: educação continuada, supervisão de centro cirúrgico e, mais recentemente, controle de qualidade. Ainda segundo o autor as atividades diárias deste profissional destacam-se: identificar os riscos de infecção em pacientes, funcionários e equipamentos; diagnosticar e notificar os casos de infecção hospitalar; orientar e avaliar a implantação de medidas de isolamento, além de introduzir procedimentos para prevenção da disseminação de microrganismos altamente resistentes aos antibióticos; inspecionar a aplicação correta de técnicas assépticas etc. De acordo com Cardoso e Silva (2004) a maioria das instituições de saúde, constata-se que os profissionais de enfermagem constituem cerca de 45 a 55% do quadro de pessoal da instituição. Estes, atuando em escalas de plantão, estando ao lado dos paciente e familiares, vinte e quatro horas por dia e durante sete dias da semana. Entretanto há que se investir em treinamentos, supervisão e controle acerca de infecção hospitalar, pois a qualidade das informações e preparo destes profissionais repercutirá diretamente na qualidade de assistência por eles prestada. Segundo Pereira et al. (2005), devido à existência de infecções que podem ser evitadas, é preciso responsabilidade no sentido de promover o conhecimento aos usuários e familiares acerca das formas de prevenção em relação ao controle de infecção hospitalar. Salienta-se que essa ação faz parte do 118 processo de cuidar, supervisionado pelo enfermeiro e trabalhado por toda a equipe e ainda contemplando os usuários e familiares nessa ação. Cabe mencionar que a prática do enfermeiro precisa estar voltada à assistência aos sujeitos, orientada para a compreensão e conhecimento do usuário e também nas suas necessidades mais específicas. O conhecimento é significativo, pois servirá para orientar as ações dos profissionais a fim de programar a assistência de enfermagem da qual os usuários precisam (TREVIZAN et al., 2002). Para Fernandes, 2000 a presença do enfermeiro em uma equipe para o Controle de Infecção Hospitalar é de grande importância. Estimulando as instituições a contratarem esse profissional, com exclusividade ou não para o serviço. O enfermeiro é considerado como parte integrante e fundamental para as ações de Controle de Infecção Hospitalar nas instituições, sendo isso uma grande responsabilidade para os enfermeiros que atuam no serviço de controle de infecção, pois devem justificar sua existência na Comissão de Controle de Infecção Hospitalar, pela competência em executar suas funções e não apenas pela força de um dispositivo legal. Assim, os profissionais partem para uma batalha, muitas vezes solitária de algo que está aquém de suas possibilidades, vista a complexidade que é ser controlador de infecção hospitalar (OLIVEIRA, 2005). 3 CONCLUSÃO A Infecção Hospitalar é um importante problema de saúde pública no país, e seu controle não é apenas da responsabilidade de um grupo específico de profissionais, mas de todos aqueles que realizam procedimentos de assistência. No Brasil essas ações são determinadas e orientadas pela Portaria MS nº 2.616/98 que prevê a composição da equipe multiprofissional que irá trabalhar tanto na Comissão como no Serviço de Controle de Infecção Hospitalar e dentre eles encontra-se o enfermeiro como integrante preferencial. Esse destaque se justifica pelas características de sua formação profissional. O controle de infecção hospitalar foi, ao longo dos anos, evoluindo e se evidenciando como um fenômeno que não se restringe apenas ao meio hospitalar, mas também a todos os estabelecimentos da área de saúde, nos quais se desenvolvem ações consideradas de risco para o aparecimento das infecções. A importância do CCIH nas diversas instituições hospitalares é historicamente comprovada e a enfermagem encontra nas atividades realizadas por esta Comissão, um importante campo para atuar de forma consciente e mostrando as suas habilidades e conhecimentos científicos adquiridos. O profissional com formação generalista, o enfermeiro tem ciência das várias disciplinas básicas como microbiologia, estatística, patologia, epidemiologia e das específicas, como administração, cuidado do meio ambiente e cuidado integral do paciente. Os estudos revelam que a equipe de enfermagem é apontada como a principal responsável pela prevenção e controle das infecções hospitalares, pois são os que passam mais tempo na instituição de saúde e realizam a maior parte dos procedimentos junto aos pacientes. Os profissionais, por sua vez, precisam buscar novos conhecimentos, habilidades e atitudes na área, fazendo com que, cada vez mais, seu trabalho seja valorizado e, ao mesmo tempo, indispensável dentro das instituições prestadoras de assistência à saúde. 119 Cabe ressaltar que deve se considerar a importância de se investir no potencial humano como um elemento fundamental para a o desenvolvimento de práticas de controle de infecção. Portanto o enfermeiro tem domínio de várias áreas de conhecimentos afins, sendo assim, tem condições de exercer suas atividades no hospital de forma global, além de acompanhar de perto a evolução do paciente. Esse profissional é capacitado para atuar no controle e na prevenção das Infecções Hospitalares, em todas as suas fazes, tanto nas ações preventivas como as de controle, atuando diretamente com o paciente (LACERDA, 2003). 