Fenilcetonúria - Invita Nutrição
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Fenilcetonúria - Invita Nutrição
Fenilcetonúria O prognóstico e a evolução da doença dependem fortemente da idade em que o diagnóstico é feito e de quando o tratamento é iniciado A Fenilcetonúria é uma desordem metabólica de tação clínica mais encontrada4. A fenilcetonúria caráter autossômico recessivo, causada pela defici- acomete, aproximadamente, 1:8.000 recém-nas- ência ou ausência da atividade da enzima fenilala- cidos na Europa Ocidental e 1:10.000 nos Estados nina hidroxilase, resultando em redução ou ausên- Unidos, mas é muito mais rara em japoneses e cia da conversão do aminoácido fenilalanina (Phe) quase desconhecida em africanos5. A maior in- em tirosina e, consequentemente, no acúmulo de cidência, 1:2.600, é observada na Turquia6. Já no Phe no plasma e nos tecidos e no aumento na pro- Brasil, a incidência varia nos diversos estados e dução de metabólitos anormais, como fenilactato, regiões, de 1:21.000 a 1:13.500 nascidos vivos7, fenilpiruvato e fenilacetato (Figura 1)1. sendo que, em Minas Gerais, um estudo desenvolvido na Universidade Federal de Minas Gerais O prognóstico e a evolução da doença depen- (UFMG) demonstrou uma incidência de 1:21.1758. dem fortemente da idade em que o diagnóstico é feito e de quando o tratamento é iniciado, mas Monteiro e Cândido9 realizaram uma pesquisa também do tipo de mutação envolvida2. Segundo em 12 estados brasileiros e identificaram 1.225 Trefz e colaboradores , já foram descritas mais de casos. Contudo, admite-se que possam exis- 600 mutações. tir mais casos de fenilcetonúria no país, muitos 3 ainda desconhecidos e sem tratamento, prin- 2 Dentro do grupo de erros inatos do metabolis- cipalmente em indivíduos com idade superior mo de aminoácidos, a fenilcetonúria é a manifes- a 15 anos, os quais estariam com suas funções Figura 1: Metabolismo da fenilalanina na fenilcetonúria1. neurológicas comprometidas. Considerando-se é a deficiência na pigmentação (cabelos, pele e as informações divulgadas pelos órgãos oficiais olhos claros) devido à inibição completa da hi- e comparando-as com os resultados obtidos na droxilação da tirosina pela tirosinase (primeira pesquisa com os centros de tratamento para etapa na formação de melanina)4, 6. fenilcetonúria, somados à inexistência de controles de algumas regiões e ao pouco tempo da As crianças apresentam uma grave dificuldade obrigatoriedade do teste para a detecção da do- de aprendizado e epilepsia, entretanto, o efeito ença, conclui-se que não se tem conhecimento prejudicial no Quociente de Inteligência (QI) tor- de todos os casos brasileiros9. na-se progressivamente menor com o aumento de idade, e é mínimo após os 12-14 anos de ida- Manifestações clínicas de5. Contudo, mesmo tratadas precocemente, crianças e adolescentes fenilcetonúricos com QI Há uma hipótese de que os principais mecanis- normal apresentam uma maior frequência de mos fisiopatológicos da disfunção cognitiva, em transtorno de déficit de atenção e hiperatividade, pacientes com fenilcetonúria, são devido às bai- de problemas escolares e de diminuição da auto- xas concentrações de neurotransmissores cere- nomia comparados com controles saudáveis14. brais e à reduzida síntese proteica causadas pela Além disso, podem apresentar reduções leves na deficiência de absorção de aminoácidos neutros velocidade de processamento mental, dificulda- de cadeia longa quando o teor sanguíneo de Phe des sociais e problemas emocionais, que podem está elevado10. Além disso, segundo Anastasoaie permanecer despercebidos por anos15. e colaboradores11, a variabilidade nos níveis sanguíneos de Phe em crianças tratadas precoce e Já nos adultos com fenilcetonúria, são