1. CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA: A RIQUEZA DO NILO Oestudo

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1. CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA: A RIQUEZA DO NILO Oestudo
História
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SUMÁRIO
HISTÓRIA
1. Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
2. O surgimento das religiões monoteístas
3. As origens do Cristianismo e do Islamismo
DO
VOLUME
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História
SUMÁRIO COMPLETO
VOLUME 1
1. Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
2. O surgimento das religiões monoteístas
3. As origens do Cristianismo e do Islamismo
VOLUME 2
4. O expansionismo religioso
5. As origens das sociedades africanas e suas influências no Brasil
6. A África e o tráfico de escravos para a América
VOLUME 3
7. O papel dos escravos africanos no Brasil
8. Negros nos EUA: a luta contra a opressão
9. A África e os seus problemas históricos
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História
História
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Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
1. CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA: A
RIQUEZA DO
NILO
O
estudo da História, somado aos conhecimentos de arqueologia e antropologia, revela que as primeiras
sociedades surgiram em uma região denominada de Crescente Fértil. Nessa região, surgiu uma das
civilizações mais admiradas em toda a história da humanidade, trata-se do Egito.
Trabalhando com Pesquisa
Anatolia
Síria
M
cia
A partir das informações do mapa e de uma
pesquisa em livros didáticos, enciclopédias ou
na Internet, responda às seguintes questões a
respeito da civilização do Egito Antigo:
a) Qual a sua localização geográfica?
b) Quais as características geográficas (clima,
solo, vegetação, hidrografia) dessa região?
Mar Mediterranêo
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Crescente
Fértil
Deserto da Síria
Baixo
Egito
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Media
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Alto Egito
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Desde a Antiguidade, o Egito fascina a maioria dos que visitam a região ou dedicam-se a estudá-la.
Povos como os persas, os gregos e os romanos tiveram a oportunidade de conhecer sua cultura e de se
beneficiar dela. Prova desse fascínio é o modo como a influência da arte egípcia espalhou-se pelo Mundo.
Na Grécia e na Roma Antiga, por exemplo, muitos hábitos dos cultos egípcios foram difundidos. É
comum encontrarmos, sobretudo em Roma, objetos importados do Egito ou fabricados em estilo egípcio,
os quais eram usados para enfeitar casas e jardins ou demonstrar o poder dos imperadores. Durante o
desenvolvimento de um dos mais notáveis movimentos artísticos da humanidade, o Renascimento, ocorrido
no século XVI, muitos artistas voltaram sua
atenção para o estudo da arte egípcia, usando,
como fonte, inclusive objetos encontrados
na Grécia e na Itália.
No século XVIII, também foi grande
o interesse dos europeus pelo Egito, muitas
obras de pintores e de arquitetos franceses
atestaram esse fato. Outra comprovação
foi a expedição organizada por Napoleão
Bonaparte, realizada de 1798 a 1800,
que possuía um caráter militar, ou seja, os
franceses pretendiam conquistar a região,
mas também um caráter científico, pois
era de interesse francês desvendar uma
cultura que, na época, era pouco conhecida
Disponível em: <www.mgb-home.de>. Acesso em: 14 set. 2013.
e vista como muito exótica. Militarmente a
expedição fracassou, mas a passagem pelo Representação dos enfrentamentos causados pela presença
no Egito no século XVIII. Obra intitulada Batalha das
Egito aguçou o interesse dos franceses pelo francesa
Pirâmides, óleo sobre tela de François-Louis-Joseph Watteau.
Antigo Egito.
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História
Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
No século XX, várias descobertas arqueológicas, como a tumba de Tutancâmon (único faraó cuja
tumba foi encontrada intacta), somadas ao desenvolvimento científico, aumentaram o interesse e o
conhecimento sobre essa civilização. Aos poucos, a cultura egípcia popularizou-se e passou a fazer parte,
inclusive, da publicidade. Tornou-se comum encontrar sua influência nas embalagens de muitos produtos,
principalmente, nas de artigos de beleza. Outro exemplo de interesse pelo Egito, na atualidade, é a produção
cinematográfica, que fez, ao longo do século XX, uma boa quantidade de filmes e de documentários sobre
o mundo egípcio.
