Distribuição e Longevidade de Larvas Infectantes de Nematóides
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Distribuição e Longevidade de Larvas Infectantes de Nematóides
UFRRJ INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS TESE Distribuição e Longevidade de Larvas Infectantes de Nematóides Gastrintestinais de Caprinos (Capra hircus) em Solo e Pastagem Irrigados e Nãoirrigados no Município de Seropédica, RJ, Brasil Abisair Andrade de Castro 2004 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS (Capra hircus) EM SOLO E PASTAGEM IRRIGADOS E NÃO-IRRIGADOS NO MUNICÍPIO DE SEROPÉDICA, RJ, BRASIL ABISAIR ANDRADE DE CASTRO Sob a Orientação do Professor Dr. Adivaldo Henrique da Fonseca E Co-orientação dos Professores Dr. Laerte Grisi e Dr. Fábio Barbour Scott Tese submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciências Veterinárias, Área de concentração em Parasitologia Veterinária. Seropédica, RJ Março de 2004 636.30896965 C355d T Castro, Abisair Andrade de, 1973Distribuição e longevidade de larvas de nematoides gastrintestinais de caprinos (Capra hircus) em solo e pastagem irrigados e não-irrigados no município de Seropédica, RJ, Brasil/ Abisair Andrade de Castro. – 2004. 71f. : il., grafs., tab. Orientador: Adivaldo Henrique da Fonseca. Tese(doutorado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Veterinária. Bibliografia: f. 62-71. 1. Caprino – Parasito – Seropédica(RJ) - Teses. 2. Pastagens – Contaminação – Teses.3. Haemonchus – Teses. 4. Oesophagostomum – Teses. 5. Trichostrongylus – Teses. I. Fonseca, Adivaldo Henrique da, 1953- . II. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Instituto de Veterinária. III. Título. UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS VETERINÁRIAS ABISAIR ANDRADE DE CASTRO Tese submetida ao Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, área de concentração em Parasitologia Veterinária, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Ciências Veterinárias. TESE APROVADA EM 25/03/2004 Adivaldo Henrique da Fonseca. Dr. UFRRJ (Orientador) Laerte Grisi. Dr. UFRRJ Maria de Lurdes de Azevedo Rodrigues. Dra. UFRRJ Débora Henrique da Silva Anjos. Dra. UFRJ Denise Botelho de Oliveira Braga. Dra. UFF “O temor ao Senhor é o princípio da ciência... A sabedoria é cousa principal: adquire pois a sabedoria; sim, com tudo o que possuis adquire o conhecimento”. “Porque Deus amou mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. (Provérbios, 1:7; 4:7; João 3:16) “Todo amor paternal que veio de geração em geração, através do coração humano; Toda fonte de ternura que se abriu na alma do homem, não passam de tênue riacho em comparação com o ilimitado oceano, quando postos ao lado do infinito, inesgotável Amor de Deus. A língua não o pode exprimir, nem a pena é capaz de o descrever. Podeis meditar nele todos os dias de vossa vida; podeis esquadrinhar diligentemente as Escrituras a fim de compreendê-lo; podeis reunir toda faculdade e poder a vós concedidos por Deus, no esforço de compreender o amor e a compaixão do Pai celeste; e todavia, existirá ainda um infinito para além...” (White, E. G.) A Deus, pois está escrito... “... sem Mim, nada podeis fazer.” (João 15:5) Ao meu esposo, João Carlos, pelo apoio, compreensão e carinho... Aos meus pais, Othniel e Maria Auxiliadora, cujos ensinamentos são minha maior e mais rica herança... Dedico... Amo vocês. AGRADECIMENTOS Primeiramente, a Deus, por ter me dado condições físicas e psicológicas, e ainda por proporcionar os meios para o desenvolvimento e término deste trabalho. Ao prof. Dr. Adivaldo Henrique da Fonseca pela amizade, apoio e orientação deste estudo. Ao pesquisador da Universidade Federal do Maranhão, Dr. Manoel Pimentel Neto pelo carinho, amizade e orientação na escolha do tema deste estudo. Ao meu esposo, João Carlos; aos meus pais, Othniel e Maria Auxiliadora; ao meu irmão, Asriel, a minha cunhada, Cristiane, e ao pequeno Abhner Lucas por estarem sempre ao meu lado. A amiga M. Sc.Erika Izaac de Ornelas, da UENF, por todo incentivo, apoio e ajuda na parte inicial e ao longo deste estudo. A amiga e futura Dra. Cátia Marques da Costa pela assistência no cuidado com os animais em várias ocasiões, e pelos valiosos e enriquecedores momentos compartilhados no dia a dia. Aos mestrandos Daniel Guedes Junior e Carlo Oliveira pela amizade, disponibilidade e ajuda em vários momentos. Aos bolsistas de iniciação científica Fábio Silva e Patrícia Magalhães pelo importante auxílio durante a fase final deste estudo. A doutoranda Alessandra Scofield pela amizade e grandiosa ajuda no processamento das imagens. Ao técnico de laboratório Luiz Carlos Ribeiro da Paz e ao estagiário André Luis de Azevedo pela amizade e toda ajuda disponibilizada em vários momentos. Ao professor Dr. Rafael de La Veja Ruíbal pelo apoio técnico na parte estatística deste estudo e ao técnico veterinário Andrés Carrejo Hernández pelos momentos compartilhados na fase final deste estudo. Aos demais colegas do Laboratório de Doenças Parasitárias - Projeto Sanidade Animal/ Embrapa: Isis Abel, Renata Madureira, Nathalie da Cunha, Luciana de Almeida, Raquel Lisboa, Jaime da S. Pena, Fabíola Corrêa, e Charles Rangel pela amizade, apoio e por compartilharem de muitos momentos na realização deste trabalho. A professora Dra Maria de Lurdes de Azevedo Rodrigues, da UFRRJ, pela amizade, incentivo e preciosos conselhos, nos primeiros passos da minha carreira profissional. A professora Dra. Débora Anjos, da UFRJ, pela amizade desde os tempos de graduação. A Sra. Sandra Sanchez, coordenadora do setor de agropecuária do Colégio Técnico da Universidade Rural, por gentilmente ceder os animais para realização do presente estudo. Ao Sr. Josué Castro, responsável pelo setor de caprinocultura do Colégio Técnico da Universidade Rural, pelas orientações práticas no cuidado com os animais. Ao professor e químico Wanderley Passos, da UFRRJ, por fornecer o detergente não-iônico, utilizado neste estudo. Ao engenheiro agrônomo Ednaldo Silva, da UFRRJ, por elaborar o projeto de irrigação. A todos os funcionários e técnicos do Prédio de Sanidade Animal, PSA/Embrapa, pela amizade demonstrada ao longo do curso. A todos os professores do Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias Parasitologia Veterinária, e ainda, a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente na elaboração deste estudo. Ao CNPq e FAPERJ pelo auxílio financeiro. BIOGRAFIA ABISAIR ANDRADE DE CASTRO, filha de Othniel Rodrigues de Castro e Maria Auxiliadora da Silva Andrade de Castro, nasceu em 25 de março de 1973, na cidade do Rio de Janeiro, (R.J.) onde cursou o ensino fundamental na Escola Municipal Pracinha João da Silva. Concluiu o curso normal em 1990, ao nível de ensino médio, no Instituto de Educação Sarah Kubitschek. Ingressou no curso de Ciências Biológicas em 1993, na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, onde obteve os graus de Licenciatura e Bacharelado em 1997 e 1998, respectivamente. Foi bolsista de Iniciação Científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), no período de 01/08/1995 a 31/12/1997, participando de trabalhos de pesquisa no Laboratório de Helmintologia da Estação para Pesquisas Parasitológicas W. O. Neitz, sob orientação da Profa Dra. Maria de Lurdes de Azevedo Rodrigues, do Departamento de Parasitologia Animal, Instituto de Veterinária, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Em março de 2000, defendeu a dissertação de Mestrado, também sob orientação da Dra. Maria de Lurdes de Azevedo Rodrigues, pelo Curso de Pós-graduação em Medicina Veterinária – Parasitologia Veterinária, do DPA/IB-UFRRJ; tendo sido no mesmo ano, aprovada e matriculada para o Doutorado pelo Curso de Pós-graduação em Ciências Veterinárias – Parasitologia Veterinária, CPGCV-PV, da UFRRJ sob orientação do prof. Dr. Adivaldo Henrique da Fonseca. Durante o período acadêmico registraram-se 54 publicações científicas, dentre os quais nove como artigos em revistas científicas indexadas e 45 em eventos científicos nacionais e internacionais. E nesta data, apresenta e defende esta tese como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Ciências Veterinárias. RESUMO CASTRO, Abisair Andrade de. Distribuição e Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos (Capra hircus) em pastagem no município de Seropédica, RJ, Brasil. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tese – Doutorado em Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária). O conhecimento do grau de contaminação das pastagens por larvas infectantes de tricostrongilídeos é muito útil aos propósitos epidemiológicos. Pode-se determinar o risco de infecção dos animais e fornecer dados para o estabelecimento de programas de controle integrado. Assim este estudo foi elaborado em três etapas: a primeira diz respeito a um estudo comparativo entre duas técnicas para recuperar larvas infectantes da pastagem. Para isto, seis amostras de fezes naturalmente infectadas foram depositadas a campo. Após 21 e 28 dias ao depósito, amostras de gramínea foram coletadas e processadas pelas técnicas propostas. A análise estatística demonstrou que não houve diferença significativa entre os resultados. Assim, as duas técnicas podem ser utilizadas para recuperação de larvas infectantes da pastagem. A segunda parte refere-se a distribuição sazonal e longevidade de larvas infectantes em pastagem irrigada e nãoirrigada. Amostras de vegetação, dos dois piquetes, não-irrigado A, e irrigado B, foram examinadas a cada 14 dias pela técnica de Donald, durante maio/2001 a abril/2003. De acordo com os resultados, as condições ambientais foram favoráveis ao desenvolvimento e longevidade de Trichostrongylus e Haemonchus. A ocorrência de Oesophagostomum e Cooperia foi rara e inexistente, respectivamente. O sistema de irrigação não favoreceu o desenvolvimento e a longevidade das larvas. A maior recuperação de larvas do gênero Trichostrongylus foi no inverno e primavera, sendo que para o gênero Haemonchus, não houve diferença entre as estações. O outono foi a estação mais favorável à sobrevivência das larvas. As observações entre os períodos chuvoso e seco, para distribuição e longevidade das larvas mostraram que não houve diferença entre os mesmos. A última parte aborda a distribuição e longevidade de larvas no solo e pastagem irrigada e não-irrigada. Assim, amostras de solo e vegetação nãoirrigada e irrigada foram examinadas a cada 14 dias durante o período de outubro/2002 a setembro/2003. Amostras de solo e vegetação foram processadas usando as técnicas de Baermann e Donald, respectivamente. Os resultados mostram que as larvas de helmintos foram capazes de migrar para o solo. No entanto, a distribuição e longevidade foram consideradas baixas. A maior quantidade de larvas foi encontrada na vegetação. O outono foi a estação mais favorável à sobrevivência das larvas. O sistema de irrigação não favoreceu estatisticamente, a migração de larvas para a vegetação e solo. Palavras chave: Tricostrongilídeos, pastagens irrigadas, sazonalidade. ABSTRACT CASTRO, Abisair Andrade de. Distribution and longevity of infective larvae of goats (Capra hircus) gastrointestinal nematodes in pastures on borough Seropédica, RJ, Brazil. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tesis – Doctor at Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária). The knowledge of trichostrongyle infective larvae population level present on the pastures is useful for epidemiological purposes. It enables to estimate parasitic risk for animals and supply data to set up integrated control programs. This paper was elaborated in three parts: first, a comparative study between Baermann and Donald techniques was accomplished for the recovery of ruminants gastrointestinal nematodes infective larvae from pasture. To develop the assay, six fecal samples naturally infected were placed on lawn. After 21 and 28 days, pastures samples were collected and processed for each proposed technique. The statistic analysis showed that there is no significant difference between the results. Thus, both techniques can be used to recover infective larvae from pasture. The second part, refers to the seasonal distribution and longevity of goats gastrointestinal nematodes infective larvae in irrigated and nonirrigated pastures. Thus, pasture samples at two plots non-irrigated, A and irrigated, B were examined every 14 days for Donald’s technique between May/2001 and April/2003. The results indicate that environment conditions were favourable to the development and longevity of Trichostrongylus and Haemonchus larvae. The ocorruence of Oesophagostomum and Cooperia was scarce and non-existent, respectively. The irrigation system was not favourable for the development and longevity of infective larvae. The recovery rate of Trichostrongylus genus was better in winter and spring; the Haemonchus genus did not have difference between seasons. Autumn was the most favourable season relating to larvae longevity. There was not significant difference between wet and dry period relating to distribution and longevity of larvae. The last part refers to distribution and longevity nematodes infective larvae in soil and herbage irrigated and non-irrigated. Soil and pastures samples at two plots nonirrigated and irrigated were examined every 14 days during October/2002 and September/2003. The soil and herbage samples were processed using Baermann and Donald techniques, respectively. The results showed that helminthes larvae were able to migrate to the soil, but the distribution and longevity were very low. The higher amount of larvae was found in pasture. Autumn was the better season for longevity of larvae. The irrigation system was not favorable to migration of infective larvae to the soil. Key words: Trichostrongyles, irrigated pasture, sazonality. LISTA DE TABELAS TABELA Pág. 1: Número das amostras, número total e média de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de Haemonchus sp e Oesophagostomum sp, recuperadas pelas técnicas de Baermann e Donald, 21 e 28 dias após o depósito....................................... 22 LISTA DE FIGURAS FIGURAS 1. Processamento da gramínea pela Técnica de Baermann ................................................. Pág. 20 2. Etapas da técnica de Donald; A - início da etapa de lavagem; B - cálices de decantação; C - funis de separação................................................................................. 20 3. Número total de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de bovinos, por kg/pasto, recuperadas pelas técnicas de Baermann e Donald.............................................. 23 4. A – Coletor plástico cortado em forma de bisel recebendo glicerina para facilitar a coleta; B – amostras de fezes sendo coletadas diretamente do reto com auxílio de coletor.................................................................................................................................. 30 5. Coprocultura, técnica utilizada para obtenção de larvas infectantes. (→) Setas indicam as L3 migrando pela parede do copo de vidro....................................................... 30 6. Piquetes de experimento; 1 (→) piquete não-irrigado, “A” com amostras; 2 (→) piquete irrigado, “B” com amostras.................................................................................... 31 7. Números médios de larvas infectantes de Trichostrongylus, Haemonchus e Oesophagostomum, recuperadas por kg de pastagem em matéria seca (ms) à esquerda, e em matéria verde (mv) à direita, no período de maio de 2001 a abril de 2003..................................................................................................................................... 34 8: Larvas infectantes encontradas no presente estudo. São respectivamente: A e B: extremidade anterior e posterior de Trichostrongylus sp.; C e D: extremidade anterior e posterior de Haemonchus sp. e E e F: extremidade anterior e posterior de Oesophagostomum sp.......................................................................................................... 35 9.1. Distribuição de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos entre os piquetes A, não-irrigado e B, irrigado. 9.2. Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos entre os piquetes A, não-irrigado e B, irrigado (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.).................. 36 10. Pastagens: 1 Amostra no piquete A, não-irrigado; 2. Amostra no piquete B, irrigado 38 11: A. Distribuição de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos em quatro estações. B. Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos em quatro estações. (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.)................................................................................................................ 39 12. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, em quatro estações, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ, no período de maio de 2001 a abril de 2003............................................. 40 13. A. Distribuição nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, expressos número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3. B. Longevidade nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos expressos em semanas e seus respectivos dados transformados em logaritmo (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.)................................................................................................................. 42 14. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, nos períodos chuvoso e seco, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ no período de maio de 2001 a abril de 2003..................................................................................................................................... 43 15. Trado, equipamento utilizado para coleta de solo. (→) Seta indica o comprimento de 10cm; limite de profundidade utilizada no experimento...................................................... 50 16. Etapas da técnica de Baermann, utilizada para processamento de amostras do solo. A – funis com água destilada aquecida; B – amostras de solo sendo processadas.............. 50 17. A. Distribuição de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto e solo, expressos em número de L3/Kg de matéria seca e em Kg de solo. B. Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto e solo, expressos em semanas. (Letras, minúsculas, distintas diferem ao nível de 5% de probabilidade.)..................................................................................................................... 