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ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO ÉLÉTRICAS Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP OSCAR TADASHI KINTO MIGUEL EDGAR MORALES UDAETA PROJETO DE FORMATURA 2001 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 1 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ENERGIA E AUTOMAÇÃO ÉLÉTRICAS PROJETO DE FORMATURA 2001 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP Aluno: Oscar Tadashi Kinto Orientador: Miguel Edgar Morales Udaeta Coordenador: Luiz Cláudio Ribeiro Galvão Marcos Antônio Saidel Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 2 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas AGRADECIMENTOS Aos amigos que diretamente ou indiretamente colaboraram para o sucesso deste projeto. À meus pais, que sempre me apoiaram, o mais profundo agradecimento. O Autor Dezembro de 2001. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 3 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Grossário Bar Unidade para representar a pressão atmosférica (1 at = 1 kgf/cm 2 ~ 0,981 bar) BIGCC Sigla em inglês de “gaseificação de biomassa integrada a ciclos combinados“ BIG-GT Sigla em inglês para Turbina à gás (Biomass Integrated Gasifier/Gas Turbine) CBH-MPP Comite de Bacias Hirográficas do Médio Paranapanema CIERGA Consórcio Intermunicipal do Escritório da Região de Governo de Assis CTC Centro de Tecnologia e Ciência DOE Sigla em inglês do Departamento de Energia dos EUA (Department of Energy) EEPV Empresa de Eletricidade Valeparanapanema S/A EPA Sigla do Grupo A Engenharia Protegendo o Ambiente FAO Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura HGCU Sigla em inglês de “unidade de limpeza de gás quente” IGCC Sigla em inglês de “gaseificação integrada a ciclos combinados“ IGT Sigla em inglês de “Instituto de tecnologia de gás” 3 MJ/Nm Unidade para expressar o poder calorífico MPP Médio Paranapanema NREL Sigla em inglês do Laboratório Nacional de Energia renovável dos EUA O&M Operação e Mannutenção PIR Planejamento Integrado de Recursos SEADE Sistema Estadual de Análise de Dados TPS Termiska Processer AB, da Suécia WBP/SIGAME Brazilian Wood BIG-GT Demostration project / Sistema integrado de Gaseificação de Madeira para produção de eletricidade WHO Sigla em inglês de Organização Mundial de Saúde Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 4 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Resumo O objetivo deste trabalho é mostrar um estudo para produção de energia através da biomassa para a região do Médio Paranapanema (MPP), uma das regiões menos desenvolvidas do estado de São Paulo, segundo a filosofia do PIR, mostrando também nesse trabalho o estado da arte das tecnologias de gaseificação existentes no mundo. Para isso a metodologia usada foi a análise e caracterização da região, dos recursos de biomassa e tecnologias de gaseificação, tudo focando a ACC (análise dos custos completos) e dentro de um período de planejamento de 10 anos. Obtendo como resultado de 4x103 GWh utilizando os seguintes resíduos de biomassa: cana de açúcar, milho, milho safrinha, algodão e mandioca como combustível e utilizando a tecnologia de gaseificação de leito fluidizado. De posse de tais resultados podemos estabelecer um plano preferencial para a região e mostrar a viabilidade e sustentabilidade dessa tecnologia para produção de energia elétrica. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 5 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas SUMÁRIO Capítulo 1 - Introdução ...................................................................................................... 9 Capítulo 2 - A região do Médio Paranapanema.............................................................. 10 2.1 Introdução............................................................................................................ 10 2.2.1 Aspectos Geográficos....................................................................................... 10 Principais Rios do MPP. ............................................................................................... 12 2.3 Aspectos Demográficos e Socio-culturais. .......................................................... 12 2.3.1 Características da população do MPP.............................................................. 13 2.3.2 Situação sociocultural do MPP. ........................................................................ 14 2.3.3 Distribuição da população do MPP nos municípios. ......................................... 15 2.4 Agricultura ........................................................................................................... 17 2.5 Considerações dos potenciais energéticos ......................................................... 22 2.5.1 Hábito de consumo de energia elétrica no MPP............................................... 23 2.5.1.1 O consumo de energia elétrica na Região e no Estado.................................... 23 2.5.1.2 Consumo de energia elétrica residencial.......................................................... 25 2.5.1.3 Consumo industrial de energia elétrica no MPP. .............................................. 27 2.5.1.4 Consumo de energia elétrica na área rural do MPP. ........................................ 29 2.5.1.5 Consumo de energia elétrica pelo setor terciário no MPP................................ 30 2.5.2.1 Parque de Geração Elétrica do MPP................................................................ 33 2.5.2.2 Geração Hidrelétrica do MPP. .......................................................................... 34 2.5.2.3 Geração Termelétrica do MPP. ........................................................................ 34 2.5.2.4 Outras Energias................................................................................................ 35 2.6 Características sócio-econômicas e culturais ...................................................... 36 Capítulo 3 - Gaseificação ................................................................................................ 39 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 6 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 3.1 Introdução............................................................................................................ 39 3.2 Histórico............................................................................................................... 40 3.3 Aspectos termodinâmicos e químicos da Gaseificação....................................... 42 3.4 Classificação ....................................................................................................... 44 3.4.1 Gaseificação em leito fixo................................................................................. 44 3.4.1.1 Fluxo Ascendente ............................................................................................. 44 3.4.1.2 Fluxo Descendente........................................................................................... 45 3.4.2 Gaseificação de leito Fluidizado ....................................................................... 46 3.5 Limpeza do gás ................................................................................................... 48 3.6 Estado da Arte das tecnologias de gaseificação ................................................. 54 Capítulo 4 – Demanda Energética no MPP ..................................................................... 65 4.1 Introdução............................................................................................................ 65 4.2 Histórico e previsão da demanda energética....................................................... 65 4.3 Sazonalidade do Consumo – Anual .................................................................... 66 Capítulo 5 – Plano Preferencial baseado no PIR ............................................................ 68 5.1 Introdução............................................................................................................ 68 5.2 Recursos Bioenergéticos..................................................................................... 68 5.3 Potencial de eletricidade a ser gerada................................................................. 73 5.4 Análise de resultados .......................................................................................... 73 5.5 Proposta Preferencial para Gaseificação no MPP............................................... 74 Capítulo 6 – Produção de Energia e seus Impactos........................................................ 75 6.1 Introdução............................................................................................................ 75 6.2. Processo de Produção de Eletricidade................................................................ 75 6.3. Integração do sistema BIG/GT com uma usina típica.......................................... 77 6.4. Turbina ................................................................................................................ 78 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 7 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 6.5 Efeitos da Utilização da Energia de Biomassa sobre o Meio-Ambiente .............. 83 6.6 Sócio Econômicos ............................................................................................... 85 6.7 Custos Ambientais............................................................................................... 86 Custos .......................................................................................................................... 87 Capítulo 7 – Avaliação Econômica .................................................................................. 88 7.1 Introdução............................................................................................................ 88 7.2 Bagaço de cana................................................................................................... 88 7.3. Projeto WBP-SIGAME ......................................................................................... 94 Capítulo 8 – Conclusão ................................................................................................... 97 Bibliografia....................................................................................................................... 98 Anexos .......................................................................................................................... 102 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 8 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 1 - Introdução Atualmente os combustíveis fósseis ainda são a base da economia mundial. Em um mundo onde a globalização é crescente isso pode ser visto como uma certa preocupação, tendo em vista que esses recursos estão concentrados numa região altamente instável, o Oriente Médio. Caso ocorra um incidente mais grave que leve a resultados extremos como uma guerra isso poderia atingir gravemente vários países. Outra preocupação ao uso de combustíveis fósseis é a poluição gerada por ela, principalmente o Efeito Estufa, que está causando um aquecimento global a níveis preocupantes. Dentro deste contexto, a utilização de recursos renováveis tem sido alvo de estudos de vários estudiosos, resultando numa redução de custos de operação e manutenção dessas tecnologias (solar, eólica, biomassa, entre outras.) Uma delas, a gaseificação de biomassa, será estudo deste trabalho. Sua aplicação na Região do Médio Paranapanema, visa principalmente a geração de energia elétrica atendendo a uma demanda cada vez mais crescente, num cenário onde a oferta de energia se encontra bastante debilitada, com racionamentos e “apagões” ocorrendo em todo o pais. A seguir serão focados aspectos técnicos e econômicos que fazem parte do planejamento energético tradicional, os aspectos ambientais, sociais , com a introdução do Planejamento Integrado de Recursos, onde todos estes fatores possuem a mesma importância na escolha da unidade geradora de eletricidade, buscando a melhor decisão e visando no Desenvolvimento Sustentável, a busca da manutenção do futuro da humanidade. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 9 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 2 - A região do Médio Paranapanema 2.1 Introdução Neste capitulo será apresentada a região do Médio Paranapanema (MPP), região para a qual o trabalho está dirigido. Aqui serão mostradas as características sócioeconômicas, ambientais, culturais e energéticas da região. Serão relatadas neste capítulo, as informações fornecidas pelas prefeituras, CIERGA, CBH-MPP, EEPV e outras para a caracterização dos aspectos mencionados a seguir. Apesar da região em questão ser predominantemente agrícola e a mais subdesenvolvida do Estado de São Paulo, ela tem um potencial econômico grande. Sendo por isso foco de estudo de pesquisadores da USP para estudar com mais profundidade os potenciais energéticos da região para permitir um planejamento adequado para a sua exploração de modo a orientar os órgãos públicos, as empresas que atuam na região para um desenvolvimento sustentável. 2.2.1 Aspectos Geográficos A região em estudo possui uma área de 6.237 km2 com a população de 218.582 habitantes, dividida em 83% (rural/urbana) e 17% (rural/rural). A população rural é expressiva, tendo na agricultura a base da atividade econômica na região. A densidade populacional é de 35,046 Hab./km2. É situada dentro das bacias dos rios Paranapanema e do Peixe. Na figura 2.1.1 são apresentados o MPP, o Estado de São Paulo e o mapa do Brasil com as suas divisões políticas. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 10 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas FONTE [1] Figura 2.1- Região do Médio Paranapanema O MPP é formado pela região de Governo de Assis mais dois municípios associados ao CIERGA(Consórcio Intermunicipal do Escritório da Região de Governo de Assis) formando um total de 17 municípios que são : Assis, Borá, Campos Novos Paulista, Cândido Mota, Cruzália, Echaporã, Florínea, Ibirarema, Lutécia, Maracaí, Palmital, Paraguaçu Paulista, Pedrinhas Paulista, Platina, Quatá, Tarumã e Oscar Bressane. O Gráfico (fig. 2.2) à seguir mostra a distribuição da área dos respectivos municípios que compões o MPP. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 11 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Assis Gráfico 2.1 Borá Campos Novos Paulista Cândido Mota Cruzália 9% 7% 3% 7% Florínea 2% 7% 9% 4% 2% 5% 2% 3% 14% 8% 8% 3% 7% Ibirarema Lutécia Maracaí Palmital Paraguaçu Paulista Pedrinhas Paulista Platina Tarumã Echaporã Quatá FONTE SEADE2001 Figura 2.2 – Distribuição da área no MPP 2.2.2 Principais Rios do MPP. Durante a etapa de levantamento de dados verificou-se um boa rede fluvial e com vazões suficientes para alguns aproveitamentos hidrelétricos como mostra a tabela em seguida. Tabela 2.1: Principais rios do MPP. FONTE [8] 2.3 Nome do Rio Paranapanema Novo Capivara Peixe Pari Vazão Média, m3/s 1.109,45 5,64 18,58 5,69 12,75 Aspectos Demográficos e Socio-culturais. Nestes aspectos foram levantadas as informações sobre as características da população a sua distribuição nos municípios, as taxas de crescimento tanto rural, urbana, evasão ao ensino, participação na política, acesso à saúde, natalidade e Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 12 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas mortalidade. Resumidamente essas informações estão mostradas na tabela abaixo e figura 4. 