Além disso, o número de turistas que visitam o país (aproximadamente 14,5 milhões em 2010) atesta
o fascínio que sua cultura exerce sobre as pessoas. As pirâmides do Vale de Gizé, os templos monumentais
em Luxor e Karnak, as múmias e os tesouros dos antigos faraós continuam encantando a humanidade.
Após 2010, o número de visitantes no Egito diminuiu em decorrência dos problemas políticos internos
vividos no país, no entanto os mesmos conflitos chamam a atenção para o seu rico passado.
Disponíveis em: <http//:usiter.com.br>. Acesso em: 20 set. 2013.
Turistas nas pirâmides do Vale do Gizé e no templo de Luxor.
Desde a Pré-História, as margens do Nilo já eram habitadas. O rio fornecia praticamente todos os
elementos necessários à sobrevivência: água para beber, peixes e outros animais aquáticos para alimentar,
além da lama para confecção de casebres. A água era utilizada principalmente para a irrigação, além de
promover a fertilização do solo, que ocorria na época das cheias do rio.
Todo ano, o rio Nilo passava por uma fase de cheia, devido às grandes chuvas em suas nascentes na
África Central, e por um período de baixa, época da estiagem das chuvas. Quando o rio estava cheio, ele
alagava vastas áreas ao seu redor, transformando suas margens em pântanos e charcos. Essas águas traziam
consigo uma enorme quantidade de material orgânico (húmus) que se depositava naturalmente no solo,
tornando-o muito mais fértil.
Quando as águas baixavam, esse
solo riquíssimo ficava exposto, e os
egípcios cobriam-no de plantações
de cereais, principalmente trigo
e cevada. A produtividade era
enorme, a maior de toda a região
da bacia do Mediterrâneo
Uma fotografia de satélite revela que,
ainda hoje, é em torno do rio Nilo que se
concentra a população no atual Egito.
Disponível em: <http://julieloar.com/wpcontent>. Acesso em: 10 set. 2013.
História
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Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Com o tempo, os egípcios aprenderam a aproveitar melhor as águas das enchentes do rio
Nilo, construindo canais de irrigação e diques, o que lhes possibilitava aumentar a área de cultivo e
consequentemente a produção.
Os egípcios gostavam muito de
jardins. Na aquarela, observa-se um
homem retirando água dos diques
para regar as plantas que separavam
as casas, utilizando o método
chamado de shaduf (cegonha ou
burro em português). Essa técnica
continuou sendo usada por vários
povos e, provavelmente, ainda hoje,
existem comunidades que a utilizam,
como se observa na segunda
imagem.
Disponíveis em: <www.historyforkids.org>.
Acesso em: 10 set. 2013.
Exercícios de aprofundamento
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Leia atentamente o trecho seguinte:
“O Nilo era para o antigo Egito o que o mar é para a Grã-Bretanha e o que os Alpes são para a Suíça.
Condicionava a economia do país, determinava-lhe a estrutura política e criava os valores de acordo com
os quais o mesmo preferia viver.
O rio percorre ao todo mais de 6 000 quilômetros. Dois grandes cursos de água se unem para formálo: O Nilo Azul, que nasce na Etiópia, e o Nilo Branco, que nasce em Uganda. Juntam-se em Cartum para
formar o Nilo propriamente dito e dali a corrente percorre 3 000 quilômetros rumo ao norte até chegar
ao Mediterrâneo. A partir de Cartum, a maior parte do curso do rio se desenvolve através de um vale
cavado no deserto. No centro de uma terra estéril, cria um comprido oásis que há milhares de anos vem
sustentando a civilização. O rio deu prosperidade aos que viviam às suas margens; o deserto que se
estende além do rio deu-lhes segurança. Essas duas características geográficas determinaram os fatos
da existência material do egípcio antigo e moldaram-lhe as atitudes mentais.”
CASSON, Lionel, O Antigo Egito. Rio de Janeiro, Livraria José Olympio, 1969. P. 29.
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A partir do trecho anterior, explique a frase do historiador Heródoto: O Egito é uma dádiva do Nilo.
