referncias e fontes

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referncias e fontes
MUSICA
= INSTRUMENTOS MUSICAIS DE ANGOLA
Os instrumentos musicais angolanos são tradicionalmente utilizados para acompanhar as musicas
tradicionais, tais como a kabetula, a kilaphanga, o merengue, o semba, a rebita e o makinu, entre
outros. No entanto, também são utilizados para celebrar rituais, como por ocasiões de um
nascimento, o atingir da puberdade, um casamento, durante a caça, em rituais litúrgicos, em
funerais, em actos espirituais ou em cânticos tribais. São de feitura manual, pelo que são
autênticas obras de arte, sendo muito cobiçados por coleccionadores.
Os instrumentos são divididos em, membrafones (ou membranofones), idiofones, cordofones e
aerofones.
Membrafones
Os membrafones são instrumentos de percussão, que produzem som através da vibração de
membranas distendidas. A altura e a qualidade tímbrica dos sons destes instrumentos depende da
elasticidade dos materiais utilizados.
= Batuque ou tam-tam - Na antiguidade serviu como forma de comunicação. Existem vários tipos
variando no tamanho, aspecto, e material de que são confeccionados. Produzem um som alto.
Tipicamente utilizado pelos Mbundu.
= Dicanza - (carece de descrição).
= Mukuvo - Nome usado pelos Jagas para o Tyinguvu.
= Mukupela - Tambor de duas faces com palheta vibratória, usado pelos Kioko, Lunda, Humbes e
Kikongo. Também é conhecido por Mukuazu.
= Ndungu - Tambor pequeno de forma alongada com um tom muito elevado, feito a partir de um
tronco de árvore. Muito usado na região de Cabinda e simboliza o poder do chefe tradicional (Rei
ou Soba)..
= Ngoma - Tambor alto e cilíndrico, produz um som grave parecido com o do bombo (é
semelhante às Congas). Tipicamente utilizado pelos Mbundu, Ovimbundu, Côkwe, Khumbi, Kioko,
Kikongo, Kilengue, Ganguela, Luimbe, Songo e Minungo.
= Ngoma wa tyna - Tambor com uma face e tampo de rufo, utilizado pelos Kioko e Lundas.
= Ngoma wa mukundu - Tambor com uma face e pele de rufo, utilizado pelos Kioko e Lundas.
= Ochigufu - o mesmo que Tyinguvu entre os Benguela.
= Ongoma - O mesmo que Ngoma, entre os Kwanyama e outros povos do Sudoeste de Angola.
= Pwita - também conhecida no Brasil como cuíca. É um tambor de fricção, originário do reino do
Kongo. No interior tem uma vara de madeira com uma das extremidades solidamente liga ao
centro da membrana. A mão direita molhada serve para friccionar e a mão esquerda faz pressão
na pele de tambor, em função do ritmo que quer marcar. No Brasil é conhecida por Cuíca. É muito
usada pelos Mbundu, Ovimbundu, Côkwe, Khumbi, Kwanyama, Ambundu, Kioko e Mussukos.
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= Tyinguvu - Tambor de madeira mono-bloco, trapezoidal tipicamente utilizado pelos Lunda, Kioko
e Ganguela
= Tumba - Instrumento tradicional semelhante à conga.
Idiofones
Os idiofone são instrumento em que o som é provocado pela vibração do corpo do instrumento,
sem a necessidade de nenhuma tensão externa, as suas qualidades timbricas dependem da
elasticidade dos seus materiais. Existem três tipos: os de percussão, de entre-choque e os
sacudidos.
= Bavugu - É constituído por três cabaças untadas, num conjunto baseado no jogo de ar
comprimido e descomprimido, tangido por uma mão num dos orifícios, enquanto que o outro
orifício, é coberto e descoberto, num movimento de vai e vem contra uma das coxas da perna.
= Cingunvu - (carece de descrição). Muito utilizado entre os Mbundu.
= Kisanji - Também conhecido por mbira, kalimba ou sansa, é um instrumento de som fluido, é
muito utilizado durante caminhadas longas ou como fundo musical quando um mais velho conta
histórias, à volta da fogueira. É construído sobre uma tábua harmónica onde se fixam lâminas, que
podem ser de bambu ou metal, presas a um cavalete. O instrumento é agarrado com as duas mãos
e tocado com o polegar de cada uma. Alguns grandes tocadores chegam a utilizar os indicadores.
Também é chamada Mbwetete, quando é feita à base de bambu.
= Maraca - é normalmente feito de maboque. Depois de seco fazem-se uns pequenos orifícios e
coloca-se no seu interior sementes secas ou missangas.
= Marimba - É semelhante ao xilofone, feito com lamelas de madeira, normalmente de pau-santo
ou pau-rosa que, ao serem percutidas com baquetes, produzem um som doce e melodioso.
= Mondo - (carece de descrição). Muito utilizado entre os Mbundu.
