Universidade Federal de Campina Grande Unidade Acadêmica de
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Universidade Federal de Campina Grande Unidade Acadêmica de Letras Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino A CANÇÃO DE EXPRESSÃO FRANCESA COMO GÊNERO DIDATIZADO PROPICIADOR DAS TROCAS INTERCULTURAIS EM AULA DE FLE Maria Dalva Sarinho Campina Grande abril de 2011 Maria Dalva Sarinho A CANÇÃO DE EXPRESSÃO FRANCESA COMO GÊNERO DIDATIZADO PROPICIADOR DAS TROCAS INTERCULTURAIS NA AULA DE FLE Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino (Mestrado), da Universidade Federal de Campina Grande, como requisito para obtenção do Grau de Mestre, na área de concentração “Ensino-aprendizagem em Língua Estrangeira”. Orientadora: Profª. Drª. Josilene Pinheiro-Mariz FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG S245c Sarinho, Maria Dalva. A canção de expressão francesa como gênero didatizado propiciador das trocas interculturais na aula de FLE / Maria Dalva Sarinho. ─ Campina Grande, 2011. 164 f. : il. col. Dissertação (Mestrado em Linguagem e Ensino) – Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Humanidades. Referências. Orientadora: Profª. Drª. Josilene Pinheiro-Mariz. 1. Língua Estrangeira – Ensino - Aprendizagem. 2. Formação de Professores. 3. Gênero Textual. 4. Língua Francesa. 5. Canção – Abordagem Intercultural. I. Título. CDU – 81’243:37.02(043) FOLHA DE APROVAÇÃO ________________________________ Profa. Dra. Josilene Pinheiro-Mariz - UFCG Orientadora ______________________________ Profa. Dra. Maria Angélica Oliveira - UFCG Examinadora ______________________________ Profa. Dra. Rosalina Maria Sales Chianca- UFPB Examinadora A minha mãe, Edith, ao meu irmão David, ao meu amado filho, Neftali e, aos meus sobrinhos, Jessica, Davyane, Jessiane e David Júnior, pessoas fundamentais na minha vida. AGRADECIMENTOS À Prof a Auxiliadora, minha grande Mestra, pelo incentivo a cursar o mestrado. À Prof a Josilene Pinheiro-Mariz, pelas grandiosas orientações que me conduziram às reflexões sobre as intrigantes questões que encontrei respostas. À Prof a Maria Angélica, pelas grandes contribuições dadas a esta pesquisa na qualificação e por participar da banca de defesa. À Prof a Rosalina Chianca, do CCHLA da UFPB, pelas valiosas contribuições dadas a este trabalho na qualificação e pela disponibilidade por participar da banca de defesa. À Socorro Martins, pelos momentos de repouso mental. Ao Saulo, serei sempre grata por sua gentileza e paciência. Aos membros da Família Freitas, pelos momentos descontraídos que me acalmaram com suas festanças. A meu pai, Severiano (in memoriam) e minha mãe, Edith, pelos bons exemplos de força e coragem para enfrentar obstáculos e meus grandes mestres na escola da vida. À minha tia Isaura (in memoriam) que tanto me incentivou a fazer o mestrado. Aos colegas, Alixandra, Alyere, Andréa Vasconcelos, Carla Jeanne, Cícero, Fabyana, Joelma, Luciana Nery, Karine, Magna, Patrícia Rosas, Patrício, Thaís e Valcêmia pelos momentos que estivemos juntos com os estudos e pelas cumplicidades. Ao José Roberto, grande amigo, pelos momentos que discutimos assuntos relacionados a esta pesquisa. Aos alunos, Aline, Aluska, Angélica, Brinsan, Elizama, Erica, Francisco, Francy, Guilherme, Juliane, Luisa, Nyeberth, Renaly, Rodrigo, Vanessa e Viviane. A todos os Professores e Funcionários do Programa de Pós-Graduação em Linguagem e Ensino da UFCG. Aos Professores, Maria do Carmo, Carmen Verônica, Kennedy e Janaína. À Prof a Denise Lino, pelos estímulos recebidos para este estudo. Ao Prof. Edmilson Rafael, pelos conhecimentos que me foram repassados sobre os grandes teóricos da Linguística. Aos ilustres funcionários da Biblioteca Municipal de Campina Grande pelo apoio e paciência: Ana, Ana Lígia, Lamarque, Luci, Lúcia Maria, Madalena Socorro, Marivaldo, Natália, Socorro Gurjão e Vânia. À Prof a Kátia Passos, Coordenadora da Secretaria de Educação, Esportes e Cultura da Prefeitura Municipal de Campina Grande, pela paciência e compreensão para eu poder finalizar este trabalho. À Sâmia Marinho, pela disponibilidade e eficiência nas atividades burocráticas junto à Secretaria de Educação. Ao Marc Piraux, pelas discussões sobre nossas pesquisas e que se relacionaram a meu estudo. À Eliana Quirino, pelos momentos que estudamos algumas teorias relacionadas a esta dissertação. Ao amigo Manassés, a quem dedico este trabalho, por todo esmero, cumplicidade, presteza e pela energia positiva ao discutirmos sobre os teóricos do intercultural. Amizade, Com tua amizade consigo calar a te escutar. Sinto conforto com um simples olhar. Lembro das brigas, sem me intrigar. Sei que tu sabes sem eu falar. Aprendi a rir quando só sabia chorar. E por isso quero apenas cultivar Tua amizade que me ensinou mais do gostar... me deu um novo olhar sobre as pessoas que devo amar. (NEFTALI, 14 anos) RESUMO O presente trabalho propõe a canção de expressão francesa enquanto gênero didatizado como um elemento propiciador das trocas interculturais em aula de Francês Língua Estrangeira (FLE), no âmbito da formação inicial do professor dessa língua. Na busca por um modelo de abordagem que contemple o professor em formação, investigamos um grupo de aprendentes com esse perfil e identificamos as dificuldades encontradas para tomada da consciência intercultural (CI) em sala de aula. Neste sentido, a pesquisa tem como um dos principais objetivos contribuir para uma reflexão que conduza à tomada da CI, por meio da canção de expressão francesa durante a formação inicial do professor de FLE de Campina Grande. Também buscamos observar como o tema do intercultural, enquanto transversal, é trabalhado em sala de aula de língua francesa. A partir do observado, trabalhos com uma proposta didáticopedagógica que contempla uma abordagem por competências, tendo na canção de expressão francesa um espaço para discussões e reflexões dos sujeitos envolvidos. Para tanto, o trabalho está centrado nos estudos de Zarate (1995; 1986) que propõem o ensino da cultura estrangeira em aula de FLE, levando-se em conta a bagagem da cultura local. Também nos apoiamos em Abdallah-Pretceille e Porcher (2001), considerando-se a necessidade do intercultural na formação educacional do ser humano e, em especial, no âmbito do ensino de línguas vivas. No que concerne à canção, encontramos em Costa (2007; 2001) ponderações necessárias para propormos este gênero lítero-musical para a aula de língua estrangeira. A pesquisa vincula-se à natureza qualitativo-analítica e de base interpretativista, centrada na pesquisa-ação. Teve como instrumentos para a geração de dados: protocolo de observação, questionários e gravação eletrônica (THIOLLENT, 2008) e, ainda, atividades com sequências didáticas (SD) para avaliar a proposta ora construída. Os participantes foram dezesseis alunos matriculados em quatro turmas da graduação em Língua Francesa da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). A geração dos dados foi realizada em três semestres: 2009.2, 2010.1 e 2010.2. Os resultados aqui apresentados e discutidos estão centrados nas reflexões feitas em sala de aula e nas respostas contidas nos questionários aplicados após as intervenções. Assim, verificamos que as atividades propostas em forma de SD demonstraram ser eficazes para a tomada da CI naquele ambiente de ensino de FLE, percepção confirmada nos depoimentos relatados pelos participantes após a aplicação do questionário pós intervenções. Palavras-chave: Francês Língua Estrangeira (FLE); Abordagem Intercultural; Canção de expressão francesa; Professor em formação inicial. RÉSUMÉ Ce travail propose la chanson d‟expression française en tant qu‟outil didactique destiné à faciliter les échanges interculturels en classe de Français Langue Etrangère (FLE), dans la formation initiale des enseignants en langue française. Dans la recherche d‟un modèle d‟approche pour l‟enseignant en formation, nous avons enquêté un groupe d‟apprenants avec ce profil et nous avons identifié, en salle de cours, les difficultés rencontrées lors de la prise de conscience interculturelle (CI). Ainsi, la recherche ayant pour objectif principal de contribuer à une réflexion qui nous a conduit à la prise de CI à travers la chanson d‟expression française durant la formation initiale du professeur de FLE de Campina Grande. Nous avons cherché aussi à observer comment le thème de l‟interculturel, en tant que thème transversal, pouvait être étudié au cours de langue française. A partir d‟une analyse observatrice, nous présentons une approche didactico-pédagogique qui aborde une approche par les compétences, considérant la chanson française comme un espace de discussions et de réflexions de sujets. À cette fin, notre travail se base sur les réflexions de Zarate (1986; 1995) qui proposent l‟enseignement de la culture étrangère en classe de FLE, tenant compte la nécessité du bagage culturel local de la formation interculturelle. Nous nous appuyons aussi sur Abdallah-Pretceille et Porcher (2001), considérant la nécessité de l‟ interculturel dans la formation éducationnelle de l‟être humain et en particulier dans le cadre de l‟enseignement des langues modernes. En ce qui concerne la chanson, nous avons trouvé chez Costa (2001; 2007), les supports nécessaires pour proposer ce genre de littérature musicale pour la classe de langue étrangère. La recherche est liée à la nature qualitativo-analytique et de base interprétative centrée sur la recherche-action. En ayant comme outils d‟acquisition de données le protocole d‟observation, les questionnaires et l‟enregistrement électronique (THIOLLENT, 2008), ainsi que les activités en séquences didactiques (SD) pour évaluer la proposition ainsi construite. Les participants ont été seize étudiants répartis en quatre classes de la Licence en Ès Lettres en Langue Française à l‟Université Fédérale de Campina Grande (UFCG). La construction de données a été réalisée au cours de trois semestres (2ème semestre 2009, 1er semestre 2010 e 2ème semestre 2010). Les résultats ici présentés et discutés sont issus des réflexions conduites en classe et des réponses aux questionnaires appliqués après les interventions. Ainsi, nous avons validé le fait que les activités proposées sous la forme de SD ont été efficaces pour la prise de CI dans ce type d‟enseignement de FLE, élément confirmé par l‟analyse des questionnaires des participants. MOTS-CLÉ : Français Langue Étrangère (FLE); Approche Interculturelle; Chanson d‟expression française; L‟enseignant en formation initiale. SUMMARY The present work proposes the use of French songs as a teaching genre capable of providing cultural interchanges in early FFL teaching education. Searching for an approach which can assist a training teacher, this study analyzed a group of learners with this goal and detected some difficulties in their taking intercultural conscience (IC) in classroom. So, the primary objectives of this research are to reflect on the viability to use French songs in initial training programs of French teachers in order to enhance intercultural conscience (IC) taking, and to investigate the discussions of the intercultural theme in French language classrooms. In this regard, this study presents a didactic-pedagogical proposition comprising a competence approach that relies on French songs as a source for discussions and reflections. Besides, it focuses on the reflections of Zarate (1995; 1986) who suggests that foreign culture be taught in FFL classrooms, considering the education principles contained in the cultural aspect of mother language, and on those of Abdallah-Pretceille (2001), highlighting the importance of intercultural factor in both human beings´ education and the teaching of modern languages. Concerning the adoption of songs, Costa´s ideas (2007; 2001) served to support the use of songs in FFL classrooms as a literary-musical genre capable of turning foreign language classes into a dynamic and creative environment for learning. It is an action/research-centered study with qualitative-analytical nature and interpretive foundation whose instrument to obtain data was an observation protocol, questionnaires, and electronic recording (THIOLLENT, 2008), besides activities in didactic sequences (DS) to estimate the proposal in order to achieve the objectives. The work involved 16 undergraduate students from four French language groups in Universidade Federal de Campina (UFCG). The data were collected in three semesters: 2009/2, 2010/1, and 2010/2. The results obtained and discussed focus on both discussions in classrooms and responses in the questionnaires applied after the interventions. Thus, it was observed that the DS activities suggested were effective for IC taking in FFL teaching, confirmed in the teachers´ statements after the reapplication of the post-intervention questionnaire. Key words: French as foreign language (FFL); Intercultural approach; French songs; teachers in early education. LISTA DE FIGURAS FIGURA 1: Imagens dos artistas (cantores).................................................................102 LISTA DE QUADROS QUADRO 1 – imagens contidas dos Manuais de Ensino de FLE .............................. 51 QUADRO 2 – Canções de expressão francesa, suas origens e seus subgêneros .. 63 QUADRO 3 – Personalidades citadas na canção “Touche pas à mon pote”, de Gilberto Gil ............................................................................................................................. 89 QUADRO 4 – Imagens do videoclipe “Touche pas à mon pote”................................ 90 QUADRO 5 – Temáticas implícitas nas canções ...................................................... 100 LISTA DE GRÁFICOS GRÁFICO 1 – Perfil dos participantes: número de inscritos por turma .................. 65 GRÁFICO 2 – Faixa etária e nacionalidade ............................................................ 66 SIGLAS AI- Abordagem Intercultural CI- Consciência Intercultural DL- Documento recolhido no Local FLE- Francês Língua Estrangeira FP- Professor Formador G1- Língua Francesa I e II G2- Língua Francês III e IV G3- Língua Francês V e VI G4- Literatura Francesa II e III GE- Gravação Eletrônica GP- Grupo Piloto LE- Língua Estrangeira PFI- Professor em Formação Inicial PO- Protocolo de Observação SD- Sequência Didática SINAIS UTILIZADOS NAS TRANSCRIÇÕES DAS AULAS E NOS DEPOIMENTOS DOS PARTICIPANTES DA PESQUISA (MARCUSCHI, 2003, p. 11-12) Truncamento brusco: / Indicação de transcrição parcial ou de eliminação: /.../ SUMÁRIO INTRODUÇÃO .…………………………………………………………………….......16 CAPÍTULO I CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE LE E A CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL …..…………………………………………..... 23 1.1. Uma visão da formação do professor de Línguas Estrangeiras ………… 23 1.2. A abordagem intercultural do professor em formação inicial ……......…… 1.3. Percepções sobre a CI em FLE: um caso 26 ……........................................... 38 CAPÍTULO II SOBRE A TOMADA DE CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL ….......................... 46 2.1. Estereótipos e identidades: dois conceitos a serem pensados conjuntamente .................................................................................................................................. 46 2.2. Alteridade: outra concepção ........................................................................... 56 CAPITULO III ASPECTOS METODOLÓGICOS: DO PLANEJAMENTO À EXECUÇÃO DA PESQUISA................................................................................................................. 62 3.1. Natureza e contexto da pesquisa .................................................................... 64 3.2. Perfil dos participantes ...................................................................................... 65 3.3. Instrumentos utilizados ..................................................................................... 67 3.4. Procedimentos da pesquisa ............................................................................... 69 3.4.1. Experiência Piloto ............................................................................. 69 3.4.2. Execução da pesquisa .............................................................................. 73 3.5. Constituição do corpus e procedimentos de análise .......................................... 82 CAPÍTULO IV CANÇÃO FRANCÓFONA: UMA PROPOSTA DE AI PARA AULAS DE FLE .......... 85 4.1. O acolhimento das culturas na visão dos professores em formação em FLE do Curso de Letras da UFCG ..............................................................................… 85 4.2. As origens e a identidade cultural no âmbito do FLE: outros aspectos do Intercultural ..................................................................................................... 4.3. Imagens estereotipadas da cultura materna e da cultura do outro .......... 93 100 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 108 REFERÊNCIAS ....... ............................................................................................... 111 APÊNDICE A – Questionário para professores de francês língua estrangeira (FLE) APÊNDICE B – Questionário para os professores em formação de FLE APÊNDICE C – Sequência Didática – Grupo Piloto (GP) APÊNDICE D – Sequência Didática – 1a intervenção (G1 E G2) APÊNDICE E – Sequência Didática – 1a intervenção (G4) APÊNDICE F – Sequência Didática – 2a intervenção (G1 E G2) APÊNDICE G – Sequência Didática – 2a intervenção (G3) APÊNDICE H – Sequência Didática – 2a intervenção (G4) APÊNDICE I – Questionário pós-abordagem APÊNDICE J – Sequência Didática – 3a intervenção (G1 E G2) APÊNDICE K – Sequência Didática – 3a intervenção (G3) APÊNDICE L – Sequência Didática – 3a intervenção (G4) APÊNDICE M – Questionário pós 3a intervenção ANEXO A – Canções ANEXO B – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ANEXO C – CD: material audiovisual das canções e questionários respondidos INTRODUÇÃO Trabalhar os aspectos da cultura estrangeira demanda atenção por parte do professor que ensina a língua estrangeira (LE). Daí, a formação inicial do professor de LE encontrar-se no bojo dos debates e preocupações. Um dos fatores capitais que motivam este debate é a questão: como ensinar a língua-cultura estrangeira sem apresentá-la como supervalorizada ou desmerecida em paralelo com aquela do aprendente? Como auxiliar o aprendente da LE a perceber aspectos na sua própria cultura que favorecem a compreensão da cultura do Outro? De que maneira o professor pode trabalhar os aspectos do intercultural de modo a estabelecer um ambiente de respeito e quebra de barreiras na sala de aula de LE? Particularizando o francês língua estrangeira (FLE), é possível realizar uma abordagem vinculada ao ensino baseada no intercultural, visto que os estudos interculturais buscam promover a interação, o respeito ao Outro, as trocas entre culturas e a quebra de barreiras. Tudo isso pode ser realizado em sala de aula, pois ela parece ser um ambiente propício para este tipo de abordagem, considerando-se que inúmeras culturas estarão em constante diálogo (ABDALLAH-PRETCEILLE e PORCHER, 2001). Hoje, o perfil da formação do professor de FLE parece dar lugar ao ensino que valoriza a cultura dos outros povos de língua francesa. Essa formação deixa de ser pautada nas questões de língua desvinculada da cultura e o professor passa a ser um sujeito que percebe que as relações entre a língua e a cultura se dão a partir de um ensino que considere as trocas entre as culturas dos aprendentes, a sua cultura – do professor sujeito portador de culturas – e aquelas da língua estrangeira veiculada por estudos com gêneros textuais. Assim, é possível que esse professor possa tornar-se um sujeito consciente da importância do intercultural e isso, parece conduzir os aprendentes a perceberem que a língua-cultura materna tem a mesma relevância da língua-cultura do Outro, entendendo que o ensino-aprendizagem de uma língua não se vincula apenas a uma cultura, mas às trocas entre outras culturas. Esse professor, consciente da noção de que a língua e a cultura caminham em paralelo, pode perceber também que a língua francesa não está vinculada unicamente à línguacultura do país França, mas à língua de comunicação que une pessoas de outras línguas-culturas (LE BRIS e ROUAD, 2007). Considerando esse professor um sujeito reflexivo sobre o que é ensinar e aprender uma língua estrangeira, ele parece compreender como se dão as relações entre o mundo da língua-cultura materna e o mundo da língua-cultura estrangeira, percebendo, ainda, que cada uma das culturas apresenta diferenças inerentes ao seu contexto sócio-histórico-cultural. Esta percepção faz-se necessária para o estudo de línguas, uma vez que o professor deve propiciar o exercício da alteridade quando perceber que o mundo da cultura estrangeira tem uma cultura tão valiosa quanto a sua (CUQ, Org., 2003). Nessa conjuntura, tendo como base as orientações dos documentos oficiais (OCN, 2006; CECRL, 2001; PCN, 2000) buscamos propor atividades que promovem o ensino-aprendizagem de uma LE, especificamente, do FLE em contexto comunicativo, atentando especialmente para a formação inicial do professor de FLE, sensibilizado com a necessidade da tomada da consciência intercultural em sala de aula. Desta forma, entendemos a canção como um gênero textual que pode ser didatizado em sala de aula mediante uma metodologia que leva em consideração o trabalho com as linguagens verbal, musical e lítero-musical, típicas deste gênero. Por esta razão, defendemos que a canção no contexto escolar pode ser um recurso que instiga a aprendizagem da língua-cultura estrangeira. No que concerne à escolha da canção de língua de expressão francesa, enquanto suporte didático para abordagem do intercultural, centramos na seguinte questão-problema: os futuros professores que estão em formação inicial em FLE encontram dificuldades no seu processo de formação sobre a tomada da consciência intercultural (CI) que lhe é repassado de forma dissociada daquela proposta pelo ensino-aprendizagem de FLE atual? Com essa ponderação, a nossa proposta pretende identificar as principais dificuldades de professores de FLE em formação inicial, graduandos, da Universidade Federal de Campina Grande no que diz respeito à Abordagem Intercultural (AI). Para isso, primeiramente, fizemos uma consulta junto a um grupo de 16 estudantes, por meio de questionário com perguntas semiestruturadas para confirmarmos nossa hipótese/ questão de pesquisa. Diante dos seus resultados, buscamos elaborar uma proposta com sequências didáticas, utilizando o instrumento (respostas do questionário) e também a canção de expressão francesa como um gênero que pode ser didatizado, para identificarmos possíveis procedimentos para um trabalho em aula de FLE que promova o intercultural. Entendemos por gênero didatizado o que transcende a sua função original de gênero canção, para o deleite do ouvinte, passando a ser um gênero textual-discursivo que pode ser estudado, considerando três pólos: a metodologia do professor, o que será ensinado e o saber a ser transmitido na sala de aula a respeito da canção em foco (BRONCKART E GIGER, 1998). Quanto à nossa escolha pelas canções Mon pays, On a changé, Un homme sans racines e Touche pas à mon pote, procuramos, também, conduzir o grupo de participantes a uma visão mais diversificada da canção cantada em língua francesa, saindo da “tradicional” música francesa. Dessa forma o objetivo geral da pesquisa é contribuir para a tomada da consciência intercultural do professor de FLE em formação inicial, utilizando-se, para isto, a canção de expressão francesa. No que se refere aos objetivos específicos, destacamos: identificar como é abordado o intercultural, em sala de aula, na formação inicial de professores de FLE da cidade de Campina Grande; levar os professores em formação inicial a uma reflexão sobre a canção de expressão francesa enquanto canal de cultura para a tomada da consciência intercultural e verificar se as atividades propostas, em forma de sequências didáticas, são eficazes para a tomada da consciência intercultural no âmbito do ensino de FLE. Diante do objeto de estudo e dos objetivos a alcançar, as suposições do referido estudo e a geração dos dados levam-nos a entender que, em se tratando da consciência intercultural, a canção de expressão francesa pode contribui para que se verifiquem as noções sobre o intercultural na formação inicial do professor de FLE. O presente trabalho tem como base os estudos feitos sobre formação de professor da área de Língua Estrangeira (LE) à luz das teorias da Linguística Aplicada (LA) e áreas afins e a partir dos estudiosos como: Coracini (2003), Moita Lopes e Kleiman (2001). Para os estudos com a abordagem intercultural (AI), temos em Abdallah-Pretceille e Porcher (2001), De Carlo (1998) e Zarate (1995) os principais aportes teóricos. No que concerne ao ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, encontramos nos OCN (2006), CECRL – Cadre Européen Commun de Référence pour les Langues (2001) e PCN (2000) os principais direcionamentos para as nossas discussões e, sobre o gênero canção temos as contribuições de Costa (2007; 2001). Diante do exposto e tentando responder à nossa questão de pesquisa, parece que a canção de expressão francesa pode colaborar para a investigação e para a tomada da consciência intercultural em aulas de francês no contexto de professores em formação inicial, enquanto aprendentes em FLE. O presente estudo está organizado nos seguintes tópicos: esta introdução, quatro capítulos e considerações finais. No primeiro, discutiremos inicialmente alguns aspectos relevantes à formação inicial do professor de LE e, de modo particular, à formação do professor de FLE. Em seguida, apresentaremos uma análise acerca da concepção dos professores em formação inicial, participantes da pesquisa, sobre a abordagem intercultural1 e a Consciência Intercultural. Esta última, definimos como sendo os atores sociais no processo de ensino-aprendizagem da língua-cultura estrangeira que podem se dar conta de que a língua-cultura local (materna) tem a mesma relevância da língua-cultura do Outro (estrangeira) (tópico 1.2: “A perspectiva intercultural do professor em formação inicial”). No segundo capítulo, apresentaremos conceitos relacionados à Consciência Intercultural. Nesse momento, discutiremos aspectos tais como: estereótipos, identidades e alteridade – levando-se sempre em conta o ambiente em contexto comunicativo no qual se situa a presente pesquisa. Apresentaremos, ainda, a tomada da Consciência Intercultural, considerando que ela ocorre por meio das trocas interculturais – quando os atores sociais se dão conta de que há o encontro das culturas dos aprendentes, do professor enquanto formador e da língua-cultura, no evento da sala de aula –, o que pode ser um elemento conveniente para a abordagem dos estudos interculturais. No terceiro capítulo, descreveremos as etapas metodológicas percorridas em nossa pesquisa: a natureza da pesquisa, o critério de seleção das canções, o perfil dos participantes, os instrumentos utilizados, os procedimentos da experiência piloto e da pesquisa-ação, a constituição do corpus e os procedimentos de categorização e análise de dados. No quarto capítulo, discutiremos os resultados obtidos após atividades propostas para a abordagem do intercultural em aulas de FLE. Os resultados ora apresentados são fruto de três intervenções feitas em sala de aula e de aplicação de 1 A abordagem intercultural é compreendida como sendo uma abordagem via culturas (tópico 1.1: “Uma visão da formação do professor de Línguas Estrangeiras”). dois questionários, nos quais buscamos confirmar os dados gerados quando das intervenções a partir das Sequências Didáticas. Para finalizar a dissertação trazemos as considerações que evidenciam o remate do trabalho realizado, levando em consideração os objetivos, a questão de pesquisa e o objeto de estudo assumidos neste trabalho. CAPÍTULO I 1. CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO INICIAL DO PROFESSOR DE LE E A CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL Intentamos, neste capítulo, identificar como é abordado o intercultural em sala de aula de FLE na cidade de Campina Grande. 