Revista Tema
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ENTREVISTA Carlos Antônio Farache, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Processaento de Dados - Abep. CERTIFICAÇÃO DIGITAL FHC transmite cargo ao primeiro presidente brasileiro eleito no século XXI. Cartão Digital se integra à transição como símbolo de uma nova era. PINGÜIM DOS PAMPAS Software Livre: Serpro faz acordo com o governo do Rio Grande do Sul. Do Editor Expediente BALANÇO SERPRO Tema faz balanço das conquistas da Empresa e de seus clientes. História Gestão Finanças Tributos Cartas Fale Conosco Edições Anteriores DOSSIÊ Serpro é Nível 2 em CMM ARTICULISTAS Luis Alfredo Alves Correa: Obrasnet, o controle social das obras públicas Renata Vilhena: O Pregão Eletrônico e as compras governamentais Sérgio Peixoto Mendes: Fuja do Labirinto do editor Balanço de fim-de-ano. Tão tradicional quanto as festas natalinas é a avaliação anual que as empresas fazem das suas atividades. A Revista Tema inicia nesta edição uma verdadeira prestação de contas do Serpro aos seus clientes, fornecedores, empregados e aos contribuintes. Não é, porém, um balanço no sentido estrito da palavra, mas uma descrição dos produtos e serviços que a Empresa tem colocado à disposição da sociedade brasileira, assim como de sua trajetória. Nos próximos números o leitor vai entender por que a evolução da tecnologia da informação e do Serpro se confundem numa só história. Este final de ano é especial. Na festa de renovação da paz e do espírito, comemorada universalmente, o Brasil faz sua transição – a mais tranqüila já registrada na democracia republicana. A Revista Tema comemora ao seu jeito e brinda o leitor com uma matéria diferente de todas que registram o momento histórico, pois a tecnologia da informação também é protagonista da festa. No próximo dia 1º de janeiro, além da faixa, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva recebe, do presidente Fernando Henrique Cardoso, o cartão digital privativo do cargo. Pouca gente sabe, mas a assinatura eletrônica do presidente permite que todos os documentos oficiais circulem na Esplanada dos Ministérios de forma eletrônica. O avanço tecnológico aposenta, assim, um dos mais importantes símbolos do poder: a caneta presidencial. O software livre, capa de nossa última edição e um dos assuntos mais palpitantes tratados nesta revista, volta com destaque para registrar o acordo firmado entre o Serpro e o governo do Rio Grande do Sul. A notícia pouco surpreende por envolver duas das mais engajadas entidades defensoras da implantação do software livre na administração pública. Como fim-de-ano também é renovação, a Tema amplia a sua equipe de articulistas. Nesta edição os convidados são Luís Alfredo Alves Correia, Renata Vilhena e Sérgio Peixoto Mendes. Boa Leitura! Ana Lúcia Carvalho Ana Lúcia Carvallho Editora-executiva [email protected] expediente REVISTA TEMA - A revista do Serpro ano XXVII - nº 164 - dezembro 2002 A revista não se responsabiliza por matérias assinada. As matérias podem ser reproduzidas, desde que mencionada a fonte. Diretor Presidente Wolney Mendes Martins Diretor Superintendente Gilson de Oliveira Lariú Diretores Carlos Luiz Moreira de Oliveira Celso Luiz Barreto dos Santos José Henrique Santos Portugal Kleber Campos Rodrigues Filho Conselho Diretor Luiz Tacca Júnior (Presidente) Tarcisio José Massote de Godoy Gildenora Batista Dantas Milhomem Lytha Battiston Spíndola Luiz Antônio de Souza Cordeiro Wolney Mendes Martins Conselho Fiscal Marco Aurélio de Alencar Lima Paulo Henrique Feijó da Silva Ricardo Mendonça Cardoso Conselho Editorial José Alberto Carneiro Cadais Kleber Campos Rodrigues Filho Luiz Gustavo Loyola dos Santos Raimundo Nonato da Costa Roberto da Silva Plá Endereço Sede: SGAN, Q. 601, Mód. V CEP: 70836-900 - Brasília / DF Fones: (61) 411-8180 / 411-8181 Fax: 411-8531 cartas . Toda vez que termino de ler a Revista Tema, sinto-me orgulhoso de ser servidor público. Orgulhoso porque somos agentes do estado, que se concretiza através de nossas ações, atitudes estas que devem objetivar a melhoria de vida dos brasileiros que são os nossos financiadores últimos. Nesta perspectiva, a missão institucional do Serpro é fundamental, haja vista as ferramentas desenvolvidas para gestão dos serviços públicos e o acesso da população a esses serviços, ponto culminante da chamada e-democracia, cujo debate e disseminação encontra na Revista Tema um espaço capital. Dada esta importância, gostaria de saber como poderíamos adquirir assinatura da revista, para compor o acervo da Biblioteca Ernesto Cruz, e fundamentalmente ser mais um multiplicador dos assuntos aqui abordados. Parabéns e sucesso! Raimundo Nonato dos Santos Cardoso – Brasília – DF Por ocasião de uma reunião que nós membros da SBGC (Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento) edição Centro-Oeste, com representantes do Serpro, CAIXA, Banco do Brasil, Prodasen, Politec, entre outros, realizamos, tive acesso a um exemplar da Revista Tema. Fiquei impressionado com a qualidade do conteúdo da mesma, envolvendo temas atuais e pertinentes ao segmento de TI de um modo geral. Como Assessor de Tecnologia da Diretoria da Politec, preciso estar sempre atualizado em relação às tendências do mercado. E identifiquei na revista mais uma preciosa fonte de informações. Freud Oliveira – Brasília-DF Gostei muito dos assuntos tratados na Revista Tema, altamente informativa e muito útil para qualquer profissional. Sou economista e gostaria de receber a revista. William Paulo Martins - Recife/PE Tive acesso a Revista Tema e adorei o conteúdo. As informações e as matérias são atuais e possibilitam um maior conhecimento e melhor preparação na área da informática. Por meio dela poderei estar mais atualizado com o mundo digital e melhorar o meu desempenho em meu trabalho. José Gilson Andrade da Silva – Crato - CE Quero parabenizar pelo excelente trabalho, e abordagens que a Revista Tema tem apresentado. As matérias têm ajudado tanto no conhecimento como fonte de pesquisa para trabalhos de faculdade e pósgraduação. Roseli Dias Barbosa Farias e outros Brasília - DF A partir do conhecimento do conteúdo da Revista Tema, gostaria imensamente de ser premiado com o recebimento de exemplares sempre que produzidos. O meu inte-resse se deu em função da qualidade dos assuntos abordados, que com certeza é de grande valia para agregar conhecimentos. João Moscoso Meireles – Salvador – BA Sou funcionário da Cia. de Eletricidade do Paraná – Celepar. Li a Revista Tema e me interessei pela possibilidade de contar com o recebimento da mesma, em interesse de minhas atividades e de outras que exerço externamente, assim como para meus dois dependentes universitários. Ciro Ribeiro Martins - Curitiba Mais uma vez quero parabenizar a toda equipe do Serpro pela alta qualidade da Revista Tema. Cada vez que folheio uma edição, sinto que estou tendo acesso as mais atualizadas informações em tecnologia da informação. Marcelo Malhures – Recife – PE Como já comentei pelo telefone, parabéns pela revista. Atuo como consultor de Marketing e Vendas da Softsul, entidade que congrega mais de 140 empresas de TI do Rio Grande do Sul. Meu objetivo em receber esta revista é o de permanentemente manter-me atualizado com as novidades do Serpro. Marcus de Azevedo e Souza - Porto Alegre – RS Fiquei muito orgulhoso ao ver o software livre na capa da Revista Tema (edição 163). Como usuário e como cidadão. Há muito sou adepto do linux, o maior exemplo que software livre não é mais um movimento de apaixonados pela tecnologia da informação, mas uma nova realidade do mercado. Estou feliz em saber que esta já é uma realidade da informática no Brasil. Como cidadão considero acertada a decisão de órgãos públicos investirem no software livre, o que demonstra respeito e apreço pelos recursos públicos. Espero que a Revista Tema sempre tenha este assunto em pauta. Sérgio Condé – Cuiabá – MT Leitor da Tema há mais de cinco anos, gostaria de parabenizar pelo prêmio recebido. Ao considerá-la a melhor revista corporativa, o que a Aberje fez, na realidade, foi expressar o sentimento de todos os seus leitores. Toda a equipe responsável pela sua edição merece nosso reconhecimento e respeito profissional. Parabéns! Maurício Machado - Belem - PA edições anteriores nº 163 nº 162 nº 161 nº 160 nº 159 nº 157 nº 158 nº 156 entrevista DIVULGAR É PRECISO Reconhecido internacionalmente, o governo eletrônico mostrou que santo de casa também faz milagres. Agora a homenagem vem da Associação Brasileira de Empresas Estaduais de Processamento de Dados – Abep, que premiou, no início de dezembro, as melhores iniciativas de e-Gov. Nesta entrevista, o presidente da entidade diz que é importante divulgar iniciativas que colocam a tecnologia a serviço da relação entre governo e cidadão. Farache é engenheiro formado pela Universidade Federal de Pernambuco com vasta experiência em gestão e administração de empresas. É consultor de empresas e já dirigiu a Companhia de Transportes Urbanos do Recife – CTU. Atualmente, preside a Empresa de Fomento da Informática de Pernambuco - Fisepe. Está exercendo o segundo mandato de Presidente da Associação Brasileira de Empresas Estaduais de Processamento de Dados, que congrega 26 entidades estaduais responsáveis pela informática dos governos estaduais. Como surgiu a idéia de criar um Prêmio e-Gov? A ABEP tem o e-Gov como sua principal área de interesse estratégico e de atuação. Acreditamos que só o uso intensivo das Tecnologias da Informação e Comunicação podem viabilizar o desafio crescente de todos os níveis de governo de prestar cada dia mais e melhores serviços aos cidadãos e aumentar a produtividade das atividades governamentais, tendo a disposição recursos cada vez mais escassos. Desta forma temos acompanhado e estimulado as iniciativas de eGov, criando inclusive o Fórum de Governo Eletrônico e agora o I Prêmio Excelência em Governo Eletrônico. Este último em parceria com a Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro e a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Esta foi a maneira que encontramos para divulgar e incentivar as iniciativas de governo eletrônico, desenvolvidas em vários estados brasileiros, que apontam para a melhoria continuada dos níveis de transparência e comunicação entre a administração pública e os cidadãos. Quais foram os critérios para avaliar as iniciativas concorrentes ao prêmio? Os critérios utilizados foram abrangentes e fundamentaram-se em padrões internacionais, em especial naqueles observados pela Nielsen e pela ASPA, organismo da Organização das Nações Unidas. O fator inovação também foi considerado com peso diferencial. Tivemos então cinco meta-critérios, desdobrados em diversos fatores: abrangência do serviço de e-gov, relevância de presença em setores críticos, usabilidade e navegação, conteúdo e inovação em processos. Qual é o papel das empresas estaduais no fomento à informática? As empresas e órgãos estaduais responsáveis pela informática de governo estão se ajustando as exigências do Governo Eletrônico. Estão deixando cada vez mais de ser "birôs de serviços" dos estados para se transformarem nas principais fomentadoras/coordenadoras e nas grandes provedoras da infra-estrutura tecnológica para suportar o desenvolvimento do e-Gov. Como a Associação avalia o Programa Governo Eletrônico? O Governo Eletrônico é um processo que tem avançado muito no nosso país nos últimos anos, mas que ainda tem muito que crescer principalmente na ampliação da quantidade de cidadãos atendidos e/ou com acesso aos serviços e benefícios desta nova forma de governar. E aí são de fundamental importância os programas de inclusão digital, com o objetivo de preparar todos os cidadãos para utilizar e prover os pontos de acesso necessários à universalização destes serviços e benefícios. Quais são as principais conquistas do governo eletrônico? São duas as principais conquistas do nosso ponto de vista. Primeira: a constatação de que o uso das Tecnologias da Informação e Comunicação nos processos governamentais vai além da automatização pura e simplesmente, enriquece e transforma estes processos na medida que permite não só a otimização, mas principalmente a interação entre governo e cidadão. Segunda: todo cidadão tem direito e pode se beneficiar dos ganhos deste processo, independentemente do lugar onde vive e da sua condição sócio-cultural, e neste aspecto gosto de citar o processo eleitoral brasileiro, que desmistificou o uso destas tecnologias pela imensa maioria de pessoas sem qualquer escolaridade e espalhadas nos mais longínquos recantos do país. 0 que é preciso fazer para que as iniciativas de governo eletrônico alcancem maciçamente os municípios brasileiros? O principal desafio é a ampliação da quantidade de cidadãos atendidos, com acesso aos serviços e benefícios desta nova forma de governar. Precisamos aumentar em escala exponencial os programas de inclusão digital e instalar centros e quiosques em todos os recantos do país. Precisamos acelerar estes programas. A Abep acredita que as ações de governo eletrônico terão continuidade no novo Governo? Não tenho dúvida de que as ações de Governo Eletrônico terão continuidade no próximo governo; primeiro, como já disse acima, esta é a única maneira de prestar cada dia mais e melhores serviços aos cidadãos e aumentar a produtividade das atividades governamentais, e segundo, porque o Partido dos Trabalhadores tem experiência e quadros competentes que conhecem e vêm desenvolvendo projetos importantes de Governo Eletrônico. E aí não posso deixar de destacar, duas das nossas associadas, a Prodej, empresa estadual do Rio de Janeiro e a Procergs, do Rio Grande do Sul, ambas destaques no âmbito estadual brasileiro, no que diz respeito ao Governo Eletrônico. Quem tem medo de software livre? Pelo menos, ninguém deveria ter medo do software livre, uma tecnologia que veio para ficar, pelos benefícios que traz para um grande número de aplicações e situações. Também não se trata de uma ideologia e muito menos de uma paixão equivalente àquelas que costumamos ter em relação aos nossos times de futebol. Acho que o surgimento do software livre ilustra o potencial do uso da internet na ge- ração e distribuição da produção cultural de maneira geral. Não só os softwares passam por uma transformação revolucionária. Jamais voltarão a ser produzidos e distribuídos como antes, assim como# os textos, as músicas, as pesquisas científicas, na medida que passam a contar com um instrumento que tem a amplitude do mundo. << VOLTAR certificação digital A FAIXA E O CARTÃO Tecnologia da Informação quebra uma tradição da República: a famosa caneta presidencial é, agora, um cartão magnético que autoriza eletronicamente a publicação dos atos do Poder Executivo no Diário Oficial. Um novo ritual poderá ser incorporado à cerimônia de posse do Presidente da República no dia 1º de janeiro de 2003. Além de receber a simbólica faixa do presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente eleito Luís Inácio Lula da Silva deverá colocar no bolso o cartão eletrônico Nº 0001/2003, emitido pela Autoridade Certificadora da Presidência da República - AC-PR. Durante a cerimônia de posse, Lula deverá seguir a tradição e usar uma caneta para autografar o documento de registro do ato. Mas a partir dali, o cartão eletrônico será a "caneta" que o presidente usará para assinar documentos oficiais como os decretos de nomeação dos ministros, secretários-executivos e consultores jurídicos dos Ministérios, que também receberão seus cartões. Desde janeiro de 2001, a Casa Civil da Presidência da República só recebe as exposições de motivos dirigidas ao Presidente da República, projetos de lei originados no Executivo, medidas provisórias, decretos e avisos ministeriais remetidos e assinados eletronicamente. A transmissão dos documentos pelas autoridades competentes é feita por um sistema que garante a segurança, autenticidade, integridade, irretratabilidade ou irrecusabilidade da informação, de acordo com o Decreto n° 3.714, de 03 de janeiro de 2001, com o Decreto n° 3.779 de 23 de março de 2001 e o Decreto 4.176 de 28 de março de 2002. Esses decretos regulam a criação e transmissão de documentos eletrônicos oficiais de acordo com as normas da Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira, ICPBrasil, cujo órgão executor é o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, da Casa Civil da Presidência da República. Essa estrutura é formada por um conjunto de políticas e regras de certificados para o uso da assinatura digital em larga escala no país. O propósito principal da ICP-Brasil é normatizar a gestão das chaves e dos certificados para uso em criptografia e assinatura digital pelas Autoridades Certificadoras. O certificado digital contido no cartão inteligente do presidente é "uma carteira de identidade digital" a ser utilizada nos processos de identificação pela rede, assinatura digital e para criptografia de documentos em forma eletrônica. Para o envio de documentos assinados e criptografados, foi elaborada pelo Serpro uma aplicação com esta finalidade, que está em operação desde janeiro de 2001. A ferramenta dá certeza sobre a autoria dos documentos assinados. Ou seja, ela certifica quem está do outro lado e em outro computador, dando mais segurança para as operações e transações em redes de computadores. No caso do presidente, o uso do cartão garante ao Diário Oficial que um decreto foi gerado e partiu mesmo da sua máquina no Planalto. No início desse sistema, cada Ministério criou uma caixa postal específica para recepcionar e expedir os documentos, contendo dispositivos de segurança para impedir a supressão ou a alteração dos documentos a serem remetidos ou recebidos. A recepção dos documentos oficiais era confirmada mediante aviso de recebimento eletrônico. Se houvesse necessidade de reprodução de documento em outro meio que não fosse o eletrônico, o servidor responsável certificaria a autenticidade da cópia ou reprodução. Sem a eletrônica e o sistema de certificação, o jeito seria imprimir a papelada, que deveria tramitar fisicamente dentro de um Ministério até sua versão definitiva. Fora do meio eletrônico, no final do processo seria preciso seguir uma série de protocolos antes de chamar o contínuo, preparar o malote, esperar o carro e tocar para o Diário Oficial. Lá tudo seria protocolado, distribuído, lido, digitado, impresso, revisado, impresso novamente, revisado mais uma vez e paginado, antes de finalmente ser publicado em papel. A utilização do meio eletrônico para circulação de documentos entre Ministérios e a Presidência da República elimina tudo isso, além de aumentar a segurança, reduzir custos e oferecer mais mobilidade aos ministros na assinatura dos documentos. Na prática, o presidente poderia acionar o Diário Oficial pelo seu laptop. Felizmente, desde outubro do ano passado o envio de dados para a Imprensa Nacional é sempre feito de forma eletrônica. Atualmente, o procedimento de tramitação de documentos no Executivo, envolvendo a Presidência da República, não se utiliza mais de caixas postais. O sistema permite aos usuários verificarem a procedência, autoria e integridade de um documento eletrônico, além de garantir o trânsito seguro pela rede. O sistema é dotado de ferramentas de workflow e de gestão eletrônica de documentos, onde o cartão inteligente é peça chave. Os membros da cúpula do Governo Lula deverão receber cartões inteligentes ainda na primeira semana de janeiro de 2003. A certificação em massa da nova equipe presidencial é organizada pela Autoridade Certificadora da Presidência da República (AC-PR), com apoio da Unidade Corporativa de Segurança do Serpro e da Unidade de Negócios encarregada de atender a Presidência da República. O Serpro, a Casa Civil da Presidência da República, o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - ITI e a Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação - SLTI do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão montaram uma força-tarefa que será responsável por garantir treinamento, equipamento e cartões inteligentes com os respectivos certificados digitais ao primeiro escalão da nova administração, além de revogar os cartões da atual administração no menor tempo possível. "Os órgãos envolvidos com a certificação digital foram adequadamente preparados para tomar as providências cabíveis a tempo e a hora, de forma a sincronizar a revogação ou emissão dos certificados à medida em que as autoridades sejam exoneradas ou nomeadas em 2003", explica Gilberto de Oliveira Netto, coordenador da Unidade Corporativa de Segurança do Serpro. Ou seja, o cartão do pre-sidente Fernando Henrique será revogado simultaneamente à posse e à emissão do cartão do presidente eleito. Entretanto, antes de receber o cartão cada pessoa deve se apresentar à uma Autoridade de Registro da Autoridade Certificadora da Presidência da República, além de mostrar documentos e cumprir uma série de procedimentos de identificação, descritos na Política de Certificados da AC-PR. O cartão do Presidente da República é o que possui o maior nível de segurança atualmente em uso pela ICP-Brasil, Nível 4. O trabalho da força-tarefa, portanto, foi o de preparar a estratégia para identificar e certificar rapidamente o primeiro escalão da nova administração do país. Para isso, equipes de certificação da AC-PR e Serpro, que possuem grande experiência nesta atividade, foram mobilizadas para ir a cada Ministério e certificar os ministros e auxiliares que podem fazer uso do cartão. Durante a administração do presidente Fernando Henrique, a AC/PR emitiu cerca de 400 certificados digitais. A certificação de ministros de Estado, secretários - executivos e consultores jurídicos de todos os Ministérios para o envio eletrônico de documentos para a Casa Civil da Presidência da República, com a emissão de cartões inteligentes, foi o primeiro projeto do Serpro nessa área. "Depois iniciamos a certificação de nossos empregados, com mais de 5000 certificados emitidos", explica Gilberto de Oliveira. Mas só entregar o cartão não seria o suficiente. "O objetivo da força-tarefa é familiarizar os novos administradores com esse aspecto do Governo Eletrônico. Sem o cartão inteligente com o certificado digital, o Diário Oficial não pode ser acionado eletronicamente e o trâmite volta a ser feito em papel, o que seria um retrocesso, além de mais complicado, caro e lento", afirma Nilson Costa, gerente da Unidade de Negócios do Serpro encarregada de atender a Presidência da República. Além da emissão dos cartões inteligentes, o Comitê Executivo do Governo Eletrônico iniciou o processo de certificação digital dos demais ocupantes de cargos estratégicos no governo federal, como secretários de Estado e presidentes de autarquias e fundações públicas. O objetivo é dar continuidade à institucionalização da Política de Segurança da Informação nos órgãos e entidades da Administração Pública Federal, instituída por meio do Decreto nº 3.505, de 13 de junho de 2000. Nesta iniciativa, estão sendo utilizados os serviços da Autoridade Certificadora Serpro. "Certificamos 400 usuários do primeiro escalão para acesso ao Portal Governo, que é o embrião do projeto de ambiente virtual de trabalho da administração pública", explica Gilberto de Oliveira. No lugar de um cartão, o certificado é armazenado em um e-Token, uma espécie de chave que se conecta à porta USB dos computadores. Assim, são economizados recursos com a aquisição de leitoras para cartões eletrônicos. "A emissão de certificados digitais para o nível estratégico do governo federal está alavancando o conceito de identificação digital única, que é a filosofia da própria ICP-Brasil", afirma Leonardo Lanna Gúllen, gestor do Portal Governo. Segundo o Decreto no 4.414, de 7 de outubro de 2002, as aplicações de governo que admitam o uso de certificação digital devem aceitar qualquer certificado de mesmo tipo ou mais rigorosos, emitido por qualquer AC integrante da ICP-Brasil. "Deste modo, com um único certificado, o agente estará habilitado em todos os sistemas aos quais tem acesso, sem a necessidade de outras identificações", explica Leonardo. Com os certificados digitais é possível assinar mensagens de correio eletrônico, que passam a ter presunção jurídica, bem como acessar sistemas que requeiram identificação digital, como o Portal Governo. Instituído pela Resolução nº 9 do Comitê Executivo do Governo Eletrônico, de 7 de outubro de 2002, o Portal Governo é um ambiente virtual de trabalho da Administração Pública Federal na Internet, que reúne as ferramentas necessárias às atividades gerenciais. "O Portal provê informações, acesso a aplicativos e uma estrutura de trabalho colaborativo aos seus usuários", completa Leonardo. A legislação e a prática de remessa e assinatura eletrônica com certificação digital no âmbito do primeiro escalão do governo federal foi consolidada nos últimos dois anos. Trata-se de um exemplo de governança eletrônica reconhecido internacionalmente. Graças aos avanços obtidos nos últimos anos no setor de telecomunicações e principalmente pela introdução do Governo Eletrônico (e-Gov) implementado pelo governo federal, o Brasil ocupa o primeiro lugar no ranking de competitividade na infra-estrutura de rede de tecnologia da informação de toda América Latina. A liderança brasileira foi apontada por um estudo de "Networked Readiness" abrangendo 82 países, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, em parceria com o Insead (uma das maiores escolas de formação de executivos do mundo) e o Programa de Informação para o Desenvolvimento do Banco Mundial (infoDev). A informação foi divulgada durante a primeira Cúpula de Negócios da América Latina, promovido pelo Fórum Econômico Mundial, no final de novembro deste ano, no Rio de Janeiro. O mesmo estudo colocou o país em 8º lugar nos rankings governamentais para oferecimento de serviços on-line e uso de e-mail para correspondência, em 10º lugar nos rankings de uso de redes informatizadas e uso da Internet para pesquisas, em 11º pela sofisticação da Intranet do governo para transações e negócios, além da 15ª colocação Estudo do Fórum Econômico Mundial colocou o Brasil em 10º lugar no ranking de uso de redes governamentais entre 82 países e em 20º lugar no ranking de sucesso em tecnologia mundial no ranking de uso de Internet para transações com o governo. O cartão de Lula será um sinal claro de que o certificado digital continuará a ter amplo uso no governo federal e que as estruturas de governança eletrônica vieram para ficar. A evolução e disseminação da tecnologia da informação associada à certificação digital possibilitarão a criação de novos tipos de serviços em ambientes públicos na Internet, com elevado grau de segurança, produzindo soluções que atendam tanto às necessidades internas do governo quanto do cidadão. Os principais objetivos a serem alcançados são o de proporcionar maior segurança, permitir novas iniciativas de negócios, facilitar o processo de administração e possibilitar a operação com outras organizações e com o usuário de uma forma geral. Tudo eletronicamente e com segurança. Estamos no caminho certo. O estudo do Fórum Econômico Mundial colocou o Brasil em 10º lugar no ranking de uso de redes governamentais entre 82 países e em 20º lugar no ranking de "sucesso do governo na promoção das tecnologias de comunicação e informação". Com a faixa e o cartão, a administração Lula poderá dar o impulso definitivo para melhorar ainda mais a colocação do país no index de competitividade global. A Palavra é . . . Infra-Estrutura de Chaves Públicas A Infra-Estrutura de Chaves Públicas viabiliza uma série de inovações na prestação de serviços públicos por meio da Internet, como é o caso do comércio eletrônico, sem risco para a integridade das informações que trafegam na Rede. Ela disponibiliza uma infra-estrutura tecnológica por meio da qual uma chave pública é associada de forma segura a uma pessoa, máquina ou entidade. Assim, cada certificado contém, dentre outras informações, a identificação única do usuário descrito, o qual é o único que possui a chave privativa correspondente àquela chave pública. O certificado só será assinado eletronicamente depois que esse processo de identificação for concluído. Para tornar o processo ainda mais seguro, a ICP-Brasil estabeleceu os critérios de segurança e procedimentais mínimos que uma AC deve possuir para ser credenciada nesta infra-estrutura. Por meio de mecanismo de assinatura digital, que também provê a integridade dos dados constantes do documento assinado, é então possível que os certificados sejam distribuídos sem necessidade de maiores mecanismos de segurança, uma vez que é auto-protegido. Outro benefício adicional é que com o conhecimento de apenas uma única chave pública, da autoridade certificadora, pode-se obter de forma segura as chaves públicas de várias outras pessoas ou entidades com as quais deseja se comunicar. Os documentos podem ser trocados de forma segura, ampliando as possibilidades para o comércio eletrônico e proporcionando o conforto do cidadão, com efeitos benéficos para a economia e o emprego. Essa modalidade de documentos digitais não exclui nem se sobrepõe aos produzidos em papel, ainda largamente utilizados na Administração Pública. O Instituto Nacional de Tecnologia da Informação (ITI) é a Autoridade Certificadora Raiz da ICP-Brasil. A sala-cofre onde é guardada a chave-raiz fica localizada nas instalações do Serpro no Rio de Janeiro e obedece aos mais rígidos procedimentos de segurança internacionais, que inclui entre outras coisas, câmaras e sistemas de identificação de digitais para acesso. A chave-raiz é utilizada apenas para assinar eletronicamente os certificados das Autoridades Certificadoras credenciadas a trabalhar na ICP-Brasil. O Serpro, a Presidência da República, a Serasa, a Certisign, a Secretaria da Receita