Revista Pork World - Ricam Consultoria
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Revista Pork World - Ricam Consultoria
www.porkworld.com.br | 66 jan/fev Tendências para 2012 Ano 11 | Nº 66 | R$ 29,90 Referências para tomada de decisão de executivos: análises, estatísticas, tabelas, gráficos e projeções à sua mão EXPEDIENTE | ÍNDICE 3 Índice 12 18 22 MUNDO 1 28 BRASIL Revista PorkWorld, liderança construída com credibilidade e eficiência. PRESIDENTE Flavia Roppa [email protected] 32 FUTURO 36 CONSUMO INTERNO 40 CONSUMIDOR 46 50 54 ESTADOS UNIDOS 70 GRÃOS 80 GOVERNO 1 84 GOVERNO 2 Editora AnimalWorld | Uma referência no Agronegócio Com a proposta de informação atualizada e de alto nível, a AnimalWorld hoje é referência de know-how em suinocultura, avicultura e bovinocultura, aproximando empresas, médicos veterinários, produtores, universidades, executivos e gestores do agrobusiness mundial. JORNALISMO Daniel Azevedo Duarte [Gerente de Jornalismo] [email protected] Felipe Guerra [Web Repórter] [email protected] Heloisa Toreti (Web Repórter) [email protected] COMERCIAL Guilherme Reis [Gerente Comercial] [email protected] Valcir Callogeras [Executivo de contas] [email protected] Karla Bordin [Executiva de contas] [email protected] ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO Nanci Junqueira [Analista Financeira] [email protected] LOGÍSTICA Patrícia Mendonça [email protected] MARKETING Cristina Amorim [Marketing] [email protected] DIAGRAMAÇÃO E ARTE Quadratta Comunicação & Design www.quadratta.com.br Imagem da capa César Machado/Agrostock EVENTOS Guilherme Fray [Gerente de Eventos] [email protected] ATENDIMENTO AO CLIENTE [email protected] PUBLICAÇÕES Revista PorkWorld: ISSN - 1980-1971 Revista AveWorld: ISSN - 1980-198X PORTAIS DE NOTÍCIAS • www.AveWorld.com.br • www.BeefWorld.com.br • www.MeatWorld.com.br • www.MilkWorld.com.br • www.PorkWorld.com.br EVENTOS • Fórum de líderes em Suinocultura • Fórum de líderes em Avicultura • PorkExpo CONTATO | ADMINISTRAÇÃO | PUBLICIDADE PABX: 55 19 3709-1100 AV. José Rocha Bonfim, 214 | Salas Paris 220 e 221 13080-650 Center Santa Genebra – Campinas/SP www.editora-animalworld.com.br ASSINATURAS 1 ano R$ 140,00 | 2 anos R$ 250,00 | Anteriores R$ 29,90 Quer Assinar? www.editora-animalworld.com.br/store 108 “Visão sobre as carnes em 2012”, por Osler Desouzart MUNDO 2 USDA: produção e consumo nos principais países em 2012 MUNDO 3 “Lucratividade sustentada no ano novo”, por Richard Brown “Carne suína: balanço 2011 e perspectivas para 2012”, por Jurandi Machado “Ano novo promissor para a suinocultura”, por Mário Lanznaster “Brasileiro já consome 15kg de carne suína por ano”, por Lívia Machado “Como é o consumidor brasileiro de carne suína?”, por Maria Stella Saab “Previsões positivas para os produtores dos EUA”, por Doug Wolf EUROPA 1 “Mercado europeu de carne suína em 2012”, por Sven Häuser EUROPA 2 “Como atender aos supermercados europeus”, por Jonahtan Banks “Menor oferta mundial de grãos pode elevar custos em 2012”, por USDA “Um ano para ser repetido”, por Mendes Ribeiro Filho “MDIC lança Plano Brasil Maior para setor de carnes”, por Ricardo Schaefer GUIA RÁPIDO Estatísticas #editoraanimalworld @ed_animalworld www.facebook.com/editoraanimalworld Anunciantes desta edição: • ABCS • Agriness • Agroceres Multimix • Agroceres Pic • Agrostock • Biriba´s • Boehringer • CEVA • DB Danbred • Farmabase • Fatec • Formil • Hertape Calier • Ilender • M.Cassab • Microsal • Nutrifarma • Nuvital • Patense • Penarlan • Phibro • Pisani • Polysell • Produquimica • QuantQ • Simis • Sinsui • Topigs • Vencofarma • Weda [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 4 Shutterstock INTRODUÇÃO O texto DANIEL AZEVEDO mundo precisa da suinocultura brasileira para se alimentar. O setor, em um ambiente de instabilidade global, precisa de informação de qualidade mais do que nunca. Por isso, nossa motivação em lançar um formato inédito de anuário com este “Guia Executivo da Suinocultura – Perspectivas e tendências para 2012” e ser útil aos executivos da suinocultura brasileira durante todo o novo ano. O instável 2011 chegou ao fim e o ano novo anuncia-se como outro período em que as incertezas sobre o mercado podem ser maiores que as certezas. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] Nesta hora, não existe nada melhor do que conhecer os números, análises e previsões dos melhores especialistas do Brasil e do mundo para tomar decisões acertadas. Em nosso cotidiano jornalístico, acompanhamos de perto as oscilações da economia brasileira e mundial ao longo de 2011, o que nos permite traçar um quadro geral da economia nacional e global como introdução a este anuário. No Brasil, tivemos um início de ano próximo à euforia pelo crescimento econômico acelerado, aumento da renda das famílias, reconhecimento internacional e, até, algumas lições aos “donos da verdade” de países do primeiro mundo. Não era para menos. O PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu 7,5% em 2010 (o maior crescimento em 24 anos, desde 1986), depois de mais de 20 anos em 24 de crescimento tímido ou vegetativo, e totalizou R$ 3,675 trilhões. Enfim, o Brasil, parafraseando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, passou por uma “marolinha” em lugar do tsunami vivido pela maior economia do mundo, os EUA, desde o final de 2008 até 2010. O “ritmo chinês” de crescimento em 2010 culminou no aumento da renda das famílias brasileiras que, conforme o economista Ricardo Amorim, ajudou a “transformar nossa pirâmide social em um losango”. Mais de 40 milhões de pessoas subiram das classes D ou E para a classe C em cerca de 5 anos. INTRODUÇÃO 5 informações e análises completas à sua mão Instabilidade global valoriza informação confiável para decisões acertadas “Nada melhor do que conhecer as análises dos melhores especialistas do Brasil e do mundo para tomar decisões acertadas!” Essa “melhoria de vida” se refletiu diretamente no varejo que apresentou índices de crescimento para lá de chineses. Segundo análises do Bradesco e do IBGE, as vendas do setor cresceram 10,9% em 2010, sustentando a expansão econômica enquanto o mundo ainda se convalescia da crise financeira de 2008-2009. O consumo interno garantiu velocidade de cruzeiro enquanto a “marolinha” GRAFICO 1 Brasileiros nas Classes A, B, C, D e E Fonte: Ricam Consultoria Empresarial 2010 2005 B Classes A e 2 7 .1 1 2 26.4 Classe C 8 62.702.24 B Classes A e 42.195.088 Classe C 3 101.651.80 E Classes D e 4 47.948.96 E Classes D e 8 8 .6 6 92.93 passava. Assim, o agronegócio teve crescimento superior a 6,5% em 2010 e representou 22,3% do PIB com produção estimada em R$ 821,06 bilhões. O ano de 2011 começou com expectativas positivas para o Brasil, especialmente para o agronegócio uma vez que o crescimento populacional e da renda média no mundo garantem maior demanda. Chegamos a 7 bilhões de habitantes em 2011 e, até 2050, teremos mais 2,5 bilhões de pessoas ou mais de 12 “Brasis” em 39 anos, como alertou o especialista Marcos Fava Neves. Além da população, os países emergentes de Ásia, América do Sul e África também sustentarão o crescimento da economia mundial nas próximas décadas. A China é o caso mais conhecido mas a Índia é outro bom exemplo. O país cresce “um Brasil” em população a cada dez anos e também urbaniza [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD INTRODUÇÃO seus habitantes, alterando hábitos alimentares e aumentando a renda média das pessoas. Alguns países emergentes, inclusive, passarão a ter mais importância enquanto bloco do que os países mais ricos atualmente. Segundo a consultoria Goldman Sachs, os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) vão superar o G-7 (EUA, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Reino Unido) em produção entre 2030 e 2035. A China deve superar os EUA em PIB já em 2026, segundo as previsões, desenvolvendo seu potencial na indústria transformadora. O Brasil, por sua vez, tem grande potencial no agronegócio, GRAFICO 2 Crescimento das vendas do comércio varejista em 2010 Fonte: Bradesco e IBGE Norte 16,5% Centro-oeste 12,2% Nordeste 12,2% 10,9% Brasil 10,6% Sudeste Shutterstock 6 9,6% Sul 0,0% 2,0% 4,0% 6,0% 8,0% 12,0% 10,0% 14,0% 16,0% 18,0% TABELA 1 PIB do Agronegócio Fonte: Cepea “Chegamos a 7 bilhões de habitantes em 2011 e, até 2050, teremos mais 2,5 bilhões de pessoas” Agronegócio milhões R$ 2006 2007 2008 2009 2010 Total (A+B+C+D) 712.008 768.202 821.560 779.791 821.060 A) Insumos 72.590 82.018 96.744 87.804 88.853 B) Agropecuária 167.567 187.981 216.005 207.461 217.450 C) Indústria 237.632 247.975 248.531 234.634 251.383 D) Distribuição 234.219 250.227 260.280 249.892 263.373 GRÁFICO 3 Aumento do número de consumidores no mundo Fonte: U.S. Census Bureau 6.867 Mundo Mas, a curto prazo, o cenário não é tão positivo e inspira prudência. Ainda no primeiro semestre de 2011, a instabilidade em algumas das principais economias do mundo já se refletia nas bolsas de valores, prognósticos de crescimento econômico para os EsPORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] 4.149 Ásia 1.017 África 398 531 América Latina América do Norte 539 732 Europa 729 649 5.503 2.073 2010 2050 35 50 Oceania 0 SXC apesar de ser a economia mais completa entre os BRICs. O agronegócio brasileiro tem uma responsabildiade mundial e assim, apesar do expressivo mercado interno, somos os terceiros maiores exportadores de produtos agropecuários do planeta, atrás apenas de EUA e UE. 9.539 1000 2000 3000 4000 5000 6000 População em milhões 7000 8000 9000 10000 7 INTRODUÇÃO GRÁFICO 4 Urbanização da população direciona Índia para maior renda per capita Fonte: Índia Urbanization Econometric, por Markestrat Taxa de crescimento Renda per capita em milhares de rúpias 240 Histórica 220 200 Crescimento do PIB Crescimento população 180 239 Urbana Projeção 6,5 % 1,8% 6.4 7,4% 1,1% 160 140 6.1 120 136 Média da Índia 100 80 5.4 60 4.2 40 4.3 20 3.2 1995 2000 2005 2010 2015 2020 2025 2030 SXC 0 1990 67 Rural tados Unidos (EUA) e União Europeia (EU) diminuíram e o consumo dos países mais importantes no comércio internacional também. trilhões que exigiu autorização parlamentar para aumento do teto da dívida no último minuto para evitar um inédito calote do tesouro americano. Apesar de afastado o calote, a agência de risco Standard & Poors diminuiu a nota do país quanto à segurança de seus credores, o que pode potencializar um ciclo negativo de desconfiança, retração do crédito, menos investimento, queda no consumo e, enfim, reces- Os EUA, que no primeiro semestre do ano alimentava expectativa de crescimento, têm, hoje, risco de 35% a 40% de viver uma recessão em 2012, segundo analistas econômicos. O motivo é a dívida pública de US$ 14,3 são na maior economia do planeta e segundo principal parceiro comercial do Brasil. Já na União Europeia, o problema e as consequências se repetem. Países como Grécia, Irlanda e Portugal tiveram que ser resgatados pelo bloco para não caírem no calote devido a dívidas públicas impagáveis. O problema é mais grave pois economias mui- GRÁFICO 5 Maiores economias do mundo em 2050, PIB nominal (milhões de dólares) Fonte: Goldman Sachs 80,000 2050 2040 2030 2020 2010 70,000 60,000 50,000 40,000 30,000 20,000 0 China EUA Índia Brasil México Rússia Indonésia Japão Reino Unido Alemanha Shutterstock 10,000 [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 8 INTRODUÇÃO TABELA 2 Evolução do PIB por blocos Fonte: Goldman Sachs Em trilhões de US$ 2010 2030 2035 2050 BRIC 8.640 40.278 55.090 128.324 G-7 30.437 43.745 48.281 66.039 TABELA 3 Brasil: líder no agronegócio Fonte: Ricam Consultoria Empresarial Produção Exportação Produto Ranking Participação mundial (%) Ranking Participação mundial (%) Café 1º 49% 1º 26% Açúcar 1º 20% 1º 42% Carne Avícola 3º 15% 1º 41% Carne Bovina 2º 15% 1º 25% Fumo 2º 13% 1º 27% Suco de Laranja 1º 51% 1º 84% Soja 2º 29% 2º 33% Milho 3º 7% 3º 7% Algodão 5º 6% 3º 6% Carne Suína 4º 3% 4º 11% Álcool 2º 31% Arroz 8º 2% Trigo 9º 1% GRÁFICO 6 EUA: Futuro desmoronando - Diferenças entre os orçamentos do governo comparado com 2008 (em US$ Bi) Fonte: Ricam Consultoria Empresarial Gastos 500 0 Receitas -500 -1000 Saldo PIB to maiores, Itália e Espanha – terceira e quarta da zona euro, também entraram na rota do “calote” e são muito grandes para serem “resgatadas”. A UE, depois de exaustivas reuniões do Banco Central Europeu, anunciou medidas fiscais e estruturais para combater o déficit público além de volumosos aportes de crédito a juros mais baixos para evitar desdobramentos tão traumáticos como calotes ou mesmo o desmembramento do bloco. Se vai funcionar, ninguém sabe. Analistas divergem sobre o impacto que a “nova crise” internacional pode ter no agronegócio brasileiro. Alguns dizem que o reflexo será similar a crise de 2008-2009 enquanto outros confiam no aumento da demanda mundial por alimentos para sustentar preços e o comércio. A queda nos preços das commodities nos últimos meses seria, apenas, uma suavização ou acomodação nos preços que vinham com muita força e, não, a diminuição da demanda. Ouvidos em agosto, o economista Ricardo Amorim, o jornalista Carlos Alberto Sardenberg e o ex-ministro Roberto Rodrigues tinham avaliações diferentes sobre o impacto de uma nova crise mundial. Amorim via um quadro pior do que em 2008-2009 e previa uma crise ainda mais forte para os próximos meses. Já para Rodrigues, a crise só afetaria de maneira importante o setor no Brasil se for muito longa e profunda. Sardenberg, por sua vez, acreditava que “o Brasil entra em crise mas não quebra”. Como se não bastasse, lembramos as “desvantagens” para todos os empreendedores brasileiros: o custo Brasil. -1500 -2000 2010 2011 SXC 2012 PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] Uma pesquisa do Fórum Econômico Mundial de Competitividade, com 133 países, colocou o Brasil no 56º lugar, sendo 27º no setor privado e 128º no setor público! O Brasil tem uma infraestrutura nota 3,8 de zero a sete (meio ponto a menos que a média mundial); leva 411 dias para lidar com licenças 9 INTRODUÇÃO GRÁFICO 7 Risco: calote generalizado na Europa - Dívida líquida do setor público (% do PIB) TABELA 4 Previsão de crescimento econômico Fonte: JP Morgan, Morgan Stanley, OCDE, Deutsche Bank Fonte: Ricam Consultoria Empresarial 2011 120% 117% 100% 100% 80% 73% 60% 60% 40% 36% 61% 74% 78% 83% 63% 40% 2012 EUA 1,6%* 1,1%* EU 1,7%* 1,2%* China 8,9%* 8,3%* Brasil 4,1%* 4,5%* Mundo 3,9%* 3,8%* *Estimativas revistas para baixo no mês de agosto/2011 20% Grécia Itália Portugal França Inglaterra Tudo isso pode aumentar o impacto no Brasil de uma eventual nova crise mundial bem como, em médio e longo prazo, dificultar e mesmo desperdiçar grandes oportunidades para mantermos crescimento econômico que per- Shutterstock (210 dias mais que a média mundial); tem carga tributária sobre o lucro de 69% (25 pontos percentuais mais do que o mundo); exporta cada contêiner por US$ 1790 (US$ 465 mais caro que na média do planeta); entre outras. EUA Irlanda Espanha Alemanha México Brasil 0% Shutterstock 10 INTRODUÇÃO mita melhor qualidade de vida à população brasileira. Grande exemplo de benefício social, a suinocultura brasileira emprega mais de 2,7 milhões de pessoas direta ou indiretamente. O Brasil ocupa a quarta posição mundial como produtor (atrás de China, EUA e UE), com mais de 3,3 milhões de toneladas, e exportador, com cerca de 520 mil toneladas. Segundo previsões da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), teremos expressivo crescimento nos próximos 20 ou 40 anos. A indefinição sobre os rumos da economia mundial, no entanto, segue meses após os primeiros sinais chegados do velho continente. A suinocultura brasileira precisa estar preparada. Assim, buscamos os melhores e mais respeitados especialistas e entidades do planeta para trazer a informação mais completa e qualificada sobre a suinocultura global e nacional, desde a produção até o comércio e o consumo. A indefinição do está por vir gera “Fames magistra” (necessidade imperiosa) por este tipo de material, assim como o mundo precisa do Brasil para se alimentar. Logramos reunir, nesta mesma edição, as análises do norte-americano Doug Wolf, do inglês Jonathan Banks, do brasileiro Osler Desouzart, do alemão Sven Hauser, do especialista Dennis DiPietre; do presidente da Aurora, Mário Lanznaster; além dos artigos do presidente da ABCS, Marcelo Lopes; do presidente da Abipecs, Pedro Camargo Neto, entre outros. As ações e prioridades governamentais, cruciais para desenvolver o potencial da suinocultura no País, também são amplamente abordadas com textos dos ministérios da Agricultura, dos PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] TABELA 5 Entraves para o desenvolvimento, dados de 2010 Fonte: Carlos Alberto Sardenberg Padrão emergentes grau de investimento Brasil Dívida Pública Líquida /PIB 30% 40% Dívida Bruta/PIB 38% 55,0% Carga tributária/PIB 22% 37% Gasto c/Previdência % do PIB Até 6% 11% Investimentos - AL Asiáticos 24% do PIB 30% do PIB 18,0% GRÁFICO 8 O Brasil e o resto do mundo - Indicadores médios de competitividade e PIB per capita em 2010 Fontes: Dados do Banco Mundial (Doing Business 2000), FMI e Fórum Econômico Mundial (OCR 2000-11). Elaborado pela LCA Consultores Indicadores Unidade Brasil Média 131 países Diferença em relação ao Brasil PIB per capita US$ 9.886 14.884 Qualidade de infraestrutura 2010/2011* Índice 3,8 4,3 -0,5 Tempo para lidar com licenças Dias 411 210 201 Carga tributária sobre o lucro % 69 44 Custo para exportar US$ / Container 1.790 1.325 Tempo para garantir o cumprimento dos contratos Dias 616 584 -4.998 Recorde Tempo para pagar impostos Brasil 2.600 h 25 Média países 284 h 465 32 Diferença 2.316 horas a mais no Brasil *Nota de 0 a 7 Transportes e da Indústria e Comércio Exterior. Já o abastecimento de grãos, igualmente, tem um “capítulo” à parte com previsões da Conab e da USDA para 2012. Também trazemos a visão de executivos de empresas do setor e a opinião da Embrapa sobre o desem- penho da suinocultura no próximo ano. Um anuário que superou o desafio de reunir tantas fontes importantes para poder ser chamado de “Guia Executivo da Suinocultura”. Com essa primeira edição de 2012, a AnimalWorld renova seu objetivo: ser útil a você leitor! 12 MUNDO 1 sobre as carnes em 2012 E texto OSLER DESOUZART* Shutterstock stamos entrando no ano 2012 com algumas nuvens cinzentas no céu e com o famoso “efeito manada” prometendo transformá-las em uma tempestade de proporções bíblicas. A cada dia lemos sobre a acentuação da crise europeia, sobre a Grécia, cujo PIB equivale ao da cidade de Campinas, ameaçando destruir a economia da PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] União Europeia; Portugal, Itália e Espanha sendo as próximas bolas da vez; a zona do Euro estando ameaçada de desaparecer e outras coisinhas mais. Exageros e exaltações à parte, a situação europeia é real e tende a se agravar, com chances de que 2012 esteja para a Europa como 2008/2009 esteve para os Estados Unidos, ou seja, ápice de uma crise. Como vimos este filme no final de 2008 e início de 2009, não devemos nos esquecer de que nesse mundo global quando alguém espirra há sempre o risco que se apanhe uma gripe, ainda que estejamos a continentes de distância de quem espirrou. Ainda que nossos governantes atuais sigam o modelo romano do “Panis et Circenses”1 e afirmem que o Brasil é uma ilha de rocha firme à prova de qualquer crise, sabemos que crises afetam a todos, pelo menos para aqueles que ganham a vida pelo trabalho e não por “malfeitos”. Nosso agronegócio e em particular nossa pecuária é dependente de exportações, ainda que estejamos ancorados no quarto 13 Shutterstock MUNDO 1 Consultor considera fatores políticos e econômicos na previsão para o próximo ano maior mercado consumidor do mundo, isto se considerarmos a União Europeia como um único país. Esta crise que se centra nos países desenvolvidos acaba por afetar demanda gerando um efeito dominó e os preços dos produtos do agronegócio caem, afe- TABELA 1 Produção mundial de carnes (em 000 tm) Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Bovina 61.043,11 62.322,25 64.137,99 65.533,01 65.233,70 66.165,04 Suína 96.659,38 99.068,63 101.350,11 100.270,09 104.302,75 106.326,31 Aves 77.540,75 79.920,77 81.907,47 86.370,43 90.221,33 94.431,44 TABELA II Produção mundial de carnes (em 000 tm) mundial aumentará em 2012, mas perdendo velocidade de crescimento em relação aos anos precedentes” 2005 2006 2007 2008 2009 2,10% 2,91% 2,18% -0,46% 1,43% Suína 2,49% 2,30% -1,07% 4,02% 1,94% Aves 3,07% 2,49% 5,45% 4,46% 4,67% Bovina Shutterstock “A produção Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAOSTAT tando a todos nós, inclusive quem vive de vender ideias e conhecimento. Em artigos anteriores afirmei que: a. Crise ou não crise as pessoas comem. b. Alimento é o último item a sofrer cortes. c. O consumidor não volta ao vegetarianismo econômico. Ele seguirá comendo carnes, mas poderá mu[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 14 MUNDO 1 dar de espécies e de produtos dentro de uma mesma espécie ou mesmo na frequência ou quantidade da ingestão, favorecendo aqueles produtos que exigem menor dispêndio por ticket de compra. Traduzindo: sofrerão muito mais os preços do que as quantidades. d. Saúde animal é um dos principais itens com potencial de comprometer o crescimento do consumo de carnes. o episódio do Lehman Brothers, que deixou patente a fragilidade de um sistema de especulação sobre derivativos e outros ativos financeiros duvidosos. O mundo ensaia uma recessão e esta se torna localizada nos países desenvolvidos, tendo os Estados Unidos como o epicentro. “O empresário prudente não descartará o fato de que desde abril de 2011 há uma discreta inflexão nos A Tabela I endossará com fatos e dados as afirmações “a” e “b” índices dos preços” A Tabela II demonstrará a afirmação “d”, pois episódios sanitários (PRRS) afetaram a produção chinesa de suínos (quase 50% da produção mundial de carne suína) trazendo uma queda da produção mundial em 2007. Quando o brote foi controlado, houve rápida recuperação da produção mundial que em 2009 volta a patamares mais em linha com seu histórico. O Gráfico I sustenta a afirmação da letra “c”. Verifiquem que o Índice de Preços das carnes atinge seu ápice em agosto de 2008 com um IPC de 140,4 (2002-2004 = 100). É o momento em que se inaugura a crise financeira com Ainda que Brasil e outros parceiros dos BRIC tenham passado por essa recessão com poucos danos, e não são poucos os analistas que dizem terem sido os BRIC os responsáveis por que essa recessão não se tornasse global, é inegável que sofremos com ela. Verifiquem no Gráfico I com o Índice de Preços de Alimentos e o das Carnes despencam a partir de setembro de 2008 e só voltam a crescer a partir do início do segundo trimestre de 2009. Combinando este dado com os das duas tabelas anteriores - crescimento continuado da produção mundial GRÁFICO I Índice de preços de alimentos e das carnes Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAO-GIEWS índices de preços de alimentos índices de preços das carnes 107,4 109,6 111,5 114,8 117,7 135,4 165,4 184,6 181,4 171,9 161,9 142,0 129,5 121,9 125,7 121,4 123,0 126,7 135,4 135,9 132,6 137,1 137,4 140,0 150,3 153,0 153,6 150,3 143,8 145,2 144,8 143,6 147,3 156,1 165,7 174,9 181,6 190,6 203,3 209,1 203,8 206,4 203,5 205,1 203,2 202,6 198,1 190,1 250,0 200,0 150,0 112,6 135,4 138,6 140,4 140,0 132,6 120,3 111,5 108,7 103,6 106,8 109,8 114,7 118,1 120,0 120,4 119,1 115,6 118,3 117,1 120,0 121,3 123,7 128,8 129,6 130,2 129,0 132,8 131,0 134,8 137,3 141,8 146,8 150,0 153,5 158,7 158,3 156,6 155,3 157,1 156,4 155,7 109,6 102,7 110,1 115,8 100,0 PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] 9/2011 10/2011 7/2011 8/2011 5/2011 6/2011 4/2011 3/2011 1/2011 2/2011 11/2010 12/2010 9/2010 10/2010 7/2010 8/2010 5/2010 6/2010 4/2010 3/2010 1/2010 2/2010 11/2009 12/2009 9/2009 10/2009 7/2009 8/2009 5/2009 6/2009 4/2009 3/2009 1/2009 2/2009 11/2008 12/2008 9/2008 10/2008 7/2008 8/2008 1/2008 6/2008 6/2007 1/2007 1/2006 6/2006 1/2005 6/2005 0,0 Shutterstock 50,0 15 MUNDO 1 Também interessante constatar na apreciação do Gráfico I que os preços das carnes apresentam, como regra, menor correção do que todos os demais alimentos. Deixo esta afirmação para os promotores de slogans que adoram culpar a pecuária por todos os males do mundo, indo desde que destruiremos o planeta até que seremos responsáveis pela fome. Dados e fatos, amados ativistas profissionais e suas ONG, aqui consignando a ressalva de que há ONGs honestas e bem intencionadas, ainda que mal orientadas. Faço a ressalva, pois ONGs têm sido usadas nesta terra, exaltada por Olavo Bilac no seu verso de que “criança jamais verás terra como esta”, como “Organizações Nacionais de Gatunos” ou como “Outra Na Gatu- nagem”, em suma, entidades usadas para “malfeitos” em pelo menos dois dos poderes desta república. flexão nos índices dos preços internacionais dos alimentos e das carnes e que crises levam a menores preços. Essas constatações do passado podem servir de encorajamento para o ano 2012, a de que haverá crescimento da produção e da demanda de carnes. Ao lado dessa boa nova, o empresário prudente não descartará o fato de que desde abril de 2011 há uma discreta in- O Gráfico II permitirá que apreciem que desde 2002 que o Índice de Preços de Carnes não fica consistentemente acima do Índice de Preços de Alimentos, situação que se acentua a partir de 2006. Observem que os preços de alimentos começam a ceder a TABELA 3 Projeções da produção mundial de carnes pela ODConsulting ODConsulting Produção Mundial de Carnes por espécies 1948 a 2011 base de dados e projeções a 2050 Evolução da produção mundial de carnes (em 00 tm) aves ovina & caprina outras População mundial (000 pessoas) 109.216 97.972 13.004 5.560 6.842.923 114.865 109.592 13.492 5.333 7.284.296 123.498 123.919 14.321 5.484 7.656.528 Ano carnes total bovina suína 2010 290.639 64.887 2015 310.352 67.071 2020 337.484 70.262 SXC de carnes – podemos licitamente afirmar que as crises afetam as carnes em seus preços e não nas quantidades demandadas. GRÁFICO 2 Índices de preços de alimentos e das carnes – Séries anuais 1990-2010 e mensal para 2011 Elaborado por ODConsulting com base em dados da FAO-GIEWS índices de preços de alimentos índices de preços das carnes 206,4 203,5 205,1 203,2 202,6 198,1 190,1 158,7 158,3 156,6 155,3 157,1 156,4 155,7 4/2011 5/2011 6/2011 7/2011 8/2011 9/2011 10/2011 209,1 203,8 150,0 153,5 3/2011 203,3 146,8 1/2011 2/2011 158,1 126,3 2008 134,9 110,0 2007 114,3 109,1 2006 130,0 112,4 2010 106,3 2005 164,4 96,7 2003 2004 2009 96,2 2002 116,5 102,4 2001 139,4 98,7 2000 105,1 97,7 98,6 1999 109,7 96,6 103,7 1998 93,1 119,1 93,2 115,5 1997 107,6 105,3 101,3 1995 1996 116,1 100,1 110,8 104,2 1994 114,5 102,5 118,3 1992 1993 98,2 101,6 1991 105,5 124,1 123,0 1990 99,1 250,0 200,0 150,0 100,0 50,0 0,0 [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 16 MUNDO 1 GRÁFICO 3 Projeções da produção mundial de carnes a 2020 (em 000 tm) Elaborado por ODConsulting a partir de dados da OECD FAO carne bovina carne suína carne de aves carne ovina & caprina 140.000 120.000 107.942 109.487 111.956 100.000 113.492 115.462 116.765 119.203 109.473 112.094 121.038 114.704 123.257 124.982 127.299 117.228 119.868 122.411 104.557 106.826 70.233 71.151 73.173 65.233 68.114 69.224 74.127 66.878 72.130 65.691 12.819 13.126 13.413 13.676 13.952 14.221 14.506 14.772 15.082 15.363 15.673 2010 2011 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 100.115 102.202 64.927 97.546 80.000 60.000 - 2012 partir de junho de 2011 e que o índice de preços das carnes só cede a partir de setembro de 2011. Tal nos apresenta três hipóteses: 1. Ou acreditamos que esta inflexão é passageira e que todos os alimentos voltarão a subir; 2. Ou acreditamos que o índice de preços de carnes voltará a ser superior ao dos alimentos, situação que vigorou consistentemente até 1994; 3. Ou acreditamos que o índice de preços de carnes acompanhará a inflexão do índice de preços de alimentos. GRÁFICO 4 Projeção de crescimento da produção mundial de carnes (∆% 2012/2011) Elaborado por ODConsulting com base em dados próprios, da OECD-FAO Agricultural Outlook 2011-2020 e USDA-FAS Livestock & Poultry: World Markets and Trade, Oct 2011 OECD-FAO Voltando ao conforto do crescimento, pois produtor adora produzir, o Gráfico PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] USDA-FAS ODConsulting 3,00% 2,50% A cada um cumprirá acreditar em uma dessas hipóteses ou formular outras segundo suas convicções. O bom de ser consultor é que não temos que tomar a decisão, mas apenas fornecer aos administradores os dados & fatos que lhes permitam melhor conhecer as perspectivas de seu negócio. Em suma e resumo: a decisão é sua. Os números da ODCONSULTING são discretamente mais otimistas para as carnes de aves até 2020 e mais pessimistas em relação às demais carnes. É possível que a OECD-FAO esteja mais certa do que nós, dado o dinamismo III apresenta uma quantificação elaborada pela OECD-FAO para todas as carnes até 2020. Denota crescimento para todas as carnes não só em 2012 sobre os números de 2011, como projeta crescimento linear ao longo de toda a série. 