Bruna Reis de Arantes - Faculdade de Administração e Finanças da
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Bruna Reis de Arantes - Faculdade de Administração e Finanças da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Ciências Sociais Faculdade de Administração e Finanças Bruna Reis de Arantes Um estudo sobre a relação entre ações preferenciais e valor de mercado das empresas brasileiras de capital aberto Rio de Janeiro 2011 Bruna Reis de Arantes Um estudo sobre a relação entre ações preferenciais e valor de mercado das empresas brasileiras de capital aberto Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de PósGraduação em Ciências Contábeis, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração Controle de Gestão. Orientador: Profº. Dr. Álvaro Vieira Lima Rio de Janeiro 2011 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ/REDE SIRIUS/BIBLIOTECA CCS/B A662 Arantes, Bruna Reis de. Um estudo sobre a relação entre ações preferenciais e valor de mercado das empresas brasileiras de capital aberto / Bruna Reis de Arantes. – 2011. 82f. Orientador: Álvaro Vieira Lima. Dissertação (Mestrado) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade Administração e Finanças. Bibliografia: f.69-73. 1. Bolsa de Valores de São Paulo. 2. Mercado de Capitais - Brasil - Teses. 3. Ações (Finanças) - Brasil - Teses. I. Lima, Álvaro Vieira. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade Administração e Finanças. III.Título. CDU 336.76(81) Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação. ___________________________ Assinatura ____________________ Data Bruna Reis de Arantes Um estudo sobre a relação entre ações preferenciais e valor de mercado das empresas brasileiras Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Contábeis, da Administração e Finanças da Faculdade de Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Área de Concentração: Controle de Gestão. Aprovado em 17 de março de 2011 Banca Examinadora: __________________________________________ Prof. Dr. Álvaro Vieira Lima (orientador) Faculdade de Administração e Finanças __________________________________________ Prof. Dr. Adolfo Henrique Coutinho e Silva Faculdade de Administração e Finanças __________________________________________ Prof. Dr. Frederico Antônio Azevedo de Carvalho Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UFRJ Rio de Janeiro 2011 DEDICATÓRIA Aos meus pais e irmã, Aloysio Arantes, Maria Elisa Arantes e Gisella Arantes pelo exemplo de vida, pelo incentivo e apoio, ofereço esta dissertação. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Dr. e orientador Álvaro Vieira Lima, pelo apoio e confiança ao longo de todas as etapas deste trabalho. Sua segurança, inteligência e ricos conhecimentos, foram fundamentais para a conclusão deste trabalho. Ao Prof. Dr. Frederico Antônio Azevedo de Carvalho, membro da banca, pelo aprendizado na sua disciplina, bom humor, dinamismo e pela valiosa contribuição no aprimoramento desta dissertação. Ao Prof. Dr. Adolfo Henrique, membro da banca, pela minuciosa revisão desta dissertação e pelas preciosas críticas e contribuições que engrandeceram este trabalho. Ao Prof. Dr. e ex-Coordenador do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis Josir Simeone Gomes pelo seu empenho e dedicação junto ao curso e alunos. Aos professores do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ, pelo aprendizado. A toda turma do MCC/UERJ de 2009 pelo companheirismo, convívio, apoio, compreensão com a única não-contadora da turma. E, pelos momentos de descontração ao longo dos nossos intermináveis trabalhos e apresentações acadêmicas. Aos amigos mestrandos Márcia Rodrigues, Deborah Gratz, Cíntia Melo e Eduardo Tojal pela amizade construída e incentivo nos momentos de dúvidas quanto à continuidade do curso e, claro, durante nossas distrações pela Lapa. Aos funcionários da Secretaria, Biblioteca e Manutenção do MCC/UERJ. Luís, Betinha e Felipe que estão sempre dispostos a ajudar no que for preciso. Por fim, à minha família: ao meu pai Aloysio, minha mãe Maria Elisa e minha irmã Gisella. O amor incondicional, carinho, apoio e incentivo sempre ao estudo foram fundamentais para a minha investidura no curso de Mestrado, conclusão deste trabalho e de tantas outras conquistas que devo a vocês. Some days are dry, some days are leaky, some days come clean, other days are sneaky, some days take less but most days take more, some slip through your fingers and onto the floor. (U2) RESUMO Arantes, Bruna Reis de. Um estudo sobre a relação entre ações preferenciais e valor de mercado das empresas brasileiras de capital aberto. 2011. 82 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Contábeis) – Faculdade de Administração e Finanças, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2011. O mercado de capitais brasileiro se caracteriza pela alta concentração de poder nas mãos de poucos acionistas controladores. No Brasil, a existência de ações preferenciais sem direito a voto enseja o surgimento de conflito de agência entre acionistas controladores e acionistas minoritários, agravado pelo fato de que o controle pode ser exercido com uma participação relativamente pequena sobre o total de ações emitidas pelas companhias. A concentração de propriedade permitiria a possibilidade de expropriação dos direitos dos minoritários. Diversos estudos empíricos vêm sendo realizados ao longo dos últimos anos com o objetivo de avaliar a influência da estrutura de propriedade das ações sobre o valor de mercado das companhias. Nesse contexto, o presente trabalho pretende trazer novas contribuições, com ênfase na participação de ações preferenciais na estrutura de propriedade. Neste trabalho, usando uma amostra de empresas de capital aberto negociadas na BM&FBOVESPA, a partir de teste de diferença de médias, rejeita-se a hipótese de igualdade de valor entre empresas que só possuem ações ON em sua estrutura de propriedade, em relação às que possuem ambos os tipos, ON e PN. Em continuidade, usando modelos de regressão linear, encontra-se relação negativa estatisticamente significativa entre valor de mercado das empresas e variável utilizada para caracterizar a estrutura de propriedade, especificamente, a diferença entre o percentual de participação dos acionistas não controladores no total de ações PN e o percentual de participação dos acionistas controladores no total de ações PN. Palavras-chave: Valor de mercado. Governança corporativa. Conflito de agência. ABSTRACT The capital market is characterized by high concentration of power in the hands of few controlling shareholders. In Brazil, the existence of preferred shares without voting rights has motivate the emergence of agency conflict between controlling shareholders and minority shareholders, compounded by the fact that the control can be exercised with a relatively small share of the total shares issued by companies. The concentration of ownership would allow the possibility of expropriation of minority rights. Several empirical studies have been conducted over the past year in order to evaluate the influence of the structure of ownership of shares on the market value of companies. In this context, this thesis intends to bring new contributions, with emphasis on the participation of preferred shares in the ownership structure. In this work, using a sample of public companies traded at BM&FBOVESPA, from the test mean difference, rejects the hypothesis of equal value among companies that have only voting shares in its ownership structure in relation to that have both types, and preferred. Continuing, using linear regression models, is statistically significant negative relationship between market value of companies and variable used to characterize the ownership structure, specifically the difference between the percentage of participation of minority shareholders in total PN and percentage of ownership of the controlling shareholders of preferred shares in total. Keywords: Market value. Corporate governance. Agency conflicts. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Figura 2 Quadro 1 Quadro 2 Quadro 3 Quadro 4 Tabela 1 Tabela 2 Tabela 3 Tabela 4 Tabela 5 Tabela 6 Tabela 7 Círculo Vicioso da Governança Corporativa no Brasil ................................ Círculo Virtuoso da Governança Corporativa no Brasil ............................... Estudos relacionados ao controle acionário e estrutura de capital no Brasil O modelo Dinâmico ...................................................................................... Os seis tipos de Balanço Patrimonial ............................................................ Sistemas de Informações Utilizados no Estudo ............................................ Divisão da Amostra ....................................................................................... Definição da Amostra ................................................................................... Correlação entre as Variáveis ....................................................................... Teste de Mann-Whitney para o Q de Tobin’ ................................................ Teste de Mann-Whitney para o PBV ............................................................ Resultado Resumido das Regressões ............................................................ Teste Kruskal-Wallis ..................................................................................... 29 30 37 43 44 55 53 53 57 61 62 64 67 SUMÁRIO INTRUDUÇÃO......................................................................................................................12 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 16 1.1. História .............................................................................................................................. 16 1.1.1 A origem da sociedade por ações ..................................................................................... 16 1.1.2 A Sociedade Anônima no Brasil ...................................................................................... 17 1.1.3 Capital Social Dividido em Ações ................................................................................... 17 1.1.4 Ações Ordinárias .............................................................................................................. 18 1.1.5 Ações Preferenciais .......................................................................................................... 19 1.1.6 Ações Preferenciais nos Estados Unidos .......................................................................... 20 1.1.7 Ações Preferenciais como dívida, uma visão do Canadá ................................................. 22 1.2 A Governança Corporativa .............................................................................................. 23 1.2.1 O Problema de Agência no Brasil .................................................................................... 23 1.2.2 A Governança Corporativa no Brasil ............................................................................... 25 1.2.2.1 O Novo Mercado ........................................................................................................... 30 1.2.3 Governança Corporativa no mundo .................................................................................. 32 1.2.4 A Governança Corporativa nos Estados Unidos .............................................................. 33 1.2.5 Governança Corporativa e o enfoque baseado na propriedade ........................................ 34 1.3 Estrutura de Controle e Propriedade .............................................................................. 35 1.3.1 O controle societário......................................................................................................... 36 1.3.1.1 O Tamanho da Firma ..................................................................................................... 38 1.3.1.2 Controle Potencial ......................................................................................................... 38 1.3.1.3 Regulação Sistemática ................................................................................................... 39 1.3.2 Efeito da Estrutura de Controle Sobre o valor da Firma .................................................. 39 1.3.3 Estrutura de Controle no Brasil ........................................................................................ 41 1.4 O Modelo Dinâmico ........................................................................................................... 41 1.5 O Índice de Q de Tobin ..................................................................................................... 45 1.6 O Índice Price Book Value................................................................................................ 46 2. ESTUDOS ANTERIORES ............................................................................................ 48 3. METODOLOGIA DA PESQUISA............................................................................... 52 3.1 Hipóteses da Pesquisa ........................................................................................................ 52 3.2 Universo e Amostra ........................................................................................................... 52 3.3 Coleta dos Dados................................................................................................................ 54 3.4 Definição das Variáveis Utilizadas ................................................................................... 55 3.4.1 Variáveis Independentes ................................................................................................... 56 3.4.2 Variáveis Dependentes ..................................................................................................... 57 3.4.3 Variáveis de Controle ....................................................................................................... 58 3.5 Limitação da Pesquisa ....................................................................................................... 60 4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ...................................................... 61 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 66 REFERÊNCIAS.................................................................................................................69 APÊNDICE A - Cálculo das DIF 1, DIF 2 e DIF 3 ...................................................... 74 APENDICE B - Regressão TOBIN’ DIF 1 ................................................................... 77 APÊNDICE C - Regressão TOBIN’ DIF 2 .................................................................. 78 APÊNDICE D - Regressão TOBIN’ DIF 3 ................................................................... 79 APÊNDICE E - Regressão PBV’ DIF 1 ........................................................................ 80 APÊNDICE F - Regressão PBV’ DIF 2 ......................................................................... 81 APÊNDICE G - Regressão PBV’ DIF 3 ........................................................................ 82 12 INTRODUÇÃO A literatura diz que, coeteris paribus, tudo o mais mantido constante, as empresas que possuem uma estrutura de governança corporativa conforme as práticas recomendadas pelo mercado de capitais e uma estrutura de controle pulverizada tendem a ter melhores resultados e são melhores avaliadas pelo mercado na precificação das suas ações se comparadas a outras empresas com pouca ou nenhuma prática de governança e com concentração de propriedade. O poder de controle de um acionista controlador pode permitir o uso de recursos de uma empresa em benefícios próprios. O problema de expropriação se torna mais agudo quando os acionistas controladores são, também, membros da equipe de administração de uma empresa, o que lhes dá mais direito de controle (direito de voto). Evidências recentes caracterizam o mercado de capitais brasileiro, como mercado emergente de alta concentração de propriedade, resultando em grande concentração de poder nas mãos de poucos acionistas. Sendo assim, a gestão das empresas no Brasil é marcada por conflitos de agência diferentes dos que podem ser observados em países anglo-saxões. Nos Estados Unidos e alguns países da Europa, a dispersão do capital permite que executivos tenham mais poder em suas mãos e os acionistas isolados ficam com pouca margem de ação, fazendo com que ocorram problemas principalmente entre acionistas e executivos. Por outro lado, no Brasil, percebe-se que os principais problemas de governança corporativa ocorrem entre acionistas majoritários (controladores) e acionistas minoritários (não controladores). Nesse aspecto, os conflitos de agência no Brasil tendem a girar em torno de expropriações econômicas por parte dos controladores, por meio de fechamentos de capital, operações de tunneling1, contratos desvantajosos com as partes relacionadas. Os instrumentos institucionais que regem as relações de acionistas e administradores ganharam importância tanto no Brasil como no cenário internacional. Recentemente, com a Governança Corporativa, houve maior busca na transparência de informações entre proprietários e administradores, bem como outras práticas correlatas, conforme previsto na teoria do agente principal. 