1.1. Uma visão da formação do professor de Línguas Estrangeiras A formação do professor tem suscitado discussões tanto na área da Educação quanto da Linguística Aplicada. Os estudos indicam abordagens feitas sobre profissionalização, saberes docentes, práticas discursivas acadêmicas, interação professor-aluno, formação inicial e continuada e abordagens acerca da prática pedagógica, das crenças e das inquietações em contexto de aprendizagem (TARDIF e LESSARD, 2005; CASTRO e CARVALHO, 2002; KLEIMAN, 2001a; 2001b; 1998). Quando se trata da formação do professor de línguas, a necessidade de discutir parece ainda mais intensa, em especial, no caso das línguas estrangeiras (LE), uma vez que os estudos a respeito da formação têm se voltado para os problemas no entorno da sala de aula envolvendo professor e aprendentes (CORACINI, 2003). Certamente, não nos cabe fazer um estudo aprofundado a respeito de cada uma dessas abordagens. No entanto, nos compete trazer para a discussão a formação inicial do professor de LE sob duas perspectivas: uma visão dogmática e a outra reflexiva. Entendemos que estas duas nos dão apoio ao tratarmos da formação do professor de FLE, na abordagem intercultural. Elas marcam duas épocas da história da formação do professor; e mais, cada uma traz contribuições para o momento quando precisamos tomar um posicionamento a respeito do que cada visão trouxe, no sentido de levar o professor a tornar-se um profissional com uma visão mais aberta a respeito de sua formação. A primeira perspectiva, a dogmática, nos leva a compreensão de que a formação se pautava na “utilização de técnicas, típicas de métodos específicos de ensino, sem que lhe seja dado conhecimento de natureza teórica sobre a linguagem em uso na sala de aula e fora dela” (MOITA LOPES, 2003, p. 180). Nesta concepção, os professores em formação inicial eram instruídos a ensinar uma língua de acordo com a visão dos manuais de ensino e com a visão do professor formador, pois o conhecimento que era repassado por este último parecia ser incorporado pelo professor em formação como algo acabado. Como também o professor passava a ser o executor das propostas dos métodos desenvolvidos para ensinar a língua, por pesquisadores que, por vezes, desconheciam a realidade da sala de aula, levando o jovem aprendente a tornar-se, possivelmente, um profissional que nem sempre faria reflexões críticas sobre o seu próprio trabalho na sala de aula. Nessa visão dogmática, o acabado significava não refletir sobre a língua em seus contextos específicos de uso, ou seja, a língua era ensinada sob forma de repetição. Deste modo, a formação do professor passava a se pautar em dogmas, melhor dizendo, em certos modismos sobre o ensinar línguas (MOITA LOPES, op.cit.). Ora, nas décadas de 1970 e 1980 os estudos se mostravam ainda insipientes sobre a formação do professor, uma vez que a atenção estava centralizada na capacitação técnica e na profissionalização em serviço (KLEIMAN, 1998). Nitidamente vê-se que a relação que havia com a Linguística, se configurava em uma espécie de dependência da ciência-mãe que levava em conta certo tipo de relação de poder, uma influência que parecia negativa para o futuro da atuação na formação de professores (RAJAGOPALAN, 2008). Com o objetivo de quebrar esse paradigma, surge a segunda visão, por volta de 1990, que são os estudos da visão reflexiva, cuja ênfase estava centrada na ideia da participação do professor na elaboração do conhecimento, pois ao professor não era dada mais a função de executor de ideias concebidas por outros, mas, de participante do processo, em que a formação se centrava na construção do conhecimento (KLEIMAN, 2001b). Assim, as discussões sobre a formação, nessa visão da reflexão, focalizam a concepção de sujeito e de conhecimento. Segundo esta perspectiva, é possível acionar os conhecimentos recebidos, pois “é no seu local de trabalho que o professor terá a oportunidade de vivenciar a relação teoria-prática, transformando os saberes trabalhados no curso de formação” (KLEIMAN, op.cit. p, 257). No nosso ponto de vista, isto significa que o professor vai observar as necessidades que os aprendentes demonstram durante o ensino-aprendizagem da língua. Considerando tal pensamento, Coracini (2003) pondera que: Alguém que assume uma atitude reflexiva pressupõe a crença num sujeito logocêntrico (centrado na razão) e, portanto, consciente, capaz, ao menos idealmente, de controlar seu próprio processo de aprendizagem. [....] Em torno dessa concepção giram termos como autonomia, emancipação, pensamento (ou pensar), criticidade, conscientização (CORACINI, 2003, p.307). Ao que nos parece, a formação se centra na necessidade do aprendente, ou seja, visa conscientizar o professor de que ele é um formador de cidadãos e estes precisam ser mais críticos e mais questionadores. Dessa maneira, e tomando essa consciência, o professor pode refletir sobre as necessidades dos aprendentes, como também fazer um julgamento crítico a fim de contornar uma situação-problema que se apresenta na sala de aula (CORACINI, op.cit.). Considerando as perspectivas dogmática e reflexiva, aqui expostas, percebemos que a primeira se distancia um pouco do sentido da formação de professor de LE, uma vez que ensinar a língua fora de seu contexto sócio-históricocultural, parece dificultar o aprender e o ensinar a língua, visto que os sujeitos envolvidos apresentam suas culturas. Mesmo assim, não podemos desconsiderar que a primeira visão, dogmática, trouxe contribuições para outras perspectivas que possivelmente permitiram orientar professores e outros profissionais. A segunda, a reflexiva parece leva o professor a perceber que o ensino-aprendizagem de uma língua demanda aspectos sociais, culturais, históricos, entre outros. Considerando o já mencionado sobre as duas visões, passaremos à proposta da formação na abordagem intercultural2. Esta proposta permite conduzir os professores em formação inicial a entenderem que permanecer com uma visão fechada sobre o ensino-aprendizagem não é satisfatória para compreender sua formação, porém não significa que carece desmerecê-la por completo. Na abordagem intercultural, é necessário considerar os estudos anteriormente feitos, pelo fato de ser uma proposta que suscita verdadeira solidariedade, segundo as visões de alguns teóricos. As abordagens atuais se apoiam, nos conhecimentos anteriormente recebidos, pois eles podem nos conduzir a refletir sobre que tipo de abordagem é relevante para o ensino. No entanto, é preciso repensar o ensinar a língua em co-relação com a cultura, uma vez que esta última é um dos principais propósitos da abordagem intercultural (MANAA, 2009). Na nossa concepção o exposto traz contribuições significativas para as nossas próximas reflexões “A abordagem intercultural do professor em formação inicial” que parece discutir dois conceitos-chave acerca de como se dão as trocas interculturais e que contribuições foram dadas para tal formação. 1.2. A abordagem intercultural do professor em formação inicial Ao tomarmos por referência os primeiros estudos da Linguística Aplicada e da Linguística, verificamos que a formação do professor de línguas era baseada nos 2 interculturel implique nécessairement, [...] interaction, échange, élimination des barrières, réciprocité et véritable solidarité (DE CARLO, 1998, p.41). Tradução: Intercultural implica, necessariamente, interação, troca, eliminação de barreiras, reciprocidade e verdadeira solidariedade (DE CARLO, 1998, p.41) [as traduções contidas nesta dissertação são de nossa responsabilidade]. conhecimentos teorizados no ensino, especificamente de língua francesa, na forma desvinculada do seu contexto sócio-histórico-cultural, momento no qual se abordava a cultura prevalecendo apenas os ícones culturais da França, fato que nos incita a entender que os conhecimentos repassados destacavam, unicamente, aspectos da cultura, da história, da língua, todos voltados para a realidade da França (MEYER, 2010). Entendemos, assim, que o professor em formação necessita buscar outras concepções da realidade estrangeira em língua francesa, como também precisa refletir sobre a sua formação considerando o contexto no qual está inserido, uma vez que ele ocupa uma posição estratégica entre o semelhante e o diferente, o interior e o exterior, o distante e o próximo (ZARATE, 1995). Em outras palavras, o professor deve promover o ensino da língua-cultura considerando o seu contexto sócio-históricocultural. Convém ressaltar que a formação inicial do professor deixa de ser aquela voltada para as questões de língua desvinculadas da cultura. Aqui, compreendemos por cultura, baseada no conceito de Geertz, (1989, p. 4) como sendo – “o homem um animal amarrado a teias de significados que ele mesmo teceu” - passando a ser aquela em que o professor é um sujeito que faz reflexões sobre o ensino. Isso implica na tomada de consciência, por parte do professor, de que a aprendizagem da línguacultura está perpetuada às concepções dos aprendentes com suas culturas e dos falantes com as culturas da língua alvo (LE BRIS E ROUAUD, 2007). Além disso, o professor precisa fundamentar-se em uma abordagem que lhe dá suporte para perceber as diversas culturas da língua e as culturas de seus falantes e pode realizar atividades didático-pedagógicas que auxiliam na aprendizagem da língua estrangeira de seus aprendentes, no sentido de conduzi-los a tomada da consciência intercultural. (OCN, 2006; CECRL, 2001; PCN, 2000). Levando em consideração a discussão sobre a formação do professor, os estudos voltados para o intercultural nos passam uma ideia que não se trata de uma abordagem recente. A abordagem intercultural é considerada um desafio para o ensino das línguas estrangeiras, vista por outros estudiosos como um mito e um perigo para a redução da cultura escolar (CUQ, 2003). O fato é que não se levava em conta o intercultural como uma perspectiva centrada em via de mão dupla, ou seja, não eram consideradas as relações entre culturas. Ao que nos parece, os estudiosos desconsideraram o sentido do prefixo inter, que tem por significado, interação, trocas, quebra de barreiras, mudança de concepção, reciprocidade e, possivelmente, solidariedade objetiva (CHIANCA, 2007). O entrave se dava, a nosso ver, porque os estudiosos se prendiam a uma concepção rígida, em uma época na qual a escola parecia conceder aos aprendentes uma cultura, com base no etnocentrismo, na justaposição de culturas, uma vez que não havia uma comunicação entre as culturas trazidas pelos sujeitos que vinham à escola (DE CARLO, 1998). De certa forma, existia um apagamento aparente das culturas com relação às diferenças individuais. De fato, entendemos o significado do apagamento, pois se tratava de não reconhecer as culturas que os aprendentes levavam para a sala de aula em consonância com as culturas da língua estrangeira. Do ponto de vista dos estudiosos do intercultural, o sistema escolar oficial, diante da massificação, tornava-se um espaço de vivência mais sensível aos problemas educativos dos aprendentes vindos de outras nacionalidades. Em virtude disso, não tinha mais como fazer economia de culturas diversificadas presentes no seio da escola (CUQ,Org., op.cit.). Assim sendo, compreendemos que os estudos, com a visão da justaposição e rigidez, também não deram conta, visto que esta visão não se constituía em uma solução para o funcionamento social. Devido a isso, a abordagem do intercultural (doravante AI) atraiu seguidores e, estes por sua vez se apoiam no conceito dado ao “intercultural, [que] de fato, supõe a troca entre as diferentes culturas, a articulação, as conexões, os enriquecimentos mútuos” (CUQ, Org.,op.cit., p. 136)3. A concepção de AI por nós defendida é a de que o contato efetivo com as culturas diversificadas constitui uma referência para cada sujeito, pois cada um encontra um suplemento para sua própria cultura, ou seja, é possível o sujeito perceber que a sua cultura tem a mesma relevância da cultura do Outro. Isso só será percebido em contato com os outros sujeitos de outras culturas. A partir desse posicionamento, entendemos que os estudos sobre o intercultural ultrapassam as fronteiras, surgindo o interesse de outras ciências pela AI, como é o caso da didática das línguas e das culturas estrangeiras. Há, de fato, uma apropriação sobre o princípio fundamental de que as culturas são iguais em dignidade e, sob o plano ético, elas devem ser tratadas com respeito mútuo (CUQ, Org.,op.cit.). Consoante Abdallah-Pretceille e Porcher (2001, p. 8), o intercultural define-se pelo “princípio forte e simples, já dito: o Outro é ao mesmo tempo idêntico a mim e diferente de mim”. Faltando um destes termos, encontramos inevitavelmente o cogitado para um ensino de exclusão ou de desmerecimento. Neste sentido, o intercultural, ainda, se pauta no sujeito como um indivíduo que traz uma cultura, não importando como ela seja definida, pois é o “sujeito quem a vive, a incorpora, a traz consigo e a torna viva” (ABDALLAH-PRETCEILLE e PORCHER, op. cit. p. 57). Dessa forma, é possível compreender porque a AI inspirou pesquisas pelo mundo, como na França, nos Estados Unidos e também na Grã-Bretanha. Pesquisadores destes países se apoiaram nos estudos interculturais para a integração de populações de toda a Europa e de outros países do mundo, fundamentados nas pluriculturas (BEACCO, 2000). Além disso, em um segundo momento, as áreas da “l‟interculturel en effet, suppose l‟échange entre les différentes cultures, l‟articulation, les connexions, les enrichissements mutuels” (CUQ, Org., 2003, p. 136). 3 antropologia, sociologia, psicologia social, história e semiologia fizeram estudos baseados em tal abordagem (DE CARLO, 1998). No caso da LE, os estudos da AI confirmam como sendo uma alternativa favorável para o ensino. Nesses termos, precisamos considerar que a abordagem intercultural tem sido uma alternativa metodológica que possivelmente ajuda o professor a perceber que os sujeitos envolvidos no ensino são parte relevante do processo, como discute Chianca (op. cit.). A perspectiva intercultural representa para nós uma alternativa metodológica interessante e rica em potencialidades educativas, visto que coloca o „sujeito‟ no centro de suas preocupações e de sua pesquisa, e que ela o considera como parte do „todo‟ no qual ele está inserido, isto é, a família, a escola e os outros subgrupos (subsistemas) nos quais ele evolui 4 (CHIANCA, 2007, p. 39) . Compreendemos por essa citação, que a perspectiva intercultural (definida neste trabalho por AI) parece conduzir o professor a perceber que no seio da sala de aula os aprendentes devem ser considerados como sujeitos multidimensionais que através das práticas linguageiras denunciam dimensões de experiências, histórica, religiosa, cultural, social, escolar, enfim sujeitos, então, que têm muitas contribuições a dar para o ensino. Isso nos leva a entender que esse pensamento sugere fortalecer a reflexão e complementar o mencionado por Abdallah-Pretceille (1992 apud DE CARLO 1998, p. 40), o intercultural é “a construção suscetível de favorecer a compreensão dos problemas sociais e educativos, em ligação com a diversidade cultural”. Necessariamente, isso implica interação, troca, eliminação de barreiras culturais, reciprocidade e possível solidariedade considerando a relação entre culturas. Deste modo, o intercultural é o reconhecimento da cultura, dos modos de vida e das 4 La perspective interculturelle représente pour nous une alternative méthodologique intéressante et riche en potencialités éducatives, puisqu‟elle place le „sujet‟ au centre de ses préoccupations et de sa recherche, et qu‟elle le considère comme partie du „tout‟ dans lequel il est inséré, c‟est-à-dire la famille, l‟école et les autres sous groupes (sous-systèmes) dans lesquels il évolue (CHIANCA, 2007, p. 39). representações em que os seres humanos constroem conhecimentos, individual e/ou socialmente. A AI indica que a presença do diálogo entre as culturas deva pautar as práticas de ensino de LE, cuja metodologia deve ser caracterizada pela pluralidade de culturas trazidas por cada sujeito, o que difere da concepção do espaço da interrelação entre “duas” culturas, como defende Manaa (2009, p. 212): “o intercultural se refere ao espaço de interação entre a cultura do aprendente e aquela veiculada pela língua estrangeira que emerge o conceito de intercultural”. Embora este autor explicite e defenda a ideia de ensino voltado para a cultura materna e estrangeira de modo restrito, estamos de acordo com o pensamento de que o professor pode tratar a AI levando em consideração, principalmente, que propiciando as trocas interculturais os aprendentes têm as claras suas pertenças, suas referências e suas heranças específicas, visto que estão em contato com as outras culturas dos outros aprendentes. Focar apenas em duas culturas, a nosso ver, não leva em consideração as culturas plurais trazidas pelos sujeitos aprendentes. Estas últimas se encontram precisamente na “articulação dialética entre a cultura local e a cultura do Outro” (ABDALLAH-PRETCEILLE e PORCHER, 2001, p.4). Assim, não há possibilidade de uma conviver sem a outra. Como a escola é considerada uma instituição social, espaço para diálogo, a mobilidade e a ancoragem, ela pode ser entendida como o espaço social oportuno para a convivência e o diálogo entre as culturas. Entendemos pelo dizer de Abdallah-Pretceille e Porcher (op. cit.) que é através da escola, por meio da sala de aula, que é possível detectar por meio de estudos com os gênero textuais as dificuldades demonstradas pelos aprendentes sobre os aspectos culturais durante ao ensino-aprendizagem de línguas o que suscita possíveis alternativas para tornarem mínimos os problemas então detectados. Deste modo, compreendemos as trocas interculturais como sendo o encontro entre as culturas diversas trazidas pelos atores sociais, professores e aprendentes, no contexto da sala de aula, especificamente, na co-relação língua-cultura local e do Outro. Desta forma, que é possível levar os sujeitos, professores em formação inicial, a perceberem que ensinar uma língua-cultura estrangeira é também entender que a construção da formação inicial depende do “contato com outras culturas, modos de se relacionar e envolver a sua cultura e a cultura do outro” (FLEURI, 2003, p. 74). Considerando essas concepções, convém esclarecer a esse professor que a AI é igualmente se fazer um professor mediador intercultural, ou seja, de levar o seu aprendente a compreender, de maneira explícita, os fundamentos de suas representações e o modo, no qual suas culturas podem ser vistas pelos outros, levando em consideração que todos dois (professor e aprendentes) dividem o mesmo foco cultural. Através dos entrecruzamentos com as culturas dos aprendentes e aquela cultura da língua que está sendo ensinada, é possível o professor perceber a necessidade de mediar o conhecimento, de modo favorável, dos aprendentes que trazem suas diferenças significativas umas das outras dentro do “plano cognitivo, afetivo e cultural, frequentemente, muito diferentes de si mesmo” (MANAA, op. cit., p. 214). Diante do exposto, é possível que o professor na mediação possa tomar consciência intercultural. Visto que a prática da mediação não se define, apenas, por se apresentar como uma visão positiva ou negativa da língua-cultura do outro, mas, por promover a curiosidade nos aprendentes de perceberem as culturas dos sujeitos sem supervalorização ou desmerecimento de sua própria cultura. Consoante a Manaa (op.cit.), o mediador intercultural parece compreender que não é a quantidade de informações sobre a cultura da língua alvo, todavia a maneira adotada pelo professor para propiciar a seus aprendentes manterem relações comunicativas com as outras pessoas, levando em consideração às diferenças culturais. É o que justifica, a preocupação não apenas com o conhecimento linguageiro da língua alvo , mas, principalmente, com o tipo de abordagem que se traz para a sala de aula. Vemos que a AI, além de conduzir o professor a promover as trocas interculturais, o possibilita a mediar atividades didático-metodológicas propiciadoras da CI nos seus aprendentes. Isto ressalta o dizer de Manaa (op. cit.) ainda sobre AI. A abordagem intercultural, no âmbito escolar, é um processo que tem por objetivo sensibilizar os aprendentes a novas percepções do mundo para que eles cheguem a uma consciência mais profunda de sua própria cultura, através de uma imersão qualitativa em uma cultura estrangeira por meio de 5 instrumentos desencadeadores de comparação intercultural . (MANAA, 2009, p. 212). Isso concorre para a tomada da CI de que os atores sociais no processo de ensino-aprendizagem da língua-cultura estrangeira se dêem conta de que a línguacultura local (materna) tem a mesma relevância da língua-cultura do outro. Por isso, nos embasamos no CECRL (2001). O conhecimento, a consciência e a compreensão das relações, (semelhanças e diferenças distintas) entre „o mundo de onde se vem‟ e „o mundo da comunidade alvo‟ estão na origem de uma tomada de consciência intercultural. É preciso destacar que a tomada de consciência intercultural inclui a consciência da diversidade regional e social dos dois mundos. Ela se enriquece verdadeiramente da consciência que existe, um leque de culturas maior que aquelas veiculadas pelas L1 e L2 do aprendente. Isso ajuda a situá-las todas duas no contexto. Além do conhecimento objetivo, a consciência intercultural engloba a consciência da maneira como qual cada comunidade aparece na ótica do outro frequentemente sob a forma de estereótipos nacionais (CECRL, op. cit., p 6 83) . 5 La démarche interculturelle dans un cadre scolaire est un processus ayant pour objectif de sensibiliser les apprenants à de nouvelles perceptions du monde pour qu‟ils arrivent à une conscience plus profonde de leur propre culture à travers une immersion qualitative dans une culture étrangère au moyen de supports déclencheurs de comparaison interculturelle (MANAA, 2009, p. 212). 6 La connaissance, la conscience et la compréhension des relations, (ressemblances et différences distinctives) entre « le monde d‟où l‟on vient » et « le monde de la communauté cible » sont à l‟origine d‟une prise de conscience interculturelle. Il faut souligner que la prise de conscience interculturelle inclut la conscience de la diversité régionale et sociale des deux mondes. Elle s‟enrichit également de la conscience qu‟il existe un plus grand éventail de cultures que celles véhiculées par les L1 et L2 de l‟apprenant. Cela aide à les situer toutes deux en contexte. Outre la connaissance objective, la conscience interculturelle englobe la conscience de la manière dont chaque communauté apparaît dans l‟optique de l‟autre, souvent sous la forme de stéréotypes nationaux (CECRL, op. cit. p. 83). Compreendemos através dessa citação que a tomada da CI considera o encontro entre as culturas, adicionando as diversidades regional e social dos sujeitos envolvidos, assim como, o modo como estes são vistos no imaginário do Outro. Isso parece sugerir que o professor no papel de mediador recorre ao conhecimento, à consciência e à compreensão das relações, considerando-os essenciais para a construção da CI de seus aprendentes. Isso nos remete ainda ao que defende Fleuri (2003) sobre AI: A formação e a requalificação dos educadores e das educadoras são talvez o problema decisivo do qual depende o sucesso ou o fracasso da proposta intercultural. O que está em jogo na formação é a superação da perspectiva monocultural e etnocêntrica que configura os modos tradicionais e consolidados de educar, a mentalidade pessoal, os modos de se relacionar com os outros e de atuar nas situações concretas (FLEURI, 2003, p.74). Entendemos esse pensamento como uma ratificação do que já foi dito no início deste capítulo, pois adotar esta abordagem dependerá, ao que nos parece, de como esse professor está construindo sua formação, ou seja, que leituras ele faz de suas práticas docentes tendo como referência não somente as perspectivas dogmática e/ou reflexiva. A nosso ver, o eixo central é mostrar ao professor que ele não está sendo penalizado em virtude de adotar uma ou outra perspectiva. De fato, o que o professor precisa é relativizar paradigmas, indo além de perspectivas já canonizadas consideradas supremas para a formação, buscando outras perspectivas ou modos de se relacionar interculturalmente nas situações concretas de ensino-aprendizagem. Nesse sentido, a tomada da CI leva o professor a refletir sobre alguns paradigmas de sua formação inicial, sobretudo se ele percebe como sendo formado na visão monocultural e etnocêntrica desprovida de interferências externas. Assim, para a AI, o professor é mais um daqueles sujeitos que vivem em interação com portadores de outras culturas. Isto pode nos conduzir a refletir sobre o papel do professor em formação inicial como um sujeito mediador e multiplicador de conhecimentos. Aquele que, no jogo enunciativo de construção do conhecimento, se coloca no lugar do outro, compartilhando experiências trazidas pelos aprendentes, principalmente, através das dificuldades enfrentadas no percurso do ensino-aprendizagem de LE. No que concerne à realização das atividades e considerando as diversidades culturais da língua e das culturas dos aprendentes, o professor em formação deve recorrer aos recursos didático-pedagógicos que ele considera propícios para o objetivo que ele quer atingir. Isso significa trazer para o contexto da sala de aula gêneros textuais diversificados. Com esta finalidade, pensamos na canção, pois trata-se de um gênero que possui uma tripla linguagem - verbal, musical e lítero-musical (COSTA, 2007; 2001). Assim, a canção pode ser trabalhada em sala de aula sem perder o seu sentido original, ou seja, pode ser didatizada, trabalhada em sala de aula com fins pedagógicos, pois o professor, ao utilizá-la aproveitará recursos metodológicos que estimularão discussões sobre as trocas interculturais. A abordagem desse gênero em sala de aula parece levar os professores em formação inicial a uma discussão tanto em aspectos das culturas local quanto das culturas do Outro, o que se configura em um momento promissor de construção do conhecimento permeado pelas culturas, pois tal abordagem engendra o trato com as trocas interculturais tomando como base a canção na sua diversidade verbal e melódica. Apoiados no dizer de Costa (op. cit.) sobre as duas linguagens verbomelódicas, compreendemos que através da linguagem verbal é possível os sujeitos envolvidos no ensino-aprendizagem percebam que a canção pode apresentar no seu conteúdo indícios de críticas, de sátiras, de valores culturais, religiosos, morais, entre outros. Considerando a diversidade de ritmos existentes, a linguagem melódica pode servir de suporte para que o professor traga para a sala de aula um subgênero musical que leve os aprendentes a discutirem ritmos e preferências musicais. A hibridização dessas duas linguagens, suscita as trocas interculturais. A esse respeito, os estudos que abarcam o gênero canção em sala de aula trazem concepções divergentes e, como o próprio gênero mostra uma diversidade de linguagens, os estudiosos parecem nos conduzir a entender a canção como viável para o ensino do FLE. No dizer de Amorim e Magalhães, a música traz pontos positivos. Com seu poder mágico de despertar lembranças e sentimentos nas pessoas, a música pode acalmar, divertir, transportar, ensinar, distrair e unir as pessoas. [...] No caso das aulas de LE, a música tem ainda a vantagem de ser um importante elemento cultural e, consequentemente, é um instrumento que pode levar o professor a estabelecer um paralelo entre cultura e o ensino de idiomas (AMORIM e MAGALHÃES, 1998, p. 97). Esse pensamento nos faz intuir que trazer a música para a sala de aula transporta os professores a tomarem consciência de que estudar a língua estrangeira através da canção não convém apenas para o deleite do ouvinte, pode ser estudada como qualquer outro gênero textual-discursivo. Embora reconheçamos a natureza com aparência lúdica do gênero canção de despertar lembranças e sentimentos nas pessoas, a sua abordagem pode extrapolar os limites do que é subjetivo, contemplando outros aspectos estudo do gênero textual-discursivo. O lúdico pode parecer um ponto positivo para aqueles que apreciam o ensino através de músicas, mas por outro lado não suscita uma imposição, visto que o gosto musical das pessoas varia e, como estamos diante de um estudo abordando a diversidade cultural, seria contraditório querermos que todos apreciem uma mesma música ou um mesmo subgênero musical. Dessa forma, seria inviável tratarmos de um trabalho no qual o intercultural é uma proposta para o respeito às diferenças, em sala de aula, se não considerarmos as prefer6encias, dos aprendentes, quanto ao gosto musical. A partir de nossa experiência docente (SARINHO, 2007) compreendemos que o gênero canção funciona como um documento pedagógico que pode ser didatizado. Com ele o professor parece ter escolhido um dos recursos didático-metodológico, possível de fazer uma abordagem que atenda às necessidades dos aprendentes. No caso do ensino do FLE, é relevante considerar a diversidade musical existente na canção de expressão francesa, como também fazer com que os professores compreendam que cada gênero merece ser abordado na sala de aula de modo diversificado, como apontam Fontoura e Silva (2010). A música tem sido analisada e estudada de diferentes formas, pois sendo culturalmente construída, permeia todas as sociedades humanas. Percebese que no decorrer da história da humanidade ela tem se estabelecido como parte intrínseca do cotidiano humano, seja através de sua inserção nos ritos religiosos, nas manifestações tribais, militares, para o deleite das cortes, etc, (FONTOURA e SILVA, (2010, p.1). Entendemos que o trabalho com a canção permite conduzir os „professores em formação inicial‟ a perceberem as diferentes formas de se estudar uma música em contexto de sala de aula. Trata-se de uma proposta que pode veicular diferentes perspectivas para o ensino-aprendizagem de FLE, uma vez que evoca “culturas urbanas, rurais, tradicionais e contemporâneas” (JACONO, 2009; REGO, 2003). Acreditamos que o estudo com o gênero canção, além de dar oportunidade aos „professores em formação inicial‟ de formalizarem opinião e refletirem sobre os conflitos sociais de uma determinada época, funciona didaticamente no sentido de verificar a possibilidade de como uma música faz parte do acervo cultural e artístico de uma sociedade. Os conceitos sobre a AI e a CI nos orientam na análise a respeito das “Percepções sobre CI em FLE: um caso”. Consideramos, portanto, que o „professor em formação inicial‟ em FLE pensa sobre a abordagem intercultural. Para isso, destacamos alguns excertos retirados das respostas dadas pelos professores em formação inicial sobre o significado da AI e da CI no ensino de FLE. 1.3. Percepções sobre a CI em FLE: um caso A decisão de apresentar e discutir, neste momento, as respostas obtidas no questionário pré-intervenção ou de sondagem (APÊNDICE B: “Questionário para os professores em formação de FLE”) consiste em descrever a concepção sobre AI e CI que os „professores em formação inicial‟ demonstraram ter e que serão melhor discutidas no quarto capítulo “A canção de expressão francesa7: uma proposta de AI para aulas de FLE”. Denominamos, então, “um caso”, o fato de percebermos as concepções trazidas pelos „professores em formação inicial‟ sobre AI e CI. As respostas foram retiradas do primeiro questionário aplicado com quatro turmas de alunos de graduação do curso de Letras - Francês da Universidade Federal de Campina Grande, totalizando 16 informantes. Os procedimentos metodológicos encontram-se no capítulo III, p. 61. Destacamos, ainda, que todas as respostas foram transcritas do mesmo modo como escritas pelos participantes. Os excertos a seguir apresentam as noções que os „professores em formação inicial‟(PFI) têm sobre o intercultural, ao responderem a pergunta contida no questionário de sondagem “O que é o intercultural no ensino de línguas? Expliquenos”. As respostas declaradas nos mostram concepções diferenciadas: PFI 04: Um ponto de encontro entre a cultura vinculada à língua em aprendizagem e a da língua materna (contexto de aprendizagem). PFI 06: Uma forma dialética de vê as línguas (materna e francesa) a favor da aprendizagem (principalmente o deter-se a pensar em francês). PFI 07: Acho que é a inter-relação não só da língua (e da cultura) que estudamos e sim das demais também. PFI 08: Acredito que seja, a língua ensinada em sintonia com a cultura. PFI 10: Algo que está dentro das línguas. 