anais de resumos expandidos 2013
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anais de resumos expandidos 2013
1 V SIMBRAS V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura, pecuária e florestas ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS Editores Rogério de Paula Lana Geicimara Guimarães Gumercindo Souza Lima 18 a 20 de outubro de 2013 Viçosa – MG – Brasil 2 © 2013 by Rogério de Paula Lana, Geicimara Guimarães e Gumercindo Souza Lima Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem a autorização escrita e prévia dos detentores do Copyright. Impresso no Brasil Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa S612a 2013 Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável (5 : 2013 : Viçosa, MG). Anais de resumos expandidos [recurso eletrônico] / V Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável, 18 a 20 de outubro de 2013, Viçosa, MG ; Editores Rogério de Paula Lana, Geicimara Guimarães et al. – Viçosa, MG: Os Editores, 2013. 1 CD-ROM (1117p.) : il. ; 4 ¾ pol. Tema do congresso: Agropecuária, agroecologia e cooperativismo. Inclui bibliografia. ISSN 2176-0772 1. Agropecuária – Congressos. 2. Ecologia agrícola – Congressos. 3. Cooperativismo – Congressos. I. Lana, Rogério de Paula, 1965-. II. Guimarães, Geicimara, 1980-. III. Título. IV. Título: V Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável. V. Título: V SIMBRAS-AS. VI. Título: Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura, pecuária e florestas. CDD 22.ed. 630.6 Diagramação e montagem: Rogério de Paula Lana Geicimara Guimarães Contato: Rogério de Paula Lana Geicimara Guimarães Tel. (31) 3899 3288 Cel. (31) 9691 4015 E-mail: [email protected] [email protected] www.simbras-as.com.br [email protected] 3 V SIMBRAS V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura, pecuária e florestas ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS Realização Universidade Federal de Viçosa – UFV Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PEC/UFV Centro de Ciências Agrárias – CCA/UFV Viçosa – MG – Brasil 2013 4 V SIMBRAS V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura, pecuária e florestas ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS Presidente Rogério de Paula Lana – Professor e pesquisador do Departamento de Zootecnia, UFV. Coordenadora Geicimara Guimarães – Graduada em Gestão de Cooperativas e Mestranda em Agroecologia, UFV. Comissão Organizadora Rogério de Paula Lana – Professor e Pesquisador do Departamento de Zootecnia, UFV. Geicimara Guimarães – Graduada em Gestão de Cooperativas e Mestranda em Agroecologia, UFV. Bianca Amorim Gomide – Graduanda em Ciências Biológicas, UFV. Bianca S.Araújo Adão – Graduanda em Ciências Biológicas, UFV. Camila Tristão Pontes – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de Economia Rural, UFV. Camila Vieira de Paula – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de Economia Rural, UFV. César Roberto Viana Teixeira – Mestrando em Zootecnia – Departamento de Zootecnia, UFV. Diogo Vivacqua de Lima – Doutorando em Zootecnia – Departamento de Zootecnia, UFV. Gabriela Santistevan Gutierrez – Mestranda em Zootecnia – Departamento de Zootecnia, UFV. Gustavo Leonardo Simão – Mestrando em Administração – Departamento de Administração, UFV. 5 Luzia Mariana Guimarães – Graduanda em Pedagogia, UNOPAR. Maria de Fátima Souza – Graduanda em Economia Doméstica – Departamento de Economia Doméstica, UFV. Maria Rita Josaphá – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de Economia Rural, UFV. Patrícia de Oliveira – Graduada em Gestão de Cooperativas – Departamento de Economia Rural, UFV. Plinio de Oliveira Fassio – Mestrando em Zootecnia – Departamento de Zootecnia, UFV. Renata de Souza Reis – Doutora em Zootecnia – Departamento de Zootecnia, UFV. Silvane de Almeida Campos – Mestranda em Agroecologia, UFV. Tamara A. Guimarães Gomes – Graduanda em Economia Doméstica – Departamento de Economia Doméstica, UFV. Valério Rodrigues de Castro – Graduando em Direito, ESUV. Zélia da Rocha Albernaz – Graduada em Psicologia, Universidade Gama Filho. REALIZAÇÃO Universidade Federal de Viçosa – UFV Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PEC/UFV Centro de Ciências Agrárias – CCA/UFV APOIO CAPES CNPq FAPEMIG FUNARBE 6 Comissão científica avaliadora dos resumos do V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL – 18 a 20 de outubro de 2013 Coordenador: Rogério de Paula Lana, Ph.D. Pareceristas: Airton Lopes Amorim, Ana Ermelinda Marques, Bruno Cunha, César Roberto Viana Teixeira, Christiane Silva Souza, Daniel Arruda Coronel, Daniela Araujo, Danielle Fabíola Pereira Silva, Daniele de Jesus Ferreira, Dayane Sousa, Diogo Vivacqua de Lima, Eriane de Paula, Eulália Gomes, Flávio Medeiros Vieites, Frederico Antonio Mineiro Lopes, Gabriel da Silva Viana, Gabriela Santistevan Gutierrez, Geicimara Guimarães, Hanna Carolina Campos Ferreira, Haroldo Wilson da Silva, Jacson Zuchi, Jorge Cunha Lima Muniz, Josiane Cristina, Layon Carlos Cezar, Luanna Chácara Pires, Luis Humberto Castillo Estrada, Marilú Santos Sousa, Martin Meier, Paula Lima Romualdo, Plínio de Oliveira Fassio, Renata de Souza Reis, Rogério de Paula Lana, Rosandro Minuzzi, Sanely Lourenço da Costa, Silvana Marques Pastore, Silvane de Almeida Campos e Tatiana Cristina da Rocha. Trabalhos selecionados para receber a comenda “Ordem do mérito científico em agropecuária sustentável” do V Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável – Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura, pecuária e florestas: 1 2 3 4 5 6 Autores Ivan de Paiva Barbosa Magalhães, Maria Aparecida Nogueira Sediyama, Sanzio Mollica Vidigal, Fred Denilson Barbosa da Silva, Iza Paula Carvalho Lopes, Cláudia Lúcia Oliveira Pinto Marco G. Heredia Rengifo, Carlos G. Hernández Díaz-Ambrona Título Adubação de feijão-vagem com esterco de galinha e seu efeito sobre o estado nutricional e produtividade da planta Modelo dinámico-probabilístico sobre el comportamiento de los pueblos indígenas en aislamiento de la Amazonia Ecuatoriana Eloisa Pio de Santana, Agustina Rosa Educação ambiental no campo Echeverria, Fausto Miziara Mauro Cesar Martins, Marcelo Lelles A visão de desenvolvimento rural Romarco de Oliveira, Bruno Costa da sustentável sob a ótica dos técnicos Fonseca extensionistas e agricultores inseridos na integração lavoura pecuária e floresta (ILPF) em alguns municípios da microrregião de Viçosa-MG Priscila Soraia da Conceição, Fabiano de Avaliação da eficiência de diferentes Jesus Ribeiro, Patrícia Marluci da processos aeróbios de compostagem na Conceição, Mônica de Abreu Azevedo remoção de nitrogênio total e amoniacal aplicados ao tratamento de cama de frango visando a reutilização Eliana Boaventura Bernardes Moura Quantificação das emissões de gases de Alves, Laércio Antônio Gonçalves efeito estufa em um campo experiJacovine, Daniel Brianezi, Aline Daniele mental e estocagem de carbono em uma Jacon, Renato Francisco Faria Oliveira floresta adjacente no campus da UFV 7 Prefácio O V SIMBRAS terá como tema “Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura, pecuária e florestas”, com ênfase em áreas estratégicas para uma agropecuária sustentável. O evento tem como meta abordar as produções científicas e tecnológicas recentes de renomados pesquisadores do Brasil e de outros países, visando o desenvolvimento da agropecuária sob a perspectiva da sustentabilidade social, econômica e ambiental. Os objetivos do evento serão apresentar o que há de mais atual em tecnologias que permitam o estabelecimento de sistemas de produção ecologicamente eficientes e que possam ajudar a superar as barreiras que dificultam o desenvolvimento econômico e a inclusão social. Os objetivos específicos serão reunir prelecionistas renomeados em diversas áreas, trazendo como foco a ciência inovadora, tecnológica, com linhas de parâmetros de desenvolvimento, inclusão social, mudanças climáticas, eficiência, racionalidade e interação com o setor privado. O evento é apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura - PEC/UFV e Centro de Ciências Agrárias - CCA/UFV, além de contar com parcerias em órgãos públicos tais como CAPES, CNPq, FAPEMIG e FUNARBE. Os organizadores do V Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável (SIMBRAS) 8 Índice Item Página 1. Agricultura familiar 09 2. Agroecologia 70 3. Aquicultura 138 4. Associativismo e cooperativismo 147 5. Ciência, tecnologia e inovação 152 6. Economia 185 7. Economia solidária 199 8. Educação ambiental 202 9. Educação do campo 225 10. Entomologia 230 11. Extensão rural 251 12. Fitopatologia 284 13. Floresta 299 14. Forragicultura 305 15. Meio ambiente 480 16. Mudanças climáticas 531 17. Políticas públicas 560 18. Produção animal 581 19. Produção vegetal 1000 20. Ruralidade 1082 21. Serviços e políticas ambientais 1093 22. Urbanização 1102 Obs.: Para localizar nomes de autores ou assuntos ao longo dos Anais, utilizar o recurso “Localizar” do editor ou leitor de texto. 9 1. Agricultura familiar 10 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.1. Uma análise das variáveis do desenvolvimento rural sustentável no uso da Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) em municípios da Zona da Mata de Minas Gerais1 Mauro Cesar Martins2, Maurício Novaes Souza3 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pelo MINTER/CAPES/IF Sudeste MG. Mestre do Programa de Pós-graduação em Extensão Rural - UFV. 3 Professor Associado D. Sc. Departamento de Agricultura e Ambiente do IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba. 2 Resumo: Na Zona da Mata de Minas Gerais, desde 2005, a EMATER-MG e pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) vêm desenvolvendo novas formas de produção agropecuária: entre estas é possível citar a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF). Como no Brasil ainda não há um aparato completo de avaliação do desenvolvimento rural sustentável (DRS), uma série de obras tem sido desenvolvida sobre índices agregados, abordando a sustentabilidade das regiões geográficas, assentamentos rurais e atividades econômicas no país. Com isso, é largamente aceito que as variáveis de DRS possam ser usadas com sucesso para comparações entre localidades, o que pode auxiliar nas políticas públicas específicas para enfrentar as necessidades locais. Para tanto, neste artigo foram abordadas as variáveis de DRS baseadas nos eixos temáticos da PNATER sob a ótica dos agricultores no uso da ILPF. A metodologia aplicada consistiu em entrevistas perante estes agentes sociais envolvidos. Foram aplicadas perguntas diversificadas abrangendo as seis (6) variáveis adaptadas de aplicação de pesquisa que serão apresentadas neste trabalho. Por fim, concluiu-se que a Estratégia da ILPF se encontra sob um processo de transição do sistema de agricultura convencional de produção para um sistema que procura privilegiar aspectos mais sustentáveis, mesmo que ainda esteja muito distante do nível desejado. Palavras-chave: agricultura indicadores socioambientais sustentável, extensão rural, agricultura familiar, An analysis of variables sustainable rural development in the use of Integrated Cattle Farming and Forest (IAFP) municipalities in the Zona da Mata of Minas Gerais Abstract: In the Zona da Mata of Minas Gerais since 2005 EMATER-MG and researchers from the Federal University of Viçosa (UFV) are developing new forms of 11 agricultural production: among them we can mention the Integrated Cattle Farming Forest (IAFP). As in Brazil there is still no full apparatus assessment of sustainable rural development (SRD), a series of works has been developed on aggregate indices, addressing the sustainability of geographical regions, rural settlements and economic activities in the country. With this, it is widely accepted that the variables DRS can be successfully used for comparisons between sites, which can help in specific public policies to address local needs. Hence, in this paper, the variables of DRS based on themes of PNATER the perspective of farmers in the use of IAFP. The methodology consisted of interviews before these social agents involved. Diverse questions were applied covering the six (6) adapted variables of search application will be presented here. Finally, it was concluded that the strategy of IAFP is under a process of transition from conventional agriculture production for a system that seeks to favor the most sustainable, even if it is still far from the desired level. Keywords: sustainable agriculture, rural extension, agriculture familiar, social and environmental indicators Introdução No momento atual, segundo Viana et al. (2008), tanto em nível nacional quanto em escala regional, o Brasil não possui um aparato completo para avaliar o desenvolvimento rural sustentável (DRS). No entanto, uma série de obras tem sido desenvolvida sobre índices agregados, abordando a sustentabilidade e a vulnerabilidade das regiões geográficas, assentamentos rurais e atividades econômicas no país. De acordo com os mesmos autores, é largamente aceito que as variáveis de desenvolvimento rural sustentável possam ser empregadas com sucesso para comparações entre localidades, o que pode auxiliar no desenvolvimento de políticas públicas específicas para enfrentar as necessidades locais (VIANA et al., 2008). Para tanto, neste artigo foram abordadas as variáveis de DRS baseadas nos eixos temáticos da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER), 2012, sob a ótica dos agricultores participantes da implantação da Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) em alguns municípios da Zona da Mata Mineira. Material e Métodos Os dados desse artigo são frutos de pesquisa de campo da dissertação de mestrado do primeiro autor, realizada em 2012, sob a forma de entrevistas a dez (10) agricultores da Microrregião de Viçosa, localizados na Zona da Mata de Minas Gerais. Inicialmente, tomou-se como base os eixos temáticos da PNATER (2012), dentre eles: (i) inclusão social; (ii) agroecologia e transição agroecológica; (iii) gênero, geração, raça e etnia; (iv) articulação Ater – pesquisa – ensino – agricultor; (v) atuação em redes de Ater; (vi) geração de ocupação e renda; (vii) gestão e participação social; (viii) uso de metodologias participativas; (ix) qualificação do uso do crédito rural do PRONAF, (x) segurança alimentar e nutricional. Assim, em síntese, formar as “variáveis adaptadas de aplicação de pesquisa” específicas para este trabalho, dividindose em seis (6) partes correspondentes (Quadro1). Caporal e Ramos (2006) enfatizam que é necessário trabalhar com variáveis de impactos e de processos, desviando-se dos indicadores convencionais que sempre quantificaram as visitas, as reuniões, os dias de campo, os projetos de crédito e gastos com insumos. Ao contrário, as variáveis desta pesquisa, acompanhadas em cada grupo atendido por um extensionista, adotaram os princípios da PNATER e do DRS. 12 Quadro 1 – Variáveis Adaptadas de Aplicação de Pesquisa (PNATER – 2012) I. Variáveis Sociais II. Variáveis do Processo de Transição Agroecológica III. Variáveis Econômicas IV. Variáveis de Caráter Ambiental V. Variáveis de Gestão Institucional VI. Variáveis de Segurança Alimentar Fonte: Adaptado de Caporal e Ramos, 2006. Resultados e Discussão Serão apresentados os resultados referentes as seis (6) variáveis adaptadas de aplicação de pesquisa, baseados nos eixos temáticos da PNATER, 2012: I. Variáveis Sociais (VS) As VS exploradas junto aos agricultores foram: acesso ao sistema de saúde e previdência, uso de água potável, rede de esgoto e fornecimento de energia elétrica. Atentou-se para o acesso a previdência social, em que dentre os agricultores entrevistados, quatro (4) pagam ao sindicato rural, enquanto três (3) possuem o Funrural, sendo que um (1) é aposentado pelo mesmo. Por fim, três (3) produtores não possuem qualquer tipo de previdência. O acesso de trabalhadores (as) rurais à Previdência Social se torna fundamental para o resgate da dignidade de milhões de pessoas no meio rural. Estes recursos da aposentadoria tem sido um instrumento de geração de renda para o ambiente rural deste país, tornando-se um fator de dinamização dos municípios (SANTOS, 2001). II. Variáveis do Processo de Transição Agroecológica (VPTA) Nesta seção surgem as VPTA, dentre elas: a redução do uso de insumos químicos sintéticos (adubos) e agrotóxicos, e uso de tecnologias de bases ecológicas (TBE), nas quais se destacam: inseticida biológico, armadilha natural, adubação orgânica, semente crioula, adubação verde e calda natural. Nas entrevistas em relação as TEB, verificou-se que dois (2) agricultores adotaram algum tipo de inseticida biológico, dois (2) usaram semente crioula, e dois (2) agricultores fizeram uso da adubação verde. Somente um (1) agricultor adotou a tecnologia da armadilha natural, enquanto que para a adubação orgânica foram cinco (5) que utilizaram tanto compostagem, cama de frango, quanto esterco de bovinos. Por fim, a calda natural com quatro (4) adeptos a essa alternativa. Segundo Kamiyama (2012), algumas TBE objetivam ao manejo correto de pragas, doenças e plantas espontâneas resultando, assim, na diversificação no uso da terra, conservação do solo e da água, manejo correto da cultura e o equilíbrio nutricional das plantas, sempre de maneira integrada. III. Variáveis Econômicas (VE) As VE direcionadas podem ser descritas a seguir, tais como: a renda da família do agricultor e as culturas agropecuárias nas propriedades como geradoras de renda. Quanto às culturas agropecuárias estabelecidas o que se pode observar é que as principais atividades giram em torno do Café, Carvão, Feijão, Leite, Madeira e Milho. Culturas típicas da região, à exceção do carvão que vem sendo difundido nas últimas décadas, com a intensificação do uso do eucalipto (Eucalyptus ssp.). Atentando-se para o mercado regional as culturas que se destacaram são: o carvão e a madeira, sendo advindos da exploração florestal. Nota-se que toda a produção é comercializada para fora dos limites do município; no caso do carvão, em 13 sua maioria, abastece as grandes siderúrgicas de Ouro Branco-MG, Betim-MG e João Molevade-MG, entre outras. Em termos de utilização da madeira para uso local, a atividade da minisserraria a ser implantada por um dos agricultores é uma alternativa viável. Esta iniciativa, mesmo que isolada, pode servir de modelo para futuras atividades que contribuem para a sustentabilidade do negócio, tais como: a proximidade da matéria prima do local de produção; a economicidade na produção de peças de uso rotineiro na propriedade; a garantia da madeira de ser de áreas reflorestadas; a recuperação e manutenção do sistema de produção agropecuária; o aumento da rentabilidade da propriedade e a geração de empregos na zona rural. IV. Variáveis Ambientais (VA) Para se fazer uma análise das VA, pensou-se nos processos impactantes causados por determinadas ações antrópicas, dentre as quais se destacaram: erosão do solo, uso de queimadas e ausência de proteção nas áreas de nascentes. Estratégias usadas para amenizar o processo de erosão no solo estão surgindo, assim como: barraginhas, adubação verde e roçadeiras (substitui o uso das queimadas). Quanto aos dois processos impactantes - erosão do solo e uso de queimadas, estão sendo bem trabalhados pelos atores sociais no sentido de amenizar os problemas com uso de estratégias mitigadoras, o mesmo não acontece com a proteção das nascentes, sendo que seis (6) agricultores não estão com suas nascentes devidamente cercadas. V. Variáveis de Gestão Institucional (VGI) Neste tópico foi feito uma análise de como se encontra o agricultor diante das organizações existentes em seus municípios; e como está tal aproximação: nenhuma, pouca, média, ou muita - tem influenciado as tomadas de decisões do produtor rural nas suas respectivas propriedades. Quanto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS), Abramovay (2001) afirma que são inovações institucionais que incorporam representantes da sociedade civil e do Estado, inclusive categorias e grupos sociais excluídos do espaço público e do debate com representações do Estado. Portanto, quatro (4) agricultores têm muita aproximação com o CMDRS. Apesar de apresentar-se com seis (6) agricultores com nenhuma aproximação deste setor, nota-se um avanço nas participações dos CMDRS a cada gestão instituída. Por fim, sobre às Associações, também não estão tendo muito espaço no meio rural - foram pouquíssimos os exemplos que estão conseguindo manter suas estruturas firmadas. No entanto, um exemplo vivenciado pela Associação dos trabalhadores rurais da Comunidade do Guiné, localizada no município de Piranga-MG é pertinente. Segundo o relato da Agrônoma, atual extensionista da Emater do referido município, na época ainda do antigo técnico que lá trabalhara, em consenso com a comunidade, solicitaram quatro juntas de boi, o carro de boi e todos os seus componentes para, enfim, atender as atividades rotineiras das propriedades locais. Pois bem, o antigo técnico foi transferido para outra região e até hoje este sistema funciona muito bem, com as devidas trocas dos animais pelos inúmeros trabalhos prestados. VI. Variáveis de Segurança Alimentar (VSA) As VSA se apresentam como uso de: plantas medicinais e hortas caseiras. Para começar quatro (4) agricultores possuem pelo menos uma horta caseira na sua propriedade; enquanto seis (6) possuem algum exemplar de planta medicinal de uso caseiro. Dentre os pesquisados, apenas um (1) agricultor que além de utilizar a horta 14 caseira para sustento próprio da família, quando tem algum produto excedente, comercializa na cidade para consumidores já estabelecidos. Em estudos realizados pelo programa UPWARD (Perspectivas dos Usuários com relação à Investigação e o Desenvolvimento Agrícola) confirmaram a presença das hortas caseiras na área tropical das Filipinas e também identificaram a relação próxima e interdependente existente entre as funções de segurança alimentar e melhoramento da nutrição cumprida pelas hortas caseiras e seu potencial para ajudar na conservação da biodiversidade da região (BONCODIN et al., 1995). Conclusões O que se observou neste trabalho, dentre inúmeras conclusões obtidas por meio de depoimentos de alguns agentes sociais (agricultores) é que o processo de difusão inovadora da extensão rural atrelado à transferência de tecnologia é insuficiente para dar conta de uma realidade complexa que é o universo rural, ficando, assim, distante de um autêntico desenvolvimento rural sustentável. Embora a Estratégia da ILPF implantada em alguns municípios Zona da Mata Mineira, incluindo a Microrregião de Viçosa se encontra sob um processo de transição do sistema de agricultura convencional para um sistema que procura privilegiar aspectos mais sustentáveis, mesmo que muito distante do desejado. Foi possível, portanto, tomando como base os dados fornecidos pelas variáveis de aplicação desta pesquisa e as conclusões dos agricultores, discorrerem sobre o que deve ser feito; ou seja, aprimorar os processos incutidos na implantação da supracitada estratégia, de forma que, todo conteúdo anarmônico e antiinclusivo possa dar lugar às estratégias inclusivas socioambientais que garantam uma agricultura mais sustentável. Agradecimentos Ao Depto de Economia Rural da UFV, ao Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba e a CAPES. Literatura citada ABRAMOVAY, R. Conselhos além dos limites. In: Revista Estudos Avançados, vol. 15, nº 43, set/dez, 2001. CAPORAL, F. R.; RAMOS, L. F. Da extensão rural convencional à extensão rural para o desenvolvimento sustentável: enfrentar desafios para romper a inércia. Brasília, 2006. KAMIYAMA, A. Agricultura Sustentável. Cadernos de Educação Ambiental. Governo do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente: Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais. São Paulo, 2012. ISBN: 978-85-86624-84-11. ROMANO, P. A. Integração lavoura-pecuária- floresta: uma estratégia para a sustentabilidade. Informe Agropecuário: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, v.31, n.257, jul/ago. Belo horizonte, Epamig, p. 7-15, 2010. SOUZA, M. N. Degradação e Recuperação Ambiental e Desenvolvimento Sustentável. Viçosa, MG: UFV, 2004. 371p. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) - Universidade Federal de Viçosa, 2004. ZIMMERMANN, A. A. Experiências e ações de transição Agroecológicas no Município de Glorinha-RS. (TCC), UFRGS, 2011. 15 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.2. Caracterização da caprinocultura em estabelecimentos familiares1 Marciana Teixeira de Souza2, Michele Gabriel Camilo 2, Anna Carolina de Carvalho 3, Luã de Souza Veiga3Estevão Marcondes Tosetto 4 1 Parte da tese de doutorado do último autor Graduanda em Zootecnia - IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba, [email protected] 3 Graduanda(o) em Agroecologia - IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba 4 Professor do Departamento Acadêmico de Zootecnia - IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba 2 Resumo: Objetivou-se caracterizar a caprinocultura de municípios da Zona da Mata Mineira, tais como Rio Pomba e municípios limítrofes, através da análise da prática dos estabelecimentos de agricultores familiares, e justificar o motivo da manutenção dos caprinos nesses estabelecimentos, apesar da falta de apoio de políticas públicas. Utilizou-se amostragem não-probabilística, em que a população-objeto é o estabelecimento que possuía caprinos, ainda que fosse apenas um animal. Na coleta de informações empregou-se um questionário estruturado contendo questões primárias quali-quantitativas. Procedeu-se a categorização e análises estatísticas descritivas, com ênfase no estudo das frequências das ocorrências. Detectou-se a presença de caprinos em 29 estabelecimentos, dos quais foram concedidas 20 entrevistas. Os estabelecimentos foram classificados como empresarial (10% dos entrevistados), residencial (50%) e familiar rural (40%). Dentre os estabelecimentos residenciais, 70% destes estão localizados na zona rural e 30% na zona urbana, os quais criavam os caprinos para consumo próprio do leite (50%), por hobby/estimação (30%) ou para comercialização da carne (20%). Conclui-se que os caprinos estão presentes na mesorregião da Zona da Mata Mineira de forma pulverizada e pode ser potencializada. Palavras–chave: agricultores, agricultura familiar, caprinos, Zona da Mata Mineira Abstract: This study aimed to characterize the goat farming of municipalities in the Zona da Mata de Minas Gerais, such Rio Pomba and adjacent municipalities, through the analysis of the practice of family farming establishments, and justify why the maintenance of the goats in these establishments, despite the lack of support public policies. It was used non-probability sampling in which the population-object is the establishment who owned goats, even if it was just an animal. In collecting information was employed a structured questionnaire containing primary questions qualitative and quantitative. It was proceeded the categorization and descriptive statistical analysis, with emphasis on the study of the frequency of occurrences. It was detected the 16 presence of goat farming in 29 establishments, 20 of which were granted interviews. Establishments were classified as business (10% of respondents), residential (50%) and rural family (40%). Among the residential establishments, 70% of these are located in rural areas and 30% in urban areas, in which raising goats for their own consumption of milk (50%), as a hobby/ pet (30%) or meat commercialization (20%). It was concluded that goats farming are present in the middle region of Zona da Mata Mineira as a pulverized form and can be potentialized. Keywords: farmers, family farm, goats, Zona da Mata Mineira Introdução A contribuição da agricultura familiar à economia brasileira corresponde a um terço do produto interno bruto (PIB) agrícola nacional. A Zona da Mata Mineira apresenta relevo declivoso e tem como matriz agrícola a produção de leite bovino e café, porém em muitos estabelecimentos familiares (EF) encontram-se caprinos, os quais por não possuírem registro oficial, não são objeto de estudo. Adaptados a terrenos declivosos, os caprinos apresentam características que os credenciam à ocupação dos “Mares de Morros”. Ao analisar os dados de rebanhos caprinos em Minas Gerais de diferentes órgãos percebe-se algumas divergências. A pouca informação tem limitado a implantação de medidas profiláticas, socioeconômicas e de mercado na atividade caprina que esbarra na falta de dados relativos ao número e localização de criatórios e no consequente desconhecimento do real número de criadores e das condições e características de criação (Guimarães Filho, 2006). Configura-se, portanto, uma lacuna de informações importantes para indicar políticas públicas para a caprinocultura, atividade que pode vir a ser uma boa alternativa de renda para EF nas condições socioambientais da região. Diante da falta de informação, o objetivo principal do trabalho foi caracterizar a caprinocultura de municípios da Zona da Mata Mineira, tais como Rio Pomba e municípios limítrofes, através da análise da prática dos estabelecimentos de agricultores familiares no que concerne ao manejo das criações, e justificar o porquê da manutenção dos caprinos nesses estabelecimentos, apesar da falta de apoio de políticas públicas. Material e Métodos Visitou-se estabelecimentos que possuíam caprinos localizados em Rio Pomba e municípios limítrofes (Silverânia, Mercês, Tabuleiro, Tocantins, Guarani e Piraúba), os quais pertencem à microrregião de Ubá da mesorregião Zona da Mata Mineira. Primeiramente foram localizados agricultores que possuíam caprinos a partir de informações adquiridas nos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais, Instituto Mineiro de Agropecuária e demais órgãos de classe. Os agricultores inicialmente identificados indicaram outros estabelecimentos com caprinos configurando a técnica “bola de neve”. Encerrou-se a procura quando houve repetições de novas indicações determinada pela curva de acumulação. A ausência de um cadastramento oficial e centralizado dos caprinocultores na microrregião tornou inviável a amostragem ao acaso, sendo assim, utilizou-se amostragem não-probabilística, em que a população-objeto é o estabelecimento que possuía caprinos, ainda que fosse apenas um animal. Foi utilizado um questionário estruturado (Almeida, 2004) contendo questões primárias quali-quantitativas envolvendo aspectos relativos aos produtores e aos estabelecimentos, tais como: tamanho do estabelecimento, atividade principal e secundária, objetivo da criação caprina, mão-de-obra, uso da terra, benfeitorias e 17 equipamentos, manejo e indicadores da caprinocultura e uso de agrotóxicos. As entrevistas foram realizadas por uma única pessoa e com igual sistemática para evitar erros de interpretação. Cada entrevistado foi codificado com iniciais de seus nomes e a comunidade onde residia para preservar a identidade dos agricultores e facilitar a discussão do assunto. Procedeu-se a categorização segundo Bardin (2009) e análises estatísticas descritivas, com ênfase no estudo das frequências das ocorrências, através de planilhas de cálculo do Microsoft Excel™. Resultados e Discussão Foram indicados 29 estabelecimentos, dos quais foram concedidas 20 entrevistas, onde haviam 240 animais (122 cabras, 17 bodes e 101 cabritos(as)). Os estabelecimentos foram categorizados em três tipos: “empresarial” onde se criava caprinos com intenção de lucro e autossuficiente na produção de alimento para os caprinos, “residencial” aquele que não tinha espaço para produzir alimento para os animais durante todo o ano dentro do estabelecimento e ocasionalmente vendiam o excedente, e “familiar rural” cujo possuía poucos caprinos criados sem grandes investimentos e sem preocupação de lucro com a atividade. Apenas 10% dos entrevistados foram classificados como “empresariais” (EE), mesmo assim, somente em um destes a caprinocultura era a atividade principal. Dos estabelecimentos caracterizados como “residenciais” (50% dos entrevistados), 70% estavam localizados na zona rural e 30% na zona urbana, os quais criavam os caprinos para consumo próprio do leite (50% dos residenciais), por hobby/estimação (30% dos residenciais) ou para comercialização da carne (20% dos residenciais). Os estabelecimentos “familiares rurais” (FR) compuseram 40% da amostragem, porém em apenas um desses a caprinocultura foi reconhecida como principal atividade econômica. A maioria explorava a produção de leite para autoconsumo (62,5% dos FR) enquanto outros (25% dos FR) preferiam comercializar a carne. De modo geral, constatou-se que o principal produto explorado na caprinocultura da região é o leite (50% dos estabelecimentos visitados), em seguida a criação por hobby/estimação ou o comércio da carne, que corresponde a 25% cada. Todos os estabelecimentos analisados possuíam área menor que um módulo fiscal (3 hectares) e apenas sete deles apresentavam a Declaração de Aptidão para acessar crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Somente seis proprietários declararam que a Reserva Legal é menor que a exigida em lei e dez afirmaram não respeitar as Áreas de Preservação Permanente sob a justificativa que as baixadas às margens dos rios são as melhores áreas do estabelecimento. Foi unânime o uso de agrotóxicos nos estabelecimentos. Dos 20 agricultores entrevistados, 14 sabem o que são produtos orgânicos e apenas dois compreendem do que se trata a Agroecologia. Em relação ao controle zootécnico, um EE havia identificação dos animais com tatuagem e colar, os demais utilizavam a pelagem ou não os identificavam sistematicamente. Seis proprietários anotavam a data da monta, sendo que dois destes ainda identificavam os pais dos animais nascidos. Só um proprietário fazia o controle financeiro de despesas e receitas. Os produtores empresariais pesavam a produção de leite e os filhotes ao desmame, enquanto que apenas dois dos quatro agricultores que comercializavam a carne pesavam seus animais exclusivamente para serem vendidos. Na maioria dos estabelecimentos não havia balança para pesagem dos animais. Em todos os estabelecimentos, a reprodução dos animais acontecia exclusivamente por monta natural, excetuando os dois EE que usavam monta controlada com bodes registrados. Oito produtores possuíam seus próprios bodes, sendo sete sem 18 raça definida (SRD) e um com características da raça Pardo Alpina, porém sem registro. Os outros dez estabelecimentos utilizavam bodes emprestados sem se importar com o padrão racial. Dentre os 240 animais contabilizados, 75 eram SRD, 27 da raça Pardo Alpina (10 localizados em EE), 137 da raça Saanen (128 pertencentes aos EE) e um da raça Anglo-Nubiana. Dentre os 13 estabelecimentos onde se realizava a ordenha, três faziam duas ordenhas diárias e dez realizavam apenas uma. Em dois estabelecimentos identificou-se plataforma de ordenha e, em somente um existia uma sala de ordenha desativada. A higienização das tetas para início da ordenha era realizada em nove estabelecimentos, e apenas um produtor realizava o “teste da caneca”. Nenhum dos entrevistados realizava o teste California Mastitis Test (CMT) e só um fazia o pós-dipping. A maioria dos entrevistados mantinham todas as categorias do rebanho em uma única instalação. Entretanto, dos oito estabelecimentos que possuíam bodes, cinco haviam bodários separados da instalação principal. Foram registrados seis confinamentos. Os demais estabelecimentos apresentavam abrigos usados à noite ou em dias chuvosos e quando os animais iam para o pasto eram predominantemente amarrados em estacas ou árvores. A caprinocultura extensiva era praticada em apenas quatro estabelecimentos. Apesar de todos os estabelecimentos utilizarem bebedouro para os animais, apenas três os tinham em todas as instalações. Na maioria deles, os caprinos só tinham acesso á água em determinado período do dia ou à noite, quando eram recolhidos. Quanto à mineralização, oito proprietários ofereciam sal mineralizado bovino para os caprinos, seis não ofereciam qualquer tipo de sal, quatro sal branco e dois sal proteinado específico para bovinos durante todo o ano. Todos os caprinos criados a pasto, alimentavam-se basicamente de Brachiaria spp., enquanto os confinados de Panicum spp. ou Pennisetum spp. No aspecto sanitário, cinco proprietários não desverminavam seus animais, dois ofereciam fitoterápicos (folhas e talos de bananeiras) e os demais usavam medicamentos químicos. O manejo sanitário destes animais não incluía qualquer tipo de vacinação, exceto um EE que adotava a vacina contra clostridiose. A maioria dos proprietários fazia a limpeza das instalações semanalmente. Conclusões Os caprinos estão presentes na mesorregião da Zona da Mata Mineira de forma pulverizada e pode ser potencializada. Para isso, os produtores devem trocar experiências entre si e com técnicos, a fim de estabelecer suas necessidades e viabilizar políticas públicas destinadas ao setor. A maioria dos estabelecimentos familiares que possuíam caprinos foi caracterizada como residencial, sendo que para a maior parte destes a justificativa para manutenção dos animais é o autoconsumo do leite. Literatura citada GUIMARÃES FILHO, C.; SOARES, J.G.G.; ARAÚJO, G.G.L. Sistemas de produção de carnes caprina e ovina no semi-árido nordestino. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS DE CORTE, 1, 2000, João Pessoa. Anais... João Pessoa: EMEPA, 2000, 266p. ALMEIDA, M. M. O jornal e o vídeo como meio de expressão de jovens internados na Unidade Educacional da FEBEM de Ribeirão Preto. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, São Paulo, v.15, n.1, p.33-38, 2004. BARDIN, L. Categorização. In: ______. Análise de conteúdo. Tradução de Luís A. Reto e Augusto Pinheiro. 5 ed. Lisboa: Edições 70, 2009. p.145-155. 19 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.3. Identificación de los factores clave de la sostenibilidad de sistemas campesinos de montaña en Mesoamérica a través de herramientas participativas Esperanza Arnés Prieto 2, Carlos G. Hernández Díaz -Ambrona3 1 Parte de la tesis de doctorado, financiada por la Universidad Politécnica de Madrid. Doctorabnda en el Programa de Posgrado en Tecnología Agroambiental para una Agricultura Sostenible. 3 Profesor del Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, Universidad Politécnica de Madrid (España). 2 Resumo: La agricultura de montaña en Centroamérica ocupa una gran parte del territorio. La sostenibilidad depende de multitud de factores y más en zonas de montaña donde la falta de accesos, la fragilidad de los suelos y la marginalidad de sus tierras son características propias. Las herramientas participativas ayudan a conocer más a fondo las realidades de los sistemas campesinos para poder emprender acciones futuras que sirvan a largo plazo. Se realizaron cinco Diagnósticos Rurales Participativos (DRP) a través de diez dinámicas familiares y sencillas. La información obtenida benefició tanto a los evaluadores como a los habitantes y se determinó que la densidad de población, el acceso a fuentes de ingresos alternativas y las técnicas de manejo de los cultivos son los factores más desestabilizantes a la hora de medir la sostenibilidad de estos sistemas. Palavras–chave: agricultura familiar, diagnostico rural participativo, laderas Identification of the Sustainability key factors for Smallholder Farming systems of the Mesoamerican Mountain with participatory tools Abstract: Mountain agriculture in Central America occupies a large part of the territory. Sustainability depends on many factors and in mountain areas those are the lack of hits, the fragility of their soils and marginality lands. The participatory tools help you to learn more about the peasant systems realities and to enhance future and longterm actions. There were five Participatory Rural Appraisals (PRA) through ten simple dynamics. Information obtained benefited both; the evaluators and the inhabitants and determined that the population density and crop management are the most destabilizing factors in measuring the sustainability of these systems. Keywords: family agriculture, participatory rural appraisal, hills. Introdução 20 La agricultura familiar y de subsistencia centroamericana ocupa áreas aisladas, donde el 35% de los casos son sistemas de montaña (FAO, 2005). Para determinar la sostenibilidad de estos sistemas, hay que tener en cuenta que poseen unas características intrínsecas comunes como la inaccesibilidad, la fragilidad, la marginalidad, la heterogeneidad, pero a su vez pueden brindar ventajas comparativas aprovechadas por sus habitantes para crear mecanismos de adaptación al medio (Jodha, 2005). Además de estas características, existen factores externos que determinan la degradación ambiental de zonas montañosas como son la pobreza, las políticas productivistas, la inadaptación de ciertas tecnologías y las instituciones (Gow, 1988). Sin embargo, el aumento de población en la mayoría de las zonas es definida como la principal causa de la que derivan el resto (Ehrlich and Holdren, 1971). El objetivo de este trabajo es identificar los factores clave que inciden en la sostenibilidad de los sistemas campesinos de montaña. Material e Métodos Las zonas de estudio se sitúan en Guatemala y Nicaragua. Se sitúan en el corredor seco centroamericano, que se caracteriza por una época seca que dura siete meses y otra lluviosa, donde se concentran los 1500 mm anuales de precipitación. En Guatemala se han seleccionado dos comunidades ubicadas en la microcuenca del río Limón, en el municipio de Camotán (Chiquimula). En Nicaragua se han seleccionado tres comunidades de la microcuenca del río Terrero (San José de Cusmapa, Madriz). La orografía es irregular, más de la mitad de la superficie tiene una pendiente superior al 10%. En Guatemala el uso potencial del suelo es: 53% forestal, el 42% agroforestal y el 5% agrícola intensivo. En Nicaragua es del 78%, 19% y 3% respectivamente. Aplicamos la primera fase del MESMIS (Marco para la Evaluación de Sistemas de Manejo de recursos natrales incorporando Indicadores de Sostenibilidad) para identificar los factores clave de la sostenibilidad de estos sistemas de montaña para relacionarlos con los atributos generales (López-Ridaura et al., 2002). Para identificar los factores clave se ha empleado el Diagnóstico Rural Participativo (DRP). Esta herramineta busca obtener información directa en la comunidad y a su vez promover un autodiagnóstico sobre el estado de los recursos naturales y la situación económica y social (Expósito Verdejo, 2003). El DRP se realizó en cada comunidad aplicando diez herramientas de diagnóstico: Ficha, Mapa, Historia, Inventario de cultivos, Inventario de ganado, Caracterización de variedades, Calendario de cultivos, Costes de producción, Diagrama de Venn y Estructuras internas. Después se relacionaron los resultados del DRP con los atributos de sostenibilidad (Productividad, Estabilidad y Resiliencia, Adaptabilidad, Equidad y Autogestión) y las características de los sistemas de montaña (fragilidad, inaccesibilidad, marginalidad, diversidad). Resultados e Discussão Las herramientas usadas en el DPR han identificado 22 factores clave que determina la sostenibilidad de los sistemas de montaña estudiados (Tabla 1): Almacenaje de granos, Área dedicada por cultivo, Asiduidad a reuniones de estructuras comunitarias, Cantidad y calidad de los caminos, Consumo de proteína animal, Costes de oportunidad, Densidad de población, Dependencia climática, Destino de la producción, Disponibilidad de tierra, Eficiencia de la mano de obra, Fluctuación de los precios, Fuente de ingresos alternativa, Método de elección de estructuras internas, Nº de organizaciones, Participación en organizaciones, Procedencia de insumos externos, Rendimiento de cultivos, Servicios básicos, Tasa de discapacitados, Tasa de migración, 21 Técnicas de manejo de cultivos, Uso de la tierra. Cada uno de ellos tiene una escala de estudio (comunitaria y/o familiar). La densidad de población, el acceso a una fuente de ingresos alternativa y las técnicas de manejo de cultivos son los factores que más atributos ocupan y los que más hay que controlar. En ambos países y durante las últimas dos décadas, la tasa de crecimiento poblacional ha sido del 6% anual, lo que ha derivado en una mayor sobreexplotación de los recursos naturales. Ante esta situación las comunidades han de realizar un esfuerzo de adaptación y organización para evitar que la tasa se siga manteniendo. Ambas zonas también poseen como principal fuente de ingresos alternativa el trabajo como jornaleros en la cosecha de café. Esto implica una dependencia con sistemas externos que les reportan beneficio económico. Los productores de las comunidades más inaccesibles se establecen durante uno o dos meses seguidos en la zona cafetalera mientras que los mejor comunicados realizan trayectos de ida y vuelta más frecuentes. Sin embargo, la inaccesibilidad no merma la afluencia de trabajo como jornaleros, ya que acude al menos un miembro del 80% de las familias de todas las comunidades. Respecto al manejo de sus tierras existe más diversidad entre países pero son fundamentales las labores de conservación de suelos para evitar la erosión. Conclusões Los sistemas de montaña donde se practica agricultura familiar son muy sensibles a los factores: aumento de población, prácticas de manejo de cultivos y acceso a fuentes de ingresos alternativas. Para alcanzar la sostenibilidad de dichos sistemas hay que controlar esos y otros factores menos relevantes, pero complementario a los tres anteriores. Las herramientas participativas como el DRP facilitan el conocimiento de estos factores con el objetivo de emprender acciones a largo plazo. Agradecimentos A la UPM por la concesión de la beca de PIF a Esperanza Arnés. A Alicia Merino y a Luis Laparra por su colaboración en el DRP. Literatura citada EHRLICH, P.R., AND HOLDREN, J.P. Impact of Population Growth. Science, v. 171, p. 1212–1217, 1971. EXPÓSITO VERDEJO, M. 2003. Diagnóstico Rural Participativo. Una Guía Práctica. Santo Domingo: Centro Cultural Poveda. 2003. 118p. FOOD AND AGRICULTURAL ORANIZATION (FAO). Proyecto para la agricultura y el desarrollo rural sostenible en regiones de montaña. El caso de Amérca Central. Managua, Nicaragua. 2005. 40p. GOW, D. Development of fragile lands. Theory and practice. Ed DESFIL, New Orleans: U.S. Agency for International Development. 1988. 24p. JODHA, N.S. Adaptation Strategies Against Growing Environmental and Social Vulnerabilities in Mountain Areas. Himalayan Journal of Science, v.3, p.33–42, 2005. 22 LÓPEZ-RIDAURA, S.; MASERA, O.; ASTIER, M. Evaluating the Sustainability of Complex Socio-environmental Systems. The MESMIS Framework. Ecological Indicators, v.35, p.135–148, 2002. Tabela 1 – Factores clave obtenidos a través de las herramientas del DRP, teniendo en cuenta los atributos de la sostenibilidad y las características de los sistemas montañosos. Atributos de sostenibilidad Productividad Fragilidad Inaccesibilidad Marginalidad Diversidad Rendimiento cultivosb,3,5 Estabilidad Resiliencia -Área dedicada por cultivo a,0,3 -Técnicas manejo cultivo c,6,7 -Dependencia climática b,7 -Densidad de población c,0,2 -Rendimiento cultivos a,3,5 -Costes de oportunidad b,5 -Disponibilidad de tierra a,0,2 -Técnicas manejo cultivo c,6,7 -Fuente de ingresos alternativa c,4 -Costes de oportunidad b,5 -Eficiencia en mano de obra c,5 -Técnicas manejo cultivo c,6,7 -Fuente de ingresos alternativa c,4 -Consumo proteína animal c,4 -Área dedicada por cultivo a,0,3 -Participación en organizaciones b,8 -Asiduidad a reuniones o acciones de estructura interna c,9. - Cantidad y calidad de los caminos c,0,1 -Servicios básicos b,0 - Cantidad y calidad de los caminos c,0,1 Tasa de discapacitados b,0 -Fuente de ingresos alternativa c,4 -Dependencia climática b,7 - Uso de la tierra a,0,1 -Participación en organizacione s c,8 - Servicios básicos c,0 Disponibilida d de tierra a,0,2 - - Destino de producción a,3,5 - Fluctuación precios a,3,4,5 - Tasa de migración a,0 - Método de elección de estructuras internas b,9 y Adaptabilidad Equidad Autogestión Costes de oportunidad b,5 -Eficiencia en mano de obra c,5 -Densidad de población c,0,2 Nº Organizaciones b,8,9 - Tasa de migración a,0 -Almacenaje de granos b,5 -Destino de la producción c,5 -Procedencia insumos externos b,5 la de Escala: a. Comunitaria y familiar, b. Comunitaria, c. Familiar. Proviene de la herramienta: 0. Ficha de comunidad, 1. Mapa de comunidad, 2. Historia de comunidad, 3.Inventario de cultivos, 4. Inventario de ganado, 5. Costes de producción, 6. Caracterización de variedades, 7. Calendario de cultivos, 8. Diagrama de Venn, 9. Estructuras internas. 23 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.4. Modelo dinámico-probabilístico sobre el comportamiento de los pueblos indígenas en aislamiento de la Amazonia Ecuatoriana1 Marco G. Heredia Rengifo 2, Carlos G. Hernández Díaz-Ambrona3 1 Parte de la tesis final de Máster en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible de la Universidad Politécnica de Madrid (España). 2 Doctorando del programa de Posgrado en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible, Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, CEIGRAM, itdUPM. 3 Profesor en el Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, Escuela Técnica Superior de Ingenieros Agrónomos, CEIGRAM, itdUPM, Universidad Politécnica de Madrid (España). Resumen: La supervivencia de los pueblos en aislamiento (PIAs), Tagaeri – Taromenane en la Amazonia ecuatoriana, está influida por agentes externos y características culturales. El área definida como Zona Intangible para el desplazamiento de los PIAs presenta cierta debilidad geográfica, lo que alterna el funcionamiento de estas comunidades. El objetivo de este trabajo es conocer el comportamiento de las comunidades aisladas en relación con las fronteras de contactos. Se ha utilizado el software libre NetLogo versión 5.0.3, para simular la evolución durante 100 años de dos comunidades. Las poblaciones estimadas iniciales de indígenas en asilamiento fue de 100, 500, 1000 individuos por escenario. El comportamiento está condicionado por las variables: individuos Taromenane, individuos Tagaeri, tasa de nacimientos, disponibilidad de alimento en la Amazonía, crecimiento de la vegetación, valor energético de la alimentación, y energía de la vegetación. Las características guerreras por la protección de territorio propias de los PIAs, han permitido concluir que la intensificación de las presiones externas sumadas a los enfrenamientos entre grupos aislados genera su propia extinción en un espacio temporal de 100 años. Palabras clave: frontera agrícola,modelos, no contactados, supervivencia, Yasuní Abstract: The survival of isolated peoples (PIAs), Tagaeri – Taromenane in the Ecuadorian Amazon, is influenced by external agents and cultural characteristics. The area defined as Intangible area for movement the PIAs presents certain geographic weakness, which toggles the operation of these communities. The aim of this study was to determine the behavior of isolated communities in relation to the borders of contacts. We used the free NetLogo software version 5.0.3, to simulate the evolution of 100 years of two communities. The initial populations of the isolation indigenous estimated were 100, 500, 1000 individuals per scenarios. The behavior is conditioned by the variables: Taromenane individuals, individuals Tagaeri, birth rate, availability of food in the Amazon, vegetation growth, energy value of food, energy and vegetation. The 24 Intensifying of the external pressures and confrontations between groups isolated (warlike characteristics of the PIAs for the protection their territory) generates its own extinction in a temporary space of 100 years. Keywords: Agricultural frontier, models, survival,uncontacted, Yasuní Introducción Los Tagaeri y Taromenane son dos grupos indígenasecuatorianos que viven enaislamiento voluntarioen la ecorregión terrestre Húmedo Napo. Están asentados entre los ríos Yasuní, Curaray y dentro del territorio ancestral Waorani (pueblo indígena del Ecuador Amazónico) en la Reserva de Biosfera Yasuní en la cuenca del Amazonas.En la década de los setenta el desarrollo petrolífero, la colonización agrícola y las misiones religiosas propiciaron el aislamiento de estos pueblos, que rehusaron al contacto en el proceso de pacificación, reubicación y pérdida del territorio padecido por los indígenas Waorani que están relacionados cultural y lingüísticamente.Desde que se produjo el aislamiento, las señales de presencia de los pueblos indígenas han sido en diferentes ocasiones constatadas. Las características guerreras de estos pueblos se han evidenciado en diversos enfrentamientos que han involucrado a trabajadores petroleros, colonos, indígenas y misioneros. Para la protección de estos pueblos, el gobierno del Ecuador declaró en 1999 y asignó en 2007 una superficie de 758.000 hectáreas, la “No-Go-Zone” llamada Zona Intangible o Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) (Presidencia de la República, 2007). Para mitigar las influencias antrópicas externas al entorno al perímetro de la ZITT se definió una zona de amortiguamiento de diez kilómetros de ancho (Figura 1- Parque Nacional Yasuní (PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) y bloques petroleros. Fuente: Pappalardo, et al. 2013. ), en la cual las actividades de extracción de madera, nuevas concesiones petroleras y mineras están prohibidas. Las actividades como la pesca, la caza y el uso tradicional de la biodiversidad está permitido a las comunidades indígenas ancestrales (Art. 2 del Decreto 2187,1999). 25 Figura 1- Parque Nacional Yasuní (PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) y bloques petroleros. Fuente: Pappalardo, et al. 2013. La complejidad de los sistemas territoriales (bloque petroleros, franja agrícola y sistema vial) y la distribución espacial de los clanes Tagaeri y Taromenane (Grupo Nashiño, Maxus, Armadillo y Cunchiyacu) reconstruidos a partir de las señales de presencia, demuestran la debilidad geográfica del perímetro de la ZITT.Pappalardoet al.(2013) definieron sobre la base de los derechos humanos y de los patrones espaciales de los Tagaeri Taromenane una nueva limitación no oficial (Erro! A origem da referência não foi encontrada.) que demuestra que la ZITT geométricamente tradicional no contiene la superficie real de territorialidad de los Tagaeri y Taromenane, lo que alterna el funcionamiento de estas comunidades. La superposición de usos del territorio ylas diferentes presiones externas relacionadas con el área de desplazamiento espacial de los PIAsgenera que la disponibilidad de alimentos y recursos está cada vez más ceñida por el avance de la frontera extractiva y el avance de la frontera agrícola; por lo cual la supervivencia de los PIAsestá limitada a través del tiempo. El objetivo planteado fue determinar la supervivencia de los pueblos indígenas en aislamiento. Materiales y Métodos Para determinar la supervivencia de los pueblos en aislamiento se ha desarrollado un modelo de simulación dinámico-probabilísticocon la finalidad de cuantificar la evaluación temporal de los indígenas contactados y no contactados. Se utilizó el software libre NetLogo versión 5.0.3 (Wilensky, 1999). NetLogo es un entorno de programación que permite la simulación dinámica y espacial de fenómenos naturales y sociales a través de tiempo. El área de la simulación fue de 10.000 km2 y la longitud del área posible de contacto fue de 100 km. Se simularon tres escenarios en función de la población inicial total de indígenas en asilamiento: 100, 500, 1000 individuos distribuidas en parte alícuotas entre individuos Tagaeri e individuos Taromenane. Los valores de los parámetros del modelo se mantuvieron constates en todo el proceso de simulación: tasa de nacimientos, disponibilidad de alimento, crecimiento de la vegetación,valor energético de la alimentación y energía de la vegetación. El modelo espacial contiene 37.636 pixeles que equivalen a 26,5 hectáreas cada pixel, con dos niveles de alimentos disponibles para todas las simulaciones se valorizó dos unidades 26 energéticas para los píxeles ricos en alimentos y 0,5 unidades energéticas para los píxeles que representa una vegetación pobre en alimento. Tabla 1 - Escenarios de simulación de los pueblos en aislamiento (PIAs) en la Amazonía de Ecuador. Escenarios Población Inicial Tagaeri Población Inicial Taromenane Nacimiento de los no contactados (Unidades energéticas/año) Disponibilidad de alimento (Unidades energéticas/pixel) Desarrollo de la vegetación (Unidades) Valor energético Alimento (Unidades energéticas) Valor energético Vegetación (Unidades energéticas) 100 500 50 250 50 250 20 20 20 20 20 20 2,0 2,0 0,5 0,5 1000 500 500 20 20 20 2,0 0,5 Los escenarios recogen la situación ideal en el cual la vegetación presenta un desarrollo saludable y por tanto la disponibilidad de alimentos y su tasa de crecimiento es máxima. Los resultados del modelo se considerarona partir de la media de 10 repeticiones por escenario. La unidad de tiempo considerada en el modelo son 100 años y el tiempo de simulación es mensual. Resultados y Discusión El grupo Tagaeri se extinguirá antes de los 100 años, alcanzándose de media en las diez simulaciones entre 0 y 1 individuo no contactado, con un mínimo de cero individuos y un máximo de tres. Mientras del grupo Taromenane quedarían de mediaentre 16 y 26 individuos, con un mínimo de siete individuos y un máximo de 45. Cabe destacar que una población Taromenane inicial menor mantendría un mayor nivel de supervivencia sin contacto, una media del 32% frente al 5,2%, este resultado sugiere que la densidad de población es un factor clave para la conservación de los grupos indígenas(Tabla 2 - ). Una mayor densidad de población inicial implica mayores conflictos bélicos entre grupos y mayor contacto con individuos foráneos. Al cabo de los 100 años en número de individuos contactados (55% del total) es superior en todos los escenarios a los individuos no contactados. La población simulada final para los tres escenarios es significativamente igual, por tanto la desaparición de estos grupos es independiente de los individuos inicialesEn los tres escenarios los individuos Tagaeri son inferiores a los Taromenane corroborando las características guerreras de su cultura por salvaguardar su espacio de sobrevivencia segúnColleoni y Proaño (2010). Tabla 2 - Proyección del número de individuos a los 100 años partiendo de una población inicial total de 100, 500 y 1000 individuosde los pueblos en Aislamiento en la Amazonía de Ecuador. Entre paréntesis se muestra el coeficiente de variación. Escenarios Individuos totales iniciales 100 500 1000 Media Individuos no contactados Tagaeri Individuos no contactados Taromenane Población contactada Población total 1 (6,8%) 0(168,0%) 1 (117,0%) 0,66 16 (33,2%) 23 (38,3%) 26 (44,8%) 21,66 21 30 32 28 38 53 59 50 Conclusión La sobrevivencia de los pueblos en asilamiento Tagaeri – Taromenane está influida por presiones externas y características culturales. El incremento de dichas 27 presiones genera la disminución de área espacial de desplazamiento de estos pueblos ocasionando enfrentamiento entre poblaciones por espacio y alimento lo que podría provocar su extinción. La disminución de la superficie de la Reserva Biósfera Yasuni, según las simulaciones realizadas, sería el factor determinante de la desaparición de los grupos aislados. Literatura citada COLLEONI, P.;PROAÑO, J.Caminantes en la selva. Los Pueblos en Aislamiento de la Amazonia Ecuatoriana. 2010. Informe 7 IWGIA. Grupo Internacional de Trabajo sobre Asuntos Indígenas (IWGIA) – 2010. p. 48. In: Los Pueblos Indígenas en Aislamiento Tagaeri Taromenane.docx PAPPALARDO SE, DE MARCHI M, FERRARESE F.Uncontacted Waorani in the Yasuní Biosphere Reserve: Geographical Validation of the Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT). 2013. PLoS ONE 8(6): e66293. doi:10.1371/journal.pone.0066293 PRESIDENCIA DE LA REPÚBLICA. Decreto Ejecutivo No. 2187. 2007. Quito, Ecuador. In: http://saveamericasforests.org/Yasuni/Ne ws / ZonaIntangible / DECRETO ZONA INTANGIBLE.pdf. WILENSKY, U. TheNetLogoUser Manual versión 5.0.3.1999. http://ccl.northwestern.edu/netlogo/docs/(con acceso 25 octubre de 2012). In: 28 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.5. Avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de cafeeiros na Zona da Mata de Minas Gerais Paulo César de Lima2, Cássio Francisco Moreira de Carvalho3, Cileimar Aparecida da Silva4; Waldênia de Melo Moura5; Rebeca Lourenço de Oliveira6 ; Mariana Gabriele Marcolino Gonçalves7 1 Trabalho financiado pelo Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais Pesquisador EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected] 3 Engenheiro Agrônomo, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 4 Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 5 Pesquisadora EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected] 6 Engenheira Agrônoma, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 7 Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 2 Resumo: Visando racionalizar o uso de insumos em sistemas de base familiar para produção de café de montanha, essa pesquisa teve como objetivo avaliar doses de composto orgânico não estabilizado na produção de café em propriedade de base familiar das Matas de Minas. De um total de dois experimentos esse foi conduzido no município de Oratórios a 450m de altitude, na Zona da Mata de Minas Gerais. O experimento foi instalado no período de novembro de 2012 e a colheita dos cafeeiros foi realizado em junho de 2013. Os materiais utilizados foram: esterco de curral, capim colonião e bananeira picada, na proporção 1,16:1:1. Foram aplicadas quatro doses do composto não estabilizado com base nos teores de nitrogênio, sendo: 50, 100, 200 e 400 Kg/ha de N. As produtividades dos tratamentos variaram de 45.7 a 66 sacas de café beneficiados/ha. As produtividades respondem com ajuste linear aos aumentos das doses do composto não estabilizado aplicadas. A maior produtividade é alcançada com a aplicação de 400 Kg de N por ha. Palavras-chave: Agroecologia, agricultura familiar, adubação orgânica, cafeeiros Evaluation of doses of non stabilized organic compound in coffee productivity in the Zone of Mata of Minas Gerais Abstract: In order to rationalized the use of inputs in family based systems for the production of coffee mountain, this research had with objective to evaluated the doses of organic compound non stabilized in the production of coffee in family based propriety in Matas de Minas. In a total of two experiments, this was conducted in the 29 municipality of Oratórios 450 m of height, in Zona da Mata de Minas Gerais. The experiment was installed in November 2012 and the harvesting of the coffee was realized in June 2013. The material used were: corral manure, panicum and chopped banana in proportion 1,16:1:1. Were applied four doses of the non-stabilized compound based on the nitrogen contents, as follow: 50, 100, 200 and 400 Kg N/ha. The productivity of the treatments ranged from 45,7 to 66 bags of coffee benefited/ha. The productivities respond with the linear fit to increased doses compound non stabilized applied. The highest productivity is achieved with the application of 400 kg of N per ha Keywords: Agroecology, family farming, organic fertilizers, coffee Introdução Uma das problemáticas levantadas pelos agricultores de base familiar dessa região relaciona-se às práticas que envolvem a adubação, que estão entre as principais dificuldades para o cultivo de café. Uma questão básica a ser considerada é a baixa fertilidade dos solos, causada pelas características naturais e pelo grau de degradação de algumas áreas. O uso de resíduos orgânicos é uma das formas de fornecer os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Assim, o desenvolvimento de tecnologias que se adéquem a esta realidade torna-se uma necessidade. Investigações sobre os efeitos do emprego de diversos compostos orgânicos sob diferentes condições edafoclimáticas são de grande importância, visto que são variáveis determinantes para o processo de ciclagem de nutrientes no solo e que implicam em grande esforço das famílias para o manejo das lavouras. Assim o objetivo dessa pesquisa foi avaliar doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de cafeeiros na Zona da Mata de Minas Gerias. Material e Métodos O experimento foi conduzido no município de Oratórios a 450m de altitude, na Zona da Mata de Minas Gerais, em relevo ondulado, sobre um Argissolo VermelhoAmarelo, A fraco, em cafeeiros com espaçamento de 2,0 x 0,75m (6666 plantas. ha -1). Os constituintes do composto foram esterco de curral, capim colonião e bananeira picada, na proporção 1,16:1:1, respectivamente. As doses do composto não estabilizado foram estabelecidas com base nos teores de nitrogênio da matéria seca correspondendo a 50, 100, 200 e 400 Kg/ha de N. Foi empregado o delineamento experimental de blocos casualizados com três repetições com oito plantas por parcela. A adubação foi feita em novembro de 2012, época chuvosa na região. Foram analisados os teores de nutrientes dos materiais orgânicos e da misturas desses, denominado composto não estabilizado. As quantidades de cada material para formar o composto foram calculadas visando atingir relação C:N inicial máxima de 30:1. Também foram realizadas análises de solos antes da instalação do experimento. A produção dos cafeeiros foi medida em litros/ parcela, através de recipientes graduados e convertidos em sacas de café beneficiadas por hectare (sacas/ha). As amostras análises de solos após colheita serão realizadas em agosto de 2013, após as amostragens em campo e as análises foliares serão realizadas em novembro de 2013, após a floração, no período inicial de crescimento de frutos denominado chumbinho. 30 Resultados e Discussão Os teores de nutrientes podem ser considerados adequados para a produção de café, com exceção de Ca e Mg onde a soma recomendada seria de 3,5 cmolc/dm3 e o observado é de 2,7 cmolc/dm3, o que compromete o experimento (Tabela 1). (GUIMARÃES et.al.,1999). Quanto aos teores de nutrientes dos materiais orgânicos (Tabela 2), verifica-se que a relação C:N se encontra 26,33, que poderia ser considerada adequada para se iniciar o processo de compostagem tradicional (Lima et. al. 2011). A camada estreita que se formou sob as saias dos cafeeiros com a aplicação do composto não estabilizado no início do período chuvoso, certamente contribui para facilitar a aceleração do processo de decomposição e de mineralização. Os resultados disso são verificados nas produtividades apresentadas na Figura 1, onde as produtividades dos tratamentos variaram de 45.7 a 66 sacas de café beneficiados/ ha. As produtividades respondem com ajuste linear aos aumentos das doses do composto não estabilizado aplicadas, sendo a maior produtividade é alcançada com a aplicação de 400 Kg de N por ha. Não foi constatado amarelecimento temporário por deficiência de N nos cafeeiros. Esse sistema de produção de composto facilita e contribui para a adoção do composto orgânico na adubação de cafeeiros em propriedades de base familiar, por apresentar a vantagem de não exigir muito tempo e esforços gastos durante as reviradas e umedecimentos realizados durante a compostagem. Tabela 1: Resultado da análise de amostra composta de solo da camada 0-20 cm retirada antes da instalação do experimento para avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG Identificação pH P 4,7 2+ Ca mg/dm3 H2O + K 48,5 181,7 Mg Al T cmolc/dm3 1,8 0,9 MO dag/kg 0,7 8,0 2+ pH - H2O (1:2,5); Al³ , Ca e Mg - KCl 1 mol/L; K e P disponíveis - Mehlich 2,3 -1 Tabela 2: Teores de N, P, K, Zn, Cu, B e relação C:N dos materiais e do composto empregado na avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG Identificação da amostra N P K Zn Cu B C/N 3 dag/ kg mg/ dm Capim colonião 1,39 0,29 2,80 94 7 8,7 15,82 Bananeira picada 0,65 0,08 2,00 23 4 11,1 42,70 Esterco curral 2,25 0,51 1,36 285 49 12,3 6,72 Composto não estabilizado 1,48 0,23 2,56 85 15 16,1 26,33 31 Sacas beneficiadas/ha 70 60 50 40 ŷ = 41,72 + 0,061x R²= 0,99 30 20 10 0 0 100 200 300 400 500 Dose de composto com base no teor de N da MS (kg de N/ ha) Figura 1: Produtividade de cafeeiros em função de doses de composto orgânico não estabilizado, formado por esterco de curral, bananeira picada e capim colonião, no município de Oratórios, MG. Conclusões As produtividades respondem com ajuste linear aos aumentos das doses do composto não estabilizado aplicadas, sendo a maior produtividade é alcançada com a aplicação de 400 Kg de N por ha. A adubação orgânica com composto não estabilizado não causa amarelecimento por deficiência de nitrogênio nas plantas. Agradecimentos Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais pelo financiamento do projeto e das bolsas de pesquisa. Literatura citada GUIMARÃES, P.T.G.; GARCIA,A.W.R.; ALVAREZ V., V.H. et al. Cafeeiro. In: RIBEIRO,A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª. Aproximação. Viçosa: CFSEMG. 1999, p. 289-302. LIMA, P. C.; MOURA, W. M.; SEDIYAMA, M. A. N.; SANTOS, R. H. S.; MOREIRA, G. M. Manejo da adubação em sistemas orgânicos. In: LIMA, P.C.; MOURA, W.M.; VENZON, M.; PAULA Jr, T.; FONSECA, M.C.M. (Eds) Tecnologias para produção orgânica. Belo Horizonte: EPAMIG, 2011, v. 1, p. 69-106. 32 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.6. Produtividade de cafeeiros em função de doses de composto orgânico não estabilizado na Zona da Mata de Minas Gerais Paulo César de Lima2, Rebeca Lourenço de Oliveira3; Waldênia de Melo Moura4; Mariana Gabriele Marcolino Gonçalves5 ; Cássio Francisco Moreira de Carvalho 6, Cileimar Aparecida da Silva7 1 Trabalho financiado pelo Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais Pesquisador EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected] 3 Engenheira Agrônoma, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 4 Pesquisadora EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected] 5 Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 6 Engenheiro Agrônomo, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 7 Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected] 2 Resumo: Visando racionalizar o uso de insumos em sistemas de base familiar para produção de café de montanha, essa pesquisa teve como objetivo avaliar doses de composto orgânico não estabilizado na produção de café em propriedade de base familiar das Matas de Minas. Esse experimento, conduzido no município de Oratórios a 450m de altitude, na Zona da Mata de Minas Gerais, foi instalado no período de novembro de 2012 e a colheita dos cafeeiros foi realizado em junho de 2013. Os materiais utilizados foram: palha café, mucuna preta e dejetos suínos, na proporção 1:0,54:1. Foram aplicadas quatro doses do composto não estabilizado com base nos teores de nitrogênio, sendo: 50, 100, 200 e 400 kg/ha de N. A produtividade respondeu com ajuste quadrático aos aumentos de doses do composto não estabilizado aplicadas, sendo a máxima estimada de 52,13 sacas de café beneficiados/ha com adição de 282,2 kg de N/ha. Palavras-chave: Agroecologia, agricultura familiar, adubação orgânica, cafeeiros Evaluation of doses of non stabilized organic compound in coffee productivity in the Zone of Mata of Minas Gerais Abstract: In order to rationalized the use of inputs in family based systems for the production of coffee mountain, this research had with objective to evaluated the doses of organic compound non stabilized in the production of coffee in family based propriety in Matas de Minas. This experiment was conducted in the municipality of Oratórios 450 m of height, in Zona da Mata de Minas, was installed in November 2012 33 and the harvesting of the coffee was realized in June 2013. The material used were: coffee straw, velvet bean and pig manure, in proportion 1:0,54:1. Were applied four doses of the non-stabilized compound based on the nitrogen contents, as follow: 50, 100, 200 and 400 kg N/ha. Productivity responded with quadratic fit to increases in nonstabilized doses of the compound applied, and the estimated maximum of 52.13 bags of coffee benefited/ha with the addition of 282.2 kg N/ha. Keywords: Agroecology, family farming, organic fertilizers, coffee Introdução Uma das problemáticas levantadas pelos agricultores de base familiar dessa região relaciona-se às práticas que envolvem a adubação, que estão entre as principais dificuldades para o cultivo de café. Uma questão básica a ser considerada é a baixa fertilidade dos solos, causada pelas características naturais e pelo grau de degradação de algumas áreas. O uso de resíduos orgânicos é uma das formas de fornecer os nutrientes necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Assim, o desenvolvimento de tecnologias que se adéquem a esta realidade torna-se uma necessidade. Investigações sobre os efeitos do emprego de diversos compostos orgânicos sob diferentes condições edafoclimáticas são de grande importância, visto que são variáveis determinantes para o processo de ciclagem de nutrientes no solo e que implicam em grande esforço das famílias para o manejo das lavouras. Assim o objetivo dessa pesquisa foi avaliar doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de cafeeiros na Zona da Mata de Minas Gerias. Material e Métodos O experimento foi conduzido no município de Oratórios a 450m de altitude, na Zona da Mata de Minas Gerais, em relevo ondulado, sobre um Argissolo VermelhoAmarelo, A fraco, em cafeeiros com espaçamento de 2,0 x 0,75m (6666 plantas. ha-1). Os constituintes do composto foram palha café, mucuna preta e dejetos suínos, na proporção 1:0,54:1, respectivamente. As doses do composto não estabilizado foram estabelecidas com base nos teores de nitrogênio da matéria seca correspondendo a 50, 100, 200 e 400 kg/ha de N. Foi empregado o delineamento experimental de blocos casualizados com três repetições com oito plantas por parcela. A adubação foi feita em novembro de 2012, época chuvosa na região. Foram analisados os teores de nutrientes dos materiais orgânicos e da misturas desses, denominado composto não estabilizado. As quantidades de cada material para formar o composto foram calculadas visando atingir relação C:N inicial máxima de 30:1. Também foram realizadas análises de solos antes da instalação do experimento. A produção dos cafeeiros foi medida em litros/ parcela, através de recipientes graduados e convertidos em sacas de café beneficiadas por hectare (sacas/ha). As amostras análises de solos após colheita serão realizadas em agosto de 2013, após as amostragens em campo e as análises foliares serão realizadas em novembro de 2013, após a floração, no período inicial de crescimento de frutos denominado chumbinho. Resultados e Discussão Os teores de nutrientes podem ser considerados adequados para a produção de café, com exceção de Ca e Mg onde a soma recomendada seria de 3,5 cmolc/dm3 e o 34 observado é de 2,7 cmolc/dm3, o que compromete o experimento (Tabela 1) (GUIMARÃES et al., 1999). Quanto aos teores de nutrientes dos materiais orgânicos (Tabela 2), verifica-se que a relação C:N se encontra 23,42, que poderia ser considerada adequada para se iniciar o processo de compostagem tradicional (Lima et. al. 2011). A camada estreita que se formou sob as saias dos cafeeiros com a aplicação do composto não estabilizado no início do período chuvoso, certamente contribui para facilitar a aceleração do processo de decomposição e de mineralização. Os resultados disso são verificados nas produtividades apresentadas na Figura 1, As produtividades responderam com ajuste quadrático aos aumentos de doses do composto não estabilizado aplicadas, sendo a máxima estimada de 52,13 sacas de café beneficiados/ ha com adição de 282,2 kg de N/ha. Não foi constatado amarelecimento temporário por deficiência de N nos cafeeiros. Esse sistema de produção de composto facilita e contribui para a adoção do composto orgânico na adubação de cafeeiros em propriedades de base familiar, por apresentar a vantagem de não exigir muito tempo e esforços gastos durante as reviradas e umedecimentos realizados durante a compostagem. Tabela 1: Resultado da análise de amostra composta de solo da camada 0-20 cm retirada antes da instalação do experimento para avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG Identificação pH P 4,5 2+ Ca mg/dm3 H2O + K 44,1 95,0 Mg Al T cmolc/dm3 1,8 0,9 2+ 0,7 pH - H2O (1:2,5); Al³ , Ca e Mg - KCl 1 mol/L; K e P disponíveis - Mehlich MO dag/kg 8,0 2,3 -1 Tabela 2: Teores de N, P, K, Zn, Cu, B e relação C:N dos materiais e do composto empregado na avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG Identificação da amostra N P K Zn Cu B C/N mg/ dm3 dag/ kg Mucuna preta 2,71 0,20 2,16 42 9 24,5 18,23 Palha de café 2,68 0,17 0,56 71 37 27,6 36,34 Dejetos suínos Composto não estabilizado 4,77 1,55 1,60 71 458 24,5 3,40 4,19 1,02 1,76 45 237 29,2 23,42 35 Sacas beneficiadas/ha 70,0 60,0 50,0 40,0 ŷ = 33,76 + 0,13x - 0,00023x² R² = 0,99 30,0 20,0 10,0 0,0 0 100 200 300 400 500 Dose de composto com base no teor de N da MS (kg de N/ha) Figura 1: Produtividade de cafeeiros em função de doses de composto orgânico não estabilizado, formado por mucuna preta, palha de café e dejeto suínos, no município de Oratórios, MG. Conclusões A produtividade máxima estimada é de 52,13 sacas de café beneficiados/ ha com adição de 282,2 kg de N/ha. A adubação orgânica com composto não estabilizado não causa amarelecimento por deficiência de nitrogênio nas plantas. Agradecimentos Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais pelo financiamento do projeto e das bolsas de pesquisa. Literatura citada GUIMARÃES, P.T.G.; GARCIA,A.W.R.; ALVAREZ V., V.H. et al. Cafeeiro. In: RIBEIRO,A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª. Aproximação. Viçosa: CFSEMG. 1999, p. 289-302. LIMA, P. C.; MOURA, W. M.; SEDIYAMA, M. A. N.; SANTOS, R. H. S.; MOREIRA, G. M. Manejo da adubação em sistemas orgânicos. In: LIMA, P.C.; MOURA, W.M.; VENZON, M.; PAULA Jr, T.; FONSECA, M.C.M. (Eds) Tecnologias para produção orgânica. Belo Horizonte: EPAMIG, 2011, v. 1, p. 69-106. 36 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.7. Elaboração e avaliação sensorial de geleias de pimenta Dedo-de-moça Cleide Maria Ferreira Pinto 1, Cláudia Lucia de Oliveira Pinto 2, Eliane Maurício Furtado Martins3, Inayara Beatriz Araújo Martins4, Cristiany Oliveira Bernardo 5 1 Pesquisadora da EMBRAPA/EPAMIG, Viçosa-MG. Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, Viçosa-MG. 3 Professora Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, campus Rio Pomba 4,5 Estudante de graduação em Ciência e Tecnologia de alimentos, IFSEMG 2 Resumo: Objetivou-se elaborar geleias de pimenta e avaliar as suas características sensoriais. Prepararam-se quatro formulações de geleia de pimenta Dedo-de-moça (Capsicum baccatum var.pendulum). A avaliação sensorial das geleias foi feita por 50 provadores não treinados, selecionados aleatoriamente e quanto à disponibilidade e interesse em participar dos testes, utilizando escala hedônica. Maior aceitação e maior intenção de compra foram observadas para geleia de pimenta com menor grau de ardume, incorporada de abacaxi. Pode-se sugerir esta formulação como a principal opção para elaboração de geleias de pimenta com maior potencial de mercado. Palavras–chave: Capsicum, produto, escala hedônica Elaboration and sensorial of pepper jellies Finger-of-girl Abstract: This study aimed to prepare four pepper jellies formulations and evaluate its sensory characteristics. The formulations were made of Capsicum baccatum var.pendulum (also known as "Dedo-de-Moça" in Brazil) using different concentrations and compounds. Sensory evaluation was performed by fifty non-trained testers recruited who accepted the invitation made by this study researchers. Participants filled out a Hedonic Scale. Results showed greater acceptance and purchase intend for formulations with pineapple and fewer pungency. Formulations with pineapple and fewer pungency may be used as main option and may have greater market potential. Keywords: Capsicum, product, scale hedonic Introdução No Brasil, o cultivo de pimenta Capsicum é realizado por agricultores que, em geral, cultivam áreas de 0,5 a 10 ha (OHARA; PINTO, 2012). Na forma in natura ou fresca as pimentas têm mercado pequeno, por isso, na maioria das vezes, são 37 processadas na forma de conservas, molhos, desidratadas, geleias, entre outras. A elaboração de geleia é uma das formas de agregar valor à produção de pimentas e disponibilizar este produto no mercado (TORREZAN, 2012). O processamento de geleia de pimenta, em geral, é semelhante ao de frutas, incluindo as mesmas etapas de produção e mesmos equipamentos. A análise sensorial constitui uma importante ferramenta para medir demandas do consumidor com base no grau de aceitação de um determinado alimento. Tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento de novos produtos e/ou melhoria de produtos, demandas que surgem do aumento da competição entre fornecedores. O objetivo deste trabalho foi elaborar geleias de pimentas e avaliar suas características sensoriais como forma de selecionar formulações com maior probabilidade de aceitação pelo mercado consumidor. Materiais e Métodos O trabalho foi realizado nos Laboratórios de Desenvolvimento de Produtos à base de Pimentas da EPAMIG/Unidade Regional Epamig Zona da Mata e de Análise Sensorial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, campus Rio Pomba. Elaboraram-se quatro formulações de geleias com pimentadedo-de-moça variedade Mari (Tabela 1). Os frutos foram lavados em água corrente, sanitizados com solução de hipoclorito de sódio 150 mg/L, por 10 minutos, abertos com faca de aço inoxidável. À exceção da formulação 1 (F1) em que as sementes foram previamente descartadas, os frutos foram triturados com água em liquidificador e a mistura filtrada em peneira com fios de nylon. As geleias foram preparadas seguindo-se os passos: adição da mistura triturada em tacho de aço inoxidável, adição de açúcar, pectina e ácido cítrico sendo este último ingrediente acrescentado próximo ao final da cocção com agitação manual contínua. O ponto da geleia foi determinado pelo teste do pires. As geleias foram envasadas à quente em frascos de vidro com capacidade para 40 g, previamente esterilizados em água fervente/15 min, fechados com tampa de metal. Em seguida os vidros foram resfriados e estocados em temperatura ambiente. A avaliação sensorial das geleias foi feita por meio do teste de aceitação com base em escala hedônica de nove pontos, com variação de “gostei extremamente” (escore 9) a “desgostei extremamente” (escore 1) e intenção de compra com variação de “certamente não compraria” ( escore 1) e certamente compraria ( escore 5). O teste foi realizado com 50 provadores não treinados, selecionados aleatoriamente e quanto à disponibilidade e interesse em participar dos testes. Os provadores foram conduzidos a cabines individuais, em ambiente apropriado, com luz branca, livre de ruídos e odores. As amostras das geléias foram servidas com biscoitos do tipo água e sal, em pratos codificados com três dígitos, de forma sequencial e aleatória. Os provadores receberam um copo de água, um copo de leite e a ficha de avaliação. Avaliou-se a cor, textura, sabor global, sabor ardente e impressão global e aparência. Tabela 1. Descrição das formulações das geléias elaboradas e analisadas Código F1 F2 F3 F4 Pimenta Dedo-de-moça 30 g de pimenta sem as sementes 30 g de pimenta com as sementes 7,5 g de pimenta com as sementes 7,5 g pimenta com as sementes 300g de polpa de abacaxi Resultados e Discussão Ingredientes Comuns 500 mL de água 500 g de açúcar cristal 6,5 g de pectina comercial 4,0 g de ácido cítrico 38 Maior aceitação foi observada para a formulação que continha quantidade de pimenta quatro vezes menor (F4) comparada às F1 e F2 (Tabela 2). Embora a F4 tivesse a mesma quantidade de pimenta que a F3, pode-se associar a sua melhor aceitação a melhoria de sabor da geleia proporcionada pela adição da polpa de abacaxi. Assim, maior pontuação para intenção de compra foi observada também para a F4. Maior aceitação de geléias menos picantes adicionadas de polpa de abacaxi também foram constatadas por Araújo et al. (2012). Em geral, as formulações que continham menor quantidade de pimenta apresentaram maior aceitação quanto ao sabor ardente e sabor global e, como consequência, maior intenção de compra. Tabela 2 – Valores das médias dos atributos aparência, impressão global, cor, textura, sabor ardente, sabor global, intenção de compra geléias de pimenta Formulação 1 2 3 4 Aparência Impressão global Cor Textura Sabor ardente Sabor Global Intenção de compra 7,8 7,12 7,76 7,64 6,68 6,68 3,48 7,6 6,8 7,44 7,46 5,9 6,44 3,06 6,5 7,02 5,98 7,32 6,92 7,26 7,64 7,4 7,5 7,1 7,24 7,52 3,58 3,98 Conclusões A avaliação sensorial constitui uma importante ferramenta para selecionar formulações de geleias de pimenta com maior potencial de mercado com base no seu grau de aceitação. Considerando que a formulação de geleia de pimenta incorporada de abacaxi apresentou maior aceitação, pode-se sugerir esta formulação como uma opção de agregação de valor às pimentas, em especial para os pequenos produtores inseridos no agronegócio de pimentas. Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Referências Bibliográficas ARAÚJO, E.R. et al. Elaboração e análise sensorial de geleia de pimenta com abacaxi. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p. 233238, OHARA, R; PINTO, C.M.F. Mercado de pimentas processadas. Agropecuário, Belo Horizonte, v.33, n.267, p.7-13, mar./abr. 2012. Informe TORREZAN, R. Elaboração de geléias de pimenta. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.33, n.267, p.63-71, mar./abr. 2012. 39 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.8. Adubação de feijão-vagem com esterco de galinha e seu efeito sobre o estado nutricional e produtividade da planta1 Ivan de Paiva Barbosa Magalhães2, Maria Aparecida Nogueira Sediyama3, Sanzio Mollica Vidigal3, Fred Denilson Barbosa da Silva4 , Iza Paula Carvalho Lopes5, Cláudia Lúcia Oliveira Pinto 3 1 Projeto financiado pela FAPEMIG Graduando em Agronomia - UFV; Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG; [email protected] 3 Pesquisadores da EPAMIG Unidade Regional Zona da Mata, Viçosa-MG; [email protected]; [email protected]; [email protected] 4 Recém-Doutor, bolsista FAPEMIG/EPAMIG, Vila Gianetti, casa 46, 36570-000, Viçosa-MG; [email protected] 5 Bolsista Apoio Técnico FAPEMIG/EPAMIG, Viçosa-MG; [email protected] 2 Resumo: Na produção sustentável, destaca-se o uso de adubos orgânicos para fins de obtenção de alimentos saudáveis, seguros à saúde e de maior aceitação pelo consumidor. Objetivou-se avaliar o efeito da adubação com esterco de galinha sobre o rendimento de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito. O experimento foi desenvolvido no período de 23/04 a 03/07/2012, no delineamento de blocos casualizados com cinco doses de esterco (0; 5; 10; 20 e 40 t ha-1), com quatro repetições. No florescimento pleno das plantas maiores teores de P e Mg nas folhas foram constatados para a dose de 40 t ha-1 de esterco de galinha. Para os demais nutrientes não houve efeito de doses de esterco sobre os teores foliares. O comprimento máximo de vagem foi 14,47 cm, estimado com a dose de 33,33 t ha -1 do esterco. O diâmetro da vagem, número de vagens por planta e produtividade de vagens foi maior quando se aplicou 40 t ha -1 de esterco de galinha. A adubação do solo com esterco de galinha para produção de feijãovagem melhora o estado nutricional da planta e aumenta a sua produtividade de 7,2 para 16,3 t/ha. Em consequência, reduz os impactos ambientais associados ao descarte inadequado desses dejetos no ambiente e promover a sustentabilidade no setor agrícola. Palavras-chave: adubação orgânica, Phaseolus vulgaris, resíduo orgânico 40 Fertilization of snap beans with chicken manure and its effect on nutritional status and productivity of plants Abstract: In sustainable production, the use of organic fertilizers is evident for the purpose of obtaining healthy foods, health insurance and greater acceptance by the consumer. The objective of the study was to evaluate the effect of fertilization with chicken manure on the yield of snap bean, cv. Macarrão Favorito. The experiment was carried out during the period from April 23 nd to July 3th, 2012, in the design of randomized blocks with five doses of manure (0; 5; 10; 20 and 40 t ha -1), with four replicates. In the full flowering of plants highest content of P and Mg in leaves was observed for the dose of 40 t ha -1 of chicken manure. For the other nutrients, there was no effect of manure on the foliar content. The maximum length of the pod was 14.47 cm, estimated with 33.33 t ha -1 of manure. The pod diameter, number of pods per plant and pods showed greater productivity when applied 40 t ha-1. The soil fertilization with chicken manure snap bean production improves the nutritional status of the plant and increase the yield from 7.2 to 16.3 t/ha. As a result, it reduces the environmental impacts associated with the inappropriate disposal of waste on the environment and promote sustainability in the agricultural sector. Keywords: organic fertilizers, Phaseolus vulgaris, organic waste Introdução O feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.) está entre as hortaliças mais populares no Brasil. É fonte de vitaminas A, B1, B2 e C, rico em fósforo, potássio e fibras. As plantas são adaptadas a clima seco e quente, tem desenvolvimento preferencial entre 15 e 30°C, e exigem altas concentrações de nutrientes prontamente disponíveis durante período curto de crescimento (Araújo et al., 2001). Nos últimos anos tem sido constante a preocupação com o desenvolvimento de tecnologias que permitam o uso racional dos recursos naturais e de insumos destinados à produção de alimentos de forma sustentável. Dentre essas tecnologias para nutrição de plantas, está a utilização de fertilizantes orgânicos, dentre eles, o esterco de galinha. Em Minas Gerais a criação de aves é considerável, com consequente geração de grande volume de resíduos orgânicos, em especial cama de galinha e de frango. Esses são muito utilizados na produção de hortaliças associado ao seu ao teor de nutrientes. No entanto, existe uma carência de informações sobre o uso desses fertilizantes orgânicos na adubação do feijão-vagem. Neste trabalho, objetivou-se avaliar a adubação de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito, com esterco de galinha e seu efeito sobre o estado nutricional e a produtividade da planta. Material e Métodos O experimento foi instalado na Fazenda Experimental Vale do Piranga, da EPAMIG Zona da Mata, em Oratórios-MG, no período de 23/04 a 03/07/2012. O solo Argissolo Vermelho-Amarelo câmbico, fase terraço, apresentou na camada de 0-20 cm as seguintes características: pH (H2O)=6,0; P=13,4 e K=142 (mg/dm3); Ca+2=2,0 e Mg+2=1,0 (cmol/dm3); Al+3=0,0; V=58% e matéria orgânica=2,1 dag/kg. A adubação orgânica do feijão-vagem foi feita com esterco de galinha que, na época de sua aplicação, apresentou as características (g/kg): N=24,1; P=21,6; K=1,0; Ca=115,4; Mg=6,7 e S=4,0; para C. Org.=19,97 dag/kg, pH = 8,20 e C/N=8,28. 41 Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram: doses de esterco de galinha ( 0, 5, 10, 20 e 40 t ha-1). As doses foram aplicadas de forma parcelada, ou seja, metade de cada dose foi aplicada duas semanas antes da semeadura e incorporado ao solo na profundidade de 0 a 15 cm. O restante foi aplicado em cobertura com 30 dias após a semeadura, seguida da capina e amontoa. As parcelas foram constituídas de 40 plantas, dispostas em quatro fileiras de 3,0 m de comprimento espaçadas de 1,0 m, com 16 plantas úteis. O espaçamento foi de 1,0 x 0,3 m. Foi feita semeadura direta, com quatro sementes por cova, com a cultivar Macarrão Favorito. Após 15 dias realizou-se o desbaste, de forma a obter duas plantas por cova. Para o manejo das plantas daninhas foram realizadas duas capinas e três roçadas na parte externa das linhas de plantio. As irrigações foram feitas por gotejamento por meio de fitas perfuradas a cada 10 cm. Foram feitas pulverizações quinzenais com urina fermentada de vaca a 1,0%, até o florescimento das plantas. As características químicas da urina empregada eram: em %: N = 6,96; P=0,0; K=0,89; Ca=0,00; Mg=0,04; S=0,03; C. Org.=0,17; em ppm: Zn=0,0; Fe=1,0; Mn=0,0; Cu=0,0 e pH de8,5. Quando as plantas estavam em florescimento pleno realizou-se coleta de folhas indicadoras, limbo foliar mais pecíolo, para análise química de nutrientes. O material foi seco em estufa com circulação de ar, a 65°C, por 72 h. Posteriormente, foi moído e analisado quanto ao teor de nutrientes. Na colheita, 58 dias após a semeadura, avaliouse: diâmetro (mm) e comprimento (cm) de vagens (20 vagens por colheita), número e massa fresca e seca. A produtividade foi calculada por meio do somatório da massa fresca de vagens, em cada colheita, transformada em toneladas de vagens/ha. Os dados foram submetidos à análise de variância e de regressão. Resultados e Discussão Constatou-se influência das doses de esterco de galinha apenas nos teores foliares de fósforo e magnésio. Os teores dos macronutrientes apresentaram-se em concentrações adequadas para N (40-60 g kg-1), P (3-7 g kg-1), Mg (3-8 g kg-1) e S (2-5 g kg-1), segundo Trani & Raij (1996). Entretanto, os teores de K e de Ca na folha foram inferiores aos valores de referência que são de 25-40 g kg-1 para K e de 15-30 g kg-1 para Ca (Trani & Raij, 1996). O baixo teor foliar de K pode ser associado ao baixo teor desse nutriente presente no esterco de galinha (1,0 g kg -1 de K). Por outro lado, observou-se alto teor de Ca (115,4 g kg-1) no esterco e baixo teor nas folhas. É provável que a demanda da planta, em curto espaço de tempo, tenha superado o fornecimento de Ca pelo esterco de galinha, seja pela baixa translocação deste nutriente na planta, seja pela baixa mineralização dos nutrientes. A adubação com esterco de galinha proporcionou o aumento do teor de P e Mg na folha (Figuras 1A e 1B). O fornecimento equilibrado de P, desde o início do desenvolvimento vegetativo, estimula o crescimento radicular e melhora a formação dos primórdios das partes reprodutivas e dos frutos (Trani & Raij, 1996). Por esse motivo, a adubação com esterco interferiu significativamente no comprimento, diâmetro e no número de vagens por plantas. Contudo, as características massa fresca e a porcentagem de massa seca das vagens não foram influenciadas pelas doses de esterco de galinha. 42 2D Graph 1 A B 5 ŷ 4,59 0,0005x 0,0006* x 2 ŷ 3,36 0,026 * x R 0,99 R 2 0,78 Mg na folha (g kg-1) P na folha (g kg-1) 5,7 2 5,4 5,1 4,8 4 3 2 1 4,5 0 5 10 20 0 40 5 10 20 40 Esterco de galinha (t ha-1) Esterco de galinha t ha-1 Col 1 vs Col 2 Figura 1 – Teor de fósforo (A) e magnésio (B) em plantas de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito, Col 3 vs y column Col 1 vs Col 2 adubadas com esterco de galinha. Oratórios, EPAMIG, 2012. * significativo a 5 7% de probabilidade pelo x column 6 vs y column x column 5 vs y column 5 teste F. O comprimento máximo da vagem foi 14,47 cm, estimado com a dose de 33,33 t ha-1 de esterco de galinha (Figura 1A). A aplicação de esterco promoveu aumento linear no diâmetro da vagem linear (Figura 2B), sendo que o maior valor de diâmetro (10,29 mm) estimado com a maior dose de esterco. Por sua vez, o número de vagens por planta foi maior com aplicação de 40 t ha -1 de esterco de galinha (Figura 2C), o que resultou aumento significativo na produtividade. A B ŷ 13,8 0,04 * x - 0,0006 0 x 2 11,0 R 0,96 2 Diâmetro da vagem (mm) Comprimento de vagens (cm) 15,0 14,5 14,0 13,5 13,0 5 10 20 9,5 80 ŷ 29,64 9,79 * x - 0,69x 60 R 0,98 Col 1 vs Col 2 x column 12 vs y column 12 40 20 0 10 20 Esterco de galinha t ha-1 5 40 10 20 40 Esterco de galinha (t ha-1) D 2 5 0 Produtividade de vagens (t ha-1) C o 10,0 40 Esterco de galinha (t ha-1) Número total de vagens (n /plantas) 10,5 9,0 0 0 ŷ 9,89 0,01* x R 2 0,99 20 ŷ 7,23 2,77 * x 0,210 x Col 1 vs Col 2 R 2 0,98 x column 16 vs y column 16 15 10 5 0 0 5 10 20 40 Esterco de galinha t ha-1 Figura 2 – Comprimento de vagens (A), diâmetro de vagens (B), número de vagens (C) e produtividade Coladubadas 1 vs Col 2 com esterco de galinha. de vagens (D) Col em1 vs plantas Col 2 de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito, Col 3pelo vs y teste column Oratórios, EPAMIG, *, 0 significativo a 5 e 10 % de probabilidade F, respectivamente. Col 3 vs2012. y column x column 16 vs y column 17 x column 11 vs y column 12 A máxima produtividade de vagens de 16,3 t ha -1 foi estimada na dose de 40 t ha (Figura 2D). Provavelmente, a suplementação equilibrada de nutrientes tenha induzido o desenvolvimento normal das fases vegetativa e reprodutiva e, por conseguinte, o aumento da produtividade. De forma similar, Alves (1999) e Santos et al. -1 43 (2001) constataram aumento na produção de vagens adubadas com esterco de galinha. Segundo Santos et al. (2001) o aumento da produtividade de vagens deve ser associado não apenas com o suprimento equilibrado de nutrientes, mas também com a melhoria da estrutura do solo. Conclusões A adubação do solo com esterco de galinha para o cultivo de feijão-vagem cv. Macarrão Favorito melhora o estado nutricional da planta e aumenta a sua produtividade de 7,2 para 16,3 t/ha. Em consequência, reduz os impactos ambientais associados ao descarte inadequado desses dejetos no ambiente e promove a sustentabilidade no setor agrícola. Literatura Citada ALVES, E.U. Produção e qualidade de sementes de feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.) em função de fontes e doses de matéria orgânica. Areia, CCAUFPB, 1999. 116 p. (Dissertação de Mestrado). ARAÚJO, J.S.; OLIVEIRA, A.P.; SILVA, J.A.L.; RAMALHO, C.I.; NETO, F.L.C. Rendimento do feijão-vagem cultivado com esterco suíno e adubação mineral. Revista Ceres, v.48, p.501-510, 2001. SANTOS, G.M.; OLIVEIRA, A.P.; SILVA, J.A.L.; ALVES, E.U.; COSTA, C.C. Características e rendimento de vagens do feijão-vagem em função de fontes e doses de matéria orgânica. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 30–35, 2001. TRANI, P.E.; RAIJ, B. van. Hortaliças. In: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1996. 285p. (IAC. Boletim Técnico, 100). 44 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 1.9. Adubação orgânica do feijão-vagem com biofertilizante de suíno e seu efeito sobre o estado nutricional e produtividade das plantas1 Maria Aparecida N. Sediyama2, Ivan de Paiva Barbosa Magalhães3, Sanzio Mollica Vidigal2, Fred Denilson B. da Silva4, Cláudia Lúcia Oliveira Pinto 2, Iza Paula Carvalho Lopes5 1 Projeto financiado pela FAPEMIG Pesquisador da EPAMIG; [email protected]; [email protected]; [email protected] 3 Graduando em Agronomia–UFV, Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG; [email protected] 4 Recém Doutor, Bolsista de Pós Doutorado FAPEMIG/EPAMIG; [email protected] 5 Agrônoma, Bolsista Apoio Técnico FAPEMIG/EPAMIG; [email protected] 2 Resumo: A adubação orgânica é importante para garantir a sustentabilidade do sistema de produção, a produtividade das plantas e reduzir a dependência de fertilizantes minerais. Objetivou-se avaliar a adubação com biofertilizante de suíno sobre o rendimento do feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito. O experimento foi desenvolvido no período de 23/04 a 03/07/2012, no delineamento de blocos casualizados com cinco doses de biofertilizante (0; 30; 60; 90 e 180 m3 ha-1), com quatro repetições. Os teores foliares de nutrientes estiveram dentro da faixa adequada, exceto para K e Ca. O comprimento de vagem, o número de vagens por planta e a produtividade foram maiores com 180 m3 ha-1 de biofertilizante. O número de vagens por planta foi o componente que mais contribuiu para a produtividade do feijão-vagem. A adubação com biofertilizante suíno para a produção do feijão-vagem melhora o estado nutricional da planta e aumenta a produtividade da cultura de 5,9 para 16,5 t ha -1. A produção do feijão-vagem com biofertilizante suíno é promissora, especialmente, para o uso de resíduos da suinocultura e a sustentabilidade dos sistemas de produção no setor agrícola. Palavras-chave: adubação orgânica, nutrição de plantas, Phaseolus vulgaris Organic fertilization of snap bean with swine biofertilizer and its effect on nutritional status and productivity of plants Abstract: The organic fertilizing is important to ensure the sustainability of the production system, the yield of plants and reduce the dependence on mineral fertilizers. The objective of the study was to evaluate the effect of fertilization with swine biofertilizer on the yield of snap bean, cv. Macarrão Favorito. The experiment was carried out during the period from April 23 nd to July 3th, 2012, in the design of 45 randomized blocks with five rates of biofertilizer (0; 30; 60; 90 and 180 m3 ha-1), with four replicates. The content of nutrient in leaves was within the appropriate range, except for K and Ca. The length of pod, the number of pods per plant and yield were higher with 180 m3 ha-1 of biofertilizer. The number of pods per plant was the component that most contributed to the yield of snap bean. The fertilization with swine biofertilizer for snap bean improves the nutritional status of the plant and increases the yield of 6.4 to 16.9 t ha -1. The production of snap bean with swine biofertilizer is promising, especially for the use of residues from pig farming and the sustainability of production systems in the agricultural sector. Keywords: Organic fertilizer, plant nutrition, Phaseolus vulgaris Introdução Minas Gerais possui o segundo maior rebanho de suínos do Brasil e uma suinocultura altamente tecnificada, com criação de animais em regime de confinamento. A atividade é muito importante para a economia do estado, mas geradora de alto volume de resíduos orgânicos com grande potencial poluidor. Assim, grande ênfase tem sido dada ao desenvolvimento de pesquisas voltadas para a reciclagem e aproveitamento dos nutrientes desses resíduos, considerando a sua eficácia no que se refere à adubação e a nutrição das plantas, ou complementação da adubação mineral, pela riqueza em macro e micronutrientes. Entretanto, para o uso desses resíduos há necessidade de proceder a sua fermentação, antes da aplicação no solo. Estudos com doses e interações de fertilizantes podem eliminar desperdícios e evitar efeitos fitotóxicos, pois doses muito altas de fertilizantes orgânicos e ou químicos causam o desbalanciamento das relações entre nutrientes e a salinização do solo (Araújo et al. 2001). Observa-se na literatura carência de informações sobre o uso de estercos de animais na adubação do feijão-vagem, hortaliça que se destaca pelo alto valor nutritivo e comercial, além da exigência de altas quantidades de nutrientes prontamente disponíveis, no curto ciclo da cultura, que para a maioria das cultivares está entre 100 a 110 dias (Araújo et al. 2001). Assim, objetivouse avaliar a adubação do feijão–vagem cv. Macarrão Favorito, com biofertilizante de suíno e seu efeito na nutrição e na produtividade das plantas. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido na fazenda da EPAMIG Unidade Zona da Mata, em Oratórios-MG, no período de 23/04 a 03/07/2012, em Argissolo Vermelho-Amarelo câmbico, fase terraço, textura argilosa, com as seguintes características na camada de 020 cm: pH (água 1:2,5)=6,0; matéria orgânica=21 g kg-1 ; P (Mehlich 1) =13,4 mg dm-3 ; K=142 mg dm-3; Ca2+=2,0 cmol dm-3; Mg2+=1,0 cmol dm-3 ; Al3+= 0,0; H+Al=2,48 cmolc dm-3; CTC(t)=3,36 cmolc dm-3 ; CTC(T)=5,84 cmolc dm-3 ; V=58% e P-rem=35 mg L-1. Utilizou-se delineamento de blocos casualizados com cinco tratamentos constituídos pelas doses de biofertilizante de suíno (0, 30, 60, 90 e 180 t ha -1) e quatro repetições. O biofertilizante foi submetido à fermentação anaeróbica do dejeto líquido, proveniente da lavagem das baias, durante 30 dias, em caixa de fibra de vidro tampada. Na época da aplicação apresentou as características (g/L): N=1,90; P=0,30; K=0,40; Ca=0,80; Mg=0,20, S=0,10 e (mg/L) Zn=32,15, Fe=561,50, Mn=11,20, Cu=11,05, C. Org.=1,60 dag/kg, Densidade=1,02 g cm-3, pH = 6,77 e C/N=0,88. As doses de esterco foram parceladas em duas aplicações, sendo a metade aplicada duas semanas antes da semeadura, incorporado ao solo e o restante em cobertura, aos 30 dias após a semeadura, seguido de amontoa. 46 Cada parcela, com quatro fileiras de 3,0 m de comprimento continha 40 plantas no espaçamento de 1,0 x 0,3 m, e, foram colhidas as 16 plantas centrais. Fez-se a semeadura direta com quatro sementes por cova, cv. Macarrão Favorito, de crescimento indeterminado. Aos 15 dias após a semeadura (DAS) fez-se o desbaste, deixando-se duas plantas, conduzidas no sistema tutorado. O manejo de plantas daninhas foi manual e a irrigação por gotejamento, conforme a necessidade. Foram feitas duas pulverizações com urina fermentada de vaca antes do florescimento das plantas, a 1,0% (v/v), pH=8,5 e em (%): N=6,96; P=0,0; K=0,89; Ca=0,00; Mg=0,04; S=0,03; C. Org.=0,17. Fez-se a coleta de folhas indicadoras, limbo foliar mais pecíolo, no florescimento das plantas. O material foi seco em estufa com circulação de ar a 65°C, por 72 h e moído, para análise de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e avaliação do estado nutricional. As colheitas das vagens foram feitas a cada sete dias, a partir dos 58 DAS. Avaliaram-se os componentes de produção: diâmetro (cm), comprimento (cm) e massa seca em amostras de 20 vagens por tratamento, número e massa fresca de vagens por colheita. A produtividade foi obtida pelo somatório da massa fresca de vagens, transformada em t ha -1 de vagens. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e de regressão. Resultados e Discussão Os teores foliares de N não foram influenciados pelas doses de biofertilizante, com valores médios de 44 g kg -1. De acordo com Trani & Raij (1999), esses teores são adequados para a cultura do feijão-vagem. A falta de resposta para teores de N na folha indicadora pode ser associada ao fato de a planta de feijão-vagem apresentar associação simbiótica com bactérias fixadoras de N2, o que possibilita melhorias da fertilidade do solo via fixação do N2 atmosférico na massa vegetal, que supre o N necessário para a planta e ainda enriquece o solo (Pelegrin et al. 2009). Além disso, as pulverizações com urina de vaca (6,96% de N), em todo experimento, pode ter reduzido a diferença nos teores foliares de N em função das doses de biofertilizante aplicadas. Os teores foliares de P e K também não foram influenciados pelas doses de biofertilizante, cujos valores médios foram 4,6 e 18,4 g kg -1, estando o teor de P dentro da faixa adequada e o teor de K um pouco abaixo deste. Os teores foliares de Ca, Mg e S apresentaram efeito significativo para doses de biofertilizante. O Ca e Mg apresentaram efeito linear (Figuras 1A e 1B), sendo os maiores valores 14,16 e 4,53 g kg-1, respectivamente, obtidos com a maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1). Para o S não se ajustou equação regressão, cujo valor médio foi de 2,3 g kg-1. Os teores foliares de Mg e S também estiveram dentro da faixa adequada para a cultura do feijão-vagem que são: 3-8 e 2-5 g kg-1, respectivamente (Trani & Raij, 1997). Os teores Ca ficaram abaixo do adequado (11,3 g kg-1), que segundo Trani & Raij (1999) é de 15-30 g kg-1. Os baixos teores foliares, especialmente para K e Ca, se devem à baixa concentração desses no biofertilizante de suíno usado. Esses resultados de certa forma eram esperados, visto que com a aplicação da maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1) seriam fornecidos: 342, 54, 72, 144, 36 e 18 kg ha -1 de N, P, K, Ca, Mg e S, respectivamente. Considerando-se que parte desses nutrientes permanece na forma orgânica, apenas o N poderia ser suficiente para o suprimento da necessidade da cultura, nas condições de solo estudado. Assim, o recomendado seria completar o fornecimento, especialmente de K e Ca, com fertilizantes permitidos pelo sistema orgânico de produção. Houve efeito linear crescente para comprimento de vagens em função das doses de biofertilizante aplicada (Figura 2A). O maior comprimento de vagens foi 14,74 cm, estimado com a maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1). Esse valor está próximo 47 àquele obtido por Araújo et al. (2001), que trabalharam com doses de esterco suíno até 40 t ha-1, na presença e na ausência da adubação mineral, e encontraram valores médios de 15,43 cm e 1,08 cm para comprimento e diâmetro de vagens, respectivamente, na ausência da adubação mineral (química). Para matéria seca de vagens, houve efeito significativo quadrático, sendo o valor máximo de 9,25%, estimado com a dose de 122,34 m³ ha-1, ou seja, a percentagem de matéria seca de vagens tendeu a reduzir na maior dose de biofertilizante (Figura 2B). A 5.0 ŷ i 9,447 0,0262 0 x i r 2 0,72 14 Mg na folha (g kg-1) Ca na folha (g kg-1) 16 B 12 10 8 ŷ i 3,409 0,0062 * x i r 2 0,77 4.5 4.0 3.5 3.0 0 30 60 90 Biofertilizante de suíno (m3 ha-1) 180 0 30 60 90 180 Biofertilizante de suíno (m3 ha-1) Figura 1 – Teores foliares de cálcio (A) e magnésio (B) em feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito, adubadas com biofertilizante de suíno. Oratórios, EPAMIG, 2012. * significativo a 5 % pelo teste F. O número de vagens por planta e a produtividade de vagens apresentaram efeito quadrático, cujos valores máximos foram 64,23 vagens e 16,57 t ha -1, estimados com a maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1), respectivamente (Figuras 2C e 2D). Os resultados obtidos neste trabalho corroboram com aqueles obtidos por Araújo et al. (2001), que estudaram a aplicação de esterco suíno e adubo mineral na produção de vagem, Macarrão Trepador e verificaram que o número, a produção de vagens por planta e a produtividade de vagens aumentaram linearmente com as doses de esterco de suíno, tanto na presença quanto na ausência da adubação mineral. A produtividade máxima de vagens de 16,57 t ha-1 foi superior à constatada por Santos et al. (2013), com a mesma cultivar em sistema orgânico que foi 9,6 t ha-¹. Essa produtividade é considerada satisfatória para cultivo em sistema orgânico, especialmente se considerar que não houve aplicação de defensivos e nem de fertilizantes minerais solúveis. Assim, essa produtividade foi devido à nutrição das plantas pelo biofertilizante aplicado, em que os teores foliares de nutrientes foram considerados satisfatórios, para a maioria dos macronutrientes, especialmente N e P. Sabe-se que fornecimento equilibrado de fósforo, desde o início do desenvolvimento vegetativo, estimula o crescimento radicular e melhora a formação dos primórdios das partes reprodutivas e dos frutos (Trani & Raij, 1996). No entanto, o plantio de feijão– vagem com aplicação de biofertilizante de suíno, visando o aproveitamento de resíduos orgânicos é promissor, sendo recomendada adubação complementar para suprimento de nutrientes especialmente K e Ca. Esta complementação é importante, para evitar uso de doses excessivamente alta do biofertilizante, que pode causar acúmulo de nutrientes no solo, fitotoxidez para as plantas, desbalanceamento de nutrientes e salinização de solo. 48 A B 10.0 y i 13,59 0,0064 * x i Massa seca da vagem (%) Comprimento de vagens (cm) 15.0 r 0,76 2 14.5 2D Graph 1 14.0 13.5 y i 8,5492 0,0115 * x i 0,000047 * x i2 R 2 0,96 9.5 9.0 8.5 8.0 13.0 0 30 60 90 0 180 C 60 90 180 D 80 y i 25,17 0,415 * x i 0,0011 0 x i2 Produtividade de vagens (t ha-1) Número de vagens por plantas 30 Biofertilizante de suíno ( m3 ha-1) Biofertilizante de suíno (m3 ha-1) R 0,99 2 60 40 20 0 0 30 60 90 180 y i 5,952 0,113 * x i 0,0003 0 x i2 20 R 2 0,98 15 10 5 0 0 Biofertilizante de suíno (m3 ha-1) 30 60 90 180 3 -1 Biofertilizante de suíno (m ha ) Figura 2 – Comprimento de vagens (A), massa seca de vagem (B), número de vagens (C) e produtividade de vagens (D) em plantas de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito, adubada com biofertilizante de suíno. Oratórios, EPAMIG, 2012. *, 0 significativo a 5 e 10 % de probabilidade pelo teste F, respectivamente. Conclusões A adubação com biofertilizante suíno para a produção do feijão-vagem melhora o estado nutricional da planta e aumenta a produtividade da cultura de 5,9 para 16,5 t ha-1. A produção do feijão-vagem com biofertilizante suíno é promissora, especialmente para o uso de resíduos da suinocultura e a sustentabilidade dos sistemas de produção no setor agrícola. Referências ARAÚJO, J.S.; OLIVEIRA, A.P.; SILVA, J.A.L.; RAMALHO C.I.; NETO, F.L.C. Rendimento do feijão-vagem cultivado com esterco suíno e adubação mineral. Revista Ceres, Viçosa, v. 48, n. 278, p.501-510, 2001. PELEGRIN, R.; MERCANTE, F.M.; OTSUBO, I.M.N.; OTSUBO, A.A. Resposta da cultura do feijoeiro à adubação nitrogenada e à inoculação com rizóbio. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.33, p. 219-226, 2009. SANTOS, J.R.; NUNES, M.U.C.; SANTOS, M. C.; SOUZA, I.M.; TAVARES, F.A. Desempenho de cultivares de feijão-vagem de crescimento indeterminado, em cultivo orgânico, na época de verão no litoral sul de Sergipe. Disponível em < www.abhorticultura.com.br/Eventosx/trabalhos/.../A414_T1048_Comp.pdf>, Acesso em 26/07/2013. TRANI, P.E.; RAIJ, B. VAN. Hortaliças. In: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1996. 285p. (IAC. Boletim técnico, 100). 49 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.10. Diagnóstico Participativo da Agricultura Familiar junto ao Projeto de Assentamento Joncon Maurizete da Cruz Silva1, Cleidiane Lindoso Silva2, Jéssica Estrutes Pereira2, Matheus de Souza Oliveira2, Nubia Pacheco Costa2 e Leopoldo Oliveira de Lima3 1 Licenciada em Ciências Agrárias, M.Sc. Produção Animal, Profª EBTT do IFPA- Campus Conceição do Araguaia-PA. email: [email protected] 2 Discente do Curso Subsequente em Técnicas Agropecuárias . Atividade do Projeto Integrador como parte do Estágio Supervisionado. 3 Engº. Agrônomo do Banco da Amazônia – Agência Conceição do Araguaia-PA Resumo: Verifica-se que a agricultura familiar paraense tem características particulares se comparada aos outros estados do centro-sul brasileiro. Necessário se faz entender e conhecer essa realidade e as peculiaridades que envolvem os agricultores familiares do sul do Pará, uma vez que os Projetos de Assentamento devem ser uma proposta desenvolvilmento que integralize uma melhoria na qualidade de vida dos agricultores e seus familiares e não somente a sua subsistência. Esta pesquisa teve como objetivo levantar os aspectos sociais, economicos, culturais e ambientais que envolvem a agricultura familiar dentro do Projeto de Assentamento Joncon através de entrevistas “in loco” junto a 15 familias. Observou que em situações muito adversas ou instáveis, os produtores procuram, sobretudo, garantir a segurança alimentar da família ou minimizar os riscos frente a fortes variações de safra ou de preço. Além disso os agricultores familiares demonstraram algumas insatisfações com relação a atuação da Assistência Técnica e Extensão Rural, podendo ser observado a falta de politicas publicas mais eficazes e que promovam de fato um desenvolvimento sustentavel voltado para a fixação das familias no campo. Palavras–chave: Agricultura Familiar, Diagnóstico, Projeto de Assentamento. Participatory Diagnosis of Family Farming by the Settlement Project Joncon Abstract: It appears that the family farm in Pará has particular characteristics when compared to other states of south-central Brazil. Necessary to understand and know this is reality and the peculiarities involving family farmers in southern Pará, once the Settlement Projects should be a proposal that desenvolvilmento integralize an improved quality of life for farmers and their families and not only their livelihood. This research aimed to raise the social, economic, cultural and environmental factors that involve 50 family farming within the Settlement Project Joncon through interviews "in loco" together with 15 families. Noted that in very adverse or unstable, producers seek primarily to ensure household food security and minimize the risks facing strong variations in crop or price. Besides family farmers showed some dissatisfaction regarding the performance of the Technical Assistance and Rural Extension, can be observed the lack of public policies that promote more effective and indeed a sustainable development focused on fixing the families in the field. Keywords: Family Farming, Diagnosis, Settlement Project. Introdução O município de Conceição do Araguaia posui trinta e três (33) Projetos de Assentamento segundo informações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária-INCRA (2012). Observa-se no entanto, que toda esta quantidade de Projetos de Assentamentos não garantem a região melhores condições de infraestrutura, através de politicas públicas eficientes, especialmente no que diz respeito a estradas, saúde, educação, diversificação de produção, além de não garantir uma ampla comercialização dos produtos provindos da agricultura familiar no comércio local. O que se verifica é que todos esses aspectos apontados têm promovido uma redução da população no campo com o fatidico êxodo rural, ocasionando por sua vez a reconcentração de terras dentro dos Projetos de Assentamento. Para Tedesco (2001) a agricultura camponesa tradicional vem a ser uma das formas sociais de agricultura familiar, uma vez que se funda sobre a relação entre estabelecimento, trabalho e família. Assim, o objetivo da pesquisa foi conhecer a realidade vivenciada pelos agricultores familiares do Projeto de Assentamento Joncon, as relações de trabalho com o sistema produtivo, buscando entender os pontos fortes e fracos que permeiam a relação das famílias com a terra e definem sua permanência (ou não) no lote. Material e Métodos Foi aplicado um questionário previamente estruturado com base no Guia Metodológico de “Analise e Diagnóstico de Sistemas Agrários” elaborado por Garcia Filho em convênio INCRA-FAO (1999). Buscou-se com o questionário entender o contexto no qual os produtores estão trabalhando, quais os potenciais e os limites dos ecossistemas e da infra-estrutura local, quem são os agentes que interferem na produção agropecuária e como eles agem, se os agricultores estão diversificando a produção e mudando suas técnicas em que direção e como estão atuando. A pesquisa foi realizada no Projeto de Assentamento Joncon situado a 54km da sede do município de Conceição do Araguaia, sendo 15 famílias entrevistadas “in loco” no período de setembro a outubro de 2012. Os dados foram tabulados e analisados, utilizando-se a freqüência nas respostas na forma de porcentagem (%). Resultados e Discussão Os dados obtidos com as entrevistas permitiram fazer uma breve caracterização social dos agricultores familiares onde ver-se que: 47%, dos entrevistados já residem no lote por 10 a 20 anos, já 19% há 25 anos e 34% de 26 a 30 anos. Em relação às atividades que os agricultores desenvolviam antes de ir para o projeto de assentamento mostram que 72% já eram agricultores familiares e 28% desenvolviam outras atividades 51 como:motorista escolar, açougueiros e atividades de almoxarifado. Indicaram também que provêm de outros Estados como: Tocantins 13%, Goiás 7%, e Minas Gerais 13%, sendo que 67% são de municípios do estado do Pará. Quanto a distância dos lotes até a sede do município foi observado que a menor distância está entre 50 km a 55 km para 53% das familias. No tocante ao estado de conservação dessas estradas verifica-se que 40% dos entrevistados indicaram não haver acesso nenhum no período das chuvas, já para 33% o acesso se dá apenas na estação seca do ano e apenas 7% tem acesso durante todo ano. Quanto aos aspectos relacionados a infraestrutura sanitária dentro dos lotes, 47% dos agricultores disseram ter fossa séptica, já 53% ainda não fazem uso. Já ao uso de cisterna 80% possuem cisterna e 20% ainda não disponibilizam, sendo que apenas 60% fazem uso de filtro de água. Já para os aspectos relacionados ao sistema de produção observou-se que: à finalidade das criações de bovinos, esta distribuído em corte e leite, a qual 80% são destinados aos bovinos de aptidão leiteira. Sendo o leite produzido, comercializado diretamente aos laticínios dentro do Projeto de Assentamento e para consumo próprio. No que diz respeito as pequenas criações verificou-se que todos os agricultores criam aves, com a finalidade de comercializar e para o consumo da familia. Já em relação ao cultivo de culturas agrícolas verificou-se que 60% têm sua produção voltada para o cultivo do abacaxi, 20% plantam milho, 13% melancia e apenas 7% cultivam mandioca. Quanto aos aspectos institucionais e organizacionais do Projeto de Assentamento Joncon 26% dos agricultores familiares indicaram participar de Associação, 21% em Partidos Políticos, 21% em Grupo de Mulheres, 17% participam do Sindicato de Trabalhdores Rurais (STR), 11% em Igrejas, 4% em de troca de diárias e multirões. Durante as entrevistas os agricultores indicaram que a participação na Associação e STR se dá para garantir o acesso a benefícios como: aposentadorias e financiamentos de crédito rural (PRONAF-A). Com relação ao uso de agrotóxicos 87% fazem uso tanto para combater as ervas daninhas, insetos e fungos como também na cultura do abacaxi. Quanto aos locais de armazenagem 53% não têm um lugar para colocar as embalagens de agrotóxicos e 47% colocam em paios. Um fator preocupante esta no uso de equipamentos individuais de proteção (EPI) onde os agricultores indicaram não fazerem uso dos mesmos justificando desconforto durante o trabalho de aplicação pelo excesso de calor. Outro aspecto relatado está na ausência de um acompanhamento direto e frequente por parte das Empresas de Assitência Técnica e Extensão Rural, o qual segundo os entrevistados poderiam contribuir na correção de manejos inadequados junto aos sistemas de produção. Também foram abordados questões relativas à cobertura vegetal, verificando-se que as áreas estão divididas em mata com 40%, capoeira 40% e pasto 20%. Outro fator importante é a condição da presença de água nos lotes, os quais consistem de 73% de fontes temporárias e apenas 27% representadas pela formação de represas as quais tendem a secar no periodo de estiagem. Em situações muito adversas ou instáveis, os produtores procuram, sobretudo, garantir a segurança alimentar da família ou minimizar os riscos frente a fortes variações de safra ou de preço. Conclusões Durante as entrevistas os agricultores familiares demonstraram algumas insatisfações com relação a atuação da Assistência Técnica e Extensão Rural. Apontaram a necessidade de reuniões, palestras, dias de campo, que promovessem a implementação de técnicas e tecnologias aplicavéis a realidade local e que promovessem a otimização dos recursos disponíveis. Convém aprofundar o diagnóstico e realizar uma análise mais detalhada, relacionando as condições ambientais e sócioeconômicas e a pespectiva de evolução de cada tipo de agricultor familiar com os 52 diferentes sistemas de produção adotados por ele. Portanto, o diagnóstico participativo serviu de grande valia para a futura atuação profissional dos Técnicos em Agropecuária, no sentido de entender a realidade e as reais necessidades dos agricultores familiares. Literatura citada GARCIA FILHO, D. P. Análise e diagnóstico de sistemas agrários – Guia Metodológico. INCRA/FAO, 1999, 65 p. TEDESCO, J.C. Agricultura familiar: realidades e perspectivas. Universidade de Passo Fundo. Faculdade de Economia e Administração – Centro Regional de Economia e Administração, 2001. Pesquisado em: http://www.itpac.br/site/revista/index.html acessado em 05 de março de 2013. 53 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 1.11. Agricultores Familiares da localidade do Caramandú em Sumidouro – RJ – uma perspectiva preliminar da Percepção Ambiental e Agroecológica Leandro Barros de Oliveira¹, Anderson dos Santos Portugal² 1. Extensionista Rural (EMATER-RIO); Graduando em Ciências Biológicas UFRJ/ CECIERJ. 