4 REFERÊNCIAS BARBOSA, M. E. M. A atuação do enfermeiro no controle de infecção hospitalar no estado do Paraná. 2007. Dissertação de mestrado, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem – Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007. BRASIL. ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária intensifica controle de infecção em serviços de saúde. Revista Saúde Pública, São Paulo, v.38, n. 3, 2004. ______. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.616 de 13 de maio de 1998. Regulamenta as ações de controle de infecção hospitalar no país. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 15 maio 1998. Seção I. CARDOSO, Renata da Silva and SILVA, Maria Anice da. A percepção dos enfermeiros acerca da comissão de infecção hospitalar: desafios e perspectivas. 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São Paulo: Atheneu, 1998. 122 SAÚDE FAMILAR¹ Andréia da Silva Mariano² Ivan Paulino³ RESUMO A área da saúde dos países em vias de desenvolvimento, pela natureza dramática dos problemas que acumula, tem sido apontada, como questão de extrema relevância para o campo da Saúde, visando um melhor desempenho, nas deficiências do atendimento das classes menos favorecidas da sociedade. O exemplo mais atual é o Programa de Saúde da Família, que surge como uma alternativa para assegurar cobertura assistencial e preventiva aos grupos populacionais que ocupam posição marginal, em relação ao direito aos cuidados com a saúde.Sendo de suma necessidade uma análise comparativa do programa de saúde da família e o envolvimento dos profissionais inseridos no desenvolvimento do programa visando um amplo desenvolvimento profissional e social na contribuição de melhoria no campo da saúde, esse artigo tem como principal objetivo: despertar uma reflexão crítica nos profissionais da saúde e nos gestores municipais fazendo com que reconheçam a importância do desenvolvimento e funcionamento da Unidade de Saúde da Família e a valorização dos profissionais inseridos nesta área. Trata-se de uma pesquisa com o tema Saúde da Família, por referências bibliográficas, exploratória, com abordagem qualitativa e coleta de dados secundários. O trabalho conclui que a ESF representa um dos grandes avanços e a melhor promessa de saúde para o Brasil. Esse modelo de atenção à saúde tem uma gestão tripartite e um dos vértices desse triângulo é o controle social. Assim, a sociedade brasileira tem um importante papel nesse novo modelo de pensar a saúde e a participação em todo processo juntamente com as equipes da ESF. PALAVRAS-CHAVE: Saúde. Atendimento. Reformas. ABSTRACT The area of health in developing countries, the dramatic nature of the problems that accumulates, has been identified as a matter of extreme importance to the field of Health, to better performance, the shortcomings of the service of the lower classes of society. The latest example is the Health Family Program, which is an alternative to ensure care and preventive coverage to populations that occupy marginal position in relation to the right to care saúde. Sendo of paramount need a comparative analysis of the program family health and the involvement of health professionals involved in _______ ¹ Artigo científico de término de Curso de Pós Graduação. ² Assistente Social Pós-Graduanda no Curso de Gestão em Serviços e Saúde com ênfase em Saúde da Família da Faculdade MULTIVIX – Nova Venécia. ³ Professor orientador. Mestre em Saúde da Família. 123 the development program targeting a broad professional and social development in the improvement of contribution in the health field, this article aims: to awaken a critical reflection on health professionals and municipal managers making to recognize the importance of the development and operation of the Health Unit Family and the valuation of professionals inserted in this area. This is a survey of the Health theme of the Family, for bibliographical, exploratory references with a qualitative approach and secondary data collection. The paper concludes that the ESF is one of the great advances and better health promise for Brazil. This health care model has a tripartite management and one of the vertices of this triangle is social control. So the Brazilian society has an important role in this new model of thinking about health and participation throughout the process with the ESF teams. KEY-WORDS: Health. Service. Reforms. 