1 SILVEIRA, Alexandre. As operações de tunneling podem ser entendidas como operações de transferência de recursos (venda ativos ou preços de transferências) e resultados entre empresas. (2002) 13 No Brasil, esse conceito começou a ser desenvolvido com a criação do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e do 1º Código Brasileiro das Melhores Práticas de Governança Corporativa, em 1999. Posteriormente, a BM&FBOVESPA lançou, no final de 2000, o Novo Mercado, um segmento especial de listagem desenvolvido com o objetivo de proporcionar um ambiente de negociação que estimulasse, ao mesmo tempo, o interesse dos investidores e a valorização das companhias. Assim sendo, a concentração de propriedade e a existência de acionistas controladores estão associadas a custos e benefícios que influenciam no valor de desempenho das empresas. Diversos estudos empíricos vêm sendo realizados ao longo dos últimos anos com o objetivo de trazer conclusões definitivas sobre o efeito dos acionistas controladores no valor de mercado das empresas, porém sem sucesso. Nesse contexto, o presente trabalho busca aprofundar esses estudos e trazer novas contribuições através da análise do tratamento dado pelas empresas brasileiras às ações do tipo Preferenciais (PN). Serão levados em consideração o papel e a importância do conflito de agência no Brasil e da Governança Corporativa e seu impacto sobre as ações de empresas brasileiras que aderiram aos Níveis I, II e ao Novo Mercado. Acredita-se que estas passaram a ser mais bem vistas pelo mercado e se tornaram sinônimo de transparência informacional e respeito aos acionistas. Será de primordial importância estudar a forma como as ações preferenciais são tratadas no mercado de capital no Brasil em comparação ao tratamento dado às ações preferenciais no mercado americano. Objetivos O objetivo deste trabalho está orientando no sentido de verificar se a diferença entre direitos de controle (direito de voto) e direitos sobre o fluxo de caixa (direitos sobre dividendos) detidos pelos acionistas controladores, tem relação com o valor de mercado das companhias abertas brasileiras. Para tanto, será dada maior ênfase no tratamento das ações preferenciais (PN) no mercado de capitais no Brasil, ampliando o conceito participação na estrutura de propriedade das empresas brasileiras. Ao dar um novo tratamento às ações preferenciais (PN), busca-se obter um resultado mais significativo em relação aos já encontrados. Como objetivos específicos, tem-se: 14 Analisar como o conflito de Agência no Brasil pode refletir no valor da empresa. Analisar a forma como as ações preferenciais são tratadas nos EUA e a forma como são abordadas no Brasil. Justificativa da Pesquisa Estudos anteriores fizeram importantes abordagens a respeito do capital social e suas funções nas sociedades empresariais. Lodi (2000, p.25) enaltece sobre a qualidade da Governança corporativa e sobre a diferença de preços entre as espécies negociadas na BOVESPA e a influência dos fatores de Governança corporativa. De acordo com esses estudos, percebe-se que as empresas que possuem algum nível de Governança Corporativa são melhores precificadas no mercado de capitais. O nível de governança do Novo Mercado dá especial atenção às empresas que não possuem ações preferenciais. A pesquisa proposta é motivada pela importância de como a estrutura de financiamento de uma empresa pode influenciar seu valor de mercado. Há um elemento importante que participa nessa influência, que são as ações do tipo preferenciais e que no Brasil são de difícil conceituação. Nesse sentido a pesquisa justifica-se pela tentativa de se chegar a um resultado significativo quando é dado outro tratamento às ações preferenciais quando utilizadas pelas empresas de capital aberto no mercado de capitais brasileiro. Organização da Pesquisa Após a apresentação da contextualização, a caracterização do problema, os objetivos da pesquisa, a relevância do estudo e a delimitação do trabalho, apresenta-se a estrutura deste estudo, que se distribui por seis capítulos. No capítulo 1, o estudo envolve o referencial teórico dos aspectos conceituais relacionados à estrutura de controle das empresas presente no mercado de capitais brasileiro, o conceito de Governança Corporativa no Brasil e no mundo, o problema de Agência, o valor de mercado de uma empresa. Como se forma a composição societária de uma sociedade anônima com e sem Governança Corporativa. Um estudo a respeito do tratamento das ações preferenciais no mercado norte americano servirá de sustentação para o desenvolvimento da pesquisa. 15 No capítulo 2 serão apresentados os principais estudos anteriores sobre o tema tratado. Serão apresentados os objetivos dos estudos, a metodologia utilizada e os resultados encontrados. O capítulo 3 caracteriza-se pela apresentação dos procedimentos metodológicos na elaboração deste trabalho. Sendo assim, nesse capítulo são abordadas a tipologia da pesquisa, a população e amostra, os mecanismos de coleta e tratamento dos dados, as variáveis compostas no modelo empírico e as limitações do método utilizado para o desenvolvimento da pesquisa. No capítulo 4, são apresentados e discutidos os resultados da pesquisa. Já no capítulo 5 são apresentadas as considerações finais e as recomendações para futuras pesquisas. 16 1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 1.1. História 1.1.1 A origem da sociedade por ações Segundo Coelho (2004, p.42) há divergências da origem das sociedades anônimas pelos estudiosos. Segundo Valverde, as sociedades anônimas foram instituídas para que houvesse a limitação de capital ao valor subscrito nas ações; visando a manutenção da pessoa jurídica, em caso de falecimento ou retirada de sócio; e como alternativa que possibilita a angariação de fundos de terceiros (VALVERDE, p. 45. 1941). A iniciativa dos grandes empreendimentos em regra geral partiu dos Estados. O Poder Político criou Associações Comerciais, e mais adiante dotou-as de regime próprio, visando a regulamentação. A Casa de São Jorge, fundada na cidade de Gênova, foi, em 1407, transformada em Banco de São Jorge, passando a ter fins especulativos e, desse modo, caracterizando-se como sociedade comercial. Em 1419, o Banco de São Jorge passou a possuir estatutos regulando os direitos e obrigações dos sócios, o modo de administração e a eleição dos administradores, tornando-se, assim, de características de verdadeira sociedade anônima. Dória (1998, p.38) acredita que a maioria dos autores prefere tomar como gênese das companhias, a Holanda, argumentando terem as Companhias Coloniais “revelado ao mundo o que seria considerado, mais tarde, a origem da moderna Sociedade anônima”. Surgiram assim, no século XVII, as sociedades por ações, formadas pela união de capitais públicos e particulares. Configuravam essas companhias verdadeiras sociedades modernamente denominadas sociedades de economia mista, formadas de capitais públicos e privados, com a finalidade de cumprir objetivos de interesse público, de forma descentralizada. Com o surgimento da Revolução Industrial, no século XIX, na criação da grande indústria e no seu processo de produção em massa, Coelho (2004, p.39) diz que o capitalismo apropriou-se do sistema, para lhe proporcionar a incorporação de capitais de que tanto tinha necessidade para a sua constante expansão. E as sociedades por ações que surgiam, uma por uma, de privilégio real, concedido por carta ou patente real, começaram a debater-se no círculo fechado do poder estatal, procurando sua libertação. 17 Para Coelho (2004, p.40), a lei francesa de 24 de julho de 1867 do Código Comercial Francês, estabeleceu plena liberdade para as sociedades comerciais, inclusive para as sociedades anônimas, que passam a contar com lei normativa, cujos postulados, uma vez cumpridos e respeitados, permitem a livre constituição e funcionamento. Este período recebe o nome de “período da liberdade plena”, que constitui a terceira etapa do desenvolvimento histórico das sociedades por ações, que perdura até nossos dias. 1.1.2 A Sociedade Anônima no Brasil 1.1.3 Capital Social Dividido em Ações Para Fleig (2006, p.6), uma ação consiste, no elemento representativo do capital social da companhia que agrega um conjunto próprio de direitos e deveres que são atribuídos ao seu titular, classificando-o ao status de sócio. Fortuna (2008, p.83) complementa dizendo que a ação representa a menor parcela, sendo assim é indivisível, do capital de uma sociedade. Ela é um valor mobiliário que pode ser lançado no mercado, no caso de empresas abertas, para que a sociedade se capitalize e quando isso acontece, Cavalcante (2005, p.60) comenta que seu preço pode variar diariamente de acordo com o interesse dos investidores pela empresa. Coelho (2004, p.42) diz que a sociedade anônima, normalmente abreviada por S.A., SA ou S/A, é uma forma de constituição de empresas na qual o capital social não se encontra atribuído a um nome em específico, mas está dividido em ações que podem ser transacionadas livremente, sem necessidade de escritura pública ou outro ato notarial. Por ser uma sociedade de capital, prevê a obtenção de lucros a serem distribuídos aos acionistas, sendo essa distribuição um direito essencial desses, não podendo nem mesmo o estatuto nem a Assembléia Geral privá-los da participação nos lucros (Lei 6.404/76, art 109). De acordo com o exposto na Lei nº 10.303/01, que altera e acrescenta dispositivos na Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, a companhia é aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão estejam ou não admitidos à negociação no mercado de valores mobiliários. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) poderá classificar as companhias abertas em categorias, segundo as espécies e classes dos valores mobiliários por ela emitidos negociados no mercado, e especificará as normas sobre companhias abertas aplicáveis a cada categoria. 18 O registro pode transformar a qualidade de uma empresa fechada em aberta, conforme a Instrução da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº 202/93. No entanto, caso não disponha ações no mercado, a CVM poderá cassar o registro, e, logo após, cancelá-lo. Isso torna a sociedade de aberta para fechada. A companhia fechada é uma sociedade anônima na qual o capital social representado pelas ações está geralmente dividido entre poucos acionistas. Dessa forma, não terão a disponibilização de ações no mercado balcão, nem na bolsa de valores. 1.1.4 Ações Ordinárias Segundo a Lei nº 6.404/76, dependendo dos direitos e vantagens que configuram as ações podem ser classificadas em ordinárias, preferenciais ou de fruição, sendo essa última ações que já foram amortizadas, ou seja, a companhia antecipou ao acionista a quantia a que ele teria direito no caso de liquidação da companhia. A principal característica da ação ordinária é a de conferir direito de voto aos seus titulares. Coelho (2004, p.42) corrobora esse pensamento ao comentar que as ações ordinárias conferem direito de voto a seu titular nas deliberações das assembléias de acionistas, além da participação nos lucros da sociedade. A Lei nº 6.404/76, Art. 110, diz que cada ação ordinária corresponde a um voto nas deliberações da assembléia. Conseqüentemente, o proprietário dessas ações tem responsabilidades e obrigações correspondentes ao montante das ações possuídas, devendo, portanto, exercer sempre o seu voto visando o interesse da companhia e nos casos de conflito de interesse a própria Lei das S.A. o obriga a se abster da votação. Conforme Cavalcante (2005, p.65), a assembléia de acionistas é a autoridade maior da companhia, sendo assim o poder de decisão de uma S.A. é dos detentores das ações que possuem direito de voto, ou seja, o seu bloco de controle é formado por essas ações. Com isso, quando um grupo possui mais de 50% das ações com direito de voto, presume-se, de acordo com o item 13 da Deliberação CVM 608/09, que ele seja o seu controlador, ou seja, possui o poder de governar as políticas da entidade. Uma outra vantagem atribuída, pela Lei 6.404 no seu artigo 254, a esse tipo de ação é a garantia do recebimento de no mínimo 80% do valor pago pelas ações integrantes do bloco de controle no caso de alienação do controle da companhia, instrumento esse conhecido no 19 mercado como Tag Along2. Cabe ressaltar, porém, que de acordo com o Manual de Governança Corporativa da Bmf&Bovespa, a empresa que quiser ter suas ações listadas no novo mercado precisa estender o Tag Along a todos os demais acionistas minoritários, independente de possuírem ação ordinária ou preferencial, no caso de venda do controle acionário. 1.1.5 Ações Preferenciais O Art. 111 da Lei nº 6.404/76 afirma que o estatuto poderá deixar de conferir às ações preferenciais parte dos direitos reconhecidos às ações ordinárias, inclusive o de voto, ou conferi-lo com restrições. Por outro lado, possuem vantagens e preferências em relação às ações ordinárias, protegendo seus titulares contra decisões tomadas nas assembléias de acionistas. Para Coelho (2004, p.42), essas preferências consistem em prioridade na distribuição de dividendos, no reembolso de capital no caso de dissolução da empresa e na acumulação destas vantagens. O Manual de Mercado de Capitais da Bovespa diz que as ações também podem ser diferenciadas por classes: A, B, C ou alguma outra letra que apareça após o "ON" ou o "PN", porém vale destacar que o art. 15 da Lei nº 6.404/76 veda a emissão de ações ordinárias em mais de uma classe para as companhias abertas. As características de cada classe são estabelecidas pela empresa emissora da ação, em seu estatuto social. Essas diferenças variam de empresa para empresa, portanto, não é possível fazer uma definição geral das classes de ações. A ação preferencial ainda pode conferir algum benefício de cunho político, tal como previsto no art. 18 da Lei nº 6.404/76. O caput desse dispositivo permite ao estatuto conceder ao preferencialista o direito de eleger um ou mais membros dos órgãos da administração. Já o parágrafo único do mesmo estabelece a possibilidade do estatuto condicionar certas modificações estatutárias à aprovação dos preferencialistas. O artigo 111 da Lei nº 6.404/76 é a norma que autoriza ao estatuto retirar das ações preferenciais alguns direitos reconhecidos às ações ordinárias, entre eles o direito de voto. 2 Direito de alienação de ações conferido a acionistas minoritários, em caso de alienação de ações realizada pelos controladores da companhia. 20 Entretanto, em seu § 1º, a Lei n.º 6.404/76 retorna com o direito de voto às ações preferenciais no caso de inadimplemento dos dividendos fixos e dos mínimos por um determinado período de tempo. Esse lapso, previsto no estatuto, não pode ser superior a três exercícios seguidos. Uma vez adquirido o direito de voto, esse perdurará até que sejam pagos os dividendos, até mesmo os cumulativos. A ação preferencial consiste em um título preferencial porque dá primazia, na ordem econômica, em relação à ação ordinária: enquanto as ações preferenciais são privilegiadas no âmbito econômico, as ações ordinárias, ditas também ações comuns, “passaram a ser verdadeiras ações privilegiadas em relação aos direitos políticos.” (RETTO, 2004, p.122) 1.1.6 Ações Preferenciais nos Estados Unidos Conforme Retto (2004, p.125), nos Estados Unidos, as ações preferenciais recebem, geralmente, um dividendo fixo prioritário, podendo ser outorgado também o direito de perceber fração dos lucros ou a prioridade no reembolso do capital, quando da liquidação da sociedade. Via de regra, essas ações não possuem direito de voto. Entretanto, em caso de não pagamento dos benefícios patrimoniais, o preferencialista pode adquirir esse direito, ou o direito de eleger membros do conselho de administração. Drinkard (2001) analisa que dentro do amplo espectro de instrumentos financeiros, as ações preferenciais ocupam um lugar único. Drinkard (2001) oferece uma visão mais abrangente das ações preferenciais ao compará-las com alguns veículos de investimento mais conhecidas. Como muito dos comentários sobre as ações preferenciais comparando-as com títulos e outros instrumentos de dívida, Drinkard (2001) sugere primeiro olhar para as semelhanças e diferenças entre as ações preferenciais e os títulos. Neste aspecto, considera que ambas são instrumentos de capital próprio que pagam dividendos de lucros após os impostos da empresa. Tanto as ações ordinárias quanto as preferenciais são instrumentos de capital próprio que pagam dividendos de lucros após impostos da empresa. De acordo com Drinkard (2001), as ações do tipo preferencial fixaram os dividendos e, embora eles nunca estejam garantidos, o emitente tem uma maior obrigação de pagá-los. Os dividendos das ações ordinárias, se existirem, são pagos após as obrigações da empresa para todos os acionistas preferenciais terem sido satisfeitas. 21 Drinkard (2001) analisa uma situação hipotética, pela qual tenta explicar um dos motivos que levam as ações preferenciais perderam o brilho diante de muitos investidores. Se, por exemplo, uma empresa de pesquisa farmacêutica descobre uma cura eficaz para a gripe, suas ações ordinárias vão subir no mercado de capitais, enquanto as ações preferenciais da mesma empresa só poderia aumentar em alguns pontos. A menor volatilidade das ações preferenciais pode parecer atraente, mas as preferenciais não participarão no sucesso de uma empresa com o mesmo grau de ações ordinárias. Segundo Drinkard (2001), uma empresa pode optar por fazer emissão de ações preferenciais por um par de razões: • Flexibilidade de pagamentos: os dividendos das preferenciais podem ser suspensos em caso de problemas de caixa da empresa. • Mais fácil para o mercado: A maioria das ações preferenciais é comprada e mantida por instituições, que podem tornar mais fácil a negociação junto ao mercado na oferta pública inicial. As instituições tendem a investir em ações preferenciais, pois as regras do Internal Revenue Service (IRS), a Receita Federal dos Estados Unidos, permitem que corporações dos EUA que pagarem imposto de renda corporativo excluam 70% dos dividendos que recebem dos seus rendimentos tributáveis. Esta é conhecida como a dedução de dividendos recebidos, e é a principal razão pela qual os investidores de ações preferenciais são, principalmente, as instituições. Drinkard (2001) considera que o fato de os indivíduos não serem elegíveis para o tratamento fiscal favorável abordado acima, não os exclui de considerar as ações preferenciais. Em muitos casos, a taxa de imposto individual ao abrigo das novas regras nos Estados Unidos é de 15%. Isso se compara favoravelmente com o pagamento de impostos à taxa normal sobre os juros recebidos de títulos corporativos. No entanto, o fato de a taxa de 15% não ser um fato aplicável a todos, os investidores devem procurar um aconselhamento em relação às taxas antes de mergulhar nas ações preferenciais. Drinkard (2001) considera as seguintes características, como sendo umas das principais das ações preferenciais, a saber: a) Maior pagamento que uma renda fixa de títulos ou ações ordinárias; b) Prioridade sobre as ações ordinárias para pagamentos de dividendos e de liquidação; c) Menor investimento por ação, se comparado aos títulos; d) Maior estabilidade de preços de ações ordinárias; 22 e) Liquidez maior que títulos corporativos de qualidade similar; f) Exigibilidade; g) Falta de data de vencimento específica torna a recuperação do capital investido incerto; h) Potencial de valorização limitado; i) Sensibilidade à taxa de juros; e j) Falta de direitos de voto. 1.1.7 Ações Preferenciais como dívida, uma visão do Canadá Murdoch (1997, p.21) testou a adequação das novas normas de contabilidade que tratam alguns tipos de ações preferenciais como sendo dívida ao invés de capital próprio. Murdoch (1997, p.23) desenvolveu um novo modelo para examinar se os mercados de capitais visualiza o risco (sistemático) de ações preferenciais a ser mais parecido com o risco da dívida, ou mais como o risco de ações ordinárias. O modelo proposto é comparado a um modelo tradicional testado entre 1986-1994 com dados de trinta e nove empresas que negociaram na Bolsa de Valores de Toronto e emitiram ações preferenciais durante esse período. Outros tipos de ações preferenciais são mais arriscados do que a dívida. Estes resultados suportam a visão de que alguns tipos de ações preferenciais devem ser classificados como passivos. Murdoch (1997, p.39) argumenta que uma empresa que aumenta sua relação dívida/capital próprio aumenta o risco do capital social e pode aumentar o risco da dívida. Se as ações preferenciais são vistas como dívida, então a emissão destas deve ter o mesmo efeito que o aumento da relação dívida/capital próprio. Se são vistas como capital, então a questão deveria ter o mesmo efeito de diminuição da relação dívida/capital próprio. Finalmente, se as ações preferenciais são uma forma intermédia de financiamento, podem não ter efeito sobre o risco do capital social. Murdoch (1997, p.39) confirma que a dívida é menos arriscada do que ações ordinárias. Ações preferenciais conversíveis são tão arriscadas quanto as ações ordinárias, enquanto que as ações preferenciais conversíveis no mercado ou que são retrátil e conversível parecem mais arriscadas do que as ações ordinárias. 