mme durocher
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FRASES SOBRE MADAME DUROCHER: “Trajava saia preta, sob a qual apareciam pés grandes calçados de botinas de homem: usava camisa, punhos, colarinhos, gravata e colete de homem, trazendo corrente e relógio, grande lenço e caixa de rapé, guarda-chuva grande, de cabo recurvado e pendente do braço; mas sobre isso tudo envergava uma especialíssima, longa e folgada veste preta, que tinha por detrás a forma de sobre-casaca e adeante abria com uma túnica feminina, encimava esse conjunto originalíssimo, ant-estético e excêntrico, um chapéu ainda mais excêntrico e sui-generis, consistindo em uma espécie de meia cartola tronco-cônica, de pelo de seda, preta.” (Descrição de Madame Durocher contida no discurso do Dr. Alfredo Nascimento quando da comemoração do Centenário de Nascimento dela, realizado pela Academia Nacional de Medicina ) “Francesa de origem, aqui chegou aos sete anos de idade, aquí formou-se, sendo a primeira parteira diplomada pela nossa Faculdade de Medicina, e até hoje única que foi membro titular da Academia Nacional de Medicina”. ( Outro discurso na mesma data ) “ Durante a primeira devastadora epidemia de febre amarela, em 1850, pôs-se em campo, a levar socorros médicos aos flagelados, sobretudo às mulheres pobres das estalagens ou cortiços, tendo sido ela própria atacada do mal epidêmico.” “Falecendo no Natal de 1893, na casa então nº3, da rua da Estrela, no Rio Comprido, foi a gratidão de quem muito lhe devia, que lhe deu sepultura no carneiro 3.492, do cemitério de S. Francisco Xavier, e aí foi buscar-lhe os ossos em 8 de março de 1904, a piedade de um amigo dedicado que, como tributo de afeto, transportou-os para o jazigo Perpétuo nº952 ( quadra 40 ) dessa mesma necrópole, destinado a sua própria família.” MME DUROCHER O NOVO PROJETO DA NEXUS O NOVO PROJETO DA NEXUS A Nexus Cinema é a empresa produtora do filme Vera, de Sérgio Toledo (Urso de Prata em Berlim, Melhor Atriz em 1987 ), do documentário Carandiru.doc , de Olga, de Jayme Monjardim baseado no livro de Fernando Morais, candidato brasileiro ao Oscar em 2004, e um grande sucesso de bilheteria, com mais de três milhões de espectadores nos cinemas e com mais de 100 mil DVDs vendidos, e também da bem sucedida co-produção internacional com a Hungria e Portugal, Budapeste, baseado no romance homônimo de Chico Buarque, e do filme O Tempo e o Vento, baseado no livro de Érico Veríssimo, e lançando no final de setembro de 2013, já tendo contado mais de 800 mil espectadores. E também produtora do suspense O Caseiro, a ser lançado em Abril de 2016. Agora, Nexus apresenta um projeto original: Madame Durocher, um filme a ser realização em co-produção com a França. O filme terá a estrutura de um docudrama, ou seja, representará de forma dramática a reconstituição de alguns fatos, utilizando atores. Estamos no início do trabalho de estruturação do roteiro e assim, o que apresentamos aquí, é apenas um primeiro retrato. INTRODUÇÃO Durante esses quinhentos anos de história do Brasil, escriturários, policiais, juízes, padres e contadores da ordem pública deixaram poucos registros sobre as mulheres brasileiras, ou sobre as estrangeiras que vieram ao Brasil para construírem suas novas vidas. Uma dessas mulheres foi Maria Josefine Matilde Durocher, ou Madame Durocher, como foi chamada pelos brasileiros. A história é feitas de experiências humanas. A visão de mundo de uma pessoa, seja homem ou mulher, reflete sempre o tempo, o lugar e a sociedade em que viveu. Embora Mme Durocher não represente a média das mulheres de seu tempo, ela faz parte, à sua maneira, da coletividade, possibilitando, mesmo pela contramão, o conhecimento dos valores e sentimentos de sua época. A HISTÓRIA No Museu da Academia Nacional de Medicina, a mais antiga instituição de medicina do