anais de resumos expandidos 2013

Transcrição

anais de resumos expandidos 2013
1
V SIMBRAS
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA
SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE
AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura,
pecuária e florestas
ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS
Editores
Rogério de Paula Lana
Geicimara Guimarães
Gumercindo Souza Lima
18 a 20 de outubro de 2013
Viçosa – MG – Brasil
2
© 2013 by Rogério de Paula Lana, Geicimara Guimarães e Gumercindo Souza Lima
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida sem
a autorização escrita e prévia dos detentores do Copyright.
Impresso no Brasil
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e Classificação da
Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa
S612a
2013
Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável
(5 : 2013 : Viçosa, MG).
Anais de resumos expandidos [recurso eletrônico] / V Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável, 18 a 20 de outubro de 2013, Viçosa, MG ;
Editores Rogério de Paula Lana, Geicimara Guimarães et al. – Viçosa,
MG: Os Editores, 2013.
1 CD-ROM (1117p.) : il. ; 4 ¾ pol.
Tema do congresso: Agropecuária, agroecologia e cooperativismo.
Inclui bibliografia.
ISSN 2176-0772
1. Agropecuária – Congressos. 2. Ecologia agrícola – Congressos.
3. Cooperativismo – Congressos. I. Lana, Rogério de Paula, 1965-.
II. Guimarães, Geicimara, 1980-. III. Título. IV. Título: V Simpósio
Brasileiro de Agropecuária Sustentável. V. Título: V SIMBRAS-AS.
VI. Título: Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura,
pecuária e florestas.
CDD 22.ed. 630.6
Diagramação e montagem: Rogério de Paula Lana
Geicimara Guimarães
Contato: Rogério de Paula Lana
Geicimara Guimarães
Tel. (31) 3899 3288
Cel. (31) 9691 4015
E-mail: [email protected]
[email protected]
www.simbras-as.com.br
[email protected]
3
V SIMBRAS
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA
SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE
AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura,
pecuária e florestas
ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS
Realização
Universidade Federal de Viçosa – UFV
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PEC/UFV
Centro de Ciências Agrárias – CCA/UFV
Viçosa – MG – Brasil
2013
4
V SIMBRAS
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA
SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE
AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura,
pecuária e florestas
ANAIS DE RESUMOS EXPANDIDOS
Presidente
Rogério de Paula Lana – Professor e pesquisador do Departamento de Zootecnia, UFV.
Coordenadora
Geicimara Guimarães – Graduada em Gestão de Cooperativas e Mestranda em
Agroecologia, UFV.
Comissão Organizadora
Rogério de Paula Lana – Professor e Pesquisador do Departamento de Zootecnia, UFV.
Geicimara Guimarães – Graduada em Gestão de Cooperativas e Mestranda em
Agroecologia, UFV.
Bianca Amorim Gomide – Graduanda em Ciências Biológicas, UFV.
Bianca S.Araújo Adão – Graduanda em Ciências Biológicas, UFV.
Camila Tristão Pontes – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de
Economia Rural, UFV.
Camila Vieira de Paula – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de
Economia Rural, UFV.
César Roberto Viana Teixeira – Mestrando em Zootecnia – Departamento de
Zootecnia, UFV.
Diogo Vivacqua de Lima – Doutorando em Zootecnia – Departamento de Zootecnia,
UFV.
Gabriela Santistevan Gutierrez – Mestranda em Zootecnia – Departamento de
Zootecnia, UFV.
Gustavo Leonardo Simão – Mestrando em Administração – Departamento de
Administração, UFV.
5
Luzia Mariana Guimarães – Graduanda em Pedagogia, UNOPAR.
Maria de Fátima Souza – Graduanda em Economia Doméstica – Departamento de
Economia Doméstica, UFV.
Maria Rita Josaphá – Graduanda em Gestão de Cooperativas – Departamento de
Economia Rural, UFV.
Patrícia de Oliveira – Graduada em Gestão de Cooperativas – Departamento de
Economia Rural, UFV.
Plinio de Oliveira Fassio – Mestrando em Zootecnia – Departamento de Zootecnia,
UFV.
Renata de Souza Reis – Doutora em Zootecnia – Departamento de Zootecnia, UFV.
Silvane de Almeida Campos – Mestranda em Agroecologia, UFV.
Tamara A. Guimarães Gomes – Graduanda em Economia Doméstica – Departamento
de Economia Doméstica, UFV.
Valério Rodrigues de Castro – Graduando em Direito, ESUV.
Zélia da Rocha Albernaz – Graduada em Psicologia, Universidade Gama Filho.
REALIZAÇÃO
Universidade Federal de Viçosa – UFV
Pró-Reitoria de Extensão e Cultura – PEC/UFV
Centro de Ciências Agrárias – CCA/UFV
APOIO
CAPES
CNPq
FAPEMIG
FUNARBE
6
Comissão científica avaliadora dos resumos do V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL – 18 a 20 de outubro de 2013
Coordenador: Rogério de Paula Lana, Ph.D.
Pareceristas:
Airton Lopes Amorim, Ana Ermelinda Marques, Bruno Cunha, César Roberto Viana
Teixeira, Christiane Silva Souza, Daniel Arruda Coronel, Daniela Araujo, Danielle
Fabíola Pereira Silva, Daniele de Jesus Ferreira, Dayane Sousa, Diogo Vivacqua de
Lima, Eriane de Paula, Eulália Gomes, Flávio Medeiros Vieites, Frederico Antonio
Mineiro Lopes, Gabriel da Silva Viana, Gabriela Santistevan Gutierrez, Geicimara
Guimarães, Hanna Carolina Campos Ferreira, Haroldo Wilson da Silva, Jacson Zuchi,
Jorge Cunha Lima Muniz, Josiane Cristina, Layon Carlos Cezar, Luanna Chácara Pires,
Luis Humberto Castillo Estrada, Marilú Santos Sousa, Martin Meier, Paula Lima
Romualdo, Plínio de Oliveira Fassio, Renata de Souza Reis, Rogério de Paula Lana,
Rosandro Minuzzi, Sanely Lourenço da Costa, Silvana Marques Pastore, Silvane de
Almeida Campos e Tatiana Cristina da Rocha.
Trabalhos selecionados para receber a comenda “Ordem do mérito científico em
agropecuária sustentável” do V Simpósio Brasileiro de Agropecuária Sustentável –
Multifuncionalidades sustentáveis no campo: Agricultura, pecuária e florestas:
1
2
3
4
5
6
Autores
Ivan de Paiva Barbosa Magalhães, Maria
Aparecida Nogueira Sediyama, Sanzio
Mollica Vidigal, Fred Denilson Barbosa
da Silva, Iza Paula Carvalho Lopes,
Cláudia Lúcia Oliveira Pinto
Marco G. Heredia Rengifo, Carlos G.
Hernández Díaz-Ambrona
Título
Adubação de feijão-vagem com esterco
de galinha e seu efeito sobre o estado
nutricional e produtividade da planta
Modelo dinámico-probabilístico sobre
el comportamiento de los pueblos
indígenas en aislamiento de la
Amazonia Ecuatoriana
Eloisa Pio de Santana, Agustina Rosa Educação ambiental no campo
Echeverria, Fausto Miziara
Mauro Cesar Martins, Marcelo Lelles A visão de desenvolvimento rural
Romarco de Oliveira, Bruno Costa da sustentável sob a ótica dos técnicos
Fonseca
extensionistas e agricultores inseridos
na integração lavoura pecuária e
floresta (ILPF) em alguns municípios
da microrregião de Viçosa-MG
Priscila Soraia da Conceição, Fabiano de Avaliação da eficiência de diferentes
Jesus Ribeiro, Patrícia Marluci da processos aeróbios de compostagem na
Conceição, Mônica de Abreu Azevedo
remoção de nitrogênio total e
amoniacal aplicados ao tratamento de
cama de frango visando a reutilização
Eliana Boaventura Bernardes Moura Quantificação das emissões de gases de
Alves, Laércio Antônio Gonçalves efeito estufa em um campo experiJacovine, Daniel Brianezi, Aline Daniele mental e estocagem de carbono em uma
Jacon, Renato Francisco Faria Oliveira
floresta adjacente no campus da UFV
7
Prefácio
O V SIMBRAS terá como tema “Multifuncionalidades sustentáveis no campo:
Agricultura, pecuária e florestas”, com ênfase em áreas estratégicas para uma
agropecuária sustentável.
O evento tem como meta abordar as produções científicas e tecnológicas
recentes de renomados pesquisadores do Brasil e de outros países, visando o
desenvolvimento da agropecuária sob a perspectiva da sustentabilidade social,
econômica e ambiental.
Os objetivos do evento serão apresentar o que há de mais atual em tecnologias
que permitam o estabelecimento de sistemas de produção ecologicamente eficientes e
que possam ajudar a superar as barreiras que dificultam o desenvolvimento econômico e
a inclusão social.
Os objetivos específicos serão reunir prelecionistas renomeados em diversas
áreas, trazendo como foco a ciência inovadora, tecnológica, com linhas de parâmetros
de desenvolvimento, inclusão social, mudanças climáticas, eficiência, racionalidade e
interação com o setor privado.
O evento é apoiado pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura - PEC/UFV e
Centro de Ciências Agrárias - CCA/UFV, além de contar com parcerias em órgãos
públicos tais como CAPES, CNPq, FAPEMIG e FUNARBE.
Os organizadores do
V Simpósio Brasileiro de
Agropecuária Sustentável (SIMBRAS)
8
Índice
Item
Página
1. Agricultura familiar
09
2. Agroecologia
70
3. Aquicultura
138
4. Associativismo e cooperativismo
147
5. Ciência, tecnologia e inovação
152
6. Economia
185
7. Economia solidária
199
8. Educação ambiental
202
9. Educação do campo
225
10. Entomologia
230
11. Extensão rural
251
12. Fitopatologia
284
13. Floresta
299
14. Forragicultura
305
15. Meio ambiente
480
16. Mudanças climáticas
531
17. Políticas públicas
560
18. Produção animal
581
19. Produção vegetal
1000
20. Ruralidade
1082
21. Serviços e políticas ambientais
1093
22. Urbanização
1102
Obs.: Para localizar nomes de autores ou assuntos ao longo dos Anais, utilizar o recurso
“Localizar” do editor ou leitor de texto.
9
1. Agricultura familiar
10
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.1. Uma análise das variáveis do desenvolvimento rural sustentável no uso da
Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) em municípios da Zona da Mata
de Minas Gerais1
Mauro Cesar Martins2, Maurício Novaes Souza3
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pelo MINTER/CAPES/IF Sudeste MG.
Mestre do Programa de Pós-graduação em Extensão Rural - UFV.
3
Professor Associado D. Sc. Departamento de Agricultura e Ambiente do IF Sudeste MG – Campus Rio
Pomba.
2
Resumo: Na Zona da Mata de Minas Gerais, desde 2005, a EMATER-MG e
pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV) vêm desenvolvendo novas
formas de produção agropecuária: entre estas é possível citar a Integração Lavoura
Pecuária Floresta (ILPF). Como no Brasil ainda não há um aparato completo de
avaliação do desenvolvimento rural sustentável (DRS), uma série de obras tem sido
desenvolvida sobre índices agregados, abordando a sustentabilidade das regiões
geográficas, assentamentos rurais e atividades econômicas no país. Com isso, é
largamente aceito que as variáveis de DRS possam ser usadas com sucesso para
comparações entre localidades, o que pode auxiliar nas políticas públicas específicas
para enfrentar as necessidades locais. Para tanto, neste artigo foram abordadas as
variáveis de DRS baseadas nos eixos temáticos da PNATER sob a ótica dos agricultores
no uso da ILPF. A metodologia aplicada consistiu em entrevistas perante estes agentes
sociais envolvidos. Foram aplicadas perguntas diversificadas abrangendo as seis (6)
variáveis adaptadas de aplicação de pesquisa que serão apresentadas neste trabalho. Por
fim, concluiu-se que a Estratégia da ILPF se encontra sob um processo de transição do
sistema de agricultura convencional de produção para um sistema que procura
privilegiar aspectos mais sustentáveis, mesmo que ainda esteja muito distante do nível
desejado.
Palavras-chave: agricultura
indicadores socioambientais
sustentável,
extensão
rural,
agricultura
familiar,
An analysis of variables sustainable rural development in the use of Integrated
Cattle Farming and Forest (IAFP) municipalities in the Zona da Mata of Minas
Gerais
Abstract: In the Zona da Mata of Minas Gerais since 2005 EMATER-MG and
researchers from the Federal University of Viçosa (UFV) are developing new forms of
11
agricultural production: among them we can mention the Integrated Cattle Farming
Forest (IAFP). As in Brazil there is still no full apparatus assessment of sustainable rural
development (SRD), a series of works has been developed on aggregate indices,
addressing the sustainability of geographical regions, rural settlements and economic
activities in the country. With this, it is widely accepted that the variables DRS can be
successfully used for comparisons between sites, which can help in specific public
policies to address local needs. Hence, in this paper, the variables of DRS based on
themes of PNATER the perspective of farmers in the use of IAFP. The methodology
consisted of interviews before these social agents involved. Diverse questions were
applied covering the six (6) adapted variables of search application will be presented
here. Finally, it was concluded that the strategy of IAFP is under a process of transition
from conventional agriculture production for a system that seeks to favor the most
sustainable, even if it is still far from the desired level.
Keywords: sustainable agriculture, rural extension, agriculture familiar, social and
environmental indicators
Introdução
No momento atual, segundo Viana et al. (2008), tanto em nível nacional quanto
em escala regional, o Brasil não possui um aparato completo para avaliar o
desenvolvimento rural sustentável (DRS). No entanto, uma série de obras tem sido
desenvolvida sobre índices agregados, abordando a sustentabilidade e a vulnerabilidade
das regiões geográficas, assentamentos rurais e atividades econômicas no país.
De acordo com os mesmos autores, é largamente aceito que as variáveis de
desenvolvimento rural sustentável possam ser empregadas com sucesso para
comparações entre localidades, o que pode auxiliar no desenvolvimento de políticas
públicas específicas para enfrentar as necessidades locais (VIANA et al., 2008).
Para tanto, neste artigo foram abordadas as variáveis de DRS baseadas nos eixos
temáticos da Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (PNATER),
2012, sob a ótica dos agricultores participantes da implantação da Integração Lavoura
Pecuária e Floresta (ILPF) em alguns municípios da Zona da Mata Mineira.
Material e Métodos
Os dados desse artigo são frutos de pesquisa de campo da dissertação de
mestrado do primeiro autor, realizada em 2012, sob a forma de entrevistas a dez (10)
agricultores da Microrregião de Viçosa, localizados na Zona da Mata de Minas Gerais.
Inicialmente, tomou-se como base os eixos temáticos da PNATER (2012),
dentre eles: (i) inclusão social; (ii) agroecologia e transição agroecológica; (iii) gênero,
geração, raça e etnia; (iv) articulação Ater – pesquisa – ensino – agricultor; (v) atuação
em redes de Ater; (vi) geração de ocupação e renda; (vii) gestão e participação social;
(viii) uso de metodologias participativas; (ix) qualificação do uso do crédito rural do
PRONAF, (x) segurança alimentar e nutricional. Assim, em síntese, formar as
“variáveis adaptadas de aplicação de pesquisa” específicas para este trabalho, dividindose em seis (6) partes correspondentes (Quadro1).
Caporal e Ramos (2006) enfatizam que é necessário trabalhar com variáveis de
impactos e de processos, desviando-se dos indicadores convencionais que sempre
quantificaram as visitas, as reuniões, os dias de campo, os projetos de crédito e gastos
com insumos. Ao contrário, as variáveis desta pesquisa, acompanhadas em cada grupo
atendido por um extensionista, adotaram os princípios da PNATER e do DRS.
12
Quadro 1 – Variáveis Adaptadas de Aplicação de Pesquisa (PNATER – 2012)
I. Variáveis Sociais
II. Variáveis do Processo de Transição Agroecológica
III. Variáveis Econômicas
IV. Variáveis de Caráter Ambiental
V. Variáveis de Gestão Institucional
VI. Variáveis de Segurança Alimentar
Fonte: Adaptado de Caporal e Ramos, 2006.
Resultados e Discussão
Serão apresentados os resultados referentes as seis (6) variáveis adaptadas de
aplicação de pesquisa, baseados nos eixos temáticos da PNATER, 2012:
I. Variáveis Sociais (VS)
As VS exploradas junto aos agricultores foram: acesso ao sistema de saúde e
previdência, uso de água potável, rede de esgoto e fornecimento de energia elétrica.
Atentou-se para o acesso a previdência social, em que dentre os agricultores
entrevistados, quatro (4) pagam ao sindicato rural, enquanto três (3) possuem o
Funrural, sendo que um (1) é aposentado pelo mesmo. Por fim, três (3) produtores não
possuem qualquer tipo de previdência.
O acesso de trabalhadores (as) rurais à Previdência Social se torna fundamental
para o resgate da dignidade de milhões de pessoas no meio rural. Estes recursos da
aposentadoria tem sido um instrumento de geração de renda para o ambiente rural deste
país, tornando-se um fator de dinamização dos municípios (SANTOS, 2001).
II. Variáveis do Processo de Transição Agroecológica (VPTA)
Nesta seção surgem as VPTA, dentre elas: a redução do uso de insumos
químicos sintéticos (adubos) e agrotóxicos, e uso de tecnologias de bases ecológicas
(TBE), nas quais se destacam: inseticida biológico, armadilha natural, adubação
orgânica, semente crioula, adubação verde e calda natural. Nas entrevistas em relação as
TEB, verificou-se que dois (2) agricultores adotaram algum tipo de inseticida biológico,
dois (2) usaram semente crioula, e dois (2) agricultores fizeram uso da adubação verde.
Somente um (1) agricultor adotou a tecnologia da armadilha natural, enquanto que para
a adubação orgânica foram cinco (5) que utilizaram tanto compostagem, cama de
frango, quanto esterco de bovinos. Por fim, a calda natural com quatro (4) adeptos a
essa alternativa.
Segundo Kamiyama (2012), algumas TBE objetivam ao manejo correto de
pragas, doenças e plantas espontâneas resultando, assim, na diversificação no uso da
terra, conservação do solo e da água, manejo correto da cultura e o equilíbrio nutricional
das plantas, sempre de maneira integrada.
III. Variáveis Econômicas (VE)
As VE direcionadas podem ser descritas a seguir, tais como: a renda da família
do agricultor e as culturas agropecuárias nas propriedades como geradoras de renda.
Quanto às culturas agropecuárias estabelecidas o que se pode observar é que as
principais atividades giram em torno do Café, Carvão, Feijão, Leite, Madeira e Milho.
Culturas típicas da região, à exceção do carvão que vem sendo difundido nas últimas
décadas, com a intensificação do uso do eucalipto (Eucalyptus ssp.).
Atentando-se para o mercado regional as culturas que se destacaram são: o
carvão e a madeira, sendo advindos da exploração florestal. Nota-se que toda a
produção é comercializada para fora dos limites do município; no caso do carvão, em
13
sua maioria, abastece as grandes siderúrgicas de Ouro Branco-MG, Betim-MG e João
Molevade-MG, entre outras.
Em termos de utilização da madeira para uso local, a atividade da minisserraria a
ser implantada por um dos agricultores é uma alternativa viável. Esta iniciativa, mesmo
que isolada, pode servir de modelo para futuras atividades que contribuem para a
sustentabilidade do negócio, tais como: a proximidade da matéria prima do local de
produção; a economicidade na produção de peças de uso rotineiro na propriedade; a
garantia da madeira de ser de áreas reflorestadas; a recuperação e manutenção do
sistema de produção agropecuária; o aumento da rentabilidade da propriedade e a
geração de empregos na zona rural.
IV. Variáveis Ambientais (VA)
Para se fazer uma análise das VA, pensou-se nos processos impactantes
causados por determinadas ações antrópicas, dentre as quais se destacaram: erosão do
solo, uso de queimadas e ausência de proteção nas áreas de nascentes. Estratégias
usadas para amenizar o processo de erosão no solo estão surgindo, assim como:
barraginhas, adubação verde e roçadeiras (substitui o uso das queimadas).
Quanto aos dois processos impactantes - erosão do solo e uso de queimadas,
estão sendo bem trabalhados pelos atores sociais no sentido de amenizar os problemas
com uso de estratégias mitigadoras, o mesmo não acontece com a proteção das
nascentes, sendo que seis (6) agricultores não estão com suas nascentes devidamente
cercadas.
V. Variáveis de Gestão Institucional (VGI)
Neste tópico foi feito uma análise de como se encontra o agricultor diante das
organizações existentes em seus municípios; e como está tal aproximação: nenhuma,
pouca, média, ou muita - tem influenciado as tomadas de decisões do produtor rural nas
suas respectivas propriedades. Quanto ao Conselho Municipal de Desenvolvimento
Rural Sustentável (CMDRS), Abramovay (2001) afirma que são inovações
institucionais que incorporam representantes da sociedade civil e do Estado, inclusive
categorias e grupos sociais excluídos do espaço público e do debate com representações
do Estado. Portanto, quatro (4) agricultores têm muita aproximação com o CMDRS.
Apesar de apresentar-se com seis (6) agricultores com nenhuma aproximação deste
setor, nota-se um avanço nas participações dos CMDRS a cada gestão instituída.
Por fim, sobre às Associações, também não estão tendo muito espaço no meio
rural - foram pouquíssimos os exemplos que estão conseguindo manter suas estruturas
firmadas. No entanto, um exemplo vivenciado pela Associação dos trabalhadores rurais
da Comunidade do Guiné, localizada no município de Piranga-MG é pertinente.
Segundo o relato da Agrônoma, atual extensionista da Emater do referido município, na
época ainda do antigo técnico que lá trabalhara, em consenso com a comunidade,
solicitaram quatro juntas de boi, o carro de boi e todos os seus componentes para,
enfim, atender as atividades rotineiras das propriedades locais. Pois bem, o antigo
técnico foi transferido para outra região e até hoje este sistema funciona muito bem,
com as devidas trocas dos animais pelos inúmeros trabalhos prestados.
VI. Variáveis de Segurança Alimentar (VSA)
As VSA se apresentam como uso de: plantas medicinais e hortas caseiras. Para
começar quatro (4) agricultores possuem pelo menos uma horta caseira na sua
propriedade; enquanto seis (6) possuem algum exemplar de planta medicinal de uso
caseiro. Dentre os pesquisados, apenas um (1) agricultor que além de utilizar a horta
14
caseira para sustento próprio da família, quando tem algum produto excedente,
comercializa na cidade para consumidores já estabelecidos.
Em estudos realizados pelo programa UPWARD (Perspectivas dos Usuários
com relação à Investigação e o Desenvolvimento Agrícola) confirmaram a presença das
hortas caseiras na área tropical das Filipinas e também identificaram a relação próxima
e interdependente existente entre as funções de segurança alimentar e melhoramento da
nutrição cumprida pelas hortas caseiras e seu potencial para ajudar na conservação da
biodiversidade da região (BONCODIN et al., 1995).
Conclusões
O que se observou neste trabalho, dentre inúmeras conclusões obtidas por meio
de depoimentos de alguns agentes sociais (agricultores) é que o processo de difusão
inovadora da extensão rural atrelado à transferência de tecnologia é insuficiente para dar
conta de uma realidade complexa que é o universo rural, ficando, assim, distante de um
autêntico desenvolvimento rural sustentável. Embora a Estratégia da ILPF implantada
em alguns municípios Zona da Mata Mineira, incluindo a Microrregião de Viçosa se
encontra sob um processo de transição do sistema de agricultura convencional para um
sistema que procura privilegiar aspectos mais sustentáveis, mesmo que muito distante
do desejado.
Foi possível, portanto, tomando como base os dados fornecidos pelas variáveis
de aplicação desta pesquisa e as conclusões dos agricultores, discorrerem sobre o que
deve ser feito; ou seja, aprimorar os processos incutidos na implantação da supracitada
estratégia, de forma que, todo conteúdo anarmônico e antiinclusivo possa dar lugar às
estratégias inclusivas socioambientais que garantam uma agricultura mais sustentável.
Agradecimentos
Ao Depto de Economia Rural da UFV, ao Instituto Federal de Educação,
Ciências e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba e a CAPES.
Literatura citada
ABRAMOVAY, R. Conselhos além dos limites. In: Revista Estudos Avançados, vol.
15, nº 43, set/dez, 2001.
CAPORAL, F. R.; RAMOS, L. F. Da extensão rural convencional à extensão rural
para o desenvolvimento sustentável: enfrentar desafios para romper a inércia.
Brasília, 2006.
KAMIYAMA, A. Agricultura Sustentável. Cadernos de Educação Ambiental.
Governo do Estado de São Paulo. Secretaria do Meio Ambiente: Coordenadoria de
Biodiversidade e Recursos Naturais. São Paulo, 2012. ISBN: 978-85-86624-84-11.
ROMANO, P. A. Integração lavoura-pecuária- floresta: uma estratégia para a
sustentabilidade. Informe Agropecuário: Integração Lavoura-Pecuária-Floresta,
v.31, n.257, jul/ago. Belo horizonte, Epamig, p. 7-15, 2010.
SOUZA, M. N. Degradação e Recuperação Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável. Viçosa, MG: UFV, 2004. 371p. Dissertação (Mestrado em Ciência
Florestal) - Universidade Federal de Viçosa, 2004.
ZIMMERMANN, A. A. Experiências e ações de transição Agroecológicas no
Município de Glorinha-RS. (TCC), UFRGS, 2011.
15
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.2. Caracterização da caprinocultura em estabelecimentos familiares1
Marciana Teixeira de Souza2, Michele Gabriel Camilo 2, Anna Carolina de Carvalho 3,
Luã de Souza Veiga3Estevão Marcondes Tosetto 4
1
Parte da tese de doutorado do último autor
Graduanda em Zootecnia - IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba, [email protected]
3
Graduanda(o) em Agroecologia - IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba
4
Professor do Departamento Acadêmico de Zootecnia - IF Sudeste MG – Campus Rio Pomba
2
Resumo: Objetivou-se caracterizar a caprinocultura de municípios da Zona da Mata
Mineira, tais como Rio Pomba e municípios limítrofes, através da análise da prática dos
estabelecimentos de agricultores familiares, e justificar o motivo da manutenção dos
caprinos nesses estabelecimentos, apesar da falta de apoio de políticas públicas.
Utilizou-se amostragem não-probabilística, em que a população-objeto é o
estabelecimento que possuía caprinos, ainda que fosse apenas um animal. Na coleta de
informações empregou-se um questionário estruturado contendo questões primárias
quali-quantitativas. Procedeu-se a categorização e análises estatísticas descritivas, com
ênfase no estudo das frequências das ocorrências. Detectou-se a presença de caprinos
em 29 estabelecimentos, dos quais foram concedidas 20 entrevistas. Os
estabelecimentos foram classificados como empresarial (10% dos entrevistados),
residencial (50%) e familiar rural (40%). Dentre os estabelecimentos residenciais, 70%
destes estão localizados na zona rural e 30% na zona urbana, os quais criavam os
caprinos para consumo próprio do leite (50%), por hobby/estimação (30%) ou para
comercialização da carne (20%). Conclui-se que os caprinos estão presentes na
mesorregião da Zona da Mata Mineira de forma pulverizada e pode ser potencializada.
Palavras–chave: agricultores, agricultura familiar, caprinos, Zona da Mata Mineira
Abstract: This study aimed to characterize the goat farming of municipalities in the
Zona da Mata de Minas Gerais, such Rio Pomba and adjacent municipalities, through
the analysis of the practice of family farming establishments, and justify why the
maintenance of the goats in these establishments, despite the lack of support public
policies. It was used non-probability sampling in which the population-object is the
establishment who owned goats, even if it was just an animal. In collecting information
was employed a structured questionnaire containing primary questions qualitative and
quantitative. It was proceeded the categorization and descriptive statistical analysis,
with emphasis on the study of the frequency of occurrences. It was detected the
16
presence of goat farming in 29 establishments, 20 of which were granted interviews.
Establishments were classified as business (10% of respondents), residential (50%) and
rural family (40%). Among the residential establishments, 70% of these are located in
rural areas and 30% in urban areas, in which raising goats for their own consumption of
milk (50%), as a hobby/ pet (30%) or meat commercialization (20%). It was concluded
that goats farming are present in the middle region of Zona da Mata Mineira as a
pulverized form and can be potentialized.
Keywords: farmers, family farm, goats, Zona da Mata Mineira
Introdução
A contribuição da agricultura familiar à economia brasileira corresponde a um
terço do produto interno bruto (PIB) agrícola nacional. A Zona da Mata Mineira
apresenta relevo declivoso e tem como matriz agrícola a produção de leite bovino e
café, porém em muitos estabelecimentos familiares (EF) encontram-se caprinos, os
quais por não possuírem registro oficial, não são objeto de estudo. Adaptados a terrenos
declivosos, os caprinos apresentam características que os credenciam à ocupação dos
“Mares de Morros”.
Ao analisar os dados de rebanhos caprinos em Minas Gerais de diferentes órgãos
percebe-se algumas divergências. A pouca informação tem limitado a implantação de
medidas profiláticas, socioeconômicas e de mercado na atividade caprina que esbarra na
falta de dados relativos ao número e localização de criatórios e no consequente
desconhecimento do real número de criadores e das condições e características de
criação (Guimarães Filho, 2006). Configura-se, portanto, uma lacuna de informações
importantes para indicar políticas públicas para a caprinocultura, atividade que pode vir
a ser uma boa alternativa de renda para EF nas condições socioambientais da região.
Diante da falta de informação, o objetivo principal do trabalho foi caracterizar a
caprinocultura de municípios da Zona da Mata Mineira, tais como Rio Pomba e
municípios limítrofes, através da análise da prática dos estabelecimentos de agricultores
familiares no que concerne ao manejo das criações, e justificar o porquê da manutenção
dos caprinos nesses estabelecimentos, apesar da falta de apoio de políticas públicas.
Material e Métodos
Visitou-se estabelecimentos que possuíam caprinos localizados em Rio Pomba e
municípios limítrofes (Silverânia, Mercês, Tabuleiro, Tocantins, Guarani e Piraúba), os
quais pertencem à microrregião de Ubá da mesorregião Zona da Mata Mineira.
Primeiramente foram localizados agricultores que possuíam caprinos a partir de
informações adquiridas nos escritórios da Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural de Minas Gerais, Instituto Mineiro de Agropecuária e demais órgãos de classe. Os
agricultores inicialmente identificados indicaram outros estabelecimentos com caprinos
configurando a técnica “bola de neve”. Encerrou-se a procura quando houve repetições
de novas indicações determinada pela curva de acumulação.
A ausência de um cadastramento oficial e centralizado dos caprinocultores na
microrregião tornou inviável a amostragem ao acaso, sendo assim, utilizou-se
amostragem não-probabilística, em que a população-objeto é o estabelecimento que
possuía caprinos, ainda que fosse apenas um animal.
Foi utilizado um questionário estruturado (Almeida, 2004) contendo questões
primárias quali-quantitativas envolvendo aspectos relativos aos produtores e aos
estabelecimentos, tais como: tamanho do estabelecimento, atividade principal e
secundária, objetivo da criação caprina, mão-de-obra, uso da terra, benfeitorias e
17
equipamentos, manejo e indicadores da caprinocultura e uso de agrotóxicos. As
entrevistas foram realizadas por uma única pessoa e com igual sistemática para evitar
erros de interpretação. Cada entrevistado foi codificado com iniciais de seus nomes e a
comunidade onde residia para preservar a identidade dos agricultores e facilitar a
discussão do assunto.
Procedeu-se a categorização segundo Bardin (2009) e análises estatísticas
descritivas, com ênfase no estudo das frequências das ocorrências, através de planilhas
de cálculo do Microsoft Excel™.
Resultados e Discussão
Foram indicados 29 estabelecimentos, dos quais foram concedidas 20 entrevistas,
onde haviam 240 animais (122 cabras, 17 bodes e 101 cabritos(as)).
Os estabelecimentos foram categorizados em três tipos: “empresarial” onde se
criava caprinos com intenção de lucro e autossuficiente na produção de alimento para os
caprinos, “residencial” aquele que não tinha espaço para produzir alimento para os
animais durante todo o ano dentro do estabelecimento e ocasionalmente vendiam o
excedente, e “familiar rural” cujo possuía poucos caprinos criados sem grandes
investimentos e sem preocupação de lucro com a atividade.
Apenas 10% dos entrevistados foram classificados como “empresariais” (EE),
mesmo assim, somente em um destes a caprinocultura era a atividade principal. Dos
estabelecimentos caracterizados como “residenciais” (50% dos entrevistados), 70%
estavam localizados na zona rural e 30% na zona urbana, os quais criavam os caprinos
para consumo próprio do leite (50% dos residenciais), por hobby/estimação (30% dos
residenciais) ou para comercialização da carne (20% dos residenciais). Os
estabelecimentos “familiares rurais” (FR) compuseram 40% da amostragem, porém em
apenas um desses a caprinocultura foi reconhecida como principal atividade econômica.
A maioria explorava a produção de leite para autoconsumo (62,5% dos FR) enquanto
outros (25% dos FR) preferiam comercializar a carne.
De modo geral, constatou-se que o principal produto explorado na caprinocultura
da região é o leite (50% dos estabelecimentos visitados), em seguida a criação por
hobby/estimação ou o comércio da carne, que corresponde a 25% cada.
Todos os estabelecimentos analisados possuíam área menor que um módulo fiscal
(3 hectares) e apenas sete deles apresentavam a Declaração de Aptidão para acessar
crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. Somente seis
proprietários declararam que a Reserva Legal é menor que a exigida em lei e dez
afirmaram não respeitar as Áreas de Preservação Permanente sob a justificativa que as
baixadas às margens dos rios são as melhores áreas do estabelecimento. Foi unânime o
uso de agrotóxicos nos estabelecimentos. Dos 20 agricultores entrevistados, 14 sabem o
que são produtos orgânicos e apenas dois compreendem do que se trata a Agroecologia.
Em relação ao controle zootécnico, um EE havia identificação dos animais com
tatuagem e colar, os demais utilizavam a pelagem ou não os identificavam
sistematicamente. Seis proprietários anotavam a data da monta, sendo que dois destes
ainda identificavam os pais dos animais nascidos. Só um proprietário fazia o controle
financeiro de despesas e receitas. Os produtores empresariais pesavam a produção de
leite e os filhotes ao desmame, enquanto que apenas dois dos quatro agricultores que
comercializavam a carne pesavam seus animais exclusivamente para serem vendidos.
Na maioria dos estabelecimentos não havia balança para pesagem dos animais.
Em todos os estabelecimentos, a reprodução dos animais acontecia
exclusivamente por monta natural, excetuando os dois EE que usavam monta controlada
com bodes registrados. Oito produtores possuíam seus próprios bodes, sendo sete sem
18
raça definida (SRD) e um com características da raça Pardo Alpina, porém sem registro.
Os outros dez estabelecimentos utilizavam bodes emprestados sem se importar com o
padrão racial. Dentre os 240 animais contabilizados, 75 eram SRD, 27 da raça Pardo
Alpina (10 localizados em EE), 137 da raça Saanen (128 pertencentes aos EE) e um da
raça Anglo-Nubiana.
Dentre os 13 estabelecimentos onde se realizava a ordenha, três faziam duas
ordenhas diárias e dez realizavam apenas uma. Em dois estabelecimentos identificou-se
plataforma de ordenha e, em somente um existia uma sala de ordenha desativada. A
higienização das tetas para início da ordenha era realizada em nove estabelecimentos, e
apenas um produtor realizava o “teste da caneca”. Nenhum dos entrevistados realizava o
teste California Mastitis Test (CMT) e só um fazia o pós-dipping.
A maioria dos entrevistados mantinham todas as categorias do rebanho em uma
única instalação. Entretanto, dos oito estabelecimentos que possuíam bodes, cinco
haviam bodários separados da instalação principal. Foram registrados seis
confinamentos. Os demais estabelecimentos apresentavam abrigos usados à noite ou em
dias chuvosos e quando os animais iam para o pasto eram predominantemente
amarrados em estacas ou árvores. A caprinocultura extensiva era praticada em apenas
quatro estabelecimentos.
Apesar de todos os estabelecimentos utilizarem bebedouro para os animais,
apenas três os tinham em todas as instalações. Na maioria deles, os caprinos só tinham
acesso á água em determinado período do dia ou à noite, quando eram recolhidos.
Quanto à mineralização, oito proprietários ofereciam sal mineralizado bovino para
os caprinos, seis não ofereciam qualquer tipo de sal, quatro sal branco e dois sal
proteinado específico para bovinos durante todo o ano.
Todos os caprinos criados a pasto, alimentavam-se basicamente de Brachiaria
spp., enquanto os confinados de Panicum spp. ou Pennisetum spp.
No aspecto sanitário, cinco proprietários não desverminavam seus animais, dois
ofereciam fitoterápicos (folhas e talos de bananeiras) e os demais usavam medicamentos
químicos. O manejo sanitário destes animais não incluía qualquer tipo de vacinação,
exceto um EE que adotava a vacina contra clostridiose. A maioria dos proprietários
fazia a limpeza das instalações semanalmente.
Conclusões
Os caprinos estão presentes na mesorregião da Zona da Mata Mineira de forma
pulverizada e pode ser potencializada. Para isso, os produtores devem trocar
experiências entre si e com técnicos, a fim de estabelecer suas necessidades e viabilizar
políticas públicas destinadas ao setor.
A maioria dos estabelecimentos familiares que possuíam caprinos foi
caracterizada como residencial, sendo que para a maior parte destes a justificativa para
manutenção dos animais é o autoconsumo do leite.
Literatura citada
GUIMARÃES FILHO, C.; SOARES, J.G.G.; ARAÚJO, G.G.L. Sistemas de produção de carnes caprina
e ovina no semi-árido nordestino. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE CAPRINOS E OVINOS
DE CORTE, 1, 2000, João Pessoa. Anais... João Pessoa: EMEPA, 2000, 266p.
ALMEIDA, M. M. O jornal e o vídeo como meio de expressão de jovens internados na Unidade
Educacional da FEBEM de Ribeirão Preto. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São
Paulo, São Paulo, v.15, n.1, p.33-38, 2004.
BARDIN, L. Categorização. In: ______. Análise de conteúdo. Tradução de Luís A. Reto e Augusto
Pinheiro. 5 ed. Lisboa: Edições 70, 2009. p.145-155.
19
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.3. Identificación de los factores clave de la sostenibilidad de sistemas campesinos
de montaña en Mesoamérica a través de herramientas participativas
Esperanza Arnés Prieto 2, Carlos G. Hernández Díaz -Ambrona3
1
Parte de la tesis de doctorado, financiada por la Universidad Politécnica de Madrid.
Doctorabnda en el Programa de Posgrado en Tecnología Agroambiental para una Agricultura Sostenible.
3
Profesor del Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, Universidad Politécnica de Madrid
(España).
2
Resumo: La agricultura de montaña en Centroamérica ocupa una gran parte del
territorio. La sostenibilidad depende de multitud de factores y más en zonas de montaña
donde la falta de accesos, la fragilidad de los suelos y la marginalidad de sus tierras son
características propias. Las herramientas participativas ayudan a conocer más a fondo
las realidades de los sistemas campesinos para poder emprender acciones futuras que
sirvan a largo plazo. Se realizaron cinco Diagnósticos Rurales Participativos (DRP) a
través de diez dinámicas familiares y sencillas. La información obtenida benefició tanto
a los evaluadores como a los habitantes y se determinó que la densidad de población, el
acceso a fuentes de ingresos alternativas y las técnicas de manejo de los cultivos son los
factores más desestabilizantes a la hora de medir la sostenibilidad de estos sistemas.
Palavras–chave: agricultura familiar, diagnostico rural participativo, laderas
Identification of the Sustainability key factors for Smallholder Farming systems of
the Mesoamerican Mountain with participatory tools
Abstract: Mountain agriculture in Central America occupies a large part of the
territory. Sustainability depends on many factors and in mountain areas those are the
lack of hits, the fragility of their soils and marginality lands. The participatory tools help
you to learn more about the peasant systems realities and to enhance future and longterm actions. There were five Participatory Rural Appraisals (PRA) through ten simple
dynamics. Information obtained benefited both; the evaluators and the inhabitants and
determined that the population density and crop management are the most destabilizing
factors in measuring the sustainability of these systems.
Keywords: family agriculture, participatory rural appraisal, hills.
Introdução
20
La agricultura familiar y de subsistencia centroamericana ocupa áreas aisladas,
donde el 35% de los casos son sistemas de montaña (FAO, 2005). Para determinar la
sostenibilidad de estos sistemas, hay que tener en cuenta que poseen unas características
intrínsecas comunes como la inaccesibilidad, la fragilidad, la marginalidad, la
heterogeneidad, pero a su vez pueden brindar ventajas comparativas aprovechadas por
sus habitantes para crear mecanismos de adaptación al medio (Jodha, 2005). Además de
estas características, existen factores externos que determinan la degradación ambiental
de zonas montañosas como son la pobreza, las políticas productivistas, la inadaptación
de ciertas tecnologías y las instituciones (Gow, 1988). Sin embargo, el aumento de
población en la mayoría de las zonas es definida como la principal causa de la que
derivan el resto (Ehrlich and Holdren, 1971). El objetivo de este trabajo es identificar
los factores clave que inciden en la sostenibilidad de los sistemas campesinos de
montaña.
Material e Métodos
Las zonas de estudio se sitúan en Guatemala y Nicaragua. Se sitúan en el corredor
seco centroamericano, que se caracteriza por una época seca que dura siete meses y otra
lluviosa, donde se concentran los 1500 mm anuales de precipitación. En Guatemala se
han seleccionado dos comunidades ubicadas en la microcuenca del río Limón, en el
municipio de Camotán (Chiquimula). En Nicaragua se han seleccionado tres
comunidades de la microcuenca del río Terrero (San José de Cusmapa, Madriz). La
orografía es irregular, más de la mitad de la superficie tiene una pendiente superior al
10%. En Guatemala el uso potencial del suelo es: 53% forestal, el 42% agroforestal y el
5% agrícola intensivo. En Nicaragua es del 78%, 19% y 3% respectivamente.
Aplicamos la primera fase del MESMIS (Marco para la Evaluación de Sistemas
de Manejo de recursos natrales incorporando Indicadores de Sostenibilidad) para
identificar los factores clave de la sostenibilidad de estos sistemas de montaña para
relacionarlos con los atributos generales (López-Ridaura et al., 2002). Para identificar
los factores clave se ha empleado el Diagnóstico Rural Participativo (DRP). Esta
herramineta busca obtener información directa en la comunidad y a su vez promover un
autodiagnóstico sobre el estado de los recursos naturales y la situación económica y
social (Expósito Verdejo, 2003). El DRP se realizó en cada comunidad aplicando diez
herramientas de diagnóstico: Ficha, Mapa, Historia, Inventario de cultivos, Inventario
de ganado, Caracterización de variedades, Calendario de cultivos, Costes de
producción, Diagrama de Venn y Estructuras internas. Después se relacionaron los
resultados del DRP con los atributos de sostenibilidad (Productividad, Estabilidad y
Resiliencia, Adaptabilidad, Equidad y Autogestión) y las características de los sistemas
de montaña (fragilidad, inaccesibilidad, marginalidad, diversidad).
Resultados e Discussão
Las herramientas usadas en el DPR han identificado 22 factores clave que
determina la sostenibilidad de los sistemas de montaña estudiados (Tabla 1):
Almacenaje de granos, Área dedicada por cultivo, Asiduidad a reuniones de estructuras
comunitarias, Cantidad y calidad de los caminos, Consumo de proteína animal, Costes
de oportunidad, Densidad de población, Dependencia climática, Destino de la
producción, Disponibilidad de tierra, Eficiencia de la mano de obra, Fluctuación de los
precios, Fuente de ingresos alternativa, Método de elección de estructuras internas, Nº
de organizaciones, Participación en organizaciones, Procedencia de insumos externos,
Rendimiento de cultivos, Servicios básicos, Tasa de discapacitados, Tasa de migración,
21
Técnicas de manejo de cultivos, Uso de la tierra. Cada uno de ellos tiene una escala de
estudio (comunitaria y/o familiar). La densidad de población, el acceso a una fuente de
ingresos alternativa y las técnicas de manejo de cultivos son los factores que más
atributos ocupan y los que más hay que controlar. En ambos países y durante las últimas
dos décadas, la tasa de crecimiento poblacional ha sido del 6% anual, lo que ha derivado
en una mayor sobreexplotación de los recursos naturales. Ante esta situación las
comunidades han de realizar un esfuerzo de adaptación y organización para evitar que la
tasa se siga manteniendo. Ambas zonas también poseen como principal fuente de
ingresos alternativa el trabajo como jornaleros en la cosecha de café. Esto implica una
dependencia con sistemas externos que les reportan beneficio económico. Los
productores de las comunidades más inaccesibles se establecen durante uno o dos meses
seguidos en la zona cafetalera mientras que los mejor comunicados realizan trayectos de
ida y vuelta más frecuentes. Sin embargo, la inaccesibilidad no merma la afluencia de
trabajo como jornaleros, ya que acude al menos un miembro del 80% de las familias de
todas las comunidades. Respecto al manejo de sus tierras existe más diversidad entre
países pero son fundamentales las labores de conservación de suelos para evitar la
erosión.
Conclusões
Los sistemas de montaña donde se practica agricultura familiar son muy sensibles
a los factores: aumento de población, prácticas de manejo de cultivos y acceso a fuentes
de ingresos alternativas. Para alcanzar la sostenibilidad de dichos sistemas hay que
controlar esos y otros factores menos relevantes, pero complementario a los tres
anteriores. Las herramientas participativas como el DRP facilitan el conocimiento de
estos factores con el objetivo de emprender acciones a largo plazo.
Agradecimentos
A la UPM por la concesión de la beca de PIF a Esperanza Arnés. A Alicia
Merino y a Luis Laparra por su colaboración en el DRP.
Literatura citada
EHRLICH, P.R., AND HOLDREN, J.P. Impact of Population Growth. Science, v. 171,
p. 1212–1217, 1971.
EXPÓSITO VERDEJO, M. 2003. Diagnóstico Rural Participativo. Una Guía
Práctica. Santo Domingo: Centro Cultural Poveda. 2003. 118p.
FOOD AND AGRICULTURAL ORANIZATION (FAO). Proyecto para la
agricultura y el desarrollo rural sostenible en regiones de montaña. El caso de
Amérca Central. Managua, Nicaragua. 2005. 40p.
GOW, D. Development of fragile lands. Theory and practice. Ed DESFIL, New
Orleans: U.S. Agency for International Development. 1988. 24p.
JODHA, N.S. Adaptation Strategies Against Growing Environmental and Social
Vulnerabilities in Mountain Areas. Himalayan Journal of Science, v.3, p.33–42, 2005.
22
LÓPEZ-RIDAURA, S.; MASERA, O.; ASTIER, M. Evaluating the Sustainability of
Complex Socio-environmental Systems. The MESMIS Framework. Ecological
Indicators, v.35, p.135–148, 2002.
Tabela 1 – Factores clave obtenidos a través de las herramientas del DRP, teniendo en
cuenta los atributos de la sostenibilidad y las características de los sistemas
montañosos.
Atributos de
sostenibilidad
Productividad
Fragilidad
Inaccesibilidad
Marginalidad
Diversidad
Rendimiento
cultivosb,3,5
Estabilidad
Resiliencia
-Área
dedicada
por cultivo a,0,3
-Técnicas manejo
cultivo c,6,7
-Dependencia
climática b,7
-Densidad
de
población c,0,2
-Rendimiento
cultivos a,3,5
-Costes de
oportunidad b,5
-Disponibilidad de
tierra a,0,2
-Técnicas
manejo
cultivo c,6,7
-Fuente de ingresos
alternativa c,4
-Costes
de
oportunidad b,5
-Eficiencia en mano
de obra c,5
-Técnicas
manejo
cultivo c,6,7
-Fuente
de
ingresos
alternativa c,4
-Consumo
proteína
animal c,4
-Área
dedicada por
cultivo a,0,3
-Participación
en
organizaciones b,8
-Asiduidad a reuniones
o acciones de estructura
interna c,9.
- Cantidad y calidad de
los caminos c,0,1
-Servicios básicos b,0
- Cantidad y calidad de
los caminos c,0,1
Tasa
de
discapacitados b,0
-Fuente de ingresos
alternativa c,4
-Dependencia
climática b,7
- Uso de la
tierra a,0,1
-Participación
en
organizacione
s c,8
- Servicios básicos c,0
Disponibilida
d de tierra a,0,2
-
- Destino de
producción a,3,5
- Fluctuación
precios a,3,4,5
- Tasa de
migración a,0
- Método de
elección de
estructuras
internas b,9
y
Adaptabilidad
Equidad
Autogestión
Costes
de
oportunidad b,5
-Eficiencia
en
mano de obra c,5
-Densidad
de
población c,0,2
Nº Organizaciones
b,8,9
- Tasa de migración a,0
-Almacenaje de
granos b,5
-Destino
de
la
producción c,5
-Procedencia insumos
externos b,5
la
de
Escala: a. Comunitaria y familiar, b. Comunitaria, c. Familiar.
Proviene de la herramienta: 0. Ficha de comunidad, 1. Mapa de comunidad, 2. Historia de comunidad,
3.Inventario de cultivos, 4. Inventario de ganado, 5. Costes de producción, 6. Caracterización de
variedades, 7. Calendario de cultivos, 8. Diagrama de Venn, 9. Estructuras internas.
23
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.4. Modelo dinámico-probabilístico sobre el comportamiento de los pueblos
indígenas en aislamiento de la Amazonia Ecuatoriana1
Marco G. Heredia Rengifo 2, Carlos G. Hernández Díaz-Ambrona3
1
Parte de la tesis final de Máster en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible de la
Universidad Politécnica de Madrid (España).
2
Doctorando del programa de Posgrado en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible,
Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, CEIGRAM, itdUPM.
3
Profesor en el Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, Escuela Técnica Superior de Ingenieros
Agrónomos, CEIGRAM, itdUPM, Universidad Politécnica de Madrid (España).
Resumen: La supervivencia de los pueblos en aislamiento (PIAs), Tagaeri –
Taromenane en la Amazonia ecuatoriana, está influida por agentes externos y
características culturales. El área definida como Zona Intangible para el desplazamiento
de los PIAs presenta cierta debilidad geográfica, lo que alterna el funcionamiento de
estas comunidades. El objetivo de este trabajo es conocer el comportamiento de las
comunidades aisladas en relación con las fronteras de contactos. Se ha utilizado el
software libre NetLogo versión 5.0.3, para simular la evolución durante 100 años de dos
comunidades. Las poblaciones estimadas iniciales de indígenas en asilamiento fue de
100, 500, 1000 individuos por escenario. El comportamiento está condicionado por las
variables: individuos Taromenane, individuos Tagaeri, tasa de nacimientos,
disponibilidad de alimento en la Amazonía, crecimiento de la vegetación, valor
energético de la alimentación, y energía de la vegetación. Las características guerreras
por la protección de territorio propias de los PIAs, han permitido concluir que la
intensificación de las presiones externas sumadas a los enfrenamientos entre grupos
aislados genera su propia extinción en un espacio temporal de 100 años.
Palabras clave: frontera agrícola,modelos, no contactados, supervivencia, Yasuní
Abstract: The survival of isolated peoples (PIAs), Tagaeri – Taromenane in the
Ecuadorian Amazon, is influenced by external agents and cultural characteristics. The
area defined as Intangible area for movement the PIAs presents certain geographic
weakness, which toggles the operation of these communities. The aim of this study was
to determine the behavior of isolated communities in relation to the borders of contacts.
We used the free NetLogo software version 5.0.3, to simulate the evolution of 100 years
of two communities. The initial populations of the isolation indigenous estimated were
100, 500, 1000 individuals per scenarios. The behavior is conditioned by the variables:
Taromenane individuals, individuals Tagaeri, birth rate, availability of food in the
Amazon, vegetation growth, energy value of food, energy and vegetation. The
24
Intensifying of the external pressures and confrontations between groups isolated
(warlike characteristics of the PIAs for the protection their territory) generates its own
extinction in a temporary space of 100 years.
Keywords: Agricultural frontier, models, survival,uncontacted, Yasuní
Introducción
Los Tagaeri y Taromenane son dos grupos indígenasecuatorianos que viven
enaislamiento voluntarioen la ecorregión terrestre Húmedo Napo. Están asentados
entre los ríos Yasuní, Curaray y dentro del territorio ancestral Waorani (pueblo
indígena del Ecuador Amazónico) en la Reserva de Biosfera Yasuní en la cuenca
del Amazonas.En la década de los setenta el desarrollo petrolífero, la colonización
agrícola y las misiones religiosas propiciaron el aislamiento de estos pueblos, que
rehusaron al contacto en el proceso de pacificación, reubicación y pérdida del
territorio padecido por los indígenas Waorani que están relacionados cultural y
lingüísticamente.Desde que se produjo el aislamiento, las señales de presencia de
los pueblos indígenas han sido en diferentes ocasiones constatadas. Las
características guerreras de estos pueblos se han evidenciado en diversos
enfrentamientos que han involucrado a trabajadores petroleros, colonos, indígenas
y misioneros. Para la protección de estos pueblos, el gobierno del Ecuador declaró
en 1999 y asignó en 2007 una superficie de 758.000 hectáreas, la “No-Go-Zone”
llamada Zona Intangible o Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT)
(Presidencia de la República, 2007). Para mitigar las influencias antrópicas
externas al entorno al perímetro de la ZITT se definió
una zona de
amortiguamiento de diez kilómetros de ancho (Figura 1- Parque Nacional Yasuní
(PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona Intangible Tagaeri Taromenane
(ZITT) y bloques petroleros. Fuente: Pappalardo, et al. 2013.
), en la cual las actividades de extracción de madera, nuevas concesiones
petroleras y mineras están prohibidas. Las actividades como la pesca, la caza y el uso
tradicional de la biodiversidad está permitido a las comunidades indígenas ancestrales
(Art. 2 del Decreto 2187,1999).
25
Figura 1- Parque Nacional Yasuní (PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona
Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) y bloques petroleros. Fuente:
Pappalardo, et al. 2013.
La complejidad de los sistemas territoriales (bloque petroleros, franja agrícola y
sistema vial) y la distribución espacial de los clanes Tagaeri y Taromenane (Grupo
Nashiño, Maxus, Armadillo y Cunchiyacu) reconstruidos a partir de las señales de
presencia, demuestran la debilidad geográfica del perímetro de la ZITT.Pappalardoet
al.(2013) definieron sobre la base de los derechos humanos y de los patrones espaciales
de los Tagaeri Taromenane una nueva limitación no oficial (Erro! A origem da
referência não foi encontrada.) que demuestra que la ZITT geométricamente
tradicional no contiene la superficie real de territorialidad de los Tagaeri y Taromenane,
lo que alterna el funcionamiento de estas comunidades.
La superposición de usos del
territorio ylas diferentes presiones externas relacionadas con el área de desplazamiento
espacial de los PIAsgenera que la disponibilidad de alimentos y recursos está cada vez
más ceñida por el avance de la frontera extractiva y el avance de la frontera agrícola;
por lo cual la supervivencia de los PIAsestá limitada a través del tiempo. El objetivo
planteado fue determinar la supervivencia de los pueblos indígenas en aislamiento.
Materiales y Métodos
Para determinar la supervivencia de los pueblos en aislamiento se ha desarrollado
un modelo de simulación dinámico-probabilísticocon la finalidad de cuantificar la
evaluación temporal de los indígenas contactados y no contactados. Se utilizó el
software libre NetLogo versión 5.0.3 (Wilensky, 1999). NetLogo es un entorno de
programación que permite la simulación dinámica y espacial de fenómenos naturales y
sociales a través de tiempo. El área de la simulación fue de 10.000 km2 y la longitud del
área posible de contacto fue de 100 km. Se simularon tres escenarios en función de la
población inicial total de indígenas en asilamiento: 100, 500, 1000 individuos
distribuidas en parte alícuotas entre individuos Tagaeri e individuos Taromenane. Los
valores de los parámetros del modelo se mantuvieron constates en todo el proceso de
simulación: tasa de nacimientos, disponibilidad de alimento, crecimiento de la
vegetación,valor energético de la alimentación y energía de la vegetación. El modelo
espacial contiene 37.636 pixeles que equivalen a 26,5 hectáreas cada pixel, con dos
niveles de alimentos disponibles para todas las simulaciones se valorizó dos unidades
26
energéticas para los píxeles ricos en alimentos y 0,5 unidades energéticas para los
píxeles que representa una vegetación pobre en alimento.
Tabla 1 - Escenarios de simulación de los pueblos en aislamiento (PIAs) en la
Amazonía de Ecuador.
Escenarios
Población
Inicial
Tagaeri
Población
Inicial
Taromenane
Nacimiento de
los no
contactados
(Unidades
energéticas/año)
Disponibilidad
de alimento
(Unidades
energéticas/pixel)
Desarrollo de
la vegetación
(Unidades)
Valor
energético
Alimento
(Unidades
energéticas)
Valor
energético
Vegetación
(Unidades
energéticas)
100
500
50
250
50
250
20
20
20
20
20
20
2,0
2,0
0,5
0,5
1000
500
500
20
20
20
2,0
0,5
Los escenarios recogen la situación ideal en el cual la vegetación presenta un
desarrollo saludable y por tanto la disponibilidad de alimentos y su tasa de crecimiento
es máxima. Los resultados del modelo se considerarona partir de la media de 10
repeticiones por escenario. La unidad de tiempo considerada en el modelo son 100 años
y el tiempo de simulación es mensual.
Resultados y Discusión
El grupo Tagaeri se extinguirá antes de los 100 años, alcanzándose de media en
las diez simulaciones entre 0 y 1 individuo no contactado, con un mínimo de cero
individuos y un máximo de tres. Mientras del grupo Taromenane quedarían de
mediaentre 16 y 26 individuos, con un mínimo de siete individuos y un máximo de 45.
Cabe destacar que una población Taromenane inicial menor mantendría un mayor nivel
de supervivencia sin contacto, una media del 32% frente al 5,2%, este resultado sugiere
que la densidad de población es un factor clave para la conservación de los grupos
indígenas(Tabla 2 - ). Una mayor densidad de población inicial implica mayores
conflictos bélicos entre grupos y mayor contacto con individuos foráneos. Al cabo de
los 100 años en número de individuos contactados (55% del total) es superior en todos
los escenarios a los individuos no contactados. La población simulada final para los tres
escenarios es significativamente igual, por tanto la desaparición de estos grupos es
independiente de los individuos inicialesEn los tres escenarios los individuos Tagaeri
son inferiores a los Taromenane corroborando las características guerreras de su cultura
por salvaguardar su espacio de sobrevivencia segúnColleoni y Proaño (2010).
Tabla 2 - Proyección del número de individuos a los 100 años partiendo de una
población inicial total de 100, 500 y 1000 individuosde los pueblos en
Aislamiento en la Amazonía de Ecuador. Entre paréntesis se muestra el
coeficiente de variación.
Escenarios
Individuos totales
iniciales
100
500
1000
Media
Individuos no
contactados
Tagaeri
Individuos no
contactados
Taromenane
Población contactada
Población total
1 (6,8%)
0(168,0%)
1 (117,0%)
0,66
16 (33,2%)
23 (38,3%)
26 (44,8%)
21,66
21
30
32
28
38
53
59
50
Conclusión
La sobrevivencia de los pueblos en asilamiento Tagaeri – Taromenane está
influida por presiones externas y características culturales. El incremento de dichas
27
presiones genera la disminución de área espacial de desplazamiento de estos pueblos
ocasionando enfrentamiento entre poblaciones por espacio y alimento lo que podría
provocar su extinción. La disminución de la superficie de la Reserva Biósfera Yasuni,
según las simulaciones realizadas, sería el factor determinante de la desaparición de los
grupos aislados.
Literatura citada
COLLEONI, P.;PROAÑO, J.Caminantes en la selva. Los Pueblos en Aislamiento de
la Amazonia Ecuatoriana. 2010. Informe 7 IWGIA. Grupo Internacional de Trabajo
sobre Asuntos Indígenas (IWGIA) – 2010. p. 48. In: Los Pueblos Indígenas en
Aislamiento Tagaeri Taromenane.docx
PAPPALARDO SE, DE MARCHI M, FERRARESE F.Uncontacted Waorani in the
Yasuní Biosphere Reserve: Geographical Validation of the Zona Intangible
Tagaeri
Taromenane
(ZITT).
2013.
PLoS
ONE
8(6):
e66293.
doi:10.1371/journal.pone.0066293
PRESIDENCIA DE LA REPÚBLICA. Decreto Ejecutivo No. 2187. 2007. Quito,
Ecuador. In: http://saveamericasforests.org/Yasuni/Ne ws / ZonaIntangible / DECRETO
ZONA INTANGIBLE.pdf.
WILENSKY,
U.
TheNetLogoUser
Manual
versión
5.0.3.1999.
http://ccl.northwestern.edu/netlogo/docs/(con acceso 25 octubre de 2012).
In:
28
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.5. Avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na produtividade de
cafeeiros na Zona da Mata de Minas Gerais
Paulo César de Lima2, Cássio Francisco Moreira de Carvalho3, Cileimar Aparecida da
Silva4; Waldênia de Melo Moura5; Rebeca Lourenço de Oliveira6 ; Mariana Gabriele
Marcolino Gonçalves7
1
Trabalho financiado pelo Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais
Pesquisador EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected]
3
Engenheiro Agrônomo, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
4
Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
5
Pesquisadora EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected]
6
Engenheira Agrônoma, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
7
Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
2
Resumo: Visando racionalizar o uso de insumos em sistemas de base familiar para
produção de café de montanha, essa pesquisa teve como objetivo avaliar doses de
composto orgânico não estabilizado na produção de café em propriedade de base
familiar das Matas de Minas. De um total de dois experimentos esse foi conduzido no
município de Oratórios a 450m de altitude, na Zona da Mata de Minas Gerais. O
experimento foi instalado no período de novembro de 2012 e a colheita dos cafeeiros foi
realizado em junho de 2013. Os materiais utilizados foram: esterco de curral, capim
colonião e bananeira picada, na proporção 1,16:1:1. Foram aplicadas quatro doses do
composto não estabilizado com base nos teores de nitrogênio, sendo: 50, 100, 200 e 400
Kg/ha de N. As produtividades dos tratamentos variaram de 45.7 a 66 sacas de café
beneficiados/ha. As produtividades respondem com ajuste linear aos aumentos das
doses do composto não estabilizado aplicadas. A maior produtividade é alcançada com
a aplicação de 400 Kg de N por ha.
Palavras-chave: Agroecologia, agricultura familiar, adubação orgânica, cafeeiros
Evaluation of doses of non stabilized organic compound in coffee productivity in
the Zone of Mata of Minas Gerais
Abstract: In order to rationalized the use of inputs in family based systems for the
production of coffee mountain, this research had with objective to evaluated the doses
of organic compound non stabilized in the production of coffee in family based
propriety in Matas de Minas. In a total of two experiments, this was conducted in the
29
municipality of Oratórios 450 m of height, in Zona da Mata de Minas Gerais. The
experiment was installed in November 2012 and the harvesting of the coffee was
realized in June 2013. The material used were: corral manure, panicum and chopped
banana in proportion 1,16:1:1. Were applied four doses of the non-stabilized compound
based on the nitrogen contents, as follow: 50, 100, 200 and 400 Kg N/ha. The
productivity of the treatments ranged from 45,7 to 66 bags of coffee benefited/ha. The
productivities respond with the linear fit to increased doses compound non stabilized
applied. The highest productivity is achieved with the application of 400 kg of N per ha
Keywords: Agroecology, family farming, organic fertilizers, coffee
Introdução
Uma das problemáticas levantadas pelos agricultores de base familiar dessa região
relaciona-se às práticas que envolvem a adubação, que estão entre as principais
dificuldades para o cultivo de café. Uma questão básica a ser considerada é a baixa
fertilidade dos solos, causada pelas características naturais e pelo grau de degradação de
algumas áreas.
O uso de resíduos orgânicos é uma das formas de fornecer os nutrientes
necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Assim, o
desenvolvimento de tecnologias que se adéquem a esta realidade torna-se uma
necessidade.
Investigações sobre os efeitos do emprego de diversos compostos orgânicos sob
diferentes condições edafoclimáticas são de grande importância, visto que são variáveis
determinantes para o processo de ciclagem de nutrientes no solo e que implicam em
grande esforço das famílias para o manejo das lavouras.
Assim o objetivo dessa pesquisa foi avaliar doses de composto orgânico não
estabilizado na produtividade de cafeeiros na Zona da Mata de Minas Gerias.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no município de Oratórios a 450m de altitude, na
Zona da Mata de Minas Gerais, em relevo ondulado, sobre um Argissolo VermelhoAmarelo, A fraco, em cafeeiros com espaçamento de 2,0 x 0,75m (6666 plantas. ha -1).
Os constituintes do composto foram esterco de curral, capim colonião e bananeira
picada, na proporção 1,16:1:1, respectivamente. As doses do composto não estabilizado
foram estabelecidas com base nos teores de nitrogênio da matéria seca correspondendo
a 50, 100, 200 e 400 Kg/ha de N. Foi empregado o delineamento experimental de
blocos casualizados com três repetições com oito plantas por parcela. A adubação foi
feita em novembro de 2012, época chuvosa na região.
Foram analisados os teores de nutrientes dos materiais orgânicos e da misturas
desses, denominado composto não estabilizado. As quantidades de cada material para
formar o composto foram calculadas visando atingir relação C:N inicial máxima de
30:1. Também foram realizadas análises de solos antes da instalação do experimento. A
produção dos cafeeiros foi medida em litros/ parcela, através de recipientes graduados e
convertidos em sacas de café beneficiadas por hectare (sacas/ha). As amostras análises
de solos após colheita serão realizadas em agosto de 2013, após as amostragens em
campo e as análises foliares serão realizadas em novembro de 2013, após a floração, no
período inicial de crescimento de frutos denominado chumbinho.
30
Resultados e Discussão
Os teores de nutrientes podem ser considerados adequados para a produção de
café, com exceção de Ca e Mg onde a soma recomendada seria de 3,5 cmolc/dm3 e o
observado é de 2,7 cmolc/dm3, o que compromete o experimento (Tabela 1).
(GUIMARÃES et.al.,1999).
Quanto aos teores de nutrientes dos materiais orgânicos (Tabela 2), verifica-se que
a relação C:N se encontra 26,33, que poderia ser considerada adequada para se iniciar o
processo de compostagem tradicional (Lima et. al. 2011). A camada estreita que se
formou sob as saias dos cafeeiros com a aplicação do composto não estabilizado no
início do período chuvoso, certamente contribui para facilitar a aceleração do processo
de decomposição e de mineralização.
Os resultados disso são verificados nas produtividades apresentadas na Figura 1,
onde as produtividades dos tratamentos variaram de 45.7 a 66 sacas de café
beneficiados/ ha. As produtividades respondem com ajuste linear aos aumentos das
doses do composto não estabilizado aplicadas, sendo a maior produtividade é alcançada
com a aplicação de 400 Kg de N por ha.
Não foi constatado amarelecimento temporário por deficiência de N nos cafeeiros.
Esse sistema de produção de composto facilita e contribui para a adoção do composto
orgânico na adubação de cafeeiros em propriedades de base familiar, por apresentar a
vantagem de não exigir muito tempo e esforços gastos durante as reviradas e
umedecimentos realizados durante a compostagem.
Tabela 1: Resultado da análise de amostra composta de solo da camada 0-20 cm retirada
antes da instalação do experimento para avaliação de doses de composto orgânico não
estabilizado na produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG
Identificação
pH
P
4,7
2+
Ca
mg/dm3
H2O
+
K
48,5
181,7
Mg
Al
T
cmolc/dm3
1,8
0,9
MO
dag/kg
0,7
8,0
2+
pH - H2O (1:2,5); Al³ , Ca e Mg - KCl 1 mol/L; K e P disponíveis - Mehlich
2,3
-1
Tabela 2: Teores de N, P, K, Zn, Cu, B e relação C:N dos materiais e do composto
empregado na avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na
produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG
Identificação da amostra
N
P
K
Zn
Cu
B
C/N
3
dag/ kg
mg/ dm
Capim colonião
1,39
0,29
2,80
94
7
8,7
15,82
Bananeira picada
0,65
0,08
2,00
23
4
11,1
42,70
Esterco curral
2,25
0,51
1,36
285
49
12,3
6,72
Composto não estabilizado
1,48
0,23
2,56
85
15
16,1
26,33
31
Sacas beneficiadas/ha
70
60
50
40
ŷ = 41,72 + 0,061x
R²= 0,99
30
20
10
0
0
100
200
300
400
500
Dose de composto com base no teor de N da MS (kg de N/ ha)
Figura 1: Produtividade de cafeeiros em função de doses de composto orgânico não
estabilizado, formado por esterco de curral, bananeira picada e capim colonião, no
município de Oratórios, MG.
Conclusões
As produtividades respondem com ajuste linear aos aumentos das doses do
composto não estabilizado aplicadas, sendo a maior produtividade é alcançada com a
aplicação de 400 Kg de N por ha.
A adubação orgânica com composto não estabilizado não causa amarelecimento
por deficiência de nitrogênio nas plantas.
Agradecimentos
Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais pelo
financiamento do projeto e das bolsas de pesquisa.
Literatura citada
GUIMARÃES, P.T.G.; GARCIA,A.W.R.; ALVAREZ V., V.H. et al. Cafeeiro. In:
RIBEIRO,A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações
para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª. Aproximação. Viçosa:
CFSEMG. 1999, p. 289-302.
LIMA, P. C.; MOURA, W. M.; SEDIYAMA, M. A. N.; SANTOS, R. H. S.;
MOREIRA, G. M. Manejo da adubação em sistemas orgânicos. In: LIMA, P.C.;
MOURA, W.M.; VENZON, M.; PAULA Jr, T.; FONSECA, M.C.M. (Eds) Tecnologias
para produção orgânica. Belo Horizonte: EPAMIG, 2011, v. 1, p. 69-106.
32
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.6. Produtividade de cafeeiros em função de doses de composto orgânico não
estabilizado na Zona da Mata de Minas Gerais
Paulo César de Lima2, Rebeca Lourenço de Oliveira3; Waldênia de Melo Moura4;
Mariana Gabriele Marcolino Gonçalves5 ; Cássio Francisco Moreira de Carvalho 6,
Cileimar Aparecida da Silva7
1
Trabalho financiado pelo Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais
Pesquisador EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected]
3
Engenheira Agrônoma, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
4
Pesquisadora EPAMIG, Bolsista FAPEMIG - Viçosa, MG, [email protected]
5
Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
6
Engenheiro Agrônomo, bolsista CBP&D-Café/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
7
Estudante Agronomia UFV, Bolsista FAPEMIG/ EPAMIG, Viçosa, MG, [email protected]
2
Resumo: Visando racionalizar o uso de insumos em sistemas de base familiar para
produção de café de montanha, essa pesquisa teve como objetivo avaliar doses de
composto orgânico não estabilizado na produção de café em propriedade de base
familiar das Matas de Minas. Esse experimento, conduzido no município de Oratórios a
450m de altitude, na Zona da Mata de Minas Gerais, foi instalado no período de
novembro de 2012 e a colheita dos cafeeiros foi realizado em junho de 2013. Os
materiais utilizados foram: palha café, mucuna preta e dejetos suínos, na proporção
1:0,54:1. Foram aplicadas quatro doses do composto não estabilizado com base nos
teores de nitrogênio, sendo: 50, 100, 200 e 400 kg/ha de N. A produtividade respondeu
com ajuste quadrático aos aumentos de doses do composto não estabilizado aplicadas,
sendo a máxima estimada de 52,13 sacas de café beneficiados/ha com adição de 282,2
kg de N/ha.
Palavras-chave: Agroecologia, agricultura familiar, adubação orgânica, cafeeiros
Evaluation of doses of non stabilized organic compound in coffee productivity in
the Zone of Mata of Minas Gerais
Abstract: In order to rationalized the use of inputs in family based systems for the
production of coffee mountain, this research had with objective to evaluated the doses
of organic compound non stabilized in the production of coffee in family based
propriety in Matas de Minas. This experiment was conducted in the municipality of
Oratórios 450 m of height, in Zona da Mata de Minas, was installed in November 2012
33
and the harvesting of the coffee was realized in June 2013. The material used were:
coffee straw, velvet bean and pig manure, in proportion 1:0,54:1. Were applied four
doses of the non-stabilized compound based on the nitrogen contents, as follow: 50,
100, 200 and 400 kg N/ha. Productivity responded with quadratic fit to increases in nonstabilized doses of the compound applied, and the estimated maximum of 52.13 bags of
coffee benefited/ha with the addition of 282.2 kg N/ha.
Keywords: Agroecology, family farming, organic fertilizers, coffee
Introdução
Uma das problemáticas levantadas pelos agricultores de base familiar dessa região
relaciona-se às práticas que envolvem a adubação, que estão entre as principais
dificuldades para o cultivo de café. Uma questão básica a ser considerada é a baixa
fertilidade dos solos, causada pelas características naturais e pelo grau de degradação de
algumas áreas.
O uso de resíduos orgânicos é uma das formas de fornecer os nutrientes
necessários para o crescimento e desenvolvimento das plantas. Assim, o
desenvolvimento de tecnologias que se adéquem a esta realidade torna-se uma
necessidade.
Investigações sobre os efeitos do emprego de diversos compostos orgânicos sob
diferentes condições edafoclimáticas são de grande importância, visto que são variáveis
determinantes para o processo de ciclagem de nutrientes no solo e que implicam em
grande esforço das famílias para o manejo das lavouras.
Assim o objetivo dessa pesquisa foi avaliar doses de composto orgânico não
estabilizado na produtividade de cafeeiros na Zona da Mata de Minas Gerias.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no município de Oratórios a 450m de altitude, na
Zona da Mata de Minas Gerais, em relevo ondulado, sobre um Argissolo VermelhoAmarelo, A fraco, em cafeeiros com espaçamento de 2,0 x 0,75m (6666 plantas. ha-1).
Os constituintes do composto foram palha café, mucuna preta e dejetos suínos, na
proporção 1:0,54:1, respectivamente. As doses do composto não estabilizado foram
estabelecidas com base nos teores de nitrogênio da matéria seca correspondendo a 50,
100, 200 e 400 kg/ha de N. Foi empregado o delineamento experimental de blocos
casualizados com três repetições com oito plantas por parcela. A adubação foi feita em
novembro de 2012, época chuvosa na região.
Foram analisados os teores de nutrientes dos materiais orgânicos e da misturas
desses, denominado composto não estabilizado. As quantidades de cada material para
formar o composto foram calculadas visando atingir relação C:N inicial máxima de
30:1. Também foram realizadas análises de solos antes da instalação do experimento. A
produção dos cafeeiros foi medida em litros/ parcela, através de recipientes graduados e
convertidos em sacas de café beneficiadas por hectare (sacas/ha). As amostras análises
de solos após colheita serão realizadas em agosto de 2013, após as amostragens em
campo e as análises foliares serão realizadas em novembro de 2013, após a floração, no
período inicial de crescimento de frutos denominado chumbinho.
Resultados e Discussão
Os teores de nutrientes podem ser considerados adequados para a produção de
café, com exceção de Ca e Mg onde a soma recomendada seria de 3,5 cmolc/dm3 e o
34
observado é de 2,7 cmolc/dm3, o que compromete o experimento (Tabela 1)
(GUIMARÃES et al., 1999).
Quanto aos teores de nutrientes dos materiais orgânicos (Tabela 2), verifica-se que
a relação C:N se encontra 23,42, que poderia ser considerada adequada para se iniciar o
processo de compostagem tradicional (Lima et. al. 2011). A camada estreita que se
formou sob as saias dos cafeeiros com a aplicação do composto não estabilizado no
início do período chuvoso, certamente contribui para facilitar a aceleração do processo
de decomposição e de mineralização.
Os resultados disso são verificados nas produtividades apresentadas na Figura 1,
As produtividades responderam com ajuste quadrático aos aumentos de doses do
composto não estabilizado aplicadas, sendo a máxima estimada de 52,13 sacas de café
beneficiados/ ha com adição de 282,2 kg de N/ha. Não foi constatado amarelecimento
temporário por deficiência de N nos cafeeiros. Esse sistema de produção de composto
facilita e contribui para a adoção do composto orgânico na adubação de cafeeiros em
propriedades de base familiar, por apresentar a vantagem de não exigir muito tempo e
esforços gastos durante as reviradas e umedecimentos realizados durante a
compostagem.
Tabela 1: Resultado da análise de amostra composta de solo da camada 0-20 cm retirada
antes da instalação do experimento para avaliação de doses de composto orgânico não
estabilizado na produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG
Identificação
pH
P
4,5
2+
Ca
mg/dm3
H2O
+
K
44,1
95,0
Mg
Al
T
cmolc/dm3
1,8
0,9
2+
0,7
pH - H2O (1:2,5); Al³ , Ca e Mg - KCl 1 mol/L; K e P disponíveis - Mehlich
MO
dag/kg
8,0
2,3
-1
Tabela 2: Teores de N, P, K, Zn, Cu, B e relação C:N dos materiais e do composto
empregado na avaliação de doses de composto orgânico não estabilizado na
produtividade de cafeeiros no município de Oratórios, MG
Identificação da amostra
N
P
K
Zn
Cu
B
C/N
mg/ dm3
dag/ kg
Mucuna preta
2,71
0,20
2,16
42
9
24,5
18,23
Palha de café
2,68
0,17
0,56
71
37
27,6
36,34
Dejetos suínos
Composto não estabilizado
4,77
1,55
1,60
71
458
24,5
3,40
4,19
1,02
1,76
45
237
29,2
23,42
35
Sacas beneficiadas/ha
70,0
60,0
50,0
40,0
ŷ = 33,76 + 0,13x - 0,00023x²
R² = 0,99
30,0
20,0
10,0
0,0
0
100
200
300
400
500
Dose de composto com base no teor de N da MS (kg de N/ha)
Figura 1: Produtividade de cafeeiros em função de doses de composto orgânico não
estabilizado, formado por mucuna preta, palha de café e dejeto suínos, no município de
Oratórios, MG.
Conclusões
A produtividade máxima estimada é de 52,13 sacas de café beneficiados/ ha com
adição de 282,2 kg de N/ha.
A adubação orgânica com composto não estabilizado não causa amarelecimento
por deficiência de nitrogênio nas plantas.
Agradecimentos
Agradecemos à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais pelo
financiamento do projeto e das bolsas de pesquisa.
Literatura citada
GUIMARÃES, P.T.G.; GARCIA,A.W.R.; ALVAREZ V., V.H. et al. Cafeeiro. In:
RIBEIRO,A.C.; GUIMARÃES, P.T.G.; ALVAREZ V., V.H. (Eds.). Recomendações
para o uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais: 5ª. Aproximação. Viçosa:
CFSEMG. 1999, p. 289-302.
LIMA, P. C.; MOURA, W. M.; SEDIYAMA, M. A. N.; SANTOS, R. H. S.;
MOREIRA, G. M. Manejo da adubação em sistemas orgânicos. In: LIMA, P.C.;
MOURA, W.M.; VENZON, M.; PAULA Jr, T.; FONSECA, M.C.M. (Eds) Tecnologias
para produção orgânica. Belo Horizonte: EPAMIG, 2011, v. 1, p. 69-106.
36
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.7. Elaboração e avaliação sensorial de geleias de pimenta Dedo-de-moça
Cleide Maria Ferreira Pinto 1, Cláudia Lucia de Oliveira Pinto 2, Eliane Maurício Furtado
Martins3, Inayara Beatriz Araújo Martins4, Cristiany Oliveira Bernardo 5
1
Pesquisadora da EMBRAPA/EPAMIG, Viçosa-MG.
Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, Viçosa-MG.
3
Professora Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, campus Rio Pomba
4,5
Estudante de graduação em Ciência e Tecnologia de alimentos, IFSEMG
2
Resumo: Objetivou-se elaborar geleias de pimenta e avaliar as suas características
sensoriais. Prepararam-se quatro formulações de geleia de pimenta Dedo-de-moça
(Capsicum baccatum var.pendulum). A avaliação sensorial das geleias foi feita por 50
provadores não treinados, selecionados aleatoriamente e quanto à disponibilidade e
interesse em participar dos testes, utilizando escala hedônica. Maior aceitação e maior
intenção de compra foram observadas para geleia de pimenta com menor grau de
ardume, incorporada de abacaxi. Pode-se sugerir esta formulação como a principal
opção para elaboração de geleias de pimenta com maior potencial de mercado.
Palavras–chave: Capsicum, produto, escala hedônica
Elaboration and sensorial of pepper jellies Finger-of-girl
Abstract: This study aimed to prepare four pepper jellies formulations and evaluate its
sensory
characteristics.
The
formulations
were
made
of Capsicum
baccatum var.pendulum (also known as "Dedo-de-Moça" in Brazil) using different
concentrations and compounds. Sensory evaluation was performed by fifty non-trained
testers recruited who accepted the invitation made by this study researchers. Participants
filled out a Hedonic Scale. Results showed greater acceptance and purchase intend for
formulations with pineapple and fewer pungency. Formulations with pineapple and
fewer pungency may be used as main option and may have greater market potential.
Keywords: Capsicum, product, scale hedonic
Introdução
No Brasil, o cultivo de pimenta Capsicum é realizado por agricultores que, em
geral, cultivam áreas de 0,5 a 10 ha (OHARA; PINTO, 2012). Na forma in natura ou
fresca as pimentas têm mercado pequeno, por isso, na maioria das vezes, são
37
processadas na forma de conservas, molhos, desidratadas, geleias, entre outras. A
elaboração de geleia é uma das formas de agregar valor à produção de pimentas e
disponibilizar este produto no mercado (TORREZAN, 2012). O processamento de
geleia de pimenta, em geral, é semelhante ao de frutas, incluindo as mesmas etapas de
produção e mesmos equipamentos. A análise sensorial constitui uma importante
ferramenta para medir demandas do consumidor com base no grau de aceitação de um
determinado alimento. Tem como objetivo auxiliar no desenvolvimento de novos
produtos e/ou melhoria de produtos, demandas que surgem do aumento da competição
entre fornecedores. O objetivo deste trabalho foi elaborar geleias de pimentas e avaliar
suas características sensoriais como forma de selecionar formulações com maior
probabilidade de aceitação pelo mercado consumidor.
Materiais e Métodos
O trabalho foi realizado nos Laboratórios de Desenvolvimento de Produtos à
base de Pimentas da EPAMIG/Unidade Regional Epamig Zona da Mata e de Análise
Sensorial do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas
Gerais, campus Rio Pomba. Elaboraram-se quatro formulações de geleias com pimentadedo-de-moça variedade Mari (Tabela 1). Os frutos foram lavados em água corrente,
sanitizados com solução de hipoclorito de sódio 150 mg/L, por 10 minutos, abertos com
faca de aço inoxidável. À exceção da formulação 1 (F1) em que as sementes foram
previamente descartadas, os frutos foram triturados com água em liquidificador e a
mistura filtrada em peneira com fios de nylon. As geleias foram preparadas seguindo-se
os passos: adição da mistura triturada em tacho de aço inoxidável, adição de açúcar,
pectina e ácido cítrico sendo este último ingrediente acrescentado próximo ao final da
cocção com agitação manual contínua. O ponto da geleia foi determinado pelo teste do
pires. As geleias foram envasadas à quente em frascos de vidro com capacidade para 40
g, previamente esterilizados em água fervente/15 min, fechados com tampa de metal.
Em seguida os vidros foram resfriados e estocados em temperatura ambiente.
A avaliação sensorial das geleias foi feita por meio do teste de aceitação com
base em escala hedônica de nove pontos, com variação de “gostei extremamente”
(escore 9) a “desgostei extremamente” (escore 1) e intenção de compra com variação
de “certamente não compraria” ( escore 1) e certamente compraria ( escore 5). O teste
foi realizado com 50 provadores não treinados, selecionados aleatoriamente e quanto à
disponibilidade e interesse em participar dos testes. Os provadores foram conduzidos a
cabines individuais, em ambiente apropriado, com luz branca, livre de ruídos e odores.
As amostras das geléias foram servidas com biscoitos do tipo água e sal, em pratos
codificados com três dígitos, de forma sequencial e aleatória. Os provadores receberam
um copo de água, um copo de leite e a ficha de avaliação. Avaliou-se a cor, textura,
sabor global, sabor ardente e impressão global e aparência.
Tabela 1. Descrição das formulações das geléias elaboradas e analisadas
Código
F1
F2
F3
F4
Pimenta Dedo-de-moça
30 g de pimenta sem as sementes
30 g de pimenta com as sementes
7,5 g de pimenta com as sementes
7,5 g pimenta com as sementes
300g de polpa de abacaxi
Resultados e Discussão
Ingredientes Comuns
500 mL de água
500 g de açúcar cristal
6,5 g de pectina comercial
4,0 g de ácido cítrico
38
Maior aceitação foi observada para a formulação que continha quantidade de
pimenta quatro vezes menor (F4) comparada às F1 e F2 (Tabela 2). Embora a F4 tivesse
a mesma quantidade de pimenta que a F3, pode-se associar a sua melhor aceitação a
melhoria de sabor da geleia proporcionada pela adição da polpa de abacaxi. Assim,
maior pontuação para intenção de compra foi observada também para a F4. Maior
aceitação de geléias menos picantes adicionadas de polpa de abacaxi também foram
constatadas por Araújo et al. (2012). Em geral, as formulações que continham menor
quantidade de pimenta apresentaram maior aceitação quanto ao sabor ardente e sabor
global e, como consequência, maior intenção de compra.
Tabela 2 – Valores das médias dos atributos aparência, impressão global, cor, textura,
sabor ardente, sabor global, intenção de compra geléias de pimenta
Formulação
1
2
3
4
Aparência
Impressão
global
Cor
Textura
Sabor
ardente
Sabor
Global
Intenção
de
compra
7,8
7,12
7,76
7,64
6,68
6,68
3,48
7,6
6,8
7,44
7,46
5,9
6,44
3,06
6,5
7,02
5,98
7,32
6,92
7,26
7,64
7,4
7,5
7,1
7,24
7,52
3,58
3,98
Conclusões
A avaliação sensorial constitui uma importante ferramenta para selecionar
formulações de geleias de pimenta com maior potencial de mercado com base no seu
grau de aceitação. Considerando que a formulação de geleia de pimenta incorporada de
abacaxi apresentou maior aceitação, pode-se sugerir esta formulação como uma opção
de agregação de valor às pimentas, em especial para os pequenos produtores inseridos
no agronegócio de pimentas.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, E.R. et al. Elaboração e análise sensorial de geleia de pimenta com abacaxi.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.14, n.3, p. 233238,
OHARA, R; PINTO, C.M.F. Mercado de pimentas processadas.
Agropecuário, Belo Horizonte, v.33, n.267, p.7-13, mar./abr. 2012.
Informe
TORREZAN, R. Elaboração de geléias de pimenta. Informe Agropecuário, Belo
Horizonte, v.33, n.267, p.63-71, mar./abr. 2012.
39
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.8. Adubação de feijão-vagem com esterco de galinha e seu efeito sobre o estado
nutricional e produtividade da planta1
Ivan de Paiva Barbosa Magalhães2, Maria Aparecida Nogueira Sediyama3, Sanzio
Mollica Vidigal3, Fred Denilson Barbosa da Silva4 , Iza Paula Carvalho Lopes5, Cláudia
Lúcia Oliveira Pinto 3
1
Projeto financiado pela FAPEMIG
Graduando em Agronomia - UFV; Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG; [email protected]
3
Pesquisadores da EPAMIG Unidade Regional Zona da Mata, Viçosa-MG; [email protected];
[email protected]; [email protected]
4
Recém-Doutor, bolsista FAPEMIG/EPAMIG, Vila Gianetti, casa 46, 36570-000, Viçosa-MG;
[email protected]
5
Bolsista Apoio Técnico FAPEMIG/EPAMIG, Viçosa-MG; [email protected]
2
Resumo: Na produção sustentável, destaca-se o uso de adubos orgânicos para fins de
obtenção de alimentos saudáveis, seguros à saúde e de maior aceitação pelo
consumidor. Objetivou-se avaliar o efeito da adubação com esterco de galinha sobre o
rendimento de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito. O experimento foi desenvolvido no
período de 23/04 a 03/07/2012, no delineamento de blocos casualizados com cinco
doses de esterco (0; 5; 10; 20 e 40 t ha-1), com quatro repetições. No florescimento
pleno das plantas maiores teores de P e Mg nas folhas foram constatados para a dose de
40 t ha-1 de esterco de galinha. Para os demais nutrientes não houve efeito de doses de
esterco sobre os teores foliares. O comprimento máximo de vagem foi 14,47 cm,
estimado com a dose de 33,33 t ha -1 do esterco. O diâmetro da vagem, número de
vagens por planta e produtividade de vagens foi maior quando se aplicou 40 t ha -1 de
esterco de galinha. A adubação do solo com esterco de galinha para produção de feijãovagem melhora o estado nutricional da planta e aumenta a sua produtividade de 7,2 para
16,3 t/ha. Em consequência, reduz os impactos ambientais associados ao descarte
inadequado desses dejetos no ambiente e promover a sustentabilidade no setor agrícola.
Palavras-chave: adubação orgânica, Phaseolus vulgaris, resíduo orgânico
40
Fertilization of snap beans with chicken manure and its effect on nutritional status
and productivity of plants
Abstract: In sustainable production, the use of organic fertilizers is evident for the
purpose of obtaining healthy foods, health insurance and greater acceptance by the
consumer. The objective of the study was to evaluate the effect of fertilization with
chicken manure on the yield of snap bean, cv. Macarrão Favorito. The experiment was
carried out during the period from April 23 nd to July 3th, 2012, in the design of
randomized blocks with five doses of manure (0; 5; 10; 20 and 40 t ha -1), with four
replicates. In the full flowering of plants highest content of P and Mg in leaves was
observed for the dose of 40 t ha -1 of chicken manure. For the other nutrients, there was
no effect of manure on the foliar content. The maximum length of the pod was 14.47
cm, estimated with 33.33 t ha -1 of manure. The pod diameter, number of pods per plant
and pods showed greater productivity when applied 40 t ha-1. The soil fertilization with
chicken manure snap bean production improves the nutritional status of the plant and
increase the yield from 7.2 to 16.3 t/ha. As a result, it reduces the environmental
impacts associated with the inappropriate disposal of waste on the environment and
promote sustainability in the agricultural sector.
Keywords: organic fertilizers, Phaseolus vulgaris, organic waste
Introdução
O feijão-vagem (Phaseolus vulgaris L.) está entre as hortaliças mais populares
no Brasil. É fonte de vitaminas A, B1, B2 e C, rico em fósforo, potássio e fibras. As
plantas são adaptadas a clima seco e quente, tem desenvolvimento preferencial entre 15
e 30°C, e exigem altas concentrações de nutrientes prontamente disponíveis durante
período curto de crescimento (Araújo et al., 2001). Nos últimos anos tem sido constante
a preocupação com o desenvolvimento de tecnologias que permitam o uso racional dos
recursos naturais e de insumos destinados à produção de alimentos de forma
sustentável. Dentre essas tecnologias para nutrição de plantas, está a utilização de
fertilizantes orgânicos, dentre eles, o esterco de galinha.
Em Minas Gerais a criação de aves é considerável, com consequente geração de
grande volume de resíduos orgânicos, em especial cama de galinha e de frango. Esses
são muito utilizados na produção de hortaliças associado ao seu ao teor de nutrientes.
No entanto, existe uma carência de informações sobre o uso desses fertilizantes
orgânicos na adubação do feijão-vagem. Neste trabalho, objetivou-se avaliar a adubação
de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito, com esterco de galinha e seu efeito sobre o
estado nutricional e a produtividade da planta.
Material e Métodos
O experimento foi instalado na Fazenda Experimental Vale do Piranga, da
EPAMIG Zona da Mata, em Oratórios-MG, no período de 23/04 a 03/07/2012. O solo
Argissolo Vermelho-Amarelo câmbico, fase terraço, apresentou na camada de 0-20 cm
as seguintes características: pH (H2O)=6,0; P=13,4 e K=142 (mg/dm3); Ca+2=2,0 e
Mg+2=1,0 (cmol/dm3); Al+3=0,0; V=58% e matéria orgânica=2,1 dag/kg. A adubação
orgânica do feijão-vagem foi feita com esterco de galinha que, na época de sua
aplicação, apresentou as características (g/kg): N=24,1; P=21,6; K=1,0; Ca=115,4;
Mg=6,7 e S=4,0; para C. Org.=19,97 dag/kg, pH = 8,20 e C/N=8,28.
41
Utilizou-se o delineamento experimental em blocos casualizados, com cinco
tratamentos e quatro repetições. Os tratamentos foram: doses de esterco de galinha ( 0,
5, 10, 20 e 40 t ha-1). As doses foram aplicadas de forma parcelada, ou seja, metade de
cada dose foi aplicada duas semanas antes da semeadura e incorporado ao solo na
profundidade de 0 a 15 cm. O restante foi aplicado em cobertura com 30 dias após a
semeadura, seguida da capina e amontoa. As parcelas foram constituídas de 40 plantas,
dispostas em quatro fileiras de 3,0 m de comprimento espaçadas de 1,0 m, com 16
plantas úteis. O espaçamento foi de 1,0 x 0,3 m. Foi feita semeadura direta, com quatro
sementes por cova, com a cultivar Macarrão Favorito. Após 15 dias realizou-se o
desbaste, de forma a obter duas plantas por cova. Para o manejo das plantas daninhas
foram realizadas duas capinas e três roçadas na parte externa das linhas de plantio. As
irrigações foram feitas por gotejamento por meio de fitas perfuradas a cada 10 cm.
Foram feitas pulverizações quinzenais com urina fermentada de vaca a 1,0%, até o
florescimento das plantas. As características químicas da urina empregada eram: em %:
N = 6,96; P=0,0; K=0,89; Ca=0,00; Mg=0,04; S=0,03; C. Org.=0,17; em ppm: Zn=0,0;
Fe=1,0; Mn=0,0; Cu=0,0 e pH de8,5.
Quando as plantas estavam em florescimento pleno realizou-se coleta de folhas
indicadoras, limbo foliar mais pecíolo, para análise química de nutrientes. O material foi
seco em estufa com circulação de ar, a 65°C, por 72 h. Posteriormente, foi moído e
analisado quanto ao teor de nutrientes. Na colheita, 58 dias após a semeadura, avaliouse: diâmetro (mm) e comprimento (cm) de vagens (20 vagens por colheita), número e
massa fresca e seca. A produtividade foi calculada por meio do somatório da massa
fresca de vagens, em cada colheita, transformada em toneladas de vagens/ha. Os dados
foram submetidos à análise de variância e de regressão.
Resultados e Discussão
Constatou-se influência das doses de esterco de galinha apenas nos teores
foliares de fósforo e magnésio. Os teores dos macronutrientes apresentaram-se em
concentrações adequadas para N (40-60 g kg-1), P (3-7 g kg-1), Mg (3-8 g kg-1) e S (2-5
g kg-1), segundo Trani & Raij (1996). Entretanto, os teores de K e de Ca na folha foram
inferiores aos valores de referência que são de 25-40 g kg-1 para K e de 15-30 g kg-1
para Ca (Trani & Raij, 1996). O baixo teor foliar de K pode ser associado ao baixo teor
desse nutriente presente no esterco de galinha (1,0 g kg -1 de K). Por outro lado,
observou-se alto teor de Ca (115,4 g kg-1) no esterco e baixo teor nas folhas. É provável
que a demanda da planta, em curto espaço de tempo, tenha superado o fornecimento de
Ca pelo esterco de galinha, seja pela baixa translocação deste nutriente na planta, seja
pela baixa mineralização dos nutrientes.
A adubação com esterco de galinha proporcionou o aumento do teor de P e Mg
na folha (Figuras 1A e 1B). O fornecimento equilibrado de P, desde o início do
desenvolvimento vegetativo, estimula o crescimento radicular e melhora a formação dos
primórdios das partes reprodutivas e dos frutos (Trani & Raij, 1996). Por esse motivo, a
adubação com esterco interferiu significativamente no comprimento, diâmetro e no
número de vagens por plantas. Contudo, as características massa fresca e a porcentagem
de massa seca das vagens não foram influenciadas pelas doses de esterco de galinha.
42
2D Graph 1
A
B
5
ŷ  4,59  0,0005x  0,0006* x 2
ŷ  3,36  0,026 * x
R  0,99
R 2  0,78
Mg na folha (g kg-1)
P na folha (g kg-1)
5,7
2
5,4
5,1
4,8
4
3
2
1
4,5
0
5
10
20
0
40
5
10
20
40
Esterco de galinha (t ha-1)
Esterco de galinha t ha-1
Col 1 vs Col 2
Figura 1 – Teor de fósforo (A) e magnésio (B) em plantas de
feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito,
Col 3 vs y column
Col 1 vs Col 2
adubadas com esterco
de
galinha.
Oratórios,
EPAMIG,
2012.
*
significativo
a 5 7% de probabilidade pelo
x column 6 vs y column
x column 5 vs y column 5
teste F.
O comprimento máximo da vagem foi 14,47 cm, estimado com a dose de 33,33 t
ha-1 de esterco de galinha (Figura 1A). A aplicação de esterco promoveu aumento linear
no diâmetro da vagem linear (Figura 2B), sendo que o maior valor de diâmetro (10,29
mm) estimado com a maior dose de esterco. Por sua vez, o número de vagens por planta
foi maior com aplicação de 40 t ha -1 de esterco de galinha (Figura 2C), o que resultou
aumento significativo na produtividade.
A
B
ŷ  13,8  0,04 * x - 0,0006 0 x 2
11,0
R  0,96
2
Diâmetro da vagem (mm)
Comprimento de vagens (cm)
15,0
14,5
14,0
13,5
13,0
5
10
20
9,5
80
ŷ  29,64  9,79 * x - 0,69x
60
R  0,98
Col 1 vs Col 2
x column 12 vs y column 12
40
20
0
10
20
Esterco de galinha t ha-1
5
40
10
20
40
Esterco de galinha (t ha-1)
D
2
5
0
Produtividade de vagens (t ha-1)
C
o
10,0
40
Esterco de galinha (t ha-1)
Número total de vagens (n /plantas)
10,5
9,0
0
0
ŷ  9,89  0,01* x
R 2  0,99
20
ŷ  7,23  2,77 * x  0,210 x
Col 1 vs Col 2
R 2  0,98
x column 16 vs y column 16
15
10
5
0
0
5
10
20
40
Esterco de galinha t ha-1
Figura 2 – Comprimento de vagens (A), diâmetro de vagens (B), número de vagens (C) e produtividade
Coladubadas
1 vs Col 2 com esterco de galinha.
de vagens (D) Col
em1 vs
plantas
Col 2 de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito,
Col 3pelo
vs y teste
column
Oratórios, EPAMIG,
*, 0 significativo a 5 e 10 % de probabilidade
F, respectivamente.
Col 3 vs2012.
y column
x column 16 vs y column 17
x column 11 vs y column 12
A máxima produtividade de vagens de 16,3 t ha -1 foi estimada na dose de 40 t
ha (Figura 2D). Provavelmente, a suplementação equilibrada de nutrientes tenha
induzido o desenvolvimento normal das fases vegetativa e reprodutiva e, por
conseguinte, o aumento da produtividade. De forma similar, Alves (1999) e Santos et al.
-1
43
(2001) constataram aumento na produção de vagens adubadas com esterco de galinha.
Segundo Santos et al. (2001) o aumento da produtividade de vagens deve ser associado
não apenas com o suprimento equilibrado de nutrientes, mas também com a melhoria da
estrutura do solo.
Conclusões
A adubação do solo com esterco de galinha para o cultivo de feijão-vagem cv.
Macarrão Favorito melhora o estado nutricional da planta e aumenta a sua
produtividade de 7,2 para 16,3 t/ha. Em consequência, reduz os impactos ambientais
associados ao descarte inadequado desses dejetos no ambiente e promove a
sustentabilidade no setor agrícola.
Literatura Citada
ALVES, E.U. Produção e qualidade de sementes de feijão-vagem (Phaseolus
vulgaris L.) em função de fontes e doses de matéria orgânica. Areia, CCAUFPB, 1999. 116 p. (Dissertação de Mestrado).
ARAÚJO, J.S.; OLIVEIRA, A.P.; SILVA, J.A.L.; RAMALHO, C.I.; NETO, F.L.C.
Rendimento do feijão-vagem cultivado com esterco suíno e adubação mineral.
Revista Ceres, v.48, p.501-510, 2001.
SANTOS, G.M.; OLIVEIRA, A.P.; SILVA, J.A.L.; ALVES, E.U.; COSTA, C.C.
Características e rendimento de vagens do feijão-vagem em função de fontes e doses
de matéria orgânica. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 19, n. 1, p. 30–35, 2001.
TRANI, P.E.; RAIJ, B. van. Hortaliças. In: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.;
QUAGGIO, J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para
o Estado de São Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1996. 285p. (IAC. Boletim Técnico,
100).
44
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
1.9. Adubação orgânica do feijão-vagem com biofertilizante de suíno e seu efeito
sobre o estado nutricional e produtividade das plantas1
Maria Aparecida N. Sediyama2, Ivan de Paiva Barbosa Magalhães3, Sanzio Mollica
Vidigal2, Fred Denilson B. da Silva4, Cláudia Lúcia Oliveira Pinto 2, Iza Paula Carvalho
Lopes5
1
Projeto financiado pela FAPEMIG
Pesquisador da EPAMIG; [email protected]; [email protected]; [email protected]
3
Graduando em Agronomia–UFV, Bolsista PIBIC FAPEMIG/EPAMIG; [email protected]
4
Recém Doutor, Bolsista de Pós Doutorado FAPEMIG/EPAMIG; [email protected]
5
Agrônoma, Bolsista Apoio Técnico FAPEMIG/EPAMIG; [email protected]
2
Resumo: A adubação orgânica é importante para garantir a sustentabilidade do sistema
de produção, a produtividade das plantas e reduzir a dependência de fertilizantes
minerais. Objetivou-se avaliar a adubação com biofertilizante de suíno sobre o
rendimento do feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito. O experimento foi desenvolvido no
período de 23/04 a 03/07/2012, no delineamento de blocos casualizados com cinco
doses de biofertilizante (0; 30; 60; 90 e 180 m3 ha-1), com quatro repetições. Os teores
foliares de nutrientes estiveram dentro da faixa adequada, exceto para K e Ca. O
comprimento de vagem, o número de vagens por planta e a produtividade foram
maiores com 180 m3 ha-1 de biofertilizante. O número de vagens por planta foi o
componente que mais contribuiu para a produtividade do feijão-vagem. A adubação
com biofertilizante suíno para a produção do feijão-vagem melhora o estado nutricional
da planta e aumenta a produtividade da cultura de 5,9 para 16,5 t ha -1. A produção do
feijão-vagem com biofertilizante suíno é promissora, especialmente, para o uso de
resíduos da suinocultura e a sustentabilidade dos sistemas de produção no setor agrícola.
Palavras-chave: adubação orgânica, nutrição de plantas, Phaseolus vulgaris
Organic fertilization of snap bean with swine biofertilizer and its effect on
nutritional status and productivity of plants
Abstract: The organic fertilizing is important to ensure the sustainability of the
production system, the yield of plants and reduce the dependence on mineral fertilizers.
The objective of the study was to evaluate the effect of fertilization with swine
biofertilizer on the yield of snap bean, cv. Macarrão Favorito. The experiment was
carried out during the period from April 23 nd to July 3th, 2012, in the design of
45
randomized blocks with five rates of biofertilizer (0; 30; 60; 90 and 180 m3 ha-1), with
four replicates. The content of nutrient in leaves was within the appropriate range,
except for K and Ca. The length of pod, the number of pods per plant and yield were
higher with 180 m3 ha-1 of biofertilizer. The number of pods per plant was the
component that most contributed to the yield of snap bean. The fertilization with swine
biofertilizer for snap bean improves the nutritional status of the plant and increases the
yield of 6.4 to 16.9 t ha -1. The production of snap bean with swine biofertilizer is
promising, especially for the use of residues from pig farming and the sustainability of
production systems in the agricultural sector.
Keywords: Organic fertilizer, plant nutrition, Phaseolus vulgaris
Introdução
Minas Gerais possui o segundo maior rebanho de suínos do Brasil e uma
suinocultura altamente tecnificada, com criação de animais em regime de confinamento.
A atividade é muito importante para a economia do estado, mas geradora de alto volume
de resíduos orgânicos com grande potencial poluidor. Assim, grande ênfase tem sido
dada ao desenvolvimento de pesquisas voltadas para a reciclagem e aproveitamento dos
nutrientes desses resíduos, considerando a sua eficácia no que se refere à adubação e a
nutrição das plantas, ou complementação da adubação mineral, pela riqueza em macro e
micronutrientes. Entretanto, para o uso desses resíduos há necessidade de proceder a sua
fermentação, antes da aplicação no solo. Estudos com doses e interações de fertilizantes
podem eliminar desperdícios e evitar efeitos fitotóxicos, pois doses muito altas de
fertilizantes orgânicos e ou químicos causam o desbalanciamento das relações entre
nutrientes e a salinização do solo (Araújo et al. 2001). Observa-se na literatura carência
de informações sobre o uso de estercos de animais na adubação do feijão-vagem,
hortaliça que se destaca pelo alto valor nutritivo e comercial, além da exigência de altas
quantidades de nutrientes prontamente disponíveis, no curto ciclo da cultura, que para a
maioria das cultivares está entre 100 a 110 dias (Araújo et al. 2001). Assim, objetivouse avaliar a adubação do feijão–vagem cv. Macarrão Favorito, com biofertilizante de
suíno e seu efeito na nutrição e na produtividade das plantas.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido na fazenda da EPAMIG Unidade Zona da Mata,
em Oratórios-MG, no período de 23/04 a 03/07/2012, em Argissolo Vermelho-Amarelo
câmbico, fase terraço, textura argilosa, com as seguintes características na camada de 020 cm: pH (água 1:2,5)=6,0; matéria orgânica=21 g kg-1 ; P (Mehlich 1) =13,4 mg dm-3 ;
K=142 mg dm-3; Ca2+=2,0 cmol dm-3; Mg2+=1,0 cmol dm-3 ; Al3+= 0,0; H+Al=2,48
cmolc dm-3; CTC(t)=3,36 cmolc dm-3 ; CTC(T)=5,84 cmolc dm-3 ; V=58% e P-rem=35
mg L-1. Utilizou-se delineamento de blocos casualizados com cinco tratamentos
constituídos pelas doses de biofertilizante de suíno (0, 30, 60, 90 e 180 t ha -1) e quatro
repetições. O biofertilizante foi submetido à fermentação anaeróbica do dejeto líquido,
proveniente da lavagem das baias, durante 30 dias, em caixa de fibra de vidro tampada.
Na época da aplicação apresentou as características (g/L): N=1,90; P=0,30; K=0,40;
Ca=0,80; Mg=0,20, S=0,10 e (mg/L) Zn=32,15, Fe=561,50, Mn=11,20, Cu=11,05, C.
Org.=1,60 dag/kg, Densidade=1,02 g cm-3, pH = 6,77 e C/N=0,88. As doses de esterco
foram parceladas em duas aplicações, sendo a metade aplicada duas semanas antes da
semeadura, incorporado ao solo e o restante em cobertura, aos 30 dias após a
semeadura, seguido de amontoa.
46
Cada parcela, com quatro fileiras de 3,0 m de comprimento continha 40 plantas no
espaçamento de 1,0 x 0,3 m, e, foram colhidas as 16 plantas centrais. Fez-se a
semeadura direta com quatro sementes por cova, cv. Macarrão Favorito, de crescimento
indeterminado. Aos 15 dias após a semeadura (DAS) fez-se o desbaste, deixando-se
duas plantas, conduzidas no sistema tutorado. O manejo de plantas daninhas foi manual
e a irrigação por gotejamento, conforme a necessidade. Foram feitas duas pulverizações
com urina fermentada de vaca antes do florescimento das plantas, a 1,0% (v/v), pH=8,5
e em (%): N=6,96; P=0,0; K=0,89; Ca=0,00; Mg=0,04; S=0,03; C. Org.=0,17.
Fez-se a coleta de folhas indicadoras, limbo foliar mais pecíolo, no florescimento
das plantas. O material foi seco em estufa com circulação de ar a 65°C, por 72 h e
moído, para análise de nutrientes (N, P, K, Ca, Mg e S) e avaliação do estado
nutricional. As colheitas das vagens foram feitas a cada sete dias, a partir dos 58 DAS.
Avaliaram-se os componentes de produção: diâmetro (cm), comprimento (cm) e massa
seca em amostras de 20 vagens por tratamento, número e massa fresca de vagens por
colheita. A produtividade foi obtida pelo somatório da massa fresca de vagens,
transformada em t ha -1 de vagens. Os dados obtidos foram submetidos à análise de
variância e de regressão.
Resultados e Discussão
Os teores foliares de N não foram influenciados pelas doses de biofertilizante,
com valores médios de 44 g kg -1. De acordo com Trani & Raij (1999), esses teores são
adequados para a cultura do feijão-vagem. A falta de resposta para teores de N na folha
indicadora pode ser associada ao fato de a planta de feijão-vagem apresentar associação
simbiótica com bactérias fixadoras de N2, o que possibilita melhorias da fertilidade do
solo via fixação do N2 atmosférico na massa vegetal, que supre o N necessário para a
planta e ainda enriquece o solo (Pelegrin et al. 2009). Além disso, as pulverizações com
urina de vaca (6,96% de N), em todo experimento, pode ter reduzido a diferença nos
teores foliares de N em função das doses de biofertilizante aplicadas.
Os teores foliares de P e K também não foram influenciados pelas doses de
biofertilizante, cujos valores médios foram 4,6 e 18,4 g kg -1, estando o teor de P dentro
da faixa adequada e o teor de K um pouco abaixo deste. Os teores foliares de Ca, Mg e
S apresentaram efeito significativo para doses de biofertilizante. O Ca e Mg
apresentaram efeito linear (Figuras 1A e 1B), sendo os maiores valores 14,16 e 4,53 g
kg-1, respectivamente, obtidos com a maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1). Para o
S não se ajustou equação regressão, cujo valor médio foi de 2,3 g kg-1. Os teores foliares
de Mg e S também estiveram dentro da faixa adequada para a cultura do feijão-vagem
que são: 3-8 e 2-5 g kg-1, respectivamente (Trani & Raij, 1997). Os teores Ca ficaram
abaixo do adequado (11,3 g kg-1), que segundo Trani & Raij (1999) é de 15-30 g kg-1.
Os baixos teores foliares, especialmente para K e Ca, se devem à baixa concentração
desses no biofertilizante de suíno usado.
Esses resultados de certa forma eram
esperados, visto que com a aplicação da maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1)
seriam fornecidos: 342, 54, 72, 144, 36 e 18 kg ha -1 de N, P, K, Ca, Mg e S,
respectivamente. Considerando-se que parte desses nutrientes permanece na forma
orgânica, apenas o N poderia ser suficiente para o suprimento da necessidade da cultura,
nas condições de solo estudado. Assim, o recomendado seria completar o fornecimento,
especialmente de K e Ca, com fertilizantes permitidos pelo sistema orgânico de
produção.
Houve efeito linear crescente para comprimento de vagens em função das doses
de biofertilizante aplicada (Figura 2A). O maior comprimento de vagens foi 14,74 cm,
estimado com a maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1). Esse valor está próximo
47
àquele obtido por Araújo et al. (2001), que trabalharam com doses de esterco suíno até
40 t ha-1, na presença e na ausência da adubação mineral, e encontraram valores médios
de 15,43 cm e 1,08 cm para comprimento e diâmetro de vagens, respectivamente, na
ausência da adubação mineral (química). Para matéria seca de vagens, houve efeito
significativo quadrático, sendo o valor máximo de 9,25%, estimado com a dose de
122,34 m³ ha-1, ou seja, a percentagem de matéria seca de vagens tendeu a reduzir na
maior dose de biofertilizante (Figura 2B).
A
5.0
ŷ i  9,447  0,0262 0 x i
r 2  0,72
14
Mg na folha (g kg-1)
Ca na folha (g kg-1)
16
B
12
10
8
ŷ i  3,409  0,0062 * x i
r 2  0,77
4.5
4.0
3.5
3.0
0
30
60
90
Biofertilizante de suíno (m3 ha-1)
180
0
30
60
90
180
Biofertilizante de suíno (m3 ha-1)
Figura 1 – Teores foliares de cálcio (A) e magnésio (B) em feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito,
adubadas com biofertilizante de suíno. Oratórios, EPAMIG, 2012. * significativo a 5 % pelo teste F.
O número de vagens por planta e a produtividade de vagens apresentaram efeito
quadrático, cujos valores máximos foram 64,23 vagens e 16,57 t ha -1, estimados com a
maior dose de biofertilizante (180 m3 ha-1), respectivamente (Figuras 2C e 2D). Os
resultados obtidos neste trabalho corroboram com aqueles obtidos por Araújo et al.
(2001), que estudaram a aplicação de esterco suíno e adubo mineral na produção de
vagem, Macarrão Trepador e verificaram que o número, a produção de vagens por
planta e a produtividade de vagens aumentaram linearmente com as doses de esterco de
suíno, tanto na presença quanto na ausência da adubação mineral.
A produtividade máxima de vagens de 16,57 t ha-1 foi superior à constatada por
Santos et al. (2013), com a mesma cultivar em sistema orgânico que foi 9,6 t ha-¹. Essa
produtividade é considerada satisfatória para cultivo em sistema orgânico,
especialmente se considerar que não houve aplicação de defensivos e nem de
fertilizantes minerais solúveis. Assim, essa produtividade foi devido à nutrição das
plantas pelo biofertilizante aplicado, em que os teores foliares de nutrientes foram
considerados satisfatórios, para a maioria dos macronutrientes, especialmente N e P.
Sabe-se que fornecimento equilibrado de fósforo, desde o início do desenvolvimento
vegetativo, estimula o crescimento radicular e melhora a formação dos primórdios das
partes reprodutivas e dos frutos (Trani & Raij, 1996). No entanto, o plantio de feijão–
vagem com aplicação de biofertilizante de suíno, visando o aproveitamento de resíduos
orgânicos é promissor, sendo recomendada adubação complementar para suprimento de
nutrientes especialmente K e Ca. Esta complementação é importante, para evitar uso de
doses excessivamente alta do biofertilizante, que pode causar acúmulo de nutrientes no
solo, fitotoxidez para as plantas, desbalanceamento de nutrientes e salinização de solo.
48
A
B
10.0

y i  13,59  0,0064 * x i
Massa seca da vagem (%)
Comprimento de vagens (cm)
15.0
r  0,76
2
14.5
2D Graph 1
14.0
13.5

y i  8,5492  0,0115 * x i  0,000047 * x i2
R 2  0,96
9.5
9.0
8.5
8.0
13.0
0
30
60
90
0
180
C
60
90
180
D
80

y i  25,17  0,415 * x i  0,0011 0 x i2
Produtividade de vagens (t ha-1)
Número de vagens por plantas
30
Biofertilizante de suíno ( m3 ha-1)
Biofertilizante de suíno (m3 ha-1)
R  0,99
2
60
40
20
0
0
30
60
90
180

y i  5,952  0,113 * x i  0,0003 0 x i2
20
R 2  0,98
15
10
5
0
0
Biofertilizante de suíno (m3 ha-1)
30
60
90
180
3
-1
Biofertilizante de suíno (m ha )
Figura 2 – Comprimento de vagens (A), massa seca de vagem (B), número de vagens (C) e
produtividade de vagens (D) em plantas de feijão-vagem, cv. Macarrão Favorito, adubada com
biofertilizante de suíno. Oratórios, EPAMIG, 2012. *, 0 significativo a 5 e 10 % de probabilidade pelo
teste F, respectivamente.
Conclusões
A adubação com biofertilizante suíno para a produção do feijão-vagem melhora
o estado nutricional da planta e aumenta a produtividade da cultura de 5,9 para 16,5 t
ha-1. A produção do feijão-vagem com biofertilizante suíno é promissora, especialmente
para o uso de resíduos da suinocultura e a sustentabilidade dos sistemas de produção no
setor agrícola.
Referências
ARAÚJO, J.S.; OLIVEIRA, A.P.; SILVA, J.A.L.; RAMALHO C.I.; NETO, F.L.C. Rendimento
do feijão-vagem cultivado com esterco suíno e adubação mineral. Revista Ceres, Viçosa, v.
48, n. 278, p.501-510, 2001.
PELEGRIN, R.; MERCANTE, F.M.; OTSUBO, I.M.N.; OTSUBO, A.A. Resposta da cultura
do feijoeiro à adubação nitrogenada e à inoculação com rizóbio. Revista Brasileira de
Ciência do Solo, v.33, p. 219-226, 2009.
SANTOS, J.R.; NUNES, M.U.C.; SANTOS, M. C.; SOUZA, I.M.; TAVARES, F.A.
Desempenho de cultivares de feijão-vagem de crescimento indeterminado, em cultivo
orgânico, na época de verão no litoral sul de Sergipe. Disponível em <
www.abhorticultura.com.br/Eventosx/trabalhos/.../A414_T1048_Comp.pdf>, Acesso em
26/07/2013.
TRANI, P.E.; RAIJ, B. VAN. Hortaliças. In: RAIJ, B. van; CANTARELLA, H.; QUAGGIO,
J.A.; FURLANI, A.M.C. Recomendações de adubação e calagem para o Estado de São
Paulo. 2.ed. Campinas: IAC, 1996. 285p. (IAC. Boletim técnico, 100).
49
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.10. Diagnóstico Participativo da Agricultura Familiar junto ao Projeto de
Assentamento Joncon
Maurizete da Cruz Silva1, Cleidiane Lindoso Silva2, Jéssica Estrutes Pereira2, Matheus
de Souza Oliveira2, Nubia Pacheco Costa2 e Leopoldo Oliveira de Lima3
1
Licenciada em Ciências Agrárias, M.Sc. Produção Animal, Profª EBTT do IFPA- Campus Conceição do
Araguaia-PA. email: [email protected]
2
Discente do Curso Subsequente em Técnicas Agropecuárias . Atividade do Projeto Integrador como
parte do Estágio Supervisionado.
3
Engº. Agrônomo do Banco da Amazônia – Agência Conceição do Araguaia-PA
Resumo: Verifica-se que a agricultura familiar paraense tem características particulares
se comparada aos outros estados do centro-sul brasileiro. Necessário se faz entender e
conhecer essa realidade e as peculiaridades que envolvem os agricultores familiares do
sul do Pará, uma vez que os Projetos de Assentamento devem ser uma proposta
desenvolvilmento que integralize uma melhoria na qualidade de vida dos agricultores e
seus familiares e não somente a sua subsistência. Esta pesquisa teve como objetivo
levantar os aspectos sociais, economicos, culturais e ambientais que envolvem a
agricultura familiar dentro do Projeto de Assentamento Joncon através de entrevistas “in
loco” junto a 15 familias. Observou que em situações muito adversas ou instáveis, os
produtores procuram, sobretudo, garantir a segurança alimentar da família ou minimizar
os riscos frente a fortes variações de safra ou de preço. Além disso os agricultores
familiares demonstraram algumas insatisfações com relação a atuação da Assistência
Técnica e Extensão Rural, podendo ser observado a falta de politicas publicas mais
eficazes e que promovam de fato um desenvolvimento sustentavel voltado para a
fixação das familias no campo.
Palavras–chave: Agricultura Familiar, Diagnóstico, Projeto de Assentamento.
Participatory Diagnosis of Family Farming by the Settlement Project Joncon
Abstract: It appears that the family farm in Pará has particular characteristics when
compared to other states of south-central Brazil. Necessary to understand and know this
is reality and the peculiarities involving family farmers in southern Pará, once the
Settlement Projects should be a proposal that desenvolvilmento integralize an improved
quality of life for farmers and their families and not only their livelihood. This research
aimed to raise the social, economic, cultural and environmental factors that involve
50
family farming within the Settlement Project Joncon through interviews "in loco"
together with 15 families. Noted that in very adverse or unstable, producers seek
primarily to ensure household food security and minimize the risks facing strong
variations in crop or price. Besides family farmers showed some dissatisfaction
regarding the performance of the Technical Assistance and Rural Extension, can be
observed the lack of public policies that promote more effective and indeed a
sustainable development focused on fixing the families in the field.
Keywords: Family Farming, Diagnosis, Settlement Project.
Introdução
O município de Conceição do Araguaia posui trinta e três (33) Projetos de
Assentamento segundo informações do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária-INCRA (2012). Observa-se no entanto, que toda esta quantidade de Projetos de
Assentamentos não garantem a região melhores condições de infraestrutura, através de
politicas públicas eficientes, especialmente no que diz respeito a estradas, saúde,
educação, diversificação de produção, além de não garantir uma ampla comercialização
dos produtos provindos da agricultura familiar no comércio local. O que se verifica é
que todos esses aspectos apontados têm promovido uma redução da população no
campo com o fatidico êxodo rural, ocasionando por sua vez a reconcentração de terras
dentro dos Projetos de Assentamento.
Para Tedesco (2001) a agricultura camponesa tradicional vem a ser uma das
formas sociais de agricultura familiar, uma vez que se funda sobre a relação entre
estabelecimento, trabalho e família.
Assim, o objetivo da pesquisa foi conhecer a realidade vivenciada pelos
agricultores familiares do Projeto de Assentamento Joncon, as relações de trabalho com
o sistema produtivo, buscando entender os pontos fortes e fracos que permeiam a
relação das famílias com a terra e definem sua permanência (ou não) no lote.
Material e Métodos
Foi aplicado um questionário previamente estruturado com base no Guia
Metodológico de “Analise e Diagnóstico de Sistemas Agrários” elaborado por Garcia
Filho em convênio INCRA-FAO (1999). Buscou-se com o questionário entender o
contexto no qual os produtores estão trabalhando, quais os potenciais e os limites dos
ecossistemas e da infra-estrutura local, quem são os agentes que interferem na produção
agropecuária e como eles agem, se os agricultores estão diversificando a produção e
mudando suas técnicas em que direção e como estão atuando. A pesquisa foi realizada
no Projeto de Assentamento Joncon situado a 54km da sede do município de Conceição
do Araguaia, sendo 15 famílias entrevistadas “in loco” no período de setembro a
outubro de 2012. Os dados foram tabulados e analisados, utilizando-se a freqüência nas
respostas na forma de porcentagem (%).
Resultados e Discussão
Os dados obtidos com as entrevistas permitiram fazer uma breve caracterização
social dos agricultores familiares onde ver-se que: 47%, dos entrevistados já residem no
lote por 10 a 20 anos, já 19% há 25 anos e 34% de 26 a 30 anos. Em relação às
atividades que os agricultores desenvolviam antes de ir para o projeto de assentamento
mostram que 72% já eram agricultores familiares e 28% desenvolviam outras atividades
51
como:motorista escolar, açougueiros e atividades de almoxarifado. Indicaram também
que provêm de outros Estados como: Tocantins 13%, Goiás 7%, e Minas Gerais 13%,
sendo que 67% são de municípios do estado do Pará. Quanto a distância dos lotes até a
sede do município foi observado que a menor distância está entre 50 km a 55 km para
53% das familias. No tocante ao estado de conservação dessas estradas verifica-se que
40% dos entrevistados indicaram não haver acesso nenhum no período das chuvas, já
para 33% o acesso se dá apenas na estação seca do ano e apenas 7% tem acesso durante
todo ano. Quanto aos aspectos relacionados a infraestrutura sanitária dentro dos lotes,
47% dos agricultores disseram ter fossa séptica, já 53% ainda não fazem uso. Já ao uso
de cisterna 80% possuem cisterna e 20% ainda não disponibilizam, sendo que apenas
60% fazem uso de filtro de água. Já para os aspectos relacionados ao sistema de
produção observou-se que: à finalidade das criações de bovinos, esta distribuído em
corte e leite, a qual 80% são destinados aos bovinos de aptidão leiteira. Sendo o leite
produzido, comercializado diretamente aos laticínios dentro do Projeto de
Assentamento e para consumo próprio. No que diz respeito as pequenas criações
verificou-se que todos os agricultores criam aves, com a finalidade de comercializar e
para o consumo da familia. Já em relação ao cultivo de culturas agrícolas verificou-se
que 60% têm sua produção voltada para o cultivo do abacaxi, 20% plantam milho, 13%
melancia e apenas 7% cultivam mandioca. Quanto aos aspectos institucionais e
organizacionais do Projeto de Assentamento Joncon 26% dos agricultores familiares
indicaram participar de Associação, 21% em Partidos Políticos, 21% em Grupo de
Mulheres, 17% participam do Sindicato de Trabalhdores Rurais (STR), 11% em Igrejas,
4% em de troca de diárias e multirões. Durante as entrevistas os agricultores indicaram
que a participação na Associação e STR se dá para garantir o acesso a benefícios como:
aposentadorias e financiamentos de crédito rural (PRONAF-A). Com relação ao uso de
agrotóxicos 87% fazem uso tanto para combater as ervas daninhas, insetos e fungos
como também na cultura do abacaxi. Quanto aos locais de armazenagem 53% não têm
um lugar para colocar as embalagens de agrotóxicos e 47% colocam em paios. Um fator
preocupante esta no uso de equipamentos individuais de proteção (EPI) onde os
agricultores indicaram não fazerem uso dos mesmos justificando desconforto durante o
trabalho de aplicação pelo excesso de calor. Outro aspecto relatado está na ausência de
um acompanhamento direto e frequente por parte das Empresas de Assitência Técnica e
Extensão Rural, o qual segundo os entrevistados poderiam contribuir na correção de
manejos inadequados junto aos sistemas de produção. Também foram abordados
questões relativas à cobertura vegetal, verificando-se que as áreas estão divididas em
mata com 40%, capoeira 40% e pasto 20%. Outro fator importante é a condição da
presença de água nos lotes, os quais consistem de 73% de fontes temporárias e apenas
27% representadas pela formação de represas as quais tendem a secar no periodo de
estiagem. Em situações muito adversas ou instáveis, os produtores procuram, sobretudo,
garantir a segurança alimentar da família ou minimizar os riscos frente a fortes
variações de safra ou de preço.
Conclusões
Durante as entrevistas os agricultores familiares demonstraram algumas
insatisfações com relação a atuação da Assistência Técnica e Extensão Rural.
Apontaram a necessidade de reuniões, palestras, dias de campo, que promovessem a
implementação de técnicas e tecnologias aplicavéis a realidade local e que
promovessem a otimização dos recursos disponíveis. Convém aprofundar o diagnóstico
e realizar uma análise mais detalhada, relacionando as condições ambientais e sócioeconômicas e a pespectiva de evolução de cada tipo de agricultor familiar com os
52
diferentes sistemas de produção adotados por ele. Portanto, o diagnóstico participativo
serviu de grande valia para a futura atuação profissional dos Técnicos em Agropecuária,
no sentido de entender a realidade e as reais necessidades dos agricultores familiares.
Literatura citada
GARCIA FILHO, D. P. Análise e diagnóstico de sistemas agrários – Guia Metodológico.
INCRA/FAO, 1999, 65 p.
TEDESCO, J.C. Agricultura familiar: realidades e perspectivas. Universidade de Passo
Fundo. Faculdade de Economia e Administração – Centro Regional de Economia e
Administração, 2001. Pesquisado em: http://www.itpac.br/site/revista/index.html acessado em
05 de março de 2013.
53
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
1.11. Agricultores Familiares da localidade do Caramandú em Sumidouro – RJ –
uma perspectiva preliminar da Percepção Ambiental e Agroecológica
Leandro Barros de Oliveira¹, Anderson dos Santos Portugal²
1. Extensionista Rural (EMATER-RIO); Graduando em Ciências Biológicas UFRJ/ CECIERJ.
2. Doutorando em Biologia Vegetal UERJ/IBRAG; Tutor Presencial polo Nova Friburgo CEDERJ/
CECIERJ.
Resumo: O presente estudo consistiu na Análise Preliminar da Percepção Ambiental e
Agroecológica dos Agricultores Familiares da Localidade do Caramandú em Sumidouro
– RJ. Esta região concentra cerca de 60 famílias que vivem da atividade rural praticando
o cultivo de hortaliças de forma convencional, através do uso intensivo do solo, alto
consumo de água, adubos químicos e agrotóxicos. Pensando nos novos rumos
preconizados pelas recentes políticas públicas voltadas para a preservação ambiental e
para a agroecologia, surgiu o interesse em entender como os agricultores da localidade
do Caramandú em Sumidouro percebem as relações entre a agricultura e o ambiente.
Para isso foram aplicados 10 questionários semi-estruturados em 10 famílias sorteadas
ao acaso do total das 60 famílias. O questionário aborda as seguintes questões: análise
do perfil do agricultor; acesso à informação sobre tecnologia agrícola; análise de
percepção ambiental; aplicação da agroecologia e da preservação ambiental. De acordo
com a análise dos resultados preliminares percebeu-se que a maior parte dos
entrevistados não está ciente do potencial agressor da agricultura convencional ou
ignoram os riscos por receio de prejuízos econômicos.
