Mestrado - Fracaro.com.br
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1 1. INTRODUÇÃO As uvas de mesa em cultivo no Brasil podem ser divididas em 2 grupos distintos: uvas rústicas e finas. As uvas rústicas de mesa, tem como base, variedades com características de uvas americanas (Vitis labrusca L.), sendo representada pelas variedades Niagara Rosada, Niagara Branca e Isabel. As uvas finas de mesa tem como base, variedades com características de uvas européias (Vitis vinifera L.), sendo representadas pelas variedades Itália, Rubi, Benitaka, Brasil, etc ( MARTINS, 1990). No Brasil, cerca de 9.000 ha de uvas rústicas são cultivados, concentrando suas produções nos estados de São Paulo, com 6.300 ha, Rio Grande do Sul, com 1.600 ha, Santa Catarina com 900 ha, seguido pelos Estados de Minas Gerais e Paraná, que juntos totalizam 200 ha. O Estado de São Paulo destaca-se como maior produtor concentrando sua produção nas regiões de Jundiaí (5.000 ha), Indaiatuba (1.000 ha) e São Miguel Arcanjo (300 ha). Com relação as uvas finas, são cultivados cerca de 10.000 ha, destacando-se o Estado 2 de São Paulo com 2890 ha, seguidos pelos Estados de Pernambuco e Bahia com 4000 ha, Paraná (2660) e Minas Gerais com 400 ha (BOLIANI & PEREIRA, 1995). O Estado de São Paulo, destacando-se como maior produtor, concentra a sua produção nas regiões sudoeste, noroeste e oeste. A região noroeste do Estado de São Paulo, colonizada a partir da década de 40, com economia essencialmente agrícola, baseada, principalmente, na cafeicultura e bovinocultura, vem paulatinamente substituindo estas atividades por outras de maior interesse econômico, como por exemplo a viticultura. O cultivo de uvas finas de mesa com base nos cultivares Itália, Rubi, Benitaka e Brasil, tem-se constituído na mais expressiva alternativa agrícola da região noroeste paulista, ocupando área de 1.085 ha. A alta produtividade com frutos de boa qualidade, produzidos durante a entressafra ( junho-dezembro), tem viabilizado esta atividade. A tecnologia desenvolvida para o cultivo de uvas finas nas condições climáticas de inverno seco e verão quente e chuvoso, com dupla poda anual de ramos lenhosos (poda de produção - março a maio com oito a doze gemas e poda de formação - outubro a novembro com duas a cinco gemas), propicia a produção no período da entressafra (junho a dezembro), época em que os preços alcançados pelos viticultores têm sido compensadores. TERRA et al. (1998) apresentaram o custo de investimento e implantação no valor de R$ 49 889,86 e produção de R$ 25 906,95, para um hectare de uva Itália, com densidade de 666 plantas 3 (espaçamento de 5 x 3 m), e produtividade média de 34 650 kg. Entretanto, os altos custos de implantação e condução dos vinhedos, associados à grande exigência de tratos culturais e fitossanitários, tem levado alguns viticultores a buscar alternativas, que possibilitem a redução dos custos nos tratos culturais. Dentre os tratos culturais utilizados na região, destacam-se : controle de plantas daninhas, podas ( formação e produção), desbaste de botões florais com escova plástica e de bagas com tesoura apropriada, amarração de ramos, irrigação, aplicação de reguladores vegetais, controle fitossanitário, cobertura das videiras com “sombrite”, etc. Esses tratos culturais utilizados na videira são responsáveis por grande porcentagem do custo da produção da cultura (TARSITANO et al., 1992). Em função do exposto, foi desenvolvido este trabalho, com o objetivo de verificar o efeito de diferentes doses de ethephon, aplicado antes da poda, na porcentagem de desfolha, rendimento de poda, brotação dos ramos, produção e qualidade dos cachos e frutos da videira, na região noroeste do Estado de São Paulo, tentando reduzir os custos, melhorando a produtividade e a qualidade. 4 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Características do cultivar O cv. Rubi surgiu de mutação somática do cv. Itália, ocorrida no Paraná em 1974, sendo a coloração rosada da baga a única diferença do cultivar que lhe deu origem. A planta é muito vigorosa, de ciclo longo (mais ou menos 150 dias no noroeste de São Paulo e mais ou menos 180 dias no sul de São Paulo), com produtividade média de 30 t/ha; apresenta pequena resistência à pragas e doenças. Necessitando de poda longa (8 a 12 gemas). Os cachos têm a forma cilíndrico-cônica, são grandes (400 a 800 g), um tanto alongados e naturalmente muito compactos, necessitando de intenso desbaste; apresentam boa resistência ao transporte e ao armazenamento, podendo ser conservados em câmaras frigoríficas. As bagas são grandes ( 8 a 12 g ), ovaladas, textura trincante e sabor neutro levemente moscatel; para melhor intensidade do sabor, deve ser colhida com pelo menos 16 °Brix. A aderência ao pedicelo é boa , bem como a resistência ao rachamento (TERRA et al., 1998). 5 2.2. Reguladores Vegetais Foi descoberto que substâncias de crescimento estão presentes no desenvolvimento dos tecidos. Estas substâncias, de crescimento endógenos, normalmente controlam o crescimento das plantas, e as alterações do desenvolvimento podem ser produzidas por aplicações exógenas de substâncias de crescimento, algumas das quais podem produzir efeitos benéficos para o homem. práticas têm levado Pesquisas básicas e ao uso de substâncias de crescimento na agricultura, onde as mesmas têm assumido importância crescente (CASTRO & FACHINELLO, 1993). Reguladores de crescimento são empregadas exogenamente para promover todas as substâncias o desenvolvimento das plantas, são compostos produzidos sinteticamente (artificialmente) e semelhantes aos hormônios, sintetizados naturalmente (SCHIAPARELLI et al., 1995). Dentre os reguladores vegetais, incluem as auxinas, giberelinas, citocininas, ácido abscísico, etileno e outros inibidores de crescimento, sintetizados quimicamente (KORBAN, 1998). O modo de ação destes compostos são dependentes do local de síntese ou tecido aplicado, do tempo de síntese ou da aplicação, do nível de ação do composto, bem como a da sua interação e a inter-relação funcional de diferentes hormônios e reguladores de crescimento (KORBAN, 1998). 6 2.2.1. Etileno O etileno é um metabólito normal da planta e responsável pelo controle da formação do gancho apical no estiolamento, iniciação floral, abscisão de folhas e pela indução do período climatérico na respiração do fruto, e os processos subsequentes da maturação. O produzido etileno é derivado do aminoácido metionina e em células somente intactas. A aplicação de etileno exógeno pode provocar dilatação lateral das células e perda geral da polaridade associada com um comportamento ageotrópico e estimulação da divisão celular, que resulta na formação de raízes adventícias (GALSTON & DAVIES, 1972). Todos os orgãos de plantas superiores (frutas, flores, folhas, raízes, sementes, tubérculo, etc.) podem produzir etileno, como também cogumelos e bactérias. A intensidade de síntese varia de organismo para organismo e de acordo com o estádio de desenvolvimento, sendo normalmente baixa, porém é estimulado durante a germinação das sementes, senescência, abscisão de tecidos florais e folhas e durante o desenvolvimento do fruto. É elevada nos tecidos onde há uma intensa divisão celular , enquanto diminui na fase de distensão celular (SCHIAPARELLI et al., 1995). A síntese de etileno é influenciada por fatores diferentes como temperatura, teor carbônico (com efeitos de incentivo ou inibição de acordo com os tecidos), oxigênio (baixas concentrações inibem), luz (pelo fitocromo). Em muitos casos, também é correlacionado à presença de outros hormônios (auxinas, citocininas, etc.) ou de 7 reguladores de crescimento (por ex. auxina sintética, particularmente ANA; retardantes de crescimento como SADH e CCC, etc). A síntese de etileno também é induzida por fatores de estresses como ferimentos, trauma, ataques de parasitas e infecções de vírus, frio, seca, ação do vento e geralmente tigmotropismo, substâncias químicas (como ozônio, SO2, exudatos de fungicidas, herbicidas), etc. Nestes casos, ocorre um aumento (aproximadamente dez vezes) da produção de etileno nas células adjacentes as danificadas, pois a síntese deste hormônio é realizada em células somente intactas. Este aumento é mantido durante muito tempo e também ocorre que em tecidos sob condições normais a produção de etileno é pequena (SCHIAPARELLI et al., 1995). A resposta varia em intensidade e duração de acordo com o tecido interessado e do tipo de estímulo. O papel fisiológico completo do etileno ainda não está explicado, essencialmente, existe uma série de processos fisiológicos estresse. com que a planta responde à situação de Por exemplo, no caso dos ataques de patógenos, o etileno aparece junto a síntese de enzimas que degrada a parede celular, de substâncias envolvidas nos mecanismos de defesa da planta como fenólicos, e emitem goma ou resinas. Em folhas, flores e frutos danificadas por diversas causas, a abscisão pode ser acelerada aumentando a produção de etileno, que permite a planta se livrar de orgãos inúteis (SCHIAPARELLI et al., 1995). O etileno apresenta características similares a outros reguladores, simplicidade de estrutura química (CH2=CH2); estado gasoso a 8 temperaturas e pressões fisiológicas; ausência de mecanismos de transporte, etc. (SCHIAPARELLI et al., 1995). 