= Reco-reco - É construído em madeira ou bambu e é constituído por uma base onde se efectuam
corte feitos a serrote. O som é produzido por meio de fricção de uma pequena vareta.
Cordafones
Os cordafones são instrumentos cujo som é obtido através da vibração de uma corda tencionada
quando beliscada, percutida ou friccionada.
= Hungu - É constituído por um arco, que tem amarrada na sua base uma cabaça com o fundo
cortado. A mão esquerda, sustentando o conjunto, pratica um movimentos de vai e vem contra o
ventre. A mão direita, com uma varinha, percute a corda. Este instrumento foi levado pelos
escravos para o Brasil, onde tem o nome de Berimbau e serve para acompanhar uma dança
acrobática chamada capoeira. É utilizado entre os Mbundu, Ovambo, Nyaneka, Humbi e Khoisan.
= Xihumba - (carece de descrição). É utilizado entre os Mbundu, Ovambo, Nyaneka e Humbi.
= Xicomba - (carece de descrição). É utilizado entre os Mbundu, Ovambo, Nyaneka e Humbi.
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Aerofones
Os aerofones são instrumentos cujo som é obtido através da vibração do ar, sem a necessidade de
membranas ou cordas e sem que a própria vibração do corpo do instrumento influencie
significativamente o som produzido.
= Olombendo - É uma flauta típica dos Ovimbundu.
= Mpungi - É uma trombeta utilizada pelos Kikongo que serve para anunciar as cerimónias
fúnebres ou, na antiguidade, a investidura do rei.
= HISTÓRIA DA MÚSICA POPULAR ANGOLANA
Nas últimas décadas do controle colonial, Portugal encorajou activamente a produção e gravação
de música de artistas locais. São criados os Estúdios Valentim de Carvalho, em Luanda, que apenas
cessam a sua actividade em 1975. O resultado foi uma mini-indústria que, combinada com a
excitação da liberdade que se antevia, viu nascer excelentes músicos e diversos estilos originais
entre meados dos anos 60 até à Independência.
A música de Angola foi moldada tanto por um leque abrangente de influências como pela história
política do país. Durante o século XX, Angola foi dividida pela violência e instabilidade política. Os
seus músicos foram oprimidos pelas forças governamentais, tanto durante o período da
colonização portuguesa, como após a independência. Ao longo dos anos, a música angolana
influenciou também o Brasil e Cuba.
Luanda, capital e maior cidade de Angola, é o berço de diversos estilos como o merengue,
kazukuta, kilapanda e semba. Na ilha ao largo da costa de Luanda, nasce a rebita, um estilo que
tem por base o acordeão e a harmónica. Há quem defenda que o próprio fado tem origem em
Angola.
O semba, que partilha raízes com o samba (de onde a palavra tem origem e significa umbigada), é
também predecessor da kizomba e kuduro. É uma música de características urbanas, e surge com
das cidades, em especial com o crescimento de Luanda. À volta desta capital, criam-se grandes
aglomerados populacionais, os “musseques”.
O “musseque” (expressão que em língua nacional kimbundu significa "onde há areia", por oposição
à zona asfaltada) é o espaço de transição entre o universo rural e a cidade.
A vivência quotidiana do musseque é a temática que predomina nas canções destas décadas: o
filho desaparecido no mar, a garota de minissaia, o assédio sexual entre o patrão (branco) e a
criada (negra), os conflitos conjugais, a infidelidade amorosa, a condição da lavadeira, o feitiço e o
enfeitiçado, o lamento da infância e a concretização da praga anunciada. A primeira partitura
conhecida data de 1875. Chama-se ”Madya kandimba” e conta a história de um europeu de amores
com a sua empregada africana.
No musseque nascem as turmas, pequenas formações de músicos que tocavam no fim das tardes,
ao pôr-do-sol. Os músicos faziam também parte dos grupos de Carnaval. São estas turmas os
embriões da grande maioria dos grupos musicais angolanos que passaram a dominar musicalmente
as cidades. Motivados por uma paixão pelos ritmos nacionais, a sua música integrou muitas vezes
influências de estilos musicais de artistas congoleses, latino-americanos, entre outros.
Em bairros como o Coqueiros, Imgombotas, Bairro Operário, Rangel, e no Marçal vivia-se um
ambiente intimista de preservação das músicas e tradições angolanas, marginalizadas pela
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dominação colonialista presente na época. O folclore dos musseques (bairros pobres) fascinam
parte de uma geração de jovens lutadores de famílias humildes e resistentes, que resolve criar o
seu próprio estilo musical, afirmando a especificidade da cultura angolana, numa época muito
conturbada. O respeito e a admiração pela música, dança, provérbios e vivência tradicional das
gentes, o interesse pela música tradicional e pela cultura suburbana enquanto divulgação dos usos
e costumes da linguagem e cultura angolana são as linhas mestre das canções desta época. A
música era para eles uma forma de lutar sem armas, era uma forma de resistência cultural.
