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O USO SECUNDÁR IO DO FÁRMACO AMITR IPTILINA NA SÍNDROME
SIRINGOMIÉLICA: RELATO DE CASO
N e l c i j a n e C o e l h o S e r r ã o Ar a ú j o
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Janaina Dorneles Mahlke
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RESUMO
JUSTIFICATIVA E OBJETIVO: O Uso do antidepressivo tricíclico amitriptilina na síndrome
siringomiélica, a qual se caracteriza pela presença de uma cavidade cística que se estende por vários
segmentos na medula espinhal. A utilização da amitriptilina se deve ao fato de ser inibidora não
seletiva da noradrenalina e serotonina no sistema nervoso central. Este antidepressivo tricíclico vem
sendo utilizado em forma secundária para dor neuropática crônica. Entretanto, os efeitos colaterais
limitam o seu uso. O objetivo deste artigo foi descrever o uso secundário da amitriptilina na dor
crônica em um caso de siringomielia. RELATO DO CASO: Paciente de 39 anos, Roraimense,
casada, portadora de sequela de traumatismo por acidente automobilístico antigo caracterizado por
fratura antiga do platô de D3 e D4 e cavidade siringomiélica focal posteriormente localizado ao corpo
vertebral D4; artrose interfacetária direita C5-C6 e discreta C4-C5 e síndrome do túnel do carpo
bilateral. Apresenta dor cervical- cervicalgia e dorsalgia com leves alterações de parestesia e
fraqueza nos membros superiores. Após o diagnóstico, acompanhamento com controle de imagem
de ressonância magnética a cada seis meses deu inicio ao tratamento medicamentoso: Paco,
eventualmente quando sentir dor e amitriptilina 15mg uma vez ao dia por um mês. Apresentando
melhora no quadro de dor e fazendo uso da RPG/hidroginástica. CONSIDERAÇÕES FINAIS: A
amitriptilina é o fármaco que possui melhor ação analgésica documentada nas dores neuropáticas,
apesar dos seus efeitos colaterais existentes. O seu uso depende do grau da doença e a dosagem
adequada. No caso da siringomielia, a amitriptilina é utilizada como coadjuvante na dor cervical,
obtendo um resultado satisfatório.
Palavras-chave: Antidepressivo tricíclico; Amitriptilina; Síndrome siringomiélica; Dor neuropática;
Efeitos colaterais.
ABSTRAT
BACKGROUND AND PURPOSE: The use of tricyclic antidepressant amitriptyline in
siringomiélica syndrome, which is characterized by the presence of a cystic cavity that spans several
segments of the spinal cord. The use of amitriptyline is due to the fact that non-selective inhibitor of
norepinephrine and serotonin in the central nervous system. This tricyclic antidepressant has been
used in a secondary to chronic neuropathic pain. However, side effects limit their use. The purpose of
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Graduada em Química (UFRR), Graduanda Curso de farmácia (Faculdade Cathedral) R.A:
2 6 0 6 0 . E - m a i l : e n a j a r a u j o @ ya h o o . c o m . b r
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Orientadora Mestre em Ciências Farmacêuticas - UFSM
Caderno de Ciências Biológicas e da Saúde
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this article was to describe the secondary use of amitriptyline in chronic pain in a case of
syringomyelia. CASE REPORT: Patient 39, Roraima, married, bearer of sequel to a car accident old
fracture characterized by former Plateau D3 and D4 siringomiélica focal cavity and subsequently
located the vertebral body D4; arthrosis interfacets right C5-C6 and C4-C5 and mild carpal tunnel
syndrome bilaterally. Displays neck pain, neck pain and back pain with slight changes paresthesia and
weakness in upper limbs. After the diagnosis, monitoring with controlled magnetic resonance imaging
every six months began the drug treatment: Paco, eventually when you feel pain, amitriptyline 15mg
once daily for a month. Featuring improvement in the pain and making use of the RPG / aerobics.
FINAL THOUGHTS: Amitriptyline is the best drug that has analgesic documented in neuropathic pain,
despite its side effects exist. Their use depends on the degree of disease, and the proper dosage. In
the case of syringomyelia, amitriptyline is used as an adjuvant in neck pain, obtaining a satisfactory
result.
tricyclic antidepressant, amitriptyline, siringomiélica syndrome, neuropathic pain,
side effects.