23 1.2 A Governança Corporativa Segundo Lodi (2000, p.24) a Governança Corporativa é um novo nome para o sistema de relacionamento entre acionistas, auditores independentes e executivos da empresa, liderado pelo Conselho de Administração, o que fez surgir os Códigos das Melhores Práticas nos países anglo-saxônicos onde originou-se. A Governança surgiu para superar o "conflito de agência", decorrente da separação entre a propriedade e a gestão empresarial. Nesse caso, o proprietário (acionista) delega a um agente especializado (executivo) o poder de decisão sobre sua propriedade. No entanto, os interesses do gestor nem sempre estarão alinhados com os do proprietário, resultando em um conflito de agência ou conflito agente-principal. Um dos principais pilares de sustento da Governança Corporativa é criar um conjunto eficiente de mecanismos, tanto de incentivos quanto de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos executivos esteja sempre alinhado com o interesse dos acionistas. Lodi (2000, p.36) relata que a boa Governança assegura aos sócios equidade, transparência, responsabilidade pelos resultados (accountability) e obediência à leis do país (compliance). 1.2.1 O Problema de Agência no Brasil Jensen e Meckling (1976, p.308), definem um relacionamento de agência como "um contrato onde uma ou mais pessoas, o principal, engajam outra pessoa, o agente, para desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente". Segundo os autores, se ambas as partes agem tendo em vista a maximização das suas utilidades pessoais, existe uma boa razão para acreditar que o agente não agirá sempre no melhor interesse do principal. Desta forma, os acionistas incorrem em custos para alinhar os interesses dos gestores aos seus, que são chamados custos de agência. Segundo Jensen e Meckling (1976, p.308), os custos de agência são a soma de: 1. Custos de criação e estruturação de contratos entre o principal e o agente; 2. Gastos de monitoramento das atividades dos gestores pelo principal; 3. Gastos promovidos pelo próprio agente para mostrar ao principal que seus atos não serão prejudiciais ao mesmo; 24 4. Perdas residuais, decorrentes da diminuição da riqueza do principal por eventuais divergências entre as decisões do agente e as decisões que iriam maximizar a riqueza do principal. Siffert Filho (1998, p.2) diz que a teoria que trata dessas questões teve origem nos anos 30, nos trabalhos de Berle e Means, que colocaram o clássico problema da teoria da agência. No Brasil, a gestão dos negócios é marcada por conflitos de agência diferentes do que é proposto por Jensen e Meckling quando estes são observados em países anglo-saxões. Nos Estados Unidos e alguns países da Europa, a dispersão do capital permite que executivos tenham mais poder em suas mãos e os acionistas isolados ficam com pouca margem de ação, fazendo com que ocorram problemas principalmente entre acionistas e executivos. O problema de agência no Brasil possui peculiaridades não observadas em outras nações. Silveira et al. (2007, p.4) entende que na gestão de negócios no Brasil os principais problemas de governança corporativa ocorrem entre acionistas majoritários (controladores) e acionistas minoritários (não controladores). Nesse aspecto, os conflitos de agência no Brasil tendem a girar em torno de expropriações econômicas por parte dos controladores, por meio de fechamentos de capital, operações chamadas por Silveira et al. (2007, p.6) de tunneling, que são contratos desvantajosos com as partes relacionadas. A sociedade por ações, ao dividir a sua propriedade em quotas, propicia um potencial conflito de interesses entre as partes. O gestor proprietário da empresa pode decidir obter mais benefícios que os demais, levando-se em conta sua participação ativa nas decisões da empresa. Brigham et al. (2001, p.94) apontam que o fato do gestor proprietário de uma sociedade por ações não desfrutar sozinho dos benefícios gerados pela administração, nem tampouco arcar com todos os custos, incentiva as atitudes que não virão em benefícios dos outros acionistas. Leal, Valadares e da Silva (2002, p.10) reiteram que a disputa pela compra de ações com controle acionário aponta evidências de que o controle é valorizado no ambiente empresarial e isso pode indicar o fácil acesso a benefícios especiais. Por esta razão, investidores executam o pagamento de prêmio extra pelo bloco de ações com controle acionário que determina maior poder de decisão na empresa. Teoricamente, se os benefícios fossem o mesmo para ambas as partes, ou seja, para os acionistas majoritários e minoritários, esse pagamento de prêmio extra não poderia ser justificado. “Quando há um acionista que pode influenciar o controle de uma companhia, um novo problema de agência pode surgir, desta vez entre os acionistas controladores e acionistas minoritários.” (Ceolin, 2007, p.20). Essa é uma derivação do problema de agência original 25 inspirado por Jensen e Mecking, (1976, p.309) que analisa o conflito entre o agente e o principal. Se a participação de um acionista for grande o suficiente para influenciar o controle de uma companhia, este terá estímulo para reduzir o retorno dos acionistas minoritários. Sendo assim, haverá um tipo diferente de problema de agência e os mecanismos que garantirão a eficiência dessa estrutura serão diferentes daqueles em que o ambiente apresenta propriedade difusa. Dessa forma, torna-se importante saber a estrutura exata para saber quais mecanismos aumentariam a eficiência no ambiente, assim como sugerem La Porta et al. (1999, p.472). Ceolin (2007, p.45) reitera que a necessidade possível de retornar para o mercado de capital para levantar fundos, fará com que o acionista controlador aja em harmonia com os interesses dos pequenos investidores, extraindo pouco benefício de seu controle único a fim de manter uma boa reputação frente ao mercado. A habilidade para emitir ações não votantes torna mais fácil o retorno para o mercado para uma maior capitalização sem perder o controle da empresa, aumentando ainda mais a importância do efeito de reputação. De acordo com esse argumento, a possibilidade de subscrever ações não votantes, pode ser benéfica para o desenvolvimento do mercado de capital em um cenário de pouca proteção legal para os pequenos investidores (LEAL, VALADARES e SILVA, p.9, 2002). 1.2.2 A Governança Corporativa no Brasil No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa, (IBGC), salienta que a aderência do mercado pela adoção práticas de governança corporativa foi acelerada pelos processos de globalização, privatização e desregulamentação da economia, que resultaram em um ambiente corporativo mais competitivo. A abertura e consequente modificação na estrutura societária das empresas também ocorreram no mercado financeiro. Houve aumento de investimentos de estrangeiros no mercado de capitais, o que reforçou a necessidade das empresas se adaptarem às exigências e padrões internacionais. Em resumo, as práticas de Governança Corporativa tornaram-se prioridade e fonte de pressão por parte dos investidores. Observando a necessidade de adoção das boas práticas de Governança, foi publicado em 1999 o primeiro código sobre governança corporativa, elaborado pelo IBGC. O código trouxe inicialmente informações sobre o conselho de administração e sua conduta esperada. Em versões posteriores, os quatro princípios básicos da boa governança foram detalhados e aprofundados. Em 2001, foi reformulada a Lei das Sociedades Anônimas e, em 2002, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) lançou sua cartilha sobre o tema Governança. A cartilha era 26 focada nos administradores, conselheiros, acionistas controladores e minoritários e auditores independentes, a Cartilha visa orientar sobre as questões que afetam o relacionamento entre os já citados. Grun (2005, p.68) complementa esse raciocínio dizendo que a governança corporativa é um conjunto de processos, costumes, políticas, leis, regulamentos e instituições que regulam como uma empresa será dirigida, administrada ou controlada. Nesse aspecto, Grun (2005, p.69) reitera que a governança corporativa também estuda as relações entre os diversos membros envolvidos, que são os stakeholders3, e os objetivos organizacionais. Dentre os principais membros envolvidos na governança corporativa temos os acionistas, a alta administração e o conselho de administração. Outros participantes da governança corporativa incluem todos os outros interessados nas iniciativas das empresas e suas relações com o ambiente a qual estão inseridas como os funcionários, fornecedores, clientes, bancos e outros credores, instituições reguladoras (como a CVM, o Banco Central, etc.) e a comunidade em geral. Generalizando, Grun (2005, p.68), enumera os chamados pilares da governança corporativa como sendo: 1. Respeito aos direitos dos acionistas minoritários. 2. Transparência nos procedimentos das empresas. 3. Possibilidade de aquisição do controle acionário das empresas através da compra de suas ações nos mercados financeiros. Silveira (2002, p.44), em sua pesquisa sobre os sistemas de governança corporativa traçou um modelo geral de governança que pode ser observado nas empresas brasileiras listadas em bolsa, com as seguintes características: · Estrutura de propriedade com forte concentração das ações com direito a voto (ordinárias) e alto índice de emissão de ações sem direito a voto (preferenciais); · Empresas com controle familiar ou compartilhado por alguns poucos investidores alinhados por meio de acordo de acionistas para resolução das questões relevantes; · Presença de acionistas minoritários pouco ativos; 3 Todo aquele que demonstra interesse, financeiro ou não, numa empresa. Reúne acionistas, credores, empregados, clientes, administradores, imprensa, comunidade, governo. 27 · Alta sobreposição entre propriedade e gestão, com os membros do conselho representando os interesses dos acionistas controladores; · Pouca clareza na divisão dos papéis entre conselho e diretoria, principalmente nas empresas familiares; · Escassez de conselheiros profissionais no Conselho de Administração; · Remuneração dos conselheiros como fator pouco relevante; · Estrutura informal do Conselho de Administração, com ausência de comitês para tratamento de questões específicas, como auditoria ou sucessão. Silveira (2002, p.31) afirma que a concentração das ações com direito a voto é característica fundamental do modelo de governança das companhias abertas brasileiras, com uma ausência quase total de empresas com estruturas de propriedade pulverizadas. A alta concentração da propriedade, o que pode ser entendido como a posse de ações, e do controle das companhias, aliada à baixa proteção legal dos acionistas, faz com que o principal conflito de agência no país se dê entre acionistas controladores e minoritários, e não entre acionistas e gestores, como nos países anglo-saxãos com estrutura de propriedade pulverizada (SILVEIRA, p.31. 2002). No estudo sobre a composição dos conselhos de administração e instrumentos de controle das sociedades por ações no Brasil, Monaco (2000, p.58) diz que os acionistas controladores são detentores de entorno de 88% das ações com direito a voto emitidas. Leal, Valadares e da Silva (2002, p.9) ao fazerem uma análise sobre estrutura de controle das companhias brasileiras de capital aberto, observaram que poucos são os países que se caracterizam por empresas com propriedade difusa. O Brasil pertence à tradição do direito francês, que oferece a menor proteção legal aos investidores, segundo La Porta et al. (1999, p.474); portanto é de se esperar alta concentração de capital nas empresas, principalmente no que se refere a capital votante. Um ponto importante do modelo de governança das companhias abertas brasileiras que deve ser destacado e foi observado por Silveira (2002, p.43) é o fato de as ações sem direito a voto, as preferenciais, serem emitidas em elevados índices. Leal, Valadares e da Silva (2002, p.8) argumentam que a emissão de ações preferenciais atua como o principal mecanismo de separação entre a propriedade e controle nas companhias, permitindo aos acionistas majoritários manterem o controle com uma participação menor no capital da empresa e, consequentemente, aumentando o incentivo para expropriação da riqueza dos pequenos investidores. 28 Silveira, Rocha e Okimura (2004, p.122) dizem que a concentração das ações nas mãos de acionistas controladores pode possuir tanto efeitos positivos como negativos. O principal efeito positivo esperado é o chamado efeito-incentivo, descrito por Claessens et al. (2002) apud Silveira, Rocha e Okimura (2004, p.125). Este efeito-incentivo está associado ao direito sobre o fluxo de caixa da companhia, e é baseado na perspectiva de que, quanto maior a participação do acionista controlador no capital total da empresa, maior o interesse pela maximização do valor corporativo. Quanto aos efeitos negativos, Silveira, Rocha e Okimura (2004, p.125) afirmam que o efeito-entrincheiramento é considerado o principal efeito negativo. Este ocorre quando, a partir de certa concentração da propriedade, os grandes acionistas passam a perseguir benefícios privados do controle a custa dos demais investidores. Quanto maior foro direito de voto do acionista controlador, é esperada maior expropriação da riqueza de outros acionistas. Bebchuk (1999, p.6) dia que os benefícios privados do controle consistem na utilização, pelos acionistas controladores, do seu direito de voto para perseguirem objetivos que os beneficiam ao invés de beneficiarem a todos os acionistas, gerando aos controladores um ganho extra além do que seria justo pela sua fatia da propriedade. Siffert Filho (1998, p.2) examinou em sua pesquisa sobre governança corporativa algumas evidências empíricas no Brasil. O autor procurou examinar as transformações que ocorreram de natureza societária na economia brasileira nos anos 90 e destacou uma nova forma de controle societário das corporações, o controle compartilhado, que tem despontado como modelo em parcela significativa das grandes empresas. Algumas iniciativas institucionais e governamentais foram implementadas nos últimos anos com o objetivo de assegurar as melhorias das práticas de governança corporativa das empresas brasileiras, a saber: · a aprovação da Lei nº 10.303/01; · a criação do Novo Mercado e dos Níveis 1 e 2 de governança corporativa pela Bolsa de Valores de São Paulo – Bovespa; e · as novas regras de definição dos limites de aplicação dos recursos dos Fundos de Pensão. O IBGC aponta que embora o aprofundamento nos debates sobre governança tenha se elevado e a crescente pressão para a adoção das boas práticas de Governança Corporativa, o Brasil ainda se caracteriza pela alta concentração do controle acionário, pela baixa efetividade dos conselhos de administração e pela alta sobreposição entre propriedade e gestão. O que 29 demonstra vasto campo para o incentivo ao conhecimento, ações e divulgação dos preceitos da Governança Corporativa. Silveira faz uma importante menção ao dizer que: [...] até o final de 2001, nenhuma empresa havia ingressado no Nível 2 ou no Novo Mercado da Bovespa. [...] o ano de 2001 foi um ano caracterizado por diversas crises internas e externas, como a crise da energia elétrica, a deterioração da situação econômica na Argentina, a recessão mundial e o aumento da instabilidade internacional a partir dos ataques terroristas aos Estados Unidos (SILVEIRA, p.38, 2002). Pode-se observar que estas crises foram responsáveis por uma queda de diversas bolsas de valores ao redor do mundo, desvalorizando os papéis e inibindo a captação de recursos. Essa desvalorização distanciou cada vez mais empresas e mercado, desencorajando companhias fechadas a abrir o capital e companhias abertas a utilizarem com mais freqüência o mercado de ações. Formou-se então, o que Silveira (2002, p.39) chama de um círculo vicioso, onde os investidores passam a exigir descontos para adquirirem ações de empresas pouco transparentes e com risco potencial. Este círculo vicioso da governança corporativa no Brasil pode ser resumido na figura abaixo: Baixo incentivo para adoção de boas práticas de Governança Corporativa Práticas prejudiciais de empresas com investidores + instabilidade econômica Sub-avaliação dos preços das ações das companhias em relação ao seu valor intrínseco Distanciamento das empresas com relação ao mercado de capitais Poucas vantagens para a abertura de capitais e captação de recusrsos via novas emissões de ações Figura 1 Círculo Vicioso da Governança Corporativa no Brasil Fonte: Silveira (2002, p. 39), adaptado pela Autora. Lodi (2000, p.50) salienta a importância de medidas governamentais e institucionais como a CVM e o CADE4 que podem contribuir para o fortalecimento do mercado de capitais brasileiro. Nesse mesmo aspecto Silveira (2002, p.40) sugere o que pode ser um círculo virtuoso da Governança Corporativa no Brasil, onde a crescente proteção aos investidores vão 4 Conselho Administrativo de Defesa Econômica. Órgão público criado para defender a livre concorrência e prevenção e repressão de abusos de poder econômico. 30 deixa-los mais seguros de que irão usufruir do retorno das companhias na mesma proporção dos controladores, aumentando sua disposição para pagar mais pelas ações e consequentemente diminuindo o custo de capital das empresas, permitindo então que as companhias utilizem cada vez mais o mercado de capitais como uma real alternativa de capitalização. Este círculo virtuoso proposto por Silveira (2002, p. 40) é apresentado na figura abaixo: Incentivos institucionais e govenamentais Maior proteção aos investidores e adoção de melhores práticas de governança pelas empresas Maior disposição dos investidores em pagar mais por títulos e ações das empresas Sofisticação crescente do mercado de capitais Mercado de capitais como real alternativa de captalização das empresas Redução do custo de capital das empresas Figura 2 Círculo Virtuoso da Governança Corporativa no Brasil Fonte: Silveira (2002), adaptado pela Autora 1.2.2.1 O Novo Mercado Por se tratar do principal nível de governança corporativa atual no Brasil, dando um tratamento diferenciado às ações ordinárias e excluindo o uso das ações preferenciais, falaremos neste estudo apenas sobre o Novo Mercado, criado pela antiga Bovespa em 2000, sem esqeucer os outros dois níveis de governança corporativa, o Nível 1 e o Nível 2. No Nível 2, além de ser necessário o cumprimento das exigências do Nível 1, as empresas, entre outras obrigações, devem divulgar suas informações contábeis anuais segundo 31 os padrões estabelecidos pelo International Accounting Standards Board5 (IASB GAAP) ou pelo Financial Accounting Standards Board6 (US GAAP). A criação do Novo Mercado foi inspirada, segundo Borges e Serrão (2005, p. 118) no Neuer Markt alemão. Na experiência alemã percebeu-se que uma reforma legislativa pode alterar as regras referentes às empresas que já abriram seu capital, mas são desnecessárias para as novas empresas que abrem seu capital. A Manual BM&FBovespa do ano de 2009 diz que o Novo Mercado surge como um segmento especial de listagem de ações de companhias que se comprometem voluntariamente a adotar as boas práticas de Governança Corporativa. Os Níveis 1 e 2, que juntos com o Novo Mercado estabelecem compromissos crescentes de adoção de melhores práticas de governança corporativa. Dentre os requisitos exigidos para a listagem no Novo Mercado, o Manual da BM&FBovespa reitera que os mais relevantes são os compromissos societários que garantem maior equilíbrio de direitos entre todos os acionistas, a saber: 1. A empresa deve ter e emitir exclusivamente ações ordinárias, tendo todos os acionistas o direito de voto. 2. Em caso de venda do controle acionário, o comprador estenderá a oferta de compra a todos os demais acionistas, assegurando-se o mesmo tratamento dado ao controlador vendedor. 