A preparação física do cavaleiro - Escola de Equitação do Exército
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A preparação física do cavaleiro - Escola de Equitação do Exército
MINISTÉRIO DE DEFESA EXÉRCITO BRASILEIRO ESCOLA DE EQUITAÇÃO DO EXÉRCITO DESPORTO: A PREPARAÇÃO FÍSICA DO CAVALEIRO POR JOSÉ MOACIR COSTA JUNIOR – 1º TEN RIO DE JANEIRO 2003 JOSÉ MOACIR COSTA JUNIOR – 1º TEN DESPORTO: A PREPARAÇÃO FÍSICA DO CAVALEIRO Relatório final do Curso de Instrutor de Equitação da Escola de Equitação do Exército RIO DE JANEIRO 2003 AGRADECIMENTOS À Deus, ser de infinita grandeza, por ter iluminado minha trajetória, sem deixar desanimar frente as dificuldades. Aos que amo: esposa, pais, irmã e amigos, pelo apoio, dedicação e compreensão. Eles foram meus alicerces de bases firmes, com os quais conto em todos os momentos. Aos meus instrutores, pelos conhecimentos que adquiri. E finalmente, a todos aqueles que se fizeram presentes nesta caminhada, transpor os obstáculos e conquistar meus objetivos. ii auxiliando a SUMÁRIO RESUMO............................................................................................................................ vii LISTA DE TABELAS ....................................................................................................... vi CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO ...................................................................................... 1 1.1 Delimitação da Área de Estudo ..................................................................................... 3 1.2 Problemática .................................................................................................................. 3 1.3 Objetivo Geral ............................................................................................................... 1.3.1 Objetivos Específicos ................................................................................................. 3 4 CAPÍTULO II - PARTES DO CORPO HUMANO ACIONADAS DURANTE A EQUITAÇÃO .................................................................................................................... 5 2.1. Cabeça e pescoço.......................................................................................................... 6 2.2. Tronco........................................................................................................................... 6 2.3. Membros superiores..................................................................................................... 7 2.4. Punhos e mãos.............................................................................................................. 8 2.5. Quadril......................................................................................................................... . 8 2.6. Coxas............................................................................................................................ 9 2.7. Joelhos.......................................................................................................................... 9 2.8. Pernas........................................................................................................................... 10 2.9. Tornozelos e pés........................................................................................................... 10 CAPÍTULO III - OS PRINCIPAIS EXERCÍCIOS ....................................................... 11 iii 3.1. Alongamento ................................................................................................................ 3.1.1. Flexão e extensão do pescoço à direita e à esquerda e para a frente e para trás........ 3.1.2. Rotação do pescoço à direita e à esquerda................................................................ 3.1.3. Circundação do pescoço da direita para esquerda e esquerda para direita................ 3.1.4. Circundação dos membros superiores para frente e para trás.................................... 3.1.5. Braços, ombros e região dorsal.................................................................................. 3.1.6. Região lateral do tronco............................................................................................. 3.1.7. Rotação do tronco...................................................................................................... 3.1.8. Espáduas.................................................................................................................... 3.1.9. Regiões lombar e posterior da coxa........................................................................... 3.1.10. Músculos adutores das coxas................................................................................... 3.1.11. Região posterior das pernas e tornozelos................................................................ 15 16 16 17 17 18 18 19 19 20 20 21 3.2. Musculação................................................................................................................... 3.2.1. Esquema seqüencial................................................................................................... 3.2.2. Aquecimento.............................................................................................................. 3.2.3. Desenvolvimento pela frente..................................................................................... 3.2.4. Abdominal supra-umbilical....................................................................................... 3.2.5. Extensão e flexão das pernas..................................................................................... 3.2.6. Rosca direta............................................................................................................... 3.2.7. Dorsal......................................................................................................................... 3.2.8. Abdução da coxa....................................................................................................... 3.2.9. Tira-prosa................................................................................................................... 3.2.10. Abdominal infra-umbilical...................................................................................... 3.2.11. Flexão e extensão da cabeça.................................................................................... 3.2.12. Rosca inversa........................................................................................................... 3.2.13. Bom dia.................................................................................................................... 3.2.14. Relaxamento............................................................................................................ 