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Analise detalhadamente o primeiro parágrafo e busque relacioná-lo à história do Brasil. Seguindo a ideia
do parágrafo em análise, aponte quais fatores geográficos do Brasil foram decisivos na construção da
história do País.
Às margens do Nilo, crescia também o
junco, pequeno bambu, chamado papiro. Depois
de cuidadosamente trabalhado, esse junco se
transformava no mais bem sucedido antepassado
do papel, que ficou conhecido com o mesmo nome
da planta: papiro. Milhões de rolos de papiro
foram produzidos, para serem utilizados pelos
próprios egípcios e também, vendidos para outros
povos. Graças ao clima seco do Egito, muitos desses
papiros foram preservados e hoje nos fornecem
importantes informações sobre a vida dessa antiga
civilização.
Exemplo de papiro, pode ser vista a
representação da colheita da planta papiro.
Disponívei em: <pt.wikipedia.org>. Acesso em: 12 set.2013.
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História
Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Como já foi dito, historiador Heródoto nos explica em uma frase a importância do rio Nilo para
os egípcios: “O Egito é uma dádiva do Nilo”. Graças ao rio, as condições de vida na região do Egito
eram favoráveis, e isso permitiu um grande desenvolvimento populacional. Com o passar do tempo, o
crescimento da população e o consequente aumento da necessidade de produção, exigiram formas mais
organizadas e racionais de aproveitamento da água e do solo. Tornou-se necessário, além da construção de
diques (represas) e de canais de irrigação, a construção de depósitos para armazenar as grandes colheitas
que alimentavam o povo nas épocas do ano de menor fartura. Para que essas obras fossem realizadas, era
necessário maior organização e disciplina na sociedade.
A partir da necessidade de organizar e disciplinar a população egípcia, houve a criação do Estado
centralizado. Inicialmente, surgiram as cidades-Estado chamadas nomos, as quais eram governadas pelos
nomarcas; em seguida, um governo monárquico cujo poder estava centralizado nas mãos de um único
homem, que era chamado de faraó, o imperador do Egito.
Um dos faraós de mais destaque foi Menés, o homem que unificou o norte do Egito (denominado
Baixo Egito) com o sul (denominado Alto Egito) em 3200 a.C.. A partir de então, nasceu o Império
Egípcio, que iria durar, com alguns períodos de ruptura, por 25 séculos como Estado independente, até
ser conquistado no ano de 525 a. C. pelos persas.
A seguir será apresentada, de forma resumida, a evolução política no Egito Antigo.
Período Pré-Dinástico ou Antigo Império (3200 a.C. – 2100 a.C.)
Nesse período, houve a fixação de grupos humanos às margens do rio Nilo e o surgimento das
primeiras cidades-Estados, conhecidas como nomos (Antigo Império). As obras hidráulicas permitiram a
ampliação da agricultura.
Também, nesse período, Menés unificou o Sul e o Norte do Egito. Esse foi o período da construção
das pirâmides de Quéops, Quéfren e Miquerinos, próximas à Mênfis, a capital egípcia na época.
A concentração de poderes nas mãos dos faraós gerou rebeliões internas comandadas por nobres
(detentores de grandes porções de terra) e chefes de muitas comunidades egípcias. Essas revoltas geraram
um período de fragmentação e enfraquecimento do poder dos faraós.
Médio Império (2100 a.C. – 1580 a.C.)
Houve a restauração do poder dos faraós, a ampliação do território dominado pelos egípcios, o início
do comércio com outros povos e a transferência da capital para a cidade de Tebas. Nessa época, chegaram
na região os povos hebreus.
Apesar das mudanças citadas, agitações internas causaram o enfraquecimento do Império, facilitando
o domínio do Egito pelos hicsos, povos guerreiros que já usavam o ferro e a cavalaria nas batalhas,
tornando-os militarmente superiores aos demais povos da época.
Novo Império (1580 a.C. – 715 a.C.)
Os egípcios conseguiram expulsar os hicsos e, após a expulsão desses povos, os faraós retomaram o
poder. Esse foi um período de intenso comércio externo e de expansão militar. Foi, provavelmente, o
período mais rico da história egípcia.