7 A língua francófona corresponde às comunidades de fala oriundas dos países de língua francesa como língua oficial, segunda e/ou veicular. Enquanto a língua de expressão francesa abarca comunidades culturais não necessariamente a dos países de língua francesa (WOLTON, 2009). O intercultural se apresenta, nesse caso, como uma perspectiva que trata das relações entre as culturas materna e estrangeira, visto que os aprendentes trazem expressões que sinalizam a interrelação, como “encontro entre”, “dialética”, “interrelação”, “sintonia” e “dentro”. Os relatos de PFI 04 e PFI 06 nos mostram que eles se pautam sobre o intercultural voltado para o encontro de duas culturas, o que confirma o posicionamento de Manaa (2009, p. 212): “o intercultural se refere ao espaço de interação entre as culturas dos aprendentes e aquelas veiculadas pela língua estrangeira que emerge o conceito de intercultural”, na discussão sobre o ensino das línguas e culturas, em uma visão de duas culturas, a da língua do aprendente e da língua alvo. Na visão de PFI 04, percebemos que o intercultural é entendido como sendo uma abordagem que configura o encontro entre as culturas da língua materna e as culturas da língua em aprendizagem, no caso a francesa, uma vez que para esse „professor em formação inicial‟, no contexto de aprendizagem, o ensino da língua necessita do “ponto de encontro entre a língua alvo vinculada à cultura materna”. Já para PFI 06, o intercultural é uma forma de ver as duas línguas, trazem as culturas interligadas, pois é a forma que ele encontra para fortalecer a sua formação, devido a sua necessidade “principalmente o deter-se em pensar em francês”. Esse pensamento vem confirmar o dizer de Cuq (2003, p. 136) que o intercultural supõe na sala de aula, “trocas entre culturas, conexões e enriquecimentos mútuos”. Quando este „professor em formação inicial‟ fala em “deter-se em pensar em francês” ele tenta aprofundar-se nas informações necessárias da língua-cultura de formação, buscando outras conexões, de imersão na cultura do outro. Para os PFI 07, PFI 08 e PFI 10, a concepção de intercultural vai além do relato dos primeiros „professores em formação inicial‟, pois eles entendem como uma abordagem que trata das culturas na sua diversidade. O ensino-aprendizagem da língua estrangeira engloba não só a língua-cultura que estão estudando, como também pode haver a “inter-relação” das outras culturas, principalmente, pois a língua estar em “sintonia” com a cultura, visto que todas as línguas representam culturas. As concepções aqui mostradas remetem ao dizer de Abdallah-Pretceille e Porcher (2001) quando teorizam sobre o que é intercultural na sala de aula, como sendo uma das modalidades possíveis de tratamento da diversidade cultural. Esses „professores em formação inicial‟ trazem em mente que o ensino da língua estrangeira necessita da interrelação das culturas da língua alvo com as das suas culturas local. Ao declarar ”acho que é a inter-relação não só da língua (e da cultura) que estudamos e sim das demais também”. PFI 07 não só se refere à língua francesa, mas tende a incluir outras culturas também as suas culturas, não exclusivamente a de expressão francesa. Este pensamento corrobora com o que discutimos a partir De Carlo (1998) que o intercultural trata de interação, troca e eliminação de barreiras culturais. Ao considerar as “demais” línguas e culturas, o PFI 07 expressa que elas são necessárias para o seu aprendizado enquanto aprendente de FLE, pois o estudo da língua alvo conduzirá à percepção de que outras culturas existem e merecem ser valorizadas. Ao mencionar que “acredito que seja a língua ensinada em sintonia com a cultura”, PFI 08 conceitua intercultural com sendo uma abordagem que dialoga a língua e as culturas, ou seja, não podem ser desvinculadas uma da outra. O termo “sintonia” destacado pelo PFI 08 conecta-se ao pensamento de Abdallah-Pretceille e Porcher (op.cit., p. 57): o intercultural repousa sobre o outro, ou melhor, o outro é tão importante quanto eu, pois se faltar um dos termos – língua e cultura - é possível que haja exclusão e desmerecimento. Da mesma forma é o pensamento de PFI 10 ao definir o que é intercultural: “algo que está dentro das línguas”. Esta colocação se aproxima da defendida por PFI 08. Ainda para PFI 10, o intercultural se define com sendo uma abordagem que se inclui em contextos diversificados, de modo a perceber o intercultural dentro de uma perspectiva de língua não distante da cultura, ou seja, as culturas estão imbricadas nas línguas. Isso se confirma com Wolton (2009, p.19): “defender a diversidade cultural é, evidentemente, reconhecer a diversidade linguística, pois não existe cultura sem idioma”. Os excertos a seguir mostram, pois que visão os „professores em formação inicial‟ em FLE (da UFCG) trazem da AI, considerando a tomada da CI. Isso nos possibilita fazer discussão na sala de aula tendo em vista o ensino-aprendizagem da língua-cultura estrangeira em interrelação com a língua-cultura local. PFI 01: É oferecer ao aluno oportunidades e conhecimento de valores culturais sobre a língua que está sendo estudada, não estudar apenas aspectos estruturais. PFI 02: É trazer ou mostrar características da cultura da França e fazer a ligação com a nossa cultura, a brasileira, nordestina, paraibana. PFI 09: É a interação entre o aprendizado da língua em questão, e todos os aspectos culturais que envolvem seus falantes naturais. PFI 13: Seria a mistura de conhecimentos entre a nossa cultura e a do(s) outro(s) nesse caso franceses, africanos, canadenses, etc., Nesses relatos, identificamos que tais „professores em formação inicial‟ se embasam na AI para demonstrarem tomada de CI, percebendo que o professor deve levar em consideração a língua vinculada às culturas para poder ajudar os aprendentes. Por esta razão citam: “oferecer ao aluno oportunidades e conhecimento de valores culturais sobre a língua que está sendo estudada” (PFI 01), “mostrar características da cultura da França e fazer a ligação com a nossa cultura, a brasileira, nordestina, paraibana” (PFI 02), “a interação entre o aprendizado da língua em questão, e todos os aspectos culturais que envolvem seus falantes naturais” (PFI 09), “mistura de conhecimentos entre a nossa cultura e a do(s) outro(s) nesse caso franceses, africanos, canadenses, etc.,” (PFI 13). Percebemos, então, que esses „professores em formação inicial‟ não fazem separação de culturas, eles entendem que o ensino da língua deve favorecer ao aprendente contato com outras culturas. Para eles a sua língua-cultura local se coloca em paralelo com a cultura do outro, pois é um ponto favorável para evitar desmerecimento de uma delas. Sendo assim, o ensino da língua, necessariamente, inclui todos os aspectos culturais das demais culturas “brasileira, nordestina, paraibana, franceses, africanos, canadenses”. Trata-se, pois de uma concepção que dialoga com o proposto pelo CECRL (2001, p. 83) sobre a CI, uma vez que o professor deve ter em mente “o conhecimento, a consciência e a compreensão das relações, (semelhanças e diferenças distintas) entre o mundo de onde se vem e o mundo da comunidade alvo”. Isso vem contribuir para que os aprendentes analisem, de modo subjetivo, imagens estereotipadas, como nos mostra o PFI 09 “É a interação entre o aprendizado da língua em questão, e todos os aspectos culturais que envolvem seus falantes naturais”. Para ele, o intercultural é ter a consciência de que o ensino da LE é incluir, também, as diversidades regional e social dos dois mundos. Desta forma, o ensino da língua deve considerar a diversidade cultural dos “falantes naturais”, como mencionado pelo CECRL (op.cit.) ao se reportar à CI. O PFI 13 percebe que é necessário buscar da cultura estrangeira falantes de expressão francesa de outros continentes como: Europa (franceses), África (africanos) e América do Norte (canadenses). Para entender esta cultura, necessita-se de conhecimentos sobre as outras culturas envolvidas através da “mistura com a cultura materna”. Isso implica dizer que a cultura dos outros fortalece os laços entre a cultura francesa que está ligada aos países de continentes distantes, como mostra o manifesto da Literatura-Mundo (LE BRIS e ROUAUD, 2007). Assim, voltamos ao que Abdallah-Pretceille e Porcher (op. cit.) mencionam sobre o ensino embasado nas trocas interculturais, o que nos faz crer que o professor de FLE parece contribuir com o seu aprendente na tomada da CI. Essa concepção é também reforçada pelo CECRL (op. cit. p.83): A CI “engloba a consciência da maneira na qual cada comunidade aparece na ótica do outro frequentemente sob a forma de estereótipos nacionais”. É preciso ressaltar que não apenas como imagens estereotipadas, pois há imagens que são veiculadas sem se tornarem estereótipos. PFI 01 expõe que a formação do professor não pode se limitar apenas aos conhecimentos da forma da língua: “oferecer ao aluno oportunidades e conhecimento de valores culturais, não estudar apenas aspectos estruturais”. A sua preocupação reside no ensino da língua não pautado exclusivamente em questões estruturais, mas vinculado ao contexto sócio-histórico-cultural dos sujeitos envolvidos. Diante do exposto, percebemos que para os „professores em formação inicial‟, a concepção de AI está centrada no intercultural como o encontro de: duas culturas – da cultura de língua materna com a cultura da língua estrangeira –, duas línguas interligadas e como uma abordagem que trata das culturas na sua diversidade. Quanto à concepção de CI, os „professores em formação inicial‟ demonstram certa preocupação com o ensino de FLE, visto que as noções dadas são de que o ensino deve englobar o conhecimento das outras línguas e culturas de expressão francesa como também a inclusão da cultura local. Essas noções nos instigam – no próximo capítulo “Sobre a tomada da consciência intercultural” – a fazer uma discussão em torno dos conceitos relacionados ao intercultural para a tomada da CI. CAPÍTULO II 2. SOBRE A TOMADA DA CONSCIÊNCIA INTERCULTURAL “/.../ o tipo, eu sou diferente de você, mas nem por isso eu sou melhor, e você é melhor que eu/ todos somos importantes/.../.” (G1 B) Na tentativa de levarmos os professores em formação inicial a refletirem sobre a canção de expressão francesa enquanto canal de cultura para a tomada da CI – apresentaremos neste capítulo algumas concepções acerca dos conceitos inerentes ao intercultural, tais como: estereótipo, identidade e alteridade. Com essa finalidade, tomaremos alguns conceitos-chave que julgamos relevantes para o nosso estudo. Partimos das concepções que os professores em formação inicial trazem sobre a CI, o que nos impulsiona a discutir sobre estes três conceitos no sentido de relacioná-los à AI. 2.1. Estereótipos e identidades: dois conceitos a serem pensados conjuntamente O conceito de estereótipo pode ser caracterizado como uma imagem resumida do que somos verdadeiramente, se constituindo em um contraponto das imagens com as quais nos identificamos. Isso antecipa o significado de estereótipo dado pelo dicionário de didáticas das línguas estrangeiras (CUQ, Org, 2003) quando afirma: Um estereótipo consiste em uma representação “clichê” de uma realidade (indivíduo, paisagem, profissão, objeto, etc.) que a reduz a um traço, a “uma ideia pronta”. Ele é, então, uma vista parcial desta realidade. [...] O estereótipo não deve ser confundido com o que ele representa, mas é importante notar que ele faz parte dela (CUQ, op. cit., p. 224)8. O estereótipo representa, então, a imagem que fazemos de pessoas, objetos, lugares, profissões, paisagens de modo restrito e pré-concebido. É uma imagem que Un stéréotype consiste en une réprésentation « cliché » d‟une réalité (individu, paysage, métier, etc) qui réduit celle-ci à un trait, à « une idée toute faite ». Il est donc une vue partielle de cette réalité. [....] Le stéréotype ne doit pas être confondu avec ce qu‟il représente, mais il est important de noter qu‟il en fait partie (CUQ, 2003, p. 224). 8 repassamos aos outros de forma totalizada, generalizada do que percebemos por uma via simplificada e que acreditamos ser uma imagem pronta, é um estereótipo. O pensamento de Cuq (Org., op. cit.), ao que nos parece, não menciona o estereótipo significando algo de imaginário, irreal, de uma realidade hipotética, e sim, está partindo do real. O estereótipo existe, uma vez que ele faz parte da realidade, todavia, o destaque está no fato de não podermos confundi-lo com o que ele representa. Neste sentido, parece que a afirmação de Cuq (Org., op. cit.) nos conduz a perceber o estereótipo por outro olhar. É que a construção do estereótipo tem relação com duas imagens estereotipadas: uma, de modo geral, que se refere à natureza dos processos mentais e seu funcionamento e outra, de modo específico, que, quando interpretada, tende a ser vista como imagens positivas e/ou negativas atribuídas a alguns grupos sociais “desfavorecidos” (DE CARLO,1998). Logo, percebemos que o estereótipo dialoga com duas concepções, a de Cuq (op.cit.) e de Espindola (2008). Nesta última, o estereótipo é: [...] a simplificação das características que um povo cultiva sobre outro, resultando com frequência na cristalização de preconceitos. É uma projeção que fazemos sobre o outro. Em boa medida é um juízo de valor. A estereotipia está carregada de sentidos, de tradição. É um rótulo que condiciona o olhar antes mesmo que possamos ver algo (ESPINDOLA, 2008, p.2). Entendemos que nessa perspectiva o estereótipo está firmado em uma imagem de preconceitos. Nesse sentido, não se considera a representação que temos da realidade do outro, mesmo sendo em uma visão parcial, superficial; mas, como uma imagem que já aparece concebida, como se fosse uma imagem cristalizada. Oportunizar situações de ensino e aprendizagem que promovam a dialética entre jogos imagéticos, parece que permite ao „professor em formação inicial‟ observar que seus aprendentes merecem uma atenção especial com relação ao aprendizado, sobretudo se eles demonstram incerteza causada tanto pelo diferente – desconhecido –, quanto pelo comum – conhecido –, pela rejeição e/ou atração da língua-cultura do outro e por vezes a neutralidade. A insegurança pode conduzir os aprendentes à relativização das experiências com as culturas do outro, o que os auxiliaria a não cair no artifício das imagens estereotipadas (DE CARLO, op.cit.). Esse pensamento nos faz entender que o desconhecido pode também ser percebido através de nossas visões de mundo, uma vez que elas estão em processo de reconstrução permanente. Trata-se, portanto, de uma tomada de consciência das representações e de uma descoberta de suas próprias especificidades culturais pelo contato com outra língua e outra cultura (MANAA, 2009). É oportuno ressaltar que, em se tratando de estereótipos, não há como escapar, pois eles fazem parte das culturas, e nós, como atores sociais, podemos desconstruir uns e construir outros. É necessário frisarmos que a construção dos estereótipos se desenvolve pelo contato com o “desconhecido”, conforme Morin (2007), trata-se da surpresa e do estranhamento que nos conduz a “evoluir” e transcender. Quando desconstruímos um estereótipo é que estamos relativizando aquela imagem que nos parecia de forma generalizada e agora conhecemos, com base em fatos reais, pois nos aparecem como verdadeiros, segundo nossas visões de mundo, nosso prisma deformante. É o que se espera das práticas do professor de FLE no contexto da sala de aula. Em outras palavras, o professor em formação “imergirá” no desconhecido, proporcionando às suas aulas a relativização daquela imagem tida como estereotipada (BEACCO, 2000). Levando em consideração que o professor em formação é um sujeito subjetivo, devido a sua natureza sociocognitiva, em suas práticas de ensino, as imagens estereotipadas percebidas por ele serão acionadas e/ou não no momento da interação no evento da sala de aula. A maneira como ele conduzirá a discussão pode favorecer a construção ou a relativização das imagens junto aos seus aprendentes. Os estudos na visão antropológica mostram que a disposição dos estereótipos se instaura no etnocentrismo no seio das sociedades humanas, mesmo nas mais isoladas, a tendência parece colocar seu próprio grupo como medida absoluta em relação às outras, para julgar as diversidades conhecidas como inferiores ao nível de serem reconhecidas como universais (DE CARLO, 1998). Ainda partilhando com De Carlo (op. cit., p. 87), as imagens estereotipadas parecem ser úteis para averiguar que auto imagens podem ser vistas pelo outro, “o professor como todo indivíduo é também portador de uma visão de mundo subjetivo para colocar em questão sua neutralidade”: o verdadeiro jogo do intercultural, é então, construir representações intersubjetivas, no interior da relação com o outro e nas quais ele possa também se reconhecer. Entendemos por neutralidade – pelo viés da categorização social – como sendo o resultado de um processo cognitivo neutro, sem atribuição de valor ou julgamento (DE CARLO, op. cit., p. 85). Considerando o estereótipo como uma imagem „clichê‟, acreditamos que é necessário conduzir o professor em formação a perceber que ele traz imagens de sua cultura materna em paralelo com a cultura do outro. Isso ocorre quando se identifica como um sujeito que tem nacionalidade, família, faz parte de uma comunidade e, que se encontra em processo de formação inicial, enfim, como ele se imagina. Então, cabe-nos refletir sobre essa condição multidimensional e relativizar as imagens que nos aparecem das culturas materna e estrangeira, mas não nos cabe (BEACCO, op. cit.). Percebemos que essa multidimensionalidade nos leva a considerar as ponderações de Zarate (1995, p.79) ao afirmar que “as imagens estereotipadas foram sempre construídas através de algumas experiências que foram por nós interiorizadas”. Os estereótipos se caracterizam como uma etapa, logo implicam, o momento de um retorno individual das experiências pessoais e uma reflexão coletiva sobre os mecanismos de imposição que parecem ser representações dominantes. Outro ponto de vista sobre o que estamos mostrando, se firma na visão que temos de um grupo diferente de nós, de modo que, vemos os outros como imaginamos. Segundo o Conselho de Europa (1995) a visão enfoca o conceito de que: os estereótipos consistem essencialmente em crenças ou ideias partilhadas por um grupo a respeito de outro grupo. Um estereótipo é um conjunto de características que resume um grupo, habitualmente em termos de 9 comportamento, atitudes, etc., (CONSEIL DE L‟EUROPE, 1995, p. 31) . Acreditamos também que as imagens estereotipadas por esse pensamento suscitam ainda generalizar outras culturas a respeito das opiniões, línguas, preferências e tantos outros, visto que o seu objetivo principal é simplificar, “isso é assim” ou “eles são assim”. Temos a exemplo disso, imagens europeias, que as pessoas que moram nos bairros periféricos das cidades são tidas como perigosas ou que os patrões são perversos, que as pessoas são pontuais ou que são preguiçosas (CONSEIL DE L‟EUROPE, op.cit., p. 31). Estas são atitudes possíveis de acontecer tanto entre um ou outro povo, e ainda que nem todos os sujeitos têm tal comportamento ou tal atitude. Para o Conselho de Europa (op. cit.), ao que nos parece, as imagens estereotipadas que trazemos são vinculadas aos propósitos do grupo ao qual temos o sentimento de pertença. Tais imagens são adquiridas na escola, por meio das mídias ou mesmo no seio das nossas diferentes microcomunidades de pertença, desencadeando imagens cristalizadas que tendem a fortalecer o sentimento de superioridade em relação aos outros. Revendo o exposto por Meyer (2010) sobre os ícones culturais como imagens emblemáticas, entendemos que o professor com a CI pode promover, na sala de aula, 9 Les stéréotypes consistent essentiellement en des croyances ou des idées partagées par un groupe à propos d‟un autre groupe. Un stéréotype est un ensemble de caractéristiques qui résume un groupe, habituellement en termes de comportement, d‟habitudes, etc.(CONSEIL DE L‟EUROPE, 1995, p. 31). uma discussão que leve a se repensar as diferentes maneiras com as quais percebemos nos outros algumas imagens de seu arcabouço sociocognitivo da cultura francesa. Dessa forma, compreendemos que os ícones mostrados pelo autor (quadro 1) como imagens emblemáticas suscitam desmerecimento das outras culturas, pois na cultura francesa veicula a diversidade cultural de diferentes portadores que também precisa ser considerada. Assim, entendemos que os ícones que estão nos manuais de ensino10 de FLE, como nos mostra o quadro a seguir, apresentam fatos históricos, personagens célebres, objetos do passado, comportamentos, paisagens, ícones, dentre outros. 10 Os manuais de ensino de francês foram citados pelos professores em formação, pois são adotados no curso de FLE da UFCG (MERIEUX e LOISEAU, 2008 e DI GIURA e BEACCO, 2009). TEMÁTICAS Fatos históricos Personagens célebres Objetos do passado IMAGENS DOS MANUAIS DE ENSINO DE FLE MANUAL AUTOR/ ANO 14 de Julho, A França Immigrée, República Francesa Alors? (DI GIURA; BEACCO, 2009) Yves Saint Laurent, Coco Chanel, Pierre Cardin Latitudes (MERIEUX; LOISEAU, 2008) Jornal Le Nouvel Observateur, Le Figaro O pão “francês” Latitudes (MERIEUX; LOISEAU, 2008) Alors? (DI GIURA; BEACCO, 2009) Comportamentos - Dilema dos parisienses em viajar ou permanecer em casa; - Laicidade; - Saúde - Poder de compras; - Oferta de presentes (criança, alguém conhecido, convite de um jantar e de um casamento) - Os animais; - A companhia; - O matrimônio na França Alors ? (DI GIURA e BEACCO, 2009) Latitudes (MERIEUX; LOISEAU, 2008) Paisagens Paris, Monte Saint-Michel Latitudes (MERIEUX; LOISEAU, 2008) Ícones Torre Eiffel, Museu do Louvre Latitudes (MERIEUX; LOISEAU, 2008) QUADRO 1: Imagens contidas nos Manuais de Ensino de FLE Compreendemos que o professor de FLE, tomado pela CI, pode perceber que as imagens contidas no manual trazem um enfoque de uma realidade generalizada por quem os elabora, e por quem os recebe. As imagens contidas no quadro nos sugerem a ideia de que as imagens estereotipadas se pautam em imagens concebidas pela tradição. Dos ícones mencionados, a Torre Eiffel é considerada, para muitos a representação de Paris e mesmo da França. Este objeto não é suficiente para caracterizar Paris e a França, mesmo que a Torre contribua para definir a cidade e o país, por fazer parte do histórico da cidade e, por assim dizer, da França e de seus cidadãos. Tanto a cidade quanto o país merecem ser mostrados e complementados por outros monumentos, pois a Torre Eiffel representa uma imagem simplificada da realidade de Paris e principalmente da França (CUQ., ORG, 2003). Isso não significa que o monumento deva ser desmerecido, uma vez que faz parte de um contexto sócio-histórico de uma comunidade. O que devemos ponderar é que o professor com CI não precisa desconsiderar as imagens concebidas pelo manual, mas levar em consideração que outras representações merecem ser relativizadas aos seus aprendentes. Dessa forma, um meio que parece ideal para desconstruir um estereótipo é tentar relativizar uma imagem pré-concebida. Conforme Steele (1996): Um meio eficaz de atacar os estereótipos é descer do nível da generalização para o nível das particularidades reveladoras de uma realidade complexa que não pode se resumir em um julgamento partidário. Através da apresentação de uma França mostrada por regiões tendo cada uma suas especialidades, em meios sociais divergentes e em indivíduos de todas as idades que possuem seu temperamento próprio, os estudantes se dão conta que existe na França uma diversidade similar àquela que eles conhecem de sua sociedade. Entretanto, essa tomada de consciência intelectual não conduz ao 11 enfraquecimento dos estereótipos no estudante (STEELE, 1996, p. 55) . Entendemos que a relativização de um estereótipo se dá quando encontramos a realidade do que está sendo generalizado. Relativizar um estereótipo é, então, conduzir os „professores em formação inicial‟ à percepção de sua existência, de sua identidade. É levá-lo a tomar consciência de que para ir ao nível da “particularidade” é preciso relativizar as imagens que aparecem e não colaboram para Un moyen efficace de s‟attaquer aux stéréotypes est de descendre du niveau de la génération au niveau des particulirités révélatrices d‟une réalité complexe qui ne peut pas se résumer en un jugement partisan. À travers la présentation d‟une France éclatée en régions ayant chacune leurs spécialités, en milieux sociaux divergents et en individus de tous les âges possédant leur tempérament propre, les étudiants se rendent compte qu‟il existe en France une diversité similaire à celle qu‟ils connaissent dans leur société maternelle. Cependant, cette prise de conscience intellectuelle n‟entraine pas forcément l‟affaiblessement des stéréotypes chez l‟étudiant (STEELE, 1996, p. 55). 11 o aprendizado da língua estrangeira. Assim, possivelmente, os aprendentes poderão compreender a cultura do outro na sua pluralidade. Ainda com esse pensamento, as imagens estereotipadas do „professor em formação inicial‟ trazidas para o contexto da sala de aula, da cultura do outro, de modo generalizado, podem causar certos malentendidos visto que não está sendo considerada a diversidade existente das culturas do outro. Nesta ótica, os sujeitos – „professor em formação inicial‟ e aprendentes - percebem que da mesma forma que eles trazem suas culturas incomparáveis, precisam tomar consciência sobre algumas imagens estereotipadas que aparecem sobre as culturas do outro e da materna, de forma cristalizada, considerando o exposto no manual de ensino, pois é possível que o surgimento dessas imagens possa interferir no ensino-aprendizagem. Vale salientar que com a tomada da consciência a “valorização da cultura do outro pode contribuir para a valorização da cultura materna” (ZARATE, 1995, p.23)12. Isto acontece quando os sujeitos se questionam sobre suas pertenças, suas identidades, como também podendo se interessar em valorizar as culturas do Outro, uma vez que eles se ancoram no passado direta ou indiretamente relacionado às culturas envolvidas. Conforme De Carlo (1998), as identidades são imagens que fazemos de nós mesmos e possivelmente aquelas que os outros vêem a nosso respeito, são as nossas relações com eles e do que eles representam para nossos olhos. Elas podem ser vistas como individual ou coletiva, pois segundo esse pensamento, é um marco que não poderia existir fora da dialética com os outros sujeitos. Respaldando-nos ainda sobre o mencionado, é possível identificar a existência de um paradoxo nessa dialética, em que cada um de nós, para afirmar seu próprio eu, é obrigado a 12 La description valorisante de la culture étrangère peut également contribuer à la valorisation de la culture nationale locale (ZARATE, 1995, p.23). reconhecer a presença de um “não eu” que configura a condição necessária de nossa identidade e a iminência de nossa existência. Partindo dos estudos psicológicos, De Carlo (op.cit.) menciona que, desde o nascimento, a identidade de cada indivíduo pertence a um grupo, a uma comunidade, a uma família com os quais ele divide um nome, uma língua e um código de comportamento. Deste modo, estes elementos parecem definir sua pertença e também, em certa medida, suas identidades. Esse pensamento é sinalizado por Hall (2006) ao afirmar que a identidade cultural aparece sob três concepções: uma identidade que trazemos como pessoas humanas desde o nascimento, outra que adquirimos ao conviver em sociedade interagindo – o espaço preenche o interior e o exterior – com as outras pessoas e, a última, como um sujeito pós-moderno que não tem identidade “fixa, essencial e permanente”, ou seja, um sujeito que tem identificações (HALL, 2006, p. 12). Compreendemos que o sujeito pós-moderno traz identidades dependendo dos diferentes momentos, uma vez que elas não são integradas (fixas) em torno do “eu” que acreditamos coerente. Isto quer dizer que no nosso íntimo há identidades incitando-nos a diferentes direções, pois nossas identidades estão sendo sempre deslocadas. Hall (2006, p. 48) nos conduz ao pensamento de que as “identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e transformadas no interior da representação” (HALL, 2006, p. 49). Sob a nossa ótica, a representação destacada por Hall citando Schwarz (1986, p. 106), refere-se à nação como sendo uma comunidade simbólica – Brasil, Nordeste, Paraíba, Campina Grande – que parece ter o “poder de gerar um sentimento de identidade e lealdade”. Ao remeter-se à concepção de identidade Bosch (2007) nos conduz a fazer uma relação com a imagem estereotipada, pois o estereótipo exerce sobre um grupo social um poder ideológico em relação aos demais grupos. As imagens estereotipadas veiculam uma impossibilidade de rompimentos dos limites tradicionalmente estabelecidos, visto que as relações sociais colocam o “Outro” em posição de submissão ou de dependência. Segundo Bosch (op. cit), os estereótipos podem ser caracterizados por auto e heteroestereótipos. O primeiro se volta para a cultura local e se revela mais constante, tendendo a aumentar a avaliação de forma positiva. Já o heteroestereótipo se volta para a cultura do outro e, em situação de conflito a avalia negativamente. Observamos que tanto o auto quanto o heteroestereótipo são modos de generalização e de especificação, portanto, isso dependerá da imagem que cada um terá de sua cultura e da cultura do outro. Bosch (op. cit, p. I.506) ainda subdivide cada um dos dois (auto e hetero) em quatro níveis: 1) o sujeito pode ou não aplicar o estereótipo, dependendo do que ele acredita saber; 2) ele projeta, emocionalmente, suas próprias intenções favorecendo a aceitação ou a rejeição de si e/ou do outro; 3) pode tornar-se cúmplice, colocando-se no lugar do outro através do exercício da alteridade e 4) pode ultrapassar o nível da barreira dos estereótipos, criticando ou recusando o julgamento negativo ou positivo, preferindo ocupar o lugar de abstenção e silêncio. Essa classificação parece nos conduzir a ver o professor em formação inicial como um sujeito que relativiza um estereótipo, visto que a imagem que possivelmente faz do outro depende de suas concepções, enquanto sujeito com identificações. Desse modo, o estereótipo poderia ser considerado como um tipo de imagem de alteridade, visto que se constitui como oposição à identidade de cada sujeito. Nesse sentido, a identidade é a imagem que cada um faz de si mesmo, considerando sua história pessoal, suas opiniões, suas habilidades e possibilidades, seus anseios e de como se percebe no seu lugar no mundo. A identidade é o resultado de uma concepção nem sempre contínua que o indivíduo aprende a se conhecer e a construir sua imagem em detrimento de seu grupo, de outros grupos e das relações entre diferentes grupos. Dessa forma, a alteridade, nosso próximo tópico, parece levar os professores a tomarem consciência de que os estereótipos existem e podem se contrapor à identidade, já que na prática do exercício de alteridade eles podem compreender questões que venham a ser conflituosas sobre a sua cultura e a cultura do outro. 