Federal e a Caixa Econômica Federal já se habilitaram como Autoridades Certificadoras. O Serpro se adequou aos padrões internacionais de segurança (ISO 17799) e demais padrões de mercado praticados no mundo para instalações deste porte, e se tornou Autoridade Certificadora (AC) em 17/11/2000. A infraestrutura montada permite à Empresa representar duas entidades responsáveis pela emissão, gerenciamento, renovação e revogação dos certificados digitais, a AC-PR e a AC- Secretaria da Receita Federal. << VOLTAR destaque SOFTWARE LIVRE - O PROTOCOLO Serpro assina acordo de cooperação técnica em software livre com o governo do Rio Grande do Sul. Com a presença do governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, foi assinado no Serpro, em Brasília, protocolo de intenção para futuro acordo de cooperação técnica e de pesquisa para disseminação do uso de software livre pelo Serviço Federal de Processamento de Dados – Serpro, a Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul – Procergs e a Associação Brasileira de Empresas Estaduais de Processamento de Dados - Abep. Na solenidade, o governador Olívio Dutra disse que o poder público funciona bem e melhor no atendimento das demandas da sociedade quando utiliza bem a coisa pública. As vantagens que seu estado conseguiu ao adotar o software livre, tanto em termos de economia no orçamento, quanto na democratização do acesso aos recursos da tecnologia da informação, levando esses avanços a um número significativo de cidadãos, devem ser um estímulo para que mais estados compartilhem esta experiência. Também, segundo Olívio Dutra, ao modernizar e qualificar todo o serviço público para atender de forma mais eficiente e rápida a população, o governo age como se espera que ele o faça. "O governo que assim atua corresponde às expectativas dos que o elegem", afirmou o governador. "Usar a tecnologia no interesse coletivo e não como apropriação particular é a meta de todo go-verno que trabalha pelo bem-estar da sociedade", declarou Olívio Dutra. Para ele, os ganhos conseguidos pelo Rio Grande de Sul ao adotar o software livre possibilitaram que milhares de pessoas pudessem exercitar de forma mais ampla a cidadania. "O Brasil que queremos construir deve basear-se na afirmação da dignidade do nosso povo e apostar na inteligência dos próprios brasileiros para resolver seus problemas". Software livre: projeto nacional Olívio Dutra destacou a melhoria na economia do estado após a adoção do software livre. "Nossa economia não cresceu só materialmente, mas também na diversidade que produziu e, principalmente, na inclusão social", disse. Para ilustrar sua afirmação, citou como exemplo, o crescimento do PIB de 0,7% para 11%; a produção agrícola, que saltou de 4,7% para 23,8% e a produção industrial, antes negativa, passou para mais de 12%. "O Brasil precisa crescer uma média de 7%, no mínimo, durante uma década", avaliou o governador. O uso do software livre nas escolas do Rio Grande do Sul representou uma economia de R$ 40 milhões e o Banrisul, o único no mundo a adotar amplamente o software livre, economizou R$ 9 milhões em tecnologia da informação. "O Rio Grande do Sul sente-se gratificado por estar contribuindo para a adoção de um projeto nacional de software livre", afirmou o governador, lembrando que a utilização de software livre está ligada à liberdade, à democratização do conhecimento. Segundo Dutra, também o "companheiro" Lula propõe a socialização do conhecimento e a democratização da informação para o desenvolvimento do país. "O uso da tecnologia e do conhecimento, além de possibilitar a valorização das vocações regionais, tem um significado bem maior, pois, ao concentrar as nossas capacidades com certeza vamos atingir outros níveis de desenvolvimento", afirmou Olívio Dutra. Referindo-se, ainda, ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, o governador disse que o exemplo de economia conseguido com a adoção de software livre é necessário para tornar real o projeto de acabar com a fome no país. E lembrou que a proposta de se trabalhar inicialmente para fazer com que 9.300 milhões de famílias façam pelo menos uma refeição por dia, também deve considerar que essas pessoas precisam saciar a fome de conhecimento. "Para que, como todos nós, elas também possam alimentar os seus próprios sonhos", concluiu ele. Modelo Maçã é passado O diretor-presidente do Serpro, Wolney Mendes Martins, disse que as riquezas do Serpro são as pessoas que trabalham na Empresa e os desafios apresentados pelos clientes. "Esta conjugação de fatores é que representa a riqueza maior desta organização. São aproximadamente 500 sistemas em operação e nos orgulhamos de receber o desafio de cuidar deles." Para ele, o governo faz parte das organizações que mais dependem da informação, vital para a sua atuação na busca de melhorias para a população brasileira. Wolney Martins comentou o "modelo da maçã", que vigorou em um período passado, no qual a escassez é que fundamentava a criação dos instrumentos. Atualmente, o modelo é o de conhecimento compartilhado, em que milhares de pessoas no mundo cooperam entre si para que soluções melhores sejam produzidas para ganho líquido de todos. "As teorias baseadas na escassez dos recursos não são diretamente aplicáveis nesta nova realidade, em que o compartilhamento é um fator de multiplicação. Esta deve ser a nova forma de vivermos em sociedade, a cooperação gerando vantagem e liberdade para todos", afirmou. O presidente da Companhia de Processamento de Dados do Estado do Rio Grande do Sul – Procergs, Marcus Vinicius Mazoni, tal como o governador, também acredita que o software é uma das formas de se combater a exclusão social e digital. Além disso, "representa mais tecnologia, mais inteligência e menos recursos" – garante. Mazoni diz que no Rio Grande do Sul sempre houve grande estímulo ao desenvolvimento de alternativas envolvendo a questão da liberdade e do controle da tecnologia, dentro da filosofia de "fazer muito mais com muito menos". O projeto do software livre, no RS, é uma parceria dos governos, empresas públicas e privadas, universidades e desenvolvedores independentes. O presidente da Procergs citou vários casos de sucesso. Segundo Mazoni, 80% do código de software livre não foram desenvolvidos pelas corporações, como o Banrisul, primeiro da América Latina a trabalhar com o Linux em seus terminais, e a própria Procergs, maior provedor de Internet do Estado. Também no Rio Grande do Sul é que está o primeiro computador de grande porte (mainframe) da América Latina que utiliza o Linux. Outros exemplos citados são o da Prefeitura de Caxias do Sul, na qual todos os setores são ligados à Internet pela plataforma Linux e o Projeto Rede Escolar Livre do Rio Grande do Sul, que está informatizando todas as escolas públicas estaduais com a utilização do software livre. Todos os computadores tiveram o sistema operacional substituído por software gratuito, gerando economia em relação ao percentual inicial previsto. Outras inicativas são a implementação da Via Pública, rede de pontos de acesso gratuito à Internet, em parceria com prefeitura, utilizando-se plataforma de software livre para esse ambiente, além do desenvolvimento de sistemas de educação a distância, em parceria com a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul e a Universidade do Vale do Rio Taquari e a Unisinos. Segundo o presidente, o Brasil importa R$ 1 bilhão anual de sistema operacional. O software livre reduzirá esse custo a níveis consideráveis. Segundo o presidente da Procergs, a oficialização da parceria com o Serpro está sendo feita na fase mais ativa de troca de experiências. "Assim é o movimento software livre, que trabalha com a idéia de que o conhecimento da humanidade deve ser utilizado a seu favor", concluiu. Eugênio Berka Filho, presidente em exercício da Associação Brasileira de Empresas Estaduais de Processamento de Dados – Abep, disse que o conceito de software livre deveria ser estendido para todos os estados, assim como qualquer produto que se desenvolve com o patrocínio federal. “Aliás, ao receber verba pública, as empresas devem se comprometer a doar o produto desenvolvido com este financiamento para o benefício de todos", afirmou Berka. colaboração: Jane Araújo, da Coordenação de Comunicação Empresarial do Serpro << VOLTAR balanço serpro BALANÇO SOBRE AS ATIVIDADES DO SERPRO A partir desta edição, a Revista Tema faz um balanço sobre as atividades do Serpro. Empresa de destaque na área de tecnologia da informaç ão, conforme indicam publicações respeitáveis do setor. No Ranking Valor 1000, do jornal Valor, aparece entre as 10 m elhores empresas na classificação referente a "Liquidez Corrente" e "Receita Líquida", ultrapasssando organizações como TBA, Microsoft, Itautec.com entre outras. No Balanço Anual da Gazeta Mercantil o des taque é a 7ª posição entre as 100 maiores empresas do Centro-Oeste, atrás apenas da Brasil Telecom, Correios, Eletronorte, Infraero, Cia. Elétrica de Goiás e a Caramuru. O Serpro tem muito a contar por meio do seu balanço. Tem porque sua história, como veremos a seguir, se confunde com a evolução da tecnologia no país. A constante busca da excelência no atendimento aos seus clientes, órgãos públicos da Administração Pública Federal, que por sua vez prestam serviços de relevância à Nação e à sociedade, conduz a produtos e serviços que têm mudado substancialmente o Brasil tecnológico. Uma parceira na verdade. O Brasil do imposto de renda via Internet; das compras governamentais on-line, mais baratas e transparentes; do desembaraço alfandegário eletrônico reduzindo o Custo Brasil; da certificação digital garantindo autenticidade a todos os documentos públicos que circulam eletronicamente e da urna digital faz do país um dos únicos no mundo que dispõe de infra-estrutura digital como política pública de governo. Os avanços fizeram o Brasil passar à condição de líder no ranking de tecnologia na América Latina. Em um ano, saltamos da oitava para a primeira posição, segundo dados da Organização das Nações Unidas e do Banco Mundial. Todas estas conquistas têm, no passado ou no presente, de forma direta ou indireta, a marca do Serpro registrada no balanço apresentado a seguir << VOLTAR balanço serpro HISTÓRIA - SERPRO: QUATRO DÉCADAS DE INFORMAÇÃO Trajetória da Empresa faz história na Informática e se confunde com os grandes avanços tecnológicos do país. O Serviço Federal de Processamento de Dados - Serpro é uma Empresa pública vinculada ao Ministério da Fazenda, criada pela Lei n 4.516, de 1º de dezembro de 1964, sendo regida atualmente pela Lei nº 5.615, de 13 de outubro de 1970, mantida com receitas provenientes de contratos de prestações de serviços realizados junto ao seu segmento de mercado e de transferências do Orçamento Geral da União - OGU. Conforme seu Estatuto Social, regulamentado pelo Decreto nº 3.972, de 16 de outubro de 2001, a Empresa tem por objeto a execução de serviços de tratamento de informações e processamento de dados, incluindo as atividades de teleprocessamento e comunicação de dados, voz e imagens, que sejam requeridas, em caráter limitado e especializado, para a realização dos referidos serviços, e a prestação de assessoramento e assistência técnica no campo de sua especialidade, com atuação em todo o território nacional, e com prazo de duração indeterminado. Seus componentes estratégicos compreendem a visão – "o melhor em tecnologia da informação para o sucesso dos clientes" e a missão - "fornecer soluções, baseadas em tecnologia da informação, para o êxito das decisões e operações da administração das finanças públicas e das ações estruturadoras e integradoras da administração federal, com inovação, qualidade e segurança, a preços competitivos". Para isso, definiu a informação como seu negócio, desenvolvendo sistemas de informações e serviços de informática, a partir das premissas: atender às necessidades dos clientes, prestar serviços com elevado padrão de qualidade, ter empregados motivados e satisfeitos, operar com equilíbrio econômico e empregar tecnologia adequada. Tudo é História A trajetória do Serpro se confunde com a história da informática brasileira. Ao longo de seus 38 anos de existência, a Empresa tem lugar de destaque no esforço do governo em modernizar e dar agilidade a setores estratégicos da Administração Pública. Nesse período, vários avanços que o país assistiu em novas ferramentas e serviços em tecnologia da informação foram desenvolvidos pela Empresa, em parceria com os seus principais clientes, órgãos públicos como a Secretaria da Receita Federal, Ministério do Planejamento, Secretaria de Comércio Exterior, Advocacia-Geral da União, dentre outros. Sua estruturação técnico-operacional deu-se por meio das chamadas UROs (Unidades Regionais de Operações) instaladas, ainda na década de 60, nas sedes das Regiões Fiscais da Secretaria da Receita Federal - SRF. Nesta época, foram firmados os primeiros contratos de atendimento ao então Departamento do Imposto de Renda, com a Delegacia Fiscal de São Paulo e com o Departamento de Arrecadação, assim como também a outras entidades públicas, tais como, a Presidência da República, Ministério da Fazenda, Ministério das Relações Exteriores, Ministério do Planejamento e Caixa Econômica Federal. Frutos desses acordos, surgiram serviços que passaram a integrar o cotidiano dos brasileiros: o Cadastro de Pessoas Físicas – CPF, o Imposto de Renda Pessoa Física – IRPF, o cadastramento nacional da frota de veículos automotores, que permitiu desenvolvimento e implantação do Sistema TRU - Taxa Rodoviária Única e o Cadastro de Veículos e Proprietários – CVP, o recadastramento nacional de imóveis rurais e o desenvolvimento e implantação de sistemas para o Incra. Também são desta época o Sistema on-line de Consultas Conta-Corrente para a Secretaria da Receita Federal - SRF, permitindo a programação de fiscalização da ContaCorrente do IPI, IRPJ e IRPF, e o Sistema Linhas de Informações do Comércio Exterior - Lince para a SRF, destinando-se ao cadastramento e manutenção das Declarações de Importação. Na década seguinte, o Serpro implantou a primeira Rede de Computação do país. Uma idéia embrionária que se tornou realidade a partir de 1984, sendo hoje uma das maiores do mundo. Em 1977 tem início o recadastramento dos Registros de Comércio nas Juntas Comerciais dos estados, para o Departamento Nacional do Registro do Comércio do Ministério da Indústria e Comércio- MIC/DNRC e, seis anos mais tarde, implanta o Aruanda, sistema inédito na América Latina, que marcou o início da democratização da informação, permitindo ao usuário recuperar as mais diversas informações mantidas pelo go-verno federal. Com o Sistema de Depósito da Caixa – Sidec, a empresa inovou mais uma vez, dando início a informatização do sistema bancário/financeiro nacional (Conta Corrente e Poupança) por intermédio dos serviços prestados à CEF. Para a Caixa também foram desenvolvidas ferramentas