Especial Pragas - Revista Canavieiros

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Especial Pragas - Revista Canavieiros
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Revista Canavieiros - Novembro de 2014
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Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Editorial
A
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Combatendo as pragas
revista de novembro traz uma matéria especial sobre as alternativas de combate às
pragas da cana-de-açúcar, inimigas que vêm causando grandes prejuízos aos canaviais, mas, por outro lado, novas tecnologias surgem como alternativas como solução
destes problemas. Como no caso do projeto Harpia, que possibilitou localizar áreas infestadas através de imagens coletadas via satélite. A ferramenta foi disponibilizada aos associados
da Canaoeste, por meio de parceria entre a entidade e a BASF. O especial mostra também a
cobertura de eventos como o II Encontro Técnico sobre Pragas Canaoeste e o Experts Cana,
além de lançamento de produto para ajudar no controle e manejo das pragas.
O destaque do mês fica por conta dos resultados do projeto Caminhos da Cana, como também de matéria que mostra que a FAO-ONU aponta o Brasil como principal ator para suprir a
demanda de alimentação global. Também tem destaque a inauguração da misturadora de fertilizante da Yara, em Sumaré-SP, a cobertura da Conferência Internacional DATAGRO sobre
Etanol e Açúcar e a reunião da Canaplan, que estima moagem de 544 milhões de toneladas na
safra atual. Outro destaque é a matéria que mostra que investir em irrigação é uma alternativa
para aumentar a produtividade dos canaviais brasileiros.
A edição 101 traz ainda entrevistas com Arnaldo Jardim, deputado federal (PPS-SP), e com
José Orive, presidente da Organização Internacional do Açúcar (ISO na sigla em inglês).
Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo Professor Marcos Fava Neves, opinam no “Ponto de Vista”, Guilherme Nastari e Ciro Antonio Rosolem. Já o engenheiro agrônomo da Canaoeste, André Volpe, assina artigo técnico sobre a sistematização de áreas e preparo de solo.
As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos
na revista de novembro.
Boa leitura!
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Impressão: São Francisco Gráfica e Editora
Revisão: Lueli Vedovato
Tiragem DESTA EDIçÃO:
21.500 exemplares
ISSN: 1982-1530
A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente
aos cooperados, associados e fornecedores do
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Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Foto: Rafael Mermejo
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Ano VIII - Edição 101 - Novembro de 2014 - Circulação: Mensal
Índice:
Capa - 22
Especial Pragas:
Pragas sob controle
O projeto Harpia, uma parceria
da Canaoeste com a BASF, coletou
imagens de canaviais via satélite e
mapeou áreas de baixa biomassa,
E mais:
permitindo um controle mais rápiPontos de Vista
do e eficaz em casos de infestação Ciro Antonio Rosolem
por pragas
.....................página 12
05 - Entrevista
Coluna Caipirinha
.....................página 14
Arnaldo Jardim
Destaques:
Deputado Federal
“A crise exige otimização de esforços e o setor tem feito a lição Inauguração da Yara
.....................página 36
de casa”
Produção de alimentos até 2050
.....................página 38
10 - Ponto de Vista
Guilherme Nastari
Diretor da DATAGRO
Em busca da produtividade
de três digitos
.....................página 42
Caminhos da Cana chega ao fim
.....................página 44
Irrigacana
.....................página 46
16 - Notícias Copercana
- Copercana é parceira do Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas de Campo Florido
18 - Notícias Canaoeste
- Presidente da Canaoeste participa de 7º Congresso da UDOP
- Reuniões Técnicas Canaoeste
20 - Notícias Sicoob Cocred
- Balancete Mensal
58 - Artigos Técnicos
- Sistematização de Áreas e Preparo de Solo.
A colheita mecanizada da cana-de-açúcar é considerada
uma tendência natural do setor sucroenergético. Dessa
forma, existe a necessidade de alterações no modelo
estabelecido de implantação de manejo dos canaviais...
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Conferência Internacional Datagro
.....................página 48
Canaplan
.....................página 51
Agende-se
.....................página 54
Assuntos Legais
.....................página 55
Informações Setoriais
.....................página 56
Acompanhamento da safra
.....................página 60
Classificados
.....................página 63
Cultura
.....................página 66
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Entrevista I
“A crise exige otimização de esforços e o setor
tem feito a lição de casa”
Eleito para o terceiro mandato consecutivo de deputado federal por São Paulo, com 155.278 votos, que o colocaram entre os 30 mais lembrados pelos eleitores do Estado, Arnaldo Jardim (PPS-SP), de 59 anos, assumiu, há um ano e meio, a missão de conduzir a Frente Parlamentar pela
Valorização do Setor Sucroenergético, pela qual vem intermediando tentativas de diálogo entre
lideranças da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e o Governo Federal.
A tarefa da frente não é nada fácil: convencer a Presidência da República de que é preciso rever
pontos da política econômica, que prioriza o controle da inflação por meio do congelamento do
preço da gasolina, para que a expansão canavieira retome o ritmo esperado, visando atender às
demandas mundiais por energia limpa e renovável.
Nesta entrevista, ele aborda as principais reivindicações do setor, as propostas que espera ver
atendidas, o investimento em pesquisas e no desenvolvimento de novas tecnologias, os desafios
diante da crise e as projeções para os próximos anos.
Arnaldo Jardim
Igor Savenhago
Revista Canavieiros: Qual a sua
avaliação sobre a situação do setor
sucroenergético?
Arnaldo Jardim: É uma situação
muito difícil. Tivemos, nos últimos
quatro anos, no governo Dilma, 60
usinas que fecharam. Temos outras 70
em recuperação judicial e, não bastasse isso, houve desmantelamento muito importante do setor. É só olharmos
para a indústria de base de Sertãozinho-SP, as demissões que ocorreram e
a interrupção de encomendas. O mesmo aconteceu no polo fornecedor de
equipamentos de Piracicaba-SP. E tão
decisivo é o fato de que, no momento
em que estávamos ganhando credibilidade internacional com o nosso etanol,
já que o etanol à base de milho definha
nos Estados Unidos – um cenário, portanto, que se abria –, nós introduzimos
uma incerteza sobre a real capacidade
de produzirmos nosso etanol. E essa
crise, que origem ela tem? Será que
temos uma nova praga que comprometeu a produtividade? Não. Embora
a mecanização tenha trazido uma nova
situação, como a ocorrência de cigarrinhas, são problemas menores diante
da dificuldade que estamos vivendo.
Surgiu um novo combustível, mais
amigável ambientalmente? Não. Mais
barato? Não também. A crise foi gerada de fora para dentro, a partir de uma
manipulação que o Governo fez do
preço dos combustíveis. Na paridade
assentada em torno de 70%, o etanol
acabou vivendo as consequências do
congelamento do preço da gasolina.
E a Petrobras arcou com os prejuízos
inerentes a isso. Pagou um preço que
foi alto, que está sendo alto. A Petrobras perdeu valor de mercado. E não
estou falando dos malfeitos, que, infelizmente, são tantos na sua gestão.
Falo, estritamente, da política de combustíveis. A empresa vale, hoje, 40%
do que valia há quatro anos. A política
de preços produziu, então, uma situação de muita penúria.
Revista Canavieiros: Quais seriam as propostas para rever essa
política?
Jardim: O caminho que o governo
adotou quando retirou a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio
Econômico) da gasolina foi equivoca-
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Entrevista I
do. Hoje estamos muito concentrados
na busca de restabelecer a CIDE, que
era exatamente o diferencial entre
o combustível fóssil e o renovável.
Temos uma proposta arrumada para
isso. Ninguém está propondo algo
que provoque impacto inflacionário.
Queremos cuidar, sim, do setor, mas
amarrar isso numa política global.
Para isso, nossa proposta é singela e
consistente: que a retomada da CIDE
faça com que aquilo que for por ela
arrecadado se destine a um fundo que
repasse esses recursos para baratear
as tarifas de transporte coletivo nos
grandes centros urbanos. Estudos
feitos pela FIPE (Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas), a partir
da solicitação do setor, mostram que,
se de um lado o Governo aumenta a
CIDE e provoca um impacto inflacionário, de outro, com a utilização dos
próprios recursos da CIDE, neutraliza
esse impacto. Então, não tem consequência do ponto de vista da taxa de
inflação. Isso já poderia ter sido feito
pelo governo em época anterior.
Revista: Há um ano e meio, o Sr.
preside a Frente Parlamentar em defesa do setor em Brasília. Que balanço pode ser feito desse trabalho?
Jardim: Começamos um processo de mobilização do setor. Vocês
próprios, da Revista Canavieiros,
testemunharam isso, através do primeiro evento da frente que fizemos
em Piracicaba-SP. Depois, um segundo momento muito importante, em
Sertãozinho. Isso se desdobrou na
constituição da Frente Parlamentar na
Assembleia Legislativa de São Paulo e, posteriormente, foi criada a da
Câmara Federal. Uma frente que, desde o primeiro momento, tratamos de
orientar para que não fosse de oposição ou de situação. Buscamos manter
um equilíbrio para que sua preocupação fosse estritamente a de defender
o setor. O vice-presidente da frente,
por exemplo, é o deputado federal,
agora reeleito, Odair Cunha, do PT
de Minas Gerais, escolhido por nós.
Eu o convidei e ele aceitou, o que foi
importante para garantir a pluralidade. O secretário-geral, que agora terá
que ser substituído porque se elegeu
governador de Alagoas, é o deputado
Renan Filho, do PMDB. Uma tentativa, portanto, de fazer uma conjunção
de forças, de diferentes partidos. E
dou um balanço muito positivo. Conseguimos tirar o PIS/Cofins da cana, o
que foi um ganho de competitividade
para o setor, e introduzir os motores
flex no Inovar-Auto, programa de incentivo à indústria automobilística.
Antes, o Governo só previa investimentos em pesquisa para os motores a
gasolina. Foi duro, e até parece patético, termos que lutar por isso. Mas foi
necessário e conseguimos estender os
benefícios aos flex. Outra conquista
importante foi o aumento da mistura,
a partir do ano que vem, de 25% para
27,5% de álcool anidro na gasolina, o
que irá representar um consumo adicional de 1 bilhão e 300 milhões de
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
litros, importante para sustentar preço
e criar demanda. Tratamos, também,
da bioeletricidade, porque estamos
estarrecidos com o fato de que o governo, que, durante quatro anos se
negou a contratar novos projetos de
cogeração, por considerar que os preços estavam altos – eles oscilavam
em torno de R$ 180 a R$ 200 o megawatt –, agora aciona, de uma forma
permanente, as termelétricas movidas
a gás, óleo, carvão, cujo preço médio
está em torno de R$ 380 a R$ 400 o
megawatt. E tem muitas outras coisas
cotidianas. Houve, por exemplo, uma
resolução do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) que mostra
bem a distância que há de Brasília
em relação à realidade. Foi quando
se aprovou o chamado lonamento, a
obrigatoriedade de que cada caminhão, depois de carregado na roça,
aplicasse a lona. Depois, teria que ir
até a usina, no caso da cana, e retirar
a lona para descarregar. As pessoas
que acompanham o setor sabem que,
durante a safra, o período médio que
um caminhão usa para descarregar é
de três minutos. Por isso, lonar exigiria mais mão de obra, ampliação de
custos, num momento em que o setor
está sem competitividade. Fizemos o
cálculo e mostramos o que isso significa de gravidade. Além do que existe
um fato fundamental. Parece até brincadeira dizer isso, mas o Brasil não
tem lona suficiente para todos os veículos que fazem safra. Haveria a necessidade de uma grande importação
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de lonas, que não é coisa que se faz
do dia para a noite. Essa medida, no
entanto, ainda não resolvemos definitivamente. Mas conseguimos um prazo adicional de dois anos para que ela
seja colocada em prática.
Revista Canavieiros: Com essa
atuação, será que foi possível chamar a atenção do governo para as
necessidades do setor?
Jardim: Durante muito tempo não
tivemos eco nenhum. Agora, o Governo passa a ter mais sensibilidade. Até
porque há uma pressão interna, de setores ligados a Petrobras, que criticam
essa política de preços. Parece uma
sacada para controlar a inflação, mas,
sempre que se introduz um artificialismo na economia, se paga muito caro
depois. O Governo está fazendo isso
com a energia elétrica e vamos ter um
grande problema pela frente. Fez isso
com o combustível, mas vai ter que
reajustar e o susto pode ser maior. É
como um córrego que, gradativamente,
extravasa num terreno. Se aumenta um
pouco o fluxo, a natureza se encarrega de transbordá-lo e ele busca novos
caminhos. Agora, se você o represa,
quando abre a comporta, ele vem com
uma força muito mais danosa e menos
controlável. Foi isso que o Governo
fez no preço da energia. Portanto, será
necessário um reajuste. Dependendo
da circunstância, isso se dará de forma
mais ou menos danosa. Mas acho inevitável que ocorra. Há um ano tive um
diálogo com um representante do Ministério de Minas e Energia e ele disse
que o etanol está no limite, que precisa
descobrir novos caminhos e aumentar
sua produtividade porque o Brasil não
pode pagar mais caro. Segundo ele,
é mais barato importar gasolina, que
teria uma oferta mundial abundante e
crescente. Discordamos disso. Eu considero, e o nosso setor tem demonstrado, que não temos gasolina barata. Ao
preço que a Petrobras contratou, a R$
1,50 (o litro), nós conseguiríamos por
muito menos aqui, com o etanol. Segundo que abundante não é. Vivemos
um momento de relativa retomada da
atividade econômica nos Estados Unidos e na Europa. A China diminuiu sua
previsão de crescimento, mas é uma
redução pequena, 8% para 7%, e continuará sendo grande demandadora de
energia. E, por último, temos um problema de logística das novas refinarias
da Petrobras. São duas em construção e nenhuma delas está programada para processar gasolina, mas óleo
diesel. Então não é bom, não é barato
e nem abundante. É um petróleo que
tem limites. A nossa disponibilidade
do pré-sal virá, mas eu defendo que o
tenhamos como material de exportação, não para que se aprofunde a nossa
dependência de combustíveis fósseis.
O Governo, no entanto, tem mantido,
teimosamente, suas posições.
Revista Canavieiros: Diante disso, o que projeta para o setor?
Jardim: A boa notícia é a capacidade fantástica de resistência da nossa
gente, do nosso empreendedor e da população brasileira. Está sendo um preço muito alto a desativação de usinas,
a desmobilização de parte da indústria
de base e a diminuição da participação
relativa do etanol na matriz de combustíveis. Por outro lado, a crise exige
otimização de esforços e o setor tem
feito a lição de casa, buscando novos
cultivares. Quem passa por uma crise sai revigorado. Hoje há uma maior
eficiência, tanto na área agrícola como
na industrial e de logística. Tivemos
ganhos importantes, como alcooldutos que passaram a fluir. E existem,
ainda, pontos estratégicos que precisamos multiplicar. A prioridade é a
recomposição da CIDE. O segundo
ponto é continuar a pesquisa do etanol
de segunda geração. Já temos algumas
plantas começando a funcionar. É muito importante isso, porque, com o mesmo volume de cana, pode-se produzir
muito mais etanol. E também dar uma
perspectiva à utilização da palha, que
visa proporcionar um ganho de produtividade também muito importante.
Continuaremos buscando ganhos de
logística de escoamento, diminuindo
custos de transporte. Defendemos que
o Governo tenha uma instância para
cuidar da gestão da agroenergia, porque uma hora você trata com o Ministério do Desenvolvimento Econômico,
outra com o da Agricultura e outra com
o de Minas e Energia. Não estou pro-
pondo criar nenhum ministério novo.
Aliás, acho que o número de ministérios precisa diminuir, porque tem
alguns que a gente nem sabe direito o
propósito. Mas há a necessidade de se
ter uma instância coordenadora, respeitada, para definir políticas para os
biocombustíveis e a agroenergia. Acho
que virá, seja por convicção ou constrangimento, uma inevitável recomposição de preços e, portanto, o setor tem
condições, em médio prazo, de pensar,
com muita tranquilidade, numa retomada do seu ritmo de expansão.
Revista Canavieiros: Sua reeleição para deputado federal foi expressiva. Como será o trabalho em
prol do setor nos próximos quatro
anos?
Jardim: A minha profissão é uma
profissão de fé no setor. Quero agradecer às lideranças das áreas agrícola,
industrial e de logística. A esses fantásticos heróis, que são os plantadores
e fornecedores de cana, o elo que tem
mais sofrido as consequências desse
momento de crise. Saudar os nossos
industriais, que buscam incessantemente otimizar seu trabalho. Muitos
hoje fazem até compensação de lucratividade de outros setores de atividade para poder bancar a manutenção
do negócio. Então, vocês que fazem
toda essa cadeia maravilhosa, canavieira, sucroalcooleira, sucroenergética, o meu respeito e a minha honra
de poder ser, lá na Câmara Federal,
um porta-voz, com muita convicção e
entusiasmo. As mudanças climáticas
estão aí como dura realidade e o Brasil pode ser, neste momento, em que o
mundo vai ter que buscar mecanismos
para enfrentar essa questão – chamada de economia de baixo carbono,
economia verde ou nova economia
–, um diferencial extraordinário, baseado nesse biocombustível, o nosso
etanol. Não podemos permitir que o
país e a humanidade abram mão dessa fantástica experiência. Vamos lutar
com a certeza de que haverá uma retomada e que o Brasil vai garantir, de
novo, o espaço do etanol como referência para o mundo. O etanol verde
e amarelo, o nosso etanol da cana-de-açúcar, o etanol brasileiro. RC
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Entrevista II
União europeia deixará de ser grande
importadora de açúcar
A declaração é de José Orive, diretor executivo da Organização Internacional do Açúcar (ISO na sigla em
inglês) ao se referir ao impacto que o mundo açucareiro sofrerá após a extinção das cotas de produção na
União Europeia.
De acordo com Orive, após 2017 a Europa poderá produzir uma média de 19 milhões de toneladas de
açúcar, voltando a ter condições de atender à demanda interna e exportar 2,5 milhões de toneladas no
médio prazo, o que poderá revolucionar o mercado de açúcar.
O executivo, que é da Guatemala, foi um dos palestrantes da 14ª Conferência Internacional DATAGRO
sobre Açúcar e Etanol, realizada em outubro, em São Paulo/SP, e coordenará o seminário “Sugar and
Ethanol: Fresh Options”, da ISO, que acontece no final de novembro, em Londres, do qual, participará o
presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan.
José Orive
Andréia Vital
Revista Canavieiros: Os efeitos da
atual situação climática do Brasil e a
expectativa de deficit mundial no próximo ano safra continuam sendo motivo
de preocupação. Na sua visão, diante
deste fato, quais são as perspectivas
para o setor sucroenergético brasileiro?
José Orive: A curto prazo, as perspectivas não são alentadoras. A longo
prazo, esperamos uma recuperação no
mercado mundial, que enfrentará um
deficit na safra 2015/16, fato que poderá impulsionar os preços do açúcar para
US$ 0,19 ou US$ 0,20.
Revista Canavieiros: A safra global
14/15 apresentará o primeiro deficit de
açúcar após quatro temporadas consecutivas de superavit, afirmam as principais consultorias mundiais. Qual é a
sua opinião sobre esta previsão?
José Orive: Existem projeções que indicam que haverá deficit nesta safra, todavia aguardamos o comportamento dos estoques e a liberação de açúcar para países
como a Tailândia, para ter mais precisão
neste dado. Mas nós acreditamos que a
safra 2014/15 terminará com um pequeno
superavit. Já na safra 2015/16, sim, acreditamos que terá deficit.
Revista Canavieiros: Qual influência terá a mudança no regime de cotas
da União Europeia no cenário açucareiro?
José Orive: A diferença será que a
Europa irá produzir mais, podendo voltar a ser uma grande exportadora de açú-
car e o mercado europeu diminuirá suas
importações, o que deverá influenciar o
preço da commodity. Portanto, os países que dependem da exportação para o
mercado europeu devem se conscientizar dessa projeção que impactará seus
negócios. Segundo nossas estimativas, a
união europeia deverá produzir em torno
de 19 milhões de toneladas de açúcar,
quantidade necessária para atender à demanda interna e exportar 2,5 milhões de
toneladas no médio prazo.
Revista Canavieiros: O crescimento de longo prazo para a demanda de
açúcar e energia renovável a partir do
etanol e cogeração continua positivo?
José Orive: Continua positivo, esperamos que o consumo seja maior e que a
proporção total de combustível em relação à gasolina, seja mais favorável para
o etanol.
Revista Canavieiros: A previsão de
menor oferta de cana no Brasil impactou de forma imediata os preços no
mercado mundial. Qual é tendência
para o próximo ano?
José Orive: Nós esperamos que ocorra uma sentença de preços, acreditamos
que a partir de novembro os mercados
futuros irão melhorar. Já em março de
2015 os valores devem ser cotados a
US$ 0,19 e nós esperamos que possa
chegar a US$ 0,20.
Revista Canavieiros: Qual é a previsão da ISO para a safra mundial de
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
açúcar 2015/16?
José Orive: Nós esperamos que para
2015/16 retornaremos a ter um deficit de
aproximadamente de 2 a 2,5 milhões de
toneladas.
Revista Canavieiros: O senhor assumiu a ISO este ano. Qual é a sua
missão no comando da organização?
José Orive: Atrair maior valor agregado aos outros membros com as tendências atuais do açúcar. Atualmente,
enfrentamos muitos ataques contra o valor nutritivo do açúcar. Diante deste fato,
teremos que comunicar melhor a sociedade, através de evidência científica, confirmando que o açúcar é necessário para a
saúde humana e que uma dieta correta de
açúcar, pode ser até mesmo com frutas,
acompanhada de atividade física, é a melhor maneira de manter uma boa saúde.
Outro desafio é oferecer transferência em
tecnologia e informação aos países possibilitando que desenvolvam suas indústrias para que possam crescer de maneira
sólida e sustentável. RC
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Ponto de Vista I
Estoques de etanol e de açúcar no Centro-Sul
seguem em alta
Por Guilherme Nastari – Diretor da DATAGRO
E
m função do baixo ritmo das exportações, os estoques de açúcar
e de etanol na região Centro-Sul
estão maiores neste ano. Conforme estimativa da DATAGRO, o estoque final
de açúcar atingiu 11,95 milhões de toneladas ao término do mês de setembro,
volume 19,3% maior ao verificado há
um ano. Essa mesma diferença também
é calculada ao se levar em conta um estoque operacional mínimo que deve ser
mantido pelo setor.
Com a elevada disponibilidade dos
estoques, embarques de açúcar em 2014
seguem ofertados com descontos. O
pronto embarque de VHP no Brasil foi
negociado com descontos que variaram
de 95 a 115 pontos sobre o primeiro futuro para entrega em outubro, enquanto
para entrega em novembro, o intervalo
dos descontos varia de 82 a 100 pontos.
O desaquecimento das exportações de
açúcar também reflete a falta de espaço no
mercado internacional. De acordo com a
última estimativa de balanço mundial de
açúcar da DATAGRO, o volume estocado de açúcar previsto para o primeiro
trimestre de 2015 será praticamente o
mesmo do primeiro trimestre de 2014, em
torno de 105 milhões de toneladas.
Mas a depender da valorização do
dólar, produtores podem ser levados a
ampliar suas exportações de açúcar. O
açúcar #11 chegou a ser negociado a
R$ 902,50/ton na primeira semana de
outubro, maior cotação em reais desde
o início da safra 2014/15 no Centro-Sul. Não é à toa que os preços do açúcar no mercado interno reagiram nos
últimos dias. Fruto também do encerramento antecipado da safra, no dia 30
de outubro, o açúcar cristal foi cotado
a R$ 49,18/sc em São Paulo, alta de
9,50% em um mês, embora 7,0% abaixo do preço praticado há um ano.
Quanto ao etanol, até setembro os estoques estiveram acima do nível observado há um ano, fruto da menor exportação aliado à estratégia de manutenção
das usinas com o objetivo de atender
à entressafra. Conforme estimativa da
DATAGRO, ao levar também em consideração transferências para as regiões
Norte e Nordeste, o estoque de etanol
na região Centro-Sul alcançou 8,95 bilhões de litros no final de setembro, volume 17,5% superior ao registrado em
setembro de 2013.
