Jordânia - Artur Bruno

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Jordânia - Artur Bruno
Jordânia
01. ASPECTOS GEOGRÁFICOS:
O Reino da Jordânia é um país do Oriente Médio sem saída para o mar situado no noroeste
da península Arábica, entre Israel, Arábia Saudita, lraque e Síria. Cerca de 75% do território de
88.778 km² compreende um planalto cuja altitude oscila entre 600 e 900 m. Na parte oeste, ele é
cortado por uma série de fossas tectônicas. Elas fazem parte de um enorme conjunto de
formações desse tipo - o Grande Vale do Rift -, que originou o vale do rio Jordão e o mar Morto, e
se estende até a África. No sul do país, o planalto apresenta cânions profundos e formações
montanhosas que culminam no Jabal Ramm (1.754 m). O leste, finalmente, é um inóspito
prolongamento do deserto da Arábia Saudita, pontilhado por poucos oásis.
A vegetação é muito pobre. Zonas de pastagem e florestas só existem entre a capital,
Amã,e a fronteira com a Síria. Aí crescem carvalhos, azinheiras, oliveiras, pinheiros e palmeiras. O
clima é continental, amenizado no oeste por influência dos mares Mediterrâneo e Vermelho.
Sua população é de 6,3 milhões de habitantes onde cerca de 98% da população de é de
origem árabe, e há minorias de armênios (0,2%) e de circassianos (0,5%). O islamismo é a religião
majoritária (93,8%). O idioma oficial é o árabe. O país é governado por uma monarquia
parlamentar. Sua capital é Amã (1.105.402 habitantes)
02. ASPECTOS ECONÔMICOS:
O solo pouco fértil, o clima rigoroso e a perda da Cisjordânia na guerra contra Israel, em
1967, são alguns dos fatores que explicam a situação precária da economia da Jordânia.
A agricultura fornece trigo, cevada, frutas, pepino e tomate. Criam-se ovinos, bovinos,
caprinos e aves. As principais reservas minerais são de fosfato, sais de potássio e petróleo. Toda a
eletricidade é gerada em usinas termelétricas. As indústrias produzem tecidos, medicamentos,
alimentos, papel e vidro, entre outros. Seu PIB é de US$ 27,6 bilhões, sua moeda é o dinar
jordaniano.
03. ASPECTOS HISTÓRICOS:
A região que corresponde à atual Jordânia é habitada desde o segundo milênio a.C. por
diversos povos, com destaque para os amonitas, amorreus, moabitas e edomitas. A partir do
século VII a.C., a presença mais expressiva é dos nabateus, povo nômade que constrói uma
próspera civilização, beneficiando-se do controle de rotas de caravanas. Babilônios, persas e
gregos impõem domínios à região, conquistada pelos romanos em 64 a.C. e anexada à província
da Síria, segue-se longo período de submissão ao Império Bizantino.
a) Domínio do Irã
A conquista árabe é marcada pela tomada de Damasco, em 635, e pela ocupação de
Jerusalém, em 638. O idioma árabe e a religião islâmica passam a predominar na região. No século
XVI, o território torna-se parte do Império Turco-Otomano.
Com a derrota dos turcos na I Guerra Mundial, a área a leste do rio Jordão, que
corresponde ao atual território jordaniano, é incorporada à administração britânica da Palestina.
Em 1920, a região, transformada em emirado sob o nome de Transjordânia, é oferecida pelos
britânicos ao príncipe Abdullah bin Hussein. Ele proclama a independência da Transjordânia, já
formalmente separada da Palestina, em maio de 1923. O governo é reconhecido em 1928 pelo
Reino Unido, que mantém o controle sobre as finanças, o Exército e as relações externas. A
independência completa só é admitida em 1946. Proclamado rei, Abdullah funda a dinastia
Hachemita.
b) Conflitos com Israel
O destino do país muda com a criação do Estado de Israel, aprovada pela Organização das
Nações Unidas (ONU), em 1947. O mundo árabe não reconhece a partilha da Palestina em dois
Estados - um árabe e um judeu. Em maio de 1948, com o fim do mandato britânico na Palestina,
forcas militares de cinco países árabes, incluindo a Transjordânia, invadem Israel, dando início à
guerra que vai até 1949. Israel vence e amplia seu território, ocupando partes do Estado árabe
previsto pela ONU.
c) Jordânia é o novo nome:
A Transjordânia também alarga seus domínios com a conquista de urna área palestina a
oeste do rio Jordão, a Cisjordânia. A cidade de Jerusalém é dividida entre Israel e Transjordânia.