2.2.1.1. Mecanismos de ação O etileno se liga a um receptor com especificidade típica de proteína e cuja ligação é do tipo não covalente e rapidamente reversível. Quando o etileno está conectado a auxina postulou-se que esse receptor seria uma proteína rica em hidroxiprolina associada à parede celular. Outro sítio apontado como provável receptor primário de etileno é a membrana celular, aumentar a permeabilidade visto que esse gás parece passiva através da membrana (DIETRICH, 1979). O etileno, que é considerado um hormônio vegetal, exerce nas plantas várias funções, dentre as quais: indutor da iniciação floral, raleador de frutos, acelerador da maturação de frutos, interferindo não só na distensão celular que causa a dilatação lateral, mas também, na divisão celular, Janick (1966), Pratt & Goeschl (1969), Galston & Davies (1972), Morgan (1973) e Childers (1975), citados por ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (s.d.). No entanto, a forma como o etileno atua nos processos anteriormente citados ainda não está esclarecida. ( Janick,1966 e Bonner & Galston 1973, citados por ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (s.d.)). Lavee (1987), Lavee et al. (1984), Seyijewicz et al. (1984), Mannini (1982), citados por BAUTISTA et al. (1987), relataram que o ethephon é uma substância que libera lentamente etileno e quando 9 incorporado ao processo metabólico da planta produz efeitos como atraso no período de brotação , incremento de brotação de gemas e redução do crescimento de brotos. Morgan (1973), citado por ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (s.d.), encontrou no ácido 2 - cloroetil fosfônico (ethephon, ethrel ou cepa ), um meio conveniente de tratar as plantas com etileno. Isto porque o ácido 2 - cloroetil fosfônico é um precursor do etileno e produz os mesmos efeitos podendo ainda ser armazenado e aplicado na forma líquida. Destaca-se entre as substâncias de crescimento, o ethephon, cuja composição é o ácido 2-cloroetil fosfônico. Ele é um estimulante vegetal, também denominado regulador vegetal, pertencente ao grupo químico ácido fosfônico, de classe toxicológica III (faixa Azul). Comercialmente, apresenta-se como um líquido claro, solúvel em solventes polares (água, acetona, etc.) e insolúvel em solventes apolares (óleos, etc.); pode ser encontrado em embalagens de 1 litro e de 20 litros. Incompatível com produtos alcalinos, possui alta estabilidade à temperatura (até 170 ºC) e pH estável, em condições ácidas. Sua formulação é solução aquosa concentrada contendo 21,66% peso-peso (p/p) de ethephon, pH menor que um, sendo considerado ácido forte (RHODIA AGRO , 1992). Ethephon é um composto químico, que quando aplicado em determinadas fases de desenvolvimento da planta e dos seus orgãos, provoca alterações nos seus processos fisiológicos e bioquímicos, podendo alterar todo o ciclo das plantas tratadas conforme o objetivo pretendido (RHODIA AGRO, 1992). 10 O Ethephon é utilizado culturas como : pelos produtores e registrado para abacaxizeiro, o qual é utilizado para induzir uniformemente o florescimento e também uniformizar a maturação dos frutos; cafeeiro, utilizado para antecipar e uniformizar a maturação dos frutos; cana de açúcar , com o objetivo de acelerar a maturação, inibir o florescimento e induzir o perfilhamento; Pinus, para estimular a produção de resina; maturação tomateiro, para uniformizar a e melhorar a coloração dos frutos (RHODIA AGRO, 1992). 2.2.1.2. Abscisão foliar A abscisão foliar pode ser o resultado de uma aplicação de reguladores vegetais ou a produção natural de hormônios da própria planta. A abscisão foliar resulta da formação de camadas celulares (células parenquimatosas) especializadas na zona de abscisão, na base do pecíolo, podendo ser formada no início do desenvolvimento da folha ou somente depois da completa maturação dela (GALSTON & DAVIES, 1972). A queda da folha é causada pela senescência, sendo o envelhecimento natural ou ambiental. O envelhecimento dos tecidos da folha é importante, não somente para a produção de fatores de senescência mas também para a resposta da zona de abscisão aos hormônios (GALSTON & DAVIES, 1972). Quando a senescência é retardada pela auxina, a abscisão também é retardada, e nenhum tratamento que a acelera, pode 11 estimular o processo (ex:. etileno). O etileno, no entanto, promove a abscisão do pecíolo se aplicado após o envelhecimento dos tecidos do pecíolo. Auxina geralmente inibe a abscisão, mas pode apresentar efeitos promotores, dependendo da idade do tecido ao qual é aplicada. À medida que a folha senesce, o efeito inibidor da auxina é perdido e a abscisão se torna altamente suscetível aos efeitos promotores de outros fatores (GALSTON & DAVIES, 1972). A auxina produzida no limbo foliar retarda a abscisão, mas uma vez iniciado o processo de senescência, tal hormônio promove o fenômeno . Isto se deve, possivelmente à formação do etileno, que por sua vez estimula a síntese de novas enzimas tais como a celulase, promovendo a dissolução das paredes celulares na zona de abscisão (GALSTON & DAVIES, 1972). 2.3. Uso de reguladores vegetais Reguladores vegetais tem sido utilizados em várias culturas, e estudos têm sido realizados com C14-Ethephon em oliveira e 3H-GA3 em videira cv. Thompson Seedless, para determinar a quantidade de reguladores de crescimento aplicado e absorvido pelo tecido da planta, e para determinar a quantidade que foi requerido para ação fisiológica. Na videira, a absorção de GA3 foi afetada pelo estágio de desenvolvimento da baga; durante o florescimento, a absorção foi quase duas vezes maior do que na formação do fruto ou durante os 15 dias seguintes; a quantidade GA3 absorvida foi positivamente correlacionado com tamanho da baga e negativamente correlacionado 12 com atraso da maturação. Na oliveira, o ethephon foi absorvido pelas folhas, frutos e pedicelos (órgãos aplicados); absorção foi aumentada com a elevação da temperatura; aproximadamente, 6 nl (nanolitros) de ethephon/pedicelo foi suficiente para derrubar frutos de oliveira. Estes resultados confirmam que, maior quantidade de reguladores de crescimento aplicado não são absorvidos pela planta ou por outro órgão da planta, mas sim pelo tecido alvo (BEN-TAL et al., 1993). SOULIE et al. (1994), trabalhando com cultura de tecido de videira, com e sem reguladores de crescimento (ethephon), sendo cultivado em um frasco de 380 ml a 25 ºC, com luz Flux 100 mumol m-2 s-1 e 16 horas de luz, durante 6 semanas avaliaram o desenvolvimento da planta e a concentração de etileno dentro do frasco. Verificaram que a adição de ethephon causou aumento na concentração de etileno no frasco e houve inibição do desenvolvimento da planta a um limite de concentração de 4 nmol/l ; o efeito inibidor do etileno foi justificado ao íon prata e somente ocorreu durante os primeiros dias de desenvolvimento da planta. PEREIRA & McCOWN (1999), trabalharam com cultura de tecido de Hancornia speciosa (Mangaba), observando o efeito da aplicação do etileno em relação ao efeito da brotação lateral, e concluíram que : temperatura para altas temperaturas (35°C) proporcionaram aumento da brotação, e diminuição da taxa de etileno nos tecidos; o crescimento da cultura a 35°C apresentou um pico de etileno mais precoce, e uma taxa de etileno menor durante o 13 restante do ciclo. Isto, está relacionado à diminuição de ACC-síntase (precursor de etileno). MASHEVA & MASHEV (1987) relataram que cultivares de uvas de vinho Pamid, Cabernet Sauvignon ( ambos resistentes ao frio ) e Mavrud, foram pulverizados com 0,1 % de ethrel (ethephon) no início da maturação. Observaram que : nitrogênio total e proteínas no ramo foram pouco afetados pelo uso do ethrel; o nível de celulose e amido foram aumentados na cv. Pamid; nos 3 cultivares, o ethrel aumentou o número de fibras do floema, sendo o seu efeito maior no cultivar Mavrud ( o de menor resistência ao frio); e, exame microscópico das gemas de inverno apresentaram alguns aumentos no comprimento embriônico dos brotos ( especialmente na Mavrud), tamanho do cacho (Cabernet Sauvignon ), e o coeficiente potencial produtivo foi ligeiramente aumentado (Pamid e Cabernet Sauvignon ). Khanduya & Balasubrahmanyan (1971), citados por BAUTISTA et al. (1987), afirmaram que o padrão de diferenciação floral das gemas da videira é uma característica varietal, possivelmente influenciada por condições ambientais onde desenvolve a planta. IWASAKI (1980), em estudos realizados com ethephon nas doses de 500 ppm e 1000 ppm, observou atraso no início da brotação em videira, cv. Moscatel de Alexandria. ALBUQUERQUE et al. (1996) relataram que aplicando ethephon em plantas de videira, em ciclos sucessivos, conseguiu-se não só aumentar a porcentagem de gemas brotadas, mas também a 14 fertilidade destas, o que concorreu para o aumento da produtividade da cultura. Os cultivares Vellaneuva, Alphonse Lavallée e Itália foram divididos em 2 grupos, cada cultivar : um grupo foi pulverizado com 4000 ppm de ethephon, 10 dias antes da poda, e o outro grupo foi deixado como testemunha. Foram avaliados: brotação, fertilidade de gemas, número de cachos por planta, analisando ramos de 1 - 10 nós (gemas ). A brotação de gemas da ponta do ramo não foi afetada pelo tratamento de ethephon em quaisquer cultivares, mas foram estimuladas as demais gemas dos ramos; desta forma, o ethephon revelou-se reduzir a dominância apical. A fertilidade de gemas não apresentou diferenças atribuídas ao regulador vegetal, considerada normal, devido a indução floral ocorrer em ciclo anterior a sua brotação. Nos 3 cultivares, o número de cachos por ramo aumentou com o aumento de nós (gema) podado, atribuindo ao aumento da brotação como sendo resposta da aplicação do ethephon (BAUTISTA et al., 1987 ). O mecanismo de dominância apical não está totalmente esclarecido porém, a regularização da brotação de gemas laterais são atribuídos a interação e antagonismo entre hormônios, especialmente auxinas e citocininas , segundo Phillips ( 1975) e Sachs et al. (1967) citados por BAUTISTA et al. (1987). Street & Opik (1984), citados por ALBUQUERQUE et al. (1996), descreveram que as gemas da videira, sob condições de clima tropical, apresentam uma forte dominância apical, que é caracterizada pelo desabrochamento mais vigoroso das gemas terminais das varas, 15 resultando numa brotação desuniforme e irregular da planta como um todo. Essa dominância está supostamente relacionada com a produção e translocação de reguladores de crescimento, tais como as auxinas. As auxinas promoveriam o transporte de assimilados diretamente para a região meristemática da gema apical, bloqueando a disponibilidade dos nutrientes para as gemas laterais, e também agiriam inibindo o desenvolvimento das conexões vasculares entre as gemas laterais e o tecido vascular principal. Segundo ALBUQUERQUE et al. (1996), para diminuir os efeitos da forte dominância apical nas videiras, é conveniente utilizar alguns produtos químicos que force a brotação rápida e uniforme das gemas. E, conforme pesquisa desenvolvida na região do Submédio São Francisco (ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE, 1993), os produtos mais eficientes para equilibrar a brotação são : a cianamida hidrogenada (H2CN2), o ethephon (ácido 2-cloroetilfosfônico) e a calciocianamida (CaCN2). ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (1993) trabalharam com alguns produtos químicos como glifosate, SADH, citocinina, dinoseb misturado com óleo mineral, calciocianamida, cianamida hidrogenada e ethephon. Observaram que o ethephon também demonstrou bons resultados para aumentar a brotação da videira, quando pulverizado sobre toda a planta, 10 a 14 dias antes da poda, na concentração de 8.000 ppm. Com 3 a 5 dias após a aplicação, a folhagem começou a amarelar, entrando em senescência, acarretando a queda quase que total das folhas. 16 Shikhamany et al. (1989) citados por PIRES (1995), relataram o efeito de agentes químicos associados à torção das varas com o objetivo de induzir a quebra da dormência das gemas da videira ‘Thompson Seedless’, a qual apresenta uma brotação muito pobre quando cultivada em condições de clima tropical. O experimento foi conduzido em blocos ao acaso com dez tratamentos a saber : paclobutrazol (PB) a 1000 e 1500 ppm, nitrato de potássio (KNO3) a 4 e 6 %, tiouréia 3 e 4,5 % , ethephon a 2000 e 3000 ppm, vara torcida como controle 1 e vara íntegra como controle 2. As videiras foram podadas uniformemente deixando-se 12 gemas por vara. Todas as varas imediatamente após a poda, à exceção do controle 2 , foram torcidas à mão com objetivo de promover a ruptura do cambio e, em seguida as cinco gemas terminais das varas tratadas foram mergulhadas nas soluções contendo os produtos químicos em estudo. A torção da vara associada à aplicação de solução de tiouréia 4,5% foi a que apresentou o melhor resultado na quebra de dormência das gemas ao longo da vara, apresentando 3,95 gemas brotadas contra 1,7 gemas brotadas do controle 2 . Os demais tratamentos apresentaram em média 2,7 gemas brotadas. Em estudos realizados por ALBUQUERQUE et al.(1984) a eliminação da brotação apical das varas brotadas e o desfolhamento manual das plantas, antes da poda, não causaram nenhuma influência sobre a brotação das gemas. LARIOS et al. (1987), trabalharam com uvas de mesa cv. Morocco e de vinho cv. Carignane, pulverizadas com ethrel (ethephon ), alar (daminozide ) e cycocel ( chlormequat ), aplicando- 17 se 1000, 2000 e 3000 ppm, em três fases diferentes em cada cultivar : logo após a colheita (outubro/84), após a poda (fevereiro e março/85) e durante a intumescência das gemas. Todas as aplicações de reguladores vegetais, atrasaram a brotação das gemas. Após a colheita, o cv. Morocco, utilizando 1000 ppm de ethrel, atrasou em 9 dias a brotação das gemas. E, nos cvs. Morocco e Carignane utilizando 2000 e 3000 ppm de ethrel atrasou 18 dias. No momento da poda, ethrel, aplicado em doses de 2000 e 3000 ppm, atrasou a brotação em 18 dias na cv. Morocco. E, dose de 3000 ppm na cv. Carignane, atrasou de 19 a 24 dias. No inchamento das gemas o ethrel, aplicado em doses de 3000 ppm, atrasou a brotação em 18 dias no cv. Morocco. E, dose de 2000 e 3000 ppm no cv. Carignane, atrasou de 11 a 19 dias. LARIOS et al. (1987), estudando a aplicação de ethrel, observaram que não aumentou o número de cachos por planta na cv. Morocco e Carignane, sendo notado no entanto diminuição em alguns tratamentos, devido, possivelmente, a concentração de etileno originado pelo ethrel, proporcionando como conseqüência uma redução da concentração de auxinas , provocando abscisão de flores e frutos. Agaoglu & Eris (1982), citados por LARIOS et al. (1987), trabalhando com pulverizações de ethrel, na dose de 500 ppm, cv. Moscatel de Hamburgo, observaram diminuição da produção. LARIOS et al.(1987), utilizando ethephon nas doses de 1000, 2000 e 3000 ppm, nas épocas : logo após a colheita, após a poda e durante a intumescência das gemas, observaram pequena diminuição 18 na produção. Relataram que a variação da influência dos reguladores, é devido, provavelmente, a penetração não uniforme nas plantas em relação as condições de manejo. PEACOCK et al. (1978) trabalharam com doses de 0 , 100 ppm (ano 1974) e 200 ppm de ethephon, com cv. Red Málaga, nos anos de 1974 e 1975, aplicado com 50 % de coloração(1974) e com 10% de coloração das bagas (1975). A dose de 200 ppm foi superior a 100 ppm, por este motivo, no ano de 1975 só foi utilizado a dose de 200 ppm. Observaram, diminuição da produção de 22 kg/planta (produção de 1974), para 14 kg/planta (produção de 1975), na dose de 200 ppm; e constataram diminuição da acidez total titulável e não observaram diferenças significativas no peso e na firmeza da baga. ALBUQUERQUE & SOBRAL (1989), realizaram aplicações, treze dias antes da poda de produção, na região do vale do São Francisco, para determinar qual o mais eficiente produto químico na brotação da videira cv. Itália, sendo utilizado ethephon 8000 ppm, cianamida hidrogenada (H2CN2 3,5%), calciocianamida (CaCN2 30%) e ethephon 8000 ppm + H2CN2 3,5%. Todos os produtos apresentaram resultados superiores à testemunha, na porcentagem das gemas brotadas, número de cachos e não influiu nos teores de sólidos solúveis totais, concorrendo assim para uma melhor produtividade da cultura. Em períodos de temperaturas mais elevadas, sugerem utilizar concentrações mais baixas, em torno de 5000 ppm. Embora o ethephon isolado tenha apresentado resultados inferiores à cianamida hidrogenada, em relação ao aumento das gemas brotadas; quando aplicados conjuntamente verificou-se uma potencialização do efeito da 19 cianamida. O tratamento H2CN2 foi o mais eficiente dentre os produtos utilizados separadamente. GAY et al. (1984) afirmaram que videiras ‘Merlot’, tratadas com 1000 ppm de ethephon, no início e com 50% de coloração, em 4 anos sucessivos obtiveram menor produtividade (de 12 a 40%) do que a testemunha, isto devido principalmente a redução do peso do cacho. A acidez e o número de cacho por planta foi reduzido e a intensidade da cor aumentada. Alsol (etacelasil ) teve pouco efeito para os mesmos parâmetros avaliados. Foram estudados os efeitos do uso de ethephon, alzodef (50% de cianamida ) e torção dos ramos nos cultivares de uva de mesa Itália e Alphonse Lavallée, analisando a influência na brotação das gemas e na produção. Verificou-se que, no cv. Itália, a brotação das gemas foi aumentada, por alzodef em 7,5 % com torção. A maior produção de frutos (16 kg/planta), foi obtida com ethephon a 5000 ppm, seguido pelo Alzodef 7,5 % com torção. A torção do ramo somente aumentou significativamente a brotação das gemas (para 41,4%) sendo que a produção dos frutos foi de 12,6 kg / planta. Tratamento nenhum teve efeito significativo para cv. Alphonse Lavallée, na qual a brotação de gemas foi superior a 60 % , sem receber tratamento (SIMANCAS et al., 1987). CARRASQUILLA (1991), relatou que a videira ‘Itália’ tratada com dormex a 5 ; 7,5 e 10 % foi comparado com aquela tratada com ethephon a 5000 ppm e com a testemunha (sem aplicação), para avaliar o efeito deles na brotação das gemas ao longo dos ramos e na produção. Observou que, dormex a 7,5 % proporcionou melhor 20 resultado, com produção de 15,1 kg/pl, comparado com 12,4 kg/pl quando aplicado ethephon, e 10,7 kg /pl em relação a testemunha (sem aplicação). Também, foram vistos 3 formas de aplicação (Pulverizador costal , atomizador e bastão), e o custo relativo usando dormex e ethrel. O dormex nos três métodos foi mais efetivo que o ethephon. HARDIE et al. (1981) trabalharam com 3 níveis de regime hídrico (máximo , moderado e mínimo estresse) e utilizaram ethephon a 500 ppm, aplicado quando as bagas apresentavam-se com 7 % de coloração no crescimento das bagas cv. Zinfandel. Observaram que o foi influenciado pelo ethephon, exceto no regime de máximo estresse. Comparado com videiras sem tratar (testemunha), a diferença de peso de baga e o volume não foi significativo. O ethephon não causou efeitos significativos na produção e peso dos cachos. A aplicação de ethephon melhorou o teor de sólidos solúveis totais e acidez total titulável MANNINI et al. (1981), trabalhando com ethephon aplicado nas doses de 0 (zero) , 300 ppm (em todo o cacho), 1000 ppm (porção apical do cacho) e 1000 ppm (porção superior do cacho), no período de pré florescimento, cv. Zinfandel, obtiveram melhores resultados com o tratamento 300 ppm (em todo o cacho), ou seja, aumentou o teor de sólidos solúveis totais, porém, não teve influencia na produção, peso do cacho e baga, e acidez total titulável. LARIOS et al. (1987), relataram que os níveis de auxina e giberelina são elevados nos primeiros estádios de desenvolvimento do fruto e pode afetar de alguma forma o balanceamento de auxinas- 21 giberelinas, vindo a favorecer este último, originando maior crescimento do fruto, sendo que os tratamentos com ethrel aumentaram o tamanho do fruto, nos cvs. Morocco e Carignane. LARIOS et al.(1987), relataram que Mehta & Chundawat (1979), utilizando 500 ppm de ethrel, pulverizado no período de repouso da videira cv. Beauty Seedless, observaram melhor qualidade dos frutos e adiantamento na maturação. O tratamento com ethrel, antecipou a maturação e melhorou a qualidade dos frutos (acidez total titulável, teor de sólidos solúveis totais e ‘ratio’), para os cultivares Morocco e Carignane. A aplicação de alar e cycocel atrasaram a maturação dos frutos, houve diminuição do teor de sólidos solúveis totais e ‘ratio’, porém, aumentaram a acidez e a produção (LARIOS et al., 1987). MORRIS & CAWTHON (1981), realizaram ethephon, aplicações de cv. Concord , em diferentes doses : 0 , 100, 200, 300, 400, 500 ppm, 08 dias antes da colheita. Observaram que não houve influência na maturação e a abscisão pós colheita foi aumentada com o uso de ethephon, quando a uva permaneceu durante 24 horas, a 30 °C. O ethephon pode aumentar a quantidade do pigmento antocianina e o grau de coloração em bagas de uvas de mesa e de vinho; entretanto, existe pouco ou nenhum efeito sobre o teor de sólidos solúveis totais. ethephon ‘Thompson Foi constatado que, pulverizações com causam uma maturação muito mais rápida Seedless’ usada para passa, quando de uva não anelada. Ethephon 250 ppm , aplicado na época em que as bagas começam a 22 amolecer e/ou colorir, adiantou a maturação em 16 dias quando comparado ao controle. Esse acúmulo precoce de açúcar poderia ser de valor para a indústria de uva passa onde um avanço na maturação anteciparia a colheita. (CASTRO & FACHINELLO, 1993). 