1 INTRODUÇÃO O início da história de saúde pública no Brasil é marcado pelas desigualdades em relação ao atendimento prestado e pela indiferença do Estado com as classes menos favorecidas, desempregados e trabalhadores rurais. Em 1923, a previdência social teve seu papel decisivo com a criação da Lei Eloy Chaves que regulamentava a Caixa de Aposentadoria e Pensões. Os benefícios do trabalhador foram aos poucos sendo ampliados culminando na criação do Instituto Nacional da Previdência Social (INPS) em 1966. A partir de então aprofunda seu perfil assistencialista imune do controle das classes assalariadas, ganhando os serviços médicos maior importância na barganha clientelista da política de favores (COHN & ELIAS, 2001 p.21). O País, na década de 70, possuía um modelo de desenvolvimento que concentrava a renda, não distribuía benefícios sociais e tudo isso tendo impacto na saúde da população. O sistema de saúde não atendia adequadamente às necessidades da população. O Governo Militar autoritário da época optou pelo caminho mais perverso ao priorizar os interesses privados ao público. A partir da Constituição de 1988, a saúde é considerada como um direito social e dever do Estado (COHN & ELIAS, 2001). Cria-se assim uma nova lógica organizacional para área da saúde introduzindo os princípios da eqüidade, integralidade, universalidade, descentralização, racionalidade, eficácia, eficiência e democracia. Essa re-orientação no setor de saúde amplia sua importância com a promulgação da Lei n° 8.080 / 90 e Lei n° 8.142 / 90. O SUS vem passando, desde que foi instituído pela Lei Orgânica da Saúde, em 1990, por importantes mudanças, entre as quais se pode destacar o significativo avanço obtido na sua universalização, principalmente em decorrência de um importante processo de descentralização de responsabilidades, atribuições e recursos da esfera federal para estados e municípios, em oposição ao modelo anterior do sistema de saúde, caracterizado por marcante centralização decisória e financeira no nível federal. Assim, o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) foi criado oficialmente pelo Ministério da Saúde, em 1991, mas foi insuficiente para provocar mudanças efetivas na forma de organização dos serviços básicos de saúde. 124 O presente artigo justifica-se devido proposição do tema apresentado que caminha junto ao progresso científico e tecnológico ocorrido nos últimos anos e sua incidência sobre a prática médica foram responsáveis pelo descortino de horizontes impensáveis e por efetivar possibilidades, também impensáveis, de solução dos problemas de saúde. Como contrapartida, assistiu-se à segmentação e ao inusitado aumento da complexidade da assistência à saúde um dos motivos pelo qual analisar o desenvolvimento do projeto da saúde familiar. Entre os distintos problemas que afloram com a implantação do PSF nenhum é mais grave que a carência de profissionais em termos quantitativos e qualitativos para atender a esta nova necessidade. Contudo, todos estes elementos só fazem aprofundar o desafio ao se discutir o processo de formação e educação continuada destes profissionais, agora organizados em forma de equipe. De acordo com o desenvolvimento do tema surge o seguinte questionamento: Como contrapartida, à segmentação e ao inusitado aumento da complexidade da assistência à saúde é essencial a valorização do projeto saúde familiar visando uma melhoria social direcionado as classes menos favorecidas e implementando recursos necessários para um melhor desenvolvimento dos profissionais envolvidos no PSF como requisito de melhor qualidade de vida na população participante do projeto em atuação. O objetivo geral é despertar uma reflexão crítica nos profissionais da saúde e nos gestores municipais fazendo com que reconheçam a importância do desenvolvimento e funcionamento da Unidade de Saúde da Família e a valorização dos profissionais inseridos nesta área. Tem como hipóteses: as equipes do PSF com o apoio dos responsáveis pelas unidades de saúde de cada município e dos gestores estaduais e municipais proporcionaram a população uma melhor qualidade de vida ,com parcerias e divisões de responsabilidades profissionais, cumprindo o seu papel em cada setor específico ampliando suas fronteiras de atuação visando uma maior resolubilidade dos problemas identificados. Priorizando a Saúde da Família que será melhor compreendida objetivando respectivas mudança para ampliação de inovadoras mudanças , que deverá sempre se integrar a todo o contexto de reorganização do sistema de saúde para melhor qualidade de vida das famílias necessitadas e qualificação para os profissionais no programa em desenvolvimento. A pesquisa foi realizada com base em dados bibliográficos, analíticos e qualitativos. 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1 BREVE RESGATE HISTÓRICO DAS POLÍTICAS DE SAÚDE NO BRASIL O Sistema brasileiro de saúde passou por diversas mudanças até chegar no que entendemos hoje por Sistema Único de Saúde (SUS). Transitou do sanitarismo campanhista para o modelo médicoassistencial privatista, até chegar, nos anos 80, ao projeto neoliberal e no início dos anos 90 em meio a uma forte crise econômica e política, dois projetos alternativos são apresentados na “arena sanitária brasileira”: um portador de nítida hegemonia, o projeto neoliberal e outro contra-hegemônico, a reforma sanitária (MENDES, 1993). Em meados de 1917, ocorreram várias greves no Brasil, marcadas pelo descontentamento social dos setores produtivos em relação à ineficiência