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O êxito dos Health Clubs
Low Cost
Tempo aproximado de leitura: 15 minutos
Consequência do contexto económico actual, o conceito Low Cost está
em alta e o sector do desporto não foge a esta tendência. Se é verdade
que muitos Health Clubs tradicionais estão a fechar as portas, não
menos verdade é que, a cada dia, abrem novos Health Clubs Low Cost.
Embora muitos sejam levados a pensar que estes tenham nascido como
consequência natural da grave crise económica que assola a sociedade
actual, a realidade é que os mesmos surgiram há cerca de 20 anos, sendo
que o primeiro deles abriu portas nos Estados Unidos em 1992.
Neste artigo de itik genera vamos conhecer as características que fazem
daqueles Health Clubs um fenómeno de sucesso.
A filosofia dos Health Clubs Low Cost
A filosofia de um Health Club Low Cost é simples: o cliente paga apenas
os serviços e espaços que utiliza. Isto é, procura-se ajustar a oferta aos
elementos básicos e imprescindíveis da procura para não sobrecarregar
a mensalidade dos clientes. Esta filosofia segue o conceito “No-Frills
Chic” que poderá ser traduzido como um serviço prático, funcional e
económico.
Segundo Ray Algar, autor do estudo “2011 Global Low Cost Gym Sector
Report in UK” promovido por PRECOR, um Health Club Low Cost deve
cumprir 5 características fundamentais. São elas:
Figura 1. As 5 características fundamentais de um Health Club Low
Cost:
Ter uma sala
de fitness e, no máximo,
mais uma sala para A.D
Elevado uso de
tecnologia e trâmites
online
Mensalidade inferior
a 50% do preço médio de
mercado
Estar preparado para funcionar
com um(a) só monitor(a)
Aberto 24 horas por dia
Há algumas destas características que não podem ser cumpridas em
certos países, por imperativos das leis neles vigentes e, também, face à
realidade do respectivo mercado, por exemplo, a abertura 24h por dia de
um estabelecimento.
Seguindo a legislação vigente em cada país, cada Health Club acaba por
reajustar a oferta com mais ou menos serviços complementares. Não
obstante, para ser considerado um Health Club Low Cost ter-se-á, no
mínimo, que cumprir 4 das 5 características acima referidas.
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Julho 12
Factores de êxito dos Health Clubs Low Cost
Pese embora as vantagens inerentes aos Health Clubs Low Cost, este
conceito não teria tido tanto sucesso e crescimento não fossem as
profundas alterações socioeconómicas ocorridas nos últimos anos.
Abaixo, elencamos seis factores, relacionados com o mercado e com a
sociedade actual, que ampliaram o sucesso dos Health Clubs Low Cost:
Os consumidores estão a mudar
A compra de marcas de prestígio como forma de ostentar prestígio e
status social está a ser abandonada em detrimento da aquisição de produtos/ serviços pelo seu justo preço. Por outro lado, as gerações mais jovens são “nativas digitais”. Para elas, a utilização de novas tecnologias
no processo de compra e/ou venda de produtos/serviços é uma actividade natural e rotineira que está a modificar os hábitos de consumo.
Infraestruturas digitais
O avanço tecnológico verificado nas últimas décadas permitiu às organizações uma fantástica eficiência económica, sem contudo penalizar
a qualidade do produto/serviço por elas prestado aos consumidores.
Acessos digitais, controlo dos espaços por câmaras de vídeo, realização
de treinos ministrados por monitores virtuais, realização de trâmites
através de espaços digitais, são alguns exemplos desse avanço.
Simplicidade
Na sociedade actual, as pessoas têm que saber filtrar a informação
realmente importante da informação acessória, processo que por vezes conduz a um grande desgaste. A transmissão de informação sobre
um Health Club Low Cost tem como premissa a simplicidade. Qualquer
informação deve ser facilmente compreendido pelos potenciais clientes.
Para tal, deve a mesma ser clara, precisa, sem lugar a dúvidas ou ambiguidades.
Confiança do consumidor
É necessário deixar claro, desde o primeiro momento, e com toda a honestidade, o que o Health Club tem para oferecer. Porque a satisfação do
cliente resulta da diferença entre a percepção que ele faz do produto/
serviço oferecido e a expectativa que o próprio criou, ou lhe foi criada,
relativamente a ele.
Prática esporádica
Nos Health Clubs tradicionais, os clientes pagam, em média, 60€ de
mensalmente. Porém, parte significativa dos clientes desses centros
começou a questionar-se sobre a necessidade de pagar tanto dinheiro
por uma mensalidade quando nem sequer utilizam grande parte dos
serviços e espaços por eles oferecidos.
