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sescsp.org.br AS ARTES CÊNICAS URGEM A quarta edição do MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos versa sobre a capacidade de a arte reagir diante das realidades histórica, social, política e econômica sem perder de vista a ambição poética e a pluralidade estética. De 8 a 18 de setembro, Santos e arredores acolhem 43 espetáculos – 28 deles vindos de países da América Latina, mais Portugal e Espanha – atravessados por abordagens nos níveis do sujeito, da comunidade, da nação e do planeta. A cena contemporânea espanhola é a homenageada da vez e apresenta oito trabalhos. O espectador frui uma viagem de onze dias por afetos e sentidos mediados por tópicos como família, gênero, racismo, identidade, cidadania, espaço público, ditadura, justiça, terrorismo e refugiados. Tudo vinculado ainda a amplo painel de atividades formativas ou reflexivas. As criações estão à flor da pele e suas parabólicas captam o teatro e a dança com irradiações para a performance, a instalação e a intervenção urbana. Dimensões também colocadas ao alcance de crianças e adolescentes no oceano de teatralidades resistentes a todas as formas de violência. O pensamento em arte para todos. ARGENTINA BOLÍVIA 12 18 Teatro Timbre 4 Kiknteatr DÍNAMO 14 LAS IDEAS [AS IDEIAS] Federico León TRILOGÍA BOLIVIANA BRASIL 24 A TRAGÉDIA LATINO-AMERICANA E A COMÉDIA LATINO-AMERICANA SEGUNDA PARTE: A COMÉDIA LATINO-AMERICANA CHILE 32 44 Aquela Companhia (RJ) Catibrum Teatro de Bonecos (MG) Javiera Peón-Veiga 46 LA CONTADORA DE PELÍCULAS [A CONTADORA DE FILMES] CARANGUEJO OVERDRIVE 34 HAMLET – PROCESSO DE REVELAÇÃO Irmãos Guimarães (DF) Ultralíricos (SP/RJ) 36 26 Club Noir (SP) Empório de Teatro Sortido (SP) 38 ÃRRÃ 28 BLANCHE Grupo Macunaíma e CPT – Centro de Pesquisa Teatral Sesc (SP) 30 CABRAS – CABEÇAS QUE VOAM, CABEÇAS QUE ROLAM Cia. Teatro Balagan (SP) LEITE DERRAMADO MONOTONIA DE APROXIMAÇÃO E FUGA PARA SETE CORPOS Grupo Cena 11 Cia. de Dança (SC) 40 O ANO EM QUE SONHAMOS PERIGOSAMENTE Grupo Magiluth (PE) 42 O AVESSO DO CLAUSTRO Cia. do Tijolo (SP) O SOM DAS CORES SUA INCELENÇA, RICARDO III Clowns de Shakespeare (RN) 48 TEATRO DOS SERES IMAGINÁRIOS Cia. Seres Imaginários (RS) 50 VIÚVAS – PERFORMANCE SOBRE AUSÊNCIA Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz (RS) 52 ZONA! O Coletivo (SP) 56 ACAPELA 58 Teatrocinema COLÔMBIA CUBA EQUADOR 62 68 72 CAMARGO La Congregación Teatro 64 REBÚ [REBU] Teatro del Embuste & Espacio Odeón ANTIGONÓN, UN CONTINGENTE ÉPICO [ANTIGONÓN, UM CONTINGENTE ÉPICO] Teatro El Público BARRIO CALEIDOSCOPIO [BAIRRO CALEIDOSCÓPIO] Teatro de la Vuelta ESPANHA 76 4 Rodrigo García 78 ANDANTE Markeliñe 80 BIRDIE Agrupación Señor Serrano 82 BRICKMAN BRANDO BUBBLE BOOM – BBBB Agrupación Señor Serrano 84 FUGIT [FUGIDO] Cia. Kamchàtka MÉXICO 86 LIBERTINO Marcos Vargas & Chloé Brûlé 88 PLEASE CONTINUE, HAMLET [POR FAVOR CONTINUE, HAMLET] Roger Bernat & Yan Duyvendak 90 ¿QUE HARÉ YO CON ESTA ESPADA? (APROXIMACIÓN A LA LEY Y AL PROBLEMA DE LA BELLEZA) [O QUE EU FAREI COM ESTA ESPADA? (APROXIMAÇÃO À LEI E AO PROBLEMA DA BELEZA)] Angélica Liddell 94 CUANDO TODOS PENSABAN QUE HABÍAMOS DESAPARECIDO – GASTRONOMIAESCÉNICA [QUANDO TODOS ACHAVAM QUE TÍNHAMOS SUMIDO – GASTRONOMIACÊNICA] Vaca 35 Teatro en Grupo 96 PSICO / EMBUTIDOS, CARNICERÍA ESCÉNICA [PSICO / EMBUTIDOS, AÇOUGUE CÊNICO] Compañía Titular de Teatro de la Universidad Veracruzana PERU PORTUGAL URUGUAI PERFORMANCES ALTERIDADE DO OLHAR PONTO DE ENCONTRO 100 106 114 120 128 158 121 134 CRUZAR LA CALLE [ATRAVESSAR A RUA] Daniel Amaru Silva 102 SIMÓN, EL TOPO [SIMÓN, A TOPEIRA] Teatro La Plaza UNTITLED, STILL LIFE [SEM TÍTULO, NATUREZA MORTA] Ana Borralho & João Galante 108 WORLD OF INTERIORS [MUNDO DE INTERIORES] Ana Borralho & João Galante 110 ZULULUZU Teatro Praga LA IRA DE NARCISO [A IRA DE NARCISO] Complot – Compañia de Artes Escénicas Contemporáneas 116 NO DARÉ HIJOS, DARÉ VERSOS [NÃO DAREI FILHOS, DAREI VERSOS] Marianella Morena CADEIA VELHA (BRA) A SITUAÇÃO DA BRASILEIRA (BRA) 122 F2M2M2F (BRA/POR) 123 FLOU! (ESP/BRA) 124 DESCRIÇÃO DE IMAGEM / ESTUDO DE PAISAGEM (BRA) 125 NÃO ALIMENTE OS ANIMAIS (BRA) DIÁLOGOS E PENSAMENTOS RECONHECIMENTOS: ARTISTAS, PESQUISADORES E CURADORES INSTALAÇÃO PSICO/EMBUTIDOS, CARNICERÍA ESCÉNICA 158 VÍDEO INSTALAÇÃO OLHO-URUBU 137 158 148 159 LABORATÓRIOS CRIATIVOS LEITURAS DA NOVA DRAMATURGIA ESPANHOLA SESCTV NO MIRADA SHOWS 154 MAPAS DE CRIAÇÃO E INTERCÂMBIO 161 Turismo social 162 sescsp.org.br/mirada 163 Endereços 165 Informações 168 + Sesc DÍNAMO ARGENTINA 12 13 TEATRO TIMBRE 4 SEBASTIÁN ARPESELLA AUDIODESCRIÇÃO GINÁSIO SESC SANTOS 16.09 SEX 20H 17.09 SÁB 21H 70 min Livre R$40 / R$20 / R$10 TEXTO E DIREÇÃO CLAUDIO TOLCACHIR, LAUTARO PEROTTI E MELISA HERMIDA COM DANIELA PAL, MARTA LUBOS E PAULA RANSENBERG MÚSICA AO VIVO JOAQUIN SEGADE DESENHO DE LUZ RICARDO SICA DESENHO DE CENOGRAFIA GONZALO CÓRDOBA ESTÉVEZ ASSISTENTE DE DIREÇÃO MARÍA GARCÍA DE OTEYZA PRODUÇÃO TEATROTIMBRE4, MAXIME SEUGÉ, JONATHAN ZAK DÍNAMO É UMA COPRODUÇÃO DE TIMBRE 4 COM FONDAZIONE CAMPANIA DEI FESTIVAL — NAPOLI TEATRO FESTIVAL ITALIA, FUNDACIÓN TEATRO A MIL (SANTIAGO DE CHILE) FESTIVAL D’AVIGNON (FRANÇA), MAISON DES ARTS DE CRÉTEIL (FRANCIA), TEATRO LA PLAZA (LIMA, PERÚ), CENTRO CULTURAL SAN MARTIN (BUENOS AIRES), SESC SÃO PAULO (BRASIL) COM A PARTICIPAÇÃO DO TEATRO NACIONAL DE BURDEOS EN AQUITAINE (FRANÇA) Acompanhamos o inusitado contexto de três mulheres que compartilham um trailer perdido em alguma estrada qualquer. Em princípio, elas não sabem da presença das demais. A peça expõe como tanta solidão e estranhamento podem gerar novas energias à vida. Ada é a anfitriã. Ela tem 70 anos, trabalhou com arte performática e anseia reencontrar o pulso criativo e o amor. A chegada da sobrinha, Marisa, a mobiliza em outros sentidos: a moça deseja voltar a ser tenista após anos internada por causa de alucinações. O surgimento da terceira personagem torna ainda mais surpreendente o convívio nessa casa sobre rodas. Harima brota dos recônditos do apertado vagão cenográfico: ela é imigrante e tenta contatar a família e o filho pequeno que ficaram para trás. Dínamo (2015) apoia-se, sobretudo, na expressão corporal das três atrizes e na música ao vivo. Também são três os diretores e autores, entre eles Claudio Tolcachir, cofundador da mesma companhia de Buenos Aires, a Timbre 4, que mostra a nova criação e é conhecida no Brasil pelo fenômeno La Omisión de la Familia Coleman (2005). 14 15 LAS IDEAS ARGENTINA FEDERICO LEÓN [AS IDEIAS] LAS IDEAS C.A.I.S. VILA MATHIAS 9.09 SEX 20H 10.09 SÁB 20H 60 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO E DIREÇÃO FEDERICO LEÓN COM JULIÁN TELLO E FEDERICO LEÓN DESENHO DE CENOGRAFIA ARIEL VACCARO DESENHO DE SOM E VÍDEO DIEGO VAINER DESENHO DE LUZ ALEJANDRO LE ROUX PRODUÇÃO E ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO RODRIGO PÉREZ E ROCÍO GÓMEZ CANTERO Uma mesa de pingue-pongue não é apenas o eixo cenográfico, mas a metáfora para a conversa de dois personagens. Postados nas extremidades, em pé ou sentados, ambos vestem bermuda e jogam com desenvoltura no campo dos insights criativos. Manejam raquetes e bolinhas com a mesma agilidade que operam um dispositivo portátil, no controle de som e luz, ou o laptop por meio do qual dão a ver suas ideias traduzidas em sons e imagens projetadas numa tela ampla (a terceira personagem?). O espectador é estimulado a entrar na cabeça de um artista inquieto e confrontar os modos dele erguer ou destruir possibilidades. Como nos atos de escrever, apagar, corrigir e navegar na internet enquanto dialoga com o interlocutor, deslizando realidade e ficção. Las Ideas (2015) replica a situação de dois criadores no embate da concepção. Não se sabe se são eles mesmos ou seus personagens em busca de inspiração. Indagar sobre os limites da representação teatral é uma das premissas que Federico León vem lançando mão em peças ou filmes ao longo de quase duas décadas. 18 19 TRILOGÍA BOLIVIANA BOLÍVIA KIKNTEATR [TRILOGIA BOLIVIANA] ORUS AUDITÓRIO SESC SANTOS UKHUPACHA – MORTALES [MORTAIS] 13.09 TER 18H 14.09 QUA 18H 60 min KAIPI – MORALES 13.09 TER 20H 14.09 QUA 20H 95 min HEJAREI – INMORTALES [IMORTAIS] 13.09 TER 22H 14.09 QUA 22H 50 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 CRIAÇÃO DIEGO ARAMBURO / KIKNTEATR CONCEITO, DIREÇÃO E ENCENAÇÃO DIEGO ARAMBURO COM CAMILA ROCHA, JORGE ALANIZ, ABIGAIL VILLAFÁN, WINNER ZEBALLOS, ROCÍO CANELAS E CONVIDADOS O projeto especial composto de três peças apresentadas no mesmo dia – elas são independentes, o espectador decide se as vê em sequência ou não – ambiciona transmitir uma percepção crua, contemporânea e menos romântica do país onde cerca de 70% da população são de origem indígena. O Brasil faz com a Bolívia o mais extensivo trecho de fronteira: 3.126 km rente aos estados do Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A reflexão estética sobre o território vizinho é simbolizada pelos planos celestial, terreno e subterrâneo, tríade comum às culturas daquele povo e evocada em cena por meio de cabaré, teatro e dança. A obra Ukhupacha - Mortales, sendo aquela uma expressão quéchua correspondente a terra interior, investe no humor árido dos índios aimarás. Na mitologia andina, a lógica da resistência deveria vir de mão dada com a reciprocidade, o que jamais se deu. A incompletude é uma característica desse mundo “inferior”, onde a morte é o melhor ambiente para a felicidade. SOFIA ORIHUELA 20 21 SIIM VAHUR O plano terreno desponta em Kaipi – Morales, ou “aqui”, na língua oficial da nação de Evo Morales, seu primeiro presidente índio. Expressa dramaturgia de tom documental com três histórias de pessoas que vivem no espaço urbano. Elas são distintas, mas se veem refletidas entre si e se entrelaçam graças a uma quarta presença: os paradoxos de um estado dito plurinacional, mas com dilemas internos para aceitar o outro, por exemplo. Já o equivalente ao céu, o nível etéreo, é representado na coreografia Hejarei - Inmortales, baseada nas mulheres guaranis que falam do ceder feminino enquanto “deixar ir”, oposto ao masculino “conquistar”. Como em toda a América Latina, a discriminação generalizada perpassa noções de classe, de raça e de gênero. Em contrapartida, a mais brava e heróica luta deriva das mal denominadas minorias, invariavelmente ignoradas. Isso tem a ver com o ato crucial de empreender força, pujança e assumir-se motor de transformação da realidade. A trilogia é adepta do sincretismo que dá e absorve o que lhe soa alheio, numa espécie de antropofagia empática – antropofagia no sentido preconizado pelo poeta modernista e paulista Oswald de Andrade (1890-1954), para quem “só a antropofagia nos une”, como lembra o próprio diretor e dramaturgo Diego Aramburo, nascido em Cochabamba há 44 anos. Amplamente falada ao longo da Cordilheira dos Andes, a língua quéchua é seminal aos criadores do coletivo Kiknteatr, fundado em 1997. A começar pelo nome que traz o artigo variável daquele idioma autóctone e significa “igual”, “parecido” ou “mesmo”. A depender do uso, portanto, Kiknteatr pode significar, paradoxalmente, “como teatro” ou “teatro mesmo”. Aramburo vê na transdisciplinaridade de linguagens o trampolim para a poetização e problematização. 24 25 BRASIL SÃO PAULO RIO DE JANEIRO PATRICIA CIVIDANES TEATRO COLISEU 12.09 SEG 19H 13.09 TER 19H 240 min 18 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO GERAL FELIPE HIRSCH COM CACO CIOCLER, CAIO BLAT, GEORGETTE FADEL, ISABEL TEIXEIRA, JAVIER DROLAS, JULIA LEMMERTZ E MAGALI BIFF DIREÇÃO DE ARTE DANIELA THOMAS E FELIPE TASSARA ILUMINAÇÃO BETO BRUEL DIREÇÃO MUSICAL, MÚSICA ESCRITA E ARRANJOS ARTHUR DE FARIA MÚSICOS ULTRALÍRICOS ARKESTRA A TRAGÉDIA LATINOAMERICANA E A COMÉDIA LATINOAMERICANA. SEGUNDA PARTE: A COMÉDIA LATINO-AMERICANA ULTRALÍRICOS O MIRADA acolhe a estreia nacional da segunda parte desse projeto do diretor Felipe Hirsch (ele transita por Rio, São Paulo e Curitiba) e do coletivo Ultralíricos, com o qual vem trabalhando desde o pontapé da série Puzzle, em 2013, a convite da Feira do Livro de Frankfurt. São três anos de convicção mais experimental e política a reboque de questões como educação, violência, consumo desenfreado e até os recentes protestos pelo país. A ideia inicial era fazer “uma tragédia um pouco mais carinhosa e a comédia, mais violenta”, no dizer do diretor. E assim deve ser. A música confere um caráter ritual que desdobra em uma espécie de “ópera macabra ou musical farrista”. Na dramaturgia, fragmentos, adaptações e trechos de narrativas em prosa ou poesia da Argentina (J. P. Zooey, Pablo Katchadjian), Brasil (Lima Barreto, Sousândrade), Chile (María Luisa Bombal), Colômbia (Andrés Caicedo), Cuba (Cabrera Infante), Equador (Pablo Palacio), México (Juan Villoro) e Uruguai (Héctor Galmés e Horacio Quiroga), entre outros. A cenografia é delimitada por enormes blocos de isopor. 26 27 ÃRRÃ BRASIL SÃO PAULO EMPÓRIO DE TEATRO SORTIDO PEDRO BONACINA E RENATA TEREPINS GINÁSIO SESC SANTOS 14.09 QUA 21H 15.09 QUI 20H 75 min 12 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO E DIREÇÃO VINICIUS CALDERONI COM LUCIANA PAES E THIAGO AMARAL CENOGRAFIA VALENTINA SOARES E WAGNER ANTÔNIO FIGURINO VALENTINA SOARES ILUMINAÇÃO WAGNER ANTÔNIO MÚSICA ORIGINAL E SONOPLASTIA MIGUEL CALDAS DIREÇÃO DE MOVIMENTO FABRÍCIO LICURSI ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO GUILHERME MAGON DIREÇÃO DE PRODUÇÃO CÉSAR RAMOS E GUSTAVO SANNA Nem sempre o pensamento condiz com o lugar em que se está fisicamente. A suspensão de tempo no espaço é um parâmetro que Vinicius Calderoni gosta de perseguir na dramaturgia, ofício a que se dedica desde 2010 em carreira endereçada ainda ao audiovisual e à música, integrante da banda 5 a Seco. Toda interjeição ou onomatopeia, como a do título, têm a ver com o brincar com a língua. É por aí que caminha a peça, num jogo de vozes para dois atores em que a escrita/fala soa como se não fosse da jurisdição do que é um texto dramático, num moto-contínuo de diálogos e narrações feéricos. A cena sobre espectadores de um concerto para violoncelo solo salta para a de um casal em seu primeiro encontro na mesa de um bar. De uma aldeia na África, onde uma menina sofre o ritual de mutilação genital, súbito, gira para o pronunciamento de um presidente da República. E assim vai. Sob figurino-base preto e espaço cênico dominantemente vazio triunfa a dupla de comediantes (na acepção mais nobre) Luciana Paes e Thiago Amaral, conhecida da Cia. Hiato e, aqui, tornando singular o trabalho da Cia. Empório de Teatro Sortido. 