3. Em caso de fechamento de capital ou cancelamento do contrato do Novo Mercado, o controlador ou a companhia, conforme o caso, fará uma oferta pública de aquisição das ações em circulação, tendo por base, no mínimo, o valor econômico da companhia determinado por empresa especializada. A empresa especializada deve ser selecionada, em assembléia geral, a partir de uma lista tríplice indicada pelo Conselho de Administração. Não se computando os votos em branco, a escolha será feita por maioria de votos dos acionistas das ações em circulação presentes na assembléia que, se instalada em primeira convocação, deverá contar com a presença de, no mínimo, 20% do total das ações em circulação; ou, se instalada em segunda convocação, poderá contar com a presença de qualquer número. 5 Entidade privada com sede em Londres que reúne membros de nove países, com objetivo de fixar padrões internacionais de contabilidade. 6 Organização norte-americana que estabelece os princípios gerais de contabilidade financeira utilizados nos Estados Unidos, os quais orientam a preparação de demonstrações financeiras e relatórios da administração de empresas. 32 4. O Conselho de Administração da companhia deve ser composto por, no mínimo, cinco membros, com mandato unificado de, no máximo, dois anos. 5. A companhia não deve ter partes beneficiárias. O primeiro requisito é um dos que traz à tona uma importante mudança pra o mercado de capitais brasileiro. De acordo com Peixe (2003, p.40) essa mudança traz para o investidor maior segurança e a oportunidade de enxergar maior transparência ao fazer uma negociação no mercado de capitais, pois são negociadas apenas ações com direito a votos, as ações ordinárias. Isso permite que o investidor acompanhe de perto a evolução e a gestão da companhia. Conseqüentemente, melhora a percepção de risco dos investidores e provoca redução do custo de capital das empresas, elevando o potencial de valorização de suas ações. Na mesma linha de raciocínio, Fama e Ribeiro Neto (2001, p.30), também alegam que as empresas que aderem ao Novo Mercado devem possuir um alto grau de transparência. As regras são mais rígidas, o que induz as empresas às melhores práticas de governança, protegendo, principalmente, o acionista minoritário. 1.2.3 Governança Corporativa no mundo Percebe-se que as práticas de Governança Corporativa têm se expandido tanto nos mercados desenvolvidos quanto em desenvolvimento. No entanto, mesmo em países de similares idioma e sistemas legais, como EUA e Reino Unido, o emprego das boas práticas de Governança apresenta diferenças quanto ao estilo, estrutura e enfoque. Os países apresentam diferenças significativas entre os sistemas de governança corporativa das suas empresas, algumas apresentando o modelo familiar como dominante, outras têm no capital difuso sua maior expressão. Klasa (2002, p.15) diz que nos EUA e Reino Unido, lugares tidos como sendo o berço da Governança, os mercados de capitais atingiram grande pulverização do controle acionário das empresas. Já na Alemanha e no Japão, as instituições financeiras participam de forma importante no capital social das empresas industriais, sendo, portanto, ativas na administração dos negócios. Na Europa Continental, chegou-se a um modelo de evolução no relacionamento entre as empresas e o capital de terceiros: a organização de blocos de controle para que os acionistas exerçam, de fato, o poder nas companhias. O IBGC divide os sistemas de Governança Corporativa em dois principais grupos, a saber: 33 O Outsider System é o sistema onde os acionistas são pulverizados e tipicamente fora do comando das operações da companhia. Esse sistema é conhecido como o Sistema de Governaça Anlgo-saxão, presente nos Estados Unidos e Reino Unido e possui as seguintes características: · Estrutura de propriedade dispersa nas grandes empresas; · Papel importante do mercado de ações na economia; · Ativismo e grande porte dos investidores institucionais; · Foco na maximização do retorno para os acionistas. Já o Insider System é composto pelos grandes acionistas presentes no comando das operações diárias diretamente. É o sistema de governança da Europa Continental e Japão, com as seguintes características: · Estrutura de propriedade mais concentrada; · Presença de conglomerados industriais-financeiros; · Baixo ativismo e menor porte dos investidores institucionais; · Reconhecimento mais explícito e sistemático de outros stakeholders nãofinanceiros, principalmente funcionários. O sistema de governança corporativa anglo-saxão, é tido como um dos melhores dos modelos. Apesar das peculiares diferenças, pode ser comparado aos modelos da Alemanha e do Japão. Silveira (2002, p. 31) diz que as diferenças entre esses dois principais modelos são provavelmente menores do que as diferenças com relação aos outros países menos desenvolvidos. Para Shleifer e Vishny (1997, p.737) apud Silveira (2002), “a maior parte das economias de mercado avançadas tem resolvido seu problema de governança corporativa de uma forma no mínimo razoável, garantindo enormes fluxos de recursos para as empresas e o retorno dos lucros aos fornecedores de recursos.” 1.2.4 A Governança Corporativa nos Estados Unidos Andrade e Andrade (2000, p.90) comentam que a nova legislação norte americana passou a ser baseada em premissas diferentes, em ações próprias para a proteção ao investidor antes que o mesmo incorra em perdas. Isso foi alcançado especialmente com três medidas: melhorando o nível de informação e criando penalidades criminais para informações 34 incorretas; instituindo a necessidade de ser informada a propriedade de ações de uma empresa e a proibição de várias práticas e manipulação de transações. Os fundos de pensão norte-americanos instituíram que parte de seus investimentos seriam destinados para o mercado de capitais estrangeiro. Por conta de tais acontecimentos, os investidores institucionais passaram a exigir e pressionar que empresas ao redor do mundo adotassem práticas de governança corporativa. Borgerth (2007, p.19) diz que a lei norte-americana Sarbanes-Oxley, apelidada de Sarbox ou ainda de SOX, foi instituída após os casos de fraudes da Enron, Worldcom e outras empresas norte americanas. A SOX, publicada pelo governo dos Estados Unidos em 30 de julho de 2002 visa garantir a criação de mecanismos de auditoria e segurança confiáveis nas empresas. Incluindo ainda regras para a criação de comitês encarregados de supervisionar suas atividades e operações, de modo a mitigar riscos aos negócios, evitar a ocorrência de fraudes ou assegurar que haja meios de identificá-las quando ocorrem, garantindo a transparência na gestão das empresas. A SEC7, Securities and Exchange Comission, sancionou através da Public Law 107– 204 - july 30 em 2002 as regulamentações da SOX. Nos EUA, Borges e Serrão (2005, p.119) salientam que a governança enfatiza a transparência das informações conforme os investidores sintam necessidade de monitorar o desempenho das empresas, o que torna o mercado mais eficiente. A medida de eficiência normalmente utilizada é o retorno do capital financeiro. Observou-se tendência para mudanças como a redução das restrições sobre a influência dos acionistas, aumento das relações de longo prazo e reconhecimento dos demais stakeholders. 1.2.5 Governança Corporativa e o enfoque baseado na propriedade Rabelo e Silveira (1999, p.7) observaram que os trabalhos de Franks & Mayer (1994, 1995) apresentaram uma importante contribuição na análise da Governança Corporativa relacionada à idéia de controle da propriedade. Os autores iniciaram seus estudos partindo do princípio de que as principais diferenças entre os países, quanto aos seus sistemas de governança corporativa dizem respeito à forma como a propriedade e o controle estão organizados na economia. Isto compõe o embasamento para a classificação que os autores 7 Organismo instituído em 1934 nos Estados Unidos, para proteger investidores e manter a integridade dos mercados de valores mobiliários. Sua área de atuação abrange as bolsas de valores, os corretores e dealers do mercado financeiro e de capitais, consultores de investimentos, fundos mútuos e companhias com ações em poder do público. 35 sugeriram de sistemas de controle corporativo interno e sistemas de controle corporativo externo. Prowse (1994, p.415) sustenta que os sistemas de governança corporativa se diferem fundamentalmente por apresentarem diferentes ambientes legais e regulatórios, os quais afetam o grau em que é possível manter a posse concentrada das obrigações financeiras de uma firma. Mayer (1996) apud Rabelo e Silveira (1999, p.10) argumenta que diferentes estruturas de propriedades são responsáveis por afetar três dimensões importantes de um sistema de governança corporativa: (1) os incentivos utilizados para alinhar o comportamento dos executivos com os interesses dos acionistas, (2) os mecanismos para disciplinar e reestruturar as empresas com fraco desempenho, (3) as estruturas de financiamento e investimento e os padrões de relacionamento, comprometimento e confiança. No que tange aos mecanismos disciplinares, Rabelo e Silveira (1999, p. 10) mencionam que quando se trata de sistemas de controle externo, estes apresentam alguns problemas específicos, que é a diluição da propriedade que dificulta ações individuais dos acionistas. Rabelo e Silveira (1999, p.12) dizem que há mecanismos utilizados nestes sistemas para reduzir estes problemas. Os mais conhecidos são: · O monitoramento e controle da gerência por diretores independentes nãoexecutivos apontados pelos acionistas; · Incentivos para os executivos que vinculam sua remuneração a resultados desejáveis para os proprietários, e · O mercado de controle corporativo – as aquisições. Os autores destacam o último mecanismo pela repercussão que grandes aquisições hostis provocam na imprensa. A possibilidade de uma aquisição hostil colocaria certos limites às ações dos executivos, evitando comportamentos muito desviantes dos interesses dos acionistas. 1.3 Estrutura de Controle e Propriedade A discussão sobre estrutura de propriedade surgiu inicialmente, com o debate sobre separação entre propriedade e controle das empresas modernas. Jensen e Meckling (1976, p. 306) definem um relacionamento de agência como "um contrato onde uma ou mais pessoas, o principal, engajam outra pessoa, o agente, para desempenhar alguma tarefa em seu favor, 36 envolvendo a delegação de autoridade para tomada de decisão pelo agente". Os autores dizem que, na teoria da agência, os administradores e proprietários possuem interesses e objetivos distintos: os acionistas e proprietários almejam a maximização do valor da empresa, por outro lado os gestores procuram estratégias que atendam suas preferências pessoais. Não havendo mecanismos e incentivos que monitorem os administradores, esses podem exercer seu livre arbítrio em detrimento dos proprietários. 1.3.1 O controle societário De acordo com Pagano, Panetta e Zingales (1998, p.40), os mecanismos de governança corporativa da Itália são tão subdesenvolvidos que retardam de forma substancial o fluxo de capitais externos para as empresas. O argumento de Barca (1995), é o de que a limitação no grau de separação entre propriedade e controle e a grande estabilidade dos controladores nas empresas dificultam a presença de um mercado de aquisição hostil, obstruindo as reestruturações necessárias e limitando as oportunidades das pessoas. Segundo Shleifer e Vishny (1997, p.740), em países do antigo bloco socialista, os mecanismos de governança corporativa também são muito precários. A bibliografia sugere que a posição acionária detida pelos gestores de uma empresa e que seus interesses passam a interferir nas decisões de gestão, de investimento e de financiamento. Por conta disso, os gestores podem desistir do objetivo geral de maximização do valor de mercado da empresa, tendendo a decidir com base em seus próprios interesses, em detrimento dos credores e demais acionistas (Jensen e Meckling, p.311, 1976). Procianoy e Schnorrenberger (2004, p.122) observaram que alguns estudos que buscam examinar a relação da estrutura de controle nas decisões de estrutura de capital exploram o fato de as ações ordinárias terem direito a voto, enquanto que a dívida não o tem, e de que algumas decisões poderem ser implementadas com o objetivo de manter o controle acionário por parte dos atuais proprietários. Procianoy e Schnorrenberger (2004, p.122) fazem uma importante contribuição ao perceberem em seus estudos que, nas empresas brasileiras, um grupo específico de acionistas, consegue manter o controle acionário através da posse de ações ordinárias na proporção de apenas 1/6 (16,67%) do total das ações emitidas, ordinárias e preferenciais, onde o limite máximo de ações não votantes for 2/3 do número total, conforme a Lei 6.404/76 prevê. Nesse aspecto, pode-se observar que o acionista, ou grupo, que possuir a sexta parte do total das ações, manterá o controle da empresa. Por isso, as principais diferenças entre as ações ordinárias (ON) e as ações preferenciais (PN) são, no mercado brasileiro, que as ações 37 ordinárias dão ao seu portador direito a voto na empresa, sendo que os controladores da empresa têm que ter, no mínimo, 50% mais uma ação ordinária. Estudos realizados por pesquisadores sobre a estrutura de controle e a concentração do mercado acionário brasileiro foram expostos por Procianoy e Schnorrenberger (2004, p.123), a saber: Principais Idéias Autores Em mercados pequenos e de controle concentrados como o brasileiro, os Rudge e Cavalcanti (1998 investidores em geral não têm interesse pelas ações ordinárias quando não existe uma disputa pelo controle da empresa A emissão de ações preferenciais, além de representar uma fonte de recursos importante para o fortalecimento da companhia, não impõe o risco da perda de controle para os acionistas majoritários, até porque elas geralmente não dão Oliveira (1991) voto a seus possuidores. Assim, mercados como o brasileiro apresentam maiores possibilidades de expropriação de riqueza pelos controladores de seus minoritários. Os resultados sugerem que o pagamento de dividendos no Brasil é usado pelos Procianoy e Snider (1995) gestores controladores paa limitar seu risco pessoal e aumentar sua riqueza individual O fator mais importante para a baixa liquidez das ações ordinárias no Brasil tem sido a estratégia concentradora do grupo controlador, que não deseja vender suas ações sob pena de diluir sua participação ou mesmo perder o Procianoy e Caselani (1997) controle da empresa. Os autores encontraram evidências de aversão ao risco por parte do gestor em companhias nas quais ele possui controle. Evidências de menor avaliação de mercado às empresas com concentração de Leal et alii ( 2000) capital votante, nas quais existe maior potencial de expropriação Os controladores possuem uma participação maior no capital votante do que a Valadares e Leal (2000) mínima necessária para controlar a empresa Os principais motivos para a emissão de ações no Brasil são a redução do passivo e o equilíbrio da estrutura de capital. O círculo vicioso de baixo risco e Procianoy (1994) as baixas taxas de crescimento são provocados pela preocupação do gestorproprietário em manter o controle acionário Quadro 1 Estudos relacionados ao controle acionário e estrutura de capital no Brasil Fonte: Procianoy e Schnorrenberger (2004, p.123). Leal, Valadares e da Silva (2002, p.9) consideram importante compreender a estrutura de controle de uma empresa, já que ela influencia diretamente a eficiência do mercado por controle corporativo. A estrutura de controle apresenta o grau de diversificação de risco dos acionistas. Outro ponto importante abordado pelos autores é que ela demonstra um potencial problema de agência na gestão da firma. Leal, Valadares e da Silva (2002, p.7) perceberam que boa parte da literatura que estudou o problema de separação entre propriedade e controle, 38 o fez dentro de um ambiente onde a propriedade é difusa, ou seja, em ambiente marcado por grande número de pequenos acionistas, cada um com uma parcela muito pequena do capital. Demsetz e Lehn (1995, p.1156) afirmam que das possíveis forças gerais que afetam a estrutura da propriedade, três parecem suficientemente importantes e merecem investigação. A primeira força, o valor de maximização da firma, que segundo os autores não é surpreendente. A segunda, mais sutil e difícil de medir, é o lucro potencial em exercer um controle mais eficaz, ao qual atribuímos o nome de controle potencial. O terceiro é a regulação sistemática, o objetivo geral é a de impor, de uma forma ou de outra, as restrições sobre o alcance e o impacto das decisões de acionistas. 1.3.1.1 O Tamanho da Firma Demsetz e Lehn (1995, p.1158) dizem que o tamanho da firma exerce forte influência sobre o grau de concentração da propriedade devido ao fato de que a elevação do valor de uma dada fração da firma seria compatível com uma desconcentração da propriedade. Quanto maior é o tamanho viável do competidor, ceteris paribus, maiores são os recursos de capital da empresa e, geralmente, melhor é o valor de mercado de uma dada fração da propriedade. O aumento do preço de uma dada fração da empresa deve, por si só, reduzir o grau em que a propriedade está concentrada. Além disso, Demsetz e Lehn (1995, p.1159) contemplam que as companhias de grande porte podem estar associadas a elevados custos de capital e com alto risco de manutenção do grau de concentração do controle acionário. Quanto maior for o tamanho da empresa menor é a parte que um determinado grau de controle requererá. Ambos os efeitos do tamanho da empresa implicam maior dispersão de propriedade quanto maior for uma empresa. Isso pode ser chamado de efeito do risco-neutro do tamanho de propriedade. Portanto, Demsetz e Lehn (1995, p.1159) comentam que, em função da aversão ao risco, as grandes empresas tenderiam a apresentar uma baixa concentração da propriedade. 1.3.1.2 Controle Potencial Demsetz e Lehn (1995, p.1162) procuraram descobrir elementos do ambiente de uma empresa que são persistentes nos seus efeitos sobre o potencial de controle. A instabilidade da empresa é um desses fatores. As empresas que transacionam em mercados caracterizados por preços estáveis, tecnologia estável, quotas de mercado estáveis, e assim por diante são as empresas em que o desempenho gerencial pode ser monitorado por um custo relativamente 39 baixo. Em ambientes menos previsíveis, porém, o comportamento gerencial figura mais proeminente na fortuna de uma empresa e torna-se mais difícil de controlar. Siqueira (1998) reitera o que é dito por Demsetz e Lehn (1995, p.1155) e diz que a instabilidade da rentabilidade exerceria influência sobre a concentração da propriedade em função do conflito de interesses entre administradores e proprietários. Assim, o conflito de interesses seria maior ou menor dependendo da instabilidade dos mercados. 