no oriente medio um oasis de
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no oriente medio um oasis de
mc viagem O grafismo da Mesquita de Amã UM oaSiS De no oriente MeDio PAZ P AZ Rânia: beleza serena e causas engajadas M esmo sem contar com a riqueza do petróleo, que enche os cofres dos seus vizinhos, a Jordânia é dona de vários tesouros. Berço de civilizações e religiões milenares, suas terras guardam desertos cinematográficos, mares salgados, vales férteis e uma região costeira ensolarada. Além disso, os jordanianos estão muito bem representados pela bela Rainha Rânia, que vive circulando seu charme para promover o país e defender as muçulmanas. Sua mais recente incursão foi pelo território do YouTube, em março passado. Ela criou seu próprio canal para mostrar a realidade do mundo árabe e combater preconceitos contra as mulheres. O seu marido, o simpático Rei Abdullah, já confirmou que virá ao Brasil em outubro deste ano. Entre os atrativos que o reino de Rânia guarda para os turistas, o mais famoso fica a três horas de carro do aeroporto de Amã, capital do país. Ao chegar, a melhor pedida é seguir pela Estrada do Deserto, rumo ao Sul, em direção a Petra. Tombada pela Unesco e popularizada recentemente ao entrar para a lista das sete novas maravilhas do mundo, a antiga cidade perdida dos nabateus é formada por ravinas estreitas e profundas, emolduradas por escarpas de granito colorido, com mais de 30 metros de altura. Um complexo com centenas de templos e mausoléus majestosos, esculpidos na rocha, há cerca de dois mil anos. Depois da praça em frente ao Tesouro, o caminho se alarga e outras construções aparecem. Um anfiteatro com três mil lugares. Uma avenida monumental, com colunas romanas. As ruínas de um palácio bizantino. Uma trilha com cerca de 800 degraus conduz os mais vigorosos até um mosteiro esculpido na rocha. No alto, uma vista panorâmica permite compreender Petra. Linda durante o dia, a cidade fica mágica depois do pôr-dosol. Três vezes por semana —todas as segundas, quartas e quintas-feiras— o sítio arqueológico fica aberto até as dez horas da noite, para o show “Petra by Night”. Sob a luz da lua e de duas mil velas, beduínos apresentam um show de música e danças tradicionais. A viagem continua na direção Sul. Depois de duas horas na estrada, a próxima parada é o deserto de Wadi Rum. Cenário das filmagens da produção de David Lean, “Lawrence da Arábia”, de 1962, e também dos fatos reais da vida do protagonista do filme, o general britânico T.H. Lawrence, o lugar, hoje transformado em parque nacional, é marcado por vastas extensões de areia batida, que mudam de cor durante o dia, passando do amarelo para o laranja, do rosa ao vermelho. Na entrada do parque, está a mais célebre de todas essas formações: uma gigantesca escultura natural. Impressionado com a beleza da montanha, Lawrence resolveu dar ao lugar o mesmo título da sua autobiografia: Sete Pilares da Sabedoria. Para viver a magia desse lugar, o ideal é reservar uma tenda e passar a noite em um dos acampamentos em estilo bedu- >> fotos: toPHam (Pa)/roBiN lauraNCe (look-foto) A JORDÂNIA tem gente hospitaleira, desertos cinematográficos e Petra, uma das sete novas maravilhas do mundo. Se isso já não fosse o bastante, a mais recente porta-voz do país é a própria Rainha Rânia, que circula seu charme até pelo YouTube em defesa das muçulmanas. Por Eduardo Alves* 184 MC207_186a189_Jordania98.indd 184-185 5/6/2008 18:32:37 >> íno de Wadi Rum, preparados especial- mente para receber turistas acostumados a dormir em hotéis de luxo. O passeio começa onde termina a estrada, de onde só é possível seguir viagem no dorso de um camelo, ou a bordo de um jipe 4x4. Sem rota certa para seguir, o turista é levado