21 22 23 24 24 24 25 25 25 26 26 26 27 27 27 3.3. Exercícios aeróbicos ..................................................................................................... 3.3.1. Caminhada................................................................................................................. 3.3.2. Corrida....................................................................................................................... 3.3.3. Pedalar....................................................................................................................... 3.3.4. Natação...................................................................................................................... 28 29 30 30 31 CAPÍTULO IV - LESÕES MAIS COMUNS ENTRE OS PRATICANTES DE ESPORTES EQUESTRES ............................................................................................... 32 4.1.Lombalgia...................................................................................................................... 33 4.2. Pubalgia ........................................................................................................................ 33 4.3.Bursite da pata de ganso................................................................................................ 35 4.4. Distensão dos músculos adutores do Quadril............................................................... 36 4.5. Lesões causadas por tombos......................................................................................... 37 CAPÍTULO V - METODOLOGIA ................................................................................. 49 5.1 Tema ............................................................................................................................. 5.1.2 Local de Atuação ........................................................................................................ 49 50 iv 5.1.3 População Alvo .......................................................................................................... 50 5.2 Pesquisa Bibliográfica ................................................................................................... 50 5.3 Questionário .................................................................................................................. 5.3.1 Questionário 1 – Principais lesões causadas pela prática de esportes eqüestres ........ 5.3.2. Questionário 2 – Atividades físicas realizadas por atletas de esportes eqüestres...... 51 51 51 CAPÍTULO VI - CONCLUSÃO...................................................................................... 52 GLOSSÁRIO ..................................................................................................................... 54 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 56 v LISTA DE TABELAS TABELA 1 – FAIXA DA FREQÜÊNCIA CARDÍACA DE ESFORÇO ...................... vi 17 RESUMO Percebi, através deste projeto, que, de maneira geral, a preparação física dos praticantes de esportes eqüestres vem sendo feita de maneira satisfatória, embora não seja dado muita importância ao assunto. É muito importante lembrar que nós, cavaleiros militares, já possuímos um excelente preparo físico, fruto das exigências da carreira militar e da prática regular do treinamento físico militar. Este projeto tem como objetivo principal, demonstrar os efeitos benéficos proporcionados pela preparação física, na prevenção, tratamento e cura de lesões. Foram abordados neste trabalho os principais exercícios de alongamento, musculação e exercícios aeróbicos para o cavaleiro, além de algumas lesões causadas pela prática inadequada, e sem orientação, do esporte eqüestre. vii 1 CAPÍTULO I INTRODUÇÃO Desde os tempos mais remotos o homem procurou de maneira incansável a superação de seus limites, em especial os atletas, na busca incessante do alto desempenho. O presente trabalho não tem por objetivo esgotar o assunto, mas sim chamar a atenção de todos, cavaleiros e amazonas, para a importância de um condicionamento físico mínimo, afim de evitar lesões e acidentes durante a prática da equitação e proporcionar saúde e uma maior longevidade para o atleta dentro do esporte. Os pressupostos teóricos são os seguintes: C 20-20 “... A inatividade física leva a um quadro geral de hipocinesia e a um aumento proporcional de moléstias como cardiopatias, diabetes, lombalgia e osteosporose...”; Jorge Augusto Rego “...Equitação é arte, mas também exercício. Como tal, requer preparação adequada, para que o conjunto cavalo-cavaleiro atinja o desempenho ideal...” Ao realizar a pesquisa constatei que muito pouco se fala sobre a preparação física do cavaleiro, existem poucas fontes de consulta especializadas sobre o assunto, demonstrando mais uma vez que o esporte eqüestre tem espaço para evoluir em vários fatores, entre eles o condicionamento físico dos cavaleiros. 1 2 De maneira geral, o esporte vem se valendo cada vez mais da tecnologia e da ciência para que possa evoluir e alcançar melhores resultados. Para isso os atletas, técnicos e profissionais das mais diversas atividades ligadas ao esporte devem procurar serem perfeccionistas e exigentes. Nos esportes eqüestres tudo isso aumenta de importância uma vez que não estamos falando em um atleta, mas sim em dois, um conjunto onde ambos, cavaleiro e cavalo, devem estar em perfeitas condições de competir. A falta de preparo do conjunto pode ocasionar acidentes e lesões dos mais diversos tipos, que podem afastar o atleta de sua atividade, causando por vezes seqüelas irreversíveis. Sendo o exposto acima teremos como objetivos a serem alcançados: Identificar quais são as partes do corpo humano que são empregadas durante a prática dos esportes eqüestres; Identificar os principais exercícios de alongamento; Identificar os exercícios de musculação; Identificar os exercícios aeróbicos; Identificar as lesões causadas pela falta de preparo físico do cavaleiro durante a prática de esportes eqüestres. 1.1 Delimitação da Área de Estudo 2 3 Este projeto utilizou-se das pesquisas bibliográficas e da experiência prática de profissionais que trabalham com esportes eqüestres, envolvendo a Escola de Equitação do Exército e o Regimento Escola de Cavalaria. 1.2 Problemática Face ao esforço físico dispendido pelos cavaleiros e amazonas durante a prática dos diversos esportes eqüestres, daremos importância e estudaremos o preparo físico do atleta com a finalidade de saber quais são os músculos empregados, quais os exercícios físicos a serem realizados e qual seria uma proposta de plano de treinamento para os praticantes de esportes eqüestres. 1.3 Objetivo Geral • Demonstrar os efeitos benéficos proporcionados por um bom preparo físico de um atleta que pratica esportes eqüestres, como método de prevenção, tratamento e cura de possíveis lesões que afetam o cavaleiro. 