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a 1 SÉRIE ENSINO MÉDIO Caderno do Professor Volume 1 LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA Linguagens GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO MATERIAL DE APOIO AO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO CADERNO DO PROFESSOR LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA ENSINO MÉDIO – 1a SÉRIE VOLUME 1 Nova edição 2014 - 2017 São Paulo Governo do Estado de São Paulo Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Guilherme Afif Domingos Secretário da Educação Herman Voorwald Secretário-Adjunto João Cardoso Palma Filho Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Subsecretária de Articulação Regional Rosania Morales Morroni Coordenadora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP Silvia Andrade da Cunha Galletta Coordenadora de Gestão da Educação Básica Maria Elizabete da Costa Coordenadora de Gestão de Recursos Humanos Cleide Bauab Eid Bochixio Coordenadora de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional Ione Cristina Ribeiro de Assunção Coordenadora de Infraestrutura e Serviços Escolares Ana Leonor Sala Alonso Coordenadora de Orçamento e Finanças Claudia Chiaroni Afuso Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE Barjas Negri Senhoras e senhores docentes, A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colaboradores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abordagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação — Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb. Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orientações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias, dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avaliação constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico. Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história. Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo. Bom trabalho! Herman Voorwald Secretário da Educação do Estado de São Paulo SUMÁRIO Orientação sobre os conteúdos do volume Situações de Aprendizagem 5 8 Situação de Aprendizagem 1 – Comunicação: palavras no mural 8 Situação de Aprendizagem 2 – Lusofonia – sim, nós falamos português! Situação de Aprendizagem 3 – Você está na mídia? 25 Situação de Aprendizagem 4 – A história da língua portuguesa Situação de Aprendizagem 5 – A palavra me faz eu... Proposta de situações de recuperação 32 40 Situação de Aprendizagem 6 – Quem souber que conte outra! Proposta de questões para aplicação em avaliação 18 47 57 58 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 60 Situação de Aprendizagem 7 – Exposição de fotojornalismo “O sabor da língua portuguesa” 61 Situação de Aprendizagem 8 – Divulgando a exposição! 76 Situação de Aprendizagem 9 – Quando as palavras resolvem fazer arte! Situação de Aprendizagem 10 – Um, dois, três... ação! Proposta de questões para aplicação em avaliação Proposta de situações de recuperação 86 103 121 124 Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema 125 Quadro de conteúdos do Ensino Médio 127 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 ORIENTAÇÃO SOBRE OS CONTEÚDOS DO VOLUME A palavra constitui o ser humano e, ao mesmo tempo, remete-o ao universo da cultura e do outro: a exterioridade. A organização dos fenômenos a que chamamos de “mundo” é, na verdade, obra de muitas gerações humanas. Gerações que vieram ao nosso encontro por meio da palavra. Multiplicidade de “outros” que nos interpelam em uma delicada e complexa rede que nos instiga a desenvolver a habilidade de compreender, analisar e interpretar os textos produzidos em sociedade. Somente assim podemos, de forma autônoma e criativa, continuar tecendo essa rede viva de linguagem através da existência humana. O objetivo deste volume é familiarizar o aluno com o universo de estudo da linguagem nesta nova etapa de seu aprendizado. Consideramos que a língua materna é elemento fundamental na formação psicossocial do indivíduo como um ser que se comunica e, desse modo, se desenvolve como indivíduo e como cidadão. Ler e escrever não são tarefas simples, mas tampouco dependem de um talento especial. O trabalho do professor visará a desenvolver no aluno um olhar sobre a realidade e o cotidiano social a partir da perspectiva da linguagem, nas suas diferentes manifestações geográficas e históricas, na compreensão da alteridade linguística e literária. Mas como trabalhar com este Caderno de modo que se desenvolvam as competências e habilidades que pretendemos? Sua aula começa muito antes de entrar na classe. É importante ter lido e compreendido a Situação de Aprendizagem que se desenvolverá. Inicialmente, delimite o que será considerado em cada uma. Depois, identifique quais as habilidades que devem ser desenvolvidas. A seguir, delimite o que efetivamente deseja que seus alunos aprendam após as atividades propostas. Essa questão não pode ser respondida em termos vagos como “que escrevam melhor” ou “que conheçam melhor a língua portuguesa”. Para isso, recorra ao quadro que inicia cada Situação de Aprendizagem. Procure compreender como os conteúdos selecionados podem contribuir para desenvolver, de fato, as habilidades propostas. Agora, estabeleça os papéis do educador e dos alunos. Pergunte-se: O que cabe a cada um de nós? De modo geral, ao professor cabe planejar, preparar, orientar, supervisionar, avaliar, em perspectiva formativa, e colaborar na interpretação dos textos e de outros conhecimentos desenvolvidos em aula. No entanto, o aluno é que deve construir o próprio conhecimento. Ele deve sentir-se também responsável pelo seu aprendizado. E ele só fará isso se houver um plano de aula que possibilite prever as atividades que ocorrerão em sala de aula e as suas responsabilidades específicas em cada uma delas. Nesse processo, desejamos continuar desenvolvendo as competências básicas que alicerçam o Currículo da disciplina de Língua Portuguesa. Competências f Dominar a norma-padrão da língua portuguesa e fazer uso adequado da linguagem verbal de acordo com os diferentes campos de atividade; f construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos linguísticos, da produção da tecnologia e das manifestações artísticas e literárias; 5 f selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas, para tomar decisões e enfrentar situações-problema; f relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em situações concretas para construir argumentação consistente; f recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para a elaboração de propostas de intervenção solidária na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural; f relacionar textos para encontrar entre eles a intertextualidade temática; f construir e valorizar expectativas producentes de leitura; f adaptar textos em diferentes linguagens, levando em conta aspectos linguísticos, históricos e sociais; f inferir tese, tema ou assunto principal em um texto a partir da síntese das ideias centrais; f relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário com os contextos de produção e circulação social da arte, para atribuir significados de leituras críticas em diferentes situações; f identificar o valor estilístico do verbo (Pretérito e Presente do Indicativo) em textos literários, bem como o conceito de adequação social e seu valor operativo no processo de leitura e escrita. Para esse fim, particularmente, neste volume, privilegiamos algumas habilidades que devem ganhar relevo em todas as Situações de Aprendizagem propostas. Habilidades gerais f Concatenar ideias-chave na elaboração de uma síntese; f interpretar textos expositivos e informativos, respeitando as características próprias do gênero; 6 f valorizar a identidade histórico-social possibilitada pela língua portuguesa; f relacionar o uso da norma-padrão às diferentes esferas de atividade social; f reconhecer características básicas dos textos literários; f elaborar discursos que expressam valores pessoais e sociais; f usar expressivamente o verbo; f desenvolver projetos em que a linguagem é o tema central; f compreender a literatura como instituição social; f compreender o conceito de intertextualidade temática; f organizar informações em um texto. Tais competências e habilidades contemplam tanto os conteúdos gerais a serem trabalhados a longo prazo, como os tratados especificamente neste volume. Além disso, alguns conteúdos próprios das Situações de Aprendizagem ampliam e aprofundam os conteúdos trabalhados no Ensino Fundamental. Conteúdos gerais f f f f f f f f f f f f f f f f Estratégias de pré-leitura; estruturação da atividade escrita; estratégias de pós-leitura; elaboração de projeto de texto; construção linguística da superfície textual; análise estilística; construção da textualidade; identificação das palavras e ideias-chave em um texto; intencionalidade comunicativa; comunicação – linguagem e interação; texto expositivo; texto informativo; a língua e a constituição psicossocial do indivíduo; lusofonia; a literatura na sociedade atual; mídia. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Metodologia e estratégias É importante ressaltar que os conteúdos não devem ser desenvolvidos sob uma perspectiva linear, mas articulados em rede. Nessa metodologia, partimos sempre do que está mais próximo do educando. Por esse motivo, desejamos aproveitar o conhecimento intuitivo de nossos alunos para iniciar as atividades. Traga esse conhecimento para a sala de aula por meio de conversas e discussões. Deixe o seu aluno falar. Ouça-o. Esforce-se para que o centro da aula seja o aprender, não o ensinar. Quando a aula valoriza o “ensinar”, o importante é “dar uma boa aula” ou “passar bem o conteúdo”. O professor é o dono do conhecimento e ele o “passa” de um modo agradável a seus alunos. Quando o centro do processo é “aprender”, aproximamo-nos de nossos estudantes com estratégias de aula que efetivamente alcancem esse propósito. Nossa aula não visa mais a “passar” conteúdos de modo agradável, mas à construção de conceitos e ao desenvolvimento de habilidades. Isso não garante que todos vão aprender o que desejamos ou que eles vão gostar sempre de nossas aulas, mas torna o espaço educativo partilhado, permitindo que o aluno assuma o seu papel como alguém que também é responsável pelo processo de aprendizado. Avaliação As habilidades e competências desenvolvidas ao longo do ano devem ser pautadas em quatro olhares: 1. processo: olhamos de modo comprometido e profissional o desenvolvimento das atividades de nossos alunos em sala de aula, atentos às suas dificuldades e melhoras; 2. produção continuada: olhamos a produção escrita e outras atividades de produção de textos e exercícios solicitados; 3. pontual: olhamos atentamente a prova individual; 4. autoavaliação: surge da elaboração de propostas que procuram desenvolver a habilidade do aluno de compreender seu processo de aprendizagem. Essas diferentes avaliações permitem que retomemos nossas reflexões iniciais, aquelas que tomamos antes de iniciar nossa entrada em sala de aula. Podemos analisar os pontos que não foram satisfatoriamente atingidos e que devem ser considerados para o próximo planejamento de aulas. Desse modo, completamos um ciclo iniciado no planejamento de nossas aulas quando compreendemos as habilidades que nos propusemos a desenvolver, determinamos os conhecimentos que deveriam ficar claros e desenvolvemos estratégias que permitiram dividir a responsabilidade pelo processo de ensino-aprendizagem entre professor e alunos. Promovemos atividades dinâmicas – o que não significa que sejam sempre “engraçadas” ou “que os alunos gostem” – que desenvolvam habilidades e enredem os alunos na construção dos conhecimentos. Aprofundando conhecimentos Todos esses seres são constituídos, nós somos constituídos, nosso encontro com eles é constituído, e assim o vir-a-ser do mundo, que se dá por meio de nós, é constituído. Esse ser-constituído do universo, inclusive nós mesmos e nossas obras, é o fato básico do ser que nos é acessível como seres existentes. BUBER, Martin. Eclipse de Deus: considerações sobre a relação entre religião e filosofia. Tradução Carlos Almeida Pereira. Campinas: Verus, 2007. p. 65. 7 SITUAÇÕES DE APRENDIZAGEM SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 COMUNICAÇÃO: PALAVRAS NO MURAL Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo fazer que o aluno reconheça a língua portuguesa como um espaço onde o indivíduo se constitui pela comunicação, integrando-se na escola e construindo sua identidade. Esse conhecimento é fundamental para desenvolver as habilidades de compreender, analisar e interpretar o sistema simbólico da linguagem verbal. Conteúdos e temas: o mural escolar; verbetes de dicionário ou de enciclopédia; notícia informativa; tomada de notas. Competências e habilidades: relacionar linguagem verbal literária com linguagem não verbal; reconhecer diferentes elementos internos e externos que estruturam os textos expositivos, apropriando-se deles no processo de construção do sentido; reconhecer diferentes elementos internos e externos que estruturam a notícia informativa (texto informativo), apropriando-se deles no processo de construção do sentido; identificar, pela comparação, as principais diferenças e semelhanças entre os textos informativos e os expositivos. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; uso de recursos audiovisuais; valorização do cotidiano escolar e de um aprendizado ativo centrado na reflexão e no fazer. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos diversos; mural da escola; comunicados escolares; música. Sugestão de avaliação: discussão em classe; análise do caderno; texto poético; notícia informativa e texto expositivo produzido pelos alunos. Sondagem Professor, o objetivo deste exercício é conhecer o que seus alunos já sabem sobre o tema “comunicação”. Este é um momento de escuta: o instante em que o professor escuta seus educandos e estes escutam uns aos ou- tros. É também um momento de diagnóstico das habilidades que se pretendem desenvolver: O que eles já desenvolveram em anos anteriores? Que necessidades são mais urgentes? Essas premissas devem orientá-lo na condução das atividades a seguir. Discussão oral 1. Discuta em classe com seu professor e seus colegas: f Qual a importância das palavras em sua vida? 8 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 f Como nos comunicamos? Apenas por palavras? f Que perigos e que benefícios as palavras trazem no dia a dia das pessoas? 2. Depois da discussão, responda em seu caderno: f Qual a importância da palavra na comunicação humana? Observe as respostas com base nas premissas dadas, propondo novas questões ou aprofundando a reflexão dos estudantes, sempre orientando a discussão para o tema central, que é a comunicação verbal. Na sequência, propomos que parta de um texto que tenha na “palavra” o seu foco central. Consideramos aqui a palavra como a base da comunicação. Pensamos em um poema que permite uma discussão que en- caminhe para as informações que deseja obter. 1. Sugerimos a leitura de Assim como, de Alberto Caeiro. Assim como Assim como falham as palavras quando querem exprimir qualquer pensamento, Assim falham os pensamentos quando querem exprimir qualquer realidade, Mas, como a realidade pensada não é a dita mas a pensada. Assim a mesma dita realidade existe, não o ser pensada. Assim tudo o que existe, simplesmente existe. O resto é uma espécie de sono que temos, infância da doença. Uma velhice que nos acompanha desde a infância da doença. CAEIRO, Alberto. Poemas inconjuntos. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~magno/inconjuntos.htm>. Acesso em: 18 set. 2013. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 1 tuem o gênero e aprender a usar esses textos no seu cotidiano escolar. Os conteúdos a seguir desenvolvem-se, sempre, em rede e progressivamente durante as aulas. Leia todo este roteiro antes de iniciá-las: f Notícia informativa Examinar a notícia informativa: aspectos e formas das relações dialógicas do gênero. f O mural escolar Analisar o mural escolar como mídia e como macroestrutura genológica, ou seja, estrutura que aproxima os textos entre si em função dos objetivos culturais a eles associados. Reconhecer seu valor e sua função social na escola. f Tomada de notas Tomar notas e usá-las na exposição oral de conhecimentos. f Verbetes de dicionário ou de enciclopédia Compreender as características que consti- Após a primeira discussão sobre o significado de “comunicação”, mergulhe no poema a seguir, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987); antes faça uma atividade de pré-leitura. 9 Discussão oral f “Certa palavra dorme na sombra de um livro raro.” f O que sugere o título A palavra mágica? f Quando uma palavra é mágica? Qual a importância do adjetivo raro para a interpretação do poema? Incentive os alunos a refletir sobre as possíveis asso- Reforça a ideia de que se trata de uma palavra que não é fácil ciações entre a expressão “palavra mágica” e os gê- encontrar. neros poéticos, reforçando o caráter sugestivo das palavras nesses gêneros. 2. Identifique outro verso do poema que reforce o sentido do adjetivo raro no primeiro verso. Há mais de uma possibilidade de resposta. Sugestões: “Vou procurá-la a vida inteira” ou “procuro sempre”. Observe a A palavra mágica Certa palavra dorme na sombra de um livro [raro. Como desencantá-la? É a senha da vida a senha do mundo. Vou procurá-la. Vou procurá-la a vida inteira no mundo todo. Se tarda o encontro, se não a encontro, não desanimo, procuro sempre. Procuro sempre, e minha procura ficará sendo minha palavra. ANDRADE, Carlos Drummond de. A palavra mágica. In: _____. Discurso de primavera. São Paulo: Companhia das Letras (com futuro lançamento). Carlos Drummond de Andrade © Graña Drummond. <http://www.carlos drummond.com.br>. pertinência de outras escolhas. No dia a dia usamos muitas palavras para expressar sentimentos e emoções. Será que existem palavras para comunicar tudo o que sentimos e pensamos? Observe que o poeta deseja encontrar uma palavra que ele não conhece, mas está em um livro raro. O livro e a palavra, ambos, são extraordinários e pouco comuns. Ele sabe que essa busca pode ser interminável. Discussão oral f Discuta com os colegas: Quais as semelhanças e diferenças encontradas entre os poemas de Drummond e Caeiro? Há vasta possibilidade de explorar semelhanças e diferenças entre os textos. Observe a pertinência das relações estabelecidas. Como síntese do poema de Alberto Caeiro, suge- Assuma, neste primeiro momento, o maior grau possível de responsabilidade pela interpretação do poema, uma vez que é um gênero textual que costuma trazer dificuldades para a maioria dos alunos. rimos: as palavras não conseguem ser a tradução dos pensamentos, uma vez que, na visão do poeta, elas limitam, cercam, restringindo uma experiência que poderia ser muito mais complexa. Por consequência, os pensamentos também são uma representação pálida da vida, muito menor do que a 1. Observe o primeiro verso do poema: 10 experiência efetiva. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Ideia semelhante está expressa no poema de Drummond: a experiência humana não é traduzível pela linguagem verbal. A metalinguagem, no entanto, é serve de suporte físico à transmissão” (Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009). mais explícita no segundo poema. No de Caeiro, fica mais implícita, mas existe: afinal, o poeta usa das palavras para expressar que elas não dão conta da vida. Não deixa de ter em sua base uma reflexão sobre a linguagem. 1. Adapte o poema de Drummond em uma imagem, em papel A4, que pode ser construída com lápis, tintas ou recortes. Lembre-se de que o professor escolherá alguns trabalhos para expor no mural da classe. Os critérios utilizados para a escolha serão: f f f f criatividade; distribuição da figura na folha de papel; fidelidade ao poema; organização e limpeza na elaboração do trabalho. Esta atividade construirá uma intertextualidade temática entre o poema e a imagem elaborada. Essa relação deve ser o foco no processo de desenvolvimento da atividade. ( a ) “conjunto das ações e relações entre os membros de um grupo ou entre grupos de uma comunidade” (Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009). ( d ) faz de um texto mais do que um monte de frases soltas, ou seja, um todo com significado para o leitor. ( b ) “sistema de signos convencionais que pretende representar a realidade e que é usado na comunicação humana” (JAPIASSÚ, H.; MARCONDES, D. Dicionário básico de Filosofia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006). ( e ) “qualquer objeto, forma ou fenômeno que representa algo diferente de si mesmo e que é usado no lugar deste numa série de situações (a balança em lugar de ‘justiça’; a suástica, de ‘nazismo’ etc.)” (Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009). Professor, uma forma de conduzir essa atividade pode ser discutir os termos com os alunos, antes que tenham aces- 2. Relacione as palavras com as definições correspondentes: so às definições. Após essa discussão prévia, você pode auxiliá-los no processo de relacionar as palavras com as definições. a) interação. Atividade em grupo b) linguagem. c) mensagem. d) textualidade. Façam cartazes, em papel A4, das definições da Atividade 2. O professor selecionará alguns para afixá-los no mural da classe. A ideia dessa atividade é construir objetos de consulta permanente a conceitos importantes que serão materializados e) signo. ( c ) “sequência de signos organizados de acordo com um código e veiculados de um emissor para um receptor, por um canal que em atividades no decorrer deste volume. Este é um bom momento para debater, oralmente, com seus alunos, a função dos murais dentro da escola: 11 Discussão oral Discuta as questões a seguir. Durante a discussão, anote no caderno as principais ideias que surgirem. Faça isso em forma de tópicos. f Para que servem os murais na escola? f Onde ficam os murais direcionados aos alunos? f E aqueles direcionados aos professores e aos funcionários da escola? f O mural possibilita uma interação entre a escola e a comunidade, mas ela de fato ocorre? f Que problemas dificultam a efetiva interação entre escola e comunidade possibilitada pelo mural? Espera-se que os alunos cheguem a conclusões sobre organização e finalidades dos murais escolares: que gêneros o mural costuma apresentar e quais suas funções; discussão sobre a eficácia do mural na comu- de textos iguais, com os mesmos formatos. Nele encontramos comunicados, notícias informativas, propagandas, entre outros gêneros textuais diferentes. Na sequência, os alunos deverão produzir uma notícia informativa a respeito da eleição do grêmio estudantil. Peça na diretoria as datas de inscrição, propaganda eleitoral e eleição. A notícia informativa circula por aí afora... No intervalo, Lia diz a Ana Luísa: “Menina, preciso te dar uma notícia”. Ana Luísa mostra-se bem interessada: “Ah, é? O quê? Me conta tudo!”. Lia senta ao lado de Ana Luísa e diz: “Pois é, sábado vai ter uma festinha de aniversário na casa da Paula e ela vai convidar o Edeílson”. Ana Luísa fica atônita: “Puxa! Eu não sabia nada da festinha! Ai, e ainda mais com o Edeílson lá... Eu preciso arrumar um jeito de ser convidada!”. nicação entre os membros da comunidade escolar; é possível, ainda, construir ações propositivas a partir das discussões feitas. 1. Em sua opinião, qual o significado do termo notícia na conversa informal entre Lia e Ana Luísa? Espera-se que os alunos respondam algo como: “Notícia Verifique, depois, os cadernos dos alunos, observando se refletiram a respeito das questões propostas na atividade de discussão sobre o mural. Observe ainda se foram capazes de sintetizar suas posições por escrito. f Alguns elementos podem auxiliá-lo na discussão sobre o mural: não é composto 12 significa transmitir informações sobre algo novo.” Verifique aspectos da resposta que antecipam o próximo exercício. © Roy Botterell/Corbis/Latinstock Quando seu professor pedir a você que escreva em tópicos, isso significa que você deve se concentrar apenas no ponto essencial, naquilo que é fundamental para compreender o assunto. Trata-se, portanto, de selecionar as questões principais do tema ou do discurso desenvolvido. Lia e Ana Luísa conversam animadamente. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 f O que é uma notícia informativa? Trata-se de um texto que tem o objetivo de informar sobre temas gerais, fatos etc. 2. De acordo com sua resposta à questão anterior, o texto a seguir é uma notícia? Por quê? Professor, verifique as orientações anteriores, presentes neste Caderno, para direcionar o seu olhar na correção desta questão. CET recomenda que motorista evite a avenida Paulista hoje A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) recomenda que motoristas evitem parte da avenida Paulista a partir de hoje, primeiro dia útil após a ampliação da interdição da via. A interdição cobre a faixa da direita nos dois sentidos da praça Oswaldo Cruz até a Brigadeiro Luís Antônio. No sentido Consolação, o desvio deve ser pelas ruas Treze de Maio, Cincinato Braga, São Carlos do Pinhal e Antônio Carlos. No sentido Vila Mariana-centro, a opção é seguir pela rua Vergueiro e desviar para a av. Liberdade. Folha de S.Paulo, do “Agora”. Caderno Cotidiano, 22 out. 2007. 3. Identifique, com um X, entre as características a seguir, aquelas que são encontradas na notícia informativa CET recomenda que motorista evite a avenida Paulista hoje: ( X ) a objetividade e clareza das informações. ( X ) o uso da norma-padrão da língua portuguesa. ( X ) a presença de um título no texto. ( x ) a opinião pessoal de quem escreveu o texto. ( x ) predominância dos verbos no Pretérito do Indicativo. Discussão oral f Qual a ideia principal da notícia? f Em que circunstâncias alguém desejaria ler esse texto? Após a leitura da notícia informativa usada para exemplificar o conceito do gênero, pergunte aos alunos a respeito do conteúdo nela veiculado. Peça-lhes que digam a ideia principal contida no texto, ainda de maneira informal, imaginando que um amigo lhes pergunte: “O que é que está escrito aí?”. Peça-lhes que expliquem também em que circunstâncias alguém desejaria ler esse texto. É importante desenvolver um gradativo ajuste entre leitura e seus objetivos, que incluem a habilidade de estabelecer uma finalidade de leitura do texto (ler para informar-se, para estudar, para se distrair etc.). A ideia principal é informar sobre o trânsito de uma grande cidade. Desejaria ler esse texto alguém que tenha a avenida Paulista como parte de seu itinerário. 13 Além das notícias informativas, há outros textos que circulam no mural escolar. Como devem ser esses textos? ( X ) claros e objetivos. ( x ) longos e bem detalhados. ( x ) divertidos e engraçados. ( X ) precisam respeitar a norma-padrão da língua portuguesa. ( X ) precisam transmitir uma imagem apropriada da escola. Neste momento, sugerimos que o professor peça emprestados à direção da escola alguns comunicados e mostre-os aos alunos para análise. A linguagem não verbal: é a que se utiliza de outros signos, como a imagem ou a cor. O código usado não é a palavra escrita. Veja o exemplo a seguir, em que alguém pede silêncio apenas com um gesto. © ACE STOCK LIMITED/Alamy/Glow Images A linguagem do mural Tendo-os por base, discuta com os alunos os aspectos a seguir. Gesto de silêncio. Os textos escritos que são afixados nos murais representam a escola e são direcionados ao público em geral, por isso devem ter a preocupação de serem claros, objetivos e respeitarem a norma-padrão da língua materna. Caso contrário, o leitor criará uma imagem ruim da escola. É chegada a hora de analisar suas especificidades, a quem eles são dirigidos, em que mural estavam afixados (no mural do corredor, das classes, do pátio, da sala dos professores, da secretaria etc.). Pode-se agora falar aos alunos dos diversos tipos de linguagem usados pelas pessoas: a música, a escultura, a mímica, a fotografia etc. No caso das histórias em quadrinhos, do cinema e da televisão, usamos a linguagem mista. 1. Inácio faltou à última aula de Língua Portuguesa e perdeu as explicações dadas pelo professor. Escreva um pequeno texto (um e-mail ou bilhete), explicando-lhe esses conteúdos. Professor, essa resposta depende da sequência efetiva de seu Os textos no mural fazem uso tanto da linguagem verbal como da não verbal. planejamento. Em princípio, o que se espera é uma síntese das linguagens verbal, não verbal e mista, associadas ao mural. A linguagem verbal: a palavra falada e escrita. Está presente em todos os tipos de textos escritos, reportagens, propagandas, discursos, textos literários, científicos etc. 14 2. Traga para a próxima aula textos que exemplifiquem cada uma das linguagens: verbal, não verbal e mista. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Tendo por base os aspectos apontados sobre as três linguagens e outros que considerar relevantes, observe e comente a pertinência das escolhas dos estudantes. É importante que os alunos não apenas conheçam as características de cada uma das linguagens, mas que se familiarizem com seu uso social e as esferas de atividades onde elas circulam. Por isso, é importante o convívio com as linguagens em suas diversas manifestações reais. 3. Consulte o livro didático adotado e procure os conteúdos estudados até o momento: linguagem (verbal, não verbal e mista), signo, mensagem, comunicação, textualidade e texto informativo (notícia). Resolva os exercícios indicados pelo professor. A seleção desses conteúdos é uma forma de avaliar se os colar (texto expositivo). Nesse texto, os alunos devem fazer uso dos conceitos estudados em sala de aula. Diga a eles que poderão, posteriormente, consultar o texto para atividades de avaliação futuras, tais como uma prova. Isso garantirá que eles se esforcem em fazer uso dos conceitos aprendidos. Estipule também um número máximo de linhas, que pode ser 30 (trinta). f O que é um texto expositivo? Expor significa, basicamente, explicar algo para o conhecimento dos demais. Assim, podemos definir texto expositivo como o que tem por objetivo aprofundar informações para o leitor, transmitir conhecimentos. alunos compreenderam os grandes temas propostos para estudo até aqui. Se achar mais produtivo, selecione alguns desses temas para explorar com mais profundidade. Discussão oral Utilize os textos que trouxe e discuta com seu professor e colegas. Em que lugares, momentos e veículos de comunicação encontramos predominantemente: f Textos verbais? f Textos não verbais? f Textos mistos? Em alguns gêneros, como romances ou poemas, a Para você, professor! Destaque para seus alunos as diferenças entre os textos informativo e expositivo, no que diz respeito ao aprofundamento do tema: o texto informativo é sempre mais sucinto e superficial que o texto expositivo. Expondo conhecimentos ao mundo Os livros didáticos são excelentes exemplos de coletânea de textos expositivos. Assim mesmo, fornecemos a seguir um exemplo para sua análise. linguagem verbal é predominante. O mesmo acontece com alguns gêneros jornalísticos como o editorial e o artigo de opinião. Notícias, reportagens, Discussão oral gêneros publicitários frequentemente associam texto e imagem. Se os alunos trouxerem textos que são apenas imagens, lembre-os de que na maior parte dos casos elas estão associadas a textos escritos, ainda que complementares. f O que sugere o título do texto? f Pensando no título do texto, que assuntos você acredita que serão desenvolvidos? Por quê? Conduza a discussão procurando retomar conhecimentos prévios dos alunos sobre o gênero “conto de Agora peça que seus alunos elaborem, em duplas, um texto no qual exponham o que aprenderam sobre a função social do mural es- fadas”. Observe que trata-se de uma atividade focada nos conhecimentos prévios, portanto, esse não é o momento para definições formais do gênero. 15 Era uma vez... Sabia que ler contos de fadas estimula a imaginação e ainda pode nos afastar da violência? © Jessica Graham/Imagezoo/Getty Images 1. Observe a imagem e faça a leitura silenciosa do texto a seguir. Bela Adormecida, Branca de Neve, A Bela e a Fera... Esses e outros contos de fadas são nossos velhos conhecidos. Mas você sabia que ler histórias como essas, além de fazer a gente sonhar, pode nos afastar da violência? Pois é. Uma pesquisa divulgada recentemente sugere que quem costuma ler contos infantis dá menos atenção aos jogos eletrônicos – alguns muito violentos –, solta a imaginação com mais facilidade e, como ouve e lê mais histórias, tem respostas na ponta língua sobre vários assuntos. O estudo foi feito pelo psicólogo Carlos Brito, da Universidade Católica de Pernambuco, em parceria com suas alunas Karlise Maranhão Lucena e Bruna Roberta Pires Meira. Juntos, eles analisaram a importância da fantasia, presente nos contos de fadas, na vida de crianças como você. Para isso, fizeram uma verdadeira maratona: percorreram lan houses – casas de jogos eletrônicos – e diversas escolas particulares de Pernambuco, que usam formas diferentes de ensinar. O trio entrevistou 80 meninos e meninas de oito a nove anos, sendo que metade era de colégios que educam de maneira tradicional, onde a criança não tem que dar opiniões e os livros infantis estão sempre ligados às provas. A outra metade entrevistada foram alunos de escolas que optam pela educação construtivista, em que a criança é encorajada a construir seu próprio saber, a desenvolver sua imaginação e a aprender por meio de experiências que vive no dia a dia, como ouvir histórias infantis. Com as entrevistas, Carlos e suas alunas concluíram que as histórias infantis, principalmente no caso das crianças das escolas construtivistas, estimulam a imaginação, a fantasia e ajudam a lidar melhor com a agressividade. Além disso, as crianças que gostam de contos infantis se ligam menos nos jogos eletrônicos e até criticam os games que têm muita violência. Já as matriculadas em escolas tradicionais preferem os videogames – em especial, aqueles que têm luta –, não se interessam muito pelos contos de fadas e até dizem que os livros como esses são feitos para crianças pequenas. Na conversa com os estudantes, os pesquisadores ainda perceberam que os que gostam de contos de fadas se expressam com mais facilidade em relação aos que não têm muito interesse por essas histórias. “O contato com os livros de literatura infantil, especialmente de contos de fadas, permite às crianças falar, ler e se expressar de maneira harmoniosa, além disso, ela é capaz de analisar e desenvolver certos assuntos com mais facilidade”, diz Carlos Brito. Depois dessa pesquisa, quem gosta de um bom conto de fadas vai, com certeza, querer ler muito mais. Já os que dizem que não gostam podem se animar e abrir um bom livro. Afinal, quem não gosta de viajar de graça em tapetes mágicos, carruagens ou até num bom cavalo alazão? Tudo isso é permitido se você soltar a imaginação e experimentar a magia dos contos de fadas. ABREU, Cathia. In: Ciência hoje das crianças, 26 set. 2005. Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br/era-uma-vez/>. Acesso em: 28 maio 2013. 16 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 2. Responda no caderno: f Enquanto realizou a sua leitura, que palavras do texto dificultaram a compreensão? III. Após a realização da pesquisa, aqueles que gosta de um bom conto de fadas vão, certamente, desejarem lerem muito mais. A primeira pergunta propõe ao aluno localizar termos que possam ter dificultado a compreensão do texto. Observe o tipo de dúvida e a melhor forma de saná-la: contexto, dicionário etc. f Que vantagens o texto associa à leitura de contos de fadas? IV. Após a realização da pesquisa, os que gostam de um bom conto de fadas vai, certamente, desejar lerem muito mais. ajuda a lidar melhor com a agressividade, solta a imaginação Explique os motivos de sua escolha. Por que considerou que as outras opções estavam erradas? e facilita a conversa sobre vários assuntos. I. Após a realização da pesquisa, aqueles que gostam de um A leitura de contos de fadas faz sonhar, afasta da violência, bom conto de fadas vão, certamente, desejar ler muito mais. f O texto apresenta uma série de informações que não surgiram por acaso. Qual o motivo apresentado para que o leitor confie nesses fatos? O uso de “os” ou “aqueles” é indiferente. Ambos, no plural, Um estudo foi realizado na Universidade Católica de Per- 1. Em duplas, elaborem, no caderno, um texto no qual exponham o que aprenderam sobre a função social do mural escolar (texto expositivo). nambuco e envolveu três pesquisadores, além de 80 meninos e meninas entrevistados em diferentes escolas. f Qual a relação da expressão “Era uma vez”, que aparece no título, com os contos de fadas? A maioria dos contos de fadas começa com a expressão “Era uma vez...”, o que se torna uma característica do gênero. obrigam os verbos “gostar” e “ir” a concordar em número, ou seja, “ir para o plural”. Nessa exposição, vocês devem fazer uso dos conceitos estudados em sala de aula até agora. Para isso, façam as consultas que julgarem convenientes. Observe a frase a seguir, extraída do texto que examinamos: Construam o texto seguindo estas recomendações: “Depois dessa pesquisa, quem gosta de um bom conto de fadas vai, com certeza, querer ler muito mais.” I. Após a realização da pesquisa, aqueles que gostam de um bom conto de fadas vão, certamente, desejar ler muito mais. f deem um título que se relacione de modo apropriado com o assunto do texto; f sejam claros ao escrever; f definam um objetivo e um tema específicos para o texto que possam, depois, ser compreendidos pelo leitor; f organizem os parágrafos de acordo com a ordem tradicional nesse tipo de texto: introdução, desenvolvimento e conclusão; f usem a norma-padrão da língua portuguesa. II. Após a realização da pesquisa, os que gosta de um bom conto de fadas vai, certamente, desejarem ler muito mais. Professor, as “recomendações” são itens que podem orientar suas intervenções no texto final. Identifique a alternativa que contém a mesma ideia da frase, conforme o sentido dela no texto e o uso da norma-padrão: 17 2. Após a escrita do texto, troquem-no com outra dupla e anotem, a lápis, no texto de seus colegas, sugestões para melhorar a escrita. Quando o texto de vocês lhes for devolvido, vejam as opiniões de seus colegas. Vocês não são obrigados a segui-las, mas verifiquem se, de fato, elas deixariam o texto mais bem redigido. Finalmente, após as mudanças que considerarem oportunas, entreguem-no ao professor. 3. Depois que o professor o corrigir, o texto será devolvido a vocês. Reescrevam-no seguindo as orientações dadas e devolvam-no para a correção final. 1 a 3. Professor, em suas intervenções no texto, leve em conta as cinco recomendações dadas aos estudantes. Observe, ainda, que conceitos foram indicados e se as explicações dadas foram pertinentes. Na escola, você entra em contato com inúmeros textos expositivos, ou seja, textos que têm por objetivo aprofundar informações para o leitor, transmitir conhecimentos. O texto informativo também visa a transmitir informações. Qual a diferença entre os dois? O texto informativo é sempre mais sucinto e superficial que o texto expositivo. São características do texto expositivo: f f f f f f a presença de um tema específico, claramente identificado e delimitado; uma estrutura, ou seja, uma forma própria de organizar a informação; um objetivo estabelecido previamente pelo enunciador, que será depois interpretado pelo leitor; a presença de um título no texto; objetividade e clareza nas informações; o uso da norma-padrão da língua portuguesa. Professor, se achar oportuno, selecione um texto de cada tipo e, com base nos elementos indicados na seção “Aprendendo a aprender”, analise com os estudantes cada um deles. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 LUSOFONIA – SIM, NÓS FALAMOS PORTUGUÊS! Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo fazer que o aluno reconheça a língua portuguesa como realidade social que identifica e aproxima povos e culturas variados, tanto dentro do Brasil como fora dele. Embora não seja um conteúdo muito comum na escola, é fundamental para compreen- 18 der a dimensão da língua portuguesa no tempo e no espaço. Outro objetivo desta Situação de Aprendizagem é construir no aluno o senso de propriedade de sua língua materna, seja ao usá-la no cotidiano, seja ao ler Luís de Camões, Machado de Assis ou Mia Couto. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Conteúdos e temas: conceito de Lusofonia; notícia jornalística informativa; título de notícia jornalística. Competências e habilidades: analisar e produzir textos informativos; elaborar e produzir textos expositivos; identificar ideias-chave; expressar-se oralmente, respeitando a tomada de turno; valorizar a riqueza expressiva e o patrimônio social da língua portuguesa. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; uso de recursos audiovisuais; valorização da realidade local e do aprendizado como uma elaboração processual e contínua. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse; mapas. Sugestão de avaliação: adaptação de texto na variante lusitana para a brasileira; elaboração de títulos de notícia e de resumo de novela ou filme. Sondagem Açores © Portal de Mapas A língua portuguesa no mundo PORTUGAL Madeira PORTUGAL CABO VERDE Macau GUINÉ-BISSAU SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE BRASIL 5 ANGOLA MOÇAMBIQUE TIMOR LESTE Língua Portuguesa Língua materna 2000 km Língua oficial e administrativa BECHARA, Evanildo. Moderna gramática portuguesa. 14. ed. rev. ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004, [em 2010, a Guiné Equatorial passou a ter a língua portuguesa como um de seus idiomas oficiais e administrativos (nota do editor)]. 19 Professor, propomos a seguinte discussão: Discussão oral Observando o mapa da lusofonia, comente com seu professor e seus colegas: f Qual a importância da língua portuguesa no Brasil e no mundo? f Em sua opinião, o que é falar a língua portuguesa adequadamente? Conduza a discussão de forma que os alunos compreendam que a língua portuguesa é falada em diferentes países, nos diferentes continentes, e que concluam que não há um único modo adequado de usá-la: isso depende da situação. Observando o mapa-múndi, mostre os diferentes países falantes de língua portuguesa, conforme forem surgindo na conversa. Encaminhe a discussão de modo que também se fale das diferentes variedades do português, bem como dos conceitos de certo e errado relativos ao uso da língua. É importante que se dê oportunidade ao maior número possível de alunos e que se incentive uma atitude de escuta do outro. Elabore perguntas para as respostas a seguir: 1. Resposta: aproximadamente 250 milhões de pessoas ao redor do mundo. Pergunta esperada: Quantos falam português no mundo? 2. Resposta: são os países da lusofonia. Novamente é importante que se considere esta atividade como um momento de diagnóstico das habilidades que se pretende desenvolver: O que eles já sabem? Que habilidades já apresentam? Que necessidades são mais urgentes? Pergunta esperada: O que há de comum entre Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste? 3. Resposta: a expansão do império português por razões econômicas e políticas. Pergunta esperada: Que acontecimento espalhou a língua Chamamos de lusofonia ao conjunto de identidades culturais e linguísticas existentes em países falantes de português: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e por diversas pessoas e comunidades em todo o mundo, como Macau na China. Alguns afirmam que a Galiza, território que pertence à Espanha e onde se localiza a famosa cidade de Santiago de Compostela, também faz parte da lusofonia. 20 portuguesa pelo mundo? 4. Resposta: variedades geográficas ou diatópicas. Pergunta esperada: Que nome damos às mudanças que ocorrem no português falado no mundo? A língua portuguesa sai de Portugal e ganha raízes em outros locais, sofrendo, naturalmente, mudanças. Essas mudanças que ocorrem no português falado no mundo chamam-se variações geográficas ou diatópicas. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 2 É importante que você leia todo este roteiro antes de iniciar suas aulas: f Lusofonia – conceito. Conceituar e definir lusofonia a partir da própria experiência e identidade como falante da língua portuguesa. f Notícia jornalística informativa. Examinar a notícia jornalística informativa: aspectos e formas das relações dialógicas do gênero. f Título de notícia jornalística. Analisar as características constitutivas do título de notícia jornalística. A seguir, explique-lhes que se trata de uma notícia de um jornal moçambicano. Desse modo, estará fornecendo a seus alunos informação sobre a estrutura do texto. Finalmente, recapitule, por meio de uma ou duas perguntas, qual a finalidade da notícia de jornal. Ao fazer isso, retome o conceito de que todo texto tem um objetivo de leitura. 