2. Doutorando em Biologia Vegetal UERJ/IBRAG; Tutor Presencial polo Nova Friburgo CEDERJ/ CECIERJ. Resumo: O presente estudo consistiu na Análise Preliminar da Percepção Ambiental e Agroecológica dos Agricultores Familiares da Localidade do Caramandú em Sumidouro – RJ. Esta região concentra cerca de 60 famílias que vivem da atividade rural praticando o cultivo de hortaliças de forma convencional, através do uso intensivo do solo, alto consumo de água, adubos químicos e agrotóxicos. Pensando nos novos rumos preconizados pelas recentes políticas públicas voltadas para a preservação ambiental e para a agroecologia, surgiu o interesse em entender como os agricultores da localidade do Caramandú em Sumidouro percebem as relações entre a agricultura e o ambiente. Para isso foram aplicados 10 questionários semi-estruturados em 10 famílias sorteadas ao acaso do total das 60 famílias. O questionário aborda as seguintes questões: análise do perfil do agricultor; acesso à informação sobre tecnologia agrícola; análise de percepção ambiental; aplicação da agroecologia e da preservação ambiental. De acordo com a análise dos resultados preliminares percebeu-se que a maior parte dos entrevistados não está ciente do potencial agressor da agricultura convencional ou ignoram os riscos por receio de prejuízos econômicos. Palavras–chave: agroecologia, agricultura familiar, percepção ambiental, sumidouro Family Farmers of Caramandú in Sumidouro-RJ - a preliminary perspective of the Environmental and Agroecological Perception Abstract: The present study was a Preliminary Analysis of the Agroecological and environmental perception of family farmers of Caramandú in Sumidouro-RJ, which concentrates about 60 families living of rural activity by practicing farming conventionally, through the intensive use of land, high consumption of water, chemical fertilizers and pesticides. New directions advocated by the recent public policy aimed at environmental preservation and for the Agroecology, arose the interest in understanding how family farmers in Caramandú, perceive relations between agriculture and the 54 environment. Semi-structured questionnaires were applied in 10 families drawn at random from the total of 60 families. The questionnaire had questions that sought to raise the following data: analysis of the profile of the farmer; access to information on agricultural technology; analysis of environmental perception; and application of agroecology and environmental preservation. According to the preliminary analysis of the results it was noticed that many farmers of Caramandú are not aware of the potential aggressor from conventional agriculture or ignore the risks for fear of economic losses. Keywords: agroecology, family agriculture, environmental perception, sumidouro Introdução A agricultura familiar no Brasil é responsável por 60% da produção dos alimentos da dieta básica de toda a população (SOUSA, 2006). Segundo dados da EMBRAPA, 2004, este segmento tem um papel crucial na economia das pequenas cidades, pois 4.928 municípios têm menos de 50 mil habitantes e destes, mais de quatro mil têm menos de 20 mil habitantes. Estes produtores e seus familiares são responsáveis por inúmeros empregos no campo, no comércio e nos serviços prestados nas pequenas cidades (PORTUGAL, 2004). Sumidouro é um desses municípios em que a economia está essencialmente baseada na agricultura familiar. Localizado na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, possui cerca de 14.900 habitantes, sendo que 63,5% deste total residem na zona rural e tem a agricultura como principal fonte de renda familiar (IBGE, 2010). No município são produzidos diversos tipos de produtos oriundos da atividade rural como hortaliças, frutas, leite e mel. As propriedades são pequenas, com média de 3ha, e a mão de obra é predominantemente familiar (EMATER-RIO, 2012). Na microbacia hidrográfica de Campinas, localizada no 2º distrito de Sumidouro há uma localidade chamada Caramandú que possuí cerca de 60 famílias vivendo da atividade rural. O uso indiscriminado de agrotóxicos, o desperdício de água, o plantio de morro a baixo, a não utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI), as queimadas e o constante revolvimento do solo, são algumas das práticas comuns da região (dados EMATER-RIO, 2013). Esta realidade é bastante preocupante em vista do crescimento dos impactos ambientais nos últimos anos. Devido a isso, percebe-se a necessidade de realizar uma investigação com o objetivo de entender como os olericultores da localidade do Caramandú em Sumidouro percebem as relações entre a agricultura e o ambiente. Material e Métodos A metodologia utilizada consistiu na aplicação de um questionário semiestruturado que foi a base para a pesquisa qualitativa. Foram sorteadas ao acaso 10 famílias dentre as 60 que compõem a localidade do Caramandú, pertencente ao 2º distrito de Sumidouro-RJ. Os questionários foram aplicados individualmente de forma oral através de visitas as propriedades de cada informante. O questionário possuía perguntas que buscam levantar os seguintes dados: análise do perfil do agricultor; acesso à informação sobre tecnologia agrícola; análise de percepção ambiental; e aplicação da agroecologia e da preservação ambiental. Resultados e Discussão De acordo com a análise dos resultados preliminares, percebeu-se que 60% dos entrevistados já participaram de eventos de capacitação em boas práticas agrícolas, porém 70% deste total alegou que as entidades organizadoras eram empresas 55 fabricadoras de agrotóxicos e lojas de insumos agrícolas. Apenas 20% dos entrevistados disseram já ter participado de capacitações relacionadas à agroecologia e todos concordaram parcialmente com as informações apresentadas. Sobre o grau de escolaridade, 70% dos produtores entrevistados cursaram somente o primeiro segmento do ensino fundamental, 20% nunca frequentaram a escola e apenas 10% possuía o ensino médio completo. O baixo nível de escolaridade também é um indicador que gera preocupação, uma vez que a educação formal também poderia contribuir de forma eficiente para uma educação voltada à sustentabilidade no campo. Quando questionados sobre qual relação estes agricultores tinham sobre as plantas, 40% dos entrevistados perceberam-nas como seres vivos, enquanto 20% consideraram os vegetais como objeto de uso restrito para fonte de renda e sustento familiar, o que reflete um olhar prejudicial sobre o manejo da biodiversidade. Outro dado que merece destaque, refere-se que todos os entrevistados não utilizam o equipamento individual de proteção (EPI) adequadamente e não devolvem periodicamente as embalagens de agrotóxicos. No entanto, quanto questionados no quesito “como você ajuda o meio ambiente”, 50% dos entrevistados se julgaram ótimos ou bons, mesmo tendo relatado o desenvolvimento de práticas que contrariam esta afirmação. Sobre a aplicação da agroecologia, 60 % dos entrevistados alegaram receio em arriscar uma transição agroecológica devido ao risco de possível prejuízo econômico. No Caramandú, ao analisarmos as respostas de uma forma integrada, percebemos que em 90% dos questionários aplicados não houve uma compreensão holística da importância da preservação ambiental e da agricultura sustentável. Comparando estes dados preliminares com os resultados de BELLAVER, 2001, notamos que no Oeste de Santa Catarina houve uma maior aceitação destes agricultores da importância da sustentabilidade no campo. Conclusões Apesar de a análise ser preliminar, podemos inferir que há uma forte pressão exercida pelo comércio de insumos agrícolas na região que esta promovendo uma difusão de tecnologia de forma tendenciosa. Estes dados apontam que alguns agricultores da localidade do Caramandú não estão cientes do potencial agressor da agricultura convencional ou ignoram os riscos por receio de prejuízos econômicos e que suas práticas e percepções, se distanciam da preservação ambiental e da agricultura sustentável. Agradecimentos Agradecemos aos Agricultores Familiares da localidade do Caramandú em Sumidouro-RJ que gentilmente cederam um pouco do seu tempo para responder o questionário com muita boa vontade e sinceridade, e a equipe do escritório local da EMATER-RIO de Sumidouro pelo apoio técnico. Literatura citada BELLAVER, Isabel Helena Heck. Percepção do conhecimento sobre sustentabilidade ambiental entre técnicos agrícolas e produtores rurais na região Oeste do Estado de Santa Catarina. 79p. Dissertação.Mestrado em Tecnologia, área de concentração: inovação Tecnológica, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Curitiba, 2001. 56 DANTAS,Thaís da Silva. Desafios da agricultura familiar camponesa e estratégias de resistência territorial na Comunidade São Pedro de Cima. 103p. Monografia. Curso de Geografia do Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas. Universidade Federal de Juiz de Fora, 2011. EMATER-RIO, Empresa de Assistência técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de Janeiro . Relatório Anual de Atividades 2012, Equipe do escritório local de Sumidouro. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sinopse do Senso Demográfico 2010. Disponível em: <http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=29&uf=33> acesso em 20 de março de 2013. PORTUGAL, Alberto Duque. O Desafio da Agricultura familiar. Revista Agroanalysis, março de 2004. RIBEIRO, Marina Pires; MENDONÇA, Marcelo Rodrigues; RODRIGUES, Gisele Silva. Agricultura camponesa e agroecologia: relato de Experiência da feira e festa de sementes, mudas e raças crioulas em defesa da biodiversidade. Anais do XXI Encontro de Geografia Agrária – Uberlândia, Outubro de 2012. SOUSA, Ivan Sergio Freire de et al. Agricultura familiar na dinâmica da pesquisa agropecuária. 20p. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Embrapa Informação Tecnológica Brasília, DF 2006. 57 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 1.12. Dinâmica e perspectivas do extrativismo no Povoado Jatobá/SE1 Irinéia Rosa do Nascimento2, Danniele Gomes Santos3, Agda Maria Bezerra dos Santos4 1 Trabalho de Iniciação Científica, financiado pela FAPITEC- SE/IFS. Professora do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFS- Campus São Cristóvão. 3 Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFS- Campus São Cristóvão . 4 Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFS- Campus São Cristóvão. 2 Resumo: No Povoado Jatobá localizado no Município Barra dos Coqueiros/SE as atividades extrativistas são tradicionalmente responsáveis pela geração de renda e sustento familiar. Atualmente, observa-se na região um incremento das ações antrópicas comprometendo a realização das práticas extrativistas no povoado. Objetivou-se com o presente trabalho estudar as dinâmica e perspectivas do extrativismo no Jatobá. Os dados foram levantados através de entrevistas semi-estruturadas e mapeamento participativo. A cata da mangaba, o extrativismo no mangue e a pesca artesanal estão sendo realizadas em áreas cada vez mais limitadas, Palavras–chave: extrativismo, comunidades tradicionais, desenvolvimento sustentável. Introdução O Povoado Jatobá encontra-se localizado na área rural do município Barra dos Coqueiros, litoral Norte do Estado de Sergipe. Em decorrência das condições edafoclimáticas, a região foi ocupada por comunidades que, secularmente, fazem uso dos recursos naturais para obtenção de renda e do sustento familiar. Santos (2007) destaca a importância do extrativismo vegetal, representado pela cata da mangaba, como a principal atividade econômica das famílias catadoras do município Barra dos Coqueiros, representando 63% da renda familiar. Além da importância econômica, o extrativismo local está intimamente relacionado com a conservação da biodiversidade. De acordo com Mota e Pereira (2008) em Sergipe, apesar de ser um estado de pequena dimensão territorial, ainda tem uma rica biodiversidade mantida por formas de manejo postos em práticas pelas populações que mantêm uma relação de intimidade com os recursos naturais, notadamente, na zona litorânea, em áreas remanescentes de restinga, várzeas, matas e manguezais. 58 Além do extrativismo vegetal, a pesca artesanal e a cata de mariscos e caranguejos no manguezal eram desenvolvidas rotineiramente pela comunidade local. Até meados da década de 80, a abundância de peixes (atum e cavala) e de crustáceos garantia a renda das famílias dos pescadores que viviam na região. Nas ultimas décadas, com a valorização comercial da mangaba e o aumento da especulação imobiliária na região, as atividades extrativistas encontra-se restrita a áreas cada vez menores. Mota e Silva Júnior (2003) salientaram que, a ocupação desordenada da região vem acarretando uma grande redução das áreas nativas de mangabeiras, em função, sobretudo do aumento da exploração com monoculturas, especulação imobiliária e infraestrutura turística devido à beleza cênica dessas áreas. As áreas de manguezal e de pesca vêm sofrendo o mesmo impacto das ações antrópicas na região. Isso reflete diretamente no modo de vida da comunidade do Jatobá, onde poderá ocorrer a expulsão da população tradicional e, fatalmente, a perda de saberes importantes sobre formas de convivência no ecossistema e a manutenção da biodiversidade na região. Dentro do contexto de desenvolvimento sustentável, as relações estabelecidas entre comunidades tradicionais e recursos naturais, indicam alternativas de preservação de ecossistemas e biodiversidade. Objetivou-se com o presente trabalho estudar a dinâmica e as perspectivas das atividades extrativistas desenvolvidas no Povoado Jatobá Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido no Povoado Jatobá, durante o período de junho a novembro de 2012. Foram realizadas visitas quinzenais à comunidade para conhecimento da realidade local e aplicação da metodologia. Para o levantamento de dados foram utilizadas metodologias participativas como entrevistas semi-estruturadas e mapeamento participativo, além da observação dos pesquisadores. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas segundo Verdejo (2006) e ocorreram durante visitas à comunidade, de acordo com a disponibilidade dos participantes, ou seja, as catadoras de mangabas e os pescadores. Foram marcados encontros individuais, facilitando a criação de um ambiente aberto de diálogo e de expressão. As entrevistas foram guiadas por 10 perguntas-chave sobre a história da comunidade, aspectos ambientais, social e econômico do povoado. O mapeamento participativo foi construído através de informações obtidos de 6 (seis) participantes e teve como tema principal as áreas de extrativismo. A atividade ocorreu entre 2 a 3 horas. Foi utilizado papel grande, lápis e pinceis para o traçado do esboço. Ainda, durante a atividade as seis catadoras de mangaba participantes da metodologia foram dando informações sobre o acesso e a importância para a cata de mangaba, da pesca e da extração de mariscos. 59 Resultados e Discussão Através do mapeamento participativo foi possível localizar as áreas utilizadas pela comunidade nas atividades extrativistas (Figura 1). De acordo com os entrevistados no Povoado Jatobá residiam cerca de 40 famílias vivendo basicamente do extrativismo. As principais atividades desenvolvidas para o sustento familiar por ordem de importância eram o extrativismo vegetal (cata da mangaba), o extrativismo no mangue e a pesca artesanal. Figura 1- Mapeamento participativo do Povoado Jatobá/SE. O extrativismo vegetal era realizado em uma área de restinga com cerca de 300m2 onde a mangaba ocorria naturalmente. A área de exploração encontrava-se bastante antropizada devido, principalmente, ao crescimento do número de casas no local. Além da mangaba, foram encontradas na área outras espécies vegetais de importância econômica como o caju, murici, cambuí, genipapo bravo, carrasco e angelim. O caju, o murici e o cambuí são utilizados na alimentação humana na forma de doces e geléias e as demais espécies na alimentação de pássaros. A extração da mangaba era feita preferencialmente quando a fruta já madura caia ao chão, denominada na região como “mangaba de queda ou de caída” muito apreciada comercialmente. Ainda ocorria a retirada da fruta do pé quando não está totalmente madura, chamada de “mangaba de arranca”. Os entrevistados relataram que em décadas passadas, as mulheres retiravam a mangaba nos remanescente de mata atlântica e em terras devolutas. A extração da fruta também ocorria em propriedades privadas, onde era estabelecido o sistema de meia, compra da mangaba ou livre cata da fruta. Atualmente, as terras devolutas são restritas, as propriedades particulares estão sendo cercadas ou substituídas por empreendimentos imobiliários familiares. A maioria das mulheres procurou outras ocupações como trabalho doméstico em Aracaju e Barra dos Coqueiros, trabalhos temporários a exemplo 60 da limpeza de camarão para indústrias alimentícias. Foi observado que a limpeza de camarão reproduzia a pratica de trabalho coletivo de mulheres, próprio da cultura local. O manguezal que corta o povoado era utilizado para cata de caranguejo e de mariscos próximo ao rio Pomonga. Atualmente, cerca de 20% dos moradores realizam a cata do caranguejo, principalmente na época de entressafra da mangaba. Os entrevistados afirmaram que o número de caranguejo vem diminuindo a cada dia e que isso se agravou depois da instalação da salinas e de tanques de criação de peixes. Ainda, as áreas de mangue estão sendo contaminado pelo esgotamento das casas feito a céu aberto em direção ao manguezal. A pesca artesanal era realizada por pescadores nativos residentes na localidade de Porto das Cabras, onde o camarão era o principal produto. Os pescadores relataram que o povoamento da praia do Jatobá se deu há quase um século atrás por pescadores descendentes de índios e negros. Nos dias atuais os pescadores que sempre que residiram no local são chamados de nativos do Jatobá. Encontram-se também, pescadores oriundos de outras regiões do estado. Salientaram ainda que, até o ano de 1987 eram os únicos moradores na praia. Não existiam casas de veraneio a beira-mar. A partir de então, a especulação imobiliária vem crescendo, com a construção de casas em quase toda a extensão da praia. Conclusões Os problemas enfrentados pelas catadoras de mangaba e pescadores no desenvolvimento de suas atividades podem ser sumarizados nas baixas condições de vida e, na especulação imobiliária com a consequente destruição de zonas de manguezais e das áreas estuarinas, essenciais ao ciclo de vida de inúmeras espécies. As atividades extrativistas no Povoado Jatobá Agradecimentos À comunidade do Jatobá. Á FAPITEC-SE e CNPq pelo financiamento de bolsas de I.C. Ao IFS. Literatura citada MOTA, D.M.; PEREIRA, E. O. Extrativismo em Sergipe: a vulnerabilidade de um modo de vida? In: RAIZES: Revista de Ciências Sociais e Econômicas / Universidade Federal de Campina Grande, Programa de Pós-Graduação em Sociologia – Vol 27, nº 01. Campina Grande, 2008. MOTA, D. M.; SILVA JÚNIOR., J. F. Populações Tradicionais e Formas de Gestão das Áreas de Ocorrência Natural de Mangabeira. In: RAIZES: Revista de Ciências Sociais e Econômicas / Universidade Federal de Campina Grande, Programa de PósGraduação em Sociologia – Vol 22, nº 02. Campina Grande, 2003. SANTOS (2007) VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo, Um guia prático. Ascar – EmaterRS, 2006. 61 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 1.13. Perfil do Mercado de Plantas Medicinais em Viçosa - MG Cléverson Silva Ferreira Milagres1, Angélica Fátima de Barros2, Maria Regina de Miranda Souza3 1 Bacharel em Gestão do Agronegócio - UFV. 2 Graduanda de Agronomia - UFV, Bolsista da EPAMIG. 3 Pesquisadora da EPAMIG - Unidade Regional da Zona da Mata. Resumo: As plantas medicinais são tradicionalmente utilizadas como remédios nas formas de venda de droga vegetal e medicamentos fitoterápicos, sendo registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O aumento do uso de plantas medicinais vem ocorrendo devido ao consumo, tanto pela população rural, quanto pelos programas oficiais de saúde como a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de ser um mercado promissor, não há investimento suficiente no país, além de uma carência de informação relacionada à demanda e técnica de produção por parte dos produtores. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil do mercado de plantas medicinais em Viçosa. Utilizaram-se questionários semiestruturados para caracterizar as 12 plantas medicinais selecionadas a partir do programa Componente Verde, sua forma de venda, o controle da matéria-prima e o perfil dos consumidores. O mercado está começando a se estruturar, mas é ainda pouco explorado. Tal situação constitui uma oportunidade para que os agricultores possam introduzir a produção de plantas medicinais em suas atividades, em especial as plantas contempladas para fornecimento às farmácias e futuramente em atendimento ao Programa Componente Verde. Palavras–chave: Agricultura Familiar, Agronegócio, Plantas Medicinais, Programa Componente Verde. Market Profile of Medicinal Plants in Viçosa - MG Abstract: Medicinal plants are traditionally used as remedies in the forms of sale of plant drug and herbal medicines, being registered in the National Agency for Sanitary Vigilance (ANVISA). The increased use of medicinal plants has occurred due to consumption, both the rural population, as the official health programs for example the National Policy on Integrative and Complementary (PNPIC) in Unified Health System (SUS). While being a promising market, the investment in the country isn´t sufficient, beside a lack of information related to the demand and technical production by producers. The objective of this study was to characterize the market profile of medicinal plants in Viçosa. It was used questionnaires to characterize the 12 medicinal 62 plants selected from the program Green Component, their way of sale, control of raw material and consumer profile. The market is starting to be structured but is still underexplored. This is an opportunity for farmers can introduce the production of medicinal plants in their activities, especially plants contemplated for providing to pharmacies and future in attendance to the Program Green Component. Keywords: Agribusiness, Family Agriculture, Medicinal Plants, Program Green Component. Introdução As plantas medicinais são tradicionalmente utilizadas como remédios, sendo necessário o conhecimento de suas características para o uso adequado à saúde. Uma das formas apresentadas é a droga vegetal, sendo essa caracterizada pelo uso direto das partes das plantas com princípio ativo desejado, em sacos plásticos. Já os medicamentos fitoterápicos são obtidos pela industrialização das plantas medicinais, permitindo a inovação em saúde e agregação de valor ao produto. Tais procedimentos, impedem contaminações e padronizam a quantidade e a forma de consumo. Ambos os casos, devem ser registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e posteriormente comercializados. (ANVISA, 2002). O aumento do uso de plantas medicinais vem ocorrendo devido ao consumo, tanto pela população rural, quanto pelos programas oficiais de saúde. As ações do governo, nesse sentido, procuram além do fornecimento dos fitoterápicos para a saúde pública, incentivar a produção de plantas medicinais, diversificar a atividade rural, com geração de renda complementar para os agricultores familiares (LOURENZANI et al., 2004; PEREIRA FILHO,2001; MAZZA et al., 1998). Um dos principais instrumentos que direcionam o desenvolvimento de programas na saúde pública é a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Este programa propõe a melhoria ao acesso da população às plantas medicinais e fitoterápicas; a inclusão social e regional; ao desenvolvimento agrícola, industrial e tecnológico; a promoção da segurança alimentar e nutricional; o uso sustentável da biodiversidade brasileira e a valorização/preservação do conhecimento tradicional das comunidades e povos tradicionais (BRASIL, 2009). Correa e Alves (2008) afirmam que o uso de produtos à base de plantas medicinais constituem um mercado promissor, sendo uma forte tendência mundial e, portanto, um negócio atrativo. Apesar disso, o Brasil não tem investido de forma contundente e, segundo Ferreira (1998), há uma carência de informação relacionada à demanda e técnica de produção por parte dos produtores, tornando-os dependentes dos intermediários e reduzindo o lucro. O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil do mercado de plantas medicinais em Viçosa, com o intuito de gerar subsídios para orientar ações de pesquisa e extensão relacionadas com a produção de plantas medicinais. Material e Métodos A análise considerou 12 plantas medicinais, escolhidas a partir do programa Componente Verde da Rede Farmácia de Minas lançado pela Secretaria Estadual da Saúde em Minas Gerais em março de 2010, sendo este um meio de informação estabelecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A escolha das 12 plantas medicinais partiu das seguintes espécies de acordo com o programa “Componente Verde”: Allium sativum L. (alho), Calendula officinalis L. (calêndula), Cordia verbenacea DC. (erva-baleeira) Cynara scolymus L. (alcachofra), 63 Maytenus ilicifolia (Schrad.), Planch. (espinheira-santa), Melissa officinalis L. (melissa), Mentha x piperita L. (hortelã-pimenta), Mentha villosa Huds (hortelãrasteira), Mikania laevigata (guaco), Ocimum gratissimum L. (alfavaca), Passiflora alata Curtis (maracujá-doce), Passiflora edulis Sims (maracujá-azedo), Passiflora incarnata L. (maracujá-silvestre), Plantago major L. (tanchagem) e Stryphnodendron adstringens (Mart.), Coville (barbatimão). Para efeito de sistematização, as plantas medicinais de maracujá e hortelã não foram identificadas por espécies. Foram utilizados questionários semiestruturados para obtenção de informações em sete estabelecimentos farmacêuticos que comercializam plantas medicinais em Viçosa – Minas Gerais – Brasil. Buscou-se identificar o perfil geral do mercado de plantas medicinais, a presença das plantas selecionadas nos estabelecimentos, a forma de apresentação do produto, o controle da matéria-prima, e o espaço que as plantas medicinais ocupam no mercado de Viçosa. . Resultados e Discussão As plantas medicinais foram encontradas nos estabelecimentos como droga vegetal ou medicamento fitoterápico. Uma determinada planta era ofertada de uma forma ou de outra, de forma excludente. Sendo assim o somatório dos estabelecimentos que possuem droga vegetal e medicamentos fitoterápicos representam o total de estabelecimentos entrevistados que comercializam uma determinada planta medicinal no mercado de Viçosa/MG (Tabela 1). Tabela 1 - Formas de venda das plantas medicinais selecionadas para o estudo nos principais estabelecimentos farmacêuticos de Viçosa/MG. Número de Estabelecimentos Plantas Medicinais Medicamento Droga Vegetal Total Fitoterápico Alcachofra 3 4 7 Espinheira-santa 3 3 6 Maracujá 2 4 6 Melissa 3 2 5 Calêndula 3 1 4 Barbatimão 3 0 3 Guaco 3 0 3 Tanchagem 3 0 3 Alfavaca 2 0 2 Erva-baleeira 2 0 2 Hortelã 2 0 2 Alho 1 1 2 A alcachofra foi a única planta encontrada em todos os estabelecimentos, em ambas formas de venda e, assim como o maracujá, apresenta maior frequência na forma de medicamento fitoterápico. Por outro lado, as plantas: barbatimão, guaco, tanchagem, alfavaca, erva-baleeira e hortelã foram encontradas apenas na forma de droga vegetal. A alcachofra, espinheira-santa e maracujá, foram encontradas na maior parte das farmácias de manipulação, nas diferentes formas de venda, o que sugere que possuem uma maior preferência no mercado de Viçosa/MG. Não foi encontrado nos locais entrevistados, como medicamento fitoterápico, as plantas: barbatimão, guaco, tanchagem, alfavaca, erva-baleeira e hortelã. Sendo assim deduz-se que o interesse dos consumidores ou o valor empregado na manipulação determinaram este modelo de venda. 64 Um dos estabelecimentos relatou que as plantas barbatimão e calêndula, classificadas como droga vegetal, também são utilizadas, respectivamente, para formulação de sabonetes e tinturas, por parte dos consumidores. A maior parte dos estabelecimentos não faz o controle de matéria-prima no próprio local, sendo essa responsabilidade atribuída aos fornecedores (Figura 1). Figura 1 - Controle de matéria-prima das plantas medicinais. Com relação ao controle de matéria-prima das plantas medicinais, observou-se que nos lugares onde a venda foi feita na forma de medicamento fitoterápico, ocorreu maior controle por uma equipe especializada. Os comerciantes entrevistados na pesquisa declararam que a maioria de seus clientes são idosos (sete) e adultos (seis). Em contrapartida, o público infantil foi lembrado em apenas três estabelecimentos, enquanto os jovens foram observados por quatro dos entrevistados (Figura 2). Figura 2 - Perfil dos consumidores nos estabelecimentos farmacêuticos entrevistados em Viçosa/MG. Tendo em vista o perfil dos consumidores, notou-se que o maior consumo de plantas medicinais ocorre por parte dos idosos, atribuindo como prováveis fatores, o conhecimento tradicional que estes apresentam em relação aos demais e a preferência deste grupo por produtos naturais. Conclusões O mercado de plantas medicinais em Viçosa é pouco explorado e possui potencial para se estabelecer e melhor atender aos consumidores, visto que há carência de fornecimento de plantas em alguns pontos de venda. Tal situação constitui uma oportunidade para que os agricultores possam introduzir a produção de plantas medicinais em suas atividades, em especial as plantas contempladas no Programa Componente Verde, pois, embora ainda pequeno, há um mercado estruturado, como as farmácias de manipulação. 65 Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas. Literatura citada ANVISA. Medicamentos Fitoterápicos - Informações Gerais. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br/faqdinamica/index.asp?Secao=Usuario&usersecoes=36&use rassunto=135>. Acesso em: 14 de agosto de 2013. BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - Rename, 6ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde). CORREA, C. C.; ALVES, F. A. Plantas medicinais como alternativa de negócios: caracterização e importância. In: XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural, 2008, Rio Branco-AC. Anais... Rio Branco: SOBER, 2008. FERREIRA, S.H. Medicamentos a partir de plantas medicinais no Brasil. Academia Brasileira de Ciências, 1998, 142p. Disponível em: <http://www.abc.org.br/arquivos. html>. Acessado em: 13 ago. 2013. LOURENZANI, AEBS; LOURENZANI, WLL; BATALHA, MO. Barreiras e oportunidades na comercialização de plantas medicinais provenientes da agricultura familiar. Informações Econômicas, v. 34, n. 3, p. 15-25, 2004. 66 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 1.14. Resgate de hortaliças tradicionais em contexto local de Araponga - MG Cléverson Silva Ferreira Milagres1; Iracema Aparecida de Assis Pereira2, Maria Regina de Miranda Souza3, Angélica Fátima de Barros4, Rafael Gustavo Faria Pereira5 1 Bacharel em Gestão do Agronegócio - UFV. 2.Estudante da EFA Puris - Bolsista FAPEMIG / EPAMIG. 3 Pesquisadora da EPAMIG - Unidade Regional da Zona da Mata 4 Graduanda de Agronomia - UFV, Bolsista FAPEMIG / EPAMIG. 5 Graduando de Agronomia - UFV. Resumo: Com a globalização dos mercados, a produção de alimentos para o abastecimento em grande escala, e o uso de variedades melhoradas que se intensificou no Brasil nos anos 70, houve uma intensa redução do consumo de plantas de uso tradicional. Para a maior valorização dessas hortaliças e sua reinserção em maior escala na dieta e na diversificação da produção, é necessário criar estratégias e metodologias apropriadas de intervenção. Os objetivos desse trabalho foram apresentar e analisar o uso e cultivo de hortaliças tradicionais em uma comunidade de agricultores familiares representativa do perfil da região, bem como apresentar a metodologia de alternância como uma estratégia de resgate. Há hortaliças não-convencionais que são mais promissoras, inclusive para comercialização, e outras que são pouco utilizadas O perfil de produção dos agricultores de Araponga sugere que é possível que com um maior incentivo e orientação os agricultores familiares possam vir a otimizar a produção dessas hortaliças na região, a partir de práticas de manejo mais adequadas, possibilitando obter maior produtividade e maior volume de produção, inclusive para a comercialização. A metodologia desenvolvida com os estudantes permitiu avançar em conhecimentos acerca do uso e cultivo de espécies tradicionais. Palavras–chave: Desenvolvimento Local, Pedagogia da Alternância, Plantas NãoConvencionais. Rescue of traditional vegetables in local context of Araponga - MG Abstract: With the globalization of markets, food production for supplies on a large scale, and the use of improved varieties which intensified in Brazil in the 70s, there was a marked decrease in the consumption of plants traditionally used. For a greater appreciation of these vegetables and their reintegration in the diet on a larger scale and diversification of production, it is necessary to create strategies and methodologies appropriate intervention. The aim of the present study was to analyze the use and 67 cultivation of vegetables in a traditional community of farmers representing the profile of the region as well as to present the methodology of alternation as a rescue strategy. There unconventional vegetables that are most promising, including marketing, and others that are seldom used. The production profile of farmers Araponga suggests that it is possible that with a greater incentive and guidance family farmers are likely to optimize the production of vegetables in the region, from the most appropriate management practices, enabling obtain greater productivity and higher volume production, including marketing. The methodology developed to allow students to advance knowledge about the use and cultivation of traditional species. Keywords: Local Development, Non-Conventional Plants, Pedagogy of Alternance. Introdução O padrão de desenvolvimento da agricultura no Brasil nos anos 70 e a crescente globalização privilegiaram a produção de alimentos para o abastecimento em grande escala e ao uso de variedades melhoradas. Esse processo acarretou em uma intensa redução do consumo de plantas de uso tradicional (SOUZA et al., 2009). Dessa forma, grande parte das espécies tradicionais ou não-convencionais é desconhecida da maioria da população, apesar das suas comprovadas propriedades nutritivas (KINUPPI, 2006; BRASIL, 2010). Silva e Pinto (2006) destacaram a importância das hortaliças: taioba, ora-pro-nobis, serralha e mostarda, consumidas pelas populações rurais e urbanas de Diamantina, as quais contribuem para complementar a alimentação e a economia familiar. Para maior valorização das hortaliças tradicionais e sua reinserção na dieta e sistemas de produção familiares, é necessário criar estratégias e metodologias apropriadas de intervenção. Os objetivos deste estudo foram apresentar e analisar o uso e o cultivo de hortaliças tradicionais em uma comunidade de agricultores familiares representativa do perfil da região, bem como apresentar uma metodologia associada á pedagogia da alternância das Escolas Famílias Agrícolas, utilizada como estratégia de envolvimento dos estudantes para o resgate de espécies tradicionais locais. Material e Métodos O levantamento foi realizado por um grupo de estudantes da Escola Família Agrícola (EFA) Puris localizada em Araponga, MG, e uma equipe técnica da EPAMIG da Zona da Mata, por meio de entrevista semiestruturada e listagem livre com os agricultores familiares e com o envolvimento de estudantes do Ensino Médio Profissionalizante da EFA. O sistema de alternância é um método próprio das Escolas Famílias Agrícolas, pelo qual, em seu processo de formação, os estudantes permanecem quinze dias na Escola e quinze dias em suas casas, onde aplicam os conhecimentos adquiridos na Escola e problematizam a sua realidade, para comporem um plano de estudo ainda mais contextualizado. Os trabalhos de pesquisa e extensão existentes sobre as hortaliças tradicionais foram previamente apresentados aos estudantes, para discussão e elaboração de estratégias de ação. Foram escolhidos, entre os entrevistados membros das famílias, aqueles que moram no entorno da EFA Puris, Comunidade de São Joaquim, em Araponga, MG, e as visitas e entrevistas foram feitas nas propriedades rurais ali localizadas, totalizando oito propriedades. 68 Resultados e Discussão Além do café, feijão, milho e cana-de-açúcar, muitos agricultores familiares de Araponga cultivam hortas em seus quintais, para consumo próprio ou mesmo para a comercialização do excedente. Das hortaliças não-convencionais apenas um dos agricultores apresentou produção para comercialização. As hortaliças mais produzidas foram: ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Mill. – Cactaceae), serralha (Sonchus oleraceus L. Asteraceae), taioba (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott-Araceae) e capiçoba (Erechtites valerianifolius DC. Asteraceae). Dentre as hortaliças convencionais se fazem presentes: o alface, a couve, a cebolinha e a salsa, o espinafre, a cebola, o agrião e o chuchu, este último citado como produto vendido para escolas locais, em atendimento ao Programa Nacional de Alimentação Escolar. As hortaliças menos produzidas foram o tomatinho, caruru (Amaranthus spp. Amarantaceae), picão (Bidens pilosa L.) e beldroega (Portulaca oleracea L. Portulacaceae). Também são produzidas mostarda, alface-roxa, agrião e almeirão. As hortaliças tradicionais comercializadas são: taioba, ora-pro-nobis, serralha, capiçoba e mostarda. Dentre estas a taioba é a mais vendida (Tabela 1). Tabela 1 - Caracterização das espécies tradicionais na Comunidade de São Joaquim - Araponga, MG Hortaliça Forma de produção Finalidade No de propriedades Ora-pro-nobis Serralha Taioba Capiçoba Mostarda Almeirão Agrião Alface roxa Beldroega Caruru Inhame Picão Tomatinho Plantio Planta/Natural Plantio Natural Natural Plantio Plantio Comercialização Comercialização Comercialização Comercialização Comercialização 7 7 5 3 3 2 1 1 1 1 1 1 1 Plantio Natural Natural Plantio Natural Plantio Consumo Consumo Consumo Consumo Consumo Consumo Consumo Consumo As hortaliças tradicionais em sua grande maioria apresentam produção durante todo o ano, enquanto a taioba, segundo alguns agricultores, oferece um maior rendimento durante períodos de chuva, pois é uma cultura que exige grande umidade. Apenas a taioba, o ora-pro-nobis, a capiçoba, a serralha, o tomatinho e o inhame são efetivamente plantados na propriedade, enquanto as demais hortaliças nascem de forma natural nos canteiros. Aqueles agricultores que cultivam as hortaliças de forma intencional, buscam obter, com isso, uma maior produtividade (Tabela 1). De forma semelhante, as hortaliças cultivadas em um maior número de propriedades são aquelas que se tornam disponíveis em maior quantidade para a comercialização. Observou-se que o ora-pro-nobis, a taioba, a serralha e a capiçoba são as mais propícias ao cultivo e passíveis de comercialização (Tabela 1). Considerando o perfil de agricultores familiares para a produção diversificada, é possível que um maior incentivo e orientação possam despertar mais interesse para o cultivo planejado dessas hortaliças na região, possibilitar uma maior produtividade e maior volume de produção, inclusive uma maior comercialização. Estudos e ações que estimulem e orientem a produção nesse sentido são necessários. 69 Conclusões A metodologia desenvolvida com os estudantes permitiu avançar em conhecimentos acerca do uso e do cultivo de espécies tradicionais, os quais parecem ser de interesse mediano pelos agricultores familiares. Há hortaliças preferenciais que são voltadas para comercialização, e outras, que são pouco utilizadas. As escolas podem tornar-se um mercado interessante para a comercialização das hortaliças nãoconvencionais, contribuindo para o incentivo à sua produção pelos agricultores locais. Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas. Literatura citada BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de hortaliças não-convencionais/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Brasília/MAPA/ACS. 2010. 92 p.. KINUPP, V. F. Plantas alimentícias alternativas no Brasil: uma fonte complementar de alimento e renda. Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 333336, 2006. SILVA, M.C.; PINTO, N.A.V.D. Teores de nutrientes nas folhas de taioba, ora-pronobis, serralha e mostarda coletadas no município de Diamantina. Fundação Educacional Científica e Tecnológica, Diamantina, MG. Anais... Diamantina: UFVJM, 2006. 124p. [Anais... Simpósio, 8., 2006, Diamantina]. SOUZA, M.R. de M. et al. Potencial do ora-pro-nobis na diversificação da produção agrícola familiar. Revista Brasileira de Agroecologia, v.4, n.2, p.3550-3554, 2009. 70 2. Agroecologia 71 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.1. Influência de sistemas de adubação verde e épocas de colheita na qualidade dos frutos de berinjela orgânica André Angelo Bellon1, Jacimar Luis de Souza2, Rogério Carvalho Guarçoni3 1 Biomédico, Assist. de laboratório do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist. Técnica e Extensão Rural. Engº Agrº, Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist. Técnica e Extensão Rural. 3 Engº Agrº, Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist. Técnica e Extensão Rural. 2 Resumo: Este trabalho objetivou avaliar o efeito de três sistemas de adubação verde no cultivo orgânico de berinjela, em quatro épocas de colheita, sobre a qualidade dos frutos. Os tratamentos foram: 1) Cultivo convencional (testemunha); 2) Adubação verde com leguminosa; 3) Adubação verde com gramínea; 4) Adubação verde com consórcio gramínea + leguminosa. O experimento em pós-colheita foi realizado em quatro épocas, aos 135, 150, 155 e 160 dias após o semeio, visando acompanhar a qualidade dos frutos no tempo. Verificou-se que o adubação verde de berinjela orgânica não altera a umidade e o teor de cinzas dos frutos, mas todos os tratamentos proporcionaram menor umidade e maior teor de cinza por 100g em relação aos valores de referência da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Berinjelas cultivadas sobre palhas de leguminosas apresentaram frutos com maior teor de sólidos solúveis totais. A adubação verde de berinjela orgânica não altera o pH dos frutos, mas observou-se um aumento deste nas colheitas mais tardias. Palavras–chave: Solanum melongena, agricultura orgânica, qualidade de alimento Influence of green manure systems and harvest time on fruit quality of organic eggplant Abstract: This study aimed to evaluate the effect of three systems of green manure in organic cultivation of eggplant in four harvest seasons on fruit quality. The treatments were: 1) Conventional cultivation; 2) Green manure with leguminous, 3) Green manure with grass; 4) Green manure with grass + leguminous intercropping. The experiment in post-harvest was realized in four different periods, 135, 150, 155 and 160 days after sowing, to monitor the quality of fruit in time. The green manure organic eggplant does not alter the moisture and ash content of the fruit, but all treatments showed lower moisture content and higher ash content per 100g compared to the reference values of the Brazilian Table of Food Composition. Eggplants grown on leguminous straws showed fruits with higher content of soluble solids. The green manure organic eggplant does not alter the pH of the fruit, but there was such an increase in the later harvests. Keywords: Solanum melongena, organic agriculture, food quality Introdução 72 A berinjela (Solanum melongena L) tem importância nutricional destacada, sendo um alimento rico em minerais e vitaminas, possuindo também compostos fenólicos, flavonóides e glicoalcalóides (Santos et al., 2002). A produção orgânica de berinjela pode ser uma alternativa importante para melhorar a qualidade destes alimentos (Souza & Resende, 2006). Um estudo de revisão realizado por Sousa et al. (2012) demonstrou que, embora os alimentos orgânicos se destaquem frente aos convencionais por sua baixa toxicidade, maior durabilidade e maior teor de alguns nutrientes em alguns produtos, há a necessidade de mais estudos comparativos, visando comprovar essa superioridade e determinar se existem vantagens em termos de valor nutricional para que algumas controvérsias existentes na bibliografia se dissolvam. As práticas agronômicas, o manejo cultural e do solo podem interferir na qualidade dos frutos da berinjela. Isto foi demonstrado por Gutierrez et. al. (1976), ao verificarem que a densidade de plantas exerce influência, aumentando o teor de massa seca dos frutos em áreas de plantios mais densos. Por outro lado, não foram observadas diferenças significativas nos teores de sólidos solúveis e ácido ascórbico. Não foram encontrados estudos na literatura científica, que avaliassem a contribuição da adubação verde sobre a composição de frutos de berinjela. Por este motivo, objetivou-se com este trabalho, avaliar o efeito de três sistemas de adubação verde no cultivo orgânico, em quatro épocas de colheita, sobre a qualidade dos frutos de berinjela. Material e Métodos O experimento foi conduzido em campo na Unidade de Referência em Agroecologia e nos laboratórios de Pós-Colheita e Fisiologia Vegetal do INCAPER, localizados no município de Domingos Martins-ES, a uma altitude de 950 m. As plantas de berinjela, híbrido Ciça, foram cultivadas sob normas técnicas de agricultura orgânica. Todos os tratamentos receberam adubação de plantio com composto orgânico, por ocasião da implantação da cultura da berinjela. A aplicação do adubo orgânico foi realizada nas covas de plantio, na dose equivalente a 15 t ha -1 (peso seco), com a seguinte composição média, contida na Tabela 1. Tabela 1 - Composição média dos compostos orgânicos usados nas adubações. Domingos Martins, INCAPER 2013 M.O. Produto Composto C/N (dag kg-1) 48 13/1 Macronutrientes (dag kg -1) pH 7,4 N P K Ca 2,00 1,20 1,50 6,0 Micronutrientes (mg kg-1) Mg 0,6 Cu Zn Fe Mn B 50 223 16.064 804 36 Os tratamentos estudados foram: 1) Cultivo convencional, com aração do solo com motocultivador; 2) Adubação verde com leguminosa (tremoço branco); 3) Plantio Adubação verde com gramínea (aveia preta); 4) Adubação verde com consórcio gramínea + leguminosa (aveia X tremoço). O experimento em pós-colheita foi realizado em quatro épocas, aos 135, 150, 155 e 160 dias após o semeio, visando acompanhar a qualidade dos frutos no tempo. O semeio da berinjela foi realizado em 08/01/2013 e o transplantio em 07/02/2013. As colheitas se iniciaram em 24/04/2013, aos 106 dias. O experimento de campo foi conduzido no delineamento em blocos casualizados, com seis repetições, no 73 esquema de parcelas subdivididas, relativas às quatro épocas de colheita avaliadas. Foram utilizados frutos de tamanho comercial (maiores que 10 cm), sem defeitos ou irregularidades na casca, sendo cada amostra composta por 2 frutos por parcela. Os frutos foram levados ao laboratório de pós-colheita e após higienização, encaminhados ao laboratório de Fisiologia Vegetal, para análise físico-química. Os parâmetros avaliados foram: teor de umidade (%); grau brix (%); potencial hidrogeniônico - pH e teor de cinzas (%). As metodologias analíticas utilizadas são as descritas em Métodos Físico-químicos para Análise de Alimentos, do Instituto Adolfo Lutz (2008). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias dos dados qualitativos comparadas pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade e para os dados quantitativos no tempo foram feitas análises de regressão. Resultados e Discussão Os frutos colhidos em sistemas de adubação verde, comparados à testemunha, não apresentaram diferença significativa nos teores de umidade e cinza, revelando que a adubação verde não interfere nestes parâmetros (Tabela 2). Por outro lado, numa análise comparativa com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, as berinjelas orgânicas, em todos os tratamentos, apresentaram menor umidade e maior teor de cinza, em relação aos valores de referência de 93,8 % e 0,4 g/100g da TACO (2011), respectivamente. Tabela 2 – Teor de umidade e conteúdo de cinza de berinjelas orgânicas em função de sistemas de adubação verde. Domingos Martins, INCAPER, 20131 Trat Umidade Cinza/100g (%) (g) Testemunha 91,5 a 0,56 a Gramínea 91,5 a 0,51 a Leguminosa 90,5 a 0,57 a Gramínea + Leguminosa 91,1 a 0,54 a Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade. Nas primeiras colheitas não foram observadas diferenças no teor de sólidos solúveis totais entre os tratamentos. Entretanto, na última época as berinjelas orgânicas cultivadas sobre palhas de leguminosas, tanto solteira quanto consorciada, apresentaram maiores valores de º Brix, que podem ser devido ao fornecimento de nitrogênio para as plantas, advindas da fixação biológica. Além disso, o tratamento com leguminosa solteira proporcionou frutos com maiores teores de º Brix, em todas as épocas, à exceção da colheita aos 150 dias (Tabela 3). Não foram observadas relações funcionais significativas entre º Brix e épocas de colheita, para todos os tratamentos. O pH dos frutos de berinjela apresentou relação funcional significativa, a 5% de probabilidade, aumentando com a época de colheita tardia, para os tratamentos com adubação verde nos pré-cultivos solteiros de gramínea e leguminosa, ajustando-se aos modelos quadrático e linear, respectivamente (Figura 1). Não foi observada relação funcional significativa entre pH e época de colheita nos tratamentos testemunha e consórcio de gramínea + leguminosa, apesar de revelarem também tendência de elevação de pH com as épocas mais tardias. Tabela 3 – Sólidos Solúveis Totais (º Brix) dos sistemas de plantio em cada época de colheita. Domingos Martins, INCAPER, 2013 74 º Brix 1 Épocas (Dias) Testemunha Gramínea Leguminosa Gram. + Legum. 135 6,12 A 5,73 A 6,30 A 5,55 A 150 6,05 A 6,03 A 5,93 A 5,70 A 155 5,57 A 5,53 A 6,27 A 5,55 A 160 5,20 B 5,75 AB 6,42 A 6,17 A 1 Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade. Figura 1 – Evolução do pH dos frutos de berinjela orgânica em função da época de colheita nos tratamentos com pré-cultivo de gramínea (esquerda) e leguminosa (direita). * = significativo a 5% pelo teste F. Domingos Martins, INCAPER, 2013. Conclusões A adubação verde em pré-cultivo para a berinjela orgânica não altera a umidade e o teor de cinzas nos frutos, mas todos os tratamentos proporcionaram menor umidade e maior teor de cinza por 100g em relação aos valores de referência da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Berinjelas cultivadas sobre palhas de leguminosas apresentam frutos com maior teor de sólidos solúveis totais. A adubação verde de berinjela orgânica não altera o pH dos frutos, mas há uma elevação deste nas colheitas mais tardias. Literatura citada GUTIERREZ, L.E.; MINAMI, K.; CAMARGO, T.P.; MANTOVANI, W. Efeito da densidade de população sobre os teores de ácido ascórbico e carboidratos solúveis de berinjela (Solanum melongena). Anais... E.S.A. “Luiz de Queirós”, v.33, p.259-265, 1976. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ª ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020 p. SANTOS, K.A.; KARAM, L.M.; FREITAS, R.J.S.; STERTS, S.C. Composição química da berinjela. Boletim CEPPA, v.20, p.247-256, 2007. SOUSA, A. A. de; AZEVEDO, E. de; LIMA, E. E. de; SILVA, A. P. F. da. Alimentos orgânicos e saúde humana: estudo sobre as controvérsias. Revista Panamericana Salud Publica, v.31, p. 513-517, 2012. SOUZA, J. L. de; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. Viçosa: Aprenda Fácil, 2 ed., 2006. 843p. il. TACO - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. 4. ed., rev. e ampl. Campinas: NEPA UNICAMP, 2011. 161p. 75 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.2. Resposta do solo a adubação orgânica com composto orgânico e crotalaria juncea em cultivo de café1 Mateus Cupertino Rodrigues2, Wander Douglas Pereira3, Luisa Bastos Rodrigues4, João Batista Silva Araújo 5, Ricardo Henrique Silva Santos6 1 Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq. 2 Estudante de pós-graduação. Bolsista CNPq –Universidade Federal de Viçosa- DFT – [email protected] 3 Estudante de pós-graduação. Bolsista Capes- Universidade Federal de Viçosa- DFT- [email protected] 4 Eng. Agrônoma – [email protected] 5 Pesquisador da Incaper– [email protected] 6 Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa – [email protected] Resumo: A reciclagem de matéria orgânica através da compostagem e a adubação verde com leguminosas são práticas recomendadas em sistemas de base Agroecológica. No entanto há uma carência de informações para a recomendação de doses dos adubos orgânicos e a associação destes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação com composto orgânico com e sem Crotalaria juncea sobre as características químicas do solo. As doses de composto foram proporcionais a 25%, 50%, 75% e 100% da dose de N recomendada para cafeeiros. Foram retiradas quatro amostras simples de solo por parcela, na projeção da copa dos cafeeiros, e logo após misturou-se o material para formação de uma amostra composta. As amostras foram enviadas ao laboratório para análise de rotina. Os dados foram submetidos à análise estatística com base no programa Sisvar 5.1. Concluiu-se que o composto melhorou as características químicas do solo de cafezais com o incremento de doses aplicadas. O fornecimento de Crotalária juncea diminuiu o teor de H+Al e o aumento das doses de composto promoveu a elevação linear do pH e dos teores de P, K, Ca, Mg, Soma de bases, CTC efetiva, saturação de bases e matéria orgânica, e redução da acidez potencial (H+Al). Palavras-chave: Adubo verde, compostagem, Crotalaria juncea 76 Soil response to organic fertilization with organic compound and crotalaria juncea in coffee cultivation Abstract: The recycling of organic matter through composting and green manure legumes are good recommended practices based on agroecological systems. However there is a few data to recommend doses of organic fertilizers and their associations. The goal of this study was to evaluate the fertilization effect with organic compound, with and without Crotalaria juncea on the chemical soil characteristics. The compound doses were proportional to 25%, 50%, 75% and 100% of coffee N recommendation. Were taken four simple samples of soil per portion in the canopy projection of coffee, then the material was mixed to form a composite sample and sent to the laboratory for routine analysis. The data were subjected to statistical analysis based on program Sisvar 5.1. It was concluded the compound improves the characteristics of soil coffee cultivation with the increasing doses applied. The supply of Crotalaria juncea decreased the content of H+Al and increasing doses of compound promotes linear increase of pH and P, K, Ca, Mg levels, sum of bases, CTCeffective, base saturation and organic matter, and reduced potential acidity (H + Al). Keywords: Green manure, Compost, Crotalaria juncea Introdução Em sistemas de base Agroecológica, a adubação orgânica é fundamental no processo produtivo. Os adubos orgânicos permitem a reciclagem de nutrientes, o que permite a redução do uso dos adubos minerais não renováveis. A compostagem e a Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) por meio do cultivo de leguminosas permitem a ciclagem de nutrientes e maior sustentabilidade dos sistemas produtivos. Os adubos orgânicos fornecem macro e micronutrientes ao cafeeiro, permitem manter as reservas desses nutrientes no solo e ainda proporcionam incremento na diversidade biológica de fungo micorrízicos arbusculares (THEODORO, 2006). Existem diversos trabalhos que apresentam impactos das leguminosas sobre as características químicas, físicas e biológicas do solo. Tais trabalhos indicam a possibilidade da adubação verde e orgânica promoverem benefícios para o cafeeiro. Apesar do potencial do uso da compostagem na cafeicultura, há grandes dificuldades para a sua utilização. O composto apresenta baixos teores de nutrientes, principalmente N e muitas vezes há a necessidade de aplicação de grandes volumes para ser efetivo como insumo para o crescimento e produção da planta. Esse grande volume necessário requer também grandes volumes de resíduos orgânicos, com necessidade de frete e transporte interno da grande quantidade de resíduos e do composto orgânicos aumentando assim a mão-de-obra (SOUZA, 1998). Assim, é importante desenvolver práticas que reduzam a necessidade de grande quantidade de composto para suprir as necessidades nutricionais do cafeeiro em sistemas agroecológicos de produção. A adubação verde com leguminosas pode reduzir a necessidade de composto orgânico, pelo suprimento de N proveniente da FBN e pela reciclagem de outros nutrientes. Diante disso o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação com composto orgânico complementado com Crotalaria juncea sobre as características químicas do solo de cafezal sob manejo agroecológico. 77 Material e Métodos O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa, MG. O transplantio das mudas de Coffea arábica cv. Oeiras foi realizado em fevereiro de 2009, no espaçamento de 2,0 x 0,75 m. Utilizou-se um esquema fatorial 4x2, cujo primeiro fator corresponde a quatro doses de composto orgânico, correspondentes a 25%, 50%, 75% e 100% da dose de N recomendada para cobertura. O segundo fator corresponde a presença ou ausência da Crotalaria juncea na dose de 450 gramas de matéria seca por cafeeiro. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados. A adubação de plantio foi proporcional a 25%, 50%, 75% e 100% da dose de N recomendada, na forma de cama de aviário. A coleta do solo foi realizada com cavadeira, retirando-se uma fatia de solo até 20 cm de profundidade. Retiraram-se quatro amostras simples por parcela, na projeção da copa dos cafeeiros, misturando-se o material para formação de uma amostra composta que logo após foram envidas para o laboratório. Foram determinados pH, teor de carbono orgânico, fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), alumínio (Al), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca cátions (CTC) e saturação por bases (V) segundo EMBRAPA (1997). Os dados foram submetidos à análise de variância (P<0,05). O efeito da C. juncea foi avaliado pelo teste F e o efeito das doses de composto por análise de regressão. Resultados e Discussão Foi observado efeito significativo do composto em todas as variáveis analisadas (P<0,05). Houve efeito significativo da interação entre composto e crotalária sobre a CTCtotal e efeito da crotalária apenas sobre o teor de H+Al. O aumento das doses de composto promoveu a elevação linear do pH e teores de P, K, Ca, Mg, soma de bases, CTCefetiva, saturação de bases e teor de matéria orgânica, e redução da acidez potencial (H+Al) (Tabela 1). No desdobramento do efeito do composto em de cada nível de crotalária houve efeito significativo (p<0,05) sobre a CTCtotal apenas na ausência de crotalária, com elevação dos teores de forma linear (Tabela 1). THEODORO et al. (2003), avaliando o cultivo do cafeeiro em sistema orgânico, encontraram efeitos similares. Os autores relatam incrementos no pH e nos teores de Ca, Mg, K, P, Zn, B, CTC do solo, soma de bases, saturação por bases e diminuição do Al trocável, evidenciando que a adubação orgânica melhora as características químicas do solo. Tal fato foi atribuído ao maior aporte de matéria orgânica incorporada ao solo, o que além de melhorar a fertilidade, melhorou também as características físicas e biológicas. No desdobramento de efeito do composto dentro de cada nível de crotalária houve efeito significativo (p<0,05) sobre a CTCtotal apenas na ausência de crotalária, com elevação dos valores de forma linear com aumento das doses de composto (Tabela 1). 78 Tabela 1. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis analisadas em solo cultivado com cafeeiros e adubados com diferentes doses de composto orgânico. Viçosa, 2013 Variáveis Equação r2 pH ŷ = 6,3687 + 0,00570** x 0,8664 ŷ = 104,2500 +3,66000**x 0,9606 ŷ = 414,4375 + 2,22000**x 0,9373 ŷ = 2,5062 + 0,01180**x 0,9775 ŷ = 0,5187 + 0,00225**x 0,8224 ŷ = 2,3375 - 0,00620**x 0,8196 P (dag kg-1) -1 K (dag kg ) -3 Ca (cmolc dm ) -3 Mg (cmolc dm ) -3 H+Al (cmolc dm ) -3 ŷ = 4,0125 + 0,02030**x 0,9876 -3 ŷ = 5,8625 + 0,02210**x 0,8287 -3 CTCtotal (com crotalaria) (cmolc dm ) ŷ = 7,5025 --------- V (%) ŷ = 60,5625 + 0,16500**x 0,9476 ŷ = 1,69375 + 0,00790**x 0,9986 SB e t (cmolc dm ) CTCtotal (sem crotalaria) (cmolc dm ) -3 MO (mg dm ) **Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t. No desdobramento do efeito da crotalária dentro de cada dose de composto houve aumento significativo da CTCtotal com a adição de crotalária nas doses de 25% e 75% de composto (Tabela 2). Tabela 2. CTC total (T) em solo cultivado com cafeeiros adubados com composto orgânico e crotalária. Viçosa, 2013 Crotalaria (g/planta) 25 Composto (%) 50 75 100 -3 CTCtotal (cmolc dm ) 0 6,27 b 6,95 a 7,05 b 7,70 a 450 7,12 a 7,15 a 7,97 a 7,77 a Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste F (p≥0,05). A acidez potencial foi menor na presença de crotalária indicando que a sua adição forneceu bases para ocupar as cargas negativas do solo (Tabela 3). Resultado similar foi encontrado por NASCIMENTO et al. (2003), que avaliou características químicas de solos adubados com doze espécies de leguminosas. Os autores relatam a diminuição da acidez em relação à testemunha (área sem cultivo e com vegetação espontânea rala), o que pode ser explicado pelo maior fornecimento de bases, principalmente Mg e Ca, pelas leguminosas. 79 Tabela 3. Teores de H+Al em solo cultivado com cafeeiros adubados com dose de crotalária. Viçosa, 2013 Crotalária H+Al (g/planta) (cmolc cm-3) 0 2,06 a 450 1,84 b Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste F (p≥0,05). Conclusão 1. O composto melhora as características químicas do solo de cafezais com o incremento de doses aplicadas. 2. O fornecimento de crotalária diminui o teor de H+Al. 3. O aumento das doses de composto promove a elevação linear do pH e dos teores de P, K, Ca, Mg, Soma de bases, CTC efetiva, saturação de bases e matéria orgânica, e redução da acidez potencial. Literatura citada EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Manual de métodos de análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro,1997. 212p. NASCIMENTO, J.T.; SILVA, I.F.; SANTIAGO, R.D.; NETO, L.F.S. Efeito de leguminosas nas características químicas e matéria orgânica de um solo degradado. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.7, n.3, p.457-462, 2003. SOUZA, J. L. de. Agricultura orgânica. Vitória: EMCAPA, 1998. 176p. THEODORO, V. C. A ; ALVARENGA, M.I.N., GUIMARARÃES, R.J.; SOUZA, C.A.S. Alterações químicas em solo submetido a diferentes formas de manejo do cafeeiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 27:1039-1047, 2003. THEODORO, V. C. A. Transição do manejo de lavoura cafeeira do sistema convencional para o orgânico. 2006. 142p. Tese de Doutorado (Agronomia/Fitotecnia). Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2006. 80 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.3. Avaliação de clones de café conilon em fase de renovação de lavoura em sistema agroecológico (Safra 2011)1 Waldênia de Melo Moura2, Paulo César de Lima2, Cássio Francisco Moreira de Carvalho3 ; Rebeca Lourenço de Oliveira3 ; Cileimar Aparecida da Silva4 ; Miguel Arcanjo de Freitas5 1 Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Pesquisadores, D.Sc., EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected], [email protected] 3 Engenheiros Agrônomos Bolsistas, CBP&D-Café /EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa, MG, [email protected]; [email protected] 4 Bolsista, PIBIC – FAPEMIG - EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]. 5 Técnico Agrícola, EPAMIG – Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected] 2 Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar clones de café conilon durante o processo de renovação dos cafeeiros em sistema agroecológico na Zona da Mata Mineira. O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da EPAMIG, em delineamento de blocos casualizados, com 36 clones de café conilon e três repetições. Em geral constataram-se baixas incidências de bicho mineiro, de seca de ponteiro, de severidade de ferrugem e de cercosporiose. Observaram-se variabilidade entre os 36 clones de café conilon somente para o vigor vegetativo e para a produtividade. Os valores do vigor vegetativo variou de 10 a 5,33, observados para os clones (códigos) 23 e 05, respectivamente. A produtividade variou de 62,19 a 12,04 sacas de café beneficiado/ ha, valores apresentados pelos clones (códigos) 23 e 35, respectivamente. Destacaram-se os clones (códigos) 23, 13, 28 e 04 por serem os mais produtivos e vigorosos. Com base nessa avaliação há potencial para a seleção de clones para o cultivo sem o uso de agrotóxico na Zona da Mata Mineira. Palavras–chave: Coffea canephora, produtividade, doenças e praga, variabilidade. Evaluation of conilon coffee clones in reform phase in agroecological system (Harvest 2011) Abstract: The objective of this research was to evaluate the conilon coffee clones during the reform phase of coffee in agroecological system in Zona da Mata Mineira. The experiment was conducted at Leopoldina’s Experimental Farm – MG, EPAMIG, the experimental design was in a randomized blocks, with 36 conilon coffee clones and three repetitions. In general, it was found low incidence of leaf miner, dieback and 81 severity of leaf rust and eyespot. There were variability just for the vegetative vigor and productivity among the 36 conilon coffee clones. The values of vegetative vigor ranged from 10 to 5,33, observed for the clones (codes) 23 and 05, respectively. The productivity ranged from 62,19 to 12,04 coffee bags/ ha, values presented by the clones (codes) 23 and 35, respectively. Clones (codes) 23, 13, 28 and 04 stood out for being the most productive and vigorous. Based on this assessment there is potential for the selection of clones for cultivation without the use of pesticides in the Zona da Mata Mineira. Keywords: Coffea canephora, productivity, disease and pest, variability. Introdução Em Minas Gerais, a produção do café conilon (robusta) concentra-se nas regiões baixas e quentes do Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce e na Zona da Mata Mineira (Bernades et al., 2012). A produção estimada de café robusta dessas regiões é de 297.000 sacas (ABIC, 2013). Por apresentar altas produtividades, essa espécie de café é bastante exigente em adubação e controle de doenças e pragas, sendo o cultivo da forma convencional predominante nessas regiões. Como o uso intensivo do solo, de fertilizantes e defensivos químicos podem promover impactos negativos ao meio ambiente, têm-se buscado técnicas alternativas sustentáveis, para o manejo da cultura do café, destacando-se as novas propostas de sistemas de produção, como o cultivo agroecológico. Entretanto, para que esse sistema de cultivo possa alcançar o mesmo nível de tecnologia existente para o cultivo convencional, é necessário investimentos em tecnologias apropriadas, visto que não é permitido utilização de agrotóxicos. Nesse sentido este trabalho teve como objetivo, avaliar clones de café conilon em sistema agroecológico durante o processo de renovação dos cafeeiros na Zona da Mata Mineira. Material e Métodos O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da EPAMIG, em delineamento de blocos casualizados com 36 clones de café conilon e três repetições. A parcela experimental foi constituída de nove plantas, em espaçamento de 2,5 m entre fileiras e 1 m entre plantas. Os cafeeiros fooram podados no ano de 2010, deixando-se apenas o “pulmão”. Em 2011 foram avaliadas as seguintes características: Vigor vegetativo - com notas de 1 a 10, em que, 1 = baixo vigor e 10 = alto vigor; Severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de ferrugem; 2 = folhas com poucas pústulas, 3 = folhas com infecção moderada, e 4 = folhas com infecção alta, pústulas abundantes; 5 = folhas com infecção alta, pústulas abundantes, ocorrendo desfolha; Severidade de cercosporiose (Cercospora coffeicola) com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = ataque leve nas folhas, 3 = ataque moderado nas folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e 5 = ataque intenso nas folhas e frutos; Intensidade do ataque de bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = poucas lesões, 3 = quantidade mediana de lesões, 4 = grande quantidade de lesões coalescidas; 5 = grande quantidade de lesões coalescidas e desfolha; intensidade de seca de ponteiro - com notas de 1 a 4, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = ataque leve nas folhas, 3 = ataque moderado nas folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e produtividade em sacas de café beneficiado/ha. Os dados foram analisados utilizando-se o programa estatístico SAEG, através de análises de variância, e as médias foram comparadas pelo Teste Scott-knott, ao nível de 5% de probabilidade. 82 Resultados e Discussão A média geral do vigor vegetativo foi de 6,69 (Tabela 1) com valores variando de 10 a 5,33, observados para os clones (códigos) 23 e 05, respectivamente. Essa característica apresentou ampla variabilidade, sendo possível classificar os clones em três grupos: Os clones (códigos) 23, 17, 29 e 33, foram os mais vigorosos, com média de 8,92. O segundo grupo apresentou média de 7,30 e o terceiro grupo com média de 6,02. Em geral os cafeeiros apresentaram baixa incidência de doenças e praga, com médias de 1,10; 2,05; 2,45; 2,08 para a incidência de ferrugem, cercosporiose, bicho mineiro, e seca de ponteiro, respectivamente. Baixa incidência de doenças também foi observada para clones de café conilon de ciclo precoce por Oliveira et al. (2011). A média de produtividade foi de 31,5 sacas de café beneficiado/ ha, valor acima da média nacional de café que gira em torno de 21 sacas de café beneficiado/ ha. A produtividade variou de 62,19 a 12,04 sacas de café beneficiado/ ha, valores apresentados pelos clones (códigos) 23 e 35, respectivamente. Foi possível classifica-los em dois grupos, sendo que a média do grupo mais produtivo foi de 41,61 sacas de café beneficiado/ ha, compreendendo 44% dos clones, enquanto que o restante dos clones formaram o grupo menos produtivo com média de 23,47 sacas de café beneficiado/ ha. Rodrigues, et al. (2011), também observaram pouca variabilidade entre clones de café conilon de ciclo precoce, onde foram classificados em apenas dois grupos. Conclusões Há potencial para a seleção de clones de café conilon para o cultivo sem o uso de agrotóxico na Zona da Mata Mineira. Agradecimentos A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Consórcio Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento do Café pelo financiamento do projeto e pelas bolsas concedidas aos autores. Literatura citada ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO CAFÉ (ABIC). < http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=48>. Acesso em 15 de julho. 2013. BERNARDES, T.; MOREIRA, M.A.; ADAMI, M.; RUDORFF, B.F.T. Diagnóstico físico-ambiental da cafeicultura do Estado de Minas Gerais – Brasil OLIVEIRA, C.M.; TOMAZ, M.A.; FERRÃO, M.A.G.; FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A.; BREGONCI, I.S. Avaliação da severidade de cercosporiose e ferrugem em clones de café conilon. In: VII Simpósio de Pesquisas dos Café do Brasil, 2011, AraxáMG. VII Simpósio de Pesquisas dos Café do Brasil. Brasília-DF: Embrapa Café, 2011a. RODRIGUES, W.N.; MENDONÇA, R.F.; FERRÃO, R.G.; FERRÃO, M.A.G.; FONSECA, A.F.A.; TOMAZ, M.A. Avaliação de clones de café conilon de ciclo de maturação precoce quanto a produtividade e severidade de ferrugem. In: VII Simpósio de Pesquisas dos Café do Brasil, 2011b, Araxá-MG. VII Simpósio de Pesquisas dos Café do Brasil. Brasília-DF: Embrapa Café, 2011b. 83 Tabela 1 – Médias de vigor vegetativo (VIG), da severidade de ferrugem (SF), de cercosporiose (SC), da incidência de seca de ponteiro (SP), de bichomineiro (IBM), de intensidade de seca de ponteiro (IS)e da Produtividade (sacas de 60 kg de café beneficiado/ ha) de 36 clones de café conilon. Viçosa, MG., 2013 ns/ Código VIG SF ns/ SC ns/ IS BM ns/ PSBH 23 10,00 A 1,00 1,67 1,67 A 2,00 62,19 A 13 7,67 B 1,67 2,00 2,00 A 2,00 55,55 A 28 7,33 B 1,00 2,00 2,33 A 2,00 49,30 A 4 7,00 B 1,67 1,67 2,00 A 2,00 49,18 A 10 5,33 C 1,33 2,00 3,33 A 2,33 42,44 A 26 6,33 C 1,00 2,00 3,00 A 2,33 41,94 A 29 8,33 A 1,00 1,67 1,67 A 2,00 41,30 A 31 8,00 B 1,00 2,33 1,67 A 2,00 39,78 A 30 7,00 B 1,33 2,33 2,67 A 2,00 39,36 A 22 5,67 C 1,00 2,00 2,33 A 2,33 38,33 A 36 7,00 B 1,00 2,33 2,67 A 2,33 35,88 A 24 6,67 C 1,00 1,33 1,67 A 2,00 35,18 A 6 5,67 C 1,00 2,33 2,67 A 2,00 34,81 A 11 6,67 C 1,33 2,00 2,33 A 2,00 33,80 A 9 6,00 C 1,00 2,00 2,67 A 2,00 33,68 A 5 6,67 C 1,00 1,67 3,00 A 2,00 33,10 A 21 6,67 C 1,00 1,67 3,33 A 2,00 31,68 B 1 7,00 B 1,00 2,00 2,00 A 2,00 31,45 B 16 6,00 C 1,00 2,33 3,00 A 2,33 30,37 B 17 9,00 A 1,00 1,67 2,00 A 2,00 30,21 B 32 5,67 C 1,00 2,33 2,67 A 2,33 30,00 B 7 6,67 C 1,00 2,00 2,00 A 2,00 29,17 B 15 7,33 B 1,67 2,00 2,33 A 2,00 28,64 B 27 6,67 C 1,33 2,00 2,33 A 2,00 27,96 B 25 6,67 C 1,00 2,00 2,00 A 2,00 26,85 B 12 6,33 C 1,33 2,33 2,67 A 2,00 26,05 B 2 5,33 C 1,00 3,00 3,67 A 2,33 24,21 B 18 5,67 C 1,00 1,67 2,67 A 1,67 23,80 B 19 7,33 B 1,00 2,33 2,67 A 2,00 22,45 B 3 6,00 C 1,00 2,00 2,33 A 1,67 19,44 B 20 5,67 C 1,00 1,67 2,33 A 2,00 17,18 B 14 4,67 C 1,00 2,67 3,33 A 2,33 15,74 B 8 5,67 C 1,00 1,67 2,00 A 2,00 14,71 B 33 8,33 A 1,00 2,67 2,33 A 2,33 13,97 B 34 7,33 B 1,00 1,67 2,33 A 2,00 13,42 B 35 5,67 C 1,00 2,67 2,67 A 2,67 12,04 B CV 28,89 28,89 33,80 27,59 16,73 40,35 Média 6,69 1,10 2,05 2,45 2,08 31,50 Não significativo pelo teste F. Médias com as mesmas letras na coluna não diferem estatisticamente pelo Teste de agrupamento de Scott-Knott, a nível de 5% de probabilidade. 84 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.4. Influência do manejo de adubos verdes no crescimento inicial do cafeeiro 1. Mateus Cupertino Rodrigues2; Rosileyde Gonsalves Siqueira Cardoso3; Ricardo Henrique Silva Santos4 1 Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq. 2 Estudante de Pós-Graduação. Bolsista mestrado– CNPq, Universidade Federal de Viçosa – [email protected] 3 Eng. Agrônoma- [email protected] 6 Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa – [email protected] Resumo: Os adubos verdes são importantes para a adubação orgânica, mas torna-se necessário a sincronia entre o nutriente liberado com a demanda da cultura e o manejo adequado da competição. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da época de manejo das leguminosas feijão-de-porco e labe-labe sobre o crescimento inicial de cafeeiros. O experimento foi instalado em outubro de 2007 na UFV, em esquema fatorial 2x4, sendo 2 consórcios com cafeeiros (café+labe-labe e café+feijão-de-porco) e 4 períodos de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). Em set/2008 e março/2009 foi realizada a medição da altura das plantas e foi identificado um ramo plagiotrópico, no terço médio da planta, onde foi quantificado o número de nós totais. Os dados foram apresentados como incremento, sendo, incremento 2009 os dados de crescimento de mar/2009 menos os dados de set/2008. Foram realizadas análises estatísticas. O incremento na altura dos cafeeiros em 2009 reduziu linearmente com o aumento do período de consorciação evidenciando que houve competição com o aumento do período de convivência. Ao contrário, houve um aumento linear no numero de nós com o aumento do período de consorciação. Na literatura consta que a produtividade se correlaciona positivamente com a altura do cafeeiro, indicando que a produção foi dependente do crescimento da planta. O aumento do período de consorciação com as leguminosas acarretou em redução da altura dos cafeeiros e aumento no número de nós. Palavras-chave: Coffea arabica, Canavalia ensiformis, Dolichos lab-lab. Influence of green manure management in initial growth of coffee. 85 Abstract: Green manures are important for organic fertilization, but it is necessary synchrony between nutrient release with crop demand and proper management of the competition. The obejective of this study was to evaluate the influence of the time management of legumes pig beans and labe-labe on the initial growth of coffee plants. The experiment was installed in October 2007 at UFV, in a 2x4 factorial design, with 2 consortia with coffee (coffee + “labe-labe” and coffee + “feijão de porco”, kind of bean) and 4 periods of intercropping with legumes (30, 60, 90 and 120 DAP). In sep/2008 and March 2009 was performed to measure the height of the plants and was identified reproductive branches in the middle third of the plant, which was quantified the total number of nodes. The data were presented as increments being increased growth data 2009 of March/2009 less data from sep/2008. Were performed statistical analyzes. The height increment of coffee in 2009 decreased linearly with increasing period of intercropping showing that there is competition with the increase of the period of cohabitation. Instead, there was a linear increase in the number of nodes with increasing period of intercropping. In the literature it is stated that the productivity is positively correlated with the height of coffee, indicating that production was dependent on plant growth. The increase in the period of intercropping with legumes resulted in reduced height of coffee and increased the number of nodes. Keywords: Coffea arabica, Canavalia ensiformis, Dolichos lab-lab. Introdução O suprimento de N em quantidades suficientes para as culturas, com viabilidade econômica um dos principais desafios para a agricultura orgânica, e por essa razão, este é o nutriente que mais limita a produtividade dentro do agroecossistema (BRENES, 2003). O uso de adubos verdes com leguminosas vem sendo apontado como a melhor estratégia para aumentar a disponibilidade de N dos solos nos sistemas orgânicos (BRENES, 2003). Além do aporte de N via FBN, o cultivo dos adubos verdes nas entrelinhas do cafeeiro possibilita a reciclagem de nutrientes através da decomposição da biomassa produzida, bem como o aporte de matéria orgânica ao solo (RICCI et al., 2005), além de ampliar o uso da biodiversidade funcional dentro da propriedade. Para que um adubo verde seja eficaz no fornecimento de nutrientes, deve haver sincronia entre os nutrientes liberados pelos resíduos da planta de cobertura e a demanda da cultura. Se houver alta taxa de mineralização dos nutrientes contidos nas espécies utilizadas como adubo verde, antes do período de maior demanda da cultura, pode haver perdas por lixiviação. Por outro lado, se a mineralização ocorrer após esse período, a cultura não será beneficiada. O acúmulo de nutrientes e o aporte de N-FBN dos adubos verdes devem ser acompanhados da escolha certa da época de plantio e corte, uma vez que a disponibilização dos nutrientes da massa dos adubos verdes deve ocorrer em sincronia no período de demanda pelos cafeeiros (outubro-março no Sudeste) e não no período de crescimento reduzido ou paralisado. Isto pode explicar a existência de resultados de pesquisa que mostram a melhoria de algumas características do solo pelos adubos verdes, sem resultar ou estar associado às maiores produtividades ou crescimento. Em alguns casos, o incremento da matéria orgânica e dos teores de alguns nutrientes do solo, decorrentes dos adubos verdes em cafezais, podem ser devido à baixa exportação de nutrientes causada pela baixa produção dos cafeeiros. O florescimento provavelmente não é um bom indicador de data de corte ou poda dos adubos verdes. As espécies florescem em épocas diferentes e após diferentes acúmulos 86 de massa. Estes processos ocorrerão ainda em diferentes estádios fenológicos e de demanda por recursos dos cafeeiros, sob diferentes condições climáticas. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da época de manejo das leguminosas Feijão-deporco (Canavalia ensiformis) e Lab-lab (Dolichos lab-lab) sobre o crescimento inicial de cafeeiros. Material e métodos O experimento foi conduzido na Horta de Pesquisa da UFV. O transplantio das mudas de Coffea arabica cv. Oeiras foi realizado em outubro de 2007, no espaçamento de 2,80 x 0,75 m, resultando em uma população de 4.761 plantas há -1. O experimento foi realizado em esquema fatorial (2x4), sendo 2 consórcios com cafeeiros (café+feijãode-porco e café+lab-lab) e 4 períodos de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 dias após o plantio da leguminosa). A adubação de plantio constou de 3,0 L de cama de aviário cova-1 (750 g MS cova-1), 300 g de termofosfato cova-1e 50 g de calcário cova-1. As adubações de cobertura foram realizadas a cada 30 dias após o transplantio das mudas, no período chuvoso, sendo aplicados 5g de N cova -1 no primeiro ano e 10g de N cova -1 no segundo ano (Ribeiro et al., 1999), na forma de cama de aviário. As leguminosas, feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e labe-labe (Dolichos lab-lab), foram escolhidas por apresentarem hábitos de crescimento e ciclos produtivos contrastantes. As leguminosas foram previamente inoculadas com estirpes de Bradyrhizobium spp. apropriados e semeadas em 15/10/2008, em 3 sulcos nas entrelinhas do café, espaçados 0,5 m entre si e na densidade de 6 sementes m-1. As leguminosas foram manejadas (cortadas) aos 30 DAP (nov/2008), aos 60 DAP (dez/2008), aos 90 DAP (jan/2009) e aos 120 DAP (fev/2009) de acordo com o seu tratamento. Em set/2008 e março/2009 foi realizada a medições da altura da planta e diâmetro da copa dos cafeeiros. Além disso, em set/2008 foi identificado um ramo plagiotrópico, no terço médio da planta, onde foi quantificado o número de nós totais neste mesmo mês e em março/2009. Os dados foram apresentados como incremento, sendo, incremento 2009 os dados de crescimento coletados em março de 2009 menos os dados coletados em setembro de 2008. Os dados foram avaliados por meio de análise de variância pelo teste F sempre ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram realizadas com auxílio do Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG). A escolha dos modelos de regressão foi feita com base no fenômeno biológico, no coeficiente de determinação e na análise de resíduos ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e discussão Na análise de crescimento do cafeeiro observa-se que o período de consorciação com os adubos verdes apresentou efeito isolado sobre a variável altura e número de nós, não apresentando diferença significativa no diâmetro de copa. Correlações positivas com produtividade foram observadas com altura da copa (Walyaro e Van der Vossen, 1979). O incremento na altura dos cafeeiros em 2009 reduziu linearmente com o aumento do período de consorciação (Figura 1) apontando que um ano e meio após o transplante das mudas de café houve competição entre o cafeeiro e as leguminosas com o aumento de período de convivência. Ao contrário, o incremento no número de nós neste mesmo ano apresentou um aumento linear à medida que se aumentou o período de consorciação (Figura 2). Paulo et al (2001) avaliaram a produção de café Apoatã IAC 2258 (Coffea canephora Pierre) submetido ao plantio intercalar dos adubos verdes: crotalária juncea, crotalária espectabilis, mucuna-anã, soja IAC 9 e guandu, 87 incorporados no florescimento. Os resultados mostraram que o guandu reduziu a altura do cafeeiro, resultado similar ao encontrado neste experimento em que a altura reduziu com o aumento do período de consorciação. As maiores quantidades de matéria seca foram produzidas por guandu e crotalária júncea respectivamente e a produção de café correlacionou-se inversamente com a massa seca das leguminosas e, positivamente, com a altura e o diâmetro do caule do cafeeiro, indicando que a produção foi dependente do crescimento da planta. Em experimento similar realizado por Barrella (2010), observou-se aumento do número de nós totais nas parcelas de cafeeiros consorciados com labe-labe, resultado encontrado neste experimento, em que houve aumento do número de nós, mas não houve diferença entre plantas consorciadas com leguminosas, quer seja labe-labe ou feijão de porco. 37 2 4,0 alt09 = 38,4602-0,0569x (r =0,94) 2 nós09 = 2,9846+0,0083x (r =0,84) 3,9 36 3,8 35 Incremento número de nós 2009 Incremento altura 2009 (cm) 3,7 34 33 32 31 3,6 3,5 3,4 3,3 3,2 3,1 30 3,0 0 0 0 1 2 3 4 30 60 90 120 0 1 2 3 4 Período de consorciação (dias) 30 60 90 120 Período de consorciação (dias) Figura 1. Altura em 2009 (Alt 2009) de plantas de cafeeiro em cada período de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). Viçosa, MG, 2013. Figura 2. Número de nós em 2009 (Nós 2009) de plantas de cafeeiro em cada período de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). Viçosa, MG, 2013. Conclusão 1. O aumento do período de consorciação com as leguminosas feijão-de-porco e labe-labe acarretou em redução da altura dos cafeeiros e aumento no número de nós com um ano e meio de idade. 2. No ano avaliado não houve diferença quanto a espécie de adubo verde, labelabe e feijão-de-porco. Literatura citada BARRELA, T.P. Manejo de espécies de leguminosas em cafezal sob cultivo orgânico. 2010. 105 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2010. BRENES, L. Producción orgânica: algunas limitaciones que enfrentan los pequeños productores. Manejo Integrado de Plagas y Agroecologia, Turrialba, n. 70, p. 7-18, 2003. PAULO, E.M.; BERTON, R.S.; CAVICHIOLI, J.C.; BULISANI, E.A.; KASAI, F.S. Produtividade do café apoatã em consórcio com leguminosas na região da alta paulista. Bragantia, Campinas, 60:195-199, 2001. RIBEIRO, A. C.; GONTIJO, P. T. G.; ALVAREZ, V., V. H. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5a aproximação. Viçosa, MG: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 359 p. 1999. RICCI, M. dos S. F.; ALVES, B. J. R.; MIRANDA, S. C. de; OLIVEIRA, F. F. de. Growth rate nutricional status of na organic coffee cropping system. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 62, n. 2, p. 138144, 2005. WALYARO, D. J.; VAN DER VOSSEN, H. A. M. Early determination of yield potential in arabica coffee by applying index selection. Euphytica, Dordrecht, v.28, p.465-472. 1979. 88 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.5. Crescimento de duas espécies de leguminosas em diferentes épocas de manejo 1 Mateus Cupertino Rodrigues2, Rosileyde Gonsalves Siqueira Cardoso3, Ricardo Henrique Silva Santos4 1 Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq. 2 Estudante de Pós-Graduação. Bolsista mestrado – CNPq, Universidade Federal de Viçosa – [email protected] 3 Eng. Agrônoma - [email protected] 6 Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa – [email protected] Resumo: O crescimento dos adubos verdes é um fator importante, pois quanto maior a parte aérea, maior a quantidade de nutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de duas espécies de leguminosas em quatro épocas de manejo. O experimento foi instalado em outubro de 2007 na UFV, em esquema fatorial 2x4, sendo 2 consórcios com cafeeiros (café+labe-labe e café+feijão-de-porco) e 4 períodos de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). As leguminosas foram amostradas em 1 m2, sendo cortadas ao nível do solo, nas diferentes épocas de manejo, conforme o tratamento. Foram avaliadas a matéria-seca, matéria fresca e teor de matéria seca das amostras. Os dados foram avaliados por meio de análise estatística. O acúmulo de matéria fresca e seca em ambas as espécies se deu de forma crescente até o final do experimento. Em ambas as variáveis, matéria fresca e seca, o feijão-de-porco se sobressaiu em relação à labe-labe nas épocas de corte 90 e 120 DAP e não houve diferença estatística entre as espécies nas épocas 30 e 60 DAP. O teor de matéria seca no feijão-de-porco superou o da labe-labe nas mesmas datas de corte. Conclui-se que o feijão-de-porco superou a labe-labe na produção de matéria fresca e matéria seca e que o cafeeiro não prejudicou o desenvolvimento das leguminosas. Palavras-chave: Adubação verde, nutrição, café Growth of two legumes species in different management times Abstract: The growth of green manure is an important factor, because larger the shoot, greater will be the amount of nutrients. The goal of this study was to evaluate the growth of two legumes species in four different times of management. The experiment 89 was installed in October 2007 at UFV. It was in a 2x4 factorial design, with two coffee consortium (coffee + “labe-labe” and coffee + “feijão de porco”, kind of bean) and 4 periods of intercropping with legumes (30, 60, 90 and 120 DAP). Legumes plants were sampled in 1m2, being cut at soil level at the different times of management, according treatment. It were evaluated the dry and fresh matter and dry matter percentage of the samples. The data were evaluated by statistical analysis. The accumulation of fresh and dry matter in both species occurred incrementally until the end of the experiment. In both variables, fresh and dry, the “feijão de porco” excelled in relation to the labe-labe in the cutting periods 90 and 120 DAP. There wasn’t statistical difference between the species in 30 and 60 DAP seasons. The dry matter content of “feijão de porco” overcame the labe-labe at the same court dates. It was conclude that the “feijão de porco” overcame labe-labe in dry and fresh matter production and the coffee didn’t impair the development of legumes. Keywords: Green manure, nutrition, coffee Introdução O acúmulo de nutrientes e o aporte de N-FBN dos adubos verdes devem ser acompanhados da escolha certa da época de plantio e corte, uma vez que a disponibilização dos nutrientes da massa dos adubos verdes deve ocorrer em sincronia no período de demanda pelos cafeeiros (outubro-março no Sudeste) e não no período de crescimento reduzido ou paralisado. Isto pode explicar a existência de resultados de pesquisa que mostram a melhoria de algumas características do solo pelos adubos verdes, sem resultar ou estar associado às maiores produtividades ou crescimento. Em alguns casos, o incremento da matéria orgânica e dos teores de alguns nutrientes do solo, decorrentes dos adubos verdes em cafezais, podem ser devido à baixa exportação de nutrientes causada pela baixa produção dos cafeeiros. A capacidade de aporte de N-FBN depende da produção de massa do adubo verde. Se esta produção for baixa, o aporte de N -FBN e a concentração de outros nutrientes serão baixos. Por outro lado, se a produção de massa for muito alta (e provavelmente o período de consorciação também), mesmo com grande aporte de N-FBN, provavelmente ocorrerá competição com os cafeeiros por outros recursos. Apesar da presença de adubos verdes reduzirem a presença de ervas, em caso de abundante crescimento esse efeito positivo poderá ser eliminado pela competição gerada pelo próprio adubo verde. O objetivo deste trabalho foi avaliar o crescimento de duas espécies de leguminosas (labe-labe e feijão-de-porco) em 4 épocas de manejo ( 30, 60, 90 e 120 DAP). Material e métodos O experimento foi conduzido na Horta de Pesquisa da UFV. O transplantio das mudas de Coffea arabica cv. Oeiras foi realizado em outubro de 2007, no espaçamento de 2,80 x 0,75 m. O experimento foi realizado em esquema fatorial (2x4), sendo 2 consórcios com cafeeiros (café+feijão-de-porco e café+lab-lab) e 4 períodos de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). As leguminosas, feijão-deporco (Canavalia ensiformis) e labe-labe (Dolichos lab-lab), foram escolhidas por apresentarem hábitos de crescimento e ciclos produtivos contrastantes. As leguminosas foram previamente inoculadas com estirpes de Bradyrhizobium spp. apropriados e semeadas em 15/10/2008, em 3 sulcos nas entrelinhas do café, espaçados 0,5 m entre si e na densidade de 6 sementes m-1 e foram manejadas (cortadas) aos 30 DAP (nov/2008), aos 60 DAP (dez/2008), aos 90 DAP (jan/2009), e aos 120 DAP (fev/2009). As plantas foram amostradas em 1 m2, sendo cortadas ao nível do solo, nas diferentes épocas de 90 manejo, conforme o tratamento. A massa foi quantificada e subamostras foram retiradas. As subamostras recém-colhidas foram pesadas, lavadas em água deionizada e colocadas para secar em estufa de circulação forçada de ar a 70°C até atingir massa constante, conforme descrito por Jones Junior et al.(1991). Após este processo foi determinada a matéria seca das amostras. Os dados foram avaliados por meio de análise de variância pelo teste F sempre ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram realizadas com auxílio do Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG). A escolha dos modelos de regressão foi feita com base no fenômeno biológico, no coeficiente de determinação e na análise de resíduos ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e discussão O acúmulo de matéria fresca e seca em ambas as espécies se deu de forma crescente até o final do experimento sendo ajustados modelos de regressão quadrática em ambos os casos (Figuras 1 e 2). Os dados demonstram uma elevada produção de massa por ambas as espécies, visto que Barrella (2010) obteve aos 120 dias de consórcio com o cafeeiro, 2,65 t/ha de feijão-de-porco e 1,89 t/ha de labe-labe em 2007/08 e no segundo ano (2008/09) a labe-labe acumulou 5,74 t/ha e o feijão-de-porco 2,89 t/ha, sob as mesmas condições de cultivo, em Rio Pomba-MG. Valores também inferiores foram encontrados por Ricci & Menezes (2009) que obtiveram em cultivo de 2 linhas e 6 plantas/m linear de feijão de porco consorciado com cafeeiro, em Seropédica-RJ, 1,49 t/ha de matéria seca. Na Zona da Mata de Minas Gerais, onde foram avaliados os impactos de sete leguminosas sobre a produtividade de cultivares de cafeeiros nos dois primeiros anos (Moura et al., 2005), os adubos verdes foram cortados no florescimento e a labe-labe apresentou um acúmulo de matéria seca de 1,58 t/ha. Tais dados sugerem que não houve interferência do cafeeiro na produção de massa das leguminosas avaliadas. Em ambas as variáveis, matéria fresca e seca, o feijão-de-porco se sobressaiu em relação à labe-labe nas épocas de corte 90 e 120 DAP e não houve diferença estatística entre as espécies nas épocas 30 e 60 DAP (Tabela1). O teor de matéria seca no feijão-de-porco superou o da labe-labe nas mesmas datas de corte (Tabela 1). Isso se deve ao fato do feijão-de-porco possuir um ciclo de desenvolvimento mais curto que a labe-labe, com formação de vagens aos 90 dias, como foi verificado neste experimento, elevando, portanto seu teor de matéria seca a partir desta data. Não foi observada formação de vagens na labe-labe até os 120 DAP, período de finalização do experimento. CHAVES (1999), avaliando a utilização de adubos verdes com diferentes hábitos de crescimento consorciado com a cultura do cafeeiro, concluiu que leguminosas de ciclo curto atendem à demanda nutricional do cafeeiro, pois apresenta máxima acumulação de biomassa e teor de nutrientes no período mais intenso de frutificação. Ricci et al (2006), sugerem que o consórcio adubo verde e cafeeiro é uma alternativa viável para reciclar nutrientes que poderão ser usados no próximo ciclo da cultura após a decomposição da massa do adubo verde. 91 2 2 y1 = -4,08815+0,148461x-0,000338367x (R =0,92) 2 2 y2 = 2,0448+0,082656x-0,0001938x (R =0,99) 2 y2 = -11,9972+0,485761x-0,00114333x (R =0,99) 40 2 2 y1 = -19,9271+0,783814x-0,00252146x (R =0,96) 2 9 8 35 7 30 Matéria seca (t/ha) Matéria fresca (t/ha) 6 25 20 15 5 4 3 10 2 5 1 0 0 0 1 2 3 4 30 60 90 0 1 2 3 4 120 30 60 90 120 Período de consorciação (Dias) Período de consorciação (Dias) Figura 1. Acúmulo de matéria fresca nos adubos verdes feijão de porco (y1) e labe labe (y2) consorciados com cafeeiros em 2009/2010. Viçosa, MG, 2013. Figura 2. Acúmulo de matéria seca nos adubos verdes feijão de porco (y1) e labe labe (y2) consorciados com cafeeiros em 2009/2010. Viçosa, MG, 2013. Tabela 1. Acúmulo de matéria fresca (MF) e matéria seca (MS) e teor de matéria seca (TEOR MS) nos adubos verdes feijão de porco (FP) e labe labe (LL) cortados aos 30,60,90 e 120 dias de consórcio com cafeeiros, no ano agrícola 2009/2010. Viçosa, MG, 2013. MF (t/ha) MS (t/ha) TEOR MS (%) Consórcios (dias) FP LL FP LL FP LL 30 2,568 A 1,859 A 0,492 A 0,323 A 18,87 A 17,51 A 60 14,273 A 12,094 A 2,306 A 2,028 A 16,20 A 16,60 A 90 33,943 A 23,398 B 7,827 A 4,012 B 23,05 A 17,18 B 120 36,571 A 29,517 B 8,424 A 5,023 B 23,10 A 17,12 B Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≥0,05). Conclusão O feijão-de-porco superou a labe-labe na produção de matéria fresca e matéria seca. O cafeeiro não prejudicou o desenvolvimento das leguminosas. Literatura citada RIBEIRO, A. C.; GONTIJO, P. T. G.; ALVAREZ, V., V. H. Recomendações para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5a aproximação. Viçosa, MG: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 359 p. 1999. BARRELA, T.P. Manejo de espécies de leguminosas em cafezal sob cultivo orgânico. 2010. 105 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2010. 92 RICCI, MSF & MENEZES, MB. Desenvolvimento do feijão de porco plantado para adubação verde do cafeeiro cultivado sob manejo orgânico e arborizado. In: VI Simpósio de Pesquisas de Cafés do Brasil, 2009, Vitória, ES. Resumos... Brasília, DF: CBP&D-Café/ EMBRAPA CAFÉ, 2009. CD-Rom. MOURA, W. M. ; LIMA, P. C. de ; SOUZA, H. N. ; CARDOSO, I. M. ; MENDONÇA, E. de S.; PERTEL, J. Pesquisas em sistemas agroecológicos e orgânicos da cafeicultura familiar da Zona da Mata Mineira. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v. 26, p. 46-75, 2005. CHAVES, J. C. D. Modelo para utilização de adubos verdes em lavouras cafeeiras. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 25., 1999, Franca-SP. Trabalhos apresentados. Rio de Janeiro: MAA/PROCAFÉ, p.179-180. 1999. RICCI, MSF. Cultivo de Crotalaria spectabilis intercalada ao café Arábica plantado em diferentes espaçamentos sob manejo orgânico / Alves, BJR; Costa, JR. Seropédica: Embrapa Agrobiologia, 2006. 21 p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 208). 93 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.6. Efeito carrapaticida (in vitro) do extrato aquoso da folha de mamona (Ricinus communis) Valéria Melo Mendonça¹, Jessica Raville Pimentel Oliveira2, D. P. Santos3 1 Parte do projeto do Núcleo de estudos Agroecológicos do segundo e terceiro autor orientado e supervisionado pela orientadora1. 2 Professora do Departamento e Núcleo Estruturante de Agroecologia. 3 Estudante de graduação em Agroecologia 4 Estudante de graduação em Agroecologia. Resumo: Pesquisas agroecológicas avançam no intuito de desenvolver mais produtos fitoterápicos, pois são menos agressivos ao meio e promovem a sustentabilidade no setor pecuário. O objetivo desta pesquisa foi verificar a mortalidade (%) e o tempo letal (dias) in vitro de fêmeas ingurgitadas de carrapatos B. microplus submetidas ao banho de imersão no extrato da folha de Mamona (R. communis) na região de São CristóvãoSE. Os ensaios em laboratório são relevantes devido a dificuldade de comprovar os efeitos dos produtos naturais in vivo. Esses extratos atingiram índices de mortalidade similar ao do produto comercial (Cipermetrina 6% e 15%) no combate ao B. microplus, e apesar do tempo letal ter sido maior, a eficácia pode ser a mesma. Esta pesquisa ajuda a estabelecer técnicas de manejo agroecológico, podendo substituir os produtos químicos pelos naturais ou direcionar sua utilização apenas ao tratamento das infestações, evitando assim o uso indiscriminado. Palavras-Chave: Agroecologia, Boophilus microplus, carrapaticida, mamona, plantas medicinais, Ricinus communis Effect ticks (in vitro) of the aqueous extract of the leaf of castor (Ricinus communis) Abstract: Research agroecological advance in order to develop more herbal products that are less harmful to the environment and promote sustainability in the livestock sector. The object this research was to determine the mortality (%) and time to death (days) in vitro of engorged ticks B. microplus submitted to immersion bath leaf extract of castor bean (Ricinus communis) in the region of São Cristóvão-Se. The laboratory tests are relevant because of the difficulty of proving the effects of natural products in vivo. These extracts achieved mortality similar to the commercial product (Cypermethrin 6% and 15%) in combating B. microplus, despite the lethal time being greater efficacy may be the same. This research helps to establish techniques 94 agroecologic can replace chemicals by natural or direct its use only to treat infestations, thus avoiding indiscriminate use. Keywords: Agroecology, Boophilus microplus, tick, castor oil, medicinal plants, Ricinus communis Introdução O carrapato Boophilus microplus (Canestrini, 1887) pertence ao filo Artropoda, classe Aracnida, ordem Acarina, e superfamília Ixodidea, parasita principalmente os bovinos por ser extremamente específico. Na fase parasitária, sobre o bovino, ingere linfa, substratos teciduais e sangue, e na fase de vida livre, a fêmea ingurgitada (teleógina) se desprende do animal e procura abrigo no pasto e, se a temperatura ambiente for favorável, dentro de 48 a 72 horas inicia a postura, em geral, leva de 7 a 12 dias (SILVA et al., 2008). A transmissão de doenças e o processo espoliativo de sangue provocado pelos carrapatos causam grandes prejuízos ao setor agropecuário. Tentando resolver o problema os pecuaristas intensificam o uso dos carrapaticidas químicos e elevam o risco de intoxicação e de maior predisposição a outras doenças. É preciso reduzir uso de acaricidas sintéticos, visto que não são mais tão eficientes, os produtos naturais são alternativas valiosas, principalmente, devido à biodiversidade de plantas com ações farmacológicas e efeitos acaricidas. Os extratos das plantas além da eficácia no combate aos artrópodes possibilita um desenvolvimento mais lento da resistência e reduz o problema de resíduos por sua característica biodegradável (ALVES et al., 2012). A biodisponibilidade de algumas plantas no nordeste brasileiro permite vários estudos, a mamona é uma planta de grande uso na produção. A Mamona (Ricinus communis L) é da família das euforbiáceas, e no Brasil também pode ser denominada por mamoneira, rícino, carrapateira, bafureira, baga e palma-criste. É uma planta xerófila e heliófila, com facilidade de propagação e de adaptação em diferentes condições climáticas, o clima tropical no Brasil, facilitou o seu alastramento, daí podemos encontrar a mamoneira em quase toda a sua extensão territorial, como se fosse uma planta nativa e em cultivos destinados à produção de óleo. Na Índia, desde os tempos antigos a Mamona tem sido usada para os mais diversos fins (ROEL, 2001). Com o objetivo de identificar o efeito carrapaticida do extrato da folha da Mamona analisou-se a mortalidade (%) e o tempo letal (dias) in vitro de teleóginas do B. microplus diante o teste de imersão. Material e Métodos Os ensaios in vitro foram conduzidos nos laboratórios de biologia e de química do Instituto Federal de Sergipe (IFS) - Campus São Cristóvão. Para realização da produção do extrato da folha da Mamona foram coletadas somente as folhas, triturando 25g de folhas em 250 ml de água no liquidificador, em seguida a solução foi armazenada durante 12 horas a temperatura ambiente e depois peneirada para uso imediato no bioensaio. A técnica foi escolhida por sua simplicidade de execução possibilitando seu uso pelos pequenos produtores. Dois produtos comerciais à base de Cipermetrina (6% e 15%) foram usados como parâmetro por ser o mais utilizado na região onde foram coletados os carrapatos. As teleóginas de B. microplus foram coletadas com auxílio de uma pinça e algodão umedecido em álcool etílico para facilitar a retirada dos carrapatos e evitar 95 danificar o seu aparelho sugador, reservadas em período de adaptação de 24 horas em placas de Petri e temperatura ambiente para verificar sua vitalidade após coleta. (MICHELETI et al., 2009). Foram identificadas pelos seus respectivos tratamentos (duas repetições), em grupos de 10 teleóginas (cada) foram imersas em 20 ml das soluções e devolvidas às placas de origem, o excesso das soluções nas teleóginas foi retirado com papel filtro, para evitar proliferação de fungos. Considerou-se mortalidade a ausência de movimento das teleóginas (duas observações/dia). O tempo letal medido em dias corresponde ao período decorrido entre a imersão e a morte das teleóginas, durante seis dias consecutivos. Ao final do experimento foram realizadas a análise de variância e a análise descritiva dos dados. Resultados e Discussão A Mortalidade das teleóginas de B. microplus após imersão nos tratamentos variou de 20 a 34,2 % (Tab.1). A mortalidade (%) do extrato de Mamona apresentou valores próximos ao calculado para Cipermetrina 15% e superior ao da Cipermetrina 6%. Tabela 1 – Mortalidade Média (%) ± desvio padrão de fêmeas ingurgitadas de B. microplus submetidas ao teste de AIT Tratamentos Mortalidade (%) Água 20,00 ± 1,2 Álcool 26,70 ± 0,4 Cipermetrina 6% 26,70 ± 1,1 Cipermetrina 15% 34,20 ± 0,4 Extrato de Mamona 33,30 ± 0,4 Nenhum dos tratamentos atingiu o índice de licença determinado pelo Ministério da Agricultura e Organização Mundial da Saúde, que são 95% e 80% respectivamente. No entanto, o produto comercial testado (Cipermetrina 6% e 15%), que apresenta registro e eficácia comprovada, também não atingiu os valores preconizados. Portanto, o extrato da mamona atua como carrapaticida biológico, mesmo não obtendo os valores de média preconizados, e por se tratar de um produto natural não representa riscos ao meio ambiente, pois é biodegradável e não desenvolve resistência. Quanto ao tempo letal ao tratamento (Tab.2) verificou-se que a primeira substância a ter efeito acaricida foi a Cipermetrina 15% no segundo dia do experimento. O extrato vegetal alcançou o índice de mortalidade do carrapaticida comercial 6% e 15% e os superaram ao quarto e quinto dia do experimento, que encerrou ao sexto dia. A Mamona atingiu 100% de mortalidade ao sexto dia (Tab.2). Raros são os trabalhos realizados utilizando o extrato da folha da mamona, porém, Hebling (1996) citado por Roel (2001), demonstrou que ela pode ser eficiente no combate a formigas cortadeiras e nesta pesquisa observaram-se resultados importantes quanto ao controle dos carrapatos, demonstrando que a folha também pode apresentar substâncias e propriedades que devem ser melhores estudadas. 96 Tabela 2 – Média da Mortalidade de teleóginas de B. microplus submetidas ao teste de AIT com extratos da folha da mamona e soluções comerciais, no período de 6 dias. E Tratamentos Dias após imersão CV(%) 1 2 3 4 5 6 Água 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,5 ± 0,7 1,0 ± 1,4 2,0 ± 2,8 8,5 ± 2,1 17,32 Álcool 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 1,5 ± 0,7 1,5 ± 0,7 3,0 ± 0,0 10,0 ± 0,0 73,03 Cipermetrina 6% 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 1,5 ± 2,1 2,5 ±2,1 2,5 ± 2,1 9,5 ± 0,7 25,05 Cipermetrina 15% 0,0 ± 0,0 1,0 ± 0,0 2,5 ± 0,7 3,5 ± 0,7 3,5 ± 0,7 10,0 ± 0,0 88,22 Extrato de Mamona 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 0,0 ± 0,0 4,5 ± 0,7 5,5 ± 0,7 10,0 ± 0,0 91,29 CV – Coeficiente de Variação Conclusões A média da mortalidade (%) do produto natural estudado foi próximo ao do controle positivo (Cipermetrina 15% e álcool). O tempo letal atingiu maiores índices de mortalidade do terceiro ao sexto dia constatando que o extrato da folha da mamona causa a mortalidade das teleóginas em pouco tempo. No quarto e quinto dia do experimento os índices da Mamona equivaleram-se aos resultados do produto comercial testado, chegando a superá-lo. Na análise verificou-se que o extrato possivelmente interferiu no crescimento das teleóginas e na sua oviposição, sendo necessários outros experimentos para melhor entender este processo e principalmente identificar o princípio ativo da folha da mamona. Sendo o óleo da mamona já tão cultivado e estudado torna-se de grande relevância o maior conhecimento sobre a utilização e aproveitamento da folha também, para assim viabilizar a agricultura sustentável. Literatura citada ALVES, W. V.; LORENZETTI, E. R.; GONZALVES, F. C. Utilização de acaricidas a base de plantas no controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus: Uma contribuição para a produção e desenvolvimento sustentável. Revista Brasileira de Agropecuária (RBAS), v.2, n.2, p. 14-25, dez. 2012. MICHELETTI, S.M.F., VALENTE, E. C. N., SOUZA, et al. Extratos de plantas no controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Canestrini, 1887)(Acari: Ixodidae) em laboratório. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v.18, n.4, p. 44-48, out-dez. 2009. ROEL, A. R. Utilização de plantas com propriedades inseticidas: uma contribuição para o desenvolvimento rural sustentável. Revista Internacional de Desenvolvimento Local, v. 1, n.2, p. 43-50, mar. 2001. SILVA, F.F., SOARES, M. C. S. C., ALVES, L. C. et al. Avaliação Comparativa da eficácia de fitoterápicos e produtos químicos carrapaticidas no controle do Boophilus microplus (Canestrini, 1887) por meio do biocarrapaticidograma. Revista Medicina Veterinária, Recife, v. 2, n. 3, p. 1-8, jul-set. 2008. 97 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.7. Modelo dinámico-probabilístico sobre el comportamiento de los pueblos indígenas en aislamiento de la Amazonia Ecuatoriana1 Marco G. Heredia Rengifo 2, Carlos G. Hernández Díaz-Ambrona3 1 Parte de la tesis final de Máster en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible de la Universidad Politécnica de Madrid (España). 2 Doctorando del programa de Posgrado en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible, Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, CEIGRAM, itdUPM. 3 Profesor en el Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, Escuela Técnica Superior de Ingenieros Agrónomos, CEIGRAM, itdUPM, Universidad Politécnica de Madrid (España). Resumen: La supervivencia de los pueblos en aislamiento (PIAs), Tagaeri – Taromenane en la Amazonia ecuatoriana, está influida por agentes externos y características culturales. El área definida como Zona Intangible para el desplazamiento de los PIAs presenta cierta debilidad geográfica, lo que alterna el funcionamiento de estas comunidades. El objetivo de este trabajo es conocer el comportamiento de las comunidades aisladas en relación con las fronteras de contactos. Se ha utilizado el software libre NetLogo versión 5.0.3, para simular la evolución durante 100 años de dos comunidades. Las poblaciones estimadas iniciales de indígenas en asilamiento fue de 100, 500, 1000 individuos por escenario. El comportamiento está condicionado por las variables: individuos Taromenane, individuos Tagaeri, tasa de nacimientos, disponibilidad de alimento en la Amazonía, crecimiento de la vegetación, valor energético de la alimentación, y energía de la vegetación. Las características guerreras por la protección de territorio propias de los PIAs, han permitido concluir que la intensificación de las presiones externas sumadas a los enfrenamientos entre grupos aislados genera su propia extinción en un espacio temporal de 100 años. Palabras clave: frontera agrícola,modelos, no contactados, supervivencia, Yasuní Dynamic probabilistic model on the behavior of indigenous people isolated in Ecuadorian Amazon Abstract: The survival of isolated peoples (PIAs), Tagaeri – Taromenane in the Ecuadorian Amazon, is influenced by external agents and cultural characteristics. The area defined as Intangible area for movement the PIAs presents certain geographic weakness, which toggles the operation of these communities. The aim of this study was to determine the behavior of isolated communities in relation to the borders of contacts. We used the free NetLogo software version 5.0.3, to simulate the evolution of 100 years 98 of two communities. The initial populations of the isolation indigenous estimated were 100, 500, 1000 individuals per scenarios. The behavior is conditioned by the variables: Taromenane individuals, individuals Tagaeri, birth rate, availability of food in the Amazon, vegetation growth, energy value of food, energy and vegetation. The Intensifying of the external pressures and confrontations between groups isolated (warlike characteristics of the PIAs for the protection their territory) generates its own extinction in a temporary space of 100 years. Keywords: Agricultural frontier, models, survival, uncontacted, Yasuní Introducción Los Tagaeri y Taromenane son dos grupos indígenas ecuatorianos que viven en a islamiento voluntario en la ecorregión terrestre Húmedo Napo. Están asentados entre los ríos Yasuní, Curaray y dentro del territorio ancestral Waorani (pueblo indígena del Ecuador Amazónico) en la Reserva de Biosfera Yasuní en la cuenca del Amazonas. En la década de los setenta el desarrollo petrolífero, la colonización agrícola y las misiones religiosas propiciaron el aislamiento de estos pueblos, que rehusaron al contacto en el proceso de pacificación, reubicación y pérdida del territorio padecido por los indígenas Waorani que están relacionados cultural y lingüísticamente. Desde que se produjo el aislamiento, las señales de presencia de los pueblos indígenas han sido en diferentes ocasiones constatadas. Las características guerreras de estos pueblos se han evidenciado en diversos enfrentamientos que han involucrado a trabajadores petroleros, colonos, indígenas y misioneros. Para la protección de estos pueblos, el gobierno del Ecuador declaró en 1999 y asignó en 2007 una superficie de 758.000 hectáreas, la “No-Go-Zone” llamada Zona Intangible o Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) (Presidencia de la República, 2007). Para mitigar las influencias antrópicas externas al entorno al perímetro de la ZITT se definió una zona de amortiguamiento de diez kilómetros de ancho (Figura 1- Parque Nacional Yasuní (PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) y bloques petroleros. Fuente: Pappalardo, et al. 2013. ), en la cual las actividades de extracción de madera, nuevas concesiones petroleras y mineras están prohibidas. Las actividades como la pesca, la caza y el uso tradicional de la biodiversidad está permitido a las comunidades indígenas ancestrales (Art. 2 del Decreto 2187,1999). 99 Figura 2- Parque Nacional Yasuní (PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) y bloques petroleros. Fuente: Pappalardo, et al. 2013. La complejidad de los sistemas territoriales (bloque petroleros, franja agrícola y sistema vial) y la distribución espacial de los clanes Tagaeri y Taromenane (Grupo Nashiño, Maxus, Armadillo y Cunchiyacu) reconstruidos a partir de las señales de presencia, demuestran la debilidad geográfica del perímetro de la ZITT. Pappalardo et al.(2013) definieron sobre la base de los derechos humanos y de los patrones espaciales de los Tagaeri Taromenane una nueva limitación no oficial (Erro! A origem da referência não foi encontrada.) que demuestra que la ZITT geométricamente tradicional no contiene la superficie real de territorialidad de los Tagaeri y Taromenane, lo que alterna el funcionamiento de estas comunidades. La superposición de usos del territorio y las diferentes presiones externas relacionadas con el área de desplazamiento espacial de los PIAs genera que la disponibilidad de alimentos y recursos está cada vez más ceñida por el avance de la frontera extractiva y el avance de la frontera agrícola; por lo cual la supervivencia de los PIAs está limitada a través del tiempo. El objetivo planteado fue determinar la supervivencia de los pueblos indígenas en aislamiento. Materiales y Métodos Para determinar la supervivencia de los pueblos en aislamiento se ha desarrollado un modelo de simulación dinámico-probabilístico con la finalidad de cuantificar la evaluación temporal de los indígenas contactados y no contactados. Se utilizó el software libre NetLogo versión 5.0.3 (Wilensky, 1999). NetLogo es un entorno de programación que permite la simulación dinámica y espacial de fenómenos naturales y sociales a través de tiempo. El área de la simulación fue de 10.000 km2 y la longitud del área posible de contacto fue de 100 km. Se simularon tres escenarios en función de la población inicial total de indígenas en asilamiento: 100, 500, 1000 individuos distribuidas en parte alícuotas entre individuos Tagaeri e individuos Taromenane. Los valores de los parámetros del modelo se mantuvieron constates en todo el proceso de simulación: tasa de nacimientos, disponibilidad de alimento, crecimiento de la vegetación, valor energético de la alimentación y energía de la vegetación. El modelo espacial contiene 37.636 pixeles que equivalen a 26,5 hectáreas cada pixel, con dos niveles de alimentos disponibles para todas las simulaciones se valorizó dos unidades 100 energéticas para los píxeles ricos en alimentos y 0,5 unidades energéticas para los píxeles que representa una vegetación pobre en alimento. Tabla 3 - Escenarios de simulación de los pueblos en aislamiento (PIAs) en la Amazonía de Ecuador. Escenarios Población Inicial Tagaeri Población Inicial Taromenane Nacimiento de los no contactados (Unidades energéticas/año) Disponibilidad de alimento (Unidades energéticas/pixel) Desarrollo de la vegetación (Unidades) Valor energético Alimento (Unidades energéticas) Valor energético Vegetación (Unidades energéticas) 100 500 50 250 50 250 20 20 20 20 20 20 2,0 2,0 0,5 0,5 1000 500 500 20 20 20 2,0 0,5 Los escenarios recogen la situación ideal en el cual la vegetación presenta un desarrollo saludable y por tanto la disponibilidad de alimentos y su tasa de crecimiento es máxima. Los resultados del modelo se considerarona partir de la media de 10 repeticiones por escenario. La unidad de tiempo considerada en el modelo son 100 años y el tiempo de simulación es mensual. Resultados y Discusión El grupo Tagaeri se extinguirá antes de los 100 años, alcanzándose de media en las diez simulaciones entre 0 y 1 individuo no contactado, con un mínimo de cero individuos y un máximo de tres. Mientras del grupo Taromenane quedarían de mediaentre 16 y 26 individuos, con un mínimo de siete individuos y un máximo de 45. Cabe destacar que una población Taromenane inicial menor mantendría un mayor nivel de supervivencia sin contacto, una media del 32% frente al 5,2%, este resultado sugiere que la densidad de población es un factor clave para la conservación de los grupos indígenas (Tabla 2 - ). Una mayor densidad de población inicial implica mayores conflictos bélicos entre grupos y mayor contacto con individuos foráneos. Al cabo de los 100 años en número de individuos contactados (55% del total) es superior en todos los escenarios a los individuos no contactados. La población simulada final para los tres escenarios es significativamente igual, por tanto la desaparición de estos grupos es independiente de los individuos iniciales. En los tres escenarios los individuos Tagaeri son inferiores a los Taromenane corroborando las características guerreras de su cultura por salvaguardar su espacio de sobrevivencia según Colleoni y Proaño (2010). Tabla 4 - Proyección del número de individuos a los 100 años partiendo de una población inicial total de 100, 500 y 1000 individuosde los pueblos en Aislamiento en la Amazonía de Ecuador. Entre paréntesis se muestra el coeficiente de variación Escenarios Individuos totales iniciales 100 500 1000 Media Individuos no contactados Tagaeri Individuos no contactados Taromenane Población contactada Población total 1 (6,8%) 0(168,0%) 1 (117,0%) 0,66 16 (33,2%) 23 (38,3%) 26 (44,8%) 21,66 21 30 32 28 38 53 59 50 Conclusión 101 La sobrevivencia de los pueblos en asilamiento Tagaeri – Taromenane está influida por presiones externas y características culturales. El incremento de dichas presiones genera la disminución de área espacial de desplazamiento de estos pueblos ocasionando enfrentamiento entre poblaciones por espacio y alimento lo que podría provocar su extinción. La disminución de la superficie de la Reserva Biósfera Yasuni, según las simulaciones realizadas, sería el factor determinante de la desaparición de los grupos aislados. Literatura citada COLLEONI, P.; PROAÑO, J.Caminantes en la selva. Los Pueblos en Aislamiento de la Amazonia Ecuatoriana. 2010. Informe 7 IWGIA. Grupo Internacional de Trabajo sobre Asuntos Indígenas (IWGIA) – 2010. p. 48. In: Los Pueblos Indígenas en Aislamiento Tagaeri Taromenane.docx PAPPALARDO SE, DE MARCHI M, FERRARESE F.Uncontacted Waorani in the Yasuní Biosphere Reserve: GeographicalValidation of the Zona Intangible Tagaeri Taromenane(ZITT).2013. PLoS ONE 8(6): e66293. doi:10.1371/journal.pone.0066293 PRESIDENCIA DE LA REPÚBLICA. Decreto Ejecutivo No. 2187. 2007. Quito, Ecuador. In: http://saveamericasforests.org/Yasuni/Ne ws / ZonaIntangible / DECRETO ZONA INTANGIBLE.pdf. WILENSKY, U. TheNetLogoUser Manual versión 5.0.3.1999. In: http://ccl.northwestern.edu/netlogo/ docs/(con acceso 25 octubre de 2012). 102 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.8. Interfaces entre Agroecologia e Segurança Alimentar e Nutricional1 Marli Santos Rosado2, Maria das Dores Saraiva de Loreto1, Grasiele Fortini dos Santos2 1 Artigo elaborado para a disciplina do PPG- Economia Doméstica- UFV. Estudante de Pós-graduação do Programa de Mestrado em Economia Doméstica, UFV, Viçosa/MG. 3Professora Associada do Departamento de Economia Doméstica, UFV, Viçosa/MG. . 4 Estudante de Pós-graduação do Programa de Mestrado em Economia Doméstica, UFV, Viçosa/MG. 2 Resumo: O objetivo do estudo foi examinar as interfaces entre agroecologia e segurança alimentar e nutricional, buscando contribuir para a proposição de ações que promovam o desenvolvimento rural sustentável. O estudo, de natureza qualitativa, fez uso da pesquisa bibliográfica, baseada em fontes secundárias, como livros, periódicos, artigos eletrônicos e demais textos expostos em bancos de dados, no contexto da problemática em questão. Pesquisas mostram que a agroecologia, como uma ciência ou um conjunto de conhecimentos, pode colaborar para a análise crítica da agricultura convencional e repercussões da Revolução Verde; além de permitir um correto redesenho e adequado manejo de agroecossistemas familiares sustentáveis. As interfaces entre agroecologia e segurança alimentar e nutricional estão pautadas no fato de que o enfoque agroecológico representa uma estratégia de mudanças no circuito da produção e consumo, capaz de reduzir a pobreza/fome, portanto, com condições de promover da Segurança Alimentar e Nutricional, por meio de ações interativas e participativas, que contribuam para a inclusão social, conservação ambiental e a realização do Direito Humano à Alimentação para todos. Palavras–chave: Agroecologia, Segurança alimentar e nutricional, Interfaces. Interfaces between Agroecology and Nutritional Food Security Abstract: The aim of the study was to examine the interfaces between agroecology and Nutritional Food Security, seeking help to propose actions that promote sustainable rural development. The study was qualitative, made use of literature search, based on secondary sources, such as books, periodicals, electronic items and other texts exposed in databases, in the context of the issue in question. Research shows that agroecology, 103 as a science or a body of knowledge, can contribute to the critical analysis of conventional agriculture and impacts of the Green Revolution, and allows an accurate redesign and proper management of sustainable agroecosystems family. Interfaces between agroecology and Nutritional Food Security are grounded in the fact that the agroecological approach represents a strategy of changes in the circuit of production and consumption, able to reduce poverty / hunger, therefore, capable of promoting Food Safety and Nutrition, through interactive and participatory actions that contribute to social inclusion, environmental conservation and realization of the human right to food for all. Keywords: Agroecology, Nutritional Food Security, Interfaces Introdução No cenário mundial existem pelo menos 1 bilhão de pessoas sofrem de desnutrição no planeta, conforme Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas Alimentares (IFPRI). A situação é considerada grave na África, Ásia e na América Latina, especialmente na Bolívia, na Guatemala e no Haiti. No Brasil, 7% da população ainda passa fome, o que representa cerca de 13 milhões de cidadãos. Segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Segurança Alimentar (FAO), um ser humano passa fome quando consome menos de 1.800 quilocalorias por dia, o mínimo para levar uma vida saudável e produtiva (CRAIDE, 2013). Tal realidade tem levado a uma mudança do paradigma de produção e maior atenção para o consumo, dentro de o circuito alimentar, como alternativa de desenvolvimento rural sustentável e promoção da segurança alimentar e nutricional. De acordo com documento aprovado na II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, incorporado na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), nº 11.346, de 15 de julho de 2006, SAN é definida como a realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis (BRASIL, 2006). Constitui um conceito bastante abrangente, por natureza interdisciplinar, que envolve questões de acesso a alimentos de qualidade, práticas alimentares saudáveis, práticas sustentáveis de produção, cidadania e direitos humanos. Pressupõe-se que a realização das propostas contempladas em cada dimensão do conceito de segurança alimentar e nutricional deve apresentar indicadores para a sustentabilidade social, econômica e ambiental, considerando o enfoque agroecológico, no desenho dos agroecossistemas rurais. Nesse contexto, o presente estudo objetivou abordar as interfaces entre agroecologia e segurança alimentar e nutricional, buscando contribuir para direcionamento das ações que promovam desenvolvimento rural sustentável e, portanto, a melhoria da qualidade de vida de grupos vulneráveis socialmente. Material e Métodos Este estudo, de natureza qualitativa, baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, que objetivou contribuir e explicitar uma reflexão teórica sobre o assunto. Baseada em fontes como livros, periódicos, textos e artigos eletrônicos, expostos em bancos de dados, a pesquisa teve como categorias de análise a Segurança Alimentar e Nutricional e a Agroecologia. 104 Resultados e Discussão A noção de segurança alimentar foi originalmente utilizada na Europa, a partir da I Grande Guerra Mundial. Sua origem estava profundamente ligada ao conceito de segurança nacional e à capacidade de cada país produzir sua própria alimentação, de forma a não ficar vulnerável à possíveis cercos, embargos ou boicotes de motivação política ou militar. Na década de 1970, a causa principal da insegurança alimentar/fome era atribuída à produção insuficiente de alimentos, o que no significado da segurança alimentar como uma política de armazenamento estratégico e de oferta segura e adequada de alimentos, e não como um direito de todo ser humano de ter acesso a uma alimentação saudável. O enfoque estava no produto e não no ser humano. Com base nesta perspectiva, foi promovida a Revolução Verde, que acabou por aumentar a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, o número de famintos e de excluídos, além de promover sérios agravos ambientais (Valente, 2002). Posteriormente, na II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional foram incorporadas as proposições para o enfrentamento do quadro de insegurança alimentar e nutricional. Assim, ao termo segurança alimentar foi incluído o significado de alimento para todos, com qualidade e quantidade suficientes. Uma alimentação saudável implica também em incluir alimentos sem resíduos de agrotóxicos e sem aditivos químicos. Produzir com eficiência econômica, sem poluir, sem degradar, aproveitando racionalmente os recursos locais existentes. Molina (2013, p.45) discute a esse respeito, ao destacar que a adoção de um enfoque agroecológico implica em uma estratégia diferente: “não se trata tanto de aumentar a produção, mas de melhorar a qualidade do ponto de vista da segurança alimentar, mantendo as condições físico-biológicas dos agroecossistemas, promovendo uma mudança nas relações comerciais com os pobres e, sobretudo, nos hábitos de consumo”. O autor acrescenta que a adoção da abordagem agroecológica é imprescindível na redução da pobreza e da fome, uma vez que permite: “um aumento considerável dos rendimentos sem uma utilização intensiva de insumos externos, conserva e melhora o capital natural, reduz a dependência do mercado, aumenta o poder e a confiança das comunidades locais, conserva a diversidade biológica e cultural e reforça a democracia, combatendo os efeitos mais negativos do atual modelo de globalização econômica” (Molina, 2013, p.44) Assim, a pesquisa brasileira vem sendo impulsionada para a busca de soluções mais ecológicas e economicamente viáveis, principalmente para os pequenos e médios agricultores, por meio do diálogo entre a ciência e o saber popular. As preocupações com a qualidade dos alimentos e com as questões socioambientais, engajadas nos processos de produção agrícola, são crescentes por parte dos consumidores, tornando-se cada vez mais necessário investigar formas alternativas de manejo dos recursos naturais e de organização social, capazes de responder positivamente aos desafios da produção agrícola sustentável, da preservação da biodiversidade sociocultural e da inclusão social (Lopes, et al, 2012). Neste contexto, a agroecologia remete a uma abordagem voltada para uma agricultura menos agressiva ao meio ambiente, que promova a inclusão social e proporcione melhores condições econômicas para os agricultores. Portanto, traz a ideia e a expectativa de uma nova agricultura, capaz de fazer bem aos homens e ao meio ambiente como um todo, afastando-se da orientação dominante de uma agricultura intensiva em capital, energia e recursos naturais não renováveis, agressiva ao meio ambiente, excludente do ponto de vista social e causadora de dependência econômica (Caporal; Costabeber, 2002). 