CAP´ITULO 4 INTEGRAIS 4.1 Antiderivadas ou Primitivas
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CAP´ITULO 4 INTEGRAIS 4.1 Antiderivadas ou Primitivas
CAPÍTULO 4 INTEGRAIS Iniciaremos relembrando o conceito de primitivas e integrais indefinidas. 4.1 Antiderivadas ou Primitivas Definição 4.1.1. Uma função F (x) é uma antiderivada ou primitiva de f em um intervalo I se F ′ (x) = f (x), para qualquer x em I. Por exemplo, seja f (x) = x2 . F (x) = f (x). Note que G(x) = x3 , é uma primitiva de f , pois F ′ (x) = x2 = 3 x3 + 200 é também uma primitiva de f . Assim temos 3 Teorema 4.1.1. Se F for uma primitiva de f em um intervalo I, então a primitiva mais geral de f em I é F (x) + C onde C é uma constante arbitrária. Exemplo 4.1.1. Encontre uma primitiva mais geral de cada uma das seguintes funções: (a) f (x) = sin(x) (b) f (x) = 1 x (c) f (x) = xn , n 6= −1 4.1 Antiderivadas ou Primitivas Função xn sin(kx) cos(kx) sec2 (kx) sec(kx) tan(kx) cossec(kx) cossec2 (kx) Primitiva geral xn+1 + C, n 6= −1 n+1 1 − cos(kx) + C k 1 sin(kx) + C k 1 tan(kx) + C k 1 sec(kx) + C k 1 − cossec(kx) + C k 1 − cotan(kx) + C k 36 Função ekx 1 x 1 √ 1 − k 2 xk 1 1 + k 2 xk 1 √ 2 x k xk − 1 akx Primitiva geral 1 kx e +C k ln |x| + C, x 6= 0 1 −1 sin (kx) + C k 1 tan−1 (kx) + C k sec−1 (kx) + C, kx > 1 1 kx a + C, a > 0, a 6= 1 k ln a Tabela 4.1: Fórmulas de primitivas, sendo k uma constante diferente de zero Exemplo 4.1.2. Encontre todas as funções de g tal que √ 4 g ′(x) = 4 sin(x) − 3x6 + 6 x5 . Exemplo 4.1.3. Encontre f se f ′ (x) = ex + 20(1 + x2 )−1 e f (0) = −2. 4.1 Antiderivadas ou Primitivas 37 Exemplo 4.1.4. Encontre f se f ′′ (x) = 12x2 + 6x − 4, f (0) = 4 e f (1) = 1. 4.1.1 Integrais Indefinidas Um sı́mbolo especial é usado para designar o conjunto de todas as primitivas de uma função f . Definição 4.1.2. O conjunto de todas as primitivas de f é chamado de integral indefinida de f em relação a x, denotado por Z f (x) dx. Z é o sinal de integral. A função f é o integrando da integral e x é a variável de integração. Exemplo 4.1.5. Calcule Z (x2 − 2x + 5) dx. 4.2 Áreas 4.2 38 Áreas Queremos achar a área de uma região S que está sob a curva y = f (x) de a até b. Figura 4.1: S = {(x, y)|a ≤ x ≤ b, 0 ≤ y ≤ f (x)} Exemplo 4.2.1. Use retângulos para estimar a área sob a parábola y = x2 de 0 até 1. Exemplo 4.2.2. Para o região S do Exemplo anterior, mostre que a somadas áreas dos 1 retângulos aproximantes superiores tende a ; isto é, 3 1 lim Rn = . 3 n→∞ 4.2 Áreas 39 Vamos aplicar a ideia dos Exemplos 4.2.1 e 4.2.2 para regiões mais gerais S. Começamos por subdividir S em n faixas S1 , S2 , . . ., Sn de igual largura. A largura do intervalo [a, b] é b − a; assim, a largura de cada uma das n faixas é ∆x = b−a . n Essas faixas dividem o intervalo [a, b] em n subintervalos [x0 , x1 ], [x1 , x2 ], . . . , [xn−1 , xn ], onde x0 = a e xn = b. Os extremos direitos dos subintervalos são x1 = a + ∆x, x2 = a + 2∆x, x3 = a + 3∆x, . . . , xi = a + i∆x Vamos aproximar a i-ésima faixa Si , por retângulo com largura ∆x e altura f (xi ). Então a área do i-ésimo retângulo é f (xi ). Intuitivamente, a área de S é aproximada pela soma Rn = f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + . . . + f (xn )∆x. 4.3 A Integral Definida 40 Observe que, a medida que aumentamos o número de faixas (n → ∞), temos uma melhor aproximação: Definição 4.2.1. A área A da região S que está sob o gráfico de uma função contı́nua f é o limite das somas das áreas dos retângulos aproximantes: A = lim Rn = lim [f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + . . . + f (xn )∆x] . n→∞ n→∞ Observação 4.2.1. Na Definição 4.2.1 nosso xi foi escolhido para ser o extremo direito; por outro lado, podemos escolhê-lo para ser o extremo esquerdo. De modo mais geral, podemos tomar a altura do i-ésimo retângulo como sendo o valor de f em qualquer número x∗i o i-ésimo subintervalo [xi−1 , xi ]. Chamamos x∗i de ponto amostral. Frequentemente, usamos a notação somatória (notação sigma) para escrever somas de muitos termos de maneira mais compacta. Por exemplo, n X f (xi )∆x = f (x1 )∆x + f (x2 )∆x + . . . + f (xn )∆x. i=1 4.3 A Integral Definida Definição 4.3.1 (Integral Definida). Se f é uma função contı́nua definida por a ≤ x ≤ b, b−a . Seja dividimos o intervalo [a, b] em n subintervalos de comprimentos iguais ∆x = n xo (= a), x1 , x2 , x3 , . . . , xn (= b) os extremos desses subintervalos e vamos escolher os pontos amostrais x∗1 , x∗2 , . . ., x∗n nesses subintervalos de tal forma que x∗i está no i-ésimo subintervalo [xi−1 , xi ]. Então a integral definida de f é Z b a f (x) dx = lim n→∞ n X i=1 f (x∗i )∆x. 4.3 A Integral Definida 41 Observação 4.3.1. A integral definida ab f (x) dx é um número; não depende de x. De fato, em vez de x podemos usar qualquer outra letra sem mudar o valor da integral: R Z b Z b f (x) dx = a f (t) dt = a Z b f (r) dr. a Z Observação 4.3.2. O sı́mbolo foi introduzido por Leibniz. a e b são chamados de limites de integração, a é o limite inferior e b é o limite superior. O processo de calcular uma integral é chamado de integração. Observação 4.3.3. A soma n X f (x∗i )∆x i=1 na Definição 4.3.1 é chamada de soma de Riemann. Sabemos que se f for positiva, então a soma de Riemann pode ser interpretada como uma soma de áreas de retângulos aproximantes. Se f assumir valores positivos e negativos, então a soma de Riemann é a soma das área dos retângulos que estão acima do eixo x e o negativo das áreas dos retângulos que estão abaixo do eixo. Observação 4.3.4. Embora tenhamos definido ab f (x) dx dividindo [a, b] em subintervalos de igual comprimento, há situações nas quais é vantajoso trabalhar com intervalos de comprimentos diferentes. Se os comprimentos dos subintervalos forem ∆x1 , ∆x2 , . . ., ∆xn , teremos de garantir que todos esses comprimentos tendem a 0 no processo de limite. Isso acontece se o maior comprimento, max ∆xi , tender a 0. Portanto, nesse caso a definição de uma integral definida fica R Z b a f (x) dx = Exemplo 4.3.1. Expresse lim n→∞ n h X lim max ∆xi →0 n X f (x∗i )∆xi . i=1 i x3i + xi sin(xi ) ∆xi i=1 4.4 Cálculo de Integrais 42 como uma integral no intervalo [0, π]. 