observa- continuamente também afeta a função cognitiva. das anormalidades no exame neurológico que incluem reflexos rápidos e tremores de intenção O acúmulo de metabólitos anormais e de Phe e de repouso. Sinais mais graves, como espastici- no plasma podem ocasionar graves consequên- dade, são raros, mas podem ocorrer em pessoas cias no sistema nervoso central, ainda durante que não seguem o tratamento, particularmente, a infância, como dificuldades no andar ou falar, se apresentam deficiência de vitamina B1214. Em tremor, eczema, microcefalia, falhas no cresci- estudo com adultos fenilcetonúricos, foi demons- mento, retardo mental progressivo e irreversível4, trado que altos níveis sanguíneos de Phe causam 12 , bem como um odor “mofado” da pele, cabelo, forte efeito negativo sobre o humor16. suor e urina13. Sinais parkinsonianos e anormalidades de comportamento, como hiperatividade, Crianças nascidas de mães com nível sanguíneo agressividade, ansiedade e isolamento social, são de Phe maior que 1200 µmol/L (fenilcetonúria frequentemente observados em pacientes não materna) apresentam dano fetal caracterizado tratados6. Outra manifestação clínica da doença por baixo peso ao nascer, microcefalia, dismorfia 3 Assim, faz-se necessária a realização de exames em todos os recém-nascidos, preferencialmente entre o terceiro e o sétimo dia de vida, independentemente da história de prematuridade, alimentação recebida, uso de medicamentos ou internação hospitalar facial, crescimento pós-natal lento e deficiências ção recebida, uso de medicamentos ou interna- intelectual e de desenvolvimento. Nessas crian- ção hospitalar4, 5, 18. ças, é comum observar doença cardíaca congênita, assim como malformação de outros órgãos. No estudo realizado por Gonzáles e colaborado- Em vista desses riscos, todas as mulheres fenilce- res19 com 121 pacientes fenilcetonúricos, na faixa tonúricas devem ser acompanhadas desde o iní- etária de 1 mês a 46 anos, 76% foram diagnosti- cio da infância . Além disso, no período da pré- cados por triagem neonatal, sendo que 97,7% concepção, estas mulheres devem seguir uma desses pacientes tinham QI normal, enquanto dieta rigorosamente controlada a fim de manter que, dos pacientes com diagnóstico tardio, 46,3% os níveis normais de Phe entre 100 e 250 µmol/L. apresentaram retardo mental, 28,5% estavam no Há também evidências de que, se a dieta é inicia- limite da deficiência e 25,2% tinham QI normal. da entre a 10ª e 12ª semana de gravidez, pode-se Diante disto, percebe-se o impacto do diagnósti- obter um resultado satisfatório6. co precoce sobre o QI. Diagnóstico A fenilcetonúria é detectada pelo “teste do pe- 6, 17 zinho”, cuja obrigatoriedade, para todo o terriOs níveis sanguíneos de Phe são normais ao tório brasileiro, consta no Estatuto da Criança e nascimento em crianças fenilcetonúricas, no en- do Adolescente, inciso III do Artigo 10 da Lei nº tanto esses níveis aumentam rapidamente após 8069, de 13/07/199020, e foi regulamentado pela amamentação, a partir dos primeiros dias de Portaria 822 de 2001 do Ministério da Saúde, que vida9. Porém, a criança é aparentemente normal estabeleceu o Programa Nacional de Triagem durante os primeiros meses, sendo que os sinais Neonatal (PNTN)21. de atraso no desenvolvimento aparecem apenas 4 por volta do terceiro ou quarto mês. As crianças Resultado positivo do rastreamento para hi- tornam-se inquietas, irritadas e podem apresen- perfenilalaninemia ocorre quando os níveis de tar convulsões, além de outros sintomas. Assim, fenilalanina estão acima do ponto de corte, ou faz-se necessária a realização de exames em to- seja, acima de 2mg/dL (120 µmol/L) e devem ser dos os recém-nascidos, preferencialmente entre confirmados por uma