2,40% 2,26% 2,30% 2,00% 2,20% 2,09% 1,73% 1,50% 1,00% Shutterstock 20.000 Shutterstock 40.000 0,71% 0,70% 0,50% 0,00% -0,10% BOVINA -0,50% SUÍNA AVES MUNDO 1 da produção suína em países asiáticos e mesmo no Brasil, acelerada pelo fato de que o brasileiro finalmente está aprendendo a comer carne suína. Isso graças a melhores apresentações e porcionamento de cortes em pesos adequados à nova realidade da família brasileira, mas também aos altos preços das carnes bovinas, preços estes que estão aqui para ficar. Reitero que no futuro para comer carne bovina numa boa churrascaria será necessário apresentar garantia bancária ou cartão de crédito platino. O Gráfico IV mostrará o que é universalmente conhecido – que as previsões sempre mudam segundo seus autores e que ao contrário da estatística, que traduz o passado, as projeções oscilam segundo a avaliação dos autores sobre circunstâncias e eventos que se podem inferir, mas não matematicamente quantificar. E por que então não se metem todos de acordo para publicar um único cenário ou índice de crescimento? Simples, pois Nelson Rodrigues dizia com muita propriedade que toda a unanimidade é burra. Podemos aplicar essa regra para a política e mesmo para apro- “O que não sabemos é se não teremos que realizar crescimento a patamares de preços mais discretos” vação de líderes? Creio que sim, mesmo quando eles atingem 84% ou mesmo 96% de aprovação, como foi o caso de Adolf Hitler, o que demonstrou que até um povo supostamente desenvolvido como o alemão poder embarcar na burrice da unanimidade. O supostamente não é discriminação contra os alemães, onde tenho amigos e já tive amores, mas porque a prática de genocídio manchou sua história de civilização e deixou-nos a lição de quão tênue é a fronteira entre civilização e barbarismo. Apesar das diferenças o leitor crítico concordará que todas as previsões convergem a apontar crescimento, a uma única exceção das previsões para a carne bovina do USDA-FAS que prevê estagnação e discreta queda, talvez influenciados pelo fato de que a produção norte-americana de carne bovina sofrerá uma queda de 5% em 2012, devido à falta de animais para o abate. Breve, a produção mundial aumentará em 2012, mas perdendo velocidade de crescimento em relação aos anos precedentes. Grãos em patamares de preços elevados, crescimento dos custos de energia, aumento dos preços dos microelementos de rações, preço da terra em ascensão, etc determinam essa queda nas taxas futuras de crescimento da produção mundial de carnes. Esses mesmos fatores impactam particularmente os ruminantes pelos seus ciclos mais longos e menores taxas de conversão quando comparadas com os suínos e aves. Sabemos que haverá crescimento quantitativo. O que não sabemos é se não teremos que realizar esse crescimento a patamares de preços mais discretos. *[email protected] 1. Expressão romana que significa criação de aprovação popular, não através de políticas ou serviços públicos exemplares ou excelentes, mas através de diversão, distração e/ou a mera satisfação das necessidades mais imediatas da população. Denota a erosão do cívico para o homem comum e objetiva a que o povo deixe de valorizar virtudes cívicas na vida pública. Dê-lhe uma copa do mundo, uma olimpíada, ambas fontes inexauríveis para “malfeitos” da base própria e da base aliada, e eles ficam quietinhos votando nos “malfeitores”. O “pão e jogos circenses” ou “pão e circo” surgem em obra do poeta romano Juvenal (ano 100 DC) 17 18 MUNDO 2 USDA Produção e consumo de suínos nos principais países em 2012 Recuperação de China e Coreia do Sul reflete na produção de carne suína no mundo Imagens: Shutterstock texto USDA PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] MUNDO 2 PRODUÇÃO MUNDIAL DE CARNE SUÍNA SOBE Em milhões de toneladas 105 100 95 90 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012(f) IMPORTAÇÕES RUSSAS E COREANAS CAIRÃO 1.2 1.0 Em milhões de toneladas A s previsões indicam que a produção de carne suína no mundo crescerá 2% em 2012, chegando ao recorde de 103,4 milhões de ton. O crescimento é atribuído principalmente à recuperação da China e Coreia do Sul. Crescimento modesto também é esperado de grandes exportadores como Estados Unidos, Rússia e Brasil. A produção na Coreia do Sul deve crescer 21% para 1 milhão de ton, conforme a indústria da carne suína no país se reconstitui após um surto devastador de febre aftosa. Estima-se que a doença exterminou 25% da produção sul-coreana. Os preços recordes pelo suíno e sua carne encorajaram os produtores a retomarem a produção rapidamente, independente dos altos preços da alimentação dos animais. O estoque de matrizes reprodutoras expandiu rapidamente e o inventário de marrãs deve chegar a 98% do registrado antes do surto. Espera-se que os produtores continuem repovoando suas instalações em 2012. No entanto, é improvável que o estoque total ao fim de 2012 alcance os índices aferidos antes do surto. A ação está sendo dificultada devido aos novos regulamentos que elevam o espaço mínimo de criação dos animais e a novas regras ambientais. Adicionalmente, o recém-aprovado Acordo de Livre Comércio entre Coreia do Sul e União Europeia deve elevar a competitividade na carne do bloco econômico e, consequentemente, reduzir a pressão na produção sul-coreana. A produção na China deve crescer 4% para 51,3 milhões de ton após problemas com doenças e baixos retornos financeiros a produtores. A recuperação está sendo motivada pelo preço alto e medidas governamentais como o subsídio para suínas reprodutoras eficientes. Mesmo assim, os levantamentos não devem registrar a recuperação esperada para 2012. A expansão de operações em pequena escala, que ainda contabilizam 19 Rússia 0.8 0.6 Coréia do Sul 0.4 0.2 0.0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Nota: O gráfico sobre a Rússia inclui informações comerciais da Bielorússia. 2011 2012(f) “As importações no mundo devem cair 4%, para 6 milhões de toneladas, pela redução nas compras da Rússia e menor demanda sul-coreana” a maior parte da produção, está sendo restringida devido ao alto preço da alimentação dos animais e as ameaças de doenças aos suínos. Enquanto isso, membros de operação em larga escala reportam dificuldades em adquirir novas terras necessárias à expansão. A produção nos Estados Unidos deve crescer 2% para 10,5 milhões de ton. Os produtores devem continuar se beneficiando com os ganhos na produtividade, com o cultivo de suínos crescendo 2%. O inventário de marrãs deve crescer sutilmente. A maior disponibilidade do produto em comparação às outras proteínas deve fortalecer o consumo interno. A produção na Rússia deve crescer 3% para 2 milhões de ton, apoiada pelo ganho por parte dos produtores e o suporte e investimento do governo no setor. Os produtores expandiram seu rebanho de produção aproveitando o baixo preço da alimentação dos animais, a queda na concorrência das importações consequente à redução nas quotas e a perspectiva de preços mais altos da carne suína. O crescimento na produção é esperado principalmente em operadoras de larga escala, visto que pequenos produtores encontram dificuldades em competir com granjas novas e modernizadas. A produção no Japão deve crescer 2% para 1,3 milhão de ton conforme espera-se a retomada na produção por par[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD MUNDO 2 COMÉRCIO GLOBAL DIFICULTADO POR RESTRIÇÕES ÀS IMPORTAÇÕES As importações no mundo devem cair 4% para 6 milhões de ton, forçadas pela drástica redução nas quotas tarifárias da Rússia e na menor demanda sul-coreana por carne de outros países. Outros grandes importadores devem manter os índices ou, no caso do México e da China, crescer sutilmente. As importações da Rússia devem cair 25% para 700 mil ton devido ao corte de quase 30% nas quotas de importação, enquanto o governo russo tenta promover a produção interna. No entanto, os embarques além das quotas devem registrar níveis consideráveis. As quedas nas importações e o modesto crescimento na produção local devem resultar na queda do consumo. As importações da Coreia do Sul devem cair 20% para 500 mil ton, mas continuarão consideravelmente acima do registrado antes do surto de febre aftosa. As quotas tarifárias zero para facilitar importações em 2011 não devem permanecer. As importações do México devem crescer 3% para 650 mil ton, já que a carne suína deve oferecer preços mais PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] EXPORTAÇÃO MUNDIAL DE CARNE SUÍNA CAI DEPOIS DE TRÊS ANOS 8 Em milhões de toneladas te dos produtores afetados pelas tragédias em março de 2011. O aumento no fornecimento local deve reduzir a demanda por importações. A produção no Canadá deve crescer 1% para 1,8 milhão de ton após vários anos de queda. O inventário de marrãs e o cultivo de suínos devem crescem modestamente. O preço relativamente alto da alimentação dos animais e as incertezas no preço da carne suína e na demanda externa devem afetar o crescimento. A produção no Brasil deve crescer 2% e passar os 3,3 milhões de ton, conforme a demanda interna cresce em resposta a promoções da indústria. O consumo também deve crescer entre a classe média brasileira, já que o preço do produto compete com o da carne bovina. 7 6 5 4 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012(f) EUA AUMENTA PARTICIPAÇÃO NO MERCADO MUNDIAL 40 Estados Unidos 35 Percentual de mercado 20 30 UE-27 25 Canada 20 15 Brasil 10 5 2003 2004 2005 2006 2007 competitivos frente às outras carnes. Além disso, a esperada redução nas tarifas mexicanas de retaliação impostas para presuntos e ombros suínos devem tornar o produto estadunidense mais competitivo. As importações da China devem crescer 2% para 560 mil ton, visto que a expansão no fornecimento interno é incapaz de atender à crescente demanda no país. As importações do Japão devem ficar estáveis em 1,2 milhão de ton, pois o aumento no fornecimento interno limitará a compra do produto de outros países. As exportações dos Estados Unidos devem crescer 3% para 2,3 milhões de ton. A redução na demanda da Coreia do Sul e Rússia deve ser compensada pelo aumento nos embarques para China e México. As exportações são cada vez mais importantes à indústria da carne suína dos EUA e, atualmente, contabilizam 22% da produção. As exportações da União Europeia devem cair 5% para 1,9 milhão de ton devido à redução no fornecimento e menor demanda de importadores-chave. Os embarques para a Rússia devem 2008 2009 2010 2011 2012(f) cair devido à redução nas quotas de importação. À Coreia do Sul, as vendas devem cair com a recuperação no fornecimento interno da carne. As exportações do Brasil devem cair 2% para 570 mil ton, conforme a Rús- “O crescimento é atribuído principalmente à recuperação da China e Coreia do Sul” sia mantém a proibição do embarque de três grandes estados produtores. No entanto, espera-se aumento nas exportações para Hong Kong, Argentina e outros mercados. As exportações do Canadá devem ficar estáveis em 1,2 milhão de ton, pois o dólar canadense relativamente forte e o fornecimento limitado do produto devem dificultar a posição competitiva da carne. 22 MUNDO 3 LUCRATIVIDADE Shutterstock Consultor inglês enxerga crescimento modesto nos próximos 12 meses texto RICHARD BROWN* O ano de 2011 foi um período de altas impressionantes nos custos de produção das carnes, que subiram muito mais do que era esperado. O catalisador para estes aumentos foi a combinação de surtos de doença na Ásia que diminuiu a produção enquanto a demanda por importações aumentou. Isto ocorreu em um momento em que a situação de alto custo da alimentação animal forçou o resto do mundo a ser sumamente conservador e cauteloso nos planejamentos sobre produção de carne. A perda de 1,5 milhão de toneladas de carne de suína na China devido à PRRSV e 0,2 milhão de toneladas na Coreia do Sul devido à febre aftosa e os problemas pós-tsunami no Japão causaram um aperto no fornecimen- PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] to da carne de suína, que impulsionou os preços drasticamente na Ásia. A demanda extra de importação tem puxado os preços da carne de suína nos EUA e nos mercados da UE e, também, apoiado os preços de outras carnes vermelhas e, em certa medida, das aves. O resultado foi que o consumo global encolheu para 236 milhões de toneladas mas deve crescer 1,2%, para 239 milhões de toneladas em 2012, pela demanda sustentada nas economias emergentes. No entanto, com as conturbadas condições econômicas dos EUA e a tendência de queda no consumo de carne na UE, a demanda cairá ainda mais nessas regiões. Ainda assim, serão praticados níveis mais elevados de preços que se sustentam para cobrir os altos custos. A reação dos consumidores continua sendo de retração através de uma variedade de mecanismos, incluindo quantidade, qualidade, espécie, cortes e redução do consumo fora de casa. Os preços da carne no varejo dos EUA e da UE estavam sob pressão pois os varejistas, que geralmente usam promoções como instrumento para a obtenção/retenção de mercado, foram muito relutantes em passar o aumento aos consumidores. Isso diminuiu as margens dos embaladores e processamento. Essa realidade foi sentida mais aguda- MUNDO 3 23 SUSTENTADA para as carnes em 2012 Shutterstock mente no setor de frangos dos EUA, que lutou para processar carne de peito e asas a preços mais justos e, consequentemente, os integradores tiveram severas perdas. “A cautela ainda é o sinônimo de planejamento da produção por mais um ano” 2012 TERÁ AUMENTO TÍMIDO NA DEMANDA MAS “ALTO” EM RELAÇÃO A 2011 O crescimento do consumo de carne de frango será o principal beneficiado de novo, superando de longe as outras GRÁFICO 1 | Consumo mundial de carnes, 2007 a 2012 Fonte: Gira 260 000 Total: 236 mio t (-0.2%) 240 000 Total: 239 mio t (+1.2%) 220 000 200 000 180 000 80 244 82 057 72 018 74 647 75 378 78 187 90 034 93 249 95 974 98 521 96 695 (-1.9%) (+1.5%) 8 545 8 447 8 369 8 269 8 171 (-1.2%) 8 189 (+0.2%) 52 680 51 547 51 412 51 289 50 702 50 210 (+2.6%) (+2.3%) (‘000 towe) 160 000 140 000 120 000 100 000 98 102 80 000 60 000 40 000 20 000 0 2007 2008 Aves 2009 Suínos 2010 Ovinos (-1.1%) 2011 Bovinos (-1.0%) 2012 [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD MUNDO 3 Shutterstock 24 GRÁFICO 2 | Índice de variação dos preços no mundo, 2000-2012 Source: GIRA 200 Com base em 2000 190 Ovinos Índice de preços 180 Bovinos 170 Suínos 160 Aves Todos 150 140 130 120 110 100 90 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 GRÁFICO 3 | Comércio mundial de carnes, 2007-2012 Fonte: Gira 30 000 Total: 274 mio t (+3.6%) 28 000 Total: 27.9 mio t (+1.9%) 26 000 24 000 10 601 22 000 Milhares de toneladas 20 000 18 000 9 855 9 740 10 214 6 600 6 199 6 355 1 165 1 214 1 096 968 8 199 8 714 8 370 8 913 2007 2008 Aves 2009 Suínos 8 784 10 799 (+1.9%) 16 000 14 000 12 000 10 000 8 000 5 493 6 000 Shutterstock (+3.8%) 4 000 7 056 7 146 (+11%) (+1.3%) 938 (-3.1%) 990 (+5.6%) 8 818 (-1.1%) 8 993 (+2.0%) 2 000 0 carnes, pois continuar a manter a dobradinha de vantagens de baixo custo e alta flexibilidade/conveniência. Deve haver alguma recuperação no consumo da carne de suína, assumindo que a situação da saúde dos animais na China melhore. No entanto, embora os custos com alimentação aliviem um pouco, eles ainda estão em um nível alto, e com o fornecimento de grãos ainda bem ajustado, a cautela PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] 2010 Ovinos 2011 Bovinos 2012 do produtor ainda é o sinônimo de planejamento da produção por mais um ano. O Índice Mundial de Preços da Carne Gira (Y2000) demonstra que os preços de todas as espécies subiram notavelmente em 2011. Estes preços elevados levam a despesas mundiais com carne muito maiores, mesmo que os aumentos não tenham sido integralmente repassados aos consumidores ou capitalizados pelos produtores. As previsões para 2012 mostram que as carnes de ovinos e de suínos podem ter queda (em termos reais) em relação MUNDO 3 GRÁFICO 4 | Exportações dos EUA, 2006-2012 Fonte: Gira 8 000 Aves Suínos Bovinos 6 000 5 000 3 638 3 665 2 292 2 400 3 530 3 380 3 369 4 000 3 000 3 000 2 687 2 125 2 000 1 000 0 1 377 1 435 536 667 2006 2007 1 858 1 925 1 117 949 1 152 1 431 1 483 2008 2009 2010 2011 2012 aos níveis recordes de 2011: refletindo alguma recuperação de abastecimento em regiões-chave. No entanto, os preços da carne bovina e de aves tendem a aumentar novamente na média mundial, mas em um ritmo mais lento do que em 2010 e 2011. A carne bovina mantém oferta limitada (devido à baixa rentabilidade histórica) e o tempo de espera necessário para reconstruir os rebanhos no novo ambiente de preços mais elevados é grande. Embora existam indicadores claros de mais confiança entre os produtores, o desejo e a capacidade de reconstruir rebanhos são diferentes. Na Austrália, a abundante precipitação pela La Niña tem melhorado as condições pastorais tanto que até o rebanho de ovelhas terminou seu declínio de 20 anos. No entanto, na América do Sul, evidências de reconstrução do rebanho ou produção mais intensa é variável e o fornecimento de gado de abate será muito apertado por, pelo menos, mais um ano. O custo de investimento para aumentar o volume de gado de corte em comparação com aráveis (como cana-de-açúcar, eucalipto, etc) é tal que interessa apenas a criadores de regiões inadequadas para agricultura. A alta dos custos de alimentação para o gado também tem sido uma restrição sobre o emergente modelo semi-intensivo de acabamento e/ou confinamento. Enquanto isso, os canadenses têm as condições pastorais e de confiança para o ciclo do gado para andar bem mas, na América, a grave seca no sudoeste (região-chave para o rebanho de cria) e custos de confinamento altos combinam-se para indicar que a produção continuará à deriva para baixo. O volume global do comércio de carnes em 2011, conforme previsão da Gira, aumentou 3,6% (1 milhão de Shutterstock Volumes exportados (milhares de toneladas) 7 000 25 26 MUNDO 3 GRÁFICO 5 | Importações de carne nos países Mena, 2006-2012 Fonte: Gira 4 500 Aves Suínos Ovinos Bovinos 4 000 Milhares de toneladas 3 500 3 000 2 000 1 500 2 340 54 256 52 278 1 410 1 562 1 600 2010 2011 2012 2 127 1 159 1 487 1 744 1 000 35 275 37 314 41 348 47 328 500 999 1 028 883 1 012 2006 2007 2008 2009 0 2 279 2 151 2 500 51 276 EUA RECUPERAM PRIMEIRO LUGAR NA EXPORTAÇÃO DE CARNE GIRA PREVÊ AUMENTO DE 1,8% NO COMÉRCIO MUNDIAL DE CARNES DE AVES • CARNE DE AVES: maior importação na Ásia, Mena (Oriente Médio e Norte da África) e África e considerável progresso dos EUA para encontrar mercados alternativos já que seu mercado de importação de longa data, a Rússia, cairá ainda mais. • CARNE SUÍNA: volumes com espaço para aumentar ainda mais na China e no Japão, mas excluindo a Rússia (desde que a febre suína africano não tenha um impacto mais dramático na produção). • CARNE BOVINA: o volume será modestamente mais robusto em todas as principais rotas de comércio do mundo mas, especialmente, para a Ásia e Rússia. Shutterstock • CARNE DE OVINO: acentuada reversão das perdas comerciais recentes devido a alguma recuperação na oferta da Austrália e Nova Zelândia, principalmente para o cordeiro, mas também mais de carneiro da Austrália. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] toneladas) e muito mais em valor, porque os preços negociados aumentaram dramaticamente. No entanto, existem algumas diferenças importantes subjacentes neste crescimento do comércio. Entre elas, o crescimento espetacular no comércio da carne suína refletindo tanto a forte demanda, devido às questões na China (PRRS) e Coréia (FMD), e menor consumo nos EUA e na UE. As principais quedas no volumes de carne comercializadas ocorreram, principalmente, nas exportações do Canadá e da Austrália para os EUA e do Brasil para a Venezuela, que também refletem a fraca demanda nos EUA e melhores preços nos mercados como da Rússia. Os EUA recuperaram o primeiro lugar como exportador de carne durante 2011. A demanda aquecida, ajudada pelo dólar fraco, veio como salvação para um setor bastante conturbado pelas condições do consumo interno e os custos altos. O aumento na exportação foi alcançado por meio de bons preços de mercado e permitiu aumento melhor que o esperado dos preços domésticos da carne suína e bovina, mas não para frango. Ganhos no volume de exportação devem continuar até em 2012, embora o USD mais forte possa levar alguma competitividade de preço. Os brasileiros foram relegados para a segunda posição entre os países exportadores de carne, com uma quota de comércio mundial de 41% para aves, 15% de bovinos e 8% de suínos. O ano de 2011 presenciou uma queda expressiva nas exportações de carne brasileira devido a uma combinação de: • Real valorizado minando a competitividade de preços. • O crescimento no uso da terra arável para culturas comerciais limitando a disponibilidade de pasto. • A demanda interna aquecida. • Problemas de acesso a mercados importadores, especialmente a Rússia, que não parece que terminará rapidamente. • Escassez de oferta de gado de abate, que gera preços acentuadamente mais elevados, e as questões de lucro / capacidade de utilização para processamento. “Os EUA recuperaram o primeiro lugar como exportador de carne durante 2011” A região de Mena (do inglês Middle East and North Africa, cerca de 20 países do Oriente Médio e Norte da África, avaliados por Gira) é a maior região importadora. Disponibilidade de carne, a preços acessíveis, é um imperativo político. Com a produção doméstica limitada pelo clima e alto custo, a região é um destino de exportação altamente interessante, a partir de muitas origens diferentes, para os próximos anos e a preços atraentes. 