Palavras–chave: agroecologia, agricultura familiar, percepção ambiental, sumidouro
Family Farmers of Caramandú in Sumidouro-RJ - a preliminary perspective of
the Environmental and Agroecological Perception
Abstract: The present study was a Preliminary Analysis of the Agroecological and
environmental perception of family farmers of Caramandú in Sumidouro-RJ, which
concentrates about 60 families living of rural activity by practicing farming
conventionally, through the intensive use of land, high consumption of water, chemical
fertilizers and pesticides. New directions advocated by the recent public policy aimed at
environmental preservation and for the Agroecology, arose the interest in understanding
how family farmers in Caramandú, perceive relations between agriculture and the
54
environment. Semi-structured questionnaires were applied in 10 families drawn at
random from the total of 60 families. The questionnaire had questions that sought to
raise the following data: analysis of the profile of the farmer; access to information on
agricultural technology; analysis of environmental perception; and application of agroecology and environmental preservation. According to the preliminary analysis of the
results it was noticed that many farmers of Caramandú are not aware of the potential
aggressor from conventional agriculture or ignore the risks for fear of economic losses.
Keywords: agroecology, family agriculture, environmental perception, sumidouro
Introdução
A agricultura familiar no Brasil é responsável por 60% da produção dos
alimentos da dieta básica de toda a população (SOUSA, 2006). Segundo dados da
EMBRAPA, 2004, este segmento tem um papel crucial na economia das pequenas
cidades, pois 4.928 municípios têm menos de 50 mil habitantes e destes, mais de quatro
mil têm menos de 20 mil habitantes. Estes produtores e seus familiares são responsáveis
por inúmeros empregos no campo, no comércio e nos serviços prestados nas pequenas
cidades (PORTUGAL, 2004). Sumidouro é um desses municípios em que a economia
está essencialmente baseada na agricultura familiar. Localizado na região serrana do
Estado do Rio de Janeiro, possui cerca de 14.900 habitantes, sendo que 63,5% deste
total residem na zona rural e tem a agricultura como principal fonte de renda familiar
(IBGE, 2010). No município são produzidos diversos tipos de produtos oriundos da
atividade rural como hortaliças, frutas, leite e mel. As propriedades são pequenas, com
média de 3ha, e a mão de obra é predominantemente familiar (EMATER-RIO, 2012).
Na microbacia hidrográfica de Campinas, localizada no 2º distrito de Sumidouro há
uma localidade chamada Caramandú que possuí cerca de 60 famílias vivendo da
atividade rural. O uso indiscriminado de agrotóxicos, o desperdício de água, o plantio
de morro a baixo, a não utilização do Equipamento de Proteção Individual (EPI), as
queimadas e o constante revolvimento do solo, são algumas das práticas comuns da
região (dados EMATER-RIO, 2013). Esta realidade é bastante preocupante em vista do
crescimento dos impactos ambientais nos últimos anos. Devido a isso, percebe-se a
necessidade de realizar uma investigação com o objetivo de entender como os
olericultores da localidade do Caramandú em Sumidouro percebem as relações entre a
agricultura e o ambiente.
Material e Métodos
A metodologia utilizada consistiu na aplicação de um questionário semiestruturado que foi a base para a pesquisa qualitativa. Foram sorteadas ao acaso 10
famílias dentre as 60 que compõem a localidade do Caramandú, pertencente ao 2º
distrito de Sumidouro-RJ. Os questionários foram aplicados individualmente de forma
oral através de visitas as propriedades de cada informante.
O questionário possuía perguntas que buscam levantar os seguintes dados: análise
do perfil do agricultor; acesso à informação sobre tecnologia agrícola; análise de
percepção ambiental; e aplicação da agroecologia e da preservação ambiental.
Resultados e Discussão
De acordo com a análise dos resultados preliminares, percebeu-se que 60% dos
entrevistados já participaram de eventos de capacitação em boas práticas agrícolas,
porém 70% deste total alegou que as entidades organizadoras eram empresas
55
fabricadoras de agrotóxicos e lojas de insumos agrícolas. Apenas 20% dos entrevistados
disseram já ter participado de capacitações relacionadas à agroecologia e todos
concordaram parcialmente com as informações apresentadas.
Sobre o grau de escolaridade, 70% dos produtores entrevistados cursaram
somente o primeiro segmento do ensino fundamental, 20% nunca frequentaram a escola
e apenas 10% possuía o ensino médio completo. O baixo nível de escolaridade também
é um indicador que gera preocupação, uma vez que a educação formal também poderia
contribuir de forma eficiente para uma educação voltada à sustentabilidade no campo.
Quando questionados sobre qual relação estes agricultores tinham sobre as
plantas, 40% dos entrevistados perceberam-nas como seres vivos, enquanto 20%
consideraram os vegetais como objeto de uso restrito para fonte de renda e sustento
familiar, o que reflete um olhar prejudicial sobre o manejo da biodiversidade.
Outro dado que merece destaque, refere-se que todos os entrevistados não
utilizam o equipamento individual de proteção (EPI) adequadamente e não devolvem
periodicamente as embalagens de agrotóxicos. No entanto, quanto questionados no
quesito “como você ajuda o meio ambiente”, 50% dos entrevistados se julgaram ótimos
ou bons, mesmo tendo relatado o desenvolvimento de práticas que contrariam esta
afirmação. Sobre a aplicação da agroecologia, 60 % dos entrevistados alegaram receio
em arriscar uma transição agroecológica devido ao risco de possível prejuízo
econômico.
No Caramandú, ao analisarmos as respostas de uma forma integrada, percebemos
que em 90% dos questionários aplicados não houve uma compreensão holística da
importância da preservação ambiental e da agricultura sustentável. Comparando estes
dados preliminares com os resultados de BELLAVER, 2001, notamos que no Oeste de
Santa Catarina houve uma maior aceitação destes agricultores da importância da
sustentabilidade no campo.
Conclusões
Apesar de a análise ser preliminar, podemos inferir que há uma forte pressão
exercida pelo comércio de insumos agrícolas na região que esta promovendo uma
difusão de tecnologia de forma tendenciosa. Estes dados apontam que alguns
agricultores da localidade do Caramandú não estão cientes do potencial agressor da
agricultura convencional ou ignoram os riscos por receio de prejuízos econômicos e que
suas práticas e percepções, se distanciam da preservação ambiental e da agricultura
sustentável.
Agradecimentos
Agradecemos aos Agricultores Familiares da localidade do Caramandú em
Sumidouro-RJ que gentilmente cederam um pouco do seu tempo para responder o
questionário com muita boa vontade e sinceridade, e a equipe do escritório local da
EMATER-RIO de Sumidouro pelo apoio técnico.
Literatura citada
BELLAVER, Isabel Helena Heck. Percepção do conhecimento sobre sustentabilidade
ambiental entre técnicos agrícolas e produtores rurais na região Oeste do Estado de
Santa Catarina. 79p. Dissertação.Mestrado em Tecnologia, área de concentração:
inovação Tecnológica, Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná. Curitiba,
2001.
56
DANTAS,Thaís da Silva. Desafios da agricultura familiar camponesa e estratégias de
resistência territorial na Comunidade São Pedro de Cima. 103p. Monografia. Curso de
Geografia do Departamento de Geociências, Instituto de Ciências Humanas.
Universidade Federal de Juiz de Fora, 2011.
EMATER-RIO, Empresa de Assistência técnica e Extensão Rural do Estado do Rio de
Janeiro . Relatório Anual de Atividades 2012, Equipe do escritório local de Sumidouro.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Sinopse do Senso Demográfico
2010.
Disponível
em:
<http://www.censo2010.ibge.gov.br/sinopse/index.php?dados=29&uf=33> acesso em
20 de março de 2013.
PORTUGAL, Alberto Duque. O Desafio da Agricultura familiar. Revista Agroanalysis,
março de 2004.
RIBEIRO, Marina Pires; MENDONÇA, Marcelo Rodrigues; RODRIGUES, Gisele
Silva. Agricultura camponesa e agroecologia: relato de Experiência da feira e festa de
sementes, mudas e raças crioulas em defesa da biodiversidade. Anais do XXI Encontro
de Geografia Agrária – Uberlândia, Outubro de 2012.
SOUSA, Ivan Sergio Freire de et al. Agricultura familiar na dinâmica da pesquisa
agropecuária. 20p. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Embrapa Informação Tecnológica Brasília, DF
2006.
57
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
1.12. Dinâmica e perspectivas do extrativismo no Povoado Jatobá/SE1
Irinéia Rosa do Nascimento2, Danniele Gomes Santos3, Agda Maria Bezerra dos
Santos4
1
Trabalho de Iniciação Científica, financiado pela FAPITEC- SE/IFS.
Professora do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFS- Campus São Cristóvão.
3
Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFS- Campus São Cristóvão .
4
Estudante do Curso Superior de Tecnologia em Agroecologia do IFS- Campus São Cristóvão.
2
Resumo: No Povoado Jatobá localizado no Município Barra dos Coqueiros/SE as
atividades extrativistas são tradicionalmente responsáveis pela geração de renda e
sustento familiar. Atualmente, observa-se na região um incremento das ações antrópicas
comprometendo a realização das práticas extrativistas no povoado. Objetivou-se com o
presente trabalho estudar as dinâmica e perspectivas do extrativismo no Jatobá. Os
dados foram levantados através de entrevistas semi-estruturadas e mapeamento
participativo. A cata da mangaba, o extrativismo no mangue e a pesca artesanal estão
sendo realizadas em áreas cada vez mais limitadas,
Palavras–chave: extrativismo, comunidades tradicionais, desenvolvimento sustentável.
Introdução
O Povoado Jatobá encontra-se localizado na área rural do município Barra dos
Coqueiros, litoral Norte do Estado de Sergipe. Em decorrência das condições
edafoclimáticas, a região foi ocupada por comunidades que, secularmente, fazem uso
dos recursos naturais para obtenção de renda e do sustento familiar. Santos (2007)
destaca a importância do extrativismo vegetal, representado pela cata da mangaba,
como a principal atividade econômica das famílias catadoras do município Barra dos
Coqueiros, representando 63% da renda familiar.
Além da importância econômica, o extrativismo local está intimamente
relacionado com a conservação da biodiversidade. De acordo com Mota e Pereira
(2008) em Sergipe, apesar de ser um estado de pequena dimensão territorial, ainda tem
uma rica biodiversidade mantida por formas de manejo postos em práticas pelas
populações que mantêm uma relação de intimidade com os recursos naturais,
notadamente, na zona litorânea, em áreas remanescentes de restinga, várzeas, matas e
manguezais.
58
Além do extrativismo vegetal, a pesca artesanal e a cata de mariscos e caranguejos
no manguezal eram desenvolvidas rotineiramente pela comunidade local. Até meados
da década de 80, a abundância de peixes (atum e cavala) e de crustáceos garantia a
renda das famílias dos pescadores que viviam na região.
Nas ultimas décadas, com a valorização comercial da mangaba e o aumento da
especulação imobiliária na região, as atividades extrativistas encontra-se restrita a áreas
cada vez menores. Mota e Silva Júnior (2003) salientaram que, a ocupação desordenada
da região vem acarretando uma grande redução das áreas nativas de mangabeiras, em
função, sobretudo do aumento da exploração com monoculturas, especulação
imobiliária e infraestrutura turística devido à beleza cênica dessas áreas.
As áreas de manguezal e de pesca vêm sofrendo o mesmo impacto das ações
antrópicas na região. Isso reflete diretamente no modo de vida da comunidade do
Jatobá, onde poderá ocorrer a expulsão da população tradicional e, fatalmente, a perda
de saberes importantes sobre formas de convivência no ecossistema e a manutenção da
biodiversidade na região.
Dentro do contexto de desenvolvimento sustentável, as relações estabelecidas
entre comunidades tradicionais e recursos naturais, indicam alternativas de preservação
de ecossistemas e biodiversidade. Objetivou-se com o presente trabalho estudar a
dinâmica e as perspectivas das atividades extrativistas desenvolvidas no Povoado Jatobá
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido no Povoado Jatobá, durante o período de junho a
novembro de 2012. Foram realizadas visitas quinzenais à comunidade para
conhecimento da realidade local e aplicação da metodologia. Para o levantamento de
dados foram utilizadas metodologias participativas como entrevistas semi-estruturadas e
mapeamento participativo, além da observação dos pesquisadores. As entrevistas semiestruturadas foram realizadas segundo Verdejo (2006) e ocorreram durante visitas à
comunidade, de acordo com a disponibilidade dos participantes, ou seja, as catadoras de
mangabas e os pescadores. Foram marcados encontros individuais, facilitando a criação
de um ambiente aberto de diálogo e de expressão. As entrevistas foram guiadas por 10
perguntas-chave sobre a história da comunidade, aspectos ambientais, social e
econômico do povoado.
O mapeamento participativo foi construído através de informações obtidos de 6
(seis) participantes e teve como tema principal as áreas de extrativismo. A atividade
ocorreu entre 2 a 3 horas. Foi utilizado papel grande, lápis e pinceis para o traçado do
esboço. Ainda, durante a atividade as seis catadoras de mangaba participantes da
metodologia foram dando informações sobre o acesso e a importância para a cata de
mangaba, da pesca e da extração de mariscos.
59
Resultados e Discussão
Através do mapeamento participativo foi possível localizar as áreas utilizadas
pela comunidade nas atividades extrativistas (Figura 1). De acordo com os entrevistados
no Povoado Jatobá residiam cerca de 40 famílias vivendo basicamente do extrativismo.
As principais atividades desenvolvidas para o sustento familiar por ordem de
importância eram o extrativismo vegetal (cata da mangaba), o extrativismo no mangue e
a pesca artesanal.
Figura 1- Mapeamento participativo do Povoado Jatobá/SE.
O extrativismo vegetal era realizado em uma área de restinga com cerca de
300m2 onde a mangaba ocorria naturalmente. A área de exploração encontrava-se
bastante antropizada devido, principalmente, ao crescimento do número de casas no
local. Além da mangaba, foram encontradas na área outras espécies vegetais de
importância econômica como o caju, murici, cambuí, genipapo bravo, carrasco e
angelim. O caju, o murici e o cambuí são utilizados na alimentação humana na forma de
doces e geléias e as demais espécies na alimentação de pássaros. A extração da
mangaba era feita preferencialmente quando a fruta já madura caia ao chão, denominada
na região como “mangaba de queda ou de caída” muito apreciada comercialmente.
Ainda ocorria a retirada da fruta do pé quando não está totalmente madura, chamada de
“mangaba de arranca”.
Os entrevistados relataram que em décadas passadas, as mulheres retiravam a
mangaba nos remanescente de mata atlântica e em terras devolutas. A extração da fruta
também ocorria em propriedades privadas, onde era estabelecido o sistema de meia,
compra da mangaba ou livre cata da fruta. Atualmente, as terras devolutas são restritas,
as propriedades particulares estão sendo cercadas ou substituídas por empreendimentos
imobiliários familiares. A maioria das mulheres procurou outras ocupações como
trabalho doméstico em Aracaju e Barra dos Coqueiros, trabalhos temporários a exemplo
60
da limpeza de camarão para indústrias alimentícias. Foi observado que a limpeza de
camarão reproduzia a pratica de trabalho coletivo de mulheres, próprio da cultura local.
O manguezal que corta o povoado era utilizado para cata de caranguejo e de
mariscos próximo ao rio Pomonga. Atualmente, cerca de 20% dos moradores realizam a
cata do caranguejo, principalmente na época de entressafra da mangaba. Os
entrevistados afirmaram que o número de caranguejo vem diminuindo a cada dia e que
isso se agravou depois da instalação da salinas e de tanques de criação de peixes. Ainda,
as áreas de mangue estão sendo contaminado pelo esgotamento das casas feito a céu
aberto em direção ao manguezal.
A pesca artesanal era realizada por pescadores nativos residentes na localidade
de Porto das Cabras, onde o camarão era o principal produto. Os pescadores relataram
que o povoamento da praia do Jatobá se deu há quase um século atrás por pescadores
descendentes de índios e negros. Nos dias atuais os pescadores que sempre que
residiram no local são chamados de nativos do Jatobá. Encontram-se também,
pescadores oriundos de outras regiões do estado. Salientaram ainda que, até o ano de
1987 eram os únicos moradores na praia. Não existiam casas de veraneio a beira-mar. A
partir de então, a especulação imobiliária vem crescendo, com a construção de casas em
quase toda a extensão da praia.
Conclusões
Os problemas enfrentados pelas catadoras de mangaba e pescadores no
desenvolvimento de suas atividades podem ser sumarizados nas baixas condições de
vida e, na especulação imobiliária com a consequente destruição de zonas de
manguezais e das áreas estuarinas, essenciais ao ciclo de vida de inúmeras espécies. As
atividades extrativistas no Povoado Jatobá
Agradecimentos
À comunidade do Jatobá.
Á FAPITEC-SE e CNPq pelo financiamento de bolsas de I.C.
Ao IFS.
Literatura citada
MOTA, D.M.; PEREIRA, E. O. Extrativismo em Sergipe: a vulnerabilidade de um
modo de vida? In: RAIZES: Revista de Ciências Sociais e Econômicas / Universidade
Federal de Campina Grande, Programa de Pós-Graduação em Sociologia – Vol 27, nº
01. Campina Grande, 2008.
MOTA, D. M.; SILVA JÚNIOR., J. F. Populações Tradicionais e Formas de Gestão
das Áreas de Ocorrência Natural de Mangabeira. In: RAIZES: Revista de Ciências
Sociais e Econômicas / Universidade Federal de Campina Grande, Programa de PósGraduação em Sociologia – Vol 22, nº 02. Campina Grande, 2003.
SANTOS (2007)
VERDEJO, M. E. Diagnóstico Rural Participativo, Um guia prático. Ascar – EmaterRS, 2006.
61
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
1.13. Perfil do Mercado de Plantas Medicinais em Viçosa - MG
Cléverson Silva Ferreira Milagres1, Angélica Fátima de Barros2, Maria Regina de
Miranda Souza3
1 Bacharel em Gestão do Agronegócio - UFV.
2 Graduanda de Agronomia - UFV, Bolsista da EPAMIG.
3 Pesquisadora da EPAMIG - Unidade Regional da Zona da Mata.
Resumo: As plantas medicinais são tradicionalmente utilizadas como remédios nas
formas de venda de droga vegetal e medicamentos fitoterápicos, sendo registrados na
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). O aumento do uso de plantas
medicinais vem ocorrendo devido ao consumo, tanto pela população rural, quanto pelos
programas oficiais de saúde como a Política Nacional de Práticas Integrativas e
Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar de ser um
mercado promissor, não há investimento suficiente no país, além de uma carência de
informação relacionada à demanda e técnica de produção por parte dos produtores. O
objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil do mercado de plantas medicinais em
Viçosa. Utilizaram-se questionários semiestruturados para caracterizar as 12 plantas
medicinais selecionadas a partir do programa Componente Verde, sua forma de venda,
o controle da matéria-prima e o perfil dos consumidores. O mercado está começando a
se estruturar, mas é ainda pouco explorado. Tal situação constitui uma oportunidade
para que os agricultores possam introduzir a produção de plantas medicinais em suas
atividades, em especial as plantas contempladas para fornecimento às farmácias e
futuramente em atendimento ao Programa Componente Verde.
Palavras–chave: Agricultura Familiar, Agronegócio, Plantas Medicinais, Programa
Componente Verde.
Market Profile of Medicinal Plants in Viçosa - MG
Abstract: Medicinal plants are traditionally used as remedies in the forms of sale of
plant drug and herbal medicines, being registered in the National Agency for Sanitary
Vigilance (ANVISA). The increased use of medicinal plants has occurred due to
consumption, both the rural population, as the official health programs for example the
National Policy on Integrative and Complementary (PNPIC) in Unified Health System
(SUS). While being a promising market, the investment in the country isn´t sufficient,
beside a lack of information related to the demand and technical production by
producers. The objective of this study was to characterize the market profile of
medicinal plants in Viçosa. It was used questionnaires to characterize the 12 medicinal
62
plants selected from the program Green Component, their way of sale, control of raw
material and consumer profile. The market is starting to be structured but is still
underexplored. This is an opportunity for farmers can introduce the production of
medicinal plants in their activities, especially plants contemplated for providing to
pharmacies and future in attendance to the Program Green Component.
Keywords: Agribusiness, Family Agriculture, Medicinal Plants, Program Green
Component.
Introdução
As plantas medicinais são tradicionalmente utilizadas como remédios, sendo
necessário o conhecimento de suas características para o uso adequado à saúde. Uma
das formas apresentadas é a droga vegetal, sendo essa caracterizada pelo uso direto das
partes das plantas com princípio ativo desejado, em sacos plásticos. Já os medicamentos
fitoterápicos são obtidos pela industrialização das plantas medicinais, permitindo a
inovação em saúde e agregação de valor ao produto. Tais procedimentos, impedem
contaminações e padronizam a quantidade e a forma de consumo. Ambos os casos,
devem ser registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e
posteriormente comercializados. (ANVISA, 2002).
O aumento do uso de plantas medicinais vem ocorrendo devido ao consumo, tanto
pela população rural, quanto pelos programas oficiais de saúde. As ações do governo,
nesse sentido, procuram além do fornecimento dos fitoterápicos para a saúde pública,
incentivar a produção de plantas medicinais, diversificar a atividade rural, com geração
de renda complementar para os agricultores familiares (LOURENZANI et al., 2004;
PEREIRA FILHO,2001; MAZZA et al., 1998).
Um dos principais instrumentos que direcionam o desenvolvimento de programas
na saúde pública é a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares
(PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS). Este programa propõe a melhoria ao acesso
da população às plantas medicinais e fitoterápicas; a inclusão social e regional; ao
desenvolvimento agrícola, industrial e tecnológico; a promoção da segurança alimentar
e nutricional; o uso sustentável da biodiversidade brasileira e a valorização/preservação
do conhecimento tradicional das comunidades e povos tradicionais (BRASIL, 2009).
Correa e Alves (2008) afirmam que o uso de produtos à base de plantas
medicinais constituem um mercado promissor, sendo uma forte tendência mundial e,
portanto, um negócio atrativo. Apesar disso, o Brasil não tem investido de forma
contundente e, segundo Ferreira (1998), há uma carência de informação relacionada à
demanda e técnica de produção por parte dos produtores, tornando-os dependentes dos
intermediários e reduzindo o lucro.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o perfil do mercado de plantas
medicinais em Viçosa, com o intuito de gerar subsídios para orientar ações de pesquisa
e extensão relacionadas com a produção de plantas medicinais.
Material e Métodos
A análise considerou 12 plantas medicinais, escolhidas a partir do programa
Componente Verde da Rede Farmácia de Minas lançado pela Secretaria Estadual da
Saúde em Minas Gerais em março de 2010, sendo este um meio de informação
estabelecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A escolha das 12 plantas medicinais partiu das seguintes espécies de acordo com
o programa “Componente Verde”: Allium sativum L. (alho), Calendula officinalis L.
(calêndula), Cordia verbenacea DC. (erva-baleeira) Cynara scolymus L. (alcachofra),
63
Maytenus ilicifolia (Schrad.), Planch. (espinheira-santa), Melissa officinalis L.
(melissa), Mentha x piperita L. (hortelã-pimenta), Mentha villosa Huds (hortelãrasteira), Mikania laevigata (guaco), Ocimum gratissimum L. (alfavaca), Passiflora
alata Curtis (maracujá-doce), Passiflora edulis Sims (maracujá-azedo), Passiflora
incarnata L. (maracujá-silvestre), Plantago major L. (tanchagem) e Stryphnodendron
adstringens (Mart.), Coville (barbatimão). Para efeito de sistematização, as plantas
medicinais de maracujá e hortelã não foram identificadas por espécies.
Foram utilizados questionários semiestruturados para obtenção de informações
em sete estabelecimentos farmacêuticos que comercializam plantas medicinais em
Viçosa – Minas Gerais – Brasil. Buscou-se identificar o perfil geral do mercado de
plantas medicinais, a presença das plantas selecionadas nos estabelecimentos, a forma
de apresentação do produto, o controle da matéria-prima, e o espaço que as plantas
medicinais ocupam no mercado de Viçosa. .
Resultados e Discussão
As plantas medicinais foram encontradas nos estabelecimentos como droga
vegetal ou medicamento fitoterápico. Uma determinada planta era ofertada de uma
forma ou de outra, de forma excludente. Sendo assim o somatório dos estabelecimentos
que possuem droga vegetal e medicamentos fitoterápicos representam o total de
estabelecimentos entrevistados que comercializam uma determinada planta medicinal
no mercado de Viçosa/MG (Tabela 1).
Tabela 1 - Formas de venda das plantas medicinais selecionadas para o estudo nos principais
estabelecimentos farmacêuticos de Viçosa/MG.
Número de Estabelecimentos
Plantas Medicinais
Medicamento
Droga Vegetal
Total
Fitoterápico
Alcachofra
3
4
7
Espinheira-santa
3
3
6
Maracujá
2
4
6
Melissa
3
2
5
Calêndula
3
1
4
Barbatimão
3
0
3
Guaco
3
0
3
Tanchagem
3
0
3
Alfavaca
2
0
2
Erva-baleeira
2
0
2
Hortelã
2
0
2
Alho
1
1
2
A alcachofra foi a única planta encontrada em todos os estabelecimentos, em
ambas formas de venda e, assim como o maracujá, apresenta maior frequência na forma
de medicamento fitoterápico. Por outro lado, as plantas: barbatimão, guaco, tanchagem,
alfavaca, erva-baleeira e hortelã foram encontradas apenas na forma de droga vegetal.
A alcachofra, espinheira-santa e maracujá, foram encontradas na maior parte das
farmácias de manipulação, nas diferentes formas de venda, o que sugere que possuem
uma maior preferência no mercado de Viçosa/MG. Não foi encontrado nos locais
entrevistados, como medicamento fitoterápico, as plantas: barbatimão, guaco,
tanchagem, alfavaca, erva-baleeira e hortelã. Sendo assim deduz-se que o interesse dos
consumidores ou o valor empregado na manipulação determinaram este modelo de
venda.
64
Um dos estabelecimentos relatou que as plantas barbatimão e calêndula,
classificadas como droga vegetal, também são utilizadas, respectivamente, para
formulação de sabonetes e tinturas, por parte dos consumidores.
A maior parte dos estabelecimentos não faz o controle de matéria-prima no
próprio local, sendo essa responsabilidade atribuída aos fornecedores (Figura 1).
Figura 1 - Controle de matéria-prima das plantas medicinais.
Com relação ao controle de matéria-prima das plantas medicinais, observou-se
que nos lugares onde a venda foi feita na forma de medicamento fitoterápico, ocorreu
maior controle por uma equipe especializada.
Os comerciantes entrevistados na pesquisa declararam que a maioria de seus
clientes são idosos (sete) e adultos (seis). Em contrapartida, o público infantil foi
lembrado em apenas três estabelecimentos, enquanto os jovens foram observados por
quatro dos entrevistados (Figura 2).
Figura 2 - Perfil dos consumidores nos estabelecimentos farmacêuticos entrevistados em Viçosa/MG.
Tendo em vista o perfil dos consumidores, notou-se que o maior consumo de
plantas medicinais ocorre por parte dos idosos, atribuindo como prováveis fatores, o
conhecimento tradicional que estes apresentam em relação aos demais e a preferência
deste grupo por produtos naturais.
Conclusões
O mercado de plantas medicinais em Viçosa é pouco explorado e possui potencial
para se estabelecer e melhor atender aos consumidores, visto que há carência de
fornecimento de plantas em alguns pontos de venda. Tal situação constitui uma
oportunidade para que os agricultores possam introduzir a produção de plantas
medicinais em suas atividades, em especial as plantas contempladas no Programa
Componente Verde, pois, embora ainda pequeno, há um mercado estruturado, como as
farmácias de manipulação.
65
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) pelo
financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas.
Literatura citada
ANVISA. Medicamentos Fitoterápicos - Informações Gerais. Disponível em:
<http://www.anvisa.gov.br/faqdinamica/index.asp?Secao=Usuario&usersecoes=36&use
rassunto=135>. Acesso em: 14 de agosto de 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência e Tecnologia e Insumos
Estratégicos. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - Rename, 6ª ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2009. (Série B. Textos Básicos de Saúde).
CORREA, C. C.; ALVES, F. A. Plantas medicinais como alternativa de negócios:
caracterização e importância. In: XLVI Congresso da Sociedade Brasileira de
Economia, Administração e Sociologia Rural, 2008, Rio Branco-AC. Anais... Rio
Branco: SOBER, 2008.
FERREIRA, S.H. Medicamentos a partir de plantas medicinais no Brasil. Academia
Brasileira de Ciências, 1998, 142p. Disponível em: <http://www.abc.org.br/arquivos.
html>. Acessado em: 13 ago. 2013.
LOURENZANI, AEBS; LOURENZANI, WLL; BATALHA, MO. Barreiras e
oportunidades na comercialização de plantas medicinais provenientes da agricultura
familiar. Informações Econômicas, v. 34, n. 3, p. 15-25, 2004.
66
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
1.14. Resgate de hortaliças tradicionais em contexto local de Araponga - MG
Cléverson Silva Ferreira Milagres1; Iracema Aparecida de Assis Pereira2, Maria Regina
de Miranda Souza3, Angélica Fátima de Barros4, Rafael Gustavo Faria Pereira5
1 Bacharel em Gestão do Agronegócio - UFV.
2.Estudante da EFA Puris - Bolsista FAPEMIG / EPAMIG.
3 Pesquisadora da EPAMIG - Unidade Regional da Zona da Mata
4 Graduanda de Agronomia - UFV, Bolsista FAPEMIG / EPAMIG.
5 Graduando de Agronomia - UFV.
Resumo: Com a globalização dos mercados, a produção de alimentos para o
abastecimento em grande escala, e o uso de variedades melhoradas que se intensificou
no Brasil nos anos 70, houve uma intensa redução do consumo de plantas de uso
tradicional. Para a maior valorização dessas hortaliças e sua reinserção em maior escala
na dieta e na diversificação da produção, é necessário criar estratégias e metodologias
apropriadas de intervenção. Os objetivos desse trabalho foram apresentar e analisar o
uso e cultivo de hortaliças tradicionais em uma comunidade de agricultores familiares
representativa do perfil da região, bem como apresentar a metodologia de alternância
como uma estratégia de resgate. Há hortaliças não-convencionais que são mais
promissoras, inclusive para comercialização, e outras que são pouco utilizadas O perfil
de produção dos agricultores de Araponga sugere que é possível que com um maior
incentivo e orientação os agricultores familiares possam vir a otimizar a produção
dessas hortaliças na região, a partir de práticas de manejo mais adequadas,
possibilitando obter maior produtividade e maior volume de produção, inclusive para a
comercialização. A metodologia desenvolvida com os estudantes permitiu avançar em
conhecimentos acerca do uso e cultivo de espécies tradicionais.
Palavras–chave: Desenvolvimento Local, Pedagogia da Alternância, Plantas NãoConvencionais.
Rescue of traditional vegetables in local context of Araponga - MG
Abstract: With the globalization of markets, food production for supplies on a large
scale, and the use of improved varieties which intensified in Brazil in the 70s, there was
a marked decrease in the consumption of plants traditionally used. For a greater
appreciation of these vegetables and their reintegration in the diet on a larger scale and
diversification of production, it is necessary to create strategies and methodologies
appropriate intervention. The aim of the present study was to analyze the use and
67
cultivation of vegetables in a traditional community of farmers representing the profile
of the region as well as to present the methodology of alternation as a rescue strategy.
There unconventional vegetables that are most promising, including marketing, and
others that are seldom used. The production profile of farmers Araponga suggests that it
is possible that with a greater incentive and guidance family farmers are likely to
optimize the production of vegetables in the region, from the most appropriate
management practices, enabling obtain greater productivity and higher volume
production, including marketing. The methodology developed to allow students to
advance knowledge about the use and cultivation of traditional species.
Keywords: Local Development, Non-Conventional Plants, Pedagogy of Alternance.
Introdução
O padrão de desenvolvimento da agricultura no Brasil nos anos 70 e a crescente
globalização privilegiaram a produção de alimentos para o abastecimento em grande
escala e ao uso de variedades melhoradas. Esse processo acarretou em uma intensa
redução do consumo de plantas de uso tradicional (SOUZA et al., 2009). Dessa forma,
grande parte das espécies tradicionais ou não-convencionais é desconhecida da maioria
da população, apesar das suas comprovadas propriedades nutritivas (KINUPPI, 2006;
BRASIL, 2010). Silva e Pinto (2006) destacaram a importância das hortaliças: taioba,
ora-pro-nobis, serralha e mostarda, consumidas pelas populações rurais e urbanas de
Diamantina, as quais contribuem para complementar a alimentação e a economia
familiar.
Para maior valorização das hortaliças tradicionais e sua reinserção na dieta e
sistemas de produção familiares, é necessário criar estratégias e metodologias
apropriadas de intervenção.
Os objetivos deste estudo foram apresentar e analisar o uso e o cultivo de
hortaliças tradicionais em uma comunidade de agricultores familiares representativa do
perfil da região, bem como apresentar uma metodologia associada á pedagogia da
alternância das Escolas Famílias Agrícolas, utilizada como estratégia de envolvimento
dos estudantes para o resgate de espécies tradicionais locais.
Material e Métodos
O levantamento foi realizado por um grupo de estudantes da Escola Família
Agrícola (EFA) Puris localizada em Araponga, MG, e uma equipe técnica da EPAMIG
da Zona da Mata, por meio de entrevista semiestruturada e listagem livre com os
agricultores familiares e com o envolvimento de estudantes do Ensino Médio
Profissionalizante da EFA. O sistema de alternância é um método próprio das Escolas
Famílias Agrícolas, pelo qual, em seu processo de formação, os estudantes permanecem
quinze dias na Escola e quinze dias em suas casas, onde aplicam os conhecimentos
adquiridos na Escola e problematizam a sua realidade, para comporem um plano de
estudo ainda mais contextualizado.
Os trabalhos de pesquisa e extensão existentes sobre as hortaliças tradicionais
foram previamente apresentados aos estudantes, para discussão e elaboração de
estratégias de ação. Foram escolhidos, entre os entrevistados membros das famílias,
aqueles que moram no entorno da EFA Puris, Comunidade de São Joaquim, em
Araponga, MG, e as visitas e entrevistas foram feitas nas propriedades rurais ali
localizadas, totalizando oito propriedades.
68
Resultados e Discussão
Além do café, feijão, milho e cana-de-açúcar, muitos agricultores familiares de
Araponga cultivam hortas em seus quintais, para consumo próprio ou mesmo para a
comercialização do excedente. Das hortaliças não-convencionais apenas um dos
agricultores apresentou produção para comercialização. As hortaliças mais produzidas
foram: ora-pro-nobis (Pereskia aculeata Mill. – Cactaceae), serralha (Sonchus
oleraceus L. Asteraceae), taioba (Xanthosoma sagittifolium (L.) Schott-Araceae) e
capiçoba (Erechtites valerianifolius DC. Asteraceae). Dentre as hortaliças
convencionais se fazem presentes: o alface, a couve, a cebolinha e a salsa, o espinafre, a
cebola, o agrião e o chuchu, este último citado como produto vendido para escolas
locais, em atendimento ao Programa Nacional de Alimentação Escolar. As hortaliças
menos produzidas foram o tomatinho, caruru (Amaranthus spp. Amarantaceae), picão
(Bidens pilosa L.) e beldroega (Portulaca oleracea L. Portulacaceae). Também são
produzidas mostarda, alface-roxa, agrião e almeirão. As hortaliças tradicionais
comercializadas são: taioba, ora-pro-nobis, serralha, capiçoba e mostarda. Dentre estas a
taioba é a mais vendida (Tabela 1).
Tabela 1 - Caracterização das espécies tradicionais na Comunidade de São Joaquim - Araponga, MG
Hortaliça
Forma de produção
Finalidade
No de propriedades
Ora-pro-nobis
Serralha
Taioba
Capiçoba
Mostarda
Almeirão
Agrião
Alface roxa
Beldroega
Caruru
Inhame
Picão
Tomatinho
Plantio
Planta/Natural
Plantio
Natural
Natural
Plantio
Plantio
Comercialização
Comercialização
Comercialização
Comercialização
Comercialização
7
7
5
3
3
2
1
1
1
1
1
1
1
Plantio
Natural
Natural
Plantio
Natural
Plantio
Consumo
Consumo
Consumo
Consumo
Consumo
Consumo
Consumo
Consumo
As hortaliças tradicionais em sua grande maioria apresentam produção durante
todo o ano, enquanto a taioba, segundo alguns agricultores, oferece um maior
rendimento durante períodos de chuva, pois é uma cultura que exige grande umidade.
Apenas a taioba, o ora-pro-nobis, a capiçoba, a serralha, o tomatinho e o inhame são
efetivamente plantados na propriedade, enquanto as demais hortaliças nascem de forma
natural nos canteiros. Aqueles agricultores que cultivam as hortaliças de forma
intencional, buscam obter, com isso, uma maior produtividade (Tabela 1). De forma
semelhante, as hortaliças cultivadas em um maior número de propriedades são aquelas
que se tornam disponíveis em maior quantidade para a comercialização. Observou-se
que o ora-pro-nobis, a taioba, a serralha e a capiçoba são as mais propícias ao cultivo e
passíveis de comercialização (Tabela 1).
Considerando o perfil de agricultores familiares para a produção diversificada, é
possível que um maior incentivo e orientação possam despertar mais interesse para o
cultivo planejado dessas hortaliças na região, possibilitar uma maior produtividade e
maior volume de produção, inclusive uma maior comercialização. Estudos e ações que
estimulem e orientem a produção nesse sentido são necessários.
69
Conclusões
A metodologia desenvolvida com os estudantes permitiu avançar em
conhecimentos acerca do uso e do cultivo de espécies tradicionais, os quais parecem ser
de interesse mediano pelos agricultores familiares. Há hortaliças preferenciais que são
voltadas para comercialização, e outras, que são pouco utilizadas. As escolas podem
tornar-se um mercado interessante para a comercialização das hortaliças nãoconvencionais, contribuindo para o incentivo à sua produção pelos agricultores locais.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo
financiamento das pesquisas e pelas bolsas concedidas.
Literatura citada
BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de hortaliças
não-convencionais/Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de
Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo. Brasília/MAPA/ACS. 2010. 92 p..
KINUPP, V. F. Plantas alimentícias alternativas no Brasil: uma fonte complementar de
alimento e renda. Revista Brasileira de Agroecologia, Porto Alegre, v. 1, n. 1, p. 333336, 2006.
SILVA, M.C.; PINTO, N.A.V.D. Teores de nutrientes nas folhas de taioba, ora-pronobis, serralha e mostarda coletadas no município de Diamantina. Fundação
Educacional Científica e Tecnológica, Diamantina, MG. Anais... Diamantina: UFVJM,
2006. 124p. [Anais... Simpósio, 8., 2006, Diamantina].
SOUZA, M.R. de M. et al. Potencial do ora-pro-nobis na diversificação da produção
agrícola familiar. Revista Brasileira de Agroecologia, v.4, n.2, p.3550-3554, 2009.
70
2. Agroecologia
71
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.1. Influência de sistemas de adubação verde e épocas de colheita na qualidade
dos frutos de berinjela orgânica
André Angelo Bellon1, Jacimar Luis de Souza2, Rogério Carvalho Guarçoni3
1
Biomédico, Assist. de laboratório do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist. Técnica e Extensão Rural.
Engº Agrº, Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist. Técnica e Extensão Rural.
3
Engº Agrº, Pesquisador do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assist. Técnica e Extensão Rural.
2
Resumo: Este trabalho objetivou avaliar o efeito de três sistemas de adubação verde no cultivo
orgânico de berinjela, em quatro épocas de colheita, sobre a qualidade dos frutos. Os
tratamentos foram: 1) Cultivo convencional (testemunha); 2) Adubação verde com leguminosa;
3) Adubação verde com gramínea; 4) Adubação verde com consórcio gramínea + leguminosa.
O experimento em pós-colheita foi realizado em quatro épocas, aos 135, 150, 155 e 160 dias
após o semeio, visando acompanhar a qualidade dos frutos no tempo. Verificou-se que o
adubação verde de berinjela orgânica não altera a umidade e o teor de cinzas dos frutos, mas
todos os tratamentos proporcionaram menor umidade e maior teor de cinza por 100g em relação
aos valores de referência da Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. Berinjelas
cultivadas sobre palhas de leguminosas apresentaram frutos com maior teor de sólidos solúveis
totais. A adubação verde de berinjela orgânica não altera o pH dos frutos, mas observou-se um
aumento deste nas colheitas mais tardias.
Palavras–chave: Solanum melongena, agricultura orgânica, qualidade de alimento
Influence of green manure systems and harvest time on fruit quality of organic
eggplant
Abstract: This study aimed to evaluate the effect of three systems of green manure in organic
cultivation of eggplant in four harvest seasons on fruit quality. The treatments were: 1)
Conventional cultivation; 2) Green manure with leguminous, 3) Green manure with grass; 4)
Green manure with grass + leguminous intercropping. The experiment in post-harvest was
realized in four different periods, 135, 150, 155 and 160 days after sowing, to monitor the
quality of fruit in time. The green manure organic eggplant does not alter the moisture and ash
content of the fruit, but all treatments showed lower moisture content and higher ash content per
100g compared to the reference values of the Brazilian Table of Food Composition. Eggplants
grown on leguminous straws showed fruits with higher content of soluble solids. The green
manure organic eggplant does not alter the pH of the fruit, but there was such an increase in the
later harvests.
Keywords: Solanum melongena, organic agriculture, food quality
Introdução
72
A berinjela (Solanum melongena L) tem importância nutricional destacada, sendo
um alimento rico em minerais e vitaminas, possuindo também compostos fenólicos,
flavonóides e glicoalcalóides (Santos et al., 2002).
A produção orgânica de berinjela pode ser uma alternativa importante para
melhorar a qualidade destes alimentos (Souza & Resende, 2006). Um estudo de revisão
realizado por Sousa et al. (2012) demonstrou que, embora os alimentos orgânicos se
destaquem frente aos convencionais por sua baixa toxicidade, maior durabilidade e
maior teor de alguns nutrientes em alguns produtos, há a necessidade de mais estudos
comparativos, visando comprovar essa superioridade e determinar se existem vantagens
em termos de valor nutricional para que algumas controvérsias existentes na bibliografia
se dissolvam.
As práticas agronômicas, o manejo cultural e do solo podem interferir na
qualidade dos frutos da berinjela. Isto foi demonstrado por Gutierrez et. al. (1976), ao
verificarem que a densidade de plantas exerce influência, aumentando o teor de massa
seca dos frutos em áreas de plantios mais densos. Por outro lado, não foram observadas
diferenças significativas nos teores de sólidos solúveis e ácido ascórbico.
Não foram encontrados estudos na literatura científica, que avaliassem a
contribuição da adubação verde sobre a composição de frutos de berinjela. Por este
motivo, objetivou-se com este trabalho, avaliar o efeito de três sistemas de adubação
verde no cultivo orgânico, em quatro épocas de colheita, sobre a qualidade dos frutos de
berinjela.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido em campo na Unidade de Referência em
Agroecologia e nos laboratórios de Pós-Colheita e Fisiologia Vegetal do INCAPER,
localizados no município de Domingos Martins-ES, a uma altitude de 950 m. As plantas
de berinjela, híbrido Ciça, foram cultivadas sob normas técnicas de agricultura orgânica.
Todos os tratamentos receberam adubação de plantio com composto orgânico, por
ocasião da implantação da cultura da berinjela. A aplicação do adubo orgânico foi
realizada nas covas de plantio, na dose equivalente a 15 t ha -1 (peso seco), com a
seguinte composição média, contida na Tabela 1.
Tabela 1 - Composição média dos compostos orgânicos usados nas adubações. Domingos Martins,
INCAPER 2013
M.O.
Produto
Composto
C/N
(dag
kg-1)
48
13/1
Macronutrientes (dag kg -1)
pH
7,4
N
P
K
Ca
2,00
1,20
1,50
6,0
Micronutrientes (mg kg-1)
Mg
0,6
Cu
Zn
Fe
Mn
B
50
223
16.064
804
36
Os tratamentos estudados foram: 1) Cultivo convencional, com aração do solo
com motocultivador; 2) Adubação verde com leguminosa (tremoço branco); 3) Plantio
Adubação verde com gramínea (aveia preta); 4) Adubação verde com consórcio
gramínea + leguminosa (aveia X tremoço). O experimento em pós-colheita foi realizado
em quatro épocas, aos 135, 150, 155 e 160 dias após o semeio, visando acompanhar a
qualidade dos frutos no tempo.
O semeio da berinjela foi realizado em 08/01/2013 e o transplantio em
07/02/2013. As colheitas se iniciaram em 24/04/2013, aos 106 dias. O experimento de
campo foi conduzido no delineamento em blocos casualizados, com seis repetições, no
73
esquema de parcelas subdivididas, relativas às quatro épocas de colheita avaliadas.
Foram utilizados frutos de tamanho comercial (maiores que 10 cm), sem defeitos ou
irregularidades na casca, sendo cada amostra composta por 2 frutos por parcela. Os
frutos foram levados ao laboratório de pós-colheita e após higienização, encaminhados
ao laboratório de Fisiologia Vegetal, para análise físico-química.
Os parâmetros avaliados foram: teor de umidade (%); grau brix (%); potencial
hidrogeniônico - pH e teor de cinzas (%). As metodologias analíticas utilizadas são as
descritas em Métodos Físico-químicos para Análise de Alimentos, do Instituto Adolfo
Lutz (2008). Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, sendo as médias
dos dados qualitativos comparadas pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade e para
os dados quantitativos no tempo foram feitas análises de regressão.
Resultados e Discussão
Os frutos colhidos em sistemas de adubação verde, comparados à testemunha, não
apresentaram diferença significativa nos teores de umidade e cinza, revelando que a
adubação verde não interfere nestes parâmetros (Tabela 2). Por outro lado, numa análise
comparativa com a Tabela Brasileira de Composição de Alimentos, as berinjelas
orgânicas, em todos os tratamentos, apresentaram menor umidade e maior teor de cinza,
em relação aos valores de referência de 93,8 % e 0,4 g/100g da TACO (2011),
respectivamente.
Tabela 2 – Teor de umidade e conteúdo de cinza de berinjelas orgânicas em função de sistemas de
adubação verde. Domingos Martins, INCAPER, 20131
Trat
Umidade
Cinza/100g
(%)
(g)
Testemunha
91,5 a
0,56 a
Gramínea
91,5 a
0,51 a
Leguminosa
90,5 a
0,57 a
Gramínea + Leguminosa
91,1 a
0,54 a
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra não diferem entre si pelo teste de Duncan, a 5% de probabilidade.
Nas primeiras colheitas não foram observadas diferenças no teor de sólidos
solúveis totais entre os tratamentos. Entretanto, na última época as berinjelas orgânicas
cultivadas sobre palhas de leguminosas, tanto solteira quanto consorciada, apresentaram
maiores valores de º Brix, que podem ser devido ao fornecimento de nitrogênio para as
plantas, advindas da fixação biológica. Além disso, o tratamento com leguminosa
solteira proporcionou frutos com maiores teores de º Brix, em todas as épocas, à
exceção da colheita aos 150 dias (Tabela 3). Não foram observadas relações funcionais
significativas entre º Brix e épocas de colheita, para todos os tratamentos.
O pH dos frutos de berinjela apresentou relação funcional significativa, a 5% de
probabilidade, aumentando com a época de colheita tardia, para os tratamentos com
adubação verde nos pré-cultivos solteiros de gramínea e leguminosa, ajustando-se aos
modelos quadrático e linear, respectivamente (Figura 1). Não foi observada relação
funcional significativa entre pH e época de colheita nos tratamentos testemunha e
consórcio de gramínea + leguminosa, apesar de revelarem também tendência de
elevação de pH com as épocas mais tardias.
Tabela 3 – Sólidos Solúveis Totais (º Brix) dos sistemas de plantio em cada época de colheita. Domingos
Martins, INCAPER, 2013
74
º Brix 1
Épocas
(Dias)
Testemunha
Gramínea
Leguminosa
Gram. + Legum.
135
6,12 A
5,73 A
6,30 A
5,55 A
150
6,05 A
6,03 A
5,93 A
5,70 A
155
5,57 A
5,53 A
6,27 A
5,55 A
160
5,20 B
5,75 AB
6,42 A
6,17 A
1
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra maiúscula na linha não diferem entre si pelo teste de Duncan, a
5% de probabilidade.
Figura 1 – Evolução do pH dos frutos de berinjela orgânica em função da época de colheita nos
tratamentos com pré-cultivo de gramínea (esquerda) e leguminosa (direita). * = significativo a 5% pelo
teste F. Domingos Martins, INCAPER, 2013.
Conclusões
A adubação verde em pré-cultivo para a berinjela orgânica não altera a umidade e
o teor de cinzas nos frutos, mas todos os tratamentos proporcionaram menor umidade e
maior teor de cinza por 100g em relação aos valores de referência da Tabela Brasileira
de Composição de Alimentos. Berinjelas cultivadas sobre palhas de leguminosas
apresentam frutos com maior teor de sólidos solúveis totais. A adubação verde de
berinjela orgânica não altera o pH dos frutos, mas há uma elevação deste nas colheitas
mais tardias.
Literatura citada
GUTIERREZ, L.E.; MINAMI, K.; CAMARGO, T.P.; MANTOVANI, W. Efeito da densidade
de população sobre os teores de ácido ascórbico e carboidratos solúveis de berinjela (Solanum
melongena). Anais... E.S.A. “Luiz de Queirós”, v.33, p.259-265, 1976.
INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4ª ed.
São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. 1020 p.
SANTOS, K.A.; KARAM, L.M.; FREITAS, R.J.S.; STERTS, S.C. Composição química da
berinjela. Boletim CEPPA, v.20, p.247-256, 2007.
SOUSA, A. A. de; AZEVEDO, E. de; LIMA, E. E. de; SILVA, A. P. F. da. Alimentos
orgânicos e saúde humana: estudo sobre as controvérsias. Revista Panamericana Salud
Publica, v.31, p. 513-517, 2012.
SOUZA, J. L. de; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. Viçosa: Aprenda Fácil, 2
ed., 2006. 843p. il.
TACO - Tabela Brasileira de Composição de Alimentos. 4. ed., rev. e ampl. Campinas: NEPA UNICAMP, 2011. 161p.
75
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.2. Resposta do solo a adubação orgânica com composto orgânico e crotalaria
juncea em cultivo de café1
Mateus Cupertino Rodrigues2, Wander Douglas Pereira3, Luisa Bastos Rodrigues4, João
Batista Silva Araújo 5, Ricardo Henrique Silva Santos6
1
Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq.
2
Estudante de pós-graduação. Bolsista CNPq –Universidade Federal de Viçosa- DFT – [email protected]
3
Estudante de pós-graduação. Bolsista Capes- Universidade Federal de Viçosa- DFT- [email protected]
4
Eng. Agrônoma – [email protected]
5
Pesquisador da Incaper– [email protected]
6
Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa – [email protected]
Resumo: A reciclagem de matéria orgânica através da compostagem e a adubação
verde com leguminosas são práticas recomendadas em sistemas de base Agroecológica.
No entanto há uma carência de informações para a recomendação de doses dos adubos
orgânicos e a associação destes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da
adubação com composto orgânico com e sem Crotalaria juncea sobre as características
químicas do solo. As doses de composto foram proporcionais a 25%, 50%, 75% e 100%
da dose de N recomendada para cafeeiros. Foram retiradas quatro amostras simples de
solo por parcela, na projeção da copa dos cafeeiros, e logo após misturou-se o material
para formação de uma amostra composta. As amostras foram enviadas ao laboratório
para análise de rotina. Os dados foram submetidos à análise estatística com base no
programa Sisvar 5.1. Concluiu-se que o composto melhorou as características químicas
do solo de cafezais com o incremento de doses aplicadas. O fornecimento de Crotalária
juncea diminuiu o teor de H+Al e o aumento das doses de composto promoveu a
elevação linear do pH e dos teores de P, K, Ca, Mg, Soma de bases, CTC efetiva, saturação
de bases e matéria orgânica, e redução da acidez potencial (H+Al).
Palavras-chave: Adubo verde, compostagem, Crotalaria juncea
76
Soil response to organic fertilization with organic compound and crotalaria juncea
in coffee cultivation
Abstract: The recycling of organic matter through composting and green manure
legumes are good recommended practices based on agroecological systems. However
there is a few data to recommend doses of organic fertilizers and their associations. The
goal of this study was to evaluate the fertilization effect with organic compound, with
and without Crotalaria juncea on the chemical soil characteristics. The compound
doses were proportional to 25%, 50%, 75% and 100% of coffee N recommendation.
Were taken four simple samples of soil per portion in the canopy projection of coffee,
then the material was mixed to form a composite sample and sent to the laboratory for
routine analysis. The data were subjected to statistical analysis based on program Sisvar
5.1. It was concluded the compound improves the characteristics of soil coffee
cultivation with the increasing doses applied. The supply of Crotalaria juncea
decreased the content of H+Al and increasing doses of compound promotes linear
increase of pH and P, K, Ca, Mg levels, sum of bases, CTCeffective, base saturation and
organic matter, and reduced potential acidity (H + Al).
Keywords: Green manure, Compost, Crotalaria juncea
Introdução
Em sistemas de base Agroecológica, a adubação orgânica é fundamental no
processo produtivo. Os adubos orgânicos permitem a reciclagem de nutrientes, o que
permite a redução do uso dos adubos minerais não renováveis. A compostagem e a
Fixação Biológica de Nitrogênio (FBN) por meio do cultivo de leguminosas permitem a
ciclagem de nutrientes e maior sustentabilidade dos sistemas produtivos.
Os adubos orgânicos fornecem macro e micronutrientes ao cafeeiro, permitem
manter as reservas desses nutrientes no solo e ainda proporcionam incremento na
diversidade biológica de fungo micorrízicos arbusculares (THEODORO, 2006).
Existem diversos trabalhos que apresentam impactos das leguminosas sobre as
características químicas, físicas e biológicas do solo. Tais trabalhos indicam a
possibilidade da adubação verde e orgânica promoverem benefícios para o cafeeiro.
Apesar do potencial do uso da compostagem na cafeicultura, há grandes
dificuldades para a sua utilização. O composto apresenta baixos teores de nutrientes,
principalmente N e muitas vezes há a necessidade de aplicação de grandes volumes para
ser efetivo como insumo para o crescimento e produção da planta. Esse grande volume
necessário requer também grandes volumes de resíduos orgânicos, com necessidade de
frete e transporte interno da grande quantidade de resíduos e do composto orgânicos
aumentando assim a mão-de-obra (SOUZA, 1998).
Assim, é importante desenvolver práticas que reduzam a necessidade de grande
quantidade de composto para suprir as necessidades nutricionais do cafeeiro em
sistemas agroecológicos de produção. A adubação verde com leguminosas pode reduzir
a necessidade de composto orgânico, pelo suprimento de N proveniente da FBN e pela
reciclagem de outros nutrientes. Diante disso o objetivo deste trabalho foi avaliar o
efeito da adubação com composto orgânico complementado com Crotalaria juncea
sobre as características químicas do solo de cafezal sob manejo agroecológico.
77
Material e Métodos
O experimento foi conduzido na Universidade Federal de Viçosa, em Viçosa,
MG. O transplantio das mudas de Coffea arábica cv. Oeiras foi realizado em fevereiro
de 2009, no espaçamento de 2,0 x 0,75 m.
Utilizou-se um esquema fatorial 4x2, cujo primeiro fator corresponde a quatro
doses de composto orgânico, correspondentes a 25%, 50%, 75% e 100% da dose de N
recomendada para cobertura. O segundo fator corresponde a presença ou ausência da
Crotalaria juncea na dose de 450 gramas de matéria seca por cafeeiro. O delineamento
experimental utilizado foi em blocos casualizados. A adubação de plantio foi
proporcional a 25%, 50%, 75% e 100% da dose de N recomendada, na forma de cama
de aviário.
A coleta do solo foi realizada com cavadeira, retirando-se uma fatia de solo até 20
cm de profundidade. Retiraram-se quatro amostras simples por parcela, na projeção da
copa dos cafeeiros, misturando-se o material para formação de uma amostra composta
que logo após foram envidas para o laboratório. Foram determinados pH, teor de
carbono orgânico, fósforo (P), potássio (K), cálcio (Ca), magnésio (Mg), alumínio
(Al), acidez potencial (H+Al), soma de bases (SB), capacidade de troca cátions (CTC)
e saturação por bases (V) segundo EMBRAPA (1997).
Os dados foram submetidos à análise de variância (P<0,05). O efeito da C. juncea
foi avaliado pelo teste F e o efeito das doses de composto por análise de regressão.
Resultados e Discussão
Foi observado efeito significativo do composto em todas as variáveis analisadas
(P<0,05). Houve efeito significativo da interação entre composto e crotalária sobre a
CTCtotal e efeito da crotalária apenas sobre o teor de H+Al. O aumento das doses de
composto promoveu a elevação linear do pH e teores de P, K, Ca, Mg, soma de bases,
CTCefetiva, saturação de bases e teor de matéria orgânica, e redução da acidez potencial
(H+Al) (Tabela 1). No desdobramento do efeito do composto em de cada nível de
crotalária houve efeito significativo (p<0,05) sobre a CTCtotal apenas na ausência de
crotalária, com elevação dos teores de forma linear (Tabela 1).
THEODORO et al. (2003), avaliando o cultivo do cafeeiro em sistema orgânico,
encontraram efeitos similares. Os autores relatam incrementos no pH e nos teores de Ca,
Mg, K, P, Zn, B, CTC do solo, soma de bases, saturação por bases e diminuição do Al
trocável, evidenciando que a adubação orgânica melhora as características químicas do
solo. Tal fato foi atribuído ao maior aporte de matéria orgânica incorporada ao solo, o
que além de melhorar a fertilidade, melhorou também as características físicas e
biológicas.
No desdobramento de efeito do composto dentro de cada nível de crotalária houve
efeito significativo (p<0,05) sobre a CTCtotal apenas na ausência de crotalária, com
elevação dos valores de forma linear com aumento das doses de composto (Tabela 1).
78
Tabela 1. Equações de regressão e coeficientes de determinação das variáveis analisadas
em solo cultivado com cafeeiros e adubados com diferentes doses de
composto orgânico. Viçosa, 2013
Variáveis
Equação
r2
pH
ŷ = 6,3687 + 0,00570** x
0,8664
ŷ = 104,2500 +3,66000**x
0,9606
ŷ = 414,4375 + 2,22000**x
0,9373
ŷ = 2,5062 + 0,01180**x
0,9775
ŷ = 0,5187 + 0,00225**x
0,8224
ŷ = 2,3375 - 0,00620**x
0,8196
P (dag kg-1)
-1
K (dag kg )
-3
Ca (cmolc dm )
-3
Mg (cmolc dm )
-3
H+Al (cmolc dm )
-3
ŷ = 4,0125 + 0,02030**x
0,9876
-3
ŷ = 5,8625 + 0,02210**x
0,8287
-3
CTCtotal (com crotalaria) (cmolc dm )
ŷ = 7,5025
---------
V (%)
ŷ = 60,5625 + 0,16500**x
0,9476
ŷ = 1,69375 + 0,00790**x
0,9986
SB e t (cmolc dm )
CTCtotal (sem crotalaria) (cmolc dm )
-3
MO (mg dm )
**Significativo a 1% de probabilidade pelo teste t.
No desdobramento do efeito da crotalária dentro de cada dose de composto houve
aumento significativo da CTCtotal com a adição de crotalária nas doses de 25% e 75% de
composto (Tabela 2).
Tabela 2. CTC total (T) em solo cultivado com cafeeiros adubados com composto
orgânico e crotalária. Viçosa, 2013
Crotalaria
(g/planta)
25
Composto
(%)
50
75
100
-3
CTCtotal (cmolc dm )
0
6,27 b
6,95 a
7,05 b
7,70 a
450
7,12 a
7,15 a
7,97 a
7,77 a
Médias seguidas pela mesma letra na vertical não diferem entre si pelo teste F (p≥0,05).
A acidez potencial foi menor na presença de crotalária indicando que a sua adição
forneceu bases para ocupar as cargas negativas do solo (Tabela 3). Resultado similar foi
encontrado por NASCIMENTO et al. (2003), que avaliou características químicas de
solos adubados com doze espécies de leguminosas. Os autores relatam a diminuição da
acidez em relação à testemunha (área sem cultivo e com vegetação espontânea rala), o
que pode ser explicado pelo maior fornecimento de bases, principalmente Mg e Ca,
pelas leguminosas.
79
Tabela 3. Teores de H+Al em solo cultivado com cafeeiros adubados com dose de
crotalária. Viçosa, 2013
Crotalária
H+Al
(g/planta)
(cmolc cm-3)
0
2,06 a
450
1,84 b
Médias seguidas pela mesma letra não diferem entre si pelo teste F (p≥0,05).
Conclusão
1. O composto melhora as características químicas do solo de cafezais com o
incremento de doses aplicadas.
2. O fornecimento de crotalária diminui o teor de H+Al.
3. O aumento das doses de composto promove a elevação linear do pH e dos
teores de P, K, Ca, Mg, Soma de bases, CTC efetiva, saturação de bases e matéria
orgânica, e redução da acidez potencial.
Literatura citada
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Manual de métodos de
análise de solo. 2. ed. Rio de Janeiro,1997. 212p.
NASCIMENTO, J.T.; SILVA, I.F.; SANTIAGO, R.D.; NETO, L.F.S. Efeito de
leguminosas nas características químicas e matéria orgânica de um solo degradado.
Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.7, n.3, p.457-462, 2003.
SOUZA, J. L. de. Agricultura orgânica. Vitória: EMCAPA, 1998. 176p.
THEODORO, V. C. A ; ALVARENGA, M.I.N., GUIMARARÃES, R.J.; SOUZA,
C.A.S. Alterações químicas em solo submetido a diferentes formas de manejo do
cafeeiro. Revista Brasileira de Ciência do Solo, 27:1039-1047, 2003.
THEODORO, V. C. A. Transição do manejo de lavoura cafeeira do sistema
convencional para o orgânico.
2006. 142p. Tese de Doutorado
(Agronomia/Fitotecnia). Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2006.
80
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.3. Avaliação de clones de café conilon em fase de renovação de lavoura em
sistema agroecológico (Safra 2011)1
Waldênia de Melo Moura2, Paulo César de Lima2, Cássio Francisco Moreira de
Carvalho3 ; Rebeca Lourenço de Oliveira3 ; Cileimar Aparecida da Silva4 ;
Miguel Arcanjo de Freitas5
1
Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Pesquisadores, D.Sc., EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected],
[email protected]
3
Engenheiros Agrônomos Bolsistas, CBP&D-Café /EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa, MG,
[email protected]; [email protected]
4
Bolsista, PIBIC – FAPEMIG - EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected].
5
Técnico Agrícola, EPAMIG – Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]
2
Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar clones de café conilon durante o
processo de renovação dos cafeeiros em sistema agroecológico na Zona da Mata
Mineira. O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da
EPAMIG, em delineamento de blocos casualizados, com 36 clones de café conilon e
três repetições. Em geral constataram-se baixas incidências de bicho mineiro, de seca de
ponteiro, de severidade de ferrugem e de cercosporiose. Observaram-se variabilidade
entre os 36 clones de café conilon somente para o vigor vegetativo e para a
produtividade. Os valores do vigor vegetativo variou de 10 a 5,33, observados para os
clones (códigos) 23 e 05, respectivamente. A produtividade variou de 62,19 a 12,04
sacas de café beneficiado/ ha, valores apresentados pelos clones (códigos) 23 e 35,
respectivamente. Destacaram-se os clones (códigos) 23, 13, 28 e 04 por serem os mais
produtivos e vigorosos. Com base nessa avaliação há potencial para a seleção de clones
para o cultivo sem o uso de agrotóxico na Zona da Mata Mineira.
Palavras–chave: Coffea canephora, produtividade, doenças e praga, variabilidade.
Evaluation of conilon coffee clones in reform phase in agroecological system
(Harvest 2011)
Abstract: The objective of this research was to evaluate the conilon coffee clones
during the reform phase of coffee in agroecological system in Zona da Mata Mineira.
The experiment was conducted at Leopoldina’s Experimental Farm – MG, EPAMIG,
the experimental design was in a randomized blocks, with 36 conilon coffee clones and
three repetitions. In general, it was found low incidence of leaf miner, dieback and
81
severity of leaf rust and eyespot. There were variability just for the vegetative vigor and
productivity among the 36 conilon coffee clones. The values of vegetative vigor ranged
from 10 to 5,33, observed for the clones (codes) 23 and 05, respectively. The
productivity ranged from 62,19 to 12,04 coffee bags/ ha, values presented by the clones
(codes) 23 and 35, respectively. Clones (codes) 23, 13, 28 and 04 stood out for being
the most productive and vigorous. Based on this assessment there is potential for the
selection of clones for cultivation without the use of pesticides in the Zona da Mata
Mineira.
Keywords: Coffea canephora, productivity, disease and pest, variability.
Introdução
Em Minas Gerais, a produção do café conilon (robusta) concentra-se nas regiões
baixas e quentes do Vale do Jequitinhonha, Vale do Rio Doce e na Zona da Mata
Mineira (Bernades et al., 2012). A produção estimada de café robusta dessas regiões é
de 297.000 sacas (ABIC, 2013). Por apresentar altas produtividades, essa espécie de
café é bastante exigente em adubação e controle de doenças e pragas, sendo o cultivo da
forma convencional predominante nessas regiões. Como o uso intensivo do solo, de
fertilizantes e defensivos químicos podem promover impactos negativos ao meio
ambiente, têm-se buscado técnicas alternativas sustentáveis, para o manejo da cultura do
café, destacando-se as novas propostas de sistemas de produção, como o cultivo
agroecológico. Entretanto, para que esse sistema de cultivo possa alcançar o mesmo
nível de tecnologia existente para o cultivo convencional, é necessário investimentos em
tecnologias apropriadas, visto que não é permitido utilização de agrotóxicos. Nesse
sentido este trabalho teve como objetivo, avaliar clones de café conilon em sistema
agroecológico durante o processo de renovação dos cafeeiros na Zona da Mata Mineira.
Material e Métodos
O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da
EPAMIG, em delineamento de blocos casualizados com 36 clones de café conilon e três
repetições. A parcela experimental foi constituída de nove plantas, em espaçamento de
2,5 m entre fileiras e 1 m entre plantas. Os cafeeiros fooram podados no ano de 2010,
deixando-se apenas o “pulmão”. Em 2011 foram avaliadas as seguintes características:
Vigor vegetativo - com notas de 1 a 10, em que, 1 = baixo vigor e 10 = alto vigor;
Severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência
de ferrugem; 2 = folhas com poucas pústulas, 3 = folhas com infecção moderada, e 4 =
folhas com infecção alta, pústulas abundantes; 5 = folhas com infecção alta, pústulas
abundantes, ocorrendo desfolha; Severidade de cercosporiose (Cercospora coffeicola) com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = ataque leve nas folhas, 3 =
ataque moderado nas folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e 5 = ataque intenso nas
folhas e frutos; Intensidade do ataque de bicho-mineiro (Leucoptera coffeella) - com
notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = poucas lesões, 3 = quantidade
mediana de lesões, 4 = grande quantidade de lesões coalescidas; 5 = grande quantidade
de lesões coalescidas e desfolha; intensidade de seca de ponteiro - com notas de 1 a 4,
em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = ataque leve nas folhas, 3 = ataque moderado nas
folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e produtividade em sacas de café beneficiado/ha.
Os dados foram analisados utilizando-se o programa estatístico SAEG, através de
análises de variância, e as médias foram comparadas pelo Teste Scott-knott, ao nível de
5% de probabilidade.
82
Resultados e Discussão
A média geral do vigor vegetativo foi de 6,69 (Tabela 1) com valores variando de
10 a 5,33, observados para os clones (códigos) 23 e 05, respectivamente. Essa
característica apresentou ampla variabilidade, sendo possível classificar os clones em três
grupos: Os clones (códigos) 23, 17, 29 e 33, foram os mais vigorosos, com média de
8,92. O segundo grupo apresentou média de 7,30 e o terceiro grupo com média de 6,02.
Em geral os cafeeiros apresentaram baixa incidência de doenças e praga, com médias de
1,10; 2,05; 2,45; 2,08 para a incidência de ferrugem, cercosporiose, bicho mineiro, e seca
de ponteiro, respectivamente. Baixa incidência de doenças também foi observada para
clones de café conilon de ciclo precoce por Oliveira et al. (2011).
A média de produtividade foi de 31,5 sacas de café beneficiado/ ha, valor acima da
média nacional de café que gira em torno de 21 sacas de café beneficiado/ ha. A
produtividade variou de 62,19 a 12,04 sacas de café beneficiado/ ha, valores
apresentados pelos clones (códigos) 23 e 35, respectivamente. Foi possível classifica-los
em dois grupos, sendo que a média do grupo mais produtivo foi de 41,61 sacas de café
beneficiado/ ha, compreendendo 44% dos clones, enquanto que o restante dos clones
formaram o grupo menos produtivo com média de 23,47 sacas de café beneficiado/ ha.
Rodrigues, et al. (2011), também observaram pouca variabilidade entre clones de café
conilon de ciclo precoce, onde foram classificados em apenas dois grupos.
Conclusões
Há potencial para a seleção de clones de café conilon para o cultivo sem o uso
de agrotóxico na Zona da Mata Mineira.
Agradecimentos
A Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao
Consórcio Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento do Café pelo financiamento do
projeto e pelas bolsas concedidas aos autores.
Literatura citada
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DO CAFÉ (ABIC). <
http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=48>. Acesso em 15
de julho. 2013.
BERNARDES, T.; MOREIRA, M.A.; ADAMI, M.; RUDORFF, B.F.T. Diagnóstico
físico-ambiental da cafeicultura do Estado de Minas Gerais – Brasil
OLIVEIRA, C.M.; TOMAZ, M.A.; FERRÃO, M.A.G.; FERRÃO, R.G.; FONSECA,
A.F.A.; BREGONCI, I.S. Avaliação da severidade de cercosporiose e ferrugem em
clones de café conilon. In: VII Simpósio de Pesquisas dos Café do Brasil, 2011, AraxáMG. VII Simpósio de Pesquisas dos Café do Brasil. Brasília-DF: Embrapa Café, 2011a.
RODRIGUES, W.N.; MENDONÇA, R.F.; FERRÃO, R.G.; FERRÃO, M.A.G.;
FONSECA, A.F.A.; TOMAZ, M.A. Avaliação de clones de café conilon de ciclo de
maturação precoce quanto a produtividade e severidade de ferrugem. In: VII Simpósio
de Pesquisas dos Café do Brasil, 2011b, Araxá-MG. VII Simpósio de Pesquisas dos
Café do Brasil. Brasília-DF: Embrapa Café, 2011b.
83
Tabela 1 – Médias de vigor vegetativo (VIG), da severidade de ferrugem (SF), de
cercosporiose (SC), da incidência de seca de ponteiro (SP), de bichomineiro (IBM), de intensidade de seca de ponteiro (IS)e da Produtividade
(sacas de 60 kg de café beneficiado/ ha) de 36 clones de café conilon.
Viçosa, MG., 2013
ns/
Código
VIG
SF ns/
SC ns/
IS
BM ns/
PSBH
23
10,00 A
1,00
1,67
1,67 A
2,00
62,19 A
13
7,67 B
1,67
2,00
2,00 A
2,00
55,55 A
28
7,33 B
1,00
2,00
2,33 A
2,00
49,30 A
4
7,00 B
1,67
1,67
2,00 A
2,00
49,18 A
10
5,33 C
1,33
2,00
3,33 A
2,33
42,44 A
26
6,33 C
1,00
2,00
3,00 A
2,33
41,94 A
29
8,33 A
1,00
1,67
1,67 A
2,00
41,30 A
31
8,00 B
1,00
2,33
1,67 A
2,00
39,78 A
30
7,00 B
1,33
2,33
2,67 A
2,00
39,36 A
22
5,67 C
1,00
2,00
2,33 A
2,33
38,33 A
36
7,00 B
1,00
2,33
2,67 A
2,33
35,88 A
24
6,67 C
1,00
1,33
1,67 A
2,00
35,18 A
6
5,67 C
1,00
2,33
2,67 A
2,00
34,81 A
11
6,67 C
1,33
2,00
2,33 A
2,00
33,80 A
9
6,00 C
1,00
2,00
2,67 A
2,00
33,68 A
5
6,67 C
1,00
1,67
3,00 A
2,00
33,10 A
21
6,67 C
1,00
1,67
3,33 A
2,00
31,68 B
1
7,00 B
1,00
2,00
2,00 A
2,00
31,45 B
16
6,00 C
1,00
2,33
3,00 A
2,33
30,37 B
17
9,00 A
1,00
1,67
2,00 A
2,00
30,21 B
32
5,67 C
1,00
2,33
2,67 A
2,33
30,00 B
7
6,67 C
1,00
2,00
2,00 A
2,00
29,17 B
15
7,33 B
1,67
2,00
2,33 A
2,00
28,64 B
27
6,67 C
1,33
2,00
2,33 A
2,00
27,96 B
25
6,67 C
1,00
2,00
2,00 A
2,00
26,85 B
12
6,33 C
1,33
2,33
2,67 A
2,00
26,05 B
2
5,33 C
1,00
3,00
3,67 A
2,33
24,21 B
18
5,67 C
1,00
1,67
2,67 A
1,67
23,80 B
19
7,33 B
1,00
2,33
2,67 A
2,00
22,45 B
3
6,00 C
1,00
2,00
2,33 A
1,67
19,44 B
20
5,67 C
1,00
1,67
2,33 A
2,00
17,18 B
14
4,67 C
1,00
2,67
3,33 A
2,33
15,74 B
8
5,67 C
1,00
1,67
2,00 A
2,00
14,71 B
33
8,33 A
1,00
2,67
2,33 A
2,33
13,97 B
34
7,33 B
1,00
1,67
2,33 A
2,00
13,42 B
35
5,67 C
1,00
2,67
2,67 A
2,67
12,04 B
CV
28,89
28,89
33,80
27,59
16,73
40,35
Média
6,69
1,10
2,05
2,45
2,08
31,50
Não significativo pelo teste F.
Médias com as mesmas letras na coluna não diferem estatisticamente pelo Teste de agrupamento de Scott-Knott, a nível de 5% de
probabilidade.
84
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.4. Influência do manejo de adubos verdes no crescimento inicial do cafeeiro 1.
Mateus Cupertino Rodrigues2; Rosileyde Gonsalves Siqueira Cardoso3; Ricardo
Henrique Silva Santos4
1
Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq.
2
Estudante de Pós-Graduação. Bolsista mestrado– CNPq, Universidade Federal de Viçosa – [email protected]
3
Eng. Agrônoma- [email protected]
6
Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa – [email protected]
Resumo: Os adubos verdes são importantes para a adubação orgânica, mas torna-se
necessário a sincronia entre o nutriente liberado com a demanda da cultura e o manejo
adequado da competição. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da época de
manejo das leguminosas feijão-de-porco e labe-labe sobre o crescimento inicial de
cafeeiros. O experimento foi instalado em outubro de 2007 na UFV, em esquema
fatorial 2x4, sendo 2 consórcios com cafeeiros (café+labe-labe e café+feijão-de-porco) e
4 períodos de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). Em set/2008 e
março/2009 foi realizada a medição da altura das plantas e foi identificado um ramo
plagiotrópico, no terço médio da planta, onde foi quantificado o número de nós totais.
Os dados foram apresentados como incremento, sendo, incremento 2009 os dados de
crescimento de mar/2009 menos os dados de set/2008. Foram realizadas análises
estatísticas. O incremento na altura dos cafeeiros em 2009 reduziu linearmente com o
aumento do período de consorciação evidenciando que houve competição com o
aumento do período de convivência. Ao contrário, houve um aumento linear no numero
de nós com o aumento do período de consorciação. Na literatura consta que a
produtividade se correlaciona positivamente com a altura do cafeeiro, indicando que a
produção foi dependente do crescimento da planta. O aumento do período de
consorciação com as leguminosas acarretou em redução da altura dos cafeeiros e
aumento no número de nós.
Palavras-chave: Coffea arabica, Canavalia ensiformis, Dolichos lab-lab.
Influence of green manure management in initial growth of coffee.
85
Abstract: Green manures are important for organic fertilization, but it is necessary
synchrony between nutrient release with crop demand and proper management of the
competition. The obejective of this study was to evaluate the influence of the time
management of legumes pig beans and labe-labe on the initial growth of coffee plants.
The experiment was installed in October 2007 at UFV, in a 2x4 factorial design, with 2
consortia with coffee (coffee + “labe-labe” and coffee + “feijão de porco”, kind of bean)
and 4 periods of intercropping with legumes (30, 60, 90 and 120 DAP). In sep/2008 and
March 2009 was performed to measure the height of the plants and was identified
reproductive branches in the middle third of the plant, which was quantified the total
number of nodes. The data were presented as increments being increased growth data
2009 of March/2009 less data from sep/2008. Were performed statistical analyzes. The
height increment of coffee in 2009 decreased linearly with increasing period of
intercropping showing that there is competition with the increase of the period of
cohabitation. Instead, there was a linear increase in the number of nodes with increasing
period of intercropping. In the literature it is stated that the productivity is positively
correlated with the height of coffee, indicating that production was dependent on plant
growth. The increase in the period of intercropping with legumes resulted in reduced
height of coffee and increased the number of nodes.
Keywords: Coffea arabica, Canavalia ensiformis, Dolichos lab-lab.
Introdução
O suprimento de N em quantidades suficientes para as culturas, com viabilidade
econômica um dos principais desafios para a agricultura orgânica, e por essa razão, este
é o nutriente que mais limita a produtividade dentro do agroecossistema (BRENES,
2003). O uso de adubos verdes com leguminosas vem sendo apontado como a melhor
estratégia para aumentar a disponibilidade de N dos solos nos sistemas orgânicos
(BRENES, 2003). Além do aporte de N via FBN, o cultivo dos adubos verdes nas
entrelinhas do cafeeiro possibilita a reciclagem de nutrientes através da decomposição
da biomassa produzida, bem como o aporte de matéria orgânica ao solo (RICCI et al.,
2005), além de ampliar o uso da biodiversidade funcional dentro da propriedade. Para
que um adubo verde seja eficaz no fornecimento de nutrientes, deve haver sincronia
entre os nutrientes liberados pelos resíduos da planta de cobertura e a demanda da
cultura. Se houver alta taxa de mineralização dos nutrientes contidos nas espécies
utilizadas como adubo verde, antes do período de maior demanda da cultura, pode haver
perdas por lixiviação. Por outro lado, se a mineralização ocorrer após esse período, a
cultura não será beneficiada. O acúmulo de nutrientes e o aporte de N-FBN dos adubos
verdes devem ser acompanhados da escolha certa da época de plantio e corte, uma vez
que a disponibilização dos nutrientes da massa dos adubos verdes deve ocorrer em
sincronia no período de demanda pelos cafeeiros (outubro-março no Sudeste) e não no
período de crescimento reduzido ou paralisado. Isto pode explicar a existência de
resultados de pesquisa que mostram a melhoria de algumas características do solo pelos
adubos verdes, sem resultar ou estar associado às maiores produtividades ou
crescimento. Em alguns casos, o incremento da matéria orgânica e dos teores de alguns
nutrientes do solo, decorrentes dos adubos verdes em cafezais, podem ser devido à
baixa exportação de nutrientes causada pela baixa produção dos cafeeiros. O
florescimento provavelmente não é um bom indicador de data de corte ou poda dos
adubos verdes. As espécies florescem em épocas diferentes e após diferentes acúmulos
86
de massa. Estes processos ocorrerão ainda em diferentes estádios fenológicos e de
demanda por recursos dos cafeeiros, sob diferentes condições climáticas. O objetivo
deste trabalho foi avaliar a influência da época de manejo das leguminosas Feijão-deporco (Canavalia ensiformis) e Lab-lab (Dolichos lab-lab) sobre o crescimento inicial
de cafeeiros.
Material e métodos
O experimento foi conduzido na Horta de Pesquisa da UFV. O transplantio das
mudas de Coffea arabica cv. Oeiras foi realizado em outubro de 2007, no espaçamento
de 2,80 x 0,75 m, resultando em uma população de 4.761 plantas há -1. O experimento
foi realizado em esquema fatorial (2x4), sendo 2 consórcios com cafeeiros (café+feijãode-porco e café+lab-lab) e 4 períodos de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e
120 dias após o plantio da leguminosa). A adubação de plantio constou de 3,0 L de
cama de aviário cova-1 (750 g MS cova-1), 300 g de termofosfato cova-1e 50 g de
calcário cova-1. As adubações de cobertura foram realizadas a cada 30 dias após o
transplantio das mudas, no período chuvoso, sendo aplicados 5g de N cova -1 no
primeiro ano e 10g de N cova -1 no segundo ano (Ribeiro et al., 1999), na forma de cama
de aviário. As leguminosas, feijão-de-porco (Canavalia ensiformis) e labe-labe
(Dolichos lab-lab), foram escolhidas por apresentarem hábitos de crescimento e ciclos
produtivos contrastantes. As leguminosas foram previamente inoculadas com estirpes
de Bradyrhizobium spp. apropriados e semeadas em 15/10/2008, em 3 sulcos nas
entrelinhas do café, espaçados 0,5 m entre si e na densidade de 6 sementes m-1. As
leguminosas foram manejadas (cortadas) aos 30 DAP (nov/2008), aos 60 DAP
(dez/2008), aos 90 DAP (jan/2009) e aos 120 DAP (fev/2009) de acordo com o seu
tratamento. Em set/2008 e março/2009 foi realizada a medições da altura da planta e
diâmetro da copa dos cafeeiros. Além disso, em set/2008 foi identificado um ramo
plagiotrópico, no terço médio da planta, onde foi quantificado o número de nós totais
neste mesmo mês e em março/2009. Os dados foram apresentados como incremento,
sendo, incremento 2009 os dados de crescimento coletados em março de 2009 menos os
dados coletados em setembro de 2008. Os dados foram avaliados por meio de análise de
variância pelo teste F sempre ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram
realizadas com auxílio do Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG). A
escolha dos modelos de regressão foi feita com base no fenômeno biológico, no
coeficiente de determinação e na análise de resíduos ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e discussão
Na análise de crescimento do cafeeiro observa-se que o período de consorciação
com os adubos verdes apresentou efeito isolado sobre a variável altura e número de nós,
não apresentando diferença significativa no diâmetro de copa. Correlações positivas
com produtividade foram observadas com altura da copa (Walyaro e Van der Vossen,
1979). O incremento na altura dos cafeeiros em 2009 reduziu linearmente com o
aumento do período de consorciação (Figura 1) apontando que um ano e meio após o
transplante das mudas de café houve competição entre o cafeeiro e as leguminosas com
o aumento de período de convivência. Ao contrário, o incremento no número de nós
neste mesmo ano apresentou um aumento linear à medida que se aumentou o período de
consorciação (Figura 2). Paulo et al (2001) avaliaram a produção de café Apoatã IAC
2258 (Coffea canephora Pierre) submetido ao plantio intercalar dos adubos verdes:
crotalária juncea, crotalária espectabilis, mucuna-anã, soja IAC 9 e guandu,
87
incorporados no florescimento. Os resultados mostraram que o guandu reduziu a altura
do cafeeiro, resultado similar ao encontrado neste experimento em que a altura reduziu
com o aumento do período de consorciação. As maiores quantidades de matéria seca
foram produzidas por guandu e crotalária júncea respectivamente e a produção de café
correlacionou-se inversamente com a massa seca das leguminosas e, positivamente,
com a altura e o diâmetro do caule do cafeeiro, indicando que a produção foi
dependente do crescimento da planta. Em experimento similar realizado por Barrella
(2010), observou-se aumento do número de nós totais nas parcelas de cafeeiros
consorciados com labe-labe, resultado encontrado neste experimento, em que houve
aumento do número de nós, mas não houve diferença entre plantas consorciadas com
leguminosas, quer seja labe-labe ou feijão de porco.
37
2
4,0
alt09 = 38,4602-0,0569x (r =0,94)
2
nós09 = 2,9846+0,0083x (r =0,84)
3,9
36
3,8
35
Incremento número de nós 2009
Incremento altura 2009 (cm)
3,7
34
33
32
31
3,6
3,5
3,4
3,3
3,2
3,1
30
3,0
0
0
0 1 2 3 4
30
60
90
120
0 1 2 3 4
Período de consorciação (dias)
30
60
90
120
Período de consorciação (dias)
Figura 1. Altura em 2009 (Alt 2009) de plantas de cafeeiro em
cada período de consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e
120 DAP). Viçosa, MG, 2013.
Figura 2. Número de nós em 2009 (Nós 2009) de plantas de
cafeeiro em cada período de consorciação com as leguminosas
(30, 60, 90 e 120 DAP). Viçosa, MG, 2013.
Conclusão
1. O aumento do período de consorciação com as leguminosas feijão-de-porco e
labe-labe acarretou em redução da altura dos cafeeiros e aumento no número de nós
com um ano e meio de idade.
2. No ano avaliado não houve diferença quanto a espécie de adubo verde, labelabe e feijão-de-porco.
Literatura citada
BARRELA, T.P. Manejo de espécies de leguminosas em cafezal sob cultivo orgânico. 2010. 105 f. Tese
(Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2010.
BRENES, L. Producción orgânica: algunas limitaciones que enfrentan los pequeños productores. Manejo
Integrado de Plagas y Agroecologia, Turrialba, n. 70, p. 7-18, 2003.
PAULO, E.M.; BERTON, R.S.; CAVICHIOLI, J.C.; BULISANI, E.A.; KASAI, F.S. Produtividade do
café apoatã em consórcio com leguminosas na região da alta paulista. Bragantia, Campinas, 60:195-199,
2001.
RIBEIRO, A. C.; GONTIJO, P. T. G.; ALVAREZ, V., V. H. Recomendações para o uso de corretivos e
fertilizantes em Minas Gerais – 5a aproximação. Viçosa, MG: Comissão de Fertilidade do Solo do Estado
de Minas Gerais, 359 p. 1999.
RICCI, M. dos S. F.; ALVES, B. J. R.; MIRANDA, S. C. de; OLIVEIRA, F. F. de. Growth rate
nutricional status of na organic coffee cropping system. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 62, n. 2, p. 138144, 2005.
WALYARO, D. J.; VAN DER VOSSEN, H. A. M. Early determination of yield potential in arabica
coffee by applying index selection. Euphytica, Dordrecht, v.28, p.465-472. 1979.
88
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.5. Crescimento de duas espécies de leguminosas em diferentes épocas de manejo 1
Mateus Cupertino Rodrigues2, Rosileyde Gonsalves Siqueira Cardoso3, Ricardo
Henrique Silva Santos4
1
Trabalho financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq.
2
Estudante de Pós-Graduação. Bolsista mestrado – CNPq, Universidade Federal de Viçosa –
[email protected]
3
Eng. Agrônoma - [email protected]
6
Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa – [email protected]
Resumo: O crescimento dos adubos verdes é um fator importante, pois quanto maior a
parte aérea, maior a quantidade de nutrientes. O objetivo deste trabalho foi avaliar o
crescimento de duas espécies de leguminosas em quatro épocas de manejo. O
experimento foi instalado em outubro de 2007 na UFV, em esquema fatorial 2x4, sendo
2 consórcios com cafeeiros (café+labe-labe e café+feijão-de-porco) e 4 períodos de
consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). As leguminosas foram
amostradas em 1 m2, sendo cortadas ao nível do solo, nas diferentes épocas de manejo,
conforme o tratamento. Foram avaliadas a matéria-seca, matéria fresca e teor de matéria
seca das amostras. Os dados foram avaliados por meio de análise estatística. O acúmulo
de matéria fresca e seca em ambas as espécies se deu de forma crescente até o final do
experimento. Em ambas as variáveis, matéria fresca e seca, o feijão-de-porco se
sobressaiu em relação à labe-labe nas épocas de corte 90 e 120 DAP e não houve
diferença estatística entre as espécies nas épocas 30 e 60 DAP. O teor de matéria seca
no feijão-de-porco superou o da labe-labe nas mesmas datas de corte. Conclui-se que o
feijão-de-porco superou a labe-labe na produção de matéria fresca e matéria seca e que
o cafeeiro não prejudicou o desenvolvimento das leguminosas.
Palavras-chave: Adubação verde, nutrição, café
Growth of two legumes species in different management times
Abstract: The growth of green manure is an important factor, because larger the shoot,
greater will be the amount of nutrients. The goal of this study was to evaluate the
growth of two legumes species in four different times of management. The experiment
89
was installed in October 2007 at UFV. It was in a 2x4 factorial design, with two coffee
consortium (coffee + “labe-labe” and coffee + “feijão de porco”, kind of bean) and 4
periods of intercropping with legumes (30, 60, 90 and 120 DAP). Legumes plants were
sampled in 1m2, being cut at soil level at the different times of management, according
treatment. It were evaluated the dry and fresh matter and dry matter percentage of the
samples. The data were evaluated by statistical analysis. The accumulation of fresh and
dry matter in both species occurred incrementally until the end of the experiment. In
both variables, fresh and dry, the “feijão de porco” excelled in relation to the labe-labe
in the cutting periods 90 and 120 DAP. There wasn’t statistical difference between the
species in 30 and 60 DAP seasons. The dry matter content of “feijão de porco”
overcame the labe-labe at the same court dates. It was conclude that the “feijão de
porco” overcame labe-labe in dry and fresh matter production and the coffee didn’t
impair the development of legumes.
Keywords: Green manure, nutrition, coffee
Introdução
O acúmulo de nutrientes e o aporte de N-FBN dos adubos verdes devem ser
acompanhados da escolha certa da época de plantio e corte, uma vez que a
disponibilização dos nutrientes da massa dos adubos verdes deve ocorrer em sincronia
no período de demanda pelos cafeeiros (outubro-março no Sudeste) e não no período de
crescimento reduzido ou paralisado. Isto pode explicar a existência de resultados de
pesquisa que mostram a melhoria de algumas características do solo pelos adubos
verdes, sem resultar ou estar associado às maiores produtividades ou crescimento. Em
alguns casos, o incremento da matéria orgânica e dos teores de alguns nutrientes do
solo, decorrentes dos adubos verdes em cafezais, podem ser devido à baixa exportação
de nutrientes causada pela baixa produção dos cafeeiros. A capacidade de aporte de
N-FBN depende da produção de massa do adubo verde. Se esta produção for baixa, o
aporte de N -FBN e a concentração de outros nutrientes serão baixos. Por outro lado, se
a produção de massa for muito alta (e provavelmente o período de consorciação
também), mesmo com grande aporte de N-FBN, provavelmente ocorrerá competição
com os cafeeiros por outros recursos. Apesar da presença de adubos verdes reduzirem a
presença de ervas, em caso de abundante crescimento esse efeito positivo poderá ser
eliminado pela competição gerada pelo próprio adubo verde. O objetivo deste trabalho
foi avaliar o crescimento de duas espécies de leguminosas (labe-labe e feijão-de-porco)
em 4 épocas de manejo ( 30, 60, 90 e 120 DAP).
Material e métodos
O experimento foi conduzido na Horta de Pesquisa da UFV. O transplantio das
mudas de Coffea arabica cv. Oeiras foi realizado em outubro de 2007, no espaçamento
de 2,80 x 0,75 m. O experimento foi realizado em esquema fatorial (2x4), sendo 2
consórcios com cafeeiros (café+feijão-de-porco e café+lab-lab) e 4 períodos de
consorciação com as leguminosas (30, 60, 90 e 120 DAP). As leguminosas, feijão-deporco (Canavalia ensiformis) e labe-labe (Dolichos lab-lab), foram escolhidas por
apresentarem hábitos de crescimento e ciclos produtivos contrastantes. As leguminosas
foram previamente inoculadas com estirpes de Bradyrhizobium spp. apropriados e
semeadas em 15/10/2008, em 3 sulcos nas entrelinhas do café, espaçados 0,5 m entre si
e na densidade de 6 sementes m-1 e foram manejadas (cortadas) aos 30 DAP (nov/2008),
aos 60 DAP (dez/2008), aos 90 DAP (jan/2009), e aos 120 DAP (fev/2009). As plantas
foram amostradas em 1 m2, sendo cortadas ao nível do solo, nas diferentes épocas de
90
manejo, conforme o tratamento. A massa foi quantificada e subamostras foram
retiradas. As subamostras recém-colhidas foram pesadas, lavadas em água deionizada e
colocadas para secar em estufa de circulação forçada de ar a 70°C até atingir massa
constante, conforme descrito por Jones Junior et al.(1991). Após este processo foi
determinada a matéria seca das amostras. Os dados foram avaliados por meio de análise
de variância pelo teste F sempre ao nível de 5% de probabilidade. As análises foram
realizadas com auxílio do Sistema para Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG). A
escolha dos modelos de regressão foi feita com base no fenômeno biológico, no
coeficiente de determinação e na análise de resíduos ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e discussão
O acúmulo de matéria fresca e seca em ambas as espécies se deu de forma
crescente até o final do experimento sendo ajustados modelos de regressão quadrática
em ambos os casos (Figuras 1 e 2). Os dados demonstram uma elevada produção de
massa por ambas as espécies, visto que Barrella (2010) obteve aos 120 dias de
consórcio com o cafeeiro, 2,65 t/ha de feijão-de-porco e 1,89 t/ha de labe-labe em
2007/08 e no segundo ano (2008/09) a labe-labe acumulou 5,74 t/ha e o feijão-de-porco
2,89 t/ha, sob as mesmas condições de cultivo, em Rio Pomba-MG. Valores também
inferiores foram encontrados por Ricci & Menezes (2009) que obtiveram em cultivo de
2 linhas e 6 plantas/m linear de feijão de porco consorciado com cafeeiro, em
Seropédica-RJ, 1,49 t/ha de matéria seca. Na Zona da Mata de Minas Gerais, onde
foram avaliados os impactos de sete leguminosas sobre a produtividade de cultivares de
cafeeiros nos dois primeiros anos (Moura et al., 2005), os adubos verdes foram cortados
no florescimento e a labe-labe apresentou um acúmulo de matéria seca de 1,58 t/ha.
Tais dados sugerem que não houve interferência do cafeeiro na produção de massa das
leguminosas avaliadas.
Em ambas as variáveis, matéria fresca e seca, o feijão-de-porco se sobressaiu em
relação à labe-labe nas épocas de corte 90 e 120 DAP e não houve diferença estatística
entre as espécies nas épocas 30 e 60 DAP (Tabela1).
O teor de matéria seca no feijão-de-porco superou o da labe-labe nas mesmas
datas de corte (Tabela 1). Isso se deve ao fato do feijão-de-porco possuir um ciclo de
desenvolvimento mais curto que a labe-labe, com formação de vagens aos 90 dias,
como foi verificado neste experimento, elevando, portanto seu teor de matéria seca a
partir desta data. Não foi observada formação de vagens na labe-labe até os 120 DAP,
período de finalização do experimento. CHAVES (1999), avaliando a utilização de
adubos verdes com diferentes hábitos de crescimento consorciado com a cultura do
cafeeiro, concluiu que leguminosas de ciclo curto atendem à demanda nutricional do
cafeeiro, pois apresenta máxima acumulação de biomassa e teor de nutrientes no
período mais intenso de frutificação. Ricci et al (2006), sugerem que o consórcio adubo
verde e cafeeiro é uma alternativa viável para reciclar nutrientes que poderão ser usados
no próximo ciclo da cultura após a decomposição da massa do adubo verde.
91
2
2
y1 = -4,08815+0,148461x-0,000338367x (R =0,92)
2
2
y2 = 2,0448+0,082656x-0,0001938x (R =0,99)
2
y2 = -11,9972+0,485761x-0,00114333x (R =0,99)
40
2
2
y1 = -19,9271+0,783814x-0,00252146x (R =0,96)
2
9
8
35
7
30
Matéria seca (t/ha)
Matéria fresca (t/ha)
6
25
20
15
5
4
3
10
2
5
1
0
0
0 1 2 3 4
30
60
90
0 1 2 3 4
120
30
60
90
120
Período de consorciação (Dias)
Período de consorciação (Dias)
Figura 1. Acúmulo de matéria fresca nos adubos verdes feijão
de porco (y1) e labe labe (y2) consorciados com cafeeiros em
2009/2010. Viçosa, MG, 2013.
Figura 2. Acúmulo de matéria seca nos adubos verdes feijão de
porco (y1) e labe labe (y2) consorciados com cafeeiros em
2009/2010. Viçosa, MG, 2013.
Tabela 1. Acúmulo de matéria fresca (MF) e matéria seca (MS) e teor de matéria seca
(TEOR MS) nos adubos verdes feijão de porco (FP) e labe labe (LL) cortados aos
30,60,90 e 120 dias de consórcio com cafeeiros, no ano agrícola 2009/2010. Viçosa,
MG, 2013.
MF (t/ha)
MS (t/ha)
TEOR MS (%)
Consórcios (dias)
FP
LL
FP
LL
FP
LL
30
2,568 A
1,859 A
0,492 A
0,323 A
18,87 A
17,51 A
60
14,273 A
12,094 A
2,306 A
2,028 A
16,20 A
16,60 A
90
33,943 A
23,398 B
7,827 A
4,012 B
23,05 A
17,18 B
120
36,571 A
29,517 B
8,424 A
5,023 B
23,10 A
17,12 B
Médias seguidas pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (p≥0,05).
Conclusão
O feijão-de-porco superou a labe-labe na produção de matéria fresca e matéria
seca.
O cafeeiro não prejudicou o desenvolvimento das leguminosas.
Literatura citada
RIBEIRO, A. C.; GONTIJO, P. T. G.; ALVAREZ, V., V. H. Recomendações para o
uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais – 5a aproximação. Viçosa, MG:
Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, 359 p. 1999.
BARRELA, T.P. Manejo de espécies de leguminosas em cafezal sob cultivo orgânico.
2010. 105 f. Tese (Doutorado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
MG, 2010.
92
RICCI, MSF & MENEZES, MB. Desenvolvimento do feijão de porco plantado para
adubação verde do cafeeiro cultivado sob manejo orgânico e arborizado. In: VI
Simpósio de Pesquisas de Cafés do Brasil, 2009, Vitória, ES. Resumos... Brasília, DF:
CBP&D-Café/ EMBRAPA CAFÉ, 2009. CD-Rom.
MOURA, W. M. ; LIMA, P. C. de ; SOUZA, H. N. ; CARDOSO, I. M. ;
MENDONÇA, E. de S.; PERTEL, J. Pesquisas em sistemas agroecológicos e orgânicos
da cafeicultura familiar da Zona da Mata Mineira. Informe Agropecuário, Belo
Horizonte, v. 26, p. 46-75, 2005.
CHAVES, J. C. D. Modelo para utilização de adubos verdes em lavouras cafeeiras. In:
CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISAS CAFEEIRAS, 25., 1999, Franca-SP.
Trabalhos apresentados. Rio de Janeiro: MAA/PROCAFÉ, p.179-180. 1999.
RICCI, MSF. Cultivo de Crotalaria spectabilis intercalada ao café Arábica plantado em
diferentes espaçamentos sob manejo orgânico / Alves, BJR; Costa, JR. Seropédica:
Embrapa Agrobiologia, 2006. 21 p. (Embrapa Agrobiologia. Documentos, 208).
93
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.6. Efeito carrapaticida (in vitro) do extrato aquoso da folha de mamona (Ricinus
communis)
Valéria Melo Mendonça¹, Jessica Raville Pimentel Oliveira2, D. P. Santos3
1
Parte do projeto do Núcleo de estudos Agroecológicos do segundo e terceiro autor orientado e
supervisionado pela orientadora1.
2
Professora do Departamento e Núcleo Estruturante de Agroecologia.
3
Estudante de graduação em Agroecologia
4
Estudante de graduação em Agroecologia.
Resumo: Pesquisas agroecológicas avançam no intuito de desenvolver mais produtos
fitoterápicos, pois são menos agressivos ao meio e promovem a sustentabilidade no
setor pecuário. O objetivo desta pesquisa foi verificar a mortalidade (%) e o tempo letal
(dias) in vitro de fêmeas ingurgitadas de carrapatos B. microplus submetidas ao banho
de imersão no extrato da folha de Mamona (R. communis) na região de São CristóvãoSE. Os ensaios em laboratório são relevantes devido a dificuldade de comprovar os
efeitos dos produtos naturais in vivo. Esses extratos atingiram índices de mortalidade
similar ao do produto comercial (Cipermetrina 6% e 15%) no combate ao B. microplus,
e apesar do tempo letal ter sido maior, a eficácia pode ser a mesma. Esta pesquisa ajuda
a estabelecer técnicas de manejo agroecológico, podendo substituir os produtos
químicos pelos naturais ou direcionar sua utilização apenas ao tratamento das
infestações, evitando assim o uso indiscriminado.
Palavras-Chave: Agroecologia, Boophilus microplus, carrapaticida, mamona, plantas
medicinais, Ricinus communis
Effect ticks (in vitro) of the aqueous extract of the leaf of castor (Ricinus
communis)
Abstract: Research agroecological advance in order to develop more herbal products
that are less harmful to the environment and promote sustainability in the livestock
sector. The object this research was to determine the mortality (%) and time to death
(days) in vitro of engorged ticks B. microplus submitted to immersion bath leaf extract
of castor bean (Ricinus communis) in the region of São Cristóvão-Se. The laboratory
tests are relevant because of the difficulty of proving the effects of natural products in
vivo. These extracts achieved mortality similar to the commercial product
(Cypermethrin 6% and 15%) in combating B. microplus, despite the lethal time being
greater efficacy may be the same. This research helps to establish techniques
94
agroecologic can replace chemicals by natural or direct its use only to treat infestations,
thus avoiding indiscriminate use.
Keywords: Agroecology, Boophilus microplus, tick, castor oil, medicinal plants,
Ricinus communis
Introdução
O carrapato Boophilus microplus (Canestrini, 1887) pertence ao filo Artropoda,
classe Aracnida, ordem Acarina, e superfamília Ixodidea, parasita principalmente os
bovinos por ser extremamente específico. Na fase parasitária, sobre o bovino, ingere
linfa, substratos teciduais e sangue, e na fase de vida livre, a fêmea ingurgitada
(teleógina) se desprende do animal e procura abrigo no pasto e, se a temperatura
ambiente for favorável, dentro de 48 a 72 horas inicia a postura, em geral, leva de 7 a 12
dias (SILVA et al., 2008).
A transmissão de doenças e o processo espoliativo de sangue provocado pelos
carrapatos causam grandes prejuízos ao setor agropecuário. Tentando resolver o
problema os pecuaristas intensificam o uso dos carrapaticidas químicos e elevam o risco
de intoxicação e de maior predisposição a outras doenças. É preciso reduzir uso de
acaricidas sintéticos, visto que não são mais tão eficientes, os produtos naturais são
alternativas valiosas, principalmente, devido à biodiversidade de plantas com ações
farmacológicas e efeitos acaricidas. Os extratos das plantas além da eficácia no combate
aos artrópodes possibilita um desenvolvimento mais lento da resistência e reduz o
problema de resíduos por sua característica biodegradável (ALVES et al., 2012).
A biodisponibilidade de algumas plantas no nordeste brasileiro permite vários
estudos, a mamona é uma planta de grande uso na produção. A Mamona (Ricinus
communis L) é da família das euforbiáceas, e no Brasil também pode ser denominada por
mamoneira, rícino, carrapateira, bafureira, baga e palma-criste. É uma planta xerófila e
heliófila, com facilidade de propagação e de adaptação em diferentes condições climáticas,
o clima tropical no Brasil, facilitou o seu alastramento, daí podemos encontrar a mamoneira
em quase toda a sua extensão territorial, como se fosse uma planta nativa e em cultivos
destinados à produção de óleo. Na Índia, desde os tempos antigos a Mamona tem sido usada
para os mais diversos fins (ROEL, 2001).
Com o objetivo de identificar o efeito carrapaticida do extrato da folha da
Mamona analisou-se a mortalidade (%) e o tempo letal (dias) in vitro de teleóginas do
B. microplus diante o teste de imersão.
Material e Métodos
Os ensaios in vitro foram conduzidos nos laboratórios de biologia e de química
do Instituto Federal de Sergipe (IFS) - Campus São Cristóvão. Para realização da
produção do extrato da folha da Mamona foram coletadas somente as folhas, triturando
25g de folhas em 250 ml de água no liquidificador, em seguida a solução foi
armazenada durante 12 horas a temperatura ambiente e depois peneirada para uso
imediato no bioensaio. A técnica foi escolhida por sua simplicidade de execução
possibilitando seu uso pelos pequenos produtores. Dois produtos comerciais à base de
Cipermetrina (6% e 15%) foram usados como parâmetro por ser o mais utilizado na
região onde foram coletados os carrapatos.
As teleóginas de B. microplus foram coletadas com auxílio de uma pinça e
algodão umedecido em álcool etílico para facilitar a retirada dos carrapatos e evitar
95
danificar o seu aparelho sugador, reservadas em período de adaptação de 24 horas em
placas de Petri e temperatura ambiente para verificar sua vitalidade após coleta.
(MICHELETI et al., 2009). Foram identificadas pelos seus respectivos tratamentos
(duas repetições), em grupos de 10 teleóginas (cada) foram imersas em 20 ml das
soluções e devolvidas às placas de origem, o excesso das soluções nas teleóginas foi
retirado com papel filtro, para evitar proliferação de fungos.
Considerou-se mortalidade a ausência de movimento das teleóginas (duas
observações/dia). O tempo letal medido em dias corresponde ao período decorrido
entre a imersão e a morte das teleóginas, durante seis dias consecutivos. Ao final do
experimento foram realizadas a análise de variância e a análise descritiva dos dados.
Resultados e Discussão
A Mortalidade das teleóginas de B. microplus após imersão nos tratamentos
variou de 20 a 34,2 % (Tab.1). A mortalidade (%) do extrato de Mamona apresentou
valores próximos ao calculado para Cipermetrina 15% e superior ao da Cipermetrina
6%.
Tabela 1 – Mortalidade Média (%) ± desvio padrão de fêmeas ingurgitadas de B.
microplus submetidas ao teste de AIT
Tratamentos
Mortalidade (%)
Água
20,00 ± 1,2
Álcool
26,70 ± 0,4
Cipermetrina 6%
26,70 ± 1,1
Cipermetrina 15%
34,20 ± 0,4
Extrato de Mamona
33,30 ± 0,4
Nenhum dos tratamentos atingiu o índice de licença determinado pelo Ministério
da Agricultura e Organização Mundial da Saúde, que são 95% e 80% respectivamente.
No entanto, o produto comercial testado (Cipermetrina 6% e 15%), que apresenta
registro e eficácia comprovada, também não atingiu os valores preconizados. Portanto,
o extrato da mamona atua como carrapaticida biológico, mesmo não obtendo os valores
de média preconizados, e por se tratar de um produto natural não representa riscos ao
meio ambiente, pois é biodegradável e não desenvolve resistência.
Quanto ao tempo letal ao tratamento (Tab.2) verificou-se que a primeira
substância a ter efeito acaricida foi a Cipermetrina 15% no segundo dia do experimento.
O extrato vegetal alcançou o índice de mortalidade do carrapaticida comercial 6% e
15% e os superaram ao quarto e quinto dia do experimento, que encerrou ao sexto dia.
A Mamona atingiu 100% de mortalidade ao sexto dia (Tab.2).
Raros são os trabalhos realizados utilizando o extrato da folha da mamona,
porém, Hebling (1996) citado por Roel (2001), demonstrou que ela pode ser eficiente no
combate a formigas cortadeiras e nesta pesquisa observaram-se resultados importantes
quanto ao controle dos carrapatos, demonstrando que a folha também pode apresentar
substâncias e propriedades que devem ser melhores estudadas.
96
Tabela 2 – Média da Mortalidade de teleóginas de B. microplus submetidas ao teste de
AIT com extratos da folha da mamona e soluções comerciais, no período de 6 dias. E
Tratamentos
Dias após imersão
CV(%)
1
2
3
4
5
6
Água
0,0 ± 0,0
0,0 ± 0,0
0,5 ± 0,7
1,0 ± 1,4
2,0 ± 2,8
8,5 ± 2,1
17,32
Álcool
0,0 ± 0,0
0,0 ± 0,0
1,5 ± 0,7
1,5 ± 0,7
3,0 ± 0,0
10,0 ± 0,0
73,03
Cipermetrina 6%
0,0 ± 0,0
0,0 ± 0,0
1,5 ± 2,1
2,5 ±2,1
2,5 ± 2,1
9,5 ± 0,7
25,05
Cipermetrina 15%
0,0 ± 0,0
1,0 ± 0,0
2,5 ± 0,7
3,5 ± 0,7
3,5 ± 0,7
10,0 ± 0,0
88,22
Extrato de
Mamona
0,0 ± 0,0
0,0 ± 0,0
0,0 ± 0,0
4,5 ± 0,7
5,5 ± 0,7
10,0 ± 0,0
91,29
CV – Coeficiente de Variação
Conclusões
A média da mortalidade (%) do produto natural estudado foi próximo ao do
controle positivo (Cipermetrina 15% e álcool). O tempo letal atingiu maiores índices de
mortalidade do terceiro ao sexto dia constatando que o extrato da folha da mamona
causa a mortalidade das teleóginas em pouco tempo. No quarto e quinto dia do
experimento os índices da Mamona equivaleram-se aos resultados do produto comercial
testado, chegando a superá-lo.
Na análise verificou-se que o extrato possivelmente interferiu no crescimento das
teleóginas e na sua oviposição, sendo necessários outros experimentos para melhor
entender este processo e principalmente identificar o princípio ativo da folha da
mamona. Sendo o óleo da mamona já tão cultivado e estudado torna-se de grande
relevância o maior conhecimento sobre a utilização e aproveitamento da folha também,
para assim viabilizar a agricultura sustentável.
Literatura citada
ALVES, W. V.; LORENZETTI, E. R.; GONZALVES, F. C. Utilização de acaricidas a
base de plantas no controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus: Uma contribuição
para a produção e desenvolvimento sustentável. Revista Brasileira de Agropecuária
(RBAS), v.2, n.2, p. 14-25, dez. 2012.
MICHELETTI, S.M.F., VALENTE, E. C. N., SOUZA, et al. Extratos de plantas no
controle de Rhipicephalus (Boophilus) microplus (Canestrini, 1887)(Acari: Ixodidae)
em laboratório. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, Jaboticabal, v.18,
n.4, p. 44-48, out-dez. 2009.
ROEL, A. R. Utilização de plantas com propriedades inseticidas: uma contribuição para
o desenvolvimento rural sustentável. Revista Internacional de Desenvolvimento
Local, v. 1, n.2, p. 43-50, mar. 2001.
SILVA, F.F., SOARES, M. C. S. C., ALVES, L. C. et al. Avaliação Comparativa da
eficácia de fitoterápicos e produtos químicos carrapaticidas no controle do Boophilus
microplus (Canestrini, 1887) por meio do biocarrapaticidograma. Revista Medicina
Veterinária, Recife, v. 2, n. 3, p. 1-8, jul-set. 2008.
97
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.7. Modelo dinámico-probabilístico sobre el comportamiento de los pueblos
indígenas en aislamiento de la Amazonia Ecuatoriana1
Marco G. Heredia Rengifo 2, Carlos G. Hernández Díaz-Ambrona3
1
Parte de la tesis final de Máster en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible de la
Universidad Politécnica de Madrid (España).
2
Doctorando del programa de Posgrado en Tecnologías Agroambientales para una Agricultura Sostenible,
Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, CEIGRAM, itdUPM.
3
Profesor en el Departamento de Producción Vegetal: Fitotecnia, Escuela Técnica Superior de Ingenieros
Agrónomos, CEIGRAM, itdUPM, Universidad Politécnica de Madrid (España).
Resumen: La supervivencia de los pueblos en aislamiento (PIAs), Tagaeri –
Taromenane en la Amazonia ecuatoriana, está influida por agentes externos y
características culturales. El área definida como Zona Intangible para el desplazamiento
de los PIAs presenta cierta debilidad geográfica, lo que alterna el funcionamiento de
estas comunidades. El objetivo de este trabajo es conocer el comportamiento de las
comunidades aisladas en relación con las fronteras de contactos. Se ha utilizado el
software libre NetLogo versión 5.0.3, para simular la evolución durante 100 años de dos
comunidades. Las poblaciones estimadas iniciales de indígenas en asilamiento fue de
100, 500, 1000 individuos por escenario. El comportamiento está condicionado por las
variables: individuos Taromenane, individuos Tagaeri, tasa de nacimientos,
disponibilidad de alimento en la Amazonía, crecimiento de la vegetación, valor
energético de la alimentación, y energía de la vegetación. Las características guerreras
por la protección de territorio propias de los PIAs, han permitido concluir que la
intensificación de las presiones externas sumadas a los enfrenamientos entre grupos
aislados genera su propia extinción en un espacio temporal de 100 años.
Palabras clave: frontera agrícola,modelos, no contactados, supervivencia, Yasuní
Dynamic probabilistic model on the behavior of indigenous people isolated in
Ecuadorian Amazon
Abstract: The survival of isolated peoples (PIAs), Tagaeri – Taromenane in the
Ecuadorian Amazon, is influenced by external agents and cultural characteristics. The
area defined as Intangible area for movement the PIAs presents certain geographic
weakness, which toggles the operation of these communities. The aim of this study was
to determine the behavior of isolated communities in relation to the borders of contacts.
We used the free NetLogo software version 5.0.3, to simulate the evolution of 100 years
98
of two communities. The initial populations of the isolation indigenous estimated were
100, 500, 1000 individuals per scenarios. The behavior is conditioned by the variables:
Taromenane individuals, individuals Tagaeri, birth rate, availability of food in the
Amazon, vegetation growth, energy value of food, energy and vegetation. The
Intensifying of the external pressures and confrontations between groups isolated
(warlike characteristics of the PIAs for the protection their territory) generates its own
extinction in a temporary space of 100 years.
Keywords: Agricultural frontier, models, survival, uncontacted, Yasuní
Introducción
Los Tagaeri y Taromenane son dos grupos indígenas ecuatorianos que
viven en a islamiento voluntario en la ecorregión terrestre Húmedo Napo. Están
asentados entre los ríos Yasuní, Curaray y dentro del territorio ancestral Waorani
(pueblo indígena del Ecuador Amazónico) en la Reserva de Biosfera Yasuní en la
cuenca del Amazonas. En la década de los setenta el desarrollo petrolífero, la
colonización agrícola y las misiones religiosas propiciaron el aislamiento de estos
pueblos, que rehusaron al contacto en el proceso de pacificación, reubicación y
pérdida del territorio padecido por los indígenas Waorani que están relacionados
cultural y lingüísticamente. Desde que se produjo el aislamiento, las señales de
presencia de los pueblos indígenas han sido en diferentes ocasiones constatadas.
Las características guerreras de estos pueblos se han evidenciado en diversos
enfrentamientos que han involucrado a trabajadores petroleros, colonos, indígenas
y misioneros. Para la protección de estos pueblos, el gobierno del Ecuador declaró
en 1999 y asignó en 2007 una superficie de 758.000 hectáreas, la “No-Go-Zone”
llamada Zona Intangible o Zona Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT)
(Presidencia de la República, 2007). Para mitigar las influencias antrópicas
externas al entorno al perímetro de la ZITT se definió
una zona de
amortiguamiento de diez kilómetros de ancho (Figura 1- Parque Nacional Yasuní
(PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona Intangible Tagaeri Taromenane
(ZITT) y bloques petroleros. Fuente: Pappalardo, et al. 2013.
), en la cual las actividades de extracción de madera, nuevas concesiones
petroleras y mineras están prohibidas. Las actividades como la pesca, la caza y el uso
tradicional de la biodiversidad está permitido a las comunidades indígenas ancestrales
(Art. 2 del Decreto 2187,1999).
99
Figura 2- Parque Nacional Yasuní (PNY), Reserva Étnica Waorani (REW), Zona
Intangible Tagaeri Taromenane (ZITT) y bloques petroleros. Fuente:
Pappalardo, et al. 2013.
La complejidad de los sistemas territoriales (bloque petroleros, franja agrícola y
sistema vial) y la distribución espacial de los clanes Tagaeri y Taromenane (Grupo
Nashiño, Maxus, Armadillo y Cunchiyacu) reconstruidos a partir de las señales de
presencia, demuestran la debilidad geográfica del perímetro de la ZITT. Pappalardo et
al.(2013) definieron sobre la base de los derechos humanos y de los patrones espaciales
de los Tagaeri Taromenane una nueva limitación no oficial (Erro! A origem da
referência não foi encontrada.) que demuestra que la ZITT geométricamente
tradicional no contiene la superficie real de territorialidad de los Tagaeri y Taromenane,
lo que alterna el funcionamiento de estas comunidades.
La superposición de usos del
territorio y las diferentes presiones externas relacionadas con el área de desplazamiento
espacial de los PIAs genera que la disponibilidad de alimentos y recursos está cada vez
más ceñida por el avance de la frontera extractiva y el avance de la frontera agrícola;
por lo cual la supervivencia de los PIAs está limitada a través del tiempo. El objetivo
planteado fue determinar la supervivencia de los pueblos indígenas en aislamiento.
Materiales y Métodos
Para determinar la supervivencia de los pueblos en aislamiento se ha desarrollado
un modelo de simulación dinámico-probabilístico con la finalidad de cuantificar la
evaluación temporal de los indígenas contactados y no contactados. Se utilizó el
software libre NetLogo versión 5.0.3 (Wilensky, 1999). NetLogo es un entorno de
programación que permite la simulación dinámica y espacial de fenómenos naturales y
sociales a través de tiempo. El área de la simulación fue de 10.000 km2 y la longitud del
área posible de contacto fue de 100 km. Se simularon tres escenarios en función de la
población inicial total de indígenas en asilamiento: 100, 500, 1000 individuos
distribuidas en parte alícuotas entre individuos Tagaeri e individuos Taromenane. Los
valores de los parámetros del modelo se mantuvieron constates en todo el proceso de
simulación: tasa de nacimientos, disponibilidad de alimento, crecimiento de la
vegetación, valor energético de la alimentación y energía de la vegetación. El modelo
espacial contiene 37.636 pixeles que equivalen a 26,5 hectáreas cada pixel, con dos
niveles de alimentos disponibles para todas las simulaciones se valorizó dos unidades
100
energéticas para los píxeles ricos en alimentos y 0,5 unidades energéticas para los
píxeles que representa una vegetación pobre en alimento.
Tabla 3 - Escenarios de simulación de los pueblos en aislamiento (PIAs) en la
Amazonía de Ecuador.
Escenarios
Población
Inicial
Tagaeri
Población
Inicial
Taromenane
Nacimiento de
los no
contactados
(Unidades
energéticas/año)
Disponibilidad
de alimento
(Unidades
energéticas/pixel)
Desarrollo de
la vegetación
(Unidades)
Valor
energético
Alimento
(Unidades
energéticas)
Valor
energético
Vegetación
(Unidades
energéticas)
100
500
50
250
50
250
20
20
20
20
20
20
2,0
2,0
0,5
0,5
1000
500
500
20
20
20
2,0
0,5
Los escenarios recogen la situación ideal en el cual la vegetación presenta un
desarrollo saludable y por tanto la disponibilidad de alimentos y su tasa de crecimiento
es máxima. Los resultados del modelo se considerarona partir de la media de 10
repeticiones por escenario. La unidad de tiempo considerada en el modelo son 100 años
y el tiempo de simulación es mensual.
Resultados y Discusión
El grupo Tagaeri se extinguirá antes de los 100 años, alcanzándose de media en
las diez simulaciones entre 0 y 1 individuo no contactado, con un mínimo de cero
individuos y un máximo de tres. Mientras del grupo Taromenane quedarían de
mediaentre 16 y 26 individuos, con un mínimo de siete individuos y un máximo de 45.
Cabe destacar que una población Taromenane inicial menor mantendría un mayor nivel
de supervivencia sin contacto, una media del 32% frente al 5,2%, este resultado sugiere
que la densidad de población es un factor clave para la conservación de los grupos
indígenas (Tabla 2 - ). Una mayor densidad de población inicial implica mayores
conflictos bélicos entre grupos y mayor contacto con individuos foráneos. Al cabo de
los 100 años en número de individuos contactados (55% del total) es superior en todos
los escenarios a los individuos no contactados. La población simulada final para los tres
escenarios es significativamente igual, por tanto la desaparición de estos grupos es
independiente de los individuos iniciales. En los tres escenarios los individuos Tagaeri
son inferiores a los Taromenane corroborando las características guerreras de su cultura
por salvaguardar su espacio de sobrevivencia según Colleoni y Proaño (2010).
Tabla 4 - Proyección del número de individuos a los 100 años partiendo de una
población inicial total de 100, 500 y 1000 individuosde los pueblos en
Aislamiento en la Amazonía de Ecuador. Entre paréntesis se muestra el
coeficiente de variación
Escenarios
Individuos totales
iniciales
100
500
1000
Media
Individuos no
contactados
Tagaeri
Individuos no
contactados
Taromenane
Población contactada
Población total
1 (6,8%)
0(168,0%)
1 (117,0%)
0,66
16 (33,2%)
23 (38,3%)
26 (44,8%)
21,66
21
30
32
28
38
53
59
50
Conclusión
101
La sobrevivencia de los pueblos en asilamiento Tagaeri – Taromenane está
influida por presiones externas y características culturales. El incremento de dichas
presiones genera la disminución de área espacial de desplazamiento de estos pueblos
ocasionando enfrentamiento entre poblaciones por espacio y alimento lo que podría
provocar su extinción. La disminución de la superficie de la Reserva Biósfera Yasuni,
según las simulaciones realizadas, sería el factor determinante de la desaparición de los
grupos aislados.
Literatura citada
COLLEONI, P.; PROAÑO, J.Caminantes en la selva. Los Pueblos en Aislamiento de la Amazonia
Ecuatoriana. 2010. Informe 7 IWGIA. Grupo Internacional de Trabajo sobre Asuntos Indígenas
(IWGIA) – 2010. p. 48. In: Los Pueblos Indígenas en Aislamiento Tagaeri Taromenane.docx
PAPPALARDO SE, DE MARCHI M, FERRARESE F.Uncontacted Waorani in the Yasuní Biosphere
Reserve: GeographicalValidation of the Zona Intangible Tagaeri Taromenane(ZITT).2013. PLoS
ONE 8(6): e66293. doi:10.1371/journal.pone.0066293
PRESIDENCIA DE LA REPÚBLICA. Decreto Ejecutivo No. 2187. 2007. Quito, Ecuador. In:
http://saveamericasforests.org/Yasuni/Ne ws / ZonaIntangible / DECRETO ZONA INTANGIBLE.pdf.
WILENSKY, U. TheNetLogoUser Manual versión 5.0.3.1999. In: http://ccl.northwestern.edu/netlogo/
docs/(con acceso 25 octubre de 2012).
102
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.8. Interfaces entre Agroecologia e Segurança Alimentar e Nutricional1
Marli Santos Rosado2, Maria das Dores Saraiva de Loreto1, Grasiele Fortini dos Santos2
1
Artigo elaborado para a disciplina do PPG- Economia Doméstica- UFV.
Estudante de Pós-graduação do Programa de Mestrado em Economia Doméstica, UFV, Viçosa/MG.
3Professora Associada do Departamento de Economia Doméstica, UFV, Viçosa/MG. .
4
Estudante de Pós-graduação do Programa de Mestrado em Economia Doméstica, UFV, Viçosa/MG.
2
Resumo: O objetivo do estudo foi examinar as interfaces entre agroecologia e
segurança alimentar e nutricional, buscando contribuir para a proposição de ações que
promovam o desenvolvimento rural sustentável. O estudo, de natureza qualitativa, fez
uso da pesquisa bibliográfica, baseada em fontes secundárias, como livros, periódicos,
artigos eletrônicos e demais textos expostos em bancos de dados, no contexto da
problemática em questão. Pesquisas mostram que a agroecologia, como uma ciência ou
um conjunto de conhecimentos, pode colaborar para a análise crítica da agricultura
convencional e repercussões da Revolução Verde; além de permitir um correto
redesenho e adequado manejo de agroecossistemas familiares sustentáveis. As
interfaces entre agroecologia e segurança alimentar e nutricional estão pautadas no fato
de que o enfoque agroecológico representa uma estratégia de mudanças no circuito da
produção e consumo, capaz de reduzir a pobreza/fome, portanto, com condições de
promover da Segurança Alimentar e Nutricional, por meio de ações interativas e
participativas, que contribuam para a inclusão social, conservação ambiental e a
realização do Direito Humano à Alimentação para todos.
Palavras–chave: Agroecologia, Segurança alimentar e nutricional, Interfaces.
Interfaces between Agroecology and Nutritional Food Security
Abstract: The aim of the study was to examine the interfaces between agroecology and
Nutritional Food Security, seeking help to propose actions that promote sustainable
rural development. The study was qualitative, made use of literature search, based on
secondary sources, such as books, periodicals, electronic items and other texts exposed
in databases, in the context of the issue in question. Research shows that agroecology,
103
as a science or a body of knowledge, can contribute to the critical analysis of
conventional agriculture and impacts of the Green Revolution, and allows an accurate
redesign and proper management of sustainable agroecosystems family. Interfaces
between agroecology and Nutritional Food Security are grounded in the fact that the
agroecological approach represents a strategy of changes in the circuit of production
and consumption, able to reduce poverty / hunger, therefore, capable of promoting Food
Safety and Nutrition, through interactive and participatory actions that contribute to
social inclusion, environmental conservation and realization of the human right to food
for all.
Keywords: Agroecology, Nutritional Food Security, Interfaces
Introdução
No cenário mundial existem pelo menos 1 bilhão de pessoas sofrem de
desnutrição no planeta, conforme Instituto Internacional de Investigação sobre Políticas
Alimentares (IFPRI). A situação é considerada grave na África, Ásia e na América
Latina, especialmente na Bolívia, na Guatemala e no Haiti. No Brasil, 7% da população
ainda passa fome, o que representa cerca de 13 milhões de cidadãos. Segundo a
Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Segurança Alimentar (FAO), um
ser humano passa fome quando consome menos de 1.800 quilocalorias por dia, o
mínimo para levar uma vida saudável e produtiva (CRAIDE, 2013). Tal realidade tem
levado a uma mudança do paradigma de produção e maior atenção para o consumo,
dentro de o circuito alimentar, como alternativa de desenvolvimento rural sustentável e
promoção da segurança alimentar e nutricional.
De acordo com documento aprovado na II Conferência Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional, incorporado na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e
Nutricional (Losan), nº 11.346, de 15 de julho de 2006, SAN é definida como a
realização do direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade,
em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais,
tendo como base práticas alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade
cultural e que sejam social, econômica e ambientalmente sustentáveis (BRASIL, 2006).
Constitui um conceito bastante abrangente, por natureza interdisciplinar, que envolve
questões de acesso a alimentos de qualidade, práticas alimentares saudáveis, práticas
sustentáveis de produção, cidadania e direitos humanos.
Pressupõe-se que a realização das propostas contempladas em cada dimensão do
conceito de segurança alimentar e nutricional deve apresentar indicadores para a
sustentabilidade social, econômica e ambiental, considerando o enfoque agroecológico,
no desenho dos agroecossistemas rurais.
Nesse contexto, o presente estudo objetivou abordar as interfaces entre
agroecologia e segurança alimentar e nutricional, buscando contribuir para
direcionamento das ações que promovam desenvolvimento rural sustentável e, portanto,
a melhoria da qualidade de vida de grupos vulneráveis socialmente.
Material e Métodos
Este estudo, de natureza qualitativa, baseou-se em uma pesquisa bibliográfica, que
objetivou contribuir e explicitar uma reflexão teórica sobre o assunto. Baseada em
fontes como livros, periódicos, textos e artigos eletrônicos, expostos em bancos de
dados, a pesquisa teve como categorias de análise a Segurança Alimentar e Nutricional
e a Agroecologia.
104
Resultados e Discussão
A noção de segurança alimentar foi originalmente utilizada na Europa, a partir da
I Grande Guerra Mundial. Sua origem estava profundamente ligada ao conceito de
segurança nacional e à capacidade de cada país produzir sua própria alimentação, de
forma a não ficar vulnerável à possíveis cercos, embargos ou boicotes de motivação
política ou militar. Na década de 1970, a causa principal da insegurança alimentar/fome
era atribuída à produção insuficiente de alimentos, o que no significado da segurança
alimentar como uma política de armazenamento estratégico e de oferta segura e
adequada de alimentos, e não como um direito de todo ser humano de ter acesso a uma
alimentação saudável. O enfoque estava no produto e não no ser humano. Com base
nesta perspectiva, foi promovida a Revolução Verde, que acabou por aumentar a
produção de alimentos e, ao mesmo tempo, o número de famintos e de excluídos, além
de promover sérios agravos ambientais (Valente, 2002).