segunda análise dos ami- o terceiro e o sétimo dia de vida, independente- noácidos fenilalanina e tirosina, sendo que nos mente da história de prematuridade, alimenta- casos confirmados, a razão fenilalanina/tirosina Quando tratadas nas primeiras semanas de vida e de forma eficaz, as crianças fenilcetonúrias crescem e se desenvolvem normalmente é maior que 3. Nos pacientes com fenilcetonú- tem como intenção fornecer ao organismo apenas ria, a tirosina está diminuída e a análise da urina as quantidades imprescindíveis desse aminoácido apresenta excreção aumentada de fenilpiruvato, para a síntese proteica e a manutenção da homeos- fenilactato e fenilacetato22. tase, e varia de acordo com a idade, o nível de atividade da fenilalanina hidroxilase, a concentração Crianças com níveis acima de 10 mg/dL (600 µmol/L) sanguínea de Phe e a tolerância à Phe. Isto é alcan- devem começar a dieta logo que possível, ideal- çado por meio de uma restrição severa de proteínas mente com 7 a 10 dias de vida. Níveis entre 8 e 10 naturais, já que a maioria das crianças com fenilceto- mg/dL (480-600 µmol/L) persistentes, por pelo me- núria pode tolerar menos do que 500mg/dia de Phe. nos 3 dosagens consecutivas, semanais, também E este aminoácido compõe cerca de 4 a 6% de todas indicam tratamento . as proteínas de origem animal e vegetal24. Tratamento Portanto, para atingir o aporte proteico, há a ne- 22 cessidade de utilização de outra fonte artificial de Assim que a fenilcetonúria é diagnosticada, os pa- aminoácidos essenciais e não essenciais, e/ou a cientes devem ser tratados e acompanhados, perio- produção e disponibilização de alimentos adequa- dicamente, em centros especializados em desordens dos a esses pacientes5. metabólicas. Quando tratadas nas primeiras semanas de vida e de forma eficaz, as crianças fenilceto- Em estudo realizado por Castro e colaboradores25, núrias crescem e se desenvolvem normalmente6. o tratamento evitou o retardo mental em 90% dos Para isso, é de fundamental importância que todos pacientes com idades entre 6 a 12 anos, em trata- os profissionais e as próprias famílias compreendam mento no Serviço Especial de Genética do Hospital plenamente o princípio e a prática da terapia nutri- das Clínicas da UFMG. cional para o tratamento da fenilcetonúria14. É preconizada que a dieta deve ser por toda a vida. O tratamento da fenilcetonúria é basicamente die- Isto é baseado na evidência de que, quando os ní- tético, e consiste na redução dos níveis plasmáticos veis de Phe estão elevados (> 1000 – 1200 μmol/L), elevados de Phe para concentrações consideradas há um pior desempenho cognitivo3, 6. A interrup- não lesivas ao sistema nervoso, conforme a fai- ção prematura do tratamento põe em risco as fun- xa etária do paciente23. A dieta é restrita em Phe e ções cognitiva e emocional, incluindo perda pro5 gressiva do QI e dificuldade de aprendizado, além cetonúria, em concentrações adequadas a cada de distúrbios de atenção e comportamentais12, 26. criança, o que depende da tolerância individual e de acordo com a faixa etária24. A grande maioria dos pacientes adultos que começaram o tratamento logo no início da vida A ausência na dieta, a ingestão inadequada de al- permanecem neurologicamente saudáveis, mas gum dos aminoácidos essenciais ou, ainda, o redu- a possibilidade de algum dano neurológico tar- zido transporte de aminoácidos neutros de cadeia dio não pode ser excluída6. Adolescentes e adul- longa através da barreira hematoencefálica, resul- tos jovens com fenilcetonúria têm dificuldade em ta em um balanço nitrogenado negativo (perda de continuar a dieta e, com isso, em manter os níveis nitrogênio pelo organismo), contribuindo para a sanguíneos controlados de Phe14. perda de