Edição 47 - Prof2000
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Edição 47 - Prof2000
Ano XIV - Número 47 Dezembro 2002 Coordenação de Manuela Gamboa e Marília Peres 1200 exemplares ISSN 1645-3255 Distribuição Gratuita UM PROGRAMA ELEITORAL QUE CONVENCEU DINAMIZAR E DIGNIFICAR A ESCOLA , OBJECTIVO DA NOVA A S S O C I A Ç Ã O DE ESTUDANTES DA LEAL DA CÂMARA PARA O ANO 2002/03 P.10 PROJECTOS A C.M.S. aprovou e vai financiar os projectos LETRASONSIMAGENS - ocupação de tempos livres e desenvolvimento pessoal e social dos jovens, apresentado pela Associação de Pais e Encarregados de Educação e APRENDER A APRENDER, apresentado pela equipa da Sala de Estudo. O DIA MUNDIAL DOS DIREITOS H UMANOS foi assinalado na Escola, para lembrar que Os pecados de alguns homens envenenam o ar de todos . Bernanos O PROJECTO CRIANÇA FELIZ vai realizar uma festa de Natal na BOAS FESTAS Dezembro/2002 Instituição Exército de Salvação P. 3 1 Editorial FICHA TÉCNICA izer que o tempo voa é um lugar comum. Tão comum que o ouvimos a toda a hora e dito por toda a gente: os alunos que dizem que ainda há pouco era Setembro e já vêm aí as avaliações do Natal; os professores que andam numa roda viva a tentar cumprir as planificações, a fazer milagres na extensão das horas do dia que têm para preparar aulas e novas estratégias (para aquele aluno ou aquela turma que não está a apresentar o sucesso pretendido), para corrigir trabalhos escritos, para assistir a acções de formação, para realizar projectos ou concluir a redacção de outros; os funcionários que acham que ainda há pouco acabaram as férias de verão e já há iluminações de Natal na Escola que deram uma trabalhêra a colocar! O professor Alves e o professor Charrua é que têm a culpa! Mas que fazem um vistão, isso fazem! Ah! Não podia esquecer os alunos de Artes, coordenados pela professora Maria de Jesus Valente, que também deram um grande contributo nas decorações natalícias! O Sr. João que diz que o Dia Mundial dos Direitos Humanos esteve aí outra vez lembrado pelos elementos do CRE e do grupo de teatro da Escola com o Rui Mário e o Pedro Hilário... As funcionárias do Refeitório e a D. Irene que já andam atarefadas com o almoço de Natal que o Conselho Executivo pediu para preparar! E, se não faltar ninguém, as coordenadoras do Jornal que andam num stress danado para fazer sair a edição antes das férias com tudo o que a redacção conseguiu ter até vários dias depois do délai tido como necessário. Isto de prazos é muito difícil de cumprir! É que o tempo voa para todos, é verdade! ‘Tá bem! Como é Natal e a nossa cultura cristã manda que tenhamos o sapatinho pronto para o Menino Jesus colocar os presentes, o 100 Letras oferece mais um número recheado de boas coisas: basta ter sido feito por alunos, funcionários e professores com muito amor e carinho! Boas Festas a todos e bem hajam! D UM NOVO PROJECTO EDUCATIVO, UM NOVO TRIÉNIO Coordenadoras Manuela Gamboa e Marília Peres Equipa Redactorial Alunos: Alexandra Serangonha, 12.º 4B Ana Carolina Prelhaz, 10.º 1B Ana Rita Penitência, 10.º 4B Cátia Marques, 11.º 3A Diana Beirão, 11.º 1A Gabriel Santos, 10.º 1A Gil Costa, ex-aluno Hugo Nunes, 12.º 1A Irina Almeida, 11.º 2A Joana Marques, 11.º 2A Joana Tavares, 12.º 4B João Completo, 12.º 1F Luís Duarte, 11.º 2A Mauro Nunes, 10.º 2A Ruben Portinha, 10.º 4A Sandro Carvalho,11.º1H Susana Cheong, 11.º 1B Professores: Ângela Costa, António Narciso, Arminda Bernardino, Eugénia Barreiros, José Augusto Rodrigues, Luísa Supico, Márcia Costa, Maria do Carmo Silva, Marília Peres, Rosa Borges, Rosália Vicente, Urbano Alves, Equipa Coordenadora da Sala de Estudo. Clubes: proposta de PE, apresentada à comunidade educativa em reunião de Conselho Pedagógico (Dez. 4, 2002), encontra-se, neste momento, a ser analisada e discutida pelos diferentes agentes do processo educativo. A introdução da proposta acima referida começa por definir brevemente o que é um projecto educativo e por realçar a sua importância no traçar de um caminho comum: A “O Projecto Educativo, ao enunciar as áreas prioritárias de intervenção, ao estabelecer objectivos e enunciar estratégias de actuação, define um sentido de orientação da Escola, procurando envolver toda a comunidade educativa numa finalidade educativa.” Clube de Saúde/PES Janela Indiscreta Funcionários: Eduardo Tavares Olga Carneiro Maria da Piedade Pereira Paginação Coordenação do 100 Letras Processamento de texto Coordenação do 100 Letras A grande finalidade a que nos propomos é, ainda e sempre, a melhoria da qualidade de ensino e de aprendizagem, que continua a ser preocupação de todos. Assim sendo, parece indispensável a reflexão conjunta sobre o documento agora em discussão. Aliás, esta ponderação será, desejavelmente, uma das marcas que devem distinguir a Escola - é que, sem uma auto-avaliação continuada, se torna difícil proceder aos reajustes que o aperfeiçoamento de práticas de ensino e de aprendizagem exige. “...torna-se crucial reconhecer que as escolas possuem uma história própria, um elenco único de personagens e uma narrativa que se desenrola no tempo em direcções nem sempre antecipadas. É assim que a avaliação opera - um processo contínuo e continuamente revelador. É daí que a melhoria das escolas provem.” (MacBeath, J., Schools Must Speak for Themselves. The Case for School Self-evaluation, Routledge, London, 2000) Se é importante que a Escola assuma como seu um projecto nascido da auscultação de alunos, professores, pais e funcionários, mais importante será que cada um de nós se reveja nele para o poder interpretar. É essa interpretação conjunta que fará dele uma realidade. Só desse modo, poderemos todos concretizá-lo em planos anuais de trabalho cada vez mais claros. Helena Sobral 2 Dezembro/2002 Processamento de imagem Coordenação do 100 Letras Revisão Coordenação do 100 Letras Apoio Técnico António Lobo, Gonçalo Jesus, Joaquim Charrua, João Completo e Susana Cheong Impressão Carlos Neves dos Santos, Herdeiros -Artes Gráficas Contactos Jornal 100 Letras - ISSN:1645-3255 Escola Secundária de Leal da Câmara, Av. Pedro Nunes, nº1-2735 Rio de Mouro Tel.:21 916 93 10/17 Fax: 21 916 20 65 E-mail: [email protected] A ESCOLA E OS ENCARREGADOS DE EDUCAÇÃO APRENDER JUN T OS H oje, sábado, 26 de Outubro, a Escola acordou diferente: os alunos ficaram em casa, eventualmente a ensaiar pequenas actividades domésticas e os encarregados de educação vieram, em número surpreendentemente elevado, com um único propósito: aprender, aprender a responder de forma mais pronta junto dos seus educandos. E foi de forma atenta e interessada que escutámos as palavras do Professor Dr. Mário Azevedo. Este falou de um modo informal sobre assuntos dos quais fez ciência (em Psicologia Clínica e Educação), convocando as suas e as nossas memórias sobre as relações entre a Escola, os alunos e os encarregados de educação. Falando de temas “técnicos” a partir de uma linguagem sobretudo imagética demonstrou que a ciência é património de todos. Disposto a seduzir o seu público, o Professor Mário Azevedo foi provocatório em muitos momentos, entre os quais recordamos os seguintes: - “Aquele aluno que me dizia Eu não sou de barro nem de gelatina tinha razão. Às vezes os professores esquecem-se que os alunos, a par de uma vontade de aprender, possuem uma vontade de não aprender e que esta não é nenhuma falta sua que os professores possam vir a preencher, mas, pelo contrário, uma força activa impermeável a qualquer estratégia de aprendizagem, por melhor que ela seja.” - “Na adolescência os pais tornam-se inúteis. Esta inutilidade dos pais dá-lhes um lugar à retaguarda no qual, em pequenos gestos do quotidiano, se tornam absolutamente indispensáveis.” Desta vez os encarregados de educação, alunos por umas horas, abandonaram a Escola com alguma dificuldade: na verdade todos eles, em questionário anónimo, expressaram a vontade de um regresso, tão breve quanto possível. A Equipa Coordenadora da Sala de Estudo COLÓQUIO DE e PARA PROFESSORES E S S T R A T É G I A S P A R A O U C E S S O O Projecto para a Sala de Estudo parte de algumas linhas orientad o r a s f u n d a m e n t a i s : aprendizagem centrada no papel activo do aluno, adequação do ambiente de trabalho aos objectivos pedagógico-científicos das aulas e colaboração estreita entre professores e encarregados de educação no processo de aprendizagem dos nossos jovens. A intervenção específica ao nível do espaço físico da sala de estudo não é mais do que o ponto de partida para a satisfação destas orientações. Não estando dirigido por qualquer modelo ideal de funcionamento de sala de estudo, este Projecto pretende ser ele mesmo um exemplo efectivo da orientação que sugere. Nessa medida, os colóquios realizados não surgem apenas como actividades interessantes que a Escola pode fazer, eles fazem parte integrante do processo de construção deste Projecto, definindo-o na sua especificidade. As comunicações apresentadas versam temas até agora mantidos à margem da nossa reflexão que pretendem criar uma melhor dinâmica de aprendizagem. A Equipa Coordenadora da Sala de Estudo PROJECTO “CRIANÇA FELIZ” [email protected] Podes escrever para o e-mail do Gabinete de Apoio ao Aluno. As professoras tutoras procurarão ajudar-te a encontrar uma solução, lendo com atenção as tuas mensagens e dando-lhes sempre resposta. No dia 18 de Dezembro, o 11.