28 29 BLANCHE BRASIL SÃO PAULO INES CORREA PRÉDIO DE PREVENÇÃO SABESP (CASA ROSADA) 12.09 SEG 20H 13.09 TER 20H 120 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 PREPARAÇÃO DE CORPO E VOZ E DIREÇÃO GERAL ANTUNES FILHO COM MARCOS DE ANDRADE, ANDRESSA CABRAL, FELIPE HOFSTATTER, ALEXANDRE FERREIRA, LUIS FERNANDO DELALIBERA, BRUNO DI TRENTO, STELLA PRATA, VÂNIA BOWÊ, ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CAMPOS E GUTA MAGNANI ASSISTENTE DE DIREÇÃO FRANCIELI FISCHER FIGURINOS TELUMI HELLEN AMBIENTAÇÃO JOSÉ DE ANCHIETA GRUPO MACUNAÍMA E CPT – CENTRO DE PESQUISA TEATRAL SESC Com mais de seis décadas de ofício, o diretor Antunes Filho monta Um Bonde Chamado Desejo, do americano Tennessee Williams, como “uma viagem em fonemol”, referência à língua inventada e improvisada emitida pelos atores (lembra o russo). Um atalho para o inconsciente individual e coletivo, convidando o espectador a processar sua própria narrativa. Levado à cena pela primeira vez em Nova Velha Estória (1991), o recurso aperfeiçoa a técnica vocal e é fonte de insights na criação. O Centro de Pesquisa Teatral (CPT/Sesc) e o Grupo de Teatro Macunaíma subvertem expectativas quanto ao texto cuja maioria das montagens, no Brasil e lá fora, é impregnada da versão cinematográfica de 1951, do diretor Elia Kazan, consagrada por Marlon Brando e Vivien Leigh. Dentre as mudanças mais evidentes está a revisão do eixo dramático envolvendo a irmã e o cunhado da personagem realçada no título. O convívio de Blanche DuBois sob o mesmo teto com Stella e Stanley reabre feridas e impõe alteridades desesperadoras no plano da dignidade humana, da qual o machismo arraigado é apenas uma face. Blanche é interpretada por um ator. CABRAS – CABEÇAS QUE VOAM, CABEÇAS QUE ROLAM BRASIL SÃO PAULO 30 31 ALE CATAN CASA DA FRONTARIA AZULEJADA 12.09 SEG 20H 13.09 TER 20H 120 min 12 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO LUÍS ALBERTO DE ABREU DRAMATURGIA LUÍS ALBERTO DE ABREU E MARIA THAÍS DIREÇÃO MARIA THAÍS ASSISTENTE DE DIREÇÃO MURILO DE PAULA COM ANDRÉ MOREIRA, DEBORAH PENAFIEL, FLÁVIA TEIXEIRA, GISELE PETTY, GUSTAVO XELLA, JHONNY MUÑOZ, MAURÍCIO SCHNEIDER, NATACHA DIAS, VAL RIBEIRO E WELLINGTON CAMPOS CENOGRAFIA E FIGURINO MÁRCIO MEDINA DIREÇÃO MUSICAL DR MORRIS PREPARAÇÃO MUSICAL (RABECAS) ALÍCIO AMARAL ILUMINAÇÃO ALINE SANTINI PRODUÇÃO GÉSSICA ARJONA. PROJETO APOIADO PELA FUNDAÇÃO ARQUIVO E MEMÓRIA DE SANTOS CIA. TEATRO BALAGAN O espetáculo é dividido em quatro partes que abordam a relação entre guerra, festa e fé, cerne da pesquisa criativa do novo trabalho da Cia. Teatro Balagan, nome definido há 16 anos e que em variados idiomas pode significar feira, baderna, bagunça ou confusão, aludindo ainda à coexistência de múltiplas vozes, invariavelmente em fricção. Nas vinte crônicas independentes a vingança, o modo de ser guerreiro, o inimigo, os conflitos parentais e o nomadismo são narrados e cantados por vozes humanas, de animais e, ainda, de seres (da natureza, objetos). Uma ode à polifonia. De essência insubmissa, as cabras – ou os cabras – se aventuram em um mundo onde “viver é perigoso”. O ponto de partida é o cangaço e outros movimentos de resistência ao Estado, guerras não oficiais no Brasil que sempre foram fortemente reprimidas e findaram, em geral, com a decapitação e exposição das cabeças de seus líderes. Histórias que se mantêm presentes no imaginário popular, nas manifestações sagradas e nas festividades, como atos constantes de luta e criação. Obra verticalizada pela depuração continuada da equipe da diretora e pedagoga Maria Thais. 32 33 CARANGUEJO OVERDRIVE BRASIL RIO DE JANEIRO AQUELA COMPANHIA ELISA MENDES C.A.I.S. VILA MATHIAS 13.09 TER 20H 14.09 QUA 20H 60 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO PEDRO KOSOVSKI DIREÇÃO MARCO ANDRÉ NUNES COM CAROLINA VIRGUEZ, ALEX NADER, EDUARDO SPERONI, FELLIPE MARQUES, MATHEUS MACENA E RAVEL ANDRADE MÚSICOS EM CENA FELIPE STORINO, MAURÍCIO CHIARI E SAMUEL VIEIRA ILUMINAÇÃO RENATO MACHADO IDEIA ORIGINAL MAURÍCIO CHIARI PRODUÇÃO NÚCLEO CORPO RASTREADO Dois pernambucanos, o geógrafo Josué de Castro, autor de Geografia da Fome (1946), e o cantor e compositor Chico Science, da banda Nação Zumbi, projetados com o álbum Da Lama ao Caos (1994), são algumas das referências da carioca Aquela Cia. de Teatro no bem-sucedido espetáculo que comemorou sua primeira década, em 2015, e radiografou flagelos contemporâneos das grandes cidades brasileiras sob o prisma do Rio de Janeiro. Forte impacto na visualidade, referencial na literatura e um atravessamento da música com a cena ajudam a alicerçar a criação colaborativa. A dramaturgia plasma Cosme, o nome do sujeito recortado do século XIX em ziguezague pelas condições de soldado e de operário. Mergulhado na Guerra do Paraguai, ele sofre um colapso, enlouquece no front, volta ao Rio natal em 1870, procura o Mangue (hoje a Praça Onze), se emprega na construção do canal, saneia suas ideias com um historiador, uma cientista, um oficial do exército e uma prostituta, até novamente abandonar tudo, entrar em delírio, vagar pela noite, ser apanhado por uma tempestade e tornar-se enfim um caranguejo. 34 35 HAMLET – PROCESSO DE REVELAÇÃO BRASIL DISTRITO FEDERAL ISMAEL MONTICELLI TEATRO GUARANY 13.09 TER 21H 14.09 QUA 21H 120 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO ADRIANO GUIMARÃES E FERNANDO GUIMARÃES DRAMATURGIA E ELENCO EMANUEL ARAGÃO COLABORAÇÃO NA DIREÇÃO E FIGURINO LILIANE ROVARIS ILUMINAÇÃO DALTON CAMARGOS E SARAH SALGADO CENOGRAFIA ADRIANO GUIMARÃES, FERNANDO GUIMARÃES E ISMAEL MONTICELLI PROJETO GRÁFICO, WEBSITE E FOTOGRAFIA ISMAEL MONTICELLI ADMINISTRAÇÃO VERÔNICA PRATES - QUINTAL PRODUÇÕES DIREÇÃO TÉCNICA JOSENILDO DE SOUSA ASSISTÊNCIA GERAL EDUARDO JAIME IRMÃOS GUIMARÃES Para a tragédia das mais cultuadas nos palcos do mundo e repleta de perguntas saídas da cabeça do príncipe de Shakespeare, o Coletivo Irmãos Guimarães – do DF, 26 anos de história – e o ator e dramaturgo Emanuel Aragão – da Cia. das Inutilezas, do RJ – não fecham questão: “É melhor aguentar na sua cabeça as pedradas e flechadas do azar que se apresenta pra você ou pegar em armas contra um mar de problemas, enfrentá-los e acabar com eles?”. O enredo do filho que vinga a morte do pai pelo tio, assassino do rei-pai e doravante nos braços da rainha-mãe, transforma-se em pretexto para o solo balizado pelos conceitos da performance art. A proposição é radical: um ator em cena, o próprio dramaturgo, Aragão, tenta reconstruir a narrativa em um diálogo direto e aberto com a plateia. O espetáculo traz a concretização cênica do percurso trágico do personagem-título e deseja aliar, in loco, a dimensão performática do ator à dimensão do personagem presente na fábula. Busca-se responder a uma pergunta fundamental ao teatro contemporâneo: “Seria possível que, na cena, o ator/performer atravesse, concretamente, a trajetória da personagem?”. 36 37 LEITE DERRAMADO BRASIL SÃO PAULO EDSON KUMASAKA TEATRO SESC SANTOS 15.09 QUI 21H 16.09 SEX 21H 80 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO CHICO BUARQUE ADAPTAÇÃO, DIREÇÃO, CENOGRAFIA E CONCEPÇÃO GERAL ROBERTO ALVIM COM JULIANA GALDINO, RENATO FORNER, TAYNÃ MARQUEZONE, CAIO ROCHA, ÉRICA KOU, LEANDRO GRANCE E DIEGO MACHADO ILUMINAÇÃO DOMINGOS QUINTILIANO FIGURINOS JOÃO PIMENTA TRILHA SONORA ORIGINAL VLADIMIR SAFATLE CENOTECNIA E ADEREÇOS FERNANDO BRETAS FOTOS EDSON KUMASAKA CLUB NOIR A cia. Club Noir faz a estreia nacional da adaptação cênica do premiado romance homônimo de Chico Buarque. O livro de 2009 concebe uma visão panorâmica de séculos da história do país, apontando a necessidade urgente de reconstruirmos procedimentos éticos em direção a novas possibilidades de ação política. Em seu estertor delirante, abandonado numa maca em corredor de hospital público, o protagonista Eulálio Assumpção, de cem anos, é atravessado por um pandemônio no qual ruem as fronteiras que separam mundo interno e mundo externo, passado e presente, memória e imaginação, religião e poder, indivíduo e sociedade, política e mitologia. Ecos de antepassados aristocratas, avô latifundiário escravagista, pai senador corrupto, neto guerrilheiro, bisneto traficante... Perdulário, alienado, contraditório e ora falido, ele se defronta com a precariedade trágica de um sistema construído por uma elite rentista, e inscrita em seu DNA. O diretor Roberto Alvim preconiza a “imperiosa tarefa de presentificar em nossa brutal contemporaneidade a exata, impossível e transfiguradora mise-en-scène [encenação] da poesia”. 38 39 MONOTONIA DE APROXIMAÇÃO E FUGA PARA SETE CORPOS BRASIL SANTA CATARINA GRUPO CENA 11 CIA. DE DANÇA CRISTIANO PRIM TEATRO BRÁS CUBAS 13.09 TER 22H 14.09 QUA 22H 50 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 CRIAÇÃO, DIREÇÃO E COREOGRAFIA ALEJANDRO AHMED DIREÇÃO DE TRILHA SONORA, ILUMINAÇÃO E DIREÇÃO DE MONTAGEM HEDRA ROCKENBACH CRIAÇÃO, PESQUISA E PERFORMANCE ALINE BLASIUS, EDÚ REIS, JUSSARA BELCHIOR, KARIN SERAFIN, MARCOS KLANN, MARIANA ROMAGNANI, NATASCHA ZACHEO PIANO (J. S. BACH, FUGA Nº 22) ALBERTO HELLER ASSISTÊNCIA DE ENSAIO MALÚ RABELO ASSISTÊNCIA DE CRIAÇÃO E DIREÇÃO MARIANA ROMAGNANI ASSISTÊNCIA DE DIREÇÃO, ENSAIO E FIGURINO KARIN SERAFIN Interligações, contrapontos, modulações e polifonias são nuanças da forma de composição musical denominada fuga. À semelhança da peça instrumental ou vocal, a dança e o mover instauram uma instância na qual para se afirmar o mesmo é preciso ser sempre outro. Sendas para o espetáculo de 2014 da companhia catarinense que há 22 anos desenvolve pesquisa e formação continuadas. O corpo performa com o ambiente (Bach na trilha) um constante moldar-se às condições de existência. A interdependência de opostos já não é aqui apenas uma condição entre os corpos, mas, sim, entre tudo o que configura um modo de existir. Som, luz e movimento são codependentes e autores dessa experiência performativa de construção de mundo. Sempre confluindo teoria e prática em sua lida técnica particular, o Grupo Cena 11 Cia. de Dança propõe que existir pode ser dançar. Um ato de emergência daquilo que surge das relações no tempo, com o poder de revelar novos caminhos e universos possíveis, compartilhados com o público que ocupa uma arena no palco, ou seja, no mesmo plano dos artistas. 40 41 O ANO EM QUE SONHAMOS PERIGOSAMENTE BRASIL PERNAMBUCO RENATA PIRES GINÁSIO SESC SANTOS 12.09 SEG 21H 13.09 TER 21H 75 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO PEDRO WAGNER DRAMATURGIA GIORDANO CASTRO E PEDRO WAGNER COM ERIVALDO OLIVEIRA, GIORDANO CASTRO, MÁRIO SERGIO CABRAL, PEDRO WAGNER E OS ATORES STAND IN LUCAS TORRES E BRUNO PARMERA PREPARAÇÃO CORPORAL FLÁVIA PINHEIRO DESENHO DE SOM LEANDRO OLIVÁN DESENHO DE LUZ PEDRO VILELA TRADUÇÃO EM LIBRAS GRUPO MAGILUTH O oitavo trabalho do grupo do Recife reflete acumulações de 11 anos de trajetória – agora 12 – e a parabólica do momento político, as ocupações, os movimentos e a natureza das coisas. A cena pode ser entendida como uma plataforma de ações performativas que se deixam ocupar/contaminar pela dança, pelo teatro, pela obra cinematográfica do grego Yorgos Lanthimos, pelo pensamento filosófico do esloveno Slavoj Žižek e do francês Gilles Deleuze, entre outras variantes. Não se pretende um enredo, mas sensações e possibilidades de recepção a uma obra aberta a múltiplas interpretações. Seus artistas sinalizam com uma espécie de ensaio de resistência ético-estético-político. Pode-se fugir, esconder, confundir, sabotar, cortar caminho. Há, porém, a subjetividade e todas as suas nervuras e ramificações. Os chamados “sonhos emancipatórios” como Occupy Wall Street, Primavera Árabe e Revolução Laranja na Ucrânia, distintos nas expressões e questionamentos, reverberaram no Brasil de Junho de 2013. O espírito de época sintoniza ainda o Movimento Ocupe Estelita, na capital pernambucana, latente e pulsante nos corpos e discursos. 42 43 O AVESSO DO CLAUSTRO BRASIL SÃO PAULO CIA. DO TIJOLO ALÉCIO CEZAR TRADUÇÃO EM LIBRAS GINÁSIO SESC SANTOS 11.09 DOM 18H 12.09 SEG 18H 150 min 12 anos R$40 / R$20 / R$10 DRAMATURGIA CIA. DO TIJOLO DIREÇÃO DINHO LIMA FLOR E RODRIGO MERCADANTE COM LILIAN DE LIMA, KAREN MENATTI, DINHO LIMA FLOR, RODRIGO MERCADANTE E FLÁVIO BAROLLO DIREÇÃO MUSICAL WILLIAM GUEDES ORIENTAÇÃO TEÓRICA FREI BETTO MÚSICOS MAURÍCIO DAMASCENO, WILLIAM GUEDES, CLARA KOK MARTINS, EVA FIGUEIREDO E LEANDRO GOULART Personagem fundamental nas históricas lutas de resistência política durante a ditadura civil-militar no Brasil (1964-1985) e na construção do ideário das comunidades eclesiais de base, sempre engajadas nos movimentos sociais, o arcebispo de Recife e Olinda, o cearense Dom Helder Câmara (1909-1999), tem sua memória posta no coração da dramaturgia suscitada enquanto missa profana e poema, celebração da utopia e da canção, no dizer dos criadores da Cia. do Tijolo, que tem 8 anos. Inspirado pela lira do bispo poeta, o espetáculo anseia por uma vigília coletiva para os dias de hoje a partir da trajetória de três figuras cheias de questionamentos e perplexidades diante da realidade, perambulantes pelo centro de três grandes cidades brasileiras: um pesquisador em visita ao Recife, uma moradora que caminha pelas ruas de São Paulo e uma cozinheira que vive aos pés do Cristo Redentor. Num encontro inusitado, elas se permitem ouvir de novo a voz do religioso, seus lampejos. Em diálogo com ele, ora concordam, ora se permitem questioná-lo. Em comum, não lhes faltam força para imaginar novos horizontes em tempos obscuros. 44 45 O SOM DAS CORES BRASIL MINAS GERAIS CATIBRUM TEATRO DE BONECOS GUTO MUNIZ TEATRO SESC SANTOS 17.09 SÁB 17H30 18.09 DOM 17H30 50 min Livre R$40 / R$20 / R$10 ESPETÁCULO PARA CRIANÇAS DRAMATURGIA E DIREÇÃO LELO SILVA COM LEANDRO MARRA, ROONEY TUAREG, CAMILLA MELO E DANIELA PERUCCI (ATORES-MANIPULADORES) TRILHA SONORA BANDA GRAVEOLA E O LIXO POLIFÔNICO DESENHO DE LUZ LELO SILVA, LEANDRO MARRA E TIM SANTOS SONOPLASTIA TIM SANTOS Uma menina cega sai de casa em busca de seu cão. Lúcia acredita que ele levou seus olhos. Em jornada pela cidade, ela explora os demais sentidos, a audição, a escuta e o tato, como que num labirinto de fantasia e imaginação. A adolescente adentra o subterrâneo das estações do metrô e deambula na superfície. Na tentativa de recuperar a visão, enfrenta perigos e derrota inimigos. A narrativa dos mineiros do Catibrum Teatro de Bonecos é influenciada pelo livro O Som das Cores, do taiwanês Jimmy Liao (1958), e pelo poema O Cego, do tcheco Rainer Maria Rilke (1875 -1926). Outra ponte decisiva são os filmes de aventura. O simbolismo ganha reforço com a trilha sonora original do coletivo experimental Graveola e o Lixo Polifônico. Em 25 anos de pesquisa de novas técnicas em formas animadas, o grupo teatral reverbera os versos de Rilke sobre o cego na paisagem urbana, traduzidos por Augusto de Campos: “Sombras das coisas, como numa folha,/ nele se riscam sem que ele as acolha:/ só sensações de tato, como sondas,/ captam o mundo em diminutas ondas: serenidade; resistência”. Sensibilidade não tem idade. 