2.2. Alteridade: outra concepção Partindo da concepção de que o sujeito tem identidades, situando-o diante das identificações possíveis, este parece que será conduzido a compreender os mecanismos de sua pertença cultural, através das imagens que ele tem de si e do outro. Se ele tem consciência dos critérios implícitos de classificação das culturas dos sujeitos envolvidos, mais ele tenta objetivar os princípios tácitos de divisão do mundo da sua cultura e da cultura do Outro. Dessa forma, é possível poder expressar um sentimento sobre suas próprias afirmações (DE CARLO, op. cit.). Consoante a Otenio (2007), para a construção da identidade é necessário o reconhecimento da alteridade, ou seja, o Outro não é visto como inimigo ou obstáculo, mas como um sujeito que contribui para o fortalecimento de nossa construção identitária. Assim, compreendemos que identidade e alteridade parecem exercer papéis essenciais na abordagem entre culturas. Ao que nos parece este pensamento se encontra com o que o dicionário de didática das línguas (CUQ, ORG., 2003, p. 17) mostra sobre “a alteridade13: 13 L‟alterité, c‟est l‟autre en tant qu‟autre, c‟est-à-dire, comme moi, un sujet (responsable et absolument singulier, incomparable); il est à la fois différent de moi et identique à moi en dignité. L‟alterité est le concepte qui recouvre l‟ensemble des autres, considérés eux aussi comme des ego (alter ego) et dont je suis moi aussi l‟alter ego, avec droits et devoirs. Pour être moi j‟ai besoin que les autres (l‟alterité) existent (CUQ, ORG., 2003, p. 17). Alteridade é o outro enquanto outro, isto é, como eu, um sujeito (responsável e absolutamente singular, incomparável); ele é ao mesmo tempo diferente de mim e idêntico a mim em dignidade. A alteridade é o conceito que recobre o conjunto dos outros, considerados também como ego (alter ego) e do qual eu sou também o alter ego, com direitos e deveres. Para ser eu, eu preciso que os outros existam (alteridade) (CUQ, Org., 2003, p. 17). Essa citação nos leva a entender que o exercício da alteridade é acionado no momento que eu percebo o Outro diferente de mim e idêntico a mim, visto que eu só existo – como ser singular e incomparável – em virtude de o Outro existir, eu me vejo como um sujeito com o dever de respeitar o Outro com sua diferença e com o direito de ser respeitado com minha diferença. Dessa forma, compreendemos que a alteridade dialoga com a identidade e, no contexto de ensino-aprendizagem, são determinantes para destacarmos que a prática da alteridade, descoberta /tomada de consciência conduzem os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem a perceberem que são diferentes, que cada um tem uma identidade, como nos mostra Grollet (2005). “Tolerância” ou “alteridade”? Pessoalmente eu prefiro “alteridade”. Não é que a tolerância não seja um valor laico fundamental, mas porque a palavra é frequentemente deslocada de seu sentido até servir de paraventos ao pensamento único. Para muitos, a tolerância seria a aceitação de todas as ideias e de seu contrário. Para esses “tolerantes”, o intolerante é aquele que exclui, critica e evidentemente, polemiza ou zomba. Por uma curiosa inversão de conceito, um mundo tolerante seria, então, um mundo onde todos pensariam parecidos ou um mundo onde, cada vez menos, os que têm um pensamento crítico, divergente ou dissidente, teriam bom gosto de calar-se, porque criticar o pensamento do outro seria faltar com a tolerância (GROLLET, 2005, p. 54-55)14. 14 « Tolérance » ou « alterité » ? personnellement je préfère « alterité ». Non pas que la tolérance ne soit pas une valeur laïque fondamentale, mais parce que le mot est bien souvent detourné de son sens jusqu‟à servir de paravent à la pensée unique. Pour beaucoup, la tolérance serait l‟acceptation de toutes les idées et de leur contraire. Pour ces «tolérants»-là, l‟«intolérant» est celui qui détonne, qui critique et evidemment qui polémique ou qui brocarde. Par un curieux renversement de concept, un monde tolérant serait donc un monde où tout le monde penserait pareil ou un monde où, à tout le moins, ceux qui ont une pensée critique, divergente ou dissidente auraient le bon goût de se taire, parce que critiquer la pensée d‟autrui serait manquer de tolérance (GROLLET 2005, p. 54-55). O exercício da alteridade é o reconhecimento do Outro na sua diferença, é o valor essencial da relativização que privilegia a diferença das culturas como fonte de uma prática não intolerante. Desta forma, é possível perceber que o sentido da alteridade não é ser tolerante, e sim entender o Outro na sua diferença de opinião, é deixá-lo expressar seu pensamento, mesmo não concordando com o Outro, pois a alteridade é o reconhecimento de que o Outro pensa diferente de mim, mas nem por isso devemos desmerecer, pois se trata de um sujeito que traz uma cultura diferente da minha, uma vez que tem opiniões e ideias diferenciadas daquelas que acredito que sejam coerentes. Assim, a alteridade na visão de Aballah-Pretceille e Porcher (2001), fomenta o sentimento de pertença e de referência que parecem formar o pilar do público escolar levado a conviver no mesmo local, a serem conduzidos por projetos incomparáveis, sem para tanto renunciar, cada um, a sua identidade pessoal. Tentar compreender a si mesmo é uma condição absolutamente necessária para ir ao encontro do outro. Este encontro pode mudar a concepção de cada sujeito, mas não significa dizer que transformará radicalmente a realidade sócio-históricocultural que lhe circunda, uma vez que a realidade pode ser vista como um referencial. Este pensamento antecipa o que Schachinger e Taylor (2007) dizem sobre o que a AI pode oferecer: A aprendizagem intercultural oferece a oportunidade de se identificar com as perspectivas do outro; é a experiência respeitosa que consiste em tentar "colocarmo-nos no lugar do outro", sem, no entanto, pretender viver o que ele vive. Permite-nos experimentar e partilhar a verdadeira solidariedade, tendo fé na força da cooperação. Neste contexto, a aprendizagem intercultural é também uma forma de descobrirmos a nossa própria capacidade de ação (SCHACHINGER e TAYLOR, 2007, p. 3)15. L‟apprentissage interculturel offre la chance de s‟identifier aux perspectives de l‟autre; c‟est l‟expérience respectueuse qui consiste à tenter de «se mettre à la place de l‟autre», sans pour autant prétendre vivre ce que vit l‟autre. Il nous permet d‟expérimenter et d‟apprendre la vraie solidarité, en ayant foi en la force de la coopération. L‟apprentissage interculturel dans ce contexte, est aussi une façon de découvrir notre propre capacité d‟action (SCHACHINGER e 15 TAYLOR, 2007, p. 3) . 15 A nosso ver, essa citação nos instiga a refletir não somente sobre os aspectos concernentes ao intercultural, mas, também sobre o professor em formação que consciente de seu papel como um mediador intercultural parece perceber que outras perspectivas, inerentes à formação, não devam ser desmerecidas. Isso pode levar os envolvidos à prática da alteridade como um dos aspectos relevantes para as trocas interculturais, visto que estas concepções, tendo sido experimentadas e partilhadas ao longo de sua formação, podem conduzi-lo a descobrir a própria capacidade de ação. Isso implica dizer que essa descoberta é a experiência respeitosa que consiste em fazê-lo se colocar no „lugar do Outro‟ e, desta forma, tentar refletir que é necessário buscar outras concepções que ajudam os seus aprendentes a relativizarem as imagens estereotipadas. Nesse sentido, no nosso próximo capítulo – “Aspectos metodológicos: do planejamento à execução da pesquisa” – procuramos realizar uma abordagem que conduzisse o professor em formação inicial a compreender os aspectos do intercultural para chegar à tomada da CI. CAPÍTULO III 3. ASPECTOS METODOLÓGICOS: DO PLANEJAMENTO À EXECUÇÃO DA PESQUISA “/.../ o professor deve, pois, não só levar os alunos a compreenderem que a educação é importante, mas tentar fazer com que eles sejam respeitados no cotidiano dos alunos, inclusive por meio de suas próprias atitudes profissionais/.../”. (G4 A) Neste capítulo, apresentamos as etapas percorridas por essa pesquisa, bem como a sua natureza, o critério de seleção das canções, o perfil dos informantes, os instrumentos utilizados, os procedimentos, a constituição do corpus e os procedimentos de categorização e análise. 3.1. Natureza e contexto da pesquisa Essa pesquisa caracteriza-se como sendo de natureza qualitativo-analítica e de base interpretativista, pois houve o processo de converter fontes em dados documentais, a partir de: protocolo de observação (PO), documentos recolhidos no local (DL) – um questionário pré-intervenção e dois questionários pós-intervenções aplicados. Houve ainda a gravação eletrônica (GE) das nossas intervenções e dos depoimentos dos professores em formação. Por meio de um método de indução analítica, fizemos o registro e a análise, associando cada asserção apresentada na tentativa de mostrar embasamento empírico para a confirmação daquela asserção (BORTONI-RICARDO, 2008). A referida pesquisa vincula-se à pesquisa-ação, um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2008; MOREIRA e CALEFFE, 2006; MOITA LOPES, 2001). Isto quer dizer que se trata de uma abordagem que possibilita interpretar os dados, considerando os fatos que ocorrem e os sujeitos envolvidos nestes fatos. Consoante Moreira e Caleffe ( op. cit., p. 92), a pesquisa-ação em contexto escolar caracteriza-se em cinco procedimentos, como sendo um meio de: (1) contornar problemas diagnosticados em situações específicas; (2) treinar em serviço, proporciona ao professor novas habilidades e métodos; (3) introduzir abordagens adicionais e inovadoras no processo de ensino-aprendizagem; (4) melhorar a comunicação entre o professor praticante e o pesquisador acadêmico e (5) proporcionar uma alternativa de solução de problemas na sala de aula. Isso nos ajuda a fazer uma análise do corpus, tomando por base as intervenções da CI e suas implicações com o ensino, bem como sobre questões educacionais de natureza diversa, centrada na interação – pesquisador interventor/‟professores em formação inicial‟ – e ao uso que fazem da língua-culturas. Decidimos, então, estudar quatro canções e para isto fizemos uma seleção. Neste sentido, concluímos que as canções Mon pays, On a changé, Un homme sans racines e Touche pas à mon pote16 (QUADRO 2: “Canções de expressão francesa, suas origens e seus subgêneros”) seriam viáveis para responder a nossa questão de pesquisa explicitada na página 18 deste trabalho. Partimos do pressuposto de que o nosso objeto de pesquisa, a canção de expressão francesa, como um gênero didatizado, pode levar o „professor em formação inicial‟ a investigar e conduzir os aprendentes à tomada da CI em aulas de francês em contexto exolingue. 16A primeira canção, Mon pays, de subgênero musical raï, é uma mistura de cultura oranese e cultura ocidental, ela tem ritmo dançante; a segunda, On a changé, tem subgênero musical zouk, o ritmo nos lembra a lambada brasileira, a terceira canção Un homme sans racines é um subgênero pop rock e a quarta Touche pas à mon pote, ritmo afrobaiano, marca a cultura afrobrasileira, e foi composta em homenagem ao centenário da abolição da escravatura. No decorrer desta pesquisa, atentamos para os conteúdos das canções de expressão francesa e identificamos que nas suas letras havia o reconhecimento das raízes, o conflito entre o distanciamento e a busca das origens, o contexto diaspórico, a adaptação à cultura estrangeira, a valorização dos povos e suas culturas e a valorização do outro. Desta forma, houve possibilidade de fazermos uma abordagem, na sala de aula, que promovesse as discussões considerando a CI, uma vez que as canções relatam contextos sociais bem distintos, como seus títulos já nos indicam. A abordagem feita com as quatro canções contribuiu, também, para levar os „professores em formação inicial‟ a percepção de algumas dificuldades que eles parecem ter no que concerne ao uso da língua para a comunicação. GÊNERO CANÇÃO 1. 2. 1-Raï Mon pays 3. 4. 2-Zouk On a Changé 5. 3- Pop 6. rock Un homme sans racines 7. 4-Afro brasileiro PAÍS /CONTINENTE Argélia/África do Norte (Magreb) CANTOR/ INTÉRPRETE Faudel ANO 2006 Afro-Caribe/América Central Les Déesses 2007 Ilha da Reunião/África De Palmas Touche pas à mon pote Brasil/América do Sul 2004 Gilberto Gil 1988 QUADRO 2: Canções de expressão francesa, suas origens e seus subgêneros. As canções apresentadas com suas origens e seus subgêneros distintos nos conduziram a fazer um trabalho pautado nas trocas interculturais, visto que os participantes demonstraram um discreto conhecimento sobre essas canções. O gênero raï, por exemplo, vem de uma cultura dos povos da Argélia, o zouk, cujo significado é festa, tem sua origem dos povos das Antilhas. O pop rock é um ritmo com variação do ritmo pop, o último, o afro-brasileiro, é um ritmo que traz sua cultura marcada nas origens do povo brasileiro. No que concerne aos participantes, período da pesquisa, seu local de realização, e seu contexto sócio-histórico-cultural, discutiremos ao apresentarmos o perfil dos participantes. 3.2. Perfil dos participantes A pesquisa-ação, isto é, a intervenção na sala de aula foi realizada em dois períodos. O primeiro período compreendeu os meses de março a maio; e, o segundo período, durante o mês de novembro de 2010, em quatro turmas de Língua Francesa da Unidade Acadêmica de Letras da Universidade Federal de Campina Grande (UAL/UFCG). Ressalte-se que no segundo semestre do ano anterior (2009.2) foi feita, em uma turma de língua francesa IV, uma pesquisa piloto (GP). As turmas escolhidas para a proposta foram: Francês I, doravante (G1), Francês III (G2), Francês IV (G3) e Literatura Francesa II (G4), pois eram as turmas oferecidas naquele semestre e também atenderiam a proposta da pesquisa, visto que se tratava de grupos distintos, com suas culturas, que certamente nos dariam uma ideia sobre o que denominamos de CI na sala de aula de FLE. No semestre posterior, havíamos trabalhado com os mesmos grupos, sendo Francês II (G1), Francês IV (G2), Francês VI (G3) e Literatura Francesa III (G4). Nos dois semestres as aulas ocorriam duas vezes por semana, em turno diurno e tinham 2 (duas) horas de duração. Dentro deste contexto, participaram nos dois semestres letivos 16 (dezesseis) professores em formação inicial (GRÁFICO 1: Perfil dos participantes: número de inscritos por turma). GRÁFICO 1: Perfil dos participantes: número de inscritos por turma O gráfico apresenta o perfil dos grupos, pois contamos com mais participantes no G1, sendo sete „professores em formação inicial‟. Os demais grupos, G2 e G4 tinham quatro „professores em formação inicial‟ cada um e no G3, apenas um. É necessário destacar que o fato de a nossa pesquisa ser de natureza qualitativa, o número de inscritos nas disciplinas e, portanto, participantes da pesquisa demonstra a inestimável relevância deles para a pesquisa, o que é observado no gráfico um. As turmas apresentam suas culturas incomparáveis, o que intensificou as discussões na sala de aula visto que as concepções de cada participante se configuram como diversificadas. Quanto à faixa etária, o maior número de informantes se inclui na faixa acima de 18 (dezoito) anos e abaixo de 40 (quarenta) anos (GRÁFICO 2: faixa etária e nacionalidade). Isto demonstra que cada participante trouxe suas experiências de vida e certamente suas culturas para o contexto da sala de aula. O gráfico ainda apresenta o perfil dos participantes no que diz respeito à nacionalidade. GRÁFICO 2: Faixa etária e nacionalidade Considerando o exposto sobre sexo, faixa etária e nacionalidade, observamos que os grupos apresentam seus perfis, dado que instiga o trabalhar o intercultural em contextos de ensino-aprendizagem, especificamente na sala de aula de FLE. A seguir, apresentaremos os instrumentos utilizados para a construção dos dados que nos ajudaram a estabelecer nosso corpus de análise. 3.3. Instrumentos utilizados O protocolo de observação (PO) foi utilizado durante as observações das aulas ministradas pelos professores formadores – de cada grupo – e também durante as nossas intervenções presenciais na pesquisa-ação. O PO é um instrumento que dá suporte ao pesquisador (MOREIRA e CALEFFE, 2006) para registrar as informações mais relevantes, como a descrição das atividades realizadas em cada sala pelo professor formador e „professores em formação inicial‟; os recursos didáticometodológicos utilizados em cada grupo, uma vez que estes últimos apresentavam níveis distintos de sua formação em FLE; e, finalmente, todos os procedimentos realizados pelos professores formadores durante os eventos das aulas, tais como: a discussão feita em cada grupo, explanação do professor, os recursos utilizados (computador, datashow, texto impresso, quadro branco, pincel para quadro branco, apagador, entre outros). Também registrar as anotações das datas de cada observação/intervenção (13/04 a 27/05 de 2010 e novembro de 2010), sua duração, o local de realização (UFCG), os encontros – que totalizaram dezoito –, os desenhos da planta física, como o nome das disciplinas: G1 – FI/FII, G2 – FIII/FIV, G3 – FV/FVI e G4 – Literatura Francesa II e III. Registramos ainda as temáticas trabalhadas nas músicas Mon pays, On a Changé, Un homme sans racines e Touche pas à mon pote e o número de sujeitos envolvidos em cada encontro (segundo o mencionado no gráfico 2). Também fizemos anotações reflexivas – anotações sobre o processo, reflexões sobre as atividades e conclusões resumidas – para serem desenvolvidas posteriormente. O segundo instrumento, o questionário (APÊNDICES A, B, I e M: “Questionários para professor de FLE e professores em formação”), apresenta-se como um instrumento relevante para esta pesquisa, devido a sua natureza documental, pois permitiu aos „professores em formação inicial‟ se posicionarem com mais “liberdade de escrever e expressar o que pensam”, visto que as informações neles contidas puderam nos fornecer os dados necessários. Ainda, o questionário assume quatro vantagens para o desenvolvimento de pesquisas científicas, a saber: (a) o uso suficiente do tempo, (b) o anonimato para o respondente, (c) a possibilidade de alta taxa de retorno e (d) as perguntas padronizadas (MOREIRA E CALEFFE, op.cit., p.96). Os questionários foram elaborados para a obtenção de informações a respeito do perfil dos „professores em formação inicial‟, enquanto sujeitos-aprendentes da língua-cultura de expressão francesa, bem como seu perfil de aprendizagem, abordagem da cultura e da canção no ensino, o manual adotado no curso, as habilidades mais difíceis para desenvolver e mais relevantes para compreender a canção, as percepções sobre a canção de expressão francesa e o significado do intercultural no ensino de línguas. O último instrumento, a gravação eletrônica (GE) em áudio, assumiu grande relevância para construção de dados, pois tanto na pesquisa piloto, quanto nas intervenções ele foi necessário, permitindo revisitar os dados para excluir dúvidas e refinar os resultados do ponto de vista analítico. 3.4. Procedimentos da pesquisa 3.4.1. Experiência Piloto Com o GP, o nosso intuito foi o de identificar quais os procedimentos adequados a serem tomados quando no momento da proposta da AI com a canção de expressão francesa como gênero didatizado em sala de aula. A turma do GP era formada por dois aprendentes regularmente inscritos na graduação em francês e embora o estudo com a canção, neste grupo, tenha sido realizado em um único encontro, o consideramos relevante, pois os participantes não eram apenas colaboradores da pesquisa, mas aprendentes/ „professores em formação inicial‟ de modo que verificamos alguns aspectos relacionados à AI. Antes de desenvolvermos a pesquisa, realizamos uma experiência piloto com os seguintes objetivos: (a) avaliar a aceitabilidade dos professores em formação sobre a diversidade cultural que a canção de expressão francesa proporciona, (b) observar se as atividades propostas aos alunos respondiam às nossas questões de pesquisa e (c) testar o instrumento de geração de dados. Diante desses objetivos, fizemos uma intervenção em uma turma da disciplina Francês IV, doravante grupo piloto (GP), do curso de Letras da mesma universidade, no mês de novembro de 2009. A partir dessa experiência, pois pudemos fazer alguns ajustes na sequência didática (APÊNDICE C: “Sequência didática do GP” e “Atividades”) e nas atividades – discussão sobre as diferenças culturais que os professores trouxeram para o evento de sala de aula sobre a cultura materna e a cultura estrangeira – que seriam propostas aos alunos no semestre posterior. Percebemos que os procedimentos adotados, aqui, durante a geração de dados, foram também viáveis para o momento das análises dos dados. A aula teve atividades relacionadas à: expressão oral (levantamento de hipótese), relações interculturais (imagens dos slides/clipe), compreensão oral (escuta da canção), compreensão escrita (questões relacionadas ao conteúdo da letra de Mon pays) e expressão escrita (produção de uma carta seguindo a progressão de conteúdos da disciplina). No GP, a canção trabalhada Mon pays, (ANEXO A: “Canções”), foi o suporte que propiciou discussões sobre as culturas trazidas pelos participantes, uma vez que esses „professores‟ tinham muitas experiências de vida a nos relatar a respeito de suas viagens feitas pelo Brasil e pelo Exterior e suas concepções de mundo. Esta canção, por sua vez, suscitava o acolhimento das culturas, de modo que pudemos observar as concepções desses participantes quanto à cultura do outro. Isto suscitaria trazer outras canções para serem discutidas na sala de aula e fazer com que os „professores em formação inicial‟ percebessem outras concepções a respeito da canção em língua-cultura francesa (STEELE,1996). Observamos que no primeiro momento – levantamento de hipóteses – esses „professores em formação inicial‟, trouxeram representações sobre sua pertença cultural: Brasil, praias, carnaval, sol, Rio de Janeiro, as dificuldades, muitas pessoas que falam português... Vejamos: GP A: “eu penso imediatamente no Brasil/.../ é a primeira palavra/ praia/.../ sol/ carnaval/ Rio porque é a minha cidade/.../como um grande país eu penso as dificuldades/ muitas pessoas que falam o português/.../. GP B: Eu já viajei muito/ eu morei na Inglaterra um ano e meio/ eu fui à França duas vezes/ em Paris e na Bretanha/.../. O fato de GP B mencionar que conhece outras culturas não significa que ele desmerece a sua cultura local, pois em meio à discussão ele reforça que a sua cultura local apresenta-se como a cultura da pertença: o meu país/ quando viajo/ eu sinto/ tu estás no teu país/. Isto é discutido por De Carlo (1998) quando afirma que cada sujeito, desde o nascimento, traz a sua pertença cultural. Ao assistirem ao clipe da música, em um segundo momento da aula, a discussão foi sobre o que haviam assistido no videoclipe: os personagens apresentados e a diversidade das culturas. O GP apresentou algumas imagens estereotipadas a respeito das culturas. Vejamos suas imagens: GP A: /.../os muçulmanos/ isso é hip hop não?/.../ah/ é o rai / um ritmo árabe da Argélia/ muito comum nessa cultura?/ GP B: eu penso que não é o Brasil/ mas me lembra alguma coisa/ o futebol/ a simplicidade das pessoas/ talvez a vegetação/ o verde/ é possível/.../ Nesses excertos, percebemos que os participantes trazem imagens estereotipadas sobre a sua cultura e a cultura do outro, visto que eles apreendem algo que lhe chama a atenção. Quando GP A expressa que o ritmo musical lhe faz lembrar o hip hop diferentemente do raï, é possível que este participante não tenha ainda percebido que outros ritmos musicais deveriam ser considerados, uma vez que para ele o raï se mostrou como um gênero desconhecido. Diferentemente de GP B, ele percebe que as figuras lhe conduzem a perceber que não se trata do seu país, mas ele compreende que o futebol, as pessoas e a vegetação parecem fazer parte de seu país também. Para este participante, o esporte mostrado no videoclipe (ANEXO C: “CD: material audiovisual das canções e questionários respondidos”) remete a sua cultura, assim como as pessoas portadoras de culturas, visto que no videoclipe apareceram pessoas e suas culturas, assim como as paisagens, que lhe conduzem a entender que o verde pode ser uma forma de mostrar que no seu país a vegetação pode ser caracterizada pelo verde. Dessa forma, percebemos que os dois professores trazem imagens estereotipadas tanto da sua cultura quanto da cultura do outro. Isto nos conduziu a discutir, também, sobre a temática abordada na letra da canção, uma vez que o compositor traz suas origens e discute seus sentimentos com relação aos aspectos culturais: “le désert/ le soleil/ la pluie, la chaleur, le vent et le froid” (o que será mostrado com mais detalhes no capítulo IV a respeito do acolhimento das culturas e reconhecimento das origens). Esses aspectos estão na cultura acordada, com as leituras/ recepções que são oriundas de suas experiências de mundo e de suas representações. Assim, a aula foi baseada na AI, pois os participantes demonstraram entender a cultura do outro a partir da cultura local, das pertenças culturais, como também do respeito à cultura do outro, conforme discutem Abdallah-Pretceille e Porcher (2001) ao afirmar que a construção de nossas pertenças, de nossas referências, de nossos valores e de nossos bens patrimoniais dependem das nossas trocas interculturais. Finalizada essa experiência, passamos à discussão da pesquisa-ação (intervenções), descrevendo as suas fases. Tal pesquisa está organizada em sete etapas, a saber: (a) observação das aulas, (b) aplicação do primeiro questionário, (c) primeira intervenção, (d) elaboração das sequências didáticas, (e) segunda intervenção, (f) aplicação do questionário pós-abordagem, (g) reelaboração das sequências didáticas para terceira intervenção, (h) terceira intervenção e (i) reaplicação do questionário pós-abordagem. A seguir, veremos detalhadamente cada fase. 3.4.2. Execução da pesquisa Inicialmente, observamos as aulas em cada turma (de duas a três aulas). Esta foi uma estratégia para conhecermos os „professores em formação inicial‟ e, ao mesmo tempo, mantermos os primeiros contatos com eles, visto que precisávamos interagir com os sujeitos da pesquisa, pois conforme Thiollent (2008, p. 119): “os pesquisadores precisam lidar com as diferenças culturais existentes entre eles e os membros da situação observada e, eventualmente, entre vários subgrupos desses membros”. No contexto da observação, fizemos também anotações de protocolo de observação (PO) das aulas dos professores formadores para podermos refletir, posteriormente, sobre a progressão conteúdista da disciplina, que ora estava sendo ministrada. Neste ínterim, fomos apresentados aos „professores em formação inicial‟, e também abordamos, nesse âmbito, a necessidade da presença do pesquisador em sala de aula como um sujeito que colabora para o ensino-aprendizagem. Em seguida, os professores formadores e os „professores em formação inicial‟ receberam o termo de consentimento (ANEXO B: “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido”) e após a leitura do documento, o termo foi assinado em duas vias. Posteriormente, entregamos um questionário destinado aos „professores em formação inicial‟ e outro aos professores dos respectivos grupos (APÊNDICES A e B: “Questionários para professores de FLE e “Questionários para professores em formação de FLE”). Passada essa fase, iniciamos a primeira intervenção (APÊNDICES D e E: “Sequências Didáticas – 1a intervenção”). Os procedimentos foram quase os mesmos da pesquisa piloto, entretanto, fizemos o acréscimo de figuras/slides sobre as duas cidades caracterizadas na canção Mon pays, a saber: Tlemcen (Argélia) e Mantes-laJolie (Paris), bem como o videoclipe da canção. As aulas tiveram início na turma G1 e, em seguida, na G2 e finalizamos na G4. Com esses grupos discutimos a temática do reconhecimento das raízes (QUADRO 5: “Temáticas implícitas nas canções”), mas em cada grupo um aspecto do intercultural foi percebido. No G1, foram as imagens estereotipadas sobre a França – Torre Eiffel, Arco do Triunfo e a língua francesa – e sobre as cidades brasileiras – Fortaleza, Recife, Aracaju –, também o respeito pela cultura da Argélia e o reconhecimento do Brasil – beleza natural, bandeira, futebol, diversidade cultural do brasileiro – e, finalmente, o reconhecimento dos povos falantes da língua francesa. No que se refere ao G2, as imagens estereotipadas sobre as variantes linguísticas da língua francesa – Canadá, cidades da França (Marseille, Paris) e as cidades do Brasil – foram o ponto central. E, finalmente, no G4 houve uma discussão mais centrada no reconhecimento da cultura materna e do Outro, nas origens do cantor e dos povos da cultura argelina (modos de vestir, paisagens, variantes linguísticas, Camus), nas identidades que cada „professor em formação inicial‟ percebeu de sua cultura e nas concepções sobre a tolerância com os outros portadores de culturas. No final dessa intervenção, com o G4, por se tratar do grupo mais experiente daquele semestre em curso, decidimos conjuntamente – pesquisadora interventora, professor de francês, formador do grupo e „professores em formação inicial‟ – que o referido grupo nos acompanharia durante a segunda intervenção, pois foi um modo de colaborar com os outros „professores em formação inicial‟ dos referidos grupos, considerando-se o fato de ser uma pesquisa na qual precisaria haver as trocas interculturais e, também, por ser um grupo que em breve estaria concluindo o curso de Letras. Para o acompanhamento, a turma G4 foi organizada da seguinte forma: o primeiro deles era o monitor do G1; a segunda ficou com a turma G2; o terceiro ficou com a turma G3, também por conveniência e a quarta, por sugestão dos professores, deveria acompanhar os três grupos. Uma semana depois, retornamos aos grupos para a segunda intervenção, com as sequências didáticas e as atividades (APÊNDICES F,G,H: “Sequência didática – 2a intervenção” e “Atividades correspondentes à sequência didática – 2a intervenção”) a serem aplicadas aos grupos. Desta vez, abordamos a canção On a changé. Para a elaboração das sequências didáticas, doravante (SD), nos baseamos no que discute Schneuwly e Dolz (2004, p.97): é “um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”. As SD abordaram a mesma canção, diferenciando apenas as atividades, adequandoas ao nível de cada grupo. Elas continham atividades