23 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1. Caracterização da área experimental O experimento foi conduzido em um vinhedo comercial do cultivar Rubi, localizado em Urânia, região noroeste do Estado de São Paulo, latitude 20°16’ S, longitude 50°33’ W e altitude média de 483 m. Segundo sistema de Köppen, o clima da região é classificado como subtropical úmido, CWa, com inverno seco e ameno e verão quente e chuvoso. Os dados climáticos referentes ao período de condução do experimento são apresentados na Tabela 01. O índice pluviométrico médio anual é de 1280 mm distribuídos de agosto a abril, sendo o mês de janeiro o que apresenta a maior precipitação (265 mm). A estação seca ocorre de maio a setembro, sendo o mês de julho de menor índice (16 mm). Apresenta 24 TABELA 01. Dados meteorológicos médios mensais de 1997. Estação Experimental de Jales- Jales-SP Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Total Média Máxima Mínima T (°°C) 24.0 25.5 25.3 23.4 20.8 18.6 19.8 21.0 23.7 23.9 25.7 24.2 T máx (°°C) 30.2 31.9 31.2 30.2 28.0 25.8 28.2 30.6 33.9 32.8 32.0 31.5 T mín (°°C) 20.8 21.0 19.1 17.4 16.8 14.5 14.9 15.5 18.9 19.8 20.6 20.3 UR (%) 84 81 82 81 79 84 77 73 74 78 74 84 23.0 25.7 18.6 30.5 33.9 25.8 18.3 21.0 14.5 79 84 73 (*) Valores totais do mês P – precipitação pluviométrica P* (mm) 273.6 88.6 182.2 37.0 51.1 159.5 2.8 0.0 26.2 125.2 178.6 202.4 1327.2 110.6 273.6 0.0 T – temperatura média do ar E - evaporação E* (mm) 140.50 168.38 166.76 148.86 136.06 98.07 135.95 188.28 197.20 210.82 173.02 163.84 1927.74 160.65 210.65 98.07 E (mm/dia) 5.62 6.01 5.75 4.96 4.39 3.50 4.39 6.24 6.57 6.80 5.77 6.30 5.53 6.80 3.50 UR - umidade relativa do ar FONTE: EMBRAPA (1997) evapotranspiração média anual 2205 mm, sendo o mês de outubro o de maior evapotranspiração (234,10 mm). E o mês de junho com a menor (133,30 mm). A temperatura média anual é 22,3°C com média das mínimas de 19,9°C e média das máximas de 29,0°C. Janeiro é o mês mais quente com média de 24,3°C. A umidade relativa média é de 69%, com máxima em março (76%) e mínima em setembro (61%) (BOLIANI, 1994). O solo do local onde foi implantado o experimento, está classificado como Podzólico Vermelho Amarelo. Esses solos em geral, possuem um horizonte superficial A moderado, de textura arenosa com teores médios de matéria orgânica e com o horizonte B 25 textural de coloração vermelho-amarelada e textura média a argilosa. O relevo na região é suave-ondulado e ondulado (TERRA et al., 1998). 3.2. Delineamento experimental O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e cinco repetições, sendo que uma planta constituiu uma parcela, separadas por uma planta de bordadura. 3.3. Tratamentos utilizados Os tratamentos utilizados foram: T1 : Testemunha - sem aplicação de ethephon T2 : 3 L/ha de ethrel (ethephon, 240 g/l ) – 4500 ppm T3 : 4 L/ha de ethrel (ethephon, 240 g/l ) – 6000 ppm T4 : 5 L/ha de ethrel (ethephon, 240 g/l ) – 7500 ppm 3.4. Implantação e condução do experimento O experimento foi instalado em um vinhedo comercial do cv. Rubi, em quinze de abril de 1997, sendo que as plantas foram pulverizadas, com seus respectivos tratamentos, vinte dias antes da poda de produção. 26 Por ocasião da implantação do experimento, os ramos encontravam-se com aproximadamente 150 dias após a poda de formação dos ramos, período este no qual as folhas estavam maduras e com bom estado fitossanitário (ausência de manchas causadas por pragas e doenças). O vinhedo experimental utilizado foi implantado em 1990, tendo como porta-enxerto IAC-572 ‘Jales’ e o sistema de condução empregado foi o da “ latada ”, no espaçamento 5 x 3 m e condução das plantas na forma de “espinha de peixe”. A aplicação do produto foi realizada com pulverizador tratorizado, modelo KO 500 litros, usando um litro de calda por planta, cuja aplicação foi realizada até o ponto de escorrimento. A aplicação foi realizada no espaçamento de 5 metros, denominado entre linhas, em função da poda na região ser realizada de forma escalonada, para facilitar tratos culturais e obter maior período de colheita. Os valores da temperatura média, máxima e mínima, umidade relativa do ar, precipitação e a evaporação no dia da aplicação do regulador de crescimento foram 24,8 °C, 31,4 °C, 17,8 °C, 80 %, 1,4 mm, 6,24 mm, respectivamente. 3.5. Tratos Culturais Os tratos culturais utilizados foram os convencionais adotados na região : 27 3.5.1. Poda de produção: realizadas no 1°. semestre ( 05 de maio ), poda longa (8 a 12 gemas / ramo). 3.5.2. Aplicação de regulador vegetal Ethephon : foi aplicado antes da poda, com as doses especificadas anteriormente. Cianamida hidrogenada : utilizada após a poda, na dose de 5% em todos os tratamentos. 3.5.3. Desbaste dos Cachos: o desbaste dos cachos foi realizado em duas fases : botão floral e entre ervilha e meia baga como descritas a seguir. 3.5.3.1. Botão floral - desbaste no estádio de botão floral, com uso da escova plástica, retirando-se aproximadamente 70 a 80% dos botões (aproximadamente aos 28 dias após a poda ) 3.5.3.2. Ervilha à meia baga - foi retirado através de uma tesoura apropriada de lâmina comprida e estreita, com pontas arredondadas (realizada em torno de 45 a 60 dias após a poda ), com o objetivo de eliminar o excesso de bagas, bagas defeituosas, bagas com manchas , etc. 28 3.5.4. Irrigação - o sistema de irrigação utilizado foi do tipo aspersão sub-copa, irrigando uma hora a cada 4 dias, ou seja, aplicando-se 22 mm de água por hora. 3.5.5. Adubação: a videira é uma planta perene e, como tal, a adubação foi realizada acompanhando os diferentes estádios de desenvolvimento da planta. Efetuando adubações de formação e produção, realizadas de acordo com os resultados e interpretação da análise do solo. O fertilizante utilizado foi 20-05-20 , na dose de 100 g/pl/semana, iniciando a aplicação com brotos de 10 cm de comprimento até o início do amolecimento das bagas, exceto no período de floração. 3.5.6. Controle fitossanitário - foi realizado visando o controle das principais doenças e pragas: Doenças: Míldio (Plasmopara viticola), oídio(Uncinula necator), antracnose( Elsinoe ampelina) e botrites(Botrytis cinerea) Pragas: Cochonilhas (Pseudococcus citri, Orthezia , Diapidiotus uvae, Hemiberlesia lataniae , Pseudaulacaspis pentagona e Parassaissetia nigra), ácaros (Polyphagotarsonemus latus, Panonychus citri). 3.6. Parâmetros Avaliados Os parâmetros avaliados foram: 29 3.6.1. Porcentagem de desfolha - foi realizada a contagem das folhas de quatro ramos por planta no dia da aplicação do regulador vegetal e a contagem, no dia da poda, das folhas remanescentes. Calculou-se a porcentagem de desfolha considerando-se a diferença entre as duas contagens. 3.6.2. Rendimento de poda - foi avaliado o tempo médio em minutos gasto para realizar a poda em cada parcela dos tratamentos. 3.6.3. Porcentagem das gemas brotadas - foi avaliado a quantidade de gemas brotadas, obtida através do número total de gemas remanescentes nos ramos podados e o número de gemas que brotaram. 3.6.4. Número de brotos por ramo mestre - foi efetuado através da contagem do número total de brotos emergentes no ramo mestre de cada planta. 3.6.5. Períodos avaliados 3.6.5.1. Poda ao início da brotação - foi contado em dias, o período utilizado para as plantas começarem a brotar. 3.6.5.2. Poda à colheita – foi contado em dias, o período para realizar a colheita. 30 3.6.6. Número de cachos por broto - foi obtida a contagem do número de cachos por broto. 3.6.7. Número de cachos por planta - foram contados todos os cachos de cada planta. 3.6.8. Produção - foi pesado todos os cachos de cada planta, sendo expresso os resultados em quilos por planta. 3.6.9. Características dos cachos 3.6.9.1. Comprimento e largura - foram medidos todos os cachos de cada tratamento, na própria planta, uma semana antes da colheita. 3.6.9.2. Peso - na colheita, foi realizada a pesagem de todos os cachos. 3.6.10. Características das bagas 3.6.10.1. Comprimento e largura - foram coletadas 10 bagas por cacho, colhidos aleatoriamente, medidas com paquímetro, no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia - UNESP - Campus de Ilha Solteira . 31 3.6.10.2. Peso – foram coletadas 10 bagas por cacho, colhidas aleatoriamente e pesadas com balança de precisão, no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia - UNESP Campus de Ilha Solteira . 3.6.11. Análises tecnológicas 3.6.11.1. Teor de sólidos solúveis totais (SST) - foram analisados os teores de Sólidos Solúveis Totais ( º Brix ), no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia - UNESP Campus de Ilha Solteira, através do uso de refratômetro de bancada. 3.6.11.2. Acidez total titulável (ATT) – as análises de acidez total titulável ( gramas de ácido málico / 100 gramas de polpa), foram realizadas no Laboratório de Tecnologia de Alimentos da Faculdade de Engenharia - UNESP - Campus de Ilha Solteira . A análise de ATT foram realizadas, baseadas nas recomendações de TRESSLER & LOSLYN (1961). Após a coleta dos dados, os mesmos foram tabulados e analisados através de regressão polinomial, cujo programa computacional utilizado foi o SAS, no Laboratório de Matemática UNESP - Campus de Ilha Solteira . 32 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na Tabela 02, são apresentados os resultados das análises estatísticas, para os parâmetros : porcentagem de desfolha, rendimento de poda, porcentagem de gemas brotadas, número de brotos no ramo mestre, número de cachos por broto, número de cachos por planta, produção, comprimento, largura e peso do cacho, comprimento, largura e peso da baga , teores de sólidos solúveis totais e acidez total titulável. 4.1. Porcentagem de desfolha Foi observado que cinco dias após a aplicação do produto, as plantas que receberam a aplicação de ethrel (ethephon), apresentaram início de amarelecimento das folhas, e nove dias após, iniciou-se a queda delas. 33 TABELA 02. Teste “ F ”, coeficiente de variação e desdobramentos em efeitos Lineares e Quadráticos para cv. Rubi na região noroeste do Estado de São Paulo - 1997. Teste “F” % desfolha Coeficiente de variação 14.86** 84.62 Efeito Linear 38.06** Efeito Quadrático 6.45** 2.31 ns 10.43 4.74* 1.08 ns 5.24** 31.30 13.37** 0.004 ns Broto no ramo mestre Nº cacho/broto 7.48** 55.32 20.44** 0.27 ns 0.61 ns 30.24 0.39 ns 1.43 ns Nº cacho/Planta 20.97** 14.51 17.13** 35.64** Produção ( kg / planta ) Comprimento do cacho (cm) Largura do cacho (cm) Peso do cacho (kg) Diâmetro da Baga (mm) Comprimento da Baga (mm) Peso da Baga (g) S.S.T. (º Brix) Acidez (g ác.má- 11.12** 17.17 5.90* 24.51** 2.12 ns 11.49 5.54* 0.04 ns 2.58 ns 11.84 0.002 ns 6.80* 1.93 ns 9.87 2.65 ns 0.16 ns 1.28ns 5.61 0.10ns 1.44ns 6.00** 5.97 14.89** 3.07ns 0.85ns 12.08 0.42ns 1.88ns 6.89** 4.48 10.61** 5.12* 14.87** 6.70 0.02 ns 38.80** Rendimento de poda % gema brotada lico/100 g polpa) Nas Fotos 01, 02, 03 e 04 (APÊNDICE), são mostrados o início da queda das folhas 5 dias após a aplicação do ethrel, para os tratamentos 0 L/ha (testemunha), respectivamente. 