estatal para manter o trabalhador assalariado em estado de higidez. Surge então na década de 20, com a Lei Eloy Chaves, a Previdência Social no Brasil e cria-se a primeira Caixa de Aposentadoria e Pensões dos Ferroviários e logo após, surgem outras CAP’s, as 125 quais eram organizadas por empresas e administradas e financiadas por empresários e trabalhadores (MENDES, 1993). Sua expansão ocorreu de forma acelerada, apesar da falta de fiscalização e resistência de alguns setores. No período de 1933 a 1938 as CAP’s foram unificadas dando origem aos Institutos de Aposentadorias e Pensões (IAP’s) que são organizados por categorias profissionais, não mais por empresas como as CAP’s. Posteriormente foram criados: 1933 o IAPM (dos marítimos); 1934 o IAPC (dos comerciários) e o IAPB (dos bancários); 1936 o IAPI (dos industriários); 1938 criado o IAPETEC (dos trabalhadores em transportes e cargas). Os IAP’s formaram a base da política da assistência médica previdenciária, porém só prestavam atendimento ambulatorial (COHN & ELIAS, 2001; FIGUEIREDO, 2003). Desde o final do século XIX até meados dos anos 60, o modelo agro-exportador baseado no café, dominou os mercados econômicos, fazendo com que os serviços de saúde tivessem como prioridade uma política de saneamento das rotas de exportação e o controle das doenças que pudessem interferir nestas exportações. Em 1960, foi aprovada a Lei Orgânica da Previdência Social, que uniformizou os direitos dos assegurados pertencentes aos diversos institutos. Em meados de 1963, a Previdência Social, que antes atendia basicamente ao trabalhador urbano, estende-se para trabalhadores do setor rural, pelo Fundo dos Trabalhadores Rurais (FUNRURAL). Porém este nunca foi implementado. Em 1971, criou-se o PRORURAL com a função de destinar fundos para manutenção do FUNRURAL, que apesar dos esforços, foi extinto. Em 1966, houve a criação do INPS (Instituto Nacional da Previdência Social), que concentrou todas as contribuições previdenciárias do país (MENDES, 1993; COHN & ELIAS, 2001). Em um processo de especialização das organizações previdenciárias, nasce o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), através da Lei 6.439 de 1977, que consolida a hegemonia institucional da previdência no campo da saúde (MENDES, 1993). Com caráter repressor do regime autoritário-burocrático, ocorreu uma significativa mudança no que se refere à saúde. Houve interrupção de financiamento e até mesmo fechamento dos núcleos de pesquisa, atingindo o Instituto Oswaldo Cruz. A carência completa de recursos colaborava com o quadro de decadência com graves consequências nas condições de saúde da população (COHN & ELIAS, 2001). Com o processo de industrialização do país, ocorre a queda do Sanitarismo Campanhista e a ascensão do “Modelo Assistencial Privatista”, quando o importante era sanear o corpo do trabalhador, mantendo e restaurando sua capacidade produtiva (MENDES, 1993). O modelo da Assistência Médica Privatista excluía parcelas da população do direito à atenção à saúde, fazendo surgir o Modelo da Assistência Primária Seletiva, entendida enquanto programa dirigido a populações carentes e marginalizadas, com ações de baixa qualidade, simples e baratas, desenvolvidas por profissionais desqualificados e sem a participação popular. Em 1978, a Conferência Internacional sobre os Cuidados Primários em Saúde, com a Declaração de Alma-Ata, revive as propostas da Medicina Comunitária, agora com um formato mais elaborado, propondo os “cuidados primários de saúde”, como uma saída para a solução dos problemas de saúde da população (MERHY & FRANCO; apud Fonseca, 2003). Segundo Starfield (2002, p.31), 126 A conferencia de Alma Ata especificou ainda mais que os componentes fundamentais da atenção primaria à saúde eram educação em saúde; saneamento ambiental, principalmente de água e alimentos; programas de saúde materno-infantis, inclusive imunizações e planejamento familiar; prevenção de doenças endêmicas locais; tratamento adequado de doenças e lesões comuns; fornecimento de medicamentos essenciais; promoção de boa nutrição; e medicina tradicional. As políticas de saúde vividas no período de 1980 a 1990 caracterizaram-se por desenvolver-se num contexto de profunda crise econômica e de um processo de redemocratização do país. Surgem no cenário da saúde pública dois projetos com interesses, visões de mundo e propostas diferentes: um projeto contra-hegemônico – a Reforma Sanitária, o qual conforma e inscreve na legislação boa parte de um ideário democrático de saúde e outro hegemônico – o Projeto Neoliberal, o qual não passa de uma proposta conservadora que recicla o modelo médico-assistencial privatista, tendo como pano de fundo a universalização excludente (MENDES, 1993). Os primeiros anos da década de 80 foram marcados pela crise da Previdência Social, até então a grande financiadora do setor saúde. Não suportando mais os gastos da Previdência com o INAMPS, o Governo adotou algumas medidas de reorientação da sua política de assistência médica, mudando a forma de pagamento do setor privado contratado por meio da