didático-pedagógicas que tinham como finalidade fortalecer a aprendizagem da LE (OCN, 2006; CECRL, 2001; PCN, 2000). Então, elaboramos atividades relacionadas à: expressão oral, compreensão oral, compreensão escrita, relações interculturais e expressão escrita. Em cada atividade disponibilizamos um tempo de, aproximadamente, 30 minutos, para discussões e correções das atividades. Na fase da segunda intervenção, fizemos o trabalho inverso e iniciamos com a turma G4. Conforme o combinado na primeira intervenção, cada professor em formação nos auxiliaria em cada grupo durante o estudo da canção On a changé. Aqui, o objetivo foi fazê-los perceber que as temáticas implícitas na canção – contexto diaspórico, adaptação da cultura estrangeira, outras identidades – conduzindo-os à discussão sobre as mudanças, as adaptações, as relações entre os povos de outras culturas, os modos de vida, as escolhas, as pertenças culturais, as identidades, as mudanças na formação, as imagens estereotipadas sobre a cultura local e a cultura do outro, as preferências musicais, o gosto dos outros e as pessoas portadoras de suas culturas. Dessa forma, as aulas seguiram a seguinte sequência: inicialmente, para motivar a discussão trouxemos as palavras-chave em um papel e dobradas: matin, loin, amis, enfants, maman, avion, souvenirs, manquer, grandir, changer e partir. Essas palavras foram selecionadas de acordo com o nível – G1, G2, G3 e G4 – e o número dos participantes em cada grupo. Em seguida, apresentamos o videoclipe (ANEXO C: “CD: material audiovisual das canções e questionários respondidos”) para posterior discussão sobre as figuras dos personagens e seus modos de vida, bem como as identidades culturais dos „professores em formação inicial‟, enquanto cidadãos do mundo, os conhecimentos sobre o subgênero musical zouk e suas origens. Nessa discussão, os participantes dos grupos G1, G2 e G4 discutiram a respeito da cultura dos personagens (gestos culturais, produção do videoclipe, vestuário dos personagens). E, logo em seguida, passamos à escuta da canção. Com relação à compreensão oral da canção, a primeira escuta teve o intento de levá-los a ouvir o subgênero zouk e sua melodia sem ter em mãos a letra, para observar se eles a apreciavam, ou não, e também se faziam alguma remissão aos minutos iniciais da aula, ou seja, se percebiam alguma(s) palavra(s) inclusas na(s) discussão. Para a reescuta da música, foi entregue uma ficha da atividade da SD (APÊNDICE F, G e H: “Sequência didática – 2a intervenção” e “Atividades correspondentes à sequência didática”) correspondente ao oral: ritmo da canção, refrão, vozes do(a) cantor(a), ordenação do refrão e compreensão do nome do país mencionado pelas cantoras. A terceira e última escuta funcionou metodologicamente no sentido de fortalecer a compreensão de algo que suscitou dúvidas, palavras não compreendidas. Após essa discussão foi entregue a letra da canção. Nesse momento, pedimos aos „professores em formação inicial‟ que fizessem uma leitura silenciosa para, então, discutirmos o que haviam compreendido sobre o conteúdo da canção. Nessa ocasião, o „professor em formação inicial‟ do G4 deu sua colaboração, auxiliando-os quanto às dificuldades compreensão de vocabulário (ANEXO A: “Canções”). demonstradas sobre a Para a aula seguinte, entregamos as atividades correspondentes à compreensão e expressão escritas (APÊNDICE F, G e H). Na primeira atividade, de compreensão escrita, discutimos as respostas dadas às questões pontuais do texto sobre o eu-lírico, as imagens percebidas a respeito do rapaz e a respeito da mãe da moça – na cultura do eu-lírico e na cultura local dos participantes – e os aspectos funcionais da língua-cultura no seu uso comunicativo. Em relação à atividade sobre as trocas interculturais, a discussão foi em torno da preferência musical – subgênero zouk –, das crenças sobre o gostar de música do povo brasileiro, da ausência do nome do país do eu-lírico e da sua situação enquanto um sujeito em contexto diaspórico. Nessa parte, as contribuições dos participantes foram de grande valia, pois uma participante de outra nacionalidade nos relatou sua experiência na sua cultura, do mesmo modo que os outros participantes expuseram suas histórias ao passar pela situação de deixar os amigos, os amores, a família e a cidade natal. Na outra atividade, a de expressão escrita, foi disponibilizado um tempo para os participantes realizarem suas produções textuais na língua estrangeira. Tais produções basearam-se no que havia sido discutido em sala de aula e também aproveitando a discussão sobre o gênero canção com suas linguagens verbal e líteromusical. Eles escolheram um gênero literário para sua produção, de acordo com o nível de cada grupo. Neste contexto, todos os participantes produziram e apresentaram suas produções para o grupo. Esta atividade configurou-se como necessária tanto para os participantes quanto para nós enquanto pesquisadora interventora de FLE, visto que trabalhar com a AI parece conduzir o professor a tentar aplicar atividades didático-metodológicas propiciadoras das trocas interculturais, como menciona Manaa (2009). Ao final da aula, foi entregue o questionário para ser respondido. Com este instrumento, encerramos essa fase da pesquisa com a aplicação do segundo questionário destinado aos professores em formação inicial (APÊNDICE I). O instrumento continha perguntas relacionadas à abordagem feita com as canções em sala de aula, as atividades elaboradas para a canção, qual das habilidades os participantes encontraram mais dificuldades para realizar e quais atividades foram relevantes para compreender a canção e, finalizando, com o que o intercultural significava para cada um deles. A próxima fase consistiu na elaboração das atividades para a terceira intervenção. Nesta fase foram trabalhadas duas canções: Un homme sans racines e Touche pas à mon pote. Escolhemos a primeira canção para as turmas do G1 e G2 e a segunda para as turmas do G3 e G4. Na sequência da primeira canção, solicitamos aos participantes que esboçaram uma árvore e em seguida, descrevê-la. Assim, discutimos sobre cada uma delas e ao mesmo tempo pudemos fazer o levantamento das hipóteses. Neste momento, as discussões giraram em torno dos desenhos das árvores, suas raízes culturais, assim como as raízes mencionadas no título da canção. As árvores foram bem diversificadas (castanheiro, macieira, com raízes, com frutos, sem frutos, com flores, pequenas, grandes, grossas, finas), o que contribuiu para a grande discussão sobre suas pertenças culturais, origens e sua formação enquanto „professor em formação inicial‟. Em seguida, ouviu-se a canção seguindo o mesmo procedimento das sequências anteriores, da atividade de compreensão oral – escutar por três vezes –, para preenchimento das lacunas da estrofe de Un homme sans racines, com as palavras-chave (mal assuré, je suis né, j‟oublie, mon passe, après, avant, le présent, demain, moindre, sans racines). Nesse momento, os participantes perceberam o subgênero musical pop rock e fizeram analogias com os já estudados, raï e zouk. Posteriormente, apresentamos o clipe das fotos do cantor/intérprete Gérald De Palmas, para discussão em torno do que foi apresentado, relativizando-as ao título da canção e às árvores esboçadas. Os participantes mencionaram os lugares que apareceram nas fotos, o cantor que parece ser uma pessoa solitária, embora ele se apresentava em diferentes perspectivas, como um super star (ANEXO C). Passamos, assim, ao estudo da canção (ANEXO A: “Canções”). Para isso, foi entregue a letra de Um homme sans racines para as discussões sobre o seu conteúdo, sobre questões pontuais a respeito do cantor que se sente um homem sem raízes – sendo visto como uma pequena árvore –, as necessidades do Eu-lírico, as possibilidades de encontrar alguém que não tem raízes e as dificuldades de viver o presente sem passado e sem perspectiva de futuro. Em seguida, entregamos as atividades relacionadas às trocas interculturais, à compreensão escrita e à expressão escrita. A primeira atividade estava relacionada às imagens vistas no clipe e a sua cultura local. A segunda atividade estava relacionada às questões sobre o Eu-lírico e sua relação com as imagens vistas na canção. A terceira e última atividade foi uma produção oral. Disponibilizamos um tempo para as produções e apresentações aos colegas. Desta vez, a produção foi centrada nas discussões em sala e nas possibilidades de encontrar alguém sem raízes (ANEXO A). A segunda canção, Touche pas à mon pote, foi estudada nos grupos G3 e G4. Iniciamos a sequência com apresentação das figuras/slides dos cidadãos – Jean-Paul Sartre, Yanik Noah, Jean-Luc Godard, Charles Aznavour, Brigitte Bardot –, estavam relacionadas a outros cidadãos do mundo e a outras figuras retiradas dos videoclipes Touche pas à mon pote e de Mon pays. Assim, pôde-se discutir as possíveis trocas interculturais da França e do Brasil, as imagens dos „professores em formação inicial‟ sobre sua cultura e a cultura do outro, as manifestações públicas a respeito do carnaval, do baile funk, das guerras, da miséria, da revolta de manifestantes, das pessoas idosas, das crianças, dos jovens, dos povos de culturas asiáticas, africanas, francesas, indígenas dentre outros, os cantores Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso e Roberto Carlos. Esse estudo funcionou como artifício que conduziu os „professores em formação inicial‟ ao levantamento de hipóteses e também para lhes apresentar as figuras dos cidadãos acima listados (QUADRO 3). Na atividade seguinte, a de compreensão oral, no G3, foi entregue uma ficha com a estrofe do refrão da canção a ser preenchida pelos participantes a partir das coordenadas (APÊNDICE K). Para o G4, entregamos as estrofes embaralhadas da canção para serem ordenadas (APÊNDICE L). Os dois grupos dispuseram de um tempo para refletir antes do preenchimento da estrofe e antes da ordenação da canção. O videoclipe fez a função de áudio e de vídeo (ANEXO C) e os participantes identificaram a voz do cantor Gilberto Gil, no entanto, confessaram desconhecer que Gil cantava em língua francesa. Utilizando o recurso do videoclipe, voltamos a atenção para as imagens que incitaram a discussão a respeito das manifestações dos povos, das imagens que retratam a realidade do contexto diaspórico, do acolhimento das culturas, da diversidade cultural, dos modos de vida dos cidadãos. Também discutiu-se sobre o carnaval no Rio de Janeiro, do ritual de uma dança na Bahia, do contexto histórico da tropicália no Brasil, dos conflitos sociais, do racismo, da violência, dentre outros. Para os participantes desta pesquisa, as imagens representam o realismo, pois mostram pessoas do mundo real. Em seguida, foi entregue a letra da canção (ANEXO A). Este momento serviu para os participantes fazerem a leitura silenciosa e então se discutir a temática da canção: acolhimento das culturas. Com relação às atividades sobre trocas interculturais, as discussões foram em torno das imagens que os participantes demonstraram ter sobre os personagens da cultura do Outro e dos personagens na cultura materna, as canções que abordam a mesma temática, o subgênero musical, as razões de o compositor retratar o tema, as relações: videoclipe/letra da canção. Neste instante, eles destacaram Sartre – o filósofo –, Jean-Luc – o cineasta da nouvelle vague – Yannik Noah – o esporte e a cultura (música) – Guga – o tenista brasileiro – e outros desportistas: Pelé, Ronaldo, Romário, Airton Sena, Caio Márcio. Os cantores que discutem conflitos sociais: Zé Ramalho e Chico César. As atividades relacionadas à compreensão escrita foram questões pontuais a respeito da letra da canção, a razão de a palavra “Être” está escrita em letra maiúscula, questões relacionadas à importância dos seres humanos, explicação sobre o título da canção e a necessidade de citar os personagens ícones, de fazer uma analogia entre a França a uma mãe e explicitar a revolta contra a França. Finalmente, destacamos as atividades de expressão escrita que levaram os participantes a expressarem suas concepções a respeito do que foi discutido. Após essa fase, entregamos o questionário pós-abordagem aos participantes para serem respondidos (APENDICE M). Em seguida, entregamos o outro questionário que eles haviam respondido na fase pós-abordagem segunda intervenção. Neste momento, eles precisavam expressar suas concepções a respeito dos dois questionários respondidos. Para tanto, gravamos em áudio seus depoimentos, visto que suas contribuições foram importantes para verificarmos se os participantes haviam demonstrado algo sobre a tomada da CI. 3.5. Constituição do corpus e procedimentos de análise O Corpus, composto por quatro conjuntos de dados, onde três conjuntos são de natureza documental (DL) – por se tratar de registros com característica primária (1) uma amostragem das notas de diário de bordo e das anotações reflexivas dos protocolos de observação (PO); (2) questionários respondidos, com questões semiabertas; (3) as transcrições das SD sobre as canções estudadas e por um conjunto de natureza opinativa: (4) uma amostragem das transcrições17 das falas dos participantes (GE), relacionadas à tomada da CI e às respostas contidas nos questionários. O procedimento para análise dos dados é o da triangulação, “um recurso de análise que permite comparar dados de diferentes tipos com o objetivo de confirmar ou desconfirmar uma asserção” (BORTONI-RICARDO, 2008, p.61). Para isto, contamos com o conjunto de dados acima e com as teorias de base da nossa pesquisa, relacionando-os para explicar os fenômenos inerentes à tomada da CI na formação inicial do professor de FLE. O estudo com os subgêneros musicais e, em especial, com as letras das canções nos levou a uma análise interpretativa, considerando as concepções que os participantes têm sobre a CI. Isso nos conduz a perceber que a canção de expressão francesa poderá dar suporte às nossas reflexões, por apresentar-se como um gênero didatizado propiciador para as trocas interculturais na aula de FLE. Nesse sentido, as nossas análises tiveram por base três pontos: 1) as respostas dos participantes a respeito da definição sobre o intercultural em sala de FLE, 2) as representações língua-cultura apresentadas nas quatro canções e 3) as atividades propostas com as canções de expressão francesa aos demais grupos. 17 As transcrições dos depoimentos orais dos participantes seguiram convenções da Análise da Conversação baseadas nos estudos de Marcuschi (2003). Os outros depoimentos escritos em resposta aos questionários seguiram as convenções normais da modalidade escrita. CAPÍTULO IV 4. A CANÇÃO DE EXPRESSÃO FRANCESA: UMA PROPOSTA DE AI PARA AULAS DE FLE Todas as atividades que apresentaremos neste capítulo atenderam às descrições apresentadas no capítulo anterior. As etapas seguiram às Sequências Didáticas (SD) elaboradas para este fim e tiveram como ponto de partida as canções Mon pays e On a Changé e posteriormente Un homme sans racines e Touche pas à mon pote. A partir dessas canções, buscamos encontrar um caminho possível que levasse os „professores em formação inicial‟ a identificarem a importância do intercultural em aula de FLE. 4.1. O acolhimento das culturas na visão dos professores em formação em FLE É sabido que as diferenças devem ser respeitadas, uma vez que cada cultura tem sua importância e consequentemente contribui para as trocas da construção de conhecimento. Esta ideia remete ao que mencionam De Carlo (1998, p.40) e Chianca (2007) o intercultural é a “interação, troca, eliminação de barreiras, reciprocidade e solidariedade”. Neste sentido, o intercultural é enfatizado sob o aspecto da inclusão das culturas na sua diversidade com os outros que são, naturalmente, diferentes. Essas perspectivas, são seguidas e exploradas no estudo das canções Mon pays e Touche pas à mon pote. As duas incitam questões interculturais relacionadas à diversidade cultural e ao respeito pelo outro, pois os compositores Faudel (origem argelina) e Gilberto Gil (brasileiro) evocam as diferenças culturais que existem e que devem ser respeitadas. Na primeira canção, o intercultural reaparece sob o aspecto da inclusão, visto que o compositor traz características da cultura do país de seus pais, modos de vida diferentes daqueles que ele conhece em sua cultura local. Vejamos o excerto a seguir: Je ne connais pas ce soleil Qui brûle les dunes sans fins Je ne connais pas d‟autres terres Que celle qui m‟a tendu la main Et si un jour je pars d‟ici Que je traverse le désert Pour aller voir d‟ou vient ma vie Dans quelle rue jouait mon père Moi qui suis né près de Paris Sous tout ce vent, toute cette pluie Je n‟oublierai Jamais mon pays Jamais mon pays /.../ Je ne connais pas ce parfum De menthe et de sable brûlant Mais seulement les embruns Où les rouleaux de l‟océan Et toi qui me trouve un peu mate Pour ses rues bordées de prairies Un peu trop blanc couleur d „Euphrate /.../ Observamos que para o Eu-lírico, o país de seus pais, ou o de sua origem, parece ser apenas respingos das ondas do mar – “Mais seulement les embruns/ Où les rouleaux de l‟océan” –, uma vez que ele não o conhece tão bem quanto o seu país de nascimento. Assim, ele tenta evocar, também, o que parece desconhecer da outra cultura – o sol, outras terras e este perfume – “Je ne connais pas ce soleil/ Je ne connais pas d‟autres terres/ Je ne connais pas ce parfum/”. Como vemos, há uma necessidade de recordar aspectos que caracterizem a paisagem desta cultura: sol, relevo (dunas), ruas, brincadeiras, lembranças dos tempos de escola e das férias, perfume das plantas e da areia queimada, deserto, rio Eufrates e, ao mesmo tempo, há reconhecimento da cultura local, pois é a terra que lhe deu a mão, é sua origem, é a cidade onde nasceu, é seu país: “d‟autres terres que celle qui m‟a tendu la main; c‟est ici que je suis né, mon pays”. Nessas culturas aparecem com um aproximado grau de relevância, ratificando De Carlo (1998), para quem as trocas interculturais estão embasadas na interação e na eliminação de barreiras psicológicas. No excerto a seguir, o mesmo Eu-lírico mostra que tem sua história, seus amigos, seus amores, sua família e mesmo conhecendo outros mundos, percebe o valor da sua cultura de nascimento, que se diferencia daquelas que poderá encontrar em suas viagens. /.../ Et si demain comme aujourd‟hui Je dois faire le tour de la terre Pour chanter aux mondes mes envies Voyager des années entières Moi qui suis né tout près d‟ici Même si je quitte mes amis /.../ Trop d‟ amours pour oublier Que c‟est ici que je suis né Troooop De temps abandonné /.../ Essa concepção pode ser confirmada pelo depoimento do G4 B, em resposta encontrada no questionário pós-intervenção (APENDICE I): “Creio que o intercultural seria a mistura das culturas diferentes, /.../ no caso do Raï, vemos detalhadamente posturas e culturas dos dois países. Caberia ao professor de FLE intermediar as culturas e não colocá-las em choque”. Esse „professor em formação inicial‟ percebe ao final da abordagem do tema em aula que, verdadeiramente, as culturas estão para nos ajudar nas quebras de barreiras e não para suscitar o etnocentrismo cultural. Já na letra da canção “Touche pas à mon pote” (nossa tradução para “Não toque no meu prezado”), percebemos, de certo modo, a mesma temática. Touche pas à mon pote Ça veut a dire quoi? Ça veut dire peut-être Que l‟Être qui habite chez lui C‟est le même qui habite chez toi /.../ Qui a fait Jean-Paul Sartre penser Fait jouer Yannik Noah Il fait chanter Charles Aznavour Il fait filmer Jean-Luc Goddard Il fait jolie Brigitte Bardot Il fait petit le plus grand Français Et fait plus grand le petit Chinois /.../ Constatamos que na canção, “Touche pas à mon pote”, o compositor traz personagens célebres da cultura francesa na sua pluralidade cultural. Ao que nos parece, a finalidade é de conduzir o leitor-ouvinte a dar mais atenção às culturas em suas diversidades. Verificamos que essa canção nos passa a ideia de acolhimento cultural, pois na primeira estrofe, mostra uma tentativa de conscientizar as pessoas de que todos os seres são iguais e “Touche pas à mon pote/Ça veut dire quoi?/ Ça veut dire peut être/ Que l‟Être qui habite chez lui/ C‟est le même qui habite chez toi“. Assim, esse „Ser‟ (Être) traria sempre consigo modos de pensar, de se expressar diferentes uns dos outros. O Eu-lírico apresenta, assim, personagens da cultura francesa e de outras culturas. Ele mostra ainda que cada „Ser‟ deve ser visto como igual a mim e diferente de mim e, embora explicite os nomes dos personagens e suas profissões, identificálos não desmerece os outros povos, tanto o grande “plus grand Français” quanto o pequeno “petit Chinois”. Na canção, o filósofo Jean-Paul Sartre, o tenista Yannick Noah, o cantor Charles Aznavour, o cineasta Jean-Luc Godard e a atriz Brigitte Bardot são personagens que têm a mesma importância, assim como, os outros cidadãos do mundo: dos franceses aos chineses. Não importando onde e como eles se apresentam no imaginário do outro. Portanto, para o Eu-lírico, o que deve ser relevado é que todos os “Seres” humanos trazem histórias e culturas peculiares. Além disso, nas duas últimas linhas da segunda estrofe, o verso que diz que o mesmo „Ser‟ que faz pequeno o maior francês (Il fait petit le plus grand Français/ Et fait plus grand le petit Chinois), pode tornar grande o menor chinês. Este pensamento nos faz retomar o mencionado pelo dicionário de didática das línguas (CUQ, 2003, p.138): “não é preciso só desejar que as relações entre os homens os tornem semelhantes, mas principalmente quando as „grandes línguas‟ respeitarem as „pequenas‟ [...], então, teremos dado um passo considerável” para o intercultural. Convém ressaltar que os personagens do quadro de figuras a seguir, compartilhados com os professores em formação através de slides, fazem parte de épocas distintas. O compositor demonstra estar mesmo a favor do acolhimento das culturas, por chamar atenção de que os “Seres” humanos devem ser estimados pelas culturas que trazem consigo. O fato de serem apresentados personagens célebres não significa haver desmerecimento das culturas dos outros, uma vez que ele chama a atenção para os seguintes versos: “Il fait petit le grand Français/ Et fait plus grand le petit Chinois”. Essa concepção nos remete ao participante G2 C que, ao responder o questionário pós-intervenção, afirma: Intercultural traduz-se pelo diálogo cultural entre as identidades de povos distintos. Muito comum principalmente, no atual contexto histórico em que vivemos. Onde a cultura de um povo tem transcendido suas barreiras geográficas e ainda tem se fundido a outras culturas e enfim, já nos incluindo, caminhamos a uma consciência e cultura globalizada e altera (G2 C). Esse „professor em formação inicial‟ percebe que o intercultural parece ser uma dialética entre os diferentes portadores de culturas, que trazem consigo suas “identidades”. Para ele, o intercultural suscita, no „contexto atual‟, transcender os limites geográficos e acolher a diversidade cultural. Dessa forma, G2 C entende que o acolhimento se dá pela tomada de consciência; pois, no mundo da cultura globalizada, o respeito deve existir, visto que estamos „caminhando para uma cultura – do respeito ao outro – altera‟. SARTRE NOAH 1905 – 1980 1983 GODARD AZNAVOUR 1978 2004 2008 1961 2009 BARDOT 1968 2008 QUADRO 3: Personalidades citadas na canção “Touche pas à mon pote”, de Gilberto Gil As figuras desse quadro foram apresentadas na prática de classe como uma forma de sensibilização, considerando-se que muitos dos participantes conheciam essas personalidades apenas pelo nome, como menciona G3 B: /.../a outra imagem nós temos pessoas desconhecidas porque eu só conheço a imagem de Sartre/acredito que são pessoas bem conhecidas/ há um cantor que eu conheço/ uma atriz/ eu penso que eu já vi/ mas eu não sei se é Brigitte Bardot/.../ e o outro eu não sei quem é /.../ (G3 B). Essa estratégia pareceu-nos um procedimento relevante para aproximar os aprendentes uns dos outros e do tema em questão, situando-os a respeito de cada história destacada na canção. Apresentou-se também como uma forma de estimular a quebra de barreiras psicológicas, uma vez que se apresentássemos apenas a figura atual de Brigitte Bardot, por exemplo, os jovens professores, das classes G3 e G4, não teriam uma real noção mais ampla da importância dessa atriz nos idos de 1970. Isso pôde ainda ser visto como uma forma de acolhimento das culturas; logo, as trocas interculturais, conforme já sinalizado por Chianca (2007, p. 43) são “as interações estabelecidas entre os diversos „parceiros‟ embaralhados no processo de ensinoaprendizagem da língua estrangeira que engajam diferentes micro-culturas, unificadas em torno de um consenso de valores”. Ainda verificamos que não exclusivamente a letra de “Não toque no meu prezado”, mas, de modo bastante intenso, os recursos da linguagem multimodal exibidos no videoclipe enfatizaram as peculiaridades culturais, levando o grupo a perceber o quanto é importante haver um respeito mútuo, suscitado por esta proposta de trabalho. Isto é observado nas imagens, a seguir, retiradas do referido videoclipe. QUADRO 4 – Imagens do videoclipe “Touche pas à mon pote” Essa produção musical de Gilberto Gil, nos faz lembrar que ela traz uma temática concernente ao intercultural. Assim, esse conjunto de imagens nos conduz a perceber de modo mais evidente o quanto cada ser humano, mesmo tendo origens distintas, apresenta características genéticas similares. Ainda que sócio-culturalmente, cada um tenha laços de famílias, religiões, costumes e línguas próprios, faz-se necessário sempre retornar a canção e lembrar que a atualidade de sua proposta está centrada no respeito às individualidades. Ressalte-se que o respeito, por exemplo, pode nos colocar em pé de igualdade enquanto seres humanos: “Il fait jolie Brigitte Bardot/ Il fait petit le plus grand Français/ Et fait plus grand le petit Chinois”. Essa percepção nos remete a Abdallah-Pretceille e Porcher (2001), por dois aspectos: o primeiro é que em um dos princípios do intercultural o “Outro é idêntico a mim e diferente de mim” (p. 08) e, o segundo se pauta no sujeito como um indivíduo que traz sua cultura, não importando como ela é definida, pois é o “sujeito quem a vive, a incorpora, a traz consigo e a torna viva” (p. 57). Por essa razão, nessa abordagem, percebermos que as discussões na sala de aula instigaram G1 B, G1 E e G4 A a mencionarem seus pensamentos sobre o aspecto da acolhida. Esses „professores em formação inicial‟ fizeram as seguintes considerações: G1 B: /.../A relação intercultural se dá a partir do momento que acolho os valores culturais diferentes dos meus/ a partir do respeito/ tratando-os com a mesma valia que os meus/.../. G1 E: /..../ é o momento (a abordagem do intercultural) de discutir diversos modos de pensar/ comportamentos inerentes ao ser humano de diversos lugares/ [Grifo nosso]. G4 A: Acho que seria essa necessidade, bem contemporânea, de estar sempre atento para a complexidade de nossas relações sócio-culturais. Afinal, vivemos em um mundo evidentemente globalizado, mas cujas individualidades (raciais, religiosas, culturais, éticas etc.) também devem ser respeitadas. Nesses excertos, verificamos que os „professores em formação inicial‟ percebem outro aspecto do intercultural como sendo acolher o outro que não é igual a mim e que merece ser respeitado. No relato de G4 A, observamos um elemento especial quando ele se refere às individualidades, destacando que tanto os valores culturais e/ou sociais como os raciais, os religiosos e os éticos precisam ser melhor discutidos na atualidade. Esse depoimento indica certa maturidade desse participante no que concerne ao tema em questão, uma vez que seu olhar vai um pouco mais além da visão dos seus colegas. 