53 18. A. Distribuição, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3. B. Distribuição, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em número de L3/Kg e em logaritmo do número de L3 (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.).......................................................................................................... 54 19. A. Longevidade, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas. B. Longevidade, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.)..................................................................................................................... 55 20. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, em quatro estações, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ, no período de outubro de 2002 a setembro de 2003..................................................................................................................................... 56 21. A. Distribuição nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3. B. Distribuição nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em número de L3/Kg e em logaritmo do número de L3 (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.)............................................................................................ 58 22. A. Longevidade, nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas. B. Longevidade, nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.)..................................................................................................................... 59 23. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, nos períodos chuvoso e seco, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ no período de outubro de 2002 a setembro de 2003................................................................................................................................ 60 SUMÁRIO Pág. 1. INTRODUÇÃO................................................................................................................... 1 2. REVISÃO DE LITERATURA................................................................................................. 3 2.1 TÉCNICAS PARA RECUPERAÇÃO DE LARVAS INFECTANTES DA PASTAGEM.............. 3 2.2 DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES DE CAPRINOS, NO EXTERIOR...................................................................................................................... 6 2.3 ESTUDOS NO BRASIL............................................................................................. 10 2.4 ESTUDOS COM PASTAGEM IRRIGADA………………………………...................... 10 2.5 DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES NO SOLO....................... 11 3. CAPÍTULO I: “COMPARAÇÃO DONALD UTILIZADAS PARA ENTRE AS TÉCNICAS DE RECUPERAR LARVAS BAERMANN INFECTANTES MODIFICADA E DE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE RUMINANTES DA PASTAGEM”............................................................ 14 RESUMO............................................................................................................................... 15 ABSTRACT............................................................................................................................ 16 3.1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 17 3.2. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 18 3.2.1. LOCAL...................................................................................................... 18 3.2.2. AMOSTRAS................................................................................................ 18 3.2.3. DEPÓSITO DAS AMOSTRAS FECAIS E COLETA DE DADOS............................ 18 3.2.4. DESCRIÇÃO DA TÉCNICA DE BAERMANN................................................... 18 3.2.5. DESCRIÇÃO DA TÉCNICA DE DONALD........................................................ 18 3.2.6. ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................... 19 3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 21 3.4. CONCLUSÕES......................................................................................................... 24 4. CAPÍTULO II: “DISTRIBUIÇÃO SAZONAL E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS (Capra hircus) EM PASTAGEM IRRIGADA E NÃO-IRRIGADA”.................................................................................................................... 25 RESUMO............................................................................................................................... 26 ABSTRACT............................................................................................................................ 27 4.1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 28 4.2. MATERIAL E MÉTODOS.......................................................................................... 29 4.2.1. LOCAL....................................................................................................... 29 4.2.2. ANIMAIS E AMOSTRAS DE 29 FEZES................................................................ 4.2.3. CLIMA....................................................................................................... 29 4.2.4. PIQUETES................................................................................................... 29 4.2.5. DEPÓSITO DAS AMOSTRAS FECAIS E COLETA DE DADOS............................ 29 4.2.6. ESTIMATIVA DOS DADOS EM MATÉRIA SECA (MS)...................................... 32 4.2.7. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS............................................................ 32 4.2.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................... 32 4.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 33 4.3.1. DISTRIBUIÇÃO SAZONAL E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES – CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................................... 4.3.2. DISTRIBUIÇÃO SAZONAL E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES APRESENTADOS EM QUATRO ESTAÇÕES............................................................... 4.3.3. DISTRIBUIÇÃO 33 37 SAZONAL E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES APRESENTADOS NOS PERÍODOS CHUVOSO E SECO................................................. 41 4.4. CONCLUSÕES................................................................................................ 44 5. CAPÍTULO III: “DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS DE LARVAS INFECTANTES DE (Capra hircus) EM SOLO E PASTAGEM IRRIGADOS E NÃO-IRRIGADOS”............................................................................................. 45 RESUMO............................................................................................................................... 46 ABSTRACT............................................................................................................................ 47 5.1. INTRODUÇÃO......................................................................................................... 48 5.2. MATERIAL E MÉTODOS......................................................................................... 49 5.2.1. LOCAL....................................................................................................... 49 5.2.2. ANIMAIS E AMOSTRAS DE FEZES................................................................ 49 5.2.3. CLIMA E SOLO............................................................................................ 49 5.2.4. PIQUETES................................................................................................... 49 5.2.5. DEPÓSITO DAS AMOSTRAS FECAIS E COLETA DE DADOS............................. 49 5.2.6. ESTIMATIVA DOS DADOS EM MATÉRIA SECA (MS)...................................... 51 5.2.7. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS............................................................ 51 5.2.8. ANÁLISE ESTATÍSTICA............................................................................... 51 5.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................... 52 5.3.1. DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES – CONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................................... 5.3.2. DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES APRESENTADOS EM QUATRO ESTAÇÕES............................................................... 5.3.3. DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE DE LARVAS 52 52 INFECTANTES APRESENTADOS NOS PERÍODOS CHUVOSO E SECO................................................. 5.4. CONCLUSÕES........................................................................................................ 57 61 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................ 62 7. ANEXO: ARTIGO PUBLICADO REFERENTE AO PRIMEIRO CAPÍTULO................................... 72 1. INTRODUÇÃO O rebanho caprino da região sudeste do Brasil, calculado em 196.924 animais, segundo o ANUALPEC (2001), representa a segunda maior região em número de animais, e é em sua grande maioria constituída basicamente para uma pecuária de subsistência. Os caprinos são considerados como importante fonte de alimento fornecendo carne, leite, principalmente para pequenos criadores nas áreas tropicais de todo mundo (DEVENDRA, 1981). Os nematóides gastrintestinais parasitos de caprinos constituem-se em um dos fatores relevantes para o comprometimento da saúde e conseqüentemente da produtividade em detrimento da verminose sub-clínica e morte dos animais (REINECKE, 1970). Eles possuem ciclo de vida similar, com exceção do gênero Oesophagostomum que apresenta fase tissular. As fêmeas adultas colocam ovos que são conduzidos juntamente com as fezes ao meio exterior. As larvas eclodem e desenvolvem-se em larvas de primeiro estágio, L1, e em seguida em larvas de segundo estágio, L2. Elas são rabdiformes e se alimentam de microorganismos do interior das fezes. A larva de terceiro estágio, L3, é a infectante e migra das fezes para a vegetação, sendo uma pequena parte encontrada no solo. Estas não se alimentam e podem viver no ambientedias ou meses dependendo da espécie do nematóide e das condições ambientais (LEVINE, 1980). Ao serem ingeridas por hospedeiros susceptíveis, estas larvas evoluem e através de duas mudas atingem a forma adulta. De acordo com ROSE (1960) as massas fecais funcionam como um reservatório e a pastagem, como veículo mais importante na transmissão dos parasitos. Durante o ciclo evolutivo, os estágios pré-parasíticos de nematóides gastrintestinais no meio ambiente sofrem influência de uma série de fatores tais como: temperatura, precipitação pluviométrica, umidade, luz solar, evaporação, oxigênio, tipo de solo e pastagem (REINECKE, 1970). O desenvolvimento das larvas no pasto depende basicamente da temperatura e da disponibilidade de umidade. Em geral, o desenvolvimento dos estágios de vida livre torna-se mais rápido com o aumento da temperatura, porém o tempo de sobrevivência diminui. A faixa de temperatura ótima para o desenvolvimento está entre 200C e 300C. Temperaturas extremas acima de 35400C, assim como temperaturas baixas, 100C, são prejudiciais a todos os estágios de vida livre e ovos; porém a larva infectante é geralmente mais resistente que outros estágios (GIBBIS, 1973). Para estudar a distribuição e sobrevivência dos estágios pré-parasíticos de tricostrongilídeos no ambiente, os métodos para recuperação de L3 na pastagem ganham uma grande importância (DURIE, 1959). Várias técnicas têm sido testadas por vários pesquisadores para isolar larvas de nematóides de diferentes meios onde as larvas existem. A técnica mais bem conhecida e mundialmente utilizada é a de Baermann (CORT et al. 1922). Outras técnicas foram descritas como TAYLOR, 1939; KAUZAL, 1940; DINABURG, 1942. DONALD (1967) descreveu sua técnica e obteve excelentes percentuais de recuperação de L3 da pastagem. Alguns pesquisadores têm utilizado esta técnica como método apropriado para suas pesquisas (VIANA, 1999; PIMENTEL NETO et al., 2000; ALMEIDA, 2003). Segundo LANCASTER (1970) é importante estabelecer a técnica que será utilizada, comparando um método com outro, com a finalidade de padronizar a rotina, pois o valor da estimativa de larvas na vegetação e sua relação com estudos epidemiológicos é indiscutível. 1 O crescente conhecimento da biologia e epidemiologia de nematóides gastrintestinais de bovinos e ovinos têm contribuído para controle e conseqüentemente com o aumento da produtividade. No entanto, pouco se conhece sobre a dinâmica populacional de nematóides gastrintestinais de caprinos, no ambiente (CHARLES, 1989). Poucos dados também existem sobre a influência da irrigação sobre a transmissão de larvas infectantes de tricostrongilídeos (STEWART & DOUGLAS, 1938; FURMAN, 1944). A introdução do sistema de irrigação pode mudar a epidemiologia do parasitismo interno de nematóides, segundo afirmaram GRUNER et al. (1989). BULLICK & ANDERSEN (1978) nos E. U. A. mostraram o positivo efeito do sistema de irrigação sobre o desenvolvimento e sobrevivência de Haemonchus contortus. Informações a respeito do ambiente sobre o desenvolvimento dos estágios de vida livre de nematóides de ruminantes é de fundamental importância, pois a partir daí, pode-se desenvolver medidas estratégicas e táticas de controle, objetivando um manejo prático ou combate direto às formas pré-parasíticas (KRECEK et al., 1991). Existem poucas informações disponíveis sobre a influência de solos tropicais albergando larvas infectantes de nematóides (LYAKU et al. 1988). Na realidade, existe uma grande controvérsia a respeito deste fato. Alguns autores afirmam que o solo pode atuar como reservatório de larvas infectantes, assim como as fezes, onde num ambiente desfavorável, as L3 migrariam a determinadas profundidades para se protegerem. E, quando as condições ambientais estivessem favoráveis migrariam de volta a superfície, recontaminando a pastagem (KAUZAL, 1941; REES, 1950; AL SAQUR et al. 1982; GRUNER et al. 1982; CALLINAN & WESTCOTT, 1986). Por outro lado, existem outros autores que discordam deste fato, pois em seus trabalhos, recuperaram poucas larvas do solo (ANSERSEN et al. 1970, ROSE & SMALL, 1985). O presente estudo foi elaborado tendo como base os seguintes objetivos: avaliar dois métodos para recuperar L3 da pastagem; estudar a distribuição e longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos em pastagem irrigada e não-irrigada, bem como no solo, associando aos fatores ambientais como temperatura e precipitação pluviométrica. Para tais objetivos, este estudo foi didaticamente dividido em três capítulos. No primeiro trata-se da avaliação entre técnicas para recuperação de larvas da vegetação; o segundo, da distribuição sazonal e longevidade de L3 na vegetação irrigada e não-irrigada durante dois anos e o terceiro da distribuição e longevidade de L3 no pasto e solo, em área irrigada e não-irrigada. 2 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. Técnicas para recuperação de larvas infectantes da pastagem Em 1917, foi descrita por Baermann a primeira técnica para recuperar larvas de nematóides do solo, a qual era basicamente constituída por um funil de vidro, com borracha de látex presa à sua parte posterior e fechada com uma pinça. Dentro do funil um tamis com malha de 1mm coberto com pano, onde a amostra era colocada. Primeiramente o funil era completado com água destilada esterilizada até à borda, em seguida a amostra era mergulhada em água. Esta técnica foi detalhadamente descrita por CORT et al. (1922); onde os autores testaram o efeito de várias modificações para recuperar larvas de ancilostomídeos do solo: temperatura da água (acima de 120C), tipos de substratos (úmido/seco), tamanhos das amostras (grandes/pequenas), tempo de recuperação (seis horas ou mais). Eles registraram que mesmo nas melhores condições para a obtenção de larvas, a taxa de recuperação foi alta, porém muito variável. STOLL (1923), utilizou a técnica modificada de Baermann segundo CORT et al. (1922), com água aquecida a 500C, divisão dos tipos de solo e o tempo mínimo de recuperação de larvas de seis horas; e recuperou entre 90 a 95% de larvas do húmus, constituído basicamente de vegetação em vários estágios de decomposição; 80% de larvas da areia e entre 33 a 50% de larvas do solo argiloso, quando acrescentou-se um número conhecido de larvas de ancilostomídeos, em 100mg solo. CORT et al. (1926), usaram rotineiramente água a 450C, e observaram que de 1900-3750 larvas de Ancylostoma e Necator colocadas em lotes de 200g de areia úmida, recuperaram uma taxa de 58% de larvas, depois de 24 horas. MÖNNING (1930) testando esta técnica em amostras de fezes e diferentes tipos de solos, para recuperação de larvas de Trichostrongylus sp, Haemonchus contortus e Oesophagostomum columbianum, registrou excelentes resultados comparados àqueles de CORT et al. (1922) com larvas de ancilostomídeos. Seus melhores resultados foram provenientes de amostras de solo e com a utilização de pequenos funis com cerca de 6cm de diâmetro. A técnica de Baermann testada para recuperar larvas infectantes, L3, de estrongilídeos, a partir de número de L3 conhecido em 40mg fezes estéreis de eqüinos, resultou em baixos números de larvas, tendo os mesmos alta variação (PARNELL, 1936). O primeiro registro da utilização da técnica de Baermann para recuperar larvas infectantes das pastagens, foi descrito por TAYLOR, em 1939, embora suas pesquisas a campo tenham sido iniciadas anteriormente. A nova adaptação da técnica consistia na lavagem e sedimentação de grandes quantidades de vegetação variando de 300 a 500g, cortadas em zig-zag. Em seguida, as amostras eram tamisadas por papel filtro e a subseqüente separação das larvas do sedimento era realizado pelo funil de Baermann. A ineficiência do método e a perda de larvas durante a separação foi reconhecida pelo autor. Várias modificações à técnica de Baermann, para avaliar a sua eficácia em recuperar larvas de H. contortus e Trichostrongylus spp. também foram sugeridas por KAUZAL (1940). Ele fez vários testes associando o tamanho do funil à quantidade de amostra e concluiu que, apesar, de um maior número de larvas ter sido recuperado quando se utilizou água à temperatura ambiente, os mesmos foram baixos e variaram muito. Dois anos depois, DINABURG (1942) testou novamente a eficiência da técnica para recuperar L3 de H. contortus de amostras de solo e fezes, e também observou sua 3 alta variação: com o tipo de material utilizado, o substrato em questão, o número inicial de larvas, concluindo assim, sua ineficiência. O método de flutuação, denominado