46 47 SUA INCELENÇA, RICARDO III BRASIL RIO GRANDE DO NORTE RAFAEL TELLES PARQUE ROBERTO MÁRIO SANTINI (EMISSÁRIO) 10.09 SÁB 17H30 11.09 DOM 17H30 90 min 14 anos Grátis TEXTO ORIGINAL WILLIAM SHAKESPEARE ADAPTAÇÃO DRAMATÚRGICA FERNANDO YAMAMOTO DIREÇÃO GERAL GABRIEL VILLELA DIRETORES ASSISTENTES FERNANDO YAMAMOTO E IVAN ANDRADE COM CAMILLE CARVALHO, DUDU GALVÃO, CÉSAR FERRARIO, JOEL MONTEIRO, MARCO FRANÇA, NARA KELLY, PAULA QUEIROZ E RENATA KAISER FIGURINOS GABRIEL VILLELA CENÁRIO RONALDO COSTA DIREÇÃO MUSICAL MARCO FRANÇA, ERNANI MALETTA E BABAYA ESPETÁCULO DE RUA CLOWNS DE SHAKESPEARE O espetáculo ocupa o espaço público, fundindo e friccionando, poeticamente, a sangria desatada na peça de William Shakespeare e as referências da cultura popular do interior brasileiro, sobretudo mineira e potiguar, fruto da parceria do diretor Gabriel Villela com o Grupo Clowns de Shakespeare. A fábula sobre o duque que ascendeu a rei usurpando o trono na Inglaterra de mais de cinco séculos atrás vem atrelada à tradição do circo mambembe e das carroças ciganas. O plano de fundo é a Guerra das Rosas, entre os clãs Lancaster (rosa vermelha) e York (rosa branca, de Ricardo). O título faz trocadilho com o pronome de tratamento dedicado a autoridades constituídas. As “incelenças” são um gênero musical fúnebre tipicamente nordestino e pertinente aos assassinatos e traições do vilão rumo à coroa. De fato, a musicalidade é uma das tônicas do trabalho de 2010 visto em outros estados e em países como Rússia, Espanha, Chile e Uruguai. A visualidade dos figurinos e adereços e a gestualidade do elenco (inclinações à dança) também sustentam as cenas gestadas entre Natal, praiana, e Acari, no sertão do Seridó. TEATRO DOS SERES IMAGINÁRIOS BRASIL RIO GRANDE DO SUL 48 49 RIQUE BARBO ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 13.09 TER 17H 14.09 QUA 17H BERTIOGA 9.09 SEX 20H PRAIA GRANDE 11.09 DOM 16H Sessões de 10 min Livre Grátis ROTEIRO E DIREÇÃO DE CENA JACKSON ZAMBELLI CRIAÇÃO E DIREÇÃO GERAL CACÁ SENA MANIPULAÇÃO CACÁ SENA, CHARLES KRAY, ELAINE REGINA E SILVIA REGINA FERRARE ILUMINAÇÃO CAROL ZIMMER TÉCNICO DE MONTAGEM DANIEL FETTER PRODUÇÃO EXECUTIVA ÉVERTON KNIPHOFF E VINICIUS CORRÊA DESENHO E CONSTRUÇÃO DOS SERES OBA – OFICINA DE BONECOS ANIMADOS (HELOISA DILE, RENATO SPINELLI E DUDA SPINELLI) MÚSICA SÉRGIO OLIVE ESPETÁCULO DE RUA CIA. SERES IMAGINÁRIOS A fantasia voa longe no espetáculo de manipulação de bonecos cuja forma narrativa é estruturada a partir do espaço comum em que o espectador acompanha a sessão, de cerca de dez minutos, postando-se em pé e colocando a cabeça num dos buracos de uma caixa de tecido suspensa a 1,5 metro do chão. A relação intimista com as figuras que brotam lá dentro ocorre a poucos centímetros do rosto das pessoas – na altura de olhos, nariz e ouvidos – e no plano aéreo. Adultos e crianças são transportados a outras realidades por meio de procedimentos cênicos essencialmente artesanais e dignos das imagens em terceira dimensão. Texturas, desenhos de luz, sombras e sonoridades realçam fisionomias e corpos nas chaves do humano, do animal e da máquina. Criaturas do território do fantástico. A vivência singular permite, por exemplo, aferir mais atentamente correspondências entre um helicóptero e um tubarão na interposição de céu e mar. O trabalho multissensorial de 2014 deu origem à Companhia Seres Imaginários, de Porto Alegre, sob inspiração de O Livro dos Seres Imaginários (1957), de Jorge Luis Borges e Margarita Guerrero. 50 51 VIÚVAS – PERFORMANCE SOBRE AUSÊNCIA BRASIL RIO GRANDE DO SUL Ponto de encontro na Ponte Edgard Perdigão, em frente ao nº 63. Não acessível para pessoas com mobilidade reduzida. 15.09 QUI 17H 16.09 SEX 17H 17.09 SÁB 17H 60 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 Venda de ingressos limitada a um par por pessoa. CRIAÇÃO COLETIVA A PARTIR DO TEXTO DE ARIEL DORFMAN DRAMATURGIA, ILUMINAÇÃO, FIGURINOS E DIREÇÃO DA TRIBO COM PAULO FLORES, TÂNIA FARIAS, CLÉLIO CARDOSO, MARTA HAAS, PAULA CARVALHO, EUGÊNIO BARBOZA, JANA FARIAS, LUCAS GHELLER, ROBERTO CORBO, LETÍCIA VIRTUOSO, JÚLIO KACZAM, MAYURA MATOS, KETER VELHO, LUANA ROCHA, ALEX DOS SANTOS, PASCAL BERTEN, PEDRO ISAÍAS LUCAS, DALVANA VANSO, ALINE FERRAZ, ALESSANDRO MULLER, EDUARDO ARRUDA, DANIEL STEIL E MÁRCIO LEANDRO OPERAÇÃO DE LUZ E SOM DANIEL STEIL E CLÉLIO CARDOSO MÚSICA JOHANN ALEX DE SOUZA E TRIBO CLAUDIO ETGES MUSEU HISTÓRICO FORTALEZA DE SANTO AMARO DA BARRA GRANDE TRIBO DE ATUADORES ÓI NÓIS AQUI TRAVEIZ Mulheres de um povoado às margens de um rio lutam pelo direito de saber onde estão os pais, maridos ou filhos mortos pela ditadura civil-militar no país. Nessa alegoria dos processos históricos da América Latina, a personagem Sophia rompe com a indeterminação quanto aos desaparecidos. Ela se senta numa rocha à beira do rio e espera – afinal, as águas hão de devolver os corpos ali atirados. Não vacila ante a arrogância e arbitrariedade do poder. A pesquisa da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz persevera em manter viva a memória desse tempo de horror, para que não se repita. Inspira-se no romance Viúvas (Viudas, 1981), do chileno Ariel Dorfman que, dez anos depois, o adaptou para o teatro a quatro mãos com o americano Tony Kushner. Na estreia do trabalho, em 2011, o público de Porto Alegre ia de ônibus até a margem do rio Guaíba e, de lá, seguia de barco por cerca de 2,5 km até as ruínas da Ilha do Presídio/Pedras Brancas, destino forçado de presos políticos no regime militar. No MIRADA, o “teatro de vivência” acontece na Fortaleza da Barra, fortificação construída no Guarujá em 1584. ZONA! BRASIL SÃO PAULO 52 53 O COLETIVO ADILSON FELIX BACIA DO MERCADO Ponto de encontro no Sesc Santos. Espetáculo itinerante. Não acessível para pessoas com mobilidade reduzida. 9.09 SEX 21H30 10.09 SÁB 21H30 11.09 DOM 21H30 12.09 SEG 21H30 14.09 QUA 21H30 15.09 QUI 21H30 80 min 18 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO KADU VERÍSSIMO TEXTO E DRAMATURGIA CRIAÇÃO COLETIVA COM JUNIOR BRASSALOTTI, CAIO MARTINEZ PACHECO, RENATA CARVALHO, PRISCILA RIBEIRO, MALVINA COSTA, LÉO BACARINI, THAYS BRATS, RAQUEL ROLLO, MARIO ACENJO E KADU VERÍSSIMO FIGURINOS E ILUSTRAÇÕES KADU VERÍSSIMO ILUMINAÇÃO O COLETIVO TÉCNICA FERNANDO HENRIQUE DE GOIS, RAFAEL RUANO, WENDELL MEDEIROS E REBECCA ALBA Crime, fuga e mágoas afogadas em mesa de bar. A sequência a seco não dá conta da experiência repleta de camadas. Designação de pequenos barcos ou prostitutas, conforme o dicionário, as catraias são determinantes no itinerário cênico pela zona portuária santista. No primeiro episódio, em alto mar, personagens perdidos, em busca de ou fugindo de, conduzem o público pela rota perto dos navios. No segundo, fantasmas do bairro do Paquetá cortejam o espectador pelas ruas e contornos do Mercado Municipal, área outrora de luxo e hoje abandonada. Por fim, o ato em ponte com os cabarés, à la teatrólogo alemão Bertolt Brecht, numa ocupação de moradia. Autorreconhecido herdeiro dos tempos maus da obra de Plínio Marcos (1935-1999), O Coletivo formado em 2012, na Vila do Teatro, espaço de ocupação artística e gestão cultural autônoma, quer dar sequência às denúncias do ponto onde o autor as deixou. Por uma perspectiva caiçara e cuja linguagem abarque elementos da performance, da cena épica e das artes plásticas. Em permanente diálogo com a população, seres reais e, não raro, à margem na vida contemporânea. ACAPELA CHILE 56 57 JAVIERA PEÓN-VEIGA FABIÁN CAMBERO GINÁSIO SESC SANTOS 17.09 SÁB 18H 18.09 DOM 18H 70 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO JAVIERA PEÓN-VEIGA CRIAÇÃO E INTERPRETAÇÃO MACARENA CAMPBELL, CAROLINA CIFRAS, ANGÉLICA VIAL, ARIEL HERMOSILLA, EMILIO EDWARDS, CLAUDIO MUÑOZ DESENHO CÊNICO ANTONIA PEÓN-VEIGA, CLAUDIA YOLÍN DESENHO SONORO ANGÉLICA VIAL PRODUÇÃO GERAL SUSANA TELLO PROJETO FINANCIADO PELO FONDO NACIONAL DE DESARROLLO CULTURAL Y LAS ARTES DE CHILE (APOIO, INTERCÂMBIO E DIFUSÃO CULTURAL 2016), FONDART NACIONAL CONCURSO 2014. PROJETO ACOLHIDO PELA LEY DE DONACIONES CULTURALES DE CHILE Um globo inflado abriga público e bailarinos na experiência artística destinada a ressignificar os sentidos da respiração. A ação vital para qualquer ser vivo é a razão de ser da obra em dança, disposta a estimular o sujeito a perceber sua maneira de estar no mundo e, às vezes, reinventá-la. O espaço silencioso, sensorial, pode ser ilustrado como uma instalação-pulmão e seu movimento duplo e contínuo de inspiração e expiração. A sonoridade do fôlego é sutil, um sopro permanente. A coreógrafa Javiera Peón-Veiga fala no motor invisível dos estados de consciência, na descoberta do potencial revolucionário a suportar o tecido fisiológico, as camadas emotivas, psíquicas e energéticas. Em Acapela (2015), a investigação passa por um corpo sonoro e vibrátil. Como ativar outros modos de comunicação levando em conta a animalidade e o ritmo? Com estudo ou residência artística na Inglaterra e na França, Javiera elege fontes diversas como as artes marciais orientais e técnica de meditação. Ela é conhecida em seu país por trazer novo alento à coreografia contemporânea. 58 59 CHILE LA CONTADORA DE PELÍCULAS TEATROCINEMA [A CONTADORA DE FILMES] MONTSERRAT QUEZADA ANTEQUERA TEATRO BRÁS CUBAS 16.09 SEX 22H 17.09 SÁB 22H 90 min 10 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO GERAL SOFÍA ZAGAL ADAPTAÇÃO LAURA PIZARRO, DAUNO TOTORO, JULIÁN MARRAS, MONTSERRAT QUEZADA E SOFÍA ZAGAL COM LAURA PIZARRO, SOFÍA ZAGAL, CHRISTIAN AGUILERA, DANIEL GALLO E FERNANDO OVIEDO Não é difícil imaginar as dificuldades de quem vive e trabalha na região das minas de salitre no deserto de Atacama, no norte chileno. Foi lá que o escritor Hernán Rivera Letelier, de 66 anos, passou a infância e, por isso, escolheu a geografia isolada para ambientar a história de María Margarita no livro lançado em 2009 e adaptado sob mesmo título pela Cia. Teatrocinema, em 2015. O espetáculo perpassa a infância e a vida adulta da mulher que, por causa do pai inválido, passou a narrar a ele, e depois a outros impossibilitados de ir ao cinema, as aventuras, dramas e comédias a que assistia. A protagonista chega a ser eleita a melhor contadora de filmes do local. Ela relata, atua, canta, dramatiza e interpreta até epopeias aos operários e familiares. Com o passar dos anos, os moradores, assim como sal, estão condenados a desaparecer. Mas Margarita resiste com seus fantasmas e fantasias. A Teatrocinema deriva da companhia La Troppa (1987-2006) e é cultuada pela multidimensionalidade da cena ao fundir ator-imagem. CAMARGO COLÔMBIA 62 63 LA CONGREGACIÓN TEATRO CAMILO MONTIEL MENDOZA AUDITÓRIO SESC SANTOS 16.09 SEX 19H 17.09 SÁB 19H 70 min 18 anos R$40 / R$20 / R$10 Venda de ingressos limitada a um par por pessoa. TEXTO E DIREÇÃO JOHAN VELANDIA COM ANA MARÍA SÁNCHEZ, JUANITA CETINA, DIANA BELMONTE, NELSON CAMAYO E JOHAN VELANDIA TÉCNICO DE LUZ MAICOL MEDINA ASSISTENTE DE DIREÇÃO RICHARD EVANS Como a arte pode abordar a mente de um psicopata que matou mais de 150 mulheres, entre 8 e 20 anos, por considerá-las virgens? A companhia La Congregación Teatro transpõe para o espaço cênico as terríveis alegações e práticas reais de Daniel Camargo Barbosa (1930-1994), confrontadas ao ponto de vista das vítimas. O colombiano que se dizia evangélico e soava amável em sua debilidade transitou ainda por Brasil e Equador, sendo este o país onde cometeu a maioria dos crimes na década de 1980. As mortes se davam por estrangulamento, após estupro. Invariavelmente, aconteciam junto às populações empobrecidas. A encenação incorpora certa camada do teatro documentário (fotos das jovens violadas), mas predomina o clima de suspense e mistério. Os espectadores ocupam cadeiras ao longo de uma mesa na qual os personagens gravitam. A companhia foi cofundada em 2006 pelo ator, diretor e dramaturgo Johan Velandia. Reúne artistas de teatro, dança, música e audiovisual mobilizados por temas sociais e políticos. 64 65 REBÚ COLÔMBIA [REBU] TEATRO DEL EMBUSTE & ESPACIO ODEÓN DANILO CANGUÇU CASA DA FRONTARIA AZULEJADA 16.09 SEX 20H 17.09 SÁB 20H 90 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO E ADAPTAÇÃO MATÍAS MALDONADO ELENCO HERNÁN CABIATIVA, NATALIA HELO, JAVIERA VALENZUELA E JAVIER GARDEAZÁBAL DIREÇÃO DE ARTE LUCAS MALDONADO PROJETO APOIADO PELO MINISTERIO DE CULTURA DE COLOMBIA – BOLSA DE CIRCULAÇÃO INTERNACIONAL PARA CRIADORES E ARTISTAS DE TEATRO E CIRCO; FUNDAÇÃO ARQUIVO E MEMÓRIA DE SANTOS Rara oportunidade para conferir como um dramaturgo brasileiro é lido por artistas de outro país. A tragicomédia do carioca Jô Bilac foi montada em 2009 pela Cia. Teatro Independente (RJ) e estreou no ano passado em Bogotá, uma iniciativa do coletivo Teatro del Embuste. A ação se passa no inverno de 1894, num gélido golfo no oeste da Noruega. Torvaldo e Bianca são recém-casados e vivem apartados do mundo. Eles recebem a visita da irmã do marido, Vladín, que supostamente passará ali seus últimos dias. Ela traz consigo aquele que considera seu bem mais precioso, Nataniel, enigmático personagem tratado como filho. A convivência desse quarteto vai aflorar segredos terríveis e inconfessáveis de cada um. O diretor e adaptador Matías Maldonado define sua versão como “livre e espontânea” para a peça de pendor surrealista e plena em problematizar o lugar da representação ao jogar com o teatro dentro do teatro. O coletivo Del Embuste nasceu há apenas dois anos e fez a produção em parceria com o Espacio Odeón, um centro cultural. 68 69 ANTIGONÓN, UN CONTINGENTE ÉPICO CUBA TEATRO EL PÚBLICO [ANTIGONÓN, UM CONTINGENTE ÉPICO] LESSY TEATRO COLISEU 15.09 QUI 22H 16.09 SEX 22H 80 min 18 anos R$40 / R$20 / R$10 DRAMATURGIA ROGELIO ORIZONDO DIREÇÃO CARLOS DI DÍAZ COM GISELDA CALERO, DAYSI FORCADES, LUIS MANUEL ÁLVAREZ, ABEL BERENGUER, LINNET HERÁNDEZ, YAIKENIS ROJAS E YORDANKA ARIOSA Uma profunda reflexão sobre Cuba e os cubanos segundo um dos grupos mais ativos de Havana, o Teatro El Público, que desde sua fundação, em 1992, é dirigido por Carlos Díaz. Mas o contraponto está no diálogo geracional com dramaturgo e atores na casa dos 20 e 30 anos, ávidos por cultivar a arte no presente e perceber o passado sem mitificação. Parafraseando Antígona, a heroína grega de Sófocles que enfrenta o rei pelo direito de levar o irmão à cova, a questão de fundo é viver com o enterrado ou enterrar o vivido. Não há trama, mas sucessão de quadros, por vezes carnavalizados, mesclando personalidades da Revolução Cubana (em poemas ou imagens) e figuras comuns como trabalhadores e estudantes de hoje, críticos. A sensualidade na movimentação dos corpos também diz muito sobre a gente e a cultura do país caribenho. A obra é fruto da pesquisa de graduação do autor Rogelio Orizondo e das atrizes Giselda Calero e Daysi Forcade. Eles foram orientados por Díaz, que depois os abraçou na produção vista em festivais internacionais com surpreendente recepção. 72 73 BARRIO CALEIDOSCOPIO EQUADOR TEATRO DE LA VUELTA [BAIRRO CALEIDOSCÓPIO] MATEO GARCIA PRÉDIO DE PREVENÇÃO SABESP (CASA ROSADA) 14.09 QUA 20H 15.09 QUI 20H 60 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO, ATUAÇÃO E DIREÇÃO-GERAL CARLOS GALLEGOS DIREÇÃO DE ATORES GONZALO GONZALO CENOGRAFIA E FIGURINOS VIRGINIA CORDERO A. MÚSICA ORIGINAL MIGUEL SEVILLA Com um mote próximo do imponderável, o solo do ator, pedagogo, dramaturgo e diretor Carlos Gallegos pretende surpreender o público com as peripécias de Afonsito. O personagem (uma criança, um adolescente, um adulto?) amanhece com vontade de ir ao armazém e comprar pão, talvez dois, dependendo do preço. Mas seu maior obstáculo será encarar, finalmente, o sentimento que costuma paralisá-lo: o medo. Ele precisa aparentar ser como os outros, os chamados “normais”. O trajeto implica passar velozmente pela rua e evitar as piadas dos amigos, a melancolia dos garis e o encontro com sua comadre maquiavélica. E na hora de o vendedor lhe entregar o saco de pão, terá de zelar para não explodir o músculo vermelho dentro do peito. É a partir de uma cadeira que o ator faz essas andanças imaginárias e colore sua fala por meio da gestualidade e da expressão facial. Como no artefato óptico do título, são múltiplas as simetrias. O equatoriano Carlos Gallegos criou a companhia Teatro de la Vuelta em 2002. 