As verminoses de cães e gatos e o risco para a saúde dos

As verminoses de cães e gatos e o risco para a saúde dos seres humanos
Leonardo Brandão
Gerente Técnico Operação Animais de Companhia
Merial Saúde Animal
Existem vários vermes que parasitam cães e gatos em nossas residências e que, além de representarem dano à saúde
dos animais, podem significar um risco às pessoas que convivem com eles.
Um dos papéis mais importantes do Médico Veterinário é o de agir como um profissional da área da saúde pública,
prevenindo a transmissão das zoonoses dos animais de estimação para os seres humanos. Na maioria das vezes, a
desinformação é a principal causa do acometimento dos animais e dos seres humanos por doenças que, de modo geral,
são de fácil controle desde que medidas de sanidade e prevenção sejam adotadas. Com relação às verminoses não é
diferente.
Dentre as verminoses intestinais mais comuns dos animais domésticos estão as causadas por vermes redondos
(Toxocara sp.) e as ancilostomíases (Ancylostoma sp).
A larva migrans visceral é uma zoonose que acomete pessoas que tenham contato (ingestão) com terra, areia ou
alimentos contaminados com ovos de espécies de Toxocara sp. de cães e gatos (Toxocara canis e Toxocara cati,
respectivamente). Os ovos destes parasitos são eliminados pelas fezes de cães e gatos que não receberam vermífugos
adequadamente. Cãezinhos já nascem parasitados pois adquirem a infestação de suas mães por meio da transmissão de
larvas através da placenta ou do leite. Deste modo, ao redor da 4ª semana de vida os cãezinhos são capazes de eliminar
ovos de Toxocara canis no meio-ambiente.
A maioria dos casos de pessoas infestadas por larvas de Toxocara sp. são assintomáticos e benignos, porém, existem
casos nas quais as larvas acabam causando problemas sistêmicos graves, principalmente lesões oculares que podem
causar cegueira. De acordo com o Centro para Controle e Prevenção de Doenças nos EUA (CDC), estima-se que
anualmente ocorram cerca de 750 casos de pessoas acometidas pela larva migrans visceral, e centenas delas cheguem a
desenvolver quadros de cegueira unilateral.
A doença conhecida como larva migrans cutânea (ou bicho geográfico) é outra zoonose transmitida pelos animas (cães e
gatos) infestados pelos vermes intestinais Ancylostoma brasiliense e Ancylostoma caninum. Os ovos larvados destes
parasitos são eliminados pelas fezes de cães e gatos infestados e, quando em contato as pessoas, acabam penetrando a
camada superficial da pele.
As larvas destes parasitos cavam "buracos" ou "galerias" na pele das pessoas, desencadeando intensa coceira,
vermelhidão e ardor cutâneo. Na maioria das vezes os quadros são brandos e se resolvem espontaneamente. Porém, em
casos graves pode haver a penetração das larvas em camadas mais profundas da pele. Existem casos de pessoas em que
estas larvas chegaram aos pulmões ou à musculatura esquelética. Casos de cegueira por migração das larvas de
Ancylostoma sp. aos olhos foram também descritos, como nos casos da larva migrans visceral por Toxocara sp.
Deste modo deve-se ressaltar que prevenir as verminoses intestinais de cães e gatos é importante não apenas para
garantir a boa saúde dos animais, como também, para impedir o acometimento de pessoas por doenças causadas por
estes parasitos.
A vermifugação das mães e dos filhotes é o melhor meio para prevenção e controle das verminoses intestinais. Para os
filhotes de cães se recomenda iniciar a vermifugação com 2 semanas de idade, repetindo novamente com 4, 6 e 8
semanas de vida. Para os gatinhos, como não há transmissão das larvas via placenta, eles iniciam a eliminação mais
tardia dos ovos dos vermes pelas fezes, podendo se iniciar a vermifugação com 6 semanas, repetindo-a com 8 e 10
semanas de idade.
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REFERÊNCIAS
STEHR-GREEN J.K.; SCHANTZ, P.M.; The impact of zoonotic diseases transmitted by pets on human health and the economy. Vet Clin
North Am Small Anim Pract 1987;17:1-15.
GLICKMAN, L.T.; SCHANTZ, P.M. Epidemiology and pathogenesis of zoonótico toxocariasis. Epidemiol Rev 1981; 3:230-250.
SCHANTZ, P.M. Toxocara larva migrans now. Am J Trop Med Hyg 1984; 41 (suppl):21-34.
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