assim por CROFTON (1954), foi desenvolvido para recuperar larvas infectantes na vegetação. As amostras eram umedecidas, onde se adicionava lentamente uma solução saturada de sulfato de zinco (ZnSO4) que permanecia por cinco minutos. Em seguida, as amostras eram tamizadas. No entanto, seus resultados não foram satisfatórios. O uso de lavagens da vegetação, seguido por centrifugações e adição de solução por diferença de densidade, para separar L3 do sedimento proveniente da centrifugação, foi primeiramente descrito por PARFITT (1955). Ele trabalhou com grandes quantidades de pastagem e no teste de sua técnica, quando adicionou um número conhecido de L3 na vegetação, foi observado uma taxa de recuperação em torno de 43%. A modificada técnica de Baermann foi utilizada para recuperar os estágios de vida livre de nematóides tricostrongilídeos das pastagens por ROHRBACHER Jr. (1957), o qual adicionou gotas de detergente não-iônico, a faixa de 0,5ml por litro. O procedimento resultou no aumento do número de larvas recuperadas da vegetação. No entanto, o autor concluiu que, os percentuais de recuperação foram baixos; indicando que a estimativa do número de larvas presentes no pasto, por esta técnica inspirava cautela. Tendo como objetivo estudar a distribuição e sobrevivência dos estágios préparasíticos de tricostrongilídeos no pasto, DURIE (1959), criou uma outra técnica para recuperar larvas da vegetação, uma vez que até aquele momento a técnica mais utilizada, Baermann, juntamente com as outras novas técnicas apresentavam baixa eficiência. Embora sua contribuição tenha sido considerável, a técnica era constituída por um equipamento muito complexo. Trabalhando com grandes quantidades individuais de amostras, sua técnica conseguiu recuperar a taxa média de 74 a 78% de larvas do pasto e solo, respectivamente. Visando o estudo da freqüência e distribuição de L3 de tricostrongilídeos em amostras de pastagem ao acaso, DONALD (1967), desenvolveu uma nova técnica para recuperar larvas de pequenas amostras, 25 a 35g da pastagem. A técnica consistia basicamente em várias lavagens das amostras de vegetação, com a utilização de detergente não-iônico, duas centrifugações e separação das L3 do sedimento por ressuspenção do mesmo em solução de iodeto de potássio a 1.63 molar. A avaliação quanto a eficiência da técnica mostrou que seu desempenho foi independente da quantidade de larvas presentes; podendo a mesma recuperar de 90% à 94% das larvas no pasto. Para estimar o número de larvas na vegetação ao longo do dia, HEATH & MAJOR (1968), utilizaram ovinos fistulados. Depois da técnica descrita por Donald, outras técnicas surgiram, baseadas no mesmo princípio tendo na realidade poucas modificações e apresentando pequenas diferenças no percentual de recuperação de L3 da pastagem (BAWDEN, 1969; LANCASTER, 1970). Uma nova e minuciosa avaliação foi proposta e testada por TODD Jr. et al. (1970), com o objetivo de comprovar a eficácia da técnica de Baermann; pois eles consideravam trabalhosas e de alto custo as técnicas até então desenvolvidas, mesmo algumas demonstrando altos percentuais de recuperação de larvas. Os autores então, avaliaram o efeito do tempo, tipo de filtro, temperatura, solução, iluminação, tamanho do funil, peso e comprimento da gramínea, peso e tipo de solo sobre o número de larvas recuperadas. Diante dos resultados os autores concluíram que a técnica de Baermann era 4 uma ferramenta útil para determinar o número relativo de larvas presentes no meio examinado, se a mesma fosse utilizada com cautela. SMEAL & HENDY (1972) propuseram uma técnica de recuperação de larvas, onde o objetivo era trabalhar várias amostras simultaneamente, otimizando o tempo. O método usado por esses autores para separar larvas da vegetação foi baseado na técnica de Donald. No entanto, o mecanismo elaborado para separação das larvas do sedimento do pasto era extremamente complexo, exigindo muitos equipamentos. Oito anos depois, uma nova tentativa na elaboração de técnica para recuperar larvas da pastagem foi idealizada, visando que a mesma tivesse uma alta taxa de recuperação, trabalhasse com grandes amostras, fosse rápida e de baixo custo. Surgia então a técnica descrita por YOUNG & TRAJSTMAN (1980) onde os princípios da técnica de Donald, eram preservados, em termos das lavagens da vegetação e utilização de iodeto de potássio para separação das larvas do sedimento. No entanto, alguns ajustes permitiram que o tamanho das amostras fosse maior, sem, contudo perder a eficácia, em torno dos 94%. No ano seguinte, outras inovações surgiam como tentativa de aperfeiçoamento dessas técnicas: inclusive a utilização de máquinas de lavar, para a fase inicial de processamento, onde as gramíneas eram lavadas. Esta referida técnica foi sugerida por BÜRGER (1981). Apesar da taxa média de recuperação, em torno de 60%, os resultados mostraram uma boa correlação entre a taxa de quantificação larval e o total da carga parasitária em bezerros traçadores, indicando que a leitura das larvas no pasto, refletia o risco de contaminação dos hospedeiros. CHIEJINA (1982) utilizou os princípios da técnica de Baermann, e com o volume coletado, resultante desta primeira etapa, fez lavagens por meio de centrifugações e ressuspendeu o sedimento em solução saturada de sulfato de magnésio. O autor recomendou este procedimento para rotina da estimativa de população de L3 no pasto, pois se tratou de método simples, sem a exigência de grandes equipamentos e o mesmo foi considerado relativamente eficaz. Vários métodos foram descritos para avaliar a concentração de larvas no pasto. Prévios estudos (WALLER et al., 1981; CABARET et al., 1982) àquela época, indicavam que poderia haver correlação entre a quantidade de larvas no pasto e a carga parasitária de nematóides no hospedeiro. A fim de se confirmar essa hipótese GETTINBY et al. (1985), compararam duas técnicas: de um lado a recuperação de L3 da pastagem, seguindo a conhecida técnica de Baermann e de um outro lado, a técnica de fístula esofagiana. Posteriormente introduziram animais traçadores no local do experimento. As observações dos autores confirmaram a existência de correlação positiva entre o número de larvas no pasto e a carga parasitária dos hospedeiros. Com as mesmas intenções MARTIN et al. (1990) no sul da Austrália, formularam uma modificada técnica para recuperar L3 da pastagem, seguindo os princípios de Donald e compararam com os resultados de animais traçadores. Os autores observaram que existia correlação entre os dois métodos; e a medida que aumentavam o número de animais traçadores, aumentava também a correspondência entre os métodos, confirmando a correlação positiva de larvas na pastagem com a carga parasitária de nematóides no hospedeiro herbívoro. ESYKER & KOOYMAN (1993) fizeram adaptações à técnica descrita por JORGESEN (1975) para recuperar larvas de Dictyocaulus viviparus da pastagem, e a testaram com a original para recuperar larvas de tricostrongilídeos da vegetação com fezes. Os autores observaram a melhor eficiência para técnica original com larvas da pastagem. A técnica utilizava 200 a 500g de vegetação e toda a fase inicial era muito parecida com a técnica de Donald. Os autores também comentaram a falta de 5 padronização de técnicas nessa área e sugeriram que os pesquisadores não só escolhessem determinada técnica, mas também testassem e comparassem. Com o objetivo de avaliar o efeito do tempo, a partir do momento de coleta da pastagem até o término total do processamento, para recuperar L3 da vegetação FINE et al. (1993) elaboraram um estudo onde comprovou-se a importância do tempo de processamento. Para isto, os autores basearam seus estudos na técnica de Baermann. Os resultados mostraram que as taxas de recuperação declinavam a medida que o tempo de processamento aumentava. COUVILLION (1993), em seu trabalho de revisão, enfatizou a padronização da técnica escolhida pelo período de observação, e também, argumentou a importância da estimativa do número de larvas infectantes na vegetação como um importante estudo adjunto a epidemiologia de nematodioses gastrintestinais. 2.2. Distribuição e longevidade de larvas infectantes de caprinos, no exterior As pesquisas sobre ecologia de larvas de nematóides em pastagens foram iniciadas por TAYLOR, em 1938. Ele contaminou artificialmente pastagens com larvas de tricostrongilídeos e observou que no início, a mortalidade das larvas foi alta, mas depois houve uma contaminação residual e as larvas foram encontradas nas pastagens por um período de até 133 dias ou 19 semanas. A partir deste trabalho, muitos outros foram feitos em diferentes regiões do mundo. Pôde-se então, observar a influência climática determinando a ocorrência e a longevidade das larvas nas pastagens, nas estações do ano. LEVINE (1963), discutiu os conceitos de tempo e clima na dinâmica das larvas de nematóides de ruminantes. Ele definiu como “tempo” o conjunto de condições climáticas num determinado momento. Já o “clima” foi definido como a soma destas condições climáticas em um período mais longo. Desta forma, o clima indicaria quais os nematóides mais prováveis de serem identificados num determinado local e o tempo determinaria as variações destes parasitos. Portanto, o clima é responsável por estabelecer uma situação abrangente, enquanto que o tempo determina os detalhes. O autor comentou ainda, que as condições de tempo podem tomar características diferentes de um ano para outro. Com relação aos gêneros Cooperia e Trichostrongylus, descreveu que estes foram mais resistentes na fase larval do que os gêneros Oesophagostomum e Haemonchus. Em seu trabalho de revisão sobre o desenvolvimento e sobrevivência de larvas de H. contortus e T. colubriformis, LEVINE & TODD (1975), deram ênfase aos fatores ambientais e destes, estabeleceram que a temperatura e umidade eram os mais importantes. Observaram que poucas larvas de H. contortus sobreviveram no inverno, e que as mesmas permaneceram por mais tempo na primavera e menos no verão. Ao contrário T. colubriformis sobreviveu bem no inverno; e que o outono foi a melhor época para a sobrevivência de ambas espécies. Os autores comentaram que as larvas de H. contortus apresentaram maior resistência quando submetidas a repetidas dessecações do que as de T. colubriformis. Em 1940, ROGERS estudou as condições ambientais sobre a migração de larvas de tricostrongilídeos para a vegetação. O autor registrou que a umidade do solo quando apresentou-se acima de 85%, favoreceu a migração de larvas para a vegetação; e que a espécie H. contortus foi a mais ativa em altas temperaturas, 350C. Nos Estados Unidos, DINABURG (1944) contaminou artificialmente as pastagens com larvas de H. contortus e verificou que nos meses do verão e inverno as condições foram desfavoráveis para a sobrevivência das larvas. DOLL & HULL (1948) também trabalhando nos Estados Unidos, com larvas de tricostrongilídeos, encontraram L3 de H. contortus, Cooperia spp. e Oesophagostomum spp., sendo que somente as 6 larvas de H. contortus foram encontradas na pastagem até três meses após o início do experimento. No Quênia, foi observado que o desenvolvimento dos estágios pré-parasíticos de H. contortus foi favorecido quando a temperatura do ar alcançou a média das máximas de 23.30C ou mais, e a média das mínimas de 12.20C; com precipitação pluviométrica de 25.4mm. E que, no período quente e seco a sobrevivência máxima das larvas foi de cinco semanas, sendo o mais curto observado durante o experimento. No período frio, as larvas sobreviveram por um período muito maior, 14 semanas; sendo que neste período a temperatura e a umidade foram mais baixas havendo presença de névoa durante à noite e orvalho pelas manhãs. O período chuvoso apresentou dados intermediários entre o seco e o frio. As larvas que ficaram em lugares sombreados e em vegetação mais densa, tiveram o período de sobrevivência maior. As que permaneceram em exposição solar direta e em pastagens menos densa, sobreviveram por menos tempo (DINNIK & DINNIK, 1958; 1961). Na Índia, TRIPATHI (1966), observando a ocorrência dos nematóides gastrintestinais de caprinos, baseado na eliminação de ovos, citou que os maiores índices ocorreram durante a estação chuvosa, e que a temperatura e umidade foram fatores essenciais para o desenvolvimento de ovos e larvas. Durante a estação quente, a baixa produção de ovos foi provavelmente devida à alta temperatura e baixa umidade, que favoreceu a dessecação e destruição de ovos e larvas na pastagem. Com base na distribuição sazonal de larvas de Haemonchus sp. obtidas de culturas de fezes de caprinos, constatou-se que a maior recuperação foi observada no final do período chuvoso e a menor durante a época quente ou seca. Os resultados obtidos indicaram que a temperatura elevada aliada à alta umidade favoreceram o desenvolvimento das larvas e que o aumento ocorrido nas culturas durante a estação chuvosa foi devido à infecção adquirida pelos hospedeiros no início deste período. Foi registrada a maior predominância para os gêneros Strongyloides, Haemonchus, Trichostrongylus, Oesophagostomum e a rara ocorrência de Cooperia, durante a estação das chuvas. O período seco ou quente foi desfavorável ao desenvolvimento e sobrevivência das larvas no ambiente (TRIPATHI, 1970 a, b). FABIYI (1970) também registrou a ocorrência esporádica de Cooperia. Da mesma forma que TRIPHATHI (1970b), BOUGAS & THEODORIDIS (2000), GRISE (1975) e PIMENTEL NETO & FONSECA (no prelo). A ausência do gênero Cooperia foi observada por VASQUEZ & MARCHINARES (1971), AUMONT & GRUNER (1989), BAKER (1975), CAVALCANTI (1974). No levantamento helmintológico realizado em 227 caprinos na Tanzânia, foram observados os seguintes parasitos: H. contortus, T. colubriformis, O. columbianum, B. trigonocephalum, C. pectinata, C. punctata, T. ovis. Os fatores climáticos exerceram notável influência sobre as cargas parasitárias, pois verificaram que B. trigonocephalum apresentou uma prevalência bastante baixa, chegando a zero, nas regiões de pouca precipitação pluviométrica anual; enquanto que H. contortus apresentou seu pico na época das chuvas. Constatou-se ainda, que o clima representou um fator de pouca importância nas infecções por T. colubriformis e O. columbianum (McCULLOCK & KASIMBALA, 1968). CONNOR et al. (1990) investigaram aspectos epidemiológicos e possíveis métodos de controle para helmintoses em caprinos naturalmente infectados, ao sul da Tanzânia. Durante a estação chuvosa, contagens de ovos apresentaram-se altas e depois caíram permanecendo baixas durante a estação seca. O tratamento anti-hemíntico mostrou-se eficiente quando administrado após as chuvas, demonstrando que o tradicional programa de aplicação de anti-helmínticos pode ser uma importante base para controles rotacionais. 7 A prevalência e a distribuição sazonal dos nematóides gastrintestinais de caprinos foi estudada na Nigéria, onde se observou a presença de H. contortus, T. colubriformis, O. columbianum, sendo rara a ocorrência de nematóides do gênero Cooperia. Foi verificado que os aumentos de infecção ocorriam na estação úmida ou das chuvas e que estas condições ambientais pareciam favorecer o desenvolvimento e sobrevivência das fases pré-parasíticas. As altas contagens de Haemonchus e Strongyloides foram obtidas na época das chuvas e de Gaigeria, Oesophagostomum e Trichostrongylus só ocorreram no final desta estação (FABIYI, 1970; 1973). Os parâmetros de desenvolvimento e sobrevivência de H. contortus foram estudados na Nigéria por um período de um ano. Observou-se que o desenvolvimento de ovos a L3 foi dentro de uma semana nos meses de maio a outubro, com exceção do mês de agosto; e que o maior período de sobrevivência destas larvas foi de 63 dias, nove semanas a partir do mês de setembro. Os autores concluíram que a precipitação pluviométrica foi o fator mais importante, influenciando o desenvolvimento e a sobrevivência da L3; pois para o desenvolvimento de ovo a L3, registrou-se média diária de 3mm ou mais. E para o tempo de sobrevivência das larvas verificou-se que quando a chuva caía uniformemente por um período, prolongava-se a permanência das larvas no pasto (OKON & ENYENIHI, 1977). Para acompanhar a dinâmica populacional dos estágios de vida livre de nematóides gastrintestinais de caprinos, numa região de clima tropical, piquetes com ovos de helmintos foram contaminados durante a estação chuvosa e seca. O acompanhamento de cada depósito durou 56 dias, oito semanas. Eles recuperaram larvas de Haemonchus e Trichostrongylus e observaram que as larvas migraram para vegetação sete a 14 dias após o depósito. A longevidade das larvas na vegetação foi de 49 a 56 dias, sete a oito semanas. Os autores comentaram que houve uma marcante diminuição na taxa de eclosão de larvas e do desenvolvimento de L3, com algumas paradas na eclosão de larvas de Trichostrongylus, na estação seca. Consideraram que os eventos climáticos e o fato da vegetação apresentar-se seca durante o pastoreio, foram fatores importantes, parecendo interferir na dinâmica populacional das formas de vida livre destes helmintos (AUMONT & GRUNER, 1989). A distribuição sazonal da população de nematóides gastrintestinais de caprinos foi estudada em vegetação, na Austrália. Verificou-se que o perfil do gráfico de disponibilidade de larvas no pasto foi paralelo àquele de temperatura e precipitação pluviométrica, sugerindo que os picos de L3 ocorreram quando a temperatura e a disponibilidade de umidade foram consideradas ótimas. O gênero predominante foi Trichostrongylus, seguido por Haemonchus e Ostertagia. A alta proporção de larvas de Haemonchus em culturas de fezes foi observada durante os meses do verão (RAHMAN & COLLINS, 1990). O desenvolvimento e sobrevivência de larvas infectantes de H. contortus e T. colubriformis foram estudadas em pastagens tropicais na Austrália. Piquetes foram mensalmente contaminados com fezes de caprinos, naturalmente infectados. As duas espécies de larvas desenvolveram-se bem durante todo o ano na estação úmida e esporadicamente na estação seca. A contagem de larvas apresentou-se negativa depois de nove semanas de contaminação, entre setembro e março; porém a longevidade aumentou durante a estação fria de abril a agosto (BANKS et al. 1990). Um programa de rotação de pastagens para combater nematóides gastrintestinais de caprinos, em ambiente tropical chuvoso foi estabelecido por BARGER et al. (1994). Os autores observaram que, a partir da contaminação de ovos de H. contortus, T. colubriformis e O. columbianum mensalmente durante um ano, o desenvolvimento e sobrevivência das L3 foi rápido e contínuo, com um período curto para a