Posteriormente, na II Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional
foram incorporadas as proposições para o enfrentamento do quadro de insegurança
alimentar e nutricional. Assim, ao termo segurança alimentar foi incluído o significado
de alimento para todos, com qualidade e quantidade suficientes. Uma alimentação
saudável implica também em incluir alimentos sem resíduos de agrotóxicos e sem
aditivos químicos. Produzir com eficiência econômica, sem poluir, sem degradar,
aproveitando racionalmente os recursos locais existentes.
Molina (2013, p.45) discute a esse respeito, ao destacar que a adoção de um
enfoque agroecológico implica em uma estratégia diferente: “não se trata tanto de
aumentar a produção, mas de melhorar a qualidade do ponto de vista da segurança
alimentar, mantendo as condições físico-biológicas dos agroecossistemas, promovendo
uma mudança nas relações comerciais com os pobres e, sobretudo, nos hábitos de
consumo”. O autor acrescenta que a adoção da abordagem agroecológica é
imprescindível na redução da pobreza e da fome, uma vez que permite:
“um aumento considerável dos rendimentos sem uma utilização intensiva de
insumos externos, conserva e melhora o capital natural, reduz a dependência
do mercado, aumenta o poder e a confiança das comunidades locais, conserva
a diversidade biológica e cultural e reforça a democracia, combatendo os
efeitos mais negativos do atual modelo de globalização econômica” (Molina,
2013, p.44)
Assim, a pesquisa brasileira vem sendo impulsionada para a busca de soluções
mais ecológicas e economicamente viáveis, principalmente para os pequenos e médios
agricultores, por meio do diálogo entre a ciência e o saber popular. As preocupações
com a qualidade dos alimentos e com as questões socioambientais, engajadas nos
processos de produção agrícola, são crescentes por parte dos consumidores, tornando-se
cada vez mais necessário investigar formas alternativas de manejo dos recursos naturais
e de organização social, capazes de responder positivamente aos desafios da produção
agrícola sustentável, da preservação da biodiversidade sociocultural e da inclusão social
(Lopes, et al, 2012).
Neste contexto, a agroecologia remete a uma abordagem voltada para uma
agricultura menos agressiva ao meio ambiente, que promova a inclusão social e
proporcione melhores condições econômicas para os agricultores. Portanto, traz a ideia
e a expectativa de uma nova agricultura, capaz de fazer bem aos homens e ao meio
ambiente como um todo, afastando-se da orientação dominante de uma agricultura
intensiva em capital, energia e recursos naturais não renováveis, agressiva ao meio
ambiente, excludente do ponto de vista social e causadora de dependência econômica
(Caporal; Costabeber, 2002).
105
Em essência, a transição agroecológica não pode ficar somente na esfera interna
do sistema produtivo agropecuário. Conforme Caporal e Costabeber (2002), a
agroecologia corresponde ao campo de conhecimentos que proporciona as bases
científicas para apoiar o processo de transição do modelo de agricultura convencional
para estilos de agriculturas de base ecológica ou sustentáveis, assim como do modelo
convencional de desenvolvimento a processos de desenvolvimento rural sustentável.
Necessita ser entendida como um enfoque científico, que pode contribuir para a análise
crítica da agricultura convencional, bem como para orientar o correto redesenho e
manejo de agroecossistemas, na perspectiva da sustentabilidade, de maneira que haja
uma potencialização da biodiversidade, dos solos, da reciclagem dos nutrientes e demais
resíduos, da conservação e regeneração dos sistemas, além do equilíbrio e aumento da
sinergia entre os componentes do agroecossistema, na perspectiva da sustentabilidade
(Molina, 2013).
Conclusões
Conclui-se que a adoção do enfoque agroecológico no desenho de estratégias para
combater a pobreza e a fome e, portanto, assegurar a Segurança Alimentar e Nutricional
Sustentável são de responsabilidade coletiva (governo, sociedade civil sem fins
lucrativos e setor empresarial), que deve buscar traduzir as iniciativas governamentais e
não governamentais em políticas, programas e ações, que considerem Zoneamento
Agroecológico construído de maneira interativa e participativa, capaz de garantir a
realização do Direito Humano à Alimentação para todos, com destaque para os estudos
sobre as formas de acesso a uma alimentação qualitativa e quantitativamente adequada
de maneira sustentável.
Literatura citada
BRASIL, Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional, Brasil, 15/06/2006.
Disponível em <http://www4.planalto.gov.br/consea/publicacoes> Acesso 13/06/2013.
CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia: enfoque científico e
estratégico. Agroecologia e Desenvolvimento Rural Sustentável, v.3, n.2, p.13-16,
2002.
CRAIDE, Sabrina. Pesquisa mostra que cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome
no mundo. Disponível em < http://www.amambainoticias.com.br> Acesso 29/07/2013.
LOPES, P. R. et al. Produção de café agroecológico no sul de Minas Gerais: sistemas
alternativos à produção intensiva em agroquímicos. Revista Brasileira de
Agroecologia. v.7, n.1, p. 25-38, 2012.
MOLINA, M. G. de Las experiências agroecológicas y su incidência em el desarrollo
rural sostenible. La necesidad de uma agroecológica política. In: Sauer, Sérgio;
Balestro, Moisés Villamil (orgs). Agroecologia e os desafios da transição
agroecológica. São Paulo: Expressão Popular, 2013, p.17-69.
VALENTE, F.L.S. Segurança alimentar e nutricional: Transformando natureza em
gente. Cortez Editora. São Paulo; 2002.
106
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.9. Frações fibrosas da silagem de capim elefante enriquecida com diferentes
níveis de torta de nabo forrageiro
Marciana Teixeira de Souza¹, Arnaldo Prata Neiva Júnior², Valdir Botega Tavares²,
Soraia Viana Ferreira1, José Victor Hosken Cruz3, Silvane de Almeida Campos3
1
Graduanda em Zootecnia – IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba
.Professor do Departamento de Zootecnia - IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba
3
Mestrando (a) em Agroecologia - UFV
2
Resumo: Objetivou-se com o presente estudo avaliar as diferentes frações fibrosas da
silagem de capim elefante contendo diferentes níveis de torta de nabo forrageiro. O
experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia do Instituto Federal de
Educação Sudeste MG - Câmpus Rio Pomba. A torta foi obtida no departamento de
Engenharia da Universidade Federal de Lavras, Lavras - MG e o capim elefante no
Departamento de Zootecnia do referido Câmpus. Os alimentos foram ensilados em silos
de PVC, adaptados com válvula tipo Bunsen. Foram determinados os valores de MS,
FDN, FDA, HEM, CEL, LIG. Todos os níveis de TNF utilizados elevaram os teores de
MS. Houve efeito da inclusão das tortas, nos níveis estudados na diminuição da FDN,
FDA, Hemicelulose e CEL. Observou-se tendência de aumento nos teores de lignina
com a inclusão da TNF. De modo geral, a utilização da TNF, promoveu diminuição nos
teores das variáveis estudadas.
Palavras–chave: silagem, frações fibrosas, nabo forrageiro.
FIBROUS FRACTIONS OF ELEPHANT GRASS SILAGE ADDED WITH
DIFFERENT LEVELS OF FORAGE RADISH CAKE
Abstract: The objective of present study was to evaluate the different fractions of
fibrous grass silage with different levels of pie oilseed radish. The experiment was out
at the Department of Animal Science of IF Southeastern Minas Gerais – Câmpus Rio
Pomba. The pie was obtained in the Department of Engineering of the Federal
University of Lavras - MG and elephant grass in the Department of Animal Science
Câmpus referred. The foods were ensiled in PVC silos, adapted with Bunsen type valve.
The values of DM, NDF, ADF, hemicelluloses, Cellulose, LIG were determined. All
levels of TNF utilized raised the DM.Significant effect of the inclusion of pies in the
studied levels decreased NDF, ADF and CEL. There was an increase in levels of lignin
with the inclusion of TNF. In a general way, the use of TNF has caused a reduction in
the levels of study variables.
107
Keywords: silage, fibrous fractions, turnip
Introdução
A redução anual na oferta de forragem, durante as estações secas em regiões
tropicais é um dos principais fatores determinantes do nível de produtividade. Logo, a
busca por alternativas alimentares de baixo custo e de melhor eficiência biológica tem
sido necessário no campo da nutrição animal. Com isso várias pesquisas têm focado na
determinação dos requerimentos nutricionais dos animais a partir do uso de coprodutos
que permitam a produção animal a custos reduzidos.
No Brasil, grande quantidade de coprodutos da agricultura e da agroindústria tais
como os oriundos da cadeia do biodiesel (tortas e farelos) tem potencial para utilização
na alimentação de animais, podendo ser empregados como fontes de nutrientes para
ruminantes por serem prontamente degradados no rúmen (Van Cleef, 2008).
A torta de nabo forrageiro (Raphanus sativus), coproduto da indústria do
biodiesel, é resultado final da prensagem e extração do óleo vegetal da semente do nabo
forrageiro. Segundo Fortaleza et al. (2009), essa torta apresenta características que
possibilitam sua utilização na alimentação de ruminantes com possibilidade de
substituição ao farelo de soja, devido à semelhança da degradação ruminal da proteína
entre os dois coprodutos.
O capim elefante (Pennisetum purpureum) pode ser considerado como uma das
principais forrageiras utilizadas na alimentação de ruminantes. Entretanto, a maior parte
da produção concentra-se na época chuvosa, quando a abundância de pasto dispensa seu
fornecimento de forma fresca, principalmente aos bovinos. Uma das medidas para
tornar seus processos de produção e utilização independentes é através da ensilagem,
tornando-o disponível o ano todo.
No entanto, o capim elefante apresenta alto teor de umidade e baixo teor de
carboidratos solúveis, no momento ideal de corte para a ensilagem. Essa característica
interfere negativamente no processo fermentativo por permitir o surgimento de
fermentações secundárias indesejáveis, levando à queda na qualidade da silagem e a
perdas por drenagem.
Desta forma, a torta de nabo forrageiro (TNF) constitui uma alternativa para
obtenção de silagem com melhor qualidade.
Este estudo teve como objetivo avaliar as frações fibrosas da silagem de capim
elefante contendo diferentes níveis de torta de nabo forrageiro.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Departamento de Zootecnia do Instituto Federal
de Educação Sudeste MG - Câmpus Rio Pomba. Adotou-se o delineamento
inteiramente casualizado, 4 tratamentos e 5 repetições. A torta foi obtida no
Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras, Lavras-MG e o capim
elefante no Departamento de Zootecnia do referido Câmpus.
Os alimentos foram ensilados em 20 silos de PVC com diâmetro de 10 cm e altura
de 40 cm, adaptados com válvula tipo Bunsen. O material foi ensilado por 41 dias.
Foram retiradas amostras individuais de cada silo, sendo secas em estufa de ventilação
forçada de ar a 65°C por 72 horas e moídas em peneira de um milímetro, utilizando-se
um moinho tipo Willey. Foram determinados os teores de matéria seca (MS), fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM),
celulose (CEL) e lignina (LIG).
108
Realizou-se a análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste de
Tukey a 5%.
Resultados e Discussão
As silagens experimentais apresentaram boas características tais como odor
agradável, textura firme e ausência de fungos.
Houve diferença significativa para todas as características analisadas para o teste
tukey com nível de significância a 5%.
Tabela 1 - Médias dos teores de matéria seca e das frações fibrosas das silagens
contendo diferentes níveis de TNF.
Variável
MS (%)
FDN (% MS)
FDA (% MS)
HEM (% MS)
CEL (% MS)
LIG (% MS)
1
CE1
21.86c
71.61a
46.71a
24.9a
39.22a
7.09b
Níveis de adição (%) CE +TNF2
10
28.25b
15
30.72ab
20
32.87a
10
57.11b
15
55.04b
20
50.95c
10
37.02b
15
34.82bc
20
33.92c
10
20.09b
15
20.22b
20
17.03c
10
29.44b
15
26.28c
20
24.92c
10
7.24b
15
8.59a
20
8.64a
Silagem de capim elefante pura; Silagem de capim elefante com torta de nabo forrageiro.
2
Houve aumento da MS, variando de 21.86% para a silagem sem a torta a 32.87%
para as silagens contendo a TNF, que no caso da silagem de capim elefante é benéfico,
pois melhora as características fermentativas da silagem, já que o teor de MS do capim
elefante no ponto de ensilagem nem sempre apresenta níveis adequados. A inclusão da
TNF, principalmente, nas doses 15 e 20%, foram mais eficientes em aumentar os teores
de MS das silagens de capim-elefante.
Os valores de FDN oscilaram de 71.61% na silagem sem adição da TNF a 50.95%
para a silagem contendo 20% de TNF. Para os níveis 10 e 15% de adição da torta, foram
observados valores semelhantes estatisticamente e menores do que a silagem sem
adição a TNF. Os valores obtidos nas silagens contendo TNF indicam que houve uma
diminuição nos valores de FDN conforme se aumentou os níveis de inclusão de TNF,
sendo assim, pode-se inferir que houve efeito da inclusão das tortas, nos níveis
estudados, resultando assim na diminuição da FDN (%) das silagens.
109
A adição de níveis crescentes da TNF na silagem de capim-elefante promoveu
redução significativa nos teores de FDA das silagens. Todos os valores médios de FDA
(%) encontrados neste estudo foram superiores a 25%. Sendo que na medida em que se
aumentou os níveis de inclusão da torta, houve redução destes níveis gradativamente
como pode ser observado na Tabela 1 oscilando de 46.71 para o tratamento sem TNF a
33.92 para o tratamento com 20% de TNF, mostrando assim uma diminuição
significativa para esta variável conforme houve aumento na inclusão de TNF.
Houve diminuição da hemicelulose com a elevação dos níveis de inclusão da
TNF.
Os teores de (CEL) diminuíram à medida que se aumentou o teor de TNF. O teor
de CEL nas silagens também sofreu influência dos níveis de inclusão da TNF, sendo
que os menores valores médios foram encontrados nos níveis de 20%.
Com a inclusão gradual de TNF ao capim elefante observou-se tendência de
aumento nos teores de lignina das silagens dos níveis 0 para 20% de TNF.
Conclusões
Os diferentes níveis de torta de nabo forrageiro adicionado à silagem de capim
elefante promoveu diminuições nos teores FDN, FDA, hemicelulose e celulose,
proporcionando silagens de melhor qualidade.
Literatura citada
FORTALEZA, A.P.S.; SILVA, L.D.F.; RIBEIRO, E.L.A.; BARBERO, R.P.
MASSARO JÚNIOR, F.L.; SANTOS, A.X.; CASTRO, V.S.; CASTRO, F.A.B..
Degradabilidade ruminal In Situ dos componentes nutritivos de alguns suplementos
concentrados usados na alimentação de bovinos. Semina: Ciências Agrárias,
Londrina, v.30, n.2, p.481-496, abr/jun, 2009.
VAN CLEEF, E.H.C.B. Tortas de nabo forrageiro (Raphanus sativus) e pinhão
manso (Jatropha curcas): caracterização e utilização como aditivos na ensilagem de
capim elefante. 2008. 77f. Dissertação (Mestrado em Nutrição Animal) - Universidade
Federal de Lavras, Lavras-MG, 2008.
110
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.10. Desempenho de clones da variedade robusta tropical em sistema de cultivo
agroecológico em Minas Gerais
Waldênia de Melo Moura2, Paulo César de Lima2, Rebeca Lourenço de Oliveira3 ;
Cássio Francisco Moreira de Carvalho 3 ; Cileimar Aparecida da Silva4 ;
Saturnino Silveira de Brito 5.
1
Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Pesquisadores, D.Sc., EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected];
; [email protected].
3
Engenheiros Agrônomos Bolsistas, CBP&D-Café /EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa, MG,;
[email protected]; [email protected].
4
Bolsista, PIBIC – FAPEMIG - EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected].
5
Técnico Agrícola, EPAMIG – Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]
2
Resumo: Este trabalho teve como objetivo avaliar e selecionar clones de café conilon
promissores para o cultivo agroecológico em Minas Gerais. O experimento foi instalado
na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da EPAMIG, em delineamento de
blocos casualizados, com nove clones de café conilon e três repetições. Foram avaliadas
durante o período de quatro colheitas as seguintes características agronômicas: vigor
vegetativo; severidade de ferrugem; severidade de cercosporiose; intensidade do ataque
de bicho-mineiro e produtividade. Em geral, os clones apresentaram alto vigor
vegetativo e baixa incidência de doenças e praga. A média de produtividade foi de
63,20 sacas de café beneficiado/ ha. Os clones (códigos) 23, 21, 29 e 04 são indicados
para sistema de cultivo agroecológico em Minas Gerais.
Palavras–chave: Coffea canephora, doenças e praga, produtividade, variabilidade
Performance of clones of variety robusta tropical in agroecological farming
system in Minas Gerais
Abstract: The objective of this work was to evaluate and select the promisors clones of
conilon coffee to the agroecologic cultivate in Minas Gerais. The experiment was
installed in Leopoldina’s Experimental Farm– MG, EPAMIG, randomized block
design, with nine clones of conilon coffee and three replications. During four crop were
evaluated the following agronomic characteristics: vegetative vigor; leaf rust and
eyespot severity; intensity of leaf miner’s attack and productivity. In general, the clones
showed high vegetative vigor and low incidence of diseases and pests The average of
111
the productivity was 63,20 coffee in bags/ha. The clones (codes) 23, 21, 29 and 04 are
indicated for agroecological farming system in Minas Gerais.
Keywords: Coffea canephora, diseases and pests, productivity, variability
Introdução
Existem cerca de 100 espécies de café descritas, entretanto somente duas espécies
são comercializadas no mundo, Coffea arabica e Coffea canephora. A espécie C.
canephora representa 30% do café comercializado, reproduz-se por alogamia, ou seja
polinização cruzada, apresentar grande variabilidade entre as plantas. Por isso a grande
maioria das variedades comercializadas são clonais. Atualmente existem diversas
variedades clonais de café conilon disponiveis no mercado, com diferentes ciclos de
maturação e caracteristicas peculiares, destacando-se a variedade Robustão Tropical que
foi lançada no ano de 1999 (Ferrão, et al., 2000). Formada pelo agrupamento de dez
clones, apresenta alto vigor vegetativo e maturação dos frutos entre maio e junho, sendo
tolerante a seca e as principais doenças foliares. Apresenta também baixos indices de
desfolhamento em condições de estresse hidrico e peneira média dos frutos superiors a
15 (Ferrão et al.,2007). Apesar de todas essas qualidades, os resultados de pesquisa são
praticamente proveniente das condições de cultivo do Estado do Espirito Santo. Assim,
esse trabalho teve como objetivo avaliar e selecionar clones de café conilon promissores
para o cultivo agroecológico em Minas Gerais.
Material e Métodos
O experimento foi instalado na Fazenda Experimental de Leopoldina - MG, da
EPAMIG, em delineamento de blocos casualizados, com nove clones de café conilon e
três repetições. A parcela experimental foi constituída de nove plantas, em espaçamento
de 2,5 m entre fileiras e 1 m entre plantas. O experimento foi conduzido no sistema de
cultivo com a utilização de adubos químicos e corretivos da acidez do solo, porém sem
o uso de agrotóxicos. Foram avaliadas durante quatro colheitas as seguintes
características agronômicas: Vigor vegetativo - com notas de 1 a 10, em que, 1 = baixo
vigor e 10 = alto vigor; Severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix) - com notas de 1 a
5, em que, 1 = ausência de ferrugem; 2 = folhas com poucas pústulas, 3 = folhas com
infecção moderada, e 4 = folhas com infecção alta, pústulas abundantes; 5 = folhas com
infecção alta, pústulas abundantes, ocorrendo desfolha; Severidade de cercosporiose
(Cercospora coffeicola) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 =
ataque leve nas folhas, 3 = ataque moderado nas folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e
5 = ataque intenso nas folhas e frutos; Intensidade do ataque de bicho-mineiro
(Leucoptera coffeella) - com notas de 1 a 5, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 =
poucas lesões, 3 = quantidade mediana de lesões, 4 = grande quantidade de lesões
coalescidas; 5 = grande quantidade de lesões coalescidas e desfolha; intensidade de seca
de ponteiro - com notas de 1 a 4, em que, 1 = ausência de sintomas, 2 = ataque leve nas
folhas, 3 = ataque moderado nas folhas, 4 = ataque intenso nas folhas e produtividade
em sacas de café beneficiado/ha. Os dados foram analisados utilizando-se o programa
estatístico SAEG, através de análises de variância, e as médias foram comparadas pelo
Teste Scott-knott, ao nível de 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os clones apresentaram variabilidade para as caraterísticas de vigor vegetativo,
severidade de ferrugem e produtividade (Tabela1). Quanto ao vigor vegetativo as
plantas foram consideradas vigorosas, embora não tenham apresentado diferenças
112
significativas, os valores variaram de 7,14 a 8,83, apresentados pelos clones 19 e 23.
Resultados semelhantes foi constatado por Ferrão, et al. (2011)
Embora não tenha sido feito o controle químico de doenças e praga, constatou-se
baixa severidade de ferrugem, sendo possível classificar os clones em dois grupos
(Tabela 1). Este fato pode estar associado à tolerância genética que esses clones
possuem esta doença (Ferrão, et al., 2007). Os clones apresentaram ataque leve de
cercosporiose e baixa intensidade de seca de ponteiro (Tabela 1). Baixa incidência de
cercosporiose foram também observadas para clones de café conilon por Oliveira et al.
(2011a).
Quanto a incidência de bicho-mineiro, constatou-se poucas lesões nas folhas e não
foram observadas diferenças significativas entre os clones avaliados (Tabela 1). Já
Oliveira, et al. (2011b) constataram ampla diversidade para essa característica entre 40
genótipos de café conilon, sendo que a maioria ficaram concentrados nas classes de
menores severidades.
A média geral da produtividade foi de 63,20 sacas de café beneficiado/ ha, e essa
foi à característica que apresentou a maior variabilidade entre os clones, com valores de
46,14 a 86,70 sacas de café beneficiado/ ha, apresentadas para os clones 27 e 23,
respectivamente. Ampla variabilidade de produção também foi observada entre vinte
clones de conilon no estado do Espirito Santo, com médias variando de 19,31 a 126,41 a
19,31 sc.ha-1, em dois ciclos de produção (Mendonça et al., 2011). Foi possível
classificar os clones em dois grupos: o mais produtivo com média de 79,63 e o menos
produtivo com média de 54,98 sacas de café beneficiado/ ha (Tabela1).
Destacaram-se os clones 23, 21, 29 e 04 por serem os mais produtivos, vigorosos
e com baixa incidência de doenças e pragas. Embora os nove clones avaliados façam
parte de uma mesma variedade, ainda apresenta variabilidade principalmente com
relação à severidade de doenças e a produtividade.
Tabela 1. Médias do vigor vegetativo (VIG), da severidade de ferrugem (SF), da
severidade de cercosporiose (SC), da incidência de seca de ponteiro (ISP), da
incidência de bicho-mineiro (IBM) e da produtividade (PROD) em sacas de
café beneficiada/ ha. Viçosa, 2013.
Clones
VIG
SF
SC
ISP
IBM
PROD
(Códigos)
23
8,83
1,44B
1,39A
1,94
2,11
86,70A
21
8,06
1,33B
1,44A
1,83
1,94
78,16A
29
8,08
1,69A
1,28A
1,89
2.28
74,04A
04
7,56
1,75A
1,58A
1,78
2,08
63,87B
25
7,39
1,72A
1,39A
2,06
2,22
58,36B
31
7,50
2,00A
1,72A
2,39
2,00
57,79B
17
8,06
1,94A
1,44A
2,11
2,00
57,14B
19
7,14
1,50B
2,03A
2,00
2,22
46,61B
27
7,33
1,61B
1,50A
2,17
2,00
46,14B
Média geral
7,77
1,67
1,53
2,01
2,09
63,20
CV%
7,51
10,14
15,01
10,92
8,21
17,36
n/s
Não significativo pelo Teste F, a nível de 5%
Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem pelo teste de agrupamento de
médias Scott-Knott a 5% de probabilidade.
113
Conclusões
Há variabilidade genética entre os clones de café conilon da variedade robustão
capixaba que pode ser exploradas em programas de melhoramento genético. Os clones
(códigos) 23, 21, 29 e 04 são indicados para sistema de cultivo agroecológico em Minas
Gerais.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao
Consorcio Brasileiro de Pesquisas e Desenvolvimento do Café (CBP&D-Café) pelo
apoio financeiro e pelas bolsas concedidas aos autores.
Literatura Citada
FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A.; SILVEIRA, J.S.M.; FERRÃO, M.A.G.;
BRAGANÇA, S. M. Emcapa 8141 – Robustão Capixaba, variedade clonal de café
conilon tolerante à seca, desenvolvida para o Estado do Espirito Santo. Revista Ceres,
Viçosa, MG:47, n. 273, p.555-560, 2000.
FERRÃO, R.G.; FONSECA, A.F.A.; FERRÃO, M.A.G.; BRAGANÇA, S. M.;
VERDIN FILHO, A. C.; VOLPI, P.S. Cultivares de Café Conilon. In: FERRÃO,
R.G.; FONSECA, A.F.A.; BRAGANÇA, S.M.; FERRÃO, M.A.G.; De MUNER (Eds.)
Café Conilon. Vitória, ES:Incaper, 2007. p. 205-221.
FERRÃO, M. A. G.; FERRÃO, R. G.; FONSECA, A. F. A.; VOLPI, P. S.; VERDIN
FILHO, A. C.; MIGUEL, G. S. Caracterização morfo agronômica de café conilon. VII
Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, 2011, Araxá – MG. Anais... Brasília-DF:
Embrapa Café, 2011. CD-ROM
MENDONÇA, R.F.; RODRIGUES, W.N.; R.F.; FERRÃO, R.G.; FERRÃO, M.A.G.;
FONSECA, A.F.A.; TOMAZ, M.A. Avaliação de clones de café conilon de ciclo de
maturação tardio quanto a produtividade e severidade da ferrugem. VII SIMPÓSIO DE
PESQUISAS DOS CAFÉ DO BRASIL, 2011, Araxá-MG. Anais.....Brasília-DF:
Embrapa Café, 2011. CD-ROM.
OLIVEIRA, C.M.; TOMAZ, M.A.; FERRÃO, M.A.G.; FERRÃO, R.G.; FONSECA,
A.F.A.; BREGONCI, I.S. Avaliação da severidade de cercosporiose e ferrugem em
clones de café conilon. In: VII SIMPÓSIO DE PESQUISAS DOS CAFÉ DO BRASIL,
2011a, Araxá-MG. Anais...... Brasília-DF: Embrapa Café, 2011a. CD-ROM
OLIVEIRA, C.M.; RODRIGUES, W.N.; FERRÃO, M.A.G.; FERRÃO, R. G.;
FONSECA, A. F. A.; TOMAZ, M.A. Severidade do bicho mineiro em genótipo de café
conilon de ciclo tardio selecionados no norte e sul do estado do Espirito Santo. In: VII
SIMPÓSIO DE PESQUISAS DOS CAFÉ DO BRASIL, 2011b, Araxá-MG. Anais.....
Brasília-DF: Embrapa Café, 2011b. CD-ROM
114
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.11. Adubação Alternativa na Condução de Bananeiras Prata-Anã no Norte de
Minas Gerais
Fernando Gomes da Silva2, Lize de Moraes Vieira da Cunha1, Renato Fernandes Silva,
Luana Maria dos Santos2, Huarlen Ruann Trindade de Souza2, Maria Nilfa de Almeida
Neta
1Professor do Departamento de Ciências Agrárias da UNIMONTES.
2
Estudante de graduação em Agronomia.
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo avaliar o uso de esterco bovino, urina
de vaca e biofertilizante como adubação alternativa no cultivo da banana Prata-Anã. O
experimento foi conduzido na Associação Educacional Bico da Pedra Bruta, localizada
no município de Janaúba, MG. O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados,
com três tratamentos (testemunha, biofertilizante mais esterco bovino e biofertilizante
mais urina de vaca) e cinco repetições. Os parâmetros avaliados foram: peso do cacho e
do engaço e número de pencas comerciais. O uso da adubação alternativa demonstrou
incrementos positivos para os parâmetros avaliados, quando comparados à testemunha.
Sendo o tratamento biofertilizante mais urina de vaca o que reportou melhores respostas
em relação ao biofertilizante mais esterco bovino e a testemunha. Desta forma a
adubação alternativa leva a uma viabilidade econômica devido à redução de adubos
químicos, favorecendo a permanência das famílias no campo e contribuindo para
melhoria das condições de solo.
Palavras-Chave: Adubação alternativa, agricultura familiar, bananicultura e resíduos
orgânicos
Fertilization in Alternative Driving Banana Silver Dwarf in the North of Minas
Gerais
Abstract: This study aims to evaluate the use of manure, cow urine as fertilizer and
fertilizer alternative in banana cultivation silver Dwarf. The experiment was conducted
at the Educational Association of the Stone Spout Gross, located in the municipality of
Janaúba, MG. The experimental design was a randomized block design with three
treatments (control, biofertilizers more manure and fertilizer more cow urine) and five
replications. The parameters evaluated were: bunch weight and number of stems and
bunches commercial. The use of alternative fertilization showed positive increments to
the parameters evaluated, when compared to the control. Being the biofertilizer
115
treatment more cow urine which reported better responses to biofertilizer more cattle
and the control. Thus fertilization alternative leads to economic viability due to the
reduction of chemical fertilizers, encouraging families to stay on the field and
contributing to the improvement of soil conditions.
Keywords: Fertilization alternative, family farms, banana plantations and organic waste
Introdução
Cultivada por um grande número de agricultores familiares numa extensa região
tropical, a cultura da banana apresenta-se com relevante importância uma vez que, como
atividade principal desses agricultores oferece-lhes diversas vantagens: gera emprego e
renda o ano inteiro, tem fácil adaptação aos diferentes climas, boa produtividade e alto
valor nutricional. No projeto jaíba, perímetro público irrigado com captação da água do
rio São Francisco, a área de produção da banana é mais expressiva, segundo dados da
Abanorte (2008) são 114 agricultores atendidos no cultivo das diferentes espécies da
fruta, mas e a banana prata o tipo mais produzido, não só no Jaíba como em todo o
Estado de Minas Gerais. O presente trabalho teve como objetivo avaliar o uso de esterco
bovino, urina de vaca e biofertilizante como adubação alternativa no cultivo da banana
Prata-Anã no Norte de Minas Gerais.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no ABIP (Associação Educacional Bico da Pedra Bruta),
localizada no município de Janaúba, MG. O delineamento experimental utilizado foi o
de blocos ao acaso com três tratamentos e cinco repetições. Sendo utilizados os
seguintes tratamentos: testemunha, esterco bovino de curral curtido mais biofertilizante,
e biofertilizante mais urina de vaca.
Foi definida a quantidade de 20 litros de biofertilizante por tratamento, 30 kg de
esterco bovino para o tratamento de esterco bovino mais biofertilizante, e de acordo
com os dados da Pesagro (2000) 26 litros de urina bovina para o tratamento
biofertilizante mais urina de vaca. O biofertilizante foi utilizado na proporção de 1:20 e
juntamente com o esterco foram aplicados em círculo a 20 cm de distância da planta
com intervalos quinzenais. A urina bovina foi utilizada a 2%, teor permitido para
fruteiras segundo a Pesagro (2001), e aplicada via solo. Entretanto, em função da
exigência hídrica diária da bananeira (30,0 litros de água em dias de pleno sol) segundo
Cordeiro (2003), as aplicações da urina bovina ficaram limitada ao uso de três litros de
urina para 150 litros de água. As aplicações foram realizadas manualmente a partir do
uso de regadores, após um período de aproximadamente cinco meses, realizou-se a
colheita dos cachos e as avaliações para a obtenção dos dados. Foi avaliado o número
de pencas comerciais (1º, 2º e descarte) a partir de uma seleção visual a olho nu como a
maioria dos agricultores familiares, e com o auxílio de uma régua tipo paquímetro para
medir o diâmetro dos frutos. Os dados obtidos foram avaliados a partir da comparação
das médias dos diferentes tratamentos.
Resultados e Discussão
Observou-se que o maior peso médio do cacho foi obtido no tratamento
biofertilizante mais urina de vaca, que apresentou um incremento de produção de 185,4
%, sendo superior ao tratamento biofertilizante mais esterco bovino, que obteve 8,3 % e
principalmente quanto à testemunha que recebeu apenas água no período chuvoso.
Conforme pode ser comprovado na tabela 1.
116
Conforme pode ser observado na tabela 2, a avaliação para número de pencas
comerciais obtidas observou-se um aumento de 40% no número de pencas de primeira e
33,3% no número de pencas de segunda com o uso do tratamento biofertilizante mais
urina de vaca. Já o tratamento um biofertilizante mais esterco bovino apresentou um
aumento de 100% no número de pencas de segunda, não caracterizando a presença de
pencas classificadas comercialmente como pencas de primeira. Os resultados das
análises para características de frutos foram considerados positivos para os dois
tratamentos, sendo que o tratamento biofertilizante mais urina apresentou resultados
superiores para todos os parâmetros avaliados.
Tabela 1. Características de peso do engaço, peso das pencas e número de pencas,
submetidos a diferentes fontes de adubação alternativa T1 e T2.
Características
Testemunha
Avaliadas
Biofertilizante
Biofertilizante
mais Esterco
mais Urina
Peso do cacho + engaço (kg)
4,8
5,2
13,7
Peso do engaço (kg)
0,8
0,85
1,56
Peso das pencas (kg)
4,0
4,35
12,2
Número de pencas
10
9,0
12,5
Tabela 2. Produtividade média do número de pencas comerciais submetidos a diferentes
fontes de adubação alternativa T1 e T2.
Classificação
Testemunha
das Pencas
Biofertilizante
Biofertilizante
mais Esterco
mais Urina
1º
5,0
0,0
7,0
2º
3,0
6,0
4,0
Descarte
2,0
3,0
1,5
117
Conclusões
Ambos os tratamentos utilizados apresentaram aumento na produção da bananeira
e nos atributos químicos do solo, o tratamento biofertilizante mais urina de vaca
promoveu maior incremento no peso dos cachos, no número de pencas comerciais de
primeira comparando-se com a testemunha e o tratamento biofertilizante mais esterco
bovino.
O presente trabalho induz a uma viabilidade social, por evitar o êxodo rural dos
agricultores familiares ao lhe proporcionar uma alternativa para a condução e
permanência na atividade. As fontes alternativas utilizadas reduzem o uso de
agroquímico e consequentemente o impacto ambiental.
Agradecimentos
Agradecimento ao Programa de Extensão Universitária PROEXT/MEC/SESU
pela concessão de bolsa de incentivo ao desenvolvimento de experiências de base
agroecológica.
Literatura citada
ABANORTE: Associação Central dos Fruticultores do Norte de Minas. Produtores de
banana Querem Criar Central. Jornal Hoje em Dia. Publicado em 28/10/2008.
Disponível em: http://www.abanorte.com.br/noticias/produtores-de-banana-queremcriar-central> Acesso em: 12/07/2013.
CORDEIRO, Z. J. M.; Irrigação. Cultivo da Banana para o Projeto Formoso.
EMBRAPA Mandioca e Fruticultura. Janeiro de 2003.
PESAGRO. Urina de vaca 2000. Disponível em: < http://74.125.47.132/search?q
=cache:78BQxODEDH8J :www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/2014419960.doc+uso+
da+urina+de+vaca+a+2%25+em+fruteiras&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>
Acessado em: 12/07/2013.
PESAGRO. Urina de vaca: Alternativa Eficiente e Barata. Niterói, 2001. 8 p.
(PESAGRO. Documento,68). Disponível em: http://www.pesagro.rj.gov.br/urina.html>
Acessado em: 12/07/2013.
118
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.12. Avaliação de doenças e praga em cultivares de café arábica no sistema
orgânico1
Cássio Francisco Moreira de Carvalho2, Cileimar Aparecida da Silva3, Waldênia de Melo Moura4,
Paulo César de Lima4, Rebeca Lourenço de Oliveira2, Luciano Luíz Jacoob5
1
Trabalho financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Engenheiros Agrônomos Bolsistas, CBP&D-Café /EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa, MG,
[email protected]; [email protected]
3
Bolsista, PIBIC – FAPEMIG - EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]
4
Pesquisadores, D.Sc., EPAMIG - Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected];
[email protected]
5
Engenheiro Agronomo, EPAMIG – Zona da Mata, Viçosa-MG, [email protected]
2
Resumo: Este trabalho teve por objetivo avaliar a incidência de doenças e praga em
cultivares de café arábica no sistema orgânico. O experimento foi instalado na Fazenda
Experimental Vale do Piranga da EPAMIG, situada no município de Oratórios, MG.
Utilizou-se delineamento experimental em blocos casualizados, com 20 cultivares de
café arábica e três repetições. Avaliou-se por meio de escalas de notas atribuídas a
severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix), severidade de cercosporiose (Cercospora
coffeicola), intensidade de seca de ponteiro, incidência de bicho-mineiro (Leucoptera
cofeella) e vigor vegetativo. Observou-se que, em geral, as cultivares apresentaram
pouca severidade de ferrugem e de cercosporiose. Quanto à intensidade de seca de
ponteiro, foi possível classificar as cultivares em dois grupos, sendo que a maioria
apresentou ausência de sintomas. Com relação à incidência de bicho-mineiro, as
cultivares apresentaram sintomas variando de poucas a medianas quantidades de lesões
nas folhas. Dentre as características avaliadas, há variabilidade entre as cultivares de
café no sistema orgânico, somente para a intensidade de seca de ponteiro e para a
incidência de bicho mineiro.
Palavras–chave: Coffea arabica, ferrugem, cercosporiose, seca de ponteiro, bicho
mineiro, variabilidade.
Evaluation of diseases and pests in Arabic coffee in organic systems
Abstract: The objective of this work was to evaluate the incidence of diseases and pests
and vegetative vigor in Arabic coffee in organic systems. The experiment was
conducted at Vale do Piranga’s Experimental Farm, EPAMIG, in the municipality of
Oratórios, MG. The experimental design was a randomized block, with 20 cultivars of
119
Arabic coffee and three replications. Evaluated by scores attributed to leaf rust severity
(Hemileia vastatrix), of severity brown eye spot (Cercospora coffeicola), incidence of
dieback, incidence leaf miner (Leucoptera cofeella) and vegetative vigour. In general,
the cultivars showed low leaf rust and brown eyed spot severity. Regarding the intensity
of dieback, was possible to classify the cultivars in two groups, being that most showed
no symptoms. In relation to the incidence of leaf miner, the cultivars showed symptoms
ranging by low to median damage on leaves. Among the evaluated characteristics, exist
variability between the cultivars of coffee in organic systems, for the intensity of
dieback and incidence of leaf miner.
Keywords: Coffea arabica, leaf rust, brown eye spot, dieback, leaf miner, variability.
Introdução
O estado Minas Gerais é o maior produtor de café arábica do país, e segundo a
Fundação João Pinheiro, 2012, essa commodity é uma das principais responsáveis pelo
PIB do estado. Com a queda abrupta nos preços do café convencional nos últimos anos
e a crescente demanda por alimentos mais saudáveis o café orgânico vem como uma
possível alternativa para esse mercado, principalmente para o pequeno produtor devido
ao seu maior valor agregado. A ferrugem, a cercosporiose, a seca de ponteiro e o bichomineiro são as principais doenças e praga que atacam o café e são responsáveis por
quedas na produtividade (REIS, et al., 2010). Como no cultivo orgânico não é permitido
a utilização de produtos químicos para o controle de doenças e pragas, devem ser
observados os fatores relacionados ao patógeno, ao hospedeiro e ao ambiente, e as
práticas de manejo que desfavoreçam suas proliferações na lavoura. Assim, uma das
formas de amenizar esse problema é a utilização de cultivares tolerantes e, ou,
resistentes a doenças e praga. Nesse sentido avaliou-se 20 cultivares de café arábica
quanto as principais enfermidades em sistema orgânico.
Material e Métodos
O experimento foi instalado na Fazenda Experimental Vale do Piranga da
EPAMIG, situada no município de Oratórios, MG. Utilizou-se delineamento
experimental em blocos casualizados, com 20 cultivares de café arábica e três
repetições. A parcela experimental foi constituída de sete plantas, com espaçamento de
0,70 x 3,6 metros entre plantas e fileiras, respectivamente. Foram feitas capinas
freqüentes nas entrelinhas e na fase inicial de desenvolvimento das plantas no período
seco foi feito irrigação. A adubação e a correção do solo foram realizadas com base na
análise do solo, de acordo com as Recomendações para o Uso de Corretivos e
Fertilizantes em Minas Gerais (Ribeiro, et al.,1999), para a cultura do café, utilizando
adubos permitidos para o cultivo orgânico. Foram avaliadas as seguintes características:
vigor vegetativo: notas de 1 a 10, sendo nota 1 = plantas com baixo vigor, nota 10=
plantas com excelente vigor; severidade de ferrugem (Hemileia vastatrix): notas
variando de 1 a 5, sendo:1 = ausência de sintomas, 2=folhas com poucas pústulas, 3
folhas com infecção moderada; 4= folhas com alta infecção, pústulas abundantes, 5 =
folhas com alta infecção, ocorrendo desfolhas; severidade de cercosporiose (Cercospora
coffeicola): notas de 1 a 5, em que 1 = ausência de doença, 2 = ataque leve em algumas
folhas, 3 = pouco ataque nas folhas, 4 = ataque moderado nas folhas,5 = ataque intenso
nas folhas; intensidade de seca de ponteiro – notas de 1 a 4, onde, 1 = ausência de
sintomas, 2 = poucos sintomas, 3 = média intensidade e 4= intensos sintomas;
incidência de bicho-mineiro (Leucoptera cofeella): notas de 1 a 5, em que 1 = ausência
de sintomas, 2 = poucas lesões distribuídas em algumas folhas, 3= mediana quantidade
120
de lesões, 4 = grande quantidade de lesões coalescidas e 5= grande quantidade de lesões
coalescidas e desfolha;. Os dados foram analisados utilizando-se o programa estatístico
SAEG, e as médias foram comparadas pelo teste de agrupamento de média de Scottknott, a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Não foi observado diferença significativa (p>0,05) para as características vigor
vegetativo, severidade de ferrugem e de cercosporiose (Tabela 1). Quanto ao vigor
vegetativo, as notas variaram entre 5 e 7 sendo as cultivares mais vigorosas: Acauã,
Icatu Precoce IAC 3282 e Catucaí Vermelho785/15 e as menos vigorosas: Mundo Novo
IAC 379-19 e Paraíso MG H 419-1. As demais cultivares apresentaram vigores entre os
dois grupos citados acima. (Tabela 1). As condições de manejo adequado com insumos
orgânicos, correção do solo, capinas e irrigação foram fatores que contribuíram para um
bom desenvolvimento das cultivares.
Tabela 1 – Médias de Vigor Vegetativo (Vig), Severidade de Ferrugem (SF),
Severidade de cercosporiose (SC), Intensidade de seca de ponteiro (ISP) e da incidência
de bicho mineiro (IBM) de 20 cultivares de café arábica, Oratórios, Minas Gerais 2013.
Vig n/s
SFn/s
SC n/s
ISP
IBM
Acauã
7,00
1,00
2,00
1,00 B
2,67 A
Catucaí Vermelho 785/15
Icatu Precoce IAC 3282
6,67
6,67
1,00
1,33
2,00
2,00
1,00 B
1,67 A
2,33 B
2,67 A
Catuaí Amarelo IAC 62
Topázio MG 1190
6,33
6,33
1,67
1,33
2,00
2,00
1,33 A
1,00 B
2,67 A
2,33 B
Obatã IAC 1669-20
Tupi RN
6,33
6,33
1,00
1,00
2,00
2,00
1,00 B
1,00 B
2,33 B
3,00 A
Catucaí Amarelo 2 SL
IBC Palma 2
6,00
5,67
1,33
1,33
2,00
2,00
1,00 B
1,33 A
3,00 A
2,33 B
Oeiras MG 6851
Araponga MG 1
5,67
5,67
1,33
1,00
2,00
2,33
1,00 B
1,00 B
2,67 A
2,67 A
Catiguá MG 2
Catuaí Vermelho IAC 15
5,67
5,67
1,00
1,00
2,00
2,00
1,00 B
1,33 A
2,67 A
2,67 A
Acaiá Cerrado MG 1474
Icatu Vermelho IAC 4045-47
5,67
5,67
1,33
1,00
2,00
2,33
1,33 A
2,00 A
2,00 B
2,33 B
Sacramento MG 1
Catiguá MG 1
Catuai Vermelho IAC 44
Paraíso MG H 419-1
Mundo Novo IAC 379-19
5,67
5,33
5,33
5,00
5,00
1,00
1,00
1,33
1,00
1,00
2,33
2,00
2,00
2,00
2,00
1,00 B
1,00 B
1,00 B
1,00 B
1,33 A
2,67 A
2,33 B
2,33 B
2,67 A
2,00 B
Médias
5,88
1,15
2,05
1,17
2,52
CV (%)
12,49
32,27
10,91
27,69
13,26
Cultivares
n/s
Não significativo pelo teste F.
Médias seguidas pelas mesmas letras, nas colunas, não diferem pelos teste de agrupamento de médias Scott-Knott a nível de 5% de
probabilidade
Para a severidade de ferrugem a maioria das plantas não apresentaram sintomas
da doença, por serem geneticamente resistentes ou tolerantes a ferrugem. Ressaltasse
que as cultivares susceptíveis a ferrugem apresentaram pouca incidência da doença,
provavelmente pelo fato da adubação orgânica favorecer a manutenção de organismos
121
antagonistas que reduzem a infecção das cultivares pelo fungo (HADDAD et al., 2007).
Essa é a doença mais importante do cafeeiro, seu principal dano é a queda das folhas e
por consequência da diminuição da produção em até 50% (REIS et al., 2010).
Todas as cultivares de café apresentaram pouca severidade de cercosporiose
(Tabela 1). A intensidade dessa doença está relacionada com o desequilíbrio da relação
N/K (FERDANDEZ-BARRETO et al., 1966). Quanto a intensidade de seca de ponteiro
observaram-se diferenças significativas entre as cultivares (Tabela1), sendo possível
classifica-las em dois grupos, o primeiro com ausência de sintomas, compreendendo a
maioria das cultivares e o segundo grupo com pouco sintoma da doença, formado pelas
cultivares Icatu Precoce, Catuaí Amarelo IAC 62, Icatu Vermelho IAC 4045-47,
Sacramento MG 1, Catuaí Vermelho IAC 44, Paraíso MG H 419-1.
Com relação à incidência de bicho mineiro também foram observadas diferenças
significativas entre as cultivares (Tabela 1), e novamente foram classificadas em dois
grupos, sendo que nove cultivares apresentaram poucas lesões distribuídas em algumas
folhas e o segundo grupo composto pela maioria das cultivares apresentaram mediana
quantidade de lesões. Essa é a principal praga do cafeeiro, as lesões causadas pelas
lagartas do bicho mineiro diminuem a área fotossinteticamente ativa das folhas (REIS et
al., 2010).
Conclusões
No sistema orgânico há variabilidade para a intensidade de seca de ponteiro e para
a incidência de bicho mineiro em cultivares de café.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) e ao
Consorcio Brasileiro de Pesquisas do Café (CBP&D-Café) pelo apoio financiamento do
projeto e pelas bolsas concedidas aos autores.
Literatura citada
RIBEIRO, A.A.; GUIMARÃES, P.T.G. ALVAREZ, V.V.H. (eds.). Recomendações
para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais; 5 a aproximação. Viçosa:
Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerais, CFSEMG 1999.359p
REIS, P.R.; CUNHA, R.L. da. (Eds) Café Arábica do plantio à colheita. Lavras, MG.
EPAMIG. v.1, 896p, 2010.
HADDAD, F.; MAFFIA, L. A.; MIZUBUTI, E.S.G.; TEIXAIRA, H. Controle
Biológico da ferrugem em cafeeiros sob cultivo orgânico. In: 5 simpósio de Pesquisa
dos Cafés do Brasil, 2007, Águas de Lindóia, São Paulo. Anais... Brasília, DF:
EMBRAPA, 2007.
FERDANDEZ-BARRETO, O.; MESTRE, A.M.;LOPES-DUQUE, S.I. Efecto de la
fertilización em la incidencia de la mancha de hierro (Cerpospora coffeicola) em fruos
de café. Cenicafé, Chinchinná, v.17, n.1, p.5-16, 1966.
FUNDAÇÃO
JOÃO
PINHEIRO.
http://www.fjp.gov.br/index.php/banco-denoticias/35-fjp-na-midia/1834-pib-de-minas-gerais-acompanha-o-brasileiro-e-cresce04-no-segundo-trimestre. Acessado em 29/07/2013.
122
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.13. Biomassa da Fauna do Solo após Cultivo do Milho Verde sob Adubação
Orgânica proveniente de Dejetos Suínos
Bruna Bernardes de Castro 1, Carmen Maria Coimbra Manhães2, Fábio Cunha Coelho 3
1
Estudante de graduação em Agronomia na UENF.
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal na UENF.
3
Professor do Departamento de Grandes Culturas e Silvicultura na UENF.
2
Resumo: Uma das alternativas de reciclagem dos dejetos suínos é o uso como
fertilizante do solo, em função do seu conteúdo de nutrientes, entretanto o uso de
dejetos deverá estar condicionado ao emprego de sistemas de fermentação capazes de
reduzir os riscos sanitários. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de
doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que
foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e
adubos minerais sobre a biomassa da fauna edáfica após o cultivo do milho verde.
Foram realizadas duas coletas de solo para análise da fauna. Os dados de biomassa de
fauna foram submetidos à análise de variância e teste Tukey, a 5%, objetivando
comparar as épocas de coleta. O adubo orgânico produzido através de dejeto suíno em
fase de leitão alimentados com o complexo enzimático Allzyme® SSF assim como a
testemunha adubada de forma convencional foram eficientes para incrementar biomassa
de fauna do solo. Já o adubo originado de dejetos suínos em fase de crescimento e
terminação não foram eficientes para aumentar a biomassa de fauna no solo.
Palavras–chave: biomassa de fauna, compostagem, dejetos suínos
Soil Fauna Biomass after Cultivation of Corn under Organic Fertilizer from Swine
Manure
Abstract: An alternative recycling of swine manure is the use as soil fertilizer,
according to their nutrient content, however the use of manure should be conditioned to
the use of fermentation systems able to reduce health risks. The aim of this study was to
evaluate the effect of adding increasing doses of organic fertilizers prepared from swine
manure (that were fed diets containing multienzyme complex Allzyme® SSF), and
mineral fertilizers on soil fauna biomass after cultivation corn. There were two samples
for analysis of soil fauna. The biomass data of fauna were subjected to analysis of
variance and Tukey test at 5%, in order to compare the sampling times. Organic manure
produced by swine manure in phase piglets fed the enzyme complex Allzyme ® SSF
123
and the witness were fertilized conventionally efficient to increase the soil fauna
biomass. Already manure originated from pig manure on the growth phase and
termination was not effective to increase the soil fauna biomass.
Keywords: biomass of soil fauna, composting, swine manure
Introdução
Nas últimas décadas o aumento das tecnologias utilizadas, a expansão do sistema
de criação intensivo, e a integração dos produtores com a agroindústria, têm gerado
grandes quantidades de dejetos em pequenas áreas.
Os dejetos não são compostos somente por fezes e urina, mas também por
desperdícios de água dos bebedouros e de lavagem, além de restos de ração e pêlos dos
animais, possuindo alto potencial poluidor devido à sua composição química, que tem
grande capacidade de comprometer a qualidade das águas subterrâneas e superficiais
(BORDIN, 2005).
Dentre os fatores que podem modificar a composição dos dejetos podem-se citar:
idade fisiológica do animal, quantidade de água incorporada aos dejetos, sistema de
manejo adotado, quantidade e digestibilidade dos nutrientes fornecidos na dieta. O
manejo da nutrição é uma das formas mais eficientes para redução da carga poluente e
da quantidade de dejetos gerados (SEGANFREDO, 2007).
Uma das alternativas de reciclagem dos dejetos suínos é o uso como fertilizante
do solo, em função do seu conteúdo de nutrientes, entretanto o uso de dejetos deverá
estar condicionado ao emprego de sistemas de fermentação capazes de reduzir os riscos
sanitários e a um plano de manejo de nutrientes compatível com o tipo de solo e de
planta (SEGANFREDO, 2007).
O composto maturado age no solo de três maneiras: como condicionador das
propriedades físicas do solo, como fertilizante de liberação gradual dos nutrientes, como
ativador da ação biológica do solo, isto em função do estímulo à atividade dos microorganismos naturais (KIEHL, 1985).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de
adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com
ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a
biomassa da fauna edáfica de um Latossolo, após o cultivo do milho verde.
Material e Métodos
O experimento com o milho verde (Zea mays) cultivar BR 106, foi conduzido na
estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de
Janeiro (Pesagro-Rio), em Campos dos Goytacazes, RJ, no período de fevereiro a junho
de 2013, em uma área que estava em pousio há 3 anos.
As amostras de solo para avaliação da fauna edáfica foram coletadas no mês de
janeiro antes da implantação do experimento (primeira coleta) e julho de 2013 após
colheita do milho (segunda coleta) em uma área experimental que utilizou diferentes
doses de adubação orgânica provenientes de dejetos de suínos (que foram alimentados
com ração contendo o complexo multienzimático Allzyme® SSF), em um Latossolo, de
textura franco argilo arenosa.
Foi usado o delineamento experimental em blocos casualizados com nove
tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 unidades experimentais. Cada unidade
experimental foi constituída por 4 linhas de 6 metros, sendo semeadas 4 sementes por
metro.
124
Os dejetos de suínos foram obtidos no setor de Suinocultura da UENF, através do
processo de compostagem.
Tabela 1 - Descrição dos tratamentos utilizados com as especificações dos adubos
orgânicos e doses
Dose (g/m)
Tratamento
Adubo orgânico
1
Dejeto suíno sem enzima
215 em semeadura + 238 em cobertura
2
Dejeto suíno sem enzima
323 em semeadura + 357 em cobertura
3
Dejeto suíno sem enzima
434 em semeadura + 476 em cobertura
4
Dejeto suíno sem enzima
539 em semeadura + 595 em cobertura
5
Dejeto suíno com enzima
215 em semeadura + 238 em cobertura
6
Dejeto suíno com enzima
323 em semeadura + 357 em cobertura
7
Dejeto suíno com enzima
434 em semeadura + 476 em cobertura
8
Dejeto suíno com enzima
539 em semeadura + 595 em cobertura
Testemunha – Adubo
10 de S.A + 44,5 de S.S + 6,67 de KCL em
mineral
semeadura + 30 S.A em cobertura.
S.A= sulfato de amônio; S.S= super simples; KCL= Cloreto de Potássio
9
As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-5 cm com o uso de
um gabarito metálico quadrado medindo 25 cm x 25 cm. A extração da fauna foi feita
em bateria de funis Berlese-Tüllgren. A triagem das amostras de fauna do solo em nível
de grandes grupos taxonômicos foi feita individualmente em placa de petri, sob lupa
binocular e os indivíduos identificados foram armazenados em vidros contendo álcool
70%. A biomassa de fauna (massa dos indivíduos em g.m-2) foi calculada da seguinte
forma: Os vidros com tampa contendo álcool 70% tiveram suas massas medidas antes
da triagem utilizando balança de precisão (massa 1).
Após a triagem de cada amostra, as massas dos vidros foram medidas novamente
(massa 2), podendo-se obter a massa dos indivíduos através de subtração da massa 2
pela massa 1. Os resultados das medições de cada amostra foram multiplicados por 16
para se obter a massa em g.m-2, pois a área do gabarito equivale a 0,0625 m2, ou seja,
1/16 de 1 m2.
Os dados de biomassa de fauna foram submetidos à análise de variância e teste
Tukey, a 5%, objetivando comparar as épocas de coleta.
Resultados e Discussão
Na primeira época de coleta, caracterizando o solo antes da implantação do
experimento, os indivíduos encontrados foram das ordens Isopoda, Coleoptera e
Collembola e família Formicidae. Na segunda época de coleta além dos indivíduos das
ordens encontradas na época 1, também foram encontrados indivíduos das ordens
Araneae, larvas das ordens Coleoptera e Lepdoptera e indivíduos da classe Chilopoda.
Na primeira época de coleta a média de indivíduos/m2 foi de 44 e de biomassa
9,24 g/m2. Na segunda época de coleta a média de número de indivíduos nos diversos
tratamentos, variou de 176 a 1088 indivíduos/m2 e de biomassa variou de 5,92 a 27,20
g/m2(tabela 2).
125
Tabela 2 - Caracterização da fauna do solo em grupos taxonômicos (ind/m2) biomassa
(g/m2) nas duas épocas de coleta
Tratamento
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Indivíduos
Biomassa
Época 1
44,00
9,24A
44,00
9,24A
44,00
9,24A
44,00
9,24A
44,00
9,24B
44,00
9,24A
44,00
9,24A
44,00
9,24A
44,00
9,24B
Época 2
736
5,92A
416
18,0A
368
13,52A
672
13,28A
312
27,20A
704
18,08A
176
9,36A
424
13,1A
1088
26,88A
Médias seguidas da mesma letra na linha (comparando épocas) não diferem pelo teste Tukey, a 5%.
Ao se comparar as épocas de coleta, os tratamentos 5 e 9 referentes a dejetos
suínos alimentados com a enzima e a testemunha adubada com adubo mineral,
apresentaram diferença significativa (tabela 2), significando que esses tratamentos
foram eficientes para aumentar a biomassa de fauna por m2 no solo na segunda época de
coleta, nos demais tratamentos não houve diferença significativa.
Conclusões
Nas condições em que o experimento foi realizado, conclui-se que o adubo
orgânico produzido através de dejeto de suínos alimentados com o complexo enzimático
Allzyme® SSF assim como a testemunha adubada de forma convencional foram
eficientes para incrementar biomassa de fauna do solo. Já o adubo originado de dejeto
suíno sem o complexo enzimático não foi eficiente para tal.
Literatura citada
BORDIN, R. A. A produção de dejetos e o impacto ambiental na Suinocultura.
Revista de Ciências Veterinárias, Vol.3 Nº3, 2005.
KIEHL, E.J. Fertilizantes Orgânicos. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, 1985.
492p.
SEGANFREDO, M.A. Gestão Ambiental na Suinocultura. Brasília-DF, EMBRAPA
Suínos e Aves/EMBRAPA, 2007. 302p.
126
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.14. Caracterização da Fauna Edáfica do Solo após Cultivo do Milho Verde sob
Adubação Orgânica proveniente de Dejetos Suínos
Bruna Bernardes de Castro 1, Carmen Maria Coimbra Manhães2, Fábio Cunha Coelho3
1
Estudante de graduação em Agronomia na UENF.
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal na UENF.
3
Professor do Departamento de Grandes Culturas e Silvicultura na UENF.
2
Resumo: O monitoramento dos grupos de fauna no solo permite não só uma inferência
sobre a funcionalidade destes organismos, como uma indicação simples da
complexidade ecológica dessas comunidades. O objetivo deste trabalho foi avaliar o
efeito da adição de doses crescentes de adubos orgânicos preparados a partir de dejetos
de suínos (que foram alimentados com ração contendo complexo multienzimático
Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a fauna edáfica após o cultivo do milho verde.
Os dados de densidade de fauna e riqueza de grupos foram submetidos à análise de
variância e teste Tukey, a 5%, objetivando comparar as épocas de coleta. A densidade
de fauna do solo variou de 40 a 1920 Ind/m2 e a riqueza de 0,7 a 11 grupos. Os grupos
taxonômicos mais encontrados foram das ordens Isopoda, Coleoptera (adulto e larva),
Araneae e Collembola, da família Formicidae e da classe Chilopoda. Conclui-se que os
adubos orgânicos produzidos através de dejetos suínos em fase de leitão e em fase de
crescimento e terminação, alimentados sem e com o complexo enzimático Allzyme®
SSF assim como a testemunha adubada de forma convencional foram eficientes para
incrementar indivíduos/m2 e número de grupos taxonômicos de fauna no solo.
Palavras–chave: dejetos suínos, fauna do solo, Zea mays
Characterization of soil fauna after Soil Cultivation on Corn Organic Fertilizer
from Swine Manure
Abstract: The study of organism groups in the soil allows not only an inference about
the functional of these organisms, but is also a simple indication of the community
ecological complexity. The aim of this study was to evaluate the effect of adding
increasing doses of organic fertilizers prepared from swine manure (that were fed diets
containing multienzyme complex Allzyme® SSF), and mineral fertilizers on soil fauna
after cultivation corn. The data of density fauna and richness groups were subjected to
analysis of variance and Tukey test at 5%, in order to compare the sampling times. The
density of soil fauna ranged from 40 to 1920 ind/m2 and richness from 0.7 to 11 groups.
Taxonomic groups found were the orders Isopoda, Coleoptera (adult and larva),
127
Araneae and Collembola, family Formicidae and class Chilopoda. We conclude that
organic fertilizers produced using pig manure in phase piglets and growing-finishing fed
with and without enzyme supplementation Allzyme ® SSF and the witness fertilized
conventionally were efficient to increase individuals/m2 and number of taxonomic
groups of soil fauna.
Keywords: soil fauna, swine manure, Zea mays
Introdução
Quando descartados in natura em rios e cursos d´água, os dejetos suínos
provocam diminuição do teor de oxigênio dissolvido, eutrofização da água, aumento de
patógenos, morte de peixes, incorporação de amônia, nitrato e outros componentes
tóxicos.
Dentre os fatores que podem modificar a composição dos dejetos podem-se citar:
idade fisiológica do animal, quantidade de água incorporada aos dejetos, sistema de
manejo adotado, quantidade e digestibilidade dos nutrientes fornecidos na dieta. O
manejo da nutrição é uma das formas mais eficientes para redução da carga poluente e
da quantidade de dejetos gerados (SEGANFREDO, 2007).
O tratamento dos dejetos líquidos via processo de compostagem é uma alternativa
promissora para assegurar a manutenção das áreas de produção intensiva de suínos,
porque reduz os riscos de poluição das águas superficiais e subterrâneas por nitratos,
fósforo e outros elementos minerais ou orgânicos; do ar pelas emissões de NH3, CO2,
N2O e H2S e, de outra parte, em função dos custos e dificuldades de tratamento,
armazenamento, transporte, distribuição e utilização na agricultura dos resíduos
(OLIVEIRA; KERMARREC; ROBIN, 2000).
A matéria orgânica exerce importantes efeitos benéficos sobre as propriedades do
solo, contribuindo substancialmente para o crescimento e desenvolvimento das plantas
(KIEHL, 1985). A fauna do solo tem importante atuação nos processos de
decomposição, mineralização e humificação de resíduos orgânicos; imobilização e
mobilização de macro e micronutrientes; fixação de nitrogênio atmosférico;
estruturação e agregação do solo e conseqüente conservação e regulação de pragas e
doenças (auto-regulação), beneficiando os sistemas de produção como um todo
(DEVIDE; CASTRO, 2009).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de
adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com
ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a
fauna edáfica de um Latossolo, após o cultivo do milho verde.
Material e Métodos
O experimento com o milho verde (Zea mays) cultivar BR 106, foi conduzido na
estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de
Janeiro (Pesagro-Rio), em Campos dos Goytacazes, RJ, no período de fevereiro a junho
de 2013, em uma área que estava em pousio há 3 anos.
As amostras de solo para avaliação da fauna edáfica foram coletadas no mês de
janeiro antes da implantação do experimento (primeira coleta) e julho de 2013 após
colheita do milho (segunda coleta) em uma área experimental que utilizou diferentes
doses de adubação orgânica provenientes de dejetos de suínos (que foram alimentados
com ração contendo o complexo multienzimático Allzyme® SSF), em um Latossolo, de
textura franco argilo arenosa.
128
Foi usado o delineamento experimental em blocos casualizados com nove
tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 unidades experimentais. Cada unidade
experimental foi constituída por 4 linhas de 6 metros, sendo semeadas 4 sementes por
metro.
Tabela 1 - Descrição dos tratamentos utilizados com as especificações dos adubos
orgânicos e doses
Tratamento
Adubo orgânico
Dose (g/m)
1
Dejeto suíno sem enzima
215 em semeadura + 238 em cobertura
2
Dejeto suíno sem enzima
323 em semeadura + 357 em cobertura
3
Dejeto suíno sem enzima
434 em semeadura + 476 em cobertura
4
Dejeto suíno sem enzima
539 em semeadura + 595 em cobertura
5
Dejeto suíno com enzima
215 em semeadura + 238 em cobertura
6
Dejeto suíno com enzima
323 em semeadura + 357 em cobertura
7
Dejeto suíno com enzima
434 em semeadura + 476 em cobertura
8
Dejeto suíno com enzima
539 em semeadura + 595 em cobertura
Testemunha – Adubo
10 de S.A + 44,5 de S.S + 6,67 de KCL em
mineral
semeadura + 30 S.A em cobertura.
S.A= sulfato de amônio; S.S= super simples; KCL= Cloreto de Potássio
9
As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-5 cm com o uso de
um gabarito metálico quadrado medindo 25 cm x 25 cm. A extração da fauna foi feita
em bateria de funis Berlese-Tüllgren. A triagem das amostras de fauna do solo em nível
de grandes grupos taxonômicos foi feita individualmente em placa de petri, sob lupa
binocular e os indivíduos identificados foram armazenados em vidros contendo álcool
70%.
Os resultados das medições de cada amostra foram multiplicados por 16 para se
obter a o número de indivíduos por m2. A partir dos resultados obtidos com a triagem,
foram calculados a densidade (número de indivíduos por m2) e a riqueza da fauna
(número de grupos identificados) além da analise estatística dos dados, utilizando teste
Tukey, a 5%.
Resultados e Discussão
Na primeira época de coleta, caracterizando o solo antes da implantação do
experimento, os indivíduos encontrados foram das ordens Isopoda, Coleoptera e
Collembola e família Formicidae. Na segunda época de coleta além dos indivíduos das
ordens encontradas na época 1, também foram encontrados indivíduos das ordens
Araneae, larvas das ordens Coleoptera e Lepdoptera e indivíduos da classe Chilopoda.
Na primeira época de coleta a média de indivíduos/m2 foi 44. Na segunda época
de coleta a média de número de indivíduos nos diversos tratamentos, variou de 176 a
1088 indivíduos/m2 (tabela 2).
129
Tabela 2 - Caracterização da fauna do solo em densidade (ind/m2) e riqueza (número de
grupos taxonômicos) nas duas épocas de coleta
Tratamento
Ind/m2
Riqueza
Época 1
Época 2
Época 1
Época 2
1
44B
736A
1,1B
6,5A
2
44A
416A
1,1B
7,5A
3
44A
368A
1,1B
8A
4
44B
672A
1,1B
7,5A
5
44A
312A
1,1B
7,5A
6
44B
704A
1,1B
10A
7
44A
176A
1,1B
6,5A
8
44B
424A
1,1B
7,5A
9
44B
1088A
1,1B
5,5A
Médias seguidas da mesma letra na linha (comparando épocas) não diferem pelo teste Tukey, a 5%.
Ao se comparar as densidades em indivíduos/m2 entre as épocas de coleta, os
tratamentos 1, 4, 6, 8 e 9 apresentaram diferença significativa (tabela 2), significando
que esses tratamentos foram eficientes para aumentar a quantidade de fauna por m2 no
solo. Quanto ao número de grupos presentes no solo (riqueza) todos os tratamentos,
foram eficientes para aumentar o número de grupos taxonômicos presentes no solo
(tabela 2). Significando que independente da presença ou não do complexo enzimático
na ração, a quantidade de indivíduos presentes e o número de grupos presentes foi
estimulado pela adubação com dejetos suínos.
Conclusões
Nas condições em que o experimento foi realizado, conclui-se que os adubos
orgânicos produzidos através de dejetos suínos alimentados sem e com o complexo
enzimático Allzyme® SSF assim como a testemunha adubada de forma convencional
foram eficientes para incrementar indivíduos/m2 e número de grupos taxonômicos de
fauna no solo.
Literatura citada
DEVIDE, A.C.P.; CASTRO, C.M. Manejo do solo e a dinâmica da fauna edáfica.
2009. Disponível em:
<http://www.infobibos.com/Artigos/2009_1/ManejoSolo/index.htm>. Acesso em: 3 set.
2009.
KIEHL, E.J. Fertilizantes Orgânicos. Piracicaba: Editora Agronômica Ceres, 1985.
492p.
OLIVEIRA, P. A. V.; KERMARREC, C.; ROBIN, P. Balanço de nitrogênio e fósforo
em sistema de produção de suínos sobre cama de maravalha. In: CONGRESSO
SEGANFREDO, M.A. Gestão Ambiental na Suinocultura. Brasília-DF, EMBRAPA
Suínos e Aves/EMBRAPA, 2007. 302p.
130
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.15. Construção de instalação para caprinos com materiais alternativos1
Fernanda de Cassia Fabricio Carretoni2, Wendell Queiroz Leite2, Rafael Alexandre
Almeida Oliveira2, Cássio Rodrigo da Silva2, Fernanda Vieira Gomes2, Antonio
Rodrigues Silva7
1
Parte do projeto de extensão foi financiada pela Universidade Federal do Mato Grosso.
Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT, Rondonópolis, MT.
7
Professor do Instituto de Ciências Agrárias e Tecnológicas – UFMT, Rondonópolis, MT.
2
Resumo: O objetivo do trabalho foi projetar e construir um aprisco para caprinos e um
depósito com a finalidade de armazenar alimentos e utensílios utilizando-se materiais
baixo custo que seriam descartados no ambiente. O aprisco é uma das instalações
utilizadas como abrigo para proteção contra a radiação direta e chuvas, proporcionando
assim, maior conforto para o animal e maior facilidade na higienização do local. A
construção foi implantada na área Experimental do Campus de Rondonópolis/UFMT,
como parte do projeto de extensão universitária intitulado “Assistência zootécnica aos
criadores de cabras para o desenvolvimento rural na microrregião de Rondonópolis,
MT”. Foi obtido um resultado satisfatório considerando-se o capital investido e o BemEstar animal, notando-se melhorias na saúde do caprino alojado, através da avaliação do
exterior do mesmo como a pelagem, a ausência de ferimentos provocados pela radiação
solar e da cerca, cascos normais e a ausência de ectoparasitas. A utilização de materiais
reaproveitados para a construção de apriscos se torna uma opção alternativa
recomendável, pois além do baixo investimento, atendeu as necessidades do animal, e
contribuiu para a preservação do meio ambiente.
Palavras–chave: cabras, instalações, reutilização de materiais
Construction of installations for goats with reusing materials
Abstract: The objective of this study was to project the construction of an elevated
Goat Pen and one deposit for the purpose of storing rations and using low cost and
available materials that would otherwise be discarded into the environment. pen for
goats becomes necessary because this is used as a shelter for protection from direct
radiation and rainfall, providing greater comfort for the animal and easy in cleaning the
place. The elevated Goat Pen was built in the experimental area of Institute of
Agricultural Science and Technology situated in the The Federal University of Mato
Grosso (Rondonópolis), during the development of the activities of the university
extension project "Assistência Zootécnica aos criadores de cabras para o
131
Desenvolvimento Rural na Micro-Região De Rondonópolis, MT". We obtained
excellent results in relation to invested capital and welfare of the animal, noting
improvements in health by evaluating external characteristics, such as coat, no injuries
caused by solar radiation, hooves horns and the absence of ectoparasites. The use of
recycled materials for the construction of folds becomes a strongly recommended option
since it is a low cost investment and met the needs of the animal, obtaining an optimal
return and contributing to environment conservation.
Keywords: Goats, installations, reusing materials
Introdução
A construção de aprisco para caprinos se torna necessária, pois é utilizado como
abrigo para proteção contra a radiação direta e chuvas, buscando um maior conforto
para o animal, já que possuem uma grande sensibilidade ao excesso de umidade e
proporciona maior facilidade na higienização do local.
Eloy et al. (2001), em seus trabalhos comentam que o planejamento inicial das
instalações deve levar em consideração fatores como localização na propriedade,
orientação, declividade e altitude do terreno e adequação ao sistema de criação
utilizado. Devido a isso, inicialmente deve-se procurar uma orientação profissional para
analisar a área disponível, condições meteorologias e geográficas de modo que tenha
um ótimo planejamento para a construção e que facilite o manejo dos animais, buscando
métodos de evitar o estresse no animal, visando não prejudicar o desempenho produtivo
e reprodutivo dos mesmos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre a
Pesquisa de Produção da Pecuária Municipal de 2010 (PPM 2010), referente ao
crescimento dos rebanhos de caprinos entre os anos de 2009 e 2010 cresceram 1,6% e
para ovinos foi de 3,4%. Sendo averiguados esses dados, observa-se um pico de
crescimento continuo havendo a necessidade de estudos de melhorias nesse setor para
que se obtenha um aumento na produtividade desses animais, consequentemente um
aumento na qualidade dos produtos oriundos dos mesmos. Contudo, observa-se que
deve haver investimentos em instalações adequadas para que se obtenha aumento na
produtividade. Devido o alto custo, é grande a dificuldade encontrada no investimento
em materiais a serem utilizados na construção de aprisco. O objetivo desse trabalho foi
utilizar material de baixo custo (madeira, telhas, grade de ferro) que seriam descartados,
como alternativa para execução de um projeto de construção de aprisco para
reprodutores, a ser utilizado como unidade didática na área experimental do
ICAT/CUR/UFMT.
Material e Métodos
O aprisco foi construído na área Experimental do Instituto de Ciências Agrárias e
Tecnológicas (ICAT) do Campus de Rondonópolis da Universidade Federal de Mato
Grosso.
Foram reutilizados nove caixotes de madeira, utilizados como embalagem de
para-brisa de automóveis, grades de ferros usadas para construção de placas de cimento
(instaladas como cerca), folhas de isopor retiradas do forro de prédios da universidade,
telhas de fibrocimento e de zinco, e madeiramentos para construção (vigas, vigotas e
caibros). Além dos materiais utilizados foi necessário adquirir pregos 15x15,13x15 e
17x21, 12 metros de canos ¾, rolos de arames galvanizados e verniz.
132
A área total utilizada tem 21,36 m2, subdivididos em aprisco, solário, depósito,
terraço e área de acesso. O depósito, com uma área de 5,40 m2, foi construído com a
finalidade se armazenar alimentos, utensílios e equipamentos de manutenção do local.
As telhas de zinco foram utilizadas para a sua cobertura, com 10% de inclinação. Nas
paredes laterais foram instaladas folhas de isopor para isolamento térmico e o piso foi
revestido com concreto para que proporcione maior facilidade e eficiência na
higienização do local. O depósito foi construído ao lado do aprisco para facilitar o
manejo e a higienização dos animais.
Na área construída, foi adotado um pé direito com 2,41 metros de altura,
facilitando a ventilação, para melhor conforto do animal a ser alojado. Na área utilizada
como solário, e sob a área ripada foi mantido piso de terra batida, utilizando-se pedrisco
aterrado para evitar acumulo de urina e melhor higienização na remoção das fezes e
restos de alimentos. A construção foi projetada para que os raios solares durante parte
da manha e da tarde entrem no aprisco, obtendo-se assim uma ação bactericida sobre
micro-organismos, sendo de forma natural e não prejudicial ao animal, além de manter
uma baixa umidade no local.
O piso do aprisco destinado ao abrigo do reprodutor é ripado, sendo este
removível, cuja altura é de 0,88m do solo, evitando assim que o animal ao deitar entre
em contato com seus dejetos e se contamine, visando uma maior facilidade na
higienização. O intervalo entre cada ripa é de 1,5 cm para facilitar a passagem de fezes e
urina. O encanamento foi feito em toda a área, para que não falte água para o
reprodutor, além de facilitar a limpeza do ambiente e das ferramentas. As telhas foram
dispostas em duas águas, colocadas de modo a proteger o madeiramento utilizado na
construção evitando a sua deterioração, de forma a facilitar o escoamento das águas
oriundas de chuvas.
As porteiras, com 1,19 metros de largura por 1,55 metros de altura, foram
instaladas para deter o animal, tendo assim um melhor manuseio de equipamentos e
facilitade na condução da carriola dentro do aprisco.
Para o acesso ao aprisco foi construída uma rampa com 2,20 metros de
comprimento por 25 cm de largura com inclinação de 25%, na qual foram fixadas ripas
sobre sapatas de borracha (na posição horizontal) com intervalos de 18 cm, para melhor
apoio do animal no deslocamento.
Resultados e Discussão
Alojando o animal no aprisco, foi observado o exterior do mesmo como a
pelagem, em cujo período de observação não foi registrado ferimento provocado pela
radiação solar ou por matérias como madeira e ferro, sem avarias nos cascos e
ocorrência de ectoparasitas.
A utilização de materiais reaproveitados para a construção de apriscos se torna
uma opção alternativa recomendável, pois além do baixo investimento, atendeu as
necessidades do animal, e contribuiu para a preservação do meio ambiente (Figura 1).
Paralelamente, foi feita uma cotação de material para a construção do aprisco em três
lojas de materiais de construção na praça, cujos preços médios variavam de acordo com
o tipo, quantidade e material empregado; o valor médio estimado para a construção da
instalação seria de R$1047,37. Com o aproveitamento dos materiais o valor investido
foi de apenas R$163,50, excluindo-se a mão de obra, transporte, água e energia.
133
Figura 1 – Imagem da Instalação construída
Conclusões
A utilização de materiais reaproveitados para a construção do aprisco pode ser
uma opção altamente funcional, pois é um investimento de baixo custo que
atendeu as necessidades do animal, obtendo-se um ótimo retorno. Além de
contribuir com os fatores ambientais, tais como a redução do impacto
ambientequanto ao acúmulo de resíduos sólidos, foi possível se construir um
abrigo seguro e confortável para o alojamento de um reprodutor caprino.
Literatura citada
BORGES, Carlos H. Pizarro; BRESSLAU, Suzana. Planejamento De Custos Na Construção
Do Capril. VII ENDEC - Encontro Nacional para o Desenvolvimento da Espécie Caprina.
Santos – SP. 2002.
CARNEIRO, Maria Alice de Mesquita; Melo, Herbart dos Santos. Aplicação dos princípios de
uma boa instalação na construção de apriscos. XXVI ENEGEP, Fortaleza – CE. 2006.
CASALE, Daniele Sleutjes; ORTENSI, Paula; PICCININ, Adriana. Um modelo de instalação
para a criação de ovinos em semiconfinamento. Revista Científica Eletônica de Medicina
Veterinária, nº 10. 2008.
ELOY, A.M.X.; ALVES, F.S.F.; CAVALCANTE, A.C.R. et. al. Orientações Técnicas para a
Produção de Caprinos e Ovinos em Regiões Tropicais. Sobral, CE: Embrapa Caprinos e
Ovinos, 2001. p. 41-50. 79 p.
134
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa – UFV
2.16. Caracterização da Macrofauna do Solo após Cultivo do Milho Verde sob
Adubação Orgânica proveniente de Dejetos Suínos
Bruna Bernardes de Castro 1, Carmen Maria Coimbra Manhães2, Fábio Cunha Coelho 3,
Francisco Maurício Alves Francelino 4
1
Estudante de graduação em Agronomia na UENF.
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Produção Vegetal na UENF.
3
Professor do Departamento de Grandes Culturas e Silvicultura na UENF.
4
Professor substituto no IFF.
2
Resumo: O solo é o habitat natural para uma grande variedade de organismos, que
diferem em tamanho e metabolismo, sendo responsáveis por inúmeras funções. O
objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de adubos
orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com ração
contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a
macrofauna edáfica após o cultivo do milho verde. Os solos coletados foram
armazenados em sacos plásticos e levados para o laboratório para imediata identificação
e contagem da macrofauna a olho nu. Os indivíduos foram classificados a nível de
grandes grupos taxonômicos. As diferentes doses do adubo orgânico originado de
dejetos de suínos em fase de leitão não foram eficientes para estimular a colonização de
macrofauna edáfica nem para densidade nem para riqueza de grupos. As diferentes
doses do adubo orgânico originado de dejetos de suínos em fase de crescimento e
terminação estimularam a colonização da macrofauna inclusive ao comparar com a
testemunha. A não utilização do complexo enzimático fez diferença na colonização de
macrofauna quando utilizado o adubo da fase de crescimento e terminação.
Palavras–chave: dejetos suínos, macrofauna, Zea mays
Characterization of Soil Macrofauna after Cultivation of Corn under Organic
Fertilizer from Swine Manure
Abstract: The soil is the natural habitat for a great variety of organisms, which differ in
size and metabolism and are responsible for countless functions. The aim of this study
was to evaluate the effect of adding increasing doses of organic fertilizers prepared from
swine manure (that were fed diets containing multienzyme complex Allzyme® SSF),
and mineral fertilizers on soil macrofauna after cultivation corn. The soils collected
were stored in plastic bags and taken to the laboratory for immediate identification and
counting of macrofauna to the naked eye. Subjects were classified in terms of major
135
taxonomic groups. The different doses of organic fertilizer originated from swine
manure in phase piglets were not effective to stimulate the colonization of macrofauna
nor density nor group richness. The different doses of organic fertilizer originated from
pig slurry in growing and finishing encouraged colonization of macrofauna even when
comparing with the control. The non-use of the enzyme complex made a difference in
the colonization of macrofauna when used fertilizer in the growing and finishing phase.
Keywords: macrofauna, swine manure, Zea mays
Introdução
Quando o esterco líquido é aplicado em grandes quantidades no solo, ou
armazenado em lagoas sem revestimento impermeabilizante, durante vários anos,
poderá ocorrer sobrecarga da capacidade de filtração do solo e retenção dos nutrientes
do esterco, podendo atingir as águas subterrâneas ou superficiais, acarretando grandes
problemas de contaminação (OLIVEIRA et al, 1993).
Por isso deve ser dada atenção especial no que diz respeito ao descarte, uso e
tratamento desse dejeto. Principalmente porque às consequências desse ato só serão
percebidas a médio e longo prazo, e depois de estabelecido a poluição é muito difícil e
oneroso recuperar essas áreas (PERDOMO et. Al, 2001).
Dentre os fatores que podem modificar a composição dos dejetos podem-se citar:
idade fisiológica do animal, quantidade de água incorporada aos dejetos, sistema de
manejo adotado, quantidade e digestibilidade dos nutrientes fornecidos na dieta. O
manejo da nutrição é uma das formas mais eficientes para redução da carga poluente e
da quantidade de dejetos gerados (SEGANFREDO, 2007).
A técnica da compostagem foi desenvolvida com a finalidade de se obter mais
rapidamente e em melhores condições a estabilização da matéria orgânica. Como
resultado da compostagem são gerados dois importantes componentes: sais minerais,
contendo nutrientes para as raízes das plantas, e húmus, como condicionador e
melhorador das propriedades físicas, físico-químicas e biológicas do solo (KIEHL,
2005).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adição de doses crescentes de
adubos orgânicos preparados a partir de dejetos de suínos (que foram alimentados com
ração contendo complexo multienzimático Allzyme® SSF), e adubos minerais sobre a
macrofauna de um Latossolo, após o cultivo do milho verde.
Material e Métodos
O experimento com o milho verde (Zea mays) cultivar BR 106, foi conduzido na
estação experimental da Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de
Janeiro (Pesagro-Rio), em Campos dos Goytacazes, RJ, no período de fevereiro a junho
de 2013, em uma área que estava em pousio há 3 anos.
As amostras de solo para avaliação da fauna edáfica foram coletadas no mês de
julho de 2013 após colheita do milho em uma área experimental que utilizou diferentes
doses de adubação orgânica provenientes de dejetos de suínos (que foram alimentados
com ração contendo o complexo multienzimático Allzyme® SSF), em um Latossolo, de
textura franco argilo arenosa.
Foi usado o delineamento experimental em blocos casualizados com nove
tratamentos e quatro repetições, totalizando 36 unidades experimentais. Cada unidade
experimental foi constituída por 4 linhas de 6 metros, sendo semeadas 4 sementes por
metro.
136
Tabela 1 - Descrição dos tratamentos utilizados em cada bloco com as especificações
dos adubos orgânicos e doses
Tratamento
Adubo orgânico
Dose (g/m)
1
Dejeto suíno sem enzima
215 em semeadura + 238 em cobertura
2
Dejeto suíno sem enzima
323 em semeadura + 357 em cobertura
3
Dejeto suíno sem enzima
434 em semeadura + 476 em cobertura
4
Dejeto suíno sem enzima
539 em semeadura + 595 em cobertura
5
Dejeto suíno com enzima
215 em semeadura + 238 em cobertura
6
Dejeto suíno com enzima
323 em semeadura + 357 em cobertura
7
Dejeto suíno com enzima
434 em semeadura + 476 em cobertura
8
Dejeto suíno com enzima
539 em semeadura + 595 em cobertura
Testemunha – Adubo
10 de S.A + 44,5 de S.S + 6,67 de KCL em
mineral
semeadura + 30 S.A em cobertura.
S.A= sulfato de amônio; S.S= super simples; KCL= Cloreto de Potássio
9
As amostras de solo foram coletadas na profundidade de 0-5 cm com o uso de
um gabarito metálico quadrado medindo 25 cm x 25 cm. Os solos coletados foram
armazenados em sacos plásticos e levados para o laboratório para imediata identificação
e contagem da macrofauna a olho nu. Os indivíduos foram classificados a nível de
grandes grupos taxonômicos.
Os resultados das medições de cada amostra foram multiplicados por 16 para se
obter a o número de indivíduos da macrofauna por m2. A partir dos resultados obtidos
com a contagem dos indivíduos a olho nu, foram calculados a densidade de macrofauna
(número de indivíduos por m2) e a riqueza da fauna (número de grupos identificados)
além da analise estatística dos dados, utilizando teste Tukey, a 5%.
Resultados e Discussão
A média de densidade nos nove tratamentos variou de 4 a 36 indivíduos/m2 e de
0,25 a 1,5 grupos de indivíduos (riqueza).
Ao se comparar as diferentes doses do adubo orgânico originado de dejetos de
suínos alimentados ou não com o complexo multienzimático Allzyme® SSF, observa-se
que houve diferença significativa entre os tratamentos, tanto para densidade de
macrofauna quanto para riqueza de grupos, significando que as doses do composto
foram estatisticamente diferentes quanto a influência nos grupos de macrofauna do solo.
Sendo o tratamento 3 referente a terceira dose do dejeto sem enzima, o mais eficiente na
colonização de macrofauna e o tratamento 2, referente a segunda dose do dejeto sem
enzima, o menos eficiente (tabela 2). Constatando-se que não houve diferença entre a
utilização ou não do complexo enzimático pelos suínos no que se refere a estimular a
colonização da macrofauna edáfica, pois tanto o mais eficiente quanto o menos eficiente
não utilizaram o complexo enzimático, mostrando que o motivo da diferença foi a
dosagem utilizada.
137
Tabela 2 - Caracterização da macrofauna do solo em densidade (ind/m2) e riqueza
(número de grupos taxonômicos)
Tratamento
Ind/m2
Riqueza
1
36AB
1,5A
2
4C
0,25B
3
40A
1,5A
4
16ABC
0,5AB
5
8BC
0,5AB
6
24ABC
1,0AB
7
28ABC
1,0AB
8
8BC
0,5AB
9
12ABC
0,5AB
Médias seguidas da mesma letra na coluna (comparando tratamentos) não diferem pelo teste Tukey, a 5%.
Conclusões
Nas condições em que o trabalho foi desenvolvido, as diferentes doses do adubo
orgânico originado de dejetos de suínos diferiram significativamente entre si e ao
comparar com a testemunha, sendo o tratamento 3 referente a dose (434 em semeadura
+ 476 em cobertura) do dejeto sem enzima, o mais eficiente na colonização de
macrofauna e o tratamento 2, referente a dose (323 em semeadura + 357 em cobertura)
do dejeto sem enzima, o menos eficiente. Portanto, a utilização do complexo enzimático
não fez diferença na colonização de macrofauna.
Literatura citada
KIEHL, E.J. Manual de compostagem: maturação e qualidade do composto.
Piracicaba. 2005. 171p.
OLIVEIRA, P. A. V. et al. Manual de manejo e utilização de dejetos de suínos. Série
Documentos, 27 (EMBRAPA – CNPSA) Concórdia – SC, 1993.
PERDOMO, C. C. et al. Produção de suínos e meio ambiente. 9º Seminário Nacional
de Desenvolvimento da Suinocultura, 2001. 24 p.
SEGANFREDO, M.A. Gestão Ambiental na Suinocultura. Brasília-DF, EMBRAPA
Suínos e Aves/EMBRAPA, 2007. 302p.
138
3. Aquicultura
139
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
3.1. Redução de proteína bruta em rações para peixes como estratégia para
diminuir a excreção nitrogênio
Charlyan de Sousa Lima1*, Guisela Mónica Rojas Tuesta2, Christiane Silva Souza3
1
Mestrando em Ciência Animal, Universidade Federal do Maranhão. *E-mail: [email protected]
Doutoranda em Zootecnia, Universidade Federal de Viçosa (UFV);
3
Doutoranda em Bioquímica Agrícola (UFV).
2
Resumo: A criação comercial de peixes no Brasil tem aumentado nos últimos anos,
principalmente devido às características naturais e pela diversidade de espécies com alto
potencial de produção do país. No entanto, esse setor produtivo ainda necessita de
alguns ajustes, principalmente sob o âmbito nutricional e ambiental, objetivando assim a
diminuição da excreção de nitrogênio na água. Uma das estratégias nutricionais que é
aplicável para minimizar os efeitos da excreção nitrogenada refere-se à redução de
proteína bruta, com o uso de aminoácidos industriais, baseando-se no conceito de
proteína ideal.
Palavras-chave: impacto ambiental, piscicultura, nutrição
Reduction of crude protein in diets for fish as a strategy to reduce nitrogen
excretion
Abstract: The commercial breeding of fish in Brazil has increased in recent years,
mainly due to the natural characteristics and the diversity of species with high
production potential of the country. However, this productive sector still needs some
adjustments, especially under the nutritional and environmental context, thus aiming to
decrease the excretion of nitrogen in the water. One of the nutritional strategies which
are applicable to minimize the effects of nitrogen excretion refers to the reduction of
crude protein, with the use of industrial amino acids, based on the ideal protein.
Keywords: environmental impact, fish farming, nutrition
Introdução
A piscicultura no Brasil é uma das atividades econômicas com ampla
potencialidade, sendo beneficiada pelas características naturais, disponibilidade de
insumos e oportunidades de mercado do país, além das diversas espécies de peixes com
alto potencial de produção. Entretanto, o pacote tecnológico para a produção comercial
140
ainda necessita de ajustes, particularmente no que tange ao aspecto nutricional e
ambiental.
Na produção de peixes, a alimentação é um dos fatores mais importantes para o
desenvolvimento eficiente e saudável dos animais. Contudo, há grandes desafios que
deverão ser enfrentados pelos criadores no que se refere à nutrição desses animais,
devido ao número de espécies com potencial para cultivo e aos impactos ambientais
gerados no sistema de produção. As dietas a serem formuladas devem apresentar
impacto ambiental mínimo, assim faz-se necessário o uso de estratégias que visem
reduzir os danos ao meio ambiente, e manter a produtividade.
O inadequado manejo alimentar aliado ao uso de rações de baixa qualidade
aumenta a concentração de nitrogênio na água. De modo que, o principal produto da
excreção nos peixes é a amônia, que é derivada da digestão das proteínas e do
catabolismo dos aminoácidos. E o seu equilíbrio depende da temperatura, pH e
salinidade, sendo que a forma mais tóxica para os organismos aquáticos é amônia nãoionizada (NH3). A falta deste equilíbrio, piora a qualidade da água, além de afetar o
desempenho dos peixes, uma vez que os níveis excessivos de proteína bruta na ração
aumentam a excreção nitrogenada, deteriorando a qualidade da água.
Objetivou-se apresentar algumas considerações acerca da redução de proteína
bruta em rações para peixes como estratégia para diminuir a excreção de nitrogênio na
água.
Revisão de Literatura
Os peixes são os animais de produção mais afetados com as variações ambientais.
A otimização do crescimento dos peixes pode ser alcançada mediante a adequada
nutrição e manejo da água. A absorção de nutrientes pode ficar comprometida quando
se oferece uma alimentação excessiva e/ou rações não balanceadas, o que pode resultar
num excesso de matéria orgânica nos sistemas de produção (CYRINO et al., 2010).
Deve-se levar em consideração o limite aceitável de biomassa produtiva. No
sistema intensivo, com uso de tanques-redes, utiliza-se 80, 120 e até acima de 300
kg/m3 de peixes. O sistema de produção de peixes pode ser comprometido, quando se
ultrapassa a capacidade de suporte do ambiente, podendo causar sérios problemas no
ecossistema aquático (AMIRKOLAIE, 2011).
Ainda, outro fator que deve ser levado em conta refere-se às fontes de proteína
que possuem baixo valor biológico, pois elas contêm muito nitrogênio não-proteico que
aumentam a excreção de amônio, quando ingeridas pelos peixes, compromete a
qualidade da água e prejudica notoriamente a produtividade.
Nos peixes, a produção da amônia é realizada no sistema sanguíneo e transportada
até as brânquias, de onde é excreta para a água. Normalmente, em solução aquosa, devese haver um equilíbrio entre a forma ionizada (NH4+) e a não-ionizada (NH3). Mas,
quando há altos valores de temperatura e pH da água, maior será a porcentagem relativa
de amônia não-ionizada no ambiente aquático que provocará lesões branquiais e
toxicidade aguda nos peixes.
Um composto intermediário que participa do ciclo do nitrogênio, o nitrito (NO2),
é passivamente absorvido pelos peixes, ligando-se a hemoglobina, formando a metahemoglobina, que é um pigmento circulatório que impede o transporte de oxigênio,
levando os peixes a uma condição de hipóxia, que podem morrer por envenenamento ou
por sufocação (CYRINO et al., 2010).
A proteína é essencial na dieta dos peixes, representando maior percentual dos
custos com a alimentação, por isso o seu excesso se torna economicamente inviável. E
no sentido ambiental, este excesso resulta na presença do nitrogênio, que se torna a
141
principal fonte de poluição na piscicultura (RIGHETTI et al., 2011), pois sua excreção
pode alcançar níveis crônicos ou letais que pode reduzir a transparência da água, o
oxigênio dissolvido, além de resultar em super-eutrofização induzindo a perdas no
sistema de produção.
Assim, a redução do teor de proteína em rações para peixes é uma estratégia
nutricional, que permite menores custos associados a menores impactos ambientais,
especialmente quando os peixes são criados intensivamente. Neste caso, a redução de
proteína na ração aumenta a sustentabilidade pela menor entrada de nitrogênio sem
gerar prejuízos econômicos na produção e obter carne de boa qualidade para o consumo
humano (FURUYA, 2013). O uso de dietas balanceadas de mínimo custo e adequado
manejo alimentar é requisito essencial para a obtenção de sucesso na produção
sustentável de peixes (CYRINO et al., 2010).
Os peixes têm exigências aminoacídicas que interferem em seu ganho de peso. No
entanto, é possível reduzir o teor proteico da ração, com a utilização de suplemento de
aminoácidos industriais, com base no conceito de proteína ideal, onde são mantidas as
exigências da espécie, sem interferir negativamente no desempenho dos peixes
(ARARIPE et al., 2011) e consequentemente reduzindo a excreção nitrogenada na água.
Já foram realizados experimentos com a redução da proteína bruta na ração
demonstrando a eficiência da diminuição da quantidade de nitrogênio na água com
tilápias do Nilo (RIGHETTI et al., 2011), truta arco-íris (GAYLOR & BARROWS,
2009), tambatinga (ARAPIPE et al., 2011).
Entretanto, quando se deseja reduzir o nível de proteína na ração, é fundamental o
conhecimento das exigências e da digestibilidade dos aminoácidos dos alimentos
utilizados nas rações, para que se elaborem dietas mais precisas, que atendam a
exigência da espécie e promova menor impacto ambiental (RIGHETTI et al., 2011),
principalmente no que se refere à eliminação de nitrogênio na água.
O excesso de proteína na dieta pode ser utilizado como energia, aumentando o
teor de extrato etéreo muscular, com a formação de tecido adiposo, que eleva a
atividade enzimática envolvida na síntese gliconeogênica, aumentando a excreção de
nitrogênio gerando prejuízo ao animal e ao ambiente. O estudo de Araripe et al., (2011),
com alevinos de tambatinga demonstrou que a redução de proteína bruta de 40,0 para
28,0% nas rações não afetou o ganho de peso dos peixes, mas, proporcionou menor teor
de gordura muscular, tornando-se eficiente na diminuição da excreção nitrogenada.
Conclusões
A redução de proteína bruta nas rações para peixes, aliado ao uso de aminoácidos
industriais, com base no conceito de proteína ideal, refere-se a uma estratégia
nutricional eficiente, uma vez que permite potencializar o desempenho dos peixes, além
de diminuir a excreção de nitrogênio na água.
Literatura citada
AMIRKOLAIE, A. K. Reduction in the environmental impact of waste discharged
by fish farms through feed and feeding. Aquaculture, v.3, p.19-26, 2011.
ARARIPE, M.N.B.A. et al. Redução da proteína bruta com suplementação de
aminoácidos em rações para alevinos de tambatinga. Revista Brasileira de Zootecnia,
v.40, n.09, p.1845-1850, 2011.
142
CYRINO, J.E.P. et al. A piscicultura e o ambiente – o uso de alimentos
ambientalmente corretos em piscicultura. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39,
p.68-87, 2010.
FURUYA, W.M. Nutrição de Tilápias no Brasil. Revista Varia Scientia Agrárias, v.
03, n.01, p.133-150, 2013.
GAYLOR, T.G.; BARROWS, F.T. Multiple amino acid supplementations to reduce
dietary protein in plant based rainbow trout, Oncorhynchus mykiss, feeds. Aquaculture,
v.287, p.180-184, 2009.
RIGHETTI, J. S. et al. Redução da proteína em dietas para tilápias-do-nilo por meio da
suplementação de aminoácidos com base no conceito de proteína ideal. Revista
Brasileira Zootecnia, v.40, n.03, p.469-476, 2011.
143
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
3.2. Tecnologia de recirculação de água na criação de peixes ornamentais1
Marcos Vinícius Viana Teixeira3, Alexandre Benvindo Souza2, Romário de Almeida
Soares3, César Roberto Viana Teixeira4
1
Projeto de Iniciação científica financiando pela PRPq/UFMG
Professor do Colégio Técnico da UFMG
3
Estudante de graduação em Aquacultura/UFMG
4
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFV
2
Resumo: O início do novo século está sendo marcado pela busca de uma maior
eficiência no uso dos recursos hídricos. Na aquicultura, uma possível alternativa a ser
utilizada é a tecnologia de recirculação de água, além de ser um sistema que permite a
produção em áreas antes tidas como impróprias para o cultivo de peixes. Assim, este
trabalho teve como objetivo analisar as variáveis de qualidade de água de um sistema de
recirculação para cultivo de peixes ornamentais em pequena escala. Foram utilizados
peixes da espécie Guppy (Poecilia reticulata), divididos em oito caixas interligadas por
tubos PVC, onde, após sair do sistema, a água passou por um filtro biológico e
mecânico, e foi bombeada para o sistema de caixas. Durante o período experimental,
para a análise da qualidade da água, foram mensurados o oxigênio dissolvido na água,
temperatura, pH, amônia e nitrito. Todas as variáveis da água analisadas se mantiveram
em níveis adequados, podendo se concluir que a utilização do sistema de recirculação
de água é viável para a criação de peixes ornamentais da espécie Guppy, se mostrando
uma alternativa para a utilização da água de maneira eficiente.
Palavras-chave: água, aquicultura, guppy, ornamental, peixe, recirculação
Recirculating water in fish farming ornamentais
Abstract: The beginning of the new century has been marked by the search for greater
efficiency in the use of water resources. In aquaculture, a possible alternative is to use
the water recirculation technology, a system which allows the production in areas
previously regarded as unsuitable for growing fish. Thus, this study aimed to analyze
the water quality variables of a recirculation system for cultivation of ornamental fish in
small scale. The fish were Guppy species, divided into eight boxes connected by PVC
pipes. After leaving the system, the water passed through a filter and was pumped off to
the system. During the experimental period, for the analysis of water quality, the
dissolved oxygen, temperature, Ph, ammonia and nitrite were mesasured. All water
144
variables recorded were at optimized levels and may be concluded that the use of the
water recirculation is appropriate to cultive ornamental fish species Guppy, is showing
an alternative to the use of water efficiently.
Keywords: aquaculture, fish, guppy, ornamental, recirculation, water
Introdução
O início do novo século está sendo marcado pela busca de uma maior eficiência
no uso dos recursos hídricos. O uso sustentável da água é uma questão que tem
provocado grande preocupação pelos planejadores, sendo considerada como uma das
bases de desenvolvimento da sociedade moderna (LOSORDO et al. 1994). Nesse
cenário, a reutilização dos recursos hídricos, pode ser considerada uma prática de
grande importância.
Na aqüicultura, uma possível alternativa a ser utilizada é a tecnologia de
recirculação de água, abrangendo desde sistemas que reutilizam a água parcialmente,
até aqueles que fazem o reaproveitamento total. Sistemas como esses são comumente
adotados em vários países, porém seu uso ainda é limitado no Brasil.
No Brasil, partir de 1960, com diversas ações de incentivo do governo, a
produção pesqueira nacional evoluiu, principalmente no setor de pesca industrial, com
raras ações visando o desenvolvimento da aqüicultura, que somente a partir de 1990
cresceu significantemente no Brasil. A aqüicultura, além de contribuir com a segurança
alimentar, é uma atividade mais eficiente na geração de empregos diretos e indiretos do
que as outras atividades agropecuárias, empregando hoje cerca de 42 milhões de
pessoas no mundo. O sistema de recirculação de água vem se modernizando nos últimos
anos buscando propiciar segurança alimentar para a população, com a possibilidade de
produção em áreas antes tidas como impróprias para o cultivo de peixes, melhorando a
eficiência do uso dos recursos hídricos, além de serem sistemas que pode ter baixo custo
para de implantação.
Diversos estudos estão sendo realizados mostrando novos sistemas de
recirculação de água, sendo estes utilizados em diversos tipos de cultivo de peixes,
desde peixes ornamentais a peixes de corte de grande porte, porém ainda existe uma
grande necessidade de pesquisas.
Assim, este trabalho teve como objetivo analisar as variáveis de qualidade de
água de um sistema de recirculação para cultivo de peixes ornamentais em pequena
escala.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na Estufa do Colégio Técnico da Universidade Federal
de Minas Gerais (COLTEC – UFMG) no período entre Março de 2012 a Fevereiro de
2013.
Foram utilizadas oito caixas plásticas de 20L, uma caixa plástica contendo filtro
biológico tendo cascalho como substrato para desenvolvimento de microrganismos,
filtro mecânico com manta acrílica, uma bomba d’água com potência 0,5 CV, tubos de
PVC 3/4 interligando os compartimentos, uma caixa de acumulação e distribuição de 60
L. O sistema foi montado em um suporte de aço de 6 andares, ocupando espaço de
aproximadamente 2 m2. O fluxo de troca de água foi de 200 L/h.
As oito caixas, onde foram colocados os peixes, foram distribuídas em duplas
por cada andar do suporte, de modo que a água iniciava seu curso na primeira caixa do
andar de cima, passava para a segunda e assim descia, por gravidade para as caixas dos
andares inferiores até chegar no primeiro andar, onde passava pelo filtro e era bombeada
145
para uma caixa de armazenamento, localizada acima do suporte de onde recomeçava o
ciclo.
Durante o período experimental foram realizadas análises das variáveis de
qualidade de água do sistema de recirculação, no qual estava sendo realizado o cultivo
intensivo de peixes da espécie Guppy (Poecilia reticulata).
Foram analisadas diariamente o Oxigênio dissolvido na água e a temperatura da
água, mensurados em pontos distintos do sistema a partir de um oxímetro modelo YSI
55 com um termômetro acoplado. Semanalmente foi avaliado a série nitrogenada
(amônia e nitrito), mensurados com um kit comercial Bionaturessupply, e PH utilizando
um phmetros Tecnoponmpa 210.
A avaliação da eficiência do sistema de tratamento de água foi realizada através
da análise de água das seguintes variáveis em pontos distintos do sistema (pré-biofiltro e
pos-biofiltro).
Os resultados mensurados foram tabulados e foi retirada a média simples de cada
variável nos pontos analisados.
Resultados e Discussão
O uso de efluentes tratados em atividades domésticas, agrícolas e industriais,
particularmente para fins não potáveis, tem se demonstrado possível. Entretanto,
institucionalizar, regulamentar e promover a reutilização de água no Brasil, fazendo
com que a prática se desenvolva de acordo com princípios técnicos adequados, seja
economicamente viável e socialmente aceita, se torna necessário (LOSORDO et al.
2000 ).
Na entrada da água nas caixas, o Oxigênio Dissolvido (OD) se manteve em
níveis adequados, estando por volta de 5,7mg/L e no pré-biofiltro por volta de 5,2mg/L.
As variáveis se mantiveram em níveis adequados para a criação de guppy (Poecilia
reticulata) em todo o sistema apresentando valor médio de (4,8mg/L) no pós-biofiltro.
A temperatura (TºC) no sistema variou entre 21 a 24ºC com valor médio de 22,8
ºC. Considerado o nível aceitável para a criação da espécie trabalhada.
O Ph se manteve em níveis adequados em todos os pontos do sistema, ficando
entre 6,7 a 7,0.
O Nitrito (NO2) se manteve também em níveis adequados para a criação de
Guppy, sofrendo pequenas variações em algumas caixas, mas em geral o NO2 ficou em
níveis adequados variando entre de 0,3 a 1,0mg/L. A Amônia se manteve em níveis
adequados variando entre (0,5 a 1,0mg/L).
Conclusões
Todas as variáveis da água analisadas (oxigênio dissolvido, temperatura, Ph,
nitrito e amônia), se mantiveram em níveis adequados por todo e sistema. Com isso,
pode se concluir que a utilização do sistema de recirculação de água é viável para a
criação de peixes ornamentais da espécie Guppy, se mostrando uma alternativa para a
utilização da água de maneira eficiente.
Literatura citada
LOSORDO, T. M., HOBBS, A. O., DELONG, D. P. The design and operational
characteristics of the CP&L:EPRI fish barn: a demonstration of recirculating
aquaculture technology. Aquacultural Engineering 22 (2000) 3–16.
146
LOSORDO, T. M., TIMMONS, M. B. An introduction to water reuse
systems.TIMMONS, M. B., LOSORDO, T. M., ed. Aquaculture water reuse systems:
engineering design and management. Amsterdam: Elsevier, 1994, p. 1-7.
147
4. Associativismo e cooperativismo
148
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
4.1. Valorização do Mel em ecossistemas frágeis: Análise das comunidades no
Pantanal Sul-Mato-Grossense¹
Leonardo Alves de Oliveira Casimiro 2, Gercina Gonçalves da Silva³, Olivier François
Vilpoux4
1
Projeto de iniciação cientifica do primeiro autor, financiado pelo CNPq.
Acadêmico do Curso de Agronomia (UCDB).
3
Doutoranda em Ciências ambientais e Sustentabilidade Agropecuária (UCDB).
4
Professor pesquisador da Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).
2
Resumo: Diante da necessidade de manutenção e preservação do meio ambiente
pantaneiro, a produção de mel oferece boas opções de complementação de renda para
grandes e pequenos produtores. A valorização da produção e do meio ambiente local
passa pela implantação de um certificado de origem, para a qual a atuação conjunta dos
apicultores da região é um aspecto relevante. A partir dessa premissa, o objetivo da
pesquisa é avaliar o potencial de cooperação dos produtores de mel no Pantanal, para
identificar a possibilidade de implantação de uma Denominação de Origem Controlada.
Utilizou-se uma pesquisa de campo, com aplicação de questionários através de
amostragem em Bola de Neve. A maioria dos 49 entrevistados mora na região há mais
de 20 anos e 80% concluíram no máximo o ensino fundamental. Há na região uma
associação de apicultores da qual alguns produtores deixaram de participar por conflitos
de interesses. Existem também associações nas diferentes comunidades visitada, mas
que não estão relacionadas a produção de mel. Os entrevistados mantêm apenas relações
pontuais com os outros produtores, demonstrando uma cultura individualista e
desconfiada, bem como um baixo potencial para atividades associativas. A ausência de
ações coletivas entre produtores de mel explica a falta de interesse na associação
regional e inviabiliza a implantação de uma DOC ou de outro tipo de ação visando a
valorizar a produção regional.
Palavras-chave: Denominação de Origem Controlada, cooperação, sustentabilidade
ambiental
Valuation of honey in fragile ecosystems: Analysis of communities in Pantanal of
Mato Grosso do Sul
Abstract: Given the need for maintenance and preservation of the environment in
Pantanal, honey production offers good options of supplementary income for large and
149
small producers. The value of production and local environment goes through the
implementation of a certificate of origin, for which it is important to develop a
collective action between local producers. Based on the perception, the research
objective is to evaluate the potential for cooperation of honey producers in the Pantanal
region, with the aim to develop e certification of origin. A field survey has been used
with questionnaires through snowball sampling. Most of the 49 respondents lived in the
area for more than 20 years and 80% have completed at most basic education. There is
an association of honey producers in the region, but most of the producers stopped
participating because of conflicts between them. There are also several associations in
each community visited, but not specific for honey production. Respondents maintain
occasional relationship with other producers and demonstrate an individualistic and
suspicious culture. Results indicate a low potential for associative activities which
makes difficult to implement a certificate of origin to valorize local honey production.
Keywords: certificate of origin, cooperation, environmental sustainability
Introdução
Localizado na bacia hidrográfica do Alto Paraguai, no centro da América do Sul,
o Pantanal sulmatogrossense foi reconhecido pela UNESCO (2000) como Reserva da
Biosfera, devido a suas características e sua importância, possuindo reservas naturais
diversificadas. O Pantanal é um bioma frágil, onde o desenvolvimento deve ser
estimulado, mas sem que seja alcançado em detrimento do meio ambiente.
As características desse bioma, com grande cobertura florestal e amplas áreas
inundadas, dificultam as atividades pecuárias, principal atividade da região. Os grandes
criadores estão cada vez mais tentados pela intensificação da produção, com
desmatamento e plantio de pastagens. Em paralelo, a permanência dos pequenos
produtores, isolados do mercado, é cada vez mais prejudicada, com aumento do
desmatamento e êxodo para as cidades mais próximas.
Nesse contexto, a produção de mel oferece, além na necessidade de manutenção
do meio ambiente, boas opções de complementação de renda para grandes e pequenos
produtores. A valorização da produção e do meio ambiente local, naturalmente
orgânico, passa pela implantação de um certificado de origem, ou Denominação de
Origem Controlada - DOC. A DOC refere-se ao nome geográfico de um país, região ou
localidade que serve para designar um produto nele originado cuja qualidade e
características devem-se exclusivamente ou essencialmente ao ambiente geográfico,
incluindo-se fatores humanos e naturais (CHADDAD, 1995).
Para tanto, é importante a atuação conjunta de apicultores da região, em busca e
objetivos comuns, através da cooperação. Nesse contexto, o alcance dos objetivos
comuns representará um ganho individual superior ao seu custo, o que se dará através
da comercialização de seus produtos em canais como a merenda escolar, varejo
supermercadista e redes de lojas localizadas em centros urbanos mais populosos. A
partir da importância da preservação do Pantanal, da possibilidade de implantação de
uma DOC e da necessidade de cooperação entre produtores, a pesquisa teve por
objetivo a avaliação do potencial de cooperação dos produtores de mel no Pantanal.
Material e Métodos
Como método, utilizou-se a pesquisa de campo, com aplicação de questionários.
Foram entrevistados e coletados dados primários de 49 produtores de Corumbá,
Ladário, Nhecolândia, bem como em assentamentos e arredores do município de
Corumbá. Foram entrevistadas pessoas envolvidas com apiários, desde produtores,
150
membros de associações, até consumidores e compradores da região. A identificação
dos entrevistados utilizou a técnica metodológica snowball, em função da falta de
conhecimento anterior sobre os produtores da região. Essa técnica é conhecida no Brasil
como “amostragem em Bola de Neve”, ou como “cadeia de informantes (PENROD et
al. 2003). É uma forma de amostra não probabilística utilizada em pesquisas sociais
onde os participantes iniciais de um estudo indicam novos participantes que por sua vez
indicam novos participantes e assim sucessivamente, até que seja alcançado o objetivo
proposto.
Resultados e Discussão
Algumas características entre os agentes podem favorecer a cooperação. Assim,
através da pesquisa de campo verificou-se que: a) 90% das propriedades visitadas
possuíam até 50 ha de terra; b) 61,2% dos entrevistados residem no pantanal há mais de
20 anos; c) 54% dos entrevistados possuem entre 36 e 57 anos; e d) do total de pessoas
que constituem as famílias dos estabelecimentos, 22,6% trabalham fora de suas
propriedades, objetivando complementar sua renda.
A maior parte dos produtores entrevistados possui produção voltada para a
subsistência. O autoconsumo representa uma forma de geração de renda, pois se não
produzissem teriam que comprar esses produtos. Houve relatos de comércio de
excedentes e derivados de produtos, de utilização de parte da produção para alimentação
dos animais, bem como da busca de atividades complementares fora de seus
estabelecimentos. Além disso alguns dos entrevistados recebem benefícios do governo,
o que colabora para a formação da renda familiar, que 33% responderam ser de ½ a 1
salário mínimo e 31% responderam ser de 1 a 2 salários mínimos. Durante a pesquisa,
no que tange a origem da renda familiar, 63% disseram possuir rendas não agrícolas
oriundas essencialmente de aposentadoria, e atividades comerciais ou na indústria.
Em relação ao nível de escolaridade dos produtores, 4% eram analfabetos, 23%
alfabetizados, 46% possuiam o ensino fundamental incompleto e 8% o ensino
fundamental completo, o que constitui um total de 81% dos entrevistados. Apenas 4%
dos entrevistados possuíam o ensino médio incompleto, 13% o ensino médio completo e
2% o ensino superior.
No que tange ao associativismo, na região havia, inicialmente, apenas uma
associação de apicultores, que era composta por pequenos produtores de assentamentos
e por produtores médios. No entanto, os entrevistados indicaram que alguns membros
da associação saíram da organização por acreditarem que havia conflitos de interesses.
Entre os entrevistados 91 % afirmaram nunca terem vendido seus produtos por meios da
associação ou de cooperativa. Todavia, os membros da diretoria e o próprio presidente
da associação alegaram falta de percepção desses produtores.
Todos os assentamentos da região possuíam ao menos uma associação que, de
acordo com os entrevistados, funciona para organizações de festas religiosas e não para
aspectos produtivos.
Na mensuração do nivel de relacionamento entre os entrevistados, bem como das
relações de confiança, de acordo com os respondentes não há conflitos nas
comunidades. No entanto, verificou-se a presença de relações de confiança apenas entre
os membros mais proximos da comunidade, sem relação com a produção de mel.
Os entrevistados disseram que mantinham contatos com produtores de outras
comunidades pois tinham amigos em outras comunidades. Eles informaram aproveitar
esses contatos para, em alguns casos, comercializar e se informar sobre preços.
Verificou-se que os produtores não se juntavam para desenvolver trabalhos coletivos na
151
produção de mel ou em qualquer outro tipo de produção ou comercialização
agropecuária, adotando uma posição individualista.
Com o objetivo de ajudar um ao outro, eles informaram trocar dias para realização
de serviços como vacina, construção de cercas, capina na roça, colheita ou plantio, e
alguns serviços que necessitam de maior mão-de-obra. Outros tipos de ajuda foram
citados como emprestimo de equipamentos, caronas, ajuda com alimentos, dinheiro e
até apoio moral. O empréstimo de ferramentas, muito citado nas estrevistas, consistem
em pequenas ferramentas como enxada, rastelo, carrinho de mão, trator, equipamentos
industriais e até animais. No entanto essas atividades ocorrem entre vizinhos e não entre
produtores de mel.
Conclusões
Verificou-se que os entrevistados se relacionavam fora da comunidade através de
ações pontuais de trabalhos e mantinham relações de confiança essencialmente com os
vizinhos, sem ligação com o tipo de atividade. Os produtores entrevistados,
demonstraram desconfiança em relação às associações na qual participavam,
evidenciando a não cooperação e desuso da associação para o comércio de seus
produtos.
A falta de ação coletiva pode também ser explicada pela pouca importancia da
atividade apícola para os produtores entrevistados, que possuem outras fontes de rendas,
o que limita a dependência dos produtores em relação aos outros produtores ou a
associação.
A valorização da produção, através a implantação de uma Denominação de
Origem Controlada, passa pelos esforços conjuntos dos produtores, com a existência de
relacionamentos cooperativos entre eles. A identificação de uma cultura individualista
entre os produtores e o baixo nível de confiança entre eles permite concluir na
existência de um baixo potencial para atividades associativas, o que pode dificulta a
implantação de uma DOC do mel do Pantanal.
Agradecimentos
Agradecemos o financiamento do CNPq, pois este artigo é resultado do
PIBIC/UCDB do projeto intitulado “Valorização do mel em ecosistemas frágeis:
implantação de denominação de origem controlada em comunidades do interior do
Mato Grosso do Sul”.
Literatura citada
CHADDAD, F. R.. Denominação de origem controlada: um projeto de pesquisa.
Caderno de Pesquisas em Administração. São Paulo. V 1, N 1, 2 Semestre. 1995.
PENROD, J.; PRESTON, D.B., CAIN, R. & STARKS, M.T. A discussion of chain
referral as a method of sampling hard-to-reach populations. Journal of Transcultural
nursing, vol 4. nº 2.April, 2003. 100-107p.
UNESCO – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A
CIÊNCIA E A CULTURA. Rede Brasileira de Reservas da Biosfera. Disponível em
<http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/networks/specializedcommunities/specializes-communities-sc/brazilian-biosphere-reserves-network/>
Acesso em 27/03/2013.
152
5. Ciência, tecnologia e inovação
153
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.1. Pecuária leiteira e sustentabilidade: um estudo do “Projeto Balde Cheio” no
Sítio Boa Vista1
Marcio Silva Borges¹, Claudete Martins da Silva Pereira², Cezar Augusto Miranda
Guedes³, Lorran Marques da Silva Oliveira4
1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor. Professor Assistente (UFRRJ) e doutorando do Programa
de Pós-graduação em Ciência Tecnologia e Inovação em Agropecuária (UFRRJ) e Professor do
Departamento de Ciências Administrativas e do Ambiente (UFRRJ).
²
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência Tecnologia e Inovação em Agropecuária
(UFRRJ) e Professora de Agroecologia do Colégio Técnico (UFRRJ).
³ Professor Associado (UFRRJ).
4
Estudante de Gestão Ambiental (UFRRJ).
Resumo: A noção de desenvolvimento econômico tem mudado nas últimas décadas em
direção a uma visão consensual de que conservação ambiental e melhores padrões de
vida podem ser perseguidos simultaneamente. Essa nova concepção de
desenvolvimento também está induzindo mudanças tecnológicas no agronegócio do
leite de modo a criar políticas e programas que visem proporcionar o desenvolvimento
sustentável de suas dimensões econômica, social e ambiental deste setor no Brasil. Uma
das reclamações do setor leiteiro é o fato de os produtores rurais não aplicarem as
técnicas e os avanços estudados e alcançados nos institutos de ensino e de pesquisa, o
que dificulta a evolução da atividade leiteira. Assim, o objetivo do presente artigo
apresentou o “Programa Balde Cheio”, coordenado pela Embrapa Pecuária Sudeste
como vetor de promoção do desenvolvimento sustentável do leite, compatibilizando a
produção local às tendências de produção sustentável a nível internacional. O estudo em
questão baseou-se em dados secundários obtidos a partir de documentos; e dados
primários obtidos por meio de pesquisa qualitativa, utilizando-se do método de estudo
de caso. Entretanto, como vetor de sustentabilidade ambiental do desenvolvimento da
atividade leiteira, o projeto se mostrou um tanto quanto omisso, dependendo para esta
dimensão e para reforçar as demais dimensões, de melhoramentos e outras políticas
complementares para ser capaz de promover o desenvolvimento sustentável do
agronegócio do leite.
Palavras–chave: agricultura familiar, manejo sustentável, produção de leite.
154
Dairy milk farming and sustainability: a study of the “Balde Cheio” project on
Boa Vista farm
Abstract: The notion of economic development has changed in recent decades toward a
consensual vision of that environmental conservation and better standards of living can
be pursued simultaneously. This new conception of development also is inducing
technological change in milk agribusiness to create policies and programs that aim to
provide the sustainable development of their economic, social and environmental
dimensions of this sector in Brazil. One of the complaints of the dairy sector is the fact
that the farmers not to apply the techniques and advances studied and achieved in
education and research institutes, which hinders the development of the dairy activity.
The objective of the present article presented the "Balde Cheio", coordinated by
Embrapa Sudeste (Southeast Embrapa) as a vector of sustainable development
promotion of milk, making local production to sustainable production trends at
international standard. The study in question was based on the secondary data obtained
from documents; and primary data obtained through quantified research, using the
studied case method. However, as a vector of development environmental sustainability
of dairy milk activities, the project proved being somewhat absent, depending on to this
dimension and to reinforce the other dimensions, improvements and other
complementary policies to be able to promote the sustainable development of
agribusiness.
Keywords: family agriculture, sustainable management, milk production.
Introdução
É consenso que, tem crescido e se generalizado em nível mundial a influência de
questões ambientais nas formas de estruturação e funcionamento das atividades
econômicas. Nesse sentido, a agropecuária brasileira, bem como o agronegócio do leite,
vem sendo compelidos a buscar novos mecanismos e formas de atuação com vistas à
promoção do desenvolvimento econômico dessas atividades numa perspectiva de
sustentabilidade do desenvolvimento.
Desta maneira, o presente artigo analisa se o “Projeto Balde Cheio”, coordenado
pela Embrapa Pecuária Sudeste pode funcionar como vetor de promoção do
desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite, compatibilizando a produção
local às tendências de produção sustentável em curso no setor internacionalmente.
Essa nova concepção de desenvolvimento também está induzindo mudanças,
tanto na cadeia produtiva do leite como nas cooperativas deste setor, de modo a criar
políticas e programas que visem proporcionar o desenvolvimento sustentável do
agronegócio do leite.
O projeto prevê a transferência de um pacote de conhecimentos e tecnologias
para o pequeno produtor de leite. Uma vez explicitada a estrutura e composição do
projeto, analisa-se seu potencial e suas limitações para que o mesmo funcione enquanto
vetor de promoção do desenvolvimento sustentável do agronegócio do leite no Rio de
Janeiro.
Material e Métodos
O estudo em questão se baseia em dados secundários obtidos a partir de
documentos; e dados primários obtidos por meio de pesquisa qualitativa, utilizando-se
do método de estudo de caso com entrevistas com os agentes coordenadores e/ou
realizadores do projeto Balde Cheio. O ambiente para os estudos foi a propriedade rural
155
sítio Boa Vista, localizado em Valença - RJ. Estes estudos foram realizados pelo autor
nas pesquisas de campo com vista para defesa de tese de doutorado intitulada
demonstrados por (CAMARGO ET AL, 2006).
Resultados e Discussão
O estudo de caso analisou Sítio Boa Vista localizada em Valença, RJ. O sítio
possui área total de apenas 0,55 ha. Esta propriedade foi selecionada e acompanhada por
extensionistas da região abrangida pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural –
SENAR do Rio de Janeiro que recebe apoio financeiro do SEBRAE, entidade privada
de Serviço e Apoio às Micro e Pequenas Empresas. A visita ao Sítio Boa Vista foi
deixada por último pelo extensionista para demonstrar, segundo ele, o quanto o
programa Balde Cheio está disseminado pelo município de Valença e região. Conforme
tabela 1 (abaixo), antes de iniciar o trabalho do programa, a propriedade de apenas 0,55
hectares produzia 4 litros de leite diário e nos últimos doze meses esse valor aumentou
para 108 litros de leite, contava com um fluxo de caixa e lucro negativos
respectivamente em R$ 1.577,99 e R$ 3.135,98 e após engajamento ao projeto estes
valores tornaram-se positivos em R$ 10.611, 41 de fluxo de caixa e R$ 21.222,82 de
lucro. O sistema de irrigação adotado é por aspersão no pasto e canavial que retira água
do riacho que corta a propriedade. Como nas demais propriedades visitadas a estrada
também é de terra até a entrada muito embora tenha um relevo plano o que não
dificultaria a entrada de um caminhão graneleiro. Apesar disso, parte da produção é
levada até a cooperativa com um veículo leve adquirido com o aumento da renda e parte
é comercializada informalmente por meio de uma motocicleta que levar até 20 litros em
latões.
Tabela 1 – Dados econômicos e zootécnicos
Variáveis
Receita (R$/ano)
Produção diária (litro/dia)
Produtividade
(litros/hectare/ano)
Preço recebido (R$/litro)
Fluxo de caixa (R$/ano)
Custo operacional (R$/litro)
Lucro (R$/ano)
Lucro (R$/hectare/ano)
Número de vacas
Número de vacas em lactação
% de vacas em lactação
Área utilizada (hectare)
2007
1.567,88
4
2.929
Últimos 12 meses
28.499,80
108
78.840
0,40
-789,65
0,37
-1.567,99
-3.165,98
7
2
29
0,5
0,69
11.479,60
0,31
10.611,41
21.222,82
8
7
87,5
0,5
Fonte: dados da pesquisa.
Sob o aspecto da normativa alguns pontos necessitam ser melhorados como
pode ser observado na figura 1, tais como não existe azulejamento do fosso, contato de
animais no local de ordenha além de falta de estrutura higiênica, muito embora o sítio
realize ordenha mecânica3 e conte com um bujão de sêmen.
3
Equipamentos doados por empresas do setor. A produtora faz propaganda delas para cada visitante.
156
Figura 1 – Sala de ordenha.
Conclusões
Os principais resultados obtidos são a recuperação da importância da extensão
rural como fator fundamental para o desenvolvimento do setor e o resgate da dignidade
do produtor rural. Dessa maneira, o Projeto Balde Cheio contribui para a fixação da
família no campo (CAMARGO ET al., 2006). Em muitos casos, verifica-se que algum
dos filhos do produtor foi ou tem intenção de ir residir na cidade com o objetivo de
trabalhar para obter renda adicional para a família, e um dos ganhos sociais do projeto, é
a volta ou permanência dos filhos na propriedade rural com dignidade e renda para
manter a família (Camargo ET al., 2006b, e).
O projeto possui uma estrutura para transferência de tecnologia que tem sem
mostrado eficaz, haja vista a abrangência que tem conseguido. De uma forma resumida,
o grupo da Embrapa Pecuária Sudeste capacita extensionistas, acompanham as
propriedades denominadas Unidades de Demonstração que são utilizadas como “salas
de aula” e os extensionistas capacitados assistem a outras propriedades da região
transferindo dessa forma tecnologia e elevando a capilaridade do projeto. Nos casos
estudados, a intensificação de forma sustentável permitiu o melhor uso da terra,
expressivo ganho de produtividade e resgate de autoestima e dignidade do pequeno
produtor. O tema é muito instigante e complexo para que as conclusões sejam
extensivas e generalizadas ao. Os autores sugerem que novas análises poderão ser
realizadas levando-se em conta outras populações, regiões geográficas e estudos
atualizados.
Literatura citada
CAMARGO, A.C.; NOVAES, N.J.; NOVO, A.L.M.; MENDONÇA, F.C.;
MANZANO, A.; ESTEVES, S.N.; PAGANI NETO, C.; QUINAGLIA NETO, P.;
DIAS, A.T.F.F.; SANTOS JUNIOR, H.A.; RIBEIRO, W.M.; FARIA V.P. Projeto
Balde Cheio: Transferência de tecnologia na produção leiteira - Estudo de caso do sítio
Boa Vista, de Elisiário, SP. São Carlos: Embrapa Pecuária Sudeste, 2006b. 8p.
(Embrapa Pecuária Sudeste, Comunicado técnico 71).
157
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.2. Análise multicritério e técnicas de geoprocessamento para a conservação de
estradas não pavimentadas
Frederico Cássio Moreira Martins1, Luana Caetano Rocha de Andrade2, Maria Lúcia
Calijuri3, Kelly de Oliveira Barros4, Emmanoel de Moraes Barreto 5
1
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Engenharia Agrícola.
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Engenharia Civil.
3
Professora do Departamento de Engenharia Civil.
4
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência Florestal.
4
Professor do Departamento de Arquitetura e Urbanismo (in memorian).
2
Resumo: As estradas na zona rural comumente são construídas sem algum tipo de
planejamento, realidade esta normalmente associada a ocorrência de intensos processos
erosivos. Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo identificar os critérios
para a alocação de caixas de captação de água pluvial e sedimentos em estradas não
pavimentadas. A metodologia se baseou em técnicas de geoprocessamento, no modelo
Balseq e na análise multicritério. Por meio da aplicação desta metodologia, que
mostrou-se eficiente, o poder público poderá exercer um melhor gerenciamento das
estradas sem pavimentação. No entanto, a verificação em campo e a correta
determinação do número necessário de caixas de captação são medidas essenciais para o
sucesso desta metodologia.
