Resolução de Conflitos nas Escolas
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Resolução de Conflitos nas Escolas
Resolução de Conflitos nas Escolas: Experiência do 2° Ano do Projeto Educação Para a Paz Rio de Janeiro 2014 Realização: Parceiros Brasil – Centro de Processos Colaborativos Patrocínio: Petrobras Apoio Institucional: Partners for Democratic Change International Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro Instituto Rio GE Foundation Escolas Participantes do Projeto E.M. Marechal Mascarenhas de Moraes CIEP Operário Vicente Mariano E.M. Escritor Bartolomeu Campos de Queiros E.M. Professor Souza Carneiro E.M. Teotônio Vilela E.M. Professor Josué de Castro E.M. Emílio Carlos E.M. Lima Barreto Copyright © 2014 por Associação Partners do Brasil - Centro de Colaboração Democrática Resolução de Conflitos nas Escolas: Experiência do 2° ano do Projeto Educação Para a Paz Gabriela Asmar a 1 Edição a 1 tiragem – junho 2014 – 600 exemplares Diretora Executiva Gabriela Asmar Organizadores Luciana Gerber Fred Hanson Fotografia Equipe Parceiros Brasil Felipe Baenninger Letícia Santanna Diagramação e Capa (Projeto editorial): Tebhata Chapim da Silva Spekman Asmar, Gabriela Resolução de Conflitos nas Escolas: Experiências do 2° ano do Projeto Educação para a Paz / Associação Partners do Brasil ; [ capa Tebhata Spekman ]. – 1 ed. Rio de Janeiro : Parceiros Brasil - Centro de Processos Colaborativos, 2014. 64 p. ; 21 cm (broch.) Parceiros Brasil – Centro de Processos Colaborativos Endereço: Av. Rio Branco, 151, Grupo 404, Centro - Rio de Janeiro, RJ. Telefone: +55 21 2507 1850 e-mail: [email protected] website: www.parceirosbrasil.org Prefácio Por Amélia Gonzales, jornalista Raquel tem 15 anos, é uma jovem bonita. Tem um olhar doce, um jeito de quem sabe o que quer. Mora no Complexo da Maré, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro que no Censo de 2006 registrou 130 mil moradores. São diversas favelas reunidas com um dos mais baixos indicadores sociais do &TUBEP".BSnnPDVQBEBQPSUSBºDBOUFTPRVFUPSOBBWJEBEFTFVTNPSBEPres bem tensa. Assim, Raquel não é uma jovem despreocupada e distraída, como teria todo direito de ser. Percebe-se isso pelo jeito de se sentar, empertigada na cadeira, anotando tudo, sempre muito atenta. Por indicação de professores e alunos da escola que frequenta, a Teotônio Vilela, municipal, a jovem hoje faz parte do time de sete estudantes que estão sendo capacitados pelos facilitadores Natalie Hanna e Leonardo Voigt. Trata-se do projeto de mediação de DPO»JUPT&EVDBmkP1BSBB1B[TPCPDPNBOEPEBBEWPHBEB(BCSJFMB"TNBS fundadora do Parceiros Brasil. Conheci Raquel numa manhã de segunda-feira chuvosa em que estiWFOBFTDPMBBDPOWJUFEF(BCSJFMB"TNBSQBSBBTTJTUJSBVNFODPOUSPFOUSFPT jovens e os facilitadores. No caminho a pé da entrada da favela até o colégio, o que vi foi o triste cenário de sempre: grupos de homens armados, um tronco de árvore imenso atravessado no caminho para interceptar quem não é da área. São situações já comuns para quem mora no Rio de Janeiro. O impacto, QBSBNJNºDBQPSDPOUBEPBQBSBUPEFTFHVSBOmBOFDFTTgSJP RVFDFSDBPT colégios desses locais. Um imenso portão fechado com cadeado e grades em muitas das salas faz a escola parecer um presídio. A comunidade da Maré, BJOEBTFNB6OJEBEFEF1PMrDJB1BDJºDBEPSB611 FTUgTPCPKVHPEFVNB JOUFSNJOgWFMHVFSSBEFUSBºDBOUFT Mas quando cheguei à sala especialmente reservada pela direção da escola só para as aulas de mediação, percebi que, ao menos naquele instante, BHVFSSBºDBWBSFBMNFOUFEPMBEPEFMgEPNVSPBMUP"MJEFOUSPIBWJBVN certo nervosismo, sim, mas por outro motivo. Raquel e mais cinco amigos estavam sendo preparados por Natalie e Leo para contarem suas experiências como mediadores num evento do Ministério Público e da Secretaria MuniciQBMEF&EVDBmkP4.& RVFJBBDPOUFDFSFNRVBUSPEJBT&TUBWBNEFMJDJPTBmente tensos, o que deixou claro seu comprometimento com o projeto. Feitas as apresentações, logo eu já estava conseguindo ouvir histórias. Raquel contou-me que sua apostila com as técnicas aprendidas tem tamanha importância que está guardada embaixo de sua cama, o lugar mais seguro. Já Wesley, com 14 anos, conseguiu sintetizar numa frase o que pode ser um dos pilares para o sucesso do Educação Para a Paz: - Nossa linguagem é a mesma dos alunos que precisam de mediação. 0QSPGFTTPSHSJUBOwTOkP"EJºDVMEBEFNBJPSnTFSOFVUSPQPSRVFBUFOEpODJBnTFNQSFºDBSEPMBEPEFVNPVEPPVUSP Raquel, Samuel, Vanessa, Wesley... são jovens que moram em lugaSFTPOEFPTDPO»JUPTTkPSFTPMWJEPTOBCBTFEPHSJUPEPFTQBODBNFOUPEF arma apontada para a cabeça. Mas, no último ano, esses e outros adolescentes de oito escolas cariocas acrescentaram à sua realidade uma nova ferramenta: o diálogo. É assim que o Educação Para a Paz ensina. A aula de Natalie e Leo começa com uma espécie de terapia de grupo. “Alguém tem algo para contar do que aconteceu em casa?” Penso que seria muito bom se essa mesma atitude fosse habitual nas aulas comuns. Samuel, sotaque nordestino, jeito de quem se esforça para viver a vida alegremente, num desses momentos já comentou com os facilitadores que pretende ir embora, quer voltar para o lugar onde nasceu, em Pernambuco, porque não se habituou com a violência do local. Mas ali, naquele instante, ele estava à vontade. Sumário Apresentação ............................................................................ 9 Quem Somos ........................................................................... 11 O Projeto Educação Para a Paz .............................................. 15 Metodologia ............................................................................ 20 Currículo Básico ..................................................................... 22 Programa de Mediação entre Alunos ...................................... 25 Resultados - Nas palavras dos Nossos Colaboradores ........... 29 Resultados - Nas Palavras da Nossa Equipe .......................... 34 Resultados - Nas Palavras dos Alunos Mediadores ............... 40 Resultados - Em Números ...................................................... 46 Além dos Muros da Escola ...................................................... 51 Saiu na Mídia ........................................................................... 56 Epílogo .................................................................................... 61 Apresentação Nas próximas páginas, serão compartilhadas as experiências, resultados e lições aprendidas do segundo ano do Projeto Educação Para a Paz EFPVUVCSPEFBTFUFNCSPEF EFTFOWPMWJEPQFMP1BSDFJSPT#SBTJM – Centro de Processos Colaborativos em parceria com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e patrocinado pela Petrobras. Apresentaremos, também, depoimentos e relatos de diferentes atores envolvidos OBTBUJWJEBEFTEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBTFOPT1SPHSBNBTEF Mediação entre Alunos. Boa leitura! A equipe Parceiros Brasil 9 Quem Somos O Parceiros Brasil – Centro de Processos Colaborativos é uma organi[BmkPEBTPDJFEBEFDJWJMEFJOUFSFTTFQ|CMJDP04$*1 JOEFQFOEFOUFBQBSUJEgSJBFTFNºOTMVDSBUJWPTcNFNCSPEBSFEFHMPCBMPartners for Democratic Change International1%$* DPNBOPTEFFYQFSJpODJBFNQSPDFTTPTDPMBborativos, inclusivos e participativos em mais de 50 países. No Brasil, desde 2009, temos o objetivo de desenvolver cidadãos comprometidos com a construção de uma sociedade sustentável, mais justa e democrática. &N3BZNPOE4IPOIPMU[TBJVEB$BMJGwSOJB&TUBEPT6OJEPT rumo ao Leste Europeu e criou o primeiro centro do que veio a ser a rede Partners for Democratic Change1%$ 0PCKFUJWPFSBEFTFOWPMWFSUPEPTPT TFUPSFTEBTPDJFEBEFDJWJMFNQSFTBT(PWFSOPTFDPNVOJEBEFT OBTIBCJMJdades necessárias à transição democrática sustentável, bem como impulsioOBSBDVMUVSBEFHFTUkPEFDPO»JUPTFQBDJºDBmkPTPDJBMMPDBMNFOUFFBPSFEPS do mundo, sempre através de lideranças locais. Uma vez consolidados diWFSTPTDFOUSPTOB&VSPQB0SJFOUBMB1%$GBDJMJUPVBDSJBmkPEFPSHBOJ[Bm{FT locais também nas Américas, África e Oriente Médio. Todos estas organizam{FTNFNCSPEBSFEFHMPCBMTkPIPKFBºMJBEBThhub Partners for Democratic Change International, baseada em Bruxelas. 