peso, crescimento deficiente em crianças e pré-escolares, retardo mental e outros sintomas Importância dos aminoácidos na dieta anormais cognitivos e neurológicos observados na fenilcetonúria. Além disso, a Phe é precursora da tirosina, tornando este aminoácido essencial aos Na saúde, as proteínas da dieta são a fonte primária fenilcetonúricos28. A tirosina é responsável pela de aminoácidos para a síntese endógena. As enzimas formação da norepinefrina, epinefrina e dopamina proteolíticas no tubo digestivo atuam nas proteínas (neurotransmissores do sistema nervoso), além de ingeridas, liberando aminoácidos livres e peptídeos ser precursora da melanina, um pigmento respon- pequenos que são, então, transportados nas células sável pela cor dos cabelos e da pele14. Outro ami- enterais e secretados como aminoácidos livres na noácido que tem sua disponibilidade cerebral afe- circulação sanguínea ou, posteriormente, metaboli- tada é o triptofano, e consequentemente, há uma zados dentro do intestino ou no fígado24. redução na síntese cerebral de serotonina12. Os aminoácidos considerados essenciais para o Recomendações nutricionais para fenilcetonúricos homem são aqueles que não são sintetizados no organismo. A Phe é um dos aminoácidos essen- 6 ciais, além da treonina, triptofano, lisina, leucina, Por ser um aminoácido essencial, é necessário o isoleucina, metionina, valina e histidina27. Por isso, consumo suficiente de Phe para satisfazer as ne- também deve estar presente na dieta para fenil- cessidades corporais. Contudo, alguns pacientes A necessidade proteica dos fenilcetonúricos é conseguida através da fórmula de aminoácidos sem Phe consomem este aminoácido em quantidade me- tas de Phe, em quantidades específicas, de acordo nor à prescrita. Por isso, reforça-se a necessidade com os níveis sanguíneos de Phe, a fim de garantir de acompanhamento da quantidade consumida quantidades suficientes desse aminoácido para pro- de Phe pelos pacientes, para que não haja excesso mover o crescimento ideal das crianças durante os ou déficit, e para que um estado nutricional ade- dois primeiros anos de vida5, 32. quado seja mantido nos mesmos29. Segundo Dermikol e colaboradores14, pacientes A necessidade proteica dos fenilcetonúricos é con- com fenilcetonúria que foram amamentados quan- seguida através da fórmula de aminoácidos sem do bebês tiveram resultados significativamente me- Phe e das proteínas vegetais, por isso, a dieta para lhores no QI em comparação com crianças que ti- fenilcetonúria é definida como “vegetariana não ate- nham sido alimentadas apenas com a fórmula isen- rogênica”, devido à ingestão reduzida de proteína e ta de Phe. Em estudo realizado no Núcleo de Ações lipídeos de origem animal, colesterol e ácidos graxos e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (NUPAD), Kanufre saturados, além de alto consumo de fibra dietética30. e colaboradores33 concluíram que é possível utilizar A ingestão proteica total que uma criança com fe- o leite materno como fonte de Phe no tratamento nilcetonúria necessita é de 3 g/Kg/dia. Este valor é da fenilcetonúria, com controle adequado dos ní- maior ao recomendado para crianças normais (1,14 veis sanguíneos deste aminoácido e crescimento – 1,77 g/ Kg/dia), devido à menor utilização da pro- dos pacientes dentro dos limites da normalidade. teína na forma de aminoácidos livres31. Além disso, No caso específico da fenilcetonúria, deve ser acres- no primeiro ano de vida, as necessidades de Phe são centado, entre todos os benefícios inerentes à con- relativamente altas devido ao rápido crescimento da duta adotada, o reforço positivo no vínculo afetivo criança, uma vez que 50% da fenilalanina ingerida entre mãe e filho, com reflexo afirmativo na aceita- por