Nove Comentários sobre o Partido Comunista
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Nove Comentários sobre o Partido Comunista
Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 1 – O Primeiro dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. O que é o Partido Comunista? A Sombra de Mao: Mãe e filho andam através da entrada do Museu Militar de Pequim e são saudados pela grande estátua do ditador chinês Mao Tsé-tung. 1/206 Introdução Já faz mais de 5.000 anos desde que o povo chinês surgiu e se estabeleceu sobre a região regada pelos rios Amarelo e Yang-tsé. Um povo que criou uma cultura esplêndida. Ao longo de mais de dez dinastias, a cultura chinesa teve períodos de florescimento e declínio como imensas ondas que se formam e se desfazem; um espetáculo de comover corações. O ano de 1840 é geralmente considerado pelos historiadores como o início da China contemporânea; ano que marca o início do caminho da China tradicional para a modernidade. A civilização chinesa passou por quatro grandes desafios de grandes repercussões. Os três primeiros são: a invasão de Pequim pelas forças aliadas anglo-francesa durante a década de 1860; a guerra entre China e Japão em 1894; e, em 1906, a guerra entre a Rússia e o Japão, a noroeste da China. A China respondeu a esses desafios com o Movimento de Ocidentalização, caracterizado pela importação de bens e armas, as reformas institucionais (o Movimento de Reforma de 1898 e a Lei Constitucional da Dinastia Qing) e, mais adiante, a Revolução Democrática de 1911. Como depois da I Guerra Mundial, os interesses da China – um dos países vitoriosos – não foram respeitados pelas demais potências, muitos chineses consideraram como totalmente ineficazes as três respostas dadas àqueles três desafios. Assim, surgiu o Movimento de Quatro de Maio, que encabeçou uma nova resposta que culminou com a completa ocidentalização da cultura chinesa e, pouco depois, com a revolução extrema através do movimento comunista. Os Nove Comentários falam sobre as conseqüências desta última resposta: o movimento comunista e o surgimento do Partido Comunista Chinês, o PCCh. Fala dos desdobramentos da escolha do comunismo feita pela China, melhor dizendo: de algo imposto à força. Será feita uma detalhada análise dos últimos 160 anos da história da China, nos quais cerca de 100 milhões de pessoas morreram de forma não natural e nos quais desapareceu por inteiro a tradicional civilização chinesa junto com sua cultura. I. A utilização da violência e do terror para tomar e manter o poder. “Os comunistas não se rebaixam para dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda ordem social existente”. É assim que termina o Manifesto Comunista, o principal documento do Partido Comunista. A violência é o método pelo qual esse partido obtém o poder e, além disso, o recurso que mais utiliza. Essa é a imutável característica herdada por todas as vertentes do comunismo desde o seu nascimento. Na realidade, o primeiro partido comunista foi fundado muitos anos depois da morte de Karl Marx. O segundo, o “Partido Comunista de Todos os 2/206 Russos” (Bolchevique, e posteriormente conhecido como Partido Comunista da União Soviética), surgiu depois da Revolução de Outubro de 1917, através do emprego da violência contra os “inimigos de classe”, e se manteve pelo uso da violência contra seus próprios membros e o próprio povo. Durante as “purgas” stalinistas da década de 1930, o comunismo soviético matou mais de 20 milhões de pessoas, entre elas os chamados “espiões” ou “traidores”, aqueles que tinham opiniões diferentes. O Partido Comunista Chinês (PCCh) surgiu de um desdobramento da Terceira Internacional Comunista que foi encabeçado pelo Partido Comunista Soviético. Portanto, herdou de forma natural o uso da violência e brutalidade. Durante a primeira guerra civil entre os comunistas e o Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês), entre 1927 e 1936, a população da província de Liangxi caiu de uma população de 20 para cerca de 10 milhões de habitantes; um exemplo das terríveis perdas decorrentes do uso de violência. Diz-se que o uso da violência é inevitável quando se trata de obter o poder político. Entretanto, nunca existiu um regime que matou tanto quanto esse do PCCh, especialmente em tempos de paz. Desde 1949, quando o PCCh chegou ao poder, o número de mortes causadas pela violência do PCCh já superou o total de mortes ocorridas durante todas as guerras dos últimos 30 anos. Um exemplo disso foi o apoio dado pelo PCCh à Khmer Vermelho no Camboja. Quando o Khmer Vermelho tomou o poder, 1/4 da população do Camboja – sendo boa parte de ascendência chinesa – foi exterminada. Até hoje, a China Comunista se esforça para impedir que a comunidade internacional julgue publicamente o Khmer Vermelho, com o propósito de esconder a evidente participação do PCCh nesse genocídio ocorrido no Camboja. Cabe assinalar que muitas das forças armadas e dos regimes mais brutais dessa região têm laços estreitos com o PCCh. Além do Camboja, os partidos comunistas da Indonésia, Filipinas, Malásia, Vietnã, Birmânia, Laos e Nepal, foram estabelecidos com o apoio do PCCh. Muitos líderes desses partidos comunistas nasceram na China, e alguns estão escondidos na China. Além disso, outros partidos comunistas de origem maoísta, como o Sendero Luminoso (Peru) e a Armada Vermelha (Japão), foram condenados pela comunidade mundial devido às suas ações violentas e brutais. Uma das raízes teóricas do comunismo baseia-se na teoria da evolução de Darwin; uma forma de darwinismo social. O Partido Comunista transportou o pensamento de Darwin sobre competição entre as espécies animais para as relações sociais e o desenvolvimento histórico: ele sustenta que a luta de classes sociais é a força impulsionadora do desenvolvimento social. A luta, portanto, se converteu na “crença” fundamental do Partido Comunista para obter e manter o poder político. A famosa frase de Mao Tsé-tung: “Com 800 milhões de pessoas, como 3/206 poderia dar certo sem a luta?!”; é uma declaração dessa lógica do domínio do mais forte. Tão famosa como essa, é outra frase de Mao: “Uma Revolução Cultural deveria ser realizada a cada sete ou oito anos”. O uso constante da força é o método preferido do PCCh para manter o controle. O propósito dessa violência é criar o medo. Cada luta ou movimento do PCCh serve para reforçar o terror; serve para intimidar, dominar e subjugar o povo chinês até ao ponto de convertê-lo em escravo do terror e do medo. Hoje em dia, o terrorismo se converte no principal inimigo do mundo civilizado e livre. Entretanto, o brutal terror exercido pelo Partido Comunista, amparado pelo aparato do Estado, se converteu em algo de proporções e duração ainda maiores; algo com conseqüências ainda mais nefastas. Hoje, em pleno século XXI, não devemos nos esquecer que a característica da violência herdada do Partido Comunista, no seu devido tempo, será determinante para o destino do PCCh. II. O uso de mentiras para justificar a violência O grau de violência de um sistema social é um dos critérios para se medir o grau de civilização dos seres humanos. Ao recorrer sistematicamente ao uso da violência, os regimes comunistas representam um grande retrocesso para a civilização humana. Claro, há pessoas que acreditam que a violência é fator indispensável para o avanço social e, portanto, elas consideram o Partido Comunista como um movimento progressista. Sem dúvida, ter feito com que chineses aceitassem a violência foi uma obra de mestre no uso da manipulação e da mentira, característica inerente ao Partido Comunista. “Desde o início consideramos os Estados Unidos como um país especialmente amável. Isso não se deve somente ao fato de ele jamais ter usado seu poderio para invadir ou atacar a China. Os chineses, em especial, têm uma boa impressão dos Estados Unidos em razão de sua tradição democrática e pelo caráter generoso e aberto mostrado pelo povo americano”. A citação acima foi extraída de um editorial publicado em 4 de junho de 1947 no diário oficial do PCCh, o Xinhua Ribao. Apenas três anos depois dessa declaração, o PCCh enviou soldados para lutar contra as tropas americanas na Coréia do Norte, e descreveu os norte-americanos como os imperialistas mais cruéis do mundo. Qualquer habitante da China continental se surpreenderia ao ler referido editorial escrito há mais de 50 anos. Tanto é fato, que o PCCh proibiu a publicação de citações como essa, divulgando versões ajustadas à sua nova realidade. Desde que chegou ao poder, o PCCh tem se utilizado desses métodos para eliminar os contra-revolucionários: cooperação entre empresas públicas e privadas, a promoção de movimentos anti-direitistas, a Revolução Cultural, o Massacre na Praça Celestial e a perseguição ao Falun Gong. Seu feito mais infame foi a perseguição aos intelectuais em 1957. O PCCh 4/206 pediu aos intelectuais daquela época que expressassem suas opiniões, mas logo depois usou essas mesmas opiniões como evidência para incriminá-los, prendendo os intelectuais com a acusação de “direitistas”. Quando alguns declararam que tal ato havia sido um complô desonesto, Mao Tsé-tung disse abertamente: “Não foi um complô desonesto, mas sim uma estratégia aberta”. Enganar e mentir desempenhou um papel muito importante para que o PCCh pudesse chegar ao poder e se manter nele. Desde tempos imemoriáveis, os intelectuais chineses sempre depositaram grande confiança na sua história. A China tem a história mais longa e completa do mundo; seu povo sempre a utilizou para analisar os fatos de uma época ou para o desenvolvimento espiritual. Por isso, para que a história sirva aos propósitos do seu regime, o PCCh vem escondendo e alterando a história da China. Em suas propagandas e publicações, o PCCh vem reescrevendo a história de épocas distantes como o período Primavera e Outono (770 – 476 a.C.) ou o período dos Estados em Guerra (475 – 221 a.C.), e até mesmo algo recente como a Revolução Cultural. O PCCh vem fazendo essas adulterações na história de forma ininterrupta desde 1949, bem como impedindo com violência qualquer iniciativa no sentido de que seja restabelecida a verdade. Quando a violência não é suficiente, é necessário ocultar ou alterar a verdade; o PCCh recorre ao engano e à mentira. A mentira é um outro lado da violência e também seu combustível. Deve-se reconhecer que enganar e mentir não foram inventados pelo Partido Comunista. É um comportamento mafioso de longa data que o PCCh vem utilizando sem o menor constrangimento e com a máxima competência. O PCCh promete terra para os camponeses, fábricas para os trabalhadores, liberdade e democracia para os intelectuais, e paz para todos. Até hoje, o PCCh não cumpriu nenhuma dessas promessas. Uma geração de chineses enganados já está morta e outra ainda continua a ser enganada pelas mentiras do PCCh. Isso é motivo de máxima tristeza para o povo chinês e um aspecto sombrio para a nação. III. Constantes mudanças de postura e princípios Durante um debate televisivo de candidatos à presidência dos Estados Unidos nas eleições de 2004, um deles disse que uma pessoa pode mudar sua opinião sobre algo, porém não pode mudar seus princípios; de outra forma, não seria uma pessoa confiável. Essa frase gera profundas reflexões. O Partido Comunista Chinês é um exemplo típico disso: desde sua fundação, ele realizou 16 congressos de representantes nacionais e mudou seu estatuto 16 vezes. Em mais de 50 anos, desde que assumiu o poder político, o PCCh realizou cinco importantes modificações na Constituição Nacional chinesa. O ideal do Partido Comunista é a igualdade social; sua meta final é a 5/206 realização da utopia comunista. Sem dúvida, hoje, a China, sob o controle do PCCh, se converteu num dos países com a maior distância entre pobres e ricos, e, sobre uma base de 800 milhões de pobres, muitos dos membros do PCCh se tornaram milionários. A ideologia do PCCh começou com o marxismo-leninismo, agregou as idéias de Mao Tsé-tung, depois as de Deng Xiaoping e, depois, as de Jiang Zemin (Três Representantes). O marxismo e o maoísmo são incompatíveis com as idéias de Deng e Jiang. Na realidade, são completamente opostas. O fato de terem sido colocadas e cultuadas juntas e em um mesmo cenário, é realmente algo único na história. Os princípios pelos quais o PCCh evoluiu são extremamente contraditórios. Da ideia da expansão internacional para a do extremo nacionalismo de hoje; do confisco de toda propriedade privada e eliminação da classe exploradora para o atual conceito de atrair capitalistas. Isso mostra que seus princípios vêm mudando em todos os sentidos. Princípios antes defendidos com firmeza, hoje já não servem mais, e os de hoje tampouco servirão amanhã. Não importa o quanto o PCCh mude seus princípios, sua meta segue sendo sempre a mesma: tomar e manter o poder, e exercer controle total sobre a sociedade. Ao longo da história do PCCh, houve mais de dez lutas de “vida ou morte” pelo poder do PCCh e que, na realidade, coincidiram com mudanças nos postulados fundamentais do Partido. Toda mudança de postura e princípios ocorreu em momentos de inevitável crise, ocorreu em momentos em que estava ameaçada a legitimidade e sobrevivência do PCCh. Tenha sido colaborar com o Partido Nacionalista chinês, Kuomintang, seja uma política de se aproximar dos EUA, seja uma reforma econômica e de abertura para o mercado, ou a promoção do nacionalismo, todas essas decisões foram tomadas em momentos de crise, e todas buscaram manter ou consolidar o poder do PCCh. Cada período de perseguição a determinado grupo e seu extermínio sempre esteve ligado a mudanças nos princípios orientadores do PCCh. Há um provérbio ocidental que diz: “As verdades são firmes e imutáveis, mas as mentiras sempre mudam”. Há muita sabedoria nisso. IV. A natureza do PCCh toma o lugar da natureza humana e a destrói O PCCh é um regime leninista totalitário. Desde o começo, o PCCh estabeleceu três linhas básicas: a política, a estratégica e a organizadora. Usando uma linguagem simples para descrevê-las: a linha política é a base ideológica de sustentação do Partido; a linha estratégica estabelece os objetivos do Partido, e a linha organizadora determina a forma de se organizar para alcançar tais objetivos (uma rígida organização). A primeira e mais fundamental exigência, tanto para os membros do PCCh como para o povo, é a obediência total. É disso que trata a linha organizadora. 6/206 Na China, as pessoas conhecem a dupla personalidade dos membros do PCCh. No âmbito privado eles são como qualquer pessoa comum: sentem alegria, raiva, preocupação, momentos de tranqüilidade ou outras emoções humanas. Têm virtudes e fraquezas como qualquer pessoa comum. São pais, maridos, amigos, etc. Porém, sobrepondo-se a essa natureza humana está a natureza do Partido. Ela segue as exigências do Partido e está acima de tudo. A natureza humana é contraditória e mutável, mas, a natureza do PCCh não pode ser posta em dúvida nem questionada ou desafiada. Durante a Revolução Cultural, era comum ver cenas de pais contra filhos, de marido e esposa lutando entre si, de mães e filhas delatando umas às outras, e de inimizade e hostilidade entre alunos e professores. A natureza do Partido fomentava o conflito e o ódio entre as pessoas. No período inicial do regime do PCCh, houve muitos casos de familiares de altos funcionários do PCCh que foram considerados inimigos de classe e não puderam ser salvos. Essa é outra manifestação da natureza do Partido. A predominância da natureza do Partido sobre o indivíduo resulta de um longo processo de doutrinamento por parte do PCCh. Um doutrinamento que começa logo no jardim da infância, onde as respostas ditadas pelo Partido, ainda que não concordem com o bom senso nem com a natureza de uma criança, são usadas como parâmetro para se obter boas notas. Durante a educação primária, secundária e universitária, os alunos recebem uma formação política segundo a qual devem aprender as respostas ditadas pelo Partido. Se não acatam essa orientação, não passam nos exames e nem podem se graduar. Qualquer membro do Partido quando fala, tem que ser coerente com a “linha organizadora”, sem importar o que ele mesmo pense como pessoa. A estrutura do Partido é piramidal, com um poder central que controla toda a hierarquia. Esse tipo de estrutura é uma das características mais marcantes do regime comunista, já que permite impor e obter obediência absoluta. Hoje, o PCCh se transformou por completo em uma organização que protege seus próprios interesses. Deixou de ter como meta a ideologia comunista. Sem dúvida, a estrutura organizadora do comunismo continua a mesma: exigir total obediência. O Partido Comunista Chinês sobrevive porque se coloca acima da condição humana e porque elimina todo e qualquer grupo ou pessoa que ele considere prejudicial ao seu poder, não importando se é um cidadão comum ou um funcionário do Partido. V. Um perverso fantasma1 que se opõe à Natureza e à natureza humana Tudo que está debaixo do Céu passa pelo ciclo: nascimento, maturidade, degeneração e morte. 1 N.T.: Fantasma → Termo utilizado no Manifesto Comunista ao se referir ao Partido Comunista. 7/206 Fora o regime comunista, todas as sociedades não comunistas, não importa o quão totalitárias ou ditatoriais sejam, concedem a seus cidadãos certo grau de auto-organização e autodeterminação. Na antiguidade, na China, a sociedade era governada na forma de uma estrutura bipolar: nas regiões rurais, o clã era o centro de uma organização social independente; já nas áreas urbanas, essa organização se dava em torno das comunidades. As autoridades do governo só cuidavam de assuntos em nível acima de condado. Até mesmo o nazismo – depois do comunismo, talvez o regime mais cruel que existiu – permitia o direito à propriedade privada. Os regimes comunistas eliminaram qualquer outra forma de organização que não seja a do Partido, substituindo-a por uma estrutura vertical controlada por um poder central. Nas sociedades onde o poder se estrutura de forma natural, da base até o topo, a autodeterminação de indivíduos ou grupos ocorre de forma natural e espontânea. Portanto, o regime comunista é essencialmente antinatural. O Partido Comunista não dá sustentação aos padrões universais próprios da natureza humana. O conceito de bem e mal, assim como leis e princípios tidos como universais, são coisas que o Partido manipula e altera arbitrariamente. O comunismo não permite matar; entretanto, isso não vale quando se trata de pessoas consideradas inimigas do Partido Comunista. A afeição entre pais e filhos é bem vinda, exceto quando os pais são tidos como inimigos de classe. Benevolência, retidão, dignidade moral, sabedoria e lealdade são valores respeitados, porém não se aplicam quando não convêm ao Partido Comunista. O PCCh jogou na lata do lixo valores universais à natureza humana, construiu seus próprios princípios e valores os quais se opõem à natureza humana. As sociedades não comunistas levam em conta a dualidade humana quanto ao bem e o mal, e, assim, estabelecem regras sociais para manter o equilíbrio social. As sociedades comunistas, sem dúvida, negam essal condição da natureza humana; tampouco reconhecem a coexistência do bem e do mal. Eliminar a noção de bem e mal, segundo Karl Marx, serve ao propósito de enfraquecer a estrutura dominante da velha sociedade. O comunismo “não crê em Deus”, sequer respeita a natureza: “Lute contra os Céus, conquiste a natureza e elimine os inimigos: viver assim é cheio de sentido”. Esse foi o lema do PCCh durante a Revolução Cultural. O povo chinês e a Natureza foram aqueles que mais sofreram as conseqüências disso. Os chineses tradicionalmente acreditam na unidade entre os Céus e os seres humanos. Lao Tse disse: “Os humanos seguem a Terra, a Terra segue os Céus, os Céus seguem o Tao2, e o Tao segue conforme sua própria Natureza”. Humanos e Natureza existem em harmoniosa relação no indivisível universo. 2 Tao (Caminho), leis e princípios do universo. 8/206 O Partido Comunista é uma forma de entidade que se opõe aos Céus, à Terra e à Humanidade; se opõe à Natureza. É um fantasma que maldosamente se opõe à Natureza do universo. VI. Característica da possessão malvada Os órgãos do Partido Comunista jamais desempenham atividades produtivas ou criativas. Uma vez que se colocam no poder, se aderem aos cidadãos para controlá-los e manipulá-los. Temendo perder o poder, controlam até mesmo a unidade mais básica da sociedade. Os órgãos comunistas controlam os meios de produção e se nutrem de suas fontes de riqueza. Na China, não há local onde o PCCh não se ramifique ou exerça controle; nada fica fora de seu controle. Porém, ninguém conhece a contabilidade dos órgãos do Partido. Só se tem acesso à contabilidade do Estado, de órgãos locais de governo e de empresas. Do governo central aos órgãos rurais, os funcionários administrativos estão subordinados aos quadros comunistas. Assim, os governos locais têm que acatar ordens e diretrizes dos comitês do Partido. Os gastos do Partido são pagos pelos governos locais sem que exista qualquer tipo de transparência contábil. A organização do Partido é um fantasma que parasita, como a sombra que acompanha o corpo; se adere a cada célula da sociedade. Ramifica-se por cada célula da sociedade para que assim possa se nutrir dela e sugá-la para poder controlá-la e manipulá-la. Na história da humanidade, esse tipo de estrutura maligna e parasítica já ocorreu, porém teve alcance parcial e de menor duração. Nenhuma dessas estruturas se sustentou durante tanto tempo ou controlou a sociedade do mesmo modo que o comunismo. Por tal razão, os camponeses chineses vivem na indigência e sob as mais duras condições de trabalho. Eles não somente têm que manter com seus trabalhos os “funcionários de carreira” do país, como também um número não menor de burocratas do Partido. Pela mesma razão, os trabalhadores chineses sofrem com o alto índice de desocupação, porque o PCCh está, em todas as partes, sugando os recursos das fábricas. Pela mesma razão, os intelectuais chineses encontram tão grande dificuldade para desfrutar de liberdade de pensamento. Além disso, somado ao controle direto, há sombras por todas as partes que não fazem outra coisa além de vigiar as pessoas. Esse fantasma possessor precisa ter controle total sobre a mente dos possuídos, para assim obter a energia que lhe permite sobreviver. De acordo com a moderna ciência política, o poder provém de três fontes: da força, da riqueza e do conhecimento. O Partido Comunista se utiliza da força para estabelecer o seu controle total e tomar as propriedades dos cidadãos. E, o que é mais grave, cerceia a liberdade de expressão do povo e a liberdade de imprensa. Viola o espírito de liberdade das pessoas para assim atingir o objetivo de exercer um total controle. À luz do exposto, a possessão maléfica do PCCh exerce um tipo de controle sobre a sociedade como nunca antes visto na história. 9/206 VII. Reflita e se livre dessa possessão malévola No Manifesto Comunista, o principal documento do Partido Comunista, Marx disse em 1848: “Um fantasma ronda a Europa - o fantasma do comunismo”. Mais de um século depois, o comunismo já não é mais um fantasma. Ele possui um corpo de carne e osso, se materializou. Como uma epidemia, espalhou-se por todo o mundo, matou milhões de pessoas e tomou a propriedade de outras tantas. Cerceou a liberdade de espírito e possuiu a alma de outros milhões. O princípio básico do Partido Comunista é confiscar toda propriedade privada e assim eliminar todas as “classes exploradoras”. Mas a propriedade privada é a base de todos os direitos sociais, a base da cultura. O povo cuja propriedade privada é tomada, também perde a autodeterminação e liberdade de espírito, chegando finalmente a perder a liberdade de lutar por seus direitos políticos e sociais. Na década de 1980, a China atravessou uma grave crise que obrigou o PCCh a levar adiante uma reforma e abertura econômica. Foram restituídos ao povo alguns direitos à propriedade privada. Isso gerou um buraco na estrutura de controle que o PCCh necessita. Um buraco que se torna cada vez maior na medida em que os próprios membros do PCCh se esforçam para acumular fortunas pessoais se aproveitando dessa abertura econômica. O PCCh - um fantasma maligno que mantém sua possessão pela violência, mentiras e pelas mudanças frequentes de fachadas - mostra agora claro sinais de decadência. Assusta-se diante do menor problema, como um pássaro diante de um gato. Para tentar prolongar sua existência, o PCCh tenta ainda mais acumular recursos, riqueza e apertar o controle. Sem dúvida, são ações que somente servem para agravar crise. Hoje, a China aparenta prosperidade, porém os conflitos sociais são sérios; como nunca antes visto. Com base em estratégias políticas do passado, o PCCh talvez tente alguma tática usada no passado, como se desculpar publicamente ou fazer alguma reparação com relação às vítimas que eles fizeram tanto no Massacre da Praça Celestial quanto aos cultivadores de Falun Gong. Ou, entre outras possíveis, fabricar um inimigo para que assim possa continuar a exercer seu poder de terror. Quando se viu diante de grandes crises, a nação chinesa respondeu com a importação de bens e armas, com reformas institucionais e com revoluções radicais e violentas. Pagou isso com incontáveis vidas, além da perda da maior parte de sua tradição cultural. Parece que tais respostas não foram eficazes. Quando o caos e o desespero se apoderam do povo chinês, o PCCh sabe tirar vantagem disso para entrar em cena e se apoderar do povo chinês. O PCCh aproveita cada oportunidade para entrar em cena e poder controlar a última civilização de tradição antiga que ainda existe no mundo. Quando surgirem novas crises, o povo chinês deverá voltar a escolher. Porém, não importa como escolham, os cidadãos devem ter em mente 10/206 que qualquer esperança residual no PCCh servirá somente para agravar os danos feitos à China e para injetar energia nova a esse monstro político que a tudo possui. O povo chinês deve abandonar todas as ilusões. Deve fazer um profundo auto-exame sem se deixar levar pelo ódio, pela ganância e outros desejos banais. Somente então poderá livrar-se dessa pesada possessão encarnada no PCCh que já dura tanto e que rompeu o último século. Em nome de uma nação livre, é possível restaurar uma civilização chinesa com base no respeito à natureza humana, na compaixão por todas as coisas e na confraternização com todas as pessoas do mundo. Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 2 – O Segundo dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. No Início do Partido Comunista Chinês. Foto: GOH CHAI HIN/AFP/Getty Images Um homem chinês olha para o quadro onde está pintado o líder comunista chinês Mao Tsé-tung, declarando a formação da República Popular da China, no portão da Cidade Proibida, em 1949. 11/206 Apesar de o PCCh alegar o contrário, a história do PCCh é feita de mentiras e de sangue de inocentes. Introdução De acordo com o livro “Explicando os ideogramas simples e analisando os ideogramas compostos” (Shuowen Jiezi), escrito por Xu Shen ( 147 d.C.), o tradicional ideograma dang quer dizer “partido” ou “gangue”, e é composto por dois radicais que significam: “promover” ou “incluir” e “escuro” ou “preto”. Se unirmos esses dois radicais, o ideograma significa “promover a escuridão”. Partido ou membro de partido (que também se pode entender como “gangue” ou membro da “gangue”) carrega uma conotação negativa na China. Confúcio disse: “O homem nobre tem dignidade sem arrogância; é sociável sem ser partidário”. Nos Anacletos (Lunyu), a interpretação dada por Confúcio sobre o ideograma indica que aqueles que se ajudam entre si para ocultarem seus próprios crimes formam uma “gangue” (partido). Na China, as facções políticas são conhecidas como “gangue de patifes”, o que mostra a associação do uso indevido da política com a delinqüência. Como o Partido Comunista surgiu, cresceu e conquistou o poder político na China contemporânea? O Partido Comunista Chinês, o PCCh, tem incutido na mente dos chineses que “foi a história e o próprio povo que escolheu o PCCh” e que “sem o PCCh não existiria uma China moderna”. Foi o povo chinês que escolheu o Partido Comunista ou foram os comunistas que formaram um partido (uma gangue) e obrigaram o povo chinês a aceitá-lo? As respostas devem ser buscadas na história. Desde a última fase da dinastia Qing (1644-1911) até os primeiros anos do período da República (1911-1949), a China sofreu fortes golpes externos e passou por várias tentativas de amplas reformas internas. A sociedade chinesa vivenciou períodos de profunda agitação. Muitos intelectuais e pessoas com ideais elevados queriam salvar o país e a sua gente. Mas o caos e as crises nacionais fizeram com que aumentasse a ansiedade, a qual se converteu em desilusão e logo depois em desespero total. Do mesmo modo como as pessoas que recorrem ao primeiro médico que encontram quando estão bastante doentes, os intelectuais foram à busca de soluções para a China fora dela. Quando eles se frustraram com os sistemas britânico e francês, mudaram para o sistema russo. Não hesitaram em prescrever o remédio mais extremo para a enfermidade, na esperança de que a China se recuperasse o mais rápido possível. 12/206 O Movimento de Quatro de Maio de 1919 foi uma nítida manifestação desse desespero. Alguns defendiam o anarquismo, outros propunham acabar com tudo o que dissesse respeito à doutrina de Confúcio, e outros sugeriam adotar modelos estrangeiros. Em qualquer dos casos, recusavam a milenar cultura chinesa e se opunham à doutrina de Confúcio do “caminho do meio”. Ávidos por encontrarem um atalho, eles defendiam a destruição de tudo aquilo que fosse tradicional. Os membros mais radicais desse movimento, por um lado, não tinham propostas reais para o país e, por outro, acreditavam fortemente em seus ideais e desejos. Estavam desesperançosos quanto ao que existia no mundo; achavam que somente eles poderiam encontrar um caminho para o desenvolvimento da China. E, dessa forma, se entusiasmaram com a possibilidade da revolução e do caminho da violência. Diferentes circunstâncias levaram vários grupos a elaborar diferentes teorias e princípios e a propor vários caminhos e soluções. Um desses grupos entrou em contato com representantes do Partido Comunista soviético. Devido à ansiedade e ao desejo de um grupo de pessoas de salvar o país e sua gente, a idéia marxista-leninista de “usar a revolução violenta para alcançar o poder político” seduziu esse grupo. Assim, de imediato, formaram uma aliança para introduzir o comunismo na China, um conceito até então, completamente desconhecido e alheio à nação chinesa. No total, 13 pessoas estiveram no 1º Congresso do Partido Comunista da China. Com o tempo, alguns deles morreram, outros fugiram e outros, de forma oportunista e traindo o PCCh, se aliaram às forças japonesas de ocupação ou abandonaram o Partido e se uniram ao Kuomintang (Partido Nacionalista; doravante chamado de KMT). Em 1949, quando o PCCh tomou o poder, das 13 pessoas que iniciaram o Partido, só restavam Mao Tsé-tung e Dong Biwu. É difícil saber se os fundadores do PCCh estavam, naquela época, conscientes de que a “deidade” que haviam trazido da União Soviética era, de fato, um fantasma maligno, e que o remédio que eles prescreviam para fortalecer a nação era, de fato, um veneno mortal. O Partido Comunista de Todos os Russos (Bolchevique, depois conhecido como Partido Comunista da União Soviética), que tinha acabado de triunfar em sua revolução, ambicionava a China. Em 1920, a União Soviética estabeleceu, na Sibéria, a Divisão do Extremo Oriente – uma vertente da Terceira Internacional ou Komintern – para estabelecer o partido comunista na China e em outros países da região. O vice-diretor dessa divisão, Grigori Voitinsky, contatou Li Dazhao, e juntos, prepararam o caminho para fundar o Partido Comunista Chinês - PCCh. Acertaram que Voitinsky se encontraria em Xangai com outro líder comunista, Chen Duxiu. Em junho de 1921, Zhang Tailei chegou a Irkutsk, na Sibéria, onde apresentou uma proposta à Divisão do Extremo Oriente, no sentido de estabelecer o PCCh como uma vertente do Komintern. Em 23 de julho de 13/206 1921, com a ajuda de Nikolsky e Maring, pertencentes à Divisão do Extremo Oriente, foi oficialmente fundado o PCCh. O movimento comunista foi assim introduzido na China como um experimento, porém desde então, o PCCh se consolidou e conquistou tudo à sua volta. Isso levou a China a padecer tragédias e mais tragédias. I. O PCCh cresceu através do acúmulo de maldade Não foi tarefa fácil introduzir na China, uma civilização com mais de 5.000 anos de história, o comunismo, um fantasma forasteiro e maligno, algo totalmente incompatível com as tradições chinesas. O PCCh enganou o povo e os intelectuais patriotas que queriam ajudar o país com a promessa da “utopia comunista”. Para estabelecer bases teóricas que permitissem destruir as tradições e os valores da China, distorceu mais ainda a teoria comunista, já gravemente distorcida por Lênin. Destruir tudo aquilo que se interpusesse entre o PCCh e o poder, incluindo pessoas e grupos sociais. O PCCh optou por destruir as crenças próprias da Revolução Industrial e adotou o ateísmo mais feroz da ideologia comunista. Além disso, herdou a negação da propriedade privada e importou a teoria de Lênin da revolução violenta. Ao mesmo tempo, o PCCh adotou e fortaleceu o pior do sistema feudal chinês. A história do PCCh é um processo de contínua acumulação de maldades, tanto dentro como fora da China. O PCCh aperfeiçoou seus nove traços herdados e deu a eles características chinesas: ser mau, enganar, incitar, liberar a escória social, espionar, roubar, lutar, matar, e controlar. A resposta do PCCh às sucessivas crises pelas quais passou, foi consolidar e fortalecer os meios e a extensão em que tem usado os seus traços perversos. 1º Traço Herdado: O Mal Vestir o perverso disfarce marxista-leninista. Por sua declaração de “usar a revolução violenta para destruir o velho sistema e estabelecer uma ditadura do proletariado”, o Marxismo atraiu inicialmente os comunistas chineses. Essa é a raiz do mal, tanto no marxismo como no leninismo. O materialismo marxista, na realidade, está baseado em obtusos conceitos econômicos: forças produtivas, relações de trabalho e maisvalia. Durante o estágio inicial do capitalismo, Marx fez a míope previsão de que o capitalismo acabaria e que o proletariado triunfaria. A história e a realidade se encarregaram de provar o contrário. A revolução violenta e a ditadura do proletariado ditada pelo marxismo-leninismo fomentaram o poder político e a dominação popular. O Manifesto Comunista apresentou as bases históricas e ideológicas do Partido Comunista para a luta e o conflito de classes. A fim de alcançar o poder, o proletariado acabou com as relações sociais e os princípios morais tradicionais. Como princípio, as doutrinas comunistas se estabeleceram em oposição a toda tradição existente. 14/206 A natureza humana desaprova universalmente a violência. A violência faz as pessoas cruéis e tirânicas. Assim, em todos os lugares e todas as épocas, a humanidade tem rejeitado fundamentalmente a premissa da violência pregada pelo Partido Comunista, uma teoria sem antecedentes históricos em qualquer outro sistema de pensamento ou filosófico, ou em qualquer outra tradição. O sistema de terror comunista caiu sobre a Terra como que vindo do nada. A maldosa ideologia comunista foi construída sobre a premissa de que os seres humanos podem conquistar a natureza e transformar o mundo. O Partido Comunista atraiu pessoas com seus ideais de “emancipação da humanidade” e “união mundial”. O PCCh enganou a muitos, principalmente aqueles que se preocupam com a condição humana ou possuem fortes desejos por mudarem a humanidade. Essas pessoas se esqueceram de que acima existe o Céu. Mas, inspiradas na sedutora e equivocada ideia de “construir o paraíso na Terra”, elas desprezaram as tradições e não respeitaram o direito à vida dos demais, e isso as levou a se rebaixarem como seres humanos. O Partido Comunista pregou a fantasia do “paraíso comunista” como verdade e, assim, despertou o entusiasmo das pessoas para lutarem por isso: "Por motivos vindos dos Céus o novo surge; um mundo melhor está nascendo”. Guiado por essa ideia absurda, o PCCh rompeu a relação entre o Céu e a humanidade, além do elo que nos liga aos nossos antepassados e às tradições chinesas. O hino comunista “A Internacional” incita as pessoas a darem as suas vidas pelo comunismo; fortalece o poder do PCCh de fazer o mal. 2º Traço Herdado: Enganar O mal precisa enganar para se fingir de certo. O mal precisa mentir. Para se aproveitar da classe trabalhadora, o PCCh deu a ela títulos como “classe mais avançada”, “classe generosa”, “classe líder” e os “pioneiros da revolução proletária”. Quando o PCCh precisou dos camponeses, prometeu “terras para os que trabalham nelas”. Mao aplaudiu os camponeses dizendo: “Sem os pobres camponeses não haveria revolução; negar seu papel é negar a revolução3”. Quando o PCCh necessitou da classe capitalista a chamou de “companheira de viajem na revolução do proletariado” e prometeu a ela a “democracia republicana”. Quando o PCCh estava quase para ser exterminado pelo exército do KMT, fez o seguinte apelo: “Chineses não devem lutar contra chineses”, e jurou se submeter à liderança do KMT. Mas, tão logo acabou a guerra contra a invasão japonesa (1937–1945), o PCCh voltou toda a sua força contra o KMT e destruiu o governo nacionalista. Do mesmo modo, pouco depois de tomar o poder na China, o PCCh eliminou a classe capitalista e transformou os camponeses e trabalhadores em uma classe completamente sem nada. 3 “Relatório sobre uma investigação do movimento camponês em Hunan”, por Mao Tsétung (1927). 15/206 A noção de uma Frente Unida é outro exemplo de mentira do PCCh. Visando ganhar a guerra civil contra o KMT, o PCCh abandonou sua tática de matar as famílias de seus inimigos de classe - os proprietários de terra e agricultores prósperos – para adotar um “pacto de união” com seus inimigos de classe. Em 20 de julho de 1947, Mao Tsé-tung anunciou que “com exceção de alguns reacionários, devemos adotar uma postura branda com a classe proprietária... para assim reduzir as hostilidades”. Entretanto, quando o PCCh se instalou no poder, os proprietários de terra e agricultores prósperos não escaparam: foram vitimas de um genocídio. Dizer uma coisa e fazer outra é algo normal para o PCCh. Quando ele necessitou do KMT, pediu que todos “se esforçassem para construir uma convivência duradoura entre ambos, que cuidassem para que isso acontecesse, que fossem sinceros uns com os outros, que compartilhassem as honras e fossem unidos nas dificuldades”. Entretanto, depois de alcançar o poder em 1949, o PCCh massacrou todos aqueles que falavam a favor da democracia ou que não se submeteram às ideias, às ações e à organização do Partido. Marx, Lênin e todos os líderes do PCCh sustentaram que o poder do Partido Comunista jamais seria compartilhado com os outros. Desde o começo, o comunismo mostrou que tem o gene do totalitarismo. O PCCh é despótico e excludente. Nunca conviveu com qualquer outro partido político ou outro grupo de modo sincero. Inclusive durante o período “calmo”, a convivência do PCCh com outros, no melhor dos casos, era uma encenação forçada. A história mostra que jamais se deve acreditar nas promessas do PCCh. Acreditar nas palavras do Partido Comunista pode custar a própria vida. 3º Traço Herdado: Incitar Fomentar ardilosamente o ódio e incitar a luta. É necessário enganar para incitar o ódio. O conflito se baseia no ódio. Onde não há ódio, ele pode ser criado. O sistema de clã patriarcal enraizado nas regiões rurais da China era um forte obstáculo para que o PCCh pudesse estabelecer seu poder político. A sociedade rural vivia em harmonia, e a relação entre os donos de terra e arrendatários não era das mais conflitantes. Os donos de terra proviam um meio de vida para os camponeses e estes, por sua vez, mantinham os donos de terra. O PCCh transformou essa relação de dependência em extremo antagonismo e em uma questão de exploração de classes. A harmonia se converteu em ódio, hostilidade e conflito. O razoável se converteu em não razoável, a ordem em caos, e republicanismo em despotismo. O Partido Comunista Chinês incitou a expropriação, o assassinato por dinheiro, e o massacre dos donos de terra e dos agricultores ricos junto com suas famílias e clãs. Muitos camponeses não queriam tomar a propriedade dos 16/206 outros. Alguns até devolviam de noite a propriedade que haviam tomado no dia anterior dos proprietários de terra. Eles eram chamados pelos grupos locais do PCCh como pessoas de “baixa consciência de classe”. Para incitar o ódio entre classes, o PCCh transformou o teatro chinês em uma máquina de propaganda. Uma história muito conhecida sobre opressão, “A Moça de Cabelos Brancos”, era originalmente uma lenda que nada tinha a ver com a luta de classes. Entretanto, sob as canetas dos escritores do PCCh, essa história se transformou em drama, ópera e balé moderno, para fomentar o ódio entre classes sociais. Quando o Japão invadiu a China durante a Segunda Guerra Mundial, o PCCh não lutou contra as tropas invasoras. Ao contrário, atacou o governo do KMT e o acusou de haver traído a nação por não lutar contra o Japão. Mesmo diante de uma calamidade nacional, o PCCh não perdeu a oportunidade de colocar o povo contra o governo do KMT. Instigar as massas a lutarem entre si é um truque clássico do PCCh. O PCCh criou a formula “95:5” para classificar as classes sociais. 95% das pessoas do povo estavam inseridas nas várias classes que podiam ser persuadidas, enquanto que os 5% restantes eram rotulados como inimigos de classe. 95% das pessoas estavam salvas, enquanto que as outras 5% eram consideradas inimigos. Por medo e em busca de proteção, o povo fazia todo o possível para pertencer aos 95%. Essa manobra levou muitas pessoas a prejudicarem as outras, até com insultos e humilhações. Mediante o constante “incitar” em seus movimentos políticos, o PCCh aperfeiçoou ao máximo essa técnica. 4º Traço Herdado: Liberar a escória da sociedade Delinquentes e desocupados são as tropas do PCCh. As revoluções comunistas foram rebeliões da escória social e da delinquência. Por exemplo, a “Comuna de Paris” fez uso da escória social: assassinatos, incêndios intencionais e violência, tudo feito pela escória social. Até Marx olhou com desprezo para o lumpenproletariado4. No Manifesto Comunista, Marx diz: “O lumpenproletariado, esse produto passivo da putrefação das camadas mais baixas da velha sociedade pode, às vezes, ser usado num movimento por uma revolução proletária; mas suas (miseráveis) condições de vida o predispõem a se vender aos propósitos reacionários”. Camponeses, por outro lado, não eram considerados por Marx e Engels como qualificados para formarem uma classe social devido à falta de união e ignorância deles. O PCCh desenvolveu o lado mais escuro das teorias marxistas. Mao Tsétung disse: “A escória social e os assassinos sempre são rejeitados pela sociedade, porém nas áreas rurais eles são os mais valentes, os mais 4 Lumpenproletariado, conhecidos como “trabalhadores das zonas pobres”. Este termo se refere aos elementos marginalizados dos centros industriais. Engloba mendigos, prostitutas, delinquentes, chantagistas, trapaceiros, vagabundos, etc. Maus elementos. O termo foi cunhado por Marx em “As Lutas de Classe na França”, 1848-1850. 17/206 dedicados e firmes na revolução5”. O lumpenproletariado nutriu e fortaleceu a violenta natureza do PCCh e consolidou o poder político do comunismo nas áreas rurais. O ideograma chinês utilizado para “revolução” significa “tirar vidas”, algo que soa horrível e sinistro para qualquer pessoa boa. Sem dúvida, o Partido conseguiu associar um sentido positivo à palavra revolução. Do mesmo modo, durante a Revolução Cultural, num debate sobre o termo lumpenproletariado, o PCCh percebeu que termo lumpen não soava bem e, assim, simplesmente preferiu usar o termo proletariado. Outra conduta da escória social é agir como patifes. Quando criticados como totalitários, os oficiais do Partido revelam sua tendência ao descaramento e dizem: “Vocês têm razão quanto a isso. A experiência da China nas últimas décadas mostra que é necessário o exercício de uma democracia ditatorial. Um poder ao qual chamamos autocracia democrática do povo”. 5º Traço Herdado: Espionar Infiltrar-se, semear a discórdia, desunir e tomar o lugar. Além de enganar, incitar a violência e fazer uso da escória social, o comunismo emprega a técnica da espionagem e semeia a discórdia. O PCCh é mestre em se infiltrar. Há algumas décadas, os três agentes secretos de postos mais altos dentro do PCCh - Qian Zhuangfei, Li Kenong y Hu Beifeng - trabalhavam a serviço de Chen Geng, chefe da 2ª Agência do Departamento de Espionagem do Comitê Central do PCCh. Quando Qian Zhuangfei trabalhava como secretário de confiança de Xu Enzeng – diretor do Escritório de Investigação do Comitê Central do KMT – passou a Zhou Enlai6 (conhecido como Chou En-lai), através do próprio correio interno do Comitê Central do KMT, informações secretas sobre os planos para cercar as tropas do PCCh na província de Jiangxi. Aparentemente, ele pertencia ao KMT e era subordinado de Qian Zhuangfei, porém, de fato, seu verdadeiro chefe era Chen Geng, do PCCh. Li Kenong exercia, no Comando Central do KMT, a função de decifrador de códigos secretos. Foi ele quem decifrou a mensagem secreta urgente sobre a prisão e traição de Gu Shunzhang7, chefe do Escritório de Segurança do PCCh. Qian Zhuangfei enviou imediatamente uma 5 Palavras pronunciadas em 1927. Zhou Enlai (5/3/1898 – 8/1/1976) foi o 2º em importância depois de Mao na história do PCCh. Foi primeiro ministro da República Popular da China, de 1949 até sua morte. 7 Gu Shunzhang era, inicialmente, um dos “cabeça” do sistema de agentes secretos do PCCh. Em 1931, foi preso pelo KMT e, na prisão, ajudou a desmascarar muitos agentes secretos do PCCh. A vingança do comunismo foi estrangular os 8 membros da família de Gu, os quais foram enterrados na concessão francesa de Xangai. Para mais informação sobre o assunto, consulte “A historia de assassinatos do PCCh”. (http://english.epochtimes.com/news/4-7-14/22421.html). 6 18/206 mensagem a Zhou Enlai e evitou desse modo que toda a rede de espiões do comunismo fosse pega na cilada. Yang Dengying era um agente especial pró-comunista infiltrado no Escritório Central de Investigação do KMT, com sede em Xangai. O PCCh ordenou que ele prendesse e executasse os membros do PCCh considerados não confiáveis. Numa ocasião, um funcionário da província de Henan, com muitos anos de trajetória no Partido, ofendeu a um grupo do Partido e Yang Dengying usou seu próprio pessoal para colocá-lo no cárcere do KMT por vários anos. Durante a Guerra da Libertação8, o PCCh conseguiu infiltrar um agente secreto com o qual Chiang Kai-shek (também conhecido como Jiang Jieshi)9, do KMT, e estabeleceu uma relação de confiança. Era Liu Pei, tenente-general e seu vice-ministro da Defesa. Ele estava encarregado de exterminar o exército do KMT já que, na realidade, Liu era um agente secreto do PCCh. Antes que o exército do KMT fosse inteirado da sua próxima missão, a informação já havia chegado a Yan’an, quartel general do PCCh. O Partido pode conhecer os planos de defesa. Xiong Xianghui, secretário e confidente de Hu Zongnan10, revelou a Zhou Enlai os planos de Hu para atacar Yan’an. Quando Hu Zongnan e suas tropas chegaram a Yan’an, encontraram uma cidade deserta. Zhou Enlai disse certa vez: “O líder Mao já conhecia as ordens militares de Chiang Kai-shek antes mesmo que elas chegassem ao comandante do exército dele”. 6º Traço Herdado: Roubar Tomar mediante saques e violência se converte em “nova ordem”. Tudo o que o PCCh conseguiu foi através do roubo. Quando formou o Exército Vermelho para estabelecer sua ditadura através da força militar, necessitava de dinheiro para comprar armas, munição, comida e uniformes. Assim, o PCCh obtinha recursos sequestrando pessoas importantes, roubando bancos, numa conduta própria de bandido. Por exemplo, em uma missão liderada por Li Xiannian, um dos líderes de maior expressão do PCCh, o Exército Vermelho sequestrou pessoas das famílias ricas da região oeste da província de Hubei. Não sequestraram apenas uma pessoa, mas uma pessoa de cada família rica, e as mantinham vivas para servirem como fonte permanente de financiamento desse exército. Somente quando haviam obtido suficiente dinheiro ou esgotado os recursos da família, é que liberavam os reféns, já à beira da 8 Guerra entre o PCCh e o KMT, em junho de 1946. A guerra foi marcada por três campanhas sucessivas: Liaoxi-Shenyang, Huai-Hai y Beiping-Tianjin, após as quais o PCCh derrotou o KMT, resultando na fundação da República Popular da China em 1/10/1949. 9 Jiang Jieshi era líder do KMT; depois do exílio se converteu em mandatário de Taiwan. 10 Hu Zongnan (1896-1962), nasceu no condado de Xiaofeng (agora parte do condado de Anji), província de Zhejiang, foi vice-comandante, comandante interino e chefe do Centro de Operações Militares e Administrativas do KMT no Sudeste. 19/206 morte. Alguns recebiam maltratos e torturas de tal ordem, que morriam mesmo antes de voltarem para seus familiares. “Através da tirania local e do confisco de terras”, o PCCh estendeu os roubos e a violência de seus saques para toda a sociedade, substituindo as tradições morais por essa “nova ordem”. O Partido Comunista levou adiante toda classe de más ações. Oferecia recompensas a qualquer um que denunciasse o outro. Como resultado, a bondade e a virtude desapareceram da vida cotidiana e foram substituídas pela hostilidade e a violência. A “utopia comunista” é, na realidade, um eufemismo para saques violentos. 7º Traço Herdado: Lutar Destruição do sistema, da ordem e das tradições sociais da China. Enganar, incitar a violência, utilizar a escória social, espionar e roubar são ferramentas básicas para o delito e a violência. A ideologia comunista fomenta a luta armada. A revolução comunista não se trata em absoluto de uma série, desorganizada e não sistêmica, de ataques, roubos e destruições. Mao disse que “Os principais alvos dos ataques dos camponeses são os ricos locais, a elite má, e os ilegítimos proprietários de terra. Em meio à luta também é preciso atacar tudo aquilo que representa as ideias e as instituições patriarcais, os funcionários corruptos das cidades e as práticas e os costumes nocivos das zonas rurais11”. Mao estava dando instruções precisas para destruir todo o sistema de tradições e costumes do campo. A luta comunista faz uso da força armada e da violência. “Uma revolução não é como uma festa de jantar, nem como escrever um ensaio, pintar um quadro ou bordar. Não pode ser algo refinado, pacífico, suave, sóbrio, amável, cortês, moderado e generoso. Uma revolução é uma revolta, um ato de violência pelo qual uma classe derrota a outra”. O PCCh recorreu à luta armada quando planejou tomar o poder político à força. Uma década mais tarde, durante a Revolução Cultural, utilizou o mesmo método para educar a geração seguinte. 8º Traço Herdado: Matar Estabelecer a ideologia do genocídio. O comunismo tem feito as coisas com extrema crueldade. O PCCh prometeu aos intelectuais um “paraíso na Terra”. Pouco depois, os rotulou de “direitistas” e os colocou na vergonhosa posição de 9ª classe12 de pessoas perseguidas, junto com os proprietários de terra e espiões. 11 12 “Relatório sobre uma investigação do movimento camponês em Hunan”, por Mao Tsétung (1927). Quando o PCCh iniciou a reforma agrária, fez uma classificação do povo. Entre as classes estabelecidas como inimigas, os intelectuais vinham depois dos proprietários de terra, dos reacionários, dos espiões, etc. Os intelectuais estavam na 9ª posição. 20/206 Deixou os proprietários de terra e capitalistas sem nada, eliminou os proprietários de terra e agricultores ricos, perverteu o estado social e a ordem no campo, tirou a autoridade das figuras locais, sequestrou e extorquiu os mais ricos, fez lavagem cerebral nos prisioneiros de guerra, “reformou” empresários e capitalistas, se infiltrou e desintegrou no KMT, se afastou da Internacional Comunista e a traiu, acabou com todos os dissidentes através de sucessivos movimentos políticos desde que tomou o poder, em 1949, e usou de coerção contra seus próprios membros. Fez tudo sem deixar espaço para qualquer tipo de liberdade. O PCCh baseia suas ações no genocídio e com esse propósito genocida, cada um de seus movimentos políticos do passado fez parte de uma campanha de terror. O PCCh, no seu início, construiu um aparato voltado ao genocídio construído com base nos conceitos de luta de classes, revolução, combate, violência, ditadura, manobra e controle político. Essa concepção voltada ao genocídio abarca todo o universo de experiências que o PCCh acumulou com as mais variadas práticas de genocídio. A característica essencial do genocídio do PCCh é o extermínio da consciência e do pensamento independente. Desta forma, impõe o “reinado do terror” que serve aos interesses do Partido. O PCCh não só mata as pessoas que se opõem a ele, como também aqueles que o apóiam e seus próprios membros. Mata a qualquer um que julgue que deva ser eliminado. Sendo assim, todos vivem sob a sombra do terror e temem o PCCh. 9º Traço Herdado: Controlar Utiliza a natureza do Partido para controlar o Partido todo e toda a sociedade. Todos os traços herdados apontam para apenas um objetivo: controlar o povo através do terror. A natureza maldosa do PCCh faz dele inimigo natural de todas as forças sociais existentes. Desde que surgiu, o PCCh vem enfrentando crise atrás de crise, sendo as mais críticas as que envolvem a sobrevivência do Partido. O PCCh vive em permanente estado de medo quanto à sua própria sobrevivência. Seu maior propósito é manter-se vivo e no poder. Para poder contornar o problema de manter seu declinante poder, o Partido Comunista se vê obrigado a pôr em prática, cada vez com mais frequência, medidas cada vez mais perversas. O interesse do Partido não é o interesse de nenhum membro em especial nem um conjunto de interesses individuais, pois os interesses do Partido, como uma entidade coletiva, estão acima de qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos. A “natureza do Partido” é o que existe de mais nocivo e depravado nesse fantasma do mal. A natureza do Partido subjugou a natureza humana a tal ponto que o povo chinês perdeu sua humanidade. Um exemplo: Zhou Enlai e Sun Bingwen eram camaradas. Depois da morte de Sun Bingwen, Zhou Enlai adotou a filha dele, Sun Weishi. Durante a Revolução Cultural, 21/206 Sun Weishi foi presa. Morreu na prisão com um grande prego cravado na cabeça. A ordem de prisão havia sido dada pelo seu padrasto, Zhou Enlai. Um dos primeiros líderes do PCCh, Ren Bishi, estava encarregado da venda de ópio durante a guerra de resistência ao Japão. Nessa época, o ópio era o símbolo da invasão estrangeira na China, já que os britânicos exportavam ópio para a China visando drenar recursos da economia chinesa viciando seu povo. Apesar desse forte sentimento nacional contra o ópio, Ren Bishi, levado pelo “senso de natureza do Partido”, se atreveu a ter uma vasta plantação de ópio e se arriscou ao repúdio geral. Devido à ilegalidade do ópio e ao sentimento que despertava, o PCCh utilizou a palavra “sabão” como palavra código ao se referir ao ópio. O PCCh utilizava os rendimentos provenientes do comércio ilegal da droga para custear sua existência. No dia do centenário de nascimento de Ren Bishi, um dos líderes da nova geração do PCCh, fez grandes elogios a ele por sua atitude e senso partidário: “Ren Bishi tinha um caráter superior e foi um membro modelo do Partido. Ele acreditava firmemente no comunismo e sua lealdade à causa do Partido foi ilimitada”. Outro exemplo de atitude correta para com o partido foi a de Zhang Si. O PCCh disse que Zhang morreu com a repentina queda de um forno sobre ele, porém o rumor popular dizia que ele morreu enquanto torrava ópio. Como ele era uma pessoa discreta e que havia servido a Divisão da Guarda Central sem jamais ter pedido uma promoção, foi elogiado com a frase: sua “morte é mais solene que o Taishan13”, como uma referência ao valor dado a Zhang Si. Outro modelo de natureza do Partido Comunista Chinês foi Lei Feng, conhecido como “o parafuso da máquina revolucionária que jamais enferruja”. Durante anos, tanto Lei como Zhang foram usados como modelos para ensinar o povo chinês como ser leal ao Partido. Mao Tsétung disse: “O poder do exemplo não conhece fronteiras”. Muitos heróis do Partido foram usados para moldar “uma vontade de ferro e um espírito partidário”. Quando se firmou no poder, o PCCh lançou uma forte campanha para controlar a mente dos cidadãos e fazer das novas gerações “ferramentas” e “parafusos” do Partido. O PCCh estabeleceu um conjunto de “pensamentos apropriados” e condutas modelo. As orientações foram inicialmente utilizadas dentro do Partido, mas, rapidamente, se estenderam para toda a população. “Em nome da nação”, os pensamentos e condutas foram empregados para fazer uma lavagem cerebral nas pessoas e, assim, impor a obediência e aprovação ao mecanismo diabólico do PCCh. 13 De um poema de Sima Qian (de 145-135 a.C. a 87 a.C.), historiador e estudioso da dinastia Han do oeste. Seu famoso poema dizia: “Todos têm que morrer; morrer mais solene do que o Taishan e mais leve do que uma pluma”. O Monte Taishan é uma das maiores montanhas da China. 22/206 II. A desonrosa fundação do PCCh O PCCh alega ter uma história brilhante, uma série ininterrupta de vitórias. Porém, isso é tão somente uma tentativa de dar brio e glorificar a imagem do PCCh aos olhos do público. De fato, na história do PCCh não há nada do que se vangloriar. Somente com o emprego dos citados nove traços herdados é que o PCCh pode chegar e se manter no poder. O estabelecimento do PCCh: Amamentado nos seios da União Soviética “O som do primeiro canhão da Revolução de Outubro nos trouxe o marxismo e o leninismo.” Assim, o PCCh se apresentava ao povo em um documentário. Entretanto, quando o PCCh foi fundado, ele era uma ramificação asiática da União Soviética. Desde sua origem ele foi um partido traidor. Durante a sua fase de fundação, o PCCh não tinha dinheiro, nem ideologia, nem experiência, e nem ao menos um fundamento sobre o qual se sustentar. O PCCh se uniu ao Komintern para unir seu destino à violenta revolução em curso. A revolução violenta do PCCh veio da revolução de Marx e Lênin. O Komintern comandava o movimento para derrotar poderes políticos em todo o mundo. O PCCh não era mais do que um braço oriental do comunismo soviético, uma extensão do Exército Vermelho comunista. O PCCh usou da experiência do Partido Comunista soviético na tomada violenta do poder político e na criação da ditadura do proletariado, seguia as instruções dos comunistas russos em sua linha política, ideológica e organizacional. Copiou seus métodos secretos e clandestinos com os quais uma organização ilegal pode sobreviver: rígidas medidas de vigilância e extremo controle. A União Soviética serviu de espinha dorsal e modelo para o PCCh. O estatuto do PCCh, aprovado no seu 1º Congresso, foi proposto pelo Komintern e é baseado no marxismo-leninismo: na teoria de luta de classes, na ditadura do proletariado e no estabelecimento de um partido. O estatuto do Partido Soviético serviu como base. A essência do PCCh foi importada da União Soviética. Chen Duxiu, um dos líderes do PCCh, tinha opiniões diferentes das de Maring, o representante do Komintern. Maring escreveu um memorando a Chen no qual dizia que se ele fosse um verdadeiro membro do Partido Comunista, deveria seguir as ordens do Komintern. Embora Chen Duxiu tenha sido um dos fundadores do PCCh, não pode fazer nada mais do que escutar e obedecer ordens. Na realidade, ele e o PCCh eram subordinados à União Soviética. Em 1923, durante o 3º Congresso do PCCh, Chen Duxiu reconheceu publicamente que a fundação do PCCh foi financiada quase que inteiramente pelo Komintern soviético. Em apenas um ano, o Komintern enviou mais de 200.000 iuans ao PCCh, com resultados pouco satisfatórios. O Komintern acusou o PCCh de não ser suficientemente diligente em seus esforços. 23/206 De acordo com estatísticas parciais de um documento não classificado pelo PCCh, ele recebeu 16.665 iuans de outubro de 1921 até junho de 1922. Em 1924 recebeu US$ 1.500 e 31.927,17 iuans, e, em 1927, 187.674 iuans. A contribuição mensal do Komintern girava em torno de 20.000 iuans. Táticas comuns hoje do PCCh, como lobby, acordos ilegais, suborno e propinas, já eram comuns na época. O Komintern vivia acusando o PCCh de viver pedindo dinheiro. “O PCCh se valia de fontes de recursos de diferentes organizações (Escritório Internacional de Propaganda, representantes do Komintern, organizações militares, etc.) para obter fundos, já que uma organização não sabia sobre os recursos que as outras também liberavam ao PCCh. O interessante é que os camaradas do PCCh não só conheciam bem a psicologia dos camaradas soviéticos, como também sabiam como e quando mudar a forma de tratar os camaradas encarregados dos fundos. E, quando os camaradas do PCCh se davam conta de que não conseguiriam obter recursos pelos canais oficiais, eles evitavam as reuniões. Assim, recorriam a métodos mais grosseiros como fazer chantagens, circular rumores de que oficiais do baixo escalão do PCCh tinham esquemas com os soviéticos, ou que o dinheiro estava sendo entregue aos comandantes militares ao invés do PCCh14”. A primeira aliança entre o KMT e o PCCh: um parasita se infiltra em seu núcleo e sabota a Expedição do Norte15. O PCCh sempre disse ao povo chinês que Chiang Kai-shek traiu o movimento revolucionário nacional obrigando o PCCh a pegar nas armas. Na realidade, o PCCh é um parasita, um fantasma possessor. Celebrou uma aliança com o KMT com a finalidade de expandir sua influência tirando assim vantagem da revolução nacional. Mais adiante, ansioso para fazer a revolução impulsionada pelos soviéticos e se instalar no poder, o PCCh destruiu e traiu o movimento de Revolução Nacional da China16. No 2º Congresso Nacional de Representantes do PCCh, realizado em julho de 1922, aqueles que se opunham à aliança com o KMT dominavam o Congresso, já que a impaciência para tomar o poder era grande entre os membros do Partido. Entretanto, o Komintern vetou a resolução aprovada nesse Congresso e ordenou que o PCCh se unisse ao KMT. Durante a primeira aliança entre KMT e PCCh, este realizou o seu 4º Congresso Nacional, em Xangai, em janeiro de 1925. Embora nessa época o PCCh só tivesse 994 membros, esse Congresso levantou a questão de 14 15 16 Yang Kuisong: “Sinopse sobre o apoio financeiro de Moscou ao PCCh nos anos entre 1920 e 1940”, Nº. 27 (30 de junho de 2004). www.cuhk.edu.hk/ics/21c/supplem/essay/040313a.htm A Expedição do Norte foi uma campanha militar dirigida por Chiang Kai-shek em 1927 e que tinha por objetivo unificar a China sob o regime do KMT e acabar com o poder dos comandantes militares locais. Teve grande êxito nesse sentido. Durante a Expedição do Norte, o PCCh manteve uma aliança com o KMT. Movimento revolucionário durante a aliança KMT-PCCh, marcado pela Expedição do Norte. 24/206 liderar a China. Isso foi antes da morte de Sun Zhongshan (também conhecido como Sun Yat Sen), ocorrida em março de 1925. Se não tivesse morrido, Sun Zhongshan teria sido o alvo do PCCh em lugar do nacionalista Chiang Kai-shek, na corrida comunista pelo poder. Durante essa aliança, com apoio da União Soviética, o PCCh tomou sem freios o poder dentro do KMT. Com essa manobra, Tan Pingshan, um dos primeiros líderes do PCCh na província de Guangdong, se tornou o ministro do Ministério do Trabalho do KMT. Feng Jupo (outra autoridade do PCCh na mesma província) ficou como secretário geral do Ministério do Trabalho e recebeu total controle para cuidar de assuntos ligados aos trabalhadores. Lin Zuhan (ou Lin Boqu, um dos primeiros membros do PCCh) foi ministro de Assuntos Rurais, enquanto que Peng Pai (outro líder do PCCh) foi secretário desse ministério. Mao Tsé-tung se tornou Ministro de Propaganda do KMT. O PCCh sempre dava grande importância às instituições educacionais militares e as lideranças militares. Sendo assim, Zhou Enlai se tornou diretor do Departamento de Política da Academia Militar de Huangpu (Whampoa), e Zhang Shenfu (outro fundador do PCCh e quem trouxe Mao Tsé-tung para o Partido) foi seu diretor adjunto. Zhou Enla foi também chefe do Departamento de Assuntos Militares e Judiciais, conseguiu colocar conselheiros militares russos em todos os locais. Muitos comunistas ocupavam funções de instrutores de política e eram docentes das academias militares do KMT. Outros membros do PCCh também atuaram como representantes do Partido KMT em vários níveis do Exército Revolucionário Nacional17. Também ficou estabelecido que sem a autorização expressa de representantes do PCCh, nenhuma ordem seria válida. Como resultado dessa adesão parasitária ao movimento Revolucionário Nacional, o número de membros do PCCh subiu de menos de 1.000, em 1925, para 30.000 em 1928. A Expedição do Norte se iniciou em fevereiro de 1926. De outubro de 1926 a março de 1927, o PCCh realizou três revoltas armadas em Xangai. Depois atacou os quartéis militares da Expedição do Norte, porém fracassou e foi desarmado. Zhou Enlai, que usava o pseudônimo de Wu Hao, foi capturado e logo liberado depois de se retratar publicamente e reconhecer o seu erro. Na província de Guangdong, os grevistas travavam combates diários com a polícia. O KMT reforçou as tropas policiais com soldados do exército e agentes secretos para vigiar aqueles que agitavam as massas. Esses levantes resultaram na limpeza feita pelo KMT sobre o PCCh, em 12 de abril pelo 192718. Em agosto de 1927, os membros do PCCh que faziam parte do Exército Revolucionário Nacional aproveitaram a oportunidade para iniciar a 17 18 O Exército Revolucionário Nacional, controlado pelo KMT, era o exército nacional da República da China. Durante o período da aliança PCCh-KMT, contava entre suas filas com membros do PCCh que integravam essa aliança. Em 12 de abril de 1927, o KMT, dirigido por Chiang Kai-shek, lançou uma operação militar contra o PCCh em Xangai e em outras cidades. Entre 5000 e 6000 membros do PCCh foram presos e mortos em Xangai, de 12 de abril até o final de 1927. 25/206 Rebelião de Nanchang, rapidamente sufocada. Em setembro, para atacar a cidade de Changsha, o PCCh organizou o Levante da Colheita de Outono, que também não obteve sucesso. O PCCh começou a montar uma rede de controle do exército mediante “as distintas alas do partido estabelecidas nas companhias militares”, e se dirigiu para a região do monte Jinggangshan, na província de Jiangxi19 onde estabeleceu seu poder político sobre o setor rural. A Rebelião Camponesa de Hunan: a escória social é incitada à revolta. Durante a Expedição do Norte, enquanto o Exército Revolucionário Nacional avançava sobre os “senhores da guerra”, o PCCh fomentava revoltas nas áreas rurais e tentava tomar o poder. A Rebelião Camponesa de Hunan, em 1927, foi uma revolta da escória da sociedade aos moldes da famosa “Comuna de Paris” em 1871, primeiro levante comunista. Os habitantes de Paris daquela época foram testemunhas de que a Comuna de Paris era formada por baderneiros e vagabundos, pessoas destrutivas e sem aspirações. Entre outras coisas, censuraram a liberdade de imprensa. Tomaram como refém e mais tarde mataram o arcebispo de Paris, Georges Darboy, que dava as missas para o Rei. Mataram cruelmente 64 clérigos, incendiaram palácios por simples diversão, e destruíram escritórios governamentais, residências, monumentos, etc. O requinte e beleza da capital francesa eram inigualáveis no mundo, entretanto, durante o levante, muitos edifícios foram reduzidos a cinzas, e pessoas a esqueletos. Tamanha atrocidade e crueldade raramente foram testemunhadas na história. Mao Tsé-tung admitiu: “É verdade que os camponeses são de certa maneira incontroláveis. Ao receberem autoridade máxima, as associações de camponeses impedem que os proprietários de terra se defendam e acabam com a dignidade deles. Arrasam os proprietários de terra sem lhes dar qualquer tipo de chance. Os camponeses ameaçavam os donos de terra dizendo: Vamos rebaixá-los de categoria (para a classe dos reacionários)! Multam os tiranos e aristocratas maus da localidade, exigindo altas somas e quebrando suas liteiras. As pessoas se aglomeravam na frente das casas dos tiranos e aristocracia que resistem às associações de camponeses. Abatem seus porcos e tomam suas colheitas de grãos. Até se deitavam nas camas incrustadas de marfim das donas da casa. Diante da menor provocação, prendem e colocam neles altos chapéus de papel imitando coroas e os obrigam a desfilar de forma humilhante diante do povo, dizendo: Imundos proprietários, agora vocês sabem quem nós somos! Eles fazem tudo o que querem, subvertem tudo, e, dessa forma, criam o terror no campo”. Entretanto, diante de tais ações descontroladas, Mao dava sua aprovação: “Francamente, é necessário criar o terror durante certo tempo nas áreas 19 A região do monte Jinggangshan é considerada a primeira base rural revolucionária do PCCh, é chamada de “O Berço do Exército Vermelho”. 