1PSNFJPEFTFVTNFNCSPTUPEPTJOEFQFOEFOUFTNBTºnJThNJTTkPFQSFDFJUPTnUJDPTEPHSVQP B1%$*UFNDPOUSJCVrEPQBSBUSBOTJm{FTF consolidações democráticas em diversos países, adaptando e aplicando suas NFUPEPMPHJBTFNQSPDFTTPTQBSUJDJQBUJWPTJOPWBEPSFTQBSBPTEFTBºPTFTQFDrºDPTEFDBEBDPOUFYUP"SFEFEFQSPºTTJPOBJTEB1%$*DPOHSFHBPNFMIPS conhecimento internacional através das lideranças locais. "SFEF1%$*UFNWBTUBFYQFSJpODJBFN3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBT3$& FNQBrTFTDPNP&TUBEPT6OJEPT&TMPWgRVJB3FQ|CMJDB$IFDB Jordânia, Polônia, Romênia e Colômbia. 11 Troca de experiências entre os centros do Brasil, Eslováquia e Kosovo. O centro brasileiro, Parceiros Brasil, foi criado devido a uma verba HFOFSPTBEPBEBQFMB(&'PVOEBUJPOQBSBBDSJBmkPEFOPWPTDFOUSPTEB 1%$*QFMPNVOEP"GVOEBEPSBEBPSHBOJ[BmkP(BCSJFMB"TNBSWFNQSPmovendo a Mediação e outros métodos colaborativos há mais de 14 anos no #SBTJM/FTUBMPOHBDBNJOIBEB(BCSJFMBGPJDPOUFNQMBEBDPNP1SpNJP*OOPWBSFDBUFHPSJBBEWPDBDJB “Em 2011, quando entrevistei a advogada Gabriela Asmar por conta de seu interesse específico na mediação de conflitos, estava fazendo contato com o princípio do Educação pela Paz. Naquela época, Gabriela focava sua atuação junto a corporações, mas já planejava ensinar a técnica nas escolas, a exemplo da americana Gail Sadalla (pioneira na adaptação da mediação comunitária ao contexto escolar). --- Tenho plena convicção de que, quanto antes pudermos atuar nos processos decisórios, melhores e menos caros serão os resultados. Constato que há a necessidade de ser um trabalho a longo prazo. Não vamos mudar o ambiente da Maré em três, mas em 15 anos, tempo suficiente para que esses jovens que treinamos agora se tornem adultos com capacidade de decisão – disse-me Gabriela na sexta-feira dia 29 de novembro, quando aconteceu o evento no Ministério Público”. Amelia Gonzales, jornalista %FOUSFBTgSFBTEFBUVBmkPEBSFEF1%$*P1BSDFJSPT#SBTJMFMFHFV como prioridades, a partir de um longo diagnóstico em nível nacional, programas que levem à redução da violência nas escolas, dentre os quais se inseSFNPTQSPHSBNBTEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBT5BNCnNUSBCBMIBNPTDPNSFTPMVmkPDPMBCPSBUJWBEFDPO»JUPTOBTFNQSFTBT"DSFEJUBNPTRVF a maior compreensão do empresariado leve a investimentos mais sustentáveis no campo social. Além do Projeto Educação Para a Paz, patrocinado pela Petrobras desde 2011, desenvolvemos outros projetos e novas parcerias com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e UNESCO. No Projeto “Paz nas 13 &TDPMBT 'PSNBmkP FN 1SFWFOmkP F 3FTPMVmkP EF $PO»JUPT¯ GPSNBNPT PT gestores das 152 Escolas do Amanhã. Eles têm colaborado para a disseminação desta nova cultura para um grupo maior de gestores de escolas da rede municipal do Rio de Janeiro. %FOUSFPTSFTVMUBEPTPCUJEPTQPEFNPTEFTUBDBSPQSPUBHPOJTNPBMDBOçado por alguns jovens, a mudança positiva do clima escolar e a multiplicação EFTUBTQSgUJDBTQBSBBMnNEPTNVSPTEBFTDPMBSFMBm{FTEPTFTUVEBOUFTBUFOEJEPTDPNTVBTGBNrMJBTBNJHPTFBDPNVOJEBEFFNHFSBM &N PVUVCSP EF SFDFCFNPT P DFSUJºDBEP EF UFDOPMPHJB TPDJBM pela Fundação Banco do Brasil devido à metodologia de Resolução de Con»JUPTOBT&TDPMBTVUJMJ[BEBOP1SPKFUP&EVDBmkPQBSBB1B[&TUBQPEFTFS considerada uma tecnologia social, por operacionalizar comportamentos, com um novo padrão de consciência, para tornar as interações humanas mais produtivas e sustentáveis. 14 O Projeto Educação Para a Paz %FTEF P 1SPKFUP &EVDBmkP 1BSB B 1B[ &11 EFTFOWPMWJEP FN parceira com a Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro e patrocinado pela Petrobras, está presente nas escolas da rede municipal, localizadas FNgSFBTEFBMUBWJPMpODJBVSCBOBSFDnNPVOkPQBDJºDBEBT$BK|$PNQMFYP EB .BSn 1FOIB (VBEBMVQF F .BHBMIkFT #BTUPT #VTDBNPT QSPNPWFS VNB NVEBOmBQPTJUJWBOPBNCJFOUFFTDPMBSQSFWFOJOEPDPO»JUPTFSFEV[JOEPBWJPMpODJBQPSNFJPEFIBCJMJEBEFTEFDPOWJWpODJBQBDrºDBFQSgUJDBTEF3FTPMVmkP EF$PO»JUPTOBT&TDPMBT3$& &NPVUVCSPEFPQBUSPDrOJPEB1FUSPCSBT foi renovado para mais 2 anos. %FTEFPQSJNFJSPBOPBUVBNPTOBTFTDPMBTDVKPTEJSFUPSFTPQUBSBN por participar do Projeto, após participarem de um evento de sensibilização TPCSFBTNFUPEPMPHJBTEFSFTPMVmkPEFDPO»JUPT$PNPNPTUSBBFYQFSJpODJB internacional, o exercício da opção pela participação é fundamental para o engajamento da comunidade escolar e para que os resultados alcançados sejam sustentáveis para além do tempo do Projeto. “Samuel é um adolescente de 16 anos. Ele é nordestino e veio morar com parentes no Complexo da Maré em busca das tais oportunidades da cidade grande. Deixou pra trás o convívio familiar em nome de um sonho maior. Há pouco mais de um ano, Samuel entrou em contato com o Projeto Educação Para a Paz e resolveu, não sabendo definir bem as razões, fazer parte do curso oferecido. Ele aprenderia técnicas de resolução de conflitos. No início ele achou que o curso lhe oferecia o risco de ser reconhecido como um X9, delator, e que acabaria se metendo nos problemas de outras pessoas. Mas, ao longo das aulas, foi entendendo que aprenderia formas de Comunicação Não Violenta (CNV). Em sua primeira mediação de conflitos, Samuel fez diversas perguntas que ajudaram as partes a entrarem num acordo. Naquela sexta-feira não houve briga na escola. Mas Samuel mora num lugar que é alcunhado de Complexo. E não é simples para nosso aluno ver como algumas das técnicas que aprendeu, estão restritas ao uso escolar. A Maré é um conjunto de 16 favelas com cerca de 130 mil moradores. Ela se estende ao longo da Avenida Brasil. Desde a década de 1940, moradores do Nordeste brasileiro, em busca de melhoras formas de existência, construíram as primeiras casas de palafita no terreno que era ainda alagado. A falta de políticas públicas gerou não apenas o crescimento desordenado, característico de áreas de favelas, como também permitiu a atuação do Tráfico de Drogas na região, e com ele, armamento pesado para dar conta de combater possíveis invasões, tanto de facções rivais, quanto da polícia. Grandes autoridades na favela da Maré, os traficantes e os policiais, sabem pouco sobre CNV. E é aí que nossos alunos se sentem impotentes. Eles se percebem como parte pequena de uma engrenagem que insiste na manutenção de um tratamento hostil e muitas vezes armado, gerador de outros conflitos. Passando por tiroteios numa frequência quase que diária e sem saber o que esperar das promessas de Pacificação do bairro - mas conhecendo o panorama apresentado por outras regiões da cidade que já foram pacificadas -, Samuel decidiu que por maiores que sejam as oportunidades que o Rio ofereça, seu bem primário é a vida e por ela decidiu voltar ao Nordeste. Ele agora sonha com uma Maré onde policiais interfiram nos problemas da comunidade com gentileza. Ele vislumbra simplificar o Complexo através do diálogo. Samuel, “é nós”!” Letícia Santanna, facilitadora PB 16 Em 2012/2013, continuamos implementando nas escolas do Rio de +BOFJSPPQSPHSBNBEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBT3$& FBNQMJBOdo as oportunidades para professores e alunos aprenderem e praticarem GPSNBTQBDrºDBTEFNBOFKPEBTEJGFSFOmBT0TQSPHSBNBTEF3$&UBNCnN são uma plataforma para a construção de habilidades para todas as relações, QFTTPBJTFQSPºTTJPOBJTRVFPTBMVOPTEFTFOWPMWFSkPBPMPOHPEBTTVBTWJEBT 17 “O foco do projeto é que os conflitos sejam resolvidos de uma forma mais harmoniosa, que as pessoas possam entender o que as levou àquele momento e que reajam de uma forma positiva. Assim, os conflitos não ficam tão violentos e podem ser resolvidos numa conversa”. Isa Pinna%JSFUPSBEB&.