importantes como o Programa de Integração Social - PIS, o processamento distribuído, com a instalação dos Núcleos de Transcrição e Transmissão - NTTs em diversas localidades do país, e o teleprocessamento, na época uma tecnologia de ponta por poucos dominada. O Projeto Ciata - Convênio de Incentivo ao Aperfeiçoamento Técnico-Administrativo das Municipalidades, implantado em setembro de 1977, foi o principal responsável pelo início da informatização das prefeituras municipais e antecipou o atendimento às demandas que hoje são obrigações determinadas pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Demandas estas que sempre fizeram parte do relacionamento entre os clientes: a primeira ligação por teleprocessamento do Serpro ocorreu do computador PDP-11, instalado no MF/RJ ao computador/360 mod. 65 do CTI-SP e ao computador do Ministério da Fazenda em Brasília/DF, e tinha como tarefa executar análises econômicas para o orçamento do governo federal. Com os estados, a relação teve início com o desenvolvimento e implantação dos Sistemas Cadastro, Lançamento e Arrecadação do Imposto Sobre Circulação de Mercadorias – ICM - para 17 unidades da Federação. Mais recentemente, este mercado evoluiu para desenvolvimento de sistemas como o Siafem – Sistema de Administração Financeira de Estados e Municípios e suas ferramentas auxiliares nas áreas de Planejamento (Sisplan), Gerenciamento (Siagem) e Financeira (Sitafe). Quando ainda nem se pensava em Internet, a Empresa já introduzia no país uma solução on-line. O Projeto Polvo, primeiro sistema on-line na América Latina, foi o responsável pelo início da informatização dos cadastros de veículo automotores dos Detrans nos estados e deu origem ao Registro Nacional de Veículos Automotores Renavam e ao Registro Nacional de Carteiras de Habilitação - Renach. Em 1977, para atender este projeto e a outros serviços da Caixa Econômica, o Serpro instalou sua moderna rede de teleprocessamento. Primeiro computador Durante a década de 80, novas conquistas entraram para história. Em 1982, a Empresa instalava na Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional - PGFN, o primeiro microcomputador em órgão público. Também houve avanços no desenvolvimento de banco de dados, com a implantação da Relação Anual de Informações Sociais – RAIS, o maior cadastro de empregados e empregadores do país. Dentre as facilidades do programa, podiam o Ministério do Trabalho - MTb, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e a CEF dispor de informações que permitiam o exercício da gestão efetiva sobre todas as informações relativas ao vínculo empregatício e atividades laborais no país. A participação junto ao Tribunal Superior Eleitoral - TSE no Projeto de Modernização da Justiça Eleitoral, com a realização do recadastramento eleitoral e a criação do maior cadastro informatizado da América Latina foram os passos iniciais para que o Brasil chegasse a atual urna eletrônica. Foi o Serpro e o TRE/SC que desenvolveram a primeira "máquina de votar" e o sistema de votação utilizados em eleição oficial. Também na Empresa surgiram as primeiras iniciativas, em sistemas de grande porte, da migração para a plataforma cliente-servidor. As primeiras experiências ocorreram em 1984, quando a PGFN utiliza, de modo pioneiro no Brasil, a plataforma com microcomputadores distribuídos em todas as regiões e conectados ao computador central em São Paulo/SP. O mais visível avanço talvez tenha sido, porém, em direção à integração de sistemas e informações. Em 1987, foi implantado o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal - Siafi junto ao cliente Secretaria do Tesouro Nacional - STN, recém criada. No Siafi foi utilizado de modo pioneiro o conceito de Application Service Provider, e a Administração Pública Federal passou a contar com uma ferramenta única para controle e execução da Lei Orçamentária. Durante a década de 80, as conquistas do Serpro e de seus clientes entraram para a história da informática. Em 1982, a Empresa instalava na ProcuradoriaGeral da Fazenda Nacional o primeiro microcomputador em órgão público. Integração e velocidade na Informação A década de 90 consagrou a integração e a velocidade da informação. Com o Serpro não foi diferente. Em 1992 foi implantado o módulo Exportação do Sistema Integrado de Comércio Exterior – Siscomex e o Sistema Integrado de Administração de Recursos Humanos – Siape. Mais tarde, o Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais - Siasg, o Sistema Integrado de Atendimento ao Trabalhador – Simo e o Sistema Federal de Inspeção do Trabalho – Sfit. A Empresa acompanhou atentamente o fenômeno da Internet e, em 1995, supreendeu o Brasil e o mundo com o lançamento do Receitanet, a mais moderna tecnologia a serviço do contribuinte brasileiro nas suas relações com a Receita Federal. Poucos países dominam, como o Brasil, tecnologia que permite ao cidadão declarar e pagar impostos sem sair de casa, com segurança e privacidade. Hoje é o principal provedor de Internet da Administração Pública Federal, primando pela disponibilidade e segurança nos acessos aos sítios que hospeda, assim como agente fundamental na certificação digital de documentos oficiais. Em 1995, o Serpro centraliza as suas bases de dados nas Regionais Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, passando a exercer o conceito de IDC - Internet DataCenter, hoje utilizado por empresas do mercado de Tecnologia da Informação. Decisões como essa permitiram que sua Rede de Comunicação de Dados evoluísse para a Rede Serpro de Multiserviços, agregando serviços de voz e imagem, e destacando-se como uma das maiores do mundo. Os grandes avanços não se resumem, porém, a sistemas e serviços. A Empresa, a partir da cultura empresarial que emergiu o processo de transformação que deflagrou a partir de 1994, voltou-se para a qualidade e excelência no atendimento aos seus clientes. Neste sentido é que instituiu o Prêmio Serpro da Qualidade PSQ, baseado nos critérios de excelência da Fundação Prêmio Nacional da Qualidade - FPNQ, e desenvolveu processos de benchmarking, envolvendo empresas nacionais e internacionais com o objetivo de implantar o processo organizacional Gestão do Conhecimento e Aprendizagem Organizacional. A segurança também é um valor. A instalação das Salas-cofre, dando segurança às informações e permitindo o funcionamento Non-stop dos CPD's, e o os sistemas firewall que protegem o acesso seguro a Intranet e Internet são resultados recentes dos esforços da Empresa neste sentido. Gestão do Conhecimento Neste novo milênio, a concentração do Serpro é o conhecimento. Evolui desta forma da manipulação de dados para uso eficiente da informação. A Empresa passou a consolidar o que denomina de "Processo Serpro de Gestão do Conhecimento e da Aprendizagem Organizacional" com a sua política corporativa. Fazem parte desta nova realidade os mais recentes produtos que desenvolveu: o Sisppa, módulo do Siafem que permite a elaboração e o acompanhamento do Plano Plurianual para Estados e Municípios, de forma eletrônica, e o Sispagon, sistema desenvolvido para o cliente PGFN, que viabilizou o primeiro Balcão Virtual de Serviços ao contribuinte. Para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão desenvolveu o Portal de Compras do Governo Federal, projeto conhecido como Comprasnet. Pioneiro na parceria governo e iniciativa privada permite a compra de bens e serviços governamentais por meio da Internet. Sustenta institucionalmente a solução, numa forma inédita de remuneração, um consórcio entre duas empresas privadas, a Vesta e a Unysis, e o Serpro. Mais recentemente colaborou com o Banco Central na implantação do Sistema de Pagamento Brasileiro - SPB, uma verdadeira revolução no Sistema Financeiro Nacional. Neste ano, implantou o Sistema Mercante, para a Secretaria de Transportes Aquaviários do Ministério dos Transportes, o qual garante controle da arrecadação do Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante – AFRMM. A atuação do Serpro tem merecido amplo reconhecimento do setor privado por meio das certificações que recebe. Hoje é a empresa solution provider da Microsoft, tem o selo de qualidade Cisco powered, a Certificação de Auditor-líder da BS7799 emitida pelo BSI Brasil – British Standard Institute e Certificado Módulo Certified Security Officer, da Módulo S.A. Os Programas Corporativos do Serpro • Programa de Modernização do Desenvolvimento – PMoD A velocidade com que o conhecimento técnico vem se tornando obsoleto exige das corporações permanente aprimoramento. Consciente deste desafio, o Serpro criou o Programa de Modernização do Desenvolvimento como parte do Processo de Desenvolvimento de Soluções, iniciado em 1996, com o objetivo de manter níveis de qualidade e aperfeiçoamento dos processos. O programa evoluiu quatro anos mais tarde, quando a Superintendência de Consultoria Tecnológica - Supct criou o PMoD com o fim específico de capacitar a Empresa a atingir o nível 2 das práticas do CMM (Capability Maturity Model). • Programa Serpro de Segurança – PSS Conjunto de definições, orientações, metodologias e atribuições que visam estabelecer o gerenciamento da segurança no Serpro. O PSS é um modelo de gestão de segurança, lançado em 1997, para atender às orientações da Política Corporativa de Segurança do Negócio - PCSN. Atualmente, o modelo se encontra em sua 4ª versão. O programa foi estruturado para direcionar e controlar as ações de segurança que visam a proteção das informações, sistemas de informação e os serviços de informática dos diversos tipos de ameaças, para minimizar danos ao negócio e garantir sua continuidade, maximizando o retorno dos investimentos e as oportunidades de negócio. • Programa Serpro da Qualidade – PSQ A partir de 1995, o Serpro passou a adotar os critérios de excelência da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade - FPNQ, considerados referência classe mundial, e instituiu o Prêmio Serpro da Qualidade – PSQ. O objetivo era conferir às Unidades da Empresa o reconhecimento institucional de melhor desempenho. Esse exercício de avaliação e aprendizado organizacional são praticados desde então, em ciclo anual, passando a integrar a cultura da Empresa e desempenhando importante papel na estratégia de convencimento das lideranças do necessário aperfeiçoamento da gestão. • Programa de Gestão do Conhecimento e Aprendizagem Organizacional – GCO Como estratégia empresarial para preservação e evolução do conhecimento, principal ativo das Organizações no Século XXI, o Serpro está investindo no seu Processo de Gestão do Conhecimento e da Aprendizagem Organizacional. Esse processo, por sua natureza, está sendo estruturado por meio de estratégias corporativas, a partir de pesquisas científicas, aquisição de conhecimentos acadêmicos, estudos de experiências de mercado e da análise das necessidades específicas da Empresa. A estruturação do Processo consiste na formulação de um conjunto de Políticas, Diretrizes e Práticas Empresariais, destinadas à identificação do conhecimento estratégico, à continuidade dos negócios da Organização e sua respectiva preservação e evolução. • Programa Serpro de Aperfeiçoamento em Desenvolvimento Empresarial – Proemp Em fevereiro deste ano, como conseqüência natural do processo de monitoração do alinhamento estratégico da Organização, a Empresa decidiu pela implementação de um plano de trabalho que buscasse promover o alinhamento das áreas de controladoria ao modelo de gestão Serpro. O plano se propõe a manter o foco de atuação das Unidades de Gestão, por meio de monitoração e alerta, de forma a garantir a obtenção de melhores resultados e possibilitar a atuação estratégica dos superintendentes em nível corporativo. << VOLTAR balanço serpro GESTÃO - ECONOMIA E TRANSPARÊNCIA Tabela oficial das unidades organizacionais do governo promove integração de sistemas locais corporativos da Adm inistração Pública Federal. A partir de janeiro de 2003, o Sistema de Informações Organizacionais do Governo Federal - Siorg, administrado pela Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, estará gerando a nova tabela oficial de unidades organizacionais do governo federal. Essa é uma parte essencial do projeto de integração dos grandes sistemas informatizados do governo federal, que acarretará uma economia com aquisição e manutenção de sistemas locais corporativos dos Ministérios, estimada em R$10 milhões de reais/ano. O projeto é coordenado pelo diretor do Departamento de Integração de Informação da Secretaria, Oswaldo Noman. Ele explica que a integração dos grandes sistemas informatizados do governo federal é um projeto fundamental para a modernização do modelo de gestão administrativa. "A Administração Pública Federal precisa de um sistema capaz de disponibilizar uma visão integrada da máquina governamental e também que permita agregar informações de todas as áreas. Sem isso, fica difícil realizar análises comparativas, medir custos e analisar desempenhos setoriais", argumenta Oswaldo. Os grandes sistemas de gestão do governo surgiram em diferentes períodos, utilizam tecnologias diversas e foram construídos com foco no cumprimento da função específica do órgão que os gerenciam. Esses órgãos, não custa lembrar, passaram por diversas reformas ministeriais nos últimos anos. "Os sistemas tratam de pessoal, organização institucional, planejamento de ações, orçamento, compras e contratações, execução financeira e tramitação de documentos oficiais. A integração fará com que seja possível coletar e combinar informações on-line entre esses sistemas", explica Oswaldo Noman. Atualmente, quatro dos sistemas são geridos por Secretarias do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão: o Sistema de Orçamento Federal – Sidor é administrado pela Secretaria de Orçamento Federal; o Sistema Integrado de Administração de Pessoal Civil – Siape é controlado pela Secretaria de Recursos Humanos; o Sistema Integrado de Administração de Serviços Gerais – Siasg é administrado pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação; e o Sistema de Informações Gerenciais de Planejamento – Sigplan é responsabilidade da Secretaria de Planejamento. Os outros grandes sistemas, também chamados de estruturadores, são o Sistema de Geração e Tramitação de Documentos Oficiais Sidof, administrado pela Casa Civil da Presidência da República, e o Sistema de Administração Financeira - Siafi, coordenado pela Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda. "Cada um dos sistemas informativos é independente dos outros. Eles foram construídos com uma visão setorizada. Cada área administrativa conta com um excelente sistema informatizado para operacionalizar a sua função. Isso dificulta a agregação e coleta identificada de informações em todos os sistemas para gerar relatórios analíticos, de análise futura, simulações de cenário e desempenho governamental como um todo", afirma Marcus Vinícius Gonçalves, gerente de Projeto na SLTI/MP, que