76 77 4 ESPANHA MARC GINOT TEATRO SESC SANTOS 8.09 QUI 20H 9.09 SEX 21H 75 min 18 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO, ESPAÇO CÊNICO E ENCENAÇÃO RODRIGO GARCÍA COM GONZALO CUNILL, NÚRIA LLOANSI, JUAN LORIENTE E JUAN NAVARR CENOGRAFIA E LUZ SYLVIE MÉLIS CRIAÇÃO DE VÍDEO SERGE MONSÉGU, DANIEL ROMERO E RAMÓN DIAGO CRIAÇÃO DE SOM DANIEL ROMERO, SERGE MONSÉGU E JUAN NAVARRO RODRIGO GARCÍA Desista de encontrar um tema a priori em peça de Rodrigo García, o diretor e dramaturgo argentino radicado em Madri, onde fundou o coletivo La Carnicería Teatro, em 1989. Para ele, é tarefa do espectador detectar o que lhe pareça essencial. A forma costuma ser radical e flerta com a cultura de massa. Mesmo ao criticar o triunfo do consumismo, como nesta criação de 2015. Entre os ruídos de imagens, estão movimentos com roupa ensaboada, galos que calçam tênis infantis e vagueiam livremente, minhocas presas por plantas carnívoras, desenhos animados, o sobrevoo de um drone e reflexões sobre o doggy style. O palco poderia ser uma tela frontal com perpendiculares, volumes, frente, fundo e vazios compostos de texto, vídeo, corpo, objeto, música. O artifício das artes cênicas é munição poética para o manifesto contra a fabricação da imagem, as ditaduras publicitárias e industriais do que é beleza. A violência sobre a mulher, o homem, o velho e, como mais perversão, o adolescente e a criança. Em tempo: o título alude ao número de atores (participam ainda duas meninas da cidade de Santos, por volta de dez anos). ANDANTE ESPANHA 78 79 MARKELIÑE LUIS ANTONIO BARAJAS ESPETÁCULO DE RUA SÃO VICENTE 15.09 QUI 12H30 SANTOS FONTE DO SAPO 17.09 SÁB 19H CUBATÃO 18.09 DOM 16H 50 min Livre Grátis AUTORIA E DIREÇÃO COLETIVA MARKELIÑE COM JON KEPA ZUMALDE, ITZIAR FRAGUA, FERNANDO BARADO E ROBERTO CASTRO COORDENAÇÃO IÑAKI EGUILUZ DIREÇÃO TÉCNICA PACO TRUJILLO DESENHO E REALIZAÇÃO CENOGRÁFICA PAKO RUIZ. PROJETO APOIADO PELO INSTITUTO ETXEPARE Antes que surjam os atores, o caminho ao ar livre recebe cinco instalações em diferentes pontos, distantes cerca de 30 metros entre si. São nichos artísticos. Sugerem imagens visuais por meio de sapatos, botas, malas, velas, um espelho trincado, uma cadeira quebrada, um microfone antigo, areia, cacos de telha, etc. Quem passa pelo local público se pergunta do significado. No segundo momento, com a chegada de três atores e um músico, a bordo ou empurrando sua espécie de carroça mambembe, aqueles objetos ganham nexo. Três figuras com máscaras fazem emergir de cada item um halo de história, como se todas as quinquilharias fossem devolvidas à superfície pelo mar, pela memória. O público acompanha essa paisagem de estações à maneira de um cortejo que prospecta emoções de humor e drama. A narrativa toca em momentos históricos que a humanidade não deveria esquecer. A pesquisa estética continuada com movimento e objetos cênicos são condicionantes na bem-sucedida trajetória da Markeliñe Compañia Teatro, fundada em 1987 em Bilbao, no País Basco. 80 81 BIRDIE ESPANHA PASQUAL GORRIZ TEATRO GUARANY 12.09 SEG 18H e 21H30 60 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 CRIAÇÃO ÀLEX SERRANO, PAU PALACIOS E FERNANDO DORDAL COM ALBERTO BARBERÁ, ÀLEX SERRANO E PAU PALACIOS VOZ SIMONE MILSDOCHTER DESENHO DE LUZ ALBERTO BARBERÁ DESENHO DE SOM ROGER COSTA VENDRELL AGRUPACIÓN SEÑOR SERRANO A expressão em inglês designa tanto o passarinho como o lance de golfe em que o jogador acerta a bola no buraco com uma tacada. O espetáculo da Agrupación Señor Serrano (vencedora do Leão de Prata da Bienal de Veneza 2015) estreou em julho deste ano e discute o fenômeno da miragem. Aquilo que é falso e se faz passar por verdadeiro. A performatividade põe em xeque a imagem. De um lado, guerra, seca, desmatamentos, exploração de trabalho, instabilidade política, péssimas condições sanitárias, perseguições, deportações forçadas, escassez de alimentos, etc. De outro, supermercados, segurança na rua, estabilidade familiar, banheiros, liberdades, trabalho remunerado, bem-estar social, reciclagem, energias renováveis, mobilidade social, etc. Bandos de pássaros sobrevoam essas miragens. Migram aos milhares. Seus deslocamentos geram formas impossíveis no céu. E por trás deles há planetas, asteroides, galáxias, sangue, células, armas, átomos, elétrons, publicidade, quarks, ideologia, medo, resíduos, esperança, etc. No cosmo, a quietude inexiste, é uma quimera. A única coisa que há é o movimento. Pois se é impossível parar um elétron, qual o sentido de abrir valas contra a revoada de pássaros? O coletivo de Barcelona mostra ainda uma segunda performance no MIRADA, Brickman Brando Bubble Boom. 82 83 BRICKMAN BRANDO BUBBLE BOOM – BBBB ESPANHA ALFRED MAUVE TEATRO GUARANY 10.09 SÁB 18H e 21H30 60 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 IDEIA ORIGINAL ÀLEX SERRANO Y PAU PALACIOS CRIAÇÃO E PERFORMANCE DIEGO ANIDO, ÀLEX SERRANO, PAU PALACIOS E JORDI SOLER CRIAÇÃO E DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO MARTÍ SÁNCHEZ-FIBLA ASSESSOR DRAMATÚRGICO FERRAN DORDAL DESENHO DE SOM ROGER COSTA VENDRELL E DIEGO ANIDO AGRUPACIÓN SEÑOR SERRANO O que pode haver em comum entre John Brickman, construtor do século XIX, pioneiro no sistema de hipotecas, e o ator Marlon Brando, ícone do cinema no século XX? Como a maioria dos seres humanos, ambos ambicionavam carinho, reconhecimento e casa. O teto, ironicamente, eles não conseguiram, no sentido de ter um ninho para chamar de seu. Essa estranha aproximação atemporal faz parte da narrativa original que a Agrupación Señor Serrano adota ao expor os reflexos da especulação imobiliária em seu país e disseminados a outras artérias do capitalismo global. A alusão ao boom da bolha leva à passagem de cena em que os artistas constroem uma casa com paredes de isopor. Esta fará jus ao caráter efêmero do teatro. Já uma maquete ampliada por meio de projeção e outras interfaces audiovisuais – como a captura de imagens ao vivo – também reafirmam o caráter performativo da proposta. Nascido em Barcelona em 2006, o coletivo (que também está no MIRADA com Birdie) cria um curto-circuito entre hiperinovadores produtos tecnológicos e modernas peças vintage. Resulta audaz a simbiose teatro, dança e videoarte ao aguçar os mecanismos de percepção humana. FUGIT ESPANHA 84 85 CIA. KAMCHÀTKA [FUGIDO] SYLVIE BOSC ESPETÁCULO DE RUA SANTOS – CENTRO HISTÓRICO Ponto de encontro no Centro de Pesquisa das Narrativas Visuais do Valongo. Espetáculo itinerante. Não recomendado para menores de 7 anos e pessoas com mobilidade reduzida. 15.09 QUI 19H 16.09 SEX 15H e 19H 90 min Livre R$40 / R$20 / R$10 DIRETOR ARTÍSTICO E COCRIADOR ADRIAN SCHVARZSTEIN COM OS COCRIADORES CRISTINA AGUIRRE, MAÏKA EGGERICX, CLAUDIO LEVATI, ANDREA LORENZETTI, JUDIT ORTIZ, LLUÍS PETIT, JOSEP ROCA, EDU RODILLA, SANTI ROVIRA, GARY SHOCHAT, PRISCA VILLA E JORDI SOLÉ RESPONSÁVEL TÉCNICO LAURENT DRISS APOIO À CRIAÇÃO DERRIÈRE LE HUBLOT, FRANÇA; PRONOMADE(S) EN HAUTEGARONNE – CENTRE NATIONAL DES ARTS DE LA RUE, FRANÇA; FESTIVAL SCÈNES DE RUE MULHOUSE, FRANÇA; FIRA TÀRREGA – TEATRE AL CARRER, CATALUNHA, ESPANHA; CENTRO DE PESQUISAS DAS NARRATIVA VISUAIS DO VALONGO A Compañía Kamchàtka, da comunidade autônoma da Catalunha, propõe um pacto de imersão. Deixar-se ir pelas mãos de performers e pisar ruínas, terrenos abertos e ambientes fechados. Inscrever-se em outras espacialidades. Em suma, ser transportado às sensações dos refugiados que têm a coragem de abandonar o conhecido, muitas vezes impingidos pela guerra, e dirigir-se à esperança de um mundo melhor. Um percurso poético e literalmente acidental – sem fala, mas ações corais – pela história daqueles que partiram ou ainda irão fazê-lo em algum lugar do mundo. E para os cidadãos da suposta sociedade do bem-estar, como é isso de ansiar por liberdade? Contrapor-se ao consumo individualista? Descartar o supérfluo? O filósofo franco-vietnamita Henri-Laborit (1914–1995) é uma das bússolas para a trupe: “Em tempos como estes, a fuga é o único meio para manter-se vivo e continuar sonhando”. O espetáculo é um desdobramento de Kamchàtka (2007), onde imigrantes desconhecem códigos sociais e culturais do país em que chegam, e Habitaculum (2010), evocação do universo intimista de uma casa. 86 87 LIBERTINO ESPANHA MARCOS VARGAS & CHLOÉ BRÛLÉ LUIS CASTILLA TEATRO BRÁS CUBAS 9.09 SEX 22H 10.09 SÁB 22H 60 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 DIREÇÃO, COREOGRAFIA E BAILE MARCO VARGAS E CHLOÉ BRÛLÉ DIREÇÃO ADJUNTA EVARISTO ROMERO TEXTO E INTERPRETAÇÃO FERNANDO MANSILLA CANTOR JUAN JOSÉ AMADOR COMPOSIÇÃO MUSICAL GABRIEL VARGAS DESENHO DE LUZ CARMEN MORI CENOGRAFIA ANTONIO GODOY FIGURINOS LA AGUJA EN EL DEDO UM ESPECTÁCULO DA COMPAÑÍA MARCO VARGAS & CHLOÉ BRÛLÉ, EM COPRODUÇÃO COM EL MANDAITO PRODUCCIONES, OCHOCOCHENTA IXD E AGENCIA ANDALUZA DE INSITUCIONES CULTURALES. O flamenco está no coração do espetáculo. Sintetizado em música e dança de raízes ciganas da Andaluzia, acompanhado por palmas, sapateado e violão, é o baile que garante a voltagem dramática no novo trabalho da Compañía Marco Vargas & Chloé Brûlé, de 2015, marco dos dez anos de estrada. Baile na acepção espanhola da evolução coreográfica, no caso, a dupla que dá nome à companhia e contracena com um ator e um cantor. A dança, o canto e a poesia são norteadores para refletir sobre a liberdade. Uma gaiola é dos poucos objetos de cena e serve à metáfora da liberdade. Sob a penumbra e o refúgio de uma cela, um poeta é tomado por situações, personas e emoções invocadoras da memória. Ele é questionado, provocado e desafiado a decidir entre seguir isolado ou abrir-se ao fluxo da vida. Os criadores anseiam por uma atmosfera de poema sensorial escrito por meio de vozes, sonoridades, silêncios, respirações e pulsações que revelem o efeito libertador da expressão artística. 88 89 PLEASE CONTINUE, HAMLET ESPANHA ROGER BERNAT & YAN DUYVENDAK [POR FAVOR CONTINUE, HAMLET] PIERRE ABENSUR SALA PRINCESA ISABEL 11.09 DOM 15H 12.09 SEG 15H 14.09 QUA 15H 140 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 Venda de ingressos limitada a um par por pessoa. CONCEPÇÃO E DIREÇÃO ROGER BERNAT E YAN DUYVENDAK COM MATHEUS MACENA, ILÉA FERRAZ E MARIANA NUNES DIREÇÃO TÉCNICA TXALO TOLOZA PRODUÇÃO EXECUTIVA HELENA FEBRÉS FRAYLICH. PROJETO APOIADO PELO INSTITUT RAMON LLULL Hamlet no banco de réus, Ofélia e Laertes como testemunhos e Polônio, a vítima de um golpe de espada desferido pelo Príncipe da Dinamarca. Todos eles são interpretados por atores, mas o juiz, o fiscal e os advogados são profissionais que atuam em tribunais da região, enquanto o júri é integrado por espectadores sorteados durante a sessão, ou melhor, a audiência. Eis o palco do direito arquitetado pelos criadores Roger Bernat e Yan Duyvendak para refletir sobre o papel da justiça no cotidiano dos cidadãos – que o diga o Brasil em tempos de transmissões ao vivo de julgamentos do STF. Teatro e direito sempre foram percebidos como fóruns próximos à arte da representação, cada um de acordo com seus códigos. A performance convoca os meios, as linguagens, as convenções e a força dramática para redesenhar o lugar e o rito do que é justo em toda a sua subjetividade. Ao público é dado o protagonismo – à luz de Shakespeare –, estimulando o sentido cívico e embaralhando a distância entre a definição de justiça que ele tem e aquela atribuída pelo Estado. 90 91 ESPANHA LUCA DEL PIA TEATRO SESC SANTOS 12.09 SEG 19H 13.09 TER 19H ¿QUE HARÉ YO CON ESTA ESPADA? (APROXIMACIÓN A LA LEY Y AL PROBLEMA DE LA BELLEZA) ANGÉLICA LIDDELL [O QUE EU FAREI COM ESTA ESPADA? (APROXIMAÇÃO À LEI E AO PROBLEMA DA BELEZA)] 270 min 18 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO, DIREÇÃO, CENOGRAFIA E FIGURINOS ANGÉLICA LIDDELL COM VICTORIA AIME, LOUISE ARCANGIOLI, PAOLA CABELLO SCHOENMAKERS, SARAH CABELLO SCHOENMAKERS, LOLA CORDÓN, MARIE DELGADO TRUJILLO, GRETA GARCÍA, MASANORI KIKUZAWA, ANGÉLICA LIDDELL, GUMERSINDO PUCHE, ESTÍBALIZ RACIONERO BALSERA, ICHIRO SUGAE, KAZAN TACHIMOTO, IRIE TAIRA E LUCÍA YENES DESENHO DE LUZ CARLOS MARQUERIE DESENHO DE SOM ANTONIO NAVARRO O trabalho que estreou no Festival d’Avignon, em julho, parte de dois crimes transcorridos em Paris, em diferentes épocas: o canibalismo do universitário japonês Issei Sagawa, que esquartejou a namorada e declarou tê-lo feito por amor, em 1981, e o terrorismo dos ataques em série que deixaram 130 mortos na noite de 15 de novembro de 2015. Apesar de macabros, a artista catalã Angélica Liddell prospecta em cena uma tomada de consciência da própria existência, uma rebelião contra o racionalismo. Fala em nostalgia do infinito, do inapreensível, do sagrado. E cita Nietzsche: “Como transformar a violência real em poética para nos colocar em contato com a verdadeira natureza, mediante atos contra a natureza?”. Radicada em Madri e desde 1993 à frente da companhia Atra Bilis (bílis negra), notabilizada pela força performativa, ela delineia a história de uma mulher que deseja se matar (e matar) desde que nasceu, mas transfere à ficção as tendências homicidas. Sua angústia vem do dilema entre a palavra (poesia) e a ação (vida), que parece articularse sempre no triângulo beleza, erotismo e morte. MÉXICO 94 95 HÉCTOR ORTEGA CUANDO TODOS PENSABAN QUE HABÍAMOS DESAPARECIDO – GASTRONOMIAESCÉNICA VACA 35 TEATRO EN GRUPO [QUANDO TODOS ACHAVAM QUE TÍNHAMOS SUMIDO – GASTRONOMIACÊNICA] CASA DA FRONTARIA AZULEJADA 9.09 SEX 20H 10.09 SÁB 20H 90 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 CRIAÇÃO E DRAMATURGIA COLETIVA DIREÇÃO E DESENHO DE ESPAÇO DAMIÁN CERVANTES COM DIANA MAGALLÓN, MARI CARMEN RUIZ, JOSÉ RAFAEL FLORES, MAITE URRUTIA E IRENE CAJA MÚSICO ALEJANDRO GÓNZALEZ PRODUÇÃO EXECUTIVA VANIA SAUER UM ESPETÁCULO DA COMPANHIA VACA 35 TEATRO, EM COPRODUÇÃO COM FIRA TÀRREGA, NAU IVANOW, IBERESCENA, FONCA - MÉXICO EN ESCENA E TEATRO UNAM/SER/AMEXCID. PROJETO APOIADO PELO FONDO NACIONAL PARA LA CULTURA Y LAS ARTES DE MÉXICO; FUNDAÇÃO ARQUIVO E MEMÓRIA DE SANTOS O subtítulo dessa criação coletiva fornece outras pistas para o que virá: gastronomia cênica e teatro documental baseado na comida e na festa dos mortos. Ao contrário do tabu ocidental, na cultura mexicana o Dia de Finados é celebrado com as casas enfeitadas e os familiares e amigos preparando os pratos favoritos daqueles que não se encontram mais fisicamente entre eles. Em vez de cobrir com terra, cravar uma lápide ou perpetuar o silêncio, o espetáculo propõe ao espectador vivenciar um ritual com pitadas de música, canto, dança, humor, ironia, crítica social, violência, máscara e memória dos artistas que, enquanto narram, manejam utensílios, talheres, legumes, verduras e ingredientes para cozinhar sobre uma mesa cenográfica. O cheiro e tudo mais que se vê e se ouve são reais, as caçarolas, as histórias biográficas, as fotos afixadas num pequeno altar aqui, noutro ali. Mas não faltará margem para os rompantes oníricos. E para esse trabalho não convencional o Vaca 35 Teatro en Grupo, formado em 2007, contracena festivamente com criadores espanhóis. 