-JNB#BSSFUP O Projeto EPP requer o envolvimento de professores e alunos, e outros membros da comunidade escolar, na criação de um ambiente seguro de aprendizagem e promoção de uma cultura de paz. Os objetivos são alcançados através da aquisição e aplicação de habilidades de comunicação efetiva e não-violenta, gerenciamento de emoções, negociação colaborativa e mediação. Este modelo inclui o componente fundamental de mediação entre alunos, RVFPGFSFDFBPTFTUVEBOUFTVNBOPWBPQmkPQBSBSFTPMWFSDPO»JUPTFORVBOUP desenvolve sua capacidade de assumir responsabilidades e de decidir sobre as questões que os afetam. Ao longo do ano, realizamos as seguintes atividades: &WFOUPTEFTFOTJCJMJ[BmkPTPCSFP1SPKFUPQBSBEJWFSTPTNFNbros da comunidade escolar; 'PSNBmkPEFQSPGFTTPSFTFBMVOPTFNIBCJMJEBEFTQBSBPEJálogo, comunicação não-violenta, negociação colaborativa, e EFNBJTUnDOJDBTEF3$&$VSSrDVMP#gTJDP &TUSVUVSBmkPEP1SPHSBNBEF.FEJBmkPFOUSF"MVOPTFNDBEB FTDPMB J TFMFmkP EF BMVOPT NFEJBEPSFT JJ GPSNBmkP FTQFDrºDB FN NFEJBmkP FOUSF BMVOPT JJJ QMBOFKBNFOUP KVOUP h diretoria e corpo docente, do processo de encaminhamento EFDBTPTEFDPO»JUPhNFEJBmkPJW EJWVMHBmkPEPQSPDFTTPh UPEBBDPNVOJEBEFFTDPMBSW BDPNQBOIBNFOUPEBTNFEJBm{FTSFBMJ[BEBTFWJ TVQPSUFBPTBMVOPTNFEJBEPSFT &WFOUPT EF USPDB EF FYQFSJpODJBT FOUSF EJGFSFOUFT BUPSFT EBT comunidades escolares. Para construir um programa forte e sustentável, contamos com o apoio e reforço da administração, de professores e pais/responsáveis. Com a implementação desta metodologia, percebemos, nessas escolas, a melhoria e 18 avanços nítidos de comportamentos dentro e fora do ambiente escolar, principalmente nos alunos. Patrick Juvino Machado, 9o ano, E.M. Lima Barreto Projetos como este, que visam promover profundas mudanças sistêmicas de comportamento, requerem tempo maior para que os resultados cheguem a um nível ideal. Este é um Projeto que deve se converter em Programa, política pública, até que os estudantes mais velhos possam se tornar exemplos para os menores, perpetuando o ciclo de aprendizado. 19 Metodologia “O homem que começou (o projeto de mediação comunitária) era um advogado norte-americano: Raymond Shonholtz. Ao longo de sua carreira, ele percebeu que a maioria dos conflitos que passavam pela Corte eram resolvido por um juiz ou outro profissional e, muitas vezes, as pessoas que tiveram seu conflito resolvido nessa instância não ficavam satisfeitas com a decisão. Ele pensou que deveria existir uma maneira mais satisfatória para as pessoas que vivem em uma comunidade, como vizinhos ou colegas de quarto, resolverem seus conflitos de uma forma que os ajudasse a melhorar a relação entre eles e que também resolvesse o problema. Em 1982, muitos dos voluntários quiseram ver se eles poderiam adaptar o programa de mediação comunitária para o ambiente escolar. E nós ensinamos aos jovens um processo bem simples para ajudar outros estudantes a resolverem seus conflitos. Na escola, eles usavam camisetas que diziam “mediador de conflitos” e, quando eles viam dois alunos tendo algum embate, eles perguntavam se queriam alguma ajuda. Caso aceitassem a ajuda, eles passariam por esse processo simples. Ao final, eles preencheriam um formulário com o acordo e depois iriam embora.” Gail Sadalla, pioneira na adaptação da mediação comunitária ao contexto escolar. O Parceiros Brasil desenvolve e aplica metodologias baseadas na Mediação EF$PO»JUPTRVFFOTJOBNDSJBOmBTKPWFOTFBEVMUPTEFEJWFSTPTTFHNFOUPT EBTPDJFEBEFBQSFWFOJSFSFTPMWFSDPO»JUPTEFGPSNBQPTJUJWB.BJTRVF VNNnUPEPEFSFTPMVmkPEFDPO»JUPTBNFEJBmkPnVNBUFDOPMPHJBTPDJBM capaz de cuidar dos laços afetivos, familiares e sociais, além de resolver os problemas que afetam o dia a dia nas escolas. A mediação empodera as pesTPBTQBSBRVFBTTVNBNTVBQBSDFMBEFSFTQPOTBCJMJEBEFCJOyNJPQPEFS EFWFS OBTRVFTU{FTRVFBTFOWPMWFNFCVTRVFNTPMVm{FTEFHBOIPN|UVP Aprendemos, portanto, a conviver com as diferenças, expressar sentimentos FJOUFSFTTFTOVNBNCJFOUFEFDPOºBOmBFODPOUSBSTPMVm{FTDSJBUJWBTQBSB situações complexas e tomar decisões informadas e sustentáveis. 20 “Gabriela Asmar, que há dois anos me segredou ser este seu projeto de vida, acredita que o Educação Para a Paz foi feito sob medida para o Rio de Janeiro. Mas adverte: nada pode ser feito se a diretoria do colégio não estiver de acordo e trabalhando junto com a equipe. Pensando no macro, Gabriela acredita que a metodologia usada pela sua equipe ainda é inovadora aqui para o Brasil: ----- Não adianta usarmos metodologia antiga para trabalhar essas cabecinhas de hoje que já nascem multidisciplinares. Uma criança de 10 anos hoje tem acesso à quantidade de informações que o Einstein teve a vida toda. Ao mesmo tempo, na Maré, têm meninos meninos e meninas que nunca conheceram o mar, mas podem fazer contato via internet com uma pessoa que está no Japão. Por isso, quando falamos de conflito, hoje, precisamos trabalhar com a percepção, que é alguma coisa que cada um tem de maneira muito singular – disse ela. O Educação Para a Paz, de fato, é capaz de apresentar à criança um tipo de comportamento diferente daquele com o qual está acostumada. E só assim, tendo chance de ganhar uma percepção múltipla, é que se pode apostar que os jovens de hoje vão ser capazes de construir uma sociedade menos binária, em que o sim e o não possam ser substituídos por um talvez.” Amelia Gonzalez 21 Currículo Básico 0TQSPHSBNBTEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBT3$& TkPCBTFBEPTOBQSFNJTTBEFRVFPDPO»JUPnBMHPOBUVSBMFJOFWJUgWFMOBWJEB2VBOEP PTNFNCSPTEBDPNVOJEBEFFTDPMBSTFEFQBSBNDPNDPO»JUPTFDPOTFHVFN MJEBSDPNFMFTEFGPSNBDPOTUSVUJWBVTBOEPUnDOJDBTEF3$&QPEFN QSPNPWFSVNBNBJPSDPNQSFFOTkPEFTJFEPTPVUSPT NFMIPSBSPTSFMBDJPOBNFOUPT JEFOUJºDBSTPMVm{FTDSJBUJWBTFFºDB[FTQBSBPTQSPCMFNBTEBWJEB SFBM DVMUJWBSPTTFOUJNFOUPTEFDPNVOJEBEFFQFSUFODJNFOUPOPBNCJFOUF FTDPMBSF FNQPEFSBSPTBMVOPTQBSBRVFBTTVNBNSFTQPOTBCJMJEBEFTOB criação de um ambiente escolar positivo. “Quando o aluno começa a ouvir mais o outro e a respeitar mais o outro, o comportamento dele muda. Muda com o colega, muda com o professor, muda dentro de casa. Ele começa a levar esse conhecimento e essas habilidades que ele está desenvolvendo para outras áreas também. Dessa forma, começa a contaminar positivamente os seus colegas, seus professores, seus pais, seus irmãos, sua comunidade.” André Ramos(FTUPSEF1SPKFUPT&TQFDJBJTEB4FDSFUBSJB Municipal de Educação do Rio de Janeiro 1BSB QSFWFOJS NVJUPT DPO»JUPT EFTFOWPMWFNPT IBCJMJEBEFT QBSB P diálogo, comunicação não-violenta, gerenciamento de emoções, negociação DPMBCPSBUJWB F EFNBJT GFSSBNFOUBT EF 3FTPMVmkP EF $PO»JUPT OBT &TDPMBT 3$& FNEJWFSTPTQ|CMJDPTEBVOJEBEFFEVDBUJWB/BTFTDPMBTFNRVFBUVamos, oferecemos a alunos de 5o a 9o anos do ensino fundamental a metodologia de RCE, com o currículo focado em comunicação e negociação FTQFDrºDPQBSBDBEBBOP 22 “O curso é importante, pois aprendi a me comunicar melhor com as pessoas e a controlar a raiva”. Bruno de Lima Dias, 8o. ano, E. M. Marechal Mascarenhas de Moraes “Eu adoro o curso, acho que isso vai me ajudar muito no futuro, no meu dia a dia. As técnicas que aprendemos vão ser levadas para toda a vida e isso deve ser repassado de geração em geração porque eu acho que todos deviam ter esse pensamento”. Thayany Yohana Ramos Ferreira, 8o. ano, E. M. Marechal Mascarenhas de Moraes “Eu acho importante as aulas de resolução de conflitos nas escolas. Com as técnicas eu pude aprender a ser mais sincero com as pessoas, poder falar com mais clareza.” Matheus Braga Reis da Silva, 8o. ano, E. M. Marechal Mascarenhas de Moraes 23 Nossas aulas são uma mescla de teoria e dinâmicas, uso de técnicas UFBUSBJT TJNVMBm{FT¦ USFJOP EB PSBMJEBEF F EF IBCJMJEBEFT OFHPDJBJT 1BSB crianças e adolescentes privilegiamos as vivências antes de qualquer abordagem teórica. Para adultos, contextualizamos cada tema em teoria e aprofundamos com dinâmicas. 