introdução do pagamento de diagnósticos e não mais por atos e, por outro lado, celebrando convênios com Estados e Municípios para que, repassando recursos, utilizassem a capacidade instalada pública das suas instituições que, na época, estavam extremamente ociosas. Apesar de suas contribuições na ampliação de espaços democráticos para os movimentos populares e partidos políticos, as AIS não atingiram seus objetivos, pois a proposta não conseguiu constituir-se em estratégia que transformasse os serviços nacionais de atenção à saúde. Em 1986 aconteceu o movimento sanitário mais importante da década que foi a VIII Conferência Nacional de Saúde, que se diferenciava das demais pelo seu caráter democrático e por sua dinâmica processual que se iniciou por conferências municipais, depois estaduais até chegar ao âmbito federal. Mendes (1996, p. 62) relata que saúde, na Constituição, é definida como: [...] resultante de políticas sociais e econômicas, como direito de cidadania e dever do Estado, como parte da seguridade social e cujas ações e serviços devem ser providos por um Sistema Único de Saúde, organizado segundo as diretrizes: descentralização, mando único em cada esfera de governo, atendimento integral e participação comunitária. A Constituição Federal de 1988 dá a base legal para o surgimento de um novo modelo de atenção à saúde no país, o SUS, regulamentado pela Lei Orgânica de Saúde – Lei n°. 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços, regulamentando o capítulo da saúde na Constituição, e pela Lei n°. 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que resgata a proposta de regulamentação da participação social e a transferência intergovernamental de recursos financeiros da saúde (MENDES, 1993; FIGUEIREDO, 2003). O SUS é um sistema, ou seja, é formado por várias instituições dos três níveis de Governo (União, Estados e Municípios) e pelo setor privado contratado e conveniado como se fosse um mesmo corpo. Assim, o serviço privado, quando é contratado pelo SUS, deve atuar como se fosse público, usando as mesmas normas do serviço público. Depois, é único, isto é, tem a mesma doutrina, a mesma filosofia de atuação em todo o território nacional e é organizado de acordo com uma mesma sistemática (RODRIGUES NETO, 1997). 127 O SUS propõe muitas e complexas mudanças e, como parte da Reforma Sanitária, é um processo que estará sempre em aperfeiçoamento e adaptação. Assim, após a implantação do SUS foi necessário instituir normas para agilizar a efetivação do novo sistema, surgindo as Normas Operacionais Básicas (NOB) 91/93/96. A NOB 91 coloca os municípios como gerentes de unidades, os Estados continuam como prestadores de serviço e o SUS ainda se mantém centralizado em nível federal. Ocorre, então, a necessidade de uma reformulação, surgindo a NOB 93 que complementa a anterior e sistematiza o processo de descentralização da gestão do sistema e dos serviços de saúde, por meio de um processo de transição, com diferentes níveis de responsabilidade para os estados e municípios. Já a NOB 96 surgiu com o objetivo de aprimorar e potencializar as conquistas da NOB 93. Ela consolida o pleno exercício do Poder Público municipal, caracteriza as responsabilidades sanitárias de cada gestor, reorganiza o modelo assistencial e diminui o repasse por produção, aumentando o repasse de fundo a fundo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994; MENDES & SILVA, 2002). Nesse sentido, no ano de 1991, com o objetivo de melhorar os péssimos indicadores de saúde apresentados na região Nordeste, o MS lança o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). Surge, então, a figura dos agentes comunitários que desempenham as funções de visita domiciliar, monitoramento das famílias em situação de risco, promoção de saúde por meio de ações educativas. Além disso, pertence à comunidade onde exerce sua função, sendo principal elo de ligação entre a comunidade e a Unidade Básica de Saúde (UBS). Nos locais onde o programa foi implantado, houve melhora dos indicadores de saúde e, consequentemente, satisfação popular (SOUZA, 2000; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2001). Diante disso, em 1994, o MS cria o Programa de Saúde da Família (PSF), definido, mais tarde, como Estratégia Saúde da Família (ESF). Segundo SOUZA (2000, p.8), “[...] nasce como algo marginal [...] sem nenhuma articulação com os outros setores do Ministério da Saúde [...]”. Assim, a ousadia de alguns secretários municipais foi de extrema importância, pois confiou que o caminho era possível e que a ESF representava o potencial importante para reordenar a atenção básica à saúde. Em 1995, a ESF saiu da condição de periferia do MS e passou a ocupar o espaço de prioridade (SOUZA, 2000). 