2011 foi um ano atípico com preços altos e custos elevados. Com a concorrência pela terra, os preços dos alimentos deverão aumentar ainda mais: os varejistas e operadores de foodservice no mundo desenvolvido precisam ajustar as suas mentalidades para esta realidade de novos preços. Eles vão precisar passar os aumentos de preços necessários para os consumidores que não gostam de pagar mais. Mas a experiência deste ano demonstra que eles podem e vão pagar mais ou, então, a carne vai ser exportada para o mundo em desenvolvimento. O seu reconhecimento destes novos preços (e custos de produção), então, darão confiança para o investimento em mais produção. *Richard Brown é analista da respeitada consultoria Gira. 28 BRASIL CARNE SUÍNA: Shutterstock balanço 2011 e perspectivas para 2012 Aumento da produção é absorvido pelo mercado interno texto JURANDI MACHADO* “O dinamismo do mercado interno absorveu 180 mil toneladas a mais” PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] O s principais fundamentos da cadeia suína brasileira, em 2011, foram o consistente crescimento da produção, a demanda ajustada à oferta, a elevação dos custos de produção, a instabilidade dos preços no mercado interno e firmes no mercado externo, as restrições de acesso impostas pelos russos e a abertura do mercado da China. BRASIL 29 A produção, em 2011, cresceu 4,9% em relação a 2010, passando de 3,24 milhões de toneladas para 3,50 milhões de toneladas. Esse crescimento foi sustentado pelo aumento da produtividade e do peso médio de abate, já que os novos investimentos foram para substituir parte das estruturas consideradas obsoletas. O plantel de matrizes, estimado em 2,48 milhões de cabeças, apresentou um leve crescimento de 0,6%. MERCADO INTERNO Em cabeças, a oferta para abate passou de 34,3 para 36,2 milhões. A oferta de suínos para abate, em 2010, aumentou 5,5%. No período, os abates sob Inspeção Federal (SIF) somaram 30,4 milhões de cabeças, um aumento de 4,5% em relação a 2010. Já os abates sob outras certificações retornaram aos patamares de 2008. O mercado interno absorveu 84,7% da oferta, aumentando a sua participação em relação ao ano passado, quando absorveu 83% da oferta. A disponibilidade interna cresceu 6,7%, igualando-se ao potencial do consumo, estimado em 15 kg por habitante. Mesmo diante do expressivo aumento da oferta, somado à queda das exportações, o dinamismo do mercado interno absorveu 180 mil toneladas a mais, chegando ao final do ano com os estoques abaixo do normal. O ano de 2011 se caracterizou pela continuidade da expansão das vendas de industrializados, mas a pressão da oferta gerou instabilidade de preços, sobretudo para os cortes in natura e temperados. As empresas que operam neste segmento tiveram suas margens de comercialização comprometidas. Tal situação também foi influenciada pela oferta de carne de aves a preços muito baixos. A elevação dos preços internacionais dos grãos, principais componentes dos custos de produção, foi o grande diferencial, que ao lado da instabi- Shutterstock PRODUÇÃO TABELA 1. Abates, Produção, Auto-Consumo, Exportações e Disponibilidade Interna Abate (Milhões de Cab.) Ano SIF 2004 2005 Auto-consumo Produção (mil t) Outras (1) Total 20,6 5,9 26,5 6,8 2.620 22,4 5,3 27,6 6,4 2.708 2006 23,1 6,8 30,0 6,6 2.943 2007 24,4 6,6 31,0 5,8 2.998 2008 26,1 5,8 31,9 5,9 2009 28,1 5,7 33,8 2010 29,1 5,2 34,3 2011 30,4 5,8 36,2 Exportações (mil t) Disponibilidade (mil t) (kg/habitante) 510 2.110 11,3 625 2.083 11,6 528 2.415 13,3 607 2.391 13,0 3.026 529 2.497 13,2 5,6 3.190 607 2.583 13,7 4,7 3.238 540 2.698 14,4 4,5 3.398 520 2.878 15,1 Fonte: ABIPECS e EMBRAPA lidade dos preços em todos os segmentos do mercado interno, afetou as margens de comercialização e comprometeu os resultados do setor em boa parte do ano. MERCADO EXTERNO As exportações tiveram uma queda de 4,4%, mas as receitas cresceram 6,0%. O dinamismo do mercado interno, o real forte na maior parte do ano e as restrições do mercado russo foram os fatores determinantes deste comportamento. Apesar da instabilidade nos preços, as vendas internas se mantiveram mais atrativas do que as exportações. A valorização do real, na maior parte do ano, manteve o produto brasileiro menos competitivo em relação aos concorrentes. As restrições no mercado russo tiveram um efeito apenas especulativo, pois o crescimento dos volumes exportados para outros mercados provou que já não somos mais tão dependentes do mercado russo. PERSPECTIVAS PARA 2012 A oferta tende a ter um crescimento moderado, no máximo de 2%. A demanda deve continuar aquecida, ancorada no mercado interno. Espera-se uma recuperação dos preços, que ao lado da redução dos custos, permitirá uma recomposição das margens de comercialização, sobretudo no segmento de cortes, esperando com isso o retorno da rentabilidade ao setor. O grande diferencial tende a ser o crescimento das vendas para Ásia, com intensificação das vendas para a China e a abertura dos mercados do Japão e da Coreia do Sul. * Jurandi Machado é diretor da Abipecs [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 32 FUTURO Suinocultura tem um futuro promissor Santa Catarina sintetiza importância econômica do setor texto MÁRIO LANZNASTER* Shutterstock/SXC P PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] resente em todos os municípios e na maioria das 190.000 propriedades rurais, a suinocultura é uma das principais atividades do setor primário da economia catarinense. Encontra-se desde a minúscula unidade microfundiária de alguns poucos hectares até a grande e tecnologicamente sofisticada propriedade rural. No início do século, quando principiou o processo de ocupação e colonização do grande Oeste de Santa Catarina, a criação de suínos acompanhava, de forma tênue e incipiente, a atividade extrativa. Quando o ciclo da madeira exauriu-se, na década de 1950/1960, iniciava-se a expansão e o fortalecimento da suinocultura ao lado da produção de grãos. O quadro atual não guarda nenhuma semelhança com os primórdios da atividade. A capacitação técnica dos criadores eliminou o despreparo e a falta de informações, a pesquisa científica ofereceu material genético de alta qualidade, a expansão e aperfeiçoamento da nutrição animal proporcionaram rações que otimizaram a produtividade. A zootecnia, a medicina veterinária e a engenharia oportunizaram criatórios adequados, técnicas avançadas, máquinas, implementos e equipamentos de manejo para tornar absolutamente racional e produtiva a suinocultura. Hodiernamente, Santa Catarina detém a maior, a melhor e a mais desenvolvida suinocultura do país. Esses números ganham vida e expressão quando cotejados com a pequena base territorial: o Estado catarinense representa apenas 1,12% do território nacional. A dimensão social da suinocultura sobressai-se pelos 150.000 empregos que gera e pelas 500.000 pessoas que dela dependem diretamente. FUTURO O controle sanitário e a proteção ambiental são as prioridades atuais. Livre de zoonoses e epizootias, Santa Catarina conquistou o status de área livre de aftosa sem vacinação junto à OIE, condição privilegiada que a credenciou a disputar os mais exigentes mercados do planeta. O Estado lidera as exportações de carne suína e a prospecção de novos mercados e há mais de duas décadas firmou-se competitivamente no cenário mundial da carne. O grande óbice do produto catarinense é a nova escalada de protecionismo dos países hegemônicos que subsidiam maciçamente seus produtores, artificializando e corrompendo as relações comerciais. Por outro lado, os cuidados ambientais tornaram-se fatores determinantes no planejamento, na aprovação e na execução de empreendimentos suinícolas. Tratamento e destinação de dejetos, proteção das fontes de água e eliminação da poluição das águas superficiais tornaram-se absoluta prioridade. Apesar dos problemas mercadológicos, sou um entusiasta em relação ao mercado mundial de carne suína, a SANTA CATARINA e a SUINOCULTURA 1,12% do território nacional 150 mil empregos na suinocultura 500 mil pessoas dependentes do setor 190 mil propriedades rurais Suinocultura em todos os municípios de SC Status “Livre de aftosa” junto a OIE mais consumida no planeta. O Brasil atingiu a marca de 15 kg per capita de consumo de carne suína, ultrapassando a meta estabelecida pelo Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS) prevista para 2012. Acredito que a supremacia da carne suína no mundo se manterá por mais uns cinco ou seis anos e, depois, cederá lugar à carne de frango. A carne de aves deve crescer não apenas pelo preço, mas, também, pela inexistência de restrição de ordem cultural ou religiosa, como ocorre com a carne suína em alguns países. No Brasil, o mercado doméstico foi a base de sustentação dos suinocultores e indústrias de processamento de carne. Por um longo período, o consumo per capita permaneceu estagnado, aumentando apenas de acordo com o crescimento da população. Agora, o aumento é real. Esse aumento do consumo interno expressa a melhoria de renda da população brasileira. A produção brasileira não para de crescer, especialmente por conta do Brasil central. Com a maior oferta e o aumento da renda da população, o consumo cresceu, e a carne suína está mais presente na mesa do brasileiro. O mercado nacional absorveu o aumento de 180 mil toneladas que ocorreu na produção de suínos em 2011. Neste ano, a produção de carne suína evoluiu 4,9% em relação a 2010, de 3,24 milhões de toneladas para 3,5 milhões. O fechamen- 33 to do mercado russo no início de 2011 pressionou a disponibilidade de carne suína no mercado brasileiro em 6,7%. O ano foi bom, sobretudo porque o mercado interno absorveu 84,7% da oferta em relação a 83% em 2010, houve expansão das vendas, principalmente, de industrializados, e o foco dos produtores centrou-se na gestão, o que explica em parte o baixo crescimento dos alojamentos de matrizes e o aumento da produtividade. Esse cenário positivo foi embaçado, mas não foi neutralizado pelo aumento da concorrência interna e pela elevação dos custos de produção. Esperamos que a demanda continue aquecida para recuperação dos preços e redução dos custos. Acredito que haverá progresso das exportações para Ásia. A China habilitou três frigoríficos, as missões técnicas do Japão e da Coréia do Sul, que visitaram o Brasil, devem aprovar as importações em 2012. A crescente abertura da Ásia às exportações de carne suína do Brasil deve representar fato relevante já em 2012, com boas perspectivas nos próximos anos. A concorrência da União Européia tende a persistir, sobretudo na Rússia. Os preços médios internacionais deverão permanecer firmes devido à continuidade do crescimento da demanda na Ásia. Enfim, o futuro é promissor para a suinocultura. “O quadro atual não guarda nenhuma semelhança com os primórdios da atividade” *Mário Lanznaster é presidente da Coopercentral Aurora [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 36 CONSUMO INTERNO Shutterstock Brasileiro já consome “Manter-nos nossa capacidade de resultados para o setor” texto LÍVIA MACHADO* s reflexos da capacidade de planejar e atuar de forma conjunta frente aos desafios na atividade suinícola no Brasil transformaram o sistema ABCS na união de 13 entidades estaduais, que representam 50 mil produtores independentes e integrados e quase 1 milhão de empregos na cadeia. Hoje o País ocupa o 4º lugar no ranking de maior produtor e exportador da proteína animal mais consumida no mundo, patamar que não poderia ser atingido sem a quebra de obstáculos e barreiras do conhecimento e tecnologia, avançadas ao longo dos anos por meio de diversas áreas que se lançaram no desafio de desenvolver a suinocultura brasileira no quesito de produtividade, qualidade, sanidade e eficiência, elevando-a ao destaque no agronegócio nacional e mundial. Mas perante o agente responsável pela movimentação de qualquer atividade PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] econômica, o consumidor, qual papel a carne suína conseguiu ocupar ao longo desses anos? Mesmo com mercado interno representado por mais de 192 milhões brasileiros, segundo dados do IBGE 2010, a atividade não conseguiu galgar com a mesma evolução. O Brasil ocupava a 70ª posição no ranking mundial em relação ao consumo (dados FAO 2007) e no mercado interno, no ano de 2005, a carne suína permanecia estagnada nos 13 kg per capita ano. Mesmo diante do aumento de poder de compra dos brasileiros trazidos pela criação e estabilização do real e das altas em anos anteriores do preço da car- ne bovina, nossa proteína não ganhava espaço na cesta dos brasileiros. Segundo dados da tabela abaixo, no quesito consumo, a carne suína estava muito aquém da carne bovina e de frango. Era preciso mudar esse cenário e com urgência para a retomada da sustentabilidade da atividade para os produtores. Foi dessa constatação que TABELA 1 Consumo per capita de carnes no Brasil Fonte: ABCS Consumo no Brasil em 2005 Quantidade (média Kg per capita) Frango 39 Bovina 37 Suína 13 Shutterstock O unidos e organizados aumenta 37 CONSUMO INTERNO de carne suína por ano Coordenadora do PNDS prega união para melhorar ainda mais Mais do que varejo, o objetivo principal do Projeto é trabalhar para uma maior estabilidade econômica da atividade e os consequentes benefícios para os suinocultores, por meio da ampliação do mercado doméstico de carne suína. Mas para isso era preciso trazer modernização para o comércio dessa proteína e a generalização de boas práticas de produção, da granja à mesa, consolidando assim a carne suína como um produto saudável e nutritivo. Um desafio gigantesco para toda cadeia, tendo a questão cultural como uma das principais causas do baixo consumo, seguidas da estagnação da indústria frigorífica suína em relação à de carnes de frango e boi, no quesito formato, praticidade e conveniência. Mancur Olson, autor da obra “Lógica da Ação Coletiva”, descreve uma teoria tradicional de grupo como sendo “o comportamento de indivíduos racionais que se associam para a obtenção de algum benefício coletivo”. Foi em busca de formar um grupo com esse conceito que a ABCS idealizou e assumiu a liderança do PNDS e foi em busca de atores para se comprometer e iniciar ações. No gráfico 2 está demonstrado o esquema de trabalho estruturado. Houve necessidade de planejar a atuação de acordo com a especificidade de cada estado, considerando a forma de organização da produção e indústria, ajustando às possibilidades dos Sebraes estaduais, fato que ampliou a capacidade de gestão e coordenação do Projeto, neste primeiro ano. O conceito de Peter Drucker resume em poucas palavras a força do trabalho realizado pelos inúmeros parceiros e agentes do setor: “o planejamento não é uma tentativa de predizer o que vai acontecer, é um instrumento para raciocinar agora, sobre que trabalhos e ações serão necessários hoje, para merecermos um futuro. O produto final do planejamento não é a informação: é sempre o trabalho”. E ao iniciar o desenvolvimento do PNDS, era precioso atingirmos o produto final do planejamento: foi criado o mix de produtos para serem aplicados nas bases de atuação do PNDS, sendo: GRÁFICO 1 Esquema estratégico do Projeto Nacional de Fonte: ABCS Desenvolvimento da Suinocultura – PNDS PNDS Geração de Conhecimento Comercialização Ações Gerais Indústria Produção Shutterstock a ABCS iniciou trabalhos pilotos voltados para a área de comercialização, numa iniciativa baseada em pesquisas nacionais sobre o baixo consumo de carne suína no Brasil e suas causas, no ano de 2006. Com resultados expressivos junto ao varejo, por meio da implantação da campanha “Um Novo Olhar sobre a Carne Suína”, foi idealizado o Projeto Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (PNDS), – em 2009 – já num formato sistêmico que abrangesse todos os elos da cadeia e não somente a comercialização. A iniciativa, então, ganhou parceiros de peso como o Sebrae Nacional e a Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) que juntos traçaram a meta de aumentar o consumo no país em 2kg per capita até 2012. [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 38 CONSUMO INTERNO PRODUÇÃO INDÚSTRIA • Consultorias de marcas e embalagens e também industrial para pequenos e médios frigoríficos; • Aplicação do programa Sebrae da Qualidade Total Rural nas Granjas; • Criação do Programa de Capacitação Total para suinocultores (PCT’s) • Capacitação em tecnologia de cortes com base no Manual Brasileiro de Cortes Suínos; • Disseminação tecnológica por meio de consultorias individuais (SUINTEC); • Diagnósticos de Implantação de Boas Práticas de Fabricação; • Elaboração do Manual Brasileiro de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos; • Organização de missões técnicas para produtores. sua forma de atuação Sebraes UF’s Associações Locais Execução Estadual ABCS GRÁFICO 3 SEBRAE Aumento no consumo carne suína X tempo de atuação do PNDS Planejamento Conjunto Fonte: Abipecs e ABCS PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] Shutterstock PNDS Projeto de Todos • Treinamento de merendeiras e promotores de vendas; • Divulgação de cartilhas com receitas para nichos específicos; • Oficinas e festivais gastronômicos; • Curso de cortes para varejo; Já em 2011, com a adesão dos estados da Bahia e Ceará que inseriram mais 14 mil matrizes tecnificadas e, em média, 21 mil consumidores potenciais de carne suína as chances de consumo foram ampliadas significativamente. Foram efetivados o desenvolvimento de ações na área de produção como Suintec e parceria com o Senar Nacional para criação de cursos modulares na suinocultura. Todo esse esforço pode ser quantificado nos números abaixo que demonstram os resultados obtidos em 2 anos de PNDS. Federações e SENAR UF’s CNA • Campanhas junto ao varejo, com apresentação de cortes porcionados; Com a aplicação desse conjunto de ações e a capacidade de transformação, no seu primeiro ano de atuação nos estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais, Distrito Federal, Espírito Santo e Goiás – representando mais de 70% do plantel de matrizes tecnificadas do país – o PNDS capacitou mais de 5 mil profissionais, sensibilizou quase 600 mil pessoas e o mercado interno absorveu 3% a mais da oferta, segundo dados da Abipecs. Ou seja, no primeiro ano de presença sistêmica do PNDS, o consumo per capita no Brasil aumentou mais de 1 kg por pessoa, chegando a 14,5 kg per capita. GRÁFICO 2 O PNDS e Fonte: ABCS • Palestras para profissionais de saúde; • Presença nas principais feiras do país; Shutterstock • Criação de cursos modulares em suinocultura para colaboradores, numa parceria inédita com o Senar Nacional; • Estudos de Inteligência competitiva para frigoríficos em parceria com a FINEP e ITAL. COMERCIALIZAÇÃO CONSUMO INTERNO TABELA 2 Abates, produção, auto-consumo, exportações e disponibilidade interna Shutterstock Fonte: ABIPECS, EMBRAPA ANO ABATE (Milhões de Cab.) SIF OUTRAS TOTAL AUTOCONSUMO 2004 20,6 5,9 26,5 6,8 PRODUÇÃO EXPORTAÇÕES (mil t) (mil t) DISPONIBILIDADE (mil t) (kg/habitante) 2.620 510 2.110 11,3 2005 22,4 5,3 27,6 6,4 2.708 625 2.083 11,6 2006 23,1 6,8 30,0 6,6 2.943 528 2.415 13,3 2007 24,4 6,6 31,0 5,8 2.998 607 2.391 13,0 2008 26,1 5,8 31,9 5,9 3.026 529 2.497 13,2 2009 28,1 5,7 33,8 5,6 3.190 607 2.583 13,7 2010 29,1 5,2 34,3 4,7 3.238 540 2.698 14,4 2011 30,4 5,8 36,2 4,5 3.398 520 2.878 15,1 Resultados das ações PNDS no anos de 2010/2011 • 367 ações desenvolvidas. • Mais de 120 municípios atendidos. • Mais de 1 milhão de pessoas sensibilizadas. • 13.350 profissionais capacitados (nessa fatia mais de 2 mil produtores). A tabela 2 demonstra o expressivo crescimento da produção, a queda nas exportações, o aumento da disponibilidade interna e confirma a meta de aumento de consumo atingida, confirmando que as iniciativas do Projeto, aliadas ao positivo momento da eco- nomia do País e a manutenção do alto preço da carne bovina permitiram a suinocultura brasileira comemorar o alcance dos 15 kg per capita ainda em 2011. O objetivo geral do PNDS, de trabalhar pela sustentabilidade da cadeia, requer extrema capacidade de liderança, credibilidade, união, articulação e planejamento estratégico. Sozinhos, às vezes, parece ser possível caminhar mais rápido, mas a decisão por atuar de forma conjunta nos permitiu alcançar a meta desejada e chegar mais longe. Centenas de suinocultores, empresas do setor, autoridades e lideranças acreditaram na revolução que o PNDS traria para a cadeia suinícola. Associações filiadas a ABCS, Sebraes e federações estadu- ais se lançaram nesse desafio. Juntos trabalharam, ousaram e hoje veem essa meta histórica no Brasil se concretizar. Mas é preciso olhar para o futuro. A expectativa é multiplicar as ações, expandir o número de produtores e profissionais capacitados, com novas metas para 2012. A entrada de São Paulo no PNDS, estado que concentra quase 25% dos consumidores do país e consome em quantidade mais carne suína que a nossa atual exportação, reforça que o nosso desafio será gigantesco. Manter-nos unidos e organizados de forma a respeitar as diferenças com foco no ganho coletivo, aumenta nossa capacidade de resultados para o setor. *Lívia Machado é Coordenadora Nacional do PNDS 39 40 CONSUMIDOR U tilizando dados obtidos a partir do projeto Q-PorkChains, custeado pela União Europeia e organizado pela Universidade de Copenhagen, realizou-se um estudo a respeito desse ser tão importante e, infelizmente, tão pouco estudado no Brasil: o consumidor final de alimentos. A pesquisa continha um extenso questionário cobrindo 9 diferentes áreas, das quais somente algumas serão abordadas neste artigo. Inicialmente, verificaram-se os níveis de penetração de mercado dos produtos pesquisados, de onde foram obtidos alguns resultados interessantes: • em geral, os brasileiros comem produtos de suínos pelo menos uma vez por ano. O pernil tem a mais alta COMO É O penetração na amostra observada, entre os 11 produtos; • embutidos, como salames, presunto e mortadela, também têm alta penetração, seguidos de costela de porco, lombo e bisteca, salsichas e alguns pratos como feijoada; • patê é o produto menos consumido entre os pesquisados, com uma penetração de menos de 50%, seguido de miúdos (rabo, toucinho, orelha); • os produtos da categoria de frescos primariamente processados (carne recheada, carne assada, marinados, temperados) também têm pe- consumidor brasileiro Shutterstock DE CARNE SUÍNA? Aumento da produção é absorvido pelo mercado interno texto MARIA STELLA DE MELO SAAB*, MARCOS FAVA NEVES* E MÁRCIA DUTRA DE BARCELOS* PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] 41 CONSUMIDOR GRÁFICO 1. Nível de penetração em % das famílias Presunto cru Presunto cozido, salame, mortadela Costela suína Lombo e costelinha suína Produtos alimentícios quena penetração e podem representar uma boa oportunidade para as indústrias introduzirem uma variedade maior desse tipo de produto no Brasil, e até mesmo desenvolver produtos desse tipo mais de acordo com o paladar do brasileiro; • outra oportunidade é aumentar a disponibilidade desses produtos no ponto de venda, principalmente supermercados e açougues. É importante observar que a penetração não mostra frequência de consumo ou níveis reais de consumo. De fato, diz mais a respeito da familiarida- Salsicha Refeições (pizza, feijoada, macarrão) Bacon Linguiças, carne suína moída, carne suína seca Carne suína recheada, escalope, carne suína assada Miúdos Patê 20 40 60 80 100 120 Shutterstock 0 Shutterstock TABELA 1. Frequência de consumo (%) Nunca Uma vez por ano ou menos frequente Várias vezes ao ano Uma vez por mês Costela suína 5,6 29,9 23,7 19,1 Várias vezes Uma vez por por mês semana 85 11,6 Várias vezes por semana Diariamente 0,6 1,0 1,9 Paleta, lombo, bisteca 5,8 31,1 23,0 18,5 7,1 11,0 1,7 Pernil 4,4 47,7 20,5 11,8 6,2 7,1 0,6 1,7 Outros (miúdos, toucinho, rabinho, orelha) 29,0 33,6 13,7 10,8 3,5 8,5 0,4 0,4 Salsichas, carne suína moída, brochete, carne seca 15,5 34,4 15,4 12,4 11,4 7,9 1,7 1,0 Carne recheada, escalope, carne assada, espetinho 24,3 35,9 12,2 11,4 8,3 6,0 0,8 1,0 Pratos (lasanha, pizza, espaguete, feijoada) 7,1 21,6 17,8 19,9 16,4 14,9 1,7 0,6 Embutidos (salame, presunto, mortadela) 4,8 7,7 11,8 12,2 11,8 22,8 10,2 18,7 Bacon 15,8 24,1 12,7 15,8 10,0 14,7 3,9 3,1 Linguiças 6,6 13,5 14,5 13,7 14,1 25,1 7,9 4,6 Patê 51,5 21,4 6,8 4,6 5,0 5,8 2,9 2,1 [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 42 CONSUMIDOR Shutterstock TABELA 2. Como e onde você compra (%) Fresca Congelada Ambos No açougue No supermercado Outro lugar 1,3 Costela suína 88,7 10,3 1,0 41,2 57,6 Paleta, lombo, bisteca 89,5 10,5 0 45,7 52,6 1,6 Pernil 84,0 13,9 2,2 32,5 65,4 2,2 Outros (miúdos, toucinho, rabinho, orelha) 88,3 11,1 0,6 37,8 58,3 3,9 Salsichas, carne suína moída, brochete, carne seca 88,8 10,8 0,4 19,6 78,8 1,7 Carne recheada, escalope, carne assada, espetinho 84,9 15,1 0 20,3 65,6 14,1 Pratos (lasanha, pizza, espaguete, feijoada) 79,9 20,1 0 5,2 75,9 18,9 Embutidos (salame, presunto, mortadela) 96,4 3,6 0 8,1 89,8 2,1 Bacon 93,8 6,2 0 20,0 79,3 0,7 Linguiças 92,7 7,3 0 19,0 80,3 0,8 Patê 93,1 6,9 0 3,8 96,2 0 de do respondente com o produto do que se ele gosta ou não do produto. O Gráfico 1 facilita a visualização deste conceito. A fim de investigar o comportamento de consumo dos respondentes, incluíram-se questões a respeito da frequência de consumo e das preferências dos consumidores, conforme expostas na Tabela 1. Pelos resultados, percebe-se que é bastante significativo o número de pessoas que nunca consome alguns itens de carne suína. No caso do patê, por exemplo, a quantidade de respondentes que nunca consome o produto supera a metade da amostra (51,5%). No item outros (miúdos, toucinho), chega a 29%, e nos mais processados (carne recheada, escalope), 24,3% afirmaram nunca consumirem o produto. Se forem somadas as opções ‘nunca’, Shutterstock TABELA 3. Quando você consome (%) Em dia de semana Qualquer dia Nos finais de semana Somente em ocasiões especiais Costela suína 17,0 57,2 20,9 4,8 Paleta, lombo, bisteca 11,5 67,1 15,1 6,3 Pernil 9,1 50,2 23,4 17,3 Outros (miúdos, toucinho, rabinho, orelha) 10,0 75,6 13,9 0,6 Salsichas, carne suína moída, brochete, carne seca 10,0 65,4 21,3 3,3 Carne recheada, escalope, carne assada, espetinho 8,9 46,9 32,3 12,0 Pratos (lasanha, pizza, espaguete, feijoada) 8,1 40,4 48,3 3,2 Embutidos (salame, presunto, mortadela) 6,4 87,9 4,7 0,9 Bacon 7,2 80,0 11,0 1,7 Linguiças 6,5 85,2 7,3 1,0 Patê 11,5 77,1 11,5 0 PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] ‘uma vez por ano ou menos’ e ‘várias vezes ao ano’, somente os itens embutidos, pratos e linguiças apresentam valores abaixo de 50% das respostas (24,3% para embutidos, 46,5% para pratos e 34,6% para linguiças). Isso corrobora as pesquisas que afirmam que cerca de 65% do consumo de carne suína no Brasil ocorre na forma de embutidos (ROPPA, 2005). Aliás, os embutidos são o único item cuja frequência ‘diariamente’ aparece para uma parcela significativa da amostra (18,7%). No entanto, ao se somarem as maiores frequências, ou seja, as opções ‘diariamente’, ‘várias vezes por semana’ e ‘uma vez por semana’, encontram-se frequências bem maiores, como 51,7% para embutidos, seguida de 37,6% para linguiças, 21,7% para bacon e 17,2% para pratos (lasanha, pizza, feijoada). Na Tabela 2 são mostrados os resultados em relação à maneira como o respondente compra os produtos. Percebe-se que a diferença entre as compras congelada e fresca são enormes, uma vez que para todos os itens a maioria dos respondentes afirma comprar 80% ou mais dos produtos frescos. Ainda na Tabela 2, os resultados apresentados referem-se ao local de compra de carne suína e confirmam a crescente participação dos supermercados como principal local de compra de alimentos (CONSOLI et al, 2010). Para todos os itens questionados, a participação dos supermercados supera a metade da amostra (de 57,6% para costela a 89,8% para embutidos e 96,2% para patês). Para a opção ‘outro lugar’, os valores significativos (18,9% e 14,1%) aparecem respectivamente para ‘pratos’ como lasanha, pizza ou feijoada, e ‘carne recheada, escalope, espetinho’, que são, pela própria natureza, mais consumidos em restaurantes. Na Tabela 3 apresentam-se os resultados da questão sobre a ocasião de consumo dos produtos de carne suína. Os resultados demonstram que os itens são, em sua maioria, consumidos principalmente em ‘qualquer dia’. O Shutterstock CONSUMIDOR TABELA 4. Com quem (%) Sozinho Com a família Com amigos Com outros Costela suína 6,4 89,4 4,2 0 Paleta, lombo, Bbisteca 5,9 87,2 6,9 0 Pernil 5,6 84,8 9,1 0,4 Outros (miúdos, toucinho, rabinho, orelha) 6,7 85,0 7,8 0,6 Salsichas, carne suína moída, brochete, carne seca 5,8 82,9 11,3 0 Carne recheada, escalope, carne assada, espetinho 7,8 73,4 18,8 0 Pratos (lasanha, pizza, espaguete, feijoada) 4,1 64,2 31,1 0,6 Embutidos (salame, presunto, mortadela) 18,0 78,7 3,3 0 Bacon 11,7 85,2 2,8 0,3 Linguiças 12,5 84,9 2,6 0 Patê 16,0 82,4 1,5 0 produto ‘pernil’ apresenta o maior consumo ‘em ocasiões especiais’ entre todos os itens (17,3%), seguido dos mais processados, como ‘carne recheada, escalope, carne assada e espetinho’ (12%). Esse resultado era esperado, já que pelo próprio tamanho e por ser tradicionalmente preparado de maneira mais lenta, o pernil costuma ser consumido em ocasiões especiais, principal- “os produtos da categoria de frescos primariamente processados também têm pequena penetração” mente nas festas de final de ano, como o Natal e Ano Novo, quando se reúne uma grande quantidade de pessoas. Já os pratos, como lasanha, pizza, espaguete e feijoada, e também os mais processados, são os que aparecem com mais frequência como consumidos nos finais de semana (48,3 e 32,3% respectivamente). As massas são tradicionais refeições de domingo no Brasil, principalmente nas famílias 43 44 CONSUMIDOR de descendência italiana (e aí estão incluídos a lasanha e o espaguete), a feijoada é tradicionalmente um item consumido aos sábados, como prato único, e a pizza é um programa ‘de domingo’ para grande parte da população urbana no Brasil. Na Tabela 4, demonstram-se os resultados da questão a respeito da companhia na qual os respondentes consomem os itens de carne suína. Nos resultados, percebe-se que a maioria dos respondentes consome os alimentos com a família, e o único item em que o consumo ‘com a família’ é menor que 70% é ‘pratos’, que inclui pizza (tradicionalmente consumida em pizzarias, e, portanto, onde amigos costumam encontrar-se) e feijoada, um prato bastante escolhido para confraternizações e eventos entre amigos. O item com nível de consumo mais significante ‘sozinho’ é o ‘embutidos’, que, pelas próprias características é bastante compreensível, já que os embutidos são comumente inseridos em sanduíches e outros alimentos consumidos rapidamente e fora de casa. A Tabela 5 apresenta os resultados da questão sobre onde se consomem os alimentos à base de carne suína. Pelas próprias características da amostra, que incluiu cidades bem próximas ao ambiente rural e capitais