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha, 34 Foi observado quinze dias após a aplicação do ethrel, que o ramo estava quase desfolhado totalmente (80 a 90%) na parte acima do aramado (região considerada apropriada para realizar a poda de produção), desta forma, melhorou-se a visualização do ramo a ser podado e consequentemente o rendimento de poda. Nas Fotos 05, 06, 07 e 08(APÊNDICE), são mostradas a queda das folhas após 15 dias da aplicação do ethrel, para os tratamentos 0 L/ha (testemunha), 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha, respectivamente. Esses resultados concordam com as observações de ALBUQUERQUE & ALBUQUERQUE (1993), os quais também verificaram que, 3 a 5 dias após a aplicação do regulador vegetal (ethephon) as folhas iniciaram o processo de senescência, acarretando a queda quase total. Observou-se que, a medida que foi aumentada a dose do ethrel, houve aumento da porcentagem de desfolha. O tratamento 5 L/ha foi o que apresentou a maior porcentagem de desfolha, proporcionando desta forma um melhor rendimento de poda. A menor porcentagem de desfolha foi de 4,41% quando não foi utilizado regulador vegetal ( 0 L/ha), e o aumento da porcentagem de desfolha foi proporcional ao aumento da dose , sendo 3 L/ha (12,8%), 4 L/ha (24,52%) e culminando com 5 L/ha (37,74%). A desfolha é uma prática que facilita a poda, pois quando não se utiliza regulador vegetal antes da poda, esta operação é realizada manualmente por um ou dois funcionários, o que aumenta consideravelmente o tempo gasto para a realização da mesma. 35 Na Figura 01, são apresentados os dados referentes a Porcentagem média de desfolha (%) porcentagem média de desfolha e seus respectivos tratamentos. 40 37,74 35 y = 1,879x2 - 2,6604x + 4,3609 R2 = 0,9986 30 25 24,52 20 15 12,80 10 4,41 5 0 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 01. Efeito de diferentes doses de ethrel na porcentagem de desfolha da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Através da análise de regressão polinomial, observou-se o efeito altamente significativo do regulador vegetal na porcentagem de desfolha (Tabela 02). Na faixa das doses estudadas a equação que melhor representou a porcentagem de desfolha foi : Y = 1,879 x2 - 2,6604 x + 4,3609 4.2. Rendimento de poda Através da Figura 02, são apresentados os dados referentes ao rendimento de poda. Tempo médio de poda(min/panta) 36 14 12,45 11,74 12 11,92 10,50 10 8 6 y = -0,3163x + 12,604 R2 = 0,6828 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 02. Efeito de diferentes doses de ethrel no tempo de poda da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Para o tratamento 4 L/ha, gastou-se em média para podar uma planta 11,92 minutos, ao passo que o tratamento 0 L/ha (testemunha) , gastou-se 12,45 minutos por planta, por pessoa. Os tratamentos que proporcionaram maiores rendimentos médios de poda foram aqueles que ethrel/ha, com 10,5 e 11,74 receberam 5 e 3 litros de minutos por planta, por pessoa, respectivamente, mostrando a vantagem da utilização do produto. Assim, observou-se uma tendência em melhorar o rendimento de poda, proporcionando desta forma uma redução de custos na mãode-obra para o viticultor (reduzindo o uso de desfolha manual), devido a eficiência do regulador vegetal, o qual proporcionou queda 37 das folhas e consequentemente reduziu o tempo gasto para a realização da poda. Maiores rendimentos de poda foram obtidos quando foram efetuadas as aplicações do regulador vegetal, com as maiores doses. O tratamento 4 L/ha teve rendimento de poda menor que o tratamento 3 L/ha, porém maior que o tratamento 0 L/ha (testemunha), mostrando que o número de ramos não influenciou na tendência dos resultados( tratamento 4 L/ha possuía o maior número de ramos por planta), e que a desfolha favoreceu o rendimento de poda. Nas Fotos 09, 10, 11 e 12(APÊNDICE), são apresentadas a realização da poda, após 20 dias da aplicação do ethrel, para os tratamentos 0 L/ha (testemunha), 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha, respectivamente. Este resultado pode ser melhor enfatizado, quando realizar a poda em 1 hectare ( 666 plantas ), utilizando-se 5 L/ha de ethrel, em comparação com a testemunha (sem aplicação do regulador), o que proporciona uma redução de mão-de-obra de 1,952 minutos por planta, por pessoa, ou seja, uma diferença de 21 horas, 40 minutos e 1 segundo para efetuar a poda em 1 hectare. Transformando em dias de trabalho, seria equivalente a 2,7 dias de trabalho de 8 horas, os quais poderiam ser utilizados em outros serviços mais dispendiosos de tempo, e que não podem ainda ser substituídos por outras técnicas, como exemplo, o desbaste dos cachos. A análise estatística mostrou através do teste “F” (Tabela 02) efeito não significativo ao nível de 2,31% , mas quando fez o 38 desdobramento, observou-se efeito linear ao nível de 4,74 % de significância. Na faixa das doses estudadas a equação que melhor se adequou foi : Y = - 0,3163 x + 12,604 4.3. Porcentagem de gemas brotadas Verifica-se através da Figura 03 , que a tendência de aumento da porcentagem de gemas brotadas por ramo está diretamente ligado Porcentagem média de gemas brotadas por ramo (%) com o aumento da dose do regulador vegetal. 70 59,69 54,16 60 50 50,35 40,26 40 30 y = 3,4964x + 40,626 R2 = 0,8506 20 10 0 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 03. Efeito de diferentes doses de ethrel, na porcentagem de gemas brotadas da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. 39 Observa-se, através dos dados da Figura 03, que os tratamentos 5 e 3 L/ha, foram os que apresentaram maiores porcentagens de gemas brotadas. A porcentagem média de gemas brotadas por ramo, no tratamento 5 L/ha foi de 59,69 %, enquanto os tratamento 4 , 3 e 0 L/ha (testemunha), apresentaram 50,35, 54,16 e 40,26 % de gemas brotadas por ramo, respectivamente. Nas Fotos 13, 14, 15 e 16(APÊNDICE), visualiza-se a brotação, para os tratamentos 0 L/ha (testemunha), 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha, respectivamente. BOLIANI (1994), relata que a porcentagem de gemas brotadas em cultivares Itália e Rubi, podados em Jales-SP, é superior a 35%, estando de acordo com este trabalho, o qual apresenta brotação do tratamento 0 L/ha (testemunha) de 40,26% e os tratamentos com aplicações de ethephon, que apresentaram porcentagem de gemas brotadas superiores a estes resultados, comprovando o efeito de ethephon. Desta forma, pode-se notar que, aumentando a dose de ethrel, é aumentada a porcentagem de gema brotada, estando de acordo com Phillips ( 1975) e Sachs et al. (1967) citados por BAUTISTA et al. (1987) e BAUTISTA et al. (1987), que constataram redução da dominância apical e maior brotação das gemas subsequentes. Khanduya & Balasubrahmanyan (1971), citados por BAUTISTA et al. (1987), afirmaram que o padrão de diferenciação floral das gemas da videira é uma característica varietal, possivelmente influenciada por condições desenvolve a planta. ambientais onde se 40 Desta forma, verifica-se assim, que o aumento da porcentagem de gemas brotadas, não é o único fator responsável pela obtenção de maior número de cachos e produção. SIMANCAS et al. (1987) obtiveram maior porcentagem de gemas brotadas no cv. Itália, utilizando alzodef 7,5% com torção do ramo mais ethephon, estando de acordo com este trabalho. Os resultados obtidos neste trabalho, com apenas uma aplicação de regulador vegetal, apresentou resultados semelhantes aqueles obtidos por ALBUQUERQUE & SOBRAL (1989), que observaram aumento da porcentagem de gemas brotadas, concorrendo para uma melhor produtividade e ALBUQUERQUE et al. (1996), os quais, relataram que, com aplicações de ethephon em ciclos sucessivos aumentou-se a porcentagem de gemas brotadas, resultando em aumento da produção. Outra prática comum entre os produtores é a realização da torção (massagem) dos ramos para melhorar a brotação. O tempo gasto com esta operação pode ser economizado com o uso do regulador vegetal pois, observou-se que, com o aumento da dose do produto melhora a brotação, dispensando assim, esta prática. Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a seguinte equação: Y = 3,4964 x + 40,626 41 4.4. Número de brotos no ramo mestre São apresentados na Figura 04 o número de brotos emitidos no Número médio de brotos no ramo mestre ramo mestre após a poda. 16 14 12 10 8 6 4 2 0 13,20 13,60 4 5 y = 2,5857x + 0,8929 R2 = 0,9103 6,40 1,40 0 1 2 3 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 04. Efeito de diferentes doses de ethrel, no número de brotos do ramo mestre da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Observa-se através dos dados que ocorreu um aumento do número de brotos no ramo mestre com o aumento da dose do regulador vegetal aplicado. O tratamento 0 L/ha (testemunha) foi o que apresentou menor número de brotos, em média de 1,4 brotos por ramo mestre. 