Em 1949, o país adota o nome de Jordânia. Em 1951, o rei Abdullah é assassinado por um radical
palestino em Jerusalém. Seu filho Talal o sucede, mas é deposto um ano depois. Hussein, filho de
Talal, é coroado em 1953, com 17 anos.
O jovem rei inicia aproximação política com o Iraque - na época outra monarquia
Hachemita. Em fevereiro de 1958, a Jordânia e o Iraque unificam-se e formam a Federação Árabe
- dissolvida cinco meses depois pelo golpe militar que proclama a república no Iraque. A Jordânia
reforça os vínculos com o Ocidente e torna-se um dos principais aliados dos Estados Unidos (EUA)
no Oriente Médio. Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, os israelenses derrotam as forças egípcias,
sírias, iraquianas e jordanianas. A Jordânia perde a Cisjordânia e Jerusalém Oriental.
Após o conflito, o país recebe grande número de refugiados palestinos, o que coloca em
risco a própria monarquia Hachemita. A instabilidade aumenta com as organizações guerrilheiras
palestinas, que formam um poder paralelo. O rei Hussein reage: em 1970, seu exército massacra
milhares de palestinos, no episódio conhecido como Setembro Negro. Os sobreviventes são
expulsos para o Líbano. A partir de 1973, as relações com os palestinos começam a se normalizar,
e o país reconhece a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) como única representante
do povo palestino. Em 1988, o rei renuncia à soberania sobre a Cisjordânia para facilitar a
instalação de um Estado palestino no território ocupado por Israel. Interesses econômicos e
pressões internas induzem Hussein a apoiar a invasão iraquiana do Kuweit, em 1990, na crise que
resulta na Guerra do Golfo. Cessa a ajuda econômica ocidental à Jordânia, e a nação recebe 300
mil palestinos repatriados pelo Kuweit.
d) Tratado de paz
Em 1993, o país realiza as primeiras eleições multipartidárias. Em outubro de 1994, tratado
de paz com Israel acaba com 46 anos de beligerância. No ano seguinte, a Jordânia rompe com o
Iraque e aproxima-se mais do Ocidente. Os nove principais partidos de oposição boicotam as
eleições parlamentares de 1997, e os candidatos independentes favoráveis ao governo
conquistam maioria no Parlamento.
e) Morte de Hussein
O rei Hussein morre de câncer, em fevereiro de 1999. Mais de 50 chefes de Estado e de
governo comparecem ao funeral, em Amã, capital jordaniana. Em janeiro, ele havia definido como
sucessor seu filho mais velho, Abdullah, no lugar de seu irmão Hassan, indicado anteriormente.
Militar de carreira e sem experiência política, Abdullah é coroado com o compromisso de
levar adiante as diretrizes políticas do pai. Sua mulher, a palestina Rania Yassin, é a nova rainha da
Jordânia. Em 1999, Abdullah inicia ofensiva diplomática na região e reata relações com o Kuweit.
Ao lançar campanha contra grupos extremistas, amplia sua credibilidade no Ocidente. Fecha os
escritórios da organização Hamas em Amã, prende 24 militantes e os envia ao Catar. Semanas
depois, detém 13 supostos terroristas que retornavam do Afeganistão, acusados de integrar a
organização terrorista de Osama bin Laden. O rei muda o ministério em 2000, eliminando
remanescentes do governo de seu pai.