O primeiro grupo a tornar-se popular, dentro e fora de Angola, foi a Orquestra Os Jovens do
Prenda. Chico Montenegro foi um dos fundadores, de onde se destacam também Verry Inácio
(percussionista), António do Fumo (vocalista), Zé Keno (guitarrista) e Cangongo (viola-baixo). O
grupo foi fundado em 1966 por jovens residentes na comuna do Prenda, tendo como base
instrumentos tradicionais de percussão e um violino. Fundado nos finais dos anos 60, os África
Show foram o primeiro entre os grupos angolanos a introduzir o órgão no seu aparato de
instrumentos. Esta alteração foi algo de inédito na época, pois a temática dos grupos não fugia do
folclore angolano. O conjunto que nasceu na Associação da D.Filó, no bairro Indígena, município do
Rangel, em Luanda, teve como fundador o músicos José Massano Júnior, e integrava ainda Zeca
Tirileny, Tony Galvão e Quim Amaral. Nomes como Nito Saraiva, Baião, Zé Keno e Belmiro Carlos,
todos solistas, Carlos Aniceto Vieira Dias (também conhecido como Liceu Vieira Dias), Didinho,
Raul Tolingas, Vininho e Tinito: Weba, Belita Palma que foi temporariamente vocalista do conjunto,
e Teta Lando, fizeram também parte dos África Show.
Embora fundado no bairro Indígena, o Conjunto sempre ensaiou no Marçal, primeiro em casa de
um amigo e posteriormente em casa de Massano Júnior.
O conjunto viajou três vezes para Portugal, tendo gravado todos os seus LP pela Valentim de
Carvalho, tornando-se em determinada altura em conjunto privativo da editora.
África Show acompanhou vários artistas durante a sua vigência. Gravou com artistas como Zé
Viola, Urbano de Castro, Óscar Neves, António dos Santos, Quim dos Santos, Elias Dia Kimuezo,
Duo Mumulha, Tonito, entre outros. A sua linha melódica estava mais virada para o lado
sentimental, sem descorar o semba.
Os N’Goma Jazz formaram-se em 1964 por Caetano de Lemos, Sebastião Matomona, Mangololo,
Domingos Ferreira, Garcia Kapioto, Zé Manuel e Augusto Pedro, e foram considerados um dos
melhores grupos dos anos 70. Acompanharam também, entre outros, Urbano de Castro. São
também referência desta época os grupos Os Kiezos e os N’Gola Ritmos.
Alguns dos cantores destes grupos notabilizaram-se como solistas. Carlos Lamartine iniciou sua
carreira artística em 1956 como "crooner", cantando para distintas turmas da capital angolana, até
1958. Foi posteriormente percussionista no grupo liderado por Sousa Júnior. Criou a turma
«Macocos do Ritmo», e foi vocalista dos «Águias Reais». Os Águias Reais introduziram os
instrumentos de sopro no seu conjunto, sendo um dos primeiros grupos a fazê-lo. Com Barceló de
Carvalho (Bonga), outro insigne da música angolana, fundou «Os Kissueia» nos anos 60, no bairro
do Marçal. Kissueia é uma palavra kimbundo que se refere à miséria dos bairros pobres.
Os Kissueia faziam parte dos músicos nacionalistas que cantavam a mensagem sobre a
necessidade do alcance da independência. Contavam com o apoio do povo e muitos sofreram
perseguições e represálias do sistema vigente. Nos cantores de intervenção, merecem ainda
destaque os casos de Belita Palma, Minguito, Artur Nunes, Luís Visconde, Sofia Rosa, Mestre
Geraldo e Maestro Liceu Vieira Dias (Carlos Aniceto Vieira Dias), entre outros.
O Maestro Liceu Vieira Dias é considerado o pai da música popular angolana. Numa base de violas
acústicas, introduz a dikanza (reco reco) e as ng’omas (tambores de conga) nas suas canções. O
seu som torna-se popular na década de 50, nas áreas urbanas, onde a audiência é favorável à sua
mensagem politizada e aos primeiros pensamentos nacionalistas.
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Mário Silva, vocalista da Banda Kissanguela foi autor de canções de referência no anos 50, 60 e 70,
com dois singles editados em 1973: “Maza” e “Bossa do Violão”. Foi contemporâneo de Santos
Júnior, Artur Adriano e Filipe Mukenga.
Artur Adriano teve em “Belita” a maior referência do seu repertório. “Kalumba” é também um
clássico. Artur Adriano compôs músicas em que exaltou a beleza feminina, ocorrências do
quotidiano do musseque, num processo de integração musical consubstanciado nos valores da
cultura nacional.
Mário Rui Silva aprendeu a gostar de jazz com o pai, que foi também responsável pela influência da
irmã Ana Paula. Um amigo violinista, Tomás, leva-lhe uma banda magnética com a célebre música
“Luanda”, de Eleutério Sanches, e aguça-lhe o gosto pela música angolana. Os dois irmãos, com o
amigo Totota, formam os “Twists” e mais tarde os “Jovens”. Por volta de 1968, trava conhecimento
com Fausto e com os poemas musicados de autores angolanos, que lhe servem de inspiração.