24 Programa de Mediação entre Alunos Em um segundo momento, selecionamos e treinamos um grupo de alunos para atuar como mediadores entre seus pares, facilitando a comuOJDBmkPEBRVFMFTDVKBTOFHPDJBm{FTEJSFUBTOkPGPSBNFºDB[FT"NFEJBmkP FOUSF BMVOPT n VNB GPSNB EF SFTPMWFS DPO»JUPT POEF PT QSwQSJPT BMVOPT ajudam outros alunos a encontrarem uma solução para os seus problemas. “O método funciona assim: quando tem uma situação de conflito na escola, alguém pode pedir ajuda aos alunos mediadores. Só assim, sob demanda, é que eles atuam usando todas as técnicas para tentar desfazer o nó. Nas sessões com os facilitadores, durante um ano, são ensinados a ouvir mais do que falar, a usar a mensagem em primeira pessoa, a demonstrar seus próprios sentimentos quando estão fazendo a mediação. E tudo isso, claro, pode ser levado para sua vida em casa, com a família: ---- É um curso que pode mudar sua vida, de verdade – diz Raquel --- Na Maré quem tem poder é quem tem arma, daí que numa briga ou se sai ganhando, ou se sai perdendo. Na escola, a maior parte das brigas é por besteira, surreal. Mas quando se está fora da encrenca é mais fácil perceber isso --- disse Raquel.” Amelia Gonzalez 2VBOEPPTBMVOPTTFEFQBSBNDPNNVJUBTRVFTU{FTDPNQMFYBTPV quando fortes emoções interferem na sua capacidade de ouvir efetivamente, as negociações podem ser bloqueadas. Nesses casos, é bastante útil envolver um terceiro, neutro, para auxiliar os alunos em disputa na expressão e reTPMVmkPEFTFVTDPO»JUPT0TQSPHSBNBTEFNFEJBmkPFOUSFBMVOPTVUJMJ[BN estudantes treinados para agir como esses terceiros neutros no processo EFSFTPMVmkPEFDPO»JUPT%FºOJNPTBFTUSVUVSBEP1SPHSBNBEF.FEJBmkP entre Alunos com a equipe de direção e professores de cada escola, respeiUBOEPBTFTQFDJºDJEBEFTEFDBEBDPOUFYUP 25 Por que você deve ser selecionado para ser um aluno mediador? “Eu gosto de ajudar as pessoas. Não gosto muito de falar em público, mas para ser um mediador eu estou disposto a fazer qualquer coisa. Lá na minha rua eu separei uma briga, conversamos e eles voltaram a se falar. Eu quero ser um mediador de conflitos.” André Silva Dutra, E. M. Lima Barreto, 1702. Por que você gostaria de ser um mediador de conflitos? “Porque vai mudar a minha vida e a dos outros também. É muito importante. Vai melhorar a Lima Barreto com esse projeto, que é muito legal. Creio que eu vou ser mediador e a Lima Barreto vai ser uma das melhores escolas.” Thiago Luis Conrado da Silva&.-JNB#BSSFUP "NFEJBmkPUBNCnNQPEFTFSEFºOJEBDPNPVNBOFHPDJBmkPBTTJTtida por um terceiro, que não tem poder decisório, mas ajuda as partes na busca de uma decisão. O objetivo da mediação não é determinar quem está certo ou errado, mas sim de ir à fonte do problema, buscar os elementos de solução e ajudar a resolvê-lo. O mediador conduz o processo, garantindo que cada parte seja escutada e compreendida pela outra, promove discussões para ajudá-las a esclarecer seus reais interesses e necessidades, e auxilia a chegar a uma solução que seja satisfatória para todos os envolvidos. 26 “Atuamos no início do conflito, quando vemos que há xingamentos, fofoca e bullying. Mostramos que há outra forma de resolver o problema, que não é falando alto e sim com o bate-papo. Não tomamos partido, somos neutros.” Vanessa Dantas Alves da Silva, aluna mediadora, E. M. Teotônio Vilela. As principais características do processo de mediação são: 1. Voluntariedade – a mediação só tem sentido se as partes envolvidas estão de acordo em realizar o processo e colaborar para encontrar uma solução; $POºEFODJBMJEBEF¬UBOUPPNFEJBEPSRVBOUPDBEBVNBEBT partes se comprometem a não divulgar ou utilizar contra o outro o que se diz ou acontece durante o processo. *NQBSDJBMJEBEF/FVUSBMJEBEF ¬ P NFEJBEPS DPNP DPOEJmkP essencial, deve evitar que suas lentes, seus julgamentos, afetem a negociação das partes, durante todo o processo. 4. Visão de futuro – em vez de pensar quem tem culpa ou quem está certo/errado, as partes devem pensar como podem voltar a conviver de forma que todos se sintam bem. 5. Todas as partes são protagonistas – os participantes se comprometem a propor soluções e a tomar decisões que levem ou não a um acordo. Não chegar a um acordo também é uma opção, uma decisão das partes. Caso não cheguem a um acordo, FTUkPEFDJEJOEPFOUSFHBSPDPO»JUPhSFTPMVmkPEFUFSDFJSPTPV BDPOWJWFSDPNBTDPOTFRpODJBTEFVNDPO»JUPOkPSFTPMWJEP “Os alunos mediadores adquiriram com o curso muita desenvoltura, segurança e autonomia para lidar com as questões apresentadas pelos demais alunos. Foi muito bom poder presenciar isso, ver que as crianças que eram naturalmente introvertidas desabrocharam e isso é tão notório que os outros alunos demonstram o máximo de respeito e consideração durante todo o processo de mediação entre alunos. Espero que muitos alunos também possam ter a oportunidade de participar desse Projeto que agrega benefícios não somente no âmbito escolar, mas também em suas vidas pessoais.” Melissa da Costa Gomes, agente educadora, E. M. Emílio Carlos 27 0FOTJOPEBTIBCJMJEBEFTEFDPNVOJDBmkPFSFTPMVmkPEFDPO»JUPT aliado ao desenvolvimento de sistemas simples que incentivam as pessoas BTFFYQSFTTBSFNEFGPSNBQBDrºDBFODPSBKBPTBMVOPTBWPMVOUBSJBNFOUF resolverem suas diferenças dentro de seus grupos. “No Educação Para a Paz cada aluno aprende também a fazer seu próprio perfil, onde é instado a dizer a idade, sua religião, para qual time que torce. É uma forma de fazê-los perceberem que as pessoas são diferentes e que, com isso, às vezes se é maioria, às vezes não. ---- Eles não pensam muito sobre isso normalmente, a ideia é tentar criar um debate sobre o fato, por exemplo, de ser o único flamenguista na sala de aula – conta Natalie.” Amelia Gonzalez Professores, agentes educadores ou diretores podem oferecer aos seus alunos a opção de participar do Programa de Mediação entre Alunos como uma forma alternativa para processos disciplinares regulares, ou os próprios alunos podem solicitar participar de uma mediação. Os alunos mediadores usam um processo semelhante ao utilizado pelos adultos, porém com as adaptações apropriadas ao seu desenvolvimento e ao contexto escolar. 28 Resultados – Nas palavras dos Nossos Colaboradores Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro O Projeto Educação Para a Paz começou a ser desenvolvido em parceria com os gestores do programa Escolas do Amanhã, da Secretaria Municipal de &EVDBmkPEP3JPEF+BOFJSP4.& EFTEF$PNBDPOºSNBmkPEPBQPJP EP *OTUJUVUP )4#$ 4PMJEBSJFEBEF F EP QBUSPDrOJP EB 1FUSPCSBT JOJDJBNPT BT atividades nas escolas da rede municipal no segundo semestre de 2011. “Acredito ser importante mencionar que as habilidades e competências desenvolvidas através do Projeto Educação para Paz contribuem, diretamente, para o objetivo do Programa Escolas do Amanhã, de fomentar o desenvolvimento das chamadas “habilidades para vida” (autoconfiança, autocontrole, perseverança, extroversão, protagonismo, trabalho em equipe, responsabilidade, resiliência, entre outros). Trabalhamos com mais de 100.000 alunos dentro do Programa. Mesmo “em números pequenos”, mas não menos importante, o impacto é de extrema relevância para a transformação social dos nossos jovens. Poder ouvir dos nossos alunos mediadores que estão mais interessados em permanecer na escola e, que, embora estejam inseridos em contextos de extrema violência e vulnerabilidade (como Maré e Fumacê), graças ao Projeto, veem possibilidades de um futuro mais pacífico para seus bairros e se sentem capazes de ajudar outras pessoas e, passo a passo, tornar seu bairro, sua cidade e seu país um mundo melhor, nos dá a certeza de que estamos no caminho certo.” Samantha Barthelemy, Consultora da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro para o Programa Escolas do Amanhã. 29 %FTEFDPNPSFDPOIFDJNFOUPFSFTVMUBEPEPOPTTPUSBCBMIPB UFDOPMPHJBTPDJBMEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBTEP1BSDFJSPT#SBTJMGPJ integrada ao calendário da SME durante a Semana de Capacitação dos professores da rede, realizada no mês de fevereiro. A cada ano, 120 professores, em média, participam dos nossos cursos oferecidos durante essa semana. Além disso, tivemos a oportunidade de participar de diversos eventos e iniciativas promovidas pela SME como o Projeto Paz nas Escolas, no qual reBMJ[BNPTBGPSNBmkPFN1SFWFOmkPF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTQBSBPTHFTUPSFT das 152 Escolas do Amanhã. Este Projeto foi desenhado para atender à necessidade das escolas municipais do Rio de Janeiro que compõem o Programa Escolas do Amanhã, de dotar seus diretores e coordenadores pedagógicos de GFSSBNFOUBTEFDPNVOJDBmkPFºDB[FTQBSBBHFTUkPEFDPO»JUPTFOFHPDJBm{FT DPNQMFYBTSVNPhDPOTUSVmkPEFVNBDVMUVSBQBDJºDBEPSB"PUPEPPDVSTP contou com 248 participantes, divididos em 8 turmas, com duração de 40h. %FTEF P JOrDJP EF B 4.