Amebíase
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Amebíase INTRODUÇÃO As parasitoses intestinais representam inúmeros e grandes problemas médicosanitários a sociedade em geral, pela freqüência com que ocorre e, especialmente, pela possibilidade, às vezes, de incapacitarem os indivíduos atingidos, ou mesmo leva-los a óbito. Tal situação é bastante conhecida em nosso país onde as inter-relações entre o agente da doença, o hospedeiro e os fatores ambientais e socioeconômicos contribuem para a disseminação de doenças. Assim os grupos sociais economicamente privilegiados são pouco sujeitos a certos tipos de doenças cuja incidência é acintosamente elevada nos grupos economicamente desprivilegiados. Neste trabalho procura-se dar ênfase as amebas de um modo geral, detalhando suas características principais, seus habitas, ciclo biológico e em especial a patogenia que pode ser causada por determinadas espécies. É de grande valia ressaltar que o mesmo estar direcionado as amebas que de uma forma ou de outra podem parasitar o homem. Ameba - [Do gr. amoibé, 'que muda'.] Protozoário, rizópode, da ordem dos amebinos, gêneros Amoeba Ehremb., Endamoeba Leidy e outros. Locomove-se e alimenta-se por meio de pseudópodes. As amebas são de vida livre, comensais ou parasitas. AMEBAS DE PARASITISMO OBRIGATÓRIO CLASSIFICAÇÃO Segundo o Comitê de Sistemática da Sociedade Internacional de Protozoologia, as amebas intestinais são: Sub-reino Protozoa, Philum Sarcomastigophora, Subphilum Sarcodina, Superclasse Rhizopoda, Classe Lobozia, Ordem Aemoebida, Família Entamoebida e Gêneros Entamoeba, Iodamoeba, Endolimax. O Gênero Dientamoeba, que antes pertencia à família Entamoebidae, hoje pertence à família Dientamoebidae. Dentre estes destacaremos o gênero Entamoeba, por se tratar do mais comum e possuir espécies patogênicas. Este gênero é classificado de acordo com o número de núcleos dos cistos maduros ou pelo desconhecimento de cistos. Estão descritos abaixo a espécies que podem ser encontradas no homem: Entamoeba gingivalis – Não possui ou não são conhecidos os cistos. Entamoeba polecki – Cisto com 1 núcleo; Entamoeba histolytica, Entamoeba díspar, Entamoeba hartmani – Cistos com 4 núcleos; Entamoeba coli – Cistos com 8 núcleos; Dentre essas somente a Entamoeba histolytica é patogênica para o homem e a Entamoeba gingivalis é a única que não vive no intestino grosso do homem. MORFOLOGIA Há grande semelhança as espécies, por isso a distinção é dificultada, principalmente no trofozóito a fresco, por tanto para um diagnostico diferencial preciso, se faz necessário a analise de vários exemplares e várias estruturas. Assim são distintas de acordo com: Número e forma das inclusões citoplasmáticas; Tamanho do trofozóito e do cisto, Número de núcleos no cisto; Entamoeba histolytica Trofozóito de 20 a 40?m podendo chegar a 60 ?m na forma invasiva; Possui endo e ectocitoplasma; Geralmente um só núcleo; A fresco: pleomórfico, ativo, alongado, com emissão continua a rápida de pseudopodes; Pré-cisto, oval e ligeiramente arredondado e menor que o trofozóito; Cisto de 8 a 20 ?m de diâmetro; Metacisto, multinucleado onde depois de divisões da origem ao trofozóito; Cariossoma pequeno e no centro do núcleo. Entamoeba coli Trofozoíto de 20 a 50 ?m; Citoplasma não diferenciado em endo e ectocitoplasma; Núcleo de cromatina irregular e grosseira; Cariossoma grande e excêntrico; Corpos cromatóides finos. Entamoeba gingivalis Trofozóito de 5 a 35 ?m; Comum no tártaro dentário e processos inflamatórios da gengiva; Transmissão ocorre pelo contato direto (beijo). Não patogênica; Entamoeba hartmanni Trofozóitos de 7 a 12?m; Cisto de 5 a 10 ?m de diâmetro; Citoplasma diferenciado; A estrutura nuclear, freqüentemente semelhante a E. histolytica; Vive como comensal na luz do intestino grosso. Iodamoeba butschlii De 10 a 15 ?m, cisto ou trofozóito; Não apresenta cromatina periférica; Cariossoma grande e central; Um só núcleo no cisto. Endolimax nana Trofozóito de 10 a 12 ?m é a menor das amebas que vivem no homem; Cisto oval de 8?m; Membrana celular fina e sem grãos de cromatina; Dientamoeba fragilis Trofozóito de 8 a 22 ?m, com dois núcleos; Não