26/206 rurais senão seria impossível bloquear a reação dos contra-revolucionários rurais ou acabar com a autoridade dos aristocratas. Para corrigir o errado temos que ultrapassar certos limites caso contrário isso não poderia ser corrigido... Muitas ações revolucionárias tidas como extremas são, de fato, necessárias para se fazer a revolução20”. Dessa forma, a revolução comunista estabeleceu um sistema de terror. A resistência contra o Japão: fingindo-se de vencedor. O PCCh disse que a “Longa Marcha” foi uma operação na fronteira norte para combater a invasão japonesa. Falou da “Longa Marcha” como se fosse um conto de fadas revolucionário. Afirmou que tal campanha contra os japoneses foi um “manifesto”, uma “forma de propaganda” e “gestação”, que terminou com vitória do PCCh e a derrota de seus inimigos. A marcha no norte para resistir contra o Japão não foi nada mais do que mais uma mentira do comunismo chinês para encobrir seus fracassos. De outubro de 1933 até janeiro de 1934, o PCCh sofreu uma total derrota. Na 5ª operação do KMT, cercado pelas forças do KMT e inferiorizado, o PCCh paulatinamente foi perdendo seu poder nas áreas rurais. Perto do extermínio, o Exército Vermelho do PCCh teve que fugir. Essa é a verdadeira origem da “Longa Marcha”. A Longa Marcha, na verdade, buscava romper o cerco das forças do KMT em direção à Mongólia e Rússia soviética, descrevendo um arco que ia primeiro rumo ao oeste e depois ao norte. Uma vez alcançado esse destino, o PCCh poderia escapar para a União Soviética em caso de derrota. O PCCh encontrou grandes dificuldades enquanto ia em direção à distante Mongólia. Seus chefes decidiram passar por Shaanxi e Suiyuan porque, de um lado, por meio da marcha através dessas províncias do norte eles poderiam dizer que iam lutar contra os japoneses e assim conquistar o coração do povo. Por outro lado, essas eram áreas seguras, pois não tinham tropas japonesas por perto. O exército nipônico, na realidade, ocupava o território ao longo da Grande Muralha. Um ano depois, quando o PCCh chegou finalmente a Shanbei, província localizada ao norte de Shaanxi, a força principal do Exército Vermelho tinha diminuído de 80.000 para 6.000 efetivos. O incidente de Xi’an: O PCCh tem êxito em semear a discórdia e se alia ao KMT pela segunda vez. Em dezembro de 1936, Zhang Xueliang e Yang Hucheng, dois generais do KMT, sequestraram Chiang Kai-shek. Isso passou a ser conhecido como o “Incidente de Xi´an”. Segundo os textos do PCCh, o Incidente de Xi´an foi um “golpe militar” iniciado por Zhang e Yang, os quais deram um ultimato a Chiang Kai20 Palavras pronunciadas em 1927. 27/206 shek: ele deveria se posicionar contra os japoneses ou seria morto. Zhou Enlai foi convidado para ir a Xi´an como representante do PCCh para negociar uma saída pacífica. Com a mediação de diversos grupos da China, o incidente foi resolvido pacificamente. Terminou assim uma guerra civil de mais de 10 anos e foram criadas as condições para se formar uma aliança nacional unificada contra os japoneses. Os livros de história do PCCh dizem que tal incidente foi um ponto crucial para solucionar a crise na China. Assim, o PCCh se coloca como um grupo patriota que agiu segundo os interesses da nação. Vários documentos revelam que muitos espiões do PCCh já haviam se juntado a Yang Hucheng y Zhang Xueliang antes do Incidente de Xi´an. Liu Ding, um membro secreto do PCCh, foi apresentado a Zhang Xueliang por Song Qingling, esposa de Sun Zhongshan, cunhada de Chiang Kaishek e membro do PCCh. Depois do referido incidente, Mao Tsé-tung o elogiou da seguinte forma: “Liu prestou um serviço digno de mérito no Incidente de Xi´an”. Entre os que trabalhavam com Yang Hucheng, sua própria esposa, Xie Baozhen, era membro do PCCh e trabalhava no Departamento de Política do Exército de Yang. Em janeiro de 1928 e com aprovação do PCCh, Xie se casou com Yang Hucheng. Além disso, o membro do PCCh, Wang Bingnan, foi convidado de honra na casa de Yang. Wang logo se tornou o vice-ministro de Relações Exteriores do PCCh. Na realidade, esses membros do PCCh em torno de Yang e Zhang foram quem incitaram para que esse golpe de Xi´an acontecesse. No início do incidente, os líderes do PCCh queriam matar Chiang Kai-shek para vingar-se do que ele havia feito ao PCCh. Nessa época, o PCCh tinha uma base muito débil na província setentrional de Shaanxi, e podia ser eliminado com uma simples batalha. O PCCh, utilizando sua grande capacidade para enganar, incitou Zhang e Yang a se revoltarem. Por outro lado, para que o Japão se mantivesse ocupado com os chineses e não atacasse a União Soviética, Stalin escreveu pessoalmente uma mensagem ao Comitê Central do PCCh na qual pedia que não matassem a Chiang Kai-shek e que cooperassem pela segunda vez. Mao Tsé-tung e Zhou Enlai também perceberam que não poderiam derrotar o KMT com a limitada força que tinham até então. Se matassem Chiang Kai-shek, o PCCh poderia ser eliminado pelo exército do KMT como forma de retaliação. Sob tais circunstâncias, o PCCh mudou sua tática: obrigou Chiang Kai-shek a aceitar uma segunda aliança entre nacionalistas e comunistas em nome de uma resistência unificada contra os japoneses. Primeiro o PCCh incitou uma revolta, quase dando uma sentença de morte a Chiang Kai-shek, porém logo depois voltou atrás e, atuando como herói, obrigou-o a aceitar novamente o PCCh. Dessa maneira, o PCCh não só escapou de uma crise que poderia terminar com seu extermínio, como também usou a oportunidade para se juntar ao governo do KMT pela segunda vez. O Exército Vermelho se converteu no Exército da Oitava Marcha e tornou-se maior e mais poderoso do que antes. É admirável a capacidade de enganar do PCCh. 28/206 A guerra de resistência contra o Japão: O PCCh cresce matando com armas emprestadas. Os livros do PCCh dizem que o comunismo chinês levou a nação a uma vitória na guerra de resistência contra o Japão. Quando em 1937 estourou a guerra contra os nipônicos, o KMT tinha mais de 1,7 milhões de soldados armados, navios capazes de transportar 110.000 toneladas e aproximadamente 600 aviões de combate de diversos tipos. Por outro lado, o PCCh, somando o Novo Quarto Exército, incorporado em 1937, não somava 70.000 soldados. A divisão política interna o debilitava ainda mais, ao ponto de poder ser exterminado em uma única batalha. O PCCh sabia que se ele tentasse lutar contra os japoneses sequer conseguiria vencer uma única divisão do exército japonês. Aos olhos do PCCh, a postura de fortalecer a “unidade nacional” servia ao propósito de se manter no poder e, de nenhuma forma, era para assegurar a sobrevivência do país. Portanto, estabeleceu “durante a cooperação com o KMT”, que os esforços deveriam estar voltados a tomar o poder. Porém isso só poderia ser discutido dentro do Partido e, ao mesmo tempo, algo a ser realizado. Depois que os japoneses, em 18 de setembro de 1931, ocuparam a cidade de Shenyang e estenderam assim seu controle sobre vasta área a nordeste da China, o PCCh se pôs a lutar ombro a ombro junto com os japoneses para derrotar o KMT. Em uma declaração escrita em resposta à ocupação japonesa, o PCCh exortou a todo o povo das áreas controladas pelo KMT a se rebelar, fazendo com que “operários fizessem greve, que camponeses criassem problemas, que os estudantes boicotassem as aulas, que os pobres parassem de trabalhar, que os soldados fizessem rebelião, para assim derrotar o governo nacionalista chinês. Embora o PCCh dissesse empunhar a bandeira da resistência contra o Japão, somente dispunha de tropas locais e de forças de guerrilha em acampamentos afastados das linhas de frente. Salvo algumas batalhas, como a do passo de Pingxing, o PCCh quase não contribuiu para expulsar o inimigo japonês. Ao contrário, canalizou seus esforços no sentido de expandir suas próprias bases. Quando o Japão se rendeu, o PCCh incorporou os soldados rendidos ao seu exército e assim afirmava que contava com mais de 900.000 soldados regulares, além de dois milhões de combatentes. As tropas do KMT estiveram praticamente sozinhas nas frentes importantes dessa guerra. De um lado, o KMT perdeu na guerra cerca de 200 oficiais e, do outro lado, o comando militar do PCCh quase não sofreu perdas. Não obstante, os textos de história do PCCh constantemente incutem no povo chinês que o KMT não ofereceu resistência aos japoneses, que foi o PCCh quem conseguiu a grande vitória na guerra de resistência contra o Japão. A Retificação de Yan’an: como criar os mais terríveis métodos de perseguição. 29/206 O PCCh atraiu incontáveis jovens patriotas para Yan’an em nome da luta contra os japoneses, porém perseguiu dezenas de milhares deles durante o chamado movimento de Retificação de Yan’an. Depois de ganhar o poder na China, o PCCh descreveu Yan’an como “a terra santa” da revolução, sem fazer qualquer menção aos crimes que cometeu durante esse movimento. O movimento de Retificação de Yan’an foi o mais terrível, mais obscuro e mais brutal jogo de poder da humanidade. Em nome de estar limpando pequenos elementos nocivos da burguesia, o PCCh acabou com a moralidade, a liberdade de pensamento e de ação, bem como com a tolerância e a dignidade. O primeiro passo desse movimento foi construir um arquivo individual de cada camarada, que incluía: 1) uma declaração pessoal; 2) um registro da vida política da pessoa; 3) os antecedentes familiares e suas relações sociais; 4) uma autobiografia na qual constava qualquer mudança ideológica; 5) uma avaliação feita de acordo com a natureza do partido. Para o arquivo pessoal, o indivíduo era obrigado a fazer uma lista de todas as pessoas com as quais havia se relacionado desde seu nascimento, todos os eventos importantes, tempo e lugar onde ocorreram. A pessoa tinha que escrever diversas vezes para o arquivo pessoal, e qualquer omissão era considerada um sinal de má fé. Deveria descrever todas as atividades sociais das quais já havia participado, em especial as ligadas ao ingresso no Partido. A ênfase era dada ao modo como ela pensava em relação a essas atividades sociais. A avaliação baseada na natureza do Partido era o ponto chave. A pessoa deveria confessar qualquer pensamento, discurso, atitude e conduta na vida diária que havia sido contrária ao Partido. Por exemplo, a “avaliação de consciência”, obrigava a pessoa a se auto-examinar para ver se ela tinha interesses pessoais, se em algum momento ela já havia utilizado o Partido para alcançar metas pessoais, se em algum momento já havia vacilado em sua confiança no ideal revolucionário, se ela já havia tido medo de morrer durante o combate armado ou se havia sentido falta dos familiares ou cônjuge após se unir ao Partido ou se juntar ao exército. Como não existiam parâmetros objetivos, em quase todos os casos era encontrado algum problema. Era usada a coerção para extrair “confissões” escritas dos membros do Partido que eram investigados com o objetivo de se eliminar “traidores ocultos”. Isso obviamente produziu inúmeras acusações falsas e equivocadas; um grande número de oficiais foi perseguido por causa disso. Durante a Retificação, o PCCh dizia que Yan’an era um “lugar para purificação da natureza humana”. Uma comitiva foi enviada pelo PCCh para a Universidade de Assuntos Militares e Políticos para examinar esses arquivos, causando assim o Terror Vermelho por dois meses. Vários métodos eram usados para que os acusados confessassem: confissões de improviso, confissões de demonstração, “persuasões grupais”, “persuasões de cinco minutos”, persuasão através de conselhos intimidadores, conferência de relatórios, identificação dos “rabanetes” 30/206 (vermelho por fora e branco por dentro). Também, tiravam fotos. Faziam as pessoas desfilarem para grupos de examinadores para uma inspeção minuciosa. Aquelas que se mostravam nervosos eram rotulados como suspeitos e sujeitos à investigação. Até os representantes do Komintern ficavam aterrorizados com os métodos utilizados; diziam que a situação em Yan’an era deprimente. As pessoas não se atreviam a se relacionar com as outras. Ninguém se atrevia a dizer a verdade para salvar amigos acusados; todos temiam por suas próprias vidas. Os espertos – aqueles que adulavam, mentiam e insultavam os outros – eram promovidos. A humilhação passou a ser moeda corrente em Yan’an. As pessoas foram levadas à beira da loucura, forçadas a abrir mão da dignidade, do senso de honra ou vergonha, e do amor mútuo, para salvarem suas próprias vidas e seus próprios empregos. Deixaram de expressar suas próprias opiniões para recitarem os artigos do Partido. Até hoje o PCCh continuou a empregar esses métodos de opressão em suas atividades políticas na China. Três anos de guerra civil: Trair o país para obter o poder. A revolução da burguesia russa em fevereiro de 1917 foi um levante de classe relativamente pacífico. O Czar colocou em primeiro lugar os interesses da nação ao invés dos seus e assim abdicou do trono em lugar de resistir. Lênin voltou apressadamente da Alemanha para a Rússia, organizou outro golpe, matou os revolucionários da burguesia que haviam derrotado o Czar e assim preparou o caminho para a revolução do proletariado. Desse modo, sufocou a revolta burguesa da Rússia. O PCCh, como Lênin, colheu os frutos daquilo que foi uma revolução nacionalista. Depois que terminou a guerra de resistência contra o Japão, o PCCh iniciou uma luta revolucionária a qual batizou de a “Guerra de Libertação” (1946-1949), para derrotar o governo do KMT, trazendo, assim, mais uma vez, o flagelo da guerra para a China. O PCCh é conhecido por empregar sua “estratégia da maré humana”: o sacrifício massivo de vidas para ganhar uma batalha. Em vários combates liderados contra o KMT, como os de Liaoxi-Shenyang, Beijing-Tianjin e Huai Hai, o PCCh usou essa estratégia primitiva, bárbara e desumana, e que resultou no sacrifício imenso de vidas do próprio povo. Durante o cerco de Changchun, na província de Jilin (nordeste de China), o Exército da Libertação do Povo (EPL) recebeu ordens para impedir o suprimento de alimentos da cidade e de proibir que seus habitantes pudessem deixá-la. Nos meses que duraram o cerco a Changchun, cerca de 200.000 pessoas morreram de fome e frio. Porém o ELP não permitiu que ninguém saísse da cidade. Depois dessa batalha, o PCCh descaradamente anunciou de “ter tomado Changchun sem disparar um só tiro nem derramar uma só gota de sangue”. Entre 1947 e 1948, o PCCh firmou com a União Soviética o “Acordo de Harbin” e o “Acordo de Moscou”, pelos quais entregou ativos da nação e os recursos naturais do nordeste da China em troca de apoio da União Soviética em questões de relações externas e assuntos militares. Segundo 31/206 tais acordos, a União Soviética forneceria ao PCCh 50 aviões; daria em 2 vezes as armas dos japoneses derrotados e venderia a baixos preços munições e equipamentos militares soviéticos a partir do nordeste da China. Se o KMT tentasse realizar um ataque no nordeste, a União Soviética disfarçadamente ajudaria o exército do PCCh. Além disso, a União Soviética ajudaria o PCCh a controlar a cidade de Xinjiang a noroeste da China. O PCCh e a União Soviética estabeleceriam uma força aérea aliada, sendo que os soviéticos ajudariam a equipar 11 divisões do exército do PCCh e a transportar para o nordeste 1/3 das armas que a China havia recebido dos Estados Unidos (no valor de $ 13 bilhões). Para obter o apoio soviético, o PCCh prometeu à União Soviética privilégios especiais para o transporte sobre as rotas por terra ou ar, a nordeste, ofereceu informações sobre as ações do KMT e das forças armadas dos Estados Unidos, assegurou provisão de produtos do nordeste (algodão, grãos de soja, etc.) e provisões militares em troca de armamento avançado. Ainda, concedeu à União Soviética direitos exclusivos de mineração na China e permitiu que ela instalasse bases militares a nordeste da China e em Xinjiang, bem como que criassem na China a Agência de Inteligência do Extremo Oriente. Havia iniciado a guerra na Europa, e para apoiar a União Soviética o PCCh enviaria uma força expedicionária de 100.000 homens, mais dois milhões de trabalhadores. Ainda, o PCCh prometeu que, se fosse necessário, entregaria para a Coréia algumas regiões das províncias de Liaoning e Andong. III. A manifestação dos traços maldosos. O medo perpétuo marca a história do Partido. A característica mais acentuada do PCCh é o contínuo medo, sobretudo o medo de perder o poder. Desde o início, a sobrevivência é a maior meta do PCCh, meta essa que tornou possível superar esse medo sempre encoberto pela aparência cambiante. O PCCh é como uma célula cancerígena que se divide e se espalha por todo o corpo, mata as células normais e se multiplica em células malignas e fora de controle. Em nosso ciclo da história, a sociedade chinesa tem sido incapaz de inocular um fator mutante como o PCCh e, assim, não tem alternativa a não ser deixálo crescer à vontade. Esse fator mutante é tão poderoso que nada em seu alcance de crescimento conseguiu detê-lo até agora. Como resultado, grande parte da sociedade está contaminada e áreas, cada vez maiores, foram inundadas pelo comunismo ou elementos comunistas. O PCCh se aproveita e fomenta tais elementos, que degradam a moralidade e a sociedade humana. O PCCh não reconhece os princípios morais e de justiça aceitos em geral. Todos os seus princípios servem exclusivamente aos próprios interesses. O PCCh é fundamentalmente egoísta e não há nada que possa refrear ou controlar seu desejo pelo poder. Baseado em suas regras, o Partido muda sua aparência vestindo novas peles. Quando em diferentes momentos sua sobrevivência foi ameaçada, o PCCh se uniu ao Partido Comunista da 32/206 União Soviética, ao KMT, à cúpula governante do KMT e à Revolução Nacional da China. Depois de obter o poder, o PCCh se valeu de diversas formas de oportunismo, das mentes e dos sentimentos das pessoas, dos mecanismos e estruturas sociais; em síntese, de tudo que pudesse ajudálo a sobreviver. Toma cada crise como uma oportunidade para concentrar poder ainda maior e reforçar seus métodos de controle. A constante busca do mal se converteu na “arma mágica” do PCCh. O PCCh declara que a vitória revolucionária depende de três armas mágicas: as frentes unidas, a luta armada e a construção do Partido. A experiência com o KMT resultou em duas armas desse tipo: a propaganda e a espionagem. Essas armas mágicas receberam a influência dos nove traços herdados: a maldade, enganar, incitar, liberar a escória social, espionar, roubar, lutar, matar, e controlar. O marxismo-leninismo é perverso por natureza. Ironicamente, os comunistas chineses não entendem o marxismo-leninismo. Lin Baio21 disse que muitos poucos membros do PCCh haviam lido os trabalhos de Marx e Lênin. Qu Qiubai22 foi considerado um ideólogo, entretanto, ele admitiu ter lido muito pouco sobre o marxismo-leninismo. A ideologia de Mao Tsé-tung é uma versão rural das teorias de Marx e Lênin e proclama a revolta dos camponeses. A teoria da fase primária do socialismo de Deng Xiaoping tem o capitalismo como sua última etapa. Os “Três Representantes23” de Jiang Zemin foram pedaços juntados do nada. O PCCh realmente nunca entendeu o que é o marxismo-leninismo, mas herdou dele os aspectos malévolos sobre os quais acrescentou seus próprios elementos, estes ainda mais sinistros. A frente unida do PCCh é uma conjunção de mentiras e retornos de curto prazo. A meta da unidade foi fortalecer seu poder, passar de um grupo isolado para algo de proporção descomunal – como logo após a guerra contra o Japão – e mudar a relação entre aliados e inimigos. A unidade requeria discernimento: identificar o inimigo e quem era aliado, quem estava na esquerda, no centro ou direita, quem deveria ser favorecido e 21 Lin Biao (1907-1971), um dos maiores líderes do PCCh, foi, sob o mandato de Mao Tsé-tung, membro do Politburo, como vice-presidente (1958) e ministro de Defesa (1959). Lin é considerado o arquiteto da Grande Revolução Cultural chinesa. Lin foi designado sucessor de Mao em 1966, porém perdeu o apoio em 1970. Ao perceber esta situação, Lin se envolveu numa tentativa de golpe de Estado e teve de fugir para a União Soviética quando essa trama foi descoberta. Durante seu vôo de fuga, o avião explodiu em solo mongol resultando na sua morte. 22 Qu Qiubai (1899-1935) é um dos líderes mais antigos do PCCh e um renomado escritor de esquerda. Foi capturado pelo KMT em 23 de fevereiro de 1935 e morreu em 18 de junho desse mesmo ano. 23 A doutrina dos Três Representantes foi mencionada pela primeira vez num discurso de Jiang Zemin, em fevereiro de 2000. Segundo tal doutrina, o Partido deve, a todo instante, representar: o desenvolvimento das forças produtivas da China, a direção do avanço de sua cultura e os interesses fundamentais da maioria do povo. 33/206 quem deveria ser atacado e quando. Não teve dificuldades em converter os aliados em inimigos e logo depois novamente em aliados. Por exemplo, durante o período da revolução democrática, o PCCh se aliou à classe capitalista, mas durante a revolução socialista, o PCCh eliminou os capitalistas. Outro exemplo é o de Zhang Bojun e Luo Longji, líderes de partidos democráticos, que foram usados como aliados do PCCh quando o comunismo tomou o poder, mas que foram logo depois perseguidos como “direitistas”. O Partido Comunista é uma sofisticada gangue de delinquentes. O Partido Comunista tem dois tipos de estratégias: uma moderada e flexível e outra dura e rígida. Entre suas estratégias moderadas estão: a propaganda, semear discórdia, espionagem, instigar a rebelião, a traição, dominar a mente das pessoas, lavagem cerebral; mentir, enganar, ocultar a verdade, abuso psicológico e a criação de clima de terror. Ao colocar em prática esses recursos, o PCCh gera uma síndrome de terror dentro do coração das pessoas que faz com que elas esqueçam facilmente as coisas erradas do Partido. Tal variedade de métodos pode reprimir a natureza humana e fomentar o lado perverso das pessoas. Entre as estratégias duras do PCCh estão: violência, luta armada, perseguições, manobras políticas, assassinatos para silenciar testemunhas inconvenientes, sequestros, censuras à opiniões diferentes, batidas periódicas e saques. Métodos agressivos que geram e perpetuam o terror. O PCCh usa simultaneamente métodos brandos e duros. Às vezes eles são brandos, outras vezes rígidos; às vezes são brandos na política externa, mas duros na interna: é a tática de apertar e relaxar. Em clima brando, o PCCh encoraja a expressão de diferenças de opiniões, mas – como encantando uma serpente para que saia da toca para matá-la – aqueles que expressam suas opiniões são logo em seguida perseguidos num período de rígido controle. O PCCh utilizou assiduamente a democracia para enfrentar o KMT, mas quando os intelectuais das áreas controladas pelo PCCh discordaram do Partido, eles foram torturados e até decapitados. Como exemplo, podemos citar o infame “Episódio dos Lírios Selvagens”, ocorrido em 1947, no qual o intelectual Wang Shiwei — autor da peça “Os Lírios Selvagens”, na qual expressava seus ideais de igualdade, democracia e humanidade — foi vitima do movimento de Purificação de Yan’na, ao ser executado a machadadas. Um oficial veterano que havia sofrido torturas durante a Purificação de Yan’an recorda que, sob intensa pressão, foi forçado a confessar. A única coisa que pode fazer foi trair sua própria consciência e mentir. Sua primeira reação foi se sentir muito mal por ter implicado seus colegas e ter agido contra eles. Sentiu tanto ódio que quis acabar com a própria vida. Coincidentemente, um revolver havia sido colocado sobre a mesa. Ele o tomou, apontou para a cabeça e apertou o gatilho. A arma estava sem balas! Então, a pessoa que o havia interrogado entrou e disse: “É bom que você admita que fez algo mau. Os policiais do partido são 34/206 condescendentes. O Partido sabia que você tinha chegado ao seu limite e agora sabe que você é leal: você passou no teste!” O Partido primeiro coloca a pessoa em uma armadilha mortal e desfruta do sofrimento e da humilhação da vítima. Quando a pessoa chega ao seu limite e deseja morrer, o Partido, amavelmente, surge para mostrar uma saída, o que é pior do que a morte. Há um ditado: “É melhor um covarde vivo do que um herói morto!” O Partido se converteu na salvação e espera gratidão. Anos depois esse oficial conheceu Falun Gong – uma prática de meditação surgida na China – em Hong Kong e isto lhe fez muito bem. No entanto, quando, em 1999, iniciou-se a perseguição contra Falun Gong, reviveu as recordações do passado doloroso e nunca mais se atreveu a dizer que Falun Gong era algo bom. A experiência do último imperador chinês Puyi foi similar ao daquele funcionário. Aprisionado nas celas do PCCh e vendo pessoas morrendo todos os dias, pensou que seu fim era certo. Para poder viver, ele cooperou em passar por uma lavagem cerebral. Pois depois escreveu uma autobiografia intitulada “A primeira metade de minha vida”, que o PCCh utilizou como um exemplo bem sucedido de reformulação ideológica. Segundo estudos médicos modernos, muitas vítimas de intensa pressão desenvolvem um sentido anormal de dependência com seus torturadores. Isto é conhecido como a síndrome de Estocolmo: os estados de humor da vítima – felicidade, dor, alegria e tristeza – passam a ser ditados pelos torturados. O menor favor feito à vítima é recebido com profunda gratidão. Inclusive há casos em que as vítimas chegam a sentir “amor” por seus torturadores. Tal estado psicológico tem sido utilizado com êxito pelo PCCh desde longo tempo tanto para submeter seus inimigos como para controlar a mente do povo e reformular seus pensamentos. O Partido é o que há de mais perverso. Os primeiros 10 secretários gerais do PCCh foram rotulados de anticomunistas. Certamente, o PCCh tem vida própria, é um corpo independente. O Partido é quem decide o destino de seus lideres e não o contrário. Nas “áreas soviéticas” da província de Jiangxi, cercado pelo KMT e com sua sobrevivência em jogo, o PCCh, do mesmo modo, realizou limpezas internas, buscando derrotar as Forças Antibolcheviques (AB): executava seus próprios soldados durante a noite e os apedrejava para economizar balas. Na província de Shaanxi, com o exército japonês de um lado e o KMT do outro, o PCCh começou o movimento de retificação de Yan’an, que resultou na morte de inúmeros membros do Partido. A constante repetição desse tipo de massacre em escala tão ampla não impediu o PCCh de estender seu poder e chegar a governar a China. O PCCh estendeu, das pequenas áreas de domínio soviético para todo o país, esse modelo de disputa interna e de se matar uns aos outros entre os membros do Partido. O PCCh se comporta como um tumor maligno: em seu crescimento frenético, o núcleo do tumor está morto, porém ele continua se espalhando para todos os órgãos saudáveis ao seu redor. Uma vez que se 35/206 infiltra nesses órgãos, novos tumores surgem. Não importa o quão boa seja uma pessoa, uma vez que ela se une ao PCCh, ela é mais uma parte dessa força destrutiva. Quanto mais honrada e reta for uma pessoa mais destrutiva ela se tornará. Sem dúvida, o tumor do PCCh seguirá crescendo até que já não exista mais nada sadio de que se alimentar. Então, o tumor seguramente morrerá. O fundador do PCCh, Chen Duxiu, foi um intelectual e um líder do Movimento Estudantil de Quatro de Maio. Chen não era partidário da violência e advertiu os membros do PCCh que se eles tentassem converter o KMT à ideologia comunista ou tivessem muito interesse pelo poder, isso certamente levaria a relações tensas. Chen, um dos mais ativos da geração de Quatro de Maio, era uma pessoa tolerante. Entretanto, ele foi o primeiro a ser etiquetado de “oportunista de direita”. Outro líder do PCCh, Qu Qiubai, acreditava que os membros do PCCh deveriam participar de lutas armadas, organizar rebeliões, derrotar as autoridades e utilizar meios extremos para devolver à sociedade chinesa o seu estado normal. Entretanto, antes de morrer, Qu Qiubai, confessou: “Eu não quero morrer como um revolucionário. Deixei o movimento já faz muito tempo. A história pregou uma peça ao me trazer, um intelectual, ao cenário da revolução durante tantos anos. Ainda hoje, não pude superar minhas próprias idéias aristocráticas. Além disso, depois de tudo isso, eu nunca pude me tornar um guerreiro da classe proletária24”. O líder do PCCh, Wang Ming, por ordem do Komintern, em lugar de expandir as bases do PCCh, defendeu a união com o KMT na resistência contra os japoneses. Em reuniões do PCCh, Mao Tsé-tung e Zhang Wentian não puderam persuadir seu camarada nem revelar a verdade da situação: a limitada força do Exército Vermelho não seria capaz de conter sequer uma divisão do exército japonês. Se, contra o bom senso, o PCCh tivesse decidido lutar, a história da China seria sem dúvida diferente. Mao Tsé-tung não teve alternativa senão se calar. Mais tarde, Wang Ming foi expulso primeiro por ter sido considerado uma facção que se desviou do pensamento de esquerda e, depois, como um oportunista de direita. Hu Yaobang, outro secretário do Partido, lutou para que se fizesse justiça às muitas vítimas inocentes que haviam sido condenadas durante a Revolução Cultural, e, por causa disso, conquistou o coração do povo. Contudo, foi obrigado a renunciar em janeiro de 1987. Zhao Ziyang25 quis fazer reformas mais profundas no PCCh e isso trouxe consequências nefastas para ele. 24 25 De Qu Qiubai, “Umas poucas palavras a mais”, de 23 de maio de 1935, antes de morrer em 18 de junho de 1935. O último dos 10 secretários gerais do PCCh, que foi dispensado por causa de desacordo quanto ao uso de força para acabar com a manifestação estudantil da Praça Celestial, em 1989. Foi colocado em prisão domiciliar. Faleceu em 17 de janeiro de 2005, aos 85 anos. 36/206 Sendo assim as coisas, o que poderia aspirar qualquer novo líder do PCCh? Reformar de verdade o PCCh implicaria na morte do Partido. O PCCh tiraria rapidamente do poder quem tentasse uma reforma. Existe um limite definido para o que os membros do partido podem fazer para mudar o PCCh. Por outro lado, não existe possibilidade alguma de que reformas no PCCh sejam bem sucedidas. Se todos os líderes do PCCh se converterem em “pessoas más”, como poderá o PCCh propagar sua revolução? Muitas vezes quando o PCCh estava no auge, até os líderes mais maus - os oficiais mais graduados perderam seus postos quando seus níveis de maldades não eram suficientemente altos para os padrões do Partido. Somente os mais perversos passam na seleção. Muitos líderes do Partido acabaram suas vidas políticas tragicamente, no entanto, o PCCh sobreviveu. Os líderes do PCCh que se mantiveram em seus postos não foram aqueles que podiam controlar o Partido, mas aqueles que souberam interpretar suas intenções perversas e segui-las. Essas pessoas fortaleceram a capacidade do Partido de sobreviver às crises, se entregaram por inteiro à causa do Partido. Portanto, não é de se estranhar que seus membros possam lutar contra o Céu, contra a Terra e contra os seres humanos, mas nunca contra o Partido. São instrumentos domesticados do PCCh ou, no melhor dos casos, mantêm uma relação simbiótica com ele. A falta de vergonha se tornou uma característica do PCCh. Segundo o PCCh, todos os seus erros foram de indivíduos, cometidos pelos líderes do Partido. Por exemplo, por Zhang Guotao ou a Gangue dos Quatro26. Mao Tsé-tung foi julgado pelo PCCh como tendo três partes de erro e sete partes de acerto, enquanto que Deng Xiaoping considerou a si mesmo como tendo quatro partes de erro e seis de acerto. Entretanto, o Partido nunca esteve errado. E, mesmo quando o Partido se equivocou, foi ele que corrigiu os erros. Por isso, o Partido diz a seus membros para “olhar para frente” e “não ficar preso ao passado”. Tudo é mutável no PCCh: o paraíso comunista pode se converter no modesto desejo de comida e proteção socialista; o marxismo-leninismo pode ser substituído pelos “Três Representantes”. Ninguém deveria se surpreender se visse o PCCh promovendo a democracia e a liberdade de crença, abandonando Jiang Zemin da noite para o dia, ou reavaliando a perseguição a Falun Gong, se essas coisas fossem necessárias para que o poder fosse mantido. Contudo, há algo que nunca mudará no PCCh, o seu objetivo básico: sobreviver e manter o poder e o controle. O PCCh juntou violência, terror e doutrinamento em situações de alta pressão para formar a sua base teórica, a qual se converteu na natureza 26 A “Gangue dos Quatro” era integrada pela esposa de Mao Tsé-tung, Jiang Qing (1913-1991); Zhang Chunqiao (1917-1991), funcionário do Departamento de Propaganda; o crítico literário Yao Wenyuan (1931), e Wang Hongwen (1935-1992), guarda da segurança de Xangai. Sua influência começou durante a Grande Revolução Cultural (1966-1976) e dominou a política chinesa durante o início dos anos 70. 37/206 do Partido, seus princípios supremos, o espírito de seus líderes, seu mecanismo de funcionamento e critério de atuação para seus membros. O Partido Comunista é duro como aço e sua disciplina sólida como ferro. As intenções de seus membros devem estar unificadas, e suas ações devem estar em total acordo com a agenda política do Partido. Conclusão. Por que a história escolheu o Partido Comunista ao invés de qualquer outra força política na China? Todos sabem que existem duas forças neste mundo, duas opções. Uma é velha e perversa, e sua meta é fazer o mal e escolher o negativo. A outra força é reta e boa, e nela prevalece o certo e o bom. O PCCh foi uma escolha das forças velhas. A razão dessa escolha é justamente porque o PCCh conseguiu reunir toda a maldade do mundo, seja da China ou de qualquer outro país, do passado até o presente. Sabe muito bem como se utilizar e se aproveitar da bondade inata das pessoas para enganar e, passo a passo, adquiriu sua atual capacidade de destruir. O que o PCCh quer dizer quando diz que não haveria uma nova China sem ele? Desde sua fundação, em 1921, até assumir o poder, em 1949, as evidências mostram claramente que sem enganar e usar a violência, o PCCh não estaria no governo hoje. O PCCh difere de qualquer outro tipo de organização que seguiu a ideologia do marxismo-leninismo, e faz o que bem entende. Pode explicar tudo o que realiza com altas teorias e as leva inteligentemente a determinados setores das massas, justificando assim todas as suas ações. A todo o momento transmite propaganda política, na qual veste uma roupagem com suas estratégias, diferentes princípios e teorias, mostrando sempre estar no caminho correto. O desenvolvimento do PCCh tem sido um processo de acumulação de maldades, sem nada de glorioso nele. A história do PCCh conta com precisão sobre a ilegitimidade do seu poder político. O povo chinês não escolheu o PCCh, ao contrário, foi o PCCh que impôs ao povo chinês o comunismo - um fantasma forasteiro do mal - mediante o uso dos traços perversos que herdou do Partido Comunista original: ser mau, enganar, incitar, liberar a escória social, espionar, roubar, lutar, matar, e controlar. 38/206 Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 3 – O Terceiro dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. A Tirania do Partido Comunista Chinês - PCCh 39/206 Introdução Quando se fala de tirania, os chineses logo se recordam do regime opressivo de Qin Shi Huang (259-210 a.C.), primeiro imperador da dinastia Qin, que queimou os livros de filosofia e enterrou vivos os estudiosos de Confúcio. O tratamento cruel de Qin Shi Huang para com seu povo decorreu de sua política de “manter a autoridade com todos os recursos que há debaixo do Céu27”. Sua política tinha quatro aspectos básicos: cobrar impostos excessivamente altos; desperdiçar o trabalho do povo com projetos para glorificar a ele próprio, o imperador; praticar brutalidades apoiado em duras leis, inclusive estendendo o castigo para familiares e pessoas próximas do infrator; e tentar controlar a mente do povo através de bloqueio da expressão intelectual, queimando livros e enterrando vivos os intelectuais. No regime de Qin Shi Huang, a população da China era de cerca de 10 milhões de habitantes; o imperador recrutou mais de dois milhões deles para fazerem trabalhos forçados. Qin Shi Huang também estendeu suas 27 Do livro “Anais de comidas e produtos básicos”, em “História da antiga dinastia Han (Han Shu)”. 40/206 duras leis ao campo intelectual, proibindo a liberdade de pensamento em todos os níveis. Durante seu governo, foram assassinados estudiosos do confucionismo e pessoas que criticavam seu governo. Hoje, a violência e os abusos do Partido Comunista Chinês (PCCh) são ainda mais severos do que durante a tirânica dinastia Qin. A ideologia do PCCh tem a luta armada como seu principal elemento; seu regime foi construído através de uma série de “lutas de classe”, “lutas entre linhas de condução” e “lutas ideológicas”, tanto dentro como fora da China. Mao Tsé-tung, o primeiro líder do PCCh da República Popular da China, fundada em 1949, falou sobre isso de maneira aberta e categórica: “O imperador Qin Shi Huang não fez grande coisa da qual possa se vangloriar. Ele matou apenas 460 estudiosos de Confúcio, mas nós matamos 46.000 intelectuais. Há pessoas que nos acusam de praticar uma ditadura como a de Qin Shi Huang; não negamos que isto seja verdade. O problema é que não nos dão crédito suficiente e, então, nós temos que fazer mais28”. Vamos repassar os 55 duros anos da China sob o regime do PCCh. Com sua ideologia a “luta de classe” aparece em primeiro lugar; desde que tomou o poder, o PCCh cometeu amplos genocídios de classes sociais; ele conseguiu seu reinado de terror através de violenta revolução. Para que o PCCh pudesse eliminar qualquer outra crença que não fosse a teoria comunista e pudesse se colocar como um “deus” infalível, matar e lavagem cerebral andaram de mãos dadas. O PCCh fez seguidas campanhas para se mostrar infalível e se colocar com um “deus”. Seguindo sua política de luta armada e de revolução violenta, o PCCh eliminou seus dissidentes e opositores, usando de violência e mentiras, para assim converter o povo chinês em dócil serviçal do seu regime tirânico. I. Reforma Agrária: eliminar a classe dos proprietários de terra. Apenas três meses depois de estabelecida a China comunista, e como condição básica para que pudesse realizar seu programa nacional de reforma agrária, o PCCh anunciou a eliminação da classe dos proprietários de terra. O slogan do PCCh “terra para quem trabalha nela” estimulou o lado egoísta dos camponeses sem terras, para que lutassem contra os proprietários de terra, sem considerar as implicações morais desse ato. O programa de reforma agrária deixava clara a necessidade de se “eliminar a classe dos proprietários de terra” e classificava a população rural em várias categorias sociais. Nada menos do que 20 milhões de habitantes das áreas rurais foram considerados “proprietários de terra, agricultores ricos, reacionários ou maus elementos”. Estes novos expropriados sofreram discriminação, humilhação e a perda dos direitos civis; entraram 28 Qian Bocheng, “Cultura oriental”, quarta edição, 2000 - China. 41/206 para a categoria dos “cidadãos de baixa categoria”. Como a reforma agrária buscava se estender para lugares remotos e para os povoados de minorias étnicas, as organizações do PCCh se expandiram rapidamente. Os comitês e sucursais do Partido se disseminaram rapidamente por toda a China; sequer uma aldeia foi deixada de fora. Os comitês locais se converteram em porta-vozes do Comitê Central; estavam à frente das lutas de classe e incitavam os camponeses a lutarem contra seus senhores. Cerca de 100.000 proprietários de terra morreram durante essa fase. Em certas áreas, o PCCh e os camponeses mataram famílias inteiras de proprietários de terra, sem olhar sexo ou idade. A idéia era eliminar por completo a classe dos proprietários de terra. Nesse meio tempo, o PCCh lançou sua primeira campanha de propaganda na qual declarava: “o líder Mao é o salvador do povo” e “somente o PCCh pode salvar a China”. Durante a reforma agrária, os “sem terra” obtinham o que queriam através da política do PCCh de “colher sem semear”, roubar sem se preocupar com as consequências. Muitos camponeses pobres atribuíam a melhora nas condições de vida ao PCCh e deram crédito à propaganda oficial que dizia que o PCCh trabalhava para o interesse do povo. Para esses “novos donos das terras”, os dias felizes da “terra para quem trabalha nela” duraram pouco. Em menos de dois anos, o PCCh impôs uma série de regras: grupos de ajuda mútua, cooperativas de vários tipos. Criticando o passo lento do povo e comparando-o a “mulheres de pés atados29”, o PCCh, ano após ano, aumentava a pressão sobre os camponeses para que chegassem “correndo ao socialismo”. Mediante uma política nacional de unificação da compra e venda de grãos, algodão e óleo de cozinha, não foi mais possível comercializar ou trocar produtos agrícolas em mercado livre. Além disso, o governo comunista estabeleceu um sistema de registro residencial que impedia os camponeses de se mudarem para as cidades ou vilas para morar ou trabalhar. Aqueles que tinham seu domicílio registrado em áreas rurais não podiam comprar grãos em armazéns controlados pelo governo e seus filhos eram proibidos de estudar nas cidades. Os filhos de camponeses só podiam ser camponeses. Desta forma, 360 milhões de residentes rurais, no princípio dos anos 50, se converteram em cidadãos de segunda categoria. A partir de 1978, durante os 5 anos que se seguiram, a passagem do sistema de contrato coletivo para um contrato por domicílio, alguns dos 900 milhões de camponeses melhoraram ligeiramente suas rendas e condição social. Contudo, esse insignificante benefício se perdeu logo devido a uma estrutura de preços que privilegiava a manufatura em detrimento dos produtos agrícolas. Como resultado, os camponeses caíram novamente em extrema pobreza. A diferença entre a renda da população urbana e a rural cresceu enormemente e continuou a aumentar. Surgiram novos proprietários de terra e camponeses ricos nas 29 N.T.: Na China era costume amarrar os pés das mulheres para que não crescessem, e isto dificultava em muito o caminhar. 42/206 áreas rurais. Dados publicados pela agência de notícias Xinhua, porta-voz do governo, indicam que desde 1997: “A renda dos camponeses nas áreas de maior produção de grãos permaneceu a mesma e, em alguns casos, até caiu”. Ou seja, a renda dos camponeses não aumentou nem diminuiu. Mas, a relação entre a renda urbana e a rural passou de 1,8:1, nos anos 80, para 3,1:1 hoje em dia. II. Reforma na indústria e no comércio: eliminar a classe capitalista. Outra classe que o PCCh queria eliminar era a burguesia nacional que detinha o capital nas cidades e centros rurais. Durante a reforma industrial e comercial, o PCCh afirmava que a classe capitalista e a trabalhadora eram essencialmente de naturezas diferentes: a primeira era a classe exploradora e a segunda a classe não exploradora e antiexploradora. Segundo esta lógica, a classe capitalista nacional havia nascido para explorar e não deixaria de fazê-lo até sua total exterminação: só podia ser eliminada, pois não podia ser reformada. Sob essa premissa, o PCCh tanto matou como também anulou capitalistas e comerciantes através da lavagem cerebral. O PCCh recorreu ao seu já testado método de aceitar os obedientes e eliminar os rebeldes. Se alguém entregasse seus bens ao Estado e aprovasse o Partido, isso era considerado um problema menor. Se, por outro lado, alguém não aprovava ou se queixava da política do PCCh, era catalogado como reacionário e se tornava mais um alvo da ditadura draconiana do PCCh. Durante o reinado de terror durante essas reformas, todos os capitalistas, proprietários e comerciantes entregaram seus ativos. Muitos não podiam aguentar a humilhação e se suicidavam. Chen Yi, prefeito de Shanghai, perguntava todos os dias: “Quantos pára-quedistas nós tivemos hoje?”, se referindo ao número de burgueses que haviam se suicidado naquele dia pulando de edifícios. Em poucos anos, o PCCh eliminou completamente a propriedade privada na China. Enquanto levava adiante seus programas de reforma agrária e industrial, o PCCh lançou vários movimentos maciços de perseguição contra o povo. Entre eles estavam: a supressão dos contra-revolucionários, campanhas de reforma do pensamento, limpeza da camarilha anti-PCCh encabeçada por Gao Gang e Rao Shushi, e a investigação do grupo contrarevolucionário de Feng30. Entre 1951 e 1952, criou dois movimentos nacionais para perseguição em grande escala de contra-revolucionários, chamados de “Campanha dos Três Anti31” e a “Campanha dos Cinco 30 31 Gao Gang e Rao Shushi eram membros do Comitê Central. Depois de uma tentativa infrutífera para obter maior poder, em 1954, foram acusados de conspirarem contra o PCCh e foram expulsos do Partido. Hu Feng, erudito e crítico literário, se opôs à política de literatura doutrinária do PCCh. Foram expulsos do Partido em 1955. A luta contra a corrupção, o desperdício e a burocracia. 43/206 Anti32” com a finalidade de eliminar a corrupção pela perseguição de burocratas, pessoas do Partido, do governo, do exército e de organização de massas. O PCCh empregou tais movimentos para perseguir brutalmente uma grande quantidade de inocentes. Em cada campanha política, o PCCh mobilizava seu aparato estatal junto com os comitês e as agências do Partido. Três membros do Partido formaram um pequeno grupo de combate que se infiltrava em todos os bairros e vilas. Esses grupos estavam em todas as partes, estavam em todos os lugares. Herança dos anos de guerra do PCCh contra o Japão e o Kuomintang (Partido Nacionalista, KMT) - uma rede de controle que cobria tudo desempenha desde então uma papel crucial nos futuros movimentos políticos do Partido. III. A repressão às religiões e perseguição a grupos religiosos. Após a fundação da República Popular da China, outra das atrocidades cometidas pelo regime comunista foi fazer uma brutal repressão contra as religiões e proibir grupos religiosos. Em 1950, o PCCh instruiu seus governantes locais para que proibissem todos os credos religiosos e todas as sociedades não oficiais. O PCCh declarou que tais grupos “feudais subterrâneos” eram meras ferramentas nas mãos dos proprietários de terra, dos camponeses ricos, dos reacionários e dos agentes secretos do KMT. Nesta perseguição de alcance nacional, o governo mobilizou as classes nas quais ele confiava para que encontrassem e perseguissem “os agentes secretos do KMT”. Diferentes níveis governamentais participaram diretamente na desintegração desses grupos considerados “supersticiosos”: comunidades cristãs, católicos, taoístas (em especial aqueles praticantes de Yi Guandao) e budistas. Intimaram a todos os integrantes de igrejas, templos e sociedades religiosas a se registrarem nas agências governamentais para que se arrependessem de seus atos. Não obedecer implicava em severos castigos. Em 1951, o governo promulgou leis oficiais pelas quais aqueles que continuassem em suas atividades religiosas poderiam ser condenados à prisão perpétua ou à pena de morte. Essa perseguição caiu sobre um grande número de pessoas de bom coração e respeitosas das leis e que acreditavam em Deus. Dados incompletos mostram que o PCCh perseguiu, durante a década de 1950, pelo menos três milhões de religiosos e membros de grupos não oficiais, uma parte dos quais foi morta. O PCCh registrou quase todos esses lugares e interrogou exaustivamente essas pessoas. Inclusive, o PCCh chegou a destruir as estátuas do “Deus da Cozinha”, tradicionalmente venerado pelos camponeses chineses. As execuções sumárias reforçavam a mensagem do PCCh de que o comunismo era a única ideologia e fé legitima. Logo surgiu a noção de “crentes patrióticos”. Somente estes tinham a proteção da Constituição Nacional. A situação era que, qualquer que fosse a religião da pessoa, só havia um critério possível: seguir as 32 A luta contra o suborno, a sonegação de impostos, a fraude, o roubo da propriedade estatal e a obtenção de informações privilegiadas. 44/206 instruções do PCCh e saber que o PCCh estava acima de todos os credos. Se a pessoa era um cristão, agora o Partido era o Deus do Deus cristão. Se a pessoa era um budista, então o PCCh era o Mestre Buda do Buda. Entre os mulçumanos, o PCCh era o Alá de Alá. E, quanto a um Lama Vivo do Budismo Tibetano, o Partido intervinha e decidia quem seria o Lama Vivo. O Partido não deixou opção a não ser dizer e fazer o que ele mandasse. Todos os religiosos deviam cumprir as determinações do Partido e sustentar seus credos na aparência. Se não faziam assim, eram alvos de medidas repressivas da ditadura comunista. Em uma reportagem publicada em 02/2002 na revista virtual “Humanidade e Direitos Humanos”, mais de 20.000 cristãos realizaram uma pesquisa entre as 560.000 igrejas que funcionavam em domicílios de 207 cidades de 22 províncias da China. O estudo mostrou que daqueles que iam a essas igrejas domésticas, 130.000 eram vigiados pelo governo. Segundo um livro publicado em 1958, até 1957, o PCCh havia assassinado mais de 11.000 religiosos, sendo que muitos mais haviam sido presos arbitrariamente e extorquidos. Eliminada a classe dos proprietários de terra e dos capitalistas, e perseguida grande quantidade de religiosos e pessoas cumpridoras das leis, o PCCh limpou o caminho para que o Partido se convertesse na única religião da China. IV. O Movimento Antidiretista: lavagem cerebral em todo o país. Em 1956, um grupo de intelectuais húngaros formou o Círculo Petofi, que promovia fóruns e debates de crítica ao governo húngaro. O grupo impulsionou uma revolução nacional nesse país, mas que foi esmagada pelos soldados da ocupação soviética. Mao Tsé-tung aprendeu com esse evento húngaro. Em 1957, convocou os intelectuais chineses e outros grupos não comunistas para “ajudar o PCCh a se reformar”. Este movimento foi conhecido como “Movimento das Cem Flores” e tinha como lema: ”Deixar brotar cem flores; deixar que cem escolas de pensamento debatam entre si”. Seu propósito real era que as pessoas mostrassem seus “sentimentos anti-PCCh”; era uma armadilha. Em 1957, em uma mensagem escrita aos chefes do PCCh das províncias, Mao Tsé-tung revelou que sua intenção foi “encantar as serpentes para que saíssem de suas tocas”; incitar os intelectuais a mostrarem suas opiniões em nome da liberdade de pensamento e de mudanças e reformas no PCCh. Na época, a propaganda encorajava as pessoas a exporem as suas opiniões, e prometia e assegurava que o PCCh não faria represálias a qualquer opinião. Entretanto, pouco tempo depois, o PCCh lançou o Movimento Antidiretista rotulando de “direitistas” as 540.000 pessoas que se atreveram a expor suas opiniões. Destas, 270.000 perderam seus empregos e outras 230.000 foram classificadas como “direitistas moderadas” ou anti-socialistas. Alguém resumiu as armadilhas políticas do PCCh para perseguir pessoas da seguinte forma: encantar serpentes para que saiam de suas tocas; fabricar evidências de crimes, e produzir flagrante para condenar com uma simples denúncia; atacar cruelmente 45/206 em nome do bem do povo; e obrigar a auto-incriminação e rotular as pessoas de forma marcadamente cruel. Quais foram as “opiniões e palavras reacionárias” desses intelectuais para que fossem rotulados de “direitistas e anticomunistas” e fossem exilados em áreas remotas e gélidas da nação por cerca de 30 anos? As “três principais teorias reacionárias”, alvo de ataques frequentes e intensos do PCCh, eram os discursos de Luo Longji, Zhang Bojun e Chu Anping. Um olhar atento sobre o que eles propunham mostra que seus desejos eram bastante sinceros e bons. Luo sugeriu que fosse formada uma comissão, constituída pelo PCCh e vários partidos “democráticos”, para investigar abusos nas campanhas “Três Anti” e “Cinco Anti”, e nos movimentos para eliminar reacionários. Zhang sugeriu que tanto o Comitê Político Consultivo e como o Congresso Popular tomassem parte nas decisões do país (estes órgãos eram apenas consultivos e se limitavam a dar sugestões e conselhos ao Conselho de Estado). Chu, por sua vez, sugeriu - já que aqueles que não eram membros do PCCh também tinham boas ideias, dignidade e senso de responsabilidade patriótica - que não havia necessidade de designar um membro do PCCh para ser chefe de cada unidade de trabalho ou de cada equipe subordinada à uma das unidades de trabalho. Também, não era necessário que todo assunto, mesmo que não importante, tivesse que ser feito do modo como determinavam esses membros do Partido. Luo Longji, Zhang Bojun e Chu Anping expressaram o desejo de seguir o PCCh e nenhuma de suas sugestões excedia os limites marcados pelas famosas palavras do crítico e escritor Lu Xu (1881-1936): “Meu mestre sua roupa está suja. Por favor, tire-a que eu a lavarei para o senhor”. Assim como Lu Xun, os acusados de “direitistas” mostraram docilidade, submissão e respeito. Nenhum desses “direitistas” condenados quis afrontar o PCCh; tudo o que eles queriam era fazer críticas construtivas. Entretanto, e justamente por suas sugestões, dezenas de milhares de pessoas perderam a liberdade, fato este que trouxe sofrimento a muitas famílias. O que se seguiu foram movimentos como “fazendo confidências ao PCCh”, “desmascarar os extremistas”, uma nova versão da campanha dos “Três Anti”, e enviar os intelectuais para campos de trabalhos forçados; tudo para apanhar os “direitistas” que não foram pegos na primeira vez. Quem não concordasse com o membro do PCCh de cada unidade de trabalho, especialmente com os secretários do Partido, era rotulado de anti-PCCh. A direção do PCCh submetia tais pessoas a uma constante crítica ou as enviava a campos de trabalhos para uma reeducação forçada. Algumas vezes, o PCCh mandava famílias inteiras dessas pessoas para zonas rurais, ou proibia seus filhos de irem à escola, de servirem no exército ou de trabalharem nas cidades ou proximidades. As famílias perdiam o seguro social e direito aos serviços médicos públicos. Convertiam-se em membros inferiores da categoria dos trabalhadores rurais ou em marginalizados entre os cidadãos de segunda classe. 46/206 Depois da perseguição aos intelectuais, alguns desenvolveram dupla personalidade e opinião. Seguiram de perto o “Sol Vermelho” e se tornaram “intelectuais permanentes da corte” do PCCh; faziam e falavam tudo aquilo que o PCCh quisesse. Outros se tornaram reservados e se distanciaram de assuntos políticos. Os intelectuais chineses, que tradicionalmente tinham forte senso de responsabilidade com relação à nação, foram silenciados desde então. V. O Grande Salto Avante: uma grande mentira para testar a lealdade do povo. Depois do movimento Antidiretista, os chineses passaram a temer a verdade. Todos passaram a dar ouvido a mentiras e “histórias” inventadas; mentiras se transformaram em verdades. O Grande Salto Avante foi um exercício coletivo da mentira. O povo chinês, sob a direção do espectro malévolo do PCCh, fez coisas descabidas, sem qualquer sentido. Tanto os que mentiam como aqueles que ouviam as mentiras foram enganados. Nessa campanha mentirosa e ações sem qualquer sentido, o PCCh impôs sua influência violenta e maléfica sobre o mundo espiritual do povo chinês. Nessa época, as pessoas cantavam a canção que promovia o Grande Salto Avante: “No Céu não há o Imperador de Jade; na Terra não há o Rei dragão33. Eu ordeno que as três montanhas e os cinco desfiladeiros se afastem para que eu passe, porque aqui vou eu!”. Ano após ano, foram impostas metas inviáveis: “alcançar uma produção de grãos de por mus”, “duplicar a produção de aço” e “superar a Grã-Bretanha em dez anos e os Estados Unidos em quinze”. Tal política de metas resultou em fome generalizada que custou a vida de milhões. Em 1959, durante o encontro do Comitê Central do Partido em Lushan, quem dos participantes não concordaria com a opinião do general Peng Dehuai34 de que o Grande Salto Avante de Mao Tsé-tung era um absurdo? Entretanto, a decisão de apoiar Mao marcava a linha divisória entre lealdade e traição; em outras palavras, a linha entre viver ou morrer. Citando uma história popular na China: quando Zhao Gao35 disse que um cervo era um cavalo, logicamente ele sabia a diferença entre ambos, mas, 33 Entidades espirituais tradicionalmente reverenciadas pelos chineses. 34 Peng Dehuai (1898-1974): general e líder político do comunismo chinês. Peng foi comandante chefe na Guerra da Coréia, foi vice-ministro do Conselho de Estado, membro do Politburo e ministro de Defesa entre 1954 e 1959. Foi deposto de suas funções por discordar das ideias de Mao Tsé-tung, no Plenário de Lushan de 1959. 35 Zho Gao (data de nascimento desconhecida - morte em 210 a.C.): chefe eunuco durante a dinastia Qin. Em 210 a.C. - logo após a morte do imperador Qin Shi Huang Zhao Gao, junto com o primeiro ministro Li Si e o 2º filho do imperador, Hu Hai, falsificaram dois desejos do imperador e assim fizeram de Hu Hai o novo imperador, e ordenaram que o príncipe coroado, Fu Su, se suicidasse. Com o tempo, surgiram conflitos entre Zhao Gao e Hu Hai. Zhao levou um cervo até a corte real e disse que era o animal era um cavalo. Somente um punhado de funcionários se atreveu a contradizê-lo e afirmar que aquele animal era um cervo. Zhao Gao considerou que tais funcionários estavam contra ele os destituiu de suas posições na corte. 47/206 propositadamente chamou a um cervo de cavalo para controlar a opinião das pessoas, silenciá-las e expandir seu poder. O resultado desse encontro do Partido, em Lushan, foi que Peng Dehuai se viu obrigado a assinar uma carta na qual era condenado e expulso do governo. Do mesmo modo, nos últimos anos da Revolução Cultural, Deng Xiaoping foi obrigado a prometer que nunca apelaria da decisão do governo de destituí-lo do cargo que ele ocupava. A sociedade conta com a experiência acumulada do passado para entender o mundo e expandir seus horizontes. Entretanto, o PCCh tem impedido que as pessoas possam aprender com as lições da história. A censura do governo chinês sobre os meios de comunicação contribui para reduzir a capacidade das pessoas de distinguir entre o bom e o mau. Ao longo da trajetória do PCCh, as novas gerações de chineses só têm podido escutar o ponto de vista do Partido, sem poder ter acesso à verdade dos fatos e ao seu passado. Somente conhecem fragmentos remontados dos fatos. São incapazes de entender ou julgar novas situações. Assim, pensam estar corretos quando, na realidade, estão afastados da verdade. A estratégia do PCCh de manter o povo desinformado e ignorante tem sido levada ao extremo. VI. A Revolução Cultural. A possessão do mal põe o mundo de cabeça para baixo. A Grande Revolução Cultural foi uma grande armação montada pelo “espectro comunista” para possessão de todo o país. Em 1966, nova onda de violência tomou conta da China. O escritor Qin Mu descreve assim esse período: “Um período de terror vermelho, como um dragão enlouquecido, fez tremer as montanhas e congelar os rios”. “Foi realmente uma calamidade sem precedentes. O PCCh aprisionou milhões de pessoas por seus vínculos com famílias indiciadas pelo Partido, tirou a vida de milhões, desintegrou famílias, transformou filhos e jovens em rufiões e vilãos, queimou milhões de livros, destruiu monumentos históricos, profanou tumbas. Quantas maldades feitas em nome dessa revolução cultural.” Quantas pessoas morreram? Segundo cifras conservadoras, o número de mortes não naturais na China durante a Revolução Cultural ultrapassou a 7.730.000 pessoas. As pessoas sempre pensam erroneamente que a violência e o massacre da Revolução Cultural aconteceram sob um estado de anarquia gerado pelos movimentos rebeldes, e que foram as Guardas Vermelhas e os rebeldes que cometeram os assassinatos. Entretanto, segundo as publicações dos milhares de anuários oficiais dos condados chineses durante a Revolução Cultural, o pico de mortes não naturais não foi em 1966, quando as Guardas Vermelhas exerciam controle sobre a maioria das organizações do governo, nem em 1967 quando os rebeldes lutaram com armas contra vários grupos, mas sim em 1968, quando Mao recuperou o controle do país através do estabelecimento de “distintos níveis de comitês revolucionários”. A violência abusiva e as matanças 48/206 sangrentas foram feitas em sua maioria por tropas e milícias do governo, e por membros do PCCh. Os exemplos a seguir mostram que a violência durante a Revolução Cultural derivou de decisões políticas do PCCh envolvendo seus órgãos locais, e não do comportamento extremado das Guardas Vermelhas ou dos rebeldes. O PCCh ocultou a investigação direta disso e a responsabilidade de líderes do Partido e de funcionários do governo nessas ações violentas. Em agosto de 1966, as Guardas Vermelhas de Pequim expulsaram da cidade os residentes que haviam sido classificados em movimentos anteriores como “proprietários de terra, camponeses ricos, reacionários, maus elementos e direitistas”, e os obrigaram a ir para zonas rurais. Cifras oficiais parciais mostram que 33.695 residências foram inspecionadas e que 85.196 moradores foram expulsos de Pequim para os lugares de origem de suas famílias. Esta ação se espalhou rapidamente para todas as outras grandes cidades e resultou na expulsão para o campo de mais de 400.000 pessoas residentes nas cidades. Inclusive foram exilados funcionários com altos cargos no PCCh que tinham pais proprietários de terra. Na realidade, o PCCh planejou esta campanha de expulsão antes do começo da Revolução Cultural. Peng Zhen, um ex-prefeito de Pequim, declarou que os habitantes da capital da China, Pequim, deveriam ter uma ideologia pura como “vidro ou cristal”; em outras palavras, todos os seus moradores com maus antecedentes de classe deveriam ser expulsos da cidade. Em maio de 1966, Mao ordenou que seus subordinados “protegessem a capital” e estabeleceu na cidade de Pequim uma equipe de trabalho conduzida por Ye Jianying, Yang Chengwu e Xie Fuzhi. Uma das tarefas dessa equipe foi precisamente usar a polícia local para expulsar os moradores de Pequim que tivessem maus antecedentes de classe. Isto ajuda a entender o fato de que o governo e o departamento de polícia não somente não intervieram como deram apoio às Guardas Vermelhas enquanto estas saqueavam residências e expulsavam mais de 2% da população de Pequim. O então ministro de Segurança Pública, Xie Fuzhi, pediu à polícia que não interferisse nas ações das Guardas Vermelhas e que, ao contrário, as apoiassem e fornecessem informação a elas. De fato, o regime comunista do PCCh utilizou as Guardas Vermelhas para levar adiante uma ação planejada: em final de 1966, os membros das Guardas Vermelhas foram abandonados pelo PCCh. Muitos foram catalogados como contra-revolucionários e presos; outros foram enviados para o campo, juntamente com jovens da capital, para serem submetidos a trabalhos forçados e reformularem seus pensamentos. As Guardas Vermelhas do oeste da cidade que haviam encabeçado a expulsão dos moradores foram organizadas sob a orientação do PCCh. A ordem de incriminar as Guardas Vermelhas foi dada logo depois de uma revista ao local pelo secretário geral do Conselho de Estado. 49/206 Os moradores expulsos de Pequim por “seus maus antecedentes de classe” tiveram de suportar outra perseguição: a perseguição aos “maus elementos” iniciada nas zonas rurais. Em 26 de agosto de 1966, durante uma reunião do Departamento de Segurança Pública de Daxing (Pequim), foi transmitida uma mensagem do ministro da Segurança Pública, Xie Fuzhi, segundo a qual dizia que a polícia local deveria assessorar as Guardas Vermelhas nas inspeções de lugares e no fornecimento de informações sobre as “cinco classes pretas” (proprietários de terra, agricultores ricos, reacionários, maus elementos e direitistas), e ajudá-los na invasão de casas. O vergonhoso Massacre de Daxing36 ocorreu como resultado das instruções dadas pela polícia daquele condado. Seus organizadores foram o chefe e o secretário de polícia, este último do PCCh. Os assassinos, os policiais, em sua maioria, sequer pouparam a vida de crianças. Muitas pessoas conseguiram ingressar no PCCh por seu “bom comportamento” durante massacres desse tipo. Segundo estatísticas parciais da cidade de Guangxi, cerca de 50.000 membros do PCCh participaram dessas matanças. Destes, 9.000 foram admitidos imediatamente no Partido após matarem alguém, e mais de 19.000 outros membros estiveram envolvidos de uma maneira ou de outra nesses assassinatos. Durante a Revolução Cultural, a ideologia de classes do PCCh também se aplicava aos golpes dados. Se os “maus” eram golpeados pelos “bons”, isso era porque mereciam. Era uma honra para uma pessoa “má” bater em outra “má”. Se uma pessoa “boa” golpeava uma outra pessoa “boa”, isto se tratava de um mal entendido. Essa teoria inventada por Mao Tsétung foi amplamente difundida durante os movimentos rebeldes. A violência e o assassinato se propagaram como resultado dessa teoria de que, na luta de classe, os inimigos eram merecedores de todo tipo de violência. De 13 de agosto a 7 de outubro de 1967, os policiais do condado de Dao, província de Hunan, massacraram os integrantes da organização “Vento e Trovões de Xiangjiang” e as “cinco classes pretas”. O massacre durou 66 dias, sendo que mais de 4.519 pessoas de 2.778 famílias foram mortas em 468 divisões administrativas de 36 comunas populares de 10 condados. Na jurisdição inteira, com 10 condados, foram assassinadas 36 O Massacre de Daxing ocorreu em agosto de 1966 durante a mudança da liderança do PCCh em Pequim. Nesse momento, Xie Fuzhi, ministro de Segurança Pública, fez um discurso numa reunião do Departamento de Segurança Pública de Pequim no qual defendia a não intervenção nas ações das Guardas Vermelhas contra as “cinco classes pretas”. De imediato, esse discurso foi enviado a uma reunião do Comitê Permanente do Departamento de Segurança Pública de Daxing. Depois da reunião, ele idealizou um plano para incitar as massas do município de Daxing para matar as “cinco classes pretas”. 50/206 9.093 pessoas, das quais 38% pertenciam às “cinco classes negras” e 44% eram filhos de pessoas dessas “classes”. A vítima de maior idade tinha 78 anos, e a de menor, 10 dias de vida. Este é apenas um caso de violência, numa pequena área, durante a Revolução Cultural. Na Mongólia, depois do estabelecimento do “Comitê Revolucionário”, no início de 1968, o movimento de “limpeza e purificação” de classes sociais feito pelo “Partido Popular Revolucionário da Mongólia” resultou no extermínio de mais de 350.000 pessoas. Em 1968, dezenas de milhares de pessoas na província de Guangxi participaram desse genocídio em massa organizado pela facção rebelde “422”, com um número de vítimas superior a 110.000. Estes casos mostram claramente que os extermínios de pessoas durante a Revolução Cultural ocorreram por incitamento e instrução direta dos líderes do PCCh, os quais fomentaram e utilizaram a violência para perseguir e exterminar pessoas. Os assassinos que dirigiram e levaram adiante esses crimes cruéis foram, em sua maioria, policiais, comandantes e membros chaves do PCCh e da Liga da Juventude. Durante a Reforma Agrária, o PCCh usou os camponeses para derrotar a classe dos proprietários de terra. Na Reforma Industrial e Comercial, o PCCh utilizou a classe trabalhadora para subjugar os capitalistas e obter ativos; e durante o Movimento Antidiretista, o PCCh eliminou a todos os intelectuais que tinham opiniões diferentes das dele. Qual foi o propósito de tantas mortes perpetradas durante a Revolução Cultural? O PCCh usou um grupo para matar o outro, não confiava em nenhuma classe. Mesmo que você fosse um trabalhador ou um camponês, duas classes que o PCCh confiou no passado, se seu ponto de vista divergisse daquele do Partido, sua vida estaria em perigo. Sendo assim, no final, para que serviu tudo isso? O objetivo foi tornar o comunismo a única religião dominante em todo o país, controlando não somente o Estado mas também a mente de cada pessoa. O culto à personalidade de Mao Tsé-tung, “criar um Deus”, chegou ao apogeu com a Revolução Cultural. As teorias de Mao deveriam ser utilizadas para tomar qualquer decisão, ditavam tudo. A visão de uma pessoa – Mao – havia se instalado na mente de dezenas de milhões de pessoas. Na Revolução Cultural – algo sem precedentes - de forma calculada e totalmente intencional, o PCCh “não dizia para as pessoas o que elas não podiam fazer”. Ao invés disso, ele enfatizava “o que devia ser feito e como fazê-lo”. Tudo aquilo que estivesse fora desses limites não poderia ser feito nem mesmo considerado. Durante a Revolução Cultural, todo o povo chinês praticou um ritual do tipo religioso: “Pedir instruções ao Partido pela manhã e prestar contas à noite”; saudar o líder Mao várias vezes por dia desejando-lhe longevidade sem limite; e pronunciar as “preces políticas” de Mao de manhã e de noite, todos os dias. Quase todas as pessoas alfabetizadas se habituaram 51/206 a escrever autocríticas e informes de seus pensamentos. Mao Tsé-tung era citado o tempo todo, com axiomas como: “Combata ferozmente qualquer pensamento próprio”; “Execute as instruções recebidas se entendidas ou não, pois você obterá um maior entendimento sobre elas ao executá-las”. Só era permitido adorar a um “deus”, Mao, e somente se permitia estudar a uma só escritura: Os Ensinamentos de Mao. Em pouco tempo, o endeusamento a Mao chegou a tal ponto que não se podia comprar comida nos mercados de alimentos se a pessoa não pronunciasse alguma das citações de Mao ou não dedicasse a ele alguma benção ou agradecimento. Quando se fazia compras, se tomava o ônibus, ou se fazia uma chamada telefônica, a pessoa tinha que recitar alguma das citações de Mao, ainda que fosse irrelevante. Ao fazer tais coisas, a pessoa era uma fanática, entusiasta ou passiva. Todos estavam sob o manto do controle do espectro maligno do PCCh. Mentir, aceitar mentiras e confiar em mentiras, se tornou o estilo de vida do povo chinês. VII. A Reforma e a Abertura Econômica: a violência aumenta com o tempo. A revolução Cultural foi um período caracterizado pelo derramamento de sangue, por mortes, sofrimento, perda de consciência e falta de clareza entre o que é certo e o que é errado. Depois da revolução Cultural, a cúpula do PCCh mudou de propaganda mais uma vez; o governo mudou de mão 6 vezes em 20 anos. A propriedade privada voltou à China; as diferenças entre o nível de vida das cidades e o das zonas rurais ampliaram; a área deserta cresceu rapidamente; os rios continuam se esgotando; e cresceu o uso de drogas e a prostituição. Tudo aquilo contra o que o PCCh diz ter lutado, está ai de volta; novamente é tolerado ou permitido. O coração cruel do PCCh, sua natureza traiçoeira, suas ações perversas e sua capacidade de arruinar o país não param de crescer. Durante o Massacre da Praça Celestial em 1989, o Partido mobilizou tropas e tanques para matar estudantes que faziam protestos nessa praça. A cruel perseguição contra os praticantes de Falun Gong37 constituiu algo ainda mais cruel. Em outubro de 2004, para confiscar terras de camponeses, o governo local da cidade de Yuli, na província de Shaanxi, mobilizou 1.600 policiais e prendeu e fuzilou mais de 50 camponeses. O poder do governo chinês ainda segue firme a ideologia da luta armada e a violência do PCCh. A única diferença em relação ao passado é que agora o Partido possui mais capacidade e recursos para enganar. 