Palavras–chave: Conservação da água, erosão do solo, modelo Balseq
Multicriteria analysis and geoprocessing techniques for conservation of Unpaved
Roads
Abstract: The roads in the countryside are usually built without some planning, reality
is normally associated with the occurrence of intense erosion. In this sense, the present
study aimed to identify the criteria for the allocation of boxes to capture rainwater and
sediment on unpaved roads. The methodology was based on GIS techniques, the model
Balseq and multicriteria analysis. By applying this methodology, it was efficient, the
government may have a better management of unpaved roads. However, field
verification and correct determination of the required number of pickup boxes are
essential to the success of this methodology.
Keywords: Balseq model, soil erosion, water conservation
158
Introdução
As estradas na zona rural comumente são construídas sem algum tipo de
planejamento. Apesar da importância destas vias, esta realidade acaba por ocasionar nas
estradas sem pavimentação o desenvolvimento de intensos processo erosivos que estão
associados frequentemente à alteração do comportamento da drenagem assim como o
direcionamento da concentração da água pluvial (Demarchi, 2003).
Diversas técnicas estão disponíveis para tornar as estradas rurais adequadas a um
sistema de drenagem de águas pluviais. Como exemplo, podem-se citar as bacias de
captação que atuam na eliminação do efeito destrutivo das águas da chuva. As bacias de
captação acumulam a água da chuva em locais determinados, o que propicia uma maior
infiltração no solo favorecendo o abastecimento do lençol freático e consequentemente
aumentando a quantidade de água nas nascentes (Zoccal et al., 2007; Casarin e Oliveira,
2009).
Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo realizar a identificação de
critérios para a alocação de caixas de captação de água pluvial e sedimentos em estradas
não pavimentadas na bacia hidrográfica do Córrego Pureza, localizada no município de
Itabira, Minas Gerais.
Material e Métodos
A bacia hidrográfica do Córrego Pureza possui cerca de 3.000 ha, situada no
município de Itabira, Minas Gerais, localizado entre os paralelos 19° e 20° sul e
meridianos 43° e 44° oeste, cujo relevo caracteriza-se por ser bastante acidentado.
Foi realizada uma análise de infiltração e escoamento de água no solo, tendo
como base o modelo Balseq, proposto por Lobo Ferreira (1981). A lógica fuzzy e a
análise multicritério foram utilizadas na determinação das áreas para alocação das
caixas de captação. Consideraram-se aspectos legais e ambientais, relacionados
principalmente à classificação e ao uso e ocupação do solo, distância dos cursos d’água
e distância das estradas.
Para a valoração de critérios foi utilizado o método de comparação par a par no
contexto do processo de tomada de decisão denominado AHP (Analytic Hierarchy
Process). Na agregação dos critérios foram utilizados dois procedimentos, o WLC
(Weighter Linear Combination) que aplica um peso para cada fator, e o OWA (Ordered
Weighter Average) que, como o WLC também aplica pesos aos fatores, porém neste
caso os pesos são ordenados em um ranking (Calijuri, et al., 2002).
Foi realizada uma comparação entre os resultados obtidos dos procedimentos
WLC e OWA, uma vez que o risco e compensação assumido em cada procedimento são
distintos e fornecem cenários diferentes no que diz respeito às melhores áreas para
implantação das caixas de captação.
Foram consideradas duas restrições na análise: o limite da bacia hidrográfica do
córrego Pureza e a área inserida em um buffer de 30 m ao longo dos cursos d’água, ou
seja, a distância mínima para intervenção às margens. Desta forma, os critérios legais
estabelecidos pela Lei Federal n° 12.651 de 2012 para preservação das áreas de
proteção permanente foram devidamente contemplados (Brasil, 2012). Foram
considerados como fatores na presente análise: distância das estradas, distância dos
pontos de interseção entre as estradas e cursos d’água, combinação entre as classes e
uso do solo e a declividade.
O fator combinação entre as classes e uso do solo considerou, além da classe e
uso e ocupação do solo, também o potencial de infiltração e escoamento superficial em
cada combinação. Atribuiu-se peso maior às áreas cujas combinações contribuem para
uma menor infiltração e um maior escoamento superficial de água no solo, levando em
159
consideração os resultados obtidos na aplicação do modelo Balseq, restringindo o uso
urbano, uma vez que não se deseja construir caixas de captação nessas áreas. O fator
declividade foi reclassificado levando em consideração que quanto maior a inclinação,
maior também a necessidade de caixas de captação, pois essas áreas são mais
suscetíveis a erosão.
Por fim, o peso ponderado de cada critério foi estimado através do modelo AHP
onde foram feitas as avaliações de importância entre os fatores, chegando-se a uma
consistência de 0,01.
Com objetivo de se comparar os resultados foram elaborados cinco cenários
considerando diferentes combinações de pesos e procedimentos (WLC e OWA). As
características de cada cenário estão na Tabela 1.
Tabela 1 - Resumo das características dos cenários analisados
Tipo de Análise
Risco
Compensação
Características
0,5
1,0
Risco Médio e Máxima Compensação
WLC
0,36
0,80
Risco Médio Alto e Compensação Parcial
OWA 1
0,46
0,93
Risco Médio Alto e Compensação Alta
OWA 2
0,53
0,92
Risco Médio Baixo e Compensação Alta
OWA 3
0,67
0,74
Risco Baixo e Compensação Parcial
OWA 4
Resultados e Discussão
Os latossolos apresentaram maior infiltração e menor escoamento, já os
cambissolos apresentam-se como solos pouco favoráveis à infiltração e bastante
favoráveis ao escoamento, sendo os argissolos intermediários entre os dois. Assim, os
cambissolos foram priorizados em relação aos demais na alocação das caixas de
captação, devido a sua maior suscetibilidade a processos erosivos. No que diz respeito
aos usos, estes foram priorizados na seguinte ordem: áreas de pastagem e solo exposto,
uso agrícola e mata.
Devido ao caráter preventivo da análise para alocação de caixas de captação, é
possível que a escolha do melhor cenário assuma um risco mais elevado, portanto,
optou pela análise OWA1, no qual foi possível observar um maior número de áreas
adequadas a uma adequabilidade mínima de 250. Entretanto, as áreas mais críticas
correspondem à análise WLC com uma adequabilidade de 255, onde devem,
necessariamente, ser alocadas caixas de captação.
De acordo com os procedimentos adotados, 289 áreas foram apontadas como
adequadas para implantação das caixas de captação, que correspondem ao cenário WLC
e OWA, que apresentou um risco equivalente a 0,36 e compensação equivalente a 0,80,
ou seja, risco médio-alto com compensação parcial. Já em relação ao cenário WLC,
consideraram-se 53 áreas críticas, risco médio e compensação máxima, que deverão ser
necessariamente observadas para implantação de caixas de captação. Ressalta-se a
necessidade da determinação em campo da alocação das caixas de captação assim como
do número delas a ser instalado. Justifica-se tal fato pela vasta opção de áreas que foram
apotadas como adequadas para este fim, o que pode ser considerado como ponto
positivo nesta metodologia.
Conclusões
A metodologia proposta mostrou-se eficiente na alocação das caixas de captação
nas estradas. Por meio da sua aplicação o poder público poderá exercer um melhor
gerenciamento das estradas sem pavimentação. A verificação em campo e a correta
determinação do número necessário de caixas de captação para conservação das
160
estradas e dos recursos hídricos são medidas essenciais para o sucesso desta
metodologia.
Literatura citada
BRASIL. Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Dispõe sobre a proteção da vegetação
nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de
1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro
de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de
agosto de 2001; e dá outras providências. In: http://www.planalto.gov.br/ccivi
l_03/_Ato2011-2014/2012/Lei/L12651.htm (acessado em 25 de fevereiro de 2013).
CALIJURI, M. L; MELO, A. L. O; LORENTZ J. F. Identificação de áreas para
implantação de aterros sanitários com uso de análise estratégica de decisão.
Informática Pública, v. 4, n. 2, p. 231-250, 2002.
CASARIN, R. D.; OLIVEIRA, E. L. Controle de erosão em estradas rurais não
pavimentadas, utilizando sistema de terraceamento com gradiente associado a bacia de
captação. Irriga, v. 14, n. 4, p. 548-563, 2009. In: 200.145.140.50/ojs1/include/getdoc.
php?id=1101&article=472&mode=pdf (acessado em: 20 de janeiro de 2012).
DEMARCHI, L. C.; RABELLO, L. R.; SANTOS, N. B.; FRANCO, O.; CORREA, R.
O. Adequação de estradas rurais. Campinas, CATI, 2003. 64 p. (Manual Técnico, 77).
In: http://www.cati.sp.gov.br/Cati/_tecnologias/manejo_conservacao_solo/Adequacaod
eEstradasRurais.pdf (acessado em: 15 de dezembro de 2011).
LOBO FERREIRA, J. P. Mathematical model for the evaluation of the recharge of
aquifers in semiarid regions with Scarce (Lack) hydrogeological data. In: EUROPEAN
MECHANICS COLLOQUIUM - EUROMECH, 143., 2-4 Sep. 1981, Rotterdam.
Proceedings... Rotterdam: A. A. Balkema, 1981.
ZOCCAL J.C.; BRANDÃO H.F.; SILVA J.R.; MATHEUS N.O. Adequação de
erosões: causas, consequências e controle da erosão rural. São Paulo, CODASP, 62p,
2007. (Soluções: Cadernos de estudos em conservação de solo e água, v.1, n.1). In:
http://www.codasp.sp.gov.br/site/images/stories/Arquivos/LIVRO%20-%20ZOCALSo
lucoe s%20Volume%2001%20-%20Erosoes.pdf (acessado em: 2 de janeiro de 2012).
161
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.3. Emprego da microfiltração como alternativa ao tratamento térmico para
beneficiamento do soro de leite
Maura Pinheiro Alves1, Renam de Oliveira Moreira2, Guilherme Mendes Silva2, Rafael
Oliveira Bento2, Cláudia Lúcia de Oliveira Pinto 3, Antônio Fernandes de Carvalho 4
1
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ciência e Tecnologia de Alimentos - UFV.
Estudante de graduação em Ciência e Tecnologia de Laticínios – UFV.
3
Pesquisadora da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – EPAMIG, Viçosa-MG.
4
Professor do Departamento de Tecnologia de Alimentos - UFV.
2
Resumo: Com o aumento crescente na produção industrial de queijos no Brasil, a
disponibilidade de soro de leite tornou-se um grande problema, uma vez que muitas
indústrias ainda o consideram como efluente. Embora o tratamento térmico garanta a
segurança microbiológica de produtos lácteos, pode causar alterações irreversíveis em
alguns constituintes do leite ou do soro, além de alterações sensoriais. Objetivou-se
avaliar a microfiltração como tecnologia alternativa ao tratamento térmico para
melhoria da qualidade microbiológica de soro de leite, para fins de sua utilização no
desenvolvimento de novos produtos pelas indústrias alimentícias, e redução dos
impactos ambientais. Comparou-se a qualidade microbiológica de soro de leite cru
centrifugado, microfiltrado, termizado e pasteurizado. Constatou-se redução
significativa da microbiota contaminante do soro cru por meio dos tratamentos
avaliados, com maior eficiência da microfiltração. A aplicação da microfiltração é uma
alternativa viável para a obtenção de soro de leite estável do ponto de vista
microbiológico e de maior vida útil. O aproveitamento do soro de leite possibilita o
aumento da lucratividade industrial por meio do desenvolvimento de novos produtos e
redução dos impactos ambientais.
Palavras–chave: conservação, meio ambiente, microfiltração, soro de leite.
Use of microfiltration as an alternative to heat treatment for whey processing
Abstract: With the increase in industrial production of cheese in Brazil, the availability
of whey has become a big problem, since many industries still consider as effluent.
Although the heat treatment ensuring the microbiological safety of dairy products can
cause irreversible changes in some components of milk or whey in addition to sensory
changes. Objective to evaluate the Microfiltration as an alternative to heat treatment to
improve the microbiological quality of whey, for the purpose of its use in the
development of new products for the food industries, and reduction of environmental
162
impacts. Compared to the microbiological quality of raw milk serum centrifuged,
microfiltered, thermised milk and pasteurized. There was a significant reduction in
contaminant microbiota raw serum through the treatments evaluated, with greater
efficiency of microfiltration. The application of microfiltration is a viable alternative for
obtaining stable whey microbiological point of view and longer life. The use of whey
enables the increase of industrial profitability through the development of new products
and reduction of environmental impacts.
Keywords: conservation, environment, microfiltration, whey
Introdução
O soro gerado na produção de queijos representa 80 a 90% do volume total de
leite processado para esse fim e contém, aproximadamente, 50% dos nutrientes do leite.
Associado ao alto conteúdo de substâncias orgânicas, em especial à presença de lactose
e proteínas, o soro de leite apresenta alta demanda bioquímica de oxigênio (DBO),
variável de 27 a 60 kg·m-3, e dessa forma, alto poder poluente (PRAZERES et al.,
2012).
Com o aumento crescente na produção industrial de queijos no Brasil, a
disponibilidade de soro de leite tornou-se um grande problema, uma vez que muitas
indústrias ainda o consideram como efluente, desta maneira é descartado sem que sejam
consideradas as consequências ambientais. Portanto, o desenvolvimento de alternativas
para um adequado aproveitamento do soro de leite é uma questão prioritária para fins de
redução dos problemas ambientais, desenvolvimento de novos produtos e aumento da
lucratividade nas indústrias de laticínios.
Considerando as características nutricionais e tecnológicas do soro de leite,
existem várias possibilidades de sua aplicação, desde a sua simples utilização como
ingrediente alimentício à produção de medicamentos. Assim, o governo tem incentivado
o desenvolvimento de tecnologias que permitam o aproveitamento do soro de leite de
uma forma viável do ponto de vista econômico e tecnológico. A tecnologia de
separação por membranas tem se destacado associado ao fato de permitir a obtenção de
produtos com características tecnológicas adequadas para utilização e por constituir
uma operação econômica.
Objetivou-se avaliar a microfiltração como alternativa ao tratamento térmico para
melhoria da qualidade microbiológica de soro de leite, para fins de sua utilização no
desenvolvimento de novos produtos pelas indústrias alimentícias, e redução dos
impactos ambientais.
Material e Métodos
As atividades foram conduzidas no Laboratório de Pesquisa em Ciência e
Tecnologia de Leite e Derivados e no Laticínio Escola, do Departamento de Tecnologia
de Alimentos da Universidade Federal de Viçosa. Utilizou-se soro de leite obtido da
produção de queijo Minas Frescal. O delineamento foi inteiramente casualizado, com
quatro tratamentos aplicados a soro de leite centrifugado e cinco repetições. Os
tratamentos incluíram: microfiltração em membrana de 0,8 µm de diâmetro do poro,
microfiltração em membrana de 1,4 µm de diâmetro do poro, termização a 65 ºC, por 15
segundos e pasteurização a 72 ºC, por 15 segundos. Esses tratamentos foram
comparados ao soro cru centrifugado que correspondeu a amostra controle. Após os
tratamentos, procedeu-se o envase das amostras em garrafas esterilizadas de 200 mL
para avaliação da qualidade microbiológica.
163
Realizou-se a contagem de mesófilos aeróbios em placas PetrifilmTM AC (3M),
com incubação a 32 °C ± 1 °C, por 48 horas; contagem de coliformes e Escherichia
coli em placas PetrifilmTM EC (3M), incubadas a 35 °C ± 1 °C, por 24 e 48 horas,
respectivamente; contagem de Staphylococcus aureus em placas PetrifilmTM Staph
Express (3M), com incubação a 35 °C ± 1 °C, por 24 horas; e contagem de microorganismos psicrotróficos em ágar padrão para contagem em placas (PCA Himedia®,
Índia), incubadas a 7 ºC, por 10 dias.
Realizou-se análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey
(p<0,05). A microfiltração do soro de leite foi realizada em membrana cerâmica tubular
“Membralox®” (Tetra Pak© Processing, França) com poros de 0,8 e 1,4 µm. Os
tratamentos térmicos foram realizados em trocador de calor a placas.
Resultados e Discussão
Foram constatadas altas contagens microbianas no soro cru centrifugado (Tabela
1). Esse resultado foi associado à ocorrência de contaminações decorrentes de falhas de
manipulação, higienização de equipamentos e utensílios, estocagem ou no transporte do
soro, as quais podem afetar diretamente a qualidade de produtos derivados do soro de
leite.
Tabela 1 – Contagens microbianas de soro de leite (cru centrifugado, pasteurizado,
termizado e microfiltrado), expressas em UFC·mL -1.
Amostras
Soro cru
centrifugado
Soro
pasteurizado
(72°C/15 seg)
Soro
termizado
(65°C/15seg)
Soro
microfiltrado
(0,8µm)
Soro
microfiltrado
(1,4µm)
Mesófilos
Aeróbios
Coliformes
3,7 x 105 a
8,7 x 101 b
2,7 x 103 c
< 1,0 d
< 1,0 d
1,3 x 104 a
2,8 x 100 b
2,8 x 100 b
< 1,0 b
< 1,0 b
E. coli
1,1 x 101 a
2,8 x 100 b
2,8 x 100 b
< 1,0 b
< 1,0 b
S. aureus
1,7 x 102 a
2,8 x 100 b
3,2 x 100 b
< 1,0 b
< 1,0 b
Psicrotróficos
2,2 x 105 a
< 10,0 b
2,4 x 102 c
<10,0 b
<10,0 b
Análises
Médias seguidas de pelo menos uma mesma letra, na linha, para cada análise, não
diferem entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
A pasteurização, a termização e a microfiltração em membranas com poros de 0,8
µm e 1,4 µm de diâmetro promoveram redução significativa (p<0,05) da microbiota
contaminante presente no soro cru centrifugado (Tabela 1). Entretanto, a microfiltração
foi mais eficiente para redução dos grupos microbianos seguida da pasteurização e
termização (Tabela 1). Não foi constatada diferença significativa (p<0,05) entre a
microfiltração em membrana de 0,8 e 1,4 µm. Segundo Carvalho e Maubois (2010), a
microfiltração do leite ou do soro em membrana de 0,8 µm pode ser empregada para
remoção de micro-organismos como alternativa ao tratamento térmico, tratamento esse
que embora garanta a segurança microbiológica de produtos lácteos, pode causar
alterações irreversíveis em alguns constituintes do leite ou do soro (proteínas e lactose)
e alterações sensoriais.
164
Conclusões
O emprego da tecnologia de microfiltração é uma alternativa ao tratamento térmico,
pois possibilita a obtenção de soro de leite estável do ponto de vista microbiológico e,
assim, maior vida útil do produto. Desta forma, possibilita o aproveitamento do soro de
leite pelas indústrias brasileiras com consequente aumento da lucratividade por meio do
desenvolvimento de novos produtos, além de permitir a redução do impacto ambiental
causado pelo descarte do soro.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pelo
apoio financeiro a esta pesquisa e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico
e Tecnológico (CNPq).
Literatura citada
CARVALHO, A. F.; MAUBOIS, J. L. Applications of membrane technologies in the
dairy industry. In: COIMBRA, J. S. R.; TEIXEIRA, J. A. (Eds.) Engineering aspects
of milk and dairy products. Boca Raton: CRC Press, 2010. 256p.
PRAZERES, A. R.; CARVALHO, F.; RIVAS, J. Cheese whey management: A review.
Journal of Environmental Management, v.110, p.48-68, 2012.
165
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.4. Potencial de redução da emissão de metano em diferentes sistemas de
tratamento da água residuária da suincultura1
Keles Regina Antony Inoue2, Cecília de Fátima Souza3, Marilú Santos Sousa4, Maria de
Fátima Araújo Vieira5, Fernanda Figueiredo Granja Doriléo Leite6
1
Parte da tese de doutorado da primeira autora.
Doutora em Engenharia Agrícola, DEA/UFV.
3
Professora do Departamento de Engenharia Agrícola, DEA/UFV.
4
Pós Doutoranda da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos / USP, Campus Pirassununga.
5
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em engenharia Agrícola, DEA/UFV.
6
Estudante de graduação em Engenharia Agrícola, UFV.
2
Resumo: A atividade suinícola tem se desenvolvido aceleradamente no Brasil, e com o
crescimento da produção e da concentração de animais, houve aumento dos impactos
ambientais, provocados, principalmente, pela elevação do volume de dejetos gerados
pela atividade. Esses dejetos contêm matéria orgânica e nutrientes, seu armazenamento
e uso inadequado têm provocado grande poluição do ar, dos recursos hídricos e do solo.
Objetivou-se com a pesquisa avaliar o potencial de emissão do gás metano (CH 4), com
base na quantidade de dióxido de carbono equivalente dos resíduos advindos de duas
granjas suínicolas de ciclo completo, com diferentes sistemas de tratamento de seus
resíduos. O experimento foi realizado em uma unidade comercial suinícola localizada
em Oratórios - MG, Zona da Mata Mineira. Foram utilizadas duas granjas pertencentes
à mesma unidade de produção, ambas possuíam as mesmas características
arquitetônicas. O monitoramento das emissões nos sistemas de tratamento foi feito por
meio de análises feitas em amostras coletadas com periodicidade semanal, durante sete
semanas, no afluente e no efluente dos biodigestores e das lagoas de estabilização. Os
valores de SV determinados nos afluentes e efluentes foram utilizados para calcular os
potenciais de emissão de metano, conforme metodologia AM0006 “Redução de emissão
de gases de efeito estufa para sistemas de manejo de dejetos” (UFCCC, 2004), dentro
do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), instituído no Protocolo de Kyoto.
Verifica-se que houve diferença significativa em nível de 5% de probabilidade, pelo
teste F, para os valores de emissão de CH4 entre os tratamentos avaliados. O metano
apresentou valores médios de 149, 25 t de CO2eq ano-1 no tratamento em biodigestores e
1120,22 t de CO2eq ano-1 no tratamento em lagoas de estabilização. Conclui-se que o
maior potencial de emissão de metano foi observado no sistema de lagoas estabilização.
Palavras-chave: Gases de efeito estufa, dejetos, suínos.
166
Potential for reducing methane emissions from different systems of wastewater
treatment suincultura
Abstract: The activity pig has developed rapidly in Brazil, with the growth of
production and concentration of animals, increased environmental impacts, caused
mainly by the increase in the volume of waste generated by the activity. This waste
contains organic matter and nutrients, storage and inappropriate use has caused serious
pollution of air, water and soil. The objective of the research was to evaluate the
potential emission of methane (CH4), based on the amount of carbon dioxide equivalent
of waste arising from two pig farms full cycle, with different treatment systems for their
waste. The experiment was conducted in a commercial unit pig located in Oratórios MG, Zona da Mata Mineira. We used two farms belonging to the same production unit,
both had the same architectural features, monitoring of emissions treatment systems was
done by analyzes of samples collected on a weekly basis for seven weeks in the influent
and effluent of digesters and stabilization ponds. VS values determined in influent and
effluent were used to calculate the potential of methane emissions, according to the
methodology AM0006 "Reduction of emission of greenhouse gases for manure
management systems" (UFCCC, 2004), within the Development Mechanism
Mechanism (CDM) established under the Kyoto Protocol. There is a significant
difference at 5% probability by the F test for the emission of CH 4 between treatments.
Methane showed values of 149, 25 t CO2eq yr-1 treatment in digesters and 1120,22 t
CO2eq yr-1 treatment in stabilization ponds. It is concluded that the greatest potential for
methane emission was observed in the lagoon system stabilization.
Keywords: Greenhouse gases, manure, swine.
Introdução
As três últimas décadas foram marcadas pela crescente preocupação com o meio
ambiente, tanto pela comunidade científica como pela opinião pública, principalmente
no que concerne à destinação dos resíduos, bem como aos efeitos globais das emissões
de Gases de Efeito Estufa (GEE).
O manejo inadequado dos resíduos da suinocultura pode ocasionar a
contaminação dos recursos hídricos, do solo e do ar (KUNZ et al., 2005). Encontrar um
manejo adequado de dejetos suínos é o maior desafio, tanto para a sobrevivência das
zonas de produção intensivas como para pequenas produções.
No Brasil, as pesquisas sobre emissões de GEE bem como sobre o poder
fertilizante dos dejetos de suínos oriundos de tratamento biológico são escassas.
Considerando-se que o país é o quarto maior produtor e exportador de carne suína e o
estado de Minas Gerais é o quarto maior produtor nacional, torna-se necessário
intensificar os estudos acerca de formas de minimizarem as emissões de GEE para a
atmosfera.
Nesse contexto, objetivou-se com esta pesquisa avaliar o potencial de emissão do
gás metano (CH4) com base na quantidade de dióxido de carbono equivalente dos
resíduos advindos de duas granjas suínicolas de ciclo completo, com diferentes sistemas
de tratamento de seus resíduos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado em granja comercial suinícola localizada em
Oratórios - MG, Zona da Mata Mineira, no período de 29 de fevereiro a 11 de abril de
2012. O tipo de exploração adotado na referida granja é o confinamento total dos
167
animais, em duas unidades de produção em Ciclo Completo. Foram utilizadas duas
granjas pertencentes à mesma Unidade de Produção, sendo que ambas possuíam as
mesmas características arquitetônicas e foram manejadas de forma similar, com limpeza
dos galpões feita três vezes por semana.
A granja A possuía um plantel de 800 matrizes e o sistema de tratamento adotado
foi biodigestores. A granja B possuía um plantel de 120 matrizes e o sistema de
tratamento adotado foi lagoas de estabilização. O sistema de tratamento em
biodigestores foi considerado como tratamento 1 (T1) e o sistema de lagoas de
estabilização foi considerado como tratamento 2 (T2). O monitoramento das emissões
foi feito por meio de análises de amostras coletadas nos afluentes e efluentes dos dois
sistemas de tratamento, sendo feita uma coleta por semana, totalizando sete
observações.
Para se estimar a emissão de metano (CH4) buscou-se o fundamento na linha base
para sistemas de manejo de dejetos, de acordo com a metodologia AM0006 “Redução
de emissão de gases de efeito estufa para sistemas de manejo de dejetos” (UFCCC,
2004).
O cálculo das emissões de metano foi baseado na equação 1.
ECH 4  TSV 1  RSV B0 DCH 4 FCM 1 PAGCH 4 N y 365x1000 1
eq. (1).
em que,
ECH4: emissão de CH4 (t de CO2eq);
TSV: taxa de excreção de sólidos voláteis (kg animal-1 dia-1);
RSV: redução relativa de sólidos voláteis na fase de tratamento considerada;
B0: capacidade de produção máxima de metano para o dejeto por animal para uma
população de animais definida, m3 de CH4 kg-1;
DCH4: densidade do metano na temperatura de 20 oC e a 1 atm de pressão (0,67 kg
m-3);
FCM1: fator de conversão do metano para tratamento de dejetos no primeiro
estágio de tratamento;
PAGCH4: potencial aquecimento global aprovado de CH4 (21);
Ny - população de animais definida para o ano y.
Para B0 empregou-se o valor representativo para países da América Latina 0,29
m3 kg -1 (IPCC, 2006).
A taxa de excreção de sólidos voláteis (TSV) foi obtida multiplicando-se a
concentração de SV pela quantidade de dejetos produzida, por dia, por animal. O valor
de Rsv foi obtido a partir dos resultados e concentração de SV nas amostras coletadas
no material.
A população de animais foi definida com base no número de matrizes de cada
granja e no número de terminados por ano, os quais eram abatidos com o peso médio.
Resultados e Discussão
Como pode ser observado na Tabela 1, houve diferença significativa, em nível
5% de probabilidade, pelo teste F, para os valores de emissão de metano (CH 4) entre os
tratamentos avaliados, com 149,25 t de CO2eq ano-1 no T1 e 1120,22 t de CO2eq ano -1 no
T2.
168
Tabela 1. Valores médios ECH4 bem como seu coeficiente de variação para os efluentes
dos dois tratamentos avaliados, biodigestor (T1) e lagoas de estabilização
(T2).
Variável
T1
T2
CV
ECH4 (t de CO2eq)
149,25 b
1120,22 a
66,73
As médias diferiram entre si ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F.
A emissão de metano pelo tratamento em biodigestores apresentou valores
inferiores aos verificados no tratamento em lagoas de estabilização, indicando que o
primeiro sistema é o mais adequado para as águas residuárias da suinocultura,
considerando-se a emissão desse gás. No entanto, pode-se inferir, que nem toda redução
dos SV pode ser atribuída à produção de metano, já que parte desse material fica retido
no lodo produzido nos sistemas de tratamento.
Para Lima (2002) a mitigação das emissões de CH4 provenientes dos resíduos
animais para atmosfera pode ser realizada por meio de biodigestores, pois esse processo
controla a emissão do metano e outros gases, por ocorrer em meio fechado e com
recuperação dos mesmos.
Vanotti et al. (2008), avaliando a substituição do sistema de tratamento de
dejetos de suínos em lagoas anaeróbias por sistemas aeróbios, verificaram que a
emissão de metano foi de 4429,69 e 1,70 t de CO2-eq ano-1, para o sistema em lagoas
anaeróbias e sistemas aeróbios, respectivamente. A substituição do sistema possibilitou
a redução de 96,6 % nas emissões de GEE.
Conclusões
Os maiores potenciais médios de emissão de metano foram verificados no
tratamento por lagoas de estabilização, quando calculados com base nas equações
propostas metodologia utilizada. Para o óxido nitroso ocorreu o contrário, o maior
potencial de emissão foi verificado no tratamento por biodigestores.
A possibilidade de redução no potencial de emissão de GEE utilizando-se o
sistema de digestão anaeróbia foi de 82,8% em relação ao sistema de lagoas de
estabilização.
Agradecimentos
A Universidade Federal de Viçosa, ao Departamento de Engenharia Agrícola, a
Capes, ao CNPq e Fapemig.
Literatura citada
KUNZ, A.; HIGARASHI, M. M.; OLIVEIRA, P. A. Tecnologias de manejo e
tratamento de dejetos de suínos estudadas no Brasil. Cadernos de Ciência e
tecnologia, Brasília, DF, v. 22, p. 651-665, 2005.
UFCCC. UNITED NATIONS FRAMEWORK CONVENTION ON CLIMATE
CHANGE. GHG emission reductions from manure management systems. 2004.
LIMA, M. G. Agropecuária brasileira e as mudanças climáticas globais: caracterização
do problema, oportunidades e desafios. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília,
v.19, n. 3, p.451-472, set./dez. 2002.
VANOTTI, M. B.; SZOGI, A. A.;, VIVES, C. A. Greenhouse gas emission reduction
and environmental quality improvement from implementation of aerobic waste
treatment systems in swine farms. Waste Manag; 2008, 28(4):759-66.
169
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.5. Prejuízos tecnológicos associados à contaminação do leite cru
refrigerado com bactérias psicrotróficas
Raissa Farnum Pereira Silva1, Cláudia Lúcia de Oliveira Pinto2, Maurílio Martins
Lopes3, Cleide Maria Ferreira Pinto 4
1
Bolsista FAPEMIG/EPAMIG, Graduanda em Ciência e Tecnologia de Laticínios – UFV.
Farmacêutica-Bioquímica, D.Sc., Pesq. EPAMIG-CTZM.
3
Tecnólogo e Bacharel em Ciência e Tecnologia de Laticínios, D.Sc., Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais, Campus Rio Pomba.
4
Pesquisador Embrapa/Epamig.
2
Resumo
A estocagem do leite cru refrigerado na fonte de produção reduz perdas
econômicas por atividade acidificante de bactérias mesofílicas, mas permite a seleção de
bactérias psicrotróficas associadas a problemas tecnológicos na indústria de laticínios.
Objetivou-se identificar a partir de dados da literatura científica, prejuízos associados à
contaminação do leite refrigerado com bactérias psicrotróficas. Empregou-se se como
principais palavras-chave: leite, psicrotróficos e produtos lácteos. Os critérios de
seleção do material seguiram os padrões de revistas científicas com corpo editorial. O
emprego de técnicas inapropriadas de manuseio do leite cru pode resultar em altas
contagens de microrganismos psicrotróficos, então é imprescindível a adoção de
medidas preventivas de contaminação do leite para assegurar a qualidade dos produtos
lácteos.
Palavras-chave: leite, psicrotróficos, produtos lácteos, qualidade microbiológica
Technological losses associated with contamination of refrigerated raw milk with
psychrotrophic
The refrigerated storage of raw milk at the source of production reduces
economic losses by acidifying activity of mesophilic bacteria, but allows selection of
psychrotrophic bacteria related to technological problems in the dairy industry. This
study aimed to identify from literature data, losses associated with contamination of
refrigerated milk with psychrotrophic bacteria. It was used as main keywords: milk,
psychrotrophic and dairy products. The selection criteria of the material followed the
170
standards of scientific journals with editorial. The use of inappropriate techniques for
handling raw milk can result in high counts of psychrotrophic, then it is essential to
adopt prevention of contamination of milk to ensure the quality of dairy products.
Keywords: milk, psychrotrophic, dairy products, microbiological quality
Introdução
A granelização do leite cru refrigerado na fonte de produção permite a redução
simultânea dos custos operacionais de produção e de perdas da matéria-prima, por
atividade acidificante das bactérias mesofílicas. Porém, pode ocasionar problemas
tecnológicos associados à atividade de enzimas proteolíticas e lipolíticas de bactérias
psicrotróficas. Muitas destas enzimas são termorresistentes e estão relacionadas às
perdas de qualidade e à redução da vida de prateleira do leite UHT e de outros produtos
lácteos (CHAMPAGNEet al., 1994;CHEN et al., 2003).
As principais causas de contaminação dos produtos com microrganismos
psicrotróficos deterioradores e, ou patogênicos são os procedimentos inadequados de
higiene na cadeia produtiva e a microbiota contaminante do ambiente. A presença de
microrganismos na forma de biofilmes em superfícies de contato com os alimentos pode
levar a contaminações antes e após o processamento, e causar problemas de saúde
pública e de ordem econômica.
Ainda não existe no Brasil, uma regulamentação específica sobre a qualidade
microbiológica da matéria-prima destinada à fabricação de produtos lácteos específicos.
Entretanto, considerando a importância do conhecimento da qualidade do leite cru,
objetivou-se, neste trabalho, levantar os prejuízos causados pela contaminação do leite
com bactérias psicrotróficas, a fim de predizer a qualidade de produtos lácteos
subsequentemente manufaturados.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada de maio a julho de 2013 e envolveu profissionais da
área de ciência e tecnologia de alimentos. A revisão envolveu as etapas: a) levantamento
da literatura disponível sobre o tema; b) avaliação dos dados selecionados. As variáveis
de interesse incluíram microrganismos psicrotróficos, qualidade microbiológica, leite
cru refrigerado, as vias de contaminação, problemas tecnológicos, perdas econômicas.
Foram pesquisados artigos de periódicos nacionais e internacionais que continham os
critérios de inclusão e as variáveis de interesse.Os critérios de seleção do material
seguiram os padrões de revistas científicas com corpo editorial.
Resultados e Discussão
A atividade de proteases produzidas por bactérias psicrotróficas é associada à
instabilidade térmica do leite, coagulação do leite durante a sua pasteurização, a
gelificação do leite UHT, a ocorrência de sabores e odores indesejáveis, a redução do
rendimento na produção de queijos e a ocorrência de textura anormal em alguns tipos de
queijos (SAMARŽIJA et al., 2012). Mesmo em concentrações baixas, as proteases
degradam as proteínas e as lipases degradam os lipídeos, e causam defeitos em produtos
de vida de prateleira longa, como o leite UHT e o leite em pó, onde as enzimas são
preservadas, e podem ser reativadas após a reconstituição.
Na indústria de queijos os produtores enfrentam problemas de perdas de
rendimento em decorrência da atividade de proteases bacterianas sobre a caseína
171
(BARBOSA et al., 2009). Cousin (1982) descreveu que o rendimento de queijos ácidos
fabricados com leite inoculado com bactérias psicrotróficas, foi reduzido com o
aumento da concentração inicial de células, resultado este associado à degradação de
proteínas e de lipídeos.
A qualidade dos produtos lácteos é influenciada pela qualidade bacteriológica da
matéria-prima na fonte de produção, pela contaminação dos tanques de refrigeração,
pelo aumento da temperatura durante o transporte, pelo tempo de transporte, pela
contaminação na indústria e pelo tratamento do leite após o processamento. Todos estes
fatores estão inter-relacionados, sendo de máxima importância utilizar como matériaprima, leite de alta qualidade bacteriológica.Além destes procedimentos, a manipulação
das condições de processamento e estocagem também pode controlar ou minimizar a
atividade proteolítica.
O emprego de técnicas inapropriadas de manuseio do leite cru pode resultar em
altas contagens de microrganismos psicrotróficos, que por meio de suas atividades
proteolíticas e lipolíticas, produzem substâncias indesejáveis ao produto (SØRHAUG;
STEPANIAK, 1997). Alguns problemas tecnológicos são apresentados na tabela 1
associados à contaminação do leite cru com bactérias psicrotróficas.
Tabela 1- Efeito do crescimento de bactérias psicrotróficas em leite cru e grau de
contaminação antes do tratamento térmico sobre a qualidade de produtos lácteos
Produto
Psicrotróficos em leite
cru
Efeito sobre a qualidade
(Log UFC/mL)
Leite UHT
5,9
Gelificação após 20 semanas
6,9 -7,2
Gelificação após 2 a 10 semanas; desenvolvimento gradual
de falta de frescor; sabor de amargo, sujo, ranço.
6,3 -7,0
Estabilidade térmica reduzida, aumento da capacidade
espumante do leite reconstituído.
Leite
pasteurizado
5,5
Sabor inferior quando comparado ao leite pasteurizado
produzido com leite fresco.
Queijos duros
6,5 -7,5
Rancidez
7,5 - 8,3
Diferentes defeitos de sabor, especialmente rancidez e
gosto de sabão; redução do rendimento do queijo.
Queijo cottage
5 -7,8
Correlação significativa entre a contagem de psicrotróficos
no leite cru e gosto amargo no produto final.
Manteiga
ND
Desenvolvimento rápido de rancidez na manteiga fabricada
com creme proveniente de leite cru estocado a frio
comparado à manteiga fabricada com creme proveniente de
leite fresco.
Iogurte
7,6 -7,8
Gosto amargo, de sujo ou sabor de fruta em função de
microbiota específica.
Leite em
leite em
congelado
pó,
pó
Fonte: Sørhaug e Stepaniak (1997).
172
Conclusão
Considerando que as temperaturas para refrigeração do leite cru para sua
conservação na fonte de produção permitem o crescimento de bactérias psicrotróficas
deteriorantes, é imprescindível a adoção de medidas preventivas de contaminação para
assegurar a qualidade da matéria-prima e dos produtos lácteos derivados incluindo boas
práticas de produção de leite, além do controle do tempo e temperatura de estocagem do
leite cru.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG),
pelo apoio financeiro a esta pesquisa.
Literatura Citada
BARBOSA, J. B. et al. Avaliação de rendimento de produção dos queijos Minas
Frescal, Minas Padrão e Mussarela fabricados com leite inoculado com Pseudomonas
fluorescens. Revista Instituto de Laticínios Cândido Tostes, n. 371, v. 64, p. 27-34,
2009.
CHAMPAGNE, C. P.; LAING, R. R.; ROY, D. et al. Psychrotrophs in dairy products:
their effects and their control. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 34,
p. 1-30, 1994.
CHEN, L.; DANIEL, R. M.; COOLBEAR, T. Detection and impact of protease and
lipase activities in milk and milk powders. International Dairy Journal, v. 13, p. 255275, 2003.
COUSIN, M. A. Presence and activity of psychrotrophicmicrorganisms in milk and
dairy products: a review. Journal of Food Protection, v. 45, n. 1, p. 172-207, 1982.
SAMARŽIJA, D.; ZAMBERLIN,S.; POGAČIĆ, T. Psychrotrophic bacteria and
milk and dairy products quality.Mljekarstvo, v. 62, n. 2, p.77-95, 2012.
SØRHAUG, T.; STEPANIAK, L. Psychrotrophs and their enzymes in milk and dairy
products: quality aspects. Trends Food Science Technology, v. 8, n. 1, p. 35-37, 1997.
173
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.6. Avaliação antioxidante da polpa dos frutos da Campomanesia adamantium
Mariana Boaventura Bernardes Moura1, Laís Silvério Fonseca1, Hítalo Alves Sousa1,
Mário Machado Martins2, Sérgio Antônio Lemos de Morais2, Terezinha Aparecida
Teixeira3
1
Estudante de graduação em Biotecnologia – UFU.
Professor do Instituto de Química – UFU.
3
Professora do Instituto de Genética e Bioquímica – UFU.
2
Resumo: A Campomanesia adamantium é uma planta frutífera presente no Cerrado. O
Cerrado como segundo maior bioma do Brasil, possui grandes quantidades de espécies
endêmicas, é considerado um hotspot mundial, possuindo plantas que se destacam por
elevados teores de proteínas, sais minerais, vitaminas e açucares. Neste contexto o
presente trabalho desenvolveu-se na determinação do potencial antioxidante da polpa
dos frutos de Campomanesia adamantium, para avaliar se existe variabilidade do
potencial antioxidante entre plantas da mesma espécie. A atividade antioxidante foi
determinada, através do radical livre estável DPPH seguindo o método descrito por
Yildirim et. al. (2001). Estes testes demonstraram que existe variabilidade para a
característica atividade antioxidante dentro da espécie, podendo ser utilizada como
parâmetro para seleção de materiais para alimentação. Entre as plantas avaliadas a
planta 1 é a planta indicada como matriz para consumo, quando se considera esta
característica.
Palavras–chave: antioxidante, Campomanesia adamantium, gabiroba
Evaluation of antioxidant fruits pulp Campomanesia adamantium
Abstract: The Campomanesia adamantium is a fruit plant present in the Cerrado. The
Cerrado is the second largest biome in Brazil, it has a great amount of endemic species,
and is considered a global hotspot having plants that stand out for high levels of protein,
minerals, vitamins and sugar. In this context, the present work developed in the
determination of the antioxidant potential of the fruit pulp of Campomanesia
adamantium, to value if there is variability of the antioxidant potential among plants
from the same species. The antioxidant activity was determined by the stable free
radical DPPH following the method described by Yildirim et. al. (2001). These tests
demonstrated that there is variability for the characteristic antioxidant activity inside the
species, being able to be used as a parameter for the selection of materials for food.
174
Among the valued plants the first plant is the indicated as a matrix for consumer, when
considering that feature.
Keywords: antioxidant, Campomanesia adamantium, gabiroba
Introdução
O Cerrado é o segundo maior bioma do Brasil, possui grandes quantidades de
espécies endêmicas e é considerado um hotspot mundial (Richard e Efraim, 2010). Suas
plantas se destacam por elevados teores de proteínas, sais minerais, vitaminas e
açucares (Rocha, 2011). Muitas dessas espécies são de grande importância, devido a
seu caráter antioxidante, característica capaz de inibir a oxidação de outras moléculas
(capacidade de consumir radicais livres), já que a forma de obtenção de antioxidante se
dá pela ingestão de compostos com essa atividade. Dessas espécies, pode-se destacar a
gabiroba.
A gabiroba (Campomanesia adamantium) é uma espécie frutífera que se
caracteriza por folhas simples, plantas altas (porte de 2 metros de altura), muito
ramificados, apresenta base aguda, seus frutos são arredondados com cores verde
escuro, verde claro e amarelo. Os frutos são utilizados na alimentação in natura ou em
preparo de receitas, como sorvetes, mousse, entre outros.
Neste contexto o presente trabalho teve como objetivo determinar o potencial
antioxidante da polpa dos frutos de Campomanesia adamantium, e avaliar a
variabilidade do potencial antioxidante entre plantas de mesma espécie.
Material e Métodos
As plantas foram coletadas no município de Patrocínio, Minais Gerais,
previamente identificadas e geoposicionadas por Souza et. al. (2003). As amostras
foram devidamente coletadas em área rural, no período de frutificação da gabirobeira.
Posteriormente, foram encaminhadas ao Laboratório de Biotecnologia de Universidade
Federal de Uberlândia, Campus Patos de Minas, para o preparo e realização dos
experimentos. Destes frutos foram separadas as polpas, trituradas separadamente,
homogeneizadas integralmente, armazenadas em sacos de polietileno e acondicionadas
sob refrigeração (-18,0  5 °C) até o momento das análises.
Para análise da atividade antioxidante, foram preparados 50,0 mL de solução
estoque de DPPH (2,2-difenil-1-picrilhidrazila) em metanol, na concentração de 50 mg
mL-1, a qual foi mantida em refrigeração e protegida da luz. Foram feitas diluições de
50, 45, 40, 35, 30, 25, 20 e 10 µg mL -1. A curva analítica foi construída a partir dos
valores da absorbância a 517 nm de todas as soluções (10 a 50 µg mL-1), as medidas
foram realizadas em cubeta de vidro com percurso óptico de 1 cm e tendo como branco
o metanol. As medidas de absorbância foram efetuadas em triplicata.
A atividade antioxidante foi determinada, através do radical livre estável
DPPH seguindo o método descrito por Yildirim et. al. (2001). Foi pesado cerca de 1,00
g da amostra triturada (polpa do fruto) e submetida à extração com 10,0 mL metanol por
30 minutos em banho de aquecimento a 40 °C. A solução obtida foi filtrada e seu
volume ajustado para 50,0 mL. Para quantificação dos extrativos solúveis, 1,0 mL desta
solução foi recolhida e seca em frasco previamente tarado, a 105 °C, durante 6 horas e
em seguida resfriado a temperatura ambiente em dessecador e pesado. Da solução
filtrada de cada amostra foram realizadas cinco diluições sucessivas de 83%, 66%, 49%,
32% e 15% em metanol. A concentração de DPPH no meio reacional foi calculada
através de curva analítica, por regressão linear. Para cada solução foi utilizada uma
amostra de 0,30 mL e adicionada 2,70 mL de solução de DPPH (concentração
175
aproximadamente 30 µg mL-1 em metanol) recentemente preparada. Também, foi feito
um branco nas mesmas condições, mas sem o DPPH. Após a adição do radical DPPH,
as soluções foram deixadas em repouso e suas absorbâncias registradas no comprimento
de onda de 517 nm durante uma hora, em intervalos de 5 minutos entre cada leitura.
A concentração efetiva média (CE50), que representa a concentração de amostra
necessária para sequestrar 50 % dos radicais de DPPH, foi calculada plotando-se a
porcentagem de DPPH sequestrado versus as concentrações dos extratos de cada
amostra (Argolo et. al. 2004).
Todos os resultados das análises foram obtidos a partir da media das três
repetições (n = 3) com o seu desvio padrão.
Resultados e Discussão
Os processos oxidativos causados por espécies reativas de oxigênio (radicais
livres) em sistemas biológicos são indicados como grandes responsáveis pelo
envelhecimento e pelas doenças degenerativas, como o câncer, doenças
cardiovasculares, catarata, declínio do sistema imune e disfunções cerebrais. Atividade
antioxidante é devido a compostos como os polifenóis, que possuem propriedades
redutoras. Uma das maneiras de se avaliar esta característica tão valiosa dos alimentos é
através do método do DPPH, que se baseia na capacidade de uma amostra sequestrar o
radical livre 2,2-difenil-1-picril-hidrazila (DPPH) (cor violeta) que absorve em 517 nm
e que quando reduzido forma 2,2-difenil-1-picril-hidrazina (cor amarela). Esta mudança
de coloração é acompanhada através de leitura da absorbância no espectrofotômetro
UV-Visível (Sousa et. al. 2007). Para realizar o cálculo da atividade antioxidante, foi
construída uma curva analítica com a concentração do DPPH versus suas absorbâncias
(Figura 1):
Figura 1 - Curva analítica do DPPH.
Foi calculado o CE50 (concentração efetiva média), expresso em concentração
(µg mL-1), necessária para consumir 50% do radical DPPH, conforme Tabela 1.
Estes resultados indicam que, dentro da mesma espécie, as plantas selecionadas
fenotipicamente apresentaram variabilidade quanto à atividade antioxidante. A polpa da
planta 1 apresentou, melhor atividade antioxidante que as demais, seguido das polpas
das plantas 2 e 3, pois quanto menor o valor do CE50 maior é a atividade antioxidante da
amostra, sendo necessária menor concentração da amostra para consumir 50% do
radical DPPH.
Tabela 1 - Atividade antioxidante em amostras de Campomanesia adamantium
176
Amostras da
Campomanesia
adamantium
Planta 1
Parte dos Frutos
CE50 (µg.mL-1)
mg de extrato por mg
de DPPH
Polpa
158 ± 18
13 ± 1
Planta 2
Polpa
201 ± 26
18 ± 2
Planta 3
Polpa
242 ± 18
18 ± 4
Conclusões
Entre as plantas avaliadas, a planta 1 é a mais indicada como matriz para consumo
quando se considera o potencial antioxidante.
Os testes demonstram que existe variabilidade para a característica atividade
antioxidante dentro da espécie Campomanesia adamantium, podendo ser utilizada como
parâmetro de seleção para alimentação.
Trabalhos como este servem de subsídio para estudos posteriores utilizando outras
espécies de gabiroba que possuem potencial antioxidante.
Agradecimentos
Ao Instituto de Genética e Bioquímica (INGEB) pelo apoio e suporte para
execução do trabalho.
Literatura citada
ARGOLO AC, SANTANA AEG, PLETSCH M. e COELHO LCBB (2004) Antioxidant
activity of leaf extracts from Bauhinia monandra. Bioresource Technology 95: 229233.
RICHARD B.P. E EFRAIM R. (2010) Biologia da Conservação. Londrina: Visualitá
Programação Visual.
ROCHA M. S. (2011) Compostos bioativos e atividade antioxidante (in vitro) de
frutos do Cerrado piauiense. Dissertação (Mestrado em Alimentos e Nutrição) Universidade Federal Piauí, Piauí.
SOUZA AD, RODRIGUES DT, BERNARDES WA e TEIXEIRA T. A. (2003) Locais
de ocorrência, biodiversidade e conservação de gabiroba (Campomanesia sp) no
município de Patrocínio-MG. In: 4ª Semana da Ciência e da Cultura, Patrocínio. Anais
da 4ª Semana da Ciência e da Cultura. Patrocínio: Faculdades Integradas de
Patrocínio, p. 119-120.
SOUSA CMM et. al. (2007) Fenóis totais e atividade antioxidante de cinco plantas
medicinais. Química Nova 30:351- 355.
YILDIRIM A, MAVI A e KARA A. A. (2001) Determination of antioxidant and
antimicrobial activities of Rumex crispus L. extracts. J. Agric. Food Chem. 49: 40834089.
177
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.7. Caracterização de amendoins comercializados em supermercados de Viçosa,
MG1
Rodrigo de Oliveira Simões2, Alisson Santos Lopes da Silva3, Daniel Francis Ribeiro 4,
Lêda Rita D’Antonino Faroni5
1
Projeto de Pesquisa da Universidade Federal Rural de Pernambuco/UFRPE.
Professor do Departamento de Tecnologia Rural/UFRPE.
3
Estudante de graduação em Agronomia/UFV.
4
Estudante de graduação em Agronomia/UFV.
5
Professor do Departamento de Engenharia Agrícola/UFV.
2
Resumo: O amendoim é um produto apreciado por seu sabor característico e
considerável valor nutritivo. Atualmente, produtores e consumidores têm demonstrado
grande preocupação com a qualidade e com as contaminações por fungos toxigênicos
em amendoins. Visando verificar as condições de desenvolvimento fúngico foi
realizado este trabalho, com a finalidade de avaliar a qualidade físico-química,
fisiológica e microbiológica dos grãos de amendoim comercializados na cidade de
Viçosa/MG. A pesquisa foi realizada com visitas aos principais centros de
comercialização de gêneros alimentícios da referida cidade em estudo. Foram coletadas
no comércio local 90 unidades de amendoins, das quais foram formadas nove amostras
compostas, de forma que cada amostra representasse uma marca e um estabelecimento
comercial. Foram realizadas análises de umidade, pH, percentual de germinação e de
detecção de fungos. Quanto aos parâmetros físico-químicos e fisiológicos, verificou-se
que as amostras apresentaram algumas variações, diferindo-se apenas para o teor de
umidade e para o percentual de germinação. Todas as amostras apresentaram elevados
índices de contaminações por fungos filamentosos.
Palavras–chave: amendoim, armazenamento, fungos, teor de umidade
Characterization of peanuts sold in supermarkets in Viçosa, MG
Abstract: Peanut is a product appreciated for its characteristic taste and considerable
nutritional value. Currently, producers and consumers have shown great concern for
quality and contamination by toxigenic fungi in peanuts. Order to verify the conditions
of fungal development was carried out this work, in order to evaluate the physicochemical, physiological and microbiological peanut grains marketed in Viçosa/MG. The
survey was conducted with visits to the main marketing centers of foodstuff that city
under study. Were collected in the local 90 units of peanuts, which were formed nine
178
composite samples so that each sample representing a brand and a business. Analyses of
moisture, pH, percentage of germination and detection of fungi. As to the physicochemical and physiological, it was found that the samples showed some variations,
differing only to the moisture content and germination percentage. All samples showed
high levels of contamination by filamentous fungi.
Keywords: fungi, moisture content, peanut, storage,
Introdução
Uma das principais particularidades dos grãos de amendoim é o seu elevado valor
nutricional, além de ser uma importante fonte de óleo e proteína vegetal, com ênfase
para os elementos folato, niacina, vitamina e ácidos graxos essenciais (YEH et al.,
2002).
Deve-se destacar, todavia, que o amendoim está sujeito à contaminação por
fungos, pois os grãos são excelentes substratos para o desenvolvimento destes
microrganismos. A invasão pelos fungos pode ocorrer no campo através do solo,
durante o processo de formação das sementes, durante a colheita, como também nas
diversas etapas quando do seu pré-processamento: secagem, beneficiamento e
armazenamento (OLIVEIRA et al., 2009).
De acordo com MORAES & MARIOTTO (1985), os fungos filamentosos mais
frequentes são Aspergillus spp., Penicillium spp., Fusarium spp. e Rhizopus spp., que
em condições favoráveis podem produzir micotoxinas, entre as quais, destacam-se: a
aflatoxina, a ocratoxina A, a zearalenona, a patulina, a fumonisina, o tricoteceno e a
citrinina. Micotoxinas são metabólitos secundários produzidos por fungos denominados
de toxigênicos e que são substâncias tóxicas potencialmente carcinogênicas,
teratogênicas e mutagênicas tanto para o homem como para os animais (ROSSETTO et
al., 2005). Um dos principais fatores que favorecem o desenvolvimento destes fungos é
a elevada umidade presente no ambiente do armazenamento e/ou comercialização, nível
de contaminação, impurezas e matérias estranhas, insetos-praga, que associados às
injúrias mecânicas favorecem sua proliferação nos grãos.
Considerando-se a quase inexistência de pesquisas sobre a influência das
condições de comercialização na incidência de fungos toxigênicos em grãos de
amendoim comercializados na cidade de Viçosa, este trabalho objetivou avaliar a
qualidade físico-química, fisiológica e microbiológica dos grãos e sua relação com o
desenvolvimento dos fungos.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no Laboratório de Grãos do Setor de Pré-Processamento e
Armazenamento de Produtos Agrícolas, do Departamento de Engenharia Agrícola
(DEA) localizado no campus da Universidade Federal de Viçosa – UFV, em Viçosa,
MG.
Foram obtidos no comércio varejista de Viçosa/MG, 90 pacotes de amendoins, de
03 marcas comerciais, todas dentro do prazo de validade. A qualidade dos amendoins
foi avaliada pelas análises físico-químicas, fisiológica e microbiológica, sendo para isto
feitas amostras compostas, de modo que cada amostra representasse uma marca e um
estabelecimento comercial.
A umidade dos grãos de amendoins foi determinada utilizando-se o método de
estufa à 103±1 ºC, durante 72 h, segundo a American Society of Agricultural Engineers.
O pH foi determinada de acordo com os procedimentos descritos pelos métodos físicoquímicos para análise de alimentos do Instituto Adolfo Lutz e o percentual de
179
germinação foi obtido através do teste-padrão do percentual de germinação feito de
acordo com as Regras para Análise de Sementes.
Na avaliação da micoflora dos grãos de amendoim foram utilizadas quatro
repetições de 50 sementes, previamente desinfestadas, para cada amostra, as quais
foram incubadas empregando-se o método “blotter test”. Foram utilizados 10 grãos de
cada amostra por repetição, distribuídos igualmente e espaçados sobre uma camada
constituída de três folhas sobrepostas de papel de filtro umedecido com água destilada
esterilizada, contidas em placa de Petri (Ø = 9,5 cm). A incubação foi realizada em
câmara do tipo B.O.D. (Biochemical Oxigen Demand) com temperatura controlada a 25
ºC e fotoperíodo de doze horas de luz e doze horas no escuro, durante sete dias. Depois
deste período de incubação as placas foram observadas individualmente sob
microscópio estereoscópio para detecção dos fungos.
Todos os resultados foram avaliados pela análise de variância (ANOVA) e os
valores médios que mostraram diferença significativa foram complementados com o
teste de Duncan, ao nível de 5% de probabilidade, utilizando-se o software estatístico
Assistat 7.6.
Resultados e Discussão
A caracterização físico-química e fisiológica de amostras das três marcas (A, B e
C) dos grãos de amendoim, segundo os parâmetros de umidade (% base úmida), pH e
germinação (%) estão apresentadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Característica físico-química e fisiológica de amostras das três marcas (A, B
e C) de grãos de amendoins coletados em três estabelecimentos comerciais
na cidade de Viçosa/MG
Supermercado X
Análises
Umidade (% b.u.)
pH
Germinação (%)
A
B
C
8,0a
7,5b
7,1e
Amostras
Supermercado Y
Marcas
A
B
C
7,4cd
7,3d
7,1e
Supermercado Z
A
B
C
8,0a
7,5bc
7,3e
6,29a
5,97ab 6,08ab 6,02ab
5,94b
5,88b 5,95ab 6,01ab 5,83b
15,33b 19,33a 15,33b 10,67c 15,33b 5,33d 22,00a
7,33d
5,33d
Letras diferentes na mesma linha evidenciam diferença significativa ao nível de 5% de probabilidade pelo
teste de Duncan.
Observa-se que o teor de umidade variou de 7,1 a 8,0% b.u., com efeito
significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Duncan para o fator marcas e
supermercados. Não houve variação significativa para os valores de pH dos grãos de
amendoim. Verifica-se também, na Tabela 1, que os melhores índices de germinação
(%) referem-se às amostras das Marcas B e A, dos Supermercados X e Z,
respectivamente, enquanto que os piores índices de germinação (%) foram identificados
nas Marcas C, dos Supermercados Y e Z e na Marca B do Supermercado Z.
As amostras dos grãos de amendoins encaminhadas para observação dos fungos
sob microscopia de luz, revelaram a presença de fungos, em especial a dos
filamentosos.
A Figura 1 ilustra os grãos de amendoim após processo de incubação, da Marca C,
dos estabelecimentos comerciais visitados, Supermercados X, Y e Z. Verifica-se que a
maioria dos grãos está contaminada por fungos filamentosos, dado às condições
propícias ao desenvolvimento destes microrganismos.
180
Marca C
Supermercado X
Supermercado Y
Supermercado Z
Figura 1 – Contaminação fúngica identificada nas amostras de grãos de amendoim da
Marca C, coletadas nos Supermercados X, Y e Z.
Conclusões
Conclui-se que a Marca C, coletada nos Supermercado Y e Z, foi considerada a
que apresentou o pior vigor e integridade física, em comparação às Marcas A e B, sendo
considerada, portanto, de qualidade inferior. Constatou-se ainda que, todas as marcas
apresentaram altos índices de contaminação fúngica, podendo assim, serem
consideradas como produtos com potencial risco de contaminação por micotoxinas.
Literatura citada
MORAES, S. A.; MARIOTTO, P. R. Diagnóstico da patologia de sementes de
amendoim no Brasil. Revista Brasileira de Sementes, v.7, n.1, p.41-43, 1985.
OLIVEIRA, C. A. F.; GONÇALVES, N. B.; ROSIM, R. E.; FERNANDES, A. M.
Determination of aflatoxins in peanut products in the northeast region of São Paulo,
Brazil. International Journal of Molecular Sciences, v.10, p.174-183, 2009.
ROSSETTO, C. A. V.; VIEGAS, E. C.; LIMA, T. M. Contaminação fúngica do
amendoim em função das doses de calcário e épocas de amostragem. Bragantia, v.62,
n.3, p.437-445, 2003.
YEH, J.; PHILLIPS, R. D.; RESURRECCION, A. V. A.; HUNG, Y. Physicochemical
and sensory characteristic changes in fortified peanut spreads after 3 months of storage
at different temperatures. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v.50, p.23772384, 2002.
181
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
5.8. Caracterização físico-química de grãos de café Coffea arabica L. em função de
diferentes estádios de maturação e tipos de terreiro de secagem1
Rodrigo de Oliveira Simões2, Gutierres Nelson Silva3, João Paulo Braga Rodrigues4,
Lêda Rita D’Antonino Faroni5
1
Projeto de Pesquisa da Universidade Federal de Viçosa/UFV.
Professor do Departamento de Tecnologia Rural/UFRPE.
3
Estudante de Pós-Graduação em Fitotecnia/UFV.
4
Estudante de Pós-Graduação em Produção Vegetal/UENF.
5
Professor do Departamento de Engenharia Agrícola/UFV.
2
Resumo: Para demonstrar as alterações que ocorrem com a qualidade do café, após o
processo de secagem, realizou-se este trabalho de caracterização físico-química dos
grãos em função do estádio de maturação e do tipo de terreiro. O café, colhido em
quatro diferentes porcentagens de frutos cereja, Lote 1 (90,9%), Lote 2 (81,5%), Lote 3
(65,4%) e Lote 4 (44,7%), foi lavado e seco em terreiro de cimento e em terreiro
suspenso. Após estas etapas de pré-processamento, amostras dos grãos foram
encaminhadas para o laboratório para realização das análises físico-químicas. As
análises de condutividade elétrica e lixiviação de potássio foram feitas com grãos de
café beneficiados sem defeitos visíveis, retidos em peneiras de crivo circular 16 acima.
Verificou-se que os valores médios de condutividade elétrica, lixiviação de potássio,
aumentaram com a redução no percentual de frutos cereja em cada lote. Sendo ainda o
tipo de terreiro, empregado durante o processo de secagem, na forma suspensa, o que
apresentou a menor influência na qualidade físico-química dos grãos de café.
Palavras–chave: estádio de maturação, qualidade, secagem, tipos de terreiro
Physico-chemical characterization of grain coffee Coffea arabica L. for different
stages of maturation and drying yard types
Abstract: To demonstrate the changes that occur with the quality of coffee, after the
drying process was held this job for physico-chemical characterization of grain
according to the stage of maturation and the type of yard. Coffee harvested in four
different percentages of cherry fruit, Lot 1 (90.9%), Lot 2 (81.5%), Lot 3 (65.4%) and
Lot 4 (44.7%), washed and dry cement yard and yard suspended. After these
preprocessing steps, grain samples were sent to the laboratory for carrying out
physicochemical analyzes. The analysis of electrical conductivity and potassium
leaching were made with processed coffee beans without visible defects, retained in
182
sieves circular 16 above. It was found that the average values of electrical conductivity,
potassium leaching increased with the reduction in the percentage of cherry fruit in each
batch. Being still the kind of yard, employed during the drying process, in suspended
form, which had the lowest influence on the physico-chemical quality of the coffee
beans.
Keywords: drying, maturity stage, quality, yard types
Introdução
O café é um dos produtos primários de maior valor no mercado mundial e uma
das principais atividades agroindustriais do país, sendo um dos poucos produtos
agrícolas com seu preço associado a parâmetros qualitativos, cujo valor aumenta
significativamente com a melhoria da qualidade (PASIN et al., 2002). Contudo, esta
qualidade está diretamente relacionada aos diversos constituintes físico-químicos dos
grãos, aos fatores genéticos, ambientais e culturais, além dos relacionados com os
processos de colheita, de processamento e de armazenamento, responsáveis diretamente
pela aparência, pelo sabor e pelo aroma característico da bebida do café (PIMENTA &
VILELA, 2003).
O grau de maturidade dos frutos do cafeeiro é considerado um dos principais
fatores que interferem na qualidade final do café, e esta, influenciada pelos
componentes químicos existentes no grão, está diretamente relacionada com a eficiência
do processo de secagem (CORADI et al., 2008).
AMORIM (1978), visando atestar a qualidade dos grãos de café por meio de
avaliações físico-químicas, destacou as medidas da condutividade elétrica e da
lixiviação de potássio nos exsudados do grão cru como uma forma de avaliação do nível
de desestruturação da membrana celular do grão de café. A degeneração das membranas
celulares e subsequente perda de controle de permeabilidade, seja por ataque de insetospraga e microrganismos, alterações fisiológicas ou danos mecânicos, provocam rápida
deterioração dos grãos de café.
Diante do exposto e da falta de trabalhos que demonstrem as alterações que
ocorrem após a secagem do café, relacionados a diferentes estádios de maturação cereja,
pré-processados por “via seca” em terreiro de cimento e em terreiro suspenso pela
caracterização físico-química, se faz necessário o presente trabalho.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado na Unidade de Processamento de Café (UPC) e no
Laboratório de Grãos do Setor de Pré-Processamento e Armazenamento de Produtos
Agrícolas, do Departamento de Engenharia Agrícola (DEA), ambos localizados no
campus da Universidade Federal de Viçosa – UFV, em Viçosa, MG.
O café (Coffea arabica L.), cultivar Catuaí Vermelho, procedente do município de
Viçosa, MG, foi colhido, por derriça manual no pano e de forma seletiva
caracterizando-se quatro lotes em diferentes porcentagens do estádio de maturação
cereja: Lote 1 (90,9%), Lote 2 (81,5%), Lote 3 (65,4%) e Lote 4 (44,7%).
O café natural, após a lavagem e uma pré-secagem em terreiro de cimento de dois
dias, para redução do teor de água inicial em torno de 70% base úmida (b.u.), foi
subdividido em dois lotes de igual tamanho, permanecendo uma parte no terreiro de
cimento e a outra parte destinada à secagem em terreiro suspenso. A cada dois dias, no
final da tarde, amostras de três litros de café foram coletadas para determinação do teor
de água. Concluído o processo de secagem até o teor de água próximo de 11% b.u.,
183
recomendado para o armazenamento seguro, os lotes de café foram beneficiados e
submetidos às seguintes análises: condutividade elétrica e lixiviação de potássio.
A análise do teor de água foi feita utilizando-se o café natural. As avaliações de
condutividade elétrica e lixiviação de potássio foram feitas nos grãos de café
beneficiado, todos sem defeitos visíveis, retidos em peneiras de crivo circular 16 acima.
O experimento foi conduzido segundo esquema fatorial 4 x 2 (quatro lotes de café
natural, em diferentes porcentagens dos estádios de maturação cereja: Lote 1 (90,9%),
Lote 2 (81,5%), Lote 3 (65,4%) e Lote 4 (44,7%); dois tipos de terreiro durante o
processo de secagem, de cimento e suspenso no delineamento inteiramente casualizado
(D.I.C.) com três repetições para avaliar o teor de água, e com quatro repetições para
avaliar a condutividade elétrica e a lixiviação de potássio. Os dados foram submetidos à
análise de variância (ANOVA). As médias foram comparadas utilizando o Teste de
Tukey adotando-se o nível de 5% de probabilidade. As análises estatísticas foram
realizadas utilizando-se o SAEG versão 9.1.
Resultados e Discussão
A Figura 1 mostra a representação gráfica das curvas de secagem em terreiro de
cimento e em terreiro suspenso para os lotes de café natural.
Figura 1 - Curvas de secagem dos lotes de café em diferentes porcentagens do estádio
de maturação cereja: Lote 1 (90,9%), Lote 2 (81,5%), Lote 3 (65,4%) e Lote
4 (44,7%) em terreiro de cimento e em terreiro suspenso.
O teor de água inicial dos frutos de café, após processo de lavagem, foi de 60,7%;
67,4%; 67,7% e 52,9% b.u., para os Lotes, 1, 2, 3 e 4, respectivamente, colhidos em
diferentes porcentagens do estádio de maturação cereja. A diferença máxima entre os
teores finais de água dos frutos foi de 2,1 pontos percentuais. Os Lotes 1 e 2
demandaram um período de 30 dias para reduzir o teor de água inicial para próximo de
11% b.u., teor considerado seguro para o armazenamento, enquanto que os Lotes 3 e 4
levaram 22 e 20 dias respectivamente para alcançar este mesmo teor,
independentemente do processo de secagem empregado. Esta variação no tempo de
secagem pode ser atribuída à diferença no percentual de frutos cereja de cada lote.
184
Os valores médios da condutividade elétrica e da lixiviação de potássio dos lotes
de café natural, colhido em diferentes porcentagens do estádio de maturação cereja,
após o processo de secagem em terreiro de cimento e em terreiro suspenso, estão
apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Valores médios de condutividade elétrica (µS cm-1 g-1) e de lixiviação de
potássio (ppm), para os lotes de café natural, em função dos tipos de terreiro
Tipo de terreiro
Lote 1
Lote 2
Lote 3
Lote 4
Condutividade elétrica (µS cm-1 g-1)
Cimento
139,52 D a
161,61 C a
185,13 B a
196,03 A a
Suspenso
123,59 D b
152,25 C b
179,11 B b
188,89 A b
Lixiviação de potássio (ppm)
Cimento
27,34 D a
30,42 C a
42,23 A a
38,49 B a
Suspenso
18,50 C b
28,24 B b
38,05 A b
37,63 A a
Médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula nas colunas não diferem entre si, a 5%
de probabilidade, pelo teste de Tukey.
Verifica-se que houve um aumento significativo (P<0,05) da condutividade
elétrica e da lixiviação de potássio em função da redução das porcentagens do estádio
de maturação cereja, observada nos dois tipos de terreiro empregados durante o
processo de secagem, terreiro de cimento e terreiro suspenso. Este aumento significativo
nos valores destes parâmetros de qualidade pode ser atribuído à incidência de fungos
filamentosos, que podem estar presentes na massa de grãos. As maiores quantidades de
íons lixiviados, e consequentemente maiores valores de condutividade elétrica,
encontradas no terreiro de cimento comparativamente ao terreiro suspenso, podem ter
ocorrido, principalmente, devido às temperaturas mais altas, ocorridas em função do
tipo de pavimentação constituinte daquele terreiro, interferindo na integridade das
membranas celulares dos grãos de café.
Conclusões
Conclui-se que os lotes de café natural com maiores porcentagens de frutos cereja
e o tipo de terreiro suspenso, empregado durante o processo de secagem, apresentaram
melhor qualidade físico-química dos grãos de café.
Literatura citada
AMORIM, H. V. Aspectos bioquímicos e histoquímicos do grão de café verde
relacionados com a deterioração de qualidade. 1978. 85p. Tese (Livre-Docência) –
Escola Superior Luiz de Queiroz/USP, Piracicaba.
CORADI, P. C.; BORÉM, F. M.; OLIVEIRA, J. A. Qualidade do café natural e
despolpado após diferentes tipos de secagem e armazenamento. Revista Brasileira
de Engenharia Agrícola e Ambiental, Campina Grande, v.12, n.2, p.181-188, 2008.
PASIN, L. A. A. P.; ABREU, M. S.; CHALFOUN, S. M.; PÁDUA, T. R. P. Efeito de
micronutrients na população fúngica asssociada a grãos de café (Coffea arabica L.).
Ciência e Agrotecnologia, v.26, n.5, p.918-926, 2002.
PIMENTA, C. J.; VILELA, E. R. Efeito do tipo e época de colheita na qualidade do
café (Coffea arabica L.). Acta Scientiarum: Agronomy, v.25, n.1, p.131-136, 2003.
185
6. Economia
186
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
6.1. Um recorte sobre o trabalho feminino no Brasil
Cynthia Aparecida Gonçalves1, Andressa dos Santos Gonçalve 2, Júnia Marise Matos de
Souza3, Maria das Dores Saraiva de Loreto 4
1
Estudante de mestrado em Economia Doméstica – UFV.
2 Estudante de mestrado em Economia Doméstica – UFV.
3
Professora do Departamento de Economia Doméstica – UFV.
4
Professora do Departamento de Economia Doméstica – UFV.
Resumo: Este texto trata-se de um estudo bibliográfico com algumas reflexões teóricas
e críticas sobre a centralidade do trabalho feminino. Em se tratando das mulheres, estas
ficam responsáveis pelos afazes domésticos enquanto os homens são considerados os
provedores do lar. Ao longo dos anos ocorreram mudanças nesse quadro e a mulher
vem adquirindo seu espaço no mercado de trabalho, apesar das muitas conquistas a
serem realizadas. Nesse contexto, o foco central do presente artigo consiste em analisar
a questão do trabalho feminino no cenário brasileiro. Especificamente, pretende-se:
caracterizar o trabalho feminino desenvolvido no lar e descrever o processo de inserção
da mulher no mercado de trabalho. Metodologicamente, baseou-se em uma pesquisa
bibliográfica, por meio de conhecimentos proporcionados pela documentação sobre o
tema. Os resultados revelam que a mulher se inseriu no mercado de trabalho de forma
gradativa, principalmente pelo aumento do seu nível de capital escolar, ganhando desta
forma cada dia mais espaço nos cargos das empresas, sem deixar de lado o seu papel
perante a família. Entretanto, nota-se que a mulher ainda tem recursos mais restritos
com relação ao homem, no que diz respeito a cargos elevados e valores salariais, em
função dos estereótipos de gênero. Conclui-se que o conflito entre a vida doméstica e
familiar com as atividades profissionais do segmento feminino é uma questão aberta,
que precisa ser repensada e aprofundada.
Palavras–chave: feminino, mercado de trabalho, trabalho
187
An evaluation about female labor in Brazil
Abstract: This article is a bibliographic study with some theoretic and critique
reflexions about centrality in female labor. In the case of women, they are responsible
for the housework while men are considered the home providers. Over the years there
have been changes at this framework and the woman has acquired its place in the labor
market, despite the many achievements yet to be performed. In this context, the focus of
the present paper is to examine the issue of women's work in the Brazilian scenario.
Specifically, the intention is to characterize the work females develop in their homes
and describe the process of women’s inclusion on the labor market. Methodologically,
was based on a bibliographic survey through the knowledge provided by the
documentation on the subject. The results reveal that women gradually entered the work
market, mainly by the increase of their educational capital level, thereby gaining
entered the work market, mainly by the increase of their educational capital level,
thereby gaining each day more space in the positions in companies, without neglecting
their role within the family. However, it is noticeable that women still have more
limited resources towards man in regard to high positions and salary amounts, because
of gender stereotypes. The concluding is that the conflict between domestic and family
life with the professional activities of the female segment is an open question that needs
to be rethought and depth.
Keywords: women, labor market, labor
Introdução
A divisão sexual do trabalho de natureza assimética se torna clara ao notar que
no “modelo” familiar imposto pela sociedade o homem é considerado o provedor
enquanto a mulher fica responsável pelos afazeres domésticos. Bruschini (1993)
menciona que, embora um considerável volume de atividades se esconda sob os
afazeres domésticos, mantendo ocupadas mulheres de todas as classes sociais, o
trabalho doméstico não é contabilizado como atividade econômica, dessa forma não tem
valor monetário.
A mulher ingressou no mercado de trabalho lentamente, após a fixação do
capitalismo como sistema econômico, com o desenvolvimento de tecnologias e
necessidade de mão de obra. Após este período, a mulher vem obtendo inúmeras
conquistas. Desta forma o trabalho profissional feminino ganha destaque, uma vez que
o mundo vem apostando nos valores femininos (PROBST, 2003).
No presente artigo, o foco central consiste em examinar a centralidade do
trabalho feminino no contexto brasileiro.
Material e Métodos
O presente artigo é um estudo teórico, que envolve uma pesquisa bibliográfica
sobre o trabalho feminino. Para tanto, procedeu-se a uma busca planejada de
informações bibliográficas contidas em livros e periódicos, por meio das categorias de
análise “Trabalho”, “Mulher”, “Trabalho Doméstico”, “Família e Trabalho”, “Mercado
de Trabalho Feminino”, visando à discussão sobre a temática, na percepção de
diferentes autores.
188
Resultados e Discussão
Todas as sociedades possuem uma divisão sexual do trabalho, uma distinção
entre papéis do homem e da mulher, que se manifesta na família de forma privilegiada.
É fato que são extremamente variadas as diferentes formas de divisão do trabalho, que
variam na extensão, rigidez e separação das tarefas. A guerra e a politica, são em todos
os lugares atividades do homem, das quais quando o sexo oposto participa de forma
secundaria ou complementar. São competências das mulheres os cuidados com as
crianças e com o lar, estando o homem preso à esfera publica, embora os dois
participem das duas esferas de forma mais diferenciada (DURHAN, 1983).
Com a industrialização e a urbanização, a classe média se expandiu, estando o
trabalho doméstico no Brasil mais associado à população proveniente do êxodo rural,
que chegavam às cidades a procura de trabalho, casa, comida e melhores condições de
vida, conforme destaca Melo (1998). Muitas vezes esse público, sem instrução e
capacitação, devido às condições de sua ascendência, via o trabalho doméstico como a
alternativa disponível para sua sobrevivência.
O papel social da mulher é definido como a dona de casa, mãe ou esposa. A
mulher dirigindo ao bem estar da família, esta sempre a servir a todos, maridos e filhos.
O trabalho realizado para sua própria família é visto pela sociedade como uma situação
natural, pois é condicionado por relações afetivas entre a mulher e os demais membros
do lar.
Com a educação, as portas foram se abrindo para o possível crescimento
profissional das mulheres, que significou o principio de sua independência financeira e
emocional. Diante disso, para ser caracterizada como mulher adulta, não é mais preciso
se casar e ter filhos (BADINTER, 2005).
De acordo com Bruschini (2007) o crescimento da atividade econômica da
mulher vem aumentando constantemente, os Indicadores para o Brasil revelam que, no
período considerado, a População Economicamente Ativa – PEA2 – feminina passou de
28 para 41,7 milhões, a taxa de atividade aumentou de 47% para 53% e a porcentagem
de mulheres no conjunto de trabalhadores foi de 39,6% para 43,5%. Ou seja, mais da
metade da população feminina em idade ativa trabalhou ou procurou trabalho em 2005 e
que mais de 40 em cada 100 trabalhadores eram do sexo feminino, na mesma data
(BRUSCHINI, 2007).Esse aumento da inserção feminina no mercado de trabalho não
representa somente a busca pela independência e auto realização, mas também pelo
empobrecimento e necessidade de aumentar a renda familiar.
o Brasil, as mulheres são 41% da força de trabalho, porem ocupam somente 24%
dos cargos altos. Uma parcela de mulheres nos cargos executivos das 300 maiores
empresas brasileiras subiu de 8%, em 1990, para 13%, em 2000. Então no geral, as
mulheres recebem, em média, o correspondente a 71% do salário dos homens. Essa
diferença é mais patente nas funções menos qualificadas. No topo, elas quase alcançam
os homens. As pesquisas revelam ainda que no mundo do trabalho as mulheres são
ainda selecionadas para as funções de rotina, com reflexos sobre sua saúde. De cada dez
pessoas comprometidas pelas lesões por esforço repetitivo (LER), oito são mulheres.
Os cargos assumidos pelas mulheres são variados, é difícil encontrar uma
atividade em que a mulher não tenha se inserido. De acordo com Bruschini (2007), as
mulheres com grau de estudo elevado, além de atuarem em áreas que já eram de seu
interesse antes como magistério e enfermagem, estas tem ganhado espaço em áreas
consideradas de prestigio social, tais como medicina, advocacia, arquitetura, e até
mesmo a engenharia, tradicionalmente conhecida como profissão masculina. Esta
189
poderia ser vista como uma das grandes conquistas femininas, no que tange à sua
inclusão no mercado de trabalho.
Segundo o Jornal Terra (2013), as mulheres são alvo dos problemas relacionados
ao excesso de trabalho, uma vez que além de trabalharem fora de casa, executam as
tarefas domésticas e geralmente acumulam mais responsabilidades do que os homens.
Este fato faz com que elas se sintam mais pressionadas em relação aos seus papéis e
culpadas quando não conseguem suprir as expectativas familiares e profissionais.
Muitas vezes, as mulheres passam grande parte do tempo executando atividades
profissionais, e a maioria delas deixam de realizar atividades como o lazer, exercícios
físicos, que são primordiais para o seu bem-estar.
Conclusões
Esse pensamento com relação a essa divisão sexual do trabalho é algo construído
socialmente ao longo do tempo, e as pessoas vão reproduzindo cotidianamente, de tal
forma que essa visão se tornou arraigada nos costumes brasileiros. Porém a mulher
busca ao logo dos séculos desnaturalizar essa ideia de que seu lugar é no âmbito
domestico, e se inserir na política, universidades e mercado de trabalho.
As mulheres têm ganhado prestigio no mercado de trabalho, mas, ainda assim,
muitas vezes, possuem cargos e salários inferiores aos homens, mesmo já estando sido
provado sua capacidade de realizar um bom trabalho em qualquer função que lhe é
dada. Conclui-se que o conflito entre a vida doméstica e familiar com as atividades
profissionais do segmento feminino é uma questão aberta, que precisa ser repensada e
aprofundada.
Literatura citada
BADINTER, E. Rumo equivocado: o feminismo e alguns destinos. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 2005.
BRUCHINI, C. TRABALHO FEMININO: Trajetória de um Tema, Perspectivas
para o Futuro. Caderno de pesquisa Rio de Janeiro: CIEC Centro Interdisciplinar de
Estudos Contemporaneos 1993.
BRUCHINI, C. Trabalho e gênero no Brasil nos últimos dez anos. Caderno de
pesquisa Rio de Janeiro: Fundação Carlos Chagas 2007.
DURAN, A. M. A dona-de-casa: crítica política, economia doméstica. Rio de
Janeiro: Edições Graal, 1983.
MELO, H. P. D. O Serviço Doméstico Remunerado no Brasil: De Criadas a
Trabalhadoras. Rio de Janeiro: [s.n.], 1998.
PROBST, E. R. A evolução da mulher no mercado de trabalho. Santa Catarina,
Instituto Catarinense de Pós-Graduação. 2003.
190
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
6.2. Fatores relacionados à adoção da integração lavoura-pecuária-floresta no
Brasil1
Altamir Schembergue2, Dênis Antônio da Cunha3, Sabrina de Matos Carlos4
1
Pesquisa financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Economia Aplicada - UFV.
3
Professor do Departamento de Economia Rural - UFV.
4
Estudante de graduação em Ciências Econômicas - UFV.
2
Resumo: O sistema de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) permite melhorar,
de forma sustentável, a produtividade, a qualidade dos produtos e a renda das atividades
agropecuárias. O presente trabalho procurou verificar as variáveis que melhor
representam a decisão de se implantar o sistema, considerando municípios brasileiros
onde pelo menos um produtor adotou o sistema. A análise foi realizada por meio da
técnica multivariada de Análise Fatorial. Os resultados demonstraram que as variáveis
relacionadas ao clima e com as características do produtor e da propriedade são mais
importantes para explicar a decisão de adoção da técnica.
Palavras–chave:
Sustentabilidade
Análise
Fatorial,
Integração
Lavoura-Pecuária-Floresta,
Factors related to the adoption of integration crop-livestock-forest in Brazil
Abstract: The integration crop-livestock-forest system is able to improve in a
sustainable way several factors, such as yield, crop quality, and thus the agricultural
income. This work aimed to study the variables that better represent the decision of
adoption the system, considering Brazilian counties in which at least one farmer has
adopted the system. The analysis was carried out by Factorial Multivariate Analysis.
The results showed that such variables related climate and to the farmer and agricultural
establishment are able to explain the decision of adoption of the integration croplivestock-forest system.
Keywords: Factorial Multivariated
Sustainability
Analysis,
Integration crop-livestock-forest,
191
Introdução
A utilização da iLPF tem sido estimulada pelo governo brasileiro por meio do
Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a
Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano
ABC), que é parte da Política Nacional sobre a Mudança do Clima (instituída por meio
da Lei nº 12.187/2009). No contexto do Plano ABC, a iILFP é uma alternativa
tecnológica para aumentar a produtividade agropecuária e minimizar a emissão dos
Gases de Efeito Estufa (GEE), atenuando efeitos das mudanças climáticas.
De acordo com Brasil (2013), se considerada como alternativa tecnológica, a
iLFP tem como objetivo obter efeitos sinérgicos entre os componentes do sistema de
produção agropecuário. A ideia é alterar o sistema de uso da terra convencional em
direção a um que seja mais tecnificado e sustentável. Como resultado final, busca-se
integrar os componentes do sistema produtivo, de modo a atingir níveis mais elevados
de produtividade, qualidade do produto, qualidade ambiental e competitividade.
Nesse contexto, o presente trabalho objetivou identificar às variáveis mais
importantes para explicar a decisão do produtor de implantar um sistema de iLPF.
Ressalta-se a inclusão de variáveis climáticas e agronômicas na análise, o que pode ser
considerado um avanço em relação aos estudos sobre o tema já realizados no Brasil. O
estudo pretende contribuir para a literatura na medida em que, ao conhecer melhor as
variáveis determinantes da utilização de iLPF, pode-se fornecer subsídios para a melhor
formulação das políticas públicas ligadas ao tema.
Material e Métodos
No presente estudo foi utilizada a técnica de agrupamento das variáveis conhecida
como Análise Fatorial. A análise fatorial expressa o comportamento de um grupo de
variáveis elencadas em termos de um número relativamente pequeno de variáveis
latentes (ou fatores). Os fatores são variáveis não observáveis diretamente, que podem
ser expressas por combinações lineares de variáveis correlacionadas. Para a realização
da análise fatorial utilizou-se a técnica de Componentes Principais. Foi utilizado o
método de rotação fatorial (VARIMAX), que consiste em um processo de ajuste dos
eixos fatoriais para conseguir uma solução fatorial mais simples e pragmaticamente
mais significativa, cujos fatores sejam mais facilmente interpretáveis.
Os dados utilizados se referem a uma amostra de 2.945 Áreas Mínimas
Comparáveis (AMC’s) em que pelo menos um agricultor praticou iLPF. As AMC’s se
referem à área agregada do menor número de municípios necessários para garantir
comparações de uma mesma área geográfica entre diferentes anos censitários. Para
caracterizar as AMC’s foram incluídas variáveis socioeconômicas (disponibilizados
pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), agronômicas e climáticas. Em
termos socioeconômicos considerou-se experiência, formação educacional, acesso à
assistência técnica entre outras variáveis. As características agronômicas (Núcleo de
Estudos e Modelos Espaciais Sistêmicos) caracterizam as AMC’s em termos do
potencial agrícola do solo, potencial de erosão, altitude e disponibilidade de recursos
hídricos. As variáveis climáticas compreenderam médias históricas (1961-1990) de
192
temperatura (oC) e precipitação (mm) (Base CL 2.0 10' do Climate Research Unit –
CRU/University of East Anglia).
Resultados e Discussão
A variável que apresentou maior poder de explicação da decisão de adotar o
sistema de iLPF foi a que indica o número de estabelecimentos que não recebeu
nenhuma visita técnica. Esse resultado está em consonância como trabalho de
Alvarenga e Contijo Neto (2011), ou seja, ainda falta um maior grau de especialização
por parte dos produtores para que se possa adotar a iLPF. A variável que demonstrou
menor representatividade foi a área total de estabelecimentos agropecuários nas AMC’s,
o que confirma um dos pressupostos do sistema, que é ser aplicável para qualquer
produtor, independentemente de ser de pequeno, médio ou grande porte (Tabela 1).
Verifica-se, na Tabela 1, que o primeiro fator relaciona-se com as características
específicas da propriedade-produtor. A variável Sem assistência técnica foi a mais
representativa dentro do fator formado, indicando que a falta de assistência técnica é um
dos obstáculos a serem suplantados para a decisão de implantar o sistema de iLPF. As
características específicas dos proprietários também foram importantes. Era esperado
que os produtores mais velhos tivessem maior resistência em alterar o seu sistema de
produção do que os mais jovens, visto que contam com maior experiência sobre o
sistema produtivo já utilizado na propriedade. Essa dificuldade pode ser ampliada
quando é considerado o fato de o produtor ser analfabeto, indicando que falta um maior
apoio educacional no meio rural, a fim de promover o desenvolvimento agropecuário.
O segundo fator pode ser interpretado como desempenho das AMC’s, visto que
está altamente correlacionado de forma positiva com o valor das Receitas obtidas pelos
estabelecimentos e Valor da terra. Demonstra-se, dessa forma, o benefício da utilização
do sistema em relação aos seus próprios rendimentos, favorecendo, sobretudo a renda
dos proprietários. Promove-se, assim, uma renda mais justa ao produtor, melhorando
suas condições socioeconômicas. Nesse fator ainda pode ser destacado a importância de
programas de auxílio ao produtor, representado pela variável Pronaf.
Tabela 1 – Matriz dos fatores rotacionados
Variáveis
Sem assistência técnica
Idade até 24 anos
Analfabeto
Idade entre 25 e 65 anos
Proprietário
Ensino médio
Recursos hídricos
Valor da terra
Receita
Ensino superior
1
0,928
0,913
0,874
0,870
0,809
0,745
0,716
0,210
0,127
0,250
2
0,299
0,186
-0,078
0,482
0,532
0,627
0,634
0,912
0,900
0,838
Componentes
3
0,148
0,141
0,303
0,053
0,003
-0,049
-0,055
0,018
0,010
-0,097
4
0,012
0,002
0,020
-0,037
-0,059
-0,070
-0,034
0,088
0,007
0,079
5
-0,021
-0,005
-0,022
-0,006
-0,008
0,000
-0,006
-0,017
-0,026
0,060
193
Pronaf
Temperatura inverno
Temperatura verão
Área
Precipitação inverno
Precipitação verão
Alta potencialidade agrícola
Baixa potencialidade agrícola
Fonte: Dados da Pesquisa.
0,385
0,126
0,076
0,210
0,029
-0,121
-0,061
-0,055
0,732
-0,069
-0,003
-0,034
0,048
0,141
0,037
0,047
-0,140
0,910
0,906
0,429
-0,114
-0,495
-0,079
-0,418
-0,179
0,100
-0,143
0,353
-0,867
0,645
0,105
0,119
-0,008
0,049
0,167
-0,184
-0,083
-0,048
0,888
-0,683
Já o terceiro fator relaciona os efeitos climáticos de temperatura. Embora este
trabalho tenha levado em consideração todas as regiões do país, é de se considerar que é
necessário levar em conta as diferenças climáticas dentro dos limites geográficos de
cada região. Esse fator deve ser analisado em conjunto com o quarto fator, que é
correlacionado com o nível de precipitação de verão e inverno. Observa-se que as
variáveis de temperatura estão positivamente correlacionadas com a adoção do sistema.
Dessa forma, pode-se afirmar que, quanto maior a temperatura, maior a possibilidade de
o produtor optar pela diversificação de suas atividades.
Por fim, a utilização da iPLF, assim como novas práticas de manejo agrícola,
pode contribuir para a superação de problemas ocasionados por extremos climáticos, o
que deve ser levado em consideração para a decisão de se implantar o sistema, além da
possibilidade do produtor de aumentar seus rendimentos com a possibilidade da venda
de créditos de carbono (Balbino et al., 2012).
Conclusões
Concluiu-se que a falta de assistência técnica foi o aspecto mais importante para
explicar a decisão de não utilizar a técnica de iLPF. No que se refere à questão
climática, pode-se concluir que a técnica de iLPF floresta possivelmente tem sido
implantada no Brasil como forma de se adaptar às mudanças do clima. Esse resultado
indica que seria importante fomentar a utilização da técnica, já que, ao mesmo tempo
em que ela pode reduzir a vulnerabilidade ao clima dos produtores, também promove
sequestro de carbono. mbora o trabalho tenha apresentado alguns resultados importantes
a respeito da decisão de adotar um sistema de iLPF, é necessário que outras pesquisas
busquem avaliar o potencial desses sistemas em termos de mitigação de gases de efeito
estufa. Dessa forma, seria possível contribuir para ampliar as políticas brasileiras de
desenvolvimento agropecuário sustentável.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas
Gerais (FAPEMIG) pelo financiamento dessa pesquisa e ao Núcleo de Estudos e
Modelos Espaciais Sistêmicos (NEMESIS) pela disponibilização da base de dados.
Literatura citada
ALVARENGA, R.C.; GONTIJO NETO, M.M. Inovações Tecnológicas no sistema de
Integração Lavoura- Pecuário e Floresta- iLPF. IV simpósio internacional na
194
produção de gado de corte. In: Http://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream
/item/64120/1/Inovacoes-tecnologicas.pdf (acessado em 07 de Junho de 2013).
BALBINO, L.C.;MARTINEZ, G.B.; GALERANI, P.R.. Ações de transferência de
tecnologia de sistema de integração lavoura- pecuária e floresta: 2007- 2011.
Planaltina: EMBRAPA: Integração Lavoura- Pecuária e Floresta. In:
Http://www.agrosustentavel.com.br/downloads/iplf.pdf (acessado em 27 de Maio de
2013.
BRASIL – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Integração LavouraPecuária-Floresta.
In:
Http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Desenvolvimento_Sustentavel/Abc/4.pdf
(acessado em 20 de Junho de 2013).
195
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
6.3. O agronegócio e a cadeia produtiva do leite no Brasil
Haroldo Wilson da Silva1, Cristiano Rodrigues Borges Guimarães2, Larissa Spuri Lima3
1
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – UNIFENAS.
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal - UNIFENAS.
3
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal – UNIFENAS.
2
Resumo: O agronegócio do leite é de fundamental importância para o setor
agropecuário brasileiro, compõe-se de cadeias produtivas, e estas possuem entre seus
componentes os sistemas produtivos. Assim, objetivou abordar o agronegócio e a cadeia
produtiva do leite no Brasil. O agronegócio do leite, tendo em vista sua participação na
formação da renda e emprego de grande número de produtores, se constitui numa
importante atividade econômica e social, contribuindo para sua manutenção no campo e
redução do êxodo rural. O agronegócio do leite brasileiro é responsável por 33% do
Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos
brasileiros. Sob o ponto central de interesse para o agronegócio, a cadeia produtiva é
um sistema constituído por um conjunto de setores econômicos, instituindo-se entre si
expressivas relações de compra e venda, nos quais, articulam-se ininterruptamente no
processo produtivo, envolto em toda a atividade de produção e comercialização de um
produto. Para uma descrição mais detalhada da situação do agronegócio do leite
atualmente no Brasil, é conveniente analisar três segmentos importantes da cadeia: a
produção primária; a indústria de transformação e, o mercado.
Palavras–chave: Agronegócio do leite, cadeia produtiva, produção de leite
Agribusiness and milk production chain in Brazil
Abstract: Agribusiness milk is of fundamental importance for the Brazilian agricultural
sector, made up of production chains, and they have among their components
production systems. This paper aimed to address agribusiness and milk production
chain in Brazil. The dairy agribusiness, given its involvement in the formation of
income and employment for many producers, as an important economic and social
activity, maintaining them in the field and reduce the rural exodus. The dairy
agribusiness in Brazil is responsible for 33% of Gross Domestic Product (GDP), 42% of
196
total exports and 37% of Brazilian jobs. Under the central point of interest for
agribusiness, the supply chain is a system consisting of a set of economic sectors,
establishing among themselves expressive relations of buying and selling, in which,
articulated without interruption in the production process, draped across the activity of
producing and marketing a product. For a more detailed description of the situation of
the current dairy agribusiness in Brazil, it is appropriate to look at three major segments
of the chain: primary production, the processing industry and the market.
Keywords: Agribusiness of milk, productive chain, milk production
1. Introdução
O Brasil é um dos grandes produtores mundiais de leite. Em 2005, segundo a
FAO (2006), ocupou a oitava posição e respondeu por pouco menos de 4% do leite
produzido no mundo. No início da década de 90, a participação brasileira era de 2,8%
(SANTOS et al., 2006).
O agronegócio do leite é de fundamental importância para o setor agropecuário
brasileiro, tendo em vista sua participação na formação da renda e emprego de grande
número de produtores, propiciando a fixação do homem no campo (Campos & Piacenti,
2007). Segundo Castro (2001), o agronegócio compõe-se de cadeias produtivas, e estas
possuem entre seus componentes os sistemas produtivos, que operam em diferentes
ecossistemas ou sistemas naturais.
Por cadeia produtiva, entende-se um recorte feito dentro do agronegócio,
centralizado em um único exclusivo produto, ou seja, é o conjunto das atividades de
fabricação e distribuição dos fatores de produção para as unidades de produção rurais;
as atividades que se desenvolvem dentro da unidade produtiva (fazendas) em si; as
atividades de armazenamento, processamento agroindustrial e distribuição de um
produto agropecuário ou extrativo específico e de seus subprodutos para os mercados
consumidores (Santana, 2003).
Face às considerações citadas, objetivou abordar o agronegócio e a cadeia
produtiva do leite no Brasil.
1.1. Agronegócio do Leite no Brasil
O agronegócio brasileiro está em processo de mudança acelerada e profunda. Por
conta disto, as condicionantes das mudanças no agronegócio do leite têm sido alvo de
estudos e discussões intensas (Vilela et al., 2002). O agronegócio é responsável por
33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos
brasileiros. Nos últimos anos, poucos países tiveram um crescimento tão expressivo no
comércio internacional do agronegócio quanto o Brasil (CAMPOS & PIACENTI,
2007).
O agronegócio é responsável por 33% do Produto Interno Bruto (PIB), 42% das
exportações totais e 37% dos empregos brasileiros. Entre 1998 e 2003, a taxa de
crescimento do PIB agropecuário foi de 4,67% ao ano. Nos últimos anos, poucos países
tiveram um crescimento tão expressivo no comércio internacional do agronegócio
quanto o Brasil (Campos & Piacenti, 2007).
Nas últimas duas décadas, no Brasil, a produção de leite vem crescendo a taxas
superiores às do crescimento da população. Isto significa que a produção per capita vem
aumentando nos últimos anos. De 1980 a 1998, a taxa média anual de crescimento foi
de 3,3%; sendo 2,6%; de 1980 a 89; e 4,2%, de 1990 a 98. O desempenho da produção
de leite, nos anos 90, é muito superior ao da década de 80 (GOMES, 2001).
197
Em resumo, para uma descrição mais detalhada da situação do agronegócio do
leite atualmente no Brasil, é conveniente analisar três segmentos importantes da cadeia:
a produção primária; a indústria de transformação e, o mercado, aqui incluindo o
consumidor final e as redes varejistas (Vilela et al., 2002).
1.2. A Cadeia Produtiva do Leite
A cadeia produtiva é um sistema constituído por um conjunto de setores
econômicos, instituindo-se entre si expressivas relações de compra e venda, nos quais,
articulam-se ininterruptamente no processo produtivo, envolto em toda a atividade de
produção e comercialização de um produto ao ecoar-se da cadeia, os produtos são
crescentemente elaborados, obtendo associação de valor. Para Viana & Ferras (2007),
uma cadeia produtiva se forma a partir de um conjunto de processos articulados,
originários das inter-relações de agentes econômicos, aqui denominados elos.
Na pratica, progressivamente a cadeia produtiva do leite no Brasil teve início com
a crise de 1929, por meio da substituição das importações, e com a expansão do
mercado consumidor, conduzida pela acelerada urbanização. Nos anos 40, diversas
cooperativas e empresas sentiam as primeiras intervenções do governo em seus preços
(Viana & Ferras, 2007)
Porém, foi no início da década de 90 que ocorrem grandes avanços neste processo
de industrialização, havendo nesse período a existência de maior abertura de mercado,
interferindo diretamente no desempenho da cadeia, em decorrência possibilita o sistema
ser cada vez mais competitivo, passando o governo a interferir cada vez menos neste
setor, deixando a formação de preço em função das leis de mercado da oferta e da
procura por este produto (Viana & Ferras, 2007). De acordo com Gomes (2001), a partir
de 1990, o país deixou para trás o modelo de substituição de importações, de uma
economia fechada para o mercado internacional, e passou a praticar um modelo de
desenvolvimento que inseriu o Brasil, de modo mais aberto, na economia internacional.
2. Considerações Finais
Conclui-se que os avanços na industrialização ocorreram efetivamente na década
de 90, motivando uma maior abertura de mercado, que influiu no desempenho da cadeia
produtiva. Agregando setores econômicos que promove entre si relações de compra e
venda, os quais estão unidos no processo produtivo, que envolve toda a atividade de
produção e comercialização de um produto ao ecoar-se da cadeia.
3. Literatura citada
CAMPOS, K.C.; PIACENTI, C.A. Agronegócio do Leite: Cenário Atual e
Perspectivas. In: XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração
e Sociologia Rural – 22 a 25 de julho de 2007, UEL - Londrina – PR.
CASTRO, A.M.G. Prospecção de Cadeias Produtoras e Gestão da Informação.
Transinformação, Campinas, v.13, n.2, p. 55-72, 2001.
198
FIGUEIREDO NETO, L.F.; SAUER, L.; LUCENA, L.P. et al. Agronegócio do Leite –
Uma Dimensão da Cadeia Produtiva do Setor Lácteo em Mato Grosso do Sul. In:
XLV Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociedade
Rural, 22 a 25 de julho de 2007, UEL – Londrina – PR.
GOMES, S.T. Diagnóstico e Perspectivas da Cadeia Produtiva do Leite no Brasil.
In: Duarte Vilela; Matheus Bressan; Aércio dos Santos Cunha (org). Cadeia de Lácteos
no Brasil: restrições ao seu desenvolvimento. Brasília/Juiz de Fora: MCT/CNPq –
EMBRAPA, 2001, v., p. 21-27.
SANTANA, A.C. Descrição e Análise da Cadeia Produtiva de Leite no Estado de
Rondônia. Movendo Ideias, Belém, v8, n.14, p.24 - 36 Nov. 2003.
SANTOS, O.V.; MARCONDES, T.; CORDEIRO, J.L.F. Estudo da Cadeia do Leite
em Santa Catarina - Prospecção e Demandas. (Versão preliminar). Florianópolis:
Epagri/Cepa, 2006. 55p.
VIANA, G.; FERRAS, R.P.R. A Cadeia Produtiva do Leite: Um Estudo sobre a
Organização da Cadeia e sua Importância para o Desenvolvimento Regional.
Revista Capital Científico do Setor de Ciências Sociais Aplicadas Vol. 5 nº1 Jan/ Dez.
2007.
VILELA. D.; LEITE, J.L.B.; RESENDE, J.C. Políticas para o Leite no Brasil:
Passado, Presente e Futuro. In: Anais do Sul- Leite: Simpósio sobre Sustentabilidade
da Pecuária Leiteira na Região Sul do Brasil / editores Geraldo Tadeu dos Santos et al. –
Maringá : UEM/CCA/DZO – NUPEL, 2002. 212P. Artigo encontra-se nas páginas 126.
199
7. Economia solidária
200
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
7.1. A Economia Solidária na Agricultura Familiar
PEREIRA, Géssica Caroline; SILVA, Rosalina Souza A.; PAIVA, Sirlene Cristina;
GALVÃO, Ana Lídia C.
[email protected]; [email protected]; [email protected]; [email protected]
Resumo: As mudanças estruturais, de ordem econômica e social, ocorridas no mundo
nas últimas décadas, fragilizaram o modelo tradicional de relação de trabalho
capitalista. Assim, surge o conceito de economia solidária que é um fenômeno recente
que tem obtido crescente visibilidade econômica, social e política. A agricultura
familiar apresenta característica essencialmente distributiva, além de possuir traços
socioculturais que possibilitam sua adequação ao processo de economia solidária, ao
mesmo tempo em que possibilita uma melhor adequação à sustentabilidade no que diz
respeito à estabilidade, à diversificação e à durabilidade dos recursos naturais. Todas
essas estruturas são características que permitem um desenvolvimento da organização
familiar na produção e manejo dos espaços rurais. Neste contexto têm se como
objetivos por meio de pesquisas bibliográficas apresentar conceitos de Agricultura
Familiar e da Economia Solidária, enfatizando a origem e as primeiras experiências da
Economia Solidária no Brasil, bem como, a importância desta “economia alternativa”
para o agricultor familiar. A agricultura familiar compreende um modelo de agricultura
no qual as atividades de gestão e trabalho estão relacionadas à própria família, como
principal responsável pelo processo produtivo. As primeiras ações da Economia
Solidária foram implementadas ao longo da década de 80 por organizações sociais e
religiosas inspiradas por princípios de cooperação, autogestão e solidariedade. A
Economia Solidária têm como princípios a adesão livre e voluntária, a propriedade
coletiva dos meios de produção; solidariedade e reciprocidade; valorização do social em
detrimento do econômico e a democracia participativa. É através desses princípios que
essa “economia alternativa” busca corrigir os efeitos sociais da difusão do mercado
capitalista. Conclui-se que a Economia Solidária se apresenta como a possibilidade de
uma construção econômica de forma coletiva, buscando promover a inclusão dos
indivíduos e atenuar as desigualdades sociais geradas pelo modelo capitalista. Desse
modo, é grande a importância da Economia Solidária para Agricultura Familiar, uma
201
vez que esta visa o trabalho e a produção de forma sustentável, respeito, amizade e
cooperação entre as pessoas; gerando trabalho e renda através da produção e
comercialização local dos produtos; fazendo com que o dinheiro permaneça
promovendo o desenvolvimento econômico e social na região. Além disso, destacam-se
outros benefícios que são imateriais como melhorias na qualidade de vida das famílias
no meio rural, valorização de suas habilidades e capacidades que contribuem para
elevação da autoestima dessas pessoas.
Palavras-chave: Agricultura Familiar, Cooperação, Economia Solidária.
202
8. Educação ambiental
203
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
8.1. Educação Ambiental Crítica como uma ferramenta para Conservação e
Preservação
Carla Ribeiro Machado e Portugal1; Kelly de Oliveira Barros3; Naiara Amaral Oliveira2 ;
FillipeTamiozzo Pereira Torres3; Sergio Alvareli Júnior2; Elias Silva4
1
Estudante não Vinculado do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, UFV
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, UFV
3
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciências Florestais, UFV.
4
Professor do Departamento de Engenharia Florestal, UFV
2
Resumo: A Lei federal n° 9985/2000 (SNUC)oficializou a criação de Unidades de
Conservação (UC) com o propósito de conservar e preservar a grande biodiversidade
brasileira.Para tanto, a Educação Ambiental Crítica surge como ferramenta
transformadora e emancipatória na busca de uma sociedade sustentável.Neste sentido,
este artigo objetivou analisar umestudo de Percepção Ambiental de uma Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN), permitindo, desse modo, correlacioná-lo com
a Educação Ambiental Crítica. Tal estudotraçou o perfil social dos entrevistados, bem
comoa visão sobre a importância da preservação da natureza e da real vontade do
morador local em preservá-la. A proteção dos recursos hídricos, da fauna e da
floraforam apontados como os principais pontos de preservação e conservação. Destacase que muitos indivíduos não souberam responder a pesquisa. Ficou evidenciada a
necessidade de trabalhar os conceitos envolvidos acerca da criação e benefícios da
implantação de uma UC para a região. A proposição do Programa de Formação de
Agentes de Proteção Ambiental surge como ferramenta do processo de formação da
cidadania ambiental sustentável, gerandocapacitação teórica e metodológica crítica com
compromisso ético.
Palavras–chave: Educação Ambiental Crítica, Reserva Particular do Patrimônio
Natural,Unidades de Conservação
Critical Environmental Education as a tool for Conservation and Preservation
Abstract: The federal Law n° 9985/2000 (SNUC) officialized the creation of Units of
Conservation with the intention to conserve and to preserve the great Brazilian
biodiversity. For in such a way, the Critical Environmental Education appears as a
transforming and an emancipation tool in the search of a sustainable society. In this
direction, this article objectified to analyze a study of Environmental Perception of a
204
Particular Reserve of the Natural Patrimony (RPPN), allowing, in this manner, to
correlate it with the Critical Environmental Education.Such study traced the social
profile of the interviewed ones, as well as the vision on the importance of the
preservation of the nature and the real will of the local inhabitant in preserving it. The
protection of the water resources, the fauna and the flora had been pointed as the main
points of preservation and conservation. It is distinguished that many individuals had
not known to answer the research. It was evidenced the necessity to work the involved
concepts about the creation and benefits of the implantation of a UC for the region.The
proposal of the Program of Formation ofEnvironmental Protection Agents appears as
tool of the formation process of the sustainable ambient citizenship generating a critical
theory and methodicqualification with ethical commitment.
Keywords: Critical Environmental Education, Particular Reserve of the Natural
Patrimony (RPPN), Units of Conservation
Introdução
A riqueza da biodiversidade aliada à grande extensão territorial do Brasil constitui
uma virtuosa fonte de conservação e preservação da natureza. Com este foco, foi
instituídoo Sistema Nacional de Conservação da Natureza (SNUC), por meio da Lei
Federal nº 9.985, de 2000 a fim de viabilizar a criação e manutenção de Unidades de
Conservação (UC) por todo o país. Esta Lei abrange as três esferas de governo,
favorecendo a visão única de áreas naturais a serem protegidas. Soma-se a criação de
mecanismos regulamentadores da participação efetiva da sociedade na gestão destas
UC´s, viabilizando e potencializando a relação ambiental, social, econômica e política
essenciais para o desenvolvimento sustentável de qualquer sociedade. A Reserva
Particular do Patrimônio Natural (RPPN) é uma modalidade de UC que permite a
participação de pessoas físicas em sua criação (BRASIL, 2000).
Muitos são os instrumentos e artifícios para a promoção da conservação e
preservação de uma UC, mas nenhuma delas é tão eficaz quanto à aceitação e adoção da
mesma por parte da comunidade de seu entorno (RICARDO e CAMPANILI, 2007).
Considerando isto, a Educação Ambiental Crítica surge como uma ferramenta eficaz,
lúdica e capaz de incitar profundas mudanças na comunidade envolvida por uma UC.
Educação Ambiental é a ferramenta mais versátil e lúdica na construção de uma
educação crítica, transformadora e emancipatória para a busca de uma sociedade
sustentável - a teoria entra em confronto com a prática, sendo vital a revolução social
para uma educação coerente ambientalmente. Esta revolução social é a transformação
integral do ser e suas condições objetivas de existência, retomando a condição
primordial de um ser natural parte do meio ambiente, contrário ao movimento atual de
meio ambiente como parte do ser humano (LAYRARGUES, 2004).
O termo Educação Ambiental Crítica surge como uma forma de elucidar essa
nova ação educativa capaz de atuar na transformação da realidade educacional frente à
grave crise socioambiental mundial. Isto é possível, pois esta modalidade fortalece uma
nova compreensão e uma nova visão educacional e de mundo aliadas a um novo
posicionamento paradigmático e ideológico na busca de uma sociedade mais
hegemônica, justa e principalmente sustentável (LAYRARGUES, 2004).
Neste contexto, o presente trabalho teve por objetivoressaltar a Educação
Ambiental Crítica como ferramenta estruturadora de projetos e ações de conservação e
preservação em Unidades de Conservação, a partir da análise de um estudo de
Percepção Ambiental de uma RPPN.
205
Material e Métodos
Este trabalho teve como base uma revisão de literatura a respeito do tema
abordado. Foram também utilizados dados sobre um estudo de Percepção
Ambientalrealizado por uma equipe responsável pelo Plano de Manejo de uma RPPN.
Esta unidade não será identificada, haja vista que os dados fornecidos ainda não foram
publicados.
A RPPN em análise encontra-se em uma região caracterizada por grande
importância ecológica (Mata Atlântica) e por ampla biodiversidade local preservada.
O referido estudo de Percepção Ambiental traçou o perfil social dos entrevistados
(comunidades rurais do entorno da RPPN), relacionando gênero, idade, estado civil e
número de moradores por residência. Caracterizaram-se as propriedades rurais, com sua
denominação, área e existência de fragmento florestal. Foi averiguado o conhecimento
básico acerca do significado de RPPN, seguido de breve caracterização da mesma. Em
um dado momento indagou-se a respeito da importância e benefício da criação de uma
RPPN para a comunidade local, seguido de perguntas sobre a importância da
preservação da natureza e da real vontade do morador local em preservá-la.
Resultados e Discussão
O ESTUDO DE PERCEPÇÃO AMBIENTAL
A comunidade entrevistada apontou como maiores pontos de relevância à
preservação e conservação ambiental, a proteção dos recursos hídricos, da fauna e da
flora. Em segundo plano,ficou a beleza cênica, melhoria do clima e processos erosivos.
Uma quantidade expressiva da população entrevistada não soube responder sobre os
benefícios da UC para a comunidade local.A Percepção Ambiental traz a compreensão e
entendimento das relações da comunidade para com o meio. Este é o principal mote e
norte para a elaboração de Programas de Planejamento e Educação Ambiental de uma
UC. Ficou evidenciada a necessidade de aprofundar os motivos da criação e benefícios
da implantação de uma UC para a região.
PROPOSTA – PROGRAMA DE FORMAÇÃO DE AGENTES DE PROTEÇÃO
AMBIENTAL
A inclusão da Educação Ambiental Crítica como peça chave nas mudanças de
comportamentos para a formação da cidadania ambiental sustentável gera a capacitação
teórica e metodológica crítica com compromisso ético.É preciso considerar o sujeito
como parte integral de uma realidade coletiva, onde direitos e deveres são igualitários
no processo de construção da cidadania e da sustentabilidade ambiental. Para isso, os
programas e ações educativas precisam ser estruturados de modo a criar uma
consciência gradual que transcenda os interesses individuais, atingindo as questões
coletivas. Entenda que o sujeito continua ser único, mas detentor de singularidades que
devem ser respeitadas, formando a base da sociedade justa na busca da sustentabilidade
ambiental. Portanto, a Educação Ambiental Crítica precisa considerar estes dois pilares:
estimular as habilidades individuais e fornecer ao sujeito habilidades sociais que
viabilizem ações coletivas na busca da cidadania ambiental sustentável.
O Programa de Formação de Agentes de Proteção Ambiental voltado para a
comunidade em estudo deverá, como primeiro passo, traçar o perfil psicológico dos
indivíduos, rastreando seu conhecimento técnico, individual e coletivo.
206
Em um segundo momento deverá ser definido quais os pontos de interesse da
comunidade envolvida. Quais os assuntos serão abordados na capacitação teórica a fim
de suprir o nivelamento de informações para todos os participantes.
A terceira etapa é a estruturação e execução do curso de capacitação dos agentes
em treinamento. Cabe ressaltar que somente será assimilado aquele conteúdo que faz
parte do imaginário, da rotina do educando. Focar o treinamento para as questões de
vivências diárias dos agentes é ponto vital para o sucesso.
A capacitação deverá ser baseada nas diretrizes da Educação Ambiental Crítica
tratada em Layrargues (2004). O foco do projeto político-pedagógico do Programa de
Formação de Agentes de Proteção Ambiental deve ser o da contribuição para a mudança
de valores e atitudes, focando na formação de um sujeito ecológico. Este trata de um
indivíduo imbuído de sensibilidade solidária para com o meio social, ambiental, político
e econômico, sendo multiplicador de conhecimento, formador de opinião e modelo para
formação de grupos locais capazes de identificar, problematizar e agir em relação aos
problemas socioambientais de sua região, o entorno da UC.
Para Layrergues (2004), este é um dos caminhos de transformação que desponta
da convergência entre mudança social e ambiental. A ressignificação do cuidado para
com a natureza e para com o ser humano, através de valores ético-políticos; a educação
ambiental crítica valoriza a ética ambiental como balizadora das decisões sociais e
reorientadora dos estilos de vida coletivos e individuais. É base fundamental para
reestruturação da cultura política realmente ambiental.
A criticidade da Educação Ambiental e seu potencial de recriar estão alicerçados
nas práticas que internalizam os conceitos vivenciados e apreendidos e os externalizam
na forma de ações comprometidas com a busca de ser mais, de melhorar o meio em que
o indivíduo está inserido. Está intimamente ligada à compreensão, interpretação,
reflexão e negação em relação à legitimação da exploração desmedida do homem pelo
homem e da natureza pelo homem. Visa are-internalização do homem como parte
integrante da natureza, e não como o centro da mesma (SILVA, 2009).
Conclusões
A pesquisa realizada na comunidade da RPPN evidenciou a necessidade de se
aprofundar a discussão sobre os motivos da criação e benefícios da implantação de uma
UC para a região.O presente trabalho traz o conceito de um Programa de Formação de
Agentes de Proteção Ambiental como uma ferramenta da Educação Ambiental Crítica.
Viabiliza um retorno claro na busca de um sujeito consciente de suas ações e capaz de
pensar as consequências em longo prazo, fornecendo ao mesmo, subsídios para tomada
de decisões vitais na busca da sustentabilidade ambiental, gerada pela sustentabilidade
social, política e econômica. É a retomada da consciência do homem como parte
integrante da natureza, tendo, portanto, uma cota racional e justa de direitos de usufruir
do planeta, nada mais.
Referências Bibliográficas
BRASIL. LEI Nº 9.985, de 18 de julho de 2000. Institui o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação da Natureza e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, 19 de julho de 2000. Legislação Federal.
LAYRARGUES, P.P. (Coord.). Identidades da educação ambiental brasileira.
Brasília: MMA, 2004. 156p.
207
RICARDO, B.; CAMPANILI, M. (Coord). Almanaque Brasil Socioambiental 2008.
São Paulo: Instituto Socioambiental, 2007. 552p.
SILVA, L.F. Educação ambiental crítica: entre ecoar e recriar. São Paulo. 2009. 197p.
Tese (Doutorado – Programa de Pós-Graduação em Educação.Área de Concentração :
Cultura, Organização e Educação) - Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo.
208
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
8.2. Reconhecendo Saberes através da Rede Certific1
Francisco Maurício Alves Francelino 2, Bruna Almeida de Athaide3, Zilanda Barreto do
Nascimento4, Quênia de Allelui5, Patrícia Angélica F. R. da Silva6, Vicente de Paulo de
Oliveira Santos7
1
Projeto de Extensão Coordenado pelo primeiro autor, financiado pelo Instituto Federal Fluminense IFF.
2
Professor da Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental do Campus Rio Paraíba do Sul / UPEA /
IFF .
3, 6
Estudantes / Bolsistas de Extensão do Curso Técnico em Meio Ambiente do IFF.
4
Estudante de graduação em Geografia do IFF.
5
Professora da Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental do Campus Rio Paraíba do Sul / UPEA /
IFF.
6
Professor da Unidade de Pesquisa e Extensão Agroambiental do Campus Rio Paraíba do Sul / UPEA /
IFF
Resumo: O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense iniciou o
Programa CERTIFIC Pesca com primeira atividade realizada por seis servidores do IFF
no Curso de Formação de Avaliadores da Rede CERTIFIC em julho de 2010. Com o
objetivo de caracterizar e estimular a volta dos trabalhadores à escola com vistas ao
reconhecimento e validação dos saberes construídos ao longo de suas trajetórias de vida
e trabalho. A inscrição para participação no Processo de Reconhecimento de Saberes foi
realizada em três etapas obrigatórias: Pré-inscrição; Participação em Evento de
Orientação sobre o formato do Programa e Inscrição mediante o preenchimento do
Questionário Sócio-profissional que pretende adquirir certificação. Os dados revelaram
que os alunos se encontravam na faixa etária de 19 a 65 anos. Observou-se ainda, que a
maioria eram casados 75%, e do total, 79,2% possuem filhos, sendo quatro o número
máximo de filhos por pessoa. Destes, auto declaram-se brancos - 66,66%, pardos - 25%
e negros - 8,3 %. Observou-se melhoria na organização dos trabalhadores da pesca,
percebida nas alternativas encontradas para buscar novos mercados para
comercialização de sua produção, agregaram valor ao produto da pesca alcançando
melhores valores pelo produto, percebeu-se que poucos egressos continuaram com os
estudos após a capacitação no Certific Pesca. Pode-se observar uma significativa
melhoria das condições de trabalho dos pescadores, além da agregação de valor ao
produto da pesca.
Palavras–chave: capacitação, pescadores, reconhecimento, trabalhadores
209
Recognizing Knowledge through Certific Network
Abstract: The Federal Institute for Education, Science and Technology Program
CERTIFIC Fluminense started fishing first activity for six servers in IFF Training
Course Evaluators Network CERTIFIC in July 2010. With the aim of characterizing and
encourage workers back to school with a view to the recognition and validation of
knowledge built up over the course of their life and work. Registration for participation
in the Process of Knowledge Recognition was performed in three mandatory stages:
Pre-registration; Participation in Event Guidance on the format of the Program and
Registration by completing the Questionnaire Socio-professional who intends to acquire
certification. The data revealed that the students were in the age group 19-65 years. It
was also observed that most were married, 75%, and the total, 79.2% have children,
four the maximum number of children per person. Of these, self declare themselves
white - 66.66%, mulatto - 25% and blacks - 8.3%. Observed improvement in the
organization of fisheries workers, the perceived alternatives found to seek new markets
for selling their production, add value to fisheries products reaching the best values for
the product, it was realized that few graduates continued their education after the
training Fishing in Certific. One can observe a significant improvement of working
conditions of fishermen, besides adding value to fisheries products.
Keywords: training, fishermen, recognition, workers
Introdução
A Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada –
Rede CERTIFIC surge a partir de uma ação conjunta dos Ministérios da Educação e do
Trabalho e Emprego, na prerrogativa de atender ao que estabelece o Art. 41 da Lei no
9.394/96, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB (BRASIL, 2009) que
menciona “O conhecimento adquirido na educação profissional, inclusive no trabalho,
poderá ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação para prosseguimento ou
conclusão de estudos” e a Lei no 11.892, de 28 de dezembro de 2008, quando determina
que, no âmbito de sua atuação, os Institutos Federais “exercerão o papel de instituições
acreditadoras e certificadoras de competências profissionais” (Art.2° § 2°). Sob essas
bases legais estrutura-se a Rede CERTIFIC.
A ação interministerial foi articulada, ao longo de 2009, pelas Secretarias de
Educação Profissional e Tecnológica SETEC/MEC em parceria com a Secretaria de
Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade – SECAD/MEC e a Secretaria de
Políticas de Trabalho e Emprego SEPTE/MTE. E, como resultado da cooperação entre
secretarias tem-se a definição das diretrizes gerais para a implantação da Rede
CERTIFIC consolidada pela Portaria Interministerial - MEC e MTE - nº. 1.082, de 20
de novembro de 2009. Esta dispõe sobre princípios, estrutura de governança e critérios
que permitam identificar, avaliar, reconhecer e validar saberes necessários ao
prosseguimento de estudos e/ou exercício profissional adquiridos por trabalhadores,
jovens e adultos, em suas trajetórias de vida e trabalho.
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense iniciou o
Programa CERTIFIC Pesca com primeira atividade realizada por seis servidores do IFF
no Curso de Formação de Avaliadores da Rede CERTIFIC no período de 4 a 10 de
julho de 2010. Este evento consistiu basicamente de palestras, grupos de trabalho,
210
visitas técnicas e debates e, além destes, houve elaboração de perfis, confecção de edital
e planejamento do programa de certificação na área de pesca.
O objetivo do presente trabalho foi caracterizar e estimular a volta dos
trabalhadores à escola com vistas ao reconhecimento e validação dos saberes
construídos ao longo de suas trajetórias de vida e trabalho.
Material e Métodos
A divulgação do Edital para inscrição no Programa CERTIFIC consistiu,
basicamente, na divulgação das estratégias de inscrição para participação dos
trabalhadores. Foi iniciada no 10 de agosto de 2012, na localidade de Farol de São
Thomé, onde foram realizadas três reuniões para apresentação do Programa à
comunidade e dos critérios para inscrição no mesmo. Estas reuniões ocorreram na
própria Colônia de Pescadores Z-19, e contaram coma presença de estudantes da EJA
da rede municipal, pescadores artesanais, trabalhadores dos demais seguimentos da
cadeia produtiva da pesca, além da equipe CERTIFIC Pesca do IFF. A divulgação
também foi realizada na rádio comunitária local antes das reuniões.
O Evento de orientação para inscrição no Programa CERTIFIC consistiu na
realização de palestras, nas quais a equipe CERTIFIC Pesca descreveu cada uma das
etapas de avaliação, Reconhecimento de Saberes e da Formação Profissional,
esclarecendo para qual delas o trabalhador poderia ser encaminhado. A inscrição para
participação no Processo de Reconhecimento de Saberes foi realizada em três etapas
obrigatórias: Pré-inscrição; Participação em Evento de Orientação sobre o Processo de
Reconhecimento de Saberes e Inscrição mediante o preenchimento do Questionário
Sócio-profissional do respectivo Perfil Profissional do qual se pretende adquirir
certificação.
O Processo de Reconhecimento de Saberes correspondeu a um conjunto de
atividades que envolveram: Diálogos com a Equipe Multidisciplinar do Instituto
Federal; Dinâmica de Grupo; atividades complementares para Preparação para o
Desempenho Socioprofissional; e Avaliação do Desempenho Profissional.
Resultados e Discussão
Os dados coletados revelaram que dos 35 alunos pré-inscritos no Programa
CERTIFIC/ PESCA do IFF, apenas 24 alunos (68,57%) participaram do referido
estudo. Foram excluídos aqueles que não se encontravam presentes no momento da
aplicação do questionário e aqueles que não possuíam nenhum vínculo com a atividade
da pesca. Os indivíduos encontravam-se distribuídos na faixa etária de 19 e 65 anos,
com predomínio da faixa etária de 40 a 50 anos, sendo a média etária do grupo estudado
de 42 anos. Observou-se ainda, que a maioria eram casados 18 (75%), seguida de
solteiros, quatro (16,6%) e, por último, os viúvos, dois (8,3%). Do total, 19 (79,2%)
possuem filhos, sendo quatro o número máximo de filhos por pessoa. Dos entrevistados,
16 auto declaram-se brancos (66,66%), 6 pardos (25%) e dois negros (8,3 %).
Observou-se uma melhoria na organização dos trabalhadores da pesca, percebida nas
alternativas encontradas para buscar novos mercados para comercialização de sua
produção, puderam agregar valor ao produto da pesca alcançando valores próximos ao
praticados pelas redes de supermercados da região, alguns deles conseguiram se
desvencilhar dos atravessadores e conseguiram melhorar sua renda, apesar dessas
melhorias, percebeu-se que poucos dos egressos buscaram continuar com os estudos
após a capacitação no Certific Pesca.
211
Conclusões
A capacitação e reconhecimento de saberes promovidos pelo Programa Certific/
Pesca do IFF contribuiu significativamente para:
Identificar as condições sócioeconômicas e produtivas dos pescadores artesanais
da Comunidade de Farol de São Tomé em Campos dos Goytacazes;
Abrir canais de diálogo entre os trabalhadores da pesca e o poder público na busca
por políticas públicas voltadas para a realidade e demanda dos trabalhadores locais;
Melhorou a organicidade do grupo e os levou a buscar novos desafios, sobretudo,
relacionados a mercados consumidores diferenciados.
Literatura citada
BRASIL. MEC. LDB passo a passo. 3ª edição atualizada até 31 ago. 2009.
Pereira, L. A. C; Costa, S.: Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação
Inicial e Continuada – Rede CERTIFIC
212
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
8.3. Educação ambiental no campo1
SANTANA, Eloisa Pio de2; ECHEVERRIA, Agustina Rosa3; MIZIARA, Fausto4
¹
Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiado pela PRPPG-UFG, CAPES e Fundação de
Amparo à Pesquisa- FAPEG-GO.
²Doutora em Ciências Ambientais - CIAMB/UFG.
³Professora do Instituto de Química, do Mestrado em Educação em Ciências e Matemática e do
Doutorado em Ciências Ambientais da UFG.
4
Professor titular de sociologia da FCHF e do Doutorado em Ciências Ambientais da UFG.
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo desenvolver um programa de
educação ambiental no estado de Goiás, inserido na política de assistência técnica e
extensão rural, junto aos agricultores familiares. A problemática surgiu a partir do
desenvolvimento de um trabalho de campo para elaboração de uma tese de doutorado.
Foram visitados 57 municípios e entrevistados 171 agricultores familiares, onde se
constatou uma deficiência de conhecimento e ações com relação aos problemas e
consequências da degradação ambiental. A implantação da denominada “revolução
verde” induziu uma crescente dependência tecnológica das atividades produtivas no
campo, levando-os, na maioria das vezes, a incorporar o pensamento racional e
reflexivo, entendido como a autoconfrontação com os efeitos da sociedade de risco, ou
seja, a sociedade moderna se confrontando com os riscos criados por ela mesma
(BECK, 1997). Nessa perspectiva, defendemos neste trabalho a importância da
educação ambiental no campo, tomando como base a Política Nacional de Assistência
Técnica e Extensão Rural – PNATER. Entendemos que a educação ambiental deve
atingir tanto a educação formal como a educação não formal, proporcionando mudança
de conceitos por meio da conscientização, conhecimento, criando habilidades para que
tenham capacidade de avaliação, participação e mudança de atitude com relação ao
meio ambiente.