2.2 ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA A ESF foi criada visando a reorganizar a prática de atenção básica à saúde em novas bases e substituir o modelo tradicional, levando a saúde para mais perto da família e, com isso, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros. Sua implementação prioriza as ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas de forma integral e contínua. O atendimento é prestado na UBS ou no domicílio, pelos profissionais (médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e agentes comunitários de saúde) que compõem as equipes mínimas de Saúde da Família. Assim, esses profissionais e a população acompanhada criam vínculos de co-responsabilidade, o que facilita a identificação e o atendimento dos problemas ou necessidades de saúde da comunidade. Essa perspectiva faz com que a família passe a ser o objeto principal de atenção, entendida a partir do ambiente onde vive (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). A ESF faz uso de vários instrumentos de trabalho, tais como: a demanda organizada, o trabalho em equipe, a visita domiciliar, o trabalho em grupo através de reuniões educativas e educação permanente. Dentre esses a visita domiciliar é um instrumento de intervenção fundamental da ESF, utilizado pelos integrantes das equipes de saúde para conhecer as condições de vida e a saúde das famílias sob sua responsabilidade, constatar das reais condições de habitação, bem como identificar as relações familiares. Além disso, facilita o planejamento da assistência por permitir o reconhecimento dos recursos que a família dispõe. Pode ainda contribuir para a melhoria do vínculo entre o profissional e o usuário. Para isso, devem utilizar suas habilidades e competências não apenas 128 para o cadastramento dessas famílias; mas, também, e principalmente para a identificação de suas características sociais (condições de vida e trabalho) e epidemiológicas, de seus problemas de saúde e vulnerabilidade dos agravos de saúde. Essas visitas são compulsórias e apresentadas como o grande trunfo do Programa para mudar o modelo assistencial. A ESF trabalha a idéia de que essa intervenção no ambiente familiar é capaz de alterar o perfil epidemiológico e sanitário da população e, assim, prevenir os agravos à saúde. Além disso, a proposta oficial de organização produtiva da saúde, feita pela ESF, tem apostado em um serviço de ampla cobertura e de baixo custo, ao definir que seu centro de intervenção é a vigilância à saúde, intervindo sobre os fatores de risco aos quais a população está exposta (MERHY & FRANCO, 2002). Os profissionais das equipes de saúde serão responsáveis por sua população adscrita, trabalhando em regime de dedicação integral. Para garantir a vinculação e a identidade cultural com as famílias sob sua responsabilidade, os ACS devem, necessariamente, residir nas suas áreas de atuação (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). Nesse contexto, as atribuições de cada membro das equipes são: Médico: atende a todos os integrantes de cada família, independente de sexo e idade e desenvolve com os demais integrantes da equipe ações preventivas e de promoção da qualidade de vida da população; Enfermeiro: supervisiona o trabalho dos ACS e do auxiliar de enfermagem, realiza consultas de enfermagem na UBS, bem como assiste as pessoas que necessitam de cuidados de enfermagem no domicílio; Auxiliar de enfermagem: realiza procedimentos de enfermagem na UBS, no domicílio e também executa ações de orientação sanitária; Agente comunitário de saúde: faz a ligação entre as famílias e o serviço de saúde, visitando cada domicílio pelo menos uma vez por mês, realiza o mapeamento de cada área, o cadastramento das famílias e estimula a comunidade para práticas que proporcionem melhores condições de saúde e de vida. Em outubro de 2000, deu-se a incorporação do profissional odontólogo a ESF. Suas atividades são (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002, p.36): Ações de prevenção e promoção à saúde; Atendimento odontológico à demanda; Estabilizações das patologias bucais; Atenção clínica restauradora às famílias. Cada equipe das UBS deve ser capaz de: conhecer a realidade das famílias pelas quais é responsável, por meio de cadastramento e diagnóstico de suas características sociais, demográficas e epidemiológicas; identificar os principais problemas de saúde e situações de risco aos quais a população que ela atende está exposta; elaborar com a participação da comunidade, um plano local para enfrentar os determinantes do processo saúde/doença; prestar assistência integral, respondendo de forma contínua e racionalizada à demanda organizada ou espontânea na UBS, na comunidade, no domicílio e no acompanhamento ao atendimento nos serviços de referência ambulatorial ou 129 hospitalar; e, por fim, desenvolver ações educativas e intersetoriais para enfrentar os problemas de saúde identificados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). Funcionando adequadamente, as Unidades Básicas do Programa são capazes de resolver 85% dos problemas de saúde em sua comunidade, prestando atendimento de bom nível, prevenindo doenças, evitando internações desnecessárias e melhorando a qualidade de vida da população. A implantação da ESF depende, antes de tudo, da decisão política da administração municipal, que deve submeter a proposta ao Conselho Municipal de Saúde (CMS) e discutir o assunto com as