de porte médio, onde os níveis de refeições fora do lar são baixos e ainda é costume que as pessoas façam suas refeições em casa, a prevalência de respostas ‘em casa’ é bastante grande, chegando a 98,5% para patês, e 95,9% para bacon. “O pernil tem a mais alta penetração na amostra observada, entre os 11 produtos de suínos” Novamente, os itens mais consumidos em restaurantes (21,4% e 18,9%) são ‘carne recheada, escalope, espetinho’ ou os mais processados, e os ‘pratos’ (pizza e feijoada). Na Tabela 6, onde são demonstradas as respostas referentes ao grau de preparação do alimento em casa, per- Shutterstock TABELA 5. Onde você consome (%) Em casa Em um restaurante No caminho Algum outro lugar Costela suína 91,3 7,1 0,6 1,0 Paleta, lombo, bisteca 91,4 6,3 0 2,3 Pernil 87,4 7,8 0,4 4,3 Outros (miúdos, toucinho, rabinho, orelha) 85,6 12,2 0,6 1,7 Salsichas, carne suína moída, brochete, carne seca 82,9 12,9 2,9 1,3 Carne recheada, escalope, carne assada, espetinho 68,2 21,4 7,3 3,1 Pratos (lasanha, pizza, espaguete, feijoada) 61,9 18,9 9,6 9,6 Embutidos (salame, presunto, mortadela) 94,5 4,7 0 0,7 Bacon 95,9 3,4 0 0,7 Linguiças 93,8 5,2 0,3 0,8 Patê 98,5 1,5 0 0 PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] cebe-se que os embutidos e os patês, logicamente, são comprados ‘prontos para comer’, mas que a maior parte dos itens, especialmente os cortes frescos como costela (80,1%), paleta, lombo e bisteca (81,6%) ou pernil (75,3%), são principalmente ‘preparados em casa desde o início’. No item pratos, há uma boa distribuição entre os graus de preparo, sendo 39,2% ‘preparada em casa desde o início’, 25,9% ‘finalizada em casa antes de comer’ e 34,9% ‘comprada pronta para comer’. Demonstra-se, assim, que quanto mais processado o produto, menor seu preparo pelo consumidor e, ao contrário, quanto menos processado, maior o preparo pelo consumidor de carne suína. COM QUAIS PRODUTOS O RESPONDENTE COMBINA O CONSUMO DE CARNE SUÍNA Foram questionados em seguida as preferências por acompanhamentos aos produtos suínos, ou seja, com quais produtos os respondentes costumam consumir produtos de carne suína. Como acompanhamento mais frequente para a costela de porco, 90% dos entrevistados citam o arroz; como segundo acompanhamento, 35,9% das pessoas citam feijão e 30,2%, batata. Observa-se que o arroz é o acompanhamento mais citado pelos entrevistados para os produtos suínos, com exceção dos frios e patês. Os outros acompanhamentos mais citados são o feijão, massas e bebidas frias. Tradicionalmente, o brasileiro consome arroz diariamente em suas refeições. Aliás, a refeição mais usual é arroz e feijão com algum acompanhamento, que neste caso é a carne suína. A massa também costuma ser acompanhada de alguma proteína, especialmente a carne. E pelo fato de ser um país com altas temperaturas na maior parte do ano, o acompanhamento de bebidas geladas é uma consequência natural. Percebeu-se pelo estudo realizado que algumas suposições práticas que CONSUMIDOR Shutterstock TABELA 6. Quanto de preparo (%) É preparada em casa desde o início É finalizada em casa antes de comer É comprada pronta pra comer Costela suína 80,1 16,7 3,2 Paleta, lombo, bisteca 81,6 16,1 2,3 Pernil 75,3 21,2 3,5 Outros (miúdos, toucinho, rabinho, orelha) 66,7 30,0 3,3 Salsichas, carne suína moída, brochete, carne seca 62,1 23,8 14,2 Carne recheada, escalope, carne assada, espetinho 50,5 33,3 16,1 Pratos (lasanha, pizza, espaguete, feijoada) 39,2 25,9 34,9 Embutidos (salame, presunto, mortadela) 26,8 18,2 55,0 Bacon 46,2 27,2 26,6 Linguiças 43,1 27,0 29,9 Patê 24,4 19,1 56,5 se faziam a respeito do consumidor puderam ser confirmadas pelas análises estatísticas realizadas, enquanto que outras novas foram encontradas. Isso gera uma série de informações que, se utilizadas de maneira eficiente, podem possibilitar um melhor direcionamento das ações de vários agentes da cadeia de carne suína no Brasil. Maiores detalhes, bem como a fundamentação teórica que deu base aos estudos aqui demonstrados, as análises estatísticas realizadas, conclusões, implicações e definições mais aprofundadas podem ser encontradas na tese de Doutorado “Comportamento do consumidor de alimentos no Brasil: um estudo sobre a carne suína”, disponível em: http://www.teses.usp.br/teses/ disponiveis/12/12139/tde-31052011154749. *Maria Stella de Melo Saab, Marcos Fava Neves e Márcia Dutra de Barcelos são pesquisadores da USP 45 46 ESTADOS UNIDOS O texto DOUG WOLF* s produtores de suínos dos EUA estão saindo de um ano em que, em média, lucraram apenas US $ 6-7 por animal e, assim, eles esperam que 2012 seja melhor. Com base em projeções de redução nos custos de alimentação, preço estável e novos acessos a mercados externos, 2012 se apresenta como mais promissor que 2011. Mas os produtores terão de lidar com um grande número de variáveis. Um deles é o tamanho da safra de milho de 2012, que será fundamental para os planos de longo prazo de expansão para a indústria de carne suína dos EUA. Os produtores, no último trimestre de 2011, moveram-se lentamente com base na colheita de milho de 2011 e projetada para 2012. As previsões indicam que os preços do milho devem continuar elevados, assim como os valores do petróleo, que poderia fazer muito voláteis preços dos alimentos nos próximos 12 meses. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] O que poderia ser um plantel estável, provavelmente, vai subir porque o tamanho médio da maca nos EUA deverá aumentar cerca de 2%, média que tem subido ao longo dos últimos quatro anos. O abate de suínos do país este ano deverá subir 2% a 3% em relação a 2011, principalmente no final do ano. O peso médio de carcaça, também, deve subir um pouco por causa da esperada redução dos custos de alimentação, sanidade geralmente boa e o constante aperfeiçoamento genético. Embora a combinação desses fatores em 2012 deva aumentar a produção de suínos dos EUA em 3% a 4% na comparação com 2011, as expor- ESTADOS UNIDOS 47 Shutterstock Acordos internacionais são importantes, diz especialista “Os produtores de suínos dos EUA esperam que 2012 seja melhor” tações robustas devem levar a maior parte do produto para fora do mercado dos EUA, deixando o abastecimento interno muito próximo dos níveis de 2011 e os preços da carne suína no varejo relativamente sustentados. Isso é uma boa notícia para os produtores de suínos dos EUA. De fato, a economista Chris Hurt, da Purdue University, prevê lucros de US$ 17 por animal em 2012. de de todos os tempos e chegaram a US$ 5 bilhões. O recorde anterior, de US$ 4,88 bilhões, foi registrado em 2008; em 2010, a indústria de carne suína dos EUA exportou quase US$ 4,8 bilhões. As fortes exportações de carne suína, também, corroboram significativamente para a visão positiva. No ano passado, as exportações renderam mais de US$ 65 para os produtores por cada suíno comercializado. De fato, as exportações de carne suína dos EUA em 2011 foram um recor- ACORDOS DE LIVRE COMÉRCIO Em 2012, os produtores de suínos dos EUA vão estar à procura de novos mercados e para a expansão dos já existentes através de acordos comerciais para aumentar as exportações, que hoje respondem por quase um quarto da produção dos EUA. Existem várias oportunidades no ano novo. Entre elas estão os acordos de livre comércio com Colômbia, Panamá e Coreia do Sul, que o Congresso dos EUA aprovou em outubro passado. Dado que estes acordos se[ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD ESTADOS UNIDOS Shutterstock 48 TABELA 1 | Projeções para carne suína nos EUA Fonte: USDA Estoques iniciais Produção Import. Oferta total Export. Estoques finais Uso total Per Capita 525 22456 859 23840 4224 541 19075 47,7 541 22660 836 24037 4951 600 18486 45,9 Nov 541 22678 826 24045 4976 580 18489 45,9 Oct 600 23074 825 24499 5090 610 18799 46,3 Nov 580 23074 815 24469 5090 590 18789 46,2 2010 2011 Proj. 2012 Proj. Oct jam implementados, os produtores de suínos dos EUA vão colher enormes benefícios nesses países. De fato, os acordos comerciais irão gerar cerca de US$ 772 milhões em vendas de carne suína e vão permitir adicionar mais de US$ 11 no preço por animal comercializado e criar mais de 10 mil empregos, de acordo com o economista Dermot Hayes, da Iowa State University. Outro desenvolvimento que deve ser benéfico para os produtores de suínos dos EUA é a adesão da Rússia à Organização Mundial do Comércio (OMC). O país foi convidado no ano passado para se juntar ao grupo de comércio global e deve se tornar membro da OMC no segundo trimestre do ano. PARCERIA DO PACÍFICO Shutterstock Além disso, a indústria de carne suína dos EUA vai estar à procura de novos mercados por meio da Parceria Trans-Pacífico (TPP), que atualmente inclui a Austrália, Brunei, Chile, Malásia, Nova Zelândia, Peru, Cingapura, Estados Unidos e Vietnam. O Japão também pediu para participar das negociações sobre o acordo de comércio multilateral, o que ajudaria a expandir as PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] exportações, salvar e criar empregos nos Estados Unidos. tarifas sobre seus produtos por parte do Canadá e do México, que levaram o caso à OMC. A indústria de carne suína dos EUA tem questões sanitárias e fitossanitárias com alguns dos países TPP e vai trabalhar com o governo americano para resolvê-las durante as negociações de comércio. ALÍVIO ROTULAÇÃO A questão comercial que poderia ser problemática para os produtores de carne suína dos EUA é a recente decisão de um painel da OMC que condenou os varejistas do país por desrespeito a lei de rótulos (MCOOL). A lei, que foi incluída na Farm Bill de 2002 e entrou em vigor no início de 2009, exige que os varejistas informem os clientes sobre o país de origem de vários produtos, incluindo carne suína. A indústria de carne suína dos EUA e de outras organizações agrícolas, que se opuseram a lei MCOOL quando ela estava sendo debatida no Congresso, estarão trabalhando com os parlamentares para elaborar uma solução legislativa que seja compatível com a OMC. Se os Estados Unidos não estiverem de acordo com a decisão da OMC, corre o risco de retaliação na forma de Finalmente, os produtores de suínos dos EUA podem ter um ano melhor em 2012 por outra razão: é um ano de eleições parlamentares e presidenciais. Isso significa que os legisladores em Washington vão estar muito ocupados - e espero – sem tempo de causar muito dano aos produtores de suínos (ou qualquer outro setor da economia). Embora haja uma série de políticas públicas domésticas com as quais a indústria de carne suína dos EUA pode estar lidando este ano (provavelmente com cortes significativos para programas agrícolas, novas regras ambientais sobre as emissões de CO2 e qualidade da água e esforços para banir certos produtos de sanidade animal de suínos), a legislação não deverá ser finalizado em 2012. Tudo isso dá à indústria de suínos dos EUA uma perspectiva positiva para 2012, mas é só janeiro. *Doug Wolf é um produtor de suínos em Lancaster, Wisconsin, e presidente do Conselho Nacional de Produtores de Suínos (NPPC). 50 EUROPA 1 Exigências regulatórias diminuem competitividade da UE Shutterstock texto SVEN HÄUSER* D e acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de suínos mundial deverá aumentar 2% em 2012. Razões para o crescimento são, principalmente, a re-emergência da produção na Coreia do Sul e na China. Haverá também um ligeiro aumento em alguns dos principais países exportadores como os EUA e o Brasil. Recuperando-se de massivos problemas de saúde e receitas muito fracas na China no ano passado, a produção vai aumentar em 4%, o que significa um volume de 51,3 milhões de toneladas de carne de suína. Portanto, além de aumento dos preços, o governo fornece suporte. CUSTOS Devido à alimentação animal em alta e aos preços da energia, os custos ainda estão em um nível elevado. Os custos de produção são cerca de € 1,60-1,70 por kg e € 50-55 por leitão de 25 kg e, então, as margens estão negativas para um grande número de fazendas na Europa. Os preços de mercado para suínos não seguem o aumento de preços dos alimentos, ou pelo menos, não rápido o suficiente. Nesse mercado, a produção será reduzida se as margens de lucro seguirem caindo. Mesmo em dois anos de alta nos preços dos alimentos (2007 e 2010), levou cerca de um ano e meio até que o preço de mercado para suínos alcançasse o aumento dos custos. Controlar estas flutuações é um dos desafios para o futuro. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] 51 EUROPA 1 estão negativas para um grande número de fazendas na Europa” 2011. Os EUA devem crescer 2% até 10,5 milhões de toneladas, como para o Brasil é esperado pouco mais de 3,3 milhões de toneladas. A Rússia irá produzir cerca de 3% a mais, o que significa 2 milhões de toneladas. O recorde na produção global de suínos é, em grande parte, resultado nos ganhos de eficiência na China e pesos de abate elevados na UE, que de- O comércio internacional de carne suína deve retroceder em 2012 devido principalmente a Rússia e Coreia. Na Rússia, as importações vão diminuir em 25% para 700 mil toneladas porque, a fim de fortalecer a produção nacional, quotas de importação foram drasticamente reduzidas. Importações inferiores e, ao mesmo tempo, aumento moderado na produção significarão um declínio no consumo. Já a Coreia do Sul deve importar 20% a menos em 2012, algo em torno de 500 TABELA 1 Os dez maiores exportadores e importadores de carne suína em 2009 (Fonte: FAO) Exportadores Importadores País (1.000t) Fatia (%) País (1.000t) Fatia (%) Alemanha 1.440 15,8 Alemanha 968 11,1 EUA 1.255 13,7 Itália 857 9,8 Dinamarca 1.100 12,0 Japão 757 8,7 Espanha 861 9,4 Rússia 650 7,5 Canadá 811 8,9 Polônia 522 6,0 Holanda 741 8,1 México 496 5,7 441 5,1 Bélgica 655 7,2 China+Hong Kong Brasil 529 5,8 Reino Unido 361 4,1 França 468 5,1 França 341 3,9 China+Hong Kong 190 2,1 Coreia do Sul 294 3,4 10 principais 8.050 88,1 10 principais 5.687 65,2 Mundo 9.133 100,0 Mundo 8.720 100,0 BEM-ESTAR ANIMAL No oeste da Europa, o bem-estar animal está no foco dos consumidores. A aceitação da criação de suínos convencional na opinião pública se move para trás e, portanto, programas de nova etiqueta serão lançados pela indústria de carne suína. Isso também irá aumentar os custos de produção e não está claro se o consumidor está disposto a pagar por este “padrão prata e ouro” adicionais. Considerando a competição global, a preço de custo é o parâmetro mais importante para a Europa continuar a competição com outros exportadores. Maiores custos de energia, alimentação e de trabalho, mais exigências de bem-estar dos animais e ecológicas na Europa levantaram os custos de produção nos últimos dois anos que devem seguir aumentando, também, depois de 2012. Shutterstock “As margens vem mais que compensar a febre aftosa (FA) responsável pela queda na Coreia do Sul. A expansão do comércio mundial em 2011 foi impulsionada pela forte demanda da Coreia do Sul e da China. TABELA 2 Desenvolvimento estimado de importações de carne suína em países selecionados, entre 2010 e 2020, em milhares de toneladas (Fonte: USDA) Shutterstock Mas o crescimento de pequenas empresas, que ainda constituem o grosso da produção, é ainda dificultado pelos custos altos e problemas de saúde. Já as grandes empresas lutam com dificuldades para conseguir as terras necessárias para o crescimento. A UE irá produzir no próximo ano cerca de 22,5 milhões de toneladas de carne suína, um número semelhante ao de País importador 2010 2020 Variação (%) Japão 1.150 1.190 +3,5 Rússia 850 516 -39,3 China 350 457 +30,6 México 685 1.047 +52,8 EUA 394 501 +27,2 Coreia do Sul 380 520 +36,8 Total dos principais importadores 4.379 4.924 +12,4 [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD EUROPA 1 TABELA 3 Projeções sobre carne suína na UE-25, 2003-2012 em milhares de tons (fonte: UE) 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Produção bruta 21 324 21 276 21 207 21 314 21 405 21 515 21 544 21 665 21 837 22 015 Importação viva 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 Exportação viva 17 17 17 17 17 17 17 17 17 17 Produção 21 307 21 259 21 190 21 297 21 388 21 498 21 527 21 648 21 820 21 998 UE 15 17 793 17 996 18 101 18 224 18 248 18 243 18 247 18 352 18 512 18 664 UE N10* 3 514 3 263 3 089 3 073 3 140 3 254 3 281 3 296 3 309 3 334 Importação 25 15 14 18 23 27 30 33 36 37 Exportação 1 330 1 445 1 309 1 310 1 320 1 327 1 312 1 311 1 329 1 343 Variação de estoque - 135 - 90 0 0 0 0 0 0 0 0 20 137 19 919 19 895 20 005 20 091 20 197 20 246 20 371 20 527 20 692 Consumo Consumo per capita 44,1 43,5 43,3 43,4 43,5 43,6 43,7 43,9 44,1 44,4 UE 15 43,7 43,2 43,5 43,7 43,5 43,6 43,6 43,8 44,1 44,3 UE N10* 46,3 45,0 42,5 42,0 43,5 43,8 43,9 44,1 44,3 45,0 *UE-N10: Os novos 10 membros EXIGÊNCIAS Além disso, o alojamento em grupo para matrizes grávidas (desde o serviço até o parto) tem que ser feito até 2013. Portanto, muitos investimentos são necessários dentro de toda a UE a fim de cumprir tais exigências. O status quo da implementação nos estados membros da UE é muito diferente e, até agora, não está claro se e como a UE vai reagir se fazendas não cumprirem as exigências. As adaptações necessárias para implementar o alojamento em grupo para as porcas prenhas poderia diminuir o número de porcas na Europa nos próximos dois anos de forma dramática. Isto força uma mudança estrutural e leva a uma diminuição do número de produtores de suínos na Europa. Especialmente, os agricultores na parte oriental da Europa saíram do negócio pela situação econômica. Por outro lado, temos de perceber que este desenvolvimento poderia ser útil para a situação dos preços dos leitões e suínos para abate, que ajudará os produtores de sucesso a desenvolver seus negócios. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] mil toneladas. A China vai demandar cerca de 560 mil toneladas, o que seria de 2% mais. Neste país, o crescimento da produção nacional não corresponde à demanda crescente. A exportação mundial de carne suína aumentou nos últimos anos e, em 2012, esta tendência parece haver chegado a uma estagnação. O total de 6,6 milhões de toneladas está ao redor do volume comercializado em 2011. E QUANTO À PRODUÇÃO LOCAL NA UE? Os números estão mostrando que a produção de suínos é um negócio globalizado e impulsionado pela oferta e demanda planetária do produto. A auto-suficiência em países europeus como Dinamarca, Alemanha e Holanda mostra que é importante fazer acordos comerciais entre países que assegurem o comércio de animais e carne suína. Além disso, é importante promover uma melhoria constante no nível de produção, a fim de permanecer no negócio. Portanto, o desempenho de um lado e os custos de produção do outro têm de ser geridos com cuidado pelos produtores. *Sven Häuser é diretor da EPP (European Pig Producers, Associação Europeia de Produtores de Suínos) Shutterstock 52 54 EUROPA 2 Shutterstock Dicas para consolidar uma marca na Europa Mercado europeu antecipa tendências para todo o mundo texto JONATHAN BANKS* O abastecimento do mercado europeu é muitas vezes difícil. O problema é agravado pela política agrícola da União Europeia de proteger agricultores ineficientes. Além disso, o domínio de uns poucos grupos de grandes supermercados (como Metro, Tesco, Carrefour e Ahold), também, significa que os compradores podem exercer um enorme poder. Isso faz com que as negociações com os fornecedores sejam alongadas em grandes períodos probatórios. A pressão das forças do livre-mercado pode fazer que gestores sintam que as suas negociações com os compradores são unilaterais, com muito poder do lado do comprador. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] O que os fornecedores podem fazer para “nivelar o jogo” e que outras estratégias que eles poderiam considerar? Existem várias maneiras de desenvolver um negócio rentável e sustentável, então vamos explorar alguns. Não há respostas fáceis, embora todos elas têm prós e contras! MARCA FORTE Desenvolver a força de uma marca raramente acontece rapidamente e sem muito investimento. Os proprietários de uma marca muito amada e bem sucedida em seu país de origem muitas vezes precisam lembrar que sua marca não tem esse patrimônio em outros lugares e, portanto, não tem direito automático de ser valorizada. Os fornecedores podem também sentir-se especialmente contrariados quando tempo, esforço e recur- sos investidos no desenvolvimento de novos produtos são copiados e lançados por outras marcas algumas semanas depois, reduzindo assim a vantagem do primeiro. Por outro lado, o pessoal de marketing dos varejistas pode ser muito disposto a compartilhar seus conhecimentos e experiências com os fornecedores certos. Isso permite que você ajuste o seu produto e embalagem para o mercado você quer ganhar. E depois de se familiarizar com esses mercados, você pode querer introduzir uma proposta de marca. Como um fornecedor de marca, você estará sempre em risco de perder seu contrato por um fornecedor de menor custo. Embora seja possível desenvolver relacionamentos com os varejistas, o dinheiro fala - e sempre haverá fornecedores concorrentes – assim, para EUROPA 2 o seu planejamento de longo prazo, é preciso estar certo que você será sempre o fornecedor mais barato. Por definição, apenas um fornecedor pode ser “o mais barato” e, assim, a qualidade que você adiciona ao seu produto por meio de insumos mais caros e bem-estar animal podem não ser percebida para agregar o valor que eles estariam dispostos a pagar. VAREJÕES (DISCOUNTERS, EM INGLÊS) 1962 foi um grande ano na indústria do varejo - com a construção do primeiro hipermercado Carrefour (França), o lançamento da primeira loja Sam Walton (EUA) e o primeiro varejão (ou mercado de bairro) aberto na Alemanha. Os varejões têm crescido sua participação no mercado de forma constante desde então e agora tem 18% do mercado europeu de supermercados. Os varejões usam ações de diversas categorias (incluindo um monte de itens não alimentares), mas com uma escolha restrita dentro de cada categoria. Se você receber uma listagem como a deles, o seu negócio, muitas vezes, será relativamente fácil de gerir. Sua estratégia é “Cada Dia um Preço Baixo” com apenas cerca de 15% das vendas provenientes da atividade promocional. Isso se compara com, por exemplo, mercados do Reino Unido que adotam uma estratégia de ‘HiLo’, contando com promoções para entregar mais de metade do seu volume, tornando a gestão da cadeia de fornecimento e as negociações em torno de preços de custo e subsídios mais complexa. Outros principais diferenciais que marcam a política dos varejões são a listagem de algumas marcas - com quase rótulos próprios que compõem a maioria dos seus estoques. A gama total é baixa demais - geralmente por volta de 1,5 mil, em comparação com o 30-40 mil que você veria em um grande supermercado. Eles também são famosos por terem produtos de boa qualidade a preços muito baixos. Muitos consumidores europeus preferem fazer uma grande compra semanal ou mensal em um hipermercado, se eles têm um varejão ou mercado de bairro nas proximidades para usá-lo para compras isoladas. Você também pode considerar que seu relacionamento não tem nenhuma garantia de longevidade e fornecedores, muitas vezes, após 3 ou 4 anos, perdem o abastecimento para um concorrente mais barato. “O abastecimento do mercado europeu é muitas vezes difícil” INVESTIMENTO NA MARCA Se a sua marca é suficientemente bem diferenciada e tem valor de marca forte, você pode achar mais fácil manter-se nas listas de supermercado. Como isso é conseguido? Por meio do trabalho consistente, o investimento em publicidade, atividades de promoção e desenvolvimento de novos produtos. Mas como você sabe qual dessas “alavancas” usar? A pesquisa de mercado constante é o único caminho. Como uma generalização, a longo prazo, as empresas mais bem sucedidos são aquelas que verdadeiramente colocam o consumidor no centro do seu pensamento todos os dias. Se você já se pegou pensando em reduzir a qualidade de sua embalagem, ou pior, seu produto, por causa do dinheiro que você pode salvar, pense com cuidado, e pesquise como o consumidor vai perceber isso. 55 Há muitas maneiras de medir o retorno sobre o investimento em atividade promocional, mas muitas vezes eu vejo as empresas apenas jogando dinheiro fora, só para “comprar” algum ganho de volume de curto prazo. Muitas vezes há boas razões para fazer isso como para proteger uma listagem, ganhar mais distribuição dentro de um cliente existente ou, talvez, para bloquear ou estragar a atividade de um concorrente. Na minha experiência, vale sempre a pena tomar o tempo e o esforço para compreender o efeito de tal atividade. Ao longo do tempo, isso permite que você direcione melhor seus gastos na promoção entre os varejistas que produzem o maior benefício para você e seus acionistas. DESENVOLVIMENTO DE NOVOS PRODUTOS Você deve sempre seguir em frente em termos dos produtos que você oferece e deve primar em suas embalagens. Há quatro megatendências que trazem consumidores dispostos a pagar mais por um produto antes da crise econômica, durante ela, sem dúvida depois. SÃO ELAS: • Saúde e bem-estar • Premium e indulgência • Conveniência • Ética (por exemplo, animais produzidos de forma sustentável, mais alto e bem-estar dos funcionários, baixas emissões de carbono). E, finalmente, eu desejo a você e sua empresa a melhor sorte em seus esforços e os meus melhores votos a todos vocês para um 2012 feliz e próspero. *Jonathan Banks é consultor e proprietário da Jonathan Banks Associates [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 58 eSTRATÉGIA Estratégia cria oportunidades no mercado mundial de suínos Especialista revela alternativas para se diferenciar na produção de suínos E Shutterstock/SXC texto DENNIS DIPIETRE* stamos vivendo um dos períodos mais interessantes e perigosos na história do moderno setor de produção global de carne suína. Nos últimos cinco anos, temos visto a maioria das marcas confiáveis de produção e desempenho financeiro (muito usadas por mais de uma década para marcar a linha entre o desempenho excelente e a média), literalmente, desaparecer no mar volátil da turbulência econômica e política. Estas mudanças transformaram a fronteira competitiva globalmente e alteraram as regras para o investimento futuro, estratégia e gestão operacional da produção moderna de carne suína. No entanto, neste tempo de incertezas, um tempo tanto grave como de oportunidades mas com risco traiçoeiro, as preocupações com questões operacionais parecem subjugar o interesse em estratégia. A palavra estratégia vem a nós desde os gregos, onde a tradução da palavra “estrategos” significa líder militar. Não é segredo que a fundação da estratégia de negócio moderno e planejamento tático têm sua origem no planejamento militar de milênios atrás. Algumas das melhores declarações e insights sobre estratégia ainda ensinados hoje, tanto em academias militares e nas melhores escolas de negócios em todo o mundo, vêm até nós com PorKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] eSTRATÉGIA a sabedoria do grande filósofo chinês e líder militar Sun Tzu, que viveu várias centenas de anos antes de Cristo. A arte da estratégia é atemporal e sua execução em táticas de sucesso nunca foi mais importante na agricultura moderna e mais especificamente na produção de suínos moderna do que