Adere a tudo o que diga respeito à luta pela independência. Óscar Ribas, seu vizinho, oferece-lhe o
livro de sua autoria – “Izomba” – que se torna uma biblía para Mário Rui Silva. Conhece Liceu
Vieira Dias, com quem trava grande amizade, e tocam juntos com frequência, em casa do Mestre,
trocando ideias sobre os acordes dissonantes de que Mário fazia uso. É Liceu Vieira Dias que
motiva Mário Rui Silva a estudar o violão comum, as músicas populares do seu tempo e as suas
origens.
Sofia Rosa nasceu no Ambriz, província do Bengo e viveu no bairro da Samba, em Luanda.
Em 1963 integra como cantor o agrupamento Teatral Ngongo, fundado por José de Oliveira Fontes
Pereira. Participa numa digressão do grupo a Portugal e grava para a televisão. O seu primeiro
"single" foi gravado em 1970, seguindo-se depois sete, todos pela Valentim de Carvalho. Sofia
Rosa foi um dos melhores criadores e intérpretes da música em língua nacional kimbundu,
traduzindo o pulsar da vida da gente pobre. No tema "kalumba" louva a beleza da mulher.
O dia a dia, as lamúrias proferidas pelas gentes das sanzalas, bairros e musseques, o sentimento
do amor e perseverança estão contidos nos seus trechos que transportam o público para o mundo
da saudade nas aguarelas angolanas, dia do trabalhador, kutonocas, farras onde Sofia Rosa
arrastava multidões. Sofia Rosa esteve também vinculado aos Corvos, mas todo o seu talento
artístico veio à tona com "Os Astros" com quem gravou "Kalumba" e "Ngue Xile Ku Tunda Bu
Sambila". O artista morreu em 1975.
Elias diá Kimuezo é o Rei da Música Angolana. Nasceu no Bairro Marçal, com o nome de Elias José
Francisco, no dia 2 de Janeiro de 1936. Aos 7 anos de idade, torna-se órfão, facto que o obriga
mais tarde, aos 12 anos a ir viver em casa da avó, no Bairro Sambizanga, onde aprende a
comunicar-se de forma fluente, na sua língua materna o kimbundo.
A sua constante frequência no Samba Kimúngua, na zona do Bungo em Luanda, onde residiam
vários operários do Porto e dos Caminhos de Ferro que tocavam e dançavam o Kinganje, fez com
que descobrisse, aos 15 anos de idade, a sua vocação artística, que o leva a integrar-se na Turma
do Margoso, como vocalista principal e tocador de bate-bate. Dois anos mais tarde, muda-se para
o agrupamento Os Kizombas, que naquela altura, tocava nas farras do Salão Malanjinho no Bairro
do Sambizanga. Com o tempo foi-se aprimorando na arte de cantar, e tornando-se cada vez mais
conhecido.
Em 1969 surge o Festival Folclórico das províncias Portuguesas, a ter lugar em Portugal, e o
mesmo é convidado, para, com o Grupo de Rebita do Mestre Geraldo e Os Marimbeiros de Duque
de Bragança, oriundos de Malanje, representar a Província de Angola. O seu desempenho artístico,
como o dos restantes artistas, mereceram elevados elogios da crítica e dos analistas culturais
locais, pelo que lhe foi colocada a proposta, prontamente aceite, de gravar 2 “singles” para a
editora Valentim de Carvalho. Foram então feitas as respectivas gravações, “Mualunga”,
“Ressurreição”, “Muenhu Ua Muto” e “Zum-Zum”, que tiveram as participações de Barceló de
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Carvalho (Bonga), Rui Mingas, Teta Lando e dos Marimbeiros de Duque de Bragança. O lançamento
das obras, com muita pompa e circunstância, teve lugar no Cine-Restauração, um dos cinemas
mais chiques de Luanda. O sucesso crescia dia após dia, e em face disso, Elias diá Kimuezu, é
galardoado com o título de “Melhor Intérprete da Canção Angolana”. Este prémio era atribuido
anualmente, aos artístas que se destacavam na Província de Angola, pelo CITA-Centro de
Informação e Turismo de Angola.
Em 1972, em compensação, pelo seu abnegado trabalho em prol da música, recebe uma estatueta
referente aos “11 mais da cidade de Luanda”, que premiava as 11 figuras mais destacadas nas
diversas áreas profissionais e sociais na cidade de Luanda. No ano de 1974, fruto do intenso
trabalho de mobilização, é novamente preso com seu irmão mais novo “Chico Suiça” e remetidos
de imediato para “São Nicolau” – Campo I das Salinas, caserna III, donde saíram após clarificação
do processo de descolonização e o Sistema ser obrigado a tratar da libertação de todos os presos,
principalmente os do foro político.
