O Trabalho do Administrador é uma tividade
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O Trabalho do Administrador é uma tividade
REVISTA CONTEÚDO ARTIGO O Administrador: qualificações necessárias em seu exercício profissional frente às mudanças. Francisco Carlos Garcia1 RESUMO O desenvolvimento da Informação e as novas tendências de gerir negócios originaram mudanças que foram acentuadas pela tecnologia. Essas mudanças levaram à alteração de paradigmas como clientes, liderança, mercado e outros. O ato de administrar deve ir além dos aspectos de planejar, organizar, dirigir e controlar; busca sobremaneira respaldar seus atos nas habilidades mínimas necessárias que envolvem, cada vez mais, aspectos técnicos, humanos e conceituais. Palavras Chaves: Mudanças, Paradigmas, Organização. ABSTRACT The information’s development and the new trends to mangement business has originated changes that had been accented by tecnology. These changes caused alterations in some paradigms as customers, leadership, market and others. The act to manage must be beyond of some aspects like planning, organizing, to direct and to control; it seaches mainly guarantee the necessary minimum abilities that they involve more than technician, human and conceptual aspects. Key Words: Changes, Paradigms, Organization. 1 Mestre em Administração pela Faculdade Cenecista de Varginha e Professor da Faculdade Cenecista de Capivari – CNEC – Coordenador do Curso de Administração de Capivari, Professor do Curso de Administração, Comércio Exterior e Secretariado Executivo do Centro Universitário Nossa Senhora do Patrocínio – CEUNSP. E-mail: [email protected] © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 97 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO Trabalho: desenvolvimento a partir da Informação As pessoas culpam sempre as circunstâncias. Só triunfa quem se levanta e procura as circunstâncias, e as cria, se não as encontra ( Bernard Shaw ) Ao final dos anos 50, nasceu a era da Informação. Segundo Naisbitt (1990), esse foi um período distinto, um divisor de águas a partir do qual a informação tornou-se um aspecto central em nosso estilo de vida. Foi a partir daí também que, pela primeira vez na história, trabalhadores administrativos ultrapassaram o número de trabalhadores da produção. Um movimento em cadeia então se estabeleceu e não parou de crescer, sempre se ajustando a um ritmo acelerado de competição o que se constata é que, a velocidade de resposta no mundo dos negócios cada vez mais freqüente e rápida acirrou a competitividade e ambas, competitividade e velocidade deságuam em mudanças que não param. Em entrevista recente à Veja, Peters (2003) afirma que ninguém mais está seguro de nada; hoje em dia muitas idéias que foram sólidas como rocha para gerações e gerações se desmancharam no ar como fumaça. Não existem mais fórmulas precisas de como conduzir com segurança a administração de uma empresa. Esse estado de coisas provocou o surgimento de consumidores exigentes com facilidade de acesso à informação, variedade na escolha e respaldo no código do consumidor, que também conhecem e acionam no caso de alguma não conformidade de contrato. Em conseqüência dessas variáveis - informação, rapidez e consumidores exigentes numa relação direta de oferta e procura, a busca de preparo ou mesmo aperfeiçoamento na condução de negócios, fez nascer pelo país, centenas de cursos de Administração de Empresas, mas será que só isso é suficiente? O que se busca de quem gerencia este novo estado de coisas, líderes ou gestores? Warren Bennis apud Whitleney (1996) afirma que um bom gestor faz as coisas bem feitas, enquanto que um bom líder faz as coisas certas. Portanto, aprender a liderar está relacionado a aprender a se relacionar com os outros e consigo mesmo. Neste contexto, algumas perguntas são pertinentes: Qual a função precípua © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 98 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO de um Administrador? Que tipo de preparo ele deve ter para bem desenvolver seu trabalho? Que elementos são básicos, determinantes de um bom desempenho? Antunes (1999) enfatiza que, nas últimas décadas, sobretudo no início dos anos 70, o capitalismo viu-se frente a um quadro crítico acentuado. Os elementos constitutivos