coordena trabalhos técnicos no projeto de integração. Para se ter uma idéia, o Siafi, de acordo com os objetivos da Secretaria do Tesouro Nacional, é um grande sistema que facilita a coleta de informações de gastos administrativos. Entretanto o Siafi não é capaz de promover uma consulta cruzada de informações de recursos humanos, da área de compras, ou de orçamento nos outros sistemas, já que não foi construído com esse objetivo. "O Siafi é um sistema excelente que foi construído aos poucos, atendendo às necessidades dos órgãos públicos. Mas a sua finalidade é coletar informações de gastos financeiros para gerenciar a conta única do Tesouro, centralizando o controle das contas e, nisso, ele é excelente", explica Oswaldo Noman. Da mesma maneira, o Sistema de Pagamentos de Pessoal do Siape foi desenvolvido para a Secretaria de Recursos Humanos com o objetivo de otimizar e simplificar os processos de pagamento de pessoal, sem se preocupar com a interação com outras áreas. "É um trabalho com um grande volume de informações, que controla o pagamento de mais de 400 mil servidores públicos na ativa, com os complicadores habituais de qualquer folha salarial: férias, 13º salário, adicionais, etc". O Siafi agrega dados pela unidade gestora e o Siape pela unidade pagadora. São conceitos e formas de organizar as informações bem diferentes. "É preciso dissecar tudo para combinar as informações dos sistemas e descobrir qual é, por exemplo, o gasto do setor de informática de dois Ministérios. A começar pelo nome. Pode ser uma seção, departamento, divisão, coordenação ou nenhum desses. Desse jeito, é difícil comparar orçamento, gastos em compras, pessoal e custos de cada unidade do órgão. E quando o relatório fica pronto há uma defasagem, pois ele reflete as informações de um determinado período", comenta Oswaldo. A informação é obtida por etapas: entra-se no Siafi, depois no Siape, no Sistema de Orçamento e no final todas as informações são reunidas para uma análise e comparação detalhada. E relatório gerencial, em tempo real, não é apenas uma mania passageira de executivos. Eles são fundamentais para o trabalho de planejamento, e também para avaliar desempenhos nas unidades do governo, coisa prevista no plano de modernização do Estado. Sem a integração, isso é quase impossível. Também é complicado controlar a máquina. Desde 1997, quando foi criado o Programa de Acompanhamento dos Gastos Gerenciais - PAGG, da Secretaria Geral de Controle, relatórios detalhados dos gastos com cada programa de governo devem ser produzidos regularmente e colocados para a sociedade. Até hoje, esses relatórios, itens necessários para a transparência das ações, são produzidos depois de maratonas exaustivas sobre informações catadas à unha nos diferentes sistemas. O projeto de integração, como diversos ou-tros do Programa Governo Eletrônico, foi desenvolvido de acordo com a arte brasileira de "trocar o pneu com o carro andando". "A máquina do governo não é showbusiness mas também não pode parar", brinca Oswaldo Noman. E além da impossibilidade de parar e construir um novo sistema completo, a integração esbarrou numa questão crucial: a ausência de um elemento único em todos os sistemas que permitisse a coleta de informações. "O primeiro trabalho foi criar um elemento identificador comum a todos os sistemas. Para isso, o Sistema de Informações Organizacionais do Governo Federal – Siorg, coordenado pela Secretaria de Gestão do MP, foi redesenhado para que pudesse ser o espelho fiel e atualizado em tempo real da estrutura organizacional do governo federal", explica Marcus Vinícius. Isso exigiu mudança de conceitos. "O Siorg passa a alimentar o Diário Oficial e não o contrário. Outro conceito foi a descentralização. O trabalho de organizar a estrutura passou a ser todo feito pelas unidades descentralizadas do Sistema Siorg", completa Marcus Vinícius. Em outubro de 2002, o novo Siorg ficou pronto. O Siorg, com sua tabela única e oficial de unidades organizacionais do governo federal, servirá como espinha dorsal para a comunicação e integração do Sigplan, Siafi, Sidor, Siape e Siasg. As negociações com as gerências de sistemas culminaram com um edital de licitação, com recursos do Programa de Modernização Administrativa feito com o BID. A vencedora entre seis concorrentes, foi a PWC Consulting (hoje IBM – Business Consulting Services), ao custo aproximado de R$1,6 milhão. O projeto de integração deverá estar concluído ainda este ano. Foram abertas duas frentes de trabalho para o projeto: uma para o desenvolvimento de um aplicativo denominado "Módulo de Comunicação" e outra para a criação de uma "Base Referencial de Integração – Bri". Esses módulos vão garantir aos sistemas corporativos dos órgãos do governo a reunião de uma base de informações numa única interface, para o trabalho administrativo. "O trabalho da IBM é especificar todas as necessidades de integração e interpretação para que todos possam usar as tabelas do Siorg com transparência. Eles também têm que construir um dicionário de dados e estabelecer os links para todos os pontos dos sistemas, de forma a permitir a troca dinâmica e automática de informações", afirma Oswaldo Noman. O passo seguinte será a negociação com cada uma das gerências de sistemas, para que elas estabeleçam uma relação entre as tabelas que possuem hoje, com a tabela que o Siorg passará a oferecer em janeiro de 2003. TRANSPARÊNCIA DAS AÇÕES Para o cidadão, o ganho imediato é a transparência das ações governamentais. Hoje existe transparência individualizada para cada sistema de gestão, que já disponibilizam na Internet as informações completas de cada área. Mas o que a sociedade não consegue e até para o governo é difícil, é combinar as informações e permitir acompanhamentos mais objetivos das ações. As análises serão muito mais ricas. "O retrabalho também será diminuído ou eliminado. Os orgãos e Ministérios têm sistemas locais próprios para fazer uma série de atividades a serem replicadas em cada sistema. Por exemplo, a montagem de uma licitação é feita num sistema local. Quando ela está pronta, o servidor registra a licitação no Siasg, que é obrigatório para que a licitação seja publicada no Diário Oficial. Com o módulo de comunicação, a idéia é de que o sistema local transfira as informações para os sistemas devidos automaticamente", explica Marcus Vinícius. Isso também acarretará uma grande economia de recursos. O módulo de comunicação estará disponível, gratuitamente, para todos os Ministérios. A adesão gradativa e voluntária dos Ministérios ao padrão pode tornar dispensável a manutenção dos sistemas locais. "Hoje é comum um Ministério adquirir e manter um sistema próprio para Planejamento, Orçamento e Finanças, já que os grandes sistemas não atendem à sua necessidade de informações gerenciais rápidas e consolidadas. A aquisição de um sistema local para um Ministério custa cerca de R$1,5 milhão, além de um adicional de 20% ao ano com manutenção. Só aí o projeto de integração poderá promover uma economia de R$10 milhões nos gastos dos Ministérios", afirma Oswaldo Noman. E existem órgãos que mantém sistemas locais próprios para controle de Recursos Humanos e Serviços Gerais, que também se tornarão desnecessários. A integração permitirá maior controle gerencial além de reduzir custos e agilizar a tomada de decisões. "O projeto pretende reduzir ou eliminar as operações realizadas em duplicidade pela falta de mecanismos automáticos que viabilizem a integração dos sistemas. Com a integração, a interface única permitirá que a informação alimente e atualize, automaticamente, os sistemas pertinentes", garante Marcus Vinícius. Com isso são esperados aumentos de produtividade e de qualidade das informações gerenciais ofe-recidas aos gestores públicos. Isso também se refletirá na melhoria da qualidade do serviço oferecido para a população em todos os Ministérios. Um bom exemplo para entender esse reflexo é o processo de transmissão de informações para os sistemas Siafi e Siape. Esses processos normalmente são executados durante a noite, em modalidade de transmissão de arquivos, que são processados em lotes. Em caso de erros ou inconsistências nos dados, o tempo de atraso é de no mínimo 48 horas para o acerto e o registro das informações. Como os erros só serão conhecidos no dia seguinte, os lotes de arqui-vos terão que ser corrigidos e só poderão ser processados na próxima noite. "Com a Interface de comunicação e a Bri, o tempo da operação repasse cai de horas para segundos. E o relatório gerencial é instantâneo, em tempo real. A integração facilitará as ações dos diferentes Ministérios, com sensíveis melhorias de desempenho. Bastará a adesão à Base de Integração, a partir de janeiro, para que isso ocorra," completa Oswaldo Noman. << VOLTAR balanço serpro FINANÇAS - NA PONTA DO LÁPIS Desde 1987, a modernização da gestão de recursos públicos vem sendo impulsionada pelos avanços da tecnologia da informação com a implantação, desenvolvimento e modernização do Sistema Integrado de Administração Financeira. A tecnologia da informação fez a administração pública avançar em diversas frentes. A principal delas foi, sem dúvida, a criação de ferramentas que ajudam o governo e a sociedade a acompanharem a aplicação dos recursos públicos por meio do Sistema de Administração Financeira, desenvolvido pelo Serpro para a Secretaria do Tesouro Nacional. Com o Siafi pode-se dizer que as contas públicas hoje estão na ponta do lápis – a moda dos antigos contadores que tanto se orgulhavam da precisão e lisura dos seus cálculos. O Siafi trouxe profundas e importantes mudanças para as finanças do país e agora caminha para a modernização das conquistas anteriores com a futura implantação do módulo denominado Século XXI. Por meio da integração tecnológica com o Sistema de Informações do Tesouro Nacional aprimora ainda mais o processo de transparência na gestão de recursos públicos no País. Iniciado há 15 anos, este processo fez o Brasil avançar em pelos menos dois aspectos vitais para a administração pública: a racionalização na aplicação dos recursos públicos e a transparência na sua destinação. Não é pouca coisa. Restrito é o número de países que se empenharam tanto para transformar a tecnologia da informação em ferramentas que garantam a eficácia da administração a serviço da modernização da gestão pública. O processo de modernização vem ocorrendo por meio do contínuo aperfeiçoamento dos atuais sistemas, particularmente os chamados estruturadores. É justamente este o caso do Siafi, formulado para avançar ainda mais na busca de melhores resultados da administração orçamentária, financeira e patrimonial, gestão dos deveres e obrigações e do acompanhamento fiscal dos Estados e Municípios, incorporando novas funcionalidades e aumentando a eficiência da gestão da Administração Pública Federal. Desde a sua implantação, firmou-se como imprescindível instrumento de controle de gastos governamentais por diferentes setores do Poder Público. Não apenas ao Executivo, mas, sobretudo ao Legislativo estão sendo proporcionadas formas ágeis de acompanhamento e controle financeiro e orçamentário, o que se configura, em última instância, como controle da sociedade sobre os gastos. Gigante eficiente Para cumprir tamanho desafio, o sistema tem estrutura cuja abrangência se revela em números. São 342 órgãos da administração direta e indireta, 5.000 unidades gestoras, 35.000 usuários, sendo até 3.500 simultâneos. Foram realizados 673 milhões de transações em 2001 e o tempo médio de resposta do sistema, em maio de 2002, era de 88 segundos. Pela qualidade dos serviços oferecidos, o sistema registra alto nível de aceitação por parte de seus usuários, consolidando-se como instrumento efetivo e confiável para acompanhamento e controle da execução orçamentária, financeira e contábil do governo federal. A grande aceitação dos usuários não se constituiu, porém, em acomodação. Muito pelo contrário. Observando atentamente as crescentes demandas dos usuários por mais funcionalidade e flexibilidade no tratamento das informações, os desenvolvedores passaram a se concentrar na ampliação do sistema de modo a incorporar outros processos relativos à administração das finanças públicas. Desta estratégia surgiu a decisão de migrar o atual sistema para o novo, denominado Siafi XXI, com funcionalidades que permitirão a sua integração com outros sistemas do governo federal, de forma a tornar ainda mais transparente a aplicação dos recursos públicos. Os objetivos do novo Siafi são bem definidos. O primeiro é fornecer mecanismos adequados para a apuração de resultados do governo federal. Além disso, permite avaliar o grau de exposição ao risco de mercado das obrigações, direitos e garantias administrados pela Secretaria do Tesouro Nacional. Também pode adequar as informações estratégicas das demandas da União para melhorar a negociação de títulos com os credores internos e externos. Em relação ao sistema atual, tornará mais ágil e fácil a implementação de novas funcionalidades, além de melhor atender às demandas de informações em níveis gerenciais e operacionais. Oferecerá, por fim, formas mais modernas e produtivas de diálogo com os usuários. Adicionalmente, o aprimoramento do Siafi também irá inovar a forma de aplicação dos conceitos e lógicas contábeis para a melhoria da gestão orçamentária, financeira e patrimonial. Dotado de uma maior adaptabilidade às mudanças da legislação, normas e estruturas organizacionais, mantém o sistema a consistência das informações por um maior período de tempo. Outra melhoria implantada é a disponibilidade plena para os usuários, ou seja, 24 horas por dia, durante sete dias por semana. Histórico Até 1986, o governo federal convivia com uma série de dificuldades em relação à gestão dos seus recursos. A economia do país passava por uma grave crise e, naquele ano, a inflação alcançou o extraordinário patamar de 225,16%. Percebeu- se, então, a necessidade de promover ações capazes de possibilitar um maior rigor no acompanhamento do gasto público e, com isso, reduzir os problemas administrativos gerados pela falta de controle existente à época. Ainda em 1986 foram criados grupos de trabalho para possibilitar ao Ministério da Fazenda a execução do orçamento unificado do ano seguinte. Logo surgia a Secretaria do Tesouro Nacional – STN, subordinada diretamente à Fazenda. O novo órgão identificou a necessidade de informações qualificadas, confiáveis e precisas, para que seus gestores pudessem tomar decisões mais acertadas e rápidas. Assim, foi desenvolvido e definido, mas somente implementado no ano seguinte (1987), o Sistema Integrado de Administração Financeira do go-verno federal, o Siafi. O sistema visava fornecer ao go-verno um instrumento moderno e eficaz no controle e acompanhamento da execução orçamentária, financeira e patrimonial. A proposta surtiu efeito. O Siafi conseguiu ordenar, organizar e padronizar os procedimentos de administração dos