uma criança normal de um ano de idade é utili- ção da doença e na adesão ao tratamento33. zada para síntese proteica4. A Phe prescrita na dieta varia de acordo com os níveis Tendo em vista as grandes vantagens biológicas e séricos deste aminoácido e, por isso, são monitorados de desenvolvimento, como presença de hormônios frequentemente. A quantidade de calorias e de líqui- e de fatores imunológicos e de crescimento, o leite dos é a mesma recomendada para indivíduos normais. materno pode ser encorajado para os fenilcetonúri- Em relação aos micronutrientes, tem sido observada cos13, utilizando-o em associação com fórmulas isen- uma ingestão menor de vitaminas A, C, E, B2, B6 e B12, 7 Portanto, o tratamento deve ser monitorado por controle regular da dieta, além de avaliação do desenvolvimento neurológico, físico, intelectual e comportamental, bem como o monitoramento bioquímico além de selênio, coenzima Q10, folatos, ferro, zinco, camente significativo no fornecimento de selênio, cálcio, carnitina e ácidos graxos poli-insaturados14. o que representou 72,9% da oferta diária total No Brasil, especialmente na região nordeste, a te- na ingestão do micronutriente. De acordo com rapia dietética para o tratamento da fenilcetonúria esses autores, justifica-se recomendar a comple- é difícil de implementar, devido à pouca variedade mentação de selênio para os pacientes com fe- de alimentos disponíveis aos pacientes, o que pode nilcetonúria, de preferência pelo uso continuado agravar a deficiência de nutrientes. Diante disso, al- de substitutos proteicos complementados com guns estudos tem sido realizados para se verificar o mineral em todas as faixas etárias. É importan- os níveis de elementos traços na população fenil- te que se faça investigação criteriosa da ingestão 34 cetonúrica brasileira. Barretto e colaboradores e, também, sempre que possível, ou quando se conduziram uma pesquisa na Bahia com pacientes considerar necessária, avaliação dos marcadores entre 0 e 20 anos de idade em uso da dieta especial. bioquímicos do selênio corporal com o objetivo Foi constatado que os níveis de zinco e selênio es- de se evitar maiores danos à saúde, advindos da tavam abaixo do normal em 37,5% e 90,6% dos in- deficiência desse nutriente35. divíduos, respectivamente, enquanto que os níveis 8 de cobre estavam normais. Esses autores concluí- A dieta do fenilcetonúrico é muito pobre em fer- ram que as crianças e os jovens brasileiros com fe- ro com boa disponibilidade, e sua absorção pode nilcetonúria apresentam deficiência de selênio e a estar alterada pela relação com outros micronu- biodisponibilidade de zinco pode ser afetada pelo trientes no intestino. Assim, recomenda-se a su- excesso de fibras, fitatos e outros minerais presen- plementação de ferro elemento, na dose de 1 a tes na dieta vegetariana do fenilcetonúrico. 2 mg/kg/dia durante o tratamento36. Em estudo realizado em Minas Gerais por Alves e A restrição ao consumo de proteína também pode colaboradores35 com crianças fenilcetonúricas de resultar em uma baixa capacidade antioxidante 4 a 10 anos de idade, foi observado um consumo total, que pode predispor ou contribuir para o es- médio de selênio muito abaixo do recomendado, tresse oxidativo, trazendo, como consequência, apenas com a alimentação natural. E quando foi doenças cardiovasculares. Em geral, o risco de fornecida uma mistura de aminoácidos comple- estresse oxidativo em fenilcetonúricos pode estar mentada com selênio, houve aumento estatisti- relacionado com a produção excessiva de espé- Em pacientes com fenilcetonúria, é necessário o uso de substitutos proteicos para fornecer a quantidade diária de proteína, necessária ao crescimento e desenvolvimento adequados, e para controlar