1. Leremos, a seguir, a notícia de um jornal de Moçambique (verifique, no mapa anterior, a localização desse país). Antes de ler, responda: f O que é uma notícia de jornal? Texto presente em um jornal que registra fatos ocorridos sem emitir a opinião do autor. Notícias de jornal em Moçambique Inicialmente, apresente a seus alunos a seguinte notícia de um jornal de Moçambique, na África; certifique-se de que eles tenham bem claro onde se localiza o país (faça uso do mapa-múndi). f Pensando no título do texto Aumento “tranquilo” de preços dos “chapas” em Maputo mas menos veículos e mais polícia, que assunto você acredita que será tratado? Por quê? Professor, nessa atividade, estimule os estudantes a relacionar três elementos para responder à questão: Esclareça seus alunos a respeito do texto. Diga-lhes que é sobre o aumento de preços dos veículos de transporte coletivo, o que significa que, com esse simples comentário, você os auxilia a identificar o tema do texto. tUSBUBTFEFVNUÓUVMPEFOPUÓDJB tBOPUÓDJBÏEFPVUSPQBÓT tTFOUJEPQPTTÓWFMEFQBMBWSBTRVFDBVTFNFTUSBOIBNFOUPOP texto (tranquilo e chapas) podem ter, no contexto em que aparecem. Aumento “tranquilo” de preços dos “chapas” em Maputo mas menos veículos e mais polícia Maputo, 15 nov (Lusa) - Os utentes dos transportes públicos de Maputo começaram hoje a pagar os novos preços, num clima de normalidade mas com os acessos à capital moçambicana fortemente vigiados pela polícia e menor números de “chapas” em circulação. Os aumentos, os primeiros desde 2004, e que afetam igualmente a cidade satélite da Matola, causaram receios de repetição de grandes manifestações populares, em 2008, que se saldaram em vários mortos e na suspensão do agravamento de preços. Mas, hoje, às 06:00 (04:00 em Lisboa), Maputo vivia um clima de tranquilidade, apenas destoado pelo menor circulação de “chapas” - as carrinhas de transporte informal - e pela presença de equipas poli- 21 ciais, armadas e com capacetes, nos principais pontos de acesso à capital moçambicana. Em resultado da redução do número de veículos, havia mais gente do que habitualmente nas paragens de bairros periféricos, como Benfica e Jardim, e grandes grupos de pessoas caminhavam a pé. Em Marracuene, a 30 quilómetros da capital, não eram muitos os “chapas” em circulação, disse à Lusa um popular, falando por telefone, que, no entanto, referiu não haver sinais de perturbação. “Os donos dos ‘chapas’ tiraram-nos das ruas por estarem com medo de manifestações mas não se passa nada”, disse aquela fonte. Um repórter da estação pública Rádio Moçambique descreveu igualmente como “tranquilo” o ambiente em Magoanine, nos arredores da capital. Com os novos preços, registou-se uma subida de cinco meticais (0,13 cêntimos de euro) para sete meticais (0,18 cêntimos de euro) o preço de viagem nos autocarros do Estado e de 7,5 (0,21 cêntimos de euro) para nove meticais (0,24 cêntimos de euro) no transporte público dos operadores privados. Fonte: LUSA – Agência de Notícias de Portugal S/A. Publicado em 15 nov. 2012. Disponível em: <http://www.lusa.pt/default. aspx?page=home>. Acesso em: 15 nov. 2012. 2. Enquanto realizou sua leitura, que palavras do texto dificultaram a compreensão? três alternativas que identificam as características que devem estar presentes em um título de notícia de jornal: Resposta pessoal. Reforce que busquem o sentido das palavras pela situação em que se encontram no texto antes de recorrerem ao dicionário ou a outras fontes. Na sequência, forneça a seus alunos uma notícia de jornal, com um tema atual, sem o título e peça-lhes para o criarem. Reúna-os em duplas e forneça outras, que poderão circular entre os alunos. Isso permitirá que a atividade se repita diversas vezes, favorecendo a retenção dos conteúdos. Para você, professor! Esta atividade desenvolve também a coerência textual e a capacidade do aluno de localizar a ideia-chave da notícia, que deve aparecer no título. É importante focar esses aspectos no processo de desenvolvimento da atividade. 3. Observe o título da notícia de jornal que examinamos anteriormente e outras que o professor tenha apresentado e escolha as 22 ( X ) presença de verbos, de preferência na voz ativa. ( x ) presença de muitos adjetivos. ( x ) verbos no Futuro do Indicativo. ( x ) uso de palavras consideradas difíceis pelo leitor. ( X ) uso do Presente, a não ser que se refira a fatos distantes no Passado ou no Futuro. ( X ) presença de uma ideia-chave que sintetize a notícia. Use seu livro didático para recapitular os conhecimentos gramaticais pressupostos neste exercício. Professor, se achar oportuno, examine com seus alunos o verbo, especialmente no que se refere à voz ativa e aos tempos verbais, muito Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 relevantes no contexto jornalístico. Use uma boa gramática ou seu livro didático. 4. No caderno, em duplas ou trios, adaptem a notícia moçambicana para o português do Brasil. Sugestão de resposta: Aumento na tarifa do transporte coletivo em Maputo é pequeno, mas circulação diminui e há mais policiais nas ruas. Maputo, 15 nov (Lusa) - Os usuários dos transportes públicos de em todo o mundo. A formação do império colonial português levou, por motivos econômicos e políticos, a espalhar a língua portuguesa pelo mundo. Do contato com os povos encontrados resultou forte intercâmbio de produtos, costumes, técnicas, conhecimentos culturais, religiosos e linguísticos. Embora tenha prevalecido a língua dominante, muitas palavras dos outros povos entraram no sistema linguístico do português, tais como manga, moleque, capivara, chá etc. Maputo começaram hoje a pagar os novos preços, num clima de normalidade, mas com os acessos à capital moçambicana fortemente vigiados pela polícia e menor número de veículos Discussão oral em circulação. Os aumentos, os primeiros desde 2004, e que afetam igualmente a cidade satélite da Matola, causaram receios de repetição de grandes manifestações populares, em 2008, que causaram várias mortes e levaram à suspensão do aumento de preços. Discuta, oralmente, com seus alunos as principais diferenças entre o uso da língua portuguesa escrita em Moçambique e no Brasil. Recorram ao dicionário para esclarecer dúvidas. Mas, hoje, às 06:00 (04:00 em Lisboa), Maputo vivia um clima Retome com os alunos as palavras da notícia moçambi- de tranquilidade, apenas destoado pela menor circulação de cana que assumem sentidos diferentes do comumente “chapas” - os veículos de transporte informal - e pela presença atribuído a elas no Brasil. Promova uma discussão sobre de policiais, armados e com capacetes, nos principais pontos de as palavras que poderiam causar estranhamento a um acesso à capital moçambicana. viajante brasileiro em Moçambique. Como resultado da redução do número de veículos, havia mais gente do que habitualmente nos pontos de bairros periféricos, como Benfica e Jardim, e grandes grupos de pessoas caminhavam a pé. Para você, professor! Em Marracuene, a 30 quilômetros da capital, não eram muitos Na “Discussão oral”, leve em conta a tomada de turno. Peça e valorize que os alunos levantem a mão, esperando a sua vez de falar. Ao mesmo tempo, incentive que o maior número possível de alunos participe. os veículos de transporte público em circulação, disse à Lusa um usuário do serviço, por telefone, que, no entanto, informou não haver sinais de perturbação. “Os donos dos veículos tiraram os carros das ruas por estarem com medo de manifestações, mas não é nada grave”, disse o entrevistado. Um repórter da estação pública Rádio Moçambique descreveu igualmente como “tranquilo” o ambiente em Magoanine, nos arredores da capital. Com os novos preços, registrou-se uma subida de cinco meticais (0,13 cêntimos de euro) para sete meticais (0,18 cêntimos de euro) o preço do transporte coletivo no Estado e de 7,5 (0,21 cêntimos de euro) para nove meticais (0,24 cêntimos de euro) no transporte coletivo dos operadores privados. Para aprofundar, discuta com seus alunos como o português é visto na cultura brasileira: Existe preconceito? Por quê? Comente também as reações locais aos diferentes dialetos e falares do Brasil: Por que alguns são considerados superiores a outros? É isso apropriado? O que pode ser feito? Professor, essas questões têm por objetivo discutir o tema do Como vimos, a língua portuguesa é falada por aproximadamente 250 milhões de pessoas preconceito linguístico, estimulando-os a compreender e respeitar as variedades linguísticas. 23 As muitas maneiras de falar português 1. No Brasil, encontramos diversas variedades na expressão da língua portuguesa. Muitas delas são regionais, como o caipira, o nordestino, o gaúcho, o carioca. Algumas pessoas consideram que certas variedades são superiores a outras. Isso é apropriado? O que você pensa sobre o assunto? presente já quando começamos a examinar o que resumiremos. Durante esse exame, identifique as ideias-chave (aquelas que se repetem e sem as quais se compromete a compreensão do que se lê). Na continuação, assista com seus alunos ao filme A marvada carne (direção de André Klotzel, 1985). Resposta pessoal. No entanto, espera-se que o aluno identifique a postura das pessoas mencionadas com o preconceito. Com relação à posição do aluno, reforce o caráter normativo das variedades, para que compreenda as diferenças como conjunto diferente de regras de uso. 2. Encontre, em seu livro didático, um texto que faça uso de uma variedade regional brasileira. Professor, se achar oportuno, faça uma pré-seleção, para que os alunos tenham mais “faro” nessa busca. É possível também Não há necessidade de assistir ao filme todo; você poderá selecionar um trecho que considere mais interessante. Peça aos alunos que identifiquem diferenças linguísticas próprias do falar caipira. Peça-lhes também que elaborem um resumo do filme ou do trecho. 1. De acordo com as orientações de seu professor, elabore o resumo de um filme ou de um capítulo de telenovela. selecionar textos em que a variedade geográfica aparece misturada a outras, em que não está presente e pedir aos alunos que comparem e identifiquem cada uma. 3. Complete os espaços com os termos adequados ao sentido do texto, escolhendo entre as palavras do quadro a seguir. jornal – opiniões pessoais – sintetiza – explica – repetem – identifique – desconsidere – misturam – compreensão – resumo – objetivo – notícia informativa – poema Siga este roteiro: f defina o objetivo do seu texto; f durante o programa identifique as ideias-chave: são tanto aquelas que se repetem no correr da apresentação, sendo rememoradas pelas personagens, como as fundamentais para compreender o enredo; f finalmente, escreva o texto. Professor, seguem algumas informações sobre resumos de novelas ou filmes, para auxiliá-lo nas intervenções nos textos dos alunos. É um gênero de texto no qual se sintetiza o conteúdo narrativo de uma novela ou filme (na verdade, de qualquer outro programa espetacular). O primeiro passo é ter, bem claro, um objetivo em mente: Para que resumo é um gênero textual que sintetiza o conteúdo de outro texto (vi- estou fazendo isso? Essa é a pergunta essencial que deve sual ou verbal), sem, contudo, manifestar opiniões pessoais . O primeiro passo é ter um objetivo em mente. Em outras palavras, a resposta para as perguntas “Para que estou fazendo isso?” e “Quem lerá meu texto?”. A resposta a essas perguntas deve estar respondida muito antes de começar a escrever o texto. Ela O 24 dar início ao texto. Naturalmente, essa pergunta deve ser deve estar claramente respondida na mente do enunciador ao começar a assistir ao filme ou à novela. No nosso caso, o objetivo do trabalho é identificar as variações espaciais presentes nessas narrativas da mídia. Durante o programa, identifique as ideias-chave, ou seja, aquelas que se repetem Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 no desenvolvimento da apresentação e sem as quais não se 3. Valor do texto para um leitor brasileiro. poderia compreender o enredo. Para isso, é essencial tomar A ideia é que os alunos não se limitem a copiar infor- nota das diferentes informações veiculadas. Finalmente, re- mações. Observe, portanto, até que ponto a textualidade dige-se o texto. Nesta atividade, verifica-se a necessidade ficou garantida. de identificar ideias-chave, um conhecimento que, de certa forma, também já se fez necessário na elaboração de títulos de notícias jornalísticas. 2. Pesquise na biblioteca, na internet ou no livro didático um poema de um autor português. Considere tudo o que você estudou nesta disciplina até este momento, reflita e responda no caderno quais conteúdos: a) Foram agradáveis de estudar? Por quê? Oriente a pesquisa indicando fontes confiáveis. Relembre as características essenciais do gênero “biografia”. Reforce o b) Foram pouco interessantes? Por quê? sentido dos critérios adotados para a correção. 3. Elabore um pequeno texto expositivo, no caderno, explicando quem é esse autor (biografia), sobre o que trata o poema e qual o valor desse texto para um leitor brasileiro (mínimo de três parágrafos). c) Você compreendeu tão bem que poderia explicá-los a um colega? d) Você gostaria que fossem explicados de novo porque não conseguiu entendê-los bem? Professor, o objetivo destas questões é estimular o aluno a re- O professor corrigirá seu texto de acordo com os seguintes critérios: fletir sobre sua aprendizagem e seu papel ativo nesse processo. f uso da norma-padrão da língua portuguesa; f presença de um tema específico; f uso da estrutura própria do texto expositivo; f presença de um título no texto. Para você, professor! Professor, em suas intervenções nos textos, considere se os alu- “A palavra não é puro espírito, pura virtualidade. Ela não tem um funcionamento autônomo longe do indivíduo que a pronuncia. Ela não pode ser separada tão facilmente daquele que a pronuncia. A palavra está soldada ao homem.” nos organizaram os três parágrafos com os seguintes critérios: 1. Biografia do autor; 2. Exposição do tema do poema; BRETON, Phillipe. Elogio da palavra. Tradução Nicolas N. Campanario. São Paulo: Loyola, 2006. p. 64. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 VOCÊ ESTÁ NA MÍDIA? Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo fazer que o aluno relacione o estudo da língua portuguesa ao seu uso no cotidiano social, em particular no que diz respeito a fenômenos da mídia. Além disso, estuda-se o processo que nos leva a encontrar as palavras-chave de um texto e como estas conduzem à ideia-chave. Abordamos também como elaborar um projeto de trabalho. Essas são dimensões fundamentais do uso da linguagem para a futura vida profissional e pessoal do seu aluno. 25 Conteúdos e temas: identificação das palavras-chave em um texto; legendas; sinônimos e antônimos. Competências e habilidades: localizar ideias-chave; concatenar ideias-chave na elaboração de uma síntese. Sugestão de estratégias: valorização da realidade local e social do aluno, como ponto de partida e chegada para todo o questionamento didático; aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com a preparação e conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; uso de recursos audiovisuais. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse; música. Sugestão de avaliação: elaboração de legendas; encontro de palavras-chave em processo de leitura. Sondagem Professor, selecione uma letra de música que trate do tema televisão ou da mídia televisiva de modo geral para apresentar e discutir com seus alunos. A ideia é proporcionar aos alunos reflexões sobre o que é mídia e quais seus efeitos em nossa sociedade atual. Assuma um controle médio no processo de interpretação da letra de música. Inicialmen- te, diga-lhes que acompanharão uma letra de música que faz uma crítica à televisão. Desse modo, você identifica o tema do texto. Pergunte, a seguir, qual é a estrutura comum às letras de música e qual seu objetivo na sociedade. Desse modo, você estabelece a estrutura e o objetivo do texto, transferindo essa responsabilidade para os alunos. Discussão oral f f f f Quais as características de uma letra de música? Por que as pessoas ouvem música? Qual a importância da televisão em sua família? E em sua vida pessoal? Em sua opinião, televisão “emburrece”? Como essa é uma atividade de sondagem contextualizada por suas intervenções interpretativas, essas questões têm por objetivo auxiliá-lo na introdução do aluno na Situação de Aprendizagem. 1. Acompanhe a música selecionada pelo professor. Anote a letra no caderno. Professor, como dissemos, tendo em vista que a discussão será direcionada para mídia e televisão, escolha uma letra de música propícia a esse encaminhamento. 2. Veja o que um dicionário explica sobre o termo mídia: Mídia: S. f. 1 todo suporte de difusão da informação que constitui um meio intermediário de expressão capaz de transmitir mensagens; o conjunto dos meios de comunicação social de massas [Abrangem esses meios o rádio, o cinema, a televisão, a imprensa, os satélites de comunicações, os meios eletrônicos e telemáticos de comunicação etc.]. Dicionário Houaiss da língua portuguesa (edição eletrônica). Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. 26 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 a) Que relação existe entre mídia e televisão? pessoas disseram. Será preciso selecionar informações e organizá-las em texto próprio. Tendo em vista a definição, é possível dizer que a televisão é uma parte da mídia. b) Observe: A televisão está me deixando muito burro. O dicionário nos informa que um dos sinônimos de burro é obtuso. Que diferença de sentido faria para a frase se, em vez do adjetivo burro, o autor tivesse usado obtuso? Há diversas possibilidades de resposta que giram em torno do fato de que a frase teria ficado menos informal. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 3 Os conteúdos a seguir desenvolvem-se, sempre, em rede e progressivamente durante as aulas. Leia todo este roteiro antes de iniciar suas aulas: f Identificação das palavras-chave em um texto Encontrar as palavras-chave visando identificar a ideia central de um texto. 1. Faça uma pequena entrevista em casa com seus pais, irmãos ou com algum vizinho. Procure identificar o que pensam sobre a importância da televisão na vida deles. Você pode usar algumas das perguntas discutidas em classe na atividade da seção “Discussão oral”, por exemplo: f Legendas Conceituar e definir legendas e analisar seu uso social. f Qual a importância da televisão em sua vida pessoal? f Quais são seus programas preferidos? f Em sua opinião, televisão “emburrece”? f Elaboração de projeto Conceituar projeto a partir de uma estrutura que possibilite a aplicação em diferentes Situações de Aprendizagem e pesquisa. 2. Com base nessas respostas, escreva um pequeno texto sobre a influência da televisão na vida das pessoas. Na sequência, apresente a seus alunos o texto expositivo a seguir. Antes, discuta com a classe as expectativas que o texto gera em seus leitores a partir do título. Professor, a entrevista proposta tem por objetivo dar subsí- f Sinônimos e antônimos e a identificação de palavras-chave Conceituar sinônimos e antônimos e analisar seu valor no processo de identificar as palavras-chave. dios à escrita do texto do aluno. Ressalte, entre outros aspectos: t BT RVFTUÜFT TFSWFN QBSB FTUJNVMBS P FOUSFWJTUBEP B USBUBS do tema; t B QSPEVÎÍP EP UFYUP OÍP TF MJNJUB B USBOTDSFWFS P RVF BT Isso reforçará o fato de que o título deve levantar horizontes de expectativas no leitor e que as diferentes partes do texto devem funcionar como um todo. Mídia e comunicação de massa A palavra mídia vem do latim media. Nessa antiga língua que deu origem ao português, media é o plural de medium, que significa meio. Ou seja, mídia é o mesmo que meios. Meio é aquilo que utilizamos para chegar a algum lugar. Como um ônibus ou um carro que nos leva aonde desejamos ir. Mas a palavra mídia é reservada não para o transporte, e sim para a comunicação humana. 27 Mídia é o conjunto de tecnologias específicas usadas por uma instituição, como uma emissora de televisão, por exemplo, para proporcionar comunicação humana. É importante notar também que a mídia faz uso da tecnologia. Em outras palavras, isso significa que, para haver mídia, é necessário que exista um intermediário tecnológico, o qual permite que a comunicação se realize. Quando a comunicação se faz por meio de um intermediário tecnológico, dizemos, então, que se trata de comunicação midiatizada. Claro, no início da humanidade a comunicação não era midiatizada, isso porque não havia a tecnologia da comunicação. Hoje, no entanto, o que não faltam são instrumentos para nos facilitar a comunicação, ou seja, para funcionarem como meios de comunicação ou, se preferir, mídia: telefones, televisão, cinema, fotografia, jornal, rádio etc. Também, quando falamos em mídia, duas características se destacam: primeiro, a unidirecionalidade, ou seja, a mídia é, normalmente, o caminho para uma voz falar com um outro, mas não dá a oportunidade de resposta. É o caso da televisão, do rádio e do jornal. Usando esses meios de comunicação, é fácil uma pessoa falar com você, mas responder-lhe já é muito mais difícil. Depois, a produção é centralizada e os conteúdos, padronizados. Isso quer dizer que os programas de televisão, rádio e os artigos de jornal não estão falando com você, especificamente, mas com pessoas como você. O risco disso é reduzir o receptor da comunicação da mídia a uma massa em que se perdem as características individuais e os seres humanos passam a ser vistos apenas como coletivos: os adolescentes, as mulheres, os homossexuais, os idosos etc. Assim, hoje, quando se fala em mídia, normalmente nos referimos ao conjunto formado pelas emissoras de rádio, televisão; editoras de revistas e jornais, produtoras de cinema e quaisquer outras instituições que fazem uso de tecnologias como meio de comunicar-se com as massas. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Todos os dias entramos em contato com diversos textos. É muito importante identificar as ideias-chave daquilo que lemos. Essas ideias aparecem repetidas no texto por meio de palavras-chave. Para desenvolver as competências de leitura de textos expositivos, essenciais para o futuro de seus alunos como indivíduos letrados, é importante que eles identifiquem as palavras-chave no texto. f O que são as palavras-chave? As palavras que estabelecem entre si relações de sentido no texto são palavras-chave. 28 Para você, professor! O início do processo de construção de sentido em um texto – ou seja, a leitura –, especialmente ao falarmos de textos que se destinam ao estudo, é encontrar as palavras-chave e relacioná-las entre si. Elas são o núcleo central a partir do qual se expande o próprio texto. Como se encontram as palavras-chave? A repetição é o que nos ajuda a encontrar as palavras-chave em um texto. Mas o que se repete? Não apenas a mesma palavra, mas seu sentido em uma rede de sinônimos e antônimos ou de paráfrases. Essa rede nos permite recuperar o conteúdo nuclear do texto. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Assim, as palavras-chave aparecem no texto repetidas, modificadas ou por meio de sinônimos ou antônimos. Elas orientam nossa leitura, mantendo nosso olhar naquilo que é importante dentro do texto. Assim, por exemplo, no texto Mídia e comunicação de massa, “tecnologia” (substantivo) e “tecnológico” (adjetivo) não são duas palavras-chave diferentes, mas uma só, que podemos designar apenas por “tecnologia”. O mesmo ocorre com “comunicação”, “comunicamos”, “comunicar” e “incomunicável”. A palavra-chave é a mesma, “comunicação”. f O que são sinônimos? E antônimos? Recorra ao livro didático ou a uma boa gramática para explicar esse conteúdo a seus alunos. Não há necessidade de prolongar-se sobre o tema que, na maioria dos casos, já será conhecido pela classe. 1. No texto Mídia e comunicação de massa, quais são as palavras-chave? As palavras-chave serão mídia e comunicação de massa. 2. Assinale V ou F conforme considerar Verdadeiras ou Falsas as afirmações a seguir que tomam como base o texto Mídia e comunicação de massa. ( V ) Mídia significa meio e faz referência aos instrumentos tecnológicos que usamos como meio para nos comunicarmos. ( F ) A mídia procura ser seletiva no seu uso, buscando atingir antes qualidade do que quantidade. ( V ) Comunicação midiatizada utiliza um intermediário tecnológico. ( V ) A mídia é, muitas vezes, unidirecional, não permitindo a resposta do interlocutor. ( F ) Televisão, jornal e telefone são exemplos de comunicação unidirecional. ( V ) A maioria dos textos produzidos pela mídia tem seus conteúdos padronizados e centralizados, dirigindo-se não a uma pessoa específica, mas a um modelo de público. Neste momento, contudo, o leitor apenas pode “adivinhar” essa informação, com base no título. O título, sem dúvida, serve de ajuda: mídia e comunicação são as palavras que mais aparecem no texto. Mídia aparece retomada também como “meios”. 3. Considerando que no texto Mídia e comunicação de massa as palavras-chave são mídia, comunicação e tecnologia, elabore uma frase que traduza a ideia central do texto. “A mídia usa tecnologia para promover a comunicação” é uma possibilidade de resposta. Observe a pertinência de outras escolhas. Além disso, a palavra tecnologia aparece retomada seis vezes. É também uma palavra-chave. mídia 4. Utilize a frase produzida para completar o esquema a seguir: TECNOLOGIA comunicação Essa é a ideia central do texto. 29 1. O professor irá solicitar que você destaque as palavras-chave de um texto que ele apresentará para a turma. Professor, selecione um texto de seu agrado que trate de b) A maioria dos alunos para a prova. (estudar) c) Pedro e suas filhas co. (ir) estudou foram ao cir- questões relacionadas ao fotojornalismo e proponha a seus chegaram o diretor e d) Ainda não a professora de Artes. (chegar) alunos que localizem as palavras-chave. Com as palavras-chave, solicite aos seus alunos a elaboração de um esquema e, logo a seguir, uma ou duas frases que sintetizem o texto. 2. Utilize as palavras destacadas para produzir, no caderno, uma síntese do texto apresentado pelo professor. Professor, na escolha do texto, leve em consideração o estágio de aprendizagem dos estudantes e o objetivo da ativi- e) Votaram não só Paulo, como também sua esposa. (votar) Seção Projeto Propomos agora a elaboração de um projeto de língua portuguesa. Seu objetivo é a elaboração de uma reportagem fotográfica. dade, que é a seleção de palavras-chave para produção de síntese do texto. Recapitulação gramatical: sujeito e concordância 1. Sublinhe o sujeito das frases a seguir: Divida sua classe em grupos de quatro ou cinco alunos. Cada um deles representará uma pequena empresa de fotojornalismo. Eles terão de tirar de uma a três fotografias relacionadas ao título: f “O sabor da língua portuguesa” a) Um grupo de alunos fez o trabalho. Fase 1 b) Os maiores responsáveis somos nós. c) O professor e os alunos visitaram o museu. d) Daqui a pouco, aparecerão, no horizonte, o sol e os barquinhos. Seguindo suas orientações, os alunos se reunirão em grupos. Cada grupo será uma pequena empresa de fotojornalismo. A primeira encomenda dessa empresa é uma coleção de até três fotografias com o título “O sabor da língua portuguesa”. e) Um ou outro fazia a lição de casa. f ) Cada folha, cada livro e cada prova virou pó. 2. Escreva o verbo no Pretérito Perfeito do Indicativo, concordando com o sujeito: a) Uma quantidade de moedas no chão. (cair) 30 caiu Antes de saírem fotografando por aí, no entanto, apresentem, em folha à parte, um projeto do que pretendem fazer. Para isso, sigam este roteiro: I. Objetivo: Qual a contribuição que o trabalho de vocês vai dar ao tema? Ou seja, o que vocês querem atingir com o trabalho fotográfico? Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 II. Justificativa: Por que o trabalho de vocês é importante para a defesa do tema proposto? III. Metodologia: Como vocês vão obter as fotos? Quem vai fazer o quê no exercício? Além disso, as fotografias devem vir acompanhadas de legendas. O projeto fotojornalístico será retomado na Situação de Aprendizagem 7, quando os alunos farão a exposição das fotografias. É importante, neste momento, fomentar um olhar crítico, que não aceite as injustiças sociais, especialmente aquelas que desvalorizam a riqueza plural de nossa língua! Professor, os Itens I, II e III são fundamentais para orientar os estudantes na produção das três imagens fotojornalísticas. Para você, professor! “O sabor da língua portuguesa” é o título proposto para desenvolver o tema da língua portuguesa no cotidiano da comunidade onde vivemos. O objetivo do projeto é mostrar as diferenças na linguagem falada e escrita em sua comunidade: Que gosto tem falar português onde seus alunos vivem? Que registros escritos e falados existem das diferentes variantes da língua materna? Mas como fotografar o português falado? Esse é um dos desafios para o qual o professor deverá instigar a imaginação dos alunos. Há várias possibilidades: Uma delas é surpreender traços de oralidade nos registros escritos: cartazes, banners, faixas etc. Outra é fotografar pessoas conversando: como a linguagem oral se funde a gestos e a atitudes. Além disso, deverá ser explicado com clareza o que são legendas. Lembre a seus alunos que é necessário ter a autorização da pessoa fotografada para que a foto possa aparecer na mídia. As fotos poderão ser exibidas, depois, em um blog da classe. A legenda é um pequeno texto escrito que explica e amplia a compreensão da foto. Ela deve ajudar o leitor a tirar pleno proveito da foto, não apenas repetindo o que vê, mas chamando a atenção para detalhes importantes. É aconselhável que ela siga um padrão. Sugerimos: nome dos fotógrafos (alunos). Título da fotografia. Local onde foi tirada. Breve comentário. Para você, professor! Observe que essa atividade, mais uma vez, destaca a capacidade de síntese do aluno, quando este torna-se capaz de localizar as ideias-chave em um texto visual (a fotografia), transformando-as em um texto verbal. Tenha isso em foco no processo de elaboração da atividade. Forneça a seus alunos fotos de jornal com um tema atual e sem legendas. Peça-lhes que as criem. O professor pode reunir os alunos em trios e fornecer diferentes fotos que poderão circular entre os grupos. Isso permitirá que a atividade se repita diversas vezes, favorecendo a retenção dos conteúdos. Considere tudo o que você estudou nesta Situação de Aprendizagem, reflita e responda no caderno: 1. Que conteúdos você considera mais importantes para sua educação? Por quê? 2. Em que conteúdos sente confiança e quais conseguiria explicar a um colega sem fazer consultas? 3. Que conteúdos sente necessidade de voltar a estudar? 1 a 3. Professor, o objetivo dessas questões é estimular o aluno a refletir sobre sua aprendizagem e seu papel ativo nesse processo. São também um excelente material para planejar novas intervenções que considera necessárias. 31 SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 4 A HISTÓRIA DA LÍNGUA PORTUGUESA A língua portuguesa e suas diferentes manifestações históricas legitimam as identidades sociais e possibilitam a recuperação do imaginário coletivo. A língua é tratada, nesta Situação de Aprendizagem, como patrimônio cultural da comunidade lusófona. Além disso, abordaremos o importante tema das discussões orais em classe, para que elas de fato reflitam o espírito democrático que desejamos desenvolver em nossos alunos. Conteúdos e temas: breve histórico da língua portuguesa; conceito de ideias-chave em textos; pesquisa biográfica; diálogo intersemiótico com poesia. Competências e habilidades: localizar ideias-chave em textos em verso e prosa; relacionar textos de gêneros diferentes, aproximados pelo mesmo tema; valorizar o turno no processo dialógico de expressão oral. Sugestão de estratégias: atitude dialógica voltada para o desenvolvimento criativo de competências e habilidades na língua materna, que permitam transformar a aula de Língua Portuguesa em um centro gerador de cultura e não apenas de transmissão de conteúdos. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse; texto coletivo; internet. Sugestão de avaliação: processo de leitura – relacionar textos poético e expositivo, localizando ideias-chave; pesquisa; elaboração de texto expositivo coletivo; trabalho de leitura intersemiótica de poema. Sondagem Os muitos modos de falar latim A seguir, temos alguns títulos de notícias jornalísticas em diversos idiomas neolatinos. Os alunos devem tentar traduzi-los: a) II Xornada de Cinema Galego: Viaxeiros de novas paisaxes. b) El Alcalde de A Coruña pide prohibir vender alcohol a partir de las 22 horas. c) La scuola ha in mano il futuro di una comunità. Para você, professor! Chamamos de neolatinas as línguas que se originam do latim. As principais são: espanhol, francês, galego, italiano, português e romeno. Os títulos de notícia acima dizem: 1. Jornada de Cinema Galego: viajantes de novas paisagens (está, naturalmente, no idioma galego, o mais próximo do português. Alguns o consideram uma variante da língua portuguesa, parte da lusofonia). 2. O prefeito de A Coruña pede a proibição da venda de álcool a partir das 22 horas (trata-se de uma notícia espanhola). 3. A escola tem na mão o futuro de uma comunidade (este título de notícia está em italiano). 4. Diz o mesmo que a notícia 3, desta vez em francês. d) L’école prend à la main le future d’une communauté. Professor, como atividade de pré-leitura, o mais importante aqui Discussão oral não é a tradução em si, o que qualquer tradutor digital pode fazer, mas, sim, colocar em funcionamento estratégias para compreender do que se trata, construindo hipóteses verossímeis. 32 f Por que esses títulos de notícia se parecem tanto com o português? Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 f O que você sabe sobre o latim? f O que você sabe sobre a antiga Roma? f Por que manifestam diferenças? 2. Dê um título ao texto. Justifique sua resposta. Professor, como se trata de parágrafo de um texto maior, acreditamos que a ideia central está no tópico: “O homem é Professor, os mesmos comentários anteriores apli- o resultado do meio cultural em que foi socializado.” Obser- cam-se à essa discussão oral. No entanto, após essa ve, no entanto, a pertinência de outras escolhas, na medida etapa, você pode solicitar uma pesquisa na internet em que dialogarem com essa ideia. para responder às questões. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 4 É sempre bom lembrar: leia todo este roteiro antes de iniciar suas aulas! f Breve histórico da língua portuguesa Breve história da língua portuguesa, do latim aos nossos dias. f Localizar ideias-chave em textos em verso e em prosa Encontrar a ideia-chave em textos de gêneros variados. f Pesquisa de biografia Desenvolvimento de estratégias de pesquisa biográfica. f Diálogo intersemiótico com poesia Desenvolvimento de estratégias de leitura de poesia, tomada como espaço próprio para o diálogo intersemiótico. A partir das informações do texto lido, peça aos alunos que completem o seguinte diálogo pela internet entre Ana Luísa e Pedro. Ana Luísa diz: Naum tendi nada da aula de hj de ptg. Esse lance de meio social de que foi socializado... Mó confuso! Pedro diz: Nada, Ana! Eh simples! Primeiro que não é meio social que o texto dizia. Ali se falava que o homem se torna um ser social meio cultural a partir do em que ele se encontra. Ana Luísa diz: Tah! E dae? Pedro diz: Isso significa que sozinho ninguém é gênio. Ana Luísa diz: Como assim? Pedro diz: Tudo depende de como uma determinada comunidade trata do patrimônio cultural que recebeu de seus antepassados. Se ela usa sabiamente tais conhecicomunidade mentos, essa prospera. Ana Luísa diz: E o que isso tem a ver com aula de português? Pedro diz: Resposta pessoal Ana Luísa diz: Legaw, Pedro. Brigadão. Agora fiko bem + claro. 1. Leia o texto a seguir: O homem é o resultado do meio cultural em que foi socializado. Ele é um herdeiro de um longo processo acumulativo, que reflete o conhecimento e a experiência adquirida pelas numerosas gerações que o antecederam. A manipulação adequada e criativa desse patrimônio cultural permite as inovações e as invenções. Estas não são, pois, o produto da ação isolada de um gênio, mas o resultado do esforço de toda uma comunidade. LARAIA, R. B. Cultura: um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. Professor, nessa atividade os alunos estão, por meio do diálogo entre Pedro e Ana Luísa, fazendo uma atividade de retomada da ideia central. Nesse contexto, portanto, espera-se que o aluno estabeleça, em sua resposta, alguma relação com o que foi introduzido pelo texto e as aulas que tem vivenciado. A origem da língua portuguesa Discussão oral f Que dificuldades você costuma sentir quando lê um texto expositivo escolar, 33 como o livro didático, por exemplo? f O que você já sabe, mesmo antes de ler o texto, sobre a origem da língua portuguesa? O aluno costuma sentir dificuldades com os vários sentidos que as palavras assumem nas diversas Para você, professor! Talvez considere proveitoso apresentar primeiro aos alunos o quadro da Atividade 1, antes de realizar a leitura do texto expositivo. Isso orientará o olhar do leitor. disciplinas. A palavra “peça”, por exemplo, assume diferentes sentidos em uma aula de laboratório, Orientação para pré-leitura uma aula de Anatomia, em um texto dramático. Há ainda conceitos específicos para cada área do conhecimento. Professor diz Apresente a seus alunos o texto expositivo a seguir. Talvez eles encontrem certa dificuldade na compreensão do texto. Por isso, antes de qualquer leitura, poderá dizer-lhes algo como: Ações realizadas Quando lemos um texto, qualquer um de nós pode encontrar dificuldades para interpretá-lo. Por isso, é importante que nas aulas de Língua Portuguesa consideremos quais as dificuldades mais comuns e como resolvê-las. Justifica as estratégias de leitura que serão desenvolvidas ao longo do ano. Muitos alunos dizem que não entenderam o texto, mas torna-se um desafio saber qual é, realmente, a dificuldade. Apresenta o problema das dificuldades de interpretação do ponto de vista docente. Claro que o mesmo pode acontecer com vocês. Um professor pede para vocês fazerem algo e, às Aproxima a dificuldade docente do universo vezes, vocês nem compreenderam, exatamente, o dos alunos. que foi solicitado. É muito difícil falar dos exatos motivos pelos quais não compreendemos um texto porque tudo é muito automático. Nós só sabemos que não entendemos e pronto! Temos de refletir com atenção para compreendermos as nossas dificuldades de interpretação. Conceitua a interpretação como processo. Então, o nosso primeiro objetivo é saber, ao certo, o que significa “compreender um texto”. Durante a leitura tente não apenas compreender Apresenta uma expectativa de leitura. o texto, mas saber por que tem certeza de que o compreendeu, ou não. 34 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 1. Depois das orientações, peça que façam a leitura silenciosa do texto. A origem da língua portuguesa Os romanos desembarcam na Península Ibérica em 218 a.C. Aos poucos eles promovem a colonização de todo aquele imenso espaço. Impõem sua cultura e sua língua, o latim. A língua portuguesa origina-se do latim falado por pessoas simples que deixavam Roma /XFXV para ir morar na nova província romana da $XJXVWXV Lusitânia. E também, é claro, dos antigos mo%UDFDUD 7$55$&21(16,6 radores, que, não sendo romanos, não falavam latim, mas achavam vantajoso aprender essa língua visando a um futuro mais próspero. Mais /86,7Æ1,$ 6FDODELV tarde, a parte norte da província da Lusitânia, a Gallaecia, junta-se à província Tarraconensis. Veja o mapa ao lado. 3D[ $XJXVWD %e7,&$ A partir de 218 a.C. até o século XI, a língua 1 falada em toda a Península Ibérica é o romance 2 / ou romanço, palavras que vêm de Roma. O ro6 manço é uma língua intermediária entre o latim NP 3URYtQFLD falado pelo povo e as línguas neolatinas atuais. Entre 409 e 711, povos de origem germânica Mapa baseado em TEYSSIER, Paul. História da língua portuguesa. Trad. Celso Cunha. São Paulo: Martins Fontes, dominam a Península Ibérica. Em 711, ocorre 2001. p. 4. a invasão árabe da Península Ibérica. A língua árabe torna-se o idioma oficial das regiões conquistadas, mas grande parte da população continua a falar o romance. Aos poucos ocorre a retomada dos territórios ocupados. Surgem reinos que dividem entre si o território peninsular. Entre eles, Portugal, onde se falava o galego-português, que dá origem ao nosso português. Com a Reconquista, as populações do Norte (que falavam galego-português) ocupam também o Sul, dando assim origem ao território português. Puxa! Quantas reviravoltas! Mas não para aí! Os séculos XV e XVI assistem à expansão marítima portuguesa. Com a construção do império português de ultramar, a língua portuguesa faz-se presente em vários lugares da Ásia, África e América, sofrendo influências locais. É assim que o português chega ao Brasil. Aqui ele interagirá com os povos indígenas, mas também com os escravos vindos da África e, mais tarde, com os muitos imigrantes que aqui chegaram, como italianos, espanhóis, árabes e até, vejam só, mais portugueses. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Pergunte a seus alunos o que compreenderam do texto. Pergunte também como sabem que o compreenderam. Àqueles que disserem que não entenderam nada, pergunte-lhes como sabem que não compreenderam o texto. 2. Agora que leu o texto, confirmou suas hipóteses de leitura ou não? Explique sua resposta. Durante a conversa com os alunos, procure fazer que eles contem o que compreenderam do texto, com suas palavras. 35 A seguir, explique a seus alunos que compreendemos um texto quando podemos explicar com nossas próprias palavras aquilo que entendemos, especialmente sua ideia-chave. Para reforçar essa ideia, você pode anotar na lousa: O quê? Os romanos desembarcam. 3. Complete o quadro esquemático a seguir com as informações do texto expositivo que acabou de ler. Quando? 218 a.C. Onde? Observação importante Península Ibérica. Impõem sua cultura e sua língua, o latim. A língua falada é o romance ou romanço. Entre o 218 a.C. e o século XI. Em toda a Península Ibérica. O romance é uma língua intermediária entre o latim falado pelo povo e as línguas neolatinas. Invasão árabe. 711 d.C. Península Ibérica. A língua árabe torna-se a língua oficial, mas a maioria continua a falar romance. Reconquista do território ocupado. A partir do século XI. Península Ibérica. Surgem novos reinos, inclusive Portugal. Expansão ultramarítima portuguesa. Séculos XV e XVI. Vários lugares da Ásia, África e América. A língua portuguesa se espalha pelo mundo. Chegada dos portugueses ao território brasileiro. 1500. América. Surgem as variedades brasileiras do português. Professor, a coluna “Observação importante” é constituída de organizando as informações ali apresentadas em parágrafos informações para que você complemente a análise do texto. articulados. Elabore, no caderno, um pequeno resumo do texto expositivo A origem da língua portuguesa. Professor, o quadro esquemático da atividade anterior pode ser a base do resumo. Assim, seguindo a cronologia do texto, o aluno pode fazer um exercício de textualidade, 36 Compreendemos um texto quando podemos explicar com nossas próprias palavras aquilo que entendemos, especialmente sua ideia-chave. O mar: salgado ou português? 1. Leia o poema a seguir, do escritor português Fernando Pessoa (1888-1935), sobre a expansão marítima portuguesa. Antes, porém, discuta com seu professor e colegas: Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Discussão oral 2. Com a orientação do professor, faça a leitura oral do poema. Professor, foram dadas algumas referências ao contexto trata- f Quais as características de um poema? f O que sabe a respeito da expansão marítima portuguesa? Atente para a necessidade de associar conhecimentos do no poema. Acrescente outras que julgar necessárias. Faça, ainda, uma leitura em voz alta do texto, ressaltando seu trabalho sonoro. Você pode, também, propor interpretações para os usos metafísicos e metonímicos do texto. sobre o gênero “poema” e sobre o poeta com conhecimentos históricos a respeito da expansão marítima portuguesa. Nesse sentido, essa conversa prévia pode orientá-lo a trazer aos alunos novas informações de atividade sobre o gênero e o contexto histórico dado. 3. Relacione o poema com o texto expositivo: A que acontecimento histórico se refere o texto poético? Às viagens portuguesas pelo mar, nos séculos XV e XVI. Para você, professor! Mar português Ó mar salgado, quanto do teu sal São lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos, quantas mães choraram, Quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar Para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu. PESSOA, Fernando. Mensagem. Disponível em: <http:// www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObra Form.do?select_action=&co_obra=15726>. Acesso em: 28 maio 2013. Para você, professor! O Cabo Bojador situa-se na costa do Saara Ocidental, na África. A primeira passagem pelo Bojador deve-se ao português Gil Eanes, em 1434. O desaparecimento de embarcações que anteriormente tinham tentado contorná-lo levou a que se desenvolvesse o mito de que para além do Bojador havia monstros marinhos e o fim do mundo. É muito importante destacar para os alunos a intertextualidade temática existente entre os textos “A origem da língua portuguesa” e “Mar português”: a expansão ultramarina é, no entanto, apresentada de duas maneiras muito diferentes, tanto devido ao gênero textual utilizado, quanto às finalidades dos textos e aos pontos de vista dos autores. 