essenciais dessa crise foram os aspectos econômicos, sociais, políticos e ideológicos com fortes repercussões no ideário, na subjetividade e nos valores constitutivos da classe que vive do trabalho. A introdução da organização científica taylorista do trabalho na indústria automobilística e sua fusão com o fordismo acabaram por representar a forma mais avançada da racionalização capitalista do trabalho. Essa expressão dominante do sistema produtivo - binômio taylorismo / fordismo - que vigorou na Indústria, ao longo praticamente de todo século XX, sobretudo a partir da segunda década era baseado na produção em massa de mercadorias. A partir dos anos 70, o sistema industrial japonês provocou grande impacto no mundo ocidental, quando se mostrou para os paises avançados como uma opção possível para a superação capitalista da crise, desde que se fizesse a transferência do modelo japonês – toyotismo - às singularidades e particularidades de cada país. Isto pode ser bem evidenciado na afirmação de Antunes, apud Furtado (2000, p.30): [...] foi o toyotismo ou o modelo japonês que maior impacto tem causado, tanto pela revolução técnica que operou na indústria japonesa, quanto pela potencialidade de propagação de alguns pontos básicos do toyotismo tem demonstrado expansão que atinge hoje escala mundial. Seu desenho organizacional, seu avanço tecnológico e sua capacidade de extração intensificada do trabalho, bem como a combinação do trabalho em equipe, mecanismo de envolvimento, controle sindical, eram vistos pelos capitais do Ocidente como uma via possível para a superação da crise. Emprego e Organização Marshall McLuhan apud Bridges (1995, p.36) costumava dizer: “se você quer saber sobre a água, pergunte a um peixe”, ora, os empregos são a água em que vivemos. Não se © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 99 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO trata de que todos tenham um bom emprego ou que em tempos difíceis todos podem obter um, mas que para a maioria das pessoas, ganhar a vida significa ter um emprego. É sobre esse paradigma que o autor discorre quando estabelece que este estado de coisas – estar comprometido a cargos – faz parte de um paradigma maior: a organização. Segundo ele, o mundo de quem tem um emprego é organizacional já que não existem empregos fora de organizações. No mundo dos empregos, tudo serve a um mestre organizacional; cargos são um elemento essencial desse mundo que contém planos, orçamentos, hierarquias, tradições, salários, supervisão e relação de subordinação. Como “caixas de atividade”, empregos são descrições de cargo e estão para o mundo organizacional assim como as linhas de propriedade estão para o mundo do proprietário; elas lhe dizem aquilo que é seu e aquilo que é dele ou dela. Diferentemente do mundo dos empregos, quando se trata do mercado em termos de competitividade, as coisas são diferentes; não se faz algo porque alguém ordenou ou porque consta descrito em uma página no plano estratégico de qualquer empresa. O mercado é um lugar amplo que não tem fronteiras de emprego, é um espaço sem limite de amplitude onde coisas são trocadas. É uma estrutura onde compradores procuram aquilo que precisam e onde vendedores buscam encontrar compradores. Da mesma forma que fazem as empresas, mercados também moldam comportamentos e atitudes, definindo coisas em termos de valor de troca e regras para que as partes envolvidas no intercâmbio possam satisfazer melhor seus interesses e atingir seus objetivos. Num mercado as pessoas não têm chefes ou supervisores e as descrições funcionais pertencem a algum outro universo. Não existem ordens nem tradução de sinais vindos de cima, ninguém divide o trabalho em lotes. De acordo com o paradigma de mercado, o chefe é o grande cliente e acontece entre duas entidades independentes. No modelo organizacional, os empregados, sejam eles superiores ou subordinados, são dependentes da organização porque fora dela estariam desempregados, de tal forma que conforme complementa Bridges (1995, p.74): Não é por acaso que desemprego nem mesmo existisse como conceito ao final do século XIX – exatamente por volta da época que as pessoas estavam percebendo que ter um emprego se tornara um arranjo predominante para as pessoas, bem como uma regra social © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 100 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO Mudança Organizacional; afinal o que aconteceu? Nos últimos anos, conforme atesta Wilson (2000) uma orgia de auto-análise e comparações se estabeleceu entre as empresas e as organizações. Começaram a reinventar a si mesmas em nome da eficiência e as realizações começaram a ser medidas em termos de poupança e não de crescimento. Administradores confundiram dowsizing com progresso, ao passo que racionalização foi interpretada, equivocadamente como algum tipo ideal de produção. A reestruturação organizacional arruinou vidas e carreiras e acabou com a alma de muitas empresas. A contabilidade tornou-se mais importante que a criatividade, cortar custo mais importante que do que adicionar valor e a busca da competitividade sobrepôs-se ao valor de relacionamentos ou da tradição. A informática veio tornar cada vez mais velozes e precisas as análises de dados, substituindo maciçamente, efetivos de trabalho em todos os segmentos. No bojo dessas mudanças dos últimos tempos, continua Wilson, fomos pressionados (sic) a nos especializar enquanto por outro lado, continuamos a ouvir falar a respeito da necessidade de desespecialização e do desenvolvimento das habilidades múltiplas. Quando atingimos o estágio em que parecia que poderíamos nos sentir seguros em nossos empregos, outros impactos se apresentaram; aprendemos acerca dos benefícios financeiros e estruturais da terceirização. Quando havíamos alcançado uma posição aparentemente segura, entramos em uma era de avaliações e quantificações de nossos esforços. Ou ainda, quando acreditamos que havíamos investido uma parcela tão significativa de nossa vida em nosso emprego, que poderíamos relaxar e gozar dos frutos de nossos esforços descobriu-se que qualquer um com mais de 45 anos estava em posição precária, sob rigorosa observação e com um pé na rua. Contrapondo-se às críticas de Wilson, o professor de física teórica Michio Kaku (2000) em artigo recente à revista Time, contemporiza esse status quo dando novos rumos às colocações de Wilson. Ele diz que pelo fato dos computadores não terem as mesmas habilidades dos seres humanos, sempre haverá muito espaço para profissionais cujo trabalho exige julgamento, avaliação, criação e inovação. A partir desse ponto de vista, o autor relaciona algumas atividades profissionais vencedoras no futuro como: operários, © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 101 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO pedreiros, policiais ou lixeiros. Esse pessoal, afirma Kaku, faz trabalhos que não podem ser feitos por computadores; não há robô que possa solucionar um crime, ele pode ser um importante instrumento de auxílio no processo, mas não pode conduzi-lo. Não existe inteligência artificial que possa criar um sistema inovador de tubulação; esses trabalhos são feitos por pessoas que, a cada instante deve fazer julgamentos. Segundo o autor, robôs vêem e ouvem muito bem, no entanto, seus “olhos” ou “ouvidos” tão bons, não entendem o que vêem ou ouvem e conclui dizendo que os executivos podem dormir tranqüilos. Eles continuarão a ter seus empregos, afinal, quem sempre era de tomar decisões como contratar pessoas, aprovar estratégias ou desenvolver produtos. Conforme o adágio atribuído a Heráclito: “uma coisa é imutável, a eterna mudança das coisas”, as mudanças são um fato que os novos tempos cuidaram de acelerar. É nesse ponto de vista, de velocidade de mudanças que devem ser entendidos os comentários ou críticas de Wilson quando diz que recompensas que nos foram prometidas deixaram de se materializar: em vez de sermos abençoados com um maior tempo de lazer fomos sobrecarregados de trabalho extra. Nossos empregos em vez de se tornarem interessantes, transformaram-se em previsíveis e enfadonhos; produzimos muito mais com menos ajuda e uma quantidade cada vez menos de recursos. A expectativa de transferir responsabilidade para a tecnologia reverteu e tivemos que assumir a responsabilidade pela própria tecnologia. Em vez de aprendermos cada vez mais, descobrimos que as coisas tornam-se rapidamente obsoletas; isso ele é atestado por Prahalad (2000) quando afirma que “em cinco anos, 50% de tudo o que sabemos hoje será tóxico, a questão é saber