105 Em essência, a transição agroecológica não pode ficar somente na esfera interna do sistema produtivo agropecuário. Conforme Caporal e Costabeber (2002), a agroecologia corresponde ao campo de conhecimentos que proporciona as bases científicas para apoiar o processo de transição do modelo de agricultura convencional para estilos de agriculturas de base ecológica ou sustentáveis, assim como do modelo convencional de desenvolvimento a processos de desenvolvimento rural sustentável. Necessita ser entendida como um enfoque científico, que pode contribuir para a análise crítica da agricultura convencional, bem como para orientar o correto redesenho e manejo de agroecossistemas, na perspectiva da sustentabilidade, de maneira que haja uma potencialização da biodiversidade, dos solos, da reciclagem dos nutrientes e demais resíduos, da conservação e regeneração dos sistemas, além do equilíbrio e aumento da sinergia entre os componentes do agroecossistema, na perspectiva da sustentabilidade (Molina, 2013). Conclusões Conclui-se que a adoção do enfoque agroecológico no desenho de estratégias para combater a pobreza e a fome e, portanto, assegurar a Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável são de responsabilidade coletiva (governo, sociedade civil sem fins lucrativos e setor empresarial), que deve buscar traduzir as iniciativas governamentais e não governamentais em políticas, programas e ações, que considerem Zoneamento Agroecológico construído de maneira interativa e participativa, capaz de garantir a realização do Direito Humano à Alimentação para todos, com destaque para os estudos sobre as formas de acesso a uma alimentação qualitativa e quantitativamente adequada de maneira sustentável. Literatura citada BRASIL, Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, Brasil, 15/06/2006. Disponível em <http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes> Acesso 13/06/2013. CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: enfoque científico e estratégico. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v.3, n.2, p.13-16, 2002. CRAIDE, Sabrina. Pesquisa mostra que cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome no mundo. Disponível em < http://www.amambainoticias.com.br> Acesso 29/07/2013. LOPES, P. R. et al. Produção de café agroecológico no sul de Minas Gerais: sistemas alternativos à produção intensiva em agroquímicos. Revista Brasileira de Agroecologia. v.7, n.1, p. 25-38, 2012. MOLINA, M. G. de Las experiências agroecológicas y su incidência em el desarrollo rural sostenible. La necesidad de uma agroecológica política. In: Sauer, Sérgio; Balestro, Moisés Villamil (orgs). Agroecologia e os desafios da transição agroecológica. São Paulo: Expressão Popular, 2013, p.17-69. VALENTE, F.L.S. Segurança alimentar e nutricional: Transformando natureza em gente. Cortez Editora. São Paulo; 2002. 106 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.9. Frações fibrosas da silagem de capim elefante enriquecida com diferentes níveis de torta de nabo forrageiro Marciana Teixeira de Souza¹, Arnaldo Prata Neiva Júnior², Valdir Botega Tavares², Soraia Viana Ferreira1, José Victor Hosken Cruz3, Silvane de Almeida Campos3 1 Graduanda em Zootecnia – IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba .Professor do Departamento de Zootecnia - IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba 3 Mestrando (a) em Agroecologia - UFV 2 Resumo: Objetivou-se com o presente estudo avaliar as diferentes frações fibrosas da silagem de capim elefante contendo diferentes níveis de torta de nabo forrageiro. O experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia do Instituto Federal de Educação Sudeste MG - Câmpus Rio Pomba. A torta foi obtida no departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras, Lavras - MG e o capim elefante no Departamento de Zootecnia do referido Câmpus. Os alimentos foram ensilados em silos de PVC, adaptados com válvula tipo Bunsen. Foram determinados os valores de MS, FDN, FDA, HEM, CEL, LIG. Todos os níveis de TNF utilizados elevaram os teores de MS. Houve efeito da inclusão das tortas, nos níveis estudados na diminuição da FDN, FDA, Hemicelulose e CEL. Observou-se tendência de aumento nos teores de lignina com a inclusão da TNF. De modo geral, a utilização da TNF, promoveu diminuição nos teores das variáveis estudadas. Palavras–chave: silagem, frações fibrosas, nabo forrageiro. FIBROUS FRACTIONS OF ELEPHANT GRASS SILAGE ADDED WITH DIFFERENT LEVELS OF FORAGE RADISH CAKE Abstract: The objective of present study was to evaluate the different fractions of fibrous grass silage with different levels of pie oilseed radish. The experiment was out at the Department of Animal Science of IF Southeastern Minas Gerais – Câmpus Rio Pomba. The pie was obtained in the Department of Engineering of the Federal University of Lavras - MG and elephant grass in the Department of Animal Science Câmpus referred. The foods were ensiled in PVC silos, adapted with Bunsen type valve. The values of DM, NDF, ADF, hemicelluloses, Cellulose, LIG were determined. All levels of TNF utilized raised the DM.Significant effect of the inclusion of pies in the studied levels decreased NDF, ADF and CEL. There was an increase in levels of lignin with the inclusion of TNF. In a general way, the use of TNF has caused a reduction in the levels of study variables. 107 Keywords: silage, fibrous fractions, turnip Introdução A redução anual na oferta de forragem, durante as estações secas em regiões tropicais é um dos principais fatores determinantes do nível de produtividade. Logo, a busca por alternativas alimentares de baixo custo e de melhor eficiência biológica tem sido necessário no campo da nutrição animal. Com isso várias pesquisas têm focado na determinação dos requerimentos nutricionais dos animais a partir do uso de coprodutos que permitam a produção animal a custos reduzidos. No Brasil, grande quantidade de coprodutos da agricultura e da agroindústria tais como os oriundos da cadeia do biodiesel (tortas e farelos) tem potencial para utilização na alimentação de animais, podendo ser empregados como fontes de nutrientes para ruminantes por serem prontamente degradados no rúmen (Van Cleef, 2008). A torta de nabo forrageiro (Raphanus sativus), coproduto da indústria do biodiesel, é resultado final da prensagem e extração do óleo vegetal da semente do nabo forrageiro. Segundo Fortaleza et al. (2009), essa torta apresenta características que possibilitam sua utilização na alimentação de ruminantes com possibilidade de substituição ao farelo de soja, devido à semelhança da degradação ruminal da proteína entre os dois coprodutos. O capim elefante (Pennisetum purpureum) pode ser considerado como uma das principais forrageiras utilizadas na alimentação de ruminantes. Entretanto, a maior parte da produção concentra-se na época chuvosa, quando a abundância de pasto dispensa seu fornecimento de forma fresca, principalmente aos bovinos. Uma das medidas para tornar seus processos de produção e utilização independentes é através da ensilagem, tornando-o disponível o ano todo. No entanto, o capim elefante apresenta alto teor de umidade e baixo teor de carboidratos solúveis, no momento ideal de corte para a ensilagem. Essa característica interfere negativamente no processo fermentativo por permitir o surgimento de fermentações secundárias indesejáveis, levando à queda na qualidade da silagem e a perdas por drenagem. Desta forma, a torta de nabo forrageiro (TNF) constitui uma alternativa para obtenção de silagem com melhor qualidade. Este estudo teve como objetivo avaliar as frações fibrosas da silagem de capim elefante contendo diferentes níveis de torta de nabo forrageiro. Material e Métodos O experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia do Instituto Federal de Educação Sudeste MG - Câmpus Rio Pomba. Adotou-se o delineamento inteiramente casualizado, 4 tratamentos e 5 repetições. A torta foi obtida no Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG e o capim elefante no Departamento de Zootecnia do referido Câmpus. Os alimentos foram ensilados em 20 silos de PVC com diâmetro de 10 cm e altura de 40 cm, adaptados com válvula tipo Bunsen. O material foi ensilado por 41 dias. Foram retiradas amostras individuais de cada silo, sendo secas em estufa de ventilação forçada de ar a 65°C por 72 horas e moídas em peneira de um milímetro, utilizando-se um moinho tipo Willey. Foram determinados os teores de matéria seca (MS), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM), celulose (CEL) e lignina (LIG). 108 Realizou-se a análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%. Resultados e Discussão As silagens experimentais apresentaram boas características tais como odor agradável, textura firme e ausência de fungos. Houve diferença significativa para todas as características analisadas para o teste tukey com nível de significância a 5%. Tabela 1 - Médias dos teores de matéria seca e das frações fibrosas das silagens contendo diferentes níveis de TNF. Variável MS (%) FDN (% MS) FDA (% MS) HEM (% MS) CEL (% MS) LIG (% MS) 1 CE1 21.86c 71.61a 46.71a 24.9a 39.22a 7.09b Níveis de adição (%) CE +TNF2 10 28.25b 15 30.72ab 20 32.87a 10 57.11b 15 55.04b 20 50.95c 10 37.02b 15 34.82bc 20 33.92c 10 20.09b 15 20.22b 20 17.03c 10 29.44b 15 26.28c 20 24.92c 10 7.24b 15 8.59a 20 8.64a Silagem de capim elefante pura; Silagem de capim elefante com torta de nabo forrageiro. 2 Houve aumento da MS, variando de 21.86% para a silagem sem a torta a 32.87% para as silagens contendo a TNF, que no caso da silagem de capim elefante é benéfico, pois melhora as características fermentativas da silagem, já que o teor de MS do capim elefante no ponto de ensilagem nem sempre apresenta níveis adequados. A inclusão da TNF, principalmente, nas doses 15 e 20%, foram mais eficientes em aumentar os teores de MS das silagens de capim-elefante. Os valores de FDN oscilaram de 71.61% na silagem sem adição da TNF a 50.95% para a silagem contendo 20% de TNF. Para os níveis 10 e 15% de adição da torta, foram observados valores semelhantes estatisticamente e menores do que a silagem sem adição a TNF. Os valores obtidos nas silagens contendo TNF indicam que houve uma diminuição nos valores de FDN conforme se aumentou os níveis de inclusão de TNF, sendo assim, pode-se inferir que houve efeito da inclusão das tortas, nos níveis estudados, resultando assim na diminuição da FDN (%) das silagens. 109 A adição de níveis crescentes da TNF na silagem de capim-elefante promoveu redução significativa nos teores de FDA das silagens. Todos os valores médios de FDA (%) encontrados neste estudo foram superiores a 25%. Sendo que na medida em que se aumentou os níveis de inclusão da torta, houve redução destes níveis gradativamente como pode ser observado na Tabela 1 oscilando de 46.71 para o tratamento sem TNF a 33.92 para o tratamento com 20% de TNF, mostrando assim uma diminuição significativa para esta variável conforme houve aumento na inclusão de TNF. Houve diminuição da hemicelulose com a elevação dos níveis de inclusão da TNF. Os teores de (CEL) diminuíram à medida que se aumentou o teor de TNF. O teor de CEL nas silagens também sofreu influência dos níveis de inclusão da TNF, sendo que os menores valores médios foram encontrados nos níveis de 20%. Com a inclusão gradual de TNF ao capim elefante observou-se tendência de aumento nos teores de lignina das silagens dos níveis 0 para 20% de TNF. Conclusões Os diferentes níveis de torta de nabo forrageiro adicionado à silagem de capim elefante promoveu diminuições nos teores FDN, FDA, hemicelulose e celulose, proporcionando silagens de melhor qualidade. Literatura citada FORTALEZA, A.P.S.; SILVA, L.D.F.; RIBEIRO, E.L.A.; BARBERO, R.P. MASSARO JÚNIOR, F.L.; SANTOS, A.X.; CASTRO, V.S.; CASTRO, F.A.B.. Degradabilidade ruminal In Situ dos componentes nutritivos de alguns suplementos concentrados usados na alimentação de bovinos. Semina: Ciências Agrárias, Londrina, v.30, n.2, p.481-496, abr/jun, 2009. VAN CLEEF, E.H.C.B. Tortas de nabo forrageiro (Raphanus sativus) e pinhão manso (Jatropha curcas): caracterização e utilização como aditivos na ensilagem de capim elefante. 2008. 77f. Dissertação (Mestrado em Nutrição Animal) - Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG, 2008. 110 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.10. Desempenho de clones da variedade robusta tropical em sistema de cultivo agroecológico em Minas Gerais Waldênia de Melo Moura2, Paulo César de Lima2, Rebeca Lourenço de Oliveira3 ; Cássio Francisco Moreira de Carvalho 3 ; Cileimar Aparecida da Silva4 ; Saturnino Silveira de Brito 5. 1 Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Pesquisadores, D.Sc., EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]; ; [email protected]. 3 Engenheiros Agrônomos Bolsistas, CBP&D-Café /EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa, MG,; [email protected]; [email protected]. 4 Bolsista, PIBIC – FAPEMIG - EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]. 5 Técnico Agrícola, EPAMIG – Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected] 2 Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar e selecionar clones de café conilon promissores para o cultivo agroecológico em Minas Gerais. O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da EPAMIG, em delineamento de blocos casualizados, com nove clones de café conilon e três repetições. Foram avaliadas durante o período de quatro colheitas as seguintes características agronômicas: vigor vegetativo; severidade de ferrugem; severidade de cercosporiose; intensidade do ataque de bicho-mineiro e produtividade. Em geral, os clones apresentaram alto vigor vegetativo e baixa incidência de doenças e praga. A média de produtividade foi de 63,20 sacas de café beneficiado/ ha. Os clones (códigos) 23, 21, 29 e 04 são indicados para sistema de cultivo agroecológico em Minas Gerais. Palavras–chave: Coffea canephora, doenças e praga, produtividade, variabilidade Performance of clones of variety robusta tropical in agroecological farming system in Minas Gerais Abstract: The objective of this work was to evaluate and select the promisors clones of conilon coffee to the agroecologic cultivate in Minas Gerais. The experiment was installed in Leopoldina’s Experimental Farm– MG, EPAMIG, randomized block design, with nine clones of conilon coffee and three replications. During four crop were evaluated the following agronomic characteristics: vegetative vigor; leaf rust and eyespot severity; intensity of leaf miner’s attack and productivity. In general, the clones showed high vegetative vigor and low incidence of diseases and pests The average of 111 the productivity was 63,20 coffee in bags/ha. The clones (codes) 23, 21, 29 and 04 are indicated for agroecological farming system in Minas Gerais. Keywords: Coffea canephora, diseases and pests, productivity, variability Introdução Existem cerca de 100 espécies de café descritas, entretanto somente duas espécies são comercializadas no mundo, Coffea arabica e Coffea canephora. A espécie C. canephora representa 30% do café comercializado, reproduz-se por alogamia, ou seja polinização cruzada, apresentar grande variabilidade entre as plantas. Por isso a grande maioria das variedades comercializadas são clonais. Atualmente existem diversas variedades clonais de café conilon disponiveis no mercado, com diferentes ciclos de maturação e caracteristicas peculiares, destacando-se a variedade Robustão Tropical que foi lançada no ano de 1999 (Ferrão, et al., 2000). Formada pelo agrupamento de dez clones, apresenta alto vigor vegetativo e maturação dos frutos entre maio e junho, sendo tolerante a seca e as principais doenças foliares. Apresenta também baixos indices de desfolhamento em condições de estresse hidrico e peneira média dos frutos superiors a 15 (Ferrão et al.,2007). Apesar de todas essas qualidades, os resultados de pesquisa são praticamente proveniente das condições de cultivo do Estado do Espirito Santo. Assim, esse trabalho teve como objetivo avaliar e selecionar clones de café conilon promissores para o cultivo agroecológico em Minas Gerais. Material e Métodos O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da EPAMIG, em delineamento de blocos casualizados, com nove clones de café conilon e três repetições. A parcela experimental foi constituída de nove plantas, em espaçamento de 2,5 m entre fileiras e 1 m entre plantas. O experimento foi conduzido no sistema de cultivo com a utilização de adubos químicos e corretivos da acidez do solo, porém sem o uso de agrotóxicos. Foram avaliadas durante quatro colheitas as seguintes características agronômicas: Vigor vegetativo - com notas de 1 a 10, em que, 1 = baixo vigor e 10 = alto vigor; Severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de ferrugem; 2 = folhas com poucas pústulas, 3 = folhas com infecção moderada, e 4 = folhas com infecção alta, pústulas abundantes; 5 = folhas com infecção alta, pústulas abundantes, ocorrendo desfolha; Severidade de cercosporiose (Cercospora coffeicola) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = ataque leve nas folhas, 3 = ataque moderado nas folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e 5 = ataque intenso nas folhas e frutos; Intensidade do ataque de bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = poucas lesões, 3 = quantidade mediana de lesões, 4 = grande quantidade de lesões coalescidas; 5 = grande quantidade de lesões coalescidas e desfolha; intensidade de seca de ponteiro - com notas de 1 a 4, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = ataque leve nas folhas, 3 = ataque moderado nas folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e produtividade em sacas de café beneficiado/ha. Os dados foram analisados utilizando-se o programa estatístico SAEG, através de análises de variância, e as médias foram comparadas pelo Teste Scott-knott, ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Os clones apresentaram variabilidade para as caraterísticas de vigor vegetativo, severidade de ferrugem e produtividade (Tabela1). Quanto ao vigor vegetativo as plantas foram consideradas vigorosas, embora não tenham apresentado diferenças 112 significativas, os valores variaram de 7,14 a 8,83, apresentados pelos clones 19 e 23. Resultados semelhantes foi constatado por Ferrão, et al. (2011) Embora não tenha sido feito o controle químico de doenças e praga, constatou-se baixa severidade de ferrugem, sendo possível classificar os clones em dois grupos (Tabela 1). Este fato pode estar associado à tolerância genética que esses clones possuem esta doença (Ferrão, et al., 2007). Os clones apresentaram ataque leve de cercosporiose e baixa intensidade de seca de ponteiro (Tabela 1). Baixa incidência de cercosporiose foram também observadas para clones de café conilon por Oliveira et al. (2011a). Quanto a incidência de bicho-mineiro, constatou-se poucas lesões nas folhas e não foram observadas diferenças significativas entre os clones avaliados (Tabela 1). Já Oliveira, et al. (2011b) constataram ampla diversidade para essa característica entre 40 genótipos de café conilon, sendo que a maioria ficaram concentrados nas classes de menores severidades. A média geral da produtividade foi de 63,20 sacas de café beneficiado/ ha, e essa foi à característica que apresentou a maior variabilidade entre os clones, com valores de 46,14 a 86,70 sacas de café beneficiado/ ha, apresentadas para os clones 27 e 23, respectivamente. Ampla variabilidade de produção também foi observada entre vinte clones de conilon no estado do Espirito Santo, com médias variando de 19,31 a 126,41 a 19,31 sc.ha-1, em dois ciclos de produção (Mendonça et al., 2011). Foi possível classificar os clones em dois grupos: o mais produtivo com média de 79,63 e o menos produtivo com média de 54,98 sacas de café beneficiado/ ha (Tabela1). Destacaram-se os clones 23, 21, 29 e 04 por serem os mais produtivos, vigorosos e com baixa incidência de doenças e pragas. Embora os nove clones avaliados façam parte de uma mesma variedade, ainda apresenta variabilidade principalmente com relação à severidade de doenças e a produtividade. Tabela 1. Médias do vigor vegetativo (VIG), da severidade de ferrugem (SF), da severidade de cercosporiose (SC), da incidência de seca de ponteiro (ISP), da incidência de bicho-mineiro (IBM) e da produtividade (PROD) em sacas de café beneficiada/ ha. Viçosa, 2013. Clones VIG SF SC ISP IBM PROD (Códigos) 23 8,83 1,44B 1,39A 1,94 2,11 86,70A 21 8,06 1,33B 1,44A 1,83 1,94 78,16A 29 8,08 1,69A 1,28A 1,89 2.28 74,04A 04 7,56 1,75A 1,58A 1,78 2,08 63,87B 25 7,39 1,72A 1,39A 2,06 2,22 58,36B 31 7,50 2,00A 1,72A 2,39 2,00 57,79B 17 8,06 1,94A 1,44A 2,11 2,00 57,14B 19 7,14 1,50B 2,03A 2,00 2,22 46,61B 27 7,33 1,61B 1,50A 2,17 2,00 46,14B Média geral 7,77 1,67 1,53 2,01 2,09 63,20 CV% 7,51 10,14 15,01 10,92 8,21 17,36 n/s Não significativo pelo Teste F, a nível de 5% Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem pelo teste de agrupamento de médias Scott-Knott a 5% de probabilidade. 113 Conclusões Há variabilidade genética entre os clones de café conilon da variedade robustão capixaba que pode ser exploradas em programas de melhoramento genético. Os clones (códigos) 23, 21, 29 e 04 são indicados para sistema de cultivo agroecológico em Minas Gerais. Agradecimentos À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Consorcio Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento do Café (CBP&D-Café) pelo apoio financeiro e pelas bolsas concedidas aos autores. Literatura Citada FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A.; SILVEIRA, J.S.M.; FERRÃO, M.A.G.; BRAGANÇA, S. M. Emcapa 8141 – Robustão Capixaba, variedade clonal de café conilon tolerante à seca, desenvolvida para o Estado do Espirito Santo. Revista Ceres, Viçosa, MG:47, n. 273, p.555-560, 2000. FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A.; FERRÃO, M.A.G.; BRAGANÇA, S. M.; VERDIN FILHO, A. C.; VOLPI, P.S. Cultivares de Café Conilon. In: FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A.; BRAGANÇA, S.M.; FERRÃO, M.A.G.; De MUNER (Eds.) Café Conilon. Vitória, ES:Incaper, 2007. p. 205-221. FERRÃO, M. A. G.; FERRÃO, R. G.; FONSECA, A. F. A.; VOLPI, P. S.; VERDIN FILHO, A. C.; MIGUEL, G. S. Caracterização morfo agronômica de café conilon. VII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 2011, Araxá – MG. Anais... Brasília-DF: Embrapa Café, 2011. CD-ROM MENDONÇA, R.F.; RODRIGUES, W.N.; R.F.; FERRÃO, R.G.; FERRÃO, M.A.G.; FONSECA, A.F.A.; TOMAZ, M.A. Avaliação de clones de café conilon de ciclo de maturação tardio quanto a produtividade e severidade da ferrugem. VII SIMPÓSIO DE PESQUISAS DOS CAFÉ DO BRASIL, 2011, Araxá-MG. Anais.....Brasília-DF: Embrapa Café, 2011. CD-ROM. OLIVEIRA, C.M.; TOMAZ, M.A.; FERRÃO, M.A.G.; FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A.; BREGONCI, I.S. Avaliação da severidade de cercosporiose e ferrugem em clones de café conilon. In: VII SIMPÓSIO DE PESQUISAS DOS CAFÉ DO BRASIL, 2011a, Araxá-MG. Anais...... Brasília-DF: Embrapa Café, 2011a. CD-ROM OLIVEIRA, C.M.; RODRIGUES, W.N.; FERRÃO, M.A.G.; FERRÃO, R. G.; FONSECA, A. F. A.; TOMAZ, M.A. Severidade do bicho mineiro em genótipo de café conilon de ciclo tardio selecionados no norte e sul do estado do Espirito Santo. In: VII SIMPÓSIO DE PESQUISAS DOS CAFÉ DO BRASIL, 2011b, Araxá-MG. Anais..... Brasília-DF: Embrapa Café, 2011b. CD-ROM 114 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.11. Adubação Alternativa na Condução de Bananeiras Prata-Anã no Norte de Minas Gerais Fernando Gomes da Silva2, Lize de Moraes Vieira da Cunha1, Renato Fernandes Silva, Luana Maria dos Santos2, Huarlen Ruann Trindade de Souza2, Maria Nilfa de Almeida Neta 1Professor do Departamento de Ciências Agrárias da UNIMONTES. 2 Estudante de graduação em Agronomia. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o uso de esterco bovino, urina de vaca e biofertilizante como adubação alternativa no cultivo da banana Prata-Anã. O experimento foi conduzido na Associação Educacional Bico da Pedra Bruta, localizada no município de Janaúba, MG. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, com três tratamentos (testemunha, biofertilizante mais esterco bovino e biofertilizante mais urina de vaca) e cinco repetições. Os parâmetros avaliados foram: peso do cacho e do engaço e número de pencas comerciais. O uso da adubação alternativa demonstrou incrementos positivos para os parâmetros avaliados, quando comparados à testemunha. Sendo o tratamento biofertilizante mais urina de vaca o que reportou melhores respostas em relação ao biofertilizante mais esterco bovino e a testemunha. Desta forma a adubação alternativa leva a uma viabilidade econômica devido à redução de adubos químicos, favorecendo a permanência das famílias no campo e contribuindo para melhoria das condições de solo. Palavras-Chave: Adubação alternativa, agricultura familiar, bananicultura e resíduos orgânicos Fertilization in Alternative Driving Banana Silver Dwarf in the North of Minas Gerais Abstract: This study aims to evaluate the use of manure, cow urine as fertilizer and fertilizer alternative in banana cultivation silver Dwarf. The experiment was conducted at the Educational Association of the Stone Spout Gross, located in the municipality of Janaúba, MG. The experimental design was a randomized block design with three treatments (control, biofertilizers more manure and fertilizer more cow urine) and five replications. The parameters evaluated were: bunch weight and number of stems and bunches commercial. The use of alternative fertilization showed positive increments to the parameters evaluated, when compared to the control. Being the biofertilizer 115 treatment more cow urine which reported better responses to biofertilizer more cattle and the control. Thus fertilization alternative leads to economic viability due to the reduction of chemical fertilizers, encouraging families to stay on the field and contributing to the improvement of soil conditions. Keywords: Fertilization alternative, family farms, banana plantations and organic waste Introdução Cultivada por um grande número de agricultores familiares numa extensa região tropical, a cultura da banana apresenta-se com relevante importância uma vez que, como atividade principal desses agricultores oferece-lhes diversas vantagens: gera emprego e renda o ano inteiro, tem fácil adaptação aos diferentes climas, boa produtividade e alto valor nutricional. No projeto jaíba, perímetro público irrigado com captação da água do rio São Francisco, a área de produção da banana é mais expressiva, segundo dados da Abanorte (2008) são 114 agricultores atendidos no cultivo das diferentes espécies da fruta, mas e a banana prata o tipo mais produzido, não só no Jaíba como em todo o Estado de Minas Gerais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o uso de esterco bovino, urina de vaca e biofertilizante como adubação alternativa no cultivo da banana Prata-Anã no Norte de Minas Gerais. Material e Métodos O experimento foi realizado no ABIP (Associação Educacional Bico da Pedra Bruta), localizada no município de Janaúba, MG. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso com três tratamentos e cinco repetições. Sendo utilizados os seguintes tratamentos: testemunha, esterco bovino de curral curtido mais biofertilizante, e biofertilizante mais urina de vaca. Foi definida a quantidade de 20 litros de biofertilizante por tratamento, 30 kg de esterco bovino para o tratamento de esterco bovino mais biofertilizante, e de acordo com os dados da Pesagro (2000) 26 litros de urina bovina para o tratamento biofertilizante mais urina de vaca. O biofertilizante foi utilizado na proporção de 1:20 e juntamente com o esterco foram aplicados em círculo a 20 cm de distância da planta com intervalos quinzenais. A urina bovina foi utilizada a 2%, teor permitido para fruteiras segundo a Pesagro (2001), e aplicada via solo. Entretanto, em função da exigência hídrica diária da bananeira (30,0 litros de água em dias de pleno sol) segundo Cordeiro (2003), as aplicações da urina bovina ficaram limitada ao uso de três litros de urina para 150 litros de água. As aplicações foram realizadas manualmente a partir do uso de regadores, após um período de aproximadamente cinco meses, realizou-se a colheita dos cachos e as avaliações para a obtenção dos dados. Foi avaliado o número de pencas comerciais (1º, 2º e descarte) a partir de uma seleção visual a olho nu como a maioria dos agricultores familiares, e com o auxílio de uma régua tipo paquímetro para medir o diâmetro dos frutos. Os dados obtidos foram avaliados a partir da comparação das médias dos diferentes tratamentos. Resultados e Discussão Observou-se que o maior peso médio do cacho foi obtido no tratamento biofertilizante mais urina de vaca, que apresentou um incremento de produção de 185,4 %, sendo superior ao tratamento biofertilizante mais esterco bovino, que obteve 8,3 % e principalmente quanto à testemunha que recebeu apenas água no período chuvoso. Conforme pode ser comprovado na tabela 1. 116 Conforme pode ser observado na tabela 2, a avaliação para número de pencas comerciais obtidas observou-se um aumento de 40% no número de pencas de primeira e 33,3% no número de pencas de segunda com o uso do tratamento biofertilizante mais urina de vaca. Já o tratamento um biofertilizante mais esterco bovino apresentou um aumento de 100% no número de pencas de segunda, não caracterizando a presença de pencas classificadas comercialmente como pencas de primeira. Os resultados das análises para características de frutos foram considerados positivos para os dois tratamentos, sendo que o tratamento biofertilizante mais urina apresentou resultados superiores para todos os parâmetros avaliados. Tabela 1. Características de peso do engaço, peso das pencas e número de pencas, submetidos a diferentes fontes de adubação alternativa T1 e T2. Características Testemunha Avaliadas Biofertilizante Biofertilizante mais Esterco mais Urina Peso do cacho + engaço (kg) 4,8 5,2 13,7 Peso do engaço (kg) 0,8 0,85 1,56 Peso das pencas (kg) 4,0 4,35 12,2 Número de pencas 10 9,0 12,5 Tabela 2. Produtividade média do número de pencas comerciais submetidos a diferentes fontes de adubação alternativa T1 e T2. Classificação Testemunha das Pencas Biofertilizante Biofertilizante mais Esterco mais Urina 1º 5,0 0,0 7,0 2º 3,0 6,0 4,0 Descarte 2,0 3,0 1,5 117 Conclusões Ambos os tratamentos utilizados apresentaram aumento na produção da bananeira e nos atributos químicos do solo, o tratamento biofertilizante mais urina de vaca promoveu maior incremento no peso dos cachos, no número de pencas comerciais de primeira comparando-se com a testemunha e o tratamento biofertilizante mais esterco bovino. O presente trabalho induz a uma viabilidade social, por evitar o êxodo rural dos agricultores familiares ao lhe proporcionar uma alternativa para a condução e permanência na atividade. As fontes alternativas utilizadas reduzem o uso de agroquímico e consequentemente o impacto ambiental. Agradecimentos Agradecimento ao Programa de Extensão Universitária PROEXT/MEC/SESU pela concessão de bolsa de incentivo ao desenvolvimento de experiências de base agroecológica. Literatura citada ABANORTE: Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas. Produtores de banana Querem Criar Central. Jornal Hoje em Dia. Publicado em 28/10/2008. Disponível em: http://www.abanorte.com.br/noticias/produtores-de-banana-queremcriar-central> Acesso em: 12/07/2013. CORDEIRO, Z. J. M.; Irrigação. Cultivo da Banana para o Projeto Formoso. EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. Janeiro de 2003. PESAGRO. Urina de vaca 2000. Disponível em: < http://74.125.47.132/search?q =cache:78BQxODEDH8J :www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/2014419960.doc+uso+ da+urina+de+vaca+a+2%25+em+fruteiras&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br> Acessado em: 12/07/2013. PESAGRO. Urina de vaca: Alternativa Eficiente e Barata. Niterói, 2001. 8 p. (PESAGRO. Documento,68). Disponível em: http://www.pesagro.rj.gov.br/urina.html> Acessado em: 12/07/2013. 118 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.12. Avaliação de doenças e praga em cultivares de café arábica no sistema orgânico1 Cássio Francisco Moreira de Carvalho2, Cileimar Aparecida da Silva3, Waldênia de Melo Moura4, Paulo César de Lima4, Rebeca Lourenço de Oliveira2, Luciano Luíz Jacoob5 1 Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Engenheiros Agrônomos Bolsistas, CBP&D-Café /EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa, MG, [email protected]; [email protected] 3 Bolsista, PIBIC – FAPEMIG - EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected] 4 Pesquisadores, D.Sc., EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]; [email protected] 5 Engenheiro Agronomo, EPAMIG – Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected] 2 Resumo: Este trabalho teve por objetivo avaliar a incidência de doenças e praga em cultivares de café arábica no sistema orgânico. O experimento foi instalado na Fazenda Experimental Vale do Piranga da EPAMIG, situada no município de Oratórios, MG. Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados, com 20 cultivares de café arábica e três repetições. Avaliou-se por meio de escalas de notas atribuídas a severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix), severidade de cercosporiose (Cercospora coffeicola), intensidade de seca de ponteiro, incidência de bicho-mineiro (Leucoptera cofeella) e vigor vegetativo. Observou-se que, em geral, as cultivares apresentaram pouca severidade de ferrugem e de cercosporiose. Quanto à intensidade de seca de ponteiro, foi possível classificar as cultivares em dois grupos, sendo que a maioria apresentou ausência de sintomas. Com relação à incidência de bicho-mineiro, as cultivares apresentaram sintomas variando de poucas a medianas quantidades de lesões nas folhas. Dentre as características avaliadas, há variabilidade entre as cultivares de café no sistema orgânico, somente para a intensidade de seca de ponteiro e para a incidência de bicho mineiro. Palavras–chave: Coffea arabica, ferrugem, cercosporiose, seca de ponteiro, bicho mineiro, variabilidade. Evaluation of diseases and pests in Arabic coffee in organic systems Abstract: The objective of this work was to evaluate the incidence of diseases and pests and vegetative vigor in Arabic coffee in organic systems. The experiment was conducted at Vale do Piranga’s Experimental Farm, EPAMIG, in the municipality of Oratórios, MG. The experimental design was a randomized block, with 20 cultivars of 119 Arabic coffee and three replications. Evaluated by scores attributed to leaf rust severity (Hemileia vastatrix), of severity brown eye spot (Cercospora coffeicola), incidence of dieback, incidence leaf miner (Leucoptera cofeella) and vegetative vigour. In general, the cultivars showed low leaf rust and brown eyed spot severity. Regarding the intensity of dieback, was possible to classify the cultivars in two groups, being that most showed no symptoms. In relation to the incidence of leaf miner, the cultivars showed symptoms ranging by low to median damage on leaves. Among the evaluated characteristics, exist variability between the cultivars of coffee in organic systems, for the intensity of dieback and incidence of leaf miner. Keywords: Coffea arabica, leaf rust, brown eye spot, dieback, leaf miner, variability. Introdução O estado Minas Gerais é o maior produtor de café arábica do país, e segundo a Fundação João Pinheiro, 2012, essa commodity é uma das principais responsáveis pelo PIB do estado. Com a queda abrupta nos preços do café convencional nos últimos anos e a crescente demanda por alimentos mais saudáveis o café orgânico vem como uma possível alternativa para esse mercado, principalmente para o pequeno produtor devido ao seu maior valor agregado. A ferrugem, a cercosporiose, a seca de ponteiro e o bichomineiro são as principais doenças e praga que atacam o café e são responsáveis por quedas na produtividade (REIS, et al., 2010). Como no cultivo orgânico não é permitido a utilização de produtos químicos para o controle de doenças e pragas, devem ser observados os fatores relacionados ao patógeno, ao hospedeiro e ao ambiente, e as práticas de manejo que desfavoreçam suas proliferações na lavoura. Assim, uma das formas de amenizar esse problema é a utilização de cultivares tolerantes e, ou, resistentes a doenças e praga. Nesse sentido avaliou-se 20 cultivares de café arábica quanto as principais enfermidades em sistema orgânico. Material e Métodos O experimento foi instalado na Fazenda Experimental Vale do Piranga da EPAMIG, situada no município de Oratórios, MG. Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados, com 20 cultivares de café arábica e três repetições. A parcela experimental foi constituída de sete plantas, com espaçamento de 0,70 x 3,6 metros entre plantas e fileiras, respectivamente. Foram feitas capinas freqüentes nas entrelinhas e na fase inicial de desenvolvimento das plantas no período seco foi feito irrigação. A adubação e a correção do solo foram realizadas com base na análise do solo, de acordo com as Recomendações para o Uso de Corretivos e Fertilizantes em Minas Gerais (Ribeiro, et al.,1999), para a cultura do café, utilizando adubos permitidos para o cultivo orgânico. Foram avaliadas as seguintes características: vigor vegetativo: notas de 1 a 10, sendo nota 1 = plantas com baixo vigor, nota 10= plantas com excelente vigor; severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix): notas variando de 1 a 5, sendo:1 = ausência de sintomas, 2=folhas com poucas pústulas, 3 folhas com infecção moderada; 4= folhas com alta infecção, pústulas abundantes, 5 = folhas com alta infecção, ocorrendo desfolhas; severidade de cercosporiose (Cercospora coffeicola): notas de 1 a 5, em que 1 = ausência de doença, 2 = ataque leve em algumas folhas, 3 = pouco ataque nas folhas, 4 = ataque moderado nas folhas,5 = ataque intenso nas folhas; intensidade de seca de ponteiro – notas de 1 a 4, onde, 1 = ausência de sintomas, 2 = poucos sintomas, 3 = média intensidade e 4= intensos sintomas; incidência de bicho-mineiro (Leucoptera cofeella): notas de 1 a 5, em que 1 = ausência de sintomas, 2 = poucas lesões distribuídas em algumas folhas, 3= mediana quantidade 120 de lesões, 4 = grande quantidade de lesões coalescidas e 5= grande quantidade de lesões coalescidas e desfolha;. Os dados foram analisados utilizando-se o programa estatístico SAEG, e as médias foram comparadas pelo teste de agrupamento de média de Scottknott, a 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Não foi observado diferença significativa (p>0,05) para as características vigor vegetativo, severidade de ferrugem e de cercosporiose (Tabela 1). Quanto ao vigor vegetativo, as notas variaram entre 5 e 7 sendo as cultivares mais vigorosas: Acauã, Icatu Precoce IAC 3282 e Catucaí Vermelho785/15 e as menos vigorosas: Mundo Novo IAC 379-19 e Paraíso MG H 419-1. As demais cultivares apresentaram vigores entre os dois grupos citados acima. (Tabela 1). As condições de manejo adequado com insumos orgânicos, correção do solo, capinas e irrigação foram fatores que contribuíram para um bom desenvolvimento das cultivares. Tabela 1 – Médias de Vigor Vegetativo (Vig), Severidade de Ferrugem (SF), Severidade de cercosporiose (SC), Intensidade de seca de ponteiro (ISP) e da incidência de bicho mineiro (IBM) de 20 cultivares de café arábica, Oratórios, Minas Gerais 2013. Vig n/s SFn/s SC n/s ISP IBM Acauã 7,00 1,00 2,00 1,00 B 2,67 A Catucaí Vermelho 785/15 Icatu Precoce IAC 3282 6,67 6,67 1,00 1,33 2,00 2,00 1,00 B 1,67 A 2,33 B 2,67 A Catuaí Amarelo IAC 62 Topázio MG 1190 6,33 6,33 1,67 1,33 2,00 2,00 1,33 A 1,00 B 2,67 A 2,33 B Obatã IAC 1669-20 Tupi RN 6,33 6,33 1,00 1,00 2,00 2,00 1,00 B 1,00 B 2,33 B 3,00 A Catucaí Amarelo 2 SL IBC Palma 2 6,00 5,67 1,33 1,33 2,00 2,00 1,00 B 1,33 A 3,00 A 2,33 B Oeiras MG 6851 Araponga MG 1 5,67 5,67 1,33 1,00 2,00 2,33 1,00 B 1,00 B 2,67 A 2,67 A Catiguá MG 2 Catuaí Vermelho IAC 15 5,67 5,67 1,00 1,00 2,00 2,00 1,00 B 1,33 A 2,67 A 2,67 A Acaiá Cerrado MG 1474 Icatu Vermelho IAC 4045-47 5,67 5,67 1,33 1,00 2,00 2,33 1,33 A 2,00 A 2,00 B 2,33 B Sacramento MG 1 Catiguá MG 1 Catuai Vermelho IAC 44 Paraíso MG H 419-1 Mundo Novo IAC 379-19 5,67 5,33 5,33 5,00 5,00 1,00 1,00 1,33 1,00 1,00 2,33 2,00 2,00 2,00 2,00 1,00 B 1,00 B 1,00 B 1,00 B 1,33 A 2,67 A 2,33 B 2,33 B 2,67 A 2,00 B Médias 5,88 1,15 2,05 1,17 2,52 CV (%) 12,49 32,27 10,91 27,69 13,26 Cultivares n/s Não significativo pelo teste F. Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem pelos teste de agrupamento de médias Scott-Knott a nível de 5% de probabilidade Para a severidade de ferrugem a maioria das plantas não apresentaram sintomas da doença, por serem geneticamente resistentes ou tolerantes a ferrugem. Ressaltasse que as cultivares susceptíveis a ferrugem apresentaram pouca incidência da doença, provavelmente pelo fato da adubação orgânica favorecer a manutenção de organismos 121 antagonistas que reduzem a infecção das cultivares pelo fungo (HADDAD et al., 2007). Essa é a doença mais importante do cafeeiro, seu principal dano é a queda das folhas e por consequência da diminuição da produção em até 50% (REIS et al., 2010). Todas as cultivares de café apresentaram pouca severidade de cercosporiose (Tabela 1). A intensidade dessa doença está relacionada com o desequilíbrio da relação N/K (FERDANDEZ-BARRETO et al., 1966). Quanto a intensidade de seca de ponteiro observaram-se diferenças significativas entre as cultivares (Tabela1), sendo possível classifica-las em dois grupos, o primeiro com ausência de sintomas, compreendendo a maioria das cultivares e o segundo grupo com pouco sintoma da doença, formado pelas cultivares Icatu Precoce, Catuaí Amarelo IAC 62, Icatu Vermelho IAC 4045-47, Sacramento MG 1, Catuaí Vermelho IAC 44, Paraíso MG H 419-1. Com relação à incidência de bicho mineiro também foram observadas diferenças significativas entre as cultivares (Tabela 1), e novamente foram classificadas em dois grupos, sendo que nove cultivares apresentaram poucas lesões distribuídas em algumas folhas e o segundo grupo composto pela maioria das cultivares apresentaram mediana quantidade de lesões. Essa é a principal praga do cafeeiro, as lesões causadas pelas lagartas do bicho mineiro diminuem a área fotossinteticamente ativa das folhas (REIS et al., 2010). Conclusões No sistema orgânico há variabilidade para a intensidade de seca de ponteiro e para a incidência de bicho mineiro em cultivares de café. Agradecimentos À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao Consorcio Brasileiro de Pesquisas do Café (CBP&D-Café) pelo apoio financiamento do projeto e pelas bolsas concedidas aos autores. Literatura citada RIBEIRO, A.A.; GUIMARÃES, P.T.G. ALVAREZ, V.V.H. (eds.). Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 5 a aproximação. Viçosa: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, CFSEMG 1999.359p REIS, P.R.; CUNHA, R.L. da. (Eds) Café Arábica do plantio à colheita. Lavras, MG. EPAMIG. v.1, 896p, 2010. HADDAD, F.; MAFFIA, L. A.; MIZUBUTI, E.S.G.; TEIXAIRA, H. Controle Biológico da ferrugem em cafeeiros sob cultivo orgânico. In: 5 simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 2007, Águas de Lindóia, São Paulo. Anais... Brasília, DF: EMBRAPA, 2007. FERDANDEZ-BARRETO, O.; MESTRE, A.M.;LOPES-DUQUE, S.I. Efecto de la fertilización em la incidencia de la mancha de hierro (Cerpospora coffeicola) em fruos de café. Cenicafé, Chinchinná, v.17, n.1, p.5-16, 1966. FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. http://www.fjp.gov.br/index.php/banco-denoticias/35-fjp-na-midia/1834-pib-de-minas-gerais-acompanha-o-brasileiro-e-cresce04-no-segundo-trimestre. Acessado em 29/07/2013. 122 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.13. Biomassa da Fauna do Solo após Cultivo do Milho Verde sob Adubação Orgânica proveniente de Dejetos Suínos Bruna Bernardes de Castro 1, Carmen Maria Coimbra Manhães2, Fábio Cunha Coelho 3 1 Estudante de graduação em Agronomia na UENF. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal na UENF. 3 Professor do Departamento de Grandes Culturas e Silvicultura na UENF. 2 Resumo: Uma das alternativas de reciclagem dos dejetos suínos é o uso como fertilizante do solo, em função do seu conteúdo de nutrientes, entretanto o uso de dejetos deverá estar condicionado ao emprego de sistemas de fermentação capazes de reduzir os riscos sanitários. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a biomassa da fauna edáfica após o cultivo do milho verde. Foram realizadas duas coletas de solo para análise da fauna. Os dados de biomassa de fauna foram submetidos à análise de variância e teste Tukey, a 5%, objetivando comparar as épocas de coleta. O adubo orgânico produzido através de dejeto suíno em fase de leitão alimentados com o complexo enzimático Allzyme® SSF assim como a testemunha adubada de forma convencional foram eficientes para incrementar biomassa de fauna do solo. Já o adubo originado de dejetos suínos em fase de crescimento e terminação não foram eficientes para aumentar a biomassa de fauna no solo. Palavras–chave: biomassa de fauna, compostagem, dejetos suínos Soil Fauna Biomass after Cultivation of Corn under Organic Fertilizer from Swine Manure Abstract: An alternative recycling of swine manure is the use as soil fertilizer, according to their nutrient content, however the use of manure should be conditioned to the use of fermentation systems able to reduce health risks. The aim of this study was to evaluate the effect of adding increasing doses of organic fertilizers prepared from swine manure (that were fed diets containing multienzyme complex Allzyme® SSF), and mineral fertilizers on soil fauna biomass after cultivation corn. There were two samples for analysis of soil fauna. The biomass data of fauna were subjected to analysis of variance and Tukey test at 5%, in order to compare the sampling times. Organic manure produced by swine manure in phase piglets fed the enzyme complex Allzyme ® SSF 123 and the witness were fertilized conventionally efficient to increase the soil fauna biomass. Already manure originated from pig manure on the growth phase and termination was not effective to increase the soil fauna biomass. Keywords: biomass of soil fauna, composting, swine manure Introdução Nas últimas décadas o aumento das tecnologias utilizadas, a expansão do sistema de criação intensivo, e a integração dos produtores com a agroindústria, têm gerado grandes quantidades de dejetos em pequenas áreas. Os dejetos não são compostos somente por fezes e urina, mas também por desperdícios de água dos bebedouros e de lavagem, além de restos de ração e pêlos dos animais, possuindo alto potencial poluidor devido à sua composição química, que tem grande capacidade de comprometer a qualidade das águas subterrâneas e superficiais (BORDIN, 2005). Dentre os fatores que podem modificar a composição dos dejetos podem-se citar: idade fisiológica do animal, quantidade de água incorporada aos dejetos, sistema de manejo adotado, quantidade e digestibilidade dos nutrientes fornecidos na dieta. O manejo da nutrição é uma das formas mais eficientes para redução da carga poluente e da quantidade de dejetos gerados (SEGANFREDO, 2007). Uma das alternativas de reciclagem dos dejetos suínos é o uso como fertilizante do solo, em função do seu conteúdo de nutrientes, entretanto o uso de dejetos deverá estar condicionado ao emprego de sistemas de fermentação capazes de reduzir os riscos sanitários e a um plano de manejo de nutrientes compatível com o tipo de solo e de planta (SEGANFREDO, 2007). O composto maturado age no solo de três maneiras: como condicionador das propriedades físicas do solo, como fertilizante de liberação gradual dos nutrientes, como ativador da ação biológica do solo, isto em função do estímulo à atividade dos microorganismos naturais (KIEHL, 1985). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a biomassa da fauna edáfica de um Latossolo, após o cultivo do milho verde. Material e Métodos O experimento com o milho verde (Zea mays) cultivar BR 106, foi conduzido na estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), em Campos dos Goytacazes, RJ, no período de fevereiro a junho de 2013, em uma área que estava em pousio há 3 anos. As amostras de solo para avaliação da fauna edáfica foram coletadas no mês de janeiro antes da implantação do experimento (primeira coleta) e julho de 2013 após colheita do milho (segunda coleta) em uma área experimental que utilizou diferentes doses de adubação orgânica provenientes de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo o complexo multienzimático Allzyme® SSF), em um Latossolo, de textura franco argilo arenosa. Foi usado o delineamento experimental em blocos casualizados com nove tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 unidades experimentais. Cada unidade experimental foi constituída por 4 linhas de 6 metros, sendo semeadas 4 sementes por metro. 124 Os dejetos de suínos foram obtidos no setor de Suinocultura da UENF, através do processo de compostagem. Tabela 1 - Descrição dos tratamentos utilizados com as especificações dos adubos orgânicos e doses Dose (g/m) Tratamento Adubo orgânico 1 Dejeto suíno sem enzima 215 em semeadura + 238 em cobertura 2 Dejeto suíno sem enzima 323 em semeadura + 357 em cobertura 3 Dejeto suíno sem enzima 434 em semeadura + 476 em cobertura 4 Dejeto suíno sem enzima 539 em semeadura + 595 em cobertura 5 Dejeto suíno com enzima 215 em semeadura + 238 em cobertura 6 Dejeto suíno com enzima 323 em semeadura + 357 em cobertura 7 Dejeto suíno com enzima 434 em semeadura + 476 em cobertura 8 Dejeto suíno com enzima 539 em semeadura + 595 em cobertura Testemunha – Adubo 10 de S.A + 44,5 de S.S + 6,67 de KCL em mineral semeadura + 30 S.A em cobertura. S.A= sulfato de amônio; S.S= super simples; KCL= Cloreto de Potássio 9 As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-5 cm com o uso de um gabarito metálico quadrado medindo 25 cm x 25 cm. A extração da fauna foi feita em bateria de funis Berlese-Tüllgren. A triagem das amostras de fauna do solo em nível de grandes grupos taxonômicos foi feita individualmente em placa de petri, sob lupa binocular e os indivíduos identificados foram armazenados em vidros contendo álcool 70%. A biomassa de fauna (massa dos indivíduos em g.m-2) foi calculada da seguinte forma: Os vidros com tampa contendo álcool 70% tiveram suas massas medidas antes da triagem utilizando balança de precisão (massa 1). Após a triagem de cada amostra, as massas dos vidros foram medidas novamente (massa 2), podendo-se obter a massa dos indivíduos através de subtração da massa 2 pela massa 1. Os resultados das medições de cada amostra foram multiplicados por 16 para se obter a massa em g.m-2, pois a área do gabarito equivale a 0,0625 m2, ou seja, 1/16 de 1 m2. Os dados de biomassa de fauna foram submetidos à análise de variância e teste Tukey, a 5%, objetivando comparar as épocas de coleta. Resultados e Discussão Na primeira época de coleta, caracterizando o solo antes da implantação do experimento, os indivíduos encontrados foram das ordens Isopoda, Coleoptera e Collembola e família Formicidae. Na segunda época de coleta além dos indivíduos das ordens encontradas na época 1, também foram encontrados indivíduos das ordens Araneae, larvas das ordens Coleoptera e Lepdoptera e indivíduos da classe Chilopoda. Na primeira época de coleta a média de indivíduos/m2 foi de 44 e de biomassa 9,24 g/m2. Na segunda época de coleta a média de número de indivíduos nos diversos tratamentos, variou de 176 a 1088 indivíduos/m2 e de biomassa variou de 5,92 a 27,20 g/m2(tabela 2). 125 Tabela 2 - Caracterização da fauna do solo em grupos taxonômicos (ind/m2) biomassa (g/m2) nas duas épocas de coleta Tratamento 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Indivíduos Biomassa Época 1 44,00 9,24A 44,00 9,24A 44,00 9,24A 44,00 9,24A 44,00 9,24B 44,00 9,24A 44,00 9,24A 44,00 9,24A 44,00 9,24B Época 2 736 5,92A 416 18,0A 368 13,52A 672 13,28A 312 27,20A 704 18,08A 176 9,36A 424 13,1A 1088 26,88A Médias seguidas da mesma letra na linha (comparando épocas) não diferem pelo teste Tukey, a 5%. Ao se comparar as épocas de coleta, os tratamentos 5 e 9 referentes a dejetos suínos alimentados com a enzima e a testemunha adubada com adubo mineral, apresentaram diferença significativa (tabela 2), significando que esses tratamentos foram eficientes para aumentar a biomassa de fauna por m2 no solo na segunda época de coleta, nos demais tratamentos não houve diferença significativa. Conclusões Nas condições em que o experimento foi realizado, conclui-se que o adubo orgânico produzido através de dejeto de suínos alimentados com o complexo enzimático Allzyme® SSF assim como a testemunha adubada de forma convencional foram eficientes para incrementar biomassa de fauna do solo. Já o adubo originado de dejeto suíno sem o complexo enzimático não foi eficiente para tal. Literatura citada BORDIN, R. A. A produção de dejetos e o impacto ambiental na Suinocultura. Revista de Ciências Veterinárias, Vol.3 Nº3, 2005. KIEHL, E.J. Fertilizantes Orgânicos. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, 1985. 492p. SEGANFREDO, M.A. Gestão Ambiental na Suinocultura. Brasília-DF, EMBRAPA Suínos e Aves/EMBRAPA, 2007. 302p. 126 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.14. Caracterização da Fauna Edáfica do Solo após Cultivo do Milho Verde sob Adubação Orgânica proveniente de Dejetos Suínos Bruna Bernardes de Castro 1, Carmen Maria Coimbra Manhães2, Fábio Cunha Coelho3 1 Estudante de graduação em Agronomia na UENF. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal na UENF. 3 Professor do Departamento de Grandes Culturas e Silvicultura na UENF. 2 Resumo: O monitoramento dos grupos de fauna no solo permite não só uma inferência sobre a funcionalidade destes organismos, como uma indicação simples da complexidade ecológica dessas comunidades. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a fauna edáfica após o cultivo do milho verde. Os dados de densidade de fauna e riqueza de grupos foram submetidos à análise de variância e teste Tukey, a 5%, objetivando comparar as épocas de coleta. A densidade de fauna do solo variou de 40 a 1920 Ind/m2 e a riqueza de 0,7 a 11 grupos. Os grupos taxonômicos mais encontrados foram das ordens Isopoda, Coleoptera (adulto e larva), Araneae e Collembola, da família Formicidae e da classe Chilopoda. Conclui-se que os adubos orgânicos produzidos através de dejetos suínos em fase de leitão e em fase de crescimento e terminação, alimentados sem e com o complexo enzimático Allzyme® SSF assim como a testemunha adubada de forma convencional foram eficientes para incrementar indivíduos/m2 e número de grupos taxonômicos de fauna no solo. Palavras–chave: dejetos suínos, fauna do solo, Zea mays Characterization of soil fauna after Soil Cultivation on Corn Organic Fertilizer from Swine Manure Abstract: The study of organism groups in the soil allows not only an inference about the functional of these organisms, but is also a simple indication of the community ecological complexity. The aim of this study was to evaluate the effect of adding increasing doses of organic fertilizers prepared from swine manure (that were fed diets containing multienzyme complex Allzyme® SSF), and mineral fertilizers on soil fauna after cultivation corn. The data of density fauna and richness groups were subjected to analysis of variance and Tukey test at 5%, in order to compare the sampling times. The density of soil fauna ranged from 40 to 1920 ind/m2 and richness from 0.7 to 11 groups. Taxonomic groups found were the orders Isopoda, Coleoptera (adult and larva), 127 Araneae and Collembola, family Formicidae and class Chilopoda. We conclude that organic fertilizers produced using pig manure in phase piglets and growing-finishing fed with and without enzyme supplementation Allzyme ® SSF and the witness fertilized conventionally were efficient to increase individuals/m2 and number of taxonomic groups of soil fauna. Keywords: soil fauna, swine manure, Zea mays Introdução Quando descartados in natura em rios e cursos d´água, os dejetos suínos provocam diminuição do teor de oxigênio dissolvido, eutrofização da água, aumento de patógenos, morte de peixes, incorporação de amônia, nitrato e outros componentes tóxicos. Dentre os fatores que podem modificar a composição dos dejetos podem-se citar: idade fisiológica do animal, quantidade de água incorporada aos dejetos, sistema de manejo adotado, quantidade e digestibilidade dos nutrientes fornecidos na dieta. O manejo da nutrição é uma das formas mais eficientes para redução da carga poluente e da quantidade de dejetos gerados (SEGANFREDO, 2007). O tratamento dos dejetos líquidos via processo de compostagem é uma alternativa promissora para assegurar a manutenção das áreas de produção intensiva de suínos, porque reduz os riscos de poluição das águas superficiais e subterrâneas por nitratos, fósforo e outros elementos minerais ou orgânicos; do ar pelas emissões de NH3, CO2, N2O e H2S e, de outra parte, em função dos custos e dificuldades de tratamento, armazenamento, transporte, distribuição e utilização na agricultura dos resíduos (OLIVEIRA; KERMARREC; ROBIN, 2000). A matéria orgânica exerce importantes efeitos benéficos sobre as propriedades do solo, contribuindo substancialmente para o crescimento e desenvolvimento das plantas (KIEHL, 1985). A fauna do solo tem importante atuação nos processos de decomposição, mineralização e humificação de resíduos orgânicos; imobilização e mobilização de macro e micronutrientes; fixação de nitrogênio atmosférico; estruturação e agregação do solo e conseqüente conservação e regulação de pragas e doenças (auto-regulação), beneficiando os sistemas de produção como um todo (DEVIDE; CASTRO, 2009). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a fauna edáfica de um Latossolo, após o cultivo do milho verde. Material e Métodos O experimento com o milho verde (Zea mays) cultivar BR 106, foi conduzido na estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), em Campos dos Goytacazes, RJ, no período de fevereiro a junho de 2013, em uma área que estava em pousio há 3 anos. As amostras de solo para avaliação da fauna edáfica foram coletadas no mês de janeiro antes da implantação do experimento (primeira coleta) e julho de 2013 após colheita do milho (segunda coleta) em uma área experimental que utilizou diferentes doses de adubação orgânica provenientes de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo o complexo multienzimático Allzyme® SSF), em um Latossolo, de textura franco argilo arenosa. 128 Foi usado o delineamento experimental em blocos casualizados com nove tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 unidades experimentais. Cada unidade experimental foi constituída por 4 linhas de 6 metros, sendo semeadas 4 sementes por metro. Tabela 1 - Descrição dos tratamentos utilizados com as especificações dos adubos orgânicos e doses Tratamento Adubo orgânico Dose (g/m) 1 Dejeto suíno sem enzima 215 em semeadura + 238 em cobertura 2 Dejeto suíno sem enzima 323 em semeadura + 357 em cobertura 3 Dejeto suíno sem enzima 434 em semeadura + 476 em cobertura 4 Dejeto suíno sem enzima 539 em semeadura + 595 em cobertura 5 Dejeto suíno com enzima 215 em semeadura + 238 em cobertura 6 Dejeto suíno com enzima 323 em semeadura + 357 em cobertura 7 Dejeto suíno com enzima 434 em semeadura + 476 em cobertura 8 Dejeto suíno com enzima 539 em semeadura + 595 em cobertura Testemunha – Adubo 10 de S.A + 44,5 de S.S + 6,67 de KCL em mineral semeadura + 30 S.A em cobertura. S.A= sulfato de amônio; S.S= super simples; KCL= Cloreto de Potássio 9 As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-5 cm com o uso de um gabarito metálico quadrado medindo 25 cm x 25 cm. A extração da fauna foi feita em bateria de funis Berlese-Tüllgren. A triagem das amostras de fauna do solo em nível de grandes grupos taxonômicos foi feita individualmente em placa de petri, sob lupa binocular e os indivíduos identificados foram armazenados em vidros contendo álcool 70%. Os resultados das medições de cada amostra foram multiplicados por 16 para se obter a o número de indivíduos por m2. A partir dos resultados obtidos com a triagem, foram calculados a densidade (número de indivíduos por m2) e a riqueza da fauna (número de grupos identificados) além da analise estatística dos dados, utilizando teste Tukey, a 5%. Resultados e Discussão Na primeira época de coleta, caracterizando o solo antes da implantação do experimento, os indivíduos encontrados foram das ordens Isopoda, Coleoptera e Collembola e família Formicidae. Na segunda época de coleta além dos indivíduos das ordens encontradas na época 1, também foram encontrados indivíduos das ordens Araneae, larvas das ordens Coleoptera e Lepdoptera e indivíduos da classe Chilopoda. Na primeira época de coleta a média de indivíduos/m2 foi 44. Na segunda época de coleta a média de número de indivíduos nos diversos tratamentos, variou de 176 a 1088 indivíduos/m2 (tabela 2). 129 Tabela 2 - Caracterização da fauna do solo em densidade (ind/m2) e riqueza (número de grupos taxonômicos) nas duas épocas de coleta Tratamento Ind/m2 Riqueza Época 1 Época 2 Época 1 Época 2 1 44B 736A 1,1B 6,5A 2 44A 416A 1,1B 7,5A 3 44A 368A 1,1B 8A 4 44B 672A 1,1B 7,5A 5 44A 312A 1,1B 7,5A 6 44B 704A 1,1B 10A 7 44A 176A 1,1B 6,5A 8 44B 424A 1,1B 7,5A 9 44B 1088A 1,1B 5,5A Médias seguidas da mesma letra na linha (comparando épocas) não diferem pelo teste Tukey, a 5%. Ao se comparar as densidades em indivíduos/m2 entre as épocas de coleta, os tratamentos 1, 4, 6, 8 e 9 apresentaram diferença significativa (tabela 2), significando que esses tratamentos foram eficientes para aumentar a quantidade de fauna por m2 no solo. Quanto ao número de grupos presentes no solo (riqueza) todos os tratamentos, foram eficientes para aumentar o número de grupos taxonômicos presentes no solo (tabela 2). Significando que independente da presença ou não do complexo enzimático na ração, a quantidade de indivíduos presentes e o número de grupos presentes foi estimulado pela adubação com dejetos suínos. Conclusões Nas condições em que o experimento foi realizado, conclui-se que os adubos orgânicos produzidos através de dejetos suínos alimentados sem e com o complexo enzimático Allzyme® SSF assim como a testemunha adubada de forma convencional foram eficientes para incrementar indivíduos/m2 e número de grupos taxonômicos de fauna no solo. Literatura citada DEVIDE, A.C.P.; CASTRO, C.M. Manejo do solo e a dinâmica da fauna edáfica. 2009. Disponível em: <http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/ManejoSolo/index.htm>. Acesso em: 3 set. 2009. KIEHL, E.J. Fertilizantes Orgânicos. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, 1985. 492p. OLIVEIRA, P. A. V.; KERMARREC, C.; ROBIN, P. Balanço de nitrogênio e fósforo em sistema de produção de suínos sobre cama de maravalha. In: CONGRESSO SEGANFREDO, M.A. Gestão Ambiental na Suinocultura. Brasília-DF, EMBRAPA Suínos e Aves/EMBRAPA, 2007. 302p. 130 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.15. Construção de instalação para caprinos com materiais alternativos1 Fernanda de Cassia Fabricio Carretoni2, Wendell Queiroz Leite2, Rafael Alexandre Almeida Oliveira2, Cássio Rodrigo da Silva2, Fernanda Vieira Gomes2, Antonio Rodrigues Silva7 1 Parte do projeto de extensão foi financiada pela Universidade Federal do Mato Grosso. Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT, Rondonópolis, MT. 7 Professor do Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas – UFMT, Rondonópolis, MT. 2 Resumo: O objetivo do trabalho foi projetar e construir um aprisco para caprinos e um depósito com a finalidade de armazenar alimentos e utensílios utilizando-se materiais baixo custo que seriam descartados no ambiente. O aprisco é uma das instalações utilizadas como abrigo para proteção contra a radiação direta e chuvas, proporcionando assim, maior conforto para o animal e maior facilidade na higienização do local. A construção foi implantada na área Experimental do Campus de Rondonópolis/UFMT, como parte do projeto de extensão universitária intitulado “Assistência zootécnica aos criadores de cabras para o desenvolvimento rural na microrregião de Rondonópolis, MT”. Foi obtido um resultado satisfatório considerando-se o capital investido e o BemEstar animal, notando-se melhorias na saúde do caprino alojado, através da avaliação do exterior do mesmo como a pelagem, a ausência de ferimentos provocados pela radiação solar e da cerca, cascos normais e a ausência de ectoparasitas. A utilização de materiais reaproveitados para a construção de apriscos se torna uma opção alternativa recomendável, pois além do baixo investimento, atendeu as necessidades do animal, e contribuiu para a preservação do meio ambiente. Palavras–chave: cabras, instalações, reutilização de materiais Construction of installations for goats with reusing materials Abstract: The objective of this study was to project the construction of an elevated Goat Pen and one deposit for the purpose of storing rations and using low cost and available materials that would otherwise be discarded into the environment. pen for goats becomes necessary because this is used as a shelter for protection from direct radiation and rainfall, providing greater comfort for the animal and easy in cleaning the place. The elevated Goat Pen was built in the experimental area of Institute of Agricultural Science and Technology situated in the The Federal University of Mato Grosso (Rondonópolis), during the development of the activities of the university extension project "Assistência Zootécnica aos criadores de cabras para o 131 Desenvolvimento Rural na Micro-Região De Rondonópolis, MT". We obtained excellent results in relation to invested capital and welfare of the animal, noting improvements in health by evaluating external characteristics, such as coat, no injuries caused by solar radiation, hooves horns and the absence of ectoparasites. The use of recycled materials for the construction of folds becomes a strongly recommended option since it is a low cost investment and met the needs of the animal, obtaining an optimal return and contributing to environment conservation. Keywords: Goats, installations, reusing materials Introdução A construção de aprisco para caprinos se torna necessária, pois é utilizado como abrigo para proteção contra a radiação direta e chuvas, buscando um maior conforto para o animal, já que possuem uma grande sensibilidade ao excesso de umidade e proporciona maior facilidade na higienização do local. Eloy et al. (2001), em seus trabalhos comentam que o planejamento inicial das instalações deve levar em consideração fatores como localização na propriedade, orientação, declividade e altitude do terreno e adequação ao sistema de criação utilizado. Devido a isso, inicialmente deve-se procurar uma orientação profissional para analisar a área disponível, condições meteorologias e geográficas de modo que tenha um ótimo planejamento para a construção e que facilite o manejo dos animais, buscando métodos de evitar o estresse no animal, visando não prejudicar o desempenho produtivo e reprodutivo dos mesmos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a Pesquisa de Produção da Pecuária Municipal de 2010 (PPM 2010), referente ao crescimento dos rebanhos de caprinos entre os anos de 2009 e 2010 cresceram 1,6% e para ovinos foi de 3,4%. Sendo averiguados esses dados, observa-se um pico de crescimento continuo havendo a necessidade de estudos de melhorias nesse setor para que se obtenha um aumento na produtividade desses animais, consequentemente um aumento na qualidade dos produtos oriundos dos mesmos. Contudo, observa-se que deve haver investimentos em instalações adequadas para que se obtenha aumento na produtividade. Devido o alto custo, é grande a dificuldade encontrada no investimento em materiais a serem utilizados na construção de aprisco. O objetivo desse trabalho foi utilizar material de baixo custo (madeira, telhas, grade de ferro) que seriam descartados, como alternativa para execução de um projeto de construção de aprisco para reprodutores, a ser utilizado como unidade didática na área experimental do ICAT/CUR/UFMT. Material e Métodos O aprisco foi construído na área Experimental do Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas (ICAT) do Campus de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato Grosso. Foram reutilizados nove caixotes de madeira, utilizados como embalagem de para-brisa de automóveis, grades de ferros usadas para construção de placas de cimento (instaladas como cerca), folhas de isopor retiradas do forro de prédios da universidade, telhas de fibrocimento e de zinco, e madeiramentos para construção (vigas, vigotas e caibros). Além dos materiais utilizados foi necessário adquirir pregos 15x15,13x15 e 17x21, 12 metros de canos ¾, rolos de arames galvanizados e verniz. 132 A área total utilizada tem 21,36 m2, subdivididos em aprisco, solário, depósito, terraço e área de acesso. O depósito, com uma área de 5,40 m2, foi construído com a finalidade se armazenar alimentos, utensílios e equipamentos de manutenção do local. As telhas de zinco foram utilizadas para a sua cobertura, com 10% de inclinação. Nas paredes laterais foram instaladas folhas de isopor para isolamento térmico e o piso foi revestido com concreto para que proporcione maior facilidade e eficiência na higienização do local. O depósito foi construído ao lado do aprisco para facilitar o manejo e a higienização dos animais. Na área construída, foi adotado um pé direito com 2,41 metros de altura, facilitando a ventilação, para melhor conforto do animal a ser alojado. Na área utilizada como solário, e sob a área ripada foi mantido piso de terra batida, utilizando-se pedrisco aterrado para evitar acumulo de urina e melhor higienização na remoção das fezes e restos de alimentos. A construção foi projetada para que os raios solares durante parte da manha e da tarde entrem no aprisco, obtendo-se assim uma ação bactericida sobre micro-organismos, sendo de forma natural e não prejudicial ao animal, além de manter uma baixa umidade no local. O piso do aprisco destinado ao abrigo do reprodutor é ripado, sendo este removível, cuja altura é de 0,88m do solo, evitando assim que o animal ao deitar entre em contato com seus dejetos e se contamine, visando uma maior facilidade na higienização. O intervalo entre cada ripa é de 1,5 cm para facilitar a passagem de fezes e urina. O encanamento foi feito em toda a área, para que não falte água para o reprodutor, além de facilitar a limpeza do ambiente e das ferramentas. As telhas foram dispostas em duas águas, colocadas de modo a proteger o madeiramento utilizado na construção evitando a sua deterioração, de forma a facilitar o escoamento das águas oriundas de chuvas. As porteiras, com 1,19 metros de largura por 1,55 metros de altura, foram instaladas para deter o animal, tendo assim um melhor manuseio de equipamentos e facilitade na condução da carriola dentro do aprisco. Para o acesso ao aprisco foi construída uma rampa com 2,20 metros de comprimento por 25 cm de largura com inclinação de 25%, na qual foram fixadas ripas sobre sapatas de borracha (na posição horizontal) com intervalos de 18 cm, para melhor apoio do animal no deslocamento. Resultados e Discussão Alojando o animal no aprisco, foi observado o exterior do mesmo como a pelagem, em cujo período de observação não foi registrado ferimento provocado pela radiação solar ou por matérias como madeira e ferro, sem avarias nos cascos e ocorrência de ectoparasitas. A utilização de materiais reaproveitados para a construção de apriscos se torna uma opção alternativa recomendável, pois além do baixo investimento, atendeu as necessidades do animal, e contribuiu para a preservação do meio ambiente (Figura 1). Paralelamente, foi feita uma cotação de material para a construção do aprisco em três lojas de materiais de construção na praça, cujos preços médios variavam de acordo com o tipo, quantidade e material empregado; o valor médio estimado para a construção da instalação seria de R$1047,37. Com o aproveitamento dos materiais o valor investido foi de apenas R$163,50, excluindo-se a mão de obra, transporte, água e energia. 133 Figura 1 – Imagem da Instalação construída Conclusões A utilização de materiais reaproveitados para a construção do aprisco pode ser uma opção altamente funcional, pois é um investimento de baixo custo que atendeu as necessidades do animal, obtendo-se um ótimo retorno. Além de contribuir com os fatores ambientais, tais como a redução do impacto ambientequanto ao acúmulo de resíduos sólidos, foi possível se construir um abrigo seguro e confortável para o alojamento de um reprodutor caprino. Literatura citada BORGES, Carlos H. Pizarro; BRESSLAU, Suzana. Planejamento De Custos Na Construção Do Capril. VII ENDEC - Encontro Nacional para o Desenvolvimento da Espécie Caprina. Santos – SP. 2002. CARNEIRO, Maria Alice de Mesquita; Melo, Herbart dos Santos. Aplicação dos princípios de uma boa instalação na construção de apriscos. XXVI ENEGEP, Fortaleza – CE. 2006. CASALE, Daniele Sleutjes; ORTENSI, Paula; PICCININ, Adriana. Um modelo de instalação para a criação de ovinos em semiconfinamento. Revista Científica Eletônica de Medicina Veterinária, nº 10. 2008. ELOY, A.M.X.; ALVES, F.S.F.; CAVALCANTE, A.C.R. et. al. Orientações Técnicas para a Produção de Caprinos e Ovinos em Regiões Tropicais. Sobral, CE: Embrapa Caprinos e Ovinos, 2001. p. 41-50. 79 p. 134 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV 2.16. Caracterização da Macrofauna do Solo após Cultivo do Milho Verde sob Adubação Orgânica proveniente de Dejetos Suínos Bruna Bernardes de Castro 1, Carmen Maria Coimbra Manhães2, Fábio Cunha Coelho 3, Francisco Maurício Alves Francelino 4 1 Estudante de graduação em Agronomia na UENF. Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal na UENF. 3 Professor do Departamento de Grandes Culturas e Silvicultura na UENF. 4 Professor substituto no IFF. 2 Resumo: O solo é o habitat natural para uma grande variedade de organismos, que diferem em tamanho e metabolismo, sendo responsáveis por inúmeras funções. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a macrofauna edáfica após o cultivo do milho verde. Os solos coletados foram armazenados em sacos plásticos e levados para o laboratório para imediata identificação e contagem da macrofauna a olho nu. Os indivíduos foram classificados a nível de grandes grupos taxonômicos. As diferentes doses do adubo orgânico originado de dejetos de suínos em fase de leitão não foram eficientes para estimular a colonização de macrofauna edáfica nem para densidade nem para riqueza de grupos. As diferentes doses do adubo orgânico originado de dejetos de suínos em fase de crescimento e terminação estimularam a colonização da macrofauna inclusive ao comparar com a testemunha. A não utilização do complexo enzimático fez diferença na colonização de macrofauna quando utilizado o adubo da fase de crescimento e terminação. Palavras–chave: dejetos suínos, macrofauna, Zea mays Characterization of Soil Macrofauna after Cultivation of Corn under Organic Fertilizer from Swine Manure Abstract: The soil is the natural habitat for a great variety of organisms, which differ in size and metabolism and are responsible for countless functions. The aim of this study was to evaluate the effect of adding increasing doses of organic fertilizers prepared from swine manure (that were fed diets containing multienzyme complex Allzyme® SSF), and mineral fertilizers on soil macrofauna after cultivation corn. The soils collected were stored in plastic bags and taken to the laboratory for immediate identification and counting of macrofauna to the naked eye. Subjects were classified in terms of major 135 taxonomic groups. The different doses of organic fertilizer originated from swine manure in phase piglets were not effective to stimulate the colonization of macrofauna nor density nor group richness. The different doses of organic fertilizer originated from pig slurry in growing and finishing encouraged colonization of macrofauna even when comparing with the control. The non-use of the enzyme complex made a difference in the colonization of macrofauna when used fertilizer in the growing and finishing phase. Keywords: macrofauna, swine manure, Zea mays Introdução Quando o esterco líquido é aplicado em grandes quantidades no solo, ou armazenado em lagoas sem revestimento impermeabilizante, durante vários anos, poderá ocorrer sobrecarga da capacidade de filtração do solo e retenção dos nutrientes do esterco, podendo atingir as águas subterrâneas ou superficiais, acarretando grandes problemas de contaminação (OLIVEIRA et al, 1993). Por isso deve ser dada atenção especial no que diz respeito ao descarte, uso e tratamento desse dejeto. Principalmente porque às consequências desse ato só serão percebidas a médio e longo prazo, e depois de estabelecido a poluição é muito difícil e oneroso recuperar essas áreas (PERDOMO et. Al, 2001). Dentre os fatores que podem modificar a composição dos dejetos podem-se citar: idade fisiológica do animal, quantidade de água incorporada aos dejetos, sistema de manejo adotado, quantidade e digestibilidade dos nutrientes fornecidos na dieta. O manejo da nutrição é uma das formas mais eficientes para redução da carga poluente e da quantidade de dejetos gerados (SEGANFREDO, 2007). A técnica da compostagem foi desenvolvida com a finalidade de se obter mais rapidamente e em melhores condições a estabilização da matéria orgânica. Como resultado da compostagem são gerados dois importantes componentes: sais minerais, contendo nutrientes para as raízes das plantas, e húmus, como condicionador e melhorador das propriedades físicas, físico-químicas e biológicas do solo (KIEHL, 2005). O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a macrofauna de um Latossolo, após o cultivo do milho verde. Material e Métodos O experimento com o milho verde (Zea mays) cultivar BR 106, foi conduzido na estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro (Pesagro-Rio), em Campos dos Goytacazes, RJ, no período de fevereiro a junho de 2013, em uma área que estava em pousio há 3 anos. As amostras de solo para avaliação da fauna edáfica foram coletadas no mês de julho de 2013 após colheita do milho em uma área experimental que utilizou diferentes doses de adubação orgânica provenientes de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração contendo o complexo multienzimático Allzyme® SSF), em um Latossolo, de textura franco argilo arenosa. Foi usado o delineamento experimental em blocos casualizados com nove tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 unidades experimentais. Cada unidade experimental foi constituída por 4 linhas de 6 metros, sendo semeadas 4 sementes por metro. 136 Tabela 1 - Descrição dos tratamentos utilizados em cada bloco com as especificações dos adubos orgânicos e doses Tratamento Adubo orgânico Dose (g/m) 1 Dejeto suíno sem enzima 215 em semeadura + 238 em cobertura 2 Dejeto suíno sem enzima 323 em semeadura + 357 em cobertura 3 Dejeto suíno sem enzima 434 em semeadura + 476 em cobertura 4 Dejeto suíno sem enzima 539 em semeadura + 595 em cobertura 5 Dejeto suíno com enzima 215 em semeadura + 238 em cobertura 6 Dejeto suíno com enzima 323 em semeadura + 357 em cobertura 7 Dejeto suíno com enzima 434 em semeadura + 476 em cobertura 8 Dejeto suíno com enzima 539 em semeadura + 595 em cobertura Testemunha – Adubo 10 de S.A + 44,5 de S.S + 6,67 de KCL em mineral semeadura + 30 S.A em cobertura. S.A= sulfato de amônio; S.S= super simples; KCL= Cloreto de Potássio 9 As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-5 cm com o uso de um gabarito metálico quadrado medindo 25 cm x 25 cm. Os solos coletados foram armazenados em sacos plásticos e levados para o laboratório para imediata identificação e contagem da macrofauna a olho nu. Os indivíduos foram classificados a nível de grandes grupos taxonômicos. Os resultados das medições de cada amostra foram multiplicados por 16 para se obter a o número de indivíduos da macrofauna por m2. A partir dos resultados obtidos com a contagem dos indivíduos a olho nu, foram calculados a densidade de macrofauna (número de indivíduos por m2) e a riqueza da fauna (número de grupos identificados) além da analise estatística dos dados, utilizando teste Tukey, a 5%. Resultados e Discussão A média de densidade nos nove tratamentos variou de 4 a 36 indivíduos/m2 e de 0,25 a 1,5 grupos de indivíduos (riqueza). Ao se comparar as diferentes doses do adubo orgânico originado de dejetos de suínos alimentados ou não com o complexo multienzimático Allzyme® SSF, observa-se que houve diferença significativa entre os tratamentos, tanto para densidade de macrofauna quanto para riqueza de grupos, significando que as doses do composto foram estatisticamente diferentes quanto a influência nos grupos de macrofauna do solo. Sendo o tratamento 3 referente a terceira dose do dejeto sem enzima, o mais eficiente na colonização de macrofauna e o tratamento 2, referente a segunda dose do dejeto sem enzima, o menos eficiente (tabela 2). Constatando-se que não houve diferença entre a utilização ou não do complexo enzimático pelos suínos no que se refere a estimular a colonização da macrofauna edáfica, pois tanto o mais eficiente quanto o menos eficiente não utilizaram o complexo enzimático, mostrando que o motivo da diferença foi a dosagem utilizada. 137 Tabela 2 - Caracterização da macrofauna do solo em densidade (ind/m2) e riqueza (número de grupos taxonômicos) Tratamento Ind/m2 Riqueza 1 36AB 1,5A 2 4C 0,25B 3 40A 1,5A 4 16ABC 0,5AB 5 8BC 0,5AB 6 24ABC 1,0AB 7 28ABC 1,0AB 8 8BC 0,5AB 9 12ABC 0,5AB Médias seguidas da mesma letra na coluna (comparando tratamentos) não diferem pelo teste Tukey, a 5%. Conclusões Nas condições em que o trabalho foi desenvolvido, as diferentes doses do adubo orgânico originado de dejetos de suínos diferiram significativamente entre si e ao comparar com a testemunha, sendo o tratamento 3 referente a dose (434 em semeadura + 476 em cobertura) do dejeto sem enzima, o mais eficiente na colonização de macrofauna e o tratamento 2, referente a dose (323 em semeadura + 357 em cobertura) do dejeto sem enzima, o menos eficiente. Portanto, a utilização do complexo enzimático não fez diferença na colonização de macrofauna. Literatura citada KIEHL, E.J. Manual de compostagem: maturação e qualidade do composto. Piracicaba. 2005. 171p. OLIVEIRA, P. A. V. et al. Manual de manejo e utilização de dejetos de suínos. Série Documentos, 27 (EMBRAPA – CNPSA) Concórdia – SC, 1993. PERDOMO, C. C. et al. Produção de suínos e meio ambiente. 9º Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura, 2001. 24 p. SEGANFREDO, M.A. Gestão Ambiental na Suinocultura. Brasília-DF, EMBRAPA Suínos e Aves/EMBRAPA, 2007. 302p. 138 3. Aquicultura 139 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 3.1. Redução de proteína bruta em rações para peixes como estratégia para diminuir a excreção nitrogênio Charlyan de Sousa Lima1*, Guisela Mónica Rojas Tuesta2, Christiane Silva Souza3 1 Mestrando em Ciência Animal, Universidade Federal do Maranhão. *E-mail: [email protected] Doutoranda em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (UFV); 3 Doutoranda em Bioquímica Agrícola (UFV). 2 Resumo: A criação comercial de peixes no Brasil tem aumentado nos últimos anos, principalmente devido às características naturais e pela diversidade de espécies com alto potencial de produção do país. No entanto, esse setor produtivo ainda necessita de alguns ajustes, principalmente sob o âmbito nutricional e ambiental, objetivando assim a diminuição da excreção de nitrogênio na água. Uma das estratégias nutricionais que é aplicável para minimizar os efeitos da excreção nitrogenada refere-se à redução de proteína bruta, com o uso de aminoácidos industriais, baseando-se no conceito de proteína ideal. Palavras-chave: impacto ambiental, piscicultura, nutrição Reduction of crude protein in diets for fish as a strategy to reduce nitrogen excretion Abstract: The commercial breeding of fish in Brazil has increased in recent years, mainly due to the natural characteristics and the diversity of species with high production potential of the country. However, this productive sector still needs some adjustments, especially under the nutritional and environmental context, thus aiming to decrease the excretion of nitrogen in the water. One of the nutritional strategies which are applicable to minimize the effects of nitrogen excretion refers to the reduction of crude protein, with the use of industrial amino acids, based on the ideal protein. Keywords: environmental impact, fish farming, nutrition Introdução A piscicultura no Brasil é uma das atividades econômicas com ampla potencialidade, sendo beneficiada pelas características naturais, disponibilidade de insumos e oportunidades de mercado do país, além das diversas espécies de peixes com alto potencial de produção. Entretanto, o pacote tecnológico para a produção comercial 140 ainda necessita de ajustes, particularmente no que tange ao aspecto nutricional e ambiental. Na produção de peixes, a alimentação é um dos fatores mais importantes para o desenvolvimento eficiente e saudável dos animais. Contudo, há grandes desafios que deverão ser enfrentados pelos criadores no que se refere à nutrição desses animais, devido ao número de espécies com potencial para cultivo e aos impactos ambientais gerados no sistema de produção. As dietas a serem formuladas devem apresentar impacto ambiental mínimo, assim faz-se necessário o uso de estratégias que visem reduzir os danos ao meio ambiente, e manter a produtividade. O inadequado manejo alimentar aliado ao uso de rações de baixa qualidade aumenta a concentração de nitrogênio na água. De modo que, o principal produto da excreção nos peixes é a amônia, que é derivada da digestão das proteínas e do catabolismo dos aminoácidos. E o seu equilíbrio depende da temperatura, pH e salinidade, sendo que a forma mais tóxica para os organismos aquáticos é amônia nãoionizada (NH3). A falta deste equilíbrio, piora a qualidade da água, além de afetar o desempenho dos peixes, uma vez que os níveis excessivos de proteína bruta na ração aumentam a excreção nitrogenada, deteriorando a qualidade da água. Objetivou-se apresentar algumas considerações acerca da redução de proteína bruta em rações para peixes como estratégia para diminuir a excreção de nitrogênio na água. Revisão de Literatura Os peixes são os animais de produção mais afetados com as variações ambientais. A otimização do crescimento dos peixes pode ser alcançada mediante a adequada nutrição e manejo da água. A absorção de nutrientes pode ficar comprometida quando se oferece uma alimentação excessiva e/ou rações não balanceadas, o que pode resultar num excesso de matéria orgânica nos sistemas de produção (CYRINO et al., 2010). Deve-se levar em consideração o limite aceitável de biomassa produtiva. No sistema intensivo, com uso de tanques-redes, utiliza-se 80, 120 e até acima de 300 kg/m3 de peixes. O sistema de produção de peixes pode ser comprometido, quando se ultrapassa a capacidade de suporte do ambiente, podendo causar sérios problemas no ecossistema aquático (AMIRKOLAIE, 2011). Ainda, outro fator que deve ser levado em conta refere-se às fontes de proteína que possuem baixo valor biológico, pois elas contêm muito nitrogênio não-proteico que aumentam a excreção de amônio, quando ingeridas pelos peixes, compromete a qualidade da água e prejudica notoriamente a produtividade. Nos peixes, a produção da amônia é realizada no sistema sanguíneo e transportada até as brânquias, de onde é excreta para a água. Normalmente, em solução aquosa, devese haver um equilíbrio entre a forma ionizada (NH4+) e a não-ionizada (NH3). Mas, quando há altos valores de temperatura e pH da água, maior será a porcentagem relativa de amônia não-ionizada no ambiente aquático que provocará lesões branquiais e toxicidade aguda nos peixes. Um composto intermediário que participa do ciclo do nitrogênio, o nitrito (NO2), é passivamente absorvido pelos peixes, ligando-se a hemoglobina, formando a metahemoglobina, que é um pigmento circulatório que impede o transporte de oxigênio, levando os peixes a uma condição de hipóxia, que podem morrer por envenenamento ou por sufocação (CYRINO et al., 2010). A proteína é essencial na dieta dos peixes, representando maior percentual dos custos com a alimentação, por isso o seu excesso se torna economicamente inviável. E no sentido ambiental, este excesso resulta na presença do nitrogênio, que se torna a 141 principal fonte de poluição na piscicultura (RIGHETTI et al., 2011), pois sua excreção pode alcançar níveis crônicos ou letais que pode reduzir a transparência da água, o oxigênio dissolvido, além de resultar em super-eutrofização induzindo a perdas no sistema de produção. Assim, a redução do teor de proteína em rações para peixes é uma estratégia nutricional, que permite menores custos associados a menores impactos ambientais, especialmente quando os peixes são criados intensivamente. Neste caso, a redução de proteína na ração aumenta a sustentabilidade pela menor entrada de nitrogênio sem gerar prejuízos econômicos na produção e obter carne de boa qualidade para o consumo humano (FURUYA, 2013). O uso de dietas balanceadas de mínimo custo e adequado manejo alimentar é requisito essencial para a obtenção de sucesso na produção sustentável de peixes (CYRINO et al., 2010). Os peixes têm exigências aminoacídicas que interferem em seu ganho de peso. No entanto, é possível reduzir o teor proteico da ração, com a utilização de suplemento de aminoácidos industriais, com base no conceito de proteína ideal, onde são mantidas as exigências da espécie, sem interferir negativamente no desempenho dos peixes (ARARIPE et al., 2011) e consequentemente reduzindo a excreção nitrogenada na água. Já foram realizados experimentos com a redução da proteína bruta na ração demonstrando a eficiência da diminuição da quantidade de nitrogênio na água com tilápias do Nilo (RIGHETTI et al., 2011), truta arco-íris (GAYLOR & BARROWS, 2009), tambatinga (ARAPIPE et al., 2011). Entretanto, quando se deseja reduzir o nível de proteína na ração, é fundamental o conhecimento das exigências e da digestibilidade dos aminoácidos dos alimentos utilizados nas rações, para que se elaborem dietas mais precisas, que atendam a exigência da espécie e promova menor impacto ambiental (RIGHETTI et al., 2011), principalmente no que se refere à eliminação de nitrogênio na água. O excesso de proteína na dieta pode ser utilizado como energia, aumentando o teor de extrato etéreo muscular, com a formação de tecido adiposo, que eleva a atividade enzimática envolvida na síntese gliconeogênica, aumentando a excreção de nitrogênio gerando prejuízo ao animal e ao ambiente. O estudo de Araripe et al., (2011), com alevinos de tambatinga demonstrou que a redução de proteína bruta de 40,0 para 28,0% nas rações não afetou o ganho de peso dos peixes, mas, proporcionou menor teor de gordura muscular, tornando-se eficiente na diminuição da excreção nitrogenada. Conclusões A redução de proteína bruta nas rações para peixes, aliado ao uso de aminoácidos industriais, com base no conceito de proteína ideal, refere-se a uma estratégia nutricional eficiente, uma vez que permite potencializar o desempenho dos peixes, além de diminuir a excreção de nitrogênio na água. Literatura citada AMIRKOLAIE, A. K. Reduction in the environmental impact of waste discharged by fish farms through feed and feeding. Aquaculture, v.3, p.19-26, 2011. ARARIPE, M.N.B.A. et al. Redução da proteína bruta com suplementação de aminoácidos em rações para alevinos de tambatinga. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, n.09, p.1845-1850, 2011. 142 CYRINO, J.E.P. et al. A piscicultura e o ambiente – o uso de alimentos ambientalmente corretos em piscicultura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, p.68-87, 2010. FURUYA, W.M. Nutrição de Tilápias no Brasil. Revista Varia Scientia Agrárias, v. 03, n.01, p.133-150, 2013. GAYLOR, T.G.; BARROWS, F.T. Multiple amino acid supplementations to reduce dietary protein in plant based rainbow trout, Oncorhynchus mykiss, feeds. Aquaculture, v.287, p.180-184, 2009. RIGHETTI, J. S. et al. Redução da proteína em dietas para tilápias-do-nilo por meio da suplementação de aminoácidos com base no conceito de proteína ideal. Revista Brasileira Zootecnia, v.40, n.03, p.469-476, 2011. 143 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 3.2. Tecnologia de recirculação de água na criação de peixes ornamentais1 Marcos Vinícius Viana Teixeira3, Alexandre Benvindo Souza2, Romário de Almeida Soares3, César Roberto Viana Teixeira4 1 Projeto de Iniciação científica financiando pela PRPq/UFMG Professor do Colégio Técnico da UFMG 3 Estudante de graduação em Aquacultura/UFMG 4 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFV 2 Resumo: O início do novo século está sendo marcado pela busca de uma maior eficiência no uso dos recursos hídricos. Na aquicultura, uma possível alternativa a ser utilizada é a tecnologia de recirculação de água, além de ser um sistema que permite a produção em áreas antes tidas como impróprias para o cultivo de peixes. Assim, este trabalho teve como objetivo analisar as variáveis de qualidade de água de um sistema de recirculação para cultivo de peixes ornamentais em pequena escala. Foram utilizados peixes da espécie Guppy (Poecilia reticulata), divididos em oito caixas interligadas por tubos PVC, onde, após sair do sistema, a água passou por um filtro biológico e mecânico, e foi bombeada para o sistema de caixas. Durante o período experimental, para a análise da qualidade da água, foram mensurados o oxigênio dissolvido na água, temperatura, pH, amônia e nitrito. Todas as variáveis da água analisadas se mantiveram em níveis adequados, podendo se concluir que a utilização do sistema de recirculação de água é viável para a criação de peixes ornamentais da espécie Guppy, se mostrando uma alternativa para a utilização da água de maneira eficiente. Palavras-chave: água, aquicultura, guppy, ornamental, peixe, recirculação Recirculating water in fish farming ornamentais Abstract: The beginning of the new century has been marked by the search for greater efficiency in the use of water resources. In aquaculture, a possible alternative is to use the water recirculation technology, a system which allows the production in areas previously regarded as unsuitable for growing fish. Thus, this study aimed to analyze the water quality variables of a recirculation system for cultivation of ornamental fish in small scale. The fish were Guppy species, divided into eight boxes connected by PVC pipes. After leaving the system, the water passed through a filter and was pumped off to the system. During the experimental period, for the analysis of water quality, the dissolved oxygen, temperature, Ph, ammonia and nitrite were mesasured. All water 144 variables recorded were at optimized levels and may be concluded that the use of the water recirculation is appropriate to cultive ornamental fish species Guppy, is showing an alternative to the use of water efficiently. Keywords: aquaculture, fish, guppy, ornamental, recirculation, water Introdução O início do novo século está sendo marcado pela busca de uma maior eficiência no uso dos recursos hídricos. O uso sustentável da água é uma questão que tem provocado grande preocupação pelos planejadores, sendo considerada como uma das bases de desenvolvimento da sociedade moderna (LOSORDO et al. 1994). Nesse cenário, a reutilização dos recursos hídricos, pode ser considerada uma prática de grande importância. Na aqüicultura, uma possível alternativa a ser utilizada é a tecnologia de recirculação de água, abrangendo desde sistemas que reutilizam a água parcialmente, até aqueles que fazem o reaproveitamento total. Sistemas como esses são comumente adotados em vários países, porém seu uso ainda é limitado no Brasil. No Brasil, partir de 1960, com diversas ações de incentivo do governo, a produção pesqueira nacional evoluiu, principalmente no setor de pesca industrial, com raras ações visando o desenvolvimento da aqüicultura, que somente a partir de 1990 cresceu significantemente no Brasil. A aqüicultura, além de contribuir com a segurança alimentar, é uma atividade mais eficiente na geração de empregos diretos e indiretos do que as outras atividades agropecuárias, empregando hoje cerca de 42 milhões de pessoas no mundo. O sistema de recirculação de água vem se modernizando nos últimos anos buscando propiciar segurança alimentar para a população, com a possibilidade de produção em áreas antes tidas como impróprias para o cultivo de peixes, melhorando a eficiência do uso dos recursos hídricos, além de serem sistemas que pode ter baixo custo para de implantação. Diversos estudos estão sendo realizados mostrando novos sistemas de recirculação de água, sendo estes utilizados em diversos tipos de cultivo de peixes, desde peixes ornamentais a peixes de corte de grande porte, porém ainda existe uma grande necessidade de pesquisas. Assim, este trabalho teve como objetivo analisar as variáveis de qualidade de água de um sistema de recirculação para cultivo de peixes ornamentais em pequena escala. Material e Métodos O trabalho foi realizado na Estufa do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais (COLTEC – UFMG) no período entre Março de 2012 a Fevereiro de 2013. Foram utilizadas oito caixas plásticas de 20L, uma caixa plástica contendo filtro biológico tendo cascalho como substrato para desenvolvimento de microrganismos, filtro mecânico com manta acrílica, uma bomba d’água com potência 0,5 CV, tubos de PVC 3/4 interligando os compartimentos, uma caixa de acumulação e distribuição de 60 L. O sistema foi montado em um suporte de aço de 6 andares, ocupando espaço de aproximadamente 2 m2. O fluxo de troca de água foi de 200 L/h. As oito caixas, onde foram colocados os peixes, foram distribuídas em duplas por cada andar do suporte, de modo que a água iniciava seu curso na primeira caixa do andar de cima, passava para a segunda e assim descia, por gravidade para as caixas dos andares inferiores até chegar no primeiro andar, onde passava pelo filtro e era bombeada 145 para uma caixa de armazenamento, localizada acima do suporte de onde recomeçava o ciclo. Durante o período experimental foram realizadas análises das variáveis de qualidade de água do sistema de recirculação, no qual estava sendo realizado o cultivo intensivo de peixes da espécie Guppy (Poecilia reticulata). Foram analisadas diariamente o Oxigênio dissolvido na água e a temperatura da água, mensurados em pontos distintos do sistema a partir de um oxímetro modelo YSI 55 com um termômetro acoplado. Semanalmente foi avaliado a série nitrogenada (amônia e nitrito), mensurados com um kit comercial Bionaturessupply, e PH utilizando um phmetros Tecnoponmpa 210. A avaliação da eficiência do sistema de tratamento de água foi realizada através da análise de água das seguintes variáveis em pontos distintos do sistema (pré-biofiltro e pos-biofiltro). Os resultados mensurados foram tabulados e foi retirada a média simples de cada variável nos pontos analisados. Resultados e Discussão O uso de efluentes tratados em atividades domésticas, agrícolas e industriais, particularmente para fins não potáveis, tem se demonstrado possível. Entretanto, institucionalizar, regulamentar e promover a reutilização de água no Brasil, fazendo com que a prática se desenvolva de acordo com princípios técnicos adequados, seja economicamente viável e socialmente aceita, se torna necessário (LOSORDO et al. 2000 ). Na entrada da água nas caixas, o Oxigênio Dissolvido (OD) se manteve em níveis adequados, estando por volta de 5,7mg/L e no pré-biofiltro por volta de 5,2mg/L. As variáveis se mantiveram em níveis adequados para a criação de guppy (Poecilia reticulata) em todo o sistema apresentando valor médio de (4,8mg/L) no pós-biofiltro. A temperatura (TºC) no sistema variou entre 21 a 24ºC com valor médio de 22,8 ºC. Considerado o nível aceitável para a criação da espécie trabalhada. O Ph se manteve em níveis adequados em todos os pontos do sistema, ficando entre 6,7 a 7,0. O Nitrito (NO2) se manteve também em níveis adequados para a criação de Guppy, sofrendo pequenas variações em algumas caixas, mas em geral o NO2 ficou em níveis adequados variando entre de 0,3 a 1,0mg/L. A Amônia se manteve em níveis adequados variando entre (0,5 a 1,0mg/L). Conclusões Todas as variáveis da água analisadas (oxigênio dissolvido, temperatura, Ph, nitrito e amônia), se mantiveram em níveis adequados por todo e sistema. Com isso, pode se concluir que a utilização do sistema de recirculação de água é viável para a criação de peixes ornamentais da espécie Guppy, se mostrando uma alternativa para a utilização da água de maneira eficiente. Literatura citada LOSORDO, T. M., HOBBS, A. O., DELONG, D. P. The design and operational characteristics of the CP&L:EPRI fish barn: a demonstration of recirculating aquaculture technology. Aquacultural Engineering 22 (2000) 3–16. 146 LOSORDO, T. M., TIMMONS, M. B. An introduction to water reuse systems.TIMMONS, M. B., LOSORDO, T. M., ed. Aquaculture water reuse systems: engineering design and management. Amsterdam: Elsevier, 1994, p. 1-7. 147 4. Associativismo e cooperativismo 148 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 4.1. Valorização do Mel em ecossistemas frágeis: Análise das comunidades no Pantanal Sul-Mato-Grossense¹ Leonardo Alves de Oliveira Casimiro 2, Gercina Gonçalves da Silva³, Olivier François Vilpoux4 1 Projeto de iniciação cientifica do primeiro autor, financiado pelo CNPq. Acadêmico do Curso de Agronomia (UCDB). 3 Doutoranda em Ciências ambientais e Sustentabilidade Agropecuária (UCDB). 4 Professor pesquisador da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB). 2 Resumo: Diante da necessidade de manutenção e preservação do meio ambiente pantaneiro, a produção de mel oferece boas opções de complementação de renda para grandes e pequenos produtores. A valorização da produção e do meio ambiente local passa pela implantação de um certificado de origem, para a qual a atuação conjunta dos apicultores da região é um aspecto relevante. A partir dessa premissa, o objetivo da pesquisa é avaliar o potencial de cooperação dos produtores de mel no Pantanal, para identificar a possibilidade de implantação de uma Denominação de Origem Controlada. Utilizou-se uma pesquisa de campo, com aplicação de questionários através de amostragem em Bola de Neve. A maioria dos 49 entrevistados mora na região há mais de 20 anos e 80% concluíram no máximo o ensino fundamental. Há na região uma associação de apicultores da qual alguns produtores deixaram de participar por conflitos de interesses. Existem também associações nas diferentes comunidades visitada, mas que não estão relacionadas a produção de mel. Os entrevistados mantêm apenas relações pontuais com os outros produtores, demonstrando uma cultura individualista e desconfiada, bem como um baixo potencial para atividades associativas. A ausência de ações coletivas entre produtores de mel explica a falta de interesse na associação regional e inviabiliza a implantação de uma DOC ou de outro tipo de ação visando a valorizar a produção regional. Palavras-chave: Denominação de Origem Controlada, cooperação, sustentabilidade ambiental Valuation of honey in fragile ecosystems: Analysis of communities in Pantanal of Mato Grosso do Sul Abstract: Given the need for maintenance and preservation of the environment in Pantanal, honey production offers good options of supplementary income for large and 149 small producers. The value of production and local environment goes through the implementation of a certificate of origin, for which it is important to develop a collective action between local producers. Based on the perception, the research objective is to evaluate the potential for cooperation of honey producers in the Pantanal region, with the aim to develop e certification of origin. A field survey has been used with questionnaires through snowball sampling. Most of the 49 respondents lived in the area for more than 20 years and 80% have completed at most basic education. There is an association of honey producers in the region, but most of the producers stopped participating because of conflicts between them. There are also several associations in each community visited, but not specific for honey production. Respondents maintain occasional relationship with other producers and demonstrate an individualistic and suspicious culture. Results indicate a low potential for associative activities which makes difficult to implement a certificate of origin to valorize local honey production. Keywords: certificate of origin, cooperation, environmental sustainability Introdução Localizado na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, no centro da América do Sul, o Pantanal sulmatogrossense foi reconhecido pela UNESCO (2000) como Reserva da Biosfera, devido a suas características e sua importância, possuindo reservas naturais diversificadas. O Pantanal é um bioma frágil, onde o desenvolvimento deve ser estimulado, mas sem que seja alcançado em detrimento do meio ambiente. As características desse bioma, com grande cobertura florestal e amplas áreas inundadas, dificultam as atividades pecuárias, principal atividade da região. Os grandes criadores estão cada vez mais tentados pela intensificação da produção, com desmatamento e plantio de pastagens. Em paralelo, a permanência dos pequenos produtores, isolados do mercado, é cada vez mais prejudicada, com aumento do desmatamento e êxodo para as cidades mais próximas. Nesse contexto, a produção de mel oferece, além na necessidade de manutenção do meio ambiente, boas opções de complementação de renda para grandes e pequenos produtores. A valorização da produção e do meio ambiente local, naturalmente orgânico, passa pela implantação de um certificado de origem, ou Denominação de Origem Controlada - DOC. A DOC refere-se ao nome geográfico de um país, região ou localidade que serve para designar um produto nele originado cuja qualidade e características devem-se exclusivamente ou essencialmente ao ambiente geográfico, incluindo-se fatores humanos e naturais (CHADDAD, 1995). Para tanto, é importante a atuação conjunta de apicultores da região, em busca e objetivos comuns, através da cooperação. Nesse contexto, o alcance dos objetivos comuns representará um ganho individual superior ao seu custo, o que se dará através da comercialização de seus produtos em canais como a merenda escolar, varejo supermercadista e redes de lojas localizadas em centros urbanos mais populosos. A partir da importância da preservação do Pantanal, da possibilidade de implantação de uma DOC e da necessidade de cooperação entre produtores, a pesquisa teve por objetivo a avaliação do potencial de cooperação dos produtores de mel no Pantanal. Material e Métodos Como método, utilizou-se a pesquisa de campo, com aplicação de questionários. Foram entrevistados e coletados dados primários de 49 produtores de Corumbá, Ladário, Nhecolândia, bem como em assentamentos e arredores do município de Corumbá. Foram entrevistadas pessoas envolvidas com apiários, desde produtores, 150 membros de associações, até consumidores e compradores da região. A identificação dos entrevistados utilizou a técnica metodológica snowball, em função da falta de conhecimento anterior sobre os produtores da região. Essa técnica é conhecida no Brasil como “amostragem em Bola de Neve”, ou como “cadeia de informantes (PENROD et al. 2003). É uma forma de amostra não probabilística utilizada em pesquisas sociais onde os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes que por sua vez indicam novos participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo proposto. Resultados e Discussão Algumas características entre os agentes podem favorecer a cooperação. Assim, através da pesquisa de campo verificou-se que: a) 90% das propriedades visitadas possuíam até 50 ha de terra; b) 61,2% dos entrevistados residem no pantanal há mais de 20 anos; c) 54% dos entrevistados possuem entre 36 e 57 anos; e d) do total de pessoas que constituem as famílias dos estabelecimentos, 22,6% trabalham fora de suas propriedades, objetivando complementar sua renda. A maior parte dos produtores entrevistados possui produção voltada para a subsistência. O autoconsumo representa uma forma de geração de renda, pois se não produzissem teriam que comprar esses produtos. Houve relatos de comércio de excedentes e derivados de produtos, de utilização de parte da produção para alimentação dos animais, bem como da busca de atividades complementares fora de seus estabelecimentos. Além disso alguns dos entrevistados recebem benefícios do governo, o que colabora para a formação da renda familiar, que 33% responderam ser de ½ a 1 salário mínimo e 31% responderam ser de 1 a 2 salários mínimos. Durante a pesquisa, no que tange a origem da renda familiar, 63% disseram possuir rendas não agrícolas oriundas essencialmente de aposentadoria, e atividades comerciais ou na indústria. Em relação ao nível de escolaridade dos produtores, 4% eram analfabetos, 23% alfabetizados, 46% possuiam o ensino fundamental incompleto e 8% o ensino fundamental completo, o que constitui um total de 81% dos entrevistados. Apenas 4% dos entrevistados possuíam o ensino médio incompleto, 13% o ensino médio completo e 2% o ensino superior. No que tange ao associativismo, na região havia, inicialmente, apenas uma associação de apicultores, que era composta por pequenos produtores de assentamentos e por produtores médios. No entanto, os entrevistados indicaram que alguns membros da associação saíram da organização por acreditarem que havia conflitos de interesses. Entre os entrevistados 91 % afirmaram nunca terem vendido seus produtos por meios da associação ou de cooperativa. Todavia, os membros da diretoria e o próprio presidente da associação alegaram falta de percepção desses produtores. Todos os assentamentos da região possuíam ao menos uma associação que, de acordo com os entrevistados, funciona para organizações de festas religiosas e não para aspectos produtivos. Na mensuração do nivel de relacionamento entre os entrevistados, bem como das relações de confiança, de acordo com os respondentes não há conflitos nas comunidades. No entanto, verificou-se a presença de relações de confiança apenas entre os membros mais proximos da comunidade, sem relação com a produção de mel. Os entrevistados disseram que mantinham contatos com produtores de outras comunidades pois tinham amigos em outras comunidades. Eles informaram aproveitar esses contatos para, em alguns casos, comercializar e se informar sobre preços. Verificou-se que os produtores não se juntavam para desenvolver trabalhos coletivos na 151 produção de mel ou em qualquer outro tipo de produção ou comercialização agropecuária, adotando uma posição individualista. Com o objetivo de ajudar um ao outro, eles informaram trocar dias para realização de serviços como vacina, construção de cercas, capina na roça, colheita ou plantio, e alguns serviços que necessitam de maior mão-de-obra. Outros tipos de ajuda foram citados como emprestimo de equipamentos, caronas, ajuda com alimentos, dinheiro e até apoio moral. O empréstimo de ferramentas, muito citado nas estrevistas, consistem em pequenas ferramentas como enxada, rastelo, carrinho de mão, trator, equipamentos industriais e até animais. No entanto essas atividades ocorrem entre vizinhos e não entre produtores de mel. Conclusões Verificou-se que os entrevistados se relacionavam fora da comunidade através de ações pontuais de trabalhos e mantinham relações de confiança essencialmente com os vizinhos, sem ligação com o tipo de atividade. Os produtores entrevistados, demonstraram desconfiança em relação às associações na qual participavam, evidenciando a não cooperação e desuso da associação para o comércio de seus produtos. A falta de ação coletiva pode também ser explicada pela pouca importancia da atividade apícola para os produtores entrevistados, que possuem outras fontes de rendas, o que limita a dependência dos produtores em relação aos outros produtores ou a associação. A valorização da produção, através a implantação de uma Denominação de Origem Controlada, passa pelos esforços conjuntos dos produtores, com a existência de relacionamentos cooperativos entre eles. A identificação de uma cultura individualista entre os produtores e o baixo nível de confiança entre eles permite concluir na existência de um baixo potencial para atividades associativas, o que pode dificulta a implantação de uma DOC do mel do Pantanal. Agradecimentos Agradecemos o financiamento do CNPq, pois este artigo é resultado do PIBIC/UCDB do projeto intitulado “Valorização do mel em ecosistemas frágeis: implantação de denominação de origem controlada em comunidades do interior do Mato Grosso do Sul”. Literatura citada CHADDAD, F. R.. Denominação de origem controlada: um projeto de pesquisa. Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo. V 1, N 1, 2 Semestre. 1995. PENROD, J.; PRESTON, D.B., CAIN, R. & STARKS, M.T. A discussion of chain referral as a method of sampling hard-to-reach populations. Journal of Transcultural nursing, vol 4. nº 2.April, 2003. 100-107p. UNESCO – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA. Rede Brasileira de Reservas da Biosfera. Disponível em <http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/networks/specializedcommunities/specializes-communities-sc/brazilian-biosphere-reserves-network/> Acesso em 27/03/2013. 152 5. Ciência, tecnologia e inovação 153 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 5.1. Pecuária leiteira e sustentabilidade: um estudo do “Projeto Balde Cheio” no Sítio Boa Vista1 Marcio Silva Borges¹, Claudete Martins da Silva Pereira², Cezar Augusto Miranda Guedes³, Lorran Marques da Silva Oliveira4 1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor. Professor Assistente (UFRRJ) e doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Tecnologia e Inovação em Agropecuária (UFRRJ) e Professor do Departamento de Ciências Administrativas e do Ambiente (UFRRJ). ² Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Tecnologia e Inovação em Agropecuária (UFRRJ) e Professora de Agroecologia do Colégio Técnico (UFRRJ). ³ Professor Associado (UFRRJ). 4 Estudante de Gestão Ambiental (UFRRJ). Resumo: A noção de desenvolvimento econômico tem mudado nas últimas décadas em direção a uma visão consensual de que conservação ambiental e melhores padrões de vida podem ser perseguidos simultaneamente. Essa nova concepção de desenvolvimento também está induzindo mudanças tecnológicas no agronegócio do leite de modo a criar políticas e programas que visem proporcionar o desenvolvimento sustentável de suas dimensões econômica, social e ambiental deste setor no Brasil. Uma das reclamações do setor leiteiro é o fato de os produtores rurais não aplicarem as técnicas e os avanços estudados e alcançados nos institutos de ensino e de pesquisa, o que dificulta a evolução da atividade leiteira. Assim, o objetivo do presente artigo apresentou o “Programa Balde Cheio”, coordenado pela Embrapa Pecuária Sudeste como vetor de promoção do desenvolvimento sustentável do leite, compatibilizando a produção local às tendências de produção sustentável a nível internacional. O estudo em questão baseou-se em dados secundários obtidos a partir de documentos; e dados primários obtidos por meio de pesquisa qualitativa, utilizando-se do método de estudo de caso. Entretanto, como vetor de sustentabilidade ambiental do desenvolvimento da atividade leiteira, o projeto se mostrou um tanto quanto omisso, dependendo para esta dimensão e para reforçar as demais dimensões, de melhoramentos e outras políticas complementares para ser capaz de promover o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite. Palavras–chave: agricultura familiar, manejo sustentável, produção de leite. 154 Dairy milk farming and sustainability: a study of the “Balde Cheio” project on Boa Vista farm Abstract: The notion of economic development has changed in recent decades toward a consensual vision of that environmental conservation and better standards of living can be pursued simultaneously. This new conception of development also is inducing technological change in milk agribusiness to create policies and programs that aim to provide the sustainable development of their economic, social and environmental dimensions of this sector in Brazil. One of the complaints of the dairy sector is the fact that the farmers not to apply the techniques and advances studied and achieved in education and research institutes, which hinders the development of the dairy activity. The objective of the present article presented the "Balde Cheio", coordinated by Embrapa Sudeste (Southeast Embrapa) as a vector of sustainable development promotion of milk, making local production to sustainable production trends at international standard. The study in question was based on the secondary data obtained from documents; and primary data obtained through quantified research, using the studied case method. However, as a vector of development environmental sustainability of dairy milk activities, the project proved being somewhat absent, depending on to this dimension and to reinforce the other dimensions, improvements and other complementary policies to be able to promote the sustainable development of agribusiness. Keywords: family agriculture, sustainable management, milk production. Introdução É consenso que, tem crescido e se generalizado em nível mundial a influência de questões ambientais nas formas de estruturação e funcionamento das atividades econômicas. Nesse sentido, a agropecuária brasileira, bem como o agronegócio do leite, vem sendo compelidos a buscar novos mecanismos e formas de atuação com vistas à promoção do desenvolvimento econômico dessas atividades numa perspectiva de sustentabilidade do desenvolvimento. Desta maneira, o presente artigo analisa se o “Projeto Balde Cheio”, coordenado pela Embrapa Pecuária Sudeste pode funcionar como vetor de promoção do desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite, compatibilizando a produção local às tendências de produção sustentável em curso no setor internacionalmente. Essa nova concepção de desenvolvimento também está induzindo mudanças, tanto na cadeia produtiva do leite como nas cooperativas deste setor, de modo a criar políticas e programas que visem proporcionar o desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite. O projeto prevê a transferência de um pacote de conhecimentos e tecnologias para o pequeno produtor de leite. Uma vez explicitada a estrutura e composição do projeto, analisa-se seu potencial e suas limitações para que o mesmo funcione enquanto vetor de promoção do desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite no Rio de Janeiro. Material e Métodos O estudo em questão se baseia em dados secundários obtidos a partir de documentos; e dados primários obtidos por meio de pesquisa qualitativa, utilizando-se do método de estudo de caso com entrevistas com os agentes coordenadores e/ou realizadores do projeto Balde Cheio. O ambiente para os estudos foi a propriedade rural 155 sítio Boa Vista, localizado em Valença - RJ. Estes estudos foram realizados pelo autor nas pesquisas de campo com vista para defesa de tese de doutorado intitulada demonstrados por (CAMARGO ET AL, 2006). Resultados e Discussão O estudo de caso analisou Sítio Boa Vista localizada em Valença, RJ. O sítio possui área total de apenas 0,55 ha. Esta propriedade foi selecionada e acompanhada por extensionistas da região abrangida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – SENAR do Rio de Janeiro que recebe apoio financeiro do SEBRAE, entidade privada de Serviço e Apoio às Micro e Pequenas Empresas. A visita ao Sítio Boa Vista foi deixada por último pelo extensionista para demonstrar, segundo ele, o quanto o programa Balde Cheio está disseminado pelo município de Valença e região. Conforme tabela 1 (abaixo), antes de iniciar o trabalho do programa, a propriedade de apenas 0,55 hectares produzia 4 litros de leite diário e nos últimos doze meses esse valor aumentou para 108 litros de leite, contava com um fluxo de caixa e lucro negativos respectivamente em R$ 1.577,99 e R$ 3.135,98 e após engajamento ao projeto estes valores tornaram-se positivos em R$ 10.611, 41 de fluxo de caixa e R$ 21.222,82 de lucro. O sistema de irrigação adotado é por aspersão no pasto e canavial que retira água do riacho que corta a propriedade. Como nas demais propriedades visitadas a estrada também é de terra até a entrada muito embora tenha um relevo plano o que não dificultaria a entrada de um caminhão graneleiro. Apesar disso, parte da produção é levada até a cooperativa com um veículo leve adquirido com o aumento da renda e parte é comercializada informalmente por meio de uma motocicleta que levar até 20 litros em latões. Tabela 1 – Dados econômicos e zootécnicos Variáveis Receita (R$/ano) Produção diária (litro/dia) Produtividade (litros/hectare/ano) Preço recebido (R$/litro) Fluxo de caixa (R$/ano) Custo operacional (R$/litro) Lucro (R$/ano) Lucro (R$/hectare/ano) Número de vacas Número de vacas em lactação % de vacas em lactação Área utilizada (hectare) 2007 1.567,88 4 2.929 Últimos 12 meses 28.499,80 108 78.840 0,40 -789,65 0,37 -1.567,99 -3.165,98 7 2 29 0,5 0,69 11.479,60 0,31 10.611,41 21.222,82 8 7 87,5 0,5 Fonte: dados da pesquisa. Sob o aspecto da normativa alguns pontos necessitam ser melhorados como pode ser observado na figura 1, tais como não existe azulejamento do fosso, contato de animais no local de ordenha além de falta de estrutura higiênica, muito embora o sítio realize ordenha mecânica3 e conte com um bujão de sêmen. 3 Equipamentos doados por empresas do setor. A produtora faz propaganda delas para cada visitante. 156 Figura 1 – Sala de ordenha. Conclusões Os principais resultados obtidos são a recuperação da importância da extensão rural como fator fundamental para o desenvolvimento do setor e o resgate da dignidade do produtor rural. Dessa maneira, o Projeto Balde Cheio contribui para a fixação da família no campo (CAMARGO ET al., 2006). Em muitos casos, verifica-se que algum dos filhos do produtor foi ou tem intenção de ir residir na cidade com o objetivo de trabalhar para obter renda adicional para a família, e um dos ganhos sociais do projeto, é a volta ou permanência dos filhos na propriedade rural com dignidade e renda para manter a família (Camargo ET al., 2006b, e). O projeto possui uma estrutura para transferência de tecnologia que tem sem mostrado eficaz, haja vista a abrangência que tem conseguido. De uma forma resumida, o grupo da Embrapa Pecuária Sudeste capacita extensionistas, acompanham as propriedades denominadas Unidades de Demonstração que são utilizadas como “salas de aula” e os extensionistas capacitados assistem a outras propriedades da região transferindo dessa forma tecnologia e elevando a capilaridade do projeto. Nos casos estudados, a intensificação de forma sustentável permitiu o melhor uso da terra, expressivo ganho de produtividade e resgate de autoestima e dignidade do pequeno produtor. O tema é muito instigante e complexo para que as conclusões sejam extensivas e generalizadas ao. Os autores sugerem que novas análises poderão ser realizadas levando-se em conta outras populações, regiões geográficas e estudos atualizados. Literatura citada CAMARGO, A.C.; NOVAES, N.J.; NOVO, A.L.M.; MENDONÇA, F.C.; MANZANO, A.; ESTEVES, S.N.; PAGANI NETO, C.; QUINAGLIA NETO, P.; DIAS, A.T.F.F.; SANTOS JUNIOR, H.A.; RIBEIRO, W.M.; FARIA V.P. Projeto Balde Cheio: Transferência de tecnologia na produção leiteira - Estudo de caso do sítio Boa Vista, de Elisiário, SP. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2006b. 8p. (Embrapa Pecuária Sudeste, Comunicado técnico 71). 157 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 5.2. Análise multicritério e técnicas de geoprocessamento para a conservação de estradas não pavimentadas Frederico Cássio Moreira Martins1, Luana Caetano Rocha de Andrade2, Maria Lúcia Calijuri3, Kelly de Oliveira Barros4, Emmanoel de Moraes Barreto 5 1 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil. 3 Professora do Departamento de Engenharia Civil. 4 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal. 4 Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (in memorian). 2 Resumo: As estradas na zona rural comumente são construídas sem algum tipo de planejamento, realidade esta normalmente associada a ocorrência de intensos processos erosivos. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo identificar os critérios para a alocação de caixas de captação de água pluvial e sedimentos em estradas não pavimentadas. A metodologia se baseou em técnicas de geoprocessamento, no modelo Balseq e na análise multicritério. Por meio da aplicação desta metodologia, que mostrou-se eficiente, o poder público poderá exercer um melhor gerenciamento das estradas sem pavimentação. No entanto, a verificação em campo e a correta determinação do número necessário de caixas de captação são medidas essenciais para o sucesso desta metodologia. Palavras–chave: Conservação da água, erosão do solo, modelo Balseq Multicriteria analysis and geoprocessing techniques for conservation of Unpaved Roads Abstract: The roads in the countryside are usually built without some planning, reality is normally associated with the occurrence of intense erosion. In this sense, the present study aimed to identify the criteria for the allocation of boxes to capture rainwater and sediment on unpaved roads. The methodology was based on GIS techniques, the model Balseq and multicriteria analysis. By applying this methodology, it was efficient, the government may have a better management of unpaved roads. However, field verification and correct determination of the required number of pickup boxes are essential to the success of this methodology. Keywords: Balseq model, soil erosion, water conservation 158 Introdução As estradas na zona rural comumente são construídas sem algum tipo de planejamento. Apesar da importância destas vias, esta realidade acaba por ocasionar nas estradas sem pavimentação o desenvolvimento de intensos processo erosivos que estão associados frequentemente à alteração do comportamento da drenagem assim como o direcionamento da concentração da água pluvial (Demarchi, 2003). Diversas técnicas estão disponíveis para tornar as estradas rurais adequadas a um sistema de drenagem de águas pluviais. Como exemplo, podem-se citar as bacias de captação que atuam na eliminação do efeito destrutivo das águas da chuva. As bacias de captação acumulam a água da chuva em locais determinados, o que propicia uma maior infiltração no solo favorecendo o abastecimento do lençol freático e consequentemente aumentando a quantidade de água nas nascentes (Zoccal et al., 2007; Casarin e Oliveira, 2009). Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo realizar a identificação de critérios para a alocação de caixas de captação de água pluvial e sedimentos em estradas não pavimentadas na bacia hidrográfica do Córrego Pureza, localizada no município de Itabira, Minas Gerais. Material e Métodos A bacia hidrográfica do Córrego Pureza possui cerca de 3.000 ha, situada no município de Itabira, Minas Gerais, localizado entre os paralelos 19° e 20° sul e meridianos 43° e 44° oeste, cujo relevo caracteriza-se por ser bastante acidentado. Foi realizada uma análise de infiltração e escoamento de água no solo, tendo como base o modelo Balseq, proposto por Lobo Ferreira (1981). A lógica fuzzy e a análise multicritério foram utilizadas na determinação das áreas para alocação das caixas de captação. Consideraram-se aspectos legais e ambientais, relacionados principalmente à classificação e ao uso e ocupação do solo, distância dos cursos d’água e distância das estradas. Para a valoração de critérios foi utilizado o método de comparação par a par no contexto do processo de tomada de decisão denominado AHP (Analytic Hierarchy Process). Na agregação dos critérios foram utilizados dois procedimentos, o WLC (Weighter Linear Combination) que aplica um peso para cada fator, e o OWA (Ordered Weighter Average) que, como o WLC também aplica pesos aos fatores, porém neste caso os pesos são ordenados em um ranking (Calijuri, et al., 2002). Foi realizada uma comparação entre os resultados obtidos dos procedimentos WLC e OWA, uma vez que o risco e compensação assumido em cada procedimento são distintos e fornecem cenários diferentes no que diz respeito às melhores áreas para implantação das caixas de captação. Foram consideradas duas restrições na análise: o limite da bacia hidrográfica do córrego Pureza e a área inserida em um buffer de 30 m ao longo dos cursos d’água, ou seja, a distância mínima para intervenção às margens. Desta forma, os critérios legais estabelecidos pela Lei Federal n° 12.651 de 2012 para preservação das áreas de proteção permanente foram devidamente contemplados (Brasil, 2012). Foram considerados como fatores na presente análise: distância das estradas, distância dos pontos de interseção entre as estradas e cursos d’água, combinação entre as classes e uso do solo e a declividade. O fator combinação entre as classes e uso do solo considerou, além da classe e uso e ocupação do solo, também o potencial de infiltração e escoamento superficial em cada combinação. Atribuiu-se peso maior às áreas cujas combinações contribuem para uma menor infiltração e um maior escoamento superficial de água no solo, levando em 159 consideração os resultados obtidos na aplicação do modelo Balseq, restringindo o uso urbano, uma vez que não se deseja construir caixas de captação nessas áreas. O fator declividade foi reclassificado levando em consideração que quanto maior a inclinação, maior também a necessidade de caixas de captação, pois essas áreas são mais suscetíveis a erosão. Por fim, o peso ponderado de cada critério foi estimado através do modelo AHP onde foram feitas as avaliações de importância entre os fatores, chegando-se a uma consistência de 0,01. Com objetivo de se comparar os resultados foram elaborados cinco cenários considerando diferentes combinações de pesos e procedimentos (WLC e OWA). As características de cada cenário estão na Tabela 1. Tabela 1 - Resumo das características dos cenários analisados Tipo de Análise Risco Compensação Características 0,5 1,0 Risco Médio e Máxima Compensação WLC 0,36 0,80 Risco Médio Alto e Compensação Parcial OWA 1 0,46 0,93 Risco Médio Alto e Compensação Alta OWA 2 0,53 0,92 Risco Médio Baixo e Compensação Alta OWA 3 0,67 0,74 Risco Baixo e Compensação Parcial OWA 4 Resultados e Discussão Os latossolos apresentaram maior infiltração e menor escoamento, já os cambissolos apresentam-se como solos pouco favoráveis à infiltração e bastante favoráveis ao escoamento, sendo os argissolos intermediários entre os dois. Assim, os cambissolos foram priorizados em relação aos demais na alocação das caixas de captação, devido a sua maior suscetibilidade a processos erosivos. No que diz respeito aos usos, estes foram priorizados na seguinte ordem: áreas de pastagem e solo exposto, uso agrícola e mata. Devido ao caráter preventivo da análise para alocação de caixas de captação, é possível que a escolha do melhor cenário assuma um risco mais elevado, portanto, optou pela análise OWA1, no qual foi possível observar um maior número de áreas adequadas a uma adequabilidade mínima de 250. Entretanto, as áreas mais críticas correspondem à análise WLC com uma adequabilidade de 255, onde devem, necessariamente, ser alocadas caixas de captação. De acordo com os procedimentos adotados, 289 áreas foram apontadas como adequadas para implantação das caixas de captação, que correspondem ao cenário WLC e OWA, que apresentou um risco equivalente a 0,36 e compensação equivalente a 0,80, ou seja, risco médio-alto com compensação parcial. Já em relação ao cenário WLC, consideraram-se 53 áreas críticas, risco médio e compensação máxima, que deverão ser necessariamente observadas para implantação de caixas de captação. Ressalta-se a necessidade da determinação em campo da alocação das caixas de captação assim como do número delas a ser instalado. Justifica-se tal fato pela vasta opção de áreas que foram apotadas como adequadas para este fim, o que pode ser considerado como ponto positivo nesta metodologia. Conclusões A metodologia proposta mostrou-se eficiente na alocação das caixas de captação nas estradas. Por meio da sua aplicação o poder público poderá exercer um melhor gerenciamento das estradas sem pavimentação. A verificação em campo e a correta determinação do número necessário de caixas de captação para conservação das 160 estradas e dos recursos hídricos são medidas essenciais para o sucesso desta metodologia. Literatura citada BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. In: http://www.planalto.gov.br/ccivi l_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm (acessado em 25 de fevereiro de 2013). CALIJURI, M. L; MELO, A. L. O; LORENTZ J. F. Identificação de áreas para implantação de aterros sanitários com uso de análise estratégica de decisão. Informática Pública, v. 4, n. 2, p. 231-250, 2002. CASARIN, R. D.; OLIVEIRA, E. L. Controle de erosão em estradas rurais não pavimentadas, utilizando sistema de terraceamento com gradiente associado a bacia de captação. Irriga, v. 14, n. 4, p. 548-563, 2009. In: 200.145.140.50/ojs1/include/getdoc. php?id=1101&article=472&mode=pdf (acessado em: 20 de janeiro de 2012). DEMARCHI, L. 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Estudante de graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios – UFV. 3 Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, Viçosa-MG. 4 Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFV. 2 Resumo: Com o aumento crescente na produção industrial de queijos no Brasil, a disponibilidade de soro de leite tornou-se um grande problema, uma vez que muitas indústrias ainda o consideram como efluente. Embora o tratamento térmico garanta a segurança microbiológica de produtos lácteos, pode causar alterações irreversíveis em alguns constituintes do leite ou do soro, além de alterações sensoriais. Objetivou-se avaliar a microfiltração como tecnologia alternativa ao tratamento térmico para melhoria da qualidade microbiológica de soro de leite, para fins de sua utilização no desenvolvimento de novos produtos pelas indústrias alimentícias, e redução dos impactos ambientais. Comparou-se a qualidade microbiológica de soro de leite cru centrifugado, microfiltrado, termizado e pasteurizado. Constatou-se redução significativa da microbiota contaminante do soro cru por meio dos tratamentos avaliados, com maior eficiência da microfiltração. A aplicação da microfiltração é uma alternativa viável para a obtenção de soro de leite estável do ponto de vista microbiológico e de maior vida útil. O aproveitamento do soro de leite possibilita o aumento da lucratividade industrial por meio do desenvolvimento de novos produtos e redução dos impactos ambientais. Palavras–chave: conservação, meio ambiente, microfiltração, soro de leite. Use of microfiltration as an alternative to heat treatment for whey processing Abstract: With the increase in industrial production of cheese in Brazil, the availability of whey has become a big problem, since many industries still consider as effluent. Although the heat treatment ensuring the microbiological safety of dairy products can cause irreversible changes in some components of milk or whey in addition to sensory changes. Objective to evaluate the Microfiltration as an alternative to heat treatment to improve the microbiological quality of whey, for the purpose of its use in the development of new products for the food industries, and reduction of environmental 162 impacts. Compared to the microbiological quality of raw milk serum centrifuged, microfiltered, thermised milk and pasteurized. There was a significant reduction in contaminant microbiota raw serum through the treatments evaluated, with greater efficiency of microfiltration. The application of microfiltration is a viable alternative for obtaining stable whey microbiological point of view and longer life. The use of whey enables the increase of industrial profitability through the development of new products and reduction of environmental impacts. Keywords: conservation, environment, microfiltration, whey Introdução O soro gerado na produção de queijos representa 80 a 90% do volume total de leite processado para esse fim e contém, aproximadamente, 50% dos nutrientes do leite. Associado ao alto conteúdo de substâncias orgânicas, em especial à presença de lactose e proteínas, o soro de leite apresenta alta demanda bioquímica de oxigênio (DBO), variável de 27 a 60 kg·m-3, e dessa forma, alto poder poluente (PRAZERES et al., 2012). Com o aumento crescente na produção industrial de queijos no Brasil, a disponibilidade de soro de leite tornou-se um grande problema, uma vez que muitas indústrias ainda o consideram como efluente, desta maneira é descartado sem que sejam consideradas as consequências ambientais. Portanto, o desenvolvimento de alternativas para um adequado aproveitamento do soro de leite é uma questão prioritária para fins de redução dos problemas ambientais, desenvolvimento de novos produtos e aumento da lucratividade nas indústrias de laticínios. Considerando as características nutricionais e tecnológicas do soro de leite, existem várias possibilidades de sua aplicação, desde a sua simples utilização como ingrediente alimentício à produção de medicamentos. Assim, o governo tem incentivado o desenvolvimento de tecnologias que permitam o aproveitamento do soro de leite de uma forma viável do ponto de vista econômico e tecnológico. A tecnologia de separação por membranas tem se destacado associado ao fato de permitir a obtenção de produtos com características tecnológicas adequadas para utilização e por constituir uma operação econômica. Objetivou-se avaliar a microfiltração como alternativa ao tratamento térmico para melhoria da qualidade microbiológica de soro de leite, para fins de sua utilização no desenvolvimento de novos produtos pelas indústrias alimentícias, e redução dos impactos ambientais. Material e Métodos As atividades foram conduzidas no Laboratório de Pesquisa em Ciência e Tecnologia de Leite e Derivados e no Laticínio Escola, do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa. Utilizou-se soro de leite obtido da produção de queijo Minas Frescal. O delineamento foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos aplicados a soro de leite centrifugado e cinco repetições. Os tratamentos incluíram: microfiltração em membrana de 0,8 µm de diâmetro do poro, microfiltração em membrana de 1,4 µm de diâmetro do poro, termização a 65 ºC, por 15 segundos e pasteurização a 72 ºC, por 15 segundos. Esses tratamentos foram comparados ao soro cru centrifugado que correspondeu a amostra controle. Após os tratamentos, procedeu-se o envase das amostras em garrafas esterilizadas de 200 mL para avaliação da qualidade microbiológica. 163 Realizou-se a contagem de mesófilos aeróbios em placas PetrifilmTM AC (3M), com incubação a 32 °C ± 1 °C, por 48 horas; contagem de coliformes e Escherichia coli em placas PetrifilmTM EC (3M), incubadas a 35 °C ± 1 °C, por 24 e 48 horas, respectivamente; contagem de Staphylococcus aureus em placas PetrifilmTM Staph Express (3M), com incubação a 35 °C ± 1 °C, por 24 horas; e contagem de microorganismos psicrotróficos em ágar padrão para contagem em placas (PCA Himedia®, Índia), incubadas a 7 ºC, por 10 dias. Realizou-se análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey (p<0,05). A microfiltração do soro de leite foi realizada em membrana cerâmica tubular “Membralox®” (Tetra Pak© Processing, França) com poros de 0,8 e 1,4 µm. Os tratamentos térmicos foram realizados em trocador de calor a placas. Resultados e Discussão Foram constatadas altas contagens microbianas no soro cru centrifugado (Tabela 1). Esse resultado foi associado à ocorrência de contaminações decorrentes de falhas de manipulação, higienização de equipamentos e utensílios, estocagem ou no transporte do soro, as quais podem afetar diretamente a qualidade de produtos derivados do soro de leite. Tabela 1 – Contagens microbianas de soro de leite (cru centrifugado, pasteurizado, termizado e microfiltrado), expressas em UFC·mL -1. Amostras Soro cru centrifugado Soro pasteurizado (72°C/15 seg) Soro termizado (65°C/15seg) Soro microfiltrado (0,8µm) Soro microfiltrado (1,4µm) Mesófilos Aeróbios Coliformes 3,7 x 105 a 8,7 x 101 b 2,7 x 103 c < 1,0 d < 1,0 d 1,3 x 104 a 2,8 x 100 b 2,8 x 100 b < 1,0 b < 1,0 b E. coli 1,1 x 101 a 2,8 x 100 b 2,8 x 100 b < 1,0 b < 1,0 b S. aureus 1,7 x 102 a 2,8 x 100 b 3,2 x 100 b < 1,0 b < 1,0 b Psicrotróficos 2,2 x 105 a < 10,0 b 2,4 x 102 c <10,0 b <10,0 b Análises Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, na linha, para cada análise, não diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. A pasteurização, a termização e a microfiltração em membranas com poros de 0,8 µm e 1,4 µm de diâmetro promoveram redução significativa (p<0,05) da microbiota contaminante presente no soro cru centrifugado (Tabela 1). Entretanto, a microfiltração foi mais eficiente para redução dos grupos microbianos seguida da pasteurização e termização (Tabela 1). Não foi constatada diferença significativa (p<0,05) entre a microfiltração em membrana de 0,8 e 1,4 µm. Segundo Carvalho e Maubois (2010), a microfiltração do leite ou do soro em membrana de 0,8 µm pode ser empregada para remoção de micro-organismos como alternativa ao tratamento térmico, tratamento esse que embora garanta a segurança microbiológica de produtos lácteos, pode causar alterações irreversíveis em alguns constituintes do leite ou do soro (proteínas e lactose) e alterações sensoriais. 164 Conclusões O emprego da tecnologia de microfiltração é uma alternativa ao tratamento térmico, pois possibilita a obtenção de soro de leite estável do ponto de vista microbiológico e, assim, maior vida útil do produto. Desta forma, possibilita o aproveitamento do soro de leite pelas indústrias brasileiras com consequente aumento da lucratividade por meio do desenvolvimento de novos produtos, além de permitir a redução do impacto ambiental causado pelo descarte do soro. Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo apoio financeiro a esta pesquisa e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Literatura citada CARVALHO, A. F.; MAUBOIS, J. L. Applications of membrane technologies in the dairy industry. In: COIMBRA, J. S. R.; TEIXEIRA, J. A. (Eds.) Engineering aspects of milk and dairy products. Boca Raton: CRC Press, 2010. 256p. PRAZERES, A. R.; CARVALHO, F.; RIVAS, J. Cheese whey management: A review. Journal of Environmental Management, v.110, p.48-68, 2012. 165 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 5.4. Potencial de redução da emissão de metano em diferentes sistemas de tratamento da água residuária da suincultura1 Keles Regina Antony Inoue2, Cecília de Fátima Souza3, Marilú Santos Sousa4, Maria de Fátima Araújo Vieira5, Fernanda Figueiredo Granja Doriléo Leite6 1 Parte da tese de doutorado da primeira autora. Doutora em Engenharia Agrícola, DEA/UFV. 3 Professora do Departamento de Engenharia Agrícola, DEA/UFV. 4 Pós Doutoranda da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos / USP, Campus Pirassununga. 5 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em engenharia Agrícola, DEA/UFV. 6 Estudante de graduação em Engenharia Agrícola, UFV. 2 Resumo: A atividade suinícola tem se desenvolvido aceleradamente no Brasil, e com o crescimento da produção e da concentração de animais, houve aumento dos impactos ambientais, provocados, principalmente, pela elevação do volume de dejetos gerados pela atividade. Esses dejetos contêm matéria orgânica e nutrientes, seu armazenamento e uso inadequado têm provocado grande poluição do ar, dos recursos hídricos e do solo. Objetivou-se com a pesquisa avaliar o potencial de emissão do gás metano (CH 4), com base na quantidade de dióxido de carbono equivalente dos resíduos advindos de duas granjas suínicolas de ciclo completo, com diferentes sistemas de tratamento de seus resíduos. O experimento foi realizado em uma unidade comercial suinícola localizada em Oratórios - MG, Zona da Mata Mineira. Foram utilizadas duas granjas pertencentes à mesma unidade de produção, ambas possuíam as mesmas características arquitetônicas. O monitoramento das emissões nos sistemas de tratamento foi feito por meio de análises feitas em amostras coletadas com periodicidade semanal, durante sete semanas, no afluente e no efluente dos biodigestores e das lagoas de estabilização. Os valores de SV determinados nos afluentes e efluentes foram utilizados para calcular os potenciais de emissão de metano, conforme metodologia AM0006 “Redução de emissão de gases de efeito estufa para sistemas de manejo de dejetos” (UFCCC, 2004), dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), instituído no Protocolo de Kyoto. Verifica-se que houve diferença significativa em nível de 5% de probabilidade, pelo teste F, para os valores de emissão de CH4 entre os tratamentos avaliados. O metano apresentou valores médios de 149, 25 t de CO2eq ano-1 no tratamento em biodigestores e 1120,22 t de CO2eq ano-1 no tratamento em lagoas de estabilização. Conclui-se que o maior potencial de emissão de metano foi observado no sistema de lagoas estabilização. Palavras-chave: Gases de efeito estufa, dejetos, suínos. 166 Potential for reducing methane emissions from different systems of wastewater treatment suincultura Abstract: The activity pig has developed rapidly in Brazil, with the growth of production and concentration of animals, increased environmental impacts, caused mainly by the increase in the volume of waste generated by the activity. This waste contains organic matter and nutrients, storage and inappropriate use has caused serious pollution of air, water and soil. The objective of the research was to evaluate the potential emission of methane (CH4), based on the amount of carbon dioxide equivalent of waste arising from two pig farms full cycle, with different treatment systems for their waste. The experiment was conducted in a commercial unit pig located in Oratórios MG, Zona da Mata Mineira. We used two farms belonging to the same production unit, both had the same architectural features, monitoring of emissions treatment systems was done by analyzes of samples collected on a weekly basis for seven weeks in the influent and effluent of digesters and stabilization ponds. VS values determined in influent and effluent were used to calculate the potential of methane emissions, according to the methodology AM0006 "Reduction of emission of greenhouse gases for manure management systems" (UFCCC, 2004), within the Development Mechanism Mechanism (CDM) established under the Kyoto Protocol. There is a significant difference at 5% probability by the F test for the emission of CH 4 between treatments. Methane showed values of 149, 25 t CO2eq yr-1 treatment in digesters and 1120,22 t CO2eq yr-1 treatment in stabilization ponds. It is concluded that the greatest potential for methane emission was observed in the lagoon system stabilization. Keywords: Greenhouse gases, manure, swine. Introdução As três últimas décadas foram marcadas pela crescente preocupação com o meio ambiente, tanto pela comunidade científica como pela opinião pública, principalmente no que concerne à destinação dos resíduos, bem como aos efeitos globais das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). O manejo inadequado dos resíduos da suinocultura pode ocasionar a contaminação dos recursos hídricos, do solo e do ar (KUNZ et al., 2005). Encontrar um manejo adequado de dejetos suínos é o maior desafio, tanto para a sobrevivência das zonas de produção intensivas como para pequenas produções. No Brasil, as pesquisas sobre emissões de GEE bem como sobre o poder fertilizante dos dejetos de suínos oriundos de tratamento biológico são escassas. Considerando-se que o país é o quarto maior produtor e exportador de carne suína e o estado de Minas Gerais é o quarto maior produtor nacional, torna-se necessário intensificar os estudos acerca de formas de minimizarem as emissões de GEE para a atmosfera. Nesse contexto, objetivou-se com esta pesquisa avaliar o potencial de emissão do gás metano (CH4) com base na quantidade de dióxido de carbono equivalente dos resíduos advindos de duas granjas suínicolas de ciclo completo, com diferentes sistemas de tratamento de seus resíduos. Material e Métodos O experimento foi realizado em granja comercial suinícola localizada em Oratórios - MG, Zona da Mata Mineira, no período de 29 de fevereiro a 11 de abril de 2012. O tipo de exploração adotado na referida granja é o confinamento total dos 167 animais, em duas unidades de produção em Ciclo Completo. Foram utilizadas duas granjas pertencentes à mesma Unidade de Produção, sendo que ambas possuíam as mesmas características arquitetônicas e foram manejadas de forma similar, com limpeza dos galpões feita três vezes por semana. A granja A possuía um plantel de 800 matrizes e o sistema de tratamento adotado foi biodigestores. A granja B possuía um plantel de 120 matrizes e o sistema de tratamento adotado foi lagoas de estabilização. O sistema de tratamento em biodigestores foi considerado como tratamento 1 (T1) e o sistema de lagoas de estabilização foi considerado como tratamento 2 (T2). O monitoramento das emissões foi feito por meio de análises de amostras coletadas nos afluentes e efluentes dos dois sistemas de tratamento, sendo feita uma coleta por semana, totalizando sete observações. Para se estimar a emissão de metano (CH4) buscou-se o fundamento na linha base para sistemas de manejo de dejetos, de acordo com a metodologia AM0006 “Redução de emissão de gases de efeito estufa para sistemas de manejo de dejetos” (UFCCC, 2004). O cálculo das emissões de metano foi baseado na equação 1. ECH 4 TSV 1 RSV B0 DCH 4 FCM 1 PAGCH 4 N y 365x1000 1 eq. (1). em que, ECH4: emissão de CH4 (t de CO2eq); TSV: taxa de excreção de sólidos voláteis (kg animal-1 dia-1); RSV: redução relativa de sólidos voláteis na fase de tratamento considerada; B0: capacidade de produção máxima de metano para o dejeto por animal para uma população de animais definida, m3 de CH4 kg-1; DCH4: densidade do metano na temperatura de 20 oC e a 1 atm de pressão (0,67 kg m-3); FCM1: fator de conversão do metano para tratamento de dejetos no primeiro estágio de tratamento; PAGCH4: potencial aquecimento global aprovado de CH4 (21); Ny - população de animais definida para o ano y. Para B0 empregou-se o valor representativo para países da América Latina 0,29 m3 kg -1 (IPCC, 2006). A taxa de excreção de sólidos voláteis (TSV) foi obtida multiplicando-se a concentração de SV pela quantidade de dejetos produzida, por dia, por animal. O valor de Rsv foi obtido a partir dos resultados e concentração de SV nas amostras coletadas no material. A população de animais foi definida com base no número de matrizes de cada granja e no número de terminados por ano, os quais eram abatidos com o peso médio. Resultados e Discussão Como pode ser observado na Tabela 1, houve diferença significativa, em nível 5% de probabilidade, pelo teste F, para os valores de emissão de metano (CH 4) entre os tratamentos avaliados, com 149,25 t de CO2eq ano-1 no T1 e 1120,22 t de CO2eq ano -1 no T2. 168 Tabela 1. Valores médios ECH4 bem como seu coeficiente de variação para os efluentes dos dois tratamentos avaliados, biodigestor (T1) e lagoas de estabilização (T2). Variável T1 T2 CV ECH4 (t de CO2eq) 149,25 b 1120,22 a 66,73 As médias diferiram entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. A emissão de metano pelo tratamento em biodigestores apresentou valores inferiores aos verificados no tratamento em lagoas de estabilização, indicando que o primeiro sistema é o mais adequado para as águas residuárias da suinocultura, considerando-se a emissão desse gás. No entanto, pode-se inferir, que nem toda redução dos SV pode ser atribuída à produção de metano, já que parte desse material fica retido no lodo produzido nos sistemas de tratamento. Para Lima (2002) a mitigação das emissões de CH4 provenientes dos resíduos animais para atmosfera pode ser realizada por meio de biodigestores, pois esse processo controla a emissão do metano e outros gases, por ocorrer em meio fechado e com recuperação dos mesmos. Vanotti et al. (2008), avaliando a substituição do sistema de tratamento de dejetos de suínos em lagoas anaeróbias por sistemas aeróbios, verificaram que a emissão de metano foi de 4429,69 e 1,70 t de CO2-eq ano-1, para o sistema em lagoas anaeróbias e sistemas aeróbios, respectivamente. A substituição do sistema possibilitou a redução de 96,6 % nas emissões de GEE. Conclusões Os maiores potenciais médios de emissão de metano foram verificados no tratamento por lagoas de estabilização, quando calculados com base nas equações propostas metodologia utilizada. Para o óxido nitroso ocorreu o contrário, o maior potencial de emissão foi verificado no tratamento por biodigestores. A possibilidade de redução no potencial de emissão de GEE utilizando-se o sistema de digestão anaeróbia foi de 82,8% em relação ao sistema de lagoas de estabilização. Agradecimentos A Universidade Federal de Viçosa, ao Departamento de Engenharia Agrícola, a Capes, ao CNPq e Fapemig. Literatura citada KUNZ, A.; HIGARASHI, M. M.; OLIVEIRA, P. A. Tecnologias de manejo e tratamento de dejetos de suínos estudadas no Brasil. Cadernos de Ciência e tecnologia, Brasília, DF, v. 22, p. 651-665, 2005. UFCCC. UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE CHANGE. GHG emission reductions from manure management systems. 2004. LIMA, M. G. Agropecuária brasileira e as mudanças climáticas globais: caracterização do problema, oportunidades e desafios. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v.19, n. 3, p.451-472, set./dez. 2002. VANOTTI, M. B.; SZOGI, A. A.;, VIVES, C. A. Greenhouse gas emission reduction and environmental quality improvement from implementation of aerobic waste treatment systems in swine farms. Waste Manag; 2008, 28(4):759-66. 169 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 5.5. Prejuízos tecnológicos associados à contaminação do leite cru refrigerado com bactérias psicrotróficas Raissa Farnum Pereira Silva1, Cláudia Lúcia de Oliveira Pinto2, Maurílio Martins Lopes3, Cleide Maria Ferreira Pinto 4 1 Bolsista FAPEMIG/EPAMIG, Graduanda em Ciência e Tecnologia de Laticínios – UFV. Farmacêutica-Bioquímica, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM. 3 Tecnólogo e Bacharel em Ciência e Tecnologia de Laticínios, D.Sc., Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba. 4 Pesquisador Embrapa/Epamig. 2 Resumo A estocagem do leite cru refrigerado na fonte de produção reduz perdas econômicas por atividade acidificante de bactérias mesofílicas, mas permite a seleção de bactérias psicrotróficas associadas a problemas tecnológicos na indústria de laticínios. Objetivou-se identificar a partir de dados da literatura científica, prejuízos associados à contaminação do leite refrigerado com bactérias psicrotróficas. Empregou-se se como principais palavras-chave: leite, psicrotróficos e produtos lácteos. Os critérios de seleção do material seguiram os padrões de revistas científicas com corpo editorial. O emprego de técnicas inapropriadas de manuseio do leite cru pode resultar em altas contagens de microrganismos psicrotróficos, então é imprescindível a adoção de medidas preventivas de contaminação do leite para assegurar a qualidade dos produtos lácteos. Palavras-chave: leite, psicrotróficos, produtos lácteos, qualidade microbiológica Technological losses associated with contamination of refrigerated raw milk with psychrotrophic The refrigerated storage of raw milk at the source of production reduces economic losses by acidifying activity of mesophilic bacteria, but allows selection of psychrotrophic bacteria related to technological problems in the dairy industry. This study aimed to identify from literature data, losses associated with contamination of refrigerated milk with psychrotrophic bacteria. It was used as main keywords: milk, psychrotrophic and dairy products. The selection criteria of the material followed the 170 standards of scientific journals with editorial. The use of inappropriate techniques for handling raw milk can result in high counts of psychrotrophic, then it is essential to adopt prevention of contamination of milk to ensure the quality of dairy products. Keywords: milk, psychrotrophic, dairy products, microbiological quality Introdução A granelização do leite cru refrigerado na fonte de produção permite a redução simultânea dos custos operacionais de produção e de perdas da matéria-prima, por atividade acidificante das bactérias mesofílicas. Porém, pode ocasionar problemas tecnológicos associados à atividade de enzimas proteolíticas e lipolíticas de bactérias psicrotróficas. Muitas destas enzimas são termorresistentes e estão relacionadas às perdas de qualidade e à redução da vida de prateleira do leite UHT e de outros produtos lácteos (CHAMPAGNEet al., 1994;CHEN et al., 2003). As principais causas de contaminação dos produtos com microrganismos psicrotróficos deterioradores e, ou patogênicos são os procedimentos inadequados de higiene na cadeia produtiva e a microbiota contaminante do ambiente. A presença de microrganismos na forma de biofilmes em superfícies de contato com os alimentos pode levar a contaminações antes e após o processamento, e causar problemas de saúde pública e de ordem econômica. Ainda não existe no Brasil, uma regulamentação específica sobre a qualidade microbiológica da matéria-prima destinada à fabricação de produtos lácteos específicos. Entretanto, considerando a importância do conhecimento da qualidade do leite cru, objetivou-se, neste trabalho, levantar os prejuízos causados pela contaminação do leite com bactérias psicrotróficas, a fim de predizer a qualidade de produtos lácteos subsequentemente manufaturados. Material e Métodos A pesquisa foi realizada de maio a julho de 2013 e envolveu profissionais da área de ciência e tecnologia de alimentos. A revisão envolveu as etapas: a) levantamento da literatura disponível sobre o tema; b) avaliação dos dados selecionados. As variáveis de interesse incluíram microrganismos psicrotróficos, qualidade microbiológica, leite cru refrigerado, as vias de contaminação, problemas tecnológicos, perdas econômicas. Foram pesquisados artigos de periódicos nacionais e internacionais que continham os critérios de inclusão e as variáveis de interesse.Os critérios de seleção do material seguiram os padrões de revistas científicas com corpo editorial. Resultados e Discussão A atividade de proteases produzidas por bactérias psicrotróficas é associada à instabilidade térmica do leite, coagulação do leite durante a sua pasteurização, a gelificação do leite UHT, a ocorrência de sabores e odores indesejáveis, a redução do rendimento na produção de queijos e a ocorrência de textura anormal em alguns tipos de queijos (SAMARŽIJA et al., 2012). Mesmo em concentrações baixas, as proteases degradam as proteínas e as lipases degradam os lipídeos, e causam defeitos em produtos de vida de prateleira longa, como o leite UHT e o leite em pó, onde as enzimas são preservadas, e podem ser reativadas após a reconstituição. Na indústria de queijos os produtores enfrentam problemas de perdas de rendimento em decorrência da atividade de proteases bacterianas sobre a caseína 171 (BARBOSA et al., 2009). Cousin (1982) descreveu que o rendimento de queijos ácidos fabricados com leite inoculado com bactérias psicrotróficas, foi reduzido com o aumento da concentração inicial de células, resultado este associado à degradação de proteínas e de lipídeos. A qualidade dos produtos lácteos é influenciada pela qualidade bacteriológica da matéria-prima na fonte de produção, pela contaminação dos tanques de refrigeração, pelo aumento da temperatura durante o transporte, pelo tempo de transporte, pela contaminação na indústria e pelo tratamento do leite após o processamento. Todos estes fatores estão inter-relacionados, sendo de máxima importância utilizar como matériaprima, leite de alta qualidade bacteriológica.Além destes procedimentos, a manipulação das condições de processamento e estocagem também pode controlar ou minimizar a atividade proteolítica. O emprego de técnicas inapropriadas de manuseio do leite cru pode resultar em altas contagens de microrganismos psicrotróficos, que por meio de suas atividades proteolíticas e lipolíticas, produzem substâncias indesejáveis ao produto (SØRHAUG; STEPANIAK, 1997). Alguns problemas tecnológicos são apresentados na tabela 1 associados à contaminação do leite cru com bactérias psicrotróficas. Tabela 1- Efeito do crescimento de bactérias psicrotróficas em leite cru e grau de contaminação antes do tratamento térmico sobre a qualidade de produtos lácteos Produto Psicrotróficos em leite cru Efeito sobre a qualidade (Log UFC/mL) Leite UHT 5,9 Gelificação após 20 semanas 6,9 -7,2 Gelificação após 2 a 10 semanas; desenvolvimento gradual de falta de frescor; sabor de amargo, sujo, ranço. 6,3 -7,0 Estabilidade térmica reduzida, aumento da capacidade espumante do leite reconstituído. Leite pasteurizado 5,5 Sabor inferior quando comparado ao leite pasteurizado produzido com leite fresco. Queijos duros 6,5 -7,5 Rancidez 7,5 - 8,3 Diferentes defeitos de sabor, especialmente rancidez e gosto de sabão; redução do rendimento do queijo. Queijo cottage 5 -7,8 Correlação significativa entre a contagem de psicrotróficos no leite cru e gosto amargo no produto final. Manteiga ND Desenvolvimento rápido de rancidez na manteiga fabricada com creme proveniente de leite cru estocado a frio comparado à manteiga fabricada com creme proveniente de leite fresco. Iogurte 7,6 -7,8 Gosto amargo, de sujo ou sabor de fruta em função de microbiota específica. Leite em leite em congelado pó, pó Fonte: Sørhaug e Stepaniak (1997). 172 Conclusão Considerando que as temperaturas para refrigeração do leite cru para sua conservação na fonte de produção permitem o crescimento de bactérias psicrotróficas deteriorantes, é imprescindível a adoção de medidas preventivas de contaminação para assegurar a qualidade da matéria-prima e dos produtos lácteos derivados incluindo boas práticas de produção de leite, além do controle do tempo e temperatura de estocagem do leite cru. Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo apoio financeiro a esta pesquisa. Literatura Citada BARBOSA, J. B. et al. Avaliação de rendimento de produção dos queijos Minas Frescal, Minas Padrão e Mussarela fabricados com leite inoculado com Pseudomonas fluorescens. Revista Instituto de Laticínios Cândido Tostes, n. 371, v. 64, p. 27-34, 2009. CHAMPAGNE, C. P.; LAING, R. R.; ROY, D. et al. Psychrotrophs in dairy products: their effects and their control. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 34, p. 1-30, 1994. CHEN, L.; DANIEL, R. M.; COOLBEAR, T. Detection and impact of protease and lipase activities in milk and milk powders. International Dairy Journal, v. 13, p. 255275, 2003. COUSIN, M. A. Presence and activity of psychrotrophicmicrorganisms in milk and dairy products: a review. Journal of Food Protection, v. 45, n. 1, p. 172-207, 1982. SAMARŽIJA, D.; ZAMBERLIN,S.; POGAČIĆ, T. Psychrotrophic bacteria and milk and dairy products quality.Mljekarstvo, v. 62, n. 2, p.77-95, 2012. SØRHAUG, T.; STEPANIAK, L. Psychrotrophs and their enzymes in milk and dairy products: quality aspects. Trends Food Science Technology, v. 8, n. 1, p. 35-37, 1997. 173 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 5.6. Avaliação antioxidante da polpa dos frutos da Campomanesia adamantium Mariana Boaventura Bernardes Moura1, Laís Silvério Fonseca1, Hítalo Alves Sousa1, Mário Machado Martins2, Sérgio Antônio Lemos de Morais2, Terezinha Aparecida Teixeira3 1 Estudante de graduação em Biotecnologia – UFU. Professor do Instituto de Química – UFU. 3 Professora do Instituto de Genética e Bioquímica – UFU. 2 Resumo: A Campomanesia adamantium é uma planta frutífera presente no Cerrado. O Cerrado como segundo maior bioma do Brasil, possui grandes quantidades de espécies endêmicas, é considerado um hotspot mundial, possuindo plantas que se destacam por elevados teores de proteínas, sais minerais, vitaminas e açucares. Neste contexto o presente trabalho desenvolveu-se na determinação do potencial antioxidante da polpa dos frutos de Campomanesia adamantium, para avaliar se existe variabilidade do potencial antioxidante entre plantas da mesma espécie. A atividade antioxidante foi determinada, através do radical livre estável DPPH seguindo o método descrito por Yildirim et. al. (2001). Estes testes demonstraram que existe variabilidade para a característica atividade antioxidante dentro da espécie, podendo ser utilizada como parâmetro para seleção de materiais para alimentação. Entre as plantas avaliadas a planta 1 é a planta indicada como matriz para consumo, quando se considera esta característica. Palavras–chave: antioxidante, Campomanesia adamantium, gabiroba Evaluation of antioxidant fruits pulp Campomanesia adamantium Abstract: The Campomanesia adamantium is a fruit plant present in the Cerrado. The Cerrado is the second largest biome in Brazil, it has a great amount of endemic species, and is considered a global hotspot having plants that stand out for high levels of protein, minerals, vitamins and sugar. In this context, the present work developed in the determination of the antioxidant potential of the fruit pulp of Campomanesia adamantium, to value if there is variability of the antioxidant potential among plants from the same species. The antioxidant activity was determined by the stable free radical DPPH following the method described by Yildirim et. al. (2001). These tests demonstrated that there is variability for the characteristic antioxidant activity inside the species, being able to be used as a parameter for the selection of materials for food. 174 Among the valued plants the first plant is the indicated as a matrix for consumer, when considering that feature. Keywords: antioxidant, Campomanesia adamantium, gabiroba Introdução O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, possui grandes quantidades de espécies endêmicas e é considerado um hotspot mundial (Richard e Efraim, 2010). Suas plantas se destacam por elevados teores de proteínas, sais minerais, vitaminas e açucares (Rocha, 2011). Muitas dessas espécies são de grande importância, devido a seu caráter antioxidante, característica capaz de inibir a oxidação de outras moléculas (capacidade de consumir radicais livres), já que a forma de obtenção de antioxidante se dá pela ingestão de compostos com essa atividade. Dessas espécies, pode-se destacar a gabiroba. A gabiroba (Campomanesia adamantium) é uma espécie frutífera que se caracteriza por folhas simples, plantas altas (porte de 2 metros de altura), muito ramificados, apresenta base aguda, seus frutos são arredondados com cores verde escuro, verde claro e amarelo. Os frutos são utilizados na alimentação in natura ou em preparo de receitas, como sorvetes, mousse, entre outros. Neste contexto o presente trabalho teve como objetivo determinar o potencial antioxidante da polpa dos frutos de Campomanesia adamantium, e avaliar a variabilidade do potencial antioxidante entre plantas de mesma espécie. Material e Métodos As plantas foram coletadas no município de Patrocínio, Minais Gerais, previamente identificadas e geoposicionadas por Souza et. al. (2003). As amostras foram devidamente coletadas em área rural, no período de frutificação da gabirobeira. Posteriormente, foram encaminhadas ao Laboratório de Biotecnologia de Universidade Federal de Uberlândia, Campus Patos de Minas, para o preparo e realização dos experimentos. Destes frutos foram separadas as polpas, trituradas separadamente, homogeneizadas integralmente, armazenadas em sacos de polietileno e acondicionadas sob refrigeração (-18,0 5 °C) até o momento das análises. Para análise da atividade antioxidante, foram preparados 50,0 mL de solução estoque de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila) em metanol, na concentração de 50 mg mL-1, a qual foi mantida em refrigeração e protegida da luz. Foram feitas diluições de 50, 45, 40, 35, 30, 25, 20 e 10 µg mL -1. A curva analítica foi construída a partir dos valores da absorbância a 517 nm de todas as soluções (10 a 50 µg mL-1), as medidas foram realizadas em cubeta de vidro com percurso óptico de 1 cm e tendo como branco o metanol. As medidas de absorbância foram efetuadas em triplicata. A atividade antioxidante foi determinada, através do radical livre estável DPPH seguindo o método descrito por Yildirim et. al. (2001). Foi pesado cerca de 1,00 g da amostra triturada (polpa do fruto) e submetida à extração com 10,0 mL metanol por 30 minutos em banho de aquecimento a 40 °C. A solução obtida foi filtrada e seu volume ajustado para 50,0 mL. Para quantificação dos extrativos solúveis, 1,0 mL desta solução foi recolhida e seca em frasco previamente tarado, a 105 °C, durante 6 horas e em seguida resfriado a temperatura ambiente em dessecador e pesado. Da solução filtrada de cada amostra foram realizadas cinco diluições sucessivas de 83%, 66%, 49%, 32% e 15% em metanol. A concentração de DPPH no meio reacional foi calculada através de curva analítica, por regressão linear. Para cada solução foi utilizada uma amostra de 0,30 mL e adicionada 2,70 mL de solução de DPPH (concentração 175 aproximadamente 30 µg mL-1 em metanol) recentemente preparada. Também, foi feito um branco nas mesmas condições, mas sem o DPPH. Após a adição do radical DPPH, as soluções foram deixadas em repouso e suas absorbâncias registradas no comprimento de onda de 517 nm durante uma hora, em intervalos de 5 minutos entre cada leitura. A concentração efetiva média (CE50), que representa a concentração de amostra necessária para sequestrar 50 % dos radicais de DPPH, foi calculada plotando-se a porcentagem de DPPH sequestrado versus as concentrações dos extratos de cada amostra (Argolo et. al. 2004). Todos os resultados das análises foram obtidos a partir da media das três repetições (n = 3) com o seu desvio padrão. Resultados e Discussão Os processos oxidativos causados por espécies reativas de oxigênio (radicais livres) em sistemas biológicos são indicados como grandes responsáveis pelo envelhecimento e pelas doenças degenerativas, como o câncer, doenças cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imune e disfunções cerebrais. Atividade antioxidante é devido a compostos como os polifenóis, que possuem propriedades redutoras. Uma das maneiras de se avaliar esta característica tão valiosa dos alimentos é através do método do DPPH, que se baseia na capacidade de uma amostra sequestrar o radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH) (cor violeta) que absorve em 517 nm e que quando reduzido forma 2,2-difenil-1-picril-hidrazina (cor amarela). Esta mudança de coloração é acompanhada através de leitura da absorbância no espectrofotômetro UV-Visível (Sousa et. al. 2007). Para realizar o cálculo da atividade antioxidante, foi construída uma curva analítica com a concentração do DPPH versus suas absorbâncias (Figura 1): Figura 1 - Curva analítica do DPPH. Foi calculado o CE50 (concentração efetiva média), expresso em concentração (µg mL-1), necessária para consumir 50% do radical DPPH, conforme Tabela 1. Estes resultados indicam que, dentro da mesma espécie, as plantas selecionadas fenotipicamente apresentaram variabilidade quanto à atividade antioxidante. A polpa da planta 1 apresentou, melhor atividade antioxidante que as demais, seguido das polpas das plantas 2 e 3, pois quanto menor o valor do CE50 maior é a atividade antioxidante da amostra, sendo necessária menor concentração da amostra para consumir 50% do radical DPPH. Tabela 1 - Atividade antioxidante em amostras de Campomanesia adamantium 176 Amostras da Campomanesia adamantium Planta 1 Parte dos Frutos CE50 (µg.mL-1) mg de extrato por mg de DPPH Polpa 158 ± 18 13 ± 1 Planta 2 Polpa 201 ± 26 18 ± 2 Planta 3 Polpa 242 ± 18 18 ± 4 Conclusões Entre as plantas avaliadas, a planta 1 é a mais indicada como matriz para consumo quando se considera o potencial antioxidante. Os testes demonstram que existe variabilidade para a característica atividade antioxidante dentro da espécie Campomanesia adamantium, podendo ser utilizada como parâmetro de seleção para alimentação. Trabalhos como este servem de subsídio para estudos posteriores utilizando outras espécies de gabiroba que possuem potencial antioxidante. Agradecimentos Ao Instituto de Genética e Bioquímica (INGEB) pelo apoio e suporte para execução do trabalho. Literatura citada ARGOLO AC, SANTANA AEG, PLETSCH M. e COELHO LCBB (2004) Antioxidant activity of leaf extracts from Bauhinia monandra. Bioresource Technology 95: 229233. RICHARD B.P. E EFRAIM R. (2010) Biologia da Conservação. Londrina: Visualitá Programação Visual. ROCHA M. S. (2011) Compostos bioativos e atividade antioxidante (in vitro) de frutos do Cerrado piauiense. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição) Universidade Federal Piauí, Piauí. SOUZA AD, RODRIGUES DT, BERNARDES WA e TEIXEIRA T. A. (2003) Locais de ocorrência, biodiversidade e conservação de gabiroba (Campomanesia sp) no município de Patrocínio-MG. In: 4ª Semana da Ciência e da Cultura, Patrocínio. Anais da 4ª Semana da Ciência e da Cultura. Patrocínio: Faculdades Integradas de Patrocínio, p. 119-120. SOUSA CMM et. al. (2007) Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas medicinais. Química Nova 30:351- 355. YILDIRIM A, MAVI A e KARA A. A. (2001) Determination of antioxidant and antimicrobial activities of Rumex crispus L. extracts. J. Agric. Food Chem. 49: 40834089. 177 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 5.7. Caracterização de amendoins comercializados em supermercados de Viçosa, MG1 Rodrigo de Oliveira Simões2, Alisson Santos Lopes da Silva3, Daniel Francis Ribeiro 4, Lêda Rita D’Antonino Faroni5 1 Projeto de Pesquisa da Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE. Professor do Departamento de Tecnologia Rural/UFRPE. 3 Estudante de graduação em Agronomia/UFV. 4 Estudante de graduação em Agronomia/UFV. 5 Professor do Departamento de Engenharia Agrícola/UFV. 2 Resumo: O amendoim é um produto apreciado por seu sabor característico e considerável valor nutritivo. Atualmente, produtores e consumidores têm demonstrado grande preocupação com a qualidade e com as contaminações por fungos toxigênicos em amendoins. Visando verificar as condições de desenvolvimento fúngico foi realizado este trabalho, com a finalidade de avaliar a qualidade físico-química, fisiológica e microbiológica dos grãos de amendoim comercializados na cidade de Viçosa/MG. A pesquisa foi realizada com visitas aos principais centros de comercialização de gêneros alimentícios da referida cidade em estudo. Foram coletadas no comércio local 90 unidades de amendoins, das quais foram formadas nove amostras compostas, de forma que cada amostra representasse uma marca e um estabelecimento comercial. Foram realizadas análises de umidade, pH, percentual de germinação e de detecção de fungos. Quanto aos parâmetros físico-químicos e fisiológicos, verificou-se que as amostras apresentaram algumas variações, diferindo-se apenas para o teor de umidade e para o percentual de germinação. Todas as amostras apresentaram elevados índices de contaminações por fungos filamentosos. Palavras–chave: amendoim, armazenamento, fungos, teor de umidade Characterization of peanuts sold in supermarkets in Viçosa, MG Abstract: Peanut is a product appreciated for its characteristic taste and considerable nutritional value. Currently, producers and consumers have shown great concern for quality and contamination by toxigenic fungi in peanuts. Order to verify the conditions of fungal development was carried out this work, in order to evaluate the physicochemical, physiological and microbiological peanut grains marketed in Viçosa/MG. The survey was conducted with visits to the main marketing centers of foodstuff that city under study. Were collected in the local 90 units of peanuts, which were formed nine 178 composite samples so that each sample representing a brand and a business. Analyses of moisture, pH, percentage of germination and detection of fungi. As to the physicochemical and physiological, it was found that the samples showed some variations, differing only to the moisture content and germination percentage. All samples showed high levels of contamination by filamentous fungi. Keywords: fungi, moisture content, peanut, storage, Introdução Uma das principais particularidades dos grãos de amendoim é o seu elevado valor nutricional, além de ser uma importante fonte de óleo e proteína vegetal, com ênfase para os elementos folato, niacina, vitamina e ácidos graxos essenciais (YEH et al., 2002). Deve-se destacar, todavia, que o amendoim está sujeito à contaminação por fungos, pois os grãos são excelentes substratos para o desenvolvimento destes microrganismos. A invasão pelos fungos pode ocorrer no campo através do solo, durante o processo de formação das sementes, durante a colheita, como também nas diversas etapas quando do seu pré-processamento: secagem, beneficiamento e armazenamento (OLIVEIRA et al., 2009). De acordo com MORAES & MARIOTTO (1985), os fungos filamentosos mais frequentes são Aspergillus spp., Penicillium spp., Fusarium spp. e Rhizopus spp., que em condições favoráveis podem produzir micotoxinas, entre as quais, destacam-se: a aflatoxina, a ocratoxina A, a zearalenona, a patulina, a fumonisina, o tricoteceno e a citrinina. Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos denominados de toxigênicos e que são substâncias tóxicas potencialmente carcinogênicas, teratogênicas e mutagênicas tanto para o homem como para os animais (ROSSETTO et al., 2005). Um dos principais fatores que favorecem o desenvolvimento destes fungos é a elevada umidade presente no ambiente do armazenamento e/ou comercialização, nível de contaminação, impurezas e matérias estranhas, insetos-praga, que associados às injúrias mecânicas favorecem sua proliferação nos grãos. Considerando-se a quase inexistência de pesquisas sobre a influência das condições de comercialização na incidência de fungos toxigênicos em grãos de amendoim comercializados na cidade de Viçosa, este trabalho objetivou avaliar a qualidade físico-química, fisiológica e microbiológica dos grãos e sua relação com o desenvolvimento dos fungos. Material e Métodos O trabalho foi realizado no Laboratório de Grãos do Setor de Pré-Processamento e Armazenamento de Produtos Agrícolas, do Departamento de Engenharia Agrícola (DEA) localizado no campus da Universidade Federal de Viçosa – UFV, em Viçosa, MG. Foram obtidos no comércio varejista de Viçosa/MG, 90 pacotes de amendoins, de 03 marcas comerciais, todas dentro do prazo de validade. A qualidade dos amendoins foi avaliada pelas análises físico-químicas, fisiológica e microbiológica, sendo para isto feitas amostras compostas, de modo que cada amostra representasse uma marca e um estabelecimento comercial. A umidade dos grãos de amendoins foi determinada utilizando-se o método de estufa à 103±1 ºC, durante 72 h, segundo a American Society of Agricultural Engineers. O pH foi determinada de acordo com os procedimentos descritos pelos métodos físicoquímicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz e o percentual de 179 germinação foi obtido através do teste-padrão do percentual de germinação feito de acordo com as Regras para Análise de Sementes. Na avaliação da micoflora dos grãos de amendoim foram utilizadas quatro repetições de 50 sementes, previamente desinfestadas, para cada amostra, as quais foram incubadas empregando-se o método “blotter test”. Foram utilizados 10 grãos de cada amostra por repetição, distribuídos igualmente e espaçados sobre uma camada constituída de três folhas sobrepostas de papel de filtro umedecido com água destilada esterilizada, contidas em placa de Petri (Ø = 9,5 cm). A incubação foi realizada em câmara do tipo B.O.D. (Biochemical Oxigen Demand) com temperatura controlada a 25 ºC e fotoperíodo de doze horas de luz e doze horas no escuro, durante sete dias. Depois deste período de incubação as placas foram observadas individualmente sob microscópio estereoscópio para detecção dos fungos. Todos os resultados foram avaliados pela análise de variância (ANOVA) e os valores médios que mostraram diferença significativa foram complementados com o teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o software estatístico Assistat 7.6. Resultados e Discussão A caracterização físico-química e fisiológica de amostras das três marcas (A, B e C) dos grãos de amendoim, segundo os parâmetros de umidade (% base úmida), pH e germinação (%) estão apresentadas na Tabela 1. Tabela 1 - Característica físico-química e fisiológica de amostras das três marcas (A, B e C) de grãos de amendoins coletados em três estabelecimentos comerciais na cidade de Viçosa/MG Supermercado X Análises Umidade (% b.u.) pH Germinação (%) A B C 8,0a 7,5b 7,1e Amostras Supermercado Y Marcas A B C 7,4cd 7,3d 7,1e Supermercado Z A B C 8,0a 7,5bc 7,3e 6,29a 5,97ab 6,08ab 6,02ab 5,94b 5,88b 5,95ab 6,01ab 5,83b 15,33b 19,33a 15,33b 10,67c 15,33b 5,33d 22,00a 7,33d 5,33d Letras diferentes na mesma linha evidenciam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Duncan. Observa-se que o teor de umidade variou de 7,1 a 8,0% b.u., com efeito significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Duncan para o fator marcas e supermercados. Não houve variação significativa para os valores de pH dos grãos de amendoim. Verifica-se também, na Tabela 1, que os melhores índices de germinação (%) referem-se às amostras das Marcas B e A, dos Supermercados X e Z, respectivamente, enquanto que os piores índices de germinação (%) foram identificados nas Marcas C, dos Supermercados Y e Z e na Marca B do Supermercado Z. As amostras dos grãos de amendoins encaminhadas para observação dos fungos sob microscopia de luz, revelaram a presença de fungos, em especial a dos filamentosos. A Figura 1 ilustra os grãos de amendoim após processo de incubação, da Marca C, dos estabelecimentos comerciais visitados, Supermercados X, Y e Z. Verifica-se que a maioria dos grãos está contaminada por fungos filamentosos, dado às condições propícias ao desenvolvimento destes microrganismos. 180 Marca C Supermercado X Supermercado Y Supermercado Z Figura 1 – Contaminação fúngica identificada nas amostras de grãos de amendoim da Marca C, coletadas nos Supermercados X, Y e Z. Conclusões Conclui-se que a Marca C, coletada nos Supermercado Y e Z, foi considerada a que apresentou o pior vigor e integridade física, em comparação às Marcas A e B, sendo considerada, portanto, de qualidade inferior. Constatou-se ainda que, todas as marcas apresentaram altos índices de contaminação fúngica, podendo assim, serem consideradas como produtos com potencial risco de contaminação por micotoxinas. Literatura citada MORAES, S. A.; MARIOTTO, P. R. Diagnóstico da patologia de sementes de amendoim no Brasil. Revista Brasileira de Sementes, v.7, n.1, p.41-43, 1985. OLIVEIRA, C. A. F.; GONÇALVES, N. B.; ROSIM, R. E.; FERNANDES, A. M. Determination of aflatoxins in peanut products in the northeast region of São Paulo, Brazil. International Journal of Molecular Sciences, v.10, p.174-183, 2009. ROSSETTO, C. A. V.; VIEGAS, E. C.; LIMA, T. M. Contaminação fúngica do amendoim em função das doses de calcário e épocas de amostragem. Bragantia, v.62, n.3, p.437-445, 2003. YEH, J.; PHILLIPS, R. D.; RESURRECCION, A. V. A.; HUNG, Y. Physicochemical and sensory characteristic changes in fortified peanut spreads after 3 months of storage at different temperatures. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.50, p.23772384, 2002. 181 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 5.8. Caracterização físico-química de grãos de café Coffea arabica L. em função de diferentes estádios de maturação e tipos de terreiro de secagem1 Rodrigo de Oliveira Simões2, Gutierres Nelson Silva3, João Paulo Braga Rodrigues4, Lêda Rita D’Antonino Faroni5 1 Projeto de Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa/UFV. Professor do Departamento de Tecnologia Rural/UFRPE. 3 Estudante de Pós-Graduação em Fitotecnia/UFV. 4 Estudante de Pós-Graduação em Produção Vegetal/UENF. 5 Professor do Departamento de Engenharia Agrícola/UFV. 2 Resumo: Para demonstrar as alterações que ocorrem com a qualidade do café, após o processo de secagem, realizou-se este trabalho de caracterização físico-química dos grãos em função do estádio de maturação e do tipo de terreiro. O café, colhido em quatro diferentes porcentagens de frutos cereja, Lote 1 (90,9%), Lote 2 (81,5%), Lote 3 (65,4%) e Lote 4 (44,7%), foi lavado e seco em terreiro de cimento e em terreiro suspenso. Após estas etapas de pré-processamento, amostras dos grãos foram encaminhadas para o laboratório para realização das análises físico-químicas. As análises de condutividade elétrica e lixiviação de potássio foram feitas com grãos de café beneficiados sem defeitos visíveis, retidos em peneiras de crivo circular 16 acima. Verificou-se que os valores médios de condutividade elétrica, lixiviação de potássio, aumentaram com a redução no percentual de frutos cereja em cada lote. Sendo ainda o tipo de terreiro, empregado durante o processo de secagem, na forma suspensa, o que apresentou a menor influência na qualidade físico-química dos grãos de café. Palavras–chave: estádio de maturação, qualidade, secagem, tipos de terreiro Physico-chemical characterization of grain coffee Coffea arabica L. for different stages of maturation and drying yard types Abstract: To demonstrate the changes that occur with the quality of coffee, after the drying process was held this job for physico-chemical characterization of grain according to the stage of maturation and the type of yard. Coffee harvested in four different percentages of cherry fruit, Lot 1 (90.9%), Lot 2 (81.5%), Lot 3 (65.4%) and Lot 4 (44.7%), washed and dry cement yard and yard suspended. After these preprocessing steps, grain samples were sent to the laboratory for carrying out physicochemical analyzes. The analysis of electrical conductivity and potassium leaching were made with processed coffee beans without visible defects, retained in 182 sieves circular 16 above. It was found that the average values of electrical conductivity, potassium leaching increased with the reduction in the percentage of cherry fruit in each batch. Being still the kind of yard, employed during the drying process, in suspended form, which had the lowest influence on the physico-chemical quality of the coffee beans. Keywords: drying, maturity stage, quality, yard types Introdução O café é um dos produtos primários de maior valor no mercado mundial e uma das principais atividades agroindustriais do país, sendo um dos poucos produtos agrícolas com seu preço associado a parâmetros qualitativos, cujo valor aumenta significativamente com a melhoria da qualidade (PASIN et al., 2002). Contudo, esta qualidade está diretamente relacionada aos diversos constituintes físico-químicos dos grãos, aos fatores genéticos, ambientais e culturais, além dos relacionados com os processos de colheita, de processamento e de armazenamento, responsáveis diretamente pela aparência, pelo sabor e pelo aroma característico da bebida do café (PIMENTA & VILELA, 2003). O grau de maturidade dos frutos do cafeeiro é considerado um dos principais fatores que interferem na qualidade final do café, e esta, influenciada pelos componentes químicos existentes no grão, está diretamente relacionada com a eficiência do processo de secagem (CORADI et al., 2008). AMORIM (1978), visando atestar a qualidade dos grãos de café por meio de avaliações físico-químicas, destacou as medidas da condutividade elétrica e da lixiviação de potássio nos exsudados do grão cru como uma forma de avaliação do nível de desestruturação da membrana celular do grão de café. A degeneração das membranas celulares e subsequente perda de controle de permeabilidade, seja por ataque de insetospraga e microrganismos, alterações fisiológicas ou danos mecânicos, provocam rápida deterioração dos grãos de café. Diante do exposto e da falta de trabalhos que demonstrem as alterações que ocorrem após a secagem do café, relacionados a diferentes estádios de maturação cereja, pré-processados por “via seca” em terreiro de cimento e em terreiro suspenso pela caracterização físico-química, se faz necessário o presente trabalho. Material e Métodos O trabalho foi realizado na Unidade de Processamento de Café (UPC) e no Laboratório de Grãos do Setor de Pré-Processamento e Armazenamento de Produtos Agrícolas, do Departamento de Engenharia Agrícola (DEA), ambos localizados no campus da Universidade Federal de Viçosa – UFV, em Viçosa, MG. O café (Coffea arabica L.), cultivar Catuaí Vermelho, procedente do município de Viçosa, MG, foi colhido, por derriça manual no pano e de forma seletiva caracterizando-se quatro lotes em diferentes porcentagens do estádio de maturação cereja: Lote 1 (90,9%), Lote 2 (81,5%), Lote 3 (65,4%) e Lote 4 (44,7%). O café natural, após a lavagem e uma pré-secagem em terreiro de cimento de dois dias, para redução do teor de água inicial em torno de 70% base úmida (b.u.), foi subdividido em dois lotes de igual tamanho, permanecendo uma parte no terreiro de cimento e a outra parte destinada à secagem em terreiro suspenso. A cada dois dias, no final da tarde, amostras de três litros de café foram coletadas para determinação do teor de água. Concluído o processo de secagem até o teor de água próximo de 11% b.u., 183 recomendado para o armazenamento seguro, os lotes de café foram beneficiados e submetidos às seguintes análises: condutividade elétrica e lixiviação de potássio. A análise do teor de água foi feita utilizando-se o café natural. As avaliações de condutividade elétrica e lixiviação de potássio foram feitas nos grãos de café beneficiado, todos sem defeitos visíveis, retidos em peneiras de crivo circular 16 acima. O experimento foi conduzido segundo esquema fatorial 4 x 2 (quatro lotes de café natural, em diferentes porcentagens dos estádios de maturação cereja: Lote 1 (90,9%), Lote 2 (81,5%), Lote 3 (65,4%) e Lote 4 (44,7%); dois tipos de terreiro durante o processo de secagem, de cimento e suspenso no delineamento inteiramente casualizado (D.I.C.) com três repetições para avaliar o teor de água, e com quatro repetições para avaliar a condutividade elétrica e a lixiviação de potássio. Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA). As médias foram comparadas utilizando o Teste de Tukey adotando-se o nível de 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o SAEG versão 9.1. Resultados e Discussão A Figura 1 mostra a representação gráfica das curvas de secagem em terreiro de cimento e em terreiro suspenso para os lotes de café natural. Figura 1 - Curvas de secagem dos lotes de café em diferentes porcentagens do estádio de maturação cereja: Lote 1 (90,9%), Lote 2 (81,5%), Lote 3 (65,4%) e Lote 4 (44,7%) em terreiro de cimento e em terreiro suspenso. O teor de água inicial dos frutos de café, após processo de lavagem, foi de 60,7%; 67,4%; 67,7% e 52,9% b.u., para os Lotes, 1, 2, 3 e 4, respectivamente, colhidos em diferentes porcentagens do estádio de maturação cereja. A diferença máxima entre os teores finais de água dos frutos foi de 2,1 pontos percentuais. Os Lotes 1 e 2 demandaram um período de 30 dias para reduzir o teor de água inicial para próximo de 11% b.u., teor considerado seguro para o armazenamento, enquanto que os Lotes 3 e 4 levaram 22 e 20 dias respectivamente para alcançar este mesmo teor, independentemente do processo de secagem empregado. Esta variação no tempo de secagem pode ser atribuída à diferença no percentual de frutos cereja de cada lote. 184 Os valores médios da condutividade elétrica e da lixiviação de potássio dos lotes de café natural, colhido em diferentes porcentagens do estádio de maturação cereja, após o processo de secagem em terreiro de cimento e em terreiro suspenso, estão apresentados na Tabela 1. Tabela 1 - Valores médios de condutividade elétrica (µS cm-1 g-1) e de lixiviação de potássio (ppm), para os lotes de café natural, em função dos tipos de terreiro Tipo de terreiro Lote 1 Lote 2 Lote 3 Lote 4 Condutividade elétrica (µS cm-1 g-1) Cimento 139,52 D a 161,61 C a 185,13 B a 196,03 A a Suspenso 123,59 D b 152,25 C b 179,11 B b 188,89 A b Lixiviação de potássio (ppm) Cimento 27,34 D a 30,42 C a 42,23 A a 38,49 B a Suspenso 18,50 C b 28,24 B b 38,05 A b 37,63 A a Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula nas colunas não diferem entre si, a 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Verifica-se que houve um aumento significativo (P<0,05) da condutividade elétrica e da lixiviação de potássio em função da redução das porcentagens do estádio de maturação cereja, observada nos dois tipos de terreiro empregados durante o processo de secagem, terreiro de cimento e terreiro suspenso. Este aumento significativo nos valores destes parâmetros de qualidade pode ser atribuído à incidência de fungos filamentosos, que podem estar presentes na massa de grãos. As maiores quantidades de íons lixiviados, e consequentemente maiores valores de condutividade elétrica, encontradas no terreiro de cimento comparativamente ao terreiro suspenso, podem ter ocorrido, principalmente, devido às temperaturas mais altas, ocorridas em função do tipo de pavimentação constituinte daquele terreiro, interferindo na integridade das membranas celulares dos grãos de café. Conclusões Conclui-se que os lotes de café natural com maiores porcentagens de frutos cereja e o tipo de terreiro suspenso, empregado durante o processo de secagem, apresentaram melhor qualidade físico-química dos grãos de café. Literatura citada AMORIM, H. V. Aspectos bioquímicos e histoquímicos do grão de café verde relacionados com a deterioração de qualidade. 1978. 85p. Tese (Livre-Docência) – Escola Superior Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba. CORADI, P. C.; BORÉM, F. M.; OLIVEIRA, J. A. Qualidade do café natural e despolpado após diferentes tipos de secagem e armazenamento. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.12, n.2, p.181-188, 2008. PASIN, L. A. A. P.; ABREU, M. S.; CHALFOUN, S. M.; PÁDUA, T. R. P. Efeito de micronutrients na população fúngica asssociada a grãos de café (Coffea arabica L.). Ciência e Agrotecnologia, v.26, n.5, p.918-926, 2002. PIMENTA, C. J.; VILELA, E. R. Efeito do tipo e época de colheita na qualidade do café (Coffea arabica L.). Acta Scientiarum: Agronomy, v.25, n.1, p.131-136, 2003. 185 6. Economia 186 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 6.1. Um recorte sobre o trabalho feminino no Brasil Cynthia Aparecida Gonçalves1, Andressa dos Santos Gonçalve 2, Júnia Marise Matos de Souza3, Maria das Dores Saraiva de Loreto 4 1 Estudante de mestrado em Economia Doméstica – UFV. 2 Estudante de mestrado em Economia Doméstica – UFV. 3 Professora do Departamento de Economia Doméstica – UFV. 4 Professora do Departamento de Economia Doméstica – UFV. Resumo: Este texto trata-se de um estudo bibliográfico com algumas reflexões teóricas e críticas sobre a centralidade do trabalho feminino. Em se tratando das mulheres, estas ficam responsáveis pelos afazes domésticos enquanto os homens são considerados os provedores do lar. Ao longo dos anos ocorreram mudanças nesse quadro e a mulher vem adquirindo seu espaço no mercado de trabalho, apesar das muitas conquistas a serem realizadas. Nesse contexto, o foco central do presente artigo consiste em analisar a questão do trabalho feminino no cenário brasileiro. Especificamente, pretende-se: caracterizar o trabalho feminino desenvolvido no lar e descrever o processo de inserção da mulher no mercado de trabalho. Metodologicamente, baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, por meio de conhecimentos proporcionados pela documentação sobre o tema. Os resultados revelam que a mulher se inseriu no mercado de trabalho de forma gradativa, principalmente pelo aumento do seu nível de capital escolar, ganhando desta forma cada dia mais espaço nos cargos das empresas, sem deixar de lado o seu papel perante a família. Entretanto, nota-se que a mulher ainda tem recursos mais restritos com relação ao homem, no que diz respeito a cargos elevados e valores salariais, em função dos estereótipos de gênero. Conclui-se que o conflito entre a vida doméstica e familiar com as atividades profissionais do segmento feminino é uma questão aberta, que precisa ser repensada e aprofundada. Palavras–chave: feminino, mercado de trabalho, trabalho 187 An evaluation about female labor in Brazil Abstract: This article is a bibliographic study with some theoretic and critique reflexions about centrality in female labor. In the case of women, they are responsible for the housework while men are considered the home providers. Over the years there have been changes at this framework and the woman has acquired its place in the labor market, despite the many achievements yet to be performed. In this context, the focus of the present paper is to examine the issue of women's work in the Brazilian scenario. Specifically, the intention is to characterize the work females develop in their homes and describe the process of women’s inclusion on the labor market. Methodologically, was based on a bibliographic survey through the knowledge provided by the documentation on the subject. The results reveal that women gradually entered the work market, mainly by the increase of their educational capital level, thereby gaining entered the work market, mainly by the increase of their educational capital level, thereby gaining each day more space in the positions in companies, without neglecting their role within the family. However, it is noticeable that women still have more limited resources towards man in regard to high positions and salary amounts, because of gender stereotypes. The concluding is that the conflict between domestic and family life with the professional activities of the female segment is an open question that needs to be rethought and depth. Keywords: women, labor market, labor Introdução A divisão sexual do trabalho de natureza assimética se torna clara ao notar que no “modelo” familiar imposto pela sociedade o homem é considerado o provedor enquanto a mulher fica responsável pelos afazeres domésticos. Bruschini (1993) menciona que, embora um considerável volume de atividades se esconda sob os afazeres domésticos, mantendo ocupadas mulheres de todas as classes sociais, o trabalho doméstico não é contabilizado como atividade econômica, dessa forma não tem valor monetário. A mulher ingressou no mercado de trabalho lentamente, após a fixação do capitalismo como sistema econômico, com o desenvolvimento de tecnologias e necessidade de mão de obra. Após este período, a mulher vem obtendo inúmeras conquistas. Desta forma o trabalho profissional feminino ganha destaque, uma vez que o mundo vem apostando nos valores femininos (PROBST, 2003). No presente artigo, o foco central consiste em examinar a centralidade do trabalho feminino no contexto brasileiro. Material e Métodos O presente artigo é um estudo teórico, que envolve uma pesquisa bibliográfica sobre o trabalho feminino. Para tanto, procedeu-se a uma busca planejada de informações bibliográficas contidas em livros e periódicos, por meio das categorias de análise “Trabalho”, “Mulher”, “Trabalho Doméstico”, “Família e Trabalho”, “Mercado de Trabalho Feminino”, visando à discussão sobre a temática, na percepção de diferentes autores. 188 Resultados e Discussão Todas as sociedades possuem uma divisão sexual do trabalho, uma distinção entre papéis do homem e da mulher, que se manifesta na família de forma privilegiada. É fato que são extremamente variadas as diferentes formas de divisão do trabalho, que variam na extensão, rigidez e separação das tarefas. A guerra e a politica, são em todos os lugares atividades do homem, das quais quando o sexo oposto participa de forma secundaria ou complementar. São competências das mulheres os cuidados com as crianças e com o lar, estando o homem preso à esfera publica, embora os dois participem das duas esferas de forma mais diferenciada (DURHAN, 1983). Com a industrialização e a urbanização, a classe média se expandiu, estando o trabalho doméstico no Brasil mais associado à população proveniente do êxodo rural, que chegavam às cidades a procura de trabalho, casa, comida e melhores condições de vida, conforme destaca Melo (1998). Muitas vezes esse público, sem instrução e capacitação, devido às condições de sua ascendência, via o trabalho doméstico como a alternativa disponível para sua sobrevivência. O papel social da mulher é definido como a dona de casa, mãe ou esposa. A mulher dirigindo ao bem estar da família, esta sempre a servir a todos, maridos e filhos. O trabalho realizado para sua própria família é visto pela sociedade como uma situação natural, pois é condicionado por relações afetivas entre a mulher e os demais membros do lar. Com a educação, as portas foram se abrindo para o possível crescimento profissional das mulheres, que significou o principio de sua independência financeira e emocional. Diante disso, para ser caracterizada como mulher adulta, não é mais preciso se casar e ter filhos (BADINTER, 2005). De acordo com Bruschini (2007) o crescimento da atividade econômica da mulher vem aumentando constantemente, os Indicadores para o Brasil revelam que, no período considerado, a População Economicamente Ativa – PEA2 – feminina passou de 28 para 41,7 milhões, a taxa de atividade aumentou de 47% para 53% e a porcentagem de mulheres no conjunto de trabalhadores foi de 39,6% para 43,5%. Ou seja, mais da metade da população feminina em idade ativa trabalhou ou procurou trabalho em 2005 e que mais de 40 em cada 100 trabalhadores eram do sexo feminino, na mesma data (BRUSCHINI, 2007).Esse aumento da inserção feminina no mercado de trabalho não representa somente a busca pela independência e auto realização, mas também pelo empobrecimento e necessidade de aumentar a renda familiar. o Brasil, as mulheres são 41% da força de trabalho, porem ocupam somente 24% dos cargos altos. Uma parcela de mulheres nos cargos executivos das 300 maiores empresas brasileiras subiu de 8%, em 1990, para 13%, em 2000. Então no geral, as mulheres recebem, em média, o correspondente a 71% do salário dos homens. Essa diferença é mais patente nas funções menos qualificadas. No topo, elas quase alcançam os homens. As pesquisas revelam ainda que no mundo do trabalho as mulheres são ainda selecionadas para as funções de rotina, com reflexos sobre sua saúde. De cada dez pessoas comprometidas pelas lesões por esforço repetitivo (LER), oito são mulheres. Os cargos assumidos pelas mulheres são variados, é difícil encontrar uma atividade em que a mulher não tenha se inserido. De acordo com Bruschini (2007), as mulheres com grau de estudo elevado, além de atuarem em áreas que já eram de seu interesse antes como magistério e enfermagem, estas tem ganhado espaço em áreas consideradas de prestigio social, tais como medicina, advocacia, arquitetura, e até mesmo a engenharia, tradicionalmente conhecida como profissão masculina. Esta 189 poderia ser vista como uma das grandes conquistas femininas, no que tange à sua inclusão no mercado de trabalho. Segundo o Jornal Terra (2013), as mulheres são alvo dos problemas relacionados ao excesso de trabalho, uma vez que além de trabalharem fora de casa, executam as tarefas domésticas e geralmente acumulam mais responsabilidades do que os homens. Este fato faz com que elas se sintam mais pressionadas em relação aos seus papéis e culpadas quando não conseguem suprir as expectativas familiares e profissionais. Muitas vezes, as mulheres passam grande parte do tempo executando atividades profissionais, e a maioria delas deixam de realizar atividades como o lazer, exercícios físicos, que são primordiais para o seu bem-estar. Conclusões Esse pensamento com relação a essa divisão sexual do trabalho é algo construído socialmente ao longo do tempo, e as pessoas vão reproduzindo cotidianamente, de tal forma que essa visão se tornou arraigada nos costumes brasileiros. Porém a mulher busca ao logo dos séculos desnaturalizar essa ideia de que seu lugar é no âmbito domestico, e se inserir na política, universidades e mercado de trabalho. As mulheres têm ganhado prestigio no mercado de trabalho, mas, ainda assim, muitas vezes, possuem cargos e salários inferiores aos homens, mesmo já estando sido provado sua capacidade de realizar um bom trabalho em qualquer função que lhe é dada. Conclui-se que o conflito entre a vida doméstica e familiar com as atividades profissionais do segmento feminino é uma questão aberta, que precisa ser repensada e aprofundada. Literatura citada BADINTER, E. Rumo equivocado: o feminismo e alguns destinos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. BRUCHINI, C. TRABALHO FEMININO: Trajetória de um Tema, Perspectivas para o Futuro. Caderno de pesquisa Rio de Janeiro: CIEC Centro Interdisciplinar de Estudos Contemporaneos 1993. BRUCHINI, C. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Caderno de pesquisa Rio de Janeiro: Fundação Carlos Chagas 2007. DURAN, A. M. A dona-de-casa: crítica política, economia doméstica. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1983. MELO, H. P. D. O Serviço Doméstico Remunerado no Brasil: De Criadas a Trabalhadoras. Rio de Janeiro: [s.n.], 1998. PROBST, E. R. A evolução da mulher no mercado de trabalho. Santa Catarina, Instituto Catarinense de Pós-Graduação. 2003. 190 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 6.2. Fatores relacionados à adoção da integração lavoura-pecuária-floresta no Brasil1 Altamir Schembergue2, Dênis Antônio da Cunha3, Sabrina de Matos Carlos4 1 Pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). Mestrando do Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada - UFV. 3 Professor do Departamento de Economia Rural - UFV. 4 Estudante de graduação em Ciências Econômicas - UFV. 2 Resumo: O sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) permite melhorar, de forma sustentável, a produtividade, a qualidade dos produtos e a renda das atividades agropecuárias. O presente trabalho procurou verificar as variáveis que melhor representam a decisão de se implantar o sistema, considerando municípios brasileiros onde pelo menos um produtor adotou o sistema. A análise foi realizada por meio da técnica multivariada de Análise Fatorial. Os resultados demonstraram que as variáveis relacionadas ao clima e com as características do produtor e da propriedade são mais importantes para explicar a decisão de adoção da técnica. Palavras–chave: Sustentabilidade Análise Fatorial, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, Factors related to the adoption of integration crop-livestock-forest in Brazil Abstract: The integration crop-livestock-forest system is able to improve in a sustainable way several factors, such as yield, crop quality, and thus the agricultural income. This work aimed to study the variables that better represent the decision of adoption the system, considering Brazilian counties in which at least one farmer has adopted the system. The analysis was carried out by Factorial Multivariate Analysis. The results showed that such variables related climate and to the farmer and agricultural establishment are able to explain the decision of adoption of the integration croplivestock-forest system. Keywords: Factorial Multivariated Sustainability Analysis, Integration crop-livestock-forest, 191 Introdução A utilização da iLPF tem sido estimulada pelo governo brasileiro por meio do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC), que é parte da Política Nacional sobre a Mudança do Clima (instituída por meio da Lei nº 12.187/2009). No contexto do Plano ABC, a iILFP é uma alternativa tecnológica para aumentar a produtividade agropecuária e minimizar a emissão dos Gases de Efeito Estufa (GEE), atenuando efeitos das mudanças climáticas. De acordo com Brasil (2013), se considerada como alternativa tecnológica, a iLFP tem como objetivo obter efeitos sinérgicos entre os componentes do sistema de produção agropecuário. A ideia é alterar o sistema de uso da terra convencional em direção a um que seja mais tecnificado e sustentável. Como resultado final, busca-se integrar os componentes do sistema produtivo, de modo a atingir níveis mais elevados de produtividade, qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade. Nesse contexto, o presente trabalho objetivou identificar às variáveis mais importantes para explicar a decisão do produtor de implantar um sistema de iLPF. Ressalta-se a inclusão de variáveis climáticas e agronômicas na análise, o que pode ser considerado um avanço em relação aos estudos sobre o tema já realizados no Brasil. O estudo pretende contribuir para a literatura na medida em que, ao conhecer melhor as variáveis determinantes da utilização de iLPF, pode-se fornecer subsídios para a melhor formulação das políticas públicas ligadas ao tema. Material e Métodos No presente estudo foi utilizada a técnica de agrupamento das variáveis conhecida como Análise Fatorial. A análise fatorial expressa o comportamento de um grupo de variáveis elencadas em termos de um número relativamente pequeno de variáveis latentes (ou fatores). Os fatores são variáveis não observáveis diretamente, que podem ser expressas por combinações lineares de variáveis correlacionadas. Para a realização da análise fatorial utilizou-se a técnica de Componentes Principais. Foi utilizado o método de rotação fatorial (VARIMAX), que consiste em um processo de ajuste dos eixos fatoriais para conseguir uma solução fatorial mais simples e pragmaticamente mais significativa, cujos fatores sejam mais facilmente interpretáveis. Os dados utilizados se referem a uma amostra de 2.945 Áreas Mínimas Comparáveis (AMC’s) em que pelo menos um agricultor praticou iLPF. As AMC’s se referem à área agregada do menor número de municípios necessários para garantir comparações de uma mesma área geográfica entre diferentes anos censitários. Para caracterizar as AMC’s foram incluídas variáveis socioeconômicas (disponibilizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), agronômicas e climáticas. Em termos socioeconômicos considerou-se experiência, formação educacional, acesso à assistência técnica entre outras variáveis. As características agronômicas (Núcleo de Estudos e Modelos Espaciais Sistêmicos) caracterizam as AMC’s em termos do potencial agrícola do solo, potencial de erosão, altitude e disponibilidade de recursos hídricos. As variáveis climáticas compreenderam médias históricas (1961-1990) de 192 temperatura (oC) e precipitação (mm) (Base CL 2.0 10' do Climate Research Unit – CRU/University of East Anglia). Resultados e Discussão A variável que apresentou maior poder de explicação da decisão de adotar o sistema de iLPF foi a que indica o número de estabelecimentos que não recebeu nenhuma visita técnica. Esse resultado está em consonância como trabalho de Alvarenga e Contijo Neto (2011), ou seja, ainda falta um maior grau de especialização por parte dos produtores para que se possa adotar a iLPF. A variável que demonstrou menor representatividade foi a área total de estabelecimentos agropecuários nas AMC’s, o que confirma um dos pressupostos do sistema, que é ser aplicável para qualquer produtor, independentemente de ser de pequeno, médio ou grande porte (Tabela 1). Verifica-se, na Tabela 1, que o primeiro fator relaciona-se com as características específicas da propriedade-produtor. A variável Sem assistência técnica foi a mais representativa dentro do fator formado, indicando que a falta de assistência técnica é um dos obstáculos a serem suplantados para a decisão de implantar o sistema de iLPF. As características específicas dos proprietários também foram importantes. Era esperado que os produtores mais velhos tivessem maior resistência em alterar o seu sistema de produção do que os mais jovens, visto que contam com maior experiência sobre o sistema produtivo já utilizado na propriedade. Essa dificuldade pode ser ampliada quando é considerado o fato de o produtor ser analfabeto, indicando que falta um maior apoio educacional no meio rural, a fim de promover o desenvolvimento agropecuário. O segundo fator pode ser interpretado como desempenho das AMC’s, visto que está altamente correlacionado de forma positiva com o valor das Receitas obtidas pelos estabelecimentos e Valor da terra. Demonstra-se, dessa forma, o benefício da utilização do sistema em relação aos seus próprios rendimentos, favorecendo, sobretudo a renda dos proprietários. Promove-se, assim, uma renda mais justa ao produtor, melhorando suas condições socioeconômicas. Nesse fator ainda pode ser destacado a importância de programas de auxílio ao produtor, representado pela variável Pronaf. Tabela 1 – Matriz dos fatores rotacionados Variáveis Sem assistência técnica Idade até 24 anos Analfabeto Idade entre 25 e 65 anos Proprietário Ensino médio Recursos hídricos Valor da terra Receita Ensino superior 1 0,928 0,913 0,874 0,870 0,809 0,745 0,716 0,210 0,127 0,250 2 0,299 0,186 -0,078 0,482 0,532 0,627 0,634 0,912 0,900 0,838 Componentes 3 0,148 0,141 0,303 0,053 0,003 -0,049 -0,055 0,018 0,010 -0,097 4 0,012 0,002 0,020 -0,037 -0,059 -0,070 -0,034 0,088 0,007 0,079 5 -0,021 -0,005 -0,022 -0,006 -0,008 0,000 -0,006 -0,017 -0,026 0,060 193 Pronaf Temperatura inverno Temperatura verão Área Precipitação inverno Precipitação verão Alta potencialidade agrícola Baixa potencialidade agrícola Fonte: Dados da Pesquisa. 0,385 0,126 0,076 0,210 0,029 -0,121 -0,061 -0,055 0,732 -0,069 -0,003 -0,034 0,048 0,141 0,037 0,047 -0,140 0,910 0,906 0,429 -0,114 -0,495 -0,079 -0,418 -0,179 0,100 -0,143 0,353 -0,867 0,645 0,105 0,119 -0,008 0,049 0,167 -0,184 -0,083 -0,048 0,888 -0,683 Já o terceiro fator relaciona os efeitos climáticos de temperatura. Embora este trabalho tenha levado em consideração todas as regiões do país, é de se considerar que é necessário levar em conta as diferenças climáticas dentro dos limites geográficos de cada região. Esse fator deve ser analisado em conjunto com o quarto fator, que é correlacionado com o nível de precipitação de verão e inverno. Observa-se que as variáveis de temperatura estão positivamente correlacionadas com a adoção do sistema. Dessa forma, pode-se afirmar que, quanto maior a temperatura, maior a possibilidade de o produtor optar pela diversificação de suas atividades. Por fim, a utilização da iPLF, assim como novas práticas de manejo agrícola, pode contribuir para a superação de problemas ocasionados por extremos climáticos, o que deve ser levado em consideração para a decisão de se implantar o sistema, além da possibilidade do produtor de aumentar seus rendimentos com a possibilidade da venda de créditos de carbono (Balbino et al., 2012). Conclusões Concluiu-se que a falta de assistência técnica foi o aspecto mais importante para explicar a decisão de não utilizar a técnica de iLPF. No que se refere à questão climática, pode-se concluir que a técnica de iLPF floresta possivelmente tem sido implantada no Brasil como forma de se adaptar às mudanças do clima. Esse resultado indica que seria importante fomentar a utilização da técnica, já que, ao mesmo tempo em que ela pode reduzir a vulnerabilidade ao clima dos produtores, também promove sequestro de carbono. mbora o trabalho tenha apresentado alguns resultados importantes a respeito da decisão de adotar um sistema de iLPF, é necessário que outras pesquisas busquem avaliar o potencial desses sistemas em termos de mitigação de gases de efeito estufa. Dessa forma, seria possível contribuir para ampliar as políticas brasileiras de desenvolvimento agropecuário sustentável. Agradecimentos Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento dessa pesquisa e ao Núcleo de Estudos e Modelos Espaciais Sistêmicos (NEMESIS) pela disponibilização da base de dados. Literatura citada ALVARENGA, R.C.; GONTIJO NETO, M.M. Inovações Tecnológicas no sistema de Integração Lavoura- Pecuário e Floresta- iLPF. IV simpósio internacional na 194 produção de gado de corte. In: Http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream /item/64120/1/Inovacoes-tecnologicas.pdf (acessado em 07 de Junho de 2013). BALBINO, L.C.;MARTINEZ, G.B.; GALERANI, P.R.. Ações de transferência de tecnologia de sistema de integração lavoura- pecuária e floresta: 2007- 2011. Planaltina: EMBRAPA: Integração Lavoura- Pecuária e Floresta. In: Http://www.agrosustentavel.com.br/downloads/iplf.pdf (acessado em 27 de Maio de 2013. BRASIL – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Integração LavouraPecuária-Floresta. In: Http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Abc/4.pdf (acessado em 20 de Junho de 2013). 195 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 6.3. O agronegócio e a cadeia produtiva do leite no Brasil Haroldo Wilson da Silva1, Cristiano Rodrigues Borges Guimarães2, Larissa Spuri Lima3 1 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – UNIFENAS. Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - UNIFENAS. 3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – UNIFENAS. 2 Resumo: O agronegócio do leite é de fundamental importância para o setor agropecuário brasileiro, compõe-se de cadeias produtivas, e estas possuem entre seus componentes os sistemas produtivos. Assim, objetivou abordar o agronegócio e a cadeia produtiva do leite no Brasil. O agronegócio do leite, tendo em vista sua participação na formação da renda e emprego de grande número de produtores, se constitui numa importante atividade econômica e social, contribuindo para sua manutenção no campo e redução do êxodo rural. O agronegócio do leite brasileiro é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Sob o ponto central de interesse para o agronegócio, a cadeia produtiva é um sistema constituído por um conjunto de setores econômicos, instituindo-se entre si expressivas relações de compra e venda, nos quais, articulam-se ininterruptamente no processo produtivo, envolto em toda a atividade de produção e comercialização de um produto. Para uma descrição mais detalhada da situação do agronegócio do leite atualmente no Brasil, é conveniente analisar três segmentos importantes da cadeia: a produção primária; a indústria de transformação e, o mercado. Palavras–chave: Agronegócio do leite, cadeia produtiva, produção de leite Agribusiness and milk production chain in Brazil Abstract: Agribusiness milk is of fundamental importance for the Brazilian agricultural sector, made up of production chains, and they have among their components production systems. This paper aimed to address agribusiness and milk production chain in Brazil. The dairy agribusiness, given its involvement in the formation of income and employment for many producers, as an important economic and social activity, maintaining them in the field and reduce the rural exodus. The dairy agribusiness in Brazil is responsible for 33% of Gross Domestic Product (GDP), 42% of 196 total exports and 37% of Brazilian jobs. Under the central point of interest for agribusiness, the supply chain is a system consisting of a set of economic sectors, establishing among themselves expressive relations of buying and selling, in which, articulated without interruption in the production process, draped across the activity of producing and marketing a product. For a more detailed description of the situation of the current dairy agribusiness in Brazil, it is appropriate to look at three major segments of the chain: primary production, the processing industry and the market. Keywords: Agribusiness of milk, productive chain, milk production 1. Introdução O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de leite. Em 2005, segundo a FAO (2006), ocupou a oitava posição e respondeu por pouco menos de 4% do leite produzido no mundo. No início da década de 90, a participação brasileira era de 2,8% (SANTOS et al., 2006). O agronegócio do leite é de fundamental importância para o setor agropecuário brasileiro, tendo em vista sua participação na formação da renda e emprego de grande número de produtores, propiciando a fixação do homem no campo (Campos & Piacenti, 2007). Segundo Castro (2001), o agronegócio compõe-se de cadeias produtivas, e estas possuem entre seus componentes os sistemas produtivos, que operam em diferentes ecossistemas ou sistemas naturais. Por cadeia produtiva, entende-se um recorte feito dentro do agronegócio, centralizado em um único exclusivo produto, ou seja, é o conjunto das atividades de fabricação e distribuição dos fatores de produção para as unidades de produção rurais; as atividades que se desenvolvem dentro da unidade produtiva (fazendas) em si; as atividades de armazenamento, processamento agroindustrial e distribuição de um produto agropecuário ou extrativo específico e de seus subprodutos para os mercados consumidores (Santana, 2003). Face às considerações citadas, objetivou abordar o agronegócio e a cadeia produtiva do leite no Brasil. 1.1. Agronegócio do Leite no Brasil O agronegócio brasileiro está em processo de mudança acelerada e profunda. Por conta disto, as condicionantes das mudanças no agronegócio do leite têm sido alvo de estudos e discussões intensas (Vilela et al., 2002). O agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil (CAMPOS & PIACENTI, 2007). O agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Entre 1998 e 2003, a taxa de crescimento do PIB agropecuário foi de 4,67% ao ano. Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil (Campos & Piacenti, 2007). Nas últimas duas décadas, no Brasil, a produção de leite vem crescendo a taxas superiores às do crescimento da população. Isto significa que a produção per capita vem aumentando nos últimos anos. De 1980 a 1998, a taxa média anual de crescimento foi de 3,3%; sendo 2,6%; de 1980 a 89; e 4,2%, de 1990 a 98. O desempenho da produção de leite, nos anos 90, é muito superior ao da década de 80 (GOMES, 2001). 197 Em resumo, para uma descrição mais detalhada da situação do agronegócio do leite atualmente no Brasil, é conveniente analisar três segmentos importantes da cadeia: a produção primária; a indústria de transformação e, o mercado, aqui incluindo o consumidor final e as redes varejistas (Vilela et al., 2002). 1.2. A Cadeia Produtiva do Leite A cadeia produtiva é um sistema constituído por um conjunto de setores econômicos, instituindo-se entre si expressivas relações de compra e venda, nos quais, articulam-se ininterruptamente no processo produtivo, envolto em toda a atividade de produção e comercialização de um produto ao ecoar-se da cadeia, os produtos são crescentemente elaborados, obtendo associação de valor. Para Viana & Ferras (2007), uma cadeia produtiva se forma a partir de um conjunto de processos articulados, originários das inter-relações de agentes econômicos, aqui denominados elos. Na pratica, progressivamente a cadeia produtiva do leite no Brasil teve início com a crise de 1929, por meio da substituição das importações, e com a expansão do mercado consumidor, conduzida pela acelerada urbanização. Nos anos 40, diversas cooperativas e empresas sentiam as primeiras intervenções do governo em seus preços (Viana & Ferras, 2007) Porém, foi no início da década de 90 que ocorrem grandes avanços neste processo de industrialização, havendo nesse período a existência de maior abertura de mercado, interferindo diretamente no desempenho da cadeia, em decorrência possibilita o sistema ser cada vez mais competitivo, passando o governo a interferir cada vez menos neste setor, deixando a formação de preço em função das leis de mercado da oferta e da procura por este produto (Viana & Ferras, 2007). De acordo com Gomes (2001), a partir de 1990, o país deixou para trás o modelo de substituição de importações, de uma economia fechada para o mercado internacional, e passou a praticar um modelo de desenvolvimento que inseriu o Brasil, de modo mais aberto, na economia internacional. 2. Considerações Finais Conclui-se que os avanços na industrialização ocorreram efetivamente na década de 90, motivando uma maior abertura de mercado, que influiu no desempenho da cadeia produtiva. Agregando setores econômicos que promove entre si relações de compra e venda, os quais estão unidos no processo produtivo, que envolve toda a atividade de produção e comercialização de um produto ao ecoar-se da cadeia. 3. Literatura citada CAMPOS, K.C.; PIACENTI, C.A. Agronegócio do Leite: Cenário Atual e Perspectivas. In: XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural – 22 a 25 de julho de 2007, UEL - Londrina – PR. CASTRO, A.M.G. Prospecção de Cadeias Produtoras e Gestão da Informação. Transinformação, Campinas, v.13, n.2, p. 55-72, 2001. 198 FIGUEIREDO NETO, L.F.; SAUER, L.; LUCENA, L.P. et al. Agronegócio do Leite – Uma Dimensão da Cadeia Produtiva do Setor Lácteo em Mato Grosso do Sul. In: XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociedade Rural, 22 a 25 de julho de 2007, UEL – Londrina – PR. GOMES, S.T. Diagnóstico e Perspectivas da Cadeia Produtiva do Leite no Brasil. In: Duarte Vilela; Matheus Bressan; Aércio dos Santos Cunha (org). Cadeia de Lácteos no Brasil: restrições ao seu desenvolvimento. Brasília/Juiz de Fora: MCT/CNPq – EMBRAPA, 2001, v., p. 21-27. SANTANA, A.C. Descrição e Análise da Cadeia Produtiva de Leite no Estado de Rondônia. Movendo Ideias, Belém, v8, n.14, p.24 - 36 Nov. 2003. SANTOS, O.V.; MARCONDES, T.; CORDEIRO, J.L.F. Estudo da Cadeia do Leite em Santa Catarina - Prospecção e Demandas. (Versão preliminar). Florianópolis: Epagri/Cepa, 2006. 55p. VIANA, G.; FERRAS, R.P.R. A Cadeia Produtiva do Leite: Um Estudo sobre a Organização da Cadeia e sua Importância para o Desenvolvimento Regional. Revista Capital Científico do Setor de Ciências Sociais Aplicadas Vol. 5 nº1 Jan/ Dez. 2007. VILELA. D.; LEITE, J.L.B.; RESENDE, J.C. Políticas para o Leite no Brasil: Passado, Presente e Futuro. In: Anais do Sul- Leite: Simpósio sobre Sustentabilidade da Pecuária Leiteira na Região Sul do Brasil / editores Geraldo Tadeu dos Santos et al. – Maringá : UEM/CCA/DZO – NUPEL, 2002. 212P. Artigo encontra-se nas páginas 126. 199 7. Economia solidária 200 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 7.1. A Economia Solidária na Agricultura Familiar PEREIRA, Géssica Caroline; SILVA, Rosalina Souza A.; PAIVA, Sirlene Cristina; GALVÃO, Ana Lídia C. [email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected] Resumo: As mudanças estruturais, de ordem econômica e social, ocorridas no mundo nas últimas décadas, fragilizaram o modelo tradicional de relação de trabalho capitalista. Assim, surge o conceito de economia solidária que é um fenômeno recente que tem obtido crescente visibilidade econômica, social e política. A agricultura familiar apresenta característica essencialmente distributiva, além de possuir traços socioculturais que possibilitam sua adequação ao processo de economia solidária, ao mesmo tempo em que possibilita uma melhor adequação à sustentabilidade no que diz respeito à estabilidade, à diversificação e à durabilidade dos recursos naturais. Todas essas estruturas são características que permitem um desenvolvimento da organização familiar na produção e manejo dos espaços rurais. Neste contexto têm se como objetivos por meio de pesquisas bibliográficas apresentar conceitos de Agricultura Familiar e da Economia Solidária, enfatizando a origem e as primeiras experiências da Economia Solidária no Brasil, bem como, a importância desta “economia alternativa” para o agricultor familiar. A agricultura familiar compreende um modelo de agricultura no qual as atividades de gestão e trabalho estão relacionadas à própria família, como principal responsável pelo processo produtivo. As primeiras ações da Economia Solidária foram implementadas ao longo da década de 80 por organizações sociais e religiosas inspiradas por princípios de cooperação, autogestão e solidariedade. A Economia Solidária têm como princípios a adesão livre e voluntária, a propriedade coletiva dos meios de produção; solidariedade e reciprocidade; valorização do social em detrimento do econômico e a democracia participativa. É através desses princípios que essa “economia alternativa” busca corrigir os efeitos sociais da difusão do mercado capitalista. Conclui-se que a Economia Solidária se apresenta como a possibilidade de uma construção econômica de forma coletiva, buscando promover a inclusão dos indivíduos e atenuar as desigualdades sociais geradas pelo modelo capitalista. Desse modo, é grande a importância da Economia Solidária para Agricultura Familiar, uma 201 vez que esta visa o trabalho e a produção de forma sustentável, respeito, amizade e cooperação entre as pessoas; gerando trabalho e renda através da produção e comercialização local dos produtos; fazendo com que o dinheiro permaneça promovendo o desenvolvimento econômico e social na região. Além disso, destacam-se outros benefícios que são imateriais como melhorias na qualidade de vida das famílias no meio rural, valorização de suas habilidades e capacidades que contribuem para elevação da autoestima dessas pessoas. Palavras-chave: Agricultura Familiar, Cooperação, Economia Solidária. 202 8. Educação ambiental 203 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 8.1. Educação Ambiental Crítica como uma ferramenta para Conservação e Preservação Carla Ribeiro Machado e Portugal1; Kelly de Oliveira Barros3; Naiara Amaral Oliveira2 ; FillipeTamiozzo Pereira Torres3; Sergio Alvareli Júnior2; Elias Silva4 1 Estudante não Vinculado do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, UFV Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, UFV 3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, UFV. 4 Professor do Departamento de Engenharia Florestal, UFV 2 Resumo: A Lei federal n° 9985/2000 (SNUC)oficializou a criação de Unidades de Conservação (UC) com o propósito de conservar e preservar a grande biodiversidade brasileira.Para tanto, a Educação Ambiental Crítica surge como ferramenta transformadora e emancipatória na busca de uma sociedade sustentável.Neste sentido, este artigo objetivou analisar umestudo de Percepção Ambiental de uma Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), permitindo, desse modo, correlacioná-lo com a Educação Ambiental Crítica. Tal estudotraçou o perfil social dos entrevistados, bem comoa visão sobre a importância da preservação da natureza e da real vontade do morador local em preservá-la. A proteção dos recursos hídricos, da fauna e da floraforam apontados como os principais pontos de preservação e conservação. Destacase que muitos indivíduos não souberam responder a pesquisa. Ficou evidenciada a necessidade de trabalhar os conceitos envolvidos acerca da criação e benefícios da implantação de uma UC para a região. A proposição do Programa de Formação de Agentes de Proteção Ambiental surge como ferramenta do processo de formação da cidadania ambiental sustentável, gerandocapacitação teórica e metodológica crítica com compromisso ético. Palavras–chave: Educação Ambiental Crítica, Reserva Particular do Patrimônio Natural,Unidades de Conservação Critical Environmental Education as a tool for Conservation and Preservation Abstract: The federal Law n° 9985/2000 (SNUC) officialized the creation of Units of Conservation with the intention to conserve and to preserve the great Brazilian biodiversity. For in such a way, the Critical Environmental Education appears as a transforming and an emancipation tool in the search of a sustainable society. In this direction, this article objectified to analyze a study of Environmental Perception of a 204 Particular Reserve of the Natural Patrimony (RPPN), allowing, in this manner, to correlate it with the Critical Environmental Education.Such study traced the social profile of the interviewed ones, as well as the vision on the importance of the preservation of the nature and the real will of the local inhabitant in preserving it. The protection of the water resources, the fauna and the flora had been pointed as the main points of preservation and conservation. It is distinguished that many individuals had not known to answer the research. It was evidenced the necessity to work the involved concepts about the creation and benefits of the implantation of a UC for the region.The proposal of the Program of Formation ofEnvironmental Protection Agents appears as tool of the formation process of the sustainable ambient citizenship generating a critical theory and methodicqualification with ethical commitment. Keywords: Critical Environmental Education, Particular Reserve of the Natural Patrimony (RPPN), Units of Conservation Introdução A riqueza da biodiversidade aliada à grande extensão territorial do Brasil constitui uma virtuosa fonte de conservação e preservação da natureza. Com este foco, foi instituídoo Sistema Nacional de Conservação da Natureza (SNUC), por meio da Lei Federal nº 9.985, de 2000 a fim de viabilizar a criação e manutenção de Unidades de Conservação (UC) por todo o país. Esta Lei abrange as três esferas de governo, favorecendo a visão única de áreas naturais a serem protegidas. Soma-se a criação de mecanismos regulamentadores da participação efetiva da sociedade na gestão destas UC´s, viabilizando e potencializando a relação ambiental, social, econômica e política essenciais para o desenvolvimento sustentável de qualquer sociedade. A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma modalidade de UC que permite a participação de pessoas físicas em sua criação (BRASIL, 2000). Muitos são os instrumentos e artifícios para a promoção da conservação e preservação de uma UC, mas nenhuma delas é tão eficaz quanto à aceitação e adoção da mesma por parte da comunidade de seu entorno (RICARDO e CAMPANILI, 2007). Considerando isto, a Educação Ambiental Crítica surge como uma ferramenta eficaz, lúdica e capaz de incitar profundas mudanças na comunidade envolvida por uma UC. Educação Ambiental é a ferramenta mais versátil e lúdica na construção de uma educação crítica, transformadora e emancipatória para a busca de uma sociedade sustentável - a teoria entra em confronto com a prática, sendo vital a revolução social para uma educação coerente ambientalmente. Esta revolução social é a transformação integral do ser e suas condições objetivas de existência, retomando a condição primordial de um ser natural parte do meio ambiente, contrário ao movimento atual de meio ambiente como parte do ser humano (LAYRARGUES, 2004). O termo Educação Ambiental Crítica surge como uma forma de elucidar essa nova ação educativa capaz de atuar na transformação da realidade educacional frente à grave crise socioambiental mundial. Isto é possível, pois esta modalidade fortalece uma nova compreensão e uma nova visão educacional e de mundo aliadas a um novo posicionamento paradigmático e ideológico na busca de uma sociedade mais hegemônica, justa e principalmente sustentável (LAYRARGUES, 2004). Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivoressaltar a Educação Ambiental Crítica como ferramenta estruturadora de projetos e ações de conservação e preservação em Unidades de Conservação, a partir da análise de um estudo de Percepção Ambiental de uma RPPN. 205 Material e Métodos Este trabalho teve como base uma revisão de literatura a respeito do tema abordado. Foram também utilizados dados sobre um estudo de Percepção Ambientalrealizado por uma equipe responsável pelo Plano de Manejo de uma RPPN. Esta unidade não será identificada, haja vista que os dados fornecidos ainda não foram publicados. A RPPN em análise encontra-se em uma região caracterizada por grande importância ecológica (Mata Atlântica) e por ampla biodiversidade local preservada. O referido estudo de Percepção Ambiental traçou o perfil social dos entrevistados (comunidades rurais do entorno da RPPN), relacionando gênero, idade, estado civil e número de moradores por residência. Caracterizaram-se as propriedades rurais, com sua denominação, área e existência de fragmento florestal. Foi averiguado o conhecimento básico acerca do significado de RPPN, seguido de breve caracterização da mesma. Em um dado momento indagou-se a respeito da importância e benefício da criação de uma RPPN para a comunidade local, seguido de perguntas sobre a importância da preservação da natureza e da real vontade do morador local em preservá-la. Resultados e Discussão O ESTUDO DE PERCEPÇÃO AMBIENTAL A comunidade entrevistada apontou como maiores pontos de relevância à preservação e conservação ambiental, a proteção dos recursos hídricos, da fauna e da flora. Em segundo plano,ficou a beleza cênica, melhoria do clima e processos erosivos. Uma quantidade expressiva da população entrevistada não soube responder sobre os benefícios da UC para a comunidade local.A Percepção Ambiental traz a compreensão e entendimento das relações da comunidade para com o meio. Este é o principal mote e norte para a elaboração de Programas de Planejamento e Educação Ambiental de uma UC. Ficou evidenciada a necessidade de aprofundar os motivos da criação e benefícios da implantação de uma UC para a região. PROPOSTA – PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE AGENTES DE PROTEÇÃO AMBIENTAL A inclusão da Educação Ambiental Crítica como peça chave nas mudanças de comportamentos para a formação da cidadania ambiental sustentável gera a capacitação teórica e metodológica crítica com compromisso ético.É preciso considerar o sujeito como parte integral de uma realidade coletiva, onde direitos e deveres são igualitários no processo de construção da cidadania e da sustentabilidade ambiental. Para isso, os programas e ações educativas precisam ser estruturados de modo a criar uma consciência gradual que transcenda os interesses individuais, atingindo as questões coletivas. Entenda que o sujeito continua ser único, mas detentor de singularidades que devem ser respeitadas, formando a base da sociedade justa na busca da sustentabilidade ambiental. Portanto, a Educação Ambiental Crítica precisa considerar estes dois pilares: estimular as habilidades individuais e fornecer ao sujeito habilidades sociais que viabilizem ações coletivas na busca da cidadania ambiental sustentável. O Programa de Formação de Agentes de Proteção Ambiental voltado para a comunidade em estudo deverá, como primeiro passo, traçar o perfil psicológico dos indivíduos, rastreando seu conhecimento técnico, individual e coletivo. 206 Em um segundo momento deverá ser definido quais os pontos de interesse da comunidade envolvida. Quais os assuntos serão abordados na capacitação teórica a fim de suprir o nivelamento de informações para todos os participantes. A terceira etapa é a estruturação e execução do curso de capacitação dos agentes em treinamento. Cabe ressaltar que somente será assimilado aquele conteúdo que faz parte do imaginário, da rotina do educando. Focar o treinamento para as questões de vivências diárias dos agentes é ponto vital para o sucesso. A capacitação deverá ser baseada nas diretrizes da Educação Ambiental Crítica tratada em Layrargues (2004). O foco do projeto político-pedagógico do Programa de Formação de Agentes de Proteção Ambiental deve ser o da contribuição para a mudança de valores e atitudes, focando na formação de um sujeito ecológico. Este trata de um indivíduo imbuído de sensibilidade solidária para com o meio social, ambiental, político e econômico, sendo multiplicador de conhecimento, formador de opinião e modelo para formação de grupos locais capazes de identificar, problematizar e agir em relação aos problemas socioambientais de sua região, o entorno da UC. Para Layrergues (2004), este é um dos caminhos de transformação que desponta da convergência entre mudança social e ambiental. A ressignificação do cuidado para com a natureza e para com o ser humano, através de valores ético-políticos; a educação ambiental crítica valoriza a ética ambiental como balizadora das decisões sociais e reorientadora dos estilos de vida coletivos e individuais. É base fundamental para reestruturação da cultura política realmente ambiental. A criticidade da Educação Ambiental e seu potencial de recriar estão alicerçados nas práticas que internalizam os conceitos vivenciados e apreendidos e os externalizam na forma de ações comprometidas com a busca de ser mais, de melhorar o meio em que o indivíduo está inserido. Está intimamente ligada à compreensão, interpretação, reflexão e negação em relação à legitimação da exploração desmedida do homem pelo homem e da natureza pelo homem. Visa are-internalização do homem como parte integrante da natureza, e não como o centro da mesma (SILVA, 2009). Conclusões A pesquisa realizada na comunidade da RPPN evidenciou a necessidade de se aprofundar a discussão sobre os motivos da criação e benefícios da implantação de uma UC para a região.O presente trabalho traz o conceito de um Programa de Formação de Agentes de Proteção Ambiental como uma ferramenta da Educação Ambiental Crítica. Viabiliza um retorno claro na busca de um sujeito consciente de suas ações e capaz de pensar as consequências em longo prazo, fornecendo ao mesmo, subsídios para tomada de decisões vitais na busca da sustentabilidade ambiental, gerada pela sustentabilidade social, política e econômica. É a retomada da consciência do homem como parte integrante da natureza, tendo, portanto, uma cota racional e justa de direitos de usufruir do planeta, nada mais. Referências Bibliográficas BRASIL. LEI Nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 19 de julho de 2000. Legislação Federal. LAYRARGUES, P.P. (Coord.). Identidades da educação ambiental brasileira. Brasília: MMA, 2004. 156p. 207 RICARDO, B.; CAMPANILI, M. (Coord). Almanaque Brasil Socioambiental 2008. São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007. 552p. SILVA, L.F. Educação ambiental crítica: entre ecoar e recriar. São Paulo. 2009. 197p. Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Educação.Área de Concentração : Cultura, Organização e Educação) - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 208 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 8.2. Reconhecendo Saberes através da Rede Certific1 Francisco Maurício Alves Francelino 2, Bruna Almeida de Athaide3, Zilanda Barreto do Nascimento4, Quênia de Allelui5, Patrícia Angélica F. R. da Silva6, Vicente de Paulo de Oliveira Santos7 1 Projeto de Extensão Coordenado pelo primeiro autor, financiado pelo Instituto Federal Fluminense IFF. 2 Professor da Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental do Campus Rio Paraíba do Sul / UPEA / IFF . 3, 6 Estudantes / Bolsistas de Extensão do Curso Técnico em Meio Ambiente do IFF. 4 Estudante de graduação em Geografia do IFF. 5 Professora da Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental do Campus Rio Paraíba do Sul / UPEA / IFF. 6 Professor da Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental do Campus Rio Paraíba do Sul / UPEA / IFF Resumo: O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense iniciou o Programa CERTIFIC Pesca com primeira atividade realizada por seis servidores do IFF no Curso de Formação de Avaliadores da Rede CERTIFIC em julho de 2010. Com o objetivo de caracterizar e estimular a volta dos trabalhadores à escola com vistas ao reconhecimento e validação dos saberes construídos ao longo de suas trajetórias de vida e trabalho. A inscrição para participação no Processo de Reconhecimento de Saberes foi realizada em três etapas obrigatórias: Pré-inscrição; Participação em Evento de Orientação sobre o formato do Programa e Inscrição mediante o preenchimento do Questionário Sócio-profissional que pretende adquirir certificação. Os dados revelaram que os alunos se encontravam na faixa etária de 19 a 65 anos. Observou-se ainda, que a maioria eram casados 75%, e do total, 79,2% possuem filhos, sendo quatro o número máximo de filhos por pessoa. Destes, auto declaram-se brancos - 66,66%, pardos - 25% e negros - 8,3 %. Observou-se melhoria na organização dos trabalhadores da pesca, percebida nas alternativas encontradas para buscar novos mercados para comercialização de sua produção, agregaram valor ao produto da pesca alcançando melhores valores pelo produto, percebeu-se que poucos egressos continuaram com os estudos após a capacitação no Certific Pesca. Pode-se observar uma significativa melhoria das condições de trabalho dos pescadores, além da agregação de valor ao produto da pesca. Palavras–chave: capacitação, pescadores, reconhecimento, trabalhadores 209 Recognizing Knowledge through Certific Network Abstract: The Federal Institute for Education, Science and Technology Program CERTIFIC Fluminense started fishing first activity for six servers in IFF Training Course Evaluators Network CERTIFIC in July 2010. With the aim of characterizing and encourage workers back to school with a view to the recognition and validation of knowledge built up over the course of their life and work. Registration for participation in the Process of Knowledge Recognition was performed in three mandatory stages: Pre-registration; Participation in Event Guidance on the format of the Program and Registration by completing the Questionnaire Socio-professional who intends to acquire certification. The data revealed that the students were in the age group 19-65 years. It was also observed that most were married, 75%, and the total, 79.2% have children, four the maximum number of children per person. Of these, self declare themselves white - 66.66%, mulatto - 25% and blacks - 8.3%. Observed improvement in the organization of fisheries workers, the perceived alternatives found to seek new markets for selling their production, add value to fisheries products reaching the best values for the product, it was realized that few graduates continued their education after the training Fishing in Certific. One can observe a significant improvement of working conditions of fishermen, besides adding value to fisheries products. Keywords: training, fishermen, recognition, workers Introdução A Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada – Rede CERTIFIC surge a partir de uma ação conjunta dos Ministérios da Educação e do Trabalho e Emprego, na prerrogativa de atender ao que estabelece o Art. 41 da Lei no 9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (BRASIL, 2009) que menciona “O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão de estudos” e a Lei no 11.892, de 28 de dezembro de 2008, quando determina que, no âmbito de sua atuação, os Institutos Federais “exercerão o papel de instituições acreditadoras e certificadoras de competências profissionais” (Art.2° § 2°). Sob essas bases legais estrutura-se a Rede CERTIFIC. A ação interministerial foi articulada, ao longo de 2009, pelas Secretarias de Educação Profissional e Tecnológica SETEC/MEC em parceria com a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECAD/MEC e a Secretaria de Políticas de Trabalho e Emprego SEPTE/MTE. E, como resultado da cooperação entre secretarias tem-se a definição das diretrizes gerais para a implantação da Rede CERTIFIC consolidada pela Portaria Interministerial - MEC e MTE - nº. 1.082, de 20 de novembro de 2009. Esta dispõe sobre princípios, estrutura de governança e critérios que permitam identificar, avaliar, reconhecer e validar saberes necessários ao prosseguimento de estudos e/ou exercício profissional adquiridos por trabalhadores, jovens e adultos, em suas trajetórias de vida e trabalho. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense iniciou o Programa CERTIFIC Pesca com primeira atividade realizada por seis servidores do IFF no Curso de Formação de Avaliadores da Rede CERTIFIC no período de 4 a 10 de julho de 2010. Este evento consistiu basicamente de palestras, grupos de trabalho, 210 visitas técnicas e debates e, além destes, houve elaboração de perfis, confecção de edital e planejamento do programa de certificação na área de pesca. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar e estimular a volta dos trabalhadores à escola com vistas ao reconhecimento e validação dos saberes construídos ao longo de suas trajetórias de vida e trabalho. Material e Métodos A divulgação do Edital para inscrição no Programa CERTIFIC consistiu, basicamente, na divulgação das estratégias de inscrição para participação dos trabalhadores. Foi iniciada no 10 de agosto de 2012, na localidade de Farol de São Thomé, onde foram realizadas três reuniões para apresentação do Programa à comunidade e dos critérios para inscrição no mesmo. Estas reuniões ocorreram na própria Colônia de Pescadores Z-19, e contaram coma presença de estudantes da EJA da rede municipal, pescadores artesanais, trabalhadores dos demais seguimentos da cadeia produtiva da pesca, além da equipe CERTIFIC Pesca do IFF. A divulgação também foi realizada na rádio comunitária local antes das reuniões. O Evento de orientação para inscrição no Programa CERTIFIC consistiu na realização de palestras, nas quais a equipe CERTIFIC Pesca descreveu cada uma das etapas de avaliação, Reconhecimento de Saberes e da Formação Profissional, esclarecendo para qual delas o trabalhador poderia ser encaminhado. A inscrição para participação no Processo de Reconhecimento de Saberes foi realizada em três etapas obrigatórias: Pré-inscrição; Participação em Evento de Orientação sobre o Processo de Reconhecimento de Saberes e Inscrição mediante o preenchimento do Questionário Sócio-profissional do respectivo Perfil Profissional do qual se pretende adquirir certificação. O Processo de Reconhecimento de Saberes correspondeu a um conjunto de atividades que envolveram: Diálogos com a Equipe Multidisciplinar do Instituto Federal; Dinâmica de Grupo; atividades complementares para Preparação para o Desempenho Socioprofissional; e Avaliação do Desempenho Profissional. Resultados e Discussão Os dados coletados revelaram que dos 35 alunos pré-inscritos no Programa CERTIFIC/ PESCA do IFF, apenas 24 alunos (68,57%) participaram do referido estudo. Foram excluídos aqueles que não se encontravam presentes no momento da aplicação do questionário e aqueles que não possuíam nenhum vínculo com a atividade da pesca. Os indivíduos encontravam-se distribuídos na faixa etária de 19 e 65 anos, com predomínio da faixa etária de 40 a 50 anos, sendo a média etária do grupo estudado de 42 anos. Observou-se ainda, que a maioria eram casados 18 (75%), seguida de solteiros, quatro (16,6%) e, por último, os viúvos, dois (8,3%). Do total, 19 (79,2%) possuem filhos, sendo quatro o número máximo de filhos por pessoa. Dos entrevistados, 16 auto declaram-se brancos (66,66%), 6 pardos (25%) e dois negros (8,3 %). Observou-se uma melhoria na organização dos trabalhadores da pesca, percebida nas alternativas encontradas para buscar novos mercados para comercialização de sua produção, puderam agregar valor ao produto da pesca alcançando valores próximos ao praticados pelas redes de supermercados da região, alguns deles conseguiram se desvencilhar dos atravessadores e conseguiram melhorar sua renda, apesar dessas melhorias, percebeu-se que poucos dos egressos buscaram continuar com os estudos após a capacitação no Certific Pesca. 211 Conclusões A capacitação e reconhecimento de saberes promovidos pelo Programa Certific/ Pesca do IFF contribuiu significativamente para: Identificar as condições sócioeconômicas e produtivas dos pescadores artesanais da Comunidade de Farol de São Tomé em Campos dos Goytacazes; Abrir canais de diálogo entre os trabalhadores da pesca e o poder público na busca por políticas públicas voltadas para a realidade e demanda dos trabalhadores locais; Melhorou a organicidade do grupo e os levou a buscar novos desafios, sobretudo, relacionados a mercados consumidores diferenciados. Literatura citada BRASIL. MEC. LDB passo a passo. 