Aquando da criação do Agrupamento “Kissanguela”, por Mário Silva foi Elias diá Kimuezo, quem
sugeriu o nome do mesmo, tendo em conta o momento que se vivia e o trabalho que se pretendia
que o Agrupamento produzisse. Desde os meados da década de 60 que Elias diá Kimuezo, pela
qualidade do seu trabalho e a constância do seu desempenho, foi considerado como “O Rei da
Música Angolana”.
ELIAS DIA KIMUEZO: O REGRESSO DO REI
Elias José Francisco, de nome artístico Elias Dia Kimuezu, pelo seu perfil musical é considerado o
rei da música angolana. Este músico, pela sua persitência e coragem, porque não é fácil ser-se
músico em Angola, para os mais jovens, menos é para um homem da sua idade, como ele mesmo
disse, são poucas as pessoas que apostam no seu trabalho e talento.
Sucessos do passado é um convite que o artista faz aos amantes da sua música no sentido de
experimentarem o um sabor novo em músicas de um outro tempo. “Músicas antigas mas com um
novo sabor, sofreram arranjos musicais, que estiveram ao cuidado da Banda Maravilha, que soube
naturalmente, dar o amor e carinho ao povo que merece através da música”.
Elias descobriu a sua vocação artística aos 15 anos de idade, e já dividiu o palco com a cantora
brasileira, Ângela Maria. É o autor de “Mualunga”, “Ressurreição”, “Muenhu Ua Muto”,e “Zon-Zon”,
que tiveram as participações de Barceló de Carvalho (Bonga), Rui Mingas, Teta Lando e dos
Marimbeiros de Kalandula. (Amélia Mendes)
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BARCELÓ DE CARVALHO (BONGA)
Barceló de Carvalho nasce a 5 de Setembro de 1942, em Kipiri, na província do Bengo, a norte de
Luanda, em Angola. Filho de Pedro Moreira de Carvalho, natural de Luanda, e de Ana Raquel, do
norte de Angola. Barceló é o terceiro filho de uma família composta por mais nove irmãos.
A família tratava-o carinhosamente por Zeca. A sua infância foi passada em bairros como os
Coqueiros, Imgombotas, Bairro Operário, Rangel, e no Marçal. Aí vive-se um ambiente intimista de
perservação das músicas e tradições angolanas, marginalizadas pela dominação colonialista
presente na época. O folclore dos musseques (bairros pobres) cedo fascinou o pequeno Zeca e por
isso começou a frequentar e a participar das turmas dos bairros típicos de Angola, onde iniciou a
sua actividade musical. Foi no bairro do Marçal que fundou o grupo "Kissueia". Barceló resolve criar
o seu próprio estilo musical, afirmando a especificidade da cultura angolana, numa época muito
conturbada.
Bonga é produto de uma geração aguerrida e marginalizada que resiste à aculturação da sociedade
marginal através do respeito pela música tradicional de Angola. A cultura angolana era dominada
pela colonização portuguesa de então, daí que tanto a língua como a música tradicional fossem
descriminadas e impedidas de se manifestar em plenitude.
No Desporto
Barceló sempre se sentiu atraído pelo atletismo. Tudo começou ainda muito jovem quando revelou
perante os seus amigos do bairro ser o mais rápido nas corridas e nas fugas. Depois começou
oficialmente a correr no S. Paulo do Bairro Operário, rotulado pejurativamente como o "club dos
pretos". Ingressaou no Clube Atlético de Luanda.
Em 1966, com 23 anos de idade, depois de ter alcançado os maiores títulos de Angola em 100,
200, e 400m, a sua entrada em Portugal dá-se aquando de um convite do Sport Lisboa e Benfica,
que se deveu às suas múltiplas victórias nos campeonatos em Angola. O objetivo deste convite é a
prática semi-profissional de atletismo. É entre 1966 e 1972 que Barceló de Carvalho atinge por
sete vezes o estatuto de campeão e permanente recordista de ateletismo: onze
internacionalizações nos 400 metros, nos 200 e 400 metros na taça da Europa de 1967, nove nos 4
x 400 metros e seis nos 200 metros, além de várias vitórias em torneios, tal como o prémio de
Viseu em 1968 (400 metros), o Torneio Toddy em 1969 (100 metros), o II Grande Prémio das
Festas de Santo António, etc...
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Ativismo político e intercionalização
Barceló é já um nacionalista convicto. Portugal era então regido pela política repressiva e fascista
de Salazar e Caetano. Com o início dos movimentos a favor da independência das ex-colónias
portuguesas, Bonga usa a sua liberdade de movimentos proporcionada pelo seu estatuto de atleta
recordista para passar mensagens entre compatriotas que lutam pela independência em Angola.
Por este motivo é obrigado a fugir de Portugal para a Holanda, uma vez que começa a ter
problemas com a polícia do Estado-Novo, a Pide.