1.3.1.3 Regulação Sistemática Demsetz e Lehn (1995, p.1159) afirmam que a regulação sistemática restringe as opções disponíveis para os proprietários, reduzindo assim o potencial de controle. Regulamento também prevê algum tipo de monitoramento subsidiado e disciplinar da gestão das empresas reguladas. Estes efeitos primários da regulação devem reduzir a concentração da propriedade de um maior grau do que seria previsto, simplesmente na base da instabilidade do lucro. A definição de regras de atuação das empresas pode estimular a redução da concentração da propriedade. Siqueira observa a regulação sistemática à luz da realidade no Brasil ao dizer que: No caso brasileiro, a estrutura de propriedade das companhias de serviços de utilidade pública sofre influência não apenas da regulamentação do setor, mas também da elevada participação do Estado como acionista majoritário. [...] este segundo fator tende a se tornar menos relevante nos próximos anos, em função do processo de privatização de empresas estatais (SIQUEIRA, p.4-5, 1998). Já Thomsen e Pedersen (1997), realizaram testes econométricos, obtendo como resultado uma correlação estatística não-significativa, ou seja, o tipo de propriedade não é uma variável explicativa para determinar a performance econômica. Em outra situação, os autores encontraram uma correlação significativa entre tipo de propriedade e nação, bem como tamanho da companhia. Em relação ao tipo de indústria, os resultados apresentados pelos autores indicam uma correlação positiva, porém não-significativa. 1.3.2 Efeito da Estrutura de Controle Sobre o valor da Firma Através de estudos feitos por autores como Morck, Shleifer e Vishny (1988) e Himmelberg, Hubbard e Palia (1999), Leal e da Silva (2008, p.301) dizem que para menores níveis de concentração de controle, o aumento da concentração pode ser visto como positivo, já que pode se observar que os interesses dos gestores seriam melhor alinhados com os interesses da massa de acionistas. Porém, a partir de um determinado grau de concentração de 40 controle, o sinal da relação se inverteria, passando a prevalecer o receio de que haveria muitas oportunidades de expropriação da massa de acionistas por parte dos gestores, quando estes tiverem poder de voto elevado. Leal e da Silva (2008, p.298) reiteram que ter estruturas indiretas de controle pode permitir que os gestores ou controladores aumentem o seu poder de voto, sem que seu aumento em investimento na firma seja na mesma proporção. Em princípio, quanto maior a diferença entre os direitos de voto e os direitos sobre o fluxo de caixa, o capital total, maiores as oportunidades para expropriar os acionistas em geral e menor deve ser o valor de mercado da firma. Segundo Shleifer e Vishny (1986) apud Leal e da Silva (2008, p.301), a participação do pequeno acionista não é grande o suficiente para justificar custos em monitorar o controlador. Cabe ressaltar que, o acionista detentor de participação relevante pode influenciar a gestão. Os demais acionistas comportam-se como Leal e da Silva (2008, p.301) chamam de free-riders (quando os administradores detêm o controle efetivo da empresa em decorrência de um menor poder individual dos acionistas devido à pequena parcela de propriedade.), mas reconhecem o valor dos grandes acionistas, ao atribuírem valor de mercado maior para empresas com detentores de grandes blocos de ações. Leal e da Silva (2008, p.2) detectaram as seguintes premissas que surgiram da literatura. (LEAL ; SILVA, p.300-301. 2008) 1. Maior concentração dos direitos de voto pelos acionistas controladores está associada com mais incentivos à expropriação dos acionistas minoritários. 2. Maior expropriação dos acionistas minoritários está associada a um valor de mercado das empresas menor. 3. Maior concentração dos direitos ao fluxo de caixa pelos acionistas controladores está associada com menos incentivos para a expropriação dos acionistas minoritários. 4. Desvio maior entre os direitos de voto e de fluxo de caixa do acionista controlador está associado a um menor valor das empresas. 5. O uso de estruturas indiretas de controle que aumentem o desvio entre os direitos de voto e de fluxo de caixa do acionista controlador está associado a um menor valor das empresas. 6. A presença de detentores de grandes blocos de ações com direito a voto, além do controlador, influencia positivamente no valor das empresas. 41 1.3.3 Estrutura de Controle no Brasil Para Siffert Filho (1998, p.5), uma nova forma de controle societário das corporações, o controle compartilhado, tem despontado como modelo em parcela significativa das grandes empresas, tendo como acionistas principalmente investidores institucionais, tanto nacionais como estrangeiros. A natureza da propriedade e a identidade dos controladores têm efeitos sobre a performance das empresas, uma vez que os posicionamentos estratégicos dependem as convergência de interesses entre as partes contratantes. Siffert Filho (1998, p.4) fez um estudo entre os anos de 1990 e 1997 onde procurou classificar as 100 maiores empresas não-financeiras da economia brasileira, de acordo com o critério da receita operacional líquida e de acordo com os tipos de controle societários estabelecidos por Thomsen e Pedersen (1997) e percebeu transformações na estrutura de controle societário como: diminuição de empresas estatais devido a um processo de privatização, crescimento significativo da forma de controle representado pela propriedade minoritária dominante, as empresas privatizadas em sua grande maioria, a deter um controle compartilhado, onde se fazem presentes fundos de pensão, empresas nacionais e investidores estrangeiros. O autor percebeu também que durante o período estudado houve um avanço significativo da presença de empresas estrangeiras. No que tange às propriedades dispersa e cooperativa, estas não eram e continuam não sendo significativas enquanto tipos de governança corporativa no Brasil. Porém, enquanto tendência, observa-se um ligeiro aumento da propriedade dispersa e uma redução da propriedade cooperativa. Siffert Filho (1998, p.21) destaca que entre as tendências de mudança no controle societário observadas nas 100 maiores empresas brasileiras nãofinanceiras, duas se destacam, além do já mencionado crescimento das empresas de controle compartilhado, a saber: a ampliação da participação do capital estrangeiro e a relativa redução do controle familiar nacional. 1.4 O Modelo Dinâmico Assaf Neto (2008, p.75) diz que o capital de giro constitui-se no fundamento básico da avaliação do equilíbrio financeiro de uma organização. O comportamento do capital de giro é extremamente dinâmico, o que exige modelos eficientes e rápidos de avaliação da situação 42 financeira da empresa. O estudo dinâmico da situação de equilíbrio financeiro de uma empresa pode ser desenvolvido por meio de indicadores advindos do seu ciclo operacional. Nesse presente trabalho será dado destaque a um modelo financeiro consagrado em outros ambientes econômicos, estudado primariamente por Fleuriet (1980) que avalia a dinâmica operacional das empresas de forma integrada com os indicadores tradicionais de giro. Vieira (2005, p.68) diz que, num balanço patrimonial, os valores posicionados no ativo representam as aplicações realizadas pela empresa nas contas de diversas naturezas, enquanto que os valores do passivo representam as diversas fontes de recursos utilizadas pela mesma empresa no financiamento das suas aplicações. Embora essa classificação tradicional apresente uma série de vantagens, Vieira (2005, p.72) enaltece que ela se torna inadequada para uma análise da liquidez, pois nos grupos que compõem o ativo e o passivo circulantes, se encontram contas de natureza distinta em relação às demais, o que afeta de forma significativa as maneira de dar enfoca à situação financeira das empresas. São as contas do ativo e passivo que se renovam constantemente à medida que as operações das empresas são desenvolvidas. No novo critério de classificação do balanço patrimonial, Vieira (2005, p.70) e Assaf Neto (2008, p.72) avaliam a dinâmica operacional da empresa de forma integrada com os indicadores tradicionais de giro. Vieira (2005, p.78) e Assaf Neto (2008, p.78) dizem que as aplicações que apóiam o giro dos negócios da empresa são de caráter operacional, ligadas à atividade de cada empresa e são vinculadas ao ritmo das atividades operacionais são denominadas de conta cíclicas do ativo, ativo cíclico ou ativo operacional. As operações das empresas fornecem recursos que são utilizados no financiamento das atividades e também são vinculadas à atividade operacional, são denominadas contas do passivo cíclico, passivo cíclico ou passivo operacional. O modelo dinâmico pode ser observado no seguinte quadro: 43 C I R C U L A N T E Ñ C I R C U L A N T E Ativo Circulante Financeiro (ACF) . Caixa e bancos . Aplicações de liquidez imediata . Aplicações de liquidez não imediata Ativo Circulante Cíclico (ACC) . Contas a Receber de Clientes . Estoques . Adiantamentos a Fornecedores . Outros Valores a Receber . Despesas do Exercício Seguinte Realizável a Longo Prazo (RLP) . Direitos Realizáveis após o término do exercício . Valores a Receber de coligadas e controladas . Investimentos . Imobilizado . Diferido Total do Ativo ANC = RLP Passivo Circulante Financeiro (PCF) . Instituições de crédito/ Duplicatas/Títulos Descontados . Dividendos a Pagar . Imposto de Renda a Recolher Passivo Circulante Cíclico (PCC) . Fornecedores . Salários e Encargos Sociais . Impostos e Taxas Exigível a Longo Prazo (ELP) . Financiamentos . Debêntures . Impostos Parcelados Receita Diferida Patrimônio Líquido (PL) . Capital . Reservas . Lucros/Prejuízos Acumulados Total do Passivo PNC = ELP + RD + PL Quadro 2 O modelo dinâmico Brasil e Brasil (1992, p.31) dizem que essas contas estão sempre girando e para facilitar cálculos e análise é útil que essas contas sejam configuradas em um bloco funcional, usando o método das diferenças, que é a Necessidade de Capital de Giro (NCG). A NCG se dá pela diferença entras as contas cíclicas do ativo e as contas cíclicas do passivo. Brasil e Brasil (1992, p.31) enaltecem que, na classificação tradicional as contas de clientes e de estoques eram denominadas realizáveis, podendo o empresário lançar mão delas a qualquer momento. No modelo dinâmico acontece o contrário, ao se retirar um item de estoque, outro deve ser adquirido pra manter o mesmo nível de produção. O mesmo pode ser observado na conta de fornecedores. Essas contas representam investimentos operacionais. Essa diferença conceitual se reflete na gestão das empresas. Vieira (2005, p.78) diz que a NCG, quando negativa evidencia que as saídas de caixa ocorrem depois das entradas de caixa. Constituindo o passivo cíclico como uma fonte de fundos para a empresa. Quando a NCG é financiada com recursos de curto prazo, o risco de insolvência aumenta. A NCG se for positiva, deve ser financiada com uma parte dos fundos permanentes (patrimônio líquido e certas contas do Exigível a longo prazo) utilizados pela empresa. Ainda dentro das contas do ativo e passivo circulantes Vieira (2005, p.72) e Assaf Neto (2008, p.76) estabelecem que há contas que não possuem vinculação com as atividades da empresa, sendo de características financeiras sendo originadas das operações de financiamento e investimento de curto prazo, são denominados contas erráticas, financeiras. 44 Tais contas não estão ligadas ao processo produtivo e sim ás operações de tesouraria da empresa. Brasil e Brasil (1992, p.34) dizem que, pelo sistema de diferenças, as contas erráticas ou financeiras chegam ao saldo de tesouraria (SD), que é a diferença das contas erráticas do ativo pelas contas erráticas do passivo. Se o Saldo de Tesouraria for negativo, Vieira (2005, p.65) diz que isso significa que o Capital de Giro é insuficiente para financiar a Necessidade de Capital de Giro, isso indica que a empresa financia parte de sua NCG ou o ativo permanente com fundos de curto prazo, aumentando o risco de insolvência; e se o SD for positivo, significa que a empresa dispõe de fundos de curto prazo que, podem ser aplicados em títulos de liquidez imediata. Vieira (2005, p.65) e Assaf Neto (2008, p.77) dizem que outro grupo de contas é composto pelas contas de longo prazo, são as contas permanentes. Utilizando o mesmo método das diferenças chega-se ao Capital de Giro (DCG), que é dado pela diferença entre as contas permanentes do passivo e as contas permanentes do ativo. Brasil e Brasil (1992, p.35) dizem que a definição CDG é a mesma adotada no modelo tradicional apesar de no modelo dinâmico serem calculadas através das contas de longo prazo e não pelo circulante ou contas de curto prazo. Para Vieira (2005, p.69) um CDG negativo se dá quando o ativo permanente é maior que o passivo permanente e, significa que a empresa está financiando parte de seus ativos permanente com fundos de curto prazo. Aumentando o risco de insolvência; mesmo com um CDG negativo a empresa pode se desenvolver desde que tenha uma NCG negativa. Uma vez realizada a reclassificação das contas e apurados o CDG, a NCG e o T é possível classificar a empresa em um dos seis tipos de balanços, conforme proposto por Fleuriet, Khedy e Blanc (2003), iniciando-se o processo de análise da empresa. Tipo CDG NCG sendo 1 CDG>0 NCG<0 2 CDG>0 NCG>0 CDG>NCG 3 CDG>0 NCG>0 CDG<NCG 4 CDG<0 NCG<0 CDG>NCG 5 CDG<0 NCG<0 CDG<NCG 6 CDG<0 NCG>0 Quadro 3 Os seis tipos de balanço patrimonial logo T>0 T>0 T<0 T>0 T<0 T<0 Comentários folga financeira + folga financeira alavancagem CP Inv LP financ c/ rec 3° PCF Inv LP financ c/ rec 3° PCF + onerosos CP Inv LP financ c/ rec 3° onerosos CP Fleuriet, Kehdy e Blanc (2003, p.12) alertam que empresas que têm um Saldo de Tesouraria (SD) negativo financiam sua Necessidade de Capital de Giro (NCG) com fundos 45 de curto prazo. Caso esses recursos de curto prazo não sejam renovados essas empresas podem ser levadas ao estado de insolvência. 1.5 O Índice de Q de Tobin A teoria que fundamenta o Q de Tobin está embasada no propósito de que as firmas investem enquanto uma unidade monetária despendida em capital aumentar o valor de mercado da empresa em mais do que uma unidade. Conforme Stocco (2009) o Q de Tobin é um indicador da tomada de decisão por inversões, já que possui a capacidade de sintetizar todas as informações sobre os lucros futuros das empresas. A utilização de outros parâmetros e análises adicionais seria desnecessária ou secundária para os empresários examinarem as perspectivas de retorno futuro dos investimentos. Essas características do Q de Tobin significam que ele pode sintetizar a situação do ambiente macroeconômico, estimulando ou desestimulando as decisões de investimento. Ou seja, dada a qualidade dos parâmetros macroeconômicos que afetam o Q de Tobin, as empresas serão incentivadas ou desincentivadas a aumentar seu estoque de capital. Stocco (2009) diz que não seria possível a aplicação da teoria do Q de Tobin se fosse utilizado o Q marginal, definido por como a razão entre o valor de mercado de uma unidade adicional de capital e o seu custo de reposição, pois não é uma variável passível de ser calculada diretamente. Por conta disso, o Q médio, que é determinado pela divisão do valor de mercado do capital existente pelo seu custo de reposição, pode ser calculado e, deste modo, os estudos empíricos o empregam como proxy para o Q de marginal. Apesar do Q médio poder ser calculado de diversas maneiras, os métodos exigem um vasto empenho computacional para gerar uma quantidade razoável de estimativas, levando em conta que a disponibilidade de dados não é um grande problema, do contrário a construção do Q médio se torna inviável. E isto acontece freqüentemente para diversas empresas que não apresentam dados suficientes ao longo do tempo, acarretando em diminuição no tamanho da amostra. Lindenberg e Ross (1981, p.3) tiveram o primeiro trabalho publicado em calcular o Q de Tobin de modo rigoroso. Os autores utilizaram esta variável com o objetivo de estudar as suas implicações em termos de organização industrial, especificamente na mensuração do poder de monopólio. Os autores argumentam que o Q médio para o caso de uma empresa atuando em mercado competitivo deveria se situar em torno de 1 (um), enquanto que em uma 46 situação caracterizada por monopólio ou oligopólio o Q médio tenderia a ser maior do que1 (um), resultado de lucros extraordinários. Chung e Pruitt (1994, p.70) argumentam que os estudos de Lindenberg e Ross (1981, p.2) e Litzenberger e Lang (1989) reiteram que os procedimentos para o cálculo do Q são tão complexos que o analista mais dedicado não conseguiria dar continuidade a essa metodologia. A alternativa encontrada para simplificar as dificuldades impostas pelo cálculo do Q marginal exposta no trabalho de Chung e Pruitt (1994, p.72), que viabilizam o cálculo do q de Tobin sem que seja necessária uma grande quantidade e diversidade de dados e de métodos computacionais complexos. Os autores regridem a sua proxy contra o Q de Tobin calculado por Lindenberg e Ross (1981, p.5) e encontram coeficiente igual a um e intercepto a zero. Chung e Pruitt (1994, p.74) definiram o cálculo do Q como sendo a razão entre o somatório do valor de mercado da empresa e as dívidas no curto prazo e o ativo total, a saber: Q de Tobin = Valor de Mercado das Ações + Valor de Mercado das Dívidas Ativo Total (1) 1.6 O Índice Price Book Value Damodaran (1997) argumenta que o problema na avaliação não se dá pela falta de modelos suficientes para avaliar um investimento, mas pelo excesso de modelos, tornando-se confusa a escolha de um modelo para a análise, uma vez que inexiste o melhor modelo. Antes, segundo o autor, o que existe é o modelo mais adequado para se utilizar num cenário específico, o qual dependerá de uma variedade de características do ativo ou da avaliação da empresa. Na avaliação se faz importante observar a diferença dos valores contábeis de um ativo com relação aos valores de mercado do mesmo. No primeiro é refletido o valor original, podendo sofrer uma distorção significativa quando comparado com o segundo, dependendo se o poder de realização de lucros do ativo tiver aumentado ou declinado desde sua aquisição. Damodaran (1997) ressalta que mesmo empresas com lucros negativos, que não podem ser avaliadas utilizando índices preço/lucro, podem ser avaliadas utilizando-se índices PBV. Há estreita relação entre o índice PBV e o Retorno Sobre o Patrimônio, na relação complementar para análise de investimentos, onde o segundo completa as informações e resultados apresentados pelo primeiro. 