2.3.1 Características da população do MPP. Na tabela (2.2) abaixo são dadas de forma resumida as características da população da região do Médio de Paranapanema. Tabela 2.2: Dados característicos da população do MPP Variável Região do MPP Taxa anual de crescimento da 1,85 população, % Percentual em relação ao estado, % 100 237.452 População total Taxa de crescimento da população -3,09 rural, % 12,42 Percentual da população rural, % 29.498 Valor absoluto da população rural Percentual dos eleitores em relação 100 ao Estado, % Taxa anual de crescimento de 3,95 eleitores, % Valor absoluto dos eleitores da 145.840 região Valor absoluto da participação dos 63,29 eleitores na população dos municípios Taxa de evasão ao ensino público 0,86 de 10 grau na região por mil habitantes, % Taxa de evasão do ensino público -0,35 de 20 na região por mil habitantes, % 19,40 Taxa de natalidade 6,87 Taxa de mortalidade, % Coeficiente de leitos gerais por 1,25 1000 habitantes Coeficiente de leitos SUS por mil nd. habitantes Saneamento - nível de atendimento 45,97 de água Saneamentonível de 34,31 atendimento/esgoto sanitário Saneamento nível de 43,81 atendimento/coleta de lixo Estado de São Paulo 1,97 0,70 34.119.110 -1,16 6,89 2.351.492 0,70 4,51 19.812.703 60,65 2,08 1,47 20,61 6,60 - FONTE [8] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 13 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 2.3.2 Situação sociocultural do MPP. Em termos socio-culturais procurou-se levantar os dados sobre o desenvolvimento cultural da região citando os elementos como turismo, esporte e cultura em geral (cinemas, bibliotecas, sistema de comunicação, etc.), (tabela 2.3). Tabela 2.3: Aspectos socio-culturais no MPP Atividade cultural Cine-clubes-salas disponíveis teatros-salas disponíveis Arte Emissoras de TV** Jornais Espaços para exposições Espaços para apresentações teatrais Espaços para baile público de carnaval Espaço para desfile de escolas de samba Espaço para festa de aniversário do município Espaço para shows artísticos Terminais telefonicas1 Emissoras de radio AM&FM** Assis 1 2 9 - Avaré 1 2 15 - 10,29 - 9,78 - Ano 1997 1997 1998 Ano 1997 FONTE [8] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 14 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 2.3.3 Distribuição da população do MPP nos municípios. Tabela 2.4 – Informações populacionais sobre as cidades do Médio Paranapanema 462,8 119,0 População 1999 85.798 793 População 2000 87.029 795 485,8 4.166 4.177 597,5 149,5 227,9 229,0 475,8 534,3 550,3 1.003,6 152,6 328,6 304,2 515,9 654,4 222,0 7.013,2 28.851 2.619 3.112 5.682 2.867 12.945 20.439 38.846 2.832 2.859 10.605 6.747 11.614 2.550 243.325 29.243 2.612 3.128 5.691 2.894 12.968 20.677 39.553 2.858 2.867 10.735 6.805 11.652 2.552 246.236 Cidade Área [Km2] Assis Borá Campos Novos Paulista Cândido Mota Cruzália Florínea Ibirarema Lutécia Maracaí Palmital Paraguaçu Paulista Pedrinhas Paulista Platina Tarumã Echaporã Quatá Oscar Bressane TOTAL FONTE SEADE 2001 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 15 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 90.000 80.000 70.000 60.000 1995 1996 50.000 1997 1998 40.000 1999 2000 30.000 20.000 10.000 Q ua tá ar Br es sa ne O sc ã Ec ha po rã Ta ru m Pa ul is ân ta di do M ot a C ru zá lia Fl or ín ea Ib ira re m a Lu té ci a M ar ac aí P Pa al m ra ita gu l aç u Pe Pa dr ul is in ta ha s Pa ul is ta Pl at in a C C am po s N ov os As si s Bo rá 0 Figura 2.3 – Crescimento populacional do município do MPP de 97 a 00 O gráfico acima mostra o crescimento populacional dos municípios da região do MPP durante os anos de 1997 à 2000. Como podemos observar através da tabela 2.4,o MPP apresenta cidades como Paraguaçu Paulista que possui uma grande área e a segunda maior população da região, mas também apresenta municípios como Borá que foi incorporado recentemente e possui menos de 1000 habitantes. (O município de Borá é o que apresenta o menor número de habitantes de todo o Estado de São Paulo). Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 16 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 2.4 Agricultura O levantamento sobre a tipologia da produção agrícola da região, a estrutura fundiária regional, atividade agropecuária, piscicultura e seus aspectos tecnológicos, produção e comercialização dos produtos, caracterização do sistema de cultivo e de criação, a viabilidade econômica das unidades tipificadas na região, alternativas agrícolas, formação vegetal, solos, aptidão agrícola e uso atual das terras, uso do sistema de irrigação, estruturas de apoio à produção na região, avaliação do mercado local, mineração, caracterização detalhada dos produtos (pelos dados da IBGE foi quantificada a produção por espécie de cultura na região); levantados os dados sobre a piscicultura, dos alguns projetos de recreação em andamento na região, projetos de irrigação e reflorestamento na base do trabalho “Agricultura Limpa”. Tudo visando a exploração do recurso de biomassa. A tabela abaixo mostra alguns dos elementos relacionados a produção da região. Tabela 2.5: Produção agrícola do MPP, (IBGE/1999) Produtos Cana-de-Açúcar Feijão Milho Soja Milho Safrinha Mandioca Café Amendoim Algodão Arroz Produção total, (ton.)x103/ano 8.758,386 3,305 81,597 420,534 483,488 204,919 4,332 5,338 4.800 (arroba)x15kg= 72,00 2,895 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 17 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Na região sul do Médio Paranapanema que faz divisa com o Rio Paranapanema são plantadas culturas anuais: soja, milho, trigo, mandioca e cana-de-açúcar e somente 3% da vegetação nativa (floresta tropical) está preservada. Na figura 2.2 é apresentada a cultura de trigo e na figura 2.3 a cultura de milho do MPP. Figura 2.4 – Plantação de Trigo na Região do Médio Paranapanema FONTE [1] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 18 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Figura 2.5 – Plantação de Milho na Região do Médio Paranapanema FONTE [1] No Centro predominam a plantação de cana-de-açúcar (figura 2.6) e pastagens (figura 2.7) restando 6% de vegetação nativa (cerrado). Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 19 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Figura 2.6 – Lado Esquerdo (Plantação de Cana de Açúcar na Região do Médio Paranapanema) Lado Direito Superior (Caminhão Recolhendo Cana) Lado Direito Inferior (Terreno Após a Colheita da Cana) FONTE [1] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 20 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Na região Norte, localizada na bacia do Rio do Peixe, apresenta areia branca e ocupa cerca de 60% da área total. Neste local a terra não é tão boa para o cultivo de culturas, predominam as pastagens e ainda há 8% da vegetação nativa (floresta tropical). Há um grande interesse em se realizar estudos para a melhoria da terra para o cultivo de culturas mais rentáveis como a menta, mas isto exigiria um grande investimento na irrigação e introdução de sais minerais e outros compostos que possibilitassem tal utilização. Figura 2.7 – Pastagem na Região do Médio Paranapanema FONTE [1] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 21 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 2.5 Considerações dos potenciais energéticos Os rios Paranapanema, do Peixe e outros menores são as fontes de energia elétrica mais importante da região através de suas hidrelétricas. Elas geram energia suficiente para suprir as necessidades locais, mas a sua principal função é a de levar energia para os grandes centros consumidores. Como pode ser observada na figura 2.6, as usinas hidrelétricas estão instaladas na bacia hidrográfica do Paranapanema. As principais usinas da região são Canoas I e II. Figura 2.8– Bacias Hidrográficas e Usinas Hidrelétricas do Estado de São Paulo FONTE [1] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 22 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 2.5.1 Hábito de consumo de energia elétrica no MPP. 2.5.1.1 O consumo de energia elétrica na Região e no Estado Tomando por base o consumo de energia elétrica pode-se caracterizar a região como predominantemente agrícola. A tabela 2.6 mostra a importância relativa do consumo de energia regional para os diversos usos: residencial, industrial, rural e para o comércio, serviços e outros, no período 1990-97. Tabela 2.6 : Importância Relativa e Estado , 1997. SETOR 1990 44,55 Residencial 19,30 Rural 20,07 Industrial Com.Serv.Outros 16,08 100,00 Total da Região do Consumo de Energia Elétrica na Região do MPP , 1990-97 1993 46,65 19,44 17,16 16,75 100,00 1995 50,22 17,02 18,29 14,47 100,00 1996 50,90 16,49 16,31 14,70 100,00 1997 50,82 15,82 18,43 14,93 100,00 Estado 97 30,83 2,74 50,20 16,23 100,00 Fonte : SEADE 2001 Constata-se que o uso industrial e o voltado para o comércio, serviço e outros vem perdendo importância relativa principalmente para o uso residencial, mas também para o rural. De fato, o uso industrial vem declinando em termos absolutos, desde 1990. De uma forma geral, o PROALCOOL trouxe a diversificação da produção das açucareiras , transformando profundamente a demanda de energia industrial na região. A introdução da produção de álcool, levou ao aumento na demanda de energia estimulando a geração própria levando muitas usinas a buscarem a auto-sustentação e transformando-se inclusive em co-geradoras, como é o caso da Usina Maracaí. Dado o baixo número de industrias na região e a importância relativa das usinas, o comportamento observado na região e também nos municípios, nos anos 80, foi fortemente influenciado por este processo. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 23 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Em 1997, o consumo residencial representou 50,82% do total da energia consumida enquanto a energia elétrica de uso rural, que em 1980 se constituía no uso setorial menos importante, passou a ser o mais significativo, aproximando-se de 16%. O industrial responde por 18,43% e comércio e outros por 14,93%. Quando comparamos este comportamento com o resto do Estado tem se um quadro ainda mais claro da importância do setor agrícola para a economia da região. No Estado, em 1997, prevalecia o uso industrial (50,20%), o comércio e outros utilizava 16,23% enquanto o uso rural restringia-se a 2,74%. Dado o alto valor absoluto do usos da energia para fins econômicos, o peso da utilização nas residências é de cerca de 31%. Estes dados evidenciam o forte processo de urbanização da região e a dependência da economia regional do dinamismo econômico da agricultura, com reflexos de ambos sobre a expansão do setor terciário e sua demanda por energia. A tabela 2.7 apresenta as taxas de crescimento setorial de consumo de energia e evidencia não só o crescimento negativo do setor industrial como o crescimento mais acentuado no consumo rural e residencial, nesta ordem. Tabela2.7: Taxa de Crescimento do Consumo de Energia Elétrica na Região do CIERGA , 1980-97 SETOR Residencial Industrial Rural Com.Serv.Outros Total da Região Total do Estado 19801985 9,40 13,50 18,65 7,24 11,71 7,07 19851990 8,83 -4,95 3,50 4,07 3,43 2,38 19901995 5,47 -1,40 4,11 5,28 3,79 2,77 19951997 13,50 12,96 4,25 12,96 15,70 8,92 Fonte : SEADE 2001 A tabela 2.8 traz os valores absolutos de consumo de energia elétrica na região do CIERGA, por setor, de 1995 até 1997. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 24 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 2.8: Consumo Setorial de Energia Elétrica na Região do MPP(MWh) , 1995-1997 SETOR Residencial Rural Industrial Com.Serv.Outros Total da Região Total do Estado Fonte : SEADE 2001. 2.5.1.2 1995 1996 1997 134639 45626 49046 38802 270108 74.665.023 141828 45953 45432 40953 276162 76.227.247 152815 47564 55400 44894 302670 81.331.577 Consumo de energia elétrica residencial. O consumo de energia elétrica residencial por município sugere a importância de quatro concentrações urbanas: Assis que consome cerca de 37% do total regional de um lado e, de outro Paraguaçú Paulista, Cândido Mota e Palmital, que juntas somam não mais que 30,5%. A diferença entre os dois grupos tendeu a reduzir-se ao longo do período, mesmo desconsiderando o desmembramento de Tarumã. Palmital, entre os últimos, foi o único a não mostrar claramente uma tendência à expansão. As figuras 2.9 e 2.10 ilustram bem como é repartido o consumo residencial de energia elétrica na região de 1980 à 1997. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 25 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Figura 2.9 : Consum o de Energia Elétrica Residencial da Região do CIERGA - 1980 CAMPOS NOVOS PAULISTA 0,85 CÂNDIDO MOTA 1,76 0,72 FLORÍNEA IBIRAREMA 0,63 4,01 0,66 0,09 9,32 LUTÉCIA 2,65 MARACAÍ 8,66 PALMITAL PARAGUAÇU PAULISTA PLATINA 13,10 53,42 ECHAPORÃ 0,27 PEDRINHAS PAULISTA+CRUZÁLIA TARUMÃ+ASSIS 1,83 BORA 2,03 QUATÁ OSCAR BRESSANE Figura 2.9 – Consumo Residencial no MPP em 1980 FONTE SEADE 2001 Figura 2.10- Consumo de Energia Elétrica Residencial na Região do CIERGA - 1997 Assis Borá Campos Novos Paulista 3,1% Cândido Mota 1,2% Cruzália 3,8% Echaporã 13,2% 37,1% Florínea Ibirarema Lutécia Maracaí 13,2% Oscar Bressane 7,5% 9,8% 3,8% 0,7% 0,7% 0,6% 1,6% 1,9% 0,9% Fonte SEADE 2001 0,2% Palmital 0,9% Paraguaçu Paulista Platina Quatá Pedrinhas Paulista Tarumã Figura 2.10 - Consumo Residencial no MPP em 1997 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 26 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tem observado o aumento do consumo de energia residencial em todos os municípios, durante todo o período analisado. A única taxa negativa observada foi em Cruzália, devido ao desmembramento de Pedrinhas Paulista. 2.5.1.3 Consumo industrial de energia elétrica no MPP. Considerando o consumo industrial de energia constata-se que dois municípios: Assis e Paraguaçú são responsáveis por cerca de 73% do total regional em 1980. Este percentual caiu para 46,27% em 1997, desconsiderando Tarumã, mas 59,41% incluindoo. Isto ocorreu em função da redução do consumo para este fim nestes municípios, mas também, em função do aumento do consumo em Cândido Mota e Palmital que juntos passaram a utilizar cerca de 28,44%, em 1997. Isto reflete não só a tendência das usinas a reduzir o consumo de energia, pelo aumento de eficiência e produção própria, como também o surgimento/fortalecimento de pequenas unidades industriais como farinheiras, mini-usinas ou mesmo unidades não diretamente ligadas à atividade agrícola. Os demais municípios podem ser agrupados em dois grupos: os que consomem até 3% do utilizado na região, que constitui a maioria,: Campos Novos, Cruzália (mesmo incluindo Pedrinhas), Florínea, Lutécia, Platina, Echaporã, Borá, Ibirarema, e Oscar Bressane; e os que consomem de 3 a 10%: Quatá e Maracaí, figuras 2.11 e 2.12. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 27 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas CAMPOS NOVOS PAULISTA Figura 5 : Consumo de Energia Elétrica Industria da Região do CIERGA - 1980 CÂNDIDO MOTA FLORÍNEA 1,31 0,21 0,92 0,00 IBIRAREMA 4,59 0,27 7,37 0,56 LUTÉCIA 7,63 42,32 MARACAÍ 3,10 PALMITAL PARAGUAÇU PAULISTA 0,32 30,78 PLATINA 0,40 0,23 ECHAPORÃ PEDRINHAS PAULISTA+CRUZÁLIA TARUMÃ ASSIS Fonte SEADE 2001 Figura 2.11 - Consumo Industrial no MPP em 1980 Figura 2.12 - Consumo de Energia Elétrica Industrial da Região do CIERGA Assis Borá Campos Novos Paulista Cândido Mota 0,76% Cruzália 13,14% 19,11% 5,11% 0,09% 0,05% Echaporã 0,05% Florínea 11,47% Ibirarema Lutécia 0,03% 0,07% 27,16% Maracaí Oscar Bressane Palmital Paraguaçu Paulista 16,97% 1,60% 0,03% Platina Quatá 0,55% Pedrinhas Paulista 3,42% Fonte SEADE 2001 0,39% Tarumã Figura 2.12 - Consumo Industrial no MPP em 1997 Foi notado também grande freqüência de taxas negativas, e grandes saltos em função do baixo valor absoluto observado em vários municípios Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 28 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 2.5.1.4 Consumo de energia elétrica na área rural do MPP. O consumo de energia elétrica na área rural apresenta uma melhor distribuição entre os municípios. Os que consumiam entre 10 e 20% do total regional, em 1980 eram: Assis (19,34%), Cândido Mota (13,97%), Palmital (15,80%), Paraguaçú (12,63%) e Echaporã (10,34%). Cândido Mota e Palmital, podem ser explicados em função do predomínio das pequenas explorações. Já no caso de Paraguaçú e Assis a razão parece estar associado a maior ocorrência de bairros rurais, local de residência de trabalhadores vinculados forma ou informalmente ao setor sucroalcooleiro. Echaporã é o maior produtor de aves da região e as granjas são grandes consumidoras de energia. Em 1997, a Assis, Echaporã e Cândido Mota (10%), Tarumã (9%), Paraguaçu Paulista (20%) . Um segundo grupo de municípios Cruzália (incluindo Pedrinhas), Quatá e Maracaí consumiam cerca de 5%, em 1997. Nos municípios com baixo consumo de energia, as taxas de crescimento muitas vezes atingem valores excessivamente altos porque são muito sensíveis a qualquer variação. Neste caso, entretanto, as altas taxas do período 1980-85 marcaram efetivamente um salto no padrão de consumo de energia elétrica no meio rural sugerindo a implantação eficaz de um programa governamental na região, neste período. Com exceção de Oscar Bressane e Ibirarema todos os demais apresentaram taxas de crescimento anual, neste período, acima de 10%, alguns acima de 20%. No período seguinte, foi a vez de Oscar Bressane dar o salto, apresentando a mais alta taxa do período. Dois municípios reverteram a posição anterior apresentando taxas negativas: Florínea (-6,14%) que apresentou a maior taxa de êxodo rural da região no período (5,31% a.a.) e Borá (-2,85%). Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 29 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas O período 1990-93 marcou uma maior retração de demanda, principalmente em Platina, que na década de 80 se caracterizou por ser o município da região com maior percentual da população vivendo na área rural mas, apresentando também forte tendência à urbanização. Quatá e Oscar Bressane foram outros dois municípios que apresentaram significante redução do consumo de energia rural, no período citado. No período de 1995-97 podemos observar uma flutuação da população rural de todos os municípios, ora crescendo ora decrescendo. Abaixo podemos observar que municípios como Campos Novos Paulista, Cruzália, Echaporã, Florínea possuem população predominantemente rural. Figura 2.13 - Percentagem da população rural em relação à pupulação total A ssis B o rá Campo s No vo s P aulista 20,1 28,2 2,6 24,7 4,9 22,9 Cândido M o ta 39,4 19,1 15,2 39,4 Cruzália Echapo rã Flo rínea Ibirarema Lutécia M aracaí 24,8 Oscar B ressane 27,8 19,9 24,0 59,7 8,0 40,1 P almital P araguaçu P aulista P latina Quatá P edrinhas P aulista Tarumã Fonte SEADE 2001 2.5.1.5 Figura 2.13 - Consumo Rural no MPP Consumo de energia elétrica pelo setor terciário no MPP. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 30 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas O consumo de energia elétrica pelo setor terciário acompanha o comportamento do consumo de energia residencial demonstrando a possibilidade de utilizá-los alternativamente, como indicador do grau de urbanização do município. O município de Assis utiliza cerca de 40,2% do consumo regional (incluindo Tarumã, em 1997). A partir de 1985 mostra uma concentração ligeiramente superior a identificada pelo uso residencial de energia. Palmital, Paraguaçú e Cândido Mota representam juntos cerca de 30% do consumo regional, um pouco abaixo da concentração discutida em termos do uso residencial. A principal diferença, entretanto, está associada a importância relativa destes três municípios. Com base nas cifras de 1997, pode-se salientar de forma geral, as características de todo período analisado. Paraguaçú (13,12%) e Cândido Mota (9,8%) consomem mais do que Palmital (7,5%) . O consumo do setor terciário, no mesmo ano, foi de 13,1%, 9,8% e 8,8%, respectivamente. Grosso modo, o maior consumo de Assis é compensado pelo menor uso dos outros três deixando a importância relativa do conjunto dos demais municípios, sem alteração. O crescimento do consumo de energia pelo setor terciário foi muito menos significativo do que a ampliação associada ao uso residencial. As maiores taxas foram encontradas em Florínea (12,92%) e Borá ( 10,89%) e foram os únicos municípios que apresentaram taxas de crescimento maior do que a definida para o uso residencial, no período 1980-93. Mas isto se dá, em função dos baixos valores absolutos de consumo nos dois municípios o que os torna muito sensíveis a qualquer transformação. Os municípios que mostraram maior crescimento foram os de Maracaí (7,36%) e CruzáliaPedrinhas (8,64%), mas sem se diferenciar muito dos demais. O pior desempenho foi o de Campos Novos que foi o único a apresentar uma taxa negativa para o conjunto do período. (0,83%). Dois outros, Ibirarema e Platina apresentaram taxas negativas no Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 31 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas último período analisado. Destes Ibirarema é o que demanda mais atenção uma vez que a taxa foi alta (5,61%) e já apresentava taxa baixa nos cinco anos anteriores. Para o melhor entendimento do problema apresenta o resumo da situação nas figuras 2.15 e 2.14 mostrando a evolução do processo de 1980 à 1997. A tabela 2.9 os valores absolutos do consumo de energia elétrica por setor no MPP com projeções para o ano 2000, utilizando as taxas de crescimento atuais. Figura 2.15 : Consumo Setorial de Energia Elétrica na Região do CIERGA - 1980 19,14 38,35 RESIDENCIAL INDUSTRIAL RURAL COM.SERV.OUTROS 14,23 28,29 F ig u r a 2 . 1 4 - C o n s u m o S e t o r ia l d e E n e r g ia E l é t r ic a n a R e g iã o d o C IE R G A 1997 15% 18% 51% re s id e n c ia l ru ra l in d u s tria l o u tro s 16% Fonte SEADE 2001 Figura 2.15/2.14 – Consumo Setorial no MPP em 87 e 97 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 32 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 2.9: Consumo de energia elétrica (MWh/ano) no MPP por setor-projeções para ano 2000. Setor Ano base, 1997 Taxas de 2000 crescimento Residencial 95.336 4,43 108.575,72 Industrial 41.391 14,11 61.500,27 Comercial 32.964 6,86 40.224,02 Rural 33.929 -0,76 33.161,28 Poder Público 8.950 4,22 10.131,56 Serviço Público 12.705 -2,76 11.683,00 Iluminação Pública 21.978 2,07 23.533,85 Consumo próprio 248,00 0,00 248,00 Médio Total 247.501 4,87 289.057,77 FONTE[8] Outros parâmetros importantes para avaliação de demanda no MPP é o número de consumidores por setor como mostra a tabela em abaixo. Tabela 2.10: Números de consumidores por setor no MPP. Setor Número de consumidores Residencial (urbano/rural) 60.970 Industrial 1.046 Comercial 5.673 Serviços 777 Iluminação Pública 45.795 (focos de iluminação). FONTE [8] 2.5.2.1 Parque de Geração Elétrica do MPP. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 33 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas A parque de geração elétrica do MPP é caracterizada pela duas formas de geração: hidreletricidade e termeletricidade (através da co-geração). 2.5.2.2 Geração Hidrelétrica do MPP. Tabela 2.11: dados da companhia energética de são Paulo – CESP MUNICÍPIO NOME USINA POTÊNCIA INSTALADA Palmital/Andirá 72.000 KW (em construção) Usina Canoas II Cândido mota 84.000 KW Usina Canoas I Iepê/Porecatu 640.000 KW Usina Capivara Candido Mota 1.344 kW Usina Pari-Veado 100.380 kW Usina L. N. Garcez Fonte: CESP/Usina Salto Grande [8] 2.5.2.3 Geração Termelétrica do MPP. A produção de energia elétrica a partir da queima do bagaço de cana teve seu impulso fundamental nesta região na crise do petróleo dos anos 70, resultando em uma potência instalada atual próxima de 850 MW, a maior parte em sistemas de co-geração através do acoplamento de turbinas à contrapressão no circuito de vapor das indústrias do setor sucro-alcoeiro. As usinas co-geradoras de energia atualmente estão localizadas junto ao sistema da extração do caldo da cana. Quanto a geração térmica à base de óleo diesel não têm informações disponíveis. Portanto fica difícil avaliar a potência gerada através deste combustível. Mas pelas características da região dá para supor que esse tipo de geração não existe. As usinas termelétricas existentes na região do Médio Paranapanema estão listados na tabela abaixo: Tabela 2.12: Relação das usinas de cana-de –açúcar existentes no MPP Razão Social Município Combustível Demanda Energia Demanda Energia Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 34 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas gerada (kW) 4.600 gerada (kWh) 18.354.000 utilizada (kW) 1141,40 utilizada (kWh) 125.425,00 Quatá bagaço de cana Ibirarema 130.000 213,33 57041,00 Ibirarema Vapor vivo 180,89 saturado bagaço de cana - 23.000 149,00 15238,00 Tarumã bagaço de cana 11.500 50.000 2000 - Maracaí bagaço decana 8.000 6.500 - Tarumã Distalaria Água Bonita Fonte: [8] bagaço de cana 5.000 Açucareira Quata S/A Usina Santa Herminia Distalaria Pau D’Alho S/A Usina Nova América Usina Maracaí 2.5.2.4 Outras Energias. Neste item procurou-se levantar toda disponibilidade de outros energéticos a serem utilizados na região. Pois, o resultado obtido é que o consumo de lenha na região tem um papel muito importante, cuja relação está apresentada abaixo. Os dados apresentados abaixo são os declarados, mas sendo assim não tem como mensurar os valores sonegados. Tabela 2.13: Relação de consumo de lenha na região de Assis de 1993/1998. Referente ao ano Quantidade em árvores Quantidade em m3. 60.570 12.114 1993 292.330 58.466 1994 270.750 54.150 1995 380.440 76.088 1996 377.420 75.484 1997 350.860 70.172 1998 TOTAL 1.732.370 346.474 Fonte: Associação de Recuperação Florestal do MPP- Flora Vale (criada em 1993).[8] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 35 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 2.6 Características sócio-econômicas e culturais As necessidades básicas da região podem ser bem caracterizadas através de uma visão global da situação atual do MPP como a seguir: Nenhum município oferece ensino de 1º grau, este é de responsabilidade do estado; Todos os municípios oferecem programa de educação infantil de 0 a 6 anos; Todos investem em programação de ensino supletivo oferecendo classes de 1ª à 4ª séries em período noturno; ensino técnico é oferecido em Assis; Algumas escolas agrícolas regionais têm dificuldades; No ensino superior o MPP conta com: Campus UNESP (formação para atuar em 1º, 2º e 3º graus), FEMA (IMESA - matemática e computação), IEDA (educação física, pedagogia e administração), todos em Assis; e a Faculdade de Agronomia de Paraguaçu Paulista; Apenas três municípios têm políticas de atividade cultural; Nenhum tem apoio da iniciativa privada na cultura; Não há políticas econômicas para redução do processo migratório em direção aos centros urbanos maiores; Mínimo desenvolvimento tecnológico da agropecuária; Há reflorestamento em 20% das propriedades; Verifica-se a existência do Projeto Agricultura Limpa (porém depende de continuidade de Canoas I e II); Falta direcionamento pensado estrategicamente para o MPP, em função de seus potenciais; Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 36 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas MPP é aculturado no setor agrícola e a cultura industrial é ineficiente; A região fornece matérias primas e alimentos básicos; Há prédios abandonados; Desconhecimento do espanhol (Mercosul); Há pouquíssima informação sobre os mecanismos e práticas financeiras (exportação, importações); Há poucas e dispersas informações sobre o Mercosul; Comércio local e regional perde credibilidade, e os consumidores se deslocam a centros maiores; Falta complementação de estradas (SP-280 e 333); Má manutenção da FEPASA (corta o MPP ao meio); Não há navegabilidade no rio Paranapanema; Não há regionalização das tarifas (desagregação dos custos de geração e T&D de energia elétrica); Complexo de Canoas não prioriza o consumo do MPP; Não se adotam alternativas mais econômicas na implantação de redes de energia elétrica; Não há incentivo à conservação e uso eficiente da EE; Não há política energética para as formas alternativas de obtenção de energia, por exemplo, energia solar; Nenhuma cidade conta com ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) adequada, sendo os esgotos despejados in-natura nos cursos d'água; Monitoramento e o tratamento d'água atendem a padrões aceitáveis de qualidade (quando é relativo a SABESP); Não há obrigatoriedade nas Prefeituras Municipais na fiscalização do ICMS. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 37 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Em termos de valores regionais, pode-se observar através da tabela 7, certos indicadores que argumentam melhor as considerações acima. Tabela 2.14 - Alguns Números Característicos do Vale do Médio Paranapanema ITENS Ð | ANO Î 1989 1990 1991 1992 1995 População 199.467 202.340 207.045 210.893 226.450 Água Encanada (Usuários) 25.245 33.777 35.365 46.393 49.402 Rede de Esgoto (Usuários) 18.152 25.732 29.059 35.438 44.984 177.494 187.063 193.673 198.871 49.814 53.043 55.694 58.342 22.444 25.250 27.350 Consumo de Energia Elétrica 170.340 [MWh] Consumidores de Energia 48.270 Elétrica Pessoal Ocupado (In. / Co. / Se) 23.551 23.267 Crédito Rural [US$ (1994)] 126.279.446 95.029.222 81.498.842 82.694.542 87.375.090 Receita Municipal [US$ (1994)] 48.381.457 53.131.097 48.122.149 44.113.339 49.235.782 Investimento per Capita [US$ / 40,64 56,27 53,6 37,4 29,57 Hab.] 1.550 2.100 1.890 1.880 1.790 PIB per Capita [US$ / Hab.] Valor determinado através do indicador de intensidade de energia elétrica (relativo a São Paulo) e relacionado ao investimento per Capita da região. FONTE [8] Os consumidores são parte inerente ao processo de estudo e devem ser considerados em todas as etapas de determinação e planejamento. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 38 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 3 - Gaseificação 3.1 Introdução Podemos gerar eletricidade através da biomassa através de três formas básicas, combustão direta, gaseificação e pirólise. Destas, as duas últimas são mais complexas e possuem maior rendimento e poluem menos. A gaseificação é a combustão parcial de resíduos sólidos para gerar um gás combustível que contêm monóxido de carbono, hidrogênio e hidrocarbonetos gasosos. O processo para produzir energia através da biomassa pode ser resumido da seguinte forma: A biomassa após sofrer os tratamentos necessários entra no gaseificador; No gaseificador a biomassa sofre reações químicas resultando num gás energético; O gás aciona uma turbina à gás ou um motor a combustão interna gerando energia ; É uma conhecida a mais de um século utilizada principalmente durante a 2º Guerra Mundial, mas que caiu no esquecimento logo após o término pelo baixo preço do petróleo. Só depois da crise do petróleo seu interesse foi renovado. Existem diferentes tipos de gaseificadores baseados em seu formato e tipo de combustível. Gaseificadores portáteis são os mais indicados para veículos automotivos enquanto que os estacionários são amplamente utilizados na área rural de países desenvolvidos. Ela é uma tecnologia mais limpa pois traz impactos positivos ao meio ambiente, onde podemos destacar a absorção do carbono da atmosfera, trazendo um balanço neutro do carbono durante o processo de produção de energia elétrica, Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 39 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas contribuindo para redução do efeito estufa. O Brasil esta inserido neste processo de desenvolvimento internacional, estando na liderança no processo de gaseificação de biomassa de cana de açúcar, folhas e resíduos de madeira. 3.2 Histórico A história da gaseificação data por volta do século 17. Desde a concepção da idéia, a gaseificação tem passado por vária fases de desenvolvimento. O cronograma do desenvolvimento da tecnologia segue abaixo: FONTE [22] 1669 Thomas Shirley conduziu experiências rudimentares com hidrogênio carborado 1788 Robert Garder obteve a primeira patente com relação à gaseificação. Primeiro uso confirmado do gás, Mordoc usou o gás gerado do carvão para 1792 iluminar os quartos de sua casa. Desde então, por vários anos o gás de carvão tem sido usado para cozinhar e aquecer. 