Especial Pragas - Revista Canavieiros
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Especial Pragas - Revista Canavieiros
1 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 2 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Editorial A 3 Combatendo as pragas revista de novembro traz uma matéria especial sobre as alternativas de combate às pragas da cana-de-açúcar, inimigas que vêm causando grandes prejuízos aos canaviais, mas, por outro lado, novas tecnologias surgem como alternativas como solução destes problemas. Como no caso do projeto Harpia, que possibilitou localizar áreas infestadas através de imagens coletadas via satélite. A ferramenta foi disponibilizada aos associados da Canaoeste, por meio de parceria entre a entidade e a BASF. O especial mostra também a cobertura de eventos como o II Encontro Técnico sobre Pragas Canaoeste e o Experts Cana, além de lançamento de produto para ajudar no controle e manejo das pragas. O destaque do mês fica por conta dos resultados do projeto Caminhos da Cana, como também de matéria que mostra que a FAO-ONU aponta o Brasil como principal ator para suprir a demanda de alimentação global. Também tem destaque a inauguração da misturadora de fertilizante da Yara, em Sumaré-SP, a cobertura da Conferência Internacional DATAGRO sobre Etanol e Açúcar e a reunião da Canaplan, que estima moagem de 544 milhões de toneladas na safra atual. Outro destaque é a matéria que mostra que investir em irrigação é uma alternativa para aumentar a produtividade dos canaviais brasileiros. A edição 101 traz ainda entrevistas com Arnaldo Jardim, deputado federal (PPS-SP), e com José Orive, presidente da Organização Internacional do Açúcar (ISO na sigla em inglês). Além da Coluna Caipirinha, assinada pelo Professor Marcos Fava Neves, opinam no “Ponto de Vista”, Guilherme Nastari e Ciro Antonio Rosolem. Já o engenheiro agrônomo da Canaoeste, André Volpe, assina artigo técnico sobre a sistematização de áreas e preparo de solo. As notícias do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, assuntos legais, informações setoriais, classificados e dicas de leitura e de português também podem ser conferidos na revista de novembro. Boa leitura! Conselho Editorial RC Expediente: Conselho Editorial: Antonio Eduardo Tonielo Augusto César Strini Paixão Clóvis Aparecido Vanzella Manoel Carlos de Azevedo Ortolan Manoel Sérgio Sicchieri Oscar Bisson Editora: Carla Rossini - MTb 39.788 Projeto gráfico e Diagramação: Rafael H. Mermejo Equipe de redação e fotos: Andréia Vital, Carla Rodrigues, Fernanda Clariano, Igor Savenhago e Rafael H. Mermejo Comercial e Publicidade: Marília F. Palaveri (16) 3946-3300 - Ramal: 2208 [email protected] Impressão: São Francisco Gráfica e Editora Revisão: Lueli Vedovato Tiragem DESTA EDIçÃO: 21.500 exemplares ISSN: 1982-1530 A Revista Canavieiros é distribuída gratuitamente aos cooperados, associados e fornecedores do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred. As matérias assinadas e informes publicitários são de responsabilidade de seus autores. A reprodução parcial desta revista é autorizada, desde que citada a fonte. Endereço da Redação: A/C Revista Canavieiros Rua Augusto Zanini, 1591 Sertãozinho – SP - CEP:- 14.170-550 Fone: (16) 3946.3300 - (ramal 2008) [email protected] www.revistacanavieiros.com.br www.twitter.com/canavieiros www.facebook.com/RevistaCanavieiros Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Foto: Rafael Mermejo 4 Ano VIII - Edição 101 - Novembro de 2014 - Circulação: Mensal Índice: Capa - 22 Especial Pragas: Pragas sob controle O projeto Harpia, uma parceria da Canaoeste com a BASF, coletou imagens de canaviais via satélite e mapeou áreas de baixa biomassa, E mais: permitindo um controle mais rápiPontos de Vista do e eficaz em casos de infestação Ciro Antonio Rosolem por pragas .....................página 12 05 - Entrevista Coluna Caipirinha .....................página 14 Arnaldo Jardim Destaques: Deputado Federal “A crise exige otimização de esforços e o setor tem feito a lição Inauguração da Yara .....................página 36 de casa” Produção de alimentos até 2050 .....................página 38 10 - Ponto de Vista Guilherme Nastari Diretor da DATAGRO Em busca da produtividade de três digitos .....................página 42 Caminhos da Cana chega ao fim .....................página 44 Irrigacana .....................página 46 16 - Notícias Copercana - Copercana é parceira do Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas de Campo Florido 18 - Notícias Canaoeste - Presidente da Canaoeste participa de 7º Congresso da UDOP - Reuniões Técnicas Canaoeste 20 - Notícias Sicoob Cocred - Balancete Mensal 58 - Artigos Técnicos - Sistematização de Áreas e Preparo de Solo. A colheita mecanizada da cana-de-açúcar é considerada uma tendência natural do setor sucroenergético. Dessa forma, existe a necessidade de alterações no modelo estabelecido de implantação de manejo dos canaviais... Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Conferência Internacional Datagro .....................página 48 Canaplan .....................página 51 Agende-se .....................página 54 Assuntos Legais .....................página 55 Informações Setoriais .....................página 56 Acompanhamento da safra .....................página 60 Classificados .....................página 63 Cultura .....................página 66 5 Entrevista I “A crise exige otimização de esforços e o setor tem feito a lição de casa” Eleito para o terceiro mandato consecutivo de deputado federal por São Paulo, com 155.278 votos, que o colocaram entre os 30 mais lembrados pelos eleitores do Estado, Arnaldo Jardim (PPS-SP), de 59 anos, assumiu, há um ano e meio, a missão de conduzir a Frente Parlamentar pela Valorização do Setor Sucroenergético, pela qual vem intermediando tentativas de diálogo entre lideranças da cadeia produtiva da cana-de-açúcar e o Governo Federal. A tarefa da frente não é nada fácil: convencer a Presidência da República de que é preciso rever pontos da política econômica, que prioriza o controle da inflação por meio do congelamento do preço da gasolina, para que a expansão canavieira retome o ritmo esperado, visando atender às demandas mundiais por energia limpa e renovável. Nesta entrevista, ele aborda as principais reivindicações do setor, as propostas que espera ver atendidas, o investimento em pesquisas e no desenvolvimento de novas tecnologias, os desafios diante da crise e as projeções para os próximos anos. Arnaldo Jardim Igor Savenhago Revista Canavieiros: Qual a sua avaliação sobre a situação do setor sucroenergético? Arnaldo Jardim: É uma situação muito difícil. Tivemos, nos últimos quatro anos, no governo Dilma, 60 usinas que fecharam. Temos outras 70 em recuperação judicial e, não bastasse isso, houve desmantelamento muito importante do setor. É só olharmos para a indústria de base de Sertãozinho-SP, as demissões que ocorreram e a interrupção de encomendas. O mesmo aconteceu no polo fornecedor de equipamentos de Piracicaba-SP. E tão decisivo é o fato de que, no momento em que estávamos ganhando credibilidade internacional com o nosso etanol, já que o etanol à base de milho definha nos Estados Unidos – um cenário, portanto, que se abria –, nós introduzimos uma incerteza sobre a real capacidade de produzirmos nosso etanol. E essa crise, que origem ela tem? Será que temos uma nova praga que comprometeu a produtividade? Não. Embora a mecanização tenha trazido uma nova situação, como a ocorrência de cigarrinhas, são problemas menores diante da dificuldade que estamos vivendo. Surgiu um novo combustível, mais amigável ambientalmente? Não. Mais barato? Não também. A crise foi gerada de fora para dentro, a partir de uma manipulação que o Governo fez do preço dos combustíveis. Na paridade assentada em torno de 70%, o etanol acabou vivendo as consequências do congelamento do preço da gasolina. E a Petrobras arcou com os prejuízos inerentes a isso. Pagou um preço que foi alto, que está sendo alto. A Petrobras perdeu valor de mercado. E não estou falando dos malfeitos, que, infelizmente, são tantos na sua gestão. Falo, estritamente, da política de combustíveis. A empresa vale, hoje, 40% do que valia há quatro anos. A política de preços produziu, então, uma situação de muita penúria. Revista Canavieiros: Quais seriam as propostas para rever essa política? Jardim: O caminho que o governo adotou quando retirou a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) da gasolina foi equivoca- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 6 Entrevista I do. Hoje estamos muito concentrados na busca de restabelecer a CIDE, que era exatamente o diferencial entre o combustível fóssil e o renovável. Temos uma proposta arrumada para isso. Ninguém está propondo algo que provoque impacto inflacionário. Queremos cuidar, sim, do setor, mas amarrar isso numa política global. Para isso, nossa proposta é singela e consistente: que a retomada da CIDE faça com que aquilo que for por ela arrecadado se destine a um fundo que repasse esses recursos para baratear as tarifas de transporte coletivo nos grandes centros urbanos. Estudos feitos pela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), a partir da solicitação do setor, mostram que, se de um lado o Governo aumenta a CIDE e provoca um impacto inflacionário, de outro, com a utilização dos próprios recursos da CIDE, neutraliza esse impacto. Então, não tem consequência do ponto de vista da taxa de inflação. Isso já poderia ter sido feito pelo governo em época anterior. Revista: Há um ano e meio, o Sr. preside a Frente Parlamentar em defesa do setor em Brasília. Que balanço pode ser feito desse trabalho? Jardim: Começamos um processo de mobilização do setor. Vocês próprios, da Revista Canavieiros, testemunharam isso, através do primeiro evento da frente que fizemos em Piracicaba-SP. Depois, um segundo momento muito importante, em Sertãozinho. Isso se desdobrou na constituição da Frente Parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo e, posteriormente, foi criada a da Câmara Federal. Uma frente que, desde o primeiro momento, tratamos de orientar para que não fosse de oposição ou de situação. Buscamos manter um equilíbrio para que sua preocupação fosse estritamente a de defender o setor. O vice-presidente da frente, por exemplo, é o deputado federal, agora reeleito, Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, escolhido por nós. Eu o convidei e ele aceitou, o que foi importante para garantir a pluralidade. O secretário-geral, que agora terá que ser substituído porque se elegeu governador de Alagoas, é o deputado Renan Filho, do PMDB. Uma tentativa, portanto, de fazer uma conjunção de forças, de diferentes partidos. E dou um balanço muito positivo. Conseguimos tirar o PIS/Cofins da cana, o que foi um ganho de competitividade para o setor, e introduzir os motores flex no Inovar-Auto, programa de incentivo à indústria automobilística. Antes, o Governo só previa investimentos em pesquisa para os motores a gasolina. Foi duro, e até parece patético, termos que lutar por isso. Mas foi necessário e conseguimos estender os benefícios aos flex. Outra conquista importante foi o aumento da mistura, a partir do ano que vem, de 25% para 27,5% de álcool anidro na gasolina, o que irá representar um consumo adicional de 1 bilhão e 300 milhões de Revista Canavieiros - Novembro de 2014 litros, importante para sustentar preço e criar demanda. Tratamos, também, da bioeletricidade, porque estamos estarrecidos com o fato de que o governo, que, durante quatro anos se negou a contratar novos projetos de cogeração, por considerar que os preços estavam altos – eles oscilavam em torno de R$ 180 a R$ 200 o megawatt –, agora aciona, de uma forma permanente, as termelétricas movidas a gás, óleo, carvão, cujo preço médio está em torno de R$ 380 a R$ 400 o megawatt. E tem muitas outras coisas cotidianas. Houve, por exemplo, uma resolução do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) que mostra bem a distância que há de Brasília em relação à realidade. Foi quando se aprovou o chamado lonamento, a obrigatoriedade de que cada caminhão, depois de carregado na roça, aplicasse a lona. Depois, teria que ir até a usina, no caso da cana, e retirar a lona para descarregar. As pessoas que acompanham o setor sabem que, durante a safra, o período médio que um caminhão usa para descarregar é de três minutos. Por isso, lonar exigiria mais mão de obra, ampliação de custos, num momento em que o setor está sem competitividade. Fizemos o cálculo e mostramos o que isso significa de gravidade. Além do que existe um fato fundamental. Parece até brincadeira dizer isso, mas o Brasil não tem lona suficiente para todos os veículos que fazem safra. Haveria a necessidade de uma grande importação 7 de lonas, que não é coisa que se faz do dia para a noite. Essa medida, no entanto, ainda não resolvemos definitivamente. Mas conseguimos um prazo adicional de dois anos para que ela seja colocada em prática. Revista Canavieiros: Com essa atuação, será que foi possível chamar a atenção do governo para as necessidades do setor? Jardim: Durante muito tempo não tivemos eco nenhum. Agora, o Governo passa a ter mais sensibilidade. Até porque há uma pressão interna, de setores ligados a Petrobras, que criticam essa política de preços. Parece uma sacada para controlar a inflação, mas, sempre que se introduz um artificialismo na economia, se paga muito caro depois. O Governo está fazendo isso com a energia elétrica e vamos ter um grande problema pela frente. Fez isso com o combustível, mas vai ter que reajustar e o susto pode ser maior. É como um córrego que, gradativamente, extravasa num terreno. Se aumenta um pouco o fluxo, a natureza se encarrega de transbordá-lo e ele busca novos caminhos. Agora, se você o represa, quando abre a comporta, ele vem com uma força muito mais danosa e menos controlável. Foi isso que o Governo fez no preço da energia. Portanto, será necessário um reajuste. Dependendo da circunstância, isso se dará de forma mais ou menos danosa. Mas acho inevitável que ocorra. Há um ano tive um diálogo com um representante do Ministério de Minas e Energia e ele disse que o etanol está no limite, que precisa descobrir novos caminhos e aumentar sua produtividade porque o Brasil não pode pagar mais caro. Segundo ele, é mais barato importar gasolina, que teria uma oferta mundial abundante e crescente. Discordamos disso. Eu considero, e o nosso setor tem demonstrado, que não temos gasolina barata. Ao preço que a Petrobras contratou, a R$ 1,50 (o litro), nós conseguiríamos por muito menos aqui, com o etanol. Segundo que abundante não é. Vivemos um momento de relativa retomada da atividade econômica nos Estados Unidos e na Europa. A China diminuiu sua previsão de crescimento, mas é uma redução pequena, 8% para 7%, e continuará sendo grande demandadora de energia. E, por último, temos um problema de logística das novas refinarias da Petrobras. São duas em construção e nenhuma delas está programada para processar gasolina, mas óleo diesel. Então não é bom, não é barato e nem abundante. É um petróleo que tem limites. A nossa disponibilidade do pré-sal virá, mas eu defendo que o tenhamos como material de exportação, não para que se aprofunde a nossa dependência de combustíveis fósseis. O Governo, no entanto, tem mantido, teimosamente, suas posições. Revista Canavieiros: Diante disso, o que projeta para o setor? Jardim: A boa notícia é a capacidade fantástica de resistência da nossa gente, do nosso empreendedor e da população brasileira. Está sendo um preço muito alto a desativação de usinas, a desmobilização de parte da indústria de base e a diminuição da participação relativa do etanol na matriz de combustíveis. Por outro lado, a crise exige otimização de esforços e o setor tem feito a lição de casa, buscando novos cultivares. Quem passa por uma crise sai revigorado. Hoje há uma maior eficiência, tanto na área agrícola como na industrial e de logística. Tivemos ganhos importantes, como alcooldutos que passaram a fluir. E existem, ainda, pontos estratégicos que precisamos multiplicar. A prioridade é a recomposição da CIDE. O segundo ponto é continuar a pesquisa do etanol de segunda geração. Já temos algumas plantas começando a funcionar. É muito importante isso, porque, com o mesmo volume de cana, pode-se produzir muito mais etanol. E também dar uma perspectiva à utilização da palha, que visa proporcionar um ganho de produtividade também muito importante. Continuaremos buscando ganhos de logística de escoamento, diminuindo custos de transporte. Defendemos que o Governo tenha uma instância para cuidar da gestão da agroenergia, porque uma hora você trata com o Ministério do Desenvolvimento Econômico, outra com o da Agricultura e outra com o de Minas e Energia. Não estou pro- pondo criar nenhum ministério novo. Aliás, acho que o número de ministérios precisa diminuir, porque tem alguns que a gente nem sabe direito o propósito. Mas há a necessidade de se ter uma instância coordenadora, respeitada, para definir políticas para os biocombustíveis e a agroenergia. Acho que virá, seja por convicção ou constrangimento, uma inevitável recomposição de preços e, portanto, o setor tem condições, em médio prazo, de pensar, com muita tranquilidade, numa retomada do seu ritmo de expansão. Revista Canavieiros: Sua reeleição para deputado federal foi expressiva. Como será o trabalho em prol do setor nos próximos quatro anos? Jardim: A minha profissão é uma profissão de fé no setor. Quero agradecer às lideranças das áreas agrícola, industrial e de logística. A esses fantásticos heróis, que são os plantadores e fornecedores de cana, o elo que tem mais sofrido as consequências desse momento de crise. Saudar os nossos industriais, que buscam incessantemente otimizar seu trabalho. Muitos hoje fazem até compensação de lucratividade de outros setores de atividade para poder bancar a manutenção do negócio. Então, vocês que fazem toda essa cadeia maravilhosa, canavieira, sucroalcooleira, sucroenergética, o meu respeito e a minha honra de poder ser, lá na Câmara Federal, um porta-voz, com muita convicção e entusiasmo. As mudanças climáticas estão aí como dura realidade e o Brasil pode ser, neste momento, em que o mundo vai ter que buscar mecanismos para enfrentar essa questão – chamada de economia de baixo carbono, economia verde ou nova economia –, um diferencial extraordinário, baseado nesse biocombustível, o nosso etanol. Não podemos permitir que o país e a humanidade abram mão dessa fantástica experiência. Vamos lutar com a certeza de que haverá uma retomada e que o Brasil vai garantir, de novo, o espaço do etanol como referência para o mundo. O etanol verde e amarelo, o nosso etanol da cana-de-açúcar, o etanol brasileiro. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 8 Entrevista II União europeia deixará de ser grande importadora de açúcar A declaração é de José Orive, diretor executivo da Organização Internacional do Açúcar (ISO na sigla em inglês) ao se referir ao impacto que o mundo açucareiro sofrerá após a extinção das cotas de produção na União Europeia. De acordo com Orive, após 2017 a Europa poderá produzir uma média de 19 milhões de toneladas de açúcar, voltando a ter condições de atender à demanda interna e exportar 2,5 milhões de toneladas no médio prazo, o que poderá revolucionar o mercado de açúcar. O executivo, que é da Guatemala, foi um dos palestrantes da 14ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Açúcar e Etanol, realizada em outubro, em São Paulo/SP, e coordenará o seminário “Sugar and Ethanol: Fresh Options”, da ISO, que acontece no final de novembro, em Londres, do qual, participará o presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan. José Orive Andréia Vital Revista Canavieiros: Os efeitos da atual situação climática do Brasil e a expectativa de deficit mundial no próximo ano safra continuam sendo motivo de preocupação. Na sua visão, diante deste fato, quais são as perspectivas para o setor sucroenergético brasileiro? José Orive: A curto prazo, as perspectivas não são alentadoras. A longo prazo, esperamos uma recuperação no mercado mundial, que enfrentará um deficit na safra 2015/16, fato que poderá impulsionar os preços do açúcar para US$ 0,19 ou US$ 0,20. Revista Canavieiros: A safra global 14/15 apresentará o primeiro deficit de açúcar após quatro temporadas consecutivas de superavit, afirmam as principais consultorias mundiais. Qual é a sua opinião sobre esta previsão? José Orive: Existem projeções que indicam que haverá deficit nesta safra, todavia aguardamos o comportamento dos estoques e a liberação de açúcar para países como a Tailândia, para ter mais precisão neste dado. Mas nós acreditamos que a safra 2014/15 terminará com um pequeno superavit. Já na safra 2015/16, sim, acreditamos que terá deficit. Revista Canavieiros: Qual influência terá a mudança no regime de cotas da União Europeia no cenário açucareiro? José Orive: A diferença será que a Europa irá produzir mais, podendo voltar a ser uma grande exportadora de açú- car e o mercado europeu diminuirá suas importações, o que deverá influenciar o preço da commodity. Portanto, os países que dependem da exportação para o mercado europeu devem se conscientizar dessa projeção que impactará seus negócios. Segundo nossas estimativas, a união europeia deverá produzir em torno de 19 milhões de toneladas de açúcar, quantidade necessária para atender à demanda interna e exportar 2,5 milhões de toneladas no médio prazo. Revista Canavieiros: O crescimento de longo prazo para a demanda de açúcar e energia renovável a partir do etanol e cogeração continua positivo? José Orive: Continua positivo, esperamos que o consumo seja maior e que a proporção total de combustível em relação à gasolina, seja mais favorável para o etanol. Revista Canavieiros: A previsão de menor oferta de cana no Brasil impactou de forma imediata os preços no mercado mundial. Qual é tendência para o próximo ano? José Orive: Nós esperamos que ocorra uma sentença de preços, acreditamos que a partir de novembro os mercados futuros irão melhorar. Já em março de 2015 os valores devem ser cotados a US$ 0,19 e nós esperamos que possa chegar a US$ 0,20. Revista Canavieiros: Qual é a previsão da ISO para a safra mundial de Revista Canavieiros - Novembro de 2014 açúcar 2015/16? José Orive: Nós esperamos que para 2015/16 retornaremos a ter um deficit de aproximadamente de 2 a 2,5 milhões de toneladas. Revista Canavieiros: O senhor assumiu a ISO este ano. Qual é a sua missão no comando da organização? José Orive: Atrair maior valor agregado aos outros membros com as tendências atuais do açúcar. Atualmente, enfrentamos muitos ataques contra o valor nutritivo do açúcar. Diante deste fato, teremos que comunicar melhor a sociedade, através de evidência científica, confirmando que o açúcar é necessário para a saúde humana e que uma dieta correta de açúcar, pode ser até mesmo com frutas, acompanhada de atividade física, é a melhor maneira de manter uma boa saúde. Outro desafio é oferecer transferência em tecnologia e informação aos países possibilitando que desenvolvam suas indústrias para que possam crescer de maneira sólida e sustentável. RC 9 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 10 Ponto de Vista I Estoques de etanol e de açúcar no Centro-Sul seguem em alta Por Guilherme Nastari – Diretor da DATAGRO E m função do baixo ritmo das exportações, os estoques de açúcar e de etanol na região Centro-Sul estão maiores neste ano. Conforme estimativa da DATAGRO, o estoque final de açúcar atingiu 11,95 milhões de toneladas ao término do mês de setembro, volume 19,3% maior ao verificado há um ano. Essa mesma diferença também é calculada ao se levar em conta um estoque operacional mínimo que deve ser mantido pelo setor. Com a elevada disponibilidade dos estoques, embarques de açúcar em 2014 seguem ofertados com descontos. O pronto embarque de VHP no Brasil foi negociado com descontos que variaram de 95 a 115 pontos sobre o primeiro futuro para entrega em outubro, enquanto para entrega em novembro, o intervalo dos descontos varia de 82 a 100 pontos. O desaquecimento das exportações de açúcar também reflete a falta de espaço no mercado internacional. De acordo com a última estimativa de balanço mundial de açúcar da DATAGRO, o volume estocado de açúcar previsto para o primeiro trimestre de 2015 será praticamente o mesmo do primeiro trimestre de 2014, em torno de 105 milhões de toneladas. Mas a depender da valorização do dólar, produtores podem ser levados a ampliar suas exportações de açúcar. O açúcar #11 chegou a ser negociado a R$ 902,50/ton na primeira semana de outubro, maior cotação em reais desde o início da safra 2014/15 no Centro-Sul. Não é à toa que os preços do açúcar no mercado interno reagiram nos últimos dias. Fruto também do encerramento antecipado da safra, no dia 30 de outubro, o açúcar cristal foi cotado a R$ 49,18/sc em São Paulo, alta de 9,50% em um mês, embora 7,0% abaixo do preço praticado há um ano. Quanto ao etanol, até setembro os estoques estiveram acima do nível observado há um ano, fruto da menor exportação aliado à estratégia de manutenção das usinas com o objetivo de atender à entressafra. Conforme estimativa da DATAGRO, ao levar também em consideração transferências para as regiões Norte e Nordeste, o estoque de etanol na região Centro-Sul alcançou 8,95 bilhões de litros no final de setembro, volume 17,5% superior ao registrado em setembro de 2013. Com as usinas aumentando o mix para o etanol, sobretudo para o hidratado, os preços nas usinas tornaram a cair. Conforme o nosso levantamento, o preço do hidratado caiu 7,8% em um mês para R$ 1,135/litro. Hoje, os preços do hidratado no Estado de São Paulo têm oscilado entre R$ 1,126 e R$ 1,153 o litro, sem impostos. O anidro é negociado de R$ 1,320 a R$ 1,340 o litro, Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Guilherme Nastari sem impostos. No Mato Grosso do Sul, o valor do hidratado varia de R$ 1,074 a R$ 1,109 o litro, sem impostos, na usina, enquanto o anidro é ofertado a R$ 1,320 o litro, sem impostos. Produtores têm enfrentado problemas com a falta de espaço nos tanques e armazéns e, diante da necessidade de gerar fluxo de caixa, o mercado deve seguir pressionado. Mas tão logo a queda dos preços seja transmitida ao consumidor, a demanda de etanol voltará a subir, o que impedirá com que os preços registrem maiores perdas.RC 11 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 12 Ponto de Vista II Bom dia, Chicago! Por Ciro Antonio Rosolem* “ Bom Dia! Como está Chicago?”. Essa tem sido a saudação entre sojicultores ultimamente. A cada respiro do clima nos Estados Unidos, a cada ajuste na previsão de produção de algo próximo de 100 milhões de toneladas de soja lá pelas bandas da América do Norte, algumas centenas de agricultores brasileiros passam do verde para o vermelho. Estaríamos iniciando um ciclo de baixos preços de commodities? Alguns economistas dizem que sim. Os preços internacionais dos produtos agrícolas obedecem a ciclos, mediados por diversos fatores. Após um período de aumento rápido de preços, vive-se um período de vacas gordas. Mas, logo em seguida vem um período de ajustes, quando os preços sobem menos, e depois sofrem queda. Muito bem. Alguns economistas apontam fortes evidências de que o pico de alta teria passado e, agora, enfrentaríamos um período de baixa. Até aí, tudo normal. É cíclico. O problema é o que aconteceu, ou deixou de acontecer, durante a bonança. O desenvolvimento da agricultura brasileira é conhecido e hoje reconhecido. Ganhos em eficiência, em tecnologia e em escala compensaram a primeira onda de diminuição de preços. Entretanto este elástico está no fim. Quase arrebentando. Apesar de ainda haver algum aumento na produtividade média da soja no Brasil, no Mato Grosso, onde se tem as maiores produtividades, ela tem oscilado de 3.000 a 3.200 kg/ha há aproximadamente 10 anos. Está estagnada. Por outro lado, os ganhos em produtividade foram engolidos pelos altos custos logísticos, tributários e trabalhistas. Enquanto isso, com as obras públicas empacadas, tome conversa eleitoreira. O ciclo de alta, mais a evolução da tecnologia e da gestão agrícola permitiram à agricultura brasileira viver um ciclo virtuoso, em que o crescimento econômico foi acompanhado da melhoria na sustentabilidade dos sistemas e do respeito ambiental. O grande exemplo são os sistemas integrados. Entretanto, segundo levantamento da EMBRAPA, boa parte da soja brasileira é produzida em áreas marginais para a cultura. Também a rotação com pastagem, ou florestas, se dá, na maioria das vezes, em áreas marginais de cultivo. Isso quer dizer: custo alto. Daí muitos agricultores oscilarem entre o verde e o vermelho a cada Bom Dia, Chicago! Mas a China não tem conseguido Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Ciro Antonio Rosolem produzir toda soja que precisa. E vai precisar mais. É um indicativo de que, talvez, aquisições chinesas contenham a queda livre dos preços. Os americanos estão de olho neste mercado e têm mostrado competência em negociar suas safras. De qualquer modo, as obras necessárias teriam mais um tempo para desemPACarem no Brasil, que assim manteria a competitividade. *Membro do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS) e professor titular da Faculdade de Ciências Agrícolas da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/Unesp Botucatu).RC 13 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 14 Coluna Caipirinha Caipirinha C Uma Seca como Nunca Antes Vista na História deste País omo está o nosso agro?: pelo terceiro mês consecutivo, em outubro, o desempenho das exportações do agronegócio sofreu queda. As exportações (US$ 8,95 bilhões), se comparadas com o mesmo período de 2013 (US$ 8,42 bi), diminuíram 5,7%. O saldo na balança do agro de outubro foi de US$ 6,51 bi, uma queda de 4,3% em relação a outubro de 2013. O valor exportado acumulado no ano (US$ 83,9 bilhões) teve queda de 3,0% quando comparado com o mesmo período de 2013 (US$ 86,4 bilhões). O saldo acumulado no ano foi de US$ 69,7 bilhões (3,3% menor que o mesmo período em 2013). Se continuarmos nesse ritmo, fecharemos 2014 com um montante de US$ 101 bi, atingindo a meta dos 100 bi, porém cabe ressaltar que no acumulado de janeiro-outubro de 2013 tivemos uma exportação de US$ 86,4 bi e fechamos 2013 com a cifra de US$ 99,9 bilhões. Os demais produtos brasileiros fora do agro tiveram uma grande queda de 27,9% nas exportações (US$ 14,4 bi em 2013, para US$ 10,4 bi em 2014), o que levou a participação do agronegócio nas exportações brasileiras a alcançar um patamar de 43,3% do total das exportações brasileiras. O saldo da balança comercial brasileira acumulado no ano teve pequena recuperação em relação a outubro de 2013, saindo de um deficit de quase US$ 2 bilhões para um deficit de US$ 1,87 bilhão. Se não fosse o agronegócio, a balança comercial brasileira teria um déficit de US$ 72 bilhões acumulados no ano, ou seja, mais uma vez o agro evitou um desastre maior na economia brasileira. Como está nossa cana? Até 1º de novembro as usinas do Centro-Sul haviam processado 515 mi. t., 95% das 545 mi. t. esperadas para esta safra (UNICA). O ATR está um pouco melhor (146,2 kg/t, 5,6% maior). Realmente a seca foi de terrível impacto principalmente em certas regiões do Centro-Sul. A própria COSAN decla- rou que deve moer ao redor de 58 mi. t. de cana, contra 61,4 mi. t. na safra passada. E a empresa estima ainda que para a safra 15/16, o volume deve ser o mesmo deste ano. O final da queima em SP representará quase 370 mil hectares a menos na produção (6,7% da área do Estado), em 2017. Um dos municípios mais afetados será Piracicaba, que perderá 17% da área. Como estão as empresas do setor? Boa notícia veio da São Martinho, que apresentou lucro de R$ 115 milhões no trimestre, puxado principalmente pelos resultados em eletricidade, onde preços médios ficaram ao redor de R$ 600 o MW e a empresa produziu 44% a mais. Também estive presente no momento onde a Odebrecht comunicou ao mercado (evento da UDOP) que investirá apenas 50% do previsto neste e nos próximos anos, sendo que o objetivo é o de encher as usinas com cana. Nada de expansão industrial. A Tereos, que é o quinto maior grupo mundial de açúcar, anunciou a criação de uma trading que pretende distribuir 15% do açúcar mundial até 2020. Percebem-se muitos movimentos nesta área, que deve ser dominada por gigantes, como a recente joint-venture entre Copersucar e Cargill. Como está o açúcar? Saiu a nova projeção da Organização Internacional do Açúcar. Para a temporada 2014/15, com início em outubro de 2014, prevê um superávit menor, de 473 mil t (produção mundial de 182,9 mi t e consumo de 182,4 mi t). As exportações do Brasil devem ser quase 1 mi t menores, caindo de 24,7 para 23,9 mi t. O relatório mostra grande crescimento nas exportações da Tailândia. O ponto positivo é que a OIA sinaliza que para 2015/16, devemos ter um deficit de 2 milhões de toneladas, mostrando já um efeito desestimulador dos preços baixos. Espera-se que a Índia exporte ao redor de 1,5 mi. t. A Índia e sua políti- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Marcos Fava Neves ca de subsídios governamentais é algo que atrapalha os preços dos produtos da cana no Brasil. Quando se espera que as forças de mercado atuem por lá, e baixos preços tragam menor produção, vem o Governo e interfere nas regras, mantendo uma produção elevada. Há de se observar também os efeitos do câmbio nas exportações e no preço do açúcar. Muitas usinas fixaram o açúcar com câmbio a 2,60. O preço do açúcar a este câmbio, quando convertido para reais passa a ficar interessante. Como está o etanol? O tão esperado reajuste na gasolina veio, mas decepcionou o mercado. Apenas 3%, o que não resolve a questão da Petrobras nem do setor de cana. Fora isto, ao aumentar o diesel em 5%, o Governo aumenta os custos de produção do setor. A aprovação da mistura de 27,5% de anidro na gasolina depende agora de reunião entre Governo e setor privado. A demanda do setor privado é que a mistura comece já a partir de 1º de janeiro de 2015, sendo garantidos os suprimentos de anidro. As usinas mais capitalizadas estão estocando etanol para a entressafra, o que deve aumentar ainda mais o fosso existente entre estas e as usinas endividadas. Temos também que observar eventual menor crescimento ou até queda no consumo de combustíveis com a crise 15 que se aproxima cada vez mais da economia brasileira. Com isto, cai também o consumo do etanol. Como está a cogeração? Com o elevado endividamento do setor, muitas usinas estão vendendo ou arrendando as estruturas de cogeração, para melhorar o perfil do endividamento. Por ser uma unidade bastante atrativa, estima-se que a maior capacidade existente é a da Cosan, com 900 MW, seguida pela Odebrecht, com 740). A Odebrecht vendeu esta capacidade para outra empresa do grupo, melhorando o perfil da dívida. Estima-se que 25% da capacidade instalada de cogeração tenha trocado de mãos. Se alivia a dívida no curto prazo, a venda da cogeração é uma ação que tira um dos principais ativos das usinas, portanto pode destruir valor no médio prazo. O ideal seria que o próprio grupo investisse na expansão. Fora isto, ainda há possibilidade de se usar menos energia para se produzir açúcar, liberando mais bagaço para comercialização de eletricidade. Segundo a Guarani, no Brasil gasta-se 50% a mais de energia quando comparado à França, para se produzir a mesma quantidade de açúcar. Além deste, muito investimento ainda pode ser feito na eficiência das caldeiras. A própria Biosev declarou que as caldeiras em 2014 produziram 28 quilowatts/t, contra 23,6 qw/t em 2013. Ou seja, temos grandes ganhos ainda nesta área. Quem é o homenageado do mês? A coluna Caipirinha todo mês homenageia uma pessoa. Neste mês a homenagem vai para o amigo Renato Buranello, advogado e especialista em agronegócios, grande estudioso e conhecedor do setor. Haja Limão: a operação Lava-Jato da Petrobras revela provavelmente o caso mais escabroso que se tem notícia de corrupção no Brasil. Revoltante a todos nós. Graças a uma parte boa do nosso Judiciário e da nossa Polícia Federal veremos muita coisa ainda. Gente presa, gente devolvendo dinheiro, e quem sabe uma assepsia em Brasília, no sistema econômico e político. Enquanto termino a coluna deste mês, abro a página de um dos nossos principais jornais e vejo que (u)Um simples gerente da Petrobras abocanhou US$ 100 milhões. Isto mesmo CEM MILHÕES DE DÓLARES. A presidência da empresa nada sabia, nada percebia, a presidente do conselho da empresa nada sabia, nada percebia. Não acreditam serem responsáveis por nada, apesar de terem honorários. E os estudantes do Brasil, os Centros Acadêmicos, a UNE… permanecem… adormecidos… vendo o maior saque feito no patrimônio público, no patrimônio do povo brasileiro. Fica a pergunta do porquê da omissão total desta nova geração que vem vindo. Em 1992 saímos às ruas e o então presidente foi derrubado por estudantes, por muito menos que isto tudo. Hoje o considero um homeopata perto desta turma. Mas esta turma não vê nada de errado. Triste país. Marcos Fava Neves é Professor Titular da FEA/USP, Campus de Ribeirão Preto. Em 2013 foi Professor Visitante Internacional da Purdue University (EUA) RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 16 Notícias Copercana Copercana é parceira do Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas de Campo Florido A previsão é que a unidade receba 80 toneladas de material e atenda 110 agricultores da região Carla Rossini N o dia 28 de outubro foi inaugurado o Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas de Campo Florido-MG. A unidade, que será gerenciada pela Canacampo (Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Campo Florido), integrará uma malha de 63 postos e centrais presentes em Minas Gerais. A Copercana é uma das parceiras do Posto, além da Usina Coruripe, inpEV (Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias), entre outros. A previsão é de que a unidade receba 80 toneladas do material durante o primeiro ano de funcionamento. Estima-se que ela atenderá cerca de 110 agricultores dos municípios de Campo Florido, Pirajuba e Rio do Peixe. Todo o material recebido no local irá para a Central de Uberaba, gerenciada pela Fundação Triângulo de Pesquisa e Desenvolvimento e, posteriormente, encaminhado para a destinação final, reciclagem ou incineração, por meio do inpEV. Rodrigo Piau (coordenador agrícola da Canacampo); Ademir Ferreira de Mello Júnior (presidente da Canacampo); Ademir Ferreira de Mello (prefeito de Campo FloridoMG); Lelo Biguetti (diretor da Copercana); Fábio Moniz (diretor da Usina Coruripe); Rui Ramos (prefeito de Pirajuba-MG); Silvio de Castro Cunha Júnior (ex presidente da Canacampo); Mário Campos (presidente da SIAMIG); entre outros. Segundo o coordenador regional de Operações do instituto na região, Jair Furlan Júnior, a construção do posto demonstra que o Sistema Campo Limpo (logística reversa de embalagens vazias de defensivos agrícolas) vem acompanhando o crescimento e desenvolvimento do agronegócio na região. O diretor da Copercana, Pedro Esrael Bighetti, acompanhou o processo de construção do novo Posto de Recebimento de Embalagens Vazias de Defensivos Agrícolas de Campo Florido e esteve presente na inauguração. “A Copercana fez questão de Weider Santana superintendente do inpEV; Ademir Ferreira de Mello Júnior, presidente da Canacampo; Ademir Ferreira de Mello prefeito de Campo Florido-MG; Lelo Biguetti diretor da Copercana. participar e apoiar a construção deste empreendimento porque reconhece a sua importância, além disso, é mais um serviço que estamos disponibi- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 lizando para os agricultores cooperados da região de Campo Florido”, disse Lelo Bighetti, apelido pelo qual o diretor é conhecido. RC 17 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 18 Notícias Canaoeste Presidente da Canaoeste participa de 7º Congresso da UDOP Evento reuniu cerca 1300 participantes nos dias 12 e 13 de novembro, em Araçatuba-SP, para discutir saídas para a crise do setor sucroenergético Da redação, com informações da assessoria UDOP O presidente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan, participou do 7º Congresso Nacional de Bioenergia, realizado nos dias 12 e 13 de novembro, em Araçatuba-SP. O evento, realizado pela UDOP (União dos Produtores de Bioenergia) em parceria com a STAB (Sociedade dos Técnicos Açucareiros e Alcooleiros do Brasil), reuniu cerca 1300 participantes, entre palestrantes, moderadores e congressistas, no Unisalesiano (Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium). Vários temas envolvendo o setor sucroenergético foram discutidos, separados por 12 salas temáticas: Administrativa/Financeira, Comunicação, Recursos Humanos, Etanol 2G/ Bioprodutos, Mercado/Comercialização/Logística, Controladoria/Custos, Saúde/Segurança/Meio Ambiente do Trabalho, Sustentabilidade, Agrícola, Industrial, Novas Tecnologias Embrapa e Tecnologias da Informação. Em cada uma, lideranças debateram alternativas para enfrentar as instabilidades que atingem a produção de cana e de seus subprodutos. Manoel Ortolan (ao centro) com outras autoridades ligadas ao setor sucroenergético O congresso foi marcado também por um tradicional jantar, para comemorar o sucesso dos cursos oferecidos pela UniUDOP, e pela entrega da Medalha da Agroenergia a Luiz Carlos Correa Carvalho, o Caio, presidente da Abag (Asso- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 ciação Brasileira do Agronegócio) e conselheiro da UDOP, pelo desempenho nas atividades relacionadas ao agronegócio brasileiro. O encerramento foi com o sorteio de um carro flex, duas motocicletas e nove tablets para os presentes. RC 19 Reuniões Técnicas Canaoeste Da redação A Canaoeste e Copercana de Severínia, com a parceria da empresa Euroforte Agrociências, realizaram uma Reunião Técnica onde foram abordados temas importantes como: correção de solos e adubação com macro e micronutrientes. A reunião aconteceu no dia 14 de outubro, no Rotary Clube, em Severínia-SP, e contou com a participação do palestrante dr. André Vitti da Apta (Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio) e com a presença de aproximadamente 60 pessoas. A Canaoeste e Copercana de Cravinhos-SP, com o apoio da empresa Syngenta, realizaram uma Reunião Técnica para a discussão do tema “Pragas e Doenças da Cana-de-Açúcar”. Também na ocasião, o engenheiro agrônomo Fábio Soldera, do Departamento Reunião Técnica em Severínia Parceria: Canaoeste, Copercana e Euroforte Agrociências. Reunião Técnica em Cravinhos – Parceria: Canaoeste, Copercana e Syngenta. Ambiental da Canaoeste, ministrou uma palestra sobre o CAR (Cadastro Ambiental Rural). A reunião acon- teceu no dia 30 de outubro no Clube Mieli, em Cravinhos-SP. Participaram aproximadamente 50 pessoas.RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 20 Notícias Sicoob Cocred Balancete Mensal - (prazos segregados) Cooperativa De Crédito Dos Produtores Rurais e Empresários do Interior Paulista - Balancete Mensal (Prazos Segregados) - Outubro/2014 - “valores em milhares de reais” Sertãozinho/SP, 31 de Outubro de 2014. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 21 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 22 Reportagem de C Imagens captadas por satélite geraram mapas com sistemas de cores... Pragas sob controle O projeto Harpia, uma parceria da Canaoeste com a BASF, coletou imagens de canaviais via satélite e mapeou áreas de baixa biomassa, permitindo um controle mais rápido e eficaz em casos de infestação por pragas Igor Savenhago D escobrir os pontos do canavial onde as pragas se escondem é desejo de todo produtor. Para associados da Canaoeste, isso foi possível, graças a uma parceria com a BASF. O projeto Harpia, que coletou imagens via satélite de quase 30 mil hectares – de um total de 150 mil da área de abrangência da associação –, mapeou os locais de baixa biomassa, permitindo intervenções rápidas para correção de falhas, o que pode representar redução de custos, aumento de produtividade e menor impacto ambiental. A Canaoeste foi a primeira associação a receber a tecnologia. Antes, o serviço era destinado só a grandes usinas. As imagens, colhidas de abril a junho de 2013, foram feitas pela SIGMA – Sistemas Integrados de Geoprocessamento e Meio Ambiente –, empresa de Ribeirão Preto, SP. Os dados obtidos foram dispostos em mapas de cada propriedade monitorada, em que as áreas foram classificadas por um sistema de cores. Em vermelho, foram apontadas aquelas consideradas críticas, com índices muito baixos de biomassa. Em amarelo, as de transição, de média baixa biomassa. Já as que tiveram índices dentro do esperado ganharam diferentes tons de verde, dependendo da condição apontada: média, média alta e alta. Com os mapas em mãos, a equipe de pragas contratada pela Canaoeste visitou, de setembro de 2013 a julho deste Alessandra Durigan, gestora técnica Revista Canavieiros - Novembro de 2014 ano, as áreas vermelhas e amarelas, em que foram demarcados pontos de amostragem, para verificar as causas de cada falha. “Áreas de baixa biomassa sugerem problemas. Tendo mapeado essas áreas, você consegue focar, direcionar o trabalho para elas. Com isso, se aumenta muito o rendimento das equipes de campo”, afirma Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste. Segundo ela, nem todo local com baixa biomassa significa ocorrência de pragas. É preciso considerar outros motivos, como plantas daninhas, pisoteio, problemas de compactação, pedras ou baixa fertilidade. Mas, se as pragas forem mesmo encontradas, é possível agir com rapidez, pensando na melhor medida antes que a situação fuja do controle. Outra vantagem é que a aplicação de defensivos não precisa mais ser feita em toda a extensão do canavial, mas restringir-se às áreas onde o inimigo foi localizado. O produtor João Luiz Balieiro, de Viradouro, SP, concorda. “Se aparece 23 Capa - Especial Pragas ...que ajudaram na localização de falhas nos canaviais... ...causadas, entre os outros motivos, por pragas como o Sphenophorus Levis, conhecido popularmente como bicudo da cana. alguma coisa, a gente vê no começo e já combate. Isso faz gastar menos. Não deixa tomar conta do canavial”, conta. “Sem a equipe da Canaoeste, quando ia ver, a praga já tinha se alastrado. Tive problemas assim no passado, quando precisei arrancar um canavial de apenas três cortes”. Hoje, Balieiro comemora seus 290 hectares de canavial sadio. Na região onde ele planta, o Harpia mapeou quatro mil hectares. Ao todo, o projeto observou 29.350, dos quais 25 mil João Luiz Balieiro, produtor foram monitorados – o restante estava com o solo nu. Em 996,86 hectares, as pragas apareceram, entre elas uma das mais temidas: o Sphenophorus Levis, popularmente conhecido como bicudo da cana. As larvas desse inseto se alimentam dos rizomas (colmos subterrâneos) e, algumas vezes, do primeiro entrenó basal. O resultado é uma perda acentuada de produtividade – 20 a 25 toneladas por hectare. Alessandra alerta que, em áreas muito infestadas, a praga provoca a morte da planta e obriga a reformar até canaviais novos, de dois ou três cortes. “A população do Sphenophorus tem aumentado muito, principalmente com a colheita de cana crua. É uma praga importante, com a qual a gente tem que tomar muito cuidado. Ocorrendo nos canaviais, é necessário realizar o controle”. Sem a atenção devida, o Sphenophorus também pode se espalhar com facilidade, levado, por exemplo, por colhedoras ou mudas, comprometendo outras áreas. De acordo com Thiago Verri, agrônomo da Canaoeste que atende à região de Sertãozinho-SP, numa época em que é urgente pensar em aumento Thiago Verri, Agrônomo de produtividade, para estimular uma maior competitividade do setor sucroenergético, o combate a esse tipo de praga deve ser prioridade. “Temos muitos fatores que brigam com a gente em relação à produtividade. O Sphenophorus é um deles. Por isso, com os levantamentos feitos (pelo Harpia), juntamente com a parte técnica da Canaoeste, que passa todas as informações para os associados, permitindo as aplicações corretas, estamos conseguindo eliminar essa praga, além de manter uma produtividade para que o produtor não saia da atividade”. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 24 Reportagem de Capa - Especial Pragas Equipe de pragas A Canaoeste aproveitou a parceria com a BASF para intensificar o trabalho de monitoramento nos canaviais de seus associados. A equipe de pragas, composta por dois coordenadores – Sandro Augusto Galhardo e Antônio Carlos Cussiol Júnior –, um encarregado de campo – Luiz Silvério Neto – e três auxiliares, foi mantida no quadro da associação, mesmo após o término do mapeamento feito pelo Harpia. Continuará, portanto, percorrendo as propriedades, aprimorando a busca de invasores naturais e informando produtores sobre medidas de controle. mapa. “Essa ferramenta, o Harpia, veio para nos ajudar a monitorar com mais rapidez, mais eficiência, agilizando o trabalho da nossa equipe. Isso é muito valioso, porque a gente consegue dar um retorno logo para o associado”, explica Galhardo. Segundo Galhardo, o trabalho não para. A equipe faz de cinco a sete visitas por dia. Em uma das áreas em Viradouro, no dia 7 de novembro, quando foi realizada esta reportagem, foram necessários somente poucos minutos para que vários exemplares adultos e larvas do bicudo fossem encontrados num ponto marcado em vermelho no Para Antônio Pagoto, agrônomo da Canaoeste responsável pelos atendimentos nesta região, o monitoramento constante favorece uma otimização da aplicação de defensivos nos canaviais. “Às vezes, o produtor, por falta de técnicos, identificava qualquer coisa diferente na cana achando que era praga e já aplicava um produto. Nesse caso, poderia ocorrer um impacto ambiental grande e um custo maior sem necessidade nenhuma. Então, a gente alinhou toda essa equipe para identificar as pragas, usar os produtos corretos, nas épocas certas. Tudo isso para que o produtor tenha um melhor resultado”. Sandro Augusto Galhardo Antônio Pagoto Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Antônio Carlos Cussiol Júnior Cussiol complementa que, dessa forma, o controle se torna mais econômico, já que “evita desperdícios, reduzindo os custos de produção e viabilizando a produção de uma forma responsável e sustentável”. A iniciativa foi um alívio para João Luiz Balieiro. “A praga, hoje, é o maior problema que nós temos, porque o restante a gente faz, aduba direitinho... Mas aí vem a praga. Por isso, as ferramentas que a Canaoeste nos oferece são muito boas”. Luiz Silvério Neto 25 Benefícios Outro que agradece os serviços prestados é o associado Roberto Rossetti, que produz cana em 480 hectares em Sertãozinho, SP. “São benefícios que a Canaoeste está trazendo, possibilitando um melhor manejo e redução de custos, que hoje é o principal objetivo na fazenda”. Antes do Harpia e da formação da equipe, o combate às pragas, no caso dele, era feito por uma prática que gerava mais custos. “Era um critério que eu estabelecia, depen- dendo do número de cortes, e que, com certeza, não era o ideal”. O Sphenophorus foi identificado em 5% das áreas dele, possibilitando aplicação localizada de inseticida. “O Harpia deu condições de saber exatamente quais as áreas infestadas. Às vezes, eu podia aplicar em áreas que não precisavam, como também não aplicar em áreas que estavam precisando do controle”. Roberto Rossetti Fonte: Harpia – Canaoeste/BASF Números do Harpia Abrangência do projeto: 29.350 hectares Área monitorada: 25 mil hectares Classificação das áreas monitoradas: Alta biomassa – 6,18% Média alta – 19,87% Média – 50,34% Média baixa – 17,1% Baixa – 6,51% Falhas observadas: Falhas com pragas – 996,86 hectares (4,01%) Falhas sem pragas – 19,59% Sem falhas – 76,04% Pragas encontradas: Yponeuma – 43,85% Cigarrinha – 17,86% Sphenophorus Levis – 16,47% Cupim – 16,07% Migdolus – 2,58% Outras pragas – 3,17% BASF Para Luís Carlos Martins Amorim, representante técnico de vendas da BASF, o projeto Harpia é importante porque leva aos produtores informações exatas sobre as necessidades de cada área produtiva. Isso propicia, segundo ele, um manejo correto da plantação e consequente economia de tempo e recursos. “Para a BASF, é fundamental a sustentabilidade do negócio cana como um todo, tanto para a empresa quanto para seus clientes”. A economia na aplicação de produtos pode chegar, de acordo com Amorim, a 80%. “Um exemplo é um defensivo para uma praga que se dá em reboleiras. Com o mapa de análises, você sabe onde ela está atacando e faz a aplicação no local exato. Um serviço que traz mais rentabilidade numa época difícil, de crise. Benefício tanto para a BASF quanto para os produtores e a Canaoeste”. RC Luís Carlos Martins Amorim Revista Canavieiros - Novembro de 2014 26 Reportagem de Capa - Especial Pragas BASF promove evento para discutir ferrugem alaranjada e para lançamento do herbicida Heat Multinacional reuniu produtores para apresentar novo produto e trocar experiências sobre importantes ações no manejo do canavial Andréia Vital P ara apresentar soluções e disseminação de boas práticas de controle e manejo, a BASF promoveu, em outubro, reunião técnica com renomados palestrantes e representantes de usinas, que debateram sobre as pragas da cana-de-açúcar, principalmente a ferrugem alaranjada. A praga causa grandes prejuízos, pois reduz drasticamente a produtividade e a qualidade da matéria-prima e tem preocupado os fornecedores de cana-de-açúcar pela forma agressiva de seu aparecimento e pelo volume afetado. O pesquisador e ex-professor da Unesp, Modesto Barreto, abriu a programação de palestras, que foi dividida em duas partes, e reuniu no Hotel JP produtores de toda a região de Ribeirão Preto- SP. De acordo com suas considerações, a ferrugem alaranjada começou a ser descoberta em 2009 e como a ferrugem marrom, causa perdas de mais de 50% se a variedade for suscetível. “A única diferença entre as duas é que a ferrugem marrom apresenta resistência que a gente chama de resistência de planta adulta e a alaranjada não, o que significa que uma cana que tiver com sete ou oito meses para frente fica resistente à ferrugem marrom, ao contrário da alaranjada, que pode ter a idade que for o comportamento é o mesmo se a variedade for suscetível”, explica. A ferrugem alaranjada é provocada pelo fungo Puccinia Kuehnii que causa lesões na parte interna das folhas, com pústulas pendentes que carregam grande quantidade de esporos, que são lançados no ar e disseminados pelo vento, alastrando o problema da doença. Barreto lembrou que desde quando surgiu a cultura da cana, criou-se o hábito de fazer o controle de doenças com a troca por uma variedade mais resis- O pesquisador e ex-professor da Unesp, Modesto Barreto, abriu a programação de palestras tente, mas a medida não é suficiente, pois se esquece de fazer a prevenção e a praga retorna. O especialista deu como exemplo o que aconteceu com o mosaico da cana que praticamente arrasou o setor canavieiro, em 1925, e depois com o carvão, em 1953, que impulsionou a troca de variedades, mas a praga retornou em 1975. Neste caso, o professor alertou que se tiver uma quantidade de inóculo muito alta, todas as variedades são suscetíveis ao carvão, então se uma usina ou fornecedor plantar uma variedade e tiver muito carvão, ele não está prejudicando só a si mesmo, mas também prejudicando a outros, porque a variedade dos vizinhos vai começar a dar carvão. De acordo com o consultor, é necessário tomar cuidado com a tecnologia de aplicação porque para a doença o molhamento foliar tem que ser muito melhor, mesmo com produto sistêmico. “Praga anda, doença não anda, fungo e bactéria não andam, então se ele cair onde não caiu o produto o fungo entra na cana e causa a doença”, explica, recomendando a aplicação preventiva caso tenha sido constatada a doença no ciclo anterior. Na ocasião, o engenheiro agrônomo de desenvolvimento de mercado Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Mauro P. Cottas, engenheiro agrônomo de desenvolvimento de mercado da BASF da BASF, Mauro P. Cottas, destacou os produtos da multinacional para o controle de doenças e mostrou os benefícios do Opera no controle de doenças como a ferrugem alaranjada, como também no incremento da produtividade. O produto é um fungicida com alta eficiência no controle de doenças e oferece maior produtividade, qualidade e rentabilidade através dos benefícios do AgCelence, afirma o fabricante. “A aplicação do Opera apresentou os melhores resultados, além de oferecer maiores ganhos em TCH, sendo assim o nosso produto escolhido para o controle dessa doença”, afirmou Carlos Daniel 27 Multinacional lança Heat, uma nova ferramenta no combate às folhas largas Carlos Daniel Berro Filho, do departamento de P & D e Tratos Culturais, da Bunge Berro Filho, do departamento de P & D e Tratos Culturais, da Bunge Brasil, que também testemunhou sobre os benefícios conseguidos com o uso do produto. De acordo com ele, a ferrugem alaranjada ganhou dimensões comerciais em 2014, na área de atuação da Bunge, que tem oito usinas, em São Paulo, Minas Gerais e Tocantins, contemplando 300 mil ha, sendo cerca de 30% de fornecedores. O problema demandou a necessidade da realização de estudos para identificação de manejo ideal, que constatou a eficiência do Opera. Berro Filho também destacou que os estudos apontaram ainda que para manter as folhas verdes, o controle tem que ser preventivo e que o uso de ferramentas de previsibilidade, como o agrodetecta, é fundamental. A parceria com a BASF para o controle da ferrugem alaranjada também foi destacada pelo agrônomo Rodrigo de Carvalho Nogueira, coordenador da Canacampo (Associação dos Fornecedores de cana da região de Campo Florido-MG), que atende a Usina Coruripe. O engenheiro agrônomo contou que a entidade conta com 62 fornecedores e aproximadamente 200 arrendatários, que correspondem por 2.440 milhões toneladas dos 3.720 milhões que serão moídos pela unidade. “A aplicação do fungicida no tempo certo nas áreas acompanhadas pela Canacampo e pelas equipes técnicas dos fornecedores, apresentou ganho de produtividade na média de 8 a 10 de tonelada por hectare com o uso do Opera”, disse. A reunião técnica da BASf também serviu para o lançamento do Heat, um herbicida com alta eficiência contra plantas daninhas de folhas largas, coordenado por Alan Borges, Gerente de Desenvolvimento de Mercado e Carulina Oliveira, gerente de marketing para o setor de Cana, da multinacional. “O Heat é um herbicida com alta eficácia para plantas daninhas de folhas largas, cordas de viola, inclusive, cipó, como mamona e é altamente seletivo”, afirma Carulina, explicando que o produto tem inúmeras características que faz com que ele tenha mais de um funcionamento, ou seja, para o plantio, pré-colheita, pré-emergência, pós-emergência e soqueira. O produto oferece alta seletividade, fácil absorção via raiz e ótimo custo-benefício, além ter efeito rápido em pré e pós-emergência. “Porém agora nós só vamos falar do seguimento de plantio, antes do quebra lombo”, diz a executiva, explicando que o Heat foi lançado nos EUA, em 2009, e depois em mais 49 países e chegou ao Brasil, em janeiro lan Borges, Gerente de Desenvolvimento de Mercado Carulina Oliveira, gerente de marketing para o setor de Cana de 2013, quando foi lançado para outras culturas como soja e algodão. “Agora estamos lançando oficialmente o produto para a cana e posicionando-o no plantio de final de ano e plantio de janeiro”, afirma Carulina, explicando que o lançamento do produto na soqueira acontecerá no meio do próximo ano. “Como a cana tem vários segmentos, resolvermos fazer os lançamentos também segmentados”. Estudos sobre o uso do Heat e seus resultados foram apresentaram na reunião pelo pesquisador Weber Geraldo Valério, da Agro Analítica Consultoria Agronômica e por Marcelo Nicolai, engenheiro agrônomo da Agrocon Assessoria Agrícola. Na oportunidade, Carulina também explanou sobre o desafio Canamax, que é uma parceria com a BASF e o CTC que tem como objetivo estimular o setor sucroenergético a conquistar a máxima produtividade dos canaviais. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 28 Reportagem de Capa - Especial Pragas Canaoeste promove II Encontro Técnico sobre pragas da cana-de-açúcar Evento debateu impactos negativos e apresentou estratégias para o monitoramento e controle das infestações Andréia Vital O avanço da mecanização do plantio e colheita da cana-de-açúcar otimizou o sistema no campo, mas ao mesmo tempo, o aumento da cana crua e a falta de controle biológico contribuíram para a proliferação das pragas na lavoura. Carvão, nematoides, migdolus, broca-da-Cana, cigarrinhas e mais recentemente, Sphenophorus, passaram a fazer parte do dia a dia de produtores rurais, que buscam alternativas para não perder suas plantações, já que o prejuízo causado pelas pragas e doenças é avassalador. Foi com este propósito, de oferecer ao produtor acesso a novas tecnologias e soluções para o controle, monitoramento e manejo, que a Canaoste, promoveu, em outubro, o II Encontro Técnico sobre pragas da cana-de-açúcar. A reunião realizada no auditório da entidade, em Sertãozinho-SP, reuniu mais de 200 fornecedores de cana-de-açúcar da região de Ribeirão Preto-SP. O evento contou com a parceria com a Copercana, Arysta Lifescience Corporation, BASF, Dupont, FMC e Syngenta. “O objetivo deste encontro técnico é falar sobre broca, cigarrinhas e Sphenophorus, que são as pragas de maior ocorrência nas áreas de abrangência da Canaoeste. Foram abordados os assuntos como o por quê, quando e como controlar estas pragas a fim de que o produtor mantenha o seu canavial sadio Alessandra Durigan, gestora técnica da Canaoeste entregou homenagem ao Professor Wilson Novaretti Professor Wilson Novaretti falou sobre o controle de praga na cana-de-açúcar e vigoroso e não comprometa a produtividade agrícola e a qualidade do produto final”, disse a gestora técnica da Canaoeste, Alessandra Durigan. Para ela, a segunda edição do evento foi muito proveitosa. “Foi muito válida, tivemos a presença do professor Wilson Novaretti, que tem uma ampla experiência neste assunto e, com certeza, contribuiu muito para passar toda informação necessária para o produtor rural referente aos assuntos que foram abordados”. Segundo Gustavo Nogueira, gestor operacional da Canaoeste, o encontro é realizado nesta época do ano justamente por ser o início das chuvas, momento de maior infestação das pragas do campo. “Eu achei que o evento foi ótimo, o resultado foi atingido, a palestra do professor Novaretti foi excelente”, disse ele, argumentando que ao contrário de outras ocasiões, desta vez, o público interagiu mais. “Os produtores participaram bastante, perguntaram, esclareceram dúvidas, o que nunca aconteceu em outras vezes. Acho que a boa participação dos produtores se deve ao modo como o palestrante conduziu a palestra, que estimulou, desinibiu, deixou o pessoal mais à vontade para fazer Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Gustavo Nogueira, gestor operacional da Canaoeste perguntas. Então, o objetivo foi atingido com sucesso graças ao trabalho de toda a equipe”, afirmou. Ao dar as boas-vindas aos produtores rurais que participavam do encontro, Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e Orplana, destacou a importância da indústria canavieira e lamentou a falta de atenção do Governo para com o segmento. “O setor sucroenergético é a solução para grandes problemas do País, como a energia, mas estamos assistindo ao setor acabar, com em- 29 outro fator que tem contribuído para o aumento das pragas é a cana crua. Segundo ele, a palha mantém a temperatura amena para a praga, além disso, a mecanização que contribui para a disseminação do inimigo, que no caso do Sphenophorus tem ocorrido basicamente pela muda e pela colhedora. O Sphenophorus é uma praga relativamente nova para a região e tem preocupado o setor canavieiro devido a sua rápida disseminação. “Para a broca e Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste presas passando dificuldades e muitas devem fechar antes da próxima safra”. Ortolan também ressaltou que o Brasil tem um potencial enorme para atender à demanda mundial de alimentos que existirá nos próximos anos, mas a oportunidade será perdida se as coisas não mudarem. Também afirmou ser muito importante o produtor ter acesso às novas tecnologias ao combate às pragas, evitando prejudicar a produtividade dos seus canaviais. De acordo com o pesquisador Wilson Novarreti, o controle de praga na cana-de-açúcar é uma rotina como qualquer outra, tais como adubação e preparo de solo. “As pragas estão aí, dificilmente você vai eliminá-las. Temos que aprender a conviver com elas abaixo do nível de dano e o objetivo dessa reunião é mostrar técnicas de controle, principalmente da broca, cigarrinha e Sphenophorus, focando em diversos métodos, como químico, bioquímico, biológico e cultural mecânica”, esclareceu Novaretti, que foi o palestrante no dia. O aumento da população dessas três pragas se deu em função de dois fatores, explica o pesquisador. “O primeiro é o fator climático. Estamos tendo anos seguidos de seca e a deficiência hídrica tem uma influência grande nos inimigos naturais, mas poucas influências sobre as pragas. Com o início das chuvas elas ocorrem com uma intensidade maior”, analisa, dizendo que o cigarrinha existem métodos de controle interessante, mas para os Sphenophorus tem preocupado a gente, não só pela sua disseminação, mas pelo dano que promove e também pela característica biológica do adulto”, explica Novatelli. Segundo ele, o adulto das pragas de cana, normalmente vive 4, 5, 8,10 15 dias e, no caso do Sphenophorus, o adulto vive 200 dias. “Com isso, a capacidade de reprodução e a capacidade de infecção são muito maiores de infestação”, conclui. Novas tecnologias As empresas parceiras na organização do evento também apresentaram suas soluções para o controle desses novos inimigos. Antonio Gonçalves, da Arysta LifeScience, destacou produto lançado pela multinacional, em setembro, para o controle da broca: o Atabron. O novo ativo da Arysta é um inseticida fisiológico inibidor da biossíntese de quitina. Segundo o consultor, o produto tem ação rápida por contato e ingestão, como também ação seletiva ideal para o manejo integrado de pragas preservando os inimigos naturais. Vinicius Batista, consultor da FMC Já o consultor Jedir Fiorelli mostrou tecnologia da DuPont, o inseticida Altacor para evitar a infestação da broca. Ele deu como exemplo uma usina da região de Ribeirão Preto - SP, que tinha 11% de sua área infestada e conseguiu reduzir para 1,49% após a aplicação do produto. Antonio Gonçalves, da Arysta LifeScience Vinicius Batista, consultor da FMC, apresentou as soluções da multinacional americana para o controle de pragas. O destaque foi para o novo produto da FMC, o Talisman, que tem como benefícios a eficiência no controle de Sphenophorus, melhor desenvolvimento do sistema radicular e ação no controle de cigarrinhas, entre outros. Jedir Fiorelli mostrou tecnologia da DuPont O inseticida Regent Duo foi destacado pelo consultor da BASF, Mauro Cottas, na ocasião. O inseticida tem excelente controle da larva ao besouro Revista Canavieiros - Novembro de 2014 30 Reportagem de Capa - Especial Pragas do Sphenophorus, possui longo residual e controle eficiente, protegendo o rizoma da planta por mais de uma geração no mesmo ano, afirma o fabricante. O engenheiro agrônomo também falou do 1º Desafio de Produtividade da Cana - CANAMAX - CTC/Basf - Soca da Safra 2014/2015, iniciativa que tem o objetivo de estimular o setor sucroenergético a conquistar a máxima produtividade dos canaviais. Equipe técnica da Canaoeste com o palestrante Wilson Novaretti Mauro Cottas, consultor da BASF Aprovação dos participantes Para o líder de Fitotecnia da Usina Batatais, Ismael Ferreira Rodrigues, agregar novos conhecimentos é sempre relevante. “É importante um evento como este porque no momento o setor enfrenta uma crise por conta das pragas, que estão dando em grandes proporções, e é bom a gente sempre agregar mais conhecimento para conseguir segurar um pouco o avanço dessas pragas”, disse. O evento foi bem avaliado pelos participantes. “Achei o evento ótimo. As pesquisas mostram que buscar uma maior produtividade é o caminho que a gente tem que seguir, senão todos estes problemas citados vão nos prejudicar, portanto, é importante compartilhar as informações”, afirmou João Batista Gonçalves Dias. Produtor rural de Mococa-SP, onde tem uma área de 700 hectares, ele contou que já encontrou Sphenophorus, o que já tem causado impacto na sua produção. “Muitas coisas que aprendemos aqui poderemos usar no nosso dia a dia”, afirmou. Rodrigo Sicchieri Rosa que um evento deste porte pode orientar o que fazer com a cana e que hora agir. O evento vem a somar muito para o produtor”, disse. Fornecedor de cana, ele produz de 11 a 12 mil toneladas por safra e afirmou que teve problemas com cigarrinha e broca, mas o Sphenophorus ainda não encontrou em suas terras, mas as informações obtidas no evento ajudarão a se prevenir contra a praga. Luiz Carlos Tasso Júnior Ismael Ferreira Rodrigues De acordo com Luiz Carlos Tasso Júnior, superintendente da Canaoeste e conselheiro fiscal da Copercana e Sicoob Cocred, o evento faz parte da filosofia da Canaoeste que é a de proporcionar ao associado acesso a novas soluções e informações para o controle do canavial. “O nosso objetivo é trazer extensão, novas tecnologias de controle, controle químico, manual e mecânico para que o produtor consiga ter maior eficiência no canavial, com maior produtividade e lucratividade ao nosso associado”, afirmou, ele concluindo. “É a Canaoeste ao lado do produtor”. RC João Batista Gonçalves Dias Opinião compartilhada com o produtor de Morro Agudo - SP, Rodrigo Sicchieri Rosa. “Eu acho que o setor está atravessando um momento de grande dificuldade, passando por uma modificação muito ampla, que é da cana queimada para cana crua e o produtor fica meio perdido, sem saber o que fazer com essa situação. Então eu acredito Revista Canavieiros - Novembro de 2014 31 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 32 Reportagem de Capa - Especial Pragas Experts Cana é realizado para cooperados Evento promovido pela FMC em parceria com a Copercana ofereceu orientações sobre técnicas de manejo para a cultura da cana-de-açúcar Andréia Vital A Copercana foi sede, em setembro, da realização do Experts Cana, um evento promovido pela FMC Agricultural Products, para gerentes, supervisores e consultores das principais usinas dos Estados de Minas Gerais, São Paulo, Goiás e Alagoas. O encontro, que faz parte de uma programação que foi realizada entre os meses de julho e outubro, teve o objetivo de auxiliar o produtor rural na escolha de tecnologias assertivas em relação ao manejo nos canaviais, proporcionando, assim, um melhor retorno sobre o investimento aplicado. De acordo com Vinícius Batista, agrônomo da FMC e responsável pela gestão da conta da Copercana, a parceria entre a multinacional e a cooperativa é eficiente no sentido de difundir as inovações, soluções e novas tecnologias aos cooperados, visando que eles consigam produzir mais. “Temos como missão gerar produtividade e, para gerar produtividade, é necessário aumentar a rentabilidade”, explica Batista, contando que a ideia das reuniões é oferecer conhecimento para que os produtores consigam utilizar as informações em prol de melhores resultados no campo. Dando início à abordagem das soluções tecnológicas com foco na rentabilidade da cana, o evento contou com Vinícius Batista, agrônomo da FMC palestras como a de Michel Fernandes, professor da UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e consultor, especialista em plantas daninhas, que na ocasião, explanou sobre as tendências do mercado, manejo de pragas e controle químico. Responsável pelo setor de Desenvolvimento da usina Cerradão, em Frutal (MG), Fernandes explanou sobre as experiências que teve em usinas ao longo de 10 anos, abordando a questão da seletividade dos herbicidas. “O cenário mudou muito, saímos da colheita queimada e passamos para a colheita crua e isso tem um impacto grande com o surgimento de pragas que interferem na produtividade e no custo”, disse, lembrando que o plantio também mudou. Michel Fernandes, professor da UEMG Revista Canavieiros - Novembro de 2014 “Quem não evolui se encontra perdido. Hoje temos um canavial doente, um fator de produtividade mutante” alegou, advertindo que novos obstáculos surgem como a ferrugem alaranjada. “Não se dava bola para esta doença, mas atualmente ela está causando um prejuízo absurdo, principalmente no Triangulo Mineiro”, contou, afirmando que em outras culturas, como soja e milho, conseguiram aumentar a produtividade, mas na cana-de-açúcar a média continua no mesmo patamar. Além de todos os fatores adversos, existem práticas que estão resultando na perda de produtividade e um dos pontos de extrema importância para reverter este quadro é o manejo de ervas daninhas, que afetam a qualidade e eficiência agrícola. De acordo com o consultor, existem produtos com excelente controle de ervas, mas é necessário avaliar a seletividade. “Seletividade é a capacidade de determinado herbicida eliminar as ervas daninhas de uma cultura, sem reduzir a produtividade ou a qualidade do produto. Então temos que controlar a erva daninha só que não podemos controlar a cana, que tem que estar no máximo de seu desenvolvimento”, explica. O especialista alertou que os principais fatores que interferem na seletividade são 33 portfólio assertivo e eficaz para o manejo de plantas daninhas, com produtos com diferentes modos de ação, de diferentes mecanismos ou novas tecnologias realmente para o setor”, diz o consultor, se referindo à família Boral, herbicida que promove excelente controle de folhas largas e estreitas com residualidade, inclusive no controle de diferentes espécies de corda-de-viola. Roberto Toledo, gerente de Desenvolvimento de Produto Herbicida a dose, principalmente para os produtos utilizados no meio do ano, período próximo das chuvas. Fernandes ressaltou também que a maioria das variedades é sensível aos produtos químicos. O consultor apresentou trabalho feito em 2008, que conclui que o tratamento que teve o maior controle das ervas daninhas, “que deixou o canavial como um asfalto”, obteve também uma redução de produtividade agrícola. “Nem sempre o local onde está muito limpo quer dizer que o canavial vai produzir mais” disse, completando, “temos que ter planejamento, saber o que vamos aplicar, ter os produtos e máquinas corretas, aplicar em pré, e não somente utilizar o que tem, vamos economizar dinheiro, pensando”, ensinou. Na ocasião, o gerente de Desenvolvimento de Produto Herbicida da FMC, Roberto Toledo, abordou a questão do manejo de defensivos de alta performance em cana ressaltando o portfólio de herbicidas da FMC. “A FMC pode contribuir com o setor de maneira imediata disponibilizando Na linha de produtos da empresa também ganharam destaque o herbicida Sinerge, que tem um controle eficiente de folhas largas com alto residual e seletividade; o Furadan, nematicida eficiente, com ação complementar inseticida e efeito fitotônico que promove longevidade e produtividade para o canavial; o Talisman, inseticida que combina dois modos de ação diferentes, resulta em efeito de choque e residual para o controle de Sphenophorus promovendo mais vigor para os canaviais e ganhos significativos de produtividade e para o manejo de plantas daninhas e o herbicida Aurora, excelente no manejo de plantas tolerantes. Para encerrar o evento, a pesquisadora Leila Dinardo Miranda, do IAC (Centro de Cana) abordou a questão do aumento das plantas daninhas com a introdução da mecanização na lavoura de cana-de-açúcar. A pesquisadora advertiu que embora sejam simples de manejar, os nematoides foram esquecidos nos últimos anos, em parte por conta da preocupação com a situação econômica e com outras pragas, como Cigarrinha e Sphenophorus levis, fato que contribuiu para a disseminação da praga, que é um parasita microscópico que impacta de forma negativa a produtividade por dificultar a absorção dos nutrientes pelas raízes e destruí-las. Leila Dinardo Miranda, pesquisadora do IAC De acordo com Leila, os nematoides reduzem de 20% a 30% a produtividade no primeiro corte da cana-de-açúcar. Já a queda da produtividade das soqueiras é de 10% a 20% por corte, além de reduzir a longevidade do canavial, com prejuízo da perda de um corte. “São poucas as culturas nas quais os nematoides têm tanta importância quanto a cana-de-açúcar”, alertou. As quatro espécies mais comuns associadas à raiz da cana são Meloidogyne incógnita e Meloidogyne javanica, que causam as galhas nas raízes, Pratylenchus zeae e Pratylenchus brachyurus, que ocasionam lesões que nem sempre são fáceis de identificar, porque existem outras pragas que provocam o mesmo tipo de lesão, explica a pesquisadora. “A cigarrinha quando suga a raiz provoca um sintoma parecido, então a gente consegue descobrir se tem ou não nematoide arrancando a raiz e coletando a amostra que deve ser levada para o laboratório”, diz, explicando que os nematoides atacam o sistema radicular e por isso destroem todas as raízes, o que dificulta a cana absorver água e nutrientes, crescendo menos. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 34 A profissional lembrou que a praga ocorre em qualquer tipo de solo, argiloso ou arenoso, sendo que o dano acaba sendo maior no solo arenoso, porque a planta tem menos condições de suportar o ataque da praga já que o solo arenoso geralmente é mais pobre, ou seja, a planta sofre mais no solo arenoso. Para verificar se uma área está infestada, é necessário fazer uma amostragem, mas nunca em período seco do ano – entre junho e outubro, e sim aguardar um mês após o início das chuvas. “Isso porque a população de nematoides não é constante, ela flutua, sobe e desce, inclusive há competição entre espécies, e ela aumenta quando chove, pois no período chuvoso a cana emite raiz e os nematoides se alimentam das raízes, portanto aumentam. Quando começa o período seco, a cana vai perdendo a raiz e os nematoides vão diminuindo devido à falta de umidade no solo”, diz. Segundo a especialista, o tratamento mais utilizado é feito com o nematicida, pois a cana responde muito ao uso desse produto, que quando aplicado no plantio e na soqueira reduz e controla a população de nematoide por um período que varia de 2 a 6 meses e pode aumentar a produção em até 30 toneladas por hectare. “Se eu planto numa época muito chuvosa, cana de ano, o residual é mais curto, pois o período é muito chuvoso. Se o plantio acontece de março a abril, o residual é maior, controlando por 5 ou 6 meses ou até mais, porque no período mais seco o produto se degrada menos”, ensina Leila, concluindo “a minha recomendação é a seguinte: se você tiver uma área muito infestada de nematoide, quando for renovar o canavial, plante uma variedade média e tardia, porque este tipo é mais fácil de ter retorno quando se faz o tratamento”. Na oportunidade, Leila também explanou sobre outra praga que tem sido o calcanhar de Aquiles dos produtores. “A primeira praga que percebemos que se intensificou com a cana crua foi a cigarrinha, mas não foi só ela, os Sphenophorus também se beneficiaram com o novo sistema”, diz a profissional, lembrando que as queimadas matavam uma parte das pragas, agora sem o fogo, além de não Reportagem de Capa - Especial Pragas matar o adulto deixam a palha que para ele serve de cobertor, elucida a pesquisadora, afirmando que a praga é encontrada o ano todo no campo e pode causar uma redução de produtividade altíssima. A população de Sphenophorus aumenta na medida em que o canavial envelhece e sua disseminação acaba sendo feita principalmente com a muda ou até mesmo com a colhedora. Devido a este fator, é necessário ter cuidado com a limpeza das máquinas, lembra Leila. Amostragens na área de reforma, antes de se destruir a soqueira, são indicadas para verificar se a praga está no campo. “A minha recomendação é que, principalmente, para as pessoas que não sabem se têm praga na área, que façam dois pontos por hectare, e se a população está baixa, é conveniente aumentar a grade de amostragem para seis pontos por hectare”, explica. Outro detalhe importante quando se adota medida de controle para Sphenophorus no plantio é destruir mecanicamente a soqueira velha, no caso de ter encontrado a praga. Além disso, é importante rotacionar produtos, ensina a especialista. O gerente comercial da Copercana, Frederico Dalmaso, destacou a relevância do Experts Cana. “O evento é de alta qualidade técnica, com palestrantes de primeira linha, por isso é importante para o fornecedor ter acesso às informações que conseguimos trazer com a ajuda de um parceiro forte como a FMC”, afirmou ele, pontuando que foi o primeiro Experts Cana realizado em Sertãozinho-SP e o primeiro feito junto à cooperativa. Frederico Dalmaso, gerente comercial de insumos da Copercana Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana, também aprovou a realização do evento e destacou a relevância das informações oferecidas pelos palestrantes. “A Copercana e Canaoeste contam com mais de 30 agrônomos no campo, é importante conhecer o que há de novo, principalmente neste caso de combate às doenças, temos sempre que nos unir com multinacionais, como a FMC, que sempre fez sozinha este projeto e agora nos convidou para sermos seus parceiros”, disse. Manoel Ortolan, presidente da Canaoeste e o Deputado Federal Arnaldo Jardim Participando de uma visita às instalações do Sistema Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred, o deputado federal Arnaldo Jardim, então candidato à reeleição, no momento, aproveitou para dar sua palavra aos participantes do evento. Acompanhado pelo presidente da Canaoeste, que agradeceu a presença de todos, o deputado falou sobre o trabalho da Frente Parlamentar em Defesa do Setor Sucroenergético, que coordena em Brasília e outros assuntos pertinentes à sua atuação em prol do segmento. RC 35 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 36 Destaque I Copercana e Canaoeste prestigiam inauguração de unidade da Yara Com investimentos de R$ 115 milhões, misturadora de fertilizantes em Sumaré-SP terá capacidade para envasar 750 mil toneladas por ano Igor Savenhago O presidente e diretores da Copercana, além de gerentes da Copercana e da Canaoeste, estiveram em Sumaré-SP, em 11 de novembro, para a inauguração da nova unidade misturadora de fertilizantes da Yara. Eles conheceram a planta mais moderna do País no segmento, que recebeu investimentos de R$ 115 milhões e terá capacidade para armazenar 115 mil toneladas e envasar 750 mil por ano, em embalagens de 50 kg e uma tonelada. Com a compra da Bunge, em 2013, a Yara se tornou a líder no mercado nacional de fertilizantes, respondendo por 25% das vendas. Sumaré, por se localizar numa região estratégica, às margens da Rodovia Anhanguera, próxima a áreas de cana, café, grãos e citros e com fácil deslocamento até o Porto de Santos, integra um audacioso plano da Yara que prevê um crescimento ainda maior no Brasil. De acordo com o presidente da Yara Brasil, Lair Hansen, o nosso País se tornou especial para os negócios da companhia, que nasceu em 1905, na Noruega. Além de oferecer terras férteis, uma combinação ideal de sol e chuva na maior parte das regiões e possuir a maior reserva de água doce do planeta, o Brasil cresce, em média, 3,5% ao ano em consumo de fertilizantes. “Em 2050, teremos o desafio de alimentar nove bilhões de pessoas no planeta. Nesse aspecto, o Brasil se tornou um pilar da economia mundial”. to agrícola, é fundamental termos esse avanço na qualidade dos insumos, para que possamos ter uma melhor produtividade”. Pedro Esrael Bighetti, diretor da Copercana, parabenizou os executivos da Yara pelo investimento. “É de muito mérito, de muito valor, porque a Yara é uma empresa ‘pés no chão’, bastante sólida. Basta ver que, numa crise como a que estamos vivendo, ela tem condições de apostar nessa unidade moderna. Para nós, foi um presente”. A unidade A nova planta é a 33ª unidade misturadora da Yara no Brasil. A companhia mantém, ainda, dois escritórios, em Porto Alegre e São Paulo, e duas fábricas, em Rio Grande-RS e Ponta Grossa-PR. Como 70% dos insumos para a produção de fertilizantes no país são importados, uma das preocupações, ao escolher Sumaré, foi se instalar numa região com fácil acesso ao Porto de Santos. As atividades da nova unidade estão no início. Conforme for expandindo a capacidade de operação, uma das me- O presidente da Copercana, Antonio Eduardo Tonielo, declarou que esta nova unidade misturadora apresenta o que há de mais moderno em tecnologia para adubo. “Para a Copercana, parceira da Yara já há muitos anos, é muito importante termos uma indústria como esta no Estado de São Paulo. Pensando no desenvolvimenRevista Canavieiros - Novembro de 2014 tas é fazer a substituição de até 80% da frota rodoviária, que seria composta por 25 mil caminhões/ano, por transporte sobre trilhos, o que permitirá a redução de um milhão de quilos de CO2 anualmente. Para isso, a área, que tem um total de 80 mil metros quadrados, sendo Lair Hansen, presidente da Yara Brasil nova unidade misturadora de fertilizantes da Yara 37 Descerramento da placa inaugural Egil Hogna, Torgeir Kvidal, Lair Hansen, Cristina Bredda Carrara, Morten Høglund, Mônika Bergamaschi e Francisco Jardim Os participantes fizeram uma visita as instalações acompanhados de explicações dos processos realizados 34 mil construídos, dispõe de um modal rodoferroviário operado pela Rumo Logística, que integra as duas malhas e liga, também, os trens ao porto. Os fertilizantes misturados e envasados em Sumaré irão abastecer os mercados de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul – esses dois últimos em menor escala. Toda automatizada, a unidade contará com 90 colaboradores. Presente no Brasil desde 1977, com a denominação de Norsk Hidro e atendendo, inicialmente, aos ramos de petróleo, alumínio e fertilizantes, a empresa adquiriu, no início dos anos 2000, a Adubos Trevo. Em 2004, passou a se chamar “Yara”, que, em norueguês, significa “boa colheita”. Desde então, atua, apenas, em nutrição vegetal. Dois anos depois, adquiriu a Fertibrás; em 2013, a Bunge; e, neste ano, comprou 60% da Galvani. Com mais de três mil colaboradores em todo o país, a Yara Brasil fatura R$ 5,6 bilhões ao ano, em média, movimentando 7,6 milhões de toneladas, com vendas direcionadas principalmente ao mercado interno e ao Paraguai. Torgeir Kvidal, presidente internacional da Yara Antonio Eduardo Tonielo, Sandro Sorrente, Gustavo Nogueira, Pedro Esrael Bighetti, Frederico Dalmaso e Franco Viana Presença internacional A inauguração da unidade contou com as presenças do presidente internacional da Yara, Torgeir Kvidal, que veio acompanhado pelo responsável da área de vendas mundiais da companhia, Egil Hogna. Kvidal afirmou que, além do crescimento populacional, que obrigará o planeta a produzir, nas próximas cinco décadas, a mesma quantidade de alimentos dos últimos dez mil anos, os hábitos da população estão mudando, favorecendo um maior consumo de frutas, legumes e verduras. “A indústria de fertilizantes precisará estar preparada para dar respostas a esses desafios”. Já Hogna citou dois aspectos. O primeiro foi a escassez de água no planeta, que, ao mesmo tempo em que preocupa, movimenta o setor de nutrição vegetal a pensar em alternativas para reduzir a dependência dos recursos hídricos. “Quando você utiliza o fertilizante correto, é possível aumentar a produtividade de forma que o volume de água utilizado seja menor. Isso depende de pesquisas para que se avalie a quantidade adequada de fertilizantes diante da água disponível. Hoje, já é possível dizer que dá para triplicar a produção com a mesma quantidade de água”. Outro ponto abordado foi a posição estratégica que o Brasil ocupa nos negócios na Yara Internacional, que opera em 50 países, fornecendo produtos para 150 nações. Segundo ele, considerando que a agricultura brasileira mais que triplicou a produção de grãos nas últimas duas décadas e que isso se deve, entre outros fatores, ao crescimento do uso de fertilizantes, é necessário que a indústria se atente para conseguir ofertar um volume suficiente de soluções em nutrição vegetal para atender às demandas por comida no planeta. A secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Monika Bergamaschi, também convidada para o encontro, chamou a atenção para o fato de que a produção de alimentos deverá se sustentar num tripé de sustentabilidade: ambiental, social e econômica. “É mais fácil lembrar das questões ambientais e da pressão por aspectos sociais. Mas a questão econômica é primordial, sem a qual nossos agricultores, empresários e investidores perderão a condição de permanecer na atividade”.RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 38 Destaque II Produção de alimentos terá que aumentar 70% até 2050 FAO-ONU aponta o Brasil como principal ator para suprir a demanda de alimentação global e destaca a importância do papel do pequeno produtor rural no sistema produtivo Andréia Vital A população mundial deve chegar a 9,1 bilhões de pessoas em 2050, 34% a mais do que o número atual, sendo que a maior parte será proveniente de países em desenvolvimento, viverá em áreas urbanas e com níveis de renda maiores do que os atuais, de acordo com projeções da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO-ONU). Para atender às necessidades deste novo contingente, a produção de alimentos terá que aumentar em 70%, ou seja, terão que ser produzidas 200 milhões de toneladas de carnes a mais e aumentar a produção de cereais em 900 milhões de toneladas, passando dos atuais 2,1 bilhões para 3 bilhões toneladas/ano. Já a produção de açúcar deverá ser 20% maior do que é atualmente. “O desafio não é só produzir, mas também é o de que as pessoas tenham acesso a estes alimentos” alertou o representante da FAO-ONU no Brasil, Alan Bojanic, durante o VI Fórum Inovação, Agricultura e Alimentos para um Futuro Sustentável - Desafio 2050, realizado no dia 14 de outubro, no Museu Brasileiro da Escultura (MuBE), em São Paulo-SP. O evento, que foi realizado pela FAO-ONU, Embrapa, Associação Nacional da Defesa Vegetal (Andef), Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), faz parte da agenda oficial, no Brasil, da Semana Mundial da Alimentação, e reuniu lideranças da cadeia produtiva de alimentos e do agronegócio, como a secretária de Agricultura do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, e Braz Agostinho, presidente da FETAESP (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de São Paulo), entre outros. Bojanic afirmou, na ocasião, que é preciso resolver o problema da fome atual ao mesmo tempo que se discute como alimentar o mundo nos próximos anos. “O grande desafio é erradicar a fome no presente, pois ainda existem 805 milhões de pessoas que passam fome no mundo”, disse ele, contando que de cada 1 em cada 9 pessoas e 1 em cada 4 na África sofrem de fome crônica sem ter nada para comer regularmente, conforme relatório anual da FAO. Devido a sua contribuição para a erradicação da fome, o Brasil ganhou um capítulo especial na edição do documento deste ano, que foi divulgada em setembro. “A pobreza foi reduzida em 65% no Brasil, de 2002 a 2012, passando de 24,8% para 8,5% e a extrema pobreza foi reduzida de 9,8% para 3,5%” comentou o executivo. O relatório mostra também que o excesso de peso aumentou em 3 vezes para os homens e dobrou para as mulheres entre 1974/75 e 2008/09 e o aumento entre adolescentes e crianças de 5 a 9 anos foi de 3 vezes nos últimos 20 anos. Fato que deve ser levado em consideração, pois o maior acesso aos alimentos e o exagero têm elevado o índice de doenças, como o AVC, explicou o executivo. O representante da FAO também afirmou que o Brasil tem um papel fundamental para a segurança alimentar do planeta. “É um dos países mais importantes em termos de fornecimento e, com certeza, com grandes disponibilidades de aumentar o seu potencial de produção, como também pode exportar conhecimento, programas bem-sucedidos, experiência de produtores e de cooperativismo”, disse. Bojanic ressaltou também a relevância da Agricultura Familiar na superação do desafio de alimentar o mundo no futuro, já que existem mais de 500 milhões de explorações familiares no mundo e quase 98% de todas as explorações agrí- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Alan Bojanic, presentante da FAO-ONU no Brasil Maurício Lopes, presidemte da Embrapa colas mundiais pertencem a pequenos agricultores. “Os pequenos agricultores têm um importante papel na luta para a erradicação da fome e da pobreza, tanto como produtores como consumidores de alimentos”, afirmou, lembrando que em 2014 se comemora o ano internacional da Agricultura Familiar. Ao finalizar sua apresentação, o representante da FAO enfatizou que o desenvolvimento sustentável necessário no futuro será alcançado com inovações e aumento da produtividade e acentuou que o uso de renováveis é essencial neste cenário. “Para nós é fundamental aumentar a utilização das bioenergias, pois entendemos que é uma das formas de descarbonizar a agricultura, reduzindo a emissão de carbono”, disse. Tema evidenciado também pelo presidente da Embrapa, Maurício Lopes, em sua palestra. “As tendências de consumo conduzem a maior valorização de 39 Luis Carlos Corrêa Carvalho produtos verdes, saudáveis, produzidos por meio de sistemas sustentáveis”, esclareceu ele. Na ocasião, Lopes deu um panorama sobre o cenário que impactará o futuro dos alimentos, ressaltando a importância de se antecipar e planejar, antes de agir. “A agricultura está em constante evolução e as novas tecnologias revolucionarão a produção de alimentos”, disse. Para o presidente da ABAG, Luiz Carlos Corrêa Carvalho, a baixa produtividade média mundial da agricultura é um grande obstáculo a ser superado O projeto Revolução Verde homenageou personalidades do agronegócio no sentido de alimentar o mundo no futuro. “É extraordinário o que conseguimos atingir em produtividade em grãos e carnes, com tecnologia desenvolvida aqui. Isto é de fato uma bandeira diferenciada do Brasil, mas para atender aos 40% do adicional de demanda, conforme indicou a FAO, o País precisará a cada 10 anos, atingir o seu máximo de produtividade para cumprir a meta”, ressaltou Carvalho. Opinião compartilhada com o presidente do Conselho Diretor da ANDEF, Laércio Giampani, que evidenciou também a importância de se somar esforços do setor produtivo, governos e sociedade, para que o Brasil possa cumprir sua missão. Ao explanar no painel “Gastronomia brasileira: qualidade para alcançar o mundo”, a chef Mônica Rangel foi taxativa ao afirmar que é imprescindível evidenciar mais a culinária nacional, como também despertar o patriotismo Revista Canavieiros - Novembro de 2014 40 na sociedade a fim de valorizar o que é produzido no País. Mônica, que é jurada do programa Cozinheiros em Ação, da GNT, e proprietária de um restaurante em Visconde de Mauá – RJ, destaque do Guia Quatro Rodas como a melhor comida mineira há mais de 10 anos, é fundadora do movimento “Brasil à Mesa”, projeto que nasceu justamente dessa necessidade de valorização da gastronomia brasileira diante de um interesse alucinante pela cozinha estrangeira. “Quando eu vi que a Embratur voltaria as classificações hoteleiras, ou seja, a indicar as estrelas dos hotéis, e um dos critérios para se ter cinco estrelas era ter um restaurante com cozinha internacional eu não acreditei”, contou ela indignada. “Aquilo para mim foi um soco, como assim? Nós brasileiros vamos valorizar somente a gastronomia internacional, quer dizer não é obrigatório ter um restaurante de comida brasileira dentro do hotel?”, questionou ela, contando que a partir daí levantou uma bandeira a favor da cozinha nacional, ação que resultou não somente no projeto, em 2012, mas na apresentação da culinária brasileira em feiras mundiais e promoção de eventos. Exemplo desse esforço é o projeto Goal to Brasil, em parceria com a Embratur, que reforçou o turismo do Brasil e promoveu as cidades sede da Copa de 2014, com a participação de 22 chefs brasileiros, em 14 países. O evento também contou com a participação da representante para o Brasil, do Projeto Millenium da WFUNA-ONU, Rosa Alegria, que falou sobre a oferta de recursos para uma superpopulação no futuro. E também de Walter Belik, que é coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alimentação da Unicamp e um dos idealizadores do programa Fome Zero. O embaixador Marcos Azambuja, ex-secretário geral do Itamaraty e coordenador da Rio92, finalizou o encontro, com a palestra “A projeção internacional do Brasil no desafio de combater a fome” e afirmou, na ocasião, que pela primeira vez o Brasil entra de maneira decisiva numa relação de poder com a Destaque II qual não está acostumado e deve se preparar para receber um tratamento hostil. “O Brasil não tem tradição de ser parte do jogo do poder, além disso, tem a convicção permanente de que faz parte de um encantamento, de uma sedução mundial, que os outros lhe darão as boas-vindas, mas isso não é verdade”, afirmou, ressaltando que não haverá uma recepção cordial, pois a chegada do Brasil ao mercado desaloja e perturba interesses já definidos, “de quem chegou antes de nós”. “O Brasil não é muito relevante ainda industrialmente, cientificamente, mas no tema agrícola, o Brasil já é uma grande potência, e não se chega a ser grande potência sem desafiar interesses criados, então o ponto essencial é que neste terreno o Brasil vai ter que enfrentar adversários que vão se mobilizar para impedir que o País chegue Marcos Azambuja, embaixador lá como nós pretendemos e nos prazos determinados”, advertiu ele, lembrando que a defesa contra o avanço brasileiro será de uma ferocidade extraordinária. “É um jogo muito pesado. Ninguém brigará muito por castanha-do-pará, mas sim por carne, por trigo, por soja, por açúcar e com estes produtos o Brasil começa a existir e a incomodar”, diz o embaixador, concluindo “O Brasil não terá tapete vermelho na entrada do mercado”. Revolução verde Durante o evento também foram homenageados cientistas e agricultores que ajudaram a transformar a produção agropecuária no País, possibilitando ao Brasil a deixar a incômoda posição de importador de alimentos para se transformar em um dos principais produtores de grãos, carnes, frutas, fibras e biocombustíveis. Essa virada só foi possível graças à ciência, ao uso intensivo de tecnologias e, principalmente, à ousadia de alguns cientistas e agricultores brasileiros, afirmaram os organizadores do evento. Devido a isso, foi lançado em 2013, o projeto Revolução Verde, que apresenta anualmente 10 heróis, e em 2014, homenageou as seguintes personalidades: Cyro P. da Costa, João Pratagil Araujo, Fernanda Abadio Finco, Dirceu Gassen, Glauco Olinger, Luiz A. B. de Castro; Manoel Pereira, Renato Rodrigues, Moacyr Corsi, Tsai Siu Mui. Pelas pesquisas nas ciências do solo, a agrônoma Johanna Döbereiner, que recebeu homenagem póstuma, foi a Revista Canavieiros - Novembro de 2014 sétima cientista brasileira mais citada pela comunidade cientifica mundial e a primeira entre as mulheres, rendendo inclusive a indicação ao prêmio Nobel de Química de 1997. Seus trabalhos contribuíram para que o Brasil desenvolvesse o Pró-Álcool e se tornasse o segundo produtor mundial de soja, além de poupar ao País um gasto anual próximo a US$ 1,5 bilhão. Na primeira edição da premiação foram reconhecidos o ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, Alfredo Scheid Lopes, Alysson Paolinelli, Cacilda Borges do Valle, Edson Lobato, Eliseu Alves, Fernando Penteado Cardoso, Helena Lage Ferreira, Herbert Bartz, e Romeu Kiihl. RC 41 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 42 Destaque III Em busca da produtividade de três dígitos Evento discute como as novas tecnologias e ações podem ajudar o setor sucroenergético a ter mais eficiência agrícola Andréia Vital A 6ª reunião de 2014 do Grupo Fitotécnico de Cana IAC reuniu no início de outubro, em Ribeirão Preto-SP, mais de 300 representantes de usinas, pesquisadores e profissionais ligados à cultura de cana para discutir as estratégias para atingir produtividades de três dígitos em cana-de-açúcar. Coube ao pesquisador e coordenador do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), dr. Marcos Guimarães de Andrade Landell, fazer a abertura do evento, dando um panorama sobre as ações realizadas em busca de mais eficiência agrícola no setor sucroenergético. Ao explanar sobre as estratégicas fitotécnicas para redução dos deficit hídricos em canaviais, o pesquisador contou que a partir de 1995, o IAC começou o trabalho da rede experimental, que gerou um banco de dados, com solos e regiões distintas e foram realizados ensaios com as três épocas de colheita - início, meio e final de safra, que passaram a chamar de outono, inverno e primavera, com ensaios colhidos em abril/maio, julho/agosto e outubro/novembro. De acordo com o Landell, a ação possibilitou estabelecer padrões fixos da variedade mais plantada no País e padrões móveis, que são variedades indicadas pelos parceiros, e vários trabalhos foram gerados devido a este projeto. Um deles foi um estudo feito em 2003, que mostrou que a caracterização Marcos Landell, pesquisador e coordenador do IAC do solo seria bastante importante principalmente a partir do terceiro corte. Os estudos possibilitaram a construção de uma matriz de ambientes de produção, com nove caselas dadas pelas combinações de ambientes/solos e épocas de colheita, que possibilitou a construção de um plano estratégico para minimizar, por exemplo, os efeitos de áreas restritivas na produtividade. Diante do fato, a primeira alternativa apontada foi a utilização da irrigação. Outra estratégica relevante, segundo o pesquisador, seria a antecipação da safra nos ambientes desfavoráveis, o que produziria um aumento da produtividade da cana. “Quando você pega um solo desfavorável e adianta a colheita dele, você tem um aumento substancial da produtividade”, explicou o palestrante, dando como exemplo, o ensaio realizado em 2009, em uma unidade do Cerrado, que conseguiu passar dos 58,5, na média de cinco cortes, para 80,4 toneladas/hectare. Além disso, os estudos ajudaram também a entender que o sistema radicular de cana planta é mais superficial que de socas mais adiantadas, no caso do 3º, 4º, 5º cortes, portanto, estes canaviais são mais expostos ao deficit hídrico, explicou Landell. “A colheita no outono reduz esta exposição e possi- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 bilita melhores produtividades, principalmente em regiões onde este deficit é mais pronunciado”, elucidou o pesquisador, informando ainda que a colheita de canas mais novas, no 1º e 2º cortes, em períodos de menor deficit hídrico, reduz a exposição ao hídrico dos primeiros ciclos. “Quando você obedece essa estratégia, de antecipar o primeiro terço da safra, você tem produtividades superiores daquela estratégia de espalhar a colheita de primeiro corte praticamente durante toda a safra seguindo a curva de maturação das variedades”. Segundo Landell, a matriz criada pelo IAC passou a ser aplicada pelas usinas, sendo que a primeira a usá-la com dados reais foi a usina Jalles Machado, em 2007. As questões do yield-gap da cana-de-açúcar brasileira e eficiência agrícola foram abordadas pelo professor dr. Fábio R. Marin, da ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, que na ocasião apresentou pesquisas em modelagem que ajudam a identificar gaps no alcance da produtividade. Raffaella Rossetto, pesquisadora científica do IAC/APTA (Instituto 43 Gaspar Henrique Korndörfer, da UFU Agronômico de Campinas/Agência Paulista de Tecnologia do Agronegócio), que coordenou a reunião com Landell, lembrou que apesar dos problemas enfrentados este ano, existem manejos nos quais a cana-de-açúcar, mesmo com a falta de água conseguiu produzir - inclusive até relativamente bem - e que discutir a questão da nutrição e adubação para conquistar a produtividade de três dígitos é sempre importante. Ao falar sobre adubação para lavouras de cana de alta produtividade, o prof. dr. Gaspar Henrique Korndörfer, da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) mostrou como promover uma melhor exploração do sistema radicular, especialmente em profundidade, abordando a questão da compactação, correção do solo e drenagem. “Se quisermos ter resultado satisfatório com nosso programa de adubação, temos que reduzir este fator limitante que é a compactação do solo”, disse ele ressaltando os benefícios do silício (Si) em prol da produtividade. “Aumentando a quantidade de silício no solo aumenta a produtividade, inclusive nas terras arenosas onde não têm muito silício e em geral a resposta é menor”, avaliou o pesquisador. Korndörfer também afirmou que é necessário trabalhar a nutrição dentro de um programa integrado, ou seja, pensar a nutrição não somente como parte do metabolismo da planta, mas o elemento pode fazer parte do manejo de doença e de pragas, reduzindo a incidência de cigarrinha na cana-de-açúcar. Já Lucy Lancia Pereira, especialista de produtos da John Deere, mostrou na ocasião as tecnologias da empresa para o setor sucroenergético, como os Pulverizadores Autopropelidos. E o engenheiro agrícola, Marco Viana, da RPA Consultoria, falou sobre os benefícios da irrigação e sobre a realização do Irrigacana – I Seminário Brasileiro de Irrigação de Cana-de-Açúcar com Água. Edgar Alves, gerente Agrícola da unidade Otávio Lages, do Grupo Jalles Machado S/A, apresentou no encontro as experiências da usina na busca da produtividade de três dígitos. Localizado em Goianésia/GO, o Grupo tem duas unidades: a Jalles Machado (“UJM”) e a Otávio Lage (“UOL”), uma área total de 62.8 mil hectares, capacidade total de 4,3 mm ton. e a empresa é a maior produtora de açúcar orgânico do mundo. “Os bons resultados dependem de uma junção de fatores, como manejo varietal, preparo de solo, inovação/ tecnologia, irrigação, treinamento de colaboradores e comprometimento de equipe”, afirmou o engenheiro agrícola, que encerrou o evento. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 44 Destaque IV Caminhos da Cana chega ao fim com sucesso Iniciativa termina com elaboração de um plano estratégico com 19 projetos de melhoria que deverão ser implantados pela Orplana até 2025 Andréia Vital D epois de percorrer 9000 km, desde junho, o projeto Caminhos da Cana 2014 terminou no início de novembro com todos os seus objetivos alcançados. A ação visava coletar informações junto às associações ligadas à Orplana (Organização de Plantadores de Cana da Região Centro-Sul do Brasil) para elaboração de um planejamento estratégico para a entidade, através de pesquisa acadêmica que identificou demandas do setor sucroenergético, como também disseminar conhecimento aos produtores rurais com palestras e reuniões com lideranças. Os resultados do projeto foram apresentados para representantes de várias associações de agricultores nos dias 4 e 5 de novembro, em evento realizado no Hotel JP, em Ribeirão Preto – SP, e mostraram que mais de três mil pessoas participaram dos eventos realizados em 19 das 33 associações que integram a Orplana. O questionário entregue em cada encontro, que teve como objetivo descobrir qual a impressão sobre a atuação da entidade e as necessidades dos produtores, foi respondido por 152 gestores e 548 produtores de cana. “Foi uma oportunidade muito interessante de ir às regiões produtoras, diagnosticar a grave situação em que se encontram os produtores independentes de cana, como também se encontram as usinas, e levantar o que precisa ser feito no âmbito público e privado, quais são as estratégias solicitadas para o Governo e quais são as questões privadas principalmente ligadas ao aumento da produtividade”, explicou o professor titular da FEA/ USP Marcos Fava Neves, comandante da expedição Caminhos da Cana e criador do Markestrat (Centro de Pesquisas e Projetos em Marketing e Estratégia da USP), que organizou as iniciativas do projeto. É de autoria de Fava Neves também o livro “Caminhos da Cana” que contém Marcos Fava Neves apresenta os resultados obtidos com o Caminhos da Cana coletânea de artigos publicados nos últimos dois anos e que foi distribuído durante as visitas do projeto, que contou com apoio da Canaoeste, Orplana, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), FEA-RP/USP, UNICA, Ceise BR, Bayer CropScience e Case IH. De acordo com Neves, é necessário buscar alternativas para que a produtividade da cana alcance os três dígitos, porque os custos de produção explodiram e os índices agrícolas só caem se considerados os últimos 10 anos. “Tem um conjunto grande de iniciativas que precisam ser feitas”, alega o professor, pontuando que do lado do Governo, se resume à agenda tradicional, de valorização do combustível renovável em detrimento do fóssil, ter um tratamento tributário mais privilegiado e valorizar a cogeração de energia. “A situação em que o Brasil se encontra ficou tão ruim agora que é praticamente inevitável que o Governo não olhe para o setor de cana”, disse ele. Com o planejamento na mão, a Orplana tem agora um norte para conseguir fortalecer-se como associação, tanto na sua voz política quanto na voz empresarial, e trazer uma nova cara de ação conjunta no Brasil, explica o professor. “O que falta ao nosso País é a mobilização para o bem, para a produção e é esse o objetivo principal que Revista Canavieiros - Novembro de 2014 se tenta com este projeto, levantar um degrau à atuação dessa organização e fortalecer o associativismo, porque é só com sociedade organizada que a gente move para frente”, argumenta Neves, dizendo que começar pela própria organização da cana, que ainda deixa bastante a desejar, é uma boa iniciativa. Segundo Fava Neves, o estudo aponta que a Orplana pode exercer um papel muito mais preponderante do que exerce hoje, podendo absorver muitas das ações que são feitas por associações integrantes de maneira isolada, compartilhar essas informações, práticas de gestão, de certificação e de relacionamento com usinas. “Dentro de casa tem um conhecimento muito grande, que melhor compartilhado, vai levar a um desempenho muito superior. É esse o nosso objetivo aqui, porque ouvimos todas elas e temos esse inventário de boas práticas que precisam ser compartilhadas”, ressalta o professor. Para o presidente da Orplana, Manoel Ortolan, o planejamento contribuirá para o fortalecimento das associações e dos associados, porque um é ligado ao outro. “As coisas mudaram muito, o País está mudando, o setor está mudando muito, por isso a necessidade da modernização”, explicou ele, admitindo que com a mecanização em especial, o perfil da classe produtora também será outro. 45 A ideia de se fazer este trabalho partiu da necessidade de se modernizar a Orplana, conta Ortolan, que também é presidente da Canaoeste. “Precisamos, para isso, estar organizados, estabelecer um plano estratégico com ações para desenvolvermos daqui para a frente, é um trabalho para projetar a Orplana nos próximos dez anos”, conta afirmando que o projeto veio em uma hora excelente e será um divisor de água para a entidade. Opinião compartilhada com Sylvio Ribeiro do Valle Mello Junior, presidente da Assocana (Associação Rural dos Fornecedores e Plantadores de Cana da Média Sorocabana), de Assis-SP. “O trabalho apresentado é o de maior profundidade e relevância que já foi realizado sobre o setor sucroenergético, principalmente porque tem o fornecedor de cana como protagonista”, disse ele, enfatizando que o que mais chamou a sua atenção foi o item que se refere à remuneração, “que não é um problema que seja exclusivamente das associações, pois é um problema maior, de falta de política para o setor, mas que também tem uma parcela de culpa nossa”, assume o produtor, alegando que a classe precisa saber se comunicar melhor com a sociedade. “Eu até acho que a falta de política governamental pode estar sendo influenciada por uma falta de comunicação nossa, uma ineficiência nossa”, se justifica, aprovando a modernização proposta pelo projeto “Eu acho que o nosso setor tem muito a se modernizar, tendo em vista o que está acontecendo ao nosso redor”. Já Ismael Perina Júnior, conselheiro da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba), de Guariba-SP, admite que as informações apresentadas podem contribuir para uma maior integração do setor. “Eu acho que, cada vez mais, integração, associação são palavras de ordem. A gente sabe que sozinho tem dificuldade e as associações permitem que os pequenos virem grandes. E a partir daí, você consiga ter conquistas para a sua atividade”, admite o engenheiro agrônomo, que também é presidente do Sindicato Rural de Jaboticabal-SP e da Câmara Ismael Perina Júnior, conselheiro da Socicana Roberto Cestari, presidente da Oricana Setorial da Cadeia Produtiva de Açúcar e Álcool, órgão consultivo ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Segundo Perina, o trabalho possibilitará aproximar mais o produtor rural da Orplana, pois muitas vezes, ele está mais vinculado à sua associação e não tem noção clara do que a Orplana representa. “Eu acho que esses pontos levantados nos trazem oportunidades para fazer cada vez mais um trabalho voltado para o produtor, que é o fundamento da associação existir e é o fundamento da Orplana existir”, diz. O presidente da Oricana (Associação dos Fornecedores de Cana Região de Orindiúva) e produtor independente de cana, Roberto Cestari, também aprovou a iniciativa. “Dentro da minha visão, como produtor de cana e como liderança do setor sucroenergético brasileiro, eu acho que é uma oportunidade única para estruturamos as nossas organizações como um todo, tanto a Orplana quanto as suas filiadas”. Cestari pontua que o produtor de cana precisa se preocupar mais com a sua atividade, tendo a sua independência da usina. “Toda vida no setor sempre foi assim, desde a época do Pró-Álcool, sempre, no aspecto político, o produtor de cana sempre foi forte, politicamente e economicamente, e com o decorrer dos anos, nós fomos perdendo essa força por omissão”, alega, ressaltando que “o próprio Consecana (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool do Estado de S. Paulo), que está na iminência de reestruturação e, geralmente, quando há essas reestruturações, prevalece o poder econômico, que é o do industrial”, afirma. “Não queremos subsídio de ninguém, não queremos subsídio de usineiro, não queremos subsídio do Governo, queremos um preço justo da tonelada de cana, para nós sobrevivermos”, desabafa o produtor. O “Caminhos da Cana”, que também foi apresentado em congressos e seminários voltados ao agronegócio da cana-de-açúcar, promovidos no Rio de Janeiro-RJ e Recife-PE, com a finalidade de difundir suas ações e os problemas enfrentados pelo setor canavieiro para novos públicos, teve sua última apresentação de 2014 no 7º Congresso Nacional da Bioenergia, organizado pela UDOP (União dos Produtores de Bioenergia), nos dias 12 e 13 de novembro, em Araçatuba-SP. Depois de finalizada esta etapa, é provável que o projeto continue no ano que vem, com visita a outras 15 cidades que tenham sinergia com o trabalho da própria Orplana. “O nosso objetivo é que daqui a dez anos todo o setor de cana e produção independente seja participante da Orplana”, conta Fava Neves. “O plano estratégico não é estabelecido e ponto final. É um trabalho para ser conquistado e, no correr dos anos, será alterado de acordo com as necessidades”, explicou o presidente da Orplana, revelando que a ideia é também executar um planejamento parecido na área de abrangência da Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 46 Destaque V Seminário apresenta tecnologias para aumentar a produtividade com irrigação O Irrigacana, realizado em Ribeirão Preto-SP, promoveu intercâmbio de informações entre palestrantes estrangeiros e casos de sucesso de usinas brasileiras Igor Savenhago I nvestir em irrigação para aumentar a produtividade dos canaviais brasileiros. Foi com esse objetivo que pesquisadores, representantes de usinas e fornecedores de tecnologias se reuniram, nos dias 29 e 30 de outubro, no Espaço Pereira Alvim, em Ribeirão Preto-SP, para o I Seminário Brasileiro de Irrigação em Cana-de-Açúcar com Água – Irrigacana. O evento, promovido pelo GIFC (Grupo de Irrigação e Fertirrigação em Cana-de-Açúcar), fundado há dois anos, reuniu 500 interessados em alternativas que elevem o número de toneladas por hectare e, com isso, contribuam para recuperar o setor sucroenergético no País, que enfrenta sérias instabilidades pelo menos desde 2008. Segundo Marco Viana, presidente do GIFC, que representa 40% da cana moída atualmente no Brasil, o Irrigacana foi o ponto alto de uma discussão feita durante todo o ano na sede de várias usinas. A cada dois meses, eram marcadas reuniões nas unidades industriais para estimular o investimento em irrigação como um dos caminhos para a retomada da competitividade do setor. Todos os temas em pauta nesses debates foram reunidos novamente no seminário, para que fossem tiradas algumas conclusões. Uma delas é que não existem mais dúvidas de que o aumento dos índices de produtividade passa pela aposta em novas tecnologias que envolvam o uso racional da água. Marco Viana, presidente do GIFC “Existia um grande preconceito em relação à irrigação e ao manejo da água. Isso caiu por terra. Temos a certeza de vão favorecer muito a produtividade e a recuperação do nosso setor”, afirma Viana. As experiências bem-sucedidas no Brasil ganharam, durante o evento, o olhar de autoridades estrangeiras, como o professor Geoff Inman-Bamber, diretor de pesquisa da CSIRO, uma agência australiana, e Dnyandeo Gangaram Hapase, diretor do Instituto de Açúcar Vasantdada – principal órgão de pesquisa em cana-de-açúcar da Índia – e ex-presidente do conselho do Comitê Consultivo de Pesquisa, do Instituto de Reprodução de Cana-de-Açúcar de Coimbatore e do Conselho de Pesquisa Agrícola, todos na Índia, país que ocupa o segundo lugar no mundo em produção de cana, atrás apenas do Brasil. Bamber, um fisiologista renomado, apresentou modelos de planos diretores agrícola e de irrigação, necessários para orientar a implantação de novas tecnologias. Já Hapase falou sobre o trabalho desenvolvido com pequenos produtores indianos, o que tem se refletido em bons resultados, com produtividades sempre acima de 86 toneladas por hectare. O intercâmbio de informações permitiu que os dois conhecessem casos de sucesso em usinas brasileiras, principalmente no Nordeste, onde a irrigação é tradicional e Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Dnyandeo Gangaram Hapase, diretor do Instituto de Açúcar Vasantdada responde por produtividades que podem ultrapassar 300 toneladas por hectare – cerca de quatro vezes a média nacional, que, conforme as principais instituições de pesquisa do setor, tem oscilado entre 75 e 85 toneladas por hectare. O Brasil tem quase nove milhões de hectares cultivados com cana-de-açúcar, dos quais 20% são irrigados, de acordo com informações da Agência Nacional de Águas (ANA). O baixo índice se justifica pela baixa adesão do Centro-Sul, que, geralmente, apresenta índices pluviométricos satisfatórios, diferentes dos canaviais nordestinos. A seca intensa atravessada pelo Estado de São Paulo agora em 2014, no entanto, acendeu o alerta e mobilizou a cadeia produtiva em busca de soluções. “Nós estamos vendo que a anomalia climática, a má distribuição e a redução das chuvas estão fazendo uma diferen- 47 ça muito grande. Quem tem a irrigação tem, também, segurança maior em garantir a produtividade e a sustentabilidade do sistema”, afirma Célio Manechini, assessor de tecnologia agrícola da Usina São Martinho. Ele acredita que a divulgação da tecnologia e o investimento em pesquisa são fatores essenciais para mudar conceitos, sobretudo no Centro-Sul. Além das palestras, o Irrigacana ofereceu um espaço para que os patrocinadores do evento montassem estandes e apresentassem o que há de mais moderno em produtos para irrigação no mercado. No portfólio da Netafim, foi exposta a menina dos olhos da empresa: a irrigação por gotejamento, que, segundo Marcos Kawasse, gerente comercial de cana-de-açúcar, facilita a aplicação de água e nutrientes, o que resulta em redução de custos. Na visão dele, o uso de equipamentos de irrigação ainda não virou hábito no Centro-Sul por dois fatores. “Um é o desconhecimento e o outro, por achar que é caro”. Kawasse diz que, apesar do investimento considerável, o sucesso alcançado no País prova que os projetos dão retorno. “Quando você passa a conseguir um custo menor por tonelada produzida, Manechini explica, ainda, que a irrigação no Grupo São Martinho sempre esteve ligada à aplicação responsável de efluentes – águas residuárias e vinhaça – da produção de cana, açúcar e etanol. “Com a migração do grupo para a região Centro-Oeste do país, estamos percebendo que a irrigação com água, naquela Desconhecimento vê que o investimento se paga. Por isso, estamos trabalhando forte em divulgação, participando de eventos como estes e difundindo nossos produtos”. O gerente lembra que, após a aquisição da tecnologia, a Netafim oferece o apoio agronômico para a operacionalização. “Não adianta nada comprar uma Ferrari e não saber pilotar. O apoio é a chave para poder extrair valor da ferramenta”. Já Marcelo Ferrero, diretor geral da Raesa Brasil, destaca a importância do seminário, para que se crie uma cultura de irrigação nas áreas produtivas. No Nordeste, onde a empresa atua em 80 mil hectares de cana, com o sistema de Alas Móveis Raesa, a produção supera 100 toneladas por hectare. “Algo que, aqui no Centro-Sul, ainda não conseguimos. Por isso, eventos como este situação, é muito importante, inclusive para que pudéssemos viabilizar nosso empreendimento da Usina Boa Vista [Quirinópolis-GO]. Pode-se dizer que a irrigação com água garante a estabilidade do canavial. Tivemos, em alguns casos, a produtividade aumentada em 20% a 30% em determinadas condições”. são fundamentais, já que a região sempre foi considerada um limitante para a venda de irrigação em cana-de-açúcar”. Para Ferrero, o Centro-Sul se baseou, durante muitos anos, no paradigma de que não havia respostas econômicas para o investimento em irrigação, o que está sendo quebrado aos poucos, processo acelerado pelas mudanças climáticas. Ele antecipa que os longos períodos de estiagem irão impulsionar a busca por técnicas que aperfeiçoem o uso da água. Mas recomenda que não haja demora na obtenção das licenças exigidas para isso. “Acredito que, com o trabalho especializado, de empresas acostumadas aos trâmites burocráticos, usinas e fornecedores de cana podem conseguir as outorgas até com certa facilidade, já que, sem elas, os projetos de irrigação não avançam”. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 48 Destaque VI Canaoeste participa da Conferência Internacional DATAGRO sobre Etanol e Açúcar Evento realizado em São Paulo, em outubro, reuniu autoridades e lideranças nacionais e internacionais para discutir o futuro do setor sucroenergético Andréia Vital O presidente da Canaoeste, Manoel Ortolan, foi um dos palestrantes da 14ª Conferência Internacional DATAGRO sobre Etanol e Açúcar - um dos principais eventos promovidos no Brasil com o intuito de debater os desafios e oportunidades para o setor canavieiro nacional. Realizado nos dias 20 e 21 de outubro, no Grand Hyatt São Paulo, em São Paulo – SP, o evento reuniu 650 participantes que conferiram as informações expostas por 40 palestrantes de 32 países. Autoridades como Gustavo Diniz Junqueira, presidente da Sociedade Rural Brasileira, e o deputado federal Arnaldo Jardim, que ao fazer um discurso foi muito aplaudido por sua atuação em prol do setor sucroenergético, também participaram do evento. Ortolan destacou a importância da participação da entidade e dos assuntos abordados no evento para os fornecedores de cana-de-açúcar e manifestou a preocupação com o setor, elencando vários fatores que contribuíram para a atual situação de crise. “Estamos vivendo um momento muito complicado que é fruto de uma sequência de anos ruins, com custos subindo, renda menor e produtividade caindo. Nós temos assistido ao fechamento de unidades, outras entrando em recuperação judicial e produtores rurais arrendando as suas terras ou mesmo mudando, quando possível, para outras culturas”, conta o executivo, advertindo que a situação poderá se agravar com o término da safra. “Algumas unidades não estão pagando os seus produtores e arrendatários. Eu creio que a hora que fechar a chave da produção do etanol e do açúcar, nós teremos mais usinas fechando, mais problemas com o pagamento e isso não é bom se pensarmos na safra seguinte, pois significa também que com menos recurso, certamente, os produtores e até mesmo as unidades industriais vão investir menos em insumos e no plantio, comprometendo de certa forma a produção para a safra 15/16”, desabafou ele, advertindo que é necessário a retomada da produção através da produtividade e do preço, o que tem se tornado difícil, pois a agroindústria canavieira tem sido sistematicamente castigada pelo clima. “Este ano a estiagem foi mais forte, transformando a nossa Califórnia brasileira no novo sertão de São Paulo, situação que impactou na produtividade”, analisou o presidente, afirmando ainda que, mesmo assim, persiste a esperança fundamentada na demanda do açúcar e possível demanda do etanol possibilitando a perspectiva de dias melhores para aqueles que conseguirem vencer o momento crítico. A esperança também pautou a apresentação da secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi. Segundo ela, apesar da somatória de todos os males que assolam o setor desde 2010, as perspectivas são boas para o futuro do setor. “O açúcar cresce a 3,5 milhões de toneladas por ano, o etanol poderá crescer na faixa de 5 a 8 bilhões de litros por ano, a pesquisa segue forte, temos o nosso progra- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 ma Cana, com uma equipe multidisciplinar, trabalhando com novas variedades, com a questão sanitária, programas dos institutos de pesquisa que vêm fazendo trabalhos extraordinários. Inovação, biofarma, mudas pré-brotadas, enfim, precisamos, acima de tudo, é de mirar este futuro, melhorar nossa comunicação e fincar os pés na sustentabilidade”, disse ela, afirmando “A esperança é sim a nossa energia alicerçada na fé de que o futuro do nosso etanol e da nossa cana-de-açúcar será brilhante”. Para Plinio Nastari, presidente da DATAGRO, organizadora da conferência, ficou claro que a crise do setor tem como elementos fundamentais o clima; os impactos advindos da mecanização de colheita e plantio; os impactos da política pública adversa, conforme ficou comprovado em painel que discutiu a produção no Brasil. “Existe ainda um estoque de produtividade muito grande, a ser incorporado, isso ficou claro, e existem oportunidades para aumento de recuperação de competitividade caso sejam adotadas as medidas e sejam promovidas os incentivos e a recuperação de produtividade e eficiência dos veículos que utilizam etanol”, disse ele, explicando que há uma grande expectativa em relação ao que pode ocorrer em 49 relação a esta questão. “Não se deseja uma intervenção de Governo ou volta de intervenção de maneira nenhuma, isso ficou claro nos debates, mas o que se busca é uma regulamentação mínima, que preserve condições de competitividade para que agentes econômicos privados continuem podendo atuar de forma minimamente previsível nesta atividade”, afirmou. Ao apresentar as estimativas da safra 2014/15, Nastari apontou uma menor oferta de cana em resposta novamente à falta de chuvas, enquanto baixos investimentos em renovação impactarão negativamente os canaviais no próximo ciclo. De acordo com a consultoria, estima-se moagem de 550.18 milhões ton. no Centro-Sul. Já a produção de açúcar deverá ficar em 31,6 mm ton. e de etanol, 24.931 bilhões de litros, sendo 10.520 b/l de anidro e 13.888 b/l de hidratado. Já a moagem de cana-de-açúcar do Centro-Sul para a safra 2015/16 ficará entre 520 milhões e 560 milhões de toneladas. A tendência é que o mix seja mais alcooleiro, com produção de açúcar projetada entre 29,1 milhões e 31,3 milhões de toneladas com 135 kg ATR/tc. O presidente da Canaoeste também participou do painel com os presidentes dos sindicatos de todo o Brasil, que mostrou que, embora a defasagem da gasolina tenha caído significadamente, existe a real possibilidade da recuperação da CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico), como também a possibilidade de recuperação do preço da gasolina, não porque esteja defasado, mas porque a Petrobras precisa de uma recuperação em sua capacidade de geração de caixa, “Isso deve trazer um fôlego adicional e deve ser positivo para a competitividade do etanol justificando, assim, a safra mais alcooleira no ciclo 15/16”, explicou o presidente da DATAGRO, após final do debate. Na conferência, o presidente da Organização Mundial do Açúcar (ISO em inglês), José Orives, fez uma avaliação sobre os impactos no mercado de açúcar, pós-extinção das cotas de produção na União Europeia. A região já foi a maior exportadora de açúcar do mundo, transformou-se na maior importadora e, neste momento, passa por um processo de grande transformação, com recuperação de oportunidade, depois da consolidação que ocorreu e da asfixiação da produção em uma série de países da Europa. De acordo com dados apresentados, a recuperação ocorre justamente em um momento no qual a União Europeia caminha a passo largo na direção da liberação das cotas de produção, o que vai trazer consequências não só pelo aumento da produção de beterraba na Alemanha, mas também pela produção da glicose do milho, que deve aumentar a sua industrialização. O painel mostrou também que existe uma perspectiva de Revista Canavieiros - Novembro de 2014 50 expansão do mercado de açúcar, que deve crescer 41 milhões de toneladas até 2023, sendo que cerca de 10 milhões de toneladas deverão ser providos pelos produtores brasileiros. Com coordenação da presidente da UNICA (União da Indústria da Cana-de- Açúcar), Elisabeth Farina, e participação de diretores e presidentes de usinas como São Martinho, Guarani, Copersucar, Biosev e Raízen foi discutido também no evento o futuro do etanol hidratado. O painel mostrou que existe um consenso sobre a importância do mercado de hidratado e do potencial de crescimento do mercado de etanol como um todo. Também foi destacado o potencial deste mercado em outras geografias, além do Brasil, e a perspectiva de que continuará crescendo por conta da expansão projetada das demandas de combustível nas geografias e principalmente na Ásia. Ao falar das perspectivas para o mercado de etanol, Pedro Mizutani, vice-presidente da Raízen, destacou os avanços da empresa na produção de etanol de segunda geração. O executivo ressaltou que o conhecimento é essencial para a fabricação do 2G e que a equipe envolvida neste novo negócio da Raízen fez treinamento no Canadá. Na ocasião, mostrou vídeo da obra da fábrica da Raízen, que deverá iniciar as operações comerciais até o final do ano. A questão da comunicação do setor com a sociedade foi outro tema abordado na conferência. Os jornalistas Heródoto Barbeiro, Mariana Godoy, o diretor do Núcleo de Estudos do Agronegócio, da ESPM São Paulo, José Luiz Tejon, e o editor-chefe da revista IstoÉ, Luiz Fernando de Sá, falaram sobre a consciência da população em relação ao etanol e ao açúcar. De acordo com eles, é necessário trabalhar mais ativamente os canais de comunicação, não apenas para estimular o consumo de etanol e também de açúcar, como também desmitificar o setor que tem contribuído muito para o meio ambiente para o desenvolvimento das pequenas cidades e para a economia do Brasil. Destaque VI Já o painel sobre emissões e meio ambiente deixou a mensagem de que a comunidade científica internacional acredita nos biocombustíveis, na biodiversidade como solução para a humanidade para controlar os efeitos da mudança climática e os efeitos do aquecimento global. Neste sentido, o vice-presidente da ANFAVEA (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), Henry Joseph Jr, também afirmou o interesse da indústria automotiva e da engenharia nacional, na possibilidade de desenvolver tecnologia mais avançada para utilização do etanol, seja para veículos flex, hídricos ou células a combustível. O atual momento dos mercados financeiros fez parte da explanação de Alexandre Figliolino, diretor do Itaú BBA, que deu um panorama sobre a situação dos 65 grupos do setor sucroenergético que compõem a carteira do banco, e afirmou que a dívida aumentou 15%, passando de R$ 39.171 mm da safra 2012/13 para R $ 44.936 mm, na safra atual. Já o chefe do departamento de biocombustíveis do BNDES, Carlos Eduardo Cavalcanti, contou que o banco de fomento, desde 2008, já liberou R$ 37 bilhões ao setor sucroenergético, sendo R $ 6,9 bi no ano passado. Ele afirmou também que foram financiados 100 projetos de greenfields e expansões, o que representou mais de 50% do crescimento da moagem entre 2006 e 2014. “O apoio atinge mais de 130 grupos econômicos”, disse ele. O evento foi encerrado com o painel Tecnologia e Inovação, que contou com a participação de Celso Procknor, presidente da Procknor Engenharia e de Antonio Zem, presidente da FMC, que palestrou sobre a otimização do custo da ATR. “Temos o desafio de fazer com que a sociedade entenda que este setor é muito mais do que simplesmente produzir energia limpa e renovável”, finalizou Nastari, lembrando que a próxima edição da conferência acontecerá nos dias 22 e 23 de setembro de 2015, não será em outubro, porque no ano que vem terá Sugar Dinner, em São Paulo – SP, avisou. 4º Apla/Datagro Business Round Após a conferência, no dia 22 de outubro, foi realizada o 4º Business Round Apla/Datagro, promovido pelo Projeto Brazil Sugarcane Bioenergy Solution, parceria entre o Apla (Arranjo Produtivo Local do Álcool) e Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos). As 30 empresas brasileiras participantes puderam demonstrar seus produtos, tecnologia, máquinas e equipamentos para 23 representantes de 11 países. Neste dia forma realizadas 412 reuniões, que geraram US$ 55 milhões em oportunidades de negócios para os próximos doze meses. Para o diretor executivo da Associação dos Produtores de Açúcar (Apamo), do Moçambique, João José Paulo Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Jeque, foi importante a participação de sua entidade nas rodadas de negócio. “Esta é uma oportunidade muito feliz para nós, pois estamos num processo de transição e, nas rodadas, podemos conhecer quem poderá nos fornecer tecnologia para a diversificação de nossos produtos”, explica. Recentemente, o governo moçambicano comunicou as premissas para a criação do ambiente macroeconômico e legal para a produção de etanol e energia no país.RC 51 Destaque VII Canaplan estima moagem de 544 milhões de toneladas na safra 2014/15 do Centro-Sul Queda de 8,87% em relação ao ciclo 2013/14 só não será maior devido à resiliência da cana-de-açúcar, afirma consultoria Andréia Vital A safra 2014/15 deverá terminar com um volume de 544 milhões de toneladas de cana-de-açúcar processadas, 52,94 milhões de toneladas a menos do que a produção da safra passada, que foi de 596,94 milhões de toneladas no Centro-Sul. A estimativa foi feita pela Canaplan durante a 2ª Reunião Anual da consultoria, realizada em outubro, no Centro de Cana – IAC, em Ribeirão Preto – SP. De acordo com dados projetados pela empresa, 57% da matéria-prima será destinada à produção de etanol, com volume de 24,8 bilhões de litros e, os outros 43%, para a produção de açúcar, que deverá ser de 30,8 milhões de toneladas. O preço baixo da commodity é a justificativa para que o mix seja mais alcooleiro. Já a produtividade deverá ser de 73 toneladas por hectare e o ATR ficará em 136 kg por tonelada de cana. “Quem olha a seca de 2014 imagina quedas muito maiores e só não foram porque, embora tenha tido deficit hídrico, em 2013, no final da primavera e começo de verão ocorreram muitas chuvas, o que ajudou a sustentar o desastre que foi 2014, caso contrário teria sido pior”, explicou Luiz Carlos Côrrea de Carvalho, diretor da Canaplan. Luiz Carlos Côrrea de Carvalho, diretor da Canaplan Opinião compartilhada com o diretor do Condomínio Agrícola Santa Izabel, Paulo Roberto Rodrigues. “Ninguém imaginava que fosse ter uma escassez de água tão grande quanto essa e eu acho que produziu muito bem, face a pouca chuva que tivemos. E isso é para mim a maior surpresa desta safra, o que comprova a resistência da cana”. Já Marinho Ortiz Gandini, da Usina São Martinho, credita à estiagem - a maior nas 43 safras em que ele atuou - quebra de 15%. “Tivemos aumento de 6% no ATR, o que nos dá uma redução de 10% na tonelada de açúcar por hectare”, afirmou Gandini. Para Carvalho, o setor vive um ciclo de baixa produtividade, impulsionado pela severa seca enfrentada no atual ano, que será quebrado somente com a ajuda Paulo Roberto Rodrigues, diretor do Condomínio Agrícola Santa Izabel de muita tecnologia e inovação. A safra 14/15 também é marcada pela dispersão de dados, por exemplo, ocorreram quedas na produtividade agrícola em algumas regiões, como Piracicaba-SP e Araçatuba-SP, ao contrário de outras regiões, que conseguiram recuperação como em Mato Grosso do Sul e Goiás, que não sentiram tanto as intempéries climáticas. O baixo índice de renovação de canaviais, o clima de 2014, o fechamento de muitas usinas e outras, em recuperação judicial, falta de políticas públicas, endividamento maior, dificuldade de acesso aos créditos e alto nível de falta de segurança prejudicam uma retomada mais ágil da agroindústria canavieira, afirma ele. Além disso, o setor enfrentará uma nova fase com a queda do preço do petróleo, baixo crescimento global e crises graves na Rússia, Oriente Médio e outros países, inclusive no Brasil, alerta o consultor, que adverte que mesmo que o clima seja normal em 2015, “o buraco será mais embaixo” devido às dívidas maiores, canavial velho e gestão complexa. “Não há nenhuma projeção de cenário de milagre para 2015. A tendência é que a safra 15/16 seja menor do que a 14/15, mas o tanto que ela será menor dependerá das chuvas”, alega o empresário. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 52 Destaque VII Brasil influenciará no preço do açúcar Gareth Forber, representante da LMC Internacional, uma consultoria estrangeira do setor de agronegócios, lembrou que nos últimos quatro anos, ocorreram superavit no mercado de açúcar, com um acréscimo de 25 milhões de toneladas aos estoques globais, o que mantém as demandas para a importação baixas e os preços também. Mas este cenário deverá mudar já que na Safra mundial, iniciada em outubro de 2014 até setembro de 2015, a produção cairá em relação ao ciclo anterior, o que representará um deficit de 1,5 milhão de toneladas. De acordo com Forber, esse deficit, o primeiro em cinco anos, refletirá no preço da commodity quando os estoques baixarem, embora possam reagir antes, caso a safra no Brasil seja menor, conforme prevê a Canaplan. “Nossa previsão é que o Brasil moa de 560 a 565 milhões de toneladas em 2015 e a produção de açúcar seja de 31,4 milhões de toneladas, volumes muito maiores do que a previsão que vi aqui”, alertou ele admitindo que em 2016 a produção deverá ser menor. “Os preços baixos estão criando dificuldades para muitas empresas do mundo inteiro, o que deverá levar a uma oferta muita mais baixa no futuro”. Endividamento do setor cresce O diretor comercial do Itaú BBA, Alexandre Figliolino, deu um panorama sobre a macroeconomia e a econômico-financeira do setor sucroenergético e admitiu, na ocasião, que a dívida líquida do segmento foi de R$ 44.936 bilhões no ciclo 2013/2014, 15% a mais do que a dívida da safra anterior, que era de R$ 39.171 bilhões. Já a dívida por tonelada de cana moída passou de R$ 104 para R$ 105 e os custos de produção aumentaram 10%, passando de 38.969 na safra passada para 42.892, na atual. A amostragem foi feita com base nos 65 grupos sucroalcooleiros presentes na carteira do Itaú BBA, que corresponde a 72% da moagem do Centro-Sul, com capacidade de 428 mm de toneladas. “Por mais que tenha sido fundamental para a deterioração do setor a total ausência de definição de políticas públicas, sem dúvida as questões climáticas e a mecanização acelerada das atividades de colheita e plantio, aliadas à má gestão e planejamento em uma parte significante do setor, também tem seu papel de responsabilidade no tamanho da crise que vivemos”, avaliou o bancário. De um modo geral, o especialista acredita que bons ventos voltarão a tocar em direção ao setor com melhora no preço do açúcar, aumento da gasolina e retorno na CIDE (Contribuições de In- Alexandre Figliolino, diretor comercial do Itaú BBA tervenção no Domínio Econômico), mas é preciso estabelecer regras. A cogeração é a bola da vez do setor, além de uma série de outros agregadores de valor estarão no radar do setor, pois são muito importantes para aumentar a continuidade das empresas e baratear diretamente o custo de produção do açúcar e do etanol. O executivo revelou também que há um movimento de consolidação devido a enorme disparidade de resultados e nível de endividamento no setor, que fará empresas bem estruturadas do ponto de vista operacional e com capacidade de alavancagem financeira, absorverem outras em dificuldade com as quais haja bom ganho de sinergias na empresa resultante da aquisição/fusão. Também existe a tendência que investidores estrangeiros estejam interessados no setor sucroenergético brasileiro e visem parcerias com grupos já estabelecidos. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Gareth Forber, representante da LMC Internacional Delta sucroenergética atinge as metas Antonio Eduardo Tonielo, Virginia e Robert Lyra Completando dois anos de criação em outubro, após cisão das usinas do Grupo Carlos Lyra, a Delta Sucroenergia está cumprindo suas metas e todos estão satisfeitos, conta seu presidente Robert Lyra, que participou da reunião da Canaplan. De acordo com o empresário, apesar do contexto global não ajudar, com a defasagem de preço e questão climática, que poderá comprometer a safra futura, a Delta deverá moer neste ciclo 9,6 milhões de toneladas, (com 200 toneladas de cana bis), contra 9,8 milhões de toneladas processados na safra passada. Cerca de 14% do canavial da usina foi renovado, contou Lyra, afirmando que o objetivo agora é buscar produtividade alta em um canavial mais velho. Atualmente, a produtividade na usina Delta é de 80 toneladas por hectare. 53 O caminho do etanol Ao explanar sobre o mercado de combustíveis no País, Rodrigo Cáo Pires, da Petrobras, afirmou que dentro do cenário da estatal não há previsão de investimentos para a produção de gasolina e sim somente para refinarias de diesel. Embora tenha admitido que o Ciclo Otto (ciclo termodinâmico utilizado nos principais modelos de motores de combustão interna) demandará mais etanol nos próximos anos, o que provocou um questionamento do diretor executivo da Bioagência, Tarcilo Rodrigues. “Tenho a impressão que neste País algumas partes não se falam, porque se o planejamento da Petrobras diz que quem vai suprir o Ciclo Otto é etanol, então isso deveria nortear os investimentos dentro da Tarcilo Rodrigues, diretor executivo da Bioagência Petrobras”, alega, “mas não, pelo que vimos, a maior empresa do Brasil vai produzir diesel, com a capacidade de refino de gasolina estagnada, e ao mesmo tempo não tem oferta de etanol, isso significa que estamos caminhando para o caos”, disse ele indignado. Rodrigues alega também que mesmo que se tivesse um “lampejo de nacionalidade” e se decretasse a volta da CIDE e que teria uma equiparação de preços internacionais da gasolina no Brasil, levaria no mínimo quatro anos para o setor sucroenergético sanar seus problemas e poder reagir à demanda. “O produtor está fazendo a sua lição de casa todo dia, acorda e dorme pensando em redução de custos e está ao lado do pessoal de tecnologia, mas não está aqui a solução”, diz ele. “Há uma desconexão total neste processo de abastecimento neste País, porque se não vai ter etanol e não tem capacidade de refino de gasolina, nós vamos virar o maior importador de gasolina do planeta, deixar o nosso lar sujo e as usinas paradas, olha o contrassenso”, analisa. “Infelizmente estamos vivendo uma utopia, um negócio surreal, não é só Manoel Ortolan, Walter Biagi, da Biosev, Marcos Landell, IAC e Paulo Carvalho do Grupo Colorado uma questão de preço. A gente precisa de muito mais, de um planejamento estratégico de longo prazo, saber sentar com produtor, Petrobras e Governo com vontade de resolver o problema, sem isso nós vamos ficar ouvindo história”, conclui o diretor. Durante a reunião, as empresas BASF, John Deere, Antoniosi, Bayer, FMC, Syngenta, DuPont e GAtec mostraram suas tecnologias para o setor sucroenergético. O próximo encontro da Canaplan deverá ocorrer em abril de 2015, quando a consultoria dará as projeções para a safra 15/16. Futuro do setor será brilhante, diz Mônica Bergamaschi Para a secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Mônika Bergamaschi, que marcou presença na reunião da Canaplan, o futuro do setor sucroenergético será brilhante. “Só não consigo ter a mínima noção de quando este futuro tardará para chegar, mas fazendo uma rápida análise, não podemos olhar para frente sem avaliar o que está acontecendo hoje e o que aconteceu no passado”, disse lembrando que o setor sucroenergético sempre soube responder às suas grandes demandas e já enfrentou outras crises. “É bem verdade que essa é uma crise muito diferente das outras, porque você tem aspectos políticos externos interferindo na performance e nós já estamos deixando pedaços importantes pelo caminho”, ressaltou a secretá- ria, afirmando que a falta de confiança geral marca o momento atual, então é necessária uma mudança de ânimos, com o restabelecimento da segurança no setor para que a retomada se inicie e os investimentos retornem. “Então temos que caminhar para frente, olhar para frente, nós sentimos todas as dores de não crescer, agora queremos sentir as dores de crescer, então temos a consciência da necessidade de crescer com sustentabilidade e crescer com sustentabilidade necessariamente passa pela utilização de energias limpas, de energias renováveis”, pontuou. Ao ser questionada sobre se manter na pasta na próxima gestão de Geraldo Alckmin, reeleito como governador de São Paulo, Mônica alegou que tem muito a fazer até o final do ano. “Nós Mônika Bergamaschi, secretária de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo ainda temos este mandato com muito trabalho a fazer e é isso que estamos cuidando”, alegou ela, explicando que o período eleitoral é marcado por restrição em relação a muitas ações que o Governo deveria fazer, por isso “há muito ainda o que fazer até o final do ano, depois a gente vê isso”. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 54 Eventos de novembro de 2014 Workshop Eficiência Energética Data: 02/12/2014 Hora: 8h às 11h30 Local: Auditório Senai Sertãozinho Realização Centro de Treinamento SENAI – “Ettore Zanini” III Simpósio de Agronegócio e Gestão Data: 4, 5 e 6 de dezembro Hora: 7h às 19h Local: Campus da Esalq/Usp – Av. Pádua Dias, 11 – São Dimas – Piracicaba/SP. Informações sobre inscrições: (19) 3375-4251 / 33770940 / [email protected] ou acesse www.eventosim.org.br 13º Seminário sobre Produtividade & Redução de Custos Data: 03 a 04 de dezembro Inscrições: Até o dia 02 de Dezembro Local: Centro de Cana IAC Endereço: Rodovia Prefeito Antônio Duarte Nogueira, Ribeirão Preto-SP. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Curso de Inseminação Artificial CRV Lagoa Tipo de Evento: Curso / Treinamento Data: 08/12/2014 a 12/12/2014 Cidade: Sertãozinho-SP Localização do Evento: CRV Lagoa Site:www.crvlagoa.com.br Telefone: 016 2105.2299 E-mail: [email protected] Curso de Casqueamento Preventivo e Correção de Aprumos em Bovinos CPT Cursos Presenciais Data: 16/12/2014 a 18/12/2014 Cidade: Viçosa-MG Localização do Evento: Unidade de Ensino CPT Cursos Presenciais Informações com: CPT Cursos Presenciais Site: http://www.cptcursospresenciais.com.br Telefone: (31) 3899.8300 E-mail: [email protected] Assuntos Legais 55 Queima de Palha de Cana-de-açúcar mais uma vitória importante no Tribunal de Justiça de São Paulo E stimados produtores de cana-de-açúcar, o Departamento Jurídico da Canaoeste, defendendo um de seus inúmeros associados, obteve mais uma vez no último dia 06 de novembro de 2014, importante e favorável decisão proferida pela 1ª Câmara Reservada do Meio Ambiente, nos autos da Apelação n. 0008016-75.2010.8.26.0459, que reconheceu a aplicação da Lei Estadual n. 10.547/2000, alterada pela Lei n. 11.241/2002, regulamentadas pelo Decreto n. 47.700/2003, em detrimento da legislação utilizada pela CETESB (Lei n. 997/1976 e Decreto n. 8.468/1976). Parece óbvio, em termos jurídicos, que em se tratando de incêndios ocorridos em canaviais, deve a legislação específica criada (Lei n. 11.241/2002) definir as eventuais penalidades a incorrer sobre os infratores. Mas, na prática, não é o que entende a CETESB (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), que sempre adotou uma questionável legislação datada do ano 76 (setenta e seis), do século passado. As penalidades desta última legislação partem de 5.001 UFESPs, o que equivale hoje a aproximadamente R$100.720,00, INDEPENDENTE DA ÁREA QUEIMADA, o que não precisamos dizer ser totalmente desproporcional ao eventual dano ocorrido e, consequentemente, sem razoabilidade a lhe legitimar constitucionalmente, significando, ainda, CONFISCO com determinados casos. No caso analisado, por exemplo, Juliano Bortoloti Advogado da Canaoeste a multa aplicada pela CETESB foi de 7.500 (sete mil e quinhentas) UFESPs ou cerca de R$151.050,00 (cento e cinquenta e um mil e cinquenta centavos) em uma área atingida pelo fogo de 25 (vinte e cinco) hectares. Entendeu o Tribunal de Justiça de São Paulo, no corpo da referida decisão, que a multa a ser aplicada, pela queimada dos 25 hectares de cana, deve observar sempre o artigo 15, do Decreto Estadual n. 47.700/2003, decreto este que regulamenta a lei de queima (Lei n. 10.547/2000), que fixa a multa em 30 UFESPs por hectare queimado, o que atinge hoje cerca de R$-15.105,00. Referida decisão, aliás, é histórica, pois proferida pela 1ª Câmara Especial do Meio Ambiente do Tribunal de Justiça de São Paulo, reconhecendo pela primeira vez a aplicabilidade da legislação especial de queima controlada para as multas decorrentes de eventuais regularidades, em detrimento de legislação estranha ao tema, o que foi, certamente, o desejo político da sociedade quando da promulgação da Lei n. 10.547/2000. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 56 Informações Setoriais Chuvas de outubro e previsões climáticas para novembro/14 a janeiro/15 Quadro 1: Chuvas observadas durante o mês de OUTUBRO de 2014. Engº Agrônomo Oswaldo Alonso Consultor A média das chuvas de OUTUBRO de 2014 (39mm) foi muito inferior a da média histórica (114mm) e as do mês de OUTUBRO de 2013 (112mm). Merece lembrar que, na região de abrangência CANAOESTE, entre os meses de janeiro a outubro deste ano, comparativamente ao mesmo período de 2013, ocorreram desvios negativos de chuvas em quase todos os meses, exceto em abril e julho. Vide Quadro 2. O mapa 1 mostra que, entre os dias 13 a 15 (meados) de outubro, a DAAS (Disponibilidade de Água no Solo), com poucas exceções, apresentava-se em nível crítico em quase toda faixa Centro-Norte do Estado de São Paulo. O mapa, logo à direita, mostra brusco diferencial negativo de DAAS, três-quatro dias depois, incluindo a faixa Centro-Sul do Estado. Os Mapas 2 e 3, correspondentes aos finais de outubro de 2013 e 2014, apresentam certa semelhança entre as DAAS-Disponibilidades de Água no Solo, quando se observa a metade Centro-Oeste do Estado. O diferencial foi que, em 2013, ocorreram melhores volumes de chuvas na faixa Centro - Sul de São Paulo. O mapa 3, mostra que três dias antes (26 a 29) toda faixa Sudoeste do Estado também estava em condição crítica de água no solo. Os artigos mensais de Informações Climáticas contam com o trabalho diário de anotações de chuvas dos Escritórios Regionais e, neste mês, condensados em Pitangueiras. Estes dados são disponibilizados diariamente pelo site Canaoeste e as suas médias mensais e as normais climáticas são aqui apresentadas no Quadro 2. Os dados do Quadro 2 mostram, no destaque do canto inferior direito, as expressivas diferenças observadas entre os totais dos meses de janeiro a outubro de 2014 e 2013. Em 2013, o acumulado das médias mensais das chuvas foi pra- Mapa 1:- Água Disponível no Solo entre 13 a 15 de outubro de 2014 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 ticamente igual ao das normais climáticas. Entretanto, o acumulado das médias mensais das chuvas em 2014 está sendo praticamente a metade da soma das normais climáticas, mesmo com a sua redução em 100mm, provocada pelas menores chuvas durante este ano. Estas normais climáticas (1.111mm, em 2013 e 1.020mm, em 2014) se mostram diferentes em função das ponderações das médias históricas (normais climáticas) nestes dois anos, devido principalmente, pelos meses de janeiro e março. Para planejamentos próximo-futuros, a Canaoeste resume o prognóstico de consenso entre INMET-Instituto Mapa 2:- Água Disponível no Solo ao final de outubro 2013. 57 Quadro 2:- Somas das chuvas mensais de JANEIRO a OUTUBRO de 2013 e 2014 anotadas pelos Escritórios Regionais; bem como, as respectivas médias mensais e normais climáticas. Mapa 4:- Elaboração CANAOESTE do Prognóstico de Consenso entre INMET-INPE para novembro(final) 2014 a janeiro 2015 vizinhos são de 170mm em novembro e 270mm em dezembro e janeiro. OBS:- Normais climáticas (ou médias históricas) correspondem as dos locais enumerados de 1 a 9 e do Centro de Cana IAC - Ribeirão Preto. • Nestes meses, as temperaturas tendem a ser próximas a acima das respectivas normais climáticas para toda Região Centro-Sul do Brasil; categorias (acima, próxima e abaixo das normais climáticas) em todas as Regiões Centro-Oeste e Sudeste. Na Região Sul, as chuvas poderão ficar entre próximas a acima das respectivas médias (até a região litorânea paulista), exceto na faixa norte do Estado do Paraná, que podem ser próximas aos dos demais estados das regiões acima; • Pelo consenso climático INMET-INPE, as chuvas poderão ocorrer com iguais probabilidades para as três • Tendo como referência o Centro de Cana-IAC, as médias históricas das chuvas em Ribeirão Preto e municípios Nacional de Meteorologia e INPE-Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais para os meses novembro (final) 2014 a janeiro 2015, como descrito abaixo e ilustrado no Mapa 4: Mapa 3:- Água Disponível no Solo ao final de outubro de 2014. A SOMAR Meteorologia, pelos modelos climáticos que utiliza, prevê que as chuvas nesta primavera serão irregulares em volumes, períodos e locais em quase toda área sucroenergética da Região Centro-Sul. Por exemplo, em dezembro as chuvas poderão ser mais concentradas durante a primeira quinzena. Ainda, tomando-se com referência os mesmos modelos climáticos, a SOMAR prevê que para os meses de verão apenas janeiro (mais na segunda quinzena) poderá ser mais chuvoso. A Canaoeste recomenda especial atenção aos produtores de cana que, pelas atuais previsões, não se “fiem” na quinzena final de março e na primeira de abril para efetuarem seus plantios de cana. A Canaoeste estará sempre atenta, com previsões mais confiáveis possíveis e com as antecedências necessárias aos planejamentos de plantio. Estes prognósticos serão revisados nas edições seguintes da Revista Canavieiros. Fatos climáticos relevantes serão noticiados em www.canaoeste.com. br e www.revistacanavieros.com.br. Persistindo dúvidas, consultem os Técnicos mais próximos ou através do Fale Conosco Canaoeste. RC Revista Canavieiros - Novembro de 2014 58 Artigo Técnico Sistematização de Áreas e Preparo de Solo André Volpe, Engenheiro Agrônomo da Canaoeste Breno Henrique de Souza, Engenheiro Agrônomo da Canaoeste de Descalvado A colheita mecanizada da cana-de-açúcar é considerada uma tendência natural do setor sucroenergético. Dessa forma, existe a necessidade de alterações no modelo estabelecido de implantação de manejo dos canaviais, solucionando ou atenuando os problemas relacionados anteriormente, como rendimento de máquinas e queda de produtividade. A sistematização de uma área está relacionada diretamente com o rendimento operacional das máquinas, nas mais variadas operações, incluindo a colheita, pois a sistematização vai determinar o percurso destas operações e consequentemente as manobras necessárias. Entende-se também uma sistematização adequada o melhor preparo do solo, com uniformidade da profundidade e um razoável nivelamento do terreno, sendo que as ações possibilitam uma sulcação uniforme e perfeito paralelismo. Neste processo é importante que as linhas de sulcação sejam bastante alongadas e com menor número possível de matações, uma vez que com isso irá reduzir as manobras das máquinas, conseguindo atingir um maior rendimento na colheita. O planejamento da base física de uma fazenda ou gleba de plantio de cana-de-açúcar é uma das ferramentas de mais baixo custo e de grande impacto nas operações motomecanizadas. Dentre os procedimentos, o planejamento da sulcação é o que traz resultados imediatos, pois aumenta o rendimento das operações, ao mesmo tempo em que reduz os custos. Praticamente todas as operações do sistema de produção da cana-de-açúcar seguem as linhas de plantio para a cultura (plantio em nível). Sobre a sulcação da área é necessário sempre pensar em linhas contínuas (menor número de sulcos mortos). Com isso haverá uma redução do número de manobras necessárias para todas as operações mecânicas, sejam de plantio mecânico ou manual, aplicação de defensivos, cultivo de soqueiras e colheita mecânica. O sucesso da sulcação depende de grande parte do tipo de solo, declividade, sistema conservacionista, estruturas de conservação e o tipo de preparo de solo. As técnicas de sistematização de solo têm o objetivo de melhorar a conservação e minimizar as erosões, da mesma forma que permite a melhor infiltração e distribuição de água no solo. A locação de estradas e carreadores deve ser apropriada para se conseguir um tráfego na área sem nenhum comprometimento operacional. É preciso também que as estradas e carreadores permitam a movimentação fácil a todos os pontos da propriedade, em qualquer época do ano. Para isso precisam estar bem alocadas ou dispostas, precisam ser bem construídas e estarem bem conservadas. Em algumas propriedades não é esta a situação que encontramos. Muitas vezes, recebem água das glebas vizinhas que correm sobre elas provocando erosão, dificultando o tráfego e encarecendo os trabalhos de manutenção. Para a implantação de um canavial, inicialmente se deve fazer o planejamento da área, bem como subdividir os talhões e alocar os carreadores primários e secundários. Geralmente os talhões de cana são subdivididos quanto à topografia e homogeneidade do solo e apresentam em média 10 a 20 hectares. Devem-se escolher áreas sem a presença de árvores, cercas, tocos e pedras que venham a impedir o rendimento das operações. Os terraços (curva de nível) são considerados práticas conservacionis- Revista Canavieiros - Novembro de 2014 Breno de Souza André Bosch Volpe tas que reduzem o volume e a velocidade da água da enxurrada através da presença de um obstáculo físico (rampa). O tipo adequado de terraço a ser implantado em determinada área deve ser escolhido com base na análise das características da chuva (quantidade, intensidade, duração e frequência) e do solo (profundidade, textura dos horizontes e permeabilidade). O conhecimento destes elementos permite que selecione o tipo de terraço mais apropriado à sua situação. A seleção do tipo de terraço mais eficiente para o controle da erosão que menores transtornos causam ao agricultor durante as operações agrícola é feito de acordo com a topografia do terreno, as características do solo, as condições climáticas, da cultura ser implantada, o sistema de cultivo utilizado e a disponibilidade de máquinas na propriedade. A diversidade de solos ocupados para o cultivo de cana de açúcar e as diferentes características de manejo adotadas regionalmente possibilitam uma série de combinações de máquinas, implementos e operações distintas de preparo de solo. Escolher o sistema de preparo que atenda às condições edafoclimáticas específicas de cada área é fundamental para o sucesso do cultivo de cana-de-açúcar. Além destes fatores, a intensificação da mecanização, principalmente na colheita, trouxe novas características ao ambiente de produção, como a alta presença de palha e aumen- 59 to de zonas de compactação em subsuperfície, que devem ser considerados para a escolha do sistema de preparo de solo adequado. O preparo do solo deve ser visto como uma estratégia de manejo, pois é neste momento que se tem a oportunidade de realizar as correções necessárias em diversos aspectos, sejam eles ligados à química, física ou biologia do solo. Desta forma, seguem 3 sistemas de preparo de solo, descrevendo suas características e em quais situações adotar cada sistema. O preparo convencional é caracterizado pelo intenso revolvimento do solo, realizado através de diversas operações subsequentes. Neste tipo de preparo a utilização de gradagens sequenciais é comum, seguida de uma aração ou subsolagem e finalizada por uma operação de nivelamento do solo. Esta modalidade de preparo possibilita a correção química do solo nas camadas mais profundas com a incorporação de insumos, assim como a quebra do ciclo de pragas de solo e plantas daninhas. O preparo mínimo, também muito utilizado na cultura canavieira, consiste na eliminação da soqueira antiga por meio da dessecação (aplicação de herbicida), seguida por uma ou duas subsolagens, a fim de romper as camadas de compactação em subsuperfície, possibilitando uma melhor penetração das raízes para o próximo ciclo da cultura. Este sistema de preparo é indicado quando os aspectos químicos em profundidade estão dentro dos padrões (V% > 30) e não há existência de pragas de solo (Sphenophorus l. e Migdolus f.) na área. O plantio direto tem como princípio o não revolvimento do solo, mantendo sua estrutura inalterada. Desta forma, a eliminação da soqueira é realizada através da dessecação e nenhuma operação de preparo é realizada. Para a adoção deste sistema, o solo deve estar com uma boa fertilidade em subsuperfície e livre de zonas de compactação, além de não estar infestado com pragas de solo. A figura abaixo relaciona os aspectos químicos, físicos e biológicos com os três tipos de preparo descritos acima, indicando quando cada sistema de preparo pode ser utilizado e quais características restringem o uso dos sistemas. Os três fatores considerados são: V% na camada de 25 a 50 cm, compactação (resistência à penetração) e presença de pragas de solo (Sphenophorus l., Migdolus f. e nematoides). A reforma do canavial deve ser encarada como uma oportunidade. É o momento de planejar, repensar e realizar as correções necessárias, pensando sempre nas possíveis demandas que possam surgir durante o período de cultivo do canavial. Neste contexto, a sistematização e o preparo de solo são fundamentais e, quando bem planejados, possibilitam o aumento de rendimento operacional (redução de custos), melhor aproveitamento da água e diminuição das zonas de compactação, refletindo em maior longevidade e aumento de produtividade do canavial. A equipe de agrônomos da Canaoeste está preparada para esclarecer as dúvidas pertinentes ao assunto e auxiliar no planejamento para a sistematização das áreas de reforma e preparo de solo. Figura 1: Área anterior ao dimensionamento (sistematização): Figura 2: Área após o dimensionamento (sistematizada): Figura 3: Sulcação em Nível: Fonte Jairo Mazza Figura 4: Sulcação Reta: Fonte Jairo Mazza RC Fonte: AL GAZON Consultoria e Assessoria Ltda. Fonte: AL GAZON Consultoria e Assessoria Ltda. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 60 Safra Acompanhamento da safra 2014/2015 A seguir são apresentados os dados obtidos pelos fornecedores de cana até a 2ª quinzena de outubro, referentes à Safra 2014/2015, em comparação com os da Safra 2013/2014, no mesmo período. Na Tabela 1 encontra-se o ATR médio acumulado (kg/tonelada) do início da safra até a 2ª quinzena de outubro desta Safra em comparação com o obtido na Safra 2013/2014, sendo que o ATR da safra 2014/2015 está 6,22 Kg acima do obtido na Safra 2013/2014 no mesmo período. Tabela 1 – ATR (kg/t) médio da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste das Safras 2013/2014 e 2014/2015 Tabela 2 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste, até a 2ª quinzena de outubro, da Safra 2013/2014. Tabela 3 – Qualidade da cana entregue pelos Fornecedores de Cana da Canaoeste, até a 2ª quinzena de outubro, da Safra 2014/2015 O BRIX do caldo da Safra Thiago de Andrade Silva 2014/2015 fi- Gestor de Planejamento, Controle e Topografia da Canaoeste cou equiparado no mês de março e na 2ª quinzena de maio, ficando acima no mês de abril, na 1ª quinzena de maio, nos meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro com maior acentuação a partir da 2ª quinzena de junho em relação ao da Safra 2013/2014. Na média, o BRIX do caldo obtido nesta safra está 5,7% superior ao da safra 2013/2014. O gráfico 2 contém o comportamento da POL do caldo na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. Pode-se observar que a POL do caldo apresentou o mesmo comportamento do BRIX do Caldo, sendo que na média, nesta safra de 2014/2015, a POL do caldo está 4,8% superior a da safra 2013/2014. As tabelas 2 e 3 contêm detalhes da qualidade tecnológica da matéria-prima nas safras 2013/2014 e 2014/2015, respectivamente, no período de abril a agosto de 2014. O gráfico 1 contém o comportamento do BRIX do caldo da Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. Gráfico 1 – BRIX do caldo obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 O gráfico 3 contém o comportamento da Pureza do caldo na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. Gráfico 2 – POL do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014 61 Gráfico 3 – Pureza do caldo obtida nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Gráfico 4 – Comparativo da Fibra da cana Gráfico 5 – POL da cana obtida nas Safras 2014/2015 e 2013/2014 Gráfico 6 – ATR obtido nas safras 2014/2015 e 2013/2014 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 62 A Pureza do caldo da Safra 2014/2015 ficou muito abaixo da obtida na Safra 2013/2014 no mês de março, ficando acima nas duas quinzenas do mês de abril, ficando próximo no mês de maio e pouco abaixo nos meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro, equiparando na 1ª quinzena de agosto. O gráfico 4 contém o comportamento da Fibra da cana na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. A Fibra da cana na Safra 2014/2015 ficou muito acima daquela obtida na Safra 2013/2014 nos meses de março, abril, setembro, outubro e 1ª quinzena de maio, abaixo no mês de junho e acima na 2ª quinzena de maio e nos meses de julho e agosto, ficando na média 0,6% superior à observada na safra 2013/2014. O gráfico 5 contém o comportamento da POL da cana na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. A POL da cana na Safra 2014/2015 ficou muito abaixo da obtida na safra 2013/2014 no mês de março, ficando acima no mês de abril, na 1ª quinzena de maio e nos meses de junho, julho, agosto, setembro e outubro, se equiparando na 2ª quinzena de maio e, na média, encontra-se 4,7% superior a da Safra 2013/2014. O gráfico 6 contém o comportamento do ATR na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. O ATR, expresso em kg/t de cana na Safra 2014/2015, ficou muito abaixo do obtido na safra 2013/2014 no mês de março, muito acima nos meses de abril, junho, julho, agosto, setembro e outubro, com menor proporção na 2ª quin- Safra zena de setembro, se equiparando no mês de maio, apresentando, portanto, comportamento semelhante ao da POL da cana, tendo em vista que a mesma participa com 90% do ATR. Na média, o teor de ATR desta safra está 4,7% superior ao da safra anterior. O gráfico 7 contém o comportamento da precipitação pluviométrica registrado na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. A precipitação pluviométrica média observada nos meses de janeiro, fevereiro, março, maio, junho e outubro de 2014 ficaram muito abaixo da obtida em 2013 e abaixo no mês de abril. A precipitação pluviométrica ficou acima nos meses de julho e setembro, e equiparada no mês de agosto. Gráfico 7 – Precipitação pluviométrica (mm de chuva) registrada em 2013 e 2014 Gráfico 8 – Precipitação pluviométrica por Trimestre, em 2013 e 2014. O gráfico 8 contém o comportamento da precipitação pluviométrica acumulada por Trimestre na Safra 2014/2015 em comparação com a Safra 2013/2014. Em 2014, observa-se um volume de chuva muito abaixo no 1º trimestre, no 2º trimestre, no 4º trimestre e acima no 3º trimestre, se comparado aos volumes médios de 2013. A precipitação pluviométrica do mês de setembro, apesar de amenizar o impacto do deficit hídrico, não foi suficiente para viabilizar a recuperação do Revista Canavieiros - Novembro de 2014 crescimento vegetativo perdido ao longo da safra, onde a cana colhida em julho aparenta estar com o mesmo tamanho de uma cana colhida em setembro. Portanto, a produtividade continua comprometida, devido ao estresse hídrico ocasionado pela estiagem e o teor de ATR se manteve próximo desde a 2ª quinzena de setembro e muito acima se equiparado ao teor médio de ATR registrado na Safra 2013/2014. Levando em conta todo o cenário, o ATR médio ficou 6,43 kg acima do obtido na Safra 2013/2014, até a 2ª quinzena de outubro. RC 63 VENDEM-SE - caminhoneta, F-350, 2001; - caminhoneta, Ranger, 2004; - trator 275 nº 12 MF, 1991; - trator 275 nº 13 MF, 1991; - trator 275 nº 17 MF, 1993; - trator 275/4 nº19 MF, 2000; - trator 620/4 nº06 MF, 1994; - trator 292/4 nº08 MF, 2003; - trator 1780/4 nº03 Valmet,1990; - plantadeira nº 22 JM 2670 PD, 2009; - plantadeira nº 23 JM 2670 PD, 2011; - plantadeira nº 24 JM 2670 PD, 2010; - plantadeira nº 43 JM 2980 PD EX, 2002; - transbordo nº 50 Rinnus, Agromer, 1999; - colhedeira nº47, D Master III, MIAC, 2011; - colhedeira nº49, D Master III, MIAC, 2011; - colhedeira nº46, D Master III, MIAC, 2011; - colhedeira nº45, D Master III, MIAC, 2005; - colhedeira nº52, Twin, MIAC, 2013; - arrancador nº 69, verde e amarelo OBB, 1999; - arrancador nº 68, azul e preto, OBB, 2000; - arrancador nº 70, verde e laranja, Santal, 2001; - arrancador nº 59, AIA BM 4 litros BM Dumont, 2012; - pulverizador, Advanced, Jacto, 2003; - pulverizador, Columbia, Jacto, 1995. Tratar com Adailton pelo telefone (16) 9 9174-4912 VENDE-SE - Destilaria completa com capacidade para 150.000 litros de etanol hidratado por dia: composta por preparo de cana com picador, nivelador, desfibrador, turbina e esteira de 48”; 4 ternos de moenda 20 x 36 com turbina e 2 planetários TGM; caldeira; destilaria; trocadores de calor; tratamento de caldo e Gerador 2000 KVA, enfim Destilaria completa a ser realocada. Na última safra obteve uma moagem de aproximadamente 350.000 toneladas. Preço a combinar. Localizada no município de Tambaú-SP. Tratar com Edson pelos telefones e/ou e-mail (19) 9 9381-3391 / 9 9381-3513 / 9 9219-4414 e-mail: [email protected] VENDEM-SE - motor de 75CV com bomba KSB 100/6 revisada e sem uso; - chave de partida ‘’ a óleo”, - transformador de 75 KVA; - postes duplo T de cimento; - chaves de alta, para raios, cabo e etc. Tratar com Francisco pelo telefone (17) 9 8145-5664 VENDEM-SE - grade aradora de arrasto, Tatu 24 discos de 26” mancal de atrito 23cm de espaçamento, perfeito estado; - rolo faca com 09 facas e 2m de largura, ótimo estado. Tratar com Rodrigo Gugliano pelos telefones e e-mail (11) 9 8319-9913 ou (11) 3596-7474 [email protected] VENDE-SE - Cultivador marca DMB Novo São Francisco para cana crua e queimada, com haste dupla e com motor hidráulico. Acompanha asas para sulcar e marcador de banquetas com pistão. Valor: R$16.000,00 Contatos com proprietário: (16) 9 9609-5158 ou (16) 9 97660328 com Edinelson/Edenilson VENDEM-SE ou ARRENDAM-SE - Destilaria de Cachaça e álcool, completa, (10.000 litros de cachaça por dia). Esteira de cana inteira, picador com 22 facas, esteira de cana picada, dois ternos 15x20, esteira de bagaço. Peneira Johnson, cush-cush. Caldeira de 113 m². Máquina a vapor de 220 HP (toca os ternos e o picador). Seis dornas de fermentação de 10.000 litros cada. Destilaria de bandeja/calota A e B de 600 mm de diâmetro com trocador de calor. Dois tonéis de madeira amendoim com capacidade de 50.000 litros cada. Valor R$ 600.000,00. Estudo troca por imóvel. Localização: Laranjal Paulista. Tratar com Adriano pelos contatos: [email protected] ou (15) 9 97059901. Veja vídeo em: www.youtube. com/watch?v=_mzWp3PCavA VENDEM-SE - Fazenda na região de Sud Minnucci - SP, 70 alqueires toda em pasto, terra de cultura, topografia plaina, 2500m à beira do Rio Tietê. Excelente para qualquer tipo de cultura, inclusive em criação de peixe, “Riquíssima em água”; - Sítio na região de Severínia - SP, 8,7 alqueires, tendo 2800 pés de seringueira, com 2300 pés em ponto de sangria. Casa de sede muito boa, uma casa de empregado, 2 barracões, poço artesiano, campo de futebol, a cerca de 20 minutos do Thermas dos Laranjais e 30 minutos da Festa do Peão de Barretos. Área de reserva legal. Excelente para investidor de turismo; - Colheitadeira Santal 2008 Tander. R$ 50.000,00. Tratar com Maurício pelo telefone (17) 9 9236-7838 VENDEM-SE - Ordenhadeira Mecânica completa com 4 unidades, Usinox. Obs: também funciona quando ligada no trator; - Tanque de 550 litros, Purinox. Tratar com José Augusto pelo telefone (16) 9 9996-2647 VENDE-SE OU ALUGA-SE - Salão medindo 11,00 metros de frente por 42,00 metros de fundo 462 metros, possui cobertura metálica com 368,10 metros, localizado à Rua Carlos Gomes 1872, Centro, Sertãozinho-SP, preço a combinar. Tratar com César pelo telefone (16) 9 9197-7086 VENDEM-SE - Fazenda de cana na região de Franca-SP, área de 450 alqueires, 330 alqueires em cana já arrendada para usina, 3 km do asfalto média de 50 a 60 km das usinas Batatais, Buritizal, Cevasa-Cargil, casa sede, 3 casas de funcionários, 1 curral completo, documentação ok; - Fazenda de cana na região de Rancharia-SP, área de 650 alqueires, 500 alqueires de cana própria, ótima topografia, estrutura completa, posto de combustível, oficina e etc. (aceita ate 50% em permuta) documentação ok. Tratar com Miguel pelo telefone (16) 9 9312-1441 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 64 VENDEM-SE - Fazenda na região de Rancharia-SP, 620 alqueires, 500 alqueires em cana própria 1º e 2º corte, próximo a Usina Cocal, estuda prazo e permuta; - Sítio na região de Cajuru, 9 alqueires, 6 em cana, 3 reserva, pasto e área para lazer R$ 900.000,00; - Apartamento 2 dorms., 1 suíte próximo a faculdades; - Casa em condomínio de alto padrão em Ribeirão Preto, 3 suítes, sala, cozinha integrada com área de lazer, piscina, hidro, completa em armários, clube com toda estrutura para esporte e cultura. - Fazenda de Gado com 550 alqueires a 60 km de Ribeirão, fartura em água, casa sede, caseiro, asfalto na porteira da Fazenda, totalmente mecanizada. Tratar com Paulo pelos telefones (16) 3911-9970 (16) 9 9290-0243. VENDE-SE - Silagem de milho, produzido e armazenado na Propriedade Rural Fazenda São José-Pitangueiras/SP Tratar pelo telefone (16) 3952-1443 VENDE-SE - Sítio com 05 hectares, localizado na altura do Km 11,5 da Rodovia Abrãao Assed, a 30 minutos de Ribeirão Preto, fazendo frente com a Rodovia. Localizada a 3 Km de Santa Cruz da Esperança e 10 Km de Cajuru. Todo cercado, repleto de benfeitorias, mina de água de alta qualidade e disponibilidade, com sistema de alimentação em toda a propriedade (casa sede, casa do caseiro, baias, curral e outras dependências), sistema de represa com peixes, com captação de água através de bomba elétrica de 10Hp e através desta distribuição por sistema de irrigação por toda a propriedade, cachoeira de aproximadamente 12m de altura em um riacho de uma das divisas da propriedade, entre outras comodidades. Preço: A combinar Tratar com Maurício Pires de Moraes pelo telefone (16)9 9103-7271 VENDEM-SE - Plantadeira Baldan solografic, 8 linhas, plantio direto, ano 1999; - Plantadeira Balban solografic, 8 linhas, plantio direto, ano 2004; - Colheitadeira Massey Ferguson 3640, série 300.000, com plataforma de soja, ano 1987; - Camionete F250, ano 2001. Tratar com Carlos Eduardo pelos te- lefones: (16) 3947-5268 (16) 9 92539266 ou (16) 9 9455-0990 VENDE-SE - Cultivador marca DMB, novo São Francisco para cana crua e queimada, com haste dupla e com motor hidráulico. Acompanha asas para sulcar e marcador de banquetas com pistão. Valor: R$16.000,00. Jaboticabal-SP. Tratar com Edinelson e Edenilson pelos telefones: (16) 969095158 ou (16) 9 9766-0328 VENDE-SE - Trator 292 MF, traçado, 2007. Tratar com Saulo Gomes pelo telefone (17) 9 9117-0767 VENDE-SE - Ônibus Mercedes Benz – Of 1318, ano 1994; Tratar com Marcio José Sarni pelos telefones: (16) 9 9101-5687 (16) 39464200 (ramal 141) VENDEM-SE - Caminhão VW 26310, ano 2004 canavieiro 6x4, cana picada; - Carreta de dois eixos, cana picada – Rondom. Tratar com João pelos telefones: (17) 3281-1359 ou (17) 99732-3118. VENDE-SE - Cama de frango Tratar com Luiz Martins pelo telefone: (16) 9 9967-7153 ou José Jovino Borges pelo telefone: (16) 3839-5350 - Ituverava/SP. VENDEM-SE - Duas casas, no mesmo terreno, com três cômodos cada, localizada à Rua. Pedro Biagi, 789 em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 230.000,00; - 01 estabelecimento comercial, montado com base para Academia, em um terreno de 200m², contendo uma casa de laje com dois quartos, sala, cozinha, copa e banheiro e, ainda, uma sala comercial para escritório. O estabelecimento fica localizado à Rua. Ângelo Pignata, 23 em Sertãozinho-SP. Valor: R$ 230.000,00. - 01 casa de aproximadamente 500m² com seis cômodos e dois salões comerciais com banheiro, separado da casa, localizada à Rua. Augusto Zanini, 1056 Sertãozinho-SP. Preço a combinar. Tratar com João Sacai Sato pelo telefone (16) 3610-1634. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 VENDE-SE - Área para reserva legal localizada em Buritizal-SP. Valor: R$ 15.000,00 o hectare em mata fechada; - Um sítio de 70 hectares em Coromandel-MG bom para café, com casa, energia, formada 30 hectares em Braquiarão, 10 hectares em campo, 7 hectares em lavoura e 1 hectare em eucalipto de 30 anos, restante mata em terra de cultura, represa. Aceita troca por imóveis urbanos. Valor: R$500.000,00. Tratar com José Antônio pelo telefone: (16) 9 91425362. VENDEM-SE - Fazenda região de Rancharia/SP. Possui 569 alqueires, 25 divisões de pasto, quatro piquetes mais confinamento para 500 bois, 500 cabeças de gado (vaca, bezerro, boi), um curral grande completo, um curral só com bretes, um barracão de estrutura metálica, um barracão de telhas francesas, 200 alqueires de pasto novo (três anos), cercas novas de cinco fios e cinco casas de caseiro. - Fazenda (agricultura/pecuária) em Martinópolis/SP, próxima à rodovia Raposo Tavares (16 km). Possui área de 1818 alqueires, 360 alqueires de reserva legal, 900 alqueires para agricultura, 566 alqueires para pastagens, confinamento para 3.000 cabeças, quatro currais completos, terra mista com prática de agricultura de soja e milho, estrutura completa (casas de caseiro, oficina, borracharia, tanque de diesel) e pista de pouso asfaltada. Tratar pelo telefone: (16) 9 92818932. VENDEM-SE - 01 transformador de 45 KVA. Valor: R$ 1.500,00; - Apartamento no Guarujá, localizado na praia de Astúrias. Possui quatro suítes, três salas, copa, cozinha, quarto para empregada, piscina na sacada do apartamento, quatro vagas na garagem, área comum com piscina aquecida, salão de jogos e festa, churrasqueira, quadra e sauna. Valor: R$ 1.980.000,00. Tratar com Wilson pelo telefone (17) 9 9739-2000 – Viradouro/SP. VENDEM-SE - Colheitadeira Case A7700, ano 2009, - 7700, esteira, motor Cummins M11, máquina utilizada na última safra. Valor: R$ 145.000,00; - Colheitadeira Case A8800, ano 65 2011, esteira máquina na colheita de cana funcionando 100%, rolos preenchidos. Valor: R$ 270.000,00; - Colheitadeira Case A7700, ano 2007, série 770678, motor Scania, motor novo, máquina revisada e trabalhando. Valor: R$ 130.000,00; - Colheitadeira Case 8800, ano 2010, motor refeito em julho de 2014, máquina revisada e pronta para trabalhar. Valor: R$ 260.000,00. Tratar com Marcelo pelos telefones: (16) 9 8104-8104 ou 9 9239-2664. VENDEM-SE - 02 uniport. Modelos disponíveis: 2500 EJ (anos 2003/2004); 3000 EJ (anos 2003/2004); 2500 Star (anos 2009/2010) e 3000 Hidro 4x4 EJ (ano 2004). Tratar com Moacyr pelo telefone: (16) 9 8112-0770. VENDEM-SE - VW 15-180 / 12 Borrachero Móvel Gascom; - VW 26-260 / 11 Comboio Gascom Lubrificante e Abastecimento. 9.000 litros; - VW 15-180 / 11 Oficina Móvel Gascom; - VW 13-180 / 11 Pipa Bombeiro 10.000 litros; - VW 31-320 / 10 Tanque Gascom 20.000 litros pipa bombeiro; - VW 15-180 / 10 Comboio Gascom Lubrificante e Abastecimento. 6.000 litros; - VW 15-180 / 09 Comboio Impacto Lubrificante e Abastecimento 6.000 litros; - VW 13-180 / 09 Comboio Gascom Lubrificante e Abastecimento 4.000 litros; - VW 12-140 / 96 Oficina Móvel Gascom; - MB 2726 / 09 Betoneira 8m³; - MB 2423k / 09 Basculante 12m³; - MB 1725 / 09 4x4 Comboio Abastecimento Diesel 10.000 litros; - MB 2423k / 04 Basculante 12m³; - MB 2423k / 01 Tanque 15.000 litros Pipa Bombeiro; - MB 1214 / 97 Oficina Móvel; - MB LA 1418 / 95 4x4 chassi; - MB 2318 / 94 Tanque 12.000 litros Pipa Bombeiro; - MB 2213 / 81 Tanque 14.000 litros Pipa Bombeiro; - MB 1113 / 72 Tanque 7.000 litros Pipa Bombeiro; - MB 1113 / 69 Toco Chassi; - F.Cargo 1719 / 13 Toco Chassi; - F.Cargo 2628 / 07 Basculante 12m³; - F.Cargo 2626 / 05 Tanque 16.000 litros Pipa Bombeiro; - F-12000 / 95 Tanque 10.000 litros Pipa Bombeiro; - F-14000 / 90 Tanque 9.000 litros Pipa Bombeiro; - Carreta Prancha Facchini 2008 3 eixos rebaixada; - Toyota Hilux SRV 2010, Prata, automática, 4x4, diesel, 50.000km; - GM S10 Executive 2007 Prata 4x4 diesel; - Caçamba Basculante Toco 5m³; - Tanque de Fibra 16.000 litros; - Tanque de Ferro 15.000 litros; - Baú Sider 6.50 metros; - Comboio Gascom 2.000 litros Lubrificante e Abastecimento; - Munk Hincol 43.000 ano 2012; - Munk Hincol 31.000 ano 2010; - Munk Masal 12.000 ano 2004; - Munk Munck 640-18. Contato Alexandre (16) 39451250 / 9 97669243 oi / 9 92402323 claro, whatsApp / 78133866 id 96*81149 nextel VENDE-SE - Trator Valtra Modelo BH 180, ano 2006, com 7055 horas trabalhadas, “cabinado” de fábrica, completo 4x4 com kit de freio boca de lobo (para puxar carreta). Tratar com Marco Antônio Oliveira pelo telefone: (16) 9 9166-4286 VENDE-SE - Uma área de 23,5 alqueires em Ituverava, ideal para reserva. Tratar com Paulo Pínola pelo telefone: (16) 3839-7506. VENDEM-SE - Atomatizador marca FMC com capacidade para 4000 litros, ano 2004 seminovo R$12.000,00; - Grade niveladora de arrasto com 42 discos de 18 polegadas R$2.500,00; - Bazuca com capacidade de 6.000 Kg R$ 4.000,00; - Pá carregadeira, modelo 938 GII, ano 2006 série 0938 GERTB em bom estado de conservação. R$ 180.000,00; - Conjunto de irrigação completo com Ferti-Irrigação, filtro de areia e gotejador Uniram Flex 2,31 x 0,70m com +\30 mil metros, sem uso R$ 52.000,00; - Trator modelo BH 205, gabinado completo com ar condicionado e hiflow, ano 2010 com 4.241,3 horas de uso R$ 120.000,00; - Trator modelo BH 205, gabinado completo com ar condicionado e hiflow, ano 2010 com 5.356,1 horas de uso R$ 120.000,00. Tratar com FURTUNATO pelos telefones (16) 3242-8540 – 9 9703-3491 [email protected] a combinar VENDEM-SE - Terreno para construção de rancho entre Sertãozinho e Pitangueiras, (Vale do Mogi) área: 1.200 m²; - Rancho entre Sertãozinho e Pitangueiras, (Vale do Mogi) área construída: 140 m², área total: 7.000 m²; Pomar todo alambrado, documentação e parte ambiental ok. Tratar com André Tonielo pelo telefone (16) 9 9139-8664. VENDEM-SE -Trator MF 680 “cabinado” ano 2006, motor com 1000 horas, em boas condições; - L200, traçada, cor branca, ano 2006, com ar-condicionado. 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Cabe ao consumidor assegurar-se de que o negócio é idôneo antes de realizar qualquer transação. - A Revista Canavieiros não realiza intermediação das vendas e compras, trocas ou qualquer tipo de transação feita pelos leitores, tratando-se de serviço exclusivamente de disponibilização de mídia para divulgação. A transação é feita diretamente entre as partes interessadas. Revista Canavieiros - Novembro de 2014 66 Biblioteca “General Álvaro Tavares Carmo” Will & Will Um nome, um destino Cultivando a Língua Portuguesa Esta coluna tem a intenção de maneira didática, esclarecer algumas dúvidas a respeito do português. ...e a cada dia que levanto curvo-me frente a Deus. Agradeço-o. Renovo meu contrato de vida. Livro: Trechos Tecidos com Palavras... Sentimentos... Afins... Sem Fim... Madras, Editora - Renata Carone Sborgia Renata Sborgia 1) Maria preparará a deliciosa receita de salada que terá “salchicha”! ... não será tão deliciosa assim, Maria, com o ingrediente escrito errado! O correto é: salsicha 2) Foi aquele tumulto por causa da “largatixa” que apareceu na sala de aula! ... e o tumulto continuou com a grafia errada! Sem tumultos com a palavra! O correto é: lagartixa 3) “Fazem” vários dias que Pedro não fala com Maria. ...continuará não falando com o verbo conjugado errado! O correto é: faz Regra fácil: O Verbo Fazer indicando tempo decorrido (passado) nunca vai para o plural. “Em uma noite fria, em uma improvável esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes dividem o mesmo nome. E, aparentemente, apenas isso os une. Um Will é amigo do mais expansivo gay de sua escola. O outro precisa explicar à própria mãe sua orientação sexual. Mas, mesmo circulando em ambientes completamente diferentes, os dois estão prestes a embarcar em uma aventura de proporções épicas.” (Trecho extraído da “orelha” do livro) PARA VOCÊ PENSAR: ...e foi na curva que a reta entortou-se para o encaixe. E encaixados ouviram suspiros em espiral. Amávamos de forma tortuosa e sinuosa... amávamos numa geometria somente compreendida por nós. Éramos o avesso encaixados. Livro: Trechos Tecidos com Palavras... Sentimentos... Afins... Sem Fim... Madras, Editora - Renata Carone Sborgia Coluna mensal * Advogada, Profa. de Português, Consultora e Revisora, Mestra USP/RP, Especialista em Língua Portuguesa, Pós-Graduada pela FGV/RJ, com MBA em Direito e Gestão Educacional, autora de vários livros como a Gramática Português Sem Segredos (Ed. Madras), em co-autoria. Referência: GREEN, John. Will & Will: um nome, um destino. 7ªed. Rio de Janeiro: Galera Record, 2014. Os interessados em conhecer as sugestões de leitura da Revista Canavieiros podem procurar a Biblioteca da Canaoeste. [email protected] www.facebook.com/BibliotecaCanaoeste Fone: (16) 3524-2453 Rua Frederico Ozanan, nº842 Sertãozinho-SP Revista Canavieiros - Novembro de 2014 67 Revista Canavieiros - Novembro de 2014 68 Revista Canavieiros - Novembro de 2014