Pestalozzi e o Instituto de Yverdon
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Colégio Nacional Grupo de Estudos em Educação Texto produzido pelo grupo de estudos em educação do Colégio Nacional em Outubro de 2005. Pestalozzi e o Instituto de Yverdon Johann Heinrich Pestalozzi foi um renomado educador suíço. Esse grande educador atraiu a atenção do mundo como mestre, diretor e fundador de escolas. Era estudioso de Rousseau e se interessava pela educação elementar e pelas crianças pobres. Era considerado defensor da escola popular extensiva a todos. Afirmava que ao povo não se destinava apenas a simples instrução, mas a formação completa, pela qual cada um é levado a plenitude do seu ser. Com a morte de seu pai quando tinha apenas cinco anos, manteve-se fiel à ideologia republicana a exemplo de Emilio de Rousseau (1762). Na juventude participou de movimentos de reforma política e social, optando tornar-se fazendeiro, sonhando com uma vida virtuosa longe do vício e da corrupção. Então, em 1774 fundou um orfanato baseado na sua avançada concepção de união da formação geral e profissional. Essa experiência de reeducar as pessoas pobres recorrendo a trabalhos de tecelagem e conhecimentos básicos necessários durou apenas cinco anos, pois o jovem educador não conseguiu mantê-lo financeiramente. Publicou um romance bastante lido na época, em 1781, intitulado “Leonardo e Gertrudes”, no qual delineava suas idéias sobre reforma política, moral e social. Em 1799, Pestalozzi, em nova tentativa, reuniu algumas crianças abandonadas e fundou um internato, onde cuidou dessas crianças nas mais difíceis condições. Depois se transferiu para Yverdon e funcionou de 1805 até 1825. De toda a parte vinham estudiosos e autoridades. O Currículo adotado no Instituto de Yverdon dava ênfase às atividades dos alunos e partia do mais simples para o mais complexo, do concreto para o abstrato, do particular para o geral. As atividades mais estimuladas eram a escrita, a cartografia, o desenho, o canto, a modelagem, a educação física e a excursão ao ar livre. A psicologia proposta por Pestalozzi, mesmo que não constituída como ciência na época, mostrou uma direção importante para a pedagogia atual. Para ele, o homem é um todo cujas partes devem ser cultivadas como espírito-coraçãomão, que corresponde ao importante desenvolvimento da tríplice atividade conhecer-querer-agir, por onde ocorre o aprimoramento da inteligência, da moral e da técnica. Daí a importância do trabalho manual e intelectual, partindo da vivência para só depois alcançar os conceitos. Como bom discípulo de Rousseau, estava convencido da inocência e bondade humanas e por isso, colocava de maneira firme que é tarefa do mestre estimular o desenvolvimento espontâneo do aluno, procurando compreender o espírito infantil, atitude essa que o distancia do ensino dogmático e autoritário. A partir de 1807, Pestalozzi publica uma carta e defende, a partir de sua experiência com as crianças, um novo sistema educacional de três estágios. O primeiro e básico era o amor, com o objetivo de abrir o coração das crianças, estimuladas pela vida em família. O segundo estágio era a percepção, objetivando encorajar a prática dos impulsos e o exercício da moral. O terceiro estágio era a linguagem, onde se introduzia a reflexão, o espírito de análise. O método Pestalozzi era considerado capaz de satisfazer todas as ambições educativas. O treinamento de professores era baseado na noção de conhecimento moralmente enobrecedor. Por isso rejeitava a idéia de democracia igualitária argumentando que as pessoas eram insuficientemente educadas e excessivamente egoístas. Para atingir o estado de moralidade seria preciso vencer o egoísmo promovendo a força de vontade. Assim sendo, percebe-se a família como base fundamental de toda a educação, uma vez que é o lar o lugar do afeto e do trabalho. O amor seria o principal nesse contexto familiar, já que é o amor que permite a criança a alimentar sua vontade. A criança tem potencialidades inatas que serão desenvolvidas até a maturidade, tal como a semente que se transforma em árvore. Aprecie abaixo um trecho do livro Como Gertrudes ensina seus