37 N.T.: Falun Gong é uma prática de meditação baseada nos princípios: Verdade, Benevolência e Tolerância. Surgida em 1992, em 1999, já contava com mais de 100 milhões de praticantes, número maior do que o de membros do PCCh. É mais conhecida no ocidente como Falun Dafa. 52/206 Criação de Leis: O PCCh nunca deixou de gerar conflitos entre as pessoas. O PCCh perseguiu uma grande quantidade de cidadãos sob a alegação de serem “reacionários”, “anti-socialistas”, “maus elementos” ou membros de “seitas perversas”. A natureza totalitária do PCCh continua combatendo todo tipo de grupos e organizações civis. Em nome de “manter a ordem e a estabilidade social”, o Partido muda aqui e ali a Constituição, as leis e regras para assim poder justificar a perseguição a “reacionários” e a todos aqueles que discordam dele. Em julho de 1999, Jiang Zemin tomou a decisão pessoal, contra a vontade da maioria dos membros do Politburo, de eliminar Falun Gong num prazo de três meses; difamações e mentiras contra essa prática foram semeadas por toda a China. Após Jiang Zemin ter acusado Falun Gong de ser uma “seita perversa” em uma entrevista ao jornal francês Le Figaro, os propagandistas oficiais do comunismo não tardaram em fabricar e publicar artigos onde incitava toda a nação a se colocar contra Falun Gong. O Congresso Nacional do Povo se viu obrigado a emitir uma “decisão” condenando cultos malignos sem definir isso com precisão; pouco tempo depois, a Corte Suprema do Povo e a Suprema Procuradoria do Povo emitiram uma “explicação” dessa “decisão”. Em 22 de julho de 1999, a agência de notícias Xinhua difundiu discursos dos líderes do Departamento de Organização e do Departamento de Propaganda do PCCh, nos quais se aprovava publicamente a perseguição de Jiang Zemin contra Falun Gong. O povo chinês se viu envolvido em uma armadilha de “trazer a ira divina sobre a Terra”, simplesmente por causa de uma decisão do PCCh. O povo chinês está limitado a obedecer ordens; não se atreve a levantar qualquer tipo de oposição ou objeção. Nos últimos cinco anos, o governo destinou 1/4 dos recursos econômicos da nação para manter a perseguição contra Falun Gong. Os habitantes tiveram que passar por um teste: todos aqueles que não negavam praticar Falun Gong ou que se recusavam a abandoná-lo, perderam seus empregos e muitos foram condenados a realizar trabalhos forçados. Os praticantes de Falun Gong não violaram nenhuma lei, nunca traíram o país nem se opuseram ao governo; somente acreditam em “Verdade, Benevolência e Tolerância”. Entretanto, centenas de milhares foram presos. Além disso, o PCCh impôs total bloqueio às informações e aos fatos. Segundo informações confirmadas pelos familiares, sabe-se que mais de 1.100 praticantes foram torturados até a morte. O número real de mortes é ainda muito maior. Comunicação e Informação: Em 15/9/2004, o jornal Wenweipao, de Hong Kong, publicou que o 20º satélite chinês teve problemas em seu regresso para a Terra e que havia caído e destruído a casa de uma pessoa, Huo Jiyu, na cidade de Penglai, condado de Dayin, província de Sichuan. A reportagem citava as palavras do diretor do departamento governamental, Ai Yuqing, desse condado: “Confirmadamente, aquela ‘mancha negra’ são os destroços do satélite”. Ai Yuqing era o encarregado do projeto de recuperação do satélite. Entretanto, a agência chinesa de 53/206 notícias Xinhua somente fez menção ao retorno do satélite - dando destaque ao retorno à China do 20º satélite científico experimental - sem fazer qualquer menção sobre o fato do satélite ter caído sobre a casa e se destruído. Este é um exemplo de como agem os meios de comunicação na China: obrigados pelo PCCh, eles só informam boas notícias. As mentiras e calúnias publicadas nos jornais e transmitidas pelas emissoras de televisão ajudaram muito a implantação e realização das campanhas políticas do PCCh. Os meios de comunicação acatam de imediato as ordens do Partido. Quando o Partido quis iniciar um movimento antidiretista, os jornais de todo o país falavam com uma só voz sobre os crimes cometidos pela direita. Quando o Partido quis estabelecer as comunas populares, os meios de comunicação elogiaram os benefícios dessas comunas. No primeiro mês da perseguição a Falun Gong, todas as emissoras de rádio e televisão não perderam oportunidade para difamar Falun Gong nos horários de máxima audiência para assim fazer uma lavagem cerebral no povo e colocá-lo contra essa prática. Falsas notícias falam de suicídios e assassinatos cometidos por praticantes. Um exemplo disso foi a “Auto-imolação na Praça Tiananmen”, condenada pela Organização Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento da Educação, com sede em Genebra, por se tratar de uma farsa inventada e montada pela mídia do governo para enganar o povo. Nos últimos cinco anos, nenhum jornal ou canal de televisão da China Continental noticiou a verdade sobre Falun Gong. O povo chinês está acostumado com falsas notícias. Um conhecido jornalista da agência de notícias Xinhua disse certa vez: “Como alguém pode ainda acreditar nas informações da Xinhua?”. As pessoas até falam das agências de noticias chinesas como o cachorro do PCCh. Há uma canção popular que diz: “Um cachorro criado pelo Partido, que guarda os portões do Partido. Morderá qualquer um que o Partido mandar; morderá quantas vezes o Partido mandar”. Educação: Na China, a educação se converteu em outra ferramenta para controlar o povo. Um dos propósitos básicos da educação é dar conhecimento e bom juízo. “Conhecimento” se refere ao entendimento cabal da informação; “juízo” se refere à capacidade de saber analisar, pesquisar, criticar e rever o conhecimento – um processo de desenvolvimento do espírito crítico. Aqueles que possuem conhecimento sem capacidade de julgamento, são chamados “ratos de bibliotecas”, não são verdadeiros intelectuais com consciência social. Na China, historicamente sempre se respeitou muito os intelectuais com capacidade de julgamento, entretanto, sob o controle do PCCh, o país está cheio de eruditos que carecem de espírito crítico nem ousam exercê-lo. Nas escolas chinesas, o objetivo é ensinar os estudantes a não fazerem nada que o Partido não mande. Nos últimos anos, as escolas começaram a ensinar a política e história do PCCh com livros unificados. Os professores não acreditam no conteúdo desses livros, porém são obrigados pelo Partido a ensinar isso; não é levado em conta aquilo que os professores 54/206 pensam. Os alunos também não acreditam naquilo que está nesses livros nem no que dizem seus professores, porém precisam aprendê-lo para passarem nas provas. Recentemente foram incluídas perguntas sobre Falun Gong nos exames para ingressar nas escolas e universidades mais concorridas. Aqueles alunos que não recitarem as “respostas padrão”, não conseguem entrar nas melhores escolas e universidades. Se um estudante se atrever a dizer a verdade, será expulso da escola e perderá a oportunidade de acesso à educação formal. No sistema de educação chinês, devido à influência dos jornais e documentos publicados pelo governo, muitos provérbios e citações são tidos como verdade, como por exemplo, o de Mao: “Nós devemos abraçar a quem nosso inimigo rechaça, e rechaçar a quem nosso inimigo abraça”. O efeito negativo disso logo se espalhou para todos os lugares: o coração das pessoas foi envenenado, passando por cima da benevolência e negando o princípio moral de se viver em paz e harmonia. Em 2004, a Central de Notícias da China analisou uma pesquisa feita pela China Sina Net, cujo resultado mostrou que 82,6% dos jovens chineses estão de acordo com os abusos, durante uma guerra, contras mulheres, crianças e prisioneiros. Este dado é uma surpresa muito desagradável, porém reflete a atual mentalidade do povo chinês, em especial das gerações mais jovens, para as quais faltam os conceitos tradicionais de governar com benevolência e de reconhecer como universal a condição humana. Em 11 de setembro de 2004, um homem esfaqueou de forma selvagem a 20 crianças na cidade de Suzhou. No dia 20 do mesmo mês, na província de Shandong, um homem atacou com uma navalha a 25 estudantes de escola primária. Um grupo de professores de escola primária obrigou seus alunos a fabricarem manualmente fogos de artifícios para arrecadarem fundos para essa escola, resultando em explosão e morte de alunos. Implantação de políticas: O PCCh sempre usou de ameaças para implantar suas políticas. Um de seus métodos é a criação de slogans políticos. Durante muito tempo, o PCCh utilizou o número de cartazes com slogans do partido que uma pessoa exibia como critério para medir seu nível de compromisso político. Durante a Revolução Cultural, Pequim amanheceu, da noite pro dia, inundada com um “mar vermelho” de cartazes dizendo: “Abaixo aos capitalistas do Partido do Governo”. Ironicamente, no campo, os cartazes foram abreviados para “Abaixo ao Partido Governante”. Recentemente, para promover a Lei de Proteção Florestal, o órgão de proteção florestal deu ordens a todos os seus departamentos para afixar certo número de cartazes. Não alcançar a quantidade estipulada de cartazes era considerado não cumprir essa tarefa. Assim, esses departamentos afixaram grande número de cartazes com o slogan: “É proibido incendiar as montanhas. Quem o fizer será preso”. Em um 55/206 escritório de administração de controle de natalidade era possível ver slogans mais intimidadores ainda: “Se uma mulher violar a lei de controle de natalidade, toda a vila será esterilizada”, “É preferível uma tumba a outro bebê” ou “Se ele não fizer vasectomia terá sua casa demolida; se ela não abortar, confiscaremos suas vacas e terras”. Havia até slogans que violavam os direitos humanos e a Constituição, como: “Amanhã dormirá na prisão todo aquele que não pagar hoje os impostos”. Um slogan é basicamente uma forma de propaganda direta e persuasiva. O governo chinês sempre utilizou slogans para promover suas ideias, crenças e posturas políticas. É uma forma de falar diretamente ao povo. Entretanto, os slogans do PCCh transpiram violência e crueldade. VIII. Lavagem cerebral em todo o país até convertê-lo em uma “prisão mental”. A arma mais eficaz do PCCh para manter seu regime tirânico é seu sistema de controle. Com alto poder de organização, o Partido impõe uma mentalidade de obediência a cada um de seus cidadãos. Não importa se o Partido contradiz ou muda constantemente sua política, o que importa é organizar uma maneira de estar acima dos direitos humanos básicos das pessoas. Os tentáculos do governo estão por todas as partes. Seja nas áreas rurais ou urbanas, os cidadãos são governados pelos comitês de rua ou município. Até pouco tempo atrás, se casar, se divorciar ou ter um filho exigia a aprovação do Partido. A ideologia do Partido, sua forma de pensar, de se organizar e se estruturar, e seus mecanismos de propaganda e administração servem somente a fins ditatoriais. O Partido procura, através de seu sistema de governo, controlar a forma de pensar e agir das pessoas. O controle brutal do PCCh sobre o povo não se limita à tortura física. O Partido faz as pessoas perderem a capacidade de pensar de maneira independente e as convertem em covardes que só buscam proteção e que não se atrevem a se expressarem. O objetivo do regime é fazer uma lavagem cerebral no povo para que pensem e falem o que Partido quer, para que, assim, possa levar adiante suas metas. Um ditado popular diz: “A política do PCCh é como a lua, muda a cada quinze dias”. Não importa a frequência com que o PCCh muda sua política, todos devem segui-la ao pé da letra. Quando você é usado como meio para atacar os outros, você deve agradecer o Partido por valorizar sua força; quando você é atacado, você deve agradecer o Partido por “lhe ter ensinado uma lição”; quando você é equivocadamente descriminado e logo depois o Partido corrigi isso, você deve agradecer a generosidade do PCCh, sua abertura e capacidade de corrigir seus erros. O PCCh impõe sua tirania mediante ciclos contínuos de repressão e reconsiderações. Depois de 55 anos de ditadura, o PCCh conseguiu aprisionar a mente da nação e colocá-la dentro dos limites permitidos por ele. Se alguém pensar além desses limites estabelecidos, estará cometendo um crime. Depois de 56/206 repetidas lutas, a estupidez é considerada sabedoria e a covardia se tornou o único caminho para quem quer sobreviver nesse regime. Numa sociedade moderna onde a Internet é o meio de informação mais importante, o PCCh pede ao povo chinês que se autocontrole e não leia notícias estrangeiras nem pesquise websites com as palavras “direitos humanos” ou “democracia”. As campanhas do PCCh para lavar o cérebro das pessoas, apesar de serem tão absurdas, brutais e desprezíveis, são encontradas por todo lugar. O governo comunista destorceu os valores morais e os princípios da sociedade chinesa e reescreveu os padrões de conduta e modo de vida do povo chinês. Recorre à tortura física e mental para fortalecer sua autoridade absoluta, assim como impõe a “religião do PCCh” que a tudo abarca e com a qual governa a China. Conclusão. Por que o PCCh tem que lutar, dia após dia, para manter seu poder? Por que o PCCh acredita que enquanto existir vida, haverá lutas? Para atingir os seus objetivos, o PCCh não hesita em matar pessoas ou destruir o meio ambiente; o PCCh não se preocupa com os habitantes rurais que vivem na miséria nem com muitos outros nas mesmas condições que vivem nas cidades. Será que é por causa da ideologia comunista que o PCCh sustenta uma luta sem fim? A resposta é NÃO. Um dos princípios comunistas é eliminar toda propriedade privada, algo que o PCCh tentou fazer quando subiu ao poder. O PCCh considerava a propriedade privada como a raiz de todo o mal. Entretanto, logo que a reforma econômica foi implantada nos anos 80, voltou a permitir a propriedade privada na China, inclusive sob o amparo legal da Constituição. Se perfurarmos a mascará de hipocrisia do PCCh, veremos claramente que, nos 55 anos de seu regime, ele somente encenou a redistribuição da propriedade. Depois de vários ciclos de distribuição, o PCCh simplesmente converteu o capital dos demais em sua própria propriedade. O PCCh se coloca como o “defensor da classe trabalhadora”. Sua tarefa é eliminar a classe capitalista. Entretanto, os estatutos atuais do PCCh permitem aos capitalistas ingressarem no Partido. Seus membros já não acreditam no Partido e no comunismo, e sua existência já não se justifica de modo algum. O que ainda resta do Partido Comunista é apenas uma casca vazia, sem o alegado conteúdo proclamado em sua origem. Então, o objetivo dessa longa luta foi para manter os membros do PCCh livres da corrupção? NÃO! Depois de 55 anos de governo, a corrupção, o desvio de verbas, a conduta ilegal e os atos que prejudicaram o país e o povo, são uma constante entre os funcionários do PCCh. Nos últimos anos, dos 20 milhões de funcionários do Partido, 8 milhões foram julgados e punidos por delitos de corrupção. Todos os anos, cerca de 8 milhões de pessoas se queixam às autoridades sobre funcionários corruptos que não são investigados. De janeiro a setembro de 2004, o Departamento de 57/206 Comércio Exterior da China investigou casos de cambio ilegal de divisas em 35 bancos e 41 companhias, e encontrou que US$ 120 milhões foram de transações ilegais. Segundo estatísticas dos últimos anos, mais de 4.000 funcionários do PCCh fugiram do país com dinheiro desviado e que soma centenas de milhões de dólares. Então, essas lutas foram para melhorar a educação e o nível de consciência do povo para que este se interesse pelos assuntos nacionais? A resposta é outro categórico NÃO! Na China atual, a busca por ganhos materiais é feroz; o coração das pessoas carece da tradicional virtude e honestidade. Tornou-se comum as pessoas enganarem seus familiares e se aproveitarem de amigos. Muitos chineses não querem saber nada sobre questões importantes como as ligadas aos direitos humanos ou à perseguição a Falun Gong, e se sabem, preferem se manter caladas. Esconder os próprios pensamentos e calar-se diante da verdade se tornou um hábito essencial para se sobreviver na China. Por outro lado, o PCCh estimula o sentimento nacionalista do povo em ocasiões específicas. Por exemplo, o governo organizou manifestações para que o povo chinês jogasse pedras na embaixada dos Estados Unidos e queimasse sua bandeira. O povo chinês é tratado como uma massa obediente ou usado como força a serviço da violência, mas nunca como cidadãos com direitos humanos. O cultivo cultural é a base para elevar a consciência das pessoas. Nos milhares de anos da história chinesa, os princípios morais de Confúcio e Mencius serviam para estabelecer as bases do comportamento e da ordem social. “Se os princípios morais forem abandonados, as pessoas deixarão de ter leis para guiá-las para que possam distinguir entre o bem e o mal. Assim, elas perderão o rumo... o Tao (o Caminho) será destruído38”. O objetivo da luta de classes do PCCh é manter um estado de caos permanente, pelo qual ele consegue se firmar como partido único e única religião da China; é usar a política do Partido para assim poder controlar o povo. As instituições governamentais, as forças armadas e os meios de comunicação são as ferramentas que o PCCh utiliza para exercer sua violenta ditadura. Entretanto, como consequência do dano que o comunismo causou à China, o PCCh está por um fio, seu colapso é inevitável. Há pessoas que temem que o país vire um caos se o PCCh cair. Preocupam-se com quem ocupará o lugar do PCCh no governo da China. Nos últimos 5.000 anos de história chinesa, os 55 anos do PCCh são como uma nuvem passageira. De qualquer forma, e por infelicidade, durante este curto lapso histórico, o PCCh acabou com as crenças e os valores tradicionais chineses; acabou com as estruturas sociais e os princípios morais; converteu consideração e amor entre os seres humanos em luta e ódio; transformou reverência ao Céu, à Terra e à natureza na arrogante crença de que “o ser humano deve vencer o Céu”. Esta contínua 38 Kang Youwei, em Coleção de Escritos Políticos (1981). Kang Youwei (1858-1927) foi um importante pensador reformista do último período Qing. 58/206 destruição provocou um colapso nos sistemas sociais, morais e ecológicos. Deixou a nação chinesa em profunda crise. Na história chinesa, todos os líderes benevolentes consideraram que cuidar, alimentar e educar o povo eram obrigações do governo. A natureza humana aspira a bondade, e o papel do governo é fazer essa natureza aflorar. Mencius disse: “Este é o Tao do povo: quem possui meios estáveis de sustento terá coração estável; aquele sem meios estáveis de sustento não terá um coração estável”. A educação sem prosperidade não existe; o povo chinês sempre sentiu desprezo pelos líderes tirânicos que não amam seu povo e que matam pessoas inocentes. Nos 5.000 anos da história chinesa, existiram mitos líderes benevolentes e amáveis como em épocas antigas: o imperador Yao e o imperador Shun; os imperadores Wen e Wu; o imperador Tang Taizong, da dinastia Tang; e os imperadores Kangxi e Qianlong, da dinastia Qing. A prosperidade que se viveu nessas dinastias resultou do fato de seus líderes terem tomado “o caminho do Tao celestial”, “seguido a doutrina do justo meio” e “buscado a paz e a estabilidade”. A marca de um líder bondoso consiste em fazer uso de pessoas virtuosas e capazes, em respeitar as diferenças de opiniões, em promover a justiça e a paz, e em dar às pessoas o que elas necessitam. Desta maneira, os cidadãos obedecerão as leis, manterão o decoro, viverão felizes e trabalharão de forma eficiente. Olhando para o mundo, sempre perguntamos o que faz uma nação prosperar ou desaparecer; sabemos que há motivos para o florescimento e o declínio de uma nação. Quando o PCCh deixar o poder, quando ele se for, retornará a esperança de que a paz e a harmonia voltem à China. As pessoas voltarão a ser honestas e sinceras, bondosas, modestas e tolerantes; o país cuidará das necessidades básicas de seu povo e todas as profissões gerarão prosperidade. Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). 59/206 Parte 4 – O Quarto dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. O Partido Comunista é uma força que se opõe ao Universo Pôster mostrando a Guarda Vermelha batendo em pessoas, destruindo propriedades e invadindo casas. O slogan do pôster diz: “Esmague o velho mundo; construa um novo mundo”. Introdução O povo chinês dá muita importância ao Tao - o Caminho. Em tempos 60/206 antigos, um imperador cruel era visto como “um soberano decadente que não dava valor ao Tao”. Se uma atitude não respeitava os princípios morais – ideia esta que em chinês é formada por dois ideogramas, Tao (Caminho) e De (Virtude)-, se dizia que ela “não estava de acordo com os princípios do Tao”. Até mesmos os camponeses revoltados colocavam faixas com os dizeres: “Alcance o Tao em nome dos Céus”. Lao Tse disse: “Há algo misterioso e universal que existe antes dos Céus e da Terra. É silencioso, sem forma, completo e imutável. Morador eterno da perfeição, é onipresente; é a mãe de todas as coisas. Não sei seu nome, mas o chamo de Tao”. Essas palavras sugerem que o mundo é oriundo do Tao. Nos últimos cem anos, a repentina invasão do espectro comunista criou uma força que se opõe à natureza e à humanidade, e que trouxe consigo sofrimento e agonia sem limites. Esse espectro empurra a humanidade para a nulidade; comete todo tipo de atrocidades que violam o Tao, que se opõe aos Céus e a Terra. Desta forma, se tornou uma força negativa que se opõe ao universo. “Os humanos seguem a Terra, a Terra segue os Céus, os Céus seguem o Tao, e o Tao segue conforme sua própria Natureza”. Desde a antiguidade, os chineses acreditam viver em obediência e harmonia com os Céus. A humanidade está integrada com os Céus e a Terra, existe em mútua dependência com estes. O Tao do universo não muda. O universo segue o Tao de uma maneira natural. A Terra segue as mudanças dos Céus para, assim, termos as quatro estações. Ao seguir as leis naturais dos Céus e da Terra, a humanidade desfrutará de vida harmoniosa e cheia de bênçãos. Isto está refletido na seguinte expressão: “correspondência com os fenômenos celestiais, situação favorável na Terra e harmonia entre as pessoas39”. Segundo o pensamento chinês, a astronomia, a geografia, o calendário, a medicina, a literatura e até as estruturas sociais, tudo segue este princípio. Entretanto, o Partido Comunista, com sua ideologia de lutar, traz a ideia de que “o homem se coloque contra o natural”, numa postura que se opõe aos Céus, à Terra e à natureza. Mao Tsé-tung disse: “Há infinita alegria em lutar contra os Céus; há infinita alegria em lutar contra a Terra; há infinita alegria nas lutas da humanidade”. Talvez o Partido Comunista sinta realmente prazer com estas lutas, porém o povo é quem paga isso com terríveis sofrimentos. 39 Do Livro de Mencius. 61/206 I. Lutar contra o ser humano e destruir a natureza humana Não diferenciar entre o bem e o mal leva ao fim da humanidade O ser humano é primeiro um ser natural e depois um ser social. “Quando nascem, os homens são naturalmente bons”; “as pessoas têm compaixão no coração”. Estes são conceitos que guiam o ser humano desde seu nascimento, que permitem que ele diferencie entre o certo e o errado, entre o bem e o mal. Entretanto, para o PCCh, o homem é um animal ou até mesmo uma máquina; a burguesia e o proletariado são somente forças materiais. A meta do PCCh é manipular o ser humano e transformá-lo gradualmente em um rufião revolucionário e violento. Marx dizia: “As forças materiais só podem ser vencidas por força materiais”; “a teoria também se converte em uma força material quando se apodera das massas40”. Ele acreditava que toda a história humana não é nada mais do que uma contínua evolução da natureza humana, e que a real natureza humana é social; sustentava que não há nada inato ou inerente, que tudo é produto do meio. Marx acreditava que o homem é um “homem social” e não aceitava o conceito de “homem natural” postulado por Feuerbach. Lênin achava que o marxismo não podia surgir de forma natural do proletariado, que precisava ser induzido de fora. Lênin buscou com afinco, mas não achou um meio que fizesse com que os trabalhadores mudassem da luta econômica para uma luta política pelo poder. Então, Lênin centrou suas esperanças na “teoria do reflexo condicionado” de Iván Petrovich Pavlov, ganhador do Prêmio Nobel. Lênin dizia que esta teoria “tinha uma importância decisiva para o proletariado de todo o mundo”. Trotski41 inclusive pensou infrutiferamente que o reflexo condicionado mudaria o comportamento das pessoas de tal forma que as impulsionaria para a ação. Pensava que, da mesma forma que um cão condicionado baba quando ouve uma campainha, os soldados se lançariam bravamente à luta ao ouvirem o som de tiros, e dariam suas vidas pela causa comunista. Desde tempos antigos, o homem acredita que a recompensa vem pelo esforço, e que é através do trabalho sacrificado que se prospera. As pessoas tendem a menosprezar a indolência; consideram imoral ganhar sem esforços. Entretanto, quando, como praga, o comunismo se instalou na China, a escória social e os baderneiros foram encorajados a repartirem entre si as terras alheias, a roubarem propriedades privadas, a tiranizarem homens e mulheres – tudo isso feito em nome da justiça. Todo mundo sabe que é bom respeitar as pessoas mais idosas e cuidar dos jovens; que desrespeitar os idosos e professores é algo ruim. A tradicional educação confucionista se dividia em duas partes: a educação “Xiao Xue”, que se destinava aos menores de 15 anos e enfatizava os 40 41 Karl Marx, “Contribuição à crítica da filosofia do direito de Hegel”. Leon Trotski (1879-1940), teórico comunista russo; historiador, líder militar e fundador do Exército Vermelho russo. Foi assassinado no México pelos agentes de Stalin, em 22 de agosto de 1940. 62/206 aspectos: higiene pessoal, comportamento social, modo de se expressar, etc. Por sua vez, a educação “Da Xue” enfatizava o ensinamento da virtude e transmitia o Tao. Durante as campanhas feitas pelo PCCh visando criticar os ensinamentos de Lin Biao e Confúcio, o PCCh acabou com todos os valores morais que poderiam ser herdados pelas futuras gerações de jovens. Um antigo provérbio chinês diz: “Um dia com meu professor, e eu irei respeitá-lo para sempre como um pai”. Em 5 de agosto de 1966, Bian Zhongyun, professora de uma escola feminina secundária ligada à Universidade de Pequim, foi forçada por suas alunas a desfilar nas ruas com roupas manchadas de preto e um chapéu ridículo. Ela foi forçada a desfilar batendo em um cesto de lixo como se fosse um tambor e a carregar, pendurada no pescoço, um cartaz com dizeres humilhantes. Jogaram a professora no chão, a golpearam com um pedaço de madeira com pontas salientes e depois jogaram água fervendo nela. Ela foi torturada até a morte. Estudantes da Escola Secundária da Universidade de Pequim forçaram a reitora a se golpear contra uma pia quebrada e a gritar: “Eu sou um mau elemento”. Para humilhá-la ainda mais, cortaram seu cabelo. Golpearam a sua cabeça até sangrar enquanto ela era obrigada a rastejar pelo chão. Todos acham que o asseio é bom. Entretanto, o PCCh incentivava as pessoas a terem “corpos enlameados e mãos calejadas”, considerava positivo que “as mãos estivessem sujas e os pés cheios de esterco de vaca”. Pessoas assim eram consideradas como o protótipo do revolucionário; podiam frequentar a universidade, serem membros do Partido ou promovidas e, talvez, se tornarem líderes do Partido. A humanidade progride em razão do acúmulo de conhecimento, mas para o PCCh, adquirir conhecimento se converteu em algo ruim. Os intelectuais foram classificados como a “fedorenta nona categoria”, a mais baixa na escala. Aos intelectuais era dito que aprendessem com os analfabetos, que se tornassem camponeses pobres para que pudessem mudar e começar uma nova vida. Em uma dessas re-educação de intelectuais, os professores da Universidade de Qinghua, depois de perderem todos os seus bens, foram forçados a ir para a ilha de Carpa, em Nanchang, província de Jiangxi, onde a esquistossomose era uma doença tão comum que até as plantações locais foram abandonadas. Os professores foram infectados tão logo entraram em contato com as águas contaminadas do local; desenvolveram cirrose e perderam a capacidade de trabalhar e viver. Incitados pelo então primeiro-ministro chinês, Zhou Enlai, o Partido Comunista do Camboja (Khmer Rouge) fez cruel perseguição aos intelectuais. Aqueles que tinham uma forma independente de pensar foram submetidos a uma “reforma”: foram aniquilados física e mentalmente. Entre 1975 e 1978, cerca de ¼ da população do Camboja 63/206 foi morta; alguns foram mortos simplesmente porque tinham marcas de óculos (“sinal de um intelectual”) em seus rostos. Logo após a vitória dos comunistas no Camboja, em 1975, Pol Pot começou a lançar as bases de seu socialismo moderno: “o paraíso na sociedade humana”, uma sociedade sem classes sociais, sem diferenças entre o urbano e o rural, sem moeda ou transações comerciais. Nesse “paraíso”, as famílias foram substituídas por equipes de trabalho masculinas e femininas. As pessoas foram forçadas a trabalhar e comer juntos, e a usarem o mesmo uniforme preto que os revolucionários e soldados usavam. Marido e mulher só podiam se encontrar uma vez por semana e se autorizados. O Partido Comunista declara não temer nem os Céus nem a Terra, e busca de forma presunçosa mudar princípios dos Céus e da Terra. Uma demonstração total de desprezo pelos elementos e forças do universo. Quando estudava em Hunan. Mao Tsé-tung disse: “Através dos séculos, as nações fizeram grandes revoluções. O velho é assim removido e as coisas são impregnadas do novo. Ocorrem grandes mudanças que agem sobre o processo de nascer e morrer, de evolução e ruína. O mesmo se dá com a destruição do universo. A destruição, sem dúvida, não é o fim; aquilo que morre aqui nasce ali. Eu aspiro à destruição, porque ao se destruir o velho mundo surgirá um novo. Não será o novo mundo melhor do que o velho?” A afeição é uma emoção humana natural. A afeição entre casais, pais e filhos, amigos - na sociedade em geral - é algo normal. Através de campanhas políticas de todo tipo, o PCCh transformou o homem em lobo, ou talvez em algo ainda mais cruel. Há o seguinte ditado antigo: “Até mesmo animais ferozes como o tigre, não comem suas crias. Porém, sob o regime do PCCh, se tornou comum que país e filhos, marido e mulher, denunciassem um ao outro, ou que relações familiares fossem simplesmente rompidas”. Em meados de 1960, em uma escola primária de Pequim, uma professora, por descuido, escreveu juntas as palavras “socialismo” e “cair”. Os alunos relataram este fato à direção da escola. Como consequência, a professora começou ser desrespeitada e esbofeteada por seus alunos todos os dias. Sua filha rompeu relações com ela. Sempre que a luta social ficava mais intensa, a filha criticava a própria mãe nas reuniões políticas. Nos anos que se seguiram, a tarefa dessa professora se resumiu a limpar diariamente a escola, inclusive os banheiros. Aqueles que viveram a Revolução Cultural jamais esquecerão de Zhang Zhixin, presa por criticar Mao pelo fracasso no Grande Salto Avante. Muitas vezes, os guardas da prisão tiravam as roupas dela e a punham nas celas de prisioneiros para que fosse grupalmente violentada. Ela acabou louca. Quando ela ia ser executada, por temerem que ela gritasse 64/206 palavras de protesto, os guardas a imobilizaram com uma tijolada na sua cabeça e, sem anestesia, cortaram suas cordas vocais. Em anos mais recentes, na perseguição contra Falun Gong, o PCCh continua usando os mesmos velhos métodos para incitar o ódio e a violência. O Partido Comunista suprime a virtude e a natureza humana, e estimula o lado obscuro das pessoas para assim consolidar seu poder. Em suas sucessivas campanhas, ele utilizou o medo para silenciar a consciência das pessoas. O Partido Comunista destruiu sistematicamente os valores morais da sociedade em sua tentativa de acabar com os conceitos de bem e mal, e de honra e vergonha, os quais foram cultivados pela humanidade por milênios. A maldade que transcende a lei de mútua geração e inibição. Lao Tse disse: “Todos sabem que o belo é belo porque existe o feio; Todos sabem que o bom é bom porque existe o mau; Todos sabem o que é a bondade porque existe a maldade; Portanto, o ser e o não ser geram um ao outro; O difícil e o fácil se complementam; O longo e o curto se contrastam; O alto e o baixo repousam um sobre o outro; O som e a tonalidade se harmonizam; Frente e verso seguem-se um ao outro”. Em palavras simples, no mundo humano, há a lei de mútua geração e inibição. Os humanos não só se dividem em pessoas boas e más, como o bem e o mal coexistem dentro de cada pessoa. Dao Zhi, um ícone de bandido na antiguidade da China, disse para os seus seguidores: “Os bandidos também devem seguir o Tao”. Ele dizia que um bandido também deve ser “honrado, corajoso, correto, sábio e bondoso”. Ou seja, mesmo um bandido para fazer algo, também deve ter princípios. A história do PCCh é cheia de mentiras e traições sem limites. Por exemplo, até os ladrões prezavam a “ética” entre eles. Inclusive, o lugar onde repartiam o roubo era conhecido como o “Local de Divisão Justa dos Ganhos”. Entretanto, sempre que surge uma crise entre os camaradas do PCCh, estes trocam insultos e se acusam mutuamente. Tomemos por exemplo o caso do general Peng Dehui. Mao Tsé-tung era de origem camponesa e, portanto, sabia que Peng tinha razão quando dizia que era humanamente impossível produzir 130.000 jins de grãos por 65/206 mus42. Mao também sabia que Peng, ao dizer isso, não tinha intenção de tirá-lo do poder, além disso, ele havia salvado a vida de Mao em várias ocasiões, como, por exemplo, quando Peng, com tão somente 20.000 soldados, enfrentou, durante a guerra PCCh-KMT, 200.000 soldados de Hu Zongnan. Entretanto, quando Peng discordou dele, Mao explodiu de fúria e jogou no cesto de lixo o poema que ele havia escrito para Peng: “Quem além do general Peng se atreveria a comandar tropas montado em seu cavalo e empunhando uma espada!” Mao, apesar da nobreza daquele que salvou sua vida, estava disposto a matá-lo. O PCCh prefere matar brutalmente a governar com bondade; persegue seus próprios membros sem levar em conta o companheirismo ou a lealdade; se coloca como inimigo da boa fé, mostrando falta de sabedoria; e incita o conflito e violência entre as pessoas, ao invés de seguir um caminho sábio ao governar a nação. Em síntese, o PCCh chegou a tal ponto que nem mesmo possui a ética que há até entre ladrões. O PCCh se opõe à natureza e à humanidade com o propósito de acabar com a noção de bem e mal, e perverte leis universais. Sua arrogância desenfreada chegou ao limite e seu destino está traçado: colapso total. II. Colocar-se contra Terra, violar leis naturais e gerar desastres. A luta de classe se estende à natureza. Jin Xunhua se graduou, em 1968, na escola Secundária Wusong Nº. 2 de Shanghai e foi membro do Comitê Permanente das Guardas Vermelhas das Escolas Secundárias de Shanghai. Em março de 1969, ele foi enviado a uma zona rural da província de Heilongjiang para ser “reeducado”. Em 15 de agosto de 1969, houve uma grande enchente que inundou as áreas vizinhanças do rio Shuang. Jin pulou na forte correnteza das águas na tentativa de recuperar dois cabos telegráficos para sua equipe e se afogou. Segue abaixo duas anotações do diário de Jin: 4 de julho Estou começando a sentir a dureza e intensidade da luta de classe no campo. Como um guarda vermelho do líder Mao, estou preparado para lutar contra as forças reacionárias, tendo como escudo o pensamento invencível de Mao Tsé-tung. Estou disposto a tudo, inclusive sacrificar minha vida. Vou lutar, lutar e lutar o melhor possível para consolidar a ditadura do proletariado. 19 de julho 42 Jin é uma unidade de peso chinesa → 1 jin = 0,5 kg; Mu é uma unidade de área → 1 mu = 0,165 acres. 66/206 Os inimigos de classe daquela equipe de trabalhadores ainda continuam arrogantes. A juventude instruída veio para o campo justamente para participar dos três principais movimentos revolucionários no campo. Primeiro e acima de tudo, a luta de classe. Temos que confiar na classe pobre e nos camponeses de classe baixa, mobilizar as massas e eliminar a arrogância do inimigo. Nós, juventude instruída, devemos empunhar a grande bandeira do pensamento de Mao Tsé-tung, e nunca duvidar da luta de classe e da ditadura do proletariado. Jin foi ao campo levado por seu ideal de lutar contra os Céus e a Terra; ele pensava estar mudando a humanidade. Seu diário mostrava um mente cheia de “lutas”. Ele estendeu a ideia de “lutar contra os homens” ao combate contra os Céus e a Terra, e, ao final, perdeu a vida por isso. Jin é um caso típico da ideologia da luta; ao mesmo tempo se converteu em sua vítima. Engels disse certa vez que a liberdade é o reconhecimento do inevitável. Mao Tsé-tung acrescentou: “e a reforma do mundo”. Este toque final esclarece a postura do PCCh: mudar a natureza. O “inevitável”, como é compreendido pelos comunistas, é algo invisível aos olhos e constitui um conjunto de leis cuja origem está além da explicação. Eles acreditam que a natureza pode “ser conquistada” mobilizando a consciência subjetiva humana para compreender as suas leis objetivas. Em seus esforços para mudar a natureza, o partido Comunista levou o desastre para seus campos de experiências: Rússia e China. As canções populares reflexo da arrogância reverenciem e que os Jade; na Terra não há os cinco desfiladeiros eu!”. cantadas durante o Grande Salto Avante são um e estupidez do PCCh: “Que as montanhas me rios se afastem. No Céu não há o Imperador de o Rei dragão. Eu ordeno que as três montanhas e se afastem para que eu passe, porque aqui vou O Partido Comunista chegou! E, com ele, a destruição do equilíbrio da natureza e o fim de um mundo originalmente harmonioso. O desrespeito à natureza faz o PCCh colher o que ele semeou. Fazendo do cultivo de grãos o centro da sua política agrária, o PCCh decidiu aterrar alagados, e transformar áreas de declive montanhoso e de pastagem, impróprias ao plantio, em terras cultiváveis. Qual foi o resultado disso? O PCCh declarou que a produção de grãos de 1952 havia superado a do período dos nacionalistas, mas, o que o PCCh não revelou, foi que até 1972, a produção de grãos da China não havia superado a produção ocorrida no pacífico reinado de Qianlong, na dinastia Qing. Inclusive, até hoje, a produção chinesa de grãos per capita está muito abaixo daquela alcançada na dinastia Qing, e é apenas 1/3 daquela da dinastia Song, o auge da agricultura chinesa. 67/206 O corte indiscriminado de árvores, e o assoreamento dos rios e aterramento de alagados, resultaram numa drástica deterioração do meio ambiente. Hoje, o ecossistema chinês está à beira do colapso. A drenagem dos rios Hai e Amarelo e a contaminação dos rios Huai e Yantze estão cortando o cordão vital do qual a nação chinês depende para sobreviver. Com o desaparecimento das terras de pastagem de Gansu, Qinghai, Mongólia Interior e Xinjiang, as tormentas de areia agora chegam às planícies centrais. Nos anos 50, sob a orientação de especialistas soviéticos, o PCCh construiu a hidroelétrica Sanmenxia, no rio Amarelo. Até hoje, sua capacidade de energia se situa na faixa de um rio de média vazão, apesar de o rio Amarelo ser o segundo mais importante da China. Para piorar as coisas, o projeto provocou o acúmulo de areia e lama na parte superior do rio e provocou a elevação do leito do rio. Como consequência, basta uma pequena enchente para causar a perda de vidas e de propriedades ao longo das margens do rio. Na enchente do rio Wei, em 2003, ainda que o fluxo máximo de água fosse de 3.700 m3/s – um nível relativamente comum -, essa enchente causou um desastre sem precedentes nos últimos 50 anos. Na localidade de Zhumadian, província de Henan, foram construídos vários reservatórios de grande capacidade. Em 1975, os diques desses reservatórios se romperam um atrás do outro. Em apenas duas horas, se afogaram 60.000 pessoas. O total de mortos chegou a 200.000. O PCCh segue cometendo atos injustificáveis de destruição em território chinês. A represa das Três Gargantas no rio Yantze e o Projeto de Levar Água do Sul para o Norte são tentativas violentas do PCCh para “modificar” o ecossistema natural, um investimento de bilhões de dólares. Isso sem falar de projetos de pequeno e médio porte nessa “luta contra a Terra”. Em certa ocasião, alguém dentro do PCCh sugeriu utilizar uma bomba atômica para abrir uma passagem sobre o platô Qinghai-Tíbet para assim modificar o meio-ambiente da China Ocidental. Embora a arrogância do PCCh e seu desdém pela Terra entristeçam o mundo, suas atitudes são algo esperado. Segundo os hexagramas do Livro das Mutações (Ba Gua), os antigos chineses chamavam o Céu de Qian, o Criativo, e o veneravam como o Tao celestial. A Terra era chamada de Kun, a Receptiva. Veneravam suas virtudes receptivas. Kun, o hexagrama depois de Qian, é explicado da seguinte maneira no Livro das Mutações: “estando no hexagrama de Kun, a natureza da Terra é se doar e responder. Em harmonia com isto, as pessoas nobres agem e sustentam todas as coisas com abundante virtude”. Em um comentário sobre o Livro das Mutações, Confúcio diz: “Perfeita é a grandeza de Kun, que permite o nascimento de todos os seres”. Confúcio ainda fala sobre a natureza Kun: “Kun é maleável, porém, firme em seu movimento. Estável e de natureza justa, por sua constância, é 68/206 soberana, não obstante, mantenha e suporte sua natureza. Ela abriga todas as coisas e é hábil na hora de se transformar. Assim é Kun: sendo dócil, sustenta o Céu e se move com o tempo”. Obviamente, somente respeitando as virtudes receptivas da Mãe Terra Kun – maleável, estável, e tolerante ao seguir os Céus; é que as coisas podem se manter e florescer na Terra. O Livro das Mutações nos ensina a atitude certa para com o Tao celestial de Qian e as virtudes terrenas de Kun: seguir o Céu, se guiar pela Terra e respeitar a natureza. O PCCh, entretanto, violando esses princípios, ensina a “lutar contra os Céus e a Terra”. Saqueia recursos da Terra arbitrariamente. No final, o PCCh será punido pelos Céus, pela Terra e pelas leis da natureza. III. Lutar contra os Céus, perseguir a Fé e impedir a crença em Deus. Como pode uma vida finita compreender o espaço-tempo infinito. O filho de Albert Einstein, Edward, certa vez perguntou a seu pai porque ele era tão famoso. Einstein, apontando para um besouro que caminhava sobre uma bola de futebol, respondeu: “O besouro não sabe que o caminho que ele percorre é curvo, mas Einstein sabe”. A resposta de Einstein tem, na realidade, implicações profundas. Um provérbio chinês possui um significado similar: “Você não conhece a face verdadeira do monte Lu, justamente porque você está nele”. Se você quiser entender um sistema, é necessário estar fora dele para assim poder observá-lo. Entretanto, como as teorias para se observar o espaço-tempo infinito são finitas, o ser humano nunca chegará a entender a totalidade do universo. Consequentemente, este será sempre um mistério para a humanidade. O território que está além das fronteiras da espiritualidade ou a metafísica pertence à fé. ciência pertence à A fé é algo que envolve a visão pessoal na compreensão da vida, do espaço-tempo e do universo; a fé não pode ser gerenciada por um partido político. “Dai a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus43”. Entretanto, baseado em seu entendimento patético e absurdo do universo e a da vida, o PCCh considera tudo aquilo que está fora de suas teorias como “superstição”, e, assim, submete as pessoas que possuem crenças pessoais à lavagem cerebral e à chamada “conversão”. Todo aquele que se recusa mudar suas crenças, sua fé, recebe insultos e, inclusive, é morto. Os verdadeiros cientistas buscam um entendimento amplo do universo. Eles não negam o infinito desconhecido com as próprias e limitadas compreensões. O cientista, Isaac Newton, em seu livro “Princípios da Matemática”, publicado em 1678, explica os princípios da mecânica e questões ligadas à formação das marés e ao movimento dos planetas no sistema solar. Newton, que alcançou grande reconhecimento e fama, disse em várias ocasiões que seu livro era uma mera descrição de fenômenos 43 Novo Testamento - Mateus 22:21. 69/206 superficiais e que ele não se atrevia de forma alguma a explicar o propósito de Deus ao criar o universo. Na segunda edição do livro “Princípios da Matemática”, Newton, como expressão de sua fé, disse: “Este maravilhoso sistema solar, os planetas e os corpos celestes só são possível existir sob a regência de um ser inteligente e todo poderoso... Assim como um homem cego não pode ter a ideia de cor, nós também não temos ideia de como Deus, que a tudo sabe, percebe ou entende todas as coisas”. Deixemos de lado a questão se existem mundos celestiais que transcendem este espaço-tempo, ou se um cultivador do Tao pode ou não voltar à sua origem divina e ao seu verdadeiro eu. Há algo que todos estão de acordo: os que seguem uma fé reta acreditam que fazer o “bem” é certo e fazer o “mal” é errado. As crenças retas desempenham um papel muito importante quanto a manter a moralidade humana. De Aristóteles a Einstein, as pessoas acreditam na existência de leis universais. A humanidade busca essa verdade do universo por distintos caminhos. Então, além da investigação científica, por que não permitir a religião, a fé e o cultivo interno como meios para se buscar as verdades do universo? O PCCh destrói a fé justa da humanidade. Tradicionalmente, todas as nações acreditam em Deus. Justamente pela fé reta em Deus, na relação entre o bem e o mal, é que os seres humanos têm mantido o autocontrole e a moralidade na sociedade. Ao longo das épocas, as religiões ortodoxas no ocidente, o confucionismo, o budismo e o taoísmo no oriente, têm ensinado que a verdadeira felicidade resulta da fé reta em Deus, do respeito ao divino, do amor ao próximo, de ser grato por tudo aquilo que se tem ou se recebe, e em retribuir o bem e ter consideração pelos demais. Uma linha central do comunismo tem sido o ateísmo: a crença de que não há Buda nem Tao nem vidas passadas, de que não há nada depois da morte nem retribuição cármica pelos maus atos. Desta forma, o comunismo em diferentes países tem dito aos pobres e ao lumpenproletariado que eles não precisam temer a Deus, que não precisam dar satisfação aos Céus por aquilo que fazem, de que estão livres para fazer o que quiserem, já que não há Deus algum a quem responder. Ao contrário, eles devem ser astutos e usar de violência para obter bens e vantagens materiais. Na China, os imperadores, considerados à suprema nobreza, se colocavam abaixo dos Céus e se consideravam filhos dos Céus. Controlados e restringidos pela “vontade dos Céus”, de tempos em tempos, eles promulgavam editos imperiais onde julgavam a si mesmos e se arrependiam diante dos Céus. O PCCh, entretanto, usurpa o papel de representar a vontade de Deus. Sem restrições, regras ou leis que não as suas, o PCCh se sente livre para fazer o que quiser. Consequentemente, ele criou um inferno atrás do outro na Terra. 70/206 Marx, o patriarca do comunismo, achava que a religião é o ópio espiritual dos povos. Temia que as pessoas, ao acreditarem em Deus, não aceitassem o comunismo. Em “Dialética da Natureza”, Engels critica Mendeleyev e seu grupo de estudo sobre o misticismo. Engels afirmava que tudo aquilo que ocorreu antes ou durante a Idade Média, deveria ser julgado pelo tribunal da racionalidade humana. Ao fazer esta observação, Engels considerava que ele próprio e Marx seriam juízes desse tribunal. Mijaíl Bakunin, um anarquista amigo de Marx, descrevia Marx desta maneira: “Marx vê a si como um Deus para o povo. Não aceita a mais ninguém como Deus a não ser a si próprio. Quer que as pessoas o adorem como um ser supremo e que lhe rendam homenagens com um ídolo. Se elas não agem assim, ele as ataca verbalmente ou as persegue”. A tradicional fé ortodoxa é um obstáculo natural à arrogância do comunismo. O PCCh perdeu toda a compostura na sua perseguição às religiões. Durante a Revolução Cultural, destruiu numerosos templos e mosteiros, e fez monges desfilarem pelas ruas de forma humilhante. No Tibet, o PCCh destruiu 90% dos templos. Ainda hoje, o PCCh continua sua perseguição religiosa; milhares de membros das igrejas cristãs independentes estão presos. Gong Pinmei, um padre católico de Shanghai, foi vítima da perseguição do PCCh. Por sua crença firme em Deus, ele foi preso em confinamento solitário durante mais de 30 anos. Pressionaram Pinmei para que ele renunciasse à sua fé e aceitasse o controle do Comitê Patriótico Triplo44 do PCCh em troca de sua liberdade. Ele recusou. Depois de solto, no final dos anos 80, foi morar nos Estados Unidos. Quando morreu, com mais de 90 anos, deixou um testamento que dizia: “Quero, quando o PCCh não mais governar na China, que levem minha tumba para Shanghai”. Recentemente, a perseguição aos praticantes de Falun Gong, os quais se guiam pelos princípios Verdade-Benevolência-Tolerância, é uma continuação dessa “luta contra os Céus” levada adiante pelo comunismo, um resultado inevitável decorrente de obrigar pessoas a agirem contra as suas vontades. Os comunistas, ateus, querem conduzir e controlar a fé em Deus das pessoas. Este absurdo não pode ser descrito com palavras; “arrogância” ou “pretensão” caracterizam apenas uma pequena porção desse absurdo. 44 Ou Igreja Patriótica Tripla. Exigia que os cristãos chineses rompessem laços com os cristãos fora da China. Controla todas as igrejas oficiais da China. As igrejas que não aceitassem isto eram fechadas. Os líderes e seguidores das igrejas independentes são perseguidos e geralmente sentenciados a pagarem taxas e a prisão. 71/206 Conclusão A prática do comunismo fracassou por completo em todo o planeta. Jiang Zemin, ex-líder do último regime comunista de peso no mundo, declarou para um correspondente45 do jornal americano Washington Post, em 24 março de 2001: “Quando eu era jovem, eu acreditava que o comunismo se imporia muito rapidamente, mas já não penso assim”. Atualmente, as pessoas que realmente acreditam no comunismo são cada vez menos. O movimento comunista está destinado a desaparecer por ir contra princípios universais, ir contra os Céus. Ele se opõe ao universal e, sem dúvida, será punido pelos Céus e seres divinos. Ainda que o PCCh tenha sobrevivido a sucessivas crises mudando sua máscara e se valendo de estratégias desesperadas, sua queda é evidente para todo o mundo. Ao deixar cair suas máscaras enganadoras, uma a uma, o PCCh está revelando sua verdadeira natureza: ambição, brutalidade, falta de vergonha, malícia; uma natureza que se opõe ao universo. Não obstante, ainda segue controlando a mente do povo e invertendo a ética humana, o que faz naufragar a moralidade, a paz e o progresso humano. O vasto universo carrega com ele a vontade irrefutável dos Céus, também chamada de vontade divina ou leis da natureza. A humanidade somente terá um futuro promissor se respeitar a vontade dos Céus, se seguir o curso da natureza, e se respeitar as leis e princípios do universo e amar a todos os seres que vivem debaixo dos Céus. Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). 45 John Promfret. 72/206 Parte 5 – O Quinto dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. A conivência de Jiang Zemin e do Partido Comunista na perseguição contra Falun Gong Jiang Zemin46 atiçando um cão contra uma criança que está praticando os exercícios de Falun Gong. O texto diz: “Luo Gan e o Escritório 61047 - Cães maliciosos matando inocentes”. Epoch Times Introdução Zhang Fuzhen era uma mulher de 38 anos de idade que trabalhava no Parque Xianhe, na cidade de Pingdu, província de Shandong, China. Em novembro de 2000, ela foi a Pequim para fazer uma apelação em favor de Falun Gong; após apresentar sua apelação, Zhang foi sequestrada pelas autoridades. Segundo fontes do local onde ela esteve presa, a polícia raspou a sua cabeça, a deixou nua e depois a torturou e humilhou. Ela ficou, com os membros esticados, amarrada a uma cama o tempo todo; tinha que urinar e defecar sobre a cama onde estava. Mais tarde, a polícia injetou nela uma espécie de droga. Depois da injeção, Zhang sentiu dores 46 47 Ex-secretário geral do PCCh e presidente da China até recentemente. Atualmente detém o controle das forças armadas. O “Escritório 610” é uma agência especialmente criada para perseguir Falun Gong e que tem total autonomia e poder sobre cada nível da administração do PCCh e sobre todos os outros níveis legais e judiciais oficiais. 73/206 imensas e agonizantes; ela sofreu até morrer. Alguns funcionários do “Escritório 610” testemunharam tudo isso (extraído de uma reportagem do Minghui, de 31 de maio de 200448). Yang Lirong, de 34 anos, vivia na cidade de Dingzhou, distrito de Baoding, província de Hebei. A polícia vivia intimidando e molestando sua família porque Yang era uma praticante de Falun Gong. Em 8 de fevereiro de 2002, depois de uma invasão noturna feita em sua casa pela polícia, o esposo de Yang, um motorista do Escritório de Padrões e Meteorologia, ficou transtornado e com medo de perder seu emprego. Não pode suportar a pressão das autoridades policiais sobre ele e, na manhã seguinte, enquanto seus pais não estavam em casa, ele estrangulou sua esposa. Imediatamente, ele informou o ocorrido às autoridades locais; a polícia chegou rapidamente ao local e fez uma autopsia no corpo de Yang. Tiraram vários de seus órgãos embora o seu corpo ainda estivesse quente e jorrasse sangue. Uma pessoa do Escritório de Segurança Pública de Dingzhou declarou: “Não foi uma autopsia, e sim é uma vivissecação”. Foi assim a trágica morte de Yang Lirong; e, assim, uma criança de 10 anos ficou sem a mãe. (extraído de uma reportagem do Minghui, de 25 de setembro de 200449). No Campo de Trabalhos Forçados de Wanjia, província de Heilongjiang, uma mulher grávida de sete meses foi pendurada em uma viga. Amarraram suas mãos com uma corda que passava por uma polia presa em uma viga a cerca de quatro metros de altura do solo. Um dos guardas do local segurava a outra ponta da corda que passava pela polia. Quando o apoio sobre os pés dela era retirado, ela ficava suspensa no ar. Quando o guarda puxava a corda, ela subia; quando ele soltava a corda, ela despencava abruptamente para o chão. Esta mulher grávida sofreu torturas tão violentas que acabou abortando. O detalhe macabro foi que obrigaram o esposo dessa mulher a presenciar toda essa tortura (de uma reportagem do Minghui, de 15 de novembro de 2004, baseada numa entrevista da senhora Wang Yuzhi, praticante de Falun Gong, que foi torturada durante mais de 100 dias no Campo de Trabalhos Forçados de Wanjia50). Esses impressionantes relatos de tragédias ocorrem na China moderna de hoje. Acontecem aos praticantes de Falun Gong, vítimas de uma brutal perseguição. Os casos citados são somente alguns poucos dos muitos casos que ocorreram nos últimos cinco anos e continuam a ocorrer. Desde que a China, no final da década de 70, iniciou seu processo de reformas econômicas, o PCCh vem fazendo grandes esforços para construir uma imagem positiva e liberal perante a comunidade internacional. Entretanto, a recente perseguição contra Falun Gong – 48 49 50 http:www.clearwisdom.net/emh/articles/2004/7/23/50560p.html ou http:www.clearwisdom.net/emh/articles/2004/6/7/48981p.html http:www.clearwisdom.net/emh/articles/2004/9/25/52796.html http:www.search.minghui.org/emh/articles/2004/7/9/79007.html (em chinês) 74/206 absurda e sangrenta, e de escala nacional - permitiu que a comunidade internacional testemunhasse mais uma vez a real face do PCCh nesta sua maior violação dos direitos humanos. O povo chinês foi condicionado a atribuir as atrocidades cometidas pelo sistema policial da China, ao baixo nível de preparo dos policiais e à dureza das leis e, assim, acreditava que o PCCh havia mudado e que respeitava os direitos humanos. Porém, essa brutal perseguição a Falun Gong, em todos os níveis da sociedade chinesa, quebrou essa ilusão. Agora, as pessoas se perguntam como pode ainda ocorrer algo tão sangrento e absurdo na China moderna. Se a ordem social estava se recuperando do caos da Revolução Cultural ocorrida 20 anos atrás, por que a China entrou de novo em um pesadelo semelhante? Por que Falun Gong - que se baseia nos princípios “VerdadeBenevolência-Tolerância” e que é praticado em mais de 60 países – só é perseguido na China? Nesta perseguição, qual a ligação entre Jiang Zemin e o PCCh? Jiang Zemin carece de integridade moral, não tem qualquer idoneidade. Sem uma máquina como o PCCh - voltada para a violência; especializada em matar e enganar - Jiang Zemin nunca teria sido capaz de deflagrar um genocídio de proporção nacional como é este contra os praticantes de Falun Gong, inclusive que se estende para fora da China através das suas embaixadas. Da mesma forma, o PCCh não teria tão facilmente feito algo que dificultaria sua estratégia de reformas econômicas e a criação das condições para abertura e integração da China à economia mundial, se não existisse Jiang Zemin: um ditador tirano e capaz de impor sua própria vontade. O conivente apoio mútuo entre Jiang Zemin e o espectro perverso do PCCh permitiu que a perseguição contra Falun Gong atingisse um grau de perversidade jamais visto antes. Este apoio mútuo se assemelha a uma terrível avalanche causada pela ressonância dos gritos de um alpinista em uma montanha com neve acumula. I. Contextos semelhantes geram crises semelhantes Jiang Zemin nasceu no turbulento ano de 1926. Do mesmo modo que o PCCh tenta esconder muitas coisas de seu passado sangrento, Jiang Zemin esconde do povo chinês o seu passado como traidor da nação. Quando Jiang Zemin tinha 17 anos, a guerra mundial contra o fascismo estava em seu auge. Enquanto os demais jovens chineses defendiam a pátria lutando nas fronteiras contra o Japão, Jiang Zemin estudava na Universidade Central, criada pelo regime fantoche de Wang Jinwei, em Nanjing, sob o controle dos japoneses. Segundo fontes fidedignas, a real razão disso foi que o pai biológico de Jiang Zemin, Jiang Shijun, era um alto funcionário, a serviço do exército de ocupação japonesa, no Departamento de Propaganda Anti-China, província de Jiangsu. Jiang Shijun atuou como um verdadeiro traidor da China. Em termos de traição e infidelidade, Jiang Zemin e o PCCh são iguais: ambos não têm qualquer afeição pelo povo chinês; ambos matam chineses inocentes simplesmente por poder. 75/206 Depois que o PCCh saiu vitorioso da guerra civil contra o Kuomintang (Partido Nacionalista), Jiang ingressou no PCCh para assegurar seus bens pessoais e sua posição pessoal. Então, para que isto fosse possível, inventou a mentira de que havia sido adotado e criado por seu já falecido tio Jiang Shangqing, um membro do PCCh desde jovem. Por causa desse falso vínculo familiar, Jiang Zemin, em poucos anos, passou de um funcionário de baixo escalão a vice-ministro da Industrialização Eletrônica. A ascensão de Jiang não se deveu à sua capacidade profissional e sim à sua capacidade de manipular relações para obter favores e vantagens pessoais. Quando já era secretário do PCCh na cidade de Shanghai, Jiang Zemin não poupou esforços para agradar pessoas influentes do PCCh, tais como Li Xiannian e Chen Yun, os quais, todos os anos, iam a Shanghai para o Festival da Primavera. Como secretário do PCCh na cidade de Shanghai, certa vez, Jiang ficou esperando Li Xiannian, por várias horas sob forte neve, para entregar-lhe pessoalmente um bolo de aniversário. O Massacre de Tiananmen, de 4 de junho de 1989, foi outro ponto de inflexão na vida de Jiang Zemin. Ele se tornou secretário geral do PCCh após: ordenar o fechamento do jornal World Economic Herald – que se atreveu a discordar do governo; mandar colocar o líder do Congresso do Povo, Wan Li, em prisão domiciliar; e apoiar o massacre de “4 de Junho de 1989”. Muito tempo antes do episódio do Tiananmen, Jiang Zemin havia entregado uma carta secreta a Deng Xiaoping, na qual pedia “medidas severas” contra os estudantes, pois, de outra maneira, o PCCh e a nação seriam subjugados. Nos últimos 15 anos, Jiang, em nome da “estabilidade como prioridade máxima”, vem conduzindo uma brutal repressão e um extermínio em massa de dissidentes políticos e grupos com crenças independentes. A Rússia e a China, desde 1991, começaram a rever suas fronteiras comuns. Jiang Zemin, sem se opor, reconheceu as invasões feitas pelos czares e pela ex-União Soviética, e todos os pactos desiguais entre Rússia e China desde o Tratado de Aigun. Graças a Jiang, a China perdeu mais de 1.000.000 Km2. Jiang Zemin fingiu ser órfão de um mártir do PCCh, quando na realidade, foi o primogênito de um traidor da China; ele enganou ao “estilo PCCh”. Seu apoio ao massacre aos estudantes em “4 de Julho de 1989” e a sua forma de repressão aos movimentos democráticos e às crenças religiosas revelam sua afinidade com a matança, tão costumeira ao PCCh. Já que o PCCh nasceu como sucursal do Extremo Oriente da “Internacional Comunista” da Ex-União Soviética, Jiang deu terras chinesas para aquele país, mostrando-se um especialista na traição, tão familiar ao PCCh. Jiang Zemin e o PCCh compartilham origens e histórias desonrosas. Por causa disto, ambos compartilham de um aguçado senso de insegurança quanto a estar e sobreviver no poder. II. “Verdade-Benevolência-Tolerância” temidas por Jiang Zemin e o PCCh. – Palavras igualmente 76/206 A história do movimento comunista internacional foi escrita com sangue de dezenas de milhões de pessoas. Quase todos os paises comunistas passaram por processo semelhante ao da repressão contra-revolucionária impulsionada por Stalin na ex-União Soviética. Foram massacrados dezenas de milhões de inocentes. Na década de 1990, a União Soviética se desintegrou e, assim, a Europa Oriental passou por mudanças drásticas. Da noite para o dia, o bloco comunista perdeu mais da metade dos territórios sob seu controle. O PCCh aprendeu desta lição e percebeu que parar as perseguições e que dar o direito de liberdade de expressão significaria cavar sua própria sepultura. Se o povo pudesse se expressar livremente, como o PCCh poderia fazer atrocidades? Como poderia impor mentiras? Se a repressão deixasse de existir e o povo estivesse livre de ameaças e temores, este escolheria uma forma de viver e “crença” diferente do comunismo, não é? Neste caso, como ainda o PCCh poderia manter os ingredientes sociais essenciais à sua própria sobrevivência? O PCCh é essencialmente o mesmo, ele fez apenas reformas superficiais. Depois do massacre de “4 de Junho de 1989”, Jiang Zemin falou de “eliminar qualquer fator de instabilidade enquanto ainda em fase embrionária”. Dominado pelo medo, concluiu que não seria possível deixar de mentir e de reprimir o povo até que a sua capacidade de mobilização fosse reduzida a zero. Falun Gong surgiu na China durante esse período. No início, as pessoas consideravam Falun Gong como apenas mais uma prática de qigong51, como algo especialmente benéfico e eficaz para a cura de doenças e fortalecimento da saúde. Mas, com o tempo, as pessoas descobriram que a essência e o alcance de Falun Gong ia muito além dos 5 exercícios ensinados pela prática; as pessoas logo perceberam que a essência de Falun Gong está em ensinar as pessoas a se tornarem melhores pessoas e cidadãos, em ensinar princípios elevados: Verdade, Benevolência e Tolerância. Falun Gong ensina “Verdade-Benevolência-Tolerância”, entretanto, o PCCh ensina “Mentira, Ódio e Luta”. Falun Gong ensina “Verdade”: dizer e agir conforme a verdade; já o PCCh se apóia em mentiras e quer fazer uma lavagem cerebral no povo. Se os chineses pudessem saber e falar a verdade, todos saberiam que o PCCh surgiu graças à Ex-União Soviética; que ele cresceu plantando ópio, matando, sequestrando, saqueando, fugindo da luta contra a invasão japonesa quando conveniente e, ainda por cima, tomando para si o crédito dessa luta contra a invasão japonesa, etc. O PCCh disse certa vez: “Nada que é importante pode ser conseguido sem mentiras”. Depois de subir ao poder, o PCCh iniciou sucessivas campanhas políticas de 51 Assim como o Tai-chi, qigong é um conjunto de práticas voltadas para o bem-estar físico e mental. Reconhecidamente para a autocura e o fortalecimento da saúde. 77/206 repressão e incorreu em inúmeras dívidas de sangue. Alimentar a “Verdade” certamente levaria ao fim do PCCh. Falun Gong ensina “Benevolência”: pensar primeiro no outro e fazer o bem em todas as circunstâncias. O PCCh tem como sua essência ideológica: a “luta”; sempre fez uso da brutalidade. O modelo de herói do PCCh, Lei Feng, disse certa vez: “Devemos tratar os nossos inimigos sem qualquer piedade, com a frieza do inverno”. Na realidade, o PCCh trata não somente seus inimigos desta forma; ele dá esse mesmo tratamento a seus membros. Os fundadores do PCCh - seus mais elevados oficiais e comandantes -, inclusive um presidente do país, foram vítimas de interrogatórios impiedosos, brutalmente surrados e torturados pelo seu próprio Partido. O massacre dos assim chamados “inimigos de classe” foi tão brutal que é algo de arrepiar os cabelos. Se a “Benevolência” reinasse na sociedade, ações sem “sustentação moral”, como as do PCCh, jamais seriam possíveis. O Manifesto Comunista afirma que: “A história das sociedades, passadas e presentes, é a história das lutas de classe”. Isso mostra a concepção e a visão do Partido Comunista sobre a história e o mundo. Falun Gong, pelo contrário, diz para as pessoas que busquem dentro de si mesmas as próprias falhas de conduta que levam ao conflito. Esta atitude voltada para dentro, de maestria interna, se opõe diametralmente à filosofia do PCCh de lutar, atacar e dominar. A luta foi o meio escolhido pelo PCCh para obter o poder e sobreviver. O PCCh fez campanha após campanha para eliminar determinados grupos de pessoas; isto sempre “alimentou o espírito de luta revolucionária”. Este processo cíclico de violência, apoiado em mentiras, serve para alimentar, fortalecer e renovar o medo do povo pelo PCCh para que, assim, ele possa se perpetuar no poder. Do ponto de vista ideológico, a filosofia do Partido Comunista é completamente oposta aos ensinamentos de Falun Gong. As pessoas com crenças retas não têm medo. Entretanto, o PCCh se apóia no medo das pessoas para se manter no poder. As pessoas que se apóiam na verdade não se acovardam. Os cristãos foram perseguidos pelo império romano durante 300 anos. Muitos foram decapitados, queimados vivos, enforcados e até jogados aos leões ou tigres. Entretanto, não renunciaram à sua fé. Quando o Budismo passou por tribulações ao longo de sua história, seus praticantes agiram da mesma forma. A propaganda ateísta é para fazer com que as pessoas acreditem que não há nada acima da Terra – que não há Céu ou inferno. Em outras palavras, a não ser ao próprio homem, não temos nada que temer ou responder 78/206 pelos nossos atos. Isto faz com que as pessoas não ouçam as restrições morais da própria consciência; faz com que elas tomem os objetivos e interesses materiais como realidade última deste mundo. Desta maneira, as fraquezas da natureza humana podem ser usadas e manipuladas; com a intimidação e a tentação, é possível controlar o povo. Contudo, aqueles com crenças retas podem ver além da vida e da morte e não vivem reféns das ilusões do mundo. Tentações ou ameaças não corrompem ou intimidam essas pessoas. E isto mina e frustra os esforços do PCCh para manipular as pessoas. Os elevados padrões morais de Falun Gong incomodam o PCCh. Depois do massacre de 4 de junho de 1989, a ideologia do PCCh se desgastou por completo. Em 1991, o Partido Comunista da União Soviética caiu; algo seguido de mudanças drásticas na Europa Oriental. Esta situação gerou medo e enorme pressão sobre o PCCh. A legitimidade do seu governo nesse cenário de sobrevivência, ao se confrontar com grande crise tanto dentro como fora da China, enfrenta desafios sem precedentes. O PCCh não consegue mais unir seus membros sob as doutrinas originárias do marxismo, leninismo ou maoísmo. Desta forma, optou pela corrupção como forma de preservar a lealdade dos membros do Partido. Em outras palavras, os que seguem o PCCh conseguem obter benefícios pessoais através da corrupção ou malversação de fundos, algo impossível para aqueles que não são membros do PCCh. Especialmente depois da viagem de Deng Xiaoping52 pelo sul da China em 1992, corre desenfreada a especulação e corrupção de funcionários do governo no mercado de ações e imóveis. Prostituição e contrabando estão por todas as partes. A pornografia, a jogatina e as drogas se espalharam como epidemia por toda a China. Ainda que não seja justo dizer que não há mais pessoas boas dentro do PCCh, faz tempo que a opinião pública perdeu a confiança na luta contra a corrupção do PCCh. O povo acredita que mais da metade dos funcionários de médios e altos postos do governo são corruptos. Ao mesmo tempo, os elevados princípios morais mostrados pelos praticantes de Falun Gong - Verdade, Benevolência e Tolerância - tocaram gentilmente o coração das pessoas. Falun Gong atraiu mais de 100 milhões de pessoas que começaram a praticá-lo. Falun Gong é um espelho de moralidade que expõe tudo o que não é reto dentro do PCCh. O PCCh inveja a forma como Falun Gong se difundiu e foi conduzido. Falun Gong se difundiu de pessoa para pessoa, de coração para coração. Sua forma de existir é livre e informal: as pessoas praticam Falun Gong por livre escolha pessoal; qualquer um pode entrar ou sair da prática quando quiser. Ao contrário, as atividades sociais dos membros do rígido 52 Em 1992, Deng Xiaoping saiu de um semi-isolamento e viajou para Shenzhen, ao sul da China e próximo de Hong Kong, para dar palestras e divulgar uma economia socialista de mercado para a China. A viagem de Deng foi muito importante por ter promovido a reforma da economia da China (após o Massacre de 4 de Junho de 1989 na Praça Tiananmen). 