Com as usinas aumentando o mix
para o etanol, sobretudo para o hidratado, os preços nas usinas tornaram a cair.
Conforme o nosso levantamento, o preço do hidratado caiu 7,8% em um mês
para R$ 1,135/litro. Hoje, os preços do
hidratado no Estado de São Paulo têm
oscilado entre R$ 1,126 e R$ 1,153 o
litro, sem impostos. O anidro é negociado de R$ 1,320 a R$ 1,340 o litro,
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Guilherme Nastari
sem impostos. No Mato Grosso do Sul,
o valor do hidratado varia de R$ 1,074
a R$ 1,109 o litro, sem impostos, na usina, enquanto o anidro é ofertado a R$
1,320 o litro, sem impostos.
Produtores têm enfrentado problemas com a falta de espaço nos tanques
e armazéns e, diante da necessidade de
gerar fluxo de caixa, o mercado deve
seguir pressionado. Mas tão logo a queda dos preços seja transmitida ao consumidor, a demanda de etanol voltará a
subir, o que impedirá com que os preços
registrem maiores perdas.RC
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Ponto de Vista II
Bom dia, Chicago!
Por Ciro Antonio Rosolem*
“
Bom Dia! Como está Chicago?”.
Essa tem sido a saudação entre
sojicultores ultimamente. A cada
respiro do clima nos Estados Unidos, a
cada ajuste na previsão de produção de
algo próximo de 100 milhões de toneladas de soja lá pelas bandas da América
do Norte, algumas centenas de agricultores brasileiros passam do verde para
o vermelho. Estaríamos iniciando um
ciclo de baixos preços de commodities?
Alguns economistas dizem que sim.
Os preços internacionais dos produtos agrícolas obedecem a ciclos, mediados por diversos fatores. Após um período de aumento rápido de preços, vive-se
um período de vacas gordas. Mas, logo
em seguida vem um período de ajustes,
quando os preços sobem menos, e depois
sofrem queda. Muito bem. Alguns economistas apontam fortes evidências de
que o pico de alta teria passado e, agora,
enfrentaríamos um período de baixa. Até
aí, tudo normal. É cíclico. O problema é
o que aconteceu, ou deixou de acontecer,
durante a bonança.
O desenvolvimento da agricultura
brasileira é conhecido e hoje reconhecido. Ganhos em eficiência, em tecnologia e em escala compensaram a primeira onda de diminuição de preços.
Entretanto este elástico está no fim.
Quase arrebentando. Apesar de ainda
haver algum aumento na produtividade
média da soja no Brasil, no Mato Grosso, onde se tem as maiores produtividades, ela tem oscilado de 3.000 a 3.200
kg/ha há aproximadamente 10 anos.
Está estagnada. Por outro lado, os ganhos em produtividade foram engolidos
pelos altos custos logísticos, tributários
e trabalhistas. Enquanto isso, com as
obras públicas empacadas, tome conversa eleitoreira.
O ciclo de alta, mais a evolução da
tecnologia e da gestão agrícola permitiram à agricultura brasileira viver um ciclo virtuoso, em que o crescimento econômico foi acompanhado da melhoria
na sustentabilidade dos sistemas e do
respeito ambiental. O grande exemplo
são os sistemas integrados. Entretanto,
segundo levantamento da EMBRAPA,
boa parte da soja brasileira é produzida
em áreas marginais para a cultura. Também a rotação com pastagem, ou florestas, se dá, na maioria das vezes, em
áreas marginais de cultivo. Isso quer dizer: custo alto. Daí muitos agricultores
oscilarem entre o verde e o vermelho a
cada Bom Dia, Chicago!
Mas a China não tem conseguido
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Ciro Antonio Rosolem
produzir toda soja que precisa. E vai
precisar mais. É um indicativo de que,
talvez, aquisições chinesas contenham
a queda livre dos preços.
Os americanos estão de olho neste
mercado e têm mostrado competência em
negociar suas safras. De qualquer modo,
as obras necessárias teriam mais um tempo para desemPACarem no Brasil, que
assim manteria a competitividade.
*Membro do Conselho Científico
para Agricultura Sustentável (CCAS)
e professor titular da Faculdade de
Ciências Agrícolas da Universidade
Estadual Paulista “Júlio de Mesquita
Filho” (FCA/Unesp Botucatu).RC
13
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
14
Coluna Caipirinha
Caipirinha
C
Uma Seca como Nunca Antes Vista na História deste País
omo está o nosso agro?: pelo
terceiro mês consecutivo, em
outubro, o desempenho das exportações do agronegócio sofreu queda.
As exportações (US$ 8,95 bilhões), se
comparadas com o mesmo período de
2013 (US$ 8,42 bi), diminuíram 5,7%.
O saldo na balança do agro de outubro
foi de US$ 6,51 bi, uma queda de 4,3%
em relação a outubro de 2013.
O valor exportado acumulado no ano
(US$ 83,9 bilhões) teve queda de 3,0%
quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 86,4 bilhões). O saldo acumulado no ano foi de US$ 69,7
bilhões (3,3% menor que o mesmo período em 2013). Se continuarmos nesse
ritmo, fecharemos 2014 com um montante de US$ 101 bi, atingindo a meta
dos 100 bi, porém cabe ressaltar que no
acumulado de janeiro-outubro de 2013
tivemos uma exportação de US$ 86,4 bi
e fechamos 2013 com a cifra de US$
99,9 bilhões.
Os demais produtos brasileiros fora
do agro tiveram uma grande queda de
27,9% nas exportações (US$ 14,4 bi em
2013, para US$ 10,4 bi em 2014), o que
levou a participação do agronegócio
nas exportações brasileiras a alcançar
um patamar de 43,3% do total das exportações brasileiras.
O saldo da balança comercial brasileira acumulado no ano teve pequena
recuperação em relação a outubro de
2013, saindo de um deficit de quase
US$ 2 bilhões para um deficit de US$
1,87 bilhão. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria
um déficit de US$ 72 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o
agro evitou um desastre maior na economia brasileira.
Como está nossa cana?
Até 1º de novembro as usinas do
Centro-Sul haviam processado 515 mi.
t., 95% das 545 mi. t. esperadas para
esta safra (UNICA). O ATR está um
pouco melhor (146,2 kg/t, 5,6% maior).
Realmente a seca foi de terrível impacto principalmente em certas regiões do
Centro-Sul. A própria COSAN decla-
rou que deve moer ao redor de 58 mi.
t. de cana, contra 61,4 mi. t. na safra
passada. E a empresa estima ainda que
para a safra 15/16, o volume deve ser o
mesmo deste ano.
O final da queima em SP representará
quase 370 mil hectares a menos na produção (6,7% da área do Estado), em 2017.
Um dos municípios mais afetados será
Piracicaba, que perderá 17% da área.
Como estão as empresas do setor?
Boa notícia veio da São Martinho,
que apresentou lucro de R$ 115 milhões
no trimestre, puxado principalmente
pelos resultados em eletricidade, onde
preços médios ficaram ao redor de R$
600 o MW e a empresa produziu 44%
a mais.
Também estive presente no momento onde a Odebrecht comunicou ao
mercado (evento da UDOP) que investirá apenas 50% do previsto neste e nos
próximos anos, sendo que o objetivo é o
de encher as usinas com cana. Nada de
expansão industrial.
A Tereos, que é o quinto maior grupo
mundial de açúcar, anunciou a criação
de uma trading que pretende distribuir 15% do açúcar mundial até 2020.
Percebem-se muitos movimentos nesta
área, que deve ser dominada por gigantes, como a recente joint-venture entre
Copersucar e Cargill.
Como está o açúcar?
Saiu a nova projeção da Organização
Internacional do Açúcar. Para a temporada 2014/15, com início em outubro de
2014, prevê um superávit menor, de 473
mil t (produção mundial de 182,9 mi t
e consumo de 182,4 mi t). As exportações do Brasil devem ser quase 1 mi t
menores, caindo de 24,7 para 23,9 mi t.
O relatório mostra grande crescimento
nas exportações da Tailândia. O ponto
positivo é que a OIA sinaliza que para
2015/16, devemos ter um deficit de 2
milhões de toneladas, mostrando já um
efeito desestimulador dos preços baixos.
Espera-se que a Índia exporte ao redor de 1,5 mi. t. A Índia e sua políti-
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Marcos Fava Neves
ca de subsídios governamentais é algo
que atrapalha os preços dos produtos da
cana no Brasil. Quando se espera que
as forças de mercado atuem por lá, e
baixos preços tragam menor produção,
vem o Governo e interfere nas regras,
mantendo uma produção elevada.
Há de se observar também os efeitos
do câmbio nas exportações e no preço do açúcar. Muitas usinas fixaram o
açúcar com câmbio a 2,60. O preço do
açúcar a este câmbio, quando convertido para reais passa a ficar interessante.
Como está o etanol?
O tão esperado reajuste na gasolina veio, mas decepcionou o mercado.
Apenas 3%, o que não resolve a questão da Petrobras nem do setor de cana.
Fora isto, ao aumentar o diesel em 5%,
o Governo aumenta os custos de produção do setor.
A aprovação da mistura de 27,5%
de anidro na gasolina depende agora de
reunião entre Governo e setor privado.
A demanda do setor privado é que a
mistura comece já a partir de 1º de janeiro de 2015, sendo garantidos os suprimentos de anidro.
As usinas mais capitalizadas estão
estocando etanol para a entressafra,
o que deve aumentar ainda mais o
fosso existente entre estas e as usinas
endividadas.
Temos também que observar eventual menor crescimento ou até queda no
consumo de combustíveis com a crise
15
que se aproxima cada vez mais da economia brasileira. Com isto, cai também
o consumo do etanol.
Como está a cogeração?
Com o elevado endividamento do
setor, muitas usinas estão vendendo ou
arrendando as estruturas de cogeração,
para melhorar o perfil do endividamento. Por ser uma unidade bastante atrativa, estima-se que a maior capacidade
existente é a da Cosan, com 900 MW,
seguida pela Odebrecht, com 740). A
Odebrecht vendeu esta capacidade para
outra empresa do grupo, melhorando o
perfil da dívida. Estima-se que 25% da
capacidade instalada de cogeração tenha trocado de mãos. Se alivia a dívida
no curto prazo, a venda da cogeração é
uma ação que tira um dos principais ativos das usinas, portanto pode destruir
valor no médio prazo. O ideal seria que
o próprio grupo investisse na expansão.
Fora isto, ainda há possibilidade de
se usar menos energia para se produzir
açúcar, liberando mais bagaço para comercialização de eletricidade. Segundo a Guarani, no Brasil gasta-se 50%
a mais de energia quando comparado
à França, para se produzir a mesma
quantidade de açúcar. Além deste, muito investimento ainda pode ser feito na
eficiência das caldeiras. A própria Biosev declarou que as caldeiras em 2014
produziram 28 quilowatts/t, contra 23,6
qw/t em 2013. Ou seja, temos grandes
ganhos ainda nesta área.
Quem é o homenageado do mês?
A coluna Caipirinha todo mês homenageia uma pessoa. Neste mês a
homenagem vai para o amigo Renato
Buranello, advogado e especialista em
agronegócios, grande estudioso e conhecedor do setor.
Haja Limão: a operação Lava-Jato
da Petrobras revela provavelmente o
caso mais escabroso que se tem notícia de corrupção no Brasil. Revoltante
a todos nós. Graças a uma parte boa
do nosso Judiciário e da nossa Polícia
Federal veremos muita coisa ainda.
Gente presa, gente devolvendo dinheiro, e quem sabe uma assepsia em Brasília, no sistema econômico e político.
Enquanto termino a coluna deste mês,
abro a página de um dos nossos principais jornais e vejo que (u)Um simples
gerente da Petrobras abocanhou US$
100 milhões. Isto mesmo CEM MILHÕES DE DÓLARES. A presidência
da empresa nada sabia, nada percebia,
a presidente do conselho da empresa
nada sabia, nada percebia. Não acreditam serem responsáveis por nada, apesar de terem honorários.
E os estudantes do Brasil, os Centros Acadêmicos, a UNE… permanecem… adormecidos… vendo o maior
saque feito no patrimônio público, no
patrimônio do povo brasileiro. Fica a
pergunta do porquê da omissão total
desta nova geração que vem vindo.
Em 1992 saímos às ruas e o então presidente foi derrubado por estudantes,
por muito menos que isto tudo. Hoje
o considero um homeopata perto desta
turma. Mas esta turma não vê nada de
errado. Triste país.
Marcos Fava Neves é Professor Titular
da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto.
Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
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Notícias Copercana
Copercana é parceira do Posto de
Recebimento de Embalagens Vazias de
Defensivos Agrícolas de Campo Florido
A previsão é que a unidade receba 80 toneladas de material e atenda 110 agricultores da região
Carla Rossini
N
o dia 28 de outubro foi inaugurado o Posto de Recebimento de Embalagens Vazias
de Defensivos Agrícolas de Campo
Florido-MG. A unidade, que será
gerenciada pela Canacampo (Associação dos Fornecedores de Cana da
Região de Campo Florido), integrará
uma malha de 63 postos e centrais
presentes em Minas Gerais. A Copercana é uma das parceiras do Posto,
além da Usina Coruripe, inpEV (Instituto Nacional de Processamento de
Embalagens Vazias), entre outros.
A previsão é de que a unidade receba 80 toneladas do material durante o primeiro ano de funcionamento.
Estima-se que ela atenderá cerca de
110 agricultores dos municípios de
Campo Florido, Pirajuba e Rio do
Peixe. Todo o material recebido no
local irá para a Central de Uberaba,
gerenciada pela Fundação Triângulo
de Pesquisa e Desenvolvimento e,
posteriormente, encaminhado para a
destinação final, reciclagem ou incineração, por meio do inpEV.
Rodrigo Piau (coordenador agrícola da Canacampo); Ademir Ferreira de Mello Júnior
(presidente da Canacampo); Ademir Ferreira de Mello (prefeito de Campo FloridoMG); Lelo Biguetti (diretor da Copercana); Fábio Moniz (diretor da Usina Coruripe);
Rui Ramos (prefeito de Pirajuba-MG); Silvio de Castro Cunha Júnior (ex presidente da
Canacampo); Mário Campos (presidente da SIAMIG); entre outros.
Segundo o coordenador regional
de Operações do instituto na região, Jair Furlan Júnior, a construção
do posto demonstra que o Sistema
Campo Limpo (logística reversa de
embalagens vazias de defensivos
agrícolas) vem acompanhando o
crescimento e desenvolvimento do
agronegócio na região.
O diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, acompanhou o processo de construção do novo Posto de
Recebimento de Embalagens Vazias
de Defensivos Agrícolas de Campo
Florido e esteve presente na inauguração. “A Copercana fez questão de
Weider Santana superintendente do inpEV; Ademir Ferreira de Mello Júnior, presidente
da Canacampo; Ademir Ferreira de Mello prefeito de Campo Florido-MG;
Lelo Biguetti diretor da Copercana.
participar e apoiar a construção deste
empreendimento porque reconhece a
sua importância, além disso, é mais
um serviço que estamos disponibi-
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
lizando para os agricultores cooperados da região de Campo Florido”,
disse Lelo Bighetti, apelido pelo qual
o diretor é conhecido. RC
17
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
18
Notícias Canaoeste
Presidente da Canaoeste participa de
7º Congresso da UDOP
Evento reuniu cerca 1300 participantes nos dias 12 e 13 de novembro, em Araçatuba-SP, para
discutir saídas para a crise do setor sucroenergético
Da redação, com informações da assessoria UDOP
O
presidente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan, participou do 7º Congresso Nacional
de Bioenergia, realizado nos dias 12 e
13 de novembro, em Araçatuba-SP. O
evento, realizado pela UDOP (União dos
Produtores de Bioenergia) em parceria
com a STAB (Sociedade dos Técnicos
Açucareiros e Alcooleiros do Brasil),
reuniu cerca 1300 participantes, entre
palestrantes, moderadores e congressistas, no Unisalesiano (Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium).
Vários temas envolvendo o setor
sucroenergético foram discutidos, separados por 12 salas temáticas: Administrativa/Financeira,
Comunicação, Recursos Humanos, Etanol 2G/
Bioprodutos, Mercado/Comercialização/Logística, Controladoria/Custos,
Saúde/Segurança/Meio Ambiente do
Trabalho, Sustentabilidade, Agrícola,
Industrial, Novas Tecnologias Embrapa e Tecnologias da Informação. Em
cada uma, lideranças debateram alternativas para enfrentar as instabilidades
que atingem a produção de cana e de
seus subprodutos.
Manoel Ortolan (ao centro) com outras autoridades ligadas ao setor sucroenergético
O congresso foi marcado também por um tradicional jantar, para
comemorar o sucesso dos cursos
oferecidos pela UniUDOP, e pela
entrega da Medalha da Agroenergia a Luiz Carlos Correa Carvalho,
o Caio, presidente da Abag (Asso-
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
ciação Brasileira do Agronegócio) e
conselheiro da UDOP, pelo desempenho nas atividades relacionadas
ao agronegócio brasileiro. O encerramento foi com o sorteio de um
carro flex, duas motocicletas e nove
tablets para os presentes. RC
19
Reuniões Técnicas Canaoeste
Da redação
A
Canaoeste e Copercana de Severínia, com a parceria da empresa Euroforte Agrociências,
realizaram uma Reunião Técnica onde
foram abordados temas importantes
como: correção de solos e adubação
com macro e micronutrientes. A reunião aconteceu no dia 14 de outubro,
no Rotary Clube, em Severínia-SP, e
contou com a participação do palestrante dr. André Vitti da Apta (Agência
Paulista de Tecnologia do Agronegócio) e com a presença de aproximadamente 60 pessoas.
A Canaoeste e Copercana de Cravinhos-SP, com o apoio da empresa Syngenta, realizaram uma Reunião Técnica para a discussão do tema “Pragas e
Doenças da Cana-de-Açúcar”. Também na ocasião, o engenheiro agrônomo Fábio Soldera, do Departamento
Reunião Técnica em Severínia
Parceria: Canaoeste, Copercana e Euroforte Agrociências.
Reunião Técnica em Cravinhos – Parceria: Canaoeste, Copercana e Syngenta.
Ambiental da Canaoeste, ministrou
uma palestra sobre o CAR (Cadastro
Ambiental Rural). A reunião acon-
teceu no dia 30 de outubro no Clube
Mieli, em Cravinhos-SP. Participaram
aproximadamente 50 pessoas.RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
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Notícias Sicoob Cocred
Balancete Mensal - (prazos segregados)
Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do
Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados)
- Outubro/2014 - “valores em milhares de reais”
Sertãozinho/SP, 31 de Outubro de 2014.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
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Revista Canavieiros - Novembro de 2014
22
Reportagem de C
Imagens captadas por
satélite geraram mapas
com sistemas de cores...
Pragas sob controle
O projeto Harpia, uma parceria da Canaoeste com a BASF, coletou imagens de
canaviais via satélite e mapeou áreas de baixa biomassa, permitindo um controle
mais rápido e eficaz em casos de infestação por pragas
Igor Savenhago
D
escobrir os pontos do canavial
onde as pragas se escondem é
desejo de todo produtor. Para
associados da Canaoeste, isso foi possível, graças a uma parceria com a BASF.
O projeto Harpia, que coletou imagens
via satélite de quase 30 mil hectares
– de um total de 150 mil da área de
abrangência da associação –, mapeou
os locais de baixa biomassa, permitindo
intervenções rápidas para correção de
falhas, o que pode representar redução
de custos, aumento de produtividade e
menor impacto ambiental.
A Canaoeste foi a primeira associação a receber a tecnologia. Antes, o serviço era destinado só a grandes usinas.
As imagens, colhidas de abril a junho
de 2013, foram feitas pela SIGMA –
Sistemas Integrados de Geoprocessamento e Meio Ambiente –, empresa de
Ribeirão Preto, SP. Os dados obtidos
foram dispostos em mapas de cada propriedade monitorada, em que as áreas
foram classificadas por um sistema de
cores. Em vermelho, foram apontadas
aquelas consideradas críticas, com índices muito baixos de biomassa. Em
amarelo, as de transição, de média baixa biomassa. Já as que tiveram índices
dentro do esperado ganharam diferentes tons de verde, dependendo da condição apontada: média, média alta e alta.
Com os mapas em mãos, a equipe de
pragas contratada pela Canaoeste visitou, de setembro de 2013 a julho deste
Alessandra Durigan, gestora técnica
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
ano, as áreas vermelhas e amarelas, em
que foram demarcados pontos de amostragem, para verificar as causas de cada
falha. “Áreas de baixa biomassa sugerem problemas. Tendo mapeado essas
áreas, você consegue focar, direcionar
o trabalho para elas. Com isso, se aumenta muito o rendimento das equipes
de campo”, afirma Alessandra Durigan,
gestora técnica da Canaoeste.
Segundo ela, nem todo local com baixa biomassa significa ocorrência de pragas. É preciso considerar outros motivos,
como plantas daninhas, pisoteio, problemas de compactação, pedras ou baixa fertilidade. Mas, se as pragas forem mesmo
encontradas, é possível agir com rapidez,
pensando na melhor medida antes que a
situação fuja do controle. Outra vantagem
é que a aplicação de defensivos não precisa mais ser feita em toda a extensão do
canavial, mas restringir-se às áreas onde o
inimigo foi localizado.
O produtor João Luiz Balieiro, de
Viradouro, SP, concorda. “Se aparece
23
Capa - Especial Pragas
...que ajudaram na
localização de falhas nos
canaviais...
...causadas, entre os outros
motivos, por pragas como
o Sphenophorus Levis,
conhecido popularmente
como bicudo da cana.
alguma coisa, a gente vê no começo e
já combate. Isso faz gastar menos. Não
deixa tomar conta do canavial”, conta.
“Sem a equipe da Canaoeste, quando
ia ver, a praga já tinha se alastrado.
Tive problemas assim no passado,
quando precisei arrancar um canavial
de apenas três cortes”.
Hoje, Balieiro comemora seus 290
hectares de canavial sadio. Na região
onde ele planta, o Harpia mapeou
quatro mil hectares. Ao todo, o projeto observou 29.350, dos quais 25 mil
João Luiz Balieiro, produtor
foram monitorados – o restante estava
com o solo nu. Em 996,86 hectares, as
pragas apareceram, entre elas uma das
mais temidas: o Sphenophorus Levis,
popularmente conhecido como bicudo
da cana. As larvas desse inseto se alimentam dos rizomas (colmos subterrâneos) e, algumas vezes, do primeiro
entrenó basal. O resultado é uma perda
acentuada de produtividade – 20 a 25
toneladas por hectare.
Alessandra alerta que, em áreas muito
infestadas, a praga provoca a morte da
planta e obriga a reformar até canaviais
novos, de dois ou três cortes. “A população do Sphenophorus tem aumentado
muito, principalmente com a colheita de
cana crua. É uma praga importante, com
a qual a gente tem que tomar muito cuidado. Ocorrendo nos canaviais, é necessário realizar o controle”. Sem a atenção
devida, o Sphenophorus também pode
se espalhar com facilidade, levado, por
exemplo, por colhedoras ou mudas,
comprometendo outras áreas.
De acordo com Thiago Verri, agrônomo da Canaoeste que atende à região de Sertãozinho-SP, numa época
em que é urgente pensar em aumento
Thiago Verri, Agrônomo
de produtividade, para estimular uma
maior competitividade do setor sucroenergético, o combate a esse tipo
de praga deve ser prioridade. “Temos
muitos fatores que brigam com a gente
em relação à produtividade. O Sphenophorus é um deles. Por isso, com
os levantamentos feitos (pelo Harpia),
juntamente com a parte técnica da Canaoeste, que passa todas as informações para os associados, permitindo
as aplicações corretas, estamos conseguindo eliminar essa praga, além de
manter uma produtividade para que o
produtor não saia da atividade”.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
24
Reportagem de Capa - Especial Pragas
Equipe de pragas
A Canaoeste aproveitou a parceria
com a BASF para intensificar o trabalho de monitoramento nos canaviais
de seus associados. A equipe de pragas, composta por dois coordenadores
– Sandro Augusto Galhardo e Antônio
Carlos Cussiol Júnior –, um encarregado de campo – Luiz Silvério Neto – e
três auxiliares, foi mantida no quadro
da associação, mesmo após o término do mapeamento feito pelo Harpia.