é hoje. A capacidade de envolver-se em pensamento estratégico eficaz e planejamento estratégico é, em parte, impulsionada por um tipo de personalidade e isso nos ajuda a entender por que eles são tantas vezes mal feitos na agricultura de produção, onde a personalidade gerencial domina. “Fins” ou “Meios” A maioria das pessoas que gostam de gestão de negócios tem uma personalidade que é mais confortável enfocando “meios” ao invés de “fins”. Meios são tipicamente maneiras de organizar e operar um negócio, seus planos, táticas, procedimentos operacionais padrão, equipamentos e opções de tecnologia, escolhas genéticas, horários de manutenção de registros, incluindo aferição e controle de custos. No entanto, igualmente importante para a gestão é a estratégia que cai sob a liderança ao invés de gestão. Liderança identifica o “fim” que a empresa procura e, assim, auxilia a orien- A maioria dos gestores tem uma personalidade que é mais confortável enfocando ‘meios’ que ‘fins’ tar os diversos meios de apoio à realização do fim. Embora isso possa soar como ideias simples, a maioria dos líderes de negócios e trabalhadores da produção está perpetuamente focada em itens operacionais e é muito difícil ter tempo para realmente pensar criticamente sobre o ambiente atual e o futuro estratégico além de descrever a direção suprema do negócio de forma clara, penetrante e inconfundível. A própria palavra “gerente” tem a conotação de alguém que acompanha, organiza e executa “meios” e as soluções locais ao invés de levantar acima do dia-a-dia os desafios de questões operacionais para se concentrar na finalidade, singularidade, vantagem competitiva, que são todas as peças-chave da estratégia. O fator-chave que limita o planejamento estratégico eficaz é um conjunto difuso de idéias sobre o que é e como fazê-lo. Estratégia é identificar de forma sucinta o “fim” do negócio com objetivo de alcançá-lo. Ter um propósito claro e definitivo para as diferentes atividades, bem como suas vantagens para a empresa. Outra maneira de pensar sobre estratégia é, em termos de intenção. Eu frequentemente falo com meus clientes sobre o conceito de produção intencional. Produção intencional é diferente do que a produção simples pois engloba, dentro de cada ação, um conhecimento claro e certo do fim buscado, assim como os meios para resolver problemas do dia a dia, que impedem a realização dos objetivos finais. Quando os proprietários e dirigentes de produção podem dizer em uma frase o propósito central, singularidade ou intenção da produção ou suas atividades dentro dele, é incrível como a solução de problemas torna-se mais focada, 59 eficiente e menos correções técnicas para uma série de rupturas. guerra Eu uso o exemplo a seguir, muitas vezes, pois é um exemplo muito claro dos princípios que afirmei acima e ilustra as raízes da estratégia em ações militares. Em 1991, quando os Estados Unidos estavam prontos para invadir o Iraque pela primeira vez, o principal líder militar (strategos) foi o general Colin Powell. Durante uma entrevista de notícias quando a guerra começou, ele foi questionado sobre a estratégia dos EUA. Sua resposta foi: “Nossa estratégia para vencer esse exército é muito simples. Primeiro, vamos cortá-lo e, então, vamos matá-lo”. Note que ele não se voltou para uma explicação de meios (táticas) para realizar este fim, como dizendo: “Primeiro, vamos estabelecer uma estação para a frente militar no Kuwait e depois iremos lançar a primeira onda das tropas, etc”. A simplicidade arrepiante destas duas afirmações “cortar e matá-lo” descreve claramente a formação das duas frentes do ataque que começou com uma guerra aérea (cortando as tropas iraquianas e equipamentos de suas linhas de fornecimento e reforços e neutralizou muitos de seus tanques, etc) e depois a guerra terrestre, onde as tropas dos EUA vieram depois que o campo de batalha foi pulverizado para envolver as forças restantes na batalha. Cada míssil disparado, caça lançado a partir de um porta-aviões ou bombardeio foram táticas (meios) em apoio à realização da estratégia final muito simples e claramente articulada com seu objetivo final na batalha. clareZa Um dos grandes escritores e pensadores sobre gestão do século 20 foi Peter Drucker. Embora tenha escrito [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PorKWORLD 60 eSTRATÉGIA extensivamente sobre ideias de gestão, ele possuía essa capacidade não sem sentido de cristalizar o propósito de um negócio como o general Powell fez sobre as atividades militares. Drucker observou que, se as vendas são o propósito de qualquer negócio e, a fim de obter vendas, um negócio deve criar ou atrair clientes, a empresa tem apenas duas funções básicas: marketing e inovação. lher para realizar atividades de maneira diferente do que os rivais para que uma mistura distinta de valores possa ser entregue para o cliente. Este tipo de clareza no pensamento ajuda a reduzir a complexidade de ambientes em mudança rápida e da miríade de detalhes envolvidos na operação de um negócio a cada dia para entregar um claro senso de propósito que pode atuar como uma espécie de GPS, separando as atividades de propósito e, portanto, importantes do barulho e desordem diária da carne de porco sendo produzida, mantendo a fazenda na pista em direção a seus objetivos. enganos coMuns SXC Michael Porter é uma das melhores vozes na estratégia de negócios, atualmente e nas últimas décadas. Ele é economista e professor da Harvard Business School. Em um artigo seminal publicado na Harvard Business Review (novembro-dezembro 1996) intitulado “O que é estratégia”, Porter revela que a essência da estratégia é esco- Há enormes oportunidades para as empresas que podem desenvolver um conjunto de estratégias eficazes PorKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] Esta mistura distinta de valor é o que me refiro como a intenção. A produção intencional é realizada em um ambiente operacional onde está claramente articulada a mistura distinta de valor, assim o fim ou o propósito das atividades é sempre mais lembrado. Pode-se argumentar que, se a produção de suínos é realizada em um ambiente de mercado de commodities, sem vendas diretas ao consumidor final, a necessidade de uma estratégia é menor. O argumento é que há pouca diferença percebida em suínos produzidos por fazendas modernas ou matadouros. Como são apenas fornecedores de matérias-primas para seus produtos finais processados, a única competição que faz sentido é baseada em controle de custos, em vez de valor maior ou único. Eu quero frizar o argumento de que nada está mais longe da verdade e que as indústrias de alimentos de commodities que operam com essa mentalidade vão, inevitavelmente, em direção ao que Porter se refere a como a competição mutuamente destrutiva. Enquanto a produção de carne suína moderna realiza-se em muitas regiões ao redor do globo, há algumas coisas que formam o ambiente estratégico comum para todos os produtores. A compreensão desses principais de- safios e oportunidades, bem como o ambiente regional/local é crucial para a definição da estratégia. Aqui estão algumas das coisas com que os produtores de suínos em todo o mundo têm de lidar e como eles lutam para produzir uma vantagem competitiva sustentável para a sua empresa e sua região. Se a população mundial está crescendo rapidamente e já ultrapassou sete bilhões de pessoas, mais gente nas próximas duas décadas não significa necessariamente que a demanda rumará mais para a carne. Isto porque a população aumenta mais rápido em lugares mais pobres do planeta onde a dieta típica é de grãos e muito pouca carne. Mais gente realmente significa mais demanda por grãos e pressão de preços, portanto, para os cereais forrageiros e os recursos que hoje são dedicados à produção de gado de grãos (terras aráveis, água, tecnologia de recursos etc.), ou seja, mais exigência por resultados na produção de carnes. MilHo O abastecimento de grãos também sofreu pressão enorme pela demanda dos combustíveis alternativos. Nos Estados Unidos, o maior produtor de milho do mundo, a produção de etanol consumirá, provavelmente, 40% da colheita total do ano-safra. Com o aumento da demanda mundial de commodities, está se tornando evidente que mesmo o etanol e seus subprodutos são susceptíveis de serem fracionados em distintos óleos e outros co-produtos cujo preço agora suporta este processo de separação. Como isso ocorre, a fração de DDGS que retornou como alimento irá diminuir em quantidade e o aumento no custo de alimentação leva a preços cada vez mais elevados. A associação de alimentos com preços do petróleo por meio do etanol sugere que a recuperação global e a eSTRATÉGIA procura por petróleo vão subir os preços de entrada de mercadorias. Os preços do milho triplicaram nos últimos cinco anos e, desde algum tempo, os grãos substitutos ou substitutos parciais do milho também aumentaram dramaticamente seus preços. Em todo o mundo, graves secas afetaram países como a Rússia (que proibiu as exportações de produtos em 2010), Uruguai e Argentina (que enfrentaram secas pela La Niña), bem como partes do Brasil, Austrália, China e da seca histórica nas grandes áreas de cultivo do Texas, mais recentemente. Esses são exemplos de forças fora do controle do produtor que aumentam acentuadamente os preços dos insumos. O aumento dos preços serve a uma função de alocação. Isto significa que os usuários de insumos devem encontrar maiores mercados para seus produtos ou encarar a realidade que o mercado vai alocar seu milho ou outros insumos longe deles para produtores que ainda podem criar valor a partir do uso destes insumos. Políticas retrógradas Para além das catástrofes naturais e o crescimento da população, os governos em países desenvolvidos e nações emergentes parecem empenhados em políticas cujo impacto é calculado para retardar o crescimento da renda (PIB), que inevitavelmente retarda o aumento da demanda por carne e outros produtos de maior qualidade e agrava o problema do crescimento populacional nos países pobres. Onde as leis não proíbem ter filhos (como a política chinesa do filho único), o aumento da renda é um fator-chave associado com a desaceleração do crescimento populacional. Há muitos meios pelos quais as ações do governo, como a política (muitas vezes involuntária) de lento crescimento econômico, desqualificam áreas anteriormente competitivas na produção ou em expansão. Outras políticas que tendem a retardar o crescimento da renda incluem falta de investimento em infra-estrutura, políticas muito agressivas destinadas à redistribuição de renda e restrições adicionais sobre redução de custos e de qualidade mantendo insumos na agricultura, como antibióticos e alimentos OGM. Outras políticas de crescimento desacelerado frequentemente incluem os impostos sobre água e uso de energia e os impostos planejados sobre as emissões de gases de efeito estufa, que irá desencorajar as exportações e favorecer a produção local de alimentos, mesmo que a exportação seja a única oportunidade para o crescimento em países cuja vantagem comparativa na produção de certos produtos já atende a demanda interna. Barreiras comerciais, subsidiando o crescimento da produção doméstica, controles de preços ou proibição de exportações e importações são ainda mais perturbadoras e muitas vezes usadas por governos sem entender seus efeitos secundários e de longo prazo. A maioria dos fatores discutidos acima se combina para produzir choques aleatórios em países e regiões que, gradualmente e às vezes rapidamente, esgotam sua credibilidade. Em tal ambiente, é típico de experimentar um racionamento de crédito. Desde o colapso do mercado global de 2008, a obtenção crédito tem sido quase impossível para muitos produtores e aqueles que podem receber empréstimos muitas vezes têm menos do que o necessário e ao custo de juros mais altos ou termos menos favoráveis. Oportunidades Apesar destes desafios, há enormes oportunidades para as empresas que podem desenvolver um conjunto de estratégias efi- 61 62 eSTRATÉGIA cazes e têm a habilidade gerencial e operacional para executar as estratégias de baixo custo. Com a demanda da China e grande parte da Ásia, a carne suína continua a ser a proteína animal mais consumida no mundo. Se você examinar um mapa do mundo onde a carne de porco é altamente valorizada pelos consumidores mas há limite na renda, você vai encontrar muitas áreas e países cujas perspectivas de aumento da renda per capita são bons para a próxima década. Esses países incluem Coreia, México, China, Vietnã e Rússia enquanto países como Brasil, Japão, Canadá, grande parte da UE e os Estados Unidos não podem aumentar drasticamente o consumo per capita, mesmo por que a medida que os rendimentos aumentam, eles consomem juntos, consomem uma parte substancial da produção mundial e estabilizam uma base de consumo para que outras nações em crescimento tragam um extra. Estratégias de destaque em tempos de desafios nem sempre são evidentes à medida que são essencialmente empresariais e exigem uma empresa imaginativa para assumir os muitos desafios com um conjunto fresco e original de atividades destinadas a distinguir-se dos rivais. A maioria das fazendas, especialmente as maiores, tende a copiar as práticas de líderes da indústria e, portanto, resistir à inovação. As principais marcas, um parâmetro necessário para compreensão da posição competitiva, muitas vezes parecem conduzir a uma concorrência baseada quase exclusivamente no custo, em vez de estratégia e atividades originais. Porter destaca que a simples adoção das práticas de redução de custos de outras fazendas e torna as empresas cada vez mais iguais, em vez de única na sua oferta. Como a conPorKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] corrência torna-se mais exclusivamente baseadas no custo, a competição mutuamente destrutiva pode surgir como resultado de tentar manter o ritmo do outro e envolver em perigosas correções para poupar dinheiro, como o adiamento de manutenção necessária. Outras práticas de produção cada vez mais arriscadas incluem coisas tais como a eliminação de algumas ou todas as vacinas de rotina e necessárias para prevenir doenças, reduzir ou eliminar os ingredientes de certos alimentos, a contratação de trabalhado- A empresa que encontrar a maneira para medir a variação de produção e corrigir rapidamente terá um tesouro de valor não explorado res não qualificados cada vez com salários mais baixos, deixando de investir em novas tecnologias, utilizando fêmeas terminais para melhoramento e outras práticas que prejudicam o lucro sustentável a longo prazo. graal da ProduÇÃo de suínos A característica fundamental que cria valor em uma operação de produção de suínos é o potencial para produzir a longo prazo com baixa variância, maior do que a rentabilidade média da indústria. A definição da estratégia deve começar com este resultado como a intenção de negócios da fazenda. Todas as decisões operacionais, procedimento operacional padrão, o contrato de fazenda, decisão sobre qual gerente contratar, etc, só devem ser realizadas se ele suporta de forma inequívoca este objetivo. Criar uma combinação única ou conjunto de atividades que leva a este resultado é a responsabilidade da liderança. Lucros mais elevados do que a média da indústria ocorrem para empresas que apenas copiam os processos dos outros, mesmo copiando bem. Os componentes críticos de uma estratégia bem sucedida na produção de carne de porco global envolvem práticas que medem variação do resultado pretendido e, em seguida, atenuar rapidamente as causas da variação aumenta os lucros uma vez que a taxa de transferência é maximizada. Esta é a intenção real de qualquer negócio. O segredo do aumento de lucros nos próximos cinco anos não virá de um rápido aumento nas medidas de produtividade média, que é a sabedoria convencional, mas na redução substancial de sua variância no contexto das estratégias de maximização do lucro. A medição da variância foi quase impossível no passado até porque apenas com a tecnologia atual começa a ser viável. As empresas que encontrarem uma maneira para medir a variação de produção e, em seguida, aplicar correções rapidamente para restaurar uma variância baixa durante todo o processo de produção encontrará um tesouro de valor não explorado, não só na redução de custos, mas em aumento de receitas e criação de valor. Esta é a importância fundamental da estratégia e por isso é fundamental para a produção moderna. *Dennis DiPietre é especialista em produção de suínos. 64 EFICIÊNCIA Importância da eficiência na produção de suínos Especialistas fazem comparação entre granjas quanto ao desempenho A texto VLADIMIR FORTES e GLAUBER MACHADO* Agrostock / César Machado o avaliarmos o histórico dos últimos anos, constatamos que a margem de lucro (Resultado Financeiro) das nossas granjas tem diminuído, ou seja, a cada ano que passa nos deparamos com um custo de produção/ kg mais alto e consequentemente uma relação de lucratividade mais baixa. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] Além de um aumento significativo no consumo interno da carne suína, resultado advindo de programas de marketing e estratégias de mercado conduzidos pela ABCS, juntamente com instituições parceiras, o incremento anual em produção verificado em nossos sistemas de produção mostrou-se extremamente significativo. Avaliaremos aqui o aumento na produção de carne advindo de produção em escala industrial, o qual impacta diretamente em nossos preços negociados. “Podemos observar um aumento de 27,57% em produtividade industrial desde 2004” EFICIÊNCIA Podemos observar nos dados do quadro ao lado um aumento de 27,57% em produtividade industrial no período analisado. Assim, observamos que existe ainda uma diferença significativa entre o crescimento em produtividade e o crescimento em consumo, o que nos matém ainda fortemente dependentes do mercado externo, desequilibrando oferta e demanda. TABELA 1 Brasil - Oferta e demanda de carne suína - 2004 a 2010 (mil toneladas) Fonte: Abipecs, Sips, Sindicarne-SC, Sindicarne-PR, Embrapa 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2.708 2.943 2.998 3.026 3.190 3.237 508 625 528 606 530 607 560 2.112 2.083 2.415 2.392 2.496 2.583 2.667 Kg per capita 12,2 11,9 13,3 13,01 13,42 14,24 14,76 TABELA 2 Produção brasileira de carne suína - 2004 a 2010 (mil toneladas) Fonte: Abipecs, Sips, Sindicatos RS e PR, Embrapa Estados/Ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 var. 10/09 585,9 588,7 0,48 Produção industrial (mil toneladas) RS 383,3 416,7 465,6 481,4 528,4 SC 586,9 619,0 732,6 754,3 724,3 751,7 746,9 -0,63 PR 376,1 389,6 430,8 437,2 444,3 487,9 478,4 -1,94 SP 171,2 168,1 170,0 176,6 147,0 147,4 156,0 5,78 MG 213,1 251,8 314,9 335,5 348,1 375,0 397,1 5,88 MS 67,4 71,7 68,5 70,2 70,9 80,5 102,1 26,74 MT 79,1 104,7 111,5 116,2 140,0 152,3 156,1 2,48 108,7 115,1 121,1 127,0 137,6 147,7 GO 97,2 Sub total 1.974,3 Outros estados 159,1 Total industrial 2.133,4 Subsistência Brasil 487,9 7,35 2.130,4 2.408,8 2.492,4 2.529,9 2.718,3 2.772,9 116,7 122,0 151,1 154,1 154,4 2,01 172,6 11,76 2.247,0 2.530,9 2.643,6 2.684,0 2.872,7 2.945,4 2,53 462,2 -0,02 412,3 354,0 342,4 317,3 317,2 2.621,3 2.709,3 2.943,1 2.997,6 3.026,4 3.190,0 3.262,7 2,28 TABELA 3 Dados médios de produtividade Fonte: Integrall Granja A A primeira granja possui um plantel de 1550 matrizes (Granja A), enquanto que a segunda possui 3300 matrizes (Granja B), sendo que os dados médios de fechamento do ano de 2011 (janeiro a novembro) encontram-se na tabela 3. Médias Shutterstock Avaliando os diferentes índices zootécnicos, podemos observar diferentes níveis de eficiência entre as granjas A e B, sendo que a resultante dessas eficiências determinará o resultado financeiro das granjas. 2004 2.620 Exportação O mercado tem se caracterizado pela necessidade de auferir ganhos em escala, e não mais por margens unitárias. Assim, quando discutimos menores margens e necessidade de ganhos em escala, a eficiência técnica se torna fator fundamental para otimizarmos o capital alocado e os novos investimentos a serem realizados. Podemos facilmente compreender a importância em sermos eficientes em nosso sistema de produção, observando a situação real que será aqui descrita: duas granjas que apresentam potenciais produtivos muito próximos (mesmo perfil sanitário, mesma genética e instalações tecnicamente equivalentes). Situação Produção Disponibilidade Agravando ainda mais a situação, percebemos uma inversão gradativa na relação de custo de mão de obra, que passa a representar um importante componente de custo e um desafio de gestão nas granjas brasileiras. EFICIÊNCIA E PRODUTIVIDADE 65 1550 Granja B Médias Nascidos totais 14.35 13.87 Nascidos vivos 13.74 12.89 Desm/porca/ ano 31.51 29.15 Mort. creche 1.32% 1.02% Mort. term 2.46% 3.2% gdp terminação 0.920 0.895 CA (terminação) 2.43 2.52 Entregues/ano 47.368 91.328 3300 [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 66 EFICIÊNCIA TABELA 4 SITUAÇÃO B Demonstrativo de resultado - Suinocultura Fonte: Vladimir Fortes, 2011. Granja A Médias Descrição Médias (+) Receitas 395.632,72 Nascidos totais (-) Custos variável de animais vendido 281.476,76 Nascidos vivos Matéria prima 138.934,59 Desm/porca/ano 31.51 29.15 Milho 127.205,59 Mort. creche 1.32% 1.02% 14.35 13.87 13.74 12.89 Farelo de soja 61.654,52 Mort. term 2.46% 3.2% Medicamentos 15.336,58 gdp terminação 0.920 0.895 0,00 CA (terminação) 2.43 2.52 2.423,72 Entregues/ano 47.368 91.328 Insumos gerais Despesas taxativas de animais vendido (=) Margem de contribuição (-) Custos fixos de animal vendido 50.741,80 Mão de obra 30.774,47 Energia elétrica 7.599,32 Manutenção Gja/Fab 12.368,01 Nascidos totais 14.35 13.87 5.518,11 Nascidos vivos 13.74 12.89 Frota transporte 3.245,61 Desm/porca/ano 31.51 29.15 outros 2.272,50 Mort. creche 1.32% 1.02% 55.472,34 Mort. term 2.46% 3.2% 1.009,84 gdp terminação 0.920 0.895 54.462,50 CA (terminação) 2.43 2.52 4,20 Entregues/ano 47.368 91.328 (-) Despesas fixas de animal vendido (=) Lucro bruto (-) Despesas administrativas** (=) Lucro operacioanal (EBITDA) (+) Receita não operacional (-) Depreciação (=) Lucro antes de juros e IR (LAJIR/EBIT) (-) Despesas financeiras (=) Lucro antes do IR (LAIR) (-) Imposto de renda (=) Lucro líquido (-) Depreciação 111.732,24 SITUAÇÃO A Granja A Médias 1550 Granja B Médias 3300 6.000,00 48.466,70 56,77 48.409,93 0,00 48.409,93 6.000,00 (-) Investimentos 15.995,23 (=) Resultado financeiro 38.414,70 A eficiência reprodutiva da granja A (NT = 14.35) se mostra superior à B (NT = 13.87), inclusive em número de desmamados/fêmea/ano. Desta forma, considerando que o perfil de consumo dos animais é o mesmo para ambas as granjas, podemos dizer que a granja A, no setor de maternidade, dilui mais eficientemente os custos fixos, considerando a melhor produtividade com os mesmos custos. Seguindo o mesmo modelo de avaliação, quando consideramos as taxas de mortalidade de creche, temos a Granja A com 1.32% e a Granja B com 1.02%. Sendo assim, existe maior eficiência produtiva em mortalidade de creche na PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] 3300 Agrostock / César Machado Demonstração de resultados 1550 Granja B Granja B. Entretanto, mesmo considerando o melhor resultado neste índice, a menor eficiência reprodutiva da granja B não permite que os resultados proporcionais se equiparem, ficando clara a necessidade de eficiência no sistema como um todo. Mais adiante, daremos ênfase no item Conversão Alimentar, por se tratar do índice técnico de maior impacto econômico na produção de suínos. Nosso foco atual é não somente a produção de um alto número de desmamados por fêmea, mas principalmente o desmame de animais de excelente qualidade de carcaça e ótima conversão alimentar. EFICIÊNCIA Ainda e não menos importante, precisamos considerar uma granja como eficiente se observarmos a gestão não somente de índices isolados, mas sim a gestão dos índices considerando os reflexos financeiros. Abaixo temos um Demonstrativo de Resultado (DRE) gerido com base nos índices zootécnicos. O DRE não é correspondente a nenhuma das granjas listadas acima, porém, no exemplo poderemos perceber a importância das informações interligadas. “A margem de lucro (Resultado Financeiro) das nossas granjas tem diminuído” Os índices circulados refletem diretamente na diluição ou não dos custos e despesas fixas, como podemos analisar acima. A área que está marcada do DRE terá exatamente aquele valor, independente se o desmamado/porca/ano for 31.51 (A) ou 29.15 (B). Ou seja, o custo por leitão desmamado fica obviamente maior à medida em que se desmama menos por fêmea instalada. Consideremos agora a Situação B, da tabela 4: Os índices zootécnicos acima marcados (mortalidades, GPD e CA) afetam diretamente os custos variáveis, sendo portanto considerados custos e despesas variáveis os itens que aumentam na mesma proporção em que se produz mais, ou diminuem seguindo a mesma lógica. Assim, para os animais que morrem na creche ou na terminação, o custo da ração que já consumiram será contabilizado da mesma forma, porém, esses animais não gerarão receita alguma. Para o índice Conversão Alimentar (CA), seguindo a mesma idéia, quanto menos ração for gasta para ganhar peso, melhor será a relação receita/custo. Os valores de CA acima apresentados pelas granjas A e B demonstram diferença de 0,09 kg, ou seja, são gastos menos 90 gramas de ração na granja A para ganhar um mesmo kg de peso, quando comparada à granja B. 67 A granja B produziu, no período analisado, 91.328 animais, a uma média de 112,45 kg, gerando consequentemente 10.269.833,60 kg de peso vivo. Levando em consideração as 90 gramas a menos da diferença entre A e B, teremos uma economia de 924.285,02 kg de ração. Se considerarmos o custo médio de ração terminação em R$0,67 teríamos uma economia de R$619.279,96 reais nos 11 meses, significando uma economia mensal de R$56.297,36. Entretanto, as boas Conversões Alimentares de terminação encontradas no mercado atual estão em torno de 2,30 (conversão em peso vivo), onde a diferença para a granja B seria 220g de ração a menos por kg, implicando em uma diferença mensal, seguindo mesma metodologia de cálculo, de mais de R$ 130.000,00. Pode-se dizer que esse é o custo de oportunidade por não se trabalhar eficientemente a CA. Vale lembrar que atualmente temos dados de conversão alimentar inferiores a 2:1 em animais de programas de melhoramento genético. Se analisarmos que temos linhagens puras com conversão de 1,9 na fase de termina- TABELA 5 Custo de produção Shutterstock Fonte: Vladimir Fortes, 2011. Média Número animais Peso Preço praticado 1161 119,89 2,40 Maio MAT MOD GGP 274.682,77 30.270,93 30.517,58 678 109,04 2,40 Junho 258.191,24 31.778,11 33.569,36 1038 140,05 2,39 Julho 257.681,35 27.290,32 32.614,64 1174 130,94 2,52 Agosto 303.721,84 29.107,52 26.999,48 1027 126,28 2,46 Setembro 290.071,85 29.530,36 33.613,82 Custo/animal Custo/kg Preço praticado kg 288,95 2,41 2,40 Maio 335.471,28 477,20 4,38 2,40 Junho 323.538,71 305,96 2,18 2,39 Julho 317.586,31 306,50 2,34 2,52 Agosto 359.828,84 Setembro 353.216,03 343,93 2,72 2,46 344,51 2,81 2,43 [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD EFICIÊNCIA Shutterstock 68 TABELA 6 Custo de produção Fonte: Vladimir Fortes, 2011. Número animais Média Peso Preço praticado