79/206 PCCh, que ocorrem uma vez por semana na maioria das sedes do PCCh, só existem na fachada. Poucos membros do PCCh ainda acreditam ou concordam com a ideologia do Partido. Diferentemente, os praticantes de Falun Gong praticam ativa e sinceramente os princípios “Verdade, Benevolência e Tolerância”. Devido ao poderoso efeito de Falun Gong de melhorar a saúde física e mental das pessoas, o número de seus praticantes cresceu exponencialmente. Seus praticantes estudam os livros do seu fundador, Li Hongzhi, e divulgavam Falun Gong de forma espontânea e sem fazer proselitismo. Em apenas 7 anos, o número de estudantes de Falun Gong passou de zero para mais de 100 milhões. Nesses anos, era possível ouvir, todas as manhãs, em quase todos os parques da China, as músicas que acompanham as práticas dos exercícios de Falun Gong. O PCCh fala que Falun Gong “compete” pelas massas com o PCCh e que é uma “religião”. Na verdade, o que Falun Gong leva para o povo é uma cultura, uma proposta de vida. Trata-se de uma cultura com profundas raízes nas tradições chinesas que o povo chinês havia perdido faz muito tempo. Jiang Zemin e o PCCh temiam Falun Gong porque sabiam que se o povo chinês escolhesse viver de acordo com a tradicional moralidade, nenhuma força poderia impedir que Falun Gong se espalhasse rapidamente. As crenças tradicionais chinesas foram adulteradas ou eliminadas pelo PCCh nas últimas décadas. Falun Gong poderia ser uma abertura na histórica da China para que o povo pudesse voltar às suas tradições verdadeiras; uma alternativa para o povo chinês depois de tantas tribulações e misérias. Se fosse dada a possibilidade do povo escolher, ele certamente saberia distinguir entre certo e o errado, e, certamente, escolheria Falun Gong. Isto seria justamente negar e abandonar as propostas do Partido Comunista. Seria um golpe mortal no Partido Comunista Chinês. Sendo assim, quando o número de praticantes de Falun Gong ultrapassou o de membros do PCCh, é fácil imaginar o tamanho do terror e da inveja do PCCh. Na China, o PCCh exerce total controle sobre todos os seguimentos e setores da sociedade. Nas áreas rurais, existem sucursais do Partido em cada povoado. Nas cidades, há sedes do Partido em todos os escritórios de administração dos bairros. Seja no exército, no governo e nas empresas, nos escritórios, o PCCh controla tudo. O monopólio e a manipulação total são controles essenciais para que o PCCh imponha e mantenha seu regime. A Constituição chinesa descreve isso usando eufemismo: “persistente liderança do Partido”. Em síntese, os membros do PCCh estavam inclinados a adotar os princípios ensinados por Falun Gong: “Verdade, Benevolência e Tolerância”. O PCCh percebeu que isto desafiava a “persistente liderança do Partido”, algo inaceitável para ele. O Partido Comunista considera o teísmo de Falun Gong como uma ameaça à legitimação do regime comunista. 80/206 Uma autêntica crença teísta é um perigo para o Partido Comunista. Já que a legitimidade do regime comunista se baseia no “materialismo histórico” e o desejo de construir “um paraíso na Terra”. Portanto, a liderança na vanguarda do “novo mundo” só pode estar com o Partido Comunista. Enquanto isso, a prática do ateísmo permite ao Partido Comunista interpretar livremente o que é virtude e o que é o bem e o mal. Como resultado, deixa de existir a questão moral e da distinção entre o bem e o mal. A única coisa que o povo tem que se lembrar é que o Partido sempre é “honrado, glorioso e correto”. O teísmo dá as pessoas uma referência imutável sobre o que é o bem e o que é o mal. Os praticantes de Falun Gong avaliam o certo ou errado com base na “Verdade, Benevolência e Tolerância”. Isto obviamente se transforma em um obstáculo para o PCCh “unificar o pensamento das pessoas”. Sem nos aprofundarmos em nossa análise, há muitas outras razões. Claro, qualquer uma das razões dadas anteriormente é fatal para o PCCh. De fato, Jiang Zemin proibiu Falun Gong por causa dessas razões. Jiang Zemin começou sua carreira mentindo sobre seu próprio passado, por isso ele teme a “Verdade”. Mediante repressão do povo, Jiang rapidamente obteve o poder, portanto, é natural para ele não agir com “Benevolência”. Conservou seu poder através de intrigas e lutas políticas dentro do Partido, e, portanto, também não entende o que é “Tolerância”. Um simples e pequeno incidente nos mostra claramente o quão pequeno e invejoso é Jiang Zemin. O Museu das Ruínas Culturais de Hemudu53 no condado de Yuyao (hoje cidade), província de Zhejiang, é um importante local histórico e cultural cuja preservação está a cargo do estado. Originalmente, Qiao Shi54 assinou a placa inaugural desse museu. Em setembro de 1992, quando Jiang Zemin visitou esse museu, ao ver a placa inaugural com o nome de Qiao Shi, sua fisionomia demonstrou clara desaprovação e irritação. Todos os presentes se puseram muitos nervosos porque sabiam que ele não gostava de Qiao Shi e que gostava de deixar seu nome onde quer que fosse; por exemplo, quando visitou a divisão de tráfego do Departamento de Segurança Pública ou quando visitou a Associação dos Engenheiros Aposentados da cidade de Zhengzhou. O pessoal do museu não se atreveu a ofender a Jiang Zemin e, assim, em maio de 1993, com a desculpa de se fazer uma reforma, o museu substituiu a placa inaugural de Qiao Shi por uma outra com o nome de Jiang. Diz-se que Mao Tsé-tung é autor dos “Quatro volumes de escrituras profundas e cheias de poder”; e que Deng Xiaoping é autor das “Obras 53 Descobertas em 1973, as Ruínas Culturais de Hemudu, 7.000 anos de antiguidade, se encontra entre os importantes achados arqueológicos na China. 54 Ex-presidente do Congresso Popular Nacional chinês. 81/206 selecionadas de Deng Xiaoping”, que inclui a “teoria do gato55” – seu desejo de uma ideologia pragmática. Jiang Zemin espremeu seu cérebro, porém, só conseguiu produzir três frases (cujo autor verdadeiro é Wang Huning), embora ele afirme ser o responsável dos “Três Representantes”. Os escritos de Jiang foram publicados em um livro distribuído pelo PCCh para todos os órgãos de governo – só foi vendido porque as pessoas eram constrangidas a comprá-los. Como todos, os membros do PCCh não sentem respeito por Jiang Zemin. Espalharam boatos de sua relação com uma cantora e episódios vergonhosos como quando cantou “O sole mio” em uma viagem ao exterior, ou quando se penteou diante do Rei da Espanha. Quando o fundador de Falun Gong, Li Hongzhi, um cidadão comum dava uma conferência, o auditório lotava de professores, especialistas e universitários chineses que estudavam no exterior. Muitas pessoas com doutorado e outros títulos viajavam milhares de quilômetros para escutar seus ensinamentos. O Sr. Li falava com erudição durante várias horas, sem recorrer a anotações ou outros recursos. Mais tarde, as palestras foram transcritas, das gravações das palestras, na forma acabada de livro. Tudo isto era insuportável para Jiang Zemin, um ser vaidoso, invejoso e mesquinho. Jiang Zemin viveu uma vida de ambição, luxo e corrupção. Gastou cerca de US$ 110 milhões em um luxuoso avião para seu uso pessoal. Frequentemente usava dinheiro (dezenas de milhares de milhões) de fundos públicos para uso nos negócios de seus filhos. Usou de despotismo ao colocar seus parentes e protegidos nos mais altos postos do governo, e tomou medidas extremas para encobrir a corrupção e os crimes de seus aliados. Por todas estas razões, Jiang tem medo do poder moral de Falun Gong e de que, como ensina Falun Gong, seja verdade que as pessoas recebem a correspondente retribuição pelo bem ou mal que fazem. Embora Jiang tenha em suas mãos o poder e controle do PCCh, dada a sua falta de talento político e pessoal, ele sempre teme perder o poder como resultado de disputas internas do PCCh. É muito sensível com relação à sua posição no centro do poder. Para eliminar qualquer oposição, Jiang maquinou um complô que eliminou seus inimigos políticos: Yang Shangkun e, o irmão deste, Yang Baibing. No 15º e 16º Congresso Nacional do Comitê do Partido Comunista (CPC), realizados respectivamente em 1997 e 2002, Jiang obrigou seus opositores a se aposentarem de seus cargos. Por outro lado, ignorando as normas, ele não fez o mesmo e se agarrou desesperadamente ao poder. Em 1989, depois do massacre de Tiananmen, Jiang Zemin, como secretário do PCCh, deu uma entrevista para os jornais chineses e estrangeiros. Um jornalista francês lhe perguntou o porquê de uma estudante universitária - envolvida nesse incidente de 4 de junho na Praça Tiananmen e levada para uma fazenda para carregar tijolos - ter sido 55 Deng disse: “Gato preto ou branco, não importa, ele é um bom gato se caçar ratos”, querendo dizer que o objetivo das reformas econômicas era trazer prosperidade para o povo, independentemente se tivesse um viés socialista ou capitalista. 82/206 repetidamente violentada pelos camponeses do local. Jiang respondeu: “Não sei se o que você diz sobre ela ter sido violentada é verdadeiro ou não. Porém, essa estudante é uma desordeira e, se ela foi realmente violentada, isto foi porque ela mereceu!”. Durante a Revolução Cultural, Zhang Zhixin56 foi violentada repetidamente por um grupo e cortaram sua língua para que ela não revelasse a verdade sobre sua detenção na prisão. Possivelmente, Jiang Zemin também ache que ela mereceu. Este episódio permite apreciar a mente criminosa e inescrupulosa de Jiang Zemin. Em resumo, a sede de poder do ditador Jiang Zemin, a sua crueldade e o seu medo da “Verdade-Benevolência-Tolerância” são as razões de sua irracional campanha para eliminar Falun Gong. Isto é algo totalmente esperado por estar de acordo com a forma como o PCCh age. III. Jiang Zemin e o PCCh conspiram conjuntamente. Jiang Zemin é conhecido por ostentar seu poder e por suas trapaças políticas; também por sua incompetência e ignorância. Embora ele quisesse eliminar Falun Gong, ele não pode fazer isto porque Falun Gong estava muito ligado à tradicional cultura chinesa e havia se tornado tão popular a ponto de ter ampla base social. Entretanto, a máquina de violência do PCCh, aperfeiçoada ao longo de incontáveis campanhas de extermínio, estava em pleno funcionamento e também desejava eliminar Falun Gong. Então, do mesmo modo que o vento alimenta o fogo, Jiang Zemin aproveitou sua posição como secretário geral do PCCh e pessoalmente deu início a uma perseguição contra Falun Gong. Jiang e o PCCh conspiraram e se apoiaram mutuamente nessa perseguição; foi como o grito de um alpinista que causa uma avalanche de neve numa montanha. Antes mesmo que Jiang desse a ordem oficial para perseguir Falun Gong, o PCCh já havia começado a perseguir, espionar, investigar e fabricar acusações contra Falun Gong. O espectro perverso do comunismo instintivamente se sentiu ameaçado pela “Verdade-BenevolênciaTolerância”, isto sem mencionar a rapidez sem precedentes com que Falun Gong se expandiu. Desde 1994, agentes secretos da segurança pública do PCCh estavam infiltrados em Falun Gong; porém, não encontraram nada de errado; inclusive alguns se tornaram verdadeiros praticantes. Em 1996, o Diário Guangming violou as “Três Restrições” - uma política de estado com 56 Zhang Zhixin foi uma intelectual que foi torturada até a morte pelo PCCh durante a Revolução Cultural por criticar o fracasso de Mao na campanha do Grande Salto Avante e por dizer a verdade abertamente. Muitas vezes, os guardas da prisão onde Zhang estava presa, tiravam as roupas dela, amarravam suas mãos e a jogavam nas celas de prisioneiros para que ela fosse violentada em grupo. Por fim Zhang ficou louca. Os responsáveis pelo presídio, temendo que ela gritasse palavras de protesto durante a execução, cortaram sua língua antes de executá-la. 83/206 referencia às práticas de qigong (não recomendar, interferir ou condenar as práticas de qigong) - ao publicar um artigo com acusações vazias contra Falun Gong. Depois disso, políticos com formação em segurança pública ou com o título de “cientistas” continuaram os ataques. No início de 1997, Luo Gan, secretário do Comitê Político e Judiciário do Comitê Central do PCCh, utilizou seu poder e ordenou que o Departamento de Segurança Pública fizesse uma investigação nacional contra Falun Gong visando encontrar evidências que permitissem proibir a prática. Depois que Luo Gan ficou sabendo que, em todo o país, não havia sido encontrada nada que incriminasse a prática, ele emitiu uma circular (N° 555, de 1998), “Notificação referente ao início de uma investigação sobre Falun Gong” a ser feita pela Primeira Divisão do Ministério de Segurança Pública (também conhecido com Escritório de Segurança Pública). Ele acusou Falun Gong de ser uma “seita perversa” para que assim pudesse ordenar que os departamentos de polícia do país fizessem uma investigação sistemática, através de agentes secretos, para encontrar evidências que incriminassem Falun Gong. Esta investigação, como a anterior, não encontrou nada que justificasse ou respaldasse tal acusação. Não havia espaço ou clima para atacar diretamente Falun Gong; a prática desfrutava de excelente reputação e tinha amplo apoio na China. Desta forma, para que o PCCh pudesse iniciar a repressão a Falun Gong, ele necessitava ter a pessoa certa para acionar os mecanismos de extermínio do PCCh. Assim, era decisiva a forma como a cúpula do PCCh conduziria o assunto. Como qualquer indivíduo, os líderes do PCCh poderiam escolher dar ouvido ao lado bom ou ao lado mal da natureza humana. Se escolhesse o bom, poderia conter a natureza perversa do Partido; se não, a natureza perversa do PCCh seria liberada e se manifestaria em sua totalidade. Durante o movimento democrático estudantil de 1989, Zhao Ziyang, o então secretario geral do Comitê Central do PCCh, não tinha intenção de reprimir os estudantes. Mas, os integrantes mais antigos da cúpula do PCCh insistiram na repressão. Deng Xiaoping disse nessa ocasião: “Matar 200.000 pessoas em troca de 20 anos de estabilidade”. Os 20 anos de estabilidade, na realidade, eram mais 20 anos de regime do PCCh. Esta ideia se ajusta ao objetivo do PCCh: ser uma ditadura. Assim, a ideia foi aceita. Com respeito à questão Falun Gong, dos sete membros do Comitê Permanente do Politburo do Comitê Central do PCCh, somente Jiang Zemin insistiu na repressão. A alegação persuasiva que Jiang Zemin utilizou foi que a questão estava intimamente ligada “à sobrevivência do PCCh e do país”. Isto tocou o nervo mais sensível do PCCh e despertou sua tendência para a luta. A intenção de Jiang Zemin era ampliar seu poder pessoal e a do PCCh era manter sua ditadura. Ambas as intenções convergiram e se reforçaram mutuamente. Na noite de 19 de julho de 1999, Jiang Zemin presidiu uma conferência de altos oficiais do PCCh. Usurpando e indo além de suas prerrogativas 84/206 políticas, Jiang Zemin usou sua influência e poder para “unificar” os pontos de vista dos membros presentes do Comitê Permanente do Politburo e decidiu, com um murro na mesa, lançar uma perseguição em massa contra Falun Gong. Jiang baniu a prática de Falun Gong em nome do governo chinês, enganando o povo. O governo chinês e o PCCh com seus métodos violentos usaram toda a sua artilharia contra milhões de praticantes inocentes de Falun Gong. Se nessa ocasião o secretário geral do PCCh não fosse Jiang Zemin, é bem possível que a perseguição a Falun Gong não tivesse ocorrido. Neste aspecto podemos dizer que o PCCh utilizou Jiang Zemin. Por outro lado, se o PCCh não tivesse uma predisposição para cometer crimes sangrentos devido a sua natureza imoral, criminosa e selvagem, ele não teria visto a Falun Gong como uma ameaça. Sem o controle ramificado e total do PCCh sobre cada setor da sociedade, a intenção de Jiang Zemin de eliminar Falun Gong não teria encontrado o respaldo necessário para organizar, financiar e promover essa perseguição. Jiang Zemin não teria apoio diplomático nem recursos nem o apoio do sistema presidiário, da polícia e do Departamento de Segurança Nacional. Não contaria com a adesão e o apoio dos círculos religiosos, científicos e tecnológicos, sindicais, estudantis, etc. Neste aspecto, podemos dizer que foi Jiang Zemin quem utilizou o PCCh. IV. Como Jiang Zemin utiliza o PCCh para perseguir Falun Gong. Aproveitando-se do princípio organizativo de que “todos os membros do PCCh devem se subordinar ao Comitê Central”, Jiang Zemin explorou a máquina estatal controlada pelo PCCh para perseguir o Falun Gong: o aparato estatal, o exército, os meios de comunicação, a segurança pública, o sistema judiciário, o Congresso Nacional Popular, o pessoal diplomático, assim como falsos grupos religiosos. O exército e a polícia militar participaram diretamente da prisão e do sequestro de praticantes de Falun Gong. Os meios de comunicação da China colaboraram com o regime de Jiang disseminando calúnias contra Falun Gong. O sistema de inteligência do Estado serviu pessoalmente a Jiang ao fornecer informações e inventar acusações. O Congresso Nacional Popular e o sistema judiciário deram uma aparência “legal” e um viés de constitucionalidade para justificar os crimes cometidos por Jiang Zemin e o PCCh contra Falun Gong, e, assim, enganar o povo. A união de todas essas forças se converteu em um instrumento a serviço de Jiang Zemin. Além disso, os meios diplomáticos da China espalharam mentiras na comunidade internacional e seduziram governos estrangeiros com manobras e vantagens políticas e comerciais capazes até de silenciar a mídia de alguns países quanto à perseguição a Falun Gong. Na conferência do Comitê Central onde Jiang Zemin ordenou a eliminação de Falun Gong, ele declarou: “Não posso acreditar que o PCCh não possa derrotar a Falun Gong”. A estratégia de eliminação de Falun Gong estabelece três linhas de ação: “acabar com a reputação de Falun Gong, 85/206 arruinar financeiramente os praticantes, e destruí-los fisicamente”. O que se seguiu foi uma campanha de extermínio. Utilizar os meios de comunicação para bloquear o acesso aos fatos. A tarefa de “acabar com a reputação de Falun Gong” foi levada adiante através dos meios de comunicação, sob o total controle do PCCh. Em 22 de julho de 1999, no terceiro dia de detenção de praticantes de Falun Gong ao longo do país, os meios de comunicação fizeram ampla propaganda contra Falun Gong. Por exemplo, durante o último semestre de 1999, a Televisão Central da China (CCTV), de Pequim, destinou 7 horas diárias para colocar no ar mentiras sobre Falun Gong. Estes programas começavam por destorcer e descontextualizar trechos de palestras de Li Hongzhi, fundador de Falun Gong, e, em seguida, para impressionar e chocar, falavam de relatos de supostos praticantes que se suicidaram ou morreram por recusar tratamento médico. Eles faziam tudo o que puderam para difamar e incriminar Falun Gong e seu fundador. Um caso muito difundido foi remover a palavra “não” de uma citação de Li Hongzhi, fundador de Falun Gong, durante um evento público no qual disse: “Não existe a chamada explosão da Terra”. O programa de TV da CCTV tirou a palavra “não” e deixou: “Existe a chamada explosão da Terra”. Com isto o PCCh afirmava que Falun Gong propagava “teorias sobre o fim do mundo”. Também se usou de subterfúgios para enganar o público; por exemplo, imputando aos praticantes de Falun Gong crimes comuns. Um assassinato cometido em Pequim por Fu Yibin - uma pessoa com desordem mental - e uma morte por envenenamento de um mendigo da província de Zhejiang foram atribuídas a Falun Gong. O PCCh usou todos os meios de comunicação para instigar o ódio no público indefeso, para assim buscar justificar e respaldar a perseguição impopular e sangrenta perseguição a Falun Dafa. Mais de 2.000 jornais, mais de 1.000 revistas, e centenas de rádios ou canais de televisão locais, sob o controle total do PCCh, se dedicaram a campanhas mentirosas de difamação contra Falun Gong. Estas difamações foram enviadas ao resto do mundo através da agência oficial de notícias Xinhua, do Serviço de Notícias da China e da Agência de Notícias de Hong Kong, entre outros meios de comunicação internacionais controlados pelo PCCh. Segundo estatísticas parciais, em apenas meio ano, foram divulgados mais de 300.000 artigos difamatórios contra Falun Gong. Isto, num primeiro momento, resultou no posicionamento errado de milhares de pessoas ao redor do mundo quanto ao que ocorreu a Falun Gong. Embaixadas e consulados chineses no exterior divulgaram grande quantidade de notícias e vídeos que criticavam e diziam revelar a “verdade” sobre Falun Gong. O websites do Ministério das Relações Exteriores da China criou colunas especiais para este fim. Além disso, em fins de 1999, durante o encontro de Cooperação Econômica da Ásia-Pacífico, na Nova Zelândia, Jiang Zemin, quebrando todos os protocolos, distribui panfletos com calúnias sobre Falun Gong a 86/206 cada um dos mais de dez chefes de estado presentes no encontro. Na França, Jiang Zemin, numa clara violação da Constituição chinesa, diante da mídia estrangeira, rotulou Falun Gong de “seita perversa” numa tentativa de “acabar com a reputação de Falun Gong”. O caso mais baixo e perverso foi o incidente chamado de a “autoimolação”. Montado, em janeiro de 2004, para incriminar Falun Gong, ele foi difundido para todo o mundo pela agência de notícias Xinhua com uma rapidez sem precedentes. Numerosas organizações internacionais, como a ONG Agência Internacional de Educação e Desenvolvimento das Nações Unidas (IED), de Genebra, criticou o governo chinês por difundir um falso documentário com a finalidade de enganar a opinião pública. Um membro da equipe de TV que filmou as cenas admitiu que as cenas foram fabricadas e montadas. A sórdida natureza do PCCh foi mais uma vez exposta. Ninguém deixou de se perguntar como os “discípulos de Falun Gong, que encararam a morte com tamanha firmeza,” puderam ser tão cooperativos com as autoridades do PCCh durante as filmagens a ponto de se deixarem ficar à disposição das filmagens das cenas da assim chamada “auto-imolação”. Nenhuma mentira pode sobreviver à luz do dia. Ao mesmo tempo em que fazia circular calunias e inventava mentiras, o PCCh empregava todo o seu poderio para impedir e censurar a veiculação de informações verdadeiras. Sem medir esforço, escondeu dos chineses todas as notícias estrangeiras que falavam sobre Falun Gong, assim como qualquer fato em defesa de seus praticantes. Foram recolhidos, destruídos, queimados e proibidos todos os livros de Falun Gong, a maior prova em defesa de uma prática cuja essência é os princípios: “Verdade-Benevolência-Tolerância”. Foram tomadas medidas extremas para impedir que a mídia estrangeira pudesse entrevistar ou tomar depoimentos de praticantes de Falun Gong na China; jornalistas foram deportados da China, e exercida influência diplomática e comercial sobre agências estrangeiras. O PCCh também adotou medidas extremas para silenciar e impedir que praticantes de Falun Gong da China, pudessem dizer para o resto do mundo o que se passa lá. Li Yanhua, uma mulher de uns 60 anos residente na cidade de Dashiqian, província de Lianning, em 1 de fevereiro de 2001, foi levada pela polícia quando distribuía material esclarecendo os fatos sobre a perseguição a Falun Gong. No cativeiro, ela foi espancada até a morte. Para ocultar este crime, a polícia declarou que a mulher havia se suicidado devido a um “estado de transe hipnótico” induzido por Falun Gong. Na Universidade de Qinghua, mais de 12 professores ou estudantes receberam longas penas de prisão por entregarem material que esclarecia a verdade sobre a perseguição a Falun Gong. Ainda, por terem revelado o estupro da Sra. Wei Xingyan - uma praticante de Falun Gong pósgraduada na Universidade de Chongqing - ocorrida na prisão, 7 praticantes de Falun Gong foram julgados e condenados à longa prisão. Cobrança de multas e invasão de residências sem mandato judicial. 87/206 O aparato do PCCh levou adiante uma política de “arruinar financeiramente os praticantes de Falun Gong”. Em mais de cinco anos de perseguição, centenas de milhares de praticantes de Falun Gong foram multados na faixa de milhares de dólares, em uma tentativa de intimidálos e arruiná-los financeiramente. Sem dar justificativas, os governos locais, unidades de trabalho, a polícia e os departamentos de segurança pública impuseram multas de forma totalmente arbitrária. Forçados a pagarem as multas, os que conseguiram não receberam qualquer tipo de recibo nem foi feita qualquer menção a artigos legais que explicassem o porquê das multas, isto porque não havia qualquer sustentação legal para isto. Tomar e saquear residências é outra forma de intimidação utilizada contra os praticantes de Falun Gong. Aqueles que não abandonam a prática são vítimas de buscas e invasões domiciliares sem mandato judicial. A polícia confisca e toma dinheiro e bens sem qualquer justificativa. Em áreas rurais são levados os produtos agrários estocados. Da mesma forma, não se faz registro daquilo que é tomado nem se dá qualquer tipo de recibo. Normalmente, os policiais ficam com aquilo que é tomado. Ao mesmo tempo, os praticantes de Falun Gong perdem seus empregos. No campo, as autoridades tiraram as terras de praticantes. O PCCh não poupa nem sequer os aposentados, os quais perdem suas pensões e são despejados de onde moram. Alguns praticantes de Falun Gong têm seus bens e propriedades confiscadas e suas contas bancárias bloqueadas. Para aumentar a eficácia de tais medidas brutais, o PCCh emprega a estratégia de punir coletivamente. Isto significa que se forem encontrados praticantes de Falun Gong em qualquer unidade de trabalho privada ou empresa estatal, os chefes e empregados desses locais não recebem bonificações nem promoções. O objetivo é instigar o ódio da sociedade contra os praticantes de Falun Gong. Os familiares e parentes dos praticantes também recebem ameaças de serem demitidos, de terem seus filhos expulsos da escola ou de serem despejados de onde moram. Todas estas medidas têm um único propósito: cortar todas as fontes de renda dos praticantes de Falun Gong para que assim abandonem aquilo que acreditam. Atos brutais, torturas e assassinatos desenfreados. A infame medida de “destruir fisicamente os praticantes de Falun Gong” foi levada adiante principalmente pela polícia, procuradoria e sistema judicial. Segundo estatísticas não oficiais, pelo menos 1.143 praticantes morreram nos últimos cinco anos vítimas da perseguição a Falun Gong. As mortes ocorreram em mais de 30 províncias, regiões sob o comando direto do governo central. Por volta outubro de 2004, a província com o maior número de mortos era Heilongjiang, seguida por Jilin, Liaoning, Hebei, Shandong, Sichuan e Hubei. A menor vítima tinha apenas dez meses de vida (filho de Wang Lixuen, do povoado de Goujun, província de Shandong), e o mais idoso tinha 82 anos (Yang Yongsho, do povoado de Qingshan, província de Sicuani). 51,3% das vítimas são mulheres; os 88/206 maiores de 50 anos representam 38,86% das vítimas. Há oficiais do PCCh que reconhecem que o número real de praticantes mortos é muito maior. As torturas brutais contra os praticantes de Falun Gong são amplas e variadas. Espancamentos, acoitamentos, choques elétricos, congelamento, ficar longos períodos pendurado amarrado, ficar algemado ou acorrentado; queimaduras com fogo, cigarros ou ferro quente; permanecer em posições dolorosas por longos períodos; ser espetado com bambu ou outros objetos pontiagudos; abuso sexual e estupro, entre outros. Em outubro de 2004, os guardas do Campo de Trabalhos Forçados Masanjia, na província de Liaoning, desnudaram a 18 mulheres praticantes de Falun Gong e as jogaram em celas junto com presidiários para que fossem violentadas e abusadas à vontade. Todos esses crimes estão documentados. Os crimes são numerosos demais para serem relacionados. Outra desumana forma comum de tortura são os chamados “tratamentos psiquiátricos”. Praticantes de Falun Gong, perfeitamente saudáveis física e mentalmente, são, sem quaisquer direitos de defesa, trancafiados em clínicas psiquiátricas onde são submetidos a drogas injetáveis que destroem o sistema nervoso central da pessoa. Como resultado, alguns têm paralisia parcial ou total. Outros ficam completamente cegos ou surdos ou sofrem a destruição de músculos e órgãos internos. Outros perdem a memória total ou parcialmente, ou ficam retardados mentalmente. Outros morrem imediatamente sob a ação dessas drogas. Informações indicam que o “tratamento psiquiátrico” em praticantes de Falun Gong é aplicado em 23 das 33 províncias da China, em regiões autônomas e municipalidades sob o controle do governo central. Pelo menos 100 instituições psiquiátricas em províncias, cidades, condados ou distritos participam dessa perseguição. Analisando a quantidade e a distribuição geográfica dos casos, fica evidente que o uso criminoso de drogas psiquiátricas em praticantes de Falun Gong é uma medida planejada, sistemática e conduzida de cima. Pelo menos 1.000 praticantes mentalmente saudáveis foram enviados, contra suas vontades, para tais clínicas psiquiátricas e centro de reabilitações de drogados. Muitos foram obrigados a injetar ou tomar drogas capazes de destruir o sistema nervoso central da pessoa. As vítimas disso também são amarradas e torturadas com choques elétricos. Pelo menos 15 morreram somente devido a essas torturas. O Escritório 610, com extensas ramificações, se colocou acima da lei. Em 7 de junho de 1999, na reunião do Politburo, Jiang Zemin atacou Falun Gong. Qualificou a questão de Falun Gong como uma “luta política” e rotulou os praticantes de Falun Gong de inimigos do PCCh. Assim, estimulou o reflexo condicionado de violência e luta do PCCh e ordenou a criação de um “Escritório para cuidar de questões ligadas a Falun Gong” no Comitê Central. Como esse Escritório foi criado na data de 10 de junho 89/206 (6/10), ele recebeu o nome de “Escritório 610”. Foram criadas agências do Escritório 610 por todo o país, e em todos os níveis de governo, para cuidarem de assuntos relacionados com a eliminação de Falun Gong. O Comitê Político e Judiciário, a procuradoria, os meios de comunicação, os órgãos de segurança pública, as cortes populares e os órgãos de segurança nacional subordinados ao Comitê do PCCh fazem o trabalho sujo para o Escritório 610. Este presta contas ao Conselho de Estado, mas, na realidade, é um órgão do PCCh que existe fora da estrutura oficial do sistema de Estado e de governo da China. Ele está livre de qualquer restrição legal local ou nacional. É uma organização toda poderosa muito parecida com a Gestapo do nazismo, com poderes que ultrapassam o sistema legal e judicial, podendo, assim, empregar os recurso e meios que julgar mais conveniente. Em 22 de julho de 1999, depois que Jiang Zemin deu a ordem para eliminar Falun Gong, a agência de notícias Xinhua divulgou discursos de funcionários do Ministério Central de Organização e do Ministério Central de Propaganda do PCCh dando o apoio total à perseguição contra Falun Gong iniciada por Jiang Zemin. Estes órgãos cooperaram entre si para, sob a estrita coordenação do PCCh, levar adiante o perverso plano de Jiang Zemin. Muitos casos evidenciam que nem o Departamento de Segurança Pública nem a Procuradoria nem a Corte Popular têm poder e autonomia para decidir sobre casos que envolvem Falun Gong. Todos têm que acatar as ordens do Escritório 610. Quando os familiares dos praticantes de Falun Gong presos ou torturados questionam ou apelam aos órgãos de segurança, a procuradoria e as cortes populares, eles recebem como resposta que todas as decisões são tomadas pelo Escritório 610. Sem dúvida, o Escritório 610 existe sem uma base legal. Quando dá ordens a todos os órgãos sob o comando do PCCh, geralmente o faz sem mandatos ou notificações escritas; tudo é feito de forma oral. Além disso, está estabelecido que quem quer que seja que receba essas ordens não tem permissão para registrá-las em áudio ou vídeo, nem mesmo na forma de uma simples nota. Este tipo de tentáculo da ditadura - organizações que ignoram por completo a lei - é algo frequente no PCCh. Em suas chamadas “purgas”, o PCCh sempre empregou táticas ilegais e estabeleceu organizações temporárias ilegais, como, por exemplo, a Equipe Central da Revolução Cultural que liderou e espalhou a tirania do Partido Comunista por todo o país. Através de seu longo reinado de violência e despotismo, o PCCh, através da mentira e censura, criou o sistema mais forte e impiedoso de terrorismo de Estado que existe. A falta de humanidade e inigualável capacidade de enganar mostram o alto nível de especialização do PCCh, de alcance e envergadura sem precedentes. Através de todas as suas campanhas políticas, o PCCh acumulou experiência em métodos sistemáticos e eficazes para reprimir, prejudicar e assassinar pessoas, usando as formas mais perversas, astutas e enganosas que se pode 90/206 conceber. O já citado caso do homem que estrangulou sua própria esposa por não suportar as ameaças de policiais, bem como a atuação da polícia no caso, é fruto do perverso terrorismo de Estado engendrado pelo PCCh e que inclui também: usar os meios de comunicação para enganar, fazer pressão política, e, como forma de pressão e intimidação, estender as punições a todos ao redor de quem se deseja atingir. Tudo serve para perverter a natureza humana e incitar o ódio. Usar a força militar e os recursos da nação para fazer o mal. O Partido controla totalmente as forças armadas, uma situação que lhe permite fazer o que quiser e como quiser sem temer represálias. Durante julho e agosto de 1999, na perseguição a Falun Gong, Jiang Zemin, além de utilizar a polícia civil e a polícia militar, também fez uso das forças armadas, contra centenas de milhares de cidadãos de todo o país, talvez milhões de pessoas, que marcharam pacificamente a Pequim para apelar por Falun Gong. Todos os acessos e vias públicas principais para Pequim foram ocupados por um enorme contingente de soldados armados. Estes cooperaram com a polícia para interceptar e prender aqueles que iam fazer um apelo. Com o uso das forças armadas, Jiang Zemin abriu o caminho para uma perseguição sangrenta. O Partido controla as finanças do Estado. Desta forma, Jiang Zemin consegue respaldo financeiro para perseguir Falun Gong. Certa vez, um alto funcionário do Departamento de Justiça da província de Liaoning, durante uma conferência no Campo de Trabalhos Forçados de Masanjia, disse: “Os recursos econômicos destinados para eliminar Falun Gong excedem o orçamento de uma guerra”. Não se sabe ainda com clareza quanto dos recursos econômicos do Estado, que vem do suor do povo, foi destinado pelo Partido Comunista Chinês para perseguir Falun Gong. Entretanto, fontes do Departamento de Segurança Pública do PCCh informaram que, somente na Praça Tiananmen, a prisão de praticantes de Falun Gong representou um desembolso entre US$ 210.000 e US$ 310.000 por dia; ou seja, entre 77 e 113 milhões de dólares por ano. Em todo o país, de cidades até as áreas rurais mais remotas, de postos policiais e departamentos de segurança pública ao pessoal das sucursais do “Escritório 610”, Jiang Zemin utilizou milhões de pessoas para perseguir Falun Gong. Só o gasto com soldados pode ultrapassar a 12 bilhões de dólares por ano. Além disso, Jiang Zemin gastou cifras exorbitantes na expansão e criação de campos de trabalhos forçados para deter os praticantes de Falun Gong, bem como instalações para fazer lavagem cerebral. Por exemplo, em dezembro de 2001, Jiang liberou 520 milhões de dólares para a construção de centros de lavagem cerebral destinados a “reformar” os praticantes de Falun Gong. Também deu incentivos monetários para quem ajudasse na perseguição contra Falun Gong, assim incentivando as pessoas a participarem dessa crueldade. Em muitas regiões, o prêmio por prender ou entregar um praticante de Falun Gong chegava a US$ 1.200. O campo de trabalhos forçados de Masanjia é um dos lugares mais perversos utilizados na 91/206 perseguição contra Falun Gong. Em uma ocasião, o PCCh premiou o diretor desse campo, Su, com mais de US$ 6.000 e ao vice-diretor, Shao, com US$ 3.700. Jiang Zemin, ex-secretário geral do PCCh, é a pessoa que iniciou, tramou e dirigiu a perseguição contra Falun Gong, utilizando para isso todo o aparato do PCCh. É inegável sua responsabilidade nesse crime histórico. De qualquer modo, se não fosse o PCCh e sua máquina de violência aperfeiçoada ao longo de numerosas operações políticas - Jiang Zemin não teria podido levar adiante tamanha perseguição cruel. Jiang Zemin e o PCCh se sustentam mutuamente, fazem uso um do outro. Eles se arriscam, por simples interesses pessoais e partidários, a enfrentar uma condenação pública por se oporem a “Verdade-BenevolênciaTolerância”. A existência desse conveniente pacto entre Jiang Zemin e o PCCh é a verdadeira razão para que essa perseguição tão trágica e absurda pudesse acontecer. V. Jiang Zemin, de dentro, provoca o colapso do PCCh. Para implantar o comunismo na China, o PCCh erradicou a tradicional cultura chinesa. A ampla derrota do comunismo no resto do mundo mostra, na prática, o absurdo do comunismo. O PCCh não tem a capacidade, a autoridade e o desejo de trazer de volta as tradições chinesas e assim abrir um caminho que possibilita criar uma sociedade melhor, não comunista. O sistema político do PCCh é totalitário, não permite que qualquer outra organização política participe na política de Estado ou compartilhe do poder na China. Assim, parece que só resta à China esperar até que o tumor do comunismo chinês entre em colapso e morra; e – junto com o PCCh – desapareça. Falun Gong, uma prática apolítica e sem ambições pelo poder, surgiu durante a década de 1990 e tocou o coração das pessoas, despertando a cultura milenar do povo chinês e retirando a China de seu silêncio cultural. A difusão de Falun Gong oferece a possibilidade de resolver os problemas de forma benevolente e de devolver a paz e a serenidade à sociedade chinesa. Quando surgiu esta prática, muitas pessoas de visão dentro do PCCh também se deram conta de que Falun Gong poderia mudar a sociedade. Contudo, motivado por seus interesses egoístas, Jiang, utilizando a maldade inerente ao PCCh, lançou na China em uma perseguição a milhões de pessoas inocentes; pessoas que buscam viver de acordo com os princípios: “Verdade-Benevolência-Tolerância”. Jiang lançou uma campanha para punir uma força social extremamente benéfica para a sociedade e que nunca causou qualquer mal ao país. Esta perseguição não somente arrastou o país e o povo para a maldade e o desastre como também vem corroendo os alicerces do Partido. Jiang Zemin se utilizou do PCCh para poder ter os meios para perseguir Falun Gong. A lei, a moralidade e a humanidade foram desprezadas; e isto é algo que destrói a credibilidade do PCCh para continuar no poder. 92/206 O regime de Jiang utilizou todos os recursos econômicos, materiais e humanos que dispunha para eliminar Falun Gong, e isto gerou uma pesada carga para o país e a sociedade, assim como reflexos na economia nacional. O PCCh não tem mais como sustentar uma perseguição condenada ao fracasso e que consome enorme quantidade de recursos. Durante essa perseguição, o PCCh e Jiang Zemin usaram todo tipo de táticas macabras, brutais e traiçoeiras; ambos fizeram uso de todo seu repertório de mentiras e maldades. O PCCh e Jiang Zemin empregaram todos os meios de propaganda à mão para difundir calúnias, tentar macular a imagem de Falun Gong e justificar essa absurda perseguição. Entretanto, como diz um provérbio chinês, “O papel não pode deter o fogo”: uma vez que essa mentira e maldade sejam expostas com o fracasso dessa perseguição, a mentirosa máquina de propaganda do PCCh não conseguirá mais enganar o povo. O PCCh perderá então a credibilidade que lhe resta e, junto com esta e de uma vez por todas, o apoio do povo. Em 1999, quando se iniciou a perseguição a Falun Gong, Jiang Zemin afirmou que a “questão de Falun Gong seria resolvida em três meses”. À luz dos fatos, fica claro que o PCCh subestimou a força de Falun Gong e o poder da tradição e da fé. Desde tempos remotos, o mal nunca foi capaz de eliminar o bem. Foi incapaz de eliminar a bondade que há no coração humano. Cinco anos se passaram, contudo, Falun Gong é ainda Falun Gong. Mais ainda, Falun Gong se difundiu para o mundo todo. Jiang Zemin e o PCCh sofreram uma enorme derrota nesse combate entre o bem e o mal. E suas naturezas desonestas, violentas e más estão sendo expostas por completo. O então célebre Jiang Zemin está cercado agora, tanto interna como externamente. É alvo de vários processos e moções que buscam levá-lo ao banco dos réus. Originalmente, o PCCh queria utilizar esta perseguição para consolidar seu poder ditatorial. Mas, o resultado disso foi que o PCCh não só não restabeleceu sua força como também a esgotou. O Partido Comunista Chinês entrou num caminho sem retorno, nada poderá ressuscitá-lo. Assim como uma árvore seca e apodrecida cai ao menor vento. Toda e qualquer tentativa de ressuscitá-lo vai contra a corrente da história. Tentar salvar o PCCh não somente será em vão como também condenará a todos aqueles que tentarem fazer isto. 93/206 Conclusão O ex-secretário geral do PCCh, Jiang Zemin, foi quem tramou, iniciou e dirigiu a perseguição contra Falun Gong. Para isto, ele utilizou integralmente o poder, a posição, a capacidade diplomática e a máquina política do PCCh. Carrega de forma irredimível um crime histórico. Por outro lado, sem o PCCh, ele nunca poderia ter levado adiante tão cruel perseguição. Desde que surgiu, o PCCh se colocou contra a virtude e a bondade. Tendo a repressão como sua ferramenta predileta e a perseguição como sua especialidade, o PCCh apóia seu reinado em um rígido controle que se baseia em um monopólio político. Por sua natureza, o Partido Comunista teme a “Verdade-Benevolência-Tolerância” e, assim, vê a Falun Gong como um inimigo. Desta forma, a repressão e perseguição a Falun Gong foram inevitáveis. Numa tentativa de vencer a “Verdade-Benevolência-Tolerância”, Jiang Zemin e o PCCh utilizaram amplamente a mentira, a maldade, a violência, a tortura, a trapaça e a corrupção. A consequência disso foi um aprofundamento do declínio da moralidade da sociedade chinesa, um processo pelo qual todos foram afetados. O pacto entre o PCCh e Jiang Zemin uniu definitivamente seus destinos. A perseguição a Falun Gong poderá levar Jiang Zemin ao banco dos réus. No dia em que Jiang for julgado por seus crimes, o destino do PCCh será evidente. Os princípios que regem o universo não permitirão tão desumana perseguição a pessoas boas e que acreditam na “Verdade-BenevolênciaTolerância”. As maldades de Jiang Zemin e do PCCh se converterão em uma lição profunda e eterna para a humanidade. 94/206 Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 6 – O Sexto dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. Como o Partido Comunista Chinês destruiu as tradições culturais Um pôster mostrando uma campanha criticando a Lin Baio e Confúcio. (APG/Getty Images) Introdução A cultura é a alma de uma nação. Representa o espírito de uma nação, assim como a sua etnia e o seu território são seus aspectos físicos. 95/206 O desenvolvimento cultural de uma civilização traça a sua história e estabelece as bases de uma nação. A destruição da cultura de uma nação implica no seu fim. Esplendorosas civilizações desapareceram quando suas culturas foram destruídas, ainda que seus povos tenham sobrevivido. A China é o único país com uma civilização de mais de 5.000 anos de história. Destruir sua cultura tradicional é um crime imperdoável. A cultura chinesa, a qual se diz ter sido transmitida pelos Deuses, tem por base mitos como o da criação do Céu e da Terra por Pangu57, o da criação da humanidade por Nüwa58, o da identificação das centenas de ervas medicinais por Shengnong59 e o da invenção dos ideogramas chineses por Cangjie60. “Os humanos seguem a Terra, a Terra segue os Céus, os Céus seguem o Tao, e o Tao segue conforme sua própria Natureza61”. A sabedoria taoista de união entre os Céus e a Terra corre nas veias da cultura chinesa. O Grande Aprendizado62 promove a virtude. Há mais de 2.000 anos Confúcio abriu uma escola para ensinar as cinco virtudes essenciais: bondade ou amor-ao-próximo, honradez ou justiça, decoro ou conduta reta, sabedoria, e fidelidade ou sinceridade desinteressada. No século I, o Budismo de Sakyamuni chegou à China levando a mensagem da compaixão e da salvação de todos os seres. A cultura chinesa se tornou ampla e profunda. Desta forma, o Taoísmo e o Budismo se converteram em crenças que integram a sociedade chinesa, levando a China, durante a dinastia Tang (618 – 907 a.C.), ao auge de sua glória e prosperidade, como todos sabem. Embora o povo chinês tenha sofrido numerosas invasões e ataques ao longo de sua história, sua cultura sempre mostrou grande força e capacidade de resistir e, assim, sua essência foi passada de geração para geração. A união entre os Céus e a humanidade representa a cosmologia de nossos ancestrais. É senso comum a ideia de que “o bem é recompensado e o mal castigado”. É uma virtude elementar não fazer aos outros aquilo que não queremos que eles nos façam. Lealdade, devoção filial, dignidade e justiça foram valores sociais; as cinco virtudes cardeais de Confúcio - bondade, justiça, decoro, sabedoria e fidelidade – foram a pedra fundamental para a moral pessoal e social. Com base nesses 57 Pangu: segundo a mitologia chinesa, o primeiro ser vivo e criador de todas as coisas. Nüwa: segundo a mitologia chinesa, é a deusa mãe que criou a humanidade. 59 Shengnong (“Fazendeiro Celestial”) é uma figura legendária da mitologia chinesa que dizem ter vivido há 5000 anos. Ensinou aos povos a antiga prática da agricultura. Também lhe é atribuído ter arriscado sua vida para poder identificar centenas de ervas medicinais (das venenosas) e várias plantas dessa natureza, que formam a base da tradicional medicina chinesa. 60 Cangjie, ou Cang Jie, é um personagem lendário e protagonista de fábulas da antiga China. É tido como o historiador oficial do Imperador Amarelo e o inventor dos ideogramas chineses. O método Cangjie de impressão dos caracteres chineses no computador deve seu nome a ele. 61 Tao-te Ching ou Tao de Jing, um dos livros taoístas mais importantes, escrito com base em Lao Zi (Lao-Tse). 62 Comentários de introdução de o “Grande Aprendizado”, do sábio Confúcio. 58 96/206 princípios retos, a tradicional cultura chinesa incorpora e valoriza a honestidade, amabilidade, harmonia e tolerância. Até mesmo os funerais dos chineses comuns reverenciavam os Céus, a Terra, o imperador, os ancestrais e os mestres. Uma expressão cultural das profundas raízes da cultura chinesa, que venera os deuses (Céus e Terra), a lealdade à Pátria (o imperador), os valores familiares (os ancestrais), e o respeito aos mestres e às pessoas mais idosas. A cultura tradicional chinesa busca a harmonia entre o homem e o universo, e enfatiza o lado ético e a moral de um indivíduo. Baseia-se na fé nas práticas de cultivo - confucionismo, budismo e taoísmo - e proporcionou ao povo chinês: tolerância, progresso social, respeito à moral humana e uma crença correta. Diferentemente das leis, que ditam regras rígidas, a cultura atua como um fator moderador. A lei impõe castigos depois que se comete algo ilegal; já a cultura, ao fomentar a moral, impede que a infração ocorra. Os valores morais de uma sociedade estão incorporados em sua cultura. Na história da China, a cultura tradicional viveu seu apogeu durante a próspera dinastia Tang e, com isso, veio o apogeu da nação chinesa. A ciência chinesa também estava adiantada e desfrutava de grande prestígio em todo o mundo daquela época. Estudiosos vinham da Europa, Oriente Médio e Japão para estudar em Chang’an, a capital da dinastia Tang. “Os países vizinhos tinham a China como seu estado soberano, e vinham lhe render homenagens63”. Depois da dinastia Qin (221-207 a.C.), em várias ocasiões, a China foi ocupada por grupos minoritários. Isto aconteceu predominantemente nas dinastias Sui (581-618 d.C.), Tang (618-907 d.C.), Yuan (1271-1361 d.C.) e Qing (1644-1911 d.C.), e também em outras épocas. Entretanto, quase todos esses grupos minoritários terminaram assimilando os costumes chineses. Este é um fato que demonstra o grande poder de integração da antiga cultura chinesa. Como disse Confúcio: “Se as pessoas de fora não aceitam o que é nosso, devemos convencê-las pelo exemplo, cultivando (nossa) cultura e virtude64”. Desde que chegou ao poder em 1949, o PCCh destinou recursos nacionais para destruir a tradicional cultura chinesa. Esta ação doentia não resulta da busca pela industrialização (modernidade) nem de posturas tolas como reverenciar a civilização ocidental. Ela é resultado do fato de que a ideologia inerente ao PCCh e a tradicional cultura chinesa são como água e vinho; não combinam. Desta forma, a destruição da cultura chinesa foi algo planejado, bem organizado e sistematizado, e levado adiante mediante o uso da violência pelo Estado. Desde sua consolidação no 63 “Registros dos historiadores” (Shi Ji, também traduzido como “O registro do grande escrevente”), por Sima Qian (145-85 a.C.), o primeiro grande historiador chinês. Esta obra documenta a história da China e de seus países vizinhos desde a antiguidade até a época em que ela foi escrita. O método historiográfico de Sima Qian foi único e se tornou modelo oficial das histórias das dinastias imperiais dos 2.000 anos que se seguiram. 64 Dos Anacletos de Confúcio. 97/206 poder, o PCCh nunca deixou de “revolucionar” a cultura chinesa para exterminar o seu espírito. Ainda mais desprezível que a destruição da cultura chinesa pelo PCCh, é o seu mal uso com segundas intenções ou a sua distorção. O PCCh ressalta as partes negativas da história chinesa, coisas que ocorreram porque e quando as pessoas se afastaram dos valores tradicionais, como as disputas internas pelo poder dentro das famílias reais, momentos de conspiração, ou o exercício da ditadura e do despotismo. O PCCh recorre a exemplos e fatos isolados da história para dar sustentação e fundamento ao seu próprio conjunto de padrões morais, e ideias ao discurso. Com isso, consegue dar a falsa impressão de que a “cultura do Partido” é uma ontinuidade da tradicional cultura chinesa. Inclusive, o PCCh se aproveitou da aversão de algumas pessoas à “cultura do Partido” para criar um sentimento nacional no sentido de elas se afastarem ainda mais da genuína tradição chinesa. Este processo de destruição da tradicional cultura chinesa trouxe nefastas consequências para a China. As pessoas não somente perderam seus valores morais como também foram e são vitimas de um doutrinamento que tem como base as perversas teorias do PCCh. I. Por que o PCCh quer minar a cultura chinesa? A extensa tradição da cultura chinesa se baseia na fé e na veneração da virtude. A autêntica cultura da nação chinesa se iniciou há 5.000 anos com o legendário imperador Huang (Huangdi), considerado o primeiro antepassado da civilização chinesa. Além disto, atribui-se ao imperador Huang ser o fundador do Taoísmo, também conhecido como a Escola de Pensamento Huang-Lao (Lao-Tse). A profunda influência do Taoísmo sobre o Confucionismo pode ser percebida nas citações de Confúcio como: “Aspire ao Tao, una-se à virtude, guie-se pela benevolência e apóie-se nas artes” ou “Se alguém ouvir o Tao pela manhã, então já pode morrer contente ao anoitecer65”. Considerado pelo Confucionismo como um dos clássicos mais importantes da história, o Livro das Mutações (I Ching) é uma compreensão metafísica dos Céus e da Terra, do Yin e do Yang, das mudanças cósmicas, do florescimento e da decadência das sociedades e das leis que regem a vida humana. O poder desse livro de prever mudanças não pode ser concebido pela ciência ocidental moderna66. Além do Taoísmo e do Confucionismo, o Budismo, especialmente o Budismo Zen, exerceu profunda influência no pensamento da China. O Confucionismo é parte da tradicional cultura chinesa voltada para o “viver no mundo secular”. Enfatiza a ética baseada na família, na qual a devoção filial exerce papel fundamental. Os chineses acreditam que a bondade começa com a devoção filial. Confúcio ensinou: bondade, justiça, 65 66 Dos Anacletos de Confúcio. N.T.: O modo de compreender e interpretar esse livro não tem paralelo no Ocidente. 98/206 decoro, sabedoria e fidelidade; e também disse: “Acaso não é a devoção filial e o amor fraternal as bases da benevolência?”. A ética baseada na família naturalmente pode ser estendida à ética social. A devoção filial se reflete na lealdade aos governantes. Diz-se que “dificilmente uma pessoa com devoção filial e amor fraternal é capaz de ofender aos que estão acima67”. O amor fraternal entre irmãos se reflete na retidão entre amigos. O Confucionismo ensina que na família, um pai deve ser um bom pai; um filho ser um bom filho; e que entre irmãos deve haver respeito mútuo e cordialidade. Aqui, a bondade de um pai se reflete na bondade do governante para com o seu povo. Enquanto forem mantidas as tradições familiares, será mantida naturalmente a moral social. “Promover a melhora das pessoas, zelar pela família e governar com justiça de forma a levar tranquilidade e felicidade para todos68”. O Budismo e o Taoísmo são as partes da tradicional cultura chinesa voltadas ao “transcender o mundo secular”. É possível ver que a influência do Budismo e do Taoísmo está presente em todos os aspectos da vida chinesa. Entre as práticas com raízes no Taoísmo estão: a geomancia (feng shui), a medicina tradicional chinesa e o qigong. Estas práticas, junto com os conceitos budistas de nirvana e samsara, e retribuição cármica, além dos princípios morais de Confúcio, constituem o núcleo da tradicional cultura chinesa. O Confucionismo, o Budismo e o Taoísmo, deram o povo chinês um sistema ético-moral muito estável, que não mudará “enquanto os Céus existirem69”. Este sistema ético-moral fornece as bases para a sustentação da paz e da harmonia social. A moral pertence ao campo da espiritualidade e filosofia. A cultura expressa um sistema moral abstrato numa linguagem que pode ser entendida facilmente pelas pessoas. Tomemos por exemplo os quatro romances mais famosos da cultura tradicional chinesa: [1] Jornada ao Oeste70 é um relato mítico; [2] O 67 68 69 70 Dos Anacletos de Confúcio. Confúcio, em o Grande Aprendizado, disse que: “Com as pessoas buscando serem melhores, haverá harmonia nas famílias; com famílias sólidas, as nações serão bem governadas; e, com nações bem governadas, todos terão tranquilidade e felicidade”. Dong Zhongshu (179-104 a. C), pensador e seguidor do confucionismo que viveu durante a dinastia Han e que no tratado “Três caminhos para harmonizar a humanidade com os Céus (Tian Ren San Ce)”, disse: “Enquanto os Céus existirem, o Tao não muda”. Jornada ao Oeste, conhecido no Ocidente como O Rei Macaco, foi escrito por Wu Cheng’em. É um dos mais famosos clássicos chineses. Baseia-se em uma história verídica de um famoso monge chinês da dinastia Tang, Xuan Zang (602-664), que viajou a pé até onde é hoje a Índia, berço do Budismo, para buscar as escrituras sagradas. No romance, Buda faz com que o Rei Macaco, Pigsy e Sandy se convertam em discípulos de Xuan Zang para que eles o escoltem em sua travessia para o oeste na busca dos Sutras (Escrituras Budistas). Eles atravessam 81 perigos/calamidades antes de chegarem ao Ocidente e atingirem o estado de Iluminação. 99/206 Sonho do Pavilhão Vermelho se inicia com um diálogo entre uma pedra falante, um monge budista e um monge taoista numa montanha - diálogo que introduz o drama que se desenvolve na obra; [3] Foras-da-Lei do Pântano (também conhecida por À Beira da Água) começa com um relato de como o primeiro-ministro Hong, chefe das forças armadas, libera acidentalmente os 108 reis-demônios – uma lenda que explica a origem dos “cavaleiros das 108 estrelas”; e [4] Três Reinos inicia com um aviso dos Céus sobre uma catástrofe que se aproxima e termina com a realização da inevitável vontade divina: “Os acontecimentos deste mundo são como a incessante correnteza de um rio; um destino ordenado pelos Céus, infinito em seu alcance e que recai sobre todos”. Outras estórias bem famosas, como Os Romances Zhou do Leste e A Completa História de Yue Fei também são lendas similares. O uso que esses escritores fazem dos mitos não é mera coincidência e sim um reflexo do pensamento chinês sobre a natureza e o ser humano. Estes clássicos tiveram profunda influência sobre o povo chinês. Quando se fala de “justiça”, o conceito de justiça é logo associado à Guan Yu (160-219 d.C.), do clássico Três Reinos, por sua irretocável conduta em relação a seus amigos; por sua infinita lealdade aos seus superiores e ao seu irmão de juramento, Liu Bei, o que conquistou o respeito até de seus inimigos; por sua coragem que prevaleceu no momento mais difícil (sua derrota final no combate perto do vilarejo de Mai), e, finalmente, seu diálogo, como divindade, com seu filho. Quando se fala em “lealdade”, os chineses logo pensam em Yue Fei (1103-1141 d.C.), general da dinastia Song que serviu sua pátria com integridade e fidelidade sem reservas, e em Zhuge Liang (181-234 d.C.), primeiro-ministro do Estado de Shu durante o período dos Três Reinos, o qual “deu tudo de si até que seu coração parasse de bater”. O surgimento das noções de lealdade e justiça trazidas da tradicional cultura chinesa tem como base estes clássicos míticos. Princípios morais abstratos puderam, a partir dessas obras literárias, ser incorporados e expressos na cultura do povo. O Taoísmo enfatiza a verdade, o Budismo a compaixão e o Confucionismo a lealdade, a tolerância, a bondade e a justiça. “Ainda que de formas diferentes, seus propósitos são o mesmos... todos exortam e inspiram o povo para que volte para a bondade71”. Esses são os aspectos mais valiosos da tradicional cultura chinesa a qual é baseada no Confucionismo, no Budismo de Sakyamuni e no Taoísmo. A tradicional cultura chinesa é rica em conceitos e princípios como: Céu, Divindades, Budas, fé, verdade, predestinação, benevolência, justiça, decoro, sabedoria, fidelidade, honestidade, vergonha, lealdade, devoção filial, dignidade, e muitos outros. Muitos chineses podem não ser alfabetizados, porém, eles estão familiarizados com as obras de teatro e 71 Esta citação provém da Coleção Resumida de Escrituras Taoístas (Dao Cang Ji Yao), compilada durante a dinastia Qing. 100/206 óperas tradicionais. Estes veículos culturais são um importante meio para que as pessoas possam aprender os tradicionais valores morais. Desta forma, a contínua destruição das tradições culturais chinesas pelo PCCh, é um ataque direto à moralidade e aniquila as bases para a paz e a harmonia social. A perversa ideologia comunista se opõe às tradições culturais. A “filosofia” do Partido Comunista se opõe completamente à verdadeira cultura chinesa. A cultura tradicional respeita os desígnios dos Céus. Confúcio disse: “Vida e morte estão predestinadas; riqueza e posição são determinadas pelos Céus72”. Tanto o Budismo como o Taoísmo são formas teístas; ambas falam de transmigração – o ciclo de nascer e morrer; reencarnar -, e da retribuição cármica do bem e do mal. Já o Partido Comunista, ao contrário, não só é ateísta, como também usa toda sua energia para se contrapor ao Tao e desacreditar dos princípios espirituais, em uma postura conhecida como “sem lei e sem Céus”. O Confucionismo valoriza a família, o Manifesto Comunista prega o seu fim. A cultura que resulta do Confucionismo exorta para a bondade, o comunismo fomenta e incita a “luta de classes”. Confúcio fala de lealdade aos governantes e amor à nação. O Manifesto Comunista fala em termos de fim das nações. Para alcançar o poder e conservá-lo, o Partido Comunista teve que introduzir suas ideias imorais em solo chinês. Mao Tsé-tung afirmava: “Se quisermos derrubar uma autoridade, temos primeiro que trabalhar fazendo propaganda de cunho ideológico73”. O PCCh percebeu que a violenta ideologia comunista, que prega o uso de armas e a luta, não sobreviveria diante dos 5.000 anos de antiguidade da profunda história da cultura chinesa. Assim, para que o marxismo-leninismo pudesse dominar o cenário político da China, o PCCh teve de anular essa cultura. A cultura tradicional é um obstáculo para a ditadura do PCCh. Mao Tsé-tung disse certa vez, de forma categórica, que não seguia nem o Tao nem os Céus. A existência da cultura tradicional chinesa foi, sem dúvida, um grande obstáculo ao PCCh em sua oposição ao Tao e aos Céus. Na tradição chinesa, lealdade não é o mesmo que cega devoção. De acordo com a tradição chinesa, o imperador é “filho dos Céus” e, assim, ele deve se submeter aos Céus. Um imperador não pode acertar em todas as ocasiões; é necessário que existam pessoas que o observem permanentemente e apontem os erros. O sistema chinês de crônicas se desenvolveu a partir de historiadores que registravam cada palavra e ação do imperador. Os funcionários serviam de professores para seus sábios governantes. A conduta do imperador era julgada de acordo com os princípios de Confúcio. Se o imperador fosse imoral, se não fosse iluminado para o Tao, ele poderia ser destituído do trono, como sucedeu 72 73 Dos Anacletos de Confúcio. Do discurso de Mao na Oitava Sessão da Décima Reunião Plenária do PCCh. 101/206 quando Chengtang atacou a Jie, ou quando o imperador Wu tomou o lugar de Zhou74. O ato de destituir um imperador, do ponto de vista tradicional, não era considerado uma falta de lealdade ou uma violação do Tao. Ao contrário, isto era visto como ato tomado em nome dos Céus para fazer com que o Tao fosse respeitado. Quando Wen Tianxiang (1236-1283 d.C.), um famoso chefe militar da dinastia Song, se tornou prisioneiro dos mongóis, não se rendeu aos invasores mesmo quando o imperador pediu que ele o fizesse. Isto aconteceu porque, como um adepto do Confucionismo, Wen acreditava que “o povo vinha em primeiro lugar; depois a nação e, por último, o imperador75”. A ditadura do PCCh de nenhuma forma poderia aceitar condutas como essas. O PCCh quer que seus líderes sejam idolatrados e canonizados; quer estabelecer um culto à personalidade de seus líderes. Portanto, ele jamais permitiria a existência de conceitos como esses ditados pela tradição, que implicam em se submeter aos Céus, em não exercer suprema autoridade e poder. O PCCh sabe que o que ele faz se constitui em uma abominável violação aos princípios dos Céus, ao Tao, quando considerado sob o ponto de vista da cultura tradicional. Se mantida a cultura tradicional, o povo jamais aprovaria tais condutas do PCCh nem veria o PCCh como “grandioso, glorioso e sempre certo”. Os intelectuais, se mantidas as tradições, “arriscariam suas vidas e apontariam os erros dos seus governantes visando manter a justiça76” e colocariam os interesses do povo acima dos interesses dos governantes. Se isso ocorresse, o povo não se tornaria marionete nas mãos do PCCh, e este não poderia impor ao povo uma obediência cega nem massificar os pensamentos das pessoas. O respeito aos Céus, à Terra, à natureza, presentes na cultura tradicional, constituem um obstáculo para a “luta do PCCh contra a natureza” visando “modificar os Céus e a Terra”. A cultura tradicional valoriza a vida humana e ensina que “toda situação que envolve vidas humanas deve ser tratada com o máximo cuidado”. Este princípio é naturalmente um obstáculo ao regime de genocídio e terror imposto pelo PCCh. Os padrões morais estabelecidos pela tradicional cultura baseada no “Tao celestial” interferem diretamente com o processo de manipulação dos princípios morais que o PCCh realiza. Com base no exposto, o PCCh fixou a tradicional cultura chinesa como um inimigo a vencer em seus esforços para aumentar o controle sobre o povo. A cultura tradicional desafia a legitimidade do regime do PCCh. A tradicional cultura chinesa acredita no Divino e no mandato celestial. Para os governantes, cumprir um mandato celestial implica governar com 74 Jie foi o último soberano da dinastia Xia (séculos XXI-XVI a.C.), e Zhou, o último governante da dinastia Shang (séculos XVI-XI a.C.). Ambos são tidos como tiranos. 75 De Mencius. 76 De uma frase muito famosa de Mencius: “A vida, eu desejo; a justiça, eu também desejo. Se eu não puder obter ambas ao mesmo tempo, manterei a justiça à custa de minha vida”. 102/206 sabedoria, seguir o Tao e cumprir de forma harmoniosa o destino. Por sua vez, Divino significa aceitar que a autoridade sobre a humanidade emana dos Céus. O princípio que rege o PCCh pode ser resumido assim: “Nunca mais as amarras da tradição nos prenderão. Trabalhadores! Ergam-se, já não somos escravos do passado. A Terra se apóia sobre novas bases; nós não somos nada, somos tudo77”. O PCCh sustenta o materialismo histórico e afirma que o comunismo é o paraíso na Terra, cujo caminho até ele é traçado pelos proletários pioneiros - o Partido Comunista. A crença no Divino desafia diretamente a legitimidade do poder do PCCh. II. Como o PCCh destrói a cultura tradicional Todas essas ações do PCCh têm um objetivo político. Para instaurar, manter e consolidar sua tirania, o PCCh necessita substituir a natureza humana pela natureza nociva do Partido, e a tradicional cultura chinesa pela “cultura do Partido” de “falsidade, maldade e violência”. Este processo de destruição e substituição abrange tanto aspectos tangíveis acabar com relíquias culturais, locais históricos e livros antigos – como aspectos intangíveis – acabar com a visão tradicional sobre a moral, a vida e o mundo. Todos os aspectos da vida humana foram afetados pelo PCCh: o modo de agir e pensar, o estilo de vida, e os valores e a perspectiva do mundo das pessoas. Ao mesmo tempo, o PCCh considera insignificantes e superficiais certas expressões como a “essência” da tradicional cultura e as mantém para usá-las como fachada: o PCCh mantém a aparência da tradição quando, na realidade, substitui a genuína tradição pela sua. Desta maneira, o PCCh engana o povo chinês e a comunidade internacional usando como fachada o mentiroso argumento “manter o desenvolvimento” da cultura da China. Extinção simultânea de três religiões. A tradicional cultura chinesa tem raízes no Confucionismo, Budismo e Taoísmo. Sendo assim, o primeiro passo do PCCh para destruir essa cultura foi impedir a expressão do divino no mundo humano e, dessa forma, o PCCh erradicou essas três religiões principais. Confucionismo, Budismo e Taoísmo – as três religiões principais – sofreram ataques em períodos distintos da história chinesa. Vejamos o caso do Budismo, que, em sua história, passou por quatro fortes tribulações: [1] a perseguição aos budistas conhecida por “Tres Wu e Um Zong”, nome que faz referência ao nome dos quatro imperadores chineses que promoveram a perseguição; [2] a tentativa do imperador Taiwu, da dinastia Wei do Norte (386-534 d.C.) e do imperador Wuzong, da dinastia Tang (618-907 d.C.) de eliminar o Budismo para que Taoísmo prevalecesse; [3] a tentativa do Wu, da dinastia Zhou do norte (557-581 d.C.), de eliminar tanto o Budismo como o Taoísmo para que o 77 Adaptado do Hino “A Internacional Comunista”. A tradução chinesa literalmente significa “Nunca existiu um salvador, tampouco acreditamos em Deus; é hora de criar a felicidade humana, só acreditamos em nós mesmos”. 103/206 Confucionismo prevalecesse, [4] e, por último, o imperador Shizong, dinastia Zhou (951-960 d.C.), que quis eliminar o Budismo simplesmente porque queria usar as estátuas de Buda para fazer moedas - ele não atacou nem o Confucionismo nem o Taoísmo. O PCCh é o único regime que conseguiu acabar com as três religiões ao mesmo tempo. Pouco depois de se estabelecer como governo, o PCCh começou a destruir templos e a queimar livros sagrados, e obrigou os monges budistas a viverem uma vida de pessoa comum. Ele não foi mais brando ao destruir outros lugares religiosos. Por volta dos anos 60, poucos lugares religiosos ainda estavam de pé. A Revolução Cultural trouxe ainda mais desastres para a vida religiosa e cultural da China com a campanha conhecida como abandonar os “Quatro Velhos78”: as velhas ideias, a velha cultura, os velhos costumes e os velhos hábitos. Por exemplo, o primeiro templo budista da China foi o Templo do Cavalo Branco (Templo Bai Ma), construído no começo da dinastia Han (25-220 d.C.) próximo à Cidade de Luoyang, província de Henan. É chamado de “o berço do Budismo na China” e “lugar do fundador”. Durante o período do abandonar os “Quatro Velhos”, o Templo do Cavalo Branco, como era de se esperar, foi brutalmente saqueado. Um secretário de uma sucursal do PCCh, em nome da “revolução”, ordenou que o Templo do Cavalo Branco fosse destruído. As estátuas de cerâmica dos “Dezoito Arhats”, com mais de 1.000 anos de antiguidade, feitas durante a dinastia Liao (916-1125 d.C.), foram destruídas. Foram queimadas as escrituras beiye79, que um notável monge indiano levou para a China há 2.000 anos. Foram transformados em destroços um tesouro único, o Cavalo de Jade. Vários anos depois, o rei do Camboja, Norodom Sihanouk, no exílio, pediu permissão às autoridades chinesas para render homenagem ao Templo do Cavalo Branco. Zhou Enlai, primeiro-ministro da China, se vendo em difícil situação, ordenou imediatamente que fossem transportadas para Luoyang, as escrituras beiye do Palácio Imperial em Pequim e as estátuas dos “Dezoito Arhats” do Templo das Nuvens Celestes (Templo Biyun), construídas na dinastia Qing e que estavam no Parque Xiangsha80 que fica nos arredores de 78 A campanha de abandonar os “Quatro Velhos” foi uma campanha de meados dos anos 60, durante a Revolução Cultural. Em agosto de 1966, as Guardas Vermelhas declararam “uma guerra contra o velho mundo” e anunciaram que “acabariam com todas as velhas ideias, a velha cultura, os velhos costumes e os velhos hábitos”. 79 Na linguagem Dai, escritura Beiye se pronuncia “tanlan”. Beiye é uma planta subtropical da família das palmeiras. É uma árvore alta com folhas grossas que demoram a secar e resistem às traças. Na antiguidade, quando o papel ainda não havia sido inventado, os ancestrais Daí gravavam as escrituras nessas folhas. As cartas talhadas nessas folhas são conhecidas como “correspondência beiye”, e as escrituras como “tanlan” (escritura beiye). 