Continuará, portanto, percorrendo as
propriedades, aprimorando a busca de
invasores naturais e informando produtores sobre medidas de controle.
mapa. “Essa ferramenta, o Harpia, veio
para nos ajudar a monitorar com mais
rapidez, mais eficiência, agilizando o
trabalho da nossa equipe. Isso é muito
valioso, porque a gente consegue dar
um retorno logo para o associado”, explica Galhardo.
Segundo Galhardo, o trabalho não
para. A equipe faz de cinco a sete visitas por dia. Em uma das áreas em Viradouro, no dia 7 de novembro, quando
foi realizada esta reportagem, foram
necessários somente poucos minutos
para que vários exemplares adultos e
larvas do bicudo fossem encontrados
num ponto marcado em vermelho no
Para Antônio Pagoto, agrônomo
da Canaoeste responsável pelos atendimentos nesta região, o monitoramento constante favorece uma otimização da aplicação de defensivos nos
canaviais. “Às vezes, o produtor, por
falta de técnicos, identificava qualquer coisa diferente na cana achando
que era praga e já aplicava um produto. Nesse caso, poderia ocorrer
um impacto ambiental grande e um
custo maior sem necessidade nenhuma. Então, a gente alinhou toda essa
equipe para identificar as pragas,
usar os produtos corretos, nas épocas
certas. Tudo isso para que o produtor
tenha um melhor resultado”.
Sandro Augusto Galhardo
Antônio Pagoto
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Antônio Carlos Cussiol Júnior
Cussiol complementa que, dessa forma, o controle se torna mais econômico, já que “evita desperdícios, reduzindo os custos de produção e viabilizando
a produção de uma forma responsável e
sustentável”.
A iniciativa foi um alívio para João
Luiz Balieiro. “A praga, hoje, é o maior
problema que nós temos, porque o restante a gente faz, aduba direitinho...
Mas aí vem a praga. Por isso, as ferramentas que a Canaoeste nos oferece são
muito boas”.
Luiz Silvério Neto
25
Benefícios
Outro que agradece os serviços
prestados é o associado Roberto Rossetti, que produz cana em 480 hectares
em Sertãozinho, SP. “São benefícios
que a Canaoeste está trazendo, possibilitando um melhor manejo e redução
de custos, que hoje é o principal objetivo na fazenda”. Antes do Harpia e
da formação da equipe, o combate às
pragas, no caso dele, era feito por uma
prática que gerava mais custos. “Era
um critério que eu estabelecia, depen-
dendo do número de cortes, e que, com
certeza, não era o ideal”.
O Sphenophorus foi identificado
em 5% das áreas dele, possibilitando
aplicação localizada de inseticida. “O
Harpia deu condições de saber exatamente quais as áreas infestadas. Às
vezes, eu podia aplicar em áreas que
não precisavam, como também não
aplicar em áreas que estavam precisando do controle”.
Roberto Rossetti
Fonte: Harpia – Canaoeste/BASF
Números do Harpia
Abrangência do projeto: 29.350 hectares
Área monitorada: 25 mil hectares
Classificação das áreas monitoradas:
Alta biomassa – 6,18%
Média alta – 19,87%
Média – 50,34%
Média baixa – 17,1%
Baixa – 6,51%
Falhas observadas:
Falhas com pragas – 996,86 hectares (4,01%)
Falhas sem pragas – 19,59%
Sem falhas – 76,04%
Pragas encontradas:
Yponeuma – 43,85%
Cigarrinha – 17,86%
Sphenophorus Levis – 16,47%
Cupim – 16,07%
Migdolus – 2,58%
Outras pragas – 3,17%
BASF
Para Luís Carlos Martins Amorim,
representante técnico de vendas da
BASF, o projeto Harpia é importante
porque leva aos produtores informações exatas sobre as necessidades de
cada área produtiva. Isso propicia,
segundo ele, um manejo correto da
plantação e consequente economia
de tempo e recursos. “Para a BASF, é
fundamental a sustentabilidade do negócio cana como um todo, tanto para
a empresa quanto para seus clientes”.
A economia na aplicação de produtos pode chegar, de acordo com
Amorim, a 80%. “Um exemplo é um
defensivo para uma praga que se dá
em reboleiras. Com o mapa de análises, você sabe onde ela está atacando e
faz a aplicação no local exato. Um serviço que traz mais rentabilidade numa
época difícil, de crise. Benefício tanto
para a BASF quanto para os produtores e a Canaoeste”. RC
Luís Carlos Martins Amorim
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
26
Reportagem de Capa - Especial Pragas
BASF promove evento para discutir ferrugem
alaranjada e para lançamento do herbicida Heat
Multinacional reuniu produtores para apresentar novo produto e
trocar experiências sobre importantes ações no manejo do canavial
Andréia Vital
P
ara apresentar soluções e disseminação de boas práticas de controle e manejo, a BASF promoveu, em outubro, reunião técnica com
renomados palestrantes e representantes
de usinas, que debateram sobre as pragas da cana-de-açúcar, principalmente
a ferrugem alaranjada. A praga causa
grandes prejuízos, pois reduz drasticamente a produtividade e a qualidade
da matéria-prima e tem preocupado os
fornecedores de cana-de-açúcar pela
forma agressiva de seu aparecimento e
pelo volume afetado.
O pesquisador e ex-professor da
Unesp, Modesto Barreto, abriu a programação de palestras, que foi dividida
em duas partes, e reuniu no Hotel JP
produtores de toda a região de Ribeirão
Preto- SP. De acordo com suas considerações, a ferrugem alaranjada começou a ser descoberta em 2009 e como a
ferrugem marrom, causa perdas de mais
de 50% se a variedade for suscetível.
“A única diferença entre as duas é que
a ferrugem marrom apresenta resistência que a gente chama de resistência de
planta adulta e a alaranjada não, o que
significa que uma cana que tiver com
sete ou oito meses para frente fica resistente à ferrugem marrom, ao contrário
da alaranjada, que pode ter a idade que
for o comportamento é o mesmo se a
variedade for suscetível”, explica.
A ferrugem alaranjada é provocada
pelo fungo Puccinia Kuehnii que causa
lesões na parte interna das folhas, com
pústulas pendentes que carregam grande quantidade de esporos, que são lançados no ar e disseminados pelo vento,
alastrando o problema da doença.
Barreto lembrou que desde quando
surgiu a cultura da cana, criou-se o hábito de fazer o controle de doenças com
a troca por uma variedade mais resis-
O pesquisador e ex-professor da Unesp, Modesto Barreto,
abriu a programação de palestras
tente, mas a medida não é suficiente,
pois se esquece de fazer a prevenção e a
praga retorna. O especialista deu como
exemplo o que aconteceu com o mosaico da cana que praticamente arrasou
o setor canavieiro, em 1925, e depois
com o carvão, em 1953, que impulsionou a troca de variedades, mas a praga
retornou em 1975. Neste caso, o professor alertou que se tiver uma quantidade
de inóculo muito alta, todas as variedades são suscetíveis ao carvão, então se
uma usina ou fornecedor plantar uma
variedade e tiver muito carvão, ele não
está prejudicando só a si mesmo, mas
também prejudicando a outros, porque
a variedade dos vizinhos vai começar a
dar carvão.
De acordo com o consultor, é necessário tomar cuidado com a tecnologia
de aplicação porque para a doença o
molhamento foliar tem que ser muito
melhor, mesmo com produto sistêmico.
“Praga anda, doença não anda, fungo
e bactéria não andam, então se ele cair
onde não caiu o produto o fungo entra
na cana e causa a doença”, explica, recomendando a aplicação preventiva
caso tenha sido constatada a doença no
ciclo anterior.
Na ocasião, o engenheiro agrônomo de desenvolvimento de mercado
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Mauro P. Cottas, engenheiro agrônomo de
desenvolvimento de mercado da BASF
da BASF, Mauro P. Cottas, destacou os
produtos da multinacional para o controle de doenças e mostrou os benefícios do Opera no controle de doenças
como a ferrugem alaranjada, como
também no incremento da produtividade. O produto é um fungicida com alta
eficiência no controle de doenças e oferece maior produtividade, qualidade e
rentabilidade através dos benefícios do
AgCelence, afirma o fabricante.
“A aplicação do Opera apresentou os
melhores resultados, além de oferecer
maiores ganhos em TCH, sendo assim o
nosso produto escolhido para o controle
dessa doença”, afirmou Carlos Daniel
27
Multinacional lança Heat, uma nova
ferramenta no combate às folhas largas
Carlos Daniel Berro Filho, do
departamento de P & D e Tratos
Culturais, da Bunge
Berro Filho, do departamento de P & D
e Tratos Culturais, da Bunge Brasil, que
também testemunhou sobre os benefícios conseguidos com o uso do produto.
De acordo com ele, a ferrugem alaranjada ganhou dimensões comerciais
em 2014, na área de atuação da Bunge, que tem oito usinas, em São Paulo,
Minas Gerais e Tocantins, contemplando 300 mil ha, sendo cerca de 30% de
fornecedores. O problema demandou a
necessidade da realização de estudos
para identificação de manejo ideal, que
constatou a eficiência do Opera. Berro
Filho também destacou que os estudos
apontaram ainda que para manter as folhas verdes, o controle tem que ser preventivo e que o uso de ferramentas de
previsibilidade, como o agrodetecta, é
fundamental.
A parceria com a BASF para o controle da ferrugem alaranjada também
foi destacada pelo agrônomo Rodrigo
de Carvalho Nogueira, coordenador da
Canacampo (Associação dos Fornecedores de cana da região de Campo Florido-MG), que atende a Usina Coruripe.
O engenheiro agrônomo contou que a
entidade conta com 62 fornecedores e
aproximadamente 200 arrendatários,
que correspondem por 2.440 milhões
toneladas dos 3.720 milhões que serão moídos pela unidade. “A aplicação
do fungicida no tempo certo nas áreas
acompanhadas pela Canacampo e pelas equipes técnicas dos fornecedores,
apresentou ganho de produtividade na
média de 8 a 10 de tonelada por hectare
com o uso do Opera”, disse.
A reunião técnica da BASf também
serviu para o lançamento do Heat, um
herbicida com alta eficiência contra
plantas daninhas de folhas largas, coordenado por Alan Borges, Gerente de Desenvolvimento de Mercado e Carulina
Oliveira, gerente de marketing para o setor de Cana, da multinacional. “O Heat
é um herbicida com alta eficácia para
plantas daninhas de folhas largas, cordas
de viola, inclusive, cipó, como mamona
e é altamente seletivo”, afirma Carulina,
explicando que o produto tem inúmeras
características que faz com que ele tenha
mais de um funcionamento, ou seja, para
o plantio, pré-colheita, pré-emergência,
pós-emergência e soqueira.
O produto oferece alta seletividade,
fácil absorção via raiz e ótimo custo-benefício, além ter efeito rápido em pré e
pós-emergência. “Porém agora nós só
vamos falar do seguimento de plantio,
antes do quebra lombo”, diz a executiva, explicando que o Heat foi lançado
nos EUA, em 2009, e depois em mais
49 países e chegou ao Brasil, em janeiro
lan Borges, Gerente de
Desenvolvimento de Mercado
Carulina Oliveira, gerente de marketing
para o setor de Cana
de 2013, quando foi lançado para outras
culturas como soja e algodão. “Agora
estamos lançando oficialmente o produto para a cana e posicionando-o no
plantio de final de ano e plantio de janeiro”, afirma Carulina, explicando que
o lançamento do produto na soqueira
acontecerá no meio do próximo ano.
“Como a cana tem vários segmentos,
resolvermos fazer os lançamentos também segmentados”.
Estudos sobre o uso do Heat e seus
resultados foram apresentaram na reunião pelo pesquisador Weber Geraldo
Valério, da Agro Analítica Consultoria
Agronômica e por Marcelo Nicolai, engenheiro agrônomo da Agrocon Assessoria Agrícola.
Na oportunidade, Carulina também
explanou sobre o desafio Canamax, que
é uma parceria com a BASF e o CTC
que tem como objetivo estimular o setor sucroenergético a conquistar a máxima produtividade dos canaviais. RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
28
Reportagem de Capa - Especial Pragas
Canaoeste promove II Encontro Técnico sobre
pragas da cana-de-açúcar
Evento debateu impactos negativos e apresentou estratégias para
o monitoramento e controle das infestações
Andréia Vital
O
avanço da mecanização do
plantio e colheita da cana-de-açúcar otimizou o sistema no
campo, mas ao mesmo tempo, o aumento da cana crua e a falta de controle
biológico contribuíram para a proliferação das pragas na lavoura. Carvão,
nematoides, migdolus, broca-da-Cana,
cigarrinhas e mais recentemente, Sphenophorus, passaram a fazer parte do dia
a dia de produtores rurais, que buscam
alternativas para não perder suas plantações, já que o prejuízo causado pelas
pragas e doenças é avassalador.
Foi com este propósito, de oferecer
ao produtor acesso a novas tecnologias
e soluções para o controle, monitoramento e manejo, que a Canaoste, promoveu, em outubro, o II Encontro Técnico sobre pragas da cana-de-açúcar. A
reunião realizada no auditório da entidade, em Sertãozinho-SP, reuniu mais
de 200 fornecedores de cana-de-açúcar
da região de Ribeirão Preto-SP. O evento contou com a parceria com a Copercana, Arysta Lifescience Corporation,
BASF, Dupont, FMC e Syngenta.
“O objetivo deste encontro técnico
é falar sobre broca, cigarrinhas e Sphenophorus, que são as pragas de maior
ocorrência nas áreas de abrangência
da Canaoeste. Foram abordados os assuntos como o por quê, quando e como
controlar estas pragas a fim de que o
produtor mantenha o seu canavial sadio
Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste
entregou homenagem ao Professor Wilson Novaretti
Professor Wilson Novaretti falou sobre o controle de praga na cana-de-açúcar
e vigoroso e não comprometa a produtividade agrícola e a qualidade do produto final”, disse a gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan. Para ela,
a segunda edição do evento foi muito
proveitosa. “Foi muito válida, tivemos
a presença do professor Wilson Novaretti, que tem uma ampla experiência
neste assunto e, com certeza, contribuiu
muito para passar toda informação necessária para o produtor rural referente
aos assuntos que foram abordados”.
Segundo Gustavo Nogueira, gestor
operacional da Canaoeste, o encontro é
realizado nesta época do ano justamente por ser o início das chuvas, momento de maior infestação das pragas do
campo. “Eu achei que o evento foi ótimo, o resultado foi atingido, a palestra
do professor Novaretti foi excelente”,
disse ele, argumentando que ao contrário de outras ocasiões, desta vez, o
público interagiu mais. “Os produtores
participaram bastante, perguntaram, esclareceram dúvidas, o que nunca aconteceu em outras vezes. Acho que a boa
participação dos produtores se deve ao
modo como o palestrante conduziu a
palestra, que estimulou, desinibiu, deixou o pessoal mais à vontade para fazer
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Gustavo Nogueira,
gestor operacional da Canaoeste
perguntas. Então, o objetivo foi atingido com sucesso graças ao trabalho de
toda a equipe”, afirmou.
Ao dar as boas-vindas aos produtores rurais que participavam do encontro, Manoel Ortolan, presidente da
Canaoeste e Orplana, destacou a importância da indústria canavieira e lamentou a falta de atenção do Governo para
com o segmento. “O setor sucroenergético é a solução para grandes problemas
do País, como a energia, mas estamos
assistindo ao setor acabar, com em-
29
outro fator que tem contribuído para o
aumento das pragas é a cana crua. Segundo ele, a palha mantém a temperatura amena para a praga, além disso,
a mecanização que contribui para a
disseminação do inimigo, que no caso
do Sphenophorus tem ocorrido basicamente pela muda e pela colhedora.
O Sphenophorus é uma praga relativamente nova para a região e tem preocupado o setor canavieiro devido a sua
rápida disseminação. “Para a broca e
Manoel Ortolan,
presidente da Canaoeste
presas passando dificuldades e muitas
devem fechar antes da próxima safra”.
Ortolan também ressaltou que o Brasil
tem um potencial enorme para atender
à demanda mundial de alimentos que
existirá nos próximos anos, mas a oportunidade será perdida se as coisas não
mudarem. Também afirmou ser muito
importante o produtor ter acesso às novas tecnologias ao combate às pragas,
evitando prejudicar a produtividade dos
seus canaviais.
De acordo com o pesquisador Wilson Novarreti, o controle de praga na
cana-de-açúcar é uma rotina como
qualquer outra, tais como adubação e
preparo de solo.
“As pragas estão aí, dificilmente
você vai eliminá-las. Temos que aprender a conviver com elas abaixo do nível
de dano e o objetivo dessa reunião é
mostrar técnicas de controle, principalmente da broca, cigarrinha e Sphenophorus, focando em diversos métodos,
como químico, bioquímico, biológico
e cultural mecânica”, esclareceu Novaretti, que foi o palestrante no dia.
O aumento da população dessas três
pragas se deu em função de dois fatores, explica o pesquisador. “O primeiro é o fator climático. Estamos tendo
anos seguidos de seca e a deficiência
hídrica tem uma influência grande nos
inimigos naturais, mas poucas influências sobre as pragas. Com o início das
chuvas elas ocorrem com uma intensidade maior”, analisa, dizendo que o
cigarrinha existem métodos de controle
interessante, mas para os Sphenophorus
tem preocupado a gente, não só pela
sua disseminação, mas pelo dano que
promove e também pela característica
biológica do adulto”, explica Novatelli. Segundo ele, o adulto das pragas
de cana, normalmente vive 4, 5, 8,10
15 dias e, no caso do Sphenophorus, o
adulto vive 200 dias. “Com isso, a capacidade de reprodução e a capacidade
de infecção são muito maiores de infestação”, conclui.
Novas tecnologias
As empresas parceiras na organização do evento também apresentaram
suas soluções para o controle desses
novos inimigos.
Antonio Gonçalves, da Arysta LifeScience, destacou produto lançado
pela multinacional, em setembro, para
o controle da broca: o Atabron. O novo
ativo da Arysta é um inseticida fisiológico inibidor da biossíntese de quitina. Segundo o consultor, o produto
tem ação rápida por contato e ingestão,
como também ação seletiva ideal para o
manejo integrado de pragas preservando os inimigos naturais.
Vinicius Batista, consultor da FMC
Já o consultor Jedir Fiorelli mostrou
tecnologia da DuPont, o inseticida Altacor para evitar a infestação da broca.
Ele deu como exemplo uma usina da
região de Ribeirão Preto - SP, que tinha
11% de sua área infestada e conseguiu
reduzir para 1,49% após a aplicação do
produto.
Antonio Gonçalves,
da Arysta LifeScience
Vinicius Batista, consultor da FMC,
apresentou as soluções da multinacional americana para o controle de pragas. O destaque foi para o novo produto
da FMC, o Talisman, que tem como
benefícios a eficiência no controle de
Sphenophorus, melhor desenvolvimento do sistema radicular e ação no controle de cigarrinhas, entre outros.
Jedir Fiorelli mostrou
tecnologia da DuPont
O inseticida Regent Duo foi destacado pelo consultor da BASF, Mauro
Cottas, na ocasião. O inseticida tem
excelente controle da larva ao besouro
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
30
Reportagem de Capa - Especial Pragas
do Sphenophorus, possui longo residual
e controle eficiente, protegendo o rizoma da planta por mais de uma geração
no mesmo ano, afirma o fabricante. O
engenheiro agrônomo também falou do
1º Desafio de Produtividade da Cana
- CANAMAX - CTC/Basf - Soca da
Safra 2014/2015, iniciativa que tem o
objetivo de estimular o setor sucroenergético a conquistar a máxima produtividade dos canaviais.
Equipe técnica da Canaoeste
com o palestrante Wilson Novaretti
Mauro Cottas,
consultor da BASF
Aprovação dos participantes
Para o líder de Fitotecnia da Usina
Batatais, Ismael Ferreira Rodrigues,
agregar novos conhecimentos é sempre relevante. “É importante um evento
como este porque no momento o setor
enfrenta uma crise por conta das pragas,
que estão dando em grandes proporções,
e é bom a gente sempre agregar mais conhecimento para conseguir segurar um
pouco o avanço dessas pragas”, disse.
O evento foi bem avaliado pelos
participantes. “Achei o evento ótimo.
As pesquisas mostram que buscar uma
maior produtividade é o caminho que a
gente tem que seguir, senão todos estes
problemas citados vão nos prejudicar,
portanto, é importante compartilhar
as informações”, afirmou João Batista Gonçalves Dias. Produtor rural de
Mococa-SP, onde tem uma área de 700
hectares, ele contou que já encontrou
Sphenophorus, o que já tem causado
impacto na sua produção. “Muitas coisas que aprendemos aqui poderemos
usar no nosso dia a dia”, afirmou.
Rodrigo Sicchieri Rosa
que um evento deste porte pode orientar o que fazer com a cana e que hora
agir. O evento vem a somar muito para
o produtor”, disse. Fornecedor de cana,
ele produz de 11 a 12 mil toneladas por
safra e afirmou que teve problemas com
cigarrinha e broca, mas o Sphenophorus ainda não encontrou em suas terras,
mas as informações obtidas no evento
ajudarão a se prevenir contra a praga.
Luiz Carlos Tasso Júnior
Ismael Ferreira Rodrigues
De acordo com Luiz Carlos Tasso
Júnior, superintendente da Canaoeste e conselheiro fiscal da Copercana e
Sicoob Cocred, o evento faz parte da
filosofia da Canaoeste que é a de proporcionar ao associado acesso a novas
soluções e informações para o controle
do canavial. “O nosso objetivo é trazer
extensão, novas tecnologias de controle, controle químico, manual e mecânico para que o produtor consiga ter
maior eficiência no canavial, com maior
produtividade e lucratividade ao nosso
associado”, afirmou, ele concluindo. “É
a Canaoeste ao lado do produtor”. RC
João Batista Gonçalves Dias
Opinião compartilhada com o produtor de Morro Agudo - SP, Rodrigo Sicchieri Rosa. “Eu acho que o setor está
atravessando um momento de grande
dificuldade, passando por uma modificação muito ampla, que é da cana queimada para cana crua e o produtor fica
meio perdido, sem saber o que fazer
com essa situação. Então eu acredito
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
31
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
32
Reportagem de Capa - Especial Pragas
Experts Cana é realizado para cooperados
Evento promovido pela FMC em parceria com a Copercana ofereceu orientações
sobre técnicas de manejo para a cultura da cana-de-açúcar
Andréia Vital
A
Copercana foi sede, em setembro, da realização do Experts
Cana, um evento promovido
pela FMC Agricultural Products, para
gerentes, supervisores e consultores das
principais usinas dos Estados de Minas
Gerais, São Paulo, Goiás e Alagoas. O
encontro, que faz parte de uma programação que foi realizada entre os meses
de julho e outubro, teve o objetivo de
auxiliar o produtor rural na escolha de
tecnologias assertivas em relação ao
manejo nos canaviais, proporcionando,
assim, um melhor retorno sobre o investimento aplicado.
De acordo com Vinícius Batista, agrônomo da FMC e responsável
pela gestão da conta da Copercana, a
parceria entre a multinacional e a cooperativa é eficiente no sentido de difundir as inovações, soluções e novas
tecnologias aos cooperados, visando
que eles consigam produzir mais.
“Temos como missão gerar produtividade e, para gerar produtividade, é
necessário aumentar a rentabilidade”,
explica Batista, contando que a ideia
das reuniões é oferecer conhecimento
para que os produtores consigam utilizar as informações em prol de melhores resultados no campo.
Dando início à abordagem das soluções tecnológicas com foco na rentabilidade da cana, o evento contou com
Vinícius Batista, agrônomo da FMC
palestras como a de Michel Fernandes,
professor da UEMG (Universidade do
Estado de Minas Gerais) e consultor,
especialista em plantas daninhas, que
na ocasião, explanou sobre as tendências do mercado, manejo de pragas e
controle químico.