os níveis séricos de Phe cies reativas, devido à doença em si ou aos meta- cional da fenilcetonúria é complexo e demorado, bólitos associados, como também com a restrição exigindo conhecimento de alimentos e receitas, alimentar aliada, principalmente, às deficiências habilidades de cozinha e medição contínua dos de selênio, zinco, ubiquinona-10 e carnitina37. alimentos. A restrição de uma dieta que é, em última análise, focada no limiar de uma ingestão Os fenilcetonúricos correm risco em desenvol- calculada de Phe assume o risco de deficiência de ver deficiência de micronutrientes nas seguintes nutrientes. Portanto, o tratamento deve ser mo- situações: quando não utilizam as fórmulas de nitorado por controle regular da dieta, além de aminoácidos que contenham os micronutrientes avaliação do desenvolvimento neurológico, físico, essenciais; quando têm fenilcetonúria leve trata- intelectual e comportamental, bem como o moni- da apenas com dieta com baixo teor de proteína; toramento bioquímico14. quando são tratados com BH4 sem a suplementação com a mistura de aminoácidos; e quando rela- Adesão à dieta xam ou interrompem o tratamento dietético, mas não consomem proteína animal24. A adesão é a medida do comportamento de uma pessoa que corresponde com as recomendações Por isso, a importância do planejamento dietético de um profissional da saúde, seja seguindo uma da fenilcetonúria, que consiste em prescrição die- dieta, tomando um medicamento ou mudando tética com baixa quantidade de Phe, geralmente seu estilo de vida38. A adesão dietética na fenil- associada a fórmulas industrializadas isenta de cetonúria pode ser avaliada através de medidas Phe. Em crianças, essa fórmula para fenilcetonúria como a adesão autorelatada, a concentração de é combinada com uma fórmula láctea para pro- Phe plasmática, a avaliação da dieta através de re- ver proteínas de alto valor biológico, promoven- gistro alimentar, o controle da emissão e retorno do o crescimento adequado. Os outros alimentos de produtos como a fórmula de aminoácidos, e são introduzidos de acordo com a idade e sempre técnicas de observação como a vídeo vigilância39. controlando a ingestão total de Phe26. O tratamento de fenilcetonúria, apesar de ser esObserva-se que o tipo de dieta para fenilcetonúria sencialmente dietético, necessita de um trabalho de proporciona um elevado teor de carboidratos e equipe interdisciplinar, composta por médicos, nutri- baixas concentrações de lipídeos. O manejo nutri- cionistas, psicólogos e assistentes sociais. Estes profis9 As fórmulas de aminoácidos são componentes fundamentais no tratamento da fenilcetonúria, e o seu fornecimento aos pacientes é indispensável sionais, atuando nas áreas específicas, também con- Phe, podendo ser acrescentadas de carboidratos, tribuem para a ratificação da importância da adesão gorduras, vitaminas, minerais e elementos traços à dieta que é mais fácil nos primeiros anos de vida40. para suprir as necessidades nutricionais de diversas faixas etárias, porém, como não contêm prote- Trabalhos, realizados no Ambulatório de Fenil- ínas intactas, a fonte de nitrogênio provém, exclu- cetonúria do Hospital das Clínicas da UFMG, têm sivamente, dos aminoácidos livres4. As fórmulas demonstrado que o controle dos níveis de Phe diminui, progressivamente, com a idade41. À medida que as crianças vão crescendo e adquirindo maior independência e autonomia, as transgressões dietéticas aumentam, dificultando o controle dos níveis séricos de Phe42, 43. A utilização de produtos com baixo teor proteico torna, teoricamente, mais fácil a adesão à dieta, de aminoácidos são componentes fundamentais no tratamento da fenilcetonúria39, e o seu fornecimento aos pacientes é indispensável. É