gastos públicos. Até então, o governo trabalhava com informações não confiáveis sobre seus gastos e arrecadação, usando previsões – muito pouco precisas – dos resultados esperados. Para se ter uma idéia, 85% dos papéis de prestação de contas que chegavam ao governo eram rejeitados, por erros ou problemas de preenchimento, e não havia mecanismos eficientes para evitar os desvios de recursos e determinar responsabilidades. Cada órgão do Executivo tinha um controle próprio, realizado em várias contas bancárias. O Siafi é reconhecido mundialmente pela sua eficácia e recomendado pelo Fundo Monetário Internacional – FMI. Várias comitivas do exterior já estiveram no Brasil para aprender um pouco mais sobre o Siafi e seu funcionamento. Hoje, com o Siafi, o governo possui uma conta única, de onde o dinheiro só sai se tiver destinação e função comprovadas. Além disso, a possibilidade de erro praticamente inexiste. Ao longo desses 16 anos, o sistema está em constante aperfeiçoamento, passando por alterações, incorporando novas funcionalidades ou otimizando os processos existentes. Ganhos Antes de o Siafi ter ordenado, organizado e padronizado os procedimentos e, assim, estruturado a área financeira governamental, os processos eram primeiramente executados e só depois contabilizados. Com o sistema, a contabilidade se tornou um processo realizado com tempestividade, passando a ser uma fonte de informações gerenciais. Na área das finanças, o Siafi contribuiu otimizando a utilização dos recursos do Tesouro Nacional, por meio da concentração dos mesmos em conta única no Banco Central. Já a execução orçamentária passou a ser realizada com celeridade e transparência, completamente integrada à execução patrimonial e financeira. Antes de o sistema ser implementado, a contabilidade pública trabalhava com registros defasados em, aproximadamente, 45 dias do fato gerador. Os balancetes consolidados eram fechados com quatro meses de atraso e, ainda, com um grau de detalhe pouco significativo. Hoje, balanços e balancetes são diários e o nível de detalhe é total, podendo-se conhecer, via terminal e a distância, a identidade do autor dos pagamentos. O sistema também possibilitou uma visão clara de quantos e quais eram os gestores que executavam o orçamento. Os números da época indicavam a existência de aproximadamente 1.800 gestores. Na verdade, eram mais de 4.000. Hoje, estão cadastrados e executam seus gastos on-line. Na época em que o Siafi ainda não era nem um projeto, os números indicavam 3.700 contas bancárias e, aproximadamente, 9.000 documentos gerados por dia. Com o surgimento do sistema, constatou-se que existiam, na verdade, 12.000 contas bancárias e a espantosa soma de 33.000 documentos por dia. Hoje, 98% dos pagamentos são conhecidos instantaneamente por meio da Conta Única e 2% deles com uma defasagem de, no máximo, cinco dias. A desorganização era tamanha e o governo não tinha controle sobre as despesas de pessoal e dos pagamentos aos servidores. Isso levou a STN a desenvolver e implantar, nos moldes do Siafi, o Sistema Integrado de Acompanhamento de Pessoal – Siape, hoje administrado pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. As despesas governamentais eram tratadas como segredo. Hoje, com o sistema, a gestão é totalmente transparente, mostrando que, na democracia, o cidadão é o grande acionista do Estado. Segundo pesquisas realizadas anualmente, a média de aceitação do Siafi entre os usuários chega a 95%. Esse total inclui as pessoas que consideram o sistema bom ou ótimo, sabendo que por meio dele é possível identificar eventuais irregularidades na gestão do dinheiro público. O irmão caçula do Siafi Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios aprimora a gestão dos recursos públicos em diferentes regiões do Brasil. Recife, 1994. Seguindo o modelo de gestão financeira vigente na época, um datilógrafo prepara a nota de empenho de um órgão público de Pernambuco. O documento é enviado posteriormente para a Central de Empenhos da Controladoria Geral do Estado, vinculada à Secretaria da Fazenda. Algumas dezenas de digitadores lançam a informação no sistema centralizado. Feito o pagamento, desde que dentro da previsão orçamentária, seguiam-se os processos de organização de incontáveis documentos para prestação de contas à Secretaria de Controle Interno e ao Tribunal de Contas. Haja tempo, funcionários, papel e espaço físico. Recife, 2002. A elaboração, execução, acompanhamento e execução do Estado de Pernambuco é feita por um sistema integrado de informações, interligando a Secretaria de Finanças e todos os outros órgãos públicos, da administração direta e indireta. Os gestores públicos executam todos os procedimentos do seu computador, interligado ao sistema corporativo numa plataforma cliente-servidor. As informações circulam por meio eletrônico e estão organizadas de forma a permitir rápida consulta por parte das entidades fiscalizadoras – TCE e o Controle Interno – e até pela sociedade, por meio de terminais instalados em shopping. Apesar de substancial, a evolução que separa as duas cenas pode ser resumida numa palavra: Siafem - Sistema de Administração Financeira para Estados e Municípios. Como o próprio nome indica, trata-se de uma versão simplificada do Siafi, sistema com a mesma finalidade, utilizado pelo governo federal – dir-se-ia, num arroubo metafórico, que é seu "irmão caçula". O Siafem irmão foi desenvolvido para, igualmente, alcançar um permanente objetivo: proporcionar total transparência à administração dos recursos públicos. O sistema agiliza, simplifica e padroniza as execuções orçamentárias, financeiras e contábeis, modernizando a administração dos estados e municípios, tornando eficaz a aplicação dos recursos em várias unidades federativas. Estados e Municípios. Palavra de Cliente "A tecnologia da informação revolucionou a gestão das finanças públicas de Pernambuco e o Serpro foi o responsável por esta arrancada. E o que é mais importante: não contribuiu apenas no desenvolvimento de novas ferramentas tecnológicas, mas também para o aprimoramento do conhecimento. Hoje, graças à parceria que temos com a Empresa desde 1994, existe solução tecnológica adequada para o controle, acompanhamento e execução dos recursos públicos em Pernambuco". >>> Maria José Briano Gomes, Governo de Pernambuco Como instrumento de informação, apóia as funções gerenciais de planejamento, tomada de decisão e controle operacional, abrangendo os órgãos da administração pública, sejam da direta ou da indireta, como autarquias, fundações e empresas públicas. É, sobretudo, uma ferramenta de apoio ao cumprimento da lei. "Sem o sistema, o atendimento aos preceitos da lei estaria seriamente comprometido" – acredita Maria José Briano Gomes, da Secretaria da Fazenda de Pernambuco. Como diretora do Controle do Tesouro Estadual, é difícil para Briano esconder sua empolgação com o sistema. "O Siafem é um suporte permanente para a gestão dos recursos públicos" – atesta. E também para a sociedade. O sistema é uma forma eficiente do cidadão fiscalizar e acompanhar de que maneira os recursos públicos estão sendo aplicados. Com a evolução em direção a uma maior consciência cidadã em relação ao uso dos recursos públicos, este benefício adicional ganha importância. "Quando iniciei minha carreira de contadora, ninguém se interessava pela prestação de contas do governador do Estado. Hoje, freqüentemente as pessoas telefonam para a nossa Ouvidoria questionando a aplicação dos recursos " – confirma. Mesmo assim, Briano acredita que a forma de apresentação da informação ao público ainda pode ser melhorada, para despertar mais o interesse do cidadão. Aliás, aprimoramento é uma natureza intrínseca a sistemas corporativos por conta das inúmeras demandas geradas pelo usuário. Com o Siafem não foi diferente. Apesar de cumprir todo o círculo das finanças públicas – elaboração da Proposta do Executivo para a Lei Orçamentária, execução da lei aprovada no Legislativo e prestação de contas – o sistema evoluiu para o Planejamento Plurianual, conhecido como PPA. O módulo Sisplan permite que o Estado de Pernambuco, pioneiramente, elabore a proposta com base nas diretrizes estabelecidas ainda no PPA. Razões do Sucesso Baseado em um Plano de Contas, que é uma estrutura ordenada e sistematizada das contas utilizadas pelo órgão, o Siafem permite a implantação de um sistema integrado de informações orçamentárias, financeiras e patrimoniais, capazes de atender aos aspectos legais e gerenciais, auxiliando, também no processo de tomada de decisões com a extração de relatórios necessários à análise gerencial. Esta estrutura pode explicar as razões para o sucesso do sistema. Na sua mais recente versão, tem como característica principal ser dividido em módulos e ser versátil, podendo ser instalado em ambiente de rede. Isso proporciona uma maior adaptação ao sistema, por parte do cliente. A implantação do Siafem limita os documentos contábeis a apenas sete tipos, reduzindo significativamente o trâmite de centenas de milhares de papéis e processos entre a Contadoria e os Órgãos de Finanças e Unidades Gestoras do Estado ou Município. O sistema registra a dotação orçamentária, o empenho, a liquidação e o pagamento das despesas, além de checar o depósito ou recolhimento de algum pagamento efetuado ou restituição devida. A cada etapa cumprida, o programa fornece os balanços e demonstrativos da execução da despesa e realiza um acompanhamento on-line das contas financeiras. A sua eficiência, do ponto de vista lógico, deve-se a quatro pontos. O primeiro é a montagem das Tabelas Orçamentárias. Elas devem ser bem feitas, pois darão visibilidade da estrutura burocrática do Estado ou Município. Isso permite uma visão clara das Secretarias e suas entidades diretas e vinculadas. O segundo ponto fundamental para o sucesso da implantação do Siafem está na adequação do Plano de Contas e da Tabela de Eventos à realidade do Estado ou Município. Os outros pontos são a oportunidade de recadastramento dos credores e das contas bancárias públicas. Estas vantagens indicam que o irmão mais novo do Siafi é, apesar de mais jovem, tão eficiente quanto o seu semelhante federal. A Palavra é... Siafi O Sistema Integrado de Administração Financeira do go-verno federal está completando 16 anos de existência. Principal instrumento de administração orçamentária e financeira da União, o Siafi é o olho mágico da porta da economia brasileira. Por ele todas as atividades financeiras podem ser controladas e vigiadas, com total transparência. O Sistema oferece suporte aos órgãos centrais, setoriais e executores da gestão pública, tornando segura a contabilidade do Estado. Ligados a ele encontram-se todos os órgãos da administração direta, dos poderes Legislativo e Judiciário, autarquias e empresas públicas. Com o uso do Siafi, são obtidas as informações que subsidiam o Balanço Geral da União e os relatórios de execução do orçamento. Essas informações são apresentadas ao Congresso Nacional pelo presidente da República, quando realiza a demonstração das contas públicas. Tudo de acordo com a Constituição Federal. O principal usuário do Siafi é a Secretaria do Tesouro Nacional, responsável pela definição das normas de utilização do sistema, orientando e controlando as atividades dos gestores públicos que o utilizam. Também é missão do Tesouro Nacional arcar com os custos referentes a equipamentos, telecomunicações, desenvolvimento, manutenção e pessoal. << VOLTAR balanço serpro TRIBUTOS - RECEITA ELETRÔNICA Depois de 8 décadas de história, a tecnologia da informação muda a imagem da Receita junto ao contribuinte Como órgão da Secretaria da Receita Federal responsável pela formulação da política de informática, a Coordenação-Geral de Tecnologia e Segurança da Informação tem sido, nos últimos anos, protagonista dos mais visíveis avanços do go-verno no setor. "O grande objetivo dessa política é o aprimoramento da relação fisco-contribuinte" – resume o coordenador Pedro Luíz Bezerra. De fato, a relação teve avanços notáveis por conta da tecnologia da informação. O leão e seu voraz apetite são coisas do passado. Depois de oito décadas de história, na mente do contribuinte a imagem da Receita Federal está muito mais relacionada com a modernidade. Raros são os países, como o Brasil, que permitem o envio de declarações de imposto de renda via Internet. Neste ano, a declaração eletrônica atingiu o número recorde de 14,7 milhões de contribuintes, equivalente a 95% da base. O chamado contribuinte "Pessoa Jurídica" também aderiu em massa. Esses números astronômicos já se tornaram rotina na Receita. No caso mais recente, o da Declaração de Isentos, antes mesmo do prazo final, mais de 30 milhões de pessoas já haviam feito a declaração, sendo 18 milhões por meio de casas lotéricas, dois milhões por telefone e quase 10 milhões via Internet. Considerando que se refere a parcela de menor poder aquisitivo, já que declaram apenas contribuinte com rendimento anual inferior a R$ 10.800,00, chama a atenção o grande número de declarações via WEB. É, também, a opção mais econômica: das três modalidades, apenas a declaração eletrônica não é tarifada. Além desses, inúmeros são os exemplos de como a tecnologia da informação vem auxiliando o governo na atividade tributária. O mais recente é a "Aduana Virtual", criado em agosto pela Receita Federal, para a indústria da Aeronáutica. O novo regime aduaneiro especial, denominado "Recof Aeronáutico", combina suspensão tributária e facilitação logística, a exemplo do regime destinado às indústrias de bens de telecomunicação e informática. A base do regime é a integração dos meios informáticos, que permite à fiscalização aduaneira atuar de forma permanente e segura sem interromper os fluxos físicos das mercadorias. O Recof Aeronáutico proporciona isenção fiscal e permite às empresas do ramo receber, do exterior, aeronaves, turbinas e outros componentes para manutenção e reparo, de forma rápida e simplificada. O sistema conta ainda com o benefício da suspensão dos impostos incidentes na importação das partes e peças que devam ser utilizadas nesses serviços. Outra novidade é o envio aos contribuintes, via e-mail, de informações sobre o andamento da restituição do Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) 2002, anobase 2001. O novo serviço foi disponibilizado para quem fez a adesão no link "Cadastramento/atualização de e-mail para informações da declaração IRPF/2002". Quem fez a opção está recebendo informações mensais sobre o andamento da declaração: se está sendo analisada, se foi liberada ou mesmo se não consta na base de dados da Receita. Com esta novidade deverá aumentar ainda mais a extraordinária freqüência do site: 23 milhões de acessos por ano somente para consulta ao andamento da restituição. Coerência Conceitual O site da Receita Federal (www,receita.fazenda.gov.br) é, portanto, visitado por milhões de pessoas e funciona como termômetro da relação