4.2. As origens e a identidade cultural no âmbito do FLE: outros aspectos do Intercultural Outra temática abordada foi estimulada na aplicação prática da pesquisa com a canção Un homme sans racines; e, uma das primeiras atividades propostas foi sugerir aos participantes que esboçassem seus sentimentos e/ou suas opiniões sobre suas próprias origens, considerando o título “Un homme sans racines” para, em seguida, discutirem as representações (árvores) suscitadas pela proposta da atividade. Ao observar que todos haviam ilustrado o referido título com a representação icônica de árvores, percebemos que os professores em formação levaram em conta o termo “raiz”, presente no título. Então, iniciamos a discussão inquirindo-os a respeito da relação entre aquela imagem, suas origens e as motivações para cursar uma formação em FLE e a referida canção no seu conjunto. Assim, verificamos algumas de suas respostas (depoimentos orais) da seguinte maneira: G1 B: Minha árvore é como eu/ ela não cresceu/ ela é como eu/ela tem três raízes/ as raízes significam a base de minha vida que são Meu Deus/ minha família e meus amigos/ ela não tem frutos/ porque eu como pessoa não sei quais são meus objetivos ainda./ G2 A: Eu desenhei uma árvore e quatro frutos /sorte/ família feliz/ ter filhos e viajar /..../ eu não me sinto sem raízes porque muitas coisas me ligam/ minha família/ meu marido/ eu não sou uma pessoa solitária/ G2 C: A minha árvore tem frutos/família/ paz/ saúde/ dinheiro/trabalho/.../ eu gosto de morar aqui/ eu gosto de minha família/ meus amigos/.../ G2 D: Eu me sinto uma pessoa com raízes porque eu tenho uma família e uma cultura e uma nacionalidade/ objetivos diferentes/ muitas coisas/.../ Nesses excertos, percebemos que G1 B, G2 A, G2 C e G2 D entendem suas origens ancoradas em culturas plurais, tais como: nacionalidade e local de nascimento, família e amigos, religião e crenças, concepção do mundo e preferências e, finalmente, profissão e objetivos. Dessa forma, é possível entendermos que suas concepções a respeito de suas origens ratificam o pensamento de Manaa (2009), bem como o de outros especialistas ao afirmarem que os sujeitos têm suas pertenças, suas referências e suas heranças específicas. Quanto à profissão e aos objetivos, observamos que os participantes entenderam que o processo formativo em FLE suscita “raízes”. Eles mencionaram que essa formação é um processo relevante, pois lhes faz remeter às leituras ligadas às experiências pessoais e pensar na realidade, seu futuro profissional. Os excertos, a seguir nos confirmam tal pensamento. G1 B: /.../ quanto à minha formação, eu não sei se eu serei professor de francês ou de português porque eu não gosto da gramática de português/ o francês eu gosto muito da língua/ mas para ensinar é um pouco difícil/ mas pouco a pouco eu vou pensar sobre minha vida e decidir quais são meus objetivos/ G1 C: /.../ eu não tenho ainda objetivos sobre o meu trabalho./ eu penso que eu não tenho a mesma coisa que minha árvore/sem flores/ G1 E: /.../ hoje eu não sou como minha árvore/ não como professor de francês/ mas como professor de português sim/ G1 F: /.../ quanto à minha formação eu sou uma árvore pequena com raízes bem finas/ Percebemos que segundo esses relatos a formação inicial em FLE é vista por várias concepções. Para alguns, os conhecimentos linguageiros são, evidentemente, mais necessários e para outros, a formação pode dar autonomia para uma melhor absorção dos conhecimentos adquiridos ao longo da formação inicial, visto que formar-se professor de uma língua não é o mesmo que, apenas, aprender essa língua para uso. A ideia de G1 B é definida como aquela que abarca conhecimentos linguageiros: “o francês eu gosto muito da língua”. Para ele, ensinar gramática não corresponde a ensinar língua. Esse posicionamento, talvez, derive de uma experiência vivenciada enquanto aluno de língua portuguesa. Ora, será que o estudo gramatical não significa estudar língua? Digamos que esse professor em formação precisa superar tal posicionamento, uma vez que nos parece que ao ensinar a língua francesa esse sujeito não a aborda a partir do ponto de vista gramatical, algo que funciona como percurso natural para o estudo da língua. O caminho a seguir está no reconhecimento das modalidades linguageiras e, nesse contexto, entram os eixos não estanques da leitura, da escrita, da gramática, dos elementos não verbais, das multimodalidades etc. Isto é confirmado pelo pensamento apresentado nos PCN (2000, p. 26), no que diz respeito aos conhecimentos de Língua Estrangeira Moderna, a saber: As Línguas Estrangeiras na escola regular passaram a pautar-se, quase sempre, apenas no estudo de formas gramaticais, na memorização de regras e na prioridade da língua escrita e, em geral, tudo isso de forma descontextualizada e desvinculada da realidade. Para que haja AI, esse „professor em formação inicial‟ precisa ter consciência de que o ensino da língua estrangeira não pode se distanciar da cultura gramatical. Nesse sentido, percebemos na fala do G1 B outro motivo: a um suposto desmerecimento dos conhecimentos da língua mãe. Com relação ao G1 F, verificamos que ele ratifica estar informado sobre a necessidade de uma formação reflexiva, embora reconheça que ainda se encontra em um estágio inicial: “Quanto à minha formação eu sou uma árvore pequena com raízes bem finas”. Para ele, a „formação inicial‟ se assemelha ao crescimento natural de uma árvore, a ideia de processo, de desenvolvimento. Verificamos também que a concepção demonstrada por esses sujeitos sobre as suas raízes difere daquela mencionada por Gérald De Palmas, em Un homme sans racines. O estudo com esta canção conduziu os participantes a discutirem as identidades do Eu-lírico que se imagina um homem sem origem, talvez um pouco perdido e em conflito entre seu passado e seu presente. Vejamos o trecho da canção. /.../ Je suis un homme sans racines Au moindre vent je m'incline Juste un homme sans racines Je pense à demain et j'imagine J'aimerai trouver un endroit pour me reccueillir Un endroit où puiser ma force /..../ Percebemos nessas estrofes que ser um homem sem raízes é talvez imaginarse como uma pessoa que ainda não se encontrou, que pode estar perdida e que procura um lugar para se ancorar, para ser acolhido, ou seja, ele parece viver o conflito de não ter uma identidade, de inclinar-se ora para o passado, ora vivendo o momento presente, com uma clara expectativa de futuro. Isto parece contradizer, exatamente, a perspectiva defendida por Zarate (1995) e, posteriormente, ratificada por De Carlo (1998) ao discutirem a identidade, pois, para as autoras, cada indivíduo, desde o nascimento, pertence a um grupo, a uma comunidade, a uma família com os quais divide um sobrenome, uma língua e um código de um comportamento. Essa observação é comprovada quando os „professores em formação inicial‟ das classes G1 e G2 afirmam que as origens (raízes) têm relação com o local de nascimento, o momento atual, a profissão, pois, para eles, as raízes trazem estes aspectos que estão na história de cada um, nas representações que trazem do outro e de si, dependendo dos modos de vida e da sua cultura. Vejamos os excertos a seguir. G1 B: Eu penso que para o cantor as raízes são lugares que lhe fazem lembrar onde ele está/.../. G1 C: A relação com o título e o clipe e as imagens é que ele é um viajante/ porque que as imagens mostram vários lugares/.../. G2 A: Um homem sem raízes/ solitário sem se ligar às coisas/ ele não vive o presente/.../. G2 C: Ele é um músico profissional/ ele não mora em seu país/ ele viaja/ mas ele pode pouco a pouco fazer suas raízes/.../. G2 D: Ele não pode ser considerado um homem sem raízes/ porque ele está em um lugar e tem uma família/ vem de uma sociedade com sua cultura/.../. Para esses „professores em formação inicial‟ a profissão do Eu-lírico tem relação com os modos de vida de um cantor e um músico, uma vez que viajar faz parte desse ofício e o fato de estar em vários lugares e de sentir-se, às vezes, solitário não significa ser um sujeito sem raízes. O Eu-lírico assemelha-se a ser um sujeito “nômade” e que necessita de um local para se ancorar, o que confirma o já mencionado por Abdallah-Pretceille e Porcher (2001, p. 4) sobre a escola como uma instituição social que precisa dialogar o “nômade e o sedentário, o viajante e o residente, a mobilidade e ancoragem”. Encontramos, também, na canção “On a changé”, algo relacionado às origens e à identidade cultural. O Eu-lírico parece nos passar a imagem de que os sujeitos vindos dos movimentos diaspóricos não omitem suas raízes e suas identidades, embora o título da canção signifique mudança e apareça na sua letra, explicitamente, o nome da cidade e do país da cultura do outro. Com o intuito de discutirmos sobre a questão das identidades suscitadas na canção On a changé, durante a pesquisa-ação (intervenção) conduzimos os „professores em formação inicial‟ a perceberem que o fato de não aparecer o nome do país de origem, não significa que o Eu-lírico apresenta-se como um sujeito sem origem. Isso é percebido nas estrofes: Toutes ces années tu m'as manqué On a changé On a grandi Trop loin tous les deux On était des voisins, au pays On se tenait la main tous petits Puis soudain un matin, maman m'a dit Non n'aie pas trop de chagrin On part à Paris, on part On part loin d'ici, on part /.../ /.../ L'avion en France atterrit Je sens déjà le froid le ciel est gris J'me suis fait d'nouveaux amis Je pars un peu de là bas p'tit-a -p'tit Je grandis, on oublie, on hérite /.../ Déjà dix ans Y a si longtemps En y pensant On était des enfants Aujourd'hui, j'ai grandi Aujourd'hui, t'as grandi Il est temps de revenir au pays Voir l'homme de mes souvenirs au pays Il m'était destiné, Je vais le retrouver, Il se souviendra peut-être, pas de moi Je l'ai toujours aimé /.../ Constatamos que os versos – “On était des voisins, au pays”/ Il est temps de revenir au pays/ Voir l'homme de mes souvenirs au pays” (éramos vizinhos no país/ é tempo de voltar ao país/ ver o homem de minhas recordações no país) – não indicam o nome do país do Eu-lírico, indicando que a identidade nacional não é a única, como discute Hall (2006, p. 48): “as identidades nacionais não são coisas com as quais nós nascemos, mas são formadas e transformadas no interior da representação”. O país aqui representado não apenas indica uma entidade política e sim, algo que produz sentidos – os vizinhos, o retorno e o homem das lembranças –, ou um sistema de representação cultural (HALL, 2006, p. 49). Verificamos, dessa maneira, que o Eu-lírico é um sujeito que tem suas identidades: “On a changé/On a grandi/ on hérite/ On était des enfants”/../ e, notamos, que se trata de uma pessoa que demonstra mudanças na sua vida e que tem uma família, portanto, é possível extrairmos da canção fragmentos que evidenciam tais identidades: “Déjà dix ans/ Y a si longtemps”/ “Puis soudain un matin, maman m'a dit”, ainda faz novos amigos – “J‟me suis fait des nouveaux amis” – e que pouco a pouco esquece algo do passado: “Je pars un peu de là bas p'tit-a -p'tit”. Essas identidades estão relacionadas àquela que o sujeito traz do nascimento, às adquiridas em interação com os outros e às do sujeito pós-moderno que não tem identidade “fixa, essencial e permanente” (HALL, op. cit., p.12). Percebemos, assim, que o Eu-lírico sente o desejo do retorno à terra de nascimento para rever as pessoas do seu passado: “Il est temps de revenir au pays”. E as recordações se relacionam às pessoas que fazem parte da sua história, alguém que lhe faz remeter à sua cultura, representado na canção, possivelmente, pelo “homem que sempre amou” (Je l'ai toujours aimé). Esse pensamento vem comungar com o que discute Cancian (2003, p. 2) sobre os movimentos diaspóricos, pois “os povos que passam pela diáspora mantêm consigo o desejo do retorno, da volta ao local de nascimento, [...] outros constroem a vida mantendo essa esperança”. Conforme a autora, podemos depreender que o significado de retornar às origens parece permitir resgatar as experiências vividas por cada sujeito de um contexto de sua vida, o que estimula a (re) configuração de identidades. Isto nos remete ao que diz Hall (op. cit., p. 49) sobre a identidade nacional, que as “pessoas não são apenas cidadãos(ãs) legais de uma nação; elas participam da ideia da nação tal como representada em sua cultura nacional”. Em outra atividade realizada na sala de aula que responde a pergunta: “Alguns imigrantes na França, para escaparem da discriminação, ou porque pensam melhor integrar-se, mudam de nome ou não falam de suas origens. Você aprova esta ideia?” (APENDICE F ), percebemos que todos os participantes do G1 aprovam o pensamento do Eu-lírico de On a Changé, uma vez que ele declara a sua identidade. G1 A e G1 G: Não/ porque eles perdem sua identidade/ G1 B: Não/ porque é uma atitude muito grave e podem fazer com que os imigrantes percam e esquecem as culturas/ G1 C: Não/ porque todas as línguas-culturas são importantes/ G1 E: Não/ porque não é bom omitir a língua-cultura de origem/ Esses depoimentos nos mostram que os referidos „professores em formação inicial‟ não pensam da mesma forma como alguns filhos da diáspora que tentam omitir o nome do país de nascimento e possivelmente suas origens ou identidades. Eles percebem que a identidade cultural tem relação com o discutido por Cancian (op. cit., p. 2), que “os povos que abandonam suas casas jamais se desapegam das origens e a mantêm através da tradição a cultura na qual nasceram. Isto se dá pela manutenção da língua, da religião, do modo de pensar e de agir”. Verificamos que os informantes perceberam este aspecto, também na canção, Mon pays. Vejamos suas opiniões. G1 A: /.../ ele não perde jamais sua identidade/ G3 A: Porque eu penso que não se deve perder nossa identidade/ G4 A: Não/ ele fala de uma identidade de um país/ Ele fala de um sentimento que ele construiu quando ele nasceu/ A concepção de identidade está ligada à socialização, considerando-se que cada indivíduo a traz desde o seu nascimento; entretanto, no contexto diaspórico, parece que essa identidade se apresenta em constante transformação, uma vez que novos costumes podem ser assimilados e, portanto, interferem tanto na identidade pessoal, como na coletiva. Diferentemente desta concepção, esses relatos demonstram que é possível perceber a identidade relacionada à da pertença cultural, como sendo a imagem que cada um tem de si mesmo e que compreende sua história pessoal. Essa reflexão sinaliza para o que abordaremos no próximo tópico quando discutiremos as imagens estereotipadas que esses „professores em formação inicial‟ demonstraram ter. 4.3. Imagens estereotipadas da cultura materna e da cultura do outro Os estereótipos representam as imagens que fazemos de pessoas, objetos, lugares, profissões, dentre outros, de forma resumida e pré-concebida. Conforme De Carlo (1998), essas imagens podem ser vistas de modo geral ou específico: no geral, se refere à natureza dos processos mentais e ao seu funcionamento; no específico, diz respeito às imagens negativas atribuídas a alguns grupos sociais “desfavorecidos”. Na prática de classe, ao discutirmos sobre as culturas contidas nos videoclipes das canções, verificamos que os participantes expressaram posicionamentos que confirmam a presença de imagens estereotipadas sobre a cultura local e sobre a cultura do Outro. Isso ocorreu quando apareceram, nesse recurso audiovisual, os cantores, as personagens e as cidades que se apresentaram em diferentes contextos, possibilitando aos participantes expressarem seus posicionamentos sobre outras culturas. Das temáticas que aparecem no quadro a seguir, observamos que reconhecimento das raízes, contexto diaspórico e valorização dos povos (discutiremos mais tarde) são as imagens, por vezes, estereotipadas recorrentes nas canções. TÍTULO AUTOR/ COMPOSITOR/ INTÉRPRETE TEMÁTICA(S) ANO MON PAYS FAUDEL Reconhecimento das raízes 2006 ON A CHANGÉ LES DEESSES Contexto diaspórico, adaptação da cultura estrangeira, outras identidades 2007 UM HOMME SANS RACINES GERALD DE PALMAS Conflito entre o distanciamento e a busca das origens 2004 TOUCHE PAS À MON POTE GILBERTO GIL Valorização dos povos e suas culturas; valorização do outro 1988 QUADRO 5: Temáticas implícitas nas canções As imagens estereotipadas percebidas pelos „professores em formação inicial‟ se caracterizam em diferentes concepções; por isso, foi possível encontrar imagens de pessoas e de comportamentos. Em se tratando da cultura materna, constatamos que os participantes da pesquisa apresentaram também algumas imagens estereotipadas sobre o comportamento do povo brasileiro. Esse aspecto foi percebido em uma atividade realizada na sala de aula, em resposta à questão: “Você gosta de cantar? Você acredita que o brasileiro gosta de cantar? Explique-nos” (APÊNDICE F). Vejamos as reações. G1 A: Porque eles [os brasileiros] são muito contentes/ G1 B: Porque nós somos um povo muito animado/ G1 F: Eu penso que o povo brasileiro gosta de cantar devido a sua origem africana e também à grande dimensão territorial/ G3 A: Eu acho quando a gente canta/ a gente sente uma coisa boa/ a gente não pensa nos problemas/ Percebemos nesses excertos que os participantes trazem imagens estereotipadas sobre sua cultura de modo positivo. Ao que nos parece, eles querem mostrar que “todos” os brasileiros são assim: “contentes e animados” e isso parece concordar com o pensamento de que os estereótipos podem ainda generalizar comunidades culturais a respeito das opiniões, línguas, preferências e tantos outros, visto que o seu objetivo principal é simplificar a realidade (CONSEIL DE L‟EUROPE, 1995). Estas são atitudes possíveis de acontecer entre um ou outro, mas que nem todos os sujeitos têm tal comportamento. O fato de G1 B mencionar – “porque nós somos um povo muito animado” – retoma à ideia discutida por Amorim e Magalhães (1998, p. 97) sobre o estudo com a canção na sala de aula que se caracteriza “com seu poder mágico de despertar lembranças e sentimentos nas pessoas, a música pode acalmar, divertir, transportar, ensinar, distrair e unir pessoas”. Isto é ratificado quando o G3 A menciona que ao cantar esquece as preocupações. Esse participante nos confirma a concepção de que trazer a música para a sala de aula pode ajudar os aprendentes a diminuírem as dificuldades encontradas no ensino-aprendizagem do FLE, como também remeter ao dito popular “quem canta seus males espanta”. Essa prática parece despertar no professor que ensinar, com a canção, conduziu os sujeitos envolvidos a reconhecerem também suas raízes; o que se vê na fala de G1 F: “o povo brasileiro gosta de cantar devido a sua origem africana”. Entendemos que as pessoas cantam para expressarem seus contentamentos e seus descontentamentos. De certa forma, a canção pode aparecer como um instrumento didatizado que conduz o professor a busca de outros caminhos metodológicos que incitem a estudar uma canção percebendo, no seu conteúdo, indícios de críticas, de sátiras, de valores culturais, dentre outros. Encontramos outras imagens trazidas pelos participantes, desta vez, sobre a cultura do outro ao discutirmos as canções Mon pays e On a changé em meio à discussão sobre os povos no contexto diaspórico. Vejamos, a seguir: G1 E: /.../ eu acho que elas são africanas. G1 F: A cor da pele G4 A: Faudel não tem perfil de francês. G4 C: Eu não tenho certeza que elas são francesas. G4 D: Há um estereótipo de mulher africana. Observamos que esses excertos trazem imagens estereotipadas a respeito da cultura do outro. Os declarantes generalizam as cantoras de Les Déesses e Faudel às características físicas e à comunidade cultural. Isso deve ser sempre discutido, uma vez que não se resume a um ponto de vista, considerando-se que a identidade cultural vai além da etnia. Esses participantes demonstram não lembrar que, culturalmente, os atores sociais recebem influências de outros grupos quando se relacionam e que nem sempre expõem o que são na realidade. Isto recai sobre o discutido por Beacco (2000), quando afirma que, devido às imagens que os professores levam para a sala de aula, o estereótipo se instaura fazendo ecoar um pensamento sobre algo que ele mesmo desconhece; é, possivelmente, o desconhecido que leva o professor a repassar essas imagens estereotipadas. Vejamos que a figura 1, na qual tem-se a imagem dos artistas Faudel e Les Déesses, parece reforçar o imaginário sobre quem é Francês ou não. Quando G4 A afirma que o cantor Faudel “não tem perfil de francês” ratifica não apenas o estereótipo de que todo francês é louro dos olhos azuis, quanto demonstra também pouco conhecimento a respeito do povo francês da atualidade, que em boa parte, é oriundo das ex-colônias francesas da África e da Ásia. LES DÉESSES FAUDEL Observemos figura(cantores) 1, na qual tem-se a imagem dos artistas Faudel e FIGURA 1: Imagensque dos aartistas No caso desses cantores, as moças são originárias da África e do Caribe e o rapaz da Argélia. Isto nos remete ao que discute Zarate (1995) sobre o fato de que: “as imagens estereotipadas foram sempre construídas através de algumas experiências que foram por nós interiorizadas”. O fato de os cantores serem de origens africanas (caribenha e magrebina/argelina), sem perder de vista suas identidades, não significa dizer que não falam o francês, pois o colocado no nosso imaginário é que somente os povos originários da França são os falantes desta língua, pois se trata de uma língua elitizada e não da língua de outros povos, principalmente os africanos. Isto pode ser constatado a partir da fala de G4 A: “Oh /as negras/ eu sei que elas falam francês”. Percebemos nesta exclamação que o “falar francês”, “a língua chique” não parece ser um prestígio, visto que é de negro, logo, não é “chique”. Ao afirmar isso, G4 A não levou em consideração que essas moças, em contato com as outras culturas, receberam influências religiosas, sócio-históricas e principalmente linguísticas, razão pelas quais falam a língua francesa. Entretanto as cantoras não aprenderam o idioma francês nem como os estrangeiros em situação exolingue, nem com os franceses da França, mas o trouxeram de suas origens, já que o francês é língua oficial do seu país. O participante em questão não considera o exposto (QUADRO 5: “Temáticas implícitas nas canções”) sobre a temática do contexto diaspórico, uma vez que nestes contextos há o entrecruzamento étnico. No caso do cantor Faudel, o que foi colocado no nosso imaginário é que o africano é sempre um indivíduo de etnia negra ao contrário do europeu. A imagem do cantor nos mostra que ele tem pele clara, o que levou o participante a não considerá-lo como francês. Esse dado nos faz afirmar que esse „professor em formação inicial‟ não ponderou sobre o reconhecimento das culturas conforme o revelado (QUADRO 5). Neste sentido, os estereótipos aparecem como imagens cristalizadas sobre o que somos na realidade, conforme destaca o dicionário de didática das línguas (CUQ, 2003, p. 224): “um estereótipo consiste em uma representação „clichê‟ de uma realidade (indivíduo, paisagem, profissão, objeto, etc.) que a reduz a um traço, a uma „ideia pronta‟”. Observamos ainda que esses „professores em formação inicial‟ trazem outras imagens estereotipadas, quando discutimos as figuras apresentadas nos slides e o videoclipe sobre os cidadãos do mundo da canção “Touche pas à mon pote”. Assim, encontramos outro aspecto relacionado à temática valorização dos povos e suas culturas (QUADRO 5). Trata-se de mostrar que as culturas necessitam ser valorizadas. Vejamos, a seguir, a estrofe. /.../ Il faut pas oublier que la France A déjà eu la chance De s‟imposer sur la terre Par la guerre Les temps passés ont passé Maintenant nous venons ici Chercher les bras d‟une mère Bonne mère /.../ Dessa forma, os participantes se apoiam no trecho da canção que traz uma ideia metafórica do país França, como uma mãe que acolhe seus filhos: “Maintenant nous venons ici/ Chercher les bras d‟une mère/ Bonne mère”/.../. Tais fragmentos incitaram os „professores em formação inicial‟ a declararem que as manifestações mostradas no videoclipe, assim como, os movimentos antirracismo necessitam de uma discussão mais aprofundada. Para tanto, eles citaram a clássica tríade: liberdade, igualdade e fraternidade como elemento necessário para favorecer os estrangeiros que se encontram na França. Destaque-se uma vez que o videoclipe continha imagens da França e do Rio de Janeiro, bem como dos símbolos da revolução francesa. (ANEXO C: “CD: material audiovisual das canções e questionários respondidos”). Vejamos as imagens (imaginadas) declaradas pelos participantes. G3 A: Eu penso que a liberdade/ igualdade e a fraternidade são para os franceses/não para os estrangeiros/.../ é diferente daqui, porque aqui nós gostamos dos estrangeiros/.../. G3 B: A gente não dá a liberdade/ a igualdade e a fraternidade para os cidadãos/ no Brasil /devemos utilizar esta maneira de dizer/ mas devemos / sobretudo/ acolher os diferentes/ não os estrangeiros/ é diferente/ eu penso que /porque no Brasil é diferente /quando se diz estrangeiro/ mas procuramos pessoas que são parecidas conosco mesmo no Brasil que tem uma diversidade/ quando encontramos pessoas que são diferentes/ completamente diferentes de nós/ tratamos essa pessoa com preconceito/.../. Esses excertos nos mostram que os participantes trazem concepções diferenciadas a respeito da valorização dos cidadãos. Para G3 A, os brasileiros gostam dos estrangeiros. Todavia esse pensamento se contrapõe ao que diz G3 B, sobre o “estrangeiro”, pois é a favor da valorização dos cidadãos com suas diferenças e não apenas da valorização dos estrangeiros e o desmerecimento dos concidadãos. Quando G3 A declara que “é diferente daqui, porque nós gostamos dos estrangeiros”, ele parece discordar da atitude dos franceses, mas traz um pensamento generalizado a respeito da sua cultura materna. Para G3 B, o considerado não é o fato de não se gostar do estrangeiro e sim, de valorizar os povos diferentes, embora mencione que quando encontramos alguém com um pensamento muito diferente do nosso tratamos esse sujeito com certo “preconceito”, o que parece contrapor ao discutido por Zarate (1995, p. 23) sobre os efeitos da valorização e da desvalorização: “a descrição da valorização da cultura estrangeira pode certamente contribuir para a valorização da cultura local”. Esse professor percebe que o fato de não haver a valorização do próprio cidadão brasileiro, não significa dizer que o diferente não é o estrangeiro. Isto se refere ao que Steele (1996, p. 55) discute sobre a desconstrução de uma imagem estereotipada; sobretudo, evitando-se a generalização: “um meio eficaz de atacar os estereótipos é sair do nível da generalização para ir ao nível das particularidades reveladoras de uma realidade complexa que não pode se resumir em um julgamento partidário”. Ao concluir as nossas ponderações sobre a abordagem do intercultural, observamos que as discussões feitas sobre as temáticas do acolhimento das culturas; das origens e das identidades e, das imagens estereotipadas nos conduzem a perceber que o estudo da canção em sala de aula pode contemplar o respeito e a inclusão das culturas. Isso reforça também o fato de se ter nesse gênero didatizado um texto com qualidades que lhe são peculiares como a linguagem verbo melódica e/ou lítero-musical, estimulando o aprendente da língua, em formação pedagógica, às trocas interculturais. CONSIDERAÇÕES FINAIS Levando em consideração a nossa questão de pesquisa, bem como os dois primeiros objetivos: identificar como é abordado o intercultural, em sala de aula, na formação inicial de professores de FLE da cidade de Campina Grande e levar os professores em formação inicial a refletir sobre a canção de expressão francesa enquanto canal de cultura para a tomada da consciência intercultural, constatamos que a canção de expressão francesa pode ser um recurso didático-metodológico indispensável em aula de FLE. Enquanto gênero didatizado, ela nos conduziu a verificar que os professores percebem que a AI é uma abordagem metodológica, necessária no âmbito da sala de aula. Isso nos ajudou a identificar que com essas canções pode-se discutir o respeito às diferenças, uma vez que elas instigam o debate, também, sobre as diferenças culturais, o acolhimento das culturas, a noção de que o outro é diferente, as origens e a identidade cultural. Outro elemento importante, nesse âmbito, é o professor em formação enquanto cidadão portador de culturas com suas pertenças, note-se ainda que para o jovem „professor em formação inicial‟ falar de si como sujeito aprendente de uma língua estrangeira e como futuro professor de FLE, trata-se de um modo de expressar suas concepções a respeito de sua formação inicial. A presente pesquisa verificou quão é relevante a abordagem do intercultural na aula de FLE, uma vez que estes estudos podem promover as trocas interculturais e o respeito ao outro, aspectos essenciais do Intercultural no contexto de eventos interativos de construção de conhecimento nas aulas de FLE. Identificamos que a canção de expressão francesa, por apresentar diversos subgêneros com diferentes temáticas (reconhecimento das raízes, contexto diaspórico, adaptação da cultura estrangeira, outras identidades, valorização dos povos e de suas culturas, valorização do outro) confirma-se como um instrumento necessário e propiciador para a tomada da consciência intercultural em aula de FLE. No que se refere às SD desenvolvidas, constatamos que foi possível atender ao terceiro objetivo de nossa pesquisa, a saber: verificar se as atividades propostas, em forma de sequências didáticas, são eficazes para a tomada da consciência intercultural no âmbito do ensino de FLE. Por se tratar de um instrumento didáticopedagógico, a canção pôde permitir que os envolvidos no ensino saíssem um pouco do cotidiano, por vezes, repetitivo da sala de aula, utilizando-se esse procedimento que possibilita ao professor em formação inicial a aquisição de conhecimentos distintos como os de aspectos históricos, geográficos, sociais e culturais peculiares a vários países de expressão francesa. Tomado pela CI, esse „professor em formação inicial‟ percebe que o ensino da língua estrangeira não deve ser trabalhado separadamente da cultura, com essa consciência, esse professor pode levar para a sala de aula uma abordagem que promove a quebra de barreiras e o respeito ao outro, elementos necessários para estudar a língua-cultura estrangeira e a materna. Considerando essas reflexões, a pesquisa buscou, primeiramente, identificar o perfil de um grupo de „professores em formação inicial‟ de FLE sobre a CI e, em seguida, propor atividades em sala de aula com as canções de expressão francesa Mon Pays, On a changé, Un homme sans racines e Touche pas à mon pote. Os resultados da pesquisa nos levaram a constatar a importância de metodologias didático-discursivas que se inserem em uma abordagem do intercultural, visando a tomada daquilo que no decorrer de nossa pesquisa denominamos de Consciência Intercultural (CI), confirmando as falas dos participantes: G1 B: “/.../ o tipo, eu sou diferente de você, mas nem por isso eu sou melhor, e você é melhor que eu/ todos somos importantes/.../”, G4 A: “/.../ o professor deve, pois, não só levar os alunos a compreenderem que a educação é importante, mas tentar fazer com que eles sejam respeitados no cotidiano dos alunos, inclusive por meio de suas próprias atitudes profissionais/.../” e G1 C: “/.../ Cada um forma o todo e o todo é formado por cada um /.../ tem um momento no clipe que mostra várias pessoas diferentes/ com lugares diferentes/ é como se fosse um respeito às diferenças/.../”. Em suma, com essa abordagem, o estudo feito com as quatro canções de expressão francesa permitiu que os participantes expressassem suas concepções a respeito do ensino-aprendizagem de FLE, refletindo sobre a canção como gênero didatizado propiciador das trocas interculturais na aula de FLE. REFERÊNCIAS ABDALLAH-PRETCEILLE, M. ; PORCHER, L. Éducation et communication Interculturelle. Paris : PUF, 2001. AMORIM, V. ; MAGALHÃES, V. Cem aulas sem tédio: sugestões práticas, dinâmicas e a divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Instituto Padre Reus, 5 ed. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. BEACO, J-C. Les dimensions culturelles des enseignements de langue. Paris-França : Hachette, 2000, p. 30-120. BORTONI-RICARDO, S.M. O professor pesquisador: introdução à pesquisa qualitativa.São Paulo-SP: Parábola, 2008, p.57-64. BOSCH, M. Didacticiel d'études interculturelles. 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SITES DAS DISSERTAÇÕES PESQUISADAS: Disponíveis em: http://www.futura-sciences.com/fr/definition/t/vie/d/alterite_4367/. Acesso em: 11/04/10. http://curriculoecultura.blogspot.com/2005/12/educao-interculturalepo_113407648505432277.html Acesso em: 16/06/10. http://ooutrochines.no.sapo.pt/index.htm. Acesso em: 14/09/09. APÊNDICES APÊNDICE A QUESTIONÁRIO PARA PROFESSOR DE FRANCÊS LINGUA ESTRANGEIRA (FLE) Sabemos que você, experiente na área de FLE, conhece muito bem sua sala de aula, acreditamos que pode nos ajudar. 1. PERFIL DO PROFESSOR DE FLE 1.1. Sexo: ( ) masculino ( )feminino 1.2. Faixa etária: ( )+ de 20 ( ) +de 30 ( )+ de 40 1.3. Nacionalidade_____________________ 1.4. Escola que leciona_______________________________________________________ 1. 5. É professor há quanto tempo? _______________ 1.6. Você fez formação inicial em: ( ) língua materna ( ) língua estrangeira ( ) língua materna e estrangeira 1.7. Possui formação complementar? Qual?