& QBTTPV B GB[FS DPODVSTPT USJGgTJDPT para novos professores. Os candidatos aprovados na prova teórica passam por 80 horas de capacitação e só então fazem as provas práticas. Nossa diretora, (BCSJFMB"TNBSUFNUJEPPQSJWJMnHJPEFUSBCBMIBSQPSEFTUBTIPSBTEF formação, levando a todos os novos professores da rede o conteúdo básico de RCE sob a ótica da matéria que lecionam. 30 Instituto Rio 0*OTUJUVUP3JPnVNBGVOEBmkPDPNVOJUgSJBDSJBEBOPBOPDPN o objetivo de apoiar e fortalecer iniciativas que promovem o desenvolvimento TPDJBMEB;POB0FTUFEBDJEBEFEP3JPEF+BOFJSP$POTUJUVrEPDPNP04$*1 0SHBOJ[BmkP4PDJBMEF*OUFSFTTF1|CMJDP P*OTUJUVUP3JPUSBCBMIBDPNGPDP no empoderamento das comunidades locais, na mobilização e articulação de diversos atores estratégicos presentes no território, na articulação de parceSJBTFSFEFTDPMBCPSBUJWBTFOBRVBMJºDBmkPEBBUVBmkPEFMJEFSBOmBTPSHBOJ[Bções sociais e coletivos de base comunitária. “O projeto Mediação em Movimento, apoiado em 2013, foi uma grande contribuição para o Instituto Rio (particularmente para o portfólio de projetos, considerando que nunca foi selecionada uma iniciativa nessa área) já que apresentou uma linha de atuação inovadora e com alto potencial de replicação, aspectos fundamentais do programa de seleção da instituição. Ao mesmo tempo, ressalta-se a importância deste tipo de iniciativas na Zona Oeste do Rio de Janeiro, já que o projeto demonstra com clareza que a partir do empoderamento de jovens e adultos é possível transformar realidades e gerar mudanças nos relacionamentos dos diversos públicos envolvidos, instalando dinâmicas cooperativas e colaborativas em diferentes ambientes sociais. O trabalho de articulação em redes e com múltiplos atores e instituições locais também constitui um diferencial do projeto, contribuindo para ganhar força, visibilidade e impactos positivos no processo de transformação em diversos âmbitos de atuação: na vida comunitária, institucional e pessoal do público envolvido. O processo de produção do documentário e o resultado alcançado com a elaboração de um material audiovisual de alta qua31 lidade técnica foi conduzido de forma séria e responsável por uma equipe comprometida com a causa e com amplos conhecimentos sobre a temática vinculada à mediação de conflitos. O resultado alcançado é surpreendente já que o documentário é não apenas um material didático com alto potencial de replicação em outras experiências, mas ao mesmo tempo é sensível e comovedor. Parabéns para a equipe Parceiros Brasil!” Graciela Hopstein%JSFUPSB&YFDVUJWBEP*OTUJUVUP3JP 32 &NOPWFNCSPEFSFDFCFNPTPBQPJPEP*OTUJUVUP3JPQBSBGPStalecer a articulação institucional e disseminar as práticas de Resolução de $PO»JUPTOBT&TDPMBT3$& FPTSFTVMUBEPTEP1SPKFUP&EVDBmkP1BSBB1B[ principalmente, nas escolas localizadas na Zona Oeste, por meio da produção de um documentário. Ao longo de 2013, realizamos alguns eventos entre os alunos mediadores e diversos membros da comunidade escolar para gravar algumas de nossas atividades, os colaboradores em ação, depoimentos, relatos de uso das UnDOJDBTEF3$&FPQSPDFTTPEFNFEJBmkP"QwTBºOBMJ[BmkPEPEPDVNFOUgrio, realizamos algumas sessões de exibição e debate para estimular o uso das IBCJMJEBEFTEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBTEFOUSPFGPSBEPBNCJFOUF FTDPMBS<IUUQXXXZPVUVCFDPNXBUDI WD#I&QXFB3*> 33 Resultados - Nas Palavras da Nossa Equipe Gabriela Asmar “Começamos a sonhar com um projeto como o Educação para a Paz OPºOBMEFRVBOEPFVFVNBEJSFUPSBEBSFEF1BSUOFSTWJOEBEF8Bshington, conduzimos um diagnóstico do cenário brasileiro frente às metoEPMPHJBTRVFPFYQFSUJTFEB1%$*QPEFSJBNBHSFHBS1BSFDJBJNQPTTrWFMDPOTFHVJS VN ºOBODJBNFOUP RVF OPT QFSNJUJTTF DPNFmBS EP [FSP VN QSPKFUP tão profundo. O time foi se formando, com muita garra de entusiasmo e a parceria da SME foi fundamental para a viabilidade da proposta que apresenUBNPTh1FUSPCSBT$POTFHVJNPTVNºOBODJBNFOUPRVBTFJOBDSFEJUgWFMQBSB VNBPSHBOJ[BmkP®SFDnNOBTDJEB¯OP#SBTJM&GF[UPEBBEJGFSFOmBÒ%FMgQSB cá, muitas pessoas já contribuíram para o sucesso desse projeto. Algumas deixaram marcas profundas, outras passaram “de raspão”, mas todas, sem exceção, se emocionaram com a capacidade das crianças aprenderem tão rápido o paradigma da colaboração. Os adultos, de um modo geral, entendem 34 o comportamento colaborativo do ponto de vista racional, mas levam muiUBTFYQFSJpODJBTBUnDPMPDgMPFNQSgUJDBOPTNPNFOUPTEJGrDFJTRVBOEPTkP NBJTOFDFTTgSJPT 2VBOUPNBJTWJWFNPTEFNBJTQSFDJTBNPTOPT®EFTQJS¯ para viver a colaboração. Acredito que a oportunidade de olhar o mundo por lentes colaborativas, desde o momento em que estas lentes ainda estão se DPOTPMJEBOEPnBNBOFJSBNBJTFºDJFOUFEFDPOTUSVJSNPTVNNVOEPSFBMrTUJDBFTVTUFOUBWFMNFOUFNFMIPS"MnNEBNJOIBºMIBFTUBGPJTFNE|WJEBB contribuição para o mundo da qual mais me orgulho. Agradeço a todos que tornaram este projeto uma realidade”. Fred Hanson ®%FQPJTEFNVJUPTBOPTEFFYQFSJpODJBFUSFJOBNFOUPFNSFTPMVmkP EFDPO»JUPTFNFEJBmkPOPT&6"nVNBIPOSBFVNQSJWJMnHJPGB[FSQBSUF da equipe Parceiros Brasil e participar do trabalho inovador que fazemos nas escolas públicas da minha cidade adotada, o Rio de Janeiro. É extremamente HSBUJºDBOUF USBCBMIBS DPN VNB FRVJQF EF GBDJMJUBEPSFT F HFTUPSFT UkP EFEJDBEPT F UBMFOUPTPT QBSB MFWBS FTTBT UnDOJDBT WJUBJT EF SFTPMVmkP EF DPO»JUPT para os jovens alunos e para observá-los despertarem para os efeitos que esse treinamento pode produzir em suas vidas”. Luciana Gerber ®$PNFDFJBUSBCBMIBSDPNB(BCSJFMBOBTJOJDJBUJWBTEP1BSDFJSPT#SBTJMEFTEFKVOIPEF%FQPJTEFWJWFODJBSEJWFSTBTFUBQBTEP1SPKFUP&EVDBmkP1BSBB1B[DPNJO|NFSPTEFTBºPTFNVJUBTDPORVJTUBTnHSBUJºDBOUF e emocionante acompanhar o processo de desenvolvimento e transformação, BPMPOHPEPTBOPTEFUPEPTPTQBSUJDJQBOUFTEBTOPTTBTBUJWJEBEFTEJSFUPSFT DPPSEFOBEPSFTBHFOUFTFEVDBEPSFTQSPGFTTPSFTBMVOPTGBNJMJBSFTFUD $Pnhecer e conviver com os alunos mediadores, principalmente, revigora a esperança e a certeza de que é possível construir uma escola, uma comunidade, um mundo melhor e contagiar positivamente outras pessoas”. Carlos Augusto Xavier Benjamim “Em um ano de trabalho no Parceiros Brasil, com funções de escriUwSJPDPNPDPPSEFOBEPSBENJOJTUSBUJWPºOBODFJSPHFTUPSFSFTQPOTgWFMQPS OPWPTQSPKFUPT FVNBEBTFTDPMBT&.-JNB#BSSFUPFN.BHBMIkFT#BTUPT DPNP GBDJMJUBEPS QVEF PCTFSWBS F DPOºSNBS P FGFJUP QPTJUJWP RVF P FOTJOP EBTUnDOJDBTFGFSSBNFOUBTEFSFTPMVmkPEFDPO»JUPTUFNOBWJEBEPTBMVOPT envolvidos, bem como na comunidade escolar, nas famílias e até no entorno da escola. Vejo mudanças reais e transformadoras. Essa é minha maior moti35 vação para trabalhar no Parceiros Brasil. O outro fator motivador é o quanto OwTGBDJMJUBEPSFTFHFTUPSFTOPTUSBOTGPSNBNPTUPSOBOEPOPTQFTTPBTNFMIPSFT OPDPOWrWJPDPNFTTFTBMVOPTcFTTBUSPDBEFFYQFSJpODJBTBMJBEBB uma programação didático-pedagógica, que torna o projeto Educação para a Paz um modelo a ser seguido em outras escolas e comunidades”. Janete da Silva Mattos ®.JOIBFYQFSJpODJBQSPºTTJPOBMGPJTFNQSFOBgSFBCBODgSJB5SBCBMIFJ NBJTEFBOPTFNEJGFSFOUFTCBODPTDPNPP/BDJPOBMP6OJCBODPFP*UB| Portanto, para mim, o trabalho no Parceiros Brasil é uma experiência totalmente diferente do que eu estava acostumada. Apesar de minha função principal na PSHBOJ[BmkPBJOEBTFSSFMBDJPOBEBBPRVFFVTFNQSFº[PVTFKBBgSFBBENJOJTUSBUJWBFºOBODFJSBBRVJBQSFOEJOPWBTIBCJMJEBEFTOPWBTJEFJBTFWBMPSFTRVF VUJMJ[POkPTwQSPºTTJPOBMDPNPQFTTPBMNFOUF"ENJSPFOPSNFNFOUFPUSBCBlho nas escolas e o impacto deste nas vidas dos alunos. Estou à disposição de todos para contribuir com esse trabalho importante para todos os envolvidos”. Maxwill Braga “Estou na organização, desde maio de 2013, como facilitador