1.3.1 Objetivos Específicos 3 4 - Identificar quais são as partes do corpo humano que são empregadas durante a prática dos esportes eqüestres; - Identificar os principais exercícios de alongamento; - Identificar os exercícios de musculação; - Identificar os exercícios aeróbicos; - Identificar as lesões causadas pela falta de preparo físico do cavaleiro durante a prática de esportes eqüestres; 4 39 CAPÍTULO II PARTES DO CORPO HUMANO ACIONADAS DURANTE A EQUITAÇÃO A equitação é uma atividade esportiva que exige uma significativa variação do trabalho muscular do cavaleiro, pois em cada modalidade, tipo de prova e a cada instante da ação, no ato de montar, ocorre determinada solicitação motora. Quando praticamos a arte eqüestre, comprovamos que uma boa posição do cavaleiro é muito importante no desempenho do conjunto, uma vez que a posição precede a ação. Um cavaleiro que não possui um bom condicionamento físico certamente não vai conseguir manter uma boa posição à cavalo, isso porque ele terá um desgaste prematuro. Assim, a fim de abranger de forma mais completa o assunto, e na intenção de compreender como ocorrem as diversas formas de expressão motora da anatomia humana, analisaremos neste capítulo os esforços realizados pelo corpo do cavaleiro, considerando os seguintes segmentos corporais: 1) cabeça e pescoço, 2) tronco, 3) membros superiores, 4) punhos e mãos, 5) quadril, 6) coxas, 7) pernas, 8) joelhos e 9) tornozelos e pés. 39 40 2.1. Cabeça e pescoço A cabeça deve-se manter sempre aprumada executando, ocasionalmente, leves rotações. A posição correta, altiva e voltada para frente, resulta da contração isométrica da musculatura local, isto é, contração muscular sem movimentação de segmento. É importante ressaltar que é neste segmento que se situa a região cervical da coluna vertebral, que, além de possuir grande mobilidade, contribui para a orientação espacial. Entre os músculos que atuam no local, os principais são o trapézio e o esternocleidomastóideo. 2.2. Tronco O tronco tem duas funções essenciais: envolve e protege os órgãos internos e atua como base para o movimento dos membros e postura da cabeça. A posição ereta é assegurada pela armação dinâmica da coluna, representada pelos músculos abdominais e dorsais. Como é sabido, a configuração da coluna vertebral não é retilínea, apresentando como curvaturas características a lordose cervical, de convexidade dirigida para trás; a cifose dorsal, de convexidade voltada para diante; a lordose lombar e a cifose sacra. A lordose serve para amortecer os movimentos, a cervical, os da cabeça, enquanto a lombar, os do tronco; a cifose funciona de forma compensatória para esse amortecimento. Dependendo da modalidade eqüestre, o tronco assume diversas posições, todavia duas são básicas: postura ereta ou em flexão e extensão. Na primeira ( postura ereta ), que predomina no 40 41 adestramento, há uma contração estática de seus grupos musculares, ocorrendo um trabalho isométrico ( contração muscular sem movimentação de segmento ) que abrange também a musculatura do pescoço. A segunda posição, em flexão e extensão – assumida exemplarmente por ocasião de um salto ou de uma partida de pólo ( onde ocorre ainda a rotação lateral do tronco ) – é mais fatigante, embora perdure por frações de segundos. Além disso, há um trabalho de alongamento e encurtamento da musculatura posterior, anterior e lateral do tronco, numa região onde está inserida grande parte da coluna vertebral. 2.3. Membros superiores Na equitação acadêmica, estes segmentos assumem uma posição flexionada, em torno de 90°, na articulação do cotovelo (trabalho muscular estático). Enquanto no salto (transposição de obstáculos) e em outra modalidades, os membros superiores executam também a extensão (trabalho muscular dinâmico). Estão incluídas nesta região a cintura escapular, a articulação do ombro, bem como a do cotovelo. A cintura escapular fixa a articulação do ombro ao tronco, promovendo a ligação entre este e o braço. A articulação do ombro é a articulação de maior mobilidade do corpo humano. 41 42 A articulação do cotovelo estabelece a ligação móvel entre o braço e o antebraço. Os principais músculos flexores desta região são o bíceps braquial e o braquial. O principal músculo extensor é o tríceps braquial. 2.4. Punhos e mãos Situada na extremidade do membro superior, a mão é uma “ferramenta” muito aperfeiçoada, tendo como característica principal a função de apreensão, pela ação de colaboração entre o polegar e os demais dedos, formando uma espécie de pinça. Na prática eqüestre, há um trabalho muscular específico tanto para a fixação do punho, como para apreensão das rédeas ( trabalho isométrico ). Os músculos flexores e extensores do carpo são os principais grupos musculares localizados nesta segmento. 2.5. Quadril O quadril é de vital importância, em todas as modalidades eqüestres, uma vez que é nessa região lombar da coluna vertebral além do músculo iliopsoas, um dos mais importantes dessa região. Além disso, é onde deve ser absorvido todo e qualquer movimento desnecessário, bem como os impactos originados pelo contato entre o cavalo e o cavaleiro. 42 43 A solicitação motora, principalmente com relação à flexibilidade e ao equilíbrio, é muito grande, já que, ao estar posicionado sempre em flexão, confere maior estabilidade à posição clássica do cavaleiro. 2.6. Coxas As coxas permanecem estáticas, tendo sua parte medial ( interna ) pousada sobre a sela. Há um trabalho proeminentemente isométrico dos músculos adutores ( daí advém a forma arqueada dos membros inferiores do cavaleiro, comumente chamado de “pernas de cowboy” ). A função estática desse grupo muscular consiste em equilibrar o peso do tronco com relação à inclinação da bacia. Os principais músculos desta região são o quadríceps crural, os adutores, o bíceps crural e os abdutores. 2.7. Joelhos A articulação dos joelhos confere apoio firme à unidade funcional formada pela coxa e pela perna. Além disso, deve ter boa mobilidade, para executar movimentos de amplitude moderada, em flexão e extensão, trabalhando sem nenhum apoio, quer seja no cavalo ou na sela. Para a flexão desta região, os músculos posteriores da coxa, especialmente o bíceps crural, exercem função primordial. 43 44 2.8. Pernas Este segmento é de vital importância para a fixidez do cavaleiro, na impulsão, nas mudanças de direção e nas andaduras do cavalo. O trabalho desenvolvido pelos músculos dessa região é predominantemente estático ( isométrico ), com contrações alternadas ao pressionar os flancos do animal. Os principais músculos são os gastrocnêmios e os tibiais. 