47 Damodaran (1997) descreve que a razão entre o preço e o valor contábil é muito influenciada pelo retorno sobre o Patrimônio Líquido, assim como um menor retorno sobre o Patrimônio Líquido afeta diretamente o índice PBV. Ao se inserir em um dos diferentes níveis de governança corporativa, uma organização tende a se tornar mais eficaz pelas maiores exigências em seus processos de gestão e melhor direcionamento de suas atividades em prol da redução dos conflitos de agências. O resultado disso está nos melhores retornos financeiros, devido a melhores práticas exigidas, tornando-se, portanto, mais atrativas a investidores. Esta situação pode ser comprovada por meio da mensuração do índice PBV e a relação com o ROE nas empresas inseridas nos níveis: N1, N2 e Novo Mercado, da BM&FBOVESPA. A utilização do índice PBV, como uma espécie de filtro para investimentos, é evidenciada nos resultados empíricos obtidos pelo teste realizado em todas as ações da NYSE entre os anos de 1981 até 1990 com base no PBVs e ROEs encontrados. O que ficou comprovado empiricamente é que empresas com alto retorno sobre Patrimônio Líquido poderiam ser consideradas como subvalorizadas. Os retornos adicionais obtidos por empresas com baixos índices PBV têm sido explorados por estratégias de investimentos que utilizaram índices PBV como filtro, é o que sugere Damodaran (1997). Em sua obra, Damodaran (1997) propõe que o cálculo para encontrar o índice PBV é realizado obedecendo à razão entre o Preço de Venda da Ação e o Book Value por ação. 48 2. ESTUDOS ANTERIORES Silveira et al. (2004, p.120) procuraram em seu trabalho investigar se a diferença entre o direito de controle (direito de voto) e o direito sobre o fluxo de caixa (participação no capital total) dos acionistas controladores possui relação com o valor de mercado das companhias. O estudo dos autores definiu a hipótese de que, quanto maior a diferença entre o direito de voto do acionista controlador (direito de controle) e seu direito sobre o fluxo de caixa, maior o potencial de expropriação dos minoritários e, conseqüentemente, pior a avaliação da empresa pelo mercado, resultando em menor valor corporativo. Analisaram se a diferença entre a posse de ações ordinárias (direito de controle) e a posse do total de ações (direito sobre o fluxo de caixa) por parte dos acionistas controladores possui relação estatística significativa com o valor de mercado das companhias abertas brasileiras. O trabalho de Silveira et al. (2004, p.128) utilizou o método dos Mínimos Quadrados Ordinário e os procedimentos de Efeitos Aleatórios e Efeitos Fixos para um painel de empresas de 1999 a 2002. Como resultado, os autores detectaram uma relação negativa não significante estatisticamente entre a diferença do direito de controle e do direito sobre o fluxo de caixa em posse dos acionistas controladores e o valor de mercado das companhias. Siqueira (2008) procurou analisar as causas e conseqüências da concentração da propriedade das empresas brasileiras de capital aberto. Na amostra constituída de 278 companhias, o autor realizou testes baseados nos estudos de Demsetz e Lehn (1985, p.1155) e Thomsen e Pedersen (1997) com a introdução de novas variáveis independentes. O estudo realizado permite concluir que o grau de concentração do controle acionário das companhias brasileiras sofre influência da regulamentação de mercado, do tamanho da firma e da estrutura de capital, que procuraram responder às questões referentes aos determinantes do grau de concentração do controle acionário das empresas e seus respectivos impactos sobre a performance econômico-financeira. Thomsen e Pedersen (1997) testaram o modelo proposto por Demsetz e Lehn e, além de introduzir outras variáveis, considerando uma amostra com 388 empresas de 12 países europeus, confirmaram a relevância de variáveis como tamanho, estrutura de capital e instabilidade da lucratividade. Thomsen e Pedersen (1997) utilizaram em seu estudo a variável estrutura de capital (patrimônio líquido/ativo total) para determinar a concentração da propriedade, e teve como objetivo, testar o efeito exercido pelos investimentos específicos em plantas de grandes escalas 49 sobre a concentração da propriedade. A hipótese dos autores é que o aumento da relação (patrimônio líquido/ativo total) seja acompanhado pela redução da concentração da propriedade das empresas. Os testes realizados por Thomsen e Pedersen (1997) confirmaram os resultados de Demsetz e Lehn de não-significância da concentração da propriedade sobre a performance. Dami et al. (2006, p. 6) procuraram investigar se existem diferenças de rentabilidade (crescimento da receita e retorno sobre o patrimônio líquido), valor de mercado, estrutura de capital, risco (instabilidade do mercado) e tamanho do ativo em relação ao grau de concentração acionária de empresas brasileiras não-financeiras, listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, entre os anos de 1997 a 2001. Dami et al. (2006, p.5) separaram o grau de concentração acionária em três categorias, assim como sugerido por Pedersen e Thomsen (1997), dispersa, dominante e majoritária, e analisaram-se as diferenças das variáveis investigadas entre essas categorias, utilizando os métodos estatísticos de Análise de Variância (ANOVA) e o Teste de KruskalWallis. Os autores tiveram como resultados que não há diferença significativa entre valor de mercado, estrutura de capital, tamanho do ativo e rentabilidade do patrimônio líquido em relação ao grau de concentração acionária, entretanto constataram-se diferenças estatísticas significativas entre crescimento da receita e instabilidade do mercado, com o grau de concentração acionária. Por fim, Dami et al. (2006, p.12) concluíram que em mercados instáveis há maior concentração de propriedade e pela relação de dependência entre performance e concentração de propriedade. Leal e Da Silva (2008, p.298) buscaram investigar a relação entre categorias de percentuais de participação no controle, o desempenho da firma e a participação de grandes acionistas no bloco controlador. Os autores procuraram diferenciar seu trabalho de outros autores agrupando as empresas segundo o que ocorre com o percentual do controle do maior acionista, direta e indiretamente, em vez de se considerar a amostra no seu todo. Investiga-se se o desempenho e o valor das empresas é diferente entre os grupos. Leal e Da Silva (2008, p.300) utilizaram uma amostra de empresas não financeiras, listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa, para os anos 1998, 2000 e 2002. Como metodologia adotada, os autores definiram que para o cálculo do valor de mercado foi utilizado o Q de Tobin. Isto determina a inclusão na amostra apenas de empresas cujas ações foram negociadas na Bovespa durante o mês de dezembro de 1998, 2000 e 2002. O ROA (retorno sobre ativos) e o ROA ajustado ao setor industrial foi usado como medida 50 alternativa de desempenho. Uma ANOVA (análise de variância) foi realizada para comparar os Q de Tobin e ROA entre os subgrupos de empresas analisados. Também são computadas medidas de ajuste setorial. Para uma companhia num dado setor, faz-se esse ajuste relativo à média para aquele setor. O Q ajustado ao setor é computado como a diferença entre o Q de Tobin da companhia e a média do setor. A idéia por trás deste ajuste é que cada setor industrial pode estar num estágio diferente de maturidade e crescimento que influencia a avaliação de suas companhias. Leal e Da Silva (2008, p.306) concluíram que a presença de um controlador, por si só, não é vista como negativa. A presença de estruturas indiretas de controle é vista como negativa. Acionistas majoritários que compartilham o controle são avaliados de forma positiva na proporção do compartilhamento. O papel de monitoração do maior acionista por parte de outros grandes acionistas, com ou sem acordo entre estes acionistas, parece ser valorizado pelo mercado. Leal, Valadares e da Silva (2002, p.9) analisaram a estrutura de controle de empresas brasileiras, a partir de uma análise da concentração direta e indireta dos direitos sobre voto e fluxo de caixa dos acionistas controladores. Os autores utilizaram uma amostra das companhias listadas na Bolsa de Valores de São Paulo, Bovespa, que não são controladas pelo governo, constituindo no final 225 firmas. As 225 empresas da amostra foram divididas em dois grupos: firmas com acionista majoritário e firmas sem acionista majoritário. Uma empresa possui acionista majoritário, quando um único acionista possui diretamente mais de 50% do capital votante. Para a composição acionária direta e indireta os autores computaram o capital votante e o capital total que o maior acionista, os três maiores e os cinco maiores possuíam de cada companhia. Em seguida, foram calculadas as médias e medianas do capital votante e total que o maior, os três maiores e os cinco maiores acionistas detinham para os dois grupos. Leal, Valadares e da Silva (2002, p.16) concluíram que o trabalho revelou um elevado grau de concentração de capital votante em 1998. Mesmo nos casos em que não há um acionista controlador, o maior acionista detém uma participação significativa dos direitos sobre voto e a companhia é, geralmente, controlada por seus três maiores acionistas. La Porta et al. (2000, p.3) apontam vários estudos que fornecem uma ligação entre a proteção aos investidores, concentração do controle e propriedade e o valor da empresa. Já no Leste Asiático, Claessen, et al. (1999) apud La Porta et al. (2000, p.3) constataram uma relação inversa entre a concentração de propriedade e o valor dos ativos. Nesses países, a maior concentração da propriedade por parte dos executivos é associada com maior valor dos 51 ativos da empresa, à medida que o maior controle dos votos pelos executivos é associado ao valor dos ativos da empresa. La Porta et al. (2002, p.1150) dizem que o poder dos acionistas controladores para expropriar os investidores externos é moderada pelos seus incentivos financeiros para não fazê-lo. Uma importante fonte de tais incentivos é de capital próprio ou de fluxo de caixa da propriedade pelo acionista controlador. Este é exatamente o efeito de incentivo de propriedade de fluxo de caixa gerencial enfatizada por Jensen e Meckling em 1976 e modelados no trabalho dos autores. Usando dados de empresas a partir de 27 economias saudáveis, La Porta et al. (2002, p.1155) avaliaram a influência de proteção dos investidores e apropriação por parte do acionista controlador na avaliação de empresas. Foi utilizado o Q de Tobin para medir a avaliação. La Porta et al. (2002, p.1165) afirmam que, consistente com a teoria, uma melhor proteção dos acionistas é empiricamente associada a uma maior valorização dos ativos da empresa. Esse achado fornece suporte para a importância quantitativa da expropriação dos acionistas minoritários, em muitos países, bem como para o papel da lei para limitar essa expropriação. Também encontraram evidências de que os incentivos mais elevados da propriedade de tesouraria estão associadas com avaliações mais elevadas. Siffert Filho (1998, p.2) buscou em seu trabalho desenvolver o enfoque das corporações enquanto uma estrutura de governança, buscando analisar as relações decorrentes da separação entre a propriedade e a gestão. Siffert Filho (1998, p.9) seguiu a metodologia apresentada por Thomsen e Pedersen (1995) e examinou durante o período 1990/97, as mudanças no controle societário das 100 maiores empresas não-financeiras na economia brasileiras independentemente de o controle ser privado nacional, estatal ou estrangeiro. O que Siffert Filho (1998, p.21) concluiu foi que no caso brasileiro, uma nova forma de controle das corporações, o controle compartilhado, tem despontado como modelo em parcela significativa das grandes empresas, tendo como acionistas principalmente investidores institucionais, tanto nacionais como estrangeiros. 52 3. METODOLOGIA DA PESQUISA A pesquisa desenvolvida é quantitativa e com base em procedimentos estatísticos, objetivando produzir inferências para a população objeto a partir das amostras consideradas. Considerando uma das classificações apresentadas por Martins (2002, p.40) e em relação ao enfoque epistemológico, a pesquisa é do tipo empírico-analítica com natureza descritiva. Especificamente, a pesquisa utiliza a regressão múltipla com dados em corte transversal (cross sectional) aliada à diferença de médias entre amostras, quando a regressão não era a técnica indicada. 3.1 Hipóteses da Pesquisa Relacionam-se, abaixo, as hipóteses propostas para o trabalho: H0 (hipótese nula): Não há diferença no valor de mercado entre empresas que possuem e não possuem ações preferenciais em sua estrutura de propriedade. H1 (hipótese alternativa 1): Há diferença no valor de mercado entre empresas que possuem e não possuem ações preferenciais em sua estrutura de propriedade. H0 (hipótese nula): A diferença de participação entre acionistas controladores e minoritários nas ações preferenciais que participam da estrutura de propriedade de uma empresa não tem influência no seu Valor de Mercado. H1 (hipótese alternativa 1): A diferença de participação entre acionistas controladores e minoritários nas ações preferenciais que participam da estrutura de propriedade de uma empresa tem influência no seu Valor de Mercado. 3.2 Universo e Amostra Para a realização do presente estudo, utilizou-se uma amostra de empresas brasileiras de capital aberto com registro ativo na CVM. A não-utilização de empresas de capital fechado se justifica pela quase impossibilidade de acesso aos dados sobre elas. Do total de 642 companhias brasileiras com registro ativo na CVM, o conjunto de empresas estudadas é composto por todas as companhias negociadas em abril de 2010, constantes do relatório Listagem das Negociações, Lote-Padrão da BM&FBOVESPA. A amostra resultou em 332 companhias. 53 As 332 companhias listadas foram classificadas em ordem decrescente de liquidez corrente e divididas em quatro (4) quartis com 83 empresas em cada quartil. Para cada empresa foi associado seu respectivo nível de Governança Corporativa. O quadro abaixo apresenta um resumo desta abordagem. Tabela 1 Divisão da amostra 1° Quartil 2° Quartil 3° Quartil 4° Quartil % Liq acum 95,7928% 99,6734% 99,9879% 100,0000% N0** 15 21 53 82 171 51,51% 18,07% 25,30% 63,86% 98,80% Nível 1 Nível 2 20 24,10% 6 7 8,43% 11 6 7,23% 2 1 1,20% 0 34 19 10,24% 5,72% 7,23% 13,25% 2,41% 0,00% NM* 42 44 22 0 108 32,53% 50,60% 53,01% 26,51% 0,00% Tot 83 83 83 83 332 * Novo Mercado ** Sem Governança Para realçar o contraste observado entre liquidez e adoção de governança foram utilizadas apenas as empresas incluídas no primeiro quartil (Q1) e no terceiro quartil (Q3), totalizando 166 empresas. O quadro a seguir sintetiza a amostra. Tabela 2 Definição da amostra % Liq N0** 1° Quartil 95,7928% 15 18,07% 20 24,10% 6 7,23% 42 50,60% 3° Quartil 0,3145% 53 63,86% 6 7,23% 2 2,41% 22 26,51% 68 N1 26 N2 8 NM* 64 Tot 83 83 166 * Novo Mercado ** Sem Governança Decidiu-se excluir as companhias financeiras, devido às particularidades de análise do setor, o que acarreta a adoção de formato diverso para divulgação de demonstrações financeiras pelo Economática restando, portanto, 158 empresas. Do total de 158 empresas restantes, foram excluídas aquelas que não possuíam na base de dados do Economática demonstrações financeiras referentes à data de 31 de dezembro de 2009 restando, assim, 154 empresas. 54 Das 154 empresas, foram excluídas todas aquelas que não possuem divulgação do acionista controlador no sistema de informações Divulgação Externa (DIVEXT) da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) restando, no final da seleção de dados, 138 empresas. Por fim, das 138 empresas que apresentaram os requisitos selecionados, foram descartadas as que tinham dados incompletos relativos às variáveis de interesse no trabalho. Após serem excluídas as empresas com falta de dados restaram 121 empresas, sendo 62 empresas do Q1 e 59 empresas do Q3. Assim como observado em Silveira et al. (2004, p.132), não foi considerada a estrutura de propriedade indireta decorrente da utilização das chamadas estruturas piramidais. O motivo parte de dois pressupostos: · Caso o acionista controlador seja uma empresa ou bloco controlador com muitos acionistas, dentre esses um majoritário, espera-se que o interesse de todos os acionistas da empresa ou bloco controlador, embora conflitante em diversas situações, seja o mesmo no sentido de extrair o máximo possível da empresa que controlam conjuntamente em detrimento dos minoritários; · De acordo com a observação de Leal e Valadares (2002, p.2), a utilização de estruturas piramidais, embora bastante comum, não parece ser utilizada com o intuito de separar propriedade e controle no Brasil. 3.3 Coleta dos Dados As informações financeiras e qualitativas necessárias para a elaboração das variáveis foram colhidas dos sistemas de informações Economática e Divulgação Externa ITR/DFP/IAN (DIVEXT) da Comissão de Valores Mobiliários. A base de dados de 31 de Dezembro de 2009 do sistema de informações Economática foi a fonte dos dados para o cálculo das variáveis dependentes de valor Q de Tobin (Q) e Price Book Value (PBV) e das variáveis de controle. Para o cálculo das variáveis independentes (DIFs), foram utilizados dados do sistema de informações Divulgação Externa IAN (DIVEXT) e o Capital Social das empresas listadas na BM&FBOVESPA. O quadro 4 abaixo resume os principais sistemas de informações utilizados na pesquisa e os principais dados coletados. 55 Sistema de Informações Dados Coletados Percentual de ações do tipo ON e PN do acionista controlador DIVEXT - Divulgação Externa (CVM) Economática Balaço Patrimonial, Demonstração de Resultados, Fluxo de Caixa, Setor de atuação econômica, para elaboração das variáveis dependentes e de controle. BM&FBOVESPA Quadro 4 Sistemas de informações utilizados no estudo Capital Social Na coleta dos dados relativos à estrutura de propriedade, utilizou-se a classificação fornecida pelas próprias empresas à CVM para identificação dos acionistas controladores. Dessa forma, com base no(s) acionista(s) controlador(es) identificados para cada empresa no ano de 2009, foram somados os porcentuais de ações ordinárias, de ações preferenciais e do total de ações dos controladores. 3.4 Definição das Variáveis Utilizadas Neste estudo, a diferença entre o direito de controle, que é o direito de voto, e o direito sobre o fluxo de caixa, que é o direito sobre a percepção de dividendos, será utilizada como variável independente. O valor da empresa será utilizado como variável dependente. Com o objetivo de isolar a influência sobre o relacionamento entre as variáveis de interesse nesse estudo, serão utilizadas variáveis de controle. A forma de operacionalizar as variáveis independentes, dependentes e de controle, assim como a metodologia utilizada, seguiram, de modo geral, os estudos anteriores que analisam a relação entre estrutura de propriedade, governança corporativa e valor da empresa, especialmente o trabalho de Silveira et al. (2004, p.133). Considerando o enfoque proposto que deu ênfase às ações preferenciais adicionaramse novas definições para as variáveis independentes. Por outro lado, considerando a importância dos elementos colhidos das demonstrações contábeis na mensuração das variáveis, optou-se por adotar, sempre que possível, os valores para totais de ativos e dívidas, de acordo com o proposto no Modelo Dinâmico de Michel Fleuriet. Esta escolha parte do princípio que, ao compensar Ativos Circulantes Cíclicos com Passivos Circulantes Cíclicos as referidas medidas contábeis se tornem mais estáveis. A fim de tratar as variáveis dependentes, independentes e de controle utilizou-se o seguinte modelo empírico: Yi = B0 + B1* (DIF )i + ∑δ * VCi + ℮i (2) 56 Onde: Y = medidas de valor de mercado da companhia i: Q de Tobin’ ou PBV’. DIFi = DIF 1, DIF 2 e DIF 3: Estrutura de controle. VCji = variável de controle j, de um total de k variáveis, medida para a companhia i. ℮i = termo de erro que capta o componente não-sistemático, a parcela de Vi não explicada pelo modelo. 