MAT MOD 1161 119,89 2,40 678 109,04 2,40 1038 140,05 2,39 1174 130,94 2,52 Setembro GGP Maio 274.682,77 30.270,93 30.517,58 Junho 258.191,24 31.778,11 33.569,36 Julho 257.681,35 27.290,32 32.614,64 Agosto 303.721,84 29.107,52 26.999,48 290.071,85 29.530,36 33.613,82 1027 126,28 2,46 Custo/animal Custo/kg Preço praticado kg 288,95 2,41 2,40 Maio Milho 49.81% (26.00) 477,20 4,38 2,40 Junho Farelo de Soja 20.67% (600.00) 305,96 2,18 2,39 Julho Sorgo 65% de sorgo/milho 306,50 2,34 2,52 Agosto 29.52% 343,93 2,72 2,46 Setembro Trigo Micro Aditivos 344,51 2,81 2,43 ção, percebemos que existe ainda um enorme gap de oportunidade entre o potencial genético de conversão e os resultados médios de conversão obtidos nas granjas comerciais. Isso demonstra claramente o espaço pra otimização de manejos, cruzamentos, sistemas de alimentação, sanidade, ambiência, dentre outros fatores. A eficiência zootécnica passa necessariamente por essa otimização, e dela dependemos para buscar os melhores resultados econômicos. Abaixo temos uma sequência de três quadros demonstrando a importância de sermos eficientes na gestão dos nossos custos. No primeiro quadro temos à direita a relação dos itens que compõem o custo de produção: matéria-prima (MAT), mão de obra direta (MOD) e gastos gerais de produção (GGP). Ali podemos perceber que, no mês de junho, um problema sanitário fez com que a granja produzisse pouco a um custo altíssimo, não permitindo diluição dos custos. Consequentemente, o custo de produção médio do período analisado ficou significativamente mais alto. As PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] setas comparam o mês de Junho com Agosto e Setembro, demonstrando que o custo com MAT foi muito próximo dos meses de produção normais. A ineficiência em otimizar o custo frequentemente demonstra essa realidade: níveis de produtividades mais baixos com o mesmo custo observado em níveis de produtividade aceitáveis ou ótimos. No segundo quadro observamos que, ao retirarmos o mês ineficiente, saímos de um cenário de prejuízo considerando o custo de produção frente ao preço praticado, para uma relação positiva, demonstrando o impacto gerado no resultado da granja. A partir do mês de Agosto, poderia ter sido considerada a possibilidade de se reduzir os custos, substituindo parte do milho por sorgo. A tabela 6 abaixo ilustra a situação ocorrida com esta granja. A tabela 7 quadro já demonstra a economia que seria feita com a substituição do milho pelo sorgo a partir de Agosto, sendo que foi considerada uma queda de produtividade de 5% devido a tal mudança nutricional. O impacto da mudança no custo médio do período analisado foi fun- damental para gerar um lucro de R$ 0,06/kg, analisando que antes de se procurar eficiência em custos existia uma situação de prejuízo de R$ 0,38 por kg produzido. Os custos de produção são valores não somente a serem calculados, mas sim gerenciados. Eles devem determinar as próximas ações a serem tomadas dentro da produção. É importante que exista um trabalho conjunto dos técnicos com os gestores do negócio para que, em conjunto, definam e priorizem as mudanças necessárias. A evolução de manejos adaptados às novas realidades produtivas, a evolução do melhoramento genético, o trabalho criterioso sobre cada índice analisado, a absorção de novas tecnologias e o reconhecimento das variáveis mercadológicas são, dentre outros, fatores fundamentais para se atingir um alto padrão de eficiência global na produção. O somatório das variáveis acima descritas determinará se o empresário será eficiente ou não em otimizar seus recursos financeiros. A eficiência em produção se estende desde programas de medicação ajustados à realidade sanitária das gran- 69 Shutterstock EFICIÊNCIA TABELA 7 Custo de produção Fonte: Vladimir Fortes, 2011. Número animais Média Peso Preço praticado MAT MOD GGP 1161 119,89 2,40 Maio 274.682,77 30.270,93 30.517,58 678 109,04 2,40 Junho 258.191,24 31.778,11 33.569,36 1038 140,05 2,39 Julho 257.681,35 27.290,32 32.614,64 1174 124,39 2,52 Agosto 274.754,34 29.107,52 26.999,48 Setembro 261.064,66 29.530,36 33.613,82 1027 119,97 2,46 Custo/animal Custo/kg Preço praticado kg 288,95 2,41 2,40 Maio Custo atual de 2,27 - 2,63 2,40 Junho Custo anterior 2,34 - 2,72 305,96 2,18 2,39 Julho Redução de 2,99% - 3,31% 281,82 2,27 2,52 Agosto Novo C médio 2,37 315,69 2,63 2,46 Setembro 333,92 2,37 2,43 jas até uma gestão financeira com definição de metas produtivas, sempre focando na melhor relação custo-benefício do mercado naquele dado momento. Somente desta forma será possível obter sucesso em um mercado com tendência a economia de escala e caracterizado por fortes oscilações de preços, tanto de insumos como do produto final. Margem de 3% Custo de 2,36 *Vladimir Fortes é gerente técnico da DB Dan Bred. Glauber Machado é consultor da Integrall Soluções em Produção Animal. 70 Shutterstock GRÃOS 1 Os estoques mundiais de milho devem ser menores ao final desta safra A fonte USDA Shutterstock oferta global de grãos forrageiros para 2011/12 tem projeções ligeiramente inferiores em relação à safra anterior, com a menor produção de milho nos EUA e menor produção de centeio na UE-27. Tais quedas são levemente compensadas pela maior produção de sorgo na Argentina, maior produção de milho, cevada e aveia na UE-27, e maior produção de cevada no Cazaquistão. A produção de milho deve diminuir em vários países com a maior queda para o México, onde a produção ficará 3,5 milhões de toneladas menor. Um início tardio para a temporada de verão chuvoso e um congelamento no início de setembro em partes do sul do planalto reduzirão a produção para a safra de verão do México. A menor área esperada para a safra de inverno, que será plantada em novembro e dezembro, também reduz as perspectivas de produção 2011/12. Os níveis dos reservatórios de água estão bem abaixo do necessário para sustentar uma colheita de milho normal nas áreas noroeste, que normalmente são responsáveis por 70 a 80% da produção mexicana de inverno. Aumentos na produção de milho na safra 2011/12 em alguns países compensam parcialmente as reduções no México, os Estados Unidos e Sérvia. A previsão de produção de milho na China foi aumentada em 2,5 milhões de toneladas, com aumento na área e no rendimento, de acordo com as últimas indicações do National Grain of TABELA 1 Oferta mundial de grãos e uso (Em milhões de toneladas) Fonte: USDA Estoques iniciais Produção Importação Interno ração Interno total Exportação Estoques finais Out 168,19 1136,28 113,58 661,22 1148,48 117,14 155,98 Nov 168,12 1135,82 115,61 660,83 1148,82 118,87 155,12 2011/12 Projeção Mundo 1 Agregado / ano de comercialização local. “Grãos” incluem milho, sorgo, cevada, aveia, centeio, milho, grãos e mistos (para EUA exclui espigas e grãos mesclados) // PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] GRÃOS 1 71 Menor oferta mundial de grãos pode elevar custos em 2012 China e do Centro de Informação sobre Óleos. Shutterstock A previsão para a produção de milho da UE-27 foi elevada em 1,9 milhão de toneladas refletindo, principalmente, maiores produções relatadas na França, Romênia e Áustria. A produção argentina também foi revista para cima em 1,5 milhão de toneladas pela maior área cultivada. Os países pertencentes a FSU-12, do mesmo modo, devem produzir mais 0,7 milhões de toneladas nesta safra, com maior rendimento relatado na Bielorrússia e na Rússia. Há também uma série de variações na produção de milho e sorgo na África Sub-Sahariana que reduziu a produção de cereais secundários na região. COMÉRCIO MUNDIAL O comércio mundial de grãos forrageiros em 2011/12 deve ter aumento das importações e exportações mundiais de cevada e milho. As importações de cevada serão levantadas pe- TABELA 2 Maiores exportadores de grãos (Em milhões de toneladas) Fonte: USDA 2011/12 Projeção Maiores exportadores Argentina Austrália Canadá Estoques iniciais Produção Importação Interno ração Interno total Exportação Estoques finais Out 13,25 81,81 1,58 32,53 50,57 33,31 12,76 Nov 12,67 84,03 1,58 32,83 50,88 34,09 13,31 Out 2,42 35,21 0,02 8,01 11,43 23,51 2,71 Nov 2,42 37,41 0,02 8,21 11,73 24,31 3,81 Out 3,04 12,38 0 6,07 7,74 5,01 2,67 Nov 3 12,38 0 6,27 7,94 5,01 2,43 Out 3,53 21,23 1,47 13,5 20,05 2,75 3,42 Nov 3,53 21,23 1,47 13,5 20,05 2,75 3,42 1- Exportações do Mundo e pode não ter equilíbrio devido a diferenças nas campanhas de comercialização de grãos em trânsito, e relatar discrepâncias em alguns países. 2- Argentina, Austrália e Canadá. [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD GRÃOS 1 TABELA 4 Grãos em países selecionados (Em milhões de toneladas) Fonte: USDA 2011/12 Projeção Estoques iniciais Produção Importação Interno ração Interno total Exportação Estoques finais Out Nov Out Nov Out 32,3 32,3 10,36 9,86 54,28 326,32 323,26 63,33 63,33 188,31 2,29 2,29 0,86 0,86 3,93 123,3 120,76 47,05 47,05 131,9 292,98 290,69 54,8 54,8 194,84 43,45 43,19 8,51 8,51 0,27 24,49 23,98 11,24 10,74 51,41 Nov 54,31 190,81 4,93 132,4 197,34 0,27 52,44 Out 5,53 74,85 0,59 38,42 53,85 18,83 8,29 Nov Out Nov Out 5,44 1,93 1,87 2,06 75,75 31,2 31,5 31,4 0,59 0,25 0,25 0,02 38,57 18,2 18,2 10,9 54,25 27,9 28,1 14,2 19,13 2,22 2,42 16,11 8,4 3,27 3,1 3,17 Nov 2,06 31,4 0,02 10,9 14,2 16,11 3,17 Shutterstock 72 Selecionados Estados Unidos Brasil China FSU-12 Rússia Ucrânia Shutterstock 1 Agregado/ano de comercialização local. “Grãos” incluem milho, sorgo, cevada, aveia, centeio, grãos e mistos (para EUA exclui espigas e grãos mesclados). 2 / Total estrangeiros e mundo usam ajustes para refletir as diferenças nas importações mundiais e exportações. 3 importações / exportações do Mundo e pode não ter equilíbrio devido a diferenças nas campanhas de comercialização de grãos em trânsito, e relatar discrepâncias em alguns países. 4 / Argentina, Austrália, Canadá e África do Sul. 5 / A UE-27, México, Japão, selecionados Norte da África e Oriente Médio, Coréia do Sul, Sudeste Asiático e Taiwan. 6 Comércio / exclui comércio intra. 7 / Argélia, Egito, Irã, Israel, Jordânia, Líbia, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia. 8 / Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. TABELA 3 Maiores importadore de grãos (Em milhões de toneladas) Fonte: USDA 2011/12 Projeção Maiores importadores EU-27 Japão México Norte da África e Oriente Medio Arábia Saudita Sudeste asiático Coreia do Sul Estoques iniciais Produção Importação Interno ração 36,68 227,31 84,88 232,62 Nov 37,93 225,57 86,08 Out 15,72 143,55 4,17 Nov 15,7 145,66 3,67 Out 1,12 0,18 19,14 Nov 1,34 0,18 19,14 Out Interno total Exportação Estoques finais 311,31 4,29 33,27 233,5 311,99 5,29 32,3 108,03 146,33 3,76 13,35 109,4 147,61 4,76 12,67 14,45 19,37 0 1,07 14,45 19,37 0 1,29 Out 1,77 31,73 11,43 24,9 41,92 0,1 2,9 Nov 2,71 28,03 12,03 23,5 40,42 0,1 2,24 Out 11,04 26,21 21,78 42,44 49,87 0,19 8,98 Nov 11,16 26,06 22,38 42,94 50,37 0,19 9,04 Out 1,99 0,43 9,01 9,33 9,6 0 1,82 Nov 1,99 0,43 9,21 9,43 9,7 0 1,92 Out 3 24,8 7,06 23,44 31,54 0,25 3,07 Nov 3 24,8 7,06 23,44 31,54 0,25 3,07 Out 1,63 0,34 7,76 5,74 8,12 0 1,61 Nov 1,63 0,34 8,06 6,04 8,42 0 1,61 1-Importações do Mundo e pode não ter equilíbrio devido a diferenças nas campanhas de comercialização de grãos em trânsito, e relatar discrepâncias em alguns países. 2 - A UE-27, México, Japão, selecionados Norte da África e Oriente Médio, Coréia do Sul, Sudeste Asiático e Taiwan. 3- Argélia, Egito, Irã, Israel, Jordânia, Líbia, Marrocos, Síria, Tunísia e Turquia. 8 / Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia e Vietnã. la Argélia, Arábia Saudita e Jordânia com o aumento das exportações da UE-27 e da Rússia. As importações de milho também aumentarão para a China, México e Coréia. A expectativa é de as exporPORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] tações de milho da Argentina e da UE-27 atendam a estes aumentos. Já o aumento das exportações de sorgo da Argentina devem compensar a redução nos embarques de sorgo esperados dos EUA. Consumo global de milho ficará na maior parte inalterado, com maior uso industrial e ração na China e na UE-27 e reduções na Coréia do Sul, no México e nos Estados Unidos. Estoques globais de milho ao final da safra 2011- GRÃOS 1 2012 são projetados para ficar 1,6 milhão de toneladas inferiores, com reduções na UE-27, México, Brasil e Estados Unidos superando os aumentos na China e Argentina. ESTADOS UNIDOS A oferta de grãos forrageiros dos EUA para 2011/12 está projetada para ser menor em relação à safra anterior pois a produção de milho e aveia caiu mais do que o compensado pelos pequenos aumentos para sorgo e cevada. A produção de milho para 2011/12 está prevista em 123 milhões de bushels (cada bushel equivale a 25,4 quilos) a menos, com rendimento médio nacional previsto de 1,4 bushels menos por acre em relação ao mês passado. Com 146,7 bushels por acre, o rendimento deste ano seria o mais baixo desde 2003/04. O uso para produção de rações anumais foi reduzida para 100 milhões de bushels, com o menos culturas e no- vas reduções nas perspectivas para a produção de frangos de corte. Os estoques dos EUA tiveram a projeção reduzida em 23 milhões de bushels no final de 2011. Os preços agrícolas médios ficaram inalterados na temporada, entre US$ 6,20 e US$ 7,20 por bushel. “A taxa de crescimento será menor que nos anos anteriores” Outras mudanças na safra 2011/2012 incluem pequenos ajustes na previsão final para os estoques de sorgo, cevada e aveia, refletindo mudanças neste mês de produção. As projeções sobre as exportações de sorgo foram reduzidas em 10 milhões de bushels. As ven- das e os embarques continuam a frustrar expectativas iniciais. Um aumento de 10 milhões de bushels de sorgo no mercado interno deverá encaminhar o alimento para rações, sementes e industrialização como compensação. Os preços agrícolas projetados para o produto mantêm-se inalterados, mas as margens projetadas serão estreitadas em relação a cevada e a aveia. As mudanças na oferta de milho na safra 2010/11, em sua maioria, refletem um aumento de 13 milhões de bushel produção de rações, sementes e produtos como adoçantes, amido e etanol, todos com base nos últimos dados disponíveis. Além disso, há pequenos ajustes nas importações e exportações com base em dados de comércio do Censo dos EUA a partir de agosto. Estas alterações reduzem o uso para rações e o uso residual da safra 2010/11 em 11 milhões de bushels. 73 74 GRÃOS 2 Milho e soja têm mais área plantada no Brasil em 2012 Mas produção total de grãos deve ser ligeiramente menor texto EVANGEVALDO MOREIRA DOS SANTOS* Shutterstock O PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), por meio da Companhia Nacional de abastecimento (Conab), realiza, sistematicamente, o levantamento da safra agrícola nacional que contribui para a tomada de decisão de diversos agentes econômicos, inclusive para a elaboração, implementação e avaliação de políticas publicas. O acompanhamento da estimativa das safras é realizado em levantamentos mensais dentro do ano safra, que vai de agosto de um ano até julho do ano seguinte. No momento estamos no ter- ceiro levantamento da safra 2011/12, realizado em novembro. As culturas de inverno (trigo, aveia, centeio, cevada, triticale e canola), cultivadas basicamente na região Sul, estão em fase final de colheita e as principais culturas de verão da Primeira Safra estão praticamente estabelecidas na região Centro-Sul, sendo que a semeadura da Segunda Safra está prevista para começar em janeiro de 2012. Na região Nordeste, apenas o oeste da Bahia, o sul do Piauí e o sul do Maranhão estão com a lavoura de soja, milho e algodão em pleno período de implantação. Nas demais regiões destes Estados, o cultivo da safra co- GRÃOS 2 75 Produção total de grãos no Brasil meça a partir do mês de dezembro, quando tem inicio o período de chuvas. Na região Norte, apenas no Tocantins e em Roraima a semeadura está em andamento. As culturas semeadas nesta época são: arroz, soja, milho, algodão e feijão. Os fatores de produção que influenciam diretamente o volume da safra brasileira do período 2011/12 estão bastante favoráveis e indicam que poderemos ter resultados semelhantes àqueles obtidos na safra passada. “As culturas de milho e soja acusam aumento significativo da área semeada nesta safra” É importante registrar que a melhoria da renda dos produtores, no período 2010/11, possibilitou a aplicação de pacote de insumos adequados, o que pode gerar melhorias na produtividade. A modernização do maquinário utilizado na lavoura está eliminando perdas antes significativas, como o desperdício de sementes e fertilizantes, e o mau aproveitamento da área cultivada. 2011/12 2010/11 2009/10 2008/09 2007/08 2006/07 2005/06 2004/05 2003/04 2002/03 2001/02 Milhões de toneladas Fonte: Conab Diferente do que ocorreu no ano passado, quando o início das chuvas ficou atrasando em importantes regiões produtoras do Centro-Sul, neste ano elas começaram na época certa e estão permitindo a realização do plantio no período ideal. No entanto, por influência do fenômeno La Niña, as precipitações estão ocorrendo abaixo da média no Rio Grande do Sul e já sinalizam deficiência hídrica em importantes regiões produtoras, principalmente nas regiões nordeste e sul do Estado. No Centro-Oeste e no Centro-Norte do país, apesar de irregulares, as precipitações estão sendo abundantes e estão favorecendo tanto o plantio como o desenvolvimento e o início da floração das culturas de verão. Entretanto, poderão ocorrer invernadas durante o final do ciclo da soja e prejudicar a sua Fonte: Conab 45.000,00 N/ME 40.000,00 C-Sul 35.000,00 30.000,00 25.000,00 20.000,00 15.000,00 10.000,00 2011/12 2010/11 2009/10 2008/09 2007/08 2006/07 2005/06 2004/05 2003/04 0,0 2002/03 5.000,00 2001/02 Shutterstock BRASIL - Evolução da área plantada por região Safra 2001/02 a 2011/12 (Em mil hectares) [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 76 GRÃOS 2 Brasil - Evolução da Área Plantada Safra 2001/02 a 2011/12 Fonte: Conab 160.000,00 N/ME C-Sul 140.000,00 120.000,00 100.000,00 80.000,00 60.000,00 40.000,00 20.000,00 Shutterstock 2011/12 2010/11 2009/10 2008/09 2007/08 2006/07 2005/06 2004/05 2003/04 2002/03 2001/02 0,0 Posição: novembro/2011 - projeção colheita e o plantio do milho Segunda Safra e do algodão. Neste cenário, com a metodologia própria utilizada, é possível estimar que a safra brasileira de grãos pode chegar a 160,5 milhões de toneladas, pelo cultivo de 51,4 milhões de hectares (posição de novembro/2011). O comportamento climático será determinante para alcançar a estimativa. Shutterstock O aumento da produção não é diretamente proporcional ao aumento de área, porque a produtividade depende da interação dos fatores de produção. Na safra anterior, tivemos um sinergismo excelente. As culturas de milho e soja representaram 81,50% da produção nacional de grãos e, nesta safra, acusam aumento significativo da área semeada, influenciada pela boa perspectiva de mercado e a liquidez obtida pelos produ- PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] tores na safra anterior e que persiste até o momento. Quanto às culturas semeadas a partir de dezembro, o comportamento dos fatores de produção é bastante favorável para o incremento na área e o consequente aumento da produção. Na região Centro-Oeste, o período de chuvas, começou na primeira quinzena de outubro, o que proporcionou a semeadura da soja em período ideal para o plantio da Segunda Safra de milho e de algodão. A melhor época para este tipo de safra vai até dia 15 de fevereiro. “É possível estimar que a safra brasileira de grãos pode chegar a 160,5 milhões de toneladas” Os quadros abaixo demonstram o comportamento da área cultivada e da produção obtida nos últimos anos. Enquanto, há dez anos, a área cresceu 24,13%, a produção alcançou 73,77%. A diferença é resultante do ganho tecnológico gerado pela evolução do produtor brasileiro que se especializou e teve mais acesso ao maquinário moderno. Hoje, mais de 10% dos produtores fazem agricultura de precisão. *Evangevaldo Moreira dos Santos é presidente da Conab 78 RAÇÃO Indústria de alimentação animal registra crescimento de 4,7% em 2011 Setor deve fechar ano com movimento superior a US$ 20 bilhões “O desempenho da indústria de alimentação animal brasileira é dependente do impulso da indústria de alimentos” A texto ARIOVALDO ZANI* produção da indústria de alimentação animal no Brasil deve registrar incremento da ordem de 4,7% em 2011, de acordo com dados do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações). De janeiro a outubro deste ano já foram consumidas mais de 53 milhões de toneladas de rações, segundo a entidade, que estima ainda a produção do setor em 64 milhões de toneladas de ração e movimentação em torno de US$ 20 bilhões em insumos, além de mais de 2,35 milhões de toneladas de sal mineral. Em 2010 a indústria de alimentação animal no Brasil registrou PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] RAÇÃO 79 TABELA 1 Produção de rações (milhões tons) crescimento de GRÁFICO 1 Estimativa de consumo de ração por espécie em 2011 5,3% em relação GADO LEITE GADO CORTE AQUA CÃES E GATOS ao ano anterior. 8% 4% 0,8% 3% De janeiro a dePOEDEIRAS 8% zembro de 2010 EQUINOS foram produzi1% das 61,4 milhões FRANGOS de toneladas de 50% rações e mais 2,15 milhões de toneladas de SUÍNOS 24% sal mineral. O OUTROS Fonte: Sindirações 1,2% crescimento levemente inferior ao de 2010 tem como principal fator ração superior àquela verificada no a estabilidade do desempenho da inano de 2010. A indústria de produção dústria suinícola. Já o avanço da avide aves e suínos, juntas, representa cultura não foi suficiente para deter82% da demanda de rações produziminar evolução no consumo geral de das no Brasil. Segmento 2010 2011* %11/10 Aves 35,1 37,1 5,7 Frangos 30,3 32,2 6,4 Poedeiras 4,8 4,9 1,4 Suínos 15,3 15,4 0,4 Bovinos 7,2 7,7 8,0 Leite 4,6 5,0 8,1 Corte 2,5 2,7 7,7 Cães e Gatos 2,1 2,1 4,0 Equinos 0,57 0,58 1,7 Aquacultura 0,43 0,51 19,8 24,6 Peixes 0,35 0,43 Camarões 0,084 0,084 0 Outros 0,77 0,80 3,9 Total Rações 61,5 64,3 4,5 Sal Mineral 2,15 2,35 9,3 Total 63,6 66,6 4,7 Fonte: Sindirações *Estimativa SUINOCUTURA custo ração 82 106 105 105 110 107 set/11 out/11 102 76 ago/11 112 79 jul/11 115 78 jun/11 83 73 61 102 mai/11 114 75 abr/11 109 70 mar/11 110 jan/11 87 dez/10 102 nov/10 109 fev/11 GRÁFICO 2 Variação nos índices de preços (ração e suino vivo) out/10 A quantidade de carne suína exportada até outubro sofreu recuo de 5% por conta da valorização do real no primeiro semestre e dos embargos comerciais. O aumento no custo de produção determinado pela valorização expressiva dos insumos da alimentação estabeleceu um ritmo acelerado no abate de matrizes e, sobretudo, animais mais leves. Esses fatores combinados têm pressionado o preço do suíno vivo pago ao produtor e mantido a estabilidade do plantel. Alinhada à tendência de estabilidade, a indústria de alimentação animal deve produzir cerca de 15,4 milhões de toneladas de ração em 2011. preço suíno vivo Fonte: SPCS e Sindirações (baseado no Interior de São Paulo) PREVISÕES E CONSIDERAÇÕES PARA 2012 O desempenho da indústria de alimentação animal Brasileira é dependente do impulso da indústria de alimentos que, por sua vez, é modulado pela capacidade de demanda do consumidor doméstico e pelo interesse de consumo dos clientes internacionais. O flagrante esfriamento econômico Brasileiro no último trimestre parece ainda não ter influenciado demasiadamente o preço das carnes no varejo, embora a desaceleração da economia Chinesa e o agravamento da crise fiscal Européia representem risco potencial. A deflagração de uma nova crise financeira global pode ser amenizada no Brasil por sua disciplina na gestão macroeconômica alicerçada em sistema financeiro sólido e moderno, Banco Central autônomo, política de câmbio flutuante e setor público que vem acumulando supe- rávits primários e mais de U$ 350 bilhões em reservas. Os empreendedores Brasileiros poderão suportar uma economia global convalescente se o país continuar a crescer e vencer os desafios dos ganhos de produtividade, disponibilidade de mão-de-obra especializada e mobilização dos investimentos necessários. *Ariovaldo Zani é vice-presidente executivo do Sindirações [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 80 GOVERNO 1 Um ano para Pecuária respondeu por 29,6% do PIB E Shutterstock stamos no momento de fazer o balanço das realizações e de desejar muita prosperidade para o ano que inicia. O olhar para trás nos permite comemorar os acertos e aprender com os erros. Já focar no futuro, nos possibilita traçar metas e recarregar o espírito com expectativas renovadoras. Em 2011, ajustamos o rumo e fechamos o ano com números bastante positivos. O Valor Bruto da Produção (VBP) atingiu o recorde de R$ 205,8 bilhões, o maior desde 1997. Este crescimento, de 11,7% em relação a 2010, foi alavancado pelos produtos como o algodão, uva, café e milho. O PIB do agronegócio alcançou R$ 46,6 bilhões no terceiro trimestre, fortemente impulsionado pela pecuária. A agricultura responde por 70,4 % do PIB do setor e a pecuária, por 29,6 %. O agronegócio emprega cerca de 30 milhões de pesso- PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] texto MENDES RIBEIRO FILHO* as, sendo que entre 16 e 17 milhões encontram-se no setor primário e o restante distribuído pelos diversos segmentos que compõem o agronegócio. Além de produzir a maioria dos alimentos que consome, o Brasil ainda é o maior exportador mundial do complexo soja (grão, farelo e óleo), carnes, açúcar e produtos florestais. No ranking mundial, o país ocupa a liderança na produção de açúcar, café em grãos e suco de laranja, soja em grãos, carne bovina, tabaco e etanol. Somos praticamente auto-suficientes em todos os produtos da cesta básica, com exceção do trigo. Por todos esses fatores, somos considerados a quinta GOVERNO 1 ser repetido do agronegócio do Brasil em 2011 potência mundial do agronegócio. Para 2011/2012, teremos uma leve queda na produção nacional de grãos, chegando a 159,079 milhões de toneladas. CARNES ALAVANCAM PRODUÇÃO Já a produção de carnes (bovinos, aves e suínos) vai ultrapassar a casa das 24 milhões de toneladas, com uma projeção de crescimento de 26,5% para a próxima década. As ex- portações de proteína animal devem conformar um crescimento de 10%. Estamos cada vez mais vendendo para fora e acessando novos países. As exportações brasileiras do agronegócio atingiram o recorde de US$ 92 bilhões, nos últimos 12 meses, uma expansão de 24,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. Nossos produtos já chegam a mais de 200 países. Produzir alimentos é, sem dúvida, uma missão. Temos sete bilhões de pessoas no mundo para alimentar o que redobra a responsabilidade. Será necessário dobrar a produção agrícola mundial em 18 anos para darmos conta da demanda crescente. Internamente, nosso desafio é igualmente grande. Mais de 30 milhões de pessoas cruzaram a linha de 81 82 GOVERNO 1 pobreza e 20 milhões de brasileiros acessaram a classe média. Logo, estão consumindo mais. COLHENDO RESULTADOS Shutterstock Diante deste cenário, a missão do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) se torna ainda mais premente. Ao mesmo tempo em que o Ministério deve ser de todos os produtores, independentemente de