Neuralgia trigeminal - Disciplina de Anestesiologia FMUSP

Transcrição

Neuralgia trigeminal - Disciplina de Anestesiologia FMUSP
e Estereotaxia
Programa de Educação Continuada em
Fisiopatologia e Terapêutica da Dor
2016
Equipe de Controle de Dor da Divisão de Anestesia ICHCFMUSP
Neuralgia de Trigêmeo
José Oswaldo de Oliveira Jr.
Caso clínico:
MJO, 62 anos, branca, do lar.
Choques intensos em hemiface esquerda
Sempre na região maxilar esquerda
Estímulos táteis suaves em uma área no sulco nasogeniano
deflagrava os choques. O mesmo ocorria quando mastigava
ou engolia alimentos.
Foi ao dentista, identificou um dente da arcada superior
esquerda cuja percussão reproduzia o choque.
Foi submetida a um “tratamento de canal” e as dores
cessaram.
Neuralgia trigeminal
Caso clínico:
Duas semanas depois as dores retornaram.
O dentista desbastou a face superior do dente e o retirou
da oclusão.
Não houve melhora.
A doente solicitou a extração dentária.
Melhorou. Ficou sem dor.
Neuralgia trigeminal
Caso clínico:
Dez dias depois as dores retornaram.
Iguais.
Em choques, sempre a esquerda, na região maxilar.
Foi encaminhada a um neurologista.
Realizou uma Ressonância Magnética de crânio que foi
considerada normal.
Foi medicada com Carbamazepina 200mg por via oral
3x/dia.
Ficou sem dor.
Neuralgia trigeminal
Caso clínico:
Seis anos depois continua sem dor.
Reduziu a dosagem para 100mg 2x/dia.
Tentou reduzir para apenas 100mg 1x/dia mas os choques
retornaram.
Voltou a tomar 2x/dia.
Hemograma completo é feito a cada 6 meses e continua
compatível com a normalidade
Neuralgia trigeminal
Caso clínico:
Diagnóstico ?
Neuralgia trigeminal
Aspectos históricos
Primeiras descrições: escritos de Galeno, Aretaeus da
Capadócia e no séc XI por Avicena
1671 Johannes Laurentius Bausch, descreve a dor que
sofria como um relâmpago na face direita, tornando-se
incapaz de falar ou comer, levando-o a morte
1677 John Locke, médico e filósofo, descreve o quadro
doloroso de sua paciente, a condessa de Northumberland,
esposa do embaixador francês
1773 John Fothergill: primeira descrição completa e
precisa
1756 Nicolas André inventou o termo tic doloreux
Neuralgia trigeminal
Introdução:
EUA (2013):
 incidência anual 5/100.000
 total de 45.000 portadores de NT
No mundo: 4 milhões de pessoas com NT
Prevalência: Fem/masc 1,74 : 1
 início é geralmente após os 40 anos
 pico entre as idades de 50 e 80 anos
 ocorrências em pacientes menores de 40 anos de
idade deve levantar a suspeita de causas
secundárias, como tumor ou esclerose múltipla
 TN raramente ocorre em crianças
Neuralgia trigeminal
Fisiopatologia
(idiopática = criptogenética = primária
Teorias sugerem que doença ou lesão no nervo trigêmeo
aumenta a sensibilização aferente.
Limiares mais baixos para condução do estímulo doloroso
Jannetta:
revisão de 4400 procedimentos cirúrgicos
1969-1999
 Causa mais comum de compressão: artéria cerebelar
superior
 Compressão pela cerebelar postero-inferior,
vertebral, petrosa inferior são mais raras
Neuralgia trigeminal
Quadro clínico
 Crises paroxísticas de dor com duração de uma
fração de segundo a dois minutos, afetando
uma ou mais divisões do nervo trigêmeo
 Intervalo entre as crises sem dor
 Choque, pontada
 Unilateral (normalmente)
 Moderada/forte intensidade
 Presença de áreas de gatilho ou por fatores
desencadeantes
V1
 Crises estereotipadas
V2
 Não há déficit neurológico clinicamente
V3
evidente
V2+V3
 Não atribuída a outro transtorno
V1+V2
V1+V2+V3
Neuralgia trigeminal
Quadro clínico:
áreas de gatilho
rara
ocasional
mais
frequente
Exame fisico: é NORMAL
(caracteriza a NT idiopática)
exame físico alterado:
CAUSAS SECUNDÁRIAS
Neuralgia trigeminal
Diagnóstico
Clínico
RNM de Crânio
Vasos sanguíneos comprimindo o nervo
(AICA, Artéria Cerebelar superior, Veia Petrosa
Superior)
1/3 das RNM de pacientes assintomáticos apresentam
compressão vascular
Descartar
 processos expansivos
 esclerose múltipla
Neuralgia trigeminal
Diagnóstico diferencial
Cefaléia em Salvas
Dor de origem dentária
Arterite de células gigantes
Neuralgia do Glossofaríngeo
Enxaqueca/migrânea
Distúrbios da articulação
temporomandibular
 Cefaléia tipo SUNCT






Neuralgia trigeminal
Tratamento medicamentoso
 CARBAMAZEPINA: primeira escolha:
controle acima de 70% dos pacientes
 Oxcarbamazepina menos efeitos adversos
 Primeiro anticonvulsivante: fenitoína (1942)
 Outras drogas usadas: lamotrigina e
Baclofeno (análogo do GABA)
Neuralgia trigeminal
Tratamento medicamentoso
Neuralgia trigeminal
Bloqueios anestésicos
 Injeção de anestésico local tem sido usado para fins de
diagnóstico e para alívio transitório em pacientes com dor
insuportável refratária ao tratamento clínico e / ou
aguardando MDV.
 Não há estudos controlados de bloqueio do nervo para alívio
da NT e são necessários mais estudos para validar esta
abordagem.
 Emplastros de lidocaina 5% são usados no alívio da alodínia
desde 2009, associados ou não a medicamentos sistêmicos.
Neuralgia trigeminal
Bloqueios
anestésicos
Pequena série de casos incluem
a redução significativa da dor
e gatilhos por 2 meses em 5
pacientes idosos submetido a
bloqueio do nervo infraorbital
em pacientes com NT de
segunda divisão usando uma
combinação de 4% tetracaína
em 0,5% de bupivacaína.
Neuralgia trigeminal
Bloqueios
anestésicos
Outro estudo com bloqueio
do nervo infraorbital relata
alívio da dor por 3 meses
com 4% tetracaína e
bupivacaína a 0,5% (em
comparação com 3 dias ou
menos com somente 0,5% de
bupivacaína ou mepivacaína a
1%) .
Neuralgia trigeminal
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Referências:
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Neuralgia trigeminal
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