possui cistos; Cromatina se condensa em 4 a 6 grânulos. Para alguns indivíduos apresenta-se não patogênica. CICLO BIOLÓGICO TROFOZÓITO – PRÉ-CISTO – CISTO – METACISTO. Em seqüência, ocorrem a partir da ingestão dos cistos maduros, estes passam pelo estômago e resistem a ação do sulco gástrico daí vão para o intestino grosso onde ocorre o desencistamento, surge o metacisto que sofre sucessivas divisões do núcleo e do citoplasma, dando origem a 4 e depois 8 trofozóitos metacísticos. Estes trofozóitos colonizam-se no intestino grosso vivendo como comensais. CICLO PATOGÊNICO Se houver desequilíbrio parasito-hospedeiro os trofozóitos invadem a submucosa intestinal, multiplicando-se de forma ativa no interior das ulceras. Podem chegar a entrar na corrente sangüínea e atingir outros órgãos como fígado, pulmão, rim, cérebro ou pele, esta infestação é caracterizada como amebíase extra-intestinal. TRANSMISSÃO Ocorre com a ingestão de cistos maduros, encontrados na água não tratada, em frutas contaminadas mal lavadas e qualquer outro utensílio levado a boca, que esteja contaminado pelo cisto. Há uma outra possibilidade onde insetos serviriam como pontes e levariam as amebas para alimentos e outro. PATOGENIA E VIRULÊNCIA Para o homem, como dito antes, só a Entamoeba histolytica causa patogenia, a infecção é de amebíase, esta com ou sem manifestação clínica. A infecção dar-se com a invasão dos trofozóitos nos tecidos do hospedeiro. Há diferentes virulências e grande variedade de potencial patogênico. A virulência esta diretamente ligada a fatores do hospedeiro como: resposta imune, idade, peso, resistência, sexo, estado nutricional, dentre outros. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Pelos dados do Comitê de Peritos da OMS, em 1969, estas manifestações são de classificação difícil e arbitrária: - Formas as sintomáticas; Formas sintomáticas; Amebíase intestinal: a) disentérica; b) colites não disentéricas; c) amebomas; d) apendicite amebiana. Complicações e seqüelas da amebíase intestinal: perfurações, peritonite, hemorragia, invaginação, colites pós-disentéricas e estenoses. Amebíase extra-intestinal Amebíase hepática: a) aguda não supurativa; b) abscesso hepático ou necrose coliquativa. Amebíase cutânea; Amebíase em outros órgãos: pulmão, cérebro, baço, rim e etc. INFECÇÃO ASSINTOMÁTICA Quase 90% dos casos são assintomáticos e a infecção é detectada pelo encontro de cistos no exame de fezes. INFECÇÃO SINTOMÁTICA É detectada uma colite disentérica que se manifesta de 2 a 4 evacuações, diarréicas ou não, por dia, com fezes pastosas ou moles, podendo conter sangue ou mucos. Cólicas e desconforto abdominal podem surgir e dificilmente febre. Esta infecção é caracterizada por alternância entre períodos silenciosos e manifestação clínica. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Os sintomas são comuns a outros tipos de doenças, portanto é incerto. Na grande maioria dos casso, especialmente na fase aguda, a amebíase pode ser facilmente confundida como disenteria bacilar, salmoneloses, síndrome de cólon irritado e esquistossomose. LABORATORIAL É mais preciso e tem o objetivo de encontra cisto e/ou trofozóitos nas fezes, este pode ser a fresco, direto ou indireto. Outros exames como o de soro e exsudatos podem determinar a infecção por E. histolytica. IMUNOLÓGICO Freqüentemente é mais usado para o diagnostico da amebíase extra-intestinal. Os métodos mais usados são: ELISA, imunofluorescência indireta, hemaglutinação indireta, contra-imunoeletrofores. Estes métodos consistem na obtenção de antígenos mais puros, sensíveis. EPIDIMIOLOGIA Cerca de 10% da população mundial infectada por Entamoeba histolytica apresentam formas invasoras do parasito. Entretanto o índice de incidência dos casos de infecção é muito variado, isto devido a inúmeros fatores como: condições socioeconômicas e outras. No Brasil a região amazônica tem o maior índice de casos patogênicos. No entanto o estes não apresentam tamanha gravidade que se verifica no México, e em alguns países da África e Ásia. Entretanto alguns aspectos são comuns entre os países, no que se diz respeito a amebíase: A E. histolytica não causa