3ª edição atualizada até 31 ago. 2009. Pereira, L. A. C; Costa, S.: Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada – Rede CERTIFIC 212 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 8.3. Educação ambiental no campo1 SANTANA, Eloisa Pio de2; ECHEVERRIA, Agustina Rosa3; MIZIARA, Fausto4 ¹ Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiado pela PRPPG-UFG, CAPES e Fundação de Amparo à Pesquisa- FAPEG-GO. ²Doutora em Ciências Ambientais - CIAMB/UFG. ³Professora do Instituto de Química, do Mestrado em Educação em Ciências e Matemática e do Doutorado em Ciências Ambientais da UFG. 4 Professor titular de sociologia da FCHF e do Doutorado em Ciências Ambientais da UFG. Resumo: O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um programa de educação ambiental no estado de Goiás, inserido na política de assistência técnica e extensão rural, junto aos agricultores familiares. A problemática surgiu a partir do desenvolvimento de um trabalho de campo para elaboração de uma tese de doutorado. Foram visitados 57 municípios e entrevistados 171 agricultores familiares, onde se constatou uma deficiência de conhecimento e ações com relação aos problemas e consequências da degradação ambiental. A implantação da denominada “revolução verde” induziu uma crescente dependência tecnológica das atividades produtivas no campo, levando-os, na maioria das vezes, a incorporar o pensamento racional e reflexivo, entendido como a autoconfrontação com os efeitos da sociedade de risco, ou seja, a sociedade moderna se confrontando com os riscos criados por ela mesma (BECK, 1997). Nessa perspectiva, defendemos neste trabalho a importância da educação ambiental no campo, tomando como base a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural – PNATER. Entendemos que a educação ambiental deve atingir tanto a educação formal como a educação não formal, proporcionando mudança de conceitos por meio da conscientização, conhecimento, criando habilidades para que tenham capacidade de avaliação, participação e mudança de atitude com relação ao meio ambiente. Palavras-Chave: educação ambiental, desenvolvimento sustentável, modernização da agricultura e sociedade de risco Environmental education in the farm Abstract: This paper aims to develop an environmental education program in Goiás state, inserted in the technical assistance policy and rural extension, together with the farmers. The problem emerged from the development of a field work for the preparation of a doctoral thesis, 57 municipalities were visited and 171 farmers were interviewed, 213 which demonstrated a knowledge deficiency and actions regarding to the problems and consequences of environmental degradation. The deployment of the so-called "green revolution", induced a growing technological dependence of productive activities in the field, leading them most often to incorporate the rational and reflective thought, understood as the self-confrontation with the effects of the risk society, in other words, the modern society confronting with the risks created by itself (BECK, 1997). In this perspective, we defend in this paper the importance of environmental education in the field, based on the National Policy on Technical Assistance and Rural Extension NAPTARE. We believe that environmental education should achieve both formal education and non-formal education, providing concepts change through awareness, knowledge, creating skills for evaluation capacity, participation and attitude change toward the environment. Keywords: environmental education, sustainable development, Modernization of agriculture and risk society Introdução O trabalho realizado teve como ponto principal verificar a atuação da Empresa Estadual de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária- EMATERGO (hoje Agência EMATER), órgão que desenvolve o trabalho de assistência técnica e extensão rural junto aos agricultores familiares, na implementação das políticas públicas relacionadas à modernização da agricultura, conhecida também como Revolução Verde. Tomando como base a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural - PNATER, é preciso partir de uma nova perspectiva para a atuação da EMATER-GO no estado de Goiás e consequentemente no Brasil. É preciso, diante de uma nova concepção, transformar a prática convencional que acompanhou durantes anos os trabalhos de extensão rural e, introduzir novas práticas, baseadas numa visão interdisciplinar, em que se atinjam os objetivos dentro de uma visão sistêmica, ou seja: desenvolvimento rural social, econômico e ambiental, buscando atingir os princípios da Agroecologia. A Extensão Rural Agroecológica entendida como um, “O processo de intervenção de caráter educativo e transformador, baseado em metodologias de investigação-ação participante que permitam o desenvolvimento de uma prática social mediante a qual os sujeitos do processo buscam a construção e sistematização de conhecimentos que os leve a incidir conscientemente sobre a realidade[...]”. (CAPORAL & COSTABEBER, 2000, p.33). Na pesquisa de campo que originou a problemática desse trabalho dentre vários fatores que envolvem o apoio e o desenvolvimento da agricultura familiar em Goiás, foram levantados alguns dados com relação ao nível de conhecimento dos agricultores a respeito dos problemas ambientais. Considerando essa problemática, nas entrevistas, dentre várias questões, foram feitas três que envolviam o tema da problemática ambiental, quais sejam: 1) O que o senhor pensa sobre a questão ambiental 2) O que o senhor pensa a respeito do uso de agrotóxicos 3) O que o senhor está fazendo para preservar o meio ambiente na sua propriedade A respeito da área de preservação do meio ambiente dentro das práticas de extensão rural, concluímos que os Governos, Federal e Estadual, incentivaram a drenagem de áreas, o desmatamento, chegando a financiar todos os projetos à época, com o auxílio da extensão rural que era executora de programas federais e estaduais e outros órgãos parceiros. Com o decorrer dos tempos, com as novas pesquisas e a 214 Legislação Ambiental, a empresa passa a adotar uma nova postura junto aos agricultores familiares, visando não somente o aumento da produção e, sim, o aumento da produtividade, ou seja, não é preciso o aumento das áreas plantadas, novas áreas desmatadas, a partir de investindo em tecnologias. Essa pesquisa teve como objetivo principal, implementar um programa para a prática da educação ambiental, buscando o empoderamento de conceitos e ações na construção de valores sociais e humanos, junto aos agricultores familiares no estado de Goiás, baseado nos princípios da ética ambiental, nos objetivos da educação ambiental da Carta de Belgrado e na proposta pedagógica de Paulo Freire (FREIRE,1977). Material e Métodos Nessa pesquisa foram visitados 57 municípios, aproximadamente 25% do total de municípios no Estado e entrevistados 171 agricultores familiares. As entrevistas, de natureza semiestruturada, foram realizadas no local de moradia dos agricultores. Pretendia-se com essas entrevistas caracterizar o seu perfil socioeconômico, cultural e verificar a avaliação que eles fazem da ação das instituições que desenvolvem o trabalho de extensão rural no estado de Goiás, assim como, verificar a sua percepção, seu conhecimento, com relação aos problemas ambientais. Essa pesquisa em sentido mais amplo baseou-se nos processos de implementação da modernização da agricultura. Nessa perspectiva foram elaborados mapas para verificação do nível de conhecimento dos agricultores familiares em todas as regiões do estado de Goiás para que, a partir daí, elaborar e executar um programa de educação ambiental no campo, tentando primeiramente a conservação e preservação das regiões que apresentaram maior índice de matas nativas preservadas, com o objetivo central de implementar um programa para a prática da educação ambiental, buscando o empoderamento de conceitos e ações na construção de valores sociais e humanos, junto aos agricultores familiares no estado de Goiás, baseado nos princípios da ética ambiental, nos objetivos da educação ambiental da Carta de Belgrado e na proposta pedagógica de Paulo Freire. A concepção de gestão compartilhada levará à definição de algumas estratégias e procedimentos, mostrando a potencialidade da gestão compartilhada em práticas de educação ambiental, pois estabelecerá relações dialógicas, cooperativas, solidárias e ações pedagógicas desafiadoras e participativas. A concretização dessa concepção de gestão, possibilitará a re-significação de relações e práticas, como também o encontro, os confrontos e a construção de saberes e de estratégias de intervenções concretas na realidade, na perspectiva de fomentar a consciência crítica e a construção de um projeto não formal de educação no campo (ASSUMPÇÃO, 2010). Resultados e Discussão De acordo com a análise de conteúdo feita por meio das entrevistas com os agricultores familiares, com relação ao meio ambiente, pode-se concluir que, os agricultores familiares conseguem ver os problemas ambientais, mas a maioria de forma bastante limitada, vivenciado a partir dos seus problemas locais. Por meio das orientações dos técnicos da extensão rural, eles adquiriram os conhecimentos dos problemas causados pelos agrotóxicos, demonstram saber sobre os cuidados que devem ter na sua aplicação, mas, o fazem de maneira incorreta e muitos afirmam terem se intoxicado. Apesar de reconhecerem os problemas ambientais, a contaminação da própria cultura, os problemas que causa à saúde humana, ainda assim, consideram o agrotóxico um mal necessário. Dos 171 entrevistados, 138 agricultores usam 215 agrotóxicos e somente 33 afirmaram não usar, correspondendo 80% e 20% respectivamente do total da amostra. Esse resultado pode ser comparado com o Censo Agropecuário 2006. De acordo com os dados do IBGE/2006, o uso de agrotóxico chega a 78,4%, e o equipamento mais usado é o pulverizador costal (69,1%), que tem maior potencial de exposição, em mais da metade das unidades onde a prática foi verificada, os responsáveis não receberam orientação técnica (56,3%) do governo, cooperativas ou de iniciativa privada. Outro fator preocupante constatado pelo Censo Agropecuário 2006 é que dos seis agrotóxicos mais perigosos, que estão sob suspeita, o estado de Goiás está entre os Estados que mais consomem dois deles, o Acefato, que causa Câncer, danos ao sistema reprodutivo e o Paration Metílico, que causa desregulação endócrina e má formação fetal. Conclusões O presente projeto enquanto instrumento de fundamentação e conscientização pretende mostrar que os órgãos que tratam da temática ambiental devem ser os precursores da preservação ambiental, oferecendo educação ambiental para a busca de melhores práticas e respeito ao meio ambiente. Isso se dará por meio da Gestão Compartilhada, ou seja, interação dos órgãos governamentais e não governamentais para a busca de soluções para a problemática ambiental, formando uma rede de atores na busca por objetivos comuns, descentralizando e democratizando ações tendo como princípio a participação e co-responsabilidade de todos, identificando, analisando e apontando os benefícios que uma educação ambiental compartilhada podem trazer para o Estado e para a própria comunidade rural. A educação ambiental deve atingir tanto a educação formal como a educação não formal, é preciso que os órgãos, que atuam no meio rural, entendam que a educação ambiental deve vir em primeiro lugar, ou seja, antes de fiscalizar é preciso orientar, educar. É preciso desenvolver uma população mundial que esteja consciente e preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhe são associados, e que tenham conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a prevenção de novos. Defendemos que, se a EMATER/AGENCIARURAL foi o melhor órgão que intermediou a introdução das tecnologias no meio rural, cabe também a ela, em parceria com os órgãos que tratam da temática ambiental, contribuir para mudar o pensamento do agricultor familiar, ancorada de forma sólida na educação ambiental no campo. Agradecimentos À PRPPG/CIAMB/UFG, pela ajuda de custo concedida para realização da Pesquisa de Campo, sem a qual seria impossível ter realizado as viagens aos 57 municípios. Á Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG pela bolsa de estudos concedida por dois meses para desenvolvimento e finalização deste trabalho. À CAPES/PRPPG/CIAMB/UFG pela bolsa de estudos concedida nos últimos 6(seis) meses do curso.Às Unidades Locais e Regionais da EMATER-GO, pelo apoio no contato com os produtores rurais.Aos produtores rurais entrevistados pela riqueza de conhecimentos repassados por meio das entrevistas e pela receptiva aceitação com relação ao trabalho de campo. 216 Literatura citada ASSUMPÇÃO, Raiane Patrícia Severino. Gestão compartilhada do conhecimento, de procedimentos e de ações: reflexões a partir de vivências do Instituto Paulo Freire – Brasil em processos de educação popular Disponível em: www.paulofreire.org/.../_Gestao_compartilhada_do_conhecimento.doc. Acesso em 30 set 2010 às 20h00. BECK, Ulrich. A Reinvenção da Política.In: GIDDENS, Antony; BECK, Ulrich; LASH, Scott. Modernização Reflexiva: Política, Tradição, Estética na ordem social moderna. São Paulo: UNESP,1997 p.11-72. CAPORAL, F. R.; COSTA BEBER, J. A. Agroecologia e desenvolvimento rural sustentável:perspectivas para uma nova extensão rural. In: Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v.1, n.1, p.16-37, jan./mar. 2000. Educação ambiental e desenvolvimento: documentos oficiais, Secretaria do Meio Ambiente, Coordenadoria de Educação Ambiental, São Paulo, 1994, Série Documentos, ISSN 0103-264X. FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação.Rio de Janeiro: Paz e Terra,1977. GIDDENS, Antony; BECK, Ulrich; LASH, Scott. Modernização Reflexiva: Política, Tradição, Estética na ordem social moderna. São Paulo: UNESP,1997. 217 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 8.4. A zooterapia como contribuição aos aspectos psicológicos e sociais de idosos 1 Délcio César Cordeiro Rocha2, Guélmer Júnior Almeida de Faria3, Fábio Gregory4 1 Parte de uma pesquisa do GEZTO – Grupo de Estudos em Zooterapia e Terapias Ocupacionais do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG. 2 Professor e Coordenador do Programa Universidade Solidária do ICA/UFMG. 3 Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de Montes Claros. 4 Estudante de graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental do ICA/UFMG. Resumo: Neste trabalho, realizou-se a contribuição da Zooterapia como atividades que promovam uma velhice inclusiva, onde se possa garantir os direitos dos idosos, uma boa qualidade de vida, expectativa de vida e cidadania. A Zooterapia vem contribuindo com os aspectos psicológicos e sociais desses idosos. Este projeto está vinculado ao Programa Universidade Solidária – EduBrasil – Extensão e Desenvolvimento próUniversitário e Ambiental no Brasil desenvolvido no ICA/UFMG, no Asilo São Vicente de Paulo em Montes Claros – MG. Como resultado esperado vale destacar a melhoria da qualidade de vida com a diminuição do estresse através da ocupação do tempo ocioso. Em relação aos alunos envolvidos esse projeto, visa proporcionar experiência técnica quanto ao manejo no cultivo das hortaliças e interação homem X animal, além de proporcionar vários benefícios para os idosos, permite aos alunos aliarem a teoria com a prática e contribuírem para o desenvolvimento social. Palavras–chave: Desenvolvimento Humano e Social, Velhice, Zooterapia The zootherapy as a contribution to the social and psychological aspects of elderly Abstract: In this work, the contribution of Zootherapy as activities that promote an inclusive age, which can guarantee the rights of the elderly, a good quality of life, life expectancy and citizenship. The Zootherapy been contributing to the psychological and social aspects of the elderly. This project is linked to the University Partnership Program - EduBrasil - Extension and Development pro-University Environmental and developed in Brazil in the ICA / UFMG, in Asylum St. Vincent de Paul in Montes Claros - MG. As expected outcome is worth highlighting the improved quality of life with reduced stress through the occupation of idle time. Regarding students involved 218 this project aims to provide technical expertise about managing the cultivation of vegetables and human interaction X animal, besides providing various benefits for the elderly, allows students to ally theory with practice and contribute to social development. Keywords: Human and Social Development, Aging, Zootherapy, Occupational Therapy. Introdução O Brasil nas últimas décadas passou por uma mudança em suas taxas de crescimento populacional. Na década de 40 o número das pessoas de 60 anos ou mais representava 4 %, já em 2000 era de 8,6 %. Fato este sendo explicado pelo decréscimo das taxas de natalidade e os avanços da ciência. Camarano & Kanso (2010) nos mostra que a expectativa é de que, em 2025, o Brasil passe da 16ª para a 5ª posição mundial em relação ao contingente de idosos. O que nos serve de alerta para que se criem políticas públicas voltadas a este segmento. E, sobretudo que se parta para uma educação que se paute na inclusão dos idosos no universo escolar e no cotidiano. Pois, estes sujeitos sociais estarão cada vez mais próximos de nosso dia-a-dia. Neste sentido, pensar numa sociedade inclusiva onde se possam garantir os direitos dos idosos é parte fundamental para pensarmos em qualidade de vida, expectativa de vida e cidadania. A Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994), é uma política pública que surge em meio a essa demanda por atendimento às necessidades, cuidar da saúde, promover a educação e a participação social ao atendimento do idoso. Para tanto, esta se vale dos direitos sociais dos quais essa população poderá e pode usufruir. Tratase de assistir um grupo, que vinha tendo seus direitos abnegados por uma sociedade cada vez mais capitalista e desenvolvimentista. Logo, partindo para uma socialização e bem-estar como prática promotoras de qualidade de vida, pois, esta não está associada apenas aos cuidados e prevenção de doenças, mas sim, aos cuidados psicológicos desses sujeitos sociais. E que se buscou utilizar a zooterapia, como instrumento de intervenção. E a terapia ocupacional, pois, como qualquer local habitacional os ILPI’s, sempre tem áreas não aproveitadas e como as pessoas precisam de alguma atividade complementar e relaxante às atividades normais do cotidiano, especialmente no caso do idoso, que tem poucos afazeres diários. Então, necessário se faz a procura de uma atividade relaxante e prazerosa para eles. A construção de uma horta, com espécies de maior valor nutritivo e maior uso alimentar, permite que a pessoa tenha um contato direto com a terra e o prazer de se sentir útil a si mesmo e às pessoas de seu convívio (ROSA et al., 2010). Assim o presente estudo tem por objetivo analisar a “Zooterapia” no lar São Vicente de Paula em Montes Claros-MG, bem como a contrapartida deles, além da percepção da sua qualidade de vida e das dimensões físicas, emocionais e sociais. Material e Métodos Neste contexto, este projeto vinculado ao Programa Universidade Solidária – EduBrasil – Extensão e Desenvolvimento pró-Universitário e Ambiental no Brasil 219 desenvolvido no ICA/UFMG 4, cujo tema consiste em avaliar os benefícios da Zooterapia e Terapia Ocupacional através da interação dos idosos com o meio ambiente, tem por finalidades contribuir para a melhoria de vida dos idosos do asilo São Vicente de Paulo em Montes Claros – MG através da interação homem X animal e do cultivo de hortaliças como terapia ocupacional e incentivar o trabalho social dos alunos do Instituto de Ciências Agrárias – ICA da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG. Segundo Oliva et al. (2010, p. 20) os animais foram submetidos, ao longo do adestramento e depois de introduzidos na equipe de trabalho, a exames clínicos periódicos (semestrais) e ao controle sanitário constituído por: esquema de vacinação completo, vermifugação a cada seis meses, limpeza dentária sempre que necessário e controle de ectoparasitos. Frente a qualquer manifestação clínica de desconforto ou doença e durante o período de cio, os animais componentes da equipe mantinham-se afastados do trabalho. E ainda segundo estes autores foram observadas as seguintes características destes animais: docilidade, ausência de medo a estímulos visuais e sonoros e não manifestação de reação violenta a estímulos tais como: compressão de orelhas e patas, tração de orelhas e cauda, toque de determinadas partes do corpo. Paralelo às atividades práticas ainda contemplam a coleta de dados entrevistas semi-estruturadas com funcionários da instituição e com os idosos o instrumento de avaliação e considerações éticas: foi realizada a análise da autopercepção dos efeitos da Zooterapia, na qualidade de vida dos integrantes do projeto. Resultados O asilo São Vicente de Paulo ou também conhecido por “Betânia Lar dos Velhinhos” é administrado pela Sociedade São Vicente de Paulo. Em 2003 viviam na instituição 110 asilados, sendo que 52 eram homens e 58 mulheres. A idade média dos asilados no município de Montes Claros-MG do sexo feminino (76 anos) é bem superior àquela registrada para o sexo masculino (67 anos). Com efeito, 25 % dos homens asilados tinha idade inferior a 60 anos, ao passo que entre as mulheres o percentual era de, aproximadamente, 12 %. Mais da metade (52 %) dos homens asilados tinham menos de 70 anos, faixa etária na qual estavam inseridas 29 % das mulheres asiladas (CERQUEIRA, 2003, p. 47). Fato que evidencia o motivo da institucionalização tenha sido a solidão. Encontramos que as mulheres eram maioria nas instituições de longa permanência do município de Montes Claros-MG, representando 68,3% do número total de asilados. E aproximadamente um terço (33,5 %) dos idosos asilados residentes nestas instituições são oriundos de outras cidades da região Norte de Minas Gerais. Corroborando para a questão de gênero, ao empreender que as mulheres são a maioria e que para tanto, seriam necessárias atividades que garantam aproveitamento de seus tempos livres, já que estavam acostumadas a realizar tarefas de seu cotidiano e que a vida em instituição de longa permanência gera um conflito muito grande, uma vez que a inércia e o sedentarismo são fatores decisivos que podem levar a depressão. Outro ponto convergente trata-se da questão regionalista, Montes Claros por ser uma cidade pólo, acaba por atrair pessoas em busca por algum tipo de serviço. E as instituições de longa permanência no município são locais receptores dessa população que abarca todo o Norte de Minas Gerais. 4 A pesquisa de campo ainda está sendo desenvolvida. 220 Nesse contexto, surge a iniciativa de implantar atividades que estejam aliadas a Extensão do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG e à comunidade local com vistas a dar um retorno à sociedade no que tange a uma velhice inclusiva. E que possibilite que mesmo institucionalizados, o cotidiano destes sujeitos sociais seja carregado de significados, seja no tratamento e contato com um animal ou numa atividade prática junto a terra. A zooterapia vem contribuindo com os aspectos psicológicos desses idosos e sociais. A terapia ocupacional com a horta doméstica traz um resgate de sua cultura, pois muitos desses idosos relembram do tempo em que plantavam e colhiam. Estas iniciativas contribuem para maior qualidade de vida e lazer. E que juntas elas proporcionam que as dimensões físicas, sociais e emocionais sejam contempladas. E numa velhice inclusiva é componente essencial para socialização e sentimento de pertencimento. Conclusões O presente trabalho teve como objetivo promover a zooterapia com idosos do Asilo São Vicente de Paulo do município de Montes Claros-MG, permitindo-lhes um contato e convívio com animais (zooterapia), fazendo-lhes sentirem-se úteis, socializados e cidadãos. Como resultado esperado vale destacar a melhoria da qualidade de vida com a diminuição do estresse através da ocupação do tempo ocioso. Em relação aos alunos envolvidos esse projeto, visa proporcionar experiência técnica quanto ao manejo no cultivo das hortaliças e interação homem X animal, além de proporcionar vários benefícios para os idosos, permite aos alunos aliarem a teoria com a prática e contribuírem para o desenvolvimento social. Literatura citada CAMARANO, A. A.; e KANSO, S. As instituições de longa permanência para idosos no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Rio de Janeiro, v. 27, nº. 1, p. 233-235, jan./jun 2010. CERQUEIRA, M. B. R. Envelhecimento populacional e população institucionalizada – Um estudo de caso dos asilos do município de Montes ClarosMG. 2003. 97 p. Tese (Mestrado em Demografia) – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, 2003. ROSA, C. B. C. J.; HEREDIA ZÁRATE, N. A.; GRACIANO, J. D.; MASSAMBONE, I. UFGD horta caseira como terapia ocupacional para idosos. Disponível em < www.enapet.ufsc.br> acessado em 01 de Abril de 2010. OLIVA, V. N. S.; ALBUQUERQUE, V. B.; SILVA, E. Y. T.; YAMAMOTO, K. C. M.; COSTA, K. N.; SILVA, M. L. M.; SOUZA, M. S.; AGUIAR, S. M. H. C. A. Idosos institucionalizados e as atividades assistidas por animais (AAA). In: PEDROSA, T. N. et al. Ação Saúde: a universidade levando informação à rádio comunitária. Revista Ciência e Extensão, v. 6, nº. 2, p. 15-31, 2010. 221 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 8.5. Conscientização e educação sobre preservação ambiental para produtores rurais Camila Casagrande Camporez¹, Hayana Gums Kiefer¹, Diogo Vivacqua de Lima ², Elaine da Silva Soares¹, Leonardo Candido de Moraes¹, Brenda Saick Petroneto¹ ¹Aluno de graduação de Medicina Veterinária - FACASTELO email: [email protected]. 2 Doutorando em Reprodução Animal, Departamento de Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa, UFV. Resumo: A falta de preservação ambiental é um dos grandes problemas não só no Brasil como em todo o planeta. Isso ocorre em função dos meios de transporte, o desperdício de água, o mau uso da energia elétrica e principalmente o uso inadequado dos recursos naturais em pequenas e grandes propriedades rurais. O meio ambiente é fundamental para a vida dos seres presentes no planeta terra, com a destruição à vida vai se tornar cada vez mais difícil a cada dia. A falta de informação tem sido uns dos fatores responsáveis pelo mau uso dos recursos naturais ofertado pelo meio ambiente, cabe as autoridades transferir conhecimentos específicos para a população como do uso correto dos recursos e estímulos para preservação ambiental, como cabe também aos produtores buscar informações quando necessárias em cãs de dúvidas de utilização destes recursos. Palavras–chave: conscientização, meio ambiente, produtor rural, recursos naturais Awareness and education on environmental conservation for farmers Abstrac: The lack of environmental preservation is a major problem not only in Brazil but in the entire planet. This is due to the transport, water waste, misuse of power and especially the misuse of natural resources in small and large farms. The environment is fundamental to the lives of beings present on planet earth, with the destruction of life will become more and more difficult every day. The lack of information has been one of the factors responsible for the misuse of natural resources offered by the environment, it is the authorities transfer knowledge specific to the population as the proper use of resources and incentives for environmental preservation, as it is also for producers seek information when needed doubt in the khans these resources. Keywords: awareness, environment, farmers, natural resources. 222 Introdução A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, cria uma necessária articulação com a produção de sentidos sobre a educação ambiental. A dimensão ambiental configura-se crescentemente como uma questão que diz respeito a um conjunto de atores do universo educativo, potencializando o envolvimento dos diversos sistemas de conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa perspectiva interdisciplinar (JACOBI, 2003). O desafio que se coloca é de formular uma educação ambiental que seja crítica e inovadora em dois níveis: formal e não formal. Assim, ela deve ser acima de tudo um ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma perspectiva de ação holística que relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela sua degradação é o ser humano. A conscientização e a educação dos produtores rurais atualmente esta sendo discutida cada vez mais devido à demanda de se preservar o meio ambiente que esta ao seu redor, preservação hoje no Brasil esta se tornando caso de necessidade. Muitos recursos estão sendo ofertados mais a população principalmente os produtores rurais que estão mais perto da natureza estão desenformados sobre utilização necessária e reutilização dos recursos naturais. É de grande importância preservar e saber valorizar os recursos recebidos de todo o meio, saber os benefícios e consequências de atos naturais do dia a dia no campo, conhecendo a fundo possíveis leis e obrigações de cada município com as áreas rurais envolvidas. Revisão bibliográfica A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, envolve uma necessária articulação com a produção de sentidos sobre a educação ambiental. A dimensão ambiental configura-se crescentemente como uma questão que envolve um conjunto de atores do universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas de conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa perspectiva interdisciplinar. Nesse sentido, a produção de conhecimento deve necessariamente contemplar as inter-relações do meio natural com o social, incluindo a análise dos determinantes do processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as formas de organização social que aumentam o poder das ações alternativas de um novo desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento, com ênfase na sustentabilidade sócio ambiental (JACOBI, 2003). Atualmente, a falta de preservação ambiental é um dos grandes problemas não só no Brasil como em todo o planeta. Independentemente isso não ocorre coletivamente e simplesmente atitudes individuais que em comunhão faz a diferença, isso ocorre também em função dos meios de transporte, o desperdício de água, o mau uso da energia elétrica e principalmente o uso inadequado dos recursos naturais em pequenas e grandes propriedades rurais (ALMEIDA et al; 2008). Atualmente, o avanço para uma sociedade sustentável é permeado de obstáculos, na medida em que existe uma restrita consciência na sociedade a respeito às implicações do modelo de desenvolvimento em curso. Pode-se afirmar que as causas básicas que provocam atividades ecologicamente predatórias são atribuídas às instituições sociais, aos sistemas de informação e comunicação e aos valores adotados pela sociedade. Isso 223 implica principalmente a necessidade de estimular uma participação mais ativa da sociedade no debate dos seus destinos, como uma forma de estabelecer um conjunto socialmente identificado de problemas, objetivos e soluções (JACOBI, 2003). Apesar de moradores de a zona rural ser minoria em comparação com as grandes capitais situações comuns de boas práticas no campo pode fazer a diferença. Caso a conscientização desses moradores e produtores rurais não for feita um problema ainda maior pode se instalar com o passar dos anos (ABES- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental). As áreas de pequenas propriedades destinadas à agricultura familiar devem observar as mesmas disposições legais que se aplicam para a média e a grande propriedade em geral (ALMEIDA et al; 2008). A preservação ambiental está gerando receita para produtores rurais de diversos estados do Brasil que cuidam de matas e nascentes e adotam práticas conservacionistas de agricultura (ABES- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental). A Pequena Propriedade ou Posse Rural Familiar é a área que é explorada pelo agricultor ou pequeno produtor e por sua família (ALMEIDA et al; 2008). A Reserva Legal esta presente em praticamente todas as propriedades rurais de pequena a grande produtividade. A existência da Reserva Legal é importante para a conservação e para as funções que a natureza desempenha, como o abrigo e proteção de animais e plantas nativas. A existência de Reserva é importante para a natureza, pois serve de alimento para os animais e ajuda no equilíbrio ecológico (ALMEIDA et al; 2008). A conservação das nascentes e seus remanescentes podem trazer grandes benefícios aos produtores rurais devido à valorização que alguns estados do Brasil estão dando a boas praticas de preservação e uso consciente de seus recursos. Se por um lado os produtores rurais começam a ser compensados pela preservação do meio ambiente e pela sua contribuição para o bem-estar das futuras gerações, por outro já há quem pague pelo uso da água em lavouras e plantações comerciais (ABES- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental). A realidade atual exige uma reflexão cada vez menos linear, e isto se produz na inter-relação dos saberes e das práticas coletivas que criam identidades e valores comuns e ações solidárias diante da reapropriação da natureza, numa perspectiva que privilegia o diálogo entre saberes (JACOBI, 2003). A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e sociais que sustentam as comunidades (JACOBI, 2003). A educação destes produtores deve ser feita através de pequenas praticas que podem envolver desde palestras e folhetos feitos pelo próprio município, como valorização e apoio do Governo de cada estado. O produtor deve ser incentivado a preservar sua área e consecutivamente a área vizinha a sua propriedade, preservando terá benefícios para seus animais e uso consciente de sua reserva e nascentes (ALMEIDA et al; 2008). Existe, portanto, a necessidade de incrementar os meios de informação e o acesso a eles, bem como o papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais, como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental. Trata-se de promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a possibilidade de a população participar em um nível mais alto no processo decisório, como uma forma de fortalecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental (JACOBI, 2003). 224 As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à conscientização da crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques integradores de uma realidade contraditória e geradora de desigualdades, que transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis (JACOBI, 2003). Conclusões A conscientização e educação dos produtores rurais pode ser a salvação do meio ambiente ao nosso redor, se não houver informação não vai haver atitudes praticas para que ocorram mudanças na utilização desses recursos naturais. Além da educação recebida os produtores rurais devem estar conscientes que suas atitudes no campo influenciarão nas boas praticas de todas as pessoas que concordarem em mudar suas atitudes em relação ao meio ambiente. Esta nas mãos de cada um dar valor aos recursos naturais, e consequentemente agregar valor a sua propriedade rural valorizando assim cada vez mais seus recursos e bens nela apresentados. A educação ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre um estimulante espaço para repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e transmissores de um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base adequada de compreensão essencial do meio ambiente global e local, da interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de cada um para construir uma sociedade planetária mais equitativa e ambientalmente sustentável. Literatura citada GUIA DE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA O PEQUENO PRODUTOR RURAL: SÉRIE BOAS PRÁTICAS, v.5/Sá, João Daniel; Almeida, Oriana; Rivero, Sergio; Nepstad, Daniel; Stickler, Cláudia. Belém-PA: EDUFPA, 2008. Disponível em: <http://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/pdf/guia-de-legislacao-ambiental-para-opequeno-produtor-rural-livro-5-serie-boas-praticas.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2013. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL. Jornal Estado de Minas, s.d. Disponível em: <http://www.abes-mg.org.br/visualizacaode-clippings/pt-br/ler/1796/preservacao-da-agua-quem-preserva-ganha-quem-usapaga>. Acesso em: 29 jul. 2013. JACOBI, Pedro. EDUCAÇÃO AMBIENTAL, CIDADANIA E SUSTENTABILIDADE. Cadernos de Pesquisa, n. 118, março/ 2003 Cadernos de Pesquisa, n. 118, p. 189-205, 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf>. Acesso em: 14 agosto de 2013. 225 9. Educação do campo 226 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 9.1. Caracterização dos docentes e discentes da Educação de Jovens e Adultos EJA: um olhar sob a perspectiva rural e urbana (Campos dos Goytacazes/RJ) Francisco Maurício Alves Francelino 1, Gleice Rangel Silveira Lima2, Graziela Rangel Silveira3 1 Professor do Curso de Pós – Graduação Latu Sensu em Educação do Campo no Instituto Federal Fluminense - IFF 2 Estudante do Curso de Pós – Graduação Latu Sensu em Educação do Campo no Instituto Federal Fluminense - IFF. 3 Estudante do Curso de Pós – Graduação Latu Sensu em Educação do Campo no Instituto Federal Fluminense - IFF. Resumo: A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino relativamente nova no cenário brasileiro, objetivando atender um público ao qual foi negado o direito à educação durante alguma época de sua trajetória escolar, seja pela oferta irregular de vagas, pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis. Conhecer essas adversidades significa pensar ações concretas que viabilizem a emancipação e o desenvolvimento desse seguimento da sociedade, tornando-os protagonistas de sua própria história. O presente trabalho é resultado de uma pesquisa de campo realizada em duas escolas que oferecem a Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município de Campos dos Goytacazes/RJ, sendo uma situada no meio rural e a outra no meio urbano. Foram entrevistados 30 docentes e 150 discentes desta modalidade de ensino, com o objetivo de caracterizar o perfil dos sujeitos da EJA em uma escola urbana e uma escola situada no meio rural. Os resultados mostram que não existem diferenças entre os grupos comparados. Porém, se faz necessário frisar a importância de haver um currículo apropriado para cada realidade, de forma a atender os desejos e anseios do alunado, observando inclusive o que determina a LDBEN (1996). Palavras–chave: educação, desenvolvimento, protagonismo Characterization of the teachers and students of Youth and Adults - EJA: a look from the perspective of rural and urban (Goytacazes Campos / RJ) Abstract: Education for Youth and Adults (EJA) is a relatively new mode of teaching in the Brazilian scenario, aiming to serve an audience that has been denied the right to 227 education for some time in their school, either by irregular supply of vacancies, the inadequacies of education system or by unfavorable socioeconomic conditions. Knowing these means adversities think concrete actions that enable the emancipation and development of this follow-up of society, making them protagonists of their own history. This work is a result of field research conducted in two schools that offer Modality Education for Youth and Adults (EJA) in the municipality of Goytacazes / RJ, one located in the rural and the other urban. We interviewed 30 teachers and 150 students this type of teaching, in order to characterize the profile of the subjects of EJA in an urban school and a school located in rural areas. The results show that there are no differences between the groups compared. However, it is necessary to stress the importance of having a curriculum appropriate for each situation in order to meet the wishes and desires of the students, including observing what determines LDBEN (1996). Keywords: education, development, leadership Introdução A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino relativamente nova no cenário brasileiro, objetivando atender um público ao qual foi negado o direito à educação durante alguma época de sua trajetória escolar, seja pela oferta irregular de vagas, pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições socioeconômicas desfavoráveis (LARA et al, 2002). O adulto, na esfera da EJA, não é o estudante universitário, o profissional qualificado que frequenta cursos de formação continuada ou de especialização, ou a pessoa adulta interessada em aperfeiçoar seus conhecimentos em áreas específicas. Ele é comumente o migrante que chega às grandes metrópoles proveniente de áreas rurais empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de instrução escolar, ou mesmo analfabetos. E o jovem, incorporado ao território da antiga educação de adultos relativamente há pouco tempo, não é aquele com uma história de escolaridade regular, o vestibulando ou o aluno de cursos extracurriculares em busca de enriquecimento pessoal. Daí, não cabe mais nesta modalidade uso de linguagem e tratamento tipicamente infantis, visto que esta lógica prejudica o aluno, na medida em que reforça, mais do que resolve, os problemas que os obrigaram a deixar a escola (OLIVEIRA, 2007) focando ainda mais sua posição de excluído. A formação docente para qualquer modalidade de ensino deve considerar como meta prover um ensino de qualidade, estando o profissional formado apto a desenvolver habilidades, como prevê a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN 9.394/96), no Artigo 35, parágrafo II: “O aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico”. Assim, pode-se dizer que a formação do docente que irá trabalhar na EJA vai além das habilidades que todo professor deve ter, e são estas relativas à complexidade diferencial desta modalidade de ensino (BRASIL, 2000). O presente trabalho objetiva caracterizar o perfil dos docentes e discentes a Educação de Jovens e Adultos – EJA nos espaços urbano e rural no município de Campos dos Goytacazes /RJ. 228 Material e Métodos Elaborou-se um questionário com perguntas diretas relacionadas com vários temas que norteiam a EJA e foram aplicados em campo em duas escolas da EJA em Campos dos Goytacazes, a partir do retorno da coleta de dados, procedeu-se com as análises e caracterização dos sujeitos. Foram entrevistados 30 docentes divididos em dois grupos a saber, EJA Rural e EJA Urbano cada qual com 15 profissionais respectivamente e 150 alunos com 75 indivíduos de cada grupo. Resultados e Discussão De acordo com os dados levantados, no que tange a faixa etária do público desse seguimento, é notório o predomínio de sujeitos entre 18 e 25 anos, com 64% e 41% respectivamente para EJA Urbano e EJA Rural. A conquista de vagas nessa modalidade de ensino para jovens e adultos é reflexo da concretização do direito à educação, e para tanto, a permanência desses alunos na escola depende da qualidade dessa oferta, a ausência de vagas leva os jovens a deixarem de frequentar a escola em sua idade regular. A construção de políticas públicas que venham responder a demanda desses sujeitos, considerando sua dura realidade, certamente contribuirá para a permanência dos educandos e com a qualidade da educação. Pode-se ainda salientar que além dos motivos antes citados, estes alunos se encontram afastados da escola por motivos relacionados a repetência escolar e a necessidade de obtenção de um diploma em velocidade acelerada. Por outro lado, existe grande parcela que está afastada da escola por um longo período, os dados revelaram que 17% e 27% dos alunos urbanos e rurais, respectivamente, se encontram afastados dos bancos escolares. Estes resultados mostram a heterogeneidade existente neste tipo de modalidade, e encontram-se alunos com diferentes interesses, para ambas as realidades. Os motivos que os afastaram da escola são os mais diversos, dentre eles citam-se: problemas familiares, gravidez, e repetência. A necessidade de trabalhar para ajudar na renda familiar se mostrou o maior problema enfrentado por ambos os tratamentos. Esses dados corroboram com o trabalho de Naiff e Naiff (2008), que relata a importância atribuída às diferentes partes envolvidas (administradores, dirigentes centrais, agentes do sistema e usuários), portanto, o fracasso escolar e as desigualdades sociais face à escola estão entre os temas que melhor revelam os aspectos centrais das representações que sustentam os diferentes discursos a respeito da evasão escolar. Os dados com referência ao tempo de afastamento da escola por esses alunos, 17% e 27% dos sujeitos da EJA Urbano e Rural respectivamente, encontram a mais de 21 anos fora da escola, isso nos remete a avaliação da importância de se ter um currículo diferenciado que atenda as exigências específicas desse grupo, que de certa forma encontra-se segregado da sociedade. Dentre os docentes entrevistados nos dois grupos, o percentual destes que apresentam nível de especialização e/ou de mestrado, é bem significativo, ou seja, 64% e 80% respectivamente para os docentes da EJA Urbano e Rural com relação a cursos de especialização, mostrando que há de certa forma, uma oferta de profissionais qualificados atuando nesse seguimento, o que na maioria das escolas do sistema regular é bem precário. Essa “qualidade” pode ser reflexo de políticas públicas como as de 229 incentivo a qualificação de docentes da educação básica nos programas de pós graduação oferecidos pelo governo federal. Ainda, de acordo com a tabela 3, os professores da EJA Rural, em sua maioria, julgaram que os alunos tem um bom rendimento, ao contrário da avaliação feita pelos docentes da EJA Urbano que avaliaram o desempenho de seus alunos como regular (73%). Entretanto admite-se a insuficiência em apostar na dinâmica demográfica e atuar apenas junto às novas gerações, propondo que as ações de escolarização atingissem também os adultos e idosos. Conclusões As políticas públicas de educação voltadas para os sujeitos da EJA não podem ser concebidas a partir da lógica do mercado de trabalho ou das ações contra o analfabetismo, antes devem-se assumir a formação do cidadão que se produz e intervém criticamente em seu meio. A implantação da EJA no campo provoca um duplo desafio. Primeiro, o enfrentamento da descontinuidade que é a marca registrada dos alunos do campo, e o segundo, é porque abre espaço para os desafios enfrentados pela falta de professores especializados e baixa estrutura física para a aplicação do ensino. Na Educação do Campo, essas são categorias que dialogam ainda de forma gritante, nas poucas iniciativas que existem no país. Literatura citada BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos. Parecer CEB n. 11/2000. Brasília, 10 de maio de 2000. Disponível em http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/diretrizes_p0645-0712_c.pdf acesso em 12 de maio de 2013. BRASIL. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN): lei nº 9.394, de 20 dez. de 1996. Disponível em http: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm acesso em 29 de jul. de 2013. LARA, E. R. B; MAIA, F. O. A; SILVA, V. J; DIAS, M. D. S; SILVA, S. C. M. Refletindo sobre os sujeitos da educação de jovens e adultos. II Congresso PolíticoPedagógico da Rede Municipal de Ensino/Escola Plural. Secretaria Municipal de Educação, Belo Horizonte, 2002. OLIVEIRA, I. B. Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas na EJA. Rev. Educar, n. 29, p. 83-100, Curitiba, 2007. 230 10. Entomologia 231 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 10.1. Efeito de concentrações sub-letais de óleos essenciais na repelência de ovoposição de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae). Germano Lopes Vinha2, Rafael Coelho Ribeiro 3, Ana Flávia Freitas Gomez4, Jozé Cola Zanuncio5 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Agronomia. 3 Estudante do programa de pós-graduação em Fitotecnia 4 Estudante de graduação em Agronomia. 5 Professor do departamento de Entomologia 2 Resumo: O crescente uso indiscriminado de inseticidas sintéticos vem resultando em problemas relacionados a resistência, danos em populações de organismos não alvos, danos ao meio ambiente e aos consumidores de alimentos. Essa pesquisa teve como objetivo investigar o efeito das concentrações sub-letais de óleos de plantas condimentares, do óleo emulsionavel de nim (Azamax®) e do piretróide (Keshet 25 EC®) na redução de ovoposição de A.gemmatalis em plantas de soja. Os bioensaios foram conduzidos em casa de vegetação utilizando plantas de soja no estádio vegetativo V3, conduzindo testes com e sem chance de escolha. O índice de oviposição (IDO) foi calculado após 48 horas de exposição de A. gemmatalis aos tratamentos. Os óleos essenciais de canela, cravo, gengibre, menta e tomilho exibiram alta atividade repelente de oviposição com IDO > 80%. O óleo sintético de mostarda foi o único atrativo as lagartas A. gemmatalis. Os óleos essenciais de alho, canela, cravo, gengibre, menta e tomilho foram os repelentes mais eficazes para reduzir a oviposição de fêmeas de A. gemmatalis e, por isso, tem potencial para serem utilizados no Manejo Integrado de Pragas. Palavras–chave: Controle comportamental, largata da soja, manejo integrado de pragas, pesticidas naturais, proteção de plantas. Effect of sub-lethal concentrations of essential oils on oviposition repellency Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae). Abstract: The widespread use of synthetic insecticides has resulted in problems related to pest resistance, damage in populations of non-target organisms, damage to the environment and to the human population. This research aimed to investigate the effect 232 of sub-lethal concentrations of plant oils, oil emulsifiable neem (Azamax ®) and pyrethroid (Keshet 25 EC ®) in reducing oviposition of A. gemmatalis in soybean plants. Tests were conducted in a greenhouse using soybean plants in the vegetative stage V3, where tests were made with and without choices. The oviposition rate (IDO) was calculated 48 hours after the exposure of A. gemmatalis to the treatments. The essential oils of cinnamon, clove, ginger, mint and thyme showed high repellent activity of oviposition with an IDO > 80%. Mustard synthetic oil was the only treatment attractive to caterpillars of A. gemmatalis. The essential oils of garlic, cinnamon, cloves, ginger, mint and thyme were the most effective repellents to reduce oviposition of female of A. gemmatalis and, therefore, has the potential to be used in integrated pest control. Keywords: Behavioral control, integrated pest management, natural pesticides, plant protection, soybean caterpillar. Introdução A aplicação indiscriminada de pesticidas resulta em efeitos drásticos como poluição ambiental, contaminação de alimentos e riscos para a saúde humana (Pestana et al., 2009), dessa forma criando uma urgência para o desenvolvimento de produtos seguros e de custo viável. Um método menos danoso e com potencial de controlar pragas, é a utilização de inseticidas botânicos que vem se mostrando uma alternativa com alto potencial de sucesso (Tavares et al, 2009). Os óleos essenciais agregam maior sustentabilidade a agricultura, fazendo com que seja reduzido fatores como: resistência de insetos pragas nas lavouras, danos ao meio ambientes principalmente corpos d'água e contaminação dos alimentos e da população (Isman, 2006). Os prejuízos causados por insetos pragas em lavouras pode ser largamente reduzido atraves do efeito de repelencia que os óleos essecnais podem causar (Akhtar & Isman, 2004). Já foi demonstrado a capacidade de óleos essenciais de controlar pragas de grãos armazenados como, Sitophilus zeamais Mots. (Coleoptera: Curculionidae), Rhyzopertha dominica (Fabricius) (Coleoptera: Bostrichidae), Lasioderma serricorne Fabricius (Coleoptera: Anobiidae) e Tribolium confusum (Coleoptera: Tenebrionidae) (Coitinho et al., 2006). O eugenol, composto fenólico, componente principal do óleo essencial de canela e cravo, é um repelente de largo espectro [Garden Insect Killer (64 oz)]. O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de repelência de oviposição de concentrações subletais dos óleos essenciais de dez plantas condimentares e produtos comerciais adultos de Anticarsia gemmatalis Hubner (Lepidoptera: Noctuidae) em casa-de-vegetação. Material e Métodos A pesquisa foi realizada no Laboratório de Controle Biológico de Insetos do Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, estado de Minas Gerais, Brasil. Pupas da lagarta-da-soja, da população mantida no Laboratório de Controle Biológico de Insetos (LBCI), foram sexadas e transportadas para gaiolas de acasalamento de PVC (20 cm de altura x 10 cm de diâmetro). Dois casais de A. gemmatalis foram transferidos, após 48 horas de emergência, para gaiolas de madeira (30 cm x 30 cm x 30 cm) com as laterais recobertas com tecido tipo organza em casa- 233 de-vegetação, com uma (sem chance) ou duas plantas de soja (com chance de escolha) tratadas ou não, para se avaliar o comportamento de oviposição de A. gemmatalis após a exposição à concentrações subletais (CL25) dos óleos essenciais ou produtos comerciais contendo o detergente não iônico Triton X-100 (0,01%). O período de avaliação de 48 horas foi adotado, pois a cópula e oviposição de A. gemmatalis, sob condições semelhantes de setembro a novembro de 2012, período de realização dos experimento, ocorre a partir dos dois primeiros dias após a emergência de suas fêmeas. Esse experimento foi conduzido em blocos casualizados, com cinco repetições, tendo uma gaiola com dois casais de A. gemmatalis e plantas tratadas ou não com os óleos essenciais ou o produto comercial cada uma. Cada planta de soja foi pulverizada com 20 mL da dosagem de CL25 dos tratamentos (Tabela 1) e as posturas de A. gemmatalis contadas sobre folhas e ramos das plantas tratadas ou não com os produtos naturais ou comerciais, após 48 horas do inicio dos experimentos (Akhtar et al., 2010). Os índices de deterrência de oviposição (IDO) foram calculados com a fórmula: (IDO)= [(C−T)/(C+T)]×100, onde C e T são os números de ovos em plantas não ou tratadas com os óleos ou produtos comerciais. Tabela 1. Espécies vegetais ou nome comercial (Esp. Nom. Com.), nome comum ou técnico (Nom. Com. Tec.), concentrações subletais (para imaturos obtidos em ensaios preliminares) (CL25, intervalo de confiança 95%, µL/mL)* e família botânica (Fam. Bot.) dos óleos essenciais avaliados para escolha alimento e oviposição e alimentação de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) Esp. Nom., Com. Allium sativum Brassica juncea Cinnamomum zeylanicum Citrus sinensis Mentha piperita Origanum vulgare Piper aduncum Syzygium aromaticum Thymus vulgaris Zingiber officinale Azamax® Keshet 25 EC® Nom. Com Téc. Alho Mostarda Cravo Laranja Menta Orégano Pimenta-negra Canela Tomilho Gengibre Nim Deltametrina CL25* 1,23 (0,16-3,91) 27,1 (16,8-30,84) 9,6 (6,8-12,12) 58,8 (38,04-77,82) 5,68 (3,17-8,48) 1,34 (0,45-2,24) 9,64 (4,45-15,10) 1,30 (0,07-3,9) 4,15 (2,21-6,18) 3,41 (0,57-7,12) 0,06 (0,02-0,14) 0,005 (0,001-0,009) Fam. Bot. Liliaceae Brassicaceae Lauraceae Rutaceae Labiatae Lamiaceae Piperaceae Myrtaceae Lamiaceae Zingiberaceae - Resultados e Discussão Concentrações subletais dos óleos essenciais demostraram neutra, moderada ou alta atividade repelente de oviposição, reduzindo a quantidade de ovos em plantas tratadas comparados com aquelas não tratadas, em testes com e sem chance de escolha das fêmeas de A. gemmatalis. Os óleos essenciais de canela, cravo, gengibre, menta e tomilho exibiram > 80% de índice de repelência de oviposição (IDO), especialmente, em testes com chance de escolha e mostraram efeito repelente semelhante (StudentNewman-Keuls, p ≤0,05) ao produto químico sintético de deltametrina. A forte inibição de oviposição de A. gemmatalis pelos óleos essenciais de canela, cravo, gengibre, menta e tomilho demonstraram uma inibição de 100 % de oviposição. Efeitos moderados do óleo essencial de alho na repelência de oviposição de A. gemmatalis são provocados por seus componentes, derivados de sulfetos. O óleo essencial de tomilho, em concentração subletal, apresentou forte efeito repelente de 234 oviposição e a partir da concentração de 10 µg cm−2 induziu moderada a alta atividade repelente. Conclusões Os óleos essenciais de alho, canela, cravo, gengibre, menta e tomilho desencadearam comportamento de repelência de oviposição de A. gemmatalis devido à atividade de fumigação dos mesmos. Esses mesmos óleos podem ser utilizados no Manejo Integrado de Pragas, mostrando potencial para substituir inseticidas sintéticos. Agradecimentos Ao “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”, a “Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)” e a “Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)”. Literatura citada AKHTAR, Y.; ISMAN, M.B. et al. Comparative growth inhibitory and antifeedant effects of plant extracts and pure allelochemicals on four phytophagous insect species. J. Appl. Entomol., 128, 32–38, 2004 COITINHO, R.L.B.C.; OLIVEIRA J.V,; M.G.C. GONDIM JUNIOR, M.G.C,; CÂMARA, C.A.G. Atividade inseticida de óleos vegetais sobre Sitophilus zeamais Mots. (Coleoptera: Curculionidae) em milho armazenado. Caatinga, 19: 176-182, 2006. ISMAN, M.B. Botanical insecticides, deterrents, and repellents in modern agriculture and an increasingly regulated world. Annu. Rev. Entomol. 51, 45–66, 2006. PESTANA, J.L.T.; LOUREIRO, S.; BAIRD, D.J.; SOARES, A.M.V.M. et al. Fear and loathing in the benthos: responses of aquatic insect larvae to the pesticide imidacloprid in the presence of chemical signals of predation risk. Aquat. Toxicol. 93, 138–149, 2009. TAVARES, W.S.; CRUZ, I.; PETACCI, F.; ASSIS JÚNIOR, S.L.; FREITAS, S.S.; ZANUNCIO, J.C.; SERRÃO, J.E. et al. Potential use of Asteraceae extracts to control Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) and selectivity to their parasitoids Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae) and Telenomus remus (Hymenoptera: Scelionidae). Indust. Crop. Prod., 30: 384-388, 2008. 235 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 10.2. Avaliação do efeito de óleos essenciais sobre estágios imaturos de Trichogramma pretiosum riley (hymenoptera: trichogrammatidae) Germano Lopes Vinha2, Douglas Silva Parreira3, Rafael Coelho Ribeiro 4, Francisco Andres Rodriguez Dimate5, Adriano França da Cunha6, José Cola Zanuncio 7 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Agronomia. 3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia. 4 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia. 5 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Entomologia. 6 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. 7 Professor do Departamento de Entomologia. 2 Resumo: O manejo integrado de pragas prioriza o uso de táticas de controle que reduzam o impacto ambiental causado pelo uso maciço e incorreto de produtos químicos sintéticos. A preservação e liberação de inimigos naturais nos campos agrícolas e a descoberta de novas moléculas com efeito inseticida extraídas de espécies vegetais, tem obtido bons resultados no controle de pragas. Porém, o efeito do uso conjunto dessas táticas de controle são pouco explorados. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito de óleos botânicos sobre os estágios imaturos de Trichogramma pretiosum em laboratório. Ovos de A. kuehniella colados em cartelas de papel foram expostos a fêmeas previamente individualizadas em tubos de vidro durante 24h. Decorrido esse período, os ovos supostamente parasitados foram mergulhados em soluções de óleo essênciais (cravo, alho e menta), inseticida lambda-cialotrina (testemunha positiva) e etanol (testemunha negativa) durante 5 segundos, secos à sombra por 30 minutos e colocados em tubos de vidro. Os tubos foram mantidos em câmara climatizada a 25 ± 2°C, 70 ± 10% de HR e fotoperíodo de 12 h. Os óleos essencias de cravo, alho, menta e o inseticida lambda-cialotrina foram levemente tóxico (classe 2) a pupas de T. pretiosum. A razão sexual não foi afeta por nehum composto classificando-os como inócuo (classe 1). Os óleos e o inseticida testado podem ser utilizados em associação com T. pretiosum, desde que os protocolos de seletividade ecologica sejam respeitados. Palavras–chave: Parasitóide de ovos, produtos naturais, seletividade 236 Evaluation of the effect of essential oils on immature stages of Trichogramma pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae) Abstract: The integrated pest control prioritizes the use of technologies that reduce environmental impacts caused by the massive use of synthetic chemicals. The preservation and release of natural enemies in agricultural fields and the discovery of new molecules with insecticide extracted from plant species, has been successful in controlling pests. However, the effect of the combined use of these pest control technologies are little explored. The aim of this study was to evaluate the effect of botanical oils on the immature stages of Trichogramma pretiosum in the laboratory. Eggs of A. kuehniella glued on paper were exposed to females previously isolated in glass tubes for 24 h. After this period, presumably parasitized eggs were dipped in solutions of oil essences (cloves, garlic and mint), insecticide lambda-cyhalothrin (positive control) and ethanol (negative control) for 5 seconds, dried in the shade for 30 minutes and placed in glass tubes. The tubes were kept in a chamber at 25 ± 2 ° C, 70 ± 10% RH and a photoperiod of 12 h. The essential oils of clove, garlic, mint, and insecticide lambda-cyhalothrin were slightly toxic to the pupae of T. pretiosum. The sex ratio was not affected by any of the oils, classifying them as harmless. The oils tested and the insecticide can be used in combination with T. pretiosum, since the protocols of ecological selectivity are respected. Keywords: Egg parasitoid, natural products, selectivity. Introdução A necessidade de métodos de controle menos danosos ao ambiente (Isman, 2006), levou ao estudo de inseticidas botânicos (Tavares et al., 2009). Metabolitos secundários sintetizando por plantas, freqüentemente, apresentam propriedades inseticidas (Panda & Khush 1995), incluindo toxicidade, repelência, inibidores de crescimento, deterrência de oviposição, modificações de comportamento, redução da fecundidade e fertilidade (Pavela, 2005), bloqueio do metabolismo e interferência no desenvolvimento, sem necessariamente causar a morte do organismo. O Brasil apresenta uma flora rica e diversificada, com imenso potencial para a produção de compostos secundários (Carneiro et al., 2008). No entanto, pesquisas com substâncias ativas derivadas de plantas no Brasil e o efeito seletivo das mesmas a inimigos naturais são incipientes (Tavares et al., 2009). Assim, este trabalho tem como objetivo verificar o efeito de óleos botânicos sobre os estágios imaturos de Trichogramma pretiosum (Hymenopteros: Trichogrammatidae) em laboratório. Material e Métodos A pesquisa foi realizada no Laboratório de Controle Biológico de Insetos do Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, estado de Minas Gerais, Brasil. No experimento foram utilizados indivíduos da espécie T. pretiosum obtidos da criação massal do laboratório de Controle Biológico de Insetos. Os óleos essências foram obtidos da empresa Viessence Comércios de Produtos Naturais Ltda. 237 Tabela 1. Nome comum, nome científico ou comercial, ingrediente ativo (i.a) ou componente majoritário, e CL50 (µL/mL) obtidas no testes para ovos de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) em laboratório Nome comum ou técnico Cravo Nome científico ou comercial Syzygium aromarticum Ingrediente ativo (i.a)/comp. Majoritário Eugenol CL50(µL/mL) 1,88 (0,36 - 4,44) Alho Allium sativum Dissulfeto dialítico 0,06 (0,079 - 0,16) Mentha Lambda cialotriana Mentha piperita Karate Zeon 50CS® Menthol Piretróide 4,18 (2,05 - 5,70) 0,375 Cartões de papel com ovos de A. kuehniella parasitados por fêmeas de T. pretiosum (parasitóides nos estádios de ovo-larva, pré-pupa e pupa; 0-24 h, 72-96 h, e 168-192 h depois do parasitismo, respectivamente) foram mergulhados em soluções de óleo essênciais, lambida-cialotrina (testeminha positiva) ou etanol (testemunha negativa) durante 5s, secos à sombra por cerca de 30 min e em seguida, colocados em tubos de vidro. Os tubos foram mantidos em câmara climatizada, 25 ± 2°C, 70 ± 10% de HR e fotoperíodo de 12 h. Os efeitos dos óleos sobre cada estágio imaturo de T. pretiosum foram medidos por meio da avaliação da porcentagem de emergência [(Número de ovos com orifícios de emergência de parasitóides / total número de ovos parasitados) x 100] e razão sexual (número de fêmeas / número de fêmeas + de machos) de acordo com a equação proposta por (Pereira et al., 2004). Os óleos e o inseticida avaliados foram classificados toxicologicamente em relação à sua redução na porcentagem de emergência dos tratamentos em relação ao controle como se segue: 1 = inócuo (<redução de 30%), 2 = ligeiramente nocivo (3079% de redução), 3 = moderadamente nocivo (80-99% de redução), e 4 = (redução> 99%) prejudiciais, como recomendado pela Organização "International para Biológica e Controle Integrado de Animais e Plantas Nocivos" (IOBC). A redução na emergência de T. pretiosum foi calculada pela seguinte equação: E(%) = (1-Vt/Vc) x 100, na qual: E(%) é a porcentagem de redução da viabilidade do parasitismo; Vt é a viabilidade do parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é a viabilidade do parasitismo médio observado para o tratamento testemunha (Manzoni et al., 2007). Resultados e Discussão Os compostos cravo, alho, menta e lambda-cialotrina foram levemente prejudiciais (classe 2) a emergência de adultos de T. pretiosum da geração F1, porém, somente quando os ovos de A. kuehniella parasitados foram tratados com os parasitóides no estádio de pupa (Tabela 2). Os óleos essenciais têm mostrado efeitos que inibem o crescimento em vários estágios de desenvolvimento de insetos, incluindo o prolongamento do estádio larval e pupal, inibição da muda ou mortalidade durante a muda e anormalidades morfológicas. 238 Tabela 2. Porcentagem de emergência da geração F1 de Trichogramma pretiosum oriundos de ovos de Anagasta kuehniella tratados com parasitóides nos diferentes estádios de desenvolvimento Tratamento Ovo-larva1 Classificação2 Pré-pupa1 Classificação2 Pupa1 Classificação2 Testemunha 93,0±1,34A -- 98,3±1,96A -- 90,2±1,80A -- Cravo 85,7±0,87A 1 86,8±1,47A 1 70,1±1,68B 2 Alho 88,7±2,06A 1 92,3±1,23A 1 61,6±2,81B 2 Menta 89,5±1,50A 1 95,5±2,11A 1 43,6±4,20B 2 82,1±2,02A 1 88,5±3,33A 1 48,3±1,86B 2 Lambdacialotrina 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Scott-Knott (P <0,05). A razão sexual não foi afetada pelos óleos essenciais de cravo, alho e mentas e pelo inseticida lambda-cialotrina nas três fases imaturas de T. Pretiosum. Pesquisas com substâncias ativas derivadas de plantas no Brasil e o efeito seletivo das mesmas a inimigos naturais são incipientes (Tavares et al., 2009). Assim, trabalhos referentes aos óleos essenciais de cravo, alho e menta avaliados nessa pesquisa apenas investigam o efeito dos mesmos sobre a sobrevivência ou morte das pragas nos estádios de desenvolvimento e adulto e não dão ênfase ao efeito sobre a razão sexual. Conclusões Os óleos de cravo, alho e menta e o inseticida lambda-cialotrina podem ser utilizados em associação ao parasitoide de ovos T. pretiosum no controle de pragas, desde se respeite os protocolos da seletividade ecológica. Agradecimentos Ao “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”, a “Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)” e a “Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)”. Literatura citada CARNEIRO, A.L.B.; TEIXEIRA, M.F.S.; OLIVEIRA, V.M.A.; FERNANDES, O.C.C.; CAUPER G.S.B.; POHLIT, A.M. Screening of Amazonian plants from the Adolpho Ducke forest reserve, Manaus, state of Amazonas, Brazil, for antimicrobial activity. Memorial do Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.103, n. 1, p.31-38, 2008. PANDA, N.; KHUSH, G.S. Host plant resistance to insects. CAB International: International/ Rice Research Institute, 1995. 431p. PAVELA, R. Insecticidal activity of some essential oils against larva of Spodoptera littoralis. Fitoterapia v. 76, n. 7-8, p. 691–696, 2005. TAVARES, W.S.; CRUZ, I.; PETACCI, F.; ASSIS JÚNIOR, S.L.; FREITAS, S.S.; ZANUNCIO, J.C.; SERRÂO, J.E. Potential use of Asteraceae extracts to control Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) and selectivity to their parasitoids Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae) and Telenomus remus (Hymenoptera: Scelionidae). Industrial Crops and Products, Amsterdam, v. 30, n. 3, p. 384-388, 2009. 239 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 10.3. Deterrência alimentar de concentrações subletais de dez óleos essenciais de condimentos em Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae)1 Ana Flávia Freitas Gomes2, Rafael Coelho Ribeiro 3, Germano Lopes Vinha4, José Eduardo Serrão5, José Cola Zanuncio 6 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Agronomia. 3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia. 4 Estudante de graduação em Agronomia. 5 Professor do Departamento de Biologia Geral. 6 Professor do Departamento de Entomologia. 2 Resumo – O crescente problema de resistência, impactos negativos sobre organismos não-alvo e resíduos em alimentos pelo uso exagerado dos inseticidas sintéticos tornaram necessários o desenvolvimento de inseticidas ecologicamente seguros. O objetivo desta pesquisa foi avaliar o potencial de redução da alimentação de A. gemmatalis por concentrações subletais de óleos essenciais de dez plantas condimentares, do óleo emulsionavel de nim (Azamax®) e do piretróide (Keshet 25 EC®). Os bioensaios foram conduzidos em laboratório com discos foliares (10,25 cm2, em testes com e sem chance de escolha. Os índices de deterrência alimentar (IDA) foram calculados após 24 e 48 horas de exposição de A. gemmatalis aos tratamentos, respectivamente. Os maiores efeitos antialimentar foram classificados como moderados pelos óleos essenciais de alho, canela, menta e tomilho, com IDA > 50%. O óleo sintético de mostarda foi o único atrativo as lagartas A. gemmatalis. Os óleos essenciais de alho, canela, cravo, gengibre, menta e tomilho foram os repelentes mais eficazes para reduzir a alimentação de imaturos e, por isso, tem potencial para serem utilizados no Manejo Integrado de Pragas. Palavras–chave: Controle comportamental, índices de deterrência, lagarta-da-soja, Manejo Integrado de Pragas, pesticidas naturais, proteção de plantas Deterrence food sublethal concentrations ten essential oils of spices in Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) Abstract: The growing problem of resistance, negative impacts on non-target organisms and residues in food by overuse of synthetic insecticides became necessary the development of environmentally safe insecticides. The objective of this research 240 was to evaluate the potential of reducing power of A. gemmatalis by sublethal concentrations of essential oils from ten plants condiments, oil emulsifiable neem (Azamax ®) and pyrethroid (Keshet ® 25 EC). Bioassays were conducted in laboratory with leaf discs (10.25 cm2 in tests with and without choice. Feeding deterrence indices (IDA) were calculated after 24 and 48 hours of exposure to A. gemmatalis treatments, respectively. the greatest antifeedant effects were classified as moderate by the essential oils of garlic, cinnamon, mint and thyme with IDA> 50%. synthetic oil mustard was the only attractive caterpillars A. gemmatalis. Essential oils of garlic, cinnamon, cloves , ginger, mint and thyme were the most effective repellents to reduce feeding immature and thus has potential for use in integrated pest management. Keywords: behavioral control, levels of deterrence, caterpillar-of-soy, Integrated Pest Management, natural pesticides, plant protection Introdução A utilização indiscriminada de pesticidas sintéticos causa acumulo de substâncias potencialmente tóxicas no solo, água e alimentos, o que levado à busca de métodos alternativos ecologicamente corretos. Óleos essenciais (OE) representam um método alternativo e eficiente de controle de pragas, apresentam vantagens para o controle de insetos-praga, como menores custos, menor contaminação do ambiente e dos alimentos e um baixo impacto em organismos benéficos quando comparado aos inseticidas sintéticos, o que ajuda a tornar a agricultura mais sustentável. Óleos essenciais de plantas podem apresentar propriedades inseticidas como deterrência alimentar, repelência e efeitos negativos no desenvolvimento e reprodução dos insetos. O timol, monoterpeno majoritário do óleo essencial de tomilho (Thymus vulgaris) foi registrado na Europa para o controle de dois importantes ácaros parasitas de Apis melífera L. (Hymenoptera: Apidae) (Rice et al. 2002). O eugenol, composto fenólico, componente principal do óleo essencial de canela e cravo, é um repelente de largo espectro [Garden Insect Killer (64 oz)] (Wilson & Isman, 2006). O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial da atividade antialimentar de concentrações subletais dos óleos essenciais de dez plantas condimentares e produtos comerciais a imaturos e adultos de Anticarsia gemmatalis Hubner (Lepidoptera: Noctuidae) em laboratório. Material e Métodos Folhas de soja (Glyine max) foram coletadas no campo experimental da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e discos de 10,25 cm2 foram retirados das mesmas e imersos em cinco mL das caldas da CL 25 de cada produto obtido em ensaios de preliminares (Tabela 1) ou em etanol (controle) por cinco segundos, deixados secar em papel toalha ao ar livre por 10 minutos. Esses discos foram oferecidos às lagartas de terceiro estádio de A. gemmatalis (criadas em dieta artificial) privadas de alimento por 24 horas. As propriedades fagoinibidoras dos óleos essenciais foram avaliadas com bioensaios com chance de escolha, sendo que um disco foi tratado com um óleo essencial e o outro com etanol. Nos testes sem escolha, um disco tratado ou não foi oferecido a cada vez para a lagarta-da-soja no centro da arena. Após 24 horas, os restos dos discos foliares foram recolhidos e secos a 70 °C até peso constante, em grupos de cinco, correspondendo a uma repetição. O alimento consumido foi calculado pela diferença do peso fresco inicial e final dos discos foliares tratados ou não com os óleos 241 essenciais. O índice de deterrência alimentar foi calculado com: IDA= (C−T)/(C+T)×100; onde C e T foram os pesos das folhas do controle e tratadas consumidas pelo inseto com chance ou não de escolha em laboratório. Resultados e Discussão Os óleos essenciais de alho, canela, menta e tomilho proporcionaram > 50% de repelência alimentar (IDA) contra lagartas de terceiro estádio de A. gemmatalis e foram classificados como com moderado efeito antialimentar. As maiores taxas de redução da alimentação de imaturos de A. gemmatalis pelos óleos essenciais de alho, canela, menta e tomilho foram seguidos pela atividade neutra dos demais óleos essenciais e produtos comerciais, exceto pelo óleo sintético de mostarda. Compostos presentes no óleo essencial de canela foram identificados como eugenol (75%), cariofileno (8%), cinamal (8%), ɤ-terpineno (3%) e outros (6%), dois quais o eugenol é um composto fenólico com atividade biológica. Este composto, provavelmente, não foi o principal responsável pelo efeito moderado na repelência alimentar (IDA > 50) desse óleo essencial, pois o óleo de cravo mostrou efeito fagoinibitório neutro (IDA > 30) e tem grande abundância de eugenol (92,3%) na sua composição. O efeito fagoinibidor moderado do óleo essencial de canela e provavelmente, dos demais óleos (alho, menta e tomilho) se deve a vários componentes com efeito sinérgico entre os constituintes ativos e inativos (Jiang et al., 2009). O efeito alimentar estimulante do óleo sintético de mostarda em testes com e sem chance de escolha, valores de IDA (índice de deterrência alimentar) negativos, se deve ao isotiocianato alilo (ITCA), componente majoritário (90%) desse óleo e, altamente, volátil com densidade de vapor de 3,4 vezes superior a do ar.Sua volatilidade e rápida decomposição pode explicar seu impacto na preferência alimentar com 24 horas de exposição aos imaturos de A. gemmatalis. Tabela 1. Espécies vegetais ou nome comercial (Esp. Nom. Com.), nome comum ou técnico (Nom. Com. Tec.), concentrações subletais (para imaturos obtidos em ensaios preliminares) (CL25, intervalo de confiança 95%, µL/mL)* e família botânica (Fam. Bot.) dos óleos essenciais avaliados para escolha alimento e oviposição e alimentação de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) Esp. Nom., Com. Nom. Com Téc. Allium sativum Alho Brassica juncea Mostarda Cinnamomum zeylanicum Cravo Citrus sinensis Laranja Mentha piperita Menta Origanum vulgare Orégano Piper aduncum Pimenta-negra Syzygium aromaticum Canela Thymus vulgaris Tomilho Zingiber officinale Gengibre Azamax® Nim Keshet 25 EC® Deltametrina *Obtidos em ensaios preliminares.significativo CL25* 1,23 (0,16-3,91) 27,1 (16,8-30,84) 9,6 (6,8-12,12) 58,8 (38,04-77,82) 5,68 (3,17-8,48) 1,34 (0,45-2,24) 9,64 (4,45-15,10) 1,30 (0,07-3,9) 4,15 (2,21-6,18) 3,41 (0,57-7,12) 0,06 (0,02-0,14) 0,005 (0,001-0,009) Fam. Bot. Liliaceae Brassicaceae Lauraceae Rutaceae Labiatae Lamiaceae Piperaceae Myrtaceae Lamiaceae Zingiberaceae - 242 Tabela 2. Índices de deterrência alimentar (IDA ± erro padrão) sob o efeito concentrações subletais de dez óleos essenciais, aos imaturos de terceiro estádio de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) em laboratório, com e sem chance de escolha. Tratamentos Sem escolha Com escolha Atividade biológica Alho Canela Cravo Gengibre Laranja Menta Mostarda Óregano Pimenta-negra Tomilho Nim Deltametrina 49,84 ± 4,54A 51,23 ± 4,85A 25,82 ± 6,81AB 18,36 ± 7,30B 28,67 ± 5,38AB 48,57 ± 4,03A -12,43 ± 10,15C 22,01 ± 5,17AB 27,27 ± 5,59AB 47,91 ± 3,98A 17,71 ± 8,18B 9,12 ± 4,57BC 53,49 ± 3,10A 59,69 ± 3,59A -12,85 ± 5,00D -15,81 ± 3,21D -14,44 ± 13,54D -11,38 ± 1,82D -43,88 ± 2,97D 13,01 ± 6,12C 13,91 ± 6,03C 57,91 ± 0,82A 17,82 ± 1,78B 5,99 ± 3,09C Moderada Moderada Neutra Neutra Neutra Moderada Preferência Neutra Neutra Moderada Neutra Neutra Valores positivos representam efeito de deterrência e negativo efeito de preferência alimentar. Valores com mesma letra por coluna não diferem pelo teste de Student Newman Keuls (SNK) (p ≤ 0,05). Conclusões O efeito antialimentar dos óleos essencias alho, canela, menta e tomilho, com IDA (índice deterrência alimentar) maiores que 50% para imaturos de A. gemmatalis, foram melhores que os IDA do inseticida botânico comercial (nim) ou do produto químico sintético (deltamentrina).. O produto químico sintético de deltametrina em concentração subletal (CL25) mostrou baixos índices de deterrência alimentar (IDA < 30),com valores menores que o de óleos essenciais de alho, canela, cravo, canela, gengibre, menta e tomilho. Os óleos essenciais de alho, canela, cravo, gengibre, menta e tomilho podem ser utilizados no Manejo Integrado de Pragas, por serem eficientes em concentrações subletais na redução de alimentação e oviposição e com potencial para substituírem inseticidas sintéticos convencionais. Literatura citada RICE, N.D., WINSTON, M.L., WHITTINGTON, R., HIGO, H.A. Comparison of release mechanisms for botanical oils to control Varroa destructor (Acari: Varroidae) and Acarapis woodi (Acari: Tarsonemidae) in colonies of honey bees (Hymenoptera: Apidae). 2002. Journal of Economic Entomology, v. 95, p. 221–226. WILSON, J.A., ISMAN, M.B. Influence of essential oils on toxicity and pharmacokinetics of the plant toxin thymol in the larvae of Trichoplusia ni, 2006. The Canadian Entomologist, v.138, p. 578–589. JIANG, Z.L., AKHTAR, Y., ZHANG X., BRADBURY R., ISMAN M.B. Insecticidal and feeding deterrent activities of essential oils in the cabbage looper, Trichoplusia ni (Lepidoptera: Noctuidae), 2012. Journal of Applied Entomology., v.136, p.191–202. 243 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 10.4. Óleos essenciais, produtos naturais e parasitoides do gênero Trichogramma são compatíveis para uso no controle de pragas?1 Ana Flavia Freitas Gomes 2, Douglas Silva Parreira 3, Rafael Coelho Ribeiro 4 , Francisco Andres Rodríguez Dimaté 5 , Adriano França da Cunha 6, José Cola Zanuncio 7 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Agronomia. 3 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia. 4 Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia. 5 Doutorando de Programa de Pós- graduação em Entomologia. 6 Doutorando do Programa de Pós- graduação em Ciência Animal. 7 Professor do Departamento de Entomologia. 2 Resumo: Trichogrammatideos são reconhecidos agentes de controle biológico. As plantas com efeitos inseticidas também são consideradas uma alternativa no controle de pragas, e a identificação de substancias ativas “óleos essenciais” pode reduzir os impactos do uso de inseticidas sintéticos. O objetivo deste trabalho foi verificar a compatibilidade do uso de óleos essenciais sobre as espécies, Trichogramma atopovirilia e Trichogramma galloi (Hymenopteros: Trichogrammatidae). Fêmeas de T. opovirilia e T. galloi foram individualizadas e expostas aos ovos de Anagasta kuehniella (Lepidoptera: Pyralidae) previamente tratados com os óleos essênciais por um período de 24 horas. A capacidade de parasitismo e porcentagem de emergência foram avaliados. Gengibre foi nocivo ao parasitismo de T. opovirilia e T. galloi e levemente tóxico a longevidade das fêmeas. Andiroba foi moderadamente tóxico ao parasitismo e levemente tóxico a longevidade das fêmeas. Lambda-cialotrina foi moderadamente tóxico ao parasitismo para as duas espécies de Trichogramma, levemente tóxico a longevidade de fêmeas de T. galloi e inócuo a longevidade de fêmeas de T. atopovirilia. Azamax® foi inócuo ao parasitisimo de T. galloi e levemente tóxico ao parasitismo de T. atopovirilia e longevidade das fêmeas de T. galloi e T. atopovirilia. Apenas Azamax® pode ser recomendado no controle de pragas para o uso em associação com T. opovirilia e T. galloi desde que sejam respeitados os protocolos da seletividade ecológica. Palavras–chave: parasitoide, produtos naturais, seletividade 244 Essential oils, natural products and parasitoids of the genus Trichogramma are compatible for use in pest control? Abstract: Trichogrammatideos are recognized biological control agents. Plants with insecticidal effects are also considered an alternative in pest control, and identification of active substances "essential oils" can reduce the impacts of the use of synthetic insecticides. The objective of this work was to verify the compatibility of the use of essential oils on the species, Trichogramma atopovirilia and Trichogramma galloi (hymenoptera: Trichogrammatidae). Females of T. opovirilia and T. galloi were isolated and exposed to Anagasta kuehniella (Lepidoptera: Pyralidae) previously treated with essential oils for a period of 24 hours. The ability of parasitism and emergence percentage were evaluated. Ginger was harmful to the parasitism of T. opovirilia and T. galloi and slightly toxic to female longevity. Andiroba was moderately toxic slightly toxic to parasitism and longevity of females. Lambda-cyhalothrin is moderately toxic to parasitism for both Trichogramma species, slightly toxic longevity of females of T. galloi innocuous and longevity of females of T. atopovirilia. Azamax ® was innocuous to parasitisimo T. galloi and slightly toxic to parasitism of T. atopovirilia and longevity of females of T. galloi and T. atopovirilia. Only Azamax ® can be recommended in pest control for use in association with T. opovirilia and T. galloi subject to compliance with the protocols of ecological selectivity. Keywords: parasitoid, natural products, selectivity Introdução Parasitóides do gênero Trichograma são reconhecidos por sua capacidade de controlar insetos-praga, preferencialmente por insetos da ordem Lepidoptera. Atuam como agentes de controle biológico de pragas agrícolas e florestais. Aliado aos parasitoides de ovos, as plantas com efeitos inseticidas são consideradas uma alternativa no controle de pragas, podendo reduzir os impactos econômicos e ambientais do uso de inseticidas sintéticos. As plantas desenvolveram ao longo da sua evolução defesas contra o ataque de insetos-praga como a produção de metabolitos secundários e estruturas como tricomas e espinhos, que afetam o desempenho do inseto. Os metabolitos podem agir na biologia da praga causando bloqueio do metabolismo e interferência no desenvolvimento, redução da fecundidade e fertilidade incluindo toxicidade ou modificações de comportamento como repelência e deterrência de oviposição. O Brasil apresenta uma flora rica e diversificada, com imenso potencial para a produção de compostos secundários. No entanto, pesquisas com substâncias ativas derivadas de plantas no Brasil e o efeito seletivo das mesmas a inimigos naturais são incipientes. Assim, este trabalho tem como objetivo verificar a compatibilidade de óleos essenciais, um produto natural a base de nim (Azamax®) e um produto químico sintético sobre as espécies Trichogramma atopovirilia Oatman & Platner 1983 e Trichogramma galloi Zucchi 1988 (Hymenopteros: Trichogrammatidae) em laboratório. Material e Métodos A pesquisa foi realizada no Laboratório de Controle Biológico de Insetos do Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) da Universidade Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, estado de Minas Gerais, Brasil. 245 Os bioensaios foram realizados com insetos adultos de T. atopovirilia e T. galloi criados em ovos do hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella em laboratório.Fêmeas recém-emergidas foram individualizadas em tubos de vidro (8 cm de comprimento x 2,5 cm de diamentro). Cerca de 125 ovos de A. kuehniella com idade não superior a 24 h foram colados em tiras de papel e imersas por 5 segundos nos óleos e nas soluções de inseticidas ou etanol (controle). Em seguida foram expostas as fêmeas de T. atopovirilia e T. galloi durante 24 h. A capacidade de parasitismo e a longevidade das fêmeas foram avaliadas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de agrupamento Scott-Knott a significância de 5%.Os óleos e inseticidas avaliados foram classificados toxicologicamente em relação à sua redução na capacidade de parasitismo e longevidade das fêmeas dos tratamentos em relação ao controle como se segue: 1 = inócuo (<redução de 30%), 2 = levemente tóxico (30-79% de redução), 3 = moderadamente tóxico (80-99% de redução), e 4 = nocivo (redução> 99%), como recomendado pela Organização "International para Biológica e Controle Integrado de Animais e Plantas Nocivos" (IOBC). Resultados e Discussão Ovos de A. kuehniella tratados com o óleo essencial de gengibre não apresentaram parasitismo, o que indica um efeito tóxico. Este foi o composto que mais afetou a longevidade das fêmeas de T. atopovirilia e T. galloi. Na literatura não há informações da ação de extrato aquoso de gengibre sobre Trichogramma, porém, seu efeito inseticida já foi relatado. Extrato de gengibre foi responsável pela alta mortalidade de ninfas de 4º instar de Toxoptera citricida (Kirkaldy 1907) (Hemíptera: Aphididae) quando aplicado sobre plantas de citros (Silva et al., 2009). Nesse trabalho foi verificado alto tempo de persistência de resíduos de extratos e óleos de gengibre no local tratado, o que foi inferido ao seu alto efeito tóxico. Andiroba reduziu a capacidade de parasitismo das fêmeas das duas espécies de Trichogramma, porém, afetou mais T. atopovirilia em relação a T. galloi, com médias de 7,5 e 11,2 ovos parasitados por fêmea, respectivamente. Fêmeas ingurgitadas de Anocentor nitens Neumann, 1897 e Rhipicephalus sanguineus Latreille 1806 (Acari: Ixodidae) tiveram uma acentuada redução na postura, além de aumento de postura de ovos infertéis quando foram imersas em soluções de óleo de andiroba (Farias et al., 2009). De acordo com esses autores, a redução da postura está diretamente relacionado a degradação lenta desse óleo. O produto a base de Nim (Azamax®) apenas reduziu a capacidade de parasitismo das fêmeas de T. atopovirilia, sendo classificado como levemente tóxico. O inseticida sintético Lambda-cialotrina promoveu reduções superiores a 95% na capacidade de parasitismo das duas espécies de Trichogramma.. Os óleos essências de Andiroba e Gengibre, e o inseticida Azamax® afetaram a longevidade de fêmeas de T. atopovirilia e T. galloi apresentando leve toxicidade. Lambda-cialotrina apenas afetou a longevidade de T. galloi (classe 2) e foi inócuo a T. atopovirilia (Tabela 1).Este é um inseticida de alta eficiência, com modo de ação pouco seletivo e que interage rapidamente com seu sítio de ação, assim, esperava-se que sua toxicidade aguda nas duas espécies de Trichogramma fosse mais acentuada. 246 Tabela 1 - Número de ovos parasitados por fêmeas de Trichogramma atopovirilia e T. galloi (geração maternal) expostos a ovos de Anagasta kuehniella tratados. Nº ovos parasitados Tratamento T. atopovirilia1 Nº ovos parasitados Redução(%)2 Classificação3 T. galloi1 Redução(%)2 Classificação3 Testemunha 32,00±3,68A -- -- 28,83±2,39A -- -- Andiroba 7,50±1,86C 76,6 2 11,20±1,49B 61,2 2 Gengibre 0,0±0,0D 100,0 4 0,0±0,0D 100,0 4 Azamax® 19,60±3,87B 38,8 2 22,67±2,10A 21,4 1 1,50±0,20C 95,3 3 1,30±0,17C 95,7 3 Lambida cialotrina 1 Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste Scott-Knott (P<0,05). 2Redução porcentagem de parasitismo. 3Classe de Toxicidade recomendada por Sterk et al. (1999). Conclusões Gengibre foi nocivo ao parasitismo de T. atopovirilia e T. galloi e levemente tóxico a longevidade das fêmeas. Andiroba foi moderadamente tóxico ao parasitismo e levemente tóxico a longevidade das fêmeas.O inseticida Lambda-cialotrina foi moderadamente tóxico ao parasitismo das duas espécies de Trichogramma, levemente tóxico a longevidade de fêmeas de T. galloi e inócuo a longevidade de fêmeas de T. atopovirilia. Os óleos e o inseticida Lambda-cialotrina não devem ser indicados para o controle de pragas em associação aos parasitoides de ovos T. atopovirilia e T. galloi. O inseticida Azamax® foi inócuo ao parasitsimo de T. galloi e levemente tóxico ao parasitismo de T. atopovirilia e longevidade das fêmeas de T. galloi e T. atopovirilia e pode ser recomendado para o uso e associação com as duas espécies de Trichogramma desde que sejam respeitados os protocolos da seletividade ecológica Literatura citada FARIAS, M.P.O.; SOUSA, D.P.; ARRUDA, A.C.; WANDERLEY, A.G.; TEIXEIRA, W.C.; ALVES, L.C.; FAUSTINO, M.A.G. Potencial acaricida do óleo de andiroba Carapa guianensis Aubl. sobre fêmeas adultas ingurgitadas de Anocentor nitens Neumann, 1897 e Rhipicephalus sanguineus Latreille, 1806. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2009. v. 61, n. 4, p. 877-882. SILVA, M.P.L.; ALVES, L.S.; CARVALHO, R.S.; SILVA, F. Atividade inseticida de extrato aquoso de gengibre Zingiber officinale L. no controle do pulgão preto Toxoptera citricida (Kirkaldy) (Hemíptera: Aphididae) em citros. Revista Brasileira de Agroecologia, 2009. v, 4, n. 2, p. 543-545. STEFANELLO JÚNIOR, G.J.; GRÜTZMACHER, A.D.; GRÜTZMACHER, D.D.; DALMAZO, G.O.; PASCHOAL, M.D.F.; HÄRTER, W.R. Efeito de inseticidas usados na cultura do milho sobre a capacidade de parasitismo de Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera: Trichogrammatidae). Arquivos do Instituto Biológico, 2008. v. 75, p. 187-194. 247 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 10.5. Incidência e dano do ácaro da falsa ferrugem do citros sob controle convencional e alterando produtos seletivos e biológicos Wesley Luiz Fialho Costa1, Bruno Picareli1, Amália Aparecida Busoni Campos1, Rodrigo Henrriques Longaresi1, Ana Lígia Giraldeli2, Sérgio Kenji Homma3 1 Pesquisador do Centro de Pesquisas Mokiti Okada - CPMO Discente do Curso de Agronomia da Universidade Federal de São Carlos – Campus Araras. 3 Pesquisador do CPMO e doutorando ESALQ/USP. 2 Resumo: O ácaro da falsa ferrugem Phyllocoptruta oleivora (Ashmead, 1879) é uma das principais pragas dos citros, sendo responsável por grande parte dos ingredientes ativos utilizados na citricultura brasileira. Os danos causados por esse ácaro podem inviabilizar o fruto não somente para consumo in natura, mas também para indústria. O objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito na população do P. oleivora e o nível de injúria causado por ele nos frutos em dois manejos, o convencional e o outro alternando produtos fitossanitários seletivos e/ou biológicos. A população do P. oleivora se manteve maior em praticamente todo período avaliado no tratamento alternando produtos seletivos e/ou biológicos, porém não houve diferença estatística para notas de injúria, e nem para porcentagem de frutos com notas 0 e 1, que são os frutos destinados para consumo in natura. Palavras–chave: acaricidas, inseticidas, nível de injúria, seletividade, westin Incidence and damage of citrus rust mite under conventional control and rotation of selective chemical pesticides and biological products Abstract: The citrus rust mite is a relevant pest and it is responsible for most of pesticides used on citrus cultivating in the Brazil. The damages caused by this mite can become orange fruits inappropriate to fresh consumption, and even to process. The objective of this work was to assess the effect of two treatments on this mite population and the respective rates of damages on the fruits: the conventional chemical control and rotation of selective chemical pesticides and biological control, aiming to preserve the natural predators. The amount of P. oleivora was higher almost all of the assessment period in the transition treatment than conventional treatment. However, there are no statistical differences to damages rates on fruits and amount of suitable fruits to fresh consumption (score 0 to 1). 248 Keywords: miticides, insecticides, level of injury, selectivity, westin Introdução A citricultura brasileira detém atualmente mais da metade da produção mundial de laranja. Estima-se que a cada cinco copos de suco consumidos no mundo, três são provenientes do Brasil (NEVES et al.,2010). Paralelamente, a produção citrícola brasileira se destaca também no consumo de defensivos, sendo a segunda cultura mais intensiva no uso de defensivos, perdendo apenas para soja. Dentre os ingredientes ativos consumidos na citricultura em 2009 os acaricidas participaram com 39%, seguido pelos inseticidas com 29% (NEVES et al.,2010). Esse alto volume de acaricidas é utilizado principalmente para o controle do ácaro da falsa ferrugem, Phyllocoptruta oleivora (Ashmead, 1879). Os danos causados por esse ácaro depreciam os frutos para o consumo in natura, devido ao escurecimento dos frutos. A alta severidade dos danos pode comprometer a aceitação dos frutos para indústria, pois a mancha causada pelo ataque do ácaro além de escurecer a casca do fruto, endurece o mesmo podendo danificar o maquinário das indústrias (NAKANO et al., 2002, p. 615). Apesar de consolidados os estudos sobre o MIP (Manejo integrado de pragas) nos citros, grande parte dos produtores ainda adotam as conhecidas “pulverizações de calendário”. Estas aplicações são feitas obedecendo a um calendário de aplicação pré-determinado. Diante deste contexto, o objetivo do trabalho foi propor um manejo mais assertivo do ácaro da falsa ferrugem, que contribua para diminuir a quantidade de ingredientes ativos sem perder a qualidade dos frutos. Material e Métodos A pesquisa foi realizada dentro de um ensaio conduzido pelo Centro de Pesquisa da Fundação Mokiti Okada, na quadra 20 do pomar cítrico da Fazenda Yamaguishi (22º08’49,4”S e 47º10’47,6”W), município de Mogi Guaçú- SP. Trata-se de um pomar comercial, implantado em 2007, de laranja doce (Citrus sinensis L. Osbeck) variedade Westin sobre porta enxerto limoeiro Cravo (Citrus limonia L. Osbeck) e subenxertado em campo com citrumelo Swingle (Citrus paradisi MACF x Poncirus trifoliata (L) RAF). O experimento encontra-se assentado sob latossolo vermelho amarelo, textura média, em clima tipo Cwa, mesotérmico, com verões quentes e úmidos e invernos secos segundo método de classificação de Köppen (ROLIN et al., 2007). A área experimental totaliza 4,4 ha e está situada dentro de um talhão de 14 ha. Cada tratamento ocupa uma área de 2,2 ha totalizando 8 linhas contendo 125 plantas cada. Os tratamentos adotados foram manejo convencional (tratamento 1) e manejo alternativo com produtos seletivos e/ou biológicos (tratamento 2). As avaliações foram realizadas nas duas linhas centrais de cada tratamento escolhendo 10 plantas aleatoriamente. Foram realizados 10 levantamentos populacionais do ácaro em um período de 6 meses (03/01/2013 a 18/06/2013) seguindo metodologia proposta por Gravena (2007). O cálculo da porcentagem de infestação foi: I%=(N5/NT) X 100 onde I% é a porcentagem de infestação, N5 é o numero de frutos com mais de 5 ácaros por cm2, e NT o numero total de frutos amostrados. Dois dias antes da colheita foram amostrados 100 frutos por planta em 10 plantas de cada tratamento, totalizando 1000 frutos amostrados por tratamento, para avaliação da severidade do dano causado pelo ácaro da falsa ferrugem. Para avaliação de dano fui utilizada escala diagramática proposta por Oliveira et al. (1982), onde as notas de injúria variam de 0 a 4, onde 0 se refere ao fruto livre de injúria e 4 com uma de suas faces totalmente manchada. 249 No tratamento com manejo convencional adotou-se a aplicação de produtos fitossanitários sem amostragem prévia da população de pragas. Enquanto que no tratamento com uso de produtos seletivos e/ou biológicos as aplicações foram realizadas com base nos resultados das amostragens. Quando em altas populações de pragas (insetos ou ácaros) o controle feito foi o químico, observando a seletividade dos produtos escolhidos. Em baixas e médias populações de pragas o controle adotado foi o biológico. No tratamento sob manejo convencional foram realizadas sete aplicações e no tratamento com produtos seletivos e/ou biológicos foram seis aplicações (Tabela 1). O somatório de produtos utilizados não coincide com o numero de aplicações já que vários produtos foram aplicados juntos (mistura de tanque). Tabela 1 - Número de aplicações de cada produto comercial (P.C), sua classe: inseticida (Inset), acaricida (Acar) e seus respectivos ingredientes ativos (I.A), nos tratamentos, convencional (T1) e com uso de produtos seletivos e/ou biológicos (T2). Nº de Aplicações I.A P.C Classe Seletividade T1 T2 Enxofre Nutrixofre Acar 2 0 Chlorantraniliprole+ lambda-cialotrina Ampligo Inset 3 5 Enxofre Thiovit Acar 4 3 4 Etofenproxi Trebon Inset 1 2 Carbosulfano Marshal Inset/Acar 2 1 Lambda-cialotrina karate Inset 1 2 Clorpirifós Sabero Inset/Acar 2 1 Abamectina Kraft Inset/Acar 2 3 Fosmete Imidan Inset 1 3 B.basiana Boveril 3 M.anisopliae Metarril 3 Nota: As notas de seletividade variam de 5 (altamente seletivo), 4 (seletivo), 3 (mediamente seletivo), 2 (pouco seletivo) e 1 (não seletivo), os produtos que não tem numeração não se sabe o nível de seletividade. Resultados e Discussão No tratamento alternando produtos seletivos e/ou biológicos a população do ácaro da falsa ferrugem atingiu nível de controle (30% dos frutos com 5 ou mais ácaros) em dois momentos (Figura 1). Figura 1 – Flutuação populacional do ácaro da falsa ferrugem no manejo convencional (T1) e no manejo alternando produtos seletivos e/ou biológicos (T2) 250 O período crítico corresponde justamente de fevereiro a abril, onde os frutos ainda estão jovens, situação a qual o dano (mancha) é maior. A partir de maio é natural a redução na população do ácaro Gravena (2005). As notas médias de injúria para os tratamentos convencional e alternando produtos seletivos e/ou biológicos foram 1,2 e 1,4 respectivamente não diferindo estatisticamente entre si pelo teste t de Student (P>0,05). As médias de frutos por planta com notas de injúria entre 0 e 1 (Frutos comercializados in natura) nos tratamentos convencional e alternando produtos seletivos e/ou biológicos foram 60,7 e 53,8 respectivamente também não diferindo entre si pelo teste t de Student (P>0,05). Embora a população do ácaro tenha atingindo níveis de controle em determinados momentos no tratamento alternando produtos seletivos e/ou biológicos, o índice de injúria não foi maior como esperado. Segundo Gravena (2005) se o ataque do ácaro for esparso, células sadias crescem e aliviam o sintoma, tornando-o quase imperceptível, oque pode justificar a igualdade no nível de injúria nos dois manejos. A explosão populacional do ácaro em meados de fevereiro provavelmente ocorreu devido ao somatório de uma condição ambiental favorável ao ácaro e a falta de aplicação de produtos para controle no respectivo período. Apesar de preliminares, os dados são promissores para a continuação do estudo. Conclusões Embora a população do P. oleivora tenha se mantido maior no período crítico, no tratamento alternando produtos seletivos e/ou biológicos, o nível de injúria foi igual nos dois tratamentos. Ou seja, produto comercial (laranja) foi afetado igualmente nos dois tratamentos. Literatura citada GRAVENA, S. Manejo ecológico de pragas no pomar cítrico Laranja, Cordeirópolis, v. 11, n. l, p. 205-225, 1990. GRAVENA, S. Manual prático Manejo Ecológico de Pragas dos Citros. Jaboticabal: Gravena, 2005. 372 p. NEVES, M. F., TROMBIN, V. G., MILAN, P., LOPES, F. F., CRESSONI, F., & KALAKI, R. (2010). O retrato da citricultura brasileira. Ribeirão Preto: CitrusBR. NAKANO, O., SILVEIRA NETO, S., CARVALHO, R. P. L., BAPTISTA, G. C., BERTI FILHO, E., PARRA, J. R. P., ... & GALLO, D. (2002). Entomologia agrícola, v. 10. FEALQ, Piracicaba, 920. OLIVEIRA, C. A. L. de ; MAURO, A O ; KRONKA, S N. Comparação de métodos para estimativas da população do ácaro Phyllocoptruta oleivora (Ashmead, 1879) na cultura dos citros. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Curitiba, v. 11, n. 11, p. 101-104, 1982. ROLIN, G. D. S., CAMARGO, M. D., LANIA, D. G., & MORAES, J. D. (2007). Classificação climática de Köppen e de Thornthwaite e sua aplicabilidade na determinação de zonas agroclimáticas para o estado de São Paulo. Bragantia, 66(4), 711-720. 251 11. Extensão rural 252 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.1. Transferência de tecnologias para cafeicultores das Matas de Minas pelo método Treino&Visita1 Sérgio Maurício Lopes Donzeles2, Claudia Lucia de Oliveira Pinto 2, Marcelo de Freitas Ribeiro2, Sammy Fernandes Soares3, Cleide Maria Ferreira Pinto4 1 Projeto de pesquisa, financiada pela FAPEMIG. Pesquisador(a) da EPAMIG. 3 Pesquisador Embrapa Café. 4 Pesquisadora Embrapa/EPAMIG 2 Resumo: Objetivou-se transferir tecnologias para cafeicultores das Matas de Minas para adequar as suas propriedades às condições exigidas pelo programa estadual de certificação. Utilizou-se o método Treino&Visita para transferir tecnologias de construção de fossas sépticas para tratamento de esgoto e de caixas de contenção de águas pluviais. Os pesquisadores realizaram treinamentos para extensionistas sobre saneamento básico e conservação de solos. Sob a supervisão dos pesquisadores, extensionistas treinados demonstraram aos produtores técnicas sobre construção de fossas sépticas e caixas de contenção em unidades demonstrativas, montadas em propriedades certificadas. O emprego do Treino&Visita possibilita a criação de grupos de extensionistas capacitados para transferir tecnologias de construção de fossas sépticas e de caixas de contenção e ainda fortalece a interação entre pesquisadores e extensionistas. Palavras–chave: café, caixa de contenção, certificação Technology transfer to coffee producers of Matas de Minas by the Training & Visit method Abstract: In this work, the objective was to transfer technologies to coffee producers of Matas de Minas, with the purpose of adapting their properties to the conditions required by the state program certification. The method used was the Training & Visit to transfer construction technologies for septic tanks and sewage treatment boxes containing rainwater. The researchers were held trainings the extension workers about sanitation and soil conservation. Under the supervision of researchers, the trained extension workers demonstrated to producers the techniques on building septic tanks and containment boxes in demonstration units, built in certified properties. The use of the 253 Training & Visit enables the creation of groups of trained extension workers to transfer technologies to build septic tanks and containment boxes and further strengthens the interaction between researchers and extension workers. Keywords: coffee, containment box, certification Introdução Na região das Matas de Minas, o cultivo do café é uma das principais atividades agrícolas, no que se refere à geração de renda e emprego. Para manter a competitividade do café produzido nessa região há necessidade de ajustar o processo produtivo às exigências do mercado, melhorar a qualidade do produto para agregação de seu valor. Uma alternativa para os produtores é aderir ao Programa Estadual de Certificação de Café da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, denominado “Certifica Minas Café”(IMA, 2010). Para obtenção da certificação de propriedades cafeeiras, os produtores devem implementar as boas práticas agrícolas com o cumprimento de normas e critérios como: conservação do solo por meio de técnicas de manejo corretas do mato e emprego de caixas de contenção; reutilização da água do processamento via úmida e construção de fossas sépticas (EMATER, s.d.). Embora as instituições de pesquisa que atuam na região disponham de tecnologias para melhoria da qualidade da produção cafeeira, conforme exigências do mercado, muitas dessas tecnologias não são utilizadas pelos cafeicultores, o que impede que seus sistemas de produção sejam certificados. O método Treino&Visita caracteriza-se pela atuação conjunta e sistematizada das instituições envolvidas no processo de geração e transferência de tecnologias, as quais são testadas e validadas nas condições da propriedade, com a participação e o julgamento do produtor. Inclui uma primeira etapa de treinamento de extensionistas por agentes de pesquisa e uma segunda etapa denominada de visita pelo agente da extensão, sob a supervisão dos especialistas, aos produtores rurais. O método vem sendo exercitado com sucesso nos estados da região Sul do Brasil (MANUAL, 2007). Objetivou-se transferir tecnologias para cafeicultores das Matas de Minas, com fins de adequar as suas propriedades às condições exigidas pelo programa estadual de certificação. Material e Métodos A transferência de conhecimentos e tecnologias sobre saneamento básico e conservação de solos foi realizada pelo método Treino&Visita (T&V) por pesquisador, professor e estudante de doutorado de áreas afins para técnicos da EMATER, pertencentes à regional de Viçosa/MG e para cafeicultores certificados ou em fase de certificação pelo programa “Certifica Minas Café”. Os treinamentos foram realizados no auditório da EPAMIG, Unidade Regional da Zona da Mata em Viçosa/MG. Sob a supervisão dos pesquisadores, os extensionistas treinados demonstraram aos produtores técnicas sobre construção de fossas sépticas e caixas de contenção em unidades demonstrativas, montadas em propriedades certificadas localizadas no município de Paula Cândido-MG. Resultados e Discussão Na primeira etapa do método Treino&Visita foram treinados pelos pesquisadores especialistas nas áreas, os extensionistas da Emater-MG como agentes multiplicadores de tecnologias para cafeicultores participantes do Programa “Certifica Minas Café”. O projeto possibilitou a criação de grupos de extensionistas capacitados para realizar a 254 transferência das tecnologias de construção de fossas sépticas e de caixas de contenção. Na segunda etapa do método, os extensionistas treinados tiveram condições, sob supervisão dos pesquisadores, de transferir aos produtores, por meio de práticas demonstrativas, técnicas sobre construção de fossas sépticas e de caixas de contenção, montadas em propriedades certificadas nos municípios de Paula Cândido, Canaã, Ervália e Araponga. Durante a execução dos treinamentos foram elaboradas apostilas as quais foram distribuídas em DVD para os agentes multiplicadores da extensão. Conclusões A transferência das tecnologias de construção de fossas sépticas e de caixas de contenção de águas pluviais aos cafeicultores das Matas de Minas por meio do método utilizado contribui para adequar suas propriedades às exigências do Programa Estadual para Certificação. O fortalecimento da interação entre pesquisadores e extensionistas por meio do emprego do método T&V favorece o processo de transferência de tecnologias. Agradecimentos À Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, pelo apoio financeiro ao projeto. Literatura citada EMATER - MG. Programa estadual de certificação de café. Manual do produtor. Belo Horizonte: EMATER, s.l.., s.d., 7 p. IMA. Café: mais de mil propriedades certificadas em Minas. Disponível em < http://www.ima.mg.gov.br/destaques/935-cafe-mais-de-mil-propriedades-certificadasem-minas- >. Acesso em 18/05/2010. MANUAL de implantação do treino e visita (T&V) / organizado por Lineu Alberto Domit... [et al.]. - Londrina: Embrapa Soja, 2007. 86p. -- (Documentos / Embrapa Soja, ISSN 1516-781X; n.288) 255 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.2. A visão de desenvolvimento rural sustentável sob a ótica dos técnicos extensionistas e agricultores inseridos na integração lavoura pecuária e floresta (ILPF) em alguns municípios da microrregião de Viçosa-MG1 Mauro Cesar Martins2; Marcelo Lelles Romarco de Oliveira3 ; Bruno Costa da Fonseca4 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pelo MINTER/CAPES/IF Sudeste MG Mestre do Programa de Pós-graduação em Extensão Rural - UFV 3 Professor do Departamento de Economia Rural - Universidade Federal de Viçosa 4 Graduando em Bacharel em Cooperativismo e Bolsista de Iniciação cientifica PIBIC/CNPQ -UFV 2 Resumo: Uma série de discussões sobre a modernização no campo já foram travadas buscando refletir sobre os modelos de desenvolvimento voltados para o meio rural que permitissem mecanismos de intervenções para uma sustentabilidade na agricultura. Nesse sentido, na Zona da Mata Mineira desde 2005 a Emater-MG e pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) vem desenvolvendo, em propriedades rurais da região, novas formas de produção agrícola. Entre estas estratégias é possível citar a Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), que consiste em um sistema que busca alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área. Dessa forma este artigo tem por objetivo apresentar uma visão de desenvolvimento rural sustentável de alguns agentes sociais envolvidos na implantação da ILPF. Os dados apresentados neste trabalho são frutos de pesquisa de campo da dissertação de mestrado do primeiro autor, realizada no primeiro semestre de 2012, sob a forma de entrevistas direcionadas aos Extensionistas e Agricultores de alguns municípios da Microrregião de Viçosa, Minas Gerais. Para tanto, o que se pode observar neste artigo, dentre inúmeras conclusões é que o processo de difusão inovadora da extensão rural atrelado a transferência de tecnologia é insuficiente para dar conta de uma realidade complexa que é o universo rural. Percebe-se que a Estratégia da ILPF implantada encontra-se sob um processo de transição do sistema de agricultura convencional de produção para um sistema que procura privilegiar aspectos mais sustentáveis, mesmo que muito distante do desejado. Palavras–chave: agricultura sustentável, extensão rural, transferência de tecnologia 256 A vision for sustainable rural development from the perspective of farmers and extensionists technical inserted in integrating agriculture, livestock and forestry (IAFP) in certain municipalities microregion of Viçosa-MG Abstract: A series of discussions on modernization in the field have been fought seeks to reflect on the models of development facing rural mechanisms allowing interventions to sustainability in agriculture. Accordingly, in the Zona da Mata, MG, since 2005, Emater-MG and researchers from the Federal University of Viçosa (UFV) are developing on farms in the region new forms of agricultural production. Among these strategies is possible to mention the integrated cattle farming forest (IAFP), which consists of a system that seeks switch pasture with agriculture and forest in the same area. Thus this article aims to present a vision for sustainable rural development of some social actors involved in the implementation of the IAFP. The data presented here are the result of field research of the dissertation of the first author, conducted in the first half of 2012, in the form of interviews directed to extensionists and farmers in some municipalities the microregion of Viçosa, Minas Gerais. To do so, which can be seen in this article, among numerous findings is that the process of diffusion of innovative extension tied to technology transfer is insufficient to account for a complex reality that the universe is rural. It can be seen that the strategy deployed ILPF is under a process of transition from conventional agriculture production for a system that seeks to favor the most sustainable, even if far from desired. Keywords: sustainable agriculture, rural extension, technology transfer 1. Introdução Com o passar dos anos uma série de discussões sobre o desenvolvimento agrícola no Brasil foram travadas buscando refletir sobre os modelos de desenvolvimento voltados para o rural, que permitissem mecanismos de intervenções para uma sustentabilidade na agricultura. No bojo dessas questões diversas políticas e programas vêm sendo orquestrados na busca por práticas agrícolas mais sustentáveis. Neste sentido, segundo Viana et al. (2010), desde 2005 a Emater-MG e os pesquisadores da UFV vem desenvolvendo, em propriedades da região da Zona da Mata Mineira, novas formas de produção agrícola denominadas “Estratégias Integradas de Produção Agropecuária” (EIPA) que valorizam modelos de produção menos agressivos ao ambiente. Entre as Estratégias é possível citar a ILPF, que consiste em um sistema que busca alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área. Para tanto, o presente artigo tem como objetivo apresentar uma experiência de implantação da ILPF na microrregião de Viçosa Minas Gerais, considerando o olhar dos técnicos e agricultores envolvidos nessa proposta. 2. Material e Métodos Os dados apresentados nesse trabalho são frutos de pesquisa de campo da dissertação de mestrado do primeiro autor, realizada no primeiro semestre de 2012, sob a forma de entrevistas direcionadas aos extensionistas e agricultores de alguns municípios da Microrregião de Viçosa, Minas Gerais. É importante destacar que para a escolha dos agricultores entrevistados adotou-se quatro critérios. O primeiro critério definiu as propriedades rurais com suas EIPAs situadas na Mesorregião da Zona da Mata de Minas Gerais, totalizando 119. O Segundo critério selecionou as propriedades rurais pertencentes à Zona da Mata Mineira e que também estão inseridas na Microrregião de Viçosa, com isso reduziu-se para 61 estabelecimentos. Já o Terceiro 257 critério foi adotado para selecionar as propriedades rurais dos agricultores que implantaram em suas áreas, especificamente a estratégia da ILPF, além de estarem inseridas na Microrregião de Viçosa, chegando a 19. No Quarto critério, escolheram-se as propriedades rurais da Zona da Mata Mineira, inseridas na Microrregião de Viçosa, considerando os dez (10) estabelecimentos que primeiro implantaram a ILPF. Assim, foram selecionados dez (10) municípios mineiros: Coimbra, Lamim, Paula Cândido, Pedra do Anta, Piranga, Porto Firme, Presidente Bernardes, Senhora de Oliveira, Teixeiras e Viçosa. E por fim, um critério específico foi adotado para seleção dos Extensionistas da EMATER local e suas respectivas áreas. Para tanto, ficou estabelecido que estes Técnicos fossem selecionados em razão da definição dos municípios envolvidos e, com isso, a escolha dos agricultores assistidos por eles. 3. Resultados e Discussão 3.1. A Inserção da ILPF nas propriedades na Visão dos Agricultores Para entender melhor quanto à motivação dos agricultores para implantação dessa estratégia, foi perguntado qual(is) o(s) motivo(s) que levou(aram) o(s) agricultor(es) a aceitar a implantação da ILPF em suas propriedades? (Quadro 1). Quanto à primeira motivação do uso da ILPF, dois (2) agricultores relataram o caráter demonstrativo desta estratégia, sendo que um (1) chegou a dizer que aceitou a implantação para servir de “cobaia” para outros agricultores da região; enquanto, o outro (1) já mencionou que sua propriedade serve de modelo. Quadro 1 – Motivação dos Agricultores pelo uso da ILPF – 2012 Ordem (Aleatória) 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª Motivação pelo uso da ILPF (Grupos de Respostas) Fazer de sua propriedade modelo para demonstração da ILPF, embelezamento, aspecto inovador, que valoriza a propriedade. Fornecimento dos insumos agrícolas (Adubos, sementes, etc...) pelos organizadores do programa. Interesse econômico, somente. Realizou o planejamento para implantação do Sistema ILPF. Recuperação e/ou Preservação de áreas com baixa produção e por permitir o uso do Sistema de Rotação de Culturas (SRC) e SPD. Outros dois (2) agricultores, na segunda motivação, esta que tinha o caráter de fornecimento de insumos, aceitaram também porque as mudas de eucalipto, o adubo e as sementes de milho ou feijão seriam fornecidos pelo programa. Na terceira motivação, em que dois (2) agricultores enfatizaram que o motivo foi econômico, sendo que um (1) afirma que “foi juntar o útil ao agradável”, principalmente a parte de produção da madeira, em seguida, o aumento da produção de leite. O outro agricultor deixou bem claro que o principal motivo foi o financeiro e pela lógica de obter três culturas numa mesma área e para fins de extração da madeira. Considerando, a quarta motivação, em termos de planejamento das atividades de uma propriedade, houve apenas um (1) único agricultor que separou devidamente a área para a implantação da ILPF, devido as informações adquiridas e porque bem próximo à sua propriedade existe um sistema (independente) desse, já implantado. Na quinta motivação, somente um (1) agricultor frisou a importância da preservação ambiental de “deixar as árvores de seu interesse como a Candeia (Gochnatia polimorfa), Chorão (Salix humboldtiana) e Mexiriquinha (Miconia chartacea) na mesma área que serviu o sistema, sem ter que arrancá-las” e ainda devido ao uso do Plantio Direto no preparo do solo. 258 3.2. Papel dos Técnicos Extensionistas na Implantação da ILPF em Alguns Municípios da Microrregião de Viçosa-MG Quanto às estratégias dos extensionistas (Gráfico 1), usadas para persuadir os agricultores a usarem a ILPF na região, partiram das orientações estabelecidas pela Emater Regional Viçosa e SEAPA-MG. Entre as principais orientações, destaca-se a introdução do componente arbóreo no novo sistema, o Eucalipto (Eucalyptus ssp.). Objetivando esclarecer as ações dos técnicos perante os atores sociais envolvidos nesse ambiente de produção, uma das perguntas na entrevista de campo foi qual ou quais estratégia(s) foi(ram) utilizada(s) para a implantação da ILPF?. Gráfico 1 – Estratégias dos técnicos extensionistas para convencimento dos Agricultores no uso da ILPF na região pesquisada – 2012. Para tanto, obteve-se como resposta na mesma proporção, com 26% (Gráfico 1), a recuperação de áreas degradadas e o fornecimento de insumos, sendo que a primeira estratégia, de acordo com os técnicos, poderia resolver este grave problema abarcado por muitas propriedades rurais da região de estudo. Já a segunda resposta assegurou de garantir os insumos (adubo, sementes e mudas de eucalipto) fornecidos pela SEAPAMG para convencer os agricultores a participarem do programa. Enquanto isso, com 18% da escolha, disseram que os agricultores estariam dispostos a usar a ILPF pela confiança no técnico da Emater local, e com apenas 7,5% cada, elencaram como estratégias: a visitação em outras áreas com ILPF; a viabilidade do sistema; o financiamento para a implantação e servir de modelo como Unidade Demonstrativa. (Gráfico 1). Outro aspecto considerado importante com a chegada da ILPF é o que diz respeito às mudanças na propriedade (Gráfico 2). Fica, portanto, nas perspectivas dos técnicos o impacto positivo causado pela mudança partindo do ambiente degradado (perturbação em sua integridade física, química ou biológica) para aquele recuperado. Gráfico 2 – Mudanças na Propriedade com a Estratégia da ILPF (Nº de Técnicos) – 2012. Quanto à valorização da propriedade (Gráfico 2), Armando (2006) enfatiza que as estratégias agroflorestais são desenhadas para produzir desde o primeiro ano de implantação, combinando culturas anuais (milho e feijão), forrageiras e espécies 259 arbóreas madeireiras de ciclo longo, a exemplo o eucalipto. As culturas simultâneas dessas espécies permitem rendimentos extras ao agricultor, podendo ser usadas em Áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente. Outra preocupação foi entender qual a percepção que esses técnicos viam nos avanços do Desenvolvimento Rural nos municípios em que atuavam. Estes extensionistas apontaram que a inclusão social e a melhora da renda do agricultor foram as questões que se destacaram nos últimos anos, ou seja, ambas as visões ficaram com 19% das respostas dos extensionistas entrevistados (Gráfico 3). O aspecto da melhora na renda do agricultor pode ser analisado sob o ponto de vista da diversidade agrícola e pelas dinâmicas regionais de desenvolvimento rural. Caso semelhante foi observado por Conderato e Scheneider (2010) quando pesquisaram o desenvolvimento rural de três regiões gaúchas, nas quais verificaram que os agricultores com atividades diversificadas e com inovações tecnológicas de produção tiveram um aumento significativo em suas rendas. Gráfico 3 – Visão dos extensionistas sobre o desenvolvimento rural sustentável na microrregião de Viçosa – 2012. Os mercados locais com 16%, seguido da independência do agricultor sob a indústria de insumos (14%), também foram considerados pelos técnicos (Gráfico 3). Quanto a transição agroecológica com 13% (Gráfico 3), os técnicos apontam que na prática isso seria uma utopia da realidade ocorrida na região. Pois esta transição requer a presença constante de mão de obra familiar nas atividades agropecuárias. Fato este que tem se tornado uma raridade nos estabelecimentos rurais, devido ao aumento do êxodo rural em toda a região pesquisada. Sobre a produção voltada para o consumo da família (Gráfico 3), com apenas 8%. Simplesmente é justificável pelos técnicos entrevistados, pelo fato dos preços dos produtos da cesta básica, ao se manterem em baixa, instiga aos agricultores comprarem estes produtos nos supermercados da cidade, cedendo as áreas de cultivos de subsistência para outras culturas comerciais de maior valor agregado. 4. Conclusões A Realização de uma reflexão empírica sobre a adoção de uma estratégia agropecuária, a Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) na Microrregião de Viçosa, Minas Gerais, que é tida pelos órgãos responsáveis como sustentável tornou-se um grande desafio. E a maneira mais adequada para encarar este desafio foi conhecer a visão de Desenvolvimento Rural Sustentável sob a ótica dos Técnicos Extensionistas e Agricultores inseridos neste programa. Para tanto, o que se pode observar neste artigo é que o processo de difusão inovadora da extensão rural atrelado à transferência de tecnologia é insuficiente para dar conta de uma realidade complexa que é o universo rural. Embora a Estratégia da ILPF 260 implantada em alguns municípios da Microrregião de Viçosa e Zona da Mata mineira se encontra sob um processo de transição do sistema de agricultura convencional de produção para um sistema que procura privilegiar aspectos mais sustentáveis, está muito distante do desejado. 5. Agradecimentos À CAPES, ao Depto de Economia Rural da UFV e ao Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba. 6. Literatura citada ARMANDO, M. S. Sistemas agroflorestais na adequação ambiental de propriedades rurais. Setor Florestal/Agroflorestal. 2006. Disponível em: <http://www.portaldoagronegocio.com.br/ conteudo.php?id=23223>.Acesso em: 12 jul. 2012. CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e extensão rural: contribuições para a promoção do desenvolvimento rural sustentável. Brasília, DF, 2004. CONDERATO, M. A.; SCHNEIDER, S. Conformações regionais do desenvolvimento rural e da agricultura familiar: desigualdade e diversidade da geografia econômica do Rio Grande do sul. Extensão Rural, DEAER/PPGExR. CCR. UFSM, a. XVII, n. 19, jan./jun. 2010. ROCHA, W. S. D. et al. Integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF). In: AUAD, M. A. et al. (Org.). Manual de bovinocultura de leite. Brasília, DF: LK; Belo Horizonte: SENARAR/MG, 2010. Cap. 5, p. 183-202. RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S. Recomposição de Florestas Nativas: princípios gerais e subsídios para uma definição metodológica. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental, Campinas, v. 2, n. 1, p. 4-15, 2001. VIANA, M. C. M. et al. Experiências com sistema integração lavoura pecuária floresta em minas gerais. Revista informe agropecuário, v.31, n.257, jul-ago, 2010. 