42 Maiores números de brotos no ramo mestre foram obtidos nos tratamentos que receberam as maiores doses de ethrel, sendo que, a medida que aumentou a dose do regulador vegetal, houve um aumento gradativo do número de brotos. O tratamento 5 litros de ethrel/ha, apresentou em média 13,6 brotos por ramo, seguido dos tratamentos 4 L/ha e 3 L/ha com 13,2 e 6,4 brotos por ramo mestre, respectivamente. Realizando a análise estatística através da regressão polinomial observou-se alta significância, como mostra a Tabela 02. Realizando o desdobramento, observou-se efeito linear altamente significativo, através do Teste “F” . Isto mostra que o aumento do número de brotos no ramo mestre é uma reta crescente, ou seja, a dose de ethrel está diretamente ligada ao número de brotos no ramo mestre. Este resultado positivo da aplicação do ethrel, na estimulação das gemas para brotação no ramo mestre, pode ser mais interessante nas podas de recuperação (reforma da parte aérea) e formação de novos ramos, o qual estimula a emissão de brotos no ramo mestre, aumentando dessa forma o número de brotações, podendo auxiliar nas correções das falhas da espinha de peixe ( sistema convencional de condução, mais utilizado na região), etc. É aconselhável utilizar 4 litros de ethrel/ha (quando pretende somente reforma da parreira), dose esta, que propicia o aumento de número de brotos por ramo mestre e um menor gasto do produto, pois a diferença no número de brotos é pequeno quando comparado com o tratamento 5 L/ha. Foi observado, visualmente, que os brotos emitidos no ramo mestre, nos tratamentos que receberam a aplicação de ethrel, 43 apresentavam maior vigor, comparado ao tratamento sem aplicação do produto (testemunha), o que é bastante vantajoso, pois de maneira geral, as plantas mais velhas apresentam maiores dificuldades para emissão desses brotos e quando o fazem, normalmente são pouco vigorosos e dificilmente se desenvolvem satisfatoriamente. Realizando, a análise de regressão polinomial, obteve-se a seguinte equação: Y = 2,5857 x + 0,8929 4.5. Período - poda ao início da brotação A Figura 05 mostra o período compreendido da poda ao início da brotação das gemas do cv. Rubi. Pode-se verificar, através dos dados, que não houve diferença entre os tratamentos, sendo que todos apresentaram um período de 9 dias para iniciarem a brotação. Este trabalho discorda dos resultados obtidos por IWASAKI (1980), o qual obteve atraso no período de brotação no cv. Moscatel de Alexandria, na dose de 500 e 1000 ppm de ethrel, e de LARIOS et al. (1987), os quais obtiveram atraso no período de brotação no cv. Morocco e Carignane, na dose de 1000, 2000 e 3000 ppm de ethrel. Portanto, o uso do regulador vegetal período de brotação, não influenciou contrariando os resultados obtidos Mannini et al. (1982) citados por BAUTISTA et al. (1987), os no por quais relataram que o ethephon é uma substância que libera lentamente 44 etileno, e quando incorporado ao processo metabólico da planta produz efeitos como atraso no período de brotação. Os resultados discordantes deste trabalho para os demais, pode ter sido, devido a época de aplicação do regulador de crescimento, cultivares e condições climáticas, serem diferentes. Período da poda a brotação (dias) 10 9 9 9 9 3 4 5 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0 0 1 2 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 05. Efeito de diferentes doses de ethrel, no período da poda ao início da brotação da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. 4.6. Ciclo : poda / colheita A Figura 06, mostra os dados referentes ao ciclo da videira, sendo o período compreendido da poda à colheita. 45 Observa-se que não houve influência do uso de diferentes doses de ethrel para antecipar ou retardar a colheita. Constatando-se um período de 150 dias. Estes resultados estão de acordo com TERRA et al. (1998), que verificaram o ciclo de 150 dias para a região de Jales (SP). Este trabalho, discorda de Mehta & Chundawat (1979), citados por LARIOS et al. (1987), e de LARIOS et al. (1987), os quais, observaram uma antecipação da maturação dos frutos com a aplicação de ethephon. Período da poda à colheita ciclo (dias) 160 150 140 150 150 150 3 4 5 120 100 80 60 40 20 0 0 1 2 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 06. Efeito de diferentes doses de ethrel, no ciclo da poda à colheita da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. 46 4.7. Número de cachos por broto Através da Figura 07, são apresentados os dados referentes aos números médios de cachos por broto. Número médios de cachos por brotos 1,14 1,12 1,12 y = 0,0118x + 1,0058 R2 = 0,2151 1,1 1,08 1,06 1,04 1,03 1,03 1,02 1 0,98 0,98 0,96 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 07. Efeito de diferentes doses de ethrel, no número de cachos por broto da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Observa-se que, o uso de doses diferentes de ethrel, 20 dias antes da poda não interferiu no número de cachos emitidos por broto. Maiores números de cachos por broto, foram emitidos, quando efetuou-se a aplicação de 5 litros de ethrel/ha (1,12 cachos/broto), seguidos de 0 L/ha e 4 L/ha perfazendo 1,03 cachos por broto, ao passo que o tratamento 3 L/ha apresentou 0,98 cachos por broto. 47 Khanduya & Balasubrahmanyan (1971), citados por BAUTISTA et al. (1987), afirmaram que o padrão de diferenciação floral das gemas da videira é uma característica varietal, possivelmente influenciada por condições ambientais onde desenvolve a planta e BAUTISTA et al., (1987 ), relataram que a fertilidade das gemas não apresentaram regulador vegetal, considerando diferenças atribuídas ao normal, devido a indução floral ocorrer em ciclo anterior a sua brotação, desta forma, sabe-se que a indução floral ocorre anteriormente. Observando-se os resultados deste trabalho, pode-se afirmar que o ethrel, não interferiu na produção, mesmo existindo tendência de aumentar o número de cachos por broto. Apesar de existir uma leve tendência de aumentar o número de cachos por broto, esta é mínima, não sendo aconselhável o uso do regulador para esta finalidade. Pode-se observar na Tabela 02 os resultados não significativos. Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a seguinte equação: Y = 0,0118 x + 1,0058 4.8. Número de cachos por planta Na Figura 08 observa-se os dados referentes ao número de cachos por planta. 48 180 158,80 Número médio de cachos por planta 160 138,20 140 120 111,40 100 75,60 80 60 y = 9,2177x2 - 34,769x + 110,09 R2 = 0,8389 40 20 0 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 08. Efeito de diferentes doses de ethrel, no número de cachos por planta da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. O tratamento 0 L/ha apresentou 111,4 cachos em média por planta, os tratamentos 3 , 4 e 5 L/ha apresentaram 75,6 ; 138,2 e 158,8 cachos por planta, respectivamente. Verifica-se que os tratamentos com 5 L/ha e 4 L/ha, apresentaram os maiores números de cachos por planta. Nota-se, assim uma tendência em aumentar o número de cachos por planta com o aumento da dose de ethrel. O tratamento 3 L/ha, apresentou menor número de cachos que a testemunha (0 L/ha), tornando-se inviável a sua aplicabilidade. 49 Os dados obtidos no presente trabalho, são concordantes com os resultados apresentados por LARIOS et al. (1987), os quais mostraram que a aplicação de ethrel não aumentou o número de cachos por planta nos cvs. Morocco e Carignane, sendo observado diminuição em alguns tratamentos, nas doses de 1000, 2000 e 3000 ppm. Concorda também com GAY et al. (1984), os quais relataram que aplicações em 04 anos sucessivos, diminuiu o número de cachos por planta, na dose de 1000 ppm, ou seja, este trabalho concorda com os anteriores quando foi utilizado doses baixas, como 3 L/ha (equivalente a 4500 ppm) e concorda com ALBUQUERQUE & SOBRAL (1989), quando utiliza-se doses maiores, acima de 3 L/ha, os quais encontraram resultados semelhantes a este trabalho, utilizando ethephon 8000 ppm + cianamida hidrogenada 3,5 % , em cv. Itália, observaram aumento do número de cachos e consequentemente aumento da produtividade. BAUTISTA et al. (1987), estudando três cultivares de videira Vellaneuva, Alphonse Lavallée e Itália, concluíram que o número de cachos por ramo aumentou com o aumento de nós (gema) podada, atribuindo ao aumento da brotação como sendo resposta da aplicação do ethephon, estando de acordo com o presente trabalho. Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a seguinte equação: Y = 9,2177 x2 - 34,769 x + 110,090 50 4.9. Produção Na Figura 09, pode-se observar os dados referentes a produção média demonstrado em quilos por planta. 90 77,54 Produção (kg/pl) 80 70 60 64,00 59,02 50 40,28 40 30 20 y = 4,5027x2 - 18,225x + 58,603 R2 = 0,9117 10 0 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 09. Efeito de diferentes doses de ethrel, na produção da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Observou-se que houve um aumento na produção, em relação a testemunha quando utilizou-se o ethrel nas doses de 4 L/ha e 5 L/ha. O uso de baixa dose de ethrel (3 L/ha) diminuiu a produção, quando comparado com a testemunha. A análise estatística mostrou uma tendência em aumentar a produção com o aumento da dose de ethrel aplicado (Figura 09). Isto, 51 pode ser evidenciado através da Figura 08 (número de cachos por planta), a qual teve a mesma tendência. Os resultados obtidos utilizando 5 L/ha , 4 L/ha , 3 L/ha e 0 L/ha (testemunha) foram : 77,54 kg/pl, 64,00 kg/pl , 40,28 kg/pl e 59,02 kg/pl, respectivamente . Enfatizando melhor os resultados da forma como o produtor avalia sua produção, pode-se concluir que o tratamento 0 L/ha (testemunha) obteve uma produção de 39.307,32 kg/ha e o tratamento 5 L/ha obteve 51.641,64 kg/ha, propiciando 31,38 % de aumento de produção. E , para isto, o custo da aplicação(custo da hora máquina e homem dia), de R$ 20,00/ha, segundo TERRA et al. (1998), e do produto de R$ 59,00/litro (preço médio do mercado local), equivalem a 350 kg de uva (considerando R$ 0,90/kg de uva ), ou seja, 0,68% da produção. Desta forma, a produção líquida foi de 51.291,64 kg/ha , e o uso do regulador proporcionou aumento de 11.984,32 kg/ha, sendo equivalente a R$ 10.785,89 de ganho líquido com a aplicação de ethrel na dose de 5 L/ha. Quando foi utilizado a dose de 4 L/ha obteve uma produção de 42.624 kg/ha comparado com o tratamento 0 L/ha (testemunha) 39.307,32 kg/ha , propiciando 8,44 % de aumento de produção. E , para isto, o custo da aplicação (R$ 20,00/ha) e do produto (R$ 59,00/litro) equivalem a 284,44 kg de uva (considerando R$ 0,90/kg de uva), ou seja, 0,66% da produção. Desta forma, a produção líquida foi de 42.339,56 kg/ha , e o uso do regulador proporcionou aumento de 3.032,24 kg/ha, sendo equivalente a R$ 2.729,02 de ganho líquido com a aplicação de ethrel 52 na dose de 4 L/ha, podendo afirmar, ser compensatório o uso de ethrel, na dose de 5 L/ha, pelo maior ganho líquido. A aplicação de ethrel em baixa dose, como 3 L/ha (equivalente a 4500 ppm) não proporcionou bom resultado, pois sua aplicação reduziu a produção em relação ao tratamento 0 L/ha (testemunha), o que está de acordo com Agaoglu & Eris (1982), citados por LARIOS et al. (1987), que trabalharam com utilizando 500 ppm e ‘Moscatel de Hamburgo’, observaram diminuição no rendimento da produção. HARDIE et al. (1981), também não observaram efeito significativo utilizando 500 ppm de