qual metade devemos esquecer. O papel fundamental dos líderes do futuro será gerenciar o presente, esquecer seletivamente o passado e dar combustível para o futuro”. Alguns números dessas mudanças Nassif (1996) em um ensaio de baseado no relatório da World Future Society (WFS) entidade fundada em 1966 com o objetivo de traçar cenários sobre o futuro e estudar maneiras de torná-lo melhor, sintetiza que, entre 1996 e 2020, o mundo produzirá dez vezes mais mudanças do que entre 1980 e 1995. Implícito às afirmações de Prahalad, que o © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 102 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO desenvolvimento rápido é um fator de obsolescência, o relatório afirma que, hoje em dia a massa de conhecimento do mundo dobra a cada dois anos. E projeções dão conta que nos próximos dez ou quinze anos, dobrará a cada 80 dias. No ano 2010, 75% do PIB do Japão deverá ser formado por produtos que nem sequer foram inventados. Em termos de Brasil, o mesmo relatório pontifica que, até 2030 o Brasil será o décimo primeiro país mais competitivo do mundo. Estará na frente da França, Itália, Canadá, Inglaterra e Espanha. Em termos de tendências familiares, o relatório aponta que a população mundial saltará de 5,4 bilhões para 8,4 bilhões ate 2025. Desse total, 57% virão das nações em desenvolvimento e 33% dos paises atrasados a (maioria da África). Nos desenvolvidos a alta será pequena (10%) e concentrada nos EUA. A população mais velha crescerá de 5% a 6% ao ano. No Brasil, a concentração de idosos já é das mais altas do mundo - 8% têm mais de 60 anos. Em 2020, 80% da população estará morando em regiões metropolitanas. Em 1900 não passava de 1%. Em dez anos, mais de 40% da população americana será formada pelas minorias. No mundo, a parcela de mulheres solteiras ou descasadas superará 25%. Os lares tradicionais não serão mais do que 50%. Segundo Nassif, o Instituto M. Vianna Costa, uma das instituições de prospecção do futuro, representante brasileiro no encontro, apresentou uma síntese do encontro em sua publicação “Ameaças e Oportunidades”. Os paradigmas desse mundo novo são: Cliente – Com a internacionalização das empresas, a influência crescente dos consumidores e cidadãos, a educação e o desenvolvimento, os novos canais de informação, a individualização crescente e a consciência de novo papel social das empresas contribuirão para o fortalecimento universal do conceito oriental do okyo-kasumo (o cliente como senhor, convidado honorável). Líder dos líderes - Em 2010, provavelmente apenas de 10% a 20% das pessoas ligadas as empresas terão carteira de trabalho assinada, enquanto nos anos 80 esse percentual era de 90%. Muda completamente o conceito de liderança. Crescera a figura do "líder dos líderes," pessoa com capacidade de coordenar o chamado capital intelectual. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 103 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO Compras e Comércio - O comércio caminha para os shoppings, supermercados e lojas de departamento, mas com outra organização. As gôndolas de supermercados serão organizadas por tipos de refeições, prontas e embaladas, e não por tipos de comidas. As empresas comerciais mudarão o foco de venda para ambiente de entretenimento - por exemplo, livraria com bares. Tempo: cada vez mais o tempo será tópico crítico de decisão do consumidor. Tudo que levar tempo será preterido. Desenvolvimento: o crescimento mundial se concentrara nos mercados emergentes com destaque para Brasil, China e Índia, e alguns “tigres asiáticos”, com Índices na faixa de 5% a 6% ao ano. Os paises desenvolvidos deverão crescer a não mais do que 2% ao ano. Em 2030, o ranking de competitividade ficará com os Estados Unidos (1), Japão (2), China (3), Alemanha (4), Cingapura (5), Coréia do Sul (6), Índia (7), Taiwan (8), Malásia (9), Suíça (10) e Brasil (11). Em outros aspectos, continua o relatório, alguns itens também terão seus paradigmas reavaliados: Internet: Ocupará espaço nos negócios numa proporção maior do que se pode imaginar. Os NCs (Net Cruisers) chegarão a 20%-30% do total dos PCs instalados, afetando drasticamente marketing, educação, treinamento e finanças. Não há garantias de que a Microsoft manterá seu sucesso nos próximos anos. Revolução genética - Através da evolução do Homo Sapiens, o Homo optimus se juntará com a informática e sairá o Homo cyberneticus, com a implantação de placas e chips nos cérebros e nos corpos de seres humanos. Equilíbrio da humanidade - Não ha certeza de que a injustiça será erradicada do mundo. Ha consciência sobre as dificuldades de construir futuro equilibrado. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 104 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO Incerteza - Com a rapidez com que se agregam novos conhecimentos, acabou a previsibilidade. A teoria do caos e a organização fractal do mundo deverão ser estudadas para o ambiente das organizações. Estar pouco dependente de fatores externos é a estratégia de sobrevivência a ser aplicada por todos os participantes da comunidade empresarial. Função do Administrador A palavra Administração, ou o verbo administrar, são palavras bastante usadas, cujo espectro de abrangência é grande, senão vejamos: Administração – do latim Administratione – s.f.1. ação de administrar; 2. Gestão de negócios públicos ou particulares; 3. Governo, regência; 4. Conjunto de princípios, normas e funções que têm por fim, ordenar a estrutura e funcionamento de uma organização (empresa, órgão público etc); 5. Prática desses princípios, normas e funções. Administrar – do latim Administrare – v.v.d. 1. gerir (negócios públicos ou particulares); 2. reger com autoridade suprema, governar, dirigir; 3. dirigir qualquer instituição; 4. conferir, ministrar (sacramento); 5. dar a tomar, ministrar (medicamento); 6. manter sob controle um grupo, uma situação ert, afim de obter melhor resultado. FERREIRA (1999) Todas essas variáveis corroboram que o leque de abrangência do termo, e, por conseguinte da sua ação. Em outras palavras, independente da profissão que exerçamos, todos, numa certa medida, somos Administradores. Uma dona de casa, por exemplo, é por excelência a gestora de um lar. Da mesma forma um médico que tenha uma clínica, um Engenheiro sua construtora ou qualquer profissional que se estruture numa organização para exercer sua profissão. É nesse sentido que as atribuições de Aurélio (1999) estão consoantes ao que afirma Peter Drucker (1992, p.21): [...] o administrador tem uma função empresarial que é movimentar recursos do passado para o futuro, numa função de minimizar riscos e de maximizar oportunidades. Ele deve fazer com que as pessoas trabalhem em conjunto, unindo habilidades e conhecimentos de cada um para um fim comum. Cabe ao Administrador, a tarefa de tornar produtivos, as qualidades positivas, irrelevantes e mesmo as deficiências que, em última análise é a própria finalidade da Organização. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 105 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO No mundo atual, dinâmico e competitivo, cada vez mais o perfil dos negócios, em função das citadas mudanças, também sofreram novos delineamentos. De acordo com dados do IBGE de 2002, o número de empreendedores cresceu no Brasil numa tal ordem que, 99% das empresas em atividades do Brasil são de micros e pequenos empreendimentos. O levantamento mostrou que a migração e a terceirização da atividade assalariada levaram milhões de empregados formais tornarem-se “donos de empresas”. Na mesma proporção que o número de pequenas empresas cresce, elas geram mais empregos do que as grandes; estando incluída nesse leque uma gama diversificada de pequenos negócios tais como, uma cafeteria na esquina, uma produtora de software. A essa grande maioria, soma-se uma massa de negócios informais nascidos da falta de opção, isto é, tornaram-se empresários por falta de opção. De uma forma ou de outra, a afirmação de Drucker (1992) de movimentar recursos do passado para o futuro, diminuindo os riscos e aumentos as oportunidades, continua válida para todo e qualquer negócio. Concretiza-se assim na prática o que ele afirma que, o trabalho do Administrador é uma atividade que produz valor, envolve pessoas, organizações e a sociedade. Ele é o responsável pelo desempenho do trabalho de pessoas numa Organização, independente da posição e do título que tenha. Como o administrador é aquele que usa os recursos da Organização para produzir bens e serviços, oferecidos à sociedade, a ele, está associada como principal responsabilidade, levar