Em 1972, na Holanda lança o seu primeiro álbum "Angola 72", onde canta a revolução e o amor à
pátria. É por esta altura que Barceló passa a chamar-se Bonga Kuenda. Adopta um nome africano
que significa "aquele que vê, aquele que está à frente e em constante movimento".
Bonga está consciente de que a cultura e a música africana ainda não é respeitada enquanto tal no
mundo dos europeus, ditos civilizados. É esse o fundamento de uma consciência da necessidade da
independência, da libertação, do povo e da pátria, tornando-se uma voz e o rosto da angolanidade
no mundo. Os anos 70 são os tempos da arte-combate, onde estão espelhadas nobres e profundas
convicções e aspirações a favor das ex-colónias portuguesas e contra o colonianismo. "Angola 72"
está por esta altura proibido em Portugal e Angola, pela sua ressonância política e consciência
crítica.
Bonga actua pela primeira vez nos Estados Unidos em 1973, aquando da celebração da
independência da Guiné-Bissau, integrado num espectáculo de homenagem à cultura lusófona. Eis
que surge a Dipanda (independência) em Angola e com ela Bonga atinge o estatuto simbólico de
embaixador da música angolana. Dá-se o 25 de Abril e Bonga lança "Angola 74". Em África as
independências sucedem-se. Bonga está em Paris e regista no consulado português em França o
seu nome artístico, Bonga Kuenda.
Os anos 80 são tempos de apogeu internacional, comercial e cultural: é o primeiro artista africano
a actuar a solo, dois dias consecutivos no Coliseu dos Recreios, símbolo da música portuguesa, é o
primeiro africano Disco de Ouro e de Platina em Portugal. O seu sucesso estende-se para lá das
fronteiras lusófonas e Bonga actua no Apolo em Harlem, no S.O.B. de Nova Iorque; no Olympia de
Paris, na Suíça, no Canadá, nas Antilhas e em Macau. O seu sucesso é resultado de um trabalho
árduo, intensivo e metódico e de uma imaginação criativa que caracteriza toda a sua carreira.
Em 1988, Bonga regressa a Portugal, dezessete anos depois de ter fugido clandestinamente. Bonga
regressa não como recordista do atletismo, mas como recordista de vendas e popularidade, que
canta música de intervenção, revolucionaria e carismática. Um dos motivos pelos quais Bonga não
regressa definitivamente a Angola é porque a independência pós-colonial desintegrou-se em
corrupção, tirania e guerra. Assim sendo, Bonga manteve uma aguda consciência crítica
relativamente aos líderes políticos de ambas as partes.
A marca "Bonga"
Bonga cria uma fusão entre a sua pessoa e a música de Angola, tornando-as indissociáveis e tendo
como maior estandarte, o Semba, um ritmo tradicional angolano correspondente ao samba
brasileiro, mas percursor deste.
Bonga também interpretou géneros musicais cabo-verdianos, sendo responsável pela adulteração
da coladeira “Sodade” para uma morna, 18 anos antes de Cesária Évora a tornar mundialmente
famosa.
Bonga recebeu inúmeros prémios de popularidade e homenagens relativamente à sua obra, onde
conta com distinções varias, medalhas e discos de ouro e de platina. Bonga tem manifestado
inúmeras vezes a sua solidariedade e altuismo dando concertos de benificência para instituições
como a MRAR, a Anistia International, FAO, ONU, UNICEF e também este concerto que se realizará
no C.C.F. a 31 de Janeiro, reverterá a favor da ação missionária dos Capuchinhos em Angola. Para
além disso tem participado em CD's como por exemplo "Em Português Vos Amamos" dedicado a
limor, "Paz em Angola" ou ainda "Todos Diferentes, Todos Iguais", um marco na luta contra o
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racismo.
Tem mais de 300 composições da sua autoria, 32 álbuns, 6 video-clips, 7 bandas sonoras de
filmes, e álbuns com inúmeras reedições em todo mundo.
Seus temas têm sido interpretados por ilustres artistas como no Brasil Martinho da Vila, Alcione e
Elsa Soares, em França, Mimi Lorca, na República Democrática do Congo, Bovic Bondo Gala, no
Uruguai, Heltor Numa de Morais, e muitos artistas angolanos da nova vaga.
Bonga, com mais de trinta anos de carreira, é recordista de vendas dos seus 32 álbuns, em todo o
mundo, convidado para muitos espetáculos que contribuem para a imagem positiva do seu país.