para dentro do parque, em uma aventura de liberdade e magia. Os mais corajosos podem fazer rapel, escalando os rochedos. Ou mesmo optar por um vôo de balão. No deserto, seja qual for a época do ano, a noite é sempre muito fria. Assim que o sol desaparece no horizonte, as temperaturas caem e podem facilmente chegar a zero grau. Por isso, os acampamentos são montados com uma grande tenda em forma de U, protegendo do vento a parte interior. No centro é acesa uma fogueira, e alguns modernos aquecedores a gás. Em torno das chamas, tapetes e almofadas são arrumados para que os hóspedes, beduínos por uma noite, escutem os músicos tocarem, se deliciem com assados preparados na hora, fumem narguilé e presenciem o deslumbrante show de estrelas cadentes que acontece no céu. Nem dá vontade de entrar na tenda para dormir. Mas quando o cansaço bate, confortáveis camas, com edredons de lã, garantem um sono confortável, mas curto. Isso porque ninguém deve perder a melhor parte do show, que acontece cedo. Nas primeiras horas do dia, o sol começa a iluminar Wadi Rum, nascendo por trás das montanhas, pintando o deserto de brilhos e cores. areia Brilhante A próxima parada da viagem fica 50 km ao Sul, na cidade costeira de Aqaba, um porto moderno, com resorts luxuosos e clima ameno todos os dias do ano. Nesse ponto tão especial, o Mar Vermelho banha Egito, Israel, Jordânia e Arábia Saudita. Juntos, esses países dividem uma das porções de mar mais translúcidas do planeta. Essa é a hora de tirar a poeira. Com uma temperatura média de 23o C, as águas da costa de Aqaba são adornadas por uma barreira de corais coloridos onde vivem cerca de 1.200 espécies de peixes, crustáceos e mamíferos. Seja em um mergulho com scuba, seja dando algumas braçadas na superfície, com a ajuda de uma máscara dá para ver a dança dos peixinhos coloridos. E, com sorte, avistar golfinhos, tartarugas e dóceis tubarões-baleias. Como esse é o extremo Sul da Jordâ- nia, a única direção a seguir agora é para o Norte. A pedida é subir a Estrada Real, que corta todo o país. A moderna rodovia de hoje foi pavimentada sobre a mais antiga rota de viagem do mundo. Mencionada em várias passagens do livro do Gênese, ela cobre parte do caminho usado por Abraão, na sua jornada da Mesopotâmia para Canaã. As provas mais exuberantes da importância histórica da estrada estão nas fortalezas, que datam da era dos cruzados, situadas ao longo do trajeto. A mais impressionante é Karak. Erguidas no topo de uma montanha, a 900 metros de altura, suas ruínas podem ser vistas a quilômetros de distância. Continuando a viagem, a estrada leva até as margens do Mar Morto. Situada 400 metros abaixo do nível do mar, sua superfície é o ponto mais baixo a céu aberto da Terra. Suas águas, nove vezes mais salgadas que as do Mediterrâneo, não permitem a existência de nenhuma forma de vida marinha. No entanto, a composição química da água é peculiar em termos medicinais: rica em sódio, perfeito para a limpeza da pele e essencial para o equilíbrio do sistema linfático, contém magnésio, ótimo para combater o estresse, além de potássio, forte agente hidratante. E altos teores de cálcio. >> fotos: Xavier Bartaburu Acima, a bela vista do Monastério de Petra 186 MC207_186a189_Jordania98.indd 186 5/6/2008 18:32:40 Relax total e leitura flutuante no Mar Morto >> Para aproveitar essa dádiva da natureza, basta cobrir o corpo com um pouco da lama encontrada perto das margens e, em seguida, flutuar no mar por uns 15 minutos. Sim, flutuar. Devido à alta densidade da água, ninguém afunda no Mar Morto. Mas preste atenção para não molhar a cabeça. Se o sal entrar nos olhos, o banhista fica sem enxergar até conseguir lavar o rosto com água doce. Quem quiser realmente aproveitar