Por volta de 1085 a 525 a.C., ocorreu o período de decadência econômica, distúrbios internos
e invasões estrangeiras. O Egito perdeu boa parte de suas possessões externas e começou a vivenciar
constantes rebeliões de camponeses, devido à exploração a que eram submetidos.
A partir de 671 a.C., os egípcios passaram por uma série de conquistas. Inicialmente, foram
conquistados pelos Assírios, mas se libertaram pouco tempo depois. Foram dominados pelos persas,
depois pelos gregos e, finalmente, pelos romanos, perdendo definitivamente sua independência.
Os períodos apresentados demonstram que a história do Egito é marcada pela alternância de momentos
de grande desenvolvimento e momentos de crise até a civilização ser conquistada pelos romanos.
História
Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Analisar, detalhadamente, os períodos vivenciados por essa civilização não é tarefa fácil e seria
necessário bastante tempo. Sendo assim, o estudo ficará restrito a alguns aspectos relevantes da civilização
egípcia.
Iniciando o estudo pela organização social, podemos perceber que a sociedade em que vivemos é
bastante diferente da egípcia, a qual era hierarquizada e estratificada, ou seja, com classes sociais que
possuíam funções bem definidas. Na sociedade egípcia, praticamente não existia a possibilidade de
uma pessoa mudar de posição social. A posição era determinada pelo nascimento: aqueles que nasciam
nas classes dominantes viviam assim até a sua morte, quando seus filhos herdavam os seus bens e a sua
posição. Assim era também com os demais grupos: os indivíduos de camadas inferiores mantinham-se
nessa condição e os seus filhos herdavam a sua condição de miséria.
Na sociedade, o principal destaque era o faraó e os membros de sua família. O Egito possuía um
Estado Teocrático, isto é, política e religião misturavam-se, e o faraó era considerado um deus vivo,
enviado para governar o povo, comandar o Império e defendê-lo de seus inimigos; seu poder era
hereditário. Ele tinha poderes absolutos, pois controlava todas as coisas, as terras, as construções e tudo
mais que existia.
Abaixo do faraó, vinha a casta sacerdotal (líderes religiosos). A religião, no Egito, era politeísta
(crença em vários deuses) e antropozoomórfica (os deuses podiam ter formato humano, de animal ou de
ambos) e havia um grande número de sacerdotes e de templos. Os sacerdotes tinham grande influência
na vida cotidiana, pois, na falta de uma ciência avançada, era a religião que explicava a maior parte dos
acontecimentos e dos fenômenos naturais. Além dessa influência, os sacerdotes tinham grande poder
econômico, pois não pagavam impostos e ainda recebiam muitas oferendas. É importante ressaltar que a
religiosidade desempenhava um importante papel na sociedade egípcia, pois colaborava para a manutenção
de uma estrutura em que uma minoria era privilegiada e vivia em boas condições enquanto uma maioria
era explorada e praticamente sustentava a
minoria composta por privilegiados. Nesse
sentido, as crenças religiosas colaboravam
para que a maioria da população aceitasse sua
condição, evitando revolta dos explorados.
Ao lado dos sacerdotes, existiam
também os nobres, que ocupavam os cargos
públicos administrativos mais importantes.
Esses nobres governavam o Egito em
nome do faraó, administrando as áreas
conhecidas, como nomos, que funcionavam
como Estados. Cada nomos possuía um
governador, que só devia satisfação ao
próprio faraó. No cotidiano, eram esses
nobres que controlavam a população.
Abaixo dessa camada que compunha a
elite, estava um conjunto de funcionários
especializados sem os quais era impossível
administrar o Império. Tratava-se dos
escribas, pessoas que conheciam os segredos
das dificílimas formas de escrita egípcia.
A esmagadora maioria da população
era analfabeta, portanto esse pequeno
número de letrados tinha um papel
importante na estrutura administrativa e,
consequentemente, seu padrão de vida era
Estátua de um escriba.
bastante elevado.