a Organização a obter elevado desempenho através do uso de todos os recursos humanos e materiais disponíveis. Ele, o Administrador, deve ser o primeiro a ter convicção que, a principal importância do planejamento é produzir na mente, uma imagem positiva do futuro e que isso começa dentro do seu negócio, com as pessoas sob seu comando. Empreender requer um conjunto de habilidades, conhecimentos e talentos diferentes do exercício de simplesmente liderar. Como administrar é uma forma de arrojo que não tem fronteiras ou nacionalidade, citamos um europeu, o francês fundador das canetas esferográficas BIC, Marcel Bich © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 106 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO (2001) numa visão de um money-maker3 como ele se denominou. Ao imaginar, sozinho, a criação de seu produto nos anos 50 e viabilizar sua implementação posterior com qualidade, inovação, praticidade, não pensava vender, cinqüenta anos depois, a marca assustadora de 28 milhões de unidades dia de seu produto. Intuitivo ele estabeleceu sozinho alguns fundamentos que asseguraram o sucesso de seu produto. Alguns desses princípios: Não devemos acrescentar um produto aos existentes (com efeito, ele produziu canetas, aparelhos de barba, isqueiros, prancha de surf e perfumes), Não devemos agir em função de determinada demanda, é preciso provocá-la (costumava dizer que o estilista Dior que revolucionou a moda, não foi perguntar às Parisienses como queriam vestir-se), É preciso manter o preço estável dos objetos ao longo dos anos, pois isso define o perfil e a credibilidade da empresa, Os produtos devem ser “comerciais” que nas suas palavras queriam dizer, ter boa funcionalidade e preço competitivo, O invólucro não deve superar os 10-15% do custo de produção. Das habilitações do Administrador Segundo Katz (1986) as empresas devem escolher seus administradores levando em consideração, aspectos de três vertentes: técnicos, humanos, e conceituais. No quadro 1 temos o que o autor denomina de habilitações básicas de um administrador. Níveis da Administração Habilidades Necessárias Direção Institucional Conceitual Gerência Humana Intermediário Supervisão Operacional Técnica Quadro 1 – Habilidades do Administrador – Fonte: KATZ (1986) 3 Textualmente: o fazedor de dinheiro, o visionário prático que traduz idéias em dinheiro em caixa. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 107 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO Dessas três habilidades a humana tem destaque ficando entre a técnica e a conceitual. A aptidão humana é, justamente, a que cuida do trato com os outros, de forma a buscar a eficiência do grupo como um todo. É dessa habilidade - de relacionamento - que Peter Drucker (2000) afirma que faz parte em 70% de sua composição ficando as outras 30% em habilidades técnicas e conceituais. É ela que aglutina o grupo em torno da cooperação num sentido comum entre a habilidade técnica e a conceitual. Enquanto a habilidade técnica dispõe ao administrador o entendimento da mecânica do cargo, a conceitual distingue o relacionamento entre vários fatores ligados a condição do administrador, deforma que o faça obter o máximo de vantagens para a Organização. De acordo com o nível de responsabilidade administrativa, essas habilidades são exigidas em maior ou menos escala. No nível mais operacional a habilidade técnica é o maior predicado seguida da humana, já no nível de direção a habilidade conceitual é a mais importante, seguida da habilidade humana. No nível intermediário a habilidade do gerente depende muito da humana e conceitual. Do trabalho do Administrador Dois paises - França e Estados Unidos – foram os pioneiros no estudo de Administração; em 1916 e 1911, respectivamente, os nomes mais representativos desse trabalho foram Henry Fayol e Frederick Winslow Taylor. Cada um deles efetuou seus estudos conforme suas áreas de atuação e apesar de suas pesquisas serem distintas, chegaram ao mesmo núcleo de eficiência e eficácia. Henry Fayol, em sua abordagem da Teoria Clássica Administrativa evidenciou as funções do Administrador que vigoram até hoje: Planejamento, Organização, Direção e Controle. O caminho percorrido por Fayol se deu do topo da Organização para sua base. Frederick Taylor, por sua vez seguiu por um caminho de baixo para cima e das partes para o todo, criou as técnicas de racionalização dos trabalhos; nos estudos de tempos e movimentos, nas técnicas de observação e monitoramentos sistemáticos, emprestados de René Descartes, ele contribuiu com a solidificação de melhorias, corroboradas na prática por Henry Ford. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 108 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO Fayol foi predecessor do PDCA, ao criar a estrutura hierárquica da empresa e as divisões dos trabalhos. Taylor, com seu “tempos e métodos”, aumentou a eficiência e facilitou as operações através da racionalização dos trabalhos estabelecidos pelo tempo padrão. Passados quase cem anos, independente da evolução do pensamento administrativo, as propostas de Fayol ainda são difundidas, por essa razão focamos um pouco mais nossas considerações sobre as funções do Administrador por ele preconizadas: Planejamento, Organização, Direção e Controle. Planejamento: nessa função cabe ao administrador definir as metas da Organização. É através do planejamento que se propõe a uma organização, uma hierarquia de planos, de forma a integrar e coordenar os trabalhos. Nesse sentido caminha-se na direção dos resultados pretendidos e na identificação dos meios para alcançá-los. Organização: é a base que lastreia a coordenação e harmonia entre indivíduos e grupos na estrutura da Organização. Através dela se estabelece de forma clara, as tarefas a serem realizadas, o nível de autoridade e responsabilidade na hierarquia. Por ela é feita formalmente as atribuições das pessoas em resposta as seguintes perguntas: quem, como, onde e quando deve ser feito. Direção: dirigir ou coordenar é a função precípua de quem lidera. Líder é aquele que está sempre à frente, motiva, dirige as atividades, propicia a comunicação e administra conflitos entre membros da sua equipe. Quem dirige age como um catalisador de energias, propiciando o comprometimento e entusiasmo das pessoas de forma que somem, cada um com seu talento, aos objetivos da Organização. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 109 REVISTA CONTEÚDO Controle: ARTIGO é a comparação das metas estabelecidas através do acompanhamento do desempenho. Cabe aos gerentes através da função de controle, o monitoramento de desempenho. Na comparação que se estabelece, qualquer divergência é corrigida de forma a assegurar que os resultados programados sejam atingidos. Quanto mais alto está o gerente na estrutura hierárquica, o tempo dedicado a planejar e organizar tende ser maior do que os níveis gerenciais mais baixos. Nos níveis mais baixos, o tempo usado em controle é mais valorizado. Contudo em todos os níveis o tempo destinado à liderança é igualmente destinado. Conclusão Em síntese, consoante ao que preconiza Peter Drucker (1992) que o Administrador tem como função movimentar recursos do passado para o futuro, as habilidades técnicas, humanas e conceituais perpassam um sem número de competências ou qualidades tais como: trabalho em equipe, negociação, pensar criativamente, sociabilidade, integridade. Administrar não é apenas bom senso conforme afirma Dubrin (1998), mas a combinação de habilidades gerenciais, interpessoais e técnicas, num processo de vida básico. Dentre os vários níveis de Administração – alto, médio e operacional – para gerir um empreendimento, seja ele um restaurante, um salão de beleza, a organização de um evento como planejar um casamento ou mesmo administrar um lar, o estudo de Administração oferece o melhor retorno à longo prazo. Administrar é um processo de vida básico que todos temos conhecimento quando se estuda formalmente, no entanto, pode-se multiplicar a própria eficácia que, conforme é atestado por Dubrin (1998), as habilidades gerenciais são um ativo. O Administrador como responsável pelo desempenho dos membros de um grupo. Têm autoridade formal para gerenciar os recursos da Organização. É ele que Peter Drucker preconiza como sendo o fator prático de converter uma multidão em um grupo eficiente, orientado para certas metas e produtivo. © Revista Conteúdo, Capivari, v.1, n.2, jul./dez. 2009 – ISSN 1807-9539 110 REVISTA CONTEÚDO ARTIGO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, Ricardo. 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