as propriedades curativas e estéticas do Mar Morto tem a opção de se entregar aos tratamentos à base dos produtos locais, oferecidos nos spas da região. Os melhores da Jordânia são o Zara, que fica no hotel Moevenpick Dead Sea, e o Club Olympus, no Grand Hyatt de Amã. A receita é começar com uma esfoliação corporal à base de sal grosso e, em seguida, fazer uma máscara de lama combinada a uma massagem relaxante. Depois, passar uns 15 minutos na sauna a vapor e terminar com uma limpeza de pele facial. O resultado chega a ser milagroso. Para completar o circuito pela Jordânia, chega a hora de seguir em dire- ção à capital. Se o trajeto for cumprido sem desvios, a viagem entre a zona hoteleira do Mar Morto e Amã dura menos de 40 minutos. Mas não é preciso pressa. Com um pequeno desvio na rota é possível visitar o santuário de Betânia. Em 1996, um grupo de arqueólogos que trabalhavam nas margens do Rio Jordão foi capaz de identificar o ponto exato onde João Batista realizou o batismo de Jesus Cristo. No lugar foram encontrados restos de cinco templos construídos por peregrinos. Um deles, datado do século 3, com ricos mosaicos romanos, é o mais antigo templo cristão do mundo. Mais uma parada deve ser feita, não muito longe, na cidade de Madaba. Lá estão alguns dos mais ricos exemplos de arte antiga cristã. pronta para o futuro A ntes de chegar a Amã, é preciso fazer mais um desvio, até as ruínas da cidade de Jarash. Mencionado na Bíblia, nos evangelhos de Marcos (5:1) e Lucas (8:26), o lugar foi um dos pontos de parada de Jesus nas suas pregações. Hoje, é o mais imponente e mais bem-preservado conjunto arquitetônico greco-romano fora da Europa. São centenas de colunas, grandes praças e avenidas pavimentadas em granito branco, anfiteatros e 15 templos bizantinos. No hipódromo, uma estrutura de mais de 1.800 anos de idade, to- das as tardes, um grupo de atores encena batalhas entre gladiadores romanos, um espetáculo que inclui corrida de bigas, lutas com armas antigas e encenações de guerra. Não é à toa que Jarash é a segunda atração mais visitada na Jordânia, perdendo apenas para Petra. Depois de conhecer a riqueza histórica e a diversidade natural do país, chega a hora de visitar a capital. Habitada há mais de nove séculos, a Amã de hoje é uma cidade moderna e exótica. Espalhado por várias colinas, seu perímetro urbano inclui um anfiteatro romano com acústica perfeita, uma cidadela que data de 2000 a.C. e dezenas de templos bizantinos, mesquitas e igrejas imponentes. Existem shoppings com lojas de marcas famosas e mercados de rua, onde se vende de frutas a perfumes. Exuberante, e ao mesmo tempo humilde. Seguro e pacífico. Moderno e antigo. Progressista e hospitaleiro, o Reino Hashemita da Jordânia é uma nação pronta para o futuro. *Eduardo Alves é editor do site www. mapa-mundi.com Como chegar n Ficou mais fácil ir para a Jordânia. Desde o ano passado, o vôo a partir de São Paulo para Amã tem apenas uma conexão em Dubai, nos Emirados Árabes, pela Emirates Airlines (www.emirates. com.br). Passagens a partir de US$ 1.347. A Royal Jordanian Airlines (www.rja.com.jo) não voa a partir do Brasil, mas é parceira comercial da Iberia (www.iberia. com) e da British Airways (www. britishairways.com). Os vôos com conexão em Madri ou Londres custam, respectivamente, a partir de US$ 1.457 e US$ 1.147. Quem leva n A Interpoint (www.interpoint. com.br) tem pacote de sete dias com preço a partir de US$ 2.430 pelo trecho terrestre. n A Designer Tours (www.designertours.com.br) tem pacote de 13 dias a partir de US$ 3.088, com parte aérea e terrestre incluídas no roteiro. fotos: imagebroker (Alamy) Ruínas do Templo Romano de Artemis, em Jarash 188 MC207_186a189_Jordania98.indd 188 5/6/2008 18:32:44