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História
Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Abaixo dos escribas, existiam diversos grupos que viviam
normalmente quase sem privilégios: os artesãos, que abasteciam
a sociedade com diversos artigos; os pequenos comerciantes,
sendo que o comércio externo era controlado pelo faraó; e
os soldados do exército. Na base da sociedade, estava
a esmagadora maioria da população: os camponeses,
que sustentavam a todos com seu trabalho, os
servos do Estado, que eram obrigados a trabalhar
e a entregar boa parte da produção para o
governo, já que o faraó controlava a terra. Ao
contrário dos escravos, estes não podiam
ser vendidos. Os escravos eram poucos
e, normalmente, eram prisioneiros de
guerra.
Os escribas ocupavam uma
função relevante e os principais
instrumentos
utilizados
por eles foram retratados
em muitas ilustrações. Para
escrever, era preciso ter um
cálamo (haste) feito de um caule de junco com uma extremidade amassada que servia de pincel. Havia
duas tintas principais: vermelha, para os títulos, e preta, para o texto. Essas tintas eram conservadas em
pastilhas sólidas. Por último, era preciso o meio para escrever, geralmente o papiro. Mas, devido ao custo
elevado de fabricação, às vezes, os escribas raspavam um papiro usado e o reutilizavam. Textos breves eram
também escritos em pedaços de calcário ou cerâmica.
No princípio, os membros da elite egípcia eram enterrados em grandes construções de pedra em
formato retangular, chamadas de mastabas. Com o tempo, essas construções passaram a ter dois ou mais
andares, até se transformarem em um conjunto de “caixas” sobrepostas. A primeira pirâmide conhecida
foi construída dessa forma: é a pirâmide “truncada” ou “em degraus” do faraó Dijoser. A partir de várias
experiências marcadas por êxito, mas também muitas vezes por fracasso, os egípcios foram aprimorando
o conhecimento a respeito da construção das pirâmides. Após diversas experiências, chegou-se ao formato
mais conhecido com os lados perfeitamente retos. Foi seguindo esse modelo que foram construídas as três
grandes pirâmides do Vale de Gizé, as pirâmides dos faraós Quéops, Quéfren e Miquerinos. A maior,
Quéops, com 146 metros de altura e 280 metros de largura na base, foi inteiramente construída com
milhões de blocos de pedra encaixados, pesando, em média, 2,5 toneladas cada um.
Disponíveis em: <www.downloadifa.com>. Acesso em: 15 set. 2013.
Miquerinos, Quéops e Quéfren. Observe que a imagem aérea revela, com mais precisão, o tamanho de cada uma delas.
História
Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Trabalhando com Pesquisa
AS PIRÂMIDES
De toda a gigantesca herança arquitetônica egípcia, sem dúvida, as pirâmides são as que mais se
destacam em termos de grandiosidade, impacto e capacidade de impressionar todos aqueles que passaram
pelo Egito nos últimos 4 mil anos. Os gregos as classificaram como uma das “maravilhas do Mundo Antigo”.
Até hoje elas são o maior atrativo turístico do Egito. Mas o que são realmente as pirâmides? Existem muitos
mitos e lendas, mas a maior parte dos autores concorda com a ideia de que as pirâmides eram enormes
túmulos que refletiam todo o poder e a grandeza dos faraós.
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Faça uma pesquisa a respeito das pirâmides egípcias e responda a estas perguntas:
a) As pessoas que trabalhavam na sua construção eram oriundas de qual(is) grupo(s) social(ais)?
b) Quais conhecimentos foram desenvolvidos com essas obras?
c) Quais materiais eram utilizados na sua construção? Como era seu interior?
d) Quais crenças se relacionam às pirâmides? Qual era sua função?
No Egito, a agricultura era praticada nos seis meses do ano, de outubro a março (durante a seca),
período esse em que o rio Nilo estava baixo. Nessa época, os camponeses cobriam, com agricultura
irrigada, as terras disponíveis. Além dos cereais, os egípcios cultivavam oliveira, alface, cebola,
alho, uva, figo, linho, entre outros produtos. As colheitas ocorriam em
abril.