2.9. Tornozelos e pés A articulação dos tornozelos, à semelhança dos joelhos, deve ser flexível para que o pé do cavaleiro se posicione de modo correto, ou seja, em flexão dorsal, e possa executar leves movimentos de extensão, flexão e rotação, de acordo com a necessidade de comandar o cavalo, além de contribuir para a absorção dos impactos. A flexão dorsal do pé é facultada pela posição do joelho, uma vez que há menor tensão do músculo posterior da perna ( gastrocnêmio ). Os principais músculos que promovem a posição correta dos tornozelos e pés na equitação acadêmica são o tibial anterior e os extensores dos dedos. 44 45 CAPÍTULO III OS PRINCIPAIS EXERCÍCIOS Independente dos objetivos que o cavaleiro tem por meta, é importante saber que o cavalo deve ser condicionado diariamente, assim como o cavaleiro atleta ( ou pelo menos boa disposição física ) exercícios diários realizados constantemente, em média de uma hora, faz parte do plano de trabalho com uma seqüência sistemática. É muito difícil um cavaleiro encontrar progresso neste binômio, se exercitado só “ de vez em quando “. Os resultados colhidos em pesquisas científicas realizadas nos EUA sobre o comportamento fisiológico durante a prática da equitação registraram, em percurso de salto de obstáculos, a considerável freqüência de 190 batimentos cardíacos por minuto. Trata-se de um quociente de risco, considerando-se os limites da freqüência cardíaca em repouso, em torno de 60 batimentos por minuto e da freqüência cardíaca máxima ( FCM ), traduzida pela seguinte fórmula: FCM = 220 – 45 46 idade ( A freqüência cardíaca máxima é igual ao resultado do referencial 220 subtraído da idade do atleta ). A freqüência durante a execução do exercício, ou imediatamente após, constituindo-se em uma medida de controle da intensidade de esforço. Não deve haver demora nessa medida porque a freqüência cardíaca cai rapidamente após o esforço. A Faixa da Freqüência Cardíaca de Esforço que se busca atingir durante o treinamento aeróbico deve estar entre 70% e 90% da Freqüência Cardíaca Máxima, de acordo com seu nível de condicionamento, conforme a tabela abaixo: Idade Faixa de trabalho ( BPM ) Idade Faixa de trabalho ( BPM ) 18 141 a 182 19 141 a 181 20 140 a 180 21 139 a 179 22 139 a 178 23 138 a 177 24 137 a 176 25 137 a 176 26 136 a 175 27 135 a 174 28 134 a 173 29 134 a 172 30 133 a 171 31 132 a 170 32 132 a 169 33 131 a 168 34 130 a 167 35 130 a 167 36 129 a 166 37 128 a 165 46 47 38 127 a 164 39 127 a 163 40 126 a 162 41 125 a 161 42 125 a 160 43 124 a 159 44 123 a 158 45 123 a 158 46 122 a 157 47 121 a 156 48 120 a 155 49 120 a 154 50 119 a 153 51 118 a 152 52 118 a 151 53 117 a 150 54 116 a 149 55 116 a 149 56 115 a 148 57 114 a 147 58 113 a 146 59 113 a 145 60 112 a 144 61 111 a 143 62 111 a 142 63 110 a 141 Tabela 01: Freqüência Cardíaca de Esforço, tabela obtida no C 20-20 Manual de Campanha Treinamento Físico Militar. Da mesma forma, os níveis de consumo de oxigênio e de gasto calórico também são elevados, para darem conta do esforço cardíaco. Além disso, há várias exigências motoras – como coordenação, flexibilidade, resistência muscular geral e equilíbrio dinâmico – que requerem do cavaleiro, qualquer que seja a modalidade praticada, um preparo físico e técnico adequado, tanto a 47 48 pé como a cavalo, para a consecução de um desempenho eficiente e do rendimento ideal. Toda modalidade desportiva deve ser precedida por uma série de exercícios preparatórios, conhecidos como aquecimento, cuja finalidade é predispor fisiológica e mentalmente o desportista para a atividade principal. No entanto, muitas são as teorias sobre o modo, a duração e os tipos de exercícios a serem realizados. Todavia, com base em pesquisas e na própria execução prática, é possível reconhecer a validade e a importância dos exercícios de alongamento em qualquer trabalho físico, não só antes deste, como aquecimento, mas também após, como relaxamento. Adotados esses procedimentos, obtêm-se basicamente: - Melhor elasticidade muscular; - Relaxamento muscular; - Maior mobilidade articular; - Prevenção contra lesões de várias naturezas; - Aumento da capacidade mecânica do sistema osteomuscular; - Adequação do esforço ao gesto esportivo específico; - Desenvolvimento da agilidade. 48 49 3.1. Alongamento Como toda atividade física, o alongamento exige procedimentos criteriosos na sua execução. Inicialmente, é indispensável ignorar o conceito ainda difundido que a manifestação da “dor” é que demonstra a eficácia do exercício. Tal consideração não tem justificativa, pois esse sinal sensitivo está indicando, na verdade, a forma incorreta na execução, assim como está alertando para possíveis traumatismos decorrentes. A seguir, é preciso entender e assimilar que o corpo, ao se alongar, estará soltando-se e relaxando; consequentemente, a musculatura e a freqüência respiratória deverão estar descontraídas, bastando que se inspire e expire lenta e regularmente. Outro fator importante é o respeito à individualidade biológica, a diferenciação da capacidade de cada indivíduo deve ser respeitada quando da execução do exercício, para obtenção de efeitos fisiológicos adequados e para evitar-se danos à saúde do praticante. Este princípio é fundamental para o bom desenvolvimento dos demais princípios. Por último, além do alongamento se destinar à preparação e à adequação do organismo à prática eqüestre, tem a vantagem de o cavaleiro poder executar a série de exercícios já adequadamente trajado para a modalidade esportiva ( culote, botas, etc ). 49 50 3.1.1. Flexão e extensão do pescoço à direita, à esquerda, para a frente e para trás Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, ou mãos na cintura, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Fletir o pescoço para a frente e para trás, a partir do plano frontal, flexionando em seguida para a direita e para a esquerda, orientando-se pelo plano saginal, não levantar os ombros, olhos abertos, executar 08 a 12 vezes para cada lado. 3.1.2. Rotação do pescoço à direita e à esquerda Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, ou mãos na cintura, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Olhar atentamente para a direita e para a esquerda, não levantar os ombros, executar 08 a 12 vezes para cada lado. 50 51 3.1.3. Circundação do pescoço da direita para esquerda e esquerda para direita Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, ou mãos na cintura, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Rodar a cabeça, fazendo círculos, dando voltas completas da direita para a esquerda e vice-versa, executar 08 a 12 vezes de cada lado. 3.1.4. Circundação dos membros superiores para frente e para trás Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Fazer círculos paralelos ao corpo, com os braços estendidos e as mãos relaxadas, alternar o sentido, executar de 08 a 12 vezes em cada sentido. 