3.4.1 Variáveis Independentes Assim como Silveira et al. (2004, p.119) definiram em seu estudo, adotou-se a diferença entre os direitos de controle detidos pelo acionista controlador e os direitos sobre o fluxo de caixa. Essa variável é tradicionalmente usada em estudos sobre o assunto, e é definida pela seguinte variável independente: DIF 1: diferença entre o percentual de participação dos acionistas controladores no total de ações ON da empresa (%CO) e o percentual de participação dos acionistas controladores no total de ações da companhia (%CT). O objetivo dessa variável é verificar se as empresas com maior diferença entre direitos de voto e direitos de fluxo de caixa apresentam pior avaliação pelo mercado no período a ser analisado. DIF 1 = %CO - %CT (3) O presente estudo inclui duas novas variáveis de mesma natureza, porém, com ênfase sobre os percentuais detidos sobre ações preferenciais. As duas novas variáveis têm o mesmo objetivo que a DIF 1, assim como foi já abordado por outros autores. O diferencial observado nas duas novas variáveis é a separação das ações preferenciais na estrutura de propriedade. Espera-se dessa forma, obter resultados mais robustos do que os resultados já apresentados em estudos anteriores. DIF 2: diferença entre o percentual de participação dos acionistas não controladores no total de ações PN da empresa (%NP) e o percentual de participação dos acionistas controladores no total de ações PN da companhia (%CP). A exemplo da DIF 1 espera-se que quanto maior for a essa diferença, menor será o valor de mercado atribuído à empresa. 57 DIF 2 = %NP - %CP (4) DIF 3: diferença entre o percentual de participação de ações PN dos acionistas não controladores em relação ao total de ações (%NPT) e o percentual de participação de ações PN dos acionistas controladores em relação ao total de ações (%CPT). A exemplo das DIFs 1 e 2 espera-se que quanto maior for esta diferença menor será o valor de mercado atribuído a empresa. DIF 3 = %NPT - %CPT (5) O quadro a seguir apresenta o grau de correlação entre a variável normalmente utilizada (DIF1) com as duas variáveis propostas no presente estudo (DIF2 e DIF3). O quadro apresenta ainda a correlação entre as duas novas variáveis propostas. Tabela 3 Correlação entre as Variáveis Correlações Entre DIF1 e DIF2 Entre DIF1 e DIF3 Entre DIF2 e DIF3 0,7059 0,8537 0,8726 3.4.2 Variáveis Dependentes Encontram-se na literatura acadêmica inúmeras sugestões para estimar o valor de mercado de uma empresa. De acordo com a literatura, o cálculo do Q de Tobin, um dos mais utilizados, em termos práticos é de difícil aplicação, já que o valor de mercado das dívidas e o valor de reposição dos ativos, ou não são divulgados ou são de difícil apuração. Nesse trabalho foi utilizado, assim como proposto por Chung e Pruitt (1994), uma aproximação do modelo conforme exposto na seção 2.5. Em todos os modelos empíricos serão utilizadas 2 (duas) variáveis para estimar o valor de mercado das companhias,que são o Q de Tobin’ e o PBV’. Q de Tobin (Q’): O Q, como é definido na seção 2.5 é a relação entre o valor de mercado de uma empresa e o valor de reposição de seus ativos físicos. Este indicador foi escolhido por ter sido utilizado em vários estudos com testes empíricos sobre governança corporativa, como os observados em Barnhart e Rosenstein (1998), Bhagat e Black (2002). 58 Com o objetivo de oferecer uma nova operacionalização à variável, o Q de Tobin receberá um tratamento diferenciado e passará a ser chamado de Tobin’. O Q de Tobin’, como será chamado nesse trabalho se dará por: Q de Tobin’ = Valor de Mercado das Ações + Valor de Mercado das Dívidas’ Ativo Total’ (6) Onde: Valor de mercado das Dívidas’ (DIVT’): Nos termos do Modelo Dinâmico, se o saldo de tesouraria (T) > 0, o valor de mercado das dívidas será a conta Exigível a LP. Se (T) < 0, o valor de mercado das dívidas será a conta [Exigível a LP + (T x –1)]. Ativo Total’ (AT’): Nos termos do Modelo Dinâmico, se o (T) > 0, o AT’ será o somatório da (T) + (NCG) + Ativo não Circulante. Caso o (T) seja negativo será considero no AT’ apenas a (NCG) + Ativo não Circulante. Valor de Mercado sobre o Patrimônio Líquido (PBV’): O PBV é utilizado como uma alternativa ao Q de Tobin. Damodaran (1997) ressalta que mesmo empresas com lucros negativos, que não podem ser avaliadas usando o índice Preço/Lucro, podem ser avaliadas utilizando o PBV. No trabalho também optamos por dar um tratamento diferenciado ao PBV com o objetivo de enfatizar a parte acionária dos acionistas majoritários. O PBV’, como será chamado, é dado pela exclusão das ações preferenciais que não estão no poder dos controladores do valor de mercado de uma empresa. O objetivo do PBV’ é caracterizar as ações preferenciais não pertencentes aos controladores como títulos de dívida. PBV’ = Price’ (7) Book Value’ Onde: Price’ = valor de mercado da empresa (cotação das ações ON x total de ações ON + cotação das ações PN x total de ações PN dos acionistas controladores). Book Value’ = patrimônio líquido proporcional ao total de ações consideradas, ao serem excluídas as ações preferenciais dos não-controladores. 3.4.3 Variáveis de Controle 59 Se as variáveis de controle possuirem correlação com algumas destas variáveis e forem omitidas do modelo, a relação entre as variáveis escolhidas para análise pode não ser evidenciada de forma correta. A especificação do modelo, ou seja, a escolha das variáveis independentes para a regressão múltipla, influencia os resultados obtidos. As variáveis de controle são importantes para uma melhor especificação do modelo, pois sua omissão pode levar a inferências equivocadas. Setor de atuação: É uma variável binária (dummy), que adota o critério de classificação da base de dados do Economática. Segundo Silveira et al. (2004, p.125) a principal influência que o setor de atuação pode exercer é sobre as variáveis dependentes de valor da empresa e desempenho, já que no período analisado alguns setores podem ter apresentado melhores resultados do que outros. A classificação do sistema de informações Economática é relativamente ampla, dividindo as empresas em 21 categorias, a saber: agro e pesca, alimentos e bebidas, comércio, construção, eletroeletrônicos, energia elétrica, finanças e seguros, fundos, máquinas industriais, mineração, minerais não metálicos, outros, papel e celulose, petróleo e gás, química, siderurgia & metalurgia, software e dados, telecomunicações, têxtil, transportes serviços e veículos e peças. Tamanho da empresa: conforme sugerido por estudos anteriores, o tamanho da empresa é definido como o logaritmo natural do valor do ativo total da empresa (Log AT). No trabalho usaremos Log AT’ nos termos do Modelo Dinâmico proposto por Fleuriet (2003) conforme exposto na seção 2.4. Estrutura de Financiamento: É dada pela razão entre as dívidas financeiras totais da empresa e o ativo total. Os dados foram calculados nos termos do Modelo Dinâmico proposto por Fleuriet (2003). É dado por: DIVITSAT’ = DIVIT (8) AT’ Retorno sobre ativos (ROE): é dado pela razão entre o Lucro Líquido e o Patrimônio Líquido. ROE = LL (9) PL Natureza de Controle: É uma variável binária, denominada de TIPO no trabalho, 60 definida pela identificação da natureza do controle da empresa, definida de acordo com a classificação disponível no sítio de Comissão de Valores Mobiliários (CVM). São três (3) os tipos de natureza de controle: (P) Privado nacional, (E) Estatal e (F) Estrangeiro. Quartil: as 62 empresas que fazem parte do 1º quartil (Q1) receberão o número 1 (um) para a variável de controle Quartil. As outras 59 empresas que fazem parte do 3º quartil (Q3) receberão o número 3 (três) para a variável de controle Quartil. 3.5 Limitação da Pesquisa A primeira limitação importante da pesquisa diz respeito ao enfoque dado exclusivamente às características da estrutura de propriedade, direito de controle e direito sobre o fluxo de caixa das empresas como forma de mensuração do valor de mercado. O método científico é uma ferramenta poderosa de profunda relevância para a pesquisa, mas tem suas limitações. Essas limitações se baseiam no fato de que uma hipótese precisa ser passível de teste e de refutação, e que experiências e observações precisam ser passíveis de repetição. Isso coloca certos tópicos além do alcance do método científico. Em algumas situações as fontes secundárias podem apresentar dados coletados ou processados de forma errada. Assim, um trabalho fundamentado nelas tende a reproduzir ou mesmo ampliar esses erros. Por isso convém assegurar-se das condições em que os dados foram obtidos, analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, procurando compará-las cuidadosamente. No que tange às limitações do método comparativo do uso das ações preferenciais no Brasil e nos Estados Unidos, pode ser que sejam observadas variáveis econômicas, sociais ou de outra natureza que não sejam passíveis de comparação. Outra limitação importante observada no trabalho é a de generalização do resultado. 61 4. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS Após os cálculos das variáveis dependentes (Q de Tobin’ e PBV’), foi observado que algumas empresas apresentaram valores negativos ou incongruentes com o exposto na literatura, sendo também excluídas da pesquisa. Por fim as regressões foram feitas com 55 observações para o PBV’ e 66 observações para o Q de Tobin’. Após os cálculos das variáveis independentes (DIF 1, DIF 2 e DIF 3), foi observado que, por definição, as empresas que possuem apenas ações do tipo ON tiveram todas as 3 (três) DIFs zeradas. De modo a não prejudicar os resultados das regressões, as empresas sem ações preferenciais foram excluídas das análises de regressão. Optou-se por realizar um teste de diferença de médias para os valores das variáveis dependentes Q de Tobin’ e PBV’ entre as empresas que só possuem ações do tipo ON e as empresas que possuem ambos os tipos, ON e PN. Em todos os testes de normalidade propostos por Shapiro-Wilk, Anderson-Darling, Lilliefors e Jarque-Bera a hipótese nula de que as amostras seguem uma distribuição normal foi rejeitada. Sendo assim, optou-se por utilizar o teste não-paramétrico de Mann-Whitney. Segundo Siegel (1975), o teste de Mann-Whitney, é o teste não-paramétrico adequado para comparar as funções de distribuição de uma variável pelo menos ordinal medida em duas amostras independentes. Este teste pode também ser utilizado como alternativa ao teste tStudent para amostras independentes. Os resultados do teste são apresentados a seguir. Tabela 4 Teste de Mann-Whitney para o Q de Tobin’ Variável Q-Tobin' ON e PN Q-Tobin' ON Obs. sem Obs. com dados dados faltantes Observações faltantes 66 52 0 0 66 52 Teste de Mann-Whitney / Teste bilateral: U 1489 Esperança 1716 Variância (U) 34034 p-valor (bilateral) 0,22 alfa 0,05 Uma aproximação foi utilizada para calcular o p-valor. Mínimo Máximo Média Desvio padrão 0,413 0,135 19,559 16,622 2,355 2,636 3,287 3,156 62 H0: A diferença da posição entre as amostras é igual a 0. Ha: A diferença da posição entre as amostras é diferente de 0. Como o p-valor calculado a variável dependente Q de Tobin’ é maior que o nível de significância alfa = 0,05, não rejeita-se a hipótese nula H0. Tabela 5 Teste de Mann-Whitney para o PBV’ Variável PBV' ON e PN PBV' ON Obs. com dados faltantes Observações 55 51 0 0 Obs. sem dados faltantes 55 51 Mínimo 0,285 0,047 Máximo 69,367 26,854 Média 3,498 4,296 Desvio padrão 9,637 5,709 Teste de Mann-Whitney / Teste bilateral: U 1046,000 Esperança 1402,500 Variância (U) p-valor (bilateral) 25011,250 0,024 alfa 0,05 Uma aproximação foi utilizada para calcular o p-valor. H0: A diferença da posição entre as amostras é igual a 0. Ha: A diferença da posição entre as amostras é diferente de 0. Como o p-valor calculado para a variável dependente de PBV’ é menor que o nível de significância alfa = 0,05, deve-se rejeitar a hipótese nula H0 em favor da hipótese alternativa Ha. Os resultados dos testes permitem rejeitar a hipótese de igualdade dos valores das médias das amostras quando se usa a variável PBV’, muito embora esta rejeição não possa ser feita entre as médias dos referidos valores, quando o cálculo se baseia do Q de Tobin’. É provável que o PBV’, ao computar apenas os valores referentes às ações consideradas em relação ao seu respectivo Book Value, enseje melhor diferenciação entre as empresas, permitindo inferir que, em média, as companhias que só possuem ações do tipo ON em sua estrutura de propriedade valem mais que as companhias que possuem ambos os tipos de ações. A seguir, passamos a apresentar os resultados obtidos para as regressões processadas entre os valores de mercado obtidos para as empresas que possuem ações ON e PN e suas respectivas variáveis independentes e de controle. Em todas as regressões processadas a 63 variável de controle incluída para indicar a Natureza de Controle Estatal foi abandonada por apresentar multicolinearidade, problema comum em regressões, quando variáveis possuem relações lineares exatas ou aproximadamente exatas com outras variáveis. O quadro-resumo a seguir apresenta os resultados das seis regressões processadas que combinam as duas variáveis utilizadas para estimar o valor de mercado das empresas com as três variáveis independentes usadas para estimar a influência da estrutura de propriedade sobre o controle e sobre o fluxo de caixa dos acionistas. O quadro-resumo apresenta ainda os valores das estatísticas das principais variáveis de controle utilizadas nos modelos. Optou-se por não incluir neste quadro os resultados obtidos para as variáveis dummy setor econômico e natureza do controle por não terem apresentado resultados estatisticamente significativos. Entretanto, nos anexos finais deste trabalho são apresentados os resultados completos de cada regressão. Erro padrão Pr > |t| Pr > |t| 0,33 0,01 < 0,0001 < 0,0001 0,21 0,00 0,726 9,190 < 0,0001 0,99 -2,78 -5,49 8,13 1,26 -3,70 t 20,576 < 0,0001 -0,89 0,38 -2,22 0,03 -2,55 0,02 3,21 0,00 -12,85 < 0,0001 -2,68 0,01 0,884 t * Os resultados se encontram completos no Apêndice. 19,20 -0,02 -1,91 0,85 0,13 -2,76 Valor 54,79 0,02 1,07 2,40 0,21 1,76 R² ajustado -49,03 -0,05 -2,72 7,72 -2,66 -4,71 F Erro padrão Valor 19,44 0,01 0,35 0,10 0,10 0,75 R² ajustado F Fonte: elaboração própria Fonte TOBIN' Intercepto DIF 3 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil DIF 3 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil Fonte PBV' Intercepto DIF 2 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil Fonte TOBIN' Intercepto DIF 2 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil Fonte PBV' Intercepto 12,53 -0,02 -1,87 0,85 0,13 -2,74 Valor -63,45 -0,04 -2,60 8,11 -2,63 -4,59 Valor 18,67 0,00 0,34 0,10 0,10 0,72 R² ajustado F Erro padrão F 52,86 0,01 1,00 2,31 0,20 1,67 R² ajustado Erro padrão Pr > |t| Pr > |t| 0,51 0,00 < 0,0001 < 0,0001 0,18 0,00 0,745 10,065 < 0,0001 0,67 -3,43 -5,58 8,47 1,36 -3,82 t 22,509 < 0,0001 -1,20 0,24 -2,87 0,01 -2,60 0,01 3,51 0,00 -13,31 < 0,0001 -2,74 0,01 0,893 t Resultado Resumido das Regressões Tabela 6 DIF 1 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil Fonte TOBIN' Intercepto DIF 1 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil Fonte PBV' Intercepto 19,71 -0,03 -1,90 0,83 0,12 -2,57 Valor -44,65 -0,14 -0,24 0,17 -0,77 -0,23 Valor 19,90 0,01 0,36 0,11 0,10 0,76 R² ajustado F Erro padrão F 54,62 0,06 0,09 0,06 0,06 0,09 R² ajustado Erro padrão Pr > |t| Pr > |t| 0,33 0,02 < 0,0001 < 0,0001 0,25 0,00 0,714 8,729 < 0,0001 0,99 -2,37 -5,35 7,83 1,16 -3,38 t 20,712 < 0,0001 -0,82 0,42 -2,27 0,03 -2,51 0,02 2,95 0,01 -13,13 < 0,0001 -2,55 0,02 0,885 t 64 65 Os resultados obtidos confirmam aqueles obtidos em estudos similares anteriormente referidos que reportam uma relação negativa entre o valor de mercado das empresas e a estrutura de propriedade sobre o controle e sobre o fluxo de caixa das companhias. Entretanto, nos estudos anteriormente referidos, esta relação não tinha significância estatística, diferentemente dos resultados deste estudo, cujos resultados são estatisticamente significativos. Vale ressaltar que as variáveis propostas neste estudo, que dão ênfase à construção das variáveis independentes a partir das ações preferenciais, apresentam melhores resultados que a definição convencional (DIF1), em especial a variável DIF2 que mede apenas a diferença entre o percentual de participação dos acionistas não controladores no total de ações PN e o percentual de participação dos acionistas controladores no total de ações PN. A variável de controle para o Total do Ativo (LOG TA') também apresenta coeficiente negativo, estatisticamente significativo, em todas as regressões. A variável de controle para o Endividamento Total (TD’/TA’), por sua vez, apresenta coeficiente positivo, estatisticamente significativo, em todas as regressões. A variável de controle para o Lucro Líquido (LL/PL) só tem significância estatística quando relacionada ao PBV’. Esta estreita relação é compreensível, pois o PBV’ expressa apenas os valores das ações, aos quais o valor do lucro está mais próximo. Entretanto, o coeficiente tem sinal negativo contrariando o que seria de se esperar. O problema do resultado da relação LL / PL reside em seis empresas com sinal negativo. São empresas que tiveram prejuízo (sinal negativo) em lugar do lucro. O resultado se altera quando são retiradas as empresas negativas. Os resultados das regressões são satisfatórios, indicando relação negativa entre Valor de Mercado das Companhias (Q’ e PBV’) e a diferença entre direito de controle e direito sobre o fluxo de caixa dos acionistas (DIFs). Os resultados permitem rejeitar, ao nível de pelo menos 4%, a hipótese nula de que não existe relação entre as referidas variáveis. A comparação entre os resultados dos modelos nos leva a eleger a regressão entre Q de Tobin’ e DIF2 como o modelo que apresenta os melhores resultados, permitindo a rejeição da hipótese nula ao nível de 0,1%. Vale ressaltar que este modelo também é o que apresenta os melhores resultados para as variáveis de controle, exceção feita à variável Lucro Líquido que, como referido anteriormente, por definição, tem melhor aderência com PBV’. 66 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo deste trabalho foi orientando no sentido de verificar se a diferença entre direitos de controle (direito de voto) e direitos sobre o fluxo de caixa (direitos sobre dividendos) detidos pelos acionistas controladores, tem relação com o valor de mercado das companhias abertas brasileiras. O estudo tem por base a hipótese de que, ceteris paribus, quanto maior a diferença entre o direito de voto do acionista controlador (direito de controle) e seu direito sobre o fluxo de caixa, maior o potencial de expropriação dos minoritários e, conseqüentemente, pior a avaliação da empresa pelo mercado, resultando em menor valor corporativo. Os resultados encontrados na literatura encontram o sinal esperado na relação, porém, via de regra, não apresentam resultados estatisticamente significativos. Neste trabalho a definição das variáveis independentes redirecionou o foco da definição das variáveis para os percentuais de participação sobre as ações preferenciais. A variável que obteve melhores resultados foi a chamada DIF2, especificamente, a diferença entre o percentual de participação dos acionistas não controladores no total de ações PN e o percentual de participação dos acionistas controladores no total de ações PN. Esta variável regredida com Q de Tobin apresenta, como encontrado nas demais pesquisas, coeficiente negativo e permite a rejeição da hipótese nula ao nível de 0,1%. Cabe lembrar ainda que o presente estudo analisou a diferença de médias entre o valor de mercado das empresas que só possuem ações ON e as que possuem ON e PN. O resultado do teste não-paramétrico de Mann-Whitney permite rejeitar, ao nível de 2,4%, a hipótese de igualdade dos valores das médias das amostras quando se usa a variável PBV’. Em outras palavras, o resultado sugere que, em média, as companhias que só possuem ações do tipo ON em sua estrutura de propriedade valem mais que as companhias que possuem ambos os tipos de ações. O presente trabalho pretende contribuir para as discussões qualitativas e quantitativas sobre estrutura de propriedade e valor de mercado das empresas no Brasil. O tema, apesar de sua importância, ainda possui literatura escassa e poucos testes empíricos publicados no País. O trabalho pretende suscitar interesse nessa linha de pesquisa e seus resultados, assim como os de outros já realizados ou que venham a ser desenvolvidos, podem auxiliar na formulação de diretrizes que favoreçam o desenvolvimento de companhias com menor potencial de expropriação dos investidores, contribuindo, em última instância, para o desenvolvimento do 67 mercado de capitais brasileiro. Sugestão de Pesquisas Futuras Finalmente, numa tentativa de relacional os conceitos de estrutura de propriedade e valor, com os níveis de governança corporativa (GC) da BMF&BOVESPA, dividiu-se as 106 empresas analisadas no teste de diferença de médias do valor de PBV’ de acordo com os níveis de governança: · Empresas que não aderiram à GC: 42 · Empresas com nível 1 de GC: 14 · Empresas com nível 2: 9 · Empresas no Novo Mercado: 41 Processou-se o teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis que permite verificar se K amostras são de uma mesma população. Segundo Siegel (1975), as principais vantagens deste tipo de teste são as de que não são necessárias especificar as condições sobre os parâmetros da população da qual se extrai a amostra. Também não se exigem mensuração restritas quanto o que ocorre no caso paramétrico. Por fim, as suposições básicas feitas no caso não-paramétrico são em menores números e mais fraco quando comparadas no caso paramétrico. Os resultados do teste podem ser observados abaixo: Tabela 7 Teste Kruskal-Wallis K (Valor observado) 3,389 K (Valor crítico) 7,815 GL 3 p-valor (bilateral) 0,335 alfa 0,05 Uma aproximação foi utilizada para calcular o p-valor. Como o p-valor calculado é maior que o nível de significância alfa = 0,05, não se pode rejeitar a hipótese nula de que as amostras vêm de uma mesma população. Existem 51 empresas com DIFs = 0, ou seja, apenas com ações do tipo ON. Por outro lado, apenas 41 delas aderiram ao Novo Mercado. Supostamente, a emissão de apenas ações do tipo ON seria a restrição mais difícil de ser vencida para se aderir ao Novo Mercado. Em 68 outras palavras, aproximadamente 20% das empresas analisadas que só possuem ON não aderiram ao Novo Mercado, muito embora admita-se que esta decisão ensejaria o aumento do valor de mercado da companhia. Tais resultados sugerem que o tema ainda não foi explorado em sua totalidade e abre espaço para que novos estudos venham aprimorar o tema em questão. 69 REFERÊNCIAS ANDRADE, George; ANDRADE, Alexandre. Governança corporativa: estudos de escândalos corporativos no Brasil e no mundo. In: Simpósio de Excelência em Gestão e Tecnologia, 2., 2005, Rio de Janeiro. Anais ... Rio de Janeiro: Seget, 2005. p.21-39. ASSAF NETO, Alexandre. Finanças corporativas e valor. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 521p. BRASIL, Haroldo Vinagre; BRASIL, Haroldo Guimarães. Gestão financeira das empresas: um modelo dinâmico. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1992. 144 p. 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EasyStat Soluções Estatísticas Ltda, 2010. 1 CD-ROM. 74 APÊNDICE A - Cálculo das DIF 1, DIF 2 e DIF 3 Empresas Quant VALE 5.365.304.100 PETROBRAS OGX PETROLEO USIMINAS BMFBOVESPA Ord Pref % Ord % Pref % Pref Cont Cont ñ Cont Dif 1 Dif 2 Dif 3 (continua) 60,7 39,3 52,7 1,0 99,0 20,3 98,1 38,5 8.774.076.000 57,1 42,9 55,6 0,0 100,0 23,9 100,0 42,9 3.232.497.600 100,0 0,0 62,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 493.600.000 49,8 50,2 65,2 0,6 99,4 32,4 98,7 49,5 232.399.100 100,0 0,0 63,0 23,0 77,0 0,0 54,0 0,0 1.420.598.000 35,7 64,3 76,2 29,0 71,0 30,3 41,9 27,0 728.985.000 100,0 0,0 46,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1.096.763.000 80,9 19,1 89,9 0,0 100,0 17,2 100,0 19,1 422.950.163 100,0 0,0 35,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 2.323.481.000 100,0 0,0 59,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 HYPERMARCAS 481.201.000 100,0 0,0 57,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 REDECARD 672.970.705 100,0 0,0 50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 1.360.252.000 100,0 0,0 57,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 PDG REALT 389.878.000 100,0 0,0 28,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 MMX MINER 305.123.000 100,0 0,0 58,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 MRV 481.400.000 100,0 0,0 34,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ELETROBRAS 1.132.357.090 79,9 20,1 54,0 15,5 84,5 7,7 69,0 13,9 ALL AMER LAT GERDAU SID NACIONAL TELEBRAS CYRELA REALT JBS CIELO 3.437.511.560 36,9 63,1 66,6 21,8 78,2 28,2 56,4 35,6 TELEMAR 382.523.000 33,3 66,7 97,4 69,4 30,6 18,7 -38,7 -25,8 FIBRIA 467.934.646 100,0 0,0 29,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 P.ACUCAR-CBD 254.482.000 38,7 61,3 99,9 22,0 78,0 47,8 56,0 34,3 CEMIG 682.414.582 43,7 56,3 51,0 0,0 100,0 28,7 100,0 56,3 TAM S/A 150.585.147 33,3 66,7 100,0 24,7 75,3 50,2 50,7 33,8 -14,0 TIM PART S/A 2.475.735.000 34,1 65,9 77,1 60,7 39,4 10,9 -21,3 AMBEV 616.436.000 56,2 43,8 90,9 46,2 53,8 19,6 7,6 3,3 GOL 264.825.000 50,7 49,3 100,0 27,0 73,0 36,0 46,0 22,7 COSAN 406.200.000 100,0 0,0 62,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 CCR RODOVIAS 441.396.800 100,0 0,0 57,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ROSSI RESID 264.822.000 100,0 0,0 37,2 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 NET 342.963.601 33,4 66,6 61,4 0,8 99,2 40,4 98,3 65,5 LOJAS AMERIC 725.934.000 37,1 62,9 59,6 29,8 70,2 18,7 40,4 25,4 NATURA 430.557.212 100,0 0,0 60,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 SUZANO PAPEL 306.516.000 34,3 65,7 61,0 25,0 75,0 23,7 50,0 32,9 GERDAU MET 406.423.000 33,3 66,7 65,3 0,0 100,0 43,5 100,0 66,6 LLX LOG 692.734.277 100,0 0,0 54,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ELETROPAULO 167.343.886 39,8 60,2 77,8 8,1 91,9 42,0 83,8 50,4 VIVO 399.591.000 34,3 65,7 88,9 44,0 56,0 29,5 11,9 7,8 MARFRIG 346.983.954 100,0 0,0 40,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 DURATEX 466.699.000 100,0 0,0 49,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 COPEL 273.655.000 3,0 97,0 58,6 0,0 100,0 56,9 100,0 97,0 BROOKFIELD 433.675.000 100,0 0,0 42,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 KLABIN S/A 900.775.000 34,5 65,5 59,5 0,0 100,0 39,0 100,0 65,5 B2W VAREJO 110.194.000 100,0 0,0 55,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 ULTRAPAR 136.095.999 36,3 63,7 54,0 50,0 50,0 2,5 0,0 0,0 CESP 327.502.673 33,3 66,7 94,1 6,9 93,1 58,1 86,1 57,4 BRASIL TELEC 589.789.000 33,7 66,3 79,6 32,2 67,8 31,4 35,6 23,6 AES TIETE 381.253.493 51,8 48,2 71,4 32,3 67,7 18,8 35,3 17,0 75 Empresas Quant Ord Pref % Ord % Pref % Pref Dif 1 Dif 2 SOUZA CRUZ 305.690.100 100,0 0,0 Cont Cont ñ Cont 75,3 0,0 CPFL ENERGIA 479.911.000 100,0 0,0 69,4 LIGHT S/A 203.675.000 100,0 0,0 TRACTEBEL ECORODOVIAS 652.742.192 100,0 558.699.080 100,0 SABESP 227.836.623 ENERGIAS BR EVEN Dif 3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 52,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 68,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 100,0 0,0 50,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 158.805.204 100,0 0,0 64,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 178.730.000 100,0 0,0 62,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 MPX ENERGIA 136.692.680 100,0 0,0 68,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 BR MALLS PAR 406.277.988 100,0 0,0 59,0 36,0 64,0 0,0 28,0 0,0 PARANAPANEMA 317.676.000 100,0 0,0 24,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 TELESP 505.841.000 33,3 66,7 85,6 89,1 10,9 -2,4 -78,3 -52,2 (continua) INPAR S/A 285.309.452 100,0 0,0 70,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 PET MANGUINH 901.091.813 84,0 16,0 70,8 17,4 82,6 8,5 65,3 10,4 TRAN PAULIST 151.828.980 42,1 57,9 89,4 0,0 100,0 51,8 100,0 57,9 TELEMAR N L 238.830.987 44,8 55,2 97,4 69,4 30,6 15,4 -38,7 -21,4 UOL 120.132.310 50,0 50,0 61,7 48,0 52,0 6,8 4,0 2,0 146.000.000,00 100,0 0,0 68,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 TECNOSOLO 96.000.000 33,3 66,7 35,0 0,0 100,0 23,3 100,0 66,7 BEMATECH 51.568.270,00 100,0 0,0 20,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 GENERALSHOPP 50.480.600,00 100,0 0,0 59,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 580.705.227 33,3 66,7 59,5 0,0 100,0 39,7 100,0 66,7 GPC PART 104.424.851,00 100,0 0,0 59,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 HAGA S/A 11.900.000 33,3 66,7 72,7 0,0 100,0 48,5 100,0 66,7 FORJA TAURUS 128.234.160 33,3 66,7 86,7 0,0 100,0 57,8 100,0 66,7 ACOS VILL 4944307386 100,0 0,0 87,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 HOTEIS OTHON 183.724.120 57,0 43,0 39,0 52,0 48,0 -5,6 -4,0 -1,7 JEREISSATI 963.938.751 40,0 60,0 41,0 28,9 71,1 7,2 42,2 25,3 HELBOR 65.096.907,00 100,0 0,0 52,1 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 RENAR 80.000.000,00 100,0 0,0 59,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 8024960477 100,0 0,0 74,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 60,4 TRIUNFO PART J B DUARTE M G POLIEST COTEMINAS 116.675.291 37,3 62,7 51,4 1,8 98,2 31,1 96,4 159.008.924,00 100,0 0,0 32,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 DOC IMBITUBA 59.993.060 50,0 50,0 81,8 10,5 89,5 35,7 79,0 39,5 REDE ENERGIA 322.075.470 68,7 31,3 98,8 13,5 86,5 26,7 73,0 22,9 ESTACIO PART 82.032.167,00 100,0 0,0 36,5 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 PROVIDENCIA 82.483.132 100,0 0,0 69,6 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 TUPY 57.138.750 99,4 0,6 93,2 0,0 100,0 0,5 100,0 0,6 PORTOBELLO MARAMBAIA 12.981.001 100,0 0,0 100,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 102.584.864,00 39,3 60,7 50,2 0,5 99,5 30,2 99,0 60,1 BOMBRIL 54.064.588 37,0 63,0 86,7 86,7 13,3 0,0 -73,4 -46,3 TRISUL 81.798.769 100,0 0,0 57,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 MUNDIAL 47.401.013 52,0 48,0 81,8 3,2 96,9 37,8 93,7 45,0 BATTISTELLA 149.677.728 33,3 66,7 58,6 59,8 40,2 -0,8 -19,6 -13,1 COBRASMA CAMBUCI 36.960.000 33,6 66,4 37,6 0,0 100,0 25,0 100,0 66,4 133.343.242,00 100,0 0,0 60,8 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 51.279.148 35,9 64,1 76,4 47,7 52,3 18,4 4,6 2,9 JOAO FORTES 100.000.000,00 100,0 0,0 59,9 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 AES ELPA 95.061.053,00 100,0 0,0 98,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 CR2 46.136.250,00 100,0 0,0 61,0 25,0 75,0 0,0 50,0 0,0 DIRECIONAL RECRUSUL 76 Empresas Quant Ord Pref % Ord % Pref % Pref Dif 1 Dif 2 86.500.000,00 100,0 0,0 Cont Cont ñ Cont 38,7 0,0 0,0 0,0 0,0 36.947.084 38,8 61,2 97,6 0,0 0,2 99,8 59,6 99,5 60,9 BRASMOTOR 2.864.444.110 34,4 65,6 55,1 89,8 10,2 -22,8 -79,6 -52,2 ENERGISA 1.099.857.555 47,6 38.359.763 33,3 52,4 71,7 0,1 99,9 37,5 99,8 52,3 66,7 84,6 2,0 98,0 55,1 96,0 59.500.000,00 64,0 100,0 0,0 46,7 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 MANGELS INDL PRONOR 17.349.638 37,7 62,3 99,9 0,0 100,0 62,2 100,0 62,3 46.101.528 40,7 59,3 57,7 38,5 61,5 11,4 23,1 METALFRIO 13,7 41.439.330 100,0 0,0 61,0 25,0 75,0 0,0 50,0 0,0 MILLENNIUM 2.321.499.770 35,0 65,0 99,0 0,0 100,0 64,4 100,0 65,0 WHIRLPOOL 1.502.786.006 68,5 31,5 49,9 50,9 49,1 -0,3 -1,9 -0,6 SCHULZ 12.763.385 42,7 57,3 99,7 24,5 75,5 43,1 51,1 29,3 GRAZZIOTIN 21.624.525 40,5 59,5 62,5 14,2 85,8 28,7 71,5 42,5 KARSTEN 14.406.147 42,5 57,5 81,6 6,0 94,0 43,5 87,9 50,6 ACO ALTONA 2.250.000 43,3 56,7 93,1 35,6 64,5 32,6 28,9 16,4 CYRE COM-CCP EMAE TEKA SAO CARLOS BHG Dif 3 (conclusão) 36.472.160 100,0 0,0 50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 25.391.599.864 36,3 63,7 61,0 25,0 75,0 22,9 50,0 31,8 BRASILAGRO 58.422.400 100,0 0,0 46,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 DTCOM DIRECT 50.959.146 93,6 6,4 93,1 85,8 14,2 0,5 -71,6 -4,6 BOTUCATU EMBRATEL PART 1050508959049 51,8 48,2 98,1 98,0 2,0 0,1 -95,9 -46,2 GUARARAPES 62.400.000 50,0 50,0 75,8 88,1 11,9 -6,2 -76,2 -38,1 HERCULES 15.300.000 33,6 66,4 72,1 0,0 100,0 47,9 100,0 66,4 14,7 PRO METALURG 72.409.994.474 85,3 14,7 96,8 0,0 100,0 14,3 100,0 PROFARMA 33.233.905 100,0 0,0 57,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 SANSUY 19.291.122 34,4 65,6 73,9 34,8 65,2 25,7 30,4 19,9 SANTANENSE 39.299.130 96,8 3,2 88,7 0,0 100,0 2,8 100,0 3,2 SULTEPA 12.600.000 59,4 40,6 87,8 0,5 99,5 35,4 99,0 40,1 TEKNO 2.634.904 53,8 46,2 74,5 56,6 43,4 8,3 -13,2 -6,1 77 APENDICE B - Regressão TOBIN’ DIF 1 Fonte Intercepto DIF 1 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil-0 Quartil-1 Set A&B-0 Set A&B-1 Set Com-0 Set Com-1 Set Cons-0 Set Cons-1 Set EL EL-0 Set EL EL-1 Set Em El-0 Set Em El-1 Set Min-0 Set Min-1 Set Out-0 Set Out-1 Set P&C-0 Set P&C-1 Set Quim-0 Set Quim-1 Set S&M-0 Set S&M-1 Set S&D-0 Set S&D-1 Set Tel-0 Set Tel-1 Set Text-0 Set Text-1 Set T&S-0 Set T&S-1 Set V&P-0 Set V&P-1 NC P-0 NC P-1 NC E-0 NC E-1 Valor 19,71 -0,03 -1,90 0,83 0,12 -2,57 0,00 -0,60 0,00 -0,49 0,00 0,21 0,00 -0,39 0,00 -0,59 0,00 -2,60 0,00 -0,94 0,00 0,38 0,00 0,57 0,00 -0,34 0,00 -0,02 0,00 -0,32 0,00 0,70 0,00 0,20 0,00 -0,06 0,00 0,74 0,00 0,00 0,00 Erro padrão 19,90 0,01 0,36 0,11 0,10 0,76 0,00 1,86 0,00 1,69 0,00 2,31 0,00 2,01 0,00 1,43 0,00 2,26 0,00 1,58 0,00 1,84 0,00 1,58 0,00 1,53 0,00 2,30 0,00 1,45 0,00 1,67 0,00 1,64 0,00 1,78 0,00 0,91 0,00 0,00 0,00 t 0,99 -2,37 -5,35 7,83 1,16 -3,38 Pr > |t| 0,33 0,02 < 0,0001 < 0,0001 0,25 0,00 -0,32 0,75 -0,29 0,78 0,09 0,93 -0,19 0,85 -0,41 0,68 -1,15 0,26 -0,60 0,55 0,20 0,84 0,36 0,72 -0,22 0,82 -0,01 0,99 -0,22 0,83 0,42 0,68 0,12 0,90 -0,04 0,97 0,82 0,42 78 APÊNDICE C - Regressão TOBIN’ DIF 2 Fonte Intercepto DIF 2 Valor 12,53 -0,02 Erro padrão 18,67 0,00 t 0,67 -3,43 LOG TA' -1,87 0,34 -5,58 TD'/TA' LL/PL Quartil-0 Quartil-1 Set A&B-0 Set A&B-1 Set Com-0 Set Com-1 Set Cons-0 Set Cons-1 Set EL EL-0 Set EL EL-1 Set Em El-0 Set Em El-1 Set Min-0 Set Min-1 Set Out-0 Set Out-1 Set P&C-0 Set P&C-1 Set Quim-0 Set Quim-1 Set S&M-0 Set S&M-1 Set S&D-0 Set S&D-1 Set Tel-0 Set Tel-1 Set Text-0 Set Text-1 Set T&S-0 Set T&S-1 Set V&P-0 Set V&P-1 NC P-0 NC P-1 NC E-0 NC E-1 0,85 0,13 -2,74 0,00 0,00 0,00 0,12 0,00 0,17 0,00 0,68 0,00 0,09 0,00 -2,92 0,00 -0,56 0,00 0,79 0,00 1,06 0,00 0,28 0,00 0,51 0,00 1,07 0,00 0,71 0,00 1,07 0,00 0,15 0,00 1,17 0,00 0,00 0,00 0,10 0,10 0,72 0,00 1,74 0,00 1,58 0,00 2,17 0,00 1,95 0,00 1,32 0,00 2,14 0,00 1,50 0,00 1,72 0,00 1,50 0,00 1,40 0,00 2,18 0,00 1,42 0,00 1,57 0,00 1,51 0,00 1,67 0,00 0,87 0,00 0,00 0,00 8,47 1,36 -3,82 Pr > |t| 0,51 0,00 < 0,0001 < 0,0001 0,18 0,00 0,00 1,00 0,08 0,94 0,08 0,94 0,35 0,73 0,07 0,94 -1,36 0,18 -0,37 0,71 0,46 0,65 0,70 0,49 0,20 0,84 0,23 0,82 0,75 0,45 0,45 0,65 0,71 0,48 0,09 0,93 1,34 0,19 79 APÊNDICE D - Regressão TOBIN’ DIF 3 Fonte Intercepto DIF 3 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil-0 Quartil-1 Set A&B-0 Set A&B-1 Set Com-0 Set Com-1 Set Cons-0 Set Cons-1 Set EL EL-0 Set EL EL-1 Set Em El-0 Set Em El-1 Set Min-0 Set Min-1 Set Out-0 Set Out-1 Set P&C-0 Set P&C-1 Set Quim-0 Set Quim-1 Set S&M-0 Set S&M-1 Set S&D-0 Set S&D-1 Set Tel-0 Set Tel-1 Set Text-0 Set Text-1 Set T&S-0 Set T&S-1 Set V&P-0 Set V&P-1 NC P-0 NC P-1 NC E-0 NC E-1 Valor 19,20 -0,02 -1,91 0,85 0,13 -2,76 0,00 -0,62 0,00 -0,43 0,00 0,19 0,00 -0,12 0,00 -0,42 0,00 -2,95 0,00 -1,34 0,00 0,17 0,00 0,53 0,00 -0,24 0,00 -0,12 0,00 0,45 0,00 0,40 0,00 0,57 0,00 0,11 0,00 1,05 0,00 0,00 0,00 Erro padrão 19,44 0,01 0,35 0,10 0,10 0,75 0,00 1,82 0,00 1,65 0,00 2,26 0,00 1,98 0,00 1,39 0,00 2,23 0,00 1,56 0,00 1,81 0,00 1,55 0,00 1,48 0,00 2,25 0,00 1,44 0,00 1,64 0,00 1,58 0,00 1,74 0,00 0,90 0,00 0,00 0,00 t 0,99 -2,78 -5,49 8,13 1,26 -3,70 Pr > |t| 0,33 0,01 < 0,0001 < 0,0001 0,21 0,00 -0,34 0,74 -0,26 0,79 0,08 0,93 -0,06 0,95 -0,30 0,76 -1,33 0,19 -0,86 0,39 0,09 0,93 0,34 0,73 -0,16 0,87 -0,05 0,96 0,31 0,76 0,24 0,81 0,36 0,72 0,07 0,95 1,16 0,25 80 APÊNDICE E - Regressão PBV’ DIF 1 Fonte Intercepto DIF 1 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil-0 Quartil-1 Set A&B-0 Set A&B-1 Set Com-0 Set Com-1 Set Cons-0 Set Cons-1 Set EL EL-0 Set EL EL-1 Set Em El-0 Set Em El-1 Set Min-0 Set Min-1 Set Out-0 Set Out-1 Set P&C-0 Set P&C-1 Set Quim-0 Set Quim-1 Set S&M-0 Set S&M-1 Set S&D-0 Set S&D-1 Set Tel-0 Set Tel-1 Set Text-0 Set Text-1 Set T&S-0 Set T&S-1 Set V&P-0 Set V&P-1 NC P-0 NC P-1 NC E-0 NC E-1 Valor -44,65 -0,07 -2,65 6,91 -2,68 -4,43 0,00 5,08 0,00 -0,97 0,00 7,89 0,00 0,72 0,00 2,32 0,00 2,52 0,00 6,46 0,00 7,46 0,00 6,75 0,00 5,25 0,00 4,23 0,00 6,47 0,00 5,02 0,00 5,72 0,00 5,74 0,00 -2,50 0,00 0,00 0,00 Erro padrão 54,62 0,03 1,06 2,34 0,20 1,74 0,00 4,77 0,00 4,64 0,00 5,29 0,00 4,63 0,00 3,78 0,00 5,14 0,00 4,49 0,00 4,72 0,00 4,48 0,00 4,29 0,00 5,43 0,00 4,19 0,00 4,51 0,00 4,53 0,00 4,76 0,00 2,20 0,00 0,00 0,00 t -0,82 -2,27 -2,51 2,95 -13,13 -2,55 Pr > |t| 0,42 0,03 0,02 0,01 < 0,0001 0,02 1,07 0,29 -0,21 0,84 1,49 0,15 0,16 0,88 0,61 0,54 0,49 0,63 1,44 0,16 1,58 0,12 1,51 0,14 1,22 0,23 0,78 0,44 1,54 0,13 1,11 0,27 1,26 0,21 1,21 0,24 -1,14 0,26 81 APÊNDICE F - Regressão PBV’ DIF 2 Fonte Intercepto DIF 2 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil-0 Quartil-1 Set A&B-0 Set A&B-1 Set Com-0 Set Com-1 Set Cons-0 Set Cons-1 Set EL EL-0 Set EL EL-1 Set Em El-0 Set Em El-1 Set Min-0 Set Min-1 Set Out-0 Set Out-1 Set P&C-0 Set P&C-1 Set Quim-0 Set Quim-1 Set S&M-0 Set S&M-1 Set S&D-0 Set S&D-1 Set Tel-0 Set Tel-1 Set Text-0 Set Text-1 Set T&S-0 Set T&S-1 Set V&P-0 Set V&P-1 NC P-0 NC P-1 NC E-0 NC E-1 Valor -63,45 -0,04 -2,60 8,11 -2,63 -4,59 0,00 6,66 0,00 0,79 0,00 8,53 0,00 2,61 0,00 3,68 0,00 2,04 0,00 6,94 0,00 8,77 0,00 7,58 0,00 6,77 0,00 5,59 0,00 10,19 0,00 5,54 0,00 8,42 0,00 6,13 0,00 -2,30 0,00 0,00 0,00 Erro padrão 52,86 0,01 1,00 2,31 0,20 1,67 0,00 4,62 0,00 4,50 0,00 5,09 0,00 4,60 0,00 3,63 0,00 4,95 0,00 4,32 0,00 4,55 0,00 4,33 0,00 4,12 0,00 5,28 0,00 4,28 0,00 4,35 0,00 4,39 0,00 4,59 0,00 2,12 0,00 0,00 0,00 t -1,20 -2,87 -2,60 3,51 -13,31 -2,74 Pr > |t| 0,24 0,01 0,01 0,00 < 0,0001 0,01 1,44 0,16 0,17 0,86 1,67 0,10 0,57 0,57 1,01 0,32 0,41 0,68 1,61 0,12 1,93 0,06 1,75 0,09 1,64 0,11 1,06 0,30 2,38 0,02 1,27 0,21 1,92 0,06 1,34 0,19 -1,09 0,29 82 APÊNDICE G - Regressão PBV’ DIF 3 Fonte Intercepto DIF 3 LOG TA' TD'/TA' LL/PL Quartil-0 Quartil-1 Set A&B-0 Set A&B-1 Set Com-0 Set Com-1 Set Cons-0 Set Cons-1 Set EL EL-0 Set EL EL-1 Set Em El-0 Set Em El-1 Set Min-0 Set Min-1 Set Out-0 Set Out-1 Set P&C-0 Set P&C-1 Set Quim-0 Set Quim-1 Set S&M-0 Set S&M-1 Set S&D-0 Set S&D-1 Set Tel-0 Set Tel-1 Set Text-0 Set Text-1 Set T&S-0 Set T&S-1 Set V&P-0 Set V&P-1 NC P-0 NC P-1 NC E-0 NC E-1 Valor -49,03 -0,05 -2,72 7,72 -2,66 -4,71 0,00 5,34 0,00 -0,47 0,00 8,44 0,00 1,08 0,00 2,89 0,00 1,96 0,00 5,65 0,00 7,46 0,00 6,53 0,00 5,71 0,00 4,10 0,00 8,18 0,00 4,79 0,00 7,08 0,00 6,41 0,00 -2,04 0,00 0,00 0,00 Erro padrão 54,79 0,02 1,07 2,40 0,21 1,76 0,00 4,78 0,00 4,66 0,00 5,31 0,00 4,71 0,00 3,78 0,00 5,17 0,00 4,51 0,00 4,73 0,00 4,49 0,00 4,29 0,00 5,44 0,00 4,31 0,00 4,52 0,00 4,54 0,00 4,80 0,00 2,26 0,00 0,00 0,00 t -0,89 -2,22 -2,55 3,21 -12,85 -2,68 Pr > |t| 0,38 0,03 0,02 0,00 < 0,0001 0,01 1,12 0,27 -0,10 0,92 1,59 0,12 0,23 0,82 0,76 0,45 0,38 0,71 1,25 0,22 1,58 0,12 1,45 0,16 1,33 0,19 0,75 0,46 1,90 0,07 1,06 0,30 1,56 0,13 1,34 0,19 -0,90 0,37