comunidades a serem beneficiadas. As diretrizes a serem seguidas serão operacionalizadas de acordo com as realidades regionais, municipais e locais. O MS, juntamente com as Secretarias Estaduais de Saúde, está empenhando em dar todo apoio necessário à elaboração do projeto e à sua implantação, que começa com as seguintes etapas: identificar as áreas prioritárias para a implantação do Programa; mapear o número de habitantes em cada área; calcular o número de equipes e de ACS necessários; adequar espaços e equipamentos para a implantação e o funcionamento da Estratégia; solicitar formalmente à Secretaria Estadual de Saúde a adesão do município a ESF; selecionar, contratar e capacitar os funcionários que atuarão no Programa; garantir a remuneração dos profissionais que integrarão as equipes; realizar o cadastramento das famílias e o diagnóstico da comunidade; implantar o Sistema de Informação da Atenção Básica (SIAB); programar e planejar o trabalho com base no diagnóstico e em conjunto com a comunidade; definir os serviços responsáveis pela referência e contra-referência das UBS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). No ano de 1997, a ESF foi normatizada pela portaria de n° 1.886/GM. Nela, foi estabelecida a priorização do PACS e da ESF, estimulando a sua expansão; além de reconhecer esses Programas como uma importante estratégia para contribuir no aprimoramento e na consolidação do SUS, a partir da reorientação da assistência ambulatorial e domiciliar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002). 2.3 REORGANIZAÇÃO DOS MÉTODOS E DO TRABALHO NO COTIDIANO DA ESF 2.3.1 A organização da demanda As Unidades de Saúde sempre trabalharam com o que se chama de demanda espontânea. Isso se deve ao fato de que sua base de atuação estava voltada à clínica individual e não coletiva. Com a implantação da ESF, o enfoque é a coletividade, podendo assim ser trabalhada através de programas de promoção da saúde específicos para cada fase da vida: grupos de bebês, de gestantes, de adolescentes, idosos, etc, que poderão ser realizados na própria UBS ou em outro local na comunidade. Deve ser realizado também, sob essa visão do coletivo, o acompanhamento de doenças crônicas através de grupos, como é o caso do diabetes, da hipertensão, da obesidade, do alcoolismo, entre outros. Além do desenvolvimento das atividades já citadas, é de grande importância para organização das rotinas e do fluxo de demanda, a assistência integral prestada através de consultas médicas e de enfermagem, realizadas segundo o protocolo de conduta clínica. O fluxo da demanda é também modificado pela assistência domiciliar prestada pela equipe e pelas visitas de rotina dos ACS (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). 2.3.2 Trabalhando em equipe 130 Promover o trabalho em equipe é um dos principais propósitos da ESF. Para que isso aconteça, é importante que haja respeito profissional entre todos os membros da equipe e a percepção de que a formação dos demais profissionais não está subalterna à formação médica. O trabalho em equipe se dá muitas vezes, pelo simples fato de dividir o mesmo espaço físico em unidades de saúde, sendo a produção do serviço de saúde, através do trabalho isolado dos profissionais, sem que haja a real inter e transdisciplinaridade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). É preciso então, que se tenha uma mudança no que se diz respeito ao trabalho em equipe, pois é impossível exercer a lógica da ESF em um contexto onde o saber está fragmentado, dividido por diversos profissionais que dominam parcela do conhecimento. Numa equipe de saúde, não se deve permitir que a especificidade das responsabilidades de cada membro venha ofuscar a missão comum da equipe. Deve-se ter uma prática democrática e construtiva, alinhando a isso a participação do indivíduo e da família no processo saúde/doença (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). 2.3.3 Atenção domiciliar A visita domiciliar é elemento central na ESF. É cotidianamente realizada pelo ACS que garante o vínculo e o acesso ao contexto familiar e social. O ACS repassa à equipe o resultado da visita, que é então discutido o encaminhamento dos casos segundo a necessidade de cada um. A visita visa também o monitoramento da situação de saúde das famílias, principalmente as que se encontram em situação de risco. Atende também as pessoas doentes, acamadas ou com dificuldade de se locomover até a UBS. As visitas são previamente agendadas de acordo com a programação semanal da UBS, obedecendo ao princípio da equidade. As consultas no domicílio só acontecem quando é estritamente necessário e são realizadas, de acordo com a situação do doente, pelo médico ou enfermeiro. A internação domiciliar também é uma prática incentivada pela ESF, porém não deve substituir a internação hospitalar tradicional (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). 