96 97 PSICO / EMBUTIDOS, CARNICERÍA ESCÉNICA MÉXICO [PSICO/EMBUTIDOS, AÇOUGUE CÊNICO] SAMUEL PADILLA ADORNO ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 9.09 SEX 22H30 10.09 SÁB 20H30 11.09 DOM 20H30 14.09 QUA 22H30 15.09 QUI 22H30 16.09 SEX 22H30 17.09 SÁB 22H30 18.09 DOM 19H30 COMPAÑÍA TITULAR DE TEATRO DE LA UNIVERSIDAD VERACRUZANA 120 min 18 anos R$40 / R$20 / R$10 AUTOR E DIRETOR RICHARD VIQUEIRA COM MARISOL OSEGUEDA, GUSTAVO SCHAAR PROM, BENJAMÍN CASTRO, KARLA CAMARILLO, KARINA MENESES, FREDDY PALOMEC, MARCO ROJAS, GEMA MUÑOZ, ALBA DOMINGUEZ, ROGERIO BARUCH, FÉLIZ LOZANO, JOSÉ PALACIOS, RAUL SANTAMARÍA, HECTOR MORAZ, CARLOS ORTEGA, JUANA MARIA GARZA, HOSMÉ ISRAEL, JORGE CASTILLO LUZ MARIA ORDIALES CENOGRAFIA E ILUMINAÇÃO JESÚS HERNÁNDEZ CONCEITO DE ESPAÇO JESÚS HERNÁNDEZ E RICHARD VIQUEIRA DESENHO SONORO E MÚSICA ORIGINAL JOAQUÍN LÓPEZ CHAS (A PARTIR DE TEMA E VARIAÇÕES DE WIM MERTENS) DIRETOR ARTÍSTICO LUIS MARIO MONCADA GIL ASSISTENTE DE DIREÇÃO DAVID IKE PRODUTOR EXECUTIVO YORUBA ROMERO PROJETO APOIADO PELO FONDO NACIONAL PARA LA CULTURA Y LAS ARTES DE MÉXICO Essa instalação cênica replica o aparelho digestivo e propõe uma vivência sensorial. A obra deglute os espectadores, estimulados a transitar pela estrutura em diferentes níveis, no limite de oito metros, contornando obstáculos até a etapa em que todos são, simbolicamente, expulsos do mecanismo. O objetivo do autor e diretor Richard Viqueira é transmitir a sensação de cumprir essa travessia dentro do organismo vivo. O itinerário é feito de encontros com os 19 atores, um a um, cujas idades variam na casa dos 20 aos 80. A instalação funciona tanto no momento da apresentação – ocupada pelo público que percorre as estações e pode ser contemplado por quem está de fora – como após a sessão, quando vira também uma videoinstalação disponível à visitação nos demais horários, com telas embrenhadas no esqueleto cenográfico. Esse ambiente autônomo e interativo abrigará atividades ao longo do MIRADA. Nome despontado nas artes cênicas mexicanas na década passada, Viqueira assina essa produção para a Compañía Titular de Teatro de la Universidad Veracruzana, fundada em 1953, a mais longeva do país. 100 101 CRUZAR LA CALLE PERU [ATRAVESSAR A RUA] DANIEL AMARU SILVA DIVULGAÇÃO TRADUÇÃO EM LIBRAS GINÁSIO SESC SANTOS 9.09 SEX 18H 10.09 SÁB 18H 130 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO DANIEL AMARU SILVA DIREÇÃO, CENOGRAFIA, DESENHO DE LUZ E SONOPLASTIA CARLOS TOLENTINO COM STEPHANIE ENRÍQUEZ, ELSA OLIVERO, ROLANDO REAÑO E ALAÍN SALINAS FIGURINOS ALEJANDRA VIEIRA ASSISTENTE DE DIREÇÃO LEO CUBAS PRODUÇÃO GERAL MINISTERIO DE CULTURA DEL PERÚ. PROJETO APOIADO PELO CONSULADO GENERAL DEL PERÚ EN SÃO PAULO Em luta contra o tempo no serviço de entrega em domicílio, um motoboy atropela um cachorro que consegue se desvencilhar das rodas, num átimo, e desaparece no horizonte. O dramaturgo Daniel Amaru Silva testemunhou esse episódio numa esquina de Lima, onde vive, semanas antes de iniciar a escrita da peça alinhavada a partir dessa imagem. A trama tem cinco personagens. Abre com o jovem protagonista que presencia tal atropelamento. Na ficção, o animal não sobrevive. Filho de padeiro, ele decide ir atrás do motoqueiro. É um funcionário de casa de frango na brasa, casado com uma empregada doméstica com quem tem uma filha antissocial. Esta acaba conhecendo e se enamorando do protagonista enquanto a mãe dela vai trabalhar na casa do dono do cachorro, ora enlutado, enclausurado. Vencedor do Concurso Nacional Nueva Dramaturgia Peruana, em 2014, Daniel Amaru Silva trata de entender, por meio desse ciclo vicioso, a voga global e neoliberal de seu país, onde os processos econômicos duram um triz e destoam do mundo real em que às vezes não há um médico ao redor, nem luz ou água para parte da população. 102 103 SIMÓN, EL TOPO PERU TEATRO LA PLAZA [SIMÓN, A TOPEIRA] GIUSEPPE FALLA ESPETÁCULO PARA CRIANÇAS AUDITÓRIO SESC SANTOS 10.09 SÁB 17H30 11.09 DOM 17H30 50 min Livre R$40 / R$20 / R$10 AUTOR DO CONTO CARMEN DE MANUEL DIREÇÃO E ADAPTAÇÃO ALEJANDRO CLAVIER COM EMANUEL SORIANO, ANAI PADILLA, LUCCIA MENDÉZ E DUSAN FUNG MÚSICA MAGALI LUQUE DESIGN DE LUZ JESUS REYEES DIREÇÃO DE ARTE VLADIMIR SÁNCHEZ Homofobia vem do berço? Os criadores ousam desconstruir o preconceito sob a delicada perspectiva da criança, público preferencial do espetáculo de bonecos com potencial para cair na graça, também, de pais, responsáveis ou educadores. A homossexualidade infantil é tratada com naturalidade. E sofisticação nas formas animadas com brechas para uma língua inventada, o “toponês”. Simón pertence a uma família de toupeiras (ou de topos, no original espanhol). Acompanhamos o carinho familiar com os pais e a irmã. Certa vez, num parque, ele conhece Raúl, de quem se afeiçoa. Brincam o tempo todo. Amizade que incômoda aos olhos da intolerância. Até que uma tempestade coloca as vidas em risco. Mas a solidariedade vai reativar o valor da igualdade. De sua infância, o diretor Alejandro Clavier guardou o respeito ao outro nas diferenças sociais, religiosas e raciais. Mas nada ouviu dos adultos sobre as distintas formas do desejo se manifestar. Essa consciência o levou a adaptar para a companhia Teatro la Plaza, nascida há 13 anos, o conto homônimo da terapeuta infantil espanhola Carmen de Manuel. 106 107 UNTITLED, STILL LIFE PORTUGAL [SEM TÍTULO, NATUREZA MORTA] ANA BORRALHO & JOÃO GALANTE ANA BORRALHO & JOÃO GALANTE CADEIA VELHA 12.09 SEG 19H 80 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 Venda de ingressos limitada a um par por pessoa. CONCEITO ANA BORRALHO, JOÃO GALANTE E RUI CATALÃO DIREÇÃO ARTÍSTICA ANA BORRALHO E JOÃO GALANTE DRAMATURGIA RUI CATALÃO COCRIAÇÃO ANA BORRALHO, CLÁUDIO DA SILVA, JOÃO GALANTE, RUI CATALÃO E YINGMEI DUAN COLABORADORES ANTONIA BURESI E CLAUDIO DA SILVA Ao entrar no espaço que lembra um estúdio fotográfico, o público avista um sofá. A maioria se dirige a ele. Senta ou sonda o entorno. À frente, há uma máquina fotográfica afixada em tripé e ladeada por dois refletores. O dispositivo capitaneia a narrativa despida de palavras e apoiada nos corpos que ocupam a paisagem da comunidade provisória ali constituída, inclusive de performers. O ato fotográfico é acessível a qualquer um que queira disparar o clique e conformar o álbum de família digital. A partir dessa instabilidade presumida, que joga com conceitos das artes visuais, como “sem título” e “natureza-morta”, a peça expõe artificialidades ou ilusões de como as imagens alavancam histórias através do tempo. E são transformadas com a ação e os movimentos do som incidental e da luz. Tudo nessa perfomance de 2009 se dá em prol de dramaturgias internas. Parceiros artísticos há 14 anos, Ana Borralho e João Galante tiveram o insight ao ler uma frase pichada num muro: “Dança como se ninguém estivesse a ver-te”. Daí pensarem a presença e a sua destinação de futuro contida num retrato. 108 109 WORLD OF INTERIORS PORTUGAL [MUNDO DE INTERIORES] ANA BORRALHO & JOÃO GALANTE BORRALHO GALANTE CADEIA VELHA 11.09 DOM 19H 120 min 12 anos R$40 / R$20 / R$10 Venda de ingressos limitada a um par por pessoa. CONCEITO, DIREÇÃO ARTÍSTICA, ESPAÇO CÊNICO E LUZ ANA BORRALHO E JOÃO GALANTE TEXTO RODRIGO GARCÍA (FRAGMENTOS DA OBRA TEATRAL) TRADUÇÃO E COLABORAÇÃO DRAMATÚRGICA TIAGO RODRIGUES COM PERFORMERS LOCAIS QUE PARTICIPAM DE WORKSHOP Como em Untitled, Still Life, (Sem Título, NaturezaMorta), criação também presente no MIRADA, faz parte da inquietude da dupla portuguesa Ana Borralho e João Galante refletir sobre o lugar do público na experiência com a arte. Nesse trabalho de 2010, o conceito de performance vem colado ao de instalação, assumindo o hibridismo estético com as artes visuais. Logo de cara, é desmontada a expectativa de relação palco e plateia. O espectador se depara com pessoas deitadas no piso do espaço alternativo, de olhos fechados e sem movimento aparente. São cerca de 15 performers, atores ou bailarinos locais incorporados à proposta. Ao suposto vazio externado pela paisagem de corpos, surge o murmúrio das respectivas vozes, como que chamando o público a ser ativo, a se aproximar, se permitir interagir, circunscrever um mínimo de intimidade enquanto entreouve trechos extraídos de peças do dramaturgo argentino Rodrigo García. Nessa partilha tênue, pode-se adotar o ritmo de entrar e sair dessa dinâmica conforme a vontade de cada um. O trabalho é um exercício coletivo sobre a escuta e seus múltiplos sentidos. 110 111 ZULULUZU PORTUGAL TEATRO PRAGA ALIPIO PADILHA TEATRO COLISEU 9.09 SEX 22H 10.09 SÁB 22H 75 min 12 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO E DIREÇÃO PEDRO ZERE PENIM, JOSÉ MARIA VIEIRA MENDES E ANDRÉ E. TEODÓSIO COM ANDRÉ E.TEODÓSIO, CLÁUDIA JARDIM, DIOGO BENTO, JENNY LARRUE, JOANA BARRIOS, MARYNE LANARO, GONÇALO PEREIRA VALVES E PEDRO ZEGRE PENIM CENÁRIO JOÃO PEDRO VALE & NUNO ALEXANDRE FERREIRA FIGURINOS JOANA BARRIOS MÚSICA ORIGINAL XINOBI “As viagens são os viajantes”. Fernando Pessoa viveu parte de sua juventude em Durban, na África do Sul (1896-1905). Pouco escreveu sobre aquele período em terras colonizadas, normalmente encarado como de pouca influência em sua obra. A Companhia Teatro de Praga, sediada em Lisboa há 11 anos, lê com outros olhos a historiografia em torno do seu poeta-mor. O espetáculo abdica de buscar nas entrelinhas de Pessoa interpretações exóticas sobre aquele continente complexo e com história própria. Os criadores entendem o resultado como uma homenagem ao escritor e à África do Sul. Uma viagem “delirótica” do coletivo a contrariar informações aparentemente duais e reexaminar o passado para libertá-lo de duelos empobrecedores. O trio de diretores cogita mesmo uma declaração ao fim do “apartheid” das ideias, dos gêneros e das formas – uma declaração para que o exotismo das partes dê lugar ao hinduísmo. “Porque se ‘tenho em mim todos os sonhos do mundo’, em ZULULUZU queremos o fora cá dentro”, anotam no programa de mão. 114 115 LA IRA DE NARCISO URUGUAI [A IRA DE NARCISO] NAIRI AHARONIÁN C.A.I.S. VILA MATHIAS 17.09 SÁB 20H 18.09 DOM 20H 100 min 16 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO E DIREÇÃO SERGIO BLANCO COM GABRIEL CALDERÓN CENOGRAFIA, FIGURINOS E DESENHO DE LUZ LAURA LEIFERT E SEBASTIÁN MARRERO VIDEOARTE MIGUEL GROMPONE ASSISTENTE DE DIREÇÃO INÉS CRUCES PRODUÇÃO IGNACIO FUMERO E MATILDE LÓPEZ APOIO INSTITUTO NACIONAL DE ARTES ESCÉNICAS (INAE) URUGUAY COMPLOT – COMPAÑIA DE ARTES ESCÉNICAS CONTEMPORÁNEAS A sublimação da beleza e do orgulho à luz da autoficção, procedimento criativo dileto do autor e diretor franco-uruguaio Sergio Blanco que mescla conteúdos vividos e inventados. Hospedado em um hotel em Liubliana, na Eslovênia, convidado a ministrar uma conferência sobre o mito grego, o personagem do monólogo relata situações inusitadas da estadia e da vida. Um labirinto feito de linguagem, tempo, solidão, morte, sexualidade, dependência, separação, desesperança... Ele alterna sutilmente os modos de enunciar – a narração, a conferência em si, a confissão – ao expor encontros com um jovem ator de filmes pornográficos que acaba de conhecer, a estafa profissional e o estranho caso da mancha de sangue que se avoluma no luxuoso quarto 228 e é impossível de ser limpa. Margem para uma guinada: os detalhes de uma intriga policial. A cenografia é clean, com mesa de escritório de suíte. Em contraste, um telão ao fundo exibe videoarte. A atuação é de Gabriel Calderón, da Compañía de Artes Escénicas Contemporáneas Complot, das mais profícuas de Montevidéu, que completou dez anos em 2015 com essa produção. 116 117 NO DARÉ HIJOS, DARÉ VERSOS URUGUAI MARIANELLA MORENA [NÃO DAREI FILHOS, DAREI VERSOS] VÍCTOR LÓPEZ TEATRO GUARANY 16.09 SEX 21H 17.09 SÁB 21H 75 min 14 anos R$40 / R$20 / R$10 TEXTO, DIREÇÃO, LETRAS E CANÇÕES MARIANELLA MORENA COM LUCÍA TRENTINI, AGUSTÍN URRUTIA, MANÉ PÉREZ, LEONARDO NODA, LAURA BÁEZ E DOMINGO MILESI CENOGRAFIA E FIGURINOS JOHANNA BRESQUE DESENHO DE LUZ CLAUDIA SÁNCHEZ MÚSICA LUCÍA TRENTINI E NICOLÁS RODRIGUEZ MIERES PRODUÇÃO LUCÍA ETCHEVERRY APOIO INSTITUTO NACIONAL DE ARTES ESCÉNICAS (INAE) URUGUAY O drama intercala prosa e canções a partir da vida e da obra da poeta Delmira Agustini (1886-1914), cuja memória e arte andavam relegadas até ganhar novo alento nos últimos anos. Ela morreu assassinada a tiros pelo ex-marido. E assim é evocada pelo escritor Eduardo Galeano: “Tinha cantado as febres do amor sem disfarces pacatos, e tinha sido condenada pelos que castigam nas mulheres o que nos homens aplaudem, porque a castidade é dever feminino, e o desejo, como a razão, um privilégio masculino”. Referência no teatro de pesquisa em seu país, a dramaturga e diretora Marianella Morena compõe três atos em movimentos distintos em gênero e linguagem, do realismo ao hiper-realismo. Questiona a premissa de verdade única borrando o real, a história e a ficção. Abre com o então casal no quarto, multiplicado por três mulheres e três homens sobre a cama. Em seguida, foca o ambiente familiar da escritora, patriarcal e falso moralista. Por fim, salta para o século XXI, quando uma casa de leilão dispões um lote contendo o revólver do crime, uma gravação confessional e a correspondência inédita de Delmira com um político. 120 121 CADEIA VELHA (BRA) a situação DA brasileira (BRA) Juliana França e Alejandro Ahmed CADEIA VELHA 11.09 DOM 17H 12.09 SEG 17H 50 min 18 anos Grátis DIREÇÃO COMPARTILHADA JULIANA FRANÇA E ALEJANDRO AHMED COM JULIANA FRANÇA DESIGN DE SOM TOM MONTEIRO SISTEMA CENOGRÁFICO E DE FIGURINO DANI SPADOTTO COPRODUÇÃO SESC SP PROJETO OCUPAÇÃO #32 COLABORAÇÃO CAROLINA SUDATI, DIOGO DAMASIO, BRUNA PAIVA, ANA DUPAS, MARIANA ROMAGNANI E DIEGO RIBEIRO Desenvolvida no âmbito do projeto Ocupação # 32, em 2015, iniciativa do Sesc voltada aos profissionais de dança contemporânea residentes na Baixada Santista, a criação da artista independente Juliana França é definida por ela como um algoritmo. Na definição da lógica, conjunto de regras de um sistema cuja aplicação permite resolver um problema enunciado por meio de um número finito de operações. No caso, o público lida com uma estrutura aberta que permite transitar por procedimentos específicos a diferentes espaços, gerando respostas singulares. Entende-se identidade e território como fluxo, um estudo de ocupação como possibilidade de reexistência. O estado de impermanência é regido pelo movimento rodopiante do corpo, sugerindo o paradoxo em looping: permanecer para mudar e mudar para permanecer. O espaço é entendido como corpo, não moldura. Parede, teto, mão, mesa, cadeira, olhos, chão e luz são colocados em perspectiva horizontal. A codireção é de Alejandro Ahmed, coreógrafo e bailarino do Grupo Cena 11 Cia. de Dança, também presente no MIRADA. Grasiele Sousa CADEIA VELHA 17.09 SÁB 19H Duração indefinida 14 anos Grátis PERFORMANCE GRASIELE SOUSA (AÇÃO INÉDITA PARA CÂMERA REALIZADA A PARTIR DA PERFORMANCE PARA VÍDEO A SITUAÇÃO, DE GERALDO ANHAIA MELLO) A partícula ‘da’ em maiúsculas serve como abrealas à recriação da performance para vídeo A Situação (1978), em que o artista Geraldo Anhaia Mello (1955-2010) vertia goles de dois litros de cachaça, por cerca de nove minutos, intercalando a seguinte frase: “A situação política, social, econômica e cultural brasileira”. Ele enunciava sem fechar diagnóstico, embriagando-se aos poucos. Um homem barbudo, de terno, gravata e relógio, qual apresentador de telejornal, na contracorrente ideológica daqueles anos sob ditadura civil-militar. Dançarina e performer em São Paulo, Grasiele Sousa apropria-se daquela obra acrescentando a preposição “de” com o artigo feminino “a”, de modo que a frase obtenha outras ressonâncias: “A situação política, social, econômica e cultural da brasileira”. “Alteramos esta formulação genérica para algo mais particular que procura chamar atenção ao que seria específico historicamente a figuras femininas, tanto aquelas biologicamente identificadas como todxs as outrxs que, ao desconstruírem sua condição de gênero, raça, civilização, religião, etc. se associam a uma resistência minoritária no mundo”, afirma Grasiele. 