Brasil, no centro do Rio de Janeiro, uma inusitada fotografia chama a atenção de qualquer visitante. Cabelos curtos, os bigodes crescidos, o casaco e a pequena gravata, o aspecto estranhamente viril de uma senhora: a parteira Madame Durocher, a primeira mulher a integrar a Academia de Medicina e a única a ter seu retrato ostentado na grande sala de homenagens. Nascida em Paris, em 1808, Madame Durocher chegou ao Rio de Janeiro, aos 7 anos, acompanhando sua mãe, uma elegante modista francesa que imigrou para o Brasil, como alguns compatriotas, com a deposição de Napoleão I. Nascida em Paris, em 1808, Madame Durocher chegou ao Rio de Janeiro, aos 7 anos, acompanhando sua mãe, uma elegante modista francesa que imigrou para o Brasil, como alguns compatriotas, com a deposição de Napoleão I. Durante seus primeiros anos no Brasil, Mme Durocher, uma moça refinada e delicada, trabalhou, na loja de sua mãe, como florista e modista, se casando ( não oficialmente ) com um brasileiro e tendo dois filhos homens. No entanto, alguns anos depois, sua mãe e seu marido morriam, sendo que o último assassinado por engano. Além disso, as dívidas financeiras da loja de sua mãe apenas se acumulavam, fazendo com que Durocher fosse obrigada a entregá-la a seus credores. Mesmo tendo herdado alguns escravos de ganho, para seu sustento, Mme Durocher decidiu libertá-los e tomou uma grande decisão: preparar-se para uma nova profissão, a de parteira. Durocher sabia, por experiência própria, que pouco se conhecia sobre o corpo feminino. Muitas mulheres preferiam morrer a ser examinadas pelos médicos ou parteiros, não aceitando o speculum, nem mesmo o toque vaginal. Várias conhecidas suas haviam simplesmente morrido de parto. E foi assim que em 1832, foi a primeira e única aluna do Curso de partos da recém-criada Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Apesar de um grave problema de visão em um dos olhos, decorrente de uma doença na infância, Mme Durocher era uma aluna brilhante e, aos poucos, começou a atender suas clientes, tanto escravas, como prostitutas e mulheres da sociedade. Ela não gostava de fazer qualquer tipo de distinção, nem racial ou social. Aos poucos, passou a dominar as técnicas obstétricas mais utilizadas em sua época, como a aplicação do fórceps, a versão, a embriotomia, a "encerebração", além de cuidar de eclampsia e hemorragias, complicações normalmente letais à parturiente ou ao feto. Praticava ainda a reanimação do recém-nascido, restabelecendo-lhe a respiração. Com o tempo, também passou a fazer atendimentos clínicos na área ginecológica, cuidando da saúde de recém-nascidos e fazendo perícias médico-legais (casos de atentado violento ao pudor, defloramento, estupro e outros). Embora a prática ginecológica fosse vedada a quem não portasse o diploma de Medicina, Madame Durocher era constantemente procurada e indicada para desempenhar essas funções. Na medida que precisava sair de noite para atender suas pacientes e havia sofrido alguns acidentes e tentativas de abuso sexual, Mme Durocher começou a assumir um figurino masculino. Passou a usar um guarda-roupa, onde entravam as vestes masculinas e as femininas, em desarmônica combinação: saia longa, gravata borboleta, sobrecasaca e meia-cartola de seda pretas. E acabou assumindo uma fealdade, que não lhe era natural: cortou os cabelos longos e passou a masculinizar suas feições faciais. Além disso, Durocher sabia que as parteiras eram pouco respeitadas e muitas eram vistas também como mulheres de vida fácil por atenderem as prostitutas que frequentavam as Casas de Misericórdia. E, assim, percebeu que não aparentar ser uma mulher e assumir uma persona masculina lhe “dava autoridade” perante os médicos e instituições, que começaram a aceitar seus artigos, teses e discussões. Nas ruas do Rio, começou a ser vista como um misto