_______________________________________ 1.8. Você é professor de: ( ) língua francesa ( ) formador de professor ( ) outro (precisar) ___________________________________________________________________ 1.9. Com qual público você trabalha: ( ) criança ( ) adolescente ( ) adulto 1.10. Na sua formação inicial, o ensino estava voltado para a aprendizagem da língua vinculada à cultura? ( ) sim ( ) não . Justifique: ___________________________________ 1.11. Você tem alguma curiosidade particular a respeito da língua que ensina? ( ) sim ( ) não Mencione-a(s) e justifique-a(s):______________________________________________ 2. PERFIL DA APRENDIZAGEM 2.1. Em sua opinião, os alunos encontram dificuldades em aprender a língua estrangeira? ( ) muita ( )pouca ( ) nenhuma. Por que? ____________________________________ 2.2. Se os alunos encontram dificuldades, quais as mais frequentes? ( ) compreensão oral e escrita ( ) produção oral e escrita ( ) conhecimentos culturais De acordo com a dificuldade marcada, justifique: _____________________________________ 2.3. Eles demonstram interesse pelo aprendizado do FLE? ( ) sim ( ) não Por que? ___________________________________________________________________ 2.4- E qual a principal motivação para o estudo da língua francesa?______________________ 3. SOBRE A ABORDAGEM DA CULTURA NO ENSINO 3.1. Que conhecimentos você tem sobre a cultura - “civilização”? ( ) de inclusão ( ) de estereótipo ( ) de etnocentrismo cultural ( ) enaltecimento da língua alvo ( ) exclusão de sua cultura materna. Outros? Cite-os_____ 3.2. Na sua prática pedagógica é comum abordar aspectos culturais da língua alvo? ( ) sim ( ) não. Por que? ___________________________________________________ 3.3. Quando você ensina a cultura francesa faz comparações com sua cultura materna? ( ) sim ( ) não Justifique: __________________________________________________ 3.4. O que é o intercultural no ensino de línguas? Explique-nos _________________________ 4. SOBRE O MÉTODO / MANUAL 4.1. Você utiliza manual didático? ( ) sim ( )não Para a resposta positiva, mencione nome do manual/ano:_____________________________ 4.2. Você acredita que o manual utilizado em sala de aula atende bem a uma proposta de abordagem da competência Intercultural? __________________________________________ 4.3. Cite os aspectos que o manual aborda sobre a cultura. ____________________________ APÊNDICE B QUESTIONÁRIO PARA OS PROFESSORES EM FORMAÇÃO DE FLE. Sua colaboração é relevante para nossa pesquisa. Assim gostaríamos que você respondesse esse questionário. Suas respostas irão contribuir para a nossa pesquisa e, sobretudo, para a formação de futuros professores de francês na cidade de Campina Grande. 1. PERFIL DO ALUNO (PROFESSOR EM FORMAÇÃO INICIAL) 1.1. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino 1.2. Nacionalidade_____________________ 1.3. Idade ou faixa etária: ( ) + de 18 ( ) + de 30 2. . PERFIL DA APRENDIZAGEM 2.1. Você gosta da língua estrangeira que estuda? ( ) sim ( ) não Por que?_______________________________________________________________ 2.2. Por que você acha que estudar francês é importante? _____________________________ 2.3. Você encontra dificuldades em aprender francês? ( ) muita ( ) pouca ( ) nenhuma Por que? ____________________________________________________________________ 2.4. Das dificuldades, quais mais frequentes? ( ) compreensão oral e escrita ( ) produção oral e escrita ( ) conhecimentos culturais De acordo com a dificuldade marcada, justifique _____________________________________ 2.5. Você tem alguma curiosidade particular a respeito da língua que estuda?______________ 3. SOBRE A ABORDAGEM DA CULTURA NO ENSINO 3.1. Que conhecimentos você tem sobre a cultura - “civilização”? ( ) de inclusão ( ) de estereótipo ( ) de etnocentrismo cultural ( ) enaltecimento da língua alvo ( ) exclusão de sua cultura materna Outros? Cite-os______________________________________________________________ 3.2. No curso que você faz é comum abordagem de aspectos culturais da língua alvo? ( ) sim ( ) não. De que maneira?______________________________________________ 3.3. Na sua formação, o ensino está voltado para a aprendizagem da língua vinculada à cultura? ( ) sim ( ) não Justifique: ___________________________________________________________________ 3.4. O que é o intercultural no ensino de línguas? Explique-nos_________________________ 4. SOBRE O MÉTODO / MANUAL 4.1. Você utiliza manual didático? ( ) sim ( ) não Para a resposta positiva, mencione nome do manual/ano:_____________________________ 4.2. Você acredita que o manual utilizado em sala de aula atende bem a uma proposta de abordagem da competência Intercultural? _________________________________________ 4.3. Cite os aspectos que o manual aborda sobre a cultura. ____________________________ APÊNDICE C SEQUÊNCIA DIDÁTICA - GRUPO PILOTO (GP) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DATA: 20/11/09 DISCIPLINA: Língua Francesa IV PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho Sequência didática: o gênero canção em sala de aula de FLE. Público alvo: alunos de francês - nível A2 (200 horas) -Duração da sequência: 120 minutos OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre relações interculturais: França e Brasil, por meio de uma canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Estimular os alunos a falarem da expressão Mon Pays a partir do levantamento de hipóteses. 1o Momento: conversar como os alunos sobre a sua cultura local, a brasileira e a estrangeira. 2o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de descontração na sala com a exibição de um clipe. 1o Momento: Assistir ao clipe Mon Pays com os alunos. →Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe → Observar as reações demonstradas pelos alunos com relação às imagens vistas. 3o MÓDULO: Contribuir para a construção da compreensão oral dos alunos com relação à música escutada. 1o momento: Escutar a música com os alunos → anotar no quadro as palavras compreendidas pelos alunos → verificar como os alunos percebem o subgênero musical raï 4o MÓDULO: Discutir com os alunos sobre as relações interculturais existentes na letra da canção Mon Pays e a cultura brasileira. 1o Momento: Levar o aluno a fazer a leitura para discussão posterior. Letra da canção Mon Pays → Apresentar a canção aos alunos → Instigar os alunos a procurarem no texto pistas que os conduzam ao país retratado pelo cantor, origens, amigos, cultura, amores, sonhos, viagens, recordações, etc. → Trabalhar a música destacando os aspectos sobre representação, identidade, estereótipos e exercício de alteridade, comparando-os com as imagens do clipe. → Discutir as questões culturais entre a França e o Brasil. 5o MÓDULO: Propor aos alunos a produção escrita de uma carta de motivação Candidatura a professor estagiário de FLE em uma escola de língua. BIBLIOGRAFIA: http://www.francparler.org/fiches/lettremotivation.htm- acesso em 23/11/09 http://faudel.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso em 17/09/09 http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – vídeo da música http://www.edubourse.com/guide/guide.php?fiche=lettre-de-motivation - acesso em 23/11/09 http://en.wikipedia.org/wiki/Faudel- acesso em 03/05/10. http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/faudel-2137.php- acesso em 02/05/10. http://voyageforum.com/voyage/photos_tlemcen_en_algerie_D2410687/ - acesso em 02/05/10 http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie - acesso em 02/05/10. AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Língua Francesa IV ( Grupo Piloto - GP) NOM:_____________________________________________date: __/_____/____ 1. Expression orale Questions à répondre oralement a) Qu‟est-ce que veut dire le nom Mon pays ? b) Qu‟est-ce que vous pensez de votre pays par rapport, les paysages, les evénéments, les villes, les gens? c) Vous venez d‟où ? d)Vous connaissez d‟autres villes? D‟autres pays ? e) Quelles sont vos impressions sur ces villes/ pays ? f) Par rapport votre ville et celles que vous avez visitées quels sentiments se sont passés dans votre tête ? pourquoi ? 2. Compréhension culturelle a) Par rapport les images vues, est-ce qu‟il y a des détails qui vous rappellent votre pays où votre ville ? b) Et les gens présentés, sont-elles habillées comme dans votre culture ? pourquoi ? c) Qu‟est-ce que vous pensez du sport pratiqué dans les images vues? Vous pratiquez des sports ? Justifiez 3. Compréhension orale a) Quels mots vous avez entendu ? notez-les. b) Vous connaissez ce genre musical ? ( )oui ( )non c) Et ses origines ? d) Vous l‟aimez ? ( ) oui ( ) non 4.Compréhension écrite Après la lecture silencieuse répondez aux questions. a) Par rapport les images présentées, est-ce qu‟elles sont montrées dans la parole de la chanson? Justifiez votre réponse b) Quelles sont les éléments qui représent les pays ? Citez-les c) Les pays cités ont-ils les noms ? Justifiez votre réponse. d) Le chanteur montre ses sentiments para rapport les deux pays, montrez-les avec les extraits du texte. e) Les paysages des pays sont différents, mais pourquoi le chanteur veut les montrer ? 5.Expression écrite a)Ecrivez une lettre de motivation, candidature au poste de professeur de FLE dans une école de langue. Apêndice D SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 1ª intervenção – (G1 e G2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINAS: Língua Francesa I e III PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho DATAS: 04/05/10 e 06/05/10 Sequência didática: O gênero canção em sala de aula de FLE. Público alvo: alunos de francês - nível A1 (50 horas – nível elementar) Duração da sequência: 120 minutos Nota: A mesma SD foi elaborada para os grupos de FI e FIII. Isso se deve ao fato de que durante as observações, identificamos que os dois grupos apresentavam o mesmo nível de conhecimento de língua francesa. OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre relações interculturais: França e Brasil, por meio de uma canção de expressão francesa. 10 MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de descontração na sala com a exibição de um clipe. 1o Momento: Assistir ao clipe Mon Pays com os alunos. →Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe → Observar as reações demonstradas pelos alunos com relação às imagens vistas 2o momento: Apresentar aos alunos as cidades mencionadas na canção Slides de Tlemcen(Argélia) e Mantes-La-Jolie(França). → Mostrar que as cidades apresentadas são de culturas diferentes. 2o MÓDULO: Contribuir com os alunos para a compreensão oral com relação à música escutada. → anotar no quadro as palavras entendidas pelos alunos e retirar as dúvidas com relação às pronúncias duvidosas. 3o MÓDULO: Discutir com os alunos sobre as relações interculturais existentes na letra da canção Mon Pays e a cultura brasileira. 1o Momento: Levar o aluno a fazer a leitura para discussão posterior. Letra da canção Mon Pays → Apresentar a canção aos alunos → Instigar os alunos a procurarem no texto pistas que os conduzam ao país retratado pelo cantor, origens, cultura, sonhos, amores, viagens, recordações, etc. → Trabalhar a música destacando os aspectos sobre representação, identidade, estereótipos e exercício de alteridade, comparando-os com as imagens do clipe. → Discutir as questões culturais entre a França e o Brasil. 4o MÓDULO: Propor aos alunos a escritura de um pequeno texto a um amigo sobre suas recordações de uma estação do ano. BIBLIOGRAFIA: http://www.francparler.org/fiches/lettremotivation.htm- acesso em 23/11/09 http://faudel.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso em 17/09/09 http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – vídeo da música http://www.edubourse.com/guide/guide.php?fiche=lettre-de-motivation - acesso em 23/11/09 http://en.wikipedia.org/wiki/Faudel- acesso em 03/05/10. http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/faudel-2137.php02/05/10. acesso em http://voyageforum.com/voyage/photos_tlemcen_en_algerie_D2410687/ - acesso em 02/05/10 http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie - acesso em 02/05/10. AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA – 1a intervenção UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINAS: Língua Francesa I e III (G1 e G2) NOM:_____________________________________________ date: __/_____/____ I-Expression culturelle a) Après les images du clip qu‟est-ce qu‟il vous a attiré l‟attention ? Pourquoi ? b) Avec les images des villes Tlemcen et Mantes-la-jolie, vous vous rappelez quelques chose ? c) Vous connaissez ces villes? Vous savez où elles sont situées ? d) Vous connaissez ce chanteur ? Pourquoi il est à côté du président Nicolas Sarkozi ? e) Par rapport le titre de la chanson Mon pays, qu‟est qu‟il vient dans votre tête ? f) Il y a d‟autres pays qui parlent français, vous le connaissez ? g) Le chanteur parle de la culture de ses parents. Pourquoi ? h) Vous connaissez d‟autres villes au Brésil ?Lesquelles ? vous les aimez ? II-Compréhension oral a) Vous connaissez le genre musical ? b) Vous l‟aimez ? Pourquoi ? c) Qu‟est-ce qu‟il représente pour vous ? d) Est-ce que vous avez compris quelques mots ? Lesquels ? III-Compréhension écrite e) Lisez la chanson Mon Pays. Elle nous raconte une histoire au moment actuelle ou au passé ? Relevez une expression qui justifie votre choix f) Les saisons de l‟année sont bien présentées dans la chanson. Citez-les. g) Relevez du texte toutes les expressions qui indiquent le langage parlé. IV-Expression écrite a) La chanson parle de l‟été et de l‟hiver. Profitez le moment et écrivez un message à un(e) ami(e), en parlant de vos souvenir(s) de l‟été ou de l‟hiver en 40 mots. APÊNDICE E SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 1ª intervenção – (G4) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DATA: 04/05/10 DISCIPLINA: Literatura Francesa II PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho Sequência diática: O gênero canção em sala de aula de FLE. Público alvo: alunos de francês - nível B1( ± 400 horas – nível independente) -Duração da sequência: 120 minutos OBJETIVO GERAL: Promover/estimular uma discussão sobre as relações interculturais entre a França e Brasil por meio de uma canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Oferecer aos alunos um instante de lazer na sala com a exibição de um clipe. 1o Momento: Assistir ao clipe Mon Pays com os alunos. →Relacionar letra áudio/música e letra para discutir o contexto relacionando-o aos conhecimentos oferecidos nos momentos 1 e 2. 2o momento: Apresentar aos alunos as cidades mencionadas na canção Slides de Tlemcen(Argélia) e Mantes-La-Jolie(França). → Mostrar que as cidades apresentadas têm características arquitetônicas paisagísticas diferentes. → Discutir com os alunos quais aspectos que caracterizam uma cidade e outra. 2o MÓDULO: Discutir com os alunos sobre as relações interculturais existentes na letra da canção Mon Pays e a cultura brasileira. 1o Momento: Abordar competências linguísticas da leitura-compreensão da letra da canção Mon Pays. → Trabalhar a música destacando os aspectos sobre representação, identidade, estereótipos e exercício de alteridade, comparando-os com as imagens do clipe. → Discutir as questões culturais entre a França e o Brasil. 3o MÓDULO: Propor aos alunos a escritura de um texto falando sobre os benefícios da diversidade cultural entre a cultura materna e a estrangeira. BIBLIOGRAFIA: http://www.francparler.org/fiches/lettremotivation.htm- acesso em 23/11/09 http://faudel.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso em 17/09/09 http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – vídeo da música - acesso em 23/11/09 http://www.edubourse.com/guide/guide.php?fiche=lettre-de-motivation - acesso em 23/11/09 http://en.wikipedia.org/wiki/Faudel- acesso em 03/05/10 http://www.monsieur-biographie.com/celebrite/biographie/faudel-2137.php- acesso em 02/05/10 http://voyageforum.com/voyage/photos_tlemcen_en_algerie_D2410687/ - acesso em 02/05/10 http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie - acesso em 02/05/10 AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 1a intervenção UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Literatura Francesa II (G4) NOM:_____________________________________________date: __/_____/____ Expression culturelle a)D‟après ce que vous avez vu sur les villes Tlemcen et Mantes-la-jolie et le clip, quelles sont les différences culturelles ? b) Le chanteur, vous le connaissez ? c) Qu‟est-ce que vous savez de l‟Algérie ? d) Pourquoi la chanson nous montre la diversité des gens ? e) Vous connaissez d‟autres villes qui parlent français ? Compréhension oral a) Quelques expressions ou phrases chantées avez-vous compris? Notez-les. b) Vous connaissez le genre musical présenté dans le clip ? Savez-vous son origine ? c) Vous l‟aimez ? Pourquoi ? Compréhension écrite a) Quels sont les expressions qu‟on peut comparer avec les images du clip. b) Pourquoi le chanteur parle de deux rivières ? c) Le chanteur. Pourquoi parle-t-il de sa culture? d) Est-ce qu‟il y a une identité ou une tolérance ? e) Que pensez-vous de la parole de cette chanson ? Expresssion écrite a)D‟après ce que nous avons discuter dans la salle, écrivez un message à un collègue de la salle en parlant sur les benéfices de la diversité culturelle entre le Brésil et la France, en 70 mots. APÊNDICE F SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2a intervenção – (G1 e G2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho DISCIPLINA: Língua Francesa I e III DATAS: 18/05/10 e 25/05/10 Público-alvo: alunos de francês - nível A1 (50 horas – nível elementar) Duração da sequência: 120 minutos para cada encontro Nota: A mesma SD foi elaborada para os grupos de FI e FIII. Isso se deve ao fato de que durante as observações, identificamos que os dois grupos apresentavam o mesmo nível de conhecimento de língua francesa. SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O gênero canção em sala de aula de FLE OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre relações interculturais: França x Brasil, por meio de uma canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de discussão sobre as palavraschave contidas na canção On a changé, a partir de levantamento de hipóteses. 1o Momento: Trabalhar com os alunos as palavras-chave sorteadas por cada um na sala. Palavras-chave: matin, loin, amis, enfants, maman, avion, souvenirs. → anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos. → observar se os alunos conseguem estabelecer uma relação das palavraschave com a cultura materna e a estrangeira. 20 MÓDULO: Contribuir para favorecer/estimular a compreensão oral dos alunos a partir da música ouvida. 10 Momento: Escutar a música com os alunos → verificar como os alunos conseguem fazer a apreensão dos sentidos na letra da canção e o subgênero musical. → anotar no quadro as palavras percebidas pelos alunos. 30 MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de descontração na sala com a exibição de um clipe.(cultura) 10 Momento: assistir ao clipe com os alunos Clipe On a changé. →Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe → Observar as reações demonstradas pelos alunos com relação às imagens vistas. 40 MÓDULO: Discutir com os alunos o tema abordado na canção. 10 Momento: Levar os alunos a percepção do tema abordado na canção. Letra da canção On a changé → Apresentar a canção aos alunos → Instigar os alunos a buscarem no texto pistas que os conduzam à confirmação de suas hipóteses. 50 MÓDULO: Dedicar um momento para a apresentação, discussão e produção dos textos desenvolvidos pelos alunos em sala de aula. BIBLIOGRAFIA: http://en.wikipedia.org/wiki/Les_D%C3%A9esses- acesso em 16/05/10 http://musikafrancesa.blogspot.com/2009/01/les-desses-saveurs-exotiques-2007.html23/11/09 http://letras.terra.com.br/les-deesses/1069970/- acesso em 23/11/09 http://www.youtube.com/watch?v=aXRQfBRrQnw – acesso em 22/04/10 AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre- RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2a intervenção UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Língua Francesa I e III - (G1 e G2) NOM:_____________________________________ date: ___/_____/____ I- Compréhension Oral a) Repérages 1. La musique que l‟on entend est : ( ) du raï ( ) du pop rock ( ) du zouk 2. On entend les voix de : ( ) des enfants ( ) des jeunes filles ( ) des jeunes hommes b) Compréhension global 1. Combien de fois entend-on « changer » ( )4 ( ) 10 ( )8 2. Dans quel ordre apparaissent les mots pour la première fois ? a) toutes ces années - b) on a changé – c) tu m‟as manqué – d) trop loin - e) on a grandi 1............. – 2...........- 3..............- 4...............- 5........... 3. Barrez les noms que vous entendez. Brésil- Paris - Canadá- France- Belgique II- Compréhension Écrite 1. Lisez la chanson On a changé. D‟après vous, y a-t-il un amour ? Qui est-ce ? Relevez une phrase qui justifie votre choix. 2. Elle est certaine de rencontrer l‟homme de ses souvenirs. Comment ? Montreznous. 3. Relevez, dans le texte, toutes les expressions qui indiquent le langage parlé. 4. Marquez dans le texte les expressions qui indiquent le temps passé. III- Culture 1. Maintenant elle est à une autre ville. Où est-elle ? 2. Certains immigrés en France, pour échapper à la discrimination ou parce qu‟ils pensent ainsi mieux s‟intégrer, changent de nom ou ne parlent par de leurs origines. Approuvez-vous cette idée ? 3. Vous aimez chanter ? Vous croyez que le brésilien aime chanter ? Expliquez-nous pourquoi. 4. Vous connaissez le genre musical présenté dans cette chanson ? Vous l‟aimez ? Pourquoi ? IV- Expression écrite La chanson parle de souvenirs de la fille. Vous écrivez les souvenirs du garçon en 60 mots. Choisissez le genre littéraire pour cette activité. APÊNDICE G SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2a intervenção – (G3) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Língua Francesa V PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho DATA: 18/05/10 SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O gênero canção em sala de aula de FLE Público alvo: aluno de francês - nível A2 (± 250 horas – nível elementar) Duração da sequência: 120 minutos OBJETIVO GERAL: Conduzir o aluno a uma discussão sobre relações interculturais entre França e Brasil, por meio da canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Proporcionar ao aluno um momento de discussão sobre as palavraschave contidas na canção On a changé, a partir de levantamento de hipóteses. 1o Momento: Trabalhar com o aluno as palavras-chave sorteadas por cada um na sala. Palavras-chave: manquer, grandir, amis, maman. → anotar no quadro as hipóteses levantadas pelo aluno. → observar se o aluno consegue estabelecer uma relação das palavras-chave com a cultura materna e a estrangeira. 20 MÓDULO: Contribuir para a construção da compreensão oral do aluno com relação à música escutada. 10 Momento: Escutar a música com o aluno → verificar como o aluno consegue compreender as palavras contidas na letra da canção e o subgênero musical. → anotar no quadro as palavras percebidas pelo aluno. 30 MÓDULO: Proporcionar ao aluno um momento de descontração na sala com a exibição de um clipe. 1o Momento: assistir ao clipe On a changé com o aluno. →Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe. → Observar as reações demonstradas pelo aluno com relação às imagens vistas. 4o MÓDULO: Discutir com o aluno o tema abordado na canção. 1o Momento: Levar o aluno a percepção do tema abordado na canção. Letra da canção On a changé → Apresentar a canção aos alunos → Instigar o aluno a buscar no texto pistas que o conduzam à confirmação de suas hipóteses. 5o MÓDULO: Dedicar um momento para a apresentação, discussão e produção dos textos desenvolvidos pelo aluno em sala de aula. 1o momento: apresentação das atividades elaboradas para verificar a compreensão do aluno. Compreensão escrita e cultura → rever com o aluno as possíveis dificuldades por ele apresentada. 2o momento: apresentação do texto produzido pelo aluno e pesquisadora. → Fazer o aluno ler seu texto. BIBLIOGRAFIA: http://en.wikipedia.org/wiki/Les_D%C3%A9esses- acesso em 16/05/10 http://musikafrancesa.blogspot.com/2009/01/les-desses-saveurs-exotiques-2007.html- 23/11/09 http://letras.terra.com.br/les-deesses/1069970/- acesso em 23/11/09 http://www.youtube.com/watch?v=aXRQfBRrQnw – acesso em 22/04/10 AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109. BARAONA, G. Littérature en dialogues. France: Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Língua Francesa V (G3) NOM:________________________________________ date:___/_____/___ V- Compréhension Oral c) Repérages 3. La musique que l‟on entend est : ( ) du raï ( ) du pop rock ( ) du zouk 4. On entend les voix de : ( ) des enfants ( ) des jeunes filles ( ) des jeunes hommes d) Compréhension global 3. Combien de fois entend-on « changer » ( ) 04 ( ) 10 ( ) 08 4. Dans quel ordre apparaissent les mots pour la première fois. b) toutes ces années - b) on a changé – c) tu m‟as manqué – d) trop loin tous les deux - e) on a grandi 1............. – 2...........- 3..............- 4...............- 5........... 3. Barrez le nom du pays que vous entendez. Brésil- Paris- Antilles- France- Belgique 4.Complétez cette partie de la 3 e strophe de la chanson avec les mots cidessous. /... / Déjà ................................................. Y a si ............................................... En y ................................................. On etait des ...................................... Aujourd'hui, ....................................... ( enfants -dix ans- longtemps- pensant- j'ai grandi) VI- Compréhension Écrite 5. Lisez la chanson On a changé. D‟après vous, y a-t-il un amour ? Qui estce ? Relevez une phrase qui justifie votre choix. 6. Elle est certaine de rencontrer une personne de ses souvenirs. Comment ? Montrez-nous. 7. La mère que représente-t-elle dans la chanson ? Et dans votre culture ? 8. Relevez, dans le texte, toutes les expressions qui indiquent le langage parlé. 9. Marquez dans le texte les expressions qui indiquent le temps passé. Et quels sont ces temps ? VII- Culture 5. Maintenant elle est à une autre ville. Où est-elle ? Expliquez-nous. 6. Certains immigrés en France, pour échapper à la discrimination ou parce qu‟ils pensent ainsi mieux s‟intégrer, changent de nom ou ne parlent par de leurs origines. Approuvez-vous cette idée ? 7. Avez-vous vécu des événements où il vous a fallu changer d‟identité ? 8. Vous aimez chanter ? Vous croyez que le brésilien aime chanter ? Expliquez-nous pourquoi. 9. Vous connaissez le genre musical présenté dans cette chanson ? Vous l‟aimez ? Pourquoi ? VIII- Expression écrite La chanson parle de souvenirs de la fille. Vous écrivez vos souvenirs en 100 mots. Choisissez le genre littéraire pour cette activité. Apêndice H SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2a intervenção - (G4) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DATAS: 05/05/10 e 17/05/10 DISCIPLINA: LITERATURA FRANCESA II PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho SEQUÊNCIA DIDÁTICA: O gênero canção em sala de aula de FLE Público alvo: alunos de francês - nível B1- (± 450 horas – nível independente) Duração da sequência: 120 minutos para cada encontro OBJETIVO GERAL: Levar o aluno a uma discussão sobre relações interculturais: França e Brasil, considerando a letra/poesia de uma canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Oferecer aos alunos um momento de discussão sobre as palavraschave contidas na canção On a changé, a partir de levantamento de hipóteses. 1o Momento: Trabalhar com os alunos as palavras-chave quatro palavras sorteadas na sala. Palavras-chave: changer, manquer, partir, grandir. → anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos. → observar como os conseguem estabelecer uma relação das palavras-chave com a cultura materna e a estrangeira. 20 MÓDULO: Contribuir para o desenvolvimento da compreensão oral e da percepção de outros gêneros musicais. 10 Momento: Escutar a música com os alunos. → averiguar se os alunos conseguem compreender as palavras contidas na letra da canção e o subgênero zouk. → anotar no quadro as palavras percebidas pelos alunos. 30 MÓDULO: Oferecer aos alunos um momento de descontração com a exibição de um clipe na sala de aula. 10 Momento: assistir ao clipe On a changé com os alunos →Verificar como se dão as diferenças culturais contidas no clipe. → Observar as reações demonstradas pelos alunos com relação às imagens vistas. 40 MÓDULO: Discutir com os alunos o tema abordado na canção. 10 Momento: Levar os alunos a percepção do tema abordado na canção. Letra da canção On a changé → Apresentar a canção aos alunos → Instigar os alunos a buscarem no texto pistas que os conduzam à confirmação de suas hipóteses. 50 MÓDULO: Dedicar um momento para a apresentação, discussão e produção dos textos desenvolvidos pelos alunos em sala de aula. BIBLIOGRAFIA: http://en.wikipedia.org/wiki/Les_D%C3%A9esses- acesso em 16/05/10 http://musikafrancesa.blogspot.com/2009/01/les-desses-saveurs-exotiques-2007.html- 23/11/09 http://letras.terra.com.br/les-deesses/1069970/- acesso em 23/11/09 http://www.youtube.com/watch?v=aXRQfBRrQnw – acesso em 22/04/10 AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109. BARAONA, G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J. (org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA- 2a intervenção UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Literatura Francesa II NOM:_____________________________________________date: __/_____/____ 1- Après la lecture du texte répondez aux questions suivantes. I- Compréhension écrite a) - Des questions concernantes à la chanson. Comment la fille a réagi lorsqu‟elle a su la nouvelle de partir à un autre pays ? Qu‟est-ce qu‟elle trouve de la nouvelle ville ? Montrez-nous Elle a un grand désir. Dites-le. Quels sont les sentiments de la fille par rapport à la nouvelle vie ? La mère que représente-t-elle dans la chanson ? Et dans votre culture ? Pourquoi pour la fille utilise la chanson pour parler des amours, des souvenirs, des pays, des chagrins, etc. ? 7. Pour vous, cette chanson montre quelques états poétiques ? justifiez votre réponse. 8. Elle est certaine de rencontrer l‟homme de ses souvenirs. Comment ? Montreznous. 9. La ville de la fille n‟est pas décrite dans la chanson. Décrivez-la. 1. 2. 3. 4. 5. 6. IICulture b) - Des questions concernantes à la culture. 10. Il n‟y a pas le nom du pays de la fille. Est-ce qu‟il est important le savoir ? Pourquoi ? 