filhos, onde Pestalozzi narra o significado e a natureza da educação: “Uma educação perfeita é para mim simbolizada por uma árvore plantada perto de águas fertilizantes. Uma pequena semente que contém os germes da árvore, sua forma e suas propriedades, é colocada no solo. A árvore inteira é uma cadeia ininterrupta, cujo plano existia na semente e na raiz. O homem é como a árvore. Na criança recém-nascida estão ocultas as faculdades que lhe hão de desdobrar-se durante a vida; os órgãos do seu ser gradualmente se formam, em uníssono, e constróem a humanidade à imagem de Deus. A educação do homem é um resultado puramente moral. Não é o educador que lhe dá novos poderes e faculdades, mas lhe fornece alento e vida. Ele cuidará apenas de que nenhuma influência desagradável traga distúrbios à marcha do desenvolvimento da natureza. Os poderes morais, intelectuais e práticos do homem devem ser alimentados e desenvolvidos em si mesmos e não por sucedâneos artificiais. Deste modo, a fé deve ser cultivada pelo nosso próprio ato de crença, e não com argumentos a respeito da fé; o amor pelo próprio ato de amar, não por meio de palavras a respeito do amor; o pensamento, pelo nosso próprio ato de pensar, não por mera apropriação dos pensamentos de outros homens; e o conhecimento, pela nossa própria investigação, não por falações intermináveis...” A natureza é para Pestalozzi uma potencialidade dentro do homem e estímulo fora dele. Por isso a educação natural implica duas atitudes: conectar o homem consigo mesmo para que ele oriente seu desenvolvimento de acordo com as forças interiores que o impulsionam, e conectar o homem com a realidade para que seus conhecimentos se tornem objetivos. Observa-se nesse caminho a fé pestalozziana, que seria uma ponte para a reafirmação de seus ideais. A religião erap ara ele a fonte da moralidade e a ponte de acesso do homem para a sua essência divina. Assim como Rousseau, Pestalozzi descobre Deus em si mesmo e afirma que: 1 “Descrença é a fonte da destruição de todos os laços da sociedade.(...) E a fonte da justiça e de toda a felicidade no mundo, a fonte do amor e do sentido de fraternidade humana repousa no grande pensamento da religião: de que somos filhos de Deus, e de que a fé nessa verdade é a base segura de toda felicidade do mundo.” Então, Pestalozzi alerta como experiência positiva, despertar o sentimento religioso na criança, porém sem submetêla a dogmas, seitas ou a memorizar o catecismo. Froebel e Herbart foram estudiosos de suas obras e seguidores. Pestalozzi faleceu na Suíça. Ninguém representou de melhor maneira as ambições educacionais de paz, de desprendimento, de confiança, do que Pestalozzi. Esse ilustre homem tornou-se símbolo definitivo da integração nacional no final do século XIX. Cronologia de Johann Heinrich Pestalozzi 1746 – Nascimento de Pestalozzi em Zurique em 12 de janeiro 1774 – Fundação de Neuhof, uma escola que recolhe órfãos, mendigos e pequenos ladrões, com a proposta de unir educação e trabalho 1780 – Falência do Instituto de Neuhof 1781 – Publicação da primeira parte do livro Leonardo e Gertrudes, pois o livro foi publicado em quatro volumes 1801 – Publicação da obra Como Gertrudes ensina seus filhos 1806 – Fundação do Instituto de Yverdon 1827 – Morte de Pestalozzi em 17 de fevereiro “A VIDA FORMA E EDUCA.” Pestalozzi Glossário Inatas: Que nasceu com o indivíduo; congênito. Uníssono: Que tem o mesmo som que outro; unissonante. Sucedâneos: Diz-se da substância, medicamento ou produto que pode substituir outro, por ter aproximadamente as mesmas propriedades. Dogmas: Ponto ou princípio de fé definido pela Igreja. Fundamento de qualquer sistema ou doutrina. O conjunto das doutrinas fundamentais do cristianismo. Referências Bibliográficas GADOTTI, Moacir. História das idéias pedagógicas. São Paulo: Editora Ática, 2003. INCONTRI, Dora. Pestalozzi: educação e ética. São Paulo: Scipione, 1997 PALMER, Joy A.. 50 grandes educadores: de Confúcio a Dewey. São Paulo: Contexto, 2005. XAVIER, Maria Elizabete. RIBEIRO, Maria Luisa. NORONHA, Olinda Maria. História da educação. São Paulo: FTD, 1994. 2
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