Palavras-Chave: educação ambiental, desenvolvimento sustentável, modernização da
agricultura e sociedade de risco
Environmental education in the farm
Abstract: This paper aims to develop an environmental education program in Goiás
state, inserted in the technical assistance policy and rural extension, together with the
farmers. The problem emerged from the development of a field work for the preparation
of a doctoral thesis, 57 municipalities were visited and 171 farmers were interviewed,
213
which demonstrated a knowledge deficiency and actions regarding to the problems and
consequences of environmental degradation. The deployment of the so-called "green
revolution", induced a growing technological dependence of productive activities in the
field, leading them most often to incorporate the rational and reflective thought,
understood as the self-confrontation with the effects of the risk society, in other words,
the modern society confronting with the risks created by itself (BECK, 1997). In this
perspective, we defend in this paper the importance of environmental education in the
field, based on the National Policy on Technical Assistance and Rural Extension NAPTARE. We believe that environmental education should achieve both formal
education and non-formal education, providing concepts change through awareness,
knowledge, creating skills for evaluation capacity, participation and attitude change
toward the environment.
Keywords: environmental education, sustainable development, Modernization of
agriculture and risk society
Introdução
O trabalho realizado teve como ponto principal verificar a atuação da Empresa
Estadual de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária- EMATERGO (hoje Agência EMATER), órgão que desenvolve o trabalho de assistência técnica e
extensão rural junto aos agricultores familiares, na implementação das políticas públicas
relacionadas à modernização da agricultura, conhecida também como Revolução Verde.
Tomando como base a Política Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural
- PNATER, é preciso partir de uma nova perspectiva para a atuação da EMATER-GO
no estado de Goiás e consequentemente no Brasil. É preciso, diante de uma nova
concepção, transformar a prática convencional que acompanhou durantes anos os
trabalhos de extensão rural e, introduzir novas práticas, baseadas numa visão
interdisciplinar, em que se atinjam os objetivos dentro de uma visão sistêmica, ou seja:
desenvolvimento rural social, econômico e ambiental, buscando atingir os princípios da
Agroecologia. A Extensão Rural Agroecológica entendida como um, “O processo de
intervenção de caráter educativo e transformador, baseado em metodologias de
investigação-ação participante que permitam o desenvolvimento de uma prática social
mediante a qual os sujeitos do processo buscam a construção e sistematização de
conhecimentos que os leve a incidir conscientemente sobre a realidade[...]”.
(CAPORAL & COSTABEBER, 2000, p.33).
Na pesquisa de campo que originou a problemática desse trabalho dentre vários
fatores que envolvem o apoio e o desenvolvimento da agricultura familiar em Goiás,
foram levantados alguns dados com relação ao nível de conhecimento dos agricultores a
respeito dos problemas ambientais. Considerando essa problemática, nas entrevistas,
dentre várias questões, foram feitas três que envolviam o tema da problemática
ambiental, quais sejam:
1) O que o senhor pensa sobre a questão ambiental
2) O que o senhor pensa a respeito do uso de agrotóxicos
3) O que o senhor está fazendo para preservar o meio ambiente na sua propriedade
A respeito da área de preservação do meio ambiente dentro das práticas de
extensão rural, concluímos que os Governos, Federal e Estadual, incentivaram a
drenagem de áreas, o desmatamento, chegando a financiar todos os projetos à época,
com o auxílio da extensão rural que era executora de programas federais e estaduais e
outros órgãos parceiros. Com o decorrer dos tempos, com as novas pesquisas e a
214
Legislação Ambiental, a empresa passa a adotar uma nova postura junto aos agricultores
familiares, visando não somente o aumento da produção e, sim, o aumento da
produtividade, ou seja, não é preciso o aumento das áreas plantadas, novas áreas
desmatadas, a partir de investindo em tecnologias. Essa pesquisa teve como objetivo
principal, implementar um programa para a prática da educação ambiental, buscando o
empoderamento de conceitos e ações na construção de valores sociais e humanos, junto
aos agricultores familiares no estado de Goiás, baseado nos princípios da ética
ambiental, nos objetivos da educação ambiental da Carta de Belgrado e na proposta
pedagógica de Paulo Freire (FREIRE,1977).
Material e Métodos
Nessa pesquisa foram visitados 57 municípios, aproximadamente 25% do total de
municípios no Estado e entrevistados 171 agricultores familiares. As entrevistas, de
natureza semiestruturada, foram realizadas no local de moradia dos agricultores.
Pretendia-se com essas entrevistas caracterizar o seu perfil socioeconômico, cultural e
verificar a avaliação que eles fazem da ação das instituições que desenvolvem o
trabalho de extensão rural no estado de Goiás, assim como, verificar a sua percepção,
seu conhecimento, com relação aos problemas ambientais. Essa pesquisa em sentido
mais amplo baseou-se nos processos de implementação da modernização da agricultura.
Nessa perspectiva foram elaborados mapas para verificação do nível de conhecimento
dos agricultores familiares em todas as regiões do estado de Goiás para que, a partir daí,
elaborar e executar um programa de educação ambiental no campo, tentando
primeiramente a conservação e preservação das regiões que apresentaram maior índice
de matas nativas preservadas, com o objetivo central de implementar um programa para
a prática da educação ambiental, buscando o empoderamento de conceitos e ações na
construção de valores sociais e humanos, junto aos agricultores familiares no estado de
Goiás, baseado nos princípios da ética ambiental, nos objetivos da educação ambiental
da Carta de Belgrado e na proposta pedagógica de Paulo Freire.
A concepção de gestão compartilhada levará à definição de algumas estratégias e
procedimentos, mostrando a potencialidade da gestão compartilhada em práticas de
educação ambiental, pois estabelecerá relações dialógicas, cooperativas, solidárias e
ações pedagógicas desafiadoras e participativas. A concretização dessa concepção de
gestão, possibilitará a re-significação de relações e práticas, como também o encontro,
os confrontos e a construção de saberes e de estratégias de intervenções concretas na
realidade, na perspectiva de fomentar a consciência crítica e a construção de um projeto
não formal de educação no campo (ASSUMPÇÃO, 2010).
Resultados e Discussão
De acordo com a análise de conteúdo feita por meio das entrevistas com os
agricultores familiares, com relação ao meio ambiente, pode-se concluir que, os
agricultores familiares conseguem ver os problemas ambientais, mas a maioria de forma
bastante limitada, vivenciado a partir dos seus problemas locais. Por meio das
orientações dos técnicos da extensão rural, eles adquiriram os conhecimentos dos
problemas causados pelos agrotóxicos, demonstram saber sobre os cuidados que devem
ter na sua aplicação, mas, o fazem de maneira incorreta e muitos afirmam terem se
intoxicado. Apesar de reconhecerem os problemas ambientais, a contaminação da
própria cultura, os problemas que causa à saúde humana, ainda assim, consideram o
agrotóxico um mal necessário. Dos 171 entrevistados, 138 agricultores usam
215
agrotóxicos e somente 33 afirmaram não usar, correspondendo 80% e 20%
respectivamente do total da amostra.
Esse resultado pode ser comparado com o Censo Agropecuário 2006. De acordo
com os dados do IBGE/2006, o uso de agrotóxico chega a 78,4%, e o equipamento mais
usado é o pulverizador costal (69,1%), que tem maior potencial de exposição, em mais
da metade das unidades onde a prática foi verificada, os responsáveis não receberam
orientação técnica (56,3%) do governo, cooperativas ou de iniciativa privada. Outro
fator preocupante constatado pelo Censo Agropecuário 2006 é que dos seis agrotóxicos
mais perigosos, que estão sob suspeita, o estado de Goiás está entre os Estados que mais
consomem dois deles, o Acefato, que causa Câncer, danos ao sistema reprodutivo e o
Paration Metílico, que causa desregulação endócrina e má formação fetal.
Conclusões
O presente projeto enquanto instrumento de fundamentação e conscientização
pretende mostrar que os órgãos que tratam da temática ambiental devem ser os
precursores da preservação ambiental, oferecendo educação ambiental para a busca de
melhores práticas e respeito ao meio ambiente. Isso se dará por meio da Gestão
Compartilhada, ou seja, interação dos órgãos governamentais e não governamentais
para a busca de soluções para a problemática ambiental, formando uma rede de atores
na busca por objetivos comuns, descentralizando e democratizando ações tendo como
princípio a participação e co-responsabilidade de todos, identificando, analisando e
apontando os benefícios que uma educação ambiental compartilhada podem trazer
para o Estado e para a própria comunidade rural.
A educação ambiental deve atingir tanto a educação formal como a educação não
formal, é preciso que os órgãos, que atuam no meio rural, entendam que a educação
ambiental deve vir em primeiro lugar, ou seja, antes de fiscalizar é preciso orientar,
educar. É preciso desenvolver uma população mundial que esteja consciente e
preocupada com o meio ambiente e com os problemas que lhe são associados, e que
tenham conhecimento, habilidade, atitude, motivação e compromisso para trabalhar
individual e coletivamente na busca de soluções para os problemas existentes e para a
prevenção de novos.
Defendemos que, se a EMATER/AGENCIARURAL foi o melhor órgão que
intermediou a introdução das tecnologias no meio rural, cabe também a ela, em
parceria com os órgãos que tratam da temática ambiental, contribuir para mudar o
pensamento do agricultor familiar, ancorada de forma sólida na educação ambiental no
campo.
Agradecimentos
À PRPPG/CIAMB/UFG, pela ajuda de custo concedida para realização da
Pesquisa de Campo, sem a qual seria impossível ter realizado as viagens aos 57
municípios. Á Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás - FAPEG pela bolsa
de estudos concedida por dois meses para desenvolvimento e finalização deste trabalho.
À CAPES/PRPPG/CIAMB/UFG pela bolsa de estudos concedida nos últimos 6(seis)
meses do curso.Às Unidades Locais e Regionais da EMATER-GO, pelo apoio no
contato com os produtores rurais.Aos produtores rurais entrevistados pela riqueza de
conhecimentos repassados por meio das entrevistas e pela receptiva aceitação com
relação ao trabalho de campo.
216
Literatura citada
ASSUMPÇÃO, Raiane Patrícia Severino. Gestão compartilhada do conhecimento, de
procedimentos e de ações: reflexões a partir de vivências do Instituto Paulo Freire
– Brasil em processos de educação popular Disponível
em:
www.paulofreire.org/.../_Gestao_compartilhada_do_conhecimento.doc. Acesso em
30 set 2010 às 20h00.
BECK, Ulrich. A Reinvenção da Política.In: GIDDENS, Antony; BECK, Ulrich;
LASH, Scott. Modernização Reflexiva: Política, Tradição, Estética na ordem social
moderna. São Paulo: UNESP,1997 p.11-72.
CAPORAL, F. R.; COSTA BEBER, J. A. Agroecologia e desenvolvimento rural
sustentável:perspectivas para uma nova extensão rural. In: Agroecologia e
Desenvolvimento Rural Sustentável, Porto Alegre, v.1, n.1, p.16-37, jan./mar. 2000.
Educação ambiental e desenvolvimento: documentos oficiais, Secretaria do Meio
Ambiente, Coordenadoria de Educação Ambiental, São Paulo, 1994, Série
Documentos, ISSN 0103-264X.
FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação.Rio de Janeiro: Paz e Terra,1977.
GIDDENS, Antony; BECK, Ulrich; LASH, Scott. Modernização Reflexiva: Política,
Tradição, Estética na ordem social moderna. São Paulo: UNESP,1997.
217
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
8.4. A zooterapia como contribuição aos aspectos psicológicos e sociais de idosos 1
Délcio César Cordeiro Rocha2, Guélmer Júnior Almeida de Faria3, Fábio Gregory4
1
Parte de uma pesquisa do GEZTO – Grupo de Estudos em Zooterapia e Terapias Ocupacionais do
Instituto de Ciências Agrárias da UFMG.
2
Professor e Coordenador do Programa Universidade Solidária do ICA/UFMG.
3
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Social da Universidade Estadual de
Montes Claros.
4
Estudante de graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental do ICA/UFMG.
Resumo: Neste trabalho, realizou-se a contribuição da Zooterapia como atividades que
promovam uma velhice inclusiva, onde se possa garantir os direitos dos idosos, uma boa
qualidade de vida, expectativa de vida e cidadania. A Zooterapia vem contribuindo com
os aspectos psicológicos e sociais desses idosos. Este projeto está vinculado ao
Programa Universidade Solidária – EduBrasil – Extensão e Desenvolvimento próUniversitário e Ambiental no Brasil desenvolvido no ICA/UFMG, no Asilo São Vicente
de Paulo em Montes Claros – MG. Como resultado esperado vale destacar a melhoria
da qualidade de vida com a diminuição do estresse através da ocupação do tempo
ocioso. Em relação aos alunos envolvidos esse projeto, visa proporcionar experiência
técnica quanto ao manejo no cultivo das hortaliças e interação homem X animal, além
de proporcionar vários benefícios para os idosos, permite aos alunos aliarem a teoria
com a prática e contribuírem para o desenvolvimento social.
Palavras–chave: Desenvolvimento Humano e Social, Velhice, Zooterapia
The zootherapy as a contribution to the social and psychological aspects of elderly
Abstract: In this work, the contribution of Zootherapy as activities that promote an
inclusive age, which can guarantee the rights of the elderly, a good quality of life, life
expectancy and citizenship. The Zootherapy been contributing to the psychological and
social aspects of the elderly. This project is linked to the University Partnership
Program - EduBrasil - Extension and Development pro-University Environmental and
developed in Brazil in the ICA / UFMG, in Asylum St. Vincent de Paul in Montes
Claros - MG. As expected outcome is worth highlighting the improved quality of life
with reduced stress through the occupation of idle time. Regarding students involved
218
this project aims to provide technical expertise about managing the cultivation of
vegetables and human interaction X animal, besides providing various benefits for the
elderly, allows students to ally theory with practice and contribute to social
development.
Keywords: Human and Social Development, Aging, Zootherapy, Occupational
Therapy.
Introdução
O Brasil nas últimas décadas passou por uma mudança em suas taxas de
crescimento populacional. Na década de 40 o número das pessoas de 60 anos ou mais
representava 4 %, já em 2000 era de 8,6 %. Fato este sendo explicado pelo decréscimo
das taxas de natalidade e os avanços da ciência.
Camarano & Kanso (2010) nos mostra que a expectativa é de que, em 2025, o
Brasil passe da 16ª para a 5ª posição mundial em relação ao contingente de idosos. O
que nos serve de alerta para que se criem políticas públicas voltadas a este segmento. E,
sobretudo que se parta para uma educação que se paute na inclusão dos idosos no
universo escolar e no cotidiano. Pois, estes sujeitos sociais estarão cada vez mais
próximos de nosso dia-a-dia.
Neste sentido, pensar numa sociedade inclusiva onde se possam garantir os
direitos dos idosos é parte fundamental para pensarmos em qualidade de vida,
expectativa de vida e cidadania.
A Política Nacional do Idoso (Lei 8.842, de 4 de janeiro de 1994), é uma política
pública que surge em meio a essa demanda por atendimento às necessidades, cuidar da
saúde, promover a educação e a participação social ao atendimento do idoso. Para tanto,
esta se vale dos direitos sociais dos quais essa população poderá e pode usufruir. Tratase de assistir um grupo, que vinha tendo seus direitos abnegados por uma sociedade
cada vez mais capitalista e desenvolvimentista.
Logo, partindo para uma socialização e bem-estar como prática promotoras de
qualidade de vida, pois, esta não está associada apenas aos cuidados e prevenção de
doenças, mas sim, aos cuidados psicológicos desses sujeitos sociais. E que se buscou
utilizar a zooterapia, como instrumento de intervenção.
E a terapia ocupacional, pois, como qualquer local habitacional os ILPI’s,
sempre tem áreas não aproveitadas e como as pessoas precisam de alguma atividade
complementar e relaxante às atividades normais do cotidiano, especialmente no caso do
idoso, que tem poucos afazeres diários. Então, necessário se faz a procura de uma
atividade relaxante e prazerosa para eles. A construção de uma horta, com espécies de
maior valor nutritivo e maior uso alimentar, permite que a pessoa tenha um contato
direto com a terra e o prazer de se sentir útil a si mesmo e às pessoas de seu convívio
(ROSA et al., 2010).
Assim o presente estudo tem por objetivo analisar a “Zooterapia” no lar São
Vicente de Paula em Montes Claros-MG, bem como a contrapartida deles, além da
percepção da sua qualidade de vida e das dimensões físicas, emocionais e sociais.
Material e Métodos
Neste contexto, este projeto vinculado ao Programa Universidade Solidária –
EduBrasil – Extensão e Desenvolvimento pró-Universitário e Ambiental no Brasil
219
desenvolvido no ICA/UFMG 4, cujo tema consiste em avaliar os benefícios da
Zooterapia e Terapia Ocupacional através da interação dos idosos com o meio ambiente,
tem por finalidades contribuir para a melhoria de vida dos idosos do asilo São Vicente
de Paulo em Montes Claros – MG através da interação homem X animal e do cultivo de
hortaliças como terapia ocupacional e incentivar o trabalho social dos alunos do
Instituto de Ciências Agrárias – ICA da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG.
Segundo Oliva et al. (2010, p. 20) os animais foram submetidos, ao longo do
adestramento e depois de introduzidos na equipe de trabalho, a exames clínicos
periódicos (semestrais) e ao controle sanitário constituído por: esquema de vacinação
completo, vermifugação a cada seis meses, limpeza dentária sempre que necessário e
controle de ectoparasitos. Frente a qualquer manifestação clínica de desconforto ou
doença e durante o período de cio, os animais componentes da equipe mantinham-se
afastados do trabalho. E ainda segundo estes autores foram observadas as seguintes
características destes animais: docilidade, ausência de medo a estímulos visuais e
sonoros e não manifestação de reação violenta a estímulos tais como: compressão de
orelhas e patas, tração de orelhas e cauda, toque de determinadas partes do corpo.
Paralelo às atividades práticas ainda contemplam a coleta de dados entrevistas
semi-estruturadas com funcionários da instituição e com os idosos o instrumento de
avaliação e considerações éticas: foi realizada a análise da autopercepção dos efeitos da
Zooterapia, na qualidade de vida dos integrantes do projeto.
Resultados
O asilo São Vicente de Paulo ou também conhecido por “Betânia Lar dos
Velhinhos” é administrado pela Sociedade São Vicente de Paulo. Em 2003 viviam na
instituição 110 asilados, sendo que 52 eram homens e 58 mulheres.
A idade média dos asilados no município de Montes Claros-MG do sexo
feminino (76 anos) é bem superior àquela registrada para o sexo masculino (67 anos).
Com efeito, 25 % dos homens asilados tinha idade inferior a 60 anos, ao passo que entre
as mulheres o percentual era de, aproximadamente, 12 %. Mais da metade (52 %) dos
homens asilados tinham menos de 70 anos, faixa etária na qual estavam inseridas 29 %
das mulheres asiladas (CERQUEIRA, 2003, p. 47). Fato que evidencia o motivo da
institucionalização tenha sido a solidão.
Encontramos que as mulheres eram maioria nas instituições de longa
permanência do município de Montes Claros-MG, representando 68,3% do número
total de asilados. E aproximadamente um terço (33,5 %) dos idosos asilados residentes
nestas instituições são oriundos de outras cidades da região Norte de Minas Gerais.
Corroborando para a questão de gênero, ao empreender que as mulheres são a
maioria e que para tanto, seriam necessárias atividades que garantam aproveitamento de
seus tempos livres, já que estavam acostumadas a realizar tarefas de seu cotidiano e que
a vida em instituição de longa permanência gera um conflito muito grande, uma vez que
a inércia e o sedentarismo são fatores decisivos que podem levar a depressão.
Outro ponto convergente trata-se da questão regionalista, Montes Claros por ser
uma cidade pólo, acaba por atrair pessoas em busca por algum tipo de serviço. E as
instituições de longa permanência no município são locais receptores dessa população
que abarca todo o Norte de Minas Gerais.
4
A pesquisa de campo ainda está sendo desenvolvida.
220
Nesse contexto, surge a iniciativa de implantar atividades que estejam aliadas a
Extensão do Instituto de Ciências Agrárias da UFMG e à comunidade local com vistas a
dar um retorno à sociedade no que tange a uma velhice inclusiva. E que possibilite que
mesmo institucionalizados, o cotidiano destes sujeitos sociais seja carregado de
significados, seja no tratamento e contato com um animal ou numa atividade prática
junto a terra. A zooterapia vem contribuindo com os aspectos psicológicos desses idosos
e sociais. A terapia ocupacional com a horta doméstica traz um resgate de sua cultura,
pois muitos desses idosos relembram do tempo em que plantavam e colhiam. Estas
iniciativas contribuem para maior qualidade de vida e lazer.
E que juntas elas proporcionam que as dimensões físicas, sociais e emocionais
sejam contempladas. E numa velhice inclusiva é componente essencial para
socialização e sentimento de pertencimento.
Conclusões
O presente trabalho teve como objetivo promover a zooterapia com idosos do
Asilo São Vicente de Paulo do município de Montes Claros-MG, permitindo-lhes um
contato e convívio com animais (zooterapia), fazendo-lhes sentirem-se úteis,
socializados e cidadãos.
Como resultado esperado vale destacar a melhoria da qualidade de vida com a
diminuição do estresse através da ocupação do tempo ocioso. Em relação aos alunos
envolvidos esse projeto, visa proporcionar experiência técnica quanto ao manejo no
cultivo das hortaliças e interação homem X animal, além de proporcionar vários
benefícios para os idosos, permite aos alunos aliarem a teoria com a prática e
contribuírem para o desenvolvimento social.
Literatura citada
CAMARANO, A. A.; e KANSO, S. As instituições de longa permanência para
idosos no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Populacionais, Rio de Janeiro, v. 27, nº.
1, p. 233-235, jan./jun 2010.
CERQUEIRA, M. B. R. Envelhecimento populacional e população
institucionalizada – Um estudo de caso dos asilos do município de Montes ClarosMG. 2003. 97 p. Tese (Mestrado em Demografia) – Centro de Desenvolvimento e
Planejamento Regional, Universidade Federal de Minas Gerais, 2003.
ROSA, C. B. C. J.; HEREDIA ZÁRATE, N. A.; GRACIANO, J. D.; MASSAMBONE,
I. UFGD horta caseira como terapia ocupacional para idosos. Disponível em <
www.enapet.ufsc.br> acessado em 01 de Abril de 2010.
OLIVA, V. N. S.; ALBUQUERQUE, V. B.; SILVA, E. Y. T.; YAMAMOTO, K. C.
M.; COSTA, K. N.; SILVA, M. L. M.; SOUZA, M. S.; AGUIAR, S. M. H. C. A. Idosos
institucionalizados e as atividades assistidas por animais (AAA). In: PEDROSA, T. N.
et al. Ação Saúde: a universidade levando informação à rádio comunitária. Revista
Ciência e Extensão, v. 6, nº. 2, p. 15-31, 2010.
221
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
8.5. Conscientização e educação sobre preservação ambiental para produtores
rurais
Camila Casagrande Camporez¹, Hayana Gums Kiefer¹, Diogo Vivacqua de Lima ²,
Elaine da Silva Soares¹, Leonardo Candido de Moraes¹, Brenda Saick Petroneto¹
¹Aluno de graduação de Medicina Veterinária - FACASTELO email: [email protected].
2
Doutorando em Reprodução Animal, Departamento de Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa,
UFV.
Resumo: A falta de preservação ambiental é um dos grandes problemas não só no
Brasil como em todo o planeta. Isso ocorre em função dos meios de transporte, o
desperdício de água, o mau uso da energia elétrica e principalmente o uso inadequado
dos recursos naturais em pequenas e grandes propriedades rurais. O meio ambiente é
fundamental para a vida dos seres presentes no planeta terra, com a destruição à vida vai
se tornar cada vez mais difícil a cada dia. A falta de informação tem sido uns dos fatores
responsáveis pelo mau uso dos recursos naturais ofertado pelo meio ambiente, cabe as
autoridades transferir conhecimentos específicos para a população como do uso correto
dos recursos e estímulos para preservação ambiental, como cabe também aos produtores
buscar informações quando necessárias em cãs de dúvidas de utilização destes recursos.
Palavras–chave: conscientização, meio ambiente, produtor rural, recursos naturais
Awareness and education on environmental conservation for farmers
Abstrac: The lack of environmental preservation is a major problem not only in Brazil
but in the entire planet. This is due to the transport, water waste, misuse of power and
especially the misuse of natural resources in small and large farms. The environment is
fundamental to the lives of beings present on planet earth, with the destruction of life
will become more and more difficult every day. The lack of information has been one of
the factors responsible for the misuse of natural resources offered by the environment, it
is the authorities transfer knowledge specific to the population as the proper use of
resources and incentives for environmental preservation, as it is also for producers seek
information when needed doubt in the khans these resources.
Keywords: awareness, environment, farmers, natural resources.
222
Introdução
A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação
permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, cria uma necessária articulação
com a produção de sentidos sobre a educação ambiental. A dimensão ambiental
configura-se crescentemente como uma questão que diz respeito a um conjunto de
atores do universo educativo, potencializando o envolvimento dos diversos sistemas de
conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa
perspectiva interdisciplinar (JACOBI, 2003).
O desafio que se coloca é de formular uma educação ambiental que seja crítica e
inovadora em dois níveis: formal e não formal. Assim, ela deve ser acima de tudo um
ato político voltado para a transformação social. O seu enfoque deve buscar uma
perspectiva de ação holística que relaciona o homem, a natureza e o universo, tendo
como referência que os recursos naturais se esgotam e que o principal responsável pela
sua degradação é o ser humano.
A conscientização e a educação dos produtores rurais atualmente esta sendo
discutida cada vez mais devido à demanda de se preservar o meio ambiente que esta ao
seu redor, preservação hoje no Brasil esta se tornando caso de necessidade.
Muitos recursos estão sendo ofertados mais a população principalmente os
produtores rurais que estão mais perto da natureza estão desenformados sobre utilização
necessária e reutilização dos recursos naturais.
É de grande importância preservar e saber valorizar os recursos recebidos de
todo o meio, saber os benefícios e consequências de atos naturais do dia a dia no campo,
conhecendo a fundo possíveis leis e obrigações de cada município com as áreas rurais
envolvidas.
Revisão bibliográfica
A reflexão sobre as práticas sociais, em um contexto marcado pela degradação
permanente do meio ambiente e do seu ecossistema, envolve uma necessária articulação
com a produção de sentidos sobre a educação ambiental. A dimensão ambiental
configura-se crescentemente como uma questão que envolve um conjunto de atores do
universo educativo, potencializando o engajamento dos diversos sistemas de
conhecimento, a capacitação de profissionais e a comunidade universitária numa
perspectiva interdisciplinar. Nesse sentido, a produção de conhecimento deve
necessariamente contemplar as inter-relações do meio natural com o social, incluindo a
análise dos determinantes do processo, o papel dos diversos atores envolvidos e as
formas de organização social que aumentam o poder das ações alternativas de um novo
desenvolvimento, numa perspectiva que priorize novo perfil de desenvolvimento, com
ênfase na sustentabilidade sócio ambiental (JACOBI, 2003).
Atualmente, a falta de preservação ambiental é um dos grandes problemas não
só no Brasil como em todo o planeta. Independentemente isso não ocorre coletivamente
e simplesmente atitudes individuais que em comunhão faz a diferença, isso ocorre
também em função dos meios de transporte, o desperdício de água, o mau uso da
energia elétrica e principalmente o uso inadequado dos recursos naturais em pequenas e
grandes propriedades rurais (ALMEIDA et al; 2008).
Atualmente, o avanço para uma sociedade sustentável é permeado de obstáculos,
na medida em que existe uma restrita consciência na sociedade a respeito às implicações
do modelo de desenvolvimento em curso. Pode-se afirmar que as causas básicas que
provocam atividades ecologicamente predatórias são atribuídas às instituições sociais,
aos sistemas de informação e comunicação e aos valores adotados pela sociedade. Isso
223
implica principalmente a necessidade de estimular uma participação mais ativa da
sociedade no debate dos seus destinos, como uma forma de estabelecer um conjunto
socialmente identificado de problemas, objetivos e soluções (JACOBI, 2003).
Apesar de moradores de a zona rural ser minoria em comparação com as grandes
capitais situações comuns de boas práticas no campo pode fazer a diferença. Caso a
conscientização desses moradores e produtores rurais não for feita um problema ainda
maior pode se instalar com o passar dos anos (ABES- Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental).
As áreas de pequenas propriedades destinadas à agricultura familiar devem
observar as mesmas disposições legais que se aplicam para a média e a grande
propriedade em geral (ALMEIDA et al; 2008).
A preservação ambiental está gerando receita para produtores rurais de diversos
estados do Brasil que cuidam de matas e nascentes e adotam práticas conservacionistas
de agricultura (ABES- Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental).
A Pequena Propriedade ou Posse Rural Familiar é a área que é explorada pelo
agricultor ou pequeno produtor e por sua família (ALMEIDA et al; 2008).
A Reserva Legal esta presente em praticamente todas as propriedades rurais de
pequena a grande produtividade. A existência da Reserva Legal é importante para a
conservação e para as funções que a natureza desempenha, como o abrigo e proteção de
animais e plantas nativas. A existência de Reserva é importante para a natureza, pois
serve de alimento para os animais e ajuda no equilíbrio ecológico (ALMEIDA et al;
2008).
A conservação das nascentes e seus remanescentes podem trazer grandes
benefícios aos produtores rurais devido à valorização que alguns estados do Brasil estão
dando a boas praticas de preservação e uso consciente de seus recursos. Se por um lado
os produtores rurais começam a ser compensados pela preservação do meio ambiente e
pela sua contribuição para o bem-estar das futuras gerações, por outro já há quem pague
pelo uso da água em lavouras e plantações comerciais (ABES- Associação Brasileira de
Engenharia Sanitária e Ambiental).
A realidade atual exige uma reflexão cada vez menos linear, e isto se produz na
inter-relação dos saberes e das práticas coletivas que criam identidades e valores
comuns e ações solidárias diante da reapropriação da natureza, numa perspectiva que
privilegia o diálogo entre saberes (JACOBI, 2003).
A preocupação com o desenvolvimento sustentável representa a possibilidade de
garantir mudanças sociopolíticas que não comprometam os sistemas ecológicos e
sociais que sustentam as comunidades (JACOBI, 2003).
A educação destes produtores deve ser feita através de pequenas praticas que
podem envolver desde palestras e folhetos feitos pelo próprio município, como
valorização e apoio do Governo de cada estado. O produtor deve ser incentivado a
preservar sua área e consecutivamente a área vizinha a sua propriedade, preservando
terá benefícios para seus animais e uso consciente de sua reserva e nascentes
(ALMEIDA et al; 2008).
Existe, portanto, a necessidade de incrementar os meios de informação e o
acesso a eles, bem como o papel indutivo do poder público nos conteúdos educacionais,
como caminhos possíveis para alterar o quadro atual de degradação socioambiental.
Trata-se de promover o crescimento da consciência ambiental, expandindo a
possibilidade de a população participar em um nível mais alto no processo decisório,
como uma forma de fortalecer sua co-responsabilidade na fiscalização e no controle dos
agentes de degradação ambiental (JACOBI, 2003).
224
As políticas ambientais e os programas educativos relacionados à
conscientização da crise ambiental demandam cada vez mais novos enfoques
integradores de uma realidade contraditória e geradora de desigualdades, que
transcendem a mera aplicação dos conhecimentos científicos e tecnológicos disponíveis
(JACOBI, 2003).
Conclusões
A conscientização e educação dos produtores rurais pode ser a salvação do meio
ambiente ao nosso redor, se não houver informação não vai haver atitudes praticas para
que ocorram mudanças na utilização desses recursos naturais.
Além da educação recebida os produtores rurais devem estar conscientes que
suas atitudes no campo influenciarão nas boas praticas de todas as pessoas que
concordarem em mudar suas atitudes em relação ao meio ambiente.
Esta nas mãos de cada um dar valor aos recursos naturais, e consequentemente
agregar valor a sua propriedade rural valorizando assim cada vez mais seus recursos e
bens nela apresentados.
A educação ambiental, nas suas diversas possibilidades, abre um estimulante
espaço para repensar práticas sociais e o papel dos professores como mediadores e
transmissores de um conhecimento necessário para que os alunos adquiram uma base
adequada de compreensão essencial do meio ambiente global e local, da
interdependência dos problemas e soluções e da importância da responsabilidade de
cada um para construir uma sociedade planetária mais equitativa e ambientalmente
sustentável.
Literatura citada
GUIA DE LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA O PEQUENO PRODUTOR
RURAL: SÉRIE BOAS PRÁTICAS, v.5/Sá, João Daniel; Almeida, Oriana; Rivero,
Sergio; Nepstad, Daniel; Stickler, Cláudia. Belém-PA: EDUFPA, 2008. Disponível em:
<http://www.terrabrasilis.org.br/ecotecadigital/pdf/guia-de-legislacao-ambiental-para-opequeno-produtor-rural-livro-5-serie-boas-praticas.pdf>. Acesso em: 29 jul. 2013.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL.
Jornal Estado de Minas, s.d. Disponível em: <http://www.abes-mg.org.br/visualizacaode-clippings/pt-br/ler/1796/preservacao-da-agua-quem-preserva-ganha-quem-usapaga>. Acesso em: 29 jul. 2013.
JACOBI,
Pedro.
EDUCAÇÃO
AMBIENTAL,
CIDADANIA
E
SUSTENTABILIDADE. Cadernos de Pesquisa, n. 118, março/ 2003 Cadernos de
Pesquisa,
n.
118,
p.
189-205,
2003.
Disponível
em:
<http://www.scielo.br/pdf/cp/n118/16834.pdf>. Acesso em: 14 agosto de 2013.
225
9. Educação do campo
226
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
9.1. Caracterização dos docentes e discentes da Educação de Jovens e Adultos EJA: um olhar sob a perspectiva rural e urbana (Campos dos Goytacazes/RJ)
Francisco Maurício Alves Francelino 1, Gleice Rangel Silveira Lima2, Graziela Rangel
Silveira3
1
Professor do Curso de Pós – Graduação Latu Sensu em Educação do Campo no Instituto Federal
Fluminense - IFF
2
Estudante do Curso de Pós – Graduação Latu Sensu em Educação do Campo no Instituto Federal
Fluminense - IFF.
3
Estudante do Curso de Pós – Graduação Latu Sensu em Educação do Campo no Instituto Federal
Fluminense - IFF.
Resumo: A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino
relativamente nova no cenário brasileiro, objetivando atender um público ao qual foi
negado o direito à educação durante alguma época de sua trajetória escolar, seja pela
oferta irregular de vagas, pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições
socioeconômicas desfavoráveis. Conhecer essas adversidades significa pensar ações
concretas que viabilizem a emancipação e o desenvolvimento desse seguimento da
sociedade, tornando-os protagonistas de sua própria história. O presente trabalho é
resultado de uma pesquisa de campo realizada em duas escolas que oferecem a
Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) no município de Campos dos
Goytacazes/RJ, sendo uma situada no meio rural e a outra no meio urbano. Foram
entrevistados 30 docentes e 150 discentes desta modalidade de ensino, com o objetivo
de caracterizar o perfil dos sujeitos da EJA em uma escola urbana e uma escola situada
no meio rural. Os resultados mostram que não existem diferenças entre os grupos
comparados. Porém, se faz necessário frisar a importância de haver um currículo
apropriado para cada realidade, de forma a atender os desejos e anseios do alunado,
observando inclusive o que determina a LDBEN (1996).
Palavras–chave: educação, desenvolvimento, protagonismo
Characterization of the teachers and students of Youth and Adults - EJA: a look
from the perspective of rural and urban (Goytacazes Campos / RJ)
Abstract: Education for Youth and Adults (EJA) is a relatively new mode of teaching
in the Brazilian scenario, aiming to serve an audience that has been denied the right to
227
education for some time in their school, either by irregular supply of vacancies, the
inadequacies of education system or by unfavorable socioeconomic conditions.
Knowing these means adversities think concrete actions that enable the emancipation
and development of this follow-up of society, making them protagonists of their own
history. This work is a result of field research conducted in two schools that offer
Modality Education for Youth and Adults (EJA) in the municipality of Goytacazes / RJ,
one located in the rural and the other urban. We interviewed 30 teachers and 150
students this type of teaching, in order to characterize the profile of the subjects of EJA
in an urban school and a school located in rural areas. The results show that there are no
differences between the groups compared. However, it is necessary to stress the
importance of having a curriculum appropriate for each situation in order to meet the
wishes and desires of the students, including observing what determines LDBEN
(1996).
Keywords: education, development, leadership
Introdução
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade de ensino
relativamente nova no cenário brasileiro, objetivando atender um público ao qual foi
negado o direito à educação durante alguma época de sua trajetória escolar, seja pela
oferta irregular de vagas, pelas inadequações do sistema de ensino ou pelas condições
socioeconômicas desfavoráveis (LARA et al, 2002).
O adulto, na esfera da EJA, não é o estudante universitário, o profissional
qualificado que frequenta cursos de formação continuada ou de especialização, ou a
pessoa adulta interessada em aperfeiçoar seus conhecimentos em áreas específicas. Ele é
comumente o migrante que chega às grandes metrópoles proveniente de áreas rurais
empobrecidas, filho de trabalhadores rurais não qualificados e com baixo nível de
instrução escolar, ou mesmo analfabetos.
E o jovem, incorporado ao território da antiga educação de adultos relativamente
há pouco tempo, não é aquele com uma história de escolaridade regular, o vestibulando
ou o aluno de cursos extracurriculares em busca de enriquecimento pessoal.
Daí, não cabe mais nesta modalidade uso de linguagem e tratamento tipicamente
infantis, visto que esta lógica prejudica o aluno, na medida em que reforça, mais do que
resolve, os problemas que os obrigaram a deixar a escola (OLIVEIRA, 2007) focando
ainda mais sua posição de excluído.
A formação docente para qualquer modalidade de ensino deve considerar como
meta prover um ensino de qualidade, estando o profissional formado apto a desenvolver
habilidades, como prevê a Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN
9.394/96), no Artigo 35, parágrafo II: “O aprimoramento do educando como pessoa
humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do
pensamento crítico”.
Assim, pode-se dizer que a formação do docente que irá trabalhar na EJA vai
além das habilidades que todo professor deve ter, e são estas relativas à complexidade
diferencial desta modalidade de ensino (BRASIL, 2000).
O presente trabalho objetiva caracterizar o perfil dos docentes e discentes a
Educação de Jovens e Adultos – EJA nos espaços urbano e rural no município de
Campos dos Goytacazes /RJ.
228
Material e Métodos
Elaborou-se um questionário com perguntas diretas relacionadas com vários
temas que norteiam a EJA e foram aplicados em campo em duas escolas da EJA em
Campos dos Goytacazes, a partir do retorno da coleta de dados, procedeu-se com as
análises e caracterização dos sujeitos. Foram entrevistados 30 docentes divididos em
dois grupos a saber, EJA Rural e EJA Urbano cada qual com 15 profissionais
respectivamente e 150 alunos com 75 indivíduos de cada grupo.
Resultados e Discussão
De acordo com os dados levantados, no que tange a faixa etária do público desse
seguimento, é notório o predomínio de sujeitos entre 18 e 25 anos, com 64% e 41%
respectivamente para EJA Urbano e EJA Rural. A conquista de vagas nessa modalidade
de ensino para jovens e adultos é reflexo da concretização do direito à educação, e para
tanto, a permanência desses alunos na escola depende da qualidade dessa oferta, a
ausência de vagas leva os jovens a deixarem de frequentar a escola em sua idade
regular. A construção de políticas públicas que venham responder a demanda desses
sujeitos, considerando sua dura realidade, certamente contribuirá para a permanência
dos educandos e com a qualidade da educação.
Pode-se ainda salientar que além dos motivos antes citados, estes alunos se
encontram afastados da escola por motivos relacionados a repetência escolar e a
necessidade de obtenção de um diploma em velocidade acelerada. Por outro lado, existe
grande parcela que está afastada da escola por um longo período, os dados revelaram
que 17% e 27% dos alunos urbanos e rurais, respectivamente, se encontram afastados
dos bancos escolares.
Estes resultados mostram a heterogeneidade existente neste tipo de modalidade,
e encontram-se alunos com diferentes interesses, para ambas as realidades. Os motivos
que os afastaram da escola são os mais diversos, dentre eles citam-se: problemas
familiares, gravidez, e repetência. A necessidade de trabalhar para ajudar na renda
familiar se mostrou o maior problema enfrentado por ambos os tratamentos. Esses
dados corroboram com o trabalho de Naiff e Naiff (2008), que relata a importância
atribuída às diferentes partes envolvidas (administradores, dirigentes centrais, agentes
do sistema e usuários), portanto, o fracasso escolar e as desigualdades sociais face à
escola estão entre os temas que melhor revelam os aspectos centrais das representações
que sustentam os diferentes discursos a respeito da evasão escolar. Os dados com
referência ao tempo de afastamento da escola por esses alunos, 17% e 27% dos sujeitos
da EJA Urbano e Rural respectivamente, encontram a mais de 21 anos fora da escola,
isso nos remete a avaliação da importância de se ter um currículo diferenciado que
atenda as exigências específicas desse grupo, que de certa forma encontra-se segregado
da sociedade.
Dentre os docentes entrevistados nos dois grupos, o percentual destes que
apresentam nível de especialização e/ou de mestrado, é bem significativo, ou seja, 64%
e 80% respectivamente para os docentes da EJA Urbano e Rural com relação a cursos
de especialização, mostrando que há de certa forma, uma oferta de profissionais
qualificados atuando nesse seguimento, o que na maioria das escolas do sistema regular
é bem precário. Essa “qualidade” pode ser reflexo de políticas públicas como as de
229
incentivo a qualificação de docentes da educação básica nos programas de pós
graduação oferecidos pelo governo federal.
Ainda, de acordo com a tabela 3, os professores da EJA Rural, em sua
maioria, julgaram que os alunos tem um bom rendimento, ao contrário da avaliação
feita pelos docentes da EJA Urbano que avaliaram o desempenho de seus alunos como
regular (73%). Entretanto admite-se a insuficiência em apostar na dinâmica demográfica
e atuar apenas junto às novas gerações, propondo que as ações de escolarização
atingissem também os adultos e idosos.
Conclusões
As políticas públicas de educação voltadas para os sujeitos da EJA não
podem ser concebidas a partir da lógica do mercado de trabalho ou das ações contra o
analfabetismo, antes devem-se assumir a formação do cidadão que se produz e intervém
criticamente em seu meio.
A implantação da EJA no campo provoca um duplo desafio. Primeiro, o
enfrentamento da descontinuidade que é a marca registrada dos alunos do campo, e o
segundo, é porque abre espaço para os desafios enfrentados pela falta de professores
especializados e baixa estrutura física para a aplicação do ensino. Na Educação do
Campo, essas são categorias que dialogam ainda de forma gritante, nas poucas
iniciativas que existem no país.
Literatura citada
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação de Jovens e Adultos. Parecer CEB n. 11/2000. Brasília, 10 de maio de 2000.
Disponível em http://www.crmariocovas.sp.gov.br/pdf/diretrizes_p0645-0712_c.pdf
acesso em 12 de maio de 2013.
BRASIL. Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN): lei nº 9.394, de
20 dez. de 1996. Disponível em http: //www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm
acesso em 29 de jul. de 2013.
LARA, E. R. B; MAIA, F. O. A; SILVA, V. J; DIAS, M. D. S; SILVA, S. C. M.
Refletindo sobre os sujeitos da educação de jovens e adultos. II Congresso PolíticoPedagógico da Rede Municipal de Ensino/Escola Plural. Secretaria Municipal de
Educação, Belo Horizonte, 2002.
OLIVEIRA, I. B. Reflexões acerca da organização curricular e das práticas pedagógicas
na EJA. Rev. Educar, n. 29, p. 83-100, Curitiba, 2007.
230
10. Entomologia
231
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
10.1. Efeito de concentrações sub-letais de óleos essenciais na repelência de
ovoposição de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae).
Germano Lopes Vinha2, Rafael Coelho Ribeiro 3, Ana Flávia Freitas Gomez4, Jozé Cola
Zanuncio5
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Agronomia.
3
Estudante do programa de pós-graduação em Fitotecnia
4
Estudante de graduação em Agronomia.
5
Professor do departamento de Entomologia
2
Resumo: O crescente uso indiscriminado de inseticidas sintéticos vem resultando em
problemas relacionados a resistência, danos em populações de organismos não alvos,
danos ao meio ambiente e aos consumidores de alimentos. Essa pesquisa teve como
objetivo investigar o efeito das concentrações sub-letais de óleos de plantas
condimentares, do óleo emulsionavel de nim (Azamax®) e do piretróide (Keshet 25
EC®) na redução de ovoposição de A.gemmatalis em plantas de soja. Os bioensaios
foram conduzidos em casa de vegetação utilizando plantas de soja no estádio vegetativo
V3, conduzindo testes com e sem chance de escolha. O índice de oviposição (IDO) foi
calculado após 48 horas de exposição de A. gemmatalis aos tratamentos. Os óleos
essenciais de canela, cravo, gengibre, menta e tomilho exibiram alta atividade repelente
de oviposição com IDO > 80%. O óleo sintético de mostarda foi o único atrativo as
lagartas A. gemmatalis. Os óleos essenciais de alho, canela, cravo, gengibre, menta e
tomilho foram os repelentes mais eficazes para reduzir a oviposição de fêmeas de A.
gemmatalis e, por isso, tem potencial para serem utilizados no Manejo Integrado de
Pragas.
Palavras–chave: Controle comportamental, largata da soja, manejo integrado de
pragas, pesticidas naturais, proteção de plantas.
Effect of sub-lethal concentrations of essential oils on oviposition repellency
Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae).
Abstract: The widespread use of synthetic insecticides has resulted in problems related
to pest resistance, damage in populations of non-target organisms, damage to the
environment and to the human population. This research aimed to investigate the effect
232
of sub-lethal concentrations of plant oils, oil emulsifiable neem (Azamax ®) and
pyrethroid (Keshet 25 EC ®) in reducing oviposition of A. gemmatalis in soybean
plants. Tests were conducted in a greenhouse using soybean plants in the vegetative
stage V3, where tests were made with and without choices. The oviposition rate (IDO)
was calculated 48 hours after the exposure of A. gemmatalis to the treatments. The
essential oils of cinnamon, clove, ginger, mint and thyme showed high repellent activity
of oviposition with an IDO > 80%. Mustard synthetic oil was the only treatment
attractive to caterpillars of A. gemmatalis. The essential oils of garlic, cinnamon, cloves,
ginger, mint and thyme were the most effective repellents to reduce oviposition of
female of A. gemmatalis and, therefore, has the potential to be used in integrated pest
control.
Keywords: Behavioral control, integrated pest management, natural pesticides, plant
protection, soybean caterpillar.
Introdução
A aplicação indiscriminada de pesticidas resulta em efeitos drásticos como
poluição ambiental, contaminação de alimentos e riscos para a saúde humana (Pestana
et al., 2009), dessa forma criando uma urgência para o desenvolvimento de produtos
seguros e de custo viável. Um método menos danoso e com potencial de controlar
pragas, é a utilização de inseticidas botânicos que vem se mostrando uma alternativa
com alto potencial de sucesso (Tavares et al, 2009).
Os óleos essenciais agregam maior sustentabilidade a agricultura, fazendo com
que seja reduzido fatores como: resistência de insetos pragas nas lavouras, danos ao
meio ambientes principalmente corpos d'água e contaminação dos alimentos e da
população (Isman, 2006).
Os prejuízos causados por insetos pragas em lavouras pode ser largamente
reduzido atraves do efeito de repelencia que os óleos essecnais podem causar (Akhtar &
Isman, 2004). Já foi demonstrado a capacidade de óleos essenciais de controlar pragas
de grãos armazenados como, Sitophilus zeamais Mots. (Coleoptera: Curculionidae),
Rhyzopertha dominica (Fabricius) (Coleoptera: Bostrichidae), Lasioderma serricorne
Fabricius (Coleoptera: Anobiidae) e Tribolium confusum (Coleoptera: Tenebrionidae)
(Coitinho et al., 2006). O eugenol, composto fenólico, componente principal do óleo
essencial de canela e cravo, é um repelente de largo espectro [Garden Insect Killer (64
oz)].
O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial de repelência de oviposição de
concentrações subletais dos óleos essenciais de dez plantas condimentares e produtos
comerciais adultos de Anticarsia gemmatalis Hubner (Lepidoptera: Noctuidae) em
casa-de-vegetação.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Controle Biológico de Insetos do
Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, estado de Minas Gerais, Brasil.
Pupas da lagarta-da-soja, da população mantida no Laboratório de Controle
Biológico de Insetos (LBCI), foram sexadas e transportadas para gaiolas de
acasalamento de PVC (20 cm de altura x 10 cm de diâmetro). Dois casais de A.
gemmatalis foram transferidos, após 48 horas de emergência, para gaiolas de madeira
(30 cm x 30 cm x 30 cm) com as laterais recobertas com tecido tipo organza em casa-
233
de-vegetação, com uma (sem chance) ou duas plantas de soja (com chance de escolha)
tratadas ou não, para se avaliar o comportamento de oviposição de A. gemmatalis após a
exposição à concentrações subletais (CL25) dos óleos essenciais ou produtos comerciais
contendo o detergente não iônico Triton X-100 (0,01%). O período de avaliação de 48
horas foi adotado, pois a cópula e oviposição de A. gemmatalis, sob condições
semelhantes de setembro a novembro de 2012, período de realização dos experimento,
ocorre a partir dos dois primeiros dias após a emergência de suas fêmeas.
Esse experimento foi conduzido em blocos casualizados, com cinco repetições,
tendo uma gaiola com dois casais de A. gemmatalis e plantas tratadas ou não com os
óleos essenciais ou o produto comercial cada uma. Cada planta de soja foi pulverizada
com 20 mL da dosagem de CL25 dos tratamentos (Tabela 1) e as posturas de A.
gemmatalis contadas sobre folhas e ramos das plantas tratadas ou não com os produtos
naturais ou comerciais, após 48 horas do inicio dos experimentos (Akhtar et al., 2010).
Os índices de deterrência de oviposição (IDO) foram calculados com a fórmula: (IDO)=
[(C−T)/(C+T)]×100, onde C e T são os números de ovos em plantas não ou tratadas
com os óleos ou produtos comerciais.
Tabela 1. Espécies vegetais ou nome comercial (Esp. Nom. Com.), nome comum ou técnico
(Nom. Com. Tec.), concentrações subletais (para imaturos obtidos em ensaios
preliminares) (CL25, intervalo de confiança 95%, µL/mL)* e família botânica (Fam.
Bot.) dos óleos essenciais avaliados para escolha alimento e oviposição e
alimentação de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae)
Esp. Nom., Com.
Allium sativum
Brassica juncea
Cinnamomum zeylanicum
Citrus sinensis
Mentha piperita
Origanum vulgare
Piper aduncum
Syzygium aromaticum
Thymus vulgaris
Zingiber officinale
Azamax®
Keshet 25 EC®
Nom. Com Téc.
Alho
Mostarda
Cravo
Laranja
Menta
Orégano
Pimenta-negra
Canela
Tomilho
Gengibre
Nim
Deltametrina
CL25*
1,23 (0,16-3,91)
27,1 (16,8-30,84)
9,6 (6,8-12,12)
58,8 (38,04-77,82)
5,68 (3,17-8,48)
1,34 (0,45-2,24)
9,64 (4,45-15,10)
1,30 (0,07-3,9)
4,15 (2,21-6,18)
3,41 (0,57-7,12)
0,06 (0,02-0,14)
0,005 (0,001-0,009)
Fam. Bot.
Liliaceae
Brassicaceae
Lauraceae
Rutaceae
Labiatae
Lamiaceae
Piperaceae
Myrtaceae
Lamiaceae
Zingiberaceae
-
Resultados e Discussão
Concentrações subletais dos óleos essenciais demostraram neutra, moderada ou
alta atividade repelente de oviposição, reduzindo a quantidade de ovos em plantas
tratadas comparados com aquelas não tratadas, em testes com e sem chance de escolha
das fêmeas de A. gemmatalis. Os óleos essenciais de canela, cravo, gengibre, menta e
tomilho exibiram > 80% de índice de repelência de oviposição (IDO), especialmente,
em testes com chance de escolha e mostraram efeito repelente semelhante (StudentNewman-Keuls, p ≤0,05) ao produto químico sintético de deltametrina.
A forte inibição de oviposição de A. gemmatalis pelos óleos essenciais de canela,
cravo, gengibre, menta e tomilho demonstraram uma inibição de 100 % de oviposição.
Efeitos moderados do óleo essencial de alho na repelência de oviposição de A.
gemmatalis são provocados por seus componentes, derivados de sulfetos. O óleo
essencial de tomilho, em concentração subletal, apresentou forte efeito repelente de
234
oviposição e a partir da concentração de 10 µg cm−2 induziu moderada a alta atividade
repelente.
Conclusões
Os óleos essenciais de alho, canela, cravo, gengibre, menta e tomilho
desencadearam comportamento de repelência de oviposição de A. gemmatalis devido à
atividade de fumigação dos mesmos. Esses mesmos óleos podem ser utilizados no
Manejo Integrado de Pragas, mostrando potencial para substituir inseticidas sintéticos.
Agradecimentos
Ao “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”, a
“Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)” e a
“Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)”.
Literatura citada
AKHTAR, Y.; ISMAN, M.B. et al. Comparative growth inhibitory and antifeedant
effects of plant extracts and pure allelochemicals on four phytophagous insect
species. J. Appl. Entomol., 128, 32–38, 2004
COITINHO, R.L.B.C.; OLIVEIRA J.V,; M.G.C. GONDIM JUNIOR, M.G.C,;
CÂMARA, C.A.G. Atividade inseticida de óleos vegetais sobre Sitophilus zeamais
Mots. (Coleoptera: Curculionidae) em milho armazenado. Caatinga, 19: 176-182,
2006.
ISMAN, M.B. Botanical insecticides, deterrents, and repellents in modern agriculture
and an increasingly regulated world. Annu. Rev. Entomol. 51, 45–66, 2006.
PESTANA, J.L.T.; LOUREIRO, S.; BAIRD, D.J.; SOARES, A.M.V.M. et al. Fear and
loathing in the benthos: responses of aquatic insect larvae to the pesticide
imidacloprid in the presence of chemical signals of predation risk. Aquat. Toxicol.
93, 138–149, 2009.
TAVARES, W.S.; CRUZ, I.; PETACCI, F.; ASSIS JÚNIOR, S.L.; FREITAS, S.S.;
ZANUNCIO, J.C.; SERRÃO, J.E. et al. Potential use of Asteraceae extracts to
control Spodoptera frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) and selectivity to their
parasitoids Trichogramma pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae) and
Telenomus remus (Hymenoptera: Scelionidae). Indust. Crop. Prod., 30: 384-388,
2008.
235
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
10.2. Avaliação do efeito de óleos essenciais sobre estágios imaturos de
Trichogramma pretiosum riley (hymenoptera: trichogrammatidae)
Germano Lopes Vinha2, Douglas Silva Parreira3, Rafael Coelho Ribeiro 4, Francisco
Andres Rodriguez Dimate5, Adriano França da Cunha6, José Cola Zanuncio 7
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Agronomia.
3
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia.
4
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia.
5
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Entomologia.
6
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal.
7
Professor do Departamento de Entomologia.
2
Resumo: O manejo integrado de pragas prioriza o uso de táticas de controle que
reduzam o impacto ambiental causado pelo uso maciço e incorreto de produtos
químicos sintéticos. A preservação e liberação de inimigos naturais nos campos
agrícolas e a descoberta de novas moléculas com efeito inseticida extraídas de espécies
vegetais, tem obtido bons resultados no controle de pragas. Porém, o efeito do uso
conjunto dessas táticas de controle são pouco explorados. O objetivo desse trabalho foi
avaliar o efeito de óleos botânicos sobre os estágios imaturos de Trichogramma
pretiosum em laboratório. Ovos de A. kuehniella colados em cartelas de papel foram
expostos a fêmeas previamente individualizadas em tubos de vidro durante 24h.
Decorrido esse período, os ovos supostamente parasitados foram mergulhados em
soluções de óleo essênciais (cravo, alho e menta), inseticida lambda-cialotrina
(testemunha positiva) e etanol (testemunha negativa) durante 5 segundos, secos à
sombra por 30 minutos e colocados em tubos de vidro. Os tubos foram mantidos em
câmara climatizada a 25 ± 2°C, 70 ± 10% de HR e fotoperíodo de 12 h. Os óleos
essencias de cravo, alho, menta e o inseticida lambda-cialotrina foram levemente tóxico
(classe 2) a pupas de T. pretiosum. A razão sexual não foi afeta por nehum composto
classificando-os como inócuo (classe 1). Os óleos e o inseticida testado podem ser
utilizados em associação com T. pretiosum, desde que os protocolos de seletividade
ecologica sejam respeitados.
Palavras–chave: Parasitóide de ovos, produtos naturais, seletividade
236
Evaluation of the effect of essential oils on immature stages of Trichogramma
pretiosum Riley (Hymenoptera: Trichogrammatidae)
Abstract: The integrated pest control prioritizes the use of technologies that reduce
environmental impacts caused by the massive use of synthetic chemicals. The
preservation and release of natural enemies in agricultural fields and the discovery of
new molecules with insecticide extracted from plant species, has been successful in
controlling pests. However, the effect of the combined use of these pest control
technologies are little explored. The aim of this study was to evaluate the effect of
botanical oils on the immature stages of Trichogramma pretiosum in the laboratory.
Eggs of A. kuehniella glued on paper were exposed to females previously isolated in
glass tubes for 24 h. After this period, presumably parasitized eggs were dipped in
solutions of oil essences (cloves, garlic and mint), insecticide lambda-cyhalothrin
(positive control) and ethanol (negative control) for 5 seconds, dried in the shade for 30
minutes and placed in glass tubes. The tubes were kept in a chamber at 25 ± 2 ° C, 70 ±
10% RH and a photoperiod of 12 h. The essential oils of clove, garlic, mint, and
insecticide lambda-cyhalothrin were slightly toxic to the pupae of T. pretiosum. The sex
ratio was not affected by any of the oils, classifying them as harmless. The oils tested
and the insecticide can be used in combination with T. pretiosum, since the protocols of
ecological selectivity are respected.
Keywords: Egg parasitoid, natural products, selectivity.
Introdução
A necessidade de métodos de controle menos danosos ao ambiente (Isman,
2006), levou ao estudo de inseticidas botânicos (Tavares et al., 2009).
Metabolitos secundários sintetizando por plantas, freqüentemente, apresentam
propriedades inseticidas (Panda & Khush 1995), incluindo toxicidade, repelência,
inibidores de crescimento, deterrência de oviposição, modificações de comportamento,
redução da fecundidade e fertilidade (Pavela, 2005), bloqueio do metabolismo e
interferência no desenvolvimento, sem necessariamente causar a morte do organismo.
O Brasil apresenta uma flora rica e diversificada, com imenso potencial para a
produção de compostos secundários (Carneiro et al., 2008). No entanto, pesquisas com
substâncias ativas derivadas de plantas no Brasil e o efeito seletivo das mesmas a
inimigos naturais são incipientes (Tavares et al., 2009).
Assim, este trabalho tem como objetivo verificar o efeito de óleos botânicos
sobre os estágios imaturos de Trichogramma pretiosum (Hymenopteros:
Trichogrammatidae) em laboratório.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Controle Biológico de Insetos do
Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, estado de Minas Gerais, Brasil.
No experimento foram utilizados indivíduos da espécie T. pretiosum obtidos da
criação massal do laboratório de Controle Biológico de Insetos. Os óleos essências
foram obtidos da empresa Viessence Comércios de Produtos Naturais Ltda.
237
Tabela 1. Nome comum, nome científico ou comercial, ingrediente ativo (i.a) ou
componente majoritário, e CL50 (µL/mL) obtidas no testes para ovos de
Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) em laboratório
Nome comum ou
técnico
Cravo
Nome científico ou
comercial
Syzygium aromarticum
Ingrediente ativo
(i.a)/comp.
Majoritário
Eugenol
CL50(µL/mL)
1,88 (0,36 - 4,44)
Alho
Allium sativum
Dissulfeto dialítico
0,06 (0,079 - 0,16)
Mentha
Lambda cialotriana
Mentha piperita
Karate Zeon 50CS®
Menthol
Piretróide
4,18 (2,05 - 5,70)
0,375
Cartões de papel com ovos de A. kuehniella parasitados por fêmeas de T.
pretiosum (parasitóides nos estádios de ovo-larva, pré-pupa e pupa; 0-24 h, 72-96 h, e
168-192 h depois do parasitismo, respectivamente) foram mergulhados em soluções de
óleo essênciais, lambida-cialotrina (testeminha positiva) ou etanol (testemunha
negativa) durante 5s, secos à sombra por cerca de 30 min e em seguida, colocados em
tubos de vidro. Os tubos foram mantidos em câmara climatizada, 25 ± 2°C, 70 ± 10%
de HR e fotoperíodo de 12 h. Os efeitos dos óleos sobre cada estágio imaturo de T.
pretiosum foram medidos por meio da avaliação da porcentagem de emergência
[(Número de ovos com orifícios de emergência de parasitóides / total número de ovos
parasitados) x 100] e razão sexual (número de fêmeas / número de fêmeas + de machos)
de acordo com a equação proposta por (Pereira et al., 2004).
Os óleos e o inseticida avaliados foram classificados toxicologicamente
em relação à sua redução na porcentagem de emergência dos tratamentos em relação ao
controle como se segue: 1 = inócuo (<redução de 30%), 2 = ligeiramente nocivo (3079% de redução), 3 = moderadamente nocivo (80-99% de redução), e 4 = (redução>
99%) prejudiciais, como recomendado pela Organização "International para Biológica e
Controle Integrado de Animais e Plantas Nocivos" (IOBC).
A redução na emergência de T. pretiosum foi calculada pela seguinte equação:
E(%) = (1-Vt/Vc) x 100, na qual: E(%) é a porcentagem de redução da viabilidade do
parasitismo; Vt é a viabilidade do parasitismo médio para o tratamento testado e Vc é a
viabilidade do parasitismo médio observado para o tratamento testemunha (Manzoni et
al., 2007).
Resultados e Discussão
Os compostos cravo, alho, menta e lambda-cialotrina foram levemente
prejudiciais (classe 2) a emergência de adultos de T. pretiosum da geração F1, porém,
somente quando os ovos de A. kuehniella parasitados foram tratados com os
parasitóides no estádio de pupa (Tabela 2). Os óleos essenciais têm mostrado efeitos
que inibem o crescimento em vários estágios de desenvolvimento de insetos, incluindo
o prolongamento do estádio larval e pupal, inibição da muda ou mortalidade durante a
muda e anormalidades morfológicas.
238
Tabela 2. Porcentagem de emergência da geração F1 de Trichogramma pretiosum
oriundos de ovos de Anagasta kuehniella tratados com parasitóides nos diferentes
estádios de desenvolvimento
Tratamento
Ovo-larva1
Classificação2
Pré-pupa1
Classificação2
Pupa1
Classificação2
Testemunha
93,0±1,34A
--
98,3±1,96A
--
90,2±1,80A
--
Cravo
85,7±0,87A
1
86,8±1,47A
1
70,1±1,68B
2
Alho
88,7±2,06A
1
92,3±1,23A
1
61,6±2,81B
2
Menta
89,5±1,50A
1
95,5±2,11A
1
43,6±4,20B
2
82,1±2,02A
1
88,5±3,33A
1
48,3±1,86B
2
Lambdacialotrina
1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Scott-Knott (P <0,05).
A razão sexual não foi afetada pelos óleos essenciais de cravo, alho e mentas e
pelo inseticida lambda-cialotrina nas três fases imaturas de T. Pretiosum. Pesquisas com
substâncias ativas derivadas de plantas no Brasil e o efeito seletivo das mesmas a
inimigos naturais são incipientes (Tavares et al., 2009). Assim, trabalhos referentes aos
óleos essenciais de cravo, alho e menta avaliados nessa pesquisa apenas investigam o
efeito dos mesmos sobre a sobrevivência ou morte das pragas nos estádios de
desenvolvimento e adulto e não dão ênfase ao efeito sobre a razão sexual.
Conclusões
Os óleos de cravo, alho e menta e o inseticida lambda-cialotrina podem ser
utilizados em associação ao parasitoide de ovos T. pretiosum no controle de pragas,
desde se respeite os protocolos da seletividade ecológica.
Agradecimentos
Ao “Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)”,
a “Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)” e a
“Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG)”.
Literatura citada
CARNEIRO, A.L.B.; TEIXEIRA, M.F.S.; OLIVEIRA, V.M.A.; FERNANDES, O.C.C.;
CAUPER G.S.B.; POHLIT, A.M. Screening of Amazonian plants from the Adolpho Ducke
forest reserve, Manaus, state of Amazonas, Brazil, for antimicrobial activity. Memorial do
Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, v.103, n. 1, p.31-38, 2008.
PANDA, N.; KHUSH, G.S. Host plant resistance to insects. CAB International: International/
Rice Research Institute, 1995. 431p.
PAVELA, R. Insecticidal activity of some essential oils against larva of Spodoptera
littoralis. Fitoterapia v. 76, n. 7-8, p. 691–696, 2005.
TAVARES, W.S.; CRUZ, I.; PETACCI, F.; ASSIS JÚNIOR, S.L.; FREITAS, S.S.;
ZANUNCIO, J.C.; SERRÂO, J.E. Potential use of Asteraceae extracts to control Spodoptera
frugiperda (Lepidoptera: Noctuidae) and selectivity to their parasitoids Trichogramma
pretiosum (Hymenoptera: Trichogrammatidae) and Telenomus remus (Hymenoptera:
Scelionidae). Industrial Crops and Products, Amsterdam, v. 30, n. 3, p. 384-388, 2009.
239
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
10.3. Deterrência alimentar de concentrações subletais de dez óleos essenciais de
condimentos em Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae)1
Ana Flávia Freitas Gomes2, Rafael Coelho Ribeiro 3, Germano Lopes Vinha4, José
Eduardo Serrão5, José Cola Zanuncio 6
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Agronomia.
3
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia.
4
Estudante de graduação em Agronomia.
5
Professor do Departamento de Biologia Geral.
6
Professor do Departamento de Entomologia.
2
Resumo – O crescente problema de resistência, impactos negativos sobre organismos
não-alvo e resíduos em alimentos pelo uso exagerado dos inseticidas sintéticos tornaram
necessários o desenvolvimento de inseticidas ecologicamente seguros. O objetivo desta
pesquisa foi avaliar o potencial de redução da alimentação de A. gemmatalis por
concentrações subletais de óleos essenciais de dez plantas condimentares, do óleo
emulsionavel de nim (Azamax®) e do piretróide (Keshet 25 EC®). Os bioensaios foram
conduzidos em laboratório com discos foliares (10,25 cm2, em testes com e sem chance
de escolha. Os índices de deterrência alimentar (IDA) foram calculados após 24 e 48
horas de exposição de A. gemmatalis aos tratamentos, respectivamente. Os maiores
efeitos antialimentar foram classificados como moderados pelos óleos essenciais de
alho, canela, menta e tomilho, com IDA > 50%. O óleo sintético de mostarda foi o
único atrativo as lagartas A. gemmatalis. Os óleos essenciais de alho, canela, cravo,
gengibre, menta e tomilho foram os repelentes mais eficazes para reduzir a alimentação
de imaturos e, por isso, tem potencial para serem utilizados no Manejo Integrado de
Pragas.
Palavras–chave: Controle comportamental, índices de deterrência, lagarta-da-soja,
Manejo Integrado de Pragas, pesticidas naturais, proteção de plantas
Deterrence food sublethal concentrations ten essential oils of spices in Anticarsia
gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae)
Abstract: The growing problem of resistance, negative impacts on non-target
organisms and residues in food by overuse of synthetic insecticides became necessary
the development of environmentally safe insecticides. The objective of this research
240
was to evaluate the potential of reducing power of A. gemmatalis by sublethal
concentrations of essential oils from ten plants condiments, oil emulsifiable neem
(Azamax ®) and pyrethroid (Keshet ® 25 EC). Bioassays were conducted in laboratory
with leaf discs (10.25 cm2 in tests with and without choice. Feeding deterrence indices
(IDA) were calculated after 24 and 48 hours of exposure to A. gemmatalis treatments,
respectively. the greatest antifeedant effects were classified as moderate by the essential
oils of garlic, cinnamon, mint and thyme with IDA> 50%. synthetic oil mustard was the
only attractive caterpillars A. gemmatalis. Essential oils of garlic, cinnamon, cloves ,
ginger, mint and thyme were the most effective repellents to reduce feeding immature
and thus has potential for use in integrated pest management.
Keywords: behavioral control, levels of deterrence, caterpillar-of-soy, Integrated Pest
Management, natural pesticides, plant protection
Introdução
A utilização indiscriminada de pesticidas sintéticos causa acumulo de substâncias
potencialmente tóxicas no solo, água e alimentos, o que levado à busca de métodos
alternativos ecologicamente corretos. Óleos essenciais (OE) representam um método
alternativo e eficiente de controle de pragas, apresentam vantagens para o controle de
insetos-praga, como menores custos, menor contaminação do ambiente e dos alimentos
e um baixo impacto em organismos benéficos quando comparado aos inseticidas
sintéticos, o que ajuda a tornar a agricultura mais sustentável.
Óleos essenciais de plantas podem apresentar propriedades inseticidas como
deterrência alimentar, repelência e efeitos negativos no desenvolvimento e reprodução
dos insetos. O timol, monoterpeno majoritário do óleo essencial de tomilho (Thymus
vulgaris) foi registrado na Europa para o controle de dois importantes ácaros parasitas
de Apis melífera L. (Hymenoptera: Apidae) (Rice et al. 2002). O eugenol, composto
fenólico, componente principal do óleo essencial de canela e cravo, é um repelente de
largo espectro [Garden Insect Killer (64 oz)] (Wilson & Isman, 2006).
O objetivo deste trabalho foi avaliar o potencial da atividade antialimentar de
concentrações subletais dos óleos essenciais de dez plantas condimentares e produtos
comerciais a imaturos e adultos de Anticarsia gemmatalis Hubner (Lepidoptera:
Noctuidae) em laboratório.
Material e Métodos
Folhas de soja (Glyine max) foram coletadas no campo experimental da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) e discos de 10,25 cm2 foram retirados das
mesmas e imersos em cinco mL das caldas da CL 25 de cada produto obtido em ensaios
de preliminares (Tabela 1) ou em etanol (controle) por cinco segundos, deixados secar
em papel toalha ao ar livre por 10 minutos. Esses discos foram oferecidos às lagartas de
terceiro estádio de A. gemmatalis (criadas em dieta artificial) privadas de alimento por
24 horas.
As propriedades fagoinibidoras dos óleos essenciais foram avaliadas com
bioensaios com chance de escolha, sendo que um disco foi tratado com um óleo
essencial e o outro com etanol. Nos testes sem escolha, um disco tratado ou não foi
oferecido a cada vez para a lagarta-da-soja no centro da arena. Após 24 horas, os restos
dos discos foliares foram recolhidos e secos a 70 °C até peso constante, em grupos de
cinco, correspondendo a uma repetição. O alimento consumido foi calculado pela
diferença do peso fresco inicial e final dos discos foliares tratados ou não com os óleos
241
essenciais. O índice de deterrência alimentar foi calculado com: IDA=
(C−T)/(C+T)×100; onde C e T foram os pesos das folhas do controle e tratadas
consumidas pelo inseto com chance ou não de escolha em laboratório.
Resultados e Discussão
Os óleos essenciais de alho, canela, menta e tomilho proporcionaram > 50% de
repelência alimentar (IDA) contra lagartas de terceiro estádio de A. gemmatalis e foram
classificados como com moderado efeito antialimentar.
As maiores taxas de redução da alimentação de imaturos de A. gemmatalis pelos
óleos essenciais de alho, canela, menta e tomilho foram seguidos pela atividade neutra
dos demais óleos essenciais e produtos comerciais, exceto pelo óleo sintético de
mostarda. Compostos presentes no óleo essencial de canela foram identificados como
eugenol (75%), cariofileno (8%), cinamal (8%), ɤ-terpineno (3%) e outros (6%), dois
quais o eugenol é um composto fenólico com atividade biológica. Este composto,
provavelmente, não foi o principal responsável pelo efeito moderado na repelência
alimentar (IDA > 50) desse óleo essencial, pois o óleo de cravo mostrou efeito
fagoinibitório neutro (IDA > 30) e tem grande abundância de eugenol (92,3%) na sua
composição. O efeito fagoinibidor moderado do óleo essencial de canela e
provavelmente, dos demais óleos (alho, menta e tomilho) se deve a vários componentes
com efeito sinérgico entre os constituintes ativos e inativos (Jiang et al., 2009).
O efeito alimentar estimulante do óleo sintético de mostarda em testes com e sem
chance de escolha, valores de IDA (índice de deterrência alimentar) negativos, se deve
ao isotiocianato alilo (ITCA), componente majoritário (90%) desse óleo e, altamente,
volátil com densidade de vapor de 3,4 vezes superior a do ar.Sua volatilidade e rápida
decomposição pode explicar seu impacto na preferência alimentar com 24 horas de
exposição aos imaturos de A. gemmatalis.
Tabela 1. Espécies vegetais ou nome comercial (Esp. Nom. Com.), nome comum ou
técnico (Nom. Com. Tec.), concentrações subletais (para imaturos obtidos em
ensaios preliminares) (CL25, intervalo de confiança 95%, µL/mL)* e família
botânica (Fam. Bot.) dos óleos essenciais avaliados para escolha alimento e
oviposição e alimentação de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae)
Esp. Nom., Com.
Nom. Com Téc.
Allium sativum
Alho
Brassica juncea
Mostarda
Cinnamomum zeylanicum
Cravo
Citrus sinensis
Laranja
Mentha piperita
Menta
Origanum vulgare
Orégano
Piper aduncum
Pimenta-negra
Syzygium aromaticum
Canela
Thymus vulgaris
Tomilho
Zingiber officinale
Gengibre
Azamax®
Nim
Keshet 25 EC®
Deltametrina
*Obtidos em ensaios preliminares.significativo
CL25*
1,23 (0,16-3,91)
27,1 (16,8-30,84)
9,6 (6,8-12,12)
58,8 (38,04-77,82)
5,68 (3,17-8,48)
1,34 (0,45-2,24)
9,64 (4,45-15,10)
1,30 (0,07-3,9)
4,15 (2,21-6,18)
3,41 (0,57-7,12)
0,06 (0,02-0,14)
0,005 (0,001-0,009)
Fam. Bot.
Liliaceae
Brassicaceae
Lauraceae
Rutaceae
Labiatae
Lamiaceae
Piperaceae
Myrtaceae
Lamiaceae
Zingiberaceae
-
242
Tabela 2. Índices de deterrência alimentar (IDA ± erro padrão) sob o efeito
concentrações subletais de dez óleos essenciais, aos imaturos de terceiro
estádio de Anticarsia gemmatalis (Lepidoptera: Noctuidae) em laboratório,
com e sem chance de escolha.
Tratamentos
Sem escolha
Com escolha
Atividade biológica
Alho
Canela
Cravo
Gengibre
Laranja
Menta
Mostarda
Óregano
Pimenta-negra
Tomilho
Nim
Deltametrina
49,84 ± 4,54A
51,23 ± 4,85A
25,82 ± 6,81AB
18,36 ± 7,30B
28,67 ± 5,38AB
48,57 ± 4,03A
-12,43 ± 10,15C
22,01 ± 5,17AB
27,27 ± 5,59AB
47,91 ± 3,98A
17,71 ± 8,18B
9,12 ± 4,57BC
53,49 ± 3,10A
59,69 ± 3,59A
-12,85 ± 5,00D
-15,81 ± 3,21D
-14,44 ± 13,54D
-11,38 ± 1,82D
-43,88 ± 2,97D
13,01 ± 6,12C
13,91 ± 6,03C
57,91 ± 0,82A
17,82 ± 1,78B
5,99 ± 3,09C
Moderada
Moderada
Neutra
Neutra
Neutra
Moderada
Preferência
Neutra
Neutra
Moderada
Neutra
Neutra
Valores positivos representam efeito de deterrência e negativo efeito de preferência alimentar. Valores
com mesma letra por coluna não diferem pelo teste de Student Newman Keuls (SNK) (p ≤ 0,05).
Conclusões
O efeito antialimentar dos óleos essencias alho, canela, menta e tomilho, com IDA
(índice deterrência alimentar) maiores que 50% para imaturos de A. gemmatalis, foram
melhores que os IDA do inseticida botânico comercial (nim) ou do produto químico
sintético (deltamentrina).. O produto químico sintético de deltametrina em concentração
subletal (CL25) mostrou baixos índices de deterrência alimentar (IDA < 30),com valores
menores que o de óleos essenciais de alho, canela, cravo, canela, gengibre, menta e
tomilho.
Os óleos essenciais de alho, canela, cravo, gengibre, menta e tomilho podem ser
utilizados no Manejo Integrado de Pragas, por serem eficientes em concentrações
subletais na redução de alimentação e oviposição e com potencial para substituírem
inseticidas sintéticos convencionais.
Literatura citada
RICE, N.D., WINSTON, M.L., WHITTINGTON, R., HIGO, H.A. Comparison of release
mechanisms for botanical oils to control Varroa destructor (Acari: Varroidae) and
Acarapis woodi (Acari: Tarsonemidae) in colonies of honey bees (Hymenoptera: Apidae).
2002. Journal of Economic Entomology, v. 95, p. 221–226.
WILSON, J.A., ISMAN, M.B. Influence of essential oils on toxicity and pharmacokinetics
of the plant toxin thymol in the larvae of Trichoplusia ni, 2006. The Canadian Entomologist,
v.138, p. 578–589.
JIANG, Z.L., AKHTAR, Y., ZHANG X., BRADBURY R., ISMAN M.B. Insecticidal and
feeding deterrent activities of essential oils in the cabbage looper, Trichoplusia ni
(Lepidoptera: Noctuidae), 2012. Journal of Applied Entomology., v.136, p.191–202.
243
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
10.4. Óleos essenciais, produtos naturais e parasitoides do gênero Trichogramma
são compatíveis para uso no controle de pragas?1
Ana Flavia Freitas Gomes 2, Douglas Silva Parreira 3, Rafael Coelho Ribeiro 4 ,
Francisco Andres Rodríguez Dimaté 5 , Adriano França da Cunha 6, José Cola Zanuncio 7
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Agronomia.
3
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia.
4
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Fitotecnia.
5
Doutorando de Programa de Pós- graduação em Entomologia.
6
Doutorando do Programa de Pós- graduação em Ciência Animal.
7
Professor do Departamento de Entomologia.
2
Resumo: Trichogrammatideos são reconhecidos agentes de controle biológico. As
plantas com efeitos inseticidas também são consideradas uma alternativa no controle de
pragas, e a identificação de substancias ativas “óleos essenciais” pode reduzir os
impactos do uso de inseticidas sintéticos. O objetivo deste trabalho foi verificar a
compatibilidade do uso de óleos essenciais sobre as espécies, Trichogramma
atopovirilia e Trichogramma galloi (Hymenopteros: Trichogrammatidae). Fêmeas de T.
opovirilia e T. galloi foram individualizadas e expostas aos ovos de Anagasta
kuehniella (Lepidoptera: Pyralidae) previamente tratados com os óleos essênciais por
um período de 24 horas. A capacidade de parasitismo e porcentagem de emergência
foram avaliados. Gengibre foi nocivo ao parasitismo de T. opovirilia e T. galloi e
levemente tóxico a longevidade das fêmeas. Andiroba foi moderadamente tóxico ao
parasitismo e levemente tóxico a longevidade das fêmeas. Lambda-cialotrina foi
moderadamente tóxico ao parasitismo para as duas espécies de Trichogramma,
levemente tóxico a longevidade de fêmeas de T. galloi e inócuo a longevidade de
fêmeas de T. atopovirilia. Azamax® foi inócuo ao parasitisimo de T. galloi e levemente
tóxico ao parasitismo de T. atopovirilia e longevidade das fêmeas de T. galloi e T.
atopovirilia. Apenas Azamax® pode ser recomendado no controle de pragas para o uso
em associação com T. opovirilia e T. galloi desde que sejam respeitados os protocolos
da seletividade ecológica.
Palavras–chave: parasitoide, produtos naturais, seletividade
244
Essential oils, natural products and parasitoids of the genus Trichogramma are
compatible for use in pest control?
Abstract: Trichogrammatideos are recognized biological control agents. Plants with
insecticidal effects are also considered an alternative in pest control, and identification
of active substances "essential oils" can reduce the impacts of the use of synthetic
insecticides. The objective of this work was to verify the compatibility of the use of
essential oils on the species, Trichogramma atopovirilia and Trichogramma galloi
(hymenoptera: Trichogrammatidae). Females of T. opovirilia and T. galloi were isolated
and exposed to Anagasta kuehniella (Lepidoptera: Pyralidae) previously treated with
essential oils for a period of 24 hours. The ability of parasitism and emergence
percentage were evaluated. Ginger was harmful to the parasitism of T. opovirilia and T.
galloi and slightly toxic to female longevity. Andiroba was moderately toxic slightly
toxic to parasitism and longevity of females. Lambda-cyhalothrin is moderately toxic to
parasitism for both Trichogramma species, slightly toxic longevity of females of T.
galloi innocuous and longevity of females of T. atopovirilia. Azamax ® was innocuous
to parasitisimo T. galloi and slightly toxic to parasitism of T. atopovirilia and longevity
of females of T. galloi and T. atopovirilia. Only Azamax ® can be recommended in pest
control for use in association with T. opovirilia and T. galloi subject to compliance with
the protocols of ecological selectivity.
Keywords: parasitoid, natural products, selectivity
Introdução
Parasitóides do gênero Trichograma são reconhecidos por sua capacidade de
controlar insetos-praga, preferencialmente por insetos da ordem Lepidoptera. Atuam
como agentes de controle biológico de pragas agrícolas e florestais.
Aliado aos parasitoides de ovos, as plantas com efeitos inseticidas são
consideradas uma alternativa no controle de pragas, podendo reduzir os impactos
econômicos e ambientais do uso de inseticidas sintéticos.
As plantas desenvolveram ao longo da sua evolução defesas contra o ataque de
insetos-praga como a produção de metabolitos secundários e estruturas como tricomas e
espinhos, que afetam o desempenho do inseto. Os metabolitos podem agir na biologia
da praga causando bloqueio do metabolismo e interferência no desenvolvimento,
redução da fecundidade e fertilidade incluindo toxicidade ou modificações de
comportamento como repelência e deterrência de oviposição.
O Brasil apresenta uma flora rica e diversificada, com imenso potencial para a
produção de compostos secundários. No entanto, pesquisas com substâncias ativas
derivadas de plantas no Brasil e o efeito seletivo das mesmas a inimigos naturais são
incipientes.
Assim, este trabalho tem como objetivo verificar a compatibilidade de óleos
essenciais, um produto natural a base de nim (Azamax®) e um produto químico sintético
sobre as espécies Trichogramma atopovirilia Oatman & Platner 1983 e Trichogramma
galloi Zucchi 1988 (Hymenopteros: Trichogrammatidae) em laboratório.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada no Laboratório de Controle Biológico de Insetos do
Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO) da Universidade
Federal de Viçosa (UFV) em Viçosa, estado de Minas Gerais, Brasil.
245
Os bioensaios foram realizados com insetos adultos de T. atopovirilia e T. galloi
criados em ovos do hospedeiro alternativo Anagasta kuehniella em laboratório.Fêmeas
recém-emergidas foram individualizadas em tubos de vidro (8 cm de comprimento x 2,5
cm de diamentro).
Cerca de 125 ovos de A. kuehniella com idade não superior a 24 h foram colados
em tiras de papel e imersas por 5 segundos nos óleos e nas soluções de inseticidas ou
etanol (controle). Em seguida foram expostas as fêmeas de T. atopovirilia e T. galloi
durante 24 h. A capacidade de parasitismo e a longevidade das fêmeas foram avaliadas.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas
pelo teste de agrupamento Scott-Knott a significância de 5%.Os óleos e inseticidas
avaliados foram classificados toxicologicamente em relação à sua redução na
capacidade de parasitismo e longevidade das fêmeas dos tratamentos em relação ao
controle como se segue: 1 = inócuo (<redução de 30%), 2 = levemente tóxico (30-79%
de redução), 3 = moderadamente tóxico (80-99% de redução), e 4 = nocivo (redução>
99%), como recomendado pela Organização "International para Biológica e Controle
Integrado de Animais e Plantas Nocivos" (IOBC).
Resultados e Discussão
Ovos de A. kuehniella tratados com o óleo essencial de gengibre não apresentaram
parasitismo, o que indica um efeito tóxico. Este foi o composto que mais afetou a
longevidade das fêmeas de T. atopovirilia e T. galloi. Na literatura não há informações
da ação de extrato aquoso de gengibre sobre Trichogramma, porém, seu efeito
inseticida já foi relatado. Extrato de gengibre foi responsável pela alta mortalidade de
ninfas de 4º instar de Toxoptera citricida (Kirkaldy 1907) (Hemíptera: Aphididae)
quando aplicado sobre plantas de citros (Silva et al., 2009). Nesse trabalho foi
verificado alto tempo de persistência de resíduos de extratos e óleos de gengibre no
local tratado, o que foi inferido ao seu alto efeito tóxico.
Andiroba reduziu a capacidade de parasitismo das fêmeas das duas espécies de
Trichogramma, porém, afetou mais T. atopovirilia em relação a T. galloi, com médias
de 7,5 e 11,2 ovos parasitados por fêmea, respectivamente. Fêmeas ingurgitadas de
Anocentor nitens Neumann, 1897 e Rhipicephalus sanguineus Latreille 1806 (Acari:
Ixodidae) tiveram uma acentuada redução na postura, além de aumento de postura de
ovos infertéis quando foram imersas em soluções de óleo de andiroba (Farias et al.,
2009). De acordo com esses autores, a redução da postura está diretamente relacionado
a degradação lenta desse óleo.
O produto a base de Nim (Azamax®) apenas reduziu a capacidade de parasitismo
das fêmeas de T. atopovirilia, sendo classificado como levemente tóxico.
O inseticida sintético Lambda-cialotrina promoveu reduções superiores a 95% na
capacidade de parasitismo das duas espécies de Trichogramma..
Os óleos essências de Andiroba e Gengibre, e o inseticida Azamax® afetaram a
longevidade de fêmeas de T. atopovirilia e T. galloi apresentando leve toxicidade.
Lambda-cialotrina apenas afetou a longevidade de T. galloi (classe 2) e foi inócuo
a T. atopovirilia (Tabela 1).Este é um inseticida de alta eficiência, com modo de ação
pouco seletivo e que interage rapidamente com seu sítio de ação, assim, esperava-se que
sua toxicidade aguda nas duas espécies de Trichogramma fosse mais acentuada.
246
Tabela 1 - Número de ovos parasitados por fêmeas de Trichogramma atopovirilia e T.
galloi (geração maternal) expostos a ovos de Anagasta kuehniella tratados.
Nº ovos parasitados
Tratamento
T.
atopovirilia1
Nº ovos parasitados
Redução(%)2
Classificação3
T. galloi1
Redução(%)2
Classificação3
Testemunha
32,00±3,68A
--
--
28,83±2,39A
--
--
Andiroba
7,50±1,86C
76,6
2
11,20±1,49B
61,2
2
Gengibre
0,0±0,0D
100,0
4
0,0±0,0D
100,0
4
Azamax®
19,60±3,87B
38,8
2
22,67±2,10A
21,4
1
1,50±0,20C
95,3
3
1,30±0,17C
95,7
3
Lambida
cialotrina
1
Médias seguidas pela mesma letra na coluna não diferem pelo teste Scott-Knott (P<0,05). 2Redução
porcentagem de parasitismo. 3Classe de Toxicidade recomendada por Sterk et al. (1999).
Conclusões
Gengibre foi nocivo ao parasitismo de T. atopovirilia e T. galloi e levemente
tóxico a longevidade das fêmeas. Andiroba foi moderadamente tóxico ao parasitismo e
levemente tóxico a longevidade das fêmeas.O inseticida Lambda-cialotrina foi
moderadamente tóxico ao parasitismo das duas espécies de Trichogramma, levemente
tóxico a longevidade de fêmeas de T. galloi e inócuo a longevidade de fêmeas de T.
atopovirilia.
Os óleos e o inseticida Lambda-cialotrina não devem ser indicados para o
controle de pragas em associação aos parasitoides de ovos T. atopovirilia e T. galloi.
O inseticida Azamax® foi inócuo ao parasitsimo de T. galloi e levemente tóxico ao
parasitismo de T. atopovirilia e longevidade das fêmeas de T. galloi e T. atopovirilia e
pode ser recomendado para o uso e associação com as duas espécies de Trichogramma
desde que sejam respeitados os protocolos da seletividade ecológica
Literatura citada
FARIAS, M.P.O.; SOUSA, D.P.; ARRUDA, A.C.; WANDERLEY, A.G.; TEIXEIRA, W.C.; ALVES,
L.C.; FAUSTINO, M.A.G. Potencial acaricida do óleo de andiroba Carapa guianensis Aubl. sobre
fêmeas adultas ingurgitadas de Anocentor nitens Neumann, 1897 e Rhipicephalus sanguineus
Latreille, 1806. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, 2009. v. 61, n. 4, p. 877-882.
SILVA, M.P.L.; ALVES, L.S.; CARVALHO, R.S.; SILVA, F. Atividade inseticida de extrato aquoso
de gengibre Zingiber officinale L. no controle do pulgão preto Toxoptera citricida (Kirkaldy)
(Hemíptera: Aphididae) em citros. Revista Brasileira de Agroecologia, 2009. v, 4, n. 2, p. 543-545.
STEFANELLO JÚNIOR, G.J.; GRÜTZMACHER, A.D.; GRÜTZMACHER, D.D.; DALMAZO, G.O.;
PASCHOAL, M.D.F.; HÄRTER, W.R. Efeito de inseticidas usados na cultura do milho sobre a
capacidade de parasitismo de Trichogramma pretiosum Riley, 1879 (Hymenoptera:
Trichogrammatidae). Arquivos do Instituto Biológico, 2008. v. 75, p. 187-194.
247
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
10.5. Incidência e dano do ácaro da falsa ferrugem do citros sob controle
convencional e alterando produtos seletivos e biológicos
Wesley Luiz Fialho Costa1, Bruno Picareli1, Amália Aparecida Busoni Campos1,
Rodrigo Henrriques Longaresi1, Ana Lígia Giraldeli2, Sérgio Kenji Homma3
1
Pesquisador do Centro de Pesquisas Mokiti Okada - CPMO
Discente do Curso de Agronomia da Universidade Federal de São Carlos – Campus Araras.
3
Pesquisador do CPMO e doutorando ESALQ/USP.
2
Resumo: O ácaro da falsa ferrugem Phyllocoptruta oleivora (Ashmead, 1879) é uma
das principais pragas dos citros, sendo responsável por grande parte dos ingredientes
ativos utilizados na citricultura brasileira. Os danos causados por esse ácaro podem
inviabilizar o fruto não somente para consumo in natura, mas também para indústria. O
objetivo desse trabalho foi avaliar o efeito na população do P. oleivora e o nível de
injúria causado por ele nos frutos em dois manejos, o convencional e o outro alternando
produtos fitossanitários seletivos e/ou biológicos. A população do P. oleivora se
manteve maior em praticamente todo período avaliado no tratamento alternando
produtos seletivos e/ou biológicos, porém não houve diferença estatística para notas de
injúria, e nem para porcentagem de frutos com notas 0 e 1, que são os frutos destinados
para consumo in natura.
Palavras–chave: acaricidas, inseticidas, nível de injúria, seletividade, westin
Incidence and damage of citrus rust mite under conventional control and rotation
of selective chemical pesticides and biological products
Abstract: The citrus rust mite is a relevant pest and it is responsible for most of
pesticides used on citrus cultivating in the Brazil. The damages caused by this mite can
become orange fruits inappropriate to fresh consumption, and even to process. The
objective of this work was to assess the effect of two treatments on this mite population
and the respective rates of damages on the fruits: the conventional chemical control and
rotation of selective chemical pesticides and biological control, aiming to preserve the
natural predators. The amount of P. oleivora was higher almost all of the assessment
period in the transition treatment than conventional treatment. However, there are no
statistical differences to damages rates on fruits and amount of suitable fruits to fresh
consumption (score 0 to 1).
248
Keywords: miticides, insecticides, level of injury, selectivity, westin
Introdução
A citricultura brasileira detém atualmente mais da metade da produção mundial de
laranja. Estima-se que a cada cinco copos de suco consumidos no mundo, três são
provenientes do Brasil (NEVES et al.,2010). Paralelamente, a produção citrícola
brasileira se destaca também no consumo de defensivos, sendo a segunda cultura mais
intensiva no uso de defensivos, perdendo apenas para soja. Dentre os ingredientes ativos
consumidos na citricultura em 2009 os acaricidas participaram com 39%, seguido pelos
inseticidas com 29% (NEVES et al.,2010). Esse alto volume de acaricidas é utilizado
principalmente para o controle do ácaro da falsa ferrugem, Phyllocoptruta oleivora
(Ashmead, 1879). Os danos causados por esse ácaro depreciam os frutos para o
consumo in natura, devido ao escurecimento dos frutos. A alta severidade dos danos
pode comprometer a aceitação dos frutos para indústria, pois a mancha causada pelo
ataque do ácaro além de escurecer a casca do fruto, endurece o mesmo podendo
danificar o maquinário das indústrias (NAKANO et al., 2002, p. 615). Apesar de
consolidados os estudos sobre o MIP (Manejo integrado de pragas) nos citros, grande
parte dos produtores ainda adotam as conhecidas “pulverizações de calendário”. Estas
aplicações são feitas obedecendo a um calendário de aplicação pré-determinado. Diante
deste contexto, o objetivo do trabalho foi propor um manejo mais assertivo do ácaro da
falsa ferrugem, que contribua para diminuir a quantidade de ingredientes ativos sem
perder a qualidade dos frutos.
Material e Métodos
A pesquisa foi realizada dentro de um ensaio conduzido pelo Centro de Pesquisa
da Fundação Mokiti Okada, na quadra 20 do pomar cítrico da Fazenda Yamaguishi
(22º08’49,4”S e 47º10’47,6”W), município de Mogi Guaçú- SP. Trata-se de um pomar
comercial, implantado em 2007, de laranja doce (Citrus sinensis L. Osbeck) variedade
Westin sobre porta enxerto limoeiro Cravo (Citrus limonia L. Osbeck) e subenxertado
em campo com citrumelo Swingle (Citrus paradisi MACF x Poncirus trifoliata (L)
RAF). O experimento encontra-se assentado sob latossolo vermelho amarelo, textura
média, em clima tipo Cwa, mesotérmico, com verões quentes e úmidos e invernos secos
segundo método de classificação de Köppen (ROLIN et al., 2007).
A área experimental totaliza 4,4 ha e está situada dentro de um talhão de 14 ha.
Cada tratamento ocupa uma área de 2,2 ha totalizando 8 linhas contendo 125 plantas
cada. Os tratamentos adotados foram manejo convencional (tratamento 1) e manejo
alternativo com produtos seletivos e/ou biológicos (tratamento 2). As avaliações foram
realizadas nas duas linhas centrais de cada tratamento escolhendo 10 plantas
aleatoriamente.
Foram realizados 10 levantamentos populacionais do ácaro em um período de 6
meses (03/01/2013 a 18/06/2013) seguindo metodologia proposta por Gravena (2007).
O cálculo da porcentagem de infestação foi: I%=(N5/NT) X 100 onde I% é a
porcentagem de infestação, N5 é o numero de frutos com mais de 5 ácaros por cm2, e NT
o numero total de frutos amostrados. Dois dias antes da colheita foram amostrados 100
frutos por planta em 10 plantas de cada tratamento, totalizando 1000 frutos amostrados
por tratamento, para avaliação da severidade do dano causado pelo ácaro da falsa
ferrugem. Para avaliação de dano fui utilizada escala diagramática proposta por Oliveira
et al. (1982), onde as notas de injúria variam de 0 a 4, onde 0 se refere ao fruto livre de
injúria e 4 com uma de suas faces totalmente manchada.
249
No tratamento com manejo convencional adotou-se a aplicação de produtos
fitossanitários sem amostragem prévia da população de pragas. Enquanto que no
tratamento com uso de produtos seletivos e/ou biológicos as aplicações foram realizadas
com base nos resultados das amostragens. Quando em altas populações de pragas
(insetos ou ácaros) o controle feito foi o químico, observando a seletividade dos
produtos escolhidos. Em baixas e médias populações de pragas o controle adotado foi o
biológico. No tratamento sob manejo convencional foram realizadas sete aplicações e
no tratamento com produtos seletivos e/ou biológicos foram seis aplicações (Tabela 1).
O somatório de produtos utilizados não coincide com o numero de aplicações já que
vários produtos foram aplicados juntos (mistura de tanque).
Tabela 1 - Número de aplicações de cada produto comercial (P.C), sua classe: inseticida (Inset), acaricida
(Acar) e seus respectivos ingredientes ativos (I.A), nos tratamentos, convencional (T1) e com
uso de produtos seletivos e/ou biológicos (T2).
Nº de Aplicações
I.A
P.C
Classe
Seletividade
T1
T2
Enxofre
Nutrixofre Acar
2
0
Chlorantraniliprole+ lambda-cialotrina Ampligo
Inset
3
5
Enxofre
Thiovit
Acar
4
3
4
Etofenproxi
Trebon
Inset
1
2
Carbosulfano
Marshal
Inset/Acar
2
1
Lambda-cialotrina
karate
Inset
1
2
Clorpirifós
Sabero
Inset/Acar
2
1
Abamectina
Kraft
Inset/Acar
2
3
Fosmete
Imidan
Inset
1
3
B.basiana
Boveril
3
M.anisopliae
Metarril
3
Nota: As notas de seletividade variam de 5 (altamente seletivo), 4 (seletivo), 3 (mediamente seletivo), 2
(pouco seletivo) e 1 (não seletivo), os produtos que não tem numeração não se sabe o nível de
seletividade.
Resultados e Discussão
No tratamento alternando produtos seletivos e/ou biológicos a população do ácaro
da falsa ferrugem atingiu nível de controle (30% dos frutos com 5 ou mais ácaros) em
dois momentos (Figura 1).
Figura 1 – Flutuação populacional do ácaro da falsa ferrugem no manejo convencional (T1) e no manejo
alternando produtos seletivos e/ou biológicos (T2)
250
O período crítico corresponde justamente de fevereiro a abril, onde os frutos ainda
estão jovens, situação a qual o dano (mancha) é maior. A partir de maio é natural a
redução na população do ácaro Gravena (2005).
As notas médias de injúria para os tratamentos convencional e alternando
produtos seletivos e/ou biológicos foram 1,2 e 1,4 respectivamente não diferindo
estatisticamente entre si pelo teste t de Student (P>0,05). As médias de frutos por planta
com notas de injúria entre 0 e 1 (Frutos comercializados in natura) nos tratamentos
convencional e alternando produtos seletivos e/ou biológicos foram 60,7 e 53,8
respectivamente também não diferindo entre si pelo teste t de Student (P>0,05). Embora
a população do ácaro tenha atingindo níveis de controle em determinados momentos no
tratamento alternando produtos seletivos e/ou biológicos, o índice de injúria não foi
maior como esperado. Segundo Gravena (2005) se o ataque do ácaro for esparso,
células sadias crescem e aliviam o sintoma, tornando-o quase imperceptível, oque pode
justificar a igualdade no nível de injúria nos dois manejos. A explosão populacional do
ácaro em meados de fevereiro provavelmente ocorreu devido ao somatório de uma
condição ambiental favorável ao ácaro e a falta de aplicação de produtos para controle
no respectivo período. Apesar de preliminares, os dados são promissores para a
continuação do estudo.
Conclusões
Embora a população do P. oleivora tenha se mantido maior no período crítico, no
tratamento alternando produtos seletivos e/ou biológicos, o nível de injúria foi igual nos
dois tratamentos. Ou seja, produto comercial (laranja) foi afetado igualmente nos dois
tratamentos.
Literatura citada
GRAVENA, S. Manejo ecológico de pragas no pomar cítrico Laranja,
Cordeirópolis, v. 11, n. l, p. 205-225, 1990.
GRAVENA, S. Manual prático Manejo Ecológico de Pragas dos Citros. Jaboticabal:
Gravena, 2005. 372 p.
NEVES, M. F., TROMBIN, V. G., MILAN, P., LOPES, F. F., CRESSONI, F., &
KALAKI, R. (2010). O retrato da citricultura brasileira. Ribeirão Preto: CitrusBR.
NAKANO, O., SILVEIRA NETO, S., CARVALHO, R. P. L., BAPTISTA, G. C.,
BERTI FILHO, E., PARRA, J. R. P., ... & GALLO, D. (2002). Entomologia agrícola,
v. 10. FEALQ, Piracicaba, 920.
OLIVEIRA, C. A. L. de ; MAURO, A O ; KRONKA, S N. Comparação de métodos
para estimativas da população do ácaro Phyllocoptruta oleivora (Ashmead, 1879)
na cultura dos citros. Anais da Sociedade Entomológica do Brasil, Curitiba, v. 11, n.
11, p. 101-104, 1982.
ROLIN, G. D. S., CAMARGO, M. D., LANIA, D. G., & MORAES, J. D. (2007).
Classificação climática de Köppen e de Thornthwaite e sua aplicabilidade na
determinação de zonas agroclimáticas para o estado de São Paulo. Bragantia, 66(4),
711-720.
251
11. Extensão rural
252
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.1. Transferência de tecnologias para cafeicultores das Matas de Minas pelo
método Treino&Visita1
Sérgio Maurício Lopes Donzeles2, Claudia Lucia de Oliveira Pinto 2, Marcelo de Freitas
Ribeiro2, Sammy Fernandes Soares3, Cleide Maria Ferreira Pinto4
1
Projeto de pesquisa, financiada pela FAPEMIG.
Pesquisador(a) da EPAMIG.
3
Pesquisador Embrapa Café.
4
Pesquisadora Embrapa/EPAMIG
2
Resumo: Objetivou-se transferir tecnologias para cafeicultores das Matas de Minas
para adequar as suas propriedades às condições exigidas pelo programa estadual de
certificação. Utilizou-se o método Treino&Visita para transferir tecnologias de
construção de fossas sépticas para tratamento de esgoto e de caixas de contenção de
águas pluviais. Os pesquisadores realizaram treinamentos para extensionistas sobre
saneamento básico e conservação de solos. Sob a supervisão dos pesquisadores,
extensionistas treinados demonstraram aos produtores técnicas sobre construção de
fossas sépticas e caixas de contenção em unidades demonstrativas, montadas em
propriedades certificadas. O emprego do Treino&Visita possibilita a criação de grupos
de extensionistas capacitados para transferir tecnologias de construção de fossas
sépticas e de caixas de contenção e ainda fortalece a interação entre pesquisadores e
extensionistas.
Palavras–chave: café, caixa de contenção, certificação
Technology transfer to coffee producers of Matas de Minas by the
Training & Visit method
Abstract: In this work, the objective was to transfer technologies to coffee producers of
Matas de Minas, with the purpose of adapting their properties to the conditions required
by the state program certification. The method used was the Training & Visit to transfer
construction technologies for septic tanks and sewage treatment boxes containing
rainwater. The researchers were held trainings the extension workers about sanitation
and soil conservation. Under the supervision of researchers, the trained extension
workers demonstrated to producers the techniques on building septic tanks and
containment boxes in demonstration units, built in certified properties. The use of the
253
Training & Visit enables the creation of groups of trained extension workers to transfer
technologies to build septic tanks and containment boxes and further strengthens the
interaction between researchers and extension workers.
Keywords: coffee, containment box, certification
Introdução
Na região das Matas de Minas, o cultivo do café é uma das principais atividades
agrícolas, no que se refere à geração de renda e emprego. Para manter a competitividade
do café produzido nessa região há necessidade de ajustar o processo produtivo às
exigências do mercado, melhorar a qualidade do produto para agregação de seu valor.
Uma alternativa para os produtores é aderir ao Programa Estadual de Certificação de
Café da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, denominado
“Certifica Minas Café”(IMA, 2010). Para obtenção da certificação de propriedades
cafeeiras, os produtores devem implementar as boas práticas agrícolas com o
cumprimento de normas e critérios como: conservação do solo por meio de técnicas de
manejo corretas do mato e emprego de caixas de contenção; reutilização da água do
processamento via úmida e construção de fossas sépticas (EMATER, s.d.). Embora as
instituições de pesquisa que atuam na região disponham de tecnologias para melhoria da
qualidade da produção cafeeira, conforme exigências do mercado, muitas dessas
tecnologias não são utilizadas pelos cafeicultores, o que impede que seus sistemas de
produção sejam certificados. O método Treino&Visita caracteriza-se pela atuação
conjunta e sistematizada das instituições envolvidas no processo de geração e
transferência de tecnologias, as quais são testadas e validadas nas condições da
propriedade, com a participação e o julgamento do produtor. Inclui uma primeira etapa
de treinamento de extensionistas por agentes de pesquisa e uma segunda etapa
denominada de visita pelo agente da extensão, sob a supervisão dos especialistas, aos
produtores rurais. O método vem sendo exercitado com sucesso nos estados da região
Sul do Brasil (MANUAL, 2007). Objetivou-se transferir tecnologias para cafeicultores
das Matas de Minas, com fins de adequar as suas propriedades às condições exigidas
pelo programa estadual de certificação.
Material e Métodos
A transferência de conhecimentos e tecnologias sobre saneamento básico e
conservação de solos foi realizada pelo método Treino&Visita (T&V) por pesquisador,
professor e estudante de doutorado de áreas afins para técnicos da EMATER,
pertencentes à regional de Viçosa/MG e para cafeicultores certificados ou em fase de
certificação pelo programa “Certifica Minas Café”. Os treinamentos foram realizados
no auditório da EPAMIG, Unidade Regional da Zona da Mata em Viçosa/MG. Sob a
supervisão dos pesquisadores, os extensionistas treinados demonstraram aos produtores
técnicas sobre construção de fossas sépticas e caixas de contenção em unidades
demonstrativas, montadas em propriedades certificadas localizadas no município de
Paula Cândido-MG.
Resultados e Discussão
Na primeira etapa do método Treino&Visita foram treinados pelos pesquisadores
especialistas nas áreas, os extensionistas da Emater-MG como agentes multiplicadores
de tecnologias para cafeicultores participantes do Programa “Certifica Minas Café”. O
projeto possibilitou a criação de grupos de extensionistas capacitados para realizar a
254
transferência das tecnologias de construção de fossas sépticas e de caixas de contenção.
Na segunda etapa do método, os extensionistas treinados tiveram condições, sob
supervisão dos pesquisadores, de transferir aos produtores, por meio de práticas
demonstrativas, técnicas sobre construção de fossas sépticas e de caixas de contenção,
montadas em propriedades certificadas nos municípios de Paula Cândido, Canaã,
Ervália e Araponga. Durante a execução dos treinamentos foram elaboradas apostilas as
quais foram distribuídas em DVD para os agentes multiplicadores da extensão.
Conclusões
A transferência das tecnologias de construção de fossas sépticas e de caixas de
contenção de águas pluviais aos cafeicultores das Matas de Minas por meio do método
utilizado contribui para adequar suas propriedades às exigências do Programa Estadual
para Certificação.
O fortalecimento da interação entre pesquisadores e extensionistas por meio do
emprego do método T&V favorece o processo de transferência de tecnologias.
Agradecimentos
À Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG,
pelo apoio financeiro ao projeto.
Literatura citada
EMATER - MG. Programa estadual de certificação de café. Manual do produtor. Belo
Horizonte: EMATER, s.l.., s.d., 7 p.
IMA. Café: mais de mil propriedades certificadas em Minas. Disponível em <
http://www.ima.mg.gov.br/destaques/935-cafe-mais-de-mil-propriedades-certificadasem-minas- >. Acesso em 18/05/2010.
MANUAL de implantação do treino e visita (T&V) / organizado por Lineu Alberto
Domit... [et al.]. - Londrina: Embrapa Soja, 2007. 86p. -- (Documentos / Embrapa Soja,
ISSN 1516-781X; n.288)
255
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.2. A visão de desenvolvimento rural sustentável sob a ótica dos técnicos
extensionistas e agricultores inseridos na integração lavoura pecuária e floresta
(ILPF) em alguns municípios da microrregião de Viçosa-MG1
Mauro Cesar Martins2; Marcelo Lelles Romarco de Oliveira3 ; Bruno Costa da Fonseca4
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pelo MINTER/CAPES/IF Sudeste MG
Mestre do Programa de Pós-graduação em Extensão Rural - UFV
3
Professor do Departamento de Economia Rural - Universidade Federal de Viçosa
4
Graduando em Bacharel em Cooperativismo e Bolsista de Iniciação cientifica PIBIC/CNPQ -UFV
2
Resumo: Uma série de discussões sobre a modernização no campo já foram travadas
buscando refletir sobre os modelos de desenvolvimento voltados para o meio rural que
permitissem mecanismos de intervenções para uma sustentabilidade na agricultura.
Nesse sentido, na Zona da Mata Mineira desde 2005 a Emater-MG e pesquisadores da
Universidade Federal de Viçosa (UFV) vem desenvolvendo, em propriedades rurais da
região, novas formas de produção agrícola. Entre estas estratégias é possível citar a
Integração Lavoura Pecuária Floresta (ILPF), que consiste em um sistema que busca
alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área. Dessa forma este
artigo tem por objetivo apresentar uma visão de desenvolvimento rural sustentável de
alguns agentes sociais envolvidos na implantação da ILPF. Os dados apresentados neste
trabalho são frutos de pesquisa de campo da dissertação de mestrado do primeiro autor,
realizada no primeiro semestre de 2012, sob a forma de entrevistas direcionadas aos
Extensionistas e Agricultores de alguns municípios da Microrregião de Viçosa, Minas
Gerais. Para tanto, o que se pode observar neste artigo, dentre inúmeras conclusões é
que o processo de difusão inovadora da extensão rural atrelado a transferência de
tecnologia é insuficiente para dar conta de uma realidade complexa que é o universo
rural. Percebe-se que a Estratégia da ILPF implantada encontra-se sob um processo de
transição do sistema de agricultura convencional de produção para um sistema que
procura privilegiar aspectos mais sustentáveis, mesmo que muito distante do desejado.
Palavras–chave: agricultura sustentável, extensão rural, transferência de tecnologia
256
A vision for sustainable rural development from the perspective of farmers and
extensionists technical inserted in integrating agriculture, livestock and forestry
(IAFP) in certain municipalities microregion of Viçosa-MG
Abstract: A series of discussions on modernization in the field have been fought seeks
to reflect on the models of development facing rural mechanisms allowing interventions
to sustainability in agriculture. Accordingly, in the Zona da Mata, MG, since 2005,
Emater-MG and researchers from the Federal University of Viçosa (UFV) are
developing on farms in the region new forms of agricultural production. Among these
strategies is possible to mention the integrated cattle farming forest (IAFP), which
consists of a system that seeks switch pasture with agriculture and forest in the same
area. Thus this article aims to present a vision for sustainable rural development of some
social actors involved in the implementation of the IAFP. The data presented here are
the result of field research of the dissertation of the first author, conducted in the first
half of 2012, in the form of interviews directed to extensionists and farmers in some
municipalities the microregion of Viçosa, Minas Gerais. To do so, which can be seen in
this article, among numerous findings is that the process of diffusion of innovative
extension tied to technology transfer is insufficient to account for a complex reality that
the universe is rural. It can be seen that the strategy deployed ILPF is under a process of
transition from conventional agriculture production for a system that seeks to favor the
most sustainable, even if far from desired.
Keywords: sustainable agriculture, rural extension, technology transfer
1. Introdução
Com o passar dos anos uma série de discussões sobre o desenvolvimento
agrícola no Brasil foram travadas buscando refletir sobre os modelos de
desenvolvimento voltados para o rural, que permitissem mecanismos de intervenções
para uma sustentabilidade na agricultura. No bojo dessas questões diversas políticas e
programas vêm sendo orquestrados na busca por práticas agrícolas mais sustentáveis.
Neste sentido, segundo Viana et al. (2010), desde 2005 a Emater-MG e os
pesquisadores da UFV vem desenvolvendo, em propriedades da região da Zona da Mata
Mineira, novas formas de produção agrícola denominadas “Estratégias Integradas de
Produção Agropecuária” (EIPA) que valorizam modelos de produção menos agressivos
ao ambiente. Entre as Estratégias é possível citar a ILPF, que consiste em um sistema
que busca alternar pastagem com agricultura e floresta em uma mesma área.
Para tanto, o presente artigo tem como objetivo apresentar uma experiência de
implantação da ILPF na microrregião de Viçosa Minas Gerais, considerando o olhar dos
técnicos e agricultores envolvidos nessa proposta.
2. Material e Métodos
Os dados apresentados nesse trabalho são frutos de pesquisa de campo da
dissertação de mestrado do primeiro autor, realizada no primeiro semestre de 2012, sob
a forma de entrevistas direcionadas aos extensionistas e agricultores de alguns
municípios da Microrregião de Viçosa, Minas Gerais. É importante destacar que para a
escolha dos agricultores entrevistados adotou-se quatro critérios. O primeiro critério
definiu as propriedades rurais com suas EIPAs situadas na Mesorregião da Zona da
Mata de Minas Gerais, totalizando 119. O Segundo critério selecionou as propriedades
rurais pertencentes à Zona da Mata Mineira e que também estão inseridas na
Microrregião de Viçosa, com isso reduziu-se para 61 estabelecimentos. Já o Terceiro
257
critério foi adotado para selecionar as propriedades rurais dos agricultores que
implantaram em suas áreas, especificamente a estratégia da ILPF, além de estarem
inseridas na Microrregião de Viçosa, chegando a 19. No Quarto critério, escolheram-se
as propriedades rurais da Zona da Mata Mineira, inseridas na Microrregião de Viçosa,
considerando os dez (10) estabelecimentos que primeiro implantaram a ILPF. Assim,
foram selecionados dez (10) municípios mineiros: Coimbra, Lamim, Paula Cândido,
Pedra do Anta, Piranga, Porto Firme, Presidente Bernardes, Senhora de Oliveira,
Teixeiras e Viçosa. E por fim, um critério específico foi adotado para seleção dos
Extensionistas da EMATER local e suas respectivas áreas. Para tanto, ficou
estabelecido que estes Técnicos fossem selecionados em razão da definição dos
municípios envolvidos e, com isso, a escolha dos agricultores assistidos por eles.
3. Resultados e Discussão
3.1. A Inserção da ILPF nas propriedades na Visão dos Agricultores
Para entender melhor quanto à motivação dos agricultores para implantação
dessa estratégia, foi perguntado qual(is) o(s) motivo(s) que levou(aram) o(s)
agricultor(es) a aceitar a implantação da ILPF em suas propriedades? (Quadro 1).
Quanto à primeira motivação do uso da ILPF, dois (2) agricultores relataram o
caráter demonstrativo desta estratégia, sendo que um (1) chegou a dizer que aceitou a
implantação para servir de “cobaia” para outros agricultores da região; enquanto, o
outro (1) já mencionou que sua propriedade serve de modelo.
Quadro 1 – Motivação dos Agricultores pelo uso da ILPF – 2012
Ordem (Aleatória)
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
Motivação pelo uso da ILPF (Grupos de Respostas)
Fazer de sua propriedade modelo para demonstração da ILPF,
embelezamento, aspecto inovador, que valoriza a propriedade.
Fornecimento dos insumos agrícolas (Adubos, sementes, etc...) pelos
organizadores do programa.
Interesse econômico, somente.
Realizou o planejamento para implantação do Sistema ILPF.
Recuperação e/ou Preservação de áreas com baixa produção e por permitir o
uso do Sistema de Rotação de Culturas (SRC) e SPD.
Outros dois (2) agricultores, na segunda motivação, esta que tinha o caráter de
fornecimento de insumos, aceitaram também porque as mudas de eucalipto, o adubo e
as sementes de milho ou feijão seriam fornecidos pelo programa. Na terceira motivação,
em que dois (2) agricultores enfatizaram que o motivo foi econômico, sendo que um (1)
afirma que “foi juntar o útil ao agradável”, principalmente a parte de produção da
madeira, em seguida, o aumento da produção de leite. O outro agricultor deixou bem
claro que o principal motivo foi o financeiro e pela lógica de obter três culturas numa
mesma área e para fins de extração da madeira. Considerando, a quarta motivação, em
termos de planejamento das atividades de uma propriedade, houve apenas um (1) único
agricultor que separou devidamente a área para a implantação da ILPF, devido as
informações adquiridas e porque bem próximo à sua propriedade existe um sistema
(independente) desse, já implantado. Na quinta motivação, somente um (1) agricultor
frisou a importância da preservação ambiental de “deixar as árvores de seu interesse
como a Candeia (Gochnatia polimorfa), Chorão (Salix humboldtiana) e Mexiriquinha
(Miconia chartacea) na mesma área que serviu o sistema, sem ter que arrancá-las” e
ainda devido ao uso do Plantio Direto no preparo do solo.
258
3.2. Papel dos Técnicos Extensionistas na Implantação da ILPF em Alguns
Municípios da Microrregião de Viçosa-MG
Quanto às estratégias dos extensionistas (Gráfico 1), usadas para persuadir os
agricultores a usarem a ILPF na região, partiram das orientações estabelecidas pela
Emater Regional Viçosa e SEAPA-MG. Entre as principais orientações, destaca-se a
introdução do componente arbóreo no novo sistema, o Eucalipto (Eucalyptus ssp.).
Objetivando esclarecer as ações dos técnicos perante os atores sociais
envolvidos nesse ambiente de produção, uma das perguntas na entrevista de campo foi
qual ou quais estratégia(s) foi(ram) utilizada(s) para a implantação da ILPF?.
Gráfico 1 – Estratégias dos técnicos extensionistas para convencimento dos Agricultores
no uso da ILPF na região pesquisada – 2012.
Para tanto, obteve-se como resposta na mesma proporção, com 26% (Gráfico 1),
a recuperação de áreas degradadas e o fornecimento de insumos, sendo que a primeira
estratégia, de acordo com os técnicos, poderia resolver este grave problema abarcado
por muitas propriedades rurais da região de estudo. Já a segunda resposta assegurou de
garantir os insumos (adubo, sementes e mudas de eucalipto) fornecidos pela SEAPAMG para convencer os agricultores a participarem do programa.
Enquanto isso, com 18% da escolha, disseram que os agricultores estariam
dispostos a usar a ILPF pela confiança no técnico da Emater local, e com apenas 7,5%
cada, elencaram como estratégias: a visitação em outras áreas com ILPF; a viabilidade
do sistema; o financiamento para a implantação e servir de modelo como Unidade
Demonstrativa. (Gráfico 1).
Outro aspecto considerado importante com a chegada da ILPF é o que diz
respeito às mudanças na propriedade (Gráfico 2). Fica, portanto, nas perspectivas dos
técnicos o impacto positivo causado pela mudança partindo do ambiente degradado
(perturbação em sua integridade física, química ou biológica) para aquele recuperado.
Gráfico 2 – Mudanças na Propriedade com a Estratégia da ILPF (Nº de Técnicos) –
2012.
Quanto à valorização da propriedade (Gráfico 2), Armando (2006) enfatiza que
as estratégias agroflorestais são desenhadas para produzir desde o primeiro ano de
implantação, combinando culturas anuais (milho e feijão), forrageiras e espécies
259
arbóreas madeireiras de ciclo longo, a exemplo o eucalipto. As culturas simultâneas
dessas espécies permitem rendimentos extras ao agricultor, podendo ser usadas em
Áreas de Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente.
Outra preocupação foi entender qual a percepção que esses técnicos viam nos
avanços do Desenvolvimento Rural nos municípios em que atuavam. Estes extensionistas apontaram que a inclusão social e a melhora da renda do agricultor foram as
questões que se destacaram nos últimos anos, ou seja, ambas as visões ficaram com
19% das respostas dos extensionistas entrevistados (Gráfico 3).
O aspecto da melhora na renda do agricultor pode ser analisado sob o ponto de
vista da diversidade agrícola e pelas dinâmicas regionais de desenvolvimento rural.
Caso semelhante foi observado por Conderato e Scheneider (2010) quando pesquisaram
o desenvolvimento rural de três regiões gaúchas, nas quais verificaram que os
agricultores com atividades diversificadas e com inovações tecnológicas de produção
tiveram um aumento significativo em suas rendas.
Gráfico 3 – Visão dos extensionistas sobre o desenvolvimento rural sustentável na
microrregião de Viçosa – 2012.
Os mercados locais com 16%, seguido da independência do agricultor sob a
indústria de insumos (14%), também foram considerados pelos técnicos (Gráfico 3).
Quanto a transição agroecológica com 13% (Gráfico 3), os técnicos apontam que
na prática isso seria uma utopia da realidade ocorrida na região. Pois esta transição
requer a presença constante de mão de obra familiar nas atividades agropecuárias. Fato
este que tem se tornado uma raridade nos estabelecimentos rurais, devido ao aumento
do êxodo rural em toda a região pesquisada.
Sobre a produção voltada para o consumo da família (Gráfico 3), com apenas
8%. Simplesmente é justificável pelos técnicos entrevistados, pelo fato dos preços dos
produtos da cesta básica, ao se manterem em baixa, instiga aos agricultores comprarem
estes produtos nos supermercados da cidade, cedendo as áreas de cultivos de
subsistência para outras culturas comerciais de maior valor agregado.
4. Conclusões
A Realização de uma reflexão empírica sobre a adoção de uma estratégia
agropecuária, a Integração Lavoura Pecuária e Floresta (ILPF) na Microrregião de
Viçosa, Minas Gerais, que é tida pelos órgãos responsáveis como sustentável tornou-se
um grande desafio. E a maneira mais adequada para encarar este desafio foi conhecer a
visão de Desenvolvimento Rural Sustentável sob a ótica dos Técnicos Extensionistas e
Agricultores inseridos neste programa.
Para tanto, o que se pode observar neste artigo é que o processo de difusão
inovadora da extensão rural atrelado à transferência de tecnologia é insuficiente para dar
conta de uma realidade complexa que é o universo rural. Embora a Estratégia da ILPF
260
implantada em alguns municípios da Microrregião de Viçosa e Zona da Mata mineira se
encontra sob um processo de transição do sistema de agricultura convencional de
produção para um sistema que procura privilegiar aspectos mais sustentáveis, está muito
distante do desejado.
5. Agradecimentos
À CAPES, ao Depto de Economia Rural da UFV e ao Instituto Federal de
Educação, Ciências e Tecnologia do Sudeste de Minas Gerais – Campus Rio Pomba.
6. Literatura citada
ARMANDO, M. S. Sistemas agroflorestais na adequação ambiental de propriedades
rurais.
Setor
Florestal/Agroflorestal.
2006.
Disponível
em:
<http://www.portaldoagronegocio.com.br/ conteudo.php?id=23223>.Acesso em: 12 jul. 2012.
CAPORAL, F. R.; COSTABEBER, J. A. Agroecologia e extensão rural: contribuições para a
promoção do desenvolvimento rural sustentável. Brasília, DF, 2004.
CONDERATO, M. A.; SCHNEIDER, S. Conformações regionais do desenvolvimento rural e
da agricultura familiar: desigualdade e diversidade da geografia econômica do Rio Grande do
sul. Extensão Rural, DEAER/PPGExR. CCR. UFSM, a. XVII, n. 19, jan./jun. 2010.
ROCHA, W. S. D. et al. Integração-lavoura-pecuária-floresta (ILPF). In: AUAD, M. A. et al.
(Org.). Manual de bovinocultura de leite. Brasília, DF: LK; Belo Horizonte: SENARAR/MG, 2010. Cap. 5, p. 183-202.
RODRIGUES, R. R.; GANDOLFI, S. Recomposição de Florestas Nativas: princípios gerais e
subsídios para uma definição metodológica. Revista Brasileira de Horticultura Ornamental,
Campinas, v. 2, n. 1, p. 4-15, 2001.
VIANA, M. C. M. et al. Experiências com sistema integração lavoura pecuária floresta em
minas gerais. Revista informe agropecuário, v.31, n.257, jul-ago, 2010.
261
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.3. A Economia Doméstica e a EMATER-MG, uma relação complementar no
âmbito da Extensão Rural
Cynthia Aparecida Gonçalves1, Luciana Alfenas Pacheco 2
1
Estudante de mestrado em Economia Doméstica – UFV.
2 Graduada em Economia Doméstica – UFV.
Resumo: Este texto trata-se de um estudo bibliográfico com algumas reflexões teóricas
e críticas sobre o curso de Economia Doméstica e da EMATER-MG, esta atua como um
dos principais instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação operacional e de
planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para desenvolver ações de
extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar buscando a qualidade de
vida. Nesse contexto, o foco central do presente texto consiste compreender como
ocorre a atuação do profissional de Economia Doméstica na EMATER.
Especificamente, pretende-se: abordar sobre o trabalho realizado pela Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais, e a atuação do
profissional em Economia Doméstica na empresa. Metodologicamente, baseou-se em
uma pesquisa bibliográfica, por meio de conhecimentos proporcionados pela
documentação sobre o tema. Os resultados revelam que o profissional referido, implanta
e supervisiona programas de desenvolvimento social orientando as famílias rurais sobre
alimentação e nutrição, como classificar, preparar e conservar os alimentos; saúde e
higiene, direitos do consumidor, economia familiar, habitação, saúde e vestuário,
atingindo os objetivos que a empresa proporciona. Conclui-se que o trabalho dos
Economistas Domésticos visa à contribuição para a melhoria da qualidade de vida dos
agricultores e familiares contemplados pela EMATER-MG.
Palavras–chave: economia doméstica, EMATER, extensão rural
Abstract: This text comes up a bibliographic study with some theoretical reflections
and criticism on the course Home Economics and EMATER-MG, this acts as a major
instrument of the Government of Minas Gerais for action and operational planning in
the agricultural sector State, especially to develop actions extension with producers
farming family seeking quality of life. In this context, the central focus of this text is to
understand how does the performance of professional Home Economics in EMATER.
Specifically, we intend to: address on the work done by the Technical Assistance and
Rural Extension of the State of Minas Gerais, and the professional expertise in Home
262
Economics in the company. Methodologically, was based on a literature search, through
knowledge provided by the documentation on the subject. The results reveal that the
professional said, deploys and supervises social development programs targeting rural
households on food and nutrition, how to sort, prepare and preserve food, health and
hygiene, consumer rights, family economics, housing, health and clothing, reaching the
goals that the company provides. We conclude that the work of Home Economists aims
to contribute to improving the quality of life for farmers and their families covered by
EMATER-MG.
Keywords: domestic economy, EMATER, extension
Introdução
A EMATER-MG foi criada em 1975, ao mesmo tempo em que era extinta a
ACAR, com o objetivo de planejar, coordenar e executar programas de assistência
técnica e extensão rural, buscando difundir conhecimentos de natureza técnica,
econômica e social, para aumento da produção e produtividade agrícolas e melhoria das
condições de vida no meio rural do Estado de Minas Gerais, de acordo com as políticas
de ação do Governo estadual e federal (EMATER, 2013).
O curso de Economia Doméstica que teve seu surgimento focado no
desenvolvimento rural tem, atualmente, como propósito principal de compreender
problemas enfrentados por famílias, grupos, comunidades, visando o desenvolvimento
harmonioso entre o homem e seu ambiente físico, econômico, social, cultural e político.
O profissional tem como objetivo contribuir para a melhoria das relações entre sujeitos
sociais e da qualidade de vida das famílias e grupos no que se refere à habitação, à
alimentação, ao vestuário, à administração dos recursos familiares, à saúde e ao
desenvolvimento humano (MINISTÉRIO, 2013).
Diante do exposto torna-se importante conhecer como se dá a atuação do profissional de
Economia Doméstica na EMATER- Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural, e sua influencia
na extensão rural.
Material e Métodos
O presente texto é um estudo teórico, que envolve uma pesquisa bibliográfica
sobre a relação do profissional graduado em Economia Doméstica e a EMATER, e suas
ações na extensão rural. Para tanto, procedeu-se a uma busca planejada de informações
bibliográficas contidas em livros e periódicos, por meio das categorias de análise
“EMATER”, “Economia Doméstica”, “Extensão Rural”, visando à discussão sobre a
temática, na percepção de diferentes autores.
Resultados e Discussão
Durante os sessenta anos de existência, a Associação de Crédito e Assistência
Rural-ACAR, fundada em 1948, foi à primeira experiência brasileira direcionada para a
introdução de novas técnicas de agricultura e economia doméstica, de incentivo à
organização e de aproximação do conhecimento aos produtores rurais, gerado nos
centros de ensino e de pesquisa (PINHO, 2010).