Responsável pelo setor de Desenvolvimento da usina Cerradão, em
Frutal (MG), Fernandes explanou sobre as experiências que teve em usinas ao longo de 10 anos, abordando
a questão da seletividade dos herbicidas. “O cenário mudou muito, saímos
da colheita queimada e passamos para
a colheita crua e isso tem um impacto
grande com o surgimento de pragas
que interferem na produtividade e no
custo”, disse, lembrando que o plantio também mudou.
Michel Fernandes, professor da UEMG
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
“Quem não evolui se encontra perdido. Hoje temos um canavial doente, um
fator de produtividade mutante” alegou,
advertindo que novos obstáculos surgem como a ferrugem alaranjada. “Não
se dava bola para esta doença, mas atualmente ela está causando um prejuízo
absurdo, principalmente no Triangulo
Mineiro”, contou, afirmando que em
outras culturas, como soja e milho,
conseguiram aumentar a produtividade,
mas na cana-de-açúcar a média continua no mesmo patamar.
Além de todos os fatores adversos,
existem práticas que estão resultando na
perda de produtividade e um dos pontos
de extrema importância para reverter
este quadro é o manejo de ervas daninhas, que afetam a qualidade e eficiência agrícola. De acordo com o consultor,
existem produtos com excelente controle
de ervas, mas é necessário avaliar a seletividade. “Seletividade é a capacidade de
determinado herbicida eliminar as ervas
daninhas de uma cultura, sem reduzir
a produtividade ou a qualidade do produto. Então temos que controlar a erva
daninha só que não podemos controlar
a cana, que tem que estar no máximo de
seu desenvolvimento”, explica.
O especialista alertou que os principais
fatores que interferem na seletividade são
33
portfólio assertivo e eficaz para o manejo de plantas daninhas, com produtos com diferentes modos de ação, de
diferentes mecanismos ou novas tecnologias realmente para o setor”, diz o
consultor, se referindo à família Boral,
herbicida que promove excelente controle de folhas largas e estreitas com
residualidade, inclusive no controle de
diferentes espécies de corda-de-viola.
Roberto Toledo, gerente de
Desenvolvimento de Produto Herbicida
a dose, principalmente para os produtos
utilizados no meio do ano, período próximo das chuvas. Fernandes ressaltou
também que a maioria das variedades é
sensível aos produtos químicos.
O consultor apresentou trabalho
feito em 2008, que conclui que o tratamento que teve o maior controle das
ervas daninhas, “que deixou o canavial como um asfalto”, obteve também
uma redução de produtividade agrícola.
“Nem sempre o local onde está muito
limpo quer dizer que o canavial vai produzir mais” disse, completando, “temos
que ter planejamento, saber o que vamos aplicar, ter os produtos e máquinas
corretas, aplicar em pré, e não somente
utilizar o que tem, vamos economizar
dinheiro, pensando”, ensinou.
Na ocasião, o gerente de Desenvolvimento de Produto Herbicida da FMC,
Roberto Toledo, abordou a questão do
manejo de defensivos de alta performance em cana ressaltando o portfólio
de herbicidas da FMC.
“A FMC pode contribuir com o setor
de maneira imediata disponibilizando
Na linha de produtos da empresa também ganharam destaque o herbicida Sinerge, que tem um controle eficiente de
folhas largas com alto residual e seletividade; o Furadan, nematicida eficiente,
com ação complementar inseticida e efeito fitotônico que promove longevidade
e produtividade para o canavial; o Talisman, inseticida que combina dois modos de ação diferentes, resulta em efeito
de choque e residual para o controle de
Sphenophorus promovendo mais vigor
para os canaviais e ganhos significativos
de produtividade e para o manejo de plantas daninhas e o herbicida Aurora, excelente no manejo de plantas tolerantes.
Para encerrar o evento, a pesquisadora
Leila Dinardo Miranda, do IAC (Centro de
Cana) abordou a questão do aumento das
plantas daninhas com a introdução da mecanização na lavoura de cana-de-açúcar.
A pesquisadora advertiu que embora
sejam simples de manejar, os nematoides foram esquecidos nos últimos anos,
em parte por conta da preocupação com a
situação econômica e com outras pragas,
como Cigarrinha e Sphenophorus levis,
fato que contribuiu para a disseminação
da praga, que é um parasita microscópico que impacta de forma negativa a produtividade por dificultar a absorção dos
nutrientes pelas raízes e destruí-las.
Leila Dinardo Miranda,
pesquisadora do IAC
De acordo com Leila, os nematoides
reduzem de 20% a 30% a produtividade
no primeiro corte da cana-de-açúcar. Já
a queda da produtividade das soqueiras
é de 10% a 20% por corte, além de reduzir a longevidade do canavial, com
prejuízo da perda de um corte. “São
poucas as culturas nas quais os nematoides têm tanta importância quanto a
cana-de-açúcar”, alertou.
As quatro espécies mais comuns associadas à raiz da cana são Meloidogyne incógnita e Meloidogyne javanica,
que causam as galhas nas raízes, Pratylenchus zeae e Pratylenchus brachyurus, que ocasionam lesões que nem
sempre são fáceis de identificar, porque
existem outras pragas que provocam
o mesmo tipo de lesão, explica a pesquisadora. “A cigarrinha quando suga a
raiz provoca um sintoma parecido, então a gente consegue descobrir se tem
ou não nematoide arrancando a raiz e
coletando a amostra que deve ser levada para o laboratório”, diz, explicando
que os nematoides atacam o sistema
radicular e por isso destroem todas as
raízes, o que dificulta a cana absorver
água e nutrientes, crescendo menos.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
34
A profissional lembrou que a praga
ocorre em qualquer tipo de solo, argiloso ou arenoso, sendo que o dano acaba
sendo maior no solo arenoso, porque a
planta tem menos condições de suportar
o ataque da praga já que o solo arenoso geralmente é mais pobre, ou seja, a
planta sofre mais no solo arenoso.
Para verificar se uma área está infestada, é necessário fazer uma amostragem,
mas nunca em período seco do ano – entre
junho e outubro, e sim aguardar um mês
após o início das chuvas. “Isso porque a
população de nematoides não é constante,
ela flutua, sobe e desce, inclusive há competição entre espécies, e ela aumenta quando chove, pois no período chuvoso a cana
emite raiz e os nematoides se alimentam
das raízes, portanto aumentam. Quando
começa o período seco, a cana vai perdendo a raiz e os nematoides vão diminuindo
devido à falta de umidade no solo”, diz.
Segundo a especialista, o tratamento
mais utilizado é feito com o nematicida, pois a cana responde muito ao uso
desse produto, que quando aplicado no
plantio e na soqueira reduz e controla a
população de nematoide por um período que varia de 2 a 6 meses e pode aumentar a produção em até 30 toneladas
por hectare. “Se eu planto numa época
muito chuvosa, cana de ano, o residual é mais curto, pois o período é muito
chuvoso. Se o plantio acontece de março a abril, o residual é maior, controlando por 5 ou 6 meses ou até mais, porque
no período mais seco o produto se degrada menos”, ensina Leila, concluindo
“a minha recomendação é a seguinte:
se você tiver uma área muito infestada de nematoide, quando for renovar o
canavial, plante uma variedade média e
tardia, porque este tipo é mais fácil de
ter retorno quando se faz o tratamento”.
Na oportunidade, Leila também explanou sobre outra praga que tem sido o
calcanhar de Aquiles dos produtores. “A
primeira praga que percebemos que se
intensificou com a cana crua foi a cigarrinha, mas não foi só ela, os Sphenophorus
também se beneficiaram com o novo sistema”, diz a profissional, lembrando que
as queimadas matavam uma parte das
pragas, agora sem o fogo, além de não
Reportagem de Capa - Especial Pragas
matar o adulto deixam a palha que para
ele serve de cobertor, elucida a pesquisadora, afirmando que a praga é encontrada
o ano todo no campo e pode causar uma
redução de produtividade altíssima.
A população de Sphenophorus aumenta na medida em que o canavial envelhece e sua disseminação acaba sendo feita principalmente com a muda ou
até mesmo com a colhedora. Devido a
este fator, é necessário ter cuidado com
a limpeza das máquinas, lembra Leila.
Amostragens na área de reforma,
antes de se destruir a soqueira, são indicadas para verificar se a praga está no
campo. “A minha recomendação é que,
principalmente, para as pessoas que não
sabem se têm praga na área, que façam
dois pontos por hectare, e se a população está baixa, é conveniente aumentar
a grade de amostragem para seis pontos
por hectare”, explica. Outro detalhe
importante quando se adota medida de
controle para Sphenophorus no plantio
é destruir mecanicamente a soqueira
velha, no caso de ter encontrado a praga. Além disso, é importante rotacionar
produtos, ensina a especialista.
O gerente comercial da Copercana,
Frederico Dalmaso, destacou a relevância do Experts Cana. “O evento é de
alta qualidade técnica, com palestrantes
de primeira linha, por isso é importante
para o fornecedor ter acesso às informações que conseguimos trazer com
a ajuda de um parceiro forte como a
FMC”, afirmou ele, pontuando que foi
o primeiro Experts Cana realizado em
Sertãozinho-SP e o primeiro feito junto
à cooperativa.
Frederico Dalmaso, gerente comercial de
insumos da Copercana
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana
Pedro Esrael Bighetti, diretor da
Copercana, também aprovou a realização do evento e destacou a relevância
das informações oferecidas pelos palestrantes. “A Copercana e Canaoeste
contam com mais de 30 agrônomos no
campo, é importante conhecer o que há
de novo, principalmente neste caso de
combate às doenças, temos sempre que
nos unir com multinacionais, como a
FMC, que sempre fez sozinha este projeto e agora nos convidou para sermos
seus parceiros”, disse.
Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e
o Deputado Federal Arnaldo Jardim
Participando de uma visita às instalações do Sistema Copercana, Canaoeste
e Sicoob Cocred, o deputado federal
Arnaldo Jardim, então candidato à reeleição, no momento, aproveitou para dar
sua palavra aos participantes do evento.
Acompanhado pelo presidente da Canaoeste, que agradeceu a presença de todos, o deputado falou sobre o trabalho da
Frente Parlamentar em Defesa do Setor
Sucroenergético, que coordena em Brasília e outros assuntos pertinentes à sua
atuação em prol do segmento. RC
35
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
36
Destaque I
Copercana e Canaoeste prestigiam
inauguração de unidade da Yara
Com investimentos de R$ 115 milhões, misturadora de fertilizantes em Sumaré-SP
terá capacidade para envasar 750 mil toneladas por ano
Igor Savenhago
O
presidente e diretores da Copercana, além de gerentes da
Copercana e da Canaoeste, estiveram em Sumaré-SP, em 11 de novembro, para a inauguração da nova unidade
misturadora de fertilizantes da Yara. Eles
conheceram a planta mais moderna do
País no segmento, que recebeu investimentos de R$ 115 milhões e terá capacidade para armazenar 115 mil toneladas e
envasar 750 mil por ano, em embalagens
de 50 kg e uma tonelada.
Com a compra da Bunge, em 2013,
a Yara se tornou a líder no mercado nacional de fertilizantes, respondendo por
25% das vendas. Sumaré, por se localizar
numa região estratégica, às margens da
Rodovia Anhanguera, próxima a áreas de
cana, café, grãos e citros e com fácil deslocamento até o Porto de Santos, integra
um audacioso plano da Yara que prevê
um crescimento ainda maior no Brasil.
De acordo com o presidente da Yara
Brasil, Lair Hansen, o nosso País se tornou especial para os negócios da companhia, que nasceu em 1905, na Noruega. Além de oferecer terras férteis,
uma combinação ideal de sol e chuva
na maior parte das regiões e possuir a
maior reserva de água doce do planeta, o Brasil cresce, em média, 3,5% ao
ano em consumo de fertilizantes. “Em
2050, teremos o desafio de alimentar
nove bilhões de pessoas no planeta.
Nesse aspecto, o Brasil se tornou um
pilar da economia mundial”.
to agrícola, é fundamental
termos esse avanço na qualidade dos insumos, para
que possamos ter uma melhor produtividade”.
Pedro Esrael Bighetti,
diretor da Copercana, parabenizou os executivos da
Yara pelo investimento. “É
de muito mérito, de muito
valor, porque a Yara é uma
empresa ‘pés no chão’, bastante sólida. Basta ver que,
numa crise como a que estamos vivendo, ela tem condições de
apostar nessa unidade moderna. Para
nós, foi um presente”.
A unidade
A nova planta é a 33ª unidade misturadora da Yara no Brasil. A companhia mantém, ainda, dois escritórios,
em Porto Alegre e São Paulo, e duas
fábricas, em Rio Grande-RS e Ponta
Grossa-PR. Como 70% dos insumos
para a produção de fertilizantes no
país são importados, uma das preocupações, ao escolher Sumaré, foi se instalar numa região com fácil acesso ao
Porto de Santos.
As atividades da nova unidade estão
no início. Conforme for expandindo a
capacidade de operação, uma das me-
O presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, declarou que
esta nova unidade misturadora apresenta o que há de mais moderno em
tecnologia para adubo. “Para a Copercana, parceira da Yara já há muitos
anos, é muito importante termos uma
indústria como esta no Estado de São
Paulo. Pensando no desenvolvimenRevista Canavieiros - Novembro de 2014
tas é fazer a substituição de até 80% da
frota rodoviária, que seria composta por
25 mil caminhões/ano, por transporte
sobre trilhos, o que permitirá a redução
de um milhão de quilos de CO2 anualmente. Para isso, a área, que tem um
total de 80 mil metros quadrados, sendo
Lair Hansen, presidente da Yara Brasil
nova unidade misturadora de
fertilizantes da Yara
37
Descerramento da placa inaugural
Egil Hogna, Torgeir Kvidal, Lair Hansen, Cristina Bredda Carrara,
Morten Høglund, Mônika Bergamaschi e Francisco Jardim
Os participantes fizeram uma visita as
instalações acompanhados de explicações dos
processos realizados
34 mil construídos, dispõe de um modal rodoferroviário operado pela Rumo
Logística, que integra as duas malhas e
liga, também, os trens ao porto.
Os fertilizantes misturados e envasados em Sumaré irão abastecer os
mercados de São Paulo, Paraná e Mato
Grosso do Sul – esses dois últimos em
menor escala. Toda automatizada, a
unidade contará com 90 colaboradores.
Presente no Brasil desde 1977, com
a denominação de Norsk Hidro e atendendo, inicialmente, aos ramos de petróleo, alumínio e fertilizantes, a empresa
adquiriu, no início dos anos 2000, a
Adubos Trevo. Em 2004, passou a se
chamar “Yara”, que, em norueguês, significa “boa colheita”. Desde então, atua,
apenas, em nutrição vegetal. Dois anos
depois, adquiriu a Fertibrás; em 2013, a
Bunge; e, neste ano, comprou 60% da
Galvani. Com mais de três mil colaboradores em todo o país, a Yara Brasil fatura
R$ 5,6 bilhões ao ano, em média, movimentando 7,6 milhões de toneladas, com
vendas direcionadas principalmente ao
mercado interno e ao Paraguai.
Torgeir Kvidal, presidente
internacional da Yara
Antonio Eduardo Tonielo, Sandro Sorrente, Gustavo Nogueira,
Pedro Esrael Bighetti, Frederico Dalmaso e Franco Viana
Presença internacional
A inauguração da unidade contou
com as presenças do presidente internacional da Yara, Torgeir Kvidal, que
veio acompanhado pelo responsável
da área de vendas mundiais da companhia, Egil Hogna.
Kvidal afirmou que, além do crescimento populacional, que obrigará o
planeta a produzir, nas próximas cinco
décadas, a mesma quantidade de alimentos dos últimos dez mil anos, os
hábitos da população estão mudando,
favorecendo um maior consumo de frutas, legumes e verduras. “A indústria de
fertilizantes precisará estar preparada
para dar respostas a esses desafios”.
Já Hogna citou dois aspectos. O primeiro foi a escassez de água no planeta,
que, ao mesmo tempo em que preocupa, movimenta o setor de nutrição vegetal a pensar em alternativas para reduzir
a dependência dos recursos hídricos.
“Quando você utiliza o fertilizante correto, é possível aumentar a produtividade de forma que o volume de água
utilizado seja menor. Isso depende de
pesquisas para que se avalie a quantidade adequada de fertilizantes diante
da água disponível. Hoje, já é possível
dizer que dá para triplicar a produção
com a mesma quantidade de água”.
Outro ponto abordado foi a posição
estratégica que o Brasil ocupa nos negócios na Yara Internacional, que opera
em 50 países, fornecendo produtos para
150 nações. Segundo ele, considerando
que a agricultura brasileira mais que triplicou a produção de grãos nas últimas
duas décadas e que isso se deve, entre
outros fatores, ao crescimento do uso de
fertilizantes, é necessário que a indústria se atente para conseguir ofertar um
volume suficiente de soluções em nutrição vegetal para atender às demandas
por comida no planeta.
A secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo,
Monika Bergamaschi, também convidada para o encontro, chamou a atenção para o fato de que a produção de
alimentos deverá se sustentar num
tripé de sustentabilidade: ambiental, social e econômica. “É mais fácil
lembrar das questões ambientais e da
pressão por aspectos sociais. Mas a
questão econômica é primordial, sem a
qual nossos agricultores, empresários
e investidores perderão a condição de
permanecer na atividade”.RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
38
Destaque II
Produção de alimentos terá que
aumentar 70% até 2050
FAO-ONU aponta o Brasil como principal ator para suprir a demanda de alimentação global e
destaca a importância do papel do pequeno produtor rural no sistema produtivo
Andréia Vital
A
população mundial deve chegar a 9,1 bilhões de pessoas
em 2050, 34% a mais do que o
número atual, sendo que a maior parte
será proveniente de países em desenvolvimento, viverá em áreas urbanas e
com níveis de renda maiores do que os
atuais, de acordo com projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO-ONU).
Para atender às necessidades deste novo
contingente, a produção de alimentos
terá que aumentar em 70%, ou seja, terão que ser produzidas 200 milhões de
toneladas de carnes a mais e aumentar
a produção de cereais em 900 milhões
de toneladas, passando dos atuais 2,1
bilhões para 3 bilhões toneladas/ano. Já
a produção de açúcar deverá ser 20%
maior do que é atualmente.
“O desafio não é só produzir, mas
também é o de que as pessoas tenham
acesso a estes alimentos” alertou o representante da FAO-ONU no Brasil,
Alan Bojanic, durante o VI Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos para
um Futuro Sustentável - Desafio 2050,
realizado no dia 14 de outubro, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE),
em São Paulo-SP. O evento, que foi
realizado pela FAO-ONU, Embrapa,
Associação Nacional da Defesa Vegetal (Andef), Associação Brasileira do
Agronegócio (Abag), faz parte da agenda oficial, no Brasil, da Semana Mundial da Alimentação, e reuniu lideranças
da cadeia produtiva de alimentos e do
agronegócio, como a secretária de Agricultura do Estado de São Paulo, Mônika
Bergamaschi, e Braz Agostinho, presidente da FETAESP (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de
São Paulo), entre outros.
Bojanic afirmou, na ocasião, que é
preciso resolver o problema da fome
atual ao mesmo tempo que se discute
como alimentar o mundo nos próximos
anos. “O grande desafio é erradicar a
fome no presente, pois ainda existem
805 milhões de pessoas que passam
fome no mundo”, disse ele, contando
que de cada 1 em cada 9 pessoas e 1 em
cada 4 na África sofrem de fome crônica sem ter nada para comer regularmente, conforme relatório anual da FAO.
Devido a sua contribuição para a erradicação da fome, o Brasil ganhou um
capítulo especial na edição do documento deste ano, que foi divulgada em
setembro. “A pobreza foi reduzida em
65% no Brasil, de 2002 a 2012, passando de 24,8% para 8,5% e a extrema pobreza foi reduzida de 9,8% para 3,5%”
comentou o executivo. O relatório mostra também que o excesso de peso aumentou em 3 vezes para os homens e
dobrou para as mulheres entre 1974/75
e 2008/09 e o aumento entre adolescentes e crianças de 5 a 9 anos foi de
3 vezes nos últimos 20 anos. Fato que
deve ser levado em consideração, pois o
maior acesso aos alimentos e o exagero
têm elevado o índice de doenças, como
o AVC, explicou o executivo.
O representante da FAO também
afirmou que o Brasil tem um papel
fundamental para a segurança alimentar do planeta. “É um dos países mais
importantes em termos de fornecimento
e, com certeza, com grandes disponibilidades de aumentar o seu potencial de
produção, como também pode exportar
conhecimento, programas bem-sucedidos, experiência de produtores e de cooperativismo”, disse.
Bojanic ressaltou também a relevância da Agricultura Familiar na superação
do desafio de alimentar o mundo no futuro, já que existem mais de 500 milhões
de explorações familiares no mundo e
quase 98% de todas as explorações agrí-
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Alan Bojanic, presentante da
FAO-ONU no Brasil
Maurício Lopes, presidemte da Embrapa
colas mundiais pertencem a pequenos
agricultores. “Os pequenos agricultores
têm um importante papel na luta para a
erradicação da fome e da pobreza, tanto
como produtores como consumidores de
alimentos”, afirmou, lembrando que em
2014 se comemora o ano internacional
da Agricultura Familiar.
Ao finalizar sua apresentação, o representante da FAO enfatizou que o desenvolvimento sustentável necessário
no futuro será alcançado com inovações
e aumento da produtividade e acentuou
que o uso de renováveis é essencial
neste cenário. “Para nós é fundamental
aumentar a utilização das bioenergias,
pois entendemos que é uma das formas
de descarbonizar a agricultura, reduzindo a emissão de carbono”, disse.
Tema evidenciado também pelo presidente da Embrapa, Maurício Lopes,
em sua palestra. “As tendências de consumo conduzem a maior valorização de
39
Luis Carlos Corrêa Carvalho
produtos verdes, saudáveis, produzidos
por meio de sistemas sustentáveis”, esclareceu ele. Na ocasião, Lopes deu um
panorama sobre o cenário que impactará o futuro dos alimentos, ressaltando a
importância de se antecipar e planejar,
antes de agir. “A agricultura está em
constante evolução e as novas tecnologias revolucionarão a produção de alimentos”, disse.
Para o presidente da ABAG, Luiz
Carlos Corrêa Carvalho, a baixa produtividade média mundial da agricultura
é um grande obstáculo a ser superado
O projeto Revolução Verde homenageou personalidades do agronegócio
no sentido de alimentar o mundo no futuro. “É extraordinário o que conseguimos atingir em produtividade em grãos
e carnes, com tecnologia desenvolvida
aqui. Isto é de fato uma bandeira diferenciada do Brasil, mas para atender
aos 40% do adicional de demanda, conforme indicou a FAO, o País precisará
a cada 10 anos, atingir o seu máximo
de produtividade para cumprir a meta”,
ressaltou Carvalho. Opinião compartilhada com o presidente do Conselho
Diretor da ANDEF, Laércio Giampani,
que evidenciou também a importância
de se somar esforços do setor produtivo, governos e sociedade, para que o
Brasil possa cumprir sua missão.
Ao explanar no painel “Gastronomia
brasileira: qualidade para alcançar o
mundo”, a chef Mônica Rangel foi taxativa ao afirmar que é imprescindível
evidenciar mais a culinária nacional,
como também despertar o patriotismo
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
40
na sociedade a fim de valorizar o que é
produzido no País. Mônica, que é jurada
do programa Cozinheiros em Ação, da
GNT, e proprietária de um restaurante
em Visconde de Mauá – RJ, destaque do
Guia Quatro Rodas como a melhor comida mineira há mais de 10 anos, é fundadora do movimento “Brasil à Mesa”,
projeto que nasceu justamente dessa necessidade de valorização da gastronomia
brasileira diante de um interesse alucinante pela cozinha estrangeira.
