1 O JEGUE E O RESGATE DA CULTURA LOCAL Cristyano Ayres
Transcrição
1 O JEGUE E O RESGATE DA CULTURA LOCAL Cristyano Ayres
1 O JEGUE E O RESGATE DA CULTURA LOCAL Cristyano Ayres Machado Universidade Federal de Sergipe [email protected] INTRODUÇÃO: Para estudar os fenômenos sociais, Le Goff (1994) afirma que devemos lançar mão da memória social, como sendo o melhor meio para análise da história todavia, existem algumas sociedades sem escrita, onde este tipo de memória só foi utilizado após o surgimento da escrita, que foi uma evolução que Jack Goody chama de “a domesticação do pensamento selvagem”. “A história dos inícios torna-se assim, para retomar uma expressão de nativista, um cantar mítico da tradição”. (LE GOFF, 1994). Segundo SILVA (2001, in: PCNS 1998), “não se aprende História apenas no espaço escolar”. A preservação da cultura nordestina faz parte do resgate da identidade brasileira, já que não existe uma cultura puramente nacional, mas existe sim aspectos pitorescos de regiões e que devem ser preservados frente a globalização. O referido trabalho é resultado da observação e atuação junto aos estudantes/professores do Programa Alfabetização Solidária no município de Itabi. A alfabetização solidária tem o intuito de formar e capacitar o profissional que irá desenvolver o processo de alfabetização dos alunos, afim de que eles desenvolvam um trabalho de qualidade, e que possam valorizar o conhecimento de seus alunos. Desta feita desenvolver com os professores uma atividade que proporcione um maior conhecimento na área local, e que motive os alunos a estudarem, pois eles são respeitados em suas ideologias e em seu convívio social, torna a aprendizagem mais contundente. O município de Itabi faz parte do semi-árido sergipano e tem como principal característica além de sua estrutura vegetativa, o cuidado com o jegue, através da Corrida do Jegue. O objetivo deste trabalho foi, oportunizar aos alunos a intensificação de estudos, conhecimentos e habilidades de forma criativa, exploratória e prazerosa, investigando as possibilidades de Reconstruir a cidadania, 2 a auto-estima, a vivência de aspectos do cotidiano sob um prisma mais crítico, buscando a preservação da cultura local e do meio ambiente. METODOLOGIA: Para a realização deste projeto utilizou-se além da leitura, e discussão do histórico da cidade, percebendo suas mudanças, a situação política e econômica desde a época de sua fundação até os dias atuais, e levou os alunos a compreenderem das conseqüências, positivas e negativas do progresso para o município, como a devastação ambiental, a aculturação, criminalidade, perca da identidade cultural, dentro das disciplinas: ciências, geografia e história. Também foi feita a leitura e reflexão do texto do site navedapalavra.com.br, sobre a importância do Jegue, e como ele deveria ser cuidado e preservado em nosso país, e a partir daí utilizar as disciplinas ciências e matemática. Na música de Luiz Gonzaga “O Jumento é Nosso Irmão”, que exalta o jegue como um dos animais mais importantes para o nordestino, além de falar sobre a cultura e o folclore, entramos na parte gramatical onde trabalhou-se a questão do sotaque, das diferentes pronuncias. RESULTADOS E DISCUSSÃO: Percebe-se através da atuação dos indivíduos em uma atividade que abrange seu próprio contexto, é que sua auto-estima eleva-se e pode-se assimilar de maneira mais prática e inteligível qualquer conteúdo ou disciplina. As atividades realizadas através da reconstrução e reflexões sobre as leituras realizadas levaram os indivíduos a perceberem o quanto eles devem estar atentos para que a cultura local não se perca, pois junto com ela vai a identidade regional, a preservação ambiental, e o respeito ao cidadão. Só o fato dos alunos perceberem que devem lutar para preservar seu lócus, foi um resultado eficaz para o projeto. CONCLUSÃO: A conscientização é um estado de espírito resultante da reflexão, da observação e da análise. Conseguiu-se através da realização desta atividade foi a reflexão dos professores sobre sua situação atual, e as perspectivas apresentadas 3 de acordo com as relações sociais existentes e como estas relações acarretam em benefícios ou não para a preservação da cultura local. Ao pensar em uma nova sociedade é necessariamente uma nova educação na qual respeite as potencialidades dos indivíduos, muitos deles pouco desenvolvidos na escola. A aprendizagem significativa é aquela que também proporciona um processo de mudança de valores pessoais. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: CINFORM MUNICÍPIOS. 2003 GOFF, Jacques Le. História e memória. Tradução Bernardo Leitão. 3a ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 1994. PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artmed, 2000. PIERRE, Weil. A mudança de sentido e o sentido da mudança. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 2000. PLATÃO. A República. Livro VII. 2. Ed. Brasília/DF: Fundação Universidade de Brasília, 1992. SAVIANI, Dermeval. Da nova LDB ao PCN: por uma outra política educacional. Campinas: Autores Associados, 1998. SILVA, Francisco de Assis. História. São Paulo: Moderna, 2001. ZABALA, Antonio. A prática educativa: como ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. O Semi-árido. Disponível em: http://www.cliquesemiarido.org.br/inicial.asp Jumentos ou Dromedários. Disponível em: www.navedapalavra.com.br/cronicas/jumentosedromedarios O Jumento nosso Irmão. Disponível em: http://www.apasfa.org/futuro/jumento.shtml