Preços acessíveis
Os preços baixos dos Health Clubs Low Cost são um importante atractivo
para pessoas sem hábitos desportivos, facilitando a sua integração e
estimulo à prática desportiva regular. É também um factor cada vez mais
determinante na escolha feita pelas pessoas, considerando o actual contexto socioeconómico.
genera
“Uma semana no ginásio custa-me o mesmo que um café na Starbucks”
Dinamização dos Health Clubs Low Cost
Cada Health Club Low Cost utiliza diferentes estratégias para atrair
potências clientes ou manter os já existentes. Há Health Clubs que
restringem a oferta a uma simples sala de fitness e outros que a
complementam com salas de actividades dirigidas ou outros serviços
complementares cujo pagamento pode estar incluído na mensalidade ou
ser pago à parte, mediante a utilização que deles se faça.
Ainda que a mais-valia destes Health Clubs seja o preço baixo, estes
não deixam de apostar no máximo aproveitamento do tempo de prática
desportiva dos seus clientes. Estimulam-se rotinas curtas e intensas. Estas
são geradas mediante uma experiência guiada, muito fácil de cumprir e
altamente satisfatória para o cliente.
As actividades dirigidas em horas com pouca afluência de clientes são
realizadas mediante a utilização de plataformas digitais. Estas são
orientadas por técnicos virtuais, através de grandes ecrãs.
Outra estratégia muito utilizada para a dinamização dos Low Cost é
o diálogo social que estes imprimem com os seus clientes através das
diferentes redes sociais. Com esta estratégia procura-se promover
o contacto social e humano com os clientes, elemento muito ausente
neste tipo de Health Clubs pelo recurso à utilização maciça de processos
tecnológicos.
Low Cost não significa qualidade inferior
É prática recorrente associar as empresas Low Cost a um produto/serviço
de má qualidade. Porém, a filosofia das Low Cost é simplesmente garantir
um bom serviço a um baixo preço. Dito de outra forma: garantir uma boa
relação qualidade-preço. Naturalmente que um cliente de um Health Club
Low Cost não espera ter o serviço que receberia num qualquer outro
tipo de Health Club. Tal como são diferentes as expectativas que cada
um de nós tem quanto às companhias aéreas Low Cost relativamente
às companhias tradicionais, ou aos hotéis Low Cost em comparação com
hotéis normais - que possuem salas de conferências, grandes restaurantes
e inúmeras zonas lúdicas. Por contra ponto, os hotéis Low Cost reduzem o
serviço prestado às necessidades básicas para uma estadia confortável e
barata. Em resumo, “fazer menos mas fazer bem” é uma premissa básica
no planeamento de qualquer serviço Low Cost.
Os resultados
No estudo supramencionado podemos observar alguns dados importantes
sobre as características dos Health Club Low Cost bem como dos seus
clientes:
www.itik.es
Comentários: [email protected]
Twitter: @itikconsultoria
Afirmação de um cliente de um centro Low Cost
A mensalidade média é de 19,90€
57% dos clientes destes Health Clubs são homens
80% dos clientes advêm de Health Clubs tradicionais
De 0 a 5, a avaliação média dos clientes quanto à relação qualidade-preço
é de 4,5
O maior parte dos clientes têm entre 19 a 35 anos
80% dos clientes tem intenção de continuar no centro no mínimo 1 ano
Os Estados Unidos e a Alemanha são os dois países com o maior número
de Health Clubs com estas características assim como de franquias
internacionais que se expandiram por todo o mundo. A seguir encontra-se a
Holanda, Suécia, Áustria e Brasil.
O futuro
Se a curto prazo o futuro dos Health Clubs Low cost é promissor duvidas há
quanto à sua viabilidade a longo prazo. Alguns analistas são da opinião que
estes manterão a sua vitalidade e crescimento, enquanto outros alvitram
que com o tempo e a recuperação do mercado surgirão novos conceitos, bem
mais apelativos que os Health Club Low Cost.
Por ora, os Health Clubs de tamanho médio, os que não fazem parte de
grandes cadeias ou os de de alta qualidade são os mais vulneráveis
perante a nova realidade do sector uma vez que os clientes, como acima
fizemos referência, não estão dispostos a pagar um preço tão elevado por
uma mensalidade que engloba serviços que eles próprios não utilizam. Os
“novos consumidores” apenas querem pagar os serviços que utilizam. Tão
somente.
Por fim, não podemos deixar de frisar o seguinte: nos Health Clubs Low Cost
a relação humana inerente à prática desportiva perde protagonismo perante
o uso excessivo de tecnologia. Apesar da sua exponencial evolução, há que
ter em conta que existem pessoas que não têm interesse ou facilidade na
utilização de processos automatizados/tecnológicos. Por este motivo, é
importante não perder de vista a importância dos recursos humanos na
interacção social que estabelecem com os clientes e apoio técnico que lhes
podem prestar
Adaptação do artigo:
Algar, R. 2011 Global low-cost gym sector report in UK