longevidade 8 no pasto, de três a sete semanas. Estes resultados indicaram que um sistema rotacional com 10 piquetes para pasto poderia, ser utilizado com a seqüência de rotação de 3,5 dias para cada piquete. Este tempo permitiria a redução no tratamento de anti-helmínticos em caprinos. A contaminação da pastagem por larvas infectantes de tricostrongilídeos de caprinos, foi avaliada durante a estação seca, nas ilhas francesas de Guadalupe. Os autores observaram que a contaminação diminuiu significativamente na estação seca, porém mantiveram-se em níveis considerados importantes (SIMON et al. 1996). DIALLO (1998) estudou comparativamente a dinâmica sazonal de nematóides gastrintestinais nos pequenos ruminantes, ovinos e caprinos, na África, com base na liberação de ovos. Os resultados mostraram que os ovinos apresentaram um nível de infecção maior que os caprinos e que todos os animais foram infectados ao longo de um ano predominantemente pelos gêneros Haemonchus, Oesophagostomum, Trichostrongylus, Cooperia e Gaigeria e ainda, que houve uma marcante redução nas intensidades desses parasitos durante a estação seca. O pico de intensidade ficou registrado entre maio e setembro que coincidiu com a máxima anual de precipitação e umidade. Dessa forma o autor estabeleceu os melhores períodos para intervenção com anti-helmínticos: no fim da estação seca, maio; início da estação seca, novembro e no meio do inverno, agosto. No nordeste da África foi conduzido um estudo com helmintos de pequenos ruminantes. Os autores observaram que os gêneros predominantes foram Haemonchus, Oesophagostomum, Trichostrongylus e Strongyloides e que, os ovinos apresentaram-se mais parasitados do que os caprinos. Os autores comentaram ainda a importância de um estudo epidemiológico para estabelecer um efetivo método de controle (TCHOUMBOUE et al. 2000). Um estudo sobre a atuação dos helmintos gastrintestinais sobre a produção de caprinos, mostrou que a contagem de ovos no grupo tratado com anti-helmínticos permaneceu baixa enquanto que no grupo controle houve um aumento gradual durante o período de estudo. A contagem esteve alta durante a curta estação chuvosa. O grupo controle perdeu peso durante a estação seca e num grande esforço, houve um certo crescimento no curto período chuvoso. Já grupo tratado manteve seu peso na estação seca e melhorou durante a estação chuvosa (GITHIGIA et al. 2001). A patogenicidade de H. contortus em caprinos foi estudada durante as diferentes estações do ano por LAHA et al. (2001). Eles observaram que os maiores percentuais de infecção foram durante a estação chuvosa. Na Etiópia, os efeitos ambientais sobre a dinâmica sazonal da liberação de ovos por helmintos gastrintestinais de caprinos foram avaliados por um período de um ano. O gênero Haemonchus foi o mais prevalente seguindo por Strongyloides e Trichostrongylus. A liberação de ovos no mês de julho foi significativamente diferente que nos outros meses exceto no mês de junho. Os resultados mostraram que infecções mistas são comuns em caprinos. As altas contagens de ovos coincidiram com a estação das chuvas. Dessa forma o uso de medicamentos devem ser usados antes e depois da estação das chuvas como uma estratégia útil para o controle das helmintoses gastrintestinais (DEBELA, 2002). BHOJANE et al. (2002) observaram que infecções por Haemonchus e Strongyloides em caprinos foram altas e que infecções por Oesophagostomum foram baixas; e comentaram ainda, que a estação do ano tem um significante efeito sobre o parasitismo. 9 2.3. Estudos no Brasil Em um estudo sobre a prevalência de helmintos de caprinos procedentes da Bahia, registrou-se a presença e os seguintes valores para os períodos de chuva e seca, respectivamente: H. contortus, 85.79% e 58.82%, T. colubriformis, 61.22 e 37.25% O. columbianum, 61.22% e 54.90% e C. curticei, 4.08% e 0%, dentre outros (GRISI, 1975). CAVALCANTI (1974) pesquisando a prevalência estacional de nematóides gastrintestinais de caprinos procedentes de três zonas fisiográficas do Estado de Pernambuco, verificou que a intensidade do parasitismo foi maior nos lotes de animais trabalhados na estação das chuvas do que nos lotes distribuídos na estação de estiagem. As espécies encontradas parasitando caprinos foram: H. contortus, T. colubriformis, O. columbianum, Strongyloides, B. trigonocephalum sendo as três primeiras mais prevalentes e as que ocorreram com mais intensidade. Utilizando caprinos traçadores para estudar a prevalência sazonal de nematóides gastrintestinais de caprinos, no Estado de Pernambuco, CHARLES (1989) notificou que as espécies mais prevalentes foram H. contortus, S papillosus e O. columbianum. Verificou também que a carga parasitária foi considerada alta durante a última estação chuvosa e início da seca (março-junho) e que a mesma apresentou-se baixa no meio da estação chuvosa (janeiro-fevereiro). A contaminação dos animais traçadores ocorreu principalmente em meados da estação chuvosa e no princípio da estação seca (janeirojunho). No nordeste brasileiro, foi observado o desenvolvimento de nematóides gastrintestinais de caprinos. Os autores concluíram que a idade dos caprinos não pareceu ser um fator de resistência aos nematóides gastrintestinais, embora a carga parasitária, dos animais com 11 a 12 meses de idade tenha sido significativamente maior que nos grupos com idades superiores; sendo as espécies mais prevalentes em ordem decrescente: T. colubriformis, H. contortus e O. columbianum (SILVA et al. 1998). A variação sazonal de nematóides gastrintestinais de pequenos ruminantes foi estudada no semi-árido nordeste brasileiro por AROSEMENA et al. (1999). Os autores observaram que a prevalência desses nematóides foi maior nos caprinos e que as espécies predominantes foram H. contortus e T. axei. A dinâmica sazonal da carga parasitária apresentou-se de forma diferente nos ovinos e caprinos, porém a prevalência foi considerada baixa para os dois hospedeiros no início da estação chuvosa (janeiro, fevereiro e março). Em Seropédica, PIMENTEL NETO & FONSECA (no prelo) estudaram a distribuição das helmintoses pulmonares e gastrintestinais em caprinos traçadores. Os autores verificaram que H. contortus foi o nematóide mais abundante na pastagem durante todo período. Em ordem decrescente os autores relataram os helmintos mais prevalentes: H. contortus, 54.6%, T. colubriformis, 41% e Oesophagostomum, 2%. Registraram o achado esporádico de Cooperia. 2.4. Estudos com pastagem irrigada Com a necessidade de aumentar a produtividade de pequenos ruminantes em épocas de estiagem, surgiram os programas de irrigação e com estes os primeiros estudos sobre a ecologia de nematóides gastrintestinais em pastos irrigados, pois a freqüente irrigação parecia favorecer o desenvolvimento e sobrevivência de larvas na vegetação (STEWART & DOUGLAS, 1938) e outros estudos confirmaram esta hipótese (FURMAN, 1944; BULLISK & ANDERSEN, 1978; BAKER et al. 1981; VALDERRABANO et al. 2000; CARMICHAEL & BIEN, 2002). 10 A distribuição sazonal de tricostrongilídeos em pastos irrigados foi realizada no sul da África, por HORAK & LOUW (1977). Eles observaram que H. contortus foi a espécie mais prevalente e que o pico de sua carga parasitária foi registrado nos meses de janeiro - maio. Trichostrongylus sp. apresentou-se com maior freqüência em abril – agosto. O registro de O. columbianum foi considerado esporádico. URIARTE et al. (1985) investigou a distribuição de tricostrongilídeos em sistema de pastos irrigados no nordeste da Espanha. Eles concluíram que esse sistema, o qual foi um pouco diferente dos tradicionais, pois nesse era permitido o alagamento da área, não favoreceu aos tricostrongilídeos. O efeito da irrigação no desenvolvimento e sobrevivência de L3 de caprinos foi estudada em Guadalupe, nas ilhas francesas. Segundo os autores a irrigação proporcionou condições favoráveis ao desenvolvimento dos ovos em larvas. A proposta de rotação de pastagem com 28-35 dias poderia minimizar o crescente risco de infecção dos caprinos devido à irrigação (GRUNER et al. 1989). Em um estudo in vitro, sobre a migração horizontal de L3 de tricostrongilídeos, os autores observaram que em gramínea irrigada o máximo em termos de distância que a larva pôde alcançar foi de 21cm da amostra fecal HOLASOVÁ et al. (1989). KRECEK et al. (1991) avaliou os efeitos ambientais sobre a ecologia das fases de vida livre de nematóides de ruminantes, verificou-se o efeito do tempo ao longo do dia; a sazonalidade e o tipo de extrato: vegetação e solo sobre a disponibilidade de larvas de Haemonchus em pastos irrigados, no sul da África. Houve diferença significativa nos resultados apresentados entre as estações, no tipo de extrato e na interação estação com extrato. No entanto, não foi registrado diferença significativa no número de larvas quantificadas ao longo do dia. Os autores também verificaram que larvas de Haemonchus foram recuperadas em maior número no verão e outono e que o número de larvas recuperadas na vegetação foi maior que o recuperado no solo. De acordo com REINECKE et al. (1994), infecção maciça por Trichostrongylus, Haemonchus e Ostertagia foi adquirida por ovinos depois de um verão com sistema de irrigação, no sul da África. Depois de quatro anos de observações sobre a ecologia das larvas de tricostrongilídeos em pastos irrigados, no sul da África, verificou-se que a necessidade da utilização de anti-helmínticos foi baixa no final do inverno e primavera (WYK et al. 2003). A epidemiologia de nematóides gastrintestinais de bovinos foi estudada em duas áreas: irrigada e não-irrigada, no Zimbábue, África. Foi observado que durante a estação seca, o número de larvas apresentou-se baixo nos pastos irrigados. H. contortus sobreviveu nesta estação como L4 inibida. O desenvolvimento de L3 no pasto coincidiu com pico de liberação de ovos na estação das chuvas (MOYO et al. 1996). Os efeitos do microclima sobre L3 de H. contortus e H. placei em pastos irrigados foram estudados por KRECEK et al. (1992). O efeito da temperatura foi similar para as duas espécies. À medida que a temperatura aumentava, o número de L3 no pasto aumentava; o mesmo foi registrado com relação à umidade relativa. VALDERRABANO et al. (2000) sugeriu que esse sistema de irrigação fosse associado a controles estratégicos de anti-helmínticos. Seu estudo mostrou que essa hipótese é viável. 2.5. Distribuição e longevidade de larvas infectantes no solo Os resultados dos trabalhos de TAYLOR (1938, 1939) estimularam a investigação da população de larvas infectantes no solo, pois na primeira publicação Taylor afirmou que houve uma contaminação residual e no segundo o autor descreveu a técnica por ele utilizada, que originariamente foi descrita para recuperar larvas do solo. 11 KAUZAL (1941) considerando, então que ovos e larvas de nematóides poderiam sobreviver por longos períodos e que o mesmo poderia servir como reservatório para futuras contaminações da vegetação, quando as condições ambientais fossem favoráveis; iniciou seu estudo examinando vegetação e solo para avaliação do número de larvas infectantes de nematóides. O autor concluiu que examinando apenas a vegetação para estimar o número de L3 de H. contortus não foi suficiente. Em seu experimento o máximo de larvas recuperadas da vegetação foi de 16%, enquanto que no solo foi de 75%. Ele comentou que as consideráveis flutuações no número de larvas presentes no solo e vegetação podem ser correlacionadas com as condições ambientais. Os resultados também mostraram que a recuperação de larvas na vegetação é dependente da quantidade de gramínea, pois essa cobertura vegetal pode possibilitar boas condições e proteger as larvas. CROFTON (1948) estudou a distribuição de larvas na vegetação, no solo e na região superficial solo, a uma polegada de profundidade, durante um ano. Ele observou que nos meses quentes, junho, julho e agosto a maioria das larvas foram encontradas na vegetação, depois no solo e por fim na região superficial. Já nos meses de abril, maio e setembro, o maior número de larvas foi encontrado na região superficial e poucas na vegetação e solo. O autor concluiu que a distribuição de L3 pode ser explicada sem referências ao geotropismo. A superfície do solo, 5mm de camada, e a vegetação adjacente foram avaliadas quanto à distribuição de larvas por REES (1950), ao longo do dia durante um ano. Observou-se que a maioria das larvas foi encontrada na vegetação, mas houve registro de larvas na superfície do solo. Estudos mostraram que poucas larvas de tricostrongilídeos foram recuperadas do solo, concluindo que as mesmas migraram diretamente dos pellets para a vegetação e que as poucas larvas encontradas no solo eram provavelmente provenientes da lavagem da gramínea ou da rota de migração para vegetação (ANDERSEN et al. 1970; CALLINAN, 1978, 1979). ROSE & SMALL (1985) coletaram durante um ano amostras de vegetação e solo de área utilizada como pastoreio para ovinos. Pouquíssimas larvas foram recuperadas do solo, no entanto, um número considerável foi recuperado da vegetação. Na segunda parte deste estudo, os autores enterraram a 10cm de profundidade, fezes com L3 de Trichostrongylus vitrinus e fizeram coletas da vegetação adjacente. Os resultados indicaram que as larvas migraram para a vegetação, restando poucas no solo. Os autores concluíram que o solo pode ser um reservatório para L3. A capacidade de migração das larvas foi estudada por FINCHER & STEWART (1979). Eles enterraram fezes contaminadas, alguns dias depois começaram a recuperar larvas da vegetação. Os autores observaram que as L3 foram capazes de migrar a partir de 12,5cm de profundidade. AL SAQUR et al. (1982) sugeriu a possível migração das larvas para o solo durante o inverno, reemergindo na primavera e verão. Os autores observaram que larvas de Ostertagia foram recuperadas em todas as ocasiões de análise a pelo menos 15cm de profundidade. A distribuição de tricostrongilídeos no solo foi estudada a campo. Os autores observaram que no final do inverno as larvas puderam migrar da superfície a 40cm ou mais de profundidade. Eles afirmaram que esta migração pode ter sido em decorrência do carreamento pela água; associando a migração das L3 para o solo com a oferta de água no ambiente (GRUNER et al., 1982). A distribuição de tricostrongilídeos na vegetação e no solo foi estudada em condições de temperatura e umidade controladas por CALLINAN & WESTCOTT 12 (1986). Eles recuperaram em média oito vezes mais larvas do solo do que na pastagem. Concluíram, então que o solo é um importante reservatório de larvas. A longevidade de lavas infectantes de tricostrongilídeos foi estudada em diferentes tipos de solos tropicais por LYAKU et al. (1988). Eles observaram que larvas de Cooperia e Oesophagostomum sobreviveram até nove semanas nos solos e que Haemonchus e Trichostrongylus sobreviveram até três. HOLASOVÁ et al. (1989) estudaram a migração de tricostrongilídeos. Os achados deste estudo mostraram que as larvas foram recuperadas esporadicamente do solo a uma profundidade de 2cm e que somente uma única vez larvas de Ostertagia foram recuperadas a 7cm de profundidade. 13 3. CAPÍTULO I COMPARAÇÃO ENTRE AS TÉCNICAS DE BAERMANN MODIFICADA E DONALD UTILIZADAS PARA RECUPERAR LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE RUMINANTES DA PASTAGEM. 14 RESUMO CASTRO, Abisair Andrade de. Comparação entre as técnicas de Baermann modificada e Donald utilizadas para recuperar larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de ruminantes da pastagem. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tese – Doutorado em Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária) A estimativa de densidade de larvas na vegetação é usada em estudos epidemiológicos para determinar as variações sazonais ou mensais de contaminação da pastagem com larvas infectantes de tricostrongilídeos, e com isso estabelecer o risco de infecção dos hospedeiros. Um estudo comparativo entre as técnicas de Baermann e Donald, foi realizado para recuperação de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de ruminantes da pastagem. Seis amostras de fezes naturalmente infectadas foram depositadas a campo. Após 21 e 28 dias ao depósito, amostras de gramínea foram coletadas e processadas pelas técnicas propostas. A análise estatística demonstrou que não houve diferença significativa entre os resultados. Assim, as duas técnicas podem ser utilizadas para recuperação de larvas infectantes da pastagem. Palavras chave: Recuperação de larvas, vegetação, bovinos. 15 ABSTRACT CASTRO, Abisair Andrade de. Comparison between modified Baermann and Donald techniques used for the recovery of gastrointestinal nematode infective larvae from pasture. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tesis – Doctor at Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária) Estimates of the density of larvae on herbage are used in epidemiologic studies to determine seasonal or monthly variations in contamination of pastures with third-stage larvae of the trichostrongyles, and to provide an index of the risk of exposure of grazing animals. At this, a comparative study between Baermann and Donald techniques were accomplished for the recovery of gastrointestinal ruminantes infective larvae nematodes from pasture. To develop the assay, six faecal samples naturally infected were placed on lawn. After 21 and 28 days, pastures samples were collected and processed for each proposed technique. The statistic analysis showed that there is no significative difference among the results. Thus, both techniques can be used to recover infective larvae from pasture. Key words: Larvae recovery, herbage, cattle. 16 3. 