Keywords:
INTRODUÇÃO
O termo “siringomielia” (de siringue: “flauta” ou “tubo”) indica a existência de
uma cavidade cística, na medula, que se estende por vários segmentos (CAMBIER,
2005). Trata-se de uma doença crônica, de evolução lenta e progressiva com
expansão da cavidade cística. O quadro clínico da siringomielia pode ser relacionado
com dor local, dor e/ou fraqueza irradiada para os membros, paralisia de braços e
pernas e rigidez nas costas, assim como ombros e extremidades. Verifica-se a perda
da capacidade sensitiva, sinais de que nos tecidos da medula existe processo
destrutivo, ou até mesmo, queixas como disfagia (dificuldade de deglutição). As
causas podem ser diversas, como trauma, tumor, infecção, fixação da coluna
vertebral na região lombar ou por doenças congênitas. O tratamento para esta
doença não é específico.
A escolha de um medicamento específico demanda de várias considerações,
especialmente quando se tratar de uma dor crônica ocasionada por uma síndrome,
dor neuropática (dor crônica que pode acontecer com as neuropatias periféricas,
infecções por herpes zoster, lesões nervosas traumáticas e alguns tipos de câncer).
Os antidepressivos, além de exercerem sua função no processo de distúrbios
psiquiátricos, têm sido utilizados há vários anos no tratamento de diversas
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síndromes dolorosas e vários estudos tem documentado a eficácia do uso dos
antidepressivos tricíclicos na dor neuropática. Há evidencias significativas de que
estes medicamentos promovem efeito analgésico em várias síndromes dolorosas.
A amitriptilina é um dos medicamentos da classe dos tricíclicos mais
estudados e possui eficácia comprovada (KRAYCHETE, 2003). A dose usual é de
25-50mg por dia em uma dose única à noite (DÁVILA, 2010). O seu mecanismo de
ação está relacionado com o bloqueio de recaptura de noradrenalina e de 5-HT (5hidroxitriptamina ou serotonina) aumentando a atividades monoaminergicas no
tratamento da dor podendo ser usada na dor musculoesquelética crônica ou
generalizada. Porém devido seus efeitos, tais como boca seca, visão embaçada,
constipação, retenção urinária, reações de sedação, confusão mental e fraqueza, o
seu uso pode ser limitado (RANG e DALE, 2007)
É um dos representantes da classe dos antidepressivos tricíclicos (ADTs)
resultantes da modificação do núcleo fenotiazínico, é largamente utilizado para o
tratamento dos transtornos do humor, especialmente na depressão e sua utilização
passou a ser secundária em alguns casos no tratamento de dor crônica neuropática.
O mecanismo de ação dos antidepressivos tricíclicos é a inibição a recaptação das
catecolaminas e das indolaminas da fenda sináptica, aumentando a quantidade de
transmissores disponíveis para estimulação pós-sináptica (ANTHONY, 2005) ou
pode estar relacionado com o bloqueio na recaptação da serotonina e da
norepinefrina, aumentando a atividade dessas monoaminas nos terminais das vias
de modulação da dor (OLIVEIRA & GABBAI, 1998). A sua dosagem deve ser
individualizada, considerando o grau da doença e a idade (ALEIXO, MARQUES &
SAMPAIO, 2012). Quando usados em doses excessivas, os ADTs podem ser
nocivos à saúde, levando até a morte do paciente. Mesmo em doses terapêuticas,
há a ocorrência de diversos efeitos colaterais, tais como sonolência e sedação
excessiva, confusão mental, secura da boca e visão turva (BERTRAM, 2003). Porém
os médicos em clínicas de dor verificaram a grande utilidade dos agentes tricíclicos
no tratamento de uma variedade de estados dolorosos crônicos, que muitas vezes
não pode ser definitivamente diagnosticado. (BERTRAM, 2003).
O objetivo deste artigo é descrever o uso secundário do antidepressivo
tricíclico amitriptilina como coadjuvante no tratamento de dor crônica em um relato
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de caso de siringomielia apresentado no município de Boa Vista, Roraima desde
2008.
RELATO DO CASO
Paciente de 39 anos, Roraimense, casada, portadora de sequela de
traumatismo por acidente automobilístico antigo caracterizado por fratura antiga do
platô de D3 e D4 e cavidade siringomiélica pós-traumática focal posteriormente
localizado ao corpo vertebral D4; artrose interfacetária direita C5-C6 e discreta C4C5 e síndrome do túnel do carpo bilateral. Apresenta dor cervical e dorsalgia com
leves alterações de parestesia e fraqueza nos membros superiores. Sendo
acompanhada por neurocirurgião com laudo. Diagnóstico: CID-D42. 1 (neoplasia de
comportamento incerto ou desconhecido das meninges espinhais) e CID G95.0
(siringomielia e siringobulbia).