122 123 ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 9.09 SEX 20H CADEIA VELHA 10.09 SÁB 17H 60 min 12 anos Grátis CONCEPÇÃO TALES FREY COM TALES FREY E MAJÚ MINERVINO REALIZAÇÃO CIA. EXCESSOS F2M2M2F (BRA/POR) FLOU! (ESP/BRA) Tales Frey Ieltxu Ortueta A questão de gênero é refletida de maneira pluridimensional nesse trabalho da Cia. Excesso, do Porto. O título assemelha-se mais a uma fórmula química. Alude aos processos de transição hormonal e/ou cirúrgica quanto às mudanças de feminino para masculino (female to male, em inglês, ou F2M) e masculino para feminino (male to female ou M2F). Dois performers – um de sexo biológico masculino e outra de sexo biológico feminino – posicionam-se frente a frente, corpos quase encostados, tendo à altura dos rostos um espelho de dupla face sobre o qual cada artista carimba um beijo que dura cerca de uma hora. As respectivas bocas equivalem à mesmíssima altura. Os figurinos são igualmente subvertidos: ele traja roupas e acessórios tidos por femininos e ela, o contrário. A imagem proporcionada através desta ação transforma os dois beijos narcisistas em ilusões de múltiplas constituições de gênero e de variadas construções corpóreas dos sujeitos que deambulam pelo espaço. ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 17.09 SÁB 16H 18.09 DOM 16H 60 min Livre Grátis CONCEPÇÃO E PERFORMANCE IELTXU ORTUETA TRILHA SONORA ORIGINAL GIL FUSER REALIZAÇÃO ARTEFACTOS BASCOS A folha em branco, os traços de lápis coloridos como extensão do corpo e dezenas de crianças, de 4 a 10 anos, cativadas pela experiência de construção coletiva de um desenho gigante. A bordo de seu macacão branco, aos poucos multicolorido, o ator, performer, designer gráfico e arte-educador Ieltxu Ortueta – basco radicado no Brasil desde 2003 e pai de Gorka e Lua – interage na ação que gera um encantamento, segundo ele, vital. Sentado ao redor feito espectador adulto (para depois se jogar na arena no segundo momento), o público assiste e coparticipa do ato lúdico. Os rabiscos dançantes e as tintas vão tomando vida e dialogam com o performer para que “alguns desenhos depois” surjam outras imagens recortadas e incorporadas de experiências anteriores. Essas formas (peças em papelão) tomam conta do solo e atiçam crianças que brincam compondo novos conteúdos e contornos, ressignificando o encontro. O ritmo é determinado ainda pelo som operado pelo próprio ator. Criada pelo artista multimeios Gil Fuser, a trilha parece traduzir os desenhos para a dimensão sonora. 124 125 NÃO ALIMENTE OS ANIMAIS (BRA) DESCRIÇÃO DE IMAGEM / ESTUDO DE PAISAGEM (BRA) Jack Soul Revenge Girl Márcia Nemer-Jentzsch CADEIA VELHA 9.09 SEX 19H ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 12.09 SEG 17H 50 min Livre Grátis TEXTO HEINER MÜLLER CONCEPÇÃO E PERFORMANCE MÁRCIA NEMERJENTZSCH TRILHA SONORA ORIGINAL LUISA PUTERMAN REALIZAÇÃO BOBIK&SOFOTCHKA “Quem ou o quê pergunta pela imagem?”, indaga, a certa altura, o texto projetado sobre a tela branca reinante ao fundo do palco e cuja superfície é pintada ao vivo pela performer. Os traços em preto e branco aninham montanhas, árvores, pássaros e casas. A atriz não representa, antes, concentra-se na ação de pintar, à altura do chão ou com o auxílio de uma escada para alcançar as nuvens. Com estudos de pós-graduação realizados na Alemanha e passagem pelo Centro de Pesquisa Teatral coordenado por Antunes Filho, a artista Márcia Nemer-Jentzsch concebe o trabalho a partir da peça que o dramaturgo alemão Heiner Müller escreveu em 1984, Descrição de Imagem, inspirado no desenho de uma estudante de cenografia esboçado como o retrato de um sonho. A encenação é minimalista. Simultaneamente, sobrepõe-se outra paisagem, a sonora. O que se vê ou se lê não necessariamente correspondem. Ao fim da performance, a pintura pronta é arrancada da parede e amassada, como a lembrar ao espectador da efemeridade do evento cênico e da existência humana. ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 15.09 QUI 21H30 CADEIA VELHA 16.09 SEX 19H 60 min 14 anos Grátis COM JAQUELINE VASCONCELLOS A.K.A JACK SOUL REVENGE GIRL PRODUÇÃO E FOTOGRAFIA RODRIGO MUNHOZ Calçando salto vermelho, andar por 15 minutos no interior de uma caixa de areia para gatos, em movimentos circulares. A bandeja possui espaço diminuto, cerca de dois passos para lá, dois para cá. Assim deriva o procedimento da ação de Jack Soul Revenge Girl, persona da performer Jaqueline Vasconcellos, pesquisadora de artes do corpo em São Paulo. O que virá tem a ver com o corpo enquanto alteridade do outro, o corpo como zoológico, animal e jaula. O corpo como estereótipo social. A artista é articuladora da Série Mais um Pornô – Arte, Ativismo e Encontro, por meio da qual realiza experimentos performáticos diversos acerca da violência contra a mulher. Integra ainda a estação de trabalho colaborativo La Plataformance. Levada a locais públicos, a performance costuma catalisar as piores ofensas desferidas cotidianamente a boa parte das mulheres passantes nas ruas brasileiras. Agressões hipocritamente escudadas no álibi do decote. A ação busca alimentar os humanos com a excitação da autocrítica quanto ao machismo. ALTERIDADE DO OLHAR O MIRADA – Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas de Santos articula diálogos, pensamentos e intercâmbios para discutir os conceitos norteadores desta quarta edição. A arena comum a espectadores, artistas, aprendizes, pesquisadores, programadores e curadores de festivais visa a estimular abordagens filosóficas e artísticas. O fértil terreno das ideias que inquietam os participantes dessa jornada. 128 129 DIÁLOGOS E PENSAMENTOS EXPRESSÃO, AFECÇÃO E ALTERIDADE com Vladmir Safatle ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 9.09 SEX 11H às 13H Livre Grátis Pode a expressão ser ainda uma categoria estética central para analisarmos a produção de nosso tempo? Não estaria a expressão ainda vinculada a uma figura egológica do sujeito, cuja intencionalidade parece centrada em sua própria consciência? São as perguntas-chave lançadas pelo filósofo e professor Vladimir Safatle em seu convite a pensar sobre as possibilidades de desconexão entre expressão e identidade, colocadas em circulação pela arte contemporânea. Vladmir Safatle é professor livre-docente do Departamento de Filosofia da USP e professor-convidado das universidades de Paris VII, Paris VIII e Toulouse, na França; Louvain, na Bélgica; e Stellenboch, na África do Sul. É um dos coordenadores do Laboratório de Pesquisa em Teoria Social, Filosofia e Psicanálise da USP. 130 131 ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 11.09 DOM 11H às 13H Livre Grátis ENTRE O ATOR E O PERFORMER O TEATRO: LUGAR PLURAL com Chico Carvalho, Emanuel Aragão e João Galante / mediação de Liliane Soares com Maria Thais e Àlex Serrano mediação de Marcelo Lazzaratto Discussão a respeito da abordagem do texto pelo ator e pelo performer. Chico Carvalho, Emanuel Aragão e João Galante são profissionais que compartilham experiências quanto ao limite da ação e a alteridade do ator. Chico Carvalho é ator formado pela Faculdade de Artes Cênicas da Unicamp, instituição onde agora é doutorando em artes da cena. Atualmente ensaia o papel-título de Peer Gynt, de Henrik Ibsen, com direção de Gabriel Villela. Atuou há pouco em Ricardo III, dirigido por Marcelo Lazzaratto, sendo agraciado com o Prêmio Shell SP de melhor ator, em 2013. Emanuel Aragão é roteirista, dramaturgo, escritor, diretor de teatro e ator formado pela Casa das Artes de Laranjeiras (CAL), no Rio de Janeiro. Bacharel em filosofia pela Universidade de Brasília. Cofundador da carioca Cia. das Inutilezas. No MIRADA, performa Hamlet – Processo de Revelação. João Galante é artista plástico, performer e coreógrafo. Nascido em Luanda, vive entre Lisboa e Lagos, em Portugal. É diretor artístico da associação cultural CasaBranca e do Verão Azul Festival. No teatro, trabalhou com o grupo Olho, como ator e como diretor. Realiza performances desde 1989, muitas em parceria com Ana Borralho, com quem mantém um trabalho constante. Liliane Soares é mestre em educação pela Universidade Católica de Santos. Pesquisadora, performer e bailarina, foi foi parte da equipe de curadoria da Bienal Sesc de Dança em 2011, 2013 e 2015. Técnica responsável pelas linguagens de dança e circo no Sesc Santos, assina a curadoria conjunta do MIRADA 2016. ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 12.09 SEG 11H às 13H Livre Grátis A diretora Maria Thais (Cia. Teatro Balagan, Brasil) e o diretor Àlex Serrano (Agrupación Señor Serrano) protagonizam uma discussão semiológica a respeito da diversidade de temas, linguagens e elementos cênicos a que o encenador contemporâneo é desafiado em suas concepções. Tratam do limite da autoria e da alteridade ao encenar. Maria Thais é diretora teatral, professora e pesquisadora na graduação e pós-graduação da ECA-USP. Fez pósdoutoramento na Scuola Paolo Grassi, em Milão, Itália. Professora visitante da Universidade Paris VIII, na França. Cofundadora da Cia. Teatro Balagan (1999, SP), com a qual encenou Cabras – Cabeças que Voam, Cabeças que Rolam (2016, na programação do MIRADA). Àlex Serrano é licenciado em desenho industrial e direção teatral. Especializado em comunicação interativa, cria, em 2006, a Agrupación Señor Serrano, companhia que participa do MIRADA com dois espetáculos: Birdie (2016) e Brickman Brando Bubble Boom (2012). Participa com regularidade de congressos e conferências, além de ministrar cursos e workshops. Marcelo Lazzaratto é ator e diretor formado pelo Depar-tamento de Artes Cênicas da ECA–USP. Professor no mesmo departamento da Unicamp. Cofundador da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, em 2000. A convite do MIRADA, concebe e coordena as atividades formativas e reflexivas desta edição sob a rubrica A Alteridade do Olhar. 132 133 ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 13.09 TER 11H às 13H Livre Grátis DRAMATURGIAS – AS ESCRITAS CONTEMPORÂNEAS CORPO, CENA E IMAGINÁRIO DE-COLONIAL com Michelle Ferreira, Cássio Pires e Diego Aramburo / mediação de Sérgio Luis V. Oliveira com Verônica Fabrini Em pauta, os códigos à disposição de quem escreve a partir do teatro. O limite da palavra e a alteridade de quem cria para e com a cena, lançando mão de formas e temas cada vez mais expandidos. Michelle Ferreira é atriz, dramaturga, roteirista e diretora. Formada pela Escola de Arte Dramática e Faculdade de Ciências Sociais, ambas na USP. Pós-graduada em audiovisual. Integrou o Núcleo de Dramaturgia do CPT, coordenado por Antunes Filho, por oito anos. Cássio Pires é dramaturgo com bacharelado em letras e mestre em artes cênicas pela USP. Escreveu cerca de 20 peças, entre originais e releituras de obras literárias, encenadas por diversos coletivos brasileiros ou levadas a mostras de novas dramaturgias e festivais internacionais. Diego Aramburo é diretor do boliviano Kiknteatr, fundado em 1996. Ganhou dez vezes o Prêmio Nacional de Teatro na Bolívia, entre outras premiações. É graduado em Artes Cênicas pela UNIRIO – RJ, com especialização em dramaturgia e direção pela Casa de Américas, Madrid. Sérgio Luis V. Oliveira é gestor cultural com formação em história pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Assistente da Gerência de Ação Cultural para a área de teatro no Sesc-SP. ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 15.09 QUI 11H às 13H Livre Grátis O pensamento decolonial, ou pós-colonial, vem avançando nos últimos anos na perspectiva crítica dos processos históricos de colonização. Segundo a atriz e encenadora Verônica Fabrini, a perspectiva decolonial fornece novos horizontes utópicos e radicais para o pensamento da libertação humana, em diálogo com a criação artística e a produção de conhecimento. A conferência busca mapear as principais linhas deste argumento e suas implicações criativas e críticas em artes da cena. Verônica Fabrini fez pós-doutorado em filosofia pela Universidade de Lisboa e é doutora em teatro pela USP. Professora do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp, investiga processos criativos, estudos do imaginário e o pensamento descolonial. Fundadora e diretora artística da Boa Companhia, de Campinas, em 1992. 134 135 ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 14.09 QUA 10H30 às 13H Grátis RECONHECIMENTOS: ARTISTAS, PESQUISADORES E CURADORES Visando a uma apresentação mais aprofundada e complexa da produção brasileira aos programadores e curadores nacionais e estrangeiros convidados pelo MIRADA – vide a profusão nos modos de criar e produzir no país, além da consistência do teatro de pesquisa nos coletivos artísticos –, o festival propõe um encontro dividido em duas etapas: MESA: A CENA BRASILEIRA com Felipe Hirsh e Roberto Alvim mediação de Sérgio Luis V. Oliveira Uma reflexão a partir do contexto atual da produção brasileira. Suas múltiplas características, como o teatro de grupo, a pesquisa continuada, os modos de produção, as modalidades de financiamento, as agências fomentadoras, a difusão e a circulação. Felipe Hirsch é diretor e dramaturgo. Foi um dos fundadores da Sutil Companhia de Teatro. Em 2013, iniciou o projeto Puzzle, criado para a Frankfurter Buchmesse, com os Ultralíricos. Hirsch também é diretor do longa-metragem Insolação, que teve sua estreia no Festival de Veneza em 2009, e da série da MTV A Menina sem Qualidades (2013). Roberto Alvim é dramaturgo, diretor e professor de artes cênicas. Desde 2006 dirige a companhia Club Noir. Ganhou o Prêmio Bravo!, o APCA e o Prêmio Governador do Estado de São Paulo, em 2012, pela adaptação e direção de todas as tragédias de Ésquilo no projeto Peep Classic Ésquilo. 136 137 PLATAFORMA LABORATÓRIOS CRIATIVOS Coletivos brasileiros presentes no MIRADA e grupos de teatro e dança da cidade de São Paulo dispõem de espaço para compartilhar seus trabalhos, no formato impresso ou digital, e estabelecer conexão direta com profissionais do país e do exterior, empenhados na programação e na curadoria de eventos em artes cênicas. Mais do que instrumentalizar tecnicamente, a atividade formativa deve gerar a criatividade no sentido amplo da prática que desbrava horizontes e rupturas – a natureza de todas as artes. O MIRADA oferece uma série de laboratórios em que os artistas propõe procedimentos técnicos e provocam os participantes à criação artística. 