do governo com o contribuinte, na forma eletrônica. Por vários anos venceu o iBest, o Oscar da Internet no Brasil, nas categorias governo e serviços públicos, sendo agraciado com menções tanto do júri oficial como do popular. O sucesso se deve a uma fórmula por muitos buscada e por poucos alcançada: transformar sites em serviços de efetivo interesse do internauta – no caso, os contribuintes. Este tem sido o grande desafio de todas as corporações que se utilizam da Web para potencializar seus objetivos e, ao mesmo tempo, a maior razão do fracasso de inúmeras empresas "pontocom". No caso da Receita, este desafio foi eficientemente suplantado por conta do conceito que sustentou a criação do site: o atendimento integral ao contribuinte. A missão da Secretaria passou, então, a ser também objeto da interação entre o governo e o contribuinte. A coerência conceitual se revela na estrutura do site e dos serviços por meio dele disponibilizados. Palavra de Cliente "O Serpro tem sido o nosso parceiro mais constante e confiável. É uma empresa que supera desafios e, nesse processo, troca informações, compartilhando o seu aprendizado e conhecimento com os funcionários da SRF. Tem colaborado no desenvolvimento de novos sistemas, com tecnologia de ponta, como ambientes Web, Cliente-Servidor e DataWareHouse. Também tem sido muito importante na manutenção dos sistemas antigos e na administração das infra-estruturas de tecnologia da informação da Receita Federal, sendo provedor das redes de longa distância espalhadas pelo país". Pedro Luíz Bezerra, Receita Federal. Na página da Receita, o internauta pode navegar por inúmeros serviços públicos que até pouco tempo só eram prestados por meio presencial, com atendimento nas suas delegacias ou postos de atendimento. Hoje, ao clique do mouse, é possível se obter a certidão negativa para pessoas físicas, jurídicas e imóveis rurais. Documento imprescindível para o cotidiano de pessoas e empresas, sua emissão dependia da paciência e disposição do contribuinte de enfrentar filas e de voltar várias vezes ao mesmo lugar para tratar do assunto. Hoje, o documento pode ser impresso na residência ou empresa do interessado, tendo validade jurídica para qualquer fim, inclusive o de participação em concursos públicos. Atualmente só procura pessoalmente a Receita quem tem questões específicas a resolver – ou, caso raro entre contribuintes, se não dispõe de acesso à Internet. Isso porque o site traz, no ícone "Guia do Contribuinte", todas as orientações básicas que constituem o chamado atendimento personalizado, as quais são prestadas nos atendimentos presenciais. Agrupadas em mais de 50 tópicos, as informações compreendem a descrição de serviços, consulta on-line a cadastros (tais como CPF, CPNJ, etc.), emissão de certidões, orientações técnicas (dupla tributação, procedimentos para regularização de prêmios e sorteios, regime especial de substituição tributária, etc.), e expedição de formulários. Com esta estrutura lógica, o site permite o cálculo e preenchimento de Darf, e o agendamento e pagamento on-line de tributos. Os avanços tecnológicos que proporcionam maior conforto ao cidadão não implicam em abrir mão de dois aspectos intrínsecos à atividade da Receita Federal: segurança e confidencialidade. Por meio do Receita 222, Serviço Interativo de Atendimento Virtual, estão asseguradas a privacidade e inviolabilidade dos documentos eletrônicos. Ferramentas Inovadoras Suportar o gerenciamento de toda esta solução tecnológica exige da Coordenação de Tecnologia permanente atualização e aperfeiçoamento. Segundo Pedro Luíz, neste momento os esforços se voltam para dotar o nível estratégico da SRF de informações de forma ágil e segura. Isso é possível com o desenvolvimento de modelo de tratamento da informação baseado na tecnologia do Datawarehouse* – projeto inovador desenvolvido em parceria com o Serpro. (*)Ambiente para se obter informação a partir das imensas quantidades de dados com origem nos sistemas legados, com a finalidade de subsidiar o processo decisório, de maneira consistente, flexível, ágil, com integração dos dados e com respostas rápidas. O Serpro foi pioneiro na introdução do sistema no país. Outra ferramenta inovadora, que deverá agregar mais valor aos serviços atuais, é a implantação do processo de qualidade em engenharia de software, denominado de QoSRF – Qualidade de Serviços de Informação na SRF. O processo consiste na definição de uma metodologia única para desenvolvimento de software para a Secretaria, com desenvolvimento de sistemas de qualidade, alocação mínima de recursos e elevada produtividade, no prazo estabelecido, atendendo realmente às necessidades dos usuários. O QoSRF é produto da junção de experiências que a SRF e o Serpro vêm desenvolvendo desde 1999, com o objetivo de melhoria da qualidade dos sistemas de informação, tendo como base conceitual o CMM Capability Maturity Model. De olho no futuro Convencida de que a sonegação fiscal também envolve uma questão cultural, a Receita Federal resolveu antecipar-se e falar diretamente com os futuros contribuintes. Para isso criou em seu site, o link "Leãozinho – Educação fiscal para jovens e crianças" com a finalidade de iniciar o processo de cidadania fiscal de forma lúdica e divertida. Na Vila Esperança moram Mateus, sua turma – Cacá, Beto, Carol e Tiago, entre outros - Dona Carmen e os Professores Sócrates, Tales, Helena e Sofia. Na Escola, eles ensinam às crianças noções importantes de direitos, cidadania, cadeia produtiva, responsabilidade social e fiscal. Na "Casa do Poder" são ensinadas as diferenças entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. No cinema, o filme "A Ilha" ajuda a consolidar todos os conceitos anteriormente vistos. Para aqueles que querem aprender um pouco mais, existe a biblioteca; para os que querem relaxar, as brincadeiras de palavras cruzadas, pintura, forca, labirinto e memória divertem, mas também ensinam, pois são baseadas no conteúdo educacional do site. PRÊMIO Prata da casa O esforço da Secretaria de Patrimônio da União tomando significativas medidas para a modernização gerencial, no caminho de estabelecer novos paradigmas na gestão do seu patrimônio imobiliário, teve um importante reconhecimento público. No dia 2 de dezembro, seu sistema SPIUnet, desenvolvido pelo Serpro e criado para administrar os imóveis da União, recebeu o I Prêmio E-Gov, na categoria G2G. Esta categoria compreende todas as iniciativas do governo em tecnologia da informação voltadas para a melhoria de sua gestão. Em outras palavras: produtos e serviços desenvolvidos internamente e tendo como beneficiário o seu público interno. "A premiação foi um reconhecimento público às inovações introduzidas" – resume Rômulo de Oliveira – Gerente de Área de Próprios Nacionais da Secretaria. “De fato as mudanças são expressivas. Hoje o acesso às informações dos imóveis está disponível via Internet, integradas como o Siafi , e permite a inclusão de imagens e a avaliação sistêmica. E aos resultados alcançados" – completa Rômulo. Realmente muitos foram os benefícios. O SPIUnet possui uma média mensal de 350.000 acessos, ou seja, cerca de 16.000 acessos diários, o que representa um aumento exponencial no atendimento à sua clientela. Graças ao trabalho de recadastramento dos imóveis de uso especial da União, foram expurgados cerca de 34% dos registros cadastrados indevidamente, o que permitiu que a SPU hoje administrasse um patrimônio imobiliário estimado em R$ 130 bilhões. Este número indica uma valorização de 86% em relação a 1999 quando um impreciso valor indicava patrimônio de R$ 70 bilhões. O controle patrimonial tornou-se mais preciso porque o cadastro atualizado e consistente permite à Secretaria do Patrimônio da União atender com mais eficiência as solicitações de imóveis para atendimento ao serviço público, bem como para implantação de equipamentos e serviços comunitários, tais como, escolas, hospitais, creches, parques e áreas de lazer, assentamento de famílias carentes, municípios e governos estaduais, com amplos benefícios à população. O conjunto de recursos alocados no SPIUnet, somados às novas funcionalidades que estão sendo implementadas, traz à Administração Pública Federal uma ferramenta mais eficiente de gestão do patrimônio imobiliário da União e, à Secretaria do Patrimônio da União, os mais novos conceitos de modernidade. Benefícios adicionais O SPIUnet trouxe benefícios adicionais. Ao expirar o prazo de validade das avaliações, o sistema informa, de modo automático, a necessidade de atualização. Esta função agiliza o trabalho, reduzindo gastos com avaliações terceirizadas. Ao contrário do SPIU, o SPIUnet dispõe de estrutura que diferencia "Imóvel" e "Utilização", conferindo mais precisão às informações sobre quantitativos. Desde a sua implantação, o sistema vem sendo aperfeiçoado, com a introdução de novos recursos, como o módulo de alienação, que possibilita à Secretaria de Patrimônio administrar todos os aspectos inerentes à venda de um imóvel. Em parceria com a Procuradoria Regional da União - 1ª Região e a AdvocaciaGeral da União, a SPU desenvolveu o módulo de gerenciamento das Ações Judiciais incidentes sobre os imóveis da União. Outra parceria importante, com a Secretaria do Tesouro Nacional - STN, do Ministério da Fazenda, interligou o SPIUnet ao Sistema Integrado de Administração Financeira - Siafi, que administra a contabilidade do país. Assim, toda atualização nos valores dos imóveis no SPIUnet gera a devida contabilização no Siafi, de forma on-line. Esta integração, além de simplificar e agilizar o trabalho das unidades gestoras do governo federal, que anteriormente eram obrigadas a atualizar dois sistemas (SPIU e Siafi), permitiu a atualização diária dos sistemas, em termos de valores e quantitativos, o que eliminou a migração e a conferência de dados realizada ao final de cada exercício. O próximo passo da equipe que gerencia o SPIUnet é introduzir no sistema os dados do IBGE para realizar o georeferenciamento dos imóveis. A partir daí o usuário poderá localizar os imóveis através da base cartográfica correspondente, sendo dispensável o endereço preciso. PRECEITA 222 É A MELHOR NA CATEGORIA GOVERNO-CIDADÃO O Serviço Interativo de Atendimento Virtual – Receita 222 foi premiado com o primeiro lugar na categoria G2C, sigla que designa os serviços desenvolvidos pelo Governo para o cidadão no âmbito da Internet. O serviço foi implantado com o objetivo de proporcionar o atendimento aos contribuintes de forma interativa, pela Web. Utiliza tecnologia que certifica a autenticidade dos emissores e destinatários dos documentos eletrônicos, assegurada sua privacidade e inviolabilidade. Possibilita, entre outros atendimentos, a consulta e regularização das situações cadastral e fiscal dos contribuintes, a entrega de declarações de imposto de renda, a emissão de cópias de declarações e de outros documentos e seus respectivos recibos de entrega, assim como a inscrição, a alteração e a baixa no Cadastro de Pessoas Físicas (CPF) e Jurídicas (CNPJ), a emissão de certidões, cadastramento eletrônico de procurações, acompanhamento da tramitação de processos, o parcelamento de débitos, a compensação de créditos, a prática de atos relacionados com o comércio exterior. A Secretaria da Receita Federal tem usado a Internet como forma de exerce a atribuição que lhe é intrínseca - tributar as operações de vendas e serviços – com conforto para o contribuinte e qualidade na informação. Estes dois desafios têm sido alcançados de maneira consistente por meio da Internet. Os resultados obtidos contribuíram significativamente para a premiação. A melhoria na qualidade dos serviços prestados com economia e maior eficiência; promoção da cidadania, melhoria no relacionamento com os contribuintes, maior comodidade de acesso aos serviços, maior rapidez na resolução de problemas, redução das filas e liberação de mão-de-obra para outras áreas da Secretaria foram itens considerados satisfatórios dentro dos critérios de julgamento préestabelecidos. << VOLTAR dossiê SERPRO: NÍVEL 2 EM CMM Com os recentes avanços na indústria de software, os engenheiros de sistema têm à disposição um arsenal de técnicas, métodos e ferramentas para o desenvolvimento de aplicações. Esses recursos permitem agregar uma infinidade de funcionalidades ao produto de software para atender às necessidades do cliente. Cientes deste fato, esses mesmos clientes estabelecem critérios cada vez mais refinados de qualidade para o produto final. Num mercado competitivo como o atual, as empresas de software percebem que apenas a disponibilidade de recursos técnicos e humanos não é suficiente para atingir as metas de qualidade na produção. É o caso do Serpro, empresa do Ministério da Fazenda que presta serviços de informática a uma vasta gama de clientes da administração direta e indireta. Num projeto em conjunto com empresas de consultoria, o Serpro analisou o estágio de evolução de seu processo de software e verificou a necessidade de adoção de um processo sustentado que estabelecesse uma ponte entre o uso sistemático de recursos e a incorporação de práticas gerenciais aos projetos, com o intuito de assegurar o aumento da produtividade, o cumprimento de prazos e a conformidade com os altos padrões de qualidade de seus clientes. Inspirado nessas diretrizes, e apoiado por um extenso projeto de modernização do seu parque de informática, o Serpro desenvolveu o Processo Serpro de Desenvolvimento de Soluções (PSDS) ([1]), o qual integra atividades consagradas de desenvolvimento de software às práticas de melhoria do processo definidas no modelo CMM (Capability Maturity Model) ([2]). O objetivo maior do PSDS é organizar e promover a melhoria contínua do processo de desenvolvimento, levando-o de um patamar informal (ad hoc) aos níveis maiores de maturidade preconizados pelo CMM. Devido à complexidade do ambiente de desenvolvimento do Serpro, a implantação do PSDS foi subdividida em etapas. Num primeiro momento, a estratégia estabelecida foi a implantação de todas as práticas de gerência preconizadas no nível 2 de maturidade do CMM, com vistas a garantir a adesão do Serpro a esse nível. Esse trabalho descreve a estratégia estabelecida para alcançar este objetivo, os desafios impostos pelas características internas da organização, as soluções encontradas e as lições aprendidas durante a preparação e efetiva qualificação para o Nível 2. O trabalho está organizado da seguinte forma: na seção 2 descrevemos brevemente a empresa Serpro. Na seção 3 apresentamos o PSDS e sua integração com o modelo CMM. A estratégia Serpro para implantação do nível 2 do CMM é descrita na seção 4, seguida da análise das dificuldades e soluções encontradas durante a implantação de cada área-chave na seção 5. A seção 6 enumera as lições aprendidas. A seção 7 resume nossas conclusões. A Empresa SERPRO O Serpro, Serviço Federal de Processamento de Dados, é uma empresa de informática vinculada