“Quando eu vi que a Embratur voltaria as classificações hoteleiras, ou
seja, a indicar as estrelas dos hotéis, e
um dos critérios para se ter cinco estrelas era ter um restaurante com cozinha internacional eu não acreditei”,
contou ela indignada. “Aquilo para
mim foi um soco, como assim? Nós
brasileiros vamos valorizar somente a
gastronomia internacional, quer dizer
não é obrigatório ter um restaurante
de comida brasileira dentro do hotel?”,
questionou ela, contando que a partir
daí levantou uma bandeira a favor da
cozinha nacional, ação que resultou não
somente no projeto, em 2012, mas na
apresentação da culinária brasileira em
feiras mundiais e promoção de eventos.
Exemplo desse esforço é o projeto Goal
to Brasil, em parceria com a Embratur, que reforçou o turismo do Brasil e
promoveu as cidades sede da Copa de
2014, com a participação de 22 chefs
brasileiros, em 14 países.
O evento também contou com a participação da representante para o Brasil, do Projeto Millenium da WFUNA-ONU, Rosa Alegria, que falou sobre a
oferta de recursos para uma superpopulação no futuro. E também de Walter
Belik, que é coordenador do Núcleo de
Estudos e Pesquisas em Alimentação
da Unicamp e um dos idealizadores do
programa Fome Zero.
O embaixador Marcos Azambuja,
ex-secretário geral do Itamaraty e coordenador da Rio92, finalizou o encontro,
com a palestra “A projeção internacional do Brasil no desafio de combater a
fome” e afirmou, na ocasião, que pela
primeira vez o Brasil entra de maneira
decisiva numa relação de poder com a
Destaque II
qual não está acostumado e deve se preparar para receber um tratamento hostil.
“O Brasil não tem tradição de ser parte do jogo do poder, além disso, tem a
convicção permanente de que faz parte
de um encantamento, de uma sedução
mundial, que os outros lhe darão as
boas-vindas, mas isso não é verdade”,
afirmou, ressaltando que não haverá
uma recepção cordial, pois a chegada
do Brasil ao mercado desaloja e perturba interesses já definidos, “de quem
chegou antes de nós”.
“O Brasil não é muito relevante
ainda industrialmente, cientificamente, mas no tema agrícola, o Brasil já é
uma grande potência, e não se chega a
ser grande potência sem desafiar interesses criados, então o ponto essencial
é que neste terreno o Brasil vai ter que
enfrentar adversários que vão se mobilizar para impedir que o País chegue
Marcos Azambuja, embaixador
lá como nós pretendemos e nos prazos
determinados”, advertiu ele, lembrando
que a defesa contra o avanço brasileiro
será de uma ferocidade extraordinária.
“É um jogo muito pesado. Ninguém
brigará muito por castanha-do-pará,
mas sim por carne, por trigo, por soja,
por açúcar e com estes produtos o Brasil começa a existir e a incomodar”, diz
o embaixador, concluindo “O Brasil
não terá tapete vermelho na entrada do
mercado”.
Revolução verde
Durante o evento
também foram homenageados cientistas e agricultores que ajudaram a
transformar a produção
agropecuária no País,
possibilitando ao Brasil
a deixar a incômoda posição de importador de
alimentos para se transformar em um dos principais produtores de grãos,
carnes, frutas, fibras e
biocombustíveis. Essa virada só foi possível graças à ciência, ao
uso intensivo de tecnologias e, principalmente, à ousadia de alguns cientistas
e agricultores brasileiros, afirmaram os
organizadores do evento.
Devido a isso, foi lançado em 2013,
o projeto Revolução Verde, que apresenta anualmente 10 heróis, e em 2014,
homenageou as seguintes personalidades: Cyro P. da Costa, João Pratagil
Araujo, Fernanda Abadio Finco, Dirceu
Gassen, Glauco Olinger, Luiz A. B. de
Castro; Manoel Pereira, Renato Rodrigues, Moacyr Corsi, Tsai Siu Mui.
Pelas pesquisas nas ciências do solo,
a agrônoma Johanna Döbereiner, que
recebeu homenagem póstuma, foi a
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
sétima cientista brasileira mais citada
pela comunidade cientifica mundial e
a primeira entre as mulheres, rendendo
inclusive a indicação ao prêmio Nobel
de Química de 1997. Seus trabalhos
contribuíram para que o Brasil desenvolvesse o Pró-Álcool e se tornasse
o segundo produtor mundial de soja,
além de poupar ao País um gasto anual
próximo a US$ 1,5 bilhão.
Na primeira edição da premiação
foram reconhecidos o ex-ministro da
Agricultura, Roberto Rodrigues, Alfredo Scheid Lopes, Alysson Paolinelli,
Cacilda Borges do Valle, Edson Lobato, Eliseu Alves, Fernando Penteado
Cardoso, Helena Lage Ferreira, Herbert
Bartz, e Romeu Kiihl. RC
41
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
42
Destaque III
Em busca da produtividade de três dígitos
Evento discute como as novas tecnologias e ações podem ajudar o
setor sucroenergético a ter mais eficiência agrícola
Andréia Vital
A
6ª reunião de 2014 do Grupo
Fitotécnico de Cana IAC reuniu no início de outubro, em
Ribeirão Preto-SP, mais de 300 representantes de usinas, pesquisadores e
profissionais ligados à cultura de cana
para discutir as estratégias para atingir
produtividades de três dígitos em cana-de-açúcar.
Coube ao pesquisador e coordenador
do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), dr. Marcos Guimarães de Andrade Landell, fazer a abertura do evento,
dando um panorama sobre as ações
realizadas em busca de mais eficiência
agrícola no setor sucroenergético. Ao
explanar sobre as estratégicas fitotécnicas para redução dos deficit hídricos em
canaviais, o pesquisador contou que a
partir de 1995, o IAC começou o trabalho da rede experimental, que gerou
um banco de dados, com solos e regiões distintas e foram realizados ensaios
com as três épocas de colheita - início,
meio e final de safra, que passaram a
chamar de outono, inverno e primavera,
com ensaios colhidos em abril/maio, julho/agosto e outubro/novembro.
De acordo com o Landell, a ação
possibilitou estabelecer padrões fixos
da variedade mais plantada no País e
padrões móveis, que são variedades
indicadas pelos parceiros, e vários trabalhos foram gerados devido a este projeto. Um deles foi um estudo feito em
2003, que mostrou que a caracterização
Marcos Landell, pesquisador e
coordenador do IAC
do solo seria bastante importante principalmente a partir do terceiro corte.
Os estudos possibilitaram a construção de uma matriz de ambientes de
produção, com nove caselas dadas pelas combinações de ambientes/solos
e épocas de colheita, que possibilitou
a construção de um plano estratégico
para minimizar, por exemplo, os efeitos
de áreas restritivas na produtividade.
Diante do fato, a primeira alternativa
apontada foi a utilização da irrigação.
Outra estratégica relevante, segundo o
pesquisador, seria a antecipação da safra nos ambientes desfavoráveis, o que
produziria um aumento da produtividade da cana. “Quando você pega um solo
desfavorável e adianta a colheita dele,
você tem um aumento substancial da
produtividade”, explicou o palestrante,
dando como exemplo, o ensaio realizado em 2009, em uma unidade do Cerrado, que conseguiu passar dos 58,5, na
média de cinco cortes, para 80,4 toneladas/hectare.
Além disso, os estudos ajudaram
também a entender que o sistema radicular de cana planta é mais superficial
que de socas mais adiantadas, no caso
do 3º, 4º, 5º cortes, portanto, estes canaviais são mais expostos ao deficit
hídrico, explicou Landell. “A colheita
no outono reduz esta exposição e possi-
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
bilita melhores produtividades, principalmente em regiões onde este deficit é
mais pronunciado”, elucidou o pesquisador, informando ainda que a colheita
de canas mais novas, no 1º e 2º cortes,
em períodos de menor deficit hídrico,
reduz a exposição ao hídrico dos primeiros ciclos.
“Quando você obedece essa estratégia, de antecipar o primeiro terço da
safra, você tem produtividades superiores daquela estratégia de espalhar a
colheita de primeiro corte praticamente
durante toda a safra seguindo a curva de
maturação das variedades”.
Segundo Landell, a matriz criada
pelo IAC passou a ser aplicada pelas
usinas, sendo que a primeira a usá-la
com dados reais foi a usina Jalles Machado, em 2007.
As questões do yield-gap da cana-de-açúcar brasileira e eficiência agrícola foram abordadas pelo professor
dr. Fábio R. Marin, da ESALQ-USP
(Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz, que na ocasião apresentou
pesquisas em modelagem que ajudam a
identificar gaps no alcance da produtividade.
Raffaella Rossetto, pesquisadora científica do IAC/APTA (Instituto
43
Gaspar Henrique Korndörfer, da UFU
Agronômico de Campinas/Agência
Paulista de Tecnologia do Agronegócio), que coordenou a reunião com Landell, lembrou que apesar dos problemas
enfrentados este ano, existem manejos
nos quais a cana-de-açúcar, mesmo com
a falta de água conseguiu produzir - inclusive até relativamente bem - e que
discutir a questão da nutrição e adubação para conquistar a produtividade de
três dígitos é sempre importante.
Ao falar sobre adubação para lavouras de cana de alta produtividade,
o prof. dr. Gaspar Henrique Korndörfer, da UFU (Universidade Federal de
Uberlândia) mostrou como promover
uma melhor exploração do sistema
radicular, especialmente em profundidade, abordando a questão da compactação, correção do solo e drenagem.
“Se quisermos ter resultado satisfatório com nosso programa de adubação,
temos que reduzir este fator limitante
que é a compactação do solo”, disse
ele ressaltando os benefícios do silício
(Si) em prol da produtividade. “Aumentando a quantidade de silício no
solo aumenta a produtividade, inclusive nas terras arenosas onde não têm
muito silício e em geral a resposta é
menor”, avaliou o pesquisador.
Korndörfer também afirmou que é
necessário trabalhar a nutrição dentro
de um programa integrado, ou seja,
pensar a nutrição não somente como
parte do metabolismo da planta, mas o
elemento pode fazer parte do manejo de
doença e de pragas, reduzindo a incidência de cigarrinha na cana-de-açúcar.
Já Lucy Lancia Pereira, especialista
de produtos da John Deere, mostrou na
ocasião as tecnologias da empresa para
o setor sucroenergético, como os Pulverizadores Autopropelidos. E o engenheiro agrícola, Marco Viana, da RPA
Consultoria, falou sobre os benefícios
da irrigação e sobre a realização do Irrigacana – I Seminário Brasileiro de Irrigação de Cana-de-Açúcar com Água.
Edgar Alves, gerente Agrícola da
unidade Otávio Lages, do Grupo Jalles
Machado S/A, apresentou no encontro
as experiências da usina na busca da
produtividade de três dígitos. Localizado em Goianésia/GO, o Grupo tem duas
unidades: a Jalles Machado (“UJM”) e
a Otávio Lage (“UOL”), uma área total
de 62.8 mil hectares, capacidade total
de 4,3 mm ton. e a empresa é a maior
produtora de açúcar orgânico do mundo. “Os bons resultados dependem de
uma junção de fatores, como manejo varietal, preparo de solo, inovação/
tecnologia, irrigação, treinamento de
colaboradores e comprometimento de
equipe”, afirmou o engenheiro agrícola,
que encerrou o evento. RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
44
Destaque IV
Caminhos da Cana chega ao fim com sucesso
Iniciativa termina com elaboração de um plano estratégico com 19 projetos
de melhoria que deverão ser implantados pela Orplana até 2025
Andréia Vital
D
epois de percorrer 9000 km,
desde junho, o projeto Caminhos da Cana 2014 terminou
no início de novembro com todos os
seus objetivos alcançados. A ação visava coletar informações junto às associações ligadas à Orplana (Organização de
Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) para elaboração de um
planejamento estratégico para a entidade, através de pesquisa acadêmica que
identificou demandas do setor sucroenergético, como também disseminar conhecimento aos produtores rurais com
palestras e reuniões com lideranças.
Os resultados do projeto foram apresentados para representantes de várias
associações de agricultores nos dias 4
e 5 de novembro, em evento realizado
no Hotel JP, em Ribeirão Preto – SP, e
mostraram que mais de três mil pessoas
participaram dos eventos realizados em
19 das 33 associações que integram a
Orplana. O questionário entregue em
cada encontro, que teve como objetivo
descobrir qual a impressão sobre a atuação da entidade e as necessidades dos
produtores, foi respondido por 152 gestores e 548 produtores de cana.
“Foi uma oportunidade muito interessante de ir às regiões produtoras,
diagnosticar a grave situação em que se
encontram os produtores independentes
de cana, como também se encontram as
usinas, e levantar o que precisa ser feito
no âmbito público e privado, quais são as
estratégias solicitadas para o Governo e
quais são as questões privadas principalmente ligadas ao aumento da produtividade”, explicou o professor titular da FEA/
USP Marcos Fava Neves, comandante da
expedição Caminhos da Cana e criador
do Markestrat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia da USP),
que organizou as iniciativas do projeto.
É de autoria de Fava Neves também
o livro “Caminhos da Cana” que contém
Marcos Fava Neves apresenta os resultados obtidos com o Caminhos da Cana
coletânea de artigos publicados nos últimos dois anos e que foi distribuído durante as visitas do projeto, que contou com
apoio da Canaoeste, Orplana, Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (Fapesp), FEA-RP/USP, UNICA,
Ceise BR, Bayer CropScience e Case IH.
De acordo com Neves, é necessário
buscar alternativas para que a produtividade da cana alcance os três dígitos, porque os custos de produção explodiram e
os índices agrícolas só caem se considerados os últimos 10 anos. “Tem um conjunto grande de iniciativas que precisam ser
feitas”, alega o professor, pontuando que
do lado do Governo, se resume à agenda
tradicional, de valorização do combustível renovável em detrimento do fóssil, ter
um tratamento tributário mais privilegiado e valorizar a cogeração de energia. “A
situação em que o Brasil se encontra ficou
tão ruim agora que é praticamente inevitável que o Governo não olhe para o setor
de cana”, disse ele.
Com o planejamento na mão, a Orplana tem agora um norte para conseguir fortalecer-se como associação,
tanto na sua voz política quanto na voz
empresarial, e trazer uma nova cara de
ação conjunta no Brasil, explica o professor. “O que falta ao nosso País é a
mobilização para o bem, para a produção e é esse o objetivo principal que
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
se tenta com este projeto, levantar um
degrau à atuação dessa organização e
fortalecer o associativismo, porque é só
com sociedade organizada que a gente
move para frente”, argumenta Neves,
dizendo que começar pela própria organização da cana, que ainda deixa bastante a desejar, é uma boa iniciativa.
Segundo Fava Neves, o estudo aponta que a Orplana pode exercer um papel
muito mais preponderante do que exerce
hoje, podendo absorver muitas das ações
que são feitas por associações integrantes
de maneira isolada, compartilhar essas
informações, práticas de gestão, de certificação e de relacionamento com usinas.
“Dentro de casa tem um conhecimento
muito grande, que melhor compartilhado, vai levar a um desempenho muito
superior. É esse o nosso objetivo aqui,
porque ouvimos todas elas e temos esse
inventário de boas práticas que precisam
ser compartilhadas”, ressalta o professor.
Para o presidente da Orplana, Manoel
Ortolan, o planejamento contribuirá para
o fortalecimento das associações e dos
associados, porque um é ligado ao outro.
“As coisas mudaram muito, o País está
mudando, o setor está mudando muito,
por isso a necessidade da modernização”, explicou ele, admitindo que com
a mecanização em especial, o perfil da
classe produtora também será outro.
45
A ideia de se fazer este trabalho partiu da necessidade de se modernizar a
Orplana, conta Ortolan, que também
é presidente da Canaoeste. “Precisamos, para isso, estar organizados, estabelecer um plano estratégico com
ações para desenvolvermos daqui para
a frente, é um trabalho para projetar a
Orplana nos próximos dez anos”, conta afirmando que o projeto veio em
uma hora excelente e será um divisor
de água para a entidade.
Opinião compartilhada com Sylvio
Ribeiro do Valle Mello Junior, presidente da Assocana (Associação Rural dos Fornecedores e Plantadores de
Cana da Média Sorocabana), de Assis-SP. “O trabalho apresentado é o de
maior profundidade e relevância que
já foi realizado sobre o setor sucroenergético, principalmente porque tem o
fornecedor de cana como protagonista”,
disse ele, enfatizando que o que mais
chamou a sua atenção foi o item que se
refere à remuneração, “que não é um
problema que seja exclusivamente das
associações, pois é um problema maior,
de falta de política para o setor, mas
que também tem uma parcela de culpa
nossa”, assume o produtor, alegando
que a classe precisa saber se comunicar
melhor com a sociedade. “Eu até acho
que a falta de política governamental
pode estar sendo influenciada por uma
falta de comunicação nossa, uma ineficiência nossa”, se justifica, aprovando
a modernização proposta pelo projeto
“Eu acho que o nosso setor tem muito
a se modernizar, tendo em vista o que
está acontecendo ao nosso redor”.
Já Ismael Perina Júnior, conselheiro
da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba), de Guariba-SP, admite que as informações apresentadas podem contribuir para uma
maior integração do setor. “Eu acho
que, cada vez mais, integração, associação são palavras de ordem. A gente
sabe que sozinho tem dificuldade e as
associações permitem que os pequenos virem grandes. E a partir daí, você
consiga ter conquistas para a sua atividade”, admite o engenheiro agrônomo,
que também é presidente do Sindicato
Rural de Jaboticabal-SP e da Câmara
Ismael Perina Júnior,
conselheiro da Socicana
Roberto Cestari, presidente da Oricana
Setorial da Cadeia Produtiva de Açúcar
e Álcool, órgão consultivo ligado ao
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento.
Segundo Perina, o trabalho possibilitará aproximar mais o produtor rural
da Orplana, pois muitas vezes, ele está
mais vinculado à sua associação e não
tem noção clara do que a Orplana representa. “Eu acho que esses pontos levantados nos trazem oportunidades para fazer cada vez mais um trabalho voltado
para o produtor, que é o fundamento da
associação existir e é o fundamento da
Orplana existir”, diz.
O presidente da Oricana (Associação
dos Fornecedores de Cana Região de
Orindiúva) e produtor independente de
cana, Roberto Cestari, também aprovou
a iniciativa. “Dentro da minha visão,
como produtor de cana e como liderança do setor sucroenergético brasileiro,
eu acho que é uma oportunidade única
para estruturamos as nossas organizações como um todo, tanto a Orplana
quanto as suas filiadas”.
Cestari pontua que o produtor de
cana precisa se preocupar mais com a
sua atividade, tendo a sua independência da usina. “Toda vida no setor sempre
foi assim, desde a época do Pró-Álcool,
sempre, no aspecto político, o produtor
de cana sempre foi forte, politicamente
e economicamente, e com o decorrer
dos anos, nós fomos perdendo essa força por omissão”, alega, ressaltando que
“o próprio Consecana (Conselho dos
Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar
e Álcool do Estado de S. Paulo), que
está na iminência de reestruturação e,
geralmente, quando há essas reestruturações, prevalece o poder econômico,
que é o do industrial”, afirma.
“Não queremos subsídio de ninguém, não queremos subsídio de usineiro, não queremos subsídio do Governo,
queremos um preço justo da tonelada
de cana, para nós sobrevivermos”, desabafa o produtor.
O “Caminhos da Cana”, que também foi apresentado em congressos e
seminários voltados ao agronegócio da
cana-de-açúcar, promovidos no Rio de
Janeiro-RJ e Recife-PE, com a finalidade de difundir suas ações e os problemas enfrentados pelo setor canavieiro
para novos públicos, teve sua última
apresentação de 2014 no 7º Congresso Nacional da Bioenergia, organizado
pela UDOP (União dos Produtores de
Bioenergia), nos dias 12 e 13 de novembro, em Araçatuba-SP.
Depois de finalizada esta etapa, é
provável que o projeto continue no
ano que vem, com visita a outras 15
cidades que tenham sinergia com o
trabalho da própria Orplana. “O nosso
objetivo é que daqui a dez anos todo o
setor de cana e produção independente seja participante da Orplana”, conta
Fava Neves.
“O plano estratégico não é estabelecido e ponto final. É um trabalho para
ser conquistado e, no correr dos anos,
será alterado de acordo com as necessidades”, explicou o presidente da Orplana, revelando que a ideia é também
executar um planejamento parecido na
área de abrangência da Canaoeste. RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
46
Destaque V
Seminário apresenta tecnologias para
aumentar a produtividade com irrigação
O Irrigacana, realizado em Ribeirão Preto-SP, promoveu intercâmbio de informações
entre palestrantes estrangeiros e casos de sucesso de usinas brasileiras
Igor Savenhago
I
nvestir em irrigação para aumentar a
produtividade dos canaviais brasileiros. Foi com esse objetivo que pesquisadores, representantes de usinas e
fornecedores de tecnologias se reuniram,
nos dias 29 e 30 de outubro, no Espaço
Pereira Alvim, em Ribeirão Preto-SP,
para o I Seminário Brasileiro de Irrigação
em Cana-de-Açúcar com Água – Irrigacana. O evento, promovido pelo GIFC
(Grupo de Irrigação e Fertirrigação em
Cana-de-Açúcar), fundado há dois anos,
reuniu 500 interessados em alternativas
que elevem o número de toneladas por
hectare e, com isso, contribuam para recuperar o setor sucroenergético no País,
que enfrenta sérias instabilidades pelo
menos desde 2008.
Segundo Marco Viana, presidente do
GIFC, que representa 40% da cana moída atualmente no Brasil, o Irrigacana
foi o ponto alto de uma discussão feita
durante todo o ano na sede de várias usinas. A cada dois meses, eram marcadas
reuniões nas unidades industriais para
estimular o investimento em irrigação
como um dos caminhos para a retomada da competitividade do setor. Todos
os temas em pauta nesses debates foram
reunidos novamente no seminário, para
que fossem tiradas algumas conclusões.
Uma delas é que não existem mais dúvidas de que o aumento dos índices de
produtividade passa pela aposta em novas tecnologias que envolvam o uso racional da água.
Marco Viana, presidente do GIFC
“Existia um grande preconceito em
relação à irrigação e ao manejo da água.
Isso caiu por terra. Temos a certeza de vão
favorecer muito a produtividade e a recuperação do nosso setor”, afirma Viana.
As experiências bem-sucedidas no
Brasil ganharam, durante o evento, o
olhar de autoridades estrangeiras, como
o professor Geoff Inman-Bamber, diretor de pesquisa da CSIRO, uma agência australiana, e Dnyandeo Gangaram
Hapase, diretor do Instituto de Açúcar
Vasantdada – principal órgão de pesquisa em cana-de-açúcar da Índia – e
ex-presidente do conselho do Comitê
Consultivo de Pesquisa, do Instituto
de Reprodução de Cana-de-Açúcar de
Coimbatore e do Conselho de Pesquisa
Agrícola, todos na Índia, país que ocupa o segundo lugar no mundo em produção de cana, atrás apenas do Brasil.
Bamber, um fisiologista renomado,
apresentou modelos de planos diretores
agrícola e de irrigação, necessários para
orientar a implantação de novas tecnologias. Já Hapase falou sobre o trabalho
desenvolvido com pequenos produtores
indianos, o que tem se refletido em bons
resultados, com produtividades sempre
acima de 86 toneladas por hectare. O intercâmbio de informações permitiu que
os dois conhecessem casos de sucesso
em usinas brasileiras, principalmente no
Nordeste, onde a irrigação é tradicional e
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Dnyandeo Gangaram Hapase, diretor do
Instituto de Açúcar Vasantdada
responde por produtividades que podem
ultrapassar 300 toneladas por hectare –
cerca de quatro vezes a média nacional,
que, conforme as principais instituições
de pesquisa do setor, tem oscilado entre
75 e 85 toneladas por hectare.
O Brasil tem quase nove milhões
de hectares cultivados com cana-de-açúcar, dos quais 20% são irrigados,
de acordo com informações da Agência Nacional de Águas (ANA). O baixo
índice se justifica pela baixa adesão do
Centro-Sul, que, geralmente, apresenta índices pluviométricos satisfatórios,
diferentes dos canaviais nordestinos. A
seca intensa atravessada pelo Estado de
São Paulo agora em 2014, no entanto,
acendeu o alerta e mobilizou a cadeia
produtiva em busca de soluções.