Na década de 90, já intitulada EMATER-MG Empresa de Assistência Técnica e
Extensão Rural do Estado de Minas Gerias, esta passa por um processo de
modernização, incorporando a visão de foco no cliente e nos resultados desejados,
definindo sua missão e objetivos estratégicos. Oferece serviços aos médios e grandes
produtores, com o objetivo de gerar recursos adicionais, para ampliar e melhorar o
263
atendimento aos produtores rurais de agricultura familiar. A partir de 2003 a empresa
começa a consolidar a sua atuação como Empresa de Desenvolvimento Sustentável,
tendo um papel destacado na construção e implementação de políticas públicas,
assegurando a melhoria da qualidade de vida da sociedade mineira. A EMATER-MG
atua como um dos principais instrumentos do Governo de Minas Gerais para a ação
operacional e de planejamento no setor agrícola do Estado, especialmente para
desenvolver ações de extensão rural junto aos produtores de agricultura familiar, como
consequência de uma política estratégica para garantir segurança alimentar e
nutricional, proporcionar a inclusão social de grupos marginalizados e permitir o
desenvolvimento sustentado de toda a sociedade (EMATER, 2013).
A referida empresa presta assistência técnica aos produtores rurais de agricultura
familiar, suas famílias e suas organizações, nas atividades de agricultura, pecuária,
indústria caseira de alimentos, artesanato, habitação, alimentação e nutrição,
saneamento e preservação ambiental. Assessoria aos produtores rurais de agricultura
familiar e suas organizações para a aquisição de insumos e venda da produção, em
comum. Assessoria às organizações de produtores rurais de agricultura familiar, para
promover a sua participação na condução de programas e projetos de desenvolvimento
social e econômico. Elaboração de planos e projetos para propriedades e comunidades
rurais, bem como a participação na sua implantação. Promoção de eventos
agropecuários, tais como: feiras, leilões, concursos de produtividade, campanhas
educativas, exposições agropecuárias e de artesanato. Participação no planejamento e na
implantação de Programas Regionais e ou Municipais de Agropecuária, Abastecimento
e de Desenvolvimento Rural (EMATER, 2013).
O primeiro curso de Graduação de Economia Doméstica surgiu em 1952, na
primeira Escola Superior de Ciências Domésticas, na Universidade Rural do Estado de
Minas Gerais, hoje Universidade Federal de Viçosa. Visando atender as demandas as
instituições de extensão rural no país as Universidades começaram a criar os cursos de
Economia Doméstica (UFPE, 2013). A Economia Doméstica é uma ciência social
aplicada, que integra conhecimentos e técnicas provenientes das ciências biológicas,
exatas e sociais com o propósito de estudar processos no gerenciamento, identificação,
reconhecimento e uso de recursos humanos, materiais e financeiros em ambientes
constituídos por indivíduos, famílias e comunidades, buscando como consequência o
desenvolvimento biológico, intelectual, emocional e social, e o bem estar humano
(SILVA, 2009).
O curso de Economia Doméstica tem como propósito principal compreender
problemas enfrentados por famílias, grupos, comunidades, visando o desenvolvimento
harmonioso entre o homem e seu ambiente físico, econômico, social, cultural e político.
O profissional tem como objetivo contribuir para a melhoria das relações entre sujeitos
sociais e da qualidade de vida das famílias e grupos no que se refere à habitação, à
alimentação, ao vestuário, à administração dos recursos familiares, à saúde e ao
desenvolvimento humano (MINISTÉRIO, 2013).
O economista doméstico planeja, implanta e supervisiona programas de
desenvolvimento social nas áreas de alimentação, educação do consumidor, economia
familiar, habitação, saúde e vestuário. Desenvolve e ministra cursos para comunidades,
ensinando noções de higiene, economia doméstica e cozinha, para evitar o desperdício
de alimentos e melhorar a nutrição de grupos de baixa renda. Em empresas e indústrias,
contribui na gerência de restaurantes coletivos e organiza espaços de convivência para
os funcionários.
264
Conclusões
A EMATER-MG atua como um dos principais instrumentos do Governo de
Minas Gerais para a ação operacional e de planejamento no setor agrícola do Estado,
especialmente para desenvolver ações de extensão rural junto aos produtores de
agricultura familiar. Constitui área específica de atuação no território mineiro, buscando
resultados como a melhoria da qualidade de vida e condições de produção dos
produtores de agricultura familiar, a inclusão social de grupos e comunidades rurais, por
meio de programas geradores de emprego e renda, e as ações de organização rural para
o desenvolvimento com sustentabilidade e atendimento aos direitos de cidadania.
E economista doméstico, planeja, implanta e supervisiona programas de
desenvolvimento social orientando as famílias sobre alimentação e nutrição, como
classificar, preparar e conservar os alimentos; saúde e higiene, direitos do consumidor,
economia familiar, habitação, saúde e vestuário, indo ao encontro das necessidades dos
indivíduos e das famílias. Desde 1952 atendendo as demandas dos agricultores rurais,
seus familiares, comunidades, em serviços de extensão rural.
Literatura citada
EMATER-Empresa De Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas
Gerias. A história da EMATER - MG. Disponível em:<www.emater.mg.
gov.br/portal.cgi?flagweb=site_tpl_paginas_internas&id=3> Acesso em: 13 jul. 2013.
Ministério de desenvolvimento agrário. Política Nacional de Assistência Técnica e
Extensão Rural. Disponível em: <http://comunidades.mda.gov.br/portal/saf/ar
quivos/view/ater/Pnater.pdf>. Acesso em: 02 de jul. 2013.
PINHO, E. N. A influência da estrutura matricial no comprometimento com a carreira
em comparação com a estrutura tradicional: um estudo de caso na EMATER-MG.
Dissertação de Mestrado. Universidade FUMEC. Belo Horizonte, 2010.
SILVA, Antônio Eraldo Holanda. Guia Profissional: Economista Doméstico, 20092010. Fortaleza: CRED I, 2009.31p.
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco. Economia Doméstica. Disponível em:
<http://www.ufrpe.br/curso_ver.php?idConteudo=8>. Acesso em: 02 de jul. 2013
265
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.4. Caracterização e proposição de técnicas de recuperação em áreas de
preservação permanente na bacia hidrográfica do Xopotó, MG
Bruno Leão Said Schettini¹, Laércio Antônio Gonçalves Jacovine², Juliana Reis
Sampaio³, Rogério Assunção Campos¹, Jomar Silva Magalhães¹, Rafaela Nardy
Delgado¹
1
Estudante de Graduação Engenharia Florestal, Universidade Federal de Viçosa.
Engenheiro Florestal, professor pela Universidade Federal de Viçosa.
3
Engenheira Florestal, bolsista CNPQ, pela Universidade Federal de Viçosa.
2
Resumo: Ao considerar que a recuperação de áreas degradadas constitui-se em um
importante instrumento de manutenção dos serviços ambientais prestados pelos recursos
naturais, torna-se fundamental estudar novas metodologias para implantação de
tecnologias capazes de recuperar essas áreas degradadas ou perturbadas como forma de
manter áreas de importantes funções ambientais. Com isso, o objetivo do presente
trabalho foi caracterizar as áreas de preservação permanente, através do levantamento
de uso e ocupação do solo, para então propor técnicas de recuperação florestal
específicas em propriedades rurais, pertencentes á Bacia Hidrográfica do Xopotó. O
levantamento de campo da pesquisa foi realizado em propriedades rurais cadastradas
pelo Instituto Xopotó, através do Projeto Agente Ambiental- Produtor rural prestador de
serviços ambientais, abrangendo os municípios de Alto Rio Doce, Brás Pires, Cipotânea
e Desterro do Melo. A demarcação das APPs nas matas ciliares e no entorno de
nascentes foram feitas segundo as definições do código florestal de 1965, vigente
durante a realização do trabalho. A partir das visitas e croquis elaborados através do
mapeamento e georreferenciamento das propriedades rurais, desenvolveu-se os planos
de adequação. Os resultados alcançados servem de base para o estabelecimento de
critérios para a implantação de políticas de compensação ambiental ou pagamento por
serviços ambientais, tanto a nível municipal, estadual ou federal.
Palavras–chave: recuperação florestal, áreas de preservação permanentes, serviços
ambientais.
Abstract: When considering the recovery of degraded areas constitutes an important
tool for environmental services provided by natural resources, it is essential to explore
new methodologies for deploying these technologies to recover degraded or disrupted as
a way of keeping areas important environmental functions. Thus, the objective of this
266
study was to characterize the permanent preservation areas, surveyed the use and
occupation of land, and then propose specific techniques for forest restoration in rural
properties, belonging to the Basin Xopotó. The field survey was conducted in the
research farms registered by the Institute Xopotó through Project Environmental AgentProducer rural provider of environmental services, covering the municipalities of Alto
Rio Doce, Braz Pires, Cipotânea and Exile of Melo. The demarcation of APPs in
riparian areas and around springs were made according to the definitions of the Forest
Code of 1965 in effect during the execution of the work. From visits and sketches
drawn by mapping and georeferencing rural properties, developed plans for adequacy.
The results obtained provide the basis for the establishment of criteria for the
implementation of policies of environmental compensation or payment for
environmental services, both at the municipal, state or federal.
Keywords: forest restoration, permanent preservation areas, environmental services
Introdução
Áreas Degradadas podem ser entendidas, como sendo aquelas que apresentam
como características sinais resultantes de processos erosivos, ausência ou diminuição da
cobertura vegetal, deposição de lixo, compactação do solo, assoreamento dos rios, entre
outros (Manual para Restauração Florestal, 2011).
A restauração florestal só se torna necessário quando a capacidade natural do
ambiente em recuperar suas características não pode ser atingida sozinha, tornando
impossível que o ambiente retorne a seu equilíbrio e exerça suas funções ecológicas..
Um dos desafios para a restauração ecológica consiste em tornar essas áreas
degradadas em ambientes novamente capazes de exercerem suas funções ambientais,
como a proteção do solo, a produção e manutenção das águas, manutenção do micro
clima, abrigo para fauna, garantia da existência de espécies da flora, entre outros.
O planejamento inicial dos projetos de restauração florestal pode ser estabelecido
de diversas formas, porém para todos alcançarem o sucesso, a fase inicial deve ser
sempre a avaliação das condições da área degradada a ser restaurada, de forma que se
avalie o grau de degradação, os fatores que levaram aquela situação, as fontes de
propágulo e o potencial auto- regenerativo (Recuperação Florestal: da muda à floresta,
2004).
Segundo a legislação, no que se diz na CONAMA n° 429 é que as medidas de
recuperação devem observar seis requisitos necessários: A proteção das espécies
nativas mediante isolamento ou cercamento da área a ser recuperada; Adoção de
medidas de controle e erradicação de espécies vegetais exóticas invasoras (ex.:
gramíneas africanas); Adoção de medidas de prevenção, combate e controle do fogo;
Adoção de medidas de controle da erosão, se necessário; Prevenção e controle do
acesso de animais domésticos e/ou exóticos (ex.: bovinos); Adoção de medidas para
conservação e atração; de animais nativos dispersores de sementes;
Ao se considerar que a recuperação de áreas degradadas constitui-se em um
importante instrumento de manutenção dos serviços ambientais prestados pelos recursos
naturais, torna-se fundamental estudar novas metodologias para implantação de
tecnologias capazes de recuperar essas áreas degradadas ou perturbadas como forma de
manter áreas de importantes funções ambientais.
Abordando especificamente o meio rural, é um grande desafio estimular um
processo de reflexão sobre modelos de desenvolvimento rural que sejam responsáveis,
267
economicamente viáveis e socialmente aceitáveis, para a conservação dos recursos
naturais e da biodiversidade.
Com isso, o objetivo do presente trabalho foi caracterizar as áreas de preservação
permanente, através do levantamento de uso e ocupação do solo, para então propor
técnicas de recuperação florestal especificas em propriedades rurais, pertencentes á
Bacia Hidrográfica do Xopotó.
Material e Métodos
A bacia do Rio Xopotó está inserida na Bacia Hidrográfica do Rio Doce. Esta
apresenta uma significativa extensão territorial de cerca de 83.400 km2, dos quais 86%
pertencem ao estado de Minas Gerais e o restante ao estado do Espírito Santo. As
nascentes desta região alimentam o Rio Xopotó que deságua no Rio Piranga, um
importante afluente da cabeceira do Rio Doce. Este último é um dos principais rios do
Estado de Minas Gerais e do Brasil e está localizado na Região Hidrográfica Costeira
do Sudeste de acordo com a Agência Nacional das Águas - ANA.
O levantamento de campo da pesquisa foi realizado em propriedades rurais
cadastradas pelo Instituto Xopotó, através do Projeto Agente Ambiental- Produtor rural
prestador de serviços ambientais, abrangendo os municípios de Alto Rio Doce, Brás
Pires, Cipotânea e Desterro do Melo, contando com a participação de 37 produtores
rurais no total.
As propriedades foram estratificadas da seguinte maneira: strato 1 - contém
propriedades com área de até 30 ha; estrato 2 - contém propriedades com área entre 30
ha e até à área correspondente a 4 módulos fiscais do município em que está inserida;
estrato 3 - contém propriedades com área maior que 4 módulos fiscais.
Depois de tomadas as coordenadas geográficas de cada propriedade, foi
realizado o processamento das mesmas através do software GPS TrackMakerPro,.
Utilizando o programa ArcGis 9.3.1 , foram produzidos croquis para cada propriedade,
delimitando o uso das áreas de proteção florestal, APP’s e Reserva Legal.
A demarcação das APPs nas matas ciliares e no entorno de nascentes foram
feitas segundo as definições do código florestal de 1965 e`, as APPs de topo de morro,
foram definidas conforme o art. 2º da Resolução nº 303 do CONAMA.
A partir das visitas e croquis elaborados através do mapeamento e
georreferenciamento das propriedades rurais, desenvolveu-se os planos de adequação.
Estes seguiram as seguintes etapas:
 aplicação da técnica do mapeamento;
 georreferenciamento das propriedades;
 seleção das técnicas a serem utilizadas nas áreas destinadas à adequação;
 justificativas técnicas para as intervenções sugeridas e a metodologia para a
implantação das mesmas;
 elaboração de croquis com as atividades sugeridas para cada área de APP
descaracterizada;
 definição dos materiais necessários para a recuperação das áreas indicadas:
número de mudas, número de mourões, prego, arame, quantidade de adubo, mão
de obra necessária, controle de formigas cortadeiras, etc;
268
Resultados e Discussão
A área total das 37 propriedades estudadas foi de 1.621,71 ha. Encontrou-se um
número de 66 nascentes nas 37 propriedades pesquisadas e observou-se que 97% das
propriedades possuem cursos d`água passando dentro dos limites da propriedade.
As pastagens representam o principal uso do solo, ocupando em todos os
municípios mais de 60% da área total das propriedades. Na Figuras1, tem-se o uso e
ocupação geral encontrado nas propriedades trabalhadas.
A alta porcentagem de áreas destinadas às pastagens se justifica pelo fato da
pecuária ser a principal fonte de renda da grande maioria dos produtores rurais da região
em estudo. Esta atividade se encontra, em sua maioria, com graves problemas
ambientais. Algumas vezes devido à localização das pastagens em áreas impróprias,
outras pelo manejo inadequado sobrecarregando o solo com excesso de animais por
área.
Dentre as técnicas mais utilizadas para restauração florestal, para as
propriedades estudas, foram propostas as seguintes:
Plantio adensado: Este método foi recomendado para áreas onde havia
compactação do solo, erosão, degradação e exposição do solo.
O plantio de enriquecimento: Foi recomendado para áreas de matas ciliares ou
nascente em estado de regeneração, ou seja, com vegetação nativa em fase de
desenvolvimento inicial. Sendo assim, o enriquecimento pode ser a melhor alternativa
para se restaurar a diversidade e estrutura da floresta.
Cercamento: Essa técnica foi recomendada para áreas com baixa degradação, que
apresentavam capacidade de regeneração natural. A construção de cercas fechando
áreas de preservação permanente nas propriedades, evita a entrada de animais e, por
consequência, a formação de carreadores que favorecem a erosão, o pisoteio e
compactação do solo, favorecendo assim o processo de regeneração.
Poleiros: Sua implantação tem por objetivo aumentar a diversidade de espécies
nos locais de restauração florestal. A densidade ideal de poleiros é de 4 a 24 poleiros
por hectare, dependendo da área, conforme recomendado por BECHARA ( 2006).·
Transposição do banco de sementes O uso desta técnica foi recomendada
exclusivamente, em locais onde a área de restauração era inferior a 2 hectares, e onde
havia fragmentos grandes na vizinhança para mitigar os impactos negativos após a
retirada do banco de sementes dos fragmentos. Deste modo, o trabalho é facilitado pela
pequena distância de transporte.
Conclusões
Os mapas de recuperação ambiental das propriedades com a indicação da
técnicas mais adequadas disponibilizados aos produtores rurais é um passo importante
para a efetivação de medidas para a melhoria da qualidade ambiental das propriedades e
a potencialização dos serviços ambientais.
Os resultados alcançados com este projeto na bacia do rio Xopotó servem de
base para o estabelecimento de critérios para a implantação de políticas de compensação
ambiental ou pagamento por serviços ambientais, tanto a nível municipal, estadual ou
federal, podendo assim, ser exemplo para outras bacias, contribuindo para a
conservação dos recursos florestais e hídricos do estado de Minas Gerais e do país.
Agradecimentos
Agradecemos ao CNPQ pela concessão de bolsas de Produtividade em Pesquisa e ao
Instituto Xopotó pela parceria na realização do trabalho.
269
Literatura citada
BECHARA, F. C. Unidades Demonstrativas de Restauração Ecológica através de Técnicas
Nucleadoras: Floresta Estacional Semidecidual, Cerrado e Restinga; 2006. p. 103-122. Dissertação
(Doutorado em Recursos Florestais) – Universidade de São Paulo, Piracicaba. 2006.
CURY, R. Manual de Restauração Florestal, série boas práticas 5.Canarana-MT, Junho de 2011.
SMA. 2004. Recuperação florestal: da muda a floresta. Secretaria do Meio Ambiente. Fundação para
conservação e a produção florestal do Estado de São Paulo, 2004.
270
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.5. A governança no Arranjo Produtivo Local de Grãos de Paragominas/Pará
Valto Coelho Santana Junior¹, Cyntia Meireles de Oliveira², Breno Lima Colonnelli³
1. Acadêmico do 7º semestre do curso de agronomia da Universidade Federal Rural da Amazônia; bolsista do PIBIC e-mail:
[email protected];
2. Professora e orientadora na área de extensão rural e-mail: [email protected];
3. Professor da Universidade Federal Rural da Amazônia; e-mail: [email protected]
Resumo: Este trabalho visa analisar as estruturas de governança estabelecidas ao longo
da cadeia de grãos no município de Paragominas, mesorregião do sudeste paraense,
estado do Pará. Portanto foi utilizado os conceitos de Arranjo Produtivo Local (APL) e
de vantagens competitivas, que associados ao dilema da governança, permite traçar uma
estratégia de pesquisa que possa consolidar uma tradição de análise das intervenções. A
metodologia utilizada consistiu em coleta de dados em questionários estruturados bem
como questões abertas dirigidas a cinco produtores de grãos de forma intencional e por
acessibilidade, considerando que no período da visita (janeiro), os produtores estavam
em plantio, fator este que dificultou o preenchimento de um maior número de
questionários. Os resultados indicaram que há uma dificuldade de comunicação entre os
produtores, centro de pesquisa e assistência técnica. Constatou-se que o sucesso da
produção de grãos depende de diversos fatores, que vai da gestão administrativa nas
unidades produtivas, inclusive, com relação a empresas de caráter familiar (pequenas e
médias), uso da tecnologia, a assistência técnica, bem como do financiamento, seja este
via Cargill, Bunge ou Banco de Fomento.
Palavras–chave: arranjo produtivo local; governança; gestão administrativa;
unidades produtivas.
Abstract: This work analyzes the governance structures established along the grain
chain in the municipality of Paragominas mesoregion southeast Pará, Pará state was
therefore used the concepts of Local Productive Arrangement (APL) and competitive
advantages associated with that dilemma governance, allow to establish a research
strategy that can consolidate a tradition of analysis of interventions. The methodology
271
consisted of collecting data from structured questionnaires and open-ended questions
directed to five grain producers intentionally and accessibility, considering that during
the visit (January), the producers were planting, a factor that made it difficult to fill a
greater number of questionnaires. The results indicated that there is a difficulty of
communication between producers, research center and technical assistance. It was
found that the success of grain depends on several factors, ranging from administrative
management in production units, including, with respect to firms familiar character
(small and medium), use of technology, technical assistance, as well as the funding, be
it via Cargill, Bunge or bank of foment.
Keywords: Governance; productive arrangement; production.
Introdução
O estudo de governança visa identificar os principais aspectos das relações
estabelecidas entre o ambiente institucional e os atores sociais, a fim de determinar sua
eficiência, no que tange à redução dos seus custos de transação. Estes custos, conforme
Wiliamson (1999, p. 12), constituem um “esforço para identificar, explicar e mitigar os
riscos contratuais”. Nesta há um acompanhamento processual para que não deixem de
ocorrer os objetivos da intervenção, conectando os elos que o dinamizam (SANTANA,
2005).
No Pará, a cultura de soja vem se desenvolvendo em virtude das vantagens
comparativas que esta oferece como a facilidade de escoamento da produção via
Corredor de Exportação Norte - Complexo Carajás - Itaqui, infraestrutura de estradas e
energia elétrica. Os fretes deste são competitivos para os centros consumidores
europeus, surgindo, desta forma, como importante fronteira agrícola. O Governo do
Pará vem estimulando o plantio de soja na região, desenhando boas oportunidades de
investimento no estado (SOUZA, 2012).
Assim, o estudo visa identificar os principais aspectos da governança em
Paragominas, tornando a dinâmica produtiva do setor de grãos como unidade desta
análise, considerando que é um dos maiores polos agropecuários do estado.
272
Material e Métodos
As informações geradas na pesquisa ocorreram por meio de questionário
estruturado bem como questões abertas. O questionário, conforme Marconi e Lakatos
(2005) é um instrumento constituído por uma série ordenada de perguntas.
O questionário foi dirigido a cinco produtores de grãos de forma intencional e
por acessibilidade, considerando que no período da visita (janeiro), os produtores
estavam em plantio, fator este que dificultou o preenchimento de um maior número de
questionários. O questionário contem vinte e uma questões que buscaram saber sobre a
produção, facilidades e empecilhos, levando em consideração toda a logística desde as
condições do produtor até o mercado consumidor.
Resultados e Discussão
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE de
Recuperação Automática - SIDRA, em 2011 a produtividade de soja foi em torno de
74.815.447 milhões de toneladas, sendo que a região norte corresponde com 2,6% e o
município de Paragominas com 0,16%. Em produtividade de milho, o Brasil produz
55.660.415 milhões de toneladas, a região norte participa com 2,38% e o município de
Paragominas com 0,10% em milhões de toneladas.
As cinco propriedades visitadas em Paragominas possuem média de 823
hectares. Todas possuem o Cadastro Ambiental Rural - CAR e nenhum dos produtores
possuem a Licença Ambiental Rural - LAR.
Dos produtores, 40% deles plantam apenas soja e os outros 60% plantam soja e
milho. A produtividade média de soja é de 49 sacas/hectares. Já o milho apresenta
produtividade média de 106,6 sacas/hectares.
A produção é vendida para granjas e nas multinacionais Cargill e Bunge, com
tipo de contato futuro e disponível. O preço esperado e o preço real vendido tem uma
amplitude em torno de R$ 2,00. Já o custo de produção está no intervalo de R$ 900,00 a
R$ 1.200,00/ha, com custo de R$ 20,00 a R$ 35,00 por saca de 60 kg produzida de soja.
Contudo devem-se notar as dificuldades destes produtores de procederem ao controle
eficiente de seus custos de produção, computando apenas os custos variáveis.
Quanto aos órgãos públicos (fomento, assistência técnica e pesquisa), estes
devem trabalhar juntos para viabilizar o desenvolvimento local no que diz respeito à
estruturação de Arranjo Produtivo Local - APL de grãos. Os produtores têm apontado
273
que uma das principais dificuldades reside na pesquisa e assistência técnica com
tecnologias adaptadas para a região, o que, afeta a obtenção de maiores produtividades.
Conclusões
Constatou-se que o sucesso da produção de grãos depende de diversos fatores,
que vai da gestão administrativa nas unidades produtivas, inclusive, com relação a
empresas de caráter familiar (pequenas e médias), uso da tecnologia, a assistência
técnica, bem como do financiamento, seja este via Cargill, Bunge ou Bancos.
Tudo isto tem sido uma combinação de fatores para a obtenção de sucesso para
quem trabalha com grãos, embora as experiências na condução da lavoura tenham sido
também, um elemento imprescindível para o sucesso da produção, conforme pesquisa.
Podemos concluir também que os produtores não possuem um controle eficiente
de custos de produção, nem tampouco utilizam tecnologias que aumentem a
produtividade, o que compromete a sustentabilidade e a rentabilidade dos sistemas
produtivos, o que torna-se premente de mudança com as exigências do mercado
consumidor.
Agradecimentos
A Universidade Federal Rural da Amazônia pela concessão da bolsa.
Referências
CARVALHO, R. A Amazônia rumo ao “ciclo da soja”. Amazônia papers # 2. Ano I,
setembro/1999.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE de
Recuperação
Automática
SIDRA,
2011.
Disponível
em:
http://www.sidra.ibge.gov.br/Acesso em 18 de Abr. 2013.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos da metodologia
científica. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2005.
SANTANA, A. C. Elemento de economia, agronegócio e desenvolvimento local.
Belém: GTZ:TUD: UFRA: 2005. 197p.
SOUZA, L.L.de. A logística da soja na fronteira agrícola Norte e Nordeste: Piracicaba,
2012.
WILLIAMSON, O. E. The mechanisms of governance. New York: Oxford University
Press, 1999.
274
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.6. Sustentabilidade no meio rural: introdução da homeopatia na agropecuária
Melissa Fabíola dos Santos A. Mendes1 Luiz Carlos de Oliveira2 Luiz Carlos do Carmo 3
Mariana Barbosa Soares4Marcelo LelesRomarco de Oliveira5
1
Estudante de graduação em Zootecnia- UFV Bolsista PIBIC/CNPq.
Estudante de graduação em Agronomia-UFV
3-4
Estudante de graduação em Cooperativismo-UFV
5
Professor Departamento de Economia Rural-UFV
2
Resumo: Este trabalho relata um conjunto de ações desenvolvidas em um projeto de
assistência técnica e extensão rural (ATER) intitulado Agrotóxico, Saúde e Meio
Ambiente: uma proposta de diálogo junto aos feirantes de Viçosa-MG, o público
participante são agricultores que comercializam na feira semanal da cidade de Viçosa.
Novas técnicas de manejo agrícola sustentáveis e preconizadas pelo modelo
agroecólogicode produção foram apresentadas aos agricultores que também puderam
aprender mais sobre a importância da homeopatia, toda ação foi realizada com a
participação efetiva dos agricultores essências para o diagnóstico correto e os bons
resultados alcançados com o projeto.
Palavras-chave: sustentabilidade, homeopatia, ATER
Sustainability in rural areas: introductionofhomeopathy in agriculture
Abstract: This paper describes a set of actions developed in a project of technical
assistance and rural extension (ATER), the participating public are farmers who sell at
the weekly fair of Viçosa. New management techniques and sustainable agricultural
model advocated by agroecological production were presented to farmers were also able
to learn more about homeopathy, the whole action was carried out with the active
participation of farmers essences for the correct diagnosis and the good results achieved
by the project.
Keywords: sustainability, homeopathy, countryside
Introdução
O presente trabalho é resultado de um projeto intitulado Agrotóxico, Saúde e
Meio Ambiente: uma proposta de diálogo junto aos feirantes de Viçosa-MG, cuja
275
finalidade foi a problematização em relação ao uso de agrotóxicos junto aos agricultores
familiares que comercializam na feira de Viçosa-MG.
De acordo com Flávia Londres (2011) na última década o uso de agrotóxicos no
Brasil assumiu as proporções mais assustadoras, as vendas de agroquímicos
queanteriormente movimentavam 2 bilhões de dólares passaram a movimentar 7 bilhões
no país, assumindo assim a triste posição de maior consumidor mundial de agrotóxicos.
Apresentamos propostas a esses agricultores, que se mostraram receptivos às
novas técnicas de manejo expostas. Sendo assim, o objetivo do trabalho foi discutir a
possibilidade de introdução de técnicas de manejo agroecológico, e o uso da homeopatia
no meio rural, em especial junto aos agricultores familiares de Viçosa, com o intuito de
minimizar e em alguns casos excluir o uso de agroquímicos por parte destes
agricultores, assim como viabilizar a inclusão social e o fortalecimento da agricultura
familiar.
Material e Métodos
O percurso metodológico contou com uma elaboração prévia das atividades
dinâmicas e participativas e seu desenvolvimento foi realizado através de observações
acerca da realidade local, além da participação conjunta dos sujeitos, no que se refere a
contribuições operacionais, pesquisas documentais e principalmente as troca de saberes.
Foi utilizado o método de DRP - Diagnóstico Rural Participativo que definido
como “ um conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o
seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a auto gerenciar o seu planejamento e
desenvolvimento. Desta maneira, os participantes poderão compartilhar experiências e
analisar os seus conhecimentos, a fim de melhorar as suas habilidades de planejamento
e ação” (Verdejo 2006).
Resultados e discussão
No primeiro momento, foi apresentadoaos agricultores, o uso e a fabricação de
caldas naturais na substituição de produtos químicos, uma vez que este último apresenta
maior potencial de danos ao meio ambiente, bem como um vídeo sobre o uso de
preparados homeopáticos na agricultura, composto por relatos de experiências positivas
acerca do uso da homeopatia. Para a realização da atividade buscamos algumas
parcerias e tivemos o apoio do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal de
Viçosa representado pela pessoa do Pesquisador e Homeopata Vicente W. Dias Casali,
que disponibilizou também cartilhas técnicas sobre o assunto. A partir dessa introdução,
percebemos um enorme interesse por parte dos agricultores em relação à homeopatia no
meio rural. Diante dessa nova demanda por conhecimentos por parte da comunidade,
conseguimos uma nova parceria com IHAMA- Instituto de Homeopatia na Agricultura
e Ambiente junto com o Departamento de Fitotecnia, onde foi oferecido uma oficina
introdutória com duração de oito horas sobre o uso da Homeopatia na Agropecuária,
nesta oficina cerca de 25 agricultores participaram, a oficina foi realizada na
comunidade de Píuna em parceria com a EMATER escritório Viçosa. Um dos objetivos
da oficina foi apresentar aos agricultores familiares tecnologias simples, baratas,
eficientes e seguras de manejo do ambiente rural, oferecendo alternativa viável à
substituição de insumos químicos e que viabilizem a inclusão social e o fortalecimento
da agricultura familiar através utilização da homeopatia. Ao longo do desenvolvimento
das atividades procuramos trabalhar com a idéia de sujeitos multiplicadores, que
pudessem compartilhar e multiplicar o aprendizado com outrem.Dessa forma, nossa
intenção é que essas atividades promovidas possa despertar nesses agricultores a visão
276
demodos de produção mais sustentável , promovendo uma possível mudança no hábito
da comunidade assistida.
Conclusão
Ao longo do desenvolvimento das atividades procuramos trabalhar com a
idéia de sujeitos multiplicadores, que pudessem compartilhar e multiplicar o
aprendizado com outrem. Logo o intuito não foi o de transformar a realidade local
através de imposições, mas sim de demonstrar técnicas que podem contribuir
positivamente para o cotidiano dos agricultores em questão. As impressões percebidas
durante a realização das oficinas de homeopatia foram de que essas adquiriram grande
respaldo quanto ao interesse dos participantes, pelo fato dessa técnica ser de fácil
execução, devido à facilidade de obtenção dos materiais necessários, que também
representam baixo custo na produção.
Agradecimentos
Agradeço aos produtores, a Emater, ao Ihama e a Universidade Federal de Viçosa
Literatura Citada
VERDEJO, Miguel ExpósitoDiagnóstico rural participativo: guia prático DRP/
porMiguelExposito Verdejo, revisão e adequação de Décio Cotrim e Ladjane Ramos. Brasília: MDA / Secretaria da Agricultura Familiar, 2006 62 p: il.
LONDRES, Flavia Agrotóxicos no Brasil: um guia para ação em defesa da vida. –
Rio de Janeiro: AS-PTA – Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa,
2011. 190 p. : il. ; 23 cm.
277
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.7. Os impactos socioambientais da modernização da agricultura no Brasil
Priscila Paula de Almeida Ferreira1, Christiane Silva Souza2, Anderson de Almeida
Barbosa3
1
Bacharel em Direito pela Universidade Presidente Antônio Carlos (UNIPAC). Especialista em Direito
Público pela Associação Nacional dos Magistrados Estaduais (ANAMAGES), Estudante não vinculada
no Departamento de Economia Rural, Universidade Federal de Viçosa (UFV). *E-mail:
[email protected]
2
Doutoranda em Bioquímica Agrícola, UFV;
3
Doutorem Bioquímica Agrícola,UFV.
Resumo: A partir de 1950 iniciou-se no Brasil o processo de modernização do campo.
Introduziu-se no espaço rural um novo modelo de produção, baseado nos moldes
capitalistas, que buscavam abandonar as técnicas rudimentares e implementar o uso
intensivo de máquinas e insumos agrícolas de modo a aumentar a produtividade, suprir
a população com alimentos e gerar excedentes para exportação. As novas técnicas
trouxeram benefícios e avanços, mas, também foram fatores geradores de grandes
desigualdades sociais, reestruturação espacial da sociedade, penalização do meio
ambiente e bruscas modificações do espaço rural e urbano.
Palavras-chave: agricultor, complexo agroindustrial, revolução verde
The socioenvironmental impacts of agricultural modernization in Brazil
Abstract: Since 1950 began in the Brazil the process of modernization of the
countryside. It was introduced in rural areas a new production model, based on molds
capitalists, that sought to abandon the rudimentary techniques and implement intensive
use of machinery and agricultural inputs to increase productivity, to supply the
population with food and generate surpluses for export. The new techniques have
benefits and advancements, but also were factors causing great social inequalities,
spatial restructuring of society, penalizationthe environment and rural and urbanabrupt
modifications.
Keywords: farmer, agribusiness complex, green revolution
278
Introdução
No período logo após a 2ª Guerra Mundial, a necessidade de suprimento
alimentício para uma população cada vez mais crescente se tornou uma prioridade entre
vários países da Europa. Entretanto, a política utilizada até então não era adequada para
a situação vigente. Nesse sentido, uma nova política agrícola deveria ser proposta com o
objetivo de alcançar a autossuficiência alimentar, além de contribuir para o equilíbrio
econômico através de exportações de produtos agrícolas e agroindustriais.
Os primeiros modelos de modernização da agricultura datam de meados da
década de 40, no velho continente, estendendo-se a vários outros países, dentre eles o
Brasil. Devido ao seu caráter inovador, o novo modelo alterou radicalmente a estrutura
da produção agrícola nacional, na tentativa de equiparar nosso país àqueles já
desenvolvidos, em matéria de produtividade e rentabilidade.
Entendida como um conjunto de modificações na base técnica e de produção da
agricultura, a modernização agrícola envolveu a utilização de um grande aparato
tecnológico provido de variedades de plantas modificadas geneticamente em
laboratório, desenvolvidas para alcançar alta produtividade e uma série de
procedimentos técnicos envolvendo o uso de defensivos agrícolas e de maquinários.
A introdução desse novo modelo levou a profundas transformações nas relações
entre homem e natureza, tornando óbvio o domínio de um sobre o outro. Estabeleceuse, assim, o desenvolvimento das relações capitalistas de produção no campo. As
formas modernas ou empresariais de produção, com vistas ao lucro, passaram a ser
privilegiadas em detrimento das tradicionais.
Nesse sentido, com o presente trabalho busca-se compreender como se deu o
processo de modernização do campo no Brasil e quais os efeitos da introdução desse
novo modelo de produção capitalista no mundo rural, sobretudo do ponto de vista das
relações sociais.
Material e Métodos
A revisão de literatura caracterizou-se como sendo descritiva, cujo propósito foi
buscar entendimento acerca do processo de modernização do campo no Brasil e dos
efeitos da introdução desse novo modelo de produção capitalista no mundo rural,
sobretudo do ponto de vista das relações sociais.
A análise e a interpretação das informações obtidas na Literatura Consultada
consistiram em processos distintos, entretanto inter-relacionadas. A análise consistiu no
processo em que foram estabelecidas as ligações entre os fatos relatados e discutidos
pelos diferentes autores; enquanto a interpretação referiu-se ao processo em que houve a
discussão da relevância das informações em relação ao propósito.
Revisão de Literatura
Na década de 1960, o processo de modernização começou a ser concretamente
implantado no Brasil. Surgiu, então, um setor industrial voltado para produção de
insumos e equipamentos agrícolas. Na tentativa de formar um mercado consumidor para
os novos produtos que passaram a ser produzidos, o governo criou formas para
viabilizar a aquisição desses novos meios de produção provenientes do novo ramo
industrial. Iniciou-se, assim, um novo modelo econômico brasileiro, no qual a intenção
era passar de uma agricultura tradicional, dependente da natureza, que se utilizava de
práticas rudimentares, para uma agricultura mecanizada, com maior volume de
produção, que pudesse substituir o modelo vigente, abastecer o mercado interno e gerar
excedente para exportação.
279
Na intenção de atender esse objetivo ocorre, então, a integração entre indústria e
agricultura no período de 1960-80, levando ao surgimento de empresas e grupos
econômicos que influenciaram poderosamente a dinâmica das atividades agrárias, além
de tornar a agricultura cada vez mais especializada. Além de produtora de matériaprima tornou-se, também, compradora de produtos industriais (SILVA, 1981).
Aliado a isso, para se produzir mais e melhor acentua-se o uso de fertilizantes
artificiais e agrotóxicos. Graziano Neto (l985) afirmou que entre 1965 e 1970 o
consumo de fertilizantes cresceu a taxa média de 60% ao ano, enquanto que os
agrotóxicos aumentaram numa média anual de 25,0%.Foi a chamada “Revolução
Verde”, que se baseou num amplo programa idealizado para aumentar a produção
agrícola por meio do melhoramento genético de sementes e produção de insumos,
mecanização, produção em massa de produtos homogêneos e redução do custo de
manejo, bem como o uso extensivo de tecnologia no plantio, na irrigação e colheita.
Outro fator determinante foi a criação de incentivos e planos governamentais de
incentivo à industrialização. O Estado passou a ter maior participação no processo
produtivo através da criação de subsídios fiscais. Cria-se, assim, ochamado crédito
rural,que buscou suprir de recursos financeiros os produtores rurais com o objetivo de
estimular os investimentosde modo a favorecer o oportuno e adequado custeio da
produção e a comercialização de produtos agropecuários.
É importante levar em conta que, apesar das inovações trazidas, a modernização
agrícola brasileira foi muito além da implementação técnica na agricultura, uma vez que
modificou também a organização e, consequentemente, as relações sociais. Juntamente
com o progresso técnico, ocorreu a transformação nas organizações da produção
englobando as relações sociais, modificando as relações de trabalho, o acesso à terra, a
evolução do emprego, a dimensão da migração, a produção e distribuição de alimentos,
os efeitos dos biocidas e a adequação do modelo tecnológico às condições sociais e
agrárias brasileira (SILVA, 2013; MARTINE & GARCIA, 1987).
A produção e a produtividade aumentaram, mas o custo social das mudanças
ocorridas levou a um questionamento de suas vantagens econômicas. O crédito rural foi
desigual, pois ficou concentrado nas regiões Sul e Sudeste, em produtos específicos e
nas mãos de poucos agricultores, gerando um agravamento das desigualdades regionais.
Os subsídios fiscais concedidos também tiveram papel desagregador na medida em que
resultou numa menor participação do setor agroindustrial na receita de tributos.
A política de extensão rural e assistência técnica passaram a ser destinadas aos
grandes produtores, uma vez que seguia as mesmas diretrizes estabelecidas pelo
Sistema do Crédito Rural, isto é, voltada para grandes propriedades e contratos de
valores mais expressivos.
Outra consequência trazida pelo modelo de produção instaurado foi a crescente
instabilidade do trabalho agrícola. O volume de mão-de-obra viu-se deslocado pelo
processo de modernização agrícola. A concentração dos meios de produção nas mãos
dos grandes produtores transformou o pequeno produtor em trabalhadores volantes ou
migrantes, uma vez que desprovidos de seus próprios meios de produção e
competitividade precisaram trabalhar fora da propriedade para sobreviver, levando-o a
vender sua força de trabalho. O pequeno produtor, engolido pelo novo modelo, passou a
vender sua força de trabalho empregando-se como “boia-fria” nas grandes propriedades
ou buscando emprego nas grandes cidades. Tudo isso levou a uma nova redistribuição
espacial, provocando o “inchamento” das cidades, baixos salários e subempregos
devido à grande oferta de mão-de-obra.
280
Não obstante os impactos sociais descritos há que considerar as consequências
indesejáveis do uso irracional dos recursos naturais empregados na nova proposta de
modernização da agricultura.Os efeitos da industrialização da agricultura sobre a
degradação dos recursos naturais e a saúde humana impregnaram o mundo rural da
problemática ambiental.
O cultivo baseado na aplicação de agroquímicos e na uniformização de extensos
campos de cultivo provocaram diversos desequilíbrios ambientais como: degradação
dos solos; contaminação da água; desmatamento indiscriminado; poluição atmosférica;
destruição de ecossistemas; erosão genética e perda da biodiversidade causadas pela
substituição das espécies e raças rústicas por variedades altamente artificializadas;
transformação e uniformização das paisagens com a perda do seu valor cultural,
patrimonial e turístico; aumento do risco de incêndios devido ao abandono das
pastagens, em consequência do êxodo rural; queimadas em pastagens e em florestas
levando à perda dos agregados de matéria orgânica e argila do solo etc.
Enfim, as mudanças ocorridas bruscamente na forma de produção foram
impactantes e tiveram repercussão em todas as relações socioeconômicas da sociedade.
Tudo isso levou a repensar tal modelo e buscar soluções para a situação instaurada.
Conclusões
O processo de modernização da agricultura implantado no Brasil após a 2ª Guerra
Mundial implicou intensas transformações e aplicação de um pacote tecnológico que
pretendeu construir um novo modelo de sociedade baseado nos moldes capitalistas.
Passou a existir uma maior integração entre campo e cidade e o meio rural foi dominado
pelo capital. Pôs-se em marcha um modelo de exploração capitalizada, dotado de meios
e técnicas para assegurar a eficácia e a rentabilidade da produção.
Entretanto, atrás deste cenário desenhavam-se transformações que estreitavam os
laços entre campo e cidade via agravamento dos problemas sociais e ambientais.
A experiência mostrou que a política de modernização dissociada de políticas
ambientais e de desenvolvimento humano acarretou a degradação do meio ambiente e a
evidente precarização do trabalho, refletindo diretamente no padrão de vida da
população rural que passou a ser vendedora de sua força de trabalho.
Nesse sentido, ficou visível a necessidade imediata de se pensar desenvolvimento,
política agrária e questões ambientais numa perspectiva conjunta que possa considerar
os efeitos do modelo de modernização implantado.
Talvez um modelo de
produçãosustentável,
apoiadonapreservação
do
meioambiente,
no
desenvolvimentohumano, social, cultural, urbano e rural, de modo a se
buscarumaharmonia entre eles.
Literatura citada
GRAZIANO NETO, F. Questão agrária e ecologia: critica da agricultura moderna.
São Paulo: Brasiliense, 1985.
MARTINE, G.; GARCIA, R.C. Os impactos sociais da modernização agrícola. São
Paulo: Caetés, 1987.
SILVA, J.G. Progresso técnico e relações de trabalho na agricultura. São Paulo:
HUCITEC, 1981.
SILVA, D.O. A nova modernização da agricultura e suas consequências sócioambientais. Disponível em: <http://www.sober.org.br/palestra/2/725.pdf>. Acessado
em 09 mar. 2013 às 17:55:00.
281
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
11.8. Os códigos sociais no Assentamento Rural Madre Cristina
Kaique Matheus Cardoso¹; Daniel Alves2
¹ Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão – Acadêmico de Ciências Sociais – Núcleo de
Estudos, Pesquisas e Extensão em Agroecologia – NEPEA.
2
Universidade Federal de Goiás – Campus Catalão – Núcleo de Estudos Pesquisas e Extensão em
Agroecologia – NEPEA.
Resumo: O trabalho desenvolvido foi realizado na localidade de Veríssimo-Go, no
assentamento rural Madre Cristina. Os códigos de relação que se passam nesta
localidade estão se evidenciando aos poucos. As famílias foram assentadas
recentemente. Todas vieram de localidades diferentes e não se conheciam. Utilizando a
aplicação de questionários foi possível fazer um diagnóstico da situação das famílias,
tanto no aspecto financeiro quanto social. A investigação se faz em torno das relações e
da constituição e consolidação de alguns aspectos fundamentais e únicos para os
assentados.
Palavras–chave: Religião, Família, Confiança, Assentados, Relações, Questionário.
Abstract: This work was conducted in the locality of Verissimo-Go, the rural
settlement Madre Cristina. Codes that are compared in this locality are showing
gradually. The families were settled recently. All came from different places and did not
know. Using questionnaires was possible to make a diagnosis of the situation of
families, both in terms of financial and social. The research is done about the
relationship and the formation and consolidation of some fundamental and unique to the
settlers.
Keywords: Religion, Family, Trust, Settlers Relations Questionnaire.
Introdução
O projeto de desenvolvimento rural sustentável desenvolvido pelo NEPEA e
financiado pelo PROEXT/MEC/SESu, tem como objeto de pesquisa um assentamento
rural da reforma agrária. A pesquisa foi desenvolvida durante o ano de 2013, e ainda
mantemos contato com os assentados.
282
Material e Métodos
A metodologia usada para a investigação em campo foi de pesquisa participante e
observação participante, conduzimos atividades específicas dentro do assentamento
rural e ajudamos em várias capacitações a respeito de sementes e produções agrícolas
em geral. Foi utilizada a aplicação de questionários com perguntas específicas sobre
alguns temas pré-estabelecidos. A situação política, religiosa, financeira e familiar dos
assentados foram às bases para todas as perguntas do questionário, em vista que este foi
elaborado pensando diretamente em algumas características específicas da localidade e
tendo em vista a trajetória do grupo.
Resultados e Discussão
O assentamento está dividido em dezoito parcelas, porém as condições não são as
melhores. No local não há energia elétrica, água encanada e nenhum sistema de
saneamento. Isto é uma grande contradição do local, visto que passa um rio ao fundo de
várias parcelas e que alimenta a barragem da usina de Nova Aurora. Desta forma, várias
redes de alta tensão passam por cima do assentamento, e não se tem nenhum tipo de
energia além dos geradores movidos a diesel acionados em poucas horas do dia. A água
é uma necessidade constante nestes meios, pois eles vivem da venda de sua produção de
alimentos ou produtos caseiros. Sem água é inviável se produzir qualquer um destes,
porém algumas parcelas têm fácil acesso à água em vista de um córrego que passa no
meio de algumas propriedades. Algumas parcelas em locais mais altos não tem acesso
algum a água, e o único meio através do qual os moradores obtêm água é buscando-a
em galões, e utilizando somente para finalidades indispensáveis, como o consumo
próprio. Mesmo com estas limitações como da água e energia, algumas famílias
produzem hortaliças, leite e produtos de panificação; já outras ainda não adquiriram
capacitação técnica e recurso algum para começar algum tipo de produção.
A grande maioria de quatorze assentados entrevistados têm alguma ligação com a
terra desde a infância. Alguns vêm de famílias produtoras agírcolas, e outros de famílias
que trabalhavam na terra para terceiros. Apesar de todos os problemas que envolvem os
assentados, todos foram unanimes em relação a novos investimentos e aumento de
produção para os próximos anos, isto nos evidencia um real desejo dos assentados de se
manterem na terra e sobreviverem dela.
Na localidade do assentamento Rural Madre Cristina transcorrem alguns códigos
de relações sociais. A primeira vista pensa-se que o local é pacato e bem organizado,
porém o convívio tornou visível vários problemas de integração comunitária. Os
assentados são predominantemente evangélicos. Fora a vizinhança, não há nenhum
outro laço de afinidade entre eles, pois muitos não se conhecem e não há nenhum tipo
de parentesco entre as famílias. A aplicação dos questionários confirmou que mais de
90% dos assentados confiam muito na família, e também confiam muito na igreja.
Considerando que a família é a primeira instituição na qual eles dizem confiar,
percebemos que no caso específico que estudamos não há uma família sequer que tenha
parentes extensos assentados em diversos lotes. Portanto, a instituição pela qual se
passará e transmitirá esta confiança é a Igreja. Devido a este desconhecimento pela
família, se fez necessário uma rede de relação que os integre, sendo esta rede o
protestantismo. O interessante é que mesmo todos sendo evangélicos ainda há uma
distinção de Igrejas, o que os divide novamente em outros grupos.
A divisão é ainda mais evidente quando se fez necessário criar uma associação de
moradores. Foram criadas duas associações, com finalidades quase idênticas, que
283
espelham divisões de perspectiva entre os assentados. A partir de então, os agora
associados poderão reivindicar seus direitos através das associações junto ao INCRA.
Conclusões
Os assentados ainda estão em processo de adaptação a nova situação na qual
foram inseridos. O contexto e necessidades básicas como acesso a água e energia
resultará em investimentos de todos assentados, e com isto amenizará as relações de
hostilidade entre eles. O fato desta desconfiança se deve também a trajetória de cada
um, e da difícil vida de militante, na qual sofriam e passavam dificuldades durante a
estadia no acampamento rural.
Agradecimentos
Agradeço aos docentes coordenadores do “Programa de Desenvolvimento Rural
no Sudeste Goiano” em andamento no Campus Avançado Catalão (CAC) da
Universidade Federal de Goiás (UFG), Cláudio José Bertazzo (Depto. De Geografia) e
Daniel Alves (Depto. de História e Ciências Sociais). O programa de extensão referido
integra o graduando autor deste texto como bolsista de extensão
284
12. Fitopatologia
285
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
12.1. Alterações no metabolismo antioxidativo em folhas de arroz infectadas por
Microdochium oryzae1
Sandro Dan Tatagiba2, Anelisa de Figueiredo Peloso 3, Rafael Kenji Rodrigues4,
Fabrício Ávila Rodrigues5
1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pelo CNPq.
Doutor do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa.
3
Engenheira Agronôma, Graduada na Universidade Federal de Viçosa.
4
Graduando em Agronomia, Estagiário do Laboratório Interação Planta-Patógeno.
5
Professor Adjunto do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa.
2
Resumo: Buscou-se, neste trabalho investigar a atividade das enzimas antioxidativas,
os danos causados à membrana celular e a concentração de peróxido de hidrogênio
(H2O2) em folhas de plantas de arroz durante o processo infeccioso de Microdochium
oryzae. Para está finalidade o experimento foi instalado num delineamento inteiramente
casualizado com dois tratamentos (plantas inoculadas e não inoculadas com M. oryzae)
com seis repetições. De acordo com os resultados obtidos, conclui-se que as atividades
das enzimas envolvidas no sistema antioxidativo nas plantas de arroz infectadas por M.
oryzae aumentaram na tentativa de impedir o acúmulo de H2O2; contudo não foram
eficientes na remoção do excesso de H2O2, resultando em dano oxidativo. Assim, houve
peroxidação lipídica das membranas celulares, demostrada pelas concentrações de
MDA que se mantiveram elevadas no final do processo infeccioso.
Palavras-chave: escaldadura do arroz, estresse oxidativo, Oryza sativa
Changes in the antioxidant metabolism in infected rice leave Microdochium oryzae
Abstract: Was sought in this paper to investigate the activity of antioxidant enzymes,
damage to the cell membrane through and the concentration of hydrogen peroxide
(H2O2) in leaves of rice plants during the infectious process Microdochium oryzae. For
is purpose the experiment was a completely randomized design with two treatments
(inoculated and non-inoculated with M. oryzae) with six replications. According to the
obtained results, it is concluded that the activities of enzymes involved in the
antioxidant system in rice plants infected by M. oryzae increased in an attempt to
prevent accumulation of H2O2, especially APX and GR, however, were not efficient in
the removal of excess H2O2, resulting in oxidative damage. Thus, there lipid
286
peroxidation of cell membranes, the concentrations of MDA demonstrate which
remained high at the end of the infection process.
Keywords: leaf scald, oxidative stress, Oryza sativa
Introdução
A escaldadura causada pelo fungo Microdochium oryzae ((Hashiola & Yokogi)
Samuels & Hallet = Rhynchosporium oryzae Hashiola & Yokogi), é uma das principais
doenças do arroz. Os primeiros sintomas consistem no aparecimento de manchas de
coloração verde-oliva, nas folhas (Filippi et al., 2005). As lesões expandem-se
formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores marrom-clara e
escura e, posteriormente, ocorrem coalescência das lesões, causando necrose e morte
das folhas (Filippi et al., 2005).
No sistema antioxidativo das plantas superiores, as enzimas mais importantes
envolvidas neste processo são a superóxido dismutase (SOD), que catalisa a dismutação
de O2-, mantendo baixos os níveis desse radical sendo o O 2 e o H2O2, os produtos de sua
reação; a catalase (CAT), que converte o H2O2 em H2O e O2, além das enzimas do ciclo
do ascorbato-glutationa, tais como a ascorbato peroxidase (APX), que catalisa a
oxidação do ascorbato à monodesidroascorbato (MDHA), usando o H 2O2 como
oxidante. O ascorbato oxidado é então reduzido pela glutationa reduzida, a qual é
produzida a partir da glutationa oxidada, catalisada pela glutationa redutase (GR) com o
consumo de nicotinamida adenina dinucleotídeo-fosfato (NADPH) (Apel & Hirt, 2004).
Mudanças no sistema antioxidante das plantas durante a infecção por um
determinado patógeno têm sido bem documentadas na literatura, porém, poucos estudos
têm investigado a relação dessas mudanças com a resistência do hospedeiro.
Informações sobre as alterações no sistema antioxidante em folhas de plantas de arroz
durante o processo infeccioso de M. oryzae tornam-se necessárias para o patossistema.
Visando preencher essa lacuna, este estudo objetivou determinar à atividade das
enzimas do sistema antioxidativo, danos à membrana celular e a concentração de H 2O2
em plantas de arroz durante o processo infeccioso de M. oryzae.
Material e Métodos
Plantas de arroz da cultivar Primavera foram crescidas em vasos plásticos
contendo 2 dm3 do substrato comercial Tropstrato ® (Vida Verde, Mogi Mirim, SP) a
base de casca de pinus, turfa e vermiculita expandida (1:1:1). A adubação foi realizada
de acordo com Zanão et al. 2009. Aos 45 dias após o transplantio, plantas com dez
folhas no colmo principal foram inoculadas com M. oryzae, utilizando-se discos do
meio batata-dextrose-ágar (BDA) com aproximadamente 0,25 cm2 contendo estruturas
do fungo.
Amostras da sétima, oitava e nona folhas, da base para o ápice, das plantas das
repetições de cada tratamento foram coletadas às 24, 48, 72, 96 e 120 horas após
inoculação (hai) e mantidas em nitrogênio líquido durante as coletas e, em seguida,
armazenadas a -80°C até a determinação da atividade das enzimas ascorbato peroxidase
(APX), superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT), e glutationa redutase (GR). A
concentração de proteínas das enzimas em cada amostra foi determinada pelo método
de Bradford (1976). O dano oxidativo nas membranas das células das folhas foi
estimado como sendo a concentração de ácido 2-tiobarbitúrico (TBA) reativo e expresso
como equivalentes de malondialdeído (MDA) e a concentração de H 2O2 foi estimada
com base em curva padrão de H2O2.
287
O experimento foi instalado num delineamento inteiramente casualizado com dois
tratamentos (plantas inoculadas e não inoculadas com M. oryzae) com seis repetições.
Cada unidade experimental foi constituída por um vaso contendo três plantas. Os dados
obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo
teste t (P ≤ 0.05) utilizando o software SAS versão 6.12 (SAS Institute, Inc., Cary, NC).
Resultados e Discussão
Os resultados do presente estudo apresentam as primeiras evidências de que
durante o processo infeccioso por M. oryzae ocorreu aumento na concentração de H2O2
e possivelmente, de outras espécies reativas de oxigênio (ERO’s), o que acabou por
aumentar a concentração de MDA (Figuras 1a e 1b). A produção de ERO’s é uma
importante resposta de defesa da planta contra a infecção por patógenos. No entanto, a
acumulação de ERO’s causado pelo desequilíbrio entre a sua produção e os mecanismos
de defesa podem danificar o tecido do hospedeiro quando a planta não consegue manter
as ERO’s celular em níveis toleráveis. Assim, o aumento da capacidade do sistema
antioxidante das plantas de arroz torna-se importante para eliminar as ERO’s nos
tecidos foliares infectados por M. oryzae.
MDA (nmol g-1 MF)
45
40
35
30
25
20
15
10
5
H2O2 (µmol mg-1 MF)
14
12
10
8
6
4
2
0
NI
I
*
* (a)
*
*
*
*
*
24
(b)
*
48
72
96
Horas após inoculação
120
Figura 1 - Concentrações de malondialdeído (MDA) (a), e de peróxido de hidrogênio (H2O2) (b) em
folhas de plantas de arroz não inoculadas (NI) e inoculadas (NI) com Microdochium oryzae.
Médias dos tratamentos NI e I para cada época de avaliação seguidas de asteriscos (*) são
significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. MF = matéria
fresca.
Na Figura 2a, nota-se que a atividade da APX aumentou nas plantas inoculadas
com M. oryzae ao contrário do que foi observado para as plantas não inoculadas (Figura
2a). No caso do patossistema arroz-M. oryzae, a APX foi importante em reduzir os
danos causados pelo fungo no tecido foliar.
A atividade da SOD aumentou no início e no final do processo infeccioso de M.
oryzae (Figura 2b). Aumentos na atividade da SOD pode ser uma estratégia para
restringir a colonização de patógenos, uma vez, que o excesso de ERO’s pode ser
removido.
288
Entre as enzimas envolvidas na remoção do excesso de H 2O2, a CAT desempenha
um papel fundamental (Figura 2c). No presente estudo, aumentos na concentração de
H2O2 nas folhas infectadas por M. oryzae pode estar associado com a redução na
atividade da CAT. No entanto, redução na atividade da CAT aumenta, em geral, a
resistência da planta ao ataque por patógenos na tentativa de manter elevadas as
concentrações de H2O2.
A atividade da GR aumentou nas folhas das plantas inoculadas com M. oryzae em
relação às plantas não inoculadas sendo importante para remover o excesso de H 2O2
(Figura 2d). Apesar de desempenharem papel detrimental no sistema antioxidativo das
plantas, a relação das GRs com a resistência das plantas contra patógenos ainda não está
bem elucidada.
NI
(a)
I
*
5
*
4
*
3
34
SOD
(µmol min-1 mg-1 proteína)
*
22
18
1,6
(c)
120
100
*
*
80
60
*
26
2
*
* (b)
30
140
GR
(µmol min-1 mg-1 proteína)
CAT
(µmol min-1 mg-1 proteína)
APX
(µmol min-1 mg-1 proteína)
6
(d)
*
1,2
*
0,8
*
*
0,4
0,0
24
48
72
96
Horas após inoculação
120
24
48
72
96
Horas após inoculação
120
Figura 2 - Atividades específicas das enzimas peroxidase do ascorbato (APX) (a), dismutases do
superóxido (SOD) (b), catalases (CAT) (c), e redutase da glutationa (GR) (e) em folhas de
plantas de arroz não inoculadas (NI) e inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos
tratamentos NI e I para cada época de avaliação seguidas de asteriscos (*) são
significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade.
Conclusões
Os resultados do presente estudo indicam que o sistema antioxidativo das plantas
de arroz infectadas por M. oryzae funciona a taxas aumentadas na tentativa de impedir a
acumulação de ERO’s que por ventura acabou por não remover, com eficiência, o
excesso de H2O2 resultando em danos oxidativos.
Literatura citada
APEL, K.; HIRT, H. Reactive oxygen species: Metabolism, oxidative stress, and signal transduction.
Annual Review of Plant Biology, v.55, p.373-399, 2004.
BRADFORD, M.N. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein
utilizing the principle of protein-dye binding. Analytical Biochemistry, v.72, p.248-254, 1976.
289
FILIPPI, M,C.; PRABHU, A.S.; SILVA, G.B. Escaldadura do arroz e seu controle. Circular Técnica.
Goiânia: Embrapa CNPAF. 2005, 4p.
ZANÃO JÚNIOR, L.A.; RODRIGUES, F. A.; FONTES, R. L. F. et al. Rice Resistance to Brown Spot
Mediated by Silicon and its Interaction with Manganese. Journal of Phytopathology, v. 157, p.73-78,
2009.
290
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
12.2. Nutrição do magnésio na atividade bioquímica da defesa de plantas de arroz
infectadas por Microdochium oryzae1
Sandro Dan Tatagiba2, Leandro de Castro Silva3, André Luís Cardoso Rodrigues4,
Fabrício Ávila Rodrigues5
1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pelo CNPq.
Doutor do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa.
3
Graduando em Agronomia, Bolsista de Iniciação Científica do Departamento de Fitopatologia.
4
Graduando em Agronomia, Estagiário do Laboratório Interação Planta-Patógeno.
5
Professor Adjunto do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa.
2
Resumo: Buscou-se neste trabalho, investigar o efeito do magnésio (Mg) sobre a
atividade bioquímica das enzimas de defesa de plantas de arroz infectadas por
Microdochium oryzae. Para esta finalidade o experimento foi montado num
delineamento inteiramente casualizado no esquema fatorial 2 × 2, com seis repetições.
Os fatores estudados foram: plantas com doses de 0,5 ou 1,5 mmol de Mg/L e
inoculadas ou não inoculadas com M. oryzae. De acordo com os resultados obtidos
podemos concluir que o aumento na concentração foliar de Mg, imposta pela dose de
1,5 mM potencializou a atividade das enzimas PFO, POX, FAL e LOX, mas não da
QUI e GLU na tentativa de conter a penetração de M. oryzae, contribuindo para a
resistência à escaldadura.
Palavras-chave: enzimas de defesa, escaldadura do arroz, Oryza sativa, resistência
Nutrition of magnesium in the biochemical activity of defense of rice plants
infected Microdochium oryzae
Abstract: Sought in this work, to investigate the effect of magnesium (Mg) on the
biochemical activity of defense enzymes in rice plants infected Microdochium oryzae.
For this purpose the experiment was conducted in a completely randomized design in 2
× 2 factorial design, with six replications. The factors studied were: plants with doses of
0,5 or 1,5 mmol Mg/L and inoculated or not inoculated with M. oryzae. According to
the obtained results we can conclude that the increase in leaf concentration of Mg,
imposed by the dose of 1,5 mM potentiated the activity of enzymes PPO, POX, LOX
and FAL, but not of CHI and GLU in an attempt to contain the penetration M. oryzae,
contributing to resistance to scald.
291
Keywords: defense enzymes, leaf scald, Oryza sativa, resistance
Introdução
A escaldadura causada pelo fungo Microdochium oryzae ((Hashiola & Yokogi)
Samuels & Hallet = Rhynchosporium oryzae Hashiola & Yokogi), é uma das principais
doenças do arroz. Os primeiros sintomas consistem no aparecimento de manchas de
coloração verde-oliva, nas folhas (Filippi et al., 2005). As lesões expandem-se
formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores marrom-clara e
escura e, posteriormente, ocorrem coalescência das lesões, causando necrose e morte
das folhas (Filippi et al., 2005).
Associada à intensidade das doenças a condição fisiológica da planta é totalmente
dependente de seu estado nutricional. Dependendo da interação patógeno-hospedeiro, a
resistência das plantas a doenças pode ser aumentada pela concentração magnésio (Mg)
no tecido foliar. Huber (1989) através de aplicações de MgCl2 com fertilizantes
amoniacais reduziu a intensidade do mal do pé do trigo causado pelo fungo
Gaeumannomyces graminis. Ribas (2012), por sua vez, estudando a interação arrozBipolar oryzae encontrou aumentos na atividade de algumas enzimas relacionadas à
defesa em plantas supridas com maiores concentrações de Mg, o que acabou por
aumentar a resistência a mancha parda.
Até o momento, nenhuma informação sobre o efeito do Mg na resistência de
plantas de arroz infectadas por M. oryzae está disponível na literatura. Procurando
preencher esta lacuna, o objetivo desse estudo foi de avaliar a atividade bioquímica das
enzimas de defesa de plantas de arroz infectadas por M. oryzae.
Material e Métodos
Plantas da cultivar de arroz Primavera foram crescidas em solução nutritiva,
modificada de Hoagland & Arnon (1950). As doses Mg usadas foram de 0,5 e 1,5 mmol
de Mg/L. Para preparo da solução nutritiva com a dose de 0,5 mmol de Mg/L, utilizouse o MgSO4.7H2O e para a dose de 1,5 mmol de Mg/L, utilizou-se o MgCl2 na
concentração de 1,0 mmol/L acrescido da dose de 0,5 mmol de Mg/L de MgSO 4.7H2O.
Aos 45 dias após o transplantio, plantas com dez folhas no colmo principal foram
inoculadas com M. oryzae, utilizando-se discos do meio batata-dextrose-ágar (BDA)
com aproximadamente 0,25 cm2 contendo estruturas do fungo.
Amostras da sétima, oitava e nona folhas, da base para o ápice, das plantas das
repetições de cada tratamento foram coletadas às 24, 48, 72, 96 e 120 horas após
inoculação (hai) e mantidas em nitrogênio líquido durante as coletas e, em seguida,
armazenadas a -80°C até a determinação da atividade das enzimas polifenoloxidases
(PFO), peroxidases (POX), quitinases (QUI), β-1,3-glucanases (GLU), fenilalanina
amônia-liases (FAL) e lipoxigenases (LOX). Amostras de folhas foram coletadas de
plantas não inoculadas com M. oryzae e serviram como controle (0 h). Folhas sem
bainha, foram moídas em moinho tipo Thomas-Wiley (Thomas Scientific, Swedesboro,
NJ), equipado com peneira de 20 mesh, para determinação da concentração foliar de
Mg.
O experimento foi instalado em delineamento inteiramente casualizado no
esquema fatorial 2 × 2, com seis repetições. Os fatores estudados foram: plantas com
doses de 0,5 ou 1,5 mmol de Mg/L e inoculadas ou não inoculadas com M. oryzae.
Cada unidade experimental foi constituída por um vaso contendo cinco plantas de arroz.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram
292
comparadas pelo teste t (P ≤ 0.05) utilizando o software SAS versão 6.12 (SAS
Institute, Inc., Cary, NC).
Resultados e Discussão
A concentração foliar de Mg aumentou significativamente nas plantas não
inoculadas e inoculadas com M. oryzae na dose de 1,5 mM em relação as plantas
mantidas na dose de 0,5 mM (Figura 1).
1,0
Mg (dag/kg)
*
0,8
0,5 mM
1,5 mM
*
0,6
0,4
0,2
0,0
NI
I
Figura 1 - Concentração foliar de Mg em plantas de arroz cultivadas em solução nutritiva contendo as
doses de 0,5 ou 1,5 mmol Mg/L e não inoculadas (NI) ou inoculadas (I) com Microdochium
oryzae. Médias dos tratamentos 0,5 e 1,5 mmol Mg/L seguidas de asterisco (*) são
significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Erro padrão da
média está representado em cada barra.
Observando-se as Figuras 2a e 2b, nota-se que os aumentos nas atividades da PFO
e da POX foram responsivos ao aumento na concentração foliar de Mg imposto pela
dose de 1,5 mM nas plantas de arroz infectadas por M. oryzae. A polimerização de
compostos fenólicos que contribui para o aumento da lignificação do tecido foliar
envolve a participação das enzimas PFO e POX. A POX desempenha um papel
importante na resposta de defesa do hospedeiro através da produção de H 2O2 a fim de
impedir o crescimento de fitopatógenos.
A QUI e a GLU catalisam a hidrólise de carboidratos de quitina e de β-1,3glucana, respectivamente, degradando parcialmente a parede celular de vários fungos
com a liberação de oligossacarídeos e, assim, promovendo respostas de defesa do
hospedeiro. As atividades da QUI e da GLU foram maiores nas folhas das plantas
mantidas na dose de 0,5 mM, evidenciando que o aumento na concentração de Mg não
surtiu efeito na atividade dessas enzimas na resistência contra a escaldadura (Figuras 2c
e 2d).
A L-fenilalanina é convertida em ácido trans-cinâmico pela FAL resultando,
assim, na síntese de diversos compostos fenólicos e fitoalexinas (Substâncias com
atividade antimicrobiana), sendo a lignina o produto final. A atividade da FAL foi
aumentada nas plantas mantidas na dose 1,5 mM de Mg (Figura 2e) indicando a
importância da rota dos fenilpropanóides na resistência do arroz à infecção por M.
oryzae.
A atividade da LOX foi maior nos tecidos foliares que apresentaram maior
concentração de Mg contribuindo para a resistência à escaldadura (Figura 2f). A síntese
de alguns compostos com funções de sinalização e de atividade antimicrobiana
envolvido na defesa do hospedeiro contra agentes patogênicos têm sido relacionada com
a atividade da LOX.
293
Conclusões
Os resultados obtidos neste estudo permitem concluir que o controle da
escaldadura pelo Mg foi dependente da concentração desse elemento no tecido foliar em
um cenário onde as atividades das enzimas PFO, POX, FAL e LOX foram elevadas.
PFO (µmol min-1 mg-1 proteína)
(a)
16
0,5 mM
1,5 mM
*
14
12
10
*
8
6
4
2
POX (µmol min-1 mg-1 proteína)
900
18
0
600
*
500
400
300
200
100
20
16
12
8
4
GLU (Abs min-1 mg-1 proteína)
* (c)
1200
* (d)
1000
600
400
200
0
0
9
*
160
*
140
(e)
*
*
120
100
80
60
*
20
0
*
800
180
LOX (µmol min-1 mg-1 proteína)
QUI (mol min-1 mg-1 proteína)
FAL (µmol min-1 mg-1 proteína)
700
0
24
40
* (b)
800
*
*
(f)
8
7
6
*
5
*
4
3
2
1
0
0
24
48
72
Horas após inoculação
96
120
0
24
48
72
96
120
Horas após inoculação
Figura 2 - Atividade das polifenoloxidases (PFO) (a), peroxidases (POX) (b), quitinases (QUI) (c), β 1,3
glucanases (GLU) (d), fenilalanina amônia liases (FAL) (e) e lipoxigenases (LOX) (f) em
folhas de plantas de arroz cultivadas em solução nutritiva contendo as doses de 0,5 ou 1,5
mmol Mg/L e não inoculadas (NI) ou inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos
tratamentos 0,5 e 1,5 mmol Mg/L seguidas de asterisco (*) são significativamente diferentes
pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade. Erro padrão da média está representado em cada
barra.
Literatura citada
FILIPPI, M,C.; PRABHU, A.S.; SILVA, G.B. Escaldadura do arroz e seu controle.
Circular Técnica. Goiânia: Embrapa CNPAF. 2005, 4p.
HOAGLAND, D.R.; ARNON, D.I. The water culture method for growing plant without
soil. California Agricultural Experiment Station Circular v.347, p.1-32, 1950.
HUBER, D.M. The role of nutrients and chemicals. In: Asher MJC, Shipton PJ ed.
Biology and control of take-all. Academic Press Inc., London, UK. 1981, p. 317-341.
RIBAS, W.M. Trocas gasosas e atividade de enzimas de defesa em plantas de arroz infectadas por Bipolaris oryzae e supridas
com magnésio. Dissertação (Mestrado em Fitopatologia) - Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, 2012, 67p.
294
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
12.3. Limitação fotossintética em folhas de plantas de arroz causada por
escaldadura1
Sandro Dan Tatagiba2, Leandro de Castro Silva3, Anelisa de Figueiredo Peloso 4,
Fabrício Ávila Rodrigues5
1
Parte da tese de doutorado do primeiro autor, financiada pelo CNPq.
Doutor do Programa de Pós-graduação em Fisiologia Vegetal da Universidade Federal de Viçosa.
3
Graduando em Agronomia, Bolsista de Iniciação Científica do Departamento de Fitopatologia.
4
Engenheira Agronôma, Graduada na Universidade Federal de Viçosa.
5
Professor Adjunto do Departamento de Fitopatologia da Universidade Federal de Viçosa.
2
Resumo: Procurou-se neste estudo avaliar as trocas gasosas e a concentração de
pigmentos fotossintéticos em plantas de arroz inoculadas ou não inoculadas com
Microdochium oryzae. Para está finalidade o experimento foi instalado num
delineamento inteiramente casualizado com dois tratamentos (plantas inoculadas e não
inoculadas com M. oryzae) com seis repetições. De acordo com os resultados obtidos,
conclui-se que houve redução da taxa fotossintética nas folhas das plantas inoculadas, a
qual esteve relacionada com a redução na abertura estomática, a qual dificultou a
difusão de CO2 para os sítios de carboxilação. Houve diminuição das áreas verdes na
superfície do tecido foliar, ocasionado pela expansão das lesões e aumento de tecido
necrótico. As concentrações de pigmentos fotossintéticos diminuíram com o progresso
da escaldadura o que limitou a absorção da radiação fotossinteticamente ativa.
Palavras-chave: pigmentos fotossintéticos, trocas gasosas, Oryza sativa
Limiting photosynthesis in leaves of rice plants caused by scald
Abstract: This study sought to evaluate the gas exchange and photosynthetic pigment
concentration in rice plants inoculated or not with Microdochium oryzae. Purpose is for
the experiment was a completely randomized design with two treatments (inoculated
and non-inoculated with M. oryzae) with six replications. According to the results, it is
concluded that the reduction in photosynthetic rate in leaves of inoculated plants, which
was related to the reduction in stomatal aperture, which hindered the diffusion of CO 2 to
the sites of carboxylation. A decrease in the surface areas of the green leaf tissue,
caused by the expansion of lesions and necrotic tissue augmentation. The
295
photosynthetic pigments decreased with the progress of scalding which limited the
absorption of photosynthetically active radiation.
Keywords: gas exchange, photosynthetic pigments, Oryza sativa
Introdução
A escaldadura causada pelo fungo Microdochium oryzae ((Hashiola & Yokogi)
Samuels & Hallet = Rhynchosporium oryzae Hashiola & Yokogi), é uma das principais
doenças do arroz. Os primeiros sintomas são o aparecimento de manchas de coloração
verde-oliva, sem margens bem definidas, nas folhas (Filippi et al., 2005). As lesões
expandem-se formando sucessões de faixas concêntricas, com alternância das cores
marrom-clara e escura e, posteriormente, ocorrem coalescência das lesões, causando
necrose e morte das folhas (Filippi et al., 2005). A doença causa desuniformidade no
estande e diminuição da área fotossinteticamente ativa.
A redução na fotossíntese de folhas infectadas por patógenos pode ocorrer devido
a alterações na abertura e fechamento dos estômatos, dificultando a difusão de CO 2 no
mesófilo foliar e redução ou destruição de moléculas de clorofila ou de cloroplastos que
resultam em áreas cloróticas e necróticas. Abo-Foul et al. (1996), estudando o
patossitema pepino-Sphaerotheca fuliginea, relataram que a redução na capacidade
fotossintética ocorreu devido à perda de clorofila e danos aos tilacóides, enquanto que
para o patossistema soja-Phakopsora pachyrhizi, houve redução da eficiência do uso da
radiação fotossinteticamente ativa, principalmente devido à perda de clorofila,
reduzindo a capacidade da folha em absorver a luz (Kumudini et al., 2008).
Procurando desvendar informações dessa natureza no patossitema arroz-M.oryzae
procurou-se neste estudo avaliar às trocas gasosas e à concentração de pigmentos
fotossintéticos em folhas de plantas de arroz inoculadas e não inoculadas com M.
oryzae.
Material e Métodos
Plantas de arroz da cultivar Primavera foram crescidas em vasos plásticos
contendo 2 dm3 do substrato comercial Tropstrato ® (Vida Verde, Mogi Mirim, SP) a
base de casca de pinus, turfa e vermiculita expandida (1:1:1). A adubação foi realizada
de acordo com Zanão et al. 2009. Aos 45 dias após o transplantio, plantas com dez
folhas no colmo principal foram inoculadas com M. oryzae, utilizando-se discos do
meio batata-dextrose-ágar (BDA) com aproximadamente 0,25 cm2 contendo estruturas
do fungo.
A taxa de assimilação líquida de CO2 (A), a condutância estomática (gs), a taxa de
transpiração (E) e a concentração interna de CO2 (Ci), sob irradiância de 1.200 μmol de
fótons m-2 s-1, foram determinadas com um analisador de gás por infravermelho portátil
(IRGA, Li-Cor, modelo LI-6400). As avaliações foram realizadas na oitava e na nona
folha do colmo principal, da base para o ápice, das plantas de cada repetição às 24, 48,
72, 96 e 120 horas após inoculação (hai). As leituras foram realizadas entre as 9:00 e
10:30 horas. Para determinação da clorofila a, clorofila b e carotenóides foram
coletadas amostras das mesmas folhas utilizadas na determinação das trocas gasosas, as
quais foram armazenadas em nitrogênio (N) líquido e alocadas em ultrafreezer a -80ºC
até análise. Todo o procedimento foi realizado em ambiente fechado sob luz verde.
O experimento foi instalado num delineamento inteiramente casualizado com dois
tratamentos (plantas inoculadas e não inoculadas com M. oryzae) com seis repetições.
Cada unidade experimental foi constituída por um vaso contendo três plantas. Os dados
296
obtidos foram submetidos à análise de variância e as médias foram comparadas pelo
teste t (P ≤ 0.05) utilizando o software SAS versão 6.12 (SAS Institute, Inc., Cary, NC).
Resultados e Discussão
Os valores da expansão de lesões aumentaram nas folhas das plantas inoculadas
com M. oryzae durante o progresso da doença, registrando o valor máximo de 24.5 mm
às 120 hai (Figura 1).
30
EL (mm)
25
20
15
10
5
0
Horas após inoculação
Figura 1- Expansão de lesões (EL) de escaldadura em folhas de arroz inoculadas com Microdochium
oryzae. Barras em cada ponto representam o erro padrão da média.
Nas folhas não inoculadas com M. oryzae os valores de A, gs e E foram maiores
em relação às folhas das plantas inoculadas (Figuras 1a,1b e 1c), evidenciando o efeito
negativo causado pelo fungo nas trocas gasosas, principalmente na taxa fotossintética.
24
1,2
*
*
*
20
*
*
16
12
8
NI
4
0,8
*
*
*
*
0,6
*
0,4
0,2
0,0
(c)
*
8
*
6
*
*
4
2
0
400
Ci (µmol CO2 mol-1)
12
E (mmol H2O m-2 s-1)
1,0
I
0
10
(b)
(a)
gs (mol H2O m-2 s-1)
A (µmol CO2 m-2 s-1)
28
*
380
360
* (d)
*
*
*
340
320
24
48
72
96
Horas após inoculação
120
24
48
72
96
Horas após inoculação
120
Figura 1 - Fotossíntese líquida (A) (a), condutância estomática (gs) (b), taxa de transpiração (E) (c) e
concentração interna de CO2 (Ci) (d) em folhas de plantas de arroz não inoculadas (NI) e
inoculadas (I) com Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos NI e I para cada época de
297
avaliação seguidas de asteriscos (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de
5% de probabilidade. Barras em cada ponto representam o erro padrão da média .
Aumentos nos valores da concentração interna de CO 2 nas folhas das plantas
inoculadas com M. oryzae (Figura 1d) podem estar associados à diminuição da área
foliar verde e, consequentemente, a ocorrência de necrose e possível aumento da
respiração do patógeno. A limitação fotossintética pode estar relacionada com a redução
na abertura estomática durante o processo infeccioso de M. oryzae, dificultando a
difusão de CO2 para os sítios de carboxilação e também pela menor concentração de
pigmentos fotossintéticos encontrados nas folhas das plantas inoculadas com M. oryzae
(Figura 2).
*
12
*
10
8
NI
6
6
*(a)
*
Chl b (g kg-1 MF)
Chl a (g kg-1 MF)
14
I
4
*
4
*
*
*
3
2
1
*
*
16
(c)
*
*
12
8
Carotenóides (g kg-1 MF)
0
20
Chl total (g kg-1 MF)
(b)
5
5
(d)
4
*
*
*
*
3
2
4
24
48
72
96
Horas após inoculação
120
24
48
72
96
Horas após inoculação
120
Figura 2 - Concentração de clorofila a (Chl a) (a), clorofila b (Chl b) (b), clorofila total (Chl a + b) (c) e
carotenóides (d) em folhas de plantas de arroz não inoculadas (NI) e inoculadas (I) com
Microdochium oryzae. Médias dos tratamentos NI e I para cada época de avaliação seguidas de
asteriscos (*) são significativamente diferentes pelo teste t ao nível de 5% de probabilidade.
Barras em cada ponto representam o erro padrão da média. MF = matéria fresca.
Conclusões
Os resultados do presente estudo permitem concluir que a infecção por M. oryzae
reduziu a taxa fotossintética nas folhas de arroz causada pela menor abertura estomática
dificultando a difusão de CO2 para os sítios de carboxilação e também pelo decréscimo
da concentração de pigmentos fotossintéticos que ocorreu como resultado do
surgimento das áreas necrosadas.
Literatura citada
ABO-FOUL, A.; RASKIN, S.; SZTEJNBERGA, V.I. et al. Disruption of chlorophyll
organization and function in powdery mildew-diseased cucumber leaves and its control by the
hyperparasite Ampelomyces quisqualis. Phytopathology v.86, p.195-199, 1996.
FILIPPI, M,C.; PRABHU, A.S.; SILVA, G.B. Escaldadura do arroz e seu controle. Circular
Técnica. Goiânia: Embrapa CNPAF. 2005, 4p.
298
KUMUDINI, S.; PRIOR, E.; OMIELAN, J. et al. Impact of Phakopsora pachyrhizi infection on
soybean leaf photosynthesis and radiation absorption. Crop Science, v. 48, p.2343-2350, 2008.
ZANÃO JÚNIOR, L.A.; RODRIGUES, F. A.; FONTES, R. L. F. et al. Rice Resistance to
Brown Spot Mediated by Silicon and its Interaction with Manganese. Journal of
Phytopathology, v. 157, p.73-78, 2009.
299
13. Floresta
300
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
13.1. Influência do sítio nas propriedades químicas e densidade básica da madeira
de Eucalyptos sp.
Lucas de Freitas Fialho 1, Clarissa Gusmão Figueiró 1, Alexandre Molino Fogli1, Pedro
Gustavo Ulisses Frederico 2, Angélica de Cássia Carneiro Oliveira3, Benedito Rocha
Vital3
1
Estudante de Graduação em Engenharia Florestal.
Mestre em Ciências Florestais
3
Professor do Departamento de Engenharia Florestal.
2
Resumo: Tem se tornado cada vez mais importante relacionar as condições de sitio e as
propriedades da madeira. Esse trabalho tem como objetivo avaliar a importância das
condições do sitio nas propriedades da madeira, visando a escolha do melhor clone de
Eucalyptus. Os clones avaliados foram provenientes de plantios comerciais nos
municípios de Santa Bárbara e Ipaba. Nas áreas estudadas foram encontradas diferentes
características edáficas. Foram determinadas a densidade e composição da madeira de
cada clone. Na região de Santa Bárbara o clone que apresentou melhores características
físicas e químicas para a produção de carvão foi o clone 57. Já na região de Ipaba foi o
clone 1046. De maneira geral podemos dizer que os fatores edáficos influenciaram na
escolha do melhor clone para cada região.
Palavras–chave: clone de Eucaluptus, densidade básica, fatores edáficos, propriedades
químicas
Influence of site on the chemical properties and basic density of wood in
Eucalyptos sp
Abstract: It has become increasingly important to relate the site conditions and the
properties of wood. This study aims to evaluate the importance of site conditions on the
properties of wood in order to choose the best clone of Eucalyptus. The clones were
obtain from commercial plantations in the counties of Santa Barbara and Ipaba. In the
areas studied to be founded different soil characteristics. Determined by density and
composition of wood of each clone. In the region of Santa Barbara clone that showed
the best density and chemical characteristics for the production of coal and energy was
the clone 57. In Ipaba the clone was 1046. In general, we can say that the soil factors
influenced the choice of the best clone for each region.
301
Keywords: clone of Eucalyptus, basic density, chemical properties, soil factors
Introdução
A formação da madeira se inicia no processo fotossintético da planta,
resumindo-se na assimilação por parte das árvores de água e gás carbônico
transformadas em substância orgânica. Esse crescimento é grandemente influenciado
por fatores ambientais: climáticos, edáficos e topográficos. A interação desses fatores
com as plantas expressa a qualidade do sítio, levando árvores de uma mesma espécie a
apresentarem, em função do sítio, crescimentos diferentes. (Gonçalvez 2009)
Diante da importância que a matéria-prima tem em termos de influências nas
características e propriedades dos produtos florestais, o conceito de produtividade
florestal hoje se encontra atrelado a um componente fundamental que é o aspecto da
qualidade da madeira.
As propriedades físicas e químicas da madeira são importantes parâmetros para
a escolha do melhor material genético para a produção de carvão vegetal. Assim, o
presente estudo tem como objetivo avaliar as influências de diferentes regiões
geográficas nas propriedades físicas e químicas da madeira de diferentes clones de
eucalipto.
Material e Métodos
Foram utilizados, neste trabalho, seis clones de Eucalyptus (Quadro 1),
provenientes dos municípios de Santa Bárbara e Ipaba, localizados no estado de Minas
Gerais. Selecionaram-se árvores com diâmetro médio (desvio padrão), em uma parcela
de 10 x 10 plantas. Foram coletadas cinco árvores-amostra, por clone e local,
totalizando 75 amostras.
Os clones foram coletados em plantios comerciais com espaçamento de 3,0 x 3,3
m e 3 anos de idade. No Quadro 2 estão descritas as principais características dos locais
onde foram coletadas as árvores-amostra.
Na região de Ipaba a profundidade dos solos é de alta a média, de textura argiloarenosa, alta fertilidade, baixa acidez, alta compactação e alta erosão. Os solos na região
de Santa Bárbara possuem profundidade de baixa a alta, textura argilo-arenosa, baixa
fertilidade, alta acidez, média compactação, média erosão e alta presença de cascalho.
Foram retiradas das árvores coletadas, toretes de 1 m na base (0%), 25%, 50%,
75% e 100% da altura comercial do tronco. Destes discos foram retirados discos para a
determinação da densidade básica da madeira conforme o método da balança
hidrostática [7]. O restante dos toretes foi transformado em cavacos para determinação
da composição química.
Os cavacos foram transformados em serragem em moinho tipo Wiley, conforme
a norma [6]. As análises foram efetuadas na fração de serragem, classificadas em
peneiras de 40/60 mesh (ASTM).
A solubilidade da madeira em etanol/tolueno foi efetuada segundo a norma [6],
com substituição do benzeno por tolueno, assim determinou-se o teor de extrativos
totais.
O teor de lignina foi determinado pelo método Klason, modificado de acordo
com o procedimento proposto por [3]. A lignina solúvel em ácido foi determinada a
partir do filtrado resultante da análise da lignina Klason, através de leitura em
espectrofotômetro de acordo com [2]. O teor de lignina total foi obtido pela soma
302
lignina residual mais a lignina solúvel. O percentual de holoceluloses foi obtido por
diferença.
Resultados e Discussão
Quadro 1 – Valores médios da densidade básica da madeira, dos teores de extrativos,
lignina total, holoceluloses, em g.cm-³ e %, por clone e por região
Região
Santa Bárbara
Ipaba
Santa Bárbara
Ipaba
Santa Bárbara
Ipaba
Santa Bárbara
Ipaba
Santa Bárbara
Ipaba
Clone
57
1046
1213
1215
1274
Densidade Básica
0,438 a
0,438 a
0,428 a
0,424 a
0,464 a
0,469 a
0,447 a
0,440 a
0,422 c
0,437 b
Extrativos
0,55 c
1,01 a
0,47 c
0,93 a
0,61 b
0,90 a
0,68 c
0,98 b
0,67 b
0,94 a
Lignina Total
30,55 a
29,75 b
29,00 b
30,20 a
29,55 a
29,25 b
30,35 b
30,05 b
31,10 a
30,65 b
Holoceluloses
68,90 b
69,24 a
70,53 a
68,88 b
69,85 a
69,85 a
68,97 a
68,97 a
68,23 b
68,41 b
Médias seguidas de uma mesma letra dentro da região, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
Quadro 2 - Valores médios da densidade básica da madeira, dos teores de extrativos,
lignina total, holoceluloses, em g.cm-³ e %, por região e por clone
Clone
57
1046
1213
1215
1274
57
1046
1213
1215
1274
Região
Santa
Barbara
Ipaba
Densidade Básica
0,438 bc
0,428 cd
0,464 a
0,447 b
0,422 d
0,438 b
0,424 c
0,469 a
0,440 b
0,437 b
Extrativos
0,55 b
0,47 c
0,61 ab
0,68 a
0,67 a
1,01 a
0,93 bc
0,90 c
0,98 ab
0,94 abc
Lignina Total
30,55 b
29,00 d
29,55 c
30,35 b
31,10 a
29,75 c
30,20 b
29,25 d
30,05 bc
30,65 a
Holoceluloces
68,90 c
70,53 a
69,85 b
68,97 c
68,23 d
69,24 b
68,88 c
69,85 a
68,97 c
68,41 d
Médias seguidas de uma mesma letra dentro da região, não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey ao
nível de 5% de probabilidade.
A partir do quadro 1 e 2 podemos fazer as seguintes considerações:
A maior densidade básica da madeira foi encontrada no clone 1213, híbrido de
Eucalyptus grandis X Eucalyptus Urophylla, nas regiões de Santa Bárbara e Ipaba
enquanto que as menores densidades ocorreram para a madeira do clone 57, Eucalyptus
grandis, e dos clones 1046 e 1274, híbridos de Eucalyptus grandis X Eucalyptus
Urophylla.
A densidade básica da madeira foi pouco afetada entre as regiões analisadas.
Logo os fatores edáficos não influenciaram significativamente.
Na região de Santa Bárbara, a madeira dos clones 1215 e 1274 apresentou o
maior teor de extrativos enquanto que na região de Ipaba, foram observados os maiores
teores de extrativos na madeira dos clones 57, 1215 e 1274.
303
Os menores teores de extrativos na madeira dos clones podem ser observados na
região de Santa Bárbara enquanto que os menores teores de extrativos ocorreram na
madeira dos clones na região de Ipaba.
O teor de extrativos presentes na madeira está diretamente relacionado com a
geração de energia através da queima direta da madeira. Isso se deve ao fato de grande
parte dos extrativos serem voláteis, e se degradarem a baixas temperaturas, liberando
energia. (CASTRO 2011)
Nas regiões de Santa Bárbara os maiores teores de lignina foram observados
para a madeira dos clones 57, 1274 e 1215 enquanto que na região de Ipaba, os maiores
teores de lignina foram observados para a madeira dos clones 1274, 1046 e 1215.
A lignina é um componente químico que mais contribui para o rendimento
gravimétrico durante o processo de carbonização em função da sua maior resistência à
degradação térmica (SANTOS, 2010)
Assim como na densidade básica observa-se que os teores de lignina não foram
influenciados pelo solo.
Podem ser observados os menores teores de holoceluloses para a madeira do
clone 1046 na região de Ipaba e do clone 57 na região de Santa Barbara. A madeira do
clone 1274 apresentou o menor teor de holoceluloses nas regiões de Santa Bárbara e
Ipaba. Observa-se então que como a maioria das propriedades acima os fatores edáficos
não se apresentaram influentes nos teores de holoceluloses.
Conclusões
A influência dos fatores edáficos não aparece significativamente nos resultados
obtidos nessa pesquisa, embora cada região apresente um clone destacando-se
positivamente dos demais tanto para a produção de energia como para a produção de
carvão vegetal, como o clone 57 (Eucalyptus grandis) em Santa Bárbara e o clone 1046
(Eucalyptus grandis X Eucalyptus Urophylla) em Ipaba. Logo se faz necessário um
estudo prévio da região antes da escolha o melhor clone de acordo com a característica
de cada atividade.
Agradecimentos
FAPEMIG, CNPq, Embrapa Florestas, Grupo Temático em Carvão G6.
Referencias Bibliograficas
CASTRO, A.F.N.M. Efeito da idade e de materiais genéticos de Eucalyptus sp. na madeira e carvão
vegetal. Dissertação (Mestrado em Ciências Florestais) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa,
MG, 2011.
GOLDSCHIMID, O. Ultraviolet spectra. In: SARKANEN, K. V.; LUDWING, C. H. (Eds) Lignins. New
York: Wiley Interscience, 1971. p. 241-266.
GOMIDE, J. L.; DEMUNER, B.J. Determinação do teor de lignina em material lenhoso: método Klason
modificado. O PAPEL, v. 47, n.8, p.36-38, 1986.
GONÇALVEZ, J.C.; VIEIRA, F.S.; CAMARGOS, J.A.A.; ZERBINI, N.J. Influência do sítio nas
propriedades da madeira de Pinus caribaea var. hondurensis. Cerne, Lavras, v. 15, n. 2, p. 251-255, abr.
/jun. 2009.
SANTOS, R. C. Parâmetros de qualidade da madeira e do carvão vegetal de clones de eucalipto. 2010,
173 f. Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, 2010.
304
TECHNICAL ASSOCIATION OF THE PULP AND PAPER INDUSTRY – TAPPI. Tappi test
methods: 1992-1993. Atlanta, 1992.
VITAL, B. R. Métodos de determinação de densidade da madeira. Viçosa: SIF, 1984. 21p. (Boletim
técnico, 1).
305
14. Forragicultura
306
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.1. Rendimento de forrageiras hibernais em área de Planossolo do sul do Rio
Grande do Sul1
Fernando Amarilho Silveira2,4, OtonielGeterLauz Ferreira3, Roberta Farias Silveira4,
Cicero Mateus Sell5,Olmar Antônio Denardim Costa6, Roger Marlon Gomes Esteves7
1Trabalho desenvolvido no Grupo de Ovinos e Outros Ruminantes – GOVI. (wp.ufpel.edu.br/govi)
2Bolsista de extensão – GOVI - PREC - UFPel . E-mail: [email protected]
3Professor do DZ/FAEM/UFPel.
4Graduando em Zootecnia / FAEM/ UFPel.
5Graduando em Agronomia/ FAEM/ UFPel.
6Zootecnista discente do PPGZ/FAEM/UFPel.
7Eng. Agrônomo MSc. do DZ/FAEM/UFPel.
Resumo: O objetivo do trabalho foi avaliar o rendimento de forrageiras hibernais em
área de Planossolo do sul do Estado do Rio Grande do Sul. Para tanto, foram
implantadas três cultivares de azevém anual; Conquest ® (diploide), Pronto (diploide) e
KLm 138® (tetraploide); uma cultivar de azevém perene; Banquet II ®; e a cultivar
Rizomat® de festuca continental.Não foram verificadas diferenças significativas entre as
cultivares quanto ao rendimento de forragem e percentual de folhas. Por sua vez, o
percentual de material morto foi superior na cultivar Banquet II ®.Verificou-se também,
diferenças quanto à distribuição da produção de forragem, tendo em vista o número e a
época de realização dasdesfolhas proporcionadas por cada uma das cultivares.As
cultivares Pronto, KLm138®e Conquest® proporcionaram desfolhamais precocemente,
enquanto a cultivar KLm138®apresentou maior longevidade, com produção que se
estendeu aproximadamente um mês a mais que as demais.Não foram verificadas
diferenças no rendimento forrageiro entre as cultivares.As cultivares possuem diferentes
padrões de distribuição da produção de forragem ao longo do ciclo.
Palavras–chave: diploide,Festucaarundinacea,Loliummultiflorum,tetraploide
Hibernais forage yield in lowland area in the South of Rio Grande do Sul
Abstract: The objective of this work was to evaluate forage yield hibernais in
Planossolo area of the southern state of Rio Grande do Sul, Brazil. To this end, were
deployed three cultivars of Italian ryegrass; Conquest ® (diploide), Pronto (diploide) and
KLm 138® (tetraploide); a cultivar of perennial ryegrass; Banquet II®; and the Rizomat ®
307
continental Fescue cultivar. We’re not observed significant differences among the
cultivars for forage yield and percentage of leaves. In turn, the percentage of dead
material was superior in cultivating Banquet II ®. It was also, differences in the
distribution of forage production, in view of the number and the time of realisation of
desfolhas offered by each of the cultivars. The cultivars Pronto, KLm 138 ® and
Conquest® provided as early defoliation, while cultivating KLm 138® presented greater
longevity, with production that lasted about a month more than the other. Não foram
verificadas diferenças no rendimento forrageiro entre as cultivares. As cultivares
possuem diferentes padrões de distribuição da produção de forragem ao longo do ciclo.
Keywords: diploide,Festucaarundinacea,Loliummultiflorum, tetraploide
Introdução
As pastagens naturais no Estado do Rio Grande do Sul, que são peculiares à
altitude, ao clima e ao solo de cada região, são compostas em sua maioria por espécies
herbáceas de ciclo estival, sendo aproximadamente 400 gramíneas e 150 leguminosas.
Estas pastagens passam por uma estacionalidade produtiva no outono-inverno, quando
ocorre estabilização do crescimento das plantas, devido ao decréscimo das temperaturas
e luminosidade neste período frio. Com isso, as gramíneas anuais de estação fria podem
ser uma alternativa de produção de forragem para suprir a deficiência alimentar dos
animais no outono-inverno, época de reduzida produção animal. Dentre os recursos
forrageiros utilizados neste período, o azevém anual (Loliummultiflorum) é responsável
pela maior área plantada no Rio Grande do Sul, especialmente por seu potencial
produtivo e ser adaptado às condições ambientais desse Estado (CONFORTIN,
2009).As festucas (Festucaarundinaceae), por sua vez, são adaptadas a uma série de
ambientes, possuindo grande perfilhamento e alta produção de folhas. Suas cultivares
podem ser do tipo continental ou mediterrâneo, as quais se diferenciam, principalmente,
pela capacidade de crescimento, sendo esta última caracterizada pelo
crescimentohibernal.A cultivar Rizomat®, como todas as continentais, cresce em todas
as estações do ano, sendo considerada então uma planta perene (PGW Sementes 2013).
O objetivo do trabalho foi avaliar o rendimento de forrageiras hibernais em área
de Planossolo do sul do Rio Grande do Sul.
Material e Métodos
O experimento foi realizado em área experimental pertencente ao Centro
Agropecuário da Palma (31º 52’ S e 52º 29’ W), Capão do Leão, região fisiográfica
Litoral-Sul do RS. O solo é classificado como PlanossoloHáplicoeutróficosolódico
(terras-baixas, normalmente utilizados para cultivo de arroz irrigado em rotação com
pastagens), pertencente à unidade de mapeamento Pelotas (Strecket al., 2008). O clima
é do tipo Cfa segundo Köeppen-Geiger.
A semeadura das forrageiras azevém (LoliummultiflorumLam.) e festuca
(FestucaarundinaceaSchreb.) foi realizada em 03 de junho de 2012, na densidade de 30
kg.ha-1 de sementes puras viáveis, em solo preparado convencionalmente com aração e
duas gradagens, corrigido e adubado, conforme resultado da análise de solo que
indicou: pH(H2O): 4,9; Índice SMP: 6; Matéria orgânica (%): 1,7; Argila (%): 17;
CTC(cmolc dm-³): 3,2; P(mg dm-³): 1,2 e K(mg dm-³): 30.
Foram implantadas três cultivares de azevém anual; Conquest ®(diploide), Pronto
(diploide) e KLM 138 ® (tetraploide); uma cultivar de azevém perene; Banquet II ®; e a
cultivar Rizomat® de festuca continental. Constituiu-se assim um experimento em
308
blocos completos ao acaso com cinco tratamentos e quatro repetições Cada parcela
experimental possuía área de 12m², da qual utilizou-se para amostragem uma área de
0,25 m² (0,5 x 0,5 m).
Após o estabelecimento da pastagem, sempre que as plantas atingiam altura
média de 20 cm, realizava-se o corte (desfolha) para estimativa do rendimento da massa
de forragem, deixando-se resíduo de 7 cm. As amostras, obtidas em 0,25m², após
separação das frações folha e colmo, foram acondicionadas em sacos de papel e levadas
à estufa de circulação de ar forçado à 55ºC até atingir peso constante para estimar a
quantidade de matéria seca de folhas, de caule e de material morto. Em poder destes
resultados, os valores foram extrapolados para kg.ha -1.Os dados foram submetidos à
análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de significância,
através do programa estatístico BioEstat versão 5.0.
Resultados e discussão
Não foram verificadas diferenças significativas (P>0,05) entre as cultivares
quanto ao rendimento de forragem e percentual de folhas, que apresentaram
respectivamente os valores médios de 3050,6 kg.ha -1 e 98,52 %. Por sua vez, o
percentual de material morto foi superior (P<0,05) na cultivar Banquet II®,
provavelmente em função da altura de corte utilizada, tendo em vista o hábito de
crescimento com tendência a prostrado desta cultivar (Tabela 1).
Os resultados obtidos no presente estudo foram inferiores aos encontrados por
Noroet al. (2003), trabalhando em Latossolo Vermelho escuro distrófico, e Tonetto
(2009),trabalhando com cultivares diploides e tetraploides de azevém em Argissolo
Vermelho distrófico arênico. Entretanto, estes resultados servem de indicativo do
potencial de produtividade destas cultivares no ecossistema em questão (Planossolo), no
qual as plantas frequentemente são submetidas ao encharcamento ou mesmo
alagamento do solo.
Tabela 1 – Número de desfolhas, rendimento de matéria seca total em kg.ha-1 (MS) e
percentual de folhas e de material morto de espécies forrageiras hibernais
implantadas em área de Planossolo do sul do Rio Grande do Sul.
Cultivares
Pronto
®
Banquet II
®
KLm 138
®
Conquest
®
Rizomat
Número de
desfolhas
5
4
6
5
3
Rendimento de
MS
3385
3380
3310,6
2670
2507,6
% folhas
% material morto
96,74
98,68
99,27
99,23
98,68
0,01 b
1,75 a
0b
0b
0b
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem significativamente para o teste
de Tukey (P<0,05).
Verificou-sediferenças quanto à distribuição da forragem produzida, tendo em
vista o número de desfolhas proporcionado por cada uma das cultivares no decorrer do
ciclo produtivo (Tabela 1 e Figura 1).As cultivares Pronto, KLm 138 ® e
Conquest®permitiram a primeira desfolha mais precocemente(14; 15 e 16/08,
respectivamente) que as demais, nas quais esta foi realizadaem 23/08 e 31/08,
respectivamentepara Banquet II® e festucaRizomat ®.A cultivar KLm 138®apresentou a
maior longevidade, proporcionando desfolhas que se estenderam até 07/11, enquanto
nas demais, estas foram realizadas até16/10.
309
O decréscimo no rendimento das cultivares pode ser atribuído à morte de
perfilhos pela remoção do seu ápice no momento do corte. Esse fenômeno tem maior
importância no estádio reprodutivo, quando o alongamento dos entrenós eleva o
meristema apical ao horizonte pastejado, no entanto, pode também ocorrer quando a
desfolha leniente induz ao alongamento dos entrenós das gramíneas, aumentando o
risco de decapitação dos perfilhos (Confortinet al., 2009).
Figura 1- Distribuição do rendimento de forragemde espécies forrageiras hibernais
implantadas em área de Planossolo do sul do Rio Grande do Sul.
Conclusões
Não foram verificadas diferenças no rendimento forrageiro entre as cultivares.
As cultivares possuem diferentes padrões de distribuição da produção de
forragem ao longo do ciclo.
Literatura citada
CONFORTIN, A. C. C. QUADROS, F. L. F.; ROCHA, M. G.; KUINCHTNER, B. C.;
GLIENKE, C. L.; CAMARGO, D. G.; MACHADO, J. M.Fluxo de tecido foliar em azevém
anual manejado sob três intensidades de pastejo. Ciência Rural, v. 39, p. 1193-1199, 2009.
CONFORTIN, A.C.C. Dinâmica do crescimento do azevém anual submetido a diferentes
intensidade de pastejo. 2009. 98p. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Santa
Maria, Santa Maria, RS, 2009.
NORO, G.; SCHEFFER-BASSO, S. M.; FONTANELI, R. S.; ANDREATTA, E. Gramineas
anuais de inverno para produção de forragem: Avaliação preliminar de cultivares. Agrociência,
v.7, n.1, p.35-40, 2003.
PGW Sementes [2013]. Festucas. Disponivel: <http://www.pgwsementes.com.br/vb1
/index.php?option=com_content&view=article&id=66&Itemid=111> Acessado em: 28 de maio
de 2013.
STRECK, E. V. et al. Solos do Rio Grande do Sul. 2ed. Porto Alegre: UFRGS, 107p,2008.
TONETTO, C. J. Avaliação de genótipos de azevémdiplóide e tetraplóide com manejos
distintos de cortes visando duplo propósito. 2009, 54p. Tese de Doutorado. Universidade
Federal de Santa Maria, Santa Maria, RS, 2009.
310
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.2. Associações entre caracteres forrageiros de híbridos intraespecíficos de
Paspalum notatum
Marlon Risso Barbosa1, Eder Alexandre Minski da Motta1, Juliana Medianeira
Machado², Emerson André Pareira3, Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4
1
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS.
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS.
3
Doutor em Zootecnia/UFRGS.
4
Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS.
2
Resumo: O objetivo do trabalho foi estimar a associação entre caracteres de interesse
forrageiro em híbridos intraespecífico de Paspalum notatum. O delineamento
experimental foi o de blocos ao acaso com três repetições, sendo as unidades
experimentais constituídas por linhas de 2m de comprimento compostas por 9 plantas
cada. Foram avaliados por meio de cortes, 28 híbridos, obtidos por cruzamentos
intraespecíficos da espécie P. notatum, os genitores masculinos, os genitores femininos
e a cultivar (cv) Pensacola. As avaliações foram realizadas quando o dossel atingia em
média 20 cm de altura para os genótipos com hábito de crescimento prostrado e 30 cm
para os de hábito cespitoso. Além da altura avaliou-se a massa seca total, massa seca de
folhas, massa seca de colmo, massa seca de inflorescência, relação folha:colmo e
número de afilhos. A análise de correlação demonstrou que a massa seca de folhas e
massa seca de colmos apresentam correlação positiva e alta para incremento da massa
seca total. A produção de folhas, o número de afilhos e a altura, quando relacionados
entre si, demonstram ser caracteres eficientes via seleção indireta pela matéria seca total
de Paspalum notatum.
Palavras–chave: correlação, forragem, genótipos, pastagem
Associations between forage characters in intraspecific hybrids of Paspalum
notatum
Abstract: The objective of this study was to estimate the association between traits of
forage interest in hybrid intraspecific of the Paspalum notatum. The experimental
design was randomized blocks with three replications with units consisting of lines two
meters long composite of nine plants each. Were evaluated by means of cuts 28 hybrids
311
obtained by intraspecific crosses the species P. notatum, the male parents, female
parents and the cultivar (cv) Pensacola. The evaluations were performed when the
canopy reached on average 20 cm for genotypes with prostrate growth habit and 30 cm
for the caespitose habit. Besides the height evaluated the total dry matter, dry mass of
leaf, stem dry mass, leaf: stem ratio, number of tillers. Correlation analysis showed that
MSC and MSF have high positive correlation to increased MST. The production of
leaves, number of tillers and height, while related, are shown to be efficient characters
through indirect selection for total dry matter of Paspalum notatum.
Keywords: correlation, forage, genotypes, pasture
Introdução
O sistema de produção predominante na pecuária brasileira é o extensivo, no qual
o uso de pastagens torna-se o principal meio de alimentação do rebanho. No entanto o
que se observa é a degradação contínua e perdas de áreas pastoris principalmente pelo
avanço da fronteira agrícola. Para que seja possível a recuperação destas áreas é
necessário o lançamento de cultivares que possam repor as antigas já existentes no
mercado.
Dentre as gramíneas passíveis de melhoramento, ultimamente tem sido objeto de
estudo as do gênero Paspalum, o qual compreende mais de 400 espécies tropicais e
subtropicais, cuja importância é evidenciada por sua adaptabilidade a diferentes
ecossistemas, o que representa menor risco de causar desequilíbrio biológico devido à
grande diversidade genética existente (Strapasson et al., 2000).
Verificar as estimativas das correlações entre as características produtivas de
forrageiras pode servir de base para a implantação de programas de melhoramento
genético e viabilizar a seleção de genótipos que apresentam adequado valor forrageiro.
A seleção de caracteres de alta herdabilidade, fácil identificação e que evidencie alta
correlação com o caráter desejado possibilita aos grupos de melhoramento obter maior
evolução em um menor espaço de tempo (Carvalho et al., 2001). O objetivo do trabalho
foi estimar a associação entre caracteres de interesse forrageiro em híbridos
intraespecífico de Paspalum notatum.
Material e Métodos
O trabalho foi desenvolvido nos anos de 2012 e 2013 na Estação Experimental
Agronômica (EEA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no
município de Eldorado do Sul. O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso
com três repetições, sendo as unidades experimentais constituídas por linhas de 2m de
comprimento compostas por 9 plantas cada. Foram avaliados por meio de cortes, 28
híbridos, obtidos por cruzamentos intraespecíficos de P.notatum realizados no
Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS. Foram ainda
implantados os genitores masculinos (Bagual e André da Rocha) provenientes da
coleção de germoplasma da UFRGS, os genitores femininos (C44X, Q4188 e Q4205)
cedidos pelo IBONE (Instituto de Botânica del Nordeste), da Universidad del Nordeste
Argentino, cidade de Corrientes, Argentina e a cultivar (cv) Pensacola.
As avaliações foram realizadas quando o dossel atingia em média 20 cm de
altura para os genótipos com hábito de crescimento prostrado e 30 cm para os de hábito
cespitoso. Foram realizados os somatórios dos cortes dos seguintes caracteres: produção
de massa seca total (MST), massa seca de lâminas foliares (MSF), massa seca de colmo
(MSC) e massa seca de inflorescência(MSI). Para obter-se a relação folha:colmo (RFC)
312
foi realizada a divisão do acúmulo da MSF pela MSC. A contagem do número de
afilhos (NAF) foi feita através do cálculo das médias de todos os cortes. Foi calculada a
média dos valores obtidos e após realizada a análise geral de correlação, pelo modelo de
correlação de Pearson para obtenção da magnitude e sentido de associações entre os
caracteres estudados, com significância de 5% de probabilidade pelo teste t (Steel
&Torrie, 1980).
Resultados e Discussão
As variáveis MSF e MSC apresentaram alta correlação positiva com a variável
MST (Tabela 1). Quando identificada a associação da produção de folhas,
principalmente com a produção de massa seca total, é possível realizar a seleção via
indireta a este caráter nos genótipos de Paspalum notatum, o que possibilitaria uma
avaliação mais rápida, uma vez que a separação morfológica da planta é um processo
muito dispendioso de tempo, principalmente quando o número de acessos a serem
avaliados for grande. A produção de MSF apresentou correlação positiva, porém
moderada com as variáveis altura, MSC e MSI. Houve baixa correlação com a variável
NAF. O mesmo não ocorreu para a variável RFC que apresentou correlação negativa.
O NAF apresentou correlação positiva moderada com a MSC, e com a MST. Essa
característica é muito importante, pois ela reflete a capacidade que o genótipo tem em
perfilhar e cobrir áreas de solo descoberto, o que pode ser interessante na seleção de
materiais destinados a recuperação de áreas degradadas. Além disso, de acordo com
Assis et al. (2008), uma rápida e eficiente cobertura do solo pelas plantas forrageiras é
essencial para garantir a conservação dos nutrientes e, consequentemente, a longevidade
da pastagem. Portanto, a capacidade de cobertura do solo, pode ainda ser uma variável
utilizada para seleção de genótipos que possuam boa velocidade no estabelecimento da
pastagem, o que pode proporcionar um pastoreio mais precoce.
Para a variável MSC a análise revelou alta correlação positiva com a MST e MSI
das plantas, porém a MSC apesar de intensificar o acúmulo de forragem, a mesma
diminui a RFC e consequentemente a qualidade da forragem produzida.
Tabela 1 - Coeficientes médios de correlação fenotípica de caracteres ligados a
produção de forragem em híbridos intraespecíficos de Paspalum notatum
Caráter
MSF
RFC
NAF
MSC
MSI
Altura
MST
0,84*
-0,28*
0,51*
0,88*
0,77*
0,51*
-0,77
0,26*
0,53*
0,44*
0,4*
-0,27*
-0,38*
-0,34*
-0,14*
0,63*
0,44*
0,49*
0,75*
0,5*
MSF
RFC
NAF
MSC
MSI
0,37*
-1
*Significativo pelo teste t, a 5% de probabilidade; MST, Massa Seca Total (g linha ); MSF, Massa Seca
de Folha (g linha-1); Relação Folha:Colmo (MSF/MSC); NAF, Número de Afilhos (por linha); MSC,
Massa Seca de Colmo (g linha-1); Massa Seca Inflorescência (MSI); Altura (cm).
313
Conclusões
A produção de folhas, o número de afilhos e a altura, quando relacionados entre
si, mostram ser caracteres eficientes via seleção indireta pela matéria seca total de
Paspalum notatum.
Literatura citada
ASSIS, G.M.L.; VALENTIM, J.F.; CARNEIRO Jr, J.M. et al. Seleção de genótipos de
amendoim forrageiro para cobertura do solo e produção de biomassa aérea no período
de estabelecimento utilizando-se metodologia de modelos mistos. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.37, p.1905-1911, 2008.
CARVALHO F.I.F., SILVA, S.A.; KUREK, A.J.; MARCHIORI, V.S. Estimativas e
implicações da herdabilidade como estratégia de seleção. Pelotas, RS: UFPel. Ed.
Universitária, 2001. 99p.
STEEL, R.G.D. & TORRIE, J.L. Principles and procedures of statistics. McGrawHill, New York, 1980. 418p.
STRAPASSON, E.; VENCOVSKY, R.; BATISTA, L.A.R. Seleção de Descritores na
caracterização de Germoplasma de Paspalum sp. por meio de componentes principais.
RevistaBrasileira de Zootecnia, v. 29, p. 373-381, 2000.
314
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.3. Caracterização e Produção de Forragem de Híbridos Intraespecíficos de
Paspalum notatum
Marlon Risso Barbosa,1 Eder Alexandre Minski da Motta1, Emerson André Pereira2,
Jackson Camargo Neme3, Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4
1
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS.
Doutor em Zootecnia/UFRGS.
3
Graduando em Agronomia – UFRGS/Porto Alegre.
4
Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS.
2
Resumo: O objetivo desse trabalho foi comprovar o valor agronômico, em condições de
campo, de 28 genótipos gerados através de cruzamentos intraespecíficos e que foram
selecionados pela sua superioridade na produção de forragem. Os híbridos selecionados
foram implantados, em linhas, no campo, na Estação Experimental Agronômica (EEA)
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Evidenciou-se uma grande
variabilidade para a produção de massa seca total entre os genótipos testados e a
superioridade de alguns genótipos em comparação aos seus genitores e à cv Pensacola.
Destaque também foi dado às plantas mais produtivas e com hábito de crescimento
prostrado, característica de interesse para a seleção, pois podem ser estes os genótipos
mais indicados para potencialmente promoverem o aumento da produção secundária
(carne e derivados), disponibilizando cultivares perenes, persistentes e que produzam
boa quantidade de forragem, além de serem excelentes opções para recuperação de
áreas degradadas. Porém, mais estudos são necessários. Os genótipos gerados, com as
características de interesse fixadas na apomixia, aumentam as possibilidades de se obter
materiais passíveis de registro e proteção varietal, visando ao seu lançamento como
cultivares no futuro.
Palavras–chave: forragem, genótipos, germoplasma, pastagem
Characterization and Forage Production of intraspecific hybrids of Paspalum
notatum
Abstract: The objective of this study was to test the agronomic value, under field
conditions, 28 genotypes generated through intraspecific crosses and were selected for
their superiority in forage production. The selected hybrids were implanted in line, in
the field, the Agronomic Experimental Station (EEA), Federal University of Rio Grande
315
do Sul (UFRGS). Results showed a great variability in the production of total dry mass
between the genotypes and the superiority of some genotypes compared to their parents
and cv Pensacola. Emphasis was also given to the most productive plants and prostrate
growth habit, characteristic of interest for the selection, as these genotypes may be more
suitable for potentially promote increased secondary production (meat products),
providing perennial cultivars, persistent and producing good forage quantity, and are
excellent choices for recovery of degraded areas. However, more studies are needed.
Genotypes generated with the characteristics of interest fixed in apomixis, the
possibilities of obtaining materials subject to registration and protection varietal.
Keywords: forage, genotypes, germoplasm, pasture
Introdução
O Brasil possui um rico ambiente natural, favorável a uma produção agropecuária
sustentável e para aproveitá-lo é necessário coordenar o uso destes recursos produtivos
e do conhecimento disponível (Sant’Anna, 2009). Porém, a falta de conhecimento
aplicado ao campo tem feito com que as áreas destinadas para produção, de carne ou
leite, principalmente de pastagens nativas, venham sendo degradadas em ritmo
acelerado.
Nas áreas de pastagens naturais uma das espécies mais comuns no sul do Brasil é
o Paspalum notatum, e sua importância como forrageira é amplamente aceita,
apresentando boa qualidade de forragem, alta resistência ao pastejo e ao pisoteio dos
animais (Pozzobon & Valls, 1997). Sendo assim, iniciaram-se estudos para que fosse
possível o melhoramento de P. notatum através de cruzamentos intraespecíficos.
Tal estratégia de cruzamentos poderá produzir, após rigoroso processo de
avaliações e seleção, novas cultivares. Baseado nisso, o objetivo do trabalho foi
comprovar o valor agronômico, em condições de campo, de genótipos que foram
selecionados de uma progênie híbrida de P. notatum gerada através de cruzamentos
intraespecíficos.
Material e Métodos
As avaliações foram realizadas em plantas híbridas previamente selecionadas pela
superior produção de forragem e resistencia ao frio (Weiler et al., 2011). Tais híbridos
foram obtidos pelos cruzamentos intraespecíficos que envolveram os genótipos sexuais
femininos e tetraploides, “Q4188”, “Q4205” e “C44X”, provenientes do IBONE
(Instituto de Botânica del Nordeste), da Universidad del Nordeste Argentino, e os
ecótipos apomíticos tetraploides nativos do Rio Grande do Sul, denominados “Bagual”
e “André da Rocha” (genitores masculinos). As mudas das plantas selecionadas foram
implantadas, na Estação Experimental Agronômica (EEA) da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS), espaçadas 20 cm entre si, em linhas de 2 m de
comprimento, com três repetições em um delineamento de blocos casualizados.
As avaliações eram realizadas quando a maioria das plantas de hábito prostrado
atingia no mínimo 20 cm e a maioria das plantas de hábito cespitoso atingissem no
mínimo 30 cm de altura. Após os cortes era realizada a separação morfológica das
plantas para enfim serem levadas à estufa com aproximadamente 65ºC por 72 horas ou
até atingirem peso constante.
As variáveis avaliadas foram: massa seca total (MST), massa seca de folhas
(MSF), massa seca de colmo (MSC), massa seca de inflorescência (MSI) e altura do
dossel. As variáveis foram submetidas à análise de variância através do software
316
GENES a um nível de 5% de siginificância. Constatada a diferença para a variável, as
médias foram submetidas ao teste de Scott e Knott.
Resultados e Discussão
Houve diferença significativa entre os genótipos na segunda e quarta avaliação e
entre cortes para a variável MST (Tabela 1). Dezenove híbridos expressaram maiores
produções do que o melhor genitor (“Bagual”). O híbrido B36 apresentou maior
desempenho, produzindo cerca de 326 g linha -1 a mais do que o progenitor “Bagual” e
526 g linha-1 a mais que a cultivar Pensacola.
TABELA 1 – Hábito de crescimento, produção de massa seca total (MST) por corte e
acumulada, posição relativa dos oito melhores genótipos, dos genitores e
da cultivar Pensacola em relação à MST
GENÓTIPOS
Posição Hábito de
relativa crescimento
Total
acumulado
CORTES
1
2
3
4
B26
1º
Prostrado
92
D* a** 359 A a 158 C A 254 B a
863
B28
2º
Cespitoso
97
C
a
295 A a 177 B A 243 A a
812
D25
3º
Cespitoso
132 C
a
299 A a 128 C A 206 B b 764
B43
4º
Prostrado
88
C
a
306 A a 134 C A 196 B b 724
C32
5º
Prostrado
67
D
a
305 A a 125 C a 210 B b 707
C22
6º
Cespitoso
85
C
a
285 A a 122 C a 188 B b 681
C18
7º
Prostrado
11
C
a
297 A a 132 C a 239 B a
C15
8º
Cespitoso
105 C
a
280 A a 107 C a 181 B b 673
Bagual
20º
Prostrado
68
B
a
193 A c 120 B a 157 A c
538
Q4188
23º
Cespitoso
60
B
a
228 A b 118 B a 108 B c
514
Q4205
27º
Cespitoso
74
B
a
197 A c 94 B a 108 B c
473
André da Rocha
29º
Prostrado
38
B
a
137 A c 120 A a 148 A c
443
Pensacola
33º
Prostrado
35
B
a
167 A c 70 B a
338
65 B c
679
C44x
34º
Prostrado 16 B a
77 A d 66 A a 99 A c 257
*Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na horizontal constituem diferenças no corte a 5% de
significância.
**Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical constituem diferenças entre genótipos 5%
de significância.
Os dados apresentados são preliminares, porém já demonstram que há uma grande
variabilidade para a produção de massa seca total entre os genótipos testados. Nota-se a
existência de híbridos com potencial para futuro lançamento de cultivares com boa
quantidade de folhas (TABELA 2). Para esta característica dez híbridos apresentaram
maiores produções em relação ao melhor genitor (Q4205).
317
TABELA 2 – Produção de massa seca das folhas (MSF) por corte e acumulada, posição
relativa dos oito melhores genótipos, dos genitores e da cultivar
Pensacola, de acordo com a produção de MSF
CORTES
Posição
relativa
1
B28
1º
85
B a
170
A a 102
B a
184
A a
541
C18
2º
85
B a
152
A a
81
B a
159
A a
476
B29
3º
61
C a
171
A a
82
C a
153
B a
467
B26
4º
76
B a
169
A a
83
B a
126
A b
455
B2
5º
63
C a
155
A a
74
C a
120
B b
413
A16
6º
67
C a
134
A b
71
C a
134
B b
406
D25
7º
101
B a
115
A c
56
B b
133
A b
404
C9
8º
58
B a
133
A b
60
B a
133
A b
384
Q4205
11º
65
B a
126
A b
60
B a
76
B d
327
Q4188
17º
50
B a
111
A b
66
B a
74
B d
301
Bagual
24º
48
B b
76
A d
40
B b
90
A c
254
André da Rocha
32º
23
B b
48
B d
39
B b
77
A d
186
C44X
33º
16
B b
49
A d
39
A b
68
A d
171
GENÓTIPOS
2
3
Total
acumulado
4
Pensacola
34º
26 A b
47
A d 19 A b 35
A d
127
Médias seguidas por letras maiúsculas distintas na horizontal constituem diferenças no corte a 5% de
significância.
Médias seguidas por letras minúsculas distintas na vertical constituem diferenças entre genótipos 5% de
significância.
As plantas avaliadas demonstram diferentes hábitos de crescimento, o que deve
ser levado em consideração na hora de definir a pressão de pastejo de uma possível
cultivar. Sendo que, os genótipos de hábito prostrado poderiam ser utilizados com uma
maior pressão de pastejo, o que potencialmente aumentaria a produção secundária
(carne e derivados).
A possível utilização destes genótipos para recuperação de áreas degradadas
sugere que os genótipos de hábito de crescimento prostrado seriam os mais indicados
para uso, por serem conservadores de recursos, através do rizoma, e também pela
capacidade em cobrir grandes áreas de solos e alastrando-se rapidamente.
Conclusões
Os híbridos gerados através do cruzamento intraespecífico demonstram adequada
produção de forragem, sendo boa parte dela constituída por folhas.
Literatura citada
POZZOBON, M.T and VALLS, J.M. (1997). Chromosome number in germplasm
accessions of Paspalum notatum (Gramineae). Brazilian Journal Genetics, 29-34.
318
SANT’ANNA, D. M. Modelagem bio-econômica para planejamento e tomada de
decisão em sistemas agropecuários. Tese de doutorado em zootecnia – Plantas
Forrageiras. UFRGS. 2009.
WEILER, R.L.; Simioni, C.; Krycki, K.C.; Schmidt, M.; Pereira, E. A.; Dall’Agnol, M.
Produção de forragem de híbridos intraespecíficos de Paspalum notatum. In:
Procedings of the III Internacional Symposium of Forage Breeding, Bonito, MS, p.
222-224, 2011.
319
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.4. Composição nutricional da cyperáceae Eleocharis flavescens (Poir.) Urb. em
área de várzea na Planície Costeira do RS
Danielle Bellagamba de Oliveira¹; Élen Nunes Garca²; Ilsi Iob Boldrini3; Jamir Luís
Silva da Silva4
1
Engenheira Agrônoma, Msc. em Zootecnia, UFPel, Pelotas, RS, Brasil.
Professora do Departamento de Botânica – UFPel, Pelotas, RS, Brasil.
3
Professora do Departamento de Botânica – UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
4
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da EMBRAPA CPACT, Pelotas, RS, Brasil.
2
Resumo: O objetivo do trabalho foi obter os teores nutricionais de uma ciperácea
frequente em áreas de várzea, Eleocharis flavescens (Poir.) Urb.. A área de coleta do
material vegetal encontrava-se no terceiro ano de pousio após implantação da lavoura
de arroz irrigado. As lâminas foliares foram coletadas durante o inverno e enviadas ao
Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI para a análise bromatológica. Eleocharis
flavescens apresentou o requerimento mínimo de PB para o ruminante e valores
superiores de FDA, FDN e lignina em comparação com o azevém.
Palavras–chave: Arroz irrigado, forrageira, ruminante, valor nutritivo
Abstract: The objective was to get the nutritional content of a sedge common in
lowland areas, Eleocharis flavescens (Poir.) Urb. The collecting area of the plant
material was in the third year after implantation of fallow paddy rice. The leaf blades
were collected during the winter and sent to the Laboratory of Animal Nutrition
EPAGRI for chemical analysis. Eleocharis flavescens presented the minimum
requirement of CP for ruminant and higher values of ADF, NDF and lignin compared
with ryegrass.
Keywords: Forage, nutritional value, rice, ruminant
320
Introdução
Ocorrente, no Rio Grande do Sul, nos Campos de Cima da Serra, Litoral,
Depressão Central e Encosta da Serra do Sudeste, a espécie Eleocharis flavescens
(Poir.) Urb., pertencente à família Cyperaceae. É uma erva de crescimento cespitosorizomatoso, perene, com habitat típico de campos úmidos, geralmente solos arenosos
encharcados (TREVISAN & BOLDRINI, 2008) conhecidos como áreas de várzeas,
utilizadas para a lavoura de arroz irrigado.
Estas áreas constituem na principal fonte de alimentação dos rebanhos gaúchos
na rotação de áreas de cultivo de arroz irrigado com a pecuária. A emergência das
espécies nativas pré-estabelecidas é de grande importância, pois além de possuírem
características ecológicas peculiares para sobreviver em áreas alagadas, atuam como
conservacionistas oferecendo proteção ao solo e são utilizadas economicamente como
fonte forrageira, afetando diretamente o sucesso da cadeia produtiva da pecuária nas
áreas de várzea. Estudos a respeito do valor nutricional de uma espécie que compõe
uma pastagem são essenciais para obter dados em relação à qualidade da pastagem,
bem como, orientar futuros manejos da vegetação campestre em rotação com lavoura
de arroz irrigado. O objetivo do trabalho foi obter informações a respeito da análise
bromatológica da espécie Eleocharis flavescens (Poir.) Urb., em área de pousio de
arroz irrigado, na Planície Costeira do RS.
Material e Métodos
A área de coleta da espécie encontrava-se no terceiro ano de pousio, após a
implantação da lavoura de arroz irrigado por inundação através do método
convencional. Localizado no município de Capivari do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil.
O solo consiste em um Planossolo Hidromórfico e o clima da região é Cfa de acordo
com a classificação de Köppen – clima temperado úmido com verão quente.