80 O Parque Xiangshan fica no centro de Pequim. Construído em 1186, dinastia Jin, se tornou residência de veraneio da família imperial durante as dinastias Ming e Qing. 104/206 Pequim. Por meio de espúria manobra, foi “solucionado um problema diplomático81”. A Revolução Cultural começou em maio de 1966. Na realidade, trataram de “revolucionar” a cultura chinesa de forma destrutiva. Em agosto de 1966, a violência que alimentava a campanha para abandonar os “Quatro Velhos” já havia se alastrado para toda a China. Considerados como objetos do “feudalismo, capitalismo e revisionismo”, templos budistas e taoístas, estátuas de Buda, locais históricos e pitorescos, pergaminhos e escrituras, pinturas - em resumo antiguidades de todos os tipos - se tornaram alvos de destruição para as Guardas Vermelhas. Por exemplo, as mil estátuas coloridas de vidro no topo do Monte da Longevidade, no Palácio de Veraneio de Pequim82, logo depois da campanha de abandonar os “Quatro Velhos”, foram danificadas e nenhuma delas ficou intacta; todas foram depredadas. Isso, que ocorreu na capital, também ocorreu no resto do país. Até os locais mais remotos não escaparam dessa destruição. O Templo Tiantai fica no condado de Daí, província de Shanxi, e foi construído no período Taiyan da dinastia Wei do norte, há 1.600 anos. Ele tinha estátuas e afrescos de inigualável beleza. Embora este templo se localize em região montanhosa de difícil acesso e esteja afastado da sede do referido condado, aqueles que participaram da campanha de abandonar os “Quatro Velhos”, vencendo todos os obstáculos e dificuldades para chegar ao local, fizeram uma minuciosa destruição nas estátuas e nos afrescos existentes ali. O Templo Louguan, onde Lao-Tse pronunciou o Tao Te Ching, há 2.500 anos, fica no condado de Zhouzhi, na província de Shanxi. Numa área num raio de 5 km do local onde Lao-Tse discursou, há mais de 50 locais históricos, entre eles o Templo de Veneração do Sábio (Zongsheng Gong) que o imperador Gaozu Li Yuan83, da dinastia Tang, erigiu em respeito a Lao-Tse há 1.300 anos. Hoje, o Templo Louguan e outros lugares históricos já não existem mais; os monges taoístas tiveram que deixar o local. Segundo os cânones taoístas, uma vez que uma pessoa se torna monge taoista, ela não pode mais se barbear ou cortar o cabelo. Entretanto, hoje, os monges taoístas são obrigados a cortar o cabelo, não podem usar vestes taoístas típicas e devem ser membros dos Comunas do Povo84. Alguns se casaram com filhas de camponeses locais e se tornaram seus “genros”... 81 82 De “Quantas relíquias culturais foram jogadas ao fogo”, de Ding Shu. O Palácio de Veraneio, localizado a 15 km de Pequim, possui o maior e mais bem preservado jardim da China, com mais de 800 anos de historia. 83 O imperador Gaozu, da dinastia Tang, aliás Li Yuan (regeu entre 618-626 d.C.), foi o primeiro soberano da dinastia Tang. 84 Os Comunas do Povo (Renmin Gongshe), de 1958 a 1982, foram o mais elevado dos três níveis administrativos das áreas rurais. Os comunas tinham funções governamentais, políticas e econômicas. Eram as maiores unidades coletivas; foram 105/206 Nos locais sagrados do Taoísmo do monte Laoshan, província de Shandong - os Templos da Paz Suprema, da Claridade Superior, da Claridade Suprema, de Doumu, de Ningzhen, de Guan Di e o convento de Huayan - as estátuas de divindades, vasilhas sagradas, pergaminhos com escrituras budistas, relíquias culturais e lápides de templos, foram destroçados e incendiados. Durante a campanha de abandonar os “Quatro Velhos”, o Templo da Literatura, província de Jilin - um dos quatro famosos Templos de Confucionismo - sofreu danos irreparáveis85. Um modo especial de destruir as religiões. Lênin disse certa vez: “A forma mais fácil de tomar uma fortaleza é de dentro dela”. Sendo filhos e netos de Marx e Lênin, os líderes do PCCh entenderam natural e subjacentemente o que Lênin queria dizer. No sutra Mahaparinirvana do Grande Veículo86, Buda Sakyamuni disse que, depois que ele entrasse no Nirvana, demônios encarnariam como monges e monjas budistas, ou em budistas laicos, para subverterem o Dharma. Como podemos ver, não podemos entender com exatidão a que se referia Sakyamuni. A destruição do Budismo feita pelo PCCh, de fato, se iniciou com a formação de uma “frente unida” que incluía budistas. Inclusive, membros do comunismo se infiltraram clandestinamente no seio da religião budista para subvertê-la de dentro. Em uma reunião de avaliação durante a Revolução Cultural, alguém perguntou a Zhao Puchu (que na época vice-presidente da Associação Budista Chinesa): “Você, como um membro do Partido Comunista, por que acredita no Budismo?”. Buda Sakyamuni alcançou a suprema iluminação através da práticacultivo de “preceitos, meditação e sabedoria”. Assim, antes de seu nirvana, Sakyamuni disse a seus discípulos: “Defendam e cumpram os preceitos. Não os deixem nem os violem”. Também fez uma advertência: “Os Céus, os dragões, os fantasmas e o divino terão repulsa daqueles que violarem os preceitos. Suas reputações perversas serão conhecidas em todos os locais... Quando chegarem ao final da vida, essas pessoas sofrerão no inferno por seu carmas, enfrentarão inevitável condenação. Ao conseguirem sair, continuarão sofrendo em corpos de animais e fantasmas famintos. Elas sofrerão ciclicamente assim, sem alívio, por toda a eternidade87”. posteriormente divididas em brigadas e equipes de produção. Depois de 1982, foram substituídas pelos municípios. 85 De “Quantas relíquias culturais foram jogadas ao fogo”, de Ding Shu. 86 O sutra Mahaparinirvana do Grande Veículo é considerado o último sutra do Grande Veículo de Buda Sakyamuni – palavras do último dia de sua vida terrena. Dizem ser a quintessência de todas as escrituras do Grande Veículo. 87 Taisho Tripitaka Vol. T01, No. 7; Escrituras Mahaparinirvana do Grande Veículo. Tradução não oficial. 106/206 Os monges budistas políticos fizeram ouvidos surdos às advertências de Buda Sakyamuni. Em 1952, o PCCh enviou representantes para a reunião inaugural da Associação Budista Chinesa. Neste encontro, muitos dos budistas presentes propuseram abolir os preceitos budistas. Eles diziam que os preceitos haviam causado a morte de muitos homens e muitas mulheres jovens. Outros inclusive sustentavam que “a pessoa deveria ser liberada para fazer o que quisesse” ou “que os monges deveriam casar, e poderiam beber bebidas alcoólicas e comer carne”. “Ninguém deveria interferir nessas questões”. Nessa época, o Mestre Xuyun, que estava nessa reunião, percebendo que o Budismo corria perigo de extinção na China, se opôs a essas propostas e defendeu a preservação dos preceitos e dos trajes budistas. O Mestre Xuyun foi vítima de infâmias e foi tido como “contra-revolucionário”; ele foi feito recluso num quarto da abadia, sem receber água ou comida. Não permitiam que ele saísse de lá nem sequer para ir ao banheiro. Também lhe foi ordenado que entregasse o ouro, a prata e suas armas de fogo. Quando Xuyun disse que não tinha nenhuma dessas coisas, o golpearam violentamente de tal forma que ele fraturou o crânio e costelas. Xuyun tinha 112 anos. A polícia tirou-o da cama e o jogou no chão. Quando os policiais voltaram no dia seguinte, ao virem que Xuyun ainda estava vivo, voltaram a golpeá-lo de maneira selvagem. A Associação Budista Chinesa, fundada em 1952, e a Associação Taoísta Chinesa, fundada em 1957, declaram em seus estatutos de fundação que se submetem à “liderança do Governo do Povo”. Na realidade, submeteram-se à liderança do ateu PCCh. Ambas as associações disseram que participariam ativamente na construção, produção e no desenvolvimento das políticas do governo. Elas são organizações completamente mundanas. Os budistas e os taoístas que cumpriam os preceitos eram tidos como contra-revolucionários, ou membros de seitas supersticiosas ou sociedades secretas. Sob a bandeira revolucionária de “purificar os budistas e taoístas”, eles foram presos e obrigados a “se reformarem” através de trabalhos forçados, ou até executados. Nem mesmo as religiões do ocidente, como o protestantismo e o catolicismo, não foram poupados. Com base nas estatísticas do livro Como o Partido Comunista Persegue os Cristãos, publicado em 1958, e em dados limitados de outros documentos, ficou revelado que entre os clérigos acusados de “proprietários de terra” ou “tiranos locais”, 8.840 foram assassinados e 39.200 enviados para campos de trabalhos forçados, e que dos acusados de “contrarevolucionários”, 2.450 foram mortos e 24.800 foram enviados para campos de trabalhos forçados88. 88 Traduzido de “Teoria e prática do Partido Comunista chinês para a eliminação da religião”, por Bai Zhi. Website: http://www.dajiyuan.com/gb/3/4/15/n300731.htm (em chinês). 107/206 As religiões permitem que as pessoas possam se cultivar89 no mundo secular. Estas se concentram na “outra margem” (a margem da perfeita iluminação) e “os Céus”. Sakyamuni foi um príncipe indiano. Em sua busca pelo mukti – estado no qual se alcança paz mental, sabedoria, plena iluminação, nirvana90 - ele renunciou a seu trono e foi para um monte se cultivar através de árduo esforço e sofrendo tribulações. Antes de Jesus iniciar sua missão, o diabo o levou para o topo de uma montanha e lhe mostrou todos os reinos do mundo e disse: “Se te inclinares diante de mim e me adorares, eu te darei tudo isso”. Porém Jesus não caiu na tentação. Ao contrário desses exemplos, os monges e pastores “políticos”, que formaram uma “frente unida” com o PCCh, elaboraram uma série de armadilhas e mentiras como: “O Budismo do mundo humano” ou “A religião é a verdade do mesmo modo que o socialismo”. Tais monges não tinham constrangimento em afirmar que “não há contradições entre esta margem e a outra margem (o mundano e o divino)”. Incentivavam budistas e taoístas a buscarem o prazer, a fama, o esplendor, a riqueza, o prestígio social nesta vida; corromperam as doutrinas religiosas e seus significados. O Budismo proíbe matar. O PCCh matou pessoas como moscas durante a sua campanha de “eliminação de contra-revolucionários91”. Os “monges políticos”, por causa disso, elaboraram o argumento de que “matar contra-revolucionários é um ato de misericórdia ainda maior”. Na Guerra de Resistência à Agressão dos Estados Unidos e Ajuda à Coréia92 (19501953), inclusive monges foram enviados para guerrear nas frentes de batalha. Vejamos o caso dos cristãos. Em 1950, Wu Yaozong93 formou a Igreja dos Três Poderes que segue os princípios de auto-administração, auto-sustentação e auto-propagação. Wu afirmava que estariam se libertando do “imperialismo” ao aderirem à Guerra de Resistência à Agressão dos Estados Unidos e Ajuda à Coréia. Um amigo dele passou mais de 20 anos na prisão por se negar a fazer parte da Igreja dos Três Poderes; sofreu todo tipo de torturas e humilhações. Quando esse amigo perguntou a Wu Yaozong: “Como você explica os milagres que Cristo realizou?”, ele respondeu: “Eu os neguei um a um”. 89 N.T.: Os conceitos aqui empregados são mais facilmente entendidos por aqueles que praticam religiões orientais. Cultivar a mente, o caráter moral a espiritualidade. 90 Nirvana, para o Budismo o Hinduismo, é um estado de paz e harmonia livre dos sofrimentos e paixões da existência individual. 91 A Campanha de Eliminação de Contra-revolucionários resultou na morte de 2 milhões de pessoas até 1952 (muitas delas simplesmente por serem religiosas). O número real pode ser muito maior. 92 A “Guerra de Resistência à Agressão dos Estados Unidos e Ajuda à Coréia”, como denominada pelo PCCh, iniciou em 1950. No ocidente é conhecida como Guerra da Coréia. 93 Wu Yaozong (1893-1975) e outros publicaram em 1950 o escrito intitulado “Meios para que a cristandade da China faça sua parte na construção de uma nova China”, também conhecido como “Movimento Patriótico das Três Autonomias”, o qual depois resultou na Igreja dos Três Poderes. 108/206 Não reconhecer os milagres de Jesus equivale a não reconhecer a divindade de Jesus. Como poderia ser cristão alguém que nega a divindade de Jesus ou o fato de ele ter ascendido aos Céus? Entretanto, como fundador da Igreja dos Três Poderes, Wu Yaozong passou a integrar o comitê permanente do Conselho Consultivo de Política. Quando ele ingressou no Grande Saguão do Povo94, ele deve ter esquecido completamente as palavras de Jesus: "Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento" (Mateus 22:37,38) ou “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mateus 22:21). O PCCh confiscou propriedades dos templos, obrigou monges e monjas a estudarem o marxismo-leninismo como lavagem cerebral, e inclusive os colocou em campos de trabalhos forçados. Por exemplo, certa ocasião o PCCh promoveu uma “palestra sobre Budismo” na cidade de Ningbo, província de Zheijang. Mais de 25.000 monges e monjas foram obrigados a irem assistir à palestra. O mais absurdo disso foi que o PCCh encorajava monges e monjas a se casarem; foi um experimento e uma tentativa de desintegrar e acabar com o Budismo. Por exemplo, no dia anterior ao Dia da Mulher (8 de março) de 1951, a Federação das Mulheres da Cidade de Changsha, província de Hunan, ordenou que todas as monjas de todas as províncias se casassem em poucos dias. Além disso, os monges jovens e saudáveis foram obrigados a se alistarem no exército e, logo em seguida, enviados aos campos de batalha para servirem como abastecedores de canhões95. Vários grupos religiosos chineses foram desintegrados como resultado dessa violenta repressão do PCCh. As genuínas hierarquias do Budismo e do Taoísmo foram eliminadas. Daqueles que sobreviveram ou não foram presos, alguns voltaram à vida secular, outros se converteram em membros declarados do PCCh e, vestindo trajes budistas ou taoístas ou de padres, se especializaram em distorcer as Escrituras Budistas, os Cânones Taoístas ou a Bíblia para, assim, tentarem justificar as ações do PCCh. A destruição de relíquias culturais. As relíquias culturais, importantes partes da cultura tradicional chinesa, foram destruídas pelo PCCh. Na campanha abandonar os “Quatro Velhos”, exemplares únicos de livros, manuscritos e pinturas foram para o fogo ou 94 95 O Grande Saguão do Povo, construído em 1959, fica no lado oeste da Plaza Tiananmen. É um lugar de encontro dos membros do Congresso Nacional do Povo da China. Traduzido de “Teoria e Prática do Partido Comunista chinês para a eliminação da religião”, por Bai Zhi. Website: http://www.dajiyuan.com/gb/3/4/15/n300731.htm (em chinês). 109/206 se converteram em lixo. Zhang Bojun96 tinha uma coleção familiar de mais de 10.000 preciosos livros. Líderes das Guardas Vermelhas usaram considerável parte desses livros para fazerem fogo para se aquecerem; o que restou foi enviado para fábricas de papel (para reciclagem). Especialista em restauração de gravuras e manuscritos, Hong Qiusheng era um senhor idoso conhecido como “doutor milagre” por sua competência naquilo que fazia. Ele tinha restaurado grande quantidade de obras-primas, como a pintura da paisagem Canção do Imperador Song Huizong97, a pintura de bambu de Su Dongpo98, e as obras de Wen Zhengming49 e Tang Bohu99. A maioria das centenas de manuscritos e pinturas restauradas durante décadas por Hong se tornou um acervo cultural de primeira classe. Todas essas obras que Hong não poupou esforços para restaurar e que faziam parte de sua coleção pessoal caíram na categoria dos “Quatro Velhos” e foram parar no fogo. Depois disso, Hong disse com lágrimas nos olhos: “Cerca de 50 quilos de manuscritos e pinturas. Levou tempo para queimar tudo aquilo100!”. Questões mundanas do que é antigo ou novo vêm e vão, Rios e montanhas são perenes em suas glórias, Nossas gerações sempre poderão observá-los101... Se o povo chinês se lembrasse um pouco de sua história, provavelmente iria sentir algo diferente ao ler este poema de Meng Haoran. Locais históricos em famosas montanhas e rios foram destruídos e sumiram após a passagem do furacão “Quatro Velhos”. Não só o Pavilhão da Orquídea que inspirou Wang Xizhi102 a escrever seu famoso “Prólogo da Coleção de Poemas Compostos no Pavilhão das Orquídeas103” - foi destruído como também seu mausoléu. A antiga residência de Wu Cheng’en104, província Jiangsu, virou escombros; a antiga morada de Wu Jing105, província de 96 Zhang Bojun (1895-1969) foi um dos fundadores do partido “Liga Democrática Chinesa”. Foi considerado por Mao Tsé-tung o direitista “número um” da China. 97 De Wen Zhengming (1470-1559 d.C.), pintor chinês da dinastia Ming. 98 Su Dongpo (1036-1101 d.C.), famoso poeta e escritor chinês da dinastia Song. Um dos “oito grandes mestres da prosa das dinastias Tang e Song”. 99 Tang Bohu (1470-1523), renomado erudito, pintor e poeta chinês da dinastia Ming. 100 De “Quantas relíquias culturais foram jogadas ao fogo”, de Ding Shu. 101 De um poema de Meng Haoran (689-740 d.C.), famoso poeta da dinastia Tang. 102 Wang Xizhi (321-379 d.C.), o calígrafo mais famoso da historia; dinastia Tang. 103 O prólogo original Lan Ting, que, segundo se afirma, foi escrito por Wang Xi Zhi no auge de sua carreira (aos 51 anos, em 353 d.C.), é universalmente conhecido como a peça mais importante da historia da caligrafia china. 104 Wu Cheng’en (1506-1582 d.C.), novelista e poeta chinês da dinastia Ming, autor de Jornada ao Oeste, uma das quatro novelas mais famosas de China. 105 Wu Jingzi (1701-1754 d.C.), elegante escritor da dinastia Qing, autor de Os Eruditos (Rulin Waishi, também conhecido como Historia não oficial dos Eruditos). 110/206 Anhui, virou ruína; a placa de pedra onde Su Dongpo entalhou seu poema foi destruída pelos “jovens revolucionários“ (guarda vermelha) que danificaram totalmente os ideogramas gravados nelas. A essência da cultura chinesa foi acumulada e passada ao longo de milênios. Uma vez destruída, é impossível recuperá-la. O bárbaro PCCh, sem pudor ou sentimento de culpa, se encarregou de destruí-la em nome da “revolução”. Quando lamentamos pelo Antigo Palácio de Veraneio conhecido como o “palácio dos palácios” – destruído e reduzido a escombros pelas forças aliadas anglo-francesas; quando lamentamos pela monumental Enciclopédia Yongle106 destruída na luta contra os invasores, Como poderíamos prever que a destruição causada pelo PCCh seria ainda muito maior, mais duradoura e mais profunda que aquela das forças invasoras? A destruição das crenças espirituais. Além de destruir as manifestações tangíveis da cultura e religiosidade, o PCCh usou toda a sua capacidade destrutiva para apagar a identidade espiritual do povo, estabelecida por meio da fé e cultura. Pegue por exemplo o tratamento dado pelo PCCh às crenças étnicas. O PCCh enquadrou as tradições do grupo muçulmano Hui dentro dos “Quatro Velhos”: pensamento, cultura, tradição e hábitos antigos. Sendo assim, obrigou os mulçumanos Hui a comerem carne de porco, algo tradicionalmente proibido. Os camponeses mulçumanos e suas mesquitas eram obrigados a criarem porcos, e cada casa era obrigada a entregar à nação dois porcos por ano. As Guardas Vermelhas inclusive obrigaram o segundo na hierarquia dos “budas vivos” tibetanos, lama Panchen, a comer excremento humano. Eles obrigaram três monges do Templo da Felicidade, na cidade de Harbin, província de Heilongjiang – o maior templo budista construído na atualidade (1921) – que andassem carregando um cartaz com os seguintes dizeres: “Para o inferno com as escrituras budistas; são todas um lixo”. Em 1971, Lin Biao, vice-presidente do Comitê Central do PCCh, tentou fugir da China, mas foi morto quando o avião que fugia caiu na cidade de Undur-Han, Mongólia. Mais tarde, na casa de Biao, em Maojiawan, Pequim, foram achadas citações de Confúcio. O PCCh iniciou então uma campanha desesperada para “falar mal de Confúcio”. Um escritor com o pseudônimo de Lian Xiao publicou um artigo na revista Bandeira Vermelha, com a insígnia do PCCh, intitulado “Quem é Confúcio?”. O artigo mostrava Confúcio como “um louco que queria atrasar a história” e 106 A Enciclopédia Yongle ou Yongle Dadian foi autorizada pelo imperador chinês Yongle, da dinastia Ming, en 1403. É considerada como a primeira e mais completa das enciclopédias. Dois mil eruditos trabalharam na sua realização sobre 8.000 textos que datam da antiguidade ata o começo da dinastia Ming. A Enciclopédia, terminada en 1408, era composta de mais de 22.000 volumes manuscritos que ocupavam 40 metros cúbicos de espaço. Hoje, só foi possível recuperar 800 volumes, o resto foi destruído ou perdido. 111/206 “um astuto demagogo e enganador”. Logo se seguiram canções e caricaturas desmoralizando Confúcio. Desta forma, a dignidade e o sentimento sagrado de religião e cultura foram minados e eliminados. A interminável destruição. Na antiguidade chinesa, o governo central só ia até o nível de condado; abaixo deste nível se mantinha a autonomia dos clãs patriarcais. Ao longo da história da China, ações violentas como “a queima de livros e o enterro de estudiosos vivos de Confúcio” - feita pelo imperador Qin Shi Huang107 na dinastia Qin (221-207 a.C.) - ou como as quatro campanhas para eliminar o Budismo entre os séculos V e X - “Tres Wu e Um Zong” – eram impostas de cima para baixo e, portanto, não chegavam realmente até as bases. Desta forma, não tinham o poder de erradicar culturas. As ideias e os clássicos de Confúcio e do Budismo sobreviviam em vastos setores da sociedade. Diferentemente, a campanha abandonar os “Quatro Velhos”, levada adiante por estudantes jovens incitados pelos PCCh, foi um movimento de base e de alcance nacional. O PCCh conseguiu chegar a cada povoado por meio de suas agências locais e de forma que seu movimento “revolucionário” se propagasse sem freios e alcançasse a todas as pessoas em todos os lugares do território chinês. Nunca antes na história do país um imperador pode erradicar da mente das pessoas aquilo que elas consideravam belo ou sagrado. O PCCh conseguiu fazê-lo mediante propaganda difamante, enganosa e desrespeitosa, somada ao uso de violência. A eliminação de crenças resulta mais eficaz e duradoura do que somente a destruição de seus aspectos materiais tangíveis. A reforma dos intelectuais. Os ideogramas chineses incorporam a essência de 5.000 anos de civilização. A forma e a pronúncia de cada ideograma, assim como seu conteúdo expresso e as alusões literárias que permitem suas combinações, comunicam profundos significados culturais. O PCCh não somente simplificou os ideogramas chineses como também tentou substituí-los pelos formatos romanos, fato que eliminaria todo vestígio de tradição cultural permitido pelos ideogramas e pela língua chinesa. Porém, tal plano falhou, e isto evitou dano ainda maior à identidade cultural 107 O imperador Qin Shi Huang (259-210 a.C.), aliás Ying Zheng, foi o primeiro imperador na história da China unificada. Unificou os códigos legais, a linguagem escrita, a moeda, os pesos e medidas, e ordenou a construção da Grande Muralha. Tais medidas exerceram profunda influência na história e cultura de China. Ordenou a queima de livros de várias escolas de pensamento, entre as quais estavam os confucianos e os taoístas, e enterrou vivos 460 eruditos confucianos. Estes eventos foram conhecidos na história como “a queima de livros e o enterro de estudiosos confucianos”. Construiu um grande mausoléu para sua própria glorificação. O Exército de Terracota da Tumba do imperador Qin é considerado “a oitava maravilha do mundo”. 112/206 chinesa. Entretanto, os intelectuais chineses, herdeiros da antiga tradição chinesa, não tiveram a sorte de escapar da eliminação. Até 1949, a China tinha cerca de dois milhões de intelectuais. Embora alguns tivessem estudado em países ocidentais, estavam igualmente familiarizados com as ideias de Confúcio. O PCCh não poderia deixar de controlá-los já que, como membros da classe “aristocrática e intelectual”, a forma de pensar deles desempenhava importante fator na formação do pensamento do povo. Em setembro de 1951, o PCCh iniciou um movimento de grande escala para “reformar o pensamento”, que começou sobre os intelectuais da Universidade de Pekin, e que propunha a “organização de um movimento para que todos os docentes universitários, secundários e primários, e alunos, falassem com toda a honestidade sobre suas vidas”. A finalidade era “limpar qualquer traço contra-revolucionário108”. Mao Tsé-tung nunca gostou de intelectuais. Dizia que “eles deveriam saber que muitos dos intelectuais são, em termos relativos, bastante ignorantes. Muitas vezes os trabalhadores e camponeses sabem muito mais do que eles109”. “Comparados com trabalhadores e camponeses, os intelectuais não reformados não são limpos. Em última análise, trabalhadores e camponeses são pessoas mais limpas do que os intelectuais ainda que tenham as mãos sujas e os pés cheios de esterco de vaca110”. A perseguição do PCCh aos intelectuais começou com várias formas de acusações, desde críticas a Wu Xun, em 1951, na qual se afirmava que ele “dirigia escolas com dinheiro mendigado111”, até o ataque pessoal de Mao Tsé-tung, em 1955, ao escritor Hu Feng112, acusando-o de contra-revolucionário. No princípio, os intelectuais não foram considerados uma classe reacionária, porém, em 1957, depois que vários grupos religiosos importantes finalmente se submeteram ao movimento da “frente unida”, o PCCh pode ser capaz de concentrar sua energia nos intelectuais. Assim, lançou o movimento “antidireitista”. No final de fevereiro de 1957, o PCCh, chamou os intelectuais para darem suas sugestões e críticas ao Partido, dizendo que “brotem cem flores e debatam cem escolas de pensamento”. O PCCh prometeu que não haveria represálias pelas sugestões e críticas dadas. Os intelectuais estavam insatisfeitos com a forma com que o PCCh, leigo em vários assuntos, controlava todos os campos da sociedade, bem como com os assassinatos 108 Dos escritos de Mao Tsé-tung 1949-1976 (Vol. 2). De “Retificar o estilo de trabalho do Partido”, por Mao (1942). 110 Do “Discurso no Fórum de Yan’an sobre Arte e Literatura”, por Mao. (1942). 111 Wu Xun (1838-1896 d.C.), originalmente chamado de Wu Qi, nasceu em Tangyi, Shandong. Tendo perdido seu pai cedo, teve que mendigar para poder dar de comer à sua mãe, passando assim a ser conhecido como “o mendigo de devoção filial”. Após a morte de sua mãe, mendigar se converteu em sua única forma de subsistência Dirigia escolas gratuitas com o dinheiro que ganhou na mendicância. 112 Hu Feng (1902-1985), erudito e crítico literário, foi um opositor da política de literatura doutrinária do PCCh. Ele foi expulso do partido em 1955 e sentenciado a 14 anos de prisão. 109 113/206 de inocentes na campanha feita pelo PCCh, em 1955 e 1957, para “eliminar os contra-revolucionários”. Os intelectuais pensaram que o PCCh finalmente havia se tornado aberto e tolerante. Assim, eles começaram a expressar seus verdadeiros sentimentos; as críticas se tornaram cada vez mais intensas. Muitos anos depois ainda há pessoas que acham que Mao Tsé-tung somente ordenou o ataque aos intelectuais quando críticas duras fizeram com que ele perdesse a paciência. A verdade, entretanto, é bem diferente. Em maio de 1957, Mao Tsé-tung escreveu um artigo intitulado “A situação está começando a mudar” e o divulgou entre os altos líderes do Partido. O artigo dizia: “Nos últimos dias, os direitistas... vêm demonstrando determinação e fervor únicos... Os direitistas são anticomunistas, tentam desesperadamente provocar um grande furação que arrase a China... estão fortemente inclinados a acabar com o Partido Comunista113”. Depois desta declaração, os líderes do PCCh que estavam indiferentes à campanha para “brotem cem flores e debatam cem escolas de pensamento”, de pronto se interessaram e se alarmaram com a suposta “gravidade” da situação. A filha de Zhang Bojun em suas memórias, intitulada O passado não desaparece como fumaça, conta: Li Weihan, ministro do Departamento de Trabalho da Frente Unida, chamou pessoalmente a Zhang Bojun (um intelectual) para que ele, em uma reunião, opinasse sobre o PCCh. Zhang foi colocado na primeira fileira. Zhang, sem suspeitar que se tratava de uma armadilha, expressou suas críticas ao PCCh. Durante o encontro, “Li Weihan se mostrava tranquilo. Zhang pensou que Li estivesse concordando com suas palavras. Não sabia que, na realidade, Li estava contente porque Zhang havia caído em sua armadilha”. Depois dessa reunião, Zhang foi qualificado como o direitista número um da China. Podemos citar uma série de datas, em 1957, de discursos de intelectuais com críticas ou sugestões. 21 de maio: “Definição de Modelo Político”, por Zhang Bojun; 22 de maio: “Perspectivas anti-soviéticas absurdas”, por Long Yun; 22 de maio: “Comitê de Reparação”, por Luo Longji; 30 de maio: “Crítica ao socialismo feudal do PCCh”, por Lin Xiling na Universidade de Pequin; 31 de maio: “O PCCh deveria parar de tentar controlar as artes”, por Wu Zuguang; e, em 1 de junho, “O PCCh quer controlar tudo”, por Chu Camping. Todas essas propostas e discursos em repostas aos convites do PCCh, aconteceram depois que Mao Tsé-tung já havia afiado sua faca de carniceiro. Como era de se esperar, todos esses intelectuais foram rotulados de direitistas. De uma hora para outra, havia mais de 55.000 “direitistas” em todo o país. Segundo a tradição chinesa, “um erudito jamais deve morrer de forma humilhante”. Mas o PCCh negava aos intelectuais o direito de subsistência 113 De “Trabalhos Selecionados de Mao Tsé-tung” (Vol. 5), “A situação está começando a mudar” (1957). 114/206 e inclusive incriminava suas famílias se eles não aceitassem as humilhações. Diante disto, muitos se renderam. Durante esta fase, alguns denunciavam seus colegas para se salvarem, algo que causou grande tristeza na população. Aqueles que não se submetiam às humilhações eram mortos para aterrorizar aos demais. Assim, a “classe erudita”, os intelectuais, um dos pilares da moral social, foi apagada das tradições. Mao Tsé-tung disse: “Do que poderia se vangloriar o imperador Qin Shi Huang? Ele matou apenas 460 estudiosos de Confúcio, mas nós matamos 46.000 intelectuais. Quando matamos contra-revolucionários acaso não estamos matando intelectuais? Eu digo aos defensores da democracia, que nos acusam de agir como o imperador Qin Shi Huang, que eles estão errados: nós fizemos cem vezes pior que o imperador Qin114”. De fato, Mao fez pior do que matar intelectuais. Destruiu suas mentes e seus espíritos. Manter a fachada da tradição cultural, mas mudando seu conteúdo para dar a aparência de cultura. Depois que o PCCh iniciou a reforma econômica e uma política de abertura, ele reformou muitas igrejas e templos budistas e taoístas. Também organizou algumas exposições de templos e apresentações culturais, tanto dentro como fora da China. Este foi o último passo do PCCh para acabar totalmente com a cultura tradicional. O PCCh tem duas intenções ao fazer isso. De um lado, a bondade inerente à natureza humana, a qual o PCCh não consegue erradicar de maneira alguma, poderia colocar em risco a “cultura do Partido”. Por outro lado, o PCCh pretende utilizar a cultura tradicional como fachada para ocultar sua perversa natureza cheia de “falsidade, maldade e violência”. A essência de uma cultura reside no seu sentido moral, enquanto que suas formas superficiais só servem ao entretenimento. O PCCh apenas recuperou os elementos culturais superficiais que entretém, para encobrir seu real propósito de erradicar por completo a moral existente na cultura tradicional. Não importa quantas mais exposições de artes e caligrafia o PCCh possa organizar nem quantas apresentações de dança de leões e dragões o PCCh possa encenar, nem quantos festivais de comida da sorte possa oferecer nem quantas edificações com arquitetura clássica possa construir: o PCCh só restaurou a fachada da cultura tradicional, não sua essência. O PCCh segue promovendo exibições e espetáculos culturais, tanto dentro como fora da China, com o único propósito de se manter no poder. Mais uma vez, os templos servem como exemplo. Os templos foram feitos com o propósito maior de oferecer um lugar para que as pessoas possam 114 Qian Bocheng, “Cultura Oriental”, quarta edição, 2000 - China. 115/206 cultivar a espiritualidade - venerar o Buda, ouvir o som dos sinos pela manhã, o som dos tambores ao anoitecer. As pessoas da sociedade secular também usam os templos para se confessarem e venerarem o Divino nos templos. A cultivação requer um coração puro, um coração que não busca nada. A confissão e a veneração também exigem um ambiente especial e solene. Entretanto, os templos se converteram em lugares turísticos com fins lucrativos. Das pessoas que visitam a China hoje em dia, quantas delas vieram com a intenção de se melhorarem como pessoas, com um coração de respeito e sinceridade, e banhadas e trajando roupas respeitosas? Restaurar a fachada e aniquilar o sentido interior da cultura tradicional é a tática do PCCh para confundir o povo. Seja o Budismo ou outras religiões ou expressões culturais, a intenção do PCCh é degradá-las por meio dessa tática. III. A “Cultura do Partido” Enquanto destrói silenciosamente a semi-divina cultura tradicional chinesa, o PCCh impõe a “cultura do Partido” através de constantes movimentos políticos. A cultura do Partido transformou a geração mais velha, envenenou aos mais jovens e repercute nas crianças. Sua influência é por demais profunda e ampla. Ainda que muitas pessoas tentem expor o maléfico PCCh, não podem fazer isto sem adotar tanto a forma de julgar o bem e o mal com o vocabulário imposto pelo PCCh, e que carregam inevitavelmente a marca da cultura do Partido. A cultura do Partido não somente herdou a essência maldosa da recente e estrangeira cultura marxista-leninista, como também combinou habilmente os elementos negativos da milenar cultura chinesa com a ideologia de luta e de revolução violenta que está por detrás da propaganda do Partido. Entre os elementos negativos que o PCCh incluiu em sua cultura estão: a disputa pelo poder dentro da família imperial, a formação de grupos para defender seus interesses, uso de manobras políticas desleais e táticas desonestas, e a conspiração. Durante a luta pela sua sobrevivência nas últimas décadas, o PCCh nutriu, exercitou e fortaleceu seus traços: “ser falso, mau e violento”. O poder despótico e ditatorial constitui a essência da cultura do Partido. Uma cultura que serve o Partido em sua luta política e de classe. Podemos entender como é formada a cultura do Partido, cheia de terror e despotismo, através de 4 aspectos: O aspecto da dominação e controle. a) A cultura de isolamento A cultura do Partido Comunista é um isolado monopólio no qual não existe a liberdade de pensamento, expressão, associação e credo. O mecanismo partidário de dominação é similar a um sistema hidráulico, que se baseia na alta pressão sobre o fluído confinado para poder funcionar. Uma pequena fenda pode comprometer todo o sistema. Por exemplo, o PCCh se negou a dialogar com os estudantes durante o movimento de Quatro 116/206 de Junho de 1989115 com medo que essa fenda se alastrasse para o resto da sociedade; com medo que trabalhadores, camponeses, intelectuais e militares também pedissem diálogo. Como consequência, a China poderia estar indo em direção à democracia e, assim, a ditadura de um único partido estaria em risco. Desta forma, o PCCh preferiu matar a dialogar. Hoje, o PCCh emprega dezenas de milhares de ciber-policiais para monitorar a Internet e assim bloquear diretamente o acesso aos websites que são do seu desagrado. b) A cultura do terror Durante os últimos 55 anos, o PCCh usa o terror para anular a mente do povo chinês. Ele tem empunhado seu chicote e facão de carniceiro – as pessoas nunca sabem quando o terror virá sobre elas – para assim forçar o povo a resignar-se. Pessoas, sob o medo constante, se tornam obedientes. Os defensores da democracia, os pensadores independentes, os membros de grupos espirituais e próprios céticos dentro do Partido se tornaram alvos da violência do Partido; uma forma de advertência ao resto do povo. O PCCh quer cortar pela raiz qualquer tipo de oposição. c) A cultura da rede de controle O controle do PCCh sobre a sociedade engloba tudo. Existe um sistema de registro de moradores, um comitê de bairro e uma estrutura com vários níveis de camadas de comitês partidários. “As sucursais do Partido estão no seio de cada unidade militar.” “Até o menor dos povoados tem sua própria sucursal do Partido.” Os membros do Partido e da Liga Juvenil têm funções específicas. O PCCh também criou uma série de lemas convenientes. Alguns exemplos: “Cuide da sua própria casa, vigie o seu pessoal”, “Evite as manifestações populares”, “Cumpra firmemente suas obrigações, garanta que elas sejam cumpridas e que você as cumpra com responsabilidade. Cumpra sempre os regulamentos e as normas. Esteja atento às medidas de controle e prevenção.”, “A Oficina 610116 criará um comitê de vigilância para inspecionar, em intervalos regulares, as atividades de cada região e unidade de trabalho”. d) A cultura de incriminação O PCCh esquece por completo os princípios que regem as sociedades modernas e promove a política incriminatória. Utiliza seu poder absoluto para punir os familiares daqueles que estão incluídos na categoria de 115 O movimento de Quatro de Junho foi iniciado por estudantes universitários que, entre 15/04 e 4/06 de 1989, fizeram manifestações pedindo por reformas democráticas na China. O Exército de Libertação do Povo reprimiu o protesto, fato conhecido internacionalmente como o Massacre da Praça Tiananmen. 116 A “Oficina 610” é uma agência criada especificamente para perseguir a Falun Gong; possui poder absoluto sobre todos os níveis administrativos do Partido e também sobre os níveis políticos e judiciais. 117/206 “proprietários de terra, camponeses ricos, reacionários, maus elementos e direitistas”. O PCCh até propôs a teoria da “origem das classes117”. Hoje, o PCCh “imporá a seus líderes principais a responsabilidade de tomar medidas que impeçam a ida de praticante de Falun Gong a Pequim para fazer manifestações. Quem falhar será dura e publicamente repreendido. Para casos graves serão tomadas medidas disciplinares... Se uma pessoa praticar Falun Gong todos os seus familiares perderão seus empregos... Se uma empresa empregar alguém que pratica Falun Gong, todos os demais empregados da empresa perderão suas bonificações”. O PCCh criou medidas discriminatórias que definem crianças como “seres que podem ser educados e transformados”, e outra que fala das “cinco classes pretas” (proprietários de terra, camponeses ricos, reacionários, mais elementos e direitistas). O PCCh fomenta o compromisso com o Partido e coloca o “cumprimento da lei acima da lealdade familiar”. O PCCh estabeleceu seu sistema – como os arquivos pessoais e organizacionais e a recolocação temporária – para assegurar e levar adiante as suas políticas. As pessoas são incentivadas a acusar e incriminar os outros, e são recompensadas por contribuírem com o Partido. O aspecto da propaganda. a) A cultura da voz única Durante a Revolução Cultural, o PCCh saturou a China de lemas e slogans como: “Instruções supremas”, “Uma frase (de Mao) pesa mais do que 10.000 sentenças; e cada uma delas é a pura verdade”. Os meios de comunicação eram incentivados a cantar louvores ao Partido e ser seu porta-voz. Quando necessário, pessoas de todos os estratos do Partido – funcionários, militares, líderes dos trabalhadores, líderes de associações de jovens e associações femininas – vinham expressar seu apoio público à causa comunista. Todos eram obrigados a passar por esta prova. b) A cultura de fomentar a violência Mao Tsé-tung disse certa vez: “Com 800 milhões de pessoas, como o país poderia funcionar se não através da luta?”. Na perseguição a Falun Gong, Jiang Zemin disse: “Ninguém que mate ou espanque um praticante de Falun Gong será punido”. O PCCh defendia a “guerra total”, e sua visão de que “a bomba atômica é apenas um tigre de papel… e mesmo que morra metade da população, a metade restante reconstruiria nossa terra das ruínas”. c) A cultura de incitar o ódio Tornou-se política central do país “não esquecer o sofrimento das classes (pobres) e manter, sob lágrimas e sangue, o inimigo firme na memória”. A crueldade para com as classes inimigas é elogiada como virtude. O PCCh 117 A teoria da “origem das classes” (ou “linhagem de sangue”, ou “linha genealógica”) afirma que a natureza de uma pessoa é determinada pela classe da família na qual ela nasce. 118/206 ensinava: “agarre-se ao próprio ódio, mastigue-o e o engula para que assim ele possa brotar dentro do coração118”. d) A cultura de enganar e mentir Continuando com os exemplos de mentiras do PCCh. “O rendimento por mu (±0,17 acre) superará os 10.000 jins”, (no Grande Salto Avante 1958). “Não se matou uma só pessoa na Praça Tiananmen” - depois do massacre de Quatro de Junho de 1989. “Controlamos o vírus do SRAS (síndrome respiratória aguda)”, em 2003. “Na atualidade se vive o melhor momento dos direitos humanos na China.” E os “Três Representantes”. e) A cultura de lavagem cerebral Continuando, alguns dos lemas usados pelo PCCh para fazer lavagem cerebral no povo: “Não existiria a China moderna sem o Partido Comunista”. “O PCCh é o centro impulsionador da nossa causa, e a base teórica de nosso pensamento é o marxismo-leninismo119”. “Deve-se manter um alinhamento máximo com o Comitê Central do Partido”. “Cumpra as ordens do PCCh se as entender. Se não as entender, cumpra igualmente; a compreensão chegará para você durante o cumprimento das ordens”. f) A cultura da adulação “Os Céus e a Terra são grandes, mas ainda maior é a bondade do Partido”; “Tudo aquilo que nós conseguimos, nós devemos ao Partido”; “Tenho o Partido como uma mãe”; “Daria minha própria vida para salvar o Comitê Central do Partido”; “Um Partido grande, glorioso e justo”; “Um Partido invencível”, e assim por diante. g) A cultura da dissimulação O Partido estabelece modelos e exemplos incessantemente. Assim, lançou as campanhas “progresso socialista ético e ideológico” e “educação ideológica”. No final, eles continuam fazendo exatamente as mesmas coisas que faziam antes dessas campanhas. Todos os discursos públicos, as sessões de estudo e a troca de experiências se converteram em mero “mostruário de seriedade”, e os valores morais da sociedade sofreram um retrocesso muito significativo. O aspecto da dominação e controle. a) A cultura da inveja O Partido fomenta o “igualitarismo absoluto” para que “todo aquele que se destaque se torne em alvo de ataques”. As pessoas sentem inveja 118 Da canção da ópera moderna “Lenda da lanterna vermelha”, uma obra de teatro, tida como modelo, representada durante a Revolução Cultural (1966-1976). 119 Discurso de abertura da Primeira Sessão do 1º Congresso Nacional do Povo da República Popular da China (15 de setembro de 1954). 119/206 daquelas que são mais capazes ou têm mais saúde: a assim chamada “síndrome do olho vermelho120”. b) A cultura de pisar no outro O PCCh estimula “a luta cara a cara e a delação”. Denunciar companheiros, fabricar provas para incriminá-los, inventar fatos e exagerar seus erros, são algumas das condutas erradas usadas para medir a lealdade ao Partido e o desejo pessoal de progredir. Influências sutis na atitude e no comportamento das pessoas. a) A cultura de transformar seres humanos em máquinas O Partido quer que as pessoas se transformem em “parafuso inoxidáveis da máquina da revolução”, em “ferramentas domesticadas do Partido”, ou que “ataquem na direção indicada pelo Partido”. “Os soldados do líder Mao escutam o Partido antes de tudo, e vão onde for preciso e onde houver dificuldades a superar”. b) A cultura de confundir o bem e o mal Durante a Revolução Cultural o PCCh “prefere a semente do socialismo que a colheita do capitalismo”. O exército cumpriu ordens no massacre de Quatro de Junho “em troca de mais 20 anos de estabilidade”. Ainda, o PCCh “fez aos outros aquilo que não queria que fizessem a vocês”. c) A cultura de lavagem cerebral e de obediência incondicional “Os soldados rasos seguem as ordens dos oficiais e todo o Partido obedece ao Comitê Central”. “Se deve lutar sem trégua para erradicar todo pensamento egoísta que passe pela mente”; “Leve a revolução para o mais profundo da alma.” “Mantenha ao máximo alinhamento com o Comitê Central do Partido.” “Unam as mentes, unam os passos, unam as ordens e unam os poderes”. d) A cultura de assegurar a posição de lacaio “A China seria um caos sem o Partido Comunista”; “A China é tão grande! Quem mais poderia liderá-la a não ser o PCCh”; “Se a China fracassar, será um desastre mundial; por isso temos que colaborar com o governo do PCCh.” Devido ao medo e um sentido de auto-preservação, os grupos oprimidos pelo PCCh frequentemente parecem mais de esquerda que o próprio Partido. Há muitos exemplos neste sentido. O leitor talvez encontre vários elementos da cultura do Partido em sua experiência pessoal. As pessoas que viveram a Revolução Cultural ainda se recordam da “Peça Modelo das óperas modernas”, das canções com letras de Mao e da Dança da Lealdade. Muitos talvez se recordem dos diálogos da Menina do Cabelo 120 “Síndrome do olho vermelho” é uma expressão popular na China para expressar a situação em que alguém se sente inferiorizado ou incomodado ao ver que outra pessoa é melhor em algo, e acreditar que ela é quem mereceria estar em melhor situação e não a outra pessoa. 120/206 Branco121, Combate do Túnel122 e Guerra das Minas123. Mediante estas obras, o PCCh fez uma lavagem cerebral e preencheu a mente das pessoas com mensagens do tipo: “que glorioso e grandioso é o PCCh”; como o PCCh lutou contra os inimigos de forma “engenhosa e valente”; como os soldados do Partido são “incrivelmente devotos do Partido”, como estavam dispostos a se sacrificarem pelo Partido, e como eram estúpidos e malvados os inimigos. Dia após dia, a máquina de propaganda do PCCh injetava em cada indivíduo as crenças que o Partido precisava. Hoje, se uma pessoa presenciasse uma representação de o “Poema épico” da comédia musical “O oriente é vermelho”, ele perceberia que o espetáculo todo é só “morte, morte e mais morte”. Ao mesmo tempo, o PCCh criou seu próprio sistema de comunicação e estilo de discursar, como: a linguagem ofensiva nas críticas de massa, as canções para adular o Partido, as banais formalidades oficiais como “ensaio de oito partes124”. O povo é levado a falar sem refletir sobre modelos de pensamento que fomentam “a luta de classe” e “os elogios ao Partido”, e a usar uma linguagem tirânica ao invés de argumentação com calma e racionalidade. O PCCh faz uso abusivo do vocabulário religioso, mas distorcendo seus significados. Um passo adiante da verdade esta a falácia. A cultura do Partido também abusa da moralidade tradicional. Por exemplo, a cultura tradicional valoriza a “fidelidade” como também o faz o Partido Comunista. Entretanto, o que ele entende por fidelidade é a “fidelidade e honestidade para com o Partido”. A cultura tradicional valoriza a “devoção filial”. O PCCh pode prender uma pessoa se ela não provê sustento para seus pais, porém, não por razões humanitárias, mas sim porque os pais se tornariam um “peso” para o governo. Quando interessa ao PCCh, ele separa os filhos de seus pais. A cultura tradicional valoriza a “lealdade” na qual, entretanto, o “povo vem em primeiro lugar, depois a nação e por último o governante”. A “lealdade” imposta pelo PCCh é a “devoção cega”, tão 121 Na lenda popular, A Menina de Cabelo Branco é um ser imortal que vive em uma caverna e tem poderes sobrenaturais para recompensar o bem e castigar o mal, apoiar os justos e combater o mal. Entretanto, durante a Revolução Cultural, a Menina é caracterizada como uma pessoa obrigada a fugir e se refugiar em uma caverna logo depois que seu pai é morto por se recusar a se casar com a filha de um velho proprietário de terra. Seu cabelo fica branco por falta de alimentação. A peça passou a ser um dos mais conhecidos dramas “modernos” da China e foi usada para incitar o ódio de classe contra os proprietários de terra. 122 O combate do túnel (Didao Zhan), um filme em branco e preto de 1965 pelo qual o PCCh mostra que, na China central durante os anos 40, os guerrilheiros do Partido expulsaram os invasores japoneses através do uso de túneis. 123 Guerra de minas (Dilei Zhan), um filme em branco e preto de 1962 no qual o PCCh mostra que os guerrilheiros do Partido combateram na província de Hebei, durante os anos 40, com minas de fabricação caseira para expulsar o invasor japonês. 124 O ensaio de oito partes é uma composição literária incluída nos exames para o serviço imperial. É conhecida pela sua rigidez e pobreza de ideias. 121/206 cega que exige que a pessoa acredite incondicionalmente no Partido e o obedeça sem questionamentos. O vocabulário comumente usado pelo PCCh leva ao engodo. Por exemplo, o PCCh chama a guerra civil entre o Kuomintang e os comunistas de “Guerra de Libertação”, como se ela tivesse libertado o povo da opressão. O PCCh chama o período após 1949 de “período posterior à fundação da nação”, quando, na realidade, a China já existia muito antes e o PCCh simplesmente estabeleceu um novo regime político. Os três anos da Grande Fome125 são chamados de os “três anos de calamidades naturais”, quando não se tratou de um desastre natural e sim de uma calamidade completamente gerada pelo homem. Entretanto, ao ouvir tais frases diariamente, subliminarmente, o povo acaba aceitando de modo inconsciente a ideologia do PCCh. Na cultura tradicional, a música não visa estimular os desejos humanos. O Livro de Song (Yue Shu), volume 24 dos Registros do historiador (Shi Ji), Sima Qian (145-85 a.C.)126, diz que a natureza do homem é pacífica e que suas percepções são afetadas pelas sensações externas e desperta o sentimento de amor ou ódio segundo o caráter e a sabedoria de cada um. Se tais sentimentos não são controlados, o ser humano será seduzido pelas infinitas tentações mundanas e será controlado por esses sentimentos que o levarão a cometer inúmeros atos errados. Assim, diz Sima Qian, os imperadores do passado usavam os rituais e a música para conter o povo. As canções tinham que ser “alegres, porém não obscenas; tristes, porém não perturbadoras”. Deveriam expressar sentimentos e desejos, porém permitirem um controle sobre as emoções. Confúcio disse nos Anacletos: “Os trezentos versos do Louvor das Odes (um dos seis clássicos compilados e editados por Confúcio) podem ser resumidos a uma só frase: Não pense o mal”. O PCCh, entretanto, usa algo tão belo como a música como método para lavar o cérebro do povo. Do jardim da infância à universidade, o povo tem que entoar canções como “O socialismo é bom”, “Não haveria uma China moderna sem o Partido Comunista”, e muitas outras do tipo. Ao cantarem tais canções, as pessoas aceitam inconscientemente o conteúdo das letras. E, o que é pior, o PCCh rouba as melodias das mais belas canções populares e substitui suas letras originais por outras do Partido. Isto não somente para destruir a cultura tradicional como também para promover o Partido. 125 A Grande Fome chinesa, 1959-1961, foi a maior na história da humanidade. Estimase que o número de mortos por causas não naturais se situe entre 18 e 43 milhões de pessoas. 126 “Registros dos historiadores” (Shi Ji, também traduzido como “O registro do grande escrevente”), por Sima Qian (145-85 a.C.), o primeiro grande historiador chinês. Esta obra documenta a história da China e seus países vizinhos desde a antiguidade até a época em que foi escrita. O método historiográfico de Sima Qian foi único e se tornou modelo oficial das histórias das dinastias imperiais dos 2.000 anos que se seguiram. 122/206 Sendo um dos documentos clássicos do PCCh, as palavras de Mao em seu “Discurso no Fórum de Literatura e Artes de Yan’an127” colocavam os esforços culturais e as questões militares como “as duas maiores frentes de batalha”. Mao afirmava que não é suficiente contar com a força armada; também é necessário uma “arte literária armada”. Ele afirmava que “a literatura deve servir a propósitos políticos” e que “a literatura da classe do proletariado... é a mola propulsora da máquina revolucionária”. A partir destas afirmações se desenvolveu um completo sistema de “Cultura do Partido”, tendo o “ateísmo” e a “luta de classe” como seu núcleo. Obviamente, este sistema se contrapõe à cultura tradicional. Sem dúvida, a “cultura do Partido” realiza um serviço fundamental na hora de ajudar o Partido a obter poder e controle sobre a sociedade. Como seus exércitos, prisões e força policial, a cultura do partido é também uma máquina de violência, mas um tipo de brutalidade diferente: “a brutalidade cultural”. Este fenômeno, ao destruir 5.000 anos de tradição cultural, debilitou a determinação do povo e anulou a coesão da nação chinesa. Hoje, são muitos os chineses que ignoram por completo a essência da cultura tradicional. Alguns inclusive igualam os 50 anos da cultura do Partido com os 5.000 anos da tradicional cultura chinesa; isto se constitui em algo muito triste para o povo deste país. Muitos querem substituir o atual sistema chinês pelo sistema de democracia ocidental. Na realidade, a democracia ocidental foi também edificada a partir de uma cultura, a cultura cristã, a qual tem como princípio que “todos são iguais aos olhos de Deus” e, assim, respeita a natureza e escolha das pessoas. Como a despótica e desumana “cultura do PCCh” poderia ser usada para estabelecer um sistema democrático ao estilo ocidental? Conclusão A China começou a se desviar de seus valores culturais tradicionais na dinastia Song (960-1279 d.C.) e, desde então, vem sofrendo um ininterrupto processo de degradação de seus valores culturais. Depois do movimento de Quatro de Maio de 1919128, alguns intelectuais desejosos de encontrar um caminho para a China que permitisse soluções rápidas e resultados imediatos, romperam com a tradicional cultura chinesa e buscaram soluções na civilização ocidental. De qualquer modo, os conflitos e as mudanças no campo cultural se resumiam ao campo acadêmico, sem a participação do Estado. Entretanto, o PCCh começou a exercer um ataque direto sobre a cultura, com o uso de meios destrutivos e com 127 Por Mao Tsé-tung (1942). 128 O Movimento Quatro de Maio (1919) foi a primeira manifestação de massa na história da China moderna. 123/206 abusivo método de “adotar o superficial e eliminar a essência (da cultura tradicional)”. A destruição da cultura tradicional significou o estabelecimento da “cultura do Partido”. O PCCh subverteu a consciência humana e o juízo moral, o que levou o povo a dar as costas à cultura tradicional. Se uma cultura nacional deixa de existir, a essência de uma nação também desaparece, e isto faz que um país se torne apenas um nome vazio. Não se trata de exagero. Ao mesmo tempo, a destruição da cultura tradicional acarretou um inesperado dano material. A tradicional cultura valoriza a união entre os Céus e os seres humanos, e a coexistência harmoniosa entre a humanidade e a natureza. O PCCh decretou a infinita “luta contra os Céus e a Terra”. Esta cultura do PCCh provocou enorme deterioração e danos ao meio ambiente que hoje assolam a China. Peguemos por exemplo a questão dos recursos hídricos. Ao abandonar o preceito de que “um homem nobre valoriza a riqueza sempre que obtida por meios honrados”, a China destruiu e contaminou desenfreadamente o meio ambiente. Hoje em dia, mais de 75% dos 50.000 quilômetros de rios que percorrem a China já deixaram de ter peixes. Mais de 1/3 das águas subterrâneas já estão contaminadas há mais de uma década, e a situação continua se agravando. No rio Huaihe, faz pouco tempo, ocorreu algo curioso: um menino que brincava próximo da água contaminada com óleo desse rio, ao provocar uma faísca que entrou em contato com a superfície da água, provocou chamas de 5 metros de altura. As chamas queimaram dez árvores – salgueiros – que se encontravam nas proximidades129. É fácil perceber que os que bebem essa água contrairão possivelmente câncer ou outra doença grave. Outros problemas ambientais, como a desertificação e salinização do noroeste da China e a contaminação industrial de zonas desenvolvidas, estão ligadas ao fato de que hoje a sociedade perdeu o respeito pela natureza. A cultura tradicional respeita a vida. O PCCh declara que “as revoltas são justificáveis” e que “a luta entre os seres humanos é fonte de alegria”. Em nome da revolução, o PCCh matou de fome e assassinou dezenas de milhões de pessoas. Estes fatos fizeram com que as pessoas perdessem o apreço e respeito pela vida, uma situação que favorece a proliferação de produtos adulterados e poluentes. Na cidade de Fuyang, província de Anhui, por exemplo, muitos bebês desenvolveram membros atrofiados, corpos débeis e cabeças desproporcionais durante o período de lactação. Após investigações, se descobriu que este mal era causado por leite adulterado e contaminado fabricado por uma indústria inescrupulosa. Várias pessoas criam caranguejos, serpentes e tartarugas com o uso de hormônios e antibióticos, misturam álcool industrial às bebidas, usam agentes químicos acelerados do crescimento nas plantações de arroz, branqueiam a farinha de trigo com produtos químicos. Durante oito anos, 129 Chen Guili, Advertência do rio Huaihe (1995). 124/206 um fabricante da província de Henan produziu mensalmente milhares de toneladas de óleo comestível contendo componentes cancerígenos decorrentes do reaproveitamento de óleo já utilizado. A produção de alimentos contaminados não é um fenômeno local ou regional, e sim algo comum em todo o país. É algo diretamente ligado com a ambição sem limites que advém da destruição da cultura e consequente degeneração da moral humana. Diferentemente do monopólio absoluto e exclusivo da “cultura do Partido”, a tradicional cultura chinesa possui grande capacidade de integração. Durante a próspera dinastia Tang, os ensinamentos budistas, o cristianismo e outras religiões ocidentais coexistiam em harmonia com o pensamento taoísta e o Confucionismo. A genuína cultura chinesa teria mostrado uma atitude tolerante com a moderna civilização ocidental. Os quatro “tigres asiáticos” (Singapura, Taiwan, Coréia do Sul e Hong Kong) criaram uma nova identidade cultural confuciana. Suas pujantes economias provam que a cultura tradicional não impede o desenvolvimento social. Ao mesmo tempo, a autêntica cultura chinesa mede a qualidade de vida humana com base na felicidade e no bem-estar material. “Prefiro não ter ninguém falando mal de mim pelas costas do que ter alguém me elogiando pela frente; prefiro paz de espírito ao conforto físico130”. Tao Yuanming131 (367-427 d.C.) viveu na pobreza; porém desfrutava de um espírito jovial e tinha como passa-tempo “recolher crisântemos atrás do muro que dava para o leste, e contemplar ao longe a Montanha do Sul”. A cultura não oferece respostas a perguntas como: “Qual é o melhor processo para aumentar a produção industrial?” ou “Qual modelo social é o mais conveniente?”. Entretanto, desempenha importante papel na hora de oferecer um guia moral e estabelecer limites sociais. A verdadeira restauração da cultura tradicional será a recuperação da atitude humilde para com os Céus, a Terra, a natureza, e respeito à vida e admiração ao Criador. Desta forma, o ser humano poderá viver em harmonia com os Céus, a Terra, e desfrutar de uma idade de ouro abençoada pelos Céus. 130 Prefácio de “Ver o Retorno de Li Yuan para Pangu”, por Han Yu (768-824 d.C.), um dos “oito grandes mestres da prosa das dinastias Tang e Song”. 131 Tao Yuanming (365-427 d.C.), também conhecido como Tao Qian, foi um grande poeta da literatura chinesa. 125/206 Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 7 – O Sétimo dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. Partido Comunista Chinês - Uma história de matanças. Foto mostrando o ataque de ativistas do PCCh (APG/Getty Images) 126/206 Introdução Os 55 anos de história do Partido Comunista Chinês no poder foram escritos com sangue e mentiras. Os casos ligados a esta história sangrenta são trágicos e muito pouco conhecidos. Sob o regime do PCCh morreram de 60 a 80 milhões de chineses inocentes, que deixaram para trás famílias desmanteladas. Muitos se perguntam o porquê do PCCh matar. Enquanto o PCCh persegue cruelmente os praticantes de Falun Gong – há pouco reprimiu com tiros as passeatas de protesto em Hanuyan - as pessoas se perguntam se chegará o dia em que o PCCh responderá com palavras e não com armas. Mao Tsé-tung resumiu o propósito da Revolução Cultural com as palavras: “... depois do caos, o mundo encontra a paz; mas, daqui a 7 ou 8 anos, o caos necessita acontecer de novo132”. Colocando isto de outro modo, é preciso haver uma revolução a cada 7 ou 8 anos, ou seja: pessoas serão mortas a cada 7 ou 8 anos. Por detrás dos massacres do PCCh existe uma ideologia que o sustenta, além de aspectos práticos. Ideologicamente falando, o Partido fala na “ditadura do proletariado”, na “revolução permanente sob a ditadura do proletariado”. Assim, depois que o PCCh tomou o poder na China, matou os proprietários de terra para resolver problemas ligados às relações de produção nas áreas rurais. Exterminou os capitalistas para realizar as reformas comerciais e industriais, e para resolver o problema das relações de produção nas cidades. Do mesmo modo, o PCCh também matou para resolver os problemas relacionados à superestrutura. A repressão ao Grupo AntiPartido Hu Feng e aos movimentos antidireitistas eliminaram os intelectuais. O massacre de cristão, taoístas, budistas e grupos isolados resolveram o problema das crenças religiosas. Os extermínios em massa que ocorreram durante a Revolução Cultural, levaram ao monopólio cultural e político do Partido. O massacre de estudantes na Praça Tiananmen foi utilizado para evitar a crise política e impedir reivindicações democráticas. A perseguição a Falun Gong busca por um fim nas questões ligadas ao cultivo espiritual e aos métodos tradicionais de cura. Todas estas medidas foram necessárias para que o PCCh fortalecesse seu poder e mantivesse seu poder em meio às sucessivas crises financeiras (os preços dispararam depois que o PCCh tomou o poder e a economia por pouco não entrou em colapso depois da Revolução Cultural), em meio às crises políticas (ocasionadas por pessoas que não cumpriam as ordens do Partido ou que queriam dividir o poder político com o PCCh), e em meio às crises de confiança (a desintegração da União Soviética, mudanças que se seguiram na Europa Oriental e o crescimento de Falun Gong). Com exceção a Falun Gong, quase todas as campanhas políticas mencionadas serviram para reavivar o espectro maligno do PCCh e estimular seu desejo de revolução. O PCCh também usou estes movimentos políticos para 132 Carta de Mao Tsé-tung a sua esposa Jiang Qing (1966). 127/206 colocar à prova os seus membros e, assim, eliminar aqueles que não atendiam suas exigências. Matar também é necessário por razões práticas. O Partido Comunista começou como um grupo de bandidos e patifes que matam para obter o poder. Uma vez que isto aconteceu, não houve como recuar. O PCCh necessita instigar o terror constantemente para obrigar o povo a aceitar o seu poder totalitário. Aparentemente, pode parecer que o PCCh se viu diante de situações nas quais se viu “obrigado a matar”; que o espectro maligno do Partido, respondendo a tais situações, precisou matar. A verdade é que tais situações serviram para acobertar a necessidade de matar do PCCh. Sem contínuas lições dolorosas, as pessoas poderiam começar a pensar que o Partido estava melhorando e assim começar a exigir a democracia, do mesmo modo como fizeram os estudantes do movimento democrático de 1989. Realizar massacres a cada 7 ou 8 anos serve para que as pessoas tenham o terror sempre fresco na memória e para advertir as novas gerações: qualquer um que aja contra o PCCh, desafie sua liderança absoluta ou tente contar a verdade sobre a história do PCCh, sofrerá na própria carne o “punho de ferro da ditadura do proletariado”. Para o PCCh, matar se converteu em uma das suas ferramentas básicas para se manter no poder. Devido à intensificação de seus atos sanguinários, se o PCCh deixasse de lado seu mecanismo de matar, isto levaria as pessoas a buscarem vingança pelas atrocidades sofridas. Portanto, o Partido precisou levar adiante suas matanças, e ainda da forma mais brutal possível, para poder intimidar as massas; sobretudo no começo, quando começava a estabelecer sua ditadura. O objetivo dessas matanças foi instaurar o terror; o PCCh escolhia alvos de destruição de modo arbitrário e irracional. Empregou a estratégia de genocídio em cada campanha política que fez. Por exemplo, no caso do extermínio dos reacionários, o Partido, na realidade, não reprimiu atos reacionários e sim as pessoas que ele considerava reacionárias. Se uma pessoa tivesse servido o Exército Nacionalista (Kuomintang, KMT), ainda que por poucos dias, mas não tivesse explicitado seu apoio político ao PCCh, ela seria morta por causa de sua “história reacionária”. Enquanto fazia a reforma agrária, para remover “a raiz do problema”, o PCCh sempre assassinava a família inteira dos proprietários de terra. Desde 1949, O PCCh perseguiu mais da metade da população chinesa. Estima-se que morreram entre 60 e 80 milhões de pessoas de causas não naturais. Esta cifra supera o número total de mortos das duas Guerras Mundiais juntas. Da mesma forma que outros países comunistas, as mortes arbitrárias feitas pelo PCCh incluem matar brutalmente seus próprios membros que mantém ainda um senso de humanidade acima da ideologia do Partido. O regime de terror do PCCh vale tanto para o povo como para os seus próprios membros, em uma tentativa de manter uma “fortaleza invencível”. 128/206 Em uma sociedade normal, as pessoas demonstram solidariedade, respeito pela vida e mostram gratidão a Deus. No Oriente, as pessoas dizem: “Não faça aos outros aquilo que você não gostaria que fizessem a você133”. No Ocidente, se diz: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo134”. Porém, o PCCh sustenta que “A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes135”. Para que a luta se mantenha viva na sociedade, é necessário instigar o ódio. O Partido não somente se encarrega de tirar vidas, como também incita as pessoas a matarem umas às outras. Ele se empenha para eliminar a sensibilidade das pessoas ou embrutecê-las frente ao sofrimento das outras por meio de constante exposição das pessoas a mortes e desumanas brutalidades para que estas se convençam que o “o melhor a fazer é não ser perseguida”. Todas estas lições que o PCCh ensina mediante a repressão brutal permitem que ele se mantenha no poder. Além de tirar inúmeras vidas, o PCCh também destrói a alma do povo chinês. As pessoas se vêem obrigadas a responder às ameaças do Partido renunciando às suas próprias idéias e princípios. De certa forma, o que morre é a alma da pessoa: algo pior que a morte física. I. Um Terrível Massacre Antes que o PCCh tomasse o poder, Mao Tsé-tung escreveu: “Sem dúvida, não adotamos uma postura de compaixão em relação aos reacionários nem com as atividades reacionárias das classes reacionárias136”. Dito de outro modo, antes do PCCh tomar Pequim, ele já havia decidido exercer a tirania sob o eufemismo de Ditadura Socialista do Povo. O que se segue são alguns exemplos disto: A repressão dos reacionários e a reforma agrária Em março de 1950, o PCCh deu “Severas Ordens para eliminar os elementos reacionários”, medida conhecida como a campanha de “repressão aos reacionários”. Diferentemente de todos os imperadores que concederam anistia depois de suas coroações, o PCCh começou a matar nem bem assumiu o poder. Mao Tsé-tung disse em um documento: “Ainda há muitos lugares onde as pessoas se sentem intimidadas e não se animam a matar os reacionários abertamente e em grande escala137”. Em fevereiro de 1951, o alto comando do PCCh anunciou que, com exceção das províncias de Zhejiang e Anhui, “as outras áreas que não estivessem matando o suficiente sobretudo nas cidades grandes e médias - deveriam continuar prendendo e matando até alcançar números que fossem expressivos, e que não 133 Dos Anacletos de Confúcio. Levítico 19:18. 135 Karl Marx, no Manifesto Comunista (1848). 136 Mao Tsé-tung, A ditadura democrática do povo (1949). 137 Mao Tsé-tung: “Devemos promover amplamente [a repressão aos reacionários] para que todas as famílias saibam disto”. (30 de março de 1951). 134 129/206 deveriam parar de fazer isto tão cedo”. Mao inclusive recomendou que “nas áreas rurais, ao se matar os reacionários, deveria se matar uma a cada 1.000 pessoas... Nas cidades este percentual deveria ser menor138”. Naquela época, a população chinesa era de cerca de 600 milhões de habitantes, portanto, a “ordem” de Mao deve ter causado a morte de 600.000 vidas. Ninguém sabe de onde surgiu a proporção de 1/1.000. Talvez por capricho, Mao decidiu que 600.000 vidas seriam suficientes para estabelecer o medo entre as pessoas e, assim, ordenou que se materializasse seu desejo. O PCCh não se importava se as pessoas mortas mereciam morrer ou não. “As leis da República Popular da China para punir os reacionários”, anunciadas em 1951, inclusive diziam que aqueles que “espalhassem rumores” poderiam ser sumariamente executados. Enquanto se reprimia os reacionários com mão de ferro, a reforma agrária era levada adiante em grande escala. De fato, o PCCh já havia iniciado a reforma agrária nos territórios ocupados do final da década de 1920. Na aparência, esta medida ia ao encontro do ideal de que todos deveriam ter terras para trabalhar, porém, na realidade, isto não foi nada mais do que outra desculpa para matar. Tao Zhu, que a partir de então alcançou o 4º escalão de importância no PCCh, usava um lema para a reforma agrária: “sangue em todas as aldeias, luta em todas as casas”. Isto significava que em cada aldeia os proprietários de terra deveriam morrer. A reforma agrária poderia ter acontecido sem mortes. Por exemplo, nos moldes como o governo de Taiwan fez sua reforma agrária: comprando terras dos proprietários de terra. Entretanto, o PCCh nasceu de um grupo de bandidos iletrados, e o único que sabia fazer era roubar. E, depois dos roubos, ele tinha que matar as vítimas para eliminar a possibilidade de futuras vinganças. A forma mais comum de matar durante a reforma agrária era conhecida como “reunião de luta”. O PCCh inventava crimes e assim incriminava os proprietários de terra ou os fazendeiros ricos. Depois, ele perguntava à multidão como os “culpados” deveriam ser punidos. Entre a multidão, membros ativistas do Partido gritavam “Temos que matá-los!” e, assim, os fazendeiros ricos e os proprietários de terras eram imediatamente mortos. Nessa época, todo aquele que possuía terras era tido como explorador. Os que se “aproveitavam dos camponeses” recebiam o nome de “miseráveis exploradores”; aqueles que contribuíam socialmente conservando instalações públicas ou doando fundos às escolas e vitimas de desastres naturais, eram chamados de “exploradores generosos”, e os que não faziam isto de “exploradores passivos ou inativos”. Todas estas classificações não tinham qualquer sentido já que todos os “exploradores” acabavam sendo executados não importa a qual das categorias eles pertenciam. 