ethephon no cv. Zinfandel, aplicado com 7% de coloração das bagas. Os resultados deste trabalho, concordam com PEACOCK et al. (1978), os quais trabalharam com cv. Red Málaga, em dois anos seguidos, sendo aplicado com 50% e 10% das bagas coloridas, nas doses de 100 e 200 ppm e obtiveram diminuição notável de produção por planta. LARIOS et al. (1987), atribuem a variação da influência dos reguladores, provavelmente, a penetração não uniforme nas plantas em relação as condições de manejo, e trabalhando com doses de 1000 , 2000 e 3000 ppm, obtiveram produção inferior com o uso de ethephon, estando de acordo com este trabalho, comprovando assim, que baixas doses de ethephon proporcionam menor produção. Portanto, resultados encontrados neste trabalho, estão de acordo com os encontrados por GAY et al. (1984), os quais afirmaram que videiras tratadas com 1 000 ppm de ethephon, 4 anos sucessivos, tiveram menor produtividade ( de 12 a 40%) do que a testemunha, isto 53 devido principalmente a redução do peso do cacho. Porém, contrários aos resultados obtidos por ALBUQUERQUE et al. (1996), onde relataram que aplicando ethephon em plantas de videira, em ciclos sucessivos, consegue-se não só aumentar a porcentagem de gemas brotadas, mas também a fertilidade destas, o que concorre para o aumento da produtividade da cultura. SIMANCAS et al. (1987), obtiveram maior produção utilizando 5000 ppm de ethephon, no cv. Itália, estando de acordo com este trabalho, no qual verifica-se tendência em aumentar a produção com doses mais elevadas do produto. Este trabalho apresentou resultados satisfatórios com doses maiores obtendo-se desta forma aumento na produção. E, realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a seguinte equação de produção : Y = 4,5027 x2 - 18,225 x + 58,603 4.10. Características dos cachos 4.10.1. Comprimento - Verifica-se na da Figura 10 , que existe tendência em diminuir o comprimento dos cachos, com o uso de doses crescentes de ethrel (ethephon). O tratamento 0 L/ha (testemunha), foi o que proporcionou cachos mais compridos, apresentando número de cachos superior ao tratamento 3 L/ha , mas no entanto inferior aos tratamentos 4 e 5 L/ha. 54 24 23,49 Comprimento médio do cacho (cm) 23,5 y = -0,6927x + 23,51 R2 = 0,8723 23 22,5 22 21,55 21,5 21 21,08 20,5 20 19,61 19,5 19 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 10. Efeito de diferentes doses de ethrel, no comprimento do cacho da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Apesar do tratamento 0 L/ha (testemunha) apresentar cachos mais compridos, estas diferenças não foram acentuadas em relação aos demais tratamentos, os quais apresentaram também cachos de padrão comercial. BOLIANI (1994), determinou o comprimento do cacho para cv. Rubi em Jales-SP, sendo de 21,25 cm, mostrando que os cachos obtidos neste trabalho estão próximos do padrão obtido pela autora e as diferenças de comprimento não influenciaram na produção. 55 O tratamento 5 L/ha, com média de 19,61 cm de comprimento, proporcionou o menor tamanho de cacho, ou seja, a aplicação do regulador proporcionou o maior número de cachos, porém com o menor comprimento, não influenciando na produção. Enquanto que os demais tratamentos apresentaram médias de comprimento de cacho de 21,55 cm; 21,08 cm e 23,49 cm, na seguinte ordem: tratamento 4 L/ha, 3 L/ha e 0 L/ha (testemunha). Embora tenha ocorrido diminuição do tamanho do cacho com a aplicação do regulador vegetal, todos os tratamentos apresentaram cachos de comprimento comercial e mais uniformes. A região noroeste paulista, está com planos de intensificar as exportações de uva, e o tamanho do cacho obtido com a aplicação de ethrel é ideal para uma perfeita padronização do tamanho dos mesmos para a exportação. Cachos uniformes e não muito grandes facilitam a embalagem e atendem a exigência do mercado externo, principalmente o europeu. Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a seguinte equação: Y = - 0,6927 x + 23,51 4.10.2. Largura - Na Figura 11 , observa-se que os tratamentos 0 L/ha, 3 L/ha, 4 L/ha e 5 L/ha apresentaram as seguintes médias de largura de cacho : 12,38 cm; 14,61 cm , 12,93 cm e 12,16 cm de largura de cacho, respectivamente. O tratamento 3 L/ha proporcionou cachos mais largos que os demais tratamentos. Os tratamentos 0 L/ha , 4 L/ha e 5 L/ha 56 resultaram em cachos mais estreitos; porém, esta diferença influenciou a qualidade dos mesmos, apresentando não todos os Largura média dos cachos (cm) tratamentos cachos de padrão comercial. 16 14 14,61 12,38 12,93 12,16 12 10 8 6 y = -0,3537x2 + 1,6748x + 12,419 R2 = 0,8785 4 2 0 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 11. Efeito de diferentes doses de ethrel, na largura dos cachos da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. No entanto, o tratamento 3 L/ha apresentou cachos mais largos, porém não contribuiu para aumento da produção, em função da planta apresentar menor número de cachos. Observando que o aumento da largura do cacho não interferiu na produção. 57 Realizando, a análise de regressão polinomial, obteve-se a seguinte equação: Y = - 0,3537 x2 + 1,6748 x + 12,419 4.10.3. Peso - Na Figura 12, observa-se que houve tendência de diminuir o peso do cacho com a aplicação de diferentes doses de ethrel. O tratamento 0 L/ha e 3 L/ha apresentaram as maiores médias de peso, de 0,53 kg por cacho, e os tratamentos 4 e 5 L/ha proporcionaram, 0,46 e 0,49 kg/cacho, respectivamente. Tem-se observado, que de maneira geral, quando ocorre aumento na produção há uma pequena redução no tamanho dos cachos, isso pode ser observado nos resultados obtidos nos tratamentos 4 e 5 L/ha. Neste trabalho, todos os tratamentos obtiveram cachos de padrão comercial, estando de acordo com o que relataram TERRA et al., (1998). Realizando a análise de regressão polinomial, obteve-se a seguinte equação: Y = - 0,0017 x2 - 0,0016 x + 0,5278 58 Peso médios dos cachos (kg) 0,54 0,53 0,53 0,53 0,52 0,51 0,5 0,49 y = -0,0017x2 - 0,0016x + 0,5278 R2 = 0,4853 0,49 0,48 0,46 0,47 0,46 0 1 2 3 4 5 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 12. Efeito de diferentes doses de ethrel, no peso do cacho da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. 4.11. Características das bagas 4.11.1. Comprimento – Verifica-se na Figura 13 tendência em aumentar o comprimento das bagas nos tratamentos que receberam aplicação de ethrel, apresentando médias superiores ao tratamento 0 L/ha ( testemunha ), com os seguintes valores: 31,42 mm (4 L/ha); 31,28 mm (3 L/ha); 31,24 mm (5 L/ha) e 30,40 mm (0 L/ha) testemunha. Nota-se mínima diferença entre os valores apresentados, mostrando resultados não expressivos apesar de existir tendência em aumentar o comprimento quando comparado à testemunha. 6 59 31,8 Comprimento médio de baga (mm) 31,6 31,42 31,28 31,4 31,24 31,2 31 30,8 30,6 30,4 30,2 y = 0,27x + 30,185 R2 = 0,8271 30,04 30 29,8 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 13. Efeito de diferentes doses de ethrel, no comprimento da baga da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Independente da utilização, bem como da dose de ethrel, todas as bagas apresentaram características desejáveis para a comercialização em relação ao comprimento, ou seja, estão de acordo com dados obtidos por BOLIANI (1994), onde relata que o comprimento das bagas foi de 30,12 mm. Os resultados neste trabalho estão de acordo com os obtidos por LARIOS et al. (1987), os quais tiveram tendência de aumentar o tamanho do fruto nos cvs. Morocco e Carignane, utilizando ethrel a 1000 ppm, 2000 ppm e 3000 ppm, nas seguintes fases : após 60 colheita, após poda e intumescência das gemas. Justificaram que os níveis de auxina e giberelina são elevados nos primeiros estádios de desenvolvimento do fruto e pode afetar de alguma forma o balanceamento de auxinas-giberelinas, vindo a favorecer este último, originando maior crescimento do fruto. Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a seguinte equação: Y = 0,27 x + 30,185 4.11.2. Largura - Na Figura 14 verifica-se que os tratamentos obtiveram as seguintes médias de largura de baga: 23,84 mm ; 23,82 mm ; 23,70 mm e 23,38 mm, respectivamente, para os tratamentos 4 L/ha, 0 L/ha, 5 L/ha e 3 L/ha de ethrel, mostrando que as diferenças entre os valores obtidos foram mínimos, evidenciando que não houve efeito do regulador vegetal para este parâmetro. Independente da utilização ou não, e da dose de ethrel, todas as bagas apresentaram características desejáveis para a comercialização em relação a lagura, ou seja, estão de acordo com dados obtidos por BOLIANI (1994), onde relata que o comprimento das bagas foi de 23,92 mm. Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a seguinte equação: Y = 0,0444 x2 - 0,2249 + 23,805 61 Largura média da baga (mm) 23,9 23,84 23,82 23,8 y = 0,0444x2 - 0,2249x + 23,805 R2 = 0,4011 23,7 23,70 23,6 23,5 23,4 23,38 23,3 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 14. Efeito de diferentes doses de ethrel, na largura da baga da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. 4.11.3. Peso – Verifica-se na Figura 15, que os tratamentos proporcionaram os seguintes pesos, em ordem decrescente, 11,09 g ; 11,04 g ; 10,83 g e 10,74 g para 4 L/ha , 3 L/ha, 5 L/ha e 0 L/ha de ethrel, respectivamente, mostrando que doses intermediárias (4 e 3 L/ha) de ethrel , proporcionaram tendência em aumentar o peso das bagas. Por outro lado , dose maior (5 L/ha), apresentou tendência em diminuir o peso da baga . 62 11,15 11,1 11,09 11,04 Peso médio de Baga (g) 11,05 11 10,95 10,9 y = -0,0503x2 + 0,2694x + 10,739 R2 = 0,899 10,85 10,83 10,8 10,75 10,74 10,7 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 15. Efeito de diferentes doses de ethrel, no peso da baga da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. Apesar das tendências demonstradas , nenhum dos tratamentos apresentaram bagas fora do padrão comercial, estando de acordo com TERRA et al., (1998), os quais relataram que o peso da baga do cv. em questão , varia 8 a 12 gramas. Pode-se concluir, que não houve influência significativa com o uso do regulador vegetal para este parâmetro, ou seja, que a aplicação do produto não afeta o peso das bagas. Este trabalho concorda com HARDIE et al.