A coleta foi realizada no período do inverno, no mês de maio, quando a planta
encontrava- se no estádio vegetativo. O material foi seco em estufa de ar forçado à
temperatura de 65ºC até atingir peso constante. Após, as amostras foram enviadas para
o Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI – Estação Experimental de Lages para a
análise bromatológica. Foram estimados em percentagem (%) os teores de proteína
bruta (PB), fibra detergente ácido (FDA), fibra detergente neutro (FDN), lignina (LIG),
nutrientes digestíveis totais (NDT) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica
(DIVMO).
Resultados e Discussão
Na tabela 1 está apresentado os valores nutricionais de Eleocharis flavescens em
comparação com os teores nutricionais encontrado na literatura da espécie forrageira
mais cultiva no Estado, azevém – Lolium multiflorum Lam. Observa-se que o valor de
proteína bruta (Tabela 1) obtido foi de 7,60%, valor bem abaixo do teor presente no
azevém. Oferecendo próximo ao requerimento mínimo deste nutriente para o
ruminante, pois a concentração de proteína bruta inferior ao nível mínimo crítico (7%)
consiste em uma deficiência protéica e limita a produção animal (GENRO & ORQIS,
2008).
321
Tabela 1: Valor nutricional de Eleocharis flavescens, coletada em Capivari do Sul, e de Lolium
multiflorum, no Litoral Sul e Depressão Central, expressos em porcentagem (%)
Presente estudo
Rodrigues et al., 2002
Eleocharis flavescens
Pedroso et al.,
2004
Azevedo, 2011
Lolium multiflorum
PB
7,60
16,5
36,0
23,64
FDA
36,10
35,6
-
22,31
FDN
60,40
49,0
-
37,2
LIG
2,50
1,8
-
-
NDT
41,90
50,0
-
-
DIVMO
48,80
-
88,0
-
* PB: proteína bruta; FDA: fibra em detergente ácido; FDN: fibra em detergente neutro; LIG: lignina;
NDT: nutrientes digestíveis totais; DIVMO: digestibilidade in vitro em matéria orgânica.
Quanto ao FDA e FDN a ciperácea atingiu 36,10 e 60,40% respectivamente
(Tabela 1) obtendo FDA semelhante ao do azevém de 35,6 e 22,31%, porém
contrastante no teor de FDN de 49,0 e 37,2% no azevém. Ball et al. (1991)
estabeleceram que os valores de FDN são correlacionados negativamente com o
consumo voluntário de forragem pelo animal, enquanto FDA, com a digestibilidade.
Isto porque a FDN indica a quantidade total de fibra dentro da planta, ou seja, celulose,
hemicelulose e lignina enquanto a FDA, consiste na quantidade de fibra que não é
digestível composta em sua maior parte pela lignina.
Para os nutrientes digestíveis totais a ciperácea obteve 41,90% comparado com
50% do azevém, este teor nutricional expressa o valor energético da planta. Para a
digestibilidade in vitro (Tabela 1), que representa a absorção dos nutrientes, obteve-se
um valor baixo de 48,80% em comparação com a digestibilidade do azevém, estimada
em 88%. Segundo Van Soest (1994), quando a proteína bruta da planta atinge níveis
inferiores a 7% e os teores de FDN superam 60%, ocorre acentuada redução no
consumo da espécie vegetal.
Conclusões
Os valores nutricionais obtidos para a espécie Eleocharis flavescens (Poir.) Urb.
foram de 7,60% para a proteína bruta (PB), 36,10% para fibra em detergente ácido
(FDA), 60,40% para fibra em detergente neutro (FDN), 2,50% para lignina (LIG),
41,90% para nutrientes digestíveis totais (NDT) e 48,80% de digestibilidade in vitro em
matéria orgânica (DIVMO) e podem ser considerados requisitos mínimos para um
desempenho animal aceitável.
322
Literatura citada
BALL, D.M. et al. Southern forages. Atlanta: Potash & Phosphate Institute, 1991.
256p.
GENRO, T. C. M.; ORQIS, M. G. Informações básicas sobre coleta de amostras e
principais análises químico-bromatológicas de alimentos destinados à produção de
ruminantes. Documentos 81, Embrapa Pecuária sul, 2008. 24p.
GOMES, J. F.; REIS, J. C. L. Produção de forrageiras anuais de estação fria no Litoral
sul do Rio Grande do sul. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 28, n. 4, p. 668-674, 1999.
RODRIGUES, R. C. et al. Rendimento de forragem e composição química de cinco
gramíneas de estação fria. Comunicado Técnico 77, Embrapa Clima Temperado,
Pelotas, 2002. 3p.
RODRIGUES, R. C. Métodos de análises bromatológicas de alimentos: métodos
físicos, químicos e bromatológicos. Documentos 306, Embrapa Clima Temperado,
2010. 174p.
TREVISAN, R.; BOLDRINI, I. I. O Gênero Eleocharis R. Br. (Cyperaceae) no Rio
Grande do sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, Porto Alegre, v. 6, n. 1, p. 767. 2008.
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. Ithaca. Constock Publishing
Associates. 1994. 476 p.
323
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.5. Perdas fermentativas na ensilagem do capim Tanzânia úmido ou
emurchecido com ou sem adição de inoculante enzimático bacteriano 1
Ronyatta Weich teobaldo 2, Wagner Soares da Costa Junior3, Daniel de Paula Sousa4
Joadil Gonçalves de Abreu5, Bruna Gomes Macedo2, Camila Garcia Neves2
1
Parte da dissertação de mestrado do segundo autor.
Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT.
3
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. – UFMT.
4
Professor do Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT.
5
Professor do Departamento de Zootecnia e Extensão Rural – UFMT.
2
Resumo: objetivou-se avaliar as perdas por gases, produção de efluentes e recuperação
de matéria seca das silagens de capim-tanzânia com ou sem emurchecimento,
inoculadas ou não com aditivo enzimático bacteriano. O aumento nos teores de matéria
seca reduziu as perdas por gases, a produção de efluentes e aumentou a recuperação de
matéria seca. A adição do inoculante enzimático bacteriano proporcionou tendência de
menores produções de efluentes. Embora tenha sido observada apenas interação dos
teores de MS no tempo de estocagem sobre a recuperação de matéria seca, foi
verificado efeito também do inoculante em alterar as perdas por gases durante o tempo
de estocagem, com efeito principal nas silagens com baixo teor de MS (13,4% vs
15,0%, nas inoculadas vs não inoculadas com 80 dias de estocagem).
Palavras–chave: efluente, Panicum maximum, perdas por gases
Fermentation losses in the silage Tanzania wet or wilted with or without addition
of enzyme bacterial inoculant
Abstract: It was aimed to evaluate gas losses, effluent production and dry matter
recovery of Tanzania grass silages wilted or not and inoculated or not with bacterial
enzyme additive. The increase of dry matter content reduced gas losses and effluent
production and improved dry matter recovery. The addition of enzyme bacterial
inoculant had a tendency to reduce effluent production. Although It was observed
interaction of DM content and period of storage on dry matter recovery, it was also
observed effect of inoculant to alter gas losses during storage time, mainly with low
DM content silages (13.4% vs 15.0% on inoculated vs. non-inoculated silage with 80
days of storage).
324
Keywords: effluent, Panicum maximum, gas losses
Introdução
O elevado teor de umidade das gramíneas tropicais no momento da ensilagem
reduz a fermentação adequada para a conservação do material e propicia o crescimento
de bactérias do gênero Clostridium, as quais são responsáveis pela fermentação butírica
e, assim, perdas excessivas de matéria seca (MS). Além de prejudicar a fermentação, o
baixo teor de MS resulta em produção de elevadas quantidades de efluente, o que
transporta em sua solução nutrientes como aminoácidos, carboidratos e minerais,
reduzindo o valor nutritivo da silagem. Dessa forma, o emurchecimento da forragem
tem sido utilizado para reduzir as perdas por efluente e inibir a fermentação butírica.
Além disso, a maior quantidade de ácido lático produzido a partir do processo
fermentativo adequado provoca gasto de energia para produção de calor e perdas por
descarboxilação menores, reduzindo as perdas por gases. Assim, aditivos biológicos e
enzimáticos têm sido testados na intenção de melhorar o processo fermentativo e
controlar as perdas de MS.
Sendo assim, objetivou-se avaliar as perdas por gases, produção de efluentes e
recuperação de MS da silagem de capim-tanzânia inoculadas com aditivo enzimático
bacteriano com ou sem emurchecimento.
Material e Métodos
O ensaio utilizou o capim Panicum maximum cv. Tanzânia, colhido de acordo
com a recomendação, com 45 dias de crescimento e 70 cm de altura. O delineamento
experimental utilizado foi em esquema fatorial 2x2 (com e sem aditivo x com e sem
emurchecimento), 4 tempos de abertura (10; 20; 40 e 80 dias após o fechamento do
silo) e 9 repetições, totalizando 36 parcelas experimentais e 144 no total. O inoculante
enzimático bacteriano utilizado possui 4 bactérias (Streptococcus faecium,
Lactobacillus plantarum, Pediococcus acidilactici e Lactobacillus salivarius) e 4
enzimas (2 fibrolíticas, 1 pentosanase e 1 amilolítica) (Sil All 4x4 ®, Alltech inc.).
Cada parcela foi constituída de um silo experimental (potes de plástico e vidro),
com o volume aproximado de 1,3 L. Os silos foram vedados com tampas equipadas
com válvula tipo “sifão”, para permitir somente a saída e evitar a entrada de gases no
interior do silo.
A forrageira foi triturada em picador estacionário com tamanho de partícula entre
2 a 3 cm. Foram coletados 100 kg de forragem picada para a confecção das silagens
para enchimento dos silos do experimento. Uma porção de 50 kg de forragem picada
foi separada e exposta ao sol até atingir o teor de matéria seca de 40%. Tanto a
forragem úmida quanto a silagem emurchecida foram divididas em duas parcelas para a
adição ou não do inoculante enzimático bacteriano e confecção das silagens.
Foram utilizadas dose e diluição do produto comercial recomendada pelo
fabricante com contagem final bacteriana de 106 UFC/ g de matéria natural, tomando-se
todos os cuidados para não haver contaminação entre tratamentos.
Os silos foram cheios e compactados até a obtenção de densidade final de 500 kg
matéria natural/m3. As perdas por gases, produção de efluentes e recuperação de
matéria seca foram calculadas segundo as equações propostas por Jobim et al. (2007).
O modelo proposto foi analisado pelo PROC MIXED do programa SAS (SAS,
1999) e as comparações das médias obtidas nas datas de abertura foram realizadas
utilizando-se o método dos quadrados mínimos (LSMEANS). Foram declaradas
significativas as diferenças entre médias a partir de 5% e tendência a 10% de
325
probabilidade. Para identificar interações entre os fatores, recorreu-se ao PROC REG
do programa SAS, com vistas à definição de regressões.
Resultados e Discussão
Os teores de MS influenciaram nas perdas por gases (PG), produção de efluentes
e recuperação de matéria seca (RMS) (P<0,05; Tabela 1). Não houve efeito da adição
do inoculante enzimático bacteriano sobre a PG e a RMS (P>0,05) com tendência
(P=0,1) a reduzir a produção de efluentes.
O aumento no teor de MS pelo processo de emurchecimento reduziu as PG,
possivelmente, por inibir o crescimento de microrganismos do gênero Clostridium,
relacionados à fermentação secundária do material. A redução na atividade de água
(Aw) influencia no menor desenvolvimento de bactérias desse gênero, que atuam de
forma indesejável degradando proteína do alimento com maiores produções de amônia
e produções de ácido butírico associadas a altas perdas de CO 2 (McDonald et al., 1991).
O aumento no teor de MS reduziu a produção de efluentes, sendo inexistente nas
silagens emurchecidas. Loures et al. (2005) avaliaram o efeito do emurchecimento em
silagens de capim-tanzânia e não verificaram produção de efluentes nos primeiros 90
dias nas silagens emurchecidas. Isto evidencia a relação direta entre teor de matéria
seca e a produção de efluentes e as menores PG e maior RMS nestas silagens.
Tabela 1 – Médias de perdas por gases (%), produção de efluente (kg t -1 de massa verde) e recuperação
de matéria seca (%) de silagens de capim-tanzânia inoculadas com aditivo microbiológico-enzimático
com ou sem emurchecimento.
Sem emurchecimento
Efeitos1
Com emurchecimento
Itens
Sem
inoculante
Com
inoculante
Sem
inoculante
Com
inoculante
E
I
ExT
ExIxT
CV
Efluente
68,34a
51,60a
0b
0b
*
Ns
*
*
58,75
a
a
*
Ns
*
*
28,67
PG
10,34
12,05
b
4,75
b
6,77
RMS
90,11a
88,27a
94,81b
93,10b
*
Ns
*
Ns
3,04
Efeitos E = emurchecimento; I = Inoculante; ExT = Interação emurchecimento e tempo; ExIxT =
interação emurchecimento, inoculante e tempo
(PG) Y = -0,0028T2 + 0,3984T + 1,1349 (R² = 0,958; Silagens sem emurchecimento e sem inoculante)
(PG) Y = -0,0044T2 + 0,4806T + 2,6538 (R² = 0,7538; Silagens sem emurchecimento e com inoculante)
(PG) Y = -0,0028T2 + 0,3139T + 0,754 (R² = 0,7431; Silagens com emurchecimento e sem inoculante)
(PG) Y = -0,0026T2 + 0,262T + 0,3217 (R² = 0,7624; Silagens com emurchecimento e com inoculante)
(Efluente) Y = 0,012T2 - 0,749T + 70,994 (R2 = 0,4279; Silagens sem emurchecimento e sem inoculante)
(Efluente)Y=0,0196T2-0,9649T + 46,166 (R2 = 0,7267; Silagens sem emurchecimento e com inoculante)
(RMS) Y = 0,0006T2 - 0,1323T + 92,792 (R2 = 0,376; Silagens sem emurchecimento).
1
Observou-se interação dos teores de MS e adição de inoculante enzimático
bacteriano durante o tempo de estocagem sobre a PG (Tabela 1). O emurchecimento da
forragem do mesmo modo que a adição do inoculante alteraram as taxas de produção
de gases ao longo do tempo de estocagem (Figura 1).
Isto pode ser atribuído a maiores taxas de fermentação realizada pelos
microrganismos homofermentativos adicionados, que aumentam as concentrações de
ácido lático e reduzem as perdas por gases. Paziani et al. (2006) avaliando a influência
do teor de MS e uso de inoculante bacteriano em silagens de capim-tanzânia
encontraram tendência de redução dos valores de PG com o uso de inoculantes.
Apesar de alterar as taxas de perdas por gases com o uso de inoculante
enzimático bacteriano, observou-se apenas interação dos teores de MS no tempo de
estocagem sobre a RMS. Verificou-se modelo quadrático significativo (P<0,05) que
326
descreve a menor recuperação de MS no tempo de estocagem apenas para as silagens
sem emurchecimento. Entretanto, não foi obtido modelo significativo que descreve a
redução da RMS no tempo de estocagem para as silagens com emurchecimento.
Figura 1 – Produção de gases nas silagens sem emurchecimento e sem inoculante (
( ), com emurchecimento e sem inoculante (
) e com inoculante (
), com inoculante
).
As silagens confeccionadas com forragem emurchecida não apresentaram
tendência de menor recuperação de MS com o tempo de estocagem. Esse efeito pode
ser atribuído à fermentação inadequada que ocorre em silagens com alta umidade, que
provocam maiores perdas por gases e maiores produções de efluentes nessas silagens.
Esse fato pode ser observado na Figura 1, em que silagens sem emurchecimento e sem
inoculantes, apresentam maiores taxas de produção de gases com o tempo.
Conclusões
O emurchecimento da forragem reduziu as perdas por gases e efluentes e
aumentou a recuperação de matéria seca das silagens produzidas. O uso de inoculante
enzimático bacteriano alterou as taxas de perdas por gases, de forma mais evidente em
silagens com baixo teor de matéria seca.
Literatura citada
JOBIM, C. C.; NUSSIO, L. G.; REIS, R . A et al. Avanços metodológicos na avaliação da qualidade da
forragem conservada. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36, p. 101-119, 2007 (supl. especial).
LOURES, D. R. S.; NUSSIO, L. G.; PAZIANI, S. F et al. Composição bromatológica e produção de
efluente de silagens de capim-tanzânia sob efeitos do emurchecimento, do tamanho de partícula e do uso
de aditivos biológicos. Revista Brasileira de Zootecnia, v.34, n.3, p. 726-735, 2005.
McDONALD, P.; HENDERSON, A. R.; HERON, S. J. E. The biochemistry of silage.
Marlow:Chalcombe Publications, 1991.
PAZIANI, S. F.; NUSSIO, L. G.; LOURES, D.R.S et al. Influência do teor de matéria seca e do
inoculante bacteriano nas características físicas e químicas da silagem de capim Tanzânia. Acta Sci.
Anim. Sci., v.28, n.3, p. 265-271, 2006.
SAS INSTITUTE. SAS users guide: statistics. Cary, 1999. 965p.
327
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.6. Características morfogênicas de azevém pastejado por novilhas de corte
recebendo suplemento
Érica Dambrós de Moura1, Marta Gomes da Rocha2, Sheila Cristina Bosco Stivanin3
Viviane da Silva Hampel3, Marcos Bernardino Alves3, Paulo Roberto Salvador3
1
Estudante de graduação do curso de Zootecnia – UFSM. E-mail: [email protected]
Professora do Departamento de Zootecnia - UFSM
3Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM
2
Resumo: Foram avaliadas as características morfogênicas do azevém (Lolium
multiflorum Lam.) pastejado por novilhas de corte exclusivamente em pastejo ou em
pastejo e recebendo 0,93% do peso corporal de grão de milho ou grão de aveia branca
como suplemento. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no
tempo, com três tratamentos e três repetições de área. Para as avaliações morfogênicas
foram utilizados 40 perfilhos marcados por unidade experimental. Não houve interação
entre tratamentos e períodos de avaliação da pastagem para as características
morfogênicas. O azevém mostrou valores similares para a taxa de expansão de lâminas
foliares intactas (0,08 ± 0,005 cm/grau-dia), taxa de expansão de lâminas foliares
pastejadas (0,05 ± 0,003 cm/grau-dia), taxa de aparecimento de lâminas foliares
(0,0075 ± 0,0003 cm/grau-dia) e filocrono (161,51 ± 7,91 graus-dia) quando pastejado
por novilhas de corte recebendo suplemento ou não.
Palavras–chave: grão de aveia, grão de milho, Lolium multiflorum Lam, taxa de
aparecimento de lâminas foliares, taxa de expansão de lâminas foliares
Morphogenic characteristics of ryegrass grazed beef heifers were
supplemented
Abstract: Morphogenic characteristics of Italian ryegrass (Lolium multiflorum Lam)
grazed by beef heifers exclusively on pasture or receiving 0.93% of the body weight of
corn grain or oat grain as a supplement were evaluated. The grazing method was
continuous with variable stocking. The experimental design was completely
randomized with repeated measures on time, with three treatments and three area
replications. Forty marked tillers per experimental unit. were utilized for morphogenic
evaluations. There was no interaction between treatments and evaluation periods for
328
morphogenic characteristics evaluated. The ryegrass showed similar values (P>0.10)
for rate of expansion of intact leaf blades (0.08 ± 0.005 cm/degree day), expansion rate
of grazed leaf blade (0.05 ± 0.003 cm/degree day), leaf blades appearance rate (0.0075
± 0.0003 cm/degree day) and phyllochron (161,51 ± 7.91 degree-day) when grazed by
beef heifers receiving supplement or not.
Keywords: oats grain, maize grain, Lolium multiflorum Lam, rate of leaf blades
appearance, rate of leaf blades expansion
Introdução
O azevém (Lolium multiflorum Lam.) é uma espécie forrageira muito utilizada no
sul do país, sendo uma alternativa para as épocas onde há uma redução na produção de
forragem do campo nativo no Rio Grande do Sul. O estudo das características
morfogênicas do azevém é importante para conhecermos os processos de crescimento
da forrageira e a sua máxima produção de biomassa (NABINGER & PONTES, 2001).
Essas características são determinadas por fatores genéticos e ambientais mas podem
ser modificadas pelo aumento na taxa de lotação decorrente do fornecimento de
suplementos aos animais em pastejo. Dessa forma, esse trabalho foi conduzido com o
objetivo de caracterizar a resposta morfogênica do azevém utilizado por novilhas de
corte exclusivamente em pastejo ou em pastejo e recebendo grão de milho ou grão de
aveia como suplemento.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Santa Maria, durante o período de julho a outubro de 2012. A área
experimental foi constituída de nove piquetes de 0,8 ha. A pastagem de azevém
(Lolium multiflorum Lam.) foi estabelecida por semeadura a lanço no dia 01/05/2012,
sendo utilizados 30 kg/ha de semente. A adubação utilizada foi 200 kg/ha de NPK (0520-20) e 56,5 kg de nitrogênio, na forma de uréia em duas aplicações, realizadas em
21/06 e 14/07. Os animais experimentais foram novilhas da raça Angus. Os tratamentos
foram: novilhas em pastagem exclusiva de azevém e novilhas em pastagem de azevém
recebendo 0,93% do peso corporal (PC) de grão de milho inteiro ou de grão de aveia
branca como suplemento. O suplemento foi fornecido de segunda-feira a sábado, às 14
horas. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. Foram usadas três
novilhas testes por piquete e um número variável de animais reguladores para
manutenção de massa de forragem (MF) entre 1200 a 1600 kg MS/ha. A MF foi
determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem. A relação
lâmina foliar:colmo foi determinada a partir da proporção de lâminas foliares e colmos
proveniente da separação manual das amostras oriundas das avaliações da massa de
forragem. A taxa de lotação (kg/ha de PC) foi obtida pelo somatório do peso médio dos
animais-teste, com o peso médio de cada regulador, multiplicado pelo número de dias
que esses permaneceram na repetição, dividido pelo número de dias do período
experimental. A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi calculada por meio do
quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de lotação. As características
morfogênicas do azevém foram avaliadas em 40 perfilhos marcados por unidade
experimental. A soma térmica (ST) foi calculada pela equação: ST = Σ (Tmd) - 5, em
que Tmd são as temperaturas médias diárias do período e cinco é a temperatura base de
crescimento do azevém. A taxa de aparecimento de lâminas foliares foi determinada
por meio de regressão linear entre o número de lâminas foliares produzidas e a soma
térmica de determinado período. A taxa de aparecimento de lâminas foliares é o valor
329
do coeficiente angular da regressão e o filocrono é seu valor inverso, sendo ambos
expressos em graus-dia. As taxas de expansão (cm/graus-dia) das lâminas foliares
intactas e pastejadas foram calculadas por meio da razão entre a expansão média das
lâminas foliares intactas e pastejadas do perfilho entre duas avaliações consecutivas e a
soma térmica acumulada no mesmo período. O delineamento experimental foi
inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, com três tratamentos e três
repetições de área. Após teste de normalidade, as variáveis foram submetidas à análise
de variância pelo procedimento Mixed. Quando verificadas diferenças as médias foram
comparadas pelo procedimento lsmeans. Também foram realizadas análises de
correlação de Pearson, e análise de regressão, onde a escolha do modelo baseou-se na
significância dos coeficientes, sendo escolhido o de maior significância. As análises
foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2.
Resultados e Discussão
Nos tratamentos estudados foram observadas semelhanças (P>0,10) para a massa
de forragem (1894,47 ± 150,49 kg de MS/ha), oferta de forragem (10,09 ± 0,95 kg de
MS/100 kg de PC) e relação lâmina foliar:colmo (1,91 ± 0,16). A taxa de lotação foi
aumentada em 20,7% quando as novilhas receberam grão de milho ou grão de aveia
como suplemento com relação ao tratamento de pastagem exclusiva de azevém, cuja
taxa de lotação foi, em média, de 1111,85 kg/ha de PC.
Não houve interação (P>0,10) tratamentos x períodos de avaliação da pastagem
para as características morfogênicas avaliadas. Não foram observadas diferenças
(P>0,10) entre os tratamentos estudados para as variáveis taxa de expansão de lâminas
foliares intactas (0,08 ± 0,005 cm/grau-dia), taxa de expansão de lâminas foliares
pastejadas (0,05 ± 0,003 cm/grau-dia), taxa de aparecimento de lâminas foliares
(0,0075 ± 0,0003 cm/grau-dia) e filocrono (161,51 ± 7,91 graus-dia). A semelhança
observada para as características morfogênicas entre as alternativas de suplemento
testadas indica que o fornecimento do grão de milho e do grão de aveia não alterou a
relação herbívoro- planta- de maneira a modificar o crescimento do azevém.
A taxa de expansão de lâminas foliares intactas e pastejadas diferiram entre os
períodos de avaliação (P<0,10) e ajustaram-se a um modelo de regressão linear em
função dos dias de utilização da pastagem (Tabela 1), reduzindo 0,0007 e 0,0005
cm/grau-dia a cada dia de pastejo, respectivamente. Esse resultado pode estar associado
com o avanço do ciclo reprodutivo da planta, sendo também semelhante a taxa de
expansão de lâminas foliares observada por Cauduro et al. (2006). A taxa de expansão
de lâminas foliares foi 37,5% superior (P<0,10) nas lâminas foliares intactas, quando
comparadas com as lâminas foliares pastejadas (0,05 cm/grau-dia) em todos os
períodos de avaliação do azevém. Conforme Pontes et al. (2003), com a manutenção de
uma maior área foliar, com maior interceptação de luz, existe aumento na oferta de
carbono, elevando assim a velocidade de expansão das lâminas foliares.
A taxa de aparecimento de lâminas foliares ajustou-se ao modelo de regressão
linear decrescente (Tabela 1), reduzindo 0,00004 cm a cada grau-dia. Resultado
semelhante foi obtido por Stivanin et al. (2011), que observaram maior taxa de
aparecimento de lâminas foliares no inicio da avaliação do azevém, em razão da
gramínea estar no inicio de seu estádio vegetativo. O filocrono ajustou-se ao modelo de
regressão linear crescente (Tabela 1). Com o avanço dos estádios fenológico é esperado
um aumento no valor do acúmulo térmico para o surgimento de uma nova lâmina
foliar, devido a um possível alongamento no pseudocolmo, aumentando assim a
distância entre o meristema apical e a bainha foliar (STRECK et al., 2003).
330
Tabela 1 – Equações de regressão para características morfogênicas do azevém
Equações
R2 (%)
P
Taxa de expansão de lâminas
foliares intactas1
ŷ = 0,1270 - 0,0007x
56,37
0,0001
Taxa de expansão de lâminas
foliares pastejadas1
ŷ = 0,0835 - 0,0005x
52,85
0,0001
Taxa de
foliares1
ŷ = 0,0101 - 0,00004x
64,21
0,0001
ŷ = 88,9279 + 1,0448x
69,29
0,0001
Respostas
2
aparecimento
Filocrono
1
cm/graus-dia; 2 graus-dia
lâminas
Conclusões
As características morfogênicas do azevém são influenciadas pelo avanço do ciclo da
planta e não mudam com o aumento da taxa de lotação que ocorre quando os animais
recebem suplemento.
Literatura citada
CAUDURO, G.; CARVALHO, P.C.F.; BARBOSA, C.M.P. et al. Variáveis
morfogênicas e estruturais de azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) manejado sob
diferentes intensidades e métodos de pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v.35,
n.4, p.1298-1307, 2006.
LEMAIRE, G.; CHAPMAN, C. Tissue flows in grazed plant communities. In:
HODGSON, J.; ILLIUS, A.W. (Ed.) The ecology and management of grazing
systems. Guilford: CAB International, 1996. p.3-36.
NABINGER, C.; PONTES, L.S. Morfogênese de plantas forrageiras e estrutura do
pasto. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA,
38., 2001, Piracicaba. Anais... Piracicaba, SBZ, 2001. CD-ROM.
PONTES, L.S.; NABINGER, C.; CARVALHO, P.C.F. et al. Variáveis morfogênicas e
estruturais de azevém anual (Lolium multiflorum Lam) manejado em diferentes alturas.
Revista Brasileira de Zootecnia, v.32, n.4, p.814-820, 2003.
STIVANIN, S. C. B.; POTTER, L.; HAMPEL, V.S.; ELOY, L.R.; SALVADOR, P.R.
Características estruturais e morfogênicas de azevém sob intensidades de pastejo. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 48. 2011,
Belém. Anais... Belém, SBZ, 2011.
STRECK, N.A.; WEISS, A.; XUE, Q. et al. Incorporating a chronology response into
the prediction of leaf appearance rate in winter wheat. Annals of botany, p. 181-190,
2003.
331
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.7. Proteína bruta e digestibilidade in vitro da matéria orgânica de Ischaemum
minus J.Presl oriundo da várzea após cultivo de arroz irrigado
Danielle Bellagamba de Oliveira1, Élen Nunes Garcia2, Ilsi Lob Boldrini3, Jamir Luís
Silva da Silva4
1
Engenheira Agrônoma, Msc. em Zootecnia, UFPel, Pelotas, RS, Brasil.
Professora do Departamento de Botânica – UFPel, Pelotas, RS, Brasil.
3
Professora do Departamento de Botânica – UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil.
4
Engenheiro Agrônomo, Pesquisador da EMBRAPA CPACT, Pelotas, RS, Brasil.
2
Resumo: As áreas em pousio da lavoura de arroz irrigado são utilizadas para a
mantença dos rebanhos gaúchos utilizando como fonte alimentar as espécies nativas
que permanecem pós cultivo, além do rebrote do arroz. O objetivo do trabalho foi obter
os valores nutricionais da proteína bruta e da digestibilidade in vitro da matéria
orgânica de Ischaemum minus J.Presl para avaliar o seu perfil nutritivo para o consumo
e desempenho animal. As lâminas foliares da espécie foram coletadas em área de
várzea no terceiro ano de pousio pós lavoura de arroz irrigado, secadas até obter peso
constante e enviadas para o Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI para a
realização da análise bromatológica. Foi obtido o valor de 15,80% de proteína bruta e
64,80% de digestibilidade in vitro da matéria orgânica, conferindo ao Ischaemum minus
bom valor forrageiro para ruminantes.
Palavras–chave: Análise bromatológica, gramínea, forrageira, pousio, Rio Grande do
Sul
Abstract: The fallow areas of irrigated rice are used for maintenance of livestock as a
food source gauchos using native species that remain after cropping, and regrowth of
rice. The objective was to get the nutritional values of crude protein and in vitro
digestibility of organic matter Ischaemum minus J.Presl to assess your nutritional
profile for the intake and performance. The leaf blades of the species were collected in
the floodplain in the third year after the fallow paddy rice, dried to constant weight and
sent to the Laboratory of Animal Nutrition EPAGRI to perform chemical analysis. We
obtained the value of 15.80% crude protein and 64.80% in vitro digestibility of organic
matter, giving good value minus Ischaemum forage for ruminants.
Keywords: Chemical analysis, fallow, forage, grass, Rio Grande do Sul
332
Introdução
O ecossistema da várzea apresenta grande potencial para a agropecuária, tendo
como principal uso a lavoura de arroz irrigado, sendo que nos anos em pousio a área é
manejada para pecuária de corte extensiva. Surge então importância de conhecer os
teores nutricionais das espécies nativas, adaptadas às áreas com má drenagem e de alta
produção de matéria seca. Assim, são fornecidos dados qualitativos para o manejo
racional e sustentável da vegetação em áreas de pousio de arroz irrigado de forma a
otimizar o uso do material forrageiro para o rebanho.
Ischaemum minus J.Presl é popularmente conhecida como grama-de-banhado e
está amplamente distribuída nas áreas de várzea da planície costeira do Rio Grande do
Sul. É uma espécie da família Gramineae (Poaceae), de ciclo perene, estival, com
hábito de crescimento estolonífero, apresentando uma altura em torno de 5-20 cm, com
hábitat em campos arenosos e úmidos, florescendo de setembro a fevereiro e com
frutificação nos meses de outubro a fevereiro (BOLDRINI, 2011). Segundo Smith et al.
(1982), é utilizada como forrageira, por formar denso tapete e de alta aceitabilidade.
O objetivo do trabalho foi obter os valores nutricionais de proteína bruta e
digestibilidade in vitro da material orgânica da gramínea Ischaemum minus J.Presl
oriunda de áreas de várzea com cultivo de arroz irrigado em pousio na Planície
Costeira, RS.
Material e Métodos
O local onde o material vegetal foi coletado está situado no município de
Capivari do Sul, Rio Grande do Sul. O solo consiste em um Planossolo Hidromórfico e
o clima da região é Cfa de acordo com a classificação de Köppen – clima temperado
úmido com verão quente. A área de coleta encontrava-se no terceiro ano de pousio após
lavoura de arroz irrigado por inundação através do método convencional.
A coleta de 2/3 superiores da lâmina de plantas em estádio vegetativo foi
realizada no período do inverno. O material foi seco em estufa de ar forçado à
temperatura de 65ºC até atingir peso constante. Após isto, as amostras foram enviadas
para o Laboratório de Nutrição Animal da EPAGRI – Estação Experimental de Lages
para a análise bromatológica. Foram estimados em percentagem os teores de proteína
bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO).
Resultados e Discussão
Os valores nutricionais obtidos são apresentados na Tabela 1. Os dados foram
comparados com valores nutricionais de gramíneas estivais nativas no Rio Grande do
Sul que apresentam alto valor forrageiro e aceitabilidade pelos animais.
Santos et al. (2013) ao avaliar a bromatologia das lâminas foliares das principais
espécies de gramíneas de um campo no município de Santa Maria, obteve 7,42% de
PB para Axonopus affinis Chase e 8,28% de PB para Mnesithea selloana (Hack.) de
Koning & Sosef.. Podemos observar através da tabela 1 que Ischaemum minus
apresentou teor de PB bem mais alto, 15,80%.
Quanto ao DIVMO Santos et al. (2013) obtiveram um valor de 56,35% para M.
selloana e 69,04% para A. affinis. Assim verificamos que a DIVMO de Ischaemum
minus de 64,50% (Tabela 1) é intermediária quando considera-se espécies altamente
consumidas por bovinos.
333
Tabela 1 – Valores dos teores nutricionais expressos em porcentagem (%) da proteína
bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria orgânica da gramínea
Ischaemum minus J.Presl coletada em área de várzea no município de Capivari
do Sul.
Proteína bruta
15,80
Digestibilidade in vitro da matéria orgânica
64,50
Conclusões
A gramínea Ischaemum minus J.Presl com proteína bruta de 15,80% e
digestibilidade in vitro da matéria orgânica de 64,50% representa uma gramínea de
bom valor forrageiro para os ruminantes.
Literatura citada
BOLDRINI, I. L. A lista completa das espécies priorizadas - forrageiras – poaceae In:
CORADIN, L. et al. Espécies nativas da flora brasileira de valor econômica atual
ou potencial Plantas para o futuro – Região sul MMA. Brasília. 934p. 2011. P. 297354.
SANTOS, A. B. et al . Valor nutritivo de gramíneas nativas do Rio Grande do
Sul/Brasil, classificadas segundo uma tipologia funcional, sob queima e pastejo. Cienc.
Rural, Santa Maria, v. 43, n. 2, Feb. 2013 .
Available from
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010384782013000200025&lng=en&nrm=iso>.
access
on
17
June
2013.
http://dx.doi.org/10.1590/S0103-84782013000200025.
SMITH, L. B., Wasshausen, D. C. & Klein, R.M. 1982. Gramíneas. In: Reitz, R. (ed.).
Flora Ilustrada Catarinense (Gram.). Herbário Barbosa Rodrigues, Itajaí. p. 9101407.
334
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.8. Composição químico bromatológica e características fermentativas de
silagem de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos¹
Lucas Ladeira Cardoso2, Karina Guimarães Ribeiro 3, Marcos Inácio Marcondes3,
Odilon Gomes Pereira3, Felipe Xavier Amaro4, Douglas Rodrigues da Costa4
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor.
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFV. E-mail: [email protected]
3
Professor do Departamento de Zootecnia – UFV.
4
Estudante de graduação em Zootecnia – UFV.
2
Resumo: Objetivou-se avaliar a composição químico bromatológica, o pH e o teor de
nitrogênio amoniacal de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e
microbiológicos. Os tratamentos foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de
cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com
Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar
com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de
cana-de-açúcar com cal (CaO) a 0,5%; 6- Silagem de cana-de-açúcar com cal (CaO) a
1,0%; 7- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 0,5%; 8- Silagem de cana-de-açúcar
com ureia 1,0%. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com oito
tratamentos e quatro repetições. A cana-de-açúcar foi picada e ensilada em baldes de 20
kg, contendo válvulas de Bunsen, abertos 180 dias após o fechamento. Verificou-se que
a adição de ureia a 0,5 ou 1% aumentou os teores de PB e de NH3 e reduziu o teor de
NIDA, enquanto cal a 0,5% reduziu o teor de FDN e cal a 0,5 ou 1% aumentou o pH da
silagem de cana-de-açúcar. Conclui-se que a cana-de-açúcar tratada com ureia aumenta
acentuadamente os teores protéicos e reduz os teores de NIDA na silagem, entretanto,
os teores de nitrogênio amoniacal também são incrementados. Os demais aditivos não
proporcionam efeitos benéficos na silagem, exceto a cal a 0,5%, que reduz o teor de
FDN.
Palavras–chave: nitrogênio amonical, fibra em detergente neutro, pH, proteína bruta
Chemical composition and fermentative characteristics of sugarcane silages
treated with chemical and microbiological additives
Abstract: This study was aimed to evaluate chemical composition, pH and ammonia
nitrogen content of sugarcane silage treated with chemical and microbiological
additives. The treatments were: 1 – Sugarcane silage; 2 – Sugarcane silage with
Lactobacillus buchneri, 3 – Sugarcane silage with Lactobacillus plantarum and
335
Pediococcus pentasaceus; 4 – Sugarcane silage with Propionibacterium
acidipropionici and Lactobacillus plantarum; 5 – Sugarcane silage with 0.5% lime
(CaO) ; 6 – Sugarcane silage with 1.0% lime (CaO) ; 7 – Sugarcane silage with 0.5%
urea, 8 – Sugarcane silage with 1.0% urea. We used a completely randomized design
with eight treatments and four replications. The sugarcane was chopped and ensiled in
20 kg buckets containing Bunsen valves that were opened 180 days after closing. We
observed that addition 0.5% and 1.0% of urea increases the crude protein and NH3
contents and reduces NIDA content; 0.5% lime reduces NDF content and 0.5 and 1%
lime increases the pH of sugarcane silage. We concluded that sugarcane treated with
urea increases the protein crude and reduces NIDA contents on silage, however,
ammonia nitrogen content are also incremented. The other additives not provide
beneficial effects on silage, except the lime 0.5% that reduces the NDF content.
Keywords: ammonia nitrogen, crude protein, neutral detergent fiber, pH
Introdução
A cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) é utilizada como base da
alimentação dos ruminantes em vários sistemas de produção adotados no Brasil. Esta
cultura destaca-se pela sua grande produtividade por área, com média de 67,06 t/ha no
Brasil (IBGE, 2012). A principal limitação da utilização da cana-de-açúcar em larga
escala é a dificuldade operacional, já que o material colhido e triturado fermenta-se
rapidamente e, se não for consumido logo em seguida, reduz sua aceitabilidade (Kung
Jr. e Stanley, 1982). Dessa forma, o processo de ensilagem da cana-de-açúcar pode se
constituir uma alternativa com intuito de maximizar a utilização da mão-de-obra em um
determinado período e, assim, melhorar a logística da propriedade.
Assim, objetivou-se avaliar a composição químico bromatológica, o pH e o teor
de nitrogênio amoniacal de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e
microbiológicos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão – Gado
de Leite, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, localizada
no município de Viçosa-MG, situada a 200 e 45’de latitude sul, 420 e 51’ de longitude
oeste. Os tratamentos estudados foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de
cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com
Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar
com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de
cana-de-açúcar com 0,5% de cal (CaO); 6- Silagem de cana-de-açúcar com 1,0% de cal
(CaO); 7- Silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia; 8- Silagem de cana-de-açúcar
com 1,0% de ureia. Os inoculantes microgiológicos foram adicionados à forragem por
ocasião da ensilagem, de acordo com as recomendações dos fabricantes.
O experimento foi conduzido no delineamento inteiramente casualizado, com oito
tratamentos e quatro repetições, totalizando 32 unidades experimentais, utilizando-se
baldes como silos experimentais, com tampas contendo válvulas de Bunsen para
permitir o escape dos gases, os quais foram abertos 180 dias após a ensilagem. Para
determinar a composição químico bromatológica das silagens, foram coletados
aproximadamente 400 g de amostras de cada silo, e as amostras foram pré-secas em
estufa com circulação forçada de ar, a 550C, por 72 h, e, em seguida, determinados os
teores de matéria seca (MS); proteína bruta (PB); fibra insolúvel em detergente neutro
(FDN) e nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), segundo protocolos do
336
Laboratório de Nutrição Animal do DZO/UFV. Os dados experimentais foram
submetidos à análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de
Tukey a 10% de probabilidade, por meio do SAEG.
Resultados e Discussão
A cana de açúcar, antes da ensilagem, apresentou teores de MS, PB, NIDA e
FDN de 27,1; 3,65; 6,78 e 59,5%, respectivamente. Na Tabela 1, são apresentados os
resultados das variáveis analisadas na silagem de cana-de-açúcar tratada com aditivos
químicos e microbiológicos. Verifica-se que houve efeito de tratamento sobre todas as
variáveis da composição químico bromatológica, exceto para os teores de matéria seca.
Tabela 1 - Teores (%) de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), nitrogênio insolúvel
em detergente ácido em relação ao N total (NIDA), fibra em detergente neutro
(FDN) e de nitrogênio amoniacal em relação ao N total (NH 3/NT) e potencial
hidrogeniônico (pH) de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos
químicos e microbiológicos
Tratamento
Item
1
2
3
4
5
6
7
8
Sig.
CV%
MS
26,6a
25,9a
25,1a
25,8a
26,5a
26,2a
25,4a
26,0a
ns
2,70
PB
3,8c
3,7c
3,9c
3,8c
3,5c
3,7c
8,3b
14,4a
**
9,17
11,1a
67,6ab
cd
12,2a
11,6a
12,0a
13,7a
4,8b
3,8b
**
11,40
69,1ab
70,1a
68,5abc
64,3e
12,5a
66,1bc
de
65,1de
65,4cde
**
2,02
4,5c
3,7c
4,8c
2,8c
1,2c
4,9b
32,4b
44,2a
**
39,84
3,41c
3,37c
3,49c
3,41c
3,73b
4,36a
3,57bc
3,59bc
**
3,03
NIDA
FDN
NH3/
NT
pH
1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de
cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar
com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-de-açúcar com
cal (CaO) 0,5%; 6- Silagem de cana-de-açúcar com cal (CaO) 1,0%; 7- Silagem de cana-de-açúcar com
ureia 0,5%; 8- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 1,0%. ** significativo a 1%; ns: não significativo.
Verificou-se teor médio de matéria seca (MS) de 25,9%. Comparando os teores
de MS obtidos nas silagens com o teor de MS da cultura de cana-de-açúcar antes da
ensilagem (27,1%), verifica-se que houve decréscimo. Em experimentos em silos,
geralmente se obtém redução no teor de MS da cana-de-açúcar após a ensilagem, em
decorrência da perda de MS característica do processo (Kung Jr. & Stanley, 1982).
Os teores de proteína bruta foram mais altos para os tratamentos com 0,5 e 1%
de ureia, em relação aos demais, com destaque para a silagem tratada com 1% de ureia.
O teor médio de PB das silagens sem ureia (3,73%) foi tão baixo quanto o verificado na
forragem antes da ensilagem (3,96%). A adição de ureia elevou o teor de PB como
resultado da alta recuperação do nitrogênio aplicado, fato também observado por Roth
et al. (2005), que avaliaram doses crescentes de ureia na ensilagem de cana-de-açúcar e
encontraram elevação dos teores de proteína bruta na silagem.
Os teores de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) foram mais
baixos quando a cana-de-açúcar foi tratada com 0,5 e 1% de ureia, em relação aos
outros tratamentos. Carvalho et al. (2006) também verificaram redução no teor de
337
NIDA/N-Total com uso de ureia para tratamento do bagaço de cana-de-açúcar ensilado
e justificaram que a adição de NNP, em forma de ureia, promoveu diluição do conteúdo
de NIDA, aumentando o N total.
O teor de FDN foi mais baixo na silagem tratada com 0,5% de cal, em relação à
silagem de cana controle. A adição de óxido de cálcio (CaO) pode reduzir os
constituintes da parede celular por hidrólise alcalina e contribuir para a preservação de
nutrientes solúveis, amenizando a perda de valor nutritivo durante a ensilagem e após a
abertura do silo (Balieiro Neto et al., 2006).
Os teores de NH3/NT foram mais elevados nos tratamentos contendo cal a 1% e
0,5 e 1% de ureia, em relação à silagem de cana não tratada. Os resultados em relação a
esses últimos tratamentos seriam esperados, porém, não com o tratamento com cal.
Os valores de pH são considerados baixos, exceto o obtido com 1% de cal,
sendo que ambas as concentrações de cal aumentaram o pH em relação à silagem de
cana não tratada.
Conclusões
Conclui-se que a cana-de-açúcar tratada com ureia aumenta acentuadamente os
teores protéicos e reduz os teores de NIDA na silagem, entretanto, os teores de
nitrogênio amoniacal também são incrementados. Os demais aditivos não
proporcionam efeitos benéficos na silagem, exceto a cal a 0,5%, que reduz o teor de
FDN.
Literatura citada
BALIEIRO NETO, G.; SIQUEIRA, G. R.; REIS, R. A; NOGUEIRA, J. R.; ROTH, M.
T. P.; ROTH, A. P. T. P. Valor nutritivo da silagem de cana-de-açúcar com doses de
óxido de cálcio após abertura do silo. Pesquisa e Tecnologia, vol.3, n.2, Jul-Dez, 2006.
CARVALHO, G.G.P.; PIRES, A.J.V.; VELOSO, C.M. et al. Valor nutritivo do bagaço
de cana-de-açúcar amonizado com quatro doses de ureia. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v.41, n.1, p. 125-132, 2006.
KUNG JR., L.; STANLEY, R.W. Effect of stage of maturity on the nutritive value of
whole-plant sugarcane preserved as silage. Journal of Animal Science, v.54, p.689696, 1982.
ROTH, M.T.P.; SIQUEIRA, G.R.; RICARDO, R.A. et al. Ensilagem da cana-de-açúcar
(“Saccharum officinarum”L.) tratada com doses de ureia. In: REUNIÃO ANUAL DA
SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42., 2005, Goiânia. Anais... Goiânia:
Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2005. (CD-ROM).
338
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.9. População de microrganismos e perdas de matéria seca de silagens de canade-açúcar tratada com aditivos químicos e microbiológicos1
Lucas Ladeira Cardoso2, Karina Guimarães Ribeiro 3, Marcos Inácio Marcondes3,
Odilon Gomes Pereira3, Douglas Rodrigues da Costa4, Felipe Xavier Amaro4
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor.
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia – UFV. e-mail: [email protected]
3
Professor do Departamento de Zootecnia – UFV.
4
Estudante de graduação em Zootecnia – UFV.
2
Resumo: Objetivou-se avaliar a população de microrganismos, as perdas e a
recuperação de massa seca de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos
e microbiológicos. Os tratamentos estudados foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar
com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-deaçúcar com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem
de cana-de-açúcar com 0,5% de cal (CaO); 6- Silagem de cana-de-açúcar com 1% de
cal (CaO); 7- Silagem de cana-de-açúcar com 0,5% de ureia; 8- Silagem de cana-deaçúcar com 1% de ureia. Foi utilizado o delineamento inteiramente casualizado, com
oito tratamentos e quatro repetições. A cana-de-açúcar foi picada e ensilada em baldes
de 20 kg, contendo válvulas de Bunsen, abertos 180 dias após a ensilagem. Conclui-se
que nenhum dos aditivos aumenta a população de bactérias ácido láticas ou diminui a
população de leveduras, assim como, não reduz as perdas por gases e efluente ou
melhora a recuperação de matéria seca em relação à silagem de cana não tratada.
Palavras–chave: bactérias ácido láticas, efluente, gases, leveduras
Microbial population and dry matter losses of sugarcane silages treated with
chemical and microbiological additives
Abstract: This study aimed to evaluate the microbial population, the loss and recovery
of dry matter of sugarcane silage treated with chemical additives and microbiological.
The treatments were: 1 – Sugarcane silage; 2 – Sugarcane silage with Lactobacillus
buchneri, 3 – Sugarcane silage with Lactobacillus plantarum and Pediococcus
pentasaceus; 4 – Sugarcane silage with Propionibacterium acidipropionici and
Lactobacillus plantarum; 5 – Sugarcane silage with 0.5% lime (CaO) ; 6 – Sugarcane
silage with 1.0% lime (CaO) ; 7 – Sugarcane silage with 0.5% urea, 8 – Sugarcane
339
silage with 1.0% urea. We used a completely randomized design with eight treatments
and four replications. The sugarcane was chopped and ensiled in 20 kg buckets
containing Bunsen valves that were opened 180 days after closing. It is concluded that
none of the additives increases the population of lactic acid bacteria or decreases the
yeast population, as well as not reduces gases and effluent losses or improves dry
matter recovery of silage compared to untreated sugarcane.
Keywords: effluent, gas, lactic acid bacteria, yeast
Introdução
A cana-de-açúcar é um recurso forrageiro utilizado principalmente no período
seco do ano, quando esta cultura atinge sua maturidade e apresenta maior valor
nutritivo, em decorrência do acúmulo de açúcares em seus colmos, portanto, é uma
alternativa para minimizar o problema da estacionalidade de produção de forragem.
Apesar de existirem vantagens potenciais na sua utilização, a ensilagem de cana-deaçúcar apresenta alguns inconvenientes. No processo fermentativo da sacarose,
realizado por leveduras, pode ocorrer perda acentuada de matéria seca e de valor
nutritivo, devido à conversão de açúcares em etanol, CO2 e água (Kung Jr., 2009).
Objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos de aditivos químicos e
microbiológicos sobre a população de microrganismos, as perdas e a recuperação de
matéria seca de silagens de cana-de-açúcar.
Material e Métodos
O estudo foi realizado na Unidade de Ensino, Pesquisa e Extensão – Gado de
Leite, do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Viçosa, localizada no
município de Viçosa-MG, situada a 200 e 45’de latitude sul, 420 e 51’ de longitude oeste.
Os tratamentos estutados foram: 1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-deaçúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus
plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar com
Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-deaçúcar com 0,5% de cal; 6- Silagem de cana-de-açúcar 1% de cal; 7- Silagem de canade-açúcar com 0,5% de ureia; 8- Silagem de cana-de-açúcar com 1% de ureia. Os
inoculantes foram adicionados à forragem por ocasião da ensilagem, de acordo com as
recomendações dos fabricantes. O experimento foi conduzido no delineamento
inteiramente casualizado, com oito tratamentos e quatro repetições, totalizando 32
unidades experimentais, utilizando-se baldes plásticos como silos experimentais, com
tampas contendo válvulas de Bunsen para permitir o escape dos gases e capacidade
para 20 kg. O material foi picado em máquina ensiladora estacionária, submetido aos
tratamentos e, em seguida, ensilado com densidade média de 800 kg/m3. No fundo dos
baldes, colocou-se 4 kg de areia seca, dentro de saco de tecido de algodão, para permitir
a drenagem do efluente produzido. Decorridos 180 dias após o fechamento dos silos,
procedeu-se a abertura dos mesmos e as perdas e a recuperação de matéria seca foram
calculadas segundo Jobim et al. (2007).
As populações microbianas foram quantificadas nas forragens antes da
ensilagem e nas silagens, utilizando-se meios de cultura seletivos para cada grupo
microbiano: MRS Ágar para as bactérias do ácido lático; Violet Red Bile para as
enterobactérias e Batata Dextrose Ágar para fungos e leveduras, realizando-se o cultivo
em placa de petri. A quantificação dos grupos microbianos foi realizada a partir de 25 g
de amostra de silagem de cada unidade experimental (silo), às quais foram adicionados
225 mL de solução tampão fosfato, obtendo-se a diluição de 10-1. Em seguida, diluições
340
sucessivas foram realizadas, objetivando-se obter diluições variando de 10-3 a 10-7, para
as populações de bactérias ácido láticas, e de 10-1 a 10-3, para enterobactérias, fungos e
leveduras. Foram consideradas para contagem as placas com valores entre 30 e 300
unidades formadoras de colônias (UFC). Os dados experimentais foram submetidos à
análise de variância e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste de Tukey, a 5%
de probabilidade, utilizando-se o SAEG.
Resultados e Discussão
Antes da ensilagem, a cana-de-açúcar apresentou população de bactérias ácido
láticas, enterobactérias e leveduras de 4,1; 5,2 e 3,0 log cfu/g, respectivamente. Na
Tabela 1 são apresentadas as populações médias de bactérias ácido láticas e de
leveduras, assim como, as perdas por gases e por efluente e a recuperação de matéria
seca nas silagens, as quais foram afetadas pelos tratamentos, exceto as perdas por
efluente. Não foram encontradas populações de enterobactérias nem de fungos nas
silagens.
Tabela 1 – População de bactérias ácido láticas (BAL) e leveduras (LEV) (log ufc/g),
perdas por gases (%) e por efluente (kg/t MN) e recuperação de matéria seca
(%) (RMS) de silagens de cana-de-açúcar tratada com aditivos químicos e
microbiológicos.
Tratamento
Item
BAL
1
6,3ab
2
7,3a
3
7,1ab
4
4,9ab
5
7,8a
6
7,2ab
7
5,8ab
8
4,0b
Sig.
*
CV%
24,7
LEV
3,9ab
3,0ab
4,6a
4,2ab
2,5ab
2,9ab
3,2ab
1,4b
**
40,9
Gases
8,5ab
7,8ab
9,8a
6,7ab
5,8b
8,7ab
5,6b
6,0ab
*
25,6
Efluente
88,3a
100,3a
90,0a
90,7a
90,8a
95,1a
93,7a
94,2a
ns
6,24
RMS
87,2a
83,9ab
81,9b
84,7ab
87,2a
85,1ab
83,3ab
85,2ab
**
2,91
1- Silagem de cana-de-açúcar; 2- Silagem de cana-de-açúcar com Lactobacillus buchneri; 3- Silagem de
cana-de-açúcar com Lactobacillus plantarum e Pediococcus pentasaceus; 4- Silagem de cana-de-açúcar
com Propionibacterium acidipropionici e Lactobacillus plantarum; 5- Silagem de cana-de-açúcar com
cal 0,5%; 6- Silagem de cana-de-açúcar com cal 1,0%; 7- Silagem de cana-de-açúcar com ureia 0,5%; 8Silagem de cana-de-açúcar com ureia 1,0%. *significativo a 5%; ** significativo a 10%; ns: não
significativo.
Para a população de bactérias ácido láticas, verificou-se benefício do aditivo
microbiológico com L. buchneri e do aditivo químico com cal a 0,5%, em relação ao
uso de ureia a 1%, porém, não diferiram do tratamento controle. Cavali et al. (2010),
avaliando cana-de-açúcar ensilada com diferentes níveis de óxido de cálcio,
observaram aumento da população de BAL na massa ensilada e diminuição da
quantidade de leveduras, indicando ter ocorrido boa fermentação. Segundo Muck
(1996), o valor mínimo recomendado de bactérias ácido láticas na silagem é de 5 log
ufc/g. Assim, verifica-se que os tratamentos com L. acidipropionici e L. plantarum e
com 1% de ureia proporcionaram populações abaixo da recomendada.
A população de leveduras foi mais baixa com uso de 1% de ureia, em relação à
população obtida no tratamento contendo Lactobacillus plantarum e Pediococcus
pentasaceus, porém, ambas não diferiram do tratamento controle.
341
Verifica-se que não houve efeito de tratamento para perdas por efluente. A
produção de efluente média obtida para todos os tratamentos (92,9 kg/t MN) é
considerada alta e pode ser atribuída ao pequeno tamanho de partícula observado à
picagem do material (não quantificado), associado à elevada densidade da silagem (800
kg/t MN).
Observaram-se menores perdas por gases nos tratamentos contendo 0,5% de cal
e 0,5% de ureia, em relação ao tratamento de cana-de-açúcar com Lactobacillus
plantarum e Pediococcus pentasaceus, entretanto, não diferiram das perdas por gases
na silagem de cana não tratada.
Para recuperação da matéria seca (RMS), apenas o tratamento com 0,5% de cal
diferiu da silagem de cana não tratada, obtendo mais baixa RMS.
Conclusões
Nenhum dos aditivos aumenta a população de bactérias ácido láticas ou diminui
a população de leveduras, assim como, não reduz as perdas por gases e efluente ou
melhora a recuperação de matéria seca em relação à silagem de cana não tratada.
Literatura citada
CAVALI, J. ; VALADARES FILHO, S. C. ; PEREIRA, O. G. et al. Mixed sugarcane
and elephant grass silages with or without bacterial inoculant. Revista Brasileira de
Zootecnia, v. 39, p. 462-470, 2010.
JOBIM, C.C.; NUSSIO, L.G.; REIS, R.A. et al. Avanços metodológicos na avaliação
da qualidade da forragem conservada. Revista Brasileira de Zootecnia, v.36,
suplemento especial, p.101-119, 2007.
KUNG JR., L. Effects of microbial additives in silages: facts and perspectives. In:
INTERNATIONAL
SYMPOSIUM
ON
FORAGE
QUALITY
AND
CONSERVATION. Proceedings… p. 7-21, 2009.
MUCK, R.E. Inoculant of silage and its effects on silage quality. In:
INFORMATIONAL CONFERENCE WITH DAIRY AND FORAGE INDUSTRIES.
Proceedings… US Dairy forage Research, p. 43-52, 1996.
342
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.10. Padrão Microbiológico e valores de ph de Silagem de Capim Tanzânia
inoculada com aditivo bacteriano-enzimático1
Isabela Eloisa Bianchi2, Wagner Soares da Costa Junior3, Daniel de Paula Sousa4,
Daniela Tiago Silva Campos5, Ana Paula da Silva Carvalho 2, Rayanne Viana Costa2.
1
Parte da dissertação de mestrado do segundo autor.
Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT.
3
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal. – UFMT.
4
Professor do Departamento de Ciências Básicas e Produção Animal – UFMT.
5
Professora do Departamento de Fitotecnia e Fitossanidade – UFMT.
2
Resumo: Objetivo-se avaliar o padrão fermentativo da silagem de capim-tanzânia
inoculada com e sem aditivo microbiológico-enzimático com e sem emurchecimento. O
processo de emurchecimento reduziu o número de lactobacilos e os valores de pH. O
aumento do teor de MS e a inoculação não alteraram a contagem de Leveduras,
entretanto, houve interação dos teores de MS e adição do inoculante durante o tempo de
estocagem sobre a taxa de crescimento de lactobacilos e leveduras. Foi observado
efeito do teor de MS, adição do inoculante e da interação entre estes fatores no tempo
de estocagem sobre os valores de pH. O emurchecimento e o uso de inoculantes
ocasionou menores valores de pH final, podendo reduzir as perdas de MS de silagens
de gramíneas tropicais.
Palavras-chaves: ensilagem, inoculante, lactobacilos, leveduras, microbiologia.
Pattern microbiological and pH values of Tanzania grass silage inoculated with
bacterial-enzymatic additives
Abstract: It was aimed to evaluate the fermentation pattern of Tanzania grass silage
wilted or not and inoculated or not with bacterial enzyme additive. The process of
wilting reduced the number of lactobacilli and pH values. The increase in DM content
and inoculation did not affect the count of yeasts, however, there was an interaction of
DM and addition of the inoculant during the storage time on the rate of growth of
lactobacilli and yeasts. Was no effect of DM content, addition of inoculant and the
interaction between these factors in the storage time on the pH values. Wilting and use
of inoculants caused lower final pH may reduce DM losses of tropical grass silages.
Keywords: silage, inoculant, lactobacilli, yeasts, Microbiology.
343
Introdução
A ensilagem é o processo de conservação de alimentos, em que eliminação do
oxigênio do meio, associado aos processos fermentativos pela ação dos microrganismos
leva a redução do pH do meio e permite conservar parte do valor nutritivo original.
As bactérias lácticas epifíticas desejáveis fermentam o açúcar da forragem e
produzem ácido lático, responsável por reduzir o pH a valores próximos a 4,2 e impedir
o desenvolvimento de bactérias indesejáveis, como os coliformes e clostridios. A
maioria dos inoculantes consiste de culturas viáveis de bactérias láticas
homofermentativas dos gêneros Lactobacillus, Streptococcus e Pediococcus
adicionados as silagens estimulam a fermentação lática, resultando em uma rápida e
intensiva produção de ácido lático com consequente aumento na taxa de declínio do pH
minimizando perdas do material estocado.
Bactérias do gênero Clostridium, ocasionam perdas de energia e proteína e
podem produzir substâncias tóxicas. Degradam duas moléculas de ácido lático em uma
molécula de ácido butírico, principal responsável pela manutenção de fermentações
secundárias, redução nas taxas de queda de pH e responsável por maiores perdas de
MS. Alguns autores tem relatado que clostridium podem ter seu crescimento inibido em
materiais de menor umidade, associados a menores valores de atividade de água.
Com isso o objetivou-se avaliar o padrão fermentativo da silagem de capimtanzânia inoculada ou não com aditivo microbiológico-enzimático com e sem
emurchecimento.
Material e Métodos
O ensaio utilizou o capim Panicum maximum cv. Tanzânia, colhido de acordo
com a recomendação, com 45 dias de crescimento e 70 cm de altura. O delineamento
experimental utilizado foi em esquema fatorial 2x2 (com e sem aditivo x com e sem
emurchecimento), 4 tempos de abertura (10; 20; 40 e 80 dias após o fechamento do
silo) e 9 repetições, totalizando 36 parcelas experimentais e 144 no total. O inoculante
enzimático bacteriano utilizado possui 4 bactérias (Streptococcus faecium, lactobacillus
plantarum, pediococcus acidilactici e lactobacillus salivarius) e 4 enzimas (2
fibrolíticas, 1 pentosanase e 1 amilolítica) (silAll 4x4®, Alltech inc.).
Cada parcela foi constituída de um silo experimental (potes de vidro), com o
volume de 1,3 L. Os silos foram vedados com tampas equipadas com válvula tipo
“sifão”, para permitir somente a saída e evitar a entrada de gases no interior do silo.
A forrageira foi triturada em picador estacionário com tamanho de partícula entre
2 a 3 cm. Foram coletados 100 kg de forragem picada para a confecção das silagens
para enchimento dos silos do experimento. Uma porção de 50 kg de forragem picada
foi separada e exposta ao sol até atingir o teor de matéria seca de 40%. Tanto a
forragem úmida quanto a silagem emurchecida foram divididas em duas parcelas para a
adição ou não do inoculante enzimático bacteriano e confecção das silagens.
Foram utilizadas dose e diluição do produto comercial recomendada pelo
fabricante com contagem final bacteriana de 106 UFC/ g de matéria natural, tomando-se
todos os cuidados para não haver contaminação entre tratamentos
Para a determinação do pH utilizou 50 g de amostra e 200 mL de água destilada,
que foram processadas em liquidificador, durante 1 minuto. Em seguida foi
determinado o pH em potenciômetro digital.
As amostras de forragem e de silagem, foram mantidas sobre refrigeração (5oC),
para as análises microbiológica. Inicialmente foi realizada uma diluição prévia de 10 g
de amostra a 90 mL de solução salina peptona (8,5 g de NaCl e 1 g de peptona/L de
água destilada). A partir dos extratos diluídos (10-1 a 10-5), foram realizados os
344
plaqueamentos nos meios específicos para cada microrganismo estudado. Para
determinação do número de Bacillus foi utilizado o meio Ágar Nutriente e as culturas
foram incubadas em aerobiose a 30oC por três dias (SPECK, 1984). Para contagem
total de leveduras foi utilizado o meio Batata Dextrose Ágar (BDA) e incubadas por 3
dias a 28oC (Kurtman e Fell, 1998).
Os resultados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão
(tempos de abertura dos silos) pelo PROC Mixed do programa SAS (SAS, 1999), ao
nível de 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Os teores de MS influenciaram significativamente (P<0,05) na contagem de
lactobacilos e nos valores pH das silagens (Tabela 1). O processo de emurchecimento
reduziu o número de lactobacilos, bem como os valores de pH, possivelmente pela
redução da atividade de água concomitante com a menor diluição do ácido lático.
Segundo Rammer (1996), bactérias produtoras de ácido lático apresentam maior
tolerância relativa à redução da umidade que bactérias do gênero Clostridium sp., as
quais são responsáveis pelas fermentações indesejáveis. Uma vez que houve redução no
número de Lactobacilos, é de se esperar redução no número de Clostridium nas silagens
emurchecidas.
Tabela 1: Médias de Lactobacilos, Leveduras e pH da silagem de Capim Tanzânia
15% MS
40% MS
Efeito1
Itens
Sem
Com
Sem
Com
MS I
UxIxT
CV
inoculante inoculante inoculante inoculante
Lactobacilos
983,34a
1418,34a
139,80b
358,14b
*
ns
*
11,7
Leveduras
97,90
97,26
78,64
92,72
ns ns
*
16,7
pH
5,34ª
5,31ª
5,36ª
4,68b
*
*
*
4,49
1
Efeitos U = umidade; I = Inoculante; UxT = Interação umidade e tempo; UxIxT = interação umidade
inoculante e tempo, * significativo e ns não significativo.
(Lacto) Y1 = 2670,2T-0,948 R² = 0,8588 (Silagens com 16% MS sem inoculante)
(Lacto) Y2 = 3926,9T-1,009 R² = 0,8464 (Silagens com 16% MS com inoculante)
(Lacto) Y3 = -0,1026T2 + 7,27T + 94,645 R² = 0,5482 (Silagens com 41% MS sem inoculante)
(Lacto) Y4 = 0,3394T2 - 37,802T + 922,8 R² = 0,8477 (Silagens com 41% MS com inoculante)
(Leve) Y1 = 0,2691T1,7108 R² = 0,9371 (Silagens com 16% MS sem inoculante)
(Leve) Y2 = -0,0574T2 + 6,5731T - 3,6191 R² = 0,9489 (Silagens com 16% MS com inoculante)
(Leve) Y3 = -0,0718T2 + 7,7172T - 32,375 R² = 0,8795 (Silagens com 41% MS sem inoculante)
(Leve) Y4 = -0,1088T2 + 10,192T - 30,104 R² = 0,8791 (Silagens com 41% MS com inoculante)
(pH)Y1 = 5,7705T-0,024 R² = 0,4188 (Silagens com 16% MS sem inoculante)
(pH)Y2 = 5,8726T-0,031 R² = 0,5435 (Silagens com 16% MS com inoculante)
(pH)Y3 = 0,0004T2 - 0,046T + 6,3261 R² = 0,9669 (Silagens com 41% MS sem inoculante)
(pH)Y4 = 5,0917T-0,025 R² = 0,7981 (Silagens com 41% MS com inoculante)
O aumento do teor de MS e a inoculação não alteraram a contagem de Levedura,
entretanto, houve interação dos teores de MS e adição do inoculante enzimático
bacteriano durante o tempo de estocagem sobre a taxa de crescimento tanto de
lactobacilos quanto de leveduras. Apesar de não alterar a contagem média e final de
bactérias homofermentativas, o inoculante proporcionou altas contagens no período
inicial de estocagem nas silagens inoculadas (6,0 x 10 6 vs 4,5 x 106 UFC/g com 15% de
MS e 1,0 x 106 vs 2,3 x 104 UFC/g com 40% de MS).
O aumento no número de bactérias foi mais pronunciado nas silagens com
contagens iniciais menores. Vários autores tem demonstrado que silagens melhor
preservadas e que proporcionam maior desempenho animal são obtidas quando o
inoculo adiciona bactérias homoláticas 10 vezes acima do número de bactérias
345
epifíticas. Além disso, adições de inoculantes devem ser da ordem de 10 6 UFC/g de
matéria natural para que possa competir com organismos epifíticos, alterar o padrão de
fermentação e a qualidade final da silagem (Kung Jr et al., 1991).
Foi observado efeito do teor de MS, adição do inoculante enzimático bacteriano e
da interação entre estes fatores no tempo de estocagem sobre os valores de pH (Figura
1). Wyss (1991) da mesma forma, observou menores valores de pH com o uso de
inoculante bacteriano em silagens com 40% de MS. Apesar das maiores contagens de
bactérias homoláticas nas silagens com baixa MS, o emurchecimento proporcionou
maiores teores de carboidratos solúveis e possivelmente melhores condições para que a
adição do inoculante aumentasse o teor de ácido lático, as taxas de queda e o menor
valor final de pH.
Figura 1 – Variação temporal do pH em silagens de baixa matéria seca sem inoculante (
inoculante (
), alta matéria seca sem inoculante (
) e com inoculante (
), com
).
Conclusão
O emurchecimento e o uso de inoculantes pelo aumento na taxa de queda do pH,
com consequente menor valor de pH final pode reduzir as perdas de MS de silagens de
gramíneas tropicais.
Literatura Citada
KUNG JR, L.; TUNG, R.S; MACIOROWSKI, K.G et al. Effects of plant cell-wall degrading
enzymes and lactic acid bacteria on silage fermentation and composition. Journal of Dairy
Science, v.74, p. 4284-4296, 1991.
KURTMAN, C.P.; FELL, J.W. The yeast: a taxonomic study. Amsterdam: Elsevier, 1998.
1055p.
RAMMER, C. Manure in grass silage production. Uppsala, 1996. 1v. Dissertation (Doctoral) Swedish University of Agricultural Sciences
SPECK, M .L. Compendium of methods for the microbiological examination of foods.
Washington, American Public Health Association, 1984. 914p.
STATISTICAL ANALYSIS SYSTEM - SAS. User´s guide: statistic. 6.ed. Cary: 1999. 956p.
WYSS, U. Inflence of inoculation and pre-wilting of extensively used grass on silage quality.
In: INTERNATIONAL SILAGE CONFERENCE, 7., Uppsala, 1999. Proceldings. Uppsala
Swedish University of Agricultural Science, 1999. 125-126p.
346
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.11. Propriedades físicas do solo sob pisoteio por cordeiras em diferentes ofertas
de forragem de azevém
Pedro Arthur de Albuquerque Nunes1, Luciana Pötter2, Aline Tatiane Nunes da Rosa3,
Larissa Arnhold Graminho4, Eduardo Saldanha Vogelmann5, Érica Dambros de Moura6
1
Apresentador, aluno de graduação em Agronomia – UFSM. E-mail: [email protected]
Professora do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM
3
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM
4
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM
5
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo – UFSM
6
Aluna de graduação em Zootecnia – UFSM
2
Resumo: Variações na oferta de forragem estão relacionadas à aplicação diferenciada
de cargas sobre o solo, de modo que o manejo da lotação sobre as pastagens pode
estabelecer diferentes graus de compactação. O objetivo deste trabalho foi avaliar as
alterações nas propriedades físicas das camadas de 0-5 e 5-10cm de um Argissolo
Vermelho, ocasionadas pelo pisoteio de cordeiras sob as ofertas de 6, 9 e 12% de
azevém (Lolium multiflorum Lam.). As variáveis macroporosidade e porosidade total
foram as mais intensamente afetadas pelo aumento da pressão de pastejo, resultando em
aumento na densidade do solo de maneira mais pronunciada na camada mais
superficial. Todos os níveis de oferta apresentaram macroporosidade inferior à
considerada ideal após a saída dos animais da área, sendo o valor mais próximo ao ideal
encontrado na oferta de 12%. A utilização de elevadas pressões de pastejo não é uma
prática sustentável do ponto de vista físico do solo, podendo afetar negativamente o
crescimento das pastagens.
Palavras–chave: compactação, densidade do solo, Lolium multiflorum, lotação,
macroporosidade, porosidade total
Soil physical properties under trampling by lambs at different forage allowances
of Italian ryegrass
Abstract: Variations in forage allowance are related to differential application of loads
on the soil, in a way that the management of stocking on the pasture may establish
different compactation degrees. The aim of this study was to evaluate changes in the
physical properties in the layers 0-5 and 5-10cm of a Paleudalf, caused by trampling of
lambs under offers 6, 9, and 12% of Italian ryegrass (Lolium multiflorum Lam.). The
variables macroporosity and total porosity were more intensely affected by increase of
347
grazing pressure, resulting in an increase in soil density more pronouncedly in the
surface layer. All forage allowance levels presented macroporosity below the level
considered ideal after the animals left the area, being the nearest number to the ideal
found in the offer of 12%. The use of high grazing pressure is not a sustainable practice
from the soil physical viewpoint, which can negatively affect pasture growth.
Keywords: compactation, Lolium multiflorum, macroporosity, soil density, stocking,
total porosity
Introdução
O pastejo indiscriminado, sem adequado manejo das pastagens, pode provocar
um empobrecimento do solo, provavelmente causado pela erosão hídrica, a partir da
diminuição da cobertura vegetal e da compactação das camadas superficiais do solo
pelo pisoteio (BERTOL et al., 2000), dificultando a infiltração água no perfil,
promovendo o escoamento superficial ao mesmo tempo em que potencializa a erosão e
a perda de minerais e nutrientes. Com a variação dos níveis de oferta de forragem, temse diferentes níveis de pressão de pastejo e a aplicação diferenciada de cargas sobre o
solo. O manejo da lotação pode contribuir para o estabelecimento de diferentes graus de
compactação do solo. Nesse sentido, ressalta-se que uma maior intensidade de pastejo
determina menor massa de forragem, redução da cobertura vegetal e aumento do tempo
de pastejo e do deslocamento dos animas na busca pela forragem (CARVALHO et al.,
2005). Por isso, em pastos manejados com altura baixa, o pisoteio animal por unidade
de área aumenta, e, portanto, maior é a probabilidade de compactação do solo
(CARASSAI et al., 2011). Com isso, torna-se evidente que o manejo da oferta de
forragem pode aliar produção animal e conservação das propriedades físicas do solo.
Esse trabalho teve como objetivo avaliar as alterações nas propriedades físicas de um
Argissolo Vermelho, ocasionadas pelo pisoteio de cordeiras sob diferentes ofertas de
azevém (Lolium multiflorum Lam.).
Material e Métodos
O estudo foi realizado entre junho e outubro de 2012, sobre um Argissolo
Vermelho, localizado na área experimental do Departamento de Zootecnia, na
Universidade Federal de Santa Maria, município de Santa Maria (RS). A área está
situada a aproximadamente 95m de altitude, com médias anuais de temperatura de
19,3°C e precipitação anual de 1560mm. A área experimental utilizada possui 0,6
hectares, com seis subdivisões de aproximadamente 0,1 hectares cada, as quais
constituíram as unidades experimentais, mais 0,4 hectares destinados para alojar os
animais reguladores da massa de forragem. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum
Lam.) foi estabelecida no sistema de cultivo mínimo do solo (gradagem), utilizando-se
45kg ha-1 de sementes. Os tratamentos foram constituídos de diferentes ofertas de
forragem (OF): OF 6%: oferta de forragem de 6kg de matéria seca (MS) 100kg -1 de
peso corporal (PC); OF 9%: oferta de forragem de 9kg de MS 100kg-1 de PC e OF 12%:
oferta de forragem de 12kg de MS 100kg -1 de PC. Foram utilizadas cordeiras da raça
Suffolk, com idade de 8 meses e peso inicial de 45kg. O método de pastejo foi o de
lotação intermitente, e a primeira ocupação da pastagem ocorreu quando essa
apresentou massa de forragem de aproximadamente 1200kg ha -1 de MS, com períodos
de ocupação de 12 dias, à exceção do primeiro, que foi de 13 dias. Foram coletadas, nas
camadas de 0 – 5 e 5 – 10cm, amostras deformadas para a determinação da composição
granulométrica (Tabela 1) e densidade de partículas (EMBRAPA, 1997). Nas mesmas
camadas, também foram coletadas amostras com estrutura preservada, com cilindros
348
metálicos, para a determinação da densidade do solo, porosidade total,
macroporosidade e microporosidade (Tabela 2) (EMBRAPA, 1997). Para fins de
comparação, as amostragens foram realizadas em dois momentos distintos, sendo o
primeiro antes da entrada dos animais na pastagem, e o segundo após a saída dos
mesmos da área experimental. O experimento foi conduzido em delineamento
experimental inteiramente casualizado, onde as ofertas e a condição inicial constituíram
os tratamentos. Os dados foram submetidos à análise de variância (P<0,05). Quando o
teste F foi significativo, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey (P<0,05).
Tabela 1 - Caracterização da composição granulométrica da área experimental nas
camadas de 0 – 5 e 5 – 10cm
Composição granulométrica (g kg-1)
Areia grossa
Areia fina
Silte
Argila
0 – 5cm
204
246
392
158
5 – 10cm
190
244
408
158
1
areia grossa = 2 – 0,2mm; areia fina = 0,2 – 0,05mm; silte = 0,05 – 0,002mm; argila = < 0,002mm
Camada
1
Resultados e Discussão
Na camada de 0 – 5cm, a densidade do solo aumentou com a diminuição da
oferta de forragem, com diferenças nas duas maiores pressões de pastejo em relação à
condição inicial do solo, enquanto na camada de 5 – 10cm esta variável somente diferiu
da condição inicial na menor oferta de forragem (Tabela 2). Isso demonstra que os
efeitos do pisoteio animal são mais pronunciados na primeira camada, concordando
com Bertol et al. (1998, 2000), os quais comentam que elevadas pressões de pastejo
podem danificar a estrutura do solo, principalmente na camada mais superficial.
Tabela
2
-
Valores de porosidade total (Pt), macroporosidade (Macro),
microporosidade (Micro), densidade do solo (Ds) e relação entre
macroporosidade e porosidade total (Macro/Pt) dos tratamentos
estudados nas camadas de 0 – 5 e 5 – 10cm
Macro
Micro
Ds
Macro/Pt***
(m3 m-3)
(m3 m-3)
(Mg m-3)
Camada de 0 – 5cm
±0,02
Cond. inicial
0,52 a*
**
0,17 a ±0,03
0,35 a ±0,03
1,37 b ±0,03
0,33
±0,01
±0,02
±0,02
±0,03
OF 12%
0,50 a
0,15 a
0,35 a
1,39 b
0,30
OF 9%
0,47 b ±0,02
0,11 b ±0,02
0,36 a ±0,02
1,45 a ±0,02
0,23
±0,03
±0,03
±0,04
±0,04
OF 6%
0,45 b
0,11 b
0,34 a
1,48 a
0,24
Cv (%)
4,2
19,1
8,3
2,1
Camada de 5 – 10cm
±0,03
Cond. Inicial
0,49 a
0,16 a ±0,03
0,33 a ±0,02
1,43 b ±0,02
0,33
OF 12%
0,48 a ±0,03
0,14 a ±0,01
0,34 a ±0,03
1,42 b ±0,03
0,29
±0,02
±0,02
±0,03
±0,04
OF 9%
0,46 a
0,12 b
0,34 a
1,45 ab
0,26
OF 6%
0,42 b ±0,02
0,10 b ±0,02
0,32 a ±0,02
1,47 a ±0,02
0,24
CV (%)
5,4
12,6
6,5
1,9
*Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey (p<0,05); **Desvio padrão;
***Adimensional (relação entre as porcentagens de macroporos e porosidade total); CV – Coeficiente de
variação; OF 12% – oferta de forragem de 12 kg de MS 100 kg-1 de PC; OF 9% – oferta de forragem de
9 kg de MS 100 kg-1 de PC; OF 6% – oferta de forragem de 6 kg de MS 100 kg-1 de PC
Tratamento
Pt
(m3 m-3)
349
Os valores de macroporosidade e porosidade total na camada de 0 – 5cm
diminuíram com o aumento da intensidade de pastejo, sendo inferiores nas duas
menores ofertas de forragem estudadas. O mesmo foi verificado para macroporosidade
na camada de 5 – 10cm. A porosidade total somente diferiu na menor oferta de
forragem nesta camada. Não houve alterações no volume de microporos em ambas as
camadas, para todas as ofertas estudadas (Tabela 2). Esses resultados corroboram com
Bertol et al. (2000), mostrando que os macroporos são, de fato, os primeiros e mais
intensamente afetados pela pressão mecânica imposta pelo pisoteio animal sobre o solo.
Em um solo bem estruturado, estima-se que a distribuição do tamanho dos poros
deva situar-se em torno de um terço de macroporos em relação à porosidade total
(BERTOL et al., 2000). Contudo, verificou-se também que as ofertas estudadas
apresentaram macroporosidade inferior à considerada ideal após a saída dos animais
das áreas de pastejo (Tabela 2). Essa relação diminuiu com o aumento da pressão de
pastejo, de modo que a distribuição ideal foi encontrada somente antes da entrada dos
animais. O valor mais próximo ao ideal após o pisoteio foi encontrado no tratamento
OF 12%, reforçando os dados daqueles autores, os quais definiram este valor como
limite inferior de oferta de forragem, e, consequentemente, limite superior de pressão
de pastejo.
Conclusões
A utilização das ofertas de 6 e 9% de azevém pastejado por cordeiras altera a
qualidade física do solo, refletindo-se principalmente na redução da macroporosidade e
porosidade total ao mesmo tempo em que há o aumento da densidade do solo. Isso
indica que o uso de elevadas pressões de pastejo não é uma prática sustentável do ponto
de vista físico, podendo futuramente incitar a redução da aeração, infiltração e
armazenamento de água no solo, afetando negativamente o crescimento das pastagens.
Literatura citada
BERTOL, I.; GOMES, K. E.; DENARDIN, R. B. N. et al. Propriedades físicas do solo
relacionadas a diferentes níveis de oferta de forragem numa pastagem natural. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 33, n.5, p. 779-786, 1998.
BERTOL, I.; ALMEIDA, J. A. de; ALMEIDA, E. X. de et al. Propriedades físicas do
solo relacionadas a diferentes níveis de oferta de forragem de capim-elefante-anão cv.
Mott. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 35, n. 5, p. 1047-1054, 2000.
CARASSAI, I. J.; CARVALHO, P. C. de F.; CARDOSO, R. R. et al. Atributos físicos
do solo sob intensidades de pastejo e métodos de pastoreio com cordeiros em
integração lavoura-pecuária. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 46, n. 10,
p. 1284-1290, 2011.
CARVALHO, P. C. de F.; ANGHINONI, I.; MORAES, A. de et al. O estado da arte
em integração lavoura e pecuária. In: GOTTSCHALL, C.S.; SILVA, J.L.S.;
RODRIGUES, N.C. Produção animal: mitos, pesquisa e adoção de tecnologia.
Canoas: ULBRA, 2005. p.7‑44.
EMBRAPA. Manual de Métodos de Análise de Solo. 2. ed. Rio de Janeiro:
EMBRAPA Solos, 1997. 212 p.
350
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.12. Associações entre caracteres forrageiros de híbridos interespecíficos do
gênero Paspalum
Eder Alexandre Minski da Motta1, Marlon Risso Barbosa1, Emerson André Pareira3,
Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4, Marcos Zuñeda4
1
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS.
Doutor em Zootecnia/UFRGS.
3
Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS.
4
Estudante de graduação em Agronomia.
2
Resumo: O objetivo deste estudo foi estimar a associação entre caracteres de interesse
forrageiro em híbridos apomíticos do gênero Paspalum testados em diferentes locais. O
delineamento experimental foi o de blocos casualizados com três repetições nos dois
ambientes, com unidades experimentais constituídas por parcelas de 1,2m x 2m
compostas por 50 plantas. Foram avaliados por meio de cortes, quatro híbridos
apomíticos (H12, H13, H20 e H22), dois acessos de P. guenoarum, e um de Panicum
maximum. As variáveis avaliadas foram a produção de massa seca total, massa seca de
lâminas foliares, massa seca de colmo, relação folha:colmo, número de afilhos e
capacidade de rebrote em cada ambiente. A análise de correlação revelou que a massa
seca de folhas e massa seca de colmo apresentaram alta correlação positiva para o
incremento da massa seca total. A produção de folhas, o número de afilhos e a altura se
mostram caracteres eficientes via seleção indireta pela matéria seca total para o gênero
Paspalum.
Palavras–chave: ambientes, correlação, genótipos, hibridização
Associations between forage characters in interspecific hybrids of the genus
Paspalum
Abstract: The objective of this study was to estimate the association between traits of
forage interest in apomictic hybrids of the genus Paspalum tested in different locations.
The experimental design was a randomized block with three replications in two
environments, with units consisting of plots of 1,2 m x 2m composed of 50 plants. The
trial was evaluated by cutting four apomictic hybrids (H12, H13, H20 and H22), two
accessions of P. guenoarum, and one of Panicum maximum.The variables evaluated
were the production of total dry mass, dry mass of leaf blades, stem dry mass, leaf:
stem ratio, number of tillers and regrowth capacity in each environment. Correlation
analysis revealed that the dry mass of leaves and dry mass of stem showed a high
351
positive correlation with the increase in total dry mass. The production of leaves, the
number of tillers and height were efficient characters through indirect selection for total
dry matter for the genus Paspalum.
Keywords: correlations, environments, genotypes, hybridization
Introdução
O gênero Paspalum compreende mais de 400 espécies tropicais e subtropicais,
cuja importância é evidenciada por sua adaptabilidade a diferentes ecossistemas, o que
representa menor risco de causar desequilíbrio biológico devido à grande diversidade
genética existente (Strapasson et al., 2000). Devido a sua grande variabilidade intra e
interespecífica existente, apresenta grande potencial para exploração em programas de
melhoramento genético, visando disponibilizar cultivares obtidas a partir de espécies
nativas, contrapondo as variedades forrageiras exóticas, grãos e o florestamento em
ambientes propícios ao sistema pastoril (Nabinger et al., 2009). Verificar as estimativas
das correlações entre as características produtivas de forrageiras pode servir de base
para a implantação de programas de melhoramento genético e viabilizar a seleção de
genótipos que apresentam alta qualidade forrageira. A seleção de caracteres de alta
herdabilidade, fácil identificação e que evidencie alta correlação com o caráter desejado
possibilita aos grupos de melhoramento obter maior evolução em um menor espaço de
tempo (Carvalho et al., 2001). O objetivo deste estudo foi estimar a associação entre
caracteres de interesse forrageiro em híbridos apomíticos do gênero Paspalum testados
em diferentes locais.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido nos anos de 2012 e 2013 na Estação Experimental
Agronômica (EEA) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), no
município de Eldorado do Sul, Região da Depressão Central e também na Área
experimental da Associação Sulbrasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras
(SULPASTO), localizada no município de Coronel Barros, Região do Planalto Médio
do Estado do Rio Grande do Sul. O delineamento experimental foi o de blocos
casualizados com três repetições nos dois ambientes, com unidades experimentais
constituídas por parcelas de 1,2m x 2m compostas por 50 plantas. Foram avaliados por
meio de cortes, quatro híbridos apomíticos (H12, H13, H20 e H22), obtidos por
cruzamentos realizados no Instituto de Botânica del Nordeste (IBONE), da Universidad
del Nordeste Argentino, cidade de Corrientes, Argentina no ano de 2006, e que
passaram por uma etapa de avaliações no programa de melhoramento genético do
Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS. Foram ainda
implantados a cultivar (cv) Rojas (Paspalum guenoarum, genitor masculino dos
cruzamentos realizados), o genótipo nativo Azulão de P. guenoarum, pertencente ao
Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia da UFRGS e mais a cv.
Aruana (Panicum maximum) como testemunhas.
Os genótipos foram cortados quando as folhas atingiam em média 35 cm de
altura, permanecendo um resíduo de 10 cm do solo para as espécies do gênero
Paspalum e de 15 cm para a cv. Aruana. Foi realizado o somatório dos cortes dos
seguintes caracteres: produção de massa seca total (MST), massa seca de lâminas
foliares (MSF), massa seca de colmo (MSC). Para obter-se a relação folha:colmo
(RFC) foi realizada a divisão do acúmulo da MSF pela MSC em cada local. A
contagem do número de afilhos (NAF) por m2 foi feita através do cálculo das médias de
todos os cortes dentro de cada ambiente. Também foi realizada uma avaliação do
352
rebrote das plantas, por meio de notas visuais de 1-5, em que um foi considerado baixa
capacidade de rebrote e cinco, excelente capacidade de rebrote. Foi calculada a média
dos valores obtidos nos dois ambientes e foi realizada a análise geral de correlação,
pelo modelo de correlação de Pearson para obtenção da magnitude e sentido de
associações entre os caracteres estudados, com significância de 5% de probabilidade
pelo teste t (Steel &Torrie, 1980).
Resultados e Discussão
As variáveis estudadas MSF e MSC apresentaram alta correlação positiva com a
variável MST (Tabela 1). Quando identificada a associação da produção de folhas,
principalmente com a produção de massa seca total, é possível realizar a seleção via
indireta a este caráter nos genótipos do gênero Paspalum. A produção de MSF
apresentou correlação positiva mediana com as variáveis NAF, Pr e MSC, com
destaque para a baixa correlação com a variável Altura. O mesmo não ocorreu para as
variáveis RFC e MSI que apresentaram correlação negativa.
A RFC apresentou uma alta correlação negativa com a variável MSC, e mediana
e positiva com a capacidade de rebrote. Correlações entre características desejáveis são
fundamentais para determinar se a seleção de uma característica terá um efeito sobre a
outra. Além disso, a seleção pode ser exercida numa característica hereditária que é
altamente correlacionada a um caráter mais complexo (Araújo & Coulman, 2004).
O NAF apresentou correlação positiva mediana com a MSC, e com a MST. Essa
característica é muito importante, pois ela reflete a capacidade que o genótipo tem em
perfilhar e cobrir áreas de solo descoberto. De acordo com Assis et al. (2008), uma
rápida e eficiente cobertura do solo pelas plantas forrageiras é essencial para garantir a
conservação dos nutrientes e, conseqüentemente, a longevidade da pastagem. Portanto,
a capacidade de cobertura do solo parece ser uma variável interessante para seleção de
genótipos que possuam boa velocidade no estabelecimento da pastagem, o que pode
proporcionar um pastoreio mais precoce. Para a variável MSC a análise revelou alta
correlação positiva com a MST e Altura das plantas, porém a MSC apesar de
intensificar o acúmulo de forragem, a mesma compromete a estrutura do dossel,
diminuindo a RFC e conseqüentemente a qualidade da forragem produzida.
Tabela 1 - Coeficientes médios de correlação fenotípica de caracteres ligados a produção de
forragem em híbridos do gênero Paspalum avaliados em dois ambientes
Caráter
MSF
RFC
NAF
Pr
MSC
MSI
Altura
MST
0,72*
-0,56*
0,53*
-0,18
0,92*
-0,22
0,57*
-0,32*
0,35*
0,40*
0,43*
-0,54*
0,08
RFC
0,35*
-1,07*
-
-
NAF
-0,07
0,54*
-0,21
0,05
-1,58*
-
-
-0,12
0,72*
MSF
Pr
MSC
MSI
0,01
-1
*Significativo pelo teste t, a 5% de probabilidade; MST, Massa Seca Total (Kg ha ); MSF, Massa Seca
de Folha (Kg ha-1); Relação Folha:Colmo (MSF/MSC); NAF, Número de Afilhos (m2); Capacidade de
Rebrote (1-5); MSC, Massa Seca de Colmo (Kg ha-1); MSI, Massa Seca Inflorescência (Kg ha-1); Altura
(cm).
353
Conclusões
A produção de folhas, o número de afilhos e a altura se mostram caracteres
eficientes via seleção indireta pela matéria seca total para o gênero Paspalum.
Agradecimentos
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,
Associação Sulbrasileira para o Fomento de Pesquisa em Forrageiras – SULPASTO e
ao Professor Camilo Quarín, IBONE, Corrientes.
Literatura citada
ARAÚJO, M.R.A. & COULMAN, B. Genetic variation and correlation of agronomic
traits in meadow bromegrass (Bromus riparius Rehm) clones. Ciência Rural, v.34, p.
505-510, 2004.
ASSIS, G.M.L.; VALENTIM, J.F.; CARNEIRO Jr, J.M. et al. Seleção de genótipos de
amendoim forrageiro para cobertura do solo e produção de biomassa aérea no período
de estabelecimento utilizando-se metodologia de modelos mistos. Revista Brasileira
de Zootecnia, v.37, p.1905-1911, 2008.
CARVALHO F.I.F., SILVA, S.A.; KUREK, A.J.; MARCHIORI, V.S. Estimativas e
implicações da herdabilidade como estratégia de seleção. Pelotas, RS: UFPel. Ed.
Universitária, 2001. 99p.
NABINGER, C.; FERREIRA, E.T.; FREITAS, A.K. et al. Produção animal com base
no campo nativo: aplicações de resultados de pesquisa. In: PILLAR, V.D. et al (Ed)
Campos Sulinos: Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade. Brasília,
Ministério do Meio Ambiente. 2009, p. 175-198.
STEEL, R.G.D. & TORRIE, J.L. Principles and procedures of statistics. McGrawHill, New York, 1980. 418p.
STRAPASSON, E.; VENCOVSKY, R.; BATISTA, L.A.R. Seleção de Descritores na
caracterização de Germoplasma de Paspalum sp. por meio de componentes principais.
RevistaBrasileira de Zootecnia, v. 29, p. 373-381, 2000.
354
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.13. Composição química de híbridos interespecíficos do gênero Paspalum1
Eder Alexandre Minski da Motta2, Emerson André Pareira3, Marlon Risso Barbosa2,
Carine Simioni4, Miguel Dall’Agnol4, Felipe Nunes Carneiro 5
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo Cnpq.
Mestrando do Programa de Pós-graduação em Zootecnia/UFRGS.
3
Doutor em Zootecnia/UFRGS.
4
Professor do Departamento de Plantas Forrageiras e Agrometeorologia/UFRGS.
5
Estudante de graduação em Agronomia/UFRGS.
2
Resumo: O objetivo deste estudo foi conhecer a variabilidade genética e a composição
química de híbridos superiores na produção de forragem, obtidos por cruzamentos
interespecíficos entre genótipos do gênero Paspalum. Foram realizadas hibridizações
artificiais, utilizando pólen de cinco genótipos apomíticos e um genótipo sexual, todos
nativos do Cone Sul. O delineamento foi o de blocos ao acaso, com três repetições.
Foram selecionados 21 híbridos que se destacaram no campo para serem analisados
quanto à qualidade nutricional pelo método de NIRs. Houve pouca variabilidade na
composição química entre os genótipos. Os melhores híbridos em relação às análises de
qualidade deverão ser levados às etapas finais para o lançamento como cultivares, bem
como poderão ser utilizados em novos cruzamentos para obtenção de recombinantes
elites para a maior expressão da qualidade nutricional. A composição química dos
genótipos apresentou variação em relação aos cortes analisados.
Palavras–chave: apomixia, melhoramento genético, nativo, variabilidade
Chemical composition of interspecific hybrids of the genus Paspalum
Abstract: The objective this study was understand the genetic variability and chemical
composition of superior hybrids in forage production, obtained by interspecific crosses
between genotypes of the genus Paspalum. Artificial hybridizations were performed
using pollen from five native and apomictic genotypes and a sexual, all native Cone
Sul. The randomized block design with three replications. Twenty-one hybrids were
selected with the highest yields of forage, thus, these were analyzed for nutritional
quality by NIRs method. There was a little variability in chemical composition between
genotypes. Hybrids with better quality should be release as cultivar and they could be
used in new crosses to get recombinant elites for greater expression of nutritional
quality. The chemical composition of genotypes ranged in relation to different cuts.
355
Keywords: apomixes, native, plant breeding, variability
Introdução
As pastagens são á base alimentícia da pecuária brasileira e a qualidade e
quantidade de forragens são fatores fundamentais para o sucesso dessa atividade.
Porém, há um predomínio de poucos gêneros forrageiros que, além de serem exóticos,
são pouco adaptados as diversas condições locais e algumas apresentam baixos teores
nutricionais aos animais. Portanto, é necessário criar novas cultivares com maior valor
forrageiro e com qualidade nutricional, para melhorar a eficiência da área e elevar a
renda dos produtores (Valle et al., 2008; Pereira et al., 2011). Recentemente foram
selecionados híbridos interespecíficos de primeira geração, obtidos pelo cruzamento
entre plantas sexuais e apomíticas pela maior produção de forragem e com isso, é
importante conhecer a composição química das plantas selecionadas para fornecer
subsídios à seleção de plantas para o lançamento e no direcionamento de novas
hibridizações na busca de acessos elites que contemplem potencial de produção de
forragem e alta qualidade nutricional. O objetivo deste estudo foi determinar a
variabilidade genética e a composição química de híbridos superiores na produção de
forragem, obtidos por cruzamentos interespecíficos entre genótipos do gênero
Paspalum.
Material e Métodos
O experimento foi realizado nos anos de 2010/11 e 2011/12, na Estação
Experimental Agronômica da UFRGS, em Eldorado do Sul. As mudas foram
transplantadas na primavera de 2010 e foram avaliados 257 híbridos e seus genitores.
Foram utilizados cinco genótipos nativos apomíticos (genitores masculinos) conhecidos
como Azulão e Baio de P. guenoarum e 28B, 26A e 28E de P. lepton. O genótipo
feminino foi um genótipo denominado “4c4x”. Foi incluída como testemunha a cultivar
Pensacola (P. notatum), também proveniente das condições naturais do Cone Sul. O
delineamento utilizado foi o de blocos casualizados com três repetições e a unidade
experimental foi constituída por uma planta, espaçada por um metro entre cada uma. Os
genótipos foram cortados, quando as folhas atingiam 35 cm de altura, mantendo-se um
resíduo de 10 cm do solo, exceto para a cv. Pensacola, que foi avaliada quando atingia
25 cm de altura e com resíduo de 5 cm do solo. As amostras foram levadas a estufa de
ar e secas a 65º C até peso constante. Para a análise bromatológica, foram selecionados
os 21 híbridos que se destacaram nos caracteres ligados à produção de forragem em
relação ao melhor genitor masculino. Além destes, foram incluídos os genitores e a
cultivar Pensacola. Foram utilizadas as amostras de planta inteira das quatro avaliações
realizadas no segundo ano para a obtenção dos caracteres relacionados à qualidade das
forrageiras, sendo elas: porcentagens de proteína bruta (PB), fibra bruta (FB), fibra em
detergente neutro (FDN), extrato etéreo (EE) e matéria mineral (MM). As análises
foram obtidas por meio do equipamento de espectrofotômetro próximo do
infravermelho (NIR’s). Com os dados de qualidade, foi procedida à análise de variância
para os efeitos principais (genótipo e corte) e a interação entre estes fatores. As médias
foram comparadas pelo teste Sckott Knott a 5% de probabilidade de erro. Foi realizada
a análise de agrupamento pelo método de Tocher.
Resultados e Discussão
No teor de proteína bruta (PB), pode ser observada a variabilidade entre os
genótipos em todos os cortes (Tabela 1). Na primeira avaliação, houve a formação de
três classes distintas. Os híbridos 4099 e 4076 juntamente com os genitores masculinos
356
Azulão, 26A e 28B formaram a classe superior com valores a cima de 19% de PB. No
segundo corte, a variabilidade foi menor observada pela formação de apenas duas
classes. Mesmo assim, apenas seis híbridos formaram a classe inferior no teor de PB,
composta também pelos genitores masculinos 26A, 28B e Baio, bem como com o
genitor feminino. No terceiro corte, houve a maior expressão da variabilidade pela
formação de quatro classes distintas. Os híbridos 4099, 5017, 4076, 4077, 5023, 6069,
6084, 6022, 6036, 4026, 4071, 507, 5052, 4025, 4041, 40177, 6088, 40104, juntamente
com os genótipos masculinos Azulão e Baio, constituíram a classe superior na
porcentagem de PB. O genitor feminino 4c4x e a cv. Pensacola apresentaram os
menores valores, formando a classe inferior ao demais. Na última avaliação, 13
híbridos apresentaram altos teores para a formação da classe superior, junto com o
genitor Azulão. Segundo Van Soest (1994), quando a dieta não fornece o nível mínimo
de 7% de PB na matéria seca, a reciclagem da uréia não será suficiente para atender a
demanda de nitrogênio pelos microorganismos do rúmen e o resultado final será a
queda no consumo e digestibilidade da forragem. Valores semelhantes foram obtidos
por Pereira et al. (2011) nos teores médios de PB de lâminas foliares nos primeiros
quatro cortes realizados no verão de 2007 e outono de 2008 em experimento conduzido
em Eldorado do Sul, que variaram de 13,4 a 18,9%. A cv. Pensacola apresentou
percentual médio de 16,6% e os genótipos Azulão e Baio apresentaram valores de 14,1
e 14,4%, respectivamente. A escolha de uma variedade para implantação de uma
pastagem devem ser criteriosa tendo como alguns pontos principais a produtividade de
matéria seca associada com um bom conteúdo de PB (Maranhão et al., 2009).
Tabela 1 – Resumo da porcentagem da Proteína Bruta em diferentes cortes de híbridos interespecíficos
superiores do gênero Paspalum em Eldorado do Sul, RS
Datas dos cortes
Genótipos
Média
14/10/2011
16/11/2011
14/12/2011
01/02/2012
4099
21,0 Aa
Proteína bruta (%)
18,3 Ba
17,9 Ba
13,0 Cb
17,6
5017
4076
4077
Azulão
6084
4026
18,4
19,6
18,5
19,2
18,4
17,6
Ab
Aa
Ab
Aa
Ab
Ac
17,7
17,7
18,2
17,7
17,4
17,6
Aa
Ba
Aa
Ba
Aa
Aa
18,3
17,6
18,0
17,3
18,2
17,4
Aa
Ba
Aa
Ba
Aa
Aa
15,2
13,8
14,0
13,7
13,8
14,3
Ba
Ca
Ba
Ca
Ba
Ba
17,4
17,2
17,1
17,0
16,9
16,7
26A
28B
6024
Baio
28E
4041
4c4x
Pensacola
19,7
20,3
18,3
17,4
18,3
16,2
17,0
-
Aa
Aa
Ab
Ac
Ab
Bc
Ac
*
16,6
16,6
16,2
17,0
17,6
18,5
15,8
17,7
Bb
Bb
Bb
Ab
Aa
Aa
Ab
Aa
16,3
15,2
16,4
17,2
16,0
17,1
13,8
13,6
Bb
Cc
Bb
Aa
Bb
Ba
Bd
Bd
13,2
13,4
14,0
13,0
12,5
12,3
13,4
12,7
Cb
Db
Ca
Bb
Cb
Cb
Bb
Bb
16,5
16,3
16,2
16,1
16,1
16,0
15,0
14,7
Média
17,3
17,4
17,0
13,5
Médias seguidas de letras iguais, maiúscula na mesma linha e minúscula na coluna, não diferem entre si,
pelo teste de Scott Knott a 5% de probabilidade. * Não houve produção de forragem neste período.
357
A estimação da variabilidade genética pela análise de agrupamento de Tocher
revelou a formação de seis grupos distintos (Tabela 2). O grupo I foi composto pela
maior parte dos híbridos, fazendo parte três híbridos sexuais e também os genitores. O
grupo II foi formado pelo híbrido sexual 4041 e mais a cv. Pensacola, enquanto que os
grupos III IV e V foram formados por apenas um híbrido, sendo eles: 40177, 6024 e
4026, respectivamente. A divergência é uma condição necessária para o aumento de
heterose e as análises de agrupamento permitem a identificação dos cruzamentos mais
promissores, assim como aqueles que poderão resultar em pequena variabilidade (Cruz
et al., 2004).
Tabela 2 – Agrupamento pela análise de Tocher, com base na composição química de híbridos
interespecíficos superiores do gênero Paspalum
Grupos
Agrupamento de Tocher
28E, 4c4x, 6086, 28B, 5052, 6084*, 26A, 4071,
I
507, Azulão, 6036*, 4077, 6088, 4025*, 4087, 5023,
6022*, 40104, 6069, 5017, 4099, 4076
II
4041*, Pensacola
III
40177
IV
6024
V
4026
VI
Baio
S.j., contribuição relativa; Sj(%), percentual da contribuição relativa, PB, proteína bruta, FB, fibra bruta,
FDN, fibra em detergente neutro, EE, extrato etéreo, MM, matéria mineral, * Híbridos sexuais.
Conclusões
Houve pouca variabilidade na composição de PB entre os genótipos e a maior
variação ocorreu entre cortes.
Literatura citada
CRUZ C.D; REGAZZI A. J. CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao
melhoramento genético. Viçosa: UFV, 2004. 480p.
MARANHÃO, C. M. A.; SILVA, C. C. F.; BONOMO, P. et al. Produção e
composição químico-bromatológica de duas cultivares de braquiária adubadas com
nitrogênio e sua relação com o índice SPAD. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v.
31, p. 117-122, 2009.
PEREIRA, E.A.; DALL'AGNOL, M.; NABINGER, C.et al. Produção agronômica de
uma coleção de acessos de PaspalumleptonParodi. Revista Brasileira de Zootecnia. v.
40, p. 498-508, 2011.
VALLE C.B.; SIMIONI C.; RESENDE R.M.S.; JANK L. Melhoramento genético de
Brachiaria. In RESENDE R. S, VALLE C.B. do, JANK L. (Org.) Melhoramento de
Forrageiras Tropicais. EditoraEmbrapa, Campo Grande, 2008, p. 13-53.
VAN SOEST, P.F. Nutritional Ecology of the Ruminants. Íthaca, New York :
Cornell University Press, 1994. p. 476.
358
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.14. Características morfogênicas e filocrono do azevém manejado com
diferentes ofertas de forragem
Marcela Machado1, Marta Gomes da Rocha2, Larissa Arnhold Graminho 3, Aline
Tatiane Nunes da Rosa4, Renata Aqel de Oliveira1, Paulo Henrique Moterle1
1
Estudante de graduação em Zootecnia- UFSM Email: [email protected]
Professor do Departamento de Zootecnia-UFSM
3
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM
4
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM
2
Resumo: O experimento foi realizado no período de junho a outubro de 2012 na
Universidade Federal de Santa Maria. Foram avaliadas as características morfogênicas
do azevém (Lolium multiflorum Lam) utilizado por cordeiras submetidas a diferentes
ofertas de forragem 6; 8 e 12 kg de MS/100kg de peso corporal O método de pastejo foi
intermitente. O período de ocupação da pastagem foi de 12 dias e o critério para
determinar o intervalo entre pastejos foi a soma térmica acumulada de 250 graus-dia. O
delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no
tempo, três tratamentos e duas repetições de área. Utilizaram-se 35 perfilhos marcados
por parcela. O filocrono do azevém foi semelhante nas ofertas de forragem e ciclos de
pastejo. Houve interação ofertas de forragem e ciclos de pastejo para as variáveis taxa
de aparecimento de lâminas foliares, duração de vida das folhas, e taxa de expansão de
lâminas foliares intactas e desfolhadas. As características morfogênicas do azevém são
modificadas diferentemente nas ofertas de forragem com a proximidade do período
reprodutivo de diferentes formas.
Palavras–chave: cordeiras, duração de vida da folha, taxa de aparecimento de lâminas
foliares, taxa de expansão de lâminas foliares, Lolium multiflorum, pastejo intermitente
Morphogenetic characteristics and phyllochron of Italian ryegrass pasture with
different herbage allowance
Abstract: The experiment was conducted from June to October 2012 at Universidade
Federal de Santa Maria. The morphogenesis of Italian ryegrass (Lolium multiflorum
Lam) utilized by lambs under different herbage allowances : 6, 8 and 12 kg of DM/ 100
kg body weight was evaluated.. The grazing method was intermittent. Pasture was
utilized during12 days and an accumulated thermal sum of 250 degree-days was the
criterion to determine the grazing interval. The experimental design was completely
randomized with repeated measures on time, three treatments and two area replication.
359
It was used 35 marked tillers per paddock. The Italian ryegrass phyllochron was similar
for the herbage allowances and grazing cycles. There was interaction herbage
allowances and grazing cycles for leaf blade rate of appearance , leaf life span, and rate
of expansion of intact and defoliated leaf blades. The proximity of the reproductive
period modifies in different ways the morphogenetic characteristics of ryegrass at
different herbage allowances.
Keywords: expansion rate of leaf blades, intermittent grazing, lambs, leaf life span,
Lolium multiflorum Lam, rate of appearance of leaf blades.
Introdução
No manejo de uma pastagem é necessário manter um equilíbrio da combinação
de fatores ambientais com aqueles controlados pelo homem: oferta de forragem,
métodos de pastejo e tipo de animais utilizados (Simão Neto, 1994). A oferta de
forragem possui um papel fundamental no desempenho animal e na resposta produtiva
da pastagem. A análise das características morfogênicas (taxa de expansão, taxa de
aparecimento e duração de vida das folhas) do pasto permite conhecer as mudanças que
ocorrem na planta em decorrência do manejo e durante seu ciclo e também a influência
que essas variáveis exercem sobre as características estruturais da pastagem. Desta
forma, este trabalho tem como objetivo avaliar a resposta morfogênica do azevém
pastejado por cordeiras em diferentes ofertas de forragem, sob pastejo intermitente.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Santa Maria, no período de junho a novembro de 2012. A área
experimental foi de 0,6 hectares, divida em seis parcelas, as quais constituíram as
unidades experimentais. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam) foi
estabelecida em 01/05/2012, após o preparo mínimo do solo. Foram aplicados 200
kg/ha de adubo da fórmula 05-20-20 e foram aplicados 100 kg de nitrogênio por
hectare, na forma de uréia, em quatro datas (07/07, 18/08, 15/09 e 16/10/2012).
O método de pastejo foi intermitente e foram avaliadas três ofertas de forragem:
6, 9 e 12 kg de matéria seca (MS) por 100 kg de peso corporal (PC). O critério para
determinar o intervalo entre pastejos foi a soma térmica acumulada (ST) de 250 grausdia, equivalente a ST necessária para o aparecimento de duas folhas de azevém
(Confortin et al., 2010). O período de ocupação da pastagem foi de 12 dias, sendo o
período de ocupação mais o intervalo até o inicio da próxima ocupação considerado um
ciclo de pastejo. Foram avaliados três ciclos de pastejo: 26/06- 06/08; 07/08-03/09 e
04/09-04/10. A ST do intervalo foi calculada pela equação: ST = Σ (Tmd - 5°C) onde
Tmd = temperaturas médias diárias do período (°C); e 5°C = valor considerado como
temperatura base de crescimento do azevém. Os animais experimentais foram
cordeiras da raça Sufolk, com idade e peso médio de oito meses e 43 ± 4,56 kg,
respectivamente.
A massa de forragem foi determinada por meio da técnica de estimativa visual
com dupla amostragem no inicio e no final de cada período de pastejo. Após, a
forragem proveniente dos cortes foi homogeneizada para separação manual dos
componentes botânicos e estruturais e a partir da proporção de folhas e colmos foi
determinada a relação folha:colmo. A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi
calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de
lotação.
360
Para a avaliação das variáveis morfogênicas utilizou-se a técnica de “perfilhos
marcados” sendo marcados 35 perfilhos de azevém por parcela. As avaliações foram
feitas diariamente no período de pastejo e durante os intervalos essas medidas foram
realizadas a cada três ou quatro dias. Observou-se o comprimento de lâminas foliares
maduras (com lígula visível) e em crescimento, em cm, e a condição das folhas: em
senescência ou não, intactas ou desfolhadas. As folhas expandidas foram medidas a
partir de sua lígula, enquanto que as em expansão a partir da lígula da última folha
expandida. Nas folhas em senescência foi medida apenas a porção verde da lâmina
foliar. As taxas de senescência, elongação de lâminas foliares intactas e desfolhadas
em cm/ graus-dia foram calculadas por meio da razão entre a elongação ou senescência
média do perfilho entre duas avaliações consecutivas e a soma térmica acumulada no
mesmo período. A taxa de aparecimento foliar foi calculada pelo valor do coeficiente
angular da regressão entre o número de folhas produzidas por um perfilho e a soma
térmica acumulada no período correspondente. O filocrono foi considerado como o
valor inverso da taxa de aparecimento foliar. Por meio do produto do filocrono com o
número de folhas verdes por perfilho, obteve-se a duração de vida das folhas .
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas
repetidas no tempo, três tratamentos e duas repetições de área. Após teste de
normalidade, as variáveis foram submetidas à análise de variância pelo procedimento
Mixed. A interação entre tratamentos e períodos de avaliação foi desdobrada quando
significativa a 10% de probabilidade. Também foram realizadas análises de correlação
de Pearson. As médias foram comparadas pelo procedimento lsmeans. As análises
foram realizadas utilizando-se o programa estatístico SAS 8.2.
Resultados e Discussão
As massas de forragem inicial e final foram similares entre as diferentes ofertas
de forragem (OF) avaliadas, apresentando valores médios de 1881 ±190 e 1186 ±258
kg/ha de MS, respectivamente. O filocrono foi semelhante (P>0,1) nas diferentes OF,
com valor médio de 141,96 ±7,80 graus-dia. Mesmo que o filocrono possa ser
relativamente constante em um dado genótipo, as variações dentro de uma mesma
espécie e cultivar são possíveis e necessitam ser conhecidas para que esse indicador
possa ser usado em decisões de manejo ou para comparar materiais (Nabinger, 1997).
Houve interação ofertas de forragem x ciclos de pastejo para taxa de alongamento foliar
(TAF; P= 0,071) e duração de vida das folhas (DVF; P= 0,044). No primeiro e segundo
ciclos de pastejo as TAF e a DVF foram semelhantes entre as ofertas de forragem com
valores médios de 0,0082 folhas/graus-dia e 595,68 graus-dia, respectivamente. No
terceiro ciclo de pastejo a taxa de aparecimento foliar e a duração de vida das folhas
diferiram entre as ofertas de foragem. A TAF foi de 0,0117 folhas/grau-dia na OF 6%
sendo maior que a TAF na OF 12% que foi de 0,0070 folhas/grau-dia, esses valores
foram semelhantes a TAF na OF 9% que foi de 0,0083 folha/grau-dia. Ainda no
terceiro ciclo de pastejo a DVF foi semelhante nas OF 12 e 9%, com média de 719
graus-dia sendo superior a DVF na OF 6% que foi de 477,5 graus-dia. A TAF no
terceiro ciclo de pastejo correlacionou-se negativamente com a altura do pseudocolmo
(r= -0,62; P=0,0982), o que pode indicar que nas OFS 9 e 12% o azevém iniciou o seu
período reprodutivo mais cedo em relação a OF6%. Com a aproximação dos estádios
de florescimento, é esperado o alongamento do pseudocolmo, aumentando desta forma
o tamanho da bainha foliar e consequentemente reduzindo a taxa de aparecimento de
folhas, pois a lâmina foliar precisa percorrer um caminho mais longo até ser emitida. A
DVF das folhas do azevém é um parâmetro morfogênico que indica o teto de
rendimento potencial da espécie, relacionando o número de folhas verdes com o
361
filocrono. O filocrono não diferiu entre as ofertas de forragem (P=0,6287) em nenhum
dos ciclos de pastejo e no terceiro ciclo de pastejo o número de folhas verdes foi 30%
superior nas ofertas 9 e 12%. A duração das folhas foi,em média, de 37 dias nas OF 9
e 12%, o que pode ter proporcionado melhor oportunidade de seleção de folhas para as
cordeiras que estavam em pastejo nessas ofertas de forragem quando comparadas com
as cordeiras que pastavam nas parcelas com OF% 6 cujas folhas tiveram duração de
24 dias.
Houve interação para taxa de elongação de lâminas foliares intactas (TELFI;,
P=0,059) e taxa de expansão de lâminas foliares desfolhadas (TELFD; P=0,086). A
diferença entre essas variáveis foi observada no terceiro ciclo de pastejo, quando a
TELFI na OF 12%, foi de 0,081 cm/grau-dia sendo 37,65% superior a TELFI nas
demais ofertas. A TELFD foi de 0,075 cm/grau-dia quando a oferta de forragem foi de
12%, sendo superior a TELFD da OF6% que foi de 0,0048 cm/grau-dia e ambas não
diferiram da OF9%. Mudanças na taxa de expansão podem ter ocorrido no terceiro
ciclo de pastejo devido ao azevém estar iniciando o período reprodutivo. Segundo
Skiner e Nelson (1995), nessa fase a prioridade de alocação de fotoassimilados passa a
ser o crescimento das estruturas reprodutivas e as lâminas foliares reduzem a sua taxa
de expansão. Nas OF de 9 e 6% houve redução de 40,7% da taxa de expansão do
primeiro para o terceiro ciclo de pastejo. Houve interação (P= 0,0018) oferta de
forragem x ciclo de pastejo para taxa de senescência, que foi diferente entre as ofertas
de forragem no terceiro ciclo de pastejo, sendo superior na OF12% (0,098 cm/graudia), intermediária na OF9% (0,070 cm/grau-dia) e inferior na OF6% (0,041 cm/graudia). A maior proporção diária de material senescente pode ter proporcionado maior
remobilização de nitrogênio (N). A remobilização de N das folhas mais velhas para
aquelas em expansão é um processo que acompanha a senescência foliar.
Conclusões
Com a proximidade do período reprodutivo do azevém a taxa de aparecimento
de lâminas foliares foi superior quando a oferta de forragem foi de 6%, a duração de
vida das lâminas foliares foi maior nas ofertas 9 e 12% e a taxa de elongação de
lâminas foliares intactas e desfolhadas foi superior quando a oferta de forragem foi de
12%.
Literatura citada
NABINGER, C.; PONTES, L. da S. Morfogênese de plantas forrageiras e a estrutura
do pasto. In: Mattos, W.R.S. et al. (org.) reunião anual da sociedade brasileira de
zootecnia, 34, 1997, Piracicaba. Anais... Piracicaba: FEALQ, p.755-771, 2001.
SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Elongation of the grass leaf and its relationship to the
phyllochron. Crop Science, v.35, p.4-10, 1995.
SIMÃO NETO, M. Sistemas de pastejo 2. In: PASTAGENS: Fundamentos da
exploração racional 2 ed., Piracicaba: FEALQ, 1994. p. 377-95, (Série atualização em
Zootecnia, v.10).
362
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.15. Características estruturais de azevém pastejado por bezerras de corte
recebendo ou não suplemento
Marcela Machado1, Marta Gomes da Rocha2, Sheila Cristina Bosco Stivanin3, Viviane
da Sila Hampel3, Marcos Bernardino Alves3, Mateus Negrini1
1
Estudante do curso de graduação do curso de Zootecnia
[email protected]
2
Professora do Departamento de Zootecnia - UFSM
3Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – UFSM
–
UFSM.
E-mail:
Resumo: Foram avaliadas as características estruturais do azevém (Lolium multiflorum
Lam.) pastejado por bezerras de corte exclusivamente em pastejo ou em pastejo e
recebendo 0,93% do peso corporal de grão de milho ou grão de aveia branca como
suplemento. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, com três
tratamentos e três repetições de área. Para a avaliação das características estruturais
foram utilizados 40 perfilhosmarcadospor unidade experimental. A interação entre os
tratamentos e períodos de avaliação para as características estruturais não foi
significativa. A altura de dossel (14,11 ± 0,80 cm), altura de pseudocolmo (6,77 ± 0,43
cm), profundidade de lâminas foliares (7,41 ± 0,88 cm), densidade populacional de
perfilhos (4645,81 ± 304,73 perfilhos/m²) e número de lâminas foliares verdes (4,16 ±
0,08 lâminas foliares) foram semelhantes quando as bezerras permaneceram
exclusivamente ou receberam suplemento.
Palavras–chave: densidade populacional de perfilhos, grão de aveia, grão de milho,
profundidade de lâminas foliares
Structural characteristics of ryegrass grazed beef heifers receiving or no
supplement
Abstract: The structural characteristics of Italian ryegrass (Loliummultiflorum Lam)
grazed by beef heifers exclusively on pasture or on pasture and receiving 0.93% of the
body weight of corn grain or oat grain as a supplementwere evaluated. The grazing
method was continuous with variable stocking. The experimental design was
completely randomized with repeated measures on time, with three treatments and three
area replications. Forty marked tillerswere evaluated per experimental unit for
evaluation of structural characteristics.The interaction between treatments and periods
363
of evaluation for the structural characteristics was not significant. There were no
differences when heifers had received supplement or not for the canopy height (14.11 ±
0.80 cm),pseudo stem height (6.77 ± 0.43 cm), depth of leaf blades (7.41 ± 0.88 cm),
tiller populational density (4645.81 ± 304.73 tillers/m²)and number of green leaf blades
(4.16 ± 0.08 leaf blades).
Keywords: tiller populational density, oat grain, corn grain, depth of leaf blades
Introdução
A utilização da pastagem de azevém (LoliummultiflorumLam.),no sul do Brasil,
permite fornecer alimentação abundante e de qualidade aos herbívoros em pastejo, no
período crítico do crescimento das pastagens naturais (ROMAN et al. 2007), sendo o
manejo adequado do pasto o ponto fundamental para a sua melhor utilização a longo
prazo. O uso de suplementos proporciona incrementos na taxa de lotaçãoe altera a
forma da colheita da dieta pelos animais em pastejo (Rocha et al.,2003). Entender as
mudanças estruturais que ocorrem na pastagem decorrentes do aumento na taxa de
lotaçãopode auxiliar na melhoria da eficiência de utilização do pasto. O presente estudo
foi conduzido com objetivo de medir as características estruturais da pastagem de
azevém quando pastejada por bezerras exclusivamente em pastejo ou recebendo
suplementos energéticos.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Santa Maria, durante o período de julho a outubro de 2012. A área
experimental foi constituída de nove piquetes de 0,8 ha. A pastagem de azevém
(LoliummultiflorumLam.) foi estabelecida por semeadura a lanço no dia 01/05/2012,
sendo utilizados 30 kg/ha de semente. A adubação utilizada foi 200 kg/ha de NPK
(fórmula 05-20-20) e 56,5 kg de nitrogênio, na forma de uréia, em duas aplicações,
realizadas em 21/06 e 14/07. Os animais experimentais foram bezerras da raça Angus
com idade e peso corporal inicial de oito meses e 168,6 ± 5,0 kg, respectivamente. Os
tratamentos foram: bezerras em pastagem exclusiva de azevém e bezerras em pastagem
de azevém recebendo como suplemento 0,93% do peso corporal (PC) de grão de milho
inteiro ou de grão de aveia branca. O suplemento foi fornecido de segunda-feira a
sábado, às 14 horas. O método de pastejo foi contínuo com lotação variável. Foram
usadas três bezerras testes por piquete e um número variável de animais reguladores
para manutenção de massa de forragem (MF) entre 1200 a 1600 kg MS/ha. A MF foi
determinada por meio da técnica de estimativa visual com dupla amostragem. A relação
lâmina foliar:colmo foi determinada a partir da proporção de lâminas folhares e colmos
proveniente da separação manual das amostras oriundas da avaliação da massa de
forragem. A taxa de lotação (kg/ha de PC) foi obtida pelo somatório do peso médio dos
animais-teste, com o peso médio de cada regulador, multiplicado pelo número de dias
que esses permaneceram na repetição, dividido pelo número de dias do período
experimental. A oferta de forragem, kg de MS/100 kg de PC, foi calculada por meio do
quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de lotação. As características
estruturais do azevém foram avaliadas em 40 perfilhos marcados por unidade
experimental. A altura do dossel foi considerada da base do solo até o dobramento
médio das lâminas foliares do azevém. A altura do pseudocolmo foi medida da base do
solo até a altura da lígula da última lâmina foliar totalmente expandida no perfilho. A
profundidade de lâmina foliar foi obtida subtraindo-se a altura do pseudocolmo da
altura do dossel. Para o cálculo do número de lâminas foliares verdes, foi contabilizado
364
o número médio de lâminas foliares em expansão, expandidas e senescentes
desconsiderando-se as lâminas em que o processo de senescência tenha ultrapassado
50%. Para obtenção da densidade populacional de perfilhos (perfilhos/m2), os perfilhos
vivos de azevém foram contados em três áreas fixas por piquete em cada período
experimental. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas
repetidas no tempo, com três tratamentos e três repetições de área. Após teste de
normalidade, as variáveis foram submetidas à análise de variância pelo procedimento
Mixed. Também foram realizadas análises de correlação de Pearson e análise de
regressão por meio de teste “t” de Student a 10% de probabilidade. As médias foram
comparadas pelo procedimento lsmeans. As análises foram realizadas utilizando-se o
programa estatístico SAS 8.2.
Resultados e Discussão
Foramobservadassemelhanças (P>0,10) entre os tratamentos estudadospara a
massa de forragem (1894,5 ± 150,5 kg de MS/ha), oferta de forragem (10,09 ± 0,95 kg
de MS/100 kg de peso corporal(PC)) e relação lâmina foliar:colmo (1,91 ± 0,16). A
taxa de lotação foi aumentada em 20,7% quando as novilhas receberam grão de milho
ou grão de aveia como suplemento em relação ao tratamento de pastagem exclusiva de
azevém, cuja taxa de lotação foi, em média, de 1112kg/ha de PC.
A interação entre tratamento e períodos avaliados não foi significativa (P>0,10)
para as características estruturais avaliadas. Não foi observada diferença (P>0,10) entre
os tratamentos estudados para as variáveis alturas de dossel (14,11 ± 0,80 cm),
profundidade de lâminas foliares (7,41 ± 0,88 cm), número de lâminas foliares verdes
(4,16 ± 0,08 lâminas foliares) e densidade populacional de perfilhos (4170,4 ± 304,7
perfilhos/m²).
A altura de dossel e a profundidade de lâminas foliares foram, respectivamente
28% e 46% superiores no primeiro período de avaliação (P<0,10; Tabela 1) com
relação aos demais períodos estudados. A altura de dossel observada a partir do
segundo período de avaliação está de acordo com a faixa considerada ideal para o
manejo de azevém sugerida por Pontes et tal. (2004), que observaram otimização dos
fluxos de biomassa quando o pasto foi manejado a uma altura de 10 a 15 cm. A menor
proporção de colmos em relação a lâminas foliares observada no primeiro período de
avaliação (3,2 ± 0,33), aliada com a maior altura de dossel observada no mesmo
período podem ter sido as variáveis responsáveis pela maior profundidade de lâminas
foliares no início da utilização do azevém.
O número de lâminas foliares verdes foi diferente entre os períodos de avaliação
(P<0,10; tabela 1), sendo17,24% inferior no quarto período em comparação com os
demais. O superior número de lâminas foliares verdes observado no primeiro período é
esperado pelo fato de a planta estar no início de seu ciclo vegetativo. O número de
lâminas foliares verdes observado a partir do segundo período de avaliação é alto se
compararmos com os resultados obtidos por Confortinet al. (2010), onde no mesmo
período de utilização, o azevém possuía em média 2,6 ± 0,4 lâminas foliares. O manejo
imposto ao azevém permitiu a manutenção da altura do pseudocolmo, evitando assim a
expansão da bainha foliar e, consequente, a redução da taxa de aparecimento de
lâminas foliares nos primeiros períodos.
A densidade populacional de perfilhos foi diferente entre os períodos de avaliação
do pasto (P<0,10; Tabela 1). Segundo Silva & Nascimento (2007) o crescimento das
plantas forrageiras está relacionado com o nível de intercepção de luz pelo dossel e com
sua área foliar, havendo uma taxa constante de acúmulo de matéria seca quando existe
lâmina foliar suficiente para interceptar praticamente toda a luz incidente. O manejo
365
adequado na altura no dossel possibilitou que a luz solar incidisse sobre a base do
dossel e, consequentemente estimulasse a planta a realizar mais fotossíntese, fazendo
com que as gemas axilares e basilares se tornem novos perfilhos mesmo quando a
planta se aproximou do estágio reprodutivo.
A altura de pseudocolmo, que representa o caminho que uma lâmina foliar
percorre ate ser exteriorizada no perfilho, foi semelhante (P>0,10) entre os tratamentos
e entre os períodos de avaliação, sendo em média de 6,8 ± 0,4 cm. Valores próximos
aos observados no presente estudo foram relatados por Confortinet al. (2010), que para
azevém manejado sob intensidade media de pastejo (desaparecimento de 43,3% da
massa de forragem) observaram uma altura de pseudocolmo média de 6,6 ± 0,9 cm.
Tabela 1 – Valores médios para a altura de dossel (AD), profundidade de lâminas
foliares (PLF), densidade populacional de perfilhos (DPP; perfilhos/m²) e numero de
lâminas foliares verdes (NLFV) de acordo com os períodos de avaliação do azevém
--------------Períodos de Avaliação-------------Variáveis
P*
09/0731/0729/0827/0930/07
28/08
26/09
17/10
AD (cm)
17,90a
12,79b
13,00b
12,77b
0,0011
PLF (cm)
10,66a
6,72b
6,58b
5,69b
0,0001
DPP
4264,86b
4326,22b
5156,00a
4836,15ab 0,0709
NLFV
4,39a
4,29a
4,36a
3,60b
<0,0001
*Valores seguidos de letras distintas na linha ou coluna indicam diferença pelo
procedimento lsmeans em nível de 10%.
Conclusões
O aumento na taxa de lotação causado pelo fornecimento de suplementos
energéticos aos animais em pastejo não modifica as características estruturais da
pastagem. O numero de lâminas foliares verdes, a altura do dossel e a profundidade de
lâminas foliares são modificadas com a proximidade do estádio reprodutivo do azevém.