11. Maintenant elle est à une autre ville. Où est-elle ? Expliquez-nous. 12. Certains immigrés en France, pour échapper à la discrimination ou parce qu‟ils pensent ainsi mieux s‟intégrer, changent de nom ou ne parlent par de leurs origines. Approuvez-vous cette idée ? 13. Avez-vous vécu des événements où il vous a fallu changer d‟identité ? 14. Est-ce que vous avez déjà essayé de changer de ville ou de pays ? Pour quelles raisons ? 15. Si vous étiez à l‟étranger, aimeriez-vous retrouver tous les jours de gens de votre pays et de votre culture, parlant votre langue ? Oui ( ) Non ( ) Justifiez votre choix. 16. Vous aimez chanter ? Expliquez-nous. 17. Vous connaissez le genre musical présenté dans cette chanson ? Vous l‟aimez ? Pourquoi ? 18. Quels sentiments avez-vous en écoutant cette chanson ? Dites-nous les raisons. IIIExpression écrite c) - Production textuelle 19. Vous êtes le poète, profitez vos connaissances littéraires pour écrire un texte qui parle sur vos amours, vos préférences, vos chagrins, votre culture ou sinon sur d‟autres sentiments comme ceux-ci de la chanson. Vous êtes libre pour utilisez les expressions de la chanson. APÊNDICE I QUESTIONÁRIO PÓS-ABORDAGEM Sua colaboração é relevante para nossa pesquisa. Assim gostaríamos que você respondesse o esse 2 questionário. Suas respostas irão contribuir para a nossa pesquisa e, sobretudo, para a formação de futuros professores de francês na cidade de Campina Grande. 1-PERFIL DA APRENDIZAGEM 1.1. Você gostou da abordagem feita com a canção na sala de aula? ( ) sim ( ) não Justifique____________________________________________________________________ 1.2. Você acha que as atividades feitas com a canção em sala de aula ajudam na sua aprendizagem em FLE? ( ) sim ( ) não 1.3. Qual das habilidades você encontrou mais dificuldade para desenvolver? ( )expressão oral ( ( ) compreensão escrita ) compreensão oral ( ( ) compreensão cultural ) expressão escrita Explique_____________________________________________________________________ 1.4. E qual das atividades você achou relevante para compreender a canção? ( ) levantamento de hipóteses ( ) escuta da canção ( ) apresentação do videoclipe ( ) perguntas relacionadas à canção e cultura ( ) produção textual 1.5. O que você melhor percebeu após trabalhar essa canção de expressão na sala de aula? ( ) de estereótipos de alteridade ( ) representações ( ) enaltecimento da cultura materna ( )exercício 1.6. Após o enfoque da canção, você pode explicar em algumas palavras o que significa intercultural. ______________________________________________________________ APÊNDICE J SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 3ª intervenção – (G1 e G2) UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DATA: 16/11/10 DISCIPLINA: LÍNGUA FRANCESA II E LÍNGUA FRANCESA IV PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho Público alvo: Alunos de francês – nível A2 (± 150 horas – nível elementar) Duração da sequência: 120 minutos OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre as relações interculturais: cultura estrangeira e a cultura local, por meio de uma canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de discussão com imagens-chave sobre a música Un homme sans racines a partir de levantamento de hipóteses. 1 o Momento: trabalhar com os alunos a imagem iconográfica do desenho feito por cada um comparando-o ao título da música. Desenho de uma árvore Título: Un homme sans racines Anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos Observar se os alunos conseguem estabelecer uma relação do seu desenho e ao título da música 2o MÓDULO: Contribuir para estimular a compreensão oral dos alunos a partir da música escutada. 1o Momento: Conduzir os alunos à organização da música a partir de palavras-chave contidas na letra 2o Momento: escutar a música com os alunos Verificar como os alunos conseguem fazer a apreensão do que organizaram com os sentidos na letra da música. 3o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de descontração na sala de aula com a exibição de um clipe 1 o Momento: Debater com os alunos as trocas interculturais existentes no clipe Clipe Un homme sans racines Verificar como a cultura mostrada no clipe tem relação com o título da música. Observar as reações demonstradas pelos alunos com relação às imagens vistas. 4o MÓDULO: Discutir com os alunos a temática da música 1o Momento: Conduzir os alunos a percepção da temática da música. Letra da música Un homme sans racines Apresentar a letra da música aos alunos Estimular os alunos a procurar no texto pistas que os conduzam à confirmação de suas hipóteses. 5o MÓDULO: Destinar um tempo para produção, apresentação e discussão dos textos desenvolvidos pelos alunos em sala de aula. BIBLIOGRAFIA: http://fr.wikipedia.org/wiki/G%C3%A9rald_de_Palmas – acesso 11/10/10 http://www.youtube.com/watch?v=zDTXwUmxAHY&feature=fvw- acesso 20/11/09 http://www.answers.com/topic/un-homme-sans-racines-1#Release_history – acesso 20/11/09 http://www.parolesmania.com/paroles_gerald_de_palmas_4411/paroles_un_homme_sans _racines_163263.html - acesso 20/11/09 AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Porto Alegre-RS: Ed. Instituto Padre Reus. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France: Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J.(org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA – 3a intervenção UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA : Língua Francesa II e Língua Francesa IV (G1 e G2) NOM:_______________________________________date:___/___/___ ACTIVITÉS II-Compréhension orale 1- Ecoutez la chanson et remplissez les espaces vides avec les mots-clés cidessous. Plus je prends ________________plus ___________________________ Là où ____________________________ Peu à peu mon coeur a enfui ce qui fait _______________________ Difficile de vivre ________________sans _______________sans _____________ Alors j'avance d'un pas ___________________ Je suis un homme __________________________ Au _______________ vent je m'incline Juste un homme sans racines Je pense à __________________ et j'imagine Mots-clé : mal assuré (1); je suis né(2); de l'âge (3); j'oublie(4); mon passé(5); après(6); avant(7); le présent(8); demain(9); moindre(10); sans racines (11). III-Rapports interculturels 1- D‟après ce que vous avez vu sur le clip il y a une relation avec le titre de la chanson et les images montrées ? Pourquoi ? 2- Est-ce que le genre musical écouté est connu ? Et la voix du chanteur ? 3- Vous vous sentez une personne sans racines ? Pourquoi ? Expliquez-nos IV-Compréhension écrite 1-Répondez aux questions suivantes. 1. Pourquoi cet homme a besoin de vivre son passé ? Justifiez votre réponse. 2. Ce personnage de la chanson se compare à une petite plante au « moindre vent il s‟incline ». Pourquoi cette métaphore? 3. L‟homme de la chanson a un besoin. Montrez-le. 4. Il est possible de trouver quelqu‟un sans racines ? Qu‟est-ce qu‟il veut dire avec cette idée: « homme sans racines » ? 5. «Il est difficile de vivre le présent sans avant et sans après». Quelle est l‟importance de ce sentiment pour l‟homme de la chanson ? 6. Quelles sont les images que vous avez de cette chanson ? V-Expression écrite 1- D‟après ce que nous avons discuté dans la classe écrivez un texte sur vos impressions par rapport à une personne qui se trouve sans racines ( 200 mots environ). APÊNDICE K SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 3ª intervenção – G3 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Língua Francesa VI PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho DATA: 12/11/10 Sequência didática: O gênero canção em sala de aula de FLE Público alvo: Alunos de francês – nível A2+ (± 300 horas – nível elementar) Duração da sequência: 120 minutos OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre as relações interculturais: cultura estrangeira e a cultura local, por meio de uma canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de discussão das figuras-chave da canção Touche pas à mon pote a partir de levantamento de hipóteses. 1 o Momento: trabalhar com os alunos as figuras-chave sorteadas por cada um da sala. Figuras-chave: Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Jean-Luc Goddard, Charles Aznavour, Brigitte Bardot e imagens de pessoas de culturas diversas. Anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos. Observar se os alunos conseguem estabelecer uma relação entre as figuras-chave, a cultura local e a estrangeira. 2o MÓDULO: Contribuir para estimular a competência da compreensão oral dos alunos a partir da música escutada. 1o Momento: Conduzir os alunos à organização das estrofes da canção, a partir de palavras-chave contidas na letra. 2o Momento: Escutar a música com os alunos. Verificar como os alunos conseguem fazer a apreensão das palavraschave contidas na letra da música e observar se eles identificam o subgênero musical. 3o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento mais lúdico na sala de aula com a exibição de um clipe. 1 o Momento Clipe Touche pas à mon pote Verificar como se dão as trocas interculturais mostradas no clipe. Observar as reações demonstradas pelos alunos com relação às imagens vistas. 4o MÓDULO: Discutir com os alunos a temática da canção. 1o Momento: Conduzir os alunos à percepção da temática da canção. Letra da canção Touche pas à mon pote Apresentar a letra da música aos alunos Estimular os alunos a procurarem pistas, no texto, que os conduzam à confirmação de suas hipóteses. 5o MÓDULO: Destinar um tempo para produção, apresentação e discussão dos textos desenvolvidos pelos alunos em sala de aula. BIBLIOGRAFIA: http://gilberto-gil.lyrics.com.br/letras/551555/. Acesso em 29/10/10 http://www.youtube.com/watch?v=EindrEcVVaE. Acesso em 29/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Yannick_Noah. Acesso em 29/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre. Acesso em 29/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Luc_Godard. Acesso em 29/10/10 AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Ed. Instituto Padre Reus. Porto Alegre-Rio Grande do Sul. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J.(org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUÊNCIA DIDÁTICA – 3a intervenção UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Língua Francesa VI (G3) NOM:_______________________________________date:___/___/___ ACTIVITÉS I- Compréhension orale et expression écrite 1.Complétez les espaces avec les consignes et après écoutez la chanson. (1)______________ pas à mon (2)__________ Ça veut dire (3)_____________ ? Ça veut dire (4) ______________ Que le/la(5) ____________ qui habite chez (6)____________ C‟est le (7)____________ qui habite chez (8)___________ (1)- Porter la main sur, pour prendre, utiliser. (2)- Fam. Ami , copain fidèle. (3)- Pronom relatif et interrogatif désignant une chose. (4)- Adverbe indiquant une simple possibilité; contraire de sûrement. (5)- Ce qui est vivant et animé. (6)- Pronom personnel de la 3 ème personne du singulier (M/F). Complément d‟un adjectif attribut. (7)- Adjectif indéfini. (devant le nom) Identique ou semblable. (8)- Pronom personnel (forme tonique) de la 2 ème personne du singulier et de deux genres. . II-Rapports interculturels 1. Les personnages icônes cités dans la chanson répresentent-ils quelque chose pour vous ? Dites-nous. 2. Il y a des personnages connus dans votre culture qui peuvent être comparés à ceux de la chanson? Citez-les. 3. Vous connaissez, dans votre culture le locale, des chansons qui parlent de ce même sujet ? Citez-les . 4. Vous aimez le genre musical? Pourquoi ? 5. Vous savez les raisons du compositeur parler de ce sujet ? De quel moment historique parle-t-il ? 6. Vous connaissez le chanteur ? Vous l‟aimez ? ( )oui Expliquez votre choix. ( ) non 7. Et le genre musical vous évoque un (autre) rythme brésilien? Pourquoi ? 8. Les images montrées dans le clip ont des relations avec le texte « Touche pas à mon pote ». Donnez votre avis. III-compréhension écrite 1. Pourquoi la chanson attire l‟attention sur le même « Être » en lettre majuscule ? 2. Le texte dit que nous sommes tous importants, n‟importe où nous vivons. Montrez cette importance avec des passages du texte. 3. Qu‟est-ce qu‟il veut dire « Touche pas à mon pote »? Expliquez-nous. 4. Il apparait les personnages Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Charles Aznavour, Jean-Luc Goddard et Brigitte Bardot. Quelle est la necessité de les citer ? 5. Il y a une révolte contre la France. Est-ce que la révolte est juste ? Explique-nous votre réponse. 6. Pourquoi l‟importance de chercher les bras d‟une mère, une bonne mère dans un pays étranger ? IV- Expression écrite 1- Vous avez un copain qui est touché par une situation de racisme à l‟université où vous étudiez. Vous êtes au courant du problème. Écrivez un texte en demontrant le besoin du respect à l‟Autrui en 800 mots environ. APÊNDICE L SEQUÊNCIA DIDÁTICA - 3ª intervenção – GRUPO G4 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO DISCIPLINA: Literatura Francesa III PESQUISADORA: Maria Dalva Sarinho DATA: 17/11/10 Sequência didática: O gênero canção em sala de aula de FLE Público alvo: Alunos de francês – nível B1+ ( ± 450 horas – nível independente) Duração da sequência: 120 minutos OBJETIVO GERAL: Levar os alunos a uma discussão sobre as relações interculturais: cultura estrangeira e a cultura local (materna), por meio de uma canção de expressão francesa. 1o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de discussão das figuras-chave sobre a música Touche pas à mon pote a partir de levantamento de hipóteses. 1 o Momento: trabalhar com os alunos as figuras-chave sorteadas por cada um da sala Figuras-chave: Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Jean-Luc Goddard, Charles Aznavour, Brigitte Bardot e figuras com pessoas de culturas e nacionalidades diversificadas Anotar no quadro as hipóteses levantadas pelos alunos Observar se os alunos conseguem estabelecer uma relação das figuraschave entre a cultura local e a estrangeira. 2o MÓDULO: Contribuir para estimular a compreensão oral dos alunos a partir da música escutada 1o Momento: Conduzir os alunos à organização da música a partir de palavras-chave contidas na letra antes da escuta da música 2o Momento: escutar a música com os alunos Verificar como os alunos conseguem fazer a apreensão das palavraschave contidas na letra da música e o subgênero musical. 3o MÓDULO: Proporcionar aos alunos um momento de descontração na sala de aula com a exibição de um clipe Clipe Touche pas à mon pote Verificar como se dão as trocas interculturais mostradas no clipe. Observar as reações demonstradas pelos alunos com relação às imagens vistas. 4o MÓDULO: Discutir com os alunos a música 1o Momento: Conduzir os alunos a percepção da temática da música. Letra da música Touche pas à mon pote Apresentar a letra da música junto aos alunos Estimular os alunos a procurar no texto pistas que os conduzam à confirmação de suas hipóteses. 5o MÓDULO: Destinar um tempo para produção, apresentação e discussão dos textos desenvolvidos pelos alunos em sala de aula. BIBLIOGRAFIA: http://gilberto-gil.lyrics.com.br/letras/551555/ - A cesso em 29/10/10 http://www.youtube.com/watch?v=EindrEcVVaE Acesso em 29/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Yannick_Noah Acesso em 29/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre Acesso em 29/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Luc_Godard Acesso em 29/10/10 AMORIN, V. e MAGALHÃES, V. Sem aulas cem tédio; sugestões práticas e divertidas para o professor de Língua Estrangeira. Ed. Instituto Padre Reus. Porto Alegre-Rio Grande do Sul. 2001, p. 97-109. BARAONA,G. Littérature en dialogues. France : Clé International, niveau intermédiaire, 2006. SCHNEUWLY, B. & DOLZ, J.(org.) Gêneros orais e escritos na escola. Campinas-SP: Mercado de Letras, 2004, p. 95-128. ATIVIDADES CORRESPONDENTES À SEQUENCIA DIDÁTICA – 3a intervenção UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE HUMANIDADES UNIDADE ACADÊMICA DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO PROFESSORA: Maria Dalva Sarinho DISCIPLINA: Literatura Francesa III (G4) NOM: _______________________________________________DATE:___/____/____ ACTIVITÉS II-Compréhension orale. 1- La chanson est melangée. Après l‟écoute, mettez-la en ordre. Il fait chanter Charles Aznavour Il fait filmer Jean-Luc Goddard Il fait jolie Brigitte Bardot Il fait petit le plus grand Français Et fait plus grand le petit Chinois Touche pas à mon pote Ça veut dire quoi? Ça veut dire que l‟Être Qui a fait Jean-Paul Sartre penser Fait jouer Yannik Noah Il faut pas oublier que la France A déjà eu la chance De s‟imposer sur la terre Par la guerre Touche pas à mon pote Ça veut dire quoi? Ça veut dire peut-être Que l‟Être qui habite chez lui C‟est le même qui habite chez toi Les temps passés ont passé Maintenant nous venons ici Chercher les bras d‟une mère Bonne mère III- Rapports Interculturels 1- Qu‟est que les personnages icônes montrés dans la chanson répresentent pour vous ? 2- Dans votre culture il y a des personnages connus que vous pouvez comparer avec ceux de la chanson? Citez-les. 3- Dans votre realité culturelle il y a d‟autres chansons qui parlent de ce même sujet ? Lesquelles ? 4- Est-ce que vous aimez le genre musical ? Pourquoi ? 5- Vous connaissaz le chanteur ? Vous l‟aimez ? ( ) oui votre choix ( ) non. Expliquez 6- Que évoque pour vous le genre musical. Il y a d‟autres rythmes comme celuilà ? 7- Les images montrées dans le clip ont des relations avec le texte « Touche pas à mon pote ». Donnez votre point de vue. IV- Compréhension écrite 1- Pourquoi la chanson attire l‟attention sur la phrase : le même Être qui habite chez lui c‟est le même qui habite chez toi ? 2- Qu‟est-ce qu‟il veut veut dire touche pas à mon pote ? Il y a quelques liens avec le réalisme littéraire que vous étudiez maintenant ? 3- Pourquoi il apparait les personnages Jean-Paul Sartre, Yannik Noah, Charles Aznavour, Jean-Luc Goddard, Brigitte Bardot ? Vous le connaissez ? 4- Vous savez les raisons du compositeur parler de ce sujet ? De quel moment historique parle-t-il ? 5- Il y a une revolte contre la France, montrez-la dans le texte et justifiez votre réponse 6- Pourquoi il cherche les bras d‟une mère, une bonne mère ? V-Expression écrite 1. Vous avez un copain qui est est touché par une situation de racisme à l‟université où vous étidiez. Vous êtes au courant du problème Écrivez un texte en demontrant la necessité du respect à l‟Autrui en 600 mots environ. APÊNDICE M a QUESTIONÁRIO PÓS 3 INTERVENÇÃO. Sua colaboração é relevante para nossa pesquisa. Assim gostaríamos que você respondesse o ainda este 3 questionário. Suas respostas irão contribuir para a nossa pesquisa e, sobretudo, para a formação de futuros professores de francês na cidade de Campina Grande. 1- PERFIL DA APRENDIZAGEM 1. Você gostou da abordagem feita com esta canção? ( ) sim ( ) não Justifique sua resposta comparando com a última abordagem feita com a canção On a changé. ____________________________________________________________________________ 2. Você acha que as atividades feitas com a canção em sala de aula ajudaram na sua aprendizagem em FLE? ( ) sim ( ) não 3. Qual das habilidades você encontrou mais dificuldade para desenvolver? ( ( ) expressão oral ( ) compreensão oral ( ) compreensão escrita ( ) expressão escrita ) compreensão cultural Explique: ___________________________________________________________________ 4. Qual das atividades você achou mais relevantes para compreender a canção? ( ( ) levantamento de hipóteses ( ) escuta da canção ( ) apresentação do videoclipe ) perguntas relacionadas à canção e cultura ( ) produção textual 5. O que você melhor percebeu após trabalhar essa canção na sala de aula? ( ( ) estereótipos ( ) representações ( ) enaltecimento da cultura materna ) exercício de alteridade ( ) outra observação 6. Após o enfoque da canção, você poderia explicar em algumas palavras o que significa intercultural._________________________________________________________________ 1.7. Você acredita que abordagem intercultural no ensino de FLE ajuda na formação inicial do professor? ( ) sim ( ) não Explique: ___________________________________________________________________ ANEXOS ANEXO A : CANÇÕES CHANSON MON PAYS Mon Pays Interprete: FAUDEL Langue : Francais Genre : raï Année : 2006 Je ne connais pas ce soleil Qui brûle les dunes sans fins Je ne connais pas d’autres terres Que celle qui m’a tendu la main Et si un jour je pars d’ici Que je traverse le désert Pour aller voir d’ou vient ma vie Dans quelle rue jouait mon père Moi qui suis né près de Paris Sous tout ce vent, toute cette pluie Je n’oublierai Jamais mon pays Jamais mon pays De souvenirs gravés qui courent D’ écoles et d’ été Trop d’ amours pour oublier Que c’est ici que je suis né Troooop De temps abandonné Sur les bancs de ma cité Trop d’ amis pour oublier Que c’est ici que je suis né Que c’est ici que je suis né Et comme toi j’attends la pluie Pour lui dire toutes mes peines Tout comme toi, je lui souris Quand elle tombe sur la plaie Quand elle tombe sur la plaie Troooop De souvenirs gravés qui courent D’ écoles et d’ été Trop d’ amours pour oublier Que c’est ici que je suis né Troooop De temps abandonné Sur les bancs de ma cité Trop d’ amis pour oublier Que c’est ici que je suis né Que c’est ici que je suis né Et si demain comme aujourd’hui Je dois faire le tour de la terre Pour chanter aux mondes mes envies Voyager des années entières Moi qui suis né tout près d’ici Même si je quitte mes amis Je n’oublierais Jamais mon pays Troooop De souvenirs gravés qui courent D’ écoles et d’ été Trop d’ amours pour oublier Que c’est ici que je suis né Troooop De temps abandonné Sur les bancs de ma cité Trop d’ amis pour oublier Que c’est ici que je suis né Que c’est ici que je suis né Je ne connais pas ce parfum De menthe et de sable brûlant Mais seulement les embruns Où les rouleaux de l’océan Et toi qui me trouve un peu mate Pour ses rues bordées de prairies Un peu trop blanc couleur d ‘Euphrate Pour ses poèmes que j’ai appris Tu es bien le seul que j’oublie Telle l’ étoile fidèle à la nuit Je n’oublierais Jamais mon pays Jamais mon pays Troooop Troooop De souvenirs gravés qui courent D’ écoles et d’ été Trop d’ amours pour oublier Que c’est ici que je suis né Troooop De temps abandonné Sur les bancs de ma cité Trop d’ amis pour oublier Que c’est ici que je suis né Que c’est ici que je suis né http://faudel.musicas.mus.br/letras/819284/ acesso em 17/09/09 http://www.youtube.com/watch?v=cxQg4Ii-U0s – videoclipe da música http://voyageforum.com/voyage/photos_tlemcen_en_algerie_D2410687/ - acesso em 02/05/10 http://fr.wikipedia.org/wiki/Mantes-la-Jolie- acesso em 02/05/10 CHANSON ON A CHANGÉ On a changé Interpretes: LES DÉESSES Langue : Francais Genre : zouk Année : 2007 Toutes ces années tu m'as manqué On a changé On a grandi Trop loin tous les deux Refrain: x2 On était des voisins, au pays On se tenait la main tous petits Puis soudain un matin, maman m'a dit Non n'aie pas trop de chagrin On part à Paris, on part On part loin d'ici, on part Déjà dix ans Y a si longtemps En y pensant On était des enfants Aujourd'hui, j'ai grandi Aujourd'hui, t'as grandi Il est temps de revenir au pays Voir l'homme de mes souvenirs au pays Il m'était destiné, Je vais le retrouver, Il se souviendra peut-être, pas de moi Je l'ai toujours aimé Refrain x2 Refrain x4 L'avion en France atterrit Je sens déjà le froid le ciel est gris J'me suis fait d'nouveaux amis Je pars un peu de là bas p'tit-a -p'tit Je grandis, on oublie, on hérite C'est une nouvelle vie Qui me sourit Refrain x2 http://musikafrancesa.blogspot.com/20 09/01/les-desses-saveurs-exotiques2007.html- acesso em 23/11/09 http://letras.terra.com.br/lesdeesses/1069970/- acesso em 23/11/09 CHANSON UN HOMME SANS RACINES Un homme sans racines Interprete: GÉRALD DE PALMAS Langue : Francais Genre : pop rock Année : 2004 Plus je prends de l'âge plus j'oublie Là où je suis né Peu à peu mon coeur a enfui ce qui fait mon passé Difficile de vivre le présent sans avant sans après Alors j'avance au hasard d'un pas mal assuré Je suis un homme sans racines Au moindre vent je m'incline Juste un homme sans racines Je pense à demain et j'imagine Parfois des visages me reviennent mais je préfère tirer un trait Sur ce mélange de bons souvenirs mais aussi de mauvais J'aimerai trouver un endroit pour me reccueillir Un endroit où puiser ma force, la force de m'affranchir Je suis un homme sans racines Au moindre vent je m'incline Juste un homme sans racines Je pense à demain et j'imagine Au moment opportun Je tuerai mes démons un par un Fort et serein je ne serai plus... Je suis un homme sans racines Au moindre vent je m'incline Juste un homme sans racines Je pense à demain et j'imagine http://www.youtube.com/watch?v=zDTXwUmxAHY&feature=fvw- acesso 20/11/09 http://www.answers.com/topic/un-homme-sans-racines-1#Release_history – acesso 20/11/09 http://www.parolesmania.com/paroles_gerald_de_palmas_4411/paroles_un_homme_sans_racines_163263.html - acesso 20/11/09 CHANSON TOUCHE PAS A MON POTE Touche pas a mon pote Interprete: GILBERTO GIL Langue : Francais Genre : Afro Année : 1988 Touche pas à mon pote Ça veut dire quoi? Ça veut dire peut être Que l’Être qui habite chez lui C’est le même qui habite chez toi Touche pas à mon pote Ça veut dire quoi? Ça veut dire que l’Être Qui a fait Jean-Paul Sartre penser Fait jouer Yannik Noah Touche pas à mon pote Ça veut dire quoi? Ça veut dire que l’être Qui a fait Jean-Paul Sartre penser Fait jouer Yannik Noah Il fait chanter Charles Aznavour Il fait filmer Jean-Luc Goddard Il fait jolie Brigitte Bardot Il fait petit le plus grand Français Et fait plus grand le petit Chinois Touche pas à mon pote Il faut pas oublier que la France A déjà eu la chance De s’imposer sur la terre Par la guerre Les temps passés ont passé Maintenant nous venons ici Chercher les bras d’une mère Bonne mère Touche pas à mon pote Touche pas à mon pote Ça veut dire quoi? Ça veut dire peut être Que l’Être qui habite chez lui C’est le même qui habite chez toi Touche pas à mon pote http://gilberto-gil.lyrics.com.br/letras/551555/ - acesso em 12/10/10 http://www.youtube.com/watch?v=EindrEcVVa E – acesso em 12/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Yannick_Noah acesso em 12/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Paul_Sartre acesso em 12/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Aznavour acesso em 12/10/10 http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean-Luc_Godard acesso em 12/10/10 ANEXO B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CURSO DE LETRAS – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LINGUAGEM E ENSINO-UFCG/PB Esta pesquisa é sobre A canção francófona como um elemento propiciador para as trocas interculturais na formação inicial do professor e está sendo desenvolvida por Maria Dalva Sarinho, mestranda do Curso de pós-graduação em Linguagem e Ensino da Universidade Federal de Campina Grande, sob a orientação da Profa Dra Josilene Pinheiro-Mariz. Os objetivos do estudo são: fazer uma investigação qualitativa sobre a canção francófona em sala de aula com professores de Francês Língua Estrangeira (FLE) da cidade de Campina Grande. Intentamos observar como são estabelecidas as relações interculturais em sala de aula e pretendemos também identificar como os professores em formação percebem essa abordagem em FLE. Esta pesquisa tem características de pesquisa-ação (pesquisadores e participantes estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo, a fim de buscar resolver um problema coletivamente). A finalidade deste trabalho é contribuir para trazer informações importantes sobre a atualidade no ensino de FLE na cidade de Campina Grande. Desse modo, acreditamos que o conhecimento que será construído a partir desta pesquisa redundará em benefícios evidentes para todos aqueles interessados pela língua francesa (francófonos e francófilos) na nossa conjuntura. A sua participação na pesquisa é voluntária e, portanto, o(a) senhor(a) não é obrigado(a) a fornecer as informações e/ou colaborar com as atividades solicitadas pelo Pesquisador(a). Caso decida não participar do estudo, ou resolver a qualquer momento desistir do mesmo, não sofrerá nenhum dano, nem haverá modificação na assistência que vem recebendo na Instituição. A sua participação nesta pesquisa não traz complicações legais nem desconforto, tampouco riscos à dignidade humana. A pesquisadora apenas estará em sala de aula, com um gravador de áudio para registro das aulas e fazendo anotações e/ou participando das aulas (caso necessite) durante semestre 2009.2 e/ou 2010.1. Os procedimentos adotados nesta pesquisa obedecem aos Critérios da Ética em Pesquisa com Seres Humanos conforme Resolução no. 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. Nenhum dos procedimentos usados oferece riscos à sua dignidade. Solicito sua permissão para que a aula seja gravada, quando necessário, como também sua autorização para apresentar os resultados deste estudo em eventos da área de Linguística e/ou Letras e publicar em revista científica. Por ocasião da publicação dos resultados, seu nome será mantido em sigilo. O(s) pesquisador(es) estará(ão) a sua disposição para qualquer esclarecimento que considere necessário em qualquer etapa da pesquisa. Diante do exposto, declaro que fui devidamente esclarecido(a) e dou o meu consentimento para participar da pesquisa e para publicação dos resultados. Estou ciente que receberei uma cópia desse documento. _____________________________________________ Assinatura do Participante da Pesquisa ou Responsável Legal ________________________________________ Assinatura da Pesquisadora Responsável _________________________________________ Assinatura da Pesquisadora Endereço (Setor de Trabalho) do Pesquisador Responsável: NOME E O TELEFONE PARA CONTATO Orientador: Profa. Dra. JOSILENE PINHEIRO-MARIZ RG: 488080913-68 Tel.: (83) 33 21-59 21 / (83) 93 05-87 94 Tel.: Setor de trabalho (83) 3310-1398 CEP: 58101-280 – Campina Grande Endereço do setor de trabalho: Av. Aprígio Veloso, 882 Bairro Universitário – Bodocongó CEP: 58429-900 – Campina Grande-PB e-mail: [email protected] NOME E O TELEFONE PARA CONTATO Pesquisador: MARIA DALVA SARINHO RG: 728.631-SSP/PB Tel: (83) 33 22-7455 / (83) 91 56-93 37 Tel. Setor de trabalho (83)3322-1701 Setor de trabalho: Av. Manoel Tavares, 160 – Alto Branco CEP: 58402-068 - Campina Grande/PB Endereço residencial: Rua Manoel Pereira de Araújo, 185 – Centro CEP: 58400-202 - Campina Grande/PB e-mails: [email protected] / [email protected]