1. INTRODUÇÃO As nematodioses gastrintestinais de ruminantes ocorrem comumente em diversos níveis de infecção, reduzindo a produtividade dos rebanhos. Estes helmintos têm evolução direta e a fase pré-parasítica ocorre no ambiente. A estimativa do número de larvas infectantes de tricostrongilídeos na pastagem, é parte integrante do estudo de ecologia e epidemiologia desses nematóides parasitas de ruminantes. O controle de nematóides gastrintestinais em ovelhas como proposto por GIBSON & EVERETT (1968) e LANCASTER (1970) é baseado no estudo da epidemiologia de doenças, onde a estimativa de larvas infectantes nas pastagens foi parte essencial. Similarmente THOMAS (1959) em seu estudo sobre distribuição sazonal de Nematodirus baseou-se na contagem de larvas na vegetação. Várias técnicas têm sido descritas a fim de avaliar a intensidade de L3 na pastagem (TAYLOR, 1939; KAUZAL, 1940; DINABURG, 1942; CROFTON, 1954; ROHRBACHER Jr. 1957; DURIE, 1959; DONALD, 1967; BAWDEN, 1969; LANCASTER, 1970; TODD Jr., 1970; SMEAL & HENDY, 1972; CHIEJINA, 1982; GETTINGY et al., 1985; FINE et al. 1993). Taylor, acima citado, foi o primeiro pesquisador a utilizar a técnica de Baermann (CORT et al., 1922), para recuperar larvas infectantes das pastagens. Em seguida, pesquisadores como KAUZAL (1940), DINABURG (1942), ROHRBACHER Jr. (1957) também a testaram e como DURIE (1959) afirmaram que a mesma era ineficiente para recuperar L3 da vegetação. DONALD (1967) descreveu e testou sua técnica verificando excelentes percentuais de recuperação de larvas nas pastagens. Alguns pesquisadores têm utilizado esta técnica como método apropriado para suas pesquisas (VIANA, 1999; PIMENTEL NETO et al., 2000; ALMEIDA, 2003). Outros autores têm preservado seus princípios como as várias lavagens da vegetação e a passagem pelo iodeto de potássio (LANCASTER, 1970; SMEAL & HENDY, 1972; YOUNG & TRAJSTMAN, 1980). O presente estudo foi elaborado com o objetivo de comparar as técnicas de Baermann (CORT et al., 1922) e Donald (DONALD, 1967) quanto à recuperação de larvas infectantes da pastagem, visando estabelecer entre as duas, o melhor protocolo considerando para isso o custo, praticidade e qualidade da leitura. 17 3. 2. MATERIAL E MÉTODOS 3.2.1. Local: O presente estudo foi conduzido em pastagens localizadas ao lado do prédio de Sanidade Animal e no laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto de Veterinária, Convênio Embrapa - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; no município de Seropédica, localizado a 22o 54’ de longitude oeste, à altitude de 33 metros. 3.2.2. Amostras: Aproximadamente 1,3kg de fezes foram coletadas diretamente da ampola retal de bezerros naturalmente infectados. As amostras de fezes foram homogeneizadas, das quais foram retiradas alíquotas para determinação do número de ovos por grama de fezes, o.p.g., de acordo com a técnica modificada de GORDON & WHITLOCK (1939) e, para a coprocultura (ROBERTS & O’SULLIVAN, 1950) através da qual, foram recuperadas larvas infectantes, as quais foram identificadas utilizando-se a chave descrita por KEITH (1953). 3.2.3. Depósito das amostras fecais e coleta de dados: Para a contaminação da pastagem com larvas infectantes, seis amostras de fezes previamente homogeneizadas com peso igual a 200g, e contendo aproximadamente 3.800 ovos por grama de fezes, foram depositadas a campo. A distância entre as amostras fecais foi de aproximadamente 80cm. O local escolhido para o depósito foi considerado homogêneo, em relação à irradiação solar, à precipitação pluviométrica e, à vegetação, constituída por grama-batatais, Paspalum notatum. Decorridos 21 e 28 dias, a gramínea circundante de cada amostra de fezes foi coletada em quatro pontos distintos ao redor da mesma, numa área de 10,5 x 5,5cm (SOARES, 1980). Em seguida, as respectivas amostras de gramíneas foram homogeneizadas e divididas em duas alíquotas de sete gramas, as quais foram processadas de acordo com as técnicas de Baermann e Donald. As amostras coletadas no vigésimo primeiro dia foram de um a seis. E as do vigésimo oitavo dia foram de sete a doze. 3.2.4. Descrição da técnica de Baermann: Para o processamento pela técnica de Baermann, utilizaram-se funis de vidro com diâmetro de aproximadamente 15cm, com borracha de látex presa à sua parte posterior e fechada com uma pinça (Figura 1). Dentro do funil um tamis com diâmetro de aproximadamente 10cm e 17/18 malhas/polegadas. As amostras de gramíneas picadas foram envolvidas em gaze, colocadas dentro dos tamises; estes conjuntos foram mergulhados nos funis contendo água destilada esterilizada aquecida à 50oC. Após 24 horas, cinco mililitros do sedimento foram recuperados em tubos de ensaio. Duas horas depois, o sobrenadante foi desprezado e o sedimento montado em lâmina com solução de lugol a 5%, onde as larvas foram identificadas (KEITH, 1953) e quantificadas. 3.2.5. Descrição da técnica de Donald: Para o processamento da técnica de Donald, as amostras de gramínea foram acondicionadas em potes plásticos, com 2.250ml de solução mamalian ringer’s (Figura 2a). Estas amostras foram picadas e homogeneizadas nesta solução com três gotas de 18 teepol, detergente não-iônico. Após seis horas, as amostras foram tamisadas em malhas de 145 micras e deixadas em repouso em cálices de sedimentação por pelo menos três horas (Figura 2b). A partir daí sucessivas lavagens foram feitas da seguinte maneira: o sobrenadante foi sifonado e o líquido restante homogeneizado e passado para cálices menores. Totalizando três passagens de cálices, com intervalo de três horas. Depois dessa etapa as amostras passaram por duas centrifugações: a primeira com um volume inicial de 120ml por cinco minutos a 300g. A segunda com volume de 20-30ml por três minutos a 90g. O sedimento resultante dessa última centrifugação foi ressuspendido em 100ml de iodeto de potássio cuja densidade foi de 1,63molar, em cálice de separação, por dez minutos (Figura 2c). Os cinco mililitros recuperados do sobrenadante foram destinados à leitura onde se acrescentava uma gota de hipossulfito de sódio e as larvas quantificadas e identificadas (KEITH, 1953). 3.2.4. Análise estatística: Os valores médios, dos números de larvas infectantes recuperadas, em cada técnica foram comparados utilizando-se o teste de Wilcoxon, a 5% de probabilidade (SIEGEL, 1975). Shell do Brasil 19 Figura 1. Processamento da gramínea através da Técnica de Baermann. A B C Figura 2. Etapas da técnica de Donald; A - início da etapa de lavagem; B cálices de decantação; C - funis de separação. 20 3.3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Larvas infectantes do gênero Haemonchus, e Oesophagostomum foram recuperadas pelas técnicas de Baermann e Donald, sendo os maiores percentuais do gênero Haemonchus (Tabela 1); conforme dados obtidos pela coprocultura realizada no início do experimento. Observou-se no presente estudo, que apesar de não haver diferença significativa entre as duas técnicas; a de Baermann recuperou maior número de larvas, em sete amostras das doze testadas em relação ao Donald (FIGURA 3). Isto se deve provavelmente a distribuição de larvas na vegetação que foi ao acaso. Não era conhecida a quantidade de larvas na gramínea processada por uma ou por outra técnica. É importante relatar que as leituras provenientes da técnica de Baermann, foram, na maioria das vezes, muito difíceis, devido a grande quantidade de sujidade residual. O mesmo foi relatado por TODD et al. (1970). Embora a técnica de Baermann tenha apresentado maior facilidade no seu processamento, assim como, baixo custo em relação a técnica de Donald; esta última pareceu ser mais indicada, pois no momento da leitura, o material obtido através da técnica de Donald apresentou menos sujeira. Os resultados encontrados neste estudo discordam das afirmativas de KAUZAL (1940), DINAMBURG (1942), DURIE (1959), ROHRBACHER Jr., (1957), os quais atestaram a ineficiência da técnica de Baermann. TODD et al. (1970) concluíram em seu estudo que a técnica de Baermann é uma ferramenta útil para determinar o número de L3 no pasto, se o pesquisador a utilizar com rigor metodológico, levando em consideração suas limitações. CHIEJINA (1982) registrou relativa eficiência do Baermann para recuperação de L3 da pastagem; assim como o notificado, no presente estudo. Outras técnicas para recuperação e diferenciação de L3 da pastagem foram descritas (PARFITT, 1955; HEALTH & MAJOR, 1968; LANCASTER, 1970; SMEAL & HENDY, 1972;). Todas exigem muito tempo de processamento e necessitam de equipamentos específicos, difíceis de serem reproduzidos e não possuem uma alta eficiência para recuperação de L3 da pastagem. De acordo com MARTIN et al. (1990) entre todas as técnicas já descritas, a de Donald é uma das que conseguiram recuperar aproximadamente 90% das larvas nas pastagens, onde seu desempenho foi independente do número de larvas no pasto. O método mais prático para avaliar a eficiência de uma técnica talvez seja fazer uma direta comparação com método já existente. Assumindo a padronização da amostragem e fazendo sub-amostras da vegetação coletada, dessa forma providenciando material com o qual testes de comparação possam ser feitos (LANCASTER, 1970). Compreende-se que estudos nessa área devam continuar, visando estabelecer um protocolo melhor, onde este possa tornar-se padrão preenchendo as exigências quanto à economia, praticidade e principalmente eficiência. 21 Tabela 1: Número total e médio de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de Haemonchus sp e Oesophagostomum sp, recuperadas pelas técnicas de Baermann e Donald, 21 (A1 – A6) e 28 (A7 – A12) dias após o depósito das massas fecais . 21 dias 28 dias A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 Total Média Baermann Haemonchus 886 852 224 938 695 863 363 1275 527 1183 490 215 8511 709 Oesophagostomum 94 102 16 84 96 58 14 98 25 88 41 32 748 62 Total 980 954 240 1022 791 921 377 1373 552 1271 531 247 9259 772 a Donald Haemonchus 416 1217 99 586 710 512 647 607 504 1106 940 318 7662 639 Oesophagostomum 59 90 27 65 59 48 41 39 39 228 72 32 799 67 Total 475 1307 126 651 769 560 688 646 543 1334 1012 350 8461 705 a Letras idênticas na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade. 22 Baermann Donald número de larvas por kg/pasto 200000 180000 160000 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0 A1 A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 Amostras de gramíneas Figura 3: Número total de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de bovinos, por Kg/pasto, recuperadas pelas técnicas de Baermann e Donald. 23 3.4. CONCLUSÕES De acordo com os resultados apresentados, conclui-se que as duas técnicas são eficientes para recuperação de larvas infectantes da pastagem, dando a estimativa de larvas no ambiente, favorecendo e contribuindo para estudos de controle com base na ecologia das larvas. A técnica de Baermann foi mais prática e econômica e a de Donald proporcionou melhor visualização das larvas. 24 4. CAPÍTULO II DISTRIBUIÇÃO SAZONAL E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS (Capra hircus) EM PASTAGENS IRRIGADA E NÃO-IRRIGADA. 25 RESUMO CASTRO, Abisair Andrade de. Distribuição sazonal e Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos (Capra hircus) em pastagem irrigada e não-irrigada. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tese – Doutorado em Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária) O controle das nematodioses em caprinos tem sido realizado principalmente com produtos anti-helmínticos. No entanto, o alto custo destes produtos e o rápido aumento de resistência justificam a necessidade de novas alternativas. Desta forma, o conhecimento de alguns aspectos da epidemiologia é de extrema importância. A distribuição sazonal e a longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos em pastagens irrigada e não-irrigada foram estudadas no presente trabalho. Amostras de vegetação, dos dois piquetes, não-irrigado A, e irrigado B, foram examinadas a cada 14 dias pela técnica de Donald, durante maio/2001 a abril/2003. De acordo com os resultados, as condições ambientais foram favoráveis ao desenvolvimento e longevidade de Trichostrongylus e Haemonchus. A ocorrência de Oesophagostomum e Cooperia foi rara e inexistente, respectivamente. O sistema de irrigação não favoreceu o desenvolvimento e a longevidade das larvas. A maior recuperação de larvas do gênero Trichostrongylus foi no inverno e primavera, sendo que para o gênero Haemonchus, não houve diferença entre as estações. O outono foi a estação mais favorável à sobrevivência das larvas. As observações entre os períodos chuvoso e seco, para distribuição e longevidade das larvas mostraram que não houve diferença entre os mesmos. Palavras chave: Tricostrongilídeos, pastagens irrigadas, sazonalidade. 26 ABSTRACT CASTRO, Abisair Andrade de. Seasonal distribution and longevity of infective larvae of goats (Capra hircus) gastrointetinal nematodes in irrigated and nonirrigated pastures. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tesis – Doctor at Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária). The control of nematodiasis in goat has been usually performed with antihelmintic agents. However, the high cost of these products and the fast increase of product’s resistance explains the search for alternative control methods. Therefore, the knowledge of some aspects in epidemiology is very important. The seasonal distribution and longevity of goats gastrointestinal nematodes infective larvae in irrigated and nonirrigated pasture were studied in the present work. Thus, pasture samples of two plots non-irrigated A, and irrigated B, were examined every 14 days using Donald’s technique between mai/2001 and april/2003. The results indicate that environment conditions were favourable to the development and longevity of Trichostrongylus and Haemonchus larvae. The Oesophagostomum and Cooperia occurrence was scarce and non-existent, respectively. The irrigation system did not to be favourable for the development and longevity of infective larvae. The genus Trichostrongylus showed more larvae recuperation in winter and spring; to genus Haemonchus did not have difference between seasons. Fall was more favourable season at longevity of larvae. The distribution and longevity dates of larvae between wet and dry seasons showed that did not have difference among them. Key words: Trichostrongyles, irrigated pastures, sazonality. 27 4. 1. INTRODUÇÃO Os helmintos gastrintestinais constituem-se em agentes etiológicos de significativa importância para a diminuição da produtividade na pecuária caprina (NGINYI et al. 2001). As variações sazonais na dinâmica das populações dos helmintos são reguladas, principalmente, pelas condições climáticas sobre os estágios de vida livre, pela raça e pela susceptibilidade individual do hospedeiro. A interação parasito hospedeiro é influenciada pela precipitação pluviométrica, faixas climáticas favoráveis, concentração de animais por área, faixa etária e índice nutricional (GIBBS, 1973). Segundo KATES (1965), o potencial biótico das helmintoses de ruminantes, quando estudado e conhecido em uma determinada região, torna possível estabelecer o seu modelo estacional, visando as dosificações estratégicas e táticas de controle. LEVINE (1963) ao estudar o desenvolvimento e sobrevivência das larvas de H. contortus nas pastagens, verificaram que 50mm de precipitação e 15 a 370C de temperatura média mensal indicavam ótimas condições para a transmissão deste parasito. No entanto, apenas os meses integrados por uma elipse no bioclimatograma apresentavam melhor período de potencial de transmissão. As regiões da Baixada do Estado do Rio de Janeiro correspondem à extensa área fisiográfica, abrangendo a região Metropolitana, Baía da Ilha Grande, Baixadas Litorâneas e parte das regiões Norte e Nordeste, coincidindo com o tipo climático AW, segundo a classificação de KÖPPEN (1958). Essa região é caracterizada por inverno seco e verão chuvoso e quente, com temperatura média das médias do mês mais quente superior a 330C, e a precipitação média no verão é de 739mm, e no inverno, de 128mm. O período seco torna-se desfavorável à vegetação, diminuindo assim a oferta de volumoso para os animais. Em regiões onde situação semelhante ocorre, foi implantado sistema de irrigação como na Califórnia (BAKER et al. 1981), Guadalupe, nas ilhas francesas (GRUNER et al. 1989), Sul da África (KRECEK et al. 1991). De acordo com GRUNER et al. (1989) a irrigação pode mudar a epidemiologia de nematóides gastrintestinais. Os métodos de controle de helmintoses utilizados no Estado do Rio de Janeiro têm sido baseados no uso de anti-helmínticos, com potencial estabelecimento de populações resistentes aos princípios ativos disponíveis no mercado. Os sistemas de manejo zootécnicos e sanitários, associados aos estudos epidemiológicos, podem minimizar o uso de produtos químicos (PIMENTEL NETO, 1976). Com o objetivo de estudar a distribuição sazonal e longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, em pastagens irrigada e nãoirrigada, este trabalho foi desenvolvido visando contribuir com a aquisição de conhecimentos e fornecer dados para futuros projetos de controle estratégico. 28 4.2. MATERIAL E MÉTODOS 4.2.1. Local: O presente estudo foi conduzido em pastagens próximas ao prédio de Sanidade Animal, cerca de 200 metros, e no laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto de Veterinária, Convênio Embrapa - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; no município de Seropédica, localizado a 22o 54’ de longitude oeste, à altitude de 33 metros. 4.2.2. Animais e amostras de fezes: Nove caprinos mestiços, de ambos os sexos, procedentes do Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR), portadores de infecção natural foram utilizados como doadores de fezes. Estes animais permaneceram, num piquete de aproximadamente 3.500m2. As amostras de fezes foram coletadas diretamente do reto com auxílio de coletores (Figura 4A, B). Previamente ao depósito, retiravam-se alíquotas do pool de fezes coletadas, para avaliação do número de ovos por grama de fezes, o.p.g., segundo a modificada técnica de GORDON & WHITLOCK (1939); e realização de coprocultura (Figura 5) segundo ROBERTS & O’SULLIVAN (1950) para obtenção de larvas infectantes e posterior identificação de acordo com a chave de KEITH (1953). 4.2.3. Clima: O clima da região, segundo a classificação de KOPPEN (1958), é do tipo AW, com inverno seco, verão chuvoso e quente. Os dados de temperatura e precipitação pluviométrica foram fornecidos pelo posto de meteorologia Ecologia Agrícola do Km 47, distante cerca de um km do local do experimento. 4.2.4. Piquetes: Formaram-se dois piquetes, “A” e “B” de aproximadamente 81m2 cada, constituídos por Paspalum notatum, grama batatais. O piquete “A” foi estudado de acordo com as condições ambientais (Figura 6.1). O piquete “B” (Figura 6.2) foi irrigado a taxa de 50mm de água por semana, durante todo o período do experimento, não obedecendo esta regra apenas quando a precipitação pluviométrica excedia esta taxa. Quando a mesma ocorria, sem, contudo exceder a taxa calculava-se a diferença. 4.2.5. Depósito de amostras fecais e coleta de dados: Duas amostras de fezes com 35g, cuja faixa de o.p.g. variou de 700 a 2000, foram depositadas a campo, de 14 em 14 dias, as quais foram identificadas como “massa fecal teste” (MFT) e “massa fecal controle” (MFC); no período de maio de 2001 a abril de 2003. As amostras distavam cerca de 80cm umas das outras. Uma semana após o depósito, coletou-se a gramínea da MFT, rente ao solo, numa área de 5cm de largura por 30cm de comprimento (ROSE, 1970). Imediatamente após a coleta, a gramínea foi processada pela técnica de DONALD (1967) para recuperação de larvas da pastagem. A MFC foi trabalhada utilizando-se a mesma metodologia, quando a MFT correspondente apresentou-se negativa por duas vezes consecutivas (PIMENTEL NETO et al. 2000). 