“Nós estamos vendo que a anomalia
climática, a má distribuição e a redução
das chuvas estão fazendo uma diferen-
47
ça muito grande. Quem tem a irrigação
tem, também, segurança maior em garantir a produtividade e a sustentabilidade do sistema”, afirma Célio Manechini,
assessor de tecnologia agrícola da Usina
São Martinho. Ele acredita que a divulgação da tecnologia e o investimento em
pesquisa são fatores essenciais para mudar conceitos, sobretudo no Centro-Sul.
Além das palestras, o Irrigacana ofereceu um espaço para que os patrocinadores do evento montassem estandes e
apresentassem o que há de mais moderno em produtos para irrigação no mercado. No portfólio da Netafim, foi exposta a menina dos olhos da empresa: a
irrigação por gotejamento, que, segundo Marcos Kawasse, gerente comercial
de cana-de-açúcar, facilita a aplicação
de água e nutrientes, o que resulta em
redução de custos.
Na visão dele, o uso de equipamentos de irrigação ainda não virou hábito
no Centro-Sul por dois fatores. “Um é o
desconhecimento e o outro, por achar que
é caro”. Kawasse diz que, apesar do investimento considerável, o sucesso alcançado no País prova que os projetos dão
retorno. “Quando você passa a conseguir
um custo menor por tonelada produzida,
Manechini explica, ainda, que a
irrigação no Grupo São Martinho
sempre esteve ligada à aplicação responsável de efluentes – águas residuárias e vinhaça – da produção de
cana, açúcar e etanol. “Com a migração do grupo para a região Centro-Oeste do país, estamos percebendo
que a irrigação com água, naquela
Desconhecimento
vê que o investimento se paga. Por isso,
estamos trabalhando forte em divulgação,
participando de eventos como estes e difundindo nossos produtos”.
O gerente lembra que, após a aquisição da tecnologia, a Netafim oferece o
apoio agronômico para a operacionalização. “Não adianta nada comprar uma Ferrari e não saber pilotar. O apoio é a chave
para poder extrair valor da ferramenta”.
Já Marcelo Ferrero, diretor geral da
Raesa Brasil, destaca a importância do
seminário, para que se crie uma cultura
de irrigação nas áreas produtivas. No
Nordeste, onde a empresa atua em 80
mil hectares de cana, com o sistema de
Alas Móveis Raesa, a produção supera
100 toneladas por hectare. “Algo que,
aqui no Centro-Sul, ainda não conseguimos. Por isso, eventos como este
situação, é muito importante, inclusive para que pudéssemos viabilizar
nosso empreendimento da Usina Boa
Vista [Quirinópolis-GO]. Pode-se dizer que a irrigação com água garante
a estabilidade do canavial. Tivemos,
em alguns casos, a produtividade aumentada em 20% a 30% em determinadas condições”.
são fundamentais, já que a região sempre foi considerada um limitante para a
venda de irrigação em cana-de-açúcar”.
Para Ferrero, o Centro-Sul se baseou, durante muitos anos, no paradigma de que não havia respostas econômicas para o investimento em irrigação,
o que está sendo quebrado aos poucos,
processo acelerado pelas mudanças
climáticas. Ele antecipa que os longos
períodos de estiagem irão impulsionar
a busca por técnicas que aperfeiçoem o
uso da água. Mas recomenda que não
haja demora na obtenção das licenças
exigidas para isso. “Acredito que, com
o trabalho especializado, de empresas
acostumadas aos trâmites burocráticos,
usinas e fornecedores de cana podem
conseguir as outorgas até com certa facilidade, já que, sem elas, os projetos de
irrigação não avançam”. RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
48
Destaque VI
Canaoeste participa da Conferência
Internacional DATAGRO sobre Etanol e Açúcar
Evento realizado em São Paulo, em outubro, reuniu autoridades e lideranças nacionais
e internacionais para discutir o futuro do setor sucroenergético
Andréia Vital
O
presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, foi um dos palestrantes da 14ª Conferência
Internacional DATAGRO sobre Etanol
e Açúcar - um dos principais eventos
promovidos no Brasil com o intuito
de debater os desafios e oportunidades
para o setor canavieiro nacional. Realizado nos dias 20 e 21 de outubro, no
Grand Hyatt São Paulo, em São Paulo
– SP, o evento reuniu 650 participantes
que conferiram as informações expostas por 40 palestrantes de 32 países.
Autoridades como Gustavo Diniz Junqueira, presidente da Sociedade Rural
Brasileira, e o deputado federal Arnaldo Jardim, que ao fazer um discurso foi
muito aplaudido por sua atuação em
prol do setor sucroenergético, também
participaram do evento.
Ortolan destacou a importância da
participação da entidade e dos assuntos
abordados no evento para os fornecedores de cana-de-açúcar e manifestou
a preocupação com o setor, elencando
vários fatores que contribuíram para a
atual situação de crise. “Estamos vivendo um momento muito complicado que
é fruto de uma sequência de anos ruins,
com custos subindo, renda menor e produtividade caindo. Nós temos assistido
ao fechamento de unidades, outras entrando em recuperação judicial e produtores rurais arrendando as suas terras
ou mesmo mudando, quando possível,
para outras culturas”, conta o executivo, advertindo que a situação poderá se
agravar com o término da safra.
“Algumas unidades não estão pagando os seus produtores e arrendatários.
Eu creio que a hora que fechar a chave da produção do etanol e do açúcar,
nós teremos mais usinas fechando, mais
problemas com o pagamento e isso não
é bom se pensarmos na safra seguinte,
pois significa também que com menos
recurso, certamente, os produtores e até
mesmo as unidades industriais vão investir menos em insumos e no plantio,
comprometendo de certa forma a produção para a safra 15/16”, desabafou ele,
advertindo que é necessário a retomada
da produção através da produtividade e
do preço, o que tem se tornado difícil,
pois a agroindústria canavieira tem sido
sistematicamente castigada pelo clima.
“Este ano a estiagem foi mais forte,
transformando a nossa Califórnia brasileira no novo sertão de São Paulo, situação que impactou na produtividade”,
analisou o presidente, afirmando ainda
que, mesmo assim, persiste a esperança
fundamentada na demanda do açúcar
e possível demanda do etanol possibilitando a perspectiva de dias melhores
para aqueles que conseguirem vencer o
momento crítico.
A esperança também pautou a apresentação da secretária de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo,
Mônika Bergamaschi. Segundo ela, apesar da somatória de todos os males que
assolam o setor desde 2010, as perspectivas são boas para o futuro do setor. “O
açúcar cresce a 3,5 milhões de toneladas
por ano, o etanol poderá crescer na faixa
de 5 a 8 bilhões de litros por ano, a pesquisa segue forte, temos o nosso progra-
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
ma Cana, com uma equipe multidisciplinar, trabalhando com novas variedades,
com a questão sanitária, programas dos
institutos de pesquisa que vêm fazendo
trabalhos extraordinários. Inovação, biofarma, mudas pré-brotadas, enfim, precisamos, acima de tudo, é de mirar este
futuro, melhorar nossa comunicação e
fincar os pés na sustentabilidade”, disse ela, afirmando “A esperança é sim a
nossa energia alicerçada na fé de que o
futuro do nosso etanol e da nossa cana-de-açúcar será brilhante”.
Para Plinio Nastari, presidente da
DATAGRO, organizadora da conferência, ficou claro que a crise do setor tem
como elementos fundamentais o clima;
os impactos advindos da mecanização
de colheita e plantio; os impactos da
política pública adversa, conforme ficou comprovado em painel que discutiu
a produção no Brasil. “Existe ainda um
estoque de produtividade muito grande, a ser incorporado, isso ficou claro,
e existem oportunidades para aumento
de recuperação de competitividade caso
sejam adotadas as medidas e sejam promovidas os incentivos e a recuperação
de produtividade e eficiência dos veículos que utilizam etanol”, disse ele,
explicando que há uma grande expectativa em relação ao que pode ocorrer em
49
relação a esta questão. “Não se deseja
uma intervenção de Governo ou volta
de intervenção de maneira nenhuma,
isso ficou claro nos debates, mas o que
se busca é uma regulamentação mínima, que preserve condições de competitividade para que agentes econômicos
privados continuem podendo atuar de
forma minimamente previsível nesta
atividade”, afirmou.
Ao apresentar as estimativas da safra
2014/15, Nastari apontou uma menor
oferta de cana em resposta novamente à
falta de chuvas, enquanto baixos investimentos em renovação impactarão negativamente os canaviais no próximo ciclo.
De acordo com a consultoria, estima-se moagem de 550.18 milhões ton. no
Centro-Sul. Já a produção de açúcar deverá ficar em 31,6 mm ton. e de etanol,
24.931 bilhões de litros, sendo 10.520
b/l de anidro e 13.888 b/l de hidratado.
Já a moagem de cana-de-açúcar
do Centro-Sul para a safra 2015/16
ficará entre 520 milhões e 560 milhões de toneladas. A tendência é que
o mix seja mais alcooleiro, com produção de açúcar projetada entre 29,1
milhões e 31,3 milhões de toneladas
com 135 kg ATR/tc.
O presidente da Canaoeste também
participou do painel com os presidentes dos sindicatos de todo o Brasil, que
mostrou que, embora a defasagem da
gasolina tenha caído significadamente, existe a real possibilidade da recuperação da CIDE (Contribuição de
Intervenção no Domínio Econômico),
como também a possibilidade de recuperação do preço da gasolina, não
porque esteja defasado, mas porque a
Petrobras precisa de uma recuperação
em sua capacidade de geração de caixa, “Isso deve trazer um fôlego adicional e deve ser positivo para a competitividade do etanol justificando, assim,
a safra mais alcooleira no ciclo 15/16”,
explicou o presidente da DATAGRO,
após final do debate.
Na conferência, o presidente da Organização Mundial do Açúcar (ISO
em inglês), José Orives, fez uma avaliação sobre os impactos no mercado
de açúcar, pós-extinção das cotas de
produção na União Europeia. A região
já foi a maior exportadora de açúcar do
mundo, transformou-se na maior importadora e, neste momento, passa por
um processo de grande transformação,
com recuperação de oportunidade, depois da consolidação que ocorreu e da
asfixiação da produção em uma série
de países da Europa.
De acordo com dados apresentados,
a recuperação ocorre justamente em um
momento no qual a União Europeia caminha a passo largo na direção da liberação das cotas de produção, o que vai
trazer consequências não só pelo aumento da produção de beterraba na Alemanha, mas também pela produção da
glicose do milho, que deve aumentar a
sua industrialização. O painel mostrou
também que existe uma perspectiva de
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
50
expansão do mercado de açúcar, que
deve crescer 41 milhões de toneladas
até 2023, sendo que cerca de 10 milhões de toneladas deverão ser providos
pelos produtores brasileiros.
Com coordenação da presidente da
UNICA (União da Indústria da Cana-de- Açúcar), Elisabeth Farina, e participação de diretores e presidentes de
usinas como São Martinho, Guarani,
Copersucar, Biosev e Raízen foi discutido também no evento o futuro do
etanol hidratado. O painel mostrou que
existe um consenso sobre a importância
do mercado de hidratado e do potencial
de crescimento do mercado de etanol
como um todo. Também foi destacado o
potencial deste mercado em outras geografias, além do Brasil, e a perspectiva
de que continuará crescendo por conta
da expansão projetada das demandas de
combustível nas geografias e principalmente na Ásia.
Ao falar das perspectivas para o
mercado de etanol, Pedro Mizutani,
vice-presidente da Raízen, destacou
os avanços da empresa na produção de
etanol de segunda geração. O executivo ressaltou que o conhecimento é essencial para a fabricação do 2G e que
a equipe envolvida neste novo negócio
da Raízen fez treinamento no Canadá.
Na ocasião, mostrou vídeo da obra da
fábrica da Raízen, que deverá iniciar as
operações comerciais até o final do ano.
A questão da comunicação do setor
com a sociedade foi outro tema abordado na conferência. Os jornalistas
Heródoto Barbeiro, Mariana Godoy,
o diretor do Núcleo de Estudos do
Agronegócio, da ESPM São Paulo,
José Luiz Tejon, e o editor-chefe da
revista IstoÉ, Luiz Fernando de Sá,
falaram sobre a consciência da população em relação ao etanol e ao açúcar. De acordo com eles, é necessário
trabalhar mais ativamente os canais
de comunicação, não apenas para estimular o consumo de etanol e também
de açúcar, como também desmitificar
o setor que tem contribuído muito
para o meio ambiente para o desenvolvimento das pequenas cidades e
para a economia do Brasil.
Destaque VI
Já o painel sobre emissões e meio
ambiente deixou a mensagem de que
a comunidade científica internacional acredita nos biocombustíveis, na
biodiversidade como solução para a
humanidade para controlar os efeitos
da mudança climática e os efeitos do
aquecimento global. Neste sentido, o
vice-presidente da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores), Henry Joseph Jr, também afirmou o interesse da
indústria automotiva e da engenharia
nacional, na possibilidade de desenvolver tecnologia mais avançada para
utilização do etanol, seja para veículos
flex, hídricos ou células a combustível.
O atual momento dos mercados financeiros fez parte da explanação de
Alexandre Figliolino, diretor do Itaú
BBA, que deu um panorama sobre a
situação dos 65 grupos do setor sucroenergético que compõem a carteira do
banco, e afirmou que a dívida aumentou
15%, passando de R$ 39.171 mm da
safra 2012/13 para R $ 44.936 mm, na
safra atual. Já o chefe do departamento
de biocombustíveis do BNDES, Carlos
Eduardo Cavalcanti, contou que o banco de fomento, desde 2008, já liberou
R$ 37 bilhões ao setor sucroenergético,
sendo R $ 6,9 bi no ano passado. Ele
afirmou também que foram financiados
100 projetos de greenfields e expansões, o que representou mais de 50% do
crescimento da moagem entre 2006 e
2014. “O apoio atinge mais de 130 grupos econômicos”, disse ele.
O evento foi encerrado com o painel Tecnologia e Inovação, que contou
com a participação de Celso Procknor,
presidente da Procknor Engenharia e
de Antonio Zem, presidente da FMC,
que palestrou sobre a otimização do
custo da ATR.
“Temos o desafio de fazer com que
a sociedade entenda que este setor é
muito mais do que simplesmente produzir energia limpa e renovável”, finalizou Nastari, lembrando que a próxima edição da conferência acontecerá
nos dias 22 e 23 de setembro de 2015,
não será em outubro, porque no ano
que vem terá Sugar Dinner, em São
Paulo – SP, avisou.
4º Apla/Datagro Business Round
Após a conferência, no
dia 22 de outubro, foi realizada o 4º Business Round
Apla/Datagro, promovido
pelo Projeto Brazil Sugarcane Bioenergy Solution, parceria entre o Apla (Arranjo
Produtivo Local do Álcool)
e Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos).
As 30 empresas brasileiras participantes puderam demonstrar seus produtos, tecnologia, máquinas e equipamentos para 23 representantes de 11
países. Neste dia forma realizadas 412
reuniões, que geraram US$ 55 milhões
em oportunidades de negócios para os
próximos doze meses.
Para o diretor executivo da Associação dos Produtores de Açúcar (Apamo), do Moçambique, João José Paulo
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Jeque, foi importante a participação de
sua entidade nas rodadas de negócio.
“Esta é uma oportunidade muito feliz
para nós, pois estamos num processo de
transição e, nas rodadas, podemos conhecer quem poderá nos fornecer tecnologia para a diversificação de nossos
produtos”, explica. Recentemente, o
governo moçambicano comunicou as
premissas para a criação do ambiente
macroeconômico e legal para a produção de etanol e energia no país.RC
51
Destaque VII
Canaplan estima moagem de 544 milhões de
toneladas na safra 2014/15 do Centro-Sul
Queda de 8,87% em relação ao ciclo 2013/14 só não será maior devido
à resiliência da cana-de-açúcar, afirma consultoria
Andréia Vital
A
safra 2014/15 deverá terminar
com um volume de 544 milhões
de toneladas de cana-de-açúcar
processadas, 52,94 milhões de toneladas a menos do que a produção da safra
passada, que foi de 596,94 milhões de
toneladas no Centro-Sul. A estimativa foi feita pela Canaplan durante a 2ª
Reunião Anual da consultoria, realizada
em outubro, no Centro de Cana – IAC,
em Ribeirão Preto – SP.
De acordo com dados projetados
pela empresa, 57% da matéria-prima
será destinada à produção de etanol,
com volume de 24,8 bilhões de litros
e, os outros 43%, para a produção de
açúcar, que deverá ser de 30,8 milhões
de toneladas. O preço baixo da commodity é a justificativa para que o mix
seja mais alcooleiro. Já a produtividade
deverá ser de 73 toneladas por hectare
e o ATR ficará em 136 kg por tonelada
de cana.
“Quem olha a seca de 2014 imagina
quedas muito maiores e só não foram
porque, embora tenha tido deficit hídrico, em 2013, no final da primavera
e começo de verão ocorreram muitas
chuvas, o que ajudou a sustentar o desastre que foi 2014, caso contrário teria
sido pior”, explicou Luiz Carlos Côrrea
de Carvalho, diretor da Canaplan.
Luiz Carlos Côrrea de Carvalho,
diretor da Canaplan
Opinião compartilhada com o diretor
do Condomínio Agrícola Santa Izabel,
Paulo Roberto Rodrigues. “Ninguém
imaginava que fosse ter uma escassez de
água tão grande quanto essa e eu acho
que produziu muito bem, face a pouca
chuva que tivemos. E isso é para mim a
maior surpresa desta safra, o que comprova a resistência da cana”. Já Marinho
Ortiz Gandini, da Usina São Martinho,
credita à estiagem - a maior nas 43 safras em que ele atuou - quebra de 15%.
“Tivemos aumento de 6% no ATR, o que
nos dá uma redução de 10% na tonelada
de açúcar por hectare”, afirmou Gandini.
Para Carvalho, o setor vive um ciclo
de baixa produtividade, impulsionado
pela severa seca enfrentada no atual ano,
que será quebrado somente com a ajuda
Paulo Roberto Rodrigues, diretor do
Condomínio Agrícola Santa Izabel
de muita tecnologia e inovação. A safra
14/15 também é marcada pela dispersão
de dados, por exemplo, ocorreram quedas
na produtividade agrícola em algumas regiões, como Piracicaba-SP e Araçatuba-SP, ao contrário de outras regiões, que
conseguiram recuperação como em Mato
Grosso do Sul e Goiás, que não sentiram
tanto as intempéries climáticas.
O baixo índice de renovação de canaviais, o clima de 2014, o fechamento de
muitas usinas e outras, em recuperação
judicial, falta de políticas públicas, endividamento maior, dificuldade de acesso
aos créditos e alto nível de falta de segurança prejudicam uma retomada mais ágil
da agroindústria canavieira, afirma ele.
Além disso, o setor enfrentará uma
nova fase com a queda do preço do petróleo, baixo crescimento global e crises
graves na Rússia, Oriente Médio e outros
países, inclusive no Brasil, alerta o consultor, que adverte que mesmo que o clima seja normal em 2015, “o buraco será
mais embaixo” devido às dívidas maiores, canavial velho e gestão complexa.
“Não há nenhuma projeção de cenário
de milagre para 2015. A tendência é que
a safra 15/16 seja menor do que a 14/15,
mas o tanto que ela será menor dependerá
das chuvas”, alega o empresário.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
52
Destaque VII
Brasil influenciará no preço do açúcar
Gareth Forber, representante da
LMC Internacional, uma consultoria estrangeira do setor de agronegócios, lembrou que nos últimos
quatro anos, ocorreram superavit no
mercado de açúcar, com um acréscimo de 25 milhões de toneladas aos
estoques globais, o que mantém as
demandas para a importação baixas e
os preços também. Mas este cenário
deverá mudar já que na Safra mundial, iniciada em outubro de 2014 até
setembro de 2015, a produção cairá
em relação ao ciclo anterior, o que
representará um deficit de 1,5 milhão
de toneladas.
De acordo com Forber, esse deficit,
o primeiro em cinco anos, refletirá no
preço da commodity quando os estoques
baixarem, embora possam reagir antes,
caso a safra no Brasil seja menor, conforme prevê a Canaplan. “Nossa previsão é que o Brasil moa de 560 a 565 milhões de toneladas em 2015 e a produção
de açúcar seja de 31,4 milhões de toneladas, volumes muito maiores do que a
previsão que vi aqui”, alertou ele admitindo que em 2016 a produção deverá ser
menor. “Os preços baixos estão criando
dificuldades para muitas empresas do
mundo inteiro, o que deverá levar a uma
oferta muita mais baixa no futuro”.
Endividamento do setor cresce
O diretor comercial do Itaú BBA,
Alexandre Figliolino, deu um panorama
sobre a macroeconomia e a econômico-financeira do setor sucroenergético e
admitiu, na ocasião, que a dívida líquida
do segmento foi de R$ 44.936 bilhões no
ciclo 2013/2014, 15% a mais do que a
dívida da safra anterior, que era de R$
39.171 bilhões. Já a dívida por tonelada
de cana moída passou de R$ 104 para R$
105 e os custos de produção aumentaram
10%, passando de 38.969 na safra passada para 42.892, na atual. A amostragem
foi feita com base nos 65 grupos sucroalcooleiros presentes na carteira do Itaú
BBA, que corresponde a 72% da moagem do Centro-Sul, com capacidade de
428 mm de toneladas.
“Por mais que tenha sido fundamental
para a deterioração do setor a total ausência de definição de políticas públicas,
sem dúvida as questões climáticas e a
mecanização acelerada das atividades de
colheita e plantio, aliadas à má gestão e
planejamento em uma parte significante
do setor, também tem seu papel de responsabilidade no tamanho da crise que
vivemos”, avaliou o bancário.
De um modo geral, o especialista
acredita que bons ventos voltarão a tocar em direção ao setor com melhora no
preço do açúcar, aumento da gasolina e
retorno na CIDE (Contribuições de In-
Alexandre Figliolino,
diretor comercial do Itaú BBA
tervenção no Domínio Econômico), mas
é preciso estabelecer regras. A cogeração
é a bola da vez do setor, além de uma
série de outros agregadores de valor estarão no radar do setor, pois são muito
importantes para aumentar a continuidade das empresas e baratear diretamente o
custo de produção do açúcar e do etanol.
O executivo revelou também que há
um movimento de consolidação devido
a enorme disparidade de resultados e nível de endividamento no setor, que fará
empresas bem estruturadas do ponto de
vista operacional e com capacidade de
alavancagem financeira, absorverem
outras em dificuldade com as quais haja
bom ganho de sinergias na empresa resultante da aquisição/fusão. Também
existe a tendência que investidores estrangeiros estejam interessados no setor
sucroenergético brasileiro e visem parcerias com grupos já estabelecidos.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Gareth Forber,
representante da LMC Internacional
Delta
sucroenergética
atinge as metas
Antonio Eduardo Tonielo,
Virginia e Robert Lyra
Completando dois anos de criação em
outubro, após cisão das usinas do Grupo
Carlos Lyra, a Delta Sucroenergia está
cumprindo suas metas e todos estão satisfeitos, conta seu presidente Robert Lyra,
que participou da reunião da Canaplan.
De acordo com o empresário, apesar
do contexto global não ajudar, com a
defasagem de preço e questão climática,
que poderá comprometer a safra futura,
a Delta deverá moer neste ciclo 9,6 milhões de toneladas, (com 200 toneladas
de cana bis), contra 9,8 milhões de toneladas processados na safra passada.
Cerca de 14% do canavial da usina
foi renovado, contou Lyra, afirmando
que o objetivo agora é buscar produtividade alta em um canavial mais velho.
Atualmente, a produtividade na usina
Delta é de 80 toneladas por hectare.
53
O caminho do etanol
Ao explanar sobre o mercado de
combustíveis no País, Rodrigo Cáo Pires, da Petrobras, afirmou que dentro
do cenário da estatal não há previsão
de investimentos para a produção de
gasolina e sim somente para refinarias
de diesel. Embora tenha admitido que
o Ciclo Otto (ciclo termodinâmico utilizado nos principais modelos de motores de combustão interna) demandará mais etanol nos próximos anos, o
que provocou um questionamento do
diretor executivo da Bioagência, Tarcilo Rodrigues. “Tenho a impressão
que neste País algumas partes não se
falam, porque se o planejamento da
Petrobras diz que quem vai suprir o
Ciclo Otto é etanol, então isso deveria nortear os investimentos dentro da
Tarcilo Rodrigues, diretor
executivo da Bioagência
Petrobras”, alega, “mas não, pelo que
vimos, a maior empresa do Brasil vai
produzir diesel, com a capacidade de
refino de gasolina estagnada, e ao mesmo tempo não tem oferta de etanol,
isso significa que estamos caminhando
para o caos”, disse ele indignado.
Rodrigues alega também que mesmo que se tivesse um “lampejo de nacionalidade” e se decretasse a volta da
CIDE e que teria uma equiparação de
preços internacionais da gasolina no
Brasil, levaria no mínimo quatro anos
para o setor sucroenergético sanar seus
problemas e poder reagir à demanda.
“O produtor está fazendo a sua lição de
casa todo dia, acorda e dorme pensando em redução de custos e está ao lado
do pessoal de tecnologia, mas não está
aqui a solução”, diz ele. “Há uma desconexão total neste processo de abastecimento neste País, porque se não vai
ter etanol e não tem capacidade de refino de gasolina, nós vamos virar o maior
importador de gasolina do planeta, deixar o nosso lar sujo e as usinas paradas,
olha o contrassenso”, analisa.
“Infelizmente estamos vivendo uma
utopia, um negócio surreal, não é só
Manoel Ortolan, Walter Biagi, da Biosev, Marcos
Landell, IAC e Paulo Carvalho do Grupo Colorado
uma questão de preço. A gente precisa de muito mais, de um planejamento
estratégico de longo prazo, saber sentar com produtor, Petrobras e Governo
com vontade de resolver o problema,
sem isso nós vamos ficar ouvindo história”, conclui o diretor.
Durante a reunião, as empresas
BASF, John Deere, Antoniosi, Bayer,
FMC, Syngenta, DuPont e GAtec mostraram suas tecnologias para o setor
sucroenergético. O próximo encontro
da Canaplan deverá ocorrer em abril de
2015, quando a consultoria dará as projeções para a safra 15/16.
Futuro do setor será brilhante, diz Mônica Bergamaschi
Para a secretária de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo,
Mônika Bergamaschi, que marcou presença na reunião da Canaplan, o futuro
do setor sucroenergético será brilhante.
“Só não consigo ter a mínima noção de
quando este futuro tardará para chegar,
mas fazendo uma rápida análise, não
podemos olhar para frente sem avaliar
o que está acontecendo hoje e o que
aconteceu no passado”, disse lembrando que o setor sucroenergético sempre
soube responder às suas grandes demandas e já enfrentou outras crises.
“É bem verdade que essa é uma crise muito diferente das outras, porque
você tem aspectos políticos externos
interferindo na performance e nós já
estamos deixando pedaços importantes pelo caminho”, ressaltou a secretá-
ria, afirmando que a falta de confiança
geral marca o momento atual, então é
necessária uma mudança de ânimos,
com o restabelecimento da segurança
no setor para que a retomada se inicie
e os investimentos retornem. “Então
temos que caminhar para frente, olhar
para frente, nós sentimos todas as dores
de não crescer, agora queremos sentir
as dores de crescer, então temos a consciência da necessidade de crescer com
sustentabilidade e crescer com sustentabilidade necessariamente passa pela
utilização de energias limpas, de energias renováveis”, pontuou.
Ao ser questionada sobre se manter
na pasta na próxima gestão de Geraldo Alckmin, reeleito como governador
de São Paulo, Mônica alegou que tem
muito a fazer até o final do ano. “Nós
Mônika Bergamaschi,
secretária de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo
ainda temos este mandato com muito
trabalho a fazer e é isso que estamos
cuidando”, alegou ela, explicando que
o período eleitoral é marcado por restrição em relação a muitas ações que
o Governo deveria fazer, por isso “há
muito ainda o que fazer até o final do
ano, depois a gente vê isso”. RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
54
Eventos de novembro de 2014
Workshop Eficiência Energética
Data: 02/12/2014
Hora: 8h às 11h30
Local: Auditório Senai Sertãozinho
Realização Centro de Treinamento SENAI – “Ettore Zanini”
III Simpósio de Agronegócio e Gestão
Data: 4, 5 e 6 de dezembro
Hora: 7h às 19h
Local: Campus da Esalq/Usp – Av. Pádua Dias, 11 – São
Dimas – Piracicaba/SP.
Informações sobre inscrições: (19) 3375-4251 / 33770940 / [email protected] ou acesse www.eventosim.org.br
13º Seminário sobre Produtividade
& Redução de Custos
Data: 03 a 04 de dezembro
Inscrições: Até o dia 02 de Dezembro
Local: Centro de Cana IAC
Endereço: Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, Ribeirão Preto-SP.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Curso de Inseminação
Artificial CRV Lagoa
Tipo de Evento: Curso / Treinamento
Data: 08/12/2014 a 12/12/2014
Cidade: Sertãozinho-SP
Localização do Evento: CRV Lagoa
Site:www.crvlagoa.com.br
Telefone: 016 2105.2299
E-mail: [email protected]
Curso de Casqueamento Preventivo e
Correção de Aprumos em Bovinos
CPT Cursos Presenciais
Data: 16/12/2014 a 18/12/2014
Cidade: Viçosa-MG
Localização do Evento: Unidade de Ensino CPT Cursos
Presenciais
Informações com: CPT Cursos Presenciais
Site: http://www.cptcursospresenciais.com.br
Telefone: (31) 3899.8300
E-mail: [email protected]
Assuntos Legais
55
Queima de Palha de
Cana-de-açúcar
mais uma vitória importante no
Tribunal de Justiça de São Paulo
E
stimados produtores de
cana-de-açúcar, o Departamento Jurídico da Canaoeste, defendendo um de seus
inúmeros associados, obteve
mais uma vez no último dia 06 de
novembro de 2014, importante e
favorável decisão proferida pela
1ª Câmara Reservada do Meio
Ambiente, nos autos da Apelação
n. 0008016-75.2010.8.26.0459,
que reconheceu a aplicação da
Lei Estadual n. 10.547/2000, alterada pela Lei n. 11.241/2002,
regulamentadas pelo Decreto n.
47.700/2003, em detrimento da
legislação utilizada pela CETESB (Lei n. 997/1976 e Decreto n. 8.468/1976).
Parece óbvio, em termos jurídicos, que em se tratando de incêndios ocorridos em canaviais,
deve a legislação específica criada (Lei n. 11.241/2002) definir
as eventuais penalidades a incorrer sobre os infratores. Mas,
na prática, não é o que entende a
CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que
sempre adotou uma questionável
legislação datada do ano 76 (setenta e seis), do século passado.
As penalidades desta última legislação partem de
5.001 UFESPs, o que equivale
hoje a aproximadamente R$100.720,00, INDEPENDENTE
DA ÁREA QUEIMADA, o que
não precisamos dizer ser totalmente desproporcional ao eventual dano ocorrido e, consequentemente, sem razoabilidade a lhe
legitimar constitucionalmente,
significando, ainda, CONFISCO com determinados casos.
No caso analisado, por exemplo,
Juliano Bortoloti
Advogado da Canaoeste
a multa aplicada pela CETESB
foi de 7.500 (sete mil e quinhentas) UFESPs ou cerca de R$151.050,00 (cento e cinquenta e
um mil e cinquenta centavos) em
uma área atingida pelo fogo de
25 (vinte e cinco) hectares.
Entendeu o Tribunal de Justiça
de São Paulo, no corpo da referida decisão, que a multa a ser
aplicada, pela queimada dos 25
hectares de cana, deve observar
sempre o artigo 15, do Decreto
Estadual n. 47.700/2003, decreto este que regulamenta a lei de
queima (Lei n. 10.547/2000), que
fixa a multa em 30 UFESPs por
hectare queimado, o que atinge
hoje cerca de R$-15.105,00.
Referida decisão, aliás, é histórica, pois proferida pela 1ª Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São
Paulo, reconhecendo pela primeira vez a aplicabilidade da legislação especial de queima controlada para as multas decorrentes
de eventuais regularidades, em
detrimento de legislação estranha
ao tema, o que foi, certamente,
o desejo político da sociedade
quando da promulgação da Lei n.
10.547/2000. RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
56
Informações Setoriais
Chuvas de outubro e previsões climáticas
para novembro/14 a janeiro/15
Quadro 1: Chuvas observadas durante o mês de OUTUBRO de 2014.
Engº Agrônomo Oswaldo Alonso
Consultor
A média das chuvas de OUTUBRO de 2014
(39mm) foi muito inferior a da média histórica (114mm) e as do mês de OUTUBRO de 2013
(112mm). Merece lembrar que, na região de
abrangência CANAOESTE, entre os meses de janeiro a outubro deste ano, comparativamente ao
mesmo período de 2013, ocorreram desvios negativos de chuvas em quase todos os meses, exceto
em abril e julho. Vide Quadro 2.
O
mapa 1 mostra que, entre os
dias 13 a 15 (meados) de outubro, a DAAS (Disponibilidade
de Água no Solo), com poucas exceções, apresentava-se em nível crítico
em quase toda faixa Centro-Norte do
Estado de São Paulo. O mapa, logo à
direita, mostra brusco diferencial negativo de DAAS, três-quatro dias depois,
incluindo a faixa Centro-Sul do Estado.
Os Mapas 2 e 3, correspondentes aos
finais de outubro de 2013 e 2014, apresentam certa semelhança entre as DAAS-Disponibilidades de Água no Solo,
quando se observa a metade Centro-Oeste do Estado. O diferencial foi que,
em 2013, ocorreram melhores volumes
de chuvas na faixa Centro - Sul de São
Paulo. O mapa 3, mostra que três dias
antes (26 a 29) toda faixa Sudoeste do
Estado também estava em condição crítica de água no solo.
Os artigos mensais de Informações
Climáticas contam com o trabalho diário de anotações de chuvas dos Escritórios Regionais e, neste mês, condensados em Pitangueiras. Estes dados são
disponibilizados diariamente pelo site
Canaoeste e as suas médias mensais e
as normais climáticas são aqui apresentadas no Quadro 2.
Os dados do Quadro 2 mostram, no
destaque do canto inferior direito, as
expressivas diferenças observadas entre
os totais dos meses de janeiro a outubro
de 2014 e 2013. Em 2013, o acumulado
das médias mensais das chuvas foi pra-
Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 13 a 15 de outubro de 2014
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
ticamente igual ao das normais climáticas. Entretanto, o acumulado das médias mensais das chuvas em 2014 está
sendo praticamente a metade da soma
das normais climáticas, mesmo com a
sua redução em 100mm, provocada pelas menores chuvas durante este ano.
Estas normais climáticas (1.111mm,
em 2013 e 1.020mm, em 2014) se mostram diferentes em função das ponderações das médias históricas (normais
climáticas) nestes dois anos, devido
principalmente, pelos meses de janeiro
e março.
Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre INMET-Instituto
Mapa 2:- Água Disponível no Solo ao
final de outubro 2013.
57
Quadro 2:- Somas das chuvas mensais de JANEIRO a OUTUBRO de 2013 e 2014 anotadas pelos
Escritórios Regionais; bem como, as respectivas médias mensais e normais climáticas.
Mapa 4:- Elaboração CANAOESTE do Prognóstico de
Consenso entre INMET-INPE para novembro(final)
2014 a janeiro 2015
vizinhos são de 170mm em novembro e
270mm em dezembro e janeiro.
OBS:- Normais climáticas (ou médias históricas) correspondem as dos locais enumerados de 1 a 9 e
do Centro de Cana IAC - Ribeirão Preto.
• Nestes meses, as temperaturas tendem a ser próximas a acima das respectivas normais climáticas para toda Região Centro-Sul do Brasil;
categorias (acima, próxima e abaixo
das normais climáticas) em todas as
Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Na
Região Sul, as chuvas poderão ficar
entre próximas a acima das respectivas médias (até a região litorânea
paulista), exceto na faixa norte do
Estado do Paraná, que podem ser próximas aos dos demais estados das regiões acima;
• Pelo consenso climático INMET-INPE, as chuvas poderão ocorrer
com iguais probabilidades para as três
• Tendo como referência o Centro
de Cana-IAC, as médias históricas das
chuvas em Ribeirão Preto e municípios
Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
para os meses novembro (final) 2014
a janeiro 2015, como descrito abaixo e
ilustrado no Mapa 4:
Mapa 3:- Água Disponível no Solo ao final de outubro de 2014.
A SOMAR Meteorologia, pelos modelos climáticos que utiliza, prevê que
as chuvas nesta primavera serão irregulares em volumes, períodos e locais
em quase toda área sucroenergética da
Região Centro-Sul. Por exemplo, em
dezembro as chuvas poderão ser mais
concentradas durante a primeira quinzena. Ainda, tomando-se com referência os mesmos modelos climáticos, a
SOMAR prevê que para os meses de
verão apenas janeiro (mais na segunda
quinzena) poderá ser mais chuvoso.
A Canaoeste recomenda especial
atenção aos produtores de cana que,
pelas atuais previsões, não se “fiem” na
quinzena final de março e na primeira
de abril para efetuarem seus plantios de
cana. A Canaoeste estará sempre atenta,
com previsões mais confiáveis possíveis e com as antecedências necessárias
aos planejamentos de plantio.
Estes prognósticos serão revisados
nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em www.canaoeste.com.
br e www.revistacanavieros.com.br.
Persistindo dúvidas, consultem os
Técnicos mais próximos ou através do
Fale Conosco Canaoeste. RC
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
58
Artigo Técnico
Sistematização de Áreas e Preparo de Solo
André Volpe, Engenheiro Agrônomo da Canaoeste
Breno Henrique de Souza, Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Descalvado
A
colheita mecanizada da cana-de-açúcar é considerada uma
tendência natural do setor sucroenergético. Dessa forma, existe a
necessidade de alterações no modelo
estabelecido de implantação de manejo
dos canaviais, solucionando ou atenuando os problemas relacionados anteriormente, como rendimento de máquinas e queda de produtividade.
A sistematização de uma área está
relacionada diretamente com o rendimento operacional das máquinas, nas
mais variadas operações, incluindo
a colheita, pois a sistematização vai
determinar o percurso destas operações e consequentemente as manobras necessárias.
Entende-se também uma sistematização adequada o melhor preparo do
solo, com uniformidade da profundidade e um razoável nivelamento do terreno, sendo que as ações possibilitam
uma sulcação uniforme e perfeito paralelismo. Neste processo é importante
que as linhas de sulcação sejam bastante alongadas e com menor número
possível de matações, uma vez que com
isso irá reduzir as manobras das máquinas, conseguindo atingir um maior rendimento na colheita.
O planejamento da base física de
uma fazenda ou gleba de plantio de
cana-de-açúcar é uma das ferramentas de mais baixo custo e de grande
impacto nas operações motomecanizadas. Dentre os procedimentos, o
planejamento da sulcação é o que traz
resultados imediatos, pois aumenta o
rendimento das operações, ao mesmo
tempo em que reduz os custos. Praticamente todas as operações do sistema de produção da cana-de-açúcar
seguem as linhas de plantio para a
cultura (plantio em nível). Sobre a sulcação da área é necessário sempre pensar em linhas contínuas
(menor número de sulcos mortos). Com
isso haverá uma redução do número
de manobras necessárias para todas as
operações mecânicas, sejam de plantio
mecânico ou manual, aplicação de defensivos, cultivo de soqueiras e colheita
mecânica. O sucesso da sulcação depende de grande parte do tipo de solo,
declividade, sistema conservacionista,
estruturas de conservação e o tipo de
preparo de solo.
As técnicas de sistematização de solo
têm o objetivo de melhorar a conservação e minimizar as erosões, da mesma
forma que permite a melhor infiltração
e distribuição de água no solo.
A locação de estradas e carreadores
deve ser apropriada para se conseguir
um tráfego na área sem nenhum comprometimento operacional. É preciso
também que as estradas e carreadores permitam a movimentação fácil
a todos os pontos da propriedade,
em qualquer época do ano. Para isso
precisam estar bem alocadas ou dispostas, precisam ser bem construídas
e estarem bem conservadas. Em algumas propriedades não é esta a situação que encontramos. Muitas vezes,
recebem água das glebas vizinhas que
correm sobre elas provocando erosão,
dificultando o tráfego e encarecendo
os trabalhos de manutenção.
Para a implantação de um canavial,
inicialmente se deve fazer o planejamento da área, bem como subdividir os talhões e alocar os carreadores
primários e secundários. Geralmente
os talhões de cana são subdivididos
quanto à topografia e homogeneidade
do solo e apresentam em média 10 a 20
hectares. Devem-se escolher áreas sem
a presença de árvores, cercas, tocos e
pedras que venham a impedir o rendimento das operações.
Os terraços (curva de nível) são
considerados práticas conservacionis-
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
Breno de Souza
André Bosch Volpe
tas que reduzem o volume e a velocidade da água da enxurrada através da
presença de um obstáculo físico (rampa). O tipo adequado de terraço a ser
implantado em determinada área deve
ser escolhido com base na análise das
características da chuva (quantidade,
intensidade, duração e frequência) e
do solo (profundidade, textura dos horizontes e permeabilidade). O conhecimento destes elementos permite que
selecione o tipo de terraço mais apropriado à sua situação. A seleção do tipo
de terraço mais eficiente para o controle da erosão que menores transtornos
causam ao agricultor durante as operações agrícola é feito de acordo com
a topografia do terreno, as características do solo, as condições climáticas,
da cultura ser implantada, o sistema de
cultivo utilizado e a disponibilidade de
máquinas na propriedade.
A diversidade de solos ocupados
para o cultivo de cana de açúcar e as diferentes características de manejo adotadas regionalmente possibilitam uma
série de combinações de máquinas,
implementos e operações distintas de
preparo de solo. Escolher o sistema de
preparo que atenda às condições edafoclimáticas específicas de cada área é
fundamental para o sucesso do cultivo
de cana-de-açúcar. Além destes fatores,
a intensificação da mecanização, principalmente na colheita, trouxe novas características ao ambiente de produção,
como a alta presença de palha e aumen-
59
to de zonas de compactação em subsuperfície, que devem ser considerados
para a escolha do sistema de preparo de
solo adequado.
O preparo do solo deve ser visto
como uma estratégia de manejo, pois
é neste momento que se tem a oportunidade de realizar as correções necessárias em diversos aspectos, sejam eles
ligados à química, física ou biologia do
solo. Desta forma, seguem 3 sistemas
de preparo de solo, descrevendo suas
características e em quais situações
adotar cada sistema.
O preparo convencional é caracterizado pelo intenso revolvimento do solo,
realizado através de diversas operações
subsequentes. Neste tipo de preparo a
utilização de gradagens sequenciais é
comum, seguida de uma aração ou subsolagem e finalizada por uma operação
de nivelamento do solo. Esta modalidade de preparo possibilita a correção
química do solo nas camadas mais profundas com a incorporação de insumos,
assim como a quebra do ciclo de pragas
de solo e plantas daninhas.
O preparo mínimo, também muito
utilizado na cultura canavieira, consiste na eliminação da soqueira antiga
por meio da dessecação (aplicação de
herbicida), seguida por uma ou duas
subsolagens, a fim de romper as camadas de compactação em subsuperfície,
possibilitando uma melhor penetração das raízes para o próximo ciclo
da cultura. Este sistema de preparo é
indicado quando os aspectos químicos
em profundidade estão dentro dos padrões (V% > 30) e não há existência
de pragas de solo (Sphenophorus l. e
Migdolus f.) na área.
O plantio direto tem como princípio
o não revolvimento do solo, mantendo
sua estrutura inalterada. Desta forma, a
eliminação da soqueira é realizada através da dessecação e nenhuma operação
de preparo é realizada. Para a adoção
deste sistema, o solo deve estar com
uma boa fertilidade em subsuperfície e
livre de zonas de compactação, além de
não estar infestado com pragas de solo.
A figura abaixo relaciona os aspectos químicos, físicos e biológicos com
os três tipos de preparo descritos acima,
indicando quando cada sistema de preparo pode ser utilizado e quais características restringem o uso dos sistemas.
Os três fatores considerados são: V%
na camada de 25 a 50 cm, compactação
(resistência à penetração) e presença de
pragas de solo (Sphenophorus l., Migdolus f. e nematoides).
A reforma do canavial deve ser encarada como uma oportunidade. É o momento de planejar, repensar e realizar as correções necessárias, pensando sempre nas
possíveis demandas que possam surgir durante o período de cultivo do canavial.
Neste contexto, a sistematização e o preparo de solo são fundamentais e, quando
bem planejados, possibilitam o aumento de rendimento operacional (redução de
custos), melhor aproveitamento da água e diminuição das zonas de compactação,
refletindo em maior longevidade e aumento de produtividade do canavial.
A equipe de agrônomos da Canaoeste está preparada para esclarecer as dúvidas
pertinentes ao assunto e auxiliar no planejamento para a sistematização das áreas
de reforma e preparo de solo.
Figura 1: Área anterior ao
dimensionamento (sistematização):
Figura 2: Área após o dimensionamento
(sistematizada):
Figura 3: Sulcação em Nível:
Fonte Jairo Mazza
Figura 4: Sulcação Reta:
Fonte Jairo Mazza RC
Fonte: AL GAZON Consultoria e Assessoria Ltda.
Fonte: AL GAZON Consultoria e Assessoria Ltda.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
60
Safra
Acompanhamento da safra 2014/2015
A
seguir são apresentados os dados obtidos
pelos fornecedores de cana até a 2ª quinzena de outubro, referentes à Safra 2014/2015,
em comparação com os da Safra 2013/2014, no
mesmo período. Na Tabela 1 encontra-se o ATR
médio acumulado (kg/tonelada) do início da safra
até a 2ª quinzena de outubro desta Safra em comparação com o obtido na Safra 2013/2014, sendo
que o ATR da safra 2014/2015 está 6,22 Kg acima
do obtido na Safra 2013/2014 no mesmo período.
Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da
Canaoeste das Safras 2013/2014 e 2014/2015
Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste,
até a 2ª quinzena de outubro, da Safra 2013/2014.
Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste,
até a 2ª quinzena de outubro, da Safra 2014/2015
O BRIX do
caldo da Safra
Thiago de Andrade Silva
2014/2015 fi- Gestor de Planejamento, Controle
e Topografia da Canaoeste
cou equiparado
no mês de março e na 2ª quinzena de
maio, ficando acima no mês de abril,
na 1ª quinzena de maio, nos meses de
junho, julho, agosto, setembro e outubro com maior acentuação a partir da
2ª quinzena de junho em relação ao da
Safra 2013/2014. Na média, o BRIX do
caldo obtido nesta safra está 5,7% superior ao da safra 2013/2014.
O gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na Safra 2014/2015
em comparação com a Safra 2013/2014.
Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do Caldo, sendo que na
média, nesta safra de 2014/2015, a POL
do caldo está 4,8% superior a da safra
2013/2014.
As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da
qualidade tecnológica da matéria-prima nas
safras 2013/2014 e 2014/2015, respectivamente, no período de abril a agosto de 2014.
O gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da Safra
2014/2015 em comparação com a Safra
2013/2014.
Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
O gráfico 3 contém o comportamento
da Pureza do caldo na Safra 2014/2015
em comparação com a Safra 2013/2014.
Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014
61
Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014
Gráfico 4 – Comparativo da Fibra da cana
Gráfico 5 – POL da cana obtida nas Safras 2014/2015 e 2013/2014
Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
62
A Pureza do caldo da Safra 2014/2015
ficou muito abaixo da obtida na Safra
2013/2014 no mês de março, ficando
acima nas duas quinzenas do mês de
abril, ficando próximo no mês de maio e
pouco abaixo nos meses de junho, julho,
agosto, setembro e outubro, equiparando
na 1ª quinzena de agosto.
O gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na Safra 2014/2015
em comparação com a Safra 2013/2014.