1812 Desenvolvido o primeiro gaseificador usando óleo como combustível. 1840 Primeiro gaseificador comercial usado foi produzido na França. 1861 Grande salto tecnológico com a introdução do Gaseificador da Siemens. Este gaseificador foi considerado a primeira unidade a funcionar com êxito. 1900 Primeiro gaseificador de 600 hp exibido em Paris. Depois, motores acima de 5400 foram postos em serviço. A Alemanha nazista acelerou os esforços para converte os veículos existentes para veículos movidos à gás como parte do plano nacional de segurança e independência dos óleos importados. 1930 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 40 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Começa o desenvolvimento de pequenos carros e gaseificadores portáteis. Grã Bretanha e o Governo francês sentiram que carros movidos a gás de carvão são 1930 mais vantajosos em suas colônias onde o suprimento de gasolina era escasso e a madeira prontamente disponível poderia ser convertido em carvão. Figura 3.1 – Trator movido a motor à gás fonte[22] 1939 Mais de 250000 veículos foram registrados na Suécia, 90% deles foram convertidos em veículos movidos à gás. Quase todos os tratores eram operados à gás. 40% do combustível utilizado era madeira e restos de carvão. Depois do fim da Segunda guerra mundial, com abundância de gasolina e diesel Pós disponível à custos baratos, a tecnologia de gaseificação perdeu sua glória e 1945 importância. Durante estas décadas, a gaseificação se tornou “uma tecnologia esquecida” . 1950Muitos governos na Europa sentindo que o consumo da madeira nas taxas 1970 atuais iriam reduzir as florestas, criando severos problemas ambientais. O ano de 1070 trouxe novos interesses na tecnologia para gerar energia em Pós pequena escala. Desde então os trabalhos também se concentram no uso de 1970 outros combustíveis além da madeira e carvão. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 41 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 3.3 Aspectos termodinâmicos e químicos da Gaseificação A gaseificação é um processo complexo, durante o qual o combustível passa pelas seguintes etapas. -Oxidação parcial da biomassa por um agente gaseificador, normalmente oxigênio ou ar; C + O2 → CO2 endotérmica -Aquecimento da biomassa e evaporação da umidade; -Pirólise(*) através do aumento da temperatura, neste processo resulta da transformação do alcatrão e produtos gasosos; -Redução dos componentes gasosos produzidos durante as etapas anteriores, as principais reações seguem abaixo. C + H 2O → C + CO2 → 2CO endotérmica C + H2 → CH4 exotérmica CO + H2O → CO2 CO + + H2 H2 endotérmica exotérmica (*) Vale ressaltar que a pirólise embora nesse trabalho faça parte do processo de gaseificação alguns autores sustentam que a Pirólise e Gaseificação são processos distintos de produção de energia através da biomassa. De acordo com a definição desses autores Pirólise é um processo térmico na ausência total de oxigênio, e que ele utiliza uma fonte de combustível externa para realizar suas reações endotérmicas, enquanto que a Gaseificação se utilizam do oxigênio do ar para a combustão parcial sem aportes externos. Mas essa discussão não vem ao caso pois não é escopo desse trabalho. As reações exotérmicas fornecem energia para as reações endotérmicas na forma de calor. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 42 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Quando um gaseificador está funcionando à pressão atmosférica com ar como oxidante, os produtos finais do processo de gaseificação são gases de baixo poder calorífico (fig.2.3) que normalmente contêm 10% de CO2, 20% de CO, 15% H2 e 2% de CH4 sendo o resto N2, coque e componentes inertes, ácidos piro-lenhosos(essa composição pode variar de acordo com o tipo de combustível e condições de operação). Figura 3.2 – Principais gases resultantes da gaseificação Devido ao nitrogênio do ar de entrada, esse gás de baixo poder calórico tem um conteúdo energético de aproximadamente 5600 kj/m3. O funcionamento dos gaseificadores refinados à ar é bastante estável, barato e seguro, produzindo uma quantidade de gás constante em uma ampla gama de taxas de ar de entrada. Quando se vai usar oxigênio puro como oxidante em vez do ar, pode-se produzir um gás com poder calorífico médio com conteúdo energético de aproximadamente 11200 kj/m3. A maneira usual de classificação dos diversos tipos disponíveis de gaseificadores é feita em função do comportamento do leito da matéria a ser gaseificada. Uma subdivisão pode ser feita em função do movimento relativo do insumo, do agente Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 43 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas oxidante e dos gases produzidos. Os tipos principais de gaseificadores são os de leito fixo, os de leito fluidizado e os de leito móvel. 3.4 Classificação 3.4.1 Gaseificação em leito fixo A gaseificação em leito fixo - a matéria a ser gaseificada só se move por ação da gravidade - é uma técnica adequada para a conversão de quantidades relativamente pequenas de biomassa. Gaseificadores de leito fixo, de fluxo ascendente, poderiam em princípio ser desenvolvidos para maiores capacidades, mas essa não têm sido a tendência. É importante notar que a facilidade com que uma tecnologia pode ser desenvolvida em sua escala ("scaling-up"), é uma das questões de maior importância em todos processos de conversão energética da biomassa. Na geração de energia elétrica, gaseificadores de leito fixo têm sido empregados na alimentação de motores de combustão interna, em sistemas de capacidade entre 100 kW e 10 MW. 3.4.1.1 Fluxo Ascendente Gaseificadores de fluxo ascendente( figura 3.3) produzem gases com pouco particulado, mas com altos teores de alcatrão. Não é indicado para veículos motorizados. Rajadas de ar e vapor são injetados para manter as cinzas abaixo da temperatura de fusão e para facilitar a conversão de carvão. O gás produzido neste processo tem baixa velocidade e baixa temperatura. A baixa temperatura de operação cria uma quantidade Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 44 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas considerável de óleo condensado e alcatrão no gás produzido. Entretanto o efeito filtrante do leito e baixa velocidade de vapor produzem um gás com baixa concentração de partículas sólidas. Requere uma grande, densa e quantidade uniforme de combustível. Figura 3.3 – Gaseificador fluxo ascendente 3.4.1.2 FONTE [25] Fluxo Descendente Gaseificadores de fluxo descendente (figura 3.4) produzem gases com baixos teores de alcatrão e de material particulado. Todos os produtos iniciais da gaseificação são forçados a passar através da zona quente e abaixo da zona da região de combustão, onde quase todo alcatrão produzido é quebrado em gases leves sem sacrificar seu conteúdo energético. Os gases Figura 3.4 – Gaseificador Fluxo descendente Fonte [22] saem do reator numa temperatura superior ao do fluxo ascendente. O baixo rendimento Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 45 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas e dificuldade de manuseio de alta quantidade de umidade e cinzas são problemas comuns em pequenos gaseificadores descendentes. Ele é mais indicado para motores à combustão interna do que gaseificadores ascendentes que produzem grandes quantidades de vapor de alcatrão que podem interferir seriamente nos motores de combustão. 3.4.2 Gaseificação de leito Fluidizado Gaseificadores de leito fluidizado (fig3.5) têm sido utilizados na conversão termoquímica da turfa já há muitos anos, mas ainda não existe muita experiência na conversão da biomassa, pelo menos em grande escala. Nos equipamentos desse tipo, emprega-se um material como meio fluidizante, que arrasta consigo a biomassa, aumentando o contato desta com o elemento oxidante e, consequentemente, aumentando as taxas de reação. Figura 3.5 – Gaseificador Leito Fluidizado FONTE [25] Gaseificadores de leito fluidizado são mais adequados à conversão de uma maior quantidade de biomassa sistemas com capacidade entre 10 e 20 t de biomassa por hora já são operacionais. São, também, mais flexíveis quanto às características do insumo, podendo ser empregados na conversão de biomassa com mínimas necessidades de processamento anterior à alimentação. Em função dessas vantagens (além do controle mais fácil), é o Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 46 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas princípio que tem sido empregado em quase todos os projetos de desenvolvimento de sistemas IGCC(sigla em inglês de “gaseificação integrada a ciclos combinados“). Por outro lado, além dos maiores custos operacionais, os problemas de adequação dos gases quanto à sua qualidade tendem a ser maiores. Em função da própria natureza do processo, a quantidade de material particulado arrastada tende a ser maior; um segundo aspecto é que a maior temperatura de saída dos gases permite que os álcalis saiam ainda na fase gasosa, impondo dificuldades adicionais à limpeza ). Há dois modos de fornecer calor, direto e indireto. No fornecimento de calor direto a calor requerido para a gaseificação vem da combustão do carvão no reator. No modo indireto o carvão removido do gaseificador é queimado num recipiente separado. A vantagem é que os subprodutos da queima do carvão não se misturam com os produtos da gaseificação. Entre os gaseificadores que operam em leito fluidizado, existe uma subclassificação desses em leito simples, leito circulante, leito borbulhante e com leitos gêmeos. Outra forma muito usual de classificação dos gaseificadores, em função de sua pressão operacional, é entre pressurizados e atmosféricos. Em linhas gerais, a gaseificação pressurizada é mais complexa e mais cara. O maior custo de capital, por sua vez, pode ser compensado, ao menos parcialmente, pela maior eficiência de todo o sistema IGCC. Este último ponto pode ser explicado por um conjunto de fatores, destacando-se os que se seguem: (i) com a gaseificação pressurizada, o gás não precisará ser comprimido antes de ser injetado na turbina a gás, reduzindo a potência dos equipamentos auxiliares; Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 47 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas (ii) a limpeza dos gases a quente reduzirá perdas de pressão e perdas térmicas nessa parte do sistema. Nos sistemas atmosféricos, como os gases devem ser resfriados antes de serem comprimidos, justifica-se a limpeza a frio. Mesmo com o emprego de trocadores (ou ainda, por causa do emprego desses) para a recuperação de calor, essas perdas deverão ser maiores nos sistemas atmosféricos; (iii) a limpeza dos gases a frio pode impor a condensação dos alcatrões, fazendo com que o gás tenha menor poder calorífico na alimentação da turbina. 3.5 Limpeza do gás Nos sistemas que envolvem a gaseificação da biomassa e o uso de turbinas a gás, a limpeza do gás combustível é uma das partes críticas do sistema. BRIDGWATER (1995)[26], considera que essa é a parte menos desenvolvida e a mais crítica em todos os projetos de demonstração ora em curso, com possíveis implicações tanto em termos de eficiência quanto de confiabilidade. A limpeza dos gases a baixa temperatura é uma tecnologia relativamente dominada, o mesmo não ocorrendo quanto à limpeza a quente. Os sistemas, principalmente aqueles com gaseificação pressurizada, terão uma baixa eficiência de conversão se os gases tiverem de ser resfriados a baixas temperaturas para que se promova sua limpeza. Por essa razão, segundo OVEREND et al. (1996)[26], os programas de gaseificação conduzidos nos Estados Unidos e nos países Escandinavos enfatizam o desenvolvimento da limpeza pressurizada dos gases a quente. O nível de contaminação dos gases produzidos no processo de gaseificação depende do processo utilizado e de qual biomassa é empregada na alimentação do sistema. A limpeza do gás é necessária para que se evite - ou se minimize - efeitos de Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 48 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas erosão e corrosão nos equipamentos à jusante, especialmente a turbina a gás, bem como impactos ambientais. Do ponto de vista da limpeza do gás, é importante o controle dos teores de material particulado, de álcalis e de alcatrão. Os particulados dos gases de gaseificação incluem cinzas, resíduos do material de constituição do leito de gaseificação, coque e aerosóis de álcalis. Os álcalis, por sua vez, são basicamente óxidos de sódio e potássio. Uma caracterização dos níveis de tolerância dos principais equipamentos de conversão de potência quanto à esses três contaminantes é feita na Tabela 3. Essas informações foram extraídas de BABU (1995)[26]. Tabela 3.1 Níveis de tolerância de contaminantes de gases para processos de conversão Equipamento de Particulados [mg/Nm³] conversão Motores de Álcalis [mg/Nm³] Alcatrão [g/Nm³] <50 ---- <0,6 ---- ---- <0,1 <50 (<10µm) <0,24 (<0.1ppm) <0,008 <40 (<5µm) ---- ---- Turbinas a gás axiais <13 (<6µm) <0,24 (<0.1ppm) ---- Gases de síntese <0,020 ---- <0,1 combustão interna Motores turboalimentados TG aeroderivativas Turbinas a gás radiais Fonte [22] Particulados - Os gases provenientes da gaseificação da biomassa têm partículas de carbono de dimensão muito pequena, o que torna muito difícil sua remoção por ciclones. Dispositivos de filtragem, com uso de metais sinterizados ou materiais cerâmicos, têm sido preferidos. A lavagem dos gases ("scrubbing"), também é possível, Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 49 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas embora a indesejável remoção do alcatrão torne o processo menos interessante. Da mesma forma que para quase todos dispositivos de limpeza dos gases aqui considerados, filtros cerâmicos ("ceramic candle filters") foram inicialmente desenvolvidos nos programas de conversão do carvão mineral, nos quais foram testados com sucesso. Também em plantas piloto de gaseificação de biomassa os filtros cerâmicos têm sido empregados com relativo sucesso, com eficiências de remoção chegando a 99,8% nos melhores casos. No entanto, filtros cerâmicos para operação a altas temperaturas ainda estão em desenvolvimento, sendo que o carbonato de silício parece ser o material mais adequado. Um dos problemas encontrados é seu entupimento por fuligem derivada do craqueamento de alcatrão. Filtros com sistemas automáticos de pulsagem têm sido desenvolvidos. No início dos anos 90 a Westinghouse avaliou vários elementos comerciais de filtragem, tendo como objetivo melhorar a durabilidade e o desempenho dos filtros; àquela época, os testes foram feitos por 4.500 horas, a pressões máximas de 24 bar e temperaturas de 500ºC. Para as plantas de demonstração de gaseificação de carvão mineral, grandes conjuntos de filtragem foram construídos nos EUA e na Europa, para operação a 25 bar e 265ºC. No sistema da Bioflow, as condições projetadas de operação dos filtros são 64 bar e 200ºC, enquanto no sistema da Enviropower, a pressão é menor - 25 bar - e a temperatura um pouco superior - 265ºC (BABU, 1995)[26]. No caso do projeto desenvolvido no Hawaii, envolvendo a gaseificação de bagaço de cana, cerca de 100 horas de testes foram realizados na unidade piloto do IGT, em Chicago, para definição da velocidade dos gases nas superfícies de filtragem e do número de elementos de filtragem requerido. O sistema de filtragem está, agora, sendo testado por pelo menos 1.000 horas, no Hawaii, para que se tenha confiança quanto ao seu desempenho quando submetido a altos teores de cinzas resultantes da gaseificação. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 50 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Os gaseificadores de leito fluidizado, principalmente os de leito fluidizado circulante, são os mais susceptíveis à produção de gases com alta concentração de material particulado. Alcatrão - A concentração de alcatrão nos gases é função da temperatura de gaseificação, enquanto a composição dos óleos e do alcatrão formado é função do tipo de reator e de suas condições de operação. Em geral, os gaseificadores com aquecimento indireto e os gaseificadores de leito fixo ascendente produzem mais óleos leves e algum alcatrão, enquanto os gaseificadores com aquecimento direto, de leito fluidizado e leito fluidizado circulante, produzem mais alcatrão e menos óleo (BABU, 1995)[26]. A matéria que alimenta o gaseificador também afeta a concentração de alcatrão, sabendo-se que a gaseificação de madeira produz mais alcatrão do que o carvão mineral, e que esse alcatrão é, inclusive, formado por aromáticos mais pesados, mais estáveis e mais propícios a reagir formando fuligem, que entopem os filtros (BRIDGWATER, 1995)[26]. Duas das três maneiras possíveis de se eliminar o alcatrão são por craqueamento catalítico, utilizando-se dolomita ou níquel, ou ainda, por craqueamento térmico, via oxidação parcial ou contato térmico direto. O projeto de alguns dos sistemas em fase de demonstração prevê o craqueamento do alcatrão no início do processo de limpeza do gás, como forma de se reduzir o teor de hidrocarbonetos de maior cadeia molecular, permitindo com isso um enriquecimento do gás. Entretanto, resultados de testes conduzidos pelo IGT, tanto no craqueamento de alcatrão quanto na remoção de particulados e álcalis, indicam que o craquemento do alcatrão talvez não seja necessário em sistemas comerciais, já que a pequena quantidade que é produzida tende a ser craqueada antes mesmo de chegar ao craqueador (CRAIG & MANN, 1996)[26]. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 51 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Testes realizados em plantas em escala piloto mostraram o sucesso da opção pelo craqueamento catalítico, já que eficiências de conversão superiores a 99% foram obtidas tanto com dolomita quanto com níquel. A temperatura de operação é da ordem de 800 a 900ºC. É possível o uso do catalisador tanto no reator primário, quanto em um reator secundário, opção que, acredita-se, é a mais adequada. Catalisadores metálicos tendem a ser mais suceptíveis à contaminação. O craqueamento térmico, por sua vez, foi testado com sucesso em processos de gaseificação de turfa, mas no caso da biomassa, em que os alcatrões são mais refratários, sua eficiência deve ser menor. O craquemento térmico pode ser feito no próprio gaseificador, aumentando-se o tempo de residência (com resultados não muito efetivos), ou por oxidação parcial, adicionando-se ar ou oxigênio ao processo. Essa última alternativa é efetiva em gaseificadores que operam com injeção de oxigênio (e não de ar) e à altas temperaturas. A tendência, no entanto, é aumentar o teor de dióxido de carbono nos gases, reduzir a eficiência global e aumentar os custos operacionais. Outra alternativa é realizar o craqueamento térmico em uma superfície externa aquecida, o que aumenta o consumo de energia do sistema. Os resultados também são limitados pelo fato de que a eficiência do processo depende muito do grau de agitação dos gases (BRIDGWATER, 1995)[26]. Outra maneira de se eliminar o alcatrão do gás é por lavagem deste, em "scrubbers", o que também permite a remoção de partículas e álcalis. Pode-se combinar o uso do craqueamento catalítico com "scrubbers", para aumentar a eficiência de remoção do alcatrão. No caso da biomassa, entretanto, o uso isolado de "scrubbers" tende a ser pouco eficiente e mais complicado, já que um sistema de pré-tratamento do gás é requerido para que eficiências de remoção da ordem de 90% possam ser alcançadas. O problema é que o alcatrão da biomassa é de difícil coalescência, o que Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 52 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas requer o prévio resfriamento e saturação do gás. O processo em si é caro, além de produzir um grande volume de água residual contaminada. O resfriamento do gás prejudica a eficiência dos sistemas em que o gás é usado na alimentação de turbinas a gás. Álcalis - A experiência dos projetos com carvão mineral indica que os álcalis formados na gaseificação tendem a permanecer na fase gasosa enquanto a temperatura do gás for superior a 600ºC. Abaixo dessa temperatura, na medida em que se condensam, podem ser removidos como partículas, em sistemas de filtragem, por exemplo (WILLIAMS & LARSON, 1996)[26]. Além da necessidade de condensação, o resfriamento do gás anterior à filtragem é necessário pois os álcalis danificam os materiais cerâmicos a altas temperaturas. O uso dos "scrubbers" no processo de limpeza dos gases também é uma opção, alternativa ou complementar, de remoção dos álcalis. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 53 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 3.6 Estado da Arte das tecnologias de gaseificação Tabela 3.2 - Situação em 1995 dos principais projetos de desenvolvimento de gaseificadores Tipo de gaseificador Leito borbulhante Organização País Status ou aplicação Propósito em 1995 projeto EUA Vapor para potência Desconhecido do fluidizado Atmosférico Pressurizado JWP Energy Products (EPI) Southern Electric Inc. Univ. Sherbrooke VUB EUA Calor de processo Desconhecido Canadá Bélgica Em desenvolvimento Em projeto IGT EUA Demonstração Tampella Alemanha Finlândia Finlândia Cofiring eletricidade e amônia Testes Eletricidade Desconhecido Eletricidade e metanol Eletricidade e gás de síntese Eletricidade Ahlström Batelle Columbus Gotaverken Lurgi TPS Bioflow Finlândia EUA Suécia Alemanha Suécia Finlândia Calor de processo Em desenvolvimento Calor de processo Calor de processo Cogeração Demonstração Desenvolvim. Licenciamento Desconhecido Cogeração Eletricidade Eletricidade MTCI EUA Em projeto Vapor para eletricidade Bioneer Sofresid Volund Calor Calor Em desenvolvimento Desconhecido Desconhecido Eletricidade Calor de processo Eletricidade General Electric Finlândia França Dinamarca Reino Unido EUA Em desenvolvimento Eletricidade Veba Texaco Alemanha EUA Em desenvolvimento Cofiring p/ potência Desconhecido Eletricidade Thermoselect Suiça Demonstração Tratamento resíduos HTW Leito fluidizado circulante Atmosférico Pressurizado Leito Fluidizado Aquecimento Indireto Atmosférico - Leito fixo Atmosférico Wellman Pressurizado "Entrained flow" Pressurizado Outros tipos Atmosférico de Fonte: [26] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 54 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 3.3- Projetos piloto de gaseificação da biomassa e geração de energia elétrica Identificação e localização Burlington, VT, EUA (a) Hawai, EUA (a) Bahia, Brasil (a) ARBRE, Yorkshire, GB (a) Energy Farm, Itália (a) Biocycle, Dinamarca (a) Aerimpianti (b) Värnamo, Suécia (c) Processo de gaseificação aquec. indireto baixa pressão, vapor injetado injeção de ar ou oxigênio, Leito fluidizado pressurizado Tecnologia Ciclo de potência Turbina a gás Potência [MWe] Eficiên cia [%] Remoção do alcatrão Batelle Ciclo combinado ND 12-15 30-35 Dolomita IGT/Renugas Ciclo combinado ND 3-5 30-35 ND Filtros cerâmico s Comissio n. / Teste LF circulante atmosférico TPS Ciclo combinado GE 30 37 ND ND Pré construçã o LF Circulante atmosférico TPS Ciclo combinado EGT/ Typhoon 8 31 Catalítica Dolomita Scrubber Projeto Ciclo combinado Calor distrital EGT/ Typhoon EGT/ Typhoon 12 33 ND ND Projeto 7,2 ND Dolomita Scrubber Projeto Ciclo vapor ______ 6,7 ND ND ND Operação EGT 6 ND Craqueam. térmico Filtros cerâmico s Comissio n./Operaç ão ND 7 ND ND ND Projeto ND ND ND ND Projeto _______ 9 ND ND ND Não conhecid o ND 4 ND ND ND Projeto ND 60 ND ND ND Adiado ND 0,60 ND ND ND Projeto Caterpilla r 0,15 ND Craqueam. térmico ND Operação Solar 0,20 ND Craqueam. térmico ND Operação LF circulante Atmosférico Leito fluidizado pressurizado LF circulante atmosférico LF circulante pressurizado Leito fluidizado pressurizado Leito fixo, fluxo ascendente atmosférico Elsam (b) General Electric (b) Lurgi U-GAS Renugas TPS Bioflow Tampella GE Não conhecido Ciclo vapor North Powder (b) Leito fluidizado JWP (EPI) MTCI (b) Leito fluidizado MTCI Vattenfall (b) VUB, Bélgica (b) Welman, GB (a) Batelle, EUA, (a) Leito fluidizado pressurizado Leito fluidizado borbulhante Leito fixo, fluxo ascendente, atmosférico leito fluidizado Ciclo combinado/ Calor distrital Ciclo combinado Tampella VUB Welmann Batelle a Turbina a gás Turbina a gás Turbina a gás fechada Motor de combustão interna Turbina a gás Limpeza do gás ciclone e quench com água Status Teste Fontes: [26] ND: informação não disponível; LF: leito fluidizado Dos projetos de desenvolvimento de sistemas de gaseificação de biomassa para a produção de energia elétrica listados na Tabela 2, tem-se informações mais detalhadas de alguns. Essas informações são apresentadas a seguir. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 55 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Hawaii Biomass Gasification Demonstration Project – O objetivo deste projeto (FIG3.6) é a elevação da escala do gaseificador desenvolvido pelo IGT (IGT RENUGAS), de 2 MW de potência térmica para 20 MW. Essa unidade de demonstração com tal capacidade deve operar sendo alimentada com bagaço de Figura 3.6 FONTE[21] cana e madeira. O gaseificador foi projetado para operar tanto com injeção de ar quanto oxigênio, a pressões até 2,07 MPa e com temperaturas dos gases à saída na faixa de 850 a 900ºC. O projeto está divido em três fases. Na primeira, já cumprida, o gaseificador foi posto em operação, mas com queima do gás produzido diretamente na atmosfera. Na fase 2, que está sendo conduzida, o gaseificador deve começar operando com uma potência de 10 MW, à pressão de 1,04 MPa e terminar com potência de 20 MW, à 2,07 MPa. O objetivo principal, na verdade, é se testar o sistema de limpeza de gás a quente (HGCU - hot-gas cleanup unit, com uso de tecnologia da Westinghouse Electric Co.), anteriormente testado em escala de laboratório pelo IGT, em Chicago, permitindo o acoplamento da turbina a gás. Combustível suplementar pode ser queimado para que a instalação possa operar comercialmente. Na terceira fase, o gaseificador deve operar com injeção de oxigênio, produzindo um gás de maior poder Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 56 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas calorífico que será utilizado tanto na produção de eletricidade quanto na produção de metanol a partir de gás de síntese (BABU, 1995)[26]. Esse projeto é o único entre os projetos de desenvolvimento de maior porte que contempla a gaseificação do bagaço de cana. A unidade está construída em Paia, na ilha de Maui, no Hawai, em uma fábrica de açúcar da Hawaiian Commercial and Sugar Company. O projeto é financiado em parte pelo DOE, contanto com a participação da University of Hawaii, do NREL e de empresas de consultoria em engenharia (OVEREND et al., 1996)[26]. O projeto teve início em Setembro de 1991 e deve estar finalizado em Setembro do ano 2000. O orçamento global é estimado em 82,1 milhões de dólares, sendo que 35% do montante cabe ao governo federal e os 65% restantes à empresas privadas. No início de 1997 estimou-se que 56% do projeto já havia sido realizado. Este projeto é resumido em 3 fase: 1º fase: Construção e testes preliminares da gaseificação de biomassa. 2º fase: Geração de energia elétrica via turbina de combustão 3º fase: Síntese de Metanol FONTE[21] Figura 3.7 -- Esquema da gaseificação de biomassa em Maui. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 57 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Esquema da gaseificação em escala de bancada e teste da reforma catalítica. FONTE[21] Figura 3.8-- Tar and Gas Sampling System Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 58 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas FONTE[21] Figura 3.9- Alkali Sampling System Vermont Biomass Gasification Project – Figura 3.10 FONTE[25] O objetivo geral do projeto é demonstrar a integração de um gaseificador de aquecimento indireto com uma turbina a gás de alta eficiência. A tecnologia de gaseificação escolhida é a aquela desenvolvida pelo Batelle Columbus Laboratory, com injeção de vapor (para produção de um gás com maior densidade energética - PC de aproximadamente 17 MJ/Nm³). Como não há combustão direta, o calor necessário às reações endotérmicas de gaseificação é suprido por areia que circula entre o combustor de coque e o próprio gaseificador (0,5% da areia precisa ser purgada para evitar a incorporação de cinzas ao sistema) (CRAIG & MANN, 1996) Uma unidade piloto de gaseificação, de 2 MW de potência térmica, deverá dar origem a uma unidade de demonstração de 40 MW de potência térmica, que por sua vez Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 59 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas permitiria a alimentação de uma turbina a gás de 15 MW. A instalação está construída na cidade de Burlington, no Estado de Vermont, em uma área ocupada por uma termoelétrica convencional a vapor, alimentada por madeira, com capacidade de 50 MW. A unidade de demonstração também deve utilizar madeira como insumo (BABU, 1995)[26]. Além do DOE e do NREL, fazem parte do projeto a concessionária local de energia elétrica, uma empresa de engenharia com experiência na construção de unidades termoelétricas a biomassa e gás natural (Zurn/NEPCO), e o próprio Batelle Columbus Laboratory. O projeto teve início em Outubro de 1994 e o cronograma original prevê seu término em Outubro de 1998. O orçamento global é de 35,1 milhões de dólares, 50% cobertos pelo Governo Federal, 50% por privadas. empresas 49% cronograma do estava cumprido no início de 1997; no primeiro semestre de 1998 o gaseificador FONTE[25] Figura 3.11 – Esquema do Gaseificador de Vermont foi colocado em operação pela primeira vez. Esse gaseificador opera à baixa pressão, tem alta produtividade e produz gás de médio poder calorífero que pode abastecer diretamente uma turbina à gás não modificada. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 60 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas O processo utiliza dois reatores onde duas reações químicas ocorrem separadamente. No primeiro reator a biomassa é envolvido por areia quente onde ocorre a pirólise e os componentes químicos voláteis da biomassa são separados dos sólidos remanescentes constituídos por carvão, cinzas e areia. Os gases são separados dos sólidos por um separador ciclônico, e a areia e movida para o reator secundário. Lá o carvão é queimado para prover calor para a pirólise e gaseificação no primeiro reator. Os gases atravessam um esfregão para retirar matérias particuladas para atender as especificações da turbina à gás. O gás resultante possui médio poder calórico (aproximadamente 500 Btu /m^3) e é capaz de alimentar uma turbina à gás padrão. Brazilian Demonstration Project - O projeto é uma iniciativa internacional, com a participação de empresas brasileiras (Companhia Hidroelétrica do São Francisco CHESF, Companhia Vale do Rio Doce - CVRD, ELETROBRAS, CIENTEC-RS e empresas de consultoria, além do próprio Governo Federal) e européias (Shell International, TPS e Bioflow). O projeto está dividido em cinco fases e no início de cada uma delas seu financiamento é negociado, o que já permitiu a participação de entidades tais como a Rockfeller Foundation, a Winrock International, a Environment Protection Agency, dos EUA, e o Global Environement Fund - GEF, nas fases I e II. O objetivo final do projeto é a operação comercial de uma unidade de gaseificação de biomassa e alimentação de um ciclo combinado, alimentada com madeira e produzindo cerca de 30 MW. A unidade de demonstração será construída no interior da Bahia. A primeira fase, realizada entre 1991 e 1992, visou o estudo de pré-viabilidade e a definição do orçamento para o subsequente desenvolvimento de equipamentos e processos. Na fase II, encerrada em 1996, em função das incertezas existentes quanto à Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 61 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas tecnologia, duas equipes independentes trabalharam no desenvolvimento de sistemas de gaseificação e do sistema de limpeza do gás, gerando dados que foram repassados ao futuro fornecedor da turbina a gás (uma LM 2500, da General Electric). Cada um dos times era liderado para uma empresa com experiência em opções alternativas de gaseificação da biomassa - a TPS, Termiska Processer AB, da Suécia, que propunha um sistema de gaseificação em leito fluidizado circulante, à pressão atmosférica, e a Bioflow, que propunha um sistema de gaseificação em leito fluidizado, mas pressurizado. A fase II terminou quando uma das tecnologias de gaseificação - a proposta pela TPS - foi escolhida para a construção da unidade piloto. A TPS fez seus testes de gaseificação em uma instalação piloto em Studsvik, na Suécia, onde um gaseificador com 2 MW térmicos de capacidade foi acoplado a um sistema de limpeza dos gases constituído de craqueador de alcatrão, resfriador de gás, filtros e scrubber. Foram realizados nove testes, cada um durando uma semana, com produção de gás em condições adequadas (em termos de densidade energética e pureza) para alimentar uma turbina a gás. A Bioflow, por sua vez, trabalhou em sua planta de demonstração localizada em Värnamo (ver texto abaixo), também na Suécia. Em um dado instante do processo de desenvolvimento, a empresa julgou necessária a realização de testes mais demorados de limpeza do gás com uso de filtros cerâmicos, o que atrasou seu cronograma. A escolha entre os dois processos foi feita com a aplicação de um sistema de organização e julgamento das informações consideradas relevantes. Foi dado um peso bastante grande (90%) à avaliação do sucesso da primeira planta de demonstração, em função do risco do projeto e das incertezas quanto ao comportamento dos vários parâmetros de desempenho a longo prazo. Para a planta comercial foram considerados aspectos relativos (por ordem de importância na avaliação) aos dados econômicos, à Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 62 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas disponibilidade de curto prazo, ao desenvolvimento de engenharia, ao risco, às emissões e à praticabilidade. Para o desenvolvimento de longo prazo (10% do peso na decisão final), foram considerados os dados econômicos, os subsídios necessários à comercialização e a flexiblidade para uso de diferentes biomassas. Em função das várias incertezas relativas à complexidade técnica da limpeza dos gases a quente e da alimentação da biomassa à alta pressão, a decisão final foi pelo sistema de gaseificação atmosférica. A fase III do projeto - construção da unidade de demonstração - deveria começar ainda em 1997, mas foi postergada por dificuldades na negociação do financiamento. A fase IV é o comissionamento da planta, e a fase V é a operação comercial. Pelo cronograma original, a operação comercial estava prevista para o ano 2001. Planta de Demonstração em Värnamo - A planta de demonstração de Värnamo, na Suécia, foi construída pela Bioflow, seguindo uma decisão tomada em 1991. Os testes começaram na primavera de 1993. Trata-se de uma instalação com um gaseificador de leito fluidizado circulante, pressurizado, acoplado a um ciclo combinado. Figura 3.12- Planta pilloto para gaseificação de madeira em Värnamo, Suécia FONTE [26] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 63 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas A planta foi projetada para operar em sistema de calor distrital, produzindo 6 MW de potência elétrica e 9 MW de potência térmica. O projeto inicial prevê o uso de resíduos florestais e serragem como combustível, embora exista a possibilidade de que outras biomassas sejam também testadas. A limpeza dos gases é feita com filtros cerâmicos, após seu resfriamento a aproximadamente 350ºC (LUNDQVIST, 1993)[26]. Todo o trabalho de desenvolvimento e testes deveria ter sido feito de sorte que a planta pudesse atingir sua fase comercial no fim de 1995. No entanto, uma série de problemas mecânicos e de processo, em geral associados aos sistema de limpeza do gás, resultaram em sucessivos atrasos no cronograma (ELLIOT & BOOTH, 1996)[26]. A planta foi finalmente comissionada em 1996. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 64 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 4 – Demanda Energética no MPP 4.1 Introdução Neste capítulo é feito um estudo da demanda energética da região num contexto de dez anos (2010), como base referencial do planejamento a partir de dados obtido junto ao SEADE e fazer uma regressão linear. Também mostraremos a sazonalidade anual do consumo energético, onde seus efeitos serão discutidos mais adiante . 4.2 Histórico e previsão da demanda energética Com base em dados obtidos junto ao SEADE foi montado o seguinte gráfico. Crescimento da Demanda Energética 500.000 y = 14329x - 28330094 450.000 Consumo (MWh) 400.000 350.000 Residencial 300.000 Rural Industrial Outros y = 9287x - 18402030 250.000 Total Linear (Residencial) Linear (Rural) 200.000 Linear (Industrial) Linear (Outros) Linear (Total) 150.000 100.000 y = 1879x - 3702976 y = 1836x - 3624100 y = 1326x - 2600987 50.000 0 1988 1993 1998 2003 2008 Ano Figura 4.1 – Crescimento da Demanda Energética Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 65 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 4.1 - Demanda de Energia - Histórico e Previsão Demanda de 1990 Energia (MWh) 82.165 Residencial 35.592 Rural 37.006 Industrial 29.660 Outros 184.423 Total FONTE SEADE [13] 1992 1995 1998 2000 2003 2006 2010 91.146 38.515 39.739 31.560 200.960 134.639 45.626 49.046 38.802 268.113 153.396 48.361 51.266 44.228 297.251 171.970 51.013 55.024 47.900 325.907 199.831 54.991 60.661 53.408 368.891 227.692 58.969 66.298 58.916 411.875 264.840 64.273 73.814 66.260 471.196 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 5 – Plano Preferencial baseado no PIR 5.1 Introdução Neste capítulo mostraremos um plano preferencial para a região do MPP para a demanda prevista no capítulo anterior. 5.2 Recursos Bioenergéticos Como fonte de biomassa para gaseificação temos principalmente: resíduos agrícolas, resíduos de madeira, florestas energéticas. Os resíduos agrícolas foi escolhido como a fonte mais viável, pois a região tem grande oferta dessa fonte, e que parte dela (bagaço de cana) já vem sendo utilizada pelas usinas para geração de energia e vapor através da simples combustão. Além disso a região do MPP não possui grandes indústrias de papel e celulose para fornecer resíduos de madeira, os investimentos para produzir energia através de florestas energéticas são relativamente altas além de serem um investimento à longo prazo. Dentre as culturas de agricultura na região do MPP, as que apresentam maior volume são as de cana de açúcar, milho, milho safrinha ,mandioca e algodão, como podemos observar na tabela abaixo (tabela 5.1). Tabela 5.1: Produção agrícola do MPP, (IBGE/1999) Produtos Cana-de-Açúcar Feijão Milho Soja Milho Safrinha Mandioca Café Amendoim Algodão Arroz Produção total, (ton.)x103/ano 8.758,386 3,305 81,597 420,534 483,488 204,919 4,332 5,338 4.800 (arroba)x15kg= 72,00 2,895 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 68 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 5 – Plano Preferencial baseado no PIR 5.1 Introdução Neste capítulo mostraremos um plano preferencial para a região do MPP para a demanda prevista no capítulo anterior. 5.2 Recursos Bioenergéticos Como fonte de biomassa para gaseificação temos principalmente: resíduos agrícolas, resíduos de madeira, florestas energéticas. Os resíduos agrícolas foi escolhido como a fonte mais viável, pois a região tem grande oferta dessa fonte, e que parte dela (bagaço de cana) já vem sendo utilizada pelas usinas para geração de energia e vapor através da simples combustão. Além disso a região do MPP não possui grandes indústrias de papel e celulose para fornecer resíduos de madeira, os investimentos para produzir energia através de florestas energéticas são relativamente altas além de serem um investimento à longo prazo. Dentre as culturas de agricultura na região do MPP, as que apresentam maior volume são as de cana de açúcar, milho, milho safrinha ,mandioca e algodão, como podemos observar na tabela abaixo (tabela 5.1). Tabela 5.1: Produção agrícola do MPP, (IBGE/1999) Produtos Cana-de-Açúcar Feijão Milho Soja Milho Safrinha Mandioca Café Amendoim Algodão Arroz Produção total, (ton.)x103/ano 8.758,386 3,305 81,597 420,534 483,488 204,919 4,332 5,338 4.800 (arroba)x15kg= 72,00 2,895 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 68 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Nas tabelas(5.2 e 5.3) a seguir podemos observar o calendário agrícola das culturas citadas acima bem como a taxas residuais, energia produzida e os usos típicos dos resíduos agrícolas. Tabela 5.2 – Calendário agrícola do Paraná, distribuição % mensal das operações CULTURA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ CANA PLANTIO 20 DE COLHEITA AÇÚCAR COMERCIALIZAÇÃO 10 17 5 10 10 5 10 10 4 10 10 16 16 4 14 14 7 13 13 4 24 24 20 17 17 5 16 16 32 11 11 5 14 14 22 13 13 6 2 2 16 8 8 3 5 5 8 4 25 12 33 21 30 23 2 14 19 1 8 63 7 18 PLANTIO MANDIOCA COLHEITA COMERCIALIZAÇÃO MILHO PLANTIO SAFRINHA COLHEITA COMERCIALIZAÇÃO 3 3 47 7 7 32 4 4 3 1 1 1 8 2 2 10 7 4 18 1 5 31 5 65 5 3 5 2 1 1 7 7 25 21 33 22 15 8 20 15 7 34 13 24 14 17 26 9 13 9 6 5 5 9 2 70 21 15 7 51 33 31 16 3 29 PLANTIO SOJA COLHEITA COMERCIALIZAÇÃO MILHO PLANTIO NORMAL COLHEITA COMERCIALIZAÇÃO 1 PLANTIO ALGODÀO COLHEITA COMERCIALIZAÇÃO 15 10 5 FONTE: SEAB/ DERAL 99/00 [24] Embora o calendário agrícola da tabela 5.2 seja do Estado do Paraná, podemos considerar para estabelecer um plano preferencial que ela não será muito diferente da região do MPP. Observando a tabela acima podemos notar que as culturas de cana de açúcar, mandioca e milho safrinha possuem um calendário de colheitas concentradas nos meses de Abril a Outubro enquanto que as culturas de soja, milho normal e algodão possuem colheitas concentradas nos meses de Fevereiro a Maio. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 69 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 5.3 – Recursos Bioenergéticos Resíduo Proporção de Conteúdo Uso típico dos resíduos resíduos* energético (MJ/Kg seco) Hastes 1,5 15,91 Soja 17,33 Combustível para usinas açucareira ,estoque para Cana de Bagaço 0,30 produção de papel Açúcar Palha 0,15 Ração para gado, queimada Caroço 0,3 18,77 Ração para gado Milho Hastes 1,5 17,65 Ração para gado, combustível domiciliar 14,24 Mandioca Hastes 0,5 18.26 Combustível domiciliar Algodão Hastes 3,0 Cultura Fonte: UNPD [17] * A Proporção de resíduos é expressada em kg de resíduo seco por kg de colheita produzida. A tabela 5.3 mostra a proporção de resíduos oriundos de cada cultura bem como o conteúdo energético desses resíduos. Podemos notar que o conteúdo energético dessas culturas são aproximadamente iguais, esse detalhe será importante quando for calcular o potencial energético da região. Com base nas tabelas acima (5.2 e 5.3 )podemos montar outra tabela, agora com a quantidade de resíduos que poderão ser utilizados para a gaseificação. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 70 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 5.4 – Distribuição dos resíduos agrícolas. CULTURA ton x10^3 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 10 10 14 24 16 14 2 CANA COLHEITA(%) 10 DE COLHEITA(Ton) 875.84 875.84 875.84 1226.17 2102.01 1401.34 1226.17 175.18 AÇÚCAR RESÍDUOS(Ton) 262.75 262.75 262.75 367.85 630.60 420.40 367.85 52.55 7 16 17 11 13 8 COLHEITA(%) 1 2 3 4 13 5 MANDIOCA COLHEITA(Ton) 2.05 4.10 6.15 14.34 8.20 32.79 26.64 34.84 22.54 26.64 16.39 10.25 RESÍDUOS(Ton) 1.03 2.05 3.08 7.17 4.1 16.40 13.32 17.42 11.27 13.32 8.2 5.13 MILHO COLHEITA(%) 1 8 25 33 30 2 1 SAFRINHA COLHEITA(Ton) 4.83 38.68 120.88 159.55 145.05 24.17 4.84 RESÍDUOS(Ton) 8.69 58.02 217.58 287.19 261.09 43.51 8.1 356.86 598.75 935.21 440.67 424.68 68.85 COLHEITA(%) 1 31 SOJA COLHEITA(Ton) 4.21 130.37 273.35 12.62 MILHO COLHEITA(%) 1 NORMAL COLHEITA(Ton) RESÍDUOS(Ton) RESÍDUOS(Ton) 65 3 6.32 195.56 410.03 18.93 15 34 24 17 9 0.82 12.24 27.74 19.58 13.87 7.34 1.48 22.03 49.93 35.24 24.97 13.21 COLHEITA(%) 15 51 31 3 ALGODÃO COLHEITA(Ton) 10.8 36.72 22.32 2.16 32.4 110.16 66.96 TOTAL RESÍDUOS(Ton) RESÍDUOS(Ton) 2.51 30.4 280.97 386.4 6.48 5.13 825.35 FONTE: SEAB/ DERAL [24] Média março/outubro = 568.61x10^3ton/res Total por ano = 4655.78 ton x10^3ton (sem palhas da cana) Essa quantidade de resíduos foi obtida sem considerar as palhas da cana de açúcar. Vamos a seguir montar a tabela 5.5, agora considerando as palhas de cana de açúcar. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 71 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 5.5 – Distribuição dos resíduos agrícolas com palha de cana de açúcar. DISTRIBUIÇÃO DOS RESÍDUOS AGRÍCOLAS- COM PALHA CULTURA ton x10^3 JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ 10 14 24 16 14 2 CANA COLHEITA(%) 10 10 DE COLHEITA(Ton) 875.84 875.84 875.84 1226.17 2102.01 1401.34 1226.17 175.18 AÇÚCAR RESÍDUOS(Ton) 262.75 262.75 262.75 367.85 630.60 420.40 367.85 52.55 26.28 PALHAS(Ton) COLHEITA(%) 1 2 131.38 131.38 131.38 183.93 315.30 210.20 183.93 3 7 4 16 13 17 11 13 8 5 8.20 32.79 26.64 34.84 22.54 26.64 16.39 10.25 5.13 MANDIOCA COLHEITA(Ton) 2.05 4.10 6.15 14.34 RESÍDUOS(Ton) 1.03 2.05 3.08 7.17 4.1 16.40 13.32 17.42 11.27 13.32 8.2 MILHO COLHEITA(%) 1 8 25 33 30 2 1 SAFRINHA COLHEITA(Ton) 4.83 38.68 120.88 159.55 145.05 24.17 4.84 RESÍDUOS(Ton) 8.69 58.02 217.58 287.19 261.09 43.51 8.1 608.61 95.13 SOJA COLHEITA(%) 1 31 65 3 COLHEITA(Ton) 4.21 130.37 273.35 12.62 RESÍDUOS(Ton) 6.32 195.56 410.03 18.93 15 MILHO COLHEITA(%) 1 34 24 17 9 NORMAL COLHEITA(Ton) 0.82 12.24 27.74 19.58 13.87 7.34 RESÍDUOS(Ton) 1.48 22.03 49.93 35.24 24.97 13.21 COLHEITA(%) 15 51 31 3 COLHEITA(Ton) 10.8 36.72 22.32 2.16 RESÍDUOS(Ton) 32.4 110.16 66.96 6.48 ALGODÃO TOTAL RESÍDUOS(Ton) 2.51 30.4 280.97 956.73 517.78 488.24 782.68 1250.51 650.87 5.13 FONTE: SEAB/ DERAL Média março/outubro = 692.05 ton x10^3ton/res Total por ano = 5669.56 ton x10^3ton Como podemos notar, há um acréscimo substancial com a inclusão da palha da cana de açúcar, um crescimento de por volta de 21,8% da quantidade de resíduos. Isso mostra a importância desse resíduos que muitas vezes é queimado para facilitar a colheita. É importante ressaltar (uma vez que os resíduos da cana tem grande peso no total de resíduos produzidos) que essa taxa de 15% de palha disponível por ton. de cana colhida pode variar de acordo com a variedade de cana produzida e também se a separação da palha ocorre no campo com posterior recolhimento com enfardadora Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 72 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas (apresenta maior disponibilidade de palha) ou separação da palha na indústria através da estação de limpeza a seco. 5.3 Potencial de eletricidade a ser gerada. A partir dos dados obtidos das tabelas 5.1 à 5.5 vamos calcular o potencial de eletricidade que pode se gerada a partir de resíduos de biomassa. Para isso vamos admitir algumas hipóteses: 1 ton de bagaço -----> 1,8 Gcal (PCI) x 4,18 J/cal -----> 7,52 GJ x 0,35 (eficiência de conversão térmica/elétrica) -----> 2,63 GJe / 3600 -----> 7,31 x 10^-4 GWh/ton Fonte [18] Logo teremos: 5669,56 ton x10^3 ton X 7,31 x 10^-4 GWh/ton = 4,14 ton x10^3GWh Considerando uma fator de utilização de 90% (7889,4 h/ano), resulta num potencial de 525 MW. 5.4 Análise de resultados A partir dos resultados obtidos acima podemos estabelecer um plano preferencial para a região do MPP. Como os resíduos da cana de açúcar correspondem por aproximadamente 75% da biomassa total disponível, num primeiro momento é interessante colocar o gaseificador na própria usina de cana. Além disso poderíamos aproveitar toda infraestrutura disponível na usina, sem falar nos equipamentos que poderiam ser aproveitados uma vez que uma usina de cana já utiliza o bagaço de cana (através de simples combustão) para produção de vapor para o processo. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 73 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Depois que o gaseificador estivesse totalmente operacional nas usinas poderíamos utilizar os resíduos de soja e milho safrinha pois correspondem juntos aproximadamente 24 % da biomassa. E depois num último momento poderíamos utilizar os resíduos das outras culturas restantes. Mesmo numa primeira fase em que utilizássemos todos os resíduos de biomassa já poderíamos atender toda demanda da região, mas na prática isso não acontece, só iríamos aproveitar essa oferta multiplicada por um fator k (valor relativamente baixo). Além disso para um plano à longo prazo poderíamos pensar em florestas energéticas como forma de aumentar o produção de energia disponível. 5.5 Proposta Preferencial para Gaseificação no MPP Tabela 5.6 – Cronograma Fase 0 Fase 1 Fase 2 Fase 3 Construção/Adaptação do gaseificador Cana de açúcar Soja/Milho Safrinha Milho Normal/Mandioca/Algodão Observando a tabela 5.6 podemos notar que após a instalação do gaseificador a biomassa que primeiramente seria usada é a cana de açúcar, ela corresponderia por 76% da capacidade da energia total prevista, isso significa que ela poderia logo de início ela forneceria uma quantidade (utilizando fator k = 5%) que atenderia uns 35% da demanda (2006) prevista para a região(fig. e tabela 4.1). Esse valor poderia ser aumentando à medida que aumentássemos a quantidade de resíduos de cana utilizado e resíduos de outras culturas. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 74 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 6 – Produção de Energia e seus Impactos 6.1 Introdução Neste capítulo mostraremos como é feita a produção de eletricidade através da gaseificação. Também iremos destacar os impactos sócios econômicos e ambientais que ela traz. 6.2. Processo de Produção de Eletricidade A geração de energia elétrica através da biomassa pode ser observada na figura 6.1 a seguir. FONTE[9] Figura 6.1 – Diagrama do processo de produção de eletricidade. No esquema da figura 6.1 o gás combustível gerado pelo gaseificador é resfriado, purificado e enviado a turbina a gás onde é queimado na câmara de combustão e Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 75 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas posteriormente expandido, gerando assim a energia mecânica necessária ao acionamento do compressor e do gerador elétrico acoplados a turbina. Os gases da exaustão da turbina passam através da caldeira de recuperação de calor onde geram o vapor que alimenta o turbogerador a vapor. FONTE[3] Figura 6.2 – Diagrama de produção de eletricidade em uma usina de cana A figura acima mostra outro diagrama que é semelhante à figura 6.1 mas neste caso parte do vapor é utilizado no processo, no caso o da usina de cana ( moagem, picagem,etc.). Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 76 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas 6.3. Integração do sistema BIG/GT com uma usina típica Como vimos no capítulo 5, numa primeira fase a produção de eletricidade seria feita numa usina elétrica, para isso teríamos que integrar uma turbina a gás a uma usina. No caso de uma integração com uma usina típica, o CTC iniciou a análise de alternativas para a integração do sistema BIG/GT(Biomass lntegrated Gaseification/Gas Turbine) com a usina típica baseada nas informações técnicas preliminares que a TPS forneceu para o pacote BIG/GT; estes dados foram produzidos levando-se em conta os parâmetros de desempenho estimados para o projeto WBP, que usará cavacos de madeira como combustível, e os testes de gaseificação de laboratório realizados com bagaço e palha de cana de açúcar. Dois modos de operação estão sendo considerados: - Termoelétrica independente; - Cogeração, plena ou parcial. O modo de operação como termoelétrica independente será essencialmente uma adaptação do conceito de ciclo combinado utilizado no projeto WBP para operar com bagaço e palha. O modo de cogeração, plena ou parcial, vai exigir uma avaliação cuidadosa das alternativas para se chegar à melhor opção do ponto de vista técnico/econômico. Esta avaliação foi direcionada a partir de algumas hipóteses básicas assumidas: - Planta BIG/GT: baseada na turbina GE LM-2500 (fig. 6.4). - Temperatura e pressão do vapor da caldeira de recuperação (bar/°C): 82/480,22/300 e 2,5/saturado. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 77 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas - Consumo de vapor de processo na usina (kg vapor/t cana): 500, 340 e 280. A TPS fez uma avaliação preliminar para a opção de termoelétrica independente operando com a caldeira de recuperação a 60 bar/500°C e a potência estimada para um módulo com uma LM-2500 (fig. 6.4) foi de 33 MW, operando em ciclo combinado. Das várias opções, somente cinco foram escolhidas baseado em balanços de energia preliminares e considerações práticas de engenharia, uma das opção é apresentado abaixo: - 20M340 - 22 bar/300°C, 280 kg vapor/t cana e substituição das turbinas a vapor dos acionamentos dos equipamentos auxiliares, picador e desfibrador por motores elétricos. 6.4. Turbina Como seria de se esperar, a eficiência e, consequentemente, a economicidade dos sistemas de potência operando integrados a gaseificadores de biomassa vai depender em grande medida do desempenho das turbinas a gás. Nos últimos anos, ganhos de desempenho e reduções de custos nas avaliações de sistemas IGCC( sigla em inglês de “gaseificação integrada a ciclos combinados“) devem em grande parte ser atribuídos aos avançados alcançados nas turbinas a gás. Por razões econômicas, turbinas a gás não deverão ser desenvolvidas especialmente para essa finalidade, ou seja, as turbinas dos sistemas IGCC serão basicamente máquinas adaptadas do projeto original voltado a combustíveis de maior densidade energética (COOK et al., 1995). Os novos avanços tecnológicos das turbinas a gás tendem a ser significativos nos próximos anos. Nos EUA, por exemplo, existe um programa coordenado pelo DOE - o Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 78 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Advanced Turbine Systems (ATS) - do qual fazem parte indústrias de turbinas a gás e centros de pesquisa, com metas bastante ambiciosas para os próximos anos em termos de aumento de eficiência das turbinas e desenvolvimento de ciclos de potência. Todos os avanços nessa indústria, que visam inicialmente o uso mais eficiente de combustíveis tradicionais, poderiam ser repassados às turbinas que serão adaptadas ao uso de combustíveis de baixa densidade energética. Alguns objetivos do programa ATS são comentados por WILLIAMS & LARSON (1996), que destacam, por exemplo, os ganhos possíveis do uso de vapor como fluido de resfriamento das palhetas, ao invés de ar. Turbinas a gás com palhetas resfriadas com vapor poderão ser comercializadas. O aumento de eficiência das turbinas a gás tem sido continuo, em parte porque as temperaturas máximas operacionais têm crescido ano após ano. Os autores comentam que a taxa média anual têm sido de 20°C para a temperatura de entrada dos gases na turbina, tendência que deve continuar sendo seguida. Muitos dos avanços obtidos pela indústria em turbinas aeronáuticas têm sido repassados às turbinas aeroderivativas, trazendo reduções de custo à operação dessas turbinas estacionárias. Os investimentos feitos em P&D para adaptação das turbinas a gás à operação com gás proveniente da gaseificação de carvão mineral foram bastante significativos nos últimos anos. Esses avanços, no entanto, não podem ser repassados integralmente ao desenvolvimento dos sistemas com biomassa porque o gás produzido na gaseificação do carvão tem maior densidade energética. Em função da escala dos sistemas IGCC com carvão, a gaseificação pode ser feita, com vantagens econômicas, com injeção de oxigênio, o que não pode ser feito no caso da biomassa uma vez que esses últimos serão necessariamente menores. Por outro lado, boa parte dos mais importantes fabricantes de turbinas a gás têm uma certa experiência com o desenvolvimento de seus Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 79 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas projetos para uso de gás de baixa densidade energética, tanto nas indústrias químicas quanto siderúrgicas. Em um trabalho publicado em 1993, BECKER & SCHETTER relatam detalhadamente a experiência da Simens/KWU na adaptação de alguns modelos de turbinas a gás à queima de gás proveniente da gaseificação de carvão mineral. Em particular, o caso de uma instalação IGCC na Finlândia é descrito. Segundo os autores, as modificações necessárias são mínimas, embora sempre exista o problema da limpeza do gás e de atendimento das concentrações mínimas exigidas, que é um problema mais grave no caso da biomassa porque com a baixa densidade energética mais combustível precisa ser queimado. Os autores comentam que a temperatura de chama, no caso da gaseificação com injeção de oxigênio, pode ser maior do que quando da queima de gás natural, em função da quantidade de ar necessária ser relativamente pequena, dada a composição dos gases. Alguma preocupação deveria existir, nesse caso, para se controlar a formação de óxidos de nitrogênio pela via térmica. O teor de hidrogênio dos gases aparentemente facilita a combustão como um todo, minimizando a formação de CO. No caso daquela experiência, a câmara de combustão para queima de gás de baixo poder calorífico foi adaptada tendo como preocupação central as emissões, principalmente em função dos diferentes regimes de operação possíveis, com uso ou não de combustíveis secundários, como gás natural ou óleos leves. No caso da queima de um combustível secundário, para se controlar as emissões de óxidos de nitrogênio, água teria que ser injetada na câmara de combustão. CONSONNI (1997) chama a atenção para as dificuldades operacionais de um sistema IGCC, uma vez que a manutenção da estabilidade de queima na turbina a gás não pode ser afetada pelo tempo de resposta (inércia) do gaseificador e do sistema de Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 80 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas limpeza dos gases. A respeito deste ponto, BECKER & SCHETTER (1993) comentam que o fluxo volumétrico do gás combustível derivado da gaseificação pode ser até 20 vezes maior do que o fluxo requerido de gás natural, num dado regime de operação. Consideradas variações da temperatura e da pressão do gás combustível em regimes de partida e carga variável, o fluxo volumétrico de gás combustível pode variar numa relação de 1 para 100. Portanto, o controle de alimentação precisa operar satisfatoriamente numa faixa muita ampla de fluxos, impondo um mínimo de perda de carga. Comentando sobre as modificações necessárias às turbinas a gás para a operação dessas com gás de gaseificação de biomassa, BABU (1995) afirma que no caso da gaseificação indireta, que produz um combustível mais rico, as adaptações são muito pequenas em relação ao projeto das turbinas comerciais. Para gás combustível com poder calorífico da ordem de 6 MJ/Nm³, modificações nos queimadores são necessárias, mas reduções das temperaturas máximas podem ainda ser evitadas, o que certamente não ocorrerá quando o poder calorífico do gás for inferior a 5 MJ/Nm³. A estabilidade e eficiência da combustão também dependem da temperatura do gás na entrada do combustor. O mesmo autor também comenta que a Westinghouse, que trabalhou na adaptação de algumas turbinas para a queima de gás de baixo poder calorífico, afirma que são necessárias as seguintes modificações: alteração dos dutos, aumento dos bocais na câmara de combustão, aumento do volume da câmara e alterações nas partes estacionárias à entrada da turbina a gás (aumento da área de escoamento, em função do aumento do fluxo volumétrico). O compressor, em princípio, permanece o mesmo, mas a turbina passa a operar com uma nova relação de pressão. Para o atual estado-da- Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 81 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas arte, é certo que a turbina precisa operar com uma TIT - turbine inlet temperature - mais baixa do que quando da queima de combustíveis convencionais. Uma discussão interessante é quanto ao tipo de turbina a gás mais adequado para os sistemas IGCC. A visão apresentada por WILLIAMS & LARSON (1996), de que as turbinas aeroderivativas seriam mais adequadas, foi até há pouco aceita sem maiores contestações. Dizia-se que essas máquinas, por apresentarem alto desempenho e custos unitários reduzidos, mesmo na faixa de baixa capacidade, eram adequadas para os sistemas com biomassa. Adicionalmente, apontavam-se as potenciais vantagens de custos de manutenção mais baixos. O trabalho apresentado por CRAIG & MANN (1996), entretanto, lança dúvidas quanto à essas conclusões iniciais. Os autores consideram que turbinas industriais, por trabalham com menores relações de pressão, são mais compatíveis com a tecnologia de gaseificação de biomassa que está mais próxima de efetiva demonstração (a gaseificação atmosférica). Além disso, a opção de uso das turbinas industriais se tornou mais atrativa do ponto de vista econômico com o recente advento de turbinas a gás industriais de alto desempenho e aptas para acomodar fluxos mássicos mais variáveis. Como as turbinas industriais permitem que se tire melhor proveito dos ciclos a vapor "bottoming", é possível aumentar a geração de potência a custos moderados. Portanto, os autores consideram que o uso de turbinas industriais de alto desempenho é a tendência mais promissora. Cabe a consideração de que nesse caso toda a instalação BIGCC seria de maior porte, da ordem de 100 MW, ou ainda maiores, o que talvez não seja viável em muitas instalações industriais que pretendem fazer uso de resíduos do processo, como é o caso das indústrias de açúcar e álcool. No caso do projeto WBPSIGAME a turbina a gás a ser utilizada é do tipo aeroderivada, de fabricação GE, modelo LM 2500 (figura 6.4), modificada para a queima de gás com baixo poder calorífico (cerca Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 82 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas de 1.400 kcal/Nm³). As principais alterações devem ser efetuadas na câmara de combustão, no sistema de controle e no sistema de extração de ar para alimentação da planta de gaseificação. Além disso, devido a menor relação ar/combustível nesse caso, comparativamente à de um combustível fóssil, impõe maior área de passagem dos gases na expansão, para uma mesma potência, devendo assim ser utilizada uma turbina prevista para operação com injeção de vapor, porém sem que haja tal injeção. A FONTE[23] Figura 6.4 – Turbina a gás. descarga do turbogerador a vapor ocorre em um condensador arrefecido com água proveniente da torre de resfriamento. O condensado produzido volta ao sistema de água de alimentação da caldeira, onde também ocorrem as reposições de perdas com água desmineralizada. 6.5 Efeitos da Utilização da Energia de Biomassa sobre o Meio-Ambiente O uso de biomassa com finalidade industrial e combustível domestico tem aumentado sensivelmente o desmatamento de matas do planeta, seu efeito também tem causado o incremento do CO2 atmosférico e por conseqüência o efeito estufa. A queima Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 83 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da biomassa (principalmente cana de açúcar no Brasil) tem fortes efeitos ambientais.