138 Mao Tsé-tung: “Devemos combater os reacionários com firmeza e precisão” (1951). 130/206 No final de 1952, a lista oficial de “elementos reacionários” executados, publicada pelo PCCh, beirava os 2,4 milhões de pessoas. Na realidade, o número total de ex-funcionários do governo do KMT e de proprietários de terra mortos foi de pelo menos 5 milhões de pessoas. A repressão dos reacionários e a reforma agrária tiveram três efeitos diretos. Em primeiro lugar, foram eliminados os ex-funcionários locais que haviam sido eleitos por meio do autônomo sistema de clãs. Através da repressão dos reacionários e a reforma agrária, o PCCh matou todo o pessoal hierárquico do sistema anterior e assim tomou o controle total das zonas rurais através do estabelecimento de uma agência do Partido em cada aldeia. Em segundo lugar, obteve riquezas incalculáveis através do furto e roubo. E terceiro, aterrorizou os civis com a brutal repressão exercida contra os proprietários de terra e os fazendeiros ricos. A campanha dos Três Anti e a campanha dos Cinco Anti. A repressão dos reacionários e a reforma agrária se dirigiram principalmente ao campo, enquanto que a campanha dos Três Anti ou a campanha dos Cinco Anti, que ocorreram mais tarde, podem ser entendidas como um genocídio feito nas cidades. A campanha dos Três Anti se iniciou em dezembro de 1951 e tinha como objetivo eliminar a corrupção, o desperdício e a burocracia dentro do PCCh. Alguns funcionários corruptos do partido foram executados. Pouco tempo depois, o PCCh atribuiu a corrupção de seus funcionários ao suborno dos capitalistas. Assim, em janeiro de 1952, foi lançada a campanha dos Cinco Anti contra o suborno, a evasão de impostos, o roubo de bens do Estado, a construção ilegal e as informações econômicas privilegiadas de Estado. A campanha dos Cinco Anti consistiu em roubar os bens dos capitalistas, ou, melhor dizendo, matá-los para ficar com seus bens. Chen Yi, o prefeito de Shanghai à época, sentado num sofá segurando um copo de chá, perguntava todas as noites: “Quantos pára-quedistas tivemos hoje?”, ou seja: “Quantos homens de negócio se suicidaram hoje pulando de edifícios?”. Nenhum capitalista conseguiu escapar da campanha dos Cinco Anti. Foi exigido que eles pagassem os impostos “não cobrados” desde o período Guangxu (1875-1908) da dinastia Qing (1644-1911), que foi quando se estabeleceu o comércio em Shanghai. Não havia como os capitalistas pudessem pagar tais “impostos” nem mesmo dando tudo aquilo que tinham. Não restava alternativa a não ser se suicidar. Porém não queriam pular no rio Huangpu: se os seus corpos não fossem encontrados, o PCCh os acusaria de fugir para Hong Kong e, deste modo, a responsabilidade de pagar os impostos recaía sobre os familiares. Assim, eles saltavam dos edifícios mais altos para que assim seus corpos provassem suas mortes. Nesta época, dizia-se que em Shanghai as pessoas não se arriscavam a caminhar próximas dos edifícios por medo de serem atingidas por aqueles que pulavam dos edifícios. 131/206 De acordo com o livro Dados das Campanhas Políticas Após a Fundação da Republica Popular da China, publicado em 1996, por quatro órgãos de governo, entre eles o Centro de Investigação Histórica do PCCh, durante essas duas campanhas, mais de 323.100 pessoas foram presas e mais de 280 se suicidaram ou desapareceram. Durante a campanha contra Hu Feng, em 1955, mais de 5.000 pessoas foram incriminadas, mais de 500 presas, mais de 60 se suicidaram e 12 morreram de causas não naturais. Mais tarde, na época da repressão dos reacionários, foram executadas mais de 21.300 pessoas e mais de 4.300 se suicidaram ou desapareceram. A Grande Fome. O maior número de mortos foi registrado durante a Grande Fome da China, que aconteceu pouco depois do Grande Salto Avante139. O artigo “A Grande Fome”, do livro “Registros Históricos da Republica Popular da China”, publicado em fevereiro de 1991 pela editora Bandeira Vermelha afirma: “Estima-se que o número de mortes por causas não naturais somado à redução de nascimentos entre 1959 e 1961 resultou em uma perda ao redor de 40 milhões de vidas... É provável que esta cifra seja a maior fome mundial deste século”. O PCCh deu à Grande Fome o falso nome de “Três Anos de Desastres Naturais”. Na realidade, estes três anos tiveram condições climáticas favoráveis e durante este período não se registraram desastres naturais como inundações, secas, furações, tsunamis, terremotos, geadas, granizo ou pragas. O “desastre” se deveu somente à ação da fome. A campanha do Grande Salto Avante obrigou que todos os habitantes da China participassem da fabricação de aço, fazendo, assim, com que fazendeiros abandonassem suas plantações e suas colheitas se perdessem. Além disso, funcionários de todas as regiões rurais exageravam suas estimativas de produção. He Yiran, primeiro secretário do comitê do Partido da prefeitura de Liuzhou, inventou o escandaloso volume de “65.000 kg de arroz por mu” para o condado de Huanjiang. Esses episódios aconteceram justamente depois do Plenário de Lushan, quando o movimento antidiretista do PCCh se estendeu por todo o país. Para demonstrar que o Partido sempre estava certo, decorreu disso que o governo expropriou colheitas ao cobrar imposto sobre produções superestimadas. Como consequência disso, foram confiscados os estoques de grãos, as sementes e os alimentos básicos dos camponeses. Além disso, quando as estimativas não podiam ser alcançadas, os camponeses eram acusados de esconderem suas colheitas. Certa ocasião, He Yiran disse que os produtores rurais deveriam alcançar o primeiro lugar na competição por maiores colheitas, não importando a que custo de vidas de Liuzhou. Alguns camponeses perderam tudo e só ficaram com alguns punhados de arroz escondidos em latrinas. O Comitê do Partido do distrito de Xunle, condado de Huanjiang, chegou a emitir 139 O Grande Salto Avante (1958-1960) foi uma campanha do PCCh para impulsionar a indústria chinesa, sobretudo a indústria do aço. Foi um grande fracasso. 132/206 ordens para que fosse proibido cozinhar para assim impedir que os camponeses comessem suas colheitas. De noite havia patrulhas que olhavam os locais e, se viam indícios de fumaça ou fogo, iam até os lugares de onde vinham. Muitos camponeses sequer se atreviam a cozinhar vegetação selvagem; morriam de inanição. Historicamente, em épocas de fome, os governos davam pratos com sopa de arroz, distribuíam as colheitas e permitia que as vítimas deixassem as zonas onde havia escassez de alimentos. Entretanto, o PCCh achou que o abandono de zonas rurais por causa da fome seria uma tragédia para o seu prestígio e, assim, ordenou que militares bloqueassem estradas e acessos de modo a impedir que os famintos deixassem suas zonas para escapar da fome. Quando os camponeses tomados pela fome tentavam saquear rações dos armazéns de grãos, o PCCh ordenava que atirassem contra eles para reprimir saques e ainda qualificava os mortos de contrarevolucionários. Muitos camponeses morreram de fome nas províncias de Gansu, Shandong, Henan, Anhui, Hubei, Hunan, Sichuan e Guangxi, entre outras. Além disto, os camponeses famintos foram obrigados a participar nos trabalhos de irrigação, na construção de represas e fabricação de aço. Muitos caíam e morriam enquanto trabalhavam; os vivos não tinham forças para enterrar os mortos. Muitas aldeias desapareceram por completo já que as famílias foram morrendo de fome uma após a outra. Nas fomes mais grave da história da China, anteriores ao PCCh, houve casos em que as famílias trocavam seus filhos para comê-los, porém, ninguém jamais comeu seus próprios filhos. Entretanto, sob o comando do PCCh, as pessoas se viram obrigadas a comer os mortos, aqueles que vinham de outras regiões e, inclusive, matar e comer os próprios filhos. O escritor Sha Qing descreve o cenário em seu livro Yi Xi Da Di Wan (Uma terra tenebrosa e pantanosa): durante a Grande Fome, em uma família de camponeses, só restavam o pai e seu filho e filha. Um dia, o pai pediu que a filha fosse fazer algo. Quando sua filha voltou, não encontrou mais o seu irmão menor; ela viu óleo branco em um caldeirão e restos humanos ao lado do fogo. Vários dias depois, o pai, após acrescentar água ao caldeirão, pediu que sua filha se aproximasse. A menina, do lado de fora da porta e com medo, pediu a seu pai: “Papai, por favor, não me coma! Posso juntar lenha e ajudar você nas tarefas. Se você me comer, quem fará isto para você?”. Ninguém sabe quantas tragédias, como a contada, aconteceram. Entretanto, o PCCh colocava isto como prova de fibra e valentia, dizendo que o PCCh estava ensinando as pessoas a lutarem com valentia contra os “desastres naturais” e continuava a se vangloriar de ser “grande, glorioso e sempre certo”. Depois do Plenário de Lushan de 1959, o general Peng Dehuai foi destituído de seu cargo por ter defendido o povo. Um grupo de funcionários do governo e membros do Partido que ousaram falar a verdade sobre o que acontecia, foram presos e investigados. Depois disto, ninguém mais se atreveu a falar. Na época da Grande Fome, ao invés de 133/206 falarem a verdade, as pessoas, por medo de perderem seus cargos, ocultavam as cifras referentes à quantidade de vítimas da fome. A província de Gansu, inclusive, se recusou a aceitar a ajuda oferecida pela província de Shaanxi, afirmando que contava com reservas de alimentos. A Grande Fome também serviu para colocar à prova os altos funcionários do PCCh. De acordo com os critérios do Partido, os funcionários que podiam resistir à tentação de dizer a verdade frente a dezenas de milhões de pessoas que morriam de fome, sem dúvida, estavam qualificados para ocupar seus postos. Desta forma, o PCCh podia ter certeza que nada, nem emoções nem convicções religiosas, poderiam se converter em obstáculo para que seus funcionários não seguissem a linha do Partido. Depois da Grande Fome, os altos funcionários das províncias se limitaram a participar da formalidade da autocrítica. Li Jingquan, o secretário do PCCh da província de Sichuan, onde milhões de pessoas morreram de fome, foi promovido para o cargo de primeiro-secretário do Partido, do Departamento do Distrito Sudoeste. A Revolução Cultural, e do Massacre da Praça Tiananmen até Falun Gong. A Revolução Cultural se iniciou formalmente em 16 de maio de 1966 e se estendeu até 1976. Este período é conhecido como a Catástrofe dos Dez Anos, chamado assim inclusive por alguns membros do PCCh. Mais tarde, em uma entrevista a um jornalista iugoslavo, Hu Yaobang, ex-secretário do Partido, declarou: “Nessa época, perto de 100 milhões de pessoas foram afetadas; ou seja, 10% da população chinesa”. O livro “Dados das Campanhas Políticas Após a Fundação da Republica Popular da China” afirma: “Em maio de 1984 - após 31 meses de grande investigação e análise por parte do Comitê Central do PCCh - as cifras relacionadas com a Revolução Cultural eram as seguintes: mais de 4,2 milhões de pessoas foram presas e investigadas; mais de 1.728.000 morreram de causas não naturais; mais de 135.000 foram executadas como contra-revolucionárias; mais de 237.000 foram assassinadas; mais de 7,03 milhões ficaram incapacitadas devido a lesões causadas pela violência, e 71.200 famílias foram eliminadas”. Os registros locais indicam que durante a Revolução Cultural 7,73 milhões de pessoas morreram devido a causas não naturais. Além do espancamento de pessoas até a morte, a revolução Cultural desencadeou uma onda de suicídios. Muitos intelectuais de renome - entre eles Lao She, Fu Lei, Jian Bozan, Wu Han e Chu Anping – se suicidaram logo no início da Revolução Cultural. Esta campanha foi o período esquerdista mais intenso da história chinesa. Matar se converteu em uma competição para mostrar a posição revolucionária que alguém tinha; por isso, a eliminação dos inimigos de classe foi sumamente cruel e brutal. A política de reforma e abertura permitiu uma maior divulgação de notícias e assim permitiu que muitos jornalistas estrangeiros pudessem testemunhar o Massacre da Praça Tiananmen em 1989, mostrar imagens 134/206 nas quais se viam tanques perseguindo e esmagando estudantes universitários. Dez anos mais tarde, em 20 de julho de 1999, Jiang Zemin começou uma campanha de repressão contra Falun Gong. No final de 2002, informações de fontes do governo confirmaram 7.000 mortes em centros de detenção, campos de trabalhos forçados, cárceres e hospitais psiquiátricos; uma média de 7 mortes por dia. Hoje em dia o impulso de matar do PCCh é menor do que o do passado, quando milhões ou dezenas de milhões de pessoas foram assassinadas. Há duas razões importantes para esta mudança. De um lado, o Partido incutiu a cultura do partido na mente dos chineses de modo que agora as pessoas são mais dissimuladas e submissas. Do outro, devido ao excesso de corrupção dos funcionários do PCCh, a economia da China se converteu em uma economia “de transfusão”, uma economia que depende em grande parte do ingresso de capitais estrangeiros para sustentar o crescimento econômico e a estabilidade social. As sanções econômicas à China que se seguiram ao Massacre da Praça Tiananmen ficaram registradas na memória do PCCh; ele sabe que matar abertamente poderia provocar uma fuga de capitais estrangeiros e isto poderia por em risco seu regime totalitário. Entretanto, o PCCh jamais abandonou a prática de matar às escondidas. Hoje o PCCh não poupa esforços para esconder as provas e evidências de suas crueldades. II. Formas de matar de extrema crueldade. Tudo o que o PCCh faz tem um único propósito: conseguir se manter no poder. Para o Partido, matar é uma forma muito importante de consolidar seu poder. Quanto mais pessoas são mortas e quanto mais cruéis as formas de se fazer isto, maiores são as possibilidades de gerar o terror. Este terror começou muito cedo: antes da guerra Sino-Japonesa. O Massacre ao norte da China durante a guerra Sino-Japonesa. Ao recomendar o livro Inimigo Interno, do padre Raymond J. De Jaegher, o presidente norte-americano Hoover comentou que o livro expunha totalmente o terror gerado pelos movimentos comunistas. Ele ainda disse: recomendo que leia o livro toda pessoa que queira entender como é possível existir uma força tão maligna neste mundo. No livro, De Jaegher conta casos sobre como o PCCh utilizou a violência para gerar o medo e tornar as pessoas submissas. “Um dia - relata De Jaegher, testemunha presencial dos fatos -, o Partido reuniu todos os habitantes de uma aldeia em sua praça central. Os professores levaram para o local seus alunos, crianças da escola. O propósito da reunião era a execução de 13 jovens patriotas. Depois de dar a conhecer as falsas acusações contra os jovens, o PCCh ordenou que uma das professoras, sob ameaça, fizesse seus alunos cantarem hinos 135/206 patrióticos. No meio da praça não havia bailarinas e sim um carrasco que segurava uma foice afiada. O carrasco era um jovem e robusto soldado comunista, de braços atléticos e aspecto cruel. O carrasco foi atrás da primeira vítima, levantou sua foice e, com um violento golpe, decapitou a vítima. A cabeça caiu no chão e o sangue jorrou. O canto das crianças se transformou em gritos e choros de horror. A professora tentou marcar o ritmo e manter a canção. O carrasco deu 13 golpes e decepou 13 cabeças. Pouco depois, alguns soldados comunistas se aproximaram e abriram o peito das vítimas e retiraram os corações das vítimas e comemoraram. Tamanha brutalidade foi feita na frente de crianças. Estas empalideceram e começaram a vomitar diante desse macabro ritual. A professora deu uma bronca nos soldados, reuniu as crianças e depois voltou com as crianças para a escola”. Depois disto, o padre De Jaegher frequentemente via crianças sendo forçadas a assistir essas crueldades. As crianças se acostumaram a essas cenas sangrentas e ficaram insensíveis diante delas; algumas até começaram a se divertir vendo tais cenas. Quando o PCCh sentia que matanças comuns não mais serviam para despertar o terror, ele inventava outros tipos de crueldades. Por exemplo, forçava uma pessoa engolir uma grande quantidade de sal e não deixava que ela bebesse água. A vítima sofria de sede até morrer. Ainda, fazia com que pessoas nuas se arrastassem sobre cacos de vidro; faziam um buraco no rio congelado e jogava a pessoa dentro: ela morria congelada ou afogada. De Jaegher escreveu que um membro do PCCh da província de Shansi inventou uma forma macabra de tortura. Um dia, enquanto ele caminhava pela cidade, ele parou em frente a um restaurante e ficou olhando para uma grande tina que fervia. Mais tarde ele comprou várias tinas grandes e, em seguida, prendeu opositores do Partido Comunista. Durante um julgamento sumário, as tinas foram cheias com água e colocadas para ferver. Depois do julgamento, da condenação, as três vítimas foram despidas e jogadas dentro das tinas para morrerem fervidas. Em Pingshan, De Jaegher viu um homem ser esfolado vivo. Os membros do PCCh forçaram o filho deste homem a presenciar e participar de tal desumana tortura: viu seu pai morrer em meio a dores horríveis e aos gritos. Os membros do PCCh jogavam uma mistura de vinagre e ácido sobre o corpo do pai e assim a pele ficava rapidamente em carne viva. Começaram pelas costas, depois pelos ombros e, num instante, todo o corpo já estava em carne viva. O homem morreu em questão de minutos. O terror vermelho durante o “Agosto Vermelho” e o canibalismo em Guangxi Depois de assumir o controle total do país, o PCCh não parou com sua violência de forma alguma. De fato, durante a Revolução Cultural, a violência se intensificou. 136/206 Em 18 de agosto de 1966, Mao Tsé-tung se reuniu com representantes das Guardas Vermelhas na torre da Praça Tiananmen. Song Binbin, filha do líder comunista Song Renqiong, colocou em Mao a insígnia das Guardas Vermelhas. Quando Mao se inteirou do significado do nome Song Binbin, “amável e gentil”, disse: “Necessitamos mais violência”. Assim, Song mudou seu nome para Song Yaowu, “desejo de violência”. Em pouco tempo, os violentos ataques armados se espalharam por todo o país. A geração mais jovem, educada sob o ateísmo comunista, não sentia medo nem preocupação moral. Sob a condução direta do PCCh e ordens de Mao, os integrantes das Guardas Vermelhas – fanáticos, ignorantes e se sentindo acima da lei – começaram a espancar pessoas e a saquear em todo o país. Em muitas regiões, as “cinco classes pretas” (proprietários de terra, fazendeiros ricos, reacionários, maus elementos e direitistas) e seus familiares foram assassinados dentro de uma política de genocídio. Um caso típico é o do condado de Daxing, próximo a Pequim, que, de 27 de agosto a 1 de setembro de 1966, mataram 325 pessoas em 48 brigadas a 13 comunas populares. A pessoa mais velha assassinada tinha 80 anos e a mais jovem apenas 38 dias de vida. Vinte e duas famílias foram totalmente eliminadas. Golpear uma pessoa até matá-la era algo comum. Na Rua Shatan, um grupo da Guarda Vermelha espancou uma senhora idosa com correntes de ferro e cintos de couro até que ela ficasse inconsciente, então, uma mulher da Guarda Vermelha pulou sobre ela pisoteando seu ventre. Aquela senhora idosa logo morreu... Perto de Chongwenmeng, quando as Guardas Vermelhas inspecionavam a casa de uma “mulher de um exproprietário de terra” (uma viúva solitária), eles obrigaram que os vizinhos levassem potes com água fervendo e jogassem no corpo desta mulher para queimá-la. Vários dias depois, acharam aquela senhora morta, com o corpo cheio de vermes... Havia muitas formas diferentes de matar, como açoitar com uma vara até causar a morte, retalhar o corpo com uma foice, enforcamento... O método de matar bebês era o mais cruel de todos: o assassino pisava sobre uma perna do bebê e puxava a outra até partir a criança ao meio (Investigações do Massacre de Daxing, de Yu Luowen). O canibalismo foi até mais desumano do que o Massacre de Daxing. O escritor Zheng Yi, autor de Recordação Escarlate, descreveu o canibalismo como um processo que se deu em três etapas. Na primeira etapa o terror era dissimulado e tenebroso. Os registros dos distritos mostram uma cena típica: à meia-noite, os assassinos entravam silenciosamente nas casas para procurarem vítimas e, uma vez que estavam dentro, arrancavam o fígado e o coração das pessoas. Como não tinham experiência e estavam com medo, eventualmente removiam também os pulmões. Depois, cozinhavam o fígado e o coração. Alguns traziam bebida de suas casas, outros os condimentos; e assim se sentavam em silêncio para comer os órgãos em volta do fogo. 137/206 A segunda etapa foi o auge do terror e se tornou algo aberto e público. Durante esta fase, os assassinos já mostravam grande experiência em extirpar o fígado e o coração enquanto a vítima estava viva. Ensinavam aos outros e refinavam e aperfeiçoavam suas técnicas. Por exemplo, quando abriam um pessoa viva, a única coisa que precisavam fazer era cortar o ventre em forma de cruz, subir no corpo (se a vítima estava amarrada a uma árvore, os assassinos golpeavam o ventre com o joelho), e, assim, o coração e demais órgãos simplesmente se projetavam para fora do corpo. O chefe dos assassinos ficava com o coração, o fígado ou os órgãos genitais enquanto os demais repartiam o resto entre si; cenas chocantes acompanhadas de bandeirolas e apoiadas por slogans. A terceira etapa foi de demência, quando o canibalismo se tornou uma prática massiva. No condado de Wuxuan, como cães selvagens que comem corpos em épocas de epidemia, as pessoas, fora de controle, comiam umas às outras. Primeiro as pessoas eram “acusadas em público”; isto sempre era seguido de execução e de canibalismo. Nem bem a pessoa caia no chão, viva ou morta, as pessoas tiravam as facas que traziam com elas e, em volta da vítima, pegavam a parte que conseguiam. Nesta etapa, os cidadãos comuns participaram do canibalismo. O furacão da “luta de classe” apagou da mente das pessoas qualquer noção de pecado e senso de humanidade. O canibalismo se espalhou como uma praga e as pessoas até faziam festins de canibalismo. Comia-se qualquer parte do corpo humano: coração, fígado, rins, ombros, pés, tendões, etc. Os corpos eram preparados de diversas maneiras: fervidos ao vapor, no forno, fritos, assados... As pessoas bebiam bebidas alcoólicas e jogavam jogos enquanto comiam os corpos. Durante o “esplendor” desta etapa, até o restaurante da mais alta organização governamental, o Comitê Revolucionário do condado de Wuxuan, oferecia pratos preparados com carne humana. Entretanto, o leitor não deve erroneamente pensar que tais festivais de canibalismo eram resultado do descontrole das pessoas. O PCCh era uma organização totalitária que dominava a todos e cada aspecto da sociedade. Sem o apoio e a manipulação do PCCh, o movimento canibal não teria acontecido. Uma canção que o Partido compôs em seu próprio louvor diz: “A velha sociedade140 transformava os seres humanos em fantasmas”. Entretanto, as matanças e os festins canibais demonstram que o partido pode converter um ser humano em monstro ou demônio, já que o PCCh é mais cruel do que qualquer outro monstro ou demônio. A perseguição a Falun Gong Como o povo chinês entrou na era da computação e era espacial e, por poderem falar privadamente sobre direitos humanos, liberdade e democracia, muitos acreditam que as incríveis atrocidades do governo 140 “A velha sociedade”, como a chamava o PCCh, é o período anterior a 1949, e “a nova sociedade” se refere ao período posterior, quando o PCCh tomou o controle do país. 138/206 comunista são coisas do passado, que o PCCh vestiu roupas civis e está pronto para se integrar ao mundo. Entretanto, tal pensamento está muito longe da verdade. Quando o Partido descobriu que havia um grupo que não teme as suas cruéis torturas e crimes, começou a utilizar métodos ainda mais refinados. O grupo que sofre este novo tipo de perseguição é Falun Gong. A violência das Guardas Vermelhas e o canibalismo praticado na província de Guangxi tinham como finalidade eliminar os corpos das vítimas; matavam pessoas em questão de minutos ou horas. Os praticantes de Falun Gong – também conhecido por Falun Dafa – são perseguidos para que abandonem sua crença nos princípios: “Verdade, Benevolência e Tolerância”. Neste caso, as torturas geralmente duram dias, meses ou inclusive anos. Estima-se que mais de 10.000 praticantes de Falun Gong já morreram vítimas de torturas. Praticantes de Falun Gong que sofreram todo tipo de atrocidades e conseguiram escapar das garras da morte informam que há mais de 100 métodos cruéis de tortura; os que seguem são somente alguns exemplos. Espancamento impiedoso é o método mais comum de torturar praticantes de Falun Gong. Policiais e prisioneiros comuns escolhidos espancam diretamente os praticantes e também incitam os outros prisioneiros a espancá-los. Como consequência dos golpes recebidos, muitas vítimas perderam a audição e sofreram lesões e mutilações em várias partes do corpo: orelhas arrancadas, olhos esmagados, dentes quebrados, crânios fraturados, lesões vertebrais, costelas, clavículas e pélvis quebradas, ou a amputação de membros. Alguns torturadores puxam e esmagam impiedosamente os testículos masculinos e dão pontapés nas partes intimas feminina. Se o praticante não cede, continuam a espancá-lo até deixá-lo em pele-viva e cheio de ferimentos profundos. Os corpos ficam completamente deformados e banhados em sangue devido às torturas; porém, os guardas não param aí; eles jogam água com sal sobre os corpos das pessoas e queimam as pessoas com bastões elétricos. O cheiro de sangue e carne queimada se mistura com os gritos de agonia e produzem uma cena terrível. Além disso, os torturados envolvem a cabeça das pessoas com sacos plásticos para tentar fazer a pessoa ceder pelo desespero de se sentir sufocada. Choques elétricos é outro método comumente usado para torturar os praticantes de Falun Gong em campos de trabalhos forçados na China. Os policiais utilizam bastões elétricos que produzem choques elétricos nas partes mais sensíveis dos praticantes: boca, topo da cabeça, peito, genitais, quadris, coxas, sola dos pés, seios das mulheres e pênis dos homens. Às vezes a descarga é feita com vários bastões elétricos de uma só vez até que a carne desprenda um cheiro de queimado e as zonas lesionadas fiquem escuras ou vermelhas. Outras vezes, a descarga é feita simultaneamente sobre a cabeça e ânus. Normalmente, o bastão elétrico descarrega até 10.000 Volts. Durante a descarga ele emite uma faísca azul junto com um som de estática. Quando a corrente atravessa o corpo, a pessoa sente como se estivesse 139/206 sendo queimada ou mordida por uma serpente. A pela da pessoa fica vermelha e se rompe, e as feridas apodrecem. Há bastões mais poderosos que fazem com que o torturado se sinta como que sendo golpeado por uma marreta. Além disso, os policiais queimavam com cigarros as mãos, o rosto, a planta dos pés, o peito, as costas, mamilos e outras partes do corpo dos praticantes, ou usavam isqueiros para queimar as mãos e os genitais. Colocam barras de ferro em brasa sobre as pernas dos praticantes. Também queimavam os rostos dos praticantes com brasas. A polícia queimou matando um praticante e depois informou que a vitima havia feito uma “auto-imolação”. Os policiais dão fortes golpes contra os seios e genitais dos praticantes. As praticantes são violentadas individual ou coletivamente. As desnudam, jogam nas celas de prisioneiros e deixam que elas sejam violentadas seguidamente. Eles usam bastões para darem choques nos seios e genitais, e queimam os mamilos das praticantes com isqueiros. Introduzem os bastões nas vaginas e dão choques elétricos. Eles amarram 4 escovas de dentes com fibras ásperas, introduzem na vagina e ali as giram e as esfregam. Introduzem anzóis de ferro nas partes intimas das mulheres. Amarram as mãos das praticantes atrás das costas, colocam eletrodos nos seus mamilos fazem circular corrente elétrica. A polícia coloca os praticantes em camisas de força; cruzam e prendem seus braços atrás das costas e depois forçam os braços das pessoas a passarem sobre a cabeça até o peito; amarram as pernas dos praticantes e os penduram fora da janela. Ao mesmo tempo, amordaçam os praticantes e colocam fones de ouvido e os fazem ouvir mensagens que difamam Falun Gong. Segundo testemunhas oculares desses métodos de tortura, as pessoas torturadas, de imediato, quebram os braços, ombros, punhos, cotovelos e tendões. As pessoas torturadas assim por longo tempo sofrem fratura na coluna e morrem de forma agonizante. Eles também colocam as pessoas em masmorras cheias de dejetos. Pegam pedaços de bambu e introduzem embaixo das unhas dos praticantes e os forçam a ficar em quartos úmidos cheios de fungos de todos os tipos nas paredes tetos e chão, fazendo que as feridas suporem. Outra maneira de torturar é fazer com que cães, serpentes e escorpiões mordam ou piquem os praticantes. Também injetam drogas que afetam o sistema nervoso. Estes são apenas alguns dos métodos de tortura aos quais são submetidos os praticantes de Falun Gong nos campos de trabalhos forçados da China comunista. III. A cruel disputa dentro do Partido. Pelo fato do PCCh unir seus membros pela “natureza do Partido” e não por princípios morais e justos, a lealdade de seus membros - sobretudo entre seus altos funcionários e cúpula - constitui uma questão de vital importância. O Partido gera uma permanente atmosfera de terror matando seus membros. Sendo assim, os sobreviventes sabem que 140/206 quando o ditador supremo quer que alguém morra; esta pessoa inevitavelmente morrerá de forma trágica. As fortes disputas dentro dos partidos comunistas são bem conhecidas. Todos os membros do Politburo do Partido Comunista Russo que serviram durante os primeiros mandatos foram executados ou se suicidaram, exceto Lênin, que morreu, e do próprio Stalin. Três dos cinco marechais, três dos cinco comandantes-chefes, todos os dez subcomandantes do exército, 57 dos 85 comandantes do comando do exército e 110 dos 195 comandantes de divisão tiveram a mesma sina: foram executados. O PCCh sempre defendeu “lutas brutais e ataques sem piedade”. Estas táticas não apenas se aplicam às pessoas que não pertencem ao Partido. Já no início do período revolucionário, na província de Jianxi, o Partido tinha matado tantas pessoas da Aliança Anti-bolchevista (Aliança AB)141 que poucos sobreviveram para lutar na guerra. Na cidade de Yan’an o Partido fez uma campanha de “retificação”. Mais tarde, depois de se estabelecer politicamente, ele eliminou Gao Gang, Rao Shushi, Hu Feng, e Peng Dehuai. Na época da Revolução Cultural, quase todos os membros veteranos do Partido já tinham sido eliminados. Nenhum dos exsecretários geral teve um final feliz. Liu Shaoqi, um ex-presidente chinês em certa época foi a segunda figura mais importante do país, teve uma morte trágica. No dia em que fazia 70 anos, Mao Tsé-tung e Zhou Enlai deram a ordem a Wang Dongxing (o chefe da guarda de Mao) para comprar um rádio de presente para Liu Shaoqi para que ele ouvisse as notícias oficiais da Oitava Sessão da 12ª Plenária do Comitê Central, que dizia: “Recomendamos a expulsão permanente do Partido, do traidor e espião e desertor Liu Shaoqi, bem como expor e acusar Liu Shaoqi e seus cúmplices por delitos de traição e conspiração”. Liu Shaoqi ficou emocionalmente abalado e seu estado de saúde se deteriorou rapidamente. Ele ficou acamado por longo tempo e não podia se mover e seu quadro clínico era horrível. Como, quando sentia muita dor, ele agarrava com força a roupa, objetos ou o braço da outra pessoa, colocaram um vasilhame de plástico duro em cada uma de suas mãos. Quando ele faleceu, as duas garrafas de plástico pareciam ampulhetas devido à pressão exercida por ele. Em outubro de 1969, durante sua punição, todo o corpo de Liu Shaoqi começava a se decompor e o pus das feridas emanava um cheiro intenso. Estava extremamente fraco e à beira da morte. Entretanto, o inspetor chefe do Comitê Central do Partido não permitia que ele tomasse um banho ou trocasse sua roupa. Ao invés disso, arrancaram toda sua roupa, o envolveram com uma manta, o levaram de avião de Pequim para a 141 Em 1930, Mao ordenou que o Partido matasse milhares de membros do PCCh – de soldados do Exército Vermelho a civis inocentes da província de Jiangxi – para consolidar seu poder nas regiões controladas pelo PCCh. Para maiores informações (em chinês): http://kanzhongguo.com/news/articles/4/4/27/64064.html 141/206 cidade de Kaifeng e o colocaram no porão de uma fortificação. Quando teve febre alta, não apenas não lhe deram medicação como não permitiram que médicos fossem no local. Quando Liu Shaoqi morreu, seu corpo estava completamente desfigurado; ele tinha cabelos brancos com mais de 60 cm de comprimento. Dois dias depois, à meia-noite, ele foi cremado como alguém com enfermidades altamente contagiosas. Também queimaram suas roupas de cama, seu travesseiro e outros objetos pessoais. No atestado de óbito de Liu Shaoqi constava o seguinte: “Nome: Liu Weihuang; profissão: desocupado; motivo da morte: doença”. O PCCh torturou um ex-presidente da nação até a morte, sem dar qualquer tipo de explicação. IV. Exportar a revolução: matando pessoas no exterior. Além de matar pessoas na China e dentro do Partido, usando uma grande variedade de métodos, o PCCh participou de matanças no exterior através da exportação da revolução, como no caso do assassinato de chineses que se encontravam fora do país. Um exemplo típico é o caso de Khmer Vermelho. O regime dos Khmer Vermelho de Pol Pot, existiu por apenas quatro anos no Camboja. Entretanto, de 1975 a 1978, mais de dois milhões de pessoas, incluindo 200.000 chineses, foram mortos nesse pequeno país com uma população de 8 milhões de pessoas. Os crimes cometidos pelos Khmer Vermelho são imensos, porém, não iremos falar deles aqui. O que iremos falar é sobre sua relação com o PCCh. Pol Pot venerava Mao Tsé-tung. Em 1965, viajou à China quatro vezes para escutar em pessoa os ensinamentos de Mao. Em novembro de 1965, ele ficou na China três meses. Chen Boda e Zhang Chunqiao analisaram com ele teorias como ”o poder político nasce do cano de uma arma”, “a luta de classe”, “a ditadura do proletariado” e outras. Mais tarde, estas teorias serviram de base para que ele governasse o Camboja. Ao regressar a seu país, Pol Pot mudou o nome de seu partido para Partido Comunista cambojano e estabeleceu as bases revolucionárias segundo o modelo do PCCh de cercar cidades a partir do campo. Em 1968, o Partido Comunista cambojano criou oficialmente seu exército. No final de 1969, contava com pouco mais de 30.000 pessoas. Porém, em 1975, antes de atacar e ocupar a cidade de Phnom Penh, ele já havia se tornado uma poderosa e bem equipada força, com mais de 80.000 soldados. Isto não foi possível sem o apoio do PCCh. O livro História do Apoio ao Vietnam e A Luta Contra os Estados Unidos, de Wang Xiangen, afirma que, em 1970, a China deu a Pol Pot armas e mais de 30.000 soldados. Em abril de 1975, Pol Pot tomou a capital do Camboja e, dois meses depois, viajou para Pequim para se reunir com o PCCh e receber instruções. Obviamente, se as matanças dos Khmer Vermelho não tivessem recebido o apoio teórico e material do PCCh, elas jamais teriam acontecido. 142/206 Por exemplo, depois de o Partido Comunista cambojano matar os dois filhos do príncipe Sihanouk, enviou o príncipe a Pequim por ordem de Zhou Enlai. Como se sabe, quando o Partido Comunista cambojano matava alguém, “eliminava até o feto” para evitar futuros problemas. Porém, a pedido de Zhou Enlai, Pol Pot obedeceu. Zhou Enlai salvou a Sihanouk com uma palavra, porém o PCCh não questionou o assassinato de mais de 200.000 chineses em mãos do Partido Comunista cambojano. Naquela época, os cambojanos de origem chinesa foram à embaixada da China em busca de proteção, porém, esta fechou a porta para eles. Em maio de 1998, quando, na Indonésia, aconteceu um genocídio de pessoas de origem chinesa, o PCCh não disse uma só palavra. Não ofereceu ajuda de nenhum tipo e inclusive impediu que se noticiasse sobre isto na China. Pelo que parece, o governo chinês não se importa com o que ocorre com seus compatriotas no exterior; nem sequer ofereceu ajuda humanista. V. Destruição de famílias. Não temos como saber quantas pessoas morreram vítimas das manobras políticas do PCCh. Não há como fazer levantamentos estatísticos devido ao bloqueio de informações e às barreiras entre diferentes regiões, grupos étnicos e dialetos locais. O governo do PCCh jamais faria um estudo desta natureza já que isto significaria cavar a própria sepultura. Na hora de contar sua história, o PCCh prefere “omitir tais detalhes”. É ainda mais difícil saber a quantidade de famílias prejudicadas pelo PCCh. Em alguns casos, morria um de seus membros ou a família inteira era desmantelada. Em outros, a família inteira era eliminada. Inclusive, quando ninguém morria, muitos se viam obrigados a se separarem. Pais e filhos foram obrigados a renunciar seus vínculos familiares. Alguns foram decapitados, outros ficaram loucos e outros morreram prematuramente devido às torturas. As estatísticas de todas essas tragédias familiares são muito precárias. O jornal japonês Yomiuri News certa vez noticiou que mais da metade da população da China foi perseguida pelo PCCh. Se for este o caso, estimase que o número de famílias destruídas pelo Partido supere os 100 milhões. O caso de Zhang Zhixin se tornou muito conhecida devido às várias notícias publicadas sobre ela. Muitos sabem que Zhang sofreu terríveis torturas físicas e mentais e foi violentada grupalmente. No final, ela ficou louca e, depois de cortarem sua língua, ela foi executada. Mas, o que muitos não sabem, é que há uma história ainda mais cruel por detrás desta tragédia: sua família foi obrigada a assistir a um “encontro de estudo para familiares de condenados à pena de morte”. Lin Lin, filha de Zhang Zhixin, conta: “No início da primavera de 1975 uma pessoa da corte proferiu a sentença dizendo em voz alta para mim: Sua mãe é uma contra-revolucionária e sofre de uma obstinação incorrigível. 143/206 Ela se opõe ao nosso grande líder, o presidente Mao, ao invencível pensamento de Mao Tsé-tung e ao seu governo do proletariado. Com tantos delitos, nosso governo está considerando a possibilidade de aumentar sua pena. Se ela for executada, qual será a sua atitude? Eu fiquei perplexa e não sabia o que dizer. Tinha o coração destroçado. Porém simulava estar tranqüila e fazia força para que não escapassem lágrimas. Meus pais me haviam dito que não chorássemos na frente dos outros, caso contrário nos teríamos que renunciar ao nosso vinculo familiar. Meu pai respondeu: Se este é o caso, o governo está livre para fazer o que for necessário”. “A pessoa da corte me perguntou em seguida: Você irá recolher seu corpo se ela for executada? Irá buscar os pertences de sua mãe na prisão? Eu baixei a cabeça e não disse nada. Novamente, meu pai respondeu: Não precisamos de nada. Meu pai pegou meu irmão e eu pelas mãos e saímos da corte. Atordoados, fomos caminhando para casa em meio a uma tormenta de neve. Não cozinhamos; meu pai repartiu um pedaço de bolo de milho que ainda restava e nos deu. Disse-nos: Comam e vão para cama mais cedo. Meu pai se sentou em uma banqueta e ficou mirando ao longe em estado de perplexidade. Depois de certo tempo, olhou para a cama pensando que estivamos dormindo. Ele se levantou, abriu uma pasta que havíamos trazido de nossa antiga casa em Shenyang e tirou a foto de minha mãe. Olhou para ela e não pode conter as lágrimas”. “Eu me levantei da cama e apoiei minha cabeça em seus braços e comecei a chorar com força. Meu pai deu uma batidinha de leve em mim e disse: Não chore, não podemos deixar que os vizinhos nos ouçam. Meu irmão se levantou depois de me ouvir chorar. Papai nos abraçou fortemente. Não sabemos quantas lágrimas derramamos naquela noite, mas não pudemos chorar livremente142”. Um professor universitário tinha uma família estruturada e feliz até que sua família se viu vítima de uma tragédia durante o processo de retificação dos direitistas. Na época do movimento direitista, antes de se casar, sua mulher namorou alguém considerado um direitista. Este foi preso e enviado para um local afastado onde sofreu muito. Entretanto ela, como era muito jovem, não teve que ir com ele. Assim, ela negou este amor e, pouco depois, se casou com o referido professor. Quando seu antigo amor retornou da prisão para a cidade, ela, agora mãe, se arrependeu de sua decisão e insistiu em se divorciar de seu marido para se livrar de seu sentimento de culpa. Nesta ocasião, seu marido tinha cerca de 50 anos de idade e, não podendo aceitar essa brusca mudança em sua vida, ficou desnorteado. Ele abandonou tudo e foi em busca de um lugar para recomeçar sua vida. Por fim, sua ex-esposa abandonou a todos, inclusive os seus filhos. Os casos de separações dolorosas decorrentes do Partido se conceituam num grande problema; é uma enfermidade incurável que leva à separação após separação. 142 De um informe da Fundação de Investigações Laogai, de 12 de outubro de 2004, publicado em: http://www.laogai.org/news2/newsdetail.php?id=391 (em chinês) 144/206 A família é a unidade básica da sociedade chinesa; representa a última defesa da cultura tradicional contra a cultura do Partido. Portanto, os danos feitos às famílias é o que há de mais cruel na história de crueldades do PCCh. Como o Partido monopoliza os recursos sociais, quando este considera que uma pessoa se opõe à ditadura, ele ou ela terá sua vida em jogo, será acusado por todos e terá sua dignidade arruinada. Sendo tratado tão injustamente, a família é o único refúgio e consolo para essa pessoa inocente. Porém a política do PCCh de incriminar pessoas impede que os familiares se confortem entre si, do contrário, também correm o risco de serem acusados de opositores da ditadura. Zhang Zhixin, por exemplo, se viu obrigada a se divorciar. Para muitos, a traição ou a falta de apoio dos familiares (que não os defendem; os denunciam ou os acusam publicamente) é a última esperança que se quebra: quando esta se vai, o espírito desaba. Muitas pessoas não suportam isto e se suicidam. VI. Os esquemas para matar e suas consequências. A ideologia do PCCh de matar. O PCCh sempre se gabou de seu talento e criatividade na implementação do marxismo-leninismo, porém, na verdade, o que engendrou com criatividade foi um mal sem precedentes na história e em todo o mundo. Utiliza o conceito comunista de união social para enganar as pessoas comuns e os intelectuais. Tenta usar a ciência e tecnologia para promover o total ateísmo. Usa o comunismo para negar o direito de propriedade privada e emprega a teoria e a prática leninistas da revolução violenta para controlar o país. Ao mesmo tempo, combina e reforça tudo isto com os aspectos negativos da cultura chinesa, aquela parte que se desviou das tradições chinesas. O PCCh inventou toda uma teoria e a bandeira de uma “revolução permanente” sob a ditadura do proletariado. Utiliza isto para mudar a sociedade e assim assegurar a ditadura do Partido. É uma teoria que possui duas partes: a base econômica e a superestrutura sob a ditadura do proletariado. A base econômica determina a superestrutura, enquanto que esta, por sua vez, atua sobre a base econômica. Para fortalecer a superestrutura, especialmente o poder do Partido, a revolução teve que se sustentar sob bases econômicas. Isto incluiu: (1) Matar os proprietários de terra para resolver os problemas das relações de produção143 no campo, e (2) Matar os capitalistas para resolver tais problemas nas cidades. Dentro da superestrutura, matar constantemente é necessário para que o Partido mantenha controle ideológico absoluto. Isto incluiu: 143 Uma das três ferramentas (meios de produção, sistema de produção e relações produção) que Marx utilizava para analisar as classes sociais. O termo “relações produção” se refere ao vínculo que se estabelece entre aquele que possui os meios produção e aqueles não os possuem; por exemplo, a relação entre proprietários terra e camponeses ou entre capitalistas e operários. 145/206 de de de de (1) Resolver o problema da atitude política dos intelectuais em relação ao PCCh. Durante muito tempo, o PCCh lançou campanhas para reformar o pensamento dos intelectuais. Acusou os intelectuais de promover o individualismo burguês, a ideologia burguesa, o liberalismo, pontos de vista apolíticos, a falta de ideologia de classe, etc. O Partido removeu o respeito aos intelectuais através de lavagem cerebral e aniquilação de suas consciências. Eliminou quase que por completo o pensamento independente e muitas outras boas qualidades desejadas nos intelectuais, incluindo a tradição de exigir justiça e dedicarem suas vidas em defesa do que é justo. A tradição ensina: “Não se deve abusar da riqueza e da fama; nem se desviar quando se é pobre ou não reconhecido; tampouco subjugar ou submeter alguém pela superioridade de força144”; “Primeiro se preocupar com o Estado e por último com si próprio145”; “Toda pessoa deve se sentir responsável pelo sucesso ou fracasso de seu país146”; e “Individualmente um cidadão melhora a si mesmo e, em sociedade, melhora a todo o seu país147”. (2) Começar uma revolução cultural e matar pessoas para obter total controle político e cultural. O PCCh lançou enormes campanhas dentro e fora do Partido e começou a matar nas áreas da literatura, da arte, do teatro, da educação e dos historiadores. Os primeiros ataques se concentraram em pessoas famosas, como A Aldeia das Três Famílias148, Liu Shaoqi, Wu Han, Lao She, e Jian Bozan. Mais tarde, as mortes se estenderam a “um pequeno grupo dentro do Partido” e “um pequeno grupo dentro do exército”, até que, finalmente, se estenderam para todos os integrantes do Partido e do exército, e a todos os habitantes da China. A luta armada destruía o corpo e os ataques à cultura destruíam o espírito das pessoas. Foi uma época sumamente violenta e caótica. O lado perverso da natureza humana foi estimulado ao máximo para fazer frente à necessidade do Partido de revigorar o seu poder em épocas de crise. Qualquer um podia matar abertamente “em nome da revolução ou em defesa da linha revolucionária do líder Mao”. Esta forma de exterminar a boa natureza humana se converteu em uma prática nacional sem precedentes. (3) O PCCh, em 4 de junho de 1989, atirou em estudantes universitários 144 De Mencius, 3º livro. Da série: Clássicos de Penguin, tradução de D. C. Lau. Citação de Fan Zhongyan (989-1052), destacado educador, escritor e funcionário do governo chinês da dinastia Canção do Norte. A citação é de seu poema “Subir na Torre Yueyang”. 146 Citação de Gu Yanwu (1613-1682), distinguido erudito do início da dinastia Qing. 147 De Mencius, 7º livro. Da série: Clássicos de Penguin, tradução de D. C. Lau. 148 A Aldeia das Três Famílias era o pseudônimo que utilizavam três escritores da década de 1960, Deng Kuo, Wu Han e Liao Mosha. Wu foi o autor da obra teatral “Hai Rui renuncia a seu posto”, que Mao interpretou como uma sátira política à sua relação com o general Peng Dehuai. 145 146/206 na Praça Tiananmen em resposta as reivindicações por democracia que surgiram depois da Revolução Cultural. Foi a primeira vez que o exército do Partido matou civis em público como forma de reprimir protestos contra a malversação de fundos, a corrupção e os conluios entre oficiais do governo e empresários, bem como para reprimir a liberdade de imprensa, de expressão e de reunião. Durante o massacre, visando instigar o ódio entre militares e civis, o Partido fabricou cenas onde pessoas queimavam veículos militares e matavam soldados, para assim tentar maquiar as brutalidades cometidas pelo Exército do Povo ao massacrar seu próprio povo. (4) Matar pessoas de diferentes crenças religiosas. O controle da fé é vital para a sobrevivência do PCCh. A fim de que sua heresia possa enganar as pessoas, no início, o PCCh começou seu governo eliminando todas as crenças e sistemas de crenças. Quando se encontrou diante de uma nova crença espiritual – Falun Gong -, o PCCh empunhou novamente seu facão de carniceiro. A estratégia do Partido consistia em tirar vantagem do fato dos praticantes de Falun Gong não mentirem, não usarem violência e não quererem causar instabilidade social em função de seguirem os princípios de Verdade-Benevolência-Tolerância. Depois de obter experiência em perseguir Falun Gong, o PCCh se aperfeiçoou em eliminar pessoas de outras crenças. Desta vez, Jiang Zemin e o próprio PCCh decidiram se colocar pessoalmente à frente das matanças ao invés de utilizarem outras pessoas ou grupos. (5) Matar pessoas para encobrir a verdade. O direito à informação do povo representa um outro ponto fraco do PCCh. Ele mata pessoas para bloquear o fluxo da informação. No passado, escutar “emissoras de rádio do inimigo” era um delito punido com a prisão. Hoje em dia, em resposta a múltiplos incidentes de intercepção no sistema de televisão estatal para esclarecer a verdade sobre a perseguição a Falun Gong, Jiang Zemin ordenou secretamente: “matar imediatamente e sem piedade”. Liu Chengjun, que interferiu no sistema de comunicação, foi torturado até a morte. O PCCh mobilizou o Escritório 610 (uma organização similar a Gestapo do nazismo e que foi criada especialmente para perseguir Falun Gong), a polícia, os fiscais, os tribunais e um massivo sistema policial para monitorar e controlar as ações das pessoas na Internet. (6) Privar as pessoas do direito à vida para garantir seus próprios interesses. Na realidade, a teoria de “revolução permanente” do PCCh significa que ele não está disposto a abrir mão do poder. Hoje em dia, a malversação de fundos públicos e a corrupção existentes dentro do PCCh geraram um conflito entre a supremacia absoluta do PCCh e o direito de viver das pessoas. Quando as pessoas se organizam para proteger legalmente seus direitos, o PCCh recorre à violência, empunha seu facão de carniceiro para os líderes desses movimentos organizados. Para este fim, o PCCh possui 147/206 mais de um milhão de policiais armados. Atualmente, o PCCh está muito melhor aparelhado para matar do que na época do massacre na Praça Tiananmen, quando teve que mobilizar em caráter de urgência seu exército de operações. Entretanto, ao levar seu povo à ruína, o PCCh está num beco sem saída. Atualmente, o PCCh se encontra em uma situação tão vulnerável que, como diz o refrão chinês, “quando sopra o vento, sente que até as arvores e os campos são inimigos”. Por tudo isto, podemos ver que o PCCh, em essência, é um espectro do mal. Não importa o modo como ele mude para se manter no poder, jamais poderá mudar sua história de matanças: matou pessoas no passado, mata pessoas hoje em dia e no futuro continuará matando pessoas. Diferentes formas de matar para diferentes circunstâncias. A. Manipulando a propaganda política. O PCCh utiliza métodos diferentes para matar pessoas dependendo da época. Na maioria dos casos, lança campanhas de propaganda política antes de matar. O PCCh sempre diz: “Somente matar pode aplacar a indignação do povo”, como se uma suposta “indignação pública” fosse um pedido do povo para o PCCh matar. Por exemplo, a obra teatral “A Menina de Cabelos Brancos”, uma completa distorção de uma lenda folclórica, e as histórias inventadas sobre a cobrança de aluguel e água que se contam na obra de Liu Wencai foram utilizadas como ferramentas para “ensinar” o povo a odiar os proprietários de terra. O PCCh normalmente endemoniza seus inimigos, como no caso do ex-presidente chinês Liu Shaoqi. Em janeiro de 2001, por exemplo, o Partido fabricou o incidente da auto-imolação na Praça Tiananmen para colocar o povo contra Falun Gong, e, logo em seguida, iniciou uma enorme campanha de genocídio contra os praticantes de Falun Gong. O PCCh, na realidade, não abriu mão de seus métodos de matar pessoas, apenas os aperfeiçoou através dos avanços da tecnologia. No passado, o Partido somente podia enganar o povo chinês, porém, na atualidade, também engana pessoas de todo o mundo. B. Incitar o povo a matar pessoas. O PCCh não somente mata pessoas através da máquina imposta por sua ditadura como também incita as pessoas a se matarem umas às outras. No começo o PCCh observa algumas leis e regulamentos, entretanto, uma vez que consegue a adesão do povo, nada pode detê-lo em seu massacre. Por exemplo, na época da reforma agrária, um comitê especial decidia se os proprietários de terra mereciam viver ou não. C. Destruir o espírito da pessoa antes de matá-la fisicamente. Consiste em destruir o espírito da pessoa antes de matá-la. Mesmo a dinastia mais cruel e brutal da história chinesa, a Qin (221-207 a.C.), não aniquilava o espírito da pessoa. O PCCh jamais deu oportunidade para as 148/206 pessoas morrerem como mártires. Estabeleceu políticas como “Clemência para os que confessarem e castigo severo para os que resistirem” e “Baixar a cabeça e confessar é a única saída”. O Partido obriga as pessoas a renunciarem suas crenças e pensamentos e as faz morrer como cães, com sua dignidade em ruínas: uma morte digna inspiraria seguidores. Somente se a vítima morre de forma vergonhosa e humilhante é que o PCCh considera que atingiu seu objetivo de dar uma lição para aqueles que admiram a vítima, já que acabam com essa admiração. A razão para o PCCh perseguir Falun Gong com crueldade e violência extremas é porque os seus praticantes consideram suas crenças acima de suas vidas. Como o PCCh viu que é impossível destruir a dignidade dos praticantes de Falun Gong, ele faz de tudo para torturá-los fisicamente. D. Matar pessoas através de alianças e alienação. Para matar pessoas, o PCCh utiliza tanto o “bastão como a cenoura”, se faz de amigo e de inimigo de outros. O Partido sempre ataca a uma “pequena” parte do povo: 5%. A “maioria” das pessoas é sempre boa, são “educáveis”. A educação é feita através de dois caminhos: o terror ou a proteção. A educação através do terror busca ensinar às pessoas que aqueles que se opõem ao PCCh não terão um final feliz, e faz com que as pessoas se afastem daqueles que já foram alvos do Partido. A educação baseada na proteção faz com que a pessoa veja que se ela ganhar a confiança do PCCh e for fiel a ele, a pessoa não somente estará a salvo como também terá chances de ser promovida ou ganhar outros benefícios. Lin Biao disse certa vez: “Uma pequena porção [reprimida] hoje e outra amanhã se transforma com o tempo em uma grande quantidade”. É comum que aqueles que se alegram por terem conseguido sobreviver a uma ação do PCCh sejam vítimas na seguinte. E. cortar o problema pela raiz e matar secretamente (fora da lei). Nos dias atuais, o PCCh utiliza um sistema de cortar o problema pela raiz e de matar secretamente à revelia da lei. Por exemplo, como as greves dos operários e os protestos dos camponeses apareceram em vários lugares, o PCCh acabou com estas manifestações antes que elas crescessem, prendendo os cabeças dessas manifestações e os sentenciando a severos castigos. Em outro exemplo, como a defesa à liberdade e aos direitos humanos se tornou uma bandeira no mundo, o PCCh já não “condena oficialmente” praticante de Falun Gong à pena de morte, mas, sob a premissa de Jiang Zemin de que “ninguém será culpado por matar praticantes de Falun Gong”, estes são torturados até à morte em todo o país. A Constituição chinesa estabelece que os cidadãos tenham o direito de apelar se são vítimas de injustiças. Entretanto, o PCCh utiliza “policiais vestidos à paisana” ou contrata criminosos para dissuadir, impedir, deter ou mandar de volta para suas casas os apelantes, ou até levá-los a campos de trabalhos forçados. F. Matar pessoas como forma de advertência. 149/206 As perseguições de Zhang Zhixin, Yu Luoke e Lin Zhao149 são exemplos deste tipo. G. Usar repressão para esconder a verdade sobre as mortes. Geralmente, o PCCh reprime, mas não mata pessoas famosas devido à opinião internacional. O propósito disto é esconder os seus crimes da opinião pública. Por exemplo, durante a campanha de repressão aos reacionários, o Partido não matou os generais do alto escalão do KMT como Long Yun, Fu Zuoyi e Du Yuming -, porém matou outros oficiais e soldados de menor patente. Ao longo do tempo, as matanças feitas pelo PCCh perverteram a alma do povo chinês. Na China de hoje, muitas pessoas estão inclinadas a matar. Quando os Estados Unidos sofreram o ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, muitos chineses festejaram isso através de mensagens na Internet. Defensores de uma “guerra total” podem ser vistos por todas as partes, fazendo pessoas tremerem de medo. Conclusão. Devido ao bloqueio ao acesso às informações feito pelo PCCh, não temos como saber exatamente quantas pessoas morreram no vários movimentos e campanhas de perseguição que ocorreram durante sob o governo do PCCh. Pelos menos 60 milhões de pessoas morreram. Além disso, o PCCh eliminou as minorias étnicas em Xinjiang, no Tibet, na Mongólia, em Yunnan e em outras regiões. É difícil achar informações sobre essas operações. O diário americano Washington Post, certa vez, calculou que o número de pessoas mortas pelo PCCh foi da ordem de 80 milhões150. Além do número de mortes, não há como saber quantas pessoas sofreram em consequência da violência do PCCh: as que ficaram incapacitadas, enlouquecidas, órfãs, sem família, etc. Cada morte é uma tragédia nas famílias das vítimas. 149 Yu Luoke foi uma intelectual defensora dos direitos humanos que foi assassinada pelo PCCh durante a Revolução Cultural. Seu extraordinário ensaio “Sobre a tradição familiar”, escrito em 18 de janeiro de 1967, foi um dos mais difundidos e que teve maior influência na opinião sobre o PCCh durante a Revolução Cultural. Lin Zhao, uma estudante universitária de Pequim que se destacou no jornalismo, em 1957, foi considerada uma direitista por seu pensamento independente e sua crítica aberta ao movimento comunista. Foi acusada de conspirar para a derrubada da Ditadura Democrática do Povo e presa em 1960. Em 1962, ela foi sentenciada a 20 anos de prisão. O PCCh a assassinou em 29 de abril de 1968 como contra-revolucionária. 150 Informação baseada na Fundação de Investigações Laogai, extraído de: http://www.laojiao.org/64/article0211.html (em chinês). 150/206 Certa vez o jornal japonês Yomiuri News, noticiou151: “O governo central chinês realizou um levantamento das mortes durante a Revolução Cultural com base em 29 províncias e municípios diretamente administrados por ele. Os resultados revelaram que, durante a Revolução Cultural, cerca de 600 milhões de pessoas foram perseguidas ou incriminadas, o que equivale a metade da população chinesa”. Stalin disse que a morte de um homem é uma tragédia, mas a morte de milhões é somente uma estatística. Quando falaram para Li Jingquan, na época secretário do Partido na província de Sichuan, que muitas pessoas estavam morrendo de fome em sua província, ele disse: “Qual a dinastia não causou a morte de pessoas?”. Mao Tsé-tung declarou: “As baixas são uma consequência inevitável das lutas. As mortes devem ocorrer”. Esta é a visão que os ateus comunistas têm da vida. Por isso, 20 milhões de pessoas morreram como resultado das perseguições de Stalin cifra que representa quase 10% da população da ex-URSS. O PCCh matou cerca de 80 milhões de pessoas, também quase 10% da população chinesa (ao final da Revolução Cultural). Os Khmer rouger mataram dois milhões de pessoas, um quarto da população do Camboja (na época). Na Coréia do Norte, estima-se que a fome provocou mais de um milhão de mortes. Estas são dívidas de sangue que se acumularam sobre os partidos comunistas. Os cultos perversos fazem sacrifícios de vidas e usam sangue humano no culto de adoração. Desde o início, o Partido Comunista não parou de matar pessoas – não só mata os que não pertencem ao Partido como mata seus próprios membros – para prosseguir em sua “luta de classe”, “sua luta intrapartidária” e outras falácias. Inclusive, o partido comunista sacrificou no seu altar de culto perverso seus próprios secretários, marechais, generais, ministros e outros membros. Muitos pensam que com o tempo o PCCh irá melhorar, que as suas matanças diminuíram bastante. Em primeiro lugar, matar uma só pessoa é o suficiente para transformar alguém em assassino. Além disso, como matar é um dos métodos que o PCCh utiliza para impor seu regime de terror, o PCCh aumenta ou diminui a quantidade de mortes de acordo com sua necessidade e estratégia. Em geral, a política de extermínio que ele utiliza é imprevisível. Se o povo carece de um forte sentimento de medo, o PCCh matará para infundi-lo; se o povo é temeroso, matar alguns serve para manter aquecido o sentimento de medo; quando o sentimento de medo é grande, anunciar a intenção de matar sem realmente fazê-lo é o suficiente para infundir o terror. Após atravessar por muitos movimentos políticos e de extermínio, o povo desenvolveu uma resposta reflexo condicionado ao regime de terror do PCCh. Portanto, o Partido nem sequer 151 Extraído de “Carta aberta de Song Meiling a Liao Chengzhi” (17 de agosto de 1982) Fonte: http://www.blog.edu.cn/more.asp?name=fainter&id=16445 (em chinês). 151/206 necessita mencionar a intenção de matar; o tom de advertência da máquina de propaganda política do Partido é mais que suficiente para que as pessoas se lembrem dos horrores vividos. O PCCh ajusta a intensidade de suas matanças às mudanças do grau de medo do povo. A magnitude de seus assassinatos não é o que interessa ao Partido; o ponto chave em matar constantemente é manter o poder. O PCCh não se tornou doce nem guardou seu facão de carniceiro. O que ocorre agora é que as pessoas são mais obedientes ou submissas. Se as pessoas levantarem a voz para exigir algo que supera o nível de tolerância do Partido, este não hesitará em matar. Para manter o terror, o método que dá melhor resultado é matar ao acaso. Nas matanças em grande escala que ocorreram no passado, intencionalmente, o PCCh deixava vago sobre o motivo, o delito e a sentença das vítimas. Para evitar ser alvo das matanças, as pessoas se restringiam às “zonas seguras” com base em seus próprios julgamentos. Às vezes, tais “zonas seguras” eram ainda mais rigorosas do que aquelas que o PCCh pretendia. Por isso, em todas as campanhas, as pessoas tinham que atuar como esquerdistas, não bastava não ser um direitista. Consequentemente, muitas vezes os movimentos atingia proporções muito maiores do que as esperadas, já que as pessoas dos vários estratos sociais, para se sentirem seguras, se auto-impunham restrições e exigências ainda maiores do que as do Partido. Quanto mais baixo o nível social, maior era a crueldade da campanha. Essa intensificação voluntária do terror, que se estendeu por toda a sociedade, se originou dos assassinatos ao caso feitos pelo PCCh. Em sua longa história de matanças, o PCCh se transformou em um assassino serial e depravado. Matando, decidindo sobre o destino das pessoas, satisfez seu pervertido desejo de poder supremo. Matando, aplaca seu medo mais profundo. Matando, reprime a sociedade e a insatisfação decorrente dos assassinatos realizados no passado. Hoje, as dívidas de sangue são impossíveis de serem pagas através de soluções benevolentes. A única maneira que o PCCh tem para se manter no poder, daqui para frente, é governar sob intensa pressão e totalitarismo. O PCCh tenta, quando conveniente, dissimular sua verdadeira natureza se justificando por seus assassinatos ou dizendo ter sido algo do passado. Entretanto, sua natureza sanguinária jamais mudou. E é ainda mais improvável que ela mude no futuro. Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 8 – O Oitavo dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. 152/206 O Partido Comunista é na essência uma seita do mal. Durante a Revolução Cultural todas as pessoas tiveram que estudar os livros de Mao Tsé-tung. Introdução A queda do bloco socialista encabeçado pela União Soviética, no início da década de 1990, assinalou o fracasso do comunismo depois de quase um século de existência. Entretanto, contrariando todos os prognósticos, o PCCh sobreviveu e ainda governa a China, uma nação cuja população representa 1/5 dos habitantes do planeta. Surge inevitavelmente uma pergunta: o Partido Comunista Chinês é realmente comunista? Ninguém mais na China acredita ainda no comunismo, começando pelos próprios membros do Partido. Passados 50 anos de socialismo, o PCCh apóia a propriedade privada, há até bolsa de valores na China. Ele busca capital no exterior para novos empreendimentos e explora trabalhadores urbanos e camponeses o máximo que pode. O PCCh é justamente o oposto do ideal do comunismo. Pese a adoção de práticas capitalistas, o PCCh mantém controle total sobre o povo chinês. A Constituição chinesa, em sua reforma de 2004, estabelece que “O povo chinês, de múltipla etnia, reafirma sua adesão ao regime da ditadura democrática do povo e à via socialista sob a condução do Partido Comunista Chinês e guiado pelo marxismo-leninismo, pela ideologia de Mao Tsé-tung, a teoria de Den Xiaoping e o fundamental pensamento estabelecido em Três Representantes...”. 153/206 “O leopardo morreu, mas a pele ainda continua152”. O PCCh faz jus a esta frase já que continua governando apenas com a pele do comunismo e a usa para sustentar seu regime na China. Qual é a natureza dessa pele herdada pelo PCCh? Ou seja: Qual é o núcleo de sua organização? I. As Características de seita do PCCh O Partido Comunista é em essência uma seita do mal que prejudica a humanidade. Embora não se veja como uma religião, o Partido Comunista tem todas as características de uma religião (tabela 1, adiante). Durante sua formação, ele proclamava que o marxismo era a verdade absoluta. Venerava Marx como seu Deus e exortava o povo a engajar em uma incansável luta para construir o “paraíso comunista na Terra”. Tabela 1: PCCh: Suas características de religião: Características básicas de uma religião As características correspondentes do PCCh Hierarquia religiosa, igreja e púlpito. Todos os níveis de comitê do Partido; o púlpito vai desde as reuniões partidárias até a mídia controlada pelo PCCh. Doutrinas Marxismo-leninismo, a ideologia de Mao Tsétung, a teoria de Deng Xiaoping, os “Três Representantes” de Jiang Zemin e a Constituição do Partido. Ritos de iniciação Cerimônia na qual se jura lealdade eterna ao Partido. Compromisso religioso Um membro só pode acreditar no Partido Comunista. Sacerdotes Secretários do Partido e funcionários em 152 “O leopardo morreu, mas a pele ainda continua” é um verso do “Poema da flor da ameixeira”, de Shao Yong (1011-1077), incluído em antigo livro de profecias chinesas. O leopardo é usado para se referir ao território da ex-União Soviética, cuja forma lembra um leopardo correndo. Com a queda da União Soviética, a essência do sistema comunista desapareceu; ficou só a pele (a forma), a qual o PCCh herdou. 