mal definido de homem e mulher. E embora fosse ridicularizada ou perseguida em alguns jornais e mesmo por alguns médicos mais conservadores, Durocher era cada vez mais respeitada por sua capacidade de resolver os partos mais complicados e difíceis. Até o médico que a ridicularizou em vários artigos de jornal e que tinha sido responsável por uma inspeção em sua casa, teve que chamá-la para que ela fizesse o parto dificílimo de sua esposa. Durocher afirmava que nunca negava um só chamado, mesmo das indigentes das ruas do Rio. Seu desgaste físico e intelectual era imenso, pois sempre se dispunha a discutir com autoridades algumas limitações da assistência governamental às mulheres. Mesmo durante as epidemias de febre amarela e de cólera, não deixou de atender aos pacientes das áreas mais pobres e acabou quase morrendo de cólera. Mesmo alegando que jamais deixaria de atender as escravas e as prostitutas, foi nomeada parteira da casa imperial, tendo atendido a própria esposa do Imperador D.Pedro II, em seus partos. Apesar de dizer que “como existem homens efeminados, existem mulheres varonis”, nunca se teve certeza se sua opção pelas vestimentas masculinas também foi fruto de uma opção sexual. Mme Durocher continuou criando seus filhos e manteve sempre uma discretíssima vida particular. Fazendo questão de atender a pacientes que não podiam lhe pagar e doando seus proventos para pessoas necessitadas, após mais de 50 anos de trabalho e após 8.000 partos, Madame Durocher morreu em extrema pobreza. Gostava de dizer que tinha ajudado nos nascimentos de grandes homens, mas, com certeza, de também alguns grandes patifes. No necrológico dela, um dos diretores da Academia de Medicina paradoxalmente escreveu: “foi a única mulher que penetrou nesse recinto, mas seu caracter másculo e seu talento viril patentearam nestas bancadas que tantas vezes ocupou, o real merecimento justificativo dessa merecida distinção”. Como uma George Sand, Mme Durocher sabia que à mulher, no século XIX, era reservada a invisibilidade do trabalho doméstico, ou das funções sem reconhecimento, e assim, através da sua imagem masculina, acabou tendo valorizada sua imagem profissional, atuante e pública. VISÃO DO DIRETOR- ALEX GABASSI Madame Durocher sempre esteve dividida entre dois mundos. O mundo da aristocracia Brasileira onde ela foi considerada a parteira oficial da família imperial, mas também o mundo dos pobres, esquecidos, as prostitutas e os mendigos das ruas do Rio de Janeiro, e a quem jamais deixou de atender. Mas, também há um outro mundo, cujas fronteiras, ela desafiou: o mundo da sexualidade. Durocher foi uma transexual. Possivelmente a primeira, assumida, no Brasil. A idéia de uma mulher educada na Paris do século XIX, que partiu para o nosso país e aquí decidiu ser a primeira parteira, com formação na Escola de Medicina do Rio de Janeiro, desafiando uma sociedade machista e, ao mesmo tempo, se transformando em um homem para poder cuidar melhor de suas pacientes, me interessou profundamente neste projeto. As novelas brasileiras e a TV deixaram uma imagem do Rio de Janeiro, como uma cidade limpa, higiênica e ordenada, muito distinta da verdade histórica. Neste projeto, eu gostaria de capturar a verdade crua, conflituosa e suja desse Rio em transformação. E trazer à tona esse mundo pouco visto pelos espectadores do Brasil e do mundo, tendo Madame Durocher como o epicentro dessas mudanças. VISÃO DO DIRETOR BIOGRAFIAS CV ALEX GABASSI Alex Gabassi começou sua carreira em Londres, onde trabalhou durante 4 anos com a companhia de teatro Complicité, como stage manager e assistente de direção de Simon McBurney, um dos mais inovadores diretores de teatro físico da Europa. De volta ao Brasil, produziu oito vídeo-instalações para o Festival Internacional Videobrasil e uma retrospectiva do artista americano Bill