138 139 CORPOS, SABERES E AFETAÇÕES OFICINA–LABORATÓRIO DE PERFOR MANCES EM ESPAÇOS PÚBLICOS WORKSHOPS / AUDIÇÕES com Ana Borralho e João Galante com Santiago Cao SESC SANTOS – SALA 32 4 a 11.09 DOM a DOM 13H às 17H 16 anos R$50 / R$25 / R$12,50 MOSTRA DE PROCESSOS ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 9 a 11.09 SEX a DOM 15H Oficina-laboratório de análise dos corpos nos espaços públicos, dos micropoderes que neles se ativam e de alguns possíveis modos de gerar (trans) versões através da performance, das intervenções urbanas e da filosofia. É no encontro com os outros e seus outros modos de produção de subjetividade que a cidade se (re)cria de maneira não hegemônica. Santiago Cao é criador nascido em Buenos Aires, Argentina, e atualmente radicado em Salvador, na Bahia. Sua formação inclui psicologia, artes visuais e urbanismo. Tem realizado palestras e coordenado oficinas-laboratórios na Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Venezuela. Destinado a interessados em artes cênicas. Não há pré-requisitos artísticos. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 2 a 16/08 A dupla – que desenvolve parceria artística há 14 anos e tem como base de trabalho as cidades de Lisboa e Lagos – traz dois espetáculos ao MIRADA e, igualmente, propõe dois modos de interação criativa. O diálogo com público e criadores locais é praxe em cada cidade por onde passam. Ana Borralho e João Galante se conheceram durante os estudos de artes plásticas no AR.CO, Centro de Arte e Comunicação Visual abrigado em diferentes espaços entre Lisboa e Almada. Enquanto atores/cocriadores trabalharam regularmente com o grupo de teatro Olho. A parceria em dupla vem desde 2002. No avanço da pesquisa na arte da performance, Ana Borralho e João Galante têm refletido constantemente sobre o lugar do público na experiência com a arte. 140 141 CADEIA VELHA 7 a 10.09 QUA a SÁB 10H às 14H 18 anos Grátis WORLD OF INTERIORS O conteúdo e a prática do workshop/audição circunscreve o próprio processo de concepção da performance com aspectos de instalação. Nela, o público é confrontado com uma imagem inquietante: um grupo de mulheres e homens deitados no chão, de olhos fechados e sem movimento evidente. Aparentemente nada acontece no exterior. Perante este vazio é exigido ao espectador uma ação, uma aproximação, um toque, um avanço na intimidade dos corpos, na partilha deste mundo interior. Ao mesmo tempo, ouvem-se, como sussurros, trechos de textos do dramaturgo argentino-espanhol Rodrigo García. O espectador é convidado a entrar e a sair conforme a sua vontade, a definir a duração, o tipo de relação e o momento de interrupção da mesma. Destinado a interessados em artes cênicas. Não há pré-requisitos artísticos. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 2 a 16/08. CADEIA VELHA 7 a 10.09 QUA a SÁB 16H às 20H 18 anos Grátis UNTITLED, STILL LIFE participação de Rui Catalão O projeto criado em colaboração com Rui Catalão prevê workshop/audição para selecionar atuadores. A partir da estrutura já delineada da ação performativa, os participantes são convidados a improvisar para que se encontre a matéria de cada um e de cada apresentação, sempre única a cada dia e a cada sessão. Tendo sempre em mente que o que importa é apresentar e não representar, Untitled, Still Life cria um dispositivo que coloca o espectador no mesmo espaço/tempo do performer, um lugar onde se confundem posições, uma intimidade partilhada por e entre todos. Rui Catalão é formado em design gráfico pelo IADE - Creative University. Fundador do BÁ Studio - Strategic Tailor Made Design, é pós graduado em marketing estratégico e gestão para a inovação pela Universidade Católica Portuguesa. É ainda consultor associado na consultora de branding anglo americana Prophet / FigTree. Destinado a performers, atores e bailarinos. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 2 a 16/08. 142 143 PROCURA-SE UM CORPO O CAMPO DE VISÃO E A ALTERIDADE – REVERBERAÇÕES com Tânia Farias com Marcelo Lazzaratto e Pedro Haddad MUSEU HISTÓRICO FORTALEZA DE SANTO AMARO DA BARRA GRANDE 8 a 11.09 QUI a DOM 14H30 às 18H 16 anos R$50 / R$25 / R$12,50 Sem abrir mão da instância poética, a oficina de performance pretende provocar reflexões sobre a história recente do país e as feridas ainda abertas em consequência da ditadura civil-militar (1964-1985). A ação proposta soma-se ao movimento de milhares de brasileiros que exigem do Governo Federal proceder à investigação sobre o paradeiro das vítimas desaparecidas. Também em contraponto à intolerância dos movimentos reacionários em voga no país, a oficina perpassa os estágios da imersão no tema da violência estatal, preparação do corpo, prática de ocupação urbana, criação e realização da performance. Tânia Farias é atriz, encenadora e produtora teatral integrante da Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz desde 1994. Indicada ao Prêmio Shell SP na categoria melhor atriz por Kassandra in Process (2007). Recebeu o prêmio gaúcho Açorianos pelas atuações no espetáculo de rua O Amargo Santo da Purificação (2009) e no espetáculo de vivência Medeia Vozes (2013). Em 2015, o Ói Nóis recebeu o Prêmio Ordem do Mérito Cultural da República Federativa. Destinado a interessados em artes cênicas. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 12 a 26/08. SESC SANTOS - SALA 42 9 a 12.09 SEX a SEG 14H30 às 18H 16 anos R$50 / R$25 / R$12,50 Laboratório criativo desenvolvido a partir da prática e da reflexão em torno do procedimento do Campo de Visão (treinamento para o ator e construção poética dos espetáculos), estabelecido em relação ao tema central das atividades formativas do MIRADA 2016 – a alteridade. Culmina no happening chamado Reverberações, levado a vários lugares da cidade de Santos, acontecimento coral e improvisacional a fim de estabelecer fissuras na realidade cotidiana e aberto à livre participação dos transeuntes. Deseja-se ampliar a noção espacial periférica do ator bem como sua percepção do outro, potencializando razão e sensibilidade. Marcelo Lazzaratto é ator e diretor formado pelo Departamento de Artes Cênicas da ECA-USP. É professor no mesmo departamento da Unicamp. Cofundador da Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, em 2000. A convite do MIRADA, concebe e coordena as atividades formativas e reflexivas desta edição sob a rubrica A Alteridade do Olhar. Pedro Haddad é artista fundador da paulistana Cia. Elevador de Teatro Panorâmico, que completa 16 anos em 2016. Doutorando em artes cênicas pela ECA-USP e mestre pela Unicamp, concilia os dias e as horas com a carreira de professor na Unesp, na Faculdade Escola Superior de Artes Célia Helena e na Escola Lourenço Castanho. Destinado a interessados em artes cênicas. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 12 a 26/08. 144 145 EXPERIMENTAÇÕES PSICOEMBUTIDAS EXERCÍCIO DE CRÍTICA com Luciana Romagnolli com Luis Mario Moncada Gil e Richard Viqueira ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 12 a 15.09 SEG a QUI 15H30 às 18H 18 anos R$50 / R$25 / R$12,50 A partir do processo de criação do espetáculo Psico|Embutidos, o diretor Richard Viqueira e o ator e dramaturgo Luis Mario Moncada Gil conduzem o laboratório que levará os participantes a experimentar diversas técnicas e métodos de criação teatral. Luis Mario Moncada Gil é um ator e dramaturgo mexicano. Recebeu o Premio Nacional de la Juventud 1985 e a bolsa do sistema Nacional de Creadores. Foi diretor do Centro Nacional de Investigación Teatral “Rodolfo Usigli” (CITRU), da Dirección de Teatro y Danza da UNAM, e do Colegio de Teatro da UNAM. Richard Viqueira, nomeado pela revista Dónde ir como o Homem de Teatro da década 2001-2010, seus espetáculos tem causado impacto por sua originalidade, com temporadas e apresentações em festivais nacionais e internacionais. É membro do Sistema Nacional de Creadores de Arte (SNCA). Destinado a interessados em artes cênicas. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 12 a 26/08. SESC SANTOS – ESPAÇO DE TECNOLOGIAS E ARTES 12 a 16.09 SEG a SEX 14H30 às 18H 18 anos R$50 / R$25 / R$12,50 A prática de elaborar pontos de vista a partir das formas e conteúdos de um espetáculo tem a ver com triangular os trabalhos do público, do artista e da crítica. Com a meta de ampliar a reflexão sobre o teatro contemporâneo, o Festival oferece a atividade na qual os participantes serão orientados a respeito da estruturação e desenvolvimento do texto e terão acesso às peças para exercitar suas escritas e, quando for o caso, vê-las publicadas no blog do MIRADA. Luciana Romagnolli é jornalista, pesquisadora e crítica de teatro. Especialista em literatura dramática e teatro (UTFPR), mestre em artes (EBA-UFMG) e doutoranda em artes cênicas (ECA-USP). Fundou em 2012 o site Horizonte da Cena, do qual é editora. Integra a DocumentaCena – Plataforma de Crítica e a Associação Internacional de Críticos de Teatro (IACT-AICT), afiliada à Unesco. Foi supervisora editorial da MITsp - Mostra Internacional de Teatro de São Paulo em 2015 e 2016. É coordenadora de crítica do projeto Janela de Dramaturgia (MG) desde 2012. Destinado a interessados em artes cênicas. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 12 a 26/08. 146 147 CORPO, CENA E IMAGINÁRIO DE-COLONIAL ACAPELA com Javiera Peón-Veiga com Verônica Fabrini SESC SANTOS – SALA 42 14 a 17.09 QUA a SÁB 14H30 às 18H 16 anos R$50 / R$25 / R$12,50 Oficina de prática cênica que conjuga criação e reflexão. O ponto de partida material da oficina é a peça O Arquiteto e o Imperador da Assíria, do espanhol Fernando Arrabal. A busca por outra anatomia será abordada com a participação colaborativa da pesquisadora Arami Argüello Marschner, que tem longa experiência junto à população indígena guarani-kaiowá em Dourados (MS). Verônica Fabrini fez pós-doutorado em filosofia pela Universidade de Lisboa e é doutora em teatro pela USP. Professora do Departamento de Artes Cênicas da Unicamp, investiga processos criativos, estudos do imaginário e o pensamento descolonial. Fundadora e diretora artística da Boa Companhia, de Campinas, em 1992. Destinado a interessados em artes cênicas. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 12 a 26/08. C.A.I.S. VILA MATHIAS 16.09 SEX 10H às 14H30 16 anos R$50 / R$25 / R$12,50 Os participantes são estimulados a vivenciar uma prática intensiva em torno do ato respiratório e seus múltiplos efeitos no corpo e nos estados de consciência. Trabalha-se com um híbrido de métodos explorados durante o processo de investigação da obra chilena Acapela, coreografada pela ministrante Javiera Peón-Veiga e integrada à programação do Festival. Há variações sobre canto, cundalini, respiração holotrópica, alba emoting, body mind centering, chi kung (ou qi gong), meditação dinâmica de Osho, entre outras técnicas. Busca-se impulsionar os limites habituais do corpo por meio da voz, das emoções e do movimento da energia em direção ao transe, o transbordamento, a escuta e outras formas de transmissão e comunicação entre as pessoas, suscitando um espaço de encontro e comunidade. Javiera Peón-Veiga nasceu em Santiago, Chile. Estudou psicologia na Pontifícia Universidade Católica do Chile e em seguida cursou dança contemporânea na London Contemporary Dance School (The Place). Especializou-se em pesquisa coreográfica pelo Centre National de Danse Contemporaine d’Angers (CNDC) e pela Fondation Royaumont (CRCC), ambos na França, de 2006 a 2008. Destinado a interessados em artes cênicas. Inscrições: envio de curriculum e carta de interesse para [email protected] de 12 a 26/08. 148 149 LEITURAS DA NOVA DRAMATURGIA ESPANHOLA LEITURAS DRAMÁTICAS CENTRO ESPAÑOL Y REPATRIACIÓN DE SANTOS 11.09 DOM 17H 16 anos Grátis O conceito “A Alteridade do Olhar” permeia as atividades formativas e reflexivas deste MIRADA e contempla aqui um segmento dedicado ao texto. A polissemia e a enunciação reinam por meio de duas leituras comentadas, duas leituras dramáticas e um exercício cênico. Sempre com peças de autores da Espanha, conduzidas por diretores e atores brasileiros que traduziram as mesmas para o português. Os textos, publicados no Brasil pela editora Cobogó, fazem parte da Coleção Dramaturgia Espanhola, uma iniciativa da Acción Cultural Española, AC/E – Sociedad Estatal de Acción Cultural. Programação apoiada pela Acción Cultural Española, AC/E - Sociedad Estatal de Acción Cultural, S.A. NN12 texto de Gracia Moraes tradução e direção de Gilberto Gawronski Gracia Morales é doutora em filologia hispânica pela Universidade de Granada, onde leciona literatura hispanoamericana e espanhola. É cofundadora da companhia Remiendo Teatro, na qual trabalha como dramaturga, atriz e assistente de direção. Publicou 15 textos teatrais, alguns dos quais foram traduzidos para o francês, o português, o inglês e o italiano. Gilberto Gawronski é diretor, ator e vive no Rio de Janeiro. Formou-se como ator em 1986, na Casa das Artes de Laranjeiras, a CAL. Em 1996 encenou, dividindo o palco com Ricardo Blat, Na Solidão nos Campos de Algodão. No ano seguinte, é a vez do monólogo A Dama da Noite, adaptado do conto de Caio Fernando Abreu. Em 2002, convidado pela Cia. dos Atores, dirigiu Meu Destino É Pecar, de Nelson Rodrigues. Em 2011, atuou no solo Ato de Comunhão, texto do argentino Lautaro Vilo, codirigido pelo ator Warley Goulart. EXERCÍCIO CÊNICO 150 151 CENTRO ESPAÑOL Y REPATRIACIÓN DE SANTOS 14.09 QUA 17H 16 anos Grátis ATRA BÍLIS texto de Laila Ripoll tradução e direção de Hugo Rodas Laila Ripoll é dramaturga, atriz e diretora teatral. Graduouse na Real Escuela Superior de Arte Dramático de Madrid. No começo dos anos 1990, fundou a companhia Micomicon, grupo especializado na encenação de obras do teatro clássico espanhol. Dirigiu espetáculos para o Centro Dramático Nacional, para a Compañía Nacional de Teatro Clásico e para o Festival de Teatro Clásico de Mérida. Hugo Rodas é uruguaio radicado no Brasil há 40 anos. Sua trajetória sempre esteve e está ligada aos coletivos e parcerias com os quais trabalha, desde o Grupo Pitú, nas décadas de 1970 e de 1980 – quando também ocorrem as primeiras experiências com Antônio Abujamra e José Celso Martinez Corrêa – passando pelo Teatro Universitário Candango (TUCAN), nos anos 1990 e 2000. E, atualmente, na Agrupação Teatral Amacaca (ATA), nascida no Departamento de Artes Cênicas da Universidade de Brasília. CENTRO ESPAÑOL Y REPATRIACIÓN DE SANTOS 15.09 QUI 17H 16 anos Grátis CLIFF (ACANTILADO) texto de Alberto Conejero López tradução e direção de Fernando Yamamoto O diretor Fernando Yamamoto, do Grupo Clowns de Shakespeare (RN), conduz exercício cênico a partir do texto espanhol por ele traduzido: Cliff (Acantilado), do espanhol Alberto Cornejo López. Alberto Conejero López é formado em direção de cena e dramaturgia pela Real Escuela Superior de Arte Dramático de Madrid, com doutorado pela Universidad Complutense de Madrid. Deu palestras e lecionou sobre dramaturgia europeia contemporânea e teatro clássico na Espanha, Hungria, Grécia, Chile, Argentina e Uruguai. Além das diversas premiações conferidas a suas peças, foi o vencedor do Premio Ceres 2015 na categoria Melhor Autor Teatral. Fernando Yamamoto é paulistano radicado em Natal, onde é um dos fundadores do Grupo Clowns de Shakespeare (1993). Tem investido na tradução de obras dramá ticas, das línguas espanhola e inglesa, em especial William Shakespeare. Como pesquisador, desenvolveu o projeto Cartografia do Teatro de Grupo do Nordeste, no qual mapeou mais de cem grupos de toda a região. Atualmente é diretor do Departamento de Programas, Projetos e Eventos Culturais da Secretaria de Cultura do município de Natal. 