154/206 todos os níveis do Partido. Adoração a Deus Maldiz a todos os Deuses para se estabelecer como o deus sem nome. A morte: “ascender ao Céu ou descer ao inferno” A morte é conhecida como “ir ver a Marx”. Leitura (Escrituras) As teorias e escritos dos líderes do Partido Comunista Pregações, sermões e Assembléias de todo tipo; discursos dos seus missas. líderes. Recitação e estudo Estudos políticos; assembléias e atividades profundo das escrituras rotineiras dos membros do Partido. Hinos (cantos religiosos) Canções de louvor ao Partido e seus Hinos. Doações e dízimo Contribuições obrigatórias; uso do orçamento do governo, arrecadado com o suor e sangue do povo, pelo Partido. Medidas punitivas ditadas pelo Partido que vão desde “prisão domiciliar e investigação” e Castigos disciplinares e “expulsão do Partido” a tortura seguida de Penitências morte e castigos a familiares e amigos do acusado. O Partido Comunista difere claramente de qualquer religião reta. Toda religião ortodoxa acredita em Deus e em benevolência, e tem o propósito de ensinar princípios morais e salvar almas. O Partido Comunista não acredita em Deus e se opõe à moral universal. O que o Partido Comunista tem feito mostra claramente que ele é uma seita do mal. As doutrinas comunistas pregam a luta de classe, a revolução violenta e a ditadura do proletariado; a chamada “revolução comunista”, cheia de sangue e violência. O terror vermelho desencadeado pelo comunismo já dura um século: é responsável por enormes tragédias em dezenas de países e pela perda de inúmeras vidas humanas. A crença comunista, que trouxe o inferno para Terra, é simplesmente a seita mais perversa do mundo. As características de seita do Partido Comunista podem ser resumidas em seis itens: 1. A mistura de doutrinas e a eliminação de opositores O Partido Comunista tem o marxismo como sua doutrina religiosa e a prega como “a verdade inquebrantável”. As doutrinas comunistas desconhecem a benevolência e a tolerância e, além disso, estão cheias de arrogância. O marxismo é produto do período inicial do capitalismo, 155/206 quando a produtividade era baixa e a ciência não havia se desenvolvido. Ele foi incapaz de entender as relações entre o ser humano e sociedade ou entre o ser humano e a natureza. Por desgraça, tal ideologia herética resultou na Internacional Comunista que causou tantos danos ao mundo durante quase um século, até que os povos, percebendo na prática o absurdo e fraude dessa doutrina, a rejeitasse. Começando por Lênin, todos os líderes do Partido sistematicamente fizeram alterações nas doutrinas dessa seita. Da teoria de Lênin da revolução violenta à revolução permanente de Mao Tsé-tung sob a ditadura do proletariado, e mais recentemente Jiang Zemin com os Três Representantes, a história do Partido Comunista está cheia de teorias ateístas e de falácias como já citado. Embora essas teorias estejam repletas de contradições e na prática só tenham causado tragédias, o Partido Comunista sempre se declara correto em tudo e obriga o povo a estudar suas doutrinas. O meio mais eficaz que a seita maléfica do comunismo encontrou para divulgar sua doutrina foi eliminar seus opositores ou dissidentes. Como a ideologia e prática do comunismo são por demais absurdas, a única maneira de fazer as pessoas aderirem ao comunismo é forçá-las a isto. Sendo assim, o Partido recorre à violência e elimina seus opositores e dissidentes. Depois que o PCCh tomou as rédeas do poder na China, ele fez “reforma agrária” para eliminar a classe dos proprietários de terra, fez a “reforma social” na indústria e comércio pra eliminar classe dos capitalistas, fez “purga de reacionários” para acabar com as religiões independentes e com os funcionários das gestões anteriores ao comunismo, fez o “movimento antidiretista” para silenciar os intelectuais, e a Revolução Cultural para apagar e acabar a tradicional cultura chinesa. O PCCh conseguiu unificar a China por meio da perversa seita do comunismo e fez com que todo o país lesse o Livro Vermelho, bailasse a “dança da lealdade” e aceitasse “pedir instruções ao Partido pela manhã e prestar-lhe contas à noite”. No período após o reinado de Mao e Deng, o PCCh achou que Falun Gong (uma tradicional prática de cultivo que acredita nos princípios Verdade, Benevolência e Tolerância) iria competir com o ele pelas massas e, assim, decidiu perseguir e eliminar Falun Gong. Assim, o PCCh iniciou uma perseguição genocida contra Falun Gong que dura até hoje. 2. Culto de adoração a um líder e imposição totalitária de pontos de vista. De Marx a Jiang Zemin, os retratos dos líderes do Partido Comunista estão pomposamente expostos para adoração pública. A autoridade total dos líderes do PCCh não dá espaço para qualquer contestação. Mao Tsé-tung foi chamado de “o sol vermelho” e “o grande libertador”. O Partido valoriza os escritos de Mao e diz que “uma sentença de Mao equivale a dez mil sentenças comuns”. Como “membro do Partido”, Deng Xiaoping foi durante certo período o senhor absoluto da política chinesa. A teoria dos Três Representantes, de Jiang Zemin, não possui mais do que 40 156/206 ideogramas, incluída a pontuação, entretanto, no Quarto Plenário do PCCh, ela foi apresentada como “um documento que dava respostas criativas a perguntas do tipo: O que é socialismo? Como construí-lo? Que partido estamos erigindo e como consolidá-lo?”. O Partido também deu grande ênfase na hora de descrever a teoria dos “Três Representantes” e chegou ao ridículo ao defini-la como uma continuação do marxismoleninismo, do Pensamento de Mao e da Teoria de Deng Xiaoping. A injustificável matança de inocentes, a catastrófica Revolução Cultural de Mao, a ordem de Deng Xiaoping para iniciar o massacre da Praça Tiananmen e a atual perseguição a Falun Gong sob o comando de Jiang Zemin, são os abomináveis resultados da ditadura ateísta do PCCh. Por um lado, o PCCh estabelece em sua Constituição: “Todo poder da República Popular da China pertence ao povo, sendo este poder exercido através do Congresso Nacional do Povo e das Assembléias do Povo em seus diferentes níveis locais”. “Nenhuma organização ou indivíduo pode ter o privilégio de estar acima da Constituição ou da lei153”. Do outro lado, a Carta Magna do PCCh estabelece que ele é condutor da causa socialista da nação chinesa, assim seu poder prevalece sobre o país e o povo. O presidente do Comitê Permanente do Congresso Nacional do Povo fez “importantes discursos” em todo o país com o intuito de fazer com que este órgão, a instância mais alta do poder do Estado, se subordinasse ao PCCh. Segundo o princípio da “centralização democrática” do PCCh, todos os níveis do Partido devem obedecer ao Comitê Central do Partido. Em essência, o Congresso Nacional Popular tem que se submeter ao secretário geral do PCCh, uma ditadura que se reveste na forma de lei. 3. Lavagem cerebral, controle de pensamento, rigidez organizacional e proibição de abandonar o Partido. A organização do PCCh se caracteriza por sua extrema rigidez; é necessária a recomendação de dois de seus membros para ser admitido no Partido. Uma vez dentro, o novo membro deve jurar lealdade ao Partido, deve pagar, como os demais membros, uma taxa de filiação e mensalidades, ir às atividades do Partido e participar dos grupos de estudos políticos. As organizações do Partido se estendem a todos os níveis de governo; estão em cada povoado, aldeia ou bairro. O PCCh controla não somente seus membros e as questões ligadas ao Partido como também aqueles que não seus membros, já que todo o regime deve “se subordinar à liderança do Partido”. Nos anos em que aconteceram as campanhas de luta de classe, os sacerdotes da seita PCCh – os secretários do Partido em todos os níveis –, em geral, não faziam outra coisa a não ser subjugar o povo. A crítica e a autocrítica praticada nas assembléias do Partido são utilizadas como meio usual e permanente para controlar a mente de seus militantes. 153 Constituição da República Popular da China (1999). 157/206 Ao longo de sua existência, o PCCh fez uma série interminável de campanhas políticas para “purga de seus membros”, “retificar o ambiente do Partido”, “capturar os traidores”, “purgar a Aliança Anti-bolchevista (Aliança AB)” e “disciplinar o Partido”. Um teste para verificar o “senso de natureza partidária”. Em outras palavras, empregar a violência e o terror para verificar o grau de devoção de seus membros, e também para assegurar-se que eles sempre sigam as ordens do Partido. Filiar-se ao PCCh equivale a firmar um contrato de caráter irrevogável pelo qual a pessoa entrega seu corpo e alma ao Partido. Como as regras do PCCh estão acima das leis da nação, ele pode expulsar qualquer um de seus membros quando desejar, embora este não possa deixar o Partido sem sofrer severas retaliações. Abandonar o Partido é considerado um ato de traição e traz duras consequências. Durante a Revolução Cultural, o PCCh exerceu um controle total sobre o povo. Era do conhecimento de todos que, se o Partido quisesse que alguém morresse, não havia como escapar da morte; se o Partido quisesse que alguém vivesse ninguém poderia matá-lo. Se uma pessoa cometesse suicídio, ela era considerada alguém que “havia fugido do castigo dado pelo povo por seus crimes”, e, assim, sua família era implicada e seria objeto de castigo. O processo para tomar decisões dentro do PCCh é uma “caixa preta”, já que as disputas dentro do Partido devem ser mantidas em total segredo. Todos os documentos do PCCh são confidenciais. Temendo ser exposto por seus atos criminosos, o PCCh frequentemente prende opositores ou dissidentes acusando-os de “divulgarem segredos de Estado”. 4. Exigir a violência, a carnificina e o sacrifício pelo Partido. Mao Tsé-Tung disse certa vez: “Uma revolução não é uma festa de jantar, nem escrever um ensaio, pintar um quadro ou bordar. Não pode ser algo refinado, pacífico, suave, sóbrio, amável, cortês, moderado e generoso. A revolução é uma revolta, um ato de violência pelo qual uma classe derrota a outra”. Deng Xiaoping recomendou “matar a 200.000 pessoas em troca de 20 anos de estabilidade”. Jiang Zemin deu a seguinte ordem: “Destrua-os [os praticantes de Falun Gong] fisicamente, arruíne suas reputações e arruíne-os financeiramente”. O PCCh fomenta a violência; matou uma incalculável quantidade de pessoas em suas campanhas políticas. Condiciona o povo para ter “a frieza do mais duro dos invernos” na hora de lidar com os inimigos. A bandeira vermelha deve sua cor ao “sangue dos mártires”. O Partido adora o vermelho por ser viciado em sangue e matanças. O PCCh recorre à exibição de exemplos “heróicos” para incitar o povo a se sacrificar em nome do Partido. Quando Zhang Side morreu refinando ópio em um forno, Mao Tsé-tung homenageou sua morte dizendo que ele tinha 158/206 “o peso do monte Tai154”. Naqueles anos de loucura, frases de encorajamento como “Não tema a adversidade nem a morte” e “O sacrifício tempera o caráter; nós faremos o sol e a lua brilharem em novo Céu”, iam ao encontro às aspirações daquela época, uma época de pronunciada carência material. No final da década de 1970, os vietcongs enviaram tropas e depuseram o regime dos Khmer Vermelhos que, com o apoio do PCCh, cometeu crimes indescritíveis. Embora esta situação tenha enfurecido o PCCh, este não pôde enviar tropas para defender os Khmer Vermelhos já que China e Camboja não compartilham fronteira. Ao invés disto, o PCCh declarou guerra contra o Vietnã – divisa entre China e Vietnã – como retaliação aos vietcongs. Assim, dezenas de milhares de soldados chineses sacrificaram suas vidas por uma disputa envolvendo partidos comunistas já que tal guerra não tinha nada que ver com território e soberania nacional. Entretanto, após anos de lutas, o PCCh comemora esta carnificina sem sentido de vidas jovens e inocentes como “o espírito heróico da revolução”, citado irreverentemente na cantiga “A magnífica conduta cheia de sangue”. Foram 154 os mártires chineses que perderam suas vidas para recuperar o Monte Faka na província chinesa de Guangxi; mas, o PCCh, sem qualquer explicação, o devolveu ao Vietnã pouco depois que China e Vietnã demarcaram suas fronteiras. Quando, nos primeiros meses de 2003, o vírus da SARS (síndrome respiratória aguda grave) se espalhou de modo fulminante na China e colocou em risco a vida da população, o PCCh contratou uma grande quantidade de enfermeiras jovens. Estas foram levadas sem demora aos hospitais para cuidar dos doentes com SARS. O PCCh não hesitou na hora de expor essas jovens ao perigo para assim reforçar sua “imagem gloriosa”, encarnada no lema “Não tema a adversidade nem a morte”. Entretanto, o PCCh não pode explicar porque o líder Jiang Zemin, temendo e fugindo da epidemia, mudou, com sua família e pessoas próximas, de Pequim para Shanghai, nem explicar a omissão no caso dos 65 milhões de membros estáveis do Partido e o exemplo dado por eles. 5. Negar a crença em Deus e reprimir a natureza humana. O PCCh prega o ateísmo e diz que a religião é o “ópio espiritual” que vicia os povos. Usou seu poder para esmagar todas as religiões da China e se impor como um deus para, assim, dar à sua seita maligna o controle total do país. Ao mesmo tempo em que acabava com as religiões, o PCCh sabotava a cultura tradicional. Sob a alegação de que a tradição, a moral e a ética eram feudais, supersticiosas e reacionárias, erradicou-as em nome da revolução. Durante a Revolução Cultural, se tornou comum a violação abominavel às tradições chinesas: marido e mulher se acusando 154 O monte Tai (Taishan) é o primeiro de cinco montes famosos da província chinesa de Shandong. Em 1987, as Nações Unidas o declararam patrimônio da humanidade. 159/206 mutuamente, alunos agredindo seus professores, país e filhos se enfrentando, as Guardas Vermelhas assassinando inocentes sem qualquer motivo, e revolucionários que invadiam, destruíam e saqueavam tudo que encontravam pela frente. Tudo isto foi um consequência esperada de um regime que se dedicou a reprimir a boa natureza humana. Depois de estabelecer seu regime, o PCCh obrigou as minorias étnicas a jurarem apoio à liderança comunista, um apoio que colocou em cheque a sobrevivência da rica e diversificada cultura das minorias étnicas. Em 4 de junho de 1989, o chamado Exército de Libertação do Povo massacrou um elevado número de estudantes de Pequim. Esta matança fez com que o povo perdesse a esperança quanto ao futuro político da China. A partir daí, o povo só se interessa por dinheiro. Desde 1999, o PCCh persegue brutalmente Falun Gong e, assim, se coloca contra a “Verdade, Benevolência e Tolerância” e causa uma acelerada degradação da moralidade da sociedade chinesa. Desde o início deste século ocorre uma nova campanha de confisco de terras155 e de recursos financeiros e materiais (executada por funcionários corruptos do PCCh em conivência com oportunistas inescrupulosos) que tem deixado muitas pessoas sem teto e na miséria. O número de pessoas que apelam ao governo por se sentirem injustiçadas aumentou enormemente, e isto intensificou os conflitos sociais. São frequentes os protestos populares, todos reprimidos violentamente pela polícia e pelas forças armadas. A natureza fascista da “República” salta aos olhos e a sociedade perdeu sua consciência moral. No passado, um vilão não fazia mal a seus vizinhos e próximos. Como diz o ditado: “O raposa caça longe de casa”. Na atualidade, quando alguém quer trapacear alguém, ele escolhe seus parentes e amigos, uma prática conhecida como “tirar vantagem das relações”. Em outras épocas, os chineses valorizavam muito a castidade; hoje as pessoas preferem falar mal dos pobres do que da prostituição. A história da aniquilação da natureza humana e da moral humana na China está bem refletida na seguinte canção: Nos anos 50 as pessoas se ajudavam umas às outras, Nos anos 60 as pessoas lutavam umas às outras, Nos anos 70 as pessoas trapaceavam umas às outras, 155 A Campanha de Anexação de Terras integra o lado escuro das reformas econômicas impulsionadas na China. Igual ao que ocorreu na Inglaterra durante a Revolução Industrial (1760-1850), as terras da China atualmente aptas para a agricultura foram demarcadas para criar regiões econômicas no âmbito dos condados, das cidades, das províncias, a nível nacional. Como resultado desta ação, os agricultores chineses perderam suas terras. Nas cidades e povoados, antigas áreas urbanas foram confiscadas para criar zonas comerciais, e seus antigos habitantes receberam uma indenização irrisória. Mais informações: http://www.uglychinese.org/enclosure.htm 160/206 Nos anos 80 as pessoas só pensavam em si mesmas, Nos anos 90 as pessoas tiram vantagem do primeiro que encontra pela frente. 6. Manter o poder pela força; o monopólio sobre a economia e a desmedida ambição política e econômica. O maior propósito daqueles que fundaram o PCCh foi tomar o poder à força e, através do Estado, manter controle sobre os monopólios decorrentes de uma economia planificada. A ambição sem limite do PCCh ultrapassa em muito à das religiões perversas comuns que simplesmente buscam se enriquecer. Em um país onde a propriedade é pública (socialista) e controlada por um só partido (PCCh), as organizações do Partido concentram grande poder (através dos comitês centrais e suas agências em seus diferentes níveis hierárquicos) e controlam a infra-estrutura básica do país. As insaciáveis organizações do PCCh controlam a máquina estatal e, assim, sacam recursos financeiros diretamente dos cofres públicos em todos os níveis de governo. Como um vampiro, o PCCh suga, das veias da nação, grande parte das riquezas do país. II. Os danos causados pela perversa seita do PCCh Todos sentem medo e indignação diante de tragédias como: a feita por Aum Shinri Kyo (da Seita Verdade Suprema) que matou inocentes com sarin (um gás venenoso) no Metrô do Japão; a Ordem do Templo Solar que, prometendo a ascensão aos Céus, induziu ao suicídio seus seguidores; ou a seita do Templo do Povo, de Jim Jones, que induziu ao suicídio mais de 900 de seus seguidores. O PCCh, uma seita maligna, entretanto, foi capaz de cometer crimes cem mil vezes piores e que resultaram em uma incalculável quantidade de vítimas. A seita do mal se transformou em uma religião de Estado. Na maioria dos países, se uma pessoa não segue uma religião, ela ainda pode viver sua vida e ser feliz. Não é obrigada a ler os livros ou escutar os princípios dessa religião. Entretanto, na China continental é impossível viver sem uma constante exposição às doutrinas e a propaganda da seita do PCCh, dada a sua condição de religião de Estado. O PCCh começa a incutir sua seita política quando a pessoa ainda está no jardim da infância ou na escola primária. Um indivíduo não chegará à universidade ou subirá profissionalmente sem antes ser aprovado no Exame Político. Nenhuma pergunta deste exame permite o pensamento independente. O postulante tem que decorar as respostas padrão do PCCh se quiser ser aprovado. Infelizmente, o chinês é obrigado a ouvir e repetir os sermões do PCCh desde criança. Isto provoca uma lavagem cerebral nos indivíduos. Quando alguém do governo vai ser promovido, seja membro ou não do PCCh, tem que frequentar a Escola do Partido. Até que não seja aprovado nesta escola ele não será promovido. 161/206 Na China, onde o Partido Comunista é uma religião de Estado, não é permitida a existência de grupos com opiniões diferentes das do Partido. Até mesmo os “partidos democráticos”, criados pelo PCCh meramente como vitrine política, e a reformada Igreja dos Três Poderes é obrigada a reconhecer formalmente a liderança do PCCh. Segundo a lógica da seita comunista, a lealdade ao Partido vem antes de qualquer outra crença, é uma obrigação maior. O controle social chega ao extremo. Essa seita do mal conseguiu se tornar religião de Estado porque o PCCh exerce um total controle social e priva o indivíduo de liberdade. É uma dominação sem precedentes; o PCCh privou as pessoas da propriedade privada, uma das bases da liberdade. Até a década de 1980, o único caminho para se ganhar a vida nas cidades era trabalhando em empresas dirigidas pelo Partido. Os habitantes das áreas rurais tinham que viver das terras que pertenciam às comunas do Partido. Nada podia escapar ao controle do Partido. Em um país como a China, as organizações do Partido são onipresentes: do governo central até as áreas rurais mais remotas, passando pelas aldeias e pequenos povoados, tudo conta com pelos menos uma organização do Partido. Este sufocante controle asfixia a liberdade individual: liberdade de trânsito (impedida pelo sistema de registro de residência), liberdade de expressão (500.000 “direitistas” foram alvos de perseguição do PCCh por expressarem suas opiniões a pedido dele), liberdade de pensamento (Lin Zhao e Zhang Zhixin156 foram executados por discordarem do Partido) e liberdade de acesso às informações (é ilegal ler certos livros ou escutar emissoras de rádio do “inimigo”; também se vigia o uso da Internet). As pessoas dizem que agora a propriedade privada já é permitida pelo PCCh, porém não podemos esquecer que esta política de reformas e abertura só ocorreu quando no regime socialista chinês as pessoas quase não tinham o que comer e a economia estava à beira do colapso. O PCCh foi obrigado a dar um passo atrás para poder sobreviver. Entretanto, mesmo depois da reforma e abertura, o PCCh nunca diminuiu o controle sobre o povo. A brutal perseguição que ocorre contra os praticantes de Falun Gong só pôde ocorrer em um país dominado pelo Partido Comunista. Se o PCCh conseguir se transformar em um gigante econômico, como é seu desejo, sem dúvida intensificará seu domínio sobre o povo chinês. Apoiar a violência e desprezar a vida. Quase todas as seitas do mal controlam seus seguidores ou exercem pressão sobre eles. Entretanto, poucas fizeram uso de meios tão inescrupulosos e violentos como o PCCh. As mortes causadas por todas as seitas perversas do mundo, quando somadas, não se comparam com 156 Dois intelectuais que o PCCh torturou até a morte durante a Revolução Cultural por não acreditarem nas mentiras do PCCh e dizerem a verdade dos fatos. 162/206 aquelas causadas pelo PCCh. A seita do PCCh vê a humanidade apenas como um meio para que ela alcance sua meta; matar não é mais do que mais um de seus métodos. Qualquer um, inclusive membros e líderes do PCCh, pode se tornar alvo de perseguição. O apoio do PCCh ao Khmer Vermelho é um exemplo típico da brutalidade do comunismo e de sua falta de consideração pela vida. Sob a inspiração e a guia dos ensinamentos de Mao Tsé-tung, durante seu governo de três anos e oito meses, o Partido Comunista cambojano, conduzido por Pol Pot, massacrou a dois milhões de pessoas (um quarto da população do pequeno Camboja) para assim “eliminar o sistema de propriedade privada”. Desses mortos, 200.000 eram descendentes de chineses. Para que não sejam esquecidos os crimes cometidos pelo Partido Comunista e lembradas as vítimas, o Camboja fez um museu para expor as atrocidades do Khmer Vermelho. O museu fica onde era uma antiga prisão do regime. O local concebido, originalmente uma escola secundária, foi transformado por Pol Pot na prisão S-21 que foi principalmente usada para presos políticos. Muitos intelectuais passaram seus últimos dias ali, onde foram torturados até a morte. Junto com os aparatos de tortura estão expostas fotografias em preto e branco de vitimas antes da execução. São mostradas barbaridades de todos os tipos: gargantas cortadas, cérebros perfurados, crianças jogadas no chão para serem em seguida assassinadas, entre outras. Todos esees métodos de tortura foram ensinados pelos “peritos e especialistas” do PCCh enviados para apoiar o Khmer Vermelho. O PCCh inclusive treinou fotógrafos para tirarem fotos de prisioneiros antes de serem executados, isto para registro ou por pura satisfação. Nessa Prisão S-21 que havia uma máquina para perfurar crânios e extrair cérebros humanos para servirem de nutritivas refeições aos líderes do Partido Comunista cambojano. Os prisioneiros eram amarrados em uma cadeira que ficava na frente dessa máquina extratora de cérebros. A vítima extremamente apavorada aguardava o golpe de uma espécie de punção ou broca que descia e perfurava velozmente a cabeça da pessoa e extraia eficientemente o cérebro mesmo antes que a vítima morresse. III. A natureza de seita do Partido Comunista. O que faz com que o Partido Comunista seja tão perverso e tirânico? Quando o espectro do Partido Comunismo surgiu, ele veio com uma missão de causar até arrepios. No final do Manifesto Comunista há uma frase bastante conhecida: “Os comunistas não se rebaixam a dissimular suas opiniões e seus fins. Proclamam abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados pela derrubada violenta de toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam à idéia de uma revolução comunista! Os proletários nada têm a perder a não ser suas algemas. Têm um mundo a ganhar.” A missão do espectro comunista é usar a violência para desafiar abertamente a sociedade humana, para esmagar o velho mundo, 163/206 “eliminar a propriedade privada”, “abolir a individualidade burguesa, a independência burguesa, a liberdade burguesa”, acabar com a exploração e com as famílias para que o proletariado governe o mundo. Este partido político, que fala abertamente sobre seu desejo de matar, destruir e roubar, não só não desmentiu que seu ponto de vista é mau como também declara com tom de satisfação o seguinte: “A revolução comunista é uma radical ruptura com as relações tradicionais; portanto, não é de se estranhar que ela implique numa ruptura radical com as ideias tradicionais”. Qual a fonte dos pensamentos tradicionais da sociedade? De acordo com o materialismo, os conceitos tradicionais provêm de leis da natureza e da sociedade. Não resultam de princípios universais. Para aqueles que acreditam em Deus, entretanto, as tradições humanas e os valores morais provêm do divino. Independente de sua origem, a moral humana, as normas de conduta e os parâmetros para julgar o bem e o mal são relativamente estáveis e, durante milhares de anos, regularam o comportamento humano e a ordem social. Se a humanidade perder tais padrões morais e a capacidade de discernir o bem e o mal, é certo que ela se degenerará e o ser humano se igualará a um animal, não é? Quando o Manifesto Comunista declara que, em essência, “rompe radicalmente com as ideias tradicionais”, isso se torna uma ameaça à base de uma existência normal da sociedade. O Partido Comunista é uma seita do mal que corrompe e destrói a humanidade. Todo o Manifesto Comunista, que estabelece os princípios do comunismo, está cheio de declarações radicais e extremadas, sem um mínimo de bondade e tolerância. Marx e Engels pensaram ter encontrado a lei do desenvolvimento social através do materialismo dialético. Assim, pensando ter a “verdade” nas mãos, eles questionaram a tudo e a todos. Com obstinação impuseram a ilusão do comunismo aos povos e não hesitaram em defender o uso da violência como meio de destruir as estruturas sociais e as bases culturais vigentes. O que o Manifesto Comunista deu ao Partido Comunista foi o seu ímpio espectro que se opõe às leis dos Céus, corrói de forma arrogante a natureza humana, com extremo egoísmo e sem limites. IV. A teoria comunista sobre o fim do mundo - medo do Partido acabar. Marx e Engels deram ao Partido Comunista seu espírito perverso. Lênin fundou o Partido Comunista na Rússia e, empregando a violência dos patifes, derrubou o governo de transição erguido depois da Revolução de Fevereiro157, sabotou a revolução da burguesia russa, se apoderou do governo e conseguiu assim um lugar onde a seita comunista pudesse se 157 A Revolução da burguesia russa de fevereiro de 1917, que depôs o Czar. 164/206 estabelecer. Entretanto, o êxito de Lênin não deu ao proletariado o mundo e, ao invés disto, como declara o primeiro parágrafo do Manifesto Comunista “Todas as potências da velha Europa unem-se numa Santa Aliança para exorcizar (o espectro comunista)...”. Pouco depois de surgir, o Partido Comunista enfrentou sua primeira crise de sobrevivência e enfrenta o medo de desaparecer a qualquer momento. Depois da Revolução de Outubro158, os comunistas russos, ou bolcheviques, não trouxeram nem paz nem pão ao povo, apenas mortes injustificadas. A linha de frente estava perdendo a guerra e a revolução piorou ainda mais a situação econômica da sociedade. Sendo assim, o povo começou a se rebelar. A guerra civil se alastrou para todo o país e os fazendeiros se negaram a fornecer comida para as cidades. Na área do rio Don, os cossacos se sublevaram, e a batalha contra o Exército Vermelho resultou em um grande derramamento de sangue. A violência e as barbáries desse massacre são citadas na literatura: “Pacífico Don”, de Mijail Sholojov, e outras obras do mesmo autor falam sobre o massacre. As tropas comandadas pelo ex-líder do Exército Branco, Aleksandr Vailiyevich Kolchak, e o general Anton Denikin estiveram próximas de derrotar os comunistas. Já como uma força política recém surgida, o Partido Comunista despertava a rejeição de quase todo o país, possivelmente porque a natureza da seita comunista fosse demasiada perversa para ganhar o coração do povo. A experiência do PCCh, na China, foi similar à do seu par na Rússia. Desde o Incidente de Mari e o Massacre de 12 de Abril159, até as repressões em áreas já controladas pelos comunistas chineses, passando pelos 25.000 km da “Longa Marcha”, o PCCh teve que conviver ao longo de sua história com sucessivas crises de sobrevivência. O Partido Comunista surgiu determinado a destruir o velho mundo de qualquer maneira. Assim que enfrentou um problema real: como sobreviver sem ser eliminado. Esta se converteu na principal preocupação desta seita que, desde sua concepção, teve que destinar sua maior atenção e esforços para isto. Com o colapso do comunismo internacional, as crises de sobrevivência do PCCh se agravaram. Desde 1989, seu medo de “ter chegado ao fim” cresce sem cessar. V. A maior arma para sobrevivência da seita comunista: a luta brutal. 158 A Revolução de Outubro - conhecida como Revolução Bolchevique - foi liderada por Lênin e aconteceu em outubro de1917. O movimento matou os revolucionários da classe capitalista que haviam deposto o Czar e sufocaram a revolução burguesa. 159 O Incidente de Mari e o Massacre de 12 de Abril se referem ao ataque do Kuomintang ao PCCh. O primeiro ocorreu em 21 de maio de 1927 na cidade de Changsha, província de Hunan. O segundo ocorreu em 12 de abril de 1927, em Shanghai. Em ambos os casos, militantes e ativistas do PCCh foram atacados, presos e mortos. 165/206 O Partido Comunista tem como regra inquebrantável sua disciplina de ferro, sua exigência de lealdade total e seus princípios organizacionais. O juramento que prestam os que entram no PCCh é o seguinte: “Quero entrar para o Partido Comunista, defender a Constituição do Partido, obedecer as suas regras, cumprir com as minhas obrigações como membro, obedecer as decisões do Partido, acatar estritamente a disciplina do Partido, não revelar seus segredos, manter-se leal ao Partido, trabalhar diligentemente e dedicar minha vida à causa comunista, estar disposto a sacrificar tudo pelo Partido e pelo povo, e jamais trair o Partido”. (Veja a Constituição do PCCh, capítulo I, artigo sexto). O PCCh chama de “senso de natureza partidária” a este espírito de devoção à seita do Partido. Ele pede que cada um de seus membros esteja disposto a abandonar suas crenças e valores pessoais para obedecer a vontade do Partido e de seus líderes. Se o Partido quiser que alguém seja tido como bom, este será tido como bom; se o Partido quiser que alguém faça o mal, ele terá que fazer o mal; seu membro não terá outra opção a não ser fazer o mal. Se não o fizer, a pessoa não cumprirá os requisitos exigidos para ser um membro do Partido já que não demonstra um forte “senso de natureza partidária”. Mao Tsé-Tung disse: “A ideologia marxista é uma ideologia de luta”. Para exercitar e manter aceso o “senso de natureza do Partido”, o PCCh adota o método de provocar periodicamente disputas dentro do Partido. Mediante a criação de lutas e disputas violentas dentro e fora do Partido, o PCCh consegue eliminar seus opositores e assim criar o terror vermelho. Ao mesmo tempo, o PCCh elimina seus próprios membros para, deste modo, tornar mais rígidas as regras de sua seita e fazer com que seus membros, pelo medo, alimentem a natureza do Partido e, como consequência disto, reforçar a capacidade de luta do Partido. Tudo isto se constitui na maior arma para prolongar a vida do PCCh. Entre os líderes do PCCh, Mao Tsé-Tung era aquele mais apto para utilizar o método das ferrenhas disputas dentro do Partido. Este método começou na década de 1930, nas áreas controladas pelos comunistas chineses, conhecidas como Área Soviética. Em 1930, Mao Tsé-Tung iniciou uma grande onda de terror revolucionário na província de Jiangxi, na Área Soviética: as purgas da Aliança Antibolchevique (AB). Milhares de soldados do Exército Vermelho, membros do Partido e da Aliança, além de civis das bases comunistas, foram brutalmente assassinados. Isto se deveu ao despótico poder de Mao. Na criada Área Soviética na província de Jiangxi, Mao teve que enfrentar um levante, liderado por Li Wenlin, feito pelo Exército Vermelho local e pelas organizações do Partido da região sudeste de Jiangxi. Mao não podia ter uma força de oposição organizada bem diante de seu nariz e usou os métodos mais extremos para acabar com os membros do Partido suspeitos de opositores. Para criar um clima capaz de permitir a purga, Mao não hesitou em começar pelas tropas que estavam sob seu comando direto. No final de novembro e meados de dezembro de 1930, o Primeiro 166/206 Regimento de Infantaria do Exército Vermelho, foi submetido a uma “rápida retificação militar”. Foram formados grupos para purgar os contrarevolucionários em todos os níveis do exército: divisão, regimento, batalhão, companhia e pelotão; assim, foram presos e executados os membros do PCCh que pertenciam a famílias de proprietários de terra ou camponeses prósperos, ou aqueles que se queixavam. Em menos de um mês, dos 40.000 soldados do Exército vermelho, 4.400 foram identificados como “elementos da Aliança Anti-bolchevique”, entre eles mais de 10 capitães. Todos foram executados. Mao também não esqueceu de castigar seus dissidentes ou opositores na Área Soviética. Em dezembro de 1930 deu ordens a Li Shaojiu, secretário geral do Departamento de Política Geral da Infantaria do Exército Vermelho e também presidente do Comitê de Purga, de ir até a cidade de Futian, província de Jiangxi, onde ficava a sede do governo comunista. Li Shaojiu prendeu os membros do Comitê de Ação da Província, entre estes Duan Liangbi e Li Baifang. Usou os mais variados métodos de tortura como espancar e provocar queimaduras nos corpos; as vítimas ficavam com ferimentos em todo o corpo, com dedos quebrados, múltiplas queimaduras ou paralíticos. Segundo registros da época, os gritos dos torturados eram tão fortes que “alcançavam os Céus”; as torturas eram insanas e desumanas ao extremo. Em 8 de dezembro, quando as esposas de Li Baifang, Ma Ming e Zhou Mian foram visitar seus esposos presos, foram detidas com a alegação de serem membros da Aliança Anti-bolchevique e submetidas a brutais torturas. Elas receberam pancadas de todos os tipos; queimaram seus órgãos íntimos e arrancaram seus seios com faca. Sob o efeito dessas torturas, Duan Liangbi disse que Li Wenlin, Jin Wanbang, Liu Di, Zhou Mian, Ma Ming e outros eram líderes da Aliança Anti-bolchevique e que havia muitos outros membros desta aliança infiltrados nas escolas do Exército Vermelho. Somente entre 7 e 12 de dezembro, durante a severa purga de Futian, em apenas cinco dias, Li Shaojiu e seus homens prenderam mais de 120 acusados de integrarem a Aliança Anti-bolchevique, além de dezenas de líderes contra-revolucionários; foram executadas mais de 40 pessoas. Os cruéis atos de Li Shaojiu desaguaram no Incidente de Futian160, que ocorreu em 12 de dezembro de 1930 e causou comoção na Área Soviética161. Da Área Soviética até Yan’an, Mao aplicou suas teorias e métodos de luta, e gradualmente conseguiu se impor como líder absoluto do Partido. Quando, em 1949, o PCCh subiu ao poder, Mao continuou a aplicar seus 160 Liu Di, funcionário do 20º Regimento do Exército Vermelho, acusado de pertencer à Aliança AB, encabeçou uma revolta na cidade de Futian acusando Li Shaojiu de contrarevolucionário. O movimento tomou o controle de Futian e libertou mais de 100 presos acusados de integrar a Aliança AB, aos gritos: “abaixo Mao Tsé-tung”. 161 Da Investigação da História da Purga Feita por Mao Tsé-tung na Subdivisão AB na Área Soviética, por Gao Hua. 167/206 métodos de purga dentro do Partido. Por exemplo, no Plenário da 8ª Reunião do Comitê Central do PCCh (realizada em 1959, em Lushan) Mao Tsé-tung lançou um ataque repentino contra Peng Dehuai e o destituiu de seu cargo. Mao pediu a todos os presentes no Plenário que se posicionassem quanto a isto; os poucos que se atreveram a manifestar suas opiniões contrárias ao Mao foram acusados de integrar o “bloco antiPCCh de Peng Dehuai”. Durante a Revolução Cultural, os “quatro veteranos” do Comitê Central do PCCh foram punidos um a um embora não resistissem. Quem iria se atrever a desafiar Mao Tsé-tung? O PCCh sempre valoriza, acima de tudo, a disciplina de ferro, a lealdade absoluta ao Partido e seu princípios de organização; exige obediência total à hierarquia. A natureza sangrenta da seita do PCCh ficou impressa nas suas constantes lutas políticas. Durante a Revolução Cultural, Li Lisan, um antigo líder do Partido, foi levado ao limite de sua resistência. Aos 68 anos, ele era submetido a interrogatórios umas sete vezes por dia. Li Sha, sua esposa, foi considerada uma espiã a serviço do “revisionismo soviético” e foi detida; seu paradeiro é desconhecido. Sem esperança e em extremo desespero, Li Lisan se suicidou ingerindo pílulas para dormir. Antes de morrer, ele escreveu uma carta a Mao Tsé-tung na qual refletia sobre a natureza do Partido, segundo a qual um membro do PCCh não deve se render, nem sequer estando à beira da morte: Líder (Mao), Estou a ponto de trair o Partido porque estou a ponto de me suicidar, e não tenho como me defender de minhas acusações. Só há uma coisa que quero dizer em meu favor: minha família e eu jamais colaboramos com os Estados inimigos. Sobre este assunto, peço para que o governo central investigue e examine os fatos, e tire conclusões baseado na verdade162.... Li Lisan - 22 de junho de 1967 Se de um lado a ideologia de luta de Mao Tsé-tung (traduzidas em campanhas) mergulhou a China em uma carnificina sem precedentes, por outro lado, sua filosofia de estimular disputas dentro do Partido, a “cada sete ou oito anos”, permitiu a sobrevivência do PCCh. Essas campanhas de perseguição e eliminação se basearam na idéia de que se uma minoria de 5% fosse perseguida, os 95% restantes, ao testemunhar as violências, aprenderiam a lição de dar obediência absoluta ao Partido. Isto aumentou o poder de coerção e destrutivo do Partido. Tais campanhas (de luta) eliminavam qualquer força que ousasse se opor ao Partido e também serviam para eliminar membros vacilantes que não estavam dispostos a abrir mão de suas consciências. Esse método assegurava que só os membros com maior disposição de luta e mais aptos para matar chegassem ao mais alto escalão do Partido. Os líderes da seita do PCCh são, sem sombra de dúvida, pessoas com grande experiência em lutar, são cheias do espírito do Partido. Referidas campanhas dão aos que as 162 De “Li Lisan: A pessoa que recebeu quatro homenagens no funeral”. 168/206 vivenciam uma “lição de sangue”, uma violenta lavagem cerebral. Ao mesmo tempo, são uma injeção de energia que revigora a fome de luta do Partido, assegura sua sobrevivência e evita que ele se torne moderado e recue diante do enfrentamento. Tal natureza do Partido, imprescindível para ele, resulta das características de sua seita. Para alcançar seus objetivos, o PCCh está determinado a acabar com todos os valores tradicionais e combater sem hesitar qualquer força que esteja em seu caminho. Assim, o Partido necessita adestrar e subjugar todos os seus membros para que se convertam em ferramentas sem sentimentos, fé ou compromisso com a justiça. A natureza do PCCh se originou do ódio que ele sente pela humanidade e suas tradições, da ilusória avaliação que faz de si mesmo, e do extremo egoísmo e desprezo pela vida humana. Para alcançar seu ideal, o PCCh emprega a violência a todo custo para subjugar o mundo e eliminar seus opositores. Uma seita corrompida como esta encontra a oposição das pessoas de consciência, assim, o PCCh precisa apagar a consciência das pessoas e seus pensamentos bondosos para que elas acreditem em sua doutrina do mal. Segundo a lógica do PCCh, a vida e os interesses do Partido estão acima de tudo, inclusive dos interesses coletivos de seus membros; assim, cada membro deve estar preparado para se sacrificar pelo Partido. Se olharmos a história do PCCh, os indivíduos que preservaram o modo de pensar dos intelectuais tradicionais (como Chen Duxiu e Qu Qiubai), que tiveram em mente o bem das pessoas (como Hu Yaobang e Zhao Ziyang) ou que aspiraram ser funcionários exemplares e prestaram bons serviços ao povo, (como Zhu Rongji), não importa o quanto eles contribuíram para o Partido ou o quão despojado de ambições eles foram, inevitavelmente pelas regras do Partido, foram alvos de purgas, ou postos de lado ou impedidos de agirem. O senso de natureza do Partido e aptidão para integrar o PCCh que os seus líderes aprenderam ao longo de anos de luta também incluem ceder terreno e retroceder em situações críticas, já que por detrás de todo ato da seita está o instinto de sobrevivência; este é seu interesse mais elevado. Seus membros preferem se sacrificar ou fechar os olhos às atrocidades do Partido do que colocar em perigo a sobrevivência do PCCh com atitudes humanas ou de misericórdia. Este é um resultado do mecanismo de luta da seita comunista: pessoas boas se convertem em ferramentas que o Partido utiliza segundo sua conveniência, pessoas que adquiriram a natureza do Partido, e que perderam a consciência humana. Várias disputas internas derrubaram mais de 10 dos seus principais líderes ou seus prováveis sucessores; nenhum dos grandes líderes do Partido teve um final feliz. Embora Mao Tsé-tung tenha sido líder absoluto por 43 anos, pouco depois de sua morte, sua esposa e sobrinho foram presos, fato este comemorado pelo PCCh como uma grande vitória do maoísmo. Comédia ou farsa? 169/206 Depois que o PCCh assumiu o poder, ocorreram incessantes manobras políticas que levaram a lutas dentro e fora do Partido. Isto se deu durante a era Mao, e também durante o período de “reforma e abertura” posterior a Mao. Nos anos 80, quando o povo começava a gozar de uma pequena dose de liberdade de pensamento, o PCCh lançou a campanha de “Oposição ao Liberalismo Burguês” e propôs os “Quatro Princípios Fundamentais163” com a finalidade de manter seu poder absoluto. Em 1989, os estudantes que, de maneira pacífica, pediam uma abertura democrática, foram massacrados. O PCCh não pode tolerar aspirações democráticas. Os anos 90 testemunharam um aumento vertiginoso do número de praticantes de Falun Gong – que acreditam em Verdade, Benevolência e Tolerância – e isto desencadeou, em 1999, uma perseguição genocida. Aqui, o PCCh não pode tolerar a natureza humana e os pensamentos bondosos. A seita do PCCh precisa usar a violência para anular a consciência das pessoas e se reafirmar no poder. Na mudança de século, a Internet permitiu a integração global da comunicação, entretanto, o PCCh vem destinando grandes somas de dinheiro para instalar mecanismos de controle e bloqueio do acesso à Internet (liberdade de informação na Internet), isto porque o PCCh sente extremo medo de que as pessoas tenham livre acesso à informação e aos fatos. VI. A degeneração da seita maligna do PCCh. A seita do mal do comunismo chinês governa em oposição à natureza humana e aos princípios dos Céus. O PCCh é conhecido por sua arrogância, sua ostentação, seu egoísmo e por seus atos brutais e sem limites. Pese que ele tenha causado grandes desastres em inúmeras ocasiões, o PCCh nunca admitiu ter errado; ele jamais revelaria ao povo sua verdadeira natureza. O PCCh nunca hesitou em mudar seus slogans e lemas, e sua classificação de pessoas, uma prática na qual apóia grande parte de seu poder. O Partido fará o que for necessário para se manter no poder, sem qualquer consideração pela moral, justiça e vida humana. A institucionalização e socialização desta seita do mal estão fadadas ao colapso total. Com a centralização do poder, a opinião pública foi silenciada e agora já não há mais mecanismos que refreiem o PCCh, assim, não restando qualquer força que possa detê-lo em seu processo de corrupção e degeneração. O PCCh de hoje se converteu em um partido que governa com um dos mais elevados níveis de corrupção do mundo e desvio de recursos públicos. Segundo estatísticas do próprio governo chinês, dos 20 milhões de funcionários, oficiais e pessoas dos quadros do governo, nos últimos 20 anos, a justiça condenou 8 milhões por crime de corrupção, os quais receberam penas de acordo com as regras do Partido ou governo. Estimase que o total de funcionários corruptos chegue a 2/3. 163 Os Quatro Princípios são: a via socialista, a ditadura do proletariado, a liderança do PCCh, e o marxismo-leninismo e o Pensamento de Mao Tsé-tung. 170/206 A obtenção de benefícios materiais mediante a corrupção e a extorsão se converteu na força de coesão mais potente do PCCh de hoje. Os funcionários corruptos sabem que se o PCCh cair, perderão a “galinha dos ovos de ouro”; eles não só perderão seus cargos como também poderão ir para a cadeia. Em Ira dos Céus, novela que fala sobre negócios ilícitos feitos pelos funcionários do PCCh, Chen Fang, seu autor, sintetiza e revela na frase do seu personagem Hao Xiangshou (um diretor assistente de uma secretaria municipal do governo comunista) o maior segredo do PCCh: “A corrupção estabilizou o nosso poder político”. O povo chinês sabe que: “Se lutarmos contra a corrupção, o Partido cairá; se não lutarmos, a nação se arruinará”. O PCCh, entretanto, não quer arriscar seu próprio destino combatendo a corrupção. O que ele fará será sacrificar uns poucos corruptos para tentar limpar a imagem do Partido. Ao custo de um pequeno número de corruptos, o Partido estenderá sua vida por mais alguns poucos anos. Hoje, o único objetivo da seita do mal é se manter no poder e sobreviver. Na China de hoje, a ética e a moral se degeneraram a ponto de acabarem. Há produtos de má qualidade, prostitutas, drogas, quadrilhas, gangues, sindicatos do crime organizado, trapaças, suborno, etc.; predomina a corrupção de todo tipo. O PCCh de olhos fechados a toda essa corrupção. Muitos funcionários de alto escalão são os que extorquem e abrigam esses esquemas de corrupção. Cai Shaoqing, da Universidade de Nanjing, estudioso da máfia e de organizações criminosas, calcula que hoje o número de pessoas na China, envolvidas com o crime organizado supera a um milhão de pessoas. Cada vez que um criminoso é pego, ele expõe algum tipo de conexão com juízes, policiais ou funcionários do governo comunista. O PCCh teme que o povo chinês adquira consciência e senso moral; por esta razão não permite a fé religiosa ou a liberdade de pensamento. Emprega todos os recursos à mão para perseguir pessoas boas que professam fé, como os cristãos que têm que esconder sua crença em Deus, os praticantes de Falun Gong que buscam ser Verdadeiros, Benevolentes e Tolerantes. O PCCh teme que a democracia acabe com seu regime de único partido e, por isso, não permite que o povo exerça sua liberdade política. Não hesita em enviar para prisão os progressistas independentes e os militantes de direitos civis. Além disso, dá uma falsa liberdade ao cidadão: desde que você não se ocupe de assuntos políticos ou não questione a liderança do PCCh, você pode fazer o que quiser ainda que sejam atos maus ou antiéticos. Como resultado disso, hoje, o PCCh sofre um profundo processo de degeneração e a sociedade chinesa vive uma decadência moral sem precedentes. A frase “O caminho para os Céus está fechado e as portas para o inferno abertas” descreve com precisão o estado de degeneração que a sociedade chinesa chegou com a chegada da seita do mal do PCCh. VII. Reflexões sobre o governo do mal do PCCh. 171/206 O que é o Partido Comunista? Esta pergunta de aparência simples não tem uma resposta simples. Sob a falsa alegação de existir “para o povo” e sob o disfarce de um partido político, o Partido Comunista conseguiu enganar a milhões de pessoas. Não se trata de um partido político no sentido comum da expressão, e sim de seita perversa, nociva e possuída por um espectro do mal. O Partido Comunista é um ente com vida própria que se manifesta neste mundo através das organizações do Partido. O que verdadeiramente habita e controla o Partido Comunista é um espectro do mal que se apoderou dele e que determina sua natureza perversa. Os líderes do Partido Comunista atuam como gurus dessa seita, são os porta-vozes do espectro e do Partido. Quando os desejos e objetivos deles coincidem com os do Partido e por ele podem ser usados, eles são escolhidos como líderes. Mas quando deixam de atender as necessidades do Partido, são impiedosamente descartados. Mais de uma dúzia dos grandes líderes do Partido caíram em desgraça, e os fatos confirmam isso. Na realidade, as principais lideranças do Partido caminham sobre uma corda bamba. Alguns poucos conseguem se afastar da linha do Partido e deixar um bom nome na história, como Gorbachov; muitos serão vítimas do Partido como vários de seus secretários gerais. Os mecanismos de disputa do Partido asseguram que somente os mais astutos, maus e cruéis é que podem exercer a função de guru da seita comunista. O povo é alvo da opressão e escravização do Partido. No governo comunista, o povo não tem como se defender. Ao contrário, é forçado a aceitar a liderança do Partido e obrigado a mantê-lo. É vitima de periódicas lavagens cerebrais pelas quais se incutem as idéias da seita, às quais o povo deve se submeter sob a coerção do Partido. Toda a nação é forçada a aceitar a seita do Partido e mantê-la com seu suor. Isto já quase não acontece no mundo de hoje; se deve reconhecer o inigualável talento do PCCh para exercer tal opressão. Os membros do Partido formam uma massa física que preenche o corpo do Partido. Muitos deles são pessoas honestas e bondosas, e até reconhecidos por suas vidas públicas. São estas pessoas que o Partido mais gosta de recrutar, já que ele pode usar a reputação e idoneidade delas para melhorar sua imagem. Muitos outros, querendo se tornar oficiais ou desfrutarem de um status social maior, trabalham duro para pertencer ao Partido e colaborar com esse ente perverso. Também há aqueles que ingressam no Partido para subirem na vida e sabem que isto é muito difícil de conseguir sem ser do Partido. Outros simplesmente buscam o Partido porque querem obter uma moradia ou prestígio. Entre as dezenas de milhões de membros do PCCh, claro, há pessoas boas e más. Independentemente dos motivos pelos quais entram para o Partido, uma vez que elas juram lealdade à causa comunista, querendo ou não, elas devem devotar suas vidas ao Partido. Você então passa por um processo de lavagem cerebral mediante reuniões semanais de estudo político. Como resultado desta doutrinação, um significante número de 172/206 membros do Partido não tem mais pensamentos próprios e são facilmente controlados pelo espectro perverso do PCCh. Tais pessoas, como células de um corpo, trabalham incansavelmente para tornar a vida do Partido possível, ainda que elas mesmas façam parte dos escravizados. Mais triste ainda é que uma vez que alguém é escravo da natureza do Partido, fica muito difícil se livrar dela. Uma vez que a pessoa mostra seu lado humano, ela se torna alvo de purgas ou perseguições. A pessoa não pode deixar o Partido por conta própria ainda que queira, porque o Partido, com sua política de entrada livre e saída proibida, irá considerar que a pessoa é uma traidora. Por isso, as pessoas mostram uma natureza dupla: na vida política, mostram a natureza do Partido Comunista e, na vida comum, a natureza humana. Os membros ligados aos quadros do Partido são aqueles que detêm o poder entre os demais membros comuns. Embora possam escolher entre o bem e o mal e tomar as próprias decisões em determinadas ocasiões, em geral, têm que acatar as vontades do Partido. O juramento deixa claro que “todo o Partido obedece ao Comitê Central”. Nos quadros do Partido estão os líderes nos diversos níveis; são a coluna vertebral do Partido. Como um todo, eles são meras ferramentas do espectro. Do mesmo modo que o povo, eles também foram enganados, são usados e foram vítimas do PCCh durante suas recentes manobras políticas. O PCCh busca testar cada um de seus membros para saber se ele segue ou não seus gurus e se sua devoção é sincera. Por que o povo segue tal seita sem se dar conta? O PCCh tem agido de forma corrupta e perversa ao longo de seus mais de 50 anos de governo sobre a China. Então, como pode o povo ainda não ter percebido a natureza perversa do PCCh? Por acaso os chineses são idiotas? É claro que não. A China é a nação de maior sabedoria do mundo, e tem uma rica tradição cultural de mais de 5.000 anos. Entretanto, vive sob o regime do PCCh, com medo de expressar o seu descontentamento. A resposta à questão está no controle que o PCCh exerce sobre a mente das pessoas. Se o povo chinês tivesse liberdade de expressão e pudesse falar sem restrições sobre as vantagens e desvantagens do PCCh, acreditamos que há muito tempo já teria descoberto a natureza má do PCCh e já teria se livrado da sua influência. Infelizmente, o povo chinês perdeu a liberdade de se expressar e pensar há mais de meio século, quando o comunismo assumiu ao poder na China. O principal propósito da perseguição aos intelectuais “direitistas” em 1957 foi acabar com a liberdade de expressão e dominar a mente das pessoas. Privados de liberdades fundamentais, a maioria dos jovens que durante a Revolução Cultural estudaram apaixonadamente as obras de Marx e Engels, ironicamente, foi qualificada de “facção anti-Partido” e, consequentemente, perseguida. Discutir os prós e os contra do PCCh simplesmente está fora de questão. Poucos chineses ousariam pensar o PCCh como uma seita do mal. Entretanto, se estivessem dispostos a comprovar a veracidade da 173/206 afirmação, os chineses - baseados em suas próprias experiências e nas experiências de familiares e amigos - não teriam dificuldades para encontrar evidências que de que o PCCh é uma seita do mal. O povo chinês não somente não tem liberdade de expressão como também foi doutrinado com os ensinamentos e a cultura do Partido. Assim, tudo o que o povo pode ouvir são apenas louvores ao Partido, e sua mente está habitada de ideias que fortalecem o PCCh. O Massacre na Praça Tiananmen é um caso que fornece material para reflexão. Quando em 4 de junho de 1989 se ouviram disparos de tiros, as pessoas que estavam na Praça correram instintivamente e se esconderem nos arbustos. Instantes depois, apesar dos riscos, saíram de onde estavam escondidas e, juntas, começaram a cantar “A Internacional” comunista. Estes chineses mostraram grande coragem e dignidade; porém, por que cantaram A Internacional, o hino do comunismo, quando se viram diante das matanças do próprio comunismo? A razão é simples. Educada sob a cultura do Partido, esta pobre gente jamais recebeu outra coisa que não o comunismo. As pessoas que estavam na Praça Tiananmen não conheciam outra canção que não A Internacional e algumas outras em louvor ao Partido Comunista. Qual a saída? Faz tempo que o PCCh marcha em direção à própria destruição. Infelizmente, insiste em ligar seu destino ao da nação chinesa. O agonizante PCCh se mostra cada vez mais fraco e seu controle sobre a mente das pessoas está perdendo força. Com o avanço das telecomunicações e Internet, está cada vez mais difícil para o PCCh impedir o acesso à informação e a liberdade de expressão. Enquanto seus funcionários corruptos continuam a roubar e oprimir pessoas, o povo começa a despertar de sua ilusão sobre o PCCh, e muitos já começam a praticar a desobediência civil. O PCCh não somente não consegue sustentar ideologicamente sua perseguição a Falun Gong como também se mostra enfraquecido quanto a poder acionar sua crueldade brutal. Este momento oportuno tem levado muitas pessoas a reconsiderarem sua opinião sobre o PCCh, um processo que levará o povo chinês a despertar de sua letargia ideológica e assim se libertar do maléfico espectro comunista. Após viver mais de 50 anos sob a ditadura do PCCh, o povo chinês não necessita de mais uma revolução violenta e sim de redimir suas almas. Isto é algo que pode ser alcançado ajudando-se a si mesmo. O primeiro passo para isto é tomar consciência da natureza má do Partido. Dia virá em que o povo expulsará do aparato estatal as organizações do PCCh que se aderiram a ele; isto permitirá que os sistemas sociais funcionem com independência e respaldo da sociedade. Com o fim de um partido ditatorial, a eficiência do governo melhorará. Este dia se aproxima. De fato, nos anos 80, os reformadores dentro do Partido já falavam em “separar o Partido do governo”. As tentativas de reforma dentro do PCCh 174/206 não vão adiante, já que a ideia de “liderança absoluta do Partido” ainda existe entre os membros da seita. A cultura do Partido gera o ambiente necessário à sobrevivência do culto do mal da seita comunista. Como vimos, há alguns indícios de que o PCCh pode não conseguir mais manter sua possessão sobre os administradores do Estado; entretanto, é mais difícil acabar com sua possessão sobre o povo, porém este é o único caminho possível para arrancar pela raiz a erva daninha do comunismo. Isto é algo que só pode ser conseguido com o esforço do próprio povo chinês. Livrando a mente e a natureza humana do controle das garras da seita, o povo voltará a viver moralmente e poderá ter sucesso na transição para uma sociedade não comunista. A chave para o exorcismo dessa possessão maléfica do PCCh reside em identificar e expor a natureza desse espectro do mal para, assim, o PCCh ficar sem um lugar onde se refugiar e de onde possa fazer mal ao povo. O Partido Comunista enfatiza a dominação ideológica; já o próprio comunismo não é nada mais do que uma ideologia. Tal ideologia se dissipará da mente do povo quando perceber a falsidade do comunismo, a cultura perversa do Partido e a influência maléfica do espectro que existe nele. Assim que o povo se redimir, o PCCh se desintegrará. As nações governadas pelo comunismo estão associadas à pobreza, ao totalitarismo e ao desrespeito aos direitos humanos. E só restam poucas: China, Coréia do Norte, Vietnã e Cuba, entre as principais. Os dias desses regimes estão contados. Quando se libertar da possessão comunista, com a sabedoria do povo chinês e a inspiração da gloriosa história da nação chinesa, a China terá um futuro promissor. Conclusão O PCCh deixou de acreditar no comunismo. Sua alma morreu; permanece apenas sua sombra. Ainda que só conserve sua pele de comunismo, o PCCh ainda manifesta as características da seita do mal: arrogância, ostentação e egoísmo, assim como indulgência frente à violência inaceitável. Herdeiro do comunismo, o PCCh nega os princípios dos Céus e se opõe à natureza humana. Hoje, o PCCh segue governando a China com suas táticas de luta, aperfeiçoadas durante anos, com seu sistema de organização, reflexo da possessão do Partido, assim como com o uso perverso da propaganda que funciona como religião de Estado. Os seis traços do Partido não deixam margem de dúvida: trata-se de uma seita diabólica que só faz o mal, nenhum bem. Na medida em que se aproxima do seu fim, acelera o ritmo em que a seita comunista se corrompe e degenera. O maior problema é que o PCCh fará o que for preciso para arrastar a nação chinesa com ele em sua queda no abismo. 175/206 O povo chinês precisa se ajudar, precisa refletir e assim se livrar do mal que é o PCCh. Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês (PCCh). Parte 9 – O Nono dos Nove Comentários Original em chinês, publicado em 19 de novembro de 2004. Sobre a Natureza Inescrupulosa do Partido Comunista Chinês. 176/206 Um policial prende um praticante de Falun Gong que, em 11 de maio de 2000, faz um apelo pacífico na Praça Tiananmen (AFP/GettyImages). Introdução O movimento comunista, que esteve em plena forma por quase um século, trouxe apenas guerras, brutalidade, pobreza e ditadura. Com a queda da União Soviética e dos partidos comunistas da Europa oriental, este atroz flagelo finalmente entrou, no final do século passado, em sua etapa final. Praticamente ninguém, do cidadão comum ao secretário geral do Partido Comunista, ainda acredita no mito do comunismo. 177/206 O regime comunista não surgiu de um mandato divino164 ou de escolha democrática. Hoje em dia, com sua ideologia em ruínas, a legitimidade do reinado do comunismo enfrenta um desafio sem precedentes. O Partido Comunista Chinês, PCCh, se recusa a abandonar o cenário histórico de acordo com a evolução da história. Ao contrário, segue utilizando seus métodos selvagens, desenvolvidos ao longo de décadas de campanhas políticas, para dar vida à sua luta desenfreada para alcançar legitimidade e tentar ressuscitar seu poder já extinto. As políticas de reforma e abertura promovidas pelo PCCh escondem o seu desejo desesperado de se manter como organização e de manter seu poder autoritário. Pese o fim de severas restrições, as conquistas econômicas através do trabalho árduo do povo chinês nos últimos 20 anos, não foram suficientes para convencer o PCCh a guardar sua faca de carniceiro. Ao contrário, o PCCh tomou como suas tais conquistas e as usou para dar substância à sua gestão: engana e confunde para camuflar a falta de princípios que caracteriza sua conduta. Mais alarmante é que o PCCh está conseguindo destruir as bases morais da nação chinesa e, assim, usar os cidadãos chineses numa conspiração que lhe permite sobreviver no tempo. O momento histórico atual é de especial importância para entendermos que o PCCh age como uma quadrilha e para expor sua natureza perversa. Com isto, a nação chinesa poderá obter estabilidade e paz duradoura, viver uma era sem o PCCh e construir um futuro de renovado esplendor. I. A natureza inescrupulosa do PCCh permanece inalterada Para quem é feita a reforma do PCCh? Ao longo da história, sempre que o PCCh enfrentou uma crise, ele mostrou ter melhorado e, assim, fazendo com que o povo se iludisse quanto a ele. Sem exceção, todas estas ilusões se desfizeram uma após a outra. Hoje, o PCCh fixou um objetivo de curto prazo e, com ele, produz um show de ilusória prosperidade econômica que mais uma vez leva o povo a acreditar na fantasia comunista. Entretanto, os conflitos fundamentais que existem na raiz dos interesses do PCCh, da nação e do povo, fazem com que esta prosperidade esteja condenada ao fracasso. A "reforma" prometida pelo PCCh tem só um propósito: manter as suas leis. Trata-se de uma reforma débil, uma mudança na superfície, mas não no conteúdo. Escondida sob um desenvolvimento desequilibrado se esconde 164 De acordo com o pensamento confuciano, os imperadores e reis governam segundo um mandato dos Céus e, para fazerem jus a essa autoridade, suas conquistas morais devem corresponder à responsabilidade suprema que lhes foi dado. Pode-se encontrar pensamento similar em Mencius. No verso "Quem concede o poder ao imperador?", quando perguntando sobre quem concedia a autoridade para que o imperador Shun governasse na Terra, Mencius responde: "Os Céus". A ideia da origem divina do poder também pode ser encontrada na ocidental tradição cristã. Na Bíblia, em Romanos 13:1, pode-se encontrar: "Toda alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que existem foram ordenadas por Deus". 178/206 uma crise social sem proporções. Uma vez que esta crise venha á tona, a nação e o povo irão sofrer mais uma vez. Com as mudanças de lideranças, a nova geração de líderes do PCCh não tomou parte na revolução comunista e, por isto, seu prestígio e credibilidade para guiar os destinos da nação diminuem dia após dia. Em meio a uma crise de legitimidade, proteger os interesses do PCCh se tornou, pouco a pouco, a única maneira capaz de proteger os interesses pessoais de seus membros. A natureza do Partido é egoísta. Não conhece limites. Esperar que uma organização assim se dedique e se esforce sinceramente para desenvolver pacificamente o país é somente mais uma grande ilusão. O Diário do Povo, o porta-voz do PCCh, noticiou em um de seus artigos de primeira página de 20 de julho de 2004: "A dialética da história ensinou aos membros do PCCh o seguinte: as coisas que devem ser mudadas, serão mudadas, caso contrário, a decadência virá. As coisas que não precisam ser mudadas não serão mudadas, caso contrário, isto levaria à auto-destruição". O que deve permanecer sem mudar? O Diário do Povo explica: "A linha básica do Partido de um "centro, dois pontos165" deve ser mantida, sem vacilações, por mais cem anos”. O povo nem sempre entende o que significa o "centro" e "os dois pontos", porém sabe que o espectro comunista defenderá com unhas e dentes os seus interesses e a ditadura nunca mudará. O comunismo foi derrotado no mundo, e sua agonia é cada vez maior. O problema é que quanto maior o estado de corrupção e degeneração de algo, mais destrutivo tende a ser esse algo quando em estado agonizante. Pedir a democracia ao Partido Comunista é como pretender e esperar que um tigre mude sua pele. O que seria da China sem o Partido Comunista? Ao mesmo tempo em que o declínio do PCCh se acentua, o povo descobriu, não sem surpresa, que, por décadas, o espectro perverso do PCCh, como seus métodos vis que mudam constantemente, conseguiu incutir seus elementos maldosos em todos os aspectos da vida cotidiana das pessoas. Quando Mao Tsé-tung morreu, foram muitos os chineses que choraram com pesar diante da foto de Mao e se perguntaram: "O que será da China sem o líder Mao?". Ironicamente, vinte anos depois, sem legitimidade para governar o país, o Partido Comunista lança uma nova campanha de propaganda pela qual tenta fazer o povo se preocupar diante de uma situação hipotética: "O que seria da China sem o Partido Comunista?". 165 O citado centro se refere ao desenvolvimento econômico, enquanto que os dois pontos básicos são: [1] conservar os quatro princípios (via socialista, ditadura do proletariado, liderança do PCCh, e o marxismo-leninismo e o pensamento de Mao) e [2] continuar com a reforma e a abertura econômica. 179/206 Na realidade, o controle político exercido pelo PCCh, com seu inigualável poder de penetração, moldou profundamente a cultura chinesa e a forma de pensar dos chineses, que até o critério com que o povo avalia e julga o PCCh tem a marca e o dedo do PCCh, se é que não foi criado diretamente pelo próprio PCCh. No passado, o PCCh dominava o povo semeando suas ideias nas pessoas; agora, o PCCh está colhendo o que semeou, já que aquilo que semeou nas pessoas cresceu e se fortificou no povo. As pessoas pensam de acordo com a lógica do Partido e até se colocam no lugar do PCCh para julgar o que está certo e o que está errado. Com relação à matança de estudantes na manifestação de 4 de junho de 1989, há pessoas que dizem: "Eu, no lugar de Deng Xiaoping, também teria mandado tanques para reprimir a manifestação". Com respeito à perseguição aos praticantes de Falun Gong, alguns dizem: "No lugar de Jiang Zemin, eu também eliminaria Falun Gong". Sobre a proibição de liberdade de expressão, alguns pensam: "Se eu fosse o PCCh, faria a mesma coisa". A verdade e a consciência já desapareceram, o que resta é terreno livre para a lógica do Partido. Este é um dos métodos mais cruéis e abomináveis que o comunismo chinês empregou conduzido por sua natureza inescrupulosa. Enquanto as toxinas morais do comunismo estiverem na mente das pessoas, o PCCh reunirá condições e energia para prolongar sua iníqua existência. "O que seria da China se o Partido Comunista deixasse de existir?". Esta forma de pensar é a que melhor serve aos propósitos do PCCh de fazer com que o povo pense conforme a própria lógica (de sobrevivência) do Partido. A China veio de uma civilização de 5.000 anos, sem o Partido Comunista. Por outro lado, nenhum país do mundo deteve o avanço de sua sociedade pela queda de um regime comunista. Entretanto, após décadas de PCCh, as pessoas ainda não se deram conta disso. A prolongada propaganda comunista moldou o modo de pensar das pessoas para vejam o Partido como se fosse mãe delas. A onipresente política do Partido leva as pessoas a acreditarem que não existe vida sem o PCCh. Sem Mao Tsé-tung, a China não desapareceu. desapareceria sem o Partido Comunista? A nação chinesa Qual a verdadeira fonte de caos? São muitos os que conhecem e desaprovam a conduta perversa do PCCh, que abominam sua política de luta e suas mentiras. Entretanto, ao mesmo tempo, temem que reações do PCCh tragam agitação e instabilidade política e que tome conta da China. Então, basta o PCCh chamar a palavra perigo de "caos" para que o povo se submeta silenciosamente ao regime e regras do PCCh e se sinta indefeso diante do seu poder despótico. Na realidade, com seus milhões de soldados e policiais armados, o PCCh é a real fonte de caos. Os cidadãos comuns não têm a capacidade nem os meios para iniciar tal agitação ou promover a instabilidade na China. Somente o retrogrado Partido poderia ser tão imprudente a ponto de jogar 180/206 o país no caos diante do menor motivo ou indício de mudança. "A estabilidade está acima de qualquer coisa" e "cortar pela raiz qualquer elemento de instabilidade" se tornaram lemas, slogans e deram sustentação teórica para que ele reprima o povo. Mas, quem é a maior causa de instabilidade na China? Não é o próprio PCCh, com seus métodos tirânicos de subjugar o povo? O PCCh promove o perigo decorrente de um clima de agitação para criar o medo na sociedade e assim impor sua vontade. Uma conduta típica de criminosos. II. O PCCh sacrifica o desenvolvimento econômico. Apropria-se dos frutos do árduo trabalho do povo. O PCCh tenta basear sua legitimidade no desenvolvimento econômico alcançado pela China nos últimos anos. Na realidade, entretanto, este desenvolvimento só pode ser gradualmente alcançado depois que o próprio governo comunista foi gradualmente liberando o povo de seus grilhões; portanto, o PCCh não tem nenhum mérito neste desenvolvimento. Entretanto, como já dito, o PCCh atribui a si o mérito do progresso econômico e pede ao povo que seja grato por isto, como se este progresso não fosse possível sem sua liderança. Todos nós sabemos que, na realidade, muitos países não comunistas alcançaram este desenvolvimento muito antes da China. Aos chineses que ganharam medalhas nas olimpíadas é pedido que agradeçam ao Partido. O PCCh busca dar à China a imagem de uma "grande nação desportiva" para receber elogios. A China sofreu um bocado com a epidemia SARS, mas o Diário do Povo assegurou que o país derrotou o vírus "ao seguir a teoria, os critérios, os princípios e a experiência do Partido". O lançamento da nave espacial chinesa Shenzhou-V só foi possível com o trabalho de especialistas no campo da astronomia e outras áreas da tecnologia, porém o PCCh usa isto para provar que só ele poderia ter levado adiante semelhante projeto e, assim, ter colocado a China entre os países mais poderosos do mundo. Em lugar de ver a designação da China como sede dos Jogos Olímpicos de 2008 como um "voto de confiança" dos países ocidentais à China para que ela respeite mais os direitos humanos, o PCCh a usa como prova da legitimidade de seu regime e como justificativa para reprimir o povo chinês. O "enorme potencial do mercado chinês", cobiçado pelos investidores estrangeiros, deriva da capacidade de consumo de uma população de 1,3 bilhões de habitantes. O PCCh, tirando vantagem deste potencial, o usa como arma afiada para coagir a sociedade ocidental a cooperar com seu regime e para se promover às custas deste potencial. O PCCh atribui a tudo o que ocorre de mal na China às forças reacionárias e a motivos individualistas das pessoas, e atribui tudo de bom que ocorre à condução e liderança do Partido. O PCCh fará uso de qualquer pequeno sucesso para tentar fortalecer a legitimidade de seu regime. Até as coisas 181/206 erradas feitas pelo PCCh podem se tornar em algo que contribua para melhorar a imagem do Partido. Por exemplo, quando a verdade da gravidade do alastramento da AIDS se tornou alarmante e não pode ser escondida, repentinamente, o PCCh criou uma nova identidade. Ele mobilizou sua máquina de propaganda, mobilizando todos, desde artistas até o secretário geral do Partido, para transformar o principal e verdadeiro culpado desse alastramento, o PCCh, no salvador dos doentes, no destruidor do vírus e no inimigo da AIDS. Diante de uma questão tão séria como esta enfermidade, tudo o que o PCCh pode pensar foi em usar essa epidemia para obter prestígio e melhorar sua imagem. Só um degenerado como o PCCh seria capaz de uma conduta tão maldosa e vergonhosa de buscar tirar proveito de uma situação tão difícil e ainda relegar a vida humana a um segundo plano. As desvantagens econômicas de ter uma visão curta. Enfrentando uma séria crise de legitimidades, o PCCh impulsionou políticas de reforma e abertura econômica na década de 1980 para se sustentar no poder. Sua necessidade de sucesso imediato fez com que o PCCh colocasse a China em uma situação de desvantagem, a qual os especialistas chamam da “maldição de chegar tarde”. Este conceito se aplica aos países subdesenvolvidos, os quais, pelo desenvolvimento tardio, podem imitar os países avançados em vários aspectos. Esta imitação pode tomar duas formas: copiar o sistema social ou copiar os modelos tecnológicos ou industriais. A primeira possibilidade é difícil ser implementada porque reformar um sistema social afeta os interesses estabelecidos de determinados grupos sociais ou políticos. Assim, os países subdesenvolvidos tendem a imitar a tecnologia dos países mais desenvolvidos. Embora esta imitação tecnológica possa produzir crescimento econômico acelerado, também pode, a longo prazo, esconder riscos e fazer fracassar tal desenvolvimento. Há autores que focam a parte positiva deste fenômeno e assim o chamam de “vantagem do recém chegado”. A “maldição de chegar tarde”, um caminho para o fracasso, foi precisamente o caminho seguido pelo PCCh. Nas últimas duas décadas, a imitação tecnológica conduziu a China a alguns sucessos, os quais o PCCh tomou em seu benefício para se legitimar e frear a reforma política que ia contra os seus interesses. Desta forma, sacrificaram os interesses de longo prazo da nação. Um custo demasiado alto é pago para o desenvolvimento econômico do PCCh. Embora o PCCh se gabe do progresso econômico, na realidade, atualmente, a economia da China ocupa uma posição no ranking mundial 182/206 que é pior do que aquela que ela tinha na época do imperador Qianlong, da dinastía Qing. Durante o mandato deste soberano, o Produto Interno Bruto (PIB) da China representava 51% do mundial. Quando em 1911 o Dr. Sun Yat-sen fundou a República da China (Kuomintang, o período KMT), o PBI da China era 27% do total mundial. Em 1923, este percentual caiu, porém era ainda de 12%. Em 1949, quando o PCCh subiu ao poder, este percentual era de 5,7%. Em 2003, o PIB da China era menos do que 4% do total mundial. O contraste reside que, na queda dos índices econômicos que ocorreu durante o governo do KMT se deveu a décadas de ininterruptas guerras enquanto que a pronunciada decadência observada durante o regime do PCCh se deu em tempos de paz. Hoje, visando legitimar seu poder, o PCCh busca a qualquer preço o êxito rápido e os benefícios instantâneos. A mutilada reforma econômica que o PCCh fez para salvaguardar seus próprios interesses custa muito caro ao país. A velocidade do crescimento econômico nos últimos vinte anos se baseou, principalmente, sobre o uso excessivo ou a perda direta de recursos naturais; vale dizer, foi obtida ás custas da destruição do meioambiente. Uma considerável parte do PIB chinês de hoje é obtida através do sacrifício das oportunidades das gerações de amanhã. Em 2003, a China contribuiu em menos de 4% para a economia mundial, enquanto que seu consumo de aço, cimento e outros materiais representam 1/3 do volume mundial166. Dos anos 80 até os 90, a extensão das zonas que viraram desertos na China aumentou entre 1.000 e 2.4460 km2. As cifras das terras aptas para a agricultura diminuíram de 2 mus por habitante em 1980 para 1,43 mus por habitante em 2003. O crescimento desmedido do confisco de terras para o desenvolvimento levou a China a perder 100 milhões de mus de terras aptas para a agricultura em poucos anos. Somente 43% das terras confiscadas foram utilizadas. Hoje em dia, a quantidade total de esgotos é de 43, 9 bilhões de toneladas, 82% acima da capacidade ambiental. Nos sete maiores sistemas de rios, 40,9% da água não são boas para o consumo humano ou animal. 