e elaboSBEPSEFQSPKFUPT¦.JOIBQSJNFJSBFYQFSJpODJBOBFTDPMBGPJNVJUPJOUFOTB ºRVFJTJUJBEPEFOUSPEBFTDPMB5FPUyOJP7JMFMBQPSDBVTBEFUJSPUFJPFOUSFP USgºDPFP#01&0TBMVOPTMJEBNDPNFTTBTJUVBmkPDPNOBUVSBMJEBEFNBT JTTPOVODBEFWFSJBTFSBDFJUPDPNP®OPSNBM¯'VJGBDJMJUBEPSEBFTDPMB$*&1 Operário Vicente Mariano. Houve vários episódios de violência no entorno, GBMUB EF gHVB F EF HgT F HSFWF EPT QSPGFTTPSFT RVF BUSBQBMIBSBNB»VpODJB do trabalho nessa escola. Por isso, acredito que a construção de uma cultura de paz nas escolas e nas comunidades do Rio de Janeiro depende de múltiplas ações articuladas e duradouras envolvendo atores públicos, privados e o UFSDFJSP TFUPS "QFTBS EBT JNFOTBT EJºDVMEBEFT GB[FS QBSUF EP QSPKFUP USB[ HSBOEFSFBMJ[BmkPQSPºTTJPOBMQPSDBVTBEPDMJNBBNJHgWFMFOUSFBFRVJQFFP vínculo com os alunos e professores”. Letícia Santanna “Trabalho na Parceiros Brasil desde o início do ano. Tinha relativa experiência em sala de aula. Mas nunca tinha elaborado aulas onde o tema fosse algo tão relevante para o público que a co-constrói . E não estou falando da loDBMJ[BmkPHFPHSgºDBEPQ|CMJDPNBTTJNSBUJºDBOEPRVFUPEPBMVOPQSFDJTBEF VNB¦®HSBEF¯DVSSJDVMBSRVFPFYQBOEB/kPTwPEBGBWFMB¦'BMBSEF$PNVOJDBção não Violenta e do quanto essas crianças podem descobrir aí uma alternativa 36 para resolver seus problemas é, sobretudo, motivador. Ver a seriedade com que tratam do assunto, como procuram moldar suas posturas e usar as técnicas de SFTPMVmkPEFDPO»JUPTFNUPEBTBTSFMBm{FTNFGB[BDSFEJUBSRVFBFTQFSBOmB está nos atos das bases. Na escolha de ser feliz em sociedade. E isso implica abrir mão de ter razão. O que é mágico num contexto mundial onde somos guiados a ter opinião formada sobre tudo o tempo todo”. Nathalia Jereissati “Trabalho há 4 meses na Parceiros Brasil e nunca havia tido experipODJBFNTBMBEFBVMB'PJVNHSBOEFEFTBºPFOUSBSFNFTDPMBTEFgSFBTDPO»BHSBEBTQPSnNBPNFTNPUFNQPnVNBQSFOEJ[BEP¦DPOTUBOUF'BMBSTPCSF BMHVNBTGFSSBNFOUBTRVFCVTDBNEJNJOVJSBWJPMpODJB¦FPGFSFDFSVNPVUSP olhar para os nossos alunos, vê- los mudar a sua forma de agir e pensar, faz com que eu acredite cada vez mais que precisamos sempre lutar e buscar por condições melhores para a educação. Em cada aula podemos observar no olhar dos nossos alunos o desejo de mudança, a vontade de fazer diferente. E é por isso que eu tento a cada dia me aproximar mais dessa realidade e acreditar sempre que é possível realizar uma mudança.” 37 Leonardo Voigt ®1PSNBJTRVFBSFBMJEBEFUFJNFFNOPTEFTBºBSFNEFNBTJBEFWFNPTSFTJTUJSDPN¦DSrUJDBFNQVOIBOEPUPEBBMFHSJBOkPFTRVFDFOEPOVODB EBGPSmBEFOPTTBFOFSHJB/BT¦FTDPMBTJTTPnBQSwQSJBNBHJB5SBCBMIBSP GBMBSFPFTDVUBSPOEF®QPMrDJBT¯F¦PVUSBTNJMrDJBTFOTJOBNPCBUFSBUSBWnT EPBQBOIBSFB57OkPQSFDJTBOFNGBMBSn¦DFSUBNFOUFDPOUSBBNBSn OBEBS.BTWBNPTQFOTBSOkPnGgDJMQFSDFCFSRVFNBSn¦RVFTPCFUBNCnN tem que descer? ... Não dá, para todo o sempre, a maré da violência subir, DSFTDFS¦FSFJOBSQPJTVNEJBFTTBIJTUwSJBIgEFNVEBS%FTEFKgGB[FNPT OPTTBQBSUFF¦DPNPQBDJFOUFTGPSNJHBTRVFEBTJMFODJPTBDPOWJWpODJBFN HSVQPJOTQJSBNhBSUF¦QPVDPBQPVDPMFWBOUBNPTOPTTPFTUBOEBSUF$PN EJgMPHPTQMBOUBNPTTFNFOUFTEF¦SFMBm{FTNBJTDPOTDJFOUFTPOEFBQB[F BKVTUJmBFOºNKVOUBTWkPOPTFODPOUSBSTFNEFJYBSOFOIVNFTDBQBS¯ Natalie Hanna “O trabalho no Parceiros Brasil e as formações em resolução de DPO»JUPTNFQFSNJUJVDPOTUBUBSRVFFVQSBUJDBWBBNFEJBmkPTFNDPOIFDJNFOUPQSnWJPEPUFSNPFDPODFJUPT%FTFOWPMWFOEPBOUFSJPSNFOUFQSPKFUPT sociais para a Secretaria de Habitação em São Paulo, minha cidade natal, NFTJUVBWBQSPºTTJPOBMNFOUFFOUSFVNFOUFQ|CMJDPFQPQVMBm{FTDPNBOseios e temores de uma grande mudança em seus modos de viver e ser. O DPOIFDJNFOUP EBT UnDOJDBT F GFSSBNFOUBT FN SFTPMVmkP EF DPO»JUPT QBSB atuação no Projeto Educação para a Paz me possibilitaram um aprendizado valoroso para a difícil tarefa de construção de uma cultura de paz em áreas de alta vulnerabilidade social e zonas de risco, onde a violência é, todavia, OPSNBMJ[BEB$PNPGBDJMJUBEPSBNFHSBUJºDPNFRVFTUJPOPFNFFNPDJPOP ao multiplicar os saberes aprendidos para as crianças e adolescentes, receCFOEPOPWBTUSPDBTOPWPTEFTBºPTOPWBTWJWpODJBTOPWPTBQSFOEJ[BEPTF OPWBTSF»FY{FT¯ Valentina Zuluaga “Há um ano que estou tendo a oportunidade de ver como a mediação escolar esta sendo implementada em vários países da América Latina. Minha primeira participação no Projeto Educação para a Paz foi no ano passado quando participei como voluntaria por um período de dois meses. Foi nesse momento que entendi a importância que tem o espaço de aula. A sala de aula é uma micro-sociedade cujo espaço esta sendo aproveitado para reforçar as IBCJMJEBEFT EF EJBMPHP RVF P QSPHSBNB SFGPSmB OBT DSJBOmBT %Br RVF FTTBT 38 crianças podem replicar e consolidar o aprendizado em qualquer outro contexto. Acredito que a mediação é uma ferramenta através da qual já é possível enxergar uma transformação cultural, começando no espaço de aula onde o potencial de mudança é maior. Ver os alunos mediadores usar a paráfrase, a mensagem em primeira pessoa, e se questionar sobre a cultura violenta, são só pequenos sementes que já estão colhendo grandes mudanças”. Vittorio Lo Bianco ®"DBEBEJBEFUSBCBMIPDSFTDFBJOEBNBJTNJOIBDPOºBOmBOPQPtencial dos alunos como indivíduos atuantes em nossa sociedade de forma QMFOB"QFTBSEBTEJºDVMEBEFTFTUSVUVSBJTwCWJBTFTFNEFTDPOTJEFSgMBT é possível observar o crescimento deles em relação a habilidades e conheciNFOUPTOkPBQFOBTSFMBDJPOBEPTBPDVSSrDVMPEFSFTPMVmkPEFDPO»JUPTNBT também em como traduzi-lo para suas realidades, seus cotidianos. A superação dos constrangimentos estruturais deve ser o foco constante da luta daqueles que buscam uma educação melhor sem, todavia, esquecermos que pontualmente indivíduos podem, a partir de oportunidades como as aulas do projeto educação para a paz, superar aquela situação desvantajosa, ao menos em determinados aspectos como lidar de forma positiva com os DPO»JUPT/PTTPGPDPFORVBOUPQSPKFUPRVFBUVBEJSFUBNFOUFOBTPDJFEBEF EFWFTFSDPOTUBOUFNFOUFSF»FUJSFDPMPDBSFNQSgUJDBBm{FTRVFGBmBNDPN RVFPTJNQBDUPTQPOUVBJTJOEJWJEVBJTTFKBNDPMFUJWPTFGPSUFTPTVºDJFOUFT QBSBNPEJºDBSBFTUSVUVSBFNTJ&TUBDSFOmBNFGB[MFWBOUBSUPEPTPTEJBTF realizar o trabalho na organização”. 39 Resultados - Nas Palavras dos Alunos Mediadores “Servimos de exemplo; por isso, não podemos ter notas baixas, mas não somos melhores que ninguém, somos alunos da mesma escola. Já em DBTB DPN B NJOIB JSNk IBWJB DPO»JUP )PKF NFMIPSPV QPJT FTQFSP FMB BDBMNBSQBSBDPOWFSTBS*TTPFVBQSFOEJOPDVSTPUBNCnN¯ “Obrigado, obrigado por tudo que vocês me proporcionaram e por ter clareado os meus olhos em relação à vida”. Samuel Lucas Ferreira de Santana, aluno mediador, E. M. Teotônio Vilela. “Aprendi algo novo, aprendi algo que podia ajudar outras pessoas, que podia ajudar, que pudesse levar para minha vida, foi algo que me chamou atenção e me fez aquele querer, aquele gostinho, aquela curiosidade de querer saber mais sobre o Projeto e de querer aprender sobre ele, fazer parte de algo maior.” Juliana Ferreira Mucury, aluna mediadora, E. M. Emílio Carlos 40 “Eu digo para minha mãe o que eu entendi, como eu me sinto; às vezes ela se sente melhor, às vezes ela usa as técnicas comigo também. A NFEJBmkPNFBKVEPVBSF»FUJSBQBSBSQBSBQFOTBSOPGVUVSPOBTQFTTPBT que eu posso ajudar.” Julia da Silva Dias, aluna mediadora, CIEP Operário Vicente Mariano “Com as dinâmicas usadas em sala de aula, a gente aprende como viver a vida, como a gente age com nossos colegas, como a gente age em uma sociedade. Esse curso é muito bacana. Mudei muito por dentro, sou mais alegre, falo mais. Antes, era muito tímida. Sou muito agradecida.” Erika de Souza Silva, aluna mediadora, E. M. Professor Souza Carneiro 41 “O sucesso do Projeto é que usamos as nossas palavras, com pessoas EBNFTNBJEBEF*TTPFWJUBGBMIBOBDPNVOJDBmkP¯ Myke Alvez Montenegro, aluno mediador, E. M. Teotônio Vilela. “A sensação de poder ajudar e até mesmo resolver situações pessoBJTDPNBTUnDOJDBT EFVNBNBOFJSBUkPEJGFSFOUFFCPB0QSPKFUPJSgNF ajudar nas minhas relações futuras, na expressão da minha personalidade. 