51 52 3.1.5. Braços, ombros e região dorsal Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Estender os braços para cima, entrelaçar os dedos acima da cabeça, palmas das mãos voltadas para cima, empurrar os braços para trás e para o alto, sentindo alongar toda a região descrita, permanecer por 10 a 15 segundos na posição. 3.1.6. Região lateral do tronco Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, ou mãos na cintura, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Braços estendidos acima da cabeça, agarrar com a mão o pulso contrário, fletir lateralmente o tronco, de maneira suave, puxando o braço por cima da cabeça, descrevendo um arco, sentir a região lateral do tronco se alongar, permanecer por 10 a 15 segundos na posição fletida, em cada lado. 52 53 3.1.7. Rotação do tronco Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, ou mãos na cintura, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Braços flexionados, mãos na altura do peito ou da cintura, girar para a direita e esquerda, alternadamente, manter o quadril encaixado, executar de 08 a 12 vezes para cada lado. 3.1.8. Espáduas Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, ou mãos na cintura, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Flexionar o tronco para frente, braços estendidos à frente, apoiando as mãos em uma parede, em um cavalete, mãos afastadas, na largura dos ombros, com os joelhos levemente dobrados, abaixar o tronco, sentir a região trabalhada, alternar as distâncias entre as mãos e a altura do apoio, para variar a área a ser atingida, permanecer por 10 a 15 segundos na posição. 53 54 3.1.9. Regiões lombar e posterior da coxa Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Flexionar levemente os joelhos e o tronco à frente até segurar os tornozelos, se possível, encostar o peito nas coxas, estender a perna progressivamente, permanecer por 10 a 15 segundos na posição, repetir, aumentando o afastamento lateral das pernas, sentindo suave alongamento das virilhas. 3.1.10. Músculos adutores das coxas Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, ou mãos na cintura, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Grande afastamento lateral das pernas, flexionar um perna e, ao mesmo tempo, estender a outra, executar 10 a 15 segundos em cada lado. 54 55 3.1.11. Região posterior das pernas e tornozelos Postura básica: Em pé, cabeça na posição natural, tronco ereto, braços soltos ao longo do corpo, pernas afastadas na largura dos ombros e ponta dos pés para a frente. Execução: Apoiar-se com ambas as mãos em uma parede ou qualquer outro suporte, afastar os pés da área de apoio cerca de 1 metro, tendo as pernas estendidas e o corpo inclinado para a frente, avançar uma das pernas, dobrada, em direção à área de apoio, com a ponta dos pés para a frente, manter o pé oposto em total contato com o solo, sem elevar o calcanhar, ao mesmo tempo, levar o quadril à frente, alternar a perna, permanecer por 10 a 15 segundos na posição. 3.2. Musculação Entende-se por musculação os circuitos de exercícios com pesos, para o fortalecimento de grupo musculares generalizados ou específicos. Em nosso caso, temos como objetivo desenvolver endurance ( resistência ) muscular localizada. O treinamento em circuito pode ainda incluir exercícios para desenvolver resistência aeróbica geral, por meio de bicicletas ergométricas, pular corda, corrida, etc. A rotina a ser apresentada tem por finalidade utilitária, de aplicação desportiva, uma vez que será empregada como meio auxiliar de treinamento para o desenvolvimento muscular, direcionado aos gestos desportivos praticados pelo cavaleiro. 55 56 Convém salientar que o treinamento deve ser precedido por uma avaliação médica (checkup), aferição antropométrica, análise postural e registro de dados. Além disso, devem-se considerar o horário e dias da semana, estabelecidos de comum acordo entre treinador e atleta, o material disponível, o número de exercícios por sessão e a seqüência anatômica dos exercícios. Por se tratar de um programa com objetivos específicos, apresentar-se-á, a seguir, um esquema seqüencial que facilitará seu entendimento e sua aplicação. Através desses exercícios vamos tornar os músculos capazes de produzir mais força, aumento das amplitudes articulares, em conseqüência do treinamento de flexibilidade, acarretando maior extensibilidade dos músculos, dos tendões, dos ligamentos e o fortalecimento dos ossos e tendões, capacitando o organismo a suportar maiores esforços com menor possibilidade de ruptura destes tecidos. 3.2.1. Esquema seqüencial - Ordem alternada por segmentos corporais. Por exemplo, braços, abdominais, coxas. - Classificação básica quanto à divisão da série e ao número de repetições. Série única com delimitação de 12 a 20 repetições por exercício. - Realização de testes de carga máxima por segmento corporal. Destina-se a determinar a quilagem de trabalho em cada exercício, em função da valência física a ser trabalhada, que no caso é a resistência muscular. Varia de 30% a 50% do máximo alcançado nos testes. 56 57 - Execução dos exercícios de forma simples. A movimentação no exercício deve ser feita dentro da amplitude normal da articulação. - Ritmo da execução. O ritmo recomendado na execução dos exercícios, no trabalho de resistência, deve ser determinado por uma velocidade média de 18 a 30 segundos, combinados com a variação do número de repetições por exercício ( 12 a 20 repetições ). - Respiração. A respiração é de fundamental valor no trabalho de musculação, e a forma recomendada para esta série é a continuada ou livre, isto é, quando o atleta inspira e expira livremente, durante a realização do exercício. - Descanso. Para o descanso e a recuperação, entre a execução de um exercício e o seguinte, recomenda-se um intervalo de 1 a 2 minutos. - Reavaliações programadas. Devem ser estabelecidas para o acompanhamento da progressão. 3.2.2. Aquecimento Bicicleta ergométrica por 15 minutos, ou a aplicação da rotina de alongamento proposta anteriormente neste capítulo. 57 58 3.2.3. Desenvolvimento pela frente Execução: Em pé, afastamento médio dos pés, pegada na barra, com a distância entre as mãos pouco maior do que a dos ombros, barra apoiada nas clavículas, executar a extensão dos cotovelos, elevando o aparelho acima da cabeça, voltar para a posição inicial. 3.2.4. Abdominal supra-umbilical Execução: Deitar em colchonete ou prancha em decúbito dorsal, pernas flexionadas a 90°, pés fixos e braços cruzados no peito, executar flexão e extensão do tronco. 3.2.5. Extensão e flexão das pernas Execução: Posicionar-se no aparelho ( leg press ), executar os movimentos de extensão e flexão das pernas. 58 59 3.2.6. Rosca direta Execução: Em pé, médio afastamento lateral dos pés, pegada em supinação na distância média, braços ao longo do corpo, executar a flexão dos cotovelos, voltar a posição inicial. 