porte, localização ou atividade, precisamos resgatar a capacidade de servir à sociedade brasileira e ao agronegócio. E estamos trabalhando duro para isso. A segunda fase da vacinação contra a febre aftosa, encerrada em dezembro, imunizou cerca de 160 milhões de bovinos e bubalinos, superando o índice de cobertura de 2010 que foi de 97,4%. A zona livre da doença no Brasil ultrapassa cinco milhões de quilômetros quadrados, com uma população bovina de aproximadamente 182 milhões de cabeças e suína de 30 milhões. A implantação da Plataforma de Gestão Agropecuária (PGA), ainda em caráter experimental, chancela mais uma exitosa parceria entre o Ministério da Agricultura, e a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e tem como finalidade de instituir um banco de dados agropecuário único, de abrangência nacional e totalmente informatizado. No âmbito do Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), em dezembro, foi lançada a Rede de Fomento da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF), um acordo entre parcerias público-privadas que implicará num compromisso financeiro de investimento na ordem de R$ 2,5 milhões ao longo de cinco anos, iniciativa esta coordenada pela Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). Além do fator tecnológico e das boas condições climáticas, ações governamentais apoiaram o avanço da produção de “A produção de carnes vai ultrapassar a casa das 24 milhões de toneladas em 2012” PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] alimentos, com a concessão de crédito agrícola de baixo custo e o fortalecimento e integração das cadeias produtivas agropecuárias. O crédito beneficiou a produção agropecuária empresarial nas áreas de investimento, custeio e comercialização. Os financiamentos concedidos saltaram dos R$ 30 bilhões, em 2003, para R$ 100 bilhões na safra 2010/2011. Um recorde histórico. DESAFIOS O ano de 2012 nos reserva novos desafios. A política agrícola que está sendo desenhada pelo Ministério deverá levar em conta as necessidades da nova classe média rural que se cria no País. Um dos pontos fundamentais dessa premissa é que os produtores poderão contar com medidas diferenciadas, como juros menores, crédito rotativo e recomposição do perfil do endividamento. Será uma estratégia integrada de apoio ao agronegócio. A política agrícola vai estabelecer uma renda rural compatível e um seguro agrícola eficiente aos produtores, além de garantir investimentos em pesquisa para que mantenhamos nosso protagonismo em inovação e tecnologia. Também irá e que promover a segurança sanitária animal e vegetais tão necessárias para a estabilidade de mercado. Outras ações serão tomadas, entre elas a criação de uma Secretaria de Cooperativismo, para incentivar ainda mais o setor. A regionalização da defesa sanitária vai permitir atuar de forma diferenciada na prevenção da febre aftosa e outras enfermidades e vamos iniciar um grande debate nacional sobre o agronegócio por meio de seminários regionais. O Brasil precisa estar preparado para responder aos desafios que o mundo nos impõe. Para isso, temos que produzir mais, com mais qualidade e de forma sustentável. *Mendes Ribeiro Filho é ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 84 GOVERNO 2 O MDIC lança para setor de carnes Secretário do MDIC detalha ações do PBM para a pecuária industrial Shutterstock texto RICARDO SCHAEFER* PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] setor de carnes é importante para a atividade produtiva e exportadora nacional e o seu crescimento está entre as diretrizes da nova política industrial brasileira, o Plano Brasil Maior (PBM), lançado em agosto deste ano pela Presidenta da República, Dilma Roussef. O setor de carnes tem participação significativa nas exportações brasileiras, somando US$ 12,6 bilhões de janeiro a o u t u b ro de 2011. Esse valor, que cresceu 13,8% frente a igual período de 2010, correspondeu a quase 6% das exportações brasileiras no período e constituiu importante fonte de superávit na balança comercial brasileira. Com efeito, o Brasil se destaca no mercado mundial ao ser o maior exportador de carne de frango e o segundo maior exportador de carne bovina. A nova política industrial, tecnológica e de comércio exterior prevista para o período 2011-2014 é organizada em ações transversais e setoriais e integra instrumentos de vários ministérios. As políticas transversais têm impacto GOVERNO 2 na economia como um todo enquanto as setoriais são especificadas em função da característica, oportunidades e ameaças de cada setor. Entre as oportunidades identificadas no PBM, estão as condições do mercado de commodities excepcionalmente favoráveis para o país no curto e médio prazos. BRASIL MAIOR O Plano propõe um conjunto inicial de medidas, que serão complementadas ao longo do período 2011-2014 a partir do diálogo com o setor produtivo. Entre as medidas já lançadas, encontram-se estímulos ao investimento e à inovação, com desonerações para o setor de bens de capital e medidas de financiamento para o investimento e a inovação, além de novo marco legal para a inovação. A defesa da indústria e do mercado interno foi contemplada com desoneração da folha de pagamento, desenvolvimento de regime especial automotivo, estímulo a compras governamentais e harmonização de políticas de financiamento. Em especial, podem ser destacadas algumas medidas no âmbito do comércio exterior. Foram definidas medidas de desonerações das exportações (como ampliação do ressarcimento de créditos aos exportadores), defesa comercial (intensificação do combate a práticas desleais e ilegais), financiamento e garantias para exportações (como o Fundo de Financiamento Exportação MPME – Proex financiamento e o Enquadramento automático - PROEX EQUALIZAÇÃO, entre outros), além da promoção comercial (definição da Estratégia Nacional de Exportações). 85 CARNES Em particular, o setor de carnes pode auxiliar a meta do PBM de diversificar as exportações brasileiras, ampliando a participação do país no comércio internacional de 1,36% (em 2010) para 1,60% em 2014. Igualmente, pretende-se consolidar competências na Economia do Conhecimento Natural, com a utilização dos avanços proporcionados pela economia do conhecimento para ampliar o conteúdo científico e tecnológico dos setores intensivos em recursos naturais, permitindo que o país aproveite as vantagens na produção de commodities para avançar na diferenciação de produtos. O diálogo com o setor será intensificado por meio da estrutura do PBM, o que tornará as ações mais efetivas e coordenadas para o desenvolvimento do setor de carnes. Serão construídas Agendas Setoriais até o início de 2012, com ações prioritárias para cada setor. Um dos blocos a ser trabalhado no Plano Brasil Maior é a Agroindústria, tendo sido constituído um Comitê Executivo e um Conselho Setorial de Competitividade. Dentro da Agroindústria serão definidos Grupos de Trabalhos para os vários setores. Um desses grupos será dedicado às Carnes, onde participarão representantes do governo, de representação de classe, empresários e trabalhadores. Dessa forma, as políticas públicas voltadas para o setor de carnes, que se apresenta importante para a estrutura produtiva brasileira, vêm sendo articuladas no âmbito da política industrial e serão acompanhadas e aprimoradas, neste e nos próximos anos, em parceria com os representantes do setor. “O setor de carnes tem participação significativa nas exportações brasileiras, somando US$ 12,6 bilhões de janeiro a outubro de 2011” *Secretário-executivo adjunto do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 86 GOVERNO 3 Governo triplica investimento para eliminar texto MARCELO PERRUPATO* Shutterstock A pesar do esforço de investimentos e de realizações, ainda encontramos gargalos que persistem nos diversos modos de transporte. Somente ao longo dos próximos anos, com investimentos crescentes, esses gargalos serão definitivamente superados. Em rodovias, há déficits de capacidade de tráfego na malha em regiões desenvolvidas e inadequação de cobertura nas regiões em desenvolvimento, além de problemas em travessias urbanas. Nas ferrovias, persistem as invasões de faixa de domínio, uma quantidade excessiva de passagens de nível, falta de contornos em áreas urbanas e extensão insuficiente da malha. Mais que nos outros modais, as hidrovias vão exigir especial atenção para eliminar restrições de calado, deficiências de sinalização e de balizamento e a falta de eclusas. A expectativa do Ministério dos Transportes, no entanto, é que a concretização das ações previstas no Plano Nacional de Logística e Transportes – PNLT, priorizando ferrovias e hidrovias, conduzam a um maior equilíbrio na matriz de transportes, o que significa maior economia e melhor aproveitamento energético, com menor emissão de poluentes. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] INVESTIMENTO Nesse sentido, a previsão de investimentos em logística de transportes de uma forma geral, segundo o portfólio do PNLT para o período entre “A previsão de em logística de o período entre aproximadamente GOVERNO 3 87 GARGALOS LOGÍSTICOS Ministério prevê R$ 175 bilhões de investimento até 2015 2012 e 2015, é de aproximadamente R$ 175 bilhões. Vale destacar que o PNLT aponta investimentos para o Brasil, sendo uma proposta para o Estado, destinada a subsidiar a elaboração dos Planos Plurianuais, com horizonte até 2031. Ou seja, os valores apontados em seu portfólio não estão garantidos. O PNLT se limita a indicar onde se deve investir e uma estimativa de investimento. Como estamos tratando mais especificamente de produção agropecuária, considero interessante destacar que a identificação dos principais eixos de escoamento da produção de granéis sólidos vegetais é de suma importância para a definição das políticas de transporte, visto que a maior parte de sua produção encontra-se distante das zonas de exportação. Esses eixos, também conhecidos como corredores de grãos, são fundamentais para a integração e desenvolvimento do país, sobretudo das regiões produtoras. Considerando que os principais portos exportadores por onde é embarcado esse tipo de mercadoria possuem infraestrutura logística específica e que o modo de transporte rodoviário ainda é o principal elo entre as zonas produtoras e as zonas exportadoras, cumpre ressaltar que a expansão das chamadas “fronteiras agrícolas” também tem proporcionado o avanço desse modal como principal meio de escoamento da produção. PRIORIDADES investimentos transportes para 2102 e 2015 é de R$ 175 bilhões” Desde os Estados produtores mais distantes em relação aos portos marítimos até aquelas regiões produtoras localizadas no entorno das zonas de exportação tem se caracterizado como fundamental no deslocamento dos granéis vegetais. Assim, cito, a [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 88 GOVERNO 3 BR-392 É a principal rodovia de acesso ao porto de Rio Grande - RS, interligando ainda outros importantes eixos como BR-158/RS, BR-293/ RS, BR-116/RS. BR-280 Liga o porto de São Francisco do Sul ao interior do Estado de Santa Catarina, conectando ainda outras importantes rodovias que cortam o Estado, como BR-101 e BR-116. BR-277 Conecta o porto de Paranaguá aos principais eixos rodoviários que, ligados às zonas produtoras de grãos, formam o corredor rodoviário de grãos de maior movimentação do país. A BR-277/PR está interligada com as BRs 116, 153, 158, 376 e 476. Outro aspecto dessa rodovia é que a mesma é a principal ligação entre o porto de Paranaguá e o Paraguai. BR-050 É a principal rodovia de acesso ao porto de Rio Grande - RS, interligando ainda outros importantes eixos como BR-158/RS, BR-293/ RS, BR-116/RS. BR-262 Shutterstock É a principal rodovia de acesso ao porto de Rio Grande - RS, interligando ainda outros importantes eixos como BR-158/RS, BR-293/ RS, BR-116/RS. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] seguir, alguns dos principais corredores rodoviários, a partir dos portos com maior volume de embarque desse tipo de produto: Além das rodovias que permitem acesso direto aos portos marítimos, destacam-se ainda outros eixos não menos importantes, que possibilitam o acesso aos terminais de cargas fluviais, como no caso dos portos localizados na bacia do Tietê-Paraná. “As novas “fronteiras agrícolas” também tem proporcionado o avanço do modal rodoviário como principal meio de escoamento” Dentre essas rodovias encontram-se as seguintes: BR-262/MS, BR-267/MS, e BR-376/MS. Na região centro-oeste além das rodovias BR-153, BR-158 e BR-163, existe a BR-364 que é responsável pela ligação leste da referida região até o porto localizado no Rio Madeira no Estado de Rondônia, de onde os produtos seguem para os portos de Manaus - AM ou Santarém - PA, para finalmente embarcarem para o destino final. Essa rodovia também é principal via de acesso ao terminal ferroviário de cargas localizado próximo a cidade Alto Taquari - MT. Ressalte-se que a identificação desses corredores foi obtida a partir dos estudos do PNLT, 2009 e Plano Geral de Outorgas PGO, 2009 e as Pesquisas de Tráfego de 2011, sendo que dados mais precisos sobre tais eixos de escoamento deverão cons- tar como resultado da modelagem das pesquisas de tráfego, realizadas pelo Ministério dos Transportes, em fase de conclusão. Obras nessas rodovias, em travessias urbanas e em acessos a portos das regiões Sul e Sudeste são, portanto, fundamentais para o escoamento da produção. ATÉ QUANDO O Ministério dos Transportes trabalha para garantir uma agenda produtiva e de forte crescimento para os próximos 20 anos, com a retomada do planejamento que está possibilitando os níveis de investimento que vemos agora. O PNLT é um instrumento orientador na formulação de políticas públicas do setor e tem contribuído para uma maior racionalidade e qualificação do gasto público. Mais que um plano, o que se oferece à sociedade é um processo de planejamento permanente, em formato participativo, de Estado, sem qualquer vínculo com mandatos específicos. Temos motivos para acreditar que o portfólio de investimento identificado progressivamente se converterá em obras e, na sequência, em serviços públicos à disposição da população. Portanto, a solução dos problemas de logística passa, necessariamente, pelo prosseguimento da formulação de políticas públicas específicas para o setor, como temos feito, pela execução das obras do PAC e de grande parte das intervenções previstas no portfólio do PNLT. Já tivemos investimentos públicos em infraestrutura de transportes que representavam 0,2% do PIB – isso no final de 2002. Atualmente chega-se a 0,6% do PIB. Acredito que se alcançarmos um patamar acima de 1% já será razoável – cerca de R$ 25 bilhões/ano. Por fim, digo que, atraindo a iniciativa privada, poderemos compatibilizar a eficiência da infraestrutura com o crescimento do País. Isso também já vem sendo posto em prática. *Marcelo Perrupato é secretário de Política Nacional de Transportes 90 SUSTENTABILIDADE Avanço da pecuária passa por uso responsável de RECURSOS NATURAIS Iniciativa Lead, da FAO, aponta alternativas para desenvolvimento sustentável Shutterstock texto FAO (Food and Agriculture Organization)* C entenas de milhões de famílias rurais pobres dependem total ou parcialmente da pecuária para ter renda e subsistência. A pecuária proporciona um constante fluxo de alimentos e receitas e ajuda a elevar a produtividade agrícola pela força de tração animal e do estrume. Um quarto da área terrestre do planeta é usado para alimentação de gado e cerca de um quinto das terras aráveis do mundo é destinado ao cultivo de cereais para alimentar o gado. Isso faz com que a PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] “Os sistemas mistos têm sido a base para a intensificação da agricultura e o aumento da produção” produção animal seja a maior usuária de terra no mundo. A oferta crescente significa que mais pessoas podem pagar pela proteína de alto valor que oferecem os produtos de origem animal. Como resultado, o consumo mundial de produtos de origem animal está crescendo muito mais rápido do que a população mundial. Mas recursos da terra e outros são finitos e a opção de expandir a área de terra usada para o gado a fim de atender à demanda aumentada é, na maioria das situações, impossível. Isto coloca uma grande pressão sobre a base de recursos naturais globais e devem ser encontradas formas pe- las quais a produção de gado possa ser aumentada sem prejudicar o meio ambiente. O gado não destrói o meio ambiente, as pessoas sim. Ignorância, indiferença e políticas que desencaminham o uso de recursos ambientais são responsáveis pela degradação. No entanto, a crescente conscientização e a vontade política devem fornecer oportunidades para explorar o imenso potencial de desenvolvimento que oferece o gado, minimizando danos ambientais. A Iniciativa LEAD (Livestock, Environment and Development), ligada a FAO, está trabalhando para transformar essas questões prioritárias em prática comum e eficaz em todo o mundo. 91 Shutterstock SUSTENTABILIDADE PRODUÇÃO PECUÁRIA INDUSTRIAL A produção industrial de carne suína, de aves, bovina e de carneiro está crescendo mais rapidamente que qualquer outro sistema de produção pecuária. Mais da metade dos suínos e das aves, um décimo da carne de carneiro e mais de dois terços da oferta de ovos mundiais, atualmente, vêm da produção industrial. Os países desenvolvidos dominam a produção intensiva de suínos e aves, mas, nos últimos anos, tem havido uma tendência de larga escala e unidades de produção industrial nos países em desenvolvimento também. O excesso de dejetos da produção industrial deixa grandes quantidades de nutrientes desperdiçados na forma de sobras concentradas. Isto pode criar graves problemas de poluição da terra e das águas subterrâneas, porque o adubo resultante é muitas vezes descartado nas proximidades. As principais forças que favorecem essa tendência são a infra-estrutura pobre e regulamentações fracas. Onde as estradas são inadequadas e os custos de transporte são elevados, as unidades industriais geralmente estão localizadas perto de centros urbanos. Isso já aconteceu na Ásia, por exemplo, onde a produção pecuária industrial se desenvolveu muito rapidamente com fraca legislação regulatória sobre riscos para a saúde humana, especialmente em matadouros inadequadamente regulados e outras indústrias de processamento. Melhorias no transporte farão com que seja possível retornar nutrientes para a terra de onde foram tirados. É provável que as realidades econômicas forcem a produção de gado a se especializar, a fim de fazer uso de tecnologias eficientes. Contudo, os sistemas urbanos de produção de gado, que se multiplicam em nações em rápido desenvolvimento, podem não ser sustentáveis a longo prazo, e a produção de gado precise ser trazida de volta às áreas rurais. Desenvolvimento institucional e de infra-estrutura, juntamente com uma maior valorização do meio ambiente, significa que a agricultura no futuro será semelhante a uma grande fazenda mista composta por empresas especializadas. Shutterstock Shutterstock QUE PODE SER FEITO? Shutterstock INTERAÇÃO DA PECUÁRIA COM A FAUNA Particularmente na África e na Ásia Central, os animais criados para consumo humano, muitas vezes, têm seu habitat em contato por animais selvagens e outros mamíferos de grande porte. Embora os produtores tenham absorvido os danos causados por animais selvagens pela transmissão de doenças, as perdas para os predadores e a destruição de culturas não compensam os benefícios colhidos a partir de conservação da vida selvagem para o turismo. QUE PODE SER FEITO? Há um reconhecimento crescente de que, se bem gerida, a coexistência harmoniosa entre animais selvagens e gado é possível. Em algumas áreas, a gestão local dos animais selvagens, em combinação com a produção de gado, já está aumentando a renda dos pecuaristas e fazendeiros, bem como da biodiversidade. A maioria dos animais selvagens exigem uma redução de não mais de 20% da taxa de lotação de gado, a fim de criar um nicho para a maioria das espécies de vida selvagem prosperar. Este é um exemplo clássico de como os proprietários de animais e o meio ambiente podem se beneficiar. [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 92 Shutterstock SUSTENTABILIDADE SISTEMAS MISTOS Shutterstock Culturas de equilíbrio e pecuária A maior integração de culturas e gado em sistemas de agricultura familiar tem sido amplamente defendida co- mo um meio adequado para melhorar a sustentabilidade. À medida que cada geração precisa de mais terra, no entanto, a disponibilidade de área cai até um ponto de colapso do sistema. O gado, muitas vezes grandes ruminantes, não pode mais ser mantido na fazenda, privando assim a família de força de tração e os nutrientes. Além disso, como os recursos naturais se tornam cada vez mais degradados e a pobreza leva a tensões do desenvolvimento humano. QUE PODE SER FEITO? Em situações de déficit de nutrientes, o progresso pode ser feito aumentando o acesso aos insumos externos, como alimentação animal e fertilizantes, para manter o equilíbrio de nutrientes. A integração da lavoura e pecuária pode ser estimulada com a remoção de subsídios sobre os fertilizantes, alimentos e mecanização, pois isso resultaria em uma melhor utilização de alimentos caseiros, tração animal e adubo. Mesmo em países desenvolvidos, onde a pecuária mista é mais comum e, portanto, mais propensos a sofrer de um excesso do que uma escassez de nutrientes, a eliminação dos subsídios à alimentação e fertilizantes ajudaria a reduzir os danos ao meio ambiente. Shutterstock Cada vez mais a agricultura no mundo se desenvolve em sistema misto de lavoura-pecuária, que abrange cerca de 2,5 bilhões de hectares de terra. Historicamente, os sistemas mistos têm sido a base para a intensificação da agricultura e o aumento da produção. Nestes sistemas, os animais, que não só permitem converter biomassa vegetal em alimentos de alto valor, força de tração e acumulação de ativos, mas também fornecem um mecanismo para importação e concentração de nutrientes, são a chave para sustentar os sistemas agrícolas dos pequenos produtores. Agricultura mista oferece a melhor oportunidade para intensificar a produção agrícola sem causar danos ambientais. Menos reconhecidos são os benefícios para a biodiversidade da utilização de terras mais variadas em sistemas de lavoura-pecuária. Árvores forrageiras, faixas de grama e outras características da paisagem oferecem uma diversidade de habitats para muitos tipos de vida selvagem, incluindo micro-fauna e flora. DESMATAMENTO Desde 1950, mais de 200 milhões de hectares de floresta foram perdidos. Em muitos casos, a produção pecuária tem sido apontada como uma razão importante para estes desenvolvimentos, especialmente na América Latina. No passado, o desmatamento foi incentivado por muitas vezes para registro de propriedade, de crédito, incentivos fiscais e especulação fundiária. Muitos destes incentivos inadequados já foram removidos. As principais causas estão agora na demanda por alimentos de uma população crescente e, possivelmente, a atração financeira da pecuária, quando a fertilidade do solo tem sido exaurida pela produção agrícola. QUE PODE SER FEITO? SXC Intensificação do uso da terra, através de uma combinação de incentivos fiscais e a introdução de tecnologias economicamente viáveis, será uma estratégia principal para a recuperação de áreas degradadas e a desaceleração do desmatamento. PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] *O uso desse artigo foi autorizado pelo escritório da FAO em Roma, Itália. 