0QSPKFUPGPJnBJOEB NBSBWJMIPTP5VEPRVFBQSFOEFNPTGPJ|OJDPFJOFTRVFDrWFM0CSJHBEBQPSUVEP&TQFSPRVFPQSPKFUPTFFTQBMIFNBJTFNBJT¯¦ Tamires dos Santos Rodrigues Barbosa, aluna mediadora, E. M. Emílio Carlos. ®2VBOEPNFVQBJCSJHBDPNJHPBHPSBFVGBMPBNFOTBHFNFNQSJNFJSBQFTTPBFMFºDBEFTDPODFSUBEPFWJWFQFEJOEPEFTDVMQBT¯ “No começo, eu não gostava, mas depois aprendi a gostar e acabei me apaixonando pelo curso. Tomara que no futuro eu consiga um trabalho assim”. Alexsander da Rocha Lobato, aluno mediador, E. M. Professor Souza Carneiro 42 ®&VUFOUPVTBSBTUnDOJDBT FNDBTBDPNNFVJSNkPQPSRVFBHFOUF vive brigando por causa de besteira, aí eu paro e penso “Não. Posso usar aquela técnica que eu aprendi na mediação”, aí nisso eu uso. As que eu mais uso são a mensagem em 1ª pessoa e a paráfrase.” Raquel Mendes Vieira, aluna mediadora, E. M. Teotônio Vilela. ®2VBOEPFVQBSUJDJQBSEFBMHVNDPO»JUPQPEFSFJBKVEBS/BNFEJBção também aprendi a parafrasear, a importância da expressão facial e de FTDVUBSPPVUSP(PTUFJNVJUPEFUFSQBSUJDJQBEPEFTTFQSPKFUP¯ Camila Braz de Souza, aluna mediadora, E. M. Emílio Carlos. ®(PTUFJEFUVEPQPSRVFNFEJWFSUJCSJODBNPTFDPOIFDFNPTDPJTBT novas. Aprendi a ser mais calmo, a não ser agressivo e a conversar. Amo toEPTWPDpTEFBMHVNBGPSNBGPNPTVNBGBNrMJBFnJTTP0CSJHBEPQPSUVEP¯¦ Luiz Henrique da Silva, aluno mediador, E. M. Professor Souza Carneiro. 43 44 45 Resultados – Em Números “UNIDOS PARA A PAZ”, Patrick Juvino Machado, 9o ano, E. M. Lima Barreto O Projeto Educação Para a Paz iniciou suas atividades em janeiro de 2011. No entanto, o trabalho nas escolas começou em meados de setembro do mesmo ano. Neste curto espaço de tempo de implementação, já foi possível observar muitos resultados positivos e algumas lições aprendidas durante esses anos. Tendo como objetivo principal a transformação do ambiente escolar e da comunidade em seu entorno, rumo a uma cultura de paz, todo o Projeto é desenhado para que a comunidade escolar se envolva voluntariamente no BQSFOEJ[BEPFJODPSQPSBmkPEBTUnDOJDBTEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBT3$& BPTFVEJBBEJB Com o início do trabalho nas escolas, foram realizados os eventos de sensibilização sobre o tema e apresentação do Projeto para o grupo de professores e outros membros da comunidade escolar. É importante que todas as séries sejam atingidas por alguma atividade relacionada com as práticas EF3$&BºNEFRVFTFPCUFOIBVNSFTVMUBEPTJTUpNJDP1BSBUBOUPPTQSPfessores são vetores fundamentais na disseminação desta nova cultura. Além disso, os professores também se vêem, nos dias de hoje, como parte de muiUPTDPO»JUPT0FOWPMWJNFOUPEPTEFNBJTNFNCSPTEBDPNVOJEBEFFTDPMBS visa fortalecer o impacto positivo desta nova cultura para além da sala de aula e dos muros da escola. 46 “A E.M. Professor Souza Carneiro é outra das escolas onde o Educação Para a Paz entrou. No passado, seus alunos costumavam receber assim os visitantes: “Bem vindo ao Carandiru”. Não era um atributo fácil de digerir. Hoje, a realidade é outra, contou Aleksander, um dos alunos mediadores de lá, para a plateia do MP: ---- Eu e meus amigos que já somos mais velhos presenciamos a realidade de antes e de hoje graças à nova diretora e a esse projeto. Eu sempre pensei: a mente do ser humano é difícil de entender, vai ter gente que não vai querer ser mediado. Mas hoje eu penso diferente. Claro que vai ter gente que não quer ouvir, mas a gente pode tentar até mudar o mundo usando o diálogo.” Amelia Gonzalez "DBEBBOPDBQBDJUBNPTPTQSPGFTTPSFTBTTJNDPNPPVUSPTBEVMUPTEB DPNVOJEBEFFTDPMBS FBTUVSNBTEFBMVOPTEFo ao 9o anos nas habilidades báTJDBTEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPTOBT&TDPMBT/FTTFQFSrPEPUSBCBMIBNPTDPN turmas e capacitamos 2.039 alunos da rede municipal. Em um segundo momento, realizamos uma seleção rigorosa em cada escola, com a participação dos alunos, professores e diretores, de um grupo de alunos para participar da capacitação em Mediação entre Alunos. Esse curso inDMVJBUJWJEBEFTQBSBSFGPSmBSBTQSJODJQBJTGFSSBNFOUBTEF3FTPMVmkPEF$PO»JUPT OBT&TDPMBTFTJNVMBm{FTQBSBQSBUJDBSPQSPDFTTPEFNFEJBmkP$BSHBIPSgSJB I &NGPSNBNPTBMVOPTFFNBMVOPTOBTFTDPMBTQBSUJDJpantes do Projeto EPP. ¦ 0HSVQPEFBMVOPTNFEJBEPSFTEFDJEJVDPNPHPTUBSJBEFTFSJEFOUJºcado, desenhando a logomarca e escolhendo o nome do Programa de Mediação entre Alunos da sua escola. Apresentamos, abaixo, as logomarcas. 47 Após estruturar o Programa de Mediação entre Alunos com a comunidade escolar de cada unidade educativa, realizamos os eventos de lançamento do Programa em cada escola. O grupo de alunos mediadores, o coordenador-âncora e os facilitadores da equipe Parceiros Brasil entraram nas salas de aula de diferentes anos para apresentar o Programa de Mediação entre Alunos e como participar. “Visitamos as salas e os professores nos ajudam e apóiam. A mediação é uma forma de melhor o ambiente”. Vanessa de Farias Lima, aluna mediadora, E. M. Teotônio Vilela 48 Algumas escolas já realizaram suas primeiras mediações. Como resultados, podemos destacar: a solicitação de mediação por diversos atores da comunidade escolar, principalmente pelos alunos; a vontade dos alunos mediadores de colaborar e participar das sessões de mediação; e o retorno positivo registrado nas avaliações dos alunos que participaram do processo. A seguir, mostramos uma tabela com as análises das mediações realizados no período de março a julho de 2013. Período (mês) Mediações Solicitadas Quem solicitou Direção / CP Professor Agente educador Mediações Aluno Outro Realizadas MAR 7 2 3 ABR 11 4 2 MAI 9 2 1 JUN 6 1 4 JUL 13 1 9 1º SEM 46 2 Acordo Não Sim Gênero Meninas Meninos 2 5 5 4 3 10 10 15 6 5 6 9 9 14 4 5 5 3 7 3 8 8 9 7 37 10 6 2 24 3 22% 13% 4% 52% 7% 0 37 45 29 100% 61% 39% Algumas mediações não foram realizadas devido à greve dos professores, OPTFHVOEPTFNFTUSFEF7BMFEFTUBDBSRVFPTDPO»JUPTPDPSSFSBNQSJODJQBMNFOUFFOUSFBMVOPTEBNFTNBUVSNB &OUSFBMVOPTEFBOPTEJGFSFOUFT GPSBNBQFOBTEPTDPO»JUPTNFEJBEPT$PNPBTQSJODJQBJTDBVTBTQPEFNPT citar agressão verbal, fofoca e implicância. Todas (100%!!!) as mediações realizadas foram encerradas com acordo e o tempo médio de duração foi de 31 minutos. 49 “O interessante é que os alunos passam a ser os protagonistas de suas histórias, dialogando para resolver os conflitos entre eles. Assim, criamos a consciência de que todos somos responsáveis pelo bom andamento da unidade escolar”. Vivane Couto , professora, E. M. Teotônio Vilela. “O resultado do Projeto é altamente positivo. Houve uma melhora significativa no relacionamento entre os alunos. Atualmente, o nosso trabalho como agente educador é bem melhor devido à redução dos níveis de violência: os conflitos são menos intensos e há menos conflitos entre os alunos”. Davi Ferreira, agente educador da E. M. Lima Barreto No 3o trimestre de 2013, diversas situações externas à instituição impactaram diretamente o andamento de algumas atividades do Projeto Educação para a Paz nas escolas municipais do Rio de Janeiro. &NBHPTUPNBJTFTQFDJºDBNFOUFOPEJBJOJDJPVBHSFWFEPTQSPGFTsores do município que perdurou até o início de outubro. Buscamos, portanto, alternativas para continuar em contato com nosso público atendido. Nesse período, foi possível continuar com algumas atividades em certas escolas em horário diferenciado. Realizamos, também, um evento extra para troca de experiências entre os alunos mediadores, em setembro. Neste mês, conseguimos retomar o contato com os alunos mediadores da maioria das escolas. Combinamos, com as direções das escolas e os alunos, um horário alternativo para continuar com nossos encontros durante esse período atípico. 50 Além dos Muros da Escola “Eu sempre fico entusiasmada de ver isso acontecendo em um lugar novo, porque essas técnicas não mudam a criança apenas agora, mas dura para a vida toda. Elas tem relações melhores em casa, assim como casamentos e relações de trabalho melhores. Então, é uma habilidade que elas usarão por toda a vida.” Gail Sadalla, pioneira na adaptação da mediação comunitária ao contexto escolar. Treinamento equipe EPP com Gail Sadalla: Anualmente, a equipe Parceiros Brasil recebe capacitação continuBEBDPNBFTQFDJBMJTUBOPSUFBNFSJDBOBFNSFTPMVmkPEFDPO»JUPTOBTFTDPMBT(BJM4BEBMMB Em fevereiro de 2013, durante sua visita, realizamos diversos eventos para os participantes do Projeto Educação Para a Paz e revisamos o material didático utilizado nas nossas aulas, baseado nas experiências e lições aprendidas do ano anterior. 