º 1B vai realizar uma festa de Natal na Instituição Exército de Salvação. Esta é uma instituição de catorze meninas órfãs, com idades compreendidas entre os 5 meses e os 12 anos. Desta festa faz parte o sorteio de um Cabaz de Natal. Para além da verba angariada com a venda de rifas para o Cabaz, estamos a efectuar uma recolha de bens em conjunto com mais quatro turmas. Alguns dos bens mais necessários são: livros escolares e infantis, roupas, brinquedos e bens alimentares (papas, conservas, arroz, etc.), por exemplo. Para que as meninas possam ter também um Natal Feliz na companhia do Menino Jesus - COLABORA ! O GABAA tem um horário de atendimento pessoal, mas se não te sentes à vontade para aparecer, podes sempre escrever! “O que fizerdes a cada uma destas criancinhas, estais a fazer-Me a Mim!” Eugénia Barreiros, Luísa Supico, Marília Peres e Rosa Borges A coordenadora do Projecto “Criança Feliz” Susana Cheong, 11º1B APETECE- TE DESABAFAR , MAS NÃO Q UERES SABES COM QUEM ? PEDIR UM CONSELHO SOBRE UMA RELAÇÃO QUE INICIASTE ? E STÁS DESORIENTADO COM OS TEUS RESULTADOS ESCOLARES E NÃO SABES POR QUE PONTA COMEÇAR ? E STÁS TRISTE E PRECISAS DE “ UM OMBRO AMIGO”? Dezembro/2002 3 O TEATRO É UM MUNDO À PARTE . . . O T E A T R O É U M M U N D O à parte, porque ali damos o corpo e a alma, há uma fusão entre o que a nossa alma diz e o que o nosso corpo sente. E como resultado desta grande descoberta decidimos pôr mãos à obra, partir à aventura e arranjar ideias, muitas ideias para a apresentação de um trabalho no qual todos nós nos pudéssemos unir como grupo, sentir toda a emoção de entrega a uma coisa especial, que fosse diferente e nos fizesse sentir a alegria de outra dimensão. E foi assim q u e t u d o c o m e ç o u , com exercícios de concentração, d e descontracção, exercícios em que o limite é a imaginação, e depois, aos poucos, fomos falando do tema “Outono”, que estava para muito breve. Primeiro, cada um imaginou um signo, baseado no significado do Outono. E o signo foi aparecendo, com pezinhos de lã, nas nossas cabeças, desafiando-nos a fazê-lo cada vez um bocadinho melhor. “Outono” para cá, “Outono” para lá, uma alteração aqui, outra acolá, até que os nossos signos ficaram finalmente prontos. Depois vieram os poemas. Alguns em grupo, outros recitados individualmente, mas todos com o mesmo tema: o Outono. Mas continuava a faltar muita coisa! Era preciso decidir o que fazer com signos e poemas, era preciso juntar tudo e criar uma história. E quem melhor para isso que o Rui Mário? Lá veio ele, carregadinho de ideias, como sempre. Marcou ensaios, alterou uma coisinha ali, deu ideias, leu poemas, mudou um signo, falou, sugeriu, ouviu opiniões, observou tudo com atenção... Foram decididas as posições e figurinos, e tudo ficou finalmente pronto, esperando pelo grande dia... No dia 11 de Novembro, ao contrário dos restantes dias, o Sol não apareceu. A manhã passou a correr entre a troca, ora de palavras, ora de risos nervosos entre os jovens actores (se é que assim podem ser chamados!). E logo chegou a hora de correr para o último ensaio! Era preciso ler os poemas, definir as ultimas posições, corrigir os últimos erros, vestir as roupas... TIC, TAC, TIC, TAC. O relógio não parava e o tempo passava a correr. Finalmente, todos estávamos prontos. Lindas, AS N INFAS D’ E L V ENTO ESPALHARAM - SE PELA ESCOLA , ANUNCIANDO A NOSSA ACTUAÇÃO. NA SALINHA , CHEIOS DE FRIO E COBERTOS DE ARGILA , OS S ERES TERREAIS AGUARDAVAM ... F INALMENTE, SAÍRAM DO PAVILHÃO , E ENTRE RISOS E COMENTÁRIOS DOS ALUNOS , DIRIGIRAM - SE AO JARDIM , ONDE COMEÇARIA O ESPECTÁCULO . AS NINFAS CHEGARAM , O R UI MÁRIO LEU O POEMA, O PEDRO HILÁRIO ENCHEU O A R DE MÚSICA . Começou, finalmente... A cena passou do jardim para as escadas do Pavilhão Central, onde Ninfas e Seres Terreais deram voz ao vento, provocando o público que entrava. Finalmente, a Biblioteca. Lá, leu-se poesia, representou-se, amou-se o que se fez. A união entre todos nós estava presente em cada folha do chão, em cada palavra, em cada gesto, em cada olhar, em cada som. Finalmente acabou... Finalmente??? Como o tempo passou depressa! Como foi bom estar ali, dando voz e corpo a pedacinhos de sonhos nossos, às maravilhas do Rui Mário, à musica do Pedro Hilário! Pensamos que foi com este sentimento de felicidade que todos nós saímos do palco, felicidade por estar ali, felicidade por termos desempenhado bem a nossa tarefa, por tudo ter corrido pelo melhor. Cá fora, a opinião do público era muito animadora! E também por isso transbordávamos de alegria. Nesse dia, talvez tenhamos ido para casa um bocadinho diferentes. Diferentes em quê? Isso, cabe a cada um de nós descobrir... Por fim, resta-nos agradecer ao Rui Mário, ao Pedro Hilário, às professoras que estiveram e estarão sempre prontas a dar uma mãozinha, e a todos aqueles que estiveram presentes. Obrigada por nos terem feito sonhar!!! Ana Carolina Prelhaz, 10º 1B e Ana Rita Penitência, 10º 4B 4 Dezembro/2002 XUTOS & PONTAPÉS UMA POPULARIDADE CONQUISTADA T H E Sempre com uma grande criatividade naquilo que produzem, os Xutos & Pontapés são uma das principais bandas de culto em Portugal. Desde 1979, data em que a banda surgiu, foi ganhando cada vez mais adeptos no nosso país, através de grandes músicas que, duma maneira geral, todos nós conhecemos. Para ti Maria , À minha maneira, A minha casinha e Chuva dissolvente, são alguns dos seus sucessos. Numa grande maioria das letras dos «Xutos», podemos encontrar uma critica social, sobre os mais variados assuntos. B E A T L E S eptember 1962, the first commercial recording of a Beatles single Love Me Do with I Love You on the B-side was to become a landmark in the story of pop music. In 1957 it all began in Liverpool when the young John Winston Lennon, aged 17 and Paul James McCartney aged 15, first met. After 40 years Paul joined the Quarrymen, Lennon’s band that took on the guitarist George Harrison and the bass player, Stuart Sutcliffe, born in 1943 and 1940 respectively. In 1959 they formed a group with neither drummer nor amplifiers that was called “Johnny and the Moonddogs”. A definitive name was needed and the Silver Beetles, inspired by Buddy Holly’s Crickets, set out on a tour in Scotland accompanied by Johnny Gentle and the drummer Tommy Moore. One night in April 1960 when the group – 4 0 S EMINEM É UMA DAS MAIS POPULARES E CONTROVERSAS FIGURAS DA CENA RAP DA ACTUALIDADE Em 1996 edita o seu primeiro trabalho discográfico de nome Infinite, seguindo-se Slim Shady. Ambos os discos fazem furor. O rapper foi descoberto por outra figura conceituada do hip-hop, Dr. Dre. Consta que o músico só assina um contrato discográfico com Dr. Dre após a participação do primeiro nas Olimpíadas Rap MC de Los Angeles, em 1997. Dois anos depois, é editado The Slim Shady LP. Do disco é retirado o hit-single My Name Is, que se revela um sucesso were in Liverpool, John and Stuart announced that they had decided on a name for the group – The Beatles! John changed the “bee” of an original name to the “bea” of the beat music from Liverpool, and they all agreed. In 1963 after Please, Please Me and From Me to You, which became estrondoso, ao qual se segue novo êxito Guilty Conscience, dois temas que contribuem para que o álbum chegue à marca de tripla platina. The Slim Shady LP é então envolto em polémica, com algumas vozes críticas a considerarem que o disco promovia a violência e o sexismo, ao mesmo tempo que outros admiraram o arrojo estético ao qual estava aliado um sentido de humor quase surreal e uma produção engenhosa de Dr. Dre. O disco vale-lhe os Prémios Grammy na categoria de melhor performance a solo de rap, por My Name Is, e o de melhor album rap do ano. No Verão de 2000 é editado The Marshall Mathers LP, que vende cerca de dois milhões de cópias na primeira semana de lançamento, tornando-se no álbum de rap que mais rapidamente de vendeu na história da música. A sua participação nos Prémios Dezembro/2002 Fim do mês e Dia de São Receber são um bom exemplo disso. A popularidade dos Xutos & Pontapés é facilmente comprovável, se por exemplo considerarmos os mais de 600.000 espectadores que assistiram aos seus concertos em todo o país (arquipélagos incluindo) durante o ano de 2001. Por tudo isto, será muito difícil que haja uma outra banda em Portugal que atinja tanta popularidade como Tim, Zé Pedro e os seus pares. Ruben Portinha, 10º 4A Y E A R S bestsellers, their single She Loves You beat all sales records in Britain and also marked the beginning of “Beatlemania”, with the first European tour and the “British invasion”. In April 1964, Can’t Buy Me Love was simultaneously the top single in both the UK and the United States. The first Beatles film, A Hard Day’s Night, came out in August of the same year and made 1.3 million dollars. In the first week dozens of songs have been published such as Day Trip, Paperback Writer, Norwegian Wood, Yesterday, Good Day Sunshine, Eleanor Rigby, Penny Lane, Strawberry Fields Forever, Yellow Submarine from the film by the same name. In 1987 the Beatles’ work was first marketed on compact disc. Luís Duarte, 11º 2A MTV dos EUA desse ano faz furor, assim como as nomeações em várias categorias para os Prémios Grammy, incluindo a de Álbum do Ano e Melhor Álbum Rap. Ainda em 2000, na edição Europeia dos Prémios MTV, Eminem é uma das figuras da noite, ao arrecadar os galardões para Melhor Álbum do Ano e Melhor Artista Hip-Hop”. Dois anos depois é editado novo álbum de originais, intitulado The Eminem Show e, ainda no mesmo ano, o rapper apresenta novas canções originais para a banda sonora do filme “8 Mile” onde, para além de ter construído o