261 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.3. A Economia Doméstica e a EMATER-MG, uma relação complementar no âmbito da Extensão Rural Cynthia Aparecida Gonçalves1, Luciana Alfenas Pacheco 2 1 Estudante de mestrado em Economia Doméstica – UFV. 2 Graduada em Economia Doméstica – UFV. Resumo: Este texto trata-se de um estudo bibliográfico com algumas reflexões teóricas e críticas sobre o curso de Economia Doméstica e da EMATER-MG, esta atua como um dos principais instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação operacional e de planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para desenvolver ações de extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar buscando a qualidade de vida. Nesse contexto, o foco central do presente texto consiste compreender como ocorre a atuação do profissional de Economia Doméstica na EMATER. Especificamente, pretende-se: abordar sobre o trabalho realizado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, e a atuação do profissional em Economia Doméstica na empresa. Metodologicamente, baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, por meio de conhecimentos proporcionados pela documentação sobre o tema. Os resultados revelam que o profissional referido, implanta e supervisiona programas de desenvolvimento social orientando as famílias rurais sobre alimentação e nutrição, como classificar, preparar e conservar os alimentos; saúde e higiene, direitos do consumidor, economia familiar, habitação, saúde e vestuário, atingindo os objetivos que a empresa proporciona. Conclui-se que o trabalho dos Economistas Domésticos visa à contribuição para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores e familiares contemplados pela EMATER-MG. Palavras–chave: economia doméstica, EMATER, extensão rural Abstract: This text comes up a bibliographic study with some theoretical reflections and criticism on the course Home Economics and EMATER-MG, this acts as a major instrument of the Government of Minas Gerais for action and operational planning in the agricultural sector State, especially to develop actions extension with producers farming family seeking quality of life. In this context, the central focus of this text is to understand how does the performance of professional Home Economics in EMATER. Specifically, we intend to: address on the work done by the Technical Assistance and Rural Extension of the State of Minas Gerais, and the professional expertise in Home 262 Economics in the company. Methodologically, was based on a literature search, through knowledge provided by the documentation on the subject. The results reveal that the professional said, deploys and supervises social development programs targeting rural households on food and nutrition, how to sort, prepare and preserve food, health and hygiene, consumer rights, family economics, housing, health and clothing, reaching the goals that the company provides. We conclude that the work of Home Economists aims to contribute to improving the quality of life for farmers and their families covered by EMATER-MG. Keywords: domestic economy, EMATER, extension Introdução A EMATER-MG foi criada em 1975, ao mesmo tempo em que era extinta a ACAR, com o objetivo de planejar, coordenar e executar programas de assistência técnica e extensão rural, buscando difundir conhecimentos de natureza técnica, econômica e social, para aumento da produção e produtividade agrícolas e melhoria das condições de vida no meio rural do Estado de Minas Gerais, de acordo com as políticas de ação do Governo estadual e federal (EMATER, 2013). O curso de Economia Doméstica que teve seu surgimento focado no desenvolvimento rural tem, atualmente, como propósito principal de compreender problemas enfrentados por famílias, grupos, comunidades, visando o desenvolvimento harmonioso entre o homem e seu ambiente físico, econômico, social, cultural e político. O profissional tem como objetivo contribuir para a melhoria das relações entre sujeitos sociais e da qualidade de vida das famílias e grupos no que se refere à habitação, à alimentação, ao vestuário, à administração dos recursos familiares, à saúde e ao desenvolvimento humano (MINISTÉRIO, 2013). Diante do exposto torna-se importante conhecer como se dá a atuação do profissional de Economia Doméstica na EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, e sua influencia na extensão rural. Material e Métodos O presente texto é um estudo teórico, que envolve uma pesquisa bibliográfica sobre a relação do profissional graduado em Economia Doméstica e a EMATER, e suas ações na extensão rural. Para tanto, procedeu-se a uma busca planejada de informações bibliográficas contidas em livros e periódicos, por meio das categorias de análise “EMATER”, “Economia Doméstica”, “Extensão Rural”, visando à discussão sobre a temática, na percepção de diferentes autores. Resultados e Discussão Durante os sessenta anos de existência, a Associação de Crédito e Assistência Rural-ACAR, fundada em 1948, foi à primeira experiência brasileira direcionada para a introdução de novas técnicas de agricultura e economia doméstica, de incentivo à organização e de aproximação do conhecimento aos produtores rurais, gerado nos centros de ensino e de pesquisa (PINHO, 2010). Na década de 90, já intitulada EMATER-MG Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerias, esta passa por um processo de modernização, incorporando a visão de foco no cliente e nos resultados desejados, definindo sua missão e objetivos estratégicos. Oferece serviços aos médios e grandes produtores, com o objetivo de gerar recursos adicionais, para ampliar e melhorar o 263 atendimento aos produtores rurais de agricultura familiar. A partir de 2003 a empresa começa a consolidar a sua atuação como Empresa de Desenvolvimento Sustentável, tendo um papel destacado na construção e implementação de políticas públicas, assegurando a melhoria da qualidade de vida da sociedade mineira. A EMATER-MG atua como um dos principais instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação operacional e de planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para desenvolver ações de extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar, como consequência de uma política estratégica para garantir segurança alimentar e nutricional, proporcionar a inclusão social de grupos marginalizados e permitir o desenvolvimento sustentado de toda a sociedade (EMATER, 2013). A referida empresa presta assistência técnica aos produtores rurais de agricultura familiar, suas famílias e suas organizações, nas atividades de agricultura, pecuária, indústria caseira de alimentos, artesanato, habitação, alimentação e nutrição, saneamento e preservação ambiental. Assessoria aos produtores rurais de agricultura familiar e suas organizações para a aquisição de insumos e venda da produção, em comum. Assessoria às organizações de produtores rurais de agricultura familiar, para promover a sua participação na condução de programas e projetos de desenvolvimento social e econômico. Elaboração de planos e projetos para propriedades e comunidades rurais, bem como a participação na sua implantação. Promoção de eventos agropecuários, tais como: feiras, leilões, concursos de produtividade, campanhas educativas, exposições agropecuárias e de artesanato. Participação no planejamento e na implantação de Programas Regionais e ou Municipais de Agropecuária, Abastecimento e de Desenvolvimento Rural (EMATER, 2013). O primeiro curso de Graduação de Economia Doméstica surgiu em 1952, na primeira Escola Superior de Ciências Domésticas, na Universidade Rural do Estado de Minas Gerais, hoje Universidade Federal de Viçosa. Visando atender as demandas as instituições de extensão rural no país as Universidades começaram a criar os cursos de Economia Doméstica (UFPE, 2013). A Economia Doméstica é uma ciência social aplicada, que integra conhecimentos e técnicas provenientes das ciências biológicas, exatas e sociais com o propósito de estudar processos no gerenciamento, identificação, reconhecimento e uso de recursos humanos, materiais e financeiros em ambientes constituídos por indivíduos, famílias e comunidades, buscando como consequência o desenvolvimento biológico, intelectual, emocional e social, e o bem estar humano (SILVA, 2009). O curso de Economia Doméstica tem como propósito principal compreender problemas enfrentados por famílias, grupos, comunidades, visando o desenvolvimento harmonioso entre o homem e seu ambiente físico, econômico, social, cultural e político. O profissional tem como objetivo contribuir para a melhoria das relações entre sujeitos sociais e da qualidade de vida das famílias e grupos no que se refere à habitação, à alimentação, ao vestuário, à administração dos recursos familiares, à saúde e ao desenvolvimento humano (MINISTÉRIO, 2013). O economista doméstico planeja, implanta e supervisiona programas de desenvolvimento social nas áreas de alimentação, educação do consumidor, economia familiar, habitação, saúde e vestuário. Desenvolve e ministra cursos para comunidades, ensinando noções de higiene, economia doméstica e cozinha, para evitar o desperdício de alimentos e melhorar a nutrição de grupos de baixa renda. Em empresas e indústrias, contribui na gerência de restaurantes coletivos e organiza espaços de convivência para os funcionários. 264 Conclusões A EMATER-MG atua como um dos principais instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação operacional e de planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para desenvolver ações de extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar. Constitui área específica de atuação no território mineiro, buscando resultados como a melhoria da qualidade de vida e condições de produção dos produtores de agricultura familiar, a inclusão social de grupos e comunidades rurais, por meio de programas geradores de emprego e renda, e as ações de organização rural para o desenvolvimento com sustentabilidade e atendimento aos direitos de cidadania. E economista doméstico, planeja, implanta e supervisiona programas de desenvolvimento social orientando as famílias sobre alimentação e nutrição, como classificar, preparar e conservar os alimentos; saúde e higiene, direitos do consumidor, economia familiar, habitação, saúde e vestuário, indo ao encontro das necessidades dos indivíduos e das famílias. Desde 1952 atendendo as demandas dos agricultores rurais, seus familiares, comunidades, em serviços de extensão rural. Literatura citada EMATER-Empresa De Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerias. A história da EMATER - MG. Disponível em:<www.emater.mg. gov.br/portal.cgi?flagweb=site_tpl_paginas_internas&id=3> Acesso em: 13 jul. 2013. Ministério de desenvolvimento agrário. Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural. Disponível em: <http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/ar quivos/view/ater/Pnater.pdf>. Acesso em: 02 de jul. 2013. PINHO, E. N. A influência da estrutura matricial no comprometimento com a carreira em comparação com a estrutura tradicional: um estudo de caso na EMATER-MG. Dissertação de Mestrado. Universidade FUMEC. Belo Horizonte, 2010. SILVA, Antônio Eraldo Holanda. Guia Profissional: Economista Doméstico, 20092010. Fortaleza: CRED I, 2009.31p. UFPE – Universidade Federal de Pernambuco. Economia Doméstica. Disponível em: <http://www.ufrpe.br/curso_ver.php?idConteudo=8>. Acesso em: 02 de jul. 2013 265 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.4. Caracterização e proposição de técnicas de recuperação em áreas de preservação permanente na bacia hidrográfica do Xopotó, MG Bruno Leão Said Schettini¹, Laércio Antônio Gonçalves Jacovine², Juliana Reis Sampaio³, Rogério Assunção Campos¹, Jomar Silva Magalhães¹, Rafaela Nardy Delgado¹ 1 Estudante de Graduação Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa. Engenheiro Florestal, professor pela Universidade Federal de Viçosa. 3 Engenheira Florestal, bolsista CNPQ, pela Universidade Federal de Viçosa. 2 Resumo: Ao considerar que a recuperação de áreas degradadas constitui-se em um importante instrumento de manutenção dos serviços ambientais prestados pelos recursos naturais, torna-se fundamental estudar novas metodologias para implantação de tecnologias capazes de recuperar essas áreas degradadas ou perturbadas como forma de manter áreas de importantes funções ambientais. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar as áreas de preservação permanente, através do levantamento de uso e ocupação do solo, para então propor técnicas de recuperação florestal específicas em propriedades rurais, pertencentes á Bacia Hidrográfica do Xopotó. O levantamento de campo da pesquisa foi realizado em propriedades rurais cadastradas pelo Instituto Xopotó, através do Projeto Agente Ambiental- Produtor rural prestador de serviços ambientais, abrangendo os municípios de Alto Rio Doce, Brás Pires, Cipotânea e Desterro do Melo. A demarcação das APPs nas matas ciliares e no entorno de nascentes foram feitas segundo as definições do código florestal de 1965, vigente durante a realização do trabalho. A partir das visitas e croquis elaborados através do mapeamento e georreferenciamento das propriedades rurais, desenvolveu-se os planos de adequação. Os resultados alcançados servem de base para o estabelecimento de critérios para a implantação de políticas de compensação ambiental ou pagamento por serviços ambientais, tanto a nível municipal, estadual ou federal. Palavras–chave: recuperação florestal, áreas de preservação permanentes, serviços ambientais. Abstract: When considering the recovery of degraded areas constitutes an important tool for environmental services provided by natural resources, it is essential to explore new methodologies for deploying these technologies to recover degraded or disrupted as a way of keeping areas important environmental functions. Thus, the objective of this 266 study was to characterize the permanent preservation areas, surveyed the use and occupation of land, and then propose specific techniques for forest restoration in rural properties, belonging to the Basin Xopotó. The field survey was conducted in the research farms registered by the Institute Xopotó through Project Environmental AgentProducer rural provider of environmental services, covering the municipalities of Alto Rio Doce, Braz Pires, Cipotânea and Exile of Melo. The demarcation of APPs in riparian areas and around springs were made according to the definitions of the Forest Code of 1965 in effect during the execution of the work. From visits and sketches drawn by mapping and georeferencing rural properties, developed plans for adequacy. The results obtained provide the basis for the establishment of criteria for the implementation of policies of environmental compensation or payment for environmental services, both at the municipal, state or federal. Keywords: forest restoration, permanent preservation areas, environmental services Introdução Áreas Degradadas podem ser entendidas, como sendo aquelas que apresentam como características sinais resultantes de processos erosivos, ausência ou diminuição da cobertura vegetal, deposição de lixo, compactação do solo, assoreamento dos rios, entre outros (Manual para Restauração Florestal, 2011). A restauração florestal só se torna necessário quando a capacidade natural do ambiente em recuperar suas características não pode ser atingida sozinha, tornando impossível que o ambiente retorne a seu equilíbrio e exerça suas funções ecológicas.. Um dos desafios para a restauração ecológica consiste em tornar essas áreas degradadas em ambientes novamente capazes de exercerem suas funções ambientais, como a proteção do solo, a produção e manutenção das águas, manutenção do micro clima, abrigo para fauna, garantia da existência de espécies da flora, entre outros. O planejamento inicial dos projetos de restauração florestal pode ser estabelecido de diversas formas, porém para todos alcançarem o sucesso, a fase inicial deve ser sempre a avaliação das condições da área degradada a ser restaurada, de forma que se avalie o grau de degradação, os fatores que levaram aquela situação, as fontes de propágulo e o potencial auto- regenerativo (Recuperação Florestal: da muda à floresta, 2004). Segundo a legislação, no que se diz na CONAMA n° 429 é que as medidas de recuperação devem observar seis requisitos necessários: A proteção das espécies nativas mediante isolamento ou cercamento da área a ser recuperada; Adoção de medidas de controle e erradicação de espécies vegetais exóticas invasoras (ex.: gramíneas africanas); Adoção de medidas de prevenção, combate e controle do fogo; Adoção de medidas de controle da erosão, se necessário; Prevenção e controle do acesso de animais domésticos e/ou exóticos (ex.: bovinos); Adoção de medidas para conservação e atração; de animais nativos dispersores de sementes; Ao se considerar que a recuperação de áreas degradadas constitui-se em um importante instrumento de manutenção dos serviços ambientais prestados pelos recursos naturais, torna-se fundamental estudar novas metodologias para implantação de tecnologias capazes de recuperar essas áreas degradadas ou perturbadas como forma de manter áreas de importantes funções ambientais. Abordando especificamente o meio rural, é um grande desafio estimular um processo de reflexão sobre modelos de desenvolvimento rural que sejam responsáveis, 267 economicamente viáveis e socialmente aceitáveis, para a conservação dos recursos naturais e da biodiversidade. Com isso, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar as áreas de preservação permanente, através do levantamento de uso e ocupação do solo, para então propor técnicas de recuperação florestal especificas em propriedades rurais, pertencentes á Bacia Hidrográfica do Xopotó. Material e Métodos A bacia do Rio Xopotó está inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Esta apresenta uma significativa extensão territorial de cerca de 83.400 km2, dos quais 86% pertencem ao estado de Minas Gerais e o restante ao estado do Espírito Santo. As nascentes desta região alimentam o Rio Xopotó que deságua no Rio Piranga, um importante afluente da cabeceira do Rio Doce. Este último é um dos principais rios do Estado de Minas Gerais e do Brasil e está localizado na Região Hidrográfica Costeira do Sudeste de acordo com a Agência Nacional das Águas - ANA. O levantamento de campo da pesquisa foi realizado em propriedades rurais cadastradas pelo Instituto Xopotó, através do Projeto Agente Ambiental- Produtor rural prestador de serviços ambientais, abrangendo os municípios de Alto Rio Doce, Brás Pires, Cipotânea e Desterro do Melo, contando com a participação de 37 produtores rurais no total. As propriedades foram estratificadas da seguinte maneira: strato 1 - contém propriedades com área de até 30 ha; estrato 2 - contém propriedades com área entre 30 ha e até à área correspondente a 4 módulos fiscais do município em que está inserida; estrato 3 - contém propriedades com área maior que 4 módulos fiscais. Depois de tomadas as coordenadas geográficas de cada propriedade, foi realizado o processamento das mesmas através do software GPS TrackMakerPro,. Utilizando o programa ArcGis 9.3.1 , foram produzidos croquis para cada propriedade, delimitando o uso das áreas de proteção florestal, APP’s e Reserva Legal. A demarcação das APPs nas matas ciliares e no entorno de nascentes foram feitas segundo as definições do código florestal de 1965 e`, as APPs de topo de morro, foram definidas conforme o art. 2º da Resolução nº 303 do CONAMA. A partir das visitas e croquis elaborados através do mapeamento e georreferenciamento das propriedades rurais, desenvolveu-se os planos de adequação. Estes seguiram as seguintes etapas: aplicação da técnica do mapeamento; georreferenciamento das propriedades; seleção das técnicas a serem utilizadas nas áreas destinadas à adequação; justificativas técnicas para as intervenções sugeridas e a metodologia para a implantação das mesmas; elaboração de croquis com as atividades sugeridas para cada área de APP descaracterizada; definição dos materiais necessários para a recuperação das áreas indicadas: número de mudas, número de mourões, prego, arame, quantidade de adubo, mão de obra necessária, controle de formigas cortadeiras, etc; 268 Resultados e Discussão A área total das 37 propriedades estudadas foi de 1.621,71 ha. Encontrou-se um número de 66 nascentes nas 37 propriedades pesquisadas e observou-se que 97% das propriedades possuem cursos d`água passando dentro dos limites da propriedade. As pastagens representam o principal uso do solo, ocupando em todos os municípios mais de 60% da área total das propriedades. Na Figuras1, tem-se o uso e ocupação geral encontrado nas propriedades trabalhadas. A alta porcentagem de áreas destinadas às pastagens se justifica pelo fato da pecuária ser a principal fonte de renda da grande maioria dos produtores rurais da região em estudo. Esta atividade se encontra, em sua maioria, com graves problemas ambientais. Algumas vezes devido à localização das pastagens em áreas impróprias, outras pelo manejo inadequado sobrecarregando o solo com excesso de animais por área. Dentre as técnicas mais utilizadas para restauração florestal, para as propriedades estudas, foram propostas as seguintes: Plantio adensado: Este método foi recomendado para áreas onde havia compactação do solo, erosão, degradação e exposição do solo. O plantio de enriquecimento: Foi recomendado para áreas de matas ciliares ou nascente em estado de regeneração, ou seja, com vegetação nativa em fase de desenvolvimento inicial. Sendo assim, o enriquecimento pode ser a melhor alternativa para se restaurar a diversidade e estrutura da floresta. Cercamento: Essa técnica foi recomendada para áreas com baixa degradação, que apresentavam capacidade de regeneração natural. A construção de cercas fechando áreas de preservação permanente nas propriedades, evita a entrada de animais e, por consequência, a formação de carreadores que favorecem a erosão, o pisoteio e compactação do solo, favorecendo assim o processo de regeneração. Poleiros: Sua implantação tem por objetivo aumentar a diversidade de espécies nos locais de restauração florestal. A densidade ideal de poleiros é de 4 a 24 poleiros por hectare, dependendo da área, conforme recomendado por BECHARA ( 2006).· Transposição do banco de sementes O uso desta técnica foi recomendada exclusivamente, em locais onde a área de restauração era inferior a 2 hectares, e onde havia fragmentos grandes na vizinhança para mitigar os impactos negativos após a retirada do banco de sementes dos fragmentos. Deste modo, o trabalho é facilitado pela pequena distância de transporte. Conclusões Os mapas de recuperação ambiental das propriedades com a indicação da técnicas mais adequadas disponibilizados aos produtores rurais é um passo importante para a efetivação de medidas para a melhoria da qualidade ambiental das propriedades e a potencialização dos serviços ambientais. Os resultados alcançados com este projeto na bacia do rio Xopotó servem de base para o estabelecimento de critérios para a implantação de políticas de compensação ambiental ou pagamento por serviços ambientais, tanto a nível municipal, estadual ou federal, podendo assim, ser exemplo para outras bacias, contribuindo para a conservação dos recursos florestais e hídricos do estado de Minas Gerais e do país. Agradecimentos Agradecemos ao CNPQ pela concessão de bolsas de Produtividade em Pesquisa e ao Instituto Xopotó pela parceria na realização do trabalho. 269 Literatura citada BECHARA, F. C. Unidades Demonstrativas de Restauração Ecológica através de Técnicas Nucleadoras: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Restinga; 2006. p. 103-122. Dissertação (Doutorado em Recursos Florestais) – Universidade de São Paulo, Piracicaba. 2006. CURY, R. Manual de Restauração Florestal, série boas práticas 5.Canarana-MT, Junho de 2011. SMA. 2004. Recuperação florestal: da muda a floresta. Secretaria do Meio Ambiente. Fundação para conservação e a produção florestal do Estado de São Paulo, 2004. 270 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.5. A governança no Arranjo Produtivo Local de Grãos de Paragominas/Pará Valto Coelho Santana Junior¹, Cyntia Meireles de Oliveira², Breno Lima Colonnelli³ 1. Acadêmico do 7º semestre do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia; bolsista do PIBIC e-mail: [email protected]; 2. Professora e orientadora na área de extensão rural e-mail: [email protected]; 3. Professor da Universidade Federal Rural da Amazônia; e-mail: [email protected] Resumo: Este trabalho visa analisar as estruturas de governança estabelecidas ao longo da cadeia de grãos no município de Paragominas, mesorregião do sudeste paraense, estado do Pará. Portanto foi utilizado os conceitos de Arranjo Produtivo Local (APL) e de vantagens competitivas, que associados ao dilema da governança, permite traçar uma estratégia de pesquisa que possa consolidar uma tradição de análise das intervenções. A metodologia utilizada consistiu em coleta de dados em questionários estruturados bem como questões abertas dirigidas a cinco produtores de grãos de forma intencional e por acessibilidade, considerando que no período da visita (janeiro), os produtores estavam em plantio, fator este que dificultou o preenchimento de um maior número de questionários. Os resultados indicaram que há uma dificuldade de comunicação entre os produtores, centro de pesquisa e assistência técnica. Constatou-se que o sucesso da produção de grãos depende de diversos fatores, que vai da gestão administrativa nas unidades produtivas, inclusive, com relação a empresas de caráter familiar (pequenas e médias), uso da tecnologia, a assistência técnica, bem como do financiamento, seja este via Cargill, Bunge ou Banco de Fomento. Palavras–chave: arranjo produtivo local; governança; gestão administrativa; unidades produtivas. Abstract: This work analyzes the governance structures established along the grain chain in the municipality of Paragominas mesoregion southeast Pará, Pará state was therefore used the concepts of Local Productive Arrangement (APL) and competitive advantages associated with that dilemma governance, allow to establish a research strategy that can consolidate a tradition of analysis of interventions. The methodology 271 consisted of collecting data from structured questionnaires and open-ended questions directed to five grain producers intentionally and accessibility, considering that during the visit (January), the producers were planting, a factor that made it difficult to fill a greater number of questionnaires. The results indicated that there is a difficulty of communication between producers, research center and technical assistance. It was found that the success of grain depends on several factors, ranging from administrative management in production units, including, with respect to firms familiar character (small and medium), use of technology, technical assistance, as well as the funding, be it via Cargill, Bunge or bank of foment. Keywords: Governance; productive arrangement; production. Introdução O estudo de governança visa identificar os principais aspectos das relações estabelecidas entre o ambiente institucional e os atores sociais, a fim de determinar sua eficiência, no que tange à redução dos seus custos de transação. Estes custos, conforme Wiliamson (1999, p. 12), constituem um “esforço para identificar, explicar e mitigar os riscos contratuais”. Nesta há um acompanhamento processual para que não deixem de ocorrer os objetivos da intervenção, conectando os elos que o dinamizam (SANTANA, 2005). No Pará, a cultura de soja vem se desenvolvendo em virtude das vantagens comparativas que esta oferece como a facilidade de escoamento da produção via Corredor de Exportação Norte - Complexo Carajás - Itaqui, infraestrutura de estradas e energia elétrica. Os fretes deste são competitivos para os centros consumidores europeus, surgindo, desta forma, como importante fronteira agrícola. O Governo do Pará vem estimulando o plantio de soja na região, desenhando boas oportunidades de investimento no estado (SOUZA, 2012). Assim, o estudo visa identificar os principais aspectos da governança em Paragominas, tornando a dinâmica produtiva do setor de grãos como unidade desta análise, considerando que é um dos maiores polos agropecuários do estado. 272 Material e Métodos As informações geradas na pesquisa ocorreram por meio de questionário estruturado bem como questões abertas. O questionário, conforme Marconi e Lakatos (2005) é um instrumento constituído por uma série ordenada de perguntas. O questionário foi dirigido a cinco produtores de grãos de forma intencional e por acessibilidade, considerando que no período da visita (janeiro), os produtores estavam em plantio, fator este que dificultou o preenchimento de um maior número de questionários. O questionário contem vinte e uma questões que buscaram saber sobre a produção, facilidades e empecilhos, levando em consideração toda a logística desde as condições do produtor até o mercado consumidor. Resultados e Discussão Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE de Recuperação Automática - SIDRA, em 2011 a produtividade de soja foi em torno de 74.815.447 milhões de toneladas, sendo que a região norte corresponde com 2,6% e o município de Paragominas com 0,16%. Em produtividade de milho, o Brasil produz 55.660.415 milhões de toneladas, a região norte participa com 2,38% e o município de Paragominas com 0,10% em milhões de toneladas. As cinco propriedades visitadas em Paragominas possuem média de 823 hectares. Todas possuem o Cadastro Ambiental Rural - CAR e nenhum dos produtores possuem a Licença Ambiental Rural - LAR. Dos produtores, 40% deles plantam apenas soja e os outros 60% plantam soja e milho. A produtividade média de soja é de 49 sacas/hectares. Já o milho apresenta produtividade média de 106,6 sacas/hectares. A produção é vendida para granjas e nas multinacionais Cargill e Bunge, com tipo de contato futuro e disponível. O preço esperado e o preço real vendido tem uma amplitude em torno de R$ 2,00. Já o custo de produção está no intervalo de R$ 900,00 a R$ 1.200,00/ha, com custo de R$ 20,00 a R$ 35,00 por saca de 60 kg produzida de soja. Contudo devem-se notar as dificuldades destes produtores de procederem ao controle eficiente de seus custos de produção, computando apenas os custos variáveis. Quanto aos órgãos públicos (fomento, assistência técnica e pesquisa), estes devem trabalhar juntos para viabilizar o desenvolvimento local no que diz respeito à estruturação de Arranjo Produtivo Local - APL de grãos. Os produtores têm apontado 273 que uma das principais dificuldades reside na pesquisa e assistência técnica com tecnologias adaptadas para a região, o que, afeta a obtenção de maiores produtividades. Conclusões Constatou-se que o sucesso da produção de grãos depende de diversos fatores, que vai da gestão administrativa nas unidades produtivas, inclusive, com relação a empresas de caráter familiar (pequenas e médias), uso da tecnologia, a assistência técnica, bem como do financiamento, seja este via Cargill, Bunge ou Bancos. Tudo isto tem sido uma combinação de fatores para a obtenção de sucesso para quem trabalha com grãos, embora as experiências na condução da lavoura tenham sido também, um elemento imprescindível para o sucesso da produção, conforme pesquisa. Podemos concluir também que os produtores não possuem um controle eficiente de custos de produção, nem tampouco utilizam tecnologias que aumentem a produtividade, o que compromete a sustentabilidade e a rentabilidade dos sistemas produtivos, o que torna-se premente de mudança com as exigências do mercado consumidor. Agradecimentos A Universidade Federal Rural da Amazônia pela concessão da bolsa. Referências CARVALHO, R. A Amazônia rumo ao “ciclo da soja”. Amazônia papers # 2. Ano I, setembro/1999. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE de Recuperação Automática SIDRA, 2011. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/Acesso em 18 de Abr. 2013. MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005. SANTANA, A. C. Elemento de economia, agronegócio e desenvolvimento local. Belém: GTZ:TUD: UFRA: 2005. 197p. SOUZA, L.L.de. A logística da soja na fronteira agrícola Norte e Nordeste: Piracicaba, 2012. WILLIAMSON, O. E. The mechanisms of governance. New York: Oxford University Press, 1999. 274 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.6. Sustentabilidade no meio rural: introdução da homeopatia na agropecuária Melissa Fabíola dos Santos A. Mendes1 Luiz Carlos de Oliveira2 Luiz Carlos do Carmo 3 Mariana Barbosa Soares4Marcelo LelesRomarco de Oliveira5 1 Estudante de graduação em Zootecnia- UFV Bolsista PIBIC/CNPq. Estudante de graduação em Agronomia-UFV 3-4 Estudante de graduação em Cooperativismo-UFV 5 Professor Departamento de Economia Rural-UFV 2 Resumo: Este trabalho relata um conjunto de ações desenvolvidas em um projeto de assistência técnica e extensão rural (ATER) intitulado Agrotóxico, Saúde e Meio Ambiente: uma proposta de diálogo junto aos feirantes de Viçosa-MG, o público participante são agricultores que comercializam na feira semanal da cidade de Viçosa. Novas técnicas de manejo agrícola sustentáveis e preconizadas pelo modelo agroecólogicode produção foram apresentadas aos agricultores que também puderam aprender mais sobre a importância da homeopatia, toda ação foi realizada com a participação efetiva dos agricultores essências para o diagnóstico correto e os bons resultados alcançados com o projeto. Palavras-chave: sustentabilidade, homeopatia, ATER Sustainability in rural areas: introductionofhomeopathy in agriculture Abstract: This paper describes a set of actions developed in a project of technical assistance and rural extension (ATER), the participating public are farmers who sell at the weekly fair of Viçosa. New management techniques and sustainable agricultural model advocated by agroecological production were presented to farmers were also able to learn more about homeopathy, the whole action was carried out with the active participation of farmers essences for the correct diagnosis and the good results achieved by the project. Keywords: sustainability, homeopathy, countryside Introdução O presente trabalho é resultado de um projeto intitulado Agrotóxico, Saúde e Meio Ambiente: uma proposta de diálogo junto aos feirantes de Viçosa-MG, cuja 275 finalidade foi a problematização em relação ao uso de agrotóxicos junto aos agricultores familiares que comercializam na feira de Viçosa-MG. De acordo com Flávia Londres (2011) na última década o uso de agrotóxicos no Brasil assumiu as proporções mais assustadoras, as vendas de agroquímicos queanteriormente movimentavam 2 bilhões de dólares passaram a movimentar 7 bilhões no país, assumindo assim a triste posição de maior consumidor mundial de agrotóxicos. Apresentamos propostas a esses agricultores, que se mostraram receptivos às novas técnicas de manejo expostas. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi discutir a possibilidade de introdução de técnicas de manejo agroecológico, e o uso da homeopatia no meio rural, em especial junto aos agricultores familiares de Viçosa, com o intuito de minimizar e em alguns casos excluir o uso de agroquímicos por parte destes agricultores, assim como viabilizar a inclusão social e o fortalecimento da agricultura familiar. Material e Métodos O percurso metodológico contou com uma elaboração prévia das atividades dinâmicas e participativas e seu desenvolvimento foi realizado através de observações acerca da realidade local, além da participação conjunta dos sujeitos, no que se refere a contribuições operacionais, pesquisas documentais e principalmente as troca de saberes. Foi utilizado o método de DRP - Diagnóstico Rural Participativo que definido como “ um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a auto gerenciar o seu planejamento e desenvolvimento. Desta maneira, os participantes poderão compartilhar experiências e analisar os seus conhecimentos, a fim de melhorar as suas habilidades de planejamento e ação” (Verdejo 2006). Resultados e discussão No primeiro momento, foi apresentadoaos agricultores, o uso e a fabricação de caldas naturais na substituição de produtos químicos, uma vez que este último apresenta maior potencial de danos ao meio ambiente, bem como um vídeo sobre o uso de preparados homeopáticos na agricultura, composto por relatos de experiências positivas acerca do uso da homeopatia. Para a realização da atividade buscamos algumas parcerias e tivemos o apoio do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa representado pela pessoa do Pesquisador e Homeopata Vicente W. Dias Casali, que disponibilizou também cartilhas técnicas sobre o assunto. A partir dessa introdução, percebemos um enorme interesse por parte dos agricultores em relação à homeopatia no meio rural. Diante dessa nova demanda por conhecimentos por parte da comunidade, conseguimos uma nova parceria com IHAMA- Instituto de Homeopatia na Agricultura e Ambiente junto com o Departamento de Fitotecnia, onde foi oferecido uma oficina introdutória com duração de oito horas sobre o uso da Homeopatia na Agropecuária, nesta oficina cerca de 25 agricultores participaram, a oficina foi realizada na comunidade de Píuna em parceria com a EMATER escritório Viçosa. Um dos objetivos da oficina foi apresentar aos agricultores familiares tecnologias simples, baratas, eficientes e seguras de manejo do ambiente rural, oferecendo alternativa viável à substituição de insumos químicos e que viabilizem a inclusão social e o fortalecimento da agricultura familiar através utilização da homeopatia. Ao longo do desenvolvimento das atividades procuramos trabalhar com a idéia de sujeitos multiplicadores, que pudessem compartilhar e multiplicar o aprendizado com outrem.Dessa forma, nossa intenção é que essas atividades promovidas possa despertar nesses agricultores a visão 276 demodos de produção mais sustentável , promovendo uma possível mudança no hábito da comunidade assistida. Conclusão Ao longo do desenvolvimento das atividades procuramos trabalhar com a idéia de sujeitos multiplicadores, que pudessem compartilhar e multiplicar o aprendizado com outrem. Logo o intuito não foi o de transformar a realidade local através de imposições, mas sim de demonstrar técnicas que podem contribuir positivamente para o cotidiano dos agricultores em questão. As impressões percebidas durante a realização das oficinas de homeopatia foram de que essas adquiriram grande respaldo quanto ao interesse dos participantes, pelo fato dessa técnica ser de fácil execução, devido à facilidade de obtenção dos materiais necessários, que também representam baixo custo na produção. Agradecimentos Agradeço aos produtores, a Emater, ao Ihama e a Universidade Federal de Viçosa Literatura Citada VERDEJO, Miguel ExpósitoDiagnóstico rural participativo: guia prático DRP/ porMiguelExposito Verdejo, revisão e adequação de Décio Cotrim e Ladjane Ramos. Brasília: MDA / Secretaria da Agricultura Familiar, 2006 62 p: il. LONDRES, Flavia Agrotóxicos no Brasil: um guia para ação em defesa da vida. – Rio de Janeiro: AS-PTA – Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa, 2011. 190 p. : il. ; 23 cm. 277 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.7. Os impactos socioambientais da modernização da agricultura no Brasil Priscila Paula de Almeida Ferreira1, Christiane Silva Souza2, Anderson de Almeida Barbosa3 1 Bacharel em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC). Especialista em Direito Público pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (ANAMAGES), Estudante não vinculada no Departamento de Economia Rural, Universidade Federal de Viçosa (UFV). *E-mail: [email protected] 2 Doutoranda em Bioquímica Agrícola, UFV; 3 Doutorem Bioquímica Agrícola,UFV. Resumo: A partir de 1950 iniciou-se no Brasil o processo de modernização do campo. Introduziu-se no espaço rural um novo modelo de produção, baseado nos moldes capitalistas, que buscavam abandonar as técnicas rudimentares e implementar o uso intensivo de máquinas e insumos agrícolas de modo a aumentar a produtividade, suprir a população com alimentos e gerar excedentes para exportação. As novas técnicas trouxeram benefícios e avanços, mas, também foram fatores geradores de grandes desigualdades sociais, reestruturação espacial da sociedade, penalização do meio ambiente e bruscas modificações do espaço rural e urbano. Palavras-chave: agricultor, complexo agroindustrial, revolução verde The socioenvironmental impacts of agricultural modernization in Brazil Abstract: Since 1950 began in the Brazil the process of modernization of the countryside. It was introduced in rural areas a new production model, based on molds capitalists, that sought to abandon the rudimentary techniques and implement intensive use of machinery and agricultural inputs to increase productivity, to supply the population with food and generate surpluses for export. The new techniques have benefits and advancements, but also were factors causing great social inequalities, spatial restructuring of society, penalizationthe environment and rural and urbanabrupt modifications. Keywords: farmer, agribusiness complex, green revolution 278 Introdução No período logo após a 2ª Guerra Mundial, a necessidade de suprimento alimentício para uma população cada vez mais crescente se tornou uma prioridade entre vários países da Europa. Entretanto, a política utilizada até então não era adequada para a situação vigente. Nesse sentido, uma nova política agrícola deveria ser proposta com o objetivo de alcançar a autossuficiência alimentar, além de contribuir para o equilíbrio econômico através de exportações de produtos agrícolas e agroindustriais. Os primeiros modelos de modernização da agricultura datam de meados da década de 40, no velho continente, estendendo-se a vários outros países, dentre eles o Brasil. Devido ao seu caráter inovador, o novo modelo alterou radicalmente a estrutura da produção agrícola nacional, na tentativa de equiparar nosso país àqueles já desenvolvidos, em matéria de produtividade e rentabilidade. Entendida como um conjunto de modificações na base técnica e de produção da agricultura, a modernização agrícola envolveu a utilização de um grande aparato tecnológico provido de variedades de plantas modificadas geneticamente em laboratório, desenvolvidas para alcançar alta produtividade e uma série de procedimentos técnicos envolvendo o uso de defensivos agrícolas e de maquinários. A introdução desse novo modelo levou a profundas transformações nas relações entre homem e natureza, tornando óbvio o domínio de um sobre o outro. Estabeleceuse, assim, o desenvolvimento das relações capitalistas de produção no campo. As formas modernas ou empresariais de produção, com vistas ao lucro, passaram a ser privilegiadas em detrimento das tradicionais. Nesse sentido, com o presente trabalho busca-se compreender como se deu o processo de modernização do campo no Brasil e quais os efeitos da introdução desse novo modelo de produção capitalista no mundo rural, sobretudo do ponto de vista das relações sociais. Material e Métodos A revisão de literatura caracterizou-se como sendo descritiva, cujo propósito foi buscar entendimento acerca do processo de modernização do campo no Brasil e dos efeitos da introdução desse novo modelo de produção capitalista no mundo rural, sobretudo do ponto de vista das relações sociais. A análise e a interpretação das informações obtidas na Literatura Consultada consistiram em processos distintos, entretanto inter-relacionadas. A análise consistiu no processo em que foram estabelecidas as ligações entre os fatos relatados e discutidos pelos diferentes autores; enquanto a interpretação referiu-se ao processo em que houve a discussão da relevância das informações em relação ao propósito. Revisão de Literatura Na década de 1960, o processo de modernização começou a ser concretamente implantado no Brasil. Surgiu, então, um setor industrial voltado para produção de insumos e equipamentos agrícolas. Na tentativa de formar um mercado consumidor para os novos produtos que passaram a ser produzidos, o governo criou formas para viabilizar a aquisição desses novos meios de produção provenientes do novo ramo industrial. Iniciou-se, assim, um novo modelo econômico brasileiro, no qual a intenção era passar de uma agricultura tradicional, dependente da natureza, que se utilizava de práticas rudimentares, para uma agricultura mecanizada, com maior volume de produção, que pudesse substituir o modelo vigente, abastecer o mercado interno e gerar excedente para exportação. 279 Na intenção de atender esse objetivo ocorre, então, a integração entre indústria e agricultura no período de 1960-80, levando ao surgimento de empresas e grupos econômicos que influenciaram poderosamente a dinâmica das atividades agrárias, além de tornar a agricultura cada vez mais especializada. Além de produtora de matériaprima tornou-se, também, compradora de produtos industriais (SILVA, 1981). Aliado a isso, para se produzir mais e melhor acentua-se o uso de fertilizantes artificiais e agrotóxicos. Graziano Neto (l985) afirmou que entre 1965 e 1970 o consumo de fertilizantes cresceu a taxa média de 60% ao ano, enquanto que os agrotóxicos aumentaram numa média anual de 25,0%.Foi a chamada “Revolução Verde”, que se baseou num amplo programa idealizado para aumentar a produção agrícola por meio do melhoramento genético de sementes e produção de insumos, mecanização, produção em massa de produtos homogêneos e redução do custo de manejo, bem como o uso extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e colheita. Outro fator determinante foi a criação de incentivos e planos governamentais de incentivo à industrialização. O Estado passou a ter maior participação no processo produtivo através da criação de subsídios fiscais. Cria-se, assim, ochamado crédito rural,que buscou suprir de recursos financeiros os produtores rurais com o objetivo de estimular os investimentosde modo a favorecer o oportuno e adequado custeio da produção e a comercialização de produtos agropecuários. É importante levar em conta que, apesar das inovações trazidas, a modernização agrícola brasileira foi muito além da implementação técnica na agricultura, uma vez que modificou também a organização e, consequentemente, as relações sociais. Juntamente com o progresso técnico, ocorreu a transformação nas organizações da produção englobando as relações sociais, modificando as relações de trabalho, o acesso à terra, a evolução do emprego, a dimensão da migração, a produção e distribuição de alimentos, os efeitos dos biocidas e a adequação do modelo tecnológico às condições sociais e agrárias brasileira (SILVA, 2013; MARTINE & GARCIA, 1987). A produção e a produtividade aumentaram, mas o custo social das mudanças ocorridas levou a um questionamento de suas vantagens econômicas. O crédito rural foi desigual, pois ficou concentrado nas regiões Sul e Sudeste, em produtos específicos e nas mãos de poucos agricultores, gerando um agravamento das desigualdades regionais. Os subsídios fiscais concedidos também tiveram papel desagregador na medida em que resultou numa menor participação do setor agroindustrial na receita de tributos. A política de extensão rural e assistência técnica passaram a ser destinadas aos grandes produtores, uma vez que seguia as mesmas diretrizes estabelecidas pelo Sistema do Crédito Rural, isto é, voltada para grandes propriedades e contratos de valores mais expressivos. Outra consequência trazida pelo modelo de produção instaurado foi a crescente instabilidade do trabalho agrícola. O volume de mão-de-obra viu-se deslocado pelo processo de modernização agrícola. A concentração dos meios de produção nas mãos dos grandes produtores transformou o pequeno produtor em trabalhadores volantes ou migrantes, uma vez que desprovidos de seus próprios meios de produção e competitividade precisaram trabalhar fora da propriedade para sobreviver, levando-o a vender sua força de trabalho. O pequeno produtor, engolido pelo novo modelo, passou a vender sua força de trabalho empregando-se como “boia-fria” nas grandes propriedades ou buscando emprego nas grandes cidades. Tudo isso levou a uma nova redistribuição espacial, provocando o “inchamento” das cidades, baixos salários e subempregos devido à grande oferta de mão-de-obra. 280 Não obstante os impactos sociais descritos há que considerar as consequências indesejáveis do uso irracional dos recursos naturais empregados na nova proposta de modernização da agricultura.Os efeitos da industrialização da agricultura sobre a degradação dos recursos naturais e a saúde humana impregnaram o mundo rural da problemática ambiental. O cultivo baseado na aplicação de agroquímicos e na uniformização de extensos campos de cultivo provocaram diversos desequilíbrios ambientais como: degradação dos solos; contaminação da água; desmatamento indiscriminado; poluição atmosférica; destruição de ecossistemas; erosão genética e perda da biodiversidade causadas pela substituição das espécies e raças rústicas por variedades altamente artificializadas; transformação e uniformização das paisagens com a perda do seu valor cultural, patrimonial e turístico; aumento do risco de incêndios devido ao abandono das pastagens, em consequência do êxodo rural; queimadas em pastagens e em florestas levando à perda dos agregados de matéria orgânica e argila do solo etc. Enfim, as mudanças ocorridas bruscamente na forma de produção foram impactantes e tiveram repercussão em todas as relações socioeconômicas da sociedade. Tudo isso levou a repensar tal modelo e buscar soluções para a situação instaurada. Conclusões O processo de modernização da agricultura implantado no Brasil após a 2ª Guerra Mundial implicou intensas transformações e aplicação de um pacote tecnológico que pretendeu construir um novo modelo de sociedade baseado nos moldes capitalistas. Passou a existir uma maior integração entre campo e cidade e o meio rural foi dominado pelo capital. Pôs-se em marcha um modelo de exploração capitalizada, dotado de meios e técnicas para assegurar a eficácia e a rentabilidade da produção. Entretanto, atrás deste cenário desenhavam-se transformações que estreitavam os laços entre campo e cidade via agravamento dos problemas sociais e ambientais. A experiência mostrou que a política de modernização dissociada de políticas ambientais e de desenvolvimento humano acarretou a degradação do meio ambiente e a evidente precarização do trabalho, refletindo diretamente no padrão de vida da população rural que passou a ser vendedora de sua força de trabalho. Nesse sentido, ficou visível a necessidade imediata de se pensar desenvolvimento, política agrária e questões ambientais numa perspectiva conjunta que possa considerar os efeitos do modelo de modernização implantado. Talvez um modelo de produçãosustentável, apoiadonapreservação do meioambiente, no desenvolvimentohumano, social, cultural, urbano e rural, de modo a se buscarumaharmonia entre eles. Literatura citada GRAZIANO NETO, F. Questão agrária e ecologia: critica da agricultura moderna. São Paulo: Brasiliense, 1985. MARTINE, G.; GARCIA, R.C. Os impactos sociais da modernização agrícola. São Paulo: Caetés, 1987. SILVA, J.G. Progresso técnico e relações de trabalho na agricultura. São Paulo: HUCITEC, 1981. SILVA, D.O. A nova modernização da agricultura e suas consequências sócioambientais. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/2/725.pdf>. Acessado em 09 mar. 2013 às 17:55:00. 281 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 11.8. Os códigos sociais no Assentamento Rural Madre Cristina Kaique Matheus Cardoso¹; Daniel Alves2 ¹ Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão – Acadêmico de Ciências Sociais – Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão em Agroecologia – NEPEA. 2 Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão – Núcleo de Estudos Pesquisas e Extensão em Agroecologia – NEPEA. Resumo: O trabalho desenvolvido foi realizado na localidade de Veríssimo-Go, no assentamento rural Madre Cristina. Os códigos de relação que se passam nesta localidade estão se evidenciando aos poucos. As famílias foram assentadas recentemente. Todas vieram de localidades diferentes e não se conheciam. Utilizando a aplicação de questionários foi possível fazer um diagnóstico da situação das famílias, tanto no aspecto financeiro quanto social. A investigação se faz em torno das relações e da constituição e consolidação de alguns aspectos fundamentais e únicos para os assentados. Palavras–chave: Religião, Família, Confiança, Assentados, Relações, Questionário. Abstract: This work was conducted in the locality of Verissimo-Go, the rural settlement Madre Cristina. Codes that are compared in this locality are showing gradually. The families were settled recently. All came from different places and did not know. Using questionnaires was possible to make a diagnosis of the situation of families, both in terms of financial and social. The research is done about the relationship and the formation and consolidation of some fundamental and unique to the settlers. Keywords: Religion, Family, Trust, Settlers Relations Questionnaire. Introdução O projeto de desenvolvimento rural sustentável desenvolvido pelo NEPEA e financiado pelo PROEXT/MEC/SESu, tem como objeto de pesquisa um assentamento rural da reforma agrária. A pesquisa foi desenvolvida durante o ano de 2013, e ainda mantemos contato com os assentados. 282 Material e Métodos A metodologia usada para a investigação em campo foi de pesquisa participante e observação participante, conduzimos atividades específicas dentro do assentamento rural e ajudamos em várias capacitações a respeito de sementes e produções agrícolas em geral. Foi utilizada a aplicação de questionários com perguntas específicas sobre alguns temas pré-estabelecidos. A situação política, religiosa, financeira e familiar dos assentados foram às bases para todas as perguntas do questionário, em vista que este foi elaborado pensando diretamente em algumas características específicas da localidade e tendo em vista a trajetória do grupo. Resultados e Discussão O assentamento está dividido em dezoito parcelas, porém as condições não são as melhores. No local não há energia elétrica, água encanada e nenhum sistema de saneamento. Isto é uma grande contradição do local, visto que passa um rio ao fundo de várias parcelas e que alimenta a barragem da usina de Nova Aurora. Desta forma, várias redes de alta tensão passam por cima do assentamento, e não se tem nenhum tipo de energia além dos geradores movidos a diesel acionados em poucas horas do dia. A água é uma necessidade constante nestes meios, pois eles vivem da venda de sua produção de alimentos ou produtos caseiros. Sem água é inviável se produzir qualquer um destes, porém algumas parcelas têm fácil acesso à água em vista de um córrego que passa no meio de algumas propriedades. Algumas parcelas em locais mais altos não tem acesso algum a água, e o único meio através do qual os moradores obtêm água é buscando-a em galões, e utilizando somente para finalidades indispensáveis, como o consumo próprio. Mesmo com estas limitações como da água e energia, algumas famílias produzem hortaliças, leite e produtos de panificação; já outras ainda não adquiriram capacitação técnica e recurso algum para começar algum tipo de produção. A grande maioria de quatorze assentados entrevistados têm alguma ligação com a terra desde a infância. Alguns vêm de famílias produtoras agírcolas, e outros de famílias que trabalhavam na terra para terceiros. Apesar de todos os problemas que envolvem os assentados, todos foram unanimes em relação a novos investimentos e aumento de produção para os próximos anos, isto nos evidencia um real desejo dos assentados de se manterem na terra e sobreviverem dela. Na localidade do assentamento Rural Madre Cristina transcorrem alguns códigos de relações sociais. A primeira vista pensa-se que o local é pacato e bem organizado, porém o convívio tornou visível vários problemas de integração comunitária. Os assentados são predominantemente evangélicos. Fora a vizinhança, não há nenhum outro laço de afinidade entre eles, pois muitos não se conhecem e não há nenhum tipo de parentesco entre as famílias. A aplicação dos questionários confirmou que mais de 90% dos assentados confiam muito na família, e também confiam muito na igreja. Considerando que a família é a primeira instituição na qual eles dizem confiar, percebemos que no caso específico que estudamos não há uma família sequer que tenha parentes extensos assentados em diversos lotes. Portanto, a instituição pela qual se passará e transmitirá esta confiança é a Igreja. Devido a este desconhecimento pela família, se fez necessário uma rede de relação que os integre, sendo esta rede o protestantismo. O interessante é que mesmo todos sendo evangélicos ainda há uma distinção de Igrejas, o que os divide novamente em outros grupos. A divisão é ainda mais evidente quando se fez necessário criar uma associação de moradores. Foram criadas duas associações, com finalidades quase idênticas, que 283 espelham divisões de perspectiva entre os assentados. A partir de então, os agora associados poderão reivindicar seus direitos através das associações junto ao INCRA. Conclusões Os assentados ainda estão em processo de adaptação a nova situação na qual foram inseridos. O contexto e necessidades básicas como acesso a água e energia resultará em investimentos de todos assentados, e com isto amenizará as relações de hostilidade entre eles. O fato desta desconfiança se deve também a trajetória de cada um, e da difícil vida de militante, na qual sofriam e passavam dificuldades durante a estadia no acampamento rural. Agradecimentos Agradeço aos docentes coordenadores do “Programa de Desenvolvimento Rural no Sudeste Goiano” em andamento no Campus Avançado Catalão (CAC) da Universidade Federal de Goiás (UFG), Cláudio José Bertazzo (Depto. De Geografia) e Daniel Alves (Depto. de História e Ciências Sociais). O programa de extensão referido integra o graduando autor deste texto como bolsista de extensão 284 12. Fitopatologia 285 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 12.1. Alterações no metabolismo antioxidativo em folhas de arroz infectadas por Microdochium oryzae1 Sandro Dan Tatagiba2, Anelisa de Figueiredo Peloso 3, Rafael Kenji Rodrigues4, Fabrício Ávila Rodrigues5 1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pelo CNPq. Doutor do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa. 3 Engenheira Agronôma, Graduada na Universidade Federal de Viçosa. 4 Graduando em Agronomia, Estagiário do Laboratório Interação Planta-Patógeno. 5 Professor Adjunto do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa. 2 Resumo: Buscou-se, neste trabalho investigar a atividade das enzimas antioxidativas, os danos causados à membrana celular e a concentração de peróxido de hidrogênio (H2O2) em folhas de plantas de arroz durante o processo infeccioso de Microdochium oryzae. Para está finalidade o experimento foi instalado num delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos (plantas inoculadas e não inoculadas com M. oryzae) com seis repetições. De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que as atividades das enzimas envolvidas no sistema antioxidativo nas plantas de arroz infectadas por M. oryzae aumentaram na tentativa de impedir o acúmulo de H2O2; contudo não foram eficientes na remoção do excesso de H2O2, resultando em dano oxidativo. Assim, houve peroxidação lipídica das membranas celulares, demostrada pelas concentrações de MDA que se mantiveram elevadas no final do processo infeccioso. Palavras-chave: escaldadura do arroz, estresse oxidativo, Oryza sativa Changes in the antioxidant metabolism in infected rice leave Microdochium oryzae Abstract: Was sought in this paper to investigate the activity of antioxidant enzymes, damage to the cell membrane through and the concentration of hydrogen peroxide (H2O2) in leaves of rice plants during the infectious process Microdochium oryzae. For is purpose the experiment was a completely randomized design with two treatments (inoculated and non-inoculated with M. oryzae) with six replications. According to the obtained results, it is concluded that the activities of enzymes involved in the antioxidant system in rice plants infected by M. oryzae increased in an attempt to prevent accumulation of H2O2, especially APX and GR, however, were not efficient in the removal of excess H2O2, resulting in oxidative damage. Thus, there lipid 286 peroxidation of cell membranes, the concentrations of MDA demonstrate which remained high at the end of the infection process. Keywords: leaf scald, oxidative stress, Oryza sativa Introdução A escaldadura causada pelo fungo Microdochium oryzae ((Hashiola & Yokogi) Samuels & Hallet = Rhynchosporium oryzae Hashiola & Yokogi), é uma das principais doenças do arroz. Os primeiros sintomas consistem no aparecimento de manchas de coloração verde-oliva, nas folhas (Filippi et al., 2005). As lesões expandem-se formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores marrom-clara e escura e, posteriormente, ocorrem coalescência das lesões, causando necrose e morte das folhas (Filippi et al., 2005). No sistema antioxidativo das plantas superiores, as enzimas mais importantes envolvidas neste processo são a superóxido dismutase (SOD), que catalisa a dismutação de O2-, mantendo baixos os níveis desse radical sendo o O 2 e o H2O2, os produtos de sua reação; a catalase (CAT), que converte o H2O2 em H2O e O2, além das enzimas do ciclo do ascorbato-glutationa, tais como a ascorbato peroxidase (APX), que catalisa a oxidação do ascorbato à monodesidroascorbato (MDHA), usando o H 2O2 como oxidante. O ascorbato oxidado é então reduzido pela glutationa reduzida, a qual é produzida a partir da glutationa oxidada, catalisada pela glutationa redutase (GR) com o consumo de nicotinamida adenina dinucleotídeo-fosfato (NADPH) (Apel & Hirt, 2004). Mudanças no sistema antioxidante das plantas durante a infecção por um determinado patógeno têm sido bem documentadas na literatura, porém, poucos estudos têm investigado a relação dessas mudanças com a resistência do hospedeiro. Informações sobre as alterações no sistema antioxidante em folhas de plantas de arroz durante o processo infeccioso de M. oryzae tornam-se necessárias para o patossistema. Visando preencher essa lacuna, este estudo objetivou determinar à atividade das enzimas do sistema antioxidativo, danos à membrana celular e a concentração de H 2O2 em plantas de arroz durante o processo infeccioso de M. oryzae. Material e Métodos Plantas de arroz da cultivar Primavera foram crescidas em vasos plásticos contendo 2 dm3 do substrato comercial Tropstrato ® (Vida Verde, Mogi Mirim, SP) a base de casca de pinus, turfa e vermiculita expandida (1:1:1). A adubação foi realizada de acordo com Zanão et al. 2009. Aos 45 dias após o transplantio, plantas com dez folhas no colmo principal foram inoculadas com M. oryzae, utilizando-se discos do meio batata-dextrose-ágar (BDA) com aproximadamente 0,25 cm2 contendo estruturas do fungo. Amostras da sétima, oitava e nona folhas, da base para o ápice, das plantas das repetições de cada tratamento foram coletadas às 24, 48, 72, 96 e 120 horas após inoculação (hai) e mantidas em nitrogênio líquido durante as coletas e, em seguida, armazenadas a -80°C até a determinação da atividade das enzimas ascorbato peroxidase (APX), superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), e glutationa redutase (GR). A concentração de proteínas das enzimas em cada amostra foi determinada pelo método de Bradford (1976). O dano oxidativo nas membranas das células das folhas foi estimado como sendo a concentração de ácido 2-tiobarbitúrico (TBA) reativo e expresso como equivalentes de malondialdeído (MDA) e a concentração de H 2O2 foi estimada com base em curva padrão de H2O2. 287 O experimento foi instalado num delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos (plantas inoculadas e não inoculadas com M. oryzae) com seis repetições. Cada unidade experimental foi constituída por um vaso contendo três plantas. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste t (P ≤ 0.05) utilizando o software SAS versão 6.12 (SAS Institute, Inc., Cary, NC). Resultados e Discussão Os resultados do presente estudo apresentam as primeiras evidências de que durante o processo infeccioso por M. oryzae ocorreu aumento na concentração de H2O2 e possivelmente, de outras espécies reativas de oxigênio (ERO’s), o que acabou por aumentar a concentração de MDA (Figuras 1a e 1b). A produção de ERO’s é uma importante resposta de defesa da planta contra a infecção por patógenos. No entanto, a acumulação de ERO’s causado pelo desequilíbrio entre a sua produção e os mecanismos de defesa podem danificar o tecido do hospedeiro quando a planta não consegue manter as ERO’s celular em níveis toleráveis. Assim, o aumento da capacidade do sistema antioxidante das plantas de arroz torna-se importante para eliminar as ERO’s nos tecidos foliares infectados por M. oryzae. MDA (nmol g-1 MF) 45 40 35 30 25 20 15 10 5 H2O2 (µmol mg-1 MF) 14 12 10 8 6 4 2 0 NI I * * (a) * * * * * 24 (b) * 48 72 96 Horas após inoculação 120 Figura 1 - Concentrações de malondialdeído (MDA) (a), e de peróxido de hidrogênio (H2O2) (b) em folhas de plantas de arroz não inoculadas (NI) e inoculadas (NI) com Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos NI e I para cada época de avaliação seguidas de asteriscos (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. MF = matéria fresca. Na Figura 2a, nota-se que a atividade da APX aumentou nas plantas inoculadas com M. oryzae ao contrário do que foi observado para as plantas não inoculadas (Figura 2a). No caso do patossistema arroz-M. oryzae, a APX foi importante em reduzir os danos causados pelo fungo no tecido foliar. A atividade da SOD aumentou no início e no final do processo infeccioso de M. oryzae (Figura 2b). Aumentos na atividade da SOD pode ser uma estratégia para restringir a colonização de patógenos, uma vez, que o excesso de ERO’s pode ser removido. 288 Entre as enzimas envolvidas na remoção do excesso de H 2O2, a CAT desempenha um papel fundamental (Figura 2c). No presente estudo, aumentos na concentração de H2O2 nas folhas infectadas por M. oryzae pode estar associado com a redução na atividade da CAT. No entanto, redução na atividade da CAT aumenta, em geral, a resistência da planta ao ataque por patógenos na tentativa de manter elevadas as concentrações de H2O2. A atividade da GR aumentou nas folhas das plantas inoculadas com M. oryzae em relação às plantas não inoculadas sendo importante para remover o excesso de H 2O2 (Figura 2d). Apesar de desempenharem papel detrimental no sistema antioxidativo das plantas, a relação das GRs com a resistência das plantas contra patógenos ainda não está bem elucidada. NI (a) I * 5 * 4 * 3 34 SOD (µmol min-1 mg-1 proteína) * 22 18 1,6 (c) 120 100 * * 80 60 * 26 2 * * (b) 30 140 GR (µmol min-1 mg-1 proteína) CAT (µmol min-1 mg-1 proteína) APX (µmol min-1 mg-1 proteína) 6 (d) * 1,2 * 0,8 * * 0,4 0,0 24 48 72 96 Horas após inoculação 120 24 48 72 96 Horas após inoculação 120 Figura 2 - Atividades específicas das enzimas peroxidase do ascorbato (APX) (a), dismutases do superóxido (SOD) (b), catalases (CAT) (c), e redutase da glutationa (GR) (e) em folhas de plantas de arroz não inoculadas (NI) e inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos NI e I para cada época de avaliação seguidas de asteriscos (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Conclusões Os resultados do presente estudo indicam que o sistema antioxidativo das plantas de arroz infectadas por M. oryzae funciona a taxas aumentadas na tentativa de impedir a acumulação de ERO’s que por ventura acabou por não remover, com eficiência, o excesso de H2O2 resultando em danos oxidativos. Literatura citada APEL, K.; HIRT, H. Reactive oxygen species: Metabolism, oxidative stress, and signal transduction. Annual Review of Plant Biology, v.55, p.373-399, 2004. BRADFORD, M.N. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v.72, p.248-254, 1976. 289 FILIPPI, M,C.; PRABHU, A.S.; SILVA, G.B. Escaldadura do arroz e seu controle. Circular Técnica. Goiânia: Embrapa CNPAF. 2005, 4p. ZANÃO JÚNIOR, L.A.; RODRIGUES, F. A.; FONTES, R. L. F. et al. Rice Resistance to Brown Spot Mediated by Silicon and its Interaction with Manganese. Journal of Phytopathology, v. 157, p.73-78, 2009. 290 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 12.2. Nutrição do magnésio na atividade bioquímica da defesa de plantas de arroz infectadas por Microdochium oryzae1 Sandro Dan Tatagiba2, Leandro de Castro Silva3, André Luís Cardoso Rodrigues4, Fabrício Ávila Rodrigues5 1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pelo CNPq. Doutor do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa. 3 Graduando em Agronomia, Bolsista de Iniciação Científica do Departamento de Fitopatologia. 4 Graduando em Agronomia, Estagiário do Laboratório Interação Planta-Patógeno. 5 Professor Adjunto do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa. 2 Resumo: Buscou-se neste trabalho, investigar o efeito do magnésio (Mg) sobre a atividade bioquímica das enzimas de defesa de plantas de arroz infectadas por Microdochium oryzae. Para esta finalidade o experimento foi montado num delineamento inteiramente casualizado no esquema fatorial 2 × 2, com seis repetições. Os fatores estudados foram: plantas com doses de 0,5 ou 1,5 mmol de Mg/L e inoculadas ou não inoculadas com M. oryzae. De acordo com os resultados obtidos podemos concluir que o aumento na concentração foliar de Mg, imposta pela dose de 1,5 mM potencializou a atividade das enzimas PFO, POX, FAL e LOX, mas não da QUI e GLU na tentativa de conter a penetração de M. oryzae, contribuindo para a resistência à escaldadura. Palavras-chave: enzimas de defesa, escaldadura do arroz, Oryza sativa, resistência Nutrition of magnesium in the biochemical activity of defense of rice plants infected Microdochium oryzae Abstract: Sought in this work, to investigate the effect of magnesium (Mg) on the biochemical activity of defense enzymes in rice plants infected Microdochium oryzae. For this purpose the experiment was conducted in a completely randomized design in 2 × 2 factorial design, with six replications. The factors studied were: plants with doses of 0,5 or 1,5 mmol Mg/L and inoculated or not inoculated with M. oryzae. According to the obtained results we can conclude that the increase in leaf concentration of Mg, imposed by the dose of 1,5 mM potentiated the activity of enzymes PPO, POX, LOX and FAL, but not of CHI and GLU in an attempt to contain the penetration M. oryzae, contributing to resistance to scald. 291 Keywords: defense enzymes, leaf scald, Oryza sativa, resistance Introdução A escaldadura causada pelo fungo Microdochium oryzae ((Hashiola & Yokogi) Samuels & Hallet = Rhynchosporium oryzae Hashiola & Yokogi), é uma das principais doenças do arroz. Os primeiros sintomas consistem no aparecimento de manchas de coloração verde-oliva, nas folhas (Filippi et al., 2005). As lesões expandem-se formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores marrom-clara e escura e, posteriormente, ocorrem coalescência das lesões, causando necrose e morte das folhas (Filippi et al., 2005). Associada à intensidade das doenças a condição fisiológica da planta é totalmente dependente de seu estado nutricional. Dependendo da interação patógeno-hospedeiro, a resistência das plantas a doenças pode ser aumentada pela concentração magnésio (Mg) no tecido foliar. Huber (1989) através de aplicações de MgCl2 com fertilizantes amoniacais reduziu a intensidade do mal do pé do trigo causado pelo fungo Gaeumannomyces graminis. Ribas (2012), por sua vez, estudando a interação arrozBipolar oryzae encontrou aumentos na atividade de algumas enzimas relacionadas à defesa em plantas supridas com maiores concentrações de Mg, o que acabou por aumentar a resistência a mancha parda. Até o momento, nenhuma informação sobre o efeito do Mg na resistência de plantas de arroz infectadas por M. oryzae está disponível na literatura. Procurando preencher esta lacuna, o objetivo desse estudo foi de avaliar a atividade bioquímica das enzimas de defesa de plantas de arroz infectadas por M. oryzae. Material e Métodos Plantas da cultivar de arroz Primavera foram crescidas em solução nutritiva, modificada de Hoagland & Arnon (1950). As doses Mg usadas foram de 0,5 e 1,5 mmol de Mg/L. Para preparo da solução nutritiva com a dose de 0,5 mmol de Mg/L, utilizouse o MgSO4.7H2O e para a dose de 1,5 mmol de Mg/L, utilizou-se o MgCl2 na concentração de 1,0 mmol/L acrescido da dose de 0,5 mmol de Mg/L de MgSO 4.7H2O. Aos 45 dias após o transplantio, plantas com dez folhas no colmo principal foram inoculadas com M. oryzae, utilizando-se discos do meio batata-dextrose-ágar (BDA) com aproximadamente 0,25 cm2 contendo estruturas do fungo. Amostras da sétima, oitava e nona folhas, da base para o ápice, das plantas das repetições de cada tratamento foram coletadas às 24, 48, 72, 96 e 120 horas após inoculação (hai) e mantidas em nitrogênio líquido durante as coletas e, em seguida, armazenadas a -80°C até a determinação da atividade das enzimas polifenoloxidases (PFO), peroxidases (POX), quitinases (QUI), β-1,3-glucanases (GLU), fenilalanina amônia-liases (FAL) e lipoxigenases (LOX). Amostras de folhas foram coletadas de plantas não inoculadas com M. oryzae e serviram como controle (0 h). Folhas sem bainha, foram moídas em moinho tipo Thomas-Wiley (Thomas Scientific, Swedesboro, NJ), equipado com peneira de 20 mesh, para determinação da concentração foliar de Mg. O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado no esquema fatorial 2 × 2, com seis repetições. Os fatores estudados foram: plantas com doses de 0,5 ou 1,5 mmol de Mg/L e inoculadas ou não inoculadas com M. oryzae. Cada unidade experimental foi constituída por um vaso contendo cinco plantas de arroz. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram 292 comparadas pelo teste t (P ≤ 0.05) utilizando o software SAS versão 6.12 (SAS Institute, Inc., Cary, NC). Resultados e Discussão A concentração foliar de Mg aumentou significativamente nas plantas não inoculadas e inoculadas com M. oryzae na dose de 1,5 mM em relação as plantas mantidas na dose de 0,5 mM (Figura 1). 1,0 Mg (dag/kg) * 0,8 0,5 mM 1,5 mM * 0,6 0,4 0,2 0,0 NI I Figura 1 - Concentração foliar de Mg em plantas de arroz cultivadas em solução nutritiva contendo as doses de 0,5 ou 1,5 mmol Mg/L e não inoculadas (NI) ou inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos 0,5 e 1,5 mmol Mg/L seguidas de asterisco (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Erro padrão da média está representado em cada barra. Observando-se as Figuras 2a e 2b, nota-se que os aumentos nas atividades da PFO e da POX foram responsivos ao aumento na concentração foliar de Mg imposto pela dose de 1,5 mM nas plantas de arroz infectadas por M. oryzae. A polimerização de compostos fenólicos que contribui para o aumento da lignificação do tecido foliar envolve a participação das enzimas PFO e POX. A POX desempenha um papel importante na resposta de defesa do hospedeiro através da produção de H 2O2 a fim de impedir o crescimento de fitopatógenos. A QUI e a GLU catalisam a hidrólise de carboidratos de quitina e de β-1,3glucana, respectivamente, degradando parcialmente a parede celular de vários fungos com a liberação de oligossacarídeos e, assim, promovendo respostas de defesa do hospedeiro. As atividades da QUI e da GLU foram maiores nas folhas das plantas mantidas na dose de 0,5 mM, evidenciando que o aumento na concentração de Mg não surtiu efeito na atividade dessas enzimas na resistência contra a escaldadura (Figuras 2c e 2d). A L-fenilalanina é convertida em ácido trans-cinâmico pela FAL resultando, assim, na síntese de diversos compostos fenólicos e fitoalexinas (Substâncias com atividade antimicrobiana), sendo a lignina o produto final. A atividade da FAL foi aumentada nas plantas mantidas na dose 1,5 mM de Mg (Figura 2e) indicando a importância da rota dos fenilpropanóides na resistência do arroz à infecção por M. oryzae. A atividade da LOX foi maior nos tecidos foliares que apresentaram maior concentração de Mg contribuindo para a resistência à escaldadura (Figura 2f). A síntese de alguns compostos com funções de sinalização e de atividade antimicrobiana envolvido na defesa do hospedeiro contra agentes patogênicos têm sido relacionada com a atividade da LOX. 293 Conclusões Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que o controle da escaldadura pelo Mg foi dependente da concentração desse elemento no tecido foliar em um cenário onde as atividades das enzimas PFO, POX, FAL e LOX foram elevadas. PFO (µmol min-1 mg-1 proteína) (a) 16 0,5 mM 1,5 mM * 14 12 10 * 8 6 4 2 POX (µmol min-1 mg-1 proteína) 900 18 0 600 * 500 400 300 200 100 20 16 12 8 4 GLU (Abs min-1 mg-1 proteína) * (c) 1200 * (d) 1000 600 400 200 0 0 9 * 160 * 140 (e) * * 120 100 80 60 * 20 0 * 800 180 LOX (µmol min-1 mg-1 proteína) QUI (mol min-1 mg-1 proteína) FAL (µmol min-1 mg-1 proteína) 700 0 24 40 * (b) 800 * * (f) 8 7 6 * 5 * 4 3 2 1 0 0 24 48 72 Horas após inoculação 96 120 0 24 48 72 96 120 Horas após inoculação Figura 2 - Atividade das polifenoloxidases (PFO) (a), peroxidases (POX) (b), quitinases (QUI) (c), β 1,3 glucanases (GLU) (d), fenilalanina amônia liases (FAL) (e) e lipoxigenases (LOX) (f) em folhas de plantas de arroz cultivadas em solução nutritiva contendo as doses de 0,5 ou 1,5 mmol Mg/L e não inoculadas (NI) ou inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos 0,5 e 1,5 mmol Mg/L seguidas de asterisco (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Erro padrão da média está representado em cada barra. Literatura citada FILIPPI, M,C.; PRABHU, A.S.; SILVA, G.B. Escaldadura do arroz e seu controle. Circular Técnica. Goiânia: Embrapa CNPAF. 2005, 4p. HOAGLAND, D.R.; ARNON, D.I. The water culture method for growing plant without soil. California Agricultural Experiment Station Circular v.347, p.1-32, 1950. HUBER, D.M. The role of nutrients and chemicals. In: Asher MJC, Shipton PJ ed. Biology and control of take-all. Academic Press Inc., London, UK. 1981, p. 317-341. RIBAS, W.M. Trocas gasosas e atividade de enzimas de defesa em plantas de arroz infectadas por Bipolaris oryzae e supridas com magnésio. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2012, 67p. 294 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 12.3. Limitação fotossintética em folhas de plantas de arroz causada por escaldadura1 Sandro Dan Tatagiba2, Leandro de Castro Silva3, Anelisa de Figueiredo Peloso 4, Fabrício Ávila Rodrigues5 1 Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pelo CNPq. Doutor do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa. 3 Graduando em Agronomia, Bolsista de Iniciação Científica do Departamento de Fitopatologia. 4 Engenheira Agronôma, Graduada na Universidade Federal de Viçosa. 5 Professor Adjunto do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa. 2 Resumo: Procurou-se neste estudo avaliar as trocas gasosas e a concentração de pigmentos fotossintéticos em plantas de arroz inoculadas ou não inoculadas com Microdochium oryzae. Para está finalidade o experimento foi instalado num delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos (plantas inoculadas e não inoculadas com M. oryzae) com seis repetições. De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que houve redução da taxa fotossintética nas folhas das plantas inoculadas, a qual esteve relacionada com a redução na abertura estomática, a qual dificultou a difusão de CO2 para os sítios de carboxilação. Houve diminuição das áreas verdes na superfície do tecido foliar, ocasionado pela expansão das lesões e aumento de tecido necrótico. As concentrações de pigmentos fotossintéticos diminuíram com o progresso da escaldadura o que limitou a absorção da radiação fotossinteticamente ativa. Palavras-chave: pigmentos fotossintéticos, trocas gasosas, Oryza sativa Limiting photosynthesis in leaves of rice plants caused by scald Abstract: This study sought to evaluate the gas exchange and photosynthetic pigment concentration in rice plants inoculated or not with Microdochium oryzae. Purpose is for the experiment was a completely randomized design with two treatments (inoculated and non-inoculated with M. oryzae) with six replications. According to the results, it is concluded that the reduction in photosynthetic rate in leaves of inoculated plants, which was related to the reduction in stomatal aperture, which hindered the diffusion of CO 2 to the sites of carboxylation. A decrease in the surface areas of the green leaf tissue, caused by the expansion of lesions and necrotic tissue augmentation. The 295 photosynthetic pigments decreased with the progress of scalding which limited the absorption of photosynthetically active radiation. Keywords: gas exchange, photosynthetic pigments, Oryza sativa Introdução A escaldadura causada pelo fungo Microdochium oryzae ((Hashiola & Yokogi) Samuels & Hallet = Rhynchosporium oryzae Hashiola & Yokogi), é uma das principais doenças do arroz. Os primeiros sintomas são o aparecimento de manchas de coloração verde-oliva, sem margens bem definidas, nas folhas (Filippi et al., 2005). As lesões expandem-se formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores marrom-clara e escura e, posteriormente, ocorrem coalescência das lesões, causando necrose e morte das folhas (Filippi et al., 2005). A doença causa desuniformidade no estande e diminuição da área fotossinteticamente ativa. A redução na fotossíntese de folhas infectadas por patógenos pode ocorrer devido a alterações na abertura e fechamento dos estômatos, dificultando a difusão de CO 2 no mesófilo foliar e redução ou destruição de moléculas de clorofila ou de cloroplastos que resultam em áreas cloróticas e necróticas. Abo-Foul et al. (1996), estudando o patossitema pepino-Sphaerotheca fuliginea, relataram que a redução na capacidade fotossintética ocorreu devido à perda de clorofila e danos aos tilacóides, enquanto que para o patossistema soja-Phakopsora pachyrhizi, houve redução da eficiência do uso da radiação fotossinteticamente ativa, principalmente devido à perda de clorofila, reduzindo a capacidade da folha em absorver a luz (Kumudini et al., 2008). Procurando desvendar informações dessa natureza no patossitema arroz-M.oryzae procurou-se neste estudo avaliar às trocas gasosas e à concentração de pigmentos fotossintéticos em folhas de plantas de arroz inoculadas e não inoculadas com M. oryzae. Material e Métodos Plantas de arroz da cultivar Primavera foram crescidas em vasos plásticos contendo 2 dm3 do substrato comercial Tropstrato ® (Vida Verde, Mogi Mirim, SP) a base de casca de pinus, turfa e vermiculita expandida (1:1:1). A adubação foi realizada de acordo com Zanão et al. 2009. Aos 45 dias após o transplantio, plantas com dez folhas no colmo principal foram inoculadas com M. oryzae, utilizando-se discos do meio batata-dextrose-ágar (BDA) com aproximadamente 0,25 cm2 contendo estruturas do fungo. A taxa de assimilação líquida de CO2 (A), a condutância estomática (gs), a taxa de transpiração (E) e a concentração interna de CO2 (Ci), sob irradiância de 1.200 μmol de fótons m-2 s-1, foram determinadas com um analisador de gás por infravermelho portátil (IRGA, Li-Cor, modelo LI-6400). As avaliações foram realizadas na oitava e na nona folha do colmo principal, da base para o ápice, das plantas de cada repetição às 24, 48, 72, 96 e 120 horas após inoculação (hai). As leituras foram realizadas entre as 9:00 e 10:30 horas. Para determinação da clorofila a, clorofila b e carotenóides foram coletadas amostras das mesmas folhas utilizadas na determinação das trocas gasosas, as quais foram armazenadas em nitrogênio (N) líquido e alocadas em ultrafreezer a -80ºC até análise. Todo o procedimento foi realizado em ambiente fechado sob luz verde. O experimento foi instalado num delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos (plantas inoculadas e não inoculadas com M. oryzae) com seis repetições. Cada unidade experimental foi constituída por um vaso contendo três plantas. Os dados 296 obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste t (P ≤ 0.05) utilizando o software SAS versão 6.12 (SAS Institute, Inc., Cary, NC). Resultados e Discussão Os valores da expansão de lesões aumentaram nas folhas das plantas inoculadas com M. oryzae durante o progresso da doença, registrando o valor máximo de 24.5 mm às 120 hai (Figura 1). 30 EL (mm) 25 20 15 10 5 0 Horas após inoculação Figura 1- Expansão de lesões (EL) de escaldadura em folhas de arroz inoculadas com Microdochium oryzae. Barras em cada ponto representam o erro padrão da média. Nas folhas não inoculadas com M. oryzae os valores de A, gs e E foram maiores em relação às folhas das plantas inoculadas (Figuras 1a,1b e 1c), evidenciando o efeito negativo causado pelo fungo nas trocas gasosas, principalmente na taxa fotossintética. 24 1,2 * * * 20 * * 16 12 8 NI 4 0,8 * * * * 0,6 * 0,4 0,2 0,0 (c) * 8 * 6 * * 4 2 0 400 Ci (µmol CO2 mol-1) 12 E (mmol H2O m-2 s-1) 1,0 I 0 10 (b) (a) gs (mol H2O m-2 s-1) A (µmol CO2 m-2 s-1) 28 * 380 360 * (d) * * * 340 320 24 48 72 96 Horas após inoculação 120 24 48 72 96 Horas após inoculação 120 Figura 1 - Fotossíntese líquida (A) (a), condutância estomática (gs) (b), taxa de transpiração (E) (c) e concentração interna de CO2 (Ci) (d) em folhas de plantas de arroz não inoculadas (NI) e inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos NI e I para cada época de 297 avaliação seguidas de asteriscos (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Barras em cada ponto representam o erro padrão da média . Aumentos nos valores da concentração interna de CO 2 nas folhas das plantas inoculadas com M. oryzae (Figura 1d) podem estar associados à diminuição da área foliar verde e, consequentemente, a ocorrência de necrose e possível aumento da respiração do patógeno. A limitação fotossintética pode estar relacionada com a redução na abertura estomática durante o processo infeccioso de M. oryzae, dificultando a difusão de CO2 para os sítios de carboxilação e também pela menor concentração de pigmentos fotossintéticos encontrados nas folhas das plantas inoculadas com M. oryzae (Figura 2). * 12 * 10 8 NI 6 6 *(a) * Chl b (g kg-1 MF) Chl a (g kg-1 MF) 14 I 4 * 4 * * * 3 2 1 * * 16 (c) * * 12 8 Carotenóides (g kg-1 MF) 0 20 Chl total (g kg-1 MF) (b) 5 5 (d) 4 * * * * 3 2 4 24 48 72 96 Horas após inoculação 120 24 48 72 96 Horas após inoculação 120 Figura 2 - Concentração de clorofila a (Chl a) (a), clorofila b (Chl b) (b), clorofila total (Chl a + b) (c) e carotenóides (d) em folhas de plantas de arroz não inoculadas (NI) e inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos NI e I para cada época de avaliação seguidas de asteriscos (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Barras em cada ponto representam o erro padrão da média. MF = matéria fresca. Conclusões Os resultados do presente estudo permitem concluir que a infecção por M. oryzae reduziu a taxa fotossintética nas folhas de arroz causada pela menor abertura estomática dificultando a difusão de CO2 para os sítios de carboxilação e também pelo decréscimo da concentração de pigmentos fotossintéticos que ocorreu como resultado do surgimento das áreas necrosadas. Literatura citada ABO-FOUL, A.; RASKIN, S.; SZTEJNBERGA, V.I. et al. Disruption of chlorophyll organization and function in powdery mildew-diseased cucumber leaves and its control by the hyperparasite Ampelomyces quisqualis. Phytopathology v.86, p.195-199, 1996. FILIPPI, M,C.; PRABHU, A.S.; SILVA, G.B. Escaldadura do arroz e seu controle. Circular Técnica. Goiânia: Embrapa CNPAF. 2005, 4p. 298 KUMUDINI, S.; PRIOR, E.; OMIELAN, J. et al. Impact of Phakopsora pachyrhizi infection on soybean leaf photosynthesis and radiation absorption. Crop Science, v. 48, p.2343-2350, 2008. ZANÃO JÚNIOR, L.A.; RODRIGUES, F. A.; FONTES, R. L. F. et al. Rice Resistance to Brown Spot Mediated by Silicon and its Interaction with Manganese. Journal of Phytopathology, v. 157, p.73-78, 2009. 299 13. Floresta 300 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 13.1. Influência do sítio nas propriedades químicas e densidade básica da madeira de Eucalyptos sp. Lucas de Freitas Fialho 1, Clarissa Gusmão Figueiró 1, Alexandre Molino Fogli1, Pedro Gustavo Ulisses Frederico 2, Angélica de Cássia Carneiro Oliveira3, Benedito Rocha Vital3 1 Estudante de Graduação em Engenharia Florestal. Mestre em Ciências Florestais 3 Professor do Departamento de Engenharia Florestal. 2 Resumo: Tem se tornado cada vez mais importante relacionar as condições de sitio e as propriedades da madeira. Esse trabalho tem como objetivo avaliar a importância das condições do sitio nas propriedades da madeira, visando a escolha do melhor clone de Eucalyptus. Os clones avaliados foram provenientes de plantios comerciais nos municípios de Santa Bárbara e Ipaba. Nas áreas estudadas foram encontradas diferentes características edáficas. Foram determinadas a densidade e composição da madeira de cada clone. Na região de Santa Bárbara o clone que apresentou melhores características físicas e químicas para a produção de carvão foi o clone 57. Já na região de Ipaba foi o clone 1046. De maneira geral podemos dizer que os fatores edáficos influenciaram na escolha do melhor clone para cada região. Palavras–chave: clone de Eucaluptus, densidade básica, fatores edáficos, propriedades químicas Influence of site on the chemical properties and basic density of wood in Eucalyptos sp Abstract: It has become increasingly important to relate the site conditions and the properties of wood. This study aims to evaluate the importance of site conditions on the properties of wood in order to choose the best clone of Eucalyptus. The clones were obtain from commercial plantations in the counties of Santa Barbara and Ipaba. In the areas studied to be founded different soil characteristics. Determined by density and composition of wood of each clone. In the region of Santa Barbara clone that showed the best density and chemical characteristics for the production of coal and energy was the clone 57. In Ipaba the clone was 1046. In general, we can say that the soil factors influenced the choice of the best clone for each region. 301 Keywords: clone of Eucalyptus, basic density, chemical properties, soil factors Introdução A formação da madeira se inicia no processo fotossintético da planta, resumindo-se na assimilação por parte das árvores de água e gás carbônico transformadas em substância orgânica. Esse crescimento é grandemente influenciado por fatores ambientais: climáticos, edáficos e topográficos. A interação desses fatores com as plantas expressa a qualidade do sítio, levando árvores de uma mesma espécie a apresentarem, em função do sítio, crescimentos diferentes. (Gonçalvez 2009) Diante da importância que a matéria-prima tem em termos de influências nas características e propriedades dos produtos florestais, o conceito de produtividade florestal hoje se encontra atrelado a um componente fundamental que é o aspecto da qualidade da madeira. As propriedades físicas e químicas da madeira são importantes parâmetros para a escolha do melhor material genético para a produção de carvão vegetal. Assim, o presente estudo tem como objetivo avaliar as influências de diferentes regiões geográficas nas propriedades físicas e químicas da madeira de diferentes clones de eucalipto. Material e Métodos Foram utilizados, neste trabalho, seis clones de Eucalyptus (Quadro 1), provenientes dos municípios de Santa Bárbara e Ipaba, localizados no estado de Minas Gerais. Selecionaram-se árvores com diâmetro médio (desvio padrão), em uma parcela de 10 x 10 plantas. Foram coletadas cinco árvores-amostra, por clone e local, totalizando 75 amostras. Os clones foram coletados em plantios comerciais com espaçamento de 3,0 x 3,3 m e 3 anos de idade. No Quadro 2 estão descritas as principais características dos locais onde foram coletadas as árvores-amostra. Na região de Ipaba a profundidade dos solos é de alta a média, de textura argiloarenosa, alta fertilidade, baixa acidez, alta compactação e alta erosão. Os solos na região de Santa Bárbara possuem profundidade de baixa a alta, textura argilo-arenosa, baixa fertilidade, alta acidez, média compactação, média erosão e alta presença de cascalho. Foram retiradas das árvores coletadas, toretes de 1 m na base (0%), 25%, 50%, 75% e 100% da altura comercial do tronco. Destes discos foram retirados discos para a determinação da densidade básica da madeira conforme o método da balança hidrostática [7]. O restante dos toretes foi transformado em cavacos para determinação da composição química. Os cavacos foram transformados em serragem em moinho tipo Wiley, conforme a norma [6]. As análises foram efetuadas na fração de serragem, classificadas em peneiras de 40/60 mesh (ASTM). A solubilidade da madeira em etanol/tolueno foi efetuada segundo a norma [6], com substituição do benzeno por tolueno, assim determinou-se o teor de extrativos totais. O teor de lignina foi determinado pelo método Klason, modificado de acordo com o procedimento proposto por [3]. A lignina solúvel em ácido foi determinada a partir do filtrado resultante da análise da lignina Klason, através de leitura em espectrofotômetro de acordo com [2]. O teor de lignina total foi obtido pela soma 302 lignina residual mais a lignina solúvel. O percentual de holoceluloses foi obtido por diferença. Resultados e Discussão Quadro 1 – Valores médios da densidade básica da madeira, dos teores de extrativos, lignina total, holoceluloses, em g.cm-³ e %, por clone e por região Região Santa Bárbara Ipaba Santa Bárbara Ipaba Santa Bárbara Ipaba Santa Bárbara Ipaba Santa Bárbara Ipaba Clone 57 1046 1213 1215 1274 Densidade Básica 0,438 a 0,438 a 0,428 a 0,424 a 0,464 a 0,469 a 0,447 a 0,440 a 0,422 c 0,437 b Extrativos 0,55 c 1,01 a 0,47 c 0,93 a 0,61 b 0,90 a 0,68 c 0,98 b 0,67 b 0,94 a Lignina Total 30,55 a 29,75 b 29,00 b 30,20 a 29,55 a 29,25 b 30,35 b 30,05 b 31,10 a 30,65 b Holoceluloses 68,90 b 69,24 a 70,53 a 68,88 b 69,85 a 69,85 a 68,97 a 68,97 a 68,23 b 68,41 b Médias seguidas de uma mesma letra dentro da região, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. Quadro 2 - Valores médios da densidade básica da madeira, dos teores de extrativos, lignina total, holoceluloses, em g.cm-³ e %, por região e por clone Clone 57 1046 1213 1215 1274 57 1046 1213 1215 1274 Região Santa Barbara Ipaba Densidade Básica 0,438 bc 0,428 cd 0,464 a 0,447 b 0,422 d 0,438 b 0,424 c 0,469 a 0,440 b 0,437 b Extrativos 0,55 b 0,47 c 0,61 ab 0,68 a 0,67 a 1,01 a 0,93 bc 0,90 c 0,98 ab 0,94 abc Lignina Total 30,55 b 29,00 d 29,55 c 30,35 b 31,10 a 29,75 c 30,20 b 29,25 d 30,05 bc 30,65 a Holoceluloces 68,90 c 70,53 a 69,85 b 68,97 c 68,23 d 69,24 b 68,88 c 69,85 a 68,97 c 68,41 d Médias seguidas de uma mesma letra dentro da região, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. A partir do quadro 1 e 2 podemos fazer as seguintes considerações: A maior densidade básica da madeira foi encontrada no clone 1213, híbrido de Eucalyptus grandis X Eucalyptus Urophylla, nas regiões de Santa Bárbara e Ipaba enquanto que as menores densidades ocorreram para a madeira do clone 57, Eucalyptus grandis, e dos clones 1046 e 1274, híbridos de Eucalyptus grandis X Eucalyptus Urophylla. A densidade básica da madeira foi pouco afetada entre as regiões analisadas. Logo os fatores edáficos não influenciaram significativamente. Na região de Santa Bárbara, a madeira dos clones 1215 e 1274 apresentou o maior teor de extrativos enquanto que na região de Ipaba, foram observados os maiores teores de extrativos na madeira dos clones 57, 1215 e 1274. 303 Os menores teores de extrativos na madeira dos clones podem ser observados na região de Santa Bárbara enquanto que os menores teores de extrativos ocorreram na madeira dos clones na região de Ipaba. O teor de extrativos presentes na madeira está diretamente relacionado com a geração de energia através da queima direta da madeira. Isso se deve ao fato de grande parte dos extrativos serem voláteis, e se degradarem a baixas temperaturas, liberando energia. (CASTRO 2011) Nas regiões de Santa Bárbara os maiores teores de lignina foram observados para a madeira dos clones 57, 1274 e 1215 enquanto que na região de Ipaba, os maiores teores de lignina foram observados para a madeira dos clones 1274, 1046 e 1215. A lignina é um componente químico que mais contribui para o rendimento gravimétrico durante o processo de carbonização em função da sua maior resistência à degradação térmica (SANTOS, 2010) Assim como na densidade básica observa-se que os teores de lignina não foram influenciados pelo solo. Podem ser observados os menores teores de holoceluloses para a madeira do clone 1046 na região de Ipaba e do clone 57 na região de Santa Barbara. A madeira do clone 1274 apresentou o menor teor de holoceluloses nas regiões de Santa Bárbara e Ipaba. Observa-se então que como a maioria das propriedades acima os fatores edáficos não se apresentaram influentes nos teores de holoceluloses. Conclusões A influência dos fatores edáficos não aparece significativamente nos resultados obtidos nessa pesquisa, embora cada região apresente um clone destacando-se positivamente dos demais tanto para a produção de energia como para a produção de carvão vegetal, como o clone 57 (Eucalyptus grandis) em Santa Bárbara e o clone 1046 (Eucalyptus grandis X Eucalyptus Urophylla) em Ipaba. Logo se faz necessário um estudo prévio da região antes da escolha o melhor clone de acordo com a característica de cada atividade. Agradecimentos FAPEMIG, CNPq, Embrapa Florestas, Grupo Temático em Carvão G6. Referencias Bibliograficas CASTRO, A.F.N.M. Efeito da idade e de materiais genéticos de Eucalyptus sp. na madeira e carvão vegetal. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2011. GOLDSCHIMID, O. Ultraviolet spectra. In: SARKANEN, K. V.; LUDWING, C. H. (Eds) Lignins. New York: Wiley Interscience, 1971. p. 241-266. GOMIDE, J. L.; DEMUNER, B.J. Determinação do teor de lignina em material lenhoso: método Klason modificado. O PAPEL, v. 47, n.8, p.36-38, 1986. GONÇALVEZ, J.C.; VIEIRA, F.S.; CAMARGOS, J.A.A.; ZERBINI, N.J. Influência do sítio nas propriedades da madeira de Pinus caribaea var. hondurensis. Cerne, Lavras, v. 15, n. 2, p. 251-255, abr. /jun. 2009. SANTOS, R. C. Parâmetros de qualidade da madeira e do carvão vegetal de clones de eucalipto. 2010, 173 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, 2010. 304 TECHNICAL ASSOCIATION OF THE PULP AND PAPER INDUSTRY – TAPPI. Tappi test methods: 1992-1993. Atlanta, 1992. VITAL, B. R. Métodos de determinação de densidade da madeira. Viçosa: SIF, 1984. 21p. (Boletim técnico, 1). 305 14. Forragicultura 306 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.1. Rendimento de forrageiras hibernais em área de Planossolo do sul do Rio Grande do Sul1 Fernando Amarilho Silveira2,4, OtonielGeterLauz Ferreira3, Roberta Farias Silveira4, Cicero Mateus Sell5,Olmar Antônio Denardim Costa6, Roger Marlon Gomes Esteves7 1Trabalho desenvolvido no Grupo de Ovinos e Outros Ruminantes – GOVI. (wp.ufpel.edu.br/govi) 2Bolsista de extensão – GOVI - PREC - UFPel . E-mail: [email protected] 3Professor do DZ/FAEM/UFPel. 4Graduando em Zootecnia / FAEM/ UFPel. 5Graduando em Agronomia/ FAEM/ UFPel. 6Zootecnista discente do PPGZ/FAEM/UFPel. 7Eng. Agrônomo MSc. do DZ/FAEM/UFPel. Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar o rendimento de forrageiras hibernais em área de Planossolo do sul do Estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, foram implantadas três cultivares de azevém anual; Conquest ® (diploide), Pronto (diploide) e KLm 138® (tetraploide); uma cultivar de azevém perene; Banquet II ®; e a cultivar Rizomat® de festuca continental.Não foram verificadas diferenças significativas entre as cultivares quanto ao rendimento de forragem e percentual de folhas. Por sua vez, o percentual de material morto foi superior na cultivar Banquet II ®.Verificou-se também, diferenças quanto à distribuição da produção de forragem, tendo em vista o número e a época de realização dasdesfolhas proporcionadas por cada uma das cultivares.As cultivares Pronto, KLm138®e Conquest® proporcionaram desfolhamais precocemente, enquanto a cultivar KLm138®apresentou maior longevidade, com produção que se estendeu aproximadamente um mês a mais que as demais.Não foram verificadas diferenças no rendimento forrageiro entre as cultivares.As cultivares possuem diferentes padrões de distribuição da produção de forragem ao longo do ciclo. Palavras–chave: diploide,Festucaarundinacea,Loliummultiflorum,tetraploide Hibernais forage yield in lowland area in the South of Rio Grande do Sul Abstract: The objective of this work was to evaluate forage yield hibernais in Planossolo area of the southern state of Rio Grande do Sul, Brazil. To this end, were deployed three cultivars of Italian ryegrass; Conquest ® (diploide), Pronto (diploide) and KLm 138® (tetraploide); a cultivar of perennial ryegrass; Banquet II®; and the Rizomat ® 307 continental Fescue cultivar. We’re not observed significant differences among the cultivars for forage yield and percentage of leaves. In turn, the percentage of dead material was superior in cultivating Banquet II ®. It was also, differences in the distribution of forage production, in view of the number and the time of realisation of desfolhas offered by each of the cultivars. The cultivars Pronto, KLm 138 ® and Conquest® provided as early defoliation, while cultivating KLm 138® presented greater longevity, with production that lasted about a month more than the other. Não foram verificadas diferenças no rendimento forrageiro entre as cultivares. As cultivares possuem diferentes padrões de distribuição da produção de forragem ao longo do ciclo. Keywords: diploide,Festucaarundinacea,Loliummultiflorum, tetraploide Introdução As pastagens naturais no Estado do Rio Grande do Sul, que são peculiares à altitude, ao clima e ao solo de cada região, são compostas em sua maioria por espécies herbáceas de ciclo estival, sendo aproximadamente 400 gramíneas e 150 leguminosas. Estas pastagens passam por uma estacionalidade produtiva no outono-inverno, quando ocorre estabilização do crescimento das plantas, devido ao decréscimo das temperaturas e luminosidade neste período frio. Com isso, as gramíneas anuais de estação fria podem ser uma alternativa de produção de forragem para suprir a deficiência alimentar dos animais no outono-inverno, época de reduzida produção animal. Dentre os recursos forrageiros utilizados neste período, o azevém anual (Loliummultiflorum) é responsável pela maior área plantada no Rio Grande do Sul, especialmente por seu potencial produtivo e ser adaptado às condições ambientais desse Estado (CONFORTIN, 2009).As festucas (Festucaarundinaceae), por sua vez, são adaptadas a uma série de ambientes, possuindo grande perfilhamento e alta produção de folhas. Suas cultivares podem ser do tipo continental ou mediterrâneo, as quais se diferenciam, principalmente, pela capacidade de crescimento, sendo esta última caracterizada pelo crescimentohibernal.A cultivar Rizomat®, como todas as continentais, cresce em todas as estações do ano, sendo considerada então uma planta perene (PGW Sementes 2013). O objetivo do trabalho foi avaliar o rendimento de forrageiras hibernais em área de Planossolo do sul do Rio Grande do Sul. Material e Métodos O experimento foi realizado em área experimental pertencente ao Centro Agropecuário da Palma (31º 52’ S e 52º 29’ W), Capão do Leão, região fisiográfica Litoral-Sul do RS. O solo é classificado como PlanossoloHáplicoeutróficosolódico (terras-baixas, normalmente utilizados para cultivo de arroz irrigado em rotação com pastagens), pertencente à unidade de mapeamento Pelotas (Strecket al., 2008). O clima é do tipo Cfa segundo Köeppen-Geiger. A semeadura das forrageiras azevém (LoliummultiflorumLam.) e festuca (FestucaarundinaceaSchreb.) foi realizada em 03 de junho de 2012, na densidade de 30 kg.ha-1 de sementes puras viáveis, em solo preparado convencionalmente com aração e duas gradagens, corrigido e adubado, conforme resultado da análise de solo que indicou: pH(H2O): 4,9; Índice SMP: 6; Matéria orgânica (%): 1,7; Argila (%): 17; CTC(cmolc dm-³): 3,2; P(mg dm-³): 1,2 e K(mg dm-³): 30. Foram implantadas três cultivares de azevém anual; Conquest ®(diploide), Pronto (diploide) e KLM 138 ® (tetraploide); uma cultivar de azevém perene; Banquet II ®; e a cultivar Rizomat® de festuca continental. Constituiu-se assim um experimento em 308 blocos completos ao acaso com cinco tratamentos e quatro repetições Cada parcela experimental possuía área de 12m², da qual utilizou-se para amostragem uma área de 0,25 m² (0,5 x 0,5 m). Após o estabelecimento da pastagem, sempre que as plantas atingiam altura média de 20 cm, realizava-se o corte (desfolha) para estimativa do rendimento da massa de forragem, deixando-se resíduo de 7 cm. As amostras, obtidas em 0,25m², após separação das frações folha e colmo, foram acondicionadas em sacos de papel e levadas à estufa de circulação de ar forçado à 55ºC até atingir peso constante para estimar a quantidade de matéria seca de folhas, de caule e de material morto. Em poder destes resultados, os valores foram extrapolados para kg.ha -1.Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância, através do programa estatístico BioEstat versão 5.0. Resultados e discussão Não foram verificadas diferenças significativas (P>0,05) entre as cultivares quanto ao rendimento de forragem e percentual de folhas, que apresentaram respectivamente os valores médios de 3050,6 kg.ha -1 e 98,52 %. Por sua vez, o percentual de material morto foi superior (P<0,05) na cultivar Banquet II®, provavelmente em função da altura de corte utilizada, tendo em vista o hábito de crescimento com tendência a prostrado desta cultivar (Tabela 1). Os resultados obtidos no presente estudo foram inferiores aos encontrados por Noroet al. (2003), trabalhando em Latossolo Vermelho escuro distrófico, e Tonetto (2009),trabalhando com cultivares diploides e tetraploides de azevém em Argissolo Vermelho distrófico arênico. Entretanto, estes resultados servem de indicativo do potencial de produtividade destas cultivares no ecossistema em questão (Planossolo), no qual as plantas frequentemente são submetidas ao encharcamento ou mesmo alagamento do solo. Tabela 1 – Número de desfolhas, rendimento de matéria seca total em kg.ha-1 (MS) e percentual de folhas e de material morto de espécies forrageiras hibernais implantadas em área de Planossolo do sul do Rio Grande do Sul. Cultivares Pronto ® Banquet II ® KLm 138 ® Conquest ® Rizomat Número de desfolhas 5 4 6 5 3 Rendimento de MS 3385 3380 3310,6 2670 2507,6 % folhas % material morto 96,74 98,68 99,27 99,23 98,68 0,01 b 1,75 a 0b 0b 0b Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente para o teste de Tukey (P<0,05). Verificou-sediferenças quanto à distribuição da forragem produzida, tendo em vista o número de desfolhas proporcionado por cada uma das cultivares no decorrer do ciclo produtivo (Tabela 1 e Figura 1).As cultivares Pronto, KLm 138 ® e Conquest®permitiram a primeira desfolha mais precocemente(14; 15 e 16/08, respectivamente) que as demais, nas quais esta foi realizadaem 23/08 e 31/08, respectivamentepara Banquet II® e festucaRizomat ®.A cultivar KLm 138®apresentou a maior longevidade, proporcionando desfolhas que se estenderam até 07/11, enquanto nas demais, estas foram realizadas até16/10. 309 O decréscimo no rendimento das cultivares pode ser atribuído à morte de perfilhos pela remoção do seu ápice no momento do corte. Esse fenômeno tem maior importância no estádio reprodutivo, quando o alongamento dos entrenós eleva o meristema apical ao horizonte pastejado, no entanto, pode também ocorrer quando a desfolha leniente induz ao alongamento dos entrenós das gramíneas, aumentando o risco de decapitação dos perfilhos (Confortinet al., 2009). Figura 1- Distribuição do rendimento de forragemde espécies forrageiras hibernais implantadas em área de Planossolo do sul do Rio Grande do Sul. Conclusões Não foram verificadas diferenças no rendimento forrageiro entre as cultivares. As cultivares possuem diferentes padrões de distribuição da produção de forragem ao longo do ciclo. Literatura citada CONFORTIN, A. C. C. QUADROS, F. L. F.; ROCHA, M. G.; KUINCHTNER, B. C.; GLIENKE, C. L.; CAMARGO, D. G.; MACHADO, J. M.Fluxo de tecido foliar em azevém anual manejado sob três intensidades de pastejo. Ciência Rural, v. 39, p. 1193-1199, 2009. CONFORTIN, A.C.C. Dinâmica do crescimento do azevém anual submetido a diferentes intensidade de pastejo. 2009. 98p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2009. NORO, G.; SCHEFFER-BASSO, S. M.; FONTANELI, R. S.; ANDREATTA, E. Gramineas anuais de inverno para produção de forragem: Avaliação preliminar de cultivares. Agrociência, v.7, n.1, p.35-40, 2003. PGW Sementes [2013]. Festucas. Disponivel: <http://www.pgwsementes.com.br/vb1 /index.php?option=com_content&view=article&id=66&Itemid=111> Acessado em: 28 de maio de 2013. STRECK, E. V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. 2ed. Porto Alegre: UFRGS, 107p,2008. TONETTO, C. J. Avaliação de genótipos de azevémdiplóide e tetraplóide com manejos distintos de cortes visando duplo propósito. 2009, 54p. Tese de Doutorado. Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2009. 310 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.2. Associações entre caracteres forrageiros de híbridos intraespecíficos de Paspalum notatum Marlon Risso Barbosa1, Eder Alexandre Minski da Motta1, Juliana Medianeira Machado², Emerson André Pareira3, Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS. 3 Doutor em Zootecnia/UFRGS. 4 Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS. 2 Resumo: O objetivo do trabalho foi estimar a associação entre caracteres de interesse forrageiro em híbridos intraespecífico de Paspalum notatum. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com três repetições, sendo as unidades experimentais constituídas por linhas de 2m de comprimento compostas por 9 plantas cada. Foram avaliados por meio de cortes, 28 híbridos, obtidos por cruzamentos intraespecíficos da espécie P. notatum, os genitores masculinos, os genitores femininos e a cultivar (cv) Pensacola. As avaliações foram realizadas quando o dossel atingia em média 20 cm de altura para os genótipos com hábito de crescimento prostrado e 30 cm para os de hábito cespitoso. Além da altura avaliou-se a massa seca total, massa seca de folhas, massa seca de colmo, massa seca de inflorescência, relação folha:colmo e número de afilhos. A análise de correlação demonstrou que a massa seca de folhas e massa seca de colmos apresentam correlação positiva e alta para incremento da massa seca total. A produção de folhas, o número de afilhos e a altura, quando relacionados entre si, demonstram ser caracteres eficientes via seleção indireta pela matéria seca total de Paspalum notatum. Palavras–chave: correlação, forragem, genótipos, pastagem Associations between forage characters in intraspecific hybrids of Paspalum notatum Abstract: The objective of this study was to estimate the association between traits of forage interest in hybrid intraspecific of the Paspalum notatum. The experimental design was randomized blocks with three replications with units consisting of lines two meters long composite of nine plants each. Were evaluated by means of cuts 28 hybrids 311 obtained by intraspecific crosses the species P. notatum, the male parents, female parents and the cultivar (cv) Pensacola. The evaluations were performed when the canopy reached on average 20 cm for genotypes with prostrate growth habit and 30 cm for the caespitose habit. Besides the height evaluated the total dry matter, dry mass of leaf, stem dry mass, leaf: stem ratio, number of tillers. Correlation analysis showed that MSC and MSF have high positive correlation to increased MST. The production of leaves, number of tillers and height, while related, are shown to be efficient characters through indirect selection for total dry matter of Paspalum notatum. Keywords: correlation, forage, genotypes, pasture Introdução O sistema de produção predominante na pecuária brasileira é o extensivo, no qual o uso de pastagens torna-se o principal meio de alimentação do rebanho. No entanto o que se observa é a degradação contínua e perdas de áreas pastoris principalmente pelo avanço da fronteira agrícola. Para que seja possível a recuperação destas áreas é necessário o lançamento de cultivares que possam repor as antigas já existentes no mercado. Dentre as gramíneas passíveis de melhoramento, ultimamente tem sido objeto de estudo as do gênero Paspalum, o qual compreende mais de 400 espécies tropicais e subtropicais, cuja importância é evidenciada por sua adaptabilidade a diferentes ecossistemas, o que representa menor risco de causar desequilíbrio biológico devido à grande diversidade genética existente (Strapasson et al., 2000). Verificar as estimativas das correlações entre as características produtivas de forrageiras pode servir de base para a implantação de programas de melhoramento genético e viabilizar a seleção de genótipos que apresentam adequado valor forrageiro. A seleção de caracteres de alta herdabilidade, fácil identificação e que evidencie alta correlação com o caráter desejado possibilita aos grupos de melhoramento obter maior evolução em um menor espaço de tempo (Carvalho et al., 2001). O objetivo do trabalho foi estimar a associação entre caracteres de interesse forrageiro em híbridos intraespecífico de Paspalum notatum. Material e Métodos O trabalho foi desenvolvido nos anos de 2012 e 2013 na Estação Experimental Agronômica (EEA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no município de Eldorado do Sul. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso com três repetições, sendo as unidades experimentais constituídas por linhas de 2m de comprimento compostas por 9 plantas cada. Foram avaliados por meio de cortes, 28 híbridos, obtidos por cruzamentos intraespecíficos de P.notatum realizados no Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS. Foram ainda implantados os genitores masculinos (Bagual e André da Rocha) provenientes da coleção de germoplasma da UFRGS, os genitores femininos (C44X, Q4188 e Q4205) cedidos pelo IBONE (Instituto de Botânica del Nordeste), da Universidad del Nordeste Argentino, cidade de Corrientes, Argentina e a cultivar (cv) Pensacola. As avaliações foram realizadas quando o dossel atingia em média 20 cm de altura para os genótipos com hábito de crescimento prostrado e 30 cm para os de hábito cespitoso. Foram realizados os somatórios dos cortes dos seguintes caracteres: produção de massa seca total (MST), massa seca de lâminas foliares (MSF), massa seca de colmo (MSC) e massa seca de inflorescência(MSI). Para obter-se a relação folha:colmo (RFC) 312 foi realizada a divisão do acúmulo da MSF pela MSC. A contagem do número de afilhos (NAF) foi feita através do cálculo das médias de todos os cortes. Foi calculada a média dos valores obtidos e após realizada a análise geral de correlação, pelo modelo de correlação de Pearson para obtenção da magnitude e sentido de associações entre os caracteres estudados, com significância de 5% de probabilidade pelo teste t (Steel &Torrie, 1980). Resultados e Discussão As variáveis MSF e MSC apresentaram alta correlação positiva com a variável MST (Tabela 1). Quando identificada a associação da produção de folhas, principalmente com a produção de massa seca total, é possível realizar a seleção via indireta a este caráter nos genótipos de Paspalum notatum, o que possibilitaria uma avaliação mais rápida, uma vez que a separação morfológica da planta é um processo muito dispendioso de tempo, principalmente quando o número de acessos a serem avaliados for grande. A produção de MSF apresentou correlação positiva, porém moderada com as variáveis altura, MSC e MSI. Houve baixa correlação com a variável NAF. O mesmo não ocorreu para a variável RFC que apresentou correlação negativa. O NAF apresentou correlação positiva moderada com a MSC, e com a MST. Essa característica é muito importante, pois ela reflete a capacidade que o genótipo tem em perfilhar e cobrir áreas de solo descoberto, o que pode ser interessante na seleção de materiais destinados a recuperação de áreas degradadas. Além disso, de acordo com Assis et al. (2008), uma rápida e eficiente cobertura do solo pelas plantas forrageiras é essencial para garantir a conservação dos nutrientes e, consequentemente, a longevidade da pastagem. Portanto, a capacidade de cobertura do solo, pode ainda ser uma variável utilizada para seleção de genótipos que possuam boa velocidade no estabelecimento da pastagem, o que pode proporcionar um pastoreio mais precoce. Para a variável MSC a análise revelou alta correlação positiva com a MST e MSI das plantas, porém a MSC apesar de intensificar o acúmulo de forragem, a mesma diminui a RFC e consequentemente a qualidade da forragem produzida. Tabela 1 - Coeficientes médios de correlação fenotípica de caracteres ligados a produção de forragem em híbridos intraespecíficos de Paspalum notatum Caráter MSF RFC NAF MSC MSI Altura MST 0,84* -0,28* 0,51* 0,88* 0,77* 0,51* -0,77 0,26* 0,53* 0,44* 0,4* -0,27* -0,38* -0,34* -0,14* 0,63* 0,44* 0,49* 0,75* 0,5* MSF RFC NAF MSC MSI 0,37* -1 *Significativo pelo teste t, a 5% de probabilidade; MST, Massa Seca Total (g linha ); MSF, Massa Seca de Folha (g linha-1); Relação Folha:Colmo (MSF/MSC); NAF, Número de Afilhos (por linha); MSC, Massa Seca de Colmo (g linha-1); Massa Seca Inflorescência (MSI); Altura (cm). 313 Conclusões A produção de folhas, o número de afilhos e a altura, quando relacionados entre si, mostram ser caracteres eficientes via seleção indireta pela matéria seca total de Paspalum notatum. Literatura citada ASSIS, G.M.L.; VALENTIM, J.F.; CARNEIRO Jr, J.M. et al. Seleção de genótipos de amendoim forrageiro para cobertura do solo e produção de biomassa aérea no período de estabelecimento utilizando-se metodologia de modelos mistos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, p.1905-1911, 2008. CARVALHO F.I.F., SILVA, S.A.; KUREK, A.J.; MARCHIORI, V.S. Estimativas e implicações da herdabilidade como estratégia de seleção. Pelotas, RS: UFPel. Ed. Universitária, 2001. 99p. STEEL, R.G.D. & TORRIE, J.L. Principles and procedures of statistics. McGrawHill, New York, 1980. 418p. STRAPASSON, E.; VENCOVSKY, R.; BATISTA, L.A.R. Seleção de Descritores na caracterização de Germoplasma de Paspalum sp. por meio de componentes principais. RevistaBrasileira de Zootecnia, v. 29, p. 373-381, 2000. 314 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.3. Caracterização e Produção de Forragem de Híbridos Intraespecíficos de Paspalum notatum Marlon Risso Barbosa,1 Eder Alexandre Minski da Motta1, Emerson André Pereira2, Jackson Camargo Neme3, Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS. Doutor em Zootecnia/UFRGS. 3 Graduando em Agronomia – UFRGS/Porto Alegre. 4 Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS. 2 Resumo: O objetivo desse trabalho foi comprovar o valor agronômico, em condições de campo, de 28 genótipos gerados através de cruzamentos intraespecíficos e que foram selecionados pela sua superioridade na produção de forragem. Os híbridos selecionados foram implantados, em linhas, no campo, na Estação Experimental Agronômica (EEA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Evidenciou-se uma grande variabilidade para a produção de massa seca total entre os genótipos testados e a superioridade de alguns genótipos em comparação aos seus genitores e à cv Pensacola. Destaque também foi dado às plantas mais produtivas e com hábito de crescimento prostrado, característica de interesse para a seleção, pois podem ser estes os genótipos mais indicados para potencialmente promoverem o aumento da produção secundária (carne e derivados), disponibilizando cultivares perenes, persistentes e que produzam boa quantidade de forragem, além de serem excelentes opções para recuperação de áreas degradadas. Porém, mais estudos são necessários. Os genótipos gerados, com as características de interesse fixadas na apomixia, aumentam as possibilidades de se obter materiais passíveis de registro e proteção varietal, visando ao seu lançamento como cultivares no futuro. Palavras–chave: forragem, genótipos, germoplasma, pastagem Characterization and Forage Production of intraspecific hybrids of Paspalum notatum Abstract: The objective of this study was to test the agronomic value, under field conditions, 28 genotypes generated through intraspecific crosses and were selected for their superiority in forage production. The selected hybrids were implanted in line, in the field, the Agronomic Experimental Station (EEA), Federal University of Rio Grande 315 do Sul (UFRGS). Results showed a great variability in the production of total dry mass between the genotypes and the superiority of some genotypes compared to their parents and cv Pensacola. Emphasis was also given to the most productive plants and prostrate growth habit, characteristic of interest for the selection, as these genotypes may be more suitable for potentially promote increased secondary production (meat products), providing perennial cultivars, persistent and producing good forage quantity, and are excellent choices for recovery of degraded areas. However, more studies are needed. Genotypes generated with the characteristics of interest fixed in apomixis, the possibilities of obtaining materials subject to registration and protection varietal. Keywords: forage, genotypes, germoplasm, pasture Introdução O Brasil possui um rico ambiente natural, favorável a uma produção agropecuária sustentável e para aproveitá-lo é necessário coordenar o uso destes recursos produtivos e do conhecimento disponível (Sant’Anna, 2009). Porém, a falta de conhecimento aplicado ao campo tem feito com que as áreas destinadas para produção, de carne ou leite, principalmente de pastagens nativas, venham sendo degradadas em ritmo acelerado. Nas áreas de pastagens naturais uma das espécies mais comuns no sul do Brasil é o Paspalum notatum, e sua importância como forrageira é amplamente aceita, apresentando boa qualidade de forragem, alta resistência ao pastejo e ao pisoteio dos animais (Pozzobon & Valls, 1997). Sendo assim, iniciaram-se estudos para que fosse possível o melhoramento de P. notatum através de cruzamentos intraespecíficos. Tal estratégia de cruzamentos poderá produzir, após rigoroso processo de avaliações e seleção, novas cultivares. Baseado nisso, o objetivo do trabalho foi comprovar o valor agronômico, em condições de campo, de genótipos que foram selecionados de uma progênie híbrida de P. notatum gerada através de cruzamentos intraespecíficos. Material e Métodos As avaliações foram realizadas em plantas híbridas previamente selecionadas pela superior produção de forragem e resistencia ao frio (Weiler et al., 2011). Tais híbridos foram obtidos pelos cruzamentos intraespecíficos que envolveram os genótipos sexuais femininos e tetraploides, “Q4188”, “Q4205” e “C44X”, provenientes do IBONE (Instituto de Botânica del Nordeste), da Universidad del Nordeste Argentino, e os ecótipos apomíticos tetraploides nativos do Rio Grande do Sul, denominados “Bagual” e “André da Rocha” (genitores masculinos). As mudas das plantas selecionadas foram implantadas, na Estação Experimental Agronômica (EEA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), espaçadas 20 cm entre si, em linhas de 2 m de comprimento, com três repetições em um delineamento de blocos casualizados. As avaliações eram realizadas quando a maioria das plantas de hábito prostrado atingia no mínimo 20 cm e a maioria das plantas de hábito cespitoso atingissem no mínimo 30 cm de altura. Após os cortes era realizada a separação morfológica das plantas para enfim serem levadas à estufa com aproximadamente 65ºC por 72 horas ou até atingirem peso constante. As variáveis avaliadas foram: massa seca total (MST), massa seca de folhas (MSF), massa seca de colmo (MSC), massa seca de inflorescência (MSI) e altura do dossel. As variáveis foram submetidas à análise de variância através do software 316 GENES a um nível de 5% de siginificância. Constatada a diferença para a variável, as médias foram submetidas ao teste de Scott e Knott. Resultados e Discussão Houve diferença significativa entre os genótipos na segunda e quarta avaliação e entre cortes para a variável MST (Tabela 1). Dezenove híbridos expressaram maiores produções do que o melhor genitor (“Bagual”). O híbrido B36 apresentou maior desempenho, produzindo cerca de 326 g linha -1 a mais do que o progenitor “Bagual” e 526 g linha-1 a mais que a cultivar Pensacola. TABELA 1 – Hábito de crescimento, produção de massa seca total (MST) por corte e acumulada, posição relativa dos oito melhores genótipos, dos genitores e da cultivar Pensacola em relação à MST GENÓTIPOS Posição Hábito de relativa crescimento Total acumulado CORTES 1 2 3 4 B26 1º Prostrado 92 D* a** 359 A a 158 C A 254 B a 863 B28 2º Cespitoso 97 C a 295 A a 177 B A 243 A a 812 D25 3º Cespitoso 132 C a 299 A a 128 C A 206 B b 764 B43 4º Prostrado 88 C a 306 A a 134 C A 196 B b 724 C32 5º Prostrado 67 D a 305 A a 125 C a 210 B b 707 C22 6º Cespitoso 85 C a 285 A a 122 C a 188 B b 681 C18 7º Prostrado 11 C a 297 A a 132 C a 239 B a C15 8º Cespitoso 105 C a 280 A a 107 C a 181 B b 673 Bagual 20º Prostrado 68 B a 193 A c 120 B a 157 A c 538 Q4188 23º Cespitoso 60 B a 228 A b 118 B a 108 B c 514 Q4205 27º Cespitoso 74 B a 197 A c 94 B a 108 B c 473 André da Rocha 29º Prostrado 38 B a 137 A c 120 A a 148 A c 443 Pensacola 33º Prostrado 35 B a 167 A c 70 B a 338 65 B c 679 C44x 34º Prostrado 16 B a 77 A d 66 A a 99 A c 257 *Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na horizontal constituem diferenças no corte a 5% de significância. **Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical constituem diferenças entre genótipos 5% de significância. Os dados apresentados são preliminares, porém já demonstram que há uma grande variabilidade para a produção de massa seca total entre os genótipos testados. Nota-se a existência de híbridos com potencial para futuro lançamento de cultivares com boa quantidade de folhas (TABELA 2). Para esta característica dez híbridos apresentaram maiores produções em relação ao melhor genitor (Q4205). 317 TABELA 2 – Produção de massa seca das folhas (MSF) por corte e acumulada, posição relativa dos oito melhores genótipos, dos genitores e da cultivar Pensacola, de acordo com a produção de MSF CORTES Posição relativa 1 B28 1º 85 B a 170 A a 102 B a 184 A a 541 C18 2º 85 B a 152 A a 81 B a 159 A a 476 B29 3º 61 C a 171 A a 82 C a 153 B a 467 B26 4º 76 B a 169 A a 83 B a 126 A b 455 B2 5º 63 C a 155 A a 74 C a 120 B b 413 A16 6º 67 C a 134 A b 71 C a 134 B b 406 D25 7º 101 B a 115 A c 56 B b 133 A b 404 C9 8º 58 B a 133 A b 60 B a 133 A b 384 Q4205 11º 65 B a 126 A b 60 B a 76 B d 327 Q4188 17º 50 B a 111 A b 66 B a 74 B d 301 Bagual 24º 48 B b 76 A d 40 B b 90 A c 254 André da Rocha 32º 23 B b 48 B d 39 B b 77 A d 186 C44X 33º 16 B b 49 A d 39 A b 68 A d 171 GENÓTIPOS 2 3 Total acumulado 4 Pensacola 34º 26 A b 47 A d 19 A b 35 A d 127 Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na horizontal constituem diferenças no corte a 5% de significância. Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical constituem diferenças entre genótipos 5% de significância. As plantas avaliadas demonstram diferentes hábitos de crescimento, o que deve ser levado em consideração na hora de definir a pressão de pastejo de uma possível cultivar. Sendo que, os genótipos de hábito prostrado poderiam ser utilizados com uma maior pressão de pastejo, o que potencialmente aumentaria a produção secundária (carne e derivados). A possível utilização destes genótipos para recuperação de áreas degradadas sugere que os genótipos de hábito de crescimento prostrado seriam os mais indicados para uso, por serem conservadores de recursos, através do rizoma, e também pela capacidade em cobrir grandes áreas de solos e alastrando-se rapidamente. Conclusões Os híbridos gerados através do cruzamento intraespecífico demonstram adequada produção de forragem, sendo boa parte dela constituída por folhas. Literatura citada POZZOBON, M.T and VALLS, J.M. (1997). Chromosome number in germplasm accessions of Paspalum notatum (Gramineae). Brazilian Journal Genetics, 29-34. 318 SANT’ANNA, D. M. Modelagem bio-econômica para planejamento e tomada de decisão em sistemas agropecuários. Tese de doutorado em zootecnia – Plantas Forrageiras. UFRGS. 2009. WEILER, R.L.; Simioni, C.; Krycki, K.C.; Schmidt, M.; Pereira, E. A.; Dall’Agnol, M. Produção de forragem de híbridos intraespecíficos de Paspalum notatum. In: Procedings of the III Internacional Symposium of Forage Breeding, Bonito, MS, p. 222-224, 2011. 319 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.4. Composição nutricional da cyperáceae Eleocharis flavescens (Poir.) Urb. em área de várzea na Planície Costeira do RS Danielle Bellagamba de Oliveira¹; Élen Nunes Garca²; Ilsi Iob Boldrini3; Jamir Luís Silva da Silva4 1 Engenheira Agrônoma, Msc. em Zootecnia, UFPel, Pelotas, RS, Brasil. Professora do Departamento de Botânica – UFPel, Pelotas, RS, Brasil. 3 Professora do Departamento de Botânica – UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil. 4 Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da EMBRAPA CPACT, Pelotas, RS, Brasil. 