(veja tabela abaixo) Tabela 6.1 – Relação de poluentes gerados pelas biomassas Poluente Particulados Faixa Média CO Faixa Média Hidrocarbonetos Faixa Média Nox Faixa Média FONTE[12] Cana de Açúcar (1975) 3 - 4,2 3,6 Palha (1975) Shearer (1971) EPA (1977) WHO (1977) 2,1 - 3,2 2,7 Asocana Colombia (1992) 0,5 - 5,1 2,8 1,26 2,5 - 3,5 - 8 30 - 40,6 35,3 23,9 - 35,6 29,7 - 8,4 25 - 33 - 42 5,2 2,35 - 8 4,2 1,2 - 7,2 - 1,68 2,0 - 6,6 - 15 - - - 0,168 - 3 As caldeiras de Biomassa (bagaço de cana, lenha e casca de arroz) tem como poluente principal as cinzas voláteis e partículas de combustível não queimadas completamente. A emissão de Nox é pequena devido as temperaturas relativamente baixas da caldeira, e a de óxidos de enxofre é pequena devido ao baixo teor de enxofre nessas biomassas (menor no combustíveis fósseis). Assim no uso da biomassa o controle mais importante deve ser feito sobre a emissão de particulados. Para que isso seja possível utiliza-se os seguintes equipamentos: - Separadores ciclônicos, - Lavadores de gás - Separadores eletrostáticos, e - Filtros de manga. Veremos os separadores ciclônicos, que são os mais utilizados. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 84 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Separadores ciclônicos Os separadores podem ser classificados em 3 tipos: entrada tangencial e fluxo de retorno; fluxo axial; fluxo axial e fluxo em retorno. A eficiência do ciclone de tipo tangencial é maior que do tipo axial devido a força centrifuga, causando a separação dos particulados mais eficientes devido sua rotação ser no mesmo sentido do gás de entrada. 6.6 Sócio Econômicos Socialmente pode gerar novos postos de trabalho, e aumentar o nível tecnológico. Localmente, a criação de novos empregos resultará num maior fluxo de recursos, que se bem aproveitado, certamente trará benefícios à comunidade. Em termos regionais e dentro de uma perspectiva de longo prazo, a utilização desta tecnologia poderá resultar, numa sensível redução dos investimentos requeridos para suprir as suas necessidades de energia elétrica, em um elevado número de novos empregos, principalmente na produção florestal e na intensificação do fluxo econômico nas regiões do interior. Comercialmente, além de abrir um novo e amplo mercado de serviços e bens duráveis, tanto a nível nacional como internacional, no caso da gaseificação da madeira poderia aplicar o conceito de uso múltiplo da floresta, otimizando os custos de geração de energia. A conjugação com projetos agro-industriais, como por exemplo na área de papel e celulose e a indústria sucroalcoleira, poderá vir a permitir potencializar a utilização de florestas energéticas já existentes e reorientar e revitalizar o Programa Nacional do Álcool - Proálcool. Empresarialmente, destaca-se a participação da iniciativa privada associada a empresas públicas em projeto de geração de energia, e o trabalho em conjunto com empresas e entidades internacionais. Como resultado, há um intercâmbio positivo em Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 85 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas termos de critérios e métodos de gestão e planejamento de projetos, como o PIR, cuja base metodológica é filosofia deste trabalho, trazendo novas oportunidades para as empresas do Setor Elétrico dentro do novo cenário institucional 6.7 Custos Ambientais Como, em geral, os custos ambientais (e/ou sociais), também chamados “custos externos” ou “externalidades’, não são incluídos nos custos de geração de eletricidade, os resultados obtidos para os processos convencionais(como hidroeletricas) são inferiores aos custos de geração a partir de biomassa que, desta forma, não parece ser viável em termos econômicos . São, como se sabe, significativos os impactos sociais e ambientais, bem como seus custos, referentes às hidrelétricas de grande porte, que correspondem à forma mais tradicional de geração elétrica no país , inclusive em termos de emissão de gases de efeito estufa, em conseqüência da decomposição de matéria orgânica submersa . Evidentemente, também são significativos os custos ambientais referentes às emissões poluentes em sistemas termelétricos . Estes custos são extremamente elevados quando comparados aos custos de geração a partir de bagaço de cana , demonstrando as vantagens ambientais da biomassa. Mesmo incluindo as emissões de poluentes na fase agrícola (produção da cana), provenientes dos combustíveis fósseis usados, obteve-se um valor (preliminar) de externalidades inferior a 0,4 US$/MWh [3]. Por outro lado, a literatura existente indica custos ambientais de até 11 US$/MWh para ciclos combinados a gás natural, de até 79 US$/MWh para ciclos a vapor com óleo combustível , de 28,7 a 78,4 US$/MWh para termelétricas a carvão . Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 86 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas A tabela 6.1 apresenta os resultados obtidos para o caso brasileiro, avaliando as externalidades pelo método do custo do dano e comparando os resultados com os custos ambientais oficiais, obtidos pelo método do custo de controle. Tabela 6.2 - -Comparação dos custos ambientais de formas convencionais de geração de eletricidade no Brasil: (US$/MWh, 1994) Custos Custos de Geração Custo de Contrôle Total Custo do dano Total FONTE[3] Belo Monte (UHE) 35 0,8 35,8 3,7 - 7,9 38,7 - 42,9 Candiota III (UTE) 52 6,2 - 13,6 58,2 - 65,6 13,0 - 27,3 65,0 - 79,3 Angra II (UN) 70 21,0 - 28,0 91-98 28,9 - 57,9 98,9 - 127,9 Notas (a) custos oficiais de controle Observe-se que nas termelétricas com combustíveis fósseis não estão consideradas as taxas de carbono correspondentes às emissões de CO2. No caso das emissões de carbono responsáveis pelo efeito estufa, o balanço no caso da biomassa, como se sabe, é praticamente nulo. Apenas quando se considera o ciclo completo da biomassa, incluindo o consumo direto e indireto de fósseis verifica-se a emissão de CO2, mas mesmo neste caso extremamente inferior ao caso das termelétricas a combustíveis fósseis como mostra a tabela 6.3. Tabela 6.3 - Comparação das emissões de CO2 na geração de eletricidade a partir de biomassa, com as emissões a partir de combustíveis fósseis. Referências Combustível - Cana de açúcar NREL (EUA) Madeira UTE Óleo Combustível UTE Gás Natural Emissões - kg CO2/kWh 0,057 - 0,11 0,046 0,87 7 (somente da queima do combustível) 0,38 7 (somente da queima do combustível) FONTE [3] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 87 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 7 – Avaliação Econômica 7.1 Introdução Neste capítulo apresenta-se mostrar a avaliação econômica de alguns casos de gaseificação de biomassa. 7.2 Bagaço de cana Para avaliar o grau de competitividade econômica do processo de utilização do gás de bagaço de cana, partimos das premissas abaixo descritas: - Custos de investimento : 990 US$/KW (BIG/STIG-LM-5000, 53 MW (FULMER,l990); 1230 US$/KWh (BIG/STIG-LM-1600, 20 Mw) (FULMER,l990); 1500 US$/KWh (NSC/KAMAISHI, 16 MW) (HUKAI,l990) e 1650 US$/KWh (BIG/STIG-GE-38, 5,4 MW ) (FULMER,l990). - Taxas de desconto : 10%, 15% e 20% - Vida do investimento : 10 anos, 15 anos e 20 anos - Fator de Utilização : 50% (apenas bagaço, na safra) 90% (bagaço na safra, palhas e pontas na entressafra) 90% (complementação com gás natural) - Custo do combustível : Bagaço : US$ 10/ton Gás natural : US$ 100/1000m3 Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 88 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas - Custo de 0&M : US$ 7/ MWh A partir destes parâmetros, a formula utilizada foi: Custo Total = Custo de Capital + Custo de Combustível + Custo de O&M onde: Custo de Capital = Investimento*FRC/(8766h/ano*FU) FRC = Fator de Recuperação de Capital, dado pela fórmula FRC = i(1+i)**n/((1+i)**n-1) FU = Fator de Utilização A análise das figuras 4 a 12 leva-nos às seguintes considerações: se tomamos como referência uma termoelétrica a carvão, cujo custo de geração pode ser estimado, conservadoramente, entre 38 e 42 US$/MWh, independentemente de questões ambientais, a geração a partir do bagaço de cana demonstra ser competitiva para taxas de desconto de 15%. No caso da hidroeletricidade, ao compararmos os custos de geração acima obtidos com o custo marginal de expansão da geração para a região sul-sudeste, estimado oficialmente em 55,0 US$/MWh[3], temos uma faixa de competitividade situada, para faixa de taxas de desconto de até 15%, para retorno esperado de 15 e 20 anos. Para um custo de instalação de até 1230 US$/Kw, poder-se-ia inclusive prever uma participação da concessionária de eletricidade interessada, devido à diferença entre o MWh gerado a partir do bagaço (49 a 51 US$/MWh) e o já citado custo marginal de expansão do sistema via hidroeletricidade. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 89 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Figura 7.1 - Cogeração a partir de cana-de-açúcar, em turbina a gás, na safra, usando bagaço FONTE[3] Figura 7.2 - Cogeração a partir de cana-de-açúcar, em turbina a gás, na safra, usando bagaço FONTE[3] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 90 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Figura 7.3 - Cogeração a partir de cana-de-açúcar, em turbina a gás, na safra, usando bagaço FONTE[3] Figura 7.4 - Cogeração a partir de cana-de-açúcar, em turbina a gás, na safra (com bagaço), e na entressafra (com palhas e pontas) FONTE[3] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 91 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Figura 7.5 - Cogeração a partir de cana-de-açúcar, em turbina a gás, na safra (com FONTE[3] bagaço), e na entressafra (com palhas e pontas) Figura 7.6 - Cogeração a partir de cana-de-açúcar, em turbina a gás, na safra (com FONTE[3] bagaço), e na entressafra (com palhas e pontas) Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 92 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Figura 7.7 - Cogeração em turbina a gás, usando bagaço de cana na safra e na entressafra. FONTE[3] Figura 7.8 - Cogeração em turbina a gás, usando bagaço de cana na safra e na entressafra. FONTE[3] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 93 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas FONTE[3] Figura 7.9 - Cogeração em turbina a gás, usando bagaço de cana na safra e na entressafra. 7.3. Projeto WBP-SIGAME O Projeto WBP/SIGAME compreende a implantação de uma planta de demonstração com capacidade de cerca de 30 MW. Para sua viabilização e exploração comercial prevê-se a constituição de uma entidade jurídica, de preferência de caráter privado, consorciando os atuais participantes e futuros sócios que porventura venham a participar do empreendimento. A planta de demonstração está sendo concebida para ser usada como módulo de futuras unidades comerciais, cuja potência deverá situar-se entre 60 MW e 100 MW [27]. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 94 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 7.1 – Performance projetada e Consumo de Combustível e Energia Auxiliar Unidade Quantidade % Capacidade total Energia Auxiliar Capacidade Líquida Fator de Capacidade Anual MW MW MW % 40.40 8.14 32.26 100.0% 20.1% 79.9% 85% Geração Anual MWh/ano 240,208 Performance da Planta Base LHV Base HHV Eficiência Termal Líquida Taxa de Calor Líquida % kJ/kWh Btu/kWh 40.7% 8,848 8,389 38.0% 9,473 8,982 Conteúdo Calórico da Biomassa GJ/seco m ton MBtu/dmt 18.4 17.4 19.7 18.7 Por hora Anual Consumo de Combustível Combustível biomassa LPG Oleo Diesel Consumo Energia Auxiliar seco m ton kg m ton 15.52 6.0 0.10 115,562 44,700 72 Compressão do Gás BOP MWh MWh 4.90 3.24 36.5 24.1 FONTE[19] Tabela 7.2 – Custo estimado do corte, da colheita, do transporte, e lasqueamento e manuseio na planta Item US $/m ton (0% m) US $/GJ US $/MBtu % doTotal Preço da Madeira no Campo $13.75 $0.70 $0.74 35.6% Preço do Corte 6.19 0.31 0.33 16.0% Preço do Transporte 5.57 0.28 0.30 14.4% Preço da Madeira Cortada no Campo $25.51 $1.29 $1.37 66.0% Preço do Carregamento 4.02 0.20 0.22 10.4% Preço do Frete 4.33 0.22 0.23 11.2% Preço da madeira antes ST $33.86 $1.72 $1.81 21.6% Taxa Social 0.21 0.01 0.01 0.5% Taxa Social 0.69 0.03 0.04 1.8% Preço de manuseio da madeira na planta $34.75 $1.76 $1.86 2.3% Preço de manuseio da madeira na planta 0.89 0.05 0.05 2.3% Preço do lasqueamento da madeira 0.15 0.16 7.7% $1.96 $2.07 100.0% 2.96 Preço Total da Madeira Entregue ao $38.60 Secador FONTE[19] Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 95 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Tabela 7.3 – Custo do Combustível e Custo de O&M Fixos e Variáveis (Fator de capacidade 85%) Custo Anual $/kW-ano $/MWh % do Total $3,936,981 $122.0 $16.39 52.3% LPG $15,960 $0.49 $0.07 0.2% Óleo Diesel $338,037 $10.48 $1.41 4.5% $353,997 $10.97 $1.48 4.7% Dolomita/Areia $250,383 $7.76 $1.04 3.3% Produtos Químicos 89,643.44 2.78 0.37 1.2% Lubrificantes 28,597.93 0.89 0.12 0.4% Manuseio do combustível 250,915.90 7.78 1.04 3.3% Depósito de Cinzas 43,169.39 1.34 0.18 0.6% Total $662,709 $20.54 $2.76 8.8% Custos O&M Fixas $2,567,162 $79.6 $10.69 34.1% Total O&M e Combustível $7,166,853 $233.1 $31.31 100.0% Madeira Combustível Combustível Auxiliar Total Custo O&M Variáveis FONTE[19] A tabela 7.1 mostra a performance estimada desta planta bem como consumo de combustível biomassa e de outros combustíveis auxiliares. A tabela 7.2 mostra o custo estimado da combustível biomassa (madeira) em seus vários estágios até ser entregue ao secador. A tabela 7.3 mostra os custos de operação e manutenção fixas e variáveis. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 96 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Capítulo 8 – Conclusão Embora as plantas comerciais em operação sejam poucas devido a dificuldades técnicas, a produção de energia a partir da gaseificação pode ser vista como uma forma promissora num pais abundante em biomassa como o Brasil. Os estudos realizados sobre essa tecnologia ao redor do mundo são numerosos ,principalmente pela preocupação ambiental crescente( pois a gaseificação de biomassa minimiza os efeitos de aquecimento global causado pelo Efeito Estufa) e com a preocupação do futuro dos combustíveis fósseis, uma vez que ele não são renováveis. Neste contexto o Brasil se encontra em níveis tecnológicos compatíveis aos países desenvolvidos, possuindo uma planta comercial operacional à base de resíduos da plantação de arroz. Além do uso dessa tecnologia para produção de eletricidade há estudos para produção de motores automotivos movidos à gás gerados por gaseificação. Dentro do escopo do PIR a gaseificação da biomassa, num horizonte de logo prazo,o metanol que poderia ser produzido por ela poderia ser utilizado pelas células de combustível. Também o gás proveniente do gasoduto da Bolívia poderia ser utilizado para aumentar o poder calórico do combustível que seria utilizado pela Turbina á gás. No contexto de um Desenvolvimento sustentável, ela traz várias vantagem, pois além dos impactos positivos à natureza, gera mais empregos aumentando o nível sócioeconômico da região. Produção Local de Energia através da Gaseificação da Biomassa para Geração de EE no MPP 97 ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas Bibliografia [1] LACERDA, A.G. DE A. ; MARUYAMA, F. M.; “ Geração de Energia Elétrica à partir de células de combustível ” - Relatório Final do Projeto de Formatura 2000 – São Paulo. [2] “ A Civilização da Biomassa, Gaseificador de leito fixo de pequeno porte para biomassa usado em uma plantação de cacau na Indonésia” - CENBIO notícias – Ano 3 nº11 . [3] COELHO, S. T ; ZYLBERSZTAJN, D.; “Barreiras e mecanismos de implementação à cogeração de eletricidade a partir de biomassa” – III Congresso Brasileiro de Planejamento Energético. [4] “Projeto WSP/SIGAME” – CENBIO notícias – Ano 3 nº9. [5] “Projeto BRA/96/G31 Geração de Energia Elétrica por Biomassa, Bagaço de Cana de Açúcar e Resíduos Sólidos” - CENBIO notícias – Ano 1 nº4. [6] SOUZA, M. 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