152 153 LEITURAS COMENTADAS Comentador convidado: Alexandre Dal Farra Alexandre Dal Farra é mestre pelo Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP, na área de literatura alemã. Dramaturgo, diretor, escritor e músico, foi vencedor do 25º Prêmio Shell na categoria Melhor Autor, em 2012, com a peça Mateus 10, que escreveu e dirigiu. A peça venceu também o Prêmio CPT de Melhor Espetáculo para Espaço Não-Convencional. CENTRO ESPAÑOL Y REPATRIACIÓN DE SANTOS 9.09 SEX 17H 16 anos Grátis LOS CUERPOS PERDIDOS texto de José Manuel Mora tradução e direção de Cibele Forjaz José Manuel Mora se formou como ator no Centro de Artes Escénicas de Andalucía. Estudou dramaturgia e direção de cena na Real Escuela Superior de Arte Dramático. É mestre em teatro pela Universidade de Amsterdã. Atualmente é professor de dramaturgia na Escuela Superior de Arte Dramático de Castilla y León e diretor artístico do Teatro Draft.inn. Colabora como dramaturgo na belga Cia. Peeping Tom, e trabalha como assessor artístico para o Theatre-Biennale of Staatstheater Wiesbaden, Alemanha. Cibele Forjaz é diretora e iluminadora teatral. Em 30 anos de teatro profissional, participou ativamente de quatro coletivos de teatro: A Barca de Dionísos (1985-1991); Teatro Oficina Uzyna Uzona (1992-2001), Mundana Companhia (desde 2008) e Cia. Livre (onde é diretora artística desde 1999). Docente e pesquisadora do Departamento de Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo e do Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da mesma instituição. CENTRO ESPAÑOL Y REPATRIACIÓN DE SANTOS 13.09 TER 17H 16 anos Grátis PERRO MUERTO EN TINTORERÍA: LOS FUERTES texto de Angélica Lidell tradução e direção de Beatriz Sayad Angélica Liddell é dramaturga, atriz e produtora. Em 1993, criou a companhia Atra Bilis Teatro. Recebeu diversos prêmios, entre eles o Prêmio Ojo Crítico Segundo Milenio 2005, pelo conjunto da obra, e o Prêmio Notodo, na categoria de melhor espetáculo de 2007, por Perro Muerto en Tintorería, eleito pelo público. Suas obras foram traduzidas para o francês, inglês, romeno, russo, alemão, polonês, grego e português, Beatriz Sayad é autora, atriz e diretora formada em letras pela PUC-Rio. Desde os 18 anos integra a companhia suíça Teatro Sunil (atual Cia. Finzi Pasca). No Brasil, atuou como palhaça em hospitais nos Doutores da Alegria e coordenou outros projetos artísticos dentro do grupo. Cursou a Escola Internacional de Teatro Jacques Lecoq, na França. Integrou a Cia. Teatro Balagan, em São Paulo. Traduziu O Teatro da Carícia, de Daniele Finzi Pasca (Sesi); Cachorro Morto na Lavanderia, de Angelica Liddell (Cobogó); e o texto do espetáculo El Sur de Europa, da companhia espanhola La Tristura. 154 155 MAPAS DE CRIAÇÃO E INTERCÂMBIO Encontros realizados com integrantes dos núcleos artísticos participantes do Festival para compartilhar cartografias dos processos de criação de seus espetáculos. Coordenação: Marcelo Lazzaratto. ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 10.09 SÁB 10H às 14H Livre Grátis TEATRO PRAGA (POR) & GRUPO CENA 11 CIA. DE DANÇA (BRA) ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS 11 E 13.09 DOM e TER 13H às 15H Livre Grátis COMPAÑÍA TITULAR DE TEATRO DE LA UNIVERSIDAD VERACRUZANA (MEX) & CPT / SESC (BRA) ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS E SALA 42 13 e 14.09 TER e QUA 13H às 15H Livre Grátis CIA. KAMCHÀTKA (ESP) & CIA. TEATRO BALAGAN (BRA) PONTO DE ENCONTRO Na Área de Convivência do Sesc Santos, um espaço onde o público poderá encontrar amigos, artistas e convidados do festival. Instalações interativas, performances e shows musicais noturnos compõem a atmosfera propícia ao encontro, à celebração e à troca de impressões sobre o MIRADA. 9 e 10.09 – 10H às 19H 11 a 16.09 – 10H às 13H 17 e 18.09 – 10H às 19H 16 anos Grátis DIARIAMENTE 11H às 20H Livre Grátis 12 a 17.09 SEG a SÁB 15H às 17H Livre Grátis INSTALAÇÃO PSICO/EMBUTIDOS, CARNICERÍA ESCÉNICA ÁREA DE CONVIVÊNCIA SESC SANTOS Um esqueleto cenográfico de grandes dimensões que simula o funcionamento do aparelho digestivo humano em uma autêntica experiência sensorial. A instalação cênica do espetáculo Psico/Embutidos, Carnicería Escénica, do diretor e dramaturgo mexicano Richard Viqueira, fica disponível à visitação do público nos horários em que não houver sessão. 18 anos Grátis VÍDEOINSTALAÇÃO OLHO-URUBU 10.09 SÁB 22H30 Composta por módulos interativos, a instalação apresenta 26 vídeopoemas que atravessam as diversas realidades do MIRADA – a arte, a cidade, o homem, a arquitetura – e embaralham as fronteiras entre cinema, artes visuais, ficção e realidade. O curta-metragem experimental é fruto do trabalho dos participantes da oficina Imersão Olho-Urubu – Laboratório Audiovisual SescTV, ministrada durante a última edição do MIRADA. SESCTV NO MIRADA Uma programação especial, voltada às artes cênicas e compilada ao longo das três últimas edições do festival, estará disponível ao público visitante. 8.09 QUI 23H SHOWS Retirada de ingressos na bilheteria do Sesc Santos no dia do show, a partir das 10h. BANDA NINFAS (ARG) Nove mulheres argentinas que se uniram em torno de um projeto: formar uma banda de variedade exuberante de instrumentos, personalidades e estilos. A música das Ninfas combina sons latinos como salsa, cumbia e bolero. JALOO (BRA) Jaloo faz música pop, eletrônica e experimental, remexendo as músicas de artistas como Rihanna e Donna Summer, sem medo de sacrilégio. Jaloo compõe, canta, remixa, arranja e produz. Aqui, ele vem acompanhado de um trio de músicos. 11.09 DOM 22H30 OQUADRO (BRA) Ao lado de nomes como BayanaSystem, é uma das bandas, na Bahia, que representa a intitulada Nova Escola do hip hop. As composições do grupo oscilam entre a bravura e a brandura, o local e o universal, vão do ijexá ao afrobeat, sem deixar, por isso, de ser rap. 18.09 DOM 21H30 CUBAN BEATS ALL STARS (CUB) A partir da fusão e da química entre os músicos do grupo cubano Orishas – Vladimir Núñez (percussionista), Nelson Palacios (baixista) e o DJ Tillo – o trio faz uma combinação de sons eletrônicos e tribais, em uma viagem pelos estilos musicais do Caribe, América-Latina e, principalmente, de Cuba. TURISMO SOCIAL Durante o festival, teatros, ruas, praças e prédios do patrimônio histórico da cidade de Santos são ocupados por atividades que convidam à reflexão e ao intercâmbio cultural por meio de temas relacionados às artes cênicas e à cultura. Os viajantes do Programa de Turismo Social do Sesc São Paulo são convidados a assistir os espetáculos da programação, tornando as visitas a Santos ainda mais interessantes! Confira os roteiros em sescsp.org.br/turismo 162 163 SESCSP.ORG.BR/MIRADA ENDEREÇOS Ponto Digital MIRADA Vire e revire o MIRADA junto com o que está acontecendo e de onde você estiver! Conheça os artistas e os públicos, as percepções e sensações provocadas pelas artes, os processos e fazeres do teatro ibero-americano contemporâneo e mais. Das coxias à orla da baixada santista, histórias de variados pontos de vistas dos espetáculos, autores e atores serão transmitidas diariamente em vídeos, fotos, entrevistas inéditas e crônicas. Para esta edição, uma web série inédita, em dez episódios, apresenta de forma poética as histórias por trás das histórias de espetáculos convidados pela curadoria. SANTOS Crítica e Desdobramentos A convite do MIRADA, críticos de diferentes regiões do país transitarão pelos espetáculos e realizarão o acompanhamento do festival, produzindo críticas diárias. Os textos poderão ser acessados, diariamente, em sescsp.org.br/mirada. Jornalistas Convidados: Daniel Schenker (O Globo), Ivana Moura (Satisfeita, Yolanda?), Maria Eugênia de Menezes (O Estado de S. Paulo), Pollyana Diniz (Satisfeita, Yolanda?) e Welington Andrade (Revista Cult). Você também pode colaborar com a cobertura: compartilhe seu olhar usando a hashtag #Mirada2016 Pesquisa Como foi sua experiência no MIRADA? Preparamos um questionário que leva de 3 a 5 minutos para você responder. Participe: bit.ly/mirada2016 Bacia do Mercado Praça Iguatemi Martins, s/nº. Paquetá. Cadeia Velha Praça dos Andradas, s/nº. Centro. C.A.I.S. Vila Mathias (Centro de Atividades Integradas de Santos) Av. Rangel Pestana, 184. Vila Mathias. Casa da Frontaria Azulejada Rua do Comércio, 96. Centro. Centro de Pesquisa das Narrativas Visuais do Valongo Rua Tuiuti, 26. Centro Histórico. Centro Español y Repatriación de Santos Av. Dona Ana Costa, 286. Campo Grande. Fonte do Sapo Av. Bartolomeu de Gusmão, 93. Aparecida. Museu Histórico Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande Av. Almirante Saldanha da Gama – Ponte Edgard Perdigão, em frente ao número 63. Ponta da Praia. Parque Roberto Mário Santini (Emissário) Av. Presidente Wilson, s/nº. José Menino. Prédio de Prevenção Sabesp (Casa Rosada) Alameda Doutor Adriano Neiva da Mota e Silva, 45. José Menino. INFORMAÇÕES 164 165 Programação sujeita a alterações Sala Princesa Isabel – Paço Municipal Praça Mauá, s/nº. Centro Histórico. Sesc Santos Rua Conselheiro Ribas, 136. Aparecida. Teatro Brás Cubas Av. Senador Pinheiro Machado, 48. Vila Mathias. Teatro Guarany Praça Dos Andradas, 100. Centro. Teatro Coliseu Rua Brás Cubas, s/nº. Centro. EXTENSÃO MIRADA BERTIOGA Parque Tupiniquins Av. Tomé de Souza, s/nº. Centro. CUBATÃO Novo Parque Anilinas Av. Nove de Abril, s/nº. Centro. INGRESSOS Venda Ingressos à venda a partir de 12/08, às 15h, no Portal sescsp.org.br e, às 17h, nas bilheterias das unidades do Sesc. O ingresso comprado nas bilheterias da Rede Sesc SP não será devolvido ou trocado para outro horário, dia ou espetáculo. Os espetáculos para crianças terão venda de ingressos apenas nas bilheterias das unidades do Sesc. Crianças até 12 anos não pagam, mas devem retirar ingressos com antecedência. Em Santos No Sesc Santos, a compra de ingressos pode ser feita de terça a sexta, das 9h às 21h30. Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h30. Nos dias das atividades nos espaços Cadeia Velha, C.A.I.S. Vila Mathias, Casa da Frontaria Azulejada, Sala Princesa Isabel, Teatro Brás Cubas, Teatro Coliseu e Teatro Guarany, os ingressos estarão à venda nos locais, com uma hora de antecedência. PRAIA GRANDE Espaço Conviver Boqueirão Av. Castelo Branco, s/nº. Boqueirão. SÃO VICENTE Praça Barão do Rio Branco, s/nº. Centro. Legenda de Preços Trabalhador do comércio, serviços e turismo credenciado no Sesc e dependentes. Aposentado, pessoa com mais de 60 anos, pessoa com deficiência, estudante e servidor de escola pública. 166 167 Ingresso Online Os ingressos online estarão à venda, enquanto houver disponibilidade, até duas horas antes do início do espetáculo. Os ingressos adquiridos através do Portal estarão disponíveis para retirada nas unidades do Sesc até duas horas antes do início do espetáculo. No Sesc Santos, poderão ser retirados no próprio dia, antes do início da sessão. Para os espetáculos realizados em espaços externos, os ingressos podem ser retirados no Sesc Santos até duas horas antes do seu início. Após esse horário, deverão ser retirados na bilheteria do próprio local de realização. A retirada do ingresso online pelo responsável ou pessoa indicada confirma o interesse pela compra, impossibilitando a devolução ou troca para outro horário, dia ou espetáculo. ATIVIDADES GRATUITAS Para participar, verifique no Portal Sesc o local da atividade de sua escolha. Atividades gratuitas, exceto quando sinalizadas, não requerem a retirada de ingressos. COMPROVANTE PARA INGRESSOS COM DESCONTO Credencial Plena do Sesc válida; carteirinha de estudante (Umes, Ubes); carteirinha escolar do ano ou semestre vigente ou comprovante de matrícula ou pagamento da mensalidade; identificação funcional ou holerite para servidores de escola pública; comprovante de aposentadoria; documento de identidade para pessoas maiores de 60 anos. FORMAS DE PAGAMENTO Dinheiro, cartões Visa, Visa Electron, Mastercard, Maestro, Redeshop, Diners Club International e Vale Cultura (Ticket Cultura, Sodexo e Alelo). RECOMENDAÇÃO ETÁRIA Confira antecipadamente a classificação indicativa de cada atividade. Nas apresentações que sejam classificadas como não recomendadas para menores de 18 anos, não será admitido o ingresso de menores de 18 anos, mesmo que acompanhados de pais ou responsáveis. VARIAÇÕES CLIMÁTICAS Atividades apresentadas ao ar livre poderão ser alteradas ou canceladas em caso de variações climáticas que prejudiquem sua execução. Informe-se em sescsp.org.br/mirada ou no Sesc Santos. LEGENDAGEM Os espetáculos internacionais serão apresentados com legendas em português. Os espetáculos nacionais serão apresentados com legenda em espanhol. Informe-se sobre os serviços de audiodescrição e tradução em Libras. MAIS INFORMAÇÕES sescsp.org.br/mirada 168 169 + SESC VOCÊ CONHECE O SESC? Criado em 1946, administrado e mantido pelo empresariado do comércio, serviços e turismo, o Serviço Social do Comércio realiza ações que têm por finalidade a promoção do bem-estar social, o desenvolvimento cultural e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador do comércio, serviços e turismo, de sua família e da comunidade em geral. COMO PARTICIPAR? Muitas atividades são abertas à população em geral, mas só a Credencial Plena poderá das acesso à toda programação e aos serviços do Sesc, incluindo o Centro de Férias, os consultórios odontológicos e os cursos físico-esportivos. Todos os trabalhadores do comércio, serviços e turismo com registro em carteira em empresas que contribuem ao Sesc podem fazer uma Credencial Plena. VOCÊ QUE É TRABALHADOR COM REGISTRO EM CARTEIRA OU APOSENTADO NAS ÁREAS DE: Comércio – Lojas, farmácias, shoppings, papelarias, supermercados, lanchonetes, restaurantes, casas lotéricas, postos de combustíveis, lojas de departamentos e outros. Serviços – Hospitais particulares, laboratórios de análises, vigilância/segurança, condomínios comerciais e residenciais, escolas particulares, veículos de comunicação e publicidade, casas de saúde, clínicas e consultórios médicos e outros. Turismo – Hotéis, motéis, resorts, pousadas, campings, agências de turismo e outros. TÊM DIREITO TAMBÉM Se o seu último registro em carteira for de uma empresa do comércio, serviços e turismo e você está: • desempregado há até 12 meses; • em licença por motivos de saúde ou prestando serviço militar. FAÇA SUA CREDENCIAL PLENA A Credencial Plena é feita, gratuitamente, na própria empresa em que se trabalha ou em uma das unidades do Sesc. A Credencial Plena tem validade de um ano para todo o território nacional. Na renovação, deve-se apresentar a carteira profissional. REALIZAÇÃO APOIO PARCERIA Município de Santos APOIO INSTITUCIONAL COLÔMBIA