Ao longo de quase três mil anos, os imperadores egípcios ou faraós
convocavam uma enorme massa de camponeses, denominados felás para
que eles trabalhassem durante as cheias do rio Nilo nas grandes obras
públicas: templos, palácios, pirâmides. Milhares de camponeses estiveram
envolvidos na construção dessas obras monumentais. Como já foi dito, na
sociedade egípcia, existia também um pequeno número de escravos, e a
religião egípcia protegia-os da superexploração. O mesmo não acontecia com
os felás, assim, graças ao trabalho deles, hoje há no Egito uma quantidade
inacreditável de tesouros arqueológicos.
Disponíveis em: <www.fascinioegito.sh06.com>. Acessos em:
19 jul. 2010.
Os lavradores do Egito Antigo trabalhavam incessantemente. Utilizavam instrumentos simples, mas davam-lhes muitas
aplicações.
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História
Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
As imagens anteriores apresentam cenas das práticas agrícolas. Em muitos
papiros, podemos observar desenhos bem elaborados de cores fortes e a
concepção artística que fiou conhecida como lei da frontalidade, a qual
consistia em desenhar as pessoas com os troncos de frente, porém com os
demais membros de lado.
No Egito, os casamentos eram monogâmicos, e as mulheres, ao contrário
das sociedades grega e romana, possuíam poderes legais, ou seja, mesmo
sendo casadas, poderiam administrar suas próprias riquezas e usufruir da
riqueza de seu esposo. Nos papiros encontrados, a esposa é descrita como a
“Senhora da Casa”, a qual aconselhava o esposo e governava o lar. Os filhos,
independentemente da sexualidade, recebiam a mesma atenção dos pais.
Algumas mulheres destacaram-se, como foi o caso de Nefertiti, esposa
do faraó Akhenaton, filho de Amenofis III. Ela tornou-se a mais famosa
rainha egípcia. Em 2003, uma equipe de arqueólogos ingleses encontrou
uma múmia, que, segundo eles, seria a de Nefertiti. Alguns estudiosos
questionam a identidade da múmia e mantêm uma polêmica diante
do assunto, mas o importante é compreender a relevância dessa
mulher, cujo nome significava “a bela chegou”. Sua popularidade
Em 1912 foi encontrado o busto da rainha
contribuiu para que fosse conhecida como a governante mais
Nefertiti, que, a partir de 1923, passou a
poderosa
do Egito. Foi imortalizada em templos e em monumentos
ser uma das atrações mais visitadas do
Museu Egípcio de Berlim, na Alemanha.
mais do que qualquer outra rainha egípcia.
A maioria das mulheres que não pertenciam às famílias reais
tinham vidas comuns, sendo o lar o seu principal espaço. Comumente produziam pão, cerveja, fiavam
e teciam, não sendo comum sua presença, por exemplo, na construção dos grandes templos. Algumas
mulheres dedicavam-se às artes, principalmente à dança e à música, sendo que a cultura era permeada pela
religiosidade.
Senhoras elegantes cheiram fragrâncias de flores de lótus; uma serva passa-lhes um vaso com líquidos. Nos eventos sociais,
as senhoras costumavam ficar sentadas, embora nem sempre, separadas dos homens.
Como já foi dito, no Antigo Egito, a religião era politeísta, ou seja, havia a crença em vários deuses,
e cada divindade tinha seu poder diferenciado. Era também antropozoomórfica, já que os deuses podiam
ter formato de humano, de animal ou de ambos. Dessa forma, os deuses egípcios possuíam características
comuns aos humanos, como o amor, a ira, a inveja, os quais não pertencem ao mundo animal, mas
também possuíam características que os egípcios visualizavam nos animais, como a esperteza, a sagacidade,
a altivez, entre outras. Normalmente, cada povoamento ou cidade egípcia tinha um animal considerado
sagrado, o qual se tornava seu símbolo. Com o tempo, esses animais imiscuídos com características
humanas passaram a compor o panteão dos deuses.
História
Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Disponível em: <http://static5.depositphotos.com>. Acesso em: 10 set. 2013.
Panteão de deuses e deusas egípcias.