A evolução de anos, com cervico-dorsalgia e sintomas medulares em
membros superiores vem sendo acompanhada por imagens de ressonância
magnética anualmente, apresentando quadro estável no estado da paciente. Como
conduta na clinica da dor, foi utilizado paracetamol + fosfato de codeína
eventualmente e o uso de Amitriptilina 15mg à noite no período de três meses.
Havendo êxito na evolução do quadro da paciente.
Deve-se estar atento que os sintomas da dor se instalam devido aos esforços
físicos onde se utiliza os membros superiores, necessitando o uso de fármacos
antidepressivos tricíclico com amitriptilina para dor, juntamente com antiflamatório e
também a necessidade de praticar atividades físicas regular de baixo impacto como
hidroginástica para o fortalecimento da coluna cervical, e fisioterapia conforme a
necessidade da paciente.
DISCUSSÃO
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Tratar a dor ocasionada pela siringomielia pós-traumática, com evolução
estabilizada representa um desafio muito grande. A dor pode iniciar a partir de
esforços físicos repetitivos. Desencadeando inúmeros fenômenos como cervicalgia,
parestesia, dorsalgia e além de um comprometimento emocional. Desta forma,
entende-se porque o uso do fármaco amitriptilina como tratamento coadjuvante no
tratamento da dor.
A seleção deste antidepressivo baseou-se na natureza da doença, por ocorrer
nos nervos periféricos, e na idade e estado de saúde do doente e nos efeitos
adversos do medicamento. Por possuírem efeito sedativo, os antidepressivos
tricíclicos são geralmente os preferidos já que a insônia é comum em muitos doentes
com dor crônica (TEIXEIRA MJ. -2006).
A indicação do ADT amitriptilina faz parte de uma estratégia de tratamento e
pode ser considerada como procedimento relativamente de fácil execução,
juntamente com exercícios físicos restritos indicados para o fortalecimento da coluna
vertebral. A dosagem iniciada foi de 15mg/dia, não havendo necessidade de elevar a
dosagem. O pico plasmático da amitriptilina é atingido em 1 a 3 horas, apesar dos
efeitos terapêuticos levarem de 3 a 5 semanas para se manifestar.
Através do mecanismo de ação, ocorre aumento do nível das endorfinas,
bloqueios de canais de sódio, bloqueio simpático, antagonismo de vários
neurotransmissores, melhorando a depressão ocasionada pelo desânimo da própria
doença. (SETTA- et al,2012)
Por se tratar de uma doença crônica e evolutiva, a seringomielia requer um
acompanhamento periódico. A instalação da síndrome siringomielia é insidiosa,
progredindo e evoluindo ao longo do tempo. Deve-se estar sempre atento para
alguns sinais e sintomas como o desaparecimento da sensibilidade ao calor, ao frio
e aos estímulos dolorosos, contrastando com uma percepção normal do tato e da
posição dos segmentos e membros (CAMBIER, 2005). O tratamento clínico é
puramente sintomático.
Os efeitos dos antidepressivos ainda não estão claros, pois as ações
terapêuticas normalmente levam semanas para se manifestar podendo refletir em
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mudanças compensatórias pelo sistema nervoso central. Reforçando que o
tratamento baseia-se no quadro de sintomas e que o uso do ADT não é contínuo
sendo utilizado como um coadjuvante para proporcionar alivio nas dores do paciente
juntamente com analgésicos.
A partir de resultados de exames de ressonância
magnética não houve um aumento significativo da seringomielia, descartando a
possibilidade de tratamento cirúrgico, utilizando apenas a conduta médica indicada,
com uso de fármacos para dor crônica.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando este relato, o uso da amitriptilina no tratamento da dor na
dorsalgia e cervicalgia na síndrome siringomiélica passa a ser o medicamento de
primeira escolha e eficaz, possuindo a melhor ação analgésica documentada na dor
neuropática. Através do protocolo clínico e conforme as diretrizes da dor crônica
(portaria nº 1083, de 02, de outubro de 2012) é possível determinar o controle do
teor do medicamento administrado, alcançando o sucesso do tratamento e
minimização dos efeitos colaterais e uma qualidade de vida satisfatória. Lidar com
esta situação crônica, e tentar superar faz parte de quem trata a dor.
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