epidemia; A contaminação dar-se por ingestão de cistos nos alimentos e água contaminados; Maior freqüência de casos nos adultos; Os cistos permanecem viáveis (ao abrigo da luz solar e em condições de umidade) durante cerca de 20 dias. PROFILAXIA Está em torno da educação sanitária, onde simples medidas podem pelo menos amenizar a contaminação. Outra forma seria estimular a população para fazer exames preventivos, com fins de identificar os casos assintomáticos e trata-los, evitando assim a transmissão dos parasitos. Uma vacina tem sido testada, os experimentos, ainda feitos em animais, mas ainda se esta longe da perfeição. TRATAMENTO São três grupos de medicamentos: I. Amebicidas que atuam na luz intestinal, tendo ação direta e por contato sobre a E.histolytica aderida na luz intestinal. Os medicamentos são: derivados da quinoleína, paramomicina e eritromicina, furoato de diloxamina, cloroibetamida, clorofenoxamida e etofamida; II. Amebicidas tissulares atuam na parede intestinal e no fígado; são compostos de cloridato de emetina, cloridrato diidroemetina e cloroquina, sendo esta ultima atuante apenas no fígado; III. Amebicidas que atuam tanto na luz intestinal quanto nos tecidos, antibióticos são usados de forma isolada ou na maioria das vezes em combinação com outros amebicidas: tetracíclicas e derivados, clorotetraciclina e oxitetraciclinas; eritromicina, espiramicina e paramomicina. AMEBAS DE VIDA LIVRE Das dezenas de espécies de amebas de vida livre existentes, poucas são as que podem atingir o homem: a) Família Schizopyrenidae – de seus 14 gêneros, massó a Naegleria fowleri é patogênica; b) Família Hartmanellidae – com 23 gêneros, dentre eles o Acanthamoeba apresentando 8 espécies: A. cullbertsoni, A. castellanii, A. polyphaga, A. royreba, A. astrontyxis, A. hatchetti, A. rhysodes e A. palestinensis. c) Balamuthia mandrilaris, Valkampfia sp e Hartmanella sp – não há comprovação de patogenia. BIOLOGIA E PATOGENIA São encontradas, na sua maioria, no solo e nas águas dos rios e lagos. Seus trofozoítos são ativos e alimentam-se de bactérias, desenvolvendo-se por divisão binária simples. Os cistos são encontrados no solo seco ou na poeira, desenvolvendo-se em ambientes úmidos, principalmente na presença de Escherichia e outras bactérias. Em alguns casos estas amebas de vida livre podem causar: Meningoencefalite, encefalite granulomatosa e ceratite (úlcera de córnea), variando muito de acordo com a espécie. DIAGNÓSTICO CLÍNICO Difícil, devido o seu inicio confunde-se com uma rinite inespecífica, mas que pode levar rapidamente a falência do individuo, isto faz com que a maioria dos casos o diagnóstico é feito por post-mortem. LABORATORIAL É feito com o exame direto a fresco ou corado por hematoxilina férrica, giemsa ou gram, do órgão afetado, podendo ser feito cultura do material que foi coletado. O imunodiagnóstico ainda não é eficaz, porém a imunoeletroforese, a imunofluorescência, a imunodifusão em gel e o imunoblot têm sido úteis na identificação dos casos e das espécies de Naegleria. TERAPÊUTICA É grande a variedade de drogas testadas, mas ainda não se encontrou medicação realmente eficiente para o combate das manifestações parasitórias. Alguns medicamentos que apresentaram resultados foram: afotericina B, o miconazol e a rifampicina. CONCLUSÃO Estes parasitas estão sempre associados a locais sujos, como os esgotos, córregos, lagoas e riachos contaminados, pois esses podem acumular grande quantidade de dejetos e fezes eliminados por pessoas enfermas, bem como o lixo que costuma atrair numerosos insetos e roedores, o que facilita a proliferação desses parasitas. Mesmo com medida profiláticas eficazes, será muito difícil, ou até impossível, extinguir as amebas de um modo geral, em especial a E. histolytica, do cotidiano humano. Mas, contudo é questão nossa, como cidadão e principalmente como membros da área de saúde, não medir esforços para o melhoramento das condições de profilaxia e tratamento em particular da amebíase. BIBLIOGRAFIA NEVES, David Pereira. Parasitologia Humana. 10 ed. São Paulo: Ed. Atheneu, 200; 114 a 127 pg. Bioencia
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