4.4 Cálculo de Integrais Exemplo 4.4.1. Calcule as integrais a seguir interpretando cada uma em termos de áreas. (a) Z 1 (b) Z 3 0 4.5 0 √ 1 − x2 dx x − 1 dx Propriedades da Integral Definida Assumindo que a < b, então Z b a f (x) dx = − Z a b f (x) dx. 4.5 Propriedades da Integral Definida 43 Se a = b, então Z b f (x) dx = 0. a Sejam f e g funções contı́nuas. 1. Z b c dx = c(b − a), c ∈ R. 2. Z b [f (x) + g(x)] dx = 3. Z b cf (x) dx = c Z b [f (x) − g(x)] dx = Z c f (x) dx + a a a 4. a 5. a Z b a Z b c Z b a f (x) dx + Z b g(x) dx. Z b g(x) dx. a f (x) dx, c ∈ R. Z b a f (x) dx − f (x) dx = Z b a f (x) dx, a < c < b. a 6. Se f (x) ≥ 0, para a ≤ x ≤ b, então Z b f (x) dx ≥ 0. a 7. Se f (x) ≥ g(x), para a ≤ x ≤ b, então Z b a f (x) dx ≥ Z b g(x) dx. a 8. Se m ≤ f (x) ≤ M, para a ≤ x ≤ b, então m(b − a) ≤ Z b a f (x) dx ≤ M(b − a). 4.5 Propriedades da Integral Definida 44 Exemplo 4.5.1. Use as propriedades das integrais para (a) calcular Z 1 (b) estimar Z 4 0 4 + 3x2 dx √ x dx 1 Exemplo 4.5.2. Se Z 10 0 f (x) dx = 17 e Z 8 0 f (x) dx = 12, ache Z 10 8 f (x) dx. 4.6 Teorema Fundamental do Cálculo 4.6 45 Teorema Fundamental do Cálculo O Teorema Fundamental do Cálculo estabelece uma conexão entre os dois ramos do cálculo: o cálculo diferencial e o cálculo integral. Teorema 4.6.1 (Teorema Fundamental do Cálculo - Parte 1). Se f for contı́nua em [a, b], então a função g definida por g(x) = Z x a f (t) dt, a ≤ x ≤ b é contı́nua em [a, b] e diferenciável em (a, b) e g ′ (x) = f (x). Z x√ 1 + t2 dt Exemplo 4.6.1. Ache a derivada da função g(x) = 0 Exemplo 4.6.2. Ache d dx Z x4 1 sec(t) dt. Teorema 4.6.2 (Teorema Fundamental do Cálculo - Parte 2). Se f for contı́nua em [a, b], então a função g definida por Z b a f (x) dx = F (b) − F (a), onde F é qualquer antiderivada de f ; isto é, uma função tal que F ′ = f . Exemplo 4.6.3. Calcular a integral Z 3 1 ex dx. 4.6 Teorema Fundamental do Cálculo 46 Exemplo 4.6.4. Ache a área sob a parábola y = x2 de 0 até 1. Exemplo 4.6.5. Calcule Z 6 3 1 dx. x Exemplo 4.6.6. Ache a área sob a curva cosseno de 0 até b, onde 0 ≤ b ≤ Exemplo 4.6.7. O que está errado no seguinte cálculo? Z 3 −1 " 1 x−1 dx = x2 −1 #3 −1 4 1 =− −1 =− . 3 3 π . 2 4.7 A Regra da Substituição 4.7 47 A Regra da Substituição É muito importante sermos capazes de encontrar antiderivadas. Mas nossas fórmulas de antiderivação não mostram como calcular integrais do tipo Z √ 2x x2 + 1 dx. Vamos chamar u = x2 + 1, assim du = 2x dx, então podemos escrever Z √ √ 2 2x x + 1 dx = x2 + 1 2x dx Z √ = u du Z 2 3 u2 + C 3 3 2 2 (x + 1) 2 + C = 3 = No geral, temos a seguinte regra: Teorema 4.7.1 (Regra da Substituição). Se u = g(x) for uma função diferenciável cuja imagem é um intervalo I e f for contı́nua em I, então Z Exemplo 4.7.1. Encontre Exemplo 4.7.2. Calcule Exemplo 4.7.3. Ache Z Z Z √ ′ f (g(x))g (x) dx = x3 cos(x4 + 2) dx. √ 2x + 1 dx. x dx. 1 − 4x2 Z f (u) du. 4.7 A Regra da Substituição Exemplo 4.7.4. Calcule Exemplo 4.7.5. Ache Z Z √ Exemplo 4.7.6. Calcular Z 48 e5x dx 1 + x2 x5 dx. tan(x) dx. 4.7 A Regra da Substituição 49 Teorema 4.7.2 (Regra da Substituição para Integrais Definidas). Se g ′ for contı́nua no intervalo [a, b] e f for contı́nua em na imagem de g(x) = u, então Z b ′ f (g(x))g (x) dx = a g(a) Exemplo 4.7.7. Calcule Z 4 √ Exemplo 4.7.8. Calcule Z 2 1 dx. (3 − 5x)2 Exemplo 4.7.9. Calcule Z e ln x dx. x 0 1 1 Z g(b) 2x + 1 dx f (u) du.