alinhamento do álbum, ainda desempenhou um dos papéis principais o que lhe valeu críticas muito positivas. Texto adaptado por Mauro Nunes, 10º 2 A e Gabriel Santos, 10º 1A 5 MERRY CHRISTMAS TO YOU ALL STRAIGHT EDGE S traight Edge is a more philosophical offshoot of the punk movement. The basic tenet of the philosophy centres on the issue of self-control. The goal is to regain as much personal control over your own life as possible. Straight Edge (sXe) is the only youth counterculture to actively discourage drug use, alcohol use, and casual sex. Straight edge is a lifestyle centred on personal development and well being, while encouraging fun and togetherness. sXe is not just about being into contemporary punk music acts and being against drugs. It goes deeper than this. The movement wishes to attract people away from dependency lifestyles centred on drug habits (legal or illegal) and unhealthy and exploitative eating and general living habits common in modern cultures. sXe is not dogmatic, there are no hard rules, and these are for you to decide. Very basically, Straightedge is a philosophy of life that steers clear of substance addiction, dependency and abuse. It’s a lifestyle that’s healthy for your mind and body. A Straightedge lifestyle is one of abstinence from substances and practises that adversely affect mental and physical wellbeing. Such things as cigarettes, alcohol, illegal drugs, and promiscuous/ unprotected sex are not Straightedge. Some Straightedges take it a step further and abstain from things - Why do you have to dress up like an idiot...? Nobody ever sees you! such as caffeine. Nowadays straightedge people organize shows, which are called benefits to help poor people and some institutions that need our support. They also organize demonstrations especially to the defence of animals and other social aspects. That’s what’s happening in Portugal which is considered one of the most true and important country were straights really like the scene and try to change the world to a better one. http://www.punkbands.com http://www.straight-edge.com Irina Almeida, 11.º2A Anticapitalism ... THEN IT’S CHRISTMAS ... the most important family celebration all around the world. People send Xmas cards, exchange presents, decorate their houses with paper chains, holly, mistletoe, lights and a Xmas tree. On Xmas eve children hang stockings over the fireplace and wait for Santa Claus to come and fill them with presents while they are sleeping. The best part about Xmas is waking up on Xmas morning and finding the presents but...why not open them at midnight? CHRISTMAS CUSTOMS AROUND THE WORLD AUSTRALIA In Australia Xmas lunch is often a barbecue on the beach, because temperatures are often about 35 degrees. USA Tourists visit Rockfeller Center in New York to see the world’s biggest Xmas tree and watch the ice-skaters. Caroling in the streets is an old Xmas tradition too. SPAIN / GREECE Children open their presents not on Xmas Day but on the 6th January- Three Wisemen’s Day RUSSIA Children don’t receive their presents on Xmas Day but on the 6th December, Saint Nicholas’s Day. They are brought to them by Grandfather Frost and the Snowmaiden. ICELAND Santa Claus visits houses 13 times and leaves presents in shoes which have been left on window sills. For more information: http://www.oup.co.uk/elt/magazine/christms/ch ristms.html 6 Dezembro/2002 Clube e Núcleo de Fotografia A Exposição David Goldblatt - 51 anos de fotografia está no Centro Cultural de Belém até 5 de Janeiro de 2003. Os trabalhos deste autor, na sua maioria a preto e branco, mostram o “mundo do trabalho, da segregação racial e da arquitectura sul-africana”, tornando evidente “o modo como o discurso ideo-lógico do colonialismo determina toda a vivência quotidiana”. A não perder. Os fotografias desta página são da autoria de Ana Isabel Fernandes (12º 2A), Joana Hipólito (12º 2A) e Sara Silva (11º 2A). Os coordenadores do Núcleo de Fotografia Dezembro/2002 7 NA PERIFERIA DO IMPÉRIO* D E S C E SOBRE OS M E U S OMBROS O DESESPERO , como um manto que me encobre e esconde a coragem que já não tenho. Perdi-a naquele dia vulgar. Tudo aconteceu na periferia de um império que eu conheci. Numa aldeia tornada feia, suja de gente pobre, aviltada e violada. Pejada de casebres de madeira podre, roubada aos caixões dos senhores. Infestada de crianças nuas com o sexo exibido e o olhar vazio de esperanças. Salpicada de homens velhos, que sendo novos foram despojados do sonho que os anima, transformados em estrume para os campos de tabaco de charuto. Entre cada casebre desta aldeia, ruas escuras servem de passagem, de ponto de fuga. Numa destas ruelas, cheias de lama e de memórias, duas mulheres sentem o peito a crescerlhes até ao limite, sorvendo todo o ar de que dispõem. Param. Encostam os rostos vermelhos, sulcados pelo terror, às tábuas e escutam. Na entrada norte, um camião vomita seres saídos do inferno: vestidos de negro, sem coração nem cérebro, cobertos de fios: títeres de quem desliza na sombra. Depressa este alcatrão movente se espalha pelas ruas infectas, farejando sangue. As mãos acesas dão vida àqueles casebres, iluminando-os como uma gigantesca pira funerária. As duas mulheres, suspensas na espera, depressa são encontradas e logo ali violadas. Os carrascos não procuram sexo nem prazer carnal, mas o aviltamento. Enfiadas num helicóptero, pássaro mecânico feito arma, que paira sobre os destroços da aldeia, são forçadas a ver, a reter. Tudo tem valor de lição. De repente, como quem passa a mão no cabelo ou aperta o nó da gravata, uma mulher é obrigada a voar e a procurar no ar a liberdade. Grita, por favor, pede asas! Ninguém a ouve e o seu corpo estatela-se em cima de uma pedra que a mói, que a ensanguenta e lhe provoca dor. A outra mulher teme pelo seu destino e roga a deus - que não joga aos dados e por isso é culpado e condenado a não existir. SOMOS FILHOS DA NOITE Amanhã o Sol não vai nascer E as estrelas vão brilhar Noite e dia sem parar. Vamos então celebrar O Amor que nos foi negado, A saudade e o pecado, A fantasia e a sua realidade, O prazer e a maldade. Somos Filhos da Noite, Sonhamos com o Amor, Vivemos com o ódio, Porém, já, sem qualquer dor. Somos Filhos da Noite, 8 O pássaro de guerra volta ao pó. A pobre mulher é expulsa daquela besta esventrada e forçada a comer o chão manchado pelos outros. Põem-lhe estacas nos olhos para a obrigar a ver: restos de seres, dor, humilhação. Neste turbilhão caótico, um bebé chora perto da mãe, sem vida, de cujos seios brota sangue em vez de leite. Corre. Abraça aquele precioso pedaço de vida. Dá-lhe segundos de esperança, logo roubada por um Huno façanhudo, uma besta ululante, que lhe rouba a criança e lhe encosta os finos lábios ao seio materno. A vida sim, mas não a qualquer preço. Num derradeiro gesto de liberdade, a última das mulheres lança-se sobre uma baioneta espetada no ar, com fome de entranhas. Esta aldeia fazia parte de um Império que eu conheço. Ficava perto de uma das suas mais belas cidades. O coro da morte é mudo e o Império não pode ser posto em causa pela periferia. * A propósito dos Direitos Humanos. Texto criado a partir da descrição de um acontecimento verídico. A.N. O SILÊNCIO Dormimos com a paz, Acordamos com a guerra, Mesmo sabendo que isso não nos satisfaz. O silêncio é o grito que se reprime É a voz que cala e não exprime É o murmúrio mudo do mar sem fundo Ontem o Sol nasceu, As estrelas apagaram-se. Tudo para nós morreu. Vamos então chorar O ódio que nos foi dado, A miséria e o fado, A tristeza e a dor, O viver sem Amor. Que chora para dentro Ao olhar este mundo. Cátia Marques, 11º 3 A Dezembro/2002 O silêncio é a calma do nada dizer É sentir que parar nem sempre é morrer É abrir a arca do nosso interior É sentir que no silêncio também há amor. Maria da Piedade Pereira, Auxiliar de Acção Educativa PLATÃO NO SÉCULO XXI N o século XXI, a propósito de política, parece inusitado revisitar Platão, esse genial filósofo que habitou os séculos V e IV a. C.. Porém, quem lê uma obra como o Górgias , não consegue ficar indiferente às semelhanças que a sua fundamental problemática tem com urgentes questões políticas contemporâneas: quem deve governar os cidadãos? Como deve fazê-lo? Isto é, segundo que pressupostos ideológicos? Correndo o risco de sermos ingénuos, podemos julgar que a acção política só pode ser conduzida de uma única forma: com justiça. Que pensaria Platão a este propósito? Na citada obra confrontam-se duas visões antagónicas do mundo, a platónica e a sofista. A primeira defende a existência de uma verdade absoluta, um princípio de justiça, imutável, independente mas acessível ao homem. Desta forma, a cidade deve ser governada segundo este critério universal e por quem melhor a conhece, o rei-filósofo. Aliás, toda a acção humana deve ter o bem como modelo. A segunda visão, na sua pior versão, é descrente: tudo é relativo, até as verdades. Deste ponto de vista, a cidade e os cidadãos correm o risco de serem governados por um tirano que subjugue toda a acção política ao seu interesse pessoal. Julgo ser um dos raros Atenienses ... que cultiva a verdadeira arte política e o único que põe em prática esta arte ... porque tenho em vista o bem ... fazer nascer a justiça na alma dos ... concidadãos e dela retirar a injustiça, nela depositar a sabedoria e dela excluir o desregramento ... Platão, Górgias Não sei se posso concordar com Platão e com a sua noção de verdade absoluta. Inclino-me mais para a relatividade dos valores. Todavia, não dou o meu assentimento à forma como os políticos contemporâneos, em particular os portugueses, se apropriaram com avidez desta visão sofista, subordinando a governação aos interesses de um punhado de aspirantes a divindades. Parece-me que ainda não compreenderam que, embora os valores sejam relativos e tenham uma origem humana, não é possível governar a partir de um ponto de vista egoísta, sem porem em risco a estabilidade e a continuidade sociais. A concepção sofista, na sua excelsa versão, exige o encontro dos homens numa plataforma de entendimento e na construção de um pacto social que, embora convencional, permita o bem comum e o desenvolvimento harmonioso do todo político. Séculos passados, continuamos em torno do nosso destino, colocando as mesmas questões a que a filosofia outrora deu corpo. A. N. DEMOCRACIA, UMA HERANÇA GREGA V enho falar-vos de um acontecimento que se deu no passado dia 25 de Novembro durante uma aula de História e que já vinha a ser preparado ao longo de algumas aulas. Este ano, na disciplina de História, temos vindo a falar sobre uma grande civilização, da qual herdámos, por exemplo, a Democracia. Trata-se de uma forma de governo no qual todos os cidadãos têm os mesmos direitos perante a lei. Hoje, a nossa forma de governo é uma Democracia. Precisamente para nos alertar sobre este tema, sobre a sua origem (civilização grega, séc. V a. C., governo de Péricles que, embora praticasse uma democracia imperfeita, foi o seu fundador) e sobre a sua importância na vida dos cidadãos, a professora Márcia Costa decidiu propor-nos a elaboração de uma campanha eleitoral na turma. Primeiro escolheram-se três candidatos, depois um presidente de mesa de voto e seus dois secretários e pusemos mãos à obra para preparar a eleição. Os candidatos a presidente eram: Telma Fernandes, Xavier Gonçalves e eu, Ana Penitência. Apresentámos a nossa candidatura e escrevemos o discurso da campanha Telma Fernandes ganhou por maioria absoluta; uma vitória justa, pois o seu discurso demonstrava uma vontade séria de mudança! A professora de História juntamente com a turma estabeleceu uma medida de protecção ao eleitor. Esta medida consiste na obrigação do candidato eleito cumprir obrigatoriamente o seu programa de governo. Agradecemos à professora por esta oportunidade que nos ensinou mais um pouco sobre os nossos direitos e deveres políticos e que permitiu relacionar a herança deixada pelo povo grego com o nosso regime político! eleitoral. Depois de o ler, debatemos e respondemos às questões propostas pelos eleitores (os nossos colegas e professora). E assim foi... Na segunda-feira tudo estava a postos: a mesa estava arrumada com a urna para pôr os votos e estávamos todos um bocadinho nervosos... Mas depois correu tudo bem! Dezembro/2002 Afinal, há coisas que permanecem por milhares de anos, se transformam, mas cuja origem fica sempre...e há momentos que nunca se esquecem e que devem ser lembrados, como este! Ana Rita Penitência, 10º 4B 9 UMA CAMPANHA SAUDÁVEL E DINAMIZADORA T al como todos os anos, efectuaram-se eleições para a Associação de Estudantes. Mas, este ano foi diferente: viveu-se realmente a agitação de uma campanha eleitoral e a inevitável competitividade entre os representantes de cada lista candidata. Tendo em conta que o objectivo de uma Associação de Estudantes é tentar satisfazer todos os desejos e vontades dos alunos, com o intuito de melhorar o ambiente escolar, tornando-o mais atractivo e acolhedor, promovendo, por sua vez, actividades extra-curriculares e de entretenimento, ambas as listas, E e G, apresentaram um programa eleitoral convincente, ainda que de alguma maneira demasiado utópico. Ora vejamos: propunham a organização de um baile e de uma viagem de finalistas; festas comemorativas do Natal, do Carnaval, da Páscoa; formação de uma tuna escolar; jogos desportivos e de entretenimento; a realização de palestras temáticas sobre a droga, a Sida, o alcoolismo, a sexologia e ainda muita alegria e muita animação. Passo a passo, cada lista juntou os seus membros, convocou reuniões, determinou objectivos, declarou estratégias de campanha, enfim, tomou decisões decisivas. Cada presidente - Nuno Oliveira (Lista E) e Tânia Costa (Lista G), expressou claramente o seu desejo de sair vencedor. Contudo, o alcance da vitória estava longe de ser fácil e espontâneo e, por isso, foi necessário uma forte campanha de propaganda dos ideais de cada lista. Nos dias 27, 28 e 29 de Novembro observou-se uma revolução na nossa escola: a Lista G foi a primeira a manifestar-se, distribuindo autocolantes, panfletos e deixando no ar um clima de grande confiança que perturbou a outra lista concorrente. No segundo dia foi a vez da Lista E, que reservava um curioso dinamismo e 10 imaginação: também forneceu panfletos, afixou o seu programa, divulgou os seus elementos e garantiu a presença de grandes atracções musicais. A partir deste momento, era visível a incerteza da vitória que foi reforçada pela divertida vinda de um grupo “União da Capoeira”, em nome da Lista G. Sexta-feira, o último dia de campanha, a última oportunidade para campanha já tinha tido os seus frutos: o despertar dos direitos dos alunos de poderem expressar as suas vontades livremente, escolhendo! Perto das 17.30h e após momentos de grande ansiedade e nervosismo, as urnas fecham, procedendo-se à contagem dos votos: a grande vencedora foi a Lista E! É óbvio que o resultado enche os participantes de orgulho e de satisfação. cada lista mostrar as suas potencialidades, os seus trunfos e, principalmente, a sua capacidade de persuasão. O dia ficou marcado pela diversidade de actividades das duas listas que duraram até ao final do horário escolar: de um lado, a lista G que proporcionava um confortável ambiente musical juntamente com um grupo de dança “Be Funcky Rookie”, em paralelo com a distribuição final de papéis informativos, de preservativos e de pin’s, proclamando uma campanha de sensibilização a favor da luta contra a Sida. Deixando para trás antigas e temporárias ‘rivalidades’, podemos afirmar que conseguimos um bom trabalho, que conseguimos divulgar o nosso desejo de mudança, e, conseguimos, acima de tudo, provar que somos capazes de incentivar os alunos a serem mais participativos e que a dinamização e dignificação da nossa escola está por nosso conta! Por outro lado, a lista adversária apostava em actividades mais lúdicas, apresentando grupos de dança moderna “Nightmare” e de Hip-Hop - “B-Vizion” e Legião Vermelha. Em suma, ambas as listas demostraram um enorme poder de organização e interacção e uma forte capacidade de notoriedade. Dia 2 de Dezembro, o dia D, o dia das escolhas, o dia dos resultados. Logo desde de manhã, a afluência às mesas de voto foi realmente surpreendente, continuando nesse mesmo ritmo durante todo o dia. Ficou, então, provado que a nossa Dezembro/2002 Alexandra Serangonha (representante da Lista G), Joana Tavares (representante da Lista E) 12º 4B Miguel Rodrigues, 12º2 A Presidente da Direcção da A.E. e Nuno Oliveira, 11º 3A Presidente da Assembleia Geral da A.E. O ENSINO SECUNDÁRIO É UMA ESCADA O desconhecido. Partir do quase zero ou zero. Passou um ano e pouco desde que acabei o Ensino Secundário. Exames feitos (bichos papão de doze anos de estudo), só me restava esperar pela saída da colocação no Ensino Superior. O Excelso Ensino Superior!! Segunda-feira: colocação, Coimbra. Data limite para a inscrição: essa sexta-feira. Data de começo das aulas: a segunda-feira seguinte! É surreal! Passamos anos sob a alçada matriarcal (ou patriarcal, conforme o sistema familiar de cada um), estamos habituados a um sítio onde o quarto é nosso por direito próprio, onde vivemos com a presença constante e certa do nosso gato no sofá da nossa sala, da varanda da qual se pode ver o mundo de betão à nossa volta e sentimos que é o nosso mundo de betão. E de repente, numa semana, num simples micronésimo do tempo da Humanidade (para já não falar do tempo geológico!) eis que somos atirados às feras, qual cristão hispânico num circo de leões em plena Roma!! Coimbra, via alfa-pendular (as primeiras vezes são sempre em alfa-pendular, depois é que se vê o peso que traz essa viagem no orçamento do agregado!). Estava sozinho na Lusa Atenas, aquela cidade repleta de estudantes trajados (de capa e batina) aos quais tive de me dirigir na terceira pessoa do singular com o prefixo de doutor/a. Ali, a azáfama das burocracias de inscrição era apenas subjugada pela estranheza, pelo nervoso miudinho de medo do desconhecido. O sistema por cadeiras semestrais, as inscrições nas aulas práticas, os planos aconselhados, os créditos, os departamentos, as secções, as épocas de exames ou os recursos e a Praxe. A Praxe é das coisas mais desconhecidas e temidas que nos vêm à cabeça nessa altura. Aquele nervoso miudinho de cada vez que passava por um “Doutor”. A tentativa de passar despercebido e o ter de cumprir aquela hierarquização com todos os gozos que daí advêm! Passar por ela, de frente, ver como é para depois poder escolher: ser ou não ser pela Praxe. E não é por não querer cantar umas cantilenas, não querer ser gozado ou por ter medo das trupes que se pode repudiar a Praxe em Coimbra! A Praxe Coimbrã é quase uma instituição. Tem até um Código que funciona com artigos que limitam os abusos por parte de quem a pratica. Por exemplo, não se podem pintar os caloiros e estes não podem estar na rua a partir da meia noite com a punição de serem rapados por grupos de “doutores”[as trupes].É também das coisas mais feudais que alguma vez vi! No entanto pode valer a pena! Mas só vale a pena desde que a alma não seja pequena! O choque é, pois, grande, estando em Coimbra, Lisboa, Évora ou Porto! As aulas são em anfiteatros com mais oitenta e nove pessoas, na bibliografia os livros têm trezentas páginas, alguns em Inglês ou Espanhol e são apenas aconselhados e não “seguidos pelo plano” como no secundário; os exames determinam se se faz e com quanto se faz a cadeira, os professores são “docentes”, a maior parte Doutorada (alguns catedráticos), com “atendimento no gabinete”. O nível é muito mais elevado e ao mesmo tempo muito mais interessante! Fazemos parte do Conhecimento. Não o encaixamos em pequenas caixinhas para o despejarmos para um exame nacional. É, sem dúvida nenhuma, no superior que se aprende, mesmo extra-curricularmente! É aqui que nos apercebemos das lutas políticas, dos eventos sociais, dos saberes científicos e de como são vastos. É aqui que conhecemos os saberes literários e as pessoas literatas. É aqui que podemos escolher entre mil e uma maneiras de ficar ou não bêbedo, um só dia por mês ou duas vezes por semana. Mal ou bem, é agora que podemos escolher! O ensino secundário é uma escada. Bem ou mal construída é uma escada apenas. É para passares a porta ao fim da escada, que tens de lutar, porque depois dela está outro mundo. Um mundo que tu podes construir. Como disse uma vez um professor da Leal: “Só com força de vontade não vais lá. Tens de ter vontade de fazer força.” Força aí! Gil Costa, ex-aluno No dia 22 de Novembro foram eleitos os alunos para a A SSEMBLEIA DE E SCOLA: entre 1117 alunos, 365 votaram na única lista apresentada (A). 343 alunos votaram a favor, 20 em branco e 2 votos foram anulados. Assim, João Completo e Luís Pedro do 12º1F são os representantes da comunidade discente da nossa Escola. Dezembro/2002 11 Perservação da vida selvagem DEVEMOS NÓS LUTAR POR UM MUNDO MAIS LIMPO ? Q uando nos perguntam se já alguma vez respirámos ar puro, respondemos que sim com muita certeza! Se algum dia nos perguntarem se somos felizes repondemos que sim, se algum dia olharmos para o mundo e dermos conta que ele está por um fio talvez acordemos do sono profundo que nos mantém indiferentes a este problema tão grave . Vimos ao mundo, somos ensinados a consumir mais do que aquilo que necessitamos, e esgotamos todos os recursos naturais existentes, depois, mudamo-nos de local e recomeçamos. Temos de pôr um ponto final em tudo isto, não só responsabilizando as grandes indústrias mas, também, certificando-nos de que os consumidores não consomem A N O V A efinitivamente, a economia mundial dos anos oitenta e noventa do século XX, foi marcada por uma acentuada liberalização dos mercados, liberalização essa que se prolongou até aos dias de hoje: o comércio internacional de mercadorias atinge níveis recordes, os movimentos de capitais fazem-se à velocidade da luz com o auxílio das novas tecnologias, a especulação monetária e bolsista não conhece limites, a corrupção e o branqueamento de dinheiro alastram até aos mais recônditos cantos do planeta, para gáudio dos off-shores. É a influência das escolas de Chicago que se faz sentir, através das inesquecíveis lições dos seus grandes mestres Milton Friedmam e Al Capone, magister dixit... Na perspectiva geo-política, o muro de Berlim ruiu ao mais leve sopro de liberdade, a bipolarização foi substituída pela hegemonia absoluta e incontestável duma única superpotência liderada por um presidente pouco virtuoso, o Japão mergulhou numa recessão sem fim à vista, a Europa caiu num marasmo sem liderança nem estratégia, a ONU perdeu protagonismo e prestígio. No plano demográfico, a população cresce a ritmos acelerados, exercendo sobre a Terra uma brutal exploração dos recursos naturais, muito acima das suas capacidades de regeneração. Concomitantemente, o PIB mundial nos últimos 50 anos quase decuplicou, passando de pouco mais de 3 biliões de d ó l a r e s p a ra 3 0 b i l i õ e s , a produtividade do trabalho aumentou sete vezes, o D 12 mais do que necessitam. É preciso mudar, é preciso tomar uma atitude. Se não, que mundo estamos nós a criar para as gerações futuras? Decerto um mundo que caminha para o desastre ambiental, para o silêncio dos pássaros, para o ruído das sirenes, para os incêndios que nos consomem o oxigénio que respiramos. É urgente parar de emitir gases prejudiciais ao ambiente, é necessário lutar, não apenas exprimir a preocupação, como faço aqui, mas, sim lutar por um mundo verde onde os nossos filhos possam ser felizes. Lutemos enquanto é tempo. O ponteiro do relógio continua a andar. Sandro Carvalho, 11º1H G L O B A L I Z A Ç Ã O que segundo estimativas efectuadas pela FAO, daria para alimentar cerca de 10 mil milhões de pessoas, quase o dobro da população mundial actual. Todavia, cerca de 2800 milhões de habitantes, quase metade da população mundial, vive com menos de 2 dólares por dia, e 1200 milhões sobrevivem diariamente com menos de um dólar. Mais uma vez, é o progresso científico e tecnológico que deita por terra as teorias Malthusianas. É caso para dizermos que o milagre da multiplicação dos pães está consumado; falta agora apenas a sua divisão, tarefa que se nos afigura muito mais árdua, quando não de todo impossível... É ainda com base nos Relatórios de Desenvolvimento Humano publicados pelo PNUD que podemos constatar que 80% da população mundial vive em países que apenas criam 15% da riqueza gerada, enquanto os restantes 20% da população usufrui de 85% do rendimento mundial. Acresce a agravante de as bolsas de pobreza nos países da OCDE terem aumentado consideravelmente nos últimos anos do século XX, e só na União Europeia existem perto de 60 milhões de pessoas em situação de pobreza, ou seja, 18% da sua população está à beira da exclusão social. Ora, em nosso entender, esta situação é escandalosamente injusta, obscena e perversa, geradora de tensões insustentáveis, cuja válvula de escape expele actos de terror hediondos, conduzindo-nos a uma entrada da humanidade no século XXI sob Dezembro/2002 o signo do terror, da mediocridade, da corrupção, não sendo exagerado afirmar que estamos a contribuir para a criação de um mundo principescamente maquiavélico, onde coabitam situações de extrema miséria com a opulência e ostentação cujo limite é o céu para os turistas espaciais. Entretanto, os sucessivos escândalos contabilísticos e financeiros associados a grandes empresas consideradas até há pouco acima de quaisquer suspeitas, abalam os alicerces da sociedade norte-americana, arrastando consigo a nova economia mundial para uma crise sem precedentes: a era da globalização ultraliberal geradora de riquezas artificiais especulativas num contexto de incerteza ilimitada, que elegeu como único objectivo a maximização do lucro sem regras nem limites, atingiu o apogeu, começando a descrever a curva descendente, deixando atrás de si um rasto de lama, sangue e lágrimas. Recordando George Orwell, diríamos que não foram os porcos que triunfaram, mas sim os seus primos, isto é, estamos perante o triunfo efémero dos javardos ! Felizmente, o mundo começa a dar sinais de inflexão, e desenha-se no horizonte uma nova era duma globalização que, tudo leva a crer, será mais justa, mais solidária, mais democrática, mais libertária, mais inteligente, mais humana. Oxalá assim seja... José Augusto Rodrigues A ESCOLA, ESPAÇO DA LUSOFONIA J á há algum tempo que a Leal da Câmara tem uma certa percentagem de população escolar oriunda de culturas e civilizações de expressão portuguesa não europeia. As dificuldades que alguns revelam no domínio da língua fazem-nos pensar que uma Língua (qualquer que seja) não é apenas um meio de comunicação entre os homens mas ainda a expressão da sua diferença. É dessas diferenças, do ponto de vista cultural e civilizacional, que o 100 Letras pretende ser porta-voz, neste espaço dedicado às culturas lusófonas. Neste número apresentamos a colaboração de elementos da comunidade escolar provenientes de Angola e do Brasil. A CRISE EM ANGOLA M uitos consideram a crise em Angola de emergência quando o número de mortes é de uma pessoa para cada grupo de dez mil habitantes. “Temos visto apenas crianças com menos de cinco anos de idade, o que significa que talvez a maioria esteja morta”. A Coordenadora de emergência do MSF em Chipendo Angola diz que para esta ONG, Angola passa por uma emergência nutricional em larga escala, apesar de não terem sido avaliadas zonas cujo acesso não foi ainda possível em razão das minas terrestres e da destruição de pontes e vias. Actualmente a organização atende 3,6 mil pessoas espalhadas pelo país, mas a demanda é muito maior. O “MSF crê ser necessário o incremento da ajuda internacional”, diz o relatório porque “a situação em Angola é fruto da não aplicação de acordos sobre o acesso da população civil à ajuda humanitária e da falta de vontade política de aplicar no país o direito internacional”. Em algumas zonas, o número de mortes atingiu proporções catastróficas, morrem por dia 4 a 5 crianças em cada grupo de dez mil. O número de vitimas diárias chega a dez para cada grupo de dez mil. Em Chipendo, 42% da população sofre de subnutrição aguda e 10% de subnutrição severa. Será que as crianças têm de pagar pelos erros dos políticos? Francisco António F. Bizerra, TS1 (Ensino Recorrente), está em Portugal há dois anos. A minha Pátria é a Língua Portuguesa. F. Pessoa Gabriel Silva, 10º 1L, está em Portugal há meio