3.2.7. Dorsal Execução: Deitar no colchonete em decúbito ventral, tronco e pernas estendidas, mãos apoiadas na nuca ou braços estendidos, executar a flexão da região dorsal do tronco. 3.2.8. Abdução da coxa Execução: Posicionar-se no aparelho ( puxador ), executar a abdução da coxa, voltar à posição inicial, alternar os membros. 59 60 3.2.9. Tira-prosa Execução: Em pé, braços estendidos à frente do tronco, pegada em pronação no aparelho, executar flexões e extensões do punho até que o peso, ao subir, atinja a barrinha, podem-se executar os mesmos movimentos para a descida do peso. 3.2.10. Abdominal infra-umbilical Execução: Deitar no colchonete ou prancha em decúbito dorsal, braços estendidos ao lado do corpo, flexionar os joelhos em torno de 90°, executar pequena elevação do quadril e voltar, sem que este toque o colchonete. 3.2.11. Flexão e extensão da cabeça Execução: Posicionar-se no aparelho ( capacete, puxador, etc ), executar flexões e extensões da cabeça. 60 61 3.2.12. Rosca inversa Execução: Em pé, afastamento médio dos pés, pegada do aparelho em pronação, braços ao longo do corpo, executar a flexão dos cotovelos, voltar à posição inicial. 3.2.13. Bom dia Execução: Em pé, médio afastamento lateral dos pés, barra apoiada nas escápulas, executar a flexão do tronco, ereto, à frente, voltar em seguida à posição de base. 3.2.14. Relaxamento Executar a rotina de alongamento descrita anteriormente. 61 62 3.3. Exercícios aeróbicos A equitação é uma atividade aeróbica ou anaeróbica? Exercícios aeróbicos são aqueles em que ocorre presença do oxigênio como combustível do atleta – isto é, exercícios com duração superior a 3 minutos e de intensidade moderada. Costuma-se dizer que, nesses casos, o atleta respira durante a execução do trabalho físico. Além do oxigênio, as gorduras também podem ser utilizadas como fonte energética nos exercícios aeróbicos. Esses exercícios podem ser localizados ou generalizados ( em função dos segmentos corporais empregados ), estáticos ou dinâmicos ( quando relacionados à movimentação desses segmentos ), além da subdivisão quanto a duração: Curta ( de 3 a 10 min ), média ( de 10 a 30 min ) e longa ( superior a 30 min ). Como exemplos dessa subdivisão citamos os percursos de “cross country”, de curta duração, citamos as reprises de adestramento, de média duração, e as provas de enduro eqüestre, de longa duração, nesta última modalidade o cavaleiro tem que ter uma boa preparação atlética uma vez que em terrenos difíceis o cavaleiro desmonta e corre ao lado do seu cavalo. Exercícios anaeróbicos são intensos, de curta duração e requerem energia imediata para sua execução. Essa fonte são compostos energéticos de alta disponibilidade contidos nos músculos. Dizse costumeiramente que o atleta está em “decúbito de oxigênio” durante a prática de tais exercícios. Também exercícios anaeróbicos merecem classificação quanto à sua duração. Os de curta duram até 20 seg; os de média de 20 a 60 seg e os de longa de 60 a 120 seg. 62 63 Como exemplo de exercícios de curta duração temos as apresentações dos peões de rodeio; os percursos de “desempate” nas provas de salto exemplificariam os de duração média e quanto aos de longa podemos citar as provas de salto em geral. Existem, ainda, os exercícios anaeróbicos-aeróbicos, constituídos pelas combinações de ambos os sistemas, em determinados instantes da prática desportiva. As partidas de pólo e algumas provas de hipismo rural enquadram-se nessa classificação. Para suprir satisfatoriamente a musculatura exercitada o atleta precisa estar com o sistema cardiorrespiratório adequadamente condicionado. Selecionamos algumas modalidades de exercícios aeróbicos especificamente destinados não só ao condicionamento físico mas também a proporcionar benefícios psicológicos para o cavaleiro. Além disto, e mais importante, os indivíduos mais aptos fisicamente têm maiores níveis de auto-confiança e motivação. Estudos comprovam que uma atividade física controlada pode melhorar o rendimento intelectual e a concentração nas atividades rotineiras. 3.3.1. Caminhada Trata-se de uma das melhores maneiras de iniciar nos exercícios aeróbicos as pessoas de baixa aptidão física, as idosas, e aquelas em fase pós-parto ou em período de convalescença. 63 64 As principais vantagens da caminhada são o baixo custo financeiro, não requerer instalações especiais, não produzir traumatismos musculares ou ósseos e favorecer a alternância de intensidade/duração. 3.3.2. Corrida Atividade que desenvolve excelente capacidade cardiorrespiratória, própria para quem já consegue caminhar 5 Km em 45 minutos sem apresentar fadiga. Tem todas as vantagens da caminhada mas exige calçado adequado, atenção às lesões ou micro-lesões esportivas, tais como cãibras, distensões e tendinites. 3.3.3. Pedalar Para esta atividade pode-se usar a bicicleta estacionária ( ergométrica ) ou a convencional. A primeira possibilita calcular o trabalho e as calorias dispendidas, assim como ajustar a intensidade do exercício. A segunda, além das vantagens cardiorrespiratórias, é uma excelente oportunidade de lazer. Pedalar provoca menor incidência de lesões se comparada à corrida, mas exige maiores recursos financeiros e local apropriado – ou pelo menos seguro. 64 65 3.3.4. Natação É excelente para todas as idades, para convalescentes e desenvolve, do ponto de vista técnico, a coordenação motora e a resistência. Solicita praticamente todos os grupos musculares e é plenamente praticável durante quase todas as estações do ano, em função do nosso clima. Todos esses exercícios produzem efeitos no sistema cardipulmonar, como por exemplo: - Aumento das cavidades e da espessura do músculo cardíaco com conseqüente lançamento no organismo de maior quantidade de sangue após cada contração ( volume de ejeção ). - Diminuição da freqüência cardíaca, permitindo ao coração trabalhar menos, porém, mantendo a mesma eficiência, devido ao aumento do volume de ejeção. - Aumento da capacidade de transporte de oxigênio pela hemoglobina, desempenhando função importante na utilização do oxigênio pelos músculos. - Diminuição da pressão arterial devido à menor resistência dos vasos à passagem do sangue. - Aumento da capacidade de consumir oxigênio tomando o músculo mais resistente à fadiga. 65 66 CAPÍTULO IV LESÕES MAIS COMUNS ENTRE OS PRATICANTES DE ESPORTES EQUESTRES As lesões que ocorrem com freqüência nos adeptos aos esporte são: lombalgia, pubalgia, bursite da pata de ganso, distensão de adutores do quadril. O tratamento preventivo dessas patologias é fundamental, pois após a instalação de uma dessas lesões podem levar ao afastamento do cavaleiro para um tratamento correto para que não provoque a cronicidade da lesão. O tratamento, seja ele preventivo ou não, deve ser realizado sob supervisão e comando de um fisioterapeuta. 