AS MÃOS DE MINGUITO E A ARTE DO ACORDEÃO
Acordeonista de raro talento Minguito viveu tacteando no escuro a procura da clareza de uma
música angolana fortemente enraizada
Figura carismática do meio musical luandense, invisual desde os 14 anos, depois de ter contraído
sarampo, Minguito trouxe, na sua peregrinação para Luanda, a memória do cancioneiro da
província do Bengo. Músico versátil e eloquente, Minguito revelava uma acuidade auditiva e táctil,
naturalmente potenciada, de forma compensatória, pela a acidental falta de visão. Acordeonista
de raro talento, viveu tacteando no escuro, procurando a clareza de uma música fortemente
enraizada nos desígnios imprevisíveis da cultura popular. Pela gestualidade e entrega romântica ao
seu instrumento, diríamos, de forma metafórica, que Minguito tocava batuque no acordeão, seu
inseparável instrumento, com o qual mantinha uma íntima afeição e que, por ironia do destino, o
acompanhou, vertiginosamente, até à data da sua morte prematura. Filho de Luís Garcia e de Ana
Dias dos Santos, Domingos Luís Garcia, Minguito, casou-se com Catarina Martins, com quem teve
sete filhos, e foi influenciado pelos “merengues” do guitarrista e compositor dominicano Luís Kalaff,
facilmente identificável na sua música instrumental, “Cantar em tempo de Liberdade”.Minguito
nasceu no dia 5 de Janeiro de 1942, no município do Dande, bairro Kijoão Mendes, na província do
Bengo, e experimentou, com sucesso, o acordeão na Música Popular Angolana, um instrumento
sobre o qual o processo de assimilação da cultura portuguesa e os marítimos de torna-viagem,
terão sido os factores responsáveis pela sua introdução, em Angola, e, acto contínuo, no
acompanhamento dos passos da rebita. Note-se que o acordeão emigrou da música folclórica
portuguesa para massemba, também designada, rebita, e desta para o universo da Música Popular
Angolana, no período acústico da sua formação, importante momento de abertura e
permeabilidade, muito propenso à absorção dos instrumentos de origem ocidental.
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O primeiro acordeão
Detentor de uma arte absorvida pela experiência da vida, Minguito recebeu um acordeão, como
oferta, das mãos de um militar do Exército colonial português, em 1964, e toda a sua música e
experiência artística veio a ser marcada por este instrumento. Acordeão, harmónica, ou concertina,
dais quais faremos, mais adiante, os traços distintivos, a verdade é que Minguito denominava
harmónica, denominação italiana e alemã para o mesmo instrumento, ao seu acordeão: “Digam ao
povo e aos mais altos dirigentes da nação que se não me apoiarem, pelo menos em alimentação e
medicamentos, vou morrer muito cedo. Porque com a inflamação dos pés, já não consigo
desenrascar nos mercados. Façam-lhes saber também que até a própria harmónica, que a LAC me
deu, já está a falhar...”, lamentava Minguito nos derradeiros dias da sua vida, num texto publicado
na edição do dia 4 Fevereiro de 1995, do Jornal de Angola.
Primeira apresentação pública
A primeira apresentação pública do Minguito foi numa sessão musical do “Dia do Trabalhador”, no
emblemático Ngola Cine, em 1967. A pose com o acordeão e a crónica invisualidade conferiam ao
Minguito uma personalidade artística singular, que o fazia distinguir dos demais artistas, numa
época em que o uso do acordeão e da concertina estavam circunscritos à “Garda e seu Conjunto”,
às figuras emblemáticas da rebita, Carola, Fançony e Firmino, que tocavam concertina, e à música
folclórica portuguesa. O único texto crítico, marcadamente poético, que conhecemos, sobre a
música de Minguito, em que é visível a emoção do seu autor, J. Diangola, diz o seguinte: “
Minguito rasga a sanfona, designação brasileira do acordeão, para enchê-la com o ritmo dos
bongós e da dikanza até soltar a alegria que lhe escorre da alma. Passado e presente confundemse numa linguagem plena de simbolismo. Celebra-se a independência e claros horizontes
iluminam-se para o povo. Entusiasmados, de novo se abrem os braços de Minguito, puxando o
acordeão ao ritmo envolvente dos meandros da cobra. As guitarras criam a atmosfera de festa. A
cobra entra no turbilhão da dança e executa um bailado fantástico que atinge o clímax no
momento da alienação. A sanfona cumpre-se num silvo penetrante. É a serpente traiçoeira que
investe. São as palavras que lhe cortam o gesto. Quando a cobra ataca a primeira vez devemos
batê-la, quando ataca a segunda vez, devemos matá-la. O ritmo alucinante, depressa faz esquecer
o incidente. A África renova-se no segredo das experiências vividas. A música é o veneno. As
palavras, o aviso sibilino das grandes sabedorias dos mais velhos”.