A Fibra da cana na Safra 2014/2015
ficou muito acima daquela obtida na
Safra 2013/2014 nos meses de março,
abril, setembro, outubro e 1ª quinzena de maio, abaixo no mês de junho
e acima na 2ª quinzena de maio e nos
meses de julho e agosto, ficando na média 0,6% superior à observada na safra
2013/2014.
O gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na Safra 2014/2015
em comparação com a Safra 2013/2014.
A POL da cana na Safra 2014/2015
ficou muito abaixo da obtida na safra
2013/2014 no mês de março, ficando
acima no mês de abril, na 1ª quinzena
de maio e nos meses de junho, julho,
agosto, setembro e outubro, se equiparando na 2ª quinzena de maio e, na média, encontra-se 4,7% superior a da Safra
2013/2014. O gráfico 6 contém o comportamento do ATR na Safra 2014/2015
em comparação com a Safra 2013/2014.
O ATR, expresso em kg/t de cana na
Safra 2014/2015, ficou muito abaixo do
obtido na safra 2013/2014 no mês de
março, muito acima nos meses de abril,
junho, julho, agosto, setembro e outubro, com menor proporção na 2ª quin-
Safra
zena de setembro, se equiparando no mês de maio,
apresentando,
portanto,
comportamento semelhante
ao da POL da cana, tendo
em vista que a mesma participa com 90% do ATR. Na
média, o teor de ATR desta
safra está 4,7% superior ao
da safra anterior.
O gráfico 7 contém o comportamento da precipitação
pluviométrica registrado na
Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014.
A precipitação pluviométrica média observada nos
meses de janeiro, fevereiro,
março, maio, junho e outubro de 2014 ficaram muito
abaixo da obtida em 2013
e abaixo no mês de abril. A
precipitação pluviométrica
ficou acima nos meses de
julho e setembro, e equiparada no mês de agosto.
Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva)
registrada em 2013 e 2014
Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica por Trimestre,
em 2013 e 2014.
O gráfico 8 contém o
comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por
Trimestre na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014.
Em 2014, observa-se um volume de
chuva muito abaixo no 1º trimestre, no
2º trimestre, no 4º trimestre e acima no
3º trimestre, se comparado aos volumes
médios de 2013.
A precipitação pluviométrica do mês
de setembro, apesar de amenizar o impacto do deficit hídrico, não foi suficiente para viabilizar a recuperação do
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
crescimento vegetativo perdido ao longo
da safra, onde a cana colhida em julho
aparenta estar com o mesmo tamanho de
uma cana colhida em setembro. Portanto, a produtividade continua comprometida, devido ao estresse hídrico ocasionado pela estiagem e o teor de ATR se
manteve próximo desde a 2ª quinzena de
setembro e muito acima se equiparado
ao teor médio de ATR registrado na Safra 2013/2014. Levando em conta todo o
cenário, o ATR médio ficou 6,43 kg acima do obtido na Safra 2013/2014, até a
2ª quinzena de outubro. RC
63
VENDEM-SE
- caminhoneta, F-350, 2001;
- caminhoneta, Ranger, 2004;
- trator 275 nº 12 MF, 1991;
- trator 275 nº 13 MF, 1991;
- trator 275 nº 17 MF, 1993;
- trator 275/4 nº19 MF, 2000;
- trator 620/4 nº06 MF, 1994;
- trator 292/4 nº08 MF, 2003;
- trator 1780/4 nº03 Valmet,1990;
- plantadeira nº 22 JM 2670 PD, 2009;
- plantadeira nº 23 JM 2670 PD, 2011;
- plantadeira nº 24 JM 2670 PD, 2010;
- plantadeira nº 43 JM 2980 PD EX,
2002;
- transbordo nº 50 Rinnus, Agromer,
1999;
- colhedeira nº47, D Master III,
MIAC, 2011;
- colhedeira nº49, D Master III,
MIAC, 2011;
- colhedeira nº46, D Master III,
MIAC, 2011;
- colhedeira nº45, D Master III,
MIAC, 2005;
- colhedeira nº52, Twin, MIAC, 2013;
- arrancador nº 69, verde e amarelo
OBB, 1999;
- arrancador nº 68, azul e preto, OBB,
2000;
- arrancador nº 70, verde e laranja,
Santal, 2001;
- arrancador nº 59, AIA BM 4 litros
BM Dumont, 2012;
- pulverizador, Advanced, Jacto, 2003;
- pulverizador, Columbia, Jacto, 1995.
Tratar com Adailton pelo telefone
(16) 9 9174-4912
VENDE-SE
- Destilaria completa com capacidade
para 150.000 litros de etanol hidratado
por dia: composta por preparo de cana
com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários
TGM; caldeira; destilaria; trocadores
de calor; tratamento de caldo e Gerador
2000 KVA, enfim Destilaria completa
a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente
350.000 toneladas. Preço a combinar.
Localizada no município de Tambaú-SP.
Tratar com Edson pelos telefones e/ou
e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 9381-3513
/ 9 9219-4414
e-mail: [email protected]
VENDEM-SE
- motor de 75CV com bomba KSB
100/6 revisada e sem uso;
- chave de partida ‘’ a óleo”,
- transformador de 75 KVA;
- postes duplo T de cimento;
- chaves de alta, para raios, cabo e etc.
Tratar com Francisco pelo telefone
(17) 9 8145-5664
VENDEM-SE
- grade aradora de arrasto, Tatu 24
discos de 26” mancal de atrito 23cm de
espaçamento, perfeito estado;
- rolo faca com 09 facas e 2m de largura, ótimo estado.
Tratar com Rodrigo Gugliano pelos
telefones e e-mail (11) 9 8319-9913 ou
(11) 3596-7474 [email protected]
VENDE-SE
- Cultivador marca DMB Novo São
Francisco para cana crua e queimada, com
haste dupla e com motor hidráulico. Acompanha asas para sulcar e marcador de banquetas com pistão. Valor: R$16.000,00
Contatos com proprietário: (16) 9
9609-5158 ou (16) 9 97660328 com
Edinelson/Edenilson
VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE
- Destilaria de Cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia).
Esteira de cana inteira, picador com 22
facas, esteira de cana picada, dois ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira
Johnson, cush-cush. Caldeira de 113
m². Máquina a vapor de 220 HP (toca
os ternos e o picador). Seis dornas de
fermentação de 10.000 litros cada. Destilaria de bandeja/calota A e B de 600
mm de diâmetro com trocador de calor. Dois tonéis de madeira amendoim
com capacidade de 50.000 litros cada.
Valor R$ 600.000,00. Estudo troca por
imóvel. Localização: Laranjal Paulista. Tratar com Adriano pelos contatos:
[email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube.
com/watch?v=_mzWp3PCavA
VENDEM-SE
- Fazenda na região de Sud Minnucci
- SP, 70 alqueires toda em pasto, terra
de cultura, topografia plaina, 2500m à
beira do Rio Tietê. Excelente para qualquer tipo de cultura, inclusive em criação de peixe, “Riquíssima em água”;
- Sítio na região de Severínia - SP, 8,7
alqueires, tendo 2800 pés de seringueira,
com 2300 pés em ponto de sangria. Casa
de sede muito boa, uma casa de empregado, 2 barracões, poço artesiano, campo de
futebol, a cerca de 20 minutos do Thermas dos Laranjais e 30 minutos da Festa
do Peão de Barretos. Área de reserva legal. Excelente para investidor de turismo;
- Colheitadeira Santal 2008 Tander.
R$ 50.000,00.
Tratar com Maurício pelo telefone
(17) 9 9236-7838
VENDEM-SE
- Ordenhadeira Mecânica completa
com 4 unidades, Usinox. Obs: também
funciona quando ligada no trator;
- Tanque de 550 litros, Purinox.
Tratar com José Augusto pelo telefone (16) 9 9996-2647
VENDE-SE OU ALUGA-SE
- Salão medindo 11,00 metros de frente
por 42,00 metros de fundo 462 metros,
possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes 1872,
Centro, Sertãozinho-SP, preço a combinar.
Tratar com César pelo telefone (16) 9
9197-7086
VENDEM-SE
- Fazenda de cana na região de Franca-SP, área de 450 alqueires, 330 alqueires em cana já arrendada para usina, 3
km do asfalto média de 50 a 60 km das
usinas Batatais, Buritizal, Cevasa-Cargil, casa sede, 3 casas de funcionários, 1
curral completo, documentação ok;
- Fazenda de cana na região de Rancharia-SP, área de 650 alqueires, 500
alqueires de cana própria, ótima topografia, estrutura completa, posto de
combustível, oficina e etc. (aceita ate
50% em permuta) documentação ok.
Tratar com Miguel pelo telefone (16)
9 9312-1441
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
64
VENDEM-SE
- Fazenda na região de Rancharia-SP,
620 alqueires, 500 alqueires em cana
própria 1º e 2º corte, próximo a Usina
Cocal, estuda prazo e permuta;
- Sítio na região de Cajuru, 9 alqueires, 6 em cana, 3 reserva, pasto e área
para lazer R$ 900.000,00;
- Apartamento 2 dorms., 1 suíte próximo a faculdades;
- Casa em condomínio de alto padrão
em Ribeirão Preto, 3 suítes, sala, cozinha integrada com área de lazer, piscina, hidro, completa em armários, clube
com toda estrutura para esporte e cultura.
- Fazenda de Gado com 550 alqueires
a 60 km de Ribeirão, fartura em água,
casa sede, caseiro, asfalto na porteira da
Fazenda, totalmente mecanizada.
Tratar com Paulo pelos telefones (16)
3911-9970 (16) 9 9290-0243.
VENDE-SE
- Silagem de milho, produzido e armazenado na Propriedade Rural Fazenda
São José-Pitangueiras/SP
Tratar pelo telefone (16) 3952-1443
VENDE-SE
- Sítio com 05 hectares, localizado na
altura do Km 11,5 da Rodovia Abrãao
Assed, a 30 minutos de Ribeirão Preto,
fazendo frente com a Rodovia. Localizada a 3 Km de Santa Cruz da Esperança e 10 Km de Cajuru. Todo cercado,
repleto de benfeitorias, mina de água
de alta qualidade e disponibilidade,
com sistema de alimentação em toda a
propriedade (casa sede, casa do caseiro, baias, curral e outras dependências),
sistema de represa com peixes, com
captação de água através de bomba elétrica de 10Hp e através desta distribuição por sistema de irrigação por toda a
propriedade, cachoeira de aproximadamente 12m de altura em um riacho de
uma das divisas da propriedade, entre
outras comodidades. Preço: A combinar
Tratar com Maurício Pires de Moraes
pelo telefone (16)9 9103-7271
VENDEM-SE
- Plantadeira Baldan solografic, 8 linhas, plantio direto, ano 1999;
- Plantadeira Balban solografic, 8 linhas, plantio direto, ano 2004;
- Colheitadeira Massey Ferguson
3640, série 300.000, com plataforma de
soja, ano 1987;
- Camionete F250, ano 2001.
Tratar com Carlos Eduardo pelos te-
lefones: (16) 3947-5268 (16) 9 92539266 ou (16) 9 9455-0990
VENDE-SE
- Cultivador marca DMB, novo São
Francisco para cana crua e queimada,
com haste dupla e com motor hidráulico. Acompanha asas para sulcar e marcador de banquetas com pistão. Valor:
R$16.000,00. Jaboticabal-SP.
Tratar com Edinelson e Edenilson pelos telefones: (16) 969095158 ou (16) 9
9766-0328
VENDE-SE
- Trator 292 MF, traçado, 2007.
Tratar com Saulo Gomes pelo telefone (17) 9 9117-0767
VENDE-SE
- Ônibus Mercedes Benz – Of 1318,
ano 1994;
Tratar com Marcio José Sarni pelos
telefones: (16) 9 9101-5687 (16) 39464200 (ramal 141)
VENDEM-SE
- Caminhão VW 26310, ano 2004 canavieiro 6x4, cana picada;
- Carreta de dois eixos, cana picada –
Rondom.
Tratar com João pelos telefones: (17)
3281-1359 ou (17) 99732-3118.
VENDE-SE
- Cama de frango
Tratar com Luiz Martins pelo telefone: (16) 9 9967-7153 ou José Jovino
Borges pelo telefone: (16) 3839-5350
- Ituverava/SP.
VENDEM-SE
- Duas casas, no mesmo terreno, com
três cômodos cada, localizada à Rua.
Pedro Biagi, 789 em Sertãozinho-SP.
Valor: R$ 230.000,00;
- 01 estabelecimento comercial, montado com base para Academia, em um
terreno de 200m², contendo uma casa
de laje com dois quartos, sala, cozinha,
copa e banheiro e, ainda, uma sala comercial para escritório. O estabelecimento fica localizado à Rua. Ângelo
Pignata, 23 em Sertãozinho-SP. Valor:
R$ 230.000,00.
- 01 casa de aproximadamente 500m²
com seis cômodos e dois salões comerciais com banheiro, separado da casa,
localizada à Rua. Augusto Zanini, 1056
Sertãozinho-SP. Preço a combinar.
Tratar com João Sacai Sato pelo telefone (16) 3610-1634.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
VENDE-SE
- Área para reserva legal localizada
em Buritizal-SP. Valor: R$ 15.000,00 o
hectare em mata fechada;
- Um sítio de 70 hectares em Coromandel-MG bom para café, com casa,
energia, formada 30 hectares em Braquiarão, 10 hectares em campo, 7 hectares em lavoura e 1 hectare em eucalipto de 30 anos, restante mata em terra
de cultura, represa. Aceita troca por
imóveis urbanos. Valor: R$500.000,00.
Tratar com José Antônio pelo telefone: (16) 9 91425362.
VENDEM-SE
- Fazenda região de Rancharia/SP.
Possui 569 alqueires, 25 divisões de
pasto, quatro piquetes mais confinamento para 500 bois, 500 cabeças de
gado (vaca, bezerro, boi), um curral
grande completo, um curral só com
bretes, um barracão de estrutura metálica, um barracão de telhas francesas,
200 alqueires de pasto novo (três anos),
cercas novas de cinco fios e cinco casas
de caseiro.
- Fazenda (agricultura/pecuária) em
Martinópolis/SP, próxima à rodovia
Raposo Tavares (16 km). Possui área de
1818 alqueires, 360 alqueires de reserva legal, 900 alqueires para agricultura,
566 alqueires para pastagens, confinamento para 3.000 cabeças, quatro currais completos, terra mista com prática
de agricultura de soja e milho, estrutura completa (casas de caseiro, oficina,
borracharia, tanque de diesel) e pista de
pouso asfaltada.
Tratar pelo telefone: (16) 9 92818932.
VENDEM-SE
- 01 transformador de 45 KVA. Valor:
R$ 1.500,00;
- Apartamento no Guarujá, localizado na praia de Astúrias. Possui quatro
suítes, três salas, copa, cozinha, quarto
para empregada, piscina na sacada do
apartamento, quatro vagas na garagem,
área comum com piscina aquecida, salão de jogos e festa, churrasqueira, quadra e sauna. Valor: R$ 1.980.000,00.
Tratar com Wilson pelo telefone (17)
9 9739-2000 – Viradouro/SP.
VENDEM-SE
- Colheitadeira Case A7700, ano
2009, - 7700, esteira, motor Cummins
M11, máquina utilizada na última safra.
Valor: R$ 145.000,00;
- Colheitadeira Case A8800, ano
65
2011, esteira máquina na colheita de
cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00;
- Colheitadeira Case A7700, ano
2007, série 770678, motor Scania, motor novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 130.000,00;
- Colheitadeira Case 8800, ano 2010,
motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 260.000,00.
Tratar com Marcelo pelos telefones:
(16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664.
VENDEM-SE
- 02 uniport. Modelos disponíveis: 2500
EJ (anos 2003/2004); 3000 EJ (anos
2003/2004); 2500 Star (anos 2009/2010)
e 3000 Hidro 4x4 EJ (ano 2004).
Tratar com Moacyr pelo telefone: (16)
9 8112-0770.
VENDEM-SE
- VW 15-180 / 12 Borrachero Móvel
Gascom;
- VW 26-260 / 11 Comboio Gascom
Lubrificante e Abastecimento. 9.000
litros;
- VW 15-180 / 11 Oficina Móvel Gascom;
- VW 13-180 / 11 Pipa Bombeiro
10.000 litros;
- VW 31-320 / 10 Tanque Gascom
20.000 litros pipa bombeiro;
- VW 15-180 / 10 Comboio Gascom
Lubrificante e Abastecimento. 6.000
litros;
- VW 15-180 / 09 Comboio Impacto
Lubrificante e Abastecimento 6.000 litros;
- VW 13-180 / 09 Comboio Gascom Lubrificante e Abastecimento 4.000 litros;
- VW 12-140 / 96 Oficina Móvel Gascom;
- MB 2726 / 09 Betoneira 8m³;
- MB 2423k / 09 Basculante 12m³;
- MB 1725 / 09 4x4 Comboio Abastecimento Diesel 10.000 litros;
- MB 2423k / 04 Basculante 12m³;
- MB 2423k / 01 Tanque 15.000 litros
Pipa Bombeiro;
- MB 1214 / 97 Oficina Móvel;
- MB LA 1418 / 95 4x4 chassi;
- MB 2318 / 94 Tanque 12.000 litros
Pipa Bombeiro;
- MB 2213 / 81 Tanque 14.000 litros
Pipa Bombeiro;
- MB 1113 / 72 Tanque 7.000 litros
Pipa Bombeiro;
- MB 1113 / 69 Toco Chassi;
- F.Cargo 1719 / 13 Toco Chassi;
- F.Cargo 2628 / 07 Basculante 12m³;
- F.Cargo 2626 / 05 Tanque 16.000 litros Pipa Bombeiro;
- F-12000 / 95 Tanque 10.000 litros
Pipa Bombeiro;
- F-14000 / 90 Tanque 9.000 litros
Pipa Bombeiro;
- Carreta Prancha Facchini 2008 3 eixos rebaixada;
- Toyota Hilux SRV 2010, Prata, automática, 4x4, diesel, 50.000km;
- GM S10 Executive 2007 Prata 4x4
diesel;
- Caçamba Basculante Toco 5m³;
- Tanque de Fibra 16.000 litros;
- Tanque de Ferro 15.000 litros;
- Baú Sider 6.50 metros;
- Comboio Gascom 2.000 litros Lubrificante e Abastecimento;
- Munk Hincol 43.000 ano 2012;
- Munk Hincol 31.000 ano 2010;
- Munk Masal 12.000 ano 2004;
- Munk Munck 640-18.
Contato Alexandre (16) 39451250 / 9
97669243 oi / 9 92402323 claro, whatsApp / 78133866 id 96*81149 nextel
VENDE-SE
- Trator Valtra Modelo BH 180, ano
2006, com 7055 horas trabalhadas, “cabinado” de fábrica, completo 4x4 com kit
de freio boca de lobo (para puxar carreta).
Tratar com Marco Antônio Oliveira
pelo telefone: (16) 9 9166-4286
VENDE-SE
- Uma área de 23,5 alqueires em Ituverava, ideal para reserva.
Tratar com Paulo Pínola pelo telefone: (16) 3839-7506.
VENDEM-SE
- Atomatizador marca FMC com capacidade para 4000 litros, ano 2004 seminovo R$12.000,00;
- Grade niveladora de arrasto com 42
discos de 18 polegadas R$2.500,00;
- Bazuca com capacidade de 6.000 Kg
R$ 4.000,00;
- Pá carregadeira, modelo 938 GII,
ano 2006 série 0938 GERTB em bom
estado de conservação. R$ 180.000,00;
- Conjunto de irrigação completo com
Ferti-Irrigação, filtro de areia e gotejador Uniram Flex 2,31 x 0,70m com +\30 mil metros, sem uso R$ 52.000,00;
- Trator modelo BH 205, gabinado
completo com ar condicionado e hiflow, ano 2010 com 4.241,3 horas de
uso R$ 120.000,00;
- Trator modelo BH 205, gabinado
completo com ar condicionado e hiflow, ano 2010 com 5.356,1 horas de
uso R$ 120.000,00.
Tratar com FURTUNATO pelos telefones (16) 3242-8540 – 9 9703-3491
[email protected] a combinar
VENDEM-SE
- Terreno para construção de rancho
entre Sertãozinho e Pitangueiras, (Vale
do Mogi) área: 1.200 m²;
- Rancho entre Sertãozinho e Pitangueiras, (Vale do Mogi) área construída: 140 m², área total: 7.000 m²;
Pomar todo alambrado, documentação e parte ambiental ok.
Tratar com André Tonielo pelo telefone (16) 9 9139-8664.
VENDEM-SE
-Trator MF 680 “cabinado” ano 2006,
motor com 1000 horas, em boas condições;
- L200, traçada, cor branca, ano 2006,
com ar-condicionado.
Tratar com Raul pelo telefone (34)
9972-3073.
VENDEM-SE
- Cultivador e sulcador de cana DMB,
com marcador de pistão completo para
cana crua e queimada, ano 2004.
- Grade Aradora Tatu, 14x28 espaçamento 270mm, ano 2004.
- Grade aradora Civemasa, 16x34 espaçamento 360mm (seminova).
- Carreta de plantio de cana-de-açúcar, com assoalho novo, comprimento
4 metros com um eixo e dois pneus
900x20.
- Plantadeira PH 2700 de 4 linhas
plantio convencional, toda reformada e
revisada.
- Grade Niveladora Piccin 48x22, grade conversada.
Tratar com Waldemar pelos telefones: (16) 3042-2008/ 99253-6989 /(16)
98186-9035 (Tim) / 99739-6005 (Vivo).
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Cabe ao consumidor assegurar-se de que o negócio é idôneo antes de realizar qualquer transação.
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exclusivamente de disponibilização de mídia para divulgação. A transação é feita diretamente entre as partes interessadas.
Revista Canavieiros - Novembro de 2014
66
Biblioteca “General Álvaro
Tavares Carmo”
Will & Will
Um nome, um destino
Cultivando
a Língua Portuguesa
Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer
algumas dúvidas a respeito do português.
...e a cada dia que levanto curvo-me frente a Deus. Agradeço-o. Renovo
meu contrato de vida. Livro: Trechos Tecidos com Palavras... Sentimentos...
Afins... Sem Fim... Madras, Editora - Renata Carone Sborgia
Renata Sborgia
1) Maria preparará a deliciosa receita de salada que terá “salchicha”!
... não será tão deliciosa assim, Maria, com o ingrediente escrito errado!
O correto é: salsicha
2) Foi aquele tumulto por causa da “largatixa” que apareceu na sala de aula!
... e o tumulto continuou com a grafia errada!
Sem tumultos com a palavra!
O correto é: lagartixa
3) “Fazem” vários dias que Pedro não fala com Maria.
...continuará não falando com o verbo conjugado errado!
O correto é: faz
Regra fácil: O Verbo Fazer indicando tempo decorrido (passado) nunca vai
para o plural.
“Em uma noite fria, em uma improvável
esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes
dividem o mesmo nome. E, aparentemente, apenas isso os une. Um Will é amigo do
mais expansivo gay de sua escola. O outro
precisa explicar à própria mãe sua orientação sexual.
Mas, mesmo circulando em ambientes
completamente diferentes, os dois estão
prestes a embarcar em uma aventura de proporções épicas.”
(Trecho extraído da “orelha” do livro)
PARA VOCÊ PENSAR:
...e foi na curva que a reta entortou-se para o encaixe. E encaixados ouviram
suspiros em espiral. Amávamos de forma tortuosa e sinuosa... amávamos numa
geometria somente compreendida por nós. Éramos o avesso encaixados. Livro:
Trechos Tecidos com Palavras... Sentimentos... Afins... Sem Fim... Madras, Editora - Renata Carone Sborgia
Coluna mensal
* Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua
Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de
vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria.
Referência:
GREEN, John. Will & Will: um nome,
um destino. 7ªed. Rio de Janeiro: Galera
Record, 2014.
Os interessados em conhecer as sugestões
de leitura da Revista Canavieiros podem
procurar a Biblioteca da Canaoeste.
[email protected]
www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste
Fone: (16) 3524-2453
Rua Frederico Ozanan, nº842
Sertãozinho-SP
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