aconselhado dividir a ingestão diária da fórmula de aminoácidos em, pelo menos, três partes iguais e em combinação com alimentos com baixo teor de proteína. Esta prática reduz a variabilidade do teor de Phe no plasma a uma taxa quase equiva- fornece energia e melhora a variedade da dieta44. lente à da condição fisiológica normal (alteração Contudo, no Brasil, a baixa disponibilidade des- média de 40 µmol/L por dia) e, assim, produz con- ses alimentos faz com que a dieta seja monótona, centrações mais estáveis de Phe no sangue45. pouco atrativa e de difícil adesão29. Quanto maior a dose única de aminoácidos livres, Substitutos proteicos maiores são a utilização oxidativa e a perda de nitrogênio pela urina46. O consumo dos aminoá- Em pacientes com fenilcetonúria, é necessário cidos em dose única pode resultar em náuseas, o uso de substitutos proteicos para fornecer a vômitos, tontura, diarréia, mudanças na excreção quantidade diária de proteína, necessária ao cres- de nitrogênio e no metabolismo catabólico, dimi- cimento e desenvolvimento adequados, e para nuindo as taxas de glicose e lactato e aumentan- controlar os níveis séricos de Phe2. do os níveis de insulina no sangue4. As fórmulas encontradas no mercado para tra- Os padrões de aminoácidos utilizados nas fórmulas tamento da fenilcetonúria são constituídas de misturas de aminoácidos sintéticos, isentas de 10 para fenilcetonúria são baseados na composição aminoacídica do leite humano, contudo, há varia- Referências ções nas quantidades em diferentes formulações, o que pode influenciar a biodisponibilidade24. A dosagem da fórmula de aminoácidos isenta de Phe é determinada pela tolerância individual à Phe e pela necessidade proteica total. A quantidade ideal dessa fórmula é baseada na recomendação proteica para indivíduos saudáveis, na assimilação dos aminoácidos livres comparados com a proteína intacta e em estudos sobre o controle metabólico com diferentes concentrações da fórmula. Na fenilcetonúria, embora não haja dados que indiquem que uma dose mais elevada da mistura de aminoácidos livres é necessária quando se dá na forma isolada ao invés da proteína intacta, um fator de compensação adicional de 1,2 é utilizado. Este ajuste de, aproximadamente, 20% é aplicado para compensar as perdas devido à digestibilidade e à qualidade da proteína24. A fenilcetonúria é uma das poucas doenças genéticas em que o retardo mental pode ser prevenido com diagnóstico precoce e terapêutica efetiva22. Para tal, é fundamental a implementação de tratamento e acompanhamento multidisciplinar adequados, que promovam o crescimento e desenvolvimento normais dos pacientes. 1. van Calcar, S.C.; Ney, D.M. Food products made with glycomacropeptide, a low-phenylalanine whey protein, provide a new alternative to amino acid–based medical foods for nutrition management of Phenylketonuria. Journal of the Academy of Nutrition and Dietetics, 112 (8): 1201-1210, 2012. 2. Giovannini, M.; Verduci, E.; Salvatici, E.; Paci, S.; Riva, E. Phenylketonuria: nutritional advances and challenges. Nutrition & Metabolism, 9: 1-7, 2012. 3. Trefz, F.; Maillot, F.; Motzfeldt, K.; Schwarz, M. Adult phenylketonuria outcome and management. Molecular Genetics and Metabolism, 104: S26–S30, 2011 4. Mira, N.V.M.; Marquez, U.M.L. Importância do diagnóstico e tratamento da fenilcetonúria. Revista de Saúde Pública, 34 (1): 86-96, 2000. 5. Hendriksz, C.J.; Walter, J.H. Update on phenylketonuria. 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J o s é Câ n d i d o d a S i l ve i ra , 2 1 0 0 • B a i r ro Ho r to 3 1 0 3 5 - 5 3 6 • B e l o H o r i z o n t e • M G • Te l [ 3 1 ] 3 4 8 6 4 1 6 7 w w w. i n v i t a n u t r i c a o. c o m . b r • s a c @ i n v i t a n u t r i c a o. c o m . b r