2 Resumo: O objetivo do trabalho foi obter os teores nutricionais de uma ciperácea frequente em áreas de várzea, Eleocharis flavescens (Poir.) Urb.. A área de coleta do material vegetal encontrava-se no terceiro ano de pousio após implantação da lavoura de arroz irrigado. As lâminas foliares foram coletadas durante o inverno e enviadas ao Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI para a análise bromatológica. Eleocharis flavescens apresentou o requerimento mínimo de PB para o ruminante e valores superiores de FDA, FDN e lignina em comparação com o azevém. Palavras–chave: Arroz irrigado, forrageira, ruminante, valor nutritivo Abstract: The objective was to get the nutritional content of a sedge common in lowland areas, Eleocharis flavescens (Poir.) Urb. The collecting area of the plant material was in the third year after implantation of fallow paddy rice. The leaf blades were collected during the winter and sent to the Laboratory of Animal Nutrition EPAGRI for chemical analysis. Eleocharis flavescens presented the minimum requirement of CP for ruminant and higher values of ADF, NDF and lignin compared with ryegrass. Keywords: Forage, nutritional value, rice, ruminant 320 Introdução Ocorrente, no Rio Grande do Sul, nos Campos de Cima da Serra, Litoral, Depressão Central e Encosta da Serra do Sudeste, a espécie Eleocharis flavescens (Poir.) Urb., pertencente à família Cyperaceae. É uma erva de crescimento cespitosorizomatoso, perene, com habitat típico de campos úmidos, geralmente solos arenosos encharcados (TREVISAN & BOLDRINI, 2008) conhecidos como áreas de várzeas, utilizadas para a lavoura de arroz irrigado. Estas áreas constituem na principal fonte de alimentação dos rebanhos gaúchos na rotação de áreas de cultivo de arroz irrigado com a pecuária. A emergência das espécies nativas pré-estabelecidas é de grande importância, pois além de possuírem características ecológicas peculiares para sobreviver em áreas alagadas, atuam como conservacionistas oferecendo proteção ao solo e são utilizadas economicamente como fonte forrageira, afetando diretamente o sucesso da cadeia produtiva da pecuária nas áreas de várzea. Estudos a respeito do valor nutricional de uma espécie que compõe uma pastagem são essenciais para obter dados em relação à qualidade da pastagem, bem como, orientar futuros manejos da vegetação campestre em rotação com lavoura de arroz irrigado. O objetivo do trabalho foi obter informações a respeito da análise bromatológica da espécie Eleocharis flavescens (Poir.) Urb., em área de pousio de arroz irrigado, na Planície Costeira do RS. Material e Métodos A área de coleta da espécie encontrava-se no terceiro ano de pousio, após a implantação da lavoura de arroz irrigado por inundação através do método convencional. Localizado no município de Capivari do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil. O solo consiste em um Planossolo Hidromórfico e o clima da região é Cfa de acordo com a classificação de Köppen – clima temperado úmido com verão quente. A coleta foi realizada no período do inverno, no mês de maio, quando a planta encontrava- se no estádio vegetativo. O material foi seco em estufa de ar forçado à temperatura de 65ºC até atingir peso constante. Após, as amostras foram enviadas para o Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI – Estação Experimental de Lages para a análise bromatológica. Foram estimados em percentagem (%) os teores de proteína bruta (PB), fibra detergente ácido (FDA), fibra detergente neutro (FDN), lignina (LIG), nutrientes digestíveis totais (NDT) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO). Resultados e Discussão Na tabela 1 está apresentado os valores nutricionais de Eleocharis flavescens em comparação com os teores nutricionais encontrado na literatura da espécie forrageira mais cultiva no Estado, azevém – Lolium multiflorum Lam. Observa-se que o valor de proteína bruta (Tabela 1) obtido foi de 7,60%, valor bem abaixo do teor presente no azevém. Oferecendo próximo ao requerimento mínimo deste nutriente para o ruminante, pois a concentração de proteína bruta inferior ao nível mínimo crítico (7%) consiste em uma deficiência protéica e limita a produção animal (GENRO & ORQIS, 2008). 321 Tabela 1: Valor nutricional de Eleocharis flavescens, coletada em Capivari do Sul, e de Lolium multiflorum, no Litoral Sul e Depressão Central, expressos em porcentagem (%) Presente estudo Rodrigues et al., 2002 Eleocharis flavescens Pedroso et al., 2004 Azevedo, 2011 Lolium multiflorum PB 7,60 16,5 36,0 23,64 FDA 36,10 35,6 - 22,31 FDN 60,40 49,0 - 37,2 LIG 2,50 1,8 - - NDT 41,90 50,0 - - DIVMO 48,80 - 88,0 - * PB: proteína bruta; FDA: fibra em detergente ácido; FDN: fibra em detergente neutro; LIG: lignina; NDT: nutrientes digestíveis totais; DIVMO: digestibilidade in vitro em matéria orgânica. Quanto ao FDA e FDN a ciperácea atingiu 36,10 e 60,40% respectivamente (Tabela 1) obtendo FDA semelhante ao do azevém de 35,6 e 22,31%, porém contrastante no teor de FDN de 49,0 e 37,2% no azevém. Ball et al. (1991) estabeleceram que os valores de FDN são correlacionados negativamente com o consumo voluntário de forragem pelo animal, enquanto FDA, com a digestibilidade. Isto porque a FDN indica a quantidade total de fibra dentro da planta, ou seja, celulose, hemicelulose e lignina enquanto a FDA, consiste na quantidade de fibra que não é digestível composta em sua maior parte pela lignina. Para os nutrientes digestíveis totais a ciperácea obteve 41,90% comparado com 50% do azevém, este teor nutricional expressa o valor energético da planta. Para a digestibilidade in vitro (Tabela 1), que representa a absorção dos nutrientes, obteve-se um valor baixo de 48,80% em comparação com a digestibilidade do azevém, estimada em 88%. Segundo Van Soest (1994), quando a proteína bruta da planta atinge níveis inferiores a 7% e os teores de FDN superam 60%, ocorre acentuada redução no consumo da espécie vegetal. Conclusões Os valores nutricionais obtidos para a espécie Eleocharis flavescens (Poir.) Urb. foram de 7,60% para a proteína bruta (PB), 36,10% para fibra em detergente ácido (FDA), 60,40% para fibra em detergente neutro (FDN), 2,50% para lignina (LIG), 41,90% para nutrientes digestíveis totais (NDT) e 48,80% de digestibilidade in vitro em matéria orgânica (DIVMO) e podem ser considerados requisitos mínimos para um desempenho animal aceitável. 322 Literatura citada BALL, D.M. et al. Southern forages. Atlanta: Potash & Phosphate Institute, 1991. 256p. GENRO, T. C. M.; ORQIS, M. G. Informações básicas sobre coleta de amostras e principais análises químico-bromatológicas de alimentos destinados à produção de ruminantes. Documentos 81, Embrapa Pecuária sul, 2008. 24p. GOMES, J. F.; REIS, J. C. L. Produção de forrageiras anuais de estação fria no Litoral sul do Rio Grande do sul. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 28, n. 4, p. 668-674, 1999. RODRIGUES, R. C. et al. Rendimento de forragem e composição química de cinco gramíneas de estação fria. Comunicado Técnico 77, Embrapa Clima Temperado, Pelotas, 2002. 3p. RODRIGUES, R. C. Métodos de análises bromatológicas de alimentos: métodos físicos, químicos e bromatológicos. Documentos 306, Embrapa Clima Temperado, 2010. 174p. TREVISAN, R.; BOLDRINI, I. I. O Gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no Rio Grande do sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 767. 2008. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. Ithaca. Constock Publishing Associates. 1994. 476 p. 323 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.5. Perdas fermentativas na ensilagem do capim Tanzânia úmido ou emurchecido com ou sem adição de inoculante enzimático bacteriano 1 Ronyatta Weich teobaldo 2, Wagner Soares da Costa Junior3, Daniel de Paula Sousa4 Joadil Gonçalves de Abreu5, Bruna Gomes Macedo2, Camila Garcia Neves2 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor. Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT. 3 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. – UFMT. 4 Professor do Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT. 5 Professor do Departamento de Zootecnia e Extensão Rural – UFMT. 2 Resumo: objetivou-se avaliar as perdas por gases, produção de efluentes e recuperação de matéria seca das silagens de capim-tanzânia com ou sem emurchecimento, inoculadas ou não com aditivo enzimático bacteriano. O aumento nos teores de matéria seca reduziu as perdas por gases, a produção de efluentes e aumentou a recuperação de matéria seca. A adição do inoculante enzimático bacteriano proporcionou tendência de menores produções de efluentes. Embora tenha sido observada apenas interação dos teores de MS no tempo de estocagem sobre a recuperação de matéria seca, foi verificado efeito também do inoculante em alterar as perdas por gases durante o tempo de estocagem, com efeito principal nas silagens com baixo teor de MS (13,4% vs 15,0%, nas inoculadas vs não inoculadas com 80 dias de estocagem). Palavras–chave: efluente, Panicum maximum, perdas por gases Fermentation losses in the silage Tanzania wet or wilted with or without addition of enzyme bacterial inoculant Abstract: It was aimed to evaluate gas losses, effluent production and dry matter recovery of Tanzania grass silages wilted or not and inoculated or not with bacterial enzyme additive. The increase of dry matter content reduced gas losses and effluent production and improved dry matter recovery. The addition of enzyme bacterial inoculant had a tendency to reduce effluent production. Although It was observed interaction of DM content and period of storage on dry matter recovery, it was also observed effect of inoculant to alter gas losses during storage time, mainly with low DM content silages (13.4% vs 15.0% on inoculated vs. non-inoculated silage with 80 days of storage). 324 Keywords: effluent, Panicum maximum, gas losses Introdução O elevado teor de umidade das gramíneas tropicais no momento da ensilagem reduz a fermentação adequada para a conservação do material e propicia o crescimento de bactérias do gênero Clostridium, as quais são responsáveis pela fermentação butírica e, assim, perdas excessivas de matéria seca (MS). Além de prejudicar a fermentação, o baixo teor de MS resulta em produção de elevadas quantidades de efluente, o que transporta em sua solução nutrientes como aminoácidos, carboidratos e minerais, reduzindo o valor nutritivo da silagem. Dessa forma, o emurchecimento da forragem tem sido utilizado para reduzir as perdas por efluente e inibir a fermentação butírica. Além disso, a maior quantidade de ácido lático produzido a partir do processo fermentativo adequado provoca gasto de energia para produção de calor e perdas por descarboxilação menores, reduzindo as perdas por gases. Assim, aditivos biológicos e enzimáticos têm sido testados na intenção de melhorar o processo fermentativo e controlar as perdas de MS. Sendo assim, objetivou-se avaliar as perdas por gases, produção de efluentes e recuperação de MS da silagem de capim-tanzânia inoculadas com aditivo enzimático bacteriano com ou sem emurchecimento. Material e Métodos O ensaio utilizou o capim Panicum maximum cv. Tanzânia, colhido de acordo com a recomendação, com 45 dias de crescimento e 70 cm de altura. O delineamento experimental utilizado foi em esquema fatorial 2x2 (com e sem aditivo x com e sem emurchecimento), 4 tempos de abertura (10; 20; 40 e 80 dias após o fechamento do silo) e 9 repetições, totalizando 36 parcelas experimentais e 144 no total. O inoculante enzimático bacteriano utilizado possui 4 bactérias (Streptococcus faecium, Lactobacillus plantarum, Pediococcus acidilactici e Lactobacillus salivarius) e 4 enzimas (2 fibrolíticas, 1 pentosanase e 1 amilolítica) (Sil All 4x4 ®, Alltech inc.). Cada parcela foi constituída de um silo experimental (potes de plástico e vidro), com o volume aproximado de 1,3 L. Os silos foram vedados com tampas equipadas com válvula tipo “sifão”, para permitir somente a saída e evitar a entrada de gases no interior do silo. A forrageira foi triturada em picador estacionário com tamanho de partícula entre 2 a 3 cm. Foram coletados 100 kg de forragem picada para a confecção das silagens para enchimento dos silos do experimento. Uma porção de 50 kg de forragem picada foi separada e exposta ao sol até atingir o teor de matéria seca de 40%. Tanto a forragem úmida quanto a silagem emurchecida foram divididas em duas parcelas para a adição ou não do inoculante enzimático bacteriano e confecção das silagens. Foram utilizadas dose e diluição do produto comercial recomendada pelo fabricante com contagem final bacteriana de 106 UFC/ g de matéria natural, tomando-se todos os cuidados para não haver contaminação entre tratamentos. Os silos foram cheios e compactados até a obtenção de densidade final de 500 kg matéria natural/m3. As perdas por gases, produção de efluentes e recuperação de matéria seca foram calculadas segundo as equações propostas por Jobim et al. (2007). O modelo proposto foi analisado pelo PROC MIXED do programa SAS (SAS, 1999) e as comparações das médias obtidas nas datas de abertura foram realizadas utilizando-se o método dos quadrados mínimos (LSMEANS). Foram declaradas significativas as diferenças entre médias a partir de 5% e tendência a 10% de 325 probabilidade. Para identificar interações entre os fatores, recorreu-se ao PROC REG do programa SAS, com vistas à definição de regressões. Resultados e Discussão Os teores de MS influenciaram nas perdas por gases (PG), produção de efluentes e recuperação de matéria seca (RMS) (P<0,05; Tabela 1). Não houve efeito da adição do inoculante enzimático bacteriano sobre a PG e a RMS (P>0,05) com tendência (P=0,1) a reduzir a produção de efluentes. O aumento no teor de MS pelo processo de emurchecimento reduziu as PG, possivelmente, por inibir o crescimento de microrganismos do gênero Clostridium, relacionados à fermentação secundária do material. A redução na atividade de água (Aw) influencia no menor desenvolvimento de bactérias desse gênero, que atuam de forma indesejável degradando proteína do alimento com maiores produções de amônia e produções de ácido butírico associadas a altas perdas de CO 2 (McDonald et al., 1991). O aumento no teor de MS reduziu a produção de efluentes, sendo inexistente nas silagens emurchecidas. Loures et al. (2005) avaliaram o efeito do emurchecimento em silagens de capim-tanzânia e não verificaram produção de efluentes nos primeiros 90 dias nas silagens emurchecidas. Isto evidencia a relação direta entre teor de matéria seca e a produção de efluentes e as menores PG e maior RMS nestas silagens. Tabela 1 – Médias de perdas por gases (%), produção de efluente (kg t -1 de massa verde) e recuperação de matéria seca (%) de silagens de capim-tanzânia inoculadas com aditivo microbiológico-enzimático com ou sem emurchecimento. Sem emurchecimento Efeitos1 Com emurchecimento Itens Sem inoculante Com inoculante Sem inoculante Com inoculante E I ExT ExIxT CV Efluente 68,34a 51,60a 0b 0b * Ns * * 58,75 a a * Ns * * 28,67 PG 10,34 12,05 b 4,75 b 6,77 RMS 90,11a 88,27a 94,81b 93,10b * Ns * Ns 3,04 Efeitos E = emurchecimento; I = Inoculante; ExT = Interação emurchecimento e tempo; ExIxT = interação emurchecimento, inoculante e tempo (PG) Y = -0,0028T2 + 0,3984T + 1,1349 (R² = 0,958; Silagens sem emurchecimento e sem inoculante) (PG) Y = -0,0044T2 + 0,4806T + 2,6538 (R² = 0,7538; Silagens sem emurchecimento e com inoculante) (PG) Y = -0,0028T2 + 0,3139T + 0,754 (R² = 0,7431; Silagens com emurchecimento e sem inoculante) (PG) Y = -0,0026T2 + 0,262T + 0,3217 (R² = 0,7624; Silagens com emurchecimento e com inoculante) (Efluente) Y = 0,012T2 - 0,749T + 70,994 (R2 = 0,4279; Silagens sem emurchecimento e sem inoculante) (Efluente)Y=0,0196T2-0,9649T + 46,166 (R2 = 0,7267; Silagens sem emurchecimento e com inoculante) (RMS) Y = 0,0006T2 - 0,1323T + 92,792 (R2 = 0,376; Silagens sem emurchecimento). 1 Observou-se interação dos teores de MS e adição de inoculante enzimático bacteriano durante o tempo de estocagem sobre a PG (Tabela 1). O emurchecimento da forragem do mesmo modo que a adição do inoculante alteraram as taxas de produção de gases ao longo do tempo de estocagem (Figura 1). Isto pode ser atribuído a maiores taxas de fermentação realizada pelos microrganismos homofermentativos adicionados, que aumentam as concentrações de ácido lático e reduzem as perdas por gases. Paziani et al. (2006) avaliando a influência do teor de MS e uso de inoculante bacteriano em silagens de capim-tanzânia encontraram tendência de redução dos valores de PG com o uso de inoculantes. Apesar de alterar as taxas de perdas por gases com o uso de inoculante enzimático bacteriano, observou-se apenas interação dos teores de MS no tempo de estocagem sobre a RMS. Verificou-se modelo quadrático significativo (P<0,05) que 326 descreve a menor recuperação de MS no tempo de estocagem apenas para as silagens sem emurchecimento. Entretanto, não foi obtido modelo significativo que descreve a redução da RMS no tempo de estocagem para as silagens com emurchecimento. Figura 1 – Produção de gases nas silagens sem emurchecimento e sem inoculante ( ( ), com emurchecimento e sem inoculante ( ) e com inoculante ( ), com inoculante ). As silagens confeccionadas com forragem emurchecida não apresentaram tendência de menor recuperação de MS com o tempo de estocagem. Esse efeito pode ser atribuído à fermentação inadequada que ocorre em silagens com alta umidade, que provocam maiores perdas por gases e maiores produções de efluentes nessas silagens. Esse fato pode ser observado na Figura 1, em que silagens sem emurchecimento e sem inoculantes, apresentam maiores taxas de produção de gases com o tempo. Conclusões O emurchecimento da forragem reduziu as perdas por gases e efluentes e aumentou a recuperação de matéria seca das silagens produzidas. O uso de inoculante enzimático bacteriano alterou as taxas de perdas por gases, de forma mais evidente em silagens com baixo teor de matéria seca. Literatura citada JOBIM, C. C.; NUSSIO, L. G.; REIS, R . A et al. Avanços metodológicos na avaliação da qualidade da forragem conservada. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p. 101-119, 2007 (supl. especial). LOURES, D. R. S.; NUSSIO, L. G.; PAZIANI, S. F et al. Composição bromatológica e produção de efluente de silagens de capim-tanzânia sob efeitos do emurchecimento, do tamanho de partícula e do uso de aditivos biológicos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.3, p. 726-735, 2005. McDONALD, P.; HENDERSON, A. R.; HERON, S. J. E. The biochemistry of silage. Marlow:Chalcombe Publications, 1991. PAZIANI, S. F.; NUSSIO, L. G.; LOURES, D.R.S et al. Influência do teor de matéria seca e do inoculante bacteriano nas características físicas e químicas da silagem de capim Tanzânia. Acta Sci. Anim. Sci., v.28, n.3, p. 265-271, 2006. SAS INSTITUTE. SAS users guide: statistics. Cary, 1999. 965p. 327 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.6. Características morfogênicas de azevém pastejado por novilhas de corte recebendo suplemento Érica Dambrós de Moura1, Marta Gomes da Rocha2, Sheila Cristina Bosco Stivanin3 Viviane da Silva Hampel3, Marcos Bernardino Alves3, Paulo Roberto Salvador3 1 Estudante de graduação do curso de Zootecnia – UFSM. E-mail: [email protected] Professora do Departamento de Zootecnia - UFSM 3Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM 2 Resumo: Foram avaliadas as características morfogênicas do azevém (Lolium multiflorum Lam.) pastejado por novilhas de corte exclusivamente em pastejo ou em pastejo e recebendo 0,93% do peso corporal de grão de milho ou grão de aveia branca como suplemento. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, com três tratamentos e três repetições de área. Para as avaliações morfogênicas foram utilizados 40 perfilhos marcados por unidade experimental. Não houve interação entre tratamentos e períodos de avaliação da pastagem para as características morfogênicas. O azevém mostrou valores similares para a taxa de expansão de lâminas foliares intactas (0,08 ± 0,005 cm/grau-dia), taxa de expansão de lâminas foliares pastejadas (0,05 ± 0,003 cm/grau-dia), taxa de aparecimento de lâminas foliares (0,0075 ± 0,0003 cm/grau-dia) e filocrono (161,51 ± 7,91 graus-dia) quando pastejado por novilhas de corte recebendo suplemento ou não. Palavras–chave: grão de aveia, grão de milho, Lolium multiflorum Lam, taxa de aparecimento de lâminas foliares, taxa de expansão de lâminas foliares Morphogenic characteristics of ryegrass grazed beef heifers were supplemented Abstract: Morphogenic characteristics of Italian ryegrass (Lolium multiflorum Lam) grazed by beef heifers exclusively on pasture or receiving 0.93% of the body weight of corn grain or oat grain as a supplement were evaluated. The grazing method was continuous with variable stocking. The experimental design was completely randomized with repeated measures on time, with three treatments and three area replications. Forty marked tillers per experimental unit. were utilized for morphogenic evaluations. There was no interaction between treatments and evaluation periods for 328 morphogenic characteristics evaluated. The ryegrass showed similar values (P>0.10) for rate of expansion of intact leaf blades (0.08 ± 0.005 cm/degree day), expansion rate of grazed leaf blade (0.05 ± 0.003 cm/degree day), leaf blades appearance rate (0.0075 ± 0.0003 cm/degree day) and phyllochron (161,51 ± 7.91 degree-day) when grazed by beef heifers receiving supplement or not. Keywords: oats grain, maize grain, Lolium multiflorum Lam, rate of leaf blades appearance, rate of leaf blades expansion Introdução O azevém (Lolium multiflorum Lam.) é uma espécie forrageira muito utilizada no sul do país, sendo uma alternativa para as épocas onde há uma redução na produção de forragem do campo nativo no Rio Grande do Sul. O estudo das características morfogênicas do azevém é importante para conhecermos os processos de crescimento da forrageira e a sua máxima produção de biomassa (NABINGER & PONTES, 2001). Essas características são determinadas por fatores genéticos e ambientais mas podem ser modificadas pelo aumento na taxa de lotação decorrente do fornecimento de suplementos aos animais em pastejo. Dessa forma, esse trabalho foi conduzido com o objetivo de caracterizar a resposta morfogênica do azevém utilizado por novilhas de corte exclusivamente em pastejo ou em pastejo e recebendo grão de milho ou grão de aveia como suplemento. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, durante o período de julho a outubro de 2012. A área experimental foi constituída de nove piquetes de 0,8 ha. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam.) foi estabelecida por semeadura a lanço no dia 01/05/2012, sendo utilizados 30 kg/ha de semente. A adubação utilizada foi 200 kg/ha de NPK (0520-20) e 56,5 kg de nitrogênio, na forma de uréia em duas aplicações, realizadas em 21/06 e 14/07. Os animais experimentais foram novilhas da raça Angus. Os tratamentos foram: novilhas em pastagem exclusiva de azevém e novilhas em pastagem de azevém recebendo 0,93% do peso corporal (PC) de grão de milho inteiro ou de grão de aveia branca como suplemento. O suplemento foi fornecido de segunda-feira a sábado, às 14 horas. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. Foram usadas três novilhas testes por piquete e um número variável de animais reguladores para manutenção de massa de forragem (MF) entre 1200 a 1600 kg MS/ha. A MF foi determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem. A relação lâmina foliar:colmo foi determinada a partir da proporção de lâminas foliares e colmos proveniente da separação manual das amostras oriundas das avaliações da massa de forragem. A taxa de lotação (kg/ha de PC) foi obtida pelo somatório do peso médio dos animais-teste, com o peso médio de cada regulador, multiplicado pelo número de dias que esses permaneceram na repetição, dividido pelo número de dias do período experimental. A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de lotação. As características morfogênicas do azevém foram avaliadas em 40 perfilhos marcados por unidade experimental. A soma térmica (ST) foi calculada pela equação: ST = Σ (Tmd) - 5, em que Tmd são as temperaturas médias diárias do período e cinco é a temperatura base de crescimento do azevém. A taxa de aparecimento de lâminas foliares foi determinada por meio de regressão linear entre o número de lâminas foliares produzidas e a soma térmica de determinado período. A taxa de aparecimento de lâminas foliares é o valor 329 do coeficiente angular da regressão e o filocrono é seu valor inverso, sendo ambos expressos em graus-dia. As taxas de expansão (cm/graus-dia) das lâminas foliares intactas e pastejadas foram calculadas por meio da razão entre a expansão média das lâminas foliares intactas e pastejadas do perfilho entre duas avaliações consecutivas e a soma térmica acumulada no mesmo período. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, com três tratamentos e três repetições de área. Após teste de normalidade, as variáveis foram submetidas à análise de variância pelo procedimento Mixed. Quando verificadas diferenças as médias foram comparadas pelo procedimento lsmeans. Também foram realizadas análises de correlação de Pearson, e análise de regressão, onde a escolha do modelo baseou-se na significância dos coeficientes, sendo escolhido o de maior significância. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2. Resultados e Discussão Nos tratamentos estudados foram observadas semelhanças (P>0,10) para a massa de forragem (1894,47 ± 150,49 kg de MS/ha), oferta de forragem (10,09 ± 0,95 kg de MS/100 kg de PC) e relação lâmina foliar:colmo (1,91 ± 0,16). A taxa de lotação foi aumentada em 20,7% quando as novilhas receberam grão de milho ou grão de aveia como suplemento com relação ao tratamento de pastagem exclusiva de azevém, cuja taxa de lotação foi, em média, de 1111,85 kg/ha de PC. Não houve interação (P>0,10) tratamentos x períodos de avaliação da pastagem para as características morfogênicas avaliadas. Não foram observadas diferenças (P>0,10) entre os tratamentos estudados para as variáveis taxa de expansão de lâminas foliares intactas (0,08 ± 0,005 cm/grau-dia), taxa de expansão de lâminas foliares pastejadas (0,05 ± 0,003 cm/grau-dia), taxa de aparecimento de lâminas foliares (0,0075 ± 0,0003 cm/grau-dia) e filocrono (161,51 ± 7,91 graus-dia). A semelhança observada para as características morfogênicas entre as alternativas de suplemento testadas indica que o fornecimento do grão de milho e do grão de aveia não alterou a relação herbívoro- planta- de maneira a modificar o crescimento do azevém. A taxa de expansão de lâminas foliares intactas e pastejadas diferiram entre os períodos de avaliação (P<0,10) e ajustaram-se a um modelo de regressão linear em função dos dias de utilização da pastagem (Tabela 1), reduzindo 0,0007 e 0,0005 cm/grau-dia a cada dia de pastejo, respectivamente. Esse resultado pode estar associado com o avanço do ciclo reprodutivo da planta, sendo também semelhante a taxa de expansão de lâminas foliares observada por Cauduro et al. (2006). A taxa de expansão de lâminas foliares foi 37,5% superior (P<0,10) nas lâminas foliares intactas, quando comparadas com as lâminas foliares pastejadas (0,05 cm/grau-dia) em todos os períodos de avaliação do azevém. Conforme Pontes et al. (2003), com a manutenção de uma maior área foliar, com maior interceptação de luz, existe aumento na oferta de carbono, elevando assim a velocidade de expansão das lâminas foliares. A taxa de aparecimento de lâminas foliares ajustou-se ao modelo de regressão linear decrescente (Tabela 1), reduzindo 0,00004 cm a cada grau-dia. Resultado semelhante foi obtido por Stivanin et al. (2011), que observaram maior taxa de aparecimento de lâminas foliares no inicio da avaliação do azevém, em razão da gramínea estar no inicio de seu estádio vegetativo. O filocrono ajustou-se ao modelo de regressão linear crescente (Tabela 1). Com o avanço dos estádios fenológico é esperado um aumento no valor do acúmulo térmico para o surgimento de uma nova lâmina foliar, devido a um possível alongamento no pseudocolmo, aumentando assim a distância entre o meristema apical e a bainha foliar (STRECK et al., 2003). 330 Tabela 1 – Equações de regressão para características morfogênicas do azevém Equações R2 (%) P Taxa de expansão de lâminas foliares intactas1 ŷ = 0,1270 - 0,0007x 56,37 0,0001 Taxa de expansão de lâminas foliares pastejadas1 ŷ = 0,0835 - 0,0005x 52,85 0,0001 Taxa de foliares1 ŷ = 0,0101 - 0,00004x 64,21 0,0001 ŷ = 88,9279 + 1,0448x 69,29 0,0001 Respostas 2 aparecimento Filocrono 1 cm/graus-dia; 2 graus-dia lâminas Conclusões As características morfogênicas do azevém são influenciadas pelo avanço do ciclo da planta e não mudam com o aumento da taxa de lotação que ocorre quando os animais recebem suplemento. Literatura citada CAUDURO, G.; CARVALHO, P.C.F.; BARBOSA, C.M.P. et al. Variáveis morfogênicas e estruturais de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) manejado sob diferentes intensidades e métodos de pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35, n.4, p.1298-1307, 2006. LEMAIRE, G.; CHAPMAN, C. Tissue flows in grazed plant communities. In: HODGSON, J.; ILLIUS, A.W. (Ed.) The ecology and management of grazing systems. Guilford: CAB International, 1996. p.3-36. NABINGER, C.; PONTES, L.S. Morfogênese de plantas forrageiras e estrutura do pasto. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba, SBZ, 2001. CD-ROM. PONTES, L.S.; NABINGER, C.; CARVALHO, P.C.F. et al. Variáveis morfogênicas e estruturais de azevém anual (Lolium multiflorum Lam) manejado em diferentes alturas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.4, p.814-820, 2003. STIVANIN, S. C. B.; POTTER, L.; HAMPEL, V.S.; ELOY, L.R.; SALVADOR, P.R. Características estruturais e morfogênicas de azevém sob intensidades de pastejo. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 48. 2011, Belém. Anais... Belém, SBZ, 2011. STRECK, N.A.; WEISS, A.; XUE, Q. et al. Incorporating a chronology response into the prediction of leaf appearance rate in winter wheat. Annals of botany, p. 181-190, 2003. 331 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.7. Proteína bruta e digestibilidade in vitro da matéria orgânica de Ischaemum minus J.Presl oriundo da várzea após cultivo de arroz irrigado Danielle Bellagamba de Oliveira1, Élen Nunes Garcia2, Ilsi Lob Boldrini3, Jamir Luís Silva da Silva4 1 Engenheira Agrônoma, Msc. em Zootecnia, UFPel, Pelotas, RS, Brasil. Professora do Departamento de Botânica – UFPel, Pelotas, RS, Brasil. 3 Professora do Departamento de Botânica – UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil. 4 Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da EMBRAPA CPACT, Pelotas, RS, Brasil. 2 Resumo: As áreas em pousio da lavoura de arroz irrigado são utilizadas para a mantença dos rebanhos gaúchos utilizando como fonte alimentar as espécies nativas que permanecem pós cultivo, além do rebrote do arroz. O objetivo do trabalho foi obter os valores nutricionais da proteína bruta e da digestibilidade in vitro da matéria orgânica de Ischaemum minus J.Presl para avaliar o seu perfil nutritivo para o consumo e desempenho animal. As lâminas foliares da espécie foram coletadas em área de várzea no terceiro ano de pousio pós lavoura de arroz irrigado, secadas até obter peso constante e enviadas para o Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI para a realização da análise bromatológica. Foi obtido o valor de 15,80% de proteína bruta e 64,80% de digestibilidade in vitro da matéria orgânica, conferindo ao Ischaemum minus bom valor forrageiro para ruminantes. Palavras–chave: Análise bromatológica, gramínea, forrageira, pousio, Rio Grande do Sul Abstract: The fallow areas of irrigated rice are used for maintenance of livestock as a food source gauchos using native species that remain after cropping, and regrowth of rice. The objective was to get the nutritional values of crude protein and in vitro digestibility of organic matter Ischaemum minus J.Presl to assess your nutritional profile for the intake and performance. The leaf blades of the species were collected in the floodplain in the third year after the fallow paddy rice, dried to constant weight and sent to the Laboratory of Animal Nutrition EPAGRI to perform chemical analysis. We obtained the value of 15.80% crude protein and 64.80% in vitro digestibility of organic matter, giving good value minus Ischaemum forage for ruminants. Keywords: Chemical analysis, fallow, forage, grass, Rio Grande do Sul 332 Introdução O ecossistema da várzea apresenta grande potencial para a agropecuária, tendo como principal uso a lavoura de arroz irrigado, sendo que nos anos em pousio a área é manejada para pecuária de corte extensiva. Surge então importância de conhecer os teores nutricionais das espécies nativas, adaptadas às áreas com má drenagem e de alta produção de matéria seca. Assim, são fornecidos dados qualitativos para o manejo racional e sustentável da vegetação em áreas de pousio de arroz irrigado de forma a otimizar o uso do material forrageiro para o rebanho. Ischaemum minus J.Presl é popularmente conhecida como grama-de-banhado e está amplamente distribuída nas áreas de várzea da planície costeira do Rio Grande do Sul. É uma espécie da família Gramineae (Poaceae), de ciclo perene, estival, com hábito de crescimento estolonífero, apresentando uma altura em torno de 5-20 cm, com hábitat em campos arenosos e úmidos, florescendo de setembro a fevereiro e com frutificação nos meses de outubro a fevereiro (BOLDRINI, 2011). Segundo Smith et al. (1982), é utilizada como forrageira, por formar denso tapete e de alta aceitabilidade. O objetivo do trabalho foi obter os valores nutricionais de proteína bruta e digestibilidade in vitro da material orgânica da gramínea Ischaemum minus J.Presl oriunda de áreas de várzea com cultivo de arroz irrigado em pousio na Planície Costeira, RS. Material e Métodos O local onde o material vegetal foi coletado está situado no município de Capivari do Sul, Rio Grande do Sul. O solo consiste em um Planossolo Hidromórfico e o clima da região é Cfa de acordo com a classificação de Köppen – clima temperado úmido com verão quente. A área de coleta encontrava-se no terceiro ano de pousio após lavoura de arroz irrigado por inundação através do método convencional. A coleta de 2/3 superiores da lâmina de plantas em estádio vegetativo foi realizada no período do inverno. O material foi seco em estufa de ar forçado à temperatura de 65ºC até atingir peso constante. Após isto, as amostras foram enviadas para o Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI – Estação Experimental de Lages para a análise bromatológica. Foram estimados em percentagem os teores de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO). Resultados e Discussão Os valores nutricionais obtidos são apresentados na Tabela 1. Os dados foram comparados com valores nutricionais de gramíneas estivais nativas no Rio Grande do Sul que apresentam alto valor forrageiro e aceitabilidade pelos animais. Santos et al. (2013) ao avaliar a bromatologia das lâminas foliares das principais espécies de gramíneas de um campo no município de Santa Maria, obteve 7,42% de PB para Axonopus affinis Chase e 8,28% de PB para Mnesithea selloana (Hack.) de Koning & Sosef.. Podemos observar através da tabela 1 que Ischaemum minus apresentou teor de PB bem mais alto, 15,80%. Quanto ao DIVMO Santos et al. (2013) obtiveram um valor de 56,35% para M. selloana e 69,04% para A. affinis. Assim verificamos que a DIVMO de Ischaemum minus de 64,50% (Tabela 1) é intermediária quando considera-se espécies altamente consumidas por bovinos. 333 Tabela 1 – Valores dos teores nutricionais expressos em porcentagem (%) da proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica da gramínea Ischaemum minus J.Presl coletada em área de várzea no município de Capivari do Sul. Proteína bruta 15,80 Digestibilidade in vitro da matéria orgânica 64,50 Conclusões A gramínea Ischaemum minus J.Presl com proteína bruta de 15,80% e digestibilidade in vitro da matéria orgânica de 64,50% representa uma gramínea de bom valor forrageiro para os ruminantes. Literatura citada BOLDRINI, I. L. A lista completa das espécies priorizadas - forrageiras – poaceae In: CORADIN, L. et al. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômica atual ou potencial Plantas para o futuro – Região sul MMA. Brasília. 934p. 2011. P. 297354. SANTOS, A. B. et al . Valor nutritivo de gramíneas nativas do Rio Grande do Sul/Brasil, classificadas segundo uma tipologia funcional, sob queima e pastejo. Cienc. Rural, Santa Maria, v. 43, n. 2, Feb. 2013 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010384782013000200025&lng=en&nrm=iso>. access on 17 June 2013. http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782013000200025. SMITH, L. B., Wasshausen, D. C. & Klein, R.M. 1982. Gramíneas. In: Reitz, R. (ed.). Flora Ilustrada Catarinense (Gram.). Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. p. 9101407. 334 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.8. Composição químico bromatológica e características fermentativas de silagem de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos¹ Lucas Ladeira Cardoso2, Karina Guimarães Ribeiro 3, Marcos Inácio Marcondes3, Odilon Gomes Pereira3, Felipe Xavier Amaro4, Douglas Rodrigues da Costa4 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFV. E-mail: [email protected] 3 Professor do Departamento de Zootecnia – UFV. 4 Estudante de graduação em Zootecnia – UFV. 2 Resumo: Objetivou-se avaliar a composição químico bromatológica, o pH e o teor de nitrogênio amoniacal de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos. Os tratamentos foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-de-açúcar com cal (CaO) a 0,5%; 6- Silagem de cana-de-açúcar com cal (CaO) a 1,0%; 7- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 0,5%; 8- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 1,0%. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e quatro repetições. A cana-de-açúcar foi picada e ensilada em baldes de 20 kg, contendo válvulas de Bunsen, abertos 180 dias após o fechamento. Verificou-se que a adição de ureia a 0,5 ou 1% aumentou os teores de PB e de NH3 e reduziu o teor de NIDA, enquanto cal a 0,5% reduziu o teor de FDN e cal a 0,5 ou 1% aumentou o pH da silagem de cana-de-açúcar. Conclui-se que a cana-de-açúcar tratada com ureia aumenta acentuadamente os teores protéicos e reduz os teores de NIDA na silagem, entretanto, os teores de nitrogênio amoniacal também são incrementados. Os demais aditivos não proporcionam efeitos benéficos na silagem, exceto a cal a 0,5%, que reduz o teor de FDN. Palavras–chave: nitrogênio amonical, fibra em detergente neutro, pH, proteína bruta Chemical composition and fermentative characteristics of sugarcane silages treated with chemical and microbiological additives Abstract: This study was aimed to evaluate chemical composition, pH and ammonia nitrogen content of sugarcane silage treated with chemical and microbiological additives. The treatments were: 1 – Sugarcane silage; 2 – Sugarcane silage with Lactobacillus buchneri, 3 – Sugarcane silage with Lactobacillus plantarum and 335 Pediococcus pentasaceus; 4 – Sugarcane silage with Propionibacterium acidipropionici and Lactobacillus plantarum; 5 – Sugarcane silage with 0.5% lime (CaO) ; 6 – Sugarcane silage with 1.0% lime (CaO) ; 7 – Sugarcane silage with 0.5% urea, 8 – Sugarcane silage with 1.0% urea. We used a completely randomized design with eight treatments and four replications. The sugarcane was chopped and ensiled in 20 kg buckets containing Bunsen valves that were opened 180 days after closing. We observed that addition 0.5% and 1.0% of urea increases the crude protein and NH3 contents and reduces NIDA content; 0.5% lime reduces NDF content and 0.5 and 1% lime increases the pH of sugarcane silage. We concluded that sugarcane treated with urea increases the protein crude and reduces NIDA contents on silage, however, ammonia nitrogen content are also incremented. The other additives not provide beneficial effects on silage, except the lime 0.5% that reduces the NDF content. Keywords: ammonia nitrogen, crude protein, neutral detergent fiber, pH Introdução A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) é utilizada como base da alimentação dos ruminantes em vários sistemas de produção adotados no Brasil. Esta cultura destaca-se pela sua grande produtividade por área, com média de 67,06 t/ha no Brasil (IBGE, 2012). A principal limitação da utilização da cana-de-açúcar em larga escala é a dificuldade operacional, já que o material colhido e triturado fermenta-se rapidamente e, se não for consumido logo em seguida, reduz sua aceitabilidade (Kung Jr. e Stanley, 1982). Dessa forma, o processo de ensilagem da cana-de-açúcar pode se constituir uma alternativa com intuito de maximizar a utilização da mão-de-obra em um determinado período e, assim, melhorar a logística da propriedade. Assim, objetivou-se avaliar a composição químico bromatológica, o pH e o teor de nitrogênio amoniacal de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos. Material e Métodos O experimento foi realizado na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão – Gado de Leite, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, localizada no município de Viçosa-MG, situada a 200 e 45’de latitude sul, 420 e 51’ de longitude oeste. Os tratamentos estudados foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de cal (CaO); 6- Silagem de cana-de-açúcar com 1,0% de cal (CaO); 7- Silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia; 8- Silagem de cana-de-açúcar com 1,0% de ureia. Os inoculantes microgiológicos foram adicionados à forragem por ocasião da ensilagem, de acordo com as recomendações dos fabricantes. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e quatro repetições, totalizando 32 unidades experimentais, utilizando-se baldes como silos experimentais, com tampas contendo válvulas de Bunsen para permitir o escape dos gases, os quais foram abertos 180 dias após a ensilagem. Para determinar a composição químico bromatológica das silagens, foram coletados aproximadamente 400 g de amostras de cada silo, e as amostras foram pré-secas em estufa com circulação forçada de ar, a 550C, por 72 h, e, em seguida, determinados os teores de matéria seca (MS); proteína bruta (PB); fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), segundo protocolos do 336 Laboratório de Nutrição Animal do DZO/UFV. Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey a 10% de probabilidade, por meio do SAEG. Resultados e Discussão A cana de açúcar, antes da ensilagem, apresentou teores de MS, PB, NIDA e FDN de 27,1; 3,65; 6,78 e 59,5%, respectivamente. Na Tabela 1, são apresentados os resultados das variáveis analisadas na silagem de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos. Verifica-se que houve efeito de tratamento sobre todas as variáveis da composição químico bromatológica, exceto para os teores de matéria seca. Tabela 1 - Teores (%) de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nitrogênio insolúvel em detergente ácido em relação ao N total (NIDA), fibra em detergente neutro (FDN) e de nitrogênio amoniacal em relação ao N total (NH 3/NT) e potencial hidrogeniônico (pH) de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos Tratamento Item 1 2 3 4 5 6 7 8 Sig. CV% MS 26,6a 25,9a 25,1a 25,8a 26,5a 26,2a 25,4a 26,0a ns 2,70 PB 3,8c 3,7c 3,9c 3,8c 3,5c 3,7c 8,3b 14,4a ** 9,17 11,1a 67,6ab cd 12,2a 11,6a 12,0a 13,7a 4,8b 3,8b ** 11,40 69,1ab 70,1a 68,5abc 64,3e 12,5a 66,1bc de 65,1de 65,4cde ** 2,02 4,5c 3,7c 4,8c 2,8c 1,2c 4,9b 32,4b 44,2a ** 39,84 3,41c 3,37c 3,49c 3,41c 3,73b 4,36a 3,57bc 3,59bc ** 3,03 NIDA FDN NH3/ NT pH 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-de-açúcar com cal (CaO) 0,5%; 6- Silagem de cana-de-açúcar com cal (CaO) 1,0%; 7- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 0,5%; 8- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 1,0%. ** significativo a 1%; ns: não significativo. Verificou-se teor médio de matéria seca (MS) de 25,9%. Comparando os teores de MS obtidos nas silagens com o teor de MS da cultura de cana-de-açúcar antes da ensilagem (27,1%), verifica-se que houve decréscimo. Em experimentos em silos, geralmente se obtém redução no teor de MS da cana-de-açúcar após a ensilagem, em decorrência da perda de MS característica do processo (Kung Jr. & Stanley, 1982). Os teores de proteína bruta foram mais altos para os tratamentos com 0,5 e 1% de ureia, em relação aos demais, com destaque para a silagem tratada com 1% de ureia. O teor médio de PB das silagens sem ureia (3,73%) foi tão baixo quanto o verificado na forragem antes da ensilagem (3,96%). A adição de ureia elevou o teor de PB como resultado da alta recuperação do nitrogênio aplicado, fato também observado por Roth et al. (2005), que avaliaram doses crescentes de ureia na ensilagem de cana-de-açúcar e encontraram elevação dos teores de proteína bruta na silagem. Os teores de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) foram mais baixos quando a cana-de-açúcar foi tratada com 0,5 e 1% de ureia, em relação aos outros tratamentos. Carvalho et al. (2006) também verificaram redução no teor de 337 NIDA/N-Total com uso de ureia para tratamento do bagaço de cana-de-açúcar ensilado e justificaram que a adição de NNP, em forma de ureia, promoveu diluição do conteúdo de NIDA, aumentando o N total. O teor de FDN foi mais baixo na silagem tratada com 0,5% de cal, em relação à silagem de cana controle. A adição de óxido de cálcio (CaO) pode reduzir os constituintes da parede celular por hidrólise alcalina e contribuir para a preservação de nutrientes solúveis, amenizando a perda de valor nutritivo durante a ensilagem e após a abertura do silo (Balieiro Neto et al., 2006). Os teores de NH3/NT foram mais elevados nos tratamentos contendo cal a 1% e 0,5 e 1% de ureia, em relação à silagem de cana não tratada. Os resultados em relação a esses últimos tratamentos seriam esperados, porém, não com o tratamento com cal. Os valores de pH são considerados baixos, exceto o obtido com 1% de cal, sendo que ambas as concentrações de cal aumentaram o pH em relação à silagem de cana não tratada. Conclusões Conclui-se que a cana-de-açúcar tratada com ureia aumenta acentuadamente os teores protéicos e reduz os teores de NIDA na silagem, entretanto, os teores de nitrogênio amoniacal também são incrementados. Os demais aditivos não proporcionam efeitos benéficos na silagem, exceto a cal a 0,5%, que reduz o teor de FDN. Literatura citada BALIEIRO NETO, G.; SIQUEIRA, G. R.; REIS, R. A; NOGUEIRA, J. R.; ROTH, M. T. P.; ROTH, A. P. T. P. Valor nutritivo da silagem de cana-de-açúcar com doses de óxido de cálcio após abertura do silo. Pesquisa e Tecnologia, vol.3, n.2, Jul-Dez, 2006. CARVALHO, G.G.P.; PIRES, A.J.V.; VELOSO, C.M. et al. Valor nutritivo do bagaço de cana-de-açúcar amonizado com quatro doses de ureia. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.41, n.1, p. 125-132, 2006. KUNG JR., L.; STANLEY, R.W. Effect of stage of maturity on the nutritive value of whole-plant sugarcane preserved as silage. Journal of Animal Science, v.54, p.689696, 1982. ROTH, M.T.P.; SIQUEIRA, G.R.; RICARDO, R.A. et al. Ensilagem da cana-de-açúcar (“Saccharum officinarum”L.) tratada com doses de ureia. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42., 2005, Goiânia. Anais... Goiânia: Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2005. (CD-ROM). 338 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.9. População de microrganismos e perdas de matéria seca de silagens de canade-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos1 Lucas Ladeira Cardoso2, Karina Guimarães Ribeiro 3, Marcos Inácio Marcondes3, Odilon Gomes Pereira3, Douglas Rodrigues da Costa4, Felipe Xavier Amaro4 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFV. e-mail: [email protected] 3 Professor do Departamento de Zootecnia – UFV. 4 Estudante de graduação em Zootecnia – UFV. 2 Resumo: Objetivou-se avaliar a população de microrganismos, as perdas e a recuperação de massa seca de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos. Os tratamentos estudados foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-deaçúcar com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de cal (CaO); 6- Silagem de cana-de-açúcar com 1% de cal (CaO); 7- Silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia; 8- Silagem de cana-deaçúcar com 1% de ureia. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e quatro repetições. A cana-de-açúcar foi picada e ensilada em baldes de 20 kg, contendo válvulas de Bunsen, abertos 180 dias após a ensilagem. Conclui-se que nenhum dos aditivos aumenta a população de bactérias ácido láticas ou diminui a população de leveduras, assim como, não reduz as perdas por gases e efluente ou melhora a recuperação de matéria seca em relação à silagem de cana não tratada. Palavras–chave: bactérias ácido láticas, efluente, gases, leveduras Microbial population and dry matter losses of sugarcane silages treated with chemical and microbiological additives Abstract: This study aimed to evaluate the microbial population, the loss and recovery of dry matter of sugarcane silage treated with chemical additives and microbiological. The treatments were: 1 – Sugarcane silage; 2 – Sugarcane silage with Lactobacillus buchneri, 3 – Sugarcane silage with Lactobacillus plantarum and Pediococcus pentasaceus; 4 – Sugarcane silage with Propionibacterium acidipropionici and Lactobacillus plantarum; 5 – Sugarcane silage with 0.5% lime (CaO) ; 6 – Sugarcane silage with 1.0% lime (CaO) ; 7 – Sugarcane silage with 0.5% urea, 8 – Sugarcane 339 silage with 1.0% urea. We used a completely randomized design with eight treatments and four replications. The sugarcane was chopped and ensiled in 20 kg buckets containing Bunsen valves that were opened 180 days after closing. It is concluded that none of the additives increases the population of lactic acid bacteria or decreases the yeast population, as well as not reduces gases and effluent losses or improves dry matter recovery of silage compared to untreated sugarcane. Keywords: effluent, gas, lactic acid bacteria, yeast Introdução A cana-de-açúcar é um recurso forrageiro utilizado principalmente no período seco do ano, quando esta cultura atinge sua maturidade e apresenta maior valor nutritivo, em decorrência do acúmulo de açúcares em seus colmos, portanto, é uma alternativa para minimizar o problema da estacionalidade de produção de forragem. Apesar de existirem vantagens potenciais na sua utilização, a ensilagem de cana-deaçúcar apresenta alguns inconvenientes. No processo fermentativo da sacarose, realizado por leveduras, pode ocorrer perda acentuada de matéria seca e de valor nutritivo, devido à conversão de açúcares em etanol, CO2 e água (Kung Jr., 2009). Objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos de aditivos químicos e microbiológicos sobre a população de microrganismos, as perdas e a recuperação de matéria seca de silagens de cana-de-açúcar. Material e Métodos O estudo foi realizado na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão – Gado de Leite, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, localizada no município de Viçosa-MG, situada a 200 e 45’de latitude sul, 420 e 51’ de longitude oeste. Os tratamentos estutados foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-deaçúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-deaçúcar com 0,5% de cal; 6- Silagem de cana-de-açúcar 1% de cal; 7- Silagem de canade-açúcar com 0,5% de ureia; 8- Silagem de cana-de-açúcar com 1% de ureia. Os inoculantes foram adicionados à forragem por ocasião da ensilagem, de acordo com as recomendações dos fabricantes. O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado, com oito tratamentos e quatro repetições, totalizando 32 unidades experimentais, utilizando-se baldes plásticos como silos experimentais, com tampas contendo válvulas de Bunsen para permitir o escape dos gases e capacidade para 20 kg. O material foi picado em máquina ensiladora estacionária, submetido aos tratamentos e, em seguida, ensilado com densidade média de 800 kg/m3. No fundo dos baldes, colocou-se 4 kg de areia seca, dentro de saco de tecido de algodão, para permitir a drenagem do efluente produzido. Decorridos 180 dias após o fechamento dos silos, procedeu-se a abertura dos mesmos e as perdas e a recuperação de matéria seca foram calculadas segundo Jobim et al. (2007). As populações microbianas foram quantificadas nas forragens antes da ensilagem e nas silagens, utilizando-se meios de cultura seletivos para cada grupo microbiano: MRS Ágar para as bactérias do ácido lático; Violet Red Bile para as enterobactérias e Batata Dextrose Ágar para fungos e leveduras, realizando-se o cultivo em placa de petri. A quantificação dos grupos microbianos foi realizada a partir de 25 g de amostra de silagem de cada unidade experimental (silo), às quais foram adicionados 225 mL de solução tampão fosfato, obtendo-se a diluição de 10-1. Em seguida, diluições 340 sucessivas foram realizadas, objetivando-se obter diluições variando de 10-3 a 10-7, para as populações de bactérias ácido láticas, e de 10-1 a 10-3, para enterobactérias, fungos e leveduras. Foram consideradas para contagem as placas com valores entre 30 e 300 unidades formadoras de colônias (UFC). Os dados experimentais foram submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, utilizando-se o SAEG. Resultados e Discussão Antes da ensilagem, a cana-de-açúcar apresentou população de bactérias ácido láticas, enterobactérias e leveduras de 4,1; 5,2 e 3,0 log cfu/g, respectivamente. Na Tabela 1 são apresentadas as populações médias de bactérias ácido láticas e de leveduras, assim como, as perdas por gases e por efluente e a recuperação de matéria seca nas silagens, as quais foram afetadas pelos tratamentos, exceto as perdas por efluente. Não foram encontradas populações de enterobactérias nem de fungos nas silagens. Tabela 1 – População de bactérias ácido láticas (BAL) e leveduras (LEV) (log ufc/g), perdas por gases (%) e por efluente (kg/t MN) e recuperação de matéria seca (%) (RMS) de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos. Tratamento Item BAL 1 6,3ab 2 7,3a 3 7,1ab 4 4,9ab 5 7,8a 6 7,2ab 7 5,8ab 8 4,0b Sig. * CV% 24,7 LEV 3,9ab 3,0ab 4,6a 4,2ab 2,5ab 2,9ab 3,2ab 1,4b ** 40,9 Gases 8,5ab 7,8ab 9,8a 6,7ab 5,8b 8,7ab 5,6b 6,0ab * 25,6 Efluente 88,3a 100,3a 90,0a 90,7a 90,8a 95,1a 93,7a 94,2a ns 6,24 RMS 87,2a 83,9ab 81,9b 84,7ab 87,2a 85,1ab 83,3ab 85,2ab ** 2,91 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-de-açúcar com cal 0,5%; 6- Silagem de cana-de-açúcar com cal 1,0%; 7- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 0,5%; 8Silagem de cana-de-açúcar com ureia 1,0%. *significativo a 5%; ** significativo a 10%; ns: não significativo. Para a população de bactérias ácido láticas, verificou-se benefício do aditivo microbiológico com L. buchneri e do aditivo químico com cal a 0,5%, em relação ao uso de ureia a 1%, porém, não diferiram do tratamento controle. Cavali et al. (2010), avaliando cana-de-açúcar ensilada com diferentes níveis de óxido de cálcio, observaram aumento da população de BAL na massa ensilada e diminuição da quantidade de leveduras, indicando ter ocorrido boa fermentação. Segundo Muck (1996), o valor mínimo recomendado de bactérias ácido láticas na silagem é de 5 log ufc/g. Assim, verifica-se que os tratamentos com L. acidipropionici e L. plantarum e com 1% de ureia proporcionaram populações abaixo da recomendada. A população de leveduras foi mais baixa com uso de 1% de ureia, em relação à população obtida no tratamento contendo Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus, porém, ambas não diferiram do tratamento controle. 341 Verifica-se que não houve efeito de tratamento para perdas por efluente. A produção de efluente média obtida para todos os tratamentos (92,9 kg/t MN) é considerada alta e pode ser atribuída ao pequeno tamanho de partícula observado à picagem do material (não quantificado), associado à elevada densidade da silagem (800 kg/t MN). Observaram-se menores perdas por gases nos tratamentos contendo 0,5% de cal e 0,5% de ureia, em relação ao tratamento de cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus, entretanto, não diferiram das perdas por gases na silagem de cana não tratada. Para recuperação da matéria seca (RMS), apenas o tratamento com 0,5% de cal diferiu da silagem de cana não tratada, obtendo mais baixa RMS. Conclusões Nenhum dos aditivos aumenta a população de bactérias ácido láticas ou diminui a população de leveduras, assim como, não reduz as perdas por gases e efluente ou melhora a recuperação de matéria seca em relação à silagem de cana não tratada. Literatura citada CAVALI, J. ; VALADARES FILHO, S. C. ; PEREIRA, O. G. et al. Mixed sugarcane and elephant grass silages with or without bacterial inoculant. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, p. 462-470, 2010. JOBIM, C.C.; NUSSIO, L.G.; REIS, R.A. et al. Avanços metodológicos na avaliação da qualidade da forragem conservada. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, suplemento especial, p.101-119, 2007. KUNG JR., L. Effects of microbial additives in silages: facts and perspectives. In: INTERNATIONAL SYMPOSIUM ON FORAGE QUALITY AND CONSERVATION. Proceedings… p. 7-21, 2009. MUCK, R.E. Inoculant of silage and its effects on silage quality. In: INFORMATIONAL CONFERENCE WITH DAIRY AND FORAGE INDUSTRIES. Proceedings… US Dairy forage Research, p. 43-52, 1996. 342 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.10. Padrão Microbiológico e valores de ph de Silagem de Capim Tanzânia inoculada com aditivo bacteriano-enzimático1 Isabela Eloisa Bianchi2, Wagner Soares da Costa Junior3, Daniel de Paula Sousa4, Daniela Tiago Silva Campos5, Ana Paula da Silva Carvalho 2, Rayanne Viana Costa2. 1 Parte da dissertação de mestrado do segundo autor. Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT. 3 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. – UFMT. 4 Professor do Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT. 5 Professora do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade – UFMT. 2 Resumo: Objetivo-se avaliar o padrão fermentativo da silagem de capim-tanzânia inoculada com e sem aditivo microbiológico-enzimático com e sem emurchecimento. O processo de emurchecimento reduziu o número de lactobacilos e os valores de pH. O aumento do teor de MS e a inoculação não alteraram a contagem de Leveduras, entretanto, houve interação dos teores de MS e adição do inoculante durante o tempo de estocagem sobre a taxa de crescimento de lactobacilos e leveduras. Foi observado efeito do teor de MS, adição do inoculante e da interação entre estes fatores no tempo de estocagem sobre os valores de pH. O emurchecimento e o uso de inoculantes ocasionou menores valores de pH final, podendo reduzir as perdas de MS de silagens de gramíneas tropicais. Palavras-chaves: ensilagem, inoculante, lactobacilos, leveduras, microbiologia. Pattern microbiological and pH values of Tanzania grass silage inoculated with bacterial-enzymatic additives Abstract: It was aimed to evaluate the fermentation pattern of Tanzania grass silage wilted or not and inoculated or not with bacterial enzyme additive. The process of wilting reduced the number of lactobacilli and pH values. The increase in DM content and inoculation did not affect the count of yeasts, however, there was an interaction of DM and addition of the inoculant during the storage time on the rate of growth of lactobacilli and yeasts. Was no effect of DM content, addition of inoculant and the interaction between these factors in the storage time on the pH values. Wilting and use of inoculants caused lower final pH may reduce DM losses of tropical grass silages. Keywords: silage, inoculant, lactobacilli, yeasts, Microbiology. 343 Introdução A ensilagem é o processo de conservação de alimentos, em que eliminação do oxigênio do meio, associado aos processos fermentativos pela ação dos microrganismos leva a redução do pH do meio e permite conservar parte do valor nutritivo original. As bactérias lácticas epifíticas desejáveis fermentam o açúcar da forragem e produzem ácido lático, responsável por reduzir o pH a valores próximos a 4,2 e impedir o desenvolvimento de bactérias indesejáveis, como os coliformes e clostridios. A maioria dos inoculantes consiste de culturas viáveis de bactérias láticas homofermentativas dos gêneros Lactobacillus, Streptococcus e Pediococcus adicionados as silagens estimulam a fermentação lática, resultando em uma rápida e intensiva produção de ácido lático com consequente aumento na taxa de declínio do pH minimizando perdas do material estocado. Bactérias do gênero Clostridium, ocasionam perdas de energia e proteína e podem produzir substâncias tóxicas. Degradam duas moléculas de ácido lático em uma molécula de ácido butírico, principal responsável pela manutenção de fermentações secundárias, redução nas taxas de queda de pH e responsável por maiores perdas de MS. Alguns autores tem relatado que clostridium podem ter seu crescimento inibido em materiais de menor umidade, associados a menores valores de atividade de água. Com isso o objetivou-se avaliar o padrão fermentativo da silagem de capimtanzânia inoculada ou não com aditivo microbiológico-enzimático com e sem emurchecimento. Material e Métodos O ensaio utilizou o capim Panicum maximum cv. Tanzânia, colhido de acordo com a recomendação, com 45 dias de crescimento e 70 cm de altura. O delineamento experimental utilizado foi em esquema fatorial 2x2 (com e sem aditivo x com e sem emurchecimento), 4 tempos de abertura (10; 20; 40 e 80 dias após o fechamento do silo) e 9 repetições, totalizando 36 parcelas experimentais e 144 no total. O inoculante enzimático bacteriano utilizado possui 4 bactérias (Streptococcus faecium, lactobacillus plantarum, pediococcus acidilactici e lactobacillus salivarius) e 4 enzimas (2 fibrolíticas, 1 pentosanase e 1 amilolítica) (silAll 4x4®, Alltech inc.). Cada parcela foi constituída de um silo experimental (potes de vidro), com o volume de 1,3 L. Os silos foram vedados com tampas equipadas com válvula tipo “sifão”, para permitir somente a saída e evitar a entrada de gases no interior do silo. A forrageira foi triturada em picador estacionário com tamanho de partícula entre 2 a 3 cm. Foram coletados 100 kg de forragem picada para a confecção das silagens para enchimento dos silos do experimento. Uma porção de 50 kg de forragem picada foi separada e exposta ao sol até atingir o teor de matéria seca de 40%. Tanto a forragem úmida quanto a silagem emurchecida foram divididas em duas parcelas para a adição ou não do inoculante enzimático bacteriano e confecção das silagens. Foram utilizadas dose e diluição do produto comercial recomendada pelo fabricante com contagem final bacteriana de 106 UFC/ g de matéria natural, tomando-se todos os cuidados para não haver contaminação entre tratamentos Para a determinação do pH utilizou 50 g de amostra e 200 mL de água destilada, que foram processadas em liquidificador, durante 1 minuto. Em seguida foi determinado o pH em potenciômetro digital. As amostras de forragem e de silagem, foram mantidas sobre refrigeração (5oC), para as análises microbiológica. Inicialmente foi realizada uma diluição prévia de 10 g de amostra a 90 mL de solução salina peptona (8,5 g de NaCl e 1 g de peptona/L de água destilada). A partir dos extratos diluídos (10-1 a 10-5), foram realizados os 344 plaqueamentos nos meios específicos para cada microrganismo estudado. Para determinação do número de Bacillus foi utilizado o meio Ágar Nutriente e as culturas foram incubadas em aerobiose a 30oC por três dias (SPECK, 1984). Para contagem total de leveduras foi utilizado o meio Batata Dextrose Ágar (BDA) e incubadas por 3 dias a 28oC (Kurtman e Fell, 1998). Os resultados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão (tempos de abertura dos silos) pelo PROC Mixed do programa SAS (SAS, 1999), ao nível de 5% de probabilidade. Resultados e Discussão Os teores de MS influenciaram significativamente (P<0,05) na contagem de lactobacilos e nos valores pH das silagens (Tabela 1). O processo de emurchecimento reduziu o número de lactobacilos, bem como os valores de pH, possivelmente pela redução da atividade de água concomitante com a menor diluição do ácido lático. Segundo Rammer (1996), bactérias produtoras de ácido lático apresentam maior tolerância relativa à redução da umidade que bactérias do gênero Clostridium sp., as quais são responsáveis pelas fermentações indesejáveis. Uma vez que houve redução no número de Lactobacilos, é de se esperar redução no número de Clostridium nas silagens emurchecidas. Tabela 1: Médias de Lactobacilos, Leveduras e pH da silagem de Capim Tanzânia 15% MS 40% MS Efeito1 Itens Sem Com Sem Com MS I UxIxT CV inoculante inoculante inoculante inoculante Lactobacilos 983,34a 1418,34a 139,80b 358,14b * ns * 11,7 Leveduras 97,90 97,26 78,64 92,72 ns ns * 16,7 pH 5,34ª 5,31ª 5,36ª 4,68b * * * 4,49 1 Efeitos U = umidade; I = Inoculante; UxT = Interação umidade e tempo; UxIxT = interação umidade inoculante e tempo, * significativo e ns não significativo. (Lacto) Y1 = 2670,2T-0,948 R² = 0,8588 (Silagens com 16% MS sem inoculante) (Lacto) Y2 = 3926,9T-1,009 R² = 0,8464 (Silagens com 16% MS com inoculante) (Lacto) Y3 = -0,1026T2 + 7,27T + 94,645 R² = 0,5482 (Silagens com 41% MS sem inoculante) (Lacto) Y4 = 0,3394T2 - 37,802T + 922,8 R² = 0,8477 (Silagens com 41% MS com inoculante) (Leve) Y1 = 0,2691T1,7108 R² = 0,9371 (Silagens com 16% MS sem inoculante) (Leve) Y2 = -0,0574T2 + 6,5731T - 3,6191 R² = 0,9489 (Silagens com 16% MS com inoculante) (Leve) Y3 = -0,0718T2 + 7,7172T - 32,375 R² = 0,8795 (Silagens com 41% MS sem inoculante) (Leve) Y4 = -0,1088T2 + 10,192T - 30,104 R² = 0,8791 (Silagens com 41% MS com inoculante) (pH)Y1 = 5,7705T-0,024 R² = 0,4188 (Silagens com 16% MS sem inoculante) (pH)Y2 = 5,8726T-0,031 R² = 0,5435 (Silagens com 16% MS com inoculante) (pH)Y3 = 0,0004T2 - 0,046T + 6,3261 R² = 0,9669 (Silagens com 41% MS sem inoculante) (pH)Y4 = 5,0917T-0,025 R² = 0,7981 (Silagens com 41% MS com inoculante) O aumento do teor de MS e a inoculação não alteraram a contagem de Levedura, entretanto, houve interação dos teores de MS e adição do inoculante enzimático bacteriano durante o tempo de estocagem sobre a taxa de crescimento tanto de lactobacilos quanto de leveduras. Apesar de não alterar a contagem média e final de bactérias homofermentativas, o inoculante proporcionou altas contagens no período inicial de estocagem nas silagens inoculadas (6,0 x 10 6 vs 4,5 x 106 UFC/g com 15% de MS e 1,0 x 106 vs 2,3 x 104 UFC/g com 40% de MS). O aumento no número de bactérias foi mais pronunciado nas silagens com contagens iniciais menores. Vários autores tem demonstrado que silagens melhor preservadas e que proporcionam maior desempenho animal são obtidas quando o inoculo adiciona bactérias homoláticas 10 vezes acima do número de bactérias 345 epifíticas. Além disso, adições de inoculantes devem ser da ordem de 10 6 UFC/g de matéria natural para que possa competir com organismos epifíticos, alterar o padrão de fermentação e a qualidade final da silagem (Kung Jr et al., 1991). Foi observado efeito do teor de MS, adição do inoculante enzimático bacteriano e da interação entre estes fatores no tempo de estocagem sobre os valores de pH (Figura 1). Wyss (1991) da mesma forma, observou menores valores de pH com o uso de inoculante bacteriano em silagens com 40% de MS. Apesar das maiores contagens de bactérias homoláticas nas silagens com baixa MS, o emurchecimento proporcionou maiores teores de carboidratos solúveis e possivelmente melhores condições para que a adição do inoculante aumentasse o teor de ácido lático, as taxas de queda e o menor valor final de pH. Figura 1 – Variação temporal do pH em silagens de baixa matéria seca sem inoculante ( inoculante ( ), alta matéria seca sem inoculante ( ) e com inoculante ( ), com ). Conclusão O emurchecimento e o uso de inoculantes pelo aumento na taxa de queda do pH, com consequente menor valor de pH final pode reduzir as perdas de MS de silagens de gramíneas tropicais. Literatura Citada KUNG JR, L.; TUNG, R.S; MACIOROWSKI, K.G et al. Effects of plant cell-wall degrading enzymes and lactic acid bacteria on silage fermentation and composition. Journal of Dairy Science, v.74, p. 4284-4296, 1991. KURTMAN, C.P.; FELL, J.W. The yeast: a taxonomic study. Amsterdam: Elsevier, 1998. 1055p. RAMMER, C. Manure in grass silage production. Uppsala, 1996. 1v. Dissertation (Doctoral) Swedish University of Agricultural Sciences SPECK, M .L. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. Washington, American Public Health Association, 1984. 914p. STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. User´s guide: statistic. 6.ed. Cary: 1999. 956p. WYSS, U. Inflence of inoculation and pre-wilting of extensively used grass on silage quality. In: INTERNATIONAL SILAGE CONFERENCE, 7., Uppsala, 1999. Proceldings. Uppsala Swedish University of Agricultural Science, 1999. 125-126p. 346 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.11. Propriedades físicas do solo sob pisoteio por cordeiras em diferentes ofertas de forragem de azevém Pedro Arthur de Albuquerque Nunes1, Luciana Pötter2, Aline Tatiane Nunes da Rosa3, Larissa Arnhold Graminho4, Eduardo Saldanha Vogelmann5, Érica Dambros de Moura6 1 Apresentador, aluno de graduação em Agronomia – UFSM. E-mail: [email protected] Professora do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM 3 Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM 4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM 5 Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo – UFSM 6 Aluna de graduação em Zootecnia – UFSM 2 Resumo: Variações na oferta de forragem estão relacionadas à aplicação diferenciada de cargas sobre o solo, de modo que o manejo da lotação sobre as pastagens pode estabelecer diferentes graus de compactação. O objetivo deste trabalho foi avaliar as alterações nas propriedades físicas das camadas de 0-5 e 5-10cm de um Argissolo Vermelho, ocasionadas pelo pisoteio de cordeiras sob as ofertas de 6, 9 e 12% de azevém (Lolium multiflorum Lam.). As variáveis macroporosidade e porosidade total foram as mais intensamente afetadas pelo aumento da pressão de pastejo, resultando em aumento na densidade do solo de maneira mais pronunciada na camada mais superficial. Todos os níveis de oferta apresentaram macroporosidade inferior à considerada ideal após a saída dos animais da área, sendo o valor mais próximo ao ideal encontrado na oferta de 12%. A utilização de elevadas pressões de pastejo não é uma prática sustentável do ponto de vista físico do solo, podendo afetar negativamente o crescimento das pastagens. Palavras–chave: compactação, densidade do solo, Lolium multiflorum, lotação, macroporosidade, porosidade total Soil physical properties under trampling by lambs at different forage allowances of Italian ryegrass Abstract: Variations in forage allowance are related to differential application of loads on the soil, in a way that the management of stocking on the pasture may establish different compactation degrees. The aim of this study was to evaluate changes in the physical properties in the layers 0-5 and 5-10cm of a Paleudalf, caused by trampling of lambs under offers 6, 9, and 12% of Italian ryegrass (Lolium multiflorum Lam.). The variables macroporosity and total porosity were more intensely affected by increase of 347 grazing pressure, resulting in an increase in soil density more pronouncedly in the surface layer. All forage allowance levels presented macroporosity below the level considered ideal after the animals left the area, being the nearest number to the ideal found in the offer of 12%. The use of high grazing pressure is not a sustainable practice from the soil physical viewpoint, which can negatively affect pasture growth. Keywords: compactation, Lolium multiflorum, macroporosity, soil density, stocking, total porosity Introdução O pastejo indiscriminado, sem adequado manejo das pastagens, pode provocar um empobrecimento do solo, provavelmente causado pela erosão hídrica, a partir da diminuição da cobertura vegetal e da compactação das camadas superficiais do solo pelo pisoteio (BERTOL et al., 2000), dificultando a infiltração água no perfil, promovendo o escoamento superficial ao mesmo tempo em que potencializa a erosão e a perda de minerais e nutrientes. Com a variação dos níveis de oferta de forragem, temse diferentes níveis de pressão de pastejo e a aplicação diferenciada de cargas sobre o solo. O manejo da lotação pode contribuir para o estabelecimento de diferentes graus de compactação do solo. Nesse sentido, ressalta-se que uma maior intensidade de pastejo determina menor massa de forragem, redução da cobertura vegetal e aumento do tempo de pastejo e do deslocamento dos animas na busca pela forragem (CARVALHO et al., 2005). Por isso, em pastos manejados com altura baixa, o pisoteio animal por unidade de área aumenta, e, portanto, maior é a probabilidade de compactação do solo (CARASSAI et al., 2011). Com isso, torna-se evidente que o manejo da oferta de forragem pode aliar produção animal e conservação das propriedades físicas do solo. Esse trabalho teve como objetivo avaliar as alterações nas propriedades físicas de um Argissolo Vermelho, ocasionadas pelo pisoteio de cordeiras sob diferentes ofertas de azevém (Lolium multiflorum Lam.). Material e Métodos O estudo foi realizado entre junho e outubro de 2012, sobre um Argissolo Vermelho, localizado na área experimental do Departamento de Zootecnia, na Universidade Federal de Santa Maria, município de Santa Maria (RS). A área está situada a aproximadamente 95m de altitude, com médias anuais de temperatura de 19,3°C e precipitação anual de 1560mm. A área experimental utilizada possui 0,6 hectares, com seis subdivisões de aproximadamente 0,1 hectares cada, as quais constituíram as unidades experimentais, mais 0,4 hectares destinados para alojar os animais reguladores da massa de forragem. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam.) foi estabelecida no sistema de cultivo mínimo do solo (gradagem), utilizando-se 45kg ha-1 de sementes. Os tratamentos foram constituídos de diferentes ofertas de forragem (OF): OF 6%: oferta de forragem de 6kg de matéria seca (MS) 100kg -1 de peso corporal (PC); OF 9%: oferta de forragem de 9kg de MS 100kg-1 de PC e OF 12%: oferta de forragem de 12kg de MS 100kg -1 de PC. Foram utilizadas cordeiras da raça Suffolk, com idade de 8 meses e peso inicial de 45kg. O método de pastejo foi o de lotação intermitente, e a primeira ocupação da pastagem ocorreu quando essa apresentou massa de forragem de aproximadamente 1200kg ha -1 de MS, com períodos de ocupação de 12 dias, à exceção do primeiro, que foi de 13 dias. Foram coletadas, nas camadas de 0 – 5 e 5 – 10cm, amostras deformadas para a determinação da composição granulométrica (Tabela 1) e densidade de partículas (EMBRAPA, 1997). Nas mesmas camadas, também foram coletadas amostras com estrutura preservada, com cilindros 348 metálicos, para a determinação da densidade do solo, porosidade total, macroporosidade e microporosidade (Tabela 2) (EMBRAPA, 1997). Para fins de comparação, as amostragens foram realizadas em dois momentos distintos, sendo o primeiro antes da entrada dos animais na pastagem, e o segundo após a saída dos mesmos da área experimental. O experimento foi conduzido em delineamento experimental inteiramente casualizado, onde as ofertas e a condição inicial constituíram os tratamentos. Os dados foram submetidos à análise de variância (P<0,05). Quando o teste F foi significativo, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05). Tabela 1 - Caracterização da composição granulométrica da área experimental nas camadas de 0 – 5 e 5 – 10cm Composição granulométrica (g kg-1) Areia grossa Areia fina Silte Argila 0 – 5cm 204 246 392 158 5 – 10cm 190 244 408 158 1 areia grossa = 2 – 0,2mm; areia fina = 0,2 – 0,05mm; silte = 0,05 – 0,002mm; argila = < 0,002mm Camada 1 Resultados e Discussão Na camada de 0 – 5cm, a densidade do solo aumentou com a diminuição da oferta de forragem, com diferenças nas duas maiores pressões de pastejo em relação à condição inicial do solo, enquanto na camada de 5 – 10cm esta variável somente diferiu da condição inicial na menor oferta de forragem (Tabela 2). Isso demonstra que os efeitos do pisoteio animal são mais pronunciados na primeira camada, concordando com Bertol et al. (1998, 2000), os quais comentam que elevadas pressões de pastejo podem danificar a estrutura do solo, principalmente na camada mais superficial. Tabela 2 - Valores de porosidade total (Pt), macroporosidade (Macro), microporosidade (Micro), densidade do solo (Ds) e relação entre macroporosidade e porosidade total (Macro/Pt) dos tratamentos estudados nas camadas de 0 – 5 e 5 – 10cm Macro Micro Ds Macro/Pt*** (m3 m-3) (m3 m-3) (Mg m-3) Camada de 0 – 5cm ±0,02 Cond. inicial 0,52 a* ** 0,17 a ±0,03 0,35 a ±0,03 1,37 b ±0,03 0,33 ±0,01 ±0,02 ±0,02 ±0,03 OF 12% 0,50 a 0,15 a 0,35 a 1,39 b 0,30 OF 9% 0,47 b ±0,02 0,11 b ±0,02 0,36 a ±0,02 1,45 a ±0,02 0,23 ±0,03 ±0,03 ±0,04 ±0,04 OF 6% 0,45 b 0,11 b 0,34 a 1,48 a 0,24 Cv (%) 4,2 19,1 8,3 2,1 Camada de 5 – 10cm ±0,03 Cond. Inicial 0,49 a 0,16 a ±0,03 0,33 a ±0,02 1,43 b ±0,02 0,33 OF 12% 0,48 a ±0,03 0,14 a ±0,01 0,34 a ±0,03 1,42 b ±0,03 0,29 ±0,02 ±0,02 ±0,03 ±0,04 OF 9% 0,46 a 0,12 b 0,34 a 1,45 ab 0,26 OF 6% 0,42 b ±0,02 0,10 b ±0,02 0,32 a ±0,02 1,47 a ±0,02 0,24 CV (%) 5,4 12,6 6,5 1,9 *Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05); **Desvio padrão; ***Adimensional (relação entre as porcentagens de macroporos e porosidade total); CV – Coeficiente de variação; OF 12% – oferta de forragem de 12 kg de MS 100 kg-1 de PC; OF 9% – oferta de forragem de 9 kg de MS 100 kg-1 de PC; OF 6% – oferta de forragem de 6 kg de MS 100 kg-1 de PC Tratamento Pt (m3 m-3) 349 Os valores de macroporosidade e porosidade total na camada de 0 – 5cm diminuíram com o aumento da intensidade de pastejo, sendo inferiores nas duas menores ofertas de forragem estudadas. O mesmo foi verificado para macroporosidade na camada de 5 – 10cm. A porosidade total somente diferiu na menor oferta de forragem nesta camada. Não houve alterações no volume de microporos em ambas as camadas, para todas as ofertas estudadas (Tabela 2). Esses resultados corroboram com Bertol et al. (2000), mostrando que os macroporos são, de fato, os primeiros e mais intensamente afetados pela pressão mecânica imposta pelo pisoteio animal sobre o solo. Em um solo bem estruturado, estima-se que a distribuição do tamanho dos poros deva situar-se em torno de um terço de macroporos em relação à porosidade total (BERTOL et al., 2000). Contudo, verificou-se também que as ofertas estudadas apresentaram macroporosidade inferior à considerada ideal após a saída dos animais das áreas de pastejo (Tabela 2). Essa relação diminuiu com o aumento da pressão de pastejo, de modo que a distribuição ideal foi encontrada somente antes da entrada dos animais. O valor mais próximo ao ideal após o pisoteio foi encontrado no tratamento OF 12%, reforçando os dados daqueles autores, os quais definiram este valor como limite inferior de oferta de forragem, e, consequentemente, limite superior de pressão de pastejo. Conclusões A utilização das ofertas de 6 e 9% de azevém pastejado por cordeiras altera a qualidade física do solo, refletindo-se principalmente na redução da macroporosidade e porosidade total ao mesmo tempo em que há o aumento da densidade do solo. Isso indica que o uso de elevadas pressões de pastejo não é uma prática sustentável do ponto de vista físico, podendo futuramente incitar a redução da aeração, infiltração e armazenamento de água no solo, afetando negativamente o crescimento das pastagens. Literatura citada BERTOL, I.; GOMES, K. E.; DENARDIN, R. B. N. et al. Propriedades físicas do solo relacionadas a diferentes níveis de oferta de forragem numa pastagem natural. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 33, n.5, p. 779-786, 1998. BERTOL, I.; ALMEIDA, J. A. de; ALMEIDA, E. X. de et al. Propriedades físicas do solo relacionadas a diferentes níveis de oferta de forragem de capim-elefante-anão cv. Mott. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 35, n. 5, p. 1047-1054, 2000. CARASSAI, I. J.; CARVALHO, P. C. de F.; CARDOSO, R. R. et al. Atributos físicos do solo sob intensidades de pastejo e métodos de pastoreio com cordeiros em integração lavoura-pecuária. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 46, n. 10, p. 1284-1290, 2011. CARVALHO, P. C. de F.; ANGHINONI, I.; MORAES, A. de et al. O estado da arte em integração lavoura e pecuária. In: GOTTSCHALL, C.S.; SILVA, J.L.S.; RODRIGUES, N.C. Produção animal: mitos, pesquisa e adoção de tecnologia. Canoas: ULBRA, 2005. p.7‑44. EMBRAPA. Manual de Métodos de Análise de Solo. 2. ed. Rio de Janeiro: EMBRAPA Solos, 1997. 212 p. 350 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.12. Associações entre caracteres forrageiros de híbridos interespecíficos do gênero Paspalum Eder Alexandre Minski da Motta1, Marlon Risso Barbosa1, Emerson André Pareira3, Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4, Marcos Zuñeda4 1 Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS. Doutor em Zootecnia/UFRGS. 3 Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS. 4 Estudante de graduação em Agronomia. 2 Resumo: O objetivo deste estudo foi estimar a associação entre caracteres de interesse forrageiro em híbridos apomíticos do gênero Paspalum testados em diferentes locais. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições nos dois ambientes, com unidades experimentais constituídas por parcelas de 1,2m x 2m compostas por 50 plantas. Foram avaliados por meio de cortes, quatro híbridos apomíticos (H12, H13, H20 e H22), dois acessos de P. guenoarum, e um de Panicum maximum. As variáveis avaliadas foram a produção de massa seca total, massa seca de lâminas foliares, massa seca de colmo, relação folha:colmo, número de afilhos e capacidade de rebrote em cada ambiente. A análise de correlação revelou que a massa seca de folhas e massa seca de colmo apresentaram alta correlação positiva para o incremento da massa seca total. A produção de folhas, o número de afilhos e a altura se mostram caracteres eficientes via seleção indireta pela matéria seca total para o gênero Paspalum. Palavras–chave: ambientes, correlação, genótipos, hibridização Associations between forage characters in interspecific hybrids of the genus Paspalum Abstract: The objective of this study was to estimate the association between traits of forage interest in apomictic hybrids of the genus Paspalum tested in different locations. The experimental design was a randomized block with three replications in two environments, with units consisting of plots of 1,2 m x 2m composed of 50 plants. The trial was evaluated by cutting four apomictic hybrids (H12, H13, H20 and H22), two accessions of P. guenoarum, and one of Panicum maximum.The variables evaluated were the production of total dry mass, dry mass of leaf blades, stem dry mass, leaf: stem ratio, number of tillers and regrowth capacity in each environment. Correlation analysis revealed that the dry mass of leaves and dry mass of stem showed a high 351 positive correlation with the increase in total dry mass. The production of leaves, the number of tillers and height were efficient characters through indirect selection for total dry matter for the genus Paspalum. Keywords: correlations, environments, genotypes, hybridization Introdução O gênero Paspalum compreende mais de 400 espécies tropicais e subtropicais, cuja importância é evidenciada por sua adaptabilidade a diferentes ecossistemas, o que representa menor risco de causar desequilíbrio biológico devido à grande diversidade genética existente (Strapasson et al., 2000). Devido a sua grande variabilidade intra e interespecífica existente, apresenta grande potencial para exploração em programas de melhoramento genético, visando disponibilizar cultivares obtidas a partir de espécies nativas, contrapondo as variedades forrageiras exóticas, grãos e o florestamento em ambientes propícios ao sistema pastoril (Nabinger et al., 2009). Verificar as estimativas das correlações entre as características produtivas de forrageiras pode servir de base para a implantação de programas de melhoramento genético e viabilizar a seleção de genótipos que apresentam alta qualidade forrageira. A seleção de caracteres de alta herdabilidade, fácil identificação e que evidencie alta correlação com o caráter desejado possibilita aos grupos de melhoramento obter maior evolução em um menor espaço de tempo (Carvalho et al., 2001). O objetivo deste estudo foi estimar a associação entre caracteres de interesse forrageiro em híbridos apomíticos do gênero Paspalum testados em diferentes locais. Material e Métodos O experimento foi conduzido nos anos de 2012 e 2013 na Estação Experimental Agronômica (EEA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no município de Eldorado do Sul, Região da Depressão Central e também na Área experimental da Associação Sulbrasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras (SULPASTO), localizada no município de Coronel Barros, Região do Planalto Médio do Estado do Rio Grande do Sul. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições nos dois ambientes, com unidades experimentais constituídas por parcelas de 1,2m x 2m compostas por 50 plantas. Foram avaliados por meio de cortes, quatro híbridos apomíticos (H12, H13, H20 e H22), obtidos por cruzamentos realizados no Instituto de Botânica del Nordeste (IBONE), da Universidad del Nordeste Argentino, cidade de Corrientes, Argentina no ano de 2006, e que passaram por uma etapa de avaliações no programa de melhoramento genético do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS. Foram ainda implantados a cultivar (cv) Rojas (Paspalum guenoarum, genitor masculino dos cruzamentos realizados), o genótipo nativo Azulão de P. guenoarum, pertencente ao Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS e mais a cv. Aruana (Panicum maximum) como testemunhas. Os genótipos foram cortados quando as folhas atingiam em média 35 cm de altura, permanecendo um resíduo de 10 cm do solo para as espécies do gênero Paspalum e de 15 cm para a cv. Aruana. Foi realizado o somatório dos cortes dos seguintes caracteres: produção de massa seca total (MST), massa seca de lâminas foliares (MSF), massa seca de colmo (MSC). Para obter-se a relação folha:colmo (RFC) foi realizada a divisão do acúmulo da MSF pela MSC em cada local. A contagem do número de afilhos (NAF) por m2 foi feita através do cálculo das médias de todos os cortes dentro de cada ambiente. Também foi realizada uma avaliação do 352 rebrote das plantas, por meio de notas visuais de 1-5, em que um foi considerado baixa capacidade de rebrote e cinco, excelente capacidade de rebrote. Foi calculada a média dos valores obtidos nos dois ambientes e foi realizada a análise geral de correlação, pelo modelo de correlação de Pearson para obtenção da magnitude e sentido de associações entre os caracteres estudados, com significância de 5% de probabilidade pelo teste t (Steel &Torrie, 1980). Resultados e Discussão As variáveis estudadas MSF e MSC apresentaram alta correlação positiva com a variável MST (Tabela 1). Quando identificada a associação da produção de folhas, principalmente com a produção de massa seca total, é possível realizar a seleção via indireta a este caráter nos genótipos do gênero Paspalum. A produção de MSF apresentou correlação positiva mediana com as variáveis NAF, Pr e MSC, com destaque para a baixa correlação com a variável Altura. O mesmo não ocorreu para as variáveis RFC e MSI que apresentaram correlação negativa. A RFC apresentou uma alta correlação negativa com a variável MSC, e mediana e positiva com a capacidade de rebrote. Correlações entre características desejáveis são fundamentais para determinar se a seleção de uma característica terá um efeito sobre a outra. Além disso, a seleção pode ser exercida numa característica hereditária que é altamente correlacionada a um caráter mais complexo (Araújo & Coulman, 2004). O NAF apresentou correlação positiva mediana com a MSC, e com a MST. Essa característica é muito importante, pois ela reflete a capacidade que o genótipo tem em perfilhar e cobrir áreas de solo descoberto. De acordo com Assis et al. (2008), uma rápida e eficiente cobertura do solo pelas plantas forrageiras é essencial para garantir a conservação dos nutrientes e, conseqüentemente, a longevidade da pastagem. Portanto, a capacidade de cobertura do solo parece ser uma variável interessante para seleção de genótipos que possuam boa velocidade no estabelecimento da pastagem, o que pode proporcionar um pastoreio mais precoce. Para a variável MSC a análise revelou alta correlação positiva com a MST e Altura das plantas, porém a MSC apesar de intensificar o acúmulo de forragem, a mesma compromete a estrutura do dossel, diminuindo a RFC e conseqüentemente a qualidade da forragem produzida. Tabela 1 - Coeficientes médios de correlação fenotípica de caracteres ligados a produção de forragem em híbridos do gênero Paspalum avaliados em dois ambientes Caráter MSF RFC NAF Pr MSC MSI Altura MST 0,72* -0,56* 0,53* -0,18 0,92* -0,22 0,57* -0,32* 0,35* 0,40* 0,43* -0,54* 0,08 RFC 0,35* -1,07* - - NAF -0,07 0,54* -0,21 0,05 -1,58* - - -0,12 0,72* MSF Pr MSC MSI 0,01 -1 *Significativo pelo teste t, a 5% de probabilidade; MST, Massa Seca Total (Kg ha ); MSF, Massa Seca de Folha (Kg ha-1); Relação Folha:Colmo (MSF/MSC); NAF, Número de Afilhos (m2); Capacidade de Rebrote (1-5); MSC, Massa Seca de Colmo (Kg ha-1); MSI, Massa Seca Inflorescência (Kg ha-1); Altura (cm). 353 Conclusões A produção de folhas, o número de afilhos e a altura se mostram caracteres eficientes via seleção indireta pela matéria seca total para o gênero Paspalum. Agradecimentos A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, Associação Sulbrasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras – SULPASTO e ao Professor Camilo Quarín, IBONE, Corrientes. Literatura citada ARAÚJO, M.R.A. & COULMAN, B. Genetic variation and correlation of agronomic traits in meadow bromegrass (Bromus riparius Rehm) clones. Ciência Rural, v.34, p. 505-510, 2004. ASSIS, G.M.L.; VALENTIM, J.F.; CARNEIRO Jr, J.M. et al. Seleção de genótipos de amendoim forrageiro para cobertura do solo e produção de biomassa aérea no período de estabelecimento utilizando-se metodologia de modelos mistos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.37, p.1905-1911, 2008. CARVALHO F.I.F., SILVA, S.A.; KUREK, A.J.; MARCHIORI, V.S. Estimativas e implicações da herdabilidade como estratégia de seleção. Pelotas, RS: UFPel. Ed. Universitária, 2001. 99p. NABINGER, C.; FERREIRA, E.T.; FREITAS, A.K. et al. Produção animal com base no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: PILLAR, V.D. et al (Ed) Campos Sulinos: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Brasília, Ministério do Meio Ambiente. 2009, p. 175-198. STEEL, R.G.D. & TORRIE, J.L. Principles and procedures of statistics. McGrawHill, New York, 1980. 418p. STRAPASSON, E.; VENCOVSKY, R.; BATISTA, L.A.R. Seleção de Descritores na caracterização de Germoplasma de Paspalum sp. por meio de componentes principais. RevistaBrasileira de Zootecnia, v. 29, p. 373-381, 2000. 354 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.13. Composição química de híbridos interespecíficos do gênero Paspalum1 Eder Alexandre Minski da Motta2, Emerson André Pareira3, Marlon Risso Barbosa2, Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4, Felipe Nunes Carneiro 5 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo Cnpq. Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS. 3 Doutor em Zootecnia/UFRGS. 4 Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS. 5 Estudante de graduação em Agronomia/UFRGS. 2 Resumo: O objetivo deste estudo foi conhecer a variabilidade genética e a composição química de híbridos superiores na produção de forragem, obtidos por cruzamentos interespecíficos entre genótipos do gênero Paspalum. Foram realizadas hibridizações artificiais, utilizando pólen de cinco genótipos apomíticos e um genótipo sexual, todos nativos do Cone Sul. O delineamento foi o de blocos ao acaso, com três repetições. Foram selecionados 21 híbridos que se destacaram no campo para serem analisados quanto à qualidade nutricional pelo método de NIRs. Houve pouca variabilidade na composição química entre os genótipos. Os melhores híbridos em relação às análises de qualidade deverão ser levados às etapas finais para o lançamento como cultivares, bem como poderão ser utilizados em novos cruzamentos para obtenção de recombinantes elites para a maior expressão da qualidade nutricional. A composição química dos genótipos apresentou variação em relação aos cortes analisados. Palavras–chave: apomixia, melhoramento genético, nativo, variabilidade Chemical composition of interspecific hybrids of the genus Paspalum Abstract: The objective this study was understand the genetic variability and chemical composition of superior hybrids in forage production, obtained by interspecific crosses between genotypes of the genus Paspalum. Artificial hybridizations were performed using pollen from five native and apomictic genotypes and a sexual, all native Cone Sul. The randomized block design with three replications. Twenty-one hybrids were selected with the highest yields of forage, thus, these were analyzed for nutritional quality by NIRs method. There was a little variability in chemical composition between genotypes. Hybrids with better quality should be release as cultivar and they could be used in new crosses to get recombinant elites for greater expression of nutritional quality. The chemical composition of genotypes ranged in relation to different cuts. 355 Keywords: apomixes, native, plant breeding, variability Introdução As pastagens são á base alimentícia da pecuária brasileira e a qualidade e quantidade de forragens são fatores fundamentais para o sucesso dessa atividade. Porém, há um predomínio de poucos gêneros forrageiros que, além de serem exóticos, são pouco adaptados as diversas condições locais e algumas apresentam baixos teores nutricionais aos animais. Portanto, é necessário criar novas cultivares com maior valor forrageiro e com qualidade nutricional, para melhorar a eficiência da área e elevar a renda dos produtores (Valle et al., 2008; Pereira et al., 2011). Recentemente foram selecionados híbridos interespecíficos de primeira geração, obtidos pelo cruzamento entre plantas sexuais e apomíticas pela maior produção de forragem e com isso, é importante conhecer a composição química das plantas selecionadas para fornecer subsídios à seleção de plantas para o lançamento e no direcionamento de novas hibridizações na busca de acessos elites que contemplem potencial de produção de forragem e alta qualidade nutricional. O objetivo deste estudo foi determinar a variabilidade genética e a composição química de híbridos superiores na produção de forragem, obtidos por cruzamentos interespecíficos entre genótipos do gênero Paspalum. Material e Métodos O experimento foi realizado nos anos de 2010/11 e 2011/12, na Estação Experimental Agronômica da UFRGS, em Eldorado do Sul. As mudas foram transplantadas na primavera de 2010 e foram avaliados 257 híbridos e seus genitores. Foram utilizados cinco genótipos nativos apomíticos (genitores masculinos) conhecidos como Azulão e Baio de P. guenoarum e 28B, 26A e 28E de P. lepton. O genótipo feminino foi um genótipo denominado “4c4x”. Foi incluída como testemunha a cultivar Pensacola (P. notatum), também proveniente das condições naturais do Cone Sul. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados com três repetições e a unidade experimental foi constituída por uma planta, espaçada por um metro entre cada uma. Os genótipos foram cortados, quando as folhas atingiam 35 cm de altura, mantendo-se um resíduo de 10 cm do solo, exceto para a cv. Pensacola, que foi avaliada quando atingia 25 cm de altura e com resíduo de 5 cm do solo. As amostras foram levadas a estufa de ar e secas a 65º C até peso constante. Para a análise bromatológica, foram selecionados os 21 híbridos que se destacaram nos caracteres ligados à produção de forragem em relação ao melhor genitor masculino. Além destes, foram incluídos os genitores e a cultivar Pensacola. Foram utilizadas as amostras de planta inteira das quatro avaliações realizadas no segundo ano para a obtenção dos caracteres relacionados à qualidade das forrageiras, sendo elas: porcentagens de proteína bruta (PB), fibra bruta (FB), fibra em detergente neutro (FDN), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM). As análises foram obtidas por meio do equipamento de espectrofotômetro próximo do infravermelho (NIR’s). Com os dados de qualidade, foi procedida à análise de variância para os efeitos principais (genótipo e corte) e a interação entre estes fatores. As médias foram comparadas pelo teste Sckott Knott a 5% de probabilidade de erro. Foi realizada a análise de agrupamento pelo método de Tocher. Resultados e Discussão No teor de proteína bruta (PB), pode ser observada a variabilidade entre os genótipos em todos os cortes (Tabela 1). Na primeira avaliação, houve a formação de três classes distintas. Os híbridos 4099 e 4076 juntamente com os genitores masculinos 356 Azulão, 26A e 28B formaram a classe superior com valores a cima de 19% de PB. No segundo corte, a variabilidade foi menor observada pela formação de apenas duas classes. Mesmo assim, apenas seis híbridos formaram a classe inferior no teor de PB, composta também pelos genitores masculinos 26A, 28B e Baio, bem como com o genitor feminino. No terceiro corte, houve a maior expressão da variabilidade pela formação de quatro classes distintas. Os híbridos 4099, 5017, 4076, 4077, 5023, 6069, 6084, 6022, 6036, 4026, 4071, 507, 5052, 4025, 4041, 40177, 6088, 40104, juntamente com os genótipos masculinos Azulão e Baio, constituíram a classe superior na porcentagem de PB. O genitor feminino 4c4x e a cv. Pensacola apresentaram os menores valores, formando a classe inferior ao demais. Na última avaliação, 13 híbridos apresentaram altos teores para a formação da classe superior, junto com o genitor Azulão. Segundo Van Soest (1994), quando a dieta não fornece o nível mínimo de 7% de PB na matéria seca, a reciclagem da uréia não será suficiente para atender a demanda de nitrogênio pelos microorganismos do rúmen e o resultado final será a queda no consumo e digestibilidade da forragem. Valores semelhantes foram obtidos por Pereira et al. (2011) nos teores médios de PB de lâminas foliares nos primeiros quatro cortes realizados no verão de 2007 e outono de 2008 em experimento conduzido em Eldorado do Sul, que variaram de 13,4 a 18,9%. A cv. Pensacola apresentou percentual médio de 16,6% e os genótipos Azulão e Baio apresentaram valores de 14,1 e 14,4%, respectivamente. A escolha de uma variedade para implantação de uma pastagem devem ser criteriosa tendo como alguns pontos principais a produtividade de matéria seca associada com um bom conteúdo de PB (Maranhão et al., 2009). Tabela 1 – Resumo da porcentagem da Proteína Bruta em diferentes cortes de híbridos interespecíficos superiores do gênero Paspalum em Eldorado do Sul, RS Datas dos cortes Genótipos Média 14/10/2011 16/11/2011 14/12/2011 01/02/2012 4099 21,0 Aa Proteína bruta (%) 18,3 Ba 17,9 Ba 13,0 Cb 17,6 5017 4076 4077 Azulão 6084 4026 18,4 19,6 18,5 19,2 18,4 17,6 Ab Aa Ab Aa Ab Ac 17,7 17,7 18,2 17,7 17,4 17,6 Aa Ba Aa Ba Aa Aa 18,3 17,6 18,0 17,3 18,2 17,4 Aa Ba Aa Ba Aa Aa 15,2 13,8 14,0 13,7 13,8 14,3 Ba Ca Ba Ca Ba Ba 17,4 17,2 17,1 17,0 16,9 16,7 26A 28B 6024 Baio 28E 4041 4c4x Pensacola 19,7 20,3 18,3 17,4 18,3 16,2 17,0 - Aa Aa Ab Ac Ab Bc Ac * 16,6 16,6 16,2 17,0 17,6 18,5 15,8 17,7 Bb Bb Bb Ab Aa Aa Ab Aa 16,3 15,2 16,4 17,2 16,0 17,1 13,8 13,6 Bb Cc Bb Aa Bb Ba Bd Bd 13,2 13,4 14,0 13,0 12,5 12,3 13,4 12,7 Cb Db Ca Bb Cb Cb Bb Bb 16,5 16,3 16,2 16,1 16,1 16,0 15,0 14,7 Média 17,3 17,4 17,0 13,5 Médias seguidas de letras iguais, maiúscula na mesma linha e minúscula na coluna, não diferem entre si, pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. * Não houve produção de forragem neste período. 357 A estimação da variabilidade genética pela análise de agrupamento de Tocher revelou a formação de seis grupos distintos (Tabela 2). O grupo I foi composto pela maior parte dos híbridos, fazendo parte três híbridos sexuais e também os genitores. O grupo II foi formado pelo híbrido sexual 4041 e mais a cv. Pensacola, enquanto que os grupos III IV e V foram formados por apenas um híbrido, sendo eles: 40177, 6024 e 4026, respectivamente. A divergência é uma condição necessária para o aumento de heterose e as análises de agrupamento permitem a identificação dos cruzamentos mais promissores, assim como aqueles que poderão resultar em pequena variabilidade (Cruz et al., 2004). Tabela 2 – Agrupamento pela análise de Tocher, com base na composição química de híbridos interespecíficos superiores do gênero Paspalum Grupos Agrupamento de Tocher 28E, 4c4x, 6086, 28B, 5052, 6084*, 26A, 4071, I 507, Azulão, 6036*, 4077, 6088, 4025*, 4087, 5023, 6022*, 40104, 6069, 5017, 4099, 4076 II 4041*, Pensacola III 40177 IV 6024 V 4026 VI Baio S.j., contribuição relativa; Sj(%), percentual da contribuição relativa, PB, proteína bruta, FB, fibra bruta, FDN, fibra em detergente neutro, EE, extrato etéreo, MM, matéria mineral, * Híbridos sexuais. Conclusões Houve pouca variabilidade na composição de PB entre os genótipos e a maior variação ocorreu entre cortes. Literatura citada CRUZ C.D; REGAZZI A. J. CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Viçosa: UFV, 2004. 480p. MARANHÃO, C. M. A.; SILVA, C. C. F.; BONOMO, P. et al. Produção e composição químico-bromatológica de duas cultivares de braquiária adubadas com nitrogênio e sua relação com o índice SPAD. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v. 31, p. 117-122, 2009. PEREIRA, E.A.; DALL'AGNOL, M.; NABINGER, C.et al. Produção agronômica de uma coleção de acessos de PaspalumleptonParodi. Revista Brasileira de Zootecnia. v. 40, p. 498-508, 2011. VALLE C.B.; SIMIONI C.; RESENDE R.M.S.; JANK L. Melhoramento genético de Brachiaria. In RESENDE R. S, VALLE C.B. do, JANK L. (Org.) Melhoramento de Forrageiras Tropicais. EditoraEmbrapa, Campo Grande, 2008, p. 13-53. VAN SOEST, P.F. Nutritional Ecology of the Ruminants. Íthaca, New York : Cornell University Press, 1994. p. 476. 358 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.14. Características morfogênicas e filocrono do azevém manejado com diferentes ofertas de forragem Marcela Machado1, Marta Gomes da Rocha2, Larissa Arnhold Graminho 3, Aline Tatiane Nunes da Rosa4, Renata Aqel de Oliveira1, Paulo Henrique Moterle1 1 Estudante de graduação em Zootecnia- UFSM Email: [email protected] Professor do Departamento de Zootecnia-UFSM 3 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM 4 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM 2 Resumo: O experimento foi realizado no período de junho a outubro de 2012 na Universidade Federal de Santa Maria. Foram avaliadas as características morfogênicas do azevém (Lolium multiflorum Lam) utilizado por cordeiras submetidas a diferentes ofertas de forragem 6; 8 e 12 kg de MS/100kg de peso corporal O método de pastejo foi intermitente. O período de ocupação da pastagem foi de 12 dias e o critério para determinar o intervalo entre pastejos foi a soma térmica acumulada de 250 graus-dia. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, três tratamentos e duas repetições de área. Utilizaram-se 35 perfilhos marcados por parcela. O filocrono do azevém foi semelhante nas ofertas de forragem e ciclos de pastejo. Houve interação ofertas de forragem e ciclos de pastejo para as variáveis taxa de aparecimento de lâminas foliares, duração de vida das folhas, e taxa de expansão de lâminas foliares intactas e desfolhadas. As características morfogênicas do azevém são modificadas diferentemente nas ofertas de forragem com a proximidade do período reprodutivo de diferentes formas. Palavras–chave: cordeiras, duração de vida da folha, taxa de aparecimento de lâminas foliares, taxa de expansão de lâminas foliares, Lolium multiflorum, pastejo intermitente Morphogenetic characteristics and phyllochron of Italian ryegrass pasture with different herbage allowance Abstract: The experiment was conducted from June to October 2012 at Universidade Federal de Santa Maria. The morphogenesis of Italian ryegrass (Lolium multiflorum Lam) utilized by lambs under different herbage allowances : 6, 8 and 12 kg of DM/ 100 kg body weight was evaluated.. The grazing method was intermittent. Pasture was utilized during12 days and an accumulated thermal sum of 250 degree-days was the criterion to determine the grazing interval. The experimental design was completely randomized with repeated measures on time, three treatments and two area replication. 359 It was used 35 marked tillers per paddock. The Italian ryegrass phyllochron was similar for the herbage allowances and grazing cycles. There was interaction herbage allowances and grazing cycles for leaf blade rate of appearance , leaf life span, and rate of expansion of intact and defoliated leaf blades. The proximity of the reproductive period modifies in different ways the morphogenetic characteristics of ryegrass at different herbage allowances. Keywords: expansion rate of leaf blades, intermittent grazing, lambs, leaf life span, Lolium multiflorum Lam, rate of appearance of leaf blades. Introdução No manejo de uma pastagem é necessário manter um equilíbrio da combinação de fatores ambientais com aqueles controlados pelo homem: oferta de forragem, métodos de pastejo e tipo de animais utilizados (Simão Neto, 1994). A oferta de forragem possui um papel fundamental no desempenho animal e na resposta produtiva da pastagem. A análise das características morfogênicas (taxa de expansão, taxa de aparecimento e duração de vida das folhas) do pasto permite conhecer as mudanças que ocorrem na planta em decorrência do manejo e durante seu ciclo e também a influência que essas variáveis exercem sobre as características estruturais da pastagem. Desta forma, este trabalho tem como objetivo avaliar a resposta morfogênica do azevém pastejado por cordeiras em diferentes ofertas de forragem, sob pastejo intermitente. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, no período de junho a novembro de 2012. A área experimental foi de 0,6 hectares, divida em seis parcelas, as quais constituíram as unidades experimentais. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam) foi estabelecida em 01/05/2012, após o preparo mínimo do solo. Foram aplicados 200 kg/ha de adubo da fórmula 05-20-20 e foram aplicados 100 kg de nitrogênio por hectare, na forma de uréia, em quatro datas (07/07, 18/08, 15/09 e 16/10/2012). O método de pastejo foi intermitente e foram avaliadas três ofertas de forragem: 6, 9 e 12 kg de matéria seca (MS) por 100 kg de peso corporal (PC). O critério para determinar o intervalo entre pastejos foi a soma térmica acumulada (ST) de 250 grausdia, equivalente a ST necessária para o aparecimento de duas folhas de azevém (Confortin et al., 2010). O período de ocupação da pastagem foi de 12 dias, sendo o período de ocupação mais o intervalo até o inicio da próxima ocupação considerado um ciclo de pastejo. Foram avaliados três ciclos de pastejo: 26/06- 06/08; 07/08-03/09 e 04/09-04/10. A ST do intervalo foi calculada pela equação: ST = Σ (Tmd - 5°C) onde Tmd = temperaturas médias diárias do período (°C); e 5°C = valor considerado como temperatura base de crescimento do azevém. Os animais experimentais foram cordeiras da raça Sufolk, com idade e peso médio de oito meses e 43 ± 4,56 kg, respectivamente. A massa de forragem foi determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem no inicio e no final de cada período de pastejo. Após, a forragem proveniente dos cortes foi homogeneizada para separação manual dos componentes botânicos e estruturais e a partir da proporção de folhas e colmos foi determinada a relação folha:colmo. A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de lotação. 360 Para a avaliação das variáveis morfogênicas utilizou-se a técnica de “perfilhos marcados” sendo marcados 35 perfilhos de azevém por parcela. As avaliações foram feitas diariamente no período de pastejo e durante os intervalos essas medidas foram realizadas a cada três ou quatro dias. Observou-se o comprimento de lâminas foliares maduras (com lígula visível) e em crescimento, em cm, e a condição das folhas: em senescência ou não, intactas ou desfolhadas. As folhas expandidas foram medidas a partir de sua lígula, enquanto que as em expansão a partir da lígula da última folha expandida. Nas folhas em senescência foi medida apenas a porção verde da lâmina foliar. As taxas de senescência, elongação de lâminas foliares intactas e desfolhadas em cm/ graus-dia foram calculadas por meio da razão entre a elongação ou senescência média do perfilho entre duas avaliações consecutivas e a soma térmica acumulada no mesmo período. A taxa de aparecimento foliar foi calculada pelo valor do coeficiente angular da regressão entre o número de folhas produzidas por um perfilho e a soma térmica acumulada no período correspondente. O filocrono foi considerado como o valor inverso da taxa de aparecimento foliar. Por meio do produto do filocrono com o número de folhas verdes por perfilho, obteve-se a duração de vida das folhas . O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, três tratamentos e duas repetições de área. Após teste de normalidade, as variáveis foram submetidas à análise de variância pelo procedimento Mixed. A interação entre tratamentos e períodos de avaliação foi desdobrada quando significativa a 10% de probabilidade. Também foram realizadas análises de correlação de Pearson. As médias foram comparadas pelo procedimento lsmeans. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2. Resultados e Discussão As massas de forragem inicial e final foram similares entre as diferentes ofertas de forragem (OF) avaliadas, apresentando valores médios de 1881 ±190 e 1186 ±258 kg/ha de MS, respectivamente. O filocrono foi semelhante (P>0,1) nas diferentes OF, com valor médio de 141,96 ±7,80 graus-dia. Mesmo que o filocrono possa ser relativamente constante em um dado genótipo, as variações dentro de uma mesma espécie e cultivar são possíveis e necessitam ser conhecidas para que esse indicador possa ser usado em decisões de manejo ou para comparar materiais (Nabinger, 1997). Houve interação ofertas de forragem x ciclos de pastejo para taxa de alongamento foliar (TAF; P= 0,071) e duração de vida das folhas (DVF; P= 0,044). No primeiro e segundo ciclos de pastejo as TAF e a DVF foram semelhantes entre as ofertas de forragem com valores médios de 0,0082 folhas/graus-dia e 595,68 graus-dia, respectivamente. No terceiro ciclo de pastejo a taxa de aparecimento foliar e a duração de vida das folhas diferiram entre as ofertas de foragem. A TAF foi de 0,0117 folhas/grau-dia na OF 6% sendo maior que a TAF na OF 12% que foi de 0,0070 folhas/grau-dia, esses valores foram semelhantes a TAF na OF 9% que foi de 0,0083 folha/grau-dia. Ainda no terceiro ciclo de pastejo a DVF foi semelhante nas OF 12 e 9%, com média de 719 graus-dia sendo superior a DVF na OF 6% que foi de 477,5 graus-dia. A TAF no terceiro ciclo de pastejo correlacionou-se negativamente com a altura do pseudocolmo (r= -0,62; P=0,0982), o que pode indicar que nas OFS 9 e 12% o azevém iniciou o seu período reprodutivo mais cedo em relação a OF6%. Com a aproximação dos estádios de florescimento, é esperado o alongamento do pseudocolmo, aumentando desta forma o tamanho da bainha foliar e consequentemente reduzindo a taxa de aparecimento de folhas, pois a lâmina foliar precisa percorrer um caminho mais longo até ser emitida. A DVF das folhas do azevém é um parâmetro morfogênico que indica o teto de rendimento potencial da espécie, relacionando o número de folhas verdes com o 361 filocrono. O filocrono não diferiu entre as ofertas de forragem (P=0,6287) em nenhum dos ciclos de pastejo e no terceiro ciclo de pastejo o número de folhas verdes foi 30% superior nas ofertas 9 e 12%. A duração das folhas foi,em média, de 37 dias nas OF 9 e 12%, o que pode ter proporcionado melhor oportunidade de seleção de folhas para as cordeiras que estavam em pastejo nessas ofertas de forragem quando comparadas com as cordeiras que pastavam nas parcelas com OF% 6 cujas folhas tiveram duração de 24 dias. Houve interação para taxa de elongação de lâminas foliares intactas (TELFI;, P=0,059) e taxa de expansão de lâminas foliares desfolhadas (TELFD; P=0,086). A diferença entre essas variáveis foi observada no terceiro ciclo de pastejo, quando a TELFI na OF 12%, foi de 0,081 cm/grau-dia sendo 37,65% superior a TELFI nas demais ofertas. A TELFD foi de 0,075 cm/grau-dia quando a oferta de forragem foi de 12%, sendo superior a TELFD da OF6% que foi de 0,0048 cm/grau-dia e ambas não diferiram da OF9%. Mudanças na taxa de expansão podem ter ocorrido no terceiro ciclo de pastejo devido ao azevém estar iniciando o período reprodutivo. Segundo Skiner e Nelson (1995), nessa fase a prioridade de alocação de fotoassimilados passa a ser o crescimento das estruturas reprodutivas e as lâminas foliares reduzem a sua taxa de expansão. Nas OF de 9 e 6% houve redução de 40,7% da taxa de expansão do primeiro para o terceiro ciclo de pastejo. Houve interação (P= 0,0018) oferta de forragem x ciclo de pastejo para taxa de senescência, que foi diferente entre as ofertas de forragem no terceiro ciclo de pastejo, sendo superior na OF12% (0,098 cm/graudia), intermediária na OF9% (0,070 cm/grau-dia) e inferior na OF6% (0,041 cm/graudia). A maior proporção diária de material senescente pode ter proporcionado maior remobilização de nitrogênio (N). A remobilização de N das folhas mais velhas para aquelas em expansão é um processo que acompanha a senescência foliar. Conclusões Com a proximidade do período reprodutivo do azevém a taxa de aparecimento de lâminas foliares foi superior quando a oferta de forragem foi de 6%, a duração de vida das lâminas foliares foi maior nas ofertas 9 e 12% e a taxa de elongação de lâminas foliares intactas e desfolhadas foi superior quando a oferta de forragem foi de 12%. Literatura citada NABINGER, C.; PONTES, L. da S. Morfogênese de plantas forrageiras e a estrutura do pasto. In: Mattos, W.R.S. et al. (org.) reunião anual da sociedade brasileira de zootecnia, 34, 1997, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, p.755-771, 2001. SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Elongation of the grass leaf and its relationship to the phyllochron. Crop Science, v.35, p.4-10, 1995. SIMÃO NETO, M. Sistemas de pastejo 2. In: PASTAGENS: Fundamentos da exploração racional 2 ed., Piracicaba: FEALQ, 1994. p. 377-95, (Série atualização em Zootecnia, v.10). 362 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.15. Características estruturais de azevém pastejado por bezerras de corte recebendo ou não suplemento Marcela Machado1, Marta Gomes da Rocha2, Sheila Cristina Bosco Stivanin3, Viviane da Sila Hampel3, Marcos Bernardino Alves3, Mateus Negrini1 1 Estudante do curso de graduação do curso de Zootecnia [email protected] 2 Professora do Departamento de Zootecnia - UFSM 3Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM – UFSM. E-mail: Resumo: Foram avaliadas as características estruturais do azevém (Lolium multiflorum Lam.) pastejado por bezerras de corte exclusivamente em pastejo ou em pastejo e recebendo 0,93% do peso corporal de grão de milho ou grão de aveia branca como suplemento. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, com três tratamentos e três repetições de área. Para a avaliação das características estruturais foram utilizados 40 perfilhosmarcadospor unidade experimental. A interação entre os tratamentos e períodos de avaliação para as características estruturais não foi significativa. A altura de dossel (14,11 ± 0,80 cm), altura de pseudocolmo (6,77 ± 0,43 cm), profundidade de lâminas foliares (7,41 ± 0,88 cm), densidade populacional de perfilhos (4645,81 ± 304,73 perfilhos/m²) e número de lâminas foliares verdes (4,16 ± 0,08 lâminas foliares) foram semelhantes quando as bezerras permaneceram exclusivamente ou receberam suplemento. Palavras–chave: densidade populacional de perfilhos, grão de aveia, grão de milho, profundidade de lâminas foliares Structural characteristics of ryegrass grazed beef heifers receiving or no supplement Abstract: The structural characteristics of Italian ryegrass (Loliummultiflorum Lam) grazed by beef heifers exclusively on pasture or on pasture and receiving 0.93% of the body weight of corn grain or oat grain as a supplementwere evaluated. The grazing method was continuous with variable stocking. The experimental design was completely randomized with repeated measures on time, with three treatments and three area replications. Forty marked tillerswere evaluated per experimental unit for evaluation of structural characteristics.The interaction between treatments and periods 363 of evaluation for the structural characteristics was not significant. There were no differences when heifers had received supplement or not for the canopy height (14.11 ± 0.80 cm),pseudo stem height (6.77 ± 0.43 cm), depth of leaf blades (7.41 ± 0.88 cm), tiller populational density (4645.81 ± 304.73 tillers/m²)and number of green leaf blades (4.16 ± 0.08 leaf blades). Keywords: tiller populational density, oat grain, corn grain, depth of leaf blades Introdução A utilização da pastagem de azevém (LoliummultiflorumLam.),no sul do Brasil, permite fornecer alimentação abundante e de qualidade aos herbívoros em pastejo, no período crítico do crescimento das pastagens naturais (ROMAN et al. 2007), sendo o manejo adequado do pasto o ponto fundamental para a sua melhor utilização a longo prazo. O uso de suplementos proporciona incrementos na taxa de lotaçãoe altera a forma da colheita da dieta pelos animais em pastejo (Rocha et al.,2003). Entender as mudanças estruturais que ocorrem na pastagem decorrentes do aumento na taxa de lotaçãopode auxiliar na melhoria da eficiência de utilização do pasto. O presente estudo foi conduzido com objetivo de medir as características estruturais da pastagem de azevém quando pastejada por bezerras exclusivamente em pastejo ou recebendo suplementos energéticos. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, durante o período de julho a outubro de 2012. A área experimental foi constituída de nove piquetes de 0,8 ha. A pastagem de azevém (LoliummultiflorumLam.) foi estabelecida por semeadura a lanço no dia 01/05/2012, sendo utilizados 30 kg/ha de semente. A adubação utilizada foi 200 kg/ha de NPK (fórmula 05-20-20) e 56,5 kg de nitrogênio, na forma de uréia, em duas aplicações, realizadas em 21/06 e 14/07. Os animais experimentais foram bezerras da raça Angus com idade e peso corporal inicial de oito meses e 168,6 ± 5,0 kg, respectivamente. Os tratamentos foram: bezerras em pastagem exclusiva de azevém e bezerras em pastagem de azevém recebendo como suplemento 0,93% do peso corporal (PC) de grão de milho inteiro ou de grão de aveia branca. O suplemento foi fornecido de segunda-feira a sábado, às 14 horas. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. Foram usadas três bezerras testes por piquete e um número variável de animais reguladores para manutenção de massa de forragem (MF) entre 1200 a 1600 kg MS/ha. A MF foi determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem. A relação lâmina foliar:colmo foi determinada a partir da proporção de lâminas folhares e colmos proveniente da separação manual das amostras oriundas da avaliação da massa de forragem. A taxa de lotação (kg/ha de PC) foi obtida pelo somatório do peso médio dos animais-teste, com o peso médio de cada regulador, multiplicado pelo número de dias que esses permaneceram na repetição, dividido pelo número de dias do período experimental. A oferta de forragem, kg de MS/100 kg de PC, foi calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de lotação. As características estruturais do azevém foram avaliadas em 40 perfilhos marcados por unidade experimental. A altura do dossel foi considerada da base do solo até o dobramento médio das lâminas foliares do azevém. A altura do pseudocolmo foi medida da base do solo até a altura da lígula da última lâmina foliar totalmente expandida no perfilho. A profundidade de lâmina foliar foi obtida subtraindo-se a altura do pseudocolmo da altura do dossel. Para o cálculo do número de lâminas foliares verdes, foi contabilizado 364 o número médio de lâminas foliares em expansão, expandidas e senescentes desconsiderando-se as lâminas em que o processo de senescência tenha ultrapassado 50%. Para obtenção da densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m2), os perfilhos vivos de azevém foram contados em três áreas fixas por piquete em cada período experimental. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, com três tratamentos e três repetições de área. Após teste de normalidade, as variáveis foram submetidas à análise de variância pelo procedimento Mixed. Também foram realizadas análises de correlação de Pearson e análise de regressão por meio de teste “t” de Student a 10% de probabilidade. As médias foram comparadas pelo procedimento lsmeans. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2. Resultados e Discussão Foramobservadassemelhanças (P>0,10) entre os tratamentos estudadospara a massa de forragem (1894,5 ± 150,5 kg de MS/ha), oferta de forragem (10,09 ± 0,95 kg de MS/100 kg de peso corporal(PC)) e relação lâmina foliar:colmo (1,91 ± 0,16). A taxa de lotação foi aumentada em 20,7% quando as novilhas receberam grão de milho ou grão de aveia como suplemento em relação ao tratamento de pastagem exclusiva de azevém, cuja taxa de lotação foi, em média, de 1112kg/ha de PC. A interação entre tratamento e períodos avaliados não foi significativa (P>0,10) para as características estruturais avaliadas. Não foi observada diferença (P>0,10) entre os tratamentos estudados para as variáveis alturas de dossel (14,11 ± 0,80 cm), profundidade de lâminas foliares (7,41 ± 0,88 cm), número de lâminas foliares verdes (4,16 ± 0,08 lâminas foliares) e densidade populacional de perfilhos (4170,4 ± 304,7 perfilhos/m²). A altura de dossel e a profundidade de lâminas foliares foram, respectivamente 28% e 46% superiores no primeiro período de avaliação (P<0,10; Tabela 1) com relação aos demais períodos estudados. A altura de dossel observada a partir do segundo período de avaliação está de acordo com a faixa considerada ideal para o manejo de azevém sugerida por Pontes et tal. (2004), que observaram otimização dos fluxos de biomassa quando o pasto foi manejado a uma altura de 10 a 15 cm. A menor proporção de colmos em relação a lâminas foliares observada no primeiro período de avaliação (3,2 ± 0,33), aliada com a maior altura de dossel observada no mesmo período podem ter sido as variáveis responsáveis pela maior profundidade de lâminas foliares no início da utilização do azevém. O número de lâminas foliares verdes foi diferente entre os períodos de avaliação (P<0,10; tabela 1), sendo17,24% inferior no quarto período em comparação com os demais. O superior número de lâminas foliares verdes observado no primeiro período é esperado pelo fato de a planta estar no início de seu ciclo vegetativo. O número de lâminas foliares verdes observado a partir do segundo período de avaliação é alto se compararmos com os resultados obtidos por Confortinet al. (2010), onde no mesmo período de utilização, o azevém possuía em média 2,6 ± 0,4 lâminas foliares. O manejo imposto ao azevém permitiu a manutenção da altura do pseudocolmo, evitando assim a expansão da bainha foliar e, consequente, a redução da taxa de aparecimento de lâminas foliares nos primeiros períodos. A densidade populacional de perfilhos foi diferente entre os períodos de avaliação do pasto (P<0,10; Tabela 1). Segundo Silva & Nascimento (2007) o crescimento das plantas forrageiras está relacionado com o nível de intercepção de luz pelo dossel e com sua área foliar, havendo uma taxa constante de acúmulo de matéria seca quando existe lâmina foliar suficiente para interceptar praticamente toda a luz incidente. O manejo 365 adequado na altura no dossel possibilitou que a luz solar incidisse sobre a base do dossel e, consequentemente estimulasse a planta a realizar mais fotossíntese, fazendo com que as gemas axilares e basilares se tornem novos perfilhos mesmo quando a planta se aproximou do estágio reprodutivo. A altura de pseudocolmo, que representa o caminho que uma lâmina foliar percorre ate ser exteriorizada no perfilho, foi semelhante (P>0,10) entre os tratamentos e entre os períodos de avaliação, sendo em média de 6,8 ± 0,4 cm. Valores próximos aos observados no presente estudo foram relatados por Confortinet al. (2010), que para azevém manejado sob intensidade media de pastejo (desaparecimento de 43,3% da massa de forragem) observaram uma altura de pseudocolmo média de 6,6 ± 0,9 cm. Tabela 1 – Valores médios para a altura de dossel (AD), profundidade de lâminas foliares (PLF), densidade populacional de perfilhos (DPP; perfilhos/m²) e numero de lâminas foliares verdes (NLFV) de acordo com os períodos de avaliação do azevém --------------Períodos de Avaliação-------------Variáveis P* 09/0731/0729/0827/0930/07 28/08 26/09 17/10 AD (cm) 17,90a 12,79b 13,00b 12,77b 0,0011 PLF (cm) 10,66a 6,72b 6,58b 5,69b 0,0001 DPP 4264,86b 4326,22b 5156,00a 4836,15ab 0,0709 NLFV 4,39a 4,29a 4,36a 3,60b <0,0001 *Valores seguidos de letras distintas na linha ou coluna indicam diferença pelo procedimento lsmeans em nível de 10%. Conclusões O aumento na taxa de lotação causado pelo fornecimento de suplementos energéticos aos animais em pastejo não modifica as características estruturais da pastagem. O numero de lâminas foliares verdes, a altura do dossel e a profundidade de lâminas foliares são modificadas com a proximidade do estádio reprodutivo do azevém. Literatura citada CONFORTIN, A.C.C. et al. Morfogênese e estrutura de azevém anual submetido a três intensidades de pastejo.Acta ScientiarumAnimal Sciences, v. 32, p. 385-391, 2010. PONTES, L.S.et al. Fluxo de biomassa em pastagem de Azevém anual (LoliummultiflorumLam.) manejada em diferentes alturas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.3, p.529-537, 2004. ROCHA, M.G. et. al. Alternativas de utilização da pastagem hibernal para recria de bezerras de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, n.2 p.383-392, 2003. ROMAN, J.et al. Comportamento ingestivo e desempenho de ovinos em pastagem de azevém anual (LoliummultiflorumLam.) com diferentes massas de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, n.4, 2007. DA SILVA, S. C.; NASCIMENTO JÚNIOR, D. Avanços na pesquisa com plantas forrageiras tropicais em pastagens: características morfofisiológicas e manejo do pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, Suplemento especial, 2007. 366 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.16. Características estruturais do azevém manejado com diferentes ofertas de forragem Marcela Machado¹, Marta Gomes da Rocha2, Larissa Arnhold Graminho 3, Aline Tatiane Nunes da Rosa4, Tuani Lopes Bergoli¹, Luiz Gonzaga do Amaral1 1 Estudante de graduação em Zootecnia- UFSM Email: [email protected] Professor do Departamento de Zootecnia-UFSM 3 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM 4 Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM 2 Resumo: O experimento foi realizado no período de junho a outubro de 2012 na Universidade Federal de Santa Maria. Foram avaliadas as características estruturais do azevém (Lolium multiflorum Lam) utilizado por cordeiras da raça Sufolk em diferentes ofertas de forragem (OF): 6; 8 e 12 kg de MS/100kg de peso corporal (PC). O método de pastejo foi intermitente, com período de ocupação de 12 dias e o intervalo entre pastejos correspondeu a soma térmica acumulada de 250 graus-dia. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, três tratamentos e duas repetições de área. Utilizaram-se 35 perfilhos marcados por parcela. Maior altura do dossel (12,42 cm), profundidade de lâminas foliares (6,60 cm) e maior comprimento de lâminas foliares desfolhadas (7,1cm) foram observados na oferta de forragem de 12%. Os comprimentos de lâminas foliares intactas se adequaram ao modelo de regressão linear negativo em função da soma térmica acumulada com o passar dos dias do ciclo de pastejo. A altura do dossel, profundidade de lâminas foliares, comprimento das lâminas foliares desfolhadas são modificadas por diferentes ofertas de forragem. A altura de pseudocolmo é maior nas OF 9 e 12% com o avanço do ciclo fenológico do azevém. O tamanho das lâminas foliares é reduzido com o aumento da soma térmica acumulada. Palavras–chave: altura do dossel, altura de pseudocolmo, comprimento de lâminas foliares, cordeiras, pastejo intermitente, profundidade de lâminas foliares Structural characteristics of ryegrass pasture with different herbage allowances Abstract: The experiment was conducted from June to October 2012 at Universidade Federal de Santa Maria. It was evaluated the structural characteristics of ryegrass (Lolium multiflorum Lam) utilized by Sufolk lambs submitted to different forage allowances (FA): 6; 8:12 DM/100 kg of body weight (BW). The grazing method was 367 intermittent, with 12 days of occupation period of and the grazing interval corresponded to 250 degree-days accumulated thermal sum . The experimental design was completely randomized with repeated measures on time, three treatments and two area replicates. It was used 35 marked tillers per plot. Canopy height, depth of leaf blades (6,60 cm), is higher (12,42 cm), defoliated leaf blade (7,1 cm) are higher when herbage allowances is 12% and, longest. The length of intact leaf blades is suited to negative linear regression model as a function of accumulated thermal sum over the of the grazing cycle days. The canopy height, depth of leaf blade, length of defoliated leaf blade are modified by different forage allowances. The pseudostem height is higher at FA 9 and 12% with advances of the phenological cycle. r. A reduction in the leaf blades size of is observed with an increase in the thermal sum . Keywords: canopy height, depth of leaf blades, intermittent grazing, lambs, length of leaf blades, pseudostem height, Introdução No sul do Brasil, a utilização de pastagens cultivadas de estação fria é muito comum, pois essas oferecem um adequado aporte nutricional quando as pastagens naturais estão em seu período de menor produção. Dentre essas forrageiras está o azevém (Lolium multiflorum Lam) que, quando bem manejado, é capaz de suprir as necessidades nutricionais dos animais em pastejo. O manejo de ofertas de forragem modifica a estrutura da pastagem e o processo de desfolhação efetuado pelo herbívoro é afetado. Para isso, estudos sobre as características estruturais: altura do dossel, altura do pseudocolmo, profundidade de lâminas foliares e comprimento de lâminas foliares são eficientes, auxiliando na identificação da resposta da planta ao pastejo. O objetivo deste trabalho foi avaliar as características estruturais da pastagem de azevém manejada com diferentes ofertas de forragem. Material e Métodos O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria, no período de junho a novembro de 2012. A área experimental foi de 0,6 hectares, divida em seis parcelas, as quais constituíram as unidades experimentais. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam) foi implantada em 01/05/2012 após preparo mínimo do solo. Foram aplicados 200 kg/ha de adubo da fórmula 05-20-20 e 100 kg de nitrogênio por hectare, na forma de uréia, em quatro datas: 07/07, 18/08, 15/09 e 16/10/2012. O método de pastejo foi intermitente e foram avaliadas três ofertas de forragem: 6 , 9 e 12 kg de matéria seca (MS) por 100 kg de peso corporal (PC). O critério para determinar o intervalo entre pastejos foi a soma térmica acumulada (ST) de 250 grausdia, equivalente a ST necessária para o aparecimento de duas folhas de azevém (Confortin et al., 2010). O período de ocupação da pastagem foi de 12 dias, sendo considerado um ciclo de pastejo o período de ocupação mais o intervalo até o inicio da próxima ocupação. Foram avaliados três ciclos de pastejo: 26/06- 06/08; 07/08-03/09 e 04/09-04/10. A ST do intervalo foi calculada pela equação: ST = Σ (Tmd - 5°C) onde Tmd = temperaturas médias diárias do período (°C); e 5°C = valor considerado como temperatura base de crescimento do azevém. Os animais experimentais foram cordeiras da raça Sufolk, com idade e peso médio de oito meses e 43 ± 4,56 kg, respectivamente. A massa de forragem foi determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem no inicio e no final de cada período de pastejo. Após, a forragem proveniente dos cortes foi homogeneizada para separação manual dos 368 componentes botânicos e estruturais e a partir da proporção de folhas e colmos foi determinada a relação folha: colmo. A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de lotação. Para a avaliação das variáveis estruturais utilizou-se a técnica de “perfilhos marcados” sendo marcados 35 perfilhos de azevém anual por parcela. As avaliações foram feitas diariamente no período de pastejo e nos intervalos entre pastejos as medidas foram realizadas a cada três ou quatro dias. Observou-se o comprimento de lâminas foliares maduras (com lígula visível) e em crescimento, em cm, e a condição das folhas: em senescência ou não, intactas ou desfolhadas. As folhas expandidas foram medidas a partir de sua lígula, enquanto que as em expansão a partir da lígula da última folha expandida. Nas folhas em senescência foi medida apenas a porção verde da lâmina foliar. A altura do dossel foi considerada da base do solo até o dobramento médio das folhas de azevém. A altura do pseudocolmo foi considerada da base do solo até a altura da lígula da última folha totalmente expandida. A profundidade lâminas foliares foi calculada subtraindo-se a altura média do dossel pela altura média do pseudocolmo. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, três tratamentos e duas repetições de área. Após a realização do teste de normalidade, as variáveis foram submetidas à análise de variância pelo procedimento Mixed. A interação entre tratamentos e períodos de avaliação foi desdobrada quando significativa a 10% de probabilidade. Na análise de regressão, a escolha dos modelos foi baseada na significância dos coeficientes linear, quadrático e cúbico, utilizando-se o teste “t”, de Student, em 10% de probabilidade. As variáveis também foram submetidas a análise de correlação de Pearson. As análises foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2. Resultados e Discussão As massas de forragem inicial e final foram similares nas diferentes ofertas de forragem avaliadas, com médias de 1881 ±190 e 1186 ±258 kg de MS/ha, respectivamente. As relações folha:colmo inicial e final não diferiram entre as ofertas de forragem, com valores médios de 4,68 ±0,35 e 1,69 ±0,29, respectivamente. Não houve interação (P=0,2185) oferta de forragem x ciclo de pastejo para altura do dossel. Na oferta de forragem de 12% a altura do dossel foi de 12,42 cm sendo 34,7% superior a altura nas ofertas de forragem 9 e 6%, que foram semelhantes. A maior altura do dossel na OF12% pode ter proporcionado às cordeiras uma melhor possibilidade de seleção, pois segundo Hodgson, (1990) os animais concentram a atividade de pastejo nos estratos da pastagem que possuem principalmente folhas, e o aumento na profundidade de pastejo com o aumento da altura é concomitante com a maior participação de folhas no dossel . Nas parcelas nas quais a oferta de forragem foi de 12% o comprimento das lâminas foliares desfolhadas (CLFD) do azevém foi, em média, de 7,1cm enquanto que nas demais ofertas o comprimento das lâminas foliares foi inferior, de 4,7cm. De acordo com Grant et al. (1981), o tamanho de folha é afetado pelo pastejo e a lâmina produzida durante a rebrota é menor em pastos que foram pastejados intensamente. O CLFD correlacionou-se positivamente com a altura do dossel (r= 0,73; P=0,0005).A OF 12% proporcionou maior CLFD e maior altura de dossel, o que pode ser um indicativo que essa oferta proporcionou maior acessibilidade às lâminas foliares e pode ter aumentado o consumo. O comprimento das lâminas foliares intactas (CLFI) não variou em função das ofertas de forragem sendo, em média, de 9,0 cm (P=0,1287), mas se adequou ao seguinte modelo de regressão linear decrescente em função da soma térmica acumulada durante os ciclos de pastejo Ŷ=14,90- 369 0,0043x; (R2= 53%; P=0,0006). A redução do comprimento da lâminas foliares em função da soma térmica acumulada pode indicar mobilização gradual dos assimilados para o desenvolvimento das partes reprodutivas da planta reduzindo assim a quantidade de assimilados para o desenvolvimento foliar. Houve interação (P=0,0002) oferta de forragem x ciclo de pastejo para altura do pseudocolmo. As alturas de pseudocolmo foram semelhantes no primeiro e segundo ciclos de pastejo com média de 4,64 cm. No terceiro ciclo de pastejo, quando a oferta de forragem foi de 12%, a altura pseudocolmo foi de 9,30 cm, sendo superior a altura de pseudocolmo na OF6%,4,11cm, e ambas foram semelhantes a essa altura na OF9%, de 5,56 cm. O azevém manejado com ofertas de forragem de 9 e 12%, no terceiro ciclo de pastejo, pode ter sofrido um adiantamento do seu ciclo de desenvolvimento quando comparado com o azevém manejado na OF6%. Isso indica que nas maiores ofertas pode ter ocorrido paralização da emissão de folhas e alongamento dos colmos mais cedo. Não houve interação (P=0,9727) ofertas de forragem x ciclos de pastejo para profundidade de lâminas foliares. Na oferta de forragem de 12%, a profundidade de lâminas foliares foi de 6,60 cm sendo, em média, 1,46cm superior às demais ofertas que foram semelhantes. A profundidade de lâminas foliares nas ofertas menores e na OF12% representou 49,75 e 53,14%, respectivamente, da altura do dossel. Mesmo nas menores OF a camada pastejavel foi de aproximadamente 51% do dossel forrageiro. Conclusões As características estruturais: altura do dossel, profundidade de lâminas foliares, comprimento das lâminas foliares desfolhadas são modificadas por diferentes ofertas de forragem. Com o avanço do estádio fenológico as OF 9 e 12% apresentam maior altura de pseudocolmo. Com o aumento da soma térmica acumulada há diminuição do tamanho das lâminas foliares. Literatura citada BIRCHAM, J.S., HODGSON, J. The influence of sward condition on rates of herbage growth and senescence in mixed swards under continuous stoching management. Grass and Forage Science, v.38, p.323-331, 1983. CONFORTIN, A.C.C.; Quadros, F.L.F; Rocha, M.G. da et al. Características morfogênicas de azevém Lolium multiflorum Lam. sob diferentes intensidades de desfolha. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v.32, n.4, p. 385-391, 2010. GRANT, S.A.; BARTHRAM, G.T.; TORVELL, L. Components of regrowth in grazed and cut Lolium multiflorum swards. Grass and Forage Science, Oxford, v.36, p. 155168, 1981. 370 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.17. Fracionamento de carboidratos da silagem de capim-braquiaria com inclusão de farelo de arroz1 Fagton de Mattos Negrão2, Anderson de Moura Zanine3, Luciano da Silva Cabral4, Rosemary Lais Galati4, Carlos Clayton Oliveira Dantas5, Daniele de Jesus Ferreira6 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso. 3 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT. 4 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá/MT. 5 Mestre em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso. 6 Pós-Doutoranda da Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT. 2 Resumo: O experimento foi conduzido para avaliar as frações dos carboidratos de silagens de capim Brachiaria decumbens com inclusão de farelo de arroz. O capim Brachiaria foi colhido com 50 dias de rebrotação após o corte da forrageira a 5 cm do solo, e ensilada em silos experimentais de 10 litros. Foram testados cinco níveis de inclusão do farelo de arroz à silagem de capim Brachiaria: 0, 10, 20, 30 e 40% da matéria natural, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições. A abertura dos silos ocorreu após 40 dias. Os dados foram submetidos à análise de variância, e quando significativo submetido à análise de regressão. A adição de farelo de arroz promoveu aumento linear (P<0,05) das frações A+B 1 e B2, estimando-se aumento de 1,0 e 0,23 unidades porcentuais. A fração C dos carboidratos totais foi reduzida linearmente (P<0,05) em 0,98 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de arroz adicionado à silagem. A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria proporciona melhora das proporções das frações dos carboidratos. Palavras–chave: avaliação de alimentos, Brachiaria decumbens, conservação de forragens Fractionation of carbohydrates of braquiaria grass silage added with rice meal Abstract: The experiment was conducted to evaluate the fractions of carbohydrates of Brachiaria decumbens grass silages with inclusion of rice meal. The Brachiaria grass was harvested with 50 days of regrowth after cutting the forage 5 cm soil, and ensiled in experimental bags of 10 liters. Were tested five levels of inclusion of rice meal at the Brachiaria grass silage: 0, 10, 20, 30 and 40% natural matter, distributed in a completely randomized design with five repetitions. The opening of bags occurred after 371 40 days. Data were subjected to analysis of variance, and when significant subjected to regression analysis. The addition of rice meal promoted linear increase (P<0.05) of fractions A + B1 and B2, estimating-if increase of 1.0 and 0.23 units percentuais. The fraction C of total carbohydrates was reduced linearly (P<0.05) in 0.98 units percentuais for each 1% rice meal added to silage. The inclusion 10-20% rice meal in braquiaria grass ensilage provides improvement of proportions carbohydrate fractions. Keywords: Brachiaria decumbens, feed evaluation, forage conservation Introdução A região Centro-Oeste do Brasil apresenta variação climática, a qual determina a ocorrência de estações bem definidas sendo uma de elevado e outra de reduzidos índices pluviométricos. Como consequência, há variação na produção dos pastos ao longo do ano. Em condições normais, apenas 10 a 30% da produção das gramíneas tropicais utilizadas nas áreas de pastagens ocorre no período de déficit hídrico. Assim, para suprir as necessidades nutricionais dos rebanhos em períodos de baixa produtividade, ou, mesmo para atender as demandas dos confinamentos, tem-se como alternativa a conservação de forragens na forma de silagem. No intuito de reduzir as perdas associadas à ensilagem de capim, uma das principais alternativas tem sido aumentar o teor de matéria seca, por meio da adição de materiais absorventes, o que favorece a redução das perdas, além de contribuir para a melhora do valor nutritivo da silagem. Nesse sentido, o farelo de arroz apresenta boas características e potencialidade, que provém do beneficiamento do grão de arroz, e é constituído pelos tegumentos que envolvem o grão, removidos no processo de beneficiamento do cereal para a alimentação humana. Essa pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar o fracionamento de carboidratos de silagens de capim-braquiaria com inclusão de farelo de arroz. Material e Métodos O experimento foi realizado na área experimental do Curso de Zootecnia, no Campus de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, coordenadas geográficas: 16º28’ Latitude Sul, 50º34’ Longitude Oeste de Greenwich. O clima, segundo a classificação de Koppen, é do tipo tropical, caracterizando-se por duas estações bem definidas: seca entre os meses de abril a setembro e chuvosa entre os meses de outubro a março. A espécie forrageira utilizada foi o capim Brachiaria decumbens cv. Basilisk, proveniente de um pasto já estabelecido, de aproximadamente 0,5 ha, da área experimental do Setor de Forragicultura. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: silagem de capim-braquiaria, silagem de capim-braquiaria + 10% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 20% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 30% de farelo de arroz e silagem de capim-braquiaria + 40% de farelo de arroz, com base na matéria natural da gramínea. O capim foi submetido a um corte de uniformização, realizado com roçadeira aclopada ao trator a uma altura de 5 cm do solo. No mesmo dia, foi feita adubação com 60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha de potássio, na forma de sulfato de amônio e cloreto de potássio, respectivamente. Antes do corte da gramínea para a ensilagem, foram retiradas amostras, através do método direto, em 20 subáreas de 0,25 m2, estimando-se uma produção total de 5,8 toneladas de matéria seca por hectare e uma relação lâmina foliar:colmo, lamina foliar:material morto de 1,46 e 1,16, respectivamente. 372 Apresentaram porcentagens de lâmina foliar, colmo e material morto de 41,72, 28,88 e 29,40%. Após 50 dias de rebrotação da gramínea, quando apresentava altura média de 60 cm, ocorreu o corte para o processo de ensilagem. O capim foi colhido mecanicamente a uma altura de 10 cm do solo, utilizando uma roçadeira costal. Imediatamente após, o capim foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em partículas de aproximadamente 3 cm, utilizando-se uma picadeira estacionária. O farelo de arroz e a massa de forragem de capim-braquiaria, correspondentes a cada tratamento, foram homogeneizados sobre lona plástica, sendo em seguida acondicionadas em silos experimentais com capacidade aproximada de 10 litros e compactados manualmente. Em cada silo colocou-se aproximadamente 1,4 kg da matéria natural da mistura, correspondendo a uma densidade de 550 kg m-3. Foram determinadas as frações A+B1, B2 e C dos carboidratos: as quais representam, respectivamente, os açúcares solúveis, o amido e pectina; a fibra em detergente neutro potencialmente digestível e a fração indigestível da fibra em detergente neutro. A porcentagem de carboidratos totais (CT) foi obtida pela equação: CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza), a de carboidratos fibrosos (CF), a partir da FDN corrigida para seu conteúdo de cinzas e proteínas (FDNcp), os carboidratos não-fibrosos (CNF), que correspondem às frações A+B1, pela diferença entre os carboidratos totais e a FDNcp (Hall, 2003); que foram determinadas segundo metodologias descritas por (Sniffen et al. 1992). A fração C, que corresponde a FDN indigestível após 144 horas de incubação in situ (Cabral et al. 2004). A fração B2, que corresponde à fração disponível da fibra, foi obtida pela diferença entre a FDNcp e a fração C. Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste t) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se a análise de regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, utilizandose o programa SAEG, (1999) versão 8.1. Resultados e Discussão Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram afetados de forma linear (P<0,05) pela inclusão dos níveis de adição de farelo de arroz à silagem (Tabela 1), estimando-se aumento de 1,0 unidade percentual para cada 1% de farelo de arroz na ensilagem do capim-braquiaria. Andrade et al. (2010) avaliaram a adição de farelo de mandioca e farelo de cacau na ensilagem de capim-elefante e observaram aumento linear (P<0,05) na fração A+B1 dos carboidratos, promovendo aumento de 1,5 e 0,8 unidades porcentuais para cada 1% de adição dos respectivos aditivos absorventes de umidade. Houve comportamento quadrático (P<0,05) para a fração B2 dos CT, estimando-se valor mínimo de 36,66% para o nível de 19,25% de farelo de arroz (Tabela 1). Comportamento semelhante foi relatado por Dantas (2012), que observou comportamento quadrático na fração potencialmente degradável (B 2) das silagens de capim-braquiaria com a inclusão de 0, 10, 20, 30 e 40% de casca de soja moída, observando o ponto de mínima de 6,6% de inclusão do coproduto no capim-braquiaria, no momento da ensilagem. Observa-se que para cada 1% de inclusão de farelo de arroz na silagem de capimbraquiaria, houve redução de 0,98 unidades porcentuais na fração C (% CT). Esse comportamento pode ser explicado devido à adição do farelo de arroz à silagem de capim-braquiaria, pois o farelo de arroz tem menor teor de FDN que o capim-braquiaria (26,89 e 55,41%, respectivamente). Comportamento semelhante foi observado por Andrade et al. (2010) avaliando a adição de farelo de mandioca na silagem de 373 capim-elefante, em que os autores registraram redução linear na fração C das silagens, cujo decréscimo estimado foi de 0,45 unidades porcentuais a cada 1% de farelo de mandioca. É válido ressaltar que tal comportamento pode favorecer o consumo voluntário pelos animais, fator determinante da produção animal. Resultados contrários foram observados por Carvalho et al. (2007), que registraram aumento de 0,2 unidades porcentuais para cada unidade de farelo de cacau adicionada ao capim-elefante no momento da ensilagem, possivelmente, devido ao maior teor de FDN do farelo de cacau com relação ao farelo de arroz utilizado no presente experimento. Tabela 1 - Valores médios das frações (A+B1), (B2) e C dos carboidratos totais das silagens de capim-braquiaria com inclusão de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. Frações 0 Fração A+B11 15,41 Fração B21 39,00 Níveis de Farelo de Arroz (%) 10 20 30 32,26 45,03 49,46 40 56,85 Equação de Regressão* R2 CV% Ŷ=19,791+1,000X 0,94 3,92 Ŷ=38,952+0,2310,98 1,71 0,006X2 1 Fração C 45,59 27,26 13,64 10,30 4,76 Ŷ=40,029-0,986X 0,90 5,71 *Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t; 1Porcentagem dos carboidratos totais; CV = coeficiente de variação 40,48 41,33 40,24 38,39 Conclusões A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria proporciona melhora das proporções das frações dos carboidratos. Literatura citada ANDRADE, I.V.O.; PIRES, A.J.V.; CARVALHO, G.G.P.; VELOSO, C.M.; BONOMO, P. Fracionamento de proteína e carboidratos em silagens de capimelefante contendo subprodutos agrícolas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, n.11, p. 2342-2248, 2010. CABRAL, L.S; VALADARES FILHO, S.C; DETMANN, E.; ZERVOUDAKIS, J.T.; VELOSO, R.G.; NUNES, P.M.M. Taxas de digestão das frações protéicas e de carboidratos para as silagens de milho e de capim-elefante, o feno de capim-tifton85 e o farelo de soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, p. 1573-1580, 2004. CARVALHO, G.G.P.; GARCIA, R.; PIRES, A.J.V.; PEREIRA, O.G.; FERNANDES, F.E.P.; OBEID, J.A.; CARVALHO, B.M.A. Fracionamento de carboidratos de silagem de capim-elefante emurchecido ou com farelo de cacau. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p.1000-1005, 2007. DANTAS, C.C.O. Perdas e valor nutritivo de silagens de Brachiaria aditivadas com casca de soja. 2012. 52f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá. HALL, M.B. Challenges with nonfiber carbohydrate methods. Journal of Animal Science, v.81, p.3226-3232, 2003. 374 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.18. Frações nitrogenadas da silagem de capim-braquiaria com inclusão de farelo de arroz1 Fagton de Mattos Negrão2, Anderson de Moura Zanine3, Luciano da Silva Cabral4, Alexandre Lima de Souza3, Carlos Clayton Oliveira Dantas5, Daniele de Jesus Ferreira6 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso. 3 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso - Rondonópolis. 4 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá/MT. 5 Mestre em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso. 6 Pós-Doutoranda da Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT. 2 Resumo: O experimento foi realizado para avaliar as frações nitrogenadas de silagens de capim Brachiaria decumbens com inclusão de farelo de arroz. O capim Brachiaria foi utilizado com 50 dias de rebrotação após o corte da forrageira a cinco cm do solo e foi ensilada em silos experimentais de 10 litros. Utilizou-se cinco níveis de inclusão de farelo de arroz à silagem de capim Brachiaria: 0, 10, 20, 30 e 40% da matéria natural, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições. A abertura dos silos ocorreu após 40 dias. Os dados foram submetidos à análise de variância, e quando significativo submetido à análise de regressão. A fração A da proteína aumentou linearmente em 0,64 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de arroz adicionado à silagem. Para as frações nitrogenadas B3 e C houve redução de 0,11 e 0,40%, respectivamente, para cada unidade porcentual de farelo de arroz adicionada à silagem. A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria proporciona melhora das proporções das frações nitrogenadas. Palavras–chave: Brachiaria decumbens, forragem, silagem Nitrogen fractions of braquiaria grass silage added with rice meal Abstract: The experiment was conducted to evaluate the nitrogen fractions of Brachiaria decumbens grass silages with added rice meal. The Bracharia was used with 50 days of regrowth after cutting the grass to five cm of soil and was ensiled in experimental bags of 10 liters. We used five levels of inclusion of rice meal silage Bracharia: 0, 10, 20, 30 and 40% of natural matter, distributed in a completely randomized design with five replications. The opening of bags occurred after 40 days. Data were subjected to analysis of variance, and when significant subjected to regression analysis. The protein fraction increased linearly as 0.64 percentage units for 375 each 1% rice meal added to the silage. For nitrogen fractions B3 and C decreased 0.11 and 0.40%, respectively, for each percentage unit of rice meal added to the silage. Adding 10-20% rice meal in ensiling braquiaria provides improvement of the proportions of nitrogen fractions. Keywords: Brachiaria decumbens, forage, silage Introdução Há crescente interesse na ensilagem de capins tropicais, pois apresentam elevada produção de matéria seca. Por conseguinte, o uso de excedente da produção de capins na forma de silagem tem que ser visto de forma técnica, pois, o elevado teor de umidade, alto poder tampão e a baixa concentração de carboidratos solúveis predispõem o crescimento de microrganismos indesejáveis, que resultam em perdas de nutrientes, pela produção de gases e efluentes, culminando em perda de valor nutritivo. O farelo de arroz é um coproduto com potencial de ser incluído no processo de ensilagem de capim, tanto por sua capacidade em reter água como por melhorar a composição bromatológica das silagens produzidas. No entanto, as informações científicas a cerca do uso de farelo de arroz na produção de silagens de capins são restritas, por isso, pesquisas com esse intuito podem contribuir para produção de alimentos alternativos na nutrição de ruminantes. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar a fração nitrogenada das silagens de capim-braquiaria com inclusão de farelo de arroz. Material e Métodos O experimento foi realizado na área experimental do Curso de Zootecnia, no Campus de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, coordenadas geográficas: 16º28’ Latitude Sul, 50º34’ Longitude Oeste de Greenwich. O clima, segundo a classificação de Koppen, é do tipo tropical, caracterizando-se por duas estações bem definidas: seca entre os meses de abril a setembro e chuvosa entre os meses de outubro a março. A espécie forrageira utilizada foi o capim Brachiaria decumbens cv. Basilisk, proveniente de um pasto já estabelecido, de aproximadamente 0,5 ha, da área experimental do Setor de Forragicultura. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: silagem de capim-braquiaria, silagem de capim-braquiaria + 10% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 20% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 30% de farelo de arroz e silagem de capim-braquiaria + 40% de farelo de arroz, com base na matéria natural da gramínea. O capim foi submetido a um corte de uniformização, realizado com roçadeira aclopada ao trator a uma altura de 5 cm do solo. No mesmo dia, foi feita adubação com 60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha de potássio, na forma de sulfato de amônio e cloreto de potássio, respectivamente. Após 50 dias de rebrotação da gramínea, quando apresentava altura média de 60 cm, ocorreu o corte para o processo de ensilagem. O capim foi colhido mecanicamente a uma altura de 10 cm do solo, utilizando uma roçadeira costal. Imediatamente após, o capim foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em partículas de aproximadamente 3 cm. O farelo de arroz e a massa de forragem de capim-braquiaria, correspondentes a cada tratamento, foram homogeneizados sobre lona plástica, sendo em seguida acondicionadas em silos experimentais com capacidade aproximada de 10 litros e 376 compactados manualmente. Em cada silo colocou-se aproximadamente 1,4 kg da matéria natural da mistura, correspondendo a uma densidade de 550 kg m-3. Foram determinadas as frações proteicas (A, B1+B2, B3 e C), sendo a fração A correspondente ao nitrogênio não proteico (NNP), que possui elevada taxa de hidrólise no rúmen, a fração B representa a proteína verdadeira que é subdividida em três sub-frações, baseadas na velocidade de degradação ruminal. A fração B1 é rapidamente degradada no rúmen (>50%/h), representado pela albumina e globulina. A fração B 2 apresenta taxa de degradação intermediária (5-15%/h), sendo representado pela maioria das albuminas e glutelinas. As frações B1+B2 foram obtidas pela diferença entre a fração A e o teor de nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), conforme relatado por Licitra et al. (1996). A fração B3 é a proteína associada à parede celular e de degradação lenta (0,01-1,5%/h), representado pelas prolaminas, extensinas e proteínas desnaturadas, obtida pela diferença entre os teores de NIDIN e NIDA (nitrogênio insolúvel em detergente ácido). Por fim, a fração C, corresponde ao nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA). O NIDN e o NIDA foram obtidos pelo tratamento da amostra com as soluções em detergente neutro e ácido durante 1 hora a 100ºC, respectivamente, e subsequente determinação do teor de compostos nitrogenados em cada resíduo (Sniffen et al. 1992). Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste t) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se a análise de regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, utilizandose o programa SAEG, (1999) versão 8.1. Resultados e Discussão A fração A, que representa a porcentagem de nitrogênio não-proteico (NNP), aumentou linearmente (P<0,05), estimando-se que a inclusão de 1% de farelo de arroz elevou em 0,64 unidades porcentuais (Tabela 1). Esse resultado pode ser explicado, pelo alto teor de PB do farelo de arroz (16,06%), e, possivelmente, ter ocorrido a conversão dessa proteína em nitrogênio não-proteico, por ser altamente suscetível à proteólise, pode ser convertida a NNP (Van Soest, 1994). As frações B1 e B2 foram consideradas fração única (B1+B2) e se referem às proteínas solúveis e insolúveis verdadeiras, comportaram-se de maneira quadrática (P<0,05), estimando-se valor máximo de 15,5% para o nível de 28,75% de farelo de arroz (Tabela 1). Segundo Sniffen et al. (1992) a fração B1+B2, por apresentar rápida taxa de degradação ruminal em relação à fração B3, tende a ser extensivamente degradada no rúmen, contribuindo para o atendimento dos requisitos de nitrogênio dos microrganismos ruminais, porém a rápida proteólise no rúmen dessas frações pode levar ao acúmulo de peptídeos e permitir o seu escape para os intestinos, uma vez que a utilização de peptídeos é considerada limitante à degradação de proteínas. Para os teores de proteína associada à parede celular e de lenta degradação ruminal, representada pela fração B3, como porcentagem do nitrogênio total, foi verificado efeito linear decrescente (P<0,05), estimando-se redução de 0,11 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de arroz adicionado ao capim no momento da ensilagem. Andrade et al. (2010) estudando a inclusão de coprodutos agrícolas em silagens de capim-elefante, concluíram que o aumento dos níveis de farelo de mandioca teve efeito linear (P<0,05) nos teores da fração B3 da proteína, promovendo acréscimo de 0,34 unidades porcentuais a cada 1% de farelo de mandioca adicionado ao capimelefante no momento da ensilagem. A fração B3 é representada pela fração proteica ligada à parede celular que apresenta lenta degradação (Cabral et al. 2004). 377 A fração considerada indigestível (C, %CT), mensurada pela quantificação do teor de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) nas silagens, apresentou efeito linear, estimando-se redução de 0,40 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de arroz. Estes resultados estão de acordo com Andrade et al. (2010), que observaram efeito linear da inclusão de farelo de mandioca à silagem de capim-elefante, que apresentou redução estimada de 0,13 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de mandioca adicionado. Segundo Van Soest (1994), o aumento da fração C de silagens pode ocorrer em virtude da formação de produtos da reação de Maillard, dado o aumento da temperatura em silagens com elevado teor de umidade. É possível que o aumento da fração C das silagens com farelo de arroz esteja associado ao processo de polimento do grão de arroz na indústria cerealista. Acredita-se que possa ter ocorrido reação de Maillard, haja vista os baixos valores de NIDA nesse coproduto em relação ao capim-braquiaria, resultando, assim, diminuição da fração C naquelas silagens contendo farelo de arroz. Tabela 1 - Valores médios das frações nitrogenadas (Fração A, B1+B2, B3 e C) das silagens de capim-braquiaria com 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. Variável 1 0 27,78 Níveis de Farelo de Arroz (g/kg) 10 20 30 40 36,35 44,64 50,12 53,12 Equação de Regressão* R2 CV% Fração A Ŷ=29,512+0,644X 0,96 1,22 Fração Ŷ=22,14021,94 18,67 16,70 15,28 17,73 0,96 5,90 B1+B21 0,460X+0,008X2 1 Fração B3 15,56 14,75 13,40 12,25 10,95 Ŷ=15,730-0,117X 0,99 7,47 Fração C1 34,72 30,23 25,26 22,35 18,20 Ŷ=34,326-0,409X 0,99 3,64 *Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t; 1Porcentagem; CV = coeficiente de variação Conclusões A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria proporciona melhora das proporções das frações nitrogenadas. Literatura citada ANDRADE, I.V.O.; PIRES, A.J.V.; CARVALHO, G.G.P.; VELOSO, C.M.; BONOMO, P. Fracionamento de proteína e carboidratos em silagens de capimelefante contendo subprodutos agrícolas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39, n.11, p.2342-2248, 2010. CABRAL, L.S; VALADARES FILHO, S.C; DETMANN, E.; ZERVOUDAKIS, J.T.; VELOSO, R.G.; NUNES, P.M.M. Taxas de digestão das frações protéicas e de carboidratos para as silagens de milho e de capim-elefante, o feno de capim-tifton 85 e o farelo de soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, p.1573-1580, 2004. LICITRA, G.; HERNANDES, T.M.; VAN SOEST, P.J. Standardization of procedures for nitrogen fractionational of ruminant feeds. Animal Feed Science and Technology, v.57, p.347-358, 1996. SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J.; FOX, D.G.; RUSSEL, J.B. A net carbohydrate and protein system for evaluation cattle diets. II. Carbohydrate and protein availability. Journal Animal Science, v.70, n.11, p.3562-3577, 1992. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. Ithaca: Cornell University, 1994. 476p. 378 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.19. Ácidos orgânicos da silagem de capim-braquiaria com inclusão de farelo de arroz1 Fagton de Mattos Negrão2, Anderson de Moura Zanine3, Alexandre Lima de Souza3, Guilherme Ribeiro Alves3, Daniele de Jesus Ferreira4, Carlos Clayton Oliveira Dantas5 1 Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES. Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso. 3 Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso - Rondonópolis. 4 Pós-Doutoranda da Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT. 5 Mestre em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso. 2 Resumo: O experimento foi conduzido para avaliar os teores dos ácidos orgânicos das silagens de capim-braquiaria contendo a inclusão (0, 10, 20, 30 e 40%) de farelo de arroz na matéria natural do capim Brachiaria decumbens. Utilizou-se delineamento inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e cinco repetições. Após o corte de uniformização do capim, realizado a 5 cm do nível do solo, foi feita a adubação com 60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha potássio na forma de sulfato de amônio e cloreto de potássio, respectivamente. Após 50 dias realizou-se a 10 cm o corte e a ensilagem do capim. Foram utilizados silos experimentais com capacidade de 10 litros. Os dados foram submetidos à análise de variância, e quando significativa, foram submetidas à análise de regressão a 5% de probabilidade. As concentrações de ácido acético, butírico e propiônico foram reduzidas linearmente (P<0,05) em 0,01; 0,0008 e 0,0006 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de arroz, enquanto a de ácido láctico aumentou lineamente em 0,05 unidades porcentuais. A inclusão de 10% de farelo de arroz já assegura adequada fermentação, proporcionando melhora na qualidade da silagem. Palavras–chave: capim, conservação de forragem, coproduto, fermentação Organic acids from braquiaria grass silages with inclusion of rice meal Abstract: The experiment was conducted to evaluate the levels of organic acids from braquiaria grass silages containing inclusion (0, 10, 20, 30 and 40%) of rice meal in the field of natural grass Brachiaria decumbens. We used a completely randomized design with five treatments and five replications. After the uniformity cut the grass, held 5 cm from ground level, was made fertilization with 60 kg/ha of nitrogen and 60 kg/ha potassium in the form of ammonium sulfate and potassium chloride, respectively. After 50 days there was the 10 cm cutting the grass and silage. We used experimental bags with a capacity of 10 liters. Data were subjected to analysis of variance, and when 379 significant, were subjected to regression analysis, 5% probability. The concentrations of acetic, butyric and propionic acids were reduced linearly (P<0.05) 0.01, 0.0008 and 0.0006 percent unit for each 1% of rice meal while lactic acid increased linearly in 0.05 percentage units. The inclusion of 10% rice meal already ensures proper fermentation, giving improved quality of the silage. Keywords: coproduct, fermentation, forage conservation, grass Introdução Um dos principais entraves da produção animal à pasto está associado à variação no crescimento das forrageiras ao longo do ano. Nessa premissa, a silagem de capim produzida na estação chuvosa, a partir do próprio pasto, é uma alternativa para suprir a baixa produtividade dos pastos na época seca. Entretanto, a presença do alto teor de umidade e o baixo teor de carboidratos solúveis são fatores que limitam o adequado processo fermentativo da silagem de capim. Dentro desta realidade, a utilização de aditivos torna-se uma opção interessante para reduzir as perdas de efluentes desde efluentes transportar nutrientes altamente digestíveis, além de açúcar e ácidos orgânicos e suas perdas reduzir o valor nutritivo da silagem (Zanine et al., 2006ab). Nesse sentido, o farelo de arroz apresenta boas características e potencialidade, que provém do beneficiamento do grão de arroz, que é constituído pelos tegumentos que envolvem o grão, removidos no processo de beneficiamento do cereal para a alimentação humana. É um coproduto com potencial de ser incluído no processo de ensilagem de capim, tanto por sua capacidade em reter água como por melhorar a composição bromatológica das silagens produzidas. No entanto, as informações científicas a cerca do uso do farelo de arroz na produção de silagens de capins são restritas, por isso, pesquisas com esse intuito podem contribuir para produção de alimentos alternativos na nutrição de ruminantes. Nesse contexto, foi realizado um experimento objetivando avaliar o efeito da inclusão de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria sobre os teores dos ácidos orgânicos das silagens. Material e Métodos O experimento foi realizado na área experimental do Curso de Zootecnia, no Campus de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, coordenadas geográficas: 16º28’ Latitude Sul, 50º34’ Longitude Oeste de Greenwich. O clima, segundo a classificação de Koppen, é do tipo tropical, caracterizando-se por duas estações bem definidas: seca entre os meses de abril a setembro e chuvosa entre os meses de outubro a março. A espécie forrageira utilizada foi o capim Brachiaria decumbens cv. Basilisk, proveniente de um pasto já estabelecido, de aproximadamente 0,5 ha, da área experimental do Setor de Forragicultura. O experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com cinco tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: silagem de capim-braquiaria, silagem de capim-braquiaria + 10% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 20% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 30% de farelo de arroz e silagem de capim-braquiaria + 40% de farelo de arroz, com base na matéria natural da gramínea. O capim foi submetido a um corte de uniformização, realizado com roçadeira aclopada ao trator a uma altura de 5 cm do solo. No mesmo dia, foi feita adubação com 60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha de potássio, na forma de sulfato de amônio e cloreto 380 de potássio, respectivamente. Antes do corte da gramínea para a ensilagem, foram retiradas amostras, através do método direto, em 20 subáreas de 0,25 m2, estimando-se uma produção total de 5,8 toneladas de matéria seca por hectare e uma relação lâmina foliar:colmo, lamina foliar:material morto de 1,46 e 1,16, respectivamente. Apresentaram porcentagens de lâmina foliar, colmo e material morto de 41,72, 28,88 e 29,40%. Após 50 dias de rebrotação da gramínea, quando apresentava altura média de 60 cm, ocorreu o corte para o processo de ensilagem. O capim foi colhido mecanicamente a uma altura de 10 cm do solo, utilizando uma roçadeira costal. Imediatamente após, o capim foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em partículas de aproximadamente 3 cm, utilizando-se uma picadeira estacionária. O farelo de arroz e a massa de forragem de capim-braquiaria, correspondentes a cada tratamento, foram homogeneizados sobre lona plástica, sendo em seguida acondicionadas em silos experimentais com capacidade aproximada de 10 litros e compactados manualmente. Em cada silo colocou-se aproximadamente 1,4 kg da matéria natural da mistura, correspondendo a uma densidade de 550 kg m-3. Para determinação dos ácidos orgânicos, aproximadamente 25 g de silagem fresca foram diluídas em 250 mL de água destilada e homogeneizadas em liquidificador industrial durante um minuto. O extrato aquoso resultante foi filtrado em filtro de papel, e 100 mL foram acidificados com H2SO4 50% e, posteriormente, filtradas em papel de filtragem rápida. Em 2 mL deste filtrado foram adicionados 1 mL de solução de ácido metafosfórico 20% e 0,2 mL de solução de ácido fênico 1%, utilizado como padrão interno. A determinação dos ácidos láctico, acético, butírico e propiônico foi realizada por cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC), segundo metodologia descrita por Mathew et al. (1997). Os dados obtidos referentes aos ácidos orgânicos das silagens de capim Brachiaria decumbens foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste t) e, nos casos de significância, procedeu-se a análise de regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, ao nível de 5% de significância, utilizando-se o programa SAEG, (1999) versão 8.1. Resultados e Discussão A inclusão de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria aumentou linearmente (P<0,05) os valores de ácido lático das silagens, estimando-se um acréscimo de 0,056% para cada 1% de farelo de arroz adicionado na massa ensilada (Tabela 1). Comprova-se, assim, que ocorreu um rápido aumento das bactérias ácidolácticas nas silagens contendo farelo de arroz, mostrando que houve uma colonização eficiente e uma boa adaptação das bactérias às silagens. De acordo com Santos et al. (2008), a maior produção de ácido láctico pode levar a menores perdas de MS em silagens, considerando-se que a fermentação láctica resulta em mínimas perdas, ao passo que as fermentações acética e butírica estão associadas a fermentações secundárias e perdas de MS na forma de gases. Para as concentrações de ácido acético, foi observada redução de 0,17%, sendo estimados concentrações de 1,397, 1,227, 1,057, 0,887 e 0,717% para os níveis de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. A presença de concentrações moderadas de ácido acético, produzidas pelas enterobactérias, constitui um fator importante na fermentação, uma vez que seu poder antifúngico é mais eficiente que o do ácido lático (Moon, 1983). Além disso, os valores encontrados no experimento variam de 1,5 a 0,8% (Tabela 1), atingindo o nível crítico de 0,8% (Muck, 1988), sugerindo boa preservação da massa ensilada ao nível de 40% de inclusão de farelo de arroz. 381 Para as concentrações de ácido butírico, foi observada redução de 0,0008%, sendo estimados concentrações de 0,08, 0,072, 0,064, 0,056 e 0,048% para os níveis de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. As concentrações de ácido butírico nas silagens permaneceram dentro do recomendado na literatura, que seria de menos de 0,2% para caracterização de silagens bem preservadas (McDonald, 1981). Para as concentrações de ácido propiônico, foi observada redução de 0,0006%, sendo estimados concentrações de 0,0515, 0,0455, 0,0395, 0,0335 e 0,0275% para os níveis de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. Considerando o teor dos ácidos lático, acético, butírico e propiônico, pode-se depreender que a adição do farelo de arroz à ensilagem de capim-braquiaria favoreceu o processo fermentativo, pois propiciou a fermentação láctica. Tabela 1 - Valores médios do ácido lático (AL), ácido acético (AA), ácido butírico (AB) e ácido propiônico (AP) das silagens de capim-braquiaria com inclusão de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. Níveis de Farelo de Arroz (%) Equação de Regressão* R2 CV% 0 10 20 30 40 1 AL 3,182 4,523 4,975 5,427 5,558 Ŷ=3,602+0,056X 0,87 8,23 AA1 1,539 1,137 0,911 0,885 0,815 Ŷ=1,397-0,017X 0,83 8,93 AB1 0,098 0,074 0,068 0,065 0,063 Ŷ=0,08-0,0008X 0,76 9,35 AP1 0,059 0,037 0,035 0,033 0,030 Ŷ=0,0515-0,0006X 0,72 9,57 *Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t; 1Porcentagem; CV = coeficiente de variação Ácidos Conclusões A inclusão de 10% de farelo de arroz já assegura boa fermentação da silagem de capim-braquiaria. Literatura citada MATHEW, S.; SAGATHEVAN, S.; THOMAS, J. An HPLC method for estimation of volatile fatty acids in ruminal fluid. Indian Journal of Animal Science, v.67, n.9, p.805-807, 1997. McDONALD, P. The biochemistry of silage. Chichester: John Wiley e Sons, 218p., 1981. MUCK, R.E. Factors influencing silage quality e their implication for management. Journal of Dairy Science, v.71, p.2992-3002, 1988. SANTOS, E.M., ZANINE, A.M., FERREIRA, D.J., OLIVEIRA, J.S., PENTEADO, D.C.S. E PEREIRA, O.G. Inoculante ativado melhora a silagem de capim-tanzânia (Panicum maximum). Archivos de Zootecnia, v.215, p.1-8, 2008. ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; PEREIRA, O.G.; ALMEIDA, J.C.C. Efeito do farelo de trigo sobre as perdas, recuperação da matéria seca e composição bromatológica de silagem de capim-mombaça. Brazilian Journal of Veterinary Research and Animal Science, v. 54, p. 1-10, 2006 (a). ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; OLIVEIRA, J.S.; ALMEIDA, J.C.C.; PEREIRA, O.G. Avaliação da silagem de capim-elefante com adição de farelo de trigo. Arquivos de Zootecnia, v. 55, p. 75-84, 2006 (b). 382 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.20. Características estruturais da forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk fertirrigada com água residuária de suínos1 Bruno Grossi Costa Homem2, Onofre Barroca de Almeida Neto3, Marisa Senra Condé2, Igor Machado Ferreira4, Mateus Diniz Silva4, Valdir Botega Tavares3. 1 Parte da Iniciação Científica do primeiro, terceiro e quarto autor, financiada pela FAPEMIG. Graduandos em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. 3 Professor Adjunto do IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. 4 Estudante do Curso Técnico Integrado em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. 2 Resumo: Foram avaliadas as características estruturais da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk sob a aplicação de diferentes doses de Água Residuária de Suínos (ARS). O experimento foi realizado numa área plana, ocupado com pastagem de Brachiaria decumbens cv. Basilisk estabelecida há três anos. No total foram cinco ciclos da forrageira, onde a cada ciclo da forragem, foram aplicadas as doses de 0, 10, 20 e 30 m3.ha-1 de ARS, totalizando as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano-1. O experimento foi realizado em delineamento de blocos casualizados em parcelas subdivididas. Não houve diferença (p>0,05) na proporção de lâmina verde da gramínea com a aplicação das diferentes doses de ARS, porém ao longo do experimento observou-se tendência ao aumento das lâminas verdes (p<0,05). Para a proporção de colmo e material morto, ambos apresentaram diferença (p<0,05) com as diferentes doses de ARS, porém muito influenciadas pelo manejo empregado na pastagem. Palavras–chave: colmo, lâmina verde, material morto, descanso fixo Structural characteristics of Brachiaria decumbens cv. Basilisk fertirrigated with wastewater swine1 Abstract: We evaluated the structural characteristics of grass Brachiaria decumbens cv. Basilisk under the application of different doses of swine wastewater (ARS). The experiment was conducted in a flat at, busy with Brachiaria decumbens cv. Basilisk pastures established three years ago. The in total of five cycles of forage, where each cycle, were applied doses of 0, 10, 20 and 30 m3.ha-1 the ARS, total doses of 0, 50, 100 and 150 m3.ha-1.year-1. The experiment was conducted in randomized block design with split plots. There was no difference (p> 0.05) in the proportion of green blade of grass with the application of different doses of ARS, but throughout the experiment showed a tendency to increased green blades (p <0,05). For the proportion of stem and dead 383 material, both showed differences (p <0.05) with different doses of ARS, but very influenced by the management used in the pasture. Keywords: stem, green blade, dead material, rest fixed Introdução Um dos principais objetivos com o manejo do pastejo é fazer com que a maior parte da forragem consumida pelo animal seja composta por lâminas foliares. Contudo, são diversos os fatores que influenciam os processos que resultam na disponibilização dessa lâmina foliar ao animal. Um desses fatores corresponde à fertilidade do solo, sendo um dos mais susceptíveis a mudanças. A baixa fertilidade dos solos é um fator limitante para o crescimento das gramíneas e o estudo das quantidades mais adequadas de ARS a ser utilizada como fonte de nutrientes, é de grande importância no manejo das pastagens. O objetivo deste trabalho foi avaliar as características estruturais da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk com a aplicação de diferentes doses da ARS. Material e Métodos O experimento foi conduzido numa área de 252 m2, localizada em uma propriedade rural no município de Silveirânia-MG, no período de dezembro de 2011 a maio de 2012, em área plana, ocupado com pastagem de Brachiaria decumbens cv. Basilisk estabelecida há três anos. Os tratamentos foram alocados em delineamento de blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas mediram 6 m2 (3 × 2 m), distantes 1,5 m entre si. Foram cinco ciclos de produção da forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk, sendo que o volume de água residuária total de cada tratamento foi dividido igualmente entre os cinco ciclos. Dessa forma foi aplicado a cada ciclo da forrageira as doses 0, 10, 20 e 30 m³.ha -1 da ARS, totalizando as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano-1. O experimento foi realizado em período de descanso fixo, onde a aplicação do efluente foi feita a cada 28 dias, após cada corte da forrageira. Em cada parcela foram cortadas manualmente duas amostras da pastagem, com altura aproximada de 15 cm acima do nível do solo, utilizando molduras de 0,25 m². O material foi separado em lâmina foliar verde, colmo verde e material morto. Posteriormente, as amostras foram pesadas, acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa com ventilação forçada, a 65ºC, durante 72 horas, quando novamente foram pesadas. Os dados obtidos foram utilizados para estimação dos percentuais de cada componente estrutural na gramínea. Os dados foram submetidos à análise da variância, com posterior análise de regressão. Para comparação das médias obtidas nas datas de cortes, utilizou-se o teste F a 5% de significância. A análise estatística foi realizada por meio do Programa SISVAR. Resultados e Discussão O percentual de lâmina verde na gramínea não foi influenciado pela aplicação das diferentes doses de ARS (p>0,05), tendo um valor médio 56,60 % entre os tratamentos. Resultados semelhantes foram encontrados por ARAÚJO et al. (2011), que verificaram que no segundo ano de aplicação do Dejeto Líquido de Bovino (DLB) em pastagem de Brachiaria brizantha cv. Marandu, não influenciou a porcentagem de lâmina verde na gramínea, obtendo um valor médio de 59,9%. 384 Ao longo das sucessivas aplicações da ARS, observamos que a participação da lâmina verde na gramínea foi influenciada (p<0,05), havendo aumento da mesma ao longo do tempo (Figura 1). Figura 1 – Variação do percentual de lâmina verde da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS. O acréscimo do percentual de lâmina verde encontrado pode ter relação com a quebra de dominância apical, por causa dos cortes sucessivos e do estímulo dos nutrientes fornecidos pela aplicação do dejeto, proporcionando um bom desenvolvimento de folhas na mesma (ARAÚJO et al., 2011). Para o colmo, observa-se que houve efeito significativo (p<0,05) da aplicação das diferentes doses de ARS (Figura 2). Esse aumento do percentual de colmo na gramínea pode estar ligado ao fato de que, com o aumento das doses de ARS, fornecendo uma maior quantidade de nutrientes à planta, que em condições climáticas adequadas para o seu desenvolvimento, possui um crescimento acelerado. Assim, como o experimento foi realizado em período de descanso fixo, proporciona uma maior taxa de alongamento de pseudocolmo, pelo excessivo desenvolvimento da planta, resultando em elevada competição por luz entre os perfilhos nesse local. Nessa condição, a planta prioriza a alocação de carbono no alongamento dos entrenós, para posicionar a nova área foliar nas camadas menos sombreadas do dossel (LEMAIRE, 2001). O percentual de material morto na gramínea foi alterado (p<0,05) pelas diferentes doses de ARS, tendo uma tendência à diminuição com o aumento das doses de ARS (Figura 3). Como o experimento foi realizado em período de descanso fixo, esperava-se que a senescência aumentasse, pelo fato de que, muitas vezes, ela pode estar associada ao processo de alongamento do pseudocolmo, pois, sob sombreamento, tanto o alongamento do pseudocolmo quanto a senescência de folhas são desencadeados (LEMAIRE, 2001). Porém, à medida que se maneja corretamente uma pastagem, empregando-se um pastejo uniforme, e rebaixando a mesma até a altura de resíduo ideal, espera-se que o material senescente diminua, pela retirada da dominância apical e estímulo ao perfilhamento basilar. Conclusões O aumento das lâminas verdes ao longo do experimento e a diminuição do material morto refletem o aumento de nutrientes fornecido ao solo e o manejo correto na remoção total da gramínea até a altura de resíduo. Contudo, o aumento da 385 participação do colmo na gramínea, é resultante ao método de período de descanso utilizado. Figura 2 – Variação do percentual de folhas da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS. Figura 3 – Variação do percentual de material morto da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS. Literatura citada ARAÚJO, A.S.; SANTOS, A.C.; NETO, S.P.S.; SANTOS, P.M.; SILVA, J.E.C.; SANTOS, J.G.D. Produtividade do capim-marandu e alterações químicas do solo submetido a doses de dejetos líquidos de bovinos. Rev. Ci. Agra., v.54, n.3, p.235-246, Set/Dez 2011. LEMAIRE, G. Ecophisiology of grasslands: dinamic aspects of forageplant populations in grazed swards. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19., 2001, São Pedro, 2001. Proceedings...São Pedro: FEALQ, 2001. p.29-37. 386 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.21. Índice populacional de perfilhos no capim-tanzânia manejado com parâmetros ecofisiológicos1 Renan Marvila da Silva Santos2, Anderson de Moura Zanine3, Domicio Nascimento Júnior3, Wilton Ladeira da Silva4, Daniele de Jesus Ferreira5, Márcia Cristina Teixeira da Silveira6 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT/Campus Rondonópolis. 3 Professor do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis, email: [email protected]. 4 Doutorando em Zootecnia – UNESP, Jaboticabal, SP. 5 Pós-doutoranda Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis. 6 Pesquisadora da EMBRAPA/Pecuária Sul, Bagé, RS. 2 Resumo: O experimento foi conduzido para avaliar o índice de estabilidade de perfilhos de pastos de capim-tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) submetidos a duas frequências de pastejo (tempo necessário para interceptar 90 e 95% da luz incidente) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm). O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados com três repetições, em um arranjo fatorial 2 x 2. O índice de estabilidade de perfilhos manteve-se acima de 1 ao longo de todo o ano experimental. Esses resultados demonstram que as estratégias de manejo avaliadas não comprometeram a estabilidade da população de perfilhos do capim-tanzânia, sugerindo que todas as combinações entre frequências e intensidades pós-pastejo foram adequadas para o manejo do capim-tanzânia. Palavras–chave: ecofisiologia vegetal, frequência de pastejo, Panicum maximum Tiller population in Guinea grass pasture with ecofisiológicos parameters Abstract: This study was carried out to analyze the tillering profile of Guinea grass (Panicum maximum cv. Tanzania) pastures subjected to two grazing frequencies (time necessary to intercept 90 and 95% of the incoming light) and two post-grazing heights (30 and 50 cm). The experimental design was of completely randomized blocks with three replications, in a 2 × 2 factorial arrangement. The stability index remained above 1 throughout the experimental period. These results demonstrate that the management strategies evaluated did not affect the stability of the tiller population of Guine grass, suggesting that all combinations of frequencies and severities after grazing were appropriate for the management of Tanzania grass. 387 Keywords: grazing frequency, Panicum maximum, plant ecophysiology Introdução Os pastos são constituídos por uma população de perfilhos de diferentes idades, em que cada perfilho possui sua própria dinâmica de produção de lâminas foliares com período limitado de vida. Assim, o crescimento e a produtividade dos pastos dependem da contínua produção de novas lâminas foliares e perfilhos para reposição daqueles que morreram ou foram consumidos (Hodgson, 1990). Notadamente esse processo pode ser acelerado pela desfolhação da planta e consequente melhoria do ambiente luminoso na base do dossel. Esse processo pode ser explicado pelo fato de os perfilhos individuais terem duração de vida limitada e ser mantida uma contínua reposição dos perfilhos mortos (Skinner e Nelson, 1992). Nesse sentido, objetivou-se com o experimento avaliar o índice de estabilidade de perfilhos em pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências e duas alturas pós-pastejo em lotação intermitente. Material e Métodos O trabalho foi realizado em área do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, MG, com o Panicum maximum cv. Tanzânia, no período de novembro de 2005 a outubro de 2006. O clima da região é do tipo Cwa, subtropical, possuindo estações seca (nos meses mais frios) e chuvosa (nos meses mais quentes) bem definidas. No início de outubro de 2005, realizou-se um corte de uniformização do pasto a 35 cm do solo, utilizando-se roçadeira costal. As avaliações foram iniciadas (07/11/2005), encerrando-se no dia 12/10/2006. Foram avaliadas combinações entre duas frequências (período de tempo necessário para o dossel alcançar 90 e 95% de interceptação de luz durante a rebrotação) e duas severidades de pastejo (caracterizada por alturas pós-pastejo de 30 e 50 cm), segundo um arranjo fatorial 2 x 2. Assim, os tratamentos corresponderam a quatro estratégias de manejo do pastejo (combinação entre frequência e severidade): 90/30, 90/50, 95/30 e 95/50. As estratégias de manejo do pastejo foram alocadas às unidades experimentais (piquetes de 144 m2) em um delineamento experimental de blocos completos casualizados com três repetições. Os pastejos foram realizados por bovinos mestiços de aproximadamente 460 kg de peso corporal. Altas taxas de lotação foram empregadas para que o pastejo não excedesse o período diurno na obtenção da altura de resíduo especifica de cada tratamento. Durante o experimento, foram utilizados 150 kg/ha de nitrogênio, na forma de ureia, divididos em três doses de 50 kg/ha após a saída dos animais dos piquetes. Como o intervalo de pastejo e as condições de entrada dos animais nos piquetes foram variáveis, as datas de aplicação também foram distintas (Tabela 1). Porém, realizadas de forma que todos os tratamentos recebessem a mesma quantidade de nitrogênio ao final do período experimental. O monitoramento da interceptação de luz pelos pastos foi realizado utilizando-se o aparelho analisador de dossel AccuPAR. Para a avaliação da taxa de mortalidade de perfilhos foram marcadas três touceiras por unidade experimental em pontos representativos dos pastos. No início do período experimental todos os perfilhos pertencentes às touceiras foram contados e marcados com arames revestidos de plástico de uma cor determinada. 388 O índice de estabilidade da população de perfilhos foi calculado de acordo com metodologia descrita por Bahmani et al. (2003), utilizando-se a expressão: índice de estabilidade = taxa de sobrevivência de perfilhos (1 + taxa de aparecimento de perfilhos). A taxa de sobrevivência de perfilhos foi calculada como: (1 – taxa de mortalidade de perfilhos). Resultados e Discussão Após o primeiro ciclo de pastejo, a população de perfilhos aumentou no período correspondente ao final da primavera e verão, decrescendo no inverno e elevando-se novamente no início da primavera (Figura 1). Independentemente da estratégia de manejo utilizada (frequência e altura póspastejo), o índice de estabilidade manteve-se acima de 1 durante todo o período experimental (Figura 1). Esses resultados demonstram que as estratégias de manejo avaliadas não comprometeram a estabilidade da população de perfilhos do capimtanzânia, sugerindo que todas as combinações entre frequências e intensidades póspastejo foram adequadas para o manejo do capim-tanzânia. Em razão das melhores condições de crescimento (temperatura, luminosidade, umidade do solo) existente a partir do final da primavera, o índice de estabilidade aumentou até atingir um pico no verão, indicando aumento da população de perfilhos. O verão foi marcado por maiores taxas de aparecimento e mortalidade de perfilhos, indicando elevada capacidade de renovação de perfilhos do pasto, porém sem comprometer a estabilidade do pasto. O outono e, especialmente, o inverno são épocas com condições restritivas de crescimento e desenvolvimento das plantas. Assim, houve redução no aparecimento e na mortalidade de perfilhos durante essas épocas do ano. Como consequência, houve decréscimo no número de perfilhos e no índice de estabilidade (Figura 1) para todas as estratégias de manejo. Tabela 1 – Data de aplicação do fertilizante nitrogenado em cada unidade experimental durante o período experimental. Tratamento Bloco Data 90/30 90/30 90/30 95/30 95/30 95/30 90/50 90/50 90/50 95/50 95/50 95/50 I II III I II III I II III I II III 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 1ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Data 28/12 28/12 28/12 28/01 28/01 28/01 20/12 20/12 20/12 06/01 06/01 06/01 2ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Data 03/02 03/02 03/02 01/03 01/03 01/03 23/02 23/02 23/02 09/02 09/02 09/02 3ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Total (kg/ha) 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 389 Figura 1 – Índice de estabilidade de perfilhos durante o ano experimental, em pastos de capim-tanzânia manejados com frequências (tempo para interceptar 90 e 95 % da luz) e alturas pós-pastejo (30 ou 50 cm). Conclusões O índice de estabilidade manteve-se acima de 1 ao longo de todo o período experimental. Demonstra que as estratégias de manejo avaliadas não comprometeram a estabilidade da população de perfilhos do capim-tanzânia, sugerindo que todas as combinações entre frequências e intensidades pós-pastejo foram adequadas para o manejo do capim-tanzânia. Literatura citada BAHMANI, I.; THOM, E.R.; MATTHEW, C. et al. Tiller dynamics of perennial ryegrass cultivars derived from different New Zealand ecotypes: effects of cultivar, season, nitrogen fertilizer, and irrigation. Australian Journal of Agricultural Research, v.54, p.803-817, 2003. HODGSON, J. Grazing management: science into practice. New York: Longman, 1990. 203p. SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Estimation of potential tiller production and site usage during tall fescue canopy development. Annals of Botany, v.70, p.493-499, 1992. 390 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.22. Taxa de aparecimento de perfilhos no capim-tanzânia submetido a frequências e intensidades de pastejos1 Renan Marvila da Silva Santos2, Anderson de Moura Zanine3, Domicio Nascimento Júnior3, Wilton Ladeira da Silva4, Daniele de Jesus Ferreira5, Márcia Cristina Teixeira da Silveira6 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT/Campus Rondonópolis. 3 Professor do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis, email: [email protected]. 4 Doutorando em Zootecnia – UNESP, Jaboticabal, SP. 5 Pós-doutoranda Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis. 6 Pesquisadora da EMBRAPA/Pecuária Sul, Bagé, RS. 2 Resumo: Este trabalho foi conduzido para avaliar a taxa de aparecimento de perfilhos de pastos de Panicum maximum cv. Tanzânia submetidos a duas frequências de pastejo (tempo necessário para interceptar 90 e 95% da luz incidente) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm). O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados com três repetições, em um arranjo fatorial 2 x 2. No final da primavera, pastos manejados com 90% de interceptação de luz apresentam maiores taxas de aparecimento de perfilhos em relação aos pastos manejados com 95%, independentemente da altura póspastejo. No verão e no outono, pastos manejados com altura pós-pastejo de 30 cm apresentaram maiores taxas de aparecimento de perfilhos comparativamente aos pastos manejados com 50 cm. No verão, maiores valores foram registrados em pastos manejados com 90/50 e 95/30, intermediários naqueles manejados a 90/30 e menores naqueles manejados a 95/50. No inverno/início de primavera pastos manejados com 95/30 apresentaram menores taxas de aparecimento de perfilhos comparativamente aos pastos manejados a 90/30 e 90/50 e 95/50. Todas as estratégias de manejo avaliadas foram adequadas para o capim-tanzânia. Palavras–chave: ecofisiologia vegetal, frequência de pastejo, Panicum maximum Tillering in Guinea grass subjected to frequency and intensity of grazing Abstract: This study was carried out to analyze the tillering profile of Guinea grass (Panicum maximum cv. Tanzania) pastures subjected to two grazing frequencies (time necessary to intercept 90 and 95% of the incoming light) and two post-grazing heights (30 and 50 cm). The experimental design was of completely randomized blocks with three replications, in a 2 × 2 factorial arrangement. At the end of the spring, pastures managed with 90% light interception showed greater tiller appearance rates in relation 391 to pastures managed with 95%, regardless of post-grazing height. In the summer, the highest values were recorded in pastures managed with 90/50 and 95/30, those intermediaries handled the 90/30 and those managed under the 95/50. In winter / early spring pastures managed with 95/30 had lower rates of tillering compared to swards grazed to 90/30 and 90/50 and 95/50. All management strategies evaluated are adequate for Guinea grass. Keywords: grazing frequency, Panicum maximum, plant ecophysiology Introdução O perfilho é a unidade básica de produção das gramíneas forrageiras, que utilizam o perfilhamento como forma de crescimento e, sobretudo, de sobrevivência (Hodgson, 1990). A persistência de uma gramínea forrageira está associada à contínua reposição dos perfilhos, uma vez que os perfilhos apresentam duração de vida limitada e variável em função de condições intrínsecas à planta forrageira (espécie, estádios vegetativo e reprodutivo), de fatores ambientais (temperatura, luminosidade, umidade, fertilidade) e do manejo do pastejo (frequência e intensidade). No Brasil, a partir de estudos recentes, recomenda-se que a rebrotação do capimtanzânia deve ser interrompida quando o dossel alcançar 70 cm, altura correspondente a 95% de interceptação de luz incidente pelo pasto (Barbosa et al., 2007). Definida essa frequência de desfolhação, a flexibilidade de manejo do pastejo pode ser gerada por meio de variações na altura pós-pastejo. Assim, o trabalho foi proposto para avaliar a taxa de aparecimento de perfilhos em pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências (tempo para interceptar 90 e 95% de luz) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm) em lotação intermitente. Material e Métodos O trabalho foi realizado em área do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, MG, com o Panicum maximum cv. Tanzânia, no período de novembro de 2005 a outubro de 2006. O clima da região é do tipo Cwa, subtropical, possuindo estações seca (nos meses mais frios) e chuvosa (nos meses mais quentes) bem definidas. No início de outubro de 2005, realizou-se um corte de uniformização do pasto a 35 cm do solo, utilizando-se roçadeira costal. As avaliações foram iniciadas (07/11/2005), encerrando-se no dia 12/10/2006. Foram avaliadas combinações entre duas frequências (período de tempo necessário para o dossel alcançar 90 e 95% de interceptação de luz durante a rebrotação) e duas severidades de pastejo (caracterizada por alturas pós-pastejo de 30 e 50 cm), segundo um arranjo fatorial 2 x 2. Assim, os tratamentos corresponderam a quatro estratégias de manejo do pastejo (combinação entre frequência e severidade): 90/30, 90/50, 95/30 e 95/50. As estratégias de manejo do pastejo foram alocadas às unidades experimentais (piquetes de 144 m2) em um delineamento experimental de blocos completos casualizados com três repetições. Os pastejos foram realizados por bovinos mestiços de aproximadamente 460 kg de peso corporal. Altas taxas de lotação foram empregadas para que o pastejo não excedesse o período diurno na obtenção da altura de resíduo especifica de cada tratamento. Após o pastejo os animais permaneceram em um pasto reserva e só retornaram à unidade experimental quando as mesmas atingiam, novamente, as metas pré-pastejo estabelecidas (90 ou 95% de interceptação de luz). Durante o experimento, foram utilizados 150 kg/ha de nitrogênio, na forma de ureia, divididos em três doses de 50 kg/ha após a saída dos animais dos piquetes. Como 392 o intervalo de pastejo e as condições de entrada dos animais nos piquetes foram variáveis, as datas de aplicação também foram distintas (Tabela 1). Porém, realizadas de forma que todos os tratamentos recebessem a mesma quantidade de nitrogênio ao final do período experimental. O monitoramento da interceptação de luz pelos pastos foi realizado utilizando-se o aparelho analisador de dossel AccuPAR. Para a avaliação da taxa de aparecimento de perfilhos foram marcadas três touceiras por unidade experimental em pontos representativos dos pastos. No início do período experimental todos os perfilhos pertencentes às touceiras foram contados e marcados com arames revestidos de plástico de uma cor determinada. Dessa forma, foi possível estimar a população de perfilhos de todas as gerações, e calcular as taxas de aparecimento {[(perfilhos novos/total de perfilhos vivos na marcação anterior) x 100]/ dias de rebrotação. Os resultados foram agrupados nas seguintes épocas do ano: final de primavera (novembro e dezembro de 2005); verão (janeiro a março de 2006); outono (abril a junho de 2006); e inverno/início da primavera (julho a outubro de 2006). Os dados assim agrupados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o procedimento do pacote estatístico SAS. A comparação de médias foi realizada por meio do teste de Tukey adotando-se o nível de significância de 10%. Resultados e Discussão No final da primavera, pastos manejados com 90/30 e 90/50 apresentaram maiores taxas de aparecimento de perfilhos relativamente aos pastos manejados a 95/30 e 95/50. No verão e no outono, pastos manejados com 90/30 e 95/30 apresentaram maiores valores em comparação aos pastos manejados a 90/50 e 95/50. No inverno/início de primavera pastos manejados com 95/30 apresentaram menores taxas de aparecimento de perfilhos comparativamente aos pastos manejados a 90/30, 90/50 e 95/50 (Tabela 2). No início do período experimental, isto é, final de primavera, pastos manejados com 90% de interceptação de luz apresentaram maior taxa de aparecimento de perfilhos em relação aos pastos manejados a 95%, independentemente da altura póspastejo avaliada (Tabela 1). Tabela 1 – Data de aplicação do fertilizante nitrogenado em cada unidade experimental durante o período experimental. Tratamento Bloco Data 90/30 90/30 90/30 95/30 95/30 95/30 90/50 90/50 90/50 95/50 95/50 95/50 I II III I II III I II III I II III 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 1ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Data 28/12 28/12 28/12 28/01 28/01 28/01 20/12 20/12 20/12 06/01 06/01 06/01 2ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Data 03/02 03/02 03/02 01/03 01/03 01/03 23/02 23/02 23/02 09/02 09/02 09/02 3ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Total (kg/ha) 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 O potencial de perfilhamento de um genótipo está relacionado à sua capacidade de emissão de folhas, uma vez que cada folha formada corresponde à formação de uma nova gema axilar, capaz de gerar um novo perfilho. Em teoria, o aparecimento de novas folhas resulta em oportunidade de aparecimento de novos perfilhos (Skinner & Nelson, 393 1992). Assim, as maiores taxas de aparecimento de perfilhos nos pastos manejados com 90% de interceptação de luz pelo dossel podem estar relacionadas à maior taxa de aparecimento de folhas, maior nesses pastos em comparação com aqueles manejados a 95% de interceptação de luz. Esse padrão pode ser em resposta à menor competição por luz associada ao pastejo mais baixo (30 cm) no início do período experimental. Tabela 2 - Taxa de aparecimento de perfilhos (perfilho/100.perfilho.dia) em pastos de capim-tanzânia submetidos a estratégias de pastejo em lotação intermitente Altura pós-pastejo (cm) Interceptação luminosa (%) 90 95 Final da primavera 30 50 1,10Aa (0.202) 0.85Aa (0.873) 0.45Ba (0.205) 0.45Ba (0.277) Verão 30 50 1.92Aa (0.326) 1.66Ab (0.408) 2.33Aa (0.370) 1.40Ab (0.449) Outono 1.30Aa (0.395) 0.70Ab 50 (0.216) inverno/início da primavera 1.21Aa 0.69Ba 30 (0.271) (0.243) 1.08Aa 0.98Aa 50 (0.103) (0.178) Números entre parênteses correspondem ao erro padrão da média Para cada época, médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P>0,10). 30 1.10Aa (0.152) 0.79Ab (0.113) Conclusões A taxa de aparecimento de perfilhos é maior no verão em relação ao final da primavera, outono e inverno/início de primavera. A frequência de pastejo de 90 e 95% de interceptação luminosa promove altas taxas de aparecimento de perfilhos, principalmente no período chuvoso. Literatura citada BARBOSA, R.A.; NASCIMENTO JÚNIOR, D.; EUCLIDES, V.B.P. Capim-tanzânia submetido a combinações entre intensidade e frequência de pastejo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.42, p.329-340, 2007. HODGSON, J. Grazing management: science into practice. New York: Longman, 1990. 203p. SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Estimation of potential tiller production and site usage during tall fescue canopy development. Annals of Botany, v.70, p.493-499, 1992. 394 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.23. Mortalidade de perfilhos no capim-tanzânia submetido à pastejos rotativos1 Renan Marvila da Silva Santos2, Anderson de Moura Zanine3, Domicio Nascimento Júnior3, Wilton Ladeira da Silva4, Daniele de Jesus Ferreira5, Márcia Cristina Teixeira da Silveira6 1 Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT/Campus Rondonópolis. 3 Professor do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis, email: [email protected]. 4 Doutorando em Zootecnia – UNESP, Jaboticabal, SP. 5 Pós-doutoranda Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis. 6 Pesquisadora da EMBRAPA/Pecuária Sul, Bagé, RS. 2 Resumo: Objetivou-se com o experimento para avaliar o padrão do perfilhamento de pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências de pastejo (tempo necessário para interceptar 90 e 95% da luz incidente) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm). O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados com três repetições, em um arranjo fatorial 2 x 2. A taxa de mortalidade de perfilhos não foi afetada pelas combinações entre frequência e alturas pós-pastejo no final da primavera. No verão, maiores valores foram registrados em pastos manejados com 90/50 e 95/30, intermediários naqueles manejados a 90/30 e menores naqueles manejados a 95/50. Pastos manejados a 90/30, 95/30 e 95/50 no outono apresentaram maiores taxas de mortalidade de perfilhos relativamente aos pastos manejados a 90/50. Essas diferenças desapareceram no inverno/início de primavera. Palavras–chave: ecofisiologia vegetal, frequência de pastejo, Panicum maximum Tiller mortality in Guinea grass subjected to rotational grazing Abstract: This study was carried out to analyze the tillering profile of Guinea grass (Panicum maximum cv. Tanzania) pastures subjected to two grazing frequencies (time necessary to intercept 90 and 95% of the incoming light) and two post-grazing heights (30 and 50 cm). The experimental design was of completely randomized blocks with three replications, in a 2 × 2 factorial arrangement. The tillers mortality rate of was not affected by combinations of frequency and post grazing heights in late spring. In the summer, the highest values were recorded in pastures managed with 90/50 and 95/30, those intermediaries handled the 90/30 and those managed under the 95/50. Swards grazed to 90/30, 95/30 and 95/50 in the fall had higher mortality rates of tillers in 395 relation to pastures managed 90/50. These differences disappeared in winter/early spring. Keywords: grazing frequency, Panicum maximum, plant ecophysiology Introdução Tendo por base que o perfilhamento de gramíneas forrageiras tem sido apontado como a característica mais importante para o estabelecimento da produtividade dessas plantas. É importante, estabelecer metas de padrões de desfolhações que promovam elevado potencial de renovação de tecidos, com maior acúmulo de lâminas foliares e controle efetivo do acúmulo de colmo e da senescencia, o que resulta em maior eficiência de pastejo e melhor desempenho animal. Contudo, em ambientes favoráveis ao crescimento do pasto, como em pastagens adubadas e, ou, irrigadas, é comum que um número maior de pastos alcance a condição ideal de pastejo rapidamente, devido ao aumento do fluxo de tecido (Zanine et al., 2011). Nesta situação, a realização do pastejo anterior à meta ideal de 95% de interceptação de luz pelo dossel poderia gerar flexibilidade de manejo. No entanto, esses estudos ainda são escassos. Nesse sentido, objetivou-se com o experimento avaliar a taxa de mortalidade de perfilhos em pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências (tempo para interceptar 90 e 95% de luz) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm) em lotação intermitente. Material e Métodos O trabalho foi realizado em área do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, MG, com o Panicum maximum cv. Tanzânia, no período de novembro de 2005 a outubro de 2006. O clima da região é do tipo Cwa, subtropical, possuindo estações seca (nos meses mais frios) e chuvosa (nos meses mais quentes) bem definidas. No início de outubro de 2005, realizou-se um corte de uniformização do pasto a 35 cm do solo, utilizando-se roçadeira costal. As avaliações foram iniciadas (07/11/2005), encerrando-se no dia 12/10/2006. Foram avaliadas combinações entre duas frequências (período de tempo necessário para o dossel alcançar 90 e 95% de interceptação de luz durante a rebrotação) e duas severidades de pastejo (caracterizada por alturas pós-pastejo de 30 e 50 cm), segundo um arranjo fatorial 2 x 2. Assim, os tratamentos corresponderam a quatro estratégias de manejo do pastejo (combinação entre frequência e severidade): 90/30, 90/50, 95/30 e 95/50. As estratégias de manejo do pastejo foram alocadas às unidades experimentais (piquetes de 144 m2) em um delineamento experimental de blocos completos casualizados com três repetições. Os pastejos foram realizados por bovinos mestiços de aproximadamente 460 kg de peso corporal. Altas taxas de lotação foram empregadas para que o pastejo não excedesse o período diurno na obtenção da altura de resíduo especifica de cada tratamento. Durante o experimento, foram utilizados 150 kg/ha de nitrogênio, na forma de ureia, divididos em três doses de 50 kg/ha após a saída dos animais dos piquetes. Como o intervalo de pastejo e as condições de entrada dos animais nos piquetes foram variáveis, as datas de aplicação também foram distintas (Tabela 1). Porém, realizadas de forma que todos os tratamentos recebessem a mesma quantidade de nitrogênio ao final do período experimental. 396 O monitoramento da interceptação de luz pelos pastos foi realizado utilizando-se o aparelho analisador de dossel AccuPAR. Para a avaliação da taxa de mortalidade de perfilhos foram marcadas três touceiras por unidade experimental em pontos representativos dos pastos. No início do período experimental todos os perfilhos pertencentes às touceiras foram contados e marcados com arames revestidos de plástico de uma cor determinada. Dessa forma, foi possível estimar a população de perfilhos de todas as gerações, e calcular as taxas de mortalidade de perfilhos mortalidade {[(perfilhos mortos/total de perfilhos vivos na marcação anterior) x 100]/ dias de rebrotação}. Os resultados foram agrupados nas seguintes épocas do ano: final de primavera (novembro e dezembro de 2005); verão (janeiro a março de 2006); outono (abril a junho de 2006); e inverno/início da primavera (julho a outubro de 2006). Os dados assim agrupados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o procedimento do pacote estatístico SAS. A comparação de médias foi realizada por meio do teste de Tukey adotando-se o nível de significância de 10%. Resultados e Discussão A taxa de mortalidade de perfilhos não foi afetada pelas combinações entre frequência e alturas pós-pastejo no final da primavera. No verão, maiores valores foram registrados em pastos manejados com 90/50 e 95/30, intermediários naqueles manejados a 90/30 e menores naqueles manejados a 95/50. Pastos manejados a 90/30, 95/30 e 95/50 no outono apresentaram maiores taxas de mortalidade de perfilhos relativamente aos pastos manejados a 90/50. Essas diferenças desapareceram no inverno/início de primavera (Tabela 2). A taxa de mortalidade de perfilhos não variou (P<0,10) entre as estratégias de manejo avaliadas no início da primavera. A população de perfilhos está relacionada a um equilíbrio dinâmico e harmônico entre os processos de aparecimento e morte de perfilhos. O final da primavera e o verão são caracterizados por melhores condições para o crescimento vegetal, marcadamente por maiores temperaturas, precipitação, luminosidade, bem como maior disponibilidade de nutrientes em razão da adubação (Tabela 1). Assim, nessas épocas as plantas aumentam suas taxas de crescimento e desenvolvimento e a renovação de perfilhos. Isso foi observado nesse experimento, em que maiores taxas de aparecimento e mortalidade de perfilhos (Tabela 2) ocorreram durante o verão, o que resultou em menor sobrevivência dos perfilhos. A maior renovação de perfilhos resulta em perfilhos mais jovens no pasto, que apresentam folhas mais novas, com maior capacidade fotossintética e, por conseguinte, maiores taxas de crescimento e desenvolvimento em relação a perfilhos velhos (Hodgson. 1990; Skinner e Nelson, 1992). 397 Tabela 1 – Data de aplicação do fertilizante nitrogenado em cada unidade experimental durante o período experimental Tratamento Bloco Data 90/30 90/30 90/30 95/30 95/30 95/30 90/50 90/50 90/50 95/50 95/50 95/50 I II III I II III I II III I II III 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 07/11 1ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Data 28/12 28/12 28/12 28/01 28/01 28/01 20/12 20/12 20/12 06/01 06/01 06/01 2ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Data 03/02 03/02 03/02 01/03 01/03 01/03 23/02 23/02 23/02 09/02 09/02 09/02 3ª dose (kg/ha) 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 50 Total (kg/ha) 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 150 Tabela 2 - Taxa de mortalidade de perfilhos (perfilho/100.perfilho.dia) em pastos de capim-tanzânia submetidos a estratégias de pastejo em lotação intermitente Interceptação Luminosa (%) 90 95 Final da primavera 0.34Aa 0.30Aa 30 (0.160) (0.230) 0.38Aa 0.49Aa 50 (0.180) (0.301) verão 2.20Ab 2.35Aa 30 (0.440) (0.850) 2.69Aa 1.65Bb 50 (0.090) (0.850) Outono 1.20Aa 1.02Aa 30 (0.080) (0.190) 0.61Bb 0.95Aa 50 (0.110) (0.150) Inverno/início da primavera 0.18Aa 0.29Aa 30 (0.090) (0.033) 0.51Aa 0.19Aa 50 (0.112) (0.093) Números entre parênteses correspondem ao erro padrão da média Para cada época, médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não diferem pelo teste de Tukey (P>0,10). Altura pós-pastejo (cm) Conclusões De forma geral, as taxas de mortalidade de perfilhos aumentaram no verão, reduzindo no outono e alcançando valores mínimos no inverno/início de primavera e final de primavera. Em relação às metas de pastejos houve eficiência na colheita, pois basicamente não houve efeito entre as metas. 398 Literatura citada HODGSON, J. Grazing management: science into practice. New York: Longman, 1990. 203p. SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Estimation of potential tiller production and site usage during tall fescue canopy development. Annals of Botany, v.70, p.493-499, 1992. ZANINE, A.M.; NASCIMENTO JÚNIOR, D.; SANTOS, M.E.R. Características estruturais e acúmulo de forragem em capim-tanzânia sob pastejo rotativo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.40, p.2364-2373, 2011. 399 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.24. Proporção dos Componentes Morfológicos de Pastagem de Capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv Napier sob Adubações Orgânica e Mineral1 Angelo Herbet Moreira Arcanjo 2, Paulo César Santos Oliveira2, Bruno Gossi Costa Homem2, Dejair Felipe Caetano 3, Valdir Botega Tavares4, Cristiano Gonzaga Jayme4 1 Parte da iniciação científica do primeiro e do quarto autor, financiada pelo PIBICTI/IF Sudeste MG e PIBIC-EM/CNPq. 2 Estudante de graduação em Zootecnia do IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba. 3 Estudante do curso técnico integrado em Agropecuária do IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba. 4 Professor do Departamento de Zootecnia do IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba. Resumo: O objetivo deste trabalho é a comparação da proporção folha/colmo do capim-elefante cv Napier com adubações orgânicas e minerais. O experimento foi conduzido em blocos ao caso, com cinco tratamentos e três repetições. As adubações foram realizadas em 133 e 200 Kg de N/ha na forma mineral e orgânica e mais um grupo controle. Não houve diferença significativa na proporção de folha/colmo apesar de a testemunha ter apresentado menor proporção de folhas e do tratamento com 200 Kg de N/ha ter apresentado maior proporção de folha em relação às demais. As adubações orgânicas na forma de cama sobreposta de suíno foram equivalentes às adubações minerais na proporção de folha e colmo. Palavras–chave: adubação mineral, adubação orgânica, cama sobreposta de suíno, capim-elefante, proporção de folha/colmo Relation of Morphological Components of Grassland Elephant Grass (Pennisetum purpureum Schum.) cv Napier fertilizations under Organic and Mineral Abstract: The objective of this study is to compare the ratio leaf/stem elephant grass cv Napier with organic and mineral fertilizers. The experiment was conducted in a randomized blocks design with five treatments and three replications. Fertilization was performed in 133 and 200 kg N/ha in organic and mineral form and one control group. There was no significant difference in the proportion of leaf/stem despite the witness having lesser proportion of leaves and treatment with 200 kg N/ha had a higher proportion of leaf in relation to others. Organic manuring in the form of litter pig were equivalent to mineral fertilizers in the ratio of leaf and stem. 400 Keywords: mineral fertilizer, organic manure, litter pig, elephant grass, proportion of leaf/stem Introdução O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) é uma gramínea de alto valor nutritivo e de alta produção de matéria seca por hectare. Características essas que fazem dessa forrageira ser uma das mais usadas na pecuária de leite para produção em capineira e em pastagens. Dentre as várias cultivares de capim-elefante a cultivar Napier tem alta exigência em fertilidade e em matéria orgânica. Em sistemas de capineiras e de pastejo rotativo é necessário o manejo anual de adubação para a conservação da produção de forragem. A ureia tem sido a principal fonte de adubação nitrogenada nas pastagens, mas devido às oscilações dos preços desse insumo, isso por ser um produto derivado do petróleo e por ser muito usado na agricultura. Uma alternativa barata para a substituição desse insumo como adubação nitrogenada seria a cama sobreposta, que é um produto da suinocultura intensiva em sistema deep-litter. O sistema deep-litter há poucos anos tem sido difundido no Brasil, ainda são poucos os trabalhos com o uso da cama sobreposta de suíno como adubação orgânica em pastagens estando mais relacionado à agricultura. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é a comparação da proporção folha/colmo do capim-elefante cv Napier, em simulação de pastejo, com adubações orgânicas e minerais. Material e Métodos O trabalho foi realizado no setor de forragicultura do Departamento Acadêmico de Zootecnia do IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. A área experimental está localizada em latitude de 21º15’12,23”, longitude de 43º09’38,41” e altitude elevada de 450m. O experimento foi conduzido em blocos ao acaso, com cinco tratamentos e três repetições. Os tratamentos eram compostos por duas doses de adubação mineral, duas de adubação orgânica e mais uma testemunha. Foi utilizado canteiros de 9m2 com corredores de 1m entre as parcelas. O plantio das mudas da cultivar Napier foi realizado no dia 03 de dezembro de 2012 em terreno arado e gradeado. Antes do plantio foi realizada uma análise de solo da área experimental, para as possíveis correções e adubações. Segundo os resultados da análise do solo, foi necessário somente a adubação fosfatada para o plantio usando-se 7 Kg de P2O5/ha. O resultado da análise de solo da área de implantação do experimento foi: pH (H 2O) = 6,2; P (mg/dm3) = 11,6; K (mg/dm3) = 102; Ca2+ (cmolc/dm3) = 3,40; Mg2+ (cmolc/dm3) = 0,70; Al3+ (cmolc/dm3) = 0; SB (cmolc/dm3) = 4,36; CTC (t) (cmolc/dm3) = 4,36; V (%) = 52,20; MO dag/Kg = 5,21 e P-rem (mg/L) = 24,00. As adubações foram realizadas com 133 e 200 Kg de N/ha na forma orgânica e mineral. Foram parceladas em quatro aplicações posteriormente ao corte de desbastamento e a saída do pastejo simulado. A adubação orgânica foi realizada com cama sobreposta de suíno e para a adubação química foi usada ureia. As quantidades de cloreto de potássio e super fosfato triplo nas adubações minerais foram determinadas de acordo com o nível de potássio e fósforo na cama sobreposta de suíno. Para determinação da quantidade de nitrogênio, fósforo e potássio foram realizadas as análises agronômicas da cama sobreposta de suíno, encontrando os seguintes níveis: N-total (mg/Kg) = 10.819, P-total (mg/Kg) = 413 e K (mg/Kg) = 1.400. A cama sobreposta de suíno foi coletada nas baias de recria e terminação do setor de suinocultura do Departamento Acadêmico de Zootecnia do IF Sudeste MG, Câmpus 401 Rio Pomba em agosto de 2012 e armazenada para fermentação. Essa cama foi elaborada com maravalha, ficando até 50cm de profundidade nas baias. Passaram 8 lotes de suínos desde a implantação da maravalha nas baias até sua retirada, com lotes em média de 20 animais/baia. O corte de desbastamento foi realizado no dia 17 de janeiro de 2013 e posteriormente foi realizada a aplicação da primeira adubação. Os cortes simulando pastejo foram realizados de acordo com a entrada (1m) e saída (0,5m) de pastejo para cultivar Napier. Esses cortes foram realizados no final da estação das águas entre janeiro a abril, sendo que o corte de desbastamento ocorreu durante um veranico na segunda quinzena de janeiro. A coleta da forragem foi realizada pelo método do quadrado, sendo para o capimelefante usou-se 1m2. As amostras foram pesadas e divididas para realização da matéria seca definitiva e para a morfogênese. Na análise de morfogênese as amostras foram separadas em folha e colmo, não sendo encontrado material morto. Posteriormente as amostras de folha e colmo foram pesadas e levadas para a estufa de 65º para a présecagem e novamente pesadas. Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as variáveis significativas obtidas foram submetidas ao teste Tukey ao nível de 5% através do programa Sisvar®. Resultados e Discussão Não houve diferença significativa na proporção de folha e colmo (p > 0,05), apesar de a testemunha ter apresentado menor proporção de folhas e maior de colmo e do tratamento com 200 Kg de N/ha ter apresentado maior proporção de folha e menor de colmo em relação às demais. Andrada et al. (2003) trabalhando com de três doses de nitrogênio (100, 200 e 400 kg/ha/ano de N) com três doses de potássio (50, 100 e 200 kg/ha/ano de K2O) não observou aumento na relação folha/colmo da cv Napier durante o período das águas. Cabral et al (2011) trabalhando com uma, duas e três aplicações de 150 m3/ha-1 de água residuária de suíno em capineira de capim-elefante, obterão resultados diferentes, sendo de 0,50 a 0,57 para relação folha/colmo com nível de significância de 5% de probabilidade. Segundo Giacomini & Aita (2008) a cama sobreposta de suínos em relação aos dejetos líquidos de suínos apresenta como baixo potencial como fertilizante nitrogenado para a cultura do milho devido à baixa taxa de mineralização do N orgânico na cama sobreposta. Tabela 1. Proporção dos componentes morfológicos do capim-elefante sob os diferentes tratamentos Tratamento % Folha % Colmo Testemunha 133 Kg N/ha – Mineral 200 Kg N/ha – Mineral 133 Kg N/ha – Orgânica 200 Kg N/ha – Orgânica Média CV(%) 64,59 68,08 69,88 68,48 68,32 67,87 12,77 35,41 31,92 30,12 31,52 31,68 32,13 26,98 Apesar de não ter diferença significativa, as médias da adubação orgânica foram equivalentes as da adubação mineral. Isso mostra que a cama sobreposta pode ser usada como adubo orgânico em pastagens de capim elefante cv Napier. Segundo Hentz et al. (2008) a cama sobreposta de suínos é uma alternativa para a adubação de pastagens 402 naturais, pois viabiliza a introdução de leguminosas e aumenta a produção e a qualidade da matéria seca. E o tipo de cama sobreposta de suínos influencia na eficiência como fertilizante, interferindo na composição botânica de pastagens mistas de leguminosasgramíneas. Entre as datas de corte houve diferença significativa (p < 0,05) do primeiro corte para os demais. Fato devido que, no primeiro corte, à medida que realizava o corte a 50 cm do solo e não atingia o meristema apical da gramínea, estimula o perfilhamento aéreo e basal do capim-elefante. Isto é uma das maiores dificuldades no manejo do capim-elefante sob pastejo devido a suas características morfológicas de crescimento cespitoso e porte alto (PEREIRA et al., 2010). Tabela 2. Relação dos componentes morfológicos do capim-elefante cv Napier em diferentes datas de corte Datas dos cortes % Folha % Colmo 19/02/2013 83,65 a 16,35 a 05/03/2013 60,93 b 39,07 b 25/03/2013 66,33 b 33,67 b 19/04/2013 60,58 b 39,42 b Média 67,87 32,13 CV (%) 9,06 19,15 Conclusões A adubação orgânica na forma de cama sobreposta de suíno mostra equivalente à adubação mineral para pastagens de capim-elefante cv Napier. É necessária a realização de novas pesquisas utilizando a cama sobreposta na adubação de pastagens tropicais para avaliar os benefícios dessa fonte de nutrientes. Literatura citada ANDRADE, A. C.; FONSECA, D. M.; QUEIROZ, D. S.; SALGADO, L. T.; CECON, P. R. Adubação nitrogenada e potássica em capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum. cv. Napier). Ciênc. agrotec., Edição Especial, p.1643-1651, 2003. CABRAL, J. R.; FREITAS, P. S. L.; REZENDE, R.; MUNIZ, A. S.; BERTONHA, A. Impacto da água residuária de suinocultura no solo e na produção de capim-elefante. R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.15, n.8, p.823–831, 2011. GIACOMINI, S. J. & AITA, C. Cama sobreposta e dejetos líquidos de suínos como fonte de nitrogênio ao milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.32, n. 1, p.195205, 2008. HENTZ, P.; SCHEFFER-BASSO, S. M.; ESCOSTEGUY, P. A. V.; FONTANELI, R. S. Utilização de cama sobreposta de suínos e sobressemeadura de leguminosas para aumento da produção e qualidade de pastagem natural. R. Bras. Zootec., v.37, n.7, p.1537-1545, 2008. PEREIRA, A. V.; AUAD, A. M.; LÉDO, F. J. S.; BARBOSA, S. Pennisetum purpeum. In: FONSECA, D. M.; MARTUSCELLO, J. A. Plantas forrageiras. Viçosa: UFV, 2010, cap. 6, p. 197-219. 403 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.25. Influência da fertirrigação com água residuária de suínos na estrutura do dossel da forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk1 Bruno Grossi Costa Homem2, Onofre Barroca de Almeida Neto3, Marisa Senra Condé2, Mateus Diniz Silva4, Igor Machado Ferreira4, Valdir Botega Tavares5. 1 Parte da Iniciação Científica do primeiro, terceiro, quarto e quinto autor, financiada pela FAPEMIG. Graduandos em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. 3 Professor Adjunto do IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. 4 Estudante do Curso Técnico Integrado em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. 2 Resumo: Foi avaliada a produção de biomassa das características estruturais da forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk sob a aplicação de diferentes doses de Água Residuária de Suínos (ARS). O experimento foi realizado numa área plana, ocupado com pastagem de Brachiaria decumbens cv. Basilisk estabelecida há três anos. No total foram cinco ciclos da forrageira, onde a cada ciclo, foram aplicadas as doses de 0, 10, 20 e 30 m3.ha-1 de ARS, totalizando as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano -1. O experimento foi realizado em delineamento de blocos casualizados em parcelas subdivididas. Houve diferença (p>0,05) na produção de biomassa de lâmina verde da gramínea com a aplicação das diferentes doses de ARS, mostrando que, com o aumento das doses de ARS, houve um incremento na produção de lâminas verdes, resultante do fornecimento de nutrientes, principalmente o nitrogênio via ARS. Para o colmo, verifica-se que também houve diferença (p<0,05) entre as doses, mostrando um comportamento crescente com o aumento das doses de ARS. Efeito causado pelo manejo usado na pastagem desencadeando reflexos na estrutura e morfologia da planta, pois, muitas vezes, o período de descanso fixo pode ser excessivo ou curto. Palavras–chave: biomassa, lâmina verde, colmo, nitrogênio, descanso fixo. Influence of irrigation with wastewater from pigs in canopy structure of Brachiaria decumbens cv. Basilisk. Abstract: We evaluated the biomass production of the structural characteristics of Brachiaria decumbens cv. Basilisk forage under the application of different doses of wastewater pigs (ARS). The experiment was conducted in a flat at, busy with Brachiaria decumbens cv. Basilisk pastures established three years ago. The in total of five cycles of forage, where each cycle, were applied doses of 0, 10, 20 and 30 m3.ha-1 the ARS, total doses of 0, 50, 100 and 150 m3.ha-1.year-1. The experiment was conducted in randomized block design with split plots. There was significant difference 404 (p> 0,05) in biomass production of green grass blade to the application of different doses of ARS, showing that with increasing doses of ARS, an increment in the production of green blades, resulting from supply of nutrients, particularly nitrogen through ARS. For the stem, there is also significant difference (p<0,05) between doses, showing an increasing pattern with increasing doses of ARS. Effect caused by the triggering pasture management reflections used in the structure and morphology of the plant, thus often fixed rest period may be short or excessive. Keywords: biomass, green blade, stem, nitrogen, rest fixed. Introdução Em sistemas de produção animal em pasto, o controle da estrutura do dossel forrageiro é de grande importância, uma vez que condiciona e determina os padrões de eficiência parcial do sistema: crescimento, utilização e conversão (HODGSON, 1990). A essência de manejo consiste em encontrar balanço eficiente entre o crescimento da planta, o seu consumo e a produção animal, para manter estável o sistema de produção (DA SILVA, 2004). DA SILVA & PEDREIRA (1997) apontaram que grande parte das informações sobre análise de crescimento de plantas forrageiras encontra-se na literatura estrangeira sobre clima temperado e, portanto, deve-se ter cuidado no uso dessas informações para orientar práticas de manejo de espécies forrageiras tropicais. Tornaram-se relevantes os estudos de dinâmica da produção primária das gramíneas forrageiras, por meio de avaliações de características morfogênicas, pois permitem o estudo do crescimento vegetal. Todavia, existe carência de informações sobre o comportamento morfofisiológico de gramíneas tropicais em pastagens adubadas com ARS. O objetivo deste trabalho foi avaliar a estrutura do dossel da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk com a aplicação de diferentes doses da ARS. Material e Métodos O experimento foi conduzido numa área de 252 m2, localizada em uma propriedade rural no município de Silveirânia-MG, no período de dezembro de 2011 a maio de 2012, em área plana, ocupado com pastagem de Brachiaria decumbens cv. Basilisk estabelecida há três anos. Os tratamentos foram alocados em delineamento de blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas mediram 6 m2 (3 × 2 m), distantes 1,5 m entre si. Foram cinco ciclos de produção da forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk, sendo que o volume de água residuária total de cada tratamento foi dividido igualmente entre os cinco ciclos. Dessa forma foi aplicado a cada ciclo da forrageira as doses 0, 10, 20 e 30 m³.ha-1 da ARS, totalizando as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano-1. O experimento foi realizado em período de descanso fixo, onde a aplicação do efluente foi feita a cada 28 dias, após cada corte da forrageira. Em cada parcela foram cortadas manualmente duas amostras da pastagem, com altura aproximada de 15 cm acima do nível do solo, utilizando molduras de 0,25 m². O material foi separado em lâmina foliar verde e colmo verde. Posteriormente, as amostras foram pesadas, acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa com ventilação forçada, a 65ºC, durante 72 horas, quando novamente foram pesadas. A partir da participação dos componentes lâmina foliar e colmo na massa seca total de cada amostra, estimou-se a biomassa de cada um dos componentes no dossel forrageiro. Os dados foram submetidos à análise da variância, com posterior análise de regressão. 405 Para comparação das médias obtidas nas datas de cortes, utilizou-se o teste F a 5% de significância. A análise estatística foi realizada por meio do Programa SISVAR. Resultados e Discussão A biomassa de lâminas verdes variou (p<0,05) com a aplicação das diferentes doses de ARS, mostrando uma tendência crescente de aumento da massa seca de lâminas verdes com aumento das doses de ARS (Figura 1). Figura 1 – Biomassa de lâminas verdes da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS. De acordo com MAZZANTI et al. (1994), a adubação de pastagens, principalmente a nitrogenada, é uma estratégia que permite aumentar a densidade volumétrica de forragem e, sobretudo, a produção de folhas no perfil da pastagem, pois o N tem efeito significativo sobre a taxa de aparecimento e alongamento de folhas nas gramíneas, aumento no número, no peso e no tamanho de seus perfilhos associados a uma maior taxa de expansão foliar. Para a biomassa de colmo, verificamos comportamento semelhante à folha (p<0,05), tendo tendência crescente com o aumento das doses de ARS (Figura 2). Esse aumento do percentual de colmo na gramínea pode estar ligado ao fato de que, com o aumento das doses de ARS, fornecendo uma maior quantidade de nutrientes à planta, e em condições climáticas adequadas para o seu desenvolvimento, a mesma atingiu um crescimento acelerado. Como o experimento foi realizado em período de descanso fixo, proporciona uma maior taxa de alongamento de pseudocolmo, pelo excessivo desenvolvimento da planta, resultando em elevada competição por luz entre os perfilhos nesse local. Nessa condição, a planta prioriza a alocação de carbono no alongamento dos entrenós, para posicionar a nova área foliar nas camadas menos sombreadas do dossel (LEMAIRE, 2001). Conclusões O incremento da biomassa de lâminas verdes e de colmo ao longo do experimento refletem o aumento de nutrientes fornecidos ao solo, principalmente o nitrogênio, via ARS. Contudo, o aumento da participação do colmo na gramínea, é resultante do método de manejo utilizado na pastagem. 406 Figura 2– Biomassa de colmos verdes da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS. Literatura citada DA SILVA, S.C.; PEDREIRA, C.G.S. Princípios de ecologia aplicados ao manejo de pastagem. In: FAVORETTO, V.; RODRIGUES, L. R.A; RODRIGUES, T.J.D. (Eds.) SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3., 1997, Jaboticabal. Anais... Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, 1997. p.1-62. DA SILVA, S.C. Understanding the dynamics of herbage accumulation in tropical grass species: the basis for planning efficient grazing management practices. In: PIZARRO. E.; CARVALHO, P.C.F.; DA SILVA, S.C. (Eds.) SYMPOSIUM ON GRASSLAND ECOPHYSIOLOGY AND GRAZING ECOLOGY, 2., 2004,UFPR, Curitiba. Anais... Curitiba. CD-ROM. HODGSON, J. Grazing management: science into practice. United Kingdom: Longman Scientific and Technical, Longman Group, 1990. 203p. LEMAIRE, G. Ecophisiology of grasslands: dinamic aspects of forageplant populations in grazed swards. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19., 2001, São Pedro, 2001. Proceedings...São Pedro: FEALQ, 2001. p.29-37. MAZZANTI, A.; LEMAIRE, G. Effect of nitrogen fertilization on herbage production of tall fescue continuously grazed by sheep. 2 – Consumption and herbage efficiency utilization. Grass and Forage Science, v.49, p.352-359, 1994. 407 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.26. Levantamento das práticas de estabelecimento de lavouras de milho cultivadas para silagem no município de Rio Pomba-MG1 Paulo César Santos Oliveira2, Cristiano Gonzaga Jayme3, Angelo Herbet Moreira Arcanjo2, Larissa Cotta Moreira2 1 Parte do trabalho de Iniciação Científica do primeiro autor, financiada pelo CNPq. Estudante de graduação em Zootecnia, IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba. 3 Professor do Departamento de Zootecnia, IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba. 2 Resumo: A silagem de milho é a principal alternativa utilizada pela pecuária nacional em substituição às pastagens durante o período seco. O objetivo do trabalho foi fazer um levantamento sobre o processo de estabelecimento de lavouras de milho destinadas à produção de silagem no município de Rio Pomba-MG. A pesquisa foi realizada de agosto de 2012 a junho de 2013 por meio de entrevista a 30 produtores de leite que produzem e utilizam silagem de milho durante parte ou todo o ano. A zona rural do município consiste de pequenas propriedades, o que é demonstrado pela pequena área média destinada à produção de milho para silagem que é de 3,4 hectares. O estabelecimento das lavouras de milho no município de Rio Pomba-MG é afetado pela ausência de práticas que certamente influenciam negativamente no potencial produtivo das lavouras de milho cultivadas para silagem. Palavras–chave: Conservação, diagnóstico, produção de leite, volumoso Survey of the practices of establishment of maize crops grown for silage in Rio Pomba-MG Abstract: Corn silage is the main alternative used by domestic livestock in exchange for grazing during the dry. The objective was to make a survey of the process of establishment of maize crops grown for silage in Rio Pomba-MG. The survey was conducted from August 2012 to June 2013 by interviewing the 30 dairy farmers who produce and use corn silage during part or all of the year. The rural municipality consists of small properties, as demonstrated by the small average area for the production of corn for silage, which is 3.4 hectares. The establishment of the maize crop in Rio Pomba-MG is affected by the lack of practice that will surely negatively influence the yield potential of corn grown for silage. 408 Keywords: Conservation, diagnosis, milk production, massive Introdução A maior parte da produção de leite no Brasil é baseada em sistemas a pasto. Entretanto, as condições climáticas não permitem que se consiga produção de forragem adequada durante todo o ano. Para enfrentar tal adversidade, a prática de ensilagem de forrageiras entra como alternativa na suplementação do rebanho durante o período seco, mantendo os animais com produção e peso satisfatório. A silagem de milho é a principal alternativa utilizada pela pecuária nacional em substituição às pastagens durante o período seco e continua sendo uma das melhores opções de suplementação devido à produtividade, palatabilidade e valores nutricionais satisfatórios. O levantamento de dados pode ser uma ferramenta auxiliar na elaboração de políticas públicas e intervenções por meio de ações extensionistas mais efetivas na busca de sistemas de produção mais sustentáveis. Bressan et al. (2009) considera que a avaliação de resultados da extensão rural pública apresenta dados e informações que permitem aos tomadores de decisão e formuladores de políticas da extensão rural continuarem a investir nesse tipo de intervenção. O objetivo do trabalho foi fazer um levantamento sobre o processo de estabelecimento de lavouras de milho destinadas à produção de silagem no município de Rio Pomba-MG, apurando as principais limitações e práticas inadequadas ocorridas durante todo o processo. Material e Métodos O estudo foi realizado no município de Rio Pomba, localizado na mesorregião da Zona da Mata de Minas Gerais, entre agosto de 2012 e junho de 2013. Foram entrevistados 30 produtores de leite, escolhidos aleatoriamente, que produzem e utilizam silagem de milho durante parte ou todo o ano. A aplicação do questionário foi feita por meio de visitas às propriedades. O questionário aplicado continha questões relacionadas à: área cultivada com milho para silagem, grupo de milho (duro, semiduro ou dentado, ou não sabe), genética (variedade, híbrido ou transgênico), cultura antecessora, tratamento das sementes, sistema de semeadura (direto, convencional ou cova), espaçamento entre fileiras, controle de pragas, principal praga, realização análise química do solo, prática de calagem, realização de adubação (plantio e cobertura), operação de semeadura (própria ou contratada) e utilização de irrigação. Os dados obtidos foram processados com o auxílio do software Microsoft Excel ® para obtenção de porcentagens e média, máxima e mínima de alguns dados. Resultados e Discussão A área média das lavouras de milho cultivadas para silagem no município de Rio Pomba-MG é de 3,4 hectares, com máxima de 23 hectares e mínima de 0,3 hectares. A zona rural do município consiste de pequenas propriedades, o que é demonstrado pela pequena área média destinada à produção de milho para silagem. Segundo o levantamento de Oliveira Júnior et al. (2012) 80,7% dos produtores de leite de Rio Pomba-MG possuem até 50 animais no rebanho, caracterizando propriedades de pequeno porte. 409 A análise de solo é realizada apenas por 43,3% dos entrevistados. A partir da análise do solo se conhece o perfil de fertilidade, que auxilia na tomada de decisão racional em relação às correções e adubações (Miranda et al., 2002), que impactam significativamente no custo final da silagem. A calagem é realizada por 66,7% dos produtores. A ausência de realização da análise de solo por parte da maioria dos produtores pode ocasionar a utilização errônea da calagem. A utilização inadequada de calagem pode ocasionar uma subprodutividade de muitas culturas além de, em caso de supercalagem, induzir maior predisposição a danos nas propriedades físicas do solo (Alvarez V. et al. 1999). Para a produção de silagem, muitos pesquisadores recomendam a utilização de milho dentado. A indentação é característica de milho com maior digestibilidade no rúmem. Pereira et al. (2004) ao avaliar a digestibilidade de grão de milho dentado e duro encontrou digestibilidade de 63,3% e 52,4% respectivamente. Dos entrevistados, 16,7% utilizam milho duro, 10% semiduro e 73,3% não souberam responder. A escolha da cultivar a ser plantada tem grande impacto na qualidade final da silagem. 23,3% dos entrevistados relataram utilizam cultivar híbrido e 70% utilizavam híbrido transgênico. A crescente utilização de híbridos transgênicos se justifica pela maior resistência do mesmo ao ataque de pragas e redução dos custos com a aplicação de defensivos. Apenas 6,7% dos entrevistados utilizavam milho variedade. Segundo Miranda et al. (2012) o milho variedade possui produção de matéria verde semelhante aos híbridos, porém, apresenta menor produção de grãos, cerca de 10 pontos percentuais a menos que os híbridos, o que proporciona uma silagem com menor nível de energia. Para combater pragas do solo e pragas iniciais da lavoura, o tratamento das sementes com inseticidas adequados é sempre vantajoso (Miranda et al. 2002). O tratamento das sementes é realizado apenas por 20% dos entrevistados. O sistema de plantio mais utilizado, 76,7%, é o convencional (aração+gradagem). O plantio direto é utilizado por 20% dos entrevistados. O plantio direto traz como benefício o não revolvimento do solo, presença de cobertura vegetal que auxilia na manutenção da umidade do solo e aumento do teor de matéria orgânica do mesmo, além de reduzir o crescimento de plantas daninhas. Um sistema típico de plantio utilizado em pequenas propriedades é o por cova, utilizado por 3,3% dos entrevistados. O espaçamento entre fileiras de milho médio utilizado pelos produtores é de 0,73 m, com máxima de 1 m e mínima de 0,45 m. O espaçamento médio utilizado está dentro do recomendado por Miranda et al. (2002), entre 0,7 e 0,9 cm entre as fileiras de milho. Os implementos agrícolas utilizados para preparo do solo e plantio são contratados por 83,3% dos entrevistados. A adubação de plantio é realizada por 100% dos produtores entrevistados. A utilização de adubação de plantio sem critérios técnicos baseados na análise de solo predispõe o produtor a utilizar a adubação em quantidades inadequadas, causando subprodutividade da lavoura ou aumento do custo com adubação desnecessária. A adubação de cobertura na forma química é utilizada de forma única por 66,7% dos produtores. Devido à utilização de depósito para dejetos líquidos e sólidos de animais, e posterior utilização da parte líquida, 10% dos produtores utilizam apenas o 410 chorume como adubação de cobertura e 23,3% dos produtores fazem uso da mesma técnica complementando-a com adubação química utilizando adubos nitrogenados. Apenas 26,7% dos produtores utilizam a área para outros cultivos posteriores. A prática da sucessão de culturas auxilia a evitar a ação de intempéries sobre o solo. As culturas utilizadas anteriores ao cultivo de milho são 87,5% feijão e 12,5% fumo. A região onde está localizado o município de Rio Pomba-MG, possui precipitação média anual de 1200 a 1400 mm. Tal afirmação justifica o fato de apenas 30% dos entrevistados fazerem uso de sistemas de irrigação para cultivo de milho. Não foi relatado pelos entrevistados a ocorrência de pragas nas lavouras de milho. 10% dos entrevistados relataram o ataque de aves e roedores às lavouras de milho. Conclusões O estabelecimento das lavouras de milho no município de Rio Pomba-MG é afetado pela ausência de práticas que certamente influenciam negativamente no potencial produtivo das lavouras de milho cultivadas para silagem. Literatura citada ALVAREZ V., V. H.; RIBEIRO, A. C. Calagem. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES, P. T. G.; ALVAREZ V., V. H. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a Aproximação.Viçosa, MG, pag. 43-60, 1999. BRESSAN, V.G.F., MUNIZ, J.N., REZENDE, J.B. Avaliação de resultados da extensão rural pública no Estado de Minas Gerais. Revista Ceres, n.56, p. 241-248, 2009. MIRANDA, J. E. C. de; RESENDE, H.; VALENTE, J. de O. Plantio de milho para silagem. Comunicado Técnico 27. Juiz de Fora-MG, dez. 2002 OLIVEIRA JÚNIOR, W. L. de; MOREIRA, R. G.; MOREIRA, L. C.; MARTINS, P. C.; CAPPELLE, E. R.; MARTINS, M. L. Caracterização da produção leiteira do Município de Rio Pomba, Minas Gerais. Anais... 49a Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia: A produção animal no mundo em transformação. Brasília – DF Brasília: SBZ, 2012. CD-ROM. PEREIRA, M. N., VON PINHO, R. G., BRUNO, R. G. S., CALESTINE, G. A. Ruminal degradability of hard or soft texture corn grain at three maturity stages. Scientia Agricola, v. 61, p. 358-363, 2004 411 V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL 18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV 14.27. Teores de fibra e perfil fermentativo de silagens de cana-de-açúcar ensilada com resíduo de cervejaria desidratado Diogo Osmar Silva¹, Anderson de Moura Zanine², Wanderson José Rodrigues de Castro3, Daniele de Jesus Ferreira4 Laziele villela Albuquerque¹, Mariane Moreno Ferro³ ¹ Estudantes de Graduação do Curso de Zootecnia/UFMT/ICAT, Rondonópolis -MT ² Prof. do Curso de Zootecnia/UFMT/ICAT, Rondonópolis-MT ³ Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFMT 4 Bolsista de Pós-doutorado do CNPQ/UFMT Resumo: Objetivou-se com o experimento avaliar os teores de fibra em detergente neutro, fibra em detergente ácido e os valores de pH e N-amoniacal de silagens de cana-de-açúcar acrescidas com resíduo de cervejaria desidratado. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro repetições, sendo os tratamentos: 100% de cana-de-açúcar; 90% de cana-de-açúcar + 10% de resíduo de cervejaria desidratado; 80% de cana-de-açúcar + 20% de resíduo de cervejaria desidratado e 70% de cana-de-açúcar + 30% de resíduo de cervejaria desidratado. A abertura dos silos ocorreu após 40 dias. Os dados foram submetidos à análise de variância, e quando significativo submetido à análise de regressão. Os teores de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido apresentaram um comportamento linear decrescente, à medida que o nível do aditivo foi sendo adicionado. Não foi verificada a influência (p>0,05) dos níveis de resíduo de cervejaria sobre os valores de pH e nitrogênio amoniacal nas silagens, do qual manteve-se em níveis desejáveis. O resíduo de cervejaria desidratado melhora os teores de FDN e FDA das silagens de cana-de-açúcar. Palavras–chave: conservação, forragem, subproduto Fiber content, pH and ammonia-N with sugar cane silage additives of brewers dehydrated Abstract: Brazilian livestock must be supported technologies que Ensure Increased production even in the dry season, and silage is a Widely used this technique to Overcome deficiency of food that Occurs in almost all Brazilian territory. This study aims to assess the efficiency of the additive in silage of brewers dehydrated cane sugar 412 at different concentrations. 0 Treatment with 100% cane sugar, treating 1 with 10% of brewers and 90% cane sugar, treating 2 with 20% and 80% brewer of sugarcane and sugar treatment 3 with 30% of brewers and 70% cane sugar. We Analyzed the levels of neutral detergent fiber, acid pH and ammonia. The fiber contents were reduced to the level of the additive was being added. The values of pH and ammonia concentration did not differ and Remained at desirable levels. In the que Studied variables Showed the brewer dehydrated can improve the efficiency of sugar cane silage. Keywords: byproduct, conservation, forage Introdução A alta sazonalidade de produção de forragem no Centro-Oeste brasileiro estimula a busca por inovações tecnológicas de conservar alimentos para atender a demanda dos animais no período de baixas condições climáticas. A forma de conservação da cana-de-açúcar por meio da ensilagem pode ser considerada como uma alternativa viável pela possibilidade de se usar aditivos higroscópicos e com bom teor de proteína como o resíduo de cervejaria desidratado. Além da economicidade, uma vez que o corte e a picagem diários desta forragem, exige mão de obra adicional. Tendo por conhecimento que quanto menor a relação FDN/açúcares, maior será a digestibilidade da matéria seca, Rodrigues et al., (2001). O uso de resíduo de cervejaria desidratado poderá melhorar o desempenho dos animais, uma vez, que o teor de FDN desse resíduo é menor do que da cana-de-açúcar. Nesse sentido, objetivou-se com o experimento avaliar o teores de FDN, FDA, e as variáveis fermentativas representadas pelos valores de pH e nitrogênio amoniacal em silagem de cana-de-açúcar aditivada com níveis resíduo de cervejaria desidratado. Material e Métodos O experimento foi realizado em área experimental do Curso de Zootecnia, que pertence à Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Campus de RondonópolisMT. A espécie forrageira pesquisada foi a cana-de-açúcar, para tanto, foi utilizado um canavial, já implantado, de aproximadamente 0,25 ha. Realizou-se nessa área um corte de uniformização com auxílio de uma foice a uma altura de cinco cm do solo. No mesmo dia, foi feita a adubação com 50 kg/ha de nitrogênio e potássio na forma de sulfato de amônia e cloreto de potássio, respectivamente. O delineamento experimental foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e quatro repetições: 100% de cana-de-açúcar; 90% de cana-de-açúcar + 10% de resíduo de cervejaria desidratado; 80% de cana-de-açúcar + 20% de resíduo de cervejaria desidratado e 70% de cana-deaçúcar + 30% de resíduo de cervejaria desidratado com base na matéria natural, compuseram as silagens. A cana-de-açúcar foi picada em máquina forrageira estacionária com tamanho de partícula de aproximadamente dois cm, sendo homogeneizada manualmente com os aditivos. Para o armazenamento da massa verde picada utilizaram-se silos experimentais com capacidade de aproximadamente 4 litros. Amostras do material antes da ensilagem (aproximadamente 500 g) foram coletadas, pré-secas em estufa de ventilação forçada a 650C, por 72 horas e moídas em moinho tipo Willey, para posterior determinação dos teores de fibra em detergente neutro (FDN) e Fibra em detergente ácido (FDA). Os teores bromatológicos do resíduo de cervejaria desidratado e da canade-açúcar podem ser observados na Tabela 1. 413 Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), do resíduo de cervejaria desidratado (RCD) e da cana-de-açúcar antes da ensilagem. Alimentos RCD Cana-de-açúcar MS (%) 89,96 25,03 PB (% MS) 29,92 2,51 EE (% MS) 6,52 2,49 FDN (% MS) 60,75 69,98 FDA (% MS) 30,09 49,55 A abertura dos silos ocorreu aos 40 dias após. Foi retirado da silagem aproximadamente 500 g de amostra, foi colocada em sacos de papel e pré-secadas em estufa de ventilação forçada com temperatura de 65ºC, por 72 horas. As amostras présecas foram pesadas e moídas utilizando moinho tipo Willey com peneira de um milímetro de porosidade, para posterior análises de fibra em detergente neutro (FDNcp), fibra em detergente ácido (FDA) conforme metodologias de Silva e Queiroz (2002). Aproximadamente 500 g de amostra foi coletada no momento da abertura e acondicionada em sacos plásticos e congelada para análise do nitrogênio amoniacal (NNH³). Para a análise do pH, foram coletadas sub amostras de aproximadamente 25 gramas, às quais foram adicionados 100 mL de água destilada, e, após repouso por 2 horas, efetuou-se a leitura do pH, utilizando-se um potenciômetro, de acordo com as metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002). Os dados obtidos referentes ao N-amoniacal, pH, FDN e FDA da silagem de cana-de-açúcar foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste t) e, nos casos de significância, procedeu-se a análise de regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, ao nível de 5% de significância, utilizando-se o programa SAEG, 1999 versão 8.1 (UFV). Resultados e Discussão Os teores de FDN das silagens de cana-de-açúcar apresen