2.3.4 Educação permanente A educação permanente é uma estratégia importante que visa uma constante melhoria de qualidade das ações e serviços de saúde, transformando o processo de trabalho através da reflexão crítica sobre as práticas das equipes da ESF e a integração das necessidades de aprendizagem das equipes com conhecimentos, habilidades, atitudes e valores da comunidade. Isso facilita a resolução de problemas identificados nas áreas de abrangências. A educação permanente, além de possibilitar o aperfeiçoamento profissional, é um mecanismo usado para o desenvolvimento da própria concepção de equipe e criação do vínculo dos profissionais com a população. O planejamento das ações educativas deve estar coerente com as peculiaridades locais e regionais (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2000). 3 CONCLUSÃO Compreendemos que o Modelo de Saúde da Família é uma estratégia que busca viabilizar o SUS e seus princípios, e deve, portanto, estar distinto dos antigos programas mais tradicionais do setor de saúde, pois estes se configuram na maioria das vezes, em ações paralelas contrárias à lógica do sistema de saúde. O entendimento do que significa a ESF só é possível em contraposição ao modelo atual, buscando como objeto de atenção o indivíduo enquanto membro de uma família e cidadão da 131 comunidade. A isso chamamos de um novo modelo estruturante porque atua na lógica da organização das práticas em novas bases e critérios. A proposta do modelo voltado para família pressupõe o reconhecimento da saúde como um direito de cidadania e que expressa a qualidade de vida; a eleição da família e de seu espaço social como núcleo básico de abordagem no atendimento à saúde; a descentralização do conhecimento do processo saúde/doença, da organização dos serviços e da produção da saúde; a intervenção sobre os fatores de risco aos quais a população está exposta; a prestação de atenção integral, contínua e de boa qualidade à população; a humanização das práticas de saúde e a busca da satisfação do usuário através do estreito relacionamento da equipe de saúde com a comunidade; o estímulo à organização da comunidade para o efetivo exercício do controle social, e o estabelecimento de parcerias buscando desenvolver ações intersetorias. Ao nosso ver, a ESF representa um dos grandes avanços e a melhor promessa de saúde para o Brasil. Esse modelo de atenção à saúde tem uma gestão tripartite e um dos vértices desse triângulo é o controle social. Assim, a sociedade brasileira tem um importante papel nesse novo modelo de pensar a saúde e a participação em todo processo juntamente com as equipes da ESF. Este trabalho permite estabelecer as seguintes considerações: O fato dos municípios estudados possuírem realidades distintas e o tempo de implantação da ESF neles não influencia na análise das respostas e nem no bom funcionamento da ESF, pois todos os entrevistados mantiveram o mesmo nível de conhecimento, representado pela semelhança das respostas, mesmo porque o foco da ESF está centrado no que o MS estabelece. Percebemos que ao longo da pesquisa o nível de satisfação dos profissionais que atuam na ESF é muito bom nos três municípios, mesmo enfrentando algumas dificuldades que também foram destacadas por eles, a maioria demonstra estar satisfeita com o resultado de seu trabalho. O estabelecimento do vínculo com a comunidade é outro fator importante que foi destacado na pesquisa, mostrando que isso facilita o trabalho de prevenção e promoção da saúde que as equipes realizam. Pelos resultados obtidos, observamos que não há dificuldade da operacionalização do trabalho em equipe e que a percepção dos profissionais sobre esse trabalho se aproxima muito do que o MS diz a esse respeito. É notável também que a produção dos inter-relacionamentos nas equipes multidisciplinar no seu trabalho cotidiano tem sido muito bom, havendo um bom entrosamento entre seus membros. Por fim, o presente trabalho nos possibilita conhecer as mudanças ocorridas nos modelos de saúde estudados a partir da implementação da ESF. Essas mudanças foram bem parecidas nos três municípios e foram destacadas principalmente: a conscientização e educação da população no que diz respeito à sua co-responsabilidade e participação do processo saúde/doença e a melhora nos indicadores de saúde, mostrando que a ESF tem causado impacto sobre a saúde da população, ou seja, causado importantes mudanças no perfil epidemiológico e social da população adscrita desses municípios. 132 Visto que a necessidade de impacto sobre a saúde da população é um fator determinante do novo modelo, este estudo ainda nos permite concluir que esse modelo de saúde (ESF) vivenciado pelos municípios estudados não se trata apenas de uma alteração de rotinas, mais de um novo projeto de vida. 4 REFERÊNCIAS ANTUNES, Mª José Moraes; EGRY, Emiko Yoshikawa. O Programa Saúde da Família e a reconstrução de Atenção Básica no SUS: a construção da enfermagem brasileira. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v.54, n.1, p. 98-107, jan/mar 2001. 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Considerações Finais Os artigos são de inteira responsabilidade de seus autores e o Conselho de Editoração não se responsabilizará pelas opiniões expressadas nos artigos assinados