ao Ministério da Fazenda, cuja função principal é a execução de serviços de tratamento de informações e processamento de dados para o governo federal. A Empresa está sediada em Brasília, com representações regionais em 10 capitais (Belém, Belo Horizonte, Curitiba, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e a própria capital federal) e um quadro de 8.774 funcionários. Como empresa de informática, a visão do Serpro é prover "o melhor em tecnologia da informação para o sucesso dos clientes". Essa visão se coaduna com a missão maior da empresa de "fornecer soluções baseadas em tecnologia da informação para êxito das decisões e operações de seus clientes, com inovação, qualidade e segurança, a preços competitivos". A Empresa encontra-se estruturada em Unidades de Gestão (UG) responsáveis por um segmento da Administração Pública. Cada segmento atende a pelo menos um órgão federal (com características e necessidades próprias), por intermédio de projeções da UG em cada uma das unidades organizacionais. A natureza diversa desses clientes e a descentralização do desenvolvimento em suas diversas representações exigem do Serpro a manutenção de um complexo parque de desenvolvimento e o envolvimento direto com as mais diferentes plataformas tecnológicas. Neste cenário, a adoção de práticas para padronização, organização e controle do processo de software torna-se fundamental para a perfeita integração entre as unidades de negócio. O Caminho para a Qualidade Nos últimos anos, a explosão de novas tecnologias e o aumento no volume de demandas dos seus clientes tem representado um peso considerável na gestão do desenvolvimento do Serpro. A geração de produtos e prestação de serviços dentro dos elevados requisitos de qualidade estabelecidos tornou a administração deste processo uma tarefa ao mesmo tempo complexa e sujeita a erros. Manter-se na excelência da tecnologia da informação para o serviço público passou a requerer mais que um corpo técnico capacitado e ferramentas de última geração, uma preocupação muito freqüente no início da década de 90. Tal direcionamento deu lugar à necessidade de um processo organizado de desenvolvimento de software, de forma a permitir o uso sistemático das melhores práticas para a consecução de projetos de qualidade. Seguindo uma tendência mundial, o Serpro passou a investir na melhoria do processo de software para aumentar a qualidade, a produtividade e a previsibilidade dos resultados finais. Um Projeto de Modernização do Desenvolvimento, intitulado PMoD, foi então criado com a meta de conduzir a empresa a adotar o modelo SEICMM. O CMM é um dos modelos mais aceitos para a melhoria da qualidade e do processo de software em todo o mundo [3], e define os princípios e práticas que devem ser aplicados a uma organização para atingir estágios evolutivos de maturidade em seu processo de software. O CMM está organizado em 5 níveis de maturidade, os quais são definidos em termos de 18 áreas-chave de processo (KPAs – Key Process Areas), que caracterizam a performance do projeto a cada nível [1,4]. O objetivo do PMoD é levar o Serpro a aderir ao nível 2 (repetível) do CMM, onde práticas de gerência mínimas estão estabelecidas para controlar custos, cronograma e funcionalidades. A institucionalização dessas práticas é conseguida tanto pela consolidação de práticas existentes na Empresa, quanto pela adoção das práticas sugeridas no CMM. Nesse contexto, o Serpro definiu procedimentos para todas as áreas-chave do CMM, além de um processo de desenvolvimento único para toda a organização, denominado PSDS, que foi concebido com o objetivo de organizar um conjunto de atividades relacionadas com a criação, certificação, entrega e manutenção de soluções de software. O PSDS define o que fazer (artefatos), quando e como executar atividades de desenvolvimento (fluxos), que ferramentas utilizar (meios), e quem está envolvido no processo (papéis). Além das atividades típicas de engenharia de software, o PSDS inclui em sua primeira versão todas as áreas-chave do nível 2 do CMM. A associação entre áreaschave e atividades constituiu a base para as seguintes melhorias alcançadas no processo: (a) melhoria da qualidade do produto final, (b) controle adequado dos requisitos de software, (c) rastreabilidade dos dados, (d) controle maior dos líderes sobre seus projetos, e (e) um aumento significativo na satisfação do cliente. O grande diferencial do PSDS reside na sua natureza viva, calcada na concepção de um produto de software que, como tal, pode ser mantido e evoluído. Para garantir a atualidade da informação, as tradicionais folhas de papel foram substituídas por páginas Web que compõem um site constantemente atualizado por meio do feedback de seus usuários e de ações desempenhadas por grupos corporativos. Outro ponto de destaque no projeto do PSDS é o conceito de sites de publicação [1], por meio dos quais os produtos (artefatos) gerados ao longo do ciclo de vida de um projeto ficam disponíveis a todos os envolvidos. Implementação e Qualificação no CMM-Nível 2 Esta seção descreve a experiência de aplicação da estratégia definida no ambiente do Serpro. Inicialmente são descritas ferramentas de apoio utilizadas nesse processo, sem as quais sua implantação não seria possível. Em seguida, cada uma das áreas-chave é comentada do ponto de vista das dificuldades e soluções encontradas. O processo de qualificação é descrito ao final da seção. Ferramental de Apoio Evidenciada a necessidade de ferramental para suporte ao processo, o critério adotado foi o de aproveitar as ferramentas já existentes na organização, adquirindo ou construindo aquelas não existentes. A seguir a relação de ferramentas utilizadas (veja tabela). Ferramentas de Apoioa Ferramenta(s) Área-chave CPD-SM Gestão de Projeto/ Gestão de Configuração ESTIMATIVA Gestão de Projeto ADARE Gestão de Projeto RequisitePro - Gestão de ROSE Requisitos PVCS Gestão de Endevor Configuração Clearcase REVISÃO Garantia da Qualidade Sites de Publicação Todas Função Controle do cadastramento de solicitações de mudança pelo líder do projeto e Gerente de Configuração de Software. Ferramenta desenvolvida internamente na ATRCE, na plataforma ASP/HTML Medição do tamanho (em pontos por função) e o esforço do projeto (ferramenta existente) Controle e acompanhamento de custos do projeto (ferramenta existente) Documentação e gerenciamento dos requisitos de software Gerência do verisionamento e configuração de artefatos e baselines de projeto. O PVCS e o Clearcase atuam na plataforma baixa. O Endevor é situado na plataforma Grande Porte(ADABAS/Natural) Controle das revisões de Garantia da Qualidade aplicadas aos projetos. Ferramenta interna, desenvolvida em ASP, utilizando conceitos de trabalho cooperativo. Armazenam e possibilitam o intercâmbio de artefatos entre projetos acelerando a disseminação do processo. Adicionalmente, o pacote TeamTest“ de ferramentas da Rational foi utilizado para aumentar a qualidade dos testes, garantindo a conformidade do projeto com os requisitos especificados. Gestão de Requisitos Processos de engenharia de requisitos são dominados por fatores humanos, sociais e organizacionais, envolvendo pessoas com diferentes formações culturais, além de objetivos organizacionais (e individuais) diversos. Os paradigmas individuais geram filtros no processo de comunicação, prejudicando a especificação dos requisitos. Por todos estes aspectos, a Gestão de Requisitos foi a área-chave com o maior grau de dificuldade na implantação do CMM-Nível 2 no Serpro. Sua institucionalização provocou uma grande mudança cultural na organização, a qual somente pôde ser alcançada mediante (i) a conscientização do corpo funcional do papel fundamental de uma gerência de requisitos; (ii) o treinamento em larga escala nas técnicas e ferramentas de engenharia de requisitos; e finalmente (iii) sua efetiva utilização, cujos benefícios práticos extinguiram os últimos focos de resistência. Dentre estes benefícios, citamos os principais: (a) melhoria da qualidade da especificação; (b) facilidade de documentação e compartilhamento dos requisitos por todos os envolvidos; (c) maior visibilidade por parte de clientes e líderes do que foi solicitado e dos impactos de alteração nos requisitos; (d) antecipação de pontos críticos do projeto; (e) resgate ágil do histórico das definições do cliente; e o (f) planejamento antecipado dos testes a partir dos requisitos. Gestão de Projetos A falta de uma cultura forte em planejamento e acompanhamento de projeto gerou forte resistência por parte dos líderes de projeto. Muitos líderes temiam que as práticas de gerência de projeto fossem, ao contrário dos seus objetivos, comprometer seus cronogramas de projeto. Essa e outras "má-interpretações" foram contornadas pela inserção do corpo gerencial em workshops de sensibilização e treinamentos em Gestão de Projetos. Ao longo do processo, foi evidenciada a importância de um relacionamento estreito entre representantes dos desenvolvedores e os demais grupos afetados (clientes, fornecedores, unidades de infra-estrutura, representantes dos usuários, outros gerentes de projetos de software) para o sucesso da gerência de projeto. Com a implantação das práticas, uma maior visibilidade foi logo alcançada tanto pela gerência quanto pelos desenvolvedores, o que pôde ser comprovado na melhoria da qualidade da documentação do projeto, e pela possibilidade de priorização e o tratamento antecipado dos pontos críticos (riscos). Um dos fatores que aceleraram a implantação dessa área-chave foi a criação de roteiros e diagramas gráficos mostrando a seqüência de atividades requeridas pelo planejamento e acompanhamento de projeto, e seu inter-relacionamento com as demais áreas-chave do CMM. ESTRATÉGIA DE IMPLANTAÇÃO Implantar modelos especializados e custosos como o CMM numa empresa da complexidade do Serpro requer um cuidadoso planejamento de atividades. Estabelecer uma estratégia de trabalho é vital para que o processo de melhoria da qualidade tenha êxito. No caso Serpro, a estratégia definida foi organizada numa seqüência de etapas, descritas a seguir: e1. Estruturação. Inicialmente, de acordo com a estrutura organizacional e geográfica do Serpro, foram definidos grupos de trabalho envolvendo todas as unidades de negócio: • GEP (Grupo Executor do Projeto) - formado por pessoas-chave de cada uma das unidades de gestão. Traça as diretrizes e aprova as decisões e definições correlatas à implantação do PMoD. • GTS (Grupo de Trabalho Serpro) - grupos corporativos cuja função é definir a política, os processos e os procedimentos de cada uma das áreas-chave do nível 2 do CMM. Além desses grupos, foi criado um GTS específico para o Processo de Engenharia de Software. • GTI (Grupo de Trabalho Interno) - projeções dos GTS nas unidades de gestão formadas por profissionais de alto nível, responsáveis pela elaboração e revisão do conteúdo do PSDS. e2. Definição. Cada GTS definiu políticas organizacionais relativas a sua área-chave. Com base nessas políticas, os GTI levantaram as melhores práticas das suas respectivas unidades de gestão, além de oportunidades de melhoria. Posteriormente, foi feita uma pré-avaliação para verificar a situação atual de cada unidade, e consolidar as práticas e oportunidades identificadas. Após essa fase, o GTS consolidou o material de cada GTI como insumo para a definição do Processo de Software. e3. Sensibilização. Definido o processo, o foco se transfere para a mobilização do corpo produtivo da Empresa. Conforme evidenciado em [5], a tentativa de conduzir um processo bottom-up de melhoria da qualidade leva à formação de ilhas de excelência, ao invés do desejado aumento na capacidade produtiva da organização. Tendo esse princípio como base, um movimento top-down de sensibilização foi executado em toda a Empresa, iniciando-se no corpo gerencial, ao que se seguiu o corpo funcional, numa campanha maciça incentivada pelo Presidente do Serpro, cujo apoio foi primordial para o êxito da implantação. e4. Institucionalização. Um grupo de Engenharia de Software ficou encarregado de institucionalizar o processo, ou seja, prover treinamento e suporte aos usuários, além de zelar pela sua melhoria contínua. Um grupo de desenvolvedores em projetos-piloto passou a aplicar os padrões e procedimentos definidos, recebendo treinamentos para atuar posteriormente como disseminadores locais. Adicionalmente, o feedback provido por esses profissionais é usado continuamente para a melhoria do processo. e5. Validação. Grupos de Garantia de Qualidade de Software (GQS) garantem a aplicação do processo, validando os produtos e atividades com base nos padrões definidos. Os GQS também institucionalizam o processo de revisão, servindo de elementos difusores do processo na cultura da organização. Com o apoio de consultores especializados, ajustes finos são aplicados ao processo de software para assegurar o mais alto nível de aderência ao modelo de referência. e6. Qualificação. Nessa última fase, foi estabelecido um critério de qualificação, o qual determina que a organização a ser avaliada corresponda a uma unidade regional (pólo), representada por sua respectiva área de desenvolvimento, no âmbito de uma Unidade de Negócio. Gestão de Configuração de Software (GCS) A existência de uma cultura prévia de gerenciamento de configuração na Empresa facilitou sobremaneira a consolidação desta área-chave, e impulsionou a adoção de suas práticas na totalidade dos projetos. Com isso, houve uma significativa redução na perda de programas e documentos nos ambientes de desenvolvimento e produção. O controle de versões e de baselines permitiu também a visualização do histórico dos projetos, facilitando inclusive as tarefas de gerência do projeto. A definição de uma sistemática para guarda e distribuição de programas, considerando-se as características de cada ferramenta adotada, teve um papel fundamental nesse processo. Garantia da Qualidade de Software (GQS) Esta área-chave é essencial para garantir que os projetos de desenvolvimento sigam as normas e os procedimentos especificados, e que os artefatos produzidos estejam em conformidade com os padrões descritos no PSDS. Os consultores de GQS são os responsáveis por verificar a obediência a estes padrões, e encaminhar as "não-conformidades" levantadas para as lideranças. O levantamento de inconsistências é realizado por meio de revisões pré-acordadas com líderes de projeto. Um prazo é acordado entre estes e o consultor para a correção das inconsistências. Não-conformidades vigentes após o prazo estabelecido são reportadas à gerência sênior para ciência e providências. Em persistindo a não- conformidade, a ocorrência é reportada diretamente pelo GQS do Pólo ao GQS da UG para acompanhamento e cobrança, sempre sobre a regência de um prazolimite. Ocorrências em aberto sob jurisdição do GQS da UG e acima do prazo-limite são encaminhadas à última instância da Garantia da Qualidade no Serpro: o GQS Corporