Vinhos: com ou sem sulfitos?

Transcrição

Vinhos: com ou sem sulfitos?
Out./ Nov./ Dez. 2010
nº1
Número um • mensário newsletter • Director: Álvaro Vale
Vinhos: com ou sem sulfitos?
Entrevista com Mário Louro, director do Concurso Nacional
de Vinhos e figura de referência do sector vitivinícola.
O enólogo exige formação séria de profissionais dos
restaurantes como “um imperativo para bem do mercado
interno”
02
ViniPortugal: Conferência Internacional do
Porto relança casta Touriga Nacional
13
Índia aderiu à OIV e já exporta vinho para União Europeia.
Empresárias no rasto de Madame
Cliquot e D. Antónia Ferreirinha.
direitos reservados
A Índia apesar de só ter aderido em Abril passado à Organização Internacional da Vinha
e do Vinho (OIV), já está a exportar vinho dos quase 2.000 hectares de vinha cultivada
07
no estado de Karnataka, cuja capital é Bangalore
Hoje em dia a produção de vinho tornou-se também um
negócio de requinte, a que a elegância, o bom gosto e o
empenho das herdeiras dão um toque de prestígio, derrubando fantasmas e barreiras impostas por um mundo
masculino e, contribuindo para uma visão mais cosmopolita e humanista do sector.
Por todo o mundo é assim, mas com muito mais intensidade em Itália, onde a Associação Nacional de Mulheres do Vinho tem quase 800
filiadas. Em França há apenas 80 empresárias e em Portugal uma meia dúzia... o que não
obsta ao dinamismo existente.
Nesta edição apresentamos alguns casos paradigmáticos de empresárias vitivinícolas
na Itália, Portugal e no Chile
06
Uma boa colheita ao sabor da Meteorologia…
Especialistas apontam dois grandes paradigmas do clima e da meteorologia que influenciam a produção vinícola mundial: El Niño e a
Oscilação do Atlântico Norte.
Estudos levados a cabo por cientistas concluíram que as previsões meteorológicas
assumem grande importância nas poupanças
dos produtores de vinho. Na cultura da vinha,
uma previsão perfeita de três semanas de
avanço resultou num lucro líquido de 150
euros por hectare .
Cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB)
dos EUA é afectado directa ou indirectamente
pelo clima, sendo que 10 por cento é influenciado directamente, daí o valor das previsões
meteorológicas
5
APRESENTAÇÃO
1. Correio dos Vinhos &.....é uma publicação
nacional bilingue com carácter global e internacional, que implicitamente trata de
vinhos e produtos certificados, sem perder
evidentemente o seu leit-motiv, o vinho, essa
bebida nobre que já se fazia na Pérsia há 6 mil
anos, de onde veio exactamente o tipo Syrah.
2. Correio dos Vinhos &… pretende ser um
espaço de reflexão e debate dos produtores
portugueses em geral, especialmente aqueles ligados às empresas de menor escala,
de carácter familiar, que de algum modo
lograram implantar-se no circuito comercial português; e se preparam agora para
os mercados externos, ou seja a exportação
-- China, Índia, Brasil, Rússia e Angola estão
aí receptivos aos bons vinhos portugueses;
tudo depende de factores qualidade e preço
e, naturalmente da promoção e marketing
das entidades e das diligências que vitivinicultores desenvolvam.
Dado o contexto global em que se integra o
sector - é normal ver um bom vinho chileno
na prateleira de hipermercados a menos de
2 euros a garrafa -- refira-se que a qualidade
e preço (mesmo sem a quantidade) são a pedra de toque nas exportações portuguesas,
aliadas a um terceiro factor... honestidade!
Por outro lado, os vinhos ganham qualidade
com a viagem de navio até África (Cabo
Verde, Guiné-Bissau, Angola e Moçambique),
Brasil, China ou Índia…semanas de mar
melhoram muito os vinhos…passe o folclore literário!
3. A publicação pressupõe uma periodicidade mensal em formato digital, que a médio prazo será complementada com newsletters impressas oportunamente, visando
outros produtos certificados, tais como
azeite, queijos, frutas, carnes, entroncandose na perspectiva da geografia corográfica
tradicional, ou seja, naquilo que as regiões
podem oferecer a todos os níveis, incluindo a
gastronomia e os circuitos turísticos.
4. Ser objectivamente um forum de debate
sério e lúdico sobre a reabilitação de quintas
e patrimónios abandonados e estimular a
organização do território de forma equilibrada e racional, gerindo-se pelo rigor e
pela diversidade de opinião e os elementares
princípios de um Estado de Direito.
A produção mundial de vinho
continua a baixar, prevendo-se 259
milhões de hectolitros para 2010
Três vinhos portugueses entre os 100 mais da Wine Spectator: Carm Douro (9º),
Dow Porto(14º) e Quinta do Vallado (22º).
01
Vinhos: Com ou sem sulfitos?
... uma questão “irrelevante” para Mário Louro
A grande questão do lobby português do vinho é “a falta de profissionais no mercado
interno que saibam vender os vinhos nos restaurantes”, diz o enólogo em entrevista
ao “Correio dos Vinhos & ...”, realçando também a China, Brasil e India como mercados
a não perder de vista pelos produtores-exportadores portugueses.
Vinhos com ou sem sulfitos é uma
questão irrelevante para o engenheiro
Mário Louro, figura incontornável do
sector vitivinícola português e director
do Concurso Nacional dos Vinhos que
se realiza todos os anos em Santarém.
Os sulfitos começaram a ser usados
há 20 anos pelos americanos como
“exigência”, e a União Europeia só recentemente obrigou a essa introdução”.
Quanto ao dito vinho biológico, sem
sulfitos, os franceses e os espanhóis são
os que mais produzem, tendo como
principal mercado os países escandinavos , nomeadamente a Suécia.
Para o enólogo, afinal, o grande problema do lobby português do vinho é
que “anda distraído há muito tempo”,
e “só podemos vender vinho no mercado interno se tivermos profissionais
formados. Há que exigir do Estado essa
formação nas escolas de hotelaria !...
nos restaurantes existem umas pessoas
que empurram os pratos e de certa
forma expõem o vinho à mesa, pessoas
sem noções de vinhos e sem qualquer
formação adequada”, comenta.
“Não posso vender vinho se não tiver
um bom profissional no restaurante
para o fazer...e tal requer formação...
mas as cadeiras ou disciplinas específicas de sommeliers (escanções) não
são leccionadas nas escolas hoteleiras”,
sublinha.
“Em termos de negócio, estamos com
todo este trabalho específico especialmente para os estrangeiros; e se eu lhes
perguntar o que é um escanção não sabem, mas se for sommelier conhecem o
termo !, adianta.
Mário Louro, que leccionou Enologia
entre outras cadeiras durante 22 anos
na Escola de Hotelaria do Estoril, diz
que actualmente tais escolas não dão
cursos para sommeliers, nem cursos
de restaurantes ou cursos de cozinha
ou tão pouco disciplinas específicas
de vinho... “Portanto, no futuro não há
quem nos sirva o vinho.!.. tudo isto é
mau, acima de tudo para os produtores..mas as condições têm de ser criadas pelo Estado..”, reitera ..
Outro problema, é o preço excessivo
dos vinhos portugueses no mercado
interno, “mas estamos a caminhar para
servirmos vinho a copo e podermos
beber um copo a preço aceitável... combatendo preconceitos de que o vinho
não é rentável ..embora no mundo inteiro se sirva vinho a copo ou a taça “
Para o efeito a ViniPortugal lançou neste
momento uma campanha promocional
de vinho a copo, com o site www.vinhoacopo.com
Brasil lança sites para vinhos
lusitanos
Sobre apetência global pelo vinho e os
novos produtores, nomeadamente os
países emergentes BRIC, como o Brasil,
índia e China ( este o 7º maior produtor mundial) Mário Louro é categórico :
“por muito que eles produzam… nós
temos espaço para vender ... note-se
que Brasil e China também exportam.
E no caso da India, tem “60 milhões
de consumidores de vinho” (pertencentes a uma classe média de 300 milhões), entre uma população de quase
1.000 milhões de pessoas. Trata-se de
“um mercado com muito interesse para
os produtores portugueses. Ou veja-se
caso dos EUA, grande produtor…que se
calhar é o maior importador de vinhos…
Ora faz todo o sentido que sejamos
agressivos e tenhamos capacidade
para enfrentar as feiras e os locais de
venda.
“O Brasil é um grande mercado para nós
… os brasileiros gostam dos vinhos portugueses, só têm um inconveniente as
taxas altas que o Brasil aplica aos vinhos
portugueses, porque eles só protegem
os países do Mercosul, apesar de termos
protocolos assinados com o Brasil.. E
ainda que haja vinhos bons…. Chile, Argentina e Uruguai, mas isso não obsta à
entrada dos nossos vinhos no mercado
brasileiro”, regista.
Aconselho a visitarem um site que se
chama canal do boi e há outro adega
atlântico … é o novo sistema brasileiro
de venda de vinhos portugueses.
O Canal do Boi vai em 20 milhões de
casas, e com a Adega Atlântico estão a
fazer uma promoção dos vinhos portugueses directamente ao consumidor ;
são vendidos directamente na internet
e, neste momento as coisas correm francamente bem. Neste canal estão 30 a 40
vinhos de 10 produtores portugueses,
adianta o enólogo.
Em matéria brasileira, Mário Louro, regista ainda o Estado do Rio Grande do Sul,
zona produtora por excelência, essencialmente mais brancos que tintos, mas
há várias zonas do Nordeste a produzirem vinhos por portugueses, tais como
a Quinta do Cabriz, o engenheiro Paulo
Laureano e mais dois ou três outros
produtores portugueses.
Concorda que o vinho é um negócio
global como o petróleo, em que as
grandes empresas vinícolas investem
em todos os continentes como as
petrolíferas?
“Há uma diferença, porque o petróleo
não precisa do terroir, e o terroir é sem
dúvida a grande ciência do vinho. Quando temos terroir (que vem do latim, da
mesma palavra território) temos um
puzzle de quatro peças interligadas.
E se o homem estiver em cima delas,
naturalmente vamos perceber que o
clima, o sol, a casta e a técnica devidamente articulados conseguem fazer um
grande vinho.
Mas isto tem de ser um puzzle e as
peças encaixarem todas. Ora o petróleo só tem humanidade, falta-lhe o
resto, está dependente de uma série de
coisas nas zonas onde é produzido ou
extraído… não tem vida… enquanto o
vinho tem… é um ser vivo! Tem a sua
evolução, nasce vivo e morre tal e qual
uma pessoa”. Mas naturalmente, a gente
precisa que essas condições do terroir
sejam criadas para esse efeito”, explica o
enólogo.
02
entrevista
Suécia principal mercado
dos sem sulfitos
O anidrido sulfuroso é um antibacteriano, um anti-oxidante e conservante e, a Organização Mundial
de Saúde (OMS) “estabelece limites
muito baixos à introdução do composto”.“E até ao momento não temos
outro substituto que possa alterar
a forma de fazer vinho “, esclarece
Mário Louro.
Em relação ao vinho biológico, sem
sulfitos, a “capacidade de conservação
é diminuta e os caracteres dos vinhos
biológicos não são assim tão evidentes; mas se tiver qualidade tudo bem,
não ponho em dúvida” !
Por outro lado, lembra algumas vantagens do vinho, como sendo, “ um
anti-oxidante das células, um co-adjuvante da nossa saúde em termos da
circulação sanguínea”, e “muito mais
prejudicial quanto consumido em
excesso… Um copo ou dois de vinho
por dia é positivo”!...
Os sulfitos começaram a ser usados
no vinho no século XX; antes usava-se
o metabissulfito de potássio, substância que também libertava anidrido
sulfuroso. Mas só o anidrido sulfuroso
visando a eliminação das bactérias e
a conservação do vinho …é a única
substância química com função tripartida, embora se possa usar outros
químicos com funções parcelares, explica o enólogo.
Os americanos começaram usar o anidrido sulfuroso há 20 anos, e todos os
vinhos que importam devem declarar
se têm ou não… A Comunidade Europeia só recentemente obrigou a essa
introdução pelos vitivinicultores. E os
americanos obrigavam também que
nessa informação as mulheres grávidas não podiam beber vinhos com
sulfitos...isto há´20 anos… porque
se verificou um grande evolução, diz
Mário Louro..
Os pioneiros dos vinhos biológicos
são os franceses, mas os espanhóis
vão em frente com muitas marcas ditas biológicas, não usando o anidrido
sulfuroso, mas outras substâncias permitidas. Em Portugal há meia dúzia de
produtores com esse cuidado… acho
interessante, mas não é mercado para
nós. O grande mercado é a Suécia, que
necessita de grandes quantidades e todos os países escandinavos são muito
exigentes nessa matéria”, conclui.
Vinho hoje é sustento de
2,5 milhões
de portugueses
“Preocupo-me com a formação das
pessoas, que acho muito importante
, sejam elas consumidores ou profissionais, de modo a serem esclarecidas,
porque somos um país produtor que
vive disto…Antigamente Salazar dizia
que um milhão de pessoas vivia do
vinho, e eu hoje digo que vivem dois
milhões e 500 mil, e há muita gente a
precisar de apoio e de mecanismos”,
sublinha Mário Louro
“Outra coisa importante é a nova geração de enólogos, que vai permitir que
tenhamos cada vez melhores vinhos;
mas vamos ter que saber vendê-los,
para bem dos enólogos, já que eles
são a grande força desta mudança”,
adianta, reportando-se a outros tempos em que “havia pouca gente dedicada ao vinho em exclusivo, fazendo
outras actividades”.
“No tempo do meu pai (que era enólogo), havia meia dúzia de enólogos e
também meia dúzia de produtores, e
houvesse muita gente a fazer vinho
em casa sem qualquer assistência…”,
regista Mário Louro, que sempre se
dedicou à sua actividade, de tal forma
que aos 16 anos já frequentava os
laboratórios da Junta Nacional dos
Vinhos. Foi técnico da mesma junta,
do IVV e da firma Carvalho Ribeiro &
Ferreira, vindo a formar-se em Enologia na Université du Vin de Suze La
Rousse, França.
Nascido a 6 de Agosto de 1945, no dia
da destruição de Hiroshima, Mário
Louro é um homem do mundo, sempre solicitado para todo o lado, como
técnico, como professor( deu aulas na
Escola de Hotelaria do Estoril durante
22 anos e mais três anos em Macau e
Hong Kong), como consultor da CAP, ou
inclusive na qualidade de director do
Concurso Nacional dos Vinhos, sempre
disponível para esclarecer ou explicar
de forma didáctica as dúvidas dos que
o procuram, sendo um grande exemplo
do exercício da cidadania.
Angola vai produzir
em 2014
...”Porque há uma série de produtores portugueses que pretendem
instalar-se em Angola, isto na Huíla, na
zona da antiga Sá da Bandeira (hoje
Lubango), que muito bem conheço,
com condições para produzir vinho
como nos outros países..e azeite também… E não nos vão tirar mercado,
porque em Angola há a noção de que
os vinhos portugueses ao bons”,afirma
Mário Louro, lembrando que naquele
mercado estão o Chile e o Brasil, mas
os vinhos portugueses ainda são os
mais aceites”.
Porquê 2014 ? Porque, segundo o
enólogo, “decorrem negociações e ao
fim de três anos temos vinha”!
Uma deixa que nos leva a reflectir sobre o facto de o antigo regime não
autorizar que se produzisse vinho
e azeite em Angola para proteger a
produção portuguesa. Ainda hoje, a
caminho do Namibe, se vêm zonas
com grandes oliveiras, constatam
empresários portugueses que ali têm
negócios.
O engenheiro Mário Louro tem contudo, uma explicação mais plausível
e mais técnica: “havia um sentido de
que o vinho e o azeite só se podiam
produzir em determinados paralelos
(geográficos) e esses paralelos estão
ficar agora mais largos, e é natural que
num futuro Angola venha ser um bom
produtor de vinhos”.
“ Não devemos ter medo e temos de
procurar mais mercados, e quanto
mais parceiros africanos tivermos
melhor… os vinhos do mercado angolano não serão já de imediato de
garrafeira ou de reserva. Mas vai ser
preciso mais uma geração para Angola se transformar num colosso como o
Brasil”, considera.
Álvaro Vale
03
Vinho do Pico: queda de 80%
As vindimas na Ilha do Pico
sofreram uma baixa de 80%,
mas no geral em todo o país,
houve um aumento de 13 %
nas colheitas de uvas
As vindimas deste ano na Ilha do Pico
registaram uma queda de 80 % nas
colheitas face a 2009, enquanto que
nas ilhas Terceira e Graciosa a baixa
foi de 40 % conforme os cálculos das
cooperativas locais, muito embora
as previsões no final de Agosto da
ViniPortugal baseadas nos enólogos
apontassem uma baixa média de
apenas 30 % para os Açores.
As razões apontadas para esta forte
descida nas colheitas das uvas nos
Açores deveu-se às fortes chuvas na
Primavera e em Agosto, deixando os
vitivinicultores apreensivos. Recordese que o vinho do Pico é famoso, e
nos séculos XVIII e XIX a maioria da
produção era exportada para Inglaterra, norte da Europa e para a corte
do czar da Rússia.
Na Madeira, as colheitas para a
campanha deste ano registaram uma
baixa entre 10 a 15 por cento, ou seja
400 a 600 toneladas de uvas a menos
face a 2009, segundo Paula cabaço,
presidente do IVBAM (Instituto do
Vinho, do Bordado e Artesanato da
Madeira).
Contudo, no geral em todo o país, as
vindimas apresentaram uma subida
média de 13% face a 2009., sendo as
maiores subidas nas regiões Tejo (15%)
Beira Interior (14%) e Douro (13%).
Já na Península de Setúbal verificouse uma descida de 16% e no Algarve
também uma baixa de 12 % na
recolha das uvas face a 2009.
No total, as uvas colhidas representam
6,347 milhões de hectolitros contra
5,868 milhões em 2009, e uma variação de menos 2% face à média dos
últimos cinco anos.
A produção mundial de vinho continua a baixar, prevendo-se 259 milhões de hectolitros para 2010, (após um pico de 300 M
hl em 2004), anunciou em Novembro a Organização Internacional da Vinha do Vinho (OIV).
Em 2009 a produção fora de 268,7 milhões de hectolitros. Para esta baixa em 2010 contribuiu a redução de 70 mil hectares de vinha na União
Europeia e também a redução das áreas de cultivo no Hemisfério Sul (excepto na América do Sul) e nos EUA, adiantou a OIV.
Entre os três grandes produtores de vinho europeus, apenas a Espanha manteve-se estável, enquanto que a Itália teve um baixa de 11 % face a
2009, a França menos 2% , Alemanha e Áustria e Suíça, países mais afastados do paralelo mediterrânico, registaram quedas respectivas de 5 %,
13 % e 15% face a 2009. (continua na pag.7)
04
Uma boa colheita
no hemisfério Norte
Austrália, Chile) !!!
A um ano de boa colheita de vinhos na região Mediterrânica, não
corresponde forçosamente o mesmo nas regiões vinícolas do hemisfério
Sul, nomeadamente na África do Sul, Austrália, Chile ou Argentina, onde
o fenómeno meteorológico El Niño pode comprometer uma boa vintage,
afectar a qualidade e quantidade, seja por excesso de chuvas ou por
acentuadas secas.
Nessas regiões do hemisfério sul, pelo efeito intercontinental e com base
nessas oscilações, especialistas sul-africanos, australianos e chilenos
podem prever com antecedência se as produções vão ser piores ou
melhores.
Para o especialista em Climatologia e Agrometeorologia, professor José Paulo de Melo
e Abreu (do Instituto Superior de Agronomia, ISA), “efectivamente não há grande
relação entre os climas do hemisfério Norte
e do hemisfério Sul, porque o clima do
hemisfério Sul é mais marcado pelos anos
em que surge El Nino e a El Niña, fenómeno
inverso”.
“Aqui no hemisfério Norte, nas nossas latitudes, - prossegue o especialista, temos a
influência de um outro sistema, que é a oscilação do Atlântico Norte, embora no nosso hemisfério, existam pequenas zonas do
continente americano, influenciadas pelo El
Niño, designadamente o México e a Baixa
Califórnia, onde se produz vinho”.
Segundo o docente do ISA, o que já se está
fazer em muitas regiões afectadas pelo El
Niño, é incorporar essas oscilações climatéricas nos próprios modelos matemáticos e,
com uma certa antecedência determina-se
se as produções vão ser piores ou melhores
em determinadas áreas do Globo, como
na Nova Zelândia, Austrália, África do Sul,
Chile.
Já em Portugal, Espanha e sul da França,
há a “oscilação do Atlântico Norte que tem
alguma influência ao nível da precipitação,
embora seja uma pouco obscura e menos
marcada esta influência. Digamos, que não
é tão forte nem tão claro, como o fenómeno
do El Niño nas vastas áreas banhadas pelo
Oceano Pacífico, no Sul. Portanto, uma boa
colheita no hemisfério Norte (Portugal,
França, Espanha, Marrocos, Itália), não quer
dizer que seja o mesmo no hemisfério sul”,
comenta Melo e Abreu.
“Dado o desfasamento das culturas, podese saber com alguma antecedência se as
colheitas ou produções vão ser favoráveis
no hemisfério sul”, adianta.
“Quando aqui é Inverno, lá é Verão, logo
as colheitas fazem-se nessa altura e nós
ficamos a saber mais cedo das colheitas
no hemisfério Sul e, por consequência tirar
conclusões ao nível do comércio mundial:
África do Sul, Chile, Argentina , etc “..
O Chile, a Argentina que são grandes produtores de vinho, e o Brasil, que já produz
bastante, são países também muito influenciados pelo El Niño, salienta Melo e Abreu.
Quando há cheias no hemisfério Sul, a pluviosidade é menor no hemisfério Norte ?
La Niña têm influências muito diferentes:
nuns sítios há pluviosidades muito intensas e
noutros há secas. Isto é bastante conhecido, e
se ocorre muita chuva ao nível do Perú, pode
haver secas ao nível da Austrália, portanto,
influências diferentes. Dentro da zona do El
Niño, aquando da ocorrência do fenómeno,
umas zonas tornam-se muito pluviosas, e
outras pelo contrário têmtendência para secas muito pronunciadas. Isto é bastante conhecido, e se ocorre muita chuva ao nível do
Perú, pode haver secas ao nível da Austrália,
portanto, influências diferentes.
Que factores podem determinar uma boa
ou má produção de vinho?
“Há factores que influenciam o crescimento
e a produção, nomeadamente se tivermos
mais sol, mais temperatura, mais humidade,
maior disponibilidade de água na fase de
crescimento das plantas. Tudo isso vai influenciar no desenvolvimento e crescimento,
porque as plantas precisam de sol e água.
Mas por outro lado, há influências sobre pragas e doenças da vinha ao longo do ano. Há
anos em que as principais doenças que atacam a vinha, por exemplo o míldio e o oídio,
que necessitam de humidade e de água líquida para proliferarem, são mais importantes.
Então, nos anos de maior pluviosidade, o
número de tratamentos (curas) necessários
aumenta muito.
E, havendo muita chuva concentrada por
altura da floração, pode resultar mesmo em
vingamentos deficientes, que tem a ver com
a formação dos bagos das uvas;ou seja, a passagem da flor para fruto - dá-se a polinização
da parte feminina e depois forma-se o fruto.
Se houver muita precipitação por altura da
floração, o pólen fica num estado pastoso e
de difícil libertação, e também há o arrastamento de constituintes que estão no estigma, fazendo com que as flores não sejam
(França, Portugal, Espanha)…
... não significa o
mesmo no hemisfério Sul (África do Sul,
Melo e Abreu : “No hemisfério Norte os climas são
marcados pela oscilação do Atlântico Norte, um
sistema menos forte do que o El Ninño nas vastas
zonas banhadas pelo Pacífico”
polinizadas, resultando o escasso número
de bagos de uva e, logicamente produções
deficientes.
Chuva abundante aquando da colheita dificulta esta e pode dar lugar ao aparecimento de fungos nos bagos, o que faz baixar a
qualidade do vinho. Também o excesso
de chuva vai encharcar o solo, provocando
doenças ao nível das raízes e declínio de algumas videiras. Outro factor importante é o
oposto, as secas, que prolongadas tornam as
produções baixas. Depois temos a temperatura. O excesso de calor já na fase em que há
bagos, impede dos bagos de crescer convenientemente; em situações extremas dá-se
o, dando-se o chamado escaldão da vinha,
que ocorre quando o desenvolvimento dos
bagos de uvas é são afectados pela temperatura e radiações muito elevadas”.
Sobre a pluviosidade nos diferentes
países da Bacia Mediterrânica e suas repercussões na vinha , existem realidades
diferentes, que Melo e Abreu especifica:
“Os sistemas frontais muitas vezes atravessam a Península Ibérica e depois é que atingem esses países.e essa influência vai-se
diluindo à medida que nos afastamos da
frente atlântica. No caso da Turquia e Grécia
são outra realidade climática, com influências de natureza continental”, conclui Melo e
Abreu.
Por outro lado, o agrónomo chama atenção
para a possibilidade de se gerir previamente
do ponto de vista empresarial a actividade,
exemplo dos “australianos, que conseguem
muitas vezes prever a produção dos seus
vinhos com muitos meses de antecedência,
por anteciparem se é ano de El Niño ou não!!
E conseguem realmente grandes resultados e obter ganhos em termos de compra e
venda de determinados produtos agrícolas,
metendo essa influência nos modelos de
gestão”.
As cores amarelas, laranjas e vermelhas representam
o aquecimento das águas do Pacílico que vão originar
o fenómeno do El Niño, traduzindo-se por grandes precipitações de chuva, tempestades tropicais ou secas,
conforme os continentes.
05
Empresárias
na esteira de Madame Cliquot
e D. Antónia Ferreirinha.
Mulheres empresárias vitivinícolas continuam os passos de duas
célebres mulheres que ficaram nos anais da História do Vinho como
grandes pilares das respectivas casas, e em épocas tão conturbadas
como a Revolução Francesa e a ascensão de Bonaparte ao poder,
na França; ou as lutas liberais, em Portugal. São elas Barbe-Nicole
Ponsardin Cliquot, mais conhecida por Madame Veuve Cliquot, que
na região de Reims construiu o império do champanhe da mesma
marca, e D. Antónia Adelaide Ferreira, a Ferreirinha,no Douro, contemporânea do marechal Saldanha e do romancista Camilo Castelo
Branco, e que está na origem da famosa marca de vinho do Porto.
Quando faleceu em 1896, D.Antónia deixou apreciável fortuna e cerca de 30 quintas.
vista para além de uma mera indústria agro-alimentar, tornando-se
também um acto cultural e de algum status.
Registe-se que a Itália, é o país
com mais mulheres empresárias
produtoras de vinhos, com 780
filiadas na Associazone Nazionale
Le Donne del Vino, contra uns escassos 80 da sua congénere francesa
Femmes du Vin…
Em Portugal não há uma associação específica das vitivinicultoras,
mas podemos salientar três empresárias de renome, todas herdeiras
de família e que se distinguem pela
inovação ou pelos prémios obtidos
Hoje em dia a
produção de vinho tornou-se também um negócio
de requinte, a que
a elegância, o bom
gosto e o empenho das herdeiras dão um toque de
prestígio, derrubando fantasmas e
barreiras impostas por um mundo
masculino e, contribuindo para
uma visão mais cosmopolita e humanista do sector.
Aliada ao bom gosto e até à defesa
do património de velhas quintas,
a produção de vinho passou a ser
Teresa Cadaval é descendente de várias casas reais europeias, nomeadamente de Frederico II, da Prússia, e de
D. João I e D. Nuno Álvares Pereira, e lidera a Casa Cadaval, no Ribatejo, desde 1998.
Madame Clicquot e sua neta Anne. Nascida em 1777,
a Senhora Clicquot liderou negócios bancários, comércio de lã, além da famosa produção de champanhe de
Reims.
no estrangeiro: são elas Luísa Amorim, na sua quinta de Douro, Teresa
Cadaval e Leonor Freitas, esta uma
socióloga que herdou a Casa Ermelinda Freitas (em Fernando Pó,
Palmela) ,e que em 2008 viu uma
casta Syrah obter em França o prémio do melhor vinho do mundo entre 3.000 concorrentes.
Luísa Amorim, fez a recuperação da
Quinta de Nossa Senhora do Carmo, propriedade de família, onde
adaptou um velho solar do século
XVIII a hotel, lançando ao mesmo
tempo sua própria marca de vinhos.
Teresa Álvares Pereira Schoenborn-Wiesentheid, mais conhecida por Teresa Cadaval, é neta da
célebre marquesa Olga Cadaval,
grande mecenas das artes e da cultura, estando desde 1998 à frente
da casa agrícola da família, com 400
anos de existência, embora as raízes de família remontem por parte
de sua mãe a D. João I e a D. Nuno
Álvares Pereira.
Foi seu pai, o conde alemão Karl von
Schoenborg-Wiesentheid
quem
aconselhou sua mãe Graziela Cadaval a plantar as castas cabernet
sauvignon, pinot noir e trincadeiras
em parcelas separadas, uma novidade na época numa parte da pro06
recepções... mas é na verdade uma
empresária responsável pelo negócio de vinhos da família em Veneto
desde os 29 anos… A família produz
vinhos espumantes desde 1899 e
Piera alargaria a produção aos vinhos tintos, expandindo-se para a
região vizinha de Friuli, contribuindo
para a produção de 8 milhões de garrafas anuais daquela casa italiana.
direitos reservados
priedade do Ribatejo, que totaliza
5.400 hectares, onde também fazem
criação de cavalos de toureio.
As principais castas da Casa Cadaval
são:Touriga nacional, trincadeira,
merlot cabernet e pinot nos vinhos
tintos, enquanto que os brancos
integram Fernão Pires, arinto e riesling.
Em 2008, Teresa Cadaval foi distinguida com o Prémio Internacional
EVA, na versão “Mujer del Vino”, criado pela Associação de Mulheres
Empresárias de Navarra, e o único
prémio internacional gastronómico feminino. Os Prémios Internacionais EVA são atribuídos a nível
mundial e distinguem a “Cozinheira
do Ano”, a “Jornalista gastronómica”, a “Empresária gastronómica”, a
“Mulher Tendências” e “Uma Vida
Gastrónómica”, além da “Mulher do
Vinho”.
Piera Martellozzo podia ser, para
quem não a conheça, mais uma
aristocrata italiana, ou uma das muitas distintas damas que assistem a
passarelles, ou que participam em
direitos reservados
Teresa Cadaval numa das vinhas de Muge, Ribatejo
marca de vinhos – Viña Casa Marin,
numa quinta situada no Vale de
Santo António, no litoral chileno,
a escassos 5 kms do Oceano Pacífico, fazendo jus à tradição da tal
geografia por excelência.
As castas principais de uvas cultivada são: sauvignon blanc, sauvignon gris, pinot noir e syrah, entre outras.
Maria Luz Marin é a única chilena vitivinicultora, pelo que foi
eleita para fazer parte das “200
Mulheres Protagonistas do Bicentenário” do início do processo de
independência do Chile,.que se
comemora este ano, e que homenageia mulheres que se destacaram em todas as áreas da vida
pública, desde as artes e cultura,
passando pela política, ciências,
desporto, sindicalismo, educação,
jornalismo, entre muitas outras.
A italiana Piera Martellozzo é o charme e a elegância
em pessoa, e desde os 29 anos que lidera a casa centenária da família, no Veneto, Itália
Maria Luz Marin foi a primeira
enóloga do Chile há 30 anos, quando esta engenheira agrónoma, especializada em viticultura numa universidade francesa, começou a fazer
consultoria…para em 2000, aos 50
anos de dade lançar a sua própria
A chilena Maria Luz Marin decidiu fundar a sua própria
casa vinícola no ano 2000 já com 50 anos de idade, tornando-se na primeira vitivinicultora do Chile
Portugal, Grécia e Bulgária tiveram pequenas subidas face ao ano anterior, mas no cômputo dos países produtores de vinho da UE, a produção
total caiu 6 %. face a 2009.
Nos EUA prevê-se uma descida de 9,3%, Austrália ( -7%) mantendo-se estável na África do Sul e no Chile. Já a Argentina apresenta uma subida
de 33 % na produção de vinho face a 2009.
Para 2010, os dados de produção vinícola, segundo a OIV são os seguintes: França 44 milhões de hectolitros, Itália 42 M hl, Espanha 35 M hl, EUA
19 M hl, Argentina 16 M hl, Austrália 10 M hl, África do Sul 9 M hl; Chile 9 M hl, Alemanha, 8 M hl, Portugal 6 M hl.
Do total mundial, a Europa produz 67,8%, Américas 17,9 %, Ásia e Oceânia 5,1 % e África 4,1 %.
07
Angola atrai produtores portugueses,
consumo vai subir até 2011.
Além de bons automóveis, boas casas e boas roupas, a classe média angolana também aprecia vinhos de boa qualidade...Angola
tornou-se em 2009 o principal mercado dos vinhos portugueses,
que detêm 97% dos vinhos engarrafados
que ali entram. E só nos primeiros nove anos
da actual década, as exportações vinícolas
portuguesas para o mercado angolano aumentaram 600 por cento…
As exportações de vinho para Angola aumentaram19 por cento em 2009 face a 2008. Só no
À VOLTA
primeiro trimestre de 2009, as exportações vinícolas
DO
portuguesas para o mercado angolano atingiram
MUNDO
332 mil hectolitros, no valor de 40 milhões de euros,
correspondendo a 22% do total das exportações
portuguesas no sector vinícola.
Mas nem tudo é um mar de rosas, já que as oscilações do preço no barril de petróleo veio trazer
dificuldades de tesouraria ao mercado angolano e
atrasar alguns pagamentos, levando alguns produtores da região de Lisboa a suspenderem as exportações. Agora, a estratégia visa tentar estabelecer
parcerias com os importadores angolanos para obviar perdas, afim de serem
repartidas.
O problema do pagamento às empresas portuguesas foi um dos pontos da
visita oficial do Presidente Cavaco Silva a Angola, tendo o Presidente José
Eduardo dos Santos anunciado a solução para as pequenas médias empresas
a breve prazo, e para as grandes empresas o pagamento de 40 por cento, e o
reescalonamento do restante 60 por cento. Em Julho o montante em dívida
às empresas portuguesas era de 2,5 mil milhões de euros.
De qualquer forma, Portugal é o maior exportador de vinhos para Angola,
detendo 97% dos vinhos engarrafados que entram naquele país, ou seja, 455
mil hectolitros, no montante de 54 ME.
Coleccionismo de garrafas de marcas de vinho
Nos primeiros nove anos da actual década, as exportações vinícolas para
Angola aumentaram 600%, o que para os observadores tem também a ver
com o surgimento de uma nova classe média que procura no vinho uma
bebida de qualidade às refeições, à semelhança do que acontece com os
países BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), ou nos países da América do Sul,
seguindo as pisadas dos EUA, onde o vinho (tal como o azeite) é considerado
um produto ou uma bebida nobre.
Nestes países, cresce um fenómeno, onde o coleccionismo de garrafas de
marcas de vinho começa a ser uma realidade com requinte social, situação
que paradoxalmente em Portugal não tem tradição.
Por outro lado, a consultora americana Advance Brands, especializada em
consumo alimentar, realizou um estudo para Vini -Portugal, sobre as características do mercado angolano, cuja população é de 18,5 milhões de pessoas, das quais 5 milhões em Luanda.
O estudo salienta que os angolanos consomem vinhos cada vez mais
caros, o que está associado à ideia de qualidade, estatuto social e da
colecção de garrafeira de várias marcas e colheitas.
Segundo a Brands, estima-se que dos 5 milhões habitantes da capital angolana, 3,5 milhões sejam consumidores de vinho, vinho que praticamente só
se popularizou com a independência do país em 1975.Em Angola, a cerveja
ainda é a bebida predominante, mas o vinho já tem 30 por cento da quota de
mercado.
Avenida marginal, ex-libris de todos os tempos e gerações... e Luanda by night, sabe sempre melhor com um
bom copo de vinho português.
Nas classes média e alta, o consumidor angolano prefere um vinho
superior a 13 graus e um sabor adocicado. E no caso dos consumidores
masculinos inquiridos, 60 por cento
preferem vinho tinto.
O estudo revela que 46 por cento dos
consumidores compram vinho em
cantinas ou minimercados e 25% nas
“vendas de janela aberta”, 10% em
armazéns, 6 % em vendedores ambulantes de rua e 7 % em mercados de
ar livre.
A imagem das garrafas é um factor
importante, pelo que a Brands aconselha que os rótulos sejam “coloridos”
de forma a causarem impacto.
Angola é o segundo maior mercado
de vinhos de África, depois da África
do Sul. Em 2009, o vinho movimentou em Angola um volume de negócios na ordem dos 100 milhões de
euros para 12,3 milhões de caixas de
vinho engarrafado.
No mercado de vinhos a granel, os
portugueses têm a concorrência da
Espanha e da África do Sul. O mesmo
estudo adianta que o consumo per
capita vai crescer até 2011, ou seja
12,2 litros /ano.
08
Vinhos portugueses: um sector campeão
que pode ultrapassar crise macroeconómica
Em 20 anos, a produção nacional
de vinho diminuiu em quantidade,
mas em contrapartida o factor
qualidade foi preponderante na
primeira década do século XXI,
num sector considerado o grande
campeão da economia portuguesa
no meio de tantas adversidades,
na sequência da crise macroeconómica desencadeada a partir
do Verão de 2008.
A esta qualidade, não foi estranha a
nova filosofia dos produtores, que ao
investirem no vinho de origem protegida (DOP - denominação de origem
protegida) puseram igualmente o
esforço na imagem dos rótulos, embalagens e novos modelos de garrafa...
que invadiram supermercados e centros
comerciais, por vezes para grande embaraço e hesitação do consumidor.
Os resultados têm animado os pequenos e médios produtores, normalmente
empresas familiares, cuja produção
situa-se em média nos 300 mil litros por
ano. Ainda assim, dizem os especialistas,
ainda é “preciso queimar algumas etapas” no marketing e promoção dos vinhos portugueses nos mercados exter-
Na década de 80, os três maiores anos
de produção foram 1990/1991, com
11,351 milhões de hectolitros, e logo o
ano a seguir 1991/1882, com 10,021 M
hl, seguindo-se 1996/1997 com 9,712 M
hl.
O ano de menor produção foi de
1998/1999, com 3,750 milhões de hl.
Por seu turno, a primeira década
do século XXI teve na campanha
de2001/2002 a maior produção dos
últimos dez anos, com 7,789 M hl,
seguindo-se 2006/200/com 7,543 M hl e
2004/2005 com7,481 M hl.
O célebre ano de 2003(campanha
2002/2003) , que metaforicamente foi
considerado a maior vintage dos últimos 500 anos, registou uma produção
total de 6,677 M hl, dos quais 2,934 M hl
relativos a vinho DOP (44%) e 3,743 M
hl de vinho com IGP + vinho (56 %):
A propósito recorde-se o que se passou
em França, nesse Verão quente de boa
memória para os vitivinicultores. Nos
vales do Garona e do Ródano, onde os
“grands crus” ficaram famosos em 2003,
as vindimas foram antecipadas em um
mês, para Agosto, bem como em muitas
produções em Portugal.
nos. Angola e alguns países BRIC, como
China, Índia e Rússia são alguns destinos
a incidir as acções nesse sentido... e jogar
forte e fundo tanto no preço como na
qualidade.
Na primeira década do século XXI, os
vinhos de origem protegida representaram 47% da produção total, contra
37% na anterior, sendo de realçar as melhores condições atmosféricas (melhor
repartição da chuvas para o desenvolvimento das vinhas temperatura elevada
no mês certo para melhores produções).
Segundo estudos do Instituto da Vinha
e do Vinho (IVV) a primeira década do
século XXI face à anterior caracterizou-se
por uma diminuição da Produção Total
(9%), motivada essencialmente por uma
diminuição da área de vinha e por um
aumento significativo da produção de
Vinhos com Denominação de Origem
Protegida (DOP) face aos outros vinhos
(Vinho com IGP + Vinho).
Por outro lado, a última década ficou
marcada por valores de produção mais
uniformes face à anterior, com uma variação mínima 2,1 milhões de hectolitros
(M hl), enquanto que nos anos 90 essa
variação foi de 7,6 milhões de hectolitros
de vinho.
Produção Vinícola Nacional (milhares de hectolitros)
(1990/1991 a 2009/2010)
12,000
10,500
9,000
7,500
6,000
4,500
3,000
1,500
0
Produção
1990/91
1991/92
1992/93
1993/94
1994/95
1995/96
1996/97
1997/98
1998/99
1999/00
2000/01
2001/02
2002/03
2003/04
2004/05
2005/06
2006/07
2007/08
2008/09
2009/10
11,351
10,021
7,771
4,871
6,521
7,255
9,712
6,124
3,750
7,859
6,710
7,789
6,677
7,340
7,481
7,266
7,543
6,073
5,689
5,868
09
À VOLTA
DO
MUNDO
Em Julho passado a
CIVB (Conseil Interprofissionel des
Vins de Bordeaux)
apresentou o Plano
Amanhã (Plan Demain) para relançar
toda a actividades
dos vinhos da
região, penalizada
pela exorbitância
nos preços e pela
concorrência.
Ainda a crise dos
Bordeaux...
€ €
O “Plan Damain” apresentado
em 19 de Julho de 2010 na assembleia daquela associação, é
fruto de uma reflexão de toda a
fileira do sector vitivinícola de
Bordeaux, com vista ao relançamento da competitividade dos
vinhos daquela região francesa.
com os vinhos “Stars”, no segmenO estudo preconiza a supressão
to Arte;
de produtos com níveis de
“Perles”, no segmento Exploração;
qualidade não coerentes com a
.”petit luxe”, no dia a dia,
imagem de marca, tendo como
com os vinhos “Fun e Chics”, no
primeira medida de urgência, a
segmento Fun.
aplicação do acordo interprofisRecorde-se que em 2009,a região
sional sobre o controle de qualide Bordeaux foi notícia pelas
dade dos operadores que pratidificuldades dos produtores face
cam preços
à queda nas vendas,
anormalmente
nomeadamente na
Comerciantes Britânicos Rússia (um dos tais
baixos...
criticaram preços altos. países BRIC), onde
Os esforços
de promoção
a importação do
incidirão sobre o desenvolvimenvinho em geral caiu 50%, também
to dos mercados compradores,
decorrente da crise global.
principalmente China, EUA e ReComerciantes britânicos criticarino Unido, e a defesa de bastiões
am preços altos
indispensáveis ao equilíbrio da
Além da crise macroeconómica,
fileira - França, Bélgica e Aletambém os preços eram considmanha.
erados exorbitantes, nomeadaElaborado para os próximos três
mente pelos ingleses, bem como
anos, o estudo tem por objectivo
extra crise, a concorrência dos
aumentar o volume de vinhos
vinhos de outros países a preços
comercializado, ou seja, de 5,7
mais competitivos.
milhões de hectolitros para 6,3
O ano passado as exportações do
hectolitros dentro de cinco a oito
Bordeaux situaram-se ao mesmo
anos, para atingir uma facturação
nível de há 20 anos, vendendo-se
de 4,5 mil milhões de euros.
4,9 milhões de hectolitros, notiEsta nova estratégia coloca a
ciava o jornal francês SudOuest.
marca numa gama mais estreita
Na altura, o presidente da assoe em três categorias de oferta:
ciação bordalesa de vinhos dizia
..raridade (rareté) e exclusividade
à revista britânica Decanter, que
cerca de 90% dos produtores
de vinho Bordeaux enfrentavam
dificuldades e 50% tinham graves
problemas financeiros.
A revista apontava que tal situação se devia aos preços altos do
vinho daquela região denominada de origem. Segundo a revista,
os comerciantes do Reino Unido
esperavam a meio do ano, que os
produtores bordaleses não subissem demasiado os preços. A especulação deu azo a que algumas
garrafas atingissem os 300 euros.
10
Índia aderiu à OIV...
... e já exporta vinho para União Europeia
A Índia apesar de só ter aderido em Abril passado à Organização Internacional da Vinha e do Vinho
(OIV), já está a exportar vinho dos quase 2.000 hectares de vinha cultivada na região de Karnataka, cuja
capital é Bangalore, o grande centro internacional de investigação e formação de quadros da Índia.
À VOLTA
DO
MUNDO
A Índia apesar de só ter aderido em
Abril passado à Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), já
está a exportar vinho dos quase 2.000
hectares de vinha cultivada na região
de Bangalore, o grande centro internacional de investigação e formação de
quadros da Índia
Sediada em Paris, a OIV é o organismo
e que superintende os países produtores de vinhos. À partida havia alguma
relutância na admissão indiana, por o
país não ter uma legislação específica e
cuja produção de vinhos ser um autêntico Far West, segundo os observadores
Quando da entrada da Índia, esta anunciou a plantação de mais 400 hectares
de vinha nos Estado de Maharashtra,
vizinho de Karnataka, cuja capital
Bangalore, a chamada Silicon Bay
indiana ou a Harvard da Índia, onde se
formam quadros indianos para todo o
mundo - economistas, gestores, engenheiros, médicos, físicos, e muitos outros
investigadores das mais variadas áreas.
Bangalore é, de resto, a capital da Informação tecnológica, isto é, da Inovação
e das tecnologias mais sofisticadas, da
India, um dos países BRIC.
Em Karnataka, a partir de programas
específicos estão-se a formar quadros
especialistas( agrónomos) na produção
de vinhos, bem como na apreciação
(enologia) e no respectivo negócio, no
qual a Wine Society of India tem um papel pioneiro para a futura indústria do
vinho da Índia e negócio vitivinícola..
Como cidade universitária voltada para
a inovação e investigação científica,
Bangalore também é conhecida pelos
seus pubs e uma certa vida nocturna,
já tendo alguns clubes de vinho, que os
indianos fundaram na linha dos clubes
britânicos, locais reservados e discretos.
A Índia tem uma classe média de 300
milhões de pessoas, sendo por isso,
à semelhança da China e Brasil, um
dos mercados mais atractivos para os
produtores ocidentais. A Índia deverá
integrar este ano o ranking dos dez
países que mais cresceram no consumo de vinho.
Nos vinhedos de Karnataka, já existem
nove adegas nos actuais 1.800 hectares
de vinha cultivada nos Vales de Krishna
e Nandi, exportando-se 30 por cento
para o Reino Unido, França e EUA.
Na região ficam situados 60 por cento
da cordilheira dos Gates Ocidentais,
que influenciam o clima de região, que
é composta de uma grande.. biodiversidade e uma temperatura anual média
de 15 graus…e onde existem 10% por
cento dos elefantes da Índia, que são
domesticados e usados para trabalhos.
Registe-se que em Goa, antiga Índia
portuguesa, e hoje um dos estados da
União Indiana, existem ainda algumas
adegas fundadas por portugueses,
que levaram inclusivamente algum
know-how de Portugal ao longo dos
séculos, que se foi esboroando.
A área mundial de vinha plantada é de 7,66 milhões de hectares, tendo a Espanha a maior fracção de vinha cultivada com 1,113 milhões de hectares, ou seja, 14,5% do total da vinha mundial, enquanto Portugal está no 8º lugar, com 243 mil
hectares de vinha (3,2 %).
Em 2º lugar vem a França com 840 hectares (11%), 3º Itália 818 mil há (10,7%), 4º Turquia, 5º China, 6º EUA, 7º Irão, 9º Argentina e
10 Roménia.
11
viajando...
Terminal Santa Apolónia para
navios de passageiros …
traz mais turismo para Lisboa
Deverá estar operacional em 2013 e substituirá os terminais
de Alcântara e Rocha do Conde Óbidos, por estes dois ficarem
demasiado afastados do centro histórico da cidade. Trata-se de
um apport importante para a Baixa lisboeta, nomeadamente
para o comércio de souvenirs, de pronto-a-vestir, sapatarias e...
lojas de vinhos.
Estimativas recentes apontam para uma média de 48 euros per
capita de consumo nas lojas da Baixa, por parte dos turistas
dos navios de cruzeiro.
Com a nova estrutura, próxima de
Santa Apolónia /Alfama, Terreiro do
Paço /Baixa e Cais do Sodré/ Bairro
Alto, inicia-se uma nova etapa para
o comércio, especialmente para os
restaurantes, que podem esmerar-se
quer nas instalações, quer em termos
de gastronomia.
Com efeito, o novo terminal situado
junto ao velho edifício da Alfândega,
do Museu Militar e da Estação de
Santa Apolónia, que a breve trecho
poderá transformar-se em hotel, e
resvés à tertúlia noctívaga Lux-Frágil,
beneficia do carácter excepcional
daquela zona ribeirinha, com áraeas
qualificadas do Campo das Cebolas
e Casa dos Bicos, onde está a Fundação Saramago, a Doca da Marinha;
o Terreiro do Paço, Ribeira das Naus
(antigo Arsenal da Marinha) e Cais do
Sodré.
Para a zona da Alfândega prevê-se
a implantação de uma nova praça,
enquadrando a entrada e saída do
novo terminal de cruzeiros. funcionando como zona interface de
transportes, e uma nova estação de
Metro.
zeiros marítimos é um dos sub-sectores turísticos que mais tem crescido,
passando de 500 mil passageiros, em
1970, para 17,5 milhões, em 2009, ou
seja, mais 3.400 por cento.
O mercado norte-americano cabe a
maior fatia, com 10,4 milhões de passageiros anuais, cabendo 5 milhões
à Europa e 2,1 milhões ao resto do
mundo.
As previsões das duas principais associações dos operadores de cruzeiros, a
CLIA e a ECC, apontam para uma continuação desta subida a nível mundial, em especial o mercado europeu,
apesar do cenário de crise global.
A nível nacional, a actividade tem
igualmente crescido. Em 2009, passaram pelos portos portugueses mais
de 945 mil passageiros em navios de
cruzeiros.
Só o porto de Lisboa recebeu em
2009 um total de 415 758 passageiros,
dos quais 43 097 embarcados e 40
776 desembarcados. Os passageiros
em turnaround (83 873) representaram 32 % do total e os passageiros
em trânsito (331 885), 68 %. No total,
foram registadas 294 escalas de
navios.
O porto de Lisboa prevê terminar o
ano de 2010 com cerca de 450 mil
passageiros (mais 8% face a 2009), e
308 escalas (mais 5%).
Para 2011 perspectiva-se que se
mantenha o crescimento da actividade em Lisboa. Actualmente estão
anunciadas 336 escalas, estimando-se
que o número de passageiros totalize
os 490 mil.
Indústria de cruzeiros marítimos
subiu 3.400% desde1970...
A nível mundial, a indústria dos cruO fenómeno climatérico El Niño pode existir há centenas ou há milhares de anos... Estudos realizados aos últimos 150 anos sobre o fenómeno, concluíram que os dois El Niños mais violentos registaram-se nos últimos 20 anos, em resultado dos efeitos de
estufa. Uma grande tempestade ou dilúvio que ocorria de 100 em 10 anos, poderá passar a dar-se de 30 em 30 anos ou até de 20
em 20 anos, afirmam os cientistas. Chile, Perú, Austrália, Brasil, Califórnia, Austrália e África do Sul são os países mais afectados.
12
ViniPortugal:
Conferência Internacional do Porto
relança casta Touriga Nacional
Um sucesso em toda a
escala a I Conferência Internacional sobre Vinhos
Portugueses, iniciativa da
ViniPortugal e realizada
na Alfândega do Porto, a
começar pelo relançamento da Touriga Nacional,uma
casta de uvas portuguesas,
que esteve quase extinta
há 30 anos, e actualmente
aconselhada para servir
de catapulta aos vinhos
portugueses. Durante três
dias 450 participantes de
Portugal, EUA, Brasil, Reino Unido, Alemanha, Espanha, França, Áustria
Noruega, China, Canadá, Rússia , Austrália debateram novas castas e novas regiões de vinhos, os vinhos na internet, alternando com prova de vinhos e visitas a quintas vinhateiras da região
balho mais conjunto com a produção. A
touriga ajuda nos lotes e na exportação,
então, tem-se de trabalhar mais nas varietais de região para região “ defendeu o
enólogo.
A Mesa4 incidiu o debate sobre Regras/
regulamentação e rastreabilidade,
juntando João Nicolau de Almeida, Luís
Costa, Bento Amaral, Dora Simões, Tim
Hogg, Paula Osório e António Luís Cerdeira.
“A touriga representa 2 a 3% do vinho nacional”, disse Nicolau de Almeida apontando a estratégia a tomar para “a afirmação
das regiões e afirmação das castas”.
“Depois vêm os rótulos, e mais tarde ou
mais cedo o mercado vai exigir a touriga nacional. Ainda estamos numa fase
primária e as nossas universidades estão
aptas para estudar e resolver o problema”,
reportando-se ao ISA que está a fazer “um
estudo sobre as características básicas “.
“As castas não aparecem de repente, foi assim em Bordeaux, na Borgonha.. por isso
não vamos dar tiros no pé e pôr a carroça à
frente dos bois. Vamos promover as nossas
regiões, e com isso se verá a touriga nacional”, acrescentou.
O Forum dos Enólogos foi a primeira parte deste encontro internacional, em que os
técnicos e investigadores responsáveis pelo apuro dos nossos vinhos discutiram amplamente em quatro mesas redondas as estratégias para fazer da Touriga Nacional a
grande referência da vitivinicultura portuguesa; uma designação “talvez mais conhecida do que o próprio país em termos de vinhos””.
Francisco Borba, presidente da ViniPortugal, nas conclusões finais do Forum dos Enólogos sintetizou três items: é incontroverso que a touriga é adequada para Portugal; a
falta de notoriedade de Portugal é um facto e o programa de 2011 visa comunicar e
99 produtores e centenas
colocar Portugal como grande produtor de vinhos”..
A Mesa nº 1 juntou os enólogos Nuno Cancela d’Abreu, João Paulo Martins, Francisco de marcas
Campos, Sandra Tavares, Carlos Lucas, Joana Cunha e Tiago Alves de Sousa, sob o tema A presença de 99 produtores, repre“Como se projecta a Touriga Nacional como casta importante “? tendo o porta- sentando largas centenas de marcas porvoz, João Paulo Martins referido (....) “para além do vinho do Porto, precisamos de uma tuguesas, assinalou os três dias de provas
bandeira que sirva de chapéu para os nossos vinhos, e a touriga nacional é uma cas- de vinhos na vasta sala do segundo andar
ta suficientemente personalizada e marca os vinhos mesmo produzidos em regiões do edifício da antiga Alfândega do Porto,
diferentes ..Bragança .. Faro..é um risco que se corre, mas depende da forma como é à beira-Douro, alternando com interventrabalhada pelos enólogos”, comentou.
ções temáticas e visitas às quintas vin”Ou fazemos 10 /11 toneladas para vendermos a 2 euros , ou então optamos por 6/7 hateiras da região.
toneladas para um preço mais ajustado. A casta touriga precisa de
gente que trabalhe e investigue bem e que pense menos na questão
financeira”, concluiu,
A Mesa2 versando o tema Touriga nacional no ciclo das grandes
castas mundiais, que falta fazer”? juntou José Maria Soares Franco,
Luís Lopes, Rui Reguinga. Luís Pato, Álvaro de Castro, David Baverstock,
António Graça e Maria João Almeida,. No final , J.M. Soares Franco apontou a casta como “âncora dos vinhos portugueses, faltando melhorar o
carácter da casta em todas as regiões do país.É à volta da touriga nacional que se pode promover as outras castas portuguesas”.
A Mesa3, sob “Touriga nacional, diferentes perfis em diferentes
terroirs?, juntou Domingos Soares Franco, Rui Falcão, Manuel Soares,
Anselmo Mendes, Filipa Pato, Luís Duarte e Jorge Queiroz. No final. Domingos Soares Franco, reportou-se à casta, quase extinta nos Anos 70,
variar de região para região, em função do cima e solos.
“Ela é melhor em lotes, não podemos ter a massificação da casta como
outros países. Trata-se de uma casta antiga, e enquanto no estrangeiro A jornalista angolana Sofia Buco e o cameraman Carlos Gamboa,
sabem par onde ir , nós ainda não sabemos o rumo. É preciso um tra- da TV Zimbro
13
Enólogos, produtores, investigadores,
empresários, jornalistas, especialmente
da imprensa especializada estrangeira,
bloguistas e outros profissionais e visitantes por lá circularam, contribuindo
para o debate e sucesso desta I conferência internacional de vinhos portugueses,
que em termos de organização é também um ensaio preliminar para o XXIV
Congresso Mundial da OIV, que se realizará
no mesmo local, em Junho de 2011.
Angola, um mercado em ascensão para
os produtores-exportadores portugueses, enviou a esta conferência uma
dezena de jornalistas, incluindo uma estação privada de televisão, a TV Zimbro, o
que revela a atenção com que os angolanos seguem os vinhos portugueses.
Mas a expectativa para com os vinhos
portugueses também paira no Reino
Unido e nos EUA , onde os apreciadores
querem provar castas de regiões menos
conhecidas”, uma nova moda” segundo
o jornalista britânico Charles Metcalfe e
“da qual a Espanha já se está aproveitar”.
Jornalista britânico propõe
uma Sala Ogival no Algarve
Portugal e Espanha são os países com os
vinhos de características
mais distintas e, de 1.600
castas comercializadas no
mundo Portugal é responsável por 10 % e “agora é
C. Metcalfe
o momento de arrancar…
A França tem Paris, a Itália tem Milão, a
Espanha tem a tourada, o flamengo e as
tapas , e Portugal ainda não projectou
uma imagem... é discreto e a mensagem passa despercebida. Portugal é o
próximo país vinhateiro a ser visitado, e
o Douro é uma região como o Bordeaux”,
enfatiza.
“Portugal tem uma localização privilegiada sobre vinhos e castas e agora é a altura certa de se promover”, aconselha Metcalfe, um dos críticos britânico de maior
renome mundial, autor de programas de
TV, vice-presidente da International Wine
Challenge, e consultor da City of London
Corporation para os vinhos e banquetes
oficiais do Estado.
Para o especialista britânico a “casta
Touriga Nacional é de topo”, e o constitui
“o começo do renascimento de Portugal”,
embora seja também “apenas o início,
porque plantar uma casta é um projecto
a longo prazo”.
“É um património, e só a Itália se lhe pode
comparar, porque tem muitos vinhos
diferentes e castas, mas a Itália é muito
maior e mais conhecido”,
comenta.
“Os portugueses têm
de ser criativos e imaginativos, porque não é só
o golfe e a praia que têm
para oferecer... precisam
divulgar as suas aldeias,
a arquitectura, os Descobrimentos, por exemplo,
apostar nas quintas e
hotéis vínicos, especialmente do Douro. E desta
forma, haverá troca de
ideias, vender-se-ão mais
vinhos e os vossos livros também…
Há excelentes unidades hoteleiras,
grandes e pequenas que deveriam estar
presentes em feiras e certames... e o proprietário do vinho não aparece... gostaria
de ver uma sala ogival no Algarve, semelhante à do Terreiro do
Paço”, rematou o jornalista
inglês.
A jornalista americana, da
agência Bloomberg, Elin
Elin McCoy
McCoy, autora especializada em leilões e colecções de vinhos,
reportou-se à importância da internet
para o negócio e a divulgação dos vinhos
“A net é algo global em qualquer parte do
mundo, um caso paradigmático, e as pessoas querem histórias atractivas que as
façam escolher o vinho”.
Por sua vez, o consultor chinês de vinhos,
Simon Tam, mas que cresceu e estudou
na Austrália, falou do mercado da China,
onde de momento imperam os vinhos
franceses”, embora “Portugal tenha tanto
para oferecer, tantas regiões, devendo
encontrar uma forma de abrir as portas
e promover as suas marcas, além de ter
uma cultura muito antiga”.
Portugal tem uma área de vinha com
237.000 hectares, ou seja 6,3% da superfície agrícola útil, estando os vinhos portugueses em crescimento na maioria dos
mercados, com mais 11 % no primeiro
semestre do ano face ao mesmo período
de 2009.
O ano de 2010 foi considerado excelente
para os vinhos nacionais, e segundo o
ministro da Agricultura, António Serrano,
as exportações totais no sector do vinho
deverão atingir os 600 milhões de euros.
A revolução provocada pela Internet
no negócio do vinho, designadamente
na venda e promoção dos vinhos fora
dos circuitos tradicionais, foi amplamente
debatida durante quase três horas, com
questões postas pela assistência, por experts como Ryan Opaz (americano radicado em Espanha e, chefe de cozinha e organizador de workshops e conferências),
Joe Roberts (EUA, jornalista e bloguista responsável pelo1WineDude.com, eleito re-
centemente o melhor blogue de vinhos) ,
Robert Mcintosh ( embaixador ou agente
de marcas de vinho no Reino Unido, representando produtores de Rioja, ) Louise
Hurren (França) André Ribeirinho (Portugal, bloguista e fundador da Adega), Neal
Martin (jornalista britânico e bloguista do
wine-journal.com com 100.000 leitores) e
Jancis Robinson, editora da secção de vinhos do Financial Times.
Sobre fenómeno da net e o impacto na
indústria do vinho,“é importante interagir
com as pessoas….imaginem a nosso vida
sem telemóvel”, comentou Ryan Opaz,
relembrando os 25 anos do telemóvel no
Reino Unido.
“As redes sociais para o negócio e promoção do vinho são como o telemóvel,
temos de interagir, fazer parte desta
rede social para nos afirmarmos. Há pessoas que estão no Facebook por causa
da Moda ou do Futebol, então temos de
puxá-las para os vinhos”, sugeriu o especialista americano, aludindo aos 500 milhões de membros do Facebook em todo
o mundo, com um ritmo de crescimento
anual de 2 milhões e 700 mil milhões de
minutos por gastos pelas pessoas que
nele comunicam.
Há marcas de vinhos que não têm essa
expressão na Comunicação Social clássica, daí ser importante estarmos online
para ficarmos na corrida, porque o grande
desafio é afirmar a nossa opinião no meio
da multidão”, sublinhou.
“Cada empresa vinícola tem uma história
fantástica para contar. Interessa por trás
do rótulo passarmos a conhecer melhor o
homem ou a mulher que produz o vinho”.
A registar também a presença nos trabalhos de José A. Salvador, do Expresso,
Rui Falcão, da revista Wine Essência do
Vinho, colunista do Público e, autor do
Guia dos Vinhos; Tom Marthinsen (Noruega, ligado ao diário económico Dagens
Naeringsliv e editor do Vinguiden, o maior
site internet de enologia da Escandinávia;
Tom Lam, de Hong Kong, e considerado
a maior autoridade chinesa sobre Enologia., com um MBA; Kristine Baeder, editora
–chefe da revista alemã German Sommelier Magazin.
14
p e n ú l ti ma s
Enoturismo:
Quintas e hotéis do
Douro premiados
com “Best of Wine
Tourism 2011”
Um júri internacional de nove países produtores de vinho distinguiu com o Prémio
“Best of Wine Tourism 2011 três projectos de
hotelaria e gastronomia no Vale do Douro
--a Quinta da Avessada (Alijó) na categoria
Inovação; a Quinta do pego (Tabuaço) na
categoria Alojamento e, o Restaurante DOC
(Armamar) na versão Restaurante Vínico.
O concurso, que visa desenvolver o enoturismo, é instituído pela Great Wine Capitals
Global Network, rede que integra as nove
cidades e regiões vinhateiras mais importantes do mundo--Bordeaux (França), BilbaoRioja (Espanha), Cidade do Cabo (África do
Sul), Christchurcg (Nova Zelândia), Florença
(Itália), Mendoz (Argentina), Meinz-Reinhessen (Alemenaha), São Francisco - Napa Valley
(EUA) e Porto.
A Quinta da Avessada em Favaios, Alijó, desenvolveu um projecto de Enoteca interactiva, ou seja, um museu que recorre à multimedia, dando uma retrospectiva da cultura da
vinha e do vinho no Alto Douro.
O Restaurante DOC situa-se no Cais da
Folgosa, entre o Pinhão e a Régua e constitui
um marco na gastronomia da região, tendo
sido eleito em 2008 como o melhor “Novo
Projecto Privado”, Prémio Turismo de Portugal, e também distinguido com o “Garfo de
Ouro pelo anuário “Boa Cama / Boa Mesa”. do
semanário Expresso.
Já o Hotel Rural Quinta do Pego nasceu da
criatividade do dinamarquês Karsten Sondergaard, grande apaixonado da geografia
duriense, onde adquiriu uma propriedade. A
partir de então foi construído uma unidade
topo de estrelas com 10 quartos, 30 hectares
de vinha e piscina sobranceira ao Douro..
Viana do Castelo Cidade do
Vinho 2011
Fundamental para esta eleição de Viana do
Castelo foi o trabalho desenvolvido pelo
município local à volta da marca “Vinhos das
Terras do Gerez”, tendo em vista a criação de
riqueza económica no concelho.
Ao longo de 2011, Viana do castelo será
palco de grandes eventos, tais como Gala
da Cidade do Vinho, Dia de Reis, os Fins-deSemana Gastronómicos, Gala da Eleição da
Rainha das Vindimas, Conversas à Volta do
Vinho, Jornadas Europeias do património, Dia
Europeu do Enoturismo, variados cursos de
formação e promoções de vinhos no Mercado
Municipal.
Novo produtor lança vinho
“Cultural” em Estremoz
Artur Ferro, um novo produtor de vinhos no
concelho de Estremoz, acaba de lançar a marca “Cultural”, da responsabilidade do enólogo
Joachim Roque, começando a nova marca
de vinhos com13.500 garrafas destinadas ao
Alentejo e Algarve, embora os proprietários já
tenham contactos para a exportação.
Com uma pequena propriedade de 6,5
hectares, o casal Artur e Luísa Ferro, cultivam
uvas das castas tintas Aragonez e Cabernet
Sauvignon,, na Quinta D. Joaquim.
ViniPortugal vinho a copo
A ViniPortugal acaba de lançar a campanha “a
copo” como vista a generalizar o consumo de
vinho, à semelhança do que se passa em Itália
desde há 20 anos, onde as pessoas escolhem
o vinho e só pagam a taça que bebem, contribuindo assim para a expansão do mercado
interno e incentivar o consumo moderado e
saudável com qualidade, a preço acessível..
A campanha disponibiliza um Manual de
Novas Práticas para o serviço de vinho a
copo da autoria do escanção Manuel Moreira
promovendo os estabelecimentos que adirem
à campanha com a garantia de Selos a “copo”,
diferenciados para restaurantes e bares. O site
é www.acopo.pt
Projecto de gestão de vinha
vence prémio nos EUA
Chama-se VinePAT e é um projecto para
gestão da vinha que permite optimizar e rentabilizar a qualidade das uvas., através de uma
espécie de raios X químico às uvas, fazendo a
impressão digital das mesmas. E foi desenvolvido por quatro investigadores portugueses a saber: Rui Martins, do departamento
de Biologia da Universidade do Minho, César
Ferreira (Universidade Católica Portuguesa)
e os estudantes do MBA João Ferreira e
Joaquim Valente ( do laboratório Nacional
de Energia e Geologia e da Universidade do
Porto Business School).
Em termos práticos , o estudo visa a comercialização de um sistema de recolha e análise
de dados, baseando-se em Espectroscospia,
permitindo aos produtores decidir sobre o
tipo de tratamento durante a maturação das
uvas e altura das vindimas.
O prémio, lançado pela Universidade de
Austin, Texas ( EUA) teve a concorrência de
18 equipas de oito países.
Prova dos Sentidos
nas Caldas da Rainha
Chama-se Prova dos Sentidos, um
restaurante a não perder pelos
verdadeiros gourmets que visitam
as Caldas da Rainha, junto à Praça
da Fruta, e a dois passos do Parque
e do Museu José Malhoa.
Os donos, dois jovens amigos, Ricardo Leitão
e Sara Couto, decidiram há um ano pôr
mãos à obra, e arrancarem com um espaço
de decoração minimalista, onde além da
boa comida, é também ponto de tertúlias
e de provas de vinhos.No cardápio da casa
há a considerar os....petiscos e entradas,
que só por si enchem um comensal menos
precavido, sobretudo perante a excelente
Morcela com ananaz, as Migas de broa
de mel e legumes ou as Tostas de Chèvre
(queijo de cabra) com tomate seco ou ainda
a Farinheira com ovos mexidos, optando
pelos pratos Francesinha à Porto e a clássica
Picanha argentina..
Nos vinhos, pode ouvir os conselhos argutos
de Ricardo, que desempenha o papel de um
verdadeiro sommelier e provar as colheitas
da Herdade das Servas (Alentejo), toda a
gama da Casa Santar (Dão Sul) ou da Quinta
de São Francisco (Óbidos); Vale Zias, cujo
produtor é natural das Caldas, embora
as vinhas situam-se no sopé da Serra do
Montejunto, dando origem a uma óptima
monocasta Syrah.
Nas provas de vinhos efectuadas an prova
dos sentidos, destacam-se as seguintes : Casa
de Santar, Murganheira e Raposeira, Casal d’
Além (branco.. arinto de Bucelas) e Herdade
do Rocim (Alentejo, Vidigueira, do grupo
MoviCortes)
Prova dos Sentidos - Rua General Queiroz, nº 50...
indo de carro ou a pé, a partir da estátua da Rainha
D. Leonor, subindo em direcção à tal Praça da Fruta.
Concurso Nacional do Vinho,
que se realiza de 10 a 13 de Maio de 2011,
terá 200 provadores para avaliarem vinhos
com computador, informaticamente, com
uma ficha de prova, esperando-se este ano a
vinda de 15 a 20 provadores estrangeiros.
O director do Concurso, Mário Louro, chama
a atenção para os critérios existentes entre a
classificação de um evento desta dimensão e
outros levados a efeito por algumas revistas,
já que existem diferenças acentuadas.No
concurso de 2010 estiveram 204 provadores
a classificarem vinhos.. enquanto que as revistas fazem-no com apenas seis provadores..
Cada vinho a concurso é avaliado no mínimo
por 14 pessoas e a seguir, as que vão à Medalha de Ouro, passam, por 21 provadores..
Quando se diz que no Concurso nacional
concorreram 705 vinhos, temos o melhor
vinho, que foi visto pelo menos por 14 mais
21 provadores. Portanto estamos a falar
de 35 pessoas., sublinha o enólogo (vide
entrevista).
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p e n ú l ti ma s
EFEMÉRIDE
Infante D.Henrique:
550 anos
de globalização
A 13 de Novembro passaram 550
anos da morte do
Infante D.Henrique,
o Navegador, figura
incontornável da
História, grande
mentor dos Descobrimentos e da
expansão marítima portuguesa, iniciando a primeira globalização e, por
assim dizer, as bases do sistema mercantilista-capitalista e da economia
do mercado...afinal as traves mestras
da civilização contemporânea.
Cavaleiro, militar, general, estratega,
matemático, cosmógrafo, empresário e grão-mestre da Ordem de
Cristo (que substituiu os Templários),
D.Henrique personificou o pioneirismo dos intelectuais e homens de
ciência da Renascença,
ou até o conceito de “estadista”
da época, que Maquiavel viria a
descrever na sua obra “O Príncipe”,
publicada em 1513..., 53 anos após o
desaparecimento do Infante.
Rodeado de geógrafos, cartógrafos
e homens da ciência árabes e judeus
financeiros, D. Henrique soube aliar
as diversas facetas da sua vida com
o seu projecto de expansão da
então geopolítica portuguesa…
e foi neste contexto que tentou
tomar Gibraltar ao Reino mouro de
Granada, para melhor dominar a
entrada do Mediterrâneo. Só que o
mau tempo impede o desembarque,
volta para Ceuta e recebe ordens de
seu pai D.João I para não continuar
o empreendimento... corria o ano de
1418 e, já tinha começado a Idade
Moderna.
Ele próprio, também homem de Estado, que a sua condição de príncipe
e homem esclarecido lhe dava um
ascendente sempre de primeira
linha nas grandes decisões a tomar
por seu irmão el-rei D. Duarte ou
por seu sobrinho D. Afonso V. Foi
assim quando tomou o partido do
rei, a desfavor de seu irmão o Infante
D.Pedro, o regente, outra grande
figura da Renascença, que em 1428
lhe trouxera de Itália o livro de
viagens de Marco Pólo, um excelente
acicate para o seu projecto.
Seja como for, no pensamento maquiavélico os fins justificam os meios
nos assuntos do Estado, mas no caso
de Henrique, este toma partido do
sobrinho, contra seu irmão Pedro, o
regente, considerado mais progressista e apoiado pela burguesia de então.
Anos mais, tarde, é D. João II, filho de
Afonso V, que acabará por centralizar
o poder político, pondo fim a todo o
tipo de escaramuças e conspirações
internas.
Uma efeméride praticamente despercebida do grande público, apenas
umas breves cerimónias oficiais de
circunstância em Lagos, numa época
de crise global, ignorando-se um dos
grandes mentores da primeira fase da
globalização, que irradiou da Europa
para todos os continentes.
Álvaro Vale
Pelo oitavo ano consecutivo, o analista de
vinhos Rui Falcão publicou as impressões
sobre mais de 4.200 vinhos nacionais e estrangeiros, com uma pontuação de 0 a 20, e
considerações sobre as últimas colheitas e as
principais regiões vitivinícolas portuguesas.
Brancos estão a subir
(Mário Louro)
O enólogo Mário Louro discorda que
o vinho esteja a passar por um fase
de El Dorado em Portugal, apesar de
andar “muita gente a produzir e a
vender”.”
“É certo que há cada vez mais produtores, mas é preciso estar atento a
determinados mercados. Veja-se o
mercado do vinho branco, que está a
subir e se calhar, no futuro temos de
plantar mais branco do que tinto, embora isto esteja num período pouco
definido…há cada vez mais pessoas
a consumirem branco, porque as
pessoas começam a perceber que o
vinho branco não é só para o peixe
e o tinto para a carne…porque as
estruturas do vinho é que definem o
melhor acompanhamento”.
“O vinho branco também tem menos
carga de anti-oxidantes que o tinto,
mas a quantidade de flavonas também ajuda nesse trabalho,” esclarece.
(vide entrevista)
Um economista e um neurologista
são os novos concessionários do
restaurante da Associação 25 de
Abril, sito na Rua da Misericórdia,
em plena zona histórica de Lisboa,
imediações do Bairro Alto, nas traseiras do Teatro da Trindade e a dois
passos do Chiado...
O espaço chama-se agora Res Publica e os novos concessionários - o
economista João Tubal e o médico
neurologista Joaquim Cândido pretendem relançar uma série de tertúlias com jantares temáticos, provas
de vinhos e gastronomia variada,
especialmente os pratos relacionados com a diáspora lusófona.
No local, - onde funcionou desde
1931 a redacção do antigo Diário da
Manhã, que em 1971 ao fundir-se
com a Voz originou o jornal Época
até Maio de 1974, - funciona a sede
da Associação 25 de Abril, totalmente remodelada pelo arquitecto
Siza Vieira.
Em Novembro último, quando da
apresentação do novo projecto, o
coronel Vasco Lourenço, presidente
da associação, congratulou-se com
a iniciativa da nova gerência, numa
casa que se pretende aberta a toda
a gente, ao diálogo e ao debate de
ideias, em sintonia com os princípios
democráticos.
16
ú l ti ma s
FICHA TÉCNICA - proprietário: A . Henriques do Vale; nº de contrib.:
149010877; registado na ERC com o nº 125946; sede da redacção:
Rua Gonçalves Crespo nº36 /3º 1.200-Lisboa.
Director e editor: Álvaro Vale; publicidade: Júlia Andrade;
grafismo: Celina Botelho; site: José Pereirinha.
www.correiodosvinhos.com; www.correiodos.vinhosepetiscos.com
Carm Douro em 9º nos
100 mundiais da Wine
Spectator
O vinho Carm Douro (Reserva 2007)
da casa agrícola Reboredo Madeira
alcançou o 9º lugar no top dos 100
melhores vinhos do mundo da
revista americana Wine Spectator, a
mais prestigiada publicação mundial
do sector vitivinícola.
A família Madeira está instalada no
Douro desde o ano de 1600, e para
grande surpresa de muitos está
mais associada à produção de azeite
e olivicultura. So mente em 1999
começou a produzir vinho. As castas
do vinho premiado são touriga nacional, touriga francesa e tinto roriz.
O primeiro lugar
desta edição
(referente a vinhos
produzidos até
2009) da Wine
Spectator foi
atribuído ao tinto
Saxum (2007) da
Califórnia, das
castas grenache,
mouvedre e syrah,.
O 2º,lugar coube
ao syrah australiano Two Hands
(2008), enquanto
que até ao sexto
lugar destacaram-se novamente
os vinhos da Califórnia. Um desses,
o 4º lugar, o tinto Revana (2007)
das castas cabernet e sauvigon, foi
produzido pelo médico cardiolologista de Houston, o indiano Madaiah
Revana, que imigrou de uma zona
rural da India para os EUA:
O 7º lugar foi para um syrah da Austrália, o Schild (2008), enquanto que
o 8º foi para o tinto da Toscana, Itália,
da família Flacianello. Em décimo,
o branco francês Clos des Papes
(2009).
Desde 1988, que a revista elege os
melhores vinhos do mundo durante
a tradicional avaliação que realiza
anualmente na segunda quinzena
de Novembro.
Para este ano, a revista recebeu (para
avaliar os vinhos até 2009) 15.800
concorrentes de 14 países. dos quais
3.400 mereceram a pontuação entre
90 a 100 na escala da WS.
No fecho da edição
Álvaro Vale
Na Era da produção global de vinho, alguém me fala que o Chile, na sua longa faixa litoral junto ao Pacífico, de 4.300 kms por 300 kms de largura ((fronteiras políticas delineadas
na primeira vintena do século XIX , quando as relações internacionais, a geoestratégia e a
economia eram já um paradigma tripartido...entendido por profissionais e políticos)) tem os
melhores terrenos do mundo e as condições naturais por excelência para a produção de vinho,
que protegem a vinha das doenças endémicas, sem ser necessário recorrer a tratamentos de
pragas, aliado à rega natural, com a abundância das águas provenientes do degelo da cordilheira dos Andes.....uma geografia inteligente que fez dos vinhos chilenos autênticas vedetas
da excelência, tornando-os concorrentes dos Bordeaux e outros afamados.
Estas virtudes das terras chilenas foram bem compreendidas logo no primeiro terço do século
XIX, quer por franceses, espanhóis, nomeadamente bascos; e posteriormente americanos. Estavam lançados os dados para grandes vinhas e produção de qualidade, um processo que levaria
à primeira cotação de uma empresa vitivinícola na Bolsa de Nova Iorque em 1994.
Falta no entanto ao Chile, a longa História e a tradição do Mediterrâneo, neste caso o ocidente latino de Portugal, cruzado e erguido por gregos, fenícios, romanos, judeus, árabes,
que nos moldaram, o pensamento, o paladar.... o nosso modus vivendis com uma variedade de
produtos que fez a matriz da dieta mediterrânica.
O mar, elemento moderador das amplitudes térmicas-- frio e calor, além de influenciar os sabores dos frutos e legumes, é por isso uma marca portuguesa a não esquecer, face à qualidade
do que se produz em terra. Os vinhos portugueses, -- de escassa produção, comparada com
as extensas áreas australianas, chilenas ou sul-africanas, - têm no entanto a grande carga da
cultura mediterrânica, ou seja, a marca das civilizações greco-romana, judaico-cristã e árabe,
que andaram por aqui e nos moldaram os sabores, e também aos franceses, espanhóis ou
italianos, estes últimos referenciados pelos Gregos, que chamaram à Península Itálica “Oenotria”,
a terra do (bom) vinho.
Segundo a revista a qualidade manteve-se alta, acima dos 93 pontos, e o
preço médio por garrafa dos vinhos a
concurso foi 48 dólares (35,5 euros).
Registe-se que a Wine Spectator
também já distinguiu os 100 melhores queijos do mundo relacionados com o vinho, entre os quais o
português de Nisa, entre queijos de
11 países concorrentes. Na altura do
concurso, em Setembro de 2008, dos
onzes países, os EUA lideraram com a
apresentação de 32 tipos de queijo e
a França com 29 a concurso.
O queijo de denominação de origem
protegida (DOP) de Nisa baseia-se
em leite somente leite de ovelha, e a
sua produção estende-se aos concelhos de Castelo de Vide, Marvão, Crato,
Alter do Chão, Portalegre, Monforte e
Arronches.
Também a Vanity Fair distinguiu em
Outubro de 2008 o queijo Amarelo
da Beira Baixa, no Fundão, como dos
melhores do mundo, e que se baseia
em leite cru de ovelha e de cabra.
Vinho Carcavelos premiado em Bordeaux
O Vinho Carcavelos Conde de Oeiras
foi laureado em Bordeaux como
Prémio Aurum - Vinho com tradição
pelo Conselho Europeu das Confrarias Enogastronómicas. Este vinho,
que habitualmente se produzia
na antiga quinta do Marquês de
Pombal, esteve em vias de desaparecimento devido à construção
civil. Actualmente é produzido pela
câmara municipal de Oeiras, prevendo-se alcançar os 40 mil litros para a
campanha de 2010/2011.
Aquele município pretende triplicar
a área de cultivo da vinha da casta
Carcavelos, para chegar aos 20 hectares nos próximos quatro anos, o
que representa um investimento de
2 milhões de euros..
O vinho é vendido na loja da autarquia no Oeiras Parque e na Estação
Agronómica Nacional, e o presidente
da edilidade, Isaltino Morais, pensa
alargar a acção a outras áreas, nomedamente ao azeite, numa alusão
ao Lagar de Azeite ali existente e
propriedade da autarquia.
Entretanto, para Abril de 2011,
prevê-se a inauguração da sede da
Confraria de Enófilos do Vinho de
Carcavelos, que terá uma de vinhos
e outros produtos agrícolas relacionados.
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