4. Observe: f Ó mar salgado, quanto do teu sal f Ó mar, quanto do teu sal Como o adjetivo salgado participa na construção de sentido do texto? I. Reforça a ideia do sal que aproxima lágrima e mar. II. Sugere que o sal do mar vem das lágrimas das pessoas que ficaram em Portugal. III. Inferioriza o valor heroico do mar. Estão corretas: a) apenas I e II. b) apenas II e III. 37 c) apenas I e III. Discussão oral d) todas. 5. Leia o comentário a seguir e responda no caderno. f Tudo vale a pena se a alma não é pequena? f O que é uma alma pequena? f Quando uma alma grande pode se tornar pequena? Reflita com os alunos sobre o sentido que a palavra A História de um povo parece ser o produto de um desenrolar racional de acontecimentos, cheio de explicações racionais. Fernando Pessoa nos diz que a História é fruto do acaso ou de uma vontade misteriosa, divina e acima da compreensão humana. alma pode assumir nos campos filosófico e poético. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Como pode ser conduzida uma discussão em sala de aula? É importante destacar algumas características da discussão em sala de aula: a) Você concorda com esse comentário? Por quê? O comentário é verdadeiro, pois o poeta registra a vontade divina de que somente os que enfrentaram o abismo e o perigo possam ir para o céu. b) Observe: “Quem quer passar além do Bojador/Tem que passar além da dor.” A que dores se refere o poema? Às dores de mães que choraram, de filhos que rezaram em vão, de moças que ficaram sem casar com aqueles que par- Concentre-se na expressão “alma pequena” como indicadora de pouca generosidade e pequena compreensão de mundo. f falar um por vez! Não é possível todos se expressarem ao mesmo tempo: um espera o outro concluir para poder falar; f não é apropriado que apenas um fale o tempo todo; f é importante que se tome o turno da palavra. A forma mais comum de fazer isso na escola é levantando a mão para pedir a vez. tiram para alto-mar. c) A que se refere a pergunta “Valeu a pena?” no poema? Às navegações portuguesas de expansão do Império. d) O que representa o mar no poema Mar português? O mar representa o desafio, a morte e a dor, mas representa também a verdadeira herança de Portugal: um espelho do céu. Segundo o poema, ninguém chega mais perto de Deus do que aqueles que vencem as grandes dificuldades da vida. 38 Ampliando o estudo sobre o poeta, leve seus alunos à biblioteca ou à sala de informática e oriente-os em uma pesquisa sobre quem foi Fernando Pessoa. Tragam as informações colhidas para a sala de aula. Comente com seus alunos as diferenças e semelhanças encontradas, compare-as com as informações presentes no livro didático e elaborem um texto expositivo, coletivo, explicando quem é essa personalidade literária e qual sua importância para a literatura portuguesa. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 1. Pesquise na sala de leitura ou na biblioteca de sua escola, bem como na internet, quem foi Fernando Pessoa. Leve essas informações para a sala de aula. 2. Com a orientação do professor, elabore um texto coletivo sobre a vida desse grande escritor português. 3. Procure, no livro didático, outros poemas de Fernando Pessoa. 1 a 3. Oriente seus alunos para que façam a pesquisa em fontes confiáveis. Para a produção do texto, você pode dividir a sala em grupos, solicitando que cada grupo produza um único texto. Na sequência, os grupos apresentam os textos criados e você faz uma síntese com os dados deles, produzindo um texto mais elaborado. Pense no significado do mar no poema a seguir, do poeta mineiro Alphonsus de Guimaraens (1870-1921). Ismália Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar... Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar. E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu, Queria a lua do mar... No sonho em que se perdeu, Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu, Queria descer ao mar... As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu, Seu corpo desceu ao mar... E, no desvario seu, Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu, Estava longe do mar... 1. Complete os espaços com os termos adequados ao sentido do texto, escolhendo entre as palavras do quadro a seguir (uma vai sobrar): Guimaraens – Pessoa – libertação – dor – prêmio – lua – portugueses – bondade GUIMARAENS, Alphonsus de. Ismália. In: MORICONI, Ítalo (Org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. p. 45. Comparando o sentido do mar entre Mar português e Ismália, notamos que, nos dois poemas, o mar é ao mesmo tempo libertação dor e . Mas, enPessoa quanto no poema de a dor que o mar provoca para que os portugueses tomem posse dele faz que ele mesmo se torprêmio ne o grande , uma herança, em Guimaraens , o mar é apenas um lugar lua onde está algo maior: a . 39 2. Observe: tação a esse trabalho, portanto, discuta com os alunos quais aspectos do poema pretendem desenvolver na imagem e Quando Ismália enlouqueceu, Quando Ismália ficou louca. Enlouqueceu e ficou louca aparentemente significam a mesma coisa. Mas, no poema, faria diferença usar uma forma ou outra? Explique. como elas se traduziriam ali: cenas, imagens, leituras etc. Imagine que Ana Luísa tem de escrever um e-mail para sua amiga Rebeca, que esteve doente e perdeu toda a matéria desta Situação de Aprendizagem. Perde-se a estrutura poética, no que diz respeito à rima com os primeiros versos das demais estrofes. Além disso, o texto fica menos formal, perdendo parte de sua dramaticidade. 3. Adapte o poema Mar português, de Fernando Pessoa, em uma imagem, que pode ser construída com lápis, tintas ou recortes em papel A4. Os critérios utilizados para a avaliação permanecem os mesmos: f f f f criatividade; distribuição da figura na folha de papel; fidelidade ao poema; organização e limpeza na elaboração do trabalho. Depois de escrevê-lo, troque a mensagem escrita com outros colegas; o professor solicitará que anotem, a lápis, sugestões para melhorar o texto. Considere com atenção as opiniões de seus colegas. Você não é obrigado a segui-las, mas verifique se, de fato, elas deixariam o texto melhor. Finalmente, após as mudanças que julgar oportunas, entregue o texto ao professor. Se seu professor preferir, vocês podem fazer esta atividade em duplas ou trios. Professor, na intervenção nesta atividade, considere que: tPUFYUPBTFSQSPEV[JEPÏVNe-mail entre colegas de sala. Isso trará impactos no modo de organizar a linguagem; Professor, a adaptação de textos em diferentes linguagens tPRVFTFSÈEJUPOPe-mail é um excelente recurso para observar o que os alunos aprenderam e o que ainda necessita deve ser vista como um exercício interpretativo. Na orien- de novas intervenções de sua parte. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 5 A PALAVRA ME FAZ EU... A palavra permite a construção de pontes que nos aproximam do outro, mas também possibilita que nos aproximemos de nós mesmos, daqueles lugares profundos em nosso íntimo que nem sequer nós próprios conhecemos bem. Esta Situação de Aprendizagem parte dessa perspectiva para sondar as diferenças entre poesia e prosa, bem como o valor expressivo do adjetivo, do substantivo e do verbo na construção da urdidura poemática. Trata-se de conteúdos essenciais para a formação de um leitor de literatura autônomo e criativo. Conteúdos e temas: diferença entre poema e poesia; versão crítica do estudo da gramática; uso estilístico, semântico e literário dos verbos, adjetivos e substantivos. Competências e habilidades: distinguir poema de poesia; relacionar textos visuais com textos literários; analisar textos literários; relacionar o uso da norma-padrão às diferentes esferas de atividade social. 40 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Sugestão de estratégias: atitude didática voltada para o desenvolvimento dialógico do aluno visando à construção cultural no processo de ensino-aprendizagem e ao desenvolvimento criativo de competências e habilidades na língua materna; valorização das atitudes de fala e escuta. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse; mural da escola. Sugestão de avaliação: elaboração de poema; elaboração de texto expositivo (argumentativo); questionário; jogo teatral. Sondagem Discussão oral O que você pensa das palavras a seguir, do educador brasileiro Paulo Freire? “Como presença consciente no mundo, não posso escapar à responsabilidade ética no meu mover-me no mundo.” FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996. <http://www.pazeterra.com.br>. f Visão crítica do estudo da gramática A importância do conhecimento gramatical na sociedade contemporânea e o jogo de valores associado a esse conhecimento. f Uso estilístico, semântico e literário dos verbos, adjetivos e substantivos Análise expressiva de elementos morfológicos (verbo, adjetivo, substantivo) na análise poemática. 1. Desenhe o contorno de um ser humano no caderno. Dentro desse contorno escreva uma palavra que traduza melhor quem é você. Professor, essa é uma atividade de pré-leitura para o poema Oriente a discussão para o fato de que cada movimento na direção do outro provoca uma resposta, exigindo responsabilidade de quem faz o movimento. de Fernando Pessoa, que abordará o tema da contemplação f O que essas palavras significam? f Há poesia nas palavras de Paulo Freire? Por quê? Fernando Pessoa, que viveu no século XX, vai ajudar-nos a entender ainda melhor o que é a poesia e a diferença entre linguagem poética e prosaica, como a do jornalismo. Você lerá, com seus alunos, um poema chamado Contemplo o lago mudo, chamando atenção para a esquisitice do nome. Explique-lhes que o poeta não deu título ao poema, então, quando isso acontece, nós nos referimos ao poema pelo primeiro verso. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 5 Convém lembrar que os conteúdos desenvolvem-se sempre em rede e progressivamente durante as aulas, com o objetivo de desenvolver competências e habilidades. f Diferença entre poema e poesia Conceituar e diferenciar poema e poesia. na perspectiva de um “eu lírico”. A ideia de pedir o desenho é estimular a relação entre o “eu” do aluno e sua relação com o mundo para depois conectar com o texto. 2. Antes da leitura, converse com seu colega: f Estar sozinho é sempre ruim? f O que é contemplar? 41 f É importante parar de vez em quando para pensar em quem somos? Por quê? Professor, essas questões são atividades de pré-leitura para a leitura do poema que virá na sequência. 1. Leia o poema a seguir. Contempla o lago mudo Contemplo o lago mudo Que uma brisa estremece. Não sei se penso em tudo Ou se tudo me esquece. O lago nada me diz, Não sinto a brisa mexê-lo Não sei se sou feliz Nem se desejo sê-lo. Trêmulos vincos risonhos Na água adormecida. Por que fiz eu dos sonhos A minha única vida? PESSOA, Fernando. Cancioneiro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Deta lheObraForm.do?select_action=&co_obra=15728>. Acesso em: 28 maio 2013. 2. O que você compreendeu do poema? Estimule os estudantes a relacionar a discussão anterior com O que importa para o poeta não é o que acontece no lago, mas aquilo que o eu poético sentiu quando viu o lago. A poesia lírica se preocupa principalmente com o mundo interior do eu que escreve o poema: o poeta. O mundo que está em volta do poeta: as coisas, as pessoas, a sociedade e os acontecimentos históricos, nada disso representa o elemento principal do poema, posto que o mais importante em um poema lírico é aquilo que está disposto no mundo interior do poeta e que mexe com o mundo exterior. As coisas que acontecem no mundo exterior funcionam como um empurrão para que o poeta escreva. No poema, as palavras carregam-se de significações. Cada verso é feito de pura poesia. Muitos confundem poesia e poema. Poema é um gênero específico de texto, cuja definição não é fácil. Poema é um texto repleto de poesia. Poesia é a beleza feita realidade e presente na obra de arte: seja em um poema ou em um quadro ou, até, em um belo pôr do sol. Os poemas são feitos de versos. O que é verso? Simples: é cada linha do poema. As linhas são escritas seguindo a contagem de sílabas poéticas – assunto de que nos ocuparemos no próximo volume, e não o espaço da esquerda para a direita do papel. o poema. Você pode solicitar que indiquem versos do poema que falam sobre a contemplação. 3. Compare o trabalho feito na Atividade 1 (desenho da figura humana com palavra escrita no seu interior) com o poema que leu, Contemplo o lago mudo: Há semelhanças? Quais? Muitas vezes, o leitor encontra em uma palavra do poema uma pluralidade de sentidos que valorizam o plano artístico do texto. Os sentidos plurais das palavras no poema se complementam e enriquecem as diferentes leituras realizadas. Responda no caderno: Mais uma vez estamos procurando o diálogo entre a produção textual do aluno e o texto do outro. Neste caso, um dos maiores nomes da literatura portuguesa. Essa aproximação afetiva visa a, saudavelmente, dessacralizar o texto literário, 1. O que é um verso? É cada linha do poema. aproximando-o do aluno-leitor. Considere, no entanto, os comentários que virão na sequência para fazer as conexões entre os desenhos dos alunos e os poemas de Fernando Pessoa que considerar mais pertinentes. 42 2. Quantos versos tem o poema Contemplo o lago mudo? Doze. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 3. Quantas estrofes tem esse mesmo poema? c) não sei se sou feliz. Três. d) trêmulos vincos risonhos. 4. Identifique o adjetivo na 1a estrofe. e) por que fiz eu dos sonhos. Mudo. 5. Identifique os substantivos na 1a estrofe. Lago e brisa. A seguir, sugerimos uma atividade para realizar com seus alunos que desenvolve as relações existentes entre conhecimentos morfológicos e construção do sentido poético. Lembre-se: os adjetivos caracterizam os seres e dão expressividade ao texto. Discussão oral Observe: “Contemplo o lago mudo” f A que classe gramatical pertencem as palavras “lago” e “mudo”? São, respectivamente, substantivo e adjetivo. Agora começam as atividades com o conhecimento gramatical. Os adjetivos caracterizam os seres e participam do ato de conferir expressividade ao texto. Que diferença faria para todo o poema se, em vez de mudo, o eu lírico tivesse escolhido outro adjetivo? Por exemplo: f contemplo o lago agitado; f contemplo o lago calmo; f contemplo o lago estranho. Considere as alterações na construção da rima, da métrica e da sonoridade do poema, consequências respectivas de cada uma das alterações sugeridas. Contemplando a gramática para compreender o poema A ideia é mostrar que nos textos, especialmente os poéticos, uma escolha de palavra é o reflexo de uma construção linguística muito pensada para se atingir 1. Releia o poema Contemplo o lago mudo. Observe o primeiro verso. Por que podemos dizer que ele é ambíguo? No verso “Contemplo o lago mudo”, o adjetivo “mudo” pode referir-se tanto ao lago como ao eu poético. A essa pequena confusão de sentidos chamamos de ambiguidade. Tanto pode ser o “eu” que está mudo enquanto contempla o lago, como pode ser o lago que emudece enquanto o “eu” alguns efeitos, seja sonoros, semânticos etc. Comente essas diferenças. Elas desenvolvem no aluno o valor expressivo do adjetivo. Ou seja, que as palavras têm peso, corpo, expressão. Não é a mesma coisa dizer algo de uma forma ou de outra. poético o contempla. 2. Identifique outro verso em que o poeta usou do mesmo recurso expressivo: a) o lago nada me diz. b) não sei se penso em tudo. Para você, professor! Estamos, dessa forma, trabalhando no domínio da Estilística, que exige não apenas o conhecimento morfossintático, mas contextualizar esse conhecimento na dimensão expressiva do texto. Em outras palavras: por 43 que se usou essa palavra ou construção sintática e não outra? Certifique-se, inicialmente, de que seus alunos comentam e compreendem as diferenças estilísticas das classes gramaticais: adjetivo, substantivo e verbo. Nas propostas a, b e c, estimula-se que o estudante reflita sobre as mudanças sono- A personificação do lago transforma-o em confidente do poeta. Como se fosse um companheiro compartilhando de um momento difícil que o poeta está passando. A ambiguidade permite, no poema, uma riqueza de interpretações. Em que sentido poderia o lago estar mudo? E o “eu” poético, por que estaria mudo? Esses dois sentidos se opõem ou se complementam? O poeta questiona sua identidade e o fato de haver construído sua vida de sonhos. O lago também está imóvel. De certa forma, o lago mudo se identificaria com a vida parada do “eu” poético. Há momentos em que pode ser doloroso dar-se conta de que a vida não foi ação, mas ficou parada, perdida nos sonhos, como se fosse um lago de águas paradas. O jogo entre “eu” mudo e lago mudo, presente no primeiro verso, reforça esse sentido de leitura que construímos. 3. Pense agora no verso Na água adormecida. a) Comente oralmente as diferenças ao mudar de adjetivo. f na água suja; f na água cristalina; f na água agitada. b) E se, em vez do adjetivo, trocássemos o substantivo? Se o eu lírico dissesse: ras, de sentido e adequação à sequência que cada troca de palavras acarretaria ao poema. 4. A afirmação a seguir é verdadeira ou falsa? Por quê? Justifique sua resposta recorrendo ao poema Contemplo o lago mudo. Professor, reforçando a ideia de que muitas vezes, o leitor encontra em uma palavra do poema uma pluralidade de sentidos que valoriza o plano artístico do texto. Os sentidos plurais das palavras no poema se complementam e enriquecem as diferentes leituras realizadas. Verdadeira. Na poesia, cada palavra permite a construção de sentidos novos e diferentes; mesmo trocando-a por um sinônimo, o sentido do poema não será o mesmo. 5. Trocando o substantivo, temos de trocar todo o texto... a) O rato roeu a roupa do rei de Roma. O gato... b) Mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Mais vale um cachorro... c) Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. Ouro... O objetivo dessa atividade é relacionar morfologia e semântica no processo de construção de sentido. Ao trocar rato por f contemplo o mar mudo; f contemplo o infinito mudo; f contemplo o acidente mudo. gato não posso mais imaginar que a roupa do rei de Roma tenha sido “roída”. Então, o que aconteceu com ela? A imaginação da classe será motivada a procurar soluções criativas e verossímeis. Certamente há material extra sobre o uso ex- c) E se trocássemos o verbo? pressivo dos verbos, adjetivos, substantivos na biblioteca de sua escola e no livro didático. f f f f 44 nado no lago mudo; banho-me no lago mudo; bebo o lago mudo; olho o lago mudo. É claro que nem todo poema é tão reflexivo como esse que acabamos de ler. No texto lírico existem certas palavras que nos fazem pensar Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 em um antes e um depois, como na narrativa. Porém, no poema lírico, a história para contar não é o mais importante, e sim o sentimento do poeta trabalhado por meio da palavra. Muitas vezes o poeta se isola dos acontecimentos do mundo. Ele se tranca em um universo que é só seu. Em outras ocasiões são justamente as mudanças que ocorrem à sua volta, no mundo exterior, que o empurram a escrever. O próximo exercício é uma excelente oportunidade para que seus alunos possam não só construir conhecimentos, como investigar a si mesmos por meio da linguagem. É também uma ocasião para você, professor, pensar em como anda o programa desenvolvido com sua turma. Você quer ser poeta? Rostos animados Neve, o mudar das estações O jornal O cão A dialética Tomar ducha, nadar Velha música Sapatos cômodos Compreender Música nova Escrever, plantar Viajar, cantar Ser amável. BRECHT, B. Poemas e canções. Coimbra: Livraria Almedina, 1975. f Você gostaria de ser poeta? f O que é necessário para escrever um poema? 2. Sinta-se um poeta. Entre na personagem e escreva um poema. Em seu texto deve haver pelo menos quatro verbos, três substantivos e dois adjetivos. Identifique-os claramente. Você tem toda a liberdade para escrever o que quiser, mas deve levar em conta o efeito que suas escolhas vão causar nos leitores. Explique aos alunos que nenhum poema é fruto ape- Ao fazer um poema, o poeta-aluno tem toda a liberda- nas de inspiração. Se achar oportuno, traga algum de para escrever, mas deve levar em conta o efeito que as texto que fale sobre o assunto. Pode ser, por exemplo, suas escolhas vão causar nos leitores. Você, professor, deve uma entrevista de um ator, ou mesmo de um cantor questioná-lo sobre esse efeito pretendido e que palavras do interesse da sala, que trate do tema da composição. poderiam expressá-lo, bem como imagens que poderia Discussão oral associar ao que deseja transmitir e como traduzir essa intenção verbalmente. 1. Bertolt Brecht (1898-1956), o escritor que produziu o poema a seguir, apresenta uma lista de coisas que o deixam feliz. Pela enumeração de acontecimentos, objetos, pessoas, sensações, sentimentos, atividades, o poeta diz o que é felicidade. Reflita enquanto faz a leitura. Discussão oral f Em sua opinião, para que serve a aula de Língua Portuguesa na escola? f O que é falar bem o português? Oriente a discussão para que os alunos compreendam que, embora os diferentes modos de usar a língua se- Prazeres O primeiro olhar da janela de manhã O velho livro de novo encontrado jam legítimos, todos precisam ter acesso à norma-padrão e à literatura em situações formais ou que exijam ampliação do horizonte de conhecimentos. 45 1. Leia silenciosamente o texto expositivo a seguir, que explica por que estudar gramática. b) Elaborem uma frase que transmita a ideia-chave do texto e que faça uso das palavras-chave encontradas. Há muitas variedades de português, mas a sociedade valoriza a norma-padrão para situações consideradas importantes. Chamamos de norma-padrão aquela considerada pela sociedade como a que deve ser utilizada para transmitir informações importantes. Assim, um livro de Biologia ou uma prova de Geografia não deveriam vir escritas com textos como: “A gente vai punhendo as coisa no tubo di ensaiu e fica zoianu pra vê nu que qui dá”. A norma-padrão, como nossa experiência sabe, não é a única existente. A língua portuguesa é rica em variedades, como diferentes plantas de uma mesma espécie. Todas as variedades do português são apropriadas para a comunicação e interação dos seres humanos. A questão é que nem todas as variedades têm o mesmo prestígio e aceitação na sociedade. Se, por um lado, é bom que haja uma norma-padrão que nos permita desenvolver uma cultura brasileira na mídia, por outro, podem surgir preconceitos e dificuldades para aqueles que não dominam essa mesma norma. Isso ocorre porque muitos consideram as variedades do português diferentes das que estão acostumados como “erradas” e “engraçadas”. Além disso, dominar a norma-padrão é essencial, em certos círculos sociais, especialmente o ligado ao mundo do trabalho, para obter um bom emprego e relacionar-se com as pessoas. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Peça para seus alunos que: a) Identifiquem as palavras-chave do texto. Norma-padrão – variedades do português – sociedade. a Compare a visão da gramática que circula na sua comunidade com aquela aqui apresentada. Permita que os alunos se expressem livremente. 2. Em duplas ou trios, escrevam um pequeno texto de três parágrafos para expor as principais dificuldades que os alunos têm e que estão relacionadas à norma-padrão, enfrentadas na comunidade em que vivem. O texto deve seguir a seguinte estrutura: 1o parágrafo: breve exposição do que é a norma-padrão; 2o parágrafo: análise das principais dificuldades com a norma-padrão que vocês enfrentam na comunidade onde vivem; 3o parágrafo: sugestão de intervenção solidária com o objetivo de resolver a questão: “A norma-padrão e a comunidade onde vivo: um problema ou uma solução?”. As sugestões dadas devem respeitar os valores humanos e considerar a diversidade sociocultural. Professor, veja essa produção como uma excelente atividade de avaliação formativa. Oriente os alunos a seguirem a organização de parágrafos apresentada. Jogo teatral: três que sabem, mas não falama Escolha seis alunos e divida-os em dois grupos. Um grupo espera do lado de fora enquanto o professor fornece para a classe uma palavra que será interpretada por mímica pelo grupo que ficou na sala. O grupo que estava lá fora en- Parte desta atividade é adaptada de: LANDEIRA, J. L. Quando as palavras resolvem fazer arte. In: MURRIE, Z. F. (Coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante. Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2002. p. 95-97. 46 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 tra e é dado um minuto (ou o tempo que for julgado conveniente) para que seja apresentada a palavra sugerida. Antes, no entanto, o professor avisa se é um substantivo, um adjetivo ou um verbo. Não vale fornecer uma palavra da mesma família, ela deve pertencer, de fato, à classe gramatical solicitada. Depois trocam-se as posições. Lista de palavras sugeridas: f f f f f f f f f confortável (adjetivo); responder (verbo); carta (substantivo); lago (substantivo); poço (substantivo); contemplar (verbo); espelhar (verbo); incompreensível (adjetivo); carinhoso (adjetivo). Considere tudo o que você estudou nesta Situação de Aprendizagem e responda às questões a seguir no caderno: 1. Que conteúdos gostou de estudar? Por quê? 2. Que conteúdos não despertaram seu interesse? 3. Se você fosse o professor, o que teria feito para que esses conteúdos menos interessantes se tornassem mais agradáveis de estudar? 4. Que conteúdos você precisa voltar a estudar, porque não os compreendeu ainda de modo suficiente? Essa é uma atividade de interpretação do verbal para o cor- 1 a 4. Professor, o objetivo dessas questões é estimular o estu- poral. É, novamente, uma atividade de adaptação e diálogo dante a refletir sobre que aprendizagem ele pode, ainda, ter, entre linguagens. auxiliando-o em mais intervenções. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 6 QUEM SOUBER QUE CONTE OUTRA! Nesta Situação de Aprendizagem, vamos iniciar um processo de aproximação literária do grande mestre da narrativa Machado de Assis. Ao mesmo tempo, vamos mergulhar nas estruturas narrativas tradicionais, especialmente, no que diz respeito ao conto. Isso é essencial para a construção de um leitor de literatura que, de fato, tira pleno proveito das leituras que faz do texto literário. Toda esta Situação de Aprendizagem foi uma adaptação feita do capítulo V da obra Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante: Ensino Médio (material para o Encceja). Verifique se sua escola dispõe desse material na biblioteca e consulte-o antes. Conteúdos e temas: conto tradicional; teoria da narrativa. Competências e habilidades: analisar textos literários; dominar estratégias da narrativa literária; expressar opiniões pessoais. Sugestão de estratégias: atitude de escuta e de processo; valorização do aprendizado processual do aluno relativo às questões que associam gosto a conhecimentos específicos; valorização do patrimônio literário, em diálogo com a realidade vivida pelo aluno. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; filmes; textos de livros extraclasse. Sugestão de avaliação: questionário; elaboração de conto. 47 Sondagem b) ( X ) as personagens, que são responsáveis pela ação da trama dentro da história. Contando um conto Leia a seguir um conto do escritor moçambicano Mia Couto, chamado A confissão da leoa. Antes de ler responda: c) ( X ) comentários impessoais a respeito do espaço e do tempo do enredo. d) ( X ) espaço e tempo. Em que lugar, ou cenário, e quando acontece a ação das personagens. Discussão oral f Você gosta de ler histórias? f De que tipo de histórias você mais gosta? Por quê? f O que o título A confissão da leoa lhe sugere? f O que você espera do texto que lerá? e) ( X ) um ponto de vista, ou seja, o enredo determina uma argumentação para convencer o leitor a gostar da história. 2. O texto A confissão da leoa é uma narrativa? Por quê? A classificação do texto como narrativa é discutível. No li- As perguntas apresentadas têm por objetivo estimu- mite, pode se pensar que há um enredo, mas é uma ideia lar as expectativas de leitura dos alunos. É importante dedutível. É possível afirmar que há um pensamento, uma destacar que o título do texto deve ser interpretado, análise breve de um fenômeno associado aos animais, que tendo em vista que “leoas” não confessam, esse é um serve de contexto para um conselho. Lendo-o como texto atributo humano. Como não há uma leoa no texto, literário, fazemos a relação com a fábula, mas o gênero está além da do título, uma interpretação possível é associar o que é dito a ela como narradora. bastante transformado. O título reforça essa hipótese, pois a leoa pode ser a narradora que aconselha outros animais; no entanto, o texto pode ser visto como uma reflexão, em detrimento da história. A confissão da leoa Todas as manhãs a gazela acorda sabendo que tem que correr mais veloz que o leão ou será morta. Todas as manhãs o leão acorda sabendo que deve correr mais rápido que a gazela ou morrerá de fome. Não importa se és um leão ou uma gazela: quando o Sol desponta o melhor é começares a correr. COUTO, Mia. Provérbio africano. In: A confissão da leoa. São Paulo: Companhia das Letras, 2012. p. 79. Professor, lembre que o importante neste momento é resgatar as ideias da turma a respeito do conceito de “narrar” e discutir com os alunos até que ponto elas se encaixam nesse texto. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 6 Leia atentamente este roteiro antes de começar suas aulas. f Conto tradicional Características e estrutura do conto tradicional. 1. O que contém um texto narrativo? Indique as alternativas corretas: a) ( X ) um narrador, ou seja, alguém que conta a história, que nos apresenta seu enredo. 48 f Teoria da narrativa Elementos e categorias da narrativa que facilitam o processo de leitura literária. Narrar é a mesma coisa que contar, ou seja, apresentar Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 uma série de ações em episódios que se sucedem uns aos outros. Os episódios da narrativa se organizam de determinado modo, que é a maneira pela qual a história é contada. A isso damos o nome de enredo. No caso de A confissão da leoa, a sucessão de episódios pode ser interpretada pela repetição das ações da gazela e do leão. No entanto, dada a brevidade do texto, a ideia de episódios em sequência é discutível. O narrador, nesse texto, parece ser uma terceira pessoa, talvez um narrador intruso, que comenta o que vê. Há duas formas de narrar: ou o narrador introduz-se no enredo, em primeira pessoa, sendo também uma personagem, ou afasta-se, criando um discurso em terceira pessoa. O narrador em primeira pessoa pode ser mais pessoal, envolvendo-se afetivamente com os acontecimentos. Já o narrador em terceira pessoa consegue ser mais objetivo, pois não está tão envolvido com as ações das personagens. A narrativa que você leu foi feita em terceira pessoa, como se pode ver logo no começo: “Todas as manhãs a gazela...”. O espaço é muito importante na narrativa literária. Ele pode ser um simples “pano de fundo”, onde as personagens realizam as suas ações, mas pode também ser um espelho da personalidade das personagens ou até das ações que elas vão praticar. tras vezes, o narrador considera mais importante a sensação de tempo que as personagens sentem e estrutura sua narrativa em torno desse tempo psicológico. Com certeza, você já sentiu, em certas ocasiões, que um minuto (tempo cronológico) parece durar horas (a sensação do tempo psicológico). Recapitulação gramatical A seguir você lerá um texto expositivo escrito por Juka: Ao ezercutar-mos qualquer atividade, se de fato quizermos obiter bons resultado devemos conciderar que nada é tão urjente que não poça ser pranejado. Improvisa faiz com que nossas ações depende da sorte e não de nossa copetência. Ajude-o a ter uma boa nota. Reescreva o texto, no caderno, corrigindo os desvios da norma-padrão. “Ao executarmos qualquer atividade, se de fato quisermos obter bons resultados, devemos considerar que nada é tão urgente que não possa ser planejado. Improvisar faz que nossas ações dependam da sorte e não de nossa competência.” Lendo um conto As ações levam certo tempo para acontecer. De acordo com suas intenções, o narrador pode, desde fazer-nos acompanhar demoradamente a vida de uma personagem, até dizer, em poucas palavras, longos anos de acontecimentos. Na narrativa que lemos, o tempo é o presente, mas com uma duração que lhe faz similar ao imperfeito. É assim que, todos os dias, as ações se repetem. Às vezes, o narrador valoriza mais as ações e o tempo que elas levam para acontecer, a isso damos o nome de tempo cronológico; ou- A seguir, será proposta a leitura de um conto de Machado de Assis, dividido em partes. O conto é um tipo específico de narrativa e Machado é principalmente conhecido pelo seu estilo de escrevê-las. O conto que vamos ler chama-se Cantiga de esponsais. Esponsais são as cerimônias de casamento, ou seja, o noivado e a festa de casamento em que os noivos se tornam esposos. A palavra “esponsais” tem a mesma origem que “esposo”. 49 Certamente você encontrará facilmente o conto Cantiga de esponsais. Localize-o na biblioteca da escola ou na internet (veja, na seção “Recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão do tema”, o endereço do site). Discussão oral f O que a palavra esponsais sugere a você? f O que você espera do enredo de um conto com esse título? Promova a aproximação da palavra “esponsais” de outras que possam ser conhecidas pelos alunos, tendo em vista que essa atividade é uma estratégia de pré-leitura baseada nos conhecimentos prévios. Leia o conto em voz alta e proponha a seus alunos que pensem no que acabamos de analisar sobre narrador, espaço e tempo na narrativa. Faça pausas na leitura, para que a classe sinta o ritmo próprio da língua portuguesa, escrita em uma época que não é a sua. Cantiga de esponsais Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo, ouvindo uma daquelas boas festas antigas, que eram todo o recreio público e toda a arte musical. Sabem o que é uma missa cantada; podem imaginar o que seria uma missa cantada daqueles anos remotos. Não lhe chamo a atenção para os padres e os sacristães, nem para o sermão, nem para os olhos das moças cariocas, que já eram bonitos nesse tempo, nem para as mantilhas das senhoras graves, os calções, as cabeleiras, as sanefas, as luzes, os incensos, nada. Não falo sequer da orquestra, que é excelente; limito-me a mostrar-lhes uma cabeça branca, a cabeça desse velho que rege a orquestra, com alma e devoção. 1. Vamos fazer uma pequena pausa para que você responda às seguintes questões no caderno: a) O narrador se dirige a que tipo de leitor? À leitora brasileira (carioca) que vive algum tempo depois de 1813. Sugerimos a seguinte reflexão com seus alunos: b) O conto será lido apenas por esse tipo de leitor a que o narrador se dirige? Por quê? Obviamente não. Provavelmente, alguns alunos da sala são do se- Para você, professor! xo masculino e todos os leitores vivem no século XXI, não no XIX. Inicie o texto valorizando o título do conto. Antes mesmo de explicar a palavra “esponsais”, pergunte aos alunos o que ela lhes sugere e o que esperam de um conto que tem esse título. É importante lembrar que todo título de um texto gera horizontes de expectativas de leitura que realizar-se-ão, ou não, durante a leitura. c) Você, com certeza, já viu muitas pessoas de cabeça branca. O que lhe vem à mente quando pensa em “uma cabeça branca”, expressão que aparece no texto? Resposta pessoal. Nesse momento da leitura, podem-se vislumbrar a velhice, a experiência e a sabedoria. Faz-se necessário trabalhar a antecipação, o levantamento de hipóteses que serão verificadas ou não no desenvolvimento da leitura. 50 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Depois dessa reflexão, podemos voltar ao conto... Chama-se Romão Pires; terá sessenta anos, não menos, nasceu no Valongo, ou por esses lados. É bom músico e bom homem; todos os músicos gostam dele. Mestre Romão é o nome familiar; e dizer familiar e público era a mesma coisa em tal matéria e naquele tempo. “Quem rege a missa é mestre Romão” – equivalia a esta outra forma de anúncio, anos depois: “Entra em cena o ator João Caetano”; – ou então: “O ator Martinho cantará uma de suas melhores árias”. Era o tempero certo, o chamariz delicado e popular. Mestre Romão rege a festa! Quem não conhecia mestre Romão, com o seu ar circunspecto, olhos no chão, riso triste, e passo demorado? Tudo isso desaparecia à frente da orquestra; então a vida derramava-se por todo o corpo e todos os gestos do mestre; o olhar acendia-se, o riso iluminava-se: era outro. Não que a missa fosse dele; esta, por exemplo, que ele rege agora no Carmo é de José Maurício; mas ele rege-a com o mesmo amor que empregaria, se a missa fosse sua. Acabou a festa; é como se acabasse um clarão intenso, e deixasse o rosto apenas alumiado da luz ordinária. Ei-lo que desce do coro, apoiado na bengala; vai à sacristia beijar a mão aos padres e aceita um lugar à mesa do jantar. Tudo isso indiferente e calado. Jantou, saiu, caminhou para a rua da Mãe dos Homens, onde reside, com um preto velho, pai José, que é a sua verdadeira mãe, e que neste momento conversa com uma vizinha. – Mestre Romão lá vem, pai José, disse a vizinha. – Eh! eh! adeus, sinhá, até logo. Pai José deu um salto, entrou em casa, e esperou o senhor, que daí a pouco entrava com o mesmo ar do costume. A casa não era rica naturalmente; nem alegre. Não tinha o menor vestígio de mulher, velha ou moça, nem passarinhos que cantassem, nem flores, nem cores vivas ou jocundas. Casa sombria e nua. O mais alegre era um cravo, onde o mestre Romão tocava algumas vezes, estudando. Sobre uma cadeira, ao pé, alguns papéis de música; nenhuma dele... Para contar uma história precisamos saber unir com muito cuidado as palavras. Isso significa escolher com atenção os substantivos que serão utilizados e pensar em como os verbos devem ser conjugados. Significa também construir frases que permitam ao leitor elaborar um sentido para a narrativa. a) a dificuldade de expressão de Machado de Assis. 2. Vamos parar novamente para mais uma pequena reflexão. Repare que Machado, ao descrever a casa de mestre Romão, opta pelo uso de frases negativas. Ao fazer assim, podemos afirmar que se reforça... (assinale a alternativa correta): d) a ilusão de fartura com que vive o mestre Romão. b) a sensação de ausência presente na casa “sombria e nua”. c) a falta de vocabulário do narrador. e) o culto à pobreza que alimenta a fé do mestre Romão. Voltemos a mais um trecho do texto. 51 Ah! se mestre Romão pudesse seria um grande compositor. Parece que há duas sortes de vocação, as que têm língua e as que a não têm. As primeiras realizam-se; as últimas representam uma luta constante e estéril entre o impulso interior e a ausência de um modo de comunicação com os homens. Romão era destas. Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa única da tristeza de mestre Romão. Naturalmente o vulgo não atinava com ela; uns diziam isto, outros aquilo: doença, falta de dinheiro, algum desgosto antigo; mas a verdade é esta: – a causa da melancolia de mestre Romão era não poder compor, não possuir o meio de traduzir o que sentia. Não é que não rabiscasse muito papel e não interrogasse o cravo, durante horas; mas tudo lhe saía informe, sem ideia nem harmonia. Nos últimos tempos tinha até vergonha da vizinhança, e não tentava mais nada. E, entretanto, se pudesse, acabaria ao menos uma certa peça, um canto esponsalício, começado três dias depois de casado, em 1779. A mulher, que tinha então vinte e um anos, e morreu com vinte e três, não era muito bonita, nem pouco, mas extremamente simpática, e amava-o tanto como ele a ela. Três dias depois de casado, mestre Romão sentiu em si alguma coisa parecida com inspiração. Ideou então o canto esponsalício, e quis compô-lo; mas a inspiração não pôde sair. Como um pássaro que acaba de ser preso, e forceja por transpor as paredes da gaiola, abaixo, acima, impaciente, aterrado, assim batia a inspiração do nosso músico, encerrada nele sem poder sair, sem achar uma porta, nada. Algumas notas chegaram a ligar-se; ele escreveu-as; obra de uma folha de papel, não mais. Teimou no dia seguinte, dez dias depois, vinte vezes durante o tempo de casado. Quando a mulher morreu, ele releu essas primeiras notas conjugais, e ficou ainda mais triste, por não ter podido fixar no papel a sensação de felicidade extinta. – Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje adoentado. – Sinhô comeu alguma coisa que fez mal... – Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica... O boticário mandou alguma coisa, que ele tomou à noite; no dia seguinte mestre Romão não se sentia melhor. É preciso dizer que ele padecia do coração: – moléstia grave e crônica. Pai José ficou aterrado, quando viu que o incômodo não cedera ao remédio, nem ao repouso, e quis chamar o médico. – Para quê? disse o mestre. Isto passa. O dia não acabou pior; e a noite suportou-a ele bem, não assim o preto, que mal pôde dormir duas horas. A vizinhança, apenas soube do incômodo, não quis outro motivo de palestra; os que entretinham relações com o mestre foram visitá-lo. E diziam-lhe que não era nada, que eram macacoas do tempo; um acrescentava graciosamente que era manha, para fugir aos capotes que o boticário lhe dava no gamão, – outro que eram amores. Mestre Romão sorria, mas consigo mesmo dizia que era o final. “Está acabado”, pensava ele. 3. Agora responda a mais estas questões: Destacar o uso do pronome de tratamento “sinhô” e o uso do Imperativo em “vai”, indicando uma relação desigual entre os a) Na época em que se passa a narrativa, ainda existia escravidão no Brasil. Prove isso com uma passagem do texto. 52 interlocutores. “– Pai José, disse ele ao entrar, sinto-me hoje adoentado. b) O que você acha que vai acontecer a seguir no conto? -Sinhô comeu alguma coisa que fez mal... Essa é uma atividade de estratégia textual durante a leitura, que -Não; já de manhã não estava bom. Vai à botica...” solicita a construção de hipóteses a partir do já dito no texto. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Um dia de manhã, cinco depois da festa, o médico achou-o realmente mal; e foi isso o que ele lhe viu na fisionomia por trás das palavras enganadoras: – Isto não é nada; é preciso não pensar em músicas... Em músicas! justamente esta palavra do médico deu ao mestre um pensamento. Logo que ficou só, com o escravo, abriu a gaveta onde guardava desde 1779 o canto esponsalício começado. Releu essas notas arrancadas a custo e não concluídas. E então teve uma ideia singular: – rematar a obra agora, fosse como fosse; qualquer coisa servia, uma vez que deixasse um pouco de alma na terra. – Quem sabe? Em 1880, talvez se toque isto, e se conte que um mestre Romão... O princípio do canto rematava em um certo lá; este lá, que lhe caía bem no lugar, era a nota derradeiramente escrita. Mestre Romão ordenou que lhe levassem o cravo para a sala do fundo, que dava para o quintal: era-lhe preciso ar. Pela janela viu na janela dos fundos de outra casa dois casadinhos de oito dias, debruçados, com os braços por cima dos ombros, e duas mãos presas. Mestre Romão sorriu com tristeza. – Aqueles chegam, disse ele, eu saio. Comporei ao menos este canto que eles poderão tocar... Sentou-se ao cravo; reproduziu as notas e chegou ao lá... – Lá, lá, lá... Nada, não passava adiante. E contudo, ele sabia música como gente. – Lá, dó... lá, mi... lá, si, dó, ré... ré... ré... Impossível! nenhuma inspiração. Não exigia uma peça profundamente original, mas enfim alguma coisa, que não fosse de outro e se ligasse ao pensamento começado. Voltava ao princípio, repetia as notas, buscava reaver um retalho da sensação extinta, lembrava-se da mulher, dos primeiros tempos. Para completar a ilusão, deitava os olhos pela janela para o lado dos casadinhos. Estes continuavam ali, com as mãos presas e os braços passados nos ombros um do outro; a diferença é que se miravam agora, em vez de olhar para baixo. Mestre Romão, ofegante da moléstia e de impaciência, tornava ao cravo; mas a vista do casal não lhe suprira a inspiração, e as notas seguintes não soavam. – Lá... lá... lá... 4. Vamos parar mais uma vez nossa leitura. Responda oralmente: a) Por que mestre Romão queria tanto acabar a sua música, mesmo de qualquer jeito? Seria uma forma de se despedir da vida e vir a ser lembrado na posteridade. b) O que você acha que acontecerá a seguir no conto? Essa é uma atividade de estratégia textual durante a leitura, que solicita construção de hipóteses a partir do já dito no texto. Desesperado, deixou o cravo, pegou do papel escrito e rasgou-o. Nesse momento, a moça embebida no olhar do marido, começou a cantarolar à toa, inconscientemente, uma coisa nunca antes cantada nem sabida, na qual coisa um certo lá trazia após si uma linda frase musical, justamente a que mestre Romão procurara durante anos sem achar nunca. O mestre ouviu-a com tristeza, abanou a cabeça, e à noite expirou. ASSIS, Machado de. Cantiga de esponsais. Fonte: ASSIS, Machado de. Volume de contos. Rio de Janeiro: Garnier, 1884. Disponível em: <http://www.dominio publico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=1906>. Acesso em: 29 maio 2013. Agora, desenvolva com seus alunos a questão a seguir: 53 f O conto acabou. Gostou ou se sentiu decepcionado? Peça que seus alunos escrevam uma opinião a respeito do final. Para ajudá-los na reflexão, pensem, em classe, de que forma o mundo é visto no conto. Professor, nessa produção, dois pontos se destacam: Um espaço simples, sombrio e nu, descrito mais pelo que ele não tem do que pelo que tem. 2. Como é o temperamento de mestre Romão? Descreva-o. Um bom homem de riso triste, silencioso, simples, sóbrio. tBPSHBOJ[BÎÍPQPSQBSUFEPBMVOPEFVNUFYUPEFPQJOJÍP t B QSPEVÎÍP EF VNB DSÙOJDB GVOEBNFOUBEB OB MFJUVSB EP conto. 5. Transcreva no caderno trechos do conto que comprovem as afirmativas a seguir: 3. Relacione o temperamento de mestre Romão quando não está regendo missa com o espaço em que vive. O que há em comum entre os dois? De certa forma, o espaço onde vive mestre Romão espelha uma personalidade sem grandes emoções, em que se revela a) O narrador pode projetar uma imagem do leitor dentro da narrativa e conversar com esse leitor. “Imagine a leitora que está em 1813, na igreja do Carmo...” b) O conto Cantiga de esponsais é narrado em terceira pessoa. O narrador conhece todos os pensamentos do mestre Romão e os apresenta ao leitor. a ausência da alegria de viver. 4. Pense agora em você: Há alguma relação entre o espaço em que vive e a sua personalidade? Resposta pessoal, mas espera-se que o estudante apresente elementos de sua relação com o espaço em que vive em diálogo com o que leu no texto, seja para apontar semelhanças ou diferenças. “Tinha a vocação íntima da música; trazia dentro de si muitas óperas e missas, um mundo de harmonias novas e originais, que não alcançava exprimir e pôr no papel. Esta era a causa única da tristeza de mestre Romão.” (Há outras passagens no texto) 6. Escreva uma opinião a respeito do final. Para ajudá-lo na reflexão, discuta com seus colegas, em classe, de que forma o mundo é visto no conto. Muitas narrativas iniciam-se localizando os acontecimentos no tempo, apontando a data em que os fatos supostamente aconteceram. Era uma estratégia muito usada, principalmente no século XIX, para dar uma sensação de veracidade ao texto, como se o narrador quisesse nos convencer a acreditar que a narrativa tinha de fato acontecido com alguém. Professor, oriente os alunos a repararem que o mundo possível construído pelo narrador do conto está fora dele mesmo e, em Cantiga de esponsais, é um retrato do mundo real. No conto que lemos, o espaço tem grande importância para entendermos melhor a personagem principal, o mestre Romão. A cantiga de mestre Romão Responda às questões a seguir no caderno. 5. Com seus colegas, reflita e responda oralmente às seguintes questões sobre Cantiga de esponsais: a) Em que ano ocorre a narrativa? Se os acontecimentos são uma invenção de um mundo possível, imaginado pelo narrador, por que se pôs a data no texto? 1813. A data reforça a sensação de veracidade que o autor quer conferir ao conto. Note que está sendo trabalhado, com 1. Como é o espaço em que vive mestre Romão? Descreva-o. 54 o aluno, o conceito de verossimilhança, embora não se tenha definido o termo. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 b) Qual a duração do tempo cronológico dos acontecimentos desde a missa cantada até a morte de mestre Romão? Seis dias. c) Na parte final do conto, mestre Romão está muito aflito. Ele tenta compor a cantiga, mas a inspiração não vem. Nesse momento, o narrador se demora, contando com detalhes tudo o que está acontecendo. O ritmo é lento, como a sensação de angústia de mestre Romão. Ao assim fazer, o narrador está valorizando o tempo cronológico ou o psicológico? Por quê? O tempo psicológico: o narrador utiliza-se de um ritmo lento, bem de acordo com a sensação de desespero sentida pelo mestre Romão, pois o passar do tempo apenas denuncia a incapacidade criativa do personagem. Machado de Assis se dirige às leitoras. Poderíamos pensar nas moças e senhoras do Rio de Janeiro do final do século XIX que liam pequenas narrativas nas revistas que circulavam à época. A maior parte dessas mulheres lia apenas para se distrair, sem desejar aprofundar-se muito em filosofia ou psicologia humana. Machado cria uma narrativa aparentemente romântica: um homem paralisado em sua capacidade criativa por haver perdido a mulher amada. Muitas leitoras ficariam satisfeitas só com essa leitura. Outras, porém, enxergariam que, por trás das ações das personagens, se esconde um olhar irônico sobre a existência humana. Muitos estudiosos de Literatura têm apreciado essa característica de Machado de Assis. Observe que em Cantiga de esponsais, a felicidade está onde a vida acontece, não onde queremos que ela aconteça. A realização pessoal está muito além da opinião da sociedade. Mestre Romão era socialmente muito valorizado, como se fosse um mito, mas não se sentia realizado como pessoa. Sua vida correta, mas vazia, como a sua casa, impedia-o de ser um artista completo. É comum encontrarmos, nos textos de Machado, essa recusa do ídolo, do homem perfeito. Para Machado, todos temos algo de bom e algo de mau. A partir dos conhecimentos adquiridos nesta Situação de Aprendizagem, escreva um conto tradicional. Para isso, siga estes critérios para auxiliá-lo na elaboração do trabalho: f valorização do tempo e do espaço na narrativa; f presença de um narrador, em primeira ou terceira pessoa; f uso da norma-padrão da língua portuguesa; f organização e limpeza na apresentação do trabalhoa. Professor, essa produção de texto é bastante complexa, por tratar-se de gênero literário. Nesse sentido, tendo em vista as orientações dadas, estimule os alunos a tentar materializá-las, já pressupondo ser uma proposta de produção escrita especialmente desafiadora. Depois que o professor corrigir o conto tradicional escrito, o texto será devolvido a você. Reescreva-o seguindo as orientações dadas e devolva-o ao professor para a correção final. Escreva, no caderno, um e-mail para seu professor. Nele você identificará os conteúdos vistos neste volume, os que você entendeu bem e aqueles que deverá estudar de novo para compreendê-los melhor. Explique também o que pretende fazer em seus estudos futuros para conseguir melhores resultados. Professor, essa é mais uma atividade de avaliação formativa, para engajamento dos estudantes e material de pesquisa para suas futuras intervenções. a Situação de Aprendizagem adaptada de: LANDEIRA, J. L. Quando as palavras resolvem fazer arte. In: MURRIE, Z. F. (Coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante. Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2002. p. 89-95. 55 Expectativas de aprendizagem e grade de avaliação Ao final deste tema, os alunos devem mostrar que conseguiram desenvolver as competências e habilidades descritas no quadro das Situações de Aprendizagem. Ao final deste Caderno, há uma pergunta a ser respondida pelo professor: meu aluno compreende como a linguagem o constitui como indivíduo, tanto subjetiva como socialmente? Essa é a grande questão centralizadora da atividade de avaliação que findará o Caderno. Observe que o ato de escrita é processual, assim como o aprendizado. Por isso, duas estratégias devem ser levadas em conta no processo avaliativo: 1) a repetição de conteúdos com grau de dificuldade crescente, o que permite retomar e aprofundar conhecimentos, competências e habilidades; e 2) critérios claros e conhecidos pelo aluno no processo de avaliação. O que será avaliado no texto do aluno? É importante que se priorizem a adequação ao gênero solicitado, a partir das características ensinadas em sala de aula, a adequação ao tema proposto e a coerência na transmissão dos conhecimentos. Desperte seu olhar no sentido de coletar, em todo o processo de ensino-aprendizagem, indícios de tensões, avanços e conquistas; interprete esses indícios para compreender as dificuldades apresentadas pelos alunos, bem como para orientar suas metas, estabelecer novas diretrizes, propor atividades alternativas. Situe o aluno no processo de ensino-aprendizagem, promova a atitude de responsabilidade pelo aprendizado no indivíduo. Aprender não é colher informações transmitidas pelo professor, mas processá-las, transformá-las em algo, 56 mais do que isso, construir cultura e conhecimento, o que, muitas vezes, está para além de conteúdos. Excetuando as habilidades específicas da escrita que desejamos ter desenvolvido nas diversas atividades de produção textual feitas até aqui neste Caderno (tanto em grupo como individualmente), desejamos que o aluno tenha desenvolvido as seguintes habilidades básicas: f concatenar ideias-chave na elaboração de uma síntese; f interpretar textos expositivos e informativos respeitando as características próprias do gênero; f valorizar a identidade histórico-social possibilitada pela língua portuguesa; f relacionar o uso da norma-padrão às diferentes esferas de atividade social; f reconhecer características básicas dos textos literários, narrativa e poema. Considere os diferentes conteúdos trabalhados neste Caderno e recorra às anotações feitas no correr das atividades para responder às seguintes perguntas: f O aluno encontra as palavras-chave em um texto? Relaciona essas palavras à ideia-chave do texto? Sintetiza um texto expositivo seguindo as estratégias desenvolvidas? f O aluno reconhece as especificidades próprias do texto expositivo? Procura construir estratégias de interpretação, de acordo com a aprendizagem desenvolvida? Ou limita-se a reproduzir o que leu sem reflexão? Procura identificar suas dificuldades? f Como o aluno reconhece a língua portuguesa como parte fundamental da comunidade transnacional lusófona? Reconhece a variação como um elemento constitutivo da língua portuguesa? Mostra uma atitude de respeito e disponibilidade para a com- Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 preensão ao lidar com outras variantes da língua portuguesa? f Reconhece que as classes gramaticais participam na construção do sentido expressivo do texto, particularmente, em textos poéticos? Apresenta uma atitude de adequação de sua variedade linguística às diferentes realidades sociais? f Aproxima-se do texto literário narrativo procurando construir sentido? Faz uso, para esse fim, dos diferentes elementos constitutivos da narrativa literária? Supera o senso comum no que respeita à leitura literária, não procurando apenas a solução mais cômoda de interpretação, mas questionando o texto e buscando a pluralidade de sentidos? PROPOSTA DE QUESTÕES PARA APLICAÇÃO EM AVALIAÇÃO Sugerimos a seguinte avaliação final: Use o texto a seguir apenas como ponto de partida para responder às questões propostas. Os jovens brasileiros têm fé em seu potencial de mudar o mundo. Nada menos que 58% deles acreditam, e muito, nesse ideal – é o que mostra uma pesquisa recém-concluída com 3.500 pessoas de 15 a 24 anos de 198 cidades. Patrocinado por várias instituições, tendo à frente o Instituto Cidadania, o estudo Perfil da Juventude Brasileira radiografa o modo de vida e as expectativas dos 34 milhões de cidadãos do país nessa faixa etária [...]. Os dados, contudo, revelam que as mudanças almejadas pelo jovem de hoje são diferentes daquelas pelas quais as gerações passadas lutaram. Enquanto seus pais queriam revolucionar a política e os costumes, a juventude de agora já não precisa combater a ditadura nem se sente sufocada pela família. Ela está mais à vontade com os códigos sociais e as tradições à sua volta: 99% acreditam em Deus e 60% nem pensam em sair da casa paterna. Seriam esses sinais de que se trata de uma geração conservadora? Os pesquisadores discordam. “Os rebeldes de todas as épocas são uma minoria. Se fosse feita uma comparação com a média dos jovens de épocas passadas, descobriríamos provavelmente que os de hoje têm a cabeça mais aberta”, diz o cientista político Gustavo Venturi, coordenador da pesquisa. O que se pode afirmar com certeza é que se está diante de uma geração que trocou a utopia pelo pragmatismo. Os jovens não são mais arrebatados por grandes questões de ordem, na linha capitalismo versus comunismo ou rebeldia versus caretice. De olho no futuro, estão mais interessados naquilo que pode afetar sua felicidade de forma concreta. Não à toa, acham que a educação é muito importante. E preocupam-se com os fatores que podem ameaçar seus sonhos: a violência, da qual são as maiores vítimas, e o desemprego, capaz de minar a conquista da autonomia. (...) Veja jovens, São Paulo, jun. 2004. Edição especial. 1. Identifique a alternativa que contém apenas as palavras-chave do texto. d) jovens – violência – cidades – pesquisa. e) pais – cientista – Brasil – capitalismo. a) desemprego – mudanças – futuro – interesses. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: concatenar ideias-chave na elaboração de uma síntese. b) futuro – Brasil – comunismo – rebeldia. c) jovens – Brasil – futuro – interesses. 2. Qual das alternativas a seguir serviria para ser título da notícia? 57 a) a juventude de agora já não precisa combater a ditadura. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: valorizar a identidade histórico-social possibilitada pela língua portuguesa. b) os jovens se preocupam com a violência e têm interesses. c) o futuro é pensado pelos jovens de todo o mundo. d) o cientista político Gustavo Venturini é coordenador de pesquisas. 4. Observe: Lúcia está namorando Paulo. Ela o acha “um gato”. Hoje, eles estão fazendo dois meses de namoro firme. Assim que acabam as aulas, Lúcia o encontra e, ao vê-lo, exclama: a) “Paulo, como você é lindo!” e) uma geração sonhadora, mas também realista, pensa no seu futuro. b) “Paulo, como você é formoso!” Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: interpretar textos informativos, respeitando as características próprias do gênero. Qual das duas possibilidades seria mais apropriada? Por quê? Resposta esperada: o importante desta questão é a justifi- 3. O que é lusofonia? cativa do aluno, que deve relacionar a escolha linguística do adjetivo (“lindo” ou “formoso”) à situação de uso. Acredita- a) a capacidade de narrar contos em primeira pessoa em português. mos, no entanto, que a expressão “Paulo, como você é lindo!” seja mais apropriada ao contexto dado. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvol- b) a variedade de língua portuguesa considerada pela sociedade como a que deve transmitir informações importantes. c) o conjunto de atividades centradas na crítica aos costumes colonialistas portugueses que produziram a escravidão no Brasil. d) o conjunto de identidades culturais e linguísticas existentes em países falantes de português. vida: relacionar o uso da norma-padrão às diferentes esferas de atividade social. 5. Que relação há entre comunicação e mídia? Que diferenças existem entre a comunicação na mídia e a comunicação poética? Resposta esperada: o objetivo desta questão é permitir que o professor compreenda o quanto o aluno vê a mídia como um conjunto de tecnologias específicas usadas por uma instituição para proporcionar comunicação humana. É importante que o aluno perceba a oposição que se levanta entre uma comunicação voltada para as massas e a comunicação voltada para o aprofundamento íntimo promovida pelo poema. e) o estilo de escrever, próprio de autores importantes como Fernando Pessoa e Machado de Assis. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: reconhecer características básicas dos textos literários, narrativa e poema. PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO Professor, identifique, de acordo com as cinco habilidades básicas trabalhadas neste volume até o momento e as cinco competên- 58 cias que orientam todo o trabalho desta obra, quais as reais necessidades de recuperação de seu aluno. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Ao final destes trabalhos, espera-se que o aluno consiga reconhecer a linguagem verbal como instrumento de interação e expressão do pensamento em textos informativos e expositivos. Deseja-se também que o aluno possa aproximar a linguagem verbal das não verbais e valorizar a adequação verbal de acordo com as situações de uso. Assim, para cada habilidade principal, pergunte-se: Concatenar ideias-chave na elaboração de uma síntese. f O aluno sabe distinguir palavras de ideias-chave? Reconhece o processo de identificação das palavras-chave? Recupera a ideia-chave de um texto? Elabora uma síntese com suas palavras, demonstrando compreensão do que leu? Interpretar textos expositivos e informativos respeitando as características próprias do gênero. f Distingue um texto expositivo de um texto informativo? Identifica e reconhece contextos de circulação social desses dois tipos textuais? Demonstra atitudes diferenciadas de leitura diante dos diferentes gêneros textuais? Demonstra, na produção textual, o conhecimento das características dos gêneros textuais expositivos e informativos estudados? Valorizar a identidade histórico-social possibilitada pela língua portuguesa. f Mostra atitude de aceitação e diálogo diante de textos portugueses e africanos escritos em português ou rejeita-os e desanima diante da perspectiva de ter de interpretá-los? Reconhece nas diferentes variantes da língua portuguesa parte de uma mesma realidade de linguagem? De- monstra esse reconhecimento por meio dos comentários que faz? Ou é preconceituoso para com “sotaques” e “dialetos” da língua portuguesa? Relacionar o uso da norma-padrão às diferentes esferas de atividade social. f Procura adequar o texto produzido às diferentes situações sociais propostas, tais como “mural” e “exposição de fotojornalismo”? Associa classificação gramatical a seu uso expressivo nos textos? Reconhecer características básicas dos textos literários, narrativa e poema. f Distingue poema de poesia? Distingue texto em prosa de texto em verso? Identifica, em uma narrativa, os principais elementos que a constituem? Demonstra uma atitude de leitor diante desses textos ou transfere toda a responsabilidade de interpretação para o professor? Elabore, também, um pequeno questionário para a classe que facilitará suas estratégias de recuperação. Em relação ao que foi estudado até agora, que conteúdos: 1. Foram agradáveis de estudar? Por quê? 2. Foram pouco interessantes? Por quê? 3. Eu compreendi tão bem que poderia explicá-los para um colega sem problemas? 4. Eu gostaria que fossem explicados de novo porque eu não os consegui entender bem? Utilize-se das respostas a essas perguntas para elaborar estratégias de recuperação ime- 59 diata, de acordo com as necessidades específicas de sua turma. Seguem algumas sugestões: a) palavras-chave; b) variação linguística; Caso você verifique que o aluno ainda não conseguiu incorporar os conceitos e conteúdos especificados, propomos solicitar a esse aluno que traga outros exemplos de comunicados, como panfletos de supermercado, de ONGs etc. Peça-lhe que identifique, nos seus apontamentos, quais as reais dificuldades que encontrou e que as estude. Talvez seja interessante verificar se os alunos dispõem em seus cadernos, de todos os conteúdos construídos até aqui. Se esse não for o caso, eles terão de completar tais conteúdos, provavelmente, com a ajuda de um colega que esteja com as anotações em dia. Finalmente, peça-lhes que escrevam um parágrafo de até dez linhas, explicitando: c) a importância de se ter ou não um título; d) opinião sobre o formato geral do texto. Se as dificuldades girarem em torno da linguagem literária, peça a esse aluno que traga um poema de um dos seguintes poetas da língua portuguesa: Cecília Meireles, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Manoel de Barros, Lêdo Ivo ou Manuel Bandeira, que tenha como tema a construção da identidade do indivíduo por meio da linguagem. Peça-lhe que escreva um texto expositivo explicando o poema. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Se for conveniente, você pode usar os seguintes recursos para aprofundar o assunto da aula: Filmes A casa do lago (The Lake House) Com Sandra Bullock e Keanu Reaves. Direção: Alejandro Agresti. EUA, 2006. 99 min. Kate e Alex trocam correspondência, pois moram na mesma casa, mas ele em 2004 e ela em 2006. Sem a preocupação de resolver o problema do tempo, as personagens se apaixonam apenas pelo contato através de cartas. A marvada carne Com Fernanda Torres. Direção: André Klotzel. Brasil, 1985. 80 min. Agradável comédia que mostra as aventuras de Carula, autêntica caipira, que tem um grande sonho na vida: se casar. E para isso ela está disposta a tudo para conquistar o coração de Quim, que só quer saber de comer um bom churrasco. 60 Nunca te vi, sempre te amei (84 Charing Cross Road) Com Anne Bancroft e Anthony Hopkins. Direção: Geoffrey Helman. Grã-Bretanha, 1986. 100 min. O filme aborda um delicado amor a distância entre a norte-americana Helene, que compra livros por correspondência em uma livraria de Londres, e Frank, o dono da loja. Por meio de correspondência, eles iniciam uma longa amizade. Terra estrangeira Com Fernanda Torres, Alexandre Borges e Laura Cardoso. Direção: Walter Salles. Brasil, Portugal, 1995. 100 min. Paco, após a morte de sua mãe, decide deixar o Brasil. Para isso, aceita levar um objeto contrabandeado para Lisboa. Lá, se envolve em mais confusões e peripécias. Livro didático É importante também valorizar o livro di- Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 dático, portanto, ao iniciar a discussão do tema proposto, peça aos alunos para usarem seus livros no intuito de fazê-los pesquisar sobre o tema, voltando seus olhares para textos que tenham especial foco na interação, por exemplo, textos com diálogos. Livros FIORIN, José Luís. Introdução ao pensamento de Bakhtin. São Paulo: Ática, 2006. A obra introduz o leitor no universo bakhtiniano, clareando muitos conceitos importantes na obra desse autor que tem influenciado tanto as mudanças de ensino de língua portuguesa na escola. LANDEIRA, José Luís; BARONTO, Luiz Eduardo. O tempo em gêneros. São Paulo: Salesiana, 2008. O tempo é tomado como tema para ser desenvolvido em 20 gêneros textuais, literários e não literários. SANCHEZ MIGUEL, Emilio. Compreensão de textos: dificuldades e ajudas. Tradução Ernani Rosa. Porto Alegre: Artmed, 2002. Importante compêndio de estudo das principais dificuldades de leitura dos alunos, com muitas sugestões práticas de como podem ser superadas. VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura. São Paulo: EPU, 1989. Estudo e análise da situação do ensino de literatura na escola brasileira, com importantes reflexões sobre o que é, efetivamente, ensinar literatura. Sites Museu da língua portuguesa Um achado no que se refere a curiosidades sobre a nossa língua, mas também no que diz respeito a textos acadêmicos que poderão aprofundar a sua formação. Disponível em: <http://www.museudalinguaportuguesa.org. br>. Acesso em: 29 maio 2013. Releituras Site com grande variedade de textos literários e biografias de autores da literatura em língua portuguesa. Disponível em: <http://www.relei turas.com>. Acesso em: 29 maio 2013. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 7 EXPOSIÇÃO DE FOTOJORNALISMO “O SABOR DA LÍNGUA PORTUGUESA” Esta Situação de Aprendizagem tem por objetivo desenvolver habilidades que possibilitem aos alunos relacionar a linguagem verbal e não verbal em espaços de comunicação e interação social formal. Nesse fundo, emerge a proposta desta Situação de Aprendizagem, que tem como situação-problema a preparação de uma exposição de fotojornalismo na escola. Conteúdos e temas: a exposição artística e o uso da palavra; texto expositivo: valor estilístico do verbo. Competências e habilidades: projetar atividades futuras envolvendo a linguagem; relacionar linguagens verbais e não verbais, possibilitando transmitir conteúdos que revelem posicionamento crítico e social; relacionar textos visando a encontrar entre eles a intertextualidade temática; construir expectativas de progressão textual; elaborar estratégias de leitura e produção de textos expositivos; desenvolver e valorizar expectativas de leitura. 61 Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno e com a preparação e o conhecimento de conteúdos e estratégias por parte do professor; preparação de exposição de fotojornalismo a partir da construção gradual do conceito, por meio de discussão e sistematização dos temas discutidos. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros extraclasse. Sugestão de avaliação: produção de texto expositivo; produção de texto coletivo; revisão de atividades feitas; projeto de exposição fotojornalística. Sondagem A escolha adotada no Caderno do Aluno permite que se aprofunde, paralelamente, o tema do Barroco. As reproduções artísticas com que abrimos esta Situação de Aprendizagem no Caderno do Aluno apresentam-nos o tema Cristo carregando a cruz, conforme interpretado por três grandes mestres da arte: o holandês Jan Sanders van Hemessen (1500-1566); o grego Domenikos Theotokopoulos, o El Greco (1541-1614); e o brasileiro Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730/38?-1814); O objetivo da atividade, ao observá-las, não é discutir aspectos religiosos, mas investigar relações de semelhança e diferença entre elas. Além disso, dá-se início, dessa maneira, a uma breve e significativa discussão sobre o Barroco, que poderá ser ampliada pela utilização adequada do livro didático. Observe que os mesmos objetivos permeiam a inclusão do soneto Buscando a Cristo, de Gregório de Matos. Finalmente, a análise é polemizada pela comparação com as imagens fotográficas atuais, sugeridas ou apresentadas mais adiante. Para este caso, escolhemos a de Carol Quintanilha, embora outras imagens também possam ser utilizadas. A partir da observação das imagens e de breve contextualização de cada uma, discuta com seus alunos: f Em qual delas a cruz parece ser mais difícil de ser carregada? f Qual a relação entre o retrato do Cristo e o observador da obra? f Em quais delas o cenário é parte importante da obra? Depois, avance sua investigação, tendo por base estas questões: f O que a obra me diz sobre o tema abordado? Qual delas me impressiona mais? f De que modo as expressões de Cristo revelam sentimentos como dor, confiança em Deus, desejo de dialogar com a humanidade, dignidade etc.? 62 © Superstock Fineart/Glow Images © Superstock Fineart/Glow Images (detalhe) Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Jan Sanders van Hemessen. Cristo carregando a cruz (1553). Museu Cristão, Esztergom, Hungria. © Prado, Madrid, Spain/The Bridgeman Art Library/Keystone © Alex Salim Detalhe da imagem ao lado. El Greco. Cristo carregando a cruz (1590-1595). Museu do Prado, Madri, Espanha. Aleijadinho. Cristo carregando a cruz (1796-1799). Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, Congonhas (MG). 63 Professor, como atividade de pré-leitura, oriente os alunos a compreendê-la como exercício de análise de texto não verbal, que será traduzida com palavras. Ressalte, ainda, a importância de prestar atenção nos detalhes das imagens. 1. Identifique e escreva, em seu caderno, a que obras se aplicam os seguintes comentários: I. O rosto demonstra dignidade e fé. A cruz parece não pesar: ela é mais acariciada pelas mãos do que carregada. A face iluminada, com o olhar voltado para o alto, parece estar em oração, falando com Deus. O cenário reduz-se a um fundo de cor escura, como se Jesus, nessa hora, não pertencesse ao nosso mundo, tudo sendo envolto em uma dimensão de mistério divino e insensatez humana. II. Os detalhes dão uma forte impressão de movimento. A obra capta um momento, como um flash breve da existência de Cristo, que aparece cansado e sofrido; afinal, ele carrega em si todo o sofrimento humano. Seu olhar preocupado parece atravessar-nos – o público –, perdendo-se em algum ponto do espaço para além de nós. III. O Cristo sereno e cansado olha para aquele que vê a cena quase conversando com ele. Ao redor, o cenário deixa claro o contraste entre a superioridade do gesto divino e a insensatez humana: a multidão se comprime no espaço físico. Os rostos lembram caricaturas grotescas, reforçando o contraste com a face idealizada do Cristo. A vós correndo vou, braços sagrados, Nessa cruz sacrossanta descobertos; Que para receber-me estais abertos, E por não castigar-me estais cravados. A vós, divinos olhos, eclipsados, De tanto sangue e lágrimas cobertos, Pois para perdoar-me estais despertos E por não condenar-me estais fechados. A vós, pregados pés, por não deixar-me, A vós, sangue vertido, para ungir-me, A vós, cabeça baixa, por chamar-me. A vós, lado patente, quero unir-me, A vós, cravos preciosos, quero atar-me, Para ficar unido, atado e firme. MATOS, Gregório de. Buscando a Cristo. In: ______. Gregório de Matos: poesia lírica e satírica. 3. ed. São Paulo: Núcleo, 1996. O poema de Gregório de Mattos apresenta Cristo já crucificado, enquanto as reproduções tratam de Cristo a caminho do Calvário. O fundo de dor e de mistério divino, no entanto, permanece e torna-se uma chave importante para a leitura. Conheça melhor o autor da obra: Gregório de Matos e Guerra nasceu em Salvador, em data incerta (muitos acreditam 1636), vindo a falecer em 1696. De família de posses, foi advogado e poeta. Além da poesia satírica, que o tornou conhecido como o Boca do Inferno, pois não poupava ninguém, escreveu belos poemas religiosos. É considerado o maior poeta barroco do Brasil. I. Reprodução 2 (El Greco); II. Reprodução 3 (Aleijadinho); III. Reprodução 1 (Hemessen). 1. Que diferenças e semelhanças você encontra entre as reproduções artísticas analisadas e o poema a seguir? 64 2. As obras de arte que consideramos, inclusive o poema, apresentam traços do momento histórico-artístico chamado Barroco. Identifique as características comuns a essas obras: Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 a) preferência pelos contrastes, como, por exemplo, claro/escuro, digno/grotesco, espírito/matéria etc. b) gosto por cenas e situações que expressem calma e tranquilidade. c) predomínio do emocional sobre o racional. d) composição dinâmica e tensa, mesmo ao procurar a calma. e) valorização da natureza e de temas relacionados ao campo. Anteriormente, na Situação de Aprendizagem 3, trabalhamos em torno do projeto jornalístico “O sabor da língua portuguesa”, elaborando as fotos e as legendas que serão expostas no decorrer das próximas atividades. Lembramos que o objetivo é “fotografar” um espaço que possibilite um olhar crítico, que não aceite as injustiças sociais, especialmente aquelas que desvalorizam a riqueza plural da nossa língua. Para isso, propomos que se parta de uma fotografia jornalística que tenha na “denúncia social” o seu foco central. Sugerimos Allana coffee curing worksa, de Sebastião Salgado. Para você, professor! Consulte o site antes de realizar a atividade. Há outras opções de fotografias que poderão ser usadas, embora elas, provavelmente, exijam adaptações para a atividade aqui proposta. a b Exiba a fotografia. Observe que a foto divide o espaço em dois planos: no inferior, sobram sacas de café, que, sabemos, serão carregadas manualmente para os caminhões. No plano superior, trabalhadores braçais realizam o seu trabalho. O ambiente é interno e raios de sol filtrados incidem sobre eles, conferindo à imagem um ar transcendente, quase religioso, em que as figuras humanas ganham aspectos de divindade por meio do trabalho. Nesse caso, Sebastião Salgado diz-nos por imagens que o trabalho dignifica o homem. O público que assiste a tudo não participa dessa esfera divina, a não ser por contemplação. Entre o plano quase sagrado do duro trabalho braçal e o público, sacas de café os separam, trabalho a ser feito não pelos que o veem, mas pelos que estão lá, do outro lado, longe de nós. Assim, você pode orientar seu diálogo com os alunos partindo das seguintes questões: f O que as pessoas na foto estão fazendo? f Quais os dois planos em que se divide a fotografia? f O que sugerem os raios de sol incidindo sobre o grupo? f Qual é a importância das sacas de café nessa fotografia? Peça aos alunos sugestões de como completar a legenda da foto. Outras fotos podem ser usadas. Muitas são encontradas na internet, por exemplo, no site <http://www.flickr.com> (acesso em: 29 maio 2013). Sugerimos a Colheita de sisal b, de Carol Quintanilha, presente também no Caderno do Aluno. Disponível em: <http://www.fao.org/spanish/newsroom/field/042005_salgado_photo_gallery/salgado3.htm>. Acesso em: 29 maio 2013. Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/quintacarol/1714027304/>. Acesso em: 29 maio 2013. 65 1. Observe agora a foto a seguir. © Carol Quintanilha Ao analisá-la, reflita: O que o garoto da foto está fazendo? Que lugar ele ocupa no cenário? Que relação há entre o espaço e a personagem? Que relações há entre as reproduções artísticas anteriormente examinadas e esta foto? O que esta fotografia comunica a você? Colheita de sisal. O importante é analisar detalhadamente as características da foto e procurar construir sentido a partir de seus diferentes elementos. Em Colheita de sisal, não deixe de notar as semelhanças entre o menino (trabalho infantil) carregando o sisal e a imagem clássica da tradição cristã de Jesus carregando a cruz. Temas associados ao barroco podem ser desenvolvidos, em especial aqueles que abordam o jogo entre contrastes. 2. Responda no caderno: a) Embora não se trate de um tema do discurso religioso, a foto de Carol Quintanilha nos faz pensar nas reproduções que examinamos com o tema Cristo carregando a cruz. Que semelhanças e diferenças você encontra entre esses trabalhos? Nos dois temas, apresenta-se uma flagrante injustiça, reforçada pela relação entre o grotesco da cena e a dor expressa no olhar. Nas pinturas e na escultura, Cristo carrega uma cruz; na fotografia, um menino carrega um feixe de sisal. b) Ao aproximar o discurso do trabalho do discurso religioso, que efeitos de sentido foram obtidos pela obra de Carol Quintanilha? Denuncia-se a injustiça do trabalho infantil, comparando-a à trajetória de Cristo, desde a infância até o sacrifício que fez pela humanidade. 66 Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 7 Conceito da exposição de fotojornalismo: foto, legenda e projeto. f A exposição de fotojornalismo e o uso da palavra f Texto expositivo: valor estilístico do verbo Análise do valor expressivo do verbo, em Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 especial o Presente do Indicativo no texto expositivo. O Caderno do Aluno desenvolve essas aproximações. Nosso primeiro objetivo é desenvolver o conceito de “exposição”, ao mesmo tempo que aprofundaremos esse gênero textual. Leia o texto a seguir com os alunos. Ele aparece propositadamente “fatiado”, com o objetivo de desenvolver estratégias de leitura do texto expositivo. Ao mesmo tempo possibilita organizar, relacionar e interpretar informações para tomar decisões que permitam a construção de expectativas de progressão do texto. Intercale partes do texto com as reflexões, mas, ao final, peça a alguns alunos que leiam o texto todo em voz alta. Durante a leitura, ajude-os a melhorar o tom de voz, o ritmo dialogante de leitura e a postura do corpo. permite valorizar as expectativas que ele gera. Isso reforça a importância do título no texto e a necessidade de que suas diferentes partes se articulem adequadamente entre si. Noticiando a exposição! A seguir, vamos analisar uma notícia intitulada Flashes da história. Trata-se de um texto publicado no Guia da Secretária Municipal de Cultura, o qual divulga algumas das principais atividades culturais da cidade. 1. O que o título Flashes da história sugere a você? Que expectativas de leitura se formam em sua mente? Como explicado, uma discussão inicial sobre o título com seus alunos, antes da leitura do texto, permite valorizar as expectativas que ele gera. Sugerimos que faça isso a partir do título do texto. Desse modo, reforça a importância do título no texto e a necessidade de que as diferentes partes do texto se articulem adequadamente. Observe que, antes da leitura do texto, uma discussão inicial com eles a respeito do título 2. Leia, agora, o texto: Flashes da história Exposição de fotojornalismo Diálogos EUA-Brasil: Um olhar fotográfico sobre 50 anos de história, em cartaz na Galeria Olido, relembra fatos e personalidades marcantes dos dois países. O que o jogador brasileiro Pelé e o americano Michael Jordan teriam em comum? Por terem sido considerados, por muitos especialistas, os melhores atletas de todos os tempos em suas modalidades, tiveram suas imagens frequentemente estampadas nos principais jornais de todo o mundo. Por essa razão, foram escolhidos para compor a exposição Diálogos EUA-Brasil: Um olhar fotográfico sobre 50 Anos de história. Em cartaz na Galeria Olido a partir do dia 10, a mostra, patrocinada pelo Programa Fullbright, faz um paralelo entre a produção brasileira e norte-americana de fotojornalismo das últimas décadas. Os trabalhos selecionados ocupam as páginas de publicações como O Estado de S. Paulo, Folha de S.Paulo, O Globo, The New York Times e The Washington Post. Muitos deles integram também os acervos da Agência de Fotojornalismo Magnum, Arquivo Nacional americano e The Associated Press. Com 120 imagens coloridas e em preto e branco, de autoria de fotógrafos renomados como Jorge Araújo, Victor Jorgensen, Matt Zimmerman e Justin Newman, serão relembrados momentos e personalidades dos dois países. Segundo João Kulcsár, curador da mostra, “nos últimos anos, vários fatos vividos em conjunto, ou separadamente, reforçam a proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”. Para facilitar a compreensão, os trabalhos serão agrupados em seis temas: Herança comum; Política; 67 Emoção, força e paixão; Cidadania; Cultura; e Meio ambiente. Por meio deles, o público poderá, por exemplo, comparar registros das heranças europeias, africanas e indígenas; momentos de conquista dos cidadãos, como os Movimentos das Diretas Já, no Brasil, e dos Direitos Civis, nos Estados Unidos; os presidentes depostos Nixon e Collor; flagrantes de artistas e esportistas, como Frank Sinatra, Chico Buarque e Ayrton Senna; a preocupação comum com a preservação da natureza. Galeria Olido – 1o pavimento. Centro. Dia 10/11, 15h (abertura). De 11/11 a 30/12. 3a a sáb., das 12h às 21h30. Dom., das 12h às 19h30. Grátis. Em cartaz – Guia da Secretaria Municipal de Cultura. São Paulo. Prefeitura da Cidade de São Paulo – Secretaria da Cultura, n. 7, p. 54-55, nov. 2007. Analise, a seguir, o lide do texto: Professor, foram sugeridas três leituras: o texto, seu lide (releitura) e uma definição de lide. Tendo em vista que o aluno responderá às questões sobre o texto principal, planeje sua Exposição de fotojornalismo Diálogos EUA-Brasil: um olhar fotográfico sobre 50 anos de história, em cartaz na Galeria Olido, relembra fatos e personalidades marcantes dos dois países. forma de ler com eles: Partirá do lide, perguntando do que se trata? Lerá o texto e depois falará do lide? Lerá o conceito para eles? Veja o caminho que lhe pareça melhor. 3. Responda no caderno: a) Que relações se estabelecem entre esse primeiro parágrafo (também chamado de lide) e o título do texto? Aprofundando conhecimentos Observe que o termo flashes tanto faz referência a fotografias – muitas vezes feitas com o recurso do flash – como, em O lide tem por objetivo introduzir o leitor na reportagem e despertar seu interesse pelo texto já nas linhas iniciais. Pressupõe que qualquer texto publicado no jornal disponha de um núcleo de interesse, seja este o próprio fato, uma revelação, a ideia mais significativa de um debate, o aspecto mais curioso ou polêmico de um evento ou a declaração de maior impacto ou originalidade de um personagem. [...] Por ser uma síntese da notícia e da reportagem, não existe, no entanto, um modelo para a redação do texto do lide. Não pode ele ser realizado de maneira automática, com escrita burocrática. Folha de S.Paulo. Manual da redação. São Paulo: Publifolha, 2001. 68 sentido figurado, a episódios da história. b) Qual o exemplo apresentado no primeiro parágrafo? Há referências a Pelé e Michael Jordan, considerados os melhores atletas de todos os tempos em suas modalidades: um, brasileiro; o outro, estadunidense. c) Qual o objetivo de se apresentar esse exemplo? Introduzir a proposta da exposição anunciada. d) O terceiro parágrafo responde a perguntas básicas sobre o acontecimento: f Qual a proposta do acontecimento? f Onde ocorre? Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 f Quando ocorre? Uma mostra fotográfica ocorre na Galeria Olido a partir I. Segundo o texto, o que aproxima os diferentes trabalhos expostos? do dia 10. Não se menciona o mês, o que nos faz pensar O tema da exposição que perpassa todos os trabalhos que deve ser no momento em que o texto circula na so- expostos, aproximando-os. ciedade. e) Qual a finalidade do terceiro e do quarto parágrafos dentro do texto? Eles fornecem uma descrição do evento. II. Como planejar uma exposição de fotojornalismo? Aproveite para adequar essa pergunta à realidade local vivida pela comunidade onde está inserida a escola. Compare: (1) “vários fatos vividos [...] reforçam a proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos” III. Qual a importância do local onde ocorrerá a exposição? Deve ser planejado? Sim, é muito importante porque ele deve permitir que todos os trabalhos sejam vistos pelo maior número de pessoas. Além disso, deve ser adequado ao com (2) “vários fatos vividos [...] reforçaram a proximidade entre o Brasil e os Estados Unidos”. tema proposto e ao público esperado. 2. Baseada na discussão feita, a classe vai elaborar um texto coletivo. Certifique-se de copiá-lo no caderno. No texto, isso faria diferença? Por quê? Sim, pois o verbo no Presente, “reforçam”, aproxima a ação do interlocutor ao acontecimento. No segundo exemplo, o Para você, professor! verbo no Pretérito, “reforçaram”, apresenta distanciamento e término da ação. Discussão oral 1. Tomando como base o artigo Flashes da história, procurem definir o que é uma exposição de fotojornalismo. Lembrem-se das regras que devem orientar uma discussão em grupo. O que é um texto coletivo? Os alunos vão dando diversas respostas à pergunta feita. O professor anota na lousa as respostas. Depois, a partir dessas anotações e utilizando-se das sugestões dos alunos, escreve-se uma resposta única. Os alunos, a seguir, anotam no caderno esse texto produzido em conjunto. Pode ser definida como um conjunto de fotografias, organizadas a partir de um tema e traços comuns nas técnicas de produção das imagens, expostas à visitação pública. Durante a discussão, não deixem de responder às seguintes questões: Na construção do texto coletivo, aprofunde o uso dos conectivos que permitem a coesão entre os diferentes pensamentos apresentados pela turma. Utilize também o dicionário, a fim de diluir quaisquer dúvidas de grafia ou significado dos vocábulos. 