A génese das canções
Narrativas sobre a sua cegueira, as moças, a fama e a cidade de Luanda, que o acolheu em 1966,
foram os motivos de inspiração textual de uma parte substancial das suas canções. “Ngui mona ni
kima”, “Várias moças de Luanda”, “Pequenas que se encostam” e “A fama de Minguito- gravadas
ao longo de 1969- indiciam o encontro do cantor com os hábitos de uma cidade que crescia, com
fortes ventos de uma cultura europeizada, na razão inversa das tradições e costumes do Dande,
sua terra natal. Minguito foi revelando, de 1970 a 1980, uma prolífera produtividade discográfica,
com singles gravados, maioritariamente, com a etiqueta “Rebita”,“Ngoma” e “CDA”. Durante este
período, gravou, com o trio “Os Três Jovens”, “Mamã muxima”, “Minguito na harmónica, “Minguito
em Angola”, “A fama de Minguito”, “Se lhe falei”, “Merengue puxa comigo”, “Santa Ana” e “Os três
jovens”. Com o conjunto os Kiezos registou “Várias moças de Luanda”, “Ngui mona mi kima”,
“Arrancando o capim”, “Merengue escorrega só”, “Bangú Muna ditari” e “Eme ngo kofele”,
gravando, nos derradeiros anos da sua carreira, com o conjunto os Merengues, de Carlitos Vieira
Dias, as canções “Ngi kalakala mivu ioso” ,“Pensando conforme o tempo”, “Kwanza” e “Cantar em
tempo de Liberdade”.
Periodização da carreira
Quatro períodos marcaram a carreira de Minguito. De 1967, ano da sua apoteótica estreia no Ngola
Cine, até 1970, faz uma carreira a solo marcada por canções que acusam uma forte influência do
cancioneiro popular do Bengo, gravando, depois, com o agrupamento “África Ritmos”, duas das
suas primeiras canções: “Minguito meu amor” e “Há inveja no mundo”. O segundo período, que
começa, em 1970, com a fundação do trio "Os Três Jovens", formado por João Dias (percussão) e
Mano Picas (dikanza), ficou marcado pelas canções “Minguito em Angola”,“Minguito na Harmónica”
e “Os três jovens”, a última uma canção que enaltece o valor do seu próprio trio. No terceiro
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período, que abrange os anos 1970 e vai até 75, Minguito não deixa de enaltecer, de forma
insistente, a sua própria figura, numa atitude claramente narcísica, e grava, com o conjunto os
Kiezos, “Ngandala ku nganhala ò fuma”, “Várias moças de Luanda”, “Ngui mona mi kima”, “Bangú
Muna Ditari” e “Eme ngó Kofele”. O quarto período, do declínio e morte, que vai de 1975 até aos
anos 1980, Minguito opta por canções de forte pendor interventivo e regista, com o conjunto
“Merengues”, de Carlitos Vieira Dias, as canções “Ngi kalakala mivu ioso”, “Pensando Conforme o
Tempo”, “Quinze dias na RDA”e “Kwanza”, na última das quais celebra a troca da moeda colonial, o
escudo, pelo kwanza, a moeda da independência. Minguito talvez tenha morrido pela “cegueira”
dos que teimaram em não reconhecer, no tempo certo, o alcance estético e a notabilidade da sua
arte. De lamento em lamento, veio a falecer no dia 28 de Junho de 1995, numa triste e
melancólica quarta-feira, na mais deplorável e incompreensível indigência. Viveu os últimos anos
da sua vida, tocando na rua, para sobreviver. Era uma figura residente no mercado dos
Congolenses, em Luanda.
Acordeão concertina e sanfona
Pelas designações que os instrumentos foram adquirindo, no encontro com várias culturas,
julgamos importante esclarecer algumas definições técnicas que distinguem o acordeão, a
concertina e a sanfona. O acordeão é um instrumento de fole e teclado, provavelmente criado na
Alemanha, em 1822, e foi introduzido na música como uma espécie de órgão portátil. Por sua
vez, a concertina possui um único fole e utiliza um sistema de palhetas metálicas internas para
produzir os sons, um teclado, como o do piano na mão direita, e outro de botões para o
acompanhamento dos baixos, na mão esquerda. A concertina, conforme o fabrico, pode emitir sons
diferentes, quando o fole é comprimido ou destemido, trata-se da concertina alemã, ou iguais,
independentemente da direcção em que o fole é movimentado, é o caso da concertina inglesa.
Carlitos Vieira Dias afirma, de forma resoluta, que o Minguito tocava concertina. Por último, a
sanfona, também conhecida por concertina, gaita ou acordeão, é um instrumento de sopro cujo
som é controlado por registos e foi introduzido na Europa no século XVIII, vindo da China. A
sanfona é dotada de um fole que acciona as palhetas por meio de um teclado. No Brasil, onde
chegou no século XIX, faz parte dos conjuntos de xaxado, forró e baião.
A homenagem
Minguito foi homenageado no dia 30 de Julho de 2006, na 51ª edição do Caldo do Poeira,
programa de valorização dos históricos da música angolana, da Rádio Nacional de Angola, num
acto realizado no Centro Recreativo e Cultural Kilamba, em Luanda. Renderam homenagem ao
acordeonista, que interpretaram, na ocasião, os seus grandes sucessos, os cantores Don Caetano,
Yuri da Cunha, Paulo Pacas, Pakito, Zé Manico e Minguito Filho. A propósito da homenagem saiu a
público, o duplo CD “Memórias de Minguito”, com 30 canções, uma colectânea que consideramos
abrangente e inequivocamente representativa dos grandes momentos musicais da carreira do
Minguito.
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