Esses deuses variavam na forma e na popularidade. Existiam deuses na forma de animais, como o boi
Apis, a vaca Hator e o falcão Hórus (protetores dos faraós). Entre as divindades com forma humana,
destacavam-se o popular deus Osíris e a deusa Ísis, senhora da fecundidade. Por fim, como já foi dito,
havia deuses que misturavam as formas humana e animal, como Anúbis, o guardião dos mortos, com
corpo de homem e cabeça de chacal (espécie de pequeno lobo) ou Seth, homem com cabeça de cão. Um
caso interessante na evolução da religião egípcia são os deuses Amom (rei dos deuses e força criadora da
vida) e Rá (o Sol), que acabaram sendo fundidos numa única divindade: Amom-Rá.
Outro aspecto fundamental era a crença na existência de uma alma imortal, formada pelos elementos
espirituais Ka e Ba, que continuavam existindo após a morte da pessoa. No entanto, para que a alma
existisse eternamente, ela deveria retornar regularmente ao seu corpo físico que, consequentemente,
deveria ser preservado. Daí a necessidade da mumificação ou do embalsamamento dos cadáveres. Se o
corpo fosse destruído, o espírito seria condenado a vagar, sem rumo, eternamente, pelo universo.
Disponível em: <http://explanationblog.files.wordpress.com>. Acesso em: 12 set. 2013.
Na primeira imagem, Osíris (ao centro), Hórus e Ísis, e na segunda, Anubis atuando na mumificação.
Um detalhe no procedimento de mumificação é que o espírito deveria levar para a outra vida
tudo aquilo de que provavelmente ele necessitaria. Assim, as múmias dos ricos eram cuidadosamente
embalsamadas em um processo caríssimo, eram enterradas em ricas tumbas decoradas junto com uma
enorme quantidade de objetos pessoais e de joias. Já os pobres, cujas múmias eram feitas apenas removendo
os órgãos internos e salgando o corpo, eram enterrados com suas ferramentas de trabalho.
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História
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Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Na visão dos egípcios, na vida após a morte, os ricos continuariam exercendo seus privilégios, enquanto
os pobres continuariam servindo e trabalhando. Esses detalhes da cultura egípcia são conhecidos hoje
graças aos profundos avanços da arqueologia e ao fato de o mais sagrado livro religioso do Egito Antigo,
o Livro dos Mortos, ter sido preservado. Ele contém fórmulas que, segundo os egípcios, garantiam uma
viagem rumo ao paraíso.
Compreendendo os
sentidos do texto
Leia atentamente este trecho:
“Em uma sala pouco iluminada, encontramos um homem pardo de meia-idade em pé ao lado de
uma mesa. Esse homem é uma das pessoas mais respeitadas de sua cidade. Encontra-se no seu local
de trabalho, na sua oficina. Talvez esteja acompanhado de um de seus filhos, que herdará sua arte
profissional. Receberá os segredos de seu pai. Perpetuará sua tradição familiar de embalsamador. Um
cadáver egípcio encontra-se na mesa. Estamos em algum momento bem anterior ao surgimento dos
primeiros filósofos da Grécia Antiga. Sua tarefa é evitar a decomposição daquele proeminente cidadão.
Os egípcios antigos acreditavam que a destruição do corpo ocorria por obra da caixa de pedra em que
eram colocados. Eram verdadeiros sarcófagos (do latim: comedor de carne).
Teve início a arte do embalsamamento. Foi adquirida após séculos de tentativas com acertos e erros.
Agora, o segredo era guardado entre os profissionais específicos dessa prática.”
Stefan Cunha Ujvari - A história da humanidade contada pelos vírus. São Paulo, Editora Contexto, 2012. Pag. 32 e 33.
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O texto anterior confirma algumas características da sociedade egípcia. A respeito desse assunto, faça
o que se pede:
a) Copie um trecho que comprove que os embalsamadores eram pessoas de destaque na sociedade.
b) Copie um trecho que demonstre que a condição das pessoas na sociedade estava relacionada ao seu
nascimento.
Durante os muitos séculos de existência da civilização egípcia, muitas transformações ocorreram em
todos os aspectos da vida cotidiana: na cultura, na política e na economia.