75% dos lagos estão tão contaminados que estão entrando num processo de eutroficação (envelhecimento das águas)167. Na China, o conflito entre o ser humano e a natureza tem um alcance nunca antes visto. Nem a China nem o mundo estão em condições de suportar um crescimento tão vertiginoso. Iludido pelo esplendor de arranha-céus e mansões, o povo chinês não tem consciência da crise ecológica e ambiental que está vivendo. Quando a natureza apresentar a conta aos seres humanos, as consequências para a nação chinesa serão catastróficas. Em contraste com a situação da China temos a Rússia que, desde que abandonou o comunismo, leva adiante suas reformas políticas e econômicas ao mesmo tempo. Depois de um breve período de sofrimento, 166 167 Informação da Agência de Noticias Xinhua, 4 de maço de 2004. Informação da Agencia de Noticias Xinhua, 29 de fevereiro de 2004. 183/206 entrou em um desenvolvimento acelerado. De 1999 a 2003, o PIB da Rússia cresceu 29%. O nível de vida de seus habitantes subiu de modo pronunciado. Os círculos de negócios do Ocidente começam a falar em “milagre econômico russo” como começam a investir no país, um novo centro pólo de investimento mundial. De 17º lugar no ranking das nações mais atraentes ao investimento em 2002, a Rússia subiu para o 8º lugar em 2003 e, com isto, conseguiu pela primeira vez na história estar entre os 10 principais países de destinação de capitais estrangeiros. Até a Índia, um país considerado pela maioria dos chineses como dominado pela pobreza e conflitos étnicos, desfruta de um crescimento significativo e uma taxa de crescimento entre 7 e 8% ao ano a partir de suas reformas econômicas de 1991. A Índia tem um sistema legal bastante completo em uma economia de mercado, um sistema financeiro que goza de boa saúde, um sistema democrático em franco desenvolvimento, e uma vida pública estável. A comunidade internacional reconhece a Índia como um país com grande potencial de desenvolvimento. Por outro lado, o PCCh embarca em reformas econômicas sem reformas políticas. Dar uma aparência de economia emergente permitiu impedir natural “evolução de seus sistemas sociais”. Por ser incompleta, as reformas na China são acompanhadas de desigualdades sociais crescentes e os conflitos sociais se tornam agudos. Os benefícios financeiros que o povo obteve não estão protegidos por sistemas sociais estáveis. Além disso, no processo de passar para as mãos privadas as propriedades do estado, os donos do poder do PCCh têm usado suas influências e posições para encherem seus bolsos de dinheiro. O PCCh engana os camponeses mais uma vez. O PCCh se apoiou nos camponeses para conquistar o poder. Os residentes das áreas rurais controladas pelo PCCh, em sua primeira etapa, deram tudo o que tinham ao movimento comunista chinês. Porém, uma vez que o PCCh dominou todo o país, os camponeses sofreram forte discriminação. Quando o PCCh chegou ao governo, adotou um sistema muito injusto: o sistema de registro de residências onde classifica o povo em população rural e não rural. Os camponeses não têm direito a assistência médica nem ao auxílio desemprego nem a aposentadoria nem ao crédito bancário. Os camponeses são a classe mais pobre da China e, se isso é pouco, são os que pagam mais impostos. Os habitantes rurais têm que pagar várias taxas e impostos: fundo obrigatório de previdência, fundo de melhorias públicas e de administração, taxa de educação, taxa para o controle de natalidade, taxa para organização e treinamento dos militares, taxa para a construção de estradas rurais, e taxa para indenização de militares. Além dessas obrigações, eles têm que vender uma parte dos grãos colhidos para o Estado a preço fixo e pagar impostos de agricultura, imposto da terra, taxa especial de produção local e de comércio de carnes, além de vários outros. Em contraste, a população não rural não paga nenhum desses impostos ou obrigações. 184/206 No início de 2004, o Premier chinês, Wen Jiabao, emitiu o documento N° 1 declarando a que a China rural atravessa o pior momento desde o início da reforma econômica em 1978. A renda da maioria dos camponeses havia estagnado e até decaído. Eles tinham se tornado mais pobres e a diferença de renda entre residentes urbanos e residentes de áreas rurais continuava a aumentar. Para uma área de reflorestamento da província de Sichuan, as autoridades distribuíram 500.000 yuanes (cerca de US$ 60.500) para um projeto de reflorestamento. Para começar, os responsáveis pela área colocaram 200.000 yuanes nos próprios bolsos, só restando 300.000 para o projeto. Na medida em que o dinheiro passava pelas várias instâncias do governo envolvidas, os recursos financeiros disponíveis para o projeto iam diminuindo, até que, no final, sobrou muito pouco para os camponeses que eram os que realmente plantariam as árvores. O governo nem ao menos tinha que se preocupar se os camponeses iriam ou não se recusar a trabalhar no projeto por causa dos poucos recursos que sobraram. A pobreza era tão extrema que os camponeses trabalhariam em troca de qualquer quantia. Esta é uma das razões porque os produtos chineses são tão baratos. Usar os interesses econômicos para pressionar os países ocidentais. Muitas pessoas ainda acreditam que o comércio com a China irá promover os direitos humanos, a liberdade de expressão e reformas democráticas no país. Depois de mais de uma década, ficou claro que isso é somente a expressão de um desejo. Uma comparação entre o modo como os negócios são feitos na China e nos países ocidentais, serve como exemplo: A relativa transparência e justiça nas sociedades ocidentais contrastam com o nepotismo, o suborno e a corrupção na China. Muitas empresas ocidentais são responsáveis diretas por esta situação ao exacerbarem a tendência de corrupção chinesa. Algumas empresas até ajudam o PCCh a esconder suas violações aos direitos humanos e a perseguição que promove ao seu próprio povo. O PCCh atua como a Máfia quando usa questões economias para exercer pressão nas questões diplomáticas. Se um contrato de fabricação de aviões será dado à França ou aos Estados Unidos; dependerá de qual destes dois países ficará de boca calada sobre assuntos de direitos humanos na China. A vontade de muitos homens de negócios e políticos do ocidente está sob o controle de interesses financeiros da China. Algumas empresas de tecnologia da informação dos Estados Unidos venderam ao PCCh produtos especiais para policiamento e bloqueio da navegação na Internet. Para conseguir entrar no mercado chinês, alguns websites (de busca), concordando a censura imposta, aceitaram filtrar e impedir o acesso a informações que não são do agrado do PCCh. Segundo dados do Ministério de Comércio da China, até abril de 2004, a China havia recebido um total de 900 bilhões de dólares de investimentos estrangeiros através de vários contratos. Essa enorme “transfusão de sangue”, vinda do estrangeiro para a economia do PCCh, é só aparente. 185/206 Além disso, o capital estrangeiro não ajudou a introduzir o conceito de democracia e a liberdade e os direitos humanos como princípios fundamentais para a vida de um povo. O PCCh tirando vantagem da ampla cooperação dos investidores e governos estrangeiros e da adulação de alguns países faz propaganda visando fortalecer sua posição junto à comunidade internacional. Usando a superficial prosperidade econômica chinesa, os funcionários do PCCh se especializaram em fazer negócios que entregam as riquezas do Estado e permitem frear qualquer tentativa de reforma política. III. As técnicas de lavagem cerebral do PCCh evoluíram do grotesco para ingressar em uma etapa refinada. Na China, é comum ouvir as pessoas dizerem: “Eu sei que era comum o PCCh mentir no passado, mas agora ele diz a verdade”. Ironicamente, isso equivale dizer que as pessoas percebem cada vez mais que o PCCh cometeu graves erros no passado. Esta é mais uma mostra da habilidade de enganar que o PCCh adquiriu através das décadas. Com o tempo, as pessoas desenvolveram uma resistência às fábulas do PCCh. A resposta do Partido Comunista foi refinar seus métodos de propaganda e mentira: agora são mais sutis e profissionais. Evoluindo do embuste dos lemas e slogans do passado, se converteram em técnicas refinadas de propaganda. Em especial, com a censura e o bloqueio ao acesso às informações exercido na China, o PCCh se dedica a inventar histórias baseadas em fatos parciais para confundir o público, algo mais nocivo e enganoso que mentiras planas e fábulas. Chinascope, um jornal chinês em idioma inglês, publicou um artigo em outubro de 2004 no qual analisa casos onde o PCCh usou meios mais sutis para mentir e encobrir a verdade. Quando em 2003 a epidemia de SARS surgiu na China continental, o mundo suspeitava que o governo chinês estivesse ocultando informações sobre a epidemia; entretanto, o PCCh se negava a reconhecer isto. Para descobrir se o Partido Comunista tinha dito a verdade sobre a SARS, o autor leu mais de 400 documentos noticiados no website Xinhua que foram produzidos desde abril de 2003. Os documentos contam o seguinte: nem bem surgiu a SARS, o governo central e os governos locais mobilizaram especialistas que cuidaram dos enfermos, que na medida em que se recuperavam, voltaram para seus locais de origem. Em resposta aos criadores de boatos que incitaram as pessoas a acumularem mercadorias para evitarem sair de casa quando a doença tivesse se espalhando, o governo, sem perda de tempo, deteve tais rumores e tomou medidas para que novos rumores não se espalhassem e assim restabeleceu a ordem social. Ainda que alguns poucos grupos anti-China suspeitassem que o governo chinês escondesse os fatos, a maioria dos países e do povo chinês deixou de acreditar nos rumores. A Feira de Comércio de Guangzhou, de realização iminente na época, ia contar com a maior participação de empresas da história. Turistas de outras partes do mundo obtiveram confirmação de que era 186/206 seguro viajar para a China. Em particular, especialistas da Organização Mundial de Saúde (vitimas das mentiras do PCCh) declararam publicamente que o governo chinês havia atuado com presteza e tomado todas as medidas adequadas para erradicar a SARS, que não havia qualquer tipo de perigo. Os especialistas deram seu aval (após uma demora de 20 dias) para uma inspeção de campo na província de Guangdong. Esses mais de 400 documentos deram ao autor a impressão de que o PCCh havia sido transparente durante aqueles 4 meses, que ele havia atuado com responsabilidade na proteção da saúde da população e que não havia ocultado nada. Entretanto, em 20 de abril de 2003, o Departamento de Informação do Conselho de Estado disse em uma conferência de imprensa que, na verdade, a SARS havia se espalhado na China. Assim, indiretamente admitiu que o governo ocultou a verdade dos fatos sobre a epidemia. Só então o autor pode ver a verdade e entender o alcance dos métodos de enganar e da maldade do PCCh, que sem dúvida evoluíram no decorrer do tempo. Durante as eleições gerais em Taiwan, o PPC, mediante as mesmas técnicas refinadas e sutis, introduziu a ideia de que a eleição presidencial havia causado uma catástrofe social: aumento da taxa de suicídio, queda na bolsa de valores, “enfermidades estranhas” e transtornos mentais, êxodo de habitantes da ilha, disputas familiares, atitudes de insensibilidade em relação à vida, depressão econômica, ataques indiscriminados com armas de fogo nas ruas, protestos e manifestações públicas, clima de instabilidade social, intrigas políticas, etc. O PCCh diariamente incutia tais ideias na cabeça do povo da China continental para fazê-las acreditarem que tais calamidades era o resultado das eleições e que a China jamais deveria propor uma eleição democrática. Na questão de Falun Gong, o PCCh mostrou um nível ainda maior para difamar e incriminar a prática. O comunismo chinês montou uma série de encenações e farsas, uma atrás da outra. Não é de se surpreender que tantas pessoas tenham sido enganadas. A propaganda perversa do PCCh foi tão eloquente e tão enganosa que as vítimas acreditavam nas mentiras e pensavam que eles estavam apresentando a verdade. A lavagem cerebral que o PCCh exerce com sua propaganda nas últimas décadas se tornou mais refinada e sutil ao iludir e enganar, aspecto da inescrupulosa natureza do PCCh. IV. A hipocrisia do PCCh sobre a questão dos Direitos Humanos. De usurpar da democracia para tomar o poder a fingir democracia para governar com despotismo. “Em uma nação democrática, a soberania deve repousar nas mãos do povo, estar em conformidade com os princípios dos Céus e da Terra. Se um país se declara democrático, porém a soberania não repousa sobre seu povo, esta não está no caminho certo; está errada e simplesmente não se trata de uma nação democrática... Como pode ser possível uma 187/206 democracia se ela é feita sobre o governo do Partido e não há eleições democráticas? Os direitos devem voltar ao povo!”. Estas palavras soam como as de um “inimigo estrangeiro” que pretende atacar o PCCh, não é? Entretanto, essas palavras apareceram nas páginas do Diário de Xinhua, órgão oficial do PCCh, de 27 de setembro de 1945. O PCCh, que clamava por “eleições populares” e exigia “que os direitos do povo voltassem para o seu legítimo dono”, rotulou o tema de sufrágio popular de tabu desde que usurpou o poder. O povo que deveria ser “o soberano e dono do Estado” não tem direito a tomar suas próprias decisões. As palavras são incapazes de descrever a natureza inescrupulosa do PCCh. Se alguém acha que o que passou, passou, e que a seita perversa do PCCh que cresceu matando e governa a nação com mentiras é capaz de reformar-se, de praticar a benevolência e de estar disposta a “devolver ao povo seus direitos”, está equivocado. Vejamos o que o Diário do Povo, porta-voz do PCCh, disse em 23 de novembro de 2004, 60 anos depois da declaração anterior: “Um controle rígido sobre o pensamento é a base ideológica e política para consolidar o regime do Partido”. Recentemente, o PCCh propôs o “Princípio dos Três Não168", sendo o primeiro o desenvolvimento sem discussões. A palavra “desenvolvimento” é completamente falsa aqui, porém “sem discussão” reflete o conceito de uma “única voz” que o Partido utiliza; é o propósito verdadeiro do comunismo chinês. Quando em 2000 o destacado correspondente da CBS Mike Wallace perguntou a Jiang Zemin porque na China não se convocava eleições populares, Jiang respondeu: “O povo chinês tem um nível de educacional muito baixo”. Entretanto, em 25 de fevereiro de 1939, o PCCh dizia em seu Diário Xinhua: “Eles [o KMT] acreditam que a democracia não é algo aplicável à China de hoje, só daqui a alguns anos. Pensam que para a democracia deve-se esperar até que o conhecimento e a educação do povo alcancem níveis como os das sociedades democráticas da burguesia da Europa e dos Estados Unidos... Porém, somente em uma democracia o povo poderá ter acesso à educação e ao conhecimento”. A hipócrita diferença entre o que foi dito no Xinhua em 1939 e o que expressou Jiang Zemin em 2000 reflete a natureza do PCCh. Com o Massacre de Tiananmen, feito em 1989, o PCCh voltou ao cenário do mundo com um episódio deplorável de violação de direitos humanos. A história deu ao PCCh duas opções: respeitar seu povo e avançar nas 168 O “Principio dos Três Não” foi proposto por Deng Xiaoping em 1979 para incentivar o povo a expressar suas opiniões: Não rotular, não atacar e não apontar os erros. Esta campanha lembra a feita por Mao, durante os anos 50 para que os intelectuais revelassem suas ideias, a que se seguiu uma perseguição brutal sobre aqueles que se animaram a falar. Atualmente, os “Três Não” refere-se ao “desenvolvimento sem discussões, avanços sem debates e progresso sem interrupções”. 188/206 questões de direitos humanos, ou seguir cometendo abusos enquanto finge ao mundo ser o guardião dos direitos humanos das pessoas para assim evitar ser condenado pela comunidade internacional. Infelizmente, coerentemente com sua natureza despótica, o PCCh não hesitou em ficar com a segunda opção. Reuniu um grande número de pessoas inescrupulosas, mas competentes nos campos da ciência e religião, e as instruiu para que difundissem ao mundo informações enganosas sobre um fictício avanço do PCCh no campo dos direitos humanos. Juntou uma série de falácias como o “direito à sobrevivência”, o direito a teto e à comida. O argumento era o seguinte: Quando o povo tem fome, acaso ele não exerce o direito de falar? Se o povo que passa fome não fala, deveriam aqueles que não passam fome falarem em nome dos famintos? O PCCh tenta enganar o povo chinês e as democracias ocidentais jogando com os direitos humanos, tendo a audácia de dizer que “hoje se vive o melhor momento dos direitos humanos na China”. O artigo 35 da Constituição chinesa estabelece que os cidadãos da República Popular da China têm liberdade de expressão, de imprensa, de reunião, associação, protesto e manifestação. O PCCh faz simplesmente jogo de palavras. Sob o governo do PCCh, um número incrível número de pessoas não podem usufruir o direito de crença, expressão, imprensa, reunião e defesa legal. O PCCh chegou a dar ordem para que as apelações jurídicas de determinados grupos fossem consideradas ilegais. Em mais de uma ocasião ao longo de 2004, alguns grupos civis solicitaram permissão para fazer manifestações em Pequim. O governo não só não deu permissão como prendeu os membros desses grupos. A política de “um país, dois sistemas” aplicada a Hong Kong e referendada na Constituição do PCCh é outro ardil para distrair. O PCCh afirmou que não haverá mudanças em Hong Kong nos próximos 50 anos e, ainda assim quis unir os dois sistemas em um buscando tentando aprovar uma lei tirânica – o artigo 23 da Lei Básica169 – apenas 5 anos depois de Hong Kong voltar às mãos da China. O novo truque sinistro do PCCh é “mitigar o discurso” para ocultar o alcance do controle que exerce sobre tudo. Os chineses parecem que agora falam com mais liberdade e, além disso, a Internet possibilita que as notícias cheguem mais rápido. Assim, o PCCh alega que permite a liberdade de expressão, e muitas pessoas acreditam nisto. É apenas uma falsa aparência. Não é que o PCCh tenha se tornado benevolente, e sim que é incapaz de deter o desenvolvimento tecnológico e o avanço social. Vejamos como o PCCh se comporta com relação à Internet: bloqueia sites, filtra informações, monitora salas de bate-papos, controla o correio eletrônico e incrimina navegantes da WEB. Tudo o PCCh faz é repressivo 169 O artigo 23 da Lei Básica de Hong Kong foi proposto em 2002 pelo governo de Hong Kong sob pressão de Pequim. O artigo sufocava a liberdade e os direitos humanos em Hong Kong, e se opunha à política de “um país, dos sistemas” prometidos pelo PCCh. O artigo 23 foi condenado em todo o mundo e finalmente tirado fora em 2003. 189/206 por natureza. Hoje, com a ajuda de alguns capitalistas sem respeito pelos direitos humanos e liberdade de consciência, o PCCh possui equipamentos de alta tecnologia com os quais pode monitorar e policiar, de dentro de um carro de patrulha, todos os movimentos de usuários da Internet. Quando observamos o nível de degeneração que o PCCh chegou – que o leva a cometer más ações à plena luz do dia – no contexto global de liberdades democráticas, como ainda esperar avanço em direção aos direitos humanos? O PCCh disse tudo quando falou: “Frouxo por fora e rígido por dentro”. A natureza inescrupulosa do PCCh não mudará jamais. A fim de causar uma boa impressão na Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas, em 2004, o PCCh encenou estar avançando quanto aos direitos humanos; encenou estar castigando supostos violadores dos direitos humanos. Foram encenações montadas para os observadores estrangeiros; tudo mentira. Na China quem mais viola os direitos humanos é o próprio PCCh, é seu ex-secretário geral Jiang Zemin, seu exsecretário da Comissão Política e Judiciária, Luan Gan, e seu vice-ministro da Segurança Pública, Zhou Yongkang e Liu Jing. Tais encenações de se estar punindo violações dos direitos humanos foi como um ladrão gritando “Pega ladrão!”. Pode-se fazer uma analogia com um “serial violentador” que, escondido do público violenta dez mulheres por dia e, quando há pessoas por perto, só violenta uma mulher por dia. Podemos dizer que o violentador melhorou? Passar a violentar às escondidas ao invés de publicamente só prova que o violentador é pior e mais descarado do que antes. A sua natureza não mudou de forma alguma. A única coisa que mudou é a forma de violentar, pois já não é mais tão fácil fazê-lo publicamente. O PCCh é um serial violentador. A natureza ditatorial do PCCh e seu medo instintivo de perder o poder fazem com que ele não respeite os direitos das pessoas. Os recursos humanos, materiais e econômicos empregados para ocultar violações de direitos humanos superam largamente os esforços para verdadeiramente melhorar a situação dos direitos humanos. A indulgência do Partido nos massacres e nas perseguições injustificadas em todo o território da China tem sido uma grande desgraça para o povo. O PCCh se veste de legalidade para assim cometer os mais perversos atos. Para proteger os interesses de certos grupos, de um lado, o PCCh eliminou a fachada anterior e abandonou à sorte os trabalhadores, camponeses e o povo, e, por outro lado, progrediu em seus métodos de enganar e fazer maldades, enquanto os abusos aos direitos humanos do PCCh são expostos à comunidade internacional. Para confundir o povo, O PCCh emprega termos como “estado de direito”, “mercado”, “para o povo” e “reforma”. O Partido não consegue mudar sua natureza má mesmo quando se veste ao estilo ocidental. Esta imagem confunde mais do que quando ele se “vestia ao estilo de Mao”. No livro Rebelião doa Animais, de George Orwell, publicado em 1945, os porcos aprendem a 190/206 ficar de pé e andar sobre duas patas. Esta habilidade deu aos porcos uma nova e boa imagem, porém sem mudar sua natureza de porco. A. Fazendo leis e normas que violam a Constituição chinesa. São aprovados leis e decretos que violam a Constituição chinesa para que os encarregados de fazerem ser cumpridas as leis possam impedir os esforços das pessoas de deterem as perseguições, de conseguirem a liberdade e de defenderem os direitos humanos. B. Questões não políticas são conduzidas e resolvidas com fins políticos. Uma simples questão social pode ser transformada pelo PCCh em questão de “disputar pessoas com o Partido”, “uma desgraça para o Partido e o país”, “um fator de agitação e instabilidade social” e “o fortalecimento das forças inimigas”. O Partido pode, com segundas intenções, politizar uma questão não política e assim justificar a mobilização de recursos e fazer propaganda para incitar o ódio do povo. C. Questões políticas são tratadas de forma desonesta. O último ardil do PCCh contra aqueles que são a favor da democracia ou contra intelectuais independentes foi criar armadilhas para prendê-los. Ardis como fabricar falsas acusações de delitos civis como prostituição ou sonegação de impostos. Os encarregados de fazerem tais acusações são recrutados entre as pessoas comuns para evitarem a condenação ou crítica de grupos externos. Os delitos fabricados e imputados às pessoas são suficientes para arruinar a reputação do acusado e humilhá-lo publicamente. A única mudança na natureza inescrupulosa do PCCh – se é que se pode considerar uma mudança – foi se tornar mais nocivo e desumano. O PCCh mantém cerca de 1 bilhão de pessoas reféns de sua lógica degenerada. Imagine que um criminoso entra para roubar uma casa e violenta uma menina. No julgamento, o criminoso se defende com a alegação de que não matou a menina, que apenas a violentou. Pelo fato de matar ser pior do que violentar, o réu sustenta que é inocente e que deve ser solto imediatamente. Também diz que as pessoas deveriam tê-lo em estima pelo fato de ter violentado e não matado. Tal argumento é absurdo, porém é o mesmo que o utilizado pelo PCCh para defender o Massacre de Tiananmen feito por ele em 4 de junho de 1989. O argumento foi que a “repressão aos estudantes” evitou um possível caos na China. Para evitar o “caos interno”, a repressão deve ser justificável. “Matar ou violentar, o que é melhor?”. Um criminoso que faça tal pergunta a um juiz durante um julgamento é um insolente. Do mesmo modo, ao ser julgado o Massacre de Tiananmen, não se levou em conta se o PCCh e seus comandados foram ou não culpados por matarem. Ao invés disto, perguntaram à sociedade o que ela preferia: “A repressão aos estudantes ou o caos interno que levaria a uma guerra civil?”. 191/206 O PCCh controla totalmente o aparato estatal e os meios de comunicação. Em outras palavras, os 1,3 bilhão de chineses estão reféns do PCCh. Com tamanho número de reféns, o PCCh pode sempre que quiser aplicar a sua “teoria para reféns“: deve-se reprimir um pequeno grupo de pessoas para evitar que a nação caia no caos e no desastre. Com esta carta na manga, o PCCh pode atacar à vontade a qualquer indivíduo ou grupo, pois sempre terá uma justificativa. Usando uma lógica e argumentos tão enganosos, há no mundo algum criminoso mais desavergonhado que o PCCh? A cenoura e pontapé: de conceder a “liberdade” a aumentar a repressão. Muitos chineses acham que agora gozam de mais liberdade que antes, e se mantêm esperançosos de que o PCCh melhore. De fato, o grau de “liberdade” que o PCCh concede ao povo depende de sua percepção de crise. O PCCh fará o que for preciso para manter os interesses coletivos do Partido, entre estas, dar um pouco de democracia, liberdade e direitos humanos ao povo. Entretanto, a liberdade do PCCh não conta com amparo na legislação. Tal “agrado” dado ao povo é simplesmente uma ferramenta para enganar e dominar o povo em meio a um cenário internacional em torno da democracia. Em essência, uma verdadeira liberdade conflitaria irreconciliavelmente com a ditadura do PCCh. Uma vez que o conflito excedesse o nível de tolerância do Partido, este retiraria imediatamente tal liberdade. Na história do comunismo chinês, houve vários períodos com certa liberdade de expressão, seguidos por outros de rígido controle. Este padrão cíclico sempre ocorreu ao longo da história do partido e servem para demonstrar a natureza perversa do PCCh. Em plena era da Internet, se alguém visitar o website oficial do PCCh, Xinhua, ou o do Diário do Povo, verá informações negativas sobre a China. Isto se deve, de um lado, ao fato de que hoje circula grande quantidade de informações negativas na China e as agências de notícias precisam noticiar algumas para manter certa credibilidade. Por outro lado, estas notícias importam ao PCCh já que as críticas menores podem ser de grande ajuda. Estas notícias sempre atribuem a causa dos problemas à determinados indivíduos, sem ligação com o Partido, enquanto que as soluções são creditadas ao PCCh. O PCCh decide habilmente quando, o que noticiar ou não. Noticia o que lhe interessa; na China ou no mundo; se utiliza dos meios de comunicação internacionais que controla ou sobre os quais possui influência. O PCCh é especialista em manipular as notícias ruíns para transformá-las em algo que conquiste o coração das pessoas. Muitos jovens da China continental acreditam que agora o PCCh já permite um bom grau de liberdade de expressão, e, assim, colocam suas esperanças e apreciação nele. São vítimas das refinadas estratégias da perversa imprensa estatal. Por exemplo, essa imprensa inventa uma situação de caos na sociedade chinesa e dá a ela certa difusão; pouco depois, o PCCh convence o povo de que somente ele é capaz de controlar uma sociedade tão caótica e instável e, assim, consegue que as pessoas apóiem as regras e o regime 192/206 do PCCh. Portanto, não devemos erroneamente pensar que o PCCh mudou por decisão própria quando vemos certa melhora na situação dos direitos humanos. Olhando em retrospectiva, quando o PCCh lutava para derrotar o governo do KMT, ele fingia que estava lutando por uma nação democrática. O PCCh possui uma natureza tão perversa que não se pode confiar em nenhuma de suas promessas. V. Aspectos da natureza inescrupulosa do PCCh. Vendendo territórios da nação por vaidade e traindo à guisa de “unidade nacional”. “Libertar Taiwan” e “Incorporar Taiwan” foram lemas do PCCh durante as últimas décadas. Com esta propaganda, o PCCh se mostra como nacionalista e patriótico. Importa realmente ao PCCh a integridade do território nacional? Muito pouco. Taiwan é somente um problema histórico que resultou da luta entre PCCh e KMT, e é um meio que ele usou para atacar a seus opositores e conseguir o apoio do povo. Quando o PCCh criou a região chamada de “China Soviética”, durante o regime do KMT, o artigo 14 da Constituição do Partido sustentava que “qualquer grupo étnico ou província chinesa podia reclamar sua independência”. Para obedecer a União Soviética, o lema do PCCh naquela época era “proteger os soviéticos”. Durante a guerra sino-japonesa, o objetivo principal do PCCh era aproveitar as oportunidades que se apresentavam para se fortalecer e crescer como grupo; não era lutar contra a invasão japonesa. Em 1945, o Exército Vermelho soviético invadiu o território chinês (noroeste) e cometeu todo tipo de crimes: roubos, assassinatos, estupro, etc. Entretanto, o PCCh não disse uma só palavra. Da mesma maneira, quando a União Soviética apoiou a Mongólia Exterior a se tornar independente da China, o PCCh também se manteve calado. Ao final de 1999, o PCCh e o governo russo firmaram Acordo para Revisão das Fronteiras entre China e Rússia pelo qual a primeira aceitou todos os acordos (injustos) firmados entre a dinastia Qing (1644-1911) e a Rússia assinados há mais de 100 anos. Assim, a China perdeu mais de um milhão de quilômetros quadrados de seu território, uma área equivalente a várias vezes o território de Taiwan. Em 2004, o PCCh e os russos firmaram o Acordo Completar das Fronteiras Orientais entre China e Rússia pelo qual a primeira cedeu à segunda, metade da ilha Heixiazi, na província de Heilongjiang. Com relação a outras disputas de fronteira, como as da ilha Nansha e da ilha Diaoyu, o PCCh não mostra nenhum interesse em ganhar, pois estas não afetam em nada o seu poder. O PCCh proclama aos quatro ventos sua campanha de “Unificação de Taiwan” e usa isso para incitar o patriotismo cego e desviar a atenção pública dos problemas internos. Políticos corruptos sem quaisquer pudores morais. 193/206 Em nome da dialética, o PCCh destruiu por completo o pensamento holístico, a faculdade da razão e o espírito indagador da filosofia. Enquanto o PCCh fala de “distribuição relacionada à contribuição”, o processo de ”permitir a alguns se enriquecerem primeiro” acontece de fato ligado “à distribuição relacionada ao poder”. O PCCh utiliza o disfarce de “servir de coração ao povo” para enganar aqueles que defendem ideais: uma vez que consegue seduzi-los, lava os seus cérebros, os domina por completo e gradualmente os transforma em dóceis ferramentas que em seu serviço honesto não se atrevem a defender a posição do povo. O governo necessita de mecanismos para controlar. Nos países democráticos, a independências entre os poderes junto com a liberdade de expressão e de imprensa constituem mecanismos de vigilância adequados. As crenças religiosas dão um freio moral à sociedade. O PCCh fomenta o ateísmo; assim, não há natureza divina que restrinja sua conduta. O PCCh é uma ditadura, não lei o que o controle politicamente. Com resultado, o PCCh age sem limites de nenhum tipo e sem consciência moral que o detenha, assim libera sua natureza tirânica e criminal. Segundo o PCCh, que o controla? “O PCCh controla por si mesmo” foi durante décadas o lema usado para enganar o povo. Inicialmente se chamava “autocrítica”, depois “autocontrole”, mais tarde “auto-aperfeiçoamento da conduta do Partido” e mais recentemente “auto-reforço da capacidade de governar”. O PCCh põe ênfase no superpoder que tem ao qual denomina “auto-melhoramento”. Não somente diz isto como age assim, como mostra o seu Comitê de Central Inspeção Disciplinar, o Escritório de Apelações e outros órgãos do tipo. Estes são meros elementos decorativos sem nenhuma função de controle real, que somente servem para confundir e enganar o povo. Sem restrições morais ou legais, o auto-melhoramento do PCCh equivale ao provérbio chinês que diz: “os demônios que emergem do próprio coração”. Este auto-melhoramento é somente uma desculpa que o PCCh usa para evitar as inspeções externas e prolongar seu controle sobre a liberdade de imprensa e sobre os partidos políticos. Os bandidos políticos do comunismo recorrem a artimanhas como estas para enganar o povo e se manter seu poder e interesses políticos. O PCCh é um especialista em intrigas políticas. A Ditadura Democrática Popular, Centralismo Democrático, Convergência Política, são alguns nomes dos ardis que usa. Exceto pela palavra ditadura, todo o resto não passa de mentiras As artimanhas: da falsa resistência à invasão japonesa a o fraudulento anti-terrorismo. O PCCh sempre disse ter liderado o povo chinês na vitória contra o invasor japonês. Entretanto, existe abundante material histórico que revela que o PCCh evitou a todo custo participar da Guerra Sino-Japonesa. Ao contrário, a única coisa que fez foi atrapalhar o KMT na sua luta contra o 194/206 Japão e aproveitar a situação para aumentar o próprio poder. As únicas importantes batalhas que o PCCh lutou foram a Batalha do Passo de Pingxing e a Batalha dos Cem Regimentos. Na primeira, o PCCh não foi em absoluto o líder ou a força predominante no combate. As tropas comunistas somente serviram para fazer uma emboscada às unidades japonesas de suprimento. Quanto à segunda batalha, dentro do PCCh se acredita que o fato de ter participado dela foi na realidade uma violação da estratégia do Partido Central. Depois dessas duas batalhas, Mao e os exércitos do PCCh não se envolveram em batalhas importantes. Tampouco produziram heróis nessas batalhas, ao estilo de Dong Cunrui durante a guerra contra o KMT em 1948 e de Huang Jiguang na Guerra da Coréia. Somente um reduzido número de chefes militares do alto escalão do PCCh morreu no campo de batalha durante a invasão japonesa. Até hoje, o Partido foi incapaz de publicar uma lista das baixas que sofreu durante esse conflito armado, nem tampouco podemos ver em território chinês muitos monumentos sobre heróis da resistência chinesa por parte do PCCh. Naquela época, o PCCh estabeleceu um Governo de Fronteira nas províncias de Shaanxi, Gansu ey Ningxia, longe da frente de batalha. Para usar uma linguagem atual, o PCCh propunha “um país, dois sistemas”, ou “duas Chinas” dentro da China. Embora não faltasse paixão aos comandantes do PCCh na hora de resistirem aos japoneses, os oficiais do alto escalão não eram sinceros em sua intenção em participar do combate. Ao invés disto, estes tratavam de proteger seus recursos e usavam a guerra para fortalecer suas posições. Quando em 1972 a China e Japão reataram relações diplomáticas, Mao Tsé-tung deixou escapar a verdade diante do primeiro-ministro japonês Kakuei Tanaka: “O PCCh é grato ao povo japonês já que sem sua invasão, o Partido não teria a oportunidade de aumentar seu poder”. As afirmações do PCCh sobre sua liderança sobre o povo chinês durante os 8 anos que durou a resistência contra o invasor japonês não passa de mais outra mentira. Mais de meio século depois, com os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 aos Estados Unidos, o combate contra o terrorismo se converteu numa questão global. O PCCh novamente emprega estratégias de enganar semelhantes às empregadas durante a invasão japonesa. Usando o antiterrorismo, o PCCh rotulou de terroristas muitos praticantes religiosos, opositores políticos e grupos ligados à conflitos étnicos ou territoriais. Sob o disfarce de luta contra o terrorismo internacional, o PCCh lança violentas campanhas repressivas. Em 27 de setembro de 2004, a Agência de Noticias Xinhua, citando o jornal Xinjing, noticiou que Pequim estaria prestes a abrir a primeira agência anti-terrorismo do país. Algumas agências de noticias, que trabalham para o PCCh, publicaram artigos com títulos como: “O Escritório 610 une esforços contra o terrorismo” (O Escritório 610 é uma rede de agências governamentais dedicadas à perseguição dos praticantes de Falun Gong), alegando que a agência anti-terrorista teria como função 195/206 combater “grupos terroristas”, entre eles o Falun Gong. O PCCh coloca o rótulo de “terroristas” em pessoas que nunca usaram uma arma, nunca responderam à agressão e que apenas apelaram pacificamente pelo direito de sustentarem sua crença. Aproveitando o clima reinante, o PCCh mobilizou sua “força especial anti-terrorismo”, armada até os dentes, para reprimir com ferocidade a este grupo (Falun Gong) indefeso de defensores da paz. Além disso, o PCCh usou o terrorismo como justificativa para desviar a atenção e a condenação da comunidade internacional sobre a perseguição a Falun Gong. Os tipos de mentiras que o PCCh utiliza hoje não diferem das que empregou durante a invasão japonesa, embustes que constituem uma maneira vergonhosa de tratar um assunto tão delicado como os atuais esforços internacionais anti-terrorismo. Fingir um fictício apoio e ocultar uma real oposição. O PCCh não acredita em suas próprias doutrinas, porém obriga os outros a acreditarem nelas. Este é um dos métodos mais pérfidos da seita do comunismo chinês. O PCCh sabe que sua base ideológica é falsa e que a idéia do socialismo não é autêntica. Entretanto, persegue aos que não aceitam seu monopólio sobre o pensamento. Sem a mínima noção de vergonha, o PCCh inclui sua ideologia de embustes na Constituição como a pedra fundamental do estado chinês. Na vida real se dá um fenômeno interessante. Muitos funcionários do alto escalão do PCCh perdem seus postos em disputas pelo poder, na arena política da China, devido à corrupção. Entretanto, são estas pessoas as mesmas que defendem a generosidade e honestidade em público, mas secretamente participam de suborno, corrupção e outras atividades decadentes. Muitos “servidores do povo” caíram nesse caminho, como Li Jiating, ex-governador da província de Yunnan; Liu Fangren, secretário do Partido na província de Guizhou; Cheng Weigao, secretário do Partido na província de Hebei; Tian Fengshan, ministro da Terra e Recursos, e Wang Huaizhong, vice-governador da província de Anhui. Entretanto, se alguém examinar o discurso dessas pessoas verá que todas elas, sem exceção, promoveram campanhas anticorrupção e exigiram de seus subordinados uma conduta honesta, enquanto que, eles mesmos, desviavam recursos públicos e aceitavam subornos. Embora o PCCh tenha em seu seio pessoas admiráveis e com frequência seduza pessoas idealistas e diligentes para se filiarem a ele a fim de melhorar a imagem do Partido, é óbvio para todo mundo que a China entrou em uma etapa de declínio moral muito difícil de deter. Por que a propaganda do PCCh que promove a “civilização espiritual” não tenta corrigir esta tendência? De fato, os líderes do partido Comunista transmitem palavras vazias quando falam de “qualidade moral comunista” ou sobre o lema “servir o povo”. A incoerência entre a ação e as palavras dos líderes do comunismo 196/206 remonta aos tempos do seu fundador, Karl Marx. Marx teve um filho ilegítimo. Lênin contraiu sífilis com prostitutas. Stalin foi processado por obrigar uma cantora a manter relações sexuais com ele. Mao Tsé-tung se entregou a luxúria. Jiang Zemin é uma pessoa promiscua. O líder do comunismo na Romênia, Nicolau Ceausescu, enriqueceu toda sua família de forma opulenta. O líder do comunismo cubano, Fidel Castro, tem centenas de milhões de dólares em bancos estrangeiros. O perverso assassino da Coréia do Norte, Kim Song II, e seus filhos levam uma vida decadente e esbanjadora. Na vida cotidiana, as pessoas comuns do povo detestam as sessões de estudos políticos sem sentido. Cada vez mais, o povo emprega linguagem ambígua ao se referir aos assuntos políticos, já que qualquer um sabe que se trata de jogos enganosos. Mas ninguém, nem os que falam nem os que ouvem nessas reuniões políticas ousam falar a verdade sobre essas reuniões enganosas. O povo chama isso de “dissimulação sincera”. As teorias do PCCh - tanto a dos Três representantes de anos atrás, como a de “melhorar a capacidade de governar” que veio depois, ou a dos “três corações” (aquecer, estabilizar e conquistar o coração das pessoas) de hoje, são vazias de conteúdo. Que Partido governante não dirá que representa os interesses do povo? Que partido não estaria interessado em melhorar sua capacidade de governar? Que partido político não gostaria de conquistar o coração do povo? Todo grupo político que não falar sobre esses objetivos desaparecerá em pouco tempo do cenário político. Porém, o PCCh trata seus lemas vazios como teorias intricadas e profundas, e obriga toda a nação a estudá-los. Quando o fingimento vai se convertendo pouco a pouco na maneira de pensar e atuar de milhões de pessoas e se torna a cultura do partido, a sociedade se torna falsa, pretensiosa e vazia. A sociedade entra em crise quando há carência de honestidade e confiança. Por que o PCCh criou tal situação? No passado, era por sua ideologia; agora, em seu próprio benefício. Os membros do Partido sabem que estão fingindo, porém seguem dessa forma. Se o PCCh não promovesse esses slogans e formalidades, não poderia enganar as pessoas. Não poderia fazer com que o povo o seguisse e o temesse. Abandonar a consciência e sacrificar a justiça pelos interesses do Partido. No livro “O desenvolvimento moral do Partido Comunista”, Liu Shaoqi170 fala da necessidade de que os “os membros do Partido renunciem a seus interesses individuais em nome do interesse do Partido”. Entre os membros do PCCh nunca faltaram pessoas retas, preocupadas com o país e seu povo, tampouco oficiais honestos e justos que servem de verdade o povo. Porém na máquina a serviço do interesse do PCCh, tais pessoas não sobrevivem. Sob a pressão constante de “submeter à natureza humana à 170 Liu Shaoqi, presidente chinês entre 1959 e 1968, era considerado o sucessor de Mao Tsé-tung. Durante a Revolução Cultural (1966-1976), foi perseguido como traidor, espião e renegado. Morreu em 1969 devido aos tremendos maltrato, pelo PCCh, na prisão. 197/206 natureza do Partido”, eles não conseguem continuar nesse caminho, são depostos ou, o que é pior, se tornam corruptos. O povo chinês tem sentido na própria carne a brutalidade do regime do PCCh e assim desenvolveu um profundo medo da violência comunista. Por isso, as pessoas não se atrevem a defender a justiça e deixaram de crer nas leis celestiais. Primeiro se submeteram à humilhação do poder do Partido. Pouco a pouco, deixaram de se preocupar como o que não as afetavam de maneira direta. Até a lógica do modo de pensar delas foi intencionalmente moldada para que terminassem se rendendo ao PCCh. Este é o resultado da natureza mafiosa do PCCh. O PCCh busca despertar os sentimentos de patriotismo para manipular o povo. O PCCh recorre a ideais como “patriotismo” e “nacionalismo” para mobilizar o povo e manipulá-lo na direção que lhe interessa. Estes não são apenas exortações ao povo, são também ordens e estratégias. Se lerem a propaganda nacionalista da edição estrangeira do Diário do Povo, alguns chineses que vivem no estrangeiro, e que durante décadas nunca se atreveram a voltar para China, podem até se tornarem mais nacionalistas que os chineses residentes na China. Sob a manipulação do PCCh, o povo chinês, que não ousa contestar as políticas comunistas, se tornou suficiente ousado para atacar a Embaixada e o Consulado dos Estados Unidos na China, atirando ovos e pedras e queimando automóveis e bandeiras americanas, tudo sob o rótulo de patriotismo. Sempre que o partido Comunista encontra um tema de importância que exige mobilização popular, ele, de imediato, recorre ao “patriotismo” e ao “nacionalismo”. No caso de Taiwan, ou Hong Kong, ou Falun Gong, ou da colisão de um avião espião norte-americano e uma aeronave de combate chinesa, o PCCh recorre a uma combinação de inspirar o terror máximo e fazer uma lavagem cerebral, com isto obtém do povo um estado de ânimo de guerra. Uma tática similar à utilizada pelo nazismo na Alemanha. Mediante o bloqueio de informações segundo conveniências, a lavagem cerebral feita pelo PCCh obtém pleno êxito. Mesmo aqueles do povo chinês que não gostam do PCCh, terminam pensando da forma incutida pelo PCCh. Por exemplo, com a invasão dos Estados Unidos ao Iraque, muita gente é moldada e condicionada quando vêem as analises do CCTV171. Sentem profundo ódio, um sentimento de vingança e desejo de lutar, como se estivessem em uma guerra. A desfaçatez de colocar o Partido acima do país e forçar pais e filhos a se colocarem um contra o outro. Uma das frases que o PCCh sempre usa para intimidar as pessoas é: “o fim do Partido, fim do país”, colocando-se a si mesmo acima da nação. O princípio que se enraizou na China é: “Não haverá uma nova China sem o 171 CCTV (Televisão Central da China) pertence e é dirigida diretamente pelo governo central. É a maior rede de televisão da China continental. 198/206 PCCh”. Educam-se os cidadãos desde criança para “escutar o Partido” e “portar-se como seus filhos obedientes”. Elas cantam louvores ao Partido: “Vejo o Partido como minha mãe”. “Oh, Partido, minha querida mãe”. “A graça salvadora do Partido é mais profunda que o oceano”. “O amor que sinto por meu pai e minha mãe não pode ser o que sinto pelo Partido” 172. Os cidadãos “irão e lutarão onde o PCCh mandar”. Quando o governo ofereceu ajuda durante uma catástrofe, o povo tinha que “agradecer ao Partido e ao governo”: primeiro ao Partido e depois ao governo. Um lema militar prega: “O Partido governa com armas”. Quando os especialistas chineses desenharam o uniforme dos juizes dos tribunais de justiça, colocaram quatro botões dourados na pala do uniforme. Os botões são alinhados e simbolizam, de cima abaixo, o Partido, o povo, a lei e o país. Esta distribuição indica que mesmo que alguém seja um juiz, ele deve sempre se recordar que o Partido está acima da lei, do país e do povo. O Partido se transformou no ente supremo da China, e o país, em seu subordinado. O país existe para o Partido, e este diz ser a encarnação do povo e o símbolo do país. O amor ao Partido, à seus líderes e ao país se misturam; esta é a razão fundamental pela qual a ideia de patriotismo na China se desviou de seu sentido original. Sob a sutil, porém persistente influência da educação e da propaganda do PCCh, muitas pessoas, militantes comunistas ou não, começam a confundir o Partido com o país, muitas vezes sem estar consciente disto. Terminam por aceitar que “o interesse do Partido” está acima de tudo, e que “os interesses do Partido equivalem aos do povo e do país”. Esta consequência da doutrinação do Partido criou o clima para que ele pudesse trair os interesses nacionais. Jogar com “reparações” e considerar atos criminosos como “grandes feitos”. O PCCh tem cometido muitos erros crassos ao longo de sua história. Entretanto, sempre colocou a culpa em indivíduos ou determinados grupos através da “reparação e reabilitação”. Isto não só gera gratidão dos acusados, como permite que o PCCh se esquive completamente de qualquer responsabilidade por seus delitos. O Partido se declara “estar seguro de não cometer erros, como também saber como corrigi-los173”; isto se converteu na poção mágica com que sempre escapa da culpa. Assim, o Partido se mantém “grande e glorioso, e sempre tem razão”. Talvez um dia, o PCCh decida ressarcir as vítimas do Massacre da Praça Tiananmen e restaurar a reputação de Falun Gong. Porém isso só será mais uma tática maquiavélica usada pelo Partido em seu desespero para sua vida agonizante. O PCCh nunca terá coragem para refletir sobre seus atos, reconhecer seus crimes e pagar por seus pecados. 172 As frases transcritas são títulos de canções que se escreveram e cantaram durante a época de Mao, durante os anos 60 e princípio dos anos 70. 173 Mao disse em uma oportunidade: “Temos medo de cometer erros, porém estamos dispostos a corrigi-los”. 199/206 VI. O PCCh manifesta sua natureza perversa usando o terror de Estado na tentativa de livrar-se dos princípios “Verdade, Benevolência e Tolerância”. A farsa da “imolação da Praça Tiananmen” montada pelo PCCh pode ser considerada a mentira do século do Partido Comunista Chinês. Para reprimir Falun Gong, a perversidade do governo alcançou tamanho grau que utilizou cinco pessoas para que, fazendo-se passar por praticantes de Falun Gong, encenassem a fraudulenta imolação174 da Praça Tiananmen. Por participar em semelhante fraude, essas cinco pessoas, sem saber, estavam decretando suas próprias sentenças de morte: foram mortos a golpes no local ou assassinados posteriormente. O vídeo da cadeia de TV chinesa CCTV, quando em câmara lenta, mostra claramente que Liu Chunling, um dos imolados, morreu quando um policial o atingiu com um forte golpe. Outras falhas na encenação é a errada postura de meditação de Wang Jingdong, com uma garrafa plástica (com combustível) a qual permaneceu intacta depois que o fogo foi apagado. Também, a conversa do médico com a vítima mais jovem, Liu Siying, e a presença do câmeramen pronto para filmar as cenas. Estes e outros fatos são provas mais do que suficientes para concluir que a suposta imolação de Tiananmen foi uma farsa planejada pelo perverso Jiang Zemin para incriminar e difamar Falun Gong. Jiang Zemin e o PCCh manipularam noções familiares às pessoas de modo que acreditassem em mentiras para que com isto pudessem incitar a repulsa das pessoas a Falun Gong. Vocês acreditam em ciência? O PCCh disse que Falun Gong é superstição. Vocês pensam que política é algo ruim? O PCCh diz que Falun Gong está envolvido com política. Vocês sentem inveja das pessoas que se enriquecem na China ou no exterior? Segundo o PCCh, Falun Gong nada em abundância. Acredita que as organizações têm aspectos negativos? Segundo o PCCh, Falun Gong é uma organização rígida. Está cansado do culto da personalidade que houve na China durantes décadas? Segundo o PCCh, Falun Gong controla a mente das pessoas. Você é um patriota? Segundo o PCCh, Falun Gong é um grupo anti-China. Vocês têm medo de agitação social? Segundo o PCCh, Falun Gong promove a instabilidade social. Se você pergunta se Falun Gong defende os princípios “Verdade-Benevolência-Tolerância”? O PCCh diz que Falun Gong não defende a verdade, benevolência e tolerância. O PCCh chega a contrariar a lógica quando diz que a benevolência pode despertar o desejo de matar. Você acredita que o governo chinês não inventaria mentiras como as citadas? Então, o PCCh fabrica mentiras ainda maiores e mais chocantes, desde suicídios até imolações, de matar familiares a assassinatos em série. São tantas as mentiras que é difícil não acreditar nelas. Você se 174 Para uma análise detalhada do vídeo referente à imolação, visite o website: http://www.clearharmony.net/articles/200109/1165.html 200/206 simpatiza com Falun Gong? O PCCh vincula sua avaliação política com a perseguição a Falun Gong: rebaixa, despede, suspende você, ou não distribui bônus a você se os praticantes da área de trabalho sob a sua responsabilidade fazem manifestações em Pequim. Desta forma, as pessoas se vêem obrigadas a se tornarem inimigas da prática. O PCCh raptou inúmeros praticantes de Falun Gong e os submeteu a sessões de lavagem cerebral para obrigá-los a abandonar suas crenças, denunciar Falun Gong e prometerem abandonar a prática. O PCCh utilizou vários métodos perversos para persuadi-los a abandonarem a prática: pressão e castigo aos parentes e amigos, pressão em seus trabalhos e escolas, torturas cruéis. Quando conseguem obter sucesso na lavagem cerebral de um praticante, este é usado para torturar e fazer lavagem cerebral nos outros. O vicioso PCCh insiste em converter pessoas boas em más, em obrigá-las a trilharem um caminho escuro até o fim de suas vidas. VII. O iníquo socialismo com “características chinesas”. O PCCh usa o termo “características chinesas” para encobrir seus crimes. O PCCh sempre alega que ele deve seu sucesso na revolução à “integração do marxismo-leninismo com a concreta realidade da revolução chinesa”. O PCCh faz uso abusivo do termo “característica” para dar suporte ideológico às suas políticas perversas e movediças. Métodos movediços e enganosos. Por detrás da fachada de “características chinesas”, o PCCh não conseguiu nada além de absurdos. O objetivo da revolução do PCCh era a concretização da propriedade pública como meio de produção. Desta forma tem enganado muitos jovens que se afiliaram ao Partido indo atrás do ideal do comunismo e da unidade. Alguns inclusive deram as costas aos seus familiares com propriedades. Porém, agora, através da corrupção, os membros do Partido se converteram nos novos ricos do capitalismo burocrático, inclusive mais ricos do que os capitalistas que existiam antes. 83 anos depois da fundação o Partido Comunista Chinês, somente que agora o capitalismo voltou dentro do próprio PCCh, que nasceu sob a bandeira do igualitarismo. Hoje, entre os filhos e parentes dos líderes do Partido, muitos são prósperos capitalistas com fortunas pessoais, e muitos membros do PCCh se juntaram aos novos ricos. No passado, o PCCh eliminou os proprietários de terra, os capitalistas em nome da revolução e lhes tomou as propriedades. Atualmente, a nova “realeza” do PCCh se enriqueceu ainda mais do que aqueles através do suborno e da corrupção. Os que seguiram o Partido nas primeiras revoluções agora se lamentam: “Se eu 201/206 soubesse que esta seria a situação atual, eu nunca os teria apoiado”. Depois de várias décadas de suor e lutas, estas pessoas se deram conta de que entregaram suas propriedade e de seus irmãos e pais, inclusive suas vidas, à seita do PCCh. O PCCh diz que a base econômica determina a superestrutura175 quando, na realidade, é a base econômica da burocracia dos funcionários corruptos do PCCh que decide a “superestrutura de alta pressão”, que apóia sua existência justamente no exercício da pressão. A repressão do povo se converteu assim na política básica do PCCh. Em nome da dialética, o PCCh destruiu por completo o pensamento holístico, as faculdades da razão e o espírito indagador da filosofia. Enquanto o PCCh fala de “distribuição em relação à contribuição”, o processo de “permitir a alguns enriquecerem primeiro” foi sendo desenvolvido junto com “a distribuição feita com base no poder”. O PCCh utiliza o disfarce de “servir ao povo de coração” para enganar aqueles que defendem ideais: uma vez que consegue seduzi-los, lava-lhes o cérebro e os domina por completo para, gradualmente, transformá-los em dóceis ferramentas que “servem ao partido de todo coração” sem se atreverem a defender os direitos do povo. Um partido maquiavélico com “características chinesas”. Usando um princípio que valoriza seus interesses sobre qualquer outra coisa, o PCCh, com sua seita perversa, corrompeu a sociedade chinesa; e assim criou uma entidade realmente grotesca para toda a humanidade. Esta entidade é distinta de qualquer outro Estado, governo ou organização. Seu princípio é não ter princípios; não há sinceridade por trás de seu sorriso. Assim, as pessoas bondosas não podem entender o porquê do existir do PCCh. Baseados em princípios morais universais, não podem conceber que uma entidade com tamanho grau de perversidade possa representar um país. O PCCh, com a desculpa das “características chinesas”, conseguiu seu lugar entre as nações do mundo. “Características chinesas” é um eufemismo para as “características perversas do PCCh”. Com as “características chinesas”, o frustrado capitalismo da China se transformou em “socialismo de mercado”, desemprego passou a se chamar “esperar por um emprego”; “ser despedido do trabalho” se converteu em “não estar a serviço”, a “pobreza” voltou à “fase inicial do socialismo”; e “direitos humanos e liberdade” foram reduzidos a mero “direito de sobrevivência”. A nação chinesa enfrenta uma crise moral sem precedentes. No início dos anos 90, na China circulava a seguinte frase: “Sou um malfeitor e não tenho medo de ninguém”. Esta é a lamentável consequência de tantas décadas de um regime que promoveu a injustiça e a impôs a corrupção á nação. A falsa prosperidade da economia chinesa 175 A superestrutura no contexto da teoria social marxista se refere à forma de interação entre a subjetividade humana e a substância material da sociedade. 202/206 está de mãos dadas com o acentuado declínio moral em todas as áreas da sociedade. O PCCh sente medo de que o povo tenha a capacidade de diferenciar entre o correto e o incorreto. Se uma pessoa atuasse com consciência, a maldade do PCCh não contaria com a condição principal para a sua existência. Por isso, o PCCh faz todo o possível para converter os chineses em mafiosos de diferentes graus. A revolução cultural foi um típico movimento envolvendo todo o povo, e justamente por causa disto, muitas pessoas se envolveram em lutas violentas, depredação, roubos, incêndios, assassinatos, assim como reuniões de crítica, denuncias secretas, acusações – às vezes falsas – a familiares ou pessoas relacionadas por temor, entre outras ações. Os que chegaram a tais extremos, no mínimo, tiveram que passar as provas das manifestações, onde a pessoa devia demonstrar que enfrentava os “inimigos de classe”, aos quais “o Partido incriminava e a nação inteira condenava”. Sob tais circunstâncias, o povo inteiro ficou enlouquecido, ninguém pode dizer que não tem responsabilidade pelos sofrimentos dos demais. Então, fazer uma crítica sobre a Revolução Cultural é um tabu para o governo, e o povo automaticamente evita refletir sobre os efeitos desastrosos causados pela sua obediência cega, sua ignorância e sua loucura. Ao contrário, muitos chineses adotam intencionalmente o caminho de dar razão ao PCCh e transferem todos os crimes aos que encabeçaram o movimento, à Gang dos Quatro. Os congressistas da China só falam sobre a questão “honestidade e lealdade” durante o Congresso Popular Chinês. Nos exames para ingresso nas universidades, os estudantes têm que escrever um ensaio sobre a honestidade e a confiança. Este fato revela a falta de honestidade e confiança, assim como a decadência moral se converteu em assunto invisível mais recorrente na realidade chinesa. A corrupção, a malversação, falsificação de produtos, a mentira, a malícia e a degeneração das normas sociais estão por todas as partes. A confiança mútua é um valor que saiu de modo. Para aqueles que afirmam estar satisfeitos com a melhora no nível de vida, não é a instabilidade sua preocupação principal? Qual é o fator determinante da estabilidade social? A moral. Uma sociedade com uma moral degradada é incapaz de oferecer segurança. O PCCh já reprimiu energicamente a quase todas as religiões tradicionais e desmantelou o tradicional sistema de valores. A maneira inescrupulosa com que o PCCh se aproveita da riqueza e engana as pessoas gera um efeito dominó em toda a sociedade: corrompe as pessoas e as encaminha para o mal. Um partido que governa por meios espúrios também precisa de uma sociedade corrupta para sobreviver. Por isso, o PCCh faz todo o possível para fazer as pessoas decaírem a seu nível, e tenta colocar a população chinesa em vários esquemas. Assim é como a natureza 203/206 enganosa do PCCh está eliminando toda base moral durante tanto tempo sustentada pelo povo chinês. Conclusão: “É mais fácil mudar os rios e as montanhas de lugar do que mudar a própria natureza176”. A história mostra que cada vez mais o PCCh afrouxa as amarras; ele o faz sem a intenção de abandoná-las. Depois da Grande Fome, ocorrida no início dos anos 60, o PCCh adotou o programa das “Três Liberdade e Um Contrato177” (San Zi Yi Bao), voltado a recuperar a produção agrária, porém sem nenhuma intenção de mudar a condição de “escravos” dos camponeses chineses. A “reforma econômica” e a “liberalização” dos anos 80 não impediram que o PCCh usasse seu facão de carniceiro contra o povo em 1989. No futuro, o PCCh seguirá modificando sua fachada sem mudar de forma alguma a sua natureza vil. Algumas pessoas pensam que não há sentido em revolver o passado, que a situação mudou e que agora o PCCh não é o mesmo de antes. Algumas podem, levados pelas aparências, acreditarem erroneamente que o PCCh melhorou; que está num processo de mudança para melhor. Tais pessoas talvez tenham se esquecido de tudo o que aconteceu. Agindo assim, estão dando a um bando de vilões, como é o PCCh, a oportunidade de sobreviver e por em perigo toda a humanidade. Todos os esforços do PCCh se destinam a que as pessoas esqueçam o passado. Todas as lutas do povo são um relembrar de injustiças que o povo sofreu nas mãos do PCCh. De fato, a história contada pelo comunismo chinês é uma história que tenta apagar a memória do povo, que faz com que os filhos não saibam do passado dos pais, uma história em que centenas de milhões de cidadãos vivem o dilema entre desconsiderar o passado sangrento do PCCh e abrigar a esperança de no futuro do PCCh. Quando o espectro perverso do comunismo entrou no mundo dos humanos, o Partido Comunista incitou o pior da sociedade e utilizou a rebelião da escória de marginais para obter e conservar o poder. O que ele fez, através de carnificinas e métodos tirânicos, foi instaurar e consolidar o despotismo na forma de uma “possessão partidária”. Mediante a chamada ideologia da luta – que se opõe à natureza, às leis 176 É um provérbio chinês que confirma a resistência às mudanças da natureza de uma pessoa. O provérbio também é traduzido como: “A raposa pode mudar o pêlo, mas não muda suas manias”. 177 As políticas de reforma econômica, conhecidas como o programa “Três Liberdades e Um Contrato” (San Zi Yi Bao) foi proposta por Liu Shaoqi, então presidente de China. O programa estipulava lotes de terra de uso privado, mercados livres, empresas com jurisdição total sobre seus lucros e perdas, e a fixação de quotas de produção para cada local. 204/206 universais, à essência humana e ao universo – destrói a consciência e a benevolência humanas, e, como consequência, acaba com a civilização e a moral tradicionais. Recorre a crimes sangrentos e à lavagem cerebral para impor uma seita do mal e criar uma nação de mentes desviadas, e assim governar o país. Ao longo da história do PCCh, houve períodos em que seu terror vermelho alcançou o pico, e etapas de torpeza em que o PCCh se salvou por pouco da extinção. Em cada oportunidade, recorreu a seu amplo repertório de métodos astutos para ressurgir das crises, ainda que para se lançar em um novo ciclo de violência e mentiras contra o povo. Quando a maioria das pessoas reconhecerem a natureza vil do comunismo chinês e não se deixarem enganar por suas falsas imagens, o PCCh encontrará um fim. -------------------Em comparação com os 5.000 anos da civilização chinesa, os 55 anos do regime comunista são “um piscar de olhos” na história. Antes da existência do PCCh, a China havia criado a civilização mais magnífica da história da humanidade. O PCCh aproveitou a oportunidade gerada pelos problemas internos e por uma invasão estrangeira para tomar o poder e dominar a nação chinesa. Acabou com a vida de milhões de pessoas, destroçou inúmeras famílias e sacrificou recursos ecológicos dos quais depende a sobrevivência da China. O que é pior ainda, o PCCh aniquila quase que totalmente a base moral e a rica tradição cultural da nação. Qual o será o futuro da China? Que rumo tomará? Questões como essas são demasiadas sérias e complexas para serem ditas em poucas palavras. Entretanto, uma coisa é certa: se não houver uma renovação da moral nacional, uma recuperação da harmonia nas relações entre os humanos e a natureza, entre os humanos, os Céus e a Terra, se não existir a fé ou a cultura para uma coexistência pacífica entre os seres humanos, será impossível que a nação chinesa tenha um futuro brilhante. Depois de várias décadas de lavagem cerebral e repressão, o PCCh conseguiu incutir no povo chinês seu modo de pensar e seu padrão quanto ao que é bom e mal. Isto leva as pessoas a aceitarem e internalizarem a perversidade e a falsidade do PCCh, a se converterem em parte de sua dissimulação e darem sustentação para a existência de sua ideologia. Eliminar das nossas vidas as iníquas doutrinas instaladas pelo PCCh, discernir sua natureza inescrupulosa e recuperar nossa essência e consciência humanas constituem o primeiro passo e o mais importante no caminho de uma transição equilibrada para uma sociedade livre do Partido Comunista. Poder trilhar este caminho com passos firmes e pacíficos depende de ocorrer uma mudança no coração de cada cidadão chinês. Mesmo que o PCCh pareça contar com todos os recursos e aparato de repressão do país, se todos os cidadãos acreditarem no poder da verdade e salvaguardarem a moralidade, o espectro maligno do comunismo perderá as bases para sua existência. Todos os recursos voltarão de imediato às 205/206 mãos dos justos. Ninguém pode dizer que não tenha responsabilidade sobre o sofrimento dos demais. Então, fazer uma crítica sobre a Revolução Cultural é um tabu para o governo, e o povo automaticamente evita refletir sobre os efeitos desastrosos causados por seu acatamento cego, sua ignorância e sua loucura. Pelo contrário, muitos chineses adotam intencionalmente o caminho do PCCh e imputam todos os crimes aos que encabeçaram a Revolução Cultural, a Gangue dos Quatro. Tudo isto levará ao renascimento da grande nação chinesa. Somente sem o Partido Comunista haverá uma nova China. Somente sem o Partido Comunista chinês a nação poderá ainda ter esperança sobre seu futuro. Sem o Partido Comunista Chinês, o povo chinês, reto e de bom coração, poderá reconstruir sua magnífica história. 206/206
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