69 Para você, professor! Cabe decidir a quem será aberta a exposição! Talvez seja importante apresentar este projeto ao coordenador da escola, na ATPC, se possível, em parceria com outro professor da mesma série. Outra questão a pensar: onde serão expostas as fotografias? Novamente, recomendamos que converse com o coordenador da escola, na ATPC. Sugerimos que pense na exposição em dois momentos. Inicialmente, as diversas séries deverão expor os trabalhos em sala de aula – esta parte é o mínimo obrigatório! As melhores fotos de cada classe, segundo uma comissão instituída pela coordenação – podemos pensar, por exemplo, no Grêmio da Escola –, serão exibidas, em conjunto, em uma exposição aberta a toda a comunidade estudantil, ou até local. Depois das respostas para as questões anteriores, sugerimos que elabore, com sua turma, uma proposta para expor os fatos. A atividade indicada é, novamente, a do texto coletivo, mas seguiremos, agora, uma outra estratégia. Projeto da exposição Vamos organizar um projeto da exposição. Segundo a orientação do professor, a classe será dividida em grupos, que responderão ao seguinte questionário: 1. Objetivo: Que benefícios a exposição trará para o espectador? Ou seja, o que vocês querem atingir com a exposição? 2. Justificativa: Por que alguém deveria aprofundar o tema proposto (O sabor da língua portuguesa)? 70 3. Metodologia: Como vocês vão expor as fotos? Quem vai fazer o que nessa exposição? Haverá partes orais ou somente escritas? Esse projeto retoma outro já aplicado: o projeto de reportagem fotográfica. Discuta bastante com os alunos os itens 1, 2 e 3 para que o projeto elaborado seja o mais claro e coerente possível. No final, as diferentes respostas serão socializadas, servindo de base para a construção de um texto único, coletivo, que será a pauta da classe para a organização da exposição. Toda exposição fotojornalística é uma apresentação organizada a partir de um assunto, a que o público tem acesso por meio de explicações orais ou escritas. Lembramos que a legenda é um pequeno texto escrito que explica e amplia a compreensão da foto, chamando a atenção do leitor para detalhes importantes. A legenda não pode resumir-se a repetir aquilo que qualquer um vê na fotografia. Decida, em conjunto com os alunos, se a participação oral complementará as explicações escritas. Essas informações escritas aparecem, como já vimos na Situação de Aprendizagem 3, nas legendas das fotos. Para você, professor! A atividade aqui proposta tem como objetivo criar condições para que o aluno desenvolva a habilidade de retornar ao texto feito, a fim de melhorá-lo. A tendência natural de alguns alunos será dizer que não há nada a melhorar na legenda que fizeram. Por isso, apresentamos um texto que permite valorizar o papel social da legenda na interação com a fotografia. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Além disso, destaque que desde que as legendas foram feitas até agora, certamente, houve acontecimentos na vida do aluno. Esses acontecimentos mudam a nossa maneira de ser e de pensar. Então, dizer que não há nada a mudar pode ser deixar de lado uma oportunidade de refletir e verificar as mudanças que ocorreram em nossa maneira de pensar desde a última vez em que mexemos no texto. Isso poderá levar alguns alunos a dizer também que, desse jeito, estaremos sempre mexendo em um texto, que ele nunca ficará pronto. E isso é verdade, embora não signifique que possamos ficar com o texto o resto da vida em nossas mãos, uma vez que o objetivo final de qualquer texto é o destinatário, mas o processo de aprender a escrever, esse sim, é contínuo. 1. Leia o texto a seguir, procurando compreender a relação entre o título A importância da legenda e o texto. A importância da legenda A legenda de uma foto normalmente procura ser neutra e informativa: uma data, um lugar, nomes. Uma foto sobre um atentado terrorista, por exemplo, não teria a seguinte legenda: “Não vejo a hora de acabar com tudo isto!”, e da mesma forma não seria apropriado para uma fotografia de um homem com a perna engessada: “Este na certa vai ficar manco!”. Também não há necessidade de a legenda mencionar algo como “Eu vi isto acontecer”. Claro que o fotógrafo viu a cena. A menos que seja uma mentira. Elaborado por José Luis Landeira especialmente para o São Paulo faz escola. A seguir, retorne à fotografia Colheita de sisal, de Carol Quintanilha. Crie, no caderno, uma legenda para a foto que exemplifique o conteúdo presente no texto A importância da legenda. O texto pretende valorizar o papel social da legenda, criando uma interação com a fotografia. Neste momento também, você pode analisar com os alunos o Presente do Indicativo. Não se trata, naturalmente, de esgotar o assunto, que será retomado nas próximas Situações de Aprendizagem, mas de apresentar uma recapitulação do tema que permita a reflexão do uso desse tempo e modo em títulos de notícias e legendas. 2. O texto a seguir explica o tema de uma exposição ocorrida em São Paulo, mas alguns verbos foram retirados. Para cada espaço vazio, temos três possibilidades. Cabe a você escolher a mais apropriada: brincam Instalações.................. (1) com conceito de gravidade Produzidas a partir de material tradicional – a porcelana chinesa –, instalações da artista plástica Heloísa Galvão ganham (2) leitura contemporânea ..................... na exposição Terra apresentada a partir do dia 24, às 14h, na Capela do Morumbi. A reúne mostra ......................... (3) peças suspensugerem (4) a reflexão sobre a sas que ..................... aparente fragilidade de suas formas em detrimento da densidade do material que as compõe (5). ........................ De acordo com a artista, enquanto a cepontua (6) o conceito de râmica branca ................. evocam peso, as imagens construídas................... (7) leveza. Na nave principal, sete peças – imponentes asas com cerca de três metros – espelham (8) a transposição do solo para .................. o ar. “Desloco a terra de seu espaço origicriando nal, o chão, para manipulá-la, .................. brincam (9) formas que ..................... (10) com a explica ideia de gravidade”, .................... (11). Em cartaz – Guia da Secretaria Municipal de Cultura. São Paulo: Prefeitura da Cidade de São Paulo – Secretaria da Cultura, n. 7, p. 56, nov. 2007. 71 (1) brincão – brincam – brinca legendas? Ou há algo que gostariam de mudar? (2) ganhão – ganham – ganha (3) reúne – reúnem – reunirão (4) sujerem – sugerem – sujeriram (5) compõe – compõem – compuseram É bom lembrar que, quanto mais clara estiver a legenda, mais fácil se tornará qualquer explicação oral. Além disso, explicar bem não significa necessariamente explicar muito, e sim escolher o vocabulário adequado, expressar-se bem, com clareza e concisão. Professor, oriente os alunos a revisar as legendas, tendo em (6) pontuaram – pontua – pontuam (7) evoca – evocão – evocam (8) espelharam – espelharão – espelham (9) criou – criando – cria vista a função do gênero e as análises feitas até aqui. Dando continuidade aos estudos verbais, recordemos que muitos ensinam ser o Presente o tempo verbal que indica a ação praticada ao mesmo tempo em que se fala. Essa não é, contudo, uma definição que abranja toda a realidade do uso do Presente do Indicativo. (10) brinque – brincam – brinquem (11) esplica – explica – ezplica Observe, ao término da atividade, a importância do uso do tempo Presente neste gênero textual, para fortalecer a expressão de verdade e proximidade entre texto e leitor. Esta atividade permite que sejam trabalhados, além de questões ligadas à concordância e à ortografia, outros aspectos morfossintáticos associados ao uso normativo do verbo. Além disso, na correção, você pode discutir com os alunos, de acordo com as necessidades locais, alguns aspectos importantes semântico-pragmáticos do verbo. Revisando a escrita Este é o momento de trabalhar a revisão da escrita. Algum tempo já se passou desde que os grupos desenvolveram essa atividade. f Como aplicar as sugestões dadas antes às legendas feitas? f Depois de tudo o que aprenderam desde então, os alunos manterão as mesmas 72 O ponto de partida é que, mais do que indicar uma ação no presente, esse tempo verbal aproxima a ação do interlocutor. O uso do Presente do Indicativo 1. Observe o período: Assim que o marido morreu, a viúva viaja para Londres e arruma um namorado. Sobre esse período, afirmamos: I. Os verbos viaja e arruma estão no Presente do Indicativo, já o verbo morreu está no Pretérito Perfeito. II. A ideia de Pretérito transmitida pelo verbo morreu permite que os outros verbos (viaja e arruma), mesmo no Presente, mantenham a ideia de Passado. III. Os verbos no Presente nos aproximam, por assim dizer, do acontecimento. A viagem da viúva e o novo namorado que ela arrumou são ações muito próximas da morte do marido. O Presente reforça o nosso espanto, Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 pois mal o marido tinha morrido e ela já estava viajando e arrumando novos amores. Estão corretas: ( b ) uma verdade científica é apresentada usando o Presente do Indicativo, mostrando assim sua atemporalidade, ou seja, que ela não fica velha com o tempo. a) apenas I e II. ( a ) mudando o advérbio, mudamos o sentido do verbo. Apesar de o verbo estar no Presente, ele apresenta sentido de Futuro, e isso é dado pela presença do advérbio. b) apenas II e III. c) apenas I e III. d) todas. 2. Observe a frase a seguir: Pedro come naquele boteco todos os dias. Sobre ela podemos apropriadamente afirmar que o verbo: ( c ) o verbo tem sentido de Imperativo, suavizando a ideia de ordem. Apelando para a emoção do consumidor, a frase publicitária se apresenta como um conselho, induzindo o interlocutor à ação. Desperta o interesse a fim de estimular o desejo. Em dia com o vestibular a) define um hábito: Pedro come todos os dias naquele boteco. Esse hábito é indicado pela locução adverbial todos os dias. b) indica uma ação que ocorre esporadicamente e não mantém relação com a locução adverbial todos os dias. c) estabelece um sentido de passado, de algo que ocorreu e que talvez não volte a acontecer. Esse sentido é reforçado pela locução adverbial todos os dias. d) apresenta uma ação presente, sem relações com o passado ou com o futuro. A locução adverbial todos os dias entra em conflito com a ideia presente no verbo. 3. Estabeleça a relação adequada: a) João vai para Manaus amanhã. b) A água ferve a cem graus. c) Aqui você compra mais barato! 4. (Fuvest – 2009) Assim se explicam a minha estada debaixo da janela de Capitu e a passagem de um cavaleiro, um dandy, como então dizíamos. Montava um belo cavalo alazão, firme na sela, rédea na mão esquerda, a direita à cinta, botas de verniz, figura e postura esbeltas: a cara não me era desconhecida. Tinham passado outros, e ainda outros viriam atrás; todos iam às suas namoradas. Era uso do tempo namorar a cavalo. Relê Alencar: “Porque um estudante (dizia um dos seus personagens de teatro de 1858) não pode estar sem estas duas coisas, um cavalo e uma namorada”. Relê Álvares de Azevedo. Uma das suas poesias é destinada a contar (1851) que residia em Catumbi, e, para ver a namorada no Catete, alugara um cavalo por três mil réis... ASSIS, Machado de. Dom Casmurro. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=2081>. Acesso em: 29 maio 2013. 73 As formas verbais tinham passado e viriam traduzem a ideia, respectivamente, de anterioridade e de posterioridade em relação ao fato expresso pela palavra: a) “explicam”. Para você, professor! Observe que os verbos no Presente do Indicativo aproximam o evento do leitor. De uma forma muito sutil, desperta-se, por meio do uso do Presente, o interesse do leitor e estimula-se o desejo. b) “estada”. c) “passagem”. d) “dizíamos”. e) “montava”. Se achar oportuno, analise com seus alunos o texto Instalações brincam com conceito de gravidade ou outros textos que apresentem título de caráter informativo. Questione qual o sentido no uso do Presente do Indicativo no título e no texto. 1. Os mesmos grupos que realizaram as fotos anteriormente devem, agora, produzir um texto expositivo seguindo o modelo de Flashes da história (o texto trabalhado no início desta Situação de Aprendizagem). O texto será usado para fazer a publicidade do evento junto à comunidade. O quadro a seguir apresenta os critérios que orientarão o seu olhar e de seus alunos, professor, para os textos. Peça-lhes para assinalarem os itens assim que terminarem a redação do texto. É importante que você complete, também, a sua parte: Minha opinião Critérios Está o.k. Precisa melhorar Opinião do professor Está Precisa o.k. melhorar Presença de informações precisas sobre o que é a exposição e quando e onde ela ocorrerá. Correção nas informações apresentadas. Clareza e coerência das explicações dadas. Limpeza e boa organização no trabalho. Preocupação com a intencionalidade comunicativa. Uso do verbo adequado ao texto proposto. Professor, explique o que é intencionalidade comunicativa: trata-se do conjunto de intenções, explícitas ou não, existentes na linguagem dos interlocutores que participam de uma situação comunicativa, por exemplo, a produção de um texto escrito. A intencionalidade comunicativa obriga-nos a pensar em quem fala ou escreve, para quem se fala ou se escreve e para onde se fala ou se escreve, ou seja, em que lugar o texto será ouvido ou lido. 74 Para você, professor! É sempre recomendável que o aluno conheça os critérios pelos quais o seu trabalho será avaliado antes mesmo de começá-lo. Para isso, escreva na lousa, de forma bem visível, esses critérios.. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 -me, não quero, não quero, mas o vício vem vindo a rir, toma-me a mão, faz-me inconsciente, apodera-se de mim. Estou com a crise. 2. Depois de corrigir o texto, devolva-o aos alunos. Discuta em classe aspectos da escrita em que todos os alunos devem melhorar. Peça aos alunos que reescrevam o texto seguindo as orientações dadas e devolvam-no para a correção final, com a primeira versão. A partir desses trechos, o que você espera da leitura do conto? Responda em seu caderno. É importante que e o aluno conheça os critérios de avaliação Há vários elementos que podem estimular essa pré-leitu- para que possa revisar seu texto. ra: um amor; uma mudança nesse sentimento; loucura; os nomes Rodolfo e Clotilde; um “eu” narrador, entre outras Encontro com a narrativa literária possibilidades. O importante é que o aluno fundamente sua pré-leitura em elementos presentes nos trechos. Professor, incentive seus alunos a ler um conto ou um outro texto literário. Neste momento, de modo diferente de outros momentos educativos, evite controlar o processo de leitura. Siga no entanto algumas estratégias de pré-leitura – levantando expectativas – e de pós-leitura. Ao terminar de ler uma narrativa de que gostamos, como um conto ou um romance, é importante dividi-la com os amigos. Recomendar a leitura, discutir, conversar animadamente sobre livros, autores, narrativas, de um modo gostoso, como, por exemplo, na hora do intervalo. A discussão enriquece qualquer leitor se, ao mesmo tempo que ele expressa suas ideias e impressões, ouve, atentamente, as dos outros. O conto é parte do livro Dentro da noite, do mesmo autor. Você poderá encontrá-lo, para leitura completa, no site <http://www. dominiopublico.gov.br/pesquisa/Detalhe ObraForm.do?select_action=&co_obra= 2076>. Acesso em: 19 jul. 2013. Responda às questões a seguir no caderno: 1. Ao acabar a leitura, compare as expectativas iniciais com o que o texto apresenta: Há muitas diferenças? Por quê? Considera o conto bom ou ruim? Justifique. É importante que os alunos façam a leitura do conto ou que você o leia para eles. Lembre-se: neste momento, de modo diferente de outros momentos educativos, evite controlar o processo de leitura. Siga, no entanto, algumas Antes disso, leia os trechos a seguir do conto Dentro da noite, de João do Rio. Esses trechos nos apresentam a personagem protagonista, Rodolfo Queiroz: f Tu amavas a Clotilde, não? Ela, coitadita! Parecia louca por ti, e os pais estavam radiantes de alegria. De repente, súbita transformação. Tu desapareces. f Nunca pensei encontrar o Rodolfo Queiroz, o mais elegante artista desta terra, num trem de subúrbio, às onze de uma noite de temporal. f Eu quero resistir e não posso. Estás a conversar com um homem que se sente doido. f Não há quem não tenha o seu vício, a sua tara, a sua brecha. Eu tenho um vício que é positivamente a loucura. Luto, resisto, grito, debato- estratégias de pré-leitura – levantando expectativas – e de pós-leitura. 2. É comum, nas narrativas literárias, a oposição entre um indivíduo problemático e a sociedade, que o impede de viver ou dificulta que ele viva, no mundo de valores que deseja. Em sua opinião, isso ocorre no conto Dentro da noite? Como? Qual sua opinião sobre esse contraste entre indivíduo e sociedade nesse conto? Depois da primeira leitura, ao longo da discussão, espera-se que os alunos respondam à questão afirmativamente, opinando sobre o contraste entre as regras e os julgamentos da sociedade e o comportamento do protagonista, Rodolfo Queiroz. Incentive a troca de percepções entre os alunos, promovendo a extensão do tema a novos exemplos que pos- 75 sam surgir de outras narrativas literárias. Lembre-se do que diz o Caderno do Professor: “Ao terminar de ler uma narrativa de que gostamos, como um conto ou um romance, é importante dividi-la com os amigos. Recomendar a leitura, discutir, conversar animadamente sobre livros, autores, narrativas, de um modo gostoso, como, por exemplo, na hora do intervalo: um pensa uma coisa; o outro pensa algo diferente e um colega discorda dos dois... A discussão enriquece qualquer leitor, ao passo que este expressa suas ideias e impressões e ouve, Conheça melhor o autor da obra: João do Rio é o pseudônimo mais usado por João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto, nascido no Rio de Janeiro, no dia 5 de agosto de 1881, e ali falecido, em 23 de junho de 1921. Foi jornalista, cronista, tradutor e teatrólogo de grande valor. atentamente, as dos outros”. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 8 DIVULGANDO A EXPOSIÇÃO! A partir do projeto da exposição de fotojornalismo, avançaremos no desenvolvimento da compreensão dos fenômenos linguísticos na circulação social dos textos. Para isso, expandiremos o projeto para mais uma situação-problema – a elaboração de um folheto de divulgação. Com isso, refletiremos sobre um gênero textual que transita entre o informativo e o persuasivo, uma vez que objetiva tanto informar a comunidade de um conteúdo específico como convencê-la a ir ao evento. É uma excelente oportunidade para iniciarmos o nosso trabalho com a argumentação, uma vez que esse gênero textual é conhecido de grande parte dos alunos e faz referência direta ao universo em que eles se encontram nesse momento de sua aprendizagem. Conteúdos e temas: gênero textual – folheto de divulgação; projeto de folheto informativo de divulgação; foco do texto. Competências e habilidades: relacionar linguagens verbais e não verbais, possibilitando a transmissão de conteúdos que revelem intenções comunicativas; preocupar-se com a coesão e coerência em um texto; desenvolver estratégias de argumentação; desenvolver e valorizar expectativas de leitura; projetar textos e atividades. Sugestão de estratégias: aula interativa com a participação dialógica do aluno, com o desenvolvimento de conteúdos a partir de estratégias específicas do professor; preparação da divulgação da exposição de fotojornalismo. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros extraclasse. Sugestão de avaliação: produção de folheto informativo de divulgação em situação de avaliação na qual os alunos, de posse de orientações sobre características do gênero de texto trabalhado, revisam textos dos colegas. 76 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Sondagem 2. Depois da discussão, responda no caderno: Qual a importância da palavra na comunicação humana? Apresente aos alunos diversos folhetos de divulgação de um evento. São textos facilmente encontráveis em cinemas, lanchonetes, supermercados, instituições culturais etc. Até em semáforos somos abordados com esses textos. Uma sugestão é pedir aos alunos que tragam tais textos para a sala de aula. 3. Converse com seus colegas: Sua família já recebeu um convite formal de casamento? Conte para a classe como foi a reação. Lembre-se dos preparativos para o dia, a preocupação em mandar presente etc. Caso nunca tenha recebido um convite assim, não faz mal, você poderá participar da conversa falando o que pensa sobre esse ritual tão antigo, mas ainda muito comum em nossa sociedade. Para que serve um folheto? 1 a 3. Professor, essa é uma atividade de leitura preparatória 1. Discuta oralmente: para o enfrentamento da situação problema da Situação de Aprendizagem: elaborar folheto de divulgação. Para tanto, f Qual a importância das palavras em sua vida? f Como nos comunicamos? Apenas por palavras? f Quais perigos e benefícios as palavras podem trazer ao dia a dia das pessoas? como essas questões propõem, é preciso relacionar o que fazemos, na fala ou escrita, com os contextos de argumentação em que os textos se inserem. Apresente-lhes também um convite de casamento tradicional. A seguir, uma sugestão: José da Silva Maria da Silva Olaveilton Silva Convidam para a cerimônia religiosa do casamento de seus filhos e Ignácio Pereira Santos Aparecida Santos Ignacida Pereira Santos A realizar-se no dia vinte e três de maio de dois mil e oito, às dezenove horas, na Igreja da Santidade, na Avenida da Igualdade, 125, Centro, São Paulo-SP. Após a cerimônia, os noivos receberão os convidados no Salão de Festas do Buffet Cotia, na Avenida da Igualdade, 138, Centro, São Paulo. Rua Conde de Além-Mar, 12, fundos. Jardim Esperança – Cubatão, SP Av. Estudantes, 190 Boa Viagem – São Paulo, SP R.S.V.P. – Tel.: (11) 299-9900 até o dia 12/05 com sra. Ateíldes 77 1. Você leu um convite de casamento. Agora, responda no caderno: O homem trabalhador merece um teto para morar. f Qual é a finalidade desse texto? Para que ele serve? Discutam em classe. a) O estudo que realizei ontem foi produtivo. Sugestão: convidar alguém para um evento, informando-o O estudo realizado ontem foi produtivo. dos dados necessários para seu comparecimento. Os folhetos visam a persuadir o leitor; o convite de casamento b) Admiramos os alunos que estudam. procura ser mais neutro e centra-se em transmitir as infor- Admiramos os alunos estudiosos. mações necessárias. Entretanto, os dois gêneros têm como alvo o leitor. Para você, professor! Embora esta seção não vise à transmissão de conteúdos, ela pode tornar-se, neste momento, uma excelente oportunidade para recapitular conceitos desenvolvidos até agora neste volume. Vale a pena repassar, antes de ministrar a aula, o conceito de texto informativo. 2. Transforme os seguintes períodos compostos em períodos simples, substituindo a oração subordinada substantiva por um adjetivo ou substantivo. Alguns ajustes precisarão ser feitos. Veja o modelo: É possível que eu fracasse na prova. É possível o meu fracasso na prova. a) Meu objetivo é que o meu trabalho termine antes do fim do dia. Meu objetivo é o término do trabalho antes do fim do dia. 2. Indique as alternativas corretas com relação ao convite de casamento: b) Os brasileiros acreditam que a crise financeira vai continuar. Os brasileiros acreditam na continuidade da crise financeira. a) transmite clara e ordenadamente a mensagem. b) é objetivo nas informações. c) apresenta diálogo. d) destaca as informações importantes. Como explicado, esta atividade diagnóstica permite sondar o que os alunos já conhecem sobre o tema que será desenvolvido. 3. Imagine que você tinha um compromisso para um passeio com seu primo no mesmo dia do casamento de Olaveilton e Ignacida. Como quer ir a esse casamento com seus pais, você terá de cancelar o passeio. Escreva um e-mail para seu primo, informando-o da sua ida ao evento. Dê detalhes, como data, lugar etc. Use seu caderno para realizar o exercício. Resposta pessoal. No entanto, espera-se que o aluno utilize as informações discutidas nesta Situação de Aprendizagem até 78 1. Transforme os seguintes períodos compostos em períodos simples, substituindo a oração subordinada adjetiva. Veja o modelo: Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 8 O homem que trabalha merece um teto para morar. f Gênero textual: folheto de divulgação Estudo das características do gênero a par- o presente momento. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 tir de seu uso na comunidade linguística a que pertence o aluno. f Projeto de folheto informativo de divulgação Planejamento do texto, levando em conta fatores linguísticos e sociais. f Foco Estudo da seleção feita entre o que se vai destacar em um texto, de acordo com o leitor visado. computador, de preferência, na sala de informática, o que permite brincar com fontes diferentes e, dessa forma, mais facilmente chamar a atenção dos leitores. Mas como produzir um eficiente folheto informativo de divulgação de uma atividade como essa? As recomendações a seguir devem ser, oportunamente, transmitidas em sala de aula. Aprofundando conhecimentos Neste momento, as fotografias que integrarão a mais nova exposição do colégio já estão prontas e legendadas. O tema centrado na expressividade da língua portuguesa apresenta o conflito constante entre vanguarda e tradição que está presente na linguagem. Chegou a hora de anunciar esse trabalho. Para isso, vamos produzir folhetos que divulguem no colégio, e até mesmo fora dele, a exposição. Sugerimos fazer os folhetos no Ao dominarmos certo gênero textual, não dominamos uma forma linguística, mas um modo de realizar linguisticamente objetivos determinados em contextos sociais específicos. Vejamos primeiro aquilo que você deve lembrar aos alunos para NÃO fazer. Ou seja, os contraexemplos. Os folhetos a seguir apresentam problemas na elaboração. Tente identificar quais são esses problemas enquanto os examina. Folheto I Exposição de Fotojornalismo O sabor da língua portuguesa E. E. João Amos Comenius. Av. Estevão Mendonça, 439 Vila Santa Catarina, São Paulo – SP Os primeiros anos do Ensino Médio têm muito prazer em apresentar à comunidade esta interessante exposição de fotojornalismo, com uma importante reflexão sobre o delicioso sabor da língua portuguesa Folheto II MUITA ATENÇÃO, GALERA! Exposição de Fotojornalismo O sabor da língua portuguesa no Alberto Torres! - Inaugurando mais uma atividade cultural do nosso Colégio, teremos, no próximo sábado, uma Exposição de Fotojornalismo intitulada O sabor da língua portuguesa. 79 - Todos sabemos da importância de valorizarmos a língua portuguesa, por isso, Não falte! A exposição fotografou momentos em que a língua portuguesa ganha sabor especial na vida dos brasileiros... - Não falte! A galera vai amar...! Local: E. E. Alberto Torres Av. Vital Brasil, 1260 Butantã São Paulo – SP 1. Depois de detida análise, identifique, entre os diferentes conselhos que aparecem a seguir, aqueles que são mais adequados para o Folheto I (use I) e os que forem mais apropriados para o Folheto II (use II). Veja o modelo. ( II ) Não use hifens em lugar de sinais de tópicos. ( II ) Não oscile o registro de linguagem entre o formal e o informal. O objetivo de apresentar contraexemplos é fazer que o aluno perceba, pela negativa, como construir e aplicar conceitos das ( II ) Preste atenção nas quebras de linha: não interrompa a linha em pontos que quebram a coesão do texto, como, por exemplo, entre “sabemos a importância” e “de valorizarmos a língua portuguesa, por isso”, ou entre esse trecho e o que vem na sequência, “Não falte!”. ( I ) Não coloque tudo em quadros! Forme quadros com linhas invisíveis para inserir os textos. ( I ) Não use tipos de letra muito comuns, como Times New Roman ou Arial. ( II ) Evite uma página cansativa, com repetições desnecessárias de conteúdos e de formas. Note que se repete desnecessariamente a informação do evento e o tipo de letra permanece sempre o mesmo. Ouse e use contrastes! ( I ) Não utilize espaços iguais entre os quadros. 80 diferentes áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos linguísticos na materialização do texto informativo de divulgação, anunciando uma manifestação artística específica. Contraste esses contraexemplos com a intenção comunicativa do texto e com o diálogo social que esse texto forçosamente fará com as fotografias. Questione: “De que forma a qualidade de um lança expectativas sobre a qualidade do outro?” Aprofundando conhecimentos [...] Muitos textos são produzidos. E o que é mais significante, diversos fatos sociais são produzidos. Esses fatos não poderiam existir se as pessoas não os realizassem por meio da criação de textos. BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. São Paulo: Cortez, 2005. p. 21. 2. Complete os espaços com os termos adequados ao sentido do texto, escolhendo entre as palavras do quadro a seguir. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 jornal – informativo – destina – explica – leitor – objetivo – seleção – compreensão – importante – resumo – poema – destacar – foco Um folheto informativo de divulgação deve despertar a atenção do leitor . Para isso, é preciso, antes de prepará-lo, defoco cidir qual será o de atenção. O foco é uma seleção feita entre o que se vai destacar no texto de acordo com o leitor visado. Ou seja, a quem se destina o texto é que vai priorizar aquilo que será focado como mais importante no texto. Orientações para elaboração dos folhetos Antes de tudo, temos de selecionar as informações: f O que é mais importante no texto? f O que deve vir em letras grandes? f O que é menos importante e pode vir em letras menores? Usar o contraste possibilitará criar um foco forte para organizar apropriadamente as informações e orientar o olhar do leitor pela página. foco forte. Se o foco atrair o leitor, ele se sentirá mais inclinado a ler o restante do texto; f use subtítulos fortes, ou seja, na forma (aspecto visual) e no conteúdo (significado). O objetivo é que os leitores possam passar os olhos rapidamente pelo folheto e captar a ideia essencial. Se os subtítulos não despertarem o interesse, o leitor interromperá a leitura; mas sem subtítulos, o leitor achará muito cansativo ler todas as palavrinhas do texto a fim de compreender a mensagem; f a repetição em um folheto deve ser pensada com cuidado. O objetivo do texto informativo não é aprofundar o conhecimento (esse é o objetivo do texto expositivo). Contudo, repetir um ou outro detalhe assegura a coesão textual; f o texto deve apresentar um alinhamento devidamente pensado. É apropriado não centralizar o título e alinhar o texto à esquerda, na forma de tópicos. Ousadia com propósitos específicos garantirá a criatividade do trabalho. Para você, professor! A fim de não minar a criatividade dos grupos e fortalecer a compreensão verbal do trabalho, optamos por não apresentar nenhum exemplo positivo de folheto informativo. Para você, professor! O foco é uma seleção feita entre o que se vai destacar no texto de acordo com o leitor visado. Ou seja, o que será focado como mais importante no texto deve priorizar a quem se destina o texto. f coloque um título, figura ou clip-art grande, como uma das fotos da exposição. Prefira uma imagem visual que não confunda o leitor com muitas informações. Esse será o seu 3. Reveja os folhetos usados para a discussão do Exercício 1 desta Situação de Aprendizagem. Com base nos estudos feitos até agora, assinale V ou F conforme considerar Verdadeiras ou Falsas as afirmações a seguir que melhor definem as características de um folheto informativo. a) ( V ) Foco forte. Se o foco atrair o leitor, este estará mais inclinado a ler o restante do texto. 81 b) ( F ) Linguagem. Deve-se oscilar o registro de linguagem entre o formal e o informal. c) ( V ) Repetição. Repetir apenas um ou outro detalhe assegura a fixação da informação. d) ( F ) Quebras de linha. Interromper a linha em pontos que quebram a coesão do texto é bom. qual você encontre alguma relação com as fotografias que farão parte da exposição de fotojornalismo. No caderno, identifique o poema, o poeta e a época em que foi redigido. Explique qual a relação existente entre esse poema e as fotografias, citando trechos do texto poético para confirmar as suas opiniões. Professor, essa atividade é um exercício intertextual entre foto e poema. É importante ressaltar que a escolha do poema e) ( V ) Subtítulos fortes. O objetivo é que os leitores possam passar os olhos rapidamente pelo folheto e captar a ideia essencial. f) ( F ) Hifens. Usar hifens em lugar de sinais de tópicos. deve ser, de alguma maneira, coerente com algum aspecto em destaque na imagem. 2. Procure no dicionário a definição de folheto que melhor se relaciona com o tema que estamos estudando. Transcreva-a no caderno. Com essa atividade, é possível perceber se o aluno está compreendendo a proposta com o folheto e, se necessário, fa- g) ( V ) Alinhamento. É apropriado não centralizar o título e alinhar o texto à esquerda, na forma de tópicos. h) ( F ) Letra. Usar tipos de letra muito comuns, como Times New Roman ou Arial. zer intervenções para corrigir concepções equivocadas ou resolver dúvidas. Mas como desenvolver esses conteúdos em sala de aula? Projetando um folheto 4. Explique, no caderno, o porquê de cada alternativa assinalada. Resposta pessoal. Entretanto, os alunos devem justificar as respostas com bons argumentos. Você pode ajudá-los, destacando aspectos das orientações para elaboração de folhetos que foram apresentadas há pouco. Muitos erram ao fazer seus folhetos por não organizar apropriadamente as informações mais importantes do texto. A tendência é deixar tudo grande, para “chamar a atenção”! No entanto, se tudo estiver grande, nada poderá despertar a atenção do leitor e perde-se a intencionalidade comunicativa do texto. 1. Pesquise no livro didático, na biblioteca ou sala de leitura, ou em um site confiável, um poema no 82 Proponha que os alunos se reúnam em grupos, segundo a divisão feita para a realização das fotografias. Explique que cada grupo produzirá um folheto informativo de divulgação. Antes de tudo, explique o que não deve ser feito. Assegure-se de exemplificar essas explicações. Contraste-as com os folhetos da sondagem. Pergunte: Quantos “sobrevivem” à análise de qualidade a partir dos critérios estabelecidos? Por quê? Para você, professor! A explicação pode vir com a atividade de sondagem dos folhetos que os alunos têm em mãos. Pode ser apresentada gradativamente. Seria interessante apresentar os contraexemplos visualmente. Eles podem até ser escritos na lousa. Sutilmente, explo- Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 re as potencialidades da pergunta “por quê?”. Procure compreender o ponto de vista dos alunos e, se necessário, pergunte o motivo da justificativa apresentada, tentando encontrar “o porquê do por quê”. Trata-se de uma forma simples de ensinar a argumentar e defender pontos de vista. Explique as características próprias de um folheto informativo eficiente. Destaque a importância de, a fim de obter os resultados desejados, elaborar um projeto de texto dos folhetos informativos. Reúna-se com seu grupo constituído na Situação de Aprendizagem 7. Chegou a hora de vocês fazerem o projeto de texto de um folheto informativo de divulgação da exposição de fotografia. Antes da elaboração, porém, responda às seguintes perguntas, em seu caderno, sobre o seu projeto: a) Qual a informação mais importante do texto? b) Quais as informações essenciais no texto, embora não constituam o foco central? c) A que público específico se destina o folheto? De acordo com essas informações, os grupos já terão selecionado, sem talvez se darem conta disso, o que deve vir em tipos grandes e o que deve aparecer em tipos menores. Além disso, já terão escolhido o registro de linguagem mais apropriado. Peça a eles que levem em conta a função do tempo verbal no texto, em especial do Presente do Indicativo. Outros tempos verbais serão estudados oportunamente. Mesmo assim, é uma boa oportunidade para uma recapitulação extra ou para exercícios de fixação que você pode encontrar no livro didático. É importante que, além do título, o folheto apresente subtítulos que chamem a atenção do leitor, no aspecto visual e nos significados. Os subtítulos devem despertar o interesse do leitor e ser muito pensados antes de aparecer. Sem eles o texto poderá tornar-se muito cansativo. Preencha as frases a seguir empregando o verbo no tempo e no modo indicado: chegue a) Todos querem que ele ______________ na hora certa. (chegar – Presente do Subjuntivo). vimos b) Nós _____________ entregar-lhe pessoalmente seus documentos. (vir – Presente do Indicativo). agrida seus amigos dessa c) Por favor, não _______ forma. (agredir – Imperativo negativo). águo d) Eu ________ as plantas do jardim todos os dias. (aguar – Presente do Indicativo). parta e) Esperamos que ela _______ bem cedo amanhã. (partir – Presente do Subjuntivo). Falar de fotografia ou preparar uma exposição fotográfica pode nos trazer recordações. Mas não são somente fotografias que nos trazem certas lembranças, como aconteceu com o escritor Lima Barreto. Você lerá um texto em que esse autor fala de uma recordação um pouco irônica que ele teve certo dia. Durante sua leitura, preste atenção na relação temporal que os verbos mantêm entre si, quando, por meio de um fato presente, o narrador se lembra do passado. 83 A carroça dos cachorros Quando, de manhã cedo, saio da minha casa, triste e saudoso da minha mocidade que se foi fecunda, na rua eu vejo o espetáculo mais engraçado desta vida. Amo os animais e todos eles me enchem do prazer da natureza. Sozinho, mais ou menos esbodegado, eu, pela manhã desço a rua e vejo. O espetáculo mais curioso é o da carroça dos cachorros. Ela me lembra as antigas caleças dos ministros de Estado, tempo do império, quando eram seguidas por duas praças de cavalaria de polícia. Era no tempo da minha meninice e eu me lembro disso com as maiores saudades. – Lá vem a carrocinha! – dizem. E todos os homens, mulheres e crianças se agitam e tratam de avisar os outros. Diz Dona Marocas a Dona Eugênia: – Vizinha! Lá vem a carrocinha! Prenda o Jupi! E toda a “avenida” se agita e os cachorrinhos vão presos e escondidos. Esse espetáculo tão curioso e especial mostra bem de que forma profunda nós homens nos ligamos aos animais. [...] BARRETO, Lima. Crônicas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=7555>. Acesso em: 29 maio 2013. 1. Entre diferentes funções, o Presente do Indicativo expressa uma ação que acontece no momento da fala. No trecho: “Quando de manhã cedo, saio da minha casa, triste e saudoso da minha mocidade que se foi fecunda, na rua eu vejo o espetáculo mais engraçado desta vida”, a relação entre os verbos no Presente saio e vejo indica: alteração verbal permitiria que considerássemos a juventude como algo: a) ainda presente. b) já ausente. c) infeliz. d) projetado para o futuro. a) anterioridade e posterioridade das ações narradas. b) concomitância entre as ações. c) presente e passado do ocorrido. 3. A crítica social nesse texto centra-se na comparação que o autor faz entre os ministros de Estado e os cachorros. Em seu caderno, transcreva o trecho que deixa clara essa comparação. “O espetáculo mais curioso é o da carroça dos cachorros. Ela d) posterioridade em relação ao advérbio quando. me lembra as antigas caleças dos ministros de Estado, tempo do império, quando eram seguidas por duas praças de cavalaria de polícia.” 2. Usando a mesma frase do texto transcrita no exercício anterior, se trocarmos foi, verbo ser no Pretérito Perfeito, pelo mesmo verbo no Presente do Indicativo, teríamos: “[...] minha mocidade que é fecunda”. Essa 84 Conheça melhor o autor da obra: Afonso Henriques de Lima Barre- Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 to nasceu no Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1881, e faleceu em 1o de novembro de 1922. É considerado um dos mais importantes escritores brasileiros. Sua obra, de temática social, critica as famílias aristocráticas e defende os pobres, boêmios e arruinados. Sua linguagem coloquial influenciou o movimento modernista no Brasil. Fazendo o folheto 1. Em grupo, elaborem um “boneco” do folheto em papel A4. Ele deve reproduzir o mais fielmente possível o resultado final. Troquem sua produção com os outros grupos. Cada grupo fará uma observação sobre pontos positivos ou pontos a melhorar no trabalho dos colegas. Anotem as sugestões no próprio boneco, a lápis e de forma sutil, mas seguindo os crité- rios já discutidos nesta Situação de Aprendizagem. Professor, se achar mais produtivo, efetue um recorte nessa abordagem: devem pensar apenas em aspectos linguísticos? No público-alvo? Em aspectos gráficos? Essas e outras perguntas podem auxiliá-lo no encaminhamento dessa ação. Para você, professor! Retome as explicações sobre o uso expressivo do Presente do Indicativo desenvolvidas na Situação de Aprendizagem anterior. Isso assegurará o desenvolvimento gradativo dos conhecimentos teóricos dos alunos, mas, ao mesmo tempo, permitirá que eles consigam relacionar teoria e prática linguísticas. 2. Depois de ler as sugestões dos colegas e decidir se vão segui-las, avaliem o trabalho preenchendo o quadro. Mostre-o ao professor, que vai completá-lo também. Minha opinião Critérios Está o.k. Precisa melhorar Opinião do professor Está Precisa o.k. melhorar Transmite clara e ordenadamente a mensagem. Destaca as informações importantes. Usa o verbo adequado ao texto proposto. Está limpo e bem organizado. É criativo e original. Professor, esse quadro sistematiza alguns aspectos que devem nortear os comentários dos grupos. Assim, na Atividade 1, você pode fazer o trabalho oralmente, deixando a escrita para agora. 3. Feito e revisado o “boneco” do folheto, reúna-se com seu grupo na sala de informática. Eleja um representante que digitará a versão final do folheto. Caso não haja possibilidade de usar um computador e imprimir o trabalho, faça-o na classe mesmo, em uma folha de papel A4. Mantenha a mesma clareza e limpeza que teria com o trabalho se fosse feito no computador. É importante que haja a divulgação do folheto, portanto, afixe-o no mural da classe ou da escola. Professor, nesse momento é importante rever os trabalhos, para que cheguem a seus destinatários. Além disso, pode ser o momento para reforçar ou estabelecer critérios de como os folhetos serão avaliados. 85 Para você, professor! Certifique-se previamente de saber como esses trabalhos serão impressos! Quais as suas opções? Verifique se é possível imprimir na sala de informática de sua escola, na sala dos professores ou na secretaria. Fale com o seu coordenador para resolver as dúvidas. Em dia com o vestibular 1. (Fuvest – 2006) Os verbos estão corretamente empregados apenas na frase: d) A exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade e que tome consciência de seus próprios limites. e) O que hoje talvez possa vir a tornar-se uma técnica para prorrogar a vida, sem dúvida amanhã possa vir a tornar-se uma ameaça. 2. Para a próxima aula, traga um texto que gostou de ler e considerou bonito ou belo. Em seu caderno, explique os motivos que o levaram a considerá-lo assim. Professor, discuta com a classe os conceitos de bonito e belo, estimulando a reflexão dos alunos. Como dissemos, essa classificação é muito discutível. a) No cerne de nossas heranças culturais se encontram os idiomas que as transmitem de geração em geração e que assegurem a pluralidade das civilizações. b) Se há episódios traumáticos em nosso passado, não poderemos avançar a não ser que os encaramos. Com base no que você estudou nesta Situação de Aprendizagem, reflita e responda no caderno quais os conteúdos que: a) Gostou de estudar? Por quê? b) Foram pouco interessantes? Por quê? c) Estresse e ambiente hostil são apenas alguns dos fatores que possam desencadear uma explosão de fúria. Não se esqueça de retomar essas questões na aula seguinte para que a reflexão do aluno seja vista por ele como elemento importante para a sua aprendizagem. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 9 QUANDO AS PALAVRAS RESOLVEM FAZER ARTE! Abordar literatura na escola é abordar o gosto pela leitura. Lamentavelmente, de forma geral, há poucas estratégias desenvolvidas no Ensino Médio visando à construção do gosto literário dos alunos. Embora muitos concordem que o ser humano pode aprender a gostar de algo (ouvimos até pessoas falando: “Puxa, eu aprendi a gostar de Sicrana!”), a verdade é que, por não ser uma tarefa fácil, a escola acaba preferindo trabalhar a história da literatura em vez de desenvolver a autonomia leitora literária 86 do aluno, o que seria o primeiro passo para a construção do gosto pela leitura. Claro, porque acreditamos que é muito mais fácil gostar daquilo que se conhece, entende, compreende (como quando ouvimos: “Depois que eu a conheci melhor, passei a gostar mais dela!”). Mas a literatura é também uma instituição. Ou seja, não é apenas compreensão de texto ou um jogo emocional de gosta-não-gosta. A literatura participa na consolidação da teia humana que chamamos “sociedade”. Então, o prazer do Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 texto constitui-se como jogo entre a compreensão do próprio texto como fenômeno de leitura literária e a interação com a delicada trama so- cial que é a instituição literária. Compreender esse jogo é o objetivo central das nossas atividades nesta Situação de Aprendizagem. Conteúdos e temas: Literatura e Arte; crônica. Competências e habilidades: distinguir as marcas próprias do texto literário e estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político; desenvolver estratégias de leitura de texto literário; inferir tese, tema ou assunto principal em um texto; relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário com os contextos de produção, para atribuir significados de leituras críticas em diferentes situações; compreender a literatura como sistema social em que se concretizam valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional; projetar texto narrativo. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com o desenvolvimento de conteúdos a partir de estratégias específicas do professor; atividades individuais e em grupo; discussões orais. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros extraclasse. Sugestão de avaliação: produção de folheto informativo de divulgação. Sondagem Peça previamente aos alunos que tragam para a sala de aula um texto que eles gostem de ler, que considerem “bonito” ou “belo”. Permita que os alunos apresentem os motivos que os levam a considerar cada texto como “belo”. dade: o eu lírico é incompreendido pelas pessoas ao agir de modo diferente por causa do amor que sente por uma dama. Esse soneto, escrito por Luís Vaz de Camões, é considerado uma obra de arte. Você consegue imaginar por quê? Pergunte: f Por que considera esse texto bonito? f Acha que se trata de uma obra de arte? Para você, o que é Arte? f Você sente necessidade de Arte? Responda no caderno: 1. Em sua opinião, que características um texto precisa apresentar para ser considerado uma obra de arte? As respostas são pessoais. Espera-se que os alunos utilizem Escolha, no livro didático que adotou, um poema que considera bonito, mas que, ao mesmo tempo, seja também considerado uma obra literária importante. Fornecemos um texto literário como sugestão. seu repertório pessoal, refletindo sobre o conceito de belo, para responder e argumentar sobre seu ponto de vista de forma coerente. 2. Quem decide que textos devem ou não ser considerados obras de arte? Espera-se que os alunos relacionem os conceitos de gosto e belo às mudanças que ocorrem nas formas de fazer aprecia- A beleza do soneto de Camões ções estéticas, ligando-as a variações de repertório, época, lugar, cultura e grupo social, bem como às suas respectivas O soneto que vamos ler a seguir aborda a relação difícil entre o indivíduo e a socie- manifestações. 87 Julga-me a gente toda por perdido, vendo-me tão entregue a meu cuidado, andar sempre dos homens apartado, e dos tratos humanos esquecido. Mas eu, que tenho o mundo conhecido, e quase que sobre ele ando dobrado, tenho por baixo, rústico, enganado quem não é com meu mal engrandecido. Conheça melhor o autor da obra: Luís Vaz de Camões nasceu em Portugal, provavelmente no ano de 1525. É autor de Os Lusíadas, considerada uma das obras mais importantes da literatura portuguesa. De família da pequena nobreza, ingressa no Exército da Coroa de Portugal e participa da guerra contra Ceuta, no Marrocos, durante a qual perde o olho direito. Boêmio, de volta a Lisboa, frequenta tanto os serões da nobreza como as noitadas populares. Embarca para a Índia em 1553 e para a China em 1556. Em 1560, o navio em que viaja naufraga na foz do rio Mekong. Morre em Portugal, em 1580, na mais absoluta pobreza. Vá revolvendo a terra, o mar e o vento, busquem riquezas, honras a outra gente, vencendo ferro, fogo, frio e calma; Que eu só em humilde estado me contento, de trazer esculpido eternamente vosso fermoso gesto dentro n’alma. CAMÕES, Luís de. Sonetos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=1872>. Acesso em: 29 maio 2013. c) ( F ) deseja riquezas e honras conseguidas por meio de sua obra. d) ( V ) afastou-se das relações humanas. e) ( V ) apenas deseja trazer a lembrança da amada em sua alma. 2. Compare esse texto com aquele que você trouxe de casa. A seguir, discuta oralmente: f Qual deles você considera mais artístico? Por quê? f Qual deles permite melhor que pensemos em nossa identidade e existência? Por quê? Como explicado anteriormente: “Observe que estamos considerando a literatura como um conceito aberto. Ou seja, não 1. O tema do desajuste do poeta em relação à sociedade em que vive é comum na poesia de todos os tempos. Assinale V ou F, conforme forem, respectivamente, Verdadeiras ou Falsas as afirmativas do poema sobre o poeta: devemos ser dogmáticos, apresentando um ponto de vista único, mas abrirmo-nos para a argumentação e para o diálogo. Desejamos mostrar a literatura como um sistema aberto presente na sociedade em que influenciam fatores sociais e psíquicos, além, é claro, do tecido textual. O desenvolvimento de um conceito de literatura é uma atividade gradativa, para os três anos do Ensino Médio, mas um processo que tem a) ( V ) é julgado como “perdido” pelas pessoas. b) ( V ) conhece bem o mundo. 88 seu início fundante nesta Situação de Aprendizagem”. 3. Observe o sentido do termo cuidado na primeira estrofe: Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Julga-me a gente toda por perdido, Vendo-me tão entregue a meu cuidado, Andar sempre dos homens apartado E dos tratos humanos esquecido. Qual das acepções a seguir, retiradas do dicionário, apresenta melhor o sentido do termo cuidado nessa estrofe? do. Isso, ao mesmo tempo, engrandeceu-me e me fez muito mal. e) Eu tenho um baixo rústico e enganado que anda dobrado pelo mundo conhecido, mesmo que ele faça grande mal às pessoas. 5. Observe a última estrofe do poema: a) bem-feito. b) previsto. Que eu só em humilde estado me contento De trazer esculpido eternamente Vosso fermoso gesto dentro n´alma. c) dedicação. I. O termo só tem o sentido de: d) trabalho. a) sozinho. e) calculado. b) solitário. 4. Observe a segunda estrofe: c) único. Mas eu, que tenho o mundo conhecido, E quase que sobre ele ando dobrado, Tenho por baixo, rústico, enganado Quem não é com meu mal engrandecido. A ideia central da segunda estrofe é: a) Eu, que conheço muito bem o mundo, acho que os que não se comovem com minhas penas são pessoas baixas, rústicas e enganadas. b) Eu, que sou obrigado a andar dobrado, sou rebaixado e enganado pelas pessoas que desejam se engrandecer à minha custa. d) apenas. e) isso. II. O termo fermoso não é de uso comum nos dias de hoje. Como sabemos, a língua portuguesa se transforma e evolui. Qual dos termos a seguir poderia ser usado hoje em dia para traduzir o sentido de fermoso? a) fermento. b) famoso. c) mentiroso. c) Embora eu seja baixinho, rústico e enganado, assim mesmo desejo conhecer o mundo e andar sobre ele, mesmo que isso me cause mal. d) Eu conheci o mundo andando sobre ele, mesmo sendo baixo, rústico e engana- d) bonito. e) feio. Pedro gosta muito de escrever letras de música e ele as faz de todos 89 os tipos: sambas, raps, baladas... Com ele não tem problema, apenas precisa de uma inspiração. Sua namorada, Beloniza, pediu-lhe para “transformar” o soneto de Camões Julga-me a gente toda por perdido em uma letra de música moderna, mantendo as mesmas ideias, mas mudando as palavras, a divisão das estrofes, o que ele quisesse. No caderno, assuma o lugar de Pedro e faça essa adaptação. Professor, aqui há uma mudança no gênero (“poema para letra de música”) e no contexto de recepção (renascimento e jovens estudantes do século XXI). A transformação, no entanto, deve manter a parte escrita do original camoniano. Para tanto, ria a forma de arte que utiliza as palavras como matéria-prima, assim como a pintura é a forma de arte que se utiliza das imagens pintadas. E o que é Arte? Para muitos, Arte é aquilo que é belo. Mas isso apenas nos leva de um problema para outro: o que é a beleza? Como a beleza influencia a ponto de fazer que uma obra seja considerada artística? E o ditado que diz que “Gosto e cor não se discutem”, o que significa? Falar de gostos é um assunto difícil. Nem todos gostam das mesmas coisas. também será preciso levar em conta a questão do ritmo. Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 9 f Literatura e Arte Conceito de Literatura como expressão artística e instituição social. f Crônica Características da crônica literária e estratégias de leitura e escrita. Esta Situação de Aprendizagem dedica-se ao estudo da Literatura. Mas o que é literatura? De um modo simplificado, consideramos literário o texto que se apresenta ao interlocutor como uma obra de arte. Ou seja, a Literatura se- Com tantas variáveis, desdobramentos e pontos de vista, não é de estranhar que, no decorrer da história, vários conceitos de literatura tenham se desenvolvido, tentando explicar o que faz um texto ser considerado literário. Construindo uma definição de Literatura 1. Leia os excertos a seguir: Professor, essa leitura terá como objetivo chegar à próxima atividade, que pergunta sobre ideias-chave de cada texto. Nessa pré-leitura, portanto, ainda não dê as ideias, mas estimule os estudantes a, oralmente, verbalizá-las. Reúna os alunos em grupos. Anote, em papéis separados, as ideias-chave abaixo. Em seguida, faça um sorteio. Conforme elas forem saindo, peça aos grupos que procurem o trecho que melhor combine com a frase sorteada. Faça essa relação a cada ideia-chave sorteada. A Na leitura e na escritura do texto literário, encontramos o senso de nós mesmos e da comunidade a que pertencemos. A literatura nos diz o que somos e nos incentiva a desejar e a expressar o mundo por nós mesmos. E isso se dá porque a Literatura é uma experiência a ser realizada. É mais que um conhecimento a ser reelaborado, ela é a incorporação do outro em mim sem renúncia de minha própria identidade. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 2. ed. 2. reimp. São Paulo: Contexto, 2012. p. 17. <http://www.editoracontexto.com.br>. 90 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 B A literatura, no sentido de uma coleção de obras de valor real e inalterável, distinguida por certas propriedades comuns, não existe. Os juízos de valor que a constituem [isto é, a literatura] são historicamente variáveis, mas [...] esses juízos têm, eles próprios, uma estreita relação com as ideologias sociais. Eles se referem, em última análise, não apenas ao gosto particular, mas aos pressupostos pelos quais certos grupos sociais exercem e mantêm o poder sobre os outros. EAGLETON, Terry. Teoria da literatura: uma introdução. Tradução Waltensir Dutra. São Paulo: Martins Fontes, 2001. p. 15, 22. C [A literatura], considerada aqui um sistema de obras ligadas por denominadores comuns, que permitem reconhecer as notas dominantes duma fase. Estes denominadores são, além das características internas (língua, tema, imagens), certos elementos de natureza social e psíquica, embora literariamente organizados, que se manifestam historicamente. CANDIDO, Antonio. Formação da literatura brasileira: momentos decisivos. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul, 2006. D A literatura, assim como outras formas de manifestação artística, preenche a necessidade de ficção do homem, possibilitando-lhe por meio da palavra a recriação e reinvenção do universo. [...] Observando e analisando a condição humana, através dos sentimentos e conflitos existenciais das personagens de ficção, [...] [uma pessoa é levada] a refletir sobre a sua própria existência, chegando a uma compreensão mais profunda de si mesmo e do homem. VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura. São Paulo: EPU, 1989. p. 13, 26. 2. Faça a relação entre os excertos e as frases a seguir, completando adequadamente: a) ( A ) A literatura é uma experiência que permite a construção da minha identidade. b) ( D ) A literatura é um modo de satisfazer às nossas necessidades de fantasia e ficção. c) ( C ) A literatura é o conjunto de textos construídos a partir de diferentes aspectos linguísticos, sociais e psicológicos. d) ( B ) A literatura é o conjunto de textos que os poderosos decidem que seja Arte. 91 Para você, professor! É muito importante não deixar de fazer o sorteio para que os alunos possam, efetivamente, procurar a ideia-chave nos trechos dados, e não simplesmente fazer uma relação direta. Observe que, nesse momento, eles estão tanto relacionando informações sobre diferentes conceitos de Literatura como sintetizando ideias-chave. Observe o desenvolvimento das habilidades de localizar e relacionar itens concorrentes ou contrários de uma informação explícita. Observe que esse é também um primeiro passo para desenvolver a habilidade de relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário com os contextos de produção, para atribuir significados de leituras críticas em diferentes situações. Para esse fim, promova, durante a correção, um espírito de questionamento constante, em que os alunos exponham suas opiniões pessoais. É possível que o repertório literário da maioria dos alunos não seja muito amplo, mas utilize-se das letras de música, campo em que, acreditamos, a maioria apresenta um melhor repertório e que permite igual questionamento do que é considerado “bom” ou “ruim”. Ou seja: Por que as letras de música de Chico Buarque são consideradas clássicos de bom gosto e muitos viram a cara ao rap ou ao axé? Relacione os comentários com os diferentes pontos de vista sobre o texto literário. Durante a atividade, circule pela classe incentivando os alunos a encontrar as relações, esclarecendo dúvidas pontuais e estimulando o uso do dicionário. Com base nessas diferentes definições, destaque que o conceito de literatura é aberto, ou seja, que não há apenas uma definição válida. Cada um de nós deve construir a sua e saber defendê-la diante dos outros. No entanto, as opiniões dos estudiosos no assunto podem ajudar-nos a construir a nossa e a evitar que caiamos em erros e deturpações. Discussão oral f Podemos aprender a gostar de algo de que não gostávamos? f Os gostos de música de antigamente não são os mesmos de hoje. Por que mudaram? Discuta com os alunos sobre a mudança de valores de acordo com a passagem do tempo. Explique a eles que grande parte daquilo que gostamos é resultado de termos aprendido a gostar. Uma pessoa consegue aprender a gostar, inclusive aprender a desenvolver os gostos que vão atender à sua necessidade pessoal de Arte. Aprofundando conhecimentos Muitos concordariam ser verdade que o homem consegue aprender a gostar das coisas. Consegue até aprender a gostar do que não gostava. Aprendemos a gostar de coisas novas e a valorizar coisas antigas. Aprendemos a viver e a valorizar a necessidade que todos nós temos de gostar, de sonhar, de aprender. Aprendemos a satisfazer as nossas necessidades de arte e beleza. Por isso, as pessoas cantam e ouvem músicas, copiam versos para a pessoa amada, assistem a uma novela na televisão ou leem um livro. LANDEIRA, J. L. Quando as palavras resolvem fazer arte. In: MURRIE, Z. F. (Coord.). Linguagens, códigos e suas tecnologias: livro do estudante: Ensino Médio. Brasília: MEC/Inep, 2002. p. 84. 92 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Os textos literários, orais e escritos, que procuram atender a essa necessidade humana de arte são chamados de Literatura. Ocorre, no entanto, que nem todos consideram Literatura como o mesmo conjunto de textos. Os gostos mudam de acordo com a época, o lugar e o grupo social. Além disso, grupos sociais tentam impor o seu conceito de Literatura para outros. Muitas vezes, fazem isso por instituições como a escola, que, por meio das bibliotecas e dos textos adotados pelos professores, em especial de Língua Portuguesa, acaba por selecionar o que é texto literário e o que não é. Nesse contexto, se achar oportuno, proponha a seguinte questão: Se um aluno vai prestar vestibular e encontra, ao se preparar para o exame, uma lista de livros de Literatura, adianta ele dizer que não vai ler porque, pessoalmente, não considera aqueles livros literários? Para você, professor! É importante destacar aqui o papel social da Literatura. Outros exemplos poderão ser considerados: a adaptação de um texto literário para o cinema ou para a televisão; a lista de livros da biblioteca; a seleção de livros das livrarias; a lista de livros mais vendidos que encontramos em revistas e jornais etc. Seguindo as estratégias estudadas, elabore, no caderno, um resumo do texto a seguir: A Literatura e a sociedade Os textos, orais e escritos, que procuram atender à necessidade humana de arte são chamados de Literatura. Ocorre que nem todos consideram Literatura como o mesmo conjunto de textos. Naturalmente, não podemos reduzir o que é artístico apenas ao que é bonito. Embora seja verdade que o conceito de Arte se relaciona aos conceitos de gosto e de belo, os gostos mudam de acordo com a época, o lugar, a cultura e o grupo social. Por exemplo, alemães e brasileiros, a princípio, não terão sempre os mesmos gostos. Na verdade, dificilmente duas pessoas terão sempre os mesmos gostos ou classificarão as mesmas coisas como belas. Além disso, grupos sociais tentam impor o seu conceito de literatura para outros. Muitas vezes fazem isso por meio de instituições como a escola, que, conforme o acervo de suas bibliotecas e os textos adotados pelos professores, em especial de Língua Portuguesa, acaba por selecionar o que é texto literário e o que não é. O mesmo poderíamos falar das universidades: quem iria cogitar se um determinado livro solicitado por uma universidade em um vestibular não é bonito o suficiente para ser classificado como Literatura? A Literatura, contudo, não é a única nessa situação: ela não é independente, mas está relacionada aos demais fenômenos sociais e econômicos que configuram uma determinada sociedade. Os fundamentos do que é Arte não são de origem individual, mas a obra de arte, sim: é a criação de um indivíduo, o artista. Esse artista produz a obra de arte, um trabalho de imaginação. A imaginação, por um lado, não pode fugir das referências da realidade. Por mais imaginativo que seja o artista, sempre há algo de realidade em suas obras. Por outro, a imaginação do artista deve permitir que a obra de arte vá além da realidade, não necessariamente contra essa realidade, mas desvelando, possibilitando que o leitor do texto literário encontre, numa situação local, algo que seja universal. O texto literário também não se deve confundir com o texto histórico. “Ah, esse livro é legal porque é baseado em fatos reais!” – isso não é um critério literário, mas histórico. A história descreve fa- 93 tos que ocorreram realmente, preocupando-se com os detalhes particulares desses fatos. A Literatura descreve fatos que, verdadeiros ou não, pouco importa, revelam aspectos universais – ou seja, sempre presentes – do ser humano. Elaborado por José Luís Landeira e João Henrique Mateos especialmente para o São Paulo faz escola. Professor, na versão do texto que está neste Caderno, grifamos as ideias-chave para organização do resumo. Elas deverão, evidentemente, passar por um processo de textualização por parte dos estudantes. Com esse enfoque, vamos considerar mais de perto um gênero literário específico, a crônica. Trata-se de um gênero importante, por ter grande aceitação e circulação social. A crônica é um gênero textual que surgiu nos jornais. Pela sensibilidade do texto e do olhar atualizado que ela exige, misturando o cotidiano do autor com o cotidiano do mundo, ganhou um espaço na literatura de tal maneira que hoje podemos considerá-la um texto que tanto pertence à lista de textos jornalísticos como à de textos literários. Para você, professor! Faça a leitura do texto em voz alta. Depois peça aos alunos que leiam. Dois alunos podem encarregar-se de ler o texto todo: um lê do título até “Assim ficara sabendo que não era ninguém...”; e o outro continua daí. Avalie o ritmo de leitura, a articulação das palavras e as pausas. Faça comentários e incentive-os conforme notar que seja necessário. O padeiro Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo. Está bem. Tomo o meu café com pão dormido, que não é tão ruim assim. E enquanto tomo café vou me lembrando de um homem modesto que conheci antigamente. Quando vinha deixar o pão à porta do apartamento ele apertava a campainha, mas, para não incomodar os moradores, avisava gritando: – Não é ninguém, é o padeiro! Interroguei-o uma vez: como tivera a ideia de gritar aquilo? “Então você não é ninguém?” Ele abriu um sorriso largo. Explicou que aprendera aquilo de ouvido. Muitas vezes lhe acontecera bater a campainha de uma casa e ser atendido por uma empregada ou outra pessoa qualquer, e ouvir uma voz que vinha lá de dentro perguntando quem era; e ouvir a pessoa que o atendera dizer para dentro: “não é ninguém, não senhora, é o padeiro”. Assim ficara sabendo que não era ninguém... 94 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Ele me contou isso sem mágoa nenhuma, e se despediu ainda sorrindo. Eu não quis detê-lo para explicar que estava falando com um colega, ainda que menos importante. Naquele tempo eu também, como os padeiros, fazia o trabalho noturno. Era pela madrugada que deixava a redação de jornal, quase sempre depois de uma passagem pela oficina – e muitas vezes saía já levando na mão um dos primeiros exemplares rodados, o jornal ainda quentinho da máquina, como pão saído do forno. Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo! E às vezes me julgava importante porque no jornal que levava para casa, além de reportagens ou notas que eu escrevera sem assinar, ia uma crônica ou artigo com o meu nome. O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre; “não é ninguém, é o padeiro”. E assobiava pelas escadas. BRAGA, Rubem. O padeiro. In: ANDRADE, Carlos Drummond de; SABINO, Fernando; CAMPOS, Paulo Mendes; BRAGA, Rubem. Para gostar de ler, v. I - Crônicas. 12. ed. São Paulo: Ática, 1989. p. 63-64. Disponível em: <http://www. tvcultura.com.br/aloescola/literatura/cronicas/rubembraga.htm>. Acesso em: 29 maio 2013. Se achar pertinente, peça aos alunos que narrem, oralmente, o resumo da crônica. comportamento humano. As mais diversas realidades, subjetivas e sociais, são apresentadas ao leitor pelo filtro da sensibilidade e da arte. Quanto à segunda questão, espera-se, no entanto, que os Para você, professor! estudantes respondam, de forma geral, que se trata de um narrador um pouco mais velho (“Ah, eu era rapaz naquele Essa atividade, além de possibilitar que se desenvolva a habilidade de elaborar sínteses de textos lidos, permite que você avalie a habilidade dos alunos de inferir o tema e o assunto principal em um texto e desenvolva estratégias de recuperação de conteúdos que ainda não tenham sido devidamente assimilados. tempo!”), apreciador dos simples acontecimentos rotineiros e sensível à existência humana (“O jornal e o pão estariam bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos útil e entre todos alegre”). 1. Respondam às questões: f Trata-se de uma obra literária? Por quê? f Que imagem de narrador se forma na mente do leitor? Por quê? Sim, trata-se de uma obra literária porque ela se caracteriza por representar um olhar diferenciado do autor, em que se revelam reflexões críticas, e até poéticas, sobre aspectos do 2. Com base na crônica lida, respondam, individualmente, mas trocando ideias entre vocês, às questões a seguir: Quais as personagens envolvidas? Qual o acontecimento narrado? Em que lugar ocorre? Quanto tempo se passa? Que reflexão sobre o comportamento humano nos apresenta o narrador? Professor, nessa resposta, você pode sugerir que seus alunos organizem o quadro a seguir. Quais as personagens envolvidas? O narrador e o padeiro. Qual o acontecimento narrado? A lembrança do diálogo entre as personagens motivado pelo anúncio do padeiro: “Não é ninguém, é o padeiro!”. 95 Em que lugar ocorre? Na casa do narrador. Quanto tempo se passa? O tempo atual, em que o narrador lembra, enquanto toma o café, e o tempo passado, em que o narrador dialoga com o padeiro. Que reflexão sobre o comportamento humano nos apresenta o narrador? O valor da humildade no exercício profissional. Mas será que existiu mesmo um padeiro do modo como o descreve Rubem Braga? Em matéria de ficção, não adianta ficar preocupado com tais dúvidas. Faz parte do trabalho dos escritores de ficção confundir os leitores ao escrever. Ser confundido faz parte do nosso papel de leitor. Desse modo, caiam no jogo proposto pelo narrador e sintam o cheiro de pão fresquinho que vem do passado. Explique os elementos da narrativa: personagens, ação, lugar, tempo. Tire dúvidas sobre essas questões. É possível que o livro didático adotado tenha informações complementares sobre esse tema. Aprofunde esse conhecimento. Entre os textos narrativos literários de maior circulação na sociedade desponta a crônica. A origem da palavra “crônica” é grega, de chronos, que significa “tempo”. Isso porque uma das características definidoras da crônica é o seu caráter atual: fatos atuais são apresentados ao leitor, acompanhados da reflexão mais abrangente do escritor sobre o comportamento humano. A crônica é um gênero literário de origem brasileira. Surgiu no século XIX, derivada de um gênero anterior chamado folhetim. A proposta do folhetim era juntar, em um único texto, a criação literária e a atividade jornalística. Em 1854, José de Alencar surge como o principal nome do gênero “folhetim”, preocu- 96 pado em ser sensível aos acontecimentos, com um olhar entre a comédia e a seriedade, mas sempre com bom gosto e delicadeza. Para Machado de Assis, por volta de 1859, o folhetim se origina da mistura entre o “útil e o fútil”. Dessa forma, o folhetim foi misturando cada vez mais características próprias do texto jornalístico – como o conteúdo crítico e informativo – com a linguagem elaborada e crítica, mais própria da Literatura. De Machado de Assis, herdamos o modelo de crônica para a atualidade. O folhetim evolui para crônica e esta para a crônica literária, conservando, no entanto, essa mistura entre a linguagem do cotidiano e a reflexão crítica e poética. A crônica é o texto que procura surpreender os momentos da vida que merecem ficar na memória. Observe que a vida do narrador é apresentada ao leitor a partir da rotina: nada de especialmente excitante ou diferente ocorre. A memória, no entanto, a partir de uma lembrança da véspera (“greve do pão dormido”) viaja ainda mais para o passado e traz um detalhe da vida cotidiana: o encontro do narrador e do seu padeiro. Nesse encontro, no entanto, há espaço para toda uma reflexão sobre a existência humana e a necessidade de sermos humildes em tudo o que fazemos. Discuta as experiências pessoais dos alunos que eles, seguindo aquela narrada por Rubem Braga, acreditam que dariam boas crônicas. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 3. Agora, cada grupo vai elaborara sua própria definição de Literatura. Cada definição deve ser copiada em uma folha A4 e afixada no mural da classe. Ela será reexaminada em outros momentos. Professor, com essa ação, espera-se construir uma etapa do processo de aprendizagem do conceito de Literatura, que deverá ser retomado e alterado no decorrer do desenvolvimento das atividades. 4. Que imagem você formou do narrador da crônica O padeiro, quanto à idade que ele tem e à forma como vê a vida? 7. Observe o primeiro parágrafo da crônica: Levanto cedo, faço minhas abluções, ponho a chaleira no fogo para fazer café e abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão costumeiro. No mesmo instante me lembro de ter lido alguma coisa nos jornais da véspera sobre a “greve do pão dormido”. De resto não é bem uma greve, é um lock-out, greve dos patrões, que suspenderam o trabalho noturno; acham que obrigando o povo a tomar seu café da manhã com pão dormido conseguirão não sei bem o que do governo. A resposta é pessoal, mas espera-se que os alunos respondam que se trata de um homem mais experiente que, com base em sua vivência e nostalgia, é mais sensível aos acontecimentos rotineiros, que podem ser grandes lições de vida. 5. Que elementos do texto contribuíram para formar essa imagem? Nas respostas de seus alunos, destaque os elementos que fa- I. As expressões abluções, suspenderam e dormido poderiam ser substituídas, sem significativa perda de sentido, respectivamente por: a) rituais – elevaram – com sono. b) lavagens – proibiram – descansado. zem interagir a atualidade e a sensibilidade lírica, por exemplo: “E enquanto tomo café vou me lembrando de um ho- c) lavagens – levantaram – adormecido. mem modesto que conheci antigamente”; “Ah, eu era rapaz, eu era rapaz naquele tempo!”, “O jornal e o pão estariam d) rituais – ergueram – sossegado. bem cedinho na porta de cada lar; e dentro do meu coração eu recebi a lição de humildade daquele homem entre todos e) lavagens – interromperam – de véspera. útil e entre todos alegre”. “Observe que a vida do narrador é apresentada ao leitor a II. O uso do Presente do Indicativo, no início do parágrafo, poderia sugerir uma rotina. No entanto, ocorre um fato que nos mostra que o narrador não nos falará de uma rotina, mas de um acontecimento importante no passado que ainda está muito presente em sua memória. Identifique esse fato. partir da rotina: nada de especialmente excitante ou diferen- “Abro a porta do apartamento – mas não encontro o pão te ocorre. A memória, no entanto, a partir de uma lembrança costumeiro.” 6. Com maior ou menor intensidade, todo narrador é um intérprete da sociedade em que vive e na qual produz a sua obra. Em sua opinião, que interpretação (visão) da sociedade aparece na crônica de Rubem Braga? da véspera (greve do pão dormido), viaja ainda mais para o passado e traz um detalhe da vida cotidiana: o encontro do narrador com seu padeiro. Nesse encontro, no entanto, há espaço para toda uma reflexão sobre a existência humana e a necessidade de sermos humildes em tudo o que fazemos”, encarando a atuação da sociedade como, muitas vezes, insensível e excludente. 8. Utilizando exemplos da crônica de Rubem Braga, explique a definição de literatura a seguir, adaptada do pensamento do estudioso francês Roland Barthes: A Literatura é o próprio clarão do real. Toda a realidade e todo o conhecimento estão presentes no texto literário. 97 Levando em conta que a crônica é um texto literário, comente com seus alunos que ela é caracterizada por representar um olhar diferenciado do autor, em que se revelam reflexões críticas e até poéticas, sobre aspectos do comportamento humano. As mais diversas realidades, subjetivas e sociais, são apresentadas ao leitor, pelo filtro da sensibilidade e da arte. No caderno, responda às questões a seguir: 1. A origem da palavra crônica é grega, de chronos, que significa tempo. Que relação há entre tempo e o gênero textual crônica? Uma das características definidoras da crônica é o seu caráter de contemporaneidade em relação ao autor, daí a relação com a ideia de tempo, também etimológica. 2. Defina crônica. Crônica é um gênero textual caracterizado por representar um olhar diferenciado do autor, em que se revelam reflexões críticas e até poéticas, sobre aspectos da vida cotidiana. 3. Ao falarmos da leitura de textos literários, é importante saber se os fatos narrados são reais ou não? Por quê? Não, não é importante. A Literatura descreve acontecimentos que, ocorrendo de fato ou não, pouco importa, pois revelam aspectos universais – ou seja, sempre presentes – do ser humano. A seguir, socialize as respostas, procurando encontrar nos comentários a compreensão das características do gênero “crônica”. Em seus comentários, reforce tudo aquilo que o aluno disser que revele alguma compreensão dessas relações de atualidade e sensibilidade lírica. Ainda a crônica e a Literatura Agora, ofereça outra oportunidade de leitura de uma crônica. Crônicas podem, facilmente, ser encontradas nos livros da biblioteca ou sala de leitura da escola ou no livro didático. Esta atividade, no entanto, centra-se em construir uma expectativa de leitura a partir do gênero e do título. Ou seja, como o gênero e o título influenciam o leitor antes que ele inicie a leitura? Em outras palavras, o que o leitor pode esperar de um texto com tal título e com as características de crônica? A seguir, sugerimos a leitura de uma crônica da escritora catarinense Urda Alice Klueger. Antes de começá-la, apresente o título e pergunte: O que podemos esperar de uma crônica chamada Futebol, quantas alegrias já me trouxe? Que alegrias podem tornar-se crônica? Futebol, quantas alegrias já me trouxe Costumo dizer que as mais puras e intensas alegrias da minha vida vieram do futebol. Tive inúmeras outras alegrias, é claro, mas nenhuma tão gratuita e intensa como as que o futebol me proporciona desde 1958, quando tinha seis anos de idade. Em 1958 fomos campeões do mundo pela primeira vez, e podem me perguntar que sei ainda todinho o Hino da Seleção daquele ano. A Copa de 58 foi o momento de revelação do futebol, para mim, e as imagens mais fortes daqueles dias de Copa são do meu pai, de ouvido encostado no rádio, e explodindo em gritos de gol quando chegávamos a ele. Eu só tinha seis anos e ainda nada sabia de futebol, mas gritava junto com meu pai, e sentia nascer em mim a primeira emoção violenta da vida. Naquela época, ouvia-se o jogo pelo rádio, viam-se as fotos dos gols uma semana depois, na revista O Cruzeiro, e, se tivesse sorte, uns dois meses depois podia-se ver os gols no cinema, no jornal que era apresentado antes dos filmes. Outra das imagens que ficou da Copa de 58 foi uma foto na revista, onde Pelé, menino de 16 anos, aparecia abraçado com duas suecas loiríssimas. Para a tacanha mentalidade que predominava em Santa Catarina, na época (e que continua por aí, por baixo dos panos), aquilo era quase um atentado 98 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 ao pudor. Duas loiras terem a coragem de abraçar um negro? O comentário mais sóbrio dizia que elas não tinham vergonha na cara. Estava fora de cogitação os adultos da época pensarem na probabilidade de, algum dia, seus filhos e netos se miscigenarem com a gloriosa e alegre etnia negra, que tanto adoçou o Brasil. O fato é que, hoje, as miscigenações estão acontecendo vigorosamente, e deverão aumentar de intensidade no futuro, neste país mestiço. E o menino Pelé, na época mais ou menos perdoado por seus gols pela indecência de abraçar duas loiras, hoje é rei e tem incontestável majestade e um dos orgulhos da minha família, por exemplo, é ter as fotos da minha irmã Mariana, que é jornalista na África do Sul, entrevistando Pelé em Johannesburgo. Mas falávamos em futebol, e atravessamos, ébrios de patriotismo, aqueles anos de 58 a 62. Em 1962 eu já tinha dez anos e o futebol tinha me fisgado de vez. De novo ouvi os jogos pelo rádio – a televisão não tinha chegado ainda. Naquela Copa, porém, minha alegria ficou um pouco acobertada pela surra que levei quando, num dos gols do Brasil, pulei tanto sobre o sofá novo pé de palito que a minha mãe acabara de ganhar, que quebrei o pé de palito do mesmo. Mas foi lindo ganhar; ah! como foi! E aí chegamos em 1970, em plena época da televisão, e nunca mais vamos ter uma Seleção como aquela! Por mais que curta História, a minha grande admiração pelo México não advém dos Maias e Astecas, mas do maravilhoso calor humano daquele povo que se colocou, decididamente, a torcer pelo Brasil, depois que o seu país foi eliminado da disputa. Maravilhosos mexicanos, vocês ficaram no meu coração! Na ocasião, eu tinha 18 anos, mas formei um firme propósito: não morrer antes de ver o Brasil campeão de novo, tamanha foi a emoção que vivi. Tive que esperar 24 anos para que tal acontecesse, tive que amargar todas as derrotas do intervalo, mas tinha a certeza de que não iria morrer antes de reviver a intensidade da alegria. Esperei 94 do mesmo jeito que esperara todas as outras copas: de camisa da Seleção, bandeiras na varanda, um monte de simpatias para dar sorte, e coração pulsando na mão. Pode rir quem quiser, mas sou daquelas torcedoras que ouve o Hino Nacional de pé e em silêncio, na frente da televisão, e quase tem um enfarto a cada jogada. Em 94, gravei todos os jogos da nossa Seleção, e aquelas fitas são, hoje, a minha certeza de alegria e de bom humor. Quando alguma coisa não vai bem, quando surgem os problemas e fica difícil sair do baixo-astral, eu revejo um dos jogos da World Cup. Não demora muitos minutos para que eu esteja rindo sozinha igual a uma boba, na frente da televisão, o coração aquecido pela mais pura e intensa alegria. Minha meta foi atingida: vi o Brasil campeão mais uma vez. Só que agora não quero morrer sem ver o Brasil campeão de novo. Ah! Futebol, quantas alegrias já me trouxe! KLUEGER, Urda Alice. Escritora e historiadora. Responda às questões no caderno: Para você, professor! Independentemente da crônica que adotar, varie as estratégias de leitura desenvolvidas: leia primeiro todo o texto em voz alta. Mantenha um tom de voz cordial e uma boa articulação. Depois, divida a leitura do texto entre diversos alunos. A cada aluno, pergunte: Qual a ideia-chave do que foi lido? O que podemos esperar em seguida? Verifique sempre o ritmo de leitura e a clareza na pronúncia daquilo que se lê. 1. Verônica gostou muito da crônica da escritora Urda Klueger. Ela tem uma amiga que mora em Santa Catarina, a Rebeca. Assim que voltou da escola, foi a uma lan house e enviou um e-mail para Rebeca contando a respeito da crônica que leu. No e-mail, Verônica fez um resumo da crônica. Coloque-se no lugar dela e escreva o e-mail para Rebeca. Verifique se as principais ideias da crônica estão presentes no texto. Além disso, é conveniente lembrar que a estrutura do e-mail divide-se da seguinte forma: o cabeçalho, o corpo e o anexo. No cabeçalho encontramos os itens essenciais para o envio da mensagem, ou seja, o endereço digital do remeten- 99 ca de Rubem Braga ou a outra que encontrar em seu livro didático e analise o uso que o autor faz da linguagem, seguindo o modelo de texto que acabamos de ler de Urda Klueger. te, o endereço digital do(s) destinatário(s), logo a seguir encontramos um campo que é opcional, destinado ao envio de cópias, ocultas ou não, e ainda o campo do assunto, que, na maioria das vezes, desperta o interesse ou não pela leitura da mensagem. No corpo do e-mail está o espaço destinado à escrita da mensagem, que pode ser tão informal quanto desejar o emissor (Verônica), desde que leve em conta o desti- Sugira que as informações dadas pelo enunciado da ques- natário, que, neste exercício, é Rebeca, a amiga de Verônica. a obra literária, o escritor abandona os registros habituais e tão sejam o modelo a ser seguido pelos alunos. “Ao produzir adota outro sistema linguístico, o da língua literária. Nele, as 2. Como já vimos, todo narrador interpreta a sociedade em que vive e na qual produz a sua obra. Em sua opinião, qual imagem da sociedade aparece na crônica de Urda Klueger? palavras e expressões mais comuns, ao não mais pertencerem ao sistema cotidiano de fala, mas ao sistema literário, mudam de valor. Urda constrói com a linguagem do dia a dia um texto de memórias e poesia. Desse modo, por meio da simplicidade, aproxima-se do maior número possível de Professor, destaque a diferença de tempos entre a realida- leitores”. de vivida pela cronista e aquela que os alunos vivenciam no tempo presente deles, com base em trechos do texto que apontem questões como preconceito, o ritmo mais lento da comunicação (e as expectativas que isso imprimia) e a necessidade de imaginação quando o veículo de comunicação mais popular era o rádio. 3. Ao produzir a obra literária, o escritor abandona os registros habituais e adota outro sistema linguístico, o da linguagem literária. Nele, as palavras e expressões mais comuns, ao não mais pertencerem ao sistema cotidiano de fala, mas ao sistema literário, mudam de valor. Urda constrói com a linguagem do dia a dia um texto de memórias e poesia. Desse modo, e com simplicidade, aproxima-se do maior número possível de leitores. Retorne à crôni- A seguir, propomos, no Caderno do Aluno, o famoso Poema em linha reta de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa (1888-1935). Os exercícios propostos permitem aprofundar o conceito de Literatura, que é vista aqui como uma construção contínua e dinâmica feita pelo aluno-leitor, individualidade ao mesmo tempo subjetiva e social. Por isso, permita que os alunos expressem livremente suas opiniões pessoais a respeito do poema. Neste momento, não há necessidade de aprofundar historicamente a identidade de Fernando Pessoa. 4. Ao ler o poema a seguir, do português Fernando Pessoa (1888-1935), pense em como o texto procura se aproximar do leitor: Poema em linha reta Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo. Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, 100 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida... Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos, Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca! E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído, Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear? Eu, que venho sido vil, literalmente vil, Vil no sentido mesquinho e infame da vileza. PESSOA, Fernando. Poemas de Álvaro de Campos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=16598>. Acesso em: 29 maio 2013. Revise a função social do poema e a importância do leitor para atribuir sentido a este gênero textual. 5. Como o eu lírico vê o mundo? Que distinção existe no poema entre eu e os outros? 6. Retorne ao poema de Camões com que abrimos esta Situação de Aprendizagem: Que diferenças e semelhanças você encontra entre os dois poemas? Ambos falam de um ser que não é como os demais. O mo- O eu lírico é diferente dos outros por assumir suas fraquezas, tivo disso, em Camões, é o amor; já em Fernando Pessoa, por se apresentar como alguém que sente dificuldades de é a própria identidade humana, que se revela complexa viver entre os outros. demais. 101 conceito dinâmico de Literatura. Destaque aspectos do poe- f uso producente dos elementos da narrativa: personagem, ação, espaço, tempo; f presença de atualidade e sensibilidade na escolha do tema; f criatividade, bom gosto e expressão poética da linguagem; f preocupação com a intencionalidade comunicativa; f utilização de projeto de texto. ma pessoano que se relacionam aos “mistérios do nosso des- Discuta as características da crônica. A importância de dar tino”, como “Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas significação a algum acontecimento atual, daqueles que coisas ridículas. Eu verifico que não tenho par nisto tudo nes- acontecem conosco no nosso íntimo ou na relação com os te mundo”. outros. Esclareça dúvidas sobre o assunto. Lembre aos alunos que a crônica pode versar sobre qualquer assunto atual: 1. Utilizando exemplos do poema de Fernando Pessoa, explique no caderno esta definição de Literatura, adaptada do pensamento de Madame de Stäel: A Literatura deve explicar-nos, por meio de nossas virtudes e sentimentos, os mistérios de nosso destino. Continuamos interessados em construir gradualmente um 2. Transcreva os versos do poema que considerou mais significativos. Explique os motivos de sua escolha. Não deixe, durante a correção, de perguntar a seus alu- de uma ida à padaria ao jogo da final da Copa do Mundo. Explique os itens, detalhando aqueles em que sentir maior dificuldade por parte da classe (observe que o item “Utilização de projeto de texto” será explicado a seguir). nos por que os consideram mais significativos. Definir um critério de escolha é uma habilidade fundamental para a comunicação. Para você, professor! 1. Para finalizarmos esta Situação de Aprendizagem, formem duplas ou trios e, orientados pelo professor, escrevam uma crônica literária, seguindo os critérios: Durante este ano, vamos nos esforçar para que o projeto de texto substitua o rascunho borrão, que raramente produz efeitos didáticos de melhoria da escrita. f uso apropriado da norma-padrão da língua portuguesa; 2. Elaborem, antes, um projeto de texto, completando o quadro a seguir. Elementos da narrativa Tema a ser abordado na crônica: Personagens: Ação principal: Espaço: Tempo: Estrutura do texto Introdução: (Questão básica: Como despertar a atenção do leitor para que ele leia o texto?) 102 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Desenvolvimento da narrativa: Conclusão/desfecho: (Que reflexão eu gostaria de oferecer ao meu leitor? – deve harmonizar-se com a introdução.) 3. Após a escrita do texto, troquem-no com outra dupla ou trio e anotem, a lápis, sugestões para melhorar a escrita. Na devolução do texto, levem em conta as opiniões de seus colegas que considerarem contribuir para uma melhora do texto. Entreguem essa nova versão ao professor. 