51 53 53 Em 12/12/12 às 12h12, realizamos o último evento do ano com os alunos mediadores, no escritório Parceiros Brasil, no centro do Rio. Os alunos das diferentes escolas compartilharam suas experiências ao longo do Projeto e expectativas para o próximo ano. Além disso, debatemos com os alunos estratégias para aperfeiçoar e intensificar a atuação do Projeto nas escolas. No dia 27 de fevereiro de 2013, os alunos mediadores do Projeto Educação para a Paz se reuniram com a especialista norte-americana em Resolução de Conflitos nas Escolas Gail Sadalla e com a equipe Parceiros Brasil, na sede da organização, no Centro do Rio. O evento teve como objetivo promover uma troca de experiências entre os alunos, professores e coordenadores pedagógicos de cinco escolas participantes do Projeto e debater seus sucessos e desafios. 54 Os alunos relataram que, como mediadores formados, eles podem TFNFBS BT IBCJMJEBEFT EF SFTPMVmkP EF DPO»JUPT FOUSF PT DPMFHBT F BMnN EJTTPUpNBPQPSUVOJEBEFEFNPEJºDBSPBNCJFOUFFNRVFFMFTWJWFN" maioria dos alunos admitiu, também, que já usou as técnicas de negociação EJSFUBGPSBEBFTDPMBFJODMVTJWFKgNFEJPVDPO»JUPTQSJODJQBMNFOUFFOUSF irmãos e amigos. 55 Saiu na Mídia TV Globo: Alunos do Projeto Educação Para a Paz no programa Na Moral &NEFBHPTUPEFOPQSPHSBNBFYJCJEPQFMB3FEF(MPCP os alunos da Escola Municipal Teotônio Vilela, localizada na Maré, falaram sobre Bullying e comentaram a importância da mediação como processo de resolução de conflitos na escola. TV Globo: Projeto Educação para a Paz no programa Encontro com Fátima Bernardes Em 24 de abril de 2013, a equipe Parceiros Brasil e os alunos mediadores da Escola Municipal Professor Souza Carneiro, localizada na Penha, participaram de uma gravação para o programa Encontro com 'gUJNB #FSOBSEFT FYJCJEP OB 57 (MPCP 0 PCKFUJWP EB SFQPSUBHFN GPJ mostrar como a Resolução de Conflitos nas Escolas está transformando o cotidiano escolar e como funciona o Programa de Mediação entre AluOPT¦<IUUQXXXZPVUVCFDPNXBUDI WD;G0KMYH&> 56 Maré de Notícias: Mediar é resolver Em agosto de 2013, os alunos mediadores da Escola Municipal Teotônio Vilela, localizada na Maré, foram entrevistados pelo jornalista Helio Euclides. No artigo, os alunos comentaram sobre o funcionamento do Programa de Mediação entre Alunos e as mudanças percebidas até o momento. Prêmio Fundação Banco do Brasil Em outubro de 2013, recebemos a certificação da metodologia de Resolução de Conflitos nas Escolas como uma tecnologia social, conferida pela Comissão de Certificação do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social%FOUSFNBJTEFUFDOPMPHJBTTPDJBJTBQFOBT foram selecionadas. %F BDPSEP DPN B 'VOEBmkP #BODP EP #SBTJM ®Tecnologia Social¦ DPNQSFFOEF QSPEVUPT UnDOJDBT PV NFUPEPMPHJBT SFBQMJDgWFJT EFsenvolvidas na interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social. É um conceito que remete para uma proposta inovadora de desenvolvimento, considerando a participação coletiva no processo de organização, desenvolvimento e implementação. Está baseado na disseminação de soluções para problemas voltados a demandas de alimentação, educação, energia, habitação, renda, recursos 57 hídricos, saúde, meio ambiente, dentre outras. As Tecnologias Sociais podem aliar saber popular, organização social e conhecimento técnicoDJFOUrGJDP *NQPSUB FTTFODJBMNFOUF RVF TFKBN FGFUJWBT F SFBQMJDgWFJT propiciando desenvolvimento social em escala.” Evento no Ministério Público No dia 29 de novembro de 2013, a equipe Parceiros Brasil e os alunos mediadores do Projeto Educação para a Paz, participaram do evento “Encontro Estadual do Ministério Público pela Paz nas Escolas”. /BPDBTJkPBEJSFUPSBFYFDVUJWBEBPSHBOJ[BmkP(BCSJFMB"TNBSGPJDPOvidada a palestrar sobre “convivência e conflitos no ambiente escolar” B GJN EF DPNQBSUJMIBS VN QPVDP B FYQFSJpODJB EP¦ 1BSDFJSPT #SBTJM OBT escolas municipais do Rio de Janeiro. %VSBOUFBQBMFTUSB(BCSJFMBDPOWJEPVPJUPEPTBMVOPTNFEJBEPres já formados, de três escolas diferentes, a fim de compartilharem com o público, estimado em mais de 300 pessoas, suas experiências dentro e fora do ambiente escolar, o processo de mediação e as técnicas de Resolução de Conflitos nas Escolas. Outros mediadores estiveram presentes para acompanhar o evento. 58 “O que posso lhes dizer é que todo o ensaio que assisti valeu a pena. Na sexta-feira, durante o evento no Ministério Público, os jovens não fizeram feio. No início estavam nervosos, sim, mas com o tempo veio a segurança. E eles acabaram por emocionar toda a plateia. Afinal, nós adultos, tão habituados a um mundo onde a violência e as generalizações são banais, ouviremos sempre com alguma surpresa depoimentos como o de Luis Henrique, estudante da Escola Municipal Professor Souza Carneiro: ---- Minha maior experiência com o projeto de mediação foi em casa, quando meus tios estava brigando. Fiz a paráfrase que aprendi no Projeto, falei na primeira pessoa, conversei, disse a eles como eu me sentia quando eles brigavam e falei para a tia que era melhor não discutir naquele momento. Eles pararam de brigar. Mas o melhor veio depois: meu pai chegou para mim e disse: “Filho, estou orgulhoso de você”. Alguém aí ficou com os olhos cheios d’água? Pode ficar, é permitido. No Projeto Educação Para a Paz a demonstração de sentimento é bem-vinda.” Amelia Gonzalez “A gente aprende muito com a mediação. Não levamos apenas para a sala de aula ou quando estamos mediando, mas para a vida toda. Antes de qualquer desaforo eu já queria partir pra briga, agora eu já brinco mais e posso ver o lado do outro”. Alexsander da Rocha Lobato, aluno mediador, E. M. Professor Souza Carneiro “Tudo está conectado e tudo tem conexão. Aprender novas técnicas, conhecer pessoas novas e diferentes e compartilhar experiências será útil na vida, pois irei encontrar pessoas que nem sempre irão se dar bem comigo e eu irei aplicar as técnicas que aprendi para prevenir um conflito.” Raquel Mendes Vieira, aluna mediadora, E. M. Teotônio Vilela. 59 60 Epílogo 0 RVF DBEB VN EF OwT BMVOPT QSPGFTTPSFT EJSFUPSFT EFNBJT NFNCSPTEBFRVJQFFTDPMBSGBDJMJUBEPSFTQBSDFJSPTQBJTFBNJHPT MFWB para a vida a partir do Educação para a Paz, varia de acordo com os mapas mentais e oportunidades de praticar a escolha por comportamentos colaborativos. É fácil e intuitivo ser gentil com quem nos trata bem. Para isso, não é necessário aprender uma metodologia. O grande desafio e o grande aprendizado começam frente às pessoas que desafiam nossos limites e valores. É diante delas que podemos testar e aprimorar o quanto internalizamos do aprendizado. Apenas nestas circunstâncias podemos exercer, com mérito, a OPÇÃO por controlar os sentimentos negativos e ser maiores que os comportamentos automatizados. É aí que podemos mudar o ciclo dos conflitos e construir as relações nas quais queremos viver. O Projeto Educação para a Paz não veio apenas para falar de boas intenções, mas para operacionalizar, muito concreta e vivencialmente, esta mudança positiva. Todos sabem da importância e urgência deste propósito, e muitas metodologias existem, mundo à fora. Mas a mudança do ciclo requer também perseverança e apoio. Se fosse fácil, já estaria pronto. Estamos caminhando na direção desejada, com avanços nítidos. Vale a pena continuar! 61 Produzido por Parceiros Brasil – Centro de Processos Colaborativos Endereço: Av. Rio Branco, 151, Grupo 404, Centro Rio de Janeiro – RJ Telefone: +55 21 2507 1850 e-mail: [email protected] website: www.parceirosbrasil.org 62
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