94 ANÁLISE Rentabilidade da deve ter “A taxa de crescimento será menor que nos anos anteriores” F texto FERNANDO PEREIRA* azer qualquer previsão é mais difícil em períodos de turbulência na economia mundial, como no momento atual. Mas uma gestão eficiente, em qualquer negócio, requer tomadas de decisões importantes, muitas vezes antecipando tendências. E é por isto que a construção de cenários, fundamentados nas melhores informações disponíveis no momento, são de grande valia para os executivos. Tais cenários não podem ser entendidos como “bola de cristal”, nem tomados como algo estático. Ao contrário, devem sempre ser atualizados diante de novos fatos, tendo em conta que os vários fatores envolvidos na sua construção são dinâmicos e muitas vezes também imprevisíveis. Com estas ressalvas, procuramos, a seguir, compartilhar com os leitores da Revista Porkworld, o cenário que tomamos como o mais provável, diante dos indicadores disponíveis neste moPorkwORld [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] mento, para a suinocultura brasileira em 2012. Para começar, destaco quatro fundamentos da conjuntura internacional que devem ser levados em consideração em qualquer projeção para 2012. O primeiro deles é o impacto de uma lenta recuperação da economia dos Estados Unidos atrelado a problemas de desarticulação política em ano eleitoral. Também devemos considerar o risco de uma desaceleração do crescimento chinês, embora com perspectivas de manutenção de alta demanda da China por commodities agrícolas. O terceiro ponto está ligado às enormes incertezas quanto aos desdobramentos dos reajustes da economia europeia que, no mínimo, deverá apresentar retração na taxa de crescimento e terá um período razoavelmente longo para se recuperar. E, finalmente, o fato de que as projeções disponíveis mostram que a produção das três carnes (bovina, suína e de aves), deverá se manter contida nos principais países produtores no decorrer de 2012. Nossas estimativas iniciais apontam para uma redução do custo de grãos, comparado aos preços vigentes em 2011. Esta redução deve compensar uma eventual queda no preço internacional das carnes, na hipótese de um agravamento da crise na Europa. Entretanto, os baixos estoques mundiais de grãos devem impedir que tal redução no preço seja drástica. Isto se confirmando, possibilita que o produtor de grãos também opere com rentabilidade. Vale também destacar o impacto da taxa de câmbio na competitividade brasileira para suas exportações. A sobrevalorização do Real em 2010 e em boa parte de 2011 fez reduzir tremendamente a competitividade de preço para as carnes brasileiras. Paradoxalmente isto tem sido corrigido em parte pelas turbulências vividas pela crise européia. Produção e oFerta Nossas expectativas para a produção brasileira de carne suína no próximo ano é de crescimento muito modesto, limitado aos ganhos de produtividade. São quatro as razões para projetarmos esse baixo crescimento: a ine- ANÁLISE suinocultura sustentação em 2012 Oferta controlada e menor custo podem ajudar o setor xistência de novos investimentos em 2011 que resultasse em produção em 2012; a descapitalização dos suinocultores em 2011, limitando investimentos na melhoria da produção; o processo, ainda em curso, das grandes consolidações ocorridas no setor e, finalmente, o fato de as agroindústrias integradoras terem, como única alternativa, excluindo aquisições externas, um aumento no peso de abate para dar sustentação a um aumento de demanda de matéria-prima para o frigorífico. Custo de Produção O custo de produção deve se manter ainda elevado em 2012, comparado a valores históricos. Entretanto, deve se situar abaixo dos altos níveis verificados em 2011 - trabalhamos com uma redução mínima de 6% no custo médio anual da ração, em relação a 2011. Já o custo de mão de obra seguirá crescente e acima do índice de inflação, em boa parte como decorrência da forte correção do salário mínimo, já definida. Estas projeções são sustentadas pela combinação de excelentes perspec- 95 Tabela 1 | Produção de suínos em países selecionados (em milhares de toneladas) 2007 2008 2009 2010 2011 2012* China 42,878 46,205 48,905 51,070 49,500 51,280 UE-27 22,858 22,596 22,434 22,552 22,530 22,480 EUA 9,962 10,559 10,442 10,186 10,278 10,466 Brasil 2,990 3,015 3,130 3,195 3,227 3,295 Rússia 1,640 1,736 1,844 1,920 1,965 2,020 Fonte: USDA (*Previsão / **Tabela selecionada pela AnimalWorld) Tabela 2 | Consumo em países selecionados 2007 2008 2009 2010 2011 2012* China 42,710 46,691 48,823 52,157 49,810 51,560 UE-27 21,507 21,024 21,057 20,823 20,545 20,595 8,526 EUA 8,965 8,813 9,013 8,653 8,384 Rússia 2,534 2,789 2,688 2,799 2,894 2,719 Japão 2,473 2,486 2,467 2,488 2,481 2,489 Brasil 2,260 2,390 2,423 2,577 2,646 2,726 Fonte: USDA (*Previsão / **Tabela selecionada pela AnimalWorld) tivas de produção de milho e soja no ano agrícola 2011/2012 com as estimativas de uma menor expansão da demanda doméstica de grãos para nutrição animal. Uma pressão adicional para redução do preço de grãos pode advir de uma posição “menos comprada” dos fundos de investimento em commodities agrícolas. Demanda por carne suína A demanda por carne suína tende a se manter boa no próximo ano, mas com poucas possibilidades de aumento relevante no mercado interno. As exportações, cujo volume em 2011 foi o pior dos últimos cinco anos, tem boa chance de ter uma recuperação parcial e, assim, contribuir para sustentação dos preços do cevado. Quanto ao mercado interno, a expectativa é de um crescimento moderado no consumo. Um crescimento mais robusto deverá ser limitado principalmente pela menor expansão da massa salarial e por algum acréscimo da oferta interna de carne bovina. Preço Para estabelecer a estimativa de preço mais provável para 2012, em relação a 2011, temos que recorrer ao fato marcante que resultou do súbito bloqueio da Rússia à carne suína Brasileira, em junho de 2011. Naquele momento e durante algumas semanas seguintes ocorreu forte queda nos preços do suíno para abate, fazendo com que eles ficassem entre os mais baixos do ano quando, historicamente, se caracteriza por um período de preços em recuperação. Por isso, em um contexto de oferta ajustada à demanda e de não ocorrência de imprevistos o cenário mais provável é de um preço médio em 2012 um pouco acima daquele verificado em 2011. Em síntese, a expectativa é de uma melhor relação de troca (preço do suíno e custo da ração), que é o principal determinante da rentabilidade da atividade. *Fernando Pereira é engenheiro agrônomo e presidente executivo do Grupo Agroceres. [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] porkworld 96 ASSOCIAÇÃO 1 A frente e 18kg per capita Shutterstock ABCS, em vista dos resultados positivos, amplia metas para consumo interno D “Projetamos para 2012 muito mais do que fizemos neste ano” PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] texto MARCELO LOPES* e que a união faz a força, não há quem não saiba. Mas que ela é a grande responsável pelo crescimento do associativismo, muitos ainda ignoram. Quando assumi a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), em junho deste ano, trouxe para dentro da entidade essa linha de raciocínio. Acredito que precisamos uns aos outros para trazer o que há de melhor para nossa cadeia, seja na área tecnológica, de produção ou mercado. Mas, mais do que isso, precisamos dessa união para gerir com qualidade uma associação. Atuar com lados sexistas só trouxe divergências para dentro da nossa casa e afastou cada vez mais nossos suinocultores e líderes dessa atividade. E para que haja esse espírito de coletividade é preciso comprovar que estamos no caminho certo, que buscamos sem medir esforços a sustentabilidade de cada um dos produtores nesse Brasil. Por isso, projetamos para 2012 muito mais. Muito mais do que fizemos neste ano. E as atividades não foram poucas. Foi em 2011 que lançamos o tão aguardado Manual de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos, uma publicação de 140 páginas que reúne in- ASSOCIAÇÃO 1 97 avante aos de carne suína formações sobre os principais temas da suinocultura, divididos em 12 capítulos. De maneira didática, trouxemos orientações sobre biosseguridade e ferramentas de controle sanitário, manejos reprodutivo, de terminação e de pré-abates, cuidados na alimentação, gestão ambiental, entre outros. Resultado este de uma parceria certeira entre a ABCS, a Embrapa Suínos e Aves, e o Ministério da Agricultura. Selamos também em 2011 uma relação de confiança com os parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária, que têm acompanhado de perto Projetos de Lei que interferem diretamente na suinocultura brasileira e estabelecem condições, obrigações e responsabilidades nas relações contratuais entre produtores integrados e agroindústrias integradoras. Foi nesse ano também que chegamos a tão esperada marca de 15kg de carne suína no consumo per capita. Mas isso não seria possível sem a parceria das nossas associações afiliadas, parceiros, suinocultores e todos aqueles que acreditaram que era possível virar essa página de estagnação na suinocultura brasileira. Por isso, gostaria de agradecer a parceria de cada um que se dedicou e trabalhou pelo aumento de consumo interno de carne suína e confirmar também que em 2012 vamos juntos executar o PNDS em nove estados e, assim, avançar no crescimento da nossa atividade. Mas quero lembrar a todos que é preciso fazer mais. Ao longo de dois anos, o PNDS realizou cerca de 360 ações em mais de 100 municípios brasileiros, registrou aumentos de 20% a 96% nas vendas GRÁFICO 1 Produção de carne suína (mil toneladas) Fonte: ABCS e Abipecs 3500 3397 3300 3100 3190 3238 3026 2900 Shutterstock 2700 2500 2300 2008 2009 2010 2011 de cortes suínos e através do trabalho realizado pelas afiliadas da ABCS e mais de 1 milhão de pessoas foram sensibilizadas. Além disso, cerca de 13 mil profissionais foram capacitados de forma direta em treinamentos de cortes, oficinas gastronômicas, palestras para médicos e em universidades. Nessa fatia de capacitações mais de 2 mil suinocultores receberam treinamento para melhoria de gestão e manejo, além de consultorias técnicas e de inovação realizadas nas granjas. Esses resultados confirmam que é possível trazer estabilidade para nosso setor investindo aqui mesmo, no Brasil. Então, com o apoio de cada um dos nossos parceiros, a ABCS irá ampliar sua meta para 18 kg per capita de consumo até 2015. E aqui, explico as razões que embasaram a definição da ABCS nessa meta, que apesar de ambiciosa, é coerente com as condições econômicas atuais do País. Nos últimos dois anos em que houve atuação do PNDS no mercado, o aumento da disponibilidade interna ficou em média de 6%. Com a meta de 18kg, nossa projeção é de crescer em média 5% ao ano, de 2012 a 2015. Isso significa em média 3,5 milhões de toneladas de carne suína consumidas pelos brasileiros, valor 21% a mais do que consumimos neste ano. Com a expectativa de crescimento das vendas para os mercados internacionais, chegando a 700 mil toneladas, a produção deverá chegar, em 2015, em torno de 4,2 milhões de toneladas e, segundo projeção recente do MAPA, [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD ASSOCIAÇÃO 1 a produção brasileira de carne suína em 2018 deverá ficar entre 3,7 e 5,2 milhões de toneladas. Ou seja, os mesmos parâmetros de crescimento estabelecidos pela ABCS. Para essa definição da meta também consideramos o índices do PIB nos últimos dois anos, que em 2010 ficou em 7,5% e que em 2011 deverá fechar em 3%. Já para 2012, os analistas preveem valor acima de 4%. O salário mínimo também terá forte influência sobre o consumo interno, pois o aumento de “Acredito que precisamos uns aos outros para trazer o que há de melhor para nossa cadeia” 14,26% leva o mínimo de R$ 545,00 para R$ 622,73. Outro fator decisivo para o aumento do consumo de carne suína no futuro é a evolução da renda do brasileiro. Apenas neste ano cerca de 40 milhões de brasileiros atingiram a classe média, vindos das camadas mais pobres da população. É como se o país tivesse elevado toda a Argentina a uma classe social mais elevada. Isso significa mais gastos com alimentação, mais carne na mesa do brasileiro. E por que não mais carne suína? Os grandes eventos internacionais, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, nos anos de 2013 a 2015 também beneficiarão direto nosso consumo interno. Lembrando que a carne suína é a mais consumida em países da Europa, o que tornará nosso produto bastante procurado por bares, restaurantes e hotéis. Nossos investimentos no Nordeste também poderão fazer a diferença PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] GRÁFICO 2 Exportação (mil toneladas) Fonte: ABCS e Abipecs Shutterstock 98 607 540 530 2008 no aumento de consumo, já que a região registrou um crescimento real de 36,95% entre 2002 e 2010, contra 32% do Brasil no mesmo período e deve manter o ritmo de crescimento no patamar de 7% ao ano, segundo especialistas. O aumento do apoio institucional das Empresas Amigas, bem como o convite formal para a participação da Abipecs nas ações do PNDS em São Paulo poderão ter forte influência no resultado dos próximos anos. E, finalmente, incluímos São Paulo ao PNDS, o maior estado consumidor do país. Mas, mesmo com o vento a favor do nosso crescimento, também temos enormes desafios pela frente. O mi- 520 2009 2010 2011 lidade do nosso rebanho, bem como dos profissionais que atuam na atividade, são considerados alguns dos principais fatores no desenvolvimento do consumo. Para ultrapassar esse cenário a entidade realizou em 2011 efetivos trabalhos e pretende nos próximos anos seguir com a mesma estratégia e consolidar sua atuação. No quadro, listamos medidas definidas para enfrentar esses desafios. Nosso desafio é grande, mas o retorno será ainda maior para a suinocultura brasileira. Se traçamos metas é porque podemos cumpri-las com assertividade. Mas todo esse trabalho só • Modernizar e ampliar a sistema de Registro Genealógico de Suínos. • Priorizar uma política agrícola específica para o abastecimento de milho. • Pleitear no governo federal mais suprimentos e estoque, garantindo ao produtor valores justos no preço dos grãos. • Aumentar as ações políticas por meio da Frente Parlamentar da Agropecuária. • Ampliar as ações do PNDS nos estados participantes e incluir novos estados nas atividades de desenvolvimento do mercado doméstico. • Prosseguir com nossa política de investimento na produção, principalmente nos profissionais que fazem a suinocultura deste país. lho é um deles e neste ano foi o grande obstáculo para nossos produtores que tiveram sua rentabilidade abalada pelos altos índices de correção aplicados ao grão. A produtividade e a qua- será possível com o comprometimento de cada elo da cadeia produtiva. Que juntos possamos ser uma única voz da suinocultura brasileira. *Marcelo Lopes é presidente da ABCS 100 ASSOCIAÇÃO 2 Vendas para a Ásia crescerão de forma relevante em 2012 Hong Kong e China juntos serão o principal destino da carne suína do Brasil texto PEDRO DE CAMARGO NETO* A s exportações brasileiras de carne suína, em 2012, deverão ter como principal destino o mercado asiático. Já em 2011 notamos essa tendência com o crescimento das vendas para Hong Kong, que deixou a Rússia PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] em segundo lugar e ocupou o posto de maior comprador do nosso produto. Essa reversão de rumo das exportações do Brasil foi notada em outubro. Nos primeiros dez meses de 2011, o Brasil exportou 120,73 mil toneladas de carne suína para a Rússia, enquanto vendeu para Hong Kong 107,50 mil t, um crescimento de 32% em relação a 2010. O principal determinante dessa mudança foi o embargo sanitário russo anunciado em 1º de junho e efetivado no dia 15 daquele mês. Foram suspensos todos os estabelecimentos – 85 unidades do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. Esse evento afetou fortemente a exportação de carne suína, pois restaram, inicialmente, dois frigoríficos habilitados a exportar para a 101 ASSOCIAÇÃO 2 EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE SUÍNA JAN / NOV 2011 X JAN / NOV 2010 60000 2010 2011 40000 30000 20000 10000 0 O O O EIR REIR RÇ E MA FEV JAN RIL AB IO MA HO JUN HO JUL O O O BR TO MBRO BR BR TU OVEM EZEM TE OU D SE N OS AG Shutterstock Volume (em toneladas) 50000 “As exportações brasileiras de carne suína, em 2012, deverão ter como principal destino o mercado asiático” 102 ASSOCIAÇÃO 2 EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE SUÍNA Valor comparação (em milhares de dólares) JAN / NOV 2011 X JAN / NOV 2010 2010 2011 160000 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0 O EIR JAN O EIR ER FEV O RÇ MA RIL AB IO MA HO JUN HO JUL O TO RO RO RO BR UB MB ZEMB TEM OUT VE SE DE NO OS AG EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS DE CARNE SUÍNA DEZEMBRO/2010 - NOVEMBRO/2011 160000 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0 dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 160000 140000 120000 US$ Mil 100000 80000 60000 20000 0 dez/10 jan/11 fev/11 mar/11 abr/11 mai/11 jun/11 jul/11 ago/11 set/11 out/11 nov/11 PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] Shutterstock 40000 “O Brasil é o quarto maior exportador mundial de carne suína, mas tem credenciais para liderar o mercado internacional” Rússia. Posteriormente, apenas uma unidade foi autorizada, que permanece exportando até hoje. A China, que em novembro passou a receber os primeiros embarques de carne suína brasileira, e Hong Kong, deverão se tornar juntos, em 2012, o primeiro mercado para o Brasil. A expectativa é de novas aberturas na Ásia, onde o Brasil sonha conquistar o maior mercado importador mundial, o Japão, que compra 1,2 milhão de toneladas anuais e é o que melhor paga, e a Coreia do Sul, quinto cliente, com 400 mil toneladas/ano. As informações que chegam de Tóquio dão conta de que os japoneses ficaram satisfeitos após missão veterinária que visitou o Brasil em agosto, e o processo de aprovação sanitária segue seus trâmites. Também com a Coreia do Sul, que visitou o Brasil em abril de 2010, a troca de informações entre o Ministério da Agricultura e a autoridade sanitária coreana NVQRS prosseguiu, dando continuidade ao processo de aprovação do País. Quando se trata de exportações, a principal barreira continua sendo a sanitária. O Brasil, atualmente, negocia a habilitação sanitária com Japão, Coreia do Sul, Canadá e União Europeia. E aguarda a conclusão do processo de aprovação, pelos Estados Unidos, de frigoríficos brasileiros.** Aos poucos vamos avançando. Durante estes sete anos à frente da Abipecs, nos esforçamos para a abertura de to- dos esses mercados. A boa notícia é que paulatinamente reduzimos nossa dependência do mercado russo, que, em 2006, tinha uma participação relevante no total das exportações brasileiras de carne suína: das 528 mil toneladas embarcadas, 50% se destinaram à Rússia e apenas 14% para Hong Kong. Nos anos seguintes, ainda a Rússia predominou como cliente. O Brasil vendeu ao exterior 606,5 mil t em 2007. Naquele ano, a participação russa foi de 46% e a de Hong Kong, de 17,5%. A Rússia continuou seu caminho descendente como principal destino para as vendas do Brasil. Foram embarcadas 529,4 mil t em 2008, sendo que 42,6% se destinaram ao mercado russo e 20,4% para o de Hong Kong. A Rússia manteve sua participação ao redor de 43% nas vendas brasileiras “Quando se trata de exportações, a principal barreira continua sendo a sanitária” em 2009 (embarques totais de 607,4 mil t) e 2010 (540,4 mil t), períodos em que Hong Kong se manteve entre 20% e 18%. Porém, em 2011, dos cerca de 516,5 mil t exportados, a Rússia viu sua participação declinar para 27,6%, enquanto Hong Kong fez o caminho inverso, subindo para 24,6%. O Brasil é o quarto maior exportador mundial de carne suína, mas tem credenciais para liderar o mercado internacional. Para isso precisamos ser mais ágeis nas negociações de acordos sanitários. *Pedro Camargo Neto é presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs).**O processo foi concluído em 10 de janeiro de 2012. 104 Agrostock / César Machado DESEMPENHO MÃO de OBRA e impactam na competitividade E texto DIRCEU TALAMINI* ntendo que o grande impacto na competitividade da avicultura e suinocultura brasileira e mundial se originou de duas causas. Uma decorre do aumento do custo da mão-de-obra e a outra da mudança e elevado patamar dos preços do milho, principal componente da alimentação dos animais. A expectativa é de que a remuneração da mão-de-obra se mantenha nos níveis atuais por um bom período, o que é um indicador positivo, de desenvolvimento do país. No caso do preço do milho os preços elevados se mantive- PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] ram durante todo o ano de 2011 e devem persistir, talvez com pequena redução, também em 2012. Uma pequena compensação se origina no preço do farelo de soja, que apesar do cereal ser usado na produção do biodiesel, proporciona maior disponibilidade do farelo, fonte de proteína nas rações de suínos e aves. Esta análise deve considerar também a atratividade das exportações que na maior parte do ano de 2011 sofreram com um real valorizado frente ao dólar, mas que nos últimos meses do ano esta moeda teve queda importante na sua relação com o real. Esta desvalorização traz dois benefícios, pois estimula a exportação das carnes e restringe as exportações do milho, beneficiando a suinocultura e avicultura brasileiras. PRODUÇÃO O otimismo dos gestores destas cadeias produtivas determinou bom crescimento da produção, tanto de suínos co- DESEMPENHO Poder de compra de carne com um salário mínimo em 2011 Fonte: Embrapa Aves e Suínos Janeiro 217 kg Junho 244 kg Outubro 231 kg RAÇÃO Aves Variação da produção das diferentes carnes em 2011 Fonte: Embrapa 105 7% Suínos 7% Bovinos -6% Chefe-geral da Embrapa analisa mercado de aves e suínos do Brasil Abate Fiscalizado (SIF), exportações e disponibilidade interna de carnes nos primeiros nove meses dos anos de 2010 e 2011 (em toneladas) Fonte: UBAABEF, ABIPECS, APEC, ABIEC 2010 2011 Variação Produção Frango 7.714.183 8.280.661 7,34% Bovinos 4.158.380 3.887.962 -6,50% Suínos 2.127.268 2.278.529 7,11% Total 13.999.839 14.447.153 3,20% Frango 2.719.217 2.758.899 1,46% Bovinos 905.648 737.606 -18,55% Suínos 404.497 384.464 -4,95% Total 4.029.362 3.880.969 -3,68% Shutterstock Exportações Disponibilidade interna Frango 4.994.966 5.521.762 10,55% Bovinos 3.252.732 3.150.356 -3,15% Suínos 1.722.771 1.894.065 9,94% Total 9.970.468 10.566.184 5,97% [ano 11 | jan/fev 2012 | edição 66] PORKWORLD 106 DESEMPENHO Variação percentual nos preços de produtos diversos em 2011 Shutterstock Fonte: IBGE, USDA, DERAL-PR Crescimento do PIB Câmbio Farelo de Soja - USA Farelo de Soja - Atacado PR Milho - IL USA Milho - Atacado PR Ovo de Galinha Frango Pedaços Frango Inteiro Mortadela Linguiça Salsicha Presunto Carne de Porco Costela Lagarto Alcatra Chã-de-dentro Contra-filé -15,00% mo do frango, que devem chegar a perto de 7% em 2011. Este incremento da oferta foi parcialmente compensado pela redução da oferta de carne bovina que apresentou queda no abate sob fiscalização federal de cerca de 6%. A robustez da economia brasileira permitiu o repasse do aumento dos custos de produção para os preços do consumidor final. Mesmo com este resultado relativamente favorável, deve-se considerar que o cenário futuro é um pouco mais pessimista, pois a crise economia mundial, que até o momento se concentra nos países ricos, esta se aproximando também dos países emergentes e a China, um dos principais motores do crescimento mundial, vem dando sinais de redução da atividade econômica. MERCADO INTERNO O crescimento da renda no Brasil tem sido importante para o setor de carnes do Brasil. O poder de compra do salário mínimo no ano de 2011, mesmo com o aumento no preço das carnes, saiu de 217 kg em janeiro para 231 kg PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] -10,00% -5,00% 0,00% 5,00% em outubro tendo atingido valores máximos de 244 kg em junho e julho. Este aumento foi mais intenso na carne de frango, seguido pela de suínos e se mantido estável na carne bovina. A indicação favorável com respeito ao aumento no salário mínimo em 2012 é positiva para os mercados de carne. A perspectiva de um aumento de 13,62% no valor do salário mínimo a partir de janeiro de 2012 deve ter um efeito significativo na renda das populações de menor renda e um impacto direto na demanda por carnes. Esta breve análise indica um cenário de muita atenção e a necessidade de um acompanhamento cuidadoso da evolução, principalmente da economia internacional. O mercado mundial possui um papel importante na sustentação dos preços e volumes dos produtos exportados assim como no preço dos insumos importados e exportados. Assim, mesmo com uma situação favorável da economia brasileira, a crise que se delineia na economia mundial mostra um sinal amarelo, de precaução, para os tomadores de decisão destes importantes setores produtivos. 10,00% “O otimismo dos gestores destas cadeias produtivas determinou bom crescimento da produção” *Dirceu Talamini é chefe-geral da Embrapa Suínos e Aves 108 guia rápido Gráficos e tabelas para consulta fácil PROdUÇÃO dE SUÍnOS EM PaÍSES SElECIOnadOS (em milhares de toneladas) COnSUMO dE SUÍnOS EM PaÍSES SElECIOnadOS (em milhares de toneladas) 2007 2008 2009 2010 2011 2012* 2007 2008 2009 2010 2011 2012* China 42,878 46,205 48,905 51,070 49,500 51,280 China 42,710 46,691 48,823 52,157 49,810 51,560 UE-27 22,858 22,596 22,434 22,552 22,530 22,480 UE-27 21,507 21,024 21,057 20,823 20,545 20,595 EUa 9,962 10,559 10,442 10,186 10,278 10,466 EUa 8,965 8,813 9,013 8,653 8,384 8,526 Brasil 2,990 3,015 3,130 3,195 3,227 3,295 Rússia 2,534 2,789 2,688 2,799 2,894 2,719 Rússia 1,640 1,736 1,844 1,920 1,965 2,020 japão 2,473 2,486 2,467 2,488 2,481 2,489 Vietnam 1,832 1,850 1,910 1,930 1,960 1,960 Brasil 2,260 2,390 2,423 2,577 2,646 2,726 1,855 1,880 1,936 1,940 1,990 1,990 Canadá 1,746 1,786 1,789 1,772 1,753 1,765 Vietnam japão 1,250 1,249 1,310 1,292 1,255 1,280 México 1,523 1,605 1,770 1,774 1,725 1,755 Coreia do Sul 1,502 1,519 1,480 1,539 1,470 1,510 1,354 Filipinas 1,250 1,225 1,240 1,255 1,260 1,265 México 1,152 1,161 1,162 1,165 1,170 1,180 Coreia do Sul Filipinas 1,275 1,270 1,298 1,358 1,349 1,043 1,056 1,062 1,110 835 1,010 Taiwan 844 819 847 824 844 846 6,330 6,493 6,455 6,614 6,711 6,828 93,778 97,779 100,257 102,546 100,849 102,898 Outros 5,356 5,216 5,177 5,298 5,394 5,432 Outros Total 93,957 97,694 100,405 102,745 101,127 103,433 Total Fonte: USDA (*previsões divulgadas em outubro de 2011) Fonte: USDA (*previsões divulgadas em outubro de 2011) PRInCIPaIS EXPORTadORES (em milhares de toneladas) EUa 2010* 2011** 1790 2094 EU-27 1752 1880 Canadá 1049 1050 Brasil 635 597 China 459 503 Fonte: USDA (*Estimativa, **Previsão) PRInCIPaIS IMPORTadORES (em milhares de toneladas) japão 2010* 2011** 1218 1280 China 894 976 Rússia 854 875 México 596 620 Coreia do Sul 358 562 Fonte: USDA (*Estimativa, **Previsão) PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] EXPORTaÇÕES BRaSIlEIRaS dE CaRnE SUÍna Jan/Dez 2011 x Jan/Dez 2010 Tonelada US$ Mil Preço Médio 2011 2010 % 2011 2010 % 2011 2010 % 34.809 39.062 -10,89 93.029 90.462 2,84 2.673 2.316 15,40 Fevereiro 39.060 36.294 7,62 100.582 83.808 20,01 2.575 2.309 11,51 Março 44.299 50.111 -11,60 117.466 119.500 -1,70 2.652 2.385 11,19 abril 50.944 51.251 -0,60 145.410 132.199 9,99 2.854 2.579 10,66 Maio 44.988 46.028 -2,26 126.645 117.990 7,34 2.815 2.563 9,82 junho 52.752 46.952 12,35 152.134 117.342 29,65 2.884 2.499 15,39 julho 36.104 43.771 -17,52 93.854 108.225 -13,28 2.600 2.473 5,14 agosto 45.887 47.689 -3,78 122.093 115.917 5,33 2.661 2.431 9,46 janeiro Setembro 41.405 51.012 -18,83 113.852 123.705 -7,96 2.750 2.425 13,39 Outubro 46.200 49.713 -7,07 135.236 124.482 8,64 2.927 2.504 16,90 novembro 43.039 43.008 0,07 130.623 115.122 13,46 3.035 2.677 13,38 dezembro 36.931 35.528 3,95 103.747 91.961 12,82 2.809 2.588 8,53 TOTal 516.419 540.418 -4,44 1.434.672 1.340.713 7,01 2.778 2.481 11,98 Fonte: Abipecs guia rápido 109 Matrizes alojadas no Brasil por Estado Estado/ano 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 RS 245.696 255.709 267.101 269.757 296.103 309.603 314.827 Var % 10/09 1,69 SC 362.616 363.781 391.682 388.783 391.720 392.720 386.000 -1,71 Paraná 229.359 233.196 238.517 236.479 234.833 255.528 247.228 -3,25 SP 114.027 112.000 114.677 110.356 95.432 92.055 88.055 -4,35 MG 145.794 151.106 196.920 195.033 210.272 217.758 222.508 2,18 MS 42.641 43.241 42.300 42.300 43.240 45.220 56.514 24,98 MT 46.492 60.118 61.784 62.954 74.954 80.466 82.204 2,16 GO 53.907 58.936 61.554 63.999 67.905 73.155 78.155 6,83 SUB-Total 1.240.532 1.278.087 1.374.535 1.369.661 1.414.459 1.466.505 1.475.491 0,61 Outros 133.549 89.882 96.659 106.152 111.990 111.990 113.406 1,26 Industrial 1.374.081 1.367.969 1.471.194 1.475.813 1.526.449 1.578.495 1.588.897 0,66 Subsistência 961.376 932.405 917.083 886.561 895.249 869.886 869.024 -0,10 Brasil 1.374.081 1.367.969 1.471.194 2.362.374 2.421.698 2.448.381 2.457.921 0,39 Fonte: Abipecs 110 guia rápido PRInCIPaIS dESTInOS da CaRnE SUÍna BRaSIlEIRa Jan/Dez 2011 Países Ton Participação Países US$ Mil Participação HOnG KOnG 129.734 25,12 RUSSIa,FEd.da 393.537 27,43 RUSSIa,FEd.da 126.449 24,49 HOnG KOnG 323.778 22,57 UCRanIa 61.708 11,95 UCRanIa 182.932 12,75 aRGEnTIna 42.032 8,14 aRGEnTIna 129.383 9,02 anGOla 37.742 7,31 anGOla 76.955 5,36 CInGaPURa 23.735 4,60 CInGaPURa 74.426 5,19 URUGUaI 15.956 3,09 VEnEzUEla 48.410 3,37 VEnEzUEla 11.780 2,28 URUGUaI 46.677 3,25 alBanIa 9.198 1,78 alBanIa 25.489 1,78 GEORGIa,REP.da 6.482 1,26 GEORGIa,REP.da 14.993 1,05 EVOlUÇÃO nO COnSUMO dE CaRnES, 2010 a 2019 ano 2007-09 kg/ pessoa/ano 2019 kg/ pessoa/ano Suíno 15,2 16,6 Frango 13,5 15,3 Bovino 9,5 9,7 Ovelha 1,8 2,0 Total 40,0 43,6 Fonte: OCDE-FAO Agricultural Outlook 2010-2019 OUTROS 51.603 9,99 OUTROS 118.092 8,23 TOTal 516.419 100,00 TOTal 1.434.672 100,00 Fonte: Abipecs COnSUMO dE CaRnE POR REnda PER CaPITa nO MUndO TaXaS dE CRESCIMEnTO da dEManda aGREGada E PROdUÇÃO (% anual) 1969 a 1999 1979 a 1999 1989 a 1999 1997-99 a 2015 2015 a 2030 1997-99 a 2030 demanda Mundial 2,2 2,1 2,0 1,6 1,4 1,5 Produção Mundial 2,2 2,1 2,0 1,6 1,3 1,5 ano PIB (USd 1995/Capita) Consumo Carnes, Kg/ano/pessoa 1990 4,353 34,1 2000 5,217 38,6 2010 6,103 43,3 2030 8,286 54,6 2050 11,248 68,8 Fonte: Projections of Global Meat Productions through 2050, Thomas E, Elam, Center for Global Food Issues Fonte: FAO POPUlaÇÃO E CRESCIMEnTO anUal População total Milhões 1997-99 Mundial (ONU) 4 430 5 900 7 207 Em desenvolvimento 3 245 4 573 5 827 Industrializados 789 892 951 979 986 5 2 1 0 Em transição 382 413 398 381 349 0 -1 -1 -2 Fonte: ONU (2001) PORKWORLD [edição 66 | jan/fev 2012 | ano 11] 2015 aumentos anuais (milhões) 1979-81 2030 2050 1995 a 2000 2010 a 2015 2025 a 2030 2045 a 2050 8 270 9322 79 76 67 43 6 869 7935 74 74 66 45