66 67 4.1.Lombalgia Ocorre pelo aumento da lordose fisiológica, impacto repetitivo sobre a região lombar durante o galope, a cavalgada provocando dor na região da coluna lombar. O problema acentua-se durante a longa permanência na posição sentada associada também a inclinação anterior do tronco. O tratamento seria alongamento dos músculos paravertebrais, ísquiostibiais e iliopsoas. Associado ao fortalecimento dos músculos abdominais e quadrícepes. Esses músculos são responsáveis pelo reequilíbrio lombo pélvico. 4.2. Pubalgia É dor na sínfise púbica de causa inflamatória ou traumática (advém de queda sentado que ocorre na modalidade de salto ou deslocamento lateral rápido que ocorre no jogo de pólo). Está relacionado com esforços anormais na sínfese causados por movimentos repetitivos. A sínfise púbica sofre ação dos músculos abdominais, coluna vertebral, isquiostibiais, iliopsoas, reto femural e adutores do quadril. E o tratamento seria na fase aguda repouso e crioterapia. Após esta fase ocorre o alongamento e fortalecimento dos músculos previamente citados exceto os abdominais que devem ser apenas fortalecidos. 67 68 Sinais e sintomas: dor à mobilização impedindo a abdução associada à flexão ou movimentos combinados do quadril. Ocorre dor na abdução passiva e adução resistida. Pode ser uma dor difusa que irradia para o abdômem, inserção dos adutores ( uma ou em ambas ) articulação do quadril, coxa, região inguinal e região suprapúbica. As dores nos músculos adutores, abdominais, pelviotrocanterianos, quadrados lombares e retos da coxa se justificam pelo desalinhamento da sínfese púbica causada pelo encurtamento dos isquiotibiais. Ele faz com que esses músculos trabalhem em posição de encurtamento favorecendo suas lesões. Os sintomas são de início gradual e melhoram com o repouso, piorando com exercícios de alta intensidade e movimentos como levantar e sentar, trotar, subir escadas, tossir, espirrar, chutar , saltar e promover adução resistida. A sínfise púbica é submetida a trações musculares em diferentes direções, a região púbica é uma verdadeira encruzilhada muscular onde agem vários grupos musculares como o abdômen, músculos da coluna vertebral, isquitibiais e flexores do quadril, entre eles o Ilípsoas, Reto femural e adutores do quadril. Devido ao grande número de trações em direção e intensidade diferentes, a sínfise púbica altera o seu aspecto normal, provocando alterações nos tendões dos músculos que agem sobre a articulação e alterações degenerativas na articulação púbica. A pubalgia pode ter uma instalação traumática e também a mais comum cuja instalação devido a lesões repetitivas é chamada de pubalgia crônica. 68 69 4.3.Bursite da pata de ganso O “pé anserino” ou “pata de ganso” é uma formação anatômica representada pela inserção distal dos tendões dos músculos sartório, grácil e semitendíneo. Entre esses tendões e o ligamento colateral tibial há uma bolsa serosa ( bolsa anserina ), cuja patologia tem interesse clínico, pois pode ser confundida com desarranjos internos do joelho. Neste trabalho objetivou-se estudar a morfologia da bolsa anserina e do pé anserino e as relações topográficas entre essas estruturas. Procurou-se, também, realizar estudos morfométricos, visando orientar, "in vivo", para o diagnóstico da bursite da pata de ganso. Foram dissecados 24 joelhos de indivíduos adultos, conservados em solução de formol a 10%. Para os estudos morfométricos foi utilizado um paquímetro Mitutoyo de precisão 0,05mm. Observou-se que os tendões do pé anserino se dispõem em 2 estratos, sendo o mais superficial representado pelo tendão do músculo sartório e o profundo, pelos tendões dos músculos grácil e semitendíneo. Entre os tendões e o ligamento colateral tibial situa-se a bolsa anserina, de forma irregular, que pode ser classificada em 3 tipos: Tipo “A” ( bolsa não septada com cavidade única); Tipo “B” ( bolsa septada totalmente com duas cavidades que não se comunicam ) e Tipo “C” ( septada parcialmente com comunicação entre as cavidades ). As freqüências das bolsas tipo “A”, “B” e “C” foram, respectivamente: 87,5%, 8,33% e 4,17%. No interior da bolsa foram encontrados divertículos cujo número variou de 1 a 4. Com relação à topografia, observou-se que a maior parte do teto da bolsa é formada pelos tendões dos músculos grácil e semitendíneo, sendo pequeno o contato entre a bolsa e o tendão do sartório. 69 70 Os estudos morfométricos mostraram que a bolsa anserina apresenta, por dimensões médias, 3,9cm em seu maior comprimento súpero-inferior e 2,4cm no maior comprimento ântero-posterior. Os limites mais anterior e mais inferior da bolsa distam dos limites correspondentes da tuberosidade da tíbia 1,7cm e 0,9cm, respectivamente. O limite mais superior da bolsa pode ser localizado, em média, 0,86cm acima ou 1,1cm abaixo do limite superior dessa saliência óssea. Entre os tendões dos músculos Sartório, Gracil , Semitendinoso e o ligamento colateral tibial existe uma bolsa serosa denominada de bolsa anserina que no caso dos cavaleiros pode estar inflamada pela posição próxima do joelho à sela. O tratamento seria alongamento e fortalecimento desses músculos. Sinais e sintomas: dor durante os exercícios, edema e dor a palpação abaixo da patela, passada a fase aguda, deve ser realizado apenas crioterapia local. 4.4. Distensão dos músculos adutores do Quadril Ocorre pela ruptura de miofibrilas provocando dor em região interna de coxa que pode ocorrer por alongamento excessivo e rápido dessa musculatura, sobrecarga e traumas repetitivos. É uma patologia complicada de se tratar e se não for dado atenção especial e um tratamento correto poderá se tornar crônica. O cavaleiro mantém adução de coxa todo o tempo em que está em cima do cavalo, por isso precisa ter essa musculatura forte e alongada para suportar o excesso de exercício. Inicialmente o tratamento seria analgesia com a crioterapia ( gelo local ) e repouso. Passada a fase aguda é iniciado o alongamento e o fortalecimento muscular. 