Literatura citada
CONFORTIN, A.C.C. et al. Morfogênese e estrutura de azevém anual submetido a três
intensidades de pastejo.Acta ScientiarumAnimal Sciences, v. 32, p. 385-391, 2010.
PONTES, L.S.et al. Fluxo de biomassa em pastagem de Azevém anual
(LoliummultiflorumLam.) manejada em diferentes alturas. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.33, n.3, p.529-537, 2004.
ROCHA, M.G. et. al. Alternativas de utilização da pastagem hibernal para recria de
bezerras de corte. Revista Brasileira de Zootecnia, n.2 p.383-392, 2003.
ROMAN, J.et al. Comportamento ingestivo e desempenho de ovinos em pastagem de
azevém anual (LoliummultiflorumLam.) com diferentes massas de forragem. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.36, n.4, 2007.
DA SILVA, S. C.; NASCIMENTO JÚNIOR, D. Avanços na pesquisa com plantas
forrageiras tropicais em pastagens: características morfofisiológicas e manejo do
pastejo. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 36, Suplemento especial, 2007.
366
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.16. Características estruturais do azevém manejado com diferentes ofertas de
forragem
Marcela Machado¹, Marta Gomes da Rocha2, Larissa Arnhold Graminho 3, Aline
Tatiane Nunes da Rosa4, Tuani Lopes Bergoli¹, Luiz Gonzaga do Amaral1
1
Estudante de graduação em Zootecnia- UFSM Email: [email protected]
Professor do Departamento de Zootecnia-UFSM
3
Mestranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM
4
Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Zootecnia-UFSM
2
Resumo: O experimento foi realizado no período de junho a outubro de 2012 na
Universidade Federal de Santa Maria. Foram avaliadas as características estruturais do
azevém (Lolium multiflorum Lam) utilizado por cordeiras da raça Sufolk em diferentes
ofertas de forragem (OF): 6; 8 e 12 kg de MS/100kg de peso corporal (PC). O método
de pastejo foi intermitente, com período de ocupação de 12 dias e o intervalo entre
pastejos correspondeu a soma térmica acumulada de 250 graus-dia. O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no tempo, três
tratamentos e duas repetições de área. Utilizaram-se 35 perfilhos marcados por parcela.
Maior altura do dossel (12,42 cm), profundidade de lâminas foliares (6,60 cm) e maior
comprimento de lâminas foliares desfolhadas (7,1cm) foram observados na oferta de
forragem de 12%. Os comprimentos de lâminas foliares intactas se adequaram ao
modelo de regressão linear negativo em função da soma térmica acumulada com o
passar dos dias do ciclo de pastejo. A altura do dossel, profundidade de lâminas
foliares, comprimento das lâminas foliares desfolhadas são modificadas por diferentes
ofertas de forragem. A altura de pseudocolmo é maior nas OF 9 e 12% com o avanço
do ciclo fenológico do azevém. O tamanho das lâminas foliares é reduzido com o
aumento da soma térmica acumulada.
Palavras–chave: altura do dossel, altura de pseudocolmo, comprimento de lâminas
foliares, cordeiras, pastejo intermitente, profundidade de lâminas foliares
Structural characteristics of ryegrass pasture with different herbage allowances
Abstract: The experiment was conducted from June to October 2012 at Universidade
Federal de Santa Maria. It was evaluated the structural characteristics of ryegrass
(Lolium multiflorum Lam) utilized by Sufolk lambs submitted to different forage
allowances (FA): 6; 8:12 DM/100 kg of body weight (BW). The grazing method was
367
intermittent, with 12 days of occupation period of and the grazing interval
corresponded to 250 degree-days accumulated thermal sum . The experimental design
was completely randomized with repeated measures on time, three treatments and two
area replicates. It was used 35 marked tillers per plot. Canopy height, depth of leaf
blades (6,60 cm), is higher (12,42 cm), defoliated leaf blade (7,1 cm) are higher when
herbage allowances is 12% and, longest. The length of intact leaf blades is suited to
negative linear regression model as a function of accumulated thermal sum over the of
the grazing cycle days. The canopy height, depth of leaf blade, length of defoliated leaf
blade are modified by different forage allowances. The pseudostem height is higher at
FA 9 and 12% with advances of the phenological cycle. r. A reduction in the leaf
blades size of is observed with an increase in the thermal sum .
Keywords: canopy height, depth of leaf blades, intermittent grazing, lambs, length of
leaf blades, pseudostem height,
Introdução
No sul do Brasil, a utilização de pastagens cultivadas de estação fria é muito
comum, pois essas oferecem um adequado aporte nutricional quando as pastagens
naturais estão em seu período de menor produção. Dentre essas forrageiras está o
azevém (Lolium multiflorum Lam) que, quando bem manejado, é capaz de suprir as
necessidades nutricionais dos animais em pastejo. O manejo de ofertas de forragem
modifica a estrutura da pastagem e o processo de desfolhação efetuado pelo herbívoro
é afetado. Para isso, estudos sobre as características estruturais: altura do dossel, altura
do pseudocolmo, profundidade de lâminas foliares e comprimento de lâminas foliares
são eficientes, auxiliando na identificação da resposta da planta ao pastejo. O objetivo
deste trabalho foi avaliar as características estruturais da pastagem de azevém manejada
com diferentes ofertas de forragem.
Material e Métodos
O experimento foi desenvolvido no Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal de Santa Maria, no período de junho a novembro de 2012. A área
experimental foi de 0,6 hectares, divida em seis parcelas, as quais constituíram as
unidades experimentais. A pastagem de azevém (Lolium multiflorum Lam) foi
implantada em 01/05/2012 após preparo mínimo do solo. Foram aplicados 200 kg/ha de
adubo da fórmula 05-20-20 e 100 kg de nitrogênio por hectare, na forma de uréia, em
quatro datas: 07/07, 18/08, 15/09 e 16/10/2012.
O método de pastejo foi intermitente e foram avaliadas três ofertas de forragem:
6 , 9 e 12 kg de matéria seca (MS) por 100 kg de peso corporal (PC). O critério para
determinar o intervalo entre pastejos foi a soma térmica acumulada (ST) de 250 grausdia, equivalente a ST necessária para o aparecimento de duas folhas de azevém
(Confortin et al., 2010). O período de ocupação da pastagem foi de 12 dias, sendo
considerado um ciclo de pastejo o período de ocupação mais o intervalo até o inicio da
próxima ocupação. Foram avaliados três ciclos de pastejo: 26/06- 06/08; 07/08-03/09 e
04/09-04/10. A ST do intervalo foi calculada pela equação: ST = Σ (Tmd - 5°C) onde
Tmd = temperaturas médias diárias do período (°C); e 5°C = valor considerado como
temperatura base de crescimento do azevém. Os animais experimentais foram cordeiras
da raça Sufolk, com idade e peso médio de oito meses e 43 ± 4,56 kg, respectivamente.
A massa de forragem foi determinada por meio da técnica de estimativa visual
com dupla amostragem no inicio e no final de cada período de pastejo. Após, a
forragem proveniente dos cortes foi homogeneizada para separação manual dos
368
componentes botânicos e estruturais e a partir da proporção de folhas e colmos foi
determinada a relação folha: colmo. A oferta de forragem (kg de MS/100 kg de PC) foi
calculada por meio do quociente entre a disponibilidade diária de MS e a taxa de
lotação.
Para a avaliação das variáveis estruturais utilizou-se a técnica de “perfilhos
marcados” sendo marcados 35 perfilhos de azevém anual por parcela. As avaliações
foram feitas diariamente no período de pastejo e nos intervalos entre pastejos as
medidas foram realizadas a cada três ou quatro dias. Observou-se o comprimento de
lâminas foliares maduras (com lígula visível) e em crescimento, em cm, e a condição
das folhas: em senescência ou não, intactas ou desfolhadas. As folhas expandidas foram
medidas a partir de sua lígula, enquanto que as em expansão a partir da lígula da última
folha expandida. Nas folhas em senescência foi medida apenas a porção verde da
lâmina foliar. A altura do dossel foi considerada da base do solo até o dobramento
médio das folhas de azevém. A altura do pseudocolmo foi considerada da base do solo
até a altura da lígula da última folha totalmente expandida. A profundidade lâminas
foliares foi calculada subtraindo-se a altura média do dossel pela altura média do
pseudocolmo.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com medidas repetidas no
tempo, três tratamentos e duas repetições de área. Após a realização do teste de
normalidade, as variáveis foram submetidas à análise de variância pelo procedimento
Mixed. A interação entre tratamentos e períodos de avaliação foi desdobrada quando
significativa a 10% de probabilidade. Na análise de regressão, a escolha dos modelos
foi baseada na significância dos coeficientes linear, quadrático e cúbico, utilizando-se o
teste “t”, de Student, em 10% de probabilidade. As variáveis também foram submetidas
a análise de correlação de Pearson. As análises foram realizadas utilizando-se o
programa estatístico SAS 8.2.
Resultados e Discussão
As massas de forragem inicial e final foram similares nas diferentes ofertas de
forragem avaliadas, com médias de 1881 ±190 e 1186 ±258 kg de MS/ha,
respectivamente. As relações folha:colmo inicial e final não diferiram entre as ofertas
de forragem, com valores médios de 4,68 ±0,35 e 1,69 ±0,29, respectivamente. Não
houve interação (P=0,2185) oferta de forragem x ciclo de pastejo para altura do dossel.
Na oferta de forragem de 12% a altura do dossel foi de 12,42 cm sendo 34,7% superior
a altura nas ofertas de forragem 9 e 6%, que foram semelhantes. A maior altura do
dossel na OF12% pode ter proporcionado às cordeiras uma melhor possibilidade de
seleção, pois segundo Hodgson, (1990) os animais concentram a atividade de pastejo nos
estratos da pastagem que possuem principalmente folhas, e o aumento na profundidade de
pastejo com o aumento da altura é concomitante com a maior participação de folhas no
dossel .
Nas parcelas nas quais a oferta de forragem foi de 12% o comprimento das lâminas
foliares desfolhadas (CLFD) do azevém foi, em média, de 7,1cm enquanto que nas demais
ofertas o comprimento das lâminas foliares foi inferior, de 4,7cm. De acordo com Grant et
al. (1981), o tamanho de folha é afetado pelo pastejo e a lâmina produzida durante a rebrota
é menor em pastos que foram pastejados intensamente. O CLFD correlacionou-se
positivamente com a altura do dossel (r= 0,73; P=0,0005).A OF 12% proporcionou maior
CLFD e maior altura de dossel, o que pode ser um indicativo que essa oferta proporcionou
maior acessibilidade às lâminas foliares e pode ter aumentado o consumo. O comprimento
das lâminas foliares intactas (CLFI) não variou em função das ofertas de forragem sendo,
em média, de 9,0 cm (P=0,1287), mas se adequou ao seguinte modelo de regressão linear
decrescente em função da soma térmica acumulada durante os ciclos de pastejo Ŷ=14,90-
369
0,0043x; (R2= 53%; P=0,0006). A redução do comprimento da lâminas foliares em
função da soma térmica acumulada pode indicar mobilização gradual dos assimilados
para o desenvolvimento das partes reprodutivas da planta reduzindo assim a quantidade
de assimilados para o desenvolvimento foliar.
Houve interação (P=0,0002) oferta de forragem x ciclo de pastejo para altura do
pseudocolmo. As alturas de pseudocolmo foram semelhantes no primeiro e segundo
ciclos de pastejo com média de 4,64 cm. No terceiro ciclo de pastejo, quando a oferta
de forragem foi de 12%, a altura pseudocolmo foi de 9,30 cm, sendo superior a altura
de pseudocolmo na OF6%,4,11cm, e ambas foram semelhantes a essa altura na OF9%,
de 5,56 cm. O azevém manejado com ofertas de forragem de 9 e 12%, no terceiro ciclo
de pastejo, pode ter sofrido um adiantamento do seu ciclo de desenvolvimento quando
comparado com o azevém manejado na OF6%. Isso indica que nas maiores ofertas
pode ter ocorrido paralização da emissão de folhas e alongamento dos colmos mais
cedo.
Não houve interação (P=0,9727) ofertas de forragem x ciclos de pastejo para
profundidade de lâminas foliares. Na oferta de forragem de 12%, a profundidade de
lâminas foliares foi de 6,60 cm sendo, em média, 1,46cm superior às demais ofertas que
foram semelhantes. A profundidade de lâminas foliares nas ofertas menores e na
OF12% representou 49,75 e 53,14%, respectivamente, da altura do dossel. Mesmo nas
menores OF a camada pastejavel foi de aproximadamente 51% do dossel forrageiro.
Conclusões
As características estruturais: altura do dossel, profundidade de lâminas foliares,
comprimento das lâminas foliares desfolhadas são modificadas por diferentes ofertas de
forragem. Com o avanço do estádio fenológico as OF 9 e 12% apresentam maior altura
de pseudocolmo. Com o aumento da soma térmica acumulada há diminuição do
tamanho das lâminas foliares.
Literatura citada
BIRCHAM, J.S., HODGSON, J. The influence of sward condition on rates of herbage
growth and senescence in mixed swards under continuous stoching management. Grass
and Forage Science, v.38, p.323-331, 1983.
CONFORTIN, A.C.C.; Quadros, F.L.F; Rocha, M.G. da et al. Características
morfogênicas de azevém Lolium multiflorum Lam. sob diferentes intensidades de
desfolha. Acta Scientiarum. Animal Sciences, v.32, n.4, p. 385-391, 2010.
GRANT, S.A.; BARTHRAM, G.T.; TORVELL, L. Components of regrowth in grazed
and cut Lolium multiflorum swards. Grass and Forage Science, Oxford, v.36, p. 155168, 1981.
370
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.17. Fracionamento de carboidratos da silagem de capim-braquiaria com
inclusão de farelo de arroz1
Fagton de Mattos Negrão2, Anderson de Moura Zanine3, Luciano da Silva Cabral4,
Rosemary Lais Galati4, Carlos Clayton Oliveira Dantas5, Daniele de Jesus Ferreira6
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES.
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso.
3
Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT.
4
Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá/MT.
5
Mestre em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso.
6
Pós-Doutoranda da Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT.
2
Resumo: O experimento foi conduzido para avaliar as frações dos carboidratos de
silagens de capim Brachiaria decumbens com inclusão de farelo de arroz. O capim
Brachiaria foi colhido com 50 dias de rebrotação após o corte da forrageira a 5 cm do
solo, e ensilada em silos experimentais de 10 litros. Foram testados cinco níveis de
inclusão do farelo de arroz à silagem de capim Brachiaria: 0, 10, 20, 30 e 40% da
matéria natural, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco
repetições. A abertura dos silos ocorreu após 40 dias. Os dados foram submetidos à
análise de variância, e quando significativo submetido à análise de regressão. A adição
de farelo de arroz promoveu aumento linear (P<0,05) das frações A+B 1 e B2,
estimando-se aumento de 1,0 e 0,23 unidades porcentuais. A fração C dos carboidratos
totais foi reduzida linearmente (P<0,05) em 0,98 unidades porcentuais para cada 1% de
farelo de arroz adicionado à silagem. A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na
ensilagem de capim-braquiaria proporciona melhora das proporções das frações dos
carboidratos.
Palavras–chave: avaliação de alimentos, Brachiaria decumbens, conservação de
forragens
Fractionation of carbohydrates of braquiaria grass silage added with rice meal
Abstract: The experiment was conducted to evaluate the fractions of carbohydrates of
Brachiaria decumbens grass silages with inclusion of rice meal. The Brachiaria grass
was harvested with 50 days of regrowth after cutting the forage 5 cm soil, and ensiled
in experimental bags of 10 liters. Were tested five levels of inclusion of rice meal at the
Brachiaria grass silage: 0, 10, 20, 30 and 40% natural matter, distributed in a
completely randomized design with five repetitions. The opening of bags occurred after
371
40 days. Data were subjected to analysis of variance, and when significant subjected to
regression analysis. The addition of rice meal promoted linear increase (P<0.05) of
fractions A + B1 and B2, estimating-if increase of 1.0 and 0.23 units percentuais. The
fraction C of total carbohydrates was reduced linearly (P<0.05) in 0.98 units
percentuais for each 1% rice meal added to silage. The inclusion 10-20% rice meal in
braquiaria grass ensilage provides improvement of proportions carbohydrate fractions.
Keywords: Brachiaria decumbens, feed evaluation, forage conservation
Introdução
A região Centro-Oeste do Brasil apresenta variação climática, a qual determina a
ocorrência de estações bem definidas sendo uma de elevado e outra de reduzidos
índices pluviométricos. Como consequência, há variação na produção dos pastos ao
longo do ano. Em condições normais, apenas 10 a 30% da produção das gramíneas
tropicais utilizadas nas áreas de pastagens ocorre no período de déficit hídrico. Assim,
para suprir as necessidades nutricionais dos rebanhos em períodos de baixa
produtividade, ou, mesmo para atender as demandas dos confinamentos, tem-se como
alternativa a conservação de forragens na forma de silagem.
No intuito de reduzir as perdas associadas à ensilagem de capim, uma das
principais alternativas tem sido aumentar o teor de matéria seca, por meio da adição de
materiais absorventes, o que favorece a redução das perdas, além de contribuir para a
melhora do valor nutritivo da silagem. Nesse sentido, o farelo de arroz apresenta boas
características e potencialidade, que provém do beneficiamento do grão de arroz, e é
constituído pelos tegumentos que envolvem o grão, removidos no processo de
beneficiamento do cereal para a alimentação humana.
Essa pesquisa foi realizada com o objetivo de avaliar o fracionamento de
carboidratos de silagens de capim-braquiaria com inclusão de farelo de arroz.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na área experimental do Curso de Zootecnia, no
Campus de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, coordenadas
geográficas: 16º28’ Latitude Sul, 50º34’ Longitude Oeste de Greenwich. O clima,
segundo a classificação de Koppen, é do tipo tropical, caracterizando-se por duas
estações bem definidas: seca entre os meses de abril a setembro e chuvosa entre os
meses de outubro a março. A espécie forrageira utilizada foi o capim
Brachiaria decumbens cv. Basilisk, proveniente de um pasto já estabelecido, de
aproximadamente 0,5 ha, da área experimental do Setor de Forragicultura. O
experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com cinco
tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: silagem de
capim-braquiaria, silagem de capim-braquiaria + 10% de farelo de arroz, silagem de
capim-braquiaria + 20% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 30% de
farelo de arroz e silagem de capim-braquiaria + 40% de farelo de arroz, com base na
matéria natural da gramínea.
O capim foi submetido a um corte de uniformização, realizado com roçadeira
aclopada ao trator a uma altura de 5 cm do solo. No mesmo dia, foi feita adubação com
60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha de potássio, na forma de sulfato de amônio e cloreto
de potássio, respectivamente. Antes do corte da gramínea para a ensilagem, foram
retiradas amostras, através do método direto, em 20 subáreas de 0,25 m2, estimando-se
uma produção total de 5,8 toneladas de matéria seca por hectare e uma relação lâmina
foliar:colmo, lamina foliar:material morto de 1,46 e 1,16, respectivamente.
372
Apresentaram porcentagens de lâmina foliar, colmo e material morto de 41,72, 28,88 e
29,40%. Após 50 dias de rebrotação da gramínea, quando apresentava altura média de
60 cm, ocorreu o corte para o processo de ensilagem. O capim foi colhido
mecanicamente a uma altura de 10 cm do solo, utilizando uma roçadeira costal.
Imediatamente após, o capim foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em
partículas de aproximadamente 3 cm, utilizando-se uma picadeira estacionária.
O farelo de arroz e a massa de forragem de capim-braquiaria, correspondentes a
cada tratamento, foram homogeneizados sobre lona plástica, sendo em seguida
acondicionadas em silos experimentais com capacidade aproximada de 10 litros e
compactados manualmente. Em cada silo colocou-se aproximadamente 1,4 kg da
matéria natural da mistura, correspondendo a uma densidade de 550 kg m-3.
Foram determinadas as frações A+B1, B2 e C dos carboidratos: as quais
representam, respectivamente, os açúcares solúveis, o amido e pectina; a fibra em
detergente neutro potencialmente digestível e a fração indigestível da fibra em
detergente neutro. A porcentagem de carboidratos totais (CT) foi obtida pela equação:
CT = 100 – (%PB + %EE + %cinza), a de carboidratos fibrosos (CF), a partir da FDN
corrigida para seu conteúdo de cinzas e proteínas (FDNcp), os carboidratos
não-fibrosos (CNF), que correspondem às frações A+B1, pela diferença entre os
carboidratos totais e a FDNcp (Hall, 2003); que foram determinadas segundo
metodologias descritas por (Sniffen et al. 1992). A fração C, que corresponde a
FDN indigestível após 144 horas de incubação in situ (Cabral et al. 2004). A fração B2,
que corresponde à fração disponível da fibra, foi obtida pela diferença entre a FDNcp e
a fração C.
Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através da análise de
variância (teste t) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se a análise de
regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, utilizandose o programa SAEG, (1999) versão 8.1.
Resultados e Discussão
Os teores de carboidratos não fibrosos (CNF) foram afetados de forma linear
(P<0,05) pela inclusão dos níveis de adição de farelo de arroz à silagem (Tabela 1),
estimando-se aumento de 1,0 unidade percentual para cada 1% de farelo de arroz na
ensilagem do capim-braquiaria. Andrade et al. (2010) avaliaram a adição de farelo de
mandioca e farelo de cacau na ensilagem de capim-elefante e observaram aumento
linear (P<0,05) na fração A+B1 dos carboidratos, promovendo aumento de
1,5 e 0,8 unidades porcentuais para cada 1% de adição dos respectivos aditivos
absorventes de umidade.
Houve comportamento quadrático (P<0,05) para a fração B2 dos CT,
estimando-se valor mínimo de 36,66% para o nível de 19,25% de farelo de arroz
(Tabela 1). Comportamento semelhante foi relatado por Dantas (2012), que observou
comportamento quadrático na fração potencialmente degradável (B 2) das silagens de
capim-braquiaria com a inclusão de 0, 10, 20, 30 e 40% de casca de soja moída,
observando o ponto de mínima de 6,6% de inclusão do coproduto no capim-braquiaria,
no momento da ensilagem.
Observa-se que para cada 1% de inclusão de farelo de arroz na silagem de capimbraquiaria, houve redução de 0,98 unidades porcentuais na fração C (% CT). Esse
comportamento pode ser explicado devido à adição do farelo de arroz à silagem de
capim-braquiaria, pois o farelo de arroz tem menor teor de FDN que o capim-braquiaria
(26,89 e 55,41%, respectivamente). Comportamento semelhante foi observado por
Andrade et al. (2010) avaliando a adição de farelo de mandioca na silagem de
373
capim-elefante, em que os autores registraram redução linear na fração C das silagens,
cujo decréscimo estimado foi de 0,45 unidades porcentuais a cada 1% de farelo de
mandioca. É válido ressaltar que tal comportamento pode favorecer o consumo
voluntário pelos animais, fator determinante da produção animal. Resultados contrários
foram observados por Carvalho et al. (2007), que registraram aumento de 0,2 unidades
porcentuais para cada unidade de farelo de cacau adicionada ao capim-elefante no
momento da ensilagem, possivelmente, devido ao maior teor de FDN do farelo de
cacau com relação ao farelo de arroz utilizado no presente experimento.
Tabela 1 - Valores médios das frações (A+B1), (B2) e C dos carboidratos totais das
silagens de capim-braquiaria com inclusão de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo
de arroz.
Frações
0
Fração
A+B11
15,41
Fração B21
39,00
Níveis de Farelo de Arroz (%)
10
20
30
32,26
45,03
49,46
40
56,85
Equação de Regressão*
R2
CV%
Ŷ=19,791+1,000X
0,94
3,92
Ŷ=38,952+0,2310,98
1,71
0,006X2
1
Fração C
45,59
27,26
13,64
10,30
4,76
Ŷ=40,029-0,986X
0,90
5,71
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t; 1Porcentagem dos carboidratos totais; CV =
coeficiente de variação
40,48
41,33
40,24
38,39
Conclusões
A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria
proporciona melhora das proporções das frações dos carboidratos.
Literatura citada
ANDRADE, I.V.O.; PIRES, A.J.V.; CARVALHO, G.G.P.; VELOSO, C.M.;
BONOMO, P. Fracionamento de proteína e carboidratos em silagens de capimelefante contendo subprodutos agrícolas. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39,
n.11, p. 2342-2248, 2010.
CABRAL, L.S; VALADARES FILHO, S.C; DETMANN, E.; ZERVOUDAKIS, J.T.;
VELOSO, R.G.; NUNES, P.M.M. Taxas de digestão das frações protéicas e de
carboidratos para as silagens de milho e de capim-elefante, o feno de capim-tifton85 e o farelo de soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 33, p. 1573-1580, 2004.
CARVALHO, G.G.P.; GARCIA, R.; PIRES, A.J.V.; PEREIRA, O.G.; FERNANDES,
F.E.P.; OBEID, J.A.; CARVALHO, B.M.A. Fracionamento de carboidratos de
silagem de capim-elefante emurchecido ou com farelo de cacau. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.36, p.1000-1005, 2007.
DANTAS, C.C.O. Perdas e valor nutritivo de silagens de Brachiaria aditivadas com
casca de soja. 2012. 52f. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) – Programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá.
HALL, M.B. Challenges with nonfiber carbohydrate methods. Journal of Animal
Science, v.81, p.3226-3232, 2003.
374
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.18. Frações nitrogenadas da silagem de capim-braquiaria com inclusão de
farelo de arroz1
Fagton de Mattos Negrão2, Anderson de Moura Zanine3, Luciano da Silva Cabral4,
Alexandre Lima de Souza3, Carlos Clayton Oliveira Dantas5, Daniele de Jesus Ferreira6
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES.
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso.
3
Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso - Rondonópolis.
4
Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso – Cuiabá/MT.
5
Mestre em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso.
6
Pós-Doutoranda da Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT.
2
Resumo: O experimento foi realizado para avaliar as frações nitrogenadas de silagens
de capim Brachiaria decumbens com inclusão de farelo de arroz. O capim Brachiaria
foi utilizado com 50 dias de rebrotação após o corte da forrageira a cinco cm do solo e
foi ensilada em silos experimentais de 10 litros. Utilizou-se cinco níveis de inclusão de
farelo de arroz à silagem de capim Brachiaria: 0, 10, 20, 30 e 40% da matéria natural,
distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com cinco repetições. A
abertura dos silos ocorreu após 40 dias. Os dados foram submetidos à análise de
variância, e quando significativo submetido à análise de regressão. A fração A da
proteína aumentou linearmente em 0,64 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de
arroz adicionado à silagem. Para as frações nitrogenadas B3 e C houve redução de 0,11
e 0,40%, respectivamente, para cada unidade porcentual de farelo de arroz adicionada à
silagem. A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria
proporciona melhora das proporções das frações nitrogenadas.
Palavras–chave: Brachiaria decumbens, forragem, silagem
Nitrogen fractions of braquiaria grass silage added with rice meal
Abstract: The experiment was conducted to evaluate the nitrogen fractions of
Brachiaria decumbens grass silages with added rice meal. The Bracharia was used
with 50 days of regrowth after cutting the grass to five cm of soil and was ensiled in
experimental bags of 10 liters. We used five levels of inclusion of rice meal silage
Bracharia: 0, 10, 20, 30 and 40% of natural matter, distributed in a completely
randomized design with five replications. The opening of bags occurred after 40 days.
Data were subjected to analysis of variance, and when significant subjected to
regression analysis. The protein fraction increased linearly as 0.64 percentage units for
375
each 1% rice meal added to the silage. For nitrogen fractions B3 and C decreased 0.11
and 0.40%, respectively, for each percentage unit of rice meal added to the silage.
Adding 10-20% rice meal in ensiling braquiaria provides improvement of the
proportions of nitrogen fractions.
Keywords: Brachiaria decumbens, forage, silage
Introdução
Há crescente interesse na ensilagem de capins tropicais, pois apresentam
elevada produção de matéria seca. Por conseguinte, o uso de excedente da produção de
capins na forma de silagem tem que ser visto de forma técnica, pois, o elevado teor de
umidade, alto poder tampão e a baixa concentração de carboidratos solúveis
predispõem o crescimento de microrganismos indesejáveis, que resultam em perdas de
nutrientes, pela produção de gases e efluentes, culminando em perda de valor nutritivo.
O farelo de arroz é um coproduto com potencial de ser incluído no processo de
ensilagem de capim, tanto por sua capacidade em reter água como por melhorar a
composição bromatológica das silagens produzidas. No entanto, as informações
científicas a cerca do uso de farelo de arroz na produção de silagens de capins são
restritas, por isso, pesquisas com esse intuito podem contribuir para produção de
alimentos alternativos na nutrição de ruminantes.
Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo avaliar a fração nitrogenada
das silagens de capim-braquiaria com inclusão de farelo de arroz.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na área experimental do Curso de Zootecnia, no
Campus de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, coordenadas
geográficas: 16º28’ Latitude Sul, 50º34’ Longitude Oeste de Greenwich. O clima,
segundo a classificação de Koppen, é do tipo tropical, caracterizando-se por duas
estações bem definidas: seca entre os meses de abril a setembro e chuvosa entre os
meses de outubro a março. A espécie forrageira utilizada foi o capim
Brachiaria decumbens cv. Basilisk, proveniente de um pasto já estabelecido, de
aproximadamente 0,5 ha, da área experimental do Setor de Forragicultura. O
experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com cinco
tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: silagem de
capim-braquiaria, silagem de capim-braquiaria + 10% de farelo de arroz, silagem de
capim-braquiaria + 20% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 30% de
farelo de arroz e silagem de capim-braquiaria + 40% de farelo de arroz, com base na
matéria natural da gramínea.
O capim foi submetido a um corte de uniformização, realizado com roçadeira
aclopada ao trator a uma altura de 5 cm do solo. No mesmo dia, foi feita adubação com
60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha de potássio, na forma de sulfato de amônio e cloreto
de potássio, respectivamente. Após 50 dias de rebrotação da gramínea, quando
apresentava altura média de 60 cm, ocorreu o corte para o processo de ensilagem. O
capim foi colhido mecanicamente a uma altura de 10 cm do solo, utilizando uma
roçadeira costal. Imediatamente após, o capim foi levado para um galpão coberto, onde
foi picado em partículas de aproximadamente 3 cm.
O farelo de arroz e a massa de forragem de capim-braquiaria, correspondentes a
cada tratamento, foram homogeneizados sobre lona plástica, sendo em seguida
acondicionadas em silos experimentais com capacidade aproximada de 10 litros e
376
compactados manualmente. Em cada silo colocou-se aproximadamente 1,4 kg da
matéria natural da mistura, correspondendo a uma densidade de 550 kg m-3.
Foram determinadas as frações proteicas (A, B1+B2, B3 e C), sendo a fração A
correspondente ao nitrogênio não proteico (NNP), que possui elevada taxa de hidrólise
no rúmen, a fração B representa a proteína verdadeira que é subdividida em três
sub-frações, baseadas na velocidade de degradação ruminal. A fração B1 é rapidamente
degradada no rúmen (>50%/h), representado pela albumina e globulina. A fração B 2
apresenta taxa de degradação intermediária (5-15%/h), sendo representado pela maioria
das albuminas e glutelinas. As frações B1+B2 foram obtidas pela diferença entre a
fração A e o teor de nitrogênio insolúvel em detergente neutro (NIDN), conforme
relatado por Licitra et al. (1996). A fração B3 é a proteína associada à parede celular e
de degradação lenta (0,01-1,5%/h), representado pelas prolaminas, extensinas e
proteínas desnaturadas, obtida pela diferença entre os teores de NIDIN e NIDA
(nitrogênio insolúvel em detergente ácido). Por fim, a fração C, corresponde ao
nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA). O NIDN e o NIDA foram obtidos
pelo tratamento da amostra com as soluções em detergente neutro e ácido durante
1 hora a 100ºC, respectivamente, e subsequente determinação do teor de compostos
nitrogenados em cada resíduo (Sniffen et al. 1992).
Os dados obtidos foram analisados estatisticamente através da análise de
variância (teste t) e, nos casos de significância (P<0,05), procedeu-se a análise de
regressão, testando-se modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, utilizandose o programa SAEG, (1999) versão 8.1.
Resultados e Discussão
A fração A, que representa a porcentagem de nitrogênio não-proteico (NNP),
aumentou linearmente (P<0,05), estimando-se que a inclusão de 1% de farelo de arroz
elevou em 0,64 unidades porcentuais (Tabela 1). Esse resultado pode ser explicado,
pelo alto teor de PB do farelo de arroz (16,06%), e, possivelmente, ter ocorrido a
conversão dessa proteína em nitrogênio não-proteico, por ser altamente suscetível à
proteólise, pode ser convertida a NNP (Van Soest, 1994).
As frações B1 e B2 foram consideradas fração única (B1+B2) e se referem às
proteínas solúveis e insolúveis verdadeiras, comportaram-se de maneira quadrática
(P<0,05), estimando-se valor máximo de 15,5% para o nível de 28,75% de farelo de
arroz (Tabela 1). Segundo Sniffen et al. (1992) a fração B1+B2, por apresentar rápida
taxa de degradação ruminal em relação à fração B3, tende a ser extensivamente
degradada no rúmen, contribuindo para o atendimento dos requisitos de nitrogênio dos
microrganismos ruminais, porém a rápida proteólise no rúmen dessas frações pode
levar ao acúmulo de peptídeos e permitir o seu escape para os intestinos, uma vez que a
utilização de peptídeos é considerada limitante à degradação de proteínas.
Para os teores de proteína associada à parede celular e de lenta degradação
ruminal, representada pela fração B3, como porcentagem do nitrogênio total, foi
verificado efeito linear decrescente (P<0,05), estimando-se redução de 0,11 unidades
porcentuais para cada 1% de farelo de arroz adicionado ao capim no momento da
ensilagem. Andrade et al. (2010) estudando a inclusão de coprodutos agrícolas em
silagens de capim-elefante, concluíram que o aumento dos níveis de farelo de mandioca
teve efeito linear (P<0,05) nos teores da fração B3 da proteína, promovendo acréscimo
de 0,34 unidades porcentuais a cada 1% de farelo de mandioca adicionado ao capimelefante no momento da ensilagem. A fração B3 é representada pela fração proteica
ligada à parede celular que apresenta lenta degradação (Cabral et al. 2004).
377
A fração considerada indigestível (C, %CT), mensurada pela quantificação do
teor de nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA) nas silagens, apresentou efeito
linear, estimando-se redução de 0,40 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de
arroz. Estes resultados estão de acordo com Andrade et al. (2010), que observaram
efeito linear da inclusão de farelo de mandioca à silagem de capim-elefante, que
apresentou redução estimada de 0,13 unidades porcentuais para cada 1% de farelo de
mandioca adicionado.
Segundo Van Soest (1994), o aumento da fração C de silagens pode ocorrer em
virtude da formação de produtos da reação de Maillard, dado o aumento da temperatura
em silagens com elevado teor de umidade. É possível que o aumento da fração C das
silagens com farelo de arroz esteja associado ao processo de polimento do grão de arroz
na indústria cerealista. Acredita-se que possa ter ocorrido reação de Maillard, haja vista
os baixos valores de NIDA nesse coproduto em relação ao capim-braquiaria,
resultando, assim, diminuição da fração C naquelas silagens contendo farelo de arroz.
Tabela 1 - Valores médios das frações nitrogenadas (Fração A, B1+B2, B3 e C) das
silagens de capim-braquiaria com 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz.
Variável
1
0
27,78
Níveis de Farelo de Arroz (g/kg)
10
20
30
40
36,35
44,64
50,12
53,12
Equação de Regressão*
R2
CV%
Fração A
Ŷ=29,512+0,644X
0,96
1,22
Fração
Ŷ=22,14021,94
18,67
16,70
15,28
17,73
0,96
5,90
B1+B21
0,460X+0,008X2
1
Fração B3
15,56
14,75
13,40
12,25
10,95
Ŷ=15,730-0,117X
0,99
7,47
Fração C1
34,72
30,23
25,26
22,35
18,20
Ŷ=34,326-0,409X
0,99
3,64
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t; 1Porcentagem; CV = coeficiente de variação
Conclusões
A inclusão de 10 a 20% de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria
proporciona melhora das proporções das frações nitrogenadas.
Literatura citada
ANDRADE, I.V.O.; PIRES, A.J.V.; CARVALHO, G.G.P.; VELOSO, C.M.;
BONOMO, P. Fracionamento de proteína e carboidratos em silagens de capimelefante contendo subprodutos agrícolas. Revista Brasileira de Zootecnia, v.39,
n.11, p.2342-2248, 2010.
CABRAL, L.S; VALADARES FILHO, S.C; DETMANN, E.; ZERVOUDAKIS, J.T.;
VELOSO, R.G.; NUNES, P.M.M. Taxas de digestão das frações protéicas e de
carboidratos para as silagens de milho e de capim-elefante, o feno de capim-tifton
85 e o farelo de soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, p.1573-1580, 2004.
LICITRA, G.; HERNANDES, T.M.; VAN SOEST, P.J. Standardization of procedures
for nitrogen fractionational of ruminant feeds. Animal Feed Science and
Technology, v.57, p.347-358, 1996.
SNIFFEN, C.J., O’CONNOR, J.D., VAN SOEST, P.J.; FOX, D.G.; RUSSEL, J.B. A
net carbohydrate and protein system for evaluation cattle diets. II. Carbohydrate
and protein availability. Journal Animal Science, v.70, n.11, p.3562-3577, 1992.
VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant. Ithaca: Cornell University,
1994. 476p.
378
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.19. Ácidos orgânicos da silagem de capim-braquiaria com inclusão de farelo de
arroz1
Fagton de Mattos Negrão2, Anderson de Moura Zanine3, Alexandre Lima de Souza3,
Guilherme Ribeiro Alves3, Daniele de Jesus Ferreira4, Carlos Clayton Oliveira Dantas5
1
Parte da dissertação de mestrado do primeiro autor, financiada pela CAPES.
Doutorando do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso.
3
Professor do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Mato Grosso - Rondonópolis.
4
Pós-Doutoranda da Universidade Federal de Mato Grosso – Rondonópolis/MT.
5
Mestre em Ciência Animal, Universidade Federal de Mato Grosso.
2
Resumo: O experimento foi conduzido para avaliar os teores dos ácidos orgânicos das
silagens de capim-braquiaria contendo a inclusão (0, 10, 20, 30 e 40%) de farelo de
arroz na matéria natural do capim Brachiaria decumbens. Utilizou-se delineamento
inteiramente casualizado, com cinco tratamentos e cinco repetições. Após o corte de
uniformização do capim, realizado a 5 cm do nível do solo, foi feita a adubação com
60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha potássio na forma de sulfato de amônio e cloreto de
potássio, respectivamente. Após 50 dias realizou-se a 10 cm o corte e a ensilagem do
capim. Foram utilizados silos experimentais com capacidade de 10 litros. Os dados
foram submetidos à análise de variância, e quando significativa, foram submetidas à
análise de regressão a 5% de probabilidade. As concentrações de ácido acético, butírico
e propiônico foram reduzidas linearmente (P<0,05) em 0,01; 0,0008 e 0,0006 unidades
porcentuais para cada 1% de farelo de arroz, enquanto a de ácido láctico aumentou
lineamente em 0,05 unidades porcentuais. A inclusão de 10% de farelo de arroz já
assegura adequada fermentação, proporcionando melhora na qualidade da silagem.
Palavras–chave: capim, conservação de forragem, coproduto, fermentação
Organic acids from braquiaria grass silages with inclusion of rice meal
Abstract: The experiment was conducted to evaluate the levels of organic acids from
braquiaria grass silages containing inclusion (0, 10, 20, 30 and 40%) of rice meal in the
field of natural grass Brachiaria decumbens. We used a completely randomized design
with five treatments and five replications. After the uniformity cut the grass, held 5 cm
from ground level, was made fertilization with 60 kg/ha of nitrogen and 60 kg/ha
potassium in the form of ammonium sulfate and potassium chloride, respectively. After
50 days there was the 10 cm cutting the grass and silage. We used experimental bags
with a capacity of 10 liters. Data were subjected to analysis of variance, and when
379
significant, were subjected to regression analysis, 5% probability. The concentrations
of acetic, butyric and propionic acids were reduced linearly (P<0.05) 0.01, 0.0008 and
0.0006 percent unit for each 1% of rice meal while lactic acid increased linearly in
0.05 percentage units. The inclusion of 10% rice meal already ensures proper
fermentation, giving improved quality of the silage.
Keywords: coproduct, fermentation, forage conservation, grass
Introdução
Um dos principais entraves da produção animal à pasto está associado à
variação no crescimento das forrageiras ao longo do ano. Nessa premissa, a silagem de
capim produzida na estação chuvosa, a partir do próprio pasto, é uma alternativa para
suprir a baixa produtividade dos pastos na época seca. Entretanto, a presença do alto
teor de umidade e o baixo teor de carboidratos solúveis são fatores que limitam o
adequado processo fermentativo da silagem de capim. Dentro desta realidade, a
utilização de aditivos torna-se uma opção interessante para reduzir as perdas de
efluentes desde efluentes transportar nutrientes altamente digestíveis, além de açúcar e
ácidos orgânicos e suas perdas reduzir o valor nutritivo da silagem
(Zanine et al., 2006ab).
Nesse sentido, o farelo de arroz apresenta boas características e potencialidade,
que provém do beneficiamento do grão de arroz, que é constituído pelos tegumentos
que envolvem o grão, removidos no processo de beneficiamento do cereal para a
alimentação humana. É um coproduto com potencial de ser incluído no processo de
ensilagem de capim, tanto por sua capacidade em reter água como por melhorar a
composição bromatológica das silagens produzidas. No entanto, as informações
científicas a cerca do uso do farelo de arroz na produção de silagens de capins são
restritas, por isso, pesquisas com esse intuito podem contribuir para produção de
alimentos alternativos na nutrição de ruminantes.
Nesse contexto, foi realizado um experimento objetivando avaliar o efeito da
inclusão de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria sobre os teores dos ácidos
orgânicos das silagens.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na área experimental do Curso de Zootecnia, no
Campus de Rondonópolis-MT da Universidade Federal de Mato Grosso, coordenadas
geográficas: 16º28’ Latitude Sul, 50º34’ Longitude Oeste de Greenwich. O clima,
segundo a classificação de Koppen, é do tipo tropical, caracterizando-se por duas
estações bem definidas: seca entre os meses de abril a setembro e chuvosa entre os
meses de outubro a março. A espécie forrageira utilizada foi o capim
Brachiaria decumbens cv. Basilisk, proveniente de um pasto já estabelecido, de
aproximadamente 0,5 ha, da área experimental do Setor de Forragicultura. O
experimento foi realizado em delineamento inteiramente casualizado com cinco
tratamentos e cinco repetições. Os tratamentos avaliados foram: silagem de
capim-braquiaria, silagem de capim-braquiaria + 10% de farelo de arroz, silagem de
capim-braquiaria + 20% de farelo de arroz, silagem de capim-braquiaria + 30% de
farelo de arroz e silagem de capim-braquiaria + 40% de farelo de arroz, com base na
matéria natural da gramínea.
O capim foi submetido a um corte de uniformização, realizado com roçadeira
aclopada ao trator a uma altura de 5 cm do solo. No mesmo dia, foi feita adubação com
60 kg/ha de nitrogênio e 60 kg/ha de potássio, na forma de sulfato de amônio e cloreto
380
de potássio, respectivamente. Antes do corte da gramínea para a ensilagem, foram
retiradas amostras, através do método direto, em 20 subáreas de 0,25 m2, estimando-se
uma produção total de 5,8 toneladas de matéria seca por hectare e uma relação lâmina
foliar:colmo, lamina foliar:material morto de 1,46 e 1,16, respectivamente.
Apresentaram porcentagens de lâmina foliar, colmo e material morto de 41,72, 28,88 e
29,40%. Após 50 dias de rebrotação da gramínea, quando apresentava altura média de
60 cm, ocorreu o corte para o processo de ensilagem. O capim foi colhido
mecanicamente a uma altura de 10 cm do solo, utilizando uma roçadeira costal.
Imediatamente após, o capim foi levado para um galpão coberto, onde foi picado em
partículas de aproximadamente 3 cm, utilizando-se uma picadeira estacionária.
O farelo de arroz e a massa de forragem de capim-braquiaria, correspondentes a
cada tratamento, foram homogeneizados sobre lona plástica, sendo em seguida
acondicionadas em silos experimentais com capacidade aproximada de 10 litros e
compactados manualmente. Em cada silo colocou-se aproximadamente 1,4 kg da
matéria natural da mistura, correspondendo a uma densidade de 550 kg m-3.
Para determinação dos ácidos orgânicos, aproximadamente 25 g de silagem
fresca foram diluídas em 250 mL de água destilada e homogeneizadas em liquidificador
industrial durante um minuto. O extrato aquoso resultante foi filtrado em filtro de
papel, e 100 mL foram acidificados com H2SO4 50% e, posteriormente, filtradas em
papel de filtragem rápida. Em 2 mL deste filtrado foram adicionados 1 mL de solução
de ácido metafosfórico 20% e 0,2 mL de solução de ácido fênico 1%, utilizado como
padrão interno. A determinação dos ácidos láctico, acético, butírico e propiônico foi
realizada por cromatografia líquida de alto desempenho (HPLC), segundo metodologia
descrita por Mathew et al. (1997).
Os dados obtidos referentes aos ácidos orgânicos das silagens de capim
Brachiaria decumbens foram analisados estatisticamente através da análise de variância
(teste t) e, nos casos de significância, procedeu-se a análise de regressão, testando-se
modelos polinomiais de primeiro e de segundo graus, ao nível de 5% de significância,
utilizando-se o programa SAEG, (1999) versão 8.1.
Resultados e Discussão
A inclusão de farelo de arroz na ensilagem de capim-braquiaria aumentou
linearmente (P<0,05) os valores de ácido lático das silagens, estimando-se um
acréscimo de 0,056% para cada 1% de farelo de arroz adicionado na massa ensilada
(Tabela 1). Comprova-se, assim, que ocorreu um rápido aumento das bactérias ácidolácticas nas silagens contendo farelo de arroz, mostrando que houve uma colonização
eficiente e uma boa adaptação das bactérias às silagens. De acordo com
Santos et al. (2008), a maior produção de ácido láctico pode levar a menores perdas de
MS em silagens, considerando-se que a fermentação láctica resulta em mínimas perdas,
ao passo que as fermentações acética e butírica estão associadas a fermentações
secundárias e perdas de MS na forma de gases.
Para as concentrações de ácido acético, foi observada redução de 0,17%, sendo
estimados concentrações de 1,397, 1,227, 1,057, 0,887 e 0,717% para os níveis de
0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. A presença de concentrações moderadas de
ácido acético, produzidas pelas enterobactérias, constitui um fator importante na
fermentação, uma vez que seu poder antifúngico é mais eficiente que o do ácido lático
(Moon, 1983). Além disso, os valores encontrados no experimento variam de
1,5 a 0,8% (Tabela 1), atingindo o nível crítico de 0,8% (Muck, 1988), sugerindo boa
preservação da massa ensilada ao nível de 40% de inclusão de farelo de arroz.
381
Para as concentrações de ácido butírico, foi observada redução de 0,0008%,
sendo estimados concentrações de 0,08, 0,072, 0,064, 0,056 e 0,048% para os níveis de
0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz. As concentrações de ácido butírico nas silagens
permaneceram dentro do recomendado na literatura, que seria de menos de 0,2% para
caracterização de silagens bem preservadas (McDonald, 1981).
Para as concentrações de ácido propiônico, foi observada redução de 0,0006%,
sendo estimados concentrações de 0,0515, 0,0455, 0,0395, 0,0335 e 0,0275% para os
níveis de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz.
Considerando o teor dos ácidos lático, acético, butírico e propiônico, pode-se
depreender que a adição do farelo de arroz à ensilagem de capim-braquiaria favoreceu
o processo fermentativo, pois propiciou a fermentação láctica.
Tabela 1 - Valores médios do ácido lático (AL), ácido acético (AA), ácido butírico
(AB) e ácido propiônico (AP) das silagens de capim-braquiaria com
inclusão de 0, 10, 20, 30 e 40% de farelo de arroz.
Níveis de Farelo de Arroz (%)
Equação de Regressão*
R2
CV%
0
10
20
30
40
1
AL
3,182
4,523
4,975
5,427
5,558
Ŷ=3,602+0,056X
0,87
8,23
AA1
1,539
1,137
0,911
0,885
0,815
Ŷ=1,397-0,017X
0,83
8,93
AB1
0,098
0,074
0,068
0,065
0,063
Ŷ=0,08-0,0008X
0,76
9,35
AP1
0,059
0,037
0,035
0,033
0,030
Ŷ=0,0515-0,0006X
0,72
9,57
*Significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste t; 1Porcentagem; CV = coeficiente de variação
Ácidos
Conclusões
A inclusão de 10% de farelo de arroz já assegura boa fermentação da silagem de
capim-braquiaria.
Literatura citada
MATHEW, S.; SAGATHEVAN, S.; THOMAS, J. An HPLC method for estimation of
volatile fatty acids in ruminal fluid. Indian Journal of Animal Science, v.67, n.9,
p.805-807, 1997.
McDONALD, P. The biochemistry of silage. Chichester: John Wiley e Sons, 218p.,
1981.
MUCK, R.E. Factors influencing silage quality e their implication for management.
Journal of Dairy Science, v.71, p.2992-3002, 1988.
SANTOS, E.M., ZANINE, A.M., FERREIRA, D.J., OLIVEIRA, J.S., PENTEADO,
D.C.S. E PEREIRA, O.G. Inoculante ativado melhora a silagem de capim-tanzânia
(Panicum maximum). Archivos de Zootecnia, v.215, p.1-8, 2008.
ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; PEREIRA, O.G.; ALMEIDA,
J.C.C. Efeito do farelo de trigo sobre as perdas, recuperação da matéria seca e
composição bromatológica de silagem de capim-mombaça. Brazilian Journal of
Veterinary Research and Animal Science, v. 54, p. 1-10, 2006 (a).
ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; OLIVEIRA, J.S.; ALMEIDA,
J.C.C.; PEREIRA, O.G. Avaliação da silagem de capim-elefante com adição de
farelo de trigo. Arquivos de Zootecnia, v. 55, p. 75-84, 2006 (b).
382
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.20. Características estruturais da forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk
fertirrigada com água residuária de suínos1
Bruno Grossi Costa Homem2, Onofre Barroca de Almeida Neto3, Marisa Senra Condé2,
Igor Machado Ferreira4, Mateus Diniz Silva4, Valdir Botega Tavares3.
1
Parte da Iniciação Científica do primeiro, terceiro e quarto autor, financiada pela FAPEMIG.
Graduandos em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba.
3
Professor Adjunto do IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba.
4
Estudante do Curso Técnico Integrado em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba.
2
Resumo: Foram avaliadas as características estruturais da gramínea Brachiaria
decumbens cv. Basilisk sob a aplicação de diferentes doses de Água Residuária de
Suínos (ARS). O experimento foi realizado numa área plana, ocupado com pastagem de
Brachiaria decumbens cv. Basilisk estabelecida há três anos. No total foram cinco
ciclos da forrageira, onde a cada ciclo da forragem, foram aplicadas as doses de 0, 10,
20 e 30 m3.ha-1 de ARS, totalizando as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano-1. O
experimento foi realizado em delineamento de blocos casualizados em parcelas
subdivididas. Não houve diferença (p>0,05) na proporção de lâmina verde da gramínea
com a aplicação das diferentes doses de ARS, porém ao longo do experimento
observou-se tendência ao aumento das lâminas verdes (p<0,05). Para a proporção de
colmo e material morto, ambos apresentaram diferença (p<0,05) com as diferentes
doses de ARS, porém muito influenciadas pelo manejo empregado na pastagem.
Palavras–chave: colmo, lâmina verde, material morto, descanso fixo
Structural characteristics of Brachiaria decumbens cv. Basilisk fertirrigated with
wastewater swine1
Abstract: We evaluated the structural characteristics of grass Brachiaria decumbens
cv. Basilisk under the application of different doses of swine wastewater (ARS). The
experiment was conducted in a flat at, busy with Brachiaria decumbens cv. Basilisk
pastures established three years ago. The in total of five cycles of forage, where each
cycle, were applied doses of 0, 10, 20 and 30 m3.ha-1 the ARS, total doses of 0, 50, 100
and 150 m3.ha-1.year-1. The experiment was conducted in randomized block design with
split plots. There was no difference (p> 0.05) in the proportion of green blade of grass
with the application of different doses of ARS, but throughout the experiment showed a
tendency to increased green blades (p <0,05). For the proportion of stem and dead
383
material, both showed differences (p <0.05) with different doses of ARS, but very
influenced by the management used in the pasture.
Keywords: stem, green blade, dead material, rest fixed
Introdução
Um dos principais objetivos com o manejo do pastejo é fazer com que a maior
parte da forragem consumida pelo animal seja composta por lâminas foliares. Contudo,
são diversos os fatores que influenciam os processos que resultam na disponibilização
dessa lâmina foliar ao animal.
Um desses fatores corresponde à fertilidade do solo, sendo um dos mais
susceptíveis a mudanças. A baixa fertilidade dos solos é um fator limitante para o
crescimento das gramíneas e o estudo das quantidades mais adequadas de ARS a ser
utilizada como fonte de nutrientes, é de grande importância no manejo das pastagens. O
objetivo deste trabalho foi avaliar as características estruturais da gramínea Brachiaria
decumbens cv. Basilisk com a aplicação de diferentes doses da ARS.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido numa área de 252 m2, localizada em uma
propriedade rural no município de Silveirânia-MG, no período de dezembro de 2011 a
maio de 2012, em área plana, ocupado com pastagem de Brachiaria decumbens cv.
Basilisk estabelecida há três anos. Os tratamentos foram alocados em delineamento de
blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas
mediram 6 m2 (3 × 2 m), distantes 1,5 m entre si. Foram cinco ciclos de produção da
forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk, sendo que o volume de água residuária
total de cada tratamento foi dividido igualmente entre os cinco ciclos. Dessa forma foi
aplicado a cada ciclo da forrageira as doses 0, 10, 20 e 30 m³.ha -1 da ARS, totalizando
as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano-1. O experimento foi realizado em período de
descanso fixo, onde a aplicação do efluente foi feita a cada 28 dias, após cada corte da
forrageira.
Em cada parcela foram cortadas manualmente duas amostras da pastagem, com
altura aproximada de 15 cm acima do nível do solo, utilizando molduras de 0,25 m². O
material foi separado em lâmina foliar verde, colmo verde e material morto.
Posteriormente, as amostras foram pesadas, acondicionadas em sacos de papel e
colocadas em estufa com ventilação forçada, a 65ºC, durante 72 horas, quando
novamente foram pesadas. Os dados obtidos foram utilizados para estimação dos
percentuais de cada componente estrutural na gramínea. Os dados foram submetidos à
análise da variância, com posterior análise de regressão. Para comparação das médias
obtidas nas datas de cortes, utilizou-se o teste F a 5% de significância. A análise
estatística foi realizada por meio do Programa SISVAR.
Resultados e Discussão
O percentual de lâmina verde na gramínea não foi influenciado pela aplicação das
diferentes doses de ARS (p>0,05), tendo um valor médio 56,60 % entre os tratamentos.
Resultados semelhantes foram encontrados por ARAÚJO et al. (2011), que verificaram
que no segundo ano de aplicação do Dejeto Líquido de Bovino (DLB) em pastagem de
Brachiaria brizantha cv. Marandu, não influenciou a porcentagem de lâmina verde na
gramínea, obtendo um valor médio de 59,9%.
384
Ao longo das sucessivas aplicações da ARS, observamos que a participação da
lâmina verde na gramínea foi influenciada (p<0,05), havendo aumento da mesma ao
longo do tempo (Figura 1).
Figura 1 – Variação do percentual de lâmina verde da gramínea Brachiaria decumbens
cv. Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS.
O acréscimo do percentual de lâmina verde encontrado pode ter relação com a
quebra de dominância apical, por causa dos cortes sucessivos e do estímulo dos
nutrientes fornecidos pela aplicação do dejeto, proporcionando um bom
desenvolvimento de folhas na mesma (ARAÚJO et al., 2011).
Para o colmo, observa-se que houve efeito significativo (p<0,05) da aplicação das
diferentes doses de ARS (Figura 2). Esse aumento do percentual de colmo na gramínea
pode estar ligado ao fato de que, com o aumento das doses de ARS, fornecendo uma
maior quantidade de nutrientes à planta, que em condições climáticas adequadas para o
seu desenvolvimento, possui um crescimento acelerado. Assim, como o experimento
foi realizado em período de descanso fixo, proporciona uma maior taxa de alongamento
de pseudocolmo, pelo excessivo desenvolvimento da planta, resultando em elevada
competição por luz entre os perfilhos nesse local. Nessa condição, a planta prioriza a
alocação de carbono no alongamento dos entrenós, para posicionar a nova área foliar
nas camadas menos sombreadas do dossel (LEMAIRE, 2001).
O percentual de material morto na gramínea foi alterado (p<0,05) pelas diferentes
doses de ARS, tendo uma tendência à diminuição com o aumento das doses de ARS
(Figura 3). Como o experimento foi realizado em período de descanso fixo, esperava-se
que a senescência aumentasse, pelo fato de que, muitas vezes, ela pode estar associada
ao processo de alongamento do pseudocolmo, pois, sob sombreamento, tanto o
alongamento do pseudocolmo quanto a senescência de folhas são desencadeados
(LEMAIRE, 2001). Porém, à medida que se maneja corretamente uma pastagem,
empregando-se um pastejo uniforme, e rebaixando a mesma até a altura de resíduo
ideal, espera-se que o material senescente diminua, pela retirada da dominância apical e
estímulo ao perfilhamento basilar.
Conclusões
O aumento das lâminas verdes ao longo do experimento e a diminuição do
material morto refletem o aumento de nutrientes fornecido ao solo e o manejo correto
na remoção total da gramínea até a altura de resíduo. Contudo, o aumento da
385
participação do colmo na gramínea, é resultante ao método de período de descanso
utilizado.
Figura 2 – Variação do percentual de folhas da gramínea Brachiaria decumbens cv.
Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS.
Figura 3 – Variação do percentual de material morto da gramínea Brachiaria
decumbens cv. Basilisk com as sucessivas aplicações da ARS.
Literatura citada
ARAÚJO, A.S.; SANTOS, A.C.; NETO, S.P.S.; SANTOS, P.M.; SILVA, J.E.C.;
SANTOS, J.G.D. Produtividade do capim-marandu e alterações químicas do solo
submetido a doses de dejetos líquidos de bovinos. Rev. Ci. Agra., v.54, n.3, p.235-246,
Set/Dez 2011.
LEMAIRE, G. Ecophisiology of grasslands: dinamic aspects of forageplant populations
in grazed swards. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19., 2001, São
Pedro, 2001. Proceedings...São Pedro: FEALQ, 2001. p.29-37.
386
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.21. Índice populacional de perfilhos no capim-tanzânia manejado com
parâmetros ecofisiológicos1
Renan Marvila da Silva Santos2, Anderson de Moura Zanine3, Domicio Nascimento
Júnior3, Wilton Ladeira da Silva4, Daniele de Jesus Ferreira5, Márcia Cristina Teixeira
da Silveira6
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT/Campus Rondonópolis.
3
Professor do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis, email: [email protected].
4
Doutorando em Zootecnia – UNESP, Jaboticabal, SP.
5
Pós-doutoranda Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis.
6
Pesquisadora da EMBRAPA/Pecuária Sul, Bagé, RS.
2
Resumo: O experimento foi conduzido para avaliar o índice de estabilidade de
perfilhos de pastos de capim-tanzânia (Panicum maximum cv. Tanzânia) submetidos a
duas frequências de pastejo (tempo necessário para interceptar 90 e 95% da luz
incidente) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm). O delineamento experimental foi o
de blocos completos casualizados com três repetições, em um arranjo fatorial 2 x 2. O
índice de estabilidade de perfilhos manteve-se acima de 1 ao longo de todo o ano
experimental. Esses resultados demonstram que as estratégias de manejo avaliadas não
comprometeram a estabilidade da população de perfilhos do capim-tanzânia, sugerindo
que todas as combinações entre frequências e intensidades pós-pastejo foram adequadas
para o manejo do capim-tanzânia.
Palavras–chave: ecofisiologia vegetal, frequência de pastejo, Panicum maximum
Tiller population in Guinea grass pasture with ecofisiológicos parameters
Abstract: This study was carried out to analyze the tillering profile of Guinea grass
(Panicum maximum cv. Tanzania) pastures subjected to two grazing frequencies (time
necessary to intercept 90 and 95% of the incoming light) and two post-grazing heights
(30 and 50 cm). The experimental design was of completely randomized blocks with
three replications, in a 2 × 2 factorial arrangement. The stability index remained above
1 throughout the experimental period. These results demonstrate that the management
strategies evaluated did not affect the stability of the tiller population of Guine grass,
suggesting that all combinations of frequencies and severities after grazing were
appropriate for the management of Tanzania grass.
387
Keywords: grazing frequency, Panicum maximum, plant ecophysiology
Introdução
Os pastos são constituídos por uma população de perfilhos de diferentes idades,
em que cada perfilho possui sua própria dinâmica de produção de lâminas foliares com
período limitado de vida. Assim, o crescimento e a produtividade dos pastos dependem
da contínua produção de novas lâminas foliares e perfilhos para reposição daqueles que
morreram ou foram consumidos (Hodgson, 1990).
Notadamente esse processo pode ser acelerado pela desfolhação da planta e
consequente melhoria do ambiente luminoso na base do dossel. Esse processo pode ser
explicado pelo fato de os perfilhos individuais terem duração de vida limitada e ser
mantida uma contínua reposição dos perfilhos mortos (Skinner e Nelson, 1992).
Nesse sentido, objetivou-se com o experimento avaliar o índice de estabilidade de
perfilhos em pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências e duas alturas
pós-pastejo em lotação intermitente.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em área do Departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Viçosa, MG, com o Panicum maximum cv. Tanzânia, no período de
novembro de 2005 a outubro de 2006. O clima da região é do tipo Cwa, subtropical,
possuindo estações seca (nos meses mais frios) e chuvosa (nos meses mais quentes)
bem definidas.
No início de outubro de 2005, realizou-se um corte de uniformização do pasto a
35 cm do solo, utilizando-se roçadeira costal. As avaliações foram iniciadas
(07/11/2005), encerrando-se no dia 12/10/2006.
Foram avaliadas combinações entre duas frequências (período de tempo
necessário para o dossel alcançar 90 e 95% de interceptação de luz durante a
rebrotação) e duas severidades de pastejo (caracterizada por alturas pós-pastejo de 30 e
50 cm), segundo um arranjo fatorial 2 x 2. Assim, os tratamentos corresponderam a
quatro estratégias de manejo do pastejo (combinação entre frequência e severidade):
90/30, 90/50, 95/30 e 95/50. As estratégias de manejo do pastejo foram alocadas às
unidades experimentais (piquetes de 144 m2) em um delineamento experimental de
blocos completos casualizados com três repetições.
Os pastejos foram realizados por bovinos mestiços de aproximadamente 460 kg
de peso corporal. Altas taxas de lotação foram empregadas para que o pastejo não
excedesse o período diurno na obtenção da altura de resíduo especifica de cada
tratamento.
Durante o experimento, foram utilizados 150 kg/ha de nitrogênio, na forma de
ureia, divididos em três doses de 50 kg/ha após a saída dos animais dos piquetes. Como
o intervalo de pastejo e as condições de entrada dos animais nos piquetes foram
variáveis, as datas de aplicação também foram distintas (Tabela 1). Porém, realizadas
de forma que todos os tratamentos recebessem a mesma quantidade de nitrogênio ao
final do período experimental.
O monitoramento da interceptação de luz pelos pastos foi realizado utilizando-se
o aparelho analisador de dossel AccuPAR. Para a avaliação da taxa de mortalidade de
perfilhos foram marcadas três touceiras por unidade experimental em pontos
representativos dos pastos. No início do período experimental todos os perfilhos
pertencentes às touceiras foram contados e marcados com arames revestidos de plástico
de uma cor determinada.
388
O índice de estabilidade da população de perfilhos foi calculado de acordo com
metodologia descrita por Bahmani et al. (2003), utilizando-se a expressão: índice de
estabilidade = taxa de sobrevivência de perfilhos (1 + taxa de aparecimento de
perfilhos). A taxa de sobrevivência de perfilhos foi calculada como: (1 – taxa de
mortalidade de perfilhos).
Resultados e Discussão
Após o primeiro ciclo de pastejo, a população de perfilhos aumentou no período
correspondente ao final da primavera e verão, decrescendo no inverno e elevando-se
novamente no início da primavera (Figura 1).
Independentemente da estratégia de manejo utilizada (frequência e altura póspastejo), o índice de estabilidade manteve-se acima de 1 durante todo o período
experimental (Figura 1). Esses resultados demonstram que as estratégias de manejo
avaliadas não comprometeram a estabilidade da população de perfilhos do capimtanzânia, sugerindo que todas as combinações entre frequências e intensidades póspastejo foram adequadas para o manejo do capim-tanzânia. Em razão das melhores
condições de crescimento (temperatura, luminosidade, umidade do solo) existente a
partir do final da primavera, o índice de estabilidade aumentou até atingir um pico no
verão, indicando aumento da população de perfilhos. O verão foi marcado por maiores
taxas de aparecimento e mortalidade de perfilhos, indicando elevada capacidade de
renovação de perfilhos do pasto, porém sem comprometer a estabilidade do pasto.
O outono e, especialmente, o inverno são épocas com condições restritivas de
crescimento e desenvolvimento das plantas. Assim, houve redução no aparecimento e
na mortalidade de perfilhos durante essas épocas do ano. Como consequência, houve
decréscimo no número de perfilhos e no índice de estabilidade (Figura 1) para todas as
estratégias de manejo.
Tabela 1 – Data de aplicação do fertilizante nitrogenado em cada unidade experimental
durante o período experimental.
Tratamento
Bloco
Data
90/30
90/30
90/30
95/30
95/30
95/30
90/50
90/50
90/50
95/50
95/50
95/50
I
II
III
I
II
III
I
II
III
I
II
III
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
1ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Data
28/12
28/12
28/12
28/01
28/01
28/01
20/12
20/12
20/12
06/01
06/01
06/01
2ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Data
03/02
03/02
03/02
01/03
01/03
01/03
23/02
23/02
23/02
09/02
09/02
09/02
3ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Total
(kg/ha)
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
389
Figura 1 – Índice de estabilidade de perfilhos durante o ano experimental, em pastos
de capim-tanzânia manejados com frequências (tempo para interceptar 90
e 95 % da luz) e alturas pós-pastejo (30 ou 50 cm).
Conclusões
O índice de estabilidade manteve-se acima de 1 ao longo de todo o período
experimental. Demonstra que as estratégias de manejo avaliadas não comprometeram a
estabilidade da população de perfilhos do capim-tanzânia, sugerindo que todas as
combinações entre frequências e intensidades pós-pastejo foram adequadas para o
manejo do capim-tanzânia.
Literatura citada
BAHMANI, I.; THOM, E.R.; MATTHEW, C. et al. Tiller dynamics of perennial
ryegrass cultivars derived from different New Zealand ecotypes: effects of cultivar,
season, nitrogen fertilizer, and irrigation. Australian Journal of Agricultural
Research, v.54, p.803-817, 2003.
HODGSON, J. Grazing management: science into practice. New York: Longman,
1990. 203p.
SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Estimation of potential tiller production and site
usage during tall fescue canopy development. Annals of Botany, v.70, p.493-499,
1992.
390
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.22. Taxa de aparecimento de perfilhos no capim-tanzânia submetido a
frequências e intensidades de pastejos1
Renan Marvila da Silva Santos2, Anderson de Moura Zanine3, Domicio Nascimento
Júnior3, Wilton Ladeira da Silva4, Daniele de Jesus Ferreira5, Márcia Cristina Teixeira
da Silveira6
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT/Campus Rondonópolis.
3
Professor do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis, email: [email protected].
4
Doutorando em Zootecnia – UNESP, Jaboticabal, SP.
5
Pós-doutoranda Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis.
6
Pesquisadora da EMBRAPA/Pecuária Sul, Bagé, RS.
2
Resumo: Este trabalho foi conduzido para avaliar a taxa de aparecimento de perfilhos
de pastos de Panicum maximum cv. Tanzânia submetidos a duas frequências de pastejo
(tempo necessário para interceptar 90 e 95% da luz incidente) e duas alturas pós-pastejo
(30 e 50 cm). O delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados com
três repetições, em um arranjo fatorial 2 x 2. No final da primavera, pastos manejados
com 90% de interceptação de luz apresentam maiores taxas de aparecimento de
perfilhos em relação aos pastos manejados com 95%, independentemente da altura póspastejo. No verão e no outono, pastos manejados com altura pós-pastejo de 30 cm
apresentaram maiores taxas de aparecimento de perfilhos comparativamente aos pastos
manejados com 50 cm. No verão, maiores valores foram registrados em pastos
manejados com 90/50 e 95/30, intermediários naqueles manejados a 90/30 e menores
naqueles manejados a 95/50. No inverno/início de primavera pastos manejados com
95/30 apresentaram menores taxas de aparecimento de perfilhos comparativamente aos
pastos manejados a 90/30 e 90/50 e 95/50. Todas as estratégias de manejo avaliadas
foram adequadas para o capim-tanzânia.
Palavras–chave: ecofisiologia vegetal, frequência de pastejo, Panicum maximum
Tillering in Guinea grass subjected to frequency and intensity of grazing
Abstract: This study was carried out to analyze the tillering profile of Guinea grass
(Panicum maximum cv. Tanzania) pastures subjected to two grazing frequencies (time
necessary to intercept 90 and 95% of the incoming light) and two post-grazing heights
(30 and 50 cm). The experimental design was of completely randomized blocks with
three replications, in a 2 × 2 factorial arrangement. At the end of the spring, pastures
managed with 90% light interception showed greater tiller appearance rates in relation
391
to pastures managed with 95%, regardless of post-grazing height. In the summer, the
highest values were recorded in pastures managed with 90/50 and 95/30, those
intermediaries handled the 90/30 and those managed under the 95/50. In winter / early
spring pastures managed with 95/30 had lower rates of tillering compared to swards
grazed to 90/30 and 90/50 and 95/50. All management strategies evaluated are adequate
for Guinea grass.
Keywords: grazing frequency, Panicum maximum, plant ecophysiology
Introdução
O perfilho é a unidade básica de produção das gramíneas forrageiras, que utilizam
o perfilhamento como forma de crescimento e, sobretudo, de sobrevivência (Hodgson,
1990). A persistência de uma gramínea forrageira está associada à contínua reposição
dos perfilhos, uma vez que os perfilhos apresentam duração de vida limitada e variável
em função de condições intrínsecas à planta forrageira (espécie, estádios vegetativo e
reprodutivo), de fatores ambientais (temperatura, luminosidade, umidade, fertilidade) e
do manejo do pastejo (frequência e intensidade).
No Brasil, a partir de estudos recentes, recomenda-se que a rebrotação do capimtanzânia deve ser interrompida quando o dossel alcançar 70 cm, altura correspondente a
95% de interceptação de luz incidente pelo pasto (Barbosa et al., 2007). Definida essa
frequência de desfolhação, a flexibilidade de manejo do pastejo pode ser gerada por
meio de variações na altura pós-pastejo.
Assim, o trabalho foi proposto para avaliar a taxa de aparecimento de perfilhos
em pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências (tempo para interceptar 90
e 95% de luz) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm) em lotação intermitente.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em área do Departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Viçosa, MG, com o Panicum maximum cv. Tanzânia, no período de
novembro de 2005 a outubro de 2006. O clima da região é do tipo Cwa, subtropical,
possuindo estações seca (nos meses mais frios) e chuvosa (nos meses mais quentes)
bem definidas.
No início de outubro de 2005, realizou-se um corte de uniformização do pasto a
35 cm do solo, utilizando-se roçadeira costal. As avaliações foram iniciadas
(07/11/2005), encerrando-se no dia 12/10/2006.
Foram avaliadas combinações entre duas frequências (período de tempo
necessário para o dossel alcançar 90 e 95% de interceptação de luz durante a
rebrotação) e duas severidades de pastejo (caracterizada por alturas pós-pastejo de 30 e
50 cm), segundo um arranjo fatorial 2 x 2. Assim, os tratamentos corresponderam a
quatro estratégias de manejo do pastejo (combinação entre frequência e severidade):
90/30, 90/50, 95/30 e 95/50. As estratégias de manejo do pastejo foram alocadas às
unidades experimentais (piquetes de 144 m2) em um delineamento experimental de
blocos completos casualizados com três repetições.
Os pastejos foram realizados por bovinos mestiços de aproximadamente 460 kg
de peso corporal. Altas taxas de lotação foram empregadas para que o pastejo não
excedesse o período diurno na obtenção da altura de resíduo especifica de cada
tratamento. Após o pastejo os animais permaneceram em um pasto reserva e só
retornaram à unidade experimental quando as mesmas atingiam, novamente, as metas
pré-pastejo estabelecidas (90 ou 95% de interceptação de luz).
Durante o experimento, foram utilizados 150 kg/ha de nitrogênio, na forma de
ureia, divididos em três doses de 50 kg/ha após a saída dos animais dos piquetes. Como
392
o intervalo de pastejo e as condições de entrada dos animais nos piquetes foram
variáveis, as datas de aplicação também foram distintas (Tabela 1). Porém, realizadas
de forma que todos os tratamentos recebessem a mesma quantidade de nitrogênio ao
final do período experimental.
O monitoramento da interceptação de luz pelos pastos foi realizado utilizando-se
o aparelho analisador de dossel AccuPAR. Para a avaliação da taxa de aparecimento de
perfilhos foram marcadas três touceiras por unidade experimental em pontos
representativos dos pastos. No início do período experimental todos os perfilhos
pertencentes às touceiras foram contados e marcados com arames revestidos de plástico
de uma cor determinada. Dessa forma, foi possível estimar a população de perfilhos de
todas as gerações, e calcular as taxas de aparecimento {[(perfilhos novos/total de
perfilhos vivos na marcação anterior) x 100]/ dias de rebrotação.
Os resultados foram agrupados nas seguintes épocas do ano: final de primavera
(novembro e dezembro de 2005); verão (janeiro a março de 2006); outono (abril a
junho de 2006); e inverno/início da primavera (julho a outubro de 2006). Os dados
assim agrupados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o procedimento
do pacote estatístico SAS. A comparação de médias foi realizada por meio do teste de
Tukey adotando-se o nível de significância de 10%.
Resultados e Discussão
No final da primavera, pastos manejados com 90/30 e 90/50 apresentaram
maiores taxas de aparecimento de perfilhos relativamente aos pastos manejados a 95/30
e 95/50. No verão e no outono, pastos manejados com 90/30 e 95/30 apresentaram
maiores valores em comparação aos pastos manejados a 90/50 e 95/50. No
inverno/início de primavera pastos manejados com 95/30 apresentaram menores taxas
de aparecimento de perfilhos comparativamente aos pastos manejados a 90/30, 90/50 e
95/50 (Tabela 2). No início do período experimental, isto é, final de primavera, pastos
manejados com 90% de interceptação de luz apresentaram maior taxa de aparecimento
de perfilhos em relação aos pastos manejados a 95%, independentemente da altura póspastejo avaliada (Tabela 1).
Tabela 1 – Data de aplicação do fertilizante nitrogenado em cada unidade experimental
durante o período experimental.
Tratamento
Bloco
Data
90/30
90/30
90/30
95/30
95/30
95/30
90/50
90/50
90/50
95/50
95/50
95/50
I
II
III
I
II
III
I
II
III
I
II
III
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
1ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Data
28/12
28/12
28/12
28/01
28/01
28/01
20/12
20/12
20/12
06/01
06/01
06/01
2ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Data
03/02
03/02
03/02
01/03
01/03
01/03
23/02
23/02
23/02
09/02
09/02
09/02
3ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Total
(kg/ha)
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
O potencial de perfilhamento de um genótipo está relacionado à sua capacidade
de emissão de folhas, uma vez que cada folha formada corresponde à formação de uma
nova gema axilar, capaz de gerar um novo perfilho. Em teoria, o aparecimento de novas
folhas resulta em oportunidade de aparecimento de novos perfilhos (Skinner & Nelson,
393
1992). Assim, as maiores taxas de aparecimento de perfilhos nos pastos manejados com
90% de interceptação de luz pelo dossel podem estar relacionadas à maior taxa de
aparecimento de folhas, maior nesses pastos em comparação com aqueles manejados a
95% de interceptação de luz. Esse padrão pode ser em resposta à menor competição por
luz associada ao pastejo mais baixo (30 cm) no início do período experimental.
Tabela 2 - Taxa de aparecimento de perfilhos (perfilho/100.perfilho.dia) em pastos de
capim-tanzânia submetidos a estratégias de pastejo em lotação intermitente
Altura pós-pastejo (cm)
Interceptação luminosa (%)
90
95
Final da primavera
30
50
1,10Aa
(0.202)
0.85Aa
(0.873)
0.45Ba
(0.205)
0.45Ba
(0.277)
Verão
30
50
1.92Aa
(0.326)
1.66Ab
(0.408)
2.33Aa
(0.370)
1.40Ab
(0.449)
Outono
1.30Aa
(0.395)
0.70Ab
50
(0.216)
inverno/início da primavera
1.21Aa
0.69Ba
30
(0.271)
(0.243)
1.08Aa
0.98Aa
50
(0.103)
(0.178)
Números entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
Para cada época, médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não
diferem pelo teste de Tukey (P>0,10).
30
1.10Aa
(0.152)
0.79Ab
(0.113)
Conclusões
A taxa de aparecimento de perfilhos é maior no verão em relação ao final da
primavera, outono e inverno/início de primavera. A frequência de pastejo de 90 e 95%
de interceptação luminosa promove altas taxas de aparecimento de perfilhos,
principalmente no período chuvoso.
Literatura citada
BARBOSA, R.A.; NASCIMENTO JÚNIOR, D.; EUCLIDES, V.B.P. Capim-tanzânia
submetido a combinações entre intensidade e frequência de pastejo. Pesquisa
Agropecuária Brasileira, v.42, p.329-340, 2007.
HODGSON, J. Grazing management: science into practice. New York: Longman,
1990. 203p.
SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Estimation of potential tiller production and site
usage during tall fescue canopy development. Annals of Botany, v.70, p.493-499,
1992.
394
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.23. Mortalidade de perfilhos no capim-tanzânia submetido à pastejos rotativos1
Renan Marvila da Silva Santos2, Anderson de Moura Zanine3, Domicio Nascimento
Júnior3, Wilton Ladeira da Silva4, Daniele de Jesus Ferreira5, Márcia Cristina Teixeira
da Silveira6
1
Parte da tese de doutorado do segundo autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Zootecnia – UFMT/Campus Rondonópolis.
3
Professor do Curso de Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis, email: [email protected].
4
Doutorando em Zootecnia – UNESP, Jaboticabal, SP.
5
Pós-doutoranda Universidade Federal de Mato Grosso – Campus Rondonópolis.
6
Pesquisadora da EMBRAPA/Pecuária Sul, Bagé, RS.
2
Resumo: Objetivou-se com o experimento para avaliar o padrão do perfilhamento de
pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências de pastejo (tempo necessário
para interceptar 90 e 95% da luz incidente) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm). O
delineamento experimental foi o de blocos completos casualizados com três repetições,
em um arranjo fatorial 2 x 2. A taxa de mortalidade de perfilhos não foi afetada pelas
combinações entre frequência e alturas pós-pastejo no final da primavera. No verão,
maiores valores foram registrados em pastos manejados com 90/50 e 95/30,
intermediários naqueles manejados a 90/30 e menores naqueles manejados a 95/50.
Pastos manejados a 90/30, 95/30 e 95/50 no outono apresentaram maiores taxas de
mortalidade de perfilhos relativamente aos pastos manejados a 90/50. Essas diferenças
desapareceram no inverno/início de primavera.
Palavras–chave: ecofisiologia vegetal, frequência de pastejo, Panicum maximum
Tiller mortality in Guinea grass subjected to rotational grazing
Abstract: This study was carried out to analyze the tillering profile of Guinea grass
(Panicum maximum cv. Tanzania) pastures subjected to two grazing frequencies (time
necessary to intercept 90 and 95% of the incoming light) and two post-grazing heights
(30 and 50 cm). The experimental design was of completely randomized blocks with
three replications, in a 2 × 2 factorial arrangement. The tillers mortality rate of was not
affected by combinations of frequency and post grazing heights in late spring. In the
summer, the highest values were recorded in pastures managed with 90/50 and 95/30,
those intermediaries handled the 90/30 and those managed under the 95/50. Swards
grazed to 90/30, 95/30 and 95/50 in the fall had higher mortality rates of tillers in
395
relation to pastures managed 90/50. These differences disappeared in winter/early
spring.
Keywords: grazing frequency, Panicum maximum, plant ecophysiology
Introdução
Tendo por base que o perfilhamento de gramíneas forrageiras tem sido apontado
como a característica mais importante para o estabelecimento da produtividade dessas
plantas. É importante, estabelecer metas de padrões de desfolhações que promovam
elevado potencial de renovação de tecidos, com maior acúmulo de lâminas foliares e
controle efetivo do acúmulo de colmo e da senescencia, o que resulta em maior
eficiência de pastejo e melhor desempenho animal.
Contudo, em ambientes favoráveis ao crescimento do pasto, como em pastagens
adubadas e, ou, irrigadas, é comum que um número maior de pastos alcance a condição
ideal de pastejo rapidamente, devido ao aumento do fluxo de tecido (Zanine et al.,
2011). Nesta situação, a realização do pastejo anterior à meta ideal de 95% de
interceptação de luz pelo dossel poderia gerar flexibilidade de manejo. No entanto,
esses estudos ainda são escassos.
Nesse sentido, objetivou-se com o experimento avaliar a taxa de mortalidade de
perfilhos em pastos de capim-tanzânia submetidos a duas frequências (tempo para
interceptar 90 e 95% de luz) e duas alturas pós-pastejo (30 e 50 cm) em lotação
intermitente.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado em área do Departamento de Zootecnia da Universidade
Federal de Viçosa, MG, com o Panicum maximum cv. Tanzânia, no período de
novembro de 2005 a outubro de 2006. O clima da região é do tipo Cwa, subtropical,
possuindo estações seca (nos meses mais frios) e chuvosa (nos meses mais quentes)
bem definidas.
No início de outubro de 2005, realizou-se um corte de uniformização do pasto a
35 cm do solo, utilizando-se roçadeira costal. As avaliações foram iniciadas
(07/11/2005), encerrando-se no dia 12/10/2006.
Foram avaliadas combinações entre duas frequências (período de tempo
necessário para o dossel alcançar 90 e 95% de interceptação de luz durante a
rebrotação) e duas severidades de pastejo (caracterizada por alturas pós-pastejo de 30 e
50 cm), segundo um arranjo fatorial 2 x 2. Assim, os tratamentos corresponderam a
quatro estratégias de manejo do pastejo (combinação entre frequência e severidade):
90/30, 90/50, 95/30 e 95/50. As estratégias de manejo do pastejo foram alocadas às
unidades experimentais (piquetes de 144 m2) em um delineamento experimental de
blocos completos casualizados com três repetições.
Os pastejos foram realizados por bovinos mestiços de aproximadamente 460 kg
de peso corporal. Altas taxas de lotação foram empregadas para que o pastejo não
excedesse o período diurno na obtenção da altura de resíduo especifica de cada
tratamento.
Durante o experimento, foram utilizados 150 kg/ha de nitrogênio, na forma de
ureia, divididos em três doses de 50 kg/ha após a saída dos animais dos piquetes. Como
o intervalo de pastejo e as condições de entrada dos animais nos piquetes foram
variáveis, as datas de aplicação também foram distintas (Tabela 1). Porém, realizadas
de forma que todos os tratamentos recebessem a mesma quantidade de nitrogênio ao
final do período experimental.
396
O monitoramento da interceptação de luz pelos pastos foi realizado utilizando-se
o aparelho analisador de dossel AccuPAR. Para a avaliação da taxa de mortalidade de
perfilhos foram marcadas três touceiras por unidade experimental em pontos
representativos dos pastos. No início do período experimental todos os perfilhos
pertencentes às touceiras foram contados e marcados com arames revestidos de plástico
de uma cor determinada. Dessa forma, foi possível estimar a população de perfilhos de
todas as gerações, e calcular as taxas de mortalidade de perfilhos mortalidade
{[(perfilhos mortos/total de perfilhos vivos na marcação anterior) x 100]/ dias de
rebrotação}.
Os resultados foram agrupados nas seguintes épocas do ano: final de primavera
(novembro e dezembro de 2005); verão (janeiro a março de 2006); outono (abril a
junho de 2006); e inverno/início da primavera (julho a outubro de 2006). Os dados
assim agrupados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o procedimento
do pacote estatístico SAS. A comparação de médias foi realizada por meio do teste de
Tukey adotando-se o nível de significância de 10%.
Resultados e Discussão
A taxa de mortalidade de perfilhos não foi afetada pelas combinações entre
frequência e alturas pós-pastejo no final da primavera. No verão, maiores valores foram
registrados em pastos manejados com 90/50 e 95/30, intermediários naqueles
manejados a 90/30 e menores naqueles manejados a 95/50. Pastos manejados a 90/30,
95/30 e 95/50 no outono apresentaram maiores taxas de mortalidade de perfilhos
relativamente aos pastos manejados a 90/50. Essas diferenças desapareceram no
inverno/início de primavera (Tabela 2).
A taxa de mortalidade de perfilhos não variou (P<0,10) entre as estratégias de
manejo avaliadas no início da primavera. A população de perfilhos está relacionada a
um equilíbrio dinâmico e harmônico entre os processos de aparecimento e morte de
perfilhos.
O final da primavera e o verão são caracterizados por melhores condições para o
crescimento vegetal, marcadamente por maiores temperaturas, precipitação,
luminosidade, bem como maior disponibilidade de nutrientes em razão da adubação
(Tabela 1). Assim, nessas épocas as plantas aumentam suas taxas de crescimento e
desenvolvimento e a renovação de perfilhos. Isso foi observado nesse experimento, em
que maiores taxas de aparecimento e mortalidade de perfilhos (Tabela 2) ocorreram
durante o verão, o que resultou em menor sobrevivência dos perfilhos. A maior
renovação de perfilhos resulta em perfilhos mais jovens no pasto, que apresentam
folhas mais novas, com maior capacidade fotossintética e, por conseguinte, maiores
taxas de crescimento e desenvolvimento em relação a perfilhos velhos (Hodgson. 1990;
Skinner e Nelson, 1992).
397
Tabela 1 – Data de aplicação do fertilizante nitrogenado em cada unidade experimental
durante o período experimental
Tratamento
Bloco
Data
90/30
90/30
90/30
95/30
95/30
95/30
90/50
90/50
90/50
95/50
95/50
95/50
I
II
III
I
II
III
I
II
III
I
II
III
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
07/11
1ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Data
28/12
28/12
28/12
28/01
28/01
28/01
20/12
20/12
20/12
06/01
06/01
06/01
2ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Data
03/02
03/02
03/02
01/03
01/03
01/03
23/02
23/02
23/02
09/02
09/02
09/02
3ª dose
(kg/ha)
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
50
Total
(kg/ha)
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
150
Tabela 2 - Taxa de mortalidade de perfilhos (perfilho/100.perfilho.dia) em pastos de
capim-tanzânia submetidos a estratégias de pastejo em lotação intermitente
Interceptação Luminosa (%)
90
95
Final da primavera
0.34Aa
0.30Aa
30
(0.160)
(0.230)
0.38Aa
0.49Aa
50
(0.180)
(0.301)
verão
2.20Ab
2.35Aa
30
(0.440)
(0.850)
2.69Aa
1.65Bb
50
(0.090)
(0.850)
Outono
1.20Aa
1.02Aa
30
(0.080)
(0.190)
0.61Bb
0.95Aa
50
(0.110)
(0.150)
Inverno/início da primavera
0.18Aa
0.29Aa
30
(0.090)
(0.033)
0.51Aa
0.19Aa
50
(0.112)
(0.093)
Números entre parênteses correspondem ao erro padrão da média
Para cada época, médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna não
diferem pelo teste de Tukey (P>0,10).
Altura pós-pastejo (cm)
Conclusões
De forma geral, as taxas de mortalidade de perfilhos aumentaram no verão,
reduzindo no outono e alcançando valores mínimos no inverno/início de primavera e
final de primavera. Em relação às metas de pastejos houve eficiência na colheita, pois
basicamente não houve efeito entre as metas.
398
Literatura citada
HODGSON, J. Grazing management: science into practice. New York: Longman,
1990. 203p.
SKINNER, R.H.; NELSON, C.J. Estimation of potential tiller production and site
usage during tall fescue canopy development. Annals of Botany, v.70, p.493-499,
1992.
ZANINE, A.M.; NASCIMENTO JÚNIOR, D.; SANTOS, M.E.R. Características
estruturais e acúmulo de forragem em capim-tanzânia sob pastejo rotativo. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.40, p.2364-2373, 2011.
399
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.24. Proporção dos Componentes Morfológicos de Pastagem de Capim-elefante
(Pennisetum purpureum Schum.) cv Napier sob Adubações Orgânica e Mineral1
Angelo Herbet Moreira Arcanjo 2, Paulo César Santos Oliveira2, Bruno Gossi Costa
Homem2, Dejair Felipe Caetano 3, Valdir Botega Tavares4, Cristiano Gonzaga Jayme4
1
Parte da iniciação científica do primeiro e do quarto autor, financiada pelo PIBICTI/IF Sudeste MG e
PIBIC-EM/CNPq.
2
Estudante de graduação em Zootecnia do IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba.
3
Estudante do curso técnico integrado em Agropecuária do IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba.
4
Professor do Departamento de Zootecnia do IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba.
Resumo: O objetivo deste trabalho é a comparação da proporção folha/colmo do
capim-elefante cv Napier com adubações orgânicas e minerais. O experimento foi
conduzido em blocos ao caso, com cinco tratamentos e três repetições. As adubações
foram realizadas em 133 e 200 Kg de N/ha na forma mineral e orgânica e mais um
grupo controle. Não houve diferença significativa na proporção de folha/colmo apesar
de a testemunha ter apresentado menor proporção de folhas e do tratamento com 200
Kg de N/ha ter apresentado maior proporção de folha em relação às demais. As
adubações orgânicas na forma de cama sobreposta de suíno foram equivalentes às
adubações minerais na proporção de folha e colmo.
Palavras–chave: adubação mineral, adubação orgânica, cama sobreposta de suíno,
capim-elefante, proporção de folha/colmo
Relation of Morphological Components of Grassland Elephant Grass (Pennisetum
purpureum Schum.) cv Napier fertilizations under Organic and Mineral
Abstract: The objective of this study is to compare the ratio leaf/stem elephant grass cv
Napier with organic and mineral fertilizers. The experiment was conducted in a
randomized blocks design with five treatments and three replications. Fertilization was
performed in 133 and 200 kg N/ha in organic and mineral form and one control group.
There was no significant difference in the proportion of leaf/stem despite the witness
having lesser proportion of leaves and treatment with 200 kg N/ha had a higher
proportion of leaf in relation to others. Organic manuring in the form of litter pig were
equivalent to mineral fertilizers in the ratio of leaf and stem.
400
Keywords: mineral fertilizer, organic manure, litter pig, elephant grass, proportion of
leaf/stem
Introdução
O capim-elefante (Pennisetum purpureum Schum.) é uma gramínea de alto valor
nutritivo e de alta produção de matéria seca por hectare. Características essas que fazem
dessa forrageira ser uma das mais usadas na pecuária de leite para produção em
capineira e em pastagens.
Dentre as várias cultivares de capim-elefante a cultivar Napier tem alta exigência
em fertilidade e em matéria orgânica. Em sistemas de capineiras e de pastejo rotativo é
necessário o manejo anual de adubação para a conservação da produção de forragem.
A ureia tem sido a principal fonte de adubação nitrogenada nas pastagens, mas
devido às oscilações dos preços desse insumo, isso por ser um produto derivado do
petróleo e por ser muito usado na agricultura. Uma alternativa barata para a substituição
desse insumo como adubação nitrogenada seria a cama sobreposta, que é um produto
da suinocultura intensiva em sistema deep-litter.
O sistema deep-litter há poucos anos tem sido difundido no Brasil, ainda são
poucos os trabalhos com o uso da cama sobreposta de suíno como adubação orgânica
em pastagens estando mais relacionado à agricultura. Nesse sentido, o objetivo desse
trabalho é a comparação da proporção folha/colmo do capim-elefante cv Napier, em
simulação de pastejo, com adubações orgânicas e minerais.
Material e Métodos
O trabalho foi realizado no setor de forragicultura do Departamento Acadêmico
de Zootecnia do IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba. A área experimental está
localizada em latitude de 21º15’12,23”, longitude de 43º09’38,41” e altitude elevada de
450m.
O experimento foi conduzido em blocos ao acaso, com cinco tratamentos e três
repetições. Os tratamentos eram compostos por duas doses de adubação mineral, duas
de adubação orgânica e mais uma testemunha. Foi utilizado canteiros de 9m2 com
corredores de 1m entre as parcelas. O plantio das mudas da cultivar Napier foi
realizado no dia 03 de dezembro de 2012 em terreno arado e gradeado.
Antes do plantio foi realizada uma análise de solo da área experimental, para as
possíveis correções e adubações. Segundo os resultados da análise do solo, foi
necessário somente a adubação fosfatada para o plantio usando-se 7 Kg de P2O5/ha. O
resultado da análise de solo da área de implantação do experimento foi: pH (H 2O) =
6,2; P (mg/dm3) = 11,6; K (mg/dm3) = 102; Ca2+ (cmolc/dm3) = 3,40; Mg2+ (cmolc/dm3)
= 0,70; Al3+ (cmolc/dm3) = 0; SB (cmolc/dm3) = 4,36; CTC (t) (cmolc/dm3) = 4,36; V
(%) = 52,20; MO dag/Kg = 5,21 e P-rem (mg/L) = 24,00.
As adubações foram realizadas com 133 e 200 Kg de N/ha na forma orgânica e
mineral. Foram parceladas em quatro aplicações posteriormente ao corte de
desbastamento e a saída do pastejo simulado.
A adubação orgânica foi realizada com cama sobreposta de suíno e para a
adubação química foi usada ureia. As quantidades de cloreto de potássio e super fosfato
triplo nas adubações minerais foram determinadas de acordo com o nível de potássio e
fósforo na cama sobreposta de suíno. Para determinação da quantidade de nitrogênio,
fósforo e potássio foram realizadas as análises agronômicas da cama sobreposta de
suíno, encontrando os seguintes níveis: N-total (mg/Kg) = 10.819, P-total (mg/Kg) =
413 e K (mg/Kg) = 1.400.
A cama sobreposta de suíno foi coletada nas baias de recria e terminação do setor
de suinocultura do Departamento Acadêmico de Zootecnia do IF Sudeste MG, Câmpus
401
Rio Pomba em agosto de 2012 e armazenada para fermentação. Essa cama foi
elaborada com maravalha, ficando até 50cm de profundidade nas baias. Passaram 8
lotes de suínos desde a implantação da maravalha nas baias até sua retirada, com lotes
em média de 20 animais/baia.
O corte de desbastamento foi realizado no dia 17 de janeiro de 2013 e
posteriormente foi realizada a aplicação da primeira adubação. Os cortes simulando
pastejo foram realizados de acordo com a entrada (1m) e saída (0,5m) de pastejo para
cultivar Napier. Esses cortes foram realizados no final da estação das águas entre
janeiro a abril, sendo que o corte de desbastamento ocorreu durante um veranico na
segunda quinzena de janeiro.
A coleta da forragem foi realizada pelo método do quadrado, sendo para o capimelefante usou-se 1m2. As amostras foram pesadas e divididas para realização da matéria
seca definitiva e para a morfogênese. Na análise de morfogênese as amostras foram
separadas em folha e colmo, não sendo encontrado material morto. Posteriormente as
amostras de folha e colmo foram pesadas e levadas para a estufa de 65º para a présecagem e novamente pesadas.
Os resultados obtidos foram submetidos à análise de variância e as variáveis
significativas obtidas foram submetidas ao teste Tukey ao nível de 5% através do
programa Sisvar®.
Resultados e Discussão
Não houve diferença significativa na proporção de folha e colmo (p > 0,05),
apesar de a testemunha ter apresentado menor proporção de folhas e maior de colmo e
do tratamento com 200 Kg de N/ha ter apresentado maior proporção de folha e menor
de colmo em relação às demais. Andrada et al. (2003) trabalhando com de três doses de
nitrogênio (100, 200 e 400 kg/ha/ano de N) com três doses de potássio (50, 100 e 200
kg/ha/ano de K2O) não observou aumento na relação folha/colmo da cv Napier durante
o período das águas.
Cabral et al (2011) trabalhando com uma, duas e três aplicações de 150 m3/ha-1 de
água residuária de suíno em capineira de capim-elefante, obterão resultados diferentes,
sendo de 0,50 a 0,57 para relação folha/colmo com nível de significância de 5% de
probabilidade. Segundo Giacomini & Aita (2008) a cama sobreposta de suínos em
relação aos dejetos líquidos de suínos apresenta como baixo potencial como fertilizante
nitrogenado para a cultura do milho devido à baixa taxa de mineralização do N
orgânico na cama sobreposta.
Tabela 1. Proporção dos componentes morfológicos do capim-elefante sob os
diferentes tratamentos
Tratamento
% Folha
% Colmo
Testemunha
133 Kg N/ha – Mineral
200 Kg N/ha – Mineral
133 Kg N/ha – Orgânica
200 Kg N/ha – Orgânica
Média
CV(%)
64,59
68,08
69,88
68,48
68,32
67,87
12,77
35,41
31,92
30,12
31,52
31,68
32,13
26,98
Apesar de não ter diferença significativa, as médias da adubação orgânica foram
equivalentes as da adubação mineral. Isso mostra que a cama sobreposta pode ser usada
como adubo orgânico em pastagens de capim elefante cv Napier. Segundo Hentz et al.
(2008) a cama sobreposta de suínos é uma alternativa para a adubação de pastagens
402
naturais, pois viabiliza a introdução de leguminosas e aumenta a produção e a qualidade
da matéria seca. E o tipo de cama sobreposta de suínos influencia na eficiência como
fertilizante, interferindo na composição botânica de pastagens mistas de leguminosasgramíneas.
Entre as datas de corte houve diferença significativa (p < 0,05) do primeiro corte
para os demais. Fato devido que, no primeiro corte, à medida que realizava o corte a 50
cm do solo e não atingia o meristema apical da gramínea, estimula o perfilhamento
aéreo e basal do capim-elefante. Isto é uma das maiores dificuldades no manejo do
capim-elefante sob pastejo devido a suas características morfológicas de crescimento
cespitoso e porte alto (PEREIRA et al., 2010).
Tabela 2. Relação dos componentes morfológicos do capim-elefante cv Napier em
diferentes datas de corte
Datas dos cortes
% Folha
% Colmo
19/02/2013
83,65 a
16,35 a
05/03/2013
60,93 b
39,07 b
25/03/2013
66,33 b
33,67 b
19/04/2013
60,58 b
39,42 b
Média
67,87
32,13
CV (%)
9,06
19,15
Conclusões
A adubação orgânica na forma de cama sobreposta de suíno mostra equivalente à
adubação mineral para pastagens de capim-elefante cv Napier.
É necessária a realização de novas pesquisas utilizando a cama sobreposta na
adubação de pastagens tropicais para avaliar os benefícios dessa fonte de nutrientes.
Literatura citada
ANDRADE, A. C.; FONSECA, D. M.; QUEIROZ, D. S.; SALGADO, L. T.; CECON,
P. R. Adubação nitrogenada e potássica em capim-elefante (Pennisetum purpureum
Schum. cv. Napier). Ciênc. agrotec., Edição Especial, p.1643-1651, 2003.
CABRAL, J. R.; FREITAS, P. S. L.; REZENDE, R.; MUNIZ, A. S.; BERTONHA, A.
Impacto da água residuária de suinocultura no solo e na produção de capim-elefante. R.
Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.15, n.8, p.823–831, 2011.
GIACOMINI, S. J. & AITA, C. Cama sobreposta e dejetos líquidos de suínos como
fonte de nitrogênio ao milho. Revista Brasileira de Ciência do Solo, v.32, n. 1, p.195205, 2008.
HENTZ, P.; SCHEFFER-BASSO, S. M.; ESCOSTEGUY, P. A. V.; FONTANELI, R.
S. Utilização de cama sobreposta de suínos e sobressemeadura de leguminosas para
aumento da produção e qualidade de pastagem natural. R. Bras. Zootec., v.37, n.7,
p.1537-1545, 2008.
PEREIRA, A. V.; AUAD, A. M.; LÉDO, F. J. S.; BARBOSA, S. Pennisetum purpeum.
In: FONSECA, D. M.; MARTUSCELLO, J. A. Plantas forrageiras. Viçosa: UFV,
2010, cap. 6, p. 197-219.
403
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.25. Influência da fertirrigação com água residuária de suínos na estrutura do
dossel da forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk1
Bruno Grossi Costa Homem2, Onofre Barroca de Almeida Neto3, Marisa Senra Condé2,
Mateus Diniz Silva4, Igor Machado Ferreira4, Valdir Botega Tavares5.
1
Parte da Iniciação Científica do primeiro, terceiro, quarto e quinto autor, financiada pela FAPEMIG.
Graduandos em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba.
3
Professor Adjunto do IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba.
4
Estudante do Curso Técnico Integrado em Zootecnia pelo IF Sudeste MG, Câmpus Rio Pomba.
2
Resumo: Foi avaliada a produção de biomassa das características estruturais da
forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk sob a aplicação de diferentes doses de
Água Residuária de Suínos (ARS). O experimento foi realizado numa área plana,
ocupado com pastagem de Brachiaria decumbens cv. Basilisk estabelecida há três anos.
No total foram cinco ciclos da forrageira, onde a cada ciclo, foram aplicadas as doses
de 0, 10, 20 e 30 m3.ha-1 de ARS, totalizando as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano -1.
O experimento foi realizado em delineamento de blocos casualizados em parcelas
subdivididas. Houve diferença (p>0,05) na produção de biomassa de lâmina verde da
gramínea com a aplicação das diferentes doses de ARS, mostrando que, com o aumento
das doses de ARS, houve um incremento na produção de lâminas verdes, resultante do
fornecimento de nutrientes, principalmente o nitrogênio via ARS. Para o colmo,
verifica-se que também houve diferença (p<0,05) entre as doses, mostrando um
comportamento crescente com o aumento das doses de ARS. Efeito causado pelo
manejo usado na pastagem desencadeando reflexos na estrutura e morfologia da planta,
pois, muitas vezes, o período de descanso fixo pode ser excessivo ou curto.
Palavras–chave: biomassa, lâmina verde, colmo, nitrogênio, descanso fixo.
Influence of irrigation with wastewater from pigs in canopy structure of
Brachiaria decumbens cv. Basilisk.
Abstract: We evaluated the biomass production of the structural characteristics of
Brachiaria decumbens cv. Basilisk forage under the application of different doses of
wastewater pigs (ARS). The experiment was conducted in a flat at, busy with
Brachiaria decumbens cv. Basilisk pastures established three years ago. The in total of
five cycles of forage, where each cycle, were applied doses of 0, 10, 20 and 30 m3.ha-1
the ARS, total doses of 0, 50, 100 and 150 m3.ha-1.year-1. The experiment was
conducted in randomized block design with split plots. There was significant difference
404
(p> 0,05) in biomass production of green grass blade to the application of different
doses of ARS, showing that with increasing doses of ARS, an increment in the
production of green blades, resulting from supply of nutrients, particularly nitrogen
through ARS. For the stem, there is also significant difference (p<0,05) between doses,
showing an increasing pattern with increasing doses of ARS. Effect caused by the
triggering pasture management reflections used in the structure and morphology of the
plant, thus often fixed rest period may be short or excessive.
Keywords: biomass, green blade, stem, nitrogen, rest fixed.
Introdução
Em sistemas de produção animal em pasto, o controle da estrutura do dossel
forrageiro é de grande importância, uma vez que condiciona e determina os padrões de
eficiência parcial do sistema: crescimento, utilização e conversão (HODGSON, 1990).
A essência de manejo consiste em encontrar balanço eficiente entre o crescimento da
planta, o seu consumo e a produção animal, para manter estável o sistema de produção
(DA SILVA, 2004).
DA SILVA & PEDREIRA (1997) apontaram que grande parte das informações
sobre análise de crescimento de plantas forrageiras encontra-se na literatura estrangeira
sobre clima temperado e, portanto, deve-se ter cuidado no uso dessas informações para
orientar práticas de manejo de espécies forrageiras tropicais. Tornaram-se relevantes os
estudos de dinâmica da produção primária das gramíneas forrageiras, por meio de
avaliações de características morfogênicas, pois permitem o estudo do crescimento
vegetal. Todavia, existe carência de informações sobre o comportamento
morfofisiológico de gramíneas tropicais em pastagens adubadas com ARS. O objetivo
deste trabalho foi avaliar a estrutura do dossel da gramínea Brachiaria decumbens cv.
Basilisk com a aplicação de diferentes doses da ARS.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido numa área de 252 m2, localizada em uma
propriedade rural no município de Silveirânia-MG, no período de dezembro de 2011 a
maio de 2012, em área plana, ocupado com pastagem de Brachiaria decumbens cv.
Basilisk estabelecida há três anos. Os tratamentos foram alocados em delineamento de
blocos casualizados em parcelas subdivididas, com quatro repetições. As parcelas
mediram 6 m2 (3 × 2 m), distantes 1,5 m entre si. Foram cinco ciclos de produção da
forrageira Brachiaria decumbens cv. Basilisk, sendo que o volume de água residuária
total de cada tratamento foi dividido igualmente entre os cinco ciclos. Dessa forma foi
aplicado a cada ciclo da forrageira as doses 0, 10, 20 e 30 m³.ha-1 da ARS, totalizando
as doses de 0, 50, 100 e 150 m3.ha-1.ano-1. O experimento foi realizado em período de
descanso fixo, onde a aplicação do efluente foi feita a cada 28 dias, após cada corte da
forrageira.
Em cada parcela foram cortadas manualmente duas amostras da pastagem, com
altura aproximada de 15 cm acima do nível do solo, utilizando molduras de 0,25 m². O
material foi separado em lâmina foliar verde e colmo verde. Posteriormente, as
amostras foram pesadas, acondicionadas em sacos de papel e colocadas em estufa com
ventilação forçada, a 65ºC, durante 72 horas, quando novamente foram pesadas. A
partir da participação dos componentes lâmina foliar e colmo na massa seca total de
cada amostra, estimou-se a biomassa de cada um dos componentes no dossel forrageiro.
Os dados foram submetidos à análise da variância, com posterior análise de regressão.
405
Para comparação das médias obtidas nas datas de cortes, utilizou-se o teste F a 5% de
significância. A análise estatística foi realizada por meio do Programa SISVAR.
Resultados e Discussão
A biomassa de lâminas verdes variou (p<0,05) com a aplicação das diferentes
doses de ARS, mostrando uma tendência crescente de aumento da massa seca de
lâminas verdes com aumento das doses de ARS (Figura 1).
Figura 1 – Biomassa de lâminas verdes da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk
com as sucessivas aplicações da ARS.
De acordo com MAZZANTI et al. (1994), a adubação de pastagens,
principalmente a nitrogenada, é uma estratégia que permite aumentar a densidade
volumétrica de forragem e, sobretudo, a produção de folhas no perfil da pastagem, pois
o N tem efeito significativo sobre a taxa de aparecimento e alongamento de folhas nas
gramíneas, aumento no número, no peso e no tamanho de seus perfilhos associados a
uma maior taxa de expansão foliar.
Para a biomassa de colmo, verificamos comportamento semelhante à folha
(p<0,05), tendo tendência crescente com o aumento das doses de ARS (Figura 2). Esse
aumento do percentual de colmo na gramínea pode estar ligado ao fato de que, com o
aumento das doses de ARS, fornecendo uma maior quantidade de nutrientes à planta, e
em condições climáticas adequadas para o seu desenvolvimento, a mesma atingiu um
crescimento acelerado. Como o experimento foi realizado em período de descanso fixo,
proporciona uma maior taxa de alongamento de pseudocolmo, pelo excessivo
desenvolvimento da planta, resultando em elevada competição por luz entre os
perfilhos nesse local. Nessa condição, a planta prioriza a alocação de carbono no
alongamento dos entrenós, para posicionar a nova área foliar nas camadas menos
sombreadas do dossel (LEMAIRE, 2001).
Conclusões
O incremento da biomassa de lâminas verdes e de colmo ao longo do
experimento refletem o aumento de nutrientes fornecidos ao solo, principalmente o
nitrogênio, via ARS. Contudo, o aumento da participação do colmo na gramínea, é
resultante do método de manejo utilizado na pastagem.
406
Figura 2– Biomassa de colmos verdes da gramínea Brachiaria decumbens cv. Basilisk
com as sucessivas aplicações da ARS.
Literatura citada
DA SILVA, S.C.; PEDREIRA, C.G.S. Princípios de ecologia aplicados ao manejo de
pastagem. In: FAVORETTO, V.; RODRIGUES, L. R.A; RODRIGUES, T.J.D. (Eds.)
SIMPÓSIO SOBRE ECOSSISTEMA DE PASTAGENS, 3., 1997, Jaboticabal.
Anais... Jaboticabal: Universidade Estadual Paulista, 1997. p.1-62.
DA SILVA, S.C. Understanding the dynamics of herbage accumulation in tropical
grass species: the basis for planning efficient grazing management practices. In:
PIZARRO. E.; CARVALHO, P.C.F.; DA SILVA, S.C. (Eds.) SYMPOSIUM ON
GRASSLAND ECOPHYSIOLOGY AND GRAZING ECOLOGY, 2., 2004,UFPR,
Curitiba. Anais... Curitiba. CD-ROM.
HODGSON, J. Grazing management: science into practice. United Kingdom:
Longman Scientific and Technical, Longman Group, 1990. 203p.
LEMAIRE, G. Ecophisiology of grasslands: dinamic aspects of forageplant populations
in grazed swards. In: INTERNATIONAL GRASSLAND CONGRESS, 19., 2001, São
Pedro, 2001. Proceedings...São Pedro: FEALQ, 2001. p.29-37.
MAZZANTI, A.; LEMAIRE, G. Effect of nitrogen fertilization on herbage production
of tall fescue continuously grazed by sheep. 2 – Consumption and herbage efficiency
utilization. Grass and Forage Science, v.49, p.352-359, 1994.
407
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.26. Levantamento das práticas de estabelecimento de lavouras de milho
cultivadas para silagem no município de Rio Pomba-MG1
Paulo César Santos Oliveira2, Cristiano Gonzaga Jayme3, Angelo Herbet Moreira
Arcanjo2, Larissa Cotta Moreira2
1
Parte do trabalho de Iniciação Científica do primeiro autor, financiada pelo CNPq.
Estudante de graduação em Zootecnia, IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba.
3
Professor do Departamento de Zootecnia, IF Sudeste MG – Câmpus Rio Pomba.
2
Resumo: A silagem de milho é a principal alternativa utilizada pela pecuária nacional
em substituição às pastagens durante o período seco. O objetivo do trabalho foi fazer
um levantamento sobre o processo de estabelecimento de lavouras de milho destinadas
à produção de silagem no município de Rio Pomba-MG. A pesquisa foi realizada de
agosto de 2012 a junho de 2013 por meio de entrevista a 30 produtores de leite que
produzem e utilizam silagem de milho durante parte ou todo o ano. A zona rural do
município consiste de pequenas propriedades, o que é demonstrado pela pequena área
média destinada à produção de milho para silagem que é de 3,4 hectares. O
estabelecimento das lavouras de milho no município de Rio Pomba-MG é afetado pela
ausência de práticas que certamente influenciam negativamente no potencial produtivo
das lavouras de milho cultivadas para silagem.
Palavras–chave: Conservação, diagnóstico, produção de leite, volumoso
Survey of the practices of establishment of maize crops grown for silage in Rio
Pomba-MG
Abstract: Corn silage is the main alternative used by domestic livestock in exchange
for grazing during the dry. The objective was to make a survey of the process of
establishment of maize crops grown for silage in Rio Pomba-MG. The survey was
conducted from August 2012 to June 2013 by interviewing the 30 dairy farmers who
produce and use corn silage during part or all of the year. The rural municipality
consists of small properties, as demonstrated by the small average area for the
production of corn for silage, which is 3.4 hectares. The establishment of the maize
crop in Rio Pomba-MG is affected by the lack of practice that will surely negatively
influence the yield potential of corn grown for silage.
408
Keywords: Conservation, diagnosis, milk production, massive
Introdução
A maior parte da produção de leite no Brasil é baseada em sistemas a pasto.
Entretanto, as condições climáticas não permitem que se consiga produção de forragem
adequada durante todo o ano. Para enfrentar tal adversidade, a prática de ensilagem de
forrageiras entra como alternativa na suplementação do rebanho durante o período seco,
mantendo os animais com produção e peso satisfatório.
A silagem de milho é a principal alternativa utilizada pela pecuária nacional em
substituição às pastagens durante o período seco e continua sendo uma das melhores
opções de suplementação devido à produtividade, palatabilidade e valores nutricionais
satisfatórios.
O levantamento de dados pode ser uma ferramenta auxiliar na elaboração de
políticas públicas e intervenções por meio de ações extensionistas mais efetivas na
busca de sistemas de produção mais sustentáveis. Bressan et al. (2009) considera que a
avaliação de resultados da extensão rural pública apresenta dados e informações que
permitem aos tomadores de decisão e formuladores de políticas da extensão rural
continuarem a investir nesse tipo de intervenção.
O objetivo do trabalho foi fazer um levantamento sobre o processo de
estabelecimento de lavouras de milho destinadas à produção de silagem no município
de Rio Pomba-MG, apurando as principais limitações e práticas inadequadas ocorridas
durante todo o processo.
Material e Métodos
O estudo foi realizado no município de Rio Pomba, localizado na mesorregião da
Zona da Mata de Minas Gerais, entre agosto de 2012 e junho de 2013. Foram
entrevistados 30 produtores de leite, escolhidos aleatoriamente, que produzem e
utilizam silagem de milho durante parte ou todo o ano. A aplicação do questionário foi
feita por meio de visitas às propriedades.
O questionário aplicado continha questões relacionadas à: área cultivada com
milho para silagem, grupo de milho (duro, semiduro ou dentado, ou não sabe), genética
(variedade, híbrido ou transgênico), cultura antecessora, tratamento das sementes,
sistema de semeadura (direto, convencional ou cova), espaçamento entre fileiras,
controle de pragas, principal praga, realização análise química do solo, prática de
calagem, realização de adubação (plantio e cobertura), operação de semeadura (própria
ou contratada) e utilização de irrigação.
Os dados obtidos foram processados com o auxílio do software Microsoft Excel ®
para obtenção de porcentagens e média, máxima e mínima de alguns dados.
Resultados e Discussão
A área média das lavouras de milho cultivadas para silagem no município de Rio
Pomba-MG é de 3,4 hectares, com máxima de 23 hectares e mínima de 0,3 hectares. A
zona rural do município consiste de pequenas propriedades, o que é demonstrado pela
pequena área média destinada à produção de milho para silagem. Segundo o
levantamento de Oliveira Júnior et al. (2012) 80,7% dos produtores de leite de Rio
Pomba-MG possuem até 50 animais no rebanho, caracterizando propriedades de
pequeno porte.
409
A análise de solo é realizada apenas por 43,3% dos entrevistados. A partir da
análise do solo se conhece o perfil de fertilidade, que auxilia na tomada de decisão
racional em relação às correções e adubações (Miranda et al., 2002), que impactam
significativamente no custo final da silagem.
A calagem é realizada por 66,7% dos produtores. A ausência de realização da
análise de solo por parte da maioria dos produtores pode ocasionar a utilização errônea
da calagem. A utilização inadequada de calagem pode ocasionar uma subprodutividade
de muitas culturas além de, em caso de supercalagem, induzir maior predisposição a
danos nas propriedades físicas do solo (Alvarez V. et al. 1999).
Para a produção de silagem, muitos pesquisadores recomendam a utilização de
milho dentado. A indentação é característica de milho com maior digestibilidade no
rúmem. Pereira et al. (2004) ao avaliar a digestibilidade de grão de milho dentado e
duro encontrou digestibilidade de 63,3% e 52,4% respectivamente. Dos entrevistados,
16,7% utilizam milho duro, 10% semiduro e 73,3% não souberam responder.
A escolha da cultivar a ser plantada tem grande impacto na qualidade final da
silagem. 23,3% dos entrevistados relataram utilizam cultivar híbrido e 70% utilizavam
híbrido transgênico. A crescente utilização de híbridos transgênicos se justifica pela
maior resistência do mesmo ao ataque de pragas e redução dos custos com a aplicação
de defensivos. Apenas 6,7% dos entrevistados utilizavam milho variedade. Segundo
Miranda et al. (2012) o milho variedade possui produção de matéria verde semelhante
aos híbridos, porém, apresenta menor produção de grãos, cerca de 10 pontos
percentuais a menos que os híbridos, o que proporciona uma silagem com menor nível
de energia.
Para combater pragas do solo e pragas iniciais da lavoura, o tratamento das
sementes com inseticidas adequados é sempre vantajoso (Miranda et al. 2002). O
tratamento das sementes é realizado apenas por 20% dos entrevistados.
O sistema de plantio mais utilizado, 76,7%, é o convencional (aração+gradagem).
O plantio direto é utilizado por 20% dos entrevistados. O plantio direto traz como
benefício o não revolvimento do solo, presença de cobertura vegetal que auxilia na
manutenção da umidade do solo e aumento do teor de matéria orgânica do mesmo,
além de reduzir o crescimento de plantas daninhas. Um sistema típico de plantio
utilizado em pequenas propriedades é o por cova, utilizado por 3,3% dos entrevistados.
O espaçamento entre fileiras de milho médio utilizado pelos produtores é de 0,73
m, com máxima de 1 m e mínima de 0,45 m. O espaçamento médio utilizado está
dentro do recomendado por Miranda et al. (2002), entre 0,7 e 0,9 cm entre as fileiras de
milho.
Os implementos agrícolas utilizados para preparo do solo e plantio são
contratados por 83,3% dos entrevistados.
A adubação de plantio é realizada por 100% dos produtores entrevistados. A
utilização de adubação de plantio sem critérios técnicos baseados na análise de solo
predispõe o produtor a utilizar a adubação em quantidades inadequadas, causando
subprodutividade da lavoura ou aumento do custo com adubação desnecessária.
A adubação de cobertura na forma química é utilizada de forma única por 66,7%
dos produtores. Devido à utilização de depósito para dejetos líquidos e sólidos de
animais, e posterior utilização da parte líquida, 10% dos produtores utilizam apenas o
410
chorume como adubação de cobertura e 23,3% dos produtores fazem uso da mesma
técnica complementando-a com adubação química utilizando adubos nitrogenados.
Apenas 26,7% dos produtores utilizam a área para outros cultivos posteriores. A
prática da sucessão de culturas auxilia a evitar a ação de intempéries sobre o solo. As
culturas utilizadas anteriores ao cultivo de milho são 87,5% feijão e 12,5% fumo.
A região onde está localizado o município de Rio Pomba-MG, possui
precipitação média anual de 1200 a 1400 mm. Tal afirmação justifica o fato de apenas
30% dos entrevistados fazerem uso de sistemas de irrigação para cultivo de milho.
Não foi relatado pelos entrevistados a ocorrência de pragas nas lavouras de milho.
10% dos entrevistados relataram o ataque de aves e roedores às lavouras de milho.
Conclusões
O estabelecimento das lavouras de milho no município de Rio Pomba-MG é
afetado pela ausência de práticas que certamente influenciam negativamente no
potencial produtivo das lavouras de milho cultivadas para silagem.
Literatura citada
ALVAREZ V., V. H.; RIBEIRO, A. C. Calagem. In: RIBEIRO, A. C.; GUIMARÃES,
P. T. G.; ALVAREZ V., V. H. Comissão de Fertilidade do Solo do Estado de Minas
Gerais. Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em Minas Gerais - 5a
Aproximação.Viçosa, MG, pag. 43-60, 1999.
BRESSAN, V.G.F., MUNIZ, J.N., REZENDE, J.B. Avaliação de resultados da
extensão rural pública no Estado de Minas Gerais. Revista Ceres, n.56, p. 241-248,
2009.
MIRANDA, J. E. C. de; RESENDE, H.; VALENTE, J. de O. Plantio de milho para
silagem. Comunicado Técnico 27. Juiz de Fora-MG, dez. 2002
OLIVEIRA JÚNIOR, W. L. de; MOREIRA, R. G.; MOREIRA, L. C.; MARTINS, P.
C.; CAPPELLE, E. R.; MARTINS, M. L. Caracterização da produção leiteira do
Município de Rio Pomba, Minas Gerais. Anais... 49a Reunião Anual da Sociedade
Brasileira de Zootecnia: A produção animal no mundo em transformação. Brasília – DF
Brasília: SBZ, 2012. CD-ROM.
PEREIRA, M. N., VON PINHO, R. G., BRUNO, R. G. S., CALESTINE, G. A.
Ruminal degradability of hard or soft texture corn grain at three maturity
stages. Scientia Agricola, v. 61, p. 358-363, 2004
411
V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
II CONGRESSO INTERNACIONAL DE AGROPECUÁRIA SUSTENTÁVEL
18 a 20 de Outubro de 2013 – Universidade Federal de Viçosa - UFV
14.27. Teores de fibra e perfil fermentativo de silagens de cana-de-açúcar
ensilada com resíduo de cervejaria desidratado
Diogo Osmar Silva¹, Anderson de Moura Zanine², Wanderson José Rodrigues de
Castro3, Daniele de Jesus Ferreira4 Laziele villela Albuquerque¹, Mariane Moreno
Ferro³
¹ Estudantes de Graduação do Curso de Zootecnia/UFMT/ICAT, Rondonópolis -MT
² Prof. do Curso de Zootecnia/UFMT/ICAT, Rondonópolis-MT
³ Mestrandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal da UFMT
4
Bolsista de Pós-doutorado do CNPQ/UFMT
Resumo: Objetivou-se com o experimento avaliar os teores de fibra em detergente
neutro, fibra em detergente ácido e os valores de pH e N-amoniacal de silagens de
cana-de-açúcar acrescidas com resíduo de cervejaria desidratado. O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado com quatro tratamentos e quatro
repetições, sendo os tratamentos: 100% de cana-de-açúcar; 90% de cana-de-açúcar +
10% de resíduo de cervejaria desidratado; 80% de cana-de-açúcar + 20% de resíduo de
cervejaria desidratado e 70% de cana-de-açúcar + 30% de resíduo de cervejaria
desidratado. A abertura dos silos ocorreu após 40 dias. Os dados foram submetidos à
análise de variância, e quando significativo submetido à análise de regressão. Os teores
de fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido apresentaram um
comportamento linear decrescente, à medida que o nível do aditivo foi sendo
adicionado. Não foi verificada a influência (p>0,05) dos níveis de resíduo de cervejaria
sobre os valores de pH e nitrogênio amoniacal nas silagens, do qual manteve-se em
níveis desejáveis. O resíduo de cervejaria desidratado melhora os teores de FDN e FDA
das silagens de cana-de-açúcar.
Palavras–chave: conservação, forragem, subproduto
Fiber content, pH and ammonia-N with sugar cane silage additives of
brewers dehydrated
Abstract: Brazilian livestock must be supported technologies que Ensure Increased
production even in the dry season, and silage is a Widely used this technique to
Overcome deficiency of food that Occurs in almost all Brazilian territory. This study
aims to assess the efficiency of the additive in silage of brewers dehydrated cane sugar
412
at different concentrations. 0 Treatment with 100% cane sugar, treating 1 with 10% of
brewers and 90% cane sugar, treating 2 with 20% and 80% brewer of sugarcane and
sugar treatment 3 with 30% of brewers and 70% cane sugar. We Analyzed the levels of
neutral detergent fiber, acid pH and ammonia. The fiber contents were reduced to the
level of the additive was being added. The values of pH and ammonia concentration did
not differ and Remained at desirable levels. In the que Studied variables Showed the
brewer dehydrated can improve the efficiency of sugar cane silage.
Keywords: byproduct, conservation, forage
Introdução
A alta sazonalidade de produção de forragem no Centro-Oeste brasileiro estimula
a busca por inovações tecnológicas de conservar alimentos para atender a demanda dos
animais no período de baixas condições climáticas.
A forma de conservação da cana-de-açúcar por meio da ensilagem pode ser
considerada como uma alternativa viável pela possibilidade de se usar aditivos
higroscópicos e com bom teor de proteína como o resíduo de cervejaria desidratado.
Além da economicidade, uma vez que o corte e a picagem diários desta forragem, exige
mão de obra adicional.
Tendo por conhecimento que quanto menor a relação FDN/açúcares, maior será a
digestibilidade da matéria seca, Rodrigues et al., (2001). O uso de resíduo de cervejaria
desidratado poderá melhorar o desempenho dos animais, uma vez, que o teor de FDN
desse resíduo é menor do que da cana-de-açúcar.
Nesse sentido, objetivou-se com o experimento avaliar o teores de FDN, FDA, e
as variáveis fermentativas representadas pelos valores de pH e nitrogênio amoniacal em
silagem de cana-de-açúcar aditivada com níveis resíduo de cervejaria desidratado.
Material e Métodos
O experimento foi realizado em área experimental do Curso de Zootecnia, que
pertence à Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Campus de RondonópolisMT. A espécie forrageira pesquisada foi a cana-de-açúcar, para tanto, foi utilizado um
canavial, já implantado, de aproximadamente 0,25 ha. Realizou-se nessa área um corte
de uniformização com auxílio de uma foice a uma altura de cinco cm do solo. No
mesmo dia, foi feita a adubação com 50 kg/ha de nitrogênio e potássio na forma de
sulfato de amônia e cloreto de potássio, respectivamente. O delineamento experimental
foi o inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e quatro repetições: 100% de
cana-de-açúcar; 90% de cana-de-açúcar + 10% de resíduo de cervejaria desidratado;
80% de cana-de-açúcar + 20% de resíduo de cervejaria desidratado e 70% de cana-deaçúcar + 30% de resíduo de cervejaria desidratado com base na matéria natural,
compuseram as silagens.
A cana-de-açúcar foi picada em máquina forrageira estacionária com tamanho de
partícula de aproximadamente dois cm, sendo homogeneizada manualmente com os
aditivos. Para o armazenamento da massa verde picada utilizaram-se silos
experimentais com capacidade de aproximadamente 4 litros. Amostras do material
antes da ensilagem (aproximadamente 500 g) foram coletadas, pré-secas em estufa de
ventilação forçada a 650C, por 72 horas e moídas em moinho tipo Willey, para posterior
determinação dos teores de fibra em detergente neutro (FDN) e Fibra em detergente
ácido (FDA). Os teores bromatológicos do resíduo de cervejaria desidratado e da canade-açúcar podem ser observados na Tabela 1.
413
Tabela 1. Teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra
em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), do resíduo de
cervejaria desidratado (RCD) e da cana-de-açúcar antes da ensilagem.
Alimentos
RCD
Cana-de-açúcar
MS
(%)
89,96
25,03
PB
(% MS)
29,92
2,51
EE
(% MS)
6,52
2,49
FDN
(% MS)
60,75
69,98
FDA
(% MS)
30,09
49,55
A abertura dos silos ocorreu aos 40 dias após. Foi retirado da silagem
aproximadamente 500 g de amostra, foi colocada em sacos de papel e pré-secadas em
estufa de ventilação forçada com temperatura de 65ºC, por 72 horas. As amostras présecas foram pesadas e moídas utilizando moinho tipo Willey com peneira de um
milímetro de porosidade, para posterior análises de fibra em detergente neutro
(FDNcp), fibra em detergente ácido (FDA) conforme metodologias de Silva e Queiroz
(2002). Aproximadamente 500 g de amostra foi coletada no momento da abertura e
acondicionada em sacos plásticos e congelada para análise do nitrogênio amoniacal (NNH³). Para a análise do pH, foram coletadas sub amostras de aproximadamente 25
gramas, às quais foram adicionados 100 mL de água destilada, e, após repouso por 2
horas, efetuou-se a leitura do pH, utilizando-se um potenciômetro, de acordo com as
metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002).
Os dados obtidos referentes ao N-amoniacal, pH, FDN e FDA da silagem de
cana-de-açúcar foram analisados estatisticamente através da análise de variância (teste
t) e, nos casos de significância, procedeu-se a análise de regressão, testando-se modelos
polinomiais de primeiro e de segundo graus, ao nível de 5% de significância,
utilizando-se o programa SAEG, 1999 versão 8.1 (UFV).
Resultados e Discussão
Os teores de FDN das silagens de cana-de-açúcar apresen