04. ATUALIDADES:
O conflito entre os EUA e o terrorismo islâmico chega à Jordânia com o assassinato de
um diplomata norte-americano em Amã, em 2002. Em 2003, a Jordânia libera o espaço aéreo
para os ataques norte-americanos contra o Iraque. Oito militantes islâmicos são condenados
à morte, em 2004, pelo assassinato do diplomata dos EUA dois anos antes. Entre eles, está o
jordaniano Abu Musab az-Zarqawi, então líder da AI Qaeda no Iraque. Em abril de 2005, o rei
nomeia primeiro-ministro Adnan Badran, com a missão de promover reformas políticas. Em
novembro, Badran renuncia e é substituído por Maaruf al-Bakhit.
Nos primeiros anos deste século, o fato de a Jordânia ser aliada dos EUA tem feito do
país alvo do terrorismo. Em novembro de 2005, atentados da rede AI Qaeda matam 56
pessoas em Amã. Em setembro de 2006, na mesma cidade, um atirador mata um turista.
Em novembro de 2006, o presidente norte-americano, George W. Bush, visita o país,
onde discute com o rei Hussein a respeito da crise no Oriente Médio. Em 2008, o rei viaja para
o Iraque e, em 2009, afrouxa as restrições à entrada de iraquianos na Jordânia.
Em maio de 2007, o rei Abdullah recebe o primeiro-ministro israelense Ehud Olmert,
com quem negocia um projeto ambiental para evitar a extinção do Mar Morto. Nas eleições
parlamentares de novembro, o novo primeiro ministro é Nader Dahabi.
A construção de um aqueduto destinado a bombear água do mar Vermelho para o mar
Morto - que está secando - é anunciada em 2002 pela Jordânia e por Israel. Em 2005 se iniciam os
estudos para viabilizar o projeto. Compartilhado pelos dois países, o mar Morto é um grande lago.
Ponto de menor altitude do planeta, 365 m abaixo do nível do mar, suas águas têm enorme
concentração de sal, o que torna quase impossível a vida no interior do lago. A salinidade facilita
aos banhistas a permanência na superfície da água, o que atrai muitos turistas. Sem saída, o mar é
abastecido pelo rio Jordão, que corta Israel e Jordânia. Nas últimas décadas, no entanto, as águas
do rio vêm sendo desviadas para projetos de irrigação. Se nada for feito, o mar Morto pode
desaparecer até 2050.
O novo código eleitoral, aprovado em maio de 2010, mantém as distorções no Parlamento
ao favorecer a representação das áreas tribais, leais ao rei, em detrimento das cidades, onde a
presença dos palestinos e de outros setores da oposição é maior. Em represália, a Frente de Ação
Islâmica boicota a eleição de novembro, e os candidatos próximos à monarquia mantêm o
domínio da Casa dos Representantes.
Em fevereiro de 2011, a Frente de Ação Islâmica lidera atos pacíficos exigindo mais poderes
para o Parlamento e a eleição para primeiro-ministro. A esquerda e os sindicatos participam das
demonstrações. A crise no país leva ao corte de gastos e afeta o nível de emprego e os salários,
sobretudo do funcionalismo público. A população reclama do preço dos alimentos e combustíveis,
da corrupção e do estilo de vida excêntrico da família real. Abdullah nomeia um novo primeiroministro, Marouf al-Bakhit, em fevereiro, e forma um comitê para propor emendas à Constituição,
em abril. Em junho, ele anuncia que abrirá mão do direito de escolher o primeiro-ministro.
Embora a Jordânia tenha escapado da espiral de violência que atinge outras nações, os protestos
continuavam ocorrendo em outubro. Nesse mês, Abdullah substitui al-Bakhít por Awn alKhasawneh.
* Compilação feita a partir de:
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Almanaque Abril 2012, 38ª ed. São Paulo: Ed. Abril, 2012.
Arruda, J. e Piletti, N. Toda a História, 4ª ed. São Paulo: Ática, 1996.
Atlas National Geografic: Ásia. São Paulo: Ed. Abril, 2008.
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