4. Depois que o professor corrigir o texto, ele será devolvido. Ele vai discutir em classe aspectos da escrita em que todos os alunos devem melhorar. Usem essas explicações para reescrever o texto. Devolvam-no para a correção final, com a primeira versão, para que o professor possa observar as mudanças feitas. Discuta e exemplifique as principais dificuldades encontradas. Para isso, utilize pequenos trechos dos textos produzidos pelos alunos. Os alunos corrigem os problemas encontrados e reescrevem a crônica. Não se trata de fazer outro texto, mas de resolver os problemas encontrados. 5. Retorne à definição de Literatura que escreveu em grupo na Questão 3. A partir dos conhecimentos que desenvolveu de lá para cá, refaça-a. Procure aprofundar seu ponto de vista sobre o que é o texto literário. Para isso, consulte o material de apoio que considerar conveniente ou peça orientação a seu professor. 2, 3, 4 e 5. Professor, para a condução destas atividades, tenha em mente que, da mesma forma que o conto, a crônica é um gênero literário. Nesse sentido, sua produção deve ser encarada como um diálogo possível entre o que o aluno produz e a tradição literária. Todas as ações aqui previstas procuram estimular essa intersecção e é nesse contexto que deve ser retomado o conceito de Literatura. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 10 UM, DOIS, TRÊS... AÇÃO! Nesta Situação de Aprendizagem, retomaremos algumas habilidades que começamos a desenvolver em Situações de Aprendizagem anteriores e avançaremos com novos conhecimentos, trabalhando dois gêneros textuais bem diversos: a fábula e o texto teatral. O primeiro é narrativo; o segundo, dra- mático. Além disso, propomo-nos a investigar, com os alunos, o valor estilístico do pretérito verbal, especialmente no Modo Indicativo, e os reflexos na produção do texto narrativo e poético. No entanto, como veremos, o termo “fábula” é também usado em contexto teatral. Conteúdos e temas: conceito de gênero; a fábula; texto teatral: diferenças entre texto teatral e texto espetacular; verbo: aspectos estilísticos; polissemia. Competências e habilidades: reconhecer características básicas do texto dramático teatral; desenvolver estratégias de leitura e produção do texto literário; desenvolver habilidades de argumentação; identificar o valor estilístico do verbo (Pretérito do Indicativo) em textos literários; compreender a linguagem 103 verbal como realização cotidiana em circulação social por meio de gêneros textuais; compreender a literatura como sistema social em que concretizam-se valores sociais e humanos. Sugestão de estratégias: aula interativa, com a participação dialógica do aluno, com o desenvolvimento de conteúdos a partir de estratégias específicas do professor; contrastar o mesmo tema em diferentes textos e discuti-lo, por meio de perguntas e respostas orais; analisar textos teóricos que tratam do assunto abordado, permitindo familiarizar o aluno com a linguagem própria do texto acadêmico. Sugestão de recursos: livro didático; dicionário de língua portuguesa; fotografias e textos de livros extraclasse. Sugestão de avaliação: produção de folheto informativo de divulgação. Sondagem decorre, é a principal influência para formatar como algo é expressado. Jogo teatral: até logo! Um grupo de três ou quatro alunos desenvolve e representa uma cena curta, de aproximadamente três minutos, em que um deles, em dado momento, usa a expressão “Até logo!”. A expressão deve ser dita em um ponto culminante da representação, não pode ser jogada logo no começo. I. Divida a classe em grupos. Para cada um, determine uma das possibilidades de contextualizar a expressão: f dizer “até logo!” a um amigo que nos ajuda em uma grande necessidade; f dizer “até logo!” a um parente de quem não se gosta muito, mas com quem se deve ser gentil para causar boa impressão; f dizer “até logo!” a um cliente que acaba de fechar uma compra. II. Lembre os alunos de que muitas palavras são repetidas todos os dias, mas em contextos completamente diferentes. Se necessário, recapitule o conceito de contexto. De acordo com o contexto, o modo como tais palavras são ditas muda. Reforce o fato de que a situação, que resulta do momento e do lugar em que a ação 104 III. Para essa preparação são necessários apenas de cinco a dez minutos. IV. Sorteie três grupos, de acordo com as diferentes possibilidades, para que apresentem o que prepararam. V. Em seguida, a cada apresentação, peça aos alunos que “resumam” as ações que presenciaram. Escreva na lousa essa narrativa, por meio de frases breves. Exemplos: f Lucas cumprimentou Sara. f Sara fez uma expressão de desagrado. f Lucas parecia cansado. VI. Peça sempre aos alunos que identifiquem o verbo de cada frase. VII. Solicite que anotem as frases no caderno. VIII. Para finalizar, solicite aos demais alunos que se apresentem, dentro das possibilidades de tempo. Professor, essa é uma atividade preparatória para a leitura de texto teatral, foco dessa Situação de Aprendizagem. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem 10 f Conceito de gênero Definição de gênero a partir das reflexões feitas até o presente momento. f A fábula Conceito e definição de fábula na tipologia textual e na esfera teatral. Análise e comparações. f Texto teatral: diferenças entre texto teatral e texto espetacular Conceito e relações entre o texto teatral e o espetacular. f Verbo: aspectos estilísticos Estudo de elementos expressivos presentes no verbo. O texto teatral Depois de realizar o jogo teatral proposto, leia o texto a seguir. Trata-se de um trecho de uma peça de teatro, escrita por Machado de Assis. O texto mostra uma conversa entre duas personagens, em que uma supõe o que a outra sente. 1. Discuta oralmente em classe: Você já foi ao teatro? A quais peças já assistiu? De que artistas de teatro ou de televisão gosta mais? Discuta a importância social do teatro como um espaço de cultura e formação pessoal. 2. Responda no caderno: um espetáculo é tudo que se oferece ao olhar. Uma apresentação de teatro é, portanto, um espetáculo. Que outros tipos de espetáculo você conhece? Sugestões: show de rock, jogo de futebol, balé ou música f Polissemia Análise prática do conceito de polissemia a partir da definição de fábula. clássica. Professor, alguns consideram os cultos religiosos como textos espetaculares; se achar conveniente, considere esse tema. O protocolo Comédia em um ato Em casa de Pinheiro (Sala de visitas) Cena I ELISA, VENÂNCIO ALVES ELISA: Está meditando? VENÂNCIO (como que acordando): Ah! perdão! ELISA: Estou afeita à alegria constante de Lulu, e não posso ver ninguém triste. VENÂNCIO: Exceto a senhora mesma. ELISA: Eu! VENÂNCIO: A senhora! ELISA: Triste, por quê, meu Deus? VENÂNCIO: Eu sei! Se a rosa dos campos me fizesse a mesma pergunta, eu responderia que era falta de orvalho e de sol. Quer que lhe diga que é falta de... de amor? ELISA (rindo-se): Não diga isso! VENÂNCIO: Com certeza, é. ELISA: Donde conclui? 105 VENÂNCIO: A senhora tem um sol oficial e um orvalho legal que não sabem animá-la. Há nuvens... ELISA: É suspeita sem fundamento. VENÂNCIO: É realidade. ELISA: Que franqueza a sua! VENÂNCIO: Ah! é que o meu coração é virginal, e portanto sincero. ELISA: Virginal a todos os respeitos? VENÂNCIO: Menos a um. ELISA: Não serei indiscreta: é feliz. VENÂNCIO: Esse é o engano. Basta essa exceção para trazer-me em um temporal. Tive até certo tempo o sossego e a paz do homem que está fechado no gabinete sem se lhe ciar da chuva que açoita as vidraças. [...] ASSIS, Machado de. O protocolo. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=17479>. Acesso em: 29 maio 2013. Conheça melhor o autor da obra: Joaquim Maria Machado de Assis nasceu na cidade do Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839 e faleceu em 29 de setembro de 1908. Fundador da Academia Brasileira de Letras, foi cronista, contista, dramaturgo, jornalista, poeta, novelista, romancista, crítico e ensaísta. É considerado o maior escritor brasileiro e um dos maiores do mundo. Responda no caderno: 1. O jogo teatral realizado pela classe não é a mesma coisa que teatro. Quais são as principais diferenças? O jogo teatral não segue um texto teatral predefinido. Ape- Apesar de o autor não ter descrito no texto o estado da personagem no momento em que disse “Eu!”, podemos perfeitamente, com base no contexto, supor que Elisa estava: a) feliz. nas algumas indicações. b) zangada. 2. O texto teatral O protocolo é dividido entre as personagens (locutoras) da peça, que suprem a função do narrador. Essas personagens são introduzidas pela citação de seu nome. Quais são as personagens do texto lido? Elisa e Venâncio. 3. Observe o diálogo: c) surpresa. d) horrorizada. 4. Venâncio compara a falta de amor na vida de Elisa com a falta de orvalho e de sol para a rosa. Explique essa comparação. A rosa necessita de orvalho e de sol para viver, assim como o ser humano, representado pela personagem Elisa, precisa de amor. ELISA: Estou afeita à alegria constante de Lulu, e não posso ver ninguém triste. VENÂNCIO: Exceto a senhora mesma. ELISA: Eu! 106 Reescreva a cena de Elisa e Venâncio como se fosse o trecho de um conto. Não se esqueça de que os nomes das personagens nos diálogos devem ser substituídos por travessão ou aspas. Já as marcas cênicas Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 e ações devem dar lugar a descrições, para que o leitor possa imaginar a cena, como se a estivesse vendo representada no palco do teatro. Oriente os alunos para a importância das descrições na cons- Para você, professor! Esta é uma excelente ocasião para levar os alunos ao teatro ou fazer o teatro vir à escola. tituição do espaço da narrativa. O que quer dizer a palavra teatro? A palavra grega théatron era o lugar onde se apresentava uma peça (texto teatral). O teatro surgiu na Grécia Antiga, no século IV a.C. Encontre no livro didático um exemplo de texto teatral. Mostre aos alunos a diferença entre o texto principal e as indicações cênicas (ou texto secundário). Observe, no texto a seguir, que se trata do trecho de uma peça teatral e que ele traz diálogos explícitos, além das indicações cênicas. O que é um texto teatral? O teatro É um texto escrito composto com a intenção de ser representado como peça de teatro. Resolva as questões a seguir no caderno. (Jocasta aparece na entrada do palácio e se interpõe entre Édipo e Creonte.) JOCASTA – Insensatos! Por que suscitar aqui uma absurda guerra de palavras? Não vos envergonhais, quando vosso país sofre o que sofre, de expor aqui vossos rancores privados? (A Édipo) Vamos, retorna ao palácio. E tu para tua casa, Creonte. Não façais de um nada uma imensa dor. CREONTE – É teu esposo, minha irmã, é Édipo quem pretende tratar-me de um modo estranho e decidir ele próprio se me expulsará de Tebas ou se me condenará à morte. ÉDIPO – Exatamente! Não o surpreendi armando criminosamente contra a minha pessoa uma intriga criminosa? SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L&PM, 2013. p. 41 Jocasta aparece na entrada do palácio e se interpõe entre privados? (A Édipo) Vamos, retorna ao palácio. E tu para tua casa, Creonte. Édipo e Creonte; dirige-se a Édipo. Não se envergonha, quando seu país sofre o que sofre, de 1. Identifique as indicações cênicas. expor aqui seus rancores privados? (A Édipo) Vamos, retorna 2. Reescreva o trecho a seguir, substituindo os pronomes vos e vosso(s) por se e seu(s) e o pronome pessoal tu por você. Alguns ajustes serão necessários ao compor a nova frase. ao palácio. E você para sua casa, Creonte. 3. Explique a diferença de sentido que houve no trecho com a mudança que fez. Destacar que o texto ganha em familiaridade, embora per- Não vos envergonhais, quando vosso país sofre o que sofre, de expor aqui vossos rancores maneça na norma-padrão. Ouça outras ideias que surgirem e avalie a sua legitimidade. 107 4. Faça agora, sob orientação do seu professor, a leitura dramática do texto. A toupeira É necessário destacar que para realizar essa tarefa o aluno saiba a importância da impostação de voz e da dicção, e que ela seja realizada em pé. Para você, professor! Na leitura dramática do texto, faça os alunos observarem que, na interpretação, as indicações cênicas desaparecem. Pergunte aos alunos de que textos espetaculares eles preferem participar. Diante das diferentes respostas, pergunte-lhes: Por que consideram esse texto espetacular? Ouça seriamente as respostas de seus alunos e comente quando julgar conveniente. Trata-se de uma forma simples de desenvolver a habilidade de argumentação. A fábula Depois de estudar a crônica na Situação de Aprendizagem anterior, vamos ver outro gênero de texto, a fábula, cuja característica narrativa é predominante, mas com alguns elementos diferentes da crônica. Certa vez uma toupeira, que é um animal cego, disse à sua mãe que estava enxergando. A mãe resolveu fazer um teste: pôs diante dela um grão de incenso e perguntou-lhe o que era. “Um pedregulho”, respondeu a jovem toupeira. A mãe lamentou-se: “Minha filha, cega eu já sabia que você era, mas agora sei também que você perdeu o olfato!” O impostor promete o impossível: mas pouca coisa o desbarata. ESOPO. Fábulas. Tradução João Henrique Mateos e José Luís Landeira. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Responda no caderno: 1. De que conhecimentos sobre os assuntos tratados o leitor necessita para compreender adequadamente o texto? É importante o leitor ter conhecimento de que as toupeiras são conhecidas por enxergarem mal. São animais que vivem normalmente em tocas subterrâneas. Também é importante Converse com seus colegas: Você já leu uma fábula? Que características desse gênero você conhece? Essa é uma atividade de pré-leitura, para introdução do gê- saber que o incenso exala um aroma forte. 2. Qual foi o erro da jovem toupeira? Seu erro consiste em não ter sentido o aroma do incenso. nero “fábula”. Peça que leiam a fábula em voz alta. Verifique o ritmo de leitura, o tom de voz e a articulação das palavras. 108 3. Que relação há entre a moral da fábula e a narrativa? A moral relaciona a jovem toupeira ao impostor, desmascarada por sua mãe, com o teste do “incenso”. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 4. Indique com F (fábula) ou C (crônica) as características desses dois gêneros de texto do tipo narrativo: a) ( F ) A moral da história pode ser explícita ou implícita no texto. b) (C) Apresenta complexidade na narrativa e na descrição das personagens. c) (C) Tem caráter pessoal, direcionando o olhar para um modo mais intimista de ver o mundo. d) ( F ) As personagens são, na maioria das vezes, animais. Escreva um pequeno texto que exponha as semelhanças e diferenças entre a fábula e a crônica. Use os conhecimentos adquiridos para compor seu texto. Como elemento de proximidade, sugerimos o caráter narrativo; no mais, são muito distintos: animais com comporta- é utilizada. Quando ocorre, chamamos polissemia isso de . Considerando o sentido polissêmico das palavras, também podemos chamar de fábula o relato ou a história da peça de teatro: o relato de acontecimentos organizado em uma sequência temporal e causal de ações, mesmo que não haja qualquer proposta moral . A fábula, vista dentro do teatral contexto , pode ser contínua e unificada (a grande maioria) ou formada por episódios autônomos e deixa o trabalho de confronto com a realidade para espectador o (como no caso de algumas produções do teatro atual). 2. Assinale a alternativa em que a palavra cego(a) tem o mesmo sentido que aparece na frase: “Certa vez uma toupeira, que é um animal cego, disse à sua mãe que estava enxergando.” mentos humanos e frequente presença de moral (fábula); narrativa como instantâneo do cotidiano, leve, mas com trabalho de linguagem que torna o flagrante do momento algo diferenciado (crônica). 1. Preencha os espaços do texto a seguir usando palavras selecionadas do quadro: conceito – história – narrativa – teatral – palavra – leitor – espectador – polissemia – fábula – sequência – organização – moral – costume – contexto palavra Uma mesma pode ter diferentes significados de acordo com contexto o e as intenções com que a) Mariana, após a operação nos olhos, mesmo cega, conseguiu encontrar a saída de emergência. b) Pedro estava cego de ódio quando chegou ao hospital, tarde da noite, para brigar com Mariana. c) Pedro amarrou os sapatos com um nó cego e saiu apressado para a rua. d) Por quais caminhos cegos Mariana terá trilhado até se decidir a fazer a operação? Se achar pertinente, peça aos alunos que comparem essa fábula com as crônicas que leram. Que semelhanças e diferenças encontram entre elas? 109 Não sabemos quais serão as conexões propostas pelos alunos, mas sugerimos algumas. A fábula, como a crônica, é um gênero textual narrativo. A fábula, no entanto, se divide em duas partes: a narração propriamente dita e a moral, que pode estar explícita ou implícita no texto. Nem sempre a moral de uma fábula, no entanto, é muito ética. A conhecida fábula do lobo e do cordeiro, de La Fontaine, afirma que “a razão do mais forte é sempre a que vence”. As fábulas fazem uso de personagens humanos ou não – destaque que há muitas fábulas em que são os animas que falam. É possível que alguns alunos digam que as fábulas são mais curtas. Embora sejam mais curtas que o romance, por exemplo, nem sempre são mais curtas que as crônicas. As crônicas têm uma proposta menos moralizadora que as fábulas. Elas objetivam mais a reflexão e costumam ser mais intimistas, mais pessoais, sem tantas pretensões moralizadoras, sem alicerçar-se em uma moral simplista no modo de ver o mundo. Por isso mesmo, as personagens e a narrativa apresentam maior complexidade. É o caso da crônica que examinamos, O padeiro. Você pode, ainda, discutir oralmente para que serve a leitura de: f f f f f f uma fábula; uma crônica; um poema; uma notícia de jornal; uma receita culinária; um resumo de novela; f uma fofoca; f um comunicado da diretoria da escola. Este exercício tem como objetivo que o aluno perceba as diferenças de uso social dos gêneros textuais. É também uma ótima ocasião para discutir o papel social da literatura, reforçando o conhecimento construído na Situação de Aprendizagem anterior. Curiosamente, também se chama de fábula o relato ou a história da peça de teatro: o relato de acontecimentos organizados em uma sequência temporal e causal de ações, mesmo que não haja qualquer proposta moral. Neste momento, é importante desenvolver o conceito de polissemia, ou seja, que uma mesma palavra pode ter diferentes significados de acordo com o contexto e as intenções em que é utilizada. A fábula, dentro do contexto teatral, pode ser contínua e unificada (a grande maioria), ou formada por episódios autônomos que deixam o trabalho de confronto com a realidade para o espectador (como no caso de algumas produções do teatro atual). Para você, professor! Apenas a devida compreensão polissêmica do termo “fábula” garante o bom resultado desta Situação de Aprendizagem! Para trabalharmos o conceito de fábula no teatro, propomos que apresente o seguinte trecho de uma peça de teatro de Martins Pena: Leia a seguir um trecho da peça teatral O noviço, de Martins Pena e responda: O que o trecho sugere que vai acontecer na peça? O noviço Ato primeiro Sala ricamente adornada: mesa, consolos, mangas de vidro, jarras com flores, cortinas, etc., etc. No fundo, porta de saída, uma janela, etc,. etc. 110 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 [...] AMBRÓSIO – Escuta-me, Florência, e dá-me atenção. Crê que ponho todo o meu pensamento em fazer-te feliz... FLORÊNCIA – Toda eu sou atenção. AMBRÓSIO – Dois filhos te ficaram do teu primeiro matrimônio. Teu marido foi um digno homem e de muito juízo; deixou-te herdeira de avultado cabedal. Grande mérito é esse... FLORÊNCIA – Pobre homem! AMBRÓSIO – Quando eu te vi pela primeira vez, não sabia que eras viúva rica. (À parte:) Se o sabia! (Alto:) Amei-te por simpatia. FLORÊNCIA – Sei disso, vidinha. AMBRÓSIO – E não foi o interesse que me obrigou a casar contigo. FLORÊNCIA – Foi o amor que nos uniu. AMBRÓSIO – Foi, foi, mas, agora que me acho casado contigo, é de meu dever zelar essa fortuna que sempre desprezei. PENA, Martins. O noviço. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/Detalhe ObraForm.do?select_action=&co_obra=2044>. Acesso em: 29 maio 2013. Esse trecho dá fortes indícios da fábula a ser apresentada na peça de teatro. Permita que, oralmente, os alunos expressem o que conseguem adiantar a esse respeito. 1. Leia a seguir o resumo da fábula de O noviço. Comente, em seu caderno, se ele confirma suas hipóteses sobre o texto. so. Carlos fica livre do convento e pode se casar com Emília. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Professor, essas são atividades de pré e pós-leitura. Nesse sentido, observe os elementos que apontamos no texto da peça e a relação que estabelecem desse elemento com o resumo. Ambrósio, apenas por interesse, casou-se com Florência, que tem dois filhos – Emília e Juca. Contudo, Ambrósio já era casado com Rosa (na época não havia divórcio), a quem abandonara depois de roubar os seus bens. Ele se vê, no entanto, em maus lençóis quando Carlos, jovem que fugira do convento para casar-se com Emília, encontra com Rosa. Carlos passa a fazer chantagem com Ambrósio, mas a verdade termina vindo à tona: Florência fica sabendo do calhorda bígamo com quem se casara. Ambrósio foge, mas é pre- 2. Qual a importância da indicação cênica “À parte” no trecho: “AMBRÓSIO – Quando eu te vi pela primeira vez, não sabia que eras viúva rica. (À parte:) Se o sabia! (Alto:) Amei-te por simpatia”? A indicação cênica “à parte” (para que Florência não ouça) deixa claro o jogo irônico entre as falas e as intenções de Ambrósio. 3. Leia mais um trecho da peça. Preste atenção nos indícios de uma fábula que o texto apresenta: 111 [...] AMBRÓSIO — Tua filha está moça e em estado de casar-se. Casar-se-á, e terás um genro que exigirá a legítima de sua mulher, e desse dia principiarão as amofinações para ti, e intermináveis demandas. Bem sabes que ainda não fizestes inventário. FLORÊNCIA — Não tenho tido tempo, e custa-me tanto aturar procuradores! AMBRÓSIO — Teu filho também vai a crescer todos os dias e será preciso por fim dar-lhe a sua legítima... Novas demandas. FLORÊNCIA — Não, não quero demandas. AMBRÓSIO — É o que eu também digo; mas como preveni-las? [...] AMBRÓSIO — Que dúvida! E eu julgo que podes conciliar esses dois pontos, fazendo Emília professar em um convento. Sim, que seja freira. Não terás nesse caso de dar legítima alguma, apenas um insignificante dote — e farás ação meritória. FLORÊNCIA — Coitadinha! Sempre tenho pena dela; o convento é tão triste! [...] AMBRÓSIO — A respeito de teu filho direi o mesmo. Tem ele nove anos e será prudente criarmo-lo desde já para frade. [...] PENA, Martins. O noviço. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_ action=&co_obra=2044>. Acesso em: 29 maio 2013. 4. Como o texto de Martins Pena foi escrito no século XIX, algumas palavras só podem ser compreendidas em nossa época se procurarmos seus significados em um dicionário. Faça uso de um para resolver a questão proposta. b) herança, ensinamentos, exigências, tornar-se profissional. c) herança, chateações, exigências, fazer votos. d) herança, exigências, votos, ensinar. As palavras destacadas nos trechos a seguir podem ser substituídas, respectivamente, por: Solicite aos alunos que usem o dicionário para verificar o sentido, no texto, das palavras “legítima” (porção da herança reservada por lei aos herdeiros), “demandas” (exigências) e “professar” (fazer votos, ao entrar para uma I. “Casar-se-á, e terás um genro que exigirá a legítima de sua mulher...”. ordem religiosa). Explique-lhes que O noviço, de Martins Pena, é uma peça de teatro do século XIX, o que traz consigo algumas dificuldades para o leitor do século XXI, mas II. “[...] e desse dia principiarão as amofinações para ti, e intermináveis demandas.” nada que o sentido geral do texto ou ir de vez em quando III. “E eu julgo que podes conciliar esses dois pontos, fazendo Emília professar em um convento.” Pergunte, oralmente, as diferenças entre fábula, como gênero narrativo e fábula no texto teatral. Trata-se de uma questão de recapitulação que visa a possibilitar que os a) divisão, exigências, penas, ensinar. 112 ao dicionário não resolva. Incentive os alunos a ler essa peça de teatro. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 alunos tomem consciência dos conteúdos apreendidos. 1. Encontre alguns poemas no livro didático. Compare-os com a fábula da toupeira. Que diferenças há? Escreva suas impressões no caderno. escrito –, que não nasce do nada. Para comunicar, ela precisa obedecer a certas regras. Toda manifestação da linguagem ocorre por meio de textos. Os textos surgem de acordo com as diferentes atividades do ser humano, o que possibilita serem agrupados em gêneros textuais. Professor, são gêneros muito distintos. Observe, em que medida, ressaltam as características de cada um. 2. Na próxima aula, seu professor vai recapitular os conceitos básicos que distinguem o texto em verso do texto em prosa. Compare suas anotações com a explicação do professor para esclarecer suas dúvidas. Esta é a oportunidade de explicar, brevemente, os conceitos básicos que distinguem o texto poético do texto em prosa. O texto poético, normalmente, é escrito em versos. já o texto em prosa, não. Cada linha de um texto poético é denominada “verso”, o conjunto de versos em um poema é denominado “estrofe”. Explique também o que é rima e ritmo: você encontrará no livro didático adotado, na biblioteca ou sala de leitura de sua escola, oportuno material de apoio para a preparação de sua aula. Este não é, entretanto, o momento de aprofundar as diferenças entre linguagem poética e linguagem em prosa. Apenas desejamos que os alunos percebam as diferenças de forma e uso social que constituem os diferentes gêneros. É com esse olhar que desejamos promover esse questionamento. Se julgar conveniente, pergunte também: Quando alguém lê um poema? Por quê? Todos somos seres de comunicação. Ao nos dirigirmos a alguém – não importando quem seja, mesmo que esse alguém seja nós mesmos –, elaboramos a nossa identidade, ou seja, tornamo-nos, por exemplo, cronistas, contadores de fábulas, poetas, repórteres, comentadores de programas de televisão ou cientistas etc. Para nos comunicarmos, fazemos uso das mais variadas linguagens. Qualquer atividade humana está relacionada com a linguagem, muito especialmente com a linguagem verbal – aquela que produzimos oralmente ou por Os gêneros textuais surgem de acordo com a sua função na sociedade, seus conteúdos, seu estilo ou a forma como são construídos. Gênero – como a “fábula”, a “crônica”, a “notícia de jornal” – é o nome dado às diferentes formas de linguagem que circulam no nosso dia a dia. Estamos inundados de gêneros textuais. Eles são a forma como a língua organiza-se nas inúmeras situações de comunicação que vivemos na sociedade. Dominar o maior número possível de gêneros – interagindo com eles na recepção, na produção ou em ambas as situações – permite-nos melhorar o nosso relacionamento com os outros. Nesse momento, sugerimos que divida a classe em grupos de quatro a cinco alunos e peça que façam uma relação dos diferentes gêneros de textos utilizados por eles no dia a dia. Entre os gêneros selecionados, quantos estão diretamente relacionados a atividades de oralidade? E à linguagem escrita (leitura e produção escrita)? Circule pela sala durante as discussões, certificando-se do aprendizado dos alunos. Essa atividade é de avaliação formativa. Encare-a como um modo de observar o que os alunos não entenderam (fazendo as intervenções necessárias) e o que sabem. Os gêneros textuais e o verbo 1. Destaque as frases e palavras-chave do texto a seguir e, no caderno, faça um resumo. 113 O gênero textual e o dia a dia Todos nós somos seres de comunicação e para nos comunicar fazemos uso das mais variadas linguagens. Qualquer atividade humana está relacionada com a linguagem, muito especialmente a linguagem verbal – aquela que produzimos oralmente ou por escrito –, não nasce do nada. Para comunicar, ela precisa obedecer a certas regras. Toda manifestação da linguagem se dá por meio de textos. Quando produzimos um texto, construímos também uma identidade. Por exemplo, nos tornamos cronistas, ou contadores de fábulas, ou poetas, ou repórteres, ou comentadores de programas de televisão, ou cientistas etc. Os textos surgem de acordo com as diferentes atividades do ser humano, o que possibilita serem agrupados em gêneros textuais. Estes surgem de acordo com sua função na sociedade, seus conteúdos, seu estilo ou a forma como são construídos. Chamamos de gênero as diferentes formas de linguagem que circulam no nosso dia a dia. Alguns exemplos são a fábula, a crônica, a notícia de jornal. Você consegue lembrar outros gêneros textuais com os quais tem contato no seu dia a dia? De fato, nossa sociedade está repleta de gêneros textuais. Eles são a forma como a língua se organiza nas inúmeras situações de comunicação que vivemos. Dominar o uso do maior número possível de gêneros permite-nos melhorar o nosso relacionamento com os outros. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. Professor, foram grifadas as palavras-chave do texto. Discuta-as com os alunos, que deverão usá-las como eixo norteador do resumo. Considere o jogo teatral feito no momento de “Sondagem”. Recorrendo às frases feitas, recapitule o que foi desenvolvido na aula anterior: a importância do contexto na produção do texto oral e o valor do verbo na construção da narrativa. Peça agora que encontrem os verbos na fábula da toupeira. que eles mantêm na construção da narrativa. Sublinhe todos os verbos que aparecem no texto para resolver o exercício seguinte. Certa vez uma toupeira, que é um animal cego, disse à sua mãe que estava enxergando. A mãe resolveu fazer um teste: pôs diante dela um grão de incenso e perguntou-lhe o que era. “Um pedregulho”, respondeu a jovem toupeira. A mãe lamentou-se: “Minha filha, cega eu já sabia que você era, mas agora sei também que você perdeu o olfato!” O impostor promete o impossível: mas pouca coisa o desbarata. Provavelmente, será necessário recapitular os conteúdos específicos sobre o que é verbo e quais as suas principais dimensões morfossintáticas de estudo (número, tempo, modo, pessoa). Você encontrará reflexões no livro didático adotado, além daquelas que abordaremos aqui. 2. Voltemos à fábula da toupeira. Releia o texto, prestando especial atenção aos verbos e à importante relação temporal 114 Número: os verbos da língua portuguesa admitem dois números: o singular e o plural. É o sujeito (singular ou plural) que determina o número do verbo. Pessoa: o verbo possui três pessoas: Primeira pessoa: aquele que fala; corresponde aos pronomes pessoais eu (singular) e nós (plural). Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 Segunda pessoa: aquele com quem se fala; corresponde aos pronomes pessoais tu (singular) e vós (plural). 3. Que modo verbal predomina na fábula? O que isso nos revela? Predomina o Modo Indicativo. Isso é bem apropriado para o tom de certeza moralizadora. Ou seja, sempre que alguém Terceira pessoa: aquele de quem se fala; corresponde aos pronomes pessoais ele, ela (singular) e eles, elas (plural). Observação Na língua portuguesa falada no Brasil, em algumas regiões do país, é comum que nos dirijamos àquele(s) com quem falamos por meio dos pronomes de tratamento “você” (singular) e “vocês” (plural). Nesse caso, utilizamos o verbo flexionado na terceira pessoa, embora não se trate daquele de quem se fala. Para você, professor! Aproveite a oportunidade para recapitular a concordância verbal e a sua importância na produção de textos de caráter formal. Modo: a língua portuguesa apresenta três modos verbais. O modo exprime, no verbo, a atitude daquele que fala ou escreve em relação ao fato que enuncia: f Indicativo: o modo da certeza e da realidade. Expressa um fato que o enunciador acredita realmente acontecer em referência ao Presente, ao Passado ou ao Futuro. Exemplo: “Sei que ele dança axé”. f Subjuntivo: o modo da dúvida. O verbo expressa uma atitude de incerteza, de intenção, de objetivo a ser alcançado ou mesmo de completa irrealidade. Exemplo: “Duvido que ela dance axé”. f Imperativo: o modo do pedido ou da ordem. O verbo expressa uma atitude de convite a uma ação. Exemplo: “Dance axé, por favor!” se porta como a toupeira, ocorre a mesma coisa. Destaque que a ordem “Não faça como a toupeira” aparece de forma implícita, não sendo verbalizada em nenhum momento. Para você, professor! Observe que estamos trabalhando no domínio da estilística do verbo. Trata-se de um território novo para os alunos. Tudo o que é novo assusta em um primeiro momento. É possível que os alunos não forneçam a resposta esperada. O primeiro impulso do professor é completar o raciocínio. Entretanto, é recomendável que o professor, em vez de simplesmente entregar a resposta aos alunos, conduza uma reflexão que faça que eles encontrem as conclusões esperadas. Use das observações feitas anteriormente para orientar-se nessa reflexão. Tempo: o tempo indica o momento em que ocorre o fato expressado pelo verbo. Os verbos apresentam flexões de tempo tanto no Modo Indicativo como no Subjuntivo. Os gramáticos nos ensinam que há três tempos naturais: Presente, Pretérito e Futuro, que se subdividem nos Modos Indicativo e Subjuntivo. 4. Ainda relacionando a importância dos verbos para a construção da narrativa, leia estas duas frases: a) – Minha filha – disse a mãe –, além de cega, você perdeu o olfato. b) – Minha filha – disse a mãe –, além de cega, você perde o olfato. Pergunte a eles por que a segunda frase parece estranha ao ouvido. Explique então que, 115 quando o acontecimento de uma narrativa é anterior ao acontecimento, usamos o Pretérito do Indicativo. 5. Considerando o tempo verbal empregado no exercício anterior, podemos concluir que: a) a filha perdeu o olfato no mesmo instante em que a mãe fala. b) a filha perdeu o olfato antes de a mãe começar a falar. O período entre os séculos 6 a.C. e 5 a.C. é conhecido como o “Século de Ouro”. Foi durante esse intervalo de tempo que a cultura grega atingiu seu auge. Atenas tornou-se o centro dessas manifestações culturais e reuniu autores de toda a Grécia, cujos textos eram apresentados em festas de veneração a Dioniso. ALENCAR, Valéria Peixoto de. “Teatro grego: diferenças entre comédia e tragédia”. Disponível em <http://educacao.uol.com.br/disciplinas/artes/teatrogrego-diferencas-entre-comedia-e-tragedia.htm>. Acesso em: 29 maio 2013. A escolha pelo uso do Pretérito transmite a ideia de que a filha perdeu o olfato antes de a mãe começar a falar. 6. No caderno, assinale, nas frases a seguir, se o verbo em destaque faz referência a um fato narrado antes ou ao mesmo tempo do momento da fala: (a) Disse-me Paulo; “Como fica claro, agora, eu jogo pingue-pongue”; (b) Luana pensou: “Ontem me diverti muito”; (c) Dona Rute respondeu: “Estou muito ocupada!”. a) A ação de jogar ocorre ao mesmo tempo que Paulo me diz algo. Peça aos alunos que identifiquem os verbos do texto que estão no Modo Indicativo. surgiu; foram se modificando/transformando; se tornou; é considerada; significava; é conhecido; foi; atingiu; tornou-se; reuniu; eram apresentados. Solicite que respondam às seguintes questões: f Qual é o modo verbal dominante no texto? Por que esse modo é apropriado para o texto expositivo? b) A ação de divertir-se ocorreu antes do pensamento de Luana. Domina o Modo Indicativo, que é apropriado para um texto c) Estar ocupado ocorre ao mesmo tempo que dona Rute responde. expositivo porque esse é um texto feito para um determinado conhecimento, para ser estudado, aprofundado. Não pode deixar margem a dúvidas ou incertezas. Sugerimos outras atividades para complementação que não estão no Caderno do Aluno. Leia em classe o texto expositivo a seguir: f Qual é o tempo verbal dominante? Qual o seu sentido dentro do texto? Dominam os Pretéritos do Indicativo, associados ao Presente, pois estão sendo expostas informações sobre o Passado. O teatro na Grécia Antiga surgiu a partir de manifestações a Dioniso, deus do vinho, da vegetação, do êxtase e das metamorfoses. Pouco a pouco, os rituais dionisíacos foram se modificando e se transformando em tragédias e comédias. Dioniso se tornou, assim, o deus do teatro. Atenas é considerada a terra natal do teatro antigo, e, sendo assim, também do teatro ocidental. “Fazer teatro” significava respeitar e seguir o culto a Dioniso. 116 Nas sentenças a seguir, reflita com os alunos se o verbo sublinhado faz referência a um fato narrado antes ou ao mesmo tempo que o momento da fala. a) Disse-me Paulo: “Como fica claro, agora eu jogo pingue-pongue”. A ação de jogar ocorre ao mesmo tempo que Paulo me diz algo. b) Luana pensou: “Ontem me diverti muito”. A ação de divertir-se ocorreu antes do pensamento de Luana. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 c) Dona Rute respondeu: “Estou muito ocupada!” Dona Rute está ocupada ao mesmo tempo em que responde. Relembre aos alunos que chamamos de fábula o relato ou a história da peça de teatro: o relato de acontecimentos organizados em uma sequência temporal e causal de ações, mesmo que não haja qualquer proposta moral. d) Dona Rute respondeu: “Estive muito ocupada!” Dona Rute estava ocupada antes de responder. Transformando a fábula em texto teatral 1. Em duplas ou trios, transformem a fábula A toupeira em um texto teatral. Levem em conta as características desse gênero textual aqui estudadas. Redijam o texto no caderno. Professor, os critérios utilizados para a avaliação podem ser: tDSJBUJWJEBEF Voltando ao sentido do verbo Oriente os alunos a relerem o trecho da peça de teatro O noviço e responderem, no caderno, às questões a seguir: 1. Em dado momento da peça de Martins Pena, lemos: “Foi o amor que nos uniu.” Que diferença faz para a compreensão do texto o uso do Perfeito ou do Imperfeito no verbo unir? tDPNQSFFOTÍPEPHÐOFSPiQFÎBUFBUSBMw tmEFMJEBEFBPUFYUPCBTF tVTPBQSPQSJBEPEPTUFNQPTWFSCBJT f “Foi o amor que nos uniu.” f “Foi o amor que nos unia.” Ao utilizar “unia”, e não “uniu”, Florência sugeriria que o 2. Depois que o professor corrigir o texto, ele será devolvido. Comparem o ponto de vista de seu professor com o seu. Discutam em classe aspectos da escrita em que todos os alunos devem melhorar. 3. As mesmas duplas ou trios devem reescrever o seu texto seguindo as orientações dadas e devolvê-lo para a correção final, com a primeira versão. Observe que não se trata de escrever outro texto, mas de aprimorar o que já fizeram. amor não os une mais, o contrário do que a ingênua personagem deseja dizer. 2. Veja: f João almoçava no clube. f João almoçou no clube. Qual das duas frases indica uma ação que se repete no passado? João almoçava no clube. 2 e 3. Novamente a proposta é de transformação de linguagens. Parte-se de uma narrativa e se chega a uma peça de teatro. Tendo em vista a complexidade da resposta, use os critérios de avaliação dados para correção das produções. Como podemos perceber, o Imperfeito sugere ações passadas que se repetem, enquanto o Perfeito sugere ações que ocorreram no passado, sem repetição. Para você, professor! Se possível, incentive a encenação dessa peça de teatro. Nossa abordagem do Pretérito verbal continua no texto expositivo a seguir. Oriente a leitura de modo que os alunos identifiquem, 117 no pensamento de Lapa, o que se refere ao Pretérito Perfeito e o que se refere ao Pretérito Imperfeito. Incentive o uso do dicionário para tirar as dúvidas de vocabulário. O perfeito marca de modo absoluto o fenômeno passado, sem relação com o presente nem com a pessoa que fala. É um tempo objetivo, sereno, próprio do historiador que narra as coisas sucedidas. Exemplo: “O príncipe morreu na guerra; deixou três filhos ainda meninos, que foram criados desveladamente pela princesa”. Modifiquemos agora o período neste sentido: “O príncipe morreu na guerra; deixava três filhos ainda meninos, que eram agora todo o cuidado da princesa”. LAPA, Manuel Rodrigues. Estilística da língua portuguesa. São Paulo: Martins Fontes, 1991. p. 150. Depois, leia em voz alta e com atenção o texto, fornecendo clareza e segurança na voz. 1. Com base no texto, faça e preencha no caderno o seguinte quadro com as informações já obtidas sobre os tempos verbais. Características do Perfeito Exemplo de uso do Perfeito Características do Imperfeito Exemplo de uso do Imperfeito Conclusões sobre o uso de um ou outro tempo no texto “marca de modo absoluto o fenômeno passado, sem relação com o Presente nem com a pessoa que fala [...] tempo objetivo, sereno, próprio do historiador que narra as coisas sucedidas.” “O príncipe morreu na guerra; deixou três filhos ainda meninos, que foram criados desveladamente pela princesa.” “como que nos transportamos ao passado, pela fantasia e pelo sentimento, e vivemos duradouramente os sucessos. Enfim, temos um pé no Presente, outro no Passado.” “O príncipe morreu na guerra; deixava três filhos ainda meninos, que eram agora todo o cuidado da princesa.” Resposta pessoal. Verifique de que forma as conclusões dos alunos sobre o uso de um ou outro tempo no texto traduzem a sua adequada compreensão do fenômeno linguístico. 2. Elabore uma pequena síntese do texto de Rodrigues Lapa. Leve em consideração que sínteses ou resumos não devem incluir exemplos. Professor, esclareça aos alunos a definição de síntese como um texto breve que visa resumir o conteúdo e o posicionamento do autor de determinado texto. Se desejar, aproveite para encaminhar uma reflexão sobre a diferença de uso e sentido do Pretérito Perfeito e do Pretérito Imperfeito do Indicativo. 118 A primeira oração ainda representa friamente o passado; as duas outras receberam agora um tom diferente: como que nos transportamos ao passado, pela fantasia e pelo sentimento, e vivemos duradouramente os sucessos. Enfim, temos um pé no presente, outro no passado. O Pretérito Perfeito é um tempo objetivo, que não envolve tanto o leitor como o Pretérito Imperfeito. Para você, professor! O texto do estilólogo Rodrigues Lapa não permite que cheguemos à sua síntese por meio de palavras-chave que se repetem. Por exemplo, o termo “Pretérito Imperfei- Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 to” sequer aparece no texto. É necessário que o aluno compreenda claramente a oposição “Perfeito e Imperfeito” e depois aponte o que pertence a cada um desses tempos na fala do autor. O conhecimento estilístico constrói uma ponte entre a dimensão literária e a linguística. Por causa da dimensão afetiva, o Pretérito Imperfeito é também mais indicado quando nos referimos a tempos indeterminados, em que é mais importante a dimensão emocional do Passado do que a sua dimensão cronológica. Quando dizemos Era uma vez..., em vez de Foi uma vez..., a nossa preocupação é destacar a ação que ocorreu nesse passado afetivo, um passado mágico, no qual havia fadas e outros seres fantásticos. Um leitor esclarecido, a menos que tenha determinada razão para isso, não se aproxima dos contos de fadas para saber quando efetivamente ocorreram as ações, mas para aproximar o acontecido de sua imaginação e memória afetiva. Além disso, o Pretérito Imperfeito desenha um cenário dentro do qual ocorre determinada ação pontual. Exemplo: Eu caminhava apressada quando vi meu namorado com outra. Caminhava: Pretérito Imperfeito Utilize diferentes textos do livro didático para mais exercícios de análise do uso expressivo do Pretérito Perfeito e Imperfeito. 3. Reúnam-se em duplas ou em trios. Alterem o texto poético a seguir, de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa, passando os verbos que estão no Presente do Indicativo (destacados) para o Passado. Use o caderno para reescrever o poema. Não Não: devagar. Devagar, porque não sei Onde quero ir. Há entre mim e os meus passos Uma divergência instintiva. Há entre quem sou e estou Uma diferença de verbo Que corresponde à realidade. Devagar... Sim, devagar... Quero pensar no que quer dizer Este devagar... Talvez o mundo exterior tenha pressa [demais. Talvez a alma vulgar queira chegar mais [cedo. Talvez a impressão dos momentos seja [muito próxima... Talvez isso tudo... Mas o que me preocupa é esta palavra [devagar... O que é que tem que ser devagar? Se calhar é o universo... A verdade manda Deus que se diga. Mas ouviu alguém isso a Deus? PESSOA, Fernando. Poemas de Álvaro de Campos. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/ pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=16598>. Acesso em: 29 maio 2013. Vi: Pretérito Perfeito O ato de caminhar é parte de um cenário dentro do qual ocorre uma ação pontual: ver o namorado com outra mulher. “Não: devagar. Devagar, porque não soube/sabia Onde quis/queria ir. Houve/Havia entre mim e os meus passos 119 Uma divergência instintiva. Houve/Havia entre quem fui/era e estive/estava escolher um tempo verbal adequado ao que se pretende dizer em um texto narrativo. Uma diferença de verbo Professor, essa é uma atividade para verificação da aprendiza- Que correspondeu/correspondia à realidade. gem dos estudantes do que foi ensinado até aqui na Situação Devagar... de Aprendizagem. A partir das respostas, faça as intervenções Sim, devagar... necessárias. Quis/queria pensar no que quis/queria dizer Este devagar... Talvez o mundo exterior tenha pressa demais. Expectativas de aprendizagem e grade de avaliação Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo. Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima... Talvez isso tudo... Mas o que me preocupou/preocupava foi/era esta [palavra devagar... O que é que teve/tinha que ser devagar? Se calhar foi/era o universo... A verdade mandou/mandava Deus que se diga. Mas ouviu alguém isso a Deus?” 4. Agora, comparem o novo poema que escreveram com a versão original de Fernando Pessoa. Respondam no caderno: Que diferenças de sentido encontram? Como elas mudam a compreensão do poema? No poema de Álvaro de Campos, o predomínio do Imperfeito do Indicativo delinearia um cenário de vida dentro do As últimas Situações de Aprendizagem da 1a série do Ensino Médio são ainda um momento de inícios. Iniciar não significa desconsiderar ou fazer de qualquer jeito porque depois “eles” aprendem melhor. Ao contrário, significa orientar, visando mais à frente àquilo que desejamos que venha no devido tempo. E o que desejamos que venha? Desejamos que nossos alunos desenvolvam-se como cidadãos autônomos no que diz respeito à leitura e à escrita. Isso inclui considerar a palavra na sociedade. Para nós, neste volume, algumas competências e habilidades se destacaram: 1. Relacionar textos para encontrar entre eles a intertextualidade temática. qual se realizou uma existência de dúvidas e insatisfação que mantém importantes ecos no momento presente. Por isso, apresentaria uma carga mais expressiva do que o uso do Pretérito Perfeito do Indicativo. Nesse caso, a etapa da vida seria 2. Adaptar textos em diferentes linguagens, levando em conta aspectos linguísticos, históricos e sociais. apresentada como algo terminado objetivamente, tanto por ter ocorrido em um passado que não influiria tão fortemente no presente como por acrescentar-lhe a dimensão pontual de certeza e racionalidade. Seria interessante visitar as características literárias de Fernando Pessoa para averiguar qual dos dois tempos seria preferido pelo poeta e por quê. Levan- 3. Construir e valorizar expectativas producentes de leitura. 4. Inferir tese, tema ou assunto principal em um texto a partir da síntese das ideias principais. do em conta, no entanto, a própria forma do Presente, que torna as dúvidas atemporais, avançando em todas as direções cronológicas, somos inclinados a afirmar que o texto ganha com o uso do Pretérito Imperfeito. Escolha dois dos temas a seguir e faça para cada um deles uma síntese: (1) gênero textual; (2) fábula; (3) a relação de sentido que existe entre a fábula e o texto teatral; (4) a importância de 120 5. Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário com os contextos de produção e circulação social da Arte, para atribuir significados de leituras críticas em diferentes situações. 6. Identificar o valor estilístico do verbo (Pretérito e Presente do Indicativo) em Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 textos literários, bem como o conceito de adequação social, tornando o verbo um valor operativo no processo de leitura e escrita. e aprofundar conhecimentos, competências e habilidades, e que se estipulem critérios claros e conhecidos pelos alunos no processo de avaliação. O que será avaliado no texto do aluno? Excetuando as duas habilidades iniciais propostas que, acreditamos, se desenvolvam melhor no cotidiano da sala de aula, as demais são contempladas na avaliação final proposta. No que diz respeito a conhecimentos e habilidades que retomam diretamente as Situações de Aprendizagem iniciais, busca-se o avanço da apropriação de tais conhecimentos e habilidades, na construção de competências de ação linguística: ler e escrever. Neste caso, a pergunta a fazer é: Houve avanços em relação às Situações de Aprendizagem de 1 a 6? Um avanço importante é a relação do leitor com o título da obra. Para muitos, um título é apenas uma perda de tempo. Tanto o texto expositivo como o literário fazem bom proveito dos títulos. É importante perguntar: Como os alunos reagem diante dessa parte do texto? As quatro primeiras pertencem mais diretamente à esfera da atividade linguística e as duas últimas, à esfera da compreensão literária, embora, em nenhum momento, deixemos de perceber que a Literatura é uma manifestação social da linguagem. Naturalmente, essas habilidades não se desenvolvem de uma hora para outra de forma completa. Elas representam parte de uma caminhada que se deseja ver amadurecer. Os gêneros textuais privilegiados, por exemplo, o informativo, o expositivo e o literário, são os mesmos das Situações de Aprendizagem iniciais em uma nova abordagem, visando a amadurecer o processo de interação dos alunos com tais textos. Esse é o foco da atividade de avaliação. Nela, procuraremos compreender o desenvolvimento dos alunos nas seis habilidades identificadas como centrais neste volume. Observe que o ato de escrita é processual, assim como o aprendizado. Por isso, duas estratégias devem ser levadas em conta no processo avaliativo: a repetição de conteúdos com grau de dificuldade crescente, o que permite retomar Os conhecimentos e as habilidades que surgem agora pela primeira vez, aqueles relacionados ao uso expressivo do verbo e da construção social da instituição literária, devem revelar que os alunos entraram no assunto bem, com segurança e autonomia. O que é autonomia? Neste contexto, é a capacidade que os alunos têm de utilizar o conhecimento construído para aplicá-lo com êxito em outras situações de aprendizado. Parece-nos apropriado utilizar uma fábula como ponto de partida, uma vez que ela foi um dos últimos gêneros literários trabalhados em sala de aula. PROPOSTA DE QUESTÕES PARA APLICAÇÃO EM AVALIAÇÃO 1. Qual das cinco fábulas a seguir é a mais apropriada para o título O homem que desejava comprar um asno? I Um asno pusera por cima do corpo uma pele de leão e todos passaram a crer que realmente se tra- 121 tava de um leão: homens e animais fugiam dele. Mas bateu um vento forte e a pele voou para longe. O asno ficou nu. Todos, então, correram para cima dele e lhe deram a maior surra. ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra. II Um asno que usava a pele de um leão começou a causar terror entre os outros animais. Quando viu uma raposa, quis dar-lhe também um susto. Mas a raposa esperta, que o tinha visto zurrar, disse-lhe: “Eu teria levado um susto se não tivesse te ouvido zurrar”. ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra. III Um homem estava desejoso de comprar determinado asno, mas resolveu, antes, levá-lo para testar. Pôs-lhe um cabresto e colocou-o no meio dos outros asnos que possuía. Mas o animal em pouco tempo se aproxima do mais preguiçoso e guloso deles, afastan do-se dos demais companheiros. E ali ficou, escapando de toda e qualquer labuta. O homem, então, amarrou-lhe uma corda ao pescoço e devolveu-o ao dono. Este então perguntou se a experiência valera a pena, ao que o homem respondeu: “Nem precisei testá-lo, pois rapidamente vi que ele se parece com o companheiro que escolheu”. ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra. IV Lá vai um homem para a feira com um cavalo e um asno. Enquanto caminhavam juntos, o asno pede ao cavalo: “Se minha vida é importante para você, ajude-me a carregar este meu pesado fardo”. O cavalo, orgulhoso, ignorou-o, e o asno, poucos passos depois, caiu morto. O dono então resolve acrescentar às costas do cavalo não só a carga do asno, como também o animal morto. O cavalo, dando-se conta de seu triste destino, lamenta: “Como sou infeliz! Que destino triste eu tive! Não quis ajudar ao asno e, agora, carrego tudo em dobro e até mesmo o morto!” ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra. V Uma vez, numa linda manhã de sol, um asno selvagem viu um asno domesticado. Imediatamente, felicitou-o por sua pança redonda: “Você é feliz, meu amigo! Bela e regalada vida você tem! Tudo com fartura!” Mas, algum tempo depois, quando o mesmo asno selvagem vê o seu amigo domesticado carregando 122 Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 pesada carga no lombo, ainda por cima, apanhando do dono, exclamou: “Puxa! Não tenho inveja da vida que você tem, agora que estou vendo como você paga a sua fartura!”. ESOPO. Fábulas. Disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheObraForm.do?select_action=&co_ obra=5236>. Acesso em: 29 maio 2013. Traduzido especialmente para esta obra. Habilidades principais de leitura/escrita a serem desenvolvidas: construir e valorizar expectativas producentes de leitura. b) Desenha um fundo no qual ocorre determinada ação: a morte do asno e o aumento da carga do cavalo. 2. Releia a fábula correspondente ao item V da questão anterior. Qual a moral mais adequada à narrativa? c) Reforça a ideia de que o homem gostava muito de seus animais. a) Não devemos invejar as vantagens que nos expõem ao sofrimento. d) Dá maior frieza à narrativa, tornando-a mais literária. b) Para nos destruir mais, o inimigo se faz pequeno diante de nós. e) É mais interessante porque valoriza mais a língua portuguesa no uso correto das normas gramaticais. c) Somos julgados por nossas companhias. Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: identificar o valor estilístico do verbo (Pretérito e Presente do d) As astúcias dos maus não atingem o sensato. e) A cada um sua própria condição. Indicativo) em textos literários, tornando-o um valor operativo no processo de leitura e escrita. 4. Observe as informações do quadro a seguir: Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: inferir tese, tema ou assunto principal em um texto a partir da síntese das ideias principais. 3. Observe o trecho a seguir da fábula IV da questão 1: “Lá vai um homem para a feira com um cavalo e um asno. Enquanto caminhavam juntos [...].” Os mais vendidos do mês de JUNHO 1 – Fábulas – ESOPO. L&PM. 2 – O caçador de pipas – KHALED HOSSEINI. Nova Fronteira. 3 – Obra poética em um volume – CECÍLIA MEIRELES. Nova Aguilar. Com base nessas informações, explique o que é Literatura e qual a sua importância na sociedade. O uso do Pretérito Imperfeito tem que função expressiva no texto? a) Determina de modo objetivo o momento cronológico em que as ações ocorreram. Resposta esperada: observe a argumentação construída pelos alunos para defender a sua ideia. Certifique-se de observar o quanto os alunos amadureceram a habilidade de compreender a Literatura como sistema social em que se concretizam valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional e internacional. 123 Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário com os contextos de produção e circulação social da Arte, para atribuir significa- 5. Leia, com atenção, este trecho da crônica Mãe, de Rubem Braga, e complete-o com os tempos verbais apropriados dos verbos entre parênteses. dos de leituras críticas em diferentes situações. O menino e seu amiguinho ___________ (brincar) nas primeiras espumas; o pai _______________ (fumar) um cigarro na praia, batendo papo com um amigo. E o mundo _______________ (ser) inocente, na manhã de sol. Foi então que ______________ (chegar) a Mãe (esta crônica é modesta contribuição ao Dia das Mães), muito elegante em seu short, e mais ainda em seu maiô. Trouxe óculos escuros, uma esteirinha para se esticar, óleo para a pele, revista para ler, pente para se pentear – e __________________ (trazer) seu coração de Mãe que imediatamente se pôs aflito achando que o menino estava muito longe e o mar estava muito forte. BRAGA, Rubem. A cidade e a roça. Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1964. p. 57. Resposta esperada: brincavam; fumava; era; chegou; trouxe. identificar o conceito de adequação social, tornando o verbo Habilidade principal de leitura/escrita a ser desenvolvida: um valor operativo no processo de leitura e escrita. PROPOSTA DE SITUAÇÕES DE RECUPERAÇÃO 124 As propostas de Situações de Recuperação podem ser elaboradas com base na verificação da aprendizagem. Além dos instrumentos de avaliação desenvolvidos por você, neste momento é importante que cada aluno faça uma autoavaliação da própria aprendizagem. 3. Compreendeu tão bem que poderia explicá-los para um colega sem problemas? Como isso nem sempre é um procedimento já apropriado pelos alunos, auxilie-os a realizá-la oferecendo um quadro com conteúdos, competências e habilidades trabalhados no volume (você pode compô-lo a partir dos elaborados para este Caderno) e um pequeno questionário que deverá ser respondido com base nesse quadro. Ao longo deste volume, que conteúdos você: Organize um quadro para tabular as respostas. Essa tabulação revelará quais os conteúdos, as competências e as habilidades que não foram apreendidos pela maioria da turma e quais os alunos que não se apropriaram de grande parte do que foi trabalhado. 4. Considera que deveriam ser explicados de novo porque não conseguiu entendê-los bem? 1. Gostou de estudar? Por quê? Utilize esse quadro e os resultados das avaliações aplicadas por você para elaborar estratégias de recuperação imediata, de acordo com as necessidades específicas de sua turma. 2. Achou que foram pouco interessantes? Por quê? Em relação aos conteúdos não dominados pela maioria da turma, elabore novas estraté- Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 gias de leitura e escrita em textos expositivos, informativos e literários, incluindo a valorização de expectativas de leitura e a intertextualidade temática, entre outras questões. Lembre-se de que a apropriação dessas habilidades não é um processo que ocorre rapidamente. Ele leva tempo e exige que os alunos avancem em sua maturidade. A mesma coisa ocorre com a inferência de tese, tema ou assunto principal em um texto, que neste volume aproximou-se da habilidade de sintetizar textos. Por outro lado, identificar o valor estilístico do verbo (Pretérito e Presente do Indicativo) em textos literários, tornando seu valor operativo no processo de leitura e escrita, construiu a principal ponte entre a dimensão literária e linguística no volume em que começamos a operacionalizar nossos conhecimentos de Literatura, vendo-a como sistema social complexo. Caso você verifique (depois de retomar esses conteúdos de maneira diferente das que usou ao longo deste volume) que alguns alunos ainda não conseguiram incorporar os conceitos e conteúdos especificados, propomos que solicite a eles que tragam um texto literário, de preferência uma crônica, acompanhado de uma breve análise escrita por eles, em um parágrafo de até dez linhas, no qual devem identificar o gênero do texto e analisar o uso expressivo de cinco verbos (no Pretéri- to) encontrados no texto. Peça também que comentem o valor literário dessa crônica, definindo o que é Literatura a partir desse texto. Também é necessário identificar os alunos que não dominam a maior parte do que foi trabalhado e organizar um roteiro de estudos pessoais para eles. Não hesite em formar grupos de estudos com esses alunos e aqueles que declararam, ao responder ao questionário, que sabem tão bem o assunto que poderiam explicá-lo aos colegas. Nessa interação, ganham os que aprendem e os que ensinam. Os que aprendem terão o conteúdo visto pelos olhos de alguém mais próximo deles que o professor, com uma linguagem que compreenderão mais facilmente; os que ensinam reorganizarão seus conhecimentos de tal maneira que estes ficarão mais firmemente incorporados. Antes de propor novos estudos, porém, verifique se os alunos dispõem, no caderno, das anotações necessárias para fazer os trabalhos indicados. Peça que identifiquem, nos apontamentos, quais as reais dificuldades encontradas e peça que as revejam para verificar se as dúvidas foram solucionadas após as atividades de recuperação. É importante, no entanto, que se dê atenção às dificuldades gerais da classe para trabalhar com elas ao longo do próximo volume. RECURSOS PARA AMPLIAR A PERSPECTIVA DO PROFESSOR E DO ALUNO PARA A COMPREENSÃO DO TEMA Se for conveniente, o professor pode usar os seguintes recursos para aprofundar o assunto da aula: Filmes Poderosa Afrodite Comédia com Woody Allen, Mira Sorvino e Helena Bonham Carter. Direção: Woody Allen. EUA, 1995. 95 min. 14 anos. Oito anos depois de adotar um bebê, o pai adotivo procura a mãe biológica da criança e descobre que ela é uma prostituta decadente e burra. Inconformado com a realidade da mãe de seu filho, o homem decide ajudá-la a abandonar o submundo. O filme mostra características do teatro grego, interessante para ilustrar a Situação de Aprendizagem 10. 125 Shakespeare Apaixonado Com Joseph Fiennes e Gwyneth Paltrow. Direção: John Madden. EUA/Inglaterra, 1998. 122 min. 14 anos. Comédia romântica que se passa em 1593. O jovem Will Shakespeare depara-se com um bloqueio da criatividade, não conseguindo buscar entusiasmo para escrever uma nova peça teatral. Mas, quando ele se apaixona por Lady Viola, começa a viver sua própria aventura de amor. WILLIAMS, Robin. Design para quem não é designer: noções básicas de planejamento visual. São Paulo: Callis, 2005. Aprofunda-se na aparência das páginas impressas e eletrônicas, no que diz respeito à funcionalidade e estética. Concentra-se nas relações entre aspectos formais do suporte textual, como tipo da letra e do papel e a impressão produzida nos leitores. Livro didático Releituras Este site tem grande variedade de textos literários e biografias de autores da literatura em língua portuguesa. Disponível em: <http://www. releituras.com>. Acesso em: 29 maio 2013. É importante também valorizar o livro didático, portanto, ao iniciar a discussão do tema proposto, peça aos alunos para usarem seus livros para pesquisa sobre o tema, voltando o olhar para textos que tenham especial foco na interação, como, por exemplo, textos com diálogos. Livros BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. São Paulo: Cortez, 2005. Estudo atualizado sobre o gênero e o tipo textual e a sua dimensão pedagógica, em especial em séries/anos mais adiantados. DIONÍSIO, A. P.; MACHADO, A. R.; BEZERRA, M. A. (Org.). Gêneros textuais & ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2002. Artigos diferentes, com qualidade variada, procuram trazer o tema do gênero para o espaço escolar. 126 Sites TV Cultura f Informações sobre a história e a estrutura de uma crônica. Disponível em: <http://www. tvcultura.com.br/aloescola/literatura/croni cas/origem.htm>. Acesso em: 29 maio 2013. f Traz informações que ajudam a analisar uma crônica. Disponível em: <http://www. tvcultura.com.br/aloescola/literatura/ cronicas/desvendando.htm>. Acesso em: 29 maio 2013. f Indica os passos para escrever uma crônica. Disponível em: <http://www.tvcultura.com. br/aloescola/literatura/cronicas/facasua cronica.htm>. Acesso em: 29 maio 2013. f Apresenta crônicas dos principais autores nacionais do gênero. Disponível em: <http:// www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/ cronicas/galeria.htm>. Acesso em: 29 maio 2013. Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 QUADRO DE CONTEÚDOS DO ENSINO MÉDIO 1a série 3a série Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem As diferentes mídias A língua e a constituição psicossocial do indivíduo A língua portuguesa na escola: o gênero textual no cotidiano escolar A literatura na sociedade atual Lusofonia e história da língua portuguesa A exposição artística e o uso da palavra Comunicação e relações sociais Discurso e valores pessoais e sociais Literatura e Arte como instituições sociais Variedade linguística: preconceito linguístico A linguagem e a crítica de valores sociais A palavra e o tempo: texto e contexto social Como fazer para gostar de ler Literatura? O estatuto do escritor na sociedade Os sistemas de arte e de entretenimento O século XIX e a poesia Literatura e seu estatuto O escritor no contexto social-político-econômico do século XIX O indivíduo e os pontos de vista e valores sociais Romantismo e Ultrarromantismo Valores e atitudes culturais no texto literário A Literatura e a construção da modernidade e do Modernismo Linguagem e o desenvolvimento do olhar crítico A crítica de valores sociais no texto literário Adequação linguística e ambiente de trabalho A língua portuguesa e o mundo do trabalho Leitura e expressão escrita Volume 1 2a série Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1SPKFUPEFUFYUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Textos prescritivos (foco: escrita) Projeto de atividade midiática (reportagem fotográfica, propaganda, documentário em vídeo, entre outros) Texto lírico (foco: leitura) Poema: diferenças entre verso e prosa Texto narrativo (foco: leitura) Conto tradicional Texto argumentativo (foco: escrita) r0QJOJ×FTQFTTPBJT Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r5PNBEBEFOPUBT r3FTVNPEFUFYUPBVEJPWJTVBMOPWFMB televisiva, filme, documentário, entre outros) r-FHFOEB Relato (foco: leitura e escrita) r/PUÎDJB Informação, exposição de ideias e mídia impressa Intencionalidade comunicativa r1SPKFUPEFBUJWJEBEFFYUSBDVSSJDVMBS Texto narrativo (foco: leitura) r$SÔOJDB Texto teatral (foco: leitura) Diferenças entre texto teatral e texto espetacular r'ÃCVMB Texto lírico (foco: leitura) r1PFNB Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r'PMIFUP r3FTVNP O texto literário e a mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Leitura e expressão escrita Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1SPKFUPEFUFYUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Texto narrativo (foco: leitura) r5FYUPTFNQSPTBSPNBODF r$PNÊEJB Textos prescritivos (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto lírico (foco: leitura) Poema: visão temática Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r"SUJHPEFPQJOJÈP r"OÙODJPQVCMJDJUÃSJP Argumentação, expressão de opiniões e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Texto prescritivo (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto narrativo (foco: leitura e escrita) r3PNBODF r$POUPGBOUÃTUJDP Texto lírico (foco: leitura) r1PFNBBEFOÙODJBTPDJBM Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r"SUJHPEFPQJOJÈP Argumentação, expressão de opiniões e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Leitura e expressão escrita Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1MBOFKBNFOUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Textos prescritivos (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto narrativo (foco: leitura e escrita) r"OBSSBUJWBNPEFSOB r$BSUVNPV)2 Texto lírico (foco: leitura) r"MÎSJDBNPEFSOB Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r3FTFOIBDSÎUJDB Argumentação, crítica e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Texto narrativo (foco: leitura) r3PNBODFEFUFTF Texto lírico (foco: leitura) r1PFTJBFDSÎUJDBTPDJBM Texto argumentativo (foco: escrita) r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS Mundo do trabalho e mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Funcionamento da língua A língua portuguesa e os exames de acesso ao Ensino Superior Aspectos formais do uso da língua: ortografia e concordância Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero: uso do numeral Categorias da narrativa: personagem, espaço e enredo Construção da textualidade Identificação das palavras e ideias-chave em um texto Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Linguagem e adequação vocabular Valor expressivo do vocativo O problema do eco em textos escritos Resolução de problemas de oralidade na produção do texto escrito Adequação linguística e trabalho Análise estilística: nível sintático Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: paralelismos, coordenação e subordinação Estrutura sintática e construção da tese Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática 127 Volume 1 1a série 2a série Funcionamento da língua Funcionamento da língua Análise estilística: verbo, adjetivo e substantivo Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero Construção da textualidade Identificação das palavras, sinonímia e ideias-chave em um texto Intertextualidade: interdiscursiva, intergenética, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Visão crítica do estudo da gramática O conceito de gênero textual Polissemia Análise estilística: conectivos Aspectos linguísticos específicos da construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: uso de conectores Coordenação e subordinação Formação do gênero Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Períodos simples e composto Valor expressivo do período simples r"OÃMJTFFTUJMÎTUJDBBEWÊSCJPFNFUPOÎNJB r"TQFDUPTMJOHVÎTUJDPTFTQFDÎàDPTEB construção do gênero r$PFTÈPFDPFSËODJBDPNWJTUBTÆ construção da textualidade Identificação das palavras e ideias-chave em um texto Interação entre elementos literários e linguísticos Processos interpretativos inferenciais: metáfora Compreensão e discussão oral A oralidade nos textos escritos Discussão de pontos de vista: Literatura e Arte Expressão oral e tomada de turno Expressão de opiniões pessoais Situação comunicativa: contexto e interlocutores 3a série Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Compreensão e discussão oral A oralidade nos textos escritos Discussão de pontos de vista em textos literários A importância da tomada de turno Expressão de opiniões pessoais Identificação de estruturas e funções Compreensão e discussão oral Discussão de pontos de vista em textos criativos (publicitários) Concatenação de ideias Discussão de pontos de vista em textos opinativos Expressão de opiniões pessoais Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem Esferas de atividades sociais da linguagem A literatura como sistema intersemiótico O eu e o outro: a construção do diálogo e do conhecimento A construção do caráter dos enunciadores A palavra: profissões e campo de trabalho O texto literário e o tempo Ética, sexualidade e linguagem Literatura e seu estatuto O escritor no contexto social-político-econômico do século XIX As propostas pós-românticas e a literatura realista e naturalista Literatura e realidade social Comunicação, sociedade e poder Ruptura e diálogo entre linguagem e tradição África e Brasil: relações hipersistêmicas (cultura, língua e sociedade) Diversidade e linguagem Trabalho, linguagem e realidade brasileira Literatura modernista e tendências do Pós-modernismo Linguagem e projeto de vida Leitura e expressão escrita Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1MBOFKBNFOUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP r5FYUPQSFTDSJUJWPGPDPFTDSJUB r1SPKFUPEFUFYUP Texto argumentativo (foco: escrita) r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS Texto literário narrativo e lírico (foco: leitura e escrita) r"OÃMJTFDSÎUJDBEFUFYUPMJUFSÃSJP r"QSPTBBQPFTJBBQBSÓEJBB modernidade e o mundo atual Texto prescritivo (foco: leitura e escrita) r&YBNFTEFBDFTTPBP&OTJOP4VQFSJPSPV de seleção profissional Mundo do trabalho e mídia impressa Volume 2 Leitura e expressão escrita 128 Estratégias de pré-leitura r$POIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSPEPUFYUP e a antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1SPKFUPEFUFYUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Texto prescritivo (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) r&TUSVUVSBUJQPMÓHJDB Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r'ÔMEFS r&OUSFWJTUB Texto lírico (foco: leitura) r0QPFNBFPDPOUFYUPIJTUÓSJDP Texto narrativo (foco: leitura) r0DPOUP r$PNÊEJBFUSBHÊEJBTFNFMIBOÉBTF diferenças) As entrevistas e a mídia impressa Relações entre literatura e outras expressões da Arte Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura Estratégias de pré-leitura r3FMBÉ×FTEFDPOIFDJNFOUPTPCSFPHËOFSP do texto e antecipação de sentidos a partir de diferentes indícios Estruturação da atividade escrita r1MBOFKBNFOUP r$POTUSVÉÈPEPUFYUP r3FWJTÈP Texto prescritivo (foco: escrita) r1SPKFUPEFUFYUP Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r3FQPSUBHFN r$PSSFTQPOEËODJB Texto narrativo (foco: leitura) r0TÎNCPMPFBNPSBM Texto lírico (foco: leitura) r0TÎNCPMPFBNPSBM r1PFNBBSVQUVSBFPEJÃMPHPDPNB tradição Relato (foco: escrita) r&OTBJPPVQFSàMCJPHSÃàDP Leitura e expressão escrita Língua Portuguesa e Literatura – 1a série – Volume 1 1a série r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura. r1SPTBMJUFSÃSJBDPNQBSBÉÈPFOUSF diferentes gêneros de ficção r$PSEFM r&QPQFJB Texto argumentativo (foco: leitura e escrita) Ethos e produção escrita A opinião crítica e a mídia impressa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Intencionalidade comunicativa Volume 2 Funcionamento da língua Análise estilística: verbo, adjetivo, substantivo Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero Construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: coesão Identificação das palavras, sinonímia e ideias-chave em um texto Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Intersemioticidade Análise estilística: pronomes, artigos e numerais Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Relações entre os estudos de literatura e linguagem 2a série A expressão de ideias e conhecimentos e a mídia impressa Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r5FYUPMJUFSÃSJPGPDPMFJUVSB r$POUPBSVQUVSBDPNBUSBEJÉÈP r1PFNBTVCKFUJWJEBEFFPCKFUJWJEBEF Texto expositivo (foco: leitura e escrita) r&OUSFWJTUB Relato (foco: leitura e escrita) r3FQPSUBHFN Texto informativo (foco: leitura e escrita) r'ÔMEFSPVQSPTQFDUP A expressão de opiniões pela instituição jornalística Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Funcionamento da língua A sequencialização dos parágrafos Análise estilística: preposição Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero Coesão e coerência com vistas à construção da textualidade Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia Análise estilística: orações coordenadas e subordinadas A sequencialização dos parágrafos Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Compreensão e discussão oral Compreensão e discussão oral Discussão de pontos de vista em textos literários Expressão de opiniões pessoais Estratégias de escuta Hetero e autoavaliação Concatenação de ideias Intencionalidade comunicativa Discussão de pontos de vista em textos opinativos Hetero e autoavaliação Estratégias de escuta 3a série Compreensão e discussão oral A oralidade nos textos escritos Discussão de pontos de vista em textos literários A importância da tomada de turno Expressão de opiniões pessoais Identificação de estruturas e funções Intencionalidade comunicativa Texto literário (foco: leitura e escrita) r"OÃMJTFDSÎUJDB Texto argumentativo (foco: escrita) r%JTTFSUBÉÈPFTDPMBS Texto prescritivo (foco: leitura e escrita) r&YBNFTEFBDFTTPBP&OTJOP4VQFSJPSPV de seleção profissional Texto expositivo (foco: oral e escrita) r%JTDVSTP Intencionalidade comunicativa Estratégias de pós-leitura r0SHBOJ[BÉÈPEBJOGPSNBÉÈPFVUJMJ[BÉÈP das habilidades desenvolvidas em novos contextos de leitura Funcionamento da língua Conhecimentos linguísticos e de gênero textual Construção da textualidade Construção linguística da superfície textual: reformulação, paráfrase e estilização Intertextualidade: interdiscursiva, intergenérica, referencial e temática Lexicografia: dicionário, glossário, enciclopédia O clichê e o chavão Compreensão e discussão oral Expressão de opiniões pessoais Estratégias de fala e escuta Hetero e autoavaliação Conhecimentos da linguagem Revisão dos principais conteúdos 129 CONCEPÇÃO E COORDENAÇÃO GERAL NOVA EDIÇÃO 2014-2017 COORDENADORIA DE GESTÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA – CGEB Coordenadora Maria Elizabete da Costa Diretor do Departamento de Desenvolvimento Curricular de Gestão da Educação Básica João Freitas da Silva Diretora do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF Valéria Tarantello de Georgel Coordenadora Geral do Programa São Paulo faz escola Valéria Tarantello de Georgel Coordenação Técnica Roberto Canossa Roberto Liberato Suely Cristina de Albuquerque BomÅm EQUIPES CURRICULARES Área de Linguagens Arte: Ana Cristina dos Santos Siqueira, Carlos Eduardo Povinha, Kátia Lucila Bueno e Roseli Ventrela. Educação Física: Marcelo Ortega Amorim, Maria Elisa Kobs Zacarias, Mirna Leia Violin Brandt, Rosângela Aparecida de Paiva e Sergio Roberto Silveira. Língua Estrangeira Moderna (Inglês e Espanhol): Ana Paula de Oliveira Lopes, Jucimeire de Souza Bispo, Marina Tsunokawa Shimabukuro, Neide Ferreira Gaspar e Sílvia Cristina Gomes Nogueira. Língua Portuguesa e Literatura: Angela Maria Baltieri Souza, Claricia Akemi Eguti, Idê Moraes dos Santos, João Mário Santana, Kátia Regina Pessoa, Mara Lúcia David, Marcos Rodrigues Ferreira, Roseli Cordeiro Cardoso e Rozeli Frasca Bueno Alves. Área de Matemática Matemática: Carlos Tadeu da Graça Barros, Ivan Castilho, João dos Santos, Otavio Yoshio Yamanaka, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Sandra Maira Zen Zacarias e Vanderley Aparecido Cornatione. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aparecida Kida Sanches, Elizabeth Reymi Rodrigues, Juliana Pavani de Paula Bueno e Rodrigo Ponce. Ciências: Eleuza Vania Maria Lagos Guazzelli, Gisele Nanini Mathias, Herbert Gomes da Silva e Maria da Graça de Jesus Mendes. Física: Carolina dos Santos Batista, Fábio Bresighello Beig, Renata Cristina de Andrade Oliveira e Tatiana Souza da Luz Stroeymeyte. Química: Ana Joaquina Simões S. de Matos Carvalho, Jeronimo da Silva Barbosa Filho, João Batista Santos Junior e Natalina de Fátima Mateus. Rosângela Teodoro Gonçalves, Roseli Soares Jacomini, Silvia Ignês Peruquetti Bortolatto e Zilda Meira de Aguiar Gomes. Área de Ciências Humanas Filosofia: Emerson Costa, Tânia Gonçalves e Teônia de Abreu Ferreira. Área de Ciências da Natureza Biologia: Aureli Martins Sartori de Toledo, Evandro Rodrigues Vargas Silvério, Fernanda Rezende Pedroza, Regiani Braguim Chioderoli e Rosimara Santana da Silva Alves. Geografia: Andréia Cristina Barroso Cardoso, Débora Regina Aversan e Sérgio Luiz Damiati. História: Cynthia Moreira Marcucci, Maria Margarete dos Santos e Walter Nicolas Otheguy Fernandez. Sociologia: Alan Vitor Corrêa, Carlos Fernando de Almeida e Tony Shigueki Nakatani. PROFESSORES COORDENADORES DO NÚCLEO PEDAGÓGICO Área de Linguagens Educação Física: Ana Lucia Steidle, Eliana Cristine Budisk de Lima, Fabiana Oliveira da Silva, Isabel Cristina Albergoni, Karina Xavier, Katia Mendes e Silva, Liliane Renata Tank Gullo, Marcia Magali Rodrigues dos Santos, Mônica Antonia Cucatto da Silva, Patrícia Pinto Santiago, Regina Maria Lopes, Sandra Pereira Mendes, Sebastiana Gonçalves Ferreira Viscardi, Silvana Alves Muniz. Língua Estrangeira Moderna (Inglês): Célia Regina Teixeira da Costa, Cleide Antunes Silva, Ednéa Boso, Edney Couto de Souza, Elana Simone Schiavo Caramano, Eliane Graciela dos Santos Santana, Elisabeth Pacheco Lomba Kozokoski, Fabiola Maciel Saldão, Isabel Cristina dos Santos Dias, Juliana Munhoz dos Santos, Kátia Vitorian Gellers, Lídia Maria Batista BomÅm, Lindomar Alves de Oliveira, Lúcia Aparecida Arantes, Mauro Celso de Souza, Neusa A. Abrunhosa Tápias, Patrícia Helena Passos, Renata Motta Chicoli Belchior, Renato José de Souza, Sandra Regina Teixeira Batista de Campos e Silmara Santade Masiero. Língua Portuguesa: Andrea Righeto, Edilene Bachega R. Viveiros, Eliane Cristina Gonçalves Ramos, Graciana B. Ignacio Cunha, Letícia M. de Barros L. Viviani, Luciana de Paula Diniz, Márcia Regina Xavier Gardenal, Maria Cristina Cunha Riondet Costa, Maria José de Miranda Nascimento, Maria Márcia Zamprônio Pedroso, Patrícia Fernanda Morande Roveri, Ronaldo Cesar Alexandre Formici, Selma Rodrigues e Sílvia Regina Peres. Área de Matemática Matemática: Carlos Alexandre Emídio, Clóvis Antonio de Lima, Delizabeth Evanir Malavazzi, Edinei Pereira de Sousa, Eduardo Granado Garcia, Evaristo Glória, Everaldo José Machado de Lima, Fabio Augusto Trevisan, Inês Chiarelli Dias, Ivan Castilho, José Maria Sales Júnior, Luciana Moraes Funada, Luciana Vanessa de Almeida Buranello, Mário José Pagotto, Paula Pereira Guanais, Regina Helena de Oliveira Rodrigues, Robson Rossi, Rodrigo Soares de Sá, Rosana Jorge Monteiro, Ciências: Davi Andrade Pacheco, Franklin Julio de Melo, Liamara P. Rocha da Silva, Marceline de Lima, Paulo Garcez Fernandes, Paulo Roberto Orlandi Valdastri, Rosimeire da Cunha e Wilson Luís Prati. Física: Ana Claudia Cossini Martins, Ana Paula Vieira Costa, André Henrique GhelÅ RuÅno, Cristiane Gislene Bezerra, Fabiana Hernandes M. Garcia, Leandro dos Reis Marques, Marcio Bortoletto Fessel, Marta Ferreira Mafra, Rafael Plana Simões e Rui Buosi. Química: Armenak Bolean, Cátia Lunardi, Cirila Tacconi, Daniel B. Nascimento, Elizandra C. S. Lopes, Gerson N. Silva, Idma A. C. Ferreira, Laura C. A. Xavier, Marcos Antônio Gimenes, Massuko S. Warigoda, Roza K. Morikawa, Sílvia H. M. Fernandes, Valdir P. Berti e Willian G. Jesus. Área de Ciências Humanas Filosofia: Álex Roberto Genelhu Soares, Anderson Gomes de Paiva, Anderson Luiz Pereira, Claudio Nitsch Medeiros e José Aparecido Vidal. Geografia: Ana Helena Veneziani Vitor, Célio Batista da Silva, Edison Luiz Barbosa de Souza, Edivaldo Bezerra Viana, Elizete Buranello Perez, Márcio Luiz Verni, Milton Paulo dos Santos, Mônica Estevan, Regina Célia Batista, Rita de Cássia Araujo, Rosinei Aparecida Ribeiro Libório, Sandra Raquel Scassola Dias, Selma Marli Trivellato e Sonia Maria M. Romano. História: Aparecida de Fátima dos Santos Pereira, Carla Flaitt Valentini, Claudia Elisabete Silva, Cristiane Gonçalves de Campos, Cristina de Lima Cardoso Leme, Ellen Claudia Cardoso Doretto, Ester Galesi Gryga, Karin Sant’Ana Kossling, Marcia Aparecida Ferrari Salgado de Barros, Mercia Albertina de Lima Camargo, Priscila Lourenço, Rogerio Sicchieri, Sandra Maria Fodra e Walter Garcia de Carvalho Vilas Boas. Sociologia: Anselmo Luis Fernandes Gonçalves, Celso Francisco do Ó, Lucila Conceição Pereira e Tânia Fetchir. Apoio: Fundação para o Desenvolvimento da Educação - FDE CTP, Impressão e acabamento Log Print GráÅca e Logística S. A. GESTÃO DO PROCESSO DE PRODUÇÃO EDITORIAL 2014-2017 FUNDAÇÃO CARLOS ALBERTO VANZOLINI Presidente da Diretoria Executiva Antonio Rafael Namur Muscat Vice-presidente da Diretoria Executiva Alberto Wunderler Ramos GESTÃO DE TECNOLOGIAS APLICADAS À EDUCAÇÃO Direção da Área Guilherme Ary Plonski Coordenação Executiva do Projeto Angela Sprenger e Beatriz Scavazza Gestão Editorial Denise Blanes Equipe de Produção Editorial: Amarilis L. Maciel, Angélica dos Santos Angelo, Bóris Fatigati da Silva, Bruno Reis, Carina Carvalho, Carla Fernanda Nascimento, Carolina H. Mestriner, Carolina Pedro Soares, Cíntia Leitão, Eloiza Lopes, Érika Domingues do Nascimento, Flávia Medeiros, Gisele Manoel, Jean Xavier, Karinna Alessandra Carvalho Taddeo, Leandro Calbente Câmara, Leslie Sandes, Mainã Greeb Vicente, Marina Murphy, Michelangelo Russo, Natália S. Moreira, Olivia Frade Zambone, Paula Felix Palma, Priscila Risso, Regiane Monteiro Pimentel Barboza, Rodolfo Marinho, Stella Assumpção Mendes Mesquita, Tatiana F. Souza e Tiago Jonas de Almeida. CONCEPÇÃO DO PROGRAMA E ELABORAÇÃO DOS CONTEÚDOS ORIGINAIS Filosofia: Paulo Miceli, Luiza Christov, Adilton Luís Martins e Renê José Trentin Silveira. COORDENAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DOS CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DOS CADERNOS DOS PROFESSORES E DOS CADERNOS DOS ALUNOS Ghisleine Trigo Silveira Geografia: Angela Corrêa da Silva, Jaime Tadeu Oliva, Raul Borges Guimarães, Regina Araujo e Sérgio Adas. CONCEPÇÃO Guiomar Namo de Mello, Lino de Macedo, Luis Carlos de Menezes, Maria Inês Fini coordenadora! e Ruy Berger em memória!. AUTORES Linguagens Coordenador de área: Alice Vieira. Arte: Gisa Picosque, Mirian Celeste Martins, Geraldo de Oliveira Suzigan, Jéssica Mami Makino e Sayonara Pereira. Educação Física: Adalberto dos Santos Souza, Carla de Meira Leite, Jocimar Daolio, Luciana Venâncio, Luiz Sanches Neto, Mauro Betti, Renata Elsa Stark e Sérgio Roberto Silveira. LEM – Inglês: Adriana Ranelli Weigel Borges, Alzira da Silva Shimoura, Lívia de Araújo Donnini Rodrigues, Priscila Mayumi Hayama e Sueli Salles Fidalgo. LEM – Espanhol: Ana Maria López Ramírez, Isabel Gretel María Eres Fernández, Ivan Rodrigues Martin, Margareth dos Santos e Neide T. Maia González. História: Paulo Miceli, Diego López Silva, Glaydson José da Silva, Mônica Lungov Bugelli e Raquel dos Santos Funari. Sociologia: Heloisa Helena Teixeira de Souza Martins, Marcelo Santos Masset Lacombe, Melissa de Mattos Pimenta e Stella Christina Schrijnemaekers. Ciências da Natureza Coordenador de área: Luis Carlos de Menezes. Biologia: Ghisleine Trigo Silveira, Fabíola Bovo Mendonça, Felipe Bandoni de Oliveira, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Olga Aguilar Santana, Paulo Roberto da Cunha, Rodrigo Venturoso Mendes da Silveira e Solange Soares de Camargo. Ciências: Ghisleine Trigo Silveira, Cristina Leite, João Carlos Miguel Tomaz Micheletti Neto, Julio Cézar Foschini Lisbôa, Lucilene Aparecida Esperante Limp, Maíra Batistoni e Silva, Maria Augusta Querubim Rodrigues Pereira, Paulo Rogério Miranda Correia, Renata Alves Ribeiro, Ricardo Rechi Aguiar, Rosana dos Santos Jordão, Simone Jaconetti Ydi e Yassuko Hosoume. Língua Portuguesa: Alice Vieira, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, José Luís Marques López Landeira e João Henrique Nogueira Mateos. Física: Luis Carlos de Menezes, Estevam Rouxinol, Guilherme Brockington, Ivã Gurgel, Luís Paulo de Carvalho Piassi, Marcelo de Carvalho Bonetti, Maurício Pietrocola Pinto de Oliveira, Maxwell Roger da PuriÅcação Siqueira, Sonia Salem e Yassuko Hosoume. Direitos autorais e iconografia: Beatriz Fonseca Micsik, Érica Marques, José Carlos Augusto, Juliana Prado da Silva, Marcus Ecclissi, Maria Aparecida Acunzo Forli, Maria Magalhães de Alencastro e Vanessa Leite Rios. Matemática Coordenador de área: Nílson José Machado. Matemática: Nílson José Machado, Carlos Eduardo de Souza Campos Granja, José Luiz Pastore Mello, Roberto Perides Moisés, Rogério Ferreira da Fonseca, Ruy César Pietropaolo e Walter Spinelli. Química: Maria Eunice Ribeiro Marcondes, Denilse Morais Zambom, Fabio Luiz de Souza, Hebe Ribeiro da Cruz Peixoto, Isis Valença de Sousa Santos, Luciane Hiromi Akahoshi, Maria Fernanda Penteado Lamas e Yvone Mussa Esperidião. Edição e Produção editorial: Jairo Souza Design GráÅco e Occy Design projeto gráÅco!. Ciências Humanas Coordenador de área: Paulo Miceli. Caderno do Gestor Lino de Macedo, Maria Eliza Fini e Zuleika de Felice Murrie. Catalogação na Fonte: Centro de Referência em Educação Mario Covas * Nos Cadernos do Programa São Paulo faz escola são indicados sites para o aprofundamento de conhecimentos, como fonte de consulta dos conteúdos apresentados e como referências bibliográficas. Todos esses endereços eletrônicos foram checados. No entanto, como a internet é um meio dinâmico e sujeito a mudanças, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo não garante que os sites indicados permaneçam acessíveis ou inalterados. * Os mapas reproduzidos no material são de autoria de terceiros e mantêm as características dos originais, no que diz respeito à grafia adotada e à inclusão e composição dos elementos cartográficos (escala, legenda e rosa dos ventos). * Os ícones do Caderno do Aluno são reproduzidos no Caderno do Professor para apoiar na identificação das atividades. S2+1m São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Material de apoio ao currículo do Estado de São Paulo: caderno do professor; língua portuguesa, ensino médio, 1a série / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; equipe, Débora Mallet Pezarim de Angelo, Eliane Aparecida de Aguiar, João Henrique Nogueira Mateos, José Luís Marques López Landeira. - São Paulo : SE, 2014. v. 1, 136 p. Edição atualizada pela equipe curricular do Centro de Ensino Fundamental dos Anos Finais, Ensino Médio e Educação Profissional – CEFAF, da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica - CGEB. ISBN 978-85-7849-548-0 1. Ensino médio 2. Língua portuguesa 3. Atividade pedagógica I. Fini, Maria Inês. II. Angelo, Débora Mallet Pezarim de. III. Aguiar, Eliane Aparecida de. IV. Mateos, João Henrique Nogueira. V. Landeira, José Luís Marques López. VI. Título. CDU: 371.3:806.90 Validade: 2014 – 2017