29 Figura 4. A – coletor plástico cortado em forma de bisel recebendo glicerina para facilitar a coleta; B – amostras de fezes sendo coletadas diretamente do reto com auxílio de coletor. Figura 5. Coprocultura, técnica utilizada para obtenção de larvas infectantes. (→) Setas indicam as L3 migrando pela parede do copo de vidro. 30 Figura 6. Piquetes de experimento; 1 (→) piquete não-irrigado, “A” com amostras; 2 (→) piquete irrigado, “B” com amostras. 31 4.2.6. Estimativa dos dados em matéria seca (ms): A utilização do número de larvas expresso em matéria seca (ms) de pastagem foi empregada com a finalidade de estimar a quantidade de larvas que os animais ingerem diariamente, uma vez que os cálculos de exigências nutricionais são convencionalmente apresentados em ms (NRC, 1989; AFRC, 1993). Ao longo do experimento os dados foram coletados em peso de matéria verde (mv). Para calcular o correspondente em matéria seca, coletou-se durante um ano, outubro de 2002 a setembro de 2003, a cada 14 dias, três amostras de vegetação de acordo com ROSE (1970). Essas amostras foram individualmente pesadas, em seguida mantidas em estufa a 80oC por 48 horas, sendo novamente pesadas (SILVA, 1990). Com os dados médios obtidos empregou-se a análise de regressão, obtendo-se a equação da reta, y= a + b x. Donde: y= matéria verde; a=0.94; b= 0.202 e x= matéria seca. Através da qual, estimou-se a matéria seca para todas as amostras coletadas. Para comprovação da curva dos resultados, uma nova análise de regressão foi realizada, confrontando-se os dados de matéria verde com os de matéria seca. 4.2.7. Apresentação dos resultados: O número de larvas infectantes foi apresentado em relação as quatro estações, segundo a divisão cronológica: verão, 22 de dezembro a 20 de março; outono, 21 de março a 20 de junho; inverno, 21 de junho a 22 de setembro e primavera de 23 de setembro a 21 de dezembro. E em relação aos períodos chuvoso e seco obedecendo a seguinte classificação: para o período chuvoso, de outubro a março e para o seco, de abril a setembro de acordo com MATTOS et al. (1998). 4.2.8. Análise estatística: Para os dois casos, o número médio de larvas para distribuição e o número médio de semanas para longevidade foram transformados em Log10 (x + 2). Com esses dados empregou-se análise de variância (ANOVA) considerando-se um nível de 5% de probabilidade. Em seguida, para as análises que diferiram significativamente, foi aplicado o teste de Duncan a 5%, para comparação entre as médias (ZAR, 1999). 32 4. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.3.1. Distribuição sazonal e longevidade de larvas infectantes - considerações gerais: No presente estudo foi verificada a relação entre as duas formas de apresentação de resultados, matéria verde (mv) e matéria seca (ms); e de acordo com os cálculos estatísticos da análise de regressão (r2= 0.97), constatou-se que os valores transformados de matéria verde para matéria seca, mantinham a mesmo modelo de curva gráfica (figura 7). Dessa forma optou-se por expressar os resultados do presente estudo em número de larvas por kg de ms. Assim como vários pesquisadores: AL SAQUR et al. (1982), CALLINAN & WESTCOTT (1986), AUMONT et al. (1989), AUMONT & GRUNER (1989), BANKS et al. (1990), KRECEK et al. (1992), BARGER et al. (1994) entre outros, apresentaram os dados de seus resultados em número de larvas por kg de matéria seca. Embora, autores como HOLOSOVÁ et al. (1989), RAHMAN & COLLINS (1990), PIMENTEL NETO et al. (2000), ALMEIDA (2003) apresentaram seus resultados em número de larvas por kg de matéria verde. As larvas infectantes recuperadas neste estudo pertenciam aos gêneros Trichostrongylus, Haemonchus, e Oesophagostomum (Figura 8). Sendo o maior número de larvas recuperadas 300.612, em peso de ms, identificadas como Haemonchus, o que representa 59,2% do total de larvas recuperadas, seguido por Trichostrongylus, 201.767, (40%) e Oesophagostomum, 4.345, (0,8%). Estes dados concordam com PIMENTEL NETO & FONSECA (no prelo), pois estes autores trabalhando com caprinos traçadores em Seropédica recuperaram 54,6% de Haemonchus; 41% de Trichostrongylus e 2% de Oesophagostomum. A recuperação de larvas do gênero Oesophagostomum foi considerada baixa, durante todo o período do experimento. Por esse motivo, não se aplicou teste estatístico a este gênero. Resultados semelhantes foram encontrados por HORAK & LOWN (1977), no sul da África, OKON & ENYENIHI (1977) na Nigéria, AUMONT & GRUNER (1989) em Guadalupe, nas ilhas francesas, BOJANE et al. (2002) na Índia, PIMENTEL NETO & FONSECA (no prelo) em Seropédica, Brasil. Larvas pertencentes ao gênero Cooperia não foram recuperadas em nenhum dos meses ao longo deste estudo. Assim como nos estudos de VASQUEZ & MARCHINARES (1971) no Peru; AUMONT & GRUNER (1989) em Guadalupe, BAKER (1975) na Califórnia, CAVALCANTI (1974), CHARLES (1989) e SILVA et al. (1998) no nordeste brasileiro. TRIPATHI (1970b) registrou a rara ocorrência desse gênero em caprinos na Índia; da mesma forma que FABIYI (1970) na Nigéria, BOUGAS & THEODORIDIS (2000) na Grécia; GRISI (1975) e PIMENTEL NETO & FONSECA (no prelo) no Brasil. O número de larvas recuperadas da vegetação e o período de sobrevivência em semanas, não apresentaram diferença significativa entre os dois piquetes (Figura 9.1 e 9.2), para os gêneros analisados neste estudo. A única exceção foi descrita ao número total de L3 de Haemonchus, onde o maior valor registrou-se no piquete B, demonstrando assim, uma possível atuação da irrigação favorecendo o desenvolvimento e migração destas larvas. De acordo com a figura 9.1, o sistema de irrigação pareceu favorecer o desenvolvimento de larvas de Oesophagostomum. Estes resultados estão de acordo com àqueles dos autores STWART & DOUGLAS (1938), FURMAN (1944), BULLISK & ANDERSEN (1978), HORAK & LOWN (1977), BAKER et al. (1981), 33 25000 60000 L3 / Kg ms 50000 Tric hostrongylus s p. L3 /Kg mv 30000 20000 15000 10000 5000 10000 0 0 J F M A M J J A S O N D J 120000 Haemonc hus sp. M A M J J A S O N D Haemonchus s p. 30000 80000 L3 /Kg mv L3 /Kg ms F 40000 100000 60000 40000 20000 0 20000 10000 0 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D 500 1200 O es ophagostomum s p. 800 600 400 O es ophagos tomum s p. 400 L3/ Kg mv 1000 L3 /Kg ms Trichostrongylus s p. 20000 40000 300 200 100 200 0 0 J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D Figura 7: Números médios de larvas infectantes de Trichostrongylus, Haemonchus e Oesophagostomum, recuperadas por kg de pastagem em matéria seca (ms) à esquerda, e em matéria verde (mv) à direita, no período de maio de 2001 a abril de 2003. 34 A B C D E F Figura 8: Larvas infectantes encontradas no presente estudo. São respectivamente: A e B: extremidade anterior e posterior de Trichostrongylus sp.; C e D: extremidade anterior e posterior de Haemonchus sp. e E e F: extremidade anterior e posterior de Oesophagostomum sp. 35 80000 20 T r i c h o s tr o n g yl u s s p . T r i c h o s tr o n g yl u s s p . 70000 A a L3 Kg/ms 50000 B a 40000 A a 15 s emanas 60000 30000 B a 10 5 20000 10000 0 0 J 120000 F M M J J A S O N J D 20 H aem onc hus s p. 100000 A a 80000 B b 60000 40000 M A M J J A S O N D A M J J A S O N D O N D H aem onc hus s p. A a B a 10 5 20000 0 0 J F M A M J J A S O N D J 2000 O e s o p h a g o s to m u m s p . 7 1500 A 6 F 1000 500 M O e s o p h a g s to m u m s p . A 5 B s emanas L3 Kg/ms F 15 s emanas L3 Kg/ms A B 4 3 2 1 0 1 0 J F M A M J J A S O N D 2 J F M A M J J A S Figura 9.1. Distribuição de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos entre os piquetes A, não-irrigado e B, irrigado. 9.2. Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos entre os piquetes A, não-irrigado e B, irrigado. (Letras minúsculas idênticas não diferem significativamente ao nível de 5% de probabilidade). 36 GRUNER et al. (1989), quanto ao desenvolvimento das larvas; no entanto, discordam quanto ao período de sobrevivência, pois os autores acima citados afirmaram que a irrigação favorecia o desenvolvimento e a sobrevivência de larvas de tricostrongilídeos. VALDERRABANO et al. (2000) observaram que a irrigação favorecia o desenvolvimento da pastagem, podendo ser utilizada contra problemas climáticos aumentando a produtividade dos rebanhos. No presente estudo, a irrigação favoreceu a vegetação do piquete B, pois a mesma apresentou-se viçosa, em comparação com o piquete A (Figura 10), durante todo o período do experimento, embora, curiosamente, essa condição não tenha favorecido a longevidade de larvas no pasto. O que pode ser relacionado ao tipo de vegetação trabalhada neste estudo, sendo a mesma de pequeno porte. 4.3.2. Distribuição sazonal e longevidade de larvas infectantes apresentados em quatro estações: A distribuição de larvas por kg de matéria seca e a longevidade em número de semanas das larvas recuperadas neste estudo, nas quatro estações convencionais, estão representadas nas figuras 11 A e B. As estações mais quentes foram o verão e outono com a média de temperatura das máximas em torno dos 32 e 300C, respectivamente. Estas estações, no entanto, foram as mais chuvosas, registrando-se 156 e 104 mm de precipitação pluviométrica, respectivamente (Figura 12). Os três gêneros encontrados neste estudo ocorreram nas quatro estações. Trichostrongylus apresentou significativo desenvolvimento no inverno e primavera. Já longevidade das larvas desse gênero foi significativamente superior nas estações do outono e inverno. O que demonstra que a temperatura talvez tenha sido um fator limitante para esse gênero, como afirmou LEVINE (1963) sobre o desenvolvimento de tricostrongilídeos. TRIPATHI (1970b) observou que o período quente foi desfavorável ao desenvolvimento e sobrevivência das larvas no ambiente. A precipitação pluviométrica não pareceu ser um fator de importância para esse gênero, pois as estações chuvosas foram justamente àquelas, nas quais o número de larvas de Trichostrongylus foi mais baixo. Foi registrado para o gênero Haemonchus, que os maiores números de larvas recuperadas foram nas estações do outono e primavera, embora estatisticamente não tenha ocorrido diferença entre as quatro estações. Observou-se, porém, que houve diferença estatística para a longevidade dessas larvas entre as estações; sendo o outono considerado a melhor época para a sobrevivência das larvas. DINABURG (1944) contaminou artificialmente as pastagens com H. contortus e verificou que nos meses do verão as condições foram desfavoráveis para a sobrevivência das larvas. Contrariamente, RAHMAN & COLLINS (1990) observaram que nos meses do verão uma alta proporção de larvas de Haemonchus foi recuperada de culturas de fezes. Resultados equivalentes foram registrados no presente estudo. SKINNER & TODD Jr. (1980) estudaram a migração lateral de H. contortus nas pastagens e concluíram que quando a temperatura diminuía, a sobrevivência das larvas aumentavam. Talvez seja essa a justificativa para o outono ser a melhor época para a sobrevivência das larvas. Os resultados presente estudo estão de acordo com LEVINE & TODD (1975). Eles estudaram o desenvolvimento e sobrevivência de larvas de H. contortus e T. colubriformis. Os autores observaram que poucas larvas de H. contortus sobreviveram no inverno, e ao contrário T. colubriformis sobreviveu bem nesta estação; e que o outono foi a melhor época para a sobrevivência de ambas espécies. Os autores comentaram que as larvas de H. contortus apresentaram maior resistência quando submetidas a repetidas dessecações do que as de T. colubriformis. 37 1 2 Figura 10. Pastagens: 1 Amostra no piquete A, não-irrigado; 2. Amostra no piquete B, irrigado. 38 35000 T ri c hos tongyl us s p. a 20000 15000 5000 b b 6 4 inv a a v er pr i H aem onc hus s p. a 3,6 10 3,4 8 3,2 20000 a 10000 3 2,8 s emanas out Log10- L3 L3 / kg ms 40000 v er out inv 4 inv pr i H aem onc hus s p. a b 6 b b 0 pri v er O es ophagos tom um s p. 20000 out 2 2,6 0 out inv 5 pr i O es ophagos tom um s p. 4 s emanas 15000 L3 / kg ms b c 0 v er 10000 A T ri c hos trongylus s p. 2 0 30000 a 8 25000 10000 a 10 a s emanas L3 / kg ms 30000 5000 3 2 1 0 0 v er out inv pr i B v er out inv pri Figura 11: A. Distribuição de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos em quatro estações. B. Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos em quatro estações. (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.). 39 PP MTMín. T médi 30 25 20 15 10 5 0 verão outono inverno 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 pluviosidade em mm t emperat ura em graus C 35 MTMáx. primavera Figura 12. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, em quatro estações, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ, no período de maio de 2001 a abril de 2003. 40 LEVINE (1963) descreveu que larvas do gênero Trichostrongylus foram mais resistentes do que os gêneros Haemonchus e Oesophagostomum. No presente estudo essa diferença não foi registrada para os dois primeiros gêneros acima citados, uma vez que ambos ocorrem durante todas as estações e em praticamente todos os meses. No entanto, com relação a Oesophagostomum, existe concordância com a afirmativa acima, uma vez que essas larvas foram recuperadas em maior número apenas na estação do inverno e o maior período de sobrevivência foi de quatro semanas no outono. 4.3.3. Distribuição sazonal e longevidade de larvas infectantes apresentados nos períodos chuvoso e seco: Os dados de distribuição e de longevidade das larvas de nematóides gastrintestinais expressos em dois períodos, chuvoso e seco, estão sucintamente apresentados nas figuras 13A e B, respectivamente. Os dados climáticos divididos em duas estações estão representados na figura 14. Os três gêneros ocorreram nos dois períodos estudados. Não houve diferença significativa entre os períodos para nenhum dos gêneros estudados, embora Trichostrongylus tenha apresentado maior número de larvas, e maior tempo de sobrevivência no período seco. Haemonchus ao contrário apresentou o maior número de larvas recuperadas na época das chuvas e a longevidade das mesmas foi semelhante nos dois períodos. Autores como TRIPATHI (1970a), FABIYI (1973), CAVALCANTI (1974), GRISE (1975), CONNOR et al. (1990), LAHA et al. (2001) registraram a importância do período das chuvas nas infecções por tricostrongilídeos; assim como McCULLOCK & KASIMBALA (1968) registraram que H. contortus apresentou seu pico no período chuvoso; este dado não concorda com o achado neste estudo. McCULLOCK & KASIMBALA (1968) afirmaram ainda, que o clima representou um fator de pouca importância nas infecções por T. colubriformis e O. columbianum. No presente estudo verificou-se que as condições podem atuar limitando ou favorecendo larvas de Trichostrongylus e Oesophagostomum. Para acompanhar a dinâmica populacional dos estágios de vida livre de nematóides gastrintestinais de caprinos, numa região de clima tropical, AUMONT & GRUNER (1989) contaminaram piquetes com ovos de helmintos, durante a estação chuvosa e seca. Eles recuperaram larvas de Haemonchus e Trichostrongylus e observaram que as larvas surgiram na vegetação sete a 14 dias depois do depósito. Este fato foi observado no presente estudo. Os autores relataram que a longevidade das larvas na vegetação foi de 49 a 56 dias, sete a oito semanas. No presente estudo as larvas sobreviveram até nove semanas. Consideraram que os eventos climáticos e o fato da vegetação apresentar-se seca durante o pastoreio, foram fatores importantes, parecendo interferir na dinâmica populacional das formas de vida livre destes helmintos. O gênero Oesophagostomum apresentou seu pico na época da seca e seu maior período de sobrevivência foi de duas semanas para os dois períodos. O clima pareceu interferir na ecologia das formas pré-parasíticas dessas larvas. 41 T ric hos trongylus s p. 3,5 3,3 8000 a 3,2 3,1 4000 4 2,9 H aem onc hus s p. 7,8 7,7 7,6 7,5 7,4 7,3 7,2 7,1 7 a L3/ kg ms 21000 20000 a 19000 18000 c huv os a 20000 0 0 s ec a H aemonc hus s p. 7 6 5 4 3 2 1 0 c huv os a 2,5 O es ophagos tom um s p. s ec a O es ophagos tomum s p. 2 s emanas L3/ kg ms 2 s ec a 15000 10000 5000 1,5 1 0,5 0 A 4 c huv os a s emanas 22000 6 a 2 s ec a Log10-L3 c huv os a 10 8 6 3 0 a 8 s emanas 3,4 Log10-L3 L3/ kg ms 12000 T ric hos trongylus s p. 10 3,6 a Log10- s emanas 16000 0 c huv os a s ec a B c huv os a s ec a Figura 13.A. Distribuição nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, expressos número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3. B. Longevidade nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos expressos em semanas e seus respectivos dados transformados em logaritmo (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.). 42 MTMáx. T médi 160 140 120 100 80 60 40 20 0 35 30 25 20 15 10 5 0 chuvosa pluviosidade em mm temperatura em graus C PP MTMín. seca Figura 14. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, nos períodos chuvoso e seco, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ, no período de maio de 2001 a abril de 2003.. 43 4. 4. CONCLUSÕES Pode-se concluir, de acordo com os resultados apresentados que: 1. As condições climáticas de Seropédica foram favoráveis ao desenvolvimento e longevidade de larvas infectantes de Trichostrongylus e Haemonchus 2. A ocorrência dos gêneros Oesophagostomum e Cooperia foi considerada, respectivamente, baixa e inexistente, no período estudado; 3. Foi constatado que o sistema de irrigação não favoreceu o desenvolvimento e a longevidade de L3 de nematóides gastrintestinais de caprinos, com exceção ao número total de larvas de Haemonchus, que foi significativamente maior no piquete irrigado. 4. Com análise nas quatro estações Trichostrongylus apresentou maior recuperação de larvas no inverno e primavera; 5. Não houve diferença entre as estações, para distribuição de larvas de Haemonchus; 6. Outono foi a estação mais favorável à sobrevivência das larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos; 7. Não houve diferença entre os períodos chuvoso e seco, para distribuição e longevidade das larvas encontradas neste estudo. 44 5. CAPÍTULO III DISTRIBUIÇÃO E LONGEVIDADE DE LARVAS INFECTANTES DE NEMATÓIDES GASTRINTESTINAIS DE CAPRINOS (Capra hircus) EM SOLO E PASTAGEM IRRIGADOS E NÃO-IRRIGADOS. 45 RESUMO CASTRO, Abisair Andrade de. Distribuição e Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos (Capra hircus) em solo e pastagem irrigada e não-irrigada. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tese – Doutorado em Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária). A distribuição e longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos foi estudada em solo e em vegetação irrigada e não-irrigada com o objetivo de contribuir para aquisição de conhecimentos e fornecer dados para o estabelecimento de programas de controle integrado. Assim, amostras de solo e vegetação não-irrigada e irrigada foram examinadas a cada 14 dias durante o período de outubro/2002 a setembro/2003. Os resultados mostram que as larvas de helmintos foram capazes de migrar para o solo. No entanto, a distribuição e longevidade foram consideradas baixas. A vegetação foi o local eleito pelas larvas quanto à migração. O outono foi a estação mais favorável à sobrevivência das larvas. O sistema de irrigação não favoreceu a migração de larvas para a vegetação e solo. Palavras chave: Tricostrongilídeos, solo, sobrevivência. 46 ABSTRACT CASTRO, Abisair Andrade de. Distribution and longevity of infective larvae of goats (Capra hircus) gastrointetinal nematodes in soil and irrigated and non-irrigated pastures. Seropédica: UFRRJ, 2004. 71p. (Tesis – Doctor at Ciências Veterinárias, Parasitologia Veterinária). The distribution and longevity of infective larvae of goats gastrointestinal nematodes was studied in the soil and herbage irrigated and non-irrigated with aim to contribute the acquisition of knowledge and gives dates to establishment to program of integrated control. Thus, samples soil and pastures at two plots non-irrigated and irrigated were examined every 14 days during october/2002 at september/2003. The samples soil and herbage were processed for Baermann and Donald techniques, respectively. The results showed that helminthes larvae were able to migrate for soil. However, the distribution and longevity were very low. Pastures was the elect place for the larvae at migration. Fall was more favourable station at longevity of larvae. The irrigation system was not favorable to migration of infective larvae for the soil. Key words: Trichostrongyles, soil, survival. 47 5. 1. INTRODUÇÃO O conhecimento da dinâmica das larvas infectantes de nematóides parasitos de ruminantes nas pastagens e no solo de determinada região, levando-se em consideração as condições bióticas e abióticas, é epidemiologicamente importante, uma vez que com estes dados, pode-se determinar o risco de infecção dos animais; e desta forma, estabelecer medidas preventivas de controle como: alternância de pastagens, dosificações estratégicas. De acordo com GIBBIS (1973) fatores do microambiente, incluindo tipo de solo e densidade da vegetação, podem ter importante papel na migração das larvas; assim como período pré-patente e a fecundidade das fêmeas destes nematóides. A capacidade de ovopositar das fêmeas destes helmintos relacionada com o controle da sua respectiva população é notável: a baixa taxa de produção de ovos de Nematodirus, 50 a 100 ovos por fêmea adulta, é compensada pela habilidade de seus estágios de vida livre sobreviverem no pasto durante os meses do inverno. A alta capacidade de ovopostura de Oesophagostomum, 3000 ovos por fêmea adulta, é justificada, pois é longo o período pré-patente e há uma relativa susceptibilidade de seus estágios de vida livre às condições ambientais. FITZSIMMONS (1970), em seu extenso trabalho de revisão, agrupou alguns gêneros de helmintos de pequenos ruminantes como Haemonchus, Ostertagia, Cooperia e Trichostrongylus como helmintos de ciclo de vida curto, tendo várias gerações por ano, enquanto Nematodirus, e Oesophagostomum aqueles com ciclo de vida longo, tendo somente uma ou duas gerações por ano. Existem poucas informações disponíveis sobre a influência de solos tropicais albergando larvas infectantes de tricostrongilídeos (LYAKU et al. 1988). Na realidade existe uma grande controvérsia a respeito deste fato. Alguns autores afirmam que o solo pode atuar como reservatório de larvas infectantes, onde num ambiente desfavorável, as L3 migrariam a determinadas profundidades para se protegerem. E num momento seguinte, quando as condições ambientais estivessem favoráveis migrariam de volta a superfície, recontaminando a pastagem (KAUZAL, 1941; REES, 1950). Por outro lado, existem outros autores que discordam deste fato, pois em seus trabalhos, recuperaram poucas larvas do solo (ANDERSEN et al. 1970; ROSE & SMALL, 1985). Há, porém que se levar em consideração os tipos de solos estudados, as condições de temperatura e umidade, bem como a época do ano, e outros fatores. Dessa forma, com o objetivo de estudar a distribuição e longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos no solo e pasto, este estudo foi elaborado, visando no futuro propiciar uma base sólida para programas estratégicos de controle. 48 5.2. MATERIAL E MÉTODOS 5.2.1. Local: O presente estudo foi conduzido em pastagens próximas ao prédio de Sanidade Animal e no laboratório de Doenças Parasitárias do Instituto de Veterinária, Convênio Embrapa - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; no município de Seropédica, localizado a 22o 54’ de longitude oeste, à altitude de 33 metros. 5.2.2. Animais: Nove caprinos mestiços, de ambos os sexos, procedentes do Colégio Técnico da Universidade Rural (CTUR), portadores de infecção natural foram utilizados como doadores de fezes. Estes animais permaneceram, num piquete de aproximadamente 3.500m2. As amostras de fezes foram coletadas diretamente do reto com auxílio de coletores. Previamente ao depósito, retiravam-se alíquotas do pool de fezes coletadas, para determinação do número de ovos por grama de fezes, o.p.g., segundo a modificada técnica de GORDON & WHITLOCK (1939); e realização de coprocultura (ROBERTS & O’SULLIVAN, 1950) para obtenção de larvas infectantes e posterior identificação de acordo com a chave de KEITH (1953). 5.2.3. Clima e solo: O clima da região, segundo a classificação de KOPPEN (1958), é do tipo AW, com inverno seco, verão chuvoso e quente. Os dados de temperatura, umidade relativa e precipitação pluviométrica foram fornecidos pelo posto de meteorologia Ecologia Agrícola do Km 47, distante cerca de um km do local do experimento. O solo é do tipo franco-argiloso. 5.2.4. Piquetes: Formaram-se dois piquetes, “A” e “B” de aproximadamente 81m2 cada, constituídos por Paspalum notatum, grama batatais. O piquete “B” foi irrigado a taxa de 50mm de água por semana, durante todo o período do experimento, não obedecendo esta regra apenas quando a precipitação pluviométrica excedia esta taxa. Quando a mesma ocorria, sem, contudo exceder a taxa calculava-se a diferença. 5.2.5. Depósito das amostras fecais e coleta de dados: Depositaram-se a campo, de 14 em 14 dias, quatro amostras de fezes, cujas faixas de o.p.g. variou de 650 a 2000; onde os pares foram identificados como “massa fecal teste” e “massa fecal controle”, sendo um par para análise de solo e outro para pastagem no período de setembro de 2002 a setembro de 2003. As amostras distavam cerca de 80cm umas das outras. Alíquotas de solo e pastagem foram coletadas após o sétimo dia de depósito e a partir daí, de 14 em 14 dias. Para a coleta do solo utilizou-se um trado (Figura 15) com as seguintes dimensões: 3,5cm de diâmetro por 10cm de comprimento (ROSE & SMALL, 1985). A vegetação foi coletada numa área de 5cm de largura por 30cm de comprimento (ROSE, 1970). Primeiramente trabalhava-se a MFT, quando esta apresentava-se negativa por duas vezes consecutivas, passava-se para a MFC seguindo o mesmo procedimento. As respectivas amostras foram processadas pelas técnicas de Baermann (CORT et al., 1922) (Figura 16) e Donald (DONALD, 1967). As L3 recuperadas foram quantificadas e identificadas segundo KEITH (1953). 49 Figura 15. Trado, equipamento utilizado para coleta de solo. (→) Seta indica o comprimento de 10cm; limite de profundidade utilizada no experimento. A B Figura 16. Etapas da técnica de Baermann, utilizada para processamento de amostras do solo. A – funis com água destilada aquecida; B – amostras de solo sendo processadas 50 5.2.6. Estimativa dos dados em matéria seca (ms): A utilização do número de larvas expresso em matéria seca (ms) de pastagem foi empregada com a finalidade de estimar a quantidade de larvas que os animais ingerem diariamente, uma vez que os cálculos de exigências nutricionais são convencionalmente apresentados em ms (NRC, 1989; AFRC, 1993). Ao longo do experimento os dados foram coletados em peso de matéria verde (mv). Para calcular o correspondente em matéria seca, coletou-se durante um ano, outubro de 2002 a setembro de 2003, a cada 14 dias, três amostras de vegetação de acordo com ROSE (1970). Essas amostras foram individualmente pesadas, em seguida mantidas em estufa a 80oC por 48 horas, sendo novamente pesadas (SILVA, 1990). Com os dados médios obtidos empregou-se a análise de regressão, obtendo-se a equação da reta, y= a + b x. Donde: y= matéria verde; a=0.94; b= 0.202 e x= matéria seca. Através da qual, estimou-se a matéria seca para todas as amostras coletadas. Para comprovação da curva dos resultados, uma nova análise de regressão foi realizada, confrontando-se os dados de matéria verde com os de matéria seca. 5.2.7. Apresentação dos resultados: O número de larvas infectantes foi apresentado em relação as quatro estações, segundo a divisão cronológica: verão, 22 de dezembro a 20 de março; outono, 21 de março a 20 de junho; inverno, 21 de junho a 22 de setembro e primavera de 23 de setembro a 21 de dezembro. E em relação aos períodos chuvoso e seco obedecendo a seguinte classificação: para o período chuvoso, de outubro a março e para o seco, de abril a setembro de acordo com MATTOS et al. (1998). 5.2.8. Análise estatística: Para os dois casos, o número médio de larvas para distribuição e o número médio de semanas para longevidade foram transformados em Log10 (x + 2). Com esses dados empregou-se análise de variância (ANOVA) considerando-se um nível de 5% de probabilidade. Em seguida, para as análises que diferiram significativamente, foi aplicado o teste de Duncan a 5%, para comparação entre as médias (ZAR, 1999). 51 5. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.3.1. Distribuição e longevidade de larvas infectantes - considerações gerais As larvas infectantes recuperadas neste estudotambém foram Trichostrongylus sp, Haemonchus sp, e Oesophagostomum. Os números de larvas recuperadas para os gêneros acima citados no pasto (kg/ms) e solo (kg) foram respectivamente: 99.243 e 461; 289.594 e 876, e 14.563 e 109 larvas. A recuperação de larvas do gênero Oesophagostomum foi considerada baixa. Dessa forma não se aplicou teste estatístico a esse gênero. Como no capítulo anterior, larvas do gênero Cooperia não foram recuperadas neste estudo. Não houve diferença significativa (p > 0.05) entre os piquetes, irrigado e nãoirrigado com relação à distribuição e longevidade de larvas dos dois gêneros analisados. Ou seja, a irrigação neste estudo não favoreceu o desenvolvimento e longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos. Contrariamente, autores como HORAK & LOUW (1977), GRUNER et al. (1989), HOLOSOVÁ et al. (1989) afirmaram que sistemas irrigados beneficiavam a ecologia das larvas na vegetação. Esta aparente contradição pode estar relacionada ao tipo de vegetação em questão. A vegetação utilizada neste estudo, Paspalum notatum, grama batatais é um tipo de gramínea rasteira e de pequeno porte, aproximadamente 20cm de altura. Talvez por mais desenvolvida que esta gramínea pudesse estar, não proporcionaria condições adequadas para o desenvolvimento e sobrevivência das larvas. As vegetações utilizadas nos estudos dos autores acima citados, Dicanthuim caricosum e Lolium multiflorum eram de porte maior, aproximadamente 120 e 127cm de altura, respectivamente, que em sistema de irrigação provavelmente favoreceram a expansão da cobertura vegetal, criando um microclima favorável ao desenvolvimento das larvas. ROSE (1960), REES (1950), ANDERSEN et al. (1970), CALLINAN (1978); ROSE & SMALL (1985), KRECEK et al. (1991) observaram que a maioria das larvas migraram para a vegetação e uma pequena parte para o solo. Estes resultados são equivalentes aos achados neste estudo, pois o número de larvas recuperadas na vegetação foi significativamente maior (p < 0.05) que o número de larvas recuperadas do solo (Figura 17A). Também houve diferença significativa entre pasto e solo quanto ao período de sobrevivência (Figura 17B). Constatou-se que as larvas sobreviveram por mais tempo na vegetação que no solo. Estes resultados podem estar intimamente relacionados ao tipo de solo da região, que é do tipo franco argiloso, o qual possui em sua composição cerca de 70% de argila e 30% de areia (RAMOS et al. 1973). Isto provavelmente dificultou a migração e sobrevivência das L3 no solo, uma vez que este pode produzir uma liga bastante forte com baixa aeração. Autores como KAUZAL (1941), CALLINAN & WESTCOTT (1986), LYAKU et al. (1988) consideraram que o solo poderia atuar como um reservatório de larvas infectantes, buscando neste, um refúgio as condições adversas, pois seus resultados apontaram para essa hipótese, no entanto, os tipos de solos trabalhados por esses autores eram do tipo arenoso e humífero. 5.3.2. Distribuição e longevidade de larvas infectantes apresentados em quatro estações: A distribuição de L3 assim como a longevidade na vegetação e solo, para os três gêneros, estão sucintamente apresentados nas Figura 18 A, B e Figura 19 A, B, respectivamente. Os dados climáticos divididos em quatro estações estão apresentados na figura 20. 52 250 150 10000 100 5000 50 0 0 M A J J A S O N Pas to a 500 Solo b 400 300 120000 200 60000 100 0 M A M J J A S O N Solo 4000 40 2000 20 0 A F M A M J J mes es A S O N D J J A S O N D 5 Pas to a 10 Solo b 4 8 3 6 2 4 1 2 0 F M A M J J A S O N D 8 2,5 Oesop hag ostom m s p. 0 J M H a em on chu s s p . J 60 A 12 80 Pas to 6000 M 0 D Oeso ph ag osto m m s p. 8000 L3/ Kg de ms F F 14 0 J 0 J 600 H a em o nch us s p . 180000 1 D s emanas - L3/ Kg de ms 240000 M 2 2 0 s emanas - pas to F 3 4 6 pas to J 4 Solo b 6 Pas to 1,5 Solo 4 1 2 0,5 0 B 2 s emanas - 200 L3/ kg de s olo L3/ Kg de ms 15000 5 Pas to a 8 s emanas - s olo Solo b 20000 6 Trich ostron gylu s s p . s emanas - s olo 10 s olo 12 300 s emanas - pas to 350 Pas to a L3/ kg de s olo Tric hos trongylus s p. L3/ kg de s olo 25000 0 J F M A M J J mes es A S O N D Figura 17.A. Distribuição de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto e solo, expressos em número de L3/Kg de matéria seca e em Kg de solo. B. Longevidade de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto e solo, expressos em semanas. (Letras, minúsculas, distintas diferem ao nível de 5% de probabilidade.). 53 1,5 a 10000 5000 a 1 out inv a 100000 0,3 a 0,2 0,1 H aem nc hus s p. - pas to 200 150 L3/kg 60000 40000 20000 0 v er pri 80000 L3/ Kg ms 0,4 0 v er out inv b b pri H aem nc hus s p. - s olo a a a 1,5 100 1 a 0,5 b 0 v er out 4000 inv pri 30 L3/ Kg 1000 out inv pri O es ophagos tom um s p. - s olo 25 3000 2000 0 v er O es ophagos tom um s p. - pas to 2,5 2 50 0 L3/ Kg ms 0,5 0,5 b 0 20 15 10 5 0 A a a a L3/ kg L3/ Kg ms 15000 0,6 T ric hos trongylus s p. - s olo a Log -L3/ Kg 2 T ric hos trongylus s p. - pas to Log - L3/kg 20000 0 v er out es taç ões inv pri B v er out es taç ões inv pri Figura 18.A. Distribuição, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3. B. Distribuição, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3 (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.). 54 1 inv pri 0,2 Haemnc hus s p. - pas to 6 b b 2 b 0 v er out inv 3 ,5 3 2 ,5 2 1 ,5 1 0 ,5 0 pri 4 2 0 inv pri Haemnc hus s p. - s olo 0,8 a a a 0,6 0,4 0,2 0 ou t inv pri O es ophagos tomum s p. - s olo 4 s emanas 6 out a ve r O es ophagos tomum s p. - pas to 8 0 v er s emanas out 8 s emanas 0,4 1,5 0,5 a 10 s emanas 0,6 a a 2 0 v er 0,8 Log 10 - s emanas c s emanas s emanas b, c 0 A a 2,5 b 4 4 T ric hos trongylus s p. - s olo 3 6 2 a 3,5 a 8 Log10 - s emanas T ric hos trongylus s p. - pas to 10 3 2 1 0 v er out es taç ões inv pri B v er out es taç ões inv pri Figura 19.A. Longevidade, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas. B. Longevidade, nas quatro estações, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.). 55 MTMáx. MTMín. MTMédi 250 30 200 25 20 150 15 100 10 50 5 0 pluviosidade em mm temperatura 0C celcius 35 PP 0 ver out inv pri Figura 20. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, em quatro estações, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ, no período de outubro de 2001 a setembro de 2003. 56 Os gêneros Trichostrongylus e Haemonchus ocorreram na vegetação e no solo, nas quatro estações. Esses dados concordam com os achados de PIMENTEL NETO & FONSECA (no prelo), na vegetação. O gênero Oesophagostomum ocorreu nas estações do outono e inverno, na vegetação e nas quatro estações, no solo. A distribuição de larvas de Trichostrongylus foi significativamente diferente entre as estações do verão e as demais, sendo esta a época em que menos se recuperou larva da vegetação. Foi no inverno quando registrou-se o maior número de larvas, 15.498. Estes resultados concordam com os dados do capítulo anterior do presente estudo. Similarmente, TRIPATHI (1970b) verificou que o período quente foi desfavorável à sobrevivência das larvas. No solo, não foi registrada diferença significativa entre as estações quanto à distribuição longevidade de L3 de Trichostrongylus. Embora tenha sido registrado o maior número de larvas e o maior período de sobrevivência para as estações da primavera e outono, respectivamente. LEVINE & TODD (1975) observaram que poucas larvas de Haemonchus sobreviveram no inverno, e ao contrário larvas de Trichostrongylus sobreviveram bem nesta estação. O mesmo foi verificado neste estudo. A distribuição e longevidade de Haemonchus foi significativamente superior na estação do outono. Este registro concorda com os dados do capítulo anterior. DINABURG (1944) observou que os meses do verão e inverno foram desfavoráveis ao desenvolvimento e sobrevivência das larvas de Haemonchus. Assim como no presente estudo. No solo, embora não tenha ocorrido diferença estatística entre as estações, a primavera e o outono foram as que se destacaram quanto à distribuição e o período de sobrevivência de larvas de Haemonchus. Embora não se tenha empregado teste estatístico para Oesophagostomum, verificou-se que o outono e a primavera foram estações eleitas para o desenvolvimento de L3 na vegetação e solo, respectivamente. O melhor período de sobrevivência foi a estação do outono na vegetação; e no solo, não houve diferença entre as estações. 