4.5. Lesões causadas por tombos 70 71 A forma como caímos ao solo e a estrutura física do pescoço e da espinal medula são a razão das lesões infligidas à zona do pescoço. A cabeça e o pescoço podem comparar-se a uma bola presa a um cadeado. Se o cavalo tropeça ou faz um refugo, o cavaleiro é projetado para diante com a cabeça em primeiro lugar. As probabilidades são que a cabeça atinja o solo em primeiro lugar, transmitindo a força do impacto ao longo do crânio e para o pescoço, podendo infleti-lo para além do que ele pode suportar. O pescoço, ou coluna cervical faz parte da longa e flexível coluna vertebral que sai da cabeça ao coxis. O pescoço tem sete vértebras que formam um túnel contínuo que protege a espinal medula que o cobre. Os impulsos nervosos são enviados para o cérebro através da espinal medula. Quando o pescoço é lesionado, os nervos que formam a espinal medula podem rasgar-se, esticar ou serem severamente comprimidos. Isto pode interromper a passagem dos impulsos nervosos e, no pior dos casos, ocasionar a perda permanente do sinal. Estudos realizados demonstraram que os nervos lesionados se deterioram nas primeiras vinte e quatro horas a seguir à lesão, aumentando a área afetada. Se este processo puder ser interrompido ou travado, a paralisia resultante pode ser muito reduzida. Neste momento, estão a ser fundados laboratórios para estudar um tratamento para isto. 71 72 Uma vez que se acredita que as fibras nervosas sobreviventes existem durante o resto da vida do doente, é possível que o tratamento de lesões antigas e os casos agudos possam em breve vir a ter outro prognóstico. O futuro reside na regeneração da espinal medula. Isto permitirá o novo crescimento de células nervosas para substituírem a zona lesionada, como retorno da ação e da sensação. CAPÍTULO V METODOLOGIA Para a realização desse projeto, foi utilizado a seguinte metodologia: Escolha do tema a ser pesquisado, local de atuação e população alvo. 5.1. Tema 72 73 A preparação física do cavaleiro. 5.1.2. Local de Atuação Escola de Equitação do Exército. Esta Organização Militar de ensino, está situada no município do Rio de Janeiro-RJ. 5.1.3. População Alvo Cavaleiros e Amazonas, civis e militares. 73 74 5.2. Pesquisa Bibliográfica Utilizamos dessa fonte de pesquisa, para busca de conhecimentos acerca do tema escolhido. Procuramos na bibliografia, dados que nos fornecessem exercícios específicos para as exigências dos esportes eqüestres, como por exemplo alongamentos, musculação e exercícios aeróbicos, procuramos também dados sobre lesões causadas pelo esporte. 5.3. Questionários A aplicação e análise de 2 (dois) questionários, relacionados a seguir, teve por objetivo coletar dados que nos dessem subsídios para a aplicação desse projeto. 5.3.1. Questionário 1 – Principais lesões causadas pela prática de esportes eqüestres 74 75 Foi aplicado um questionário à fisioterapeutas que teve por fim, verificar quais são as lesões, suas causas, modo de prevenção e tratamento. 5.3.2. Questionário 2 – Atividades físicas realizadas por atletas de esportes eqüestres Foi aplicado um questionário à cavaleiros e amazonas que teve por fim, verificar, além das atividades eqüestres, que tipos de exercícios físicos são realizados, com que freqüência, com ou sem orientação. CAPÍTULO VI CONCLUSÃO 75 76 Ao término deste trabalho, atingi meu objetivo maior. Ao informar as pessoas sobre como fazer uma correta preparação física para suportar os esforços físicos que os esportes eqüestres exigem, estaremos prevenindo possíveis lesões e proporcionando aos atletas uma maior longevidade no esporte. Através de métodos e técnicas de preparação física, já descritos anteriormente, repassamos esse conhecimento ao nosso público alvo, que no início de minhas atividades, apresentavam conhecimentos satisfatórios sobre o assunto. Quanto aos exercícios físicos, percebemos que eles variam em intensidade e volume respeitando a individualidade biológica de cada atleta e o tipo de esporte praticado. A pesquisa bibliográfica forneceu uma diversidade de exercícios físicos que acrescentam muito à saúde do atleta, tanto para manter a forma física como para prevenir vários tipos de lesões. Muitos dos exercícios propostos neste trabalho são executados por nós cavaleiros militares durante a prática do treinamento físico militar. No Capítulo IV, ao descrever os tipos de lesões mais comuns aos atletas, destacamos a importância de se prevenir tais lesões, uma vez que causam prejuízos a saúde dos atletas e trazem uma interrupção nos treinamento e competições. O Brasil possui atletas de destaque mundial em diversos esportes. Nos esportes eqüestres não poderia ser diferente. Desta forma é possível usufruir desses exercícios físicos proporcionando saúde aos atletas. Ao direcionar esta pesquisa para militares da Escola de Equitação do Exército e do Regimento Escola de Cavalaria, contribuímos com a valorização dos profissionais do Exército Brasileiro. 76 77 Através da análise do questionário aplicado à fisioterapeutas, verificamos que as possíveis lesões podem ser evitadas e uma vez que ocorram requerem cuidados especiais. Quanto aos questionários aplicados aos cavaleiros e amazonas, comprovamos que a grande maioria deles, faz exercícios físicos regularmente, seja realizando seu esporte eqüestre seja em atividades físicas diversas, como por exemplo, para nós o “treinamento físico militar” ( TFM ). Concluímos também sobre a necessidade da realização de novas pesquisas, referentes à preparação física dos cavaleiros, uma vez que a produção literária encontrada sobre o assunto foi muito pequena. 77 44 GLOSSÁRIO Abdução: Movimento de afastamento de um segmento corporal, com relação a determinado plano ou eixo anatômico. Antropometria: Processo ou técnica de mensuração do corpo humano ou de suas várias partes. Cardiopatia: Designação genérica das afecções do coração. Circundação: Rotação em torno de um centro ou eixo. Endurance: Aptidão motora desenvolvida por processos aeróbicos e anaeróbicos, visando preparar o organismo a subsistir ao cansaço. O mesmo que resistência. Leg press: Aparelho de musculação destinado ao trabalho dos membros inferiores; traduzindo livremente: pressão de pernas. 44 45 Plano saginal: Superfície anatômica que divide o corpo humano em duas partes iguais, direita e esquerda. Pronação: Movimento de mão, que roda de fora para dentro, ficando o polegar junto ao corpo e a palma da mão voltada para baixo. 45 46 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alexandre Nery Furlani; Maria J. Salete Viotto (O); Marcelo Rodrigues da Cunha; Maíra A. Stefanini (CO); Lúcia Helena Batista [ et al ]. ESTUDO MORFOLÓGICO DA BOLSA ANSERINA E SUAS RELAÇÕES TOPOGRÁFICAS COM OS TENDÕES DO PÉ ANSERINO.. (Departamento de Morfologia e Patologia/UFSCar) C 20 –20 Manual de Campanha Treinamento Físico Militar, 3ª Edição 2002. Carolyn Kisner e Lynn Allen Colby Exercício Terapêuticos Fundamentos e Técnicas editora manole 2a- edição FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Coordenação Marina Baird Ferreira, Margarida dos Anjos; equipe Elza Tavares Ferriera [et al]. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 46 47 Maiza Ritomy Ide, Fátima Aparecida Caromano Pubalgia: Causa e possibilidades terapêuticas da revista Fisioterapia Brasil vol.3, n 6 pg 403-414 RÊGO, Jorge Augusto. A preparação física do cavaleiro. Rio de Janeiro: Editora Affonso e Reichmann Editores Associados, 1999. 47 48 ANEXOS 48