Na religião, não foi diferente. Com o decorrer do tempo, algumas divindades ganharam ou perderam
popularidade. Essas variações afetavam o prestígio e, consequentemente, o poder econômico e político
dos sacerdotes ligados a esses deuses. Os sacerdotes, geralmente, exerciam um enorme poder e, quanto
mais importante o deus, maior o poder de seus sacerdotes. A religião egípcia era, em geral, uma das
bases de sustentação da ordem estabelecida.
Desde a infância, os pobres aprendiam que
obedecer aos nobres, aos sacerdotes e ao Faraó
era a única maneira de alcançar a salvação: o
camponês obediente certamente ganharia a
vida eterna.
O poder e a influência dos sacerdotes,
no mundo egípcio, acabaram provocando
problemas políticos, uma vez que os faraós
foram obrigados a aceitar a interferência, cada
vez maior, dos sacerdotes. Essa situação de
choque de interesses tornou-se tão incômoda
que o faraó Amenófis IV deu início a uma
reforma religiosa, decretando o fim de todas as
divindades até então existentes e implantando a
Disponível em: <www.thehistoryblog.com>. Acesso em: 12 set. 2013.
crença em um único deus: Aton, o disco solar.
Baixo relevo retratando Ahkenaton (Amenófis IV) e Nefertiti.
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Civilização Egípcia: A riqueza do Nilo
Essa foi a única tentativa de se implantar o monoteísmo (crença em um deus único) no Egito Antigo
e a única proposta monoteísta, com exceção da cultura hebraica, em toda a Antiguidade. Amenófis IV
chegou até mesmo a mudar seu nome para Akhenaton (filho ou servidor de Aton), mas sua reforma não
teve continuidade. Logo após sua morte, a velha tradição politeísta foi restaurada.
Apesar do restabelecimento do politeísmo na Antiguidade, atualmente, o Egito é um país monoteísta,
e a maioria da população segue o Islamismo. Além disso, o Egito teve participação importante no processo
de desenvolvimento da religião do povo hebreu que, por sua vez, influenciou outras como o Judaísmo e o
Cristianismo. O surgimento e a expansão das religiões monoteístas serão estudadas no capítulo seguinte.
Uma das descobertas mais popularizadas
do começo do século XX foi a da tumba de um
faraó com mais de 3000 anos de existência
realizada pelo arqueólogo Howard Carter.
“Este faraó era o lendário Tutancamon,
que teve sua múmia encontrada ao lado de
artefatos em ouro, bacias cheias de grãos
e uma inscrição egípcia prometendo que
a morte afligiria todo aquele que viesse a
perturbar o sono do faraó. Mesmo com seu
tom ameaçador, aquele e outros avisos
não foram capazes de sanar a cobiça dos
saqueadores de tumbas que violaram o
descanso de diversas outras múmias.
Será que a maldição atingiria aqueles que
ignoravam o silencioso aviso?”
Disponível em: <www.historiadomundo.com.br/
egipcia/a-maldicao-de-tutancamon.htm>.
Acesso em: 03 out. 2013.
Disponível em: <http://news.nationalgeographic.com>.
Acesso em: 12 set. 2013.
Trabalhando com Pesquisa
Howard Carter examina o faraó Tutankhamon em 1922. Ele foi
financiado pela antiguidade entusiasta Lord Carnarvon.
Nos últimos séculos, as descobertas de diversos corpos embalsamados no Egito, realizadas pelos
arqueólogos, geraram várias lendas, dentre elas a da maldição dos faraós. Muitos acreditavam que aqueles
que profanassem os túmulos dos antigos faraós seriam penalizados.
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Converse com seu professor de Ciências ou faça uma pesquisa e descubra a relação da lenda da
maldição dos faraós com os acontecimentos posteriores à descoberta das tumbas. Logo após, escreva
um parágrafo explicando essa relação.
Exercícios de sala
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Para os egípcios, o rio Nilo era considerado um deus cujo nome era Hapi. Leia este trecho de um velho
hino que o saudava: “Salve, ó Nilo, que provê a vida em forma de água e alimentos”.
A partir da leitura anterior e com base em seus conhecimentos a respeito do Egito Antigo, explique
como o rio Nilo era aproveitado para a agricultura durante todo o ano.
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