5.3.3. Distribuição e longevidade de larvas infectantes apresentados nos períodos chuvoso e seco: Os dados de distribuição e longevidade dos três gêneros de larvas recuperadas neste estudo ao nível de vegetação e solo, estão respectivamente apresentados nas figuras 21A, B e 22A, B. Assim como os dados climáticos na figura 23. O três gêneros ocorreram na vegetação e no solo, nos dois períodos estudados. A recuperação e sobrevivência de larvas de Trichostrongylus na vegetação foi significativamente superior no período seco, concordando com os dados do capítulo anterior. No entanto, AUMONT & GRUNER (1989), BANKS et al. (1990) registraram o baixo desenvolvimento de Trichostrongylus no período seco. Para o solo, o período chuvoso e seco, foram, respectivamente, as épocas em que se recuperou maior número de larvas e que as mesmas sobreviveram, embora não tenha sido verificada diferença significativa entre os períodos. A distribuição e longevidade de larvas de Oesophagostomum foram semelhantes à de Trichostrongylus. Não houve diferença estatística entre os dois períodos para a distribuição e longevidade de larvas de Haemonchus tanto na vegetação quanto no solo. TRIPATHI (1970a), FABIYI (1973), CAVALCANTI (1974), GRISE (1975), CONNOR et al. (1990), McCULLOCK & KASIMBALA (1968) registraram que H. contortus apresentou seu pico no período chuvoso. Embora os resultados na vegetação mostrem uma tendência a este fato, os mesmos discordam, pois estatisticamente não houve diferença entre os dois períodos. 57 T r i c h o s tr o n g yl u s s p . - s o lo 50 a 40 10000 a 5000 1 ,5 1 30 20 0 ,5 10 0 H a e m o n c h u s s p . - p a s to L3/kg ms 4 ,3 20000 a 15000 4 ,2 4 ,1 10000 4 5000 120 4 ,5 4 ,4 25000 c huv os o 1 ,5 1 40 0 ,5 20 0 0 c huv os o 14 s ec o O e s o p h a g o s to m u m s p . - s o lo 12 L3/ kg ms L3/ kg ms 2 ,5 2 a 60 O e s o p h a g o s to m u m s p . - p a s to 1000 H a e m o n c h u s s p . - s o lo 80 2000 500 10 8 6 4 2 0 0 A a s ec o 1500 s ec o 100 3 ,9 0 2500 c huv os o L3/kg a s ec o Log10 - L3/ kg ms 30000 0 0 c huv os o Log10 - L3/ kg b 2 Log10 -L3/ kg a 60 T r i c h o s tr o n g yl u s s p . - p a s to L3/kg L3/ kg ms 15000 c huv os o s ec o B c huv os o s ec o Figura 21.A. Distribuição nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3. B. Distribuição nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em número de L3/Kg matéria seca e em logaritmo do número de L3 (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.). 58 3 4 a 2 1 a 0,2 0,1 0 5 3 2 1 s ec o H aem onc hus s p. - s olo a 4 s emanas s emanas 0,3 2 c huv os o a c huv os o s ec o 0,7 0,6 0,5 a 3 0,4 0,3 2 0,2 1 0 0,1 0 0 c huv os o s ec o 5 O es ophagos tom um s p. - pas to 4 s emanas 4 s emanas 0,4 3 s ec o H aem onc hus s p. - pas to 4 3 2 1 O es ophagos tom um s p. - s olo 3 2 1 0 A 0,5 a 0 c huv os o 5 0,6 a 1 0 5 T ri c hos trongyl us s p. - s olo Log10 - s emanas 4 5 b Log10 - s emanas T r i c hos trongyl us s p. - pas to 6 5 s emanas s emanas 7 0 c huv os o s ec o B c huv os o s ec o Figura 22.A. Longevidade, nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no pasto, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas. B. Longevidade, nos períodos chuvoso e seco, de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, no solo, expressos em semanas e em logaritmo do número de semanas (Letras, minúsculas, idênticas não diferem ao nível de 5% de probabilidade.). 59 MTMáx. MTMín. MTMédi 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 temperatura 0C celcius 35 30 25 20 15 10 5 0 chuvoso pluviosidade em mm PP seco Figura 23. Dados climáticos: temperaturas máximas, médias e mínimas, e precipitação pluviométrica, nos períodos chuvoso e seco, obtidos na Estação experimental da Pesagro-Rio, Seropédica, RJ, no período de outubro de 2002 a setembro de 2003. 60 5. 4. CONCLUSÕES De acordo com os resultados apresentados neste capítulo, pôde-se concluir que: 1. O sistema de irrigação não favoreceu a migração de larvas infectantes para a vegetação e solo; 2. As larvas infectantes de nematóides gastrintestinais foram capazes de migrar para o solo, porém a distribuição e o período de sobrevivência foram considerados baixos; sendo a vegetação, considerado o local de eleição para a migração das larvas. 3. Com análise nas quatro estações, o gênero Trichostrongylus obteve o maior e menor número de larvas recuperadas no inverno. 4. A estação do outono foi a mais favorável para a sobrevivência de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de caprinos, na vegetação; 5. Não houve diferença significativa entre os períodos chuvoso e seco para distribuição e longevidade de Haemonchus. 61 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AFRC -. AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL. Energy and protein requirements of ruminants. Cambridge: Cab International, 159 p. 1993. AL SAQUR, I.; BAIRDEN, J.; ARMOUR, J & GETTINBY, G. 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DA; GUEDES JÚNIOR, D.S.; OLIVEIRA, C.J.F. DE; DE ORNELAS, E.I.; FONSECA, A.H. DA. [Comparison between modified Baermann and Donald techniques used for the recovery of Parasitologia Veterinária gastrointestinal nematodes infective larvae from pasture.] Comparação entre as técnicas de Baermann modificada e Donald utilizadas para recuperar larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de ruminantes da pastagem. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 12, n. 2, p. 88-91, 2003. Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, UFRRJ - IV, DPA, Laboratório de Doenças Parasitárias, Km 7 da BR 465, Seropédica, RJ 23890-000, Brazil. E-mail: [email protected] The larvae density estimate on herbage have been used in epidemiologic studies to define seasonal or monthly changes of pasture contamination with trichostrongyles third-stage larvae, therefore, providing an index of the exposure risk to grazing animals. In this way, a comparative study between Baermann and Donald techniques was performed for the recovery of ruminant gastrointestinal nematodes infective larvae from pasture. To develop the study, six naturally infected fecal samples were placed on the lawn. After 21 and 28 days, grass samples were collected and processed by each proposed technique. The statistical analysis showed that there is no significant difference between the results. Thus, both techniques can be used to recover infective larvae from pasture. KEY WORDS: Larvae recovery, herbage, cattle, Haemonchus, Oesophagostomum. RESUMO A estimativa do número de larvas infectantes de nematóides na vegetação tem sido utilizada em estudos epidemiológicos para determinar as variações sazonais ou mensais de contaminação da pastagem, e com isso estabelecer o risco de infecção dos hospedeiros. O presente estudo, foi realizado para avaliar recuperação de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de bezerros da pastagem. Para o desenvolvimento do estudo, seis amostras de fezes naturalmente 1 Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, UFRRJ - IV, DPA, Laboratório de Doenças Parasitárias, Km 7 da BR 465, Seropédica, RJ 23890000. E-mail: [email protected] 2 Curso de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias, UFRRJ. 3 Bolsista de Iniciação Científica, FAPERJ, UFRRJ 4 Bolsista de Iniciação Científica, CNPq – UFRRJ 5 Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos, RJ. 6 Disciplina de Doenças Parasitárias, DESP, UFRRJ. infectadas foram depositadas a campo. Após 21 e 28 dias do depósito, amostras de gramínea foram coletadas e processadas pelas técnicas propostas. A análise estatística, demonstrou que não houve diferença significativa entre os resultados e dessa forma as duas técnicas podem ser utilizadas para recuperar larvas das pastagens. PALAVRAS-CHAVE: recuperação de larvas, vegetação, bovinos, Haemonchus, Oesophagostomum. As nematodioses gastrintestinais de ruminantes ocorrem comumente em diversos níveis de infecção, reduzindo a produtividade dos rebanhos. Estes helmintos têm evolução direta e a fase pré-parasítica ocorre no ambiente. A estimativa do número de larvas infectantes de trichostrongilídeos na pastagem, é parte integrante do estudo da ecologia e da epidemiologia desses nematóides parasitas de ruminantes. Várias técnicas têm sido descritas com a finalidade de avaliar a intensidade de larvas infectantes, L3, na pastagem Rev. Bras. Parasitol. Vet., 12, 2, 88-91 (2003) (Brazil. J. Vet. Parasitol.) Técnicas de Baermann modificada e Donald utilizadas para recuperar larvas de nematóides gastrintestinais de ruminantes (TAYLOR, 1939; DINABURG, 1942; ROHRBACHER JR. 1957; DURIE, 1959; DONALD, 1967; BAWSEN, 1969; TODD JR., 1970; CHIEJINA, 1982). Taylor foi o primeiro pesquisador a utilizar a técnica de Baermann (CORT et al., 1922), para recuperar larvas infectantes das pastagens. Em seguida, Dinaburg (1942), Rohrbacher Jr. (1957), Durie (1959) afirmaram que a mesma era ineficiente para recuperar L3 da vegetação. Donald (1967) descreveu e testou sua técnica verificando excelentes percentuais de recuperação de larvas nas pastagens. Alguns pesquisadores têm utilizado esta técnica como método apropriado para suas pesquisas (VIANA, 1999; MATTOS JUNIOR, 2000; PIMENTEL NETO et al., 2000; ALMEIDA, 2003). O presente estudo foi elaborado com o objetivo de comparar as técnicas de Baermann (CORT et al., 1922) e Donald (DONALD, 1967) quanto à recuperação de larvas infectantes da pastagem. O mesmo foi conduzido no laboratório de Doenças Parasitárias, Convênio Embrapa,UFRRJ. Aproximadamente 1,3kg de fezes foram obtidas diretamente da ampola retal de bezerros naturalmente infectados. As amostras fecais foram homogeneizadas, e destas, foram retiradas alíquotas para determinação do número de ovos por grama de fezes (o.p.g.) de acordo com a técnica modificada de Gordon e Whitlock (1939) e, para a coprocultura (ROBERTS; O’SULLIVAN, 1959). As larvas recuperadas foram identificadas utilizando-se a chave descrita por Keith (1953). Para a contaminação da pastagem com L3, seis amostras de 200g, contendo aproximadamente 3800 o.p.g, foram depositadas a campo à distância de 70cm aproximadamente. O local escolhido para o depósito foi considerado homogêneo, em relação à irradiação solar, à precipitação pluviométrica e, à vegetação, a qual era constituída por grama-batatais, Paspalum notatum. Decorridos 21 e 28 dias, a gramínea circundante de cada amostra de fezes foi coletada em quatro pontos distintos ao redor da mesma, numa área de 10,5 x 5,5cm (SOARES, 1980). Em seguida, cada amostra de gramínea foi homogeneizada, dividida em duas alíquotas de sete gramas e processada de acordo com as técnicas de Baermann 89 e Donald. Para o processamento pela técnica de Baermann, utilizou-se funis de vidro com diâmetro de aproximadamente 15cm, com borracha de látex presa à sua parte posterior e fechada com uma pinça. Dentro do funil um tamis com diâmetro de aproximadamente dez cm e 17/18 malhas/polegadas. As amostras de gramíneas picadas foram envolvidas em gaze colocadas dentro dos tamises, estes conjuntos foram mergulhados nos funis contendo água destilada esterilizada aquecida à 50ºC. Após 24 horas, cinco ml do sedimento foram recuperados em tubos de ensaio. Duas horas depois, o sobrenadante foi desprezado e o sedimento montado em lâmina com lugol a 5%, e o número de L3 foi quantificado e identificado segundo Keith (1953). Para o processamento da técnica de Donald, as amostras de gramínea foram acondicionadas em potes plásticos, com 2.250ml de solução mamalian ringer’s. Estas amostras foram picadas e homogeneizadas nesta solução com três gotas de teepol , detergente não-iônico. Após seis horas, as amostras foram tamizadas em malhas de 145 micras e deixadas em repouso por pelo menos três horas. Posteriormente, foram realizadas três lavagens, com intervalo mínimo de três horas sendo o sobrenadante sifonado e o líquido restante homogeneizado e passado para cálices menores. Depois dessa etapa as amostras passaram por duas centrifugações: a primeira com um volume inicial de 120ml por cinco minutos a 300g e a segunda com volume de 2030ml por três minutos a 90g. O sedimento resultante dessa última centrifugação foi ressuspendido em 100ml de iodeto de potássio cuja densidade era de 1,63molar, em cálice de separação, por dez minutos. Os cinco ml recuperados do sobrenadante foram destinados a leitura onde acrescentouse uma gota de hipossulfito de sódio e as larvas quantificadas e identificadas segundo Keith (1953). Os valores médios dos números de L3 recuperados em cada técnica, foram comparados utilizando-se o teste de Wilcoxon, a 5% de probabilidade (SIEGEL, 1975). De acordo com os resultados apresentados na Tabela Shell do Brasil. Tabela 1. Número das amostras, número total e média de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de Haemonchus sp. e Oesophagostomum sp, recuperadas pelas técnicas de Baermann e Donald, 21 e 28 dias após o depósito. Técnicas Larvas recuperadas 21 dias Larvas recuperadas 28 dias após o depósito A1* A2 A3 A4 A5 A6 A7 A8 A9 A10 A11 A12 Total Média Baermann Haemonchus Oesophagostomum Total 886 94 980 852 102 954 224 16 240 938 84 1022 695 96 791 863 58 921 363 14 377 1275 98 1373 527 25 552 1183 88 1271 490 41 531 215 32 247 8511 709 748 62 9259 772a Donald Haemonchus Oesophagostomum Total 416 59 475 1217 90 1307 99 27 126 586 65 651 710 59 769 512 48 560 647 41 688 607 39 646 504 39 543 1106 940 228 72 1334 1012 318 32 350 7662 639 799 67 8461 705a Letras idênticas na mesma coluna indicam que não houve diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade. * = Amostra recuperada Rev. Bras. Parasitol. Vet., 12, 2, 88-91 (2003) (Brazil. J. Vet. Parasitol.) 90 Castro et al. 00 00 00 00 Baermann 200000 00 00 00 00 00 00 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 0 0 0 0 00 0 0 0 0 0 0 000 000 000 000 00 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 00 00 00 00 00 00000000000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 00 00 00 000 000 000 000 00 00 00 000 000 000 000 000 00 00 0 0 0 0 0 00 00 00 00 00 00 000 000 000 000 000 00 00 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 000 000 000 000 00 000 000 000 000 00 00 0 0 0 0 00 0 0 0 0 00 00 000 000 000 000 00 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 00 00 00 0 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 00 00 00 00 00 000 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 0 00 00 0 0 0 0 000 000 000 000 000 00 00 000 000 000 000 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 A1 A2 A3 A4 número de larvas por kg/pasto 180000 160000 140000 120000 100000 80000 60000 40000 20000 0 00000000000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 0 00 00 00 0 00 0 000 000 000 000 000 00 00 000 000 000 00 00 00 00 00 00 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 00 00 00 00 00 000 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 0 00 00 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 0 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 Donald 00 00 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 00 00 00 000 000 000 000 00 00 00 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 000 000 000 000 000 00 00 0 00 00 00 00 00 00 0000000 0 00 0 0 0 0 00 00 00 0 0 0 0 0 0 000000 0000000000 000 000 000 000 000 00 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 0 00 0 00 000 000 000 000 00 00 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 0 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 A5 A6 A7 A8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 0 00 000 000 000 000 00 00 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 000 000 000 000 000 00 00 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 0 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 0 0 00 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 000 000 000 000 000 000 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 00 00 00 00 00 000 00 00 00 00 00 00 0 0 0 0 0 00 00 00000 00 0 0 0 0000000000000000 00 000 000 000 000 00 00 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 000 000 000 000 000 00 00 000 000 000 000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 0 00 00 00 00 00000000000000000 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 00 A9 A10 A11 A12 Amostras de gramíneas Figura 1: Número total de larvas infectantes de nematóides gastrintestinais de bovinos, por kg/pasto, recuperadas pelas técnicas de Baermann e Donald. 1, larvas infectantes do gênero Haemonchus, e Oesophagos-tomum foram recuperadas pelas duas técnicas, sendo os maiores percentuais para Haemonchus, confirmando os resultados obtidos pela coprocultura realizada no início do experimento. Observou-se no presente estudo, que apesar de não haver diferença significativa entre as duas técnicas; a de Baermann recuperou maior número de larvas em sete amostras das doze testadas em relação ao Donald (Fig. 1). Todd et al. (1970) relataram terem encontrado dificuldade na leitura e identificação das larvas, em decorrência de grande quantidade de sujidade residual. Fato semelhante foi observado no presente trabalho. Embora a técnica de Baermann tenha apresentado maior facilidade no seu processamento, assim como, baixo custo em ralação à técnica de Donald; esta última pareceu ser mais indicada, pois no momento da leitura ela foi significativamente superior. Os resultados encontrados neste estudo discordam das afirmativas de Dinaburg (1942), Rohbacher Jr. (1957), Durie (1959), os quais atestaram a ineficiência da técnica de Baermann. Todd et al. (1970) concluíram em seu estudo que a técnica de Baermann é uma ferramenta útil para determinar o número de L3 no pasto, desde que utilizada com rigor metodológico. Chiejina (1982) registrou relativa eficiência do Baermann para recuperação de L3 da pastagem. Este fato foi observado no presente estudo. Outras técnicas para recuperação e diferenciação de L3 da pastagem foram descritas (PARFITT, 1955; HEALTH; MAJOR, 1968). Todas exigem muito tempo de processamento e necessitam de equipamentos específicos, difíceis de serem reproduzidos e não possuem uma alta eficiência para recuperação de L3 da pastagem. De acordo com Martin et al. (1990) entre todas as técnicas já descritas, a de Donald foi a mais eficiente por recuperar maior número larvas nas pastagens, especialmente em pequena amostragem de pastagem. Compreende-se que estudos nesta área devem continuar, visando identificar um protocolo, onde este deve ser econômico, rápido, fácil de se reproduzir e principalmente eficiente. 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