Viola. Trabalhou no departamento de programas especiais da MTV, onde dirigiu as séries MTV Na Estrada e MTV Sports. Entre seus trabalhos estão o Red Hot + Lisbon e Red Hot + Rio projetos que uniram música e documentário com artistas como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Everything But The Girl, David Byrne, George Michael e outros, e O Acústico Titãs. Gabassi também produziu e dirigiu a série Videobrasil Coleção de Autores, documentários que exploram os processos criativos de artistas contemporâneos de várias partes do mundo, como Líbano e África do Sul. Entre os quais "Certas Dúvidas de William Kentridge", sobre o artista Sul-Africano, premiado no Festival Du Film Sur Art de Montreal, e que faz parte dos acervos do Smithsonian Museum de Washington e do New Museum de NY. Em 2004, Alex começou a dirigir filmes comerciais para clientes como Google, Mastercard, Coca-Cola, Honda, Fiat, McDonald's e outros. Desde 2007 é diretor da O2 Filmes e já dirigiu mais de 300 comerciais. Entre suas campanhas memoráveis estão Fiat 30 Anos em que crianças discutem de forma natural e poética sua visão do futuro, e 'Portas' para o Banco Real, ouro no 34º Anuário de Criação. Em ficção, Alex dirigiu três filmes para a série "Destino São Paulo" e quatro episódios para a série Psi, ambos para a HBO. Também dirigiu o filme “Cecília” para a série ‘Contos do Edgar’ da FOX. Atualmente Alex Gabassi é diretor geral da série ‘O Hipnotizador’ da HBO Latin America, tendo dirigido e co-roteirizado 4 dos 8 episódios desta série, que foi ao ar em Setembro e Outubro de 2015. Atualmente está dirigindo dois novos episódios para a nova temporada da série "Psi". BIOGRAFIAS Currículo Roteirista e Produtora RITA BUZZAR É roteirista e produtora, diretora da produtora Nexus Cinema e Vídeo, estudou audiovisual na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. É autora de sucessos para a televisão como a mini-série Rosa dos Rumos (Rede Manchete, 1990-91), A História de Ana Raio e Zé Trovão (novela, Rede Manchete, 1990-91) e escreveu a história de "A Queridinha" (Rede Manchete), de Walter Avancini. Também escreveu os roteiros de "Lara", e "Maria dos Prazeres", uma produção internacional de Carlo Ponti. Seu primeiro curta-metragem, Qualquer Um, recebeu o Prêmio de Melhor Filme no Juri Popular na Jornada de Cinema da Bahia e foi selecionado para o Festival de Oberhausen, na Alemanha. Também trabalhou com Gabriel Garcia Marquez na série "Amores Posibles", para a televisão espanhola. E participou no Sundance Institute, em Utah, com o projeto selecionado "Luz no Céu". Trabalhou como roteirista no Telecurso do Segundo Grau e também dirigiu vários documentários para a televisão. Entre eles, "Carandiru.doc", sobre a Casa de Detenção e as filmagens de Hector Babenco. Produziu, em conjunto com a Globo filmes e Lumière, o filme Olga, do qual também é roteirista. "Olga" foi visto por mais de três milhões de espectadores e ganhou mais de 20 prêmios nacionais e internacionais. É roteirista e produtora de Budapeste, filme baseado no livro homônimo de Chico Buarque, numa co-produção entre Brasil, Portugal e Hungria. O filme é dirigido por Walter Carvalho e estreou em maio de 2009. Produziu o filme “O Tempo e o Vento”, uma nova parceria com o diretor Jayme Monjardim. O filme é baseado na grande obra do consagrado escritor brasileiro Érico Veríssimo. O Filme foi lançado em setembro de 2013. Também é roteirista e produtora do filme “Duetto”, uma co-produção Brasil e Itália, com direção de Bruno Barreto, e está também preparando o projeto “Madame Durocher”, uma co-produção com a França, com direção de Alex Gabassi. É produtora do filme O Caseiro, em finalização, e que será lançado em Abril de 2016 pela MGM e Europa Filmes. E produtora da série “Advogados!”, a ser veiculada pela Fox, e que agora está em preparação.