(1981), que trabalhando com o cv. Zinfandel, 500 ppm de ethephon, e PEACOCK et al. (1978), que trabalhando com Red Málaga, 200 ppm de ethephon, não observaram diferenças significativas no peso da baga. 63 Realizando a análise de regressão polinomial obteve-se a seguinte equação: Y = - 0,0503 x2 + 0,2694 x + 10,739 4.12. Análises tecnológicas das bagas 4.12.1. Sólidos solúveis totais - Observa-se na Figura 16 que os tratamentos 3 L/ha e 0 L/ha apresentaram 16,40 e 16,10 ºBrix, respectivamente. Os tratamentos 4 L/ha e 5 L/ha, apresentaram Média de Sólidos Solúveis Totais (Graus Brix) valores de 14,90 e 14,80°Brix , respectivamente. 16,5 16,40 16,10 16 15,5 14,90 15 2 14,80 y = -0,1387x + 0,3823x + 16,136 R2 = 0,7605 14,5 14 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 16. Efeito de diferentes doses de ethrel, no teor de Sólidos Solúveis Totais da videira cv. Rubi, para poda de produção realizada em maio de 1997, região noroeste do Estado de São Paulo. 64 Concluiu-se que há tendência em diminuir o teor de sólidos solúveis totais com maiores doses de ethrel aplicado. Portanto, aumentando a dose de ethrel, aumentou-se a produção, mas em contrapartida, ocorreu uma diminuição do teor de sólidos solúveis totais. Isto, pode ser melhor evidenciado através da Figura 09 (Produção). Para o tratamento 3 L/ha, de sólidos solúveis totais a produção foi menor , sendo o teor mais elevado, enquanto nos tratamentos mais produtivos ( 4 L/ha e 5 L/ha ), os teores de sólidos solúveis totais diminuíram com o aumento da produção. Porém, independentemente do tratamento utilizado, as bagas apresentaram características desejáveis, estando dentro das recomendações, exigidas para colheita e comercialização (acima de 14°Brix), de acordo com TERRA et al. (1998). Este trabalho concorda com MANNINI et al. (1981) e Mehta & Chundawat (1979), citados por LARIOS et al. (1987), LARIOS et al. (1987) e HARDIE et al. (1981) os quais obtiveram melhorias no teor de sólidos solúveis totais, utilizando doses de 500 ppm a 3000 ppm de ethrel, ou seja, a utilização de baixas doses de ethrel, como utilizado neste trabalho, de 3 L/ha, a qual equivale a 4500 ppm, aumenta o teor de sólidos solúveis totais. ALBUQUERQUE & SOBRAL (1989), utilizando 8000 ppm de ethephon, não observaram influência significativa no teor de sólidos solúveis totais, a ponto de comprometer a qualidade da uva para a comercialização, estando de acordo com este trabalho. 65 Através da análise de regressão polinomial obteve-se a seguinte equação: Y = - 0,1387 x2 + 0,3823 x + 16,136 4.12.2. Acidez total titulável - A Figura 17 mostra que os tratamentos 4 L/ha e 3 L/ha apresentaram valores iguais de acidez total titulável, sendo 0,44 gramas de ácido málico por 100 gramas de polpa, e os tratamentos 0,38 e 0,35 0 L/ha e 5 L/ha, obtiveram valores de gramas de ácido málico/ 100 g de polpa, respectivamente. Percebe-se pequena tendência em diminuir a acidez com o aumento da dose de ethrel aplicado. Apesar da tendência dos resultados, todos os tratamentos estão dentro das normas exigidas para comercialização, sendo no máximo de 0,50 gramas de ácido málico para 100 gramas de polpa de uva. Estes resultados estão de acordo com aqueles obtidos por BOLIANI (1994), em Jales-SP, no cv. Rubi, o qual atingiu o ponto de colheita, acidez em torno de 0,53 gramas de ácido málico/100g de polpa. Este trabalho apresenta resultados que concordam com GAY et al. (1984), os quais utilizaram ethephon no início e com 50% de coloração da baga em 4 anos sucessivos. LARIOS et al. (1987) utilizaram ethephon após a colheita, após a poda e na intumescência das gemas e total titulável. apresentaram resultados na melhoria do teor de acidez Média da Acidez Total Titulável (Gramas de Ácido Málico /100g polpa) 66 0,5 0,45 0,4 0,35 0,3 0,25 0,2 0,15 0,1 0,05 0 0,44 0,44 0,38 0,35 y = -0,0153x2 + 0,0719x + 0,3806 R2 = 0,893 0 1 2 3 4 5 6 Doses de ethrel (l/ha) FIGURA 17. Efeito de diferentes doses de ethrel, na Acidez Total Titulável da videira cv. Rubi, para poda produção realizada em maio de 1997, de região noroeste do Estado de São Paulo. HARDIE et al. (1981) utilizaram ethephon na dose de 500 ppm, com 7 % de coloração da baga no cv. Zinfandel, e observaram melhoria na acidez, estando de acordo com este trabalho, diferindo em época de aplicação. A análise de regressão mostrou resultados altamente significativos, sendo mais evidenciado com o desdobramento. E , a equação determinada foi : Y = - 0,0153 x2 + 0,0719 x +0, 3806 67 5. CONSIDERAÇÕES GERAIS Observou-se neste trabalho, que a dose de 5 L/ha de ethrel, proporcionou maior porcentagem de desfolha e consequentemente maior rendimento de poda, dispensando a desfolha manual e a torção do ramo. Verificando a porcentagem de gemas brotadas, principalmente quando foi utilizada a dose de 5 L/ha notou-se aumento da brotação. E, quando relacionou-se com o número de cachos por broto, número de cachos por planta e produção, observou-se que o regulador vegetal não favoreceu o número de cachos por broto, tendo como reflexo da brotação, maior número de cachos por planta e consequentemente maior produção. Portanto, o regulador vegetal utilizado não fez aumentar a produção de forma direta, mas promoveu uma melhor brotação das gemas, aumentando a probabilidade de emitir cachos (evidenciando que a presença de cacho é inerente da própria planta). Logo, o ethrel utilizado em maiores doses favorece a produção. 68 No tratamento 3 L/ha , provavelmente, pode ter ocorrido um gasto energético maior , para tentar manter as folhas nas plantas (após a aplicação do regulador), enquanto que, doses maiores, a planta não teve condições mínimas de manter as folhas nas plantas, gastando-se menos energia com a perda da mesma, e provavelmente translocando suas reservas para outras partes das plantas mais rapidamente (conservando-as). Para obter maior brotação no ramo mestre, com economia de produto, pode-se aplicar 4 L/ha de ethrel, gastando-se no mínimo 666 L/ha de calda ( 1 litro de calda por planta, espaçamento 5 x 3 m). A resposta do regulador é muito positiva, para este parâmetro, pois o produtor consegue em apenas uma poda (produção ou formação de ramos), corrigir falhas de ramos laterais ou renovar parreiras velhas, formando novas brotações. O uso de ethrel não alterou o ciclo no período do início da brotação até a colheita, portanto não deve ser utilizado para tentar reduzir ciclo. O uso de ethrel não afetou comercialmente o comprimento, largura e peso do cacho e da baga, apresentando maior uniformidade e padronização, para mercados interno e externo. Com a utilização do regulador vegetal percebe-se uma tendência em diminuir a acidez total titulável e o teor de sólidos solúveis totais, não prejudicando comercialmente, suas qualidades tecnológicas. Este trabalho, poderá servir de base para novos experimentos, o qual abre um grande leque para ser pesquisado, como por exemplo: a interferência da luminosidade, umidade do ar, temperatura em 69 diferentes épocas do ano e outros parâmetros climáticos em relação aos efeitos ocasionados pelo regulador vegetal, trabalhando de preferência com as maiores doses, utilizadas neste trabalho. Poderia ser pesquisado a aplicação do produto em diferentes épocas do ano e paralelamente fazer o acompanhamento do intumescimento das gemas para a data mais propícia para realização da poda. Na instalação de novos trabalhos, pode-se aumentar o número de tratamentos, incluindo a desfolha manual, tratamento somente com ethephon (sem aplicação de cianamida hidrogenada) e a aplicação de ethephon conjuntamente com cianamida hidrogenada, este último produto em doses menores. Seria interessante testar doses maiores de ethephon, realizar a análise econômica envolvendo todos os custos, como por exemplo, a economia de mão de obra para realizar a desfolha, torção do ramo, rendimento de poda, economia de cianamida hidrogenada, hora máquina e homem-dia, etc. Poderia ser pesquisado também, os efeitos do regulador vegetal em outros cultivares, como Benitaka e Niagara Rosada, os quais possuem grande dificuldade de brotação na região em épocas mais frias do ano, principalmente nos meses de abril-maio. E, no cv. Centennial Seedless, o qual eliminaria a prática de torção do ramo, evitando a entrada de doença através dos ferimentos. Poderia também, avaliar a resistência à doenças, devido as mudanças fisiológicas ocorridas no interior da planta ou pelo 70 desenvolvimento do ramo mais rápido, livrando-se rapidamente do período mais susceptível às doenças. A coleta dos dados, em vez de ser realizada na íntegra, poderia-se, marcar em torno de 20 ramos por planta, aleatoriamente e coletar os seguintes dados: porcentagem de desfolha, porcentagem de gemas brotadas, períodos avaliados (poda-brotação e poda-colheita), número de brotos por ramo, número de cacho por broto, número de cachos por ramo, número de bagas por cacho, características dos cachos (comprimento, largura e peso) e bagas (comprimento, largura e peso) e as análises tecnológicas (sólidos solúveis totais e acidez total titulável), sendo que os demais parâmetros (rendimento de poda, número de brotos no ramo mestre, número de cachos por planta e produção), pode-se coletar na íntegra. É importante salientar, que o uso de regulador deve ser realizado em plantas em bom estado fitossanitário, pois o produto é absorvido pelo tecido alvo, diminuindo assim, a variação da influência ocasionada pela uniformidade de penetração nas plantas. E, em bom estado nutricional, para suportar as modificações fisiológicas ocorridas nas plantas. 71 6. CONCLUSÕES Nas condições em que foi conduzido o experimento, os resultados permitiram as seguintes conclusões : a. recomenda-se a aplicação de ethrel, na dose de 5 L/ha, 20 dias antes da poda; b. o uso de ethrel na dose de 5 L/ha proporcionou : maior porcentagem de desfolha, maior rendimento de poda, maior porcentagem de gemas brotadas, maior número de brotações no ramo mestre, maior número de cachos por planta e menor acidez total titulável; c. o uso do regulador em doses maiores aumentou a produção; d. o custo do produto produção; é compensado pelo aumento da 72 e. o uso de ethrel, não afetou os períodos da poda ao início da brotação e poda à colheita, cachos por broto e as características dos cachos e bagas. f. houve tendência de diminuir o teor de sólidos solúveis totais, com o aumento da dose de ethrel. 73 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALBUQUERQUE, J. A.S., ALBUQUERQUE, T.C.S. 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