ano. Veio de Minas Gerais. O que dirias para identificar o teu país? Futebol, samba, Carlos Drummond de Andrade e feijoada à brasileira. HISTÓRIA DO SAMBA O O PALANCA NEGRA al como no Brasil, o futebol é um desporto bem popular em Angola, e a selecção de futebol nacional é conhecida como Os 11 Palancas Negras, fazendo uma homenagem ao animal símbolo do país. A TAAG, Linhas Aéreas de Angola, companhia oficial de bandeira angolana, ostenta uma vistosa pintura em suas aeronaves, com faixas vermelha e laranja ao longo da fuselagem e a cauda totalmente vermelha, com um círculo laranja no centro. Dentro deste círculo há uma silhueta da cabeça de um animal estilizada. Mas afinal de contas, que bicho é este na cauda do avião? Trata-se de um Palanca Negra Gigante, Hippotragus niger, o antílope símbolo nacional. Este mamífero tem como seu habitat a região do planalto angolano e arredores, onde vive em bandos de algumas dezenas de indivíduos. Infelizmente a guerra tornou esta espécie de antílope uma das mais ameaçadas de extinção, pois a região em que ele vive é o palco de sangrentas batalhas, onde multidões de pessoas inocentes e famintas lutam pela sobrevivência, assim como o próprio Palanca Negra. T termo Samba deriva do africano Semba, que significa “umbigada”, e inicialmente, era sinónimo de batuque. O Samba surgiu no Brasil a partir do séc. XIX e foi adquirindo múltiplas influências dos diferentes estados brasileiros. O Samba hoje em dia possui uma característica comum em todas as regiões do Brasil, está sempre acompanhado de instrumentos de percussão. Actualmente, a primeira distinção a fazer é entre o Samba citadino (carioca) e o Samba rural (paulista). O representante máximo do Samba citadino é o Estado do Rio de Janeiro (o Samba carioca) que faz a combinação de música, canto e coreografia. O samba carioca apareceu pela primeira vez em 1917 com a designação de “Pelo Telefone” dos autores Donga e Mauro de Oliveira e teria nascido na cidade do Rio de Janeiro e não nos morros (favelas) como muita gente pensa. Os modernos Samba de Enredo, das escolas que desfilam no carnaval carioca são espectáculos em dança contando ou homenageando histórias, lendas ou alegorias da cultura popular brasileira. Hoje em dia, o Carnaval Carioca é a maior festa popular do Mundo. Márcia Costa, prof. de História, está em Portugal há 12 anos. Maura Vasconcelos, 10º2A Dezembro/2002 13 PARTÍCULAS ELEMENTARES Um pouco da Física do século XX Para além de algumas partículas já vossas conhecidas, como o electrão e o fotão, existem na Terra outras partículas misteriosas igualmente estáveis, como os neutrinos. Existem ainda partículas que vivem apenas por curtos instantes, instáveis e fugidias, que se transformam muito rapidamente noutras partículas que, por sua vez se transformam em outras... Desde sempre o Homem se questionou sobre a natureza da matéria e acerca das leis que governam o Universo: - Em 400 A.C. Demócrito afirma que todas as coisas são formadas por pequenos grãos indivisíveis e pelo vazio; - Em 1895, Thomson descobre o electrão; - Em 1914, Ernest Rutherford descobre o protão; - Em 1932, James Chadwick descobre o neutrão. Nessa altura, os físicos diriam que, todas as coisas são formadas por protões, neutrões, electrões e pelo vazio. Que pensam os físicos de hoje? Hoje conhecem-se várias centenas de partículas, elementares ou não. Visitemos as famílias das partículas elementares. As famílias das partículas elementares e os bosões fundamentais A CADA UM DOS FERMIÕES É NECESSÁRIO ACRESCENTAR A SUA ANTIPARTÍCULA Como os protões e os neutrões são formados por quarks, podemos dizer que o nosso mundo é feito de quarks, electrões e vazio. Os físicos para estudarem o interior da matéria, o infinitamente pequeno, necessitam de gigantescos microscópios que são os aceleradores de partículas, onde aceleram partículas estáveis, como os protões, através da aplicação de forças eléctricas e magnéticas. A seguir, provocam colisões, de modo a observarem a criação de muões, de piões, de partículas charmosas, entre muitas outras.Estas partículas criadas em aceleradores, existem naturalmente no cosmos?... Vamos procurar saber um pouco mais sobre estas partículas... O electrão, conhecem vocês bem. É uma partícula elementar estável com carga eléctrica -1, que se move em torno do núcleo atómico e determina as propriedades químicas dos elementos. E onde encontramos os neutrinos? Em cada segundo, somos atravessados por dezenas de milhar de milhões destas partículas! Trata-se das partículas mais numerosas do cosmos: os neutrinos! Eles interagem 14 Dezembro/2002 Representação da constituição do átomo tão fracamente com a matéria que conseguem atravessar a Terra. São quase intocáveis! O neutrino, assim como o antineutrino, é uma espécie de partícula fantasma, difícil de detectar e extremamente misteriosa. A palavra Neutrino deriva do italiano que significa “pequeno e neutro”. A existência dos neutrinos foi prevista em 1932, por Pauli, a fim de salvar o princípio da conservação da energia que os fenómenos de desintegração ß pareciam não respeitar. Pauli imaginou uma partícula invisível que se escapava no processo, levando consigo a energia restante. Esta partícula seria o neutrino, que devido à sua admirável discrição, só viria a ser observado directamente em 1953. Devem estar com certeza a colocar a seguinte questão: para quê estudar Física de Partículas? Que respostas nos permite obter? De entre várias respostas possíveis posso dizer-vos que nos permite visitar o universo de há 1010 anos atrás! A física das partículas permite aos astrofísicos esboçar os três primeiros minutos da história do Universo, intervalo de tempo no qual existiam apenas partículas elementares, que se foram agregando à medida que a temperatura foi baixando, formando os primeiros núcleos de hidrogénio e hélio, que após cerca de 300000 anos foram dando origem aos primeiros átomos... Visitando o infinitamente pequeno encontramos respostas para o infinitamente grande e longínquo. Alguns sites a visitar sobre física das partículas: www.lip.pt www.cern.ch http://particle adventure.org Ângela Costa EFEMÉRIDES O ESTRANHO CASO DO GATO DA SRª HUDSON E OUTROS MISTÉRIOS DA CIÊNCIA RESOLVIDOS POR S HERLOCK H OLMES , de Colin Bruce, Gradiva Este livro apresenta doze histórias nas quais o autor recria a atmosfera característica das aventuras do célebre detective inglês, Sherlock Holmes, sempre assistido pelo Dr. Watson. Em cada uma destas histórias podes encontrar certas explicações científicas que são apresentadas sob uma forma pouco ortodoxa e sempre com a intenção de resolver um crime ou deslindar um mistério. Ao ler o livro em questão vais ser confrontado com problemas da física clássica, de química e até de cálculo matemático, que têm de ser resolvidos para que estes detectives tenham a solução para um assassinato. É o que podes constatar na história com o título de “O caso da praia deserta”, em que as personagens principais têm rapidamente que encontrar o assassino, pois a vítima encontra-se numa praia e as provas estão na eminência de desaparecerem. Com a sua leitura podes encontrar a explicação para este mistério tendo como base a dualidade de comportamento do electrão. Espero que a curiosidade te chegue e que consigas acompanhar estes raciocínios e até fazer outros que tragam soluções para resolver os problemas que vais encontrar durante a leitura destas histórias. Boas leituras e investigações! Rosália Vicente P EN C IÊNC RESPOSTA AO DESAFIO ANTERIOR DESAFIO ROCHA RADIOACTIVA Cientistas calcularam que um fragmento particular de rocha continha 12g de potássio-40 radioactivo, quando foi formada. Agora contém 3 g de potássio-40 radioactivo. O tempo de semi-vida do potássio-40 é 1,3 biliões de anos. Que idade tem a rocha? Se souberes a resposta entrega-a a um professor do Departamento de Ciências Experimentais até 14 de Março de 2003. O aluno que apresentar a resposta mais original, desde que cientificamente correcta, receberá um prémio. I A Para a mesma temperatura do forno, evapora-se mais água do bolo a uma altitude mais elevada, devido à menor pressão atmosférica que aí se verifica. Por isso é necessária mais água na receita.. Devido à menor pressão o bolo vai crescer mais, ultrapassando as paredes do recipiente. Para evitar que tal aconteça poderá juntar-se menos açucar, para que se liberte menos gás ou então aumenta-se um pouco a quantidade de farinha para tornar o bolo mais pesado, aumentando a força de tensão. Como a temperatura de ebulição da água vai ser inferior a 100ºC é necessário elevar mais a temperatura do forno para se conseguir o mesmo tom dourado. LINKS CIENTÍFICOS http://webexhibits.org/causesofcolor/5.html Por que é que a água é azul? http://micro.magnet.fsu.edu/primer/java/scienceopticsu/powersof10/index.html Uma viagem fantástica desde as galáxias até ao interior do átomo. http://quimica-na-web.planetaclix.pt/espect.html Actividades filmadas http://www.physicsclassroom.com Demonstrações de física. Dezembro/2002 MATEMÁTICAS Na impossibilidade de mencionar todos aqueles cujo trabalho contribuiu para o desenvolvimento da Ciência em geral e da Matemática em particular, destacam-se os seguintes: Zeno de Elea ( quinto século a.C.) Filósofo Grego, cujos paradoxos conhecidos, chegaram até nós pelos escritos de Aristóteles e que influenciaram profundamente a cultura grega e a matemática. Quatro dos paradoxos que causaram grande perturbação são: a Dicotomia, o Aquiles, a Flexa e o Estádio. Cladius Ptolemaeus (200 d.C.) Matemático e astrónomo Grego, responsável pelo trabalho mais importante da antiguidade em trigonometria. Nele, entre outras coisas encontram-se tabelas equivalentes às actuais tabelas trigonométricas do seno e como as obter. De importância central para o cálculo das cordas de Ptolomeu era uma proposição geométrica ainda hoje conhecida como “teorema de Ptolomeu”: se ABCD é um quadrilátero (convexo) inscrito num círculo, então AB.CD+BC.AD=AC.BD Chu Shih-chieh (1300 d.C.) Matemático Chinês que escreveu dois trabalhos de enorme importância, sendo o mais importante o Su-yuan yu-chien (Precioso Espelho dos Quatro Elementos). Notável é o método de resolução de equações por aproximações sucessivas e o somatório de séries usando diferenças finitas. O diagrama do Triângulo de Pascal (Blaise Pascal, 1623-1662, Matemático Francês), conforme veio a ser conhecido mais tarde, não só aparece nesta obra como já era conhecido naquela época. Thomas Bayes (1702-1761) Matemático Inglês, lembrado pelo seu trabalho em probabilidades. Nomeadamente o teorema de inferência estatística que tem o seu nome. O seu trabalho só foi publicado em 1763, após a sua morte. Bibliografia Boyer, Carl B.: A History of Mathematics; revision by Uta C. Merzbach. New York: John Wiley & Sons, 1991 Clapham, Christopher: The Concise Oxford Dictionary of Mathematics . New York: Oxford University Press, 1996 Smith, David E.: History of Mathematics . New York: Dover, 1958 SPM: Gazeta de Matemática. Lisboa: Ediliber, 2002 Urbano Alves 15 P O R Q U E A S I D A E X I S T E ... AFRONTAR OU CONFRONTAR? RELAÇÃO PAIS/FILHOS, em debate na escola A HIV? VÍRUS? SIDA? USA SEMPRE PRESERVATIVO...! NÃO TROQUES SERINGAS COM NINGUÉM...! OLHA A SIDA... Fartos destas e doutras lengas-lengas estamos nós, mas afinal o que nos faz este vírus que é tão falado nos dias de hoje? O VIH (vírus da imunodeficiência humana) transmite-se através de alguns líquidos orgânicos como o sangue, o esperma, as secreções vaginais e o leite materno. Ao contrário do que muitos pensam este não é transmissível através do suor, da saliva ou de lágrimas. Entra no organismo através de membranas mucosas (recto, boca e vagina) ou por contacto directo com sangue. Uma vez em circulação no organismo pode permanecer “silencioso” durante muito tempo, mas vai fazendo “estragos” ao nível do sistema imunitário, daí, muitas vezes existirem pessoas que parecem estar em perfeita saúde mas na realidade são possuidoras deste vírus, transmitindo-o. Todos sem excepção, podem ser infectados por esta doença ainda sem cura, por isso, nunca é demais relembrar que a SIDA pode ser evitada tomando algumas precauções simples! Diana Beirão, 11º 1A 16 “Relação Pais/Filhos”, foi o tema escolhido por Pais, Professores, Técnicos de Saúde e Jovens do Clube de Saúde, para o debate, que se realizou, a 29/11/02, pelas 21h, no auditório da nossa escola. O Debate foi organizado pela E. Sec. de Leal da Câmara, em conjunto com a E.B.2,3 Padre Alberto Neto, as respectivas Associações de Pais e o Centro de Saúde de Rio de Mouro. Na mesa redonda participaram: Filomena Póvoa (Professora, Presidente do Concelho Executivo do Agrupamento de Escolas Padre Alberto Neto), Aníbal Cruz (Presidente da Associação de Pais e E.E. da E. Sec. de Leal da Câmara), Andreia Almeida e João Faria (Psicólogos da equipa de Helena Marújo, Psicóloga e Escritora), Paula Medeiros (Enfermeira do Centro de Saúde de Rio de Mouro) e Isabel Stilwell (Jornalista, Escritora e Directora da revista “Adolescentes - Manual para Pais”). Este Encontro ultrapassou as nossas perspectivas: acolhemos pais e professores que encheram o auditório. Pais preocupados com a problemática, mas motivados para a mudança, enriqueceram o debate com opiniões, sugestões e expressão de sentimentos. O início do debate foi marcado com a visualização de um filme em vídeo, produzido pelo C.P.A. da nossa escola, tendo como protagonistas jovens do Clube de Saúde que se manifestaram, confrontando as suas vivências pessoais e as relações com os pais, ficando de parabéns pelo esforço, audácia e contributo que deram ao debate. Como ideias-chave salientamos: A mensagem da Professora, “desmontando o título do debate: “Afrontar ou Confrontar?”, que defendeu o confronto, na boa relação entre Professores/Alunos e Professores/ Encarregados de Educação (e vice-versa), cada vez mais urgente e tão positivo na resolução de problemas individuais dos jovens, que tantas vezes são projectados para a Escola. O desafio lançado pelo Pai, para a criação de uma “Escola de Pais” - espaços de formação e partilha, para os nossos pais, a qual incentivará a realização de novos encontros. O alerta do Psicólogo, sobre a tendência da cultura portuguesa para a vitimização e Dezembro/2002 negativismo, reflectindo-se quer na comunicação social, fomentando a “teia” da desgraça, quer nos pais e professores, que sistematicamente apontam erros, insucessos e fracassos, o que cria nos jovens uma perspectiva negativista da vida do dia-a-dia e do futuro. O desafio é a educação para o optimismo, que assenta no desenvolvimento da auto-estima. Há que acreditar que temos capacidade, nós e os outros, de nos transformarmos, valorizando os sucessos e as pequenas vitórias quotidianas. A informação passada pela Enfermeira, dando a conhecer aos pais a existência de uma equipa de atendimento aos adolescentes (constituída por 3 enfermeiras, 1 médica e 1 psicóloga) e os recursos dirigidos aos jovens, disponíveis no Centro de Saúde: a Consulta de Adolescentes semanal e a Reunião semanal sobre Mudanças na Adolescência/ Sexualidade; na comunidade: a Saúde Escolar e o Gabinete de Atendimento a Jovens “Vem Daí” a funcionar no Centro Lúdico de Rio de Mouro (junto ao mercado). Informou ainda sobre as características do atendimento: confidencialidade,desburocratização, disponibilidade e gratuitidade. Salientou a preocupação dos técnicos com a saúde global do adolescente, a transmissão correcta da infor m ação e a ajuda na gestão da informação de que dispõem já, no sentido de os levar a reflectirem sobre as situações, de forma a que sejam eles próprios a tomarem as decisões, de forma consciente e responsável. Tranquilizou os pais de que os técnicos não estão a trabalhar contra estes, reconhecendo que a resolução dos problemas se encontra dentro de família, encontrando-se disponíveis também para os pais que os procurem. A moderação pela Jornalista, que tanto valorizou os pais, encarando-os como especialistas na educação dos filhos, incluindo a educação sexual, visto terem já um percurso de vida: foram adolescentes, conheceram o amor, são pais e têm a experiência. Deverão, no entanto, aceitar e contar com a intervenção de outros adultos de referência (ou técnicos), perante questões ou situações que não dominem. No contexto social actual, com toda a carga laboral que pesa sobre os pais e o esforço na conciliação da vida profissional com a familiar, não têm de se culpabilizar: os pais fazem o que podem e o melhor para os filhos, sendo que nunca houve a preocupação de fazer tanto pelos filhos, crianças e adolescentes, como nos dias de hoje! Paula Medeiros e Ana Paula Caetano, enfermeiras do C. S. de Rio de Mouro, dinamizadoras do Clube de Saúde A F R E V O L U Ç Ã O oi de facto o Impressionismo que, respondendo ao desafio lançado pelas descobertas científicas e pela evolução da técnica operada no séc. XIX, abriu caminho para a modernidade. De todas as inovações, foi a invenção da fotografia que impulsionou a verdadeira mudança. Para quê imitar o real se a fotografia o fazia melhor? Parecia ser a convicção do crítico Delaroche , (aquando da divulgação do processo de revelação em 1839, inventado por Louis Daguerre) expressa na frase: “ desde este dia a pintura está morta” Contrariamente ao previsto pelos mais fatalistas, a pintura resistiu à fotografia e tirou dela partido, tendo-lhe cedido apenas o retrato que viria a ser substituído pelo retrato de família. A pintura tinha nesta altura dois trunfos: a grande dimensão e a cor, já que só em 1873 se divulgaram as primeiras fotos a cores. José Augusto França no seu livro “História da Arte Ocidental” sintetiza com excelência o processo impressionista: “Naturalista ele próprio, por princípio de referência, o Impressionismo ultra-passou porém o processo de interpretação da natureza observada até ver nela uma A que se chamou Modernismo. Foram os seus percursos que rasgaram de vez as amarras com o academismo. Com Cézanne rumo ao Cubismo, com Gauguin rumo ao Simbolismo e com Van Gogh rumo ao Expressionismo, iniciou-se um caminho sem volta a trás que mudou a face da arte e, não pára de nos surpreender. Arminda Bernardino Impression, soleil levant - Claude Monet, 1872 fonte directa de sensações purificadas de toda a referência real.” Nomes como: Manet, Monet (autor do quadro Impression soleil levant que viria a dar o nome ao movimento), Sisley, Pissarro, Degas, Renoir e, depois, aqueles que mais facilmente saem da boca do público, Cézanne, Gauguin e Van Gogh. Foram eles sem dúvida os obreiros da revolução da arte do final do séc. XIX a M O N T A N H A anhada pela luz da lua quente de Verão, a montanha estacava imóvel e serena, adormecida pelos sussurros cantados de grilos e cigarras. Os pinheiros desciam a ravina, cravejados como dardos nas encostas agrestes da montanha. Por entre a folhagem escura e densa, escassos sobreiros erguiam-se no ar como lanças em riste. Mariposas bailavam no silêncio da noite, afagadas pelo terno aroma gelado a resina viscosa e, em baixo, o bosque aconchegava o sopé da montanha, envolvendo-a escrupulosamente. No alto, o castelo meticulosamente recortado pela luz branca e seca da lua grandiosa, mostrava as suas ameias proeminentes, lançadas no ar da montanha. Os reflexos cintilantes faiscavam nas rochas nuas e ancestrais, o bafo quente e sumptuoso do vento fundia a macia verdura negra que vestia a montanha. Por aqui, por ali, saltitava a brancura de coelhos e o estridente coaxar pensativo de sapos perdia-se na atmosfera calma e risonha daquela pura noite de Verão. Por entre a vegetação escorriam do alto fios de água prateada que desembocavam numa lagoa espelhada de águas cálidas onde lisos nenúfares verdes protegiam a superfície da B I M P R E S S I O N I S T A . . . A visão depois do sermão - Gauguin, 1888 DE água e os peixes cor de fogo que nela deslizavam suavemente. A escuridão azulada do céu era polvilhada de estrelas que, uma vez ou outra, riscavam o céu numa simplicidade de astros cadentes. A renda cintilante de estrelas cobria a noite de um conforto maternal. Num prenúncio de Outono, folhas amareladas já um pouco enegrecidas pelo tempo formavam estranhas madeixas outonais no céu, rasgando o ar com o seu seco cheiro a humidade tardia. Assim começava a estação das folhas cândidas, numa fogosa noite de fim de Verão. Hugo Nunes, 12º 1A TARDE Naquele pic-nic de burguesas, Houve uma coisa simplesmente bela, E que, sem ter história nem grandezas, Em todo o caso dava uma aguarela, Foi quando tu, descendo do burrico, Foste colher, sem imposturas tolas, A um granzoal de grão-de-bico Um ramalhete rubro de papoulas. Pouco depois, em cima duns penhascos, Nós acampámos, inda o sol se via; E houve talhadas de melão, damascos, E pão-de-ló molhado em malvasia Mas, todo púrpuro a sair da renda Dos teus dois seios como duas rolas, Era o supremo encanto da merenda O ramalhete rubro das papoulas! Seara de trigo com ciprestes - Van Gogh, 1889 Dezembro/2002 Cesário Verde 17 JÁ CÁ ESTAMOS HÁ ALGUM TEMPO ... Olga Carneiro, 46 anos, Auxiliar de Acção Educativa a exercer funções de Telefonista. Há 16 anos na Leal da Câmara. Dois aspectos positivos da Escola.... Organização e limpeza Dois aspectos negativos da Escola.... Falta de estacionamento e o facto da avenida em frente à escola ter muito movimento. Uma música e um filme ... A dos anos 60/70 e Encontro de irmãos Um objecto de culto... São Bento, Padroeiro da minha terra natal. Um lugar para viver... O Alentejo. Os tempos livres são para... Descansar e passear. O momento alto da vida... O casamento. Um projecto... Voltar um dia a Luanda para recordação. Um pensamento... Continuar a ser feliz. Eduardo Tavares, 52 anos, Funcionário Administrativo, com funções na Contabilidade. Há 16 anos na Leal da Câmara. Dois aspectos positivos da Escola.... Bom ambiente e boa relação entre alunos e pessoal trabalhador. Bons projectos educativos. Dois aspectos negativos da Escola.... Não vejo nenhum... O livro que leu ultimamente A História das Grandes Religiões Uma música e um filme ... A dos anos 60/70 e Dona Flor e seus dois maridos Um lugar para viver... O Paraíso... Os tempos livres são para... Trabalhar e dormir... O momento alto da vida... O nascimento do primeiro filho. Um projecto... Possuir uma vivenda com quintal para a minha reforma. Um pensamento... Aprender até morrer. Estuda, investiga, observa. 18 Joana Marques, 16 anos, João Completo, 17 anos, aluna do 11º ano do aluno do 12º ano do 1º Agrupamento. 2º Agrupamento. Membro do CRE. Representante dos Este é o segundo ano lectivo na Leal da Câmara. Dois aspectos positivos da Escola.... A variedade de actividades extracurriculares que proporciona aos alunos uma educação para lá do tradicional e um convívio maior que permite uma melhor inserção do aluno na comunidade escolar. As boas instalações e o fácil acesso à informação disponibilizada no CRE (Sala de Estudo, Internet,computadores ). Dois aspectos negativos da Escola.... A sobrecarga horária e o trabalho inerente. O trabalho e os testes deveriam ser repartidos pelo período em vez de compactados na mesma época. O número de cacifos é reduzido tendo em conta o número de alunos que os solicitam. O livro que estás a ler... /... que leu ultimamente... /... que mais te marcou O Senhor dos Anéis - A Irmandade do Anel de J.R. Tolkien; O Idiota de Dostoievzki; A Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera Uma música... Please bleed de Ben Harper Um filme... Fala com ela de Pedro Almodovar Um objecto de culto... O batom hidratante para os lábios. Um lugar para viver... Lisboa, cidade - nas Torres de Lisboa ou no Parque das Nações. Os tempos livres são para... Descansar, estar com os amigos, passear, ler, escrever, ouvir música e fazer fotografia. O momento alto da vida... Penso que não há um momento mas vários. A vida é feita de altos e baixos. Os altos caracterizam-se pela realização que sentimos a nível pessoal, escolar e familiar. Um projecto... Entrar na Faculdade e organizar a minha vida de modo a que possa ter a minha casa e o meu carro sem depender de ninguém. Um pensamento... “I can’t be free with what’s locked inside of me”, a liberdade que vamos perdendo à medida que vivemos... a prisão em que nos tornamos para nós próprios. Dezembro/2002 alunos na Assembleia Geral de Escola. Este é o 3.º ano lectivo na Leal da Câmara. Dois aspectos positivos da Escola.... Todo o leque de actividades extra disponíveis e a boa relação entre alunos e alunos e professores. Dois aspectos negativos da Escola.... O meio onde está inserida. Alguma falta de empenho dos alunos em relação a actividades escolares. Uma música... Idioteque, Radiohead Um filme... Vanilla sky Um objecto de culto... A minha guitarra. Um lugar para viver... Uma praia deserta. Os tempos livres são para... Descansar. O momento alto da vida... Acabar os estudos Um projecto... Aproveitar todas as oportunidades que a vida me dá. Um pensamento... “No amor e no sonho nada é impossível.” A Escola Nova É aquela que nos ensina a viver. É aquela onde experimentar o que se aprendeu não é proibido. É aquela que nos ajuda a saber que o amor é mais importante que a cultura e esta muito mais bela que o dinheiro. É aquela que forma alguns doutores e muitos homens. Muitos. É aquela onde cabem todos os alunos e ainda fica um bocadinho de espaço para professores e empregados. É aquela que nos ensina que, sem os outros, em poucos anos ficamos analfabetos. Excertos da redacção de um professor ingénuo numa tarde sem aulas, por Alberto Neto in Jornal do Fundão de 6 de Nov. de 87 AS CRÓNICAS DA BIBÁ Chiquérrimas Amigas: Sinto poesia dentro de mim. Ainda o som das folhas que caem ecoa nos espaços lúgubres (adoro este vocábulo, mas tenho alguma dificuldade em pronunciá-lo) de uma qualquer floresta encantada, e já o perfume natalício me invade o coração. Milhões de luzinhas a piscar, Pais-Natal de barbas brancas e Presépios de papel reciclado fazem as nossas delícias nos centros comerciais da moda. Mas vamos ao que interessa. Não me queiram mal, mas vou aproveitar este espaço para escrever uma carta ao Santo-Pai. Querido Pai -Natal Começo por lhe lembrar que o meu porte foi, ao longo do ano, o de uma primeira dama. Assim sendo, creio que todos os meus desejos deverão ser satisfeitos. O meu primeiro pedido vai para aqueles pobrezinhos que moram naquele continente horrível: África (ou Ásia? Já não sei bem!). Parece-me que morrem de fome e doutras coisas. Seria bestial que o Senhor lhes enviasse imensos brinquedos, roupas e sei lá! O que lhes fosse útil. Prontos! Boa acção feita, olhemos para as coisas sérias: vai perdoar-me, mas o seu fato está démodé e a sua obesidade dá-lhe cabo do coração. Também não é in rir como ri: é feio gargalhar com tanto estrépito (mais uma palavra difícil). Quanto aos insignificantes presentes que lhe quero pedir, deixe-me começar por lhe dizer que todas as minhas amigas têm lojas de isto ou de aquilo. Além disso, sinto o apelo do mundo dos negócios. Já sonho com o meu nome ligado a algumas das mais importantes empresas deste país. Pensar-se-á que a conjuntura económica não é favorável (adoro esta expressão, oiço-a com frequência na televisão), mas com a aprovação desta nova lei laboral (caramba, esta sooume a Carvalho da Silva. Um beijo para si!), que nos permite tratar os trabalhadores como eles merecem, e com a crise económica (ainda bem que não é social, política ou moral), os meus planos só por modéstia não os apelido de geniais. Começo por lhe pedir uma Escola Secundária. É isso mesmo, querido, uma daquelas que ficou muito mal graduada no Ranking dos exames nacionais do décimo segundo ano, porque devem ser as mais baratuxas. A seguir, desejo um Centro de Saúde. Ouvi dizer que vão oferecê-los por uma quantia simbólica, já com aqueles queridos médicos de bata branca, sem nada por baixo, e com muitos doentinhos . E é tudo. Confesso que ainda desejei LIVRARIA ASTROLÁBIO a TAP, é um presente lindo (aqueles homens fardados fascinam-me), mas parece certo que os meus amiguérrimos espanhóis a pediram primeiro. Conformo-me, não sou egoísta. Como vê, Pai-Natal, o investimento é mínimo, os consumidores estão garantidos e o lucro é certo. Talvez possamos ser sócios, se desejar. Despeço-me de todos com a certeza de que estas dicas natalícias serão um bom guia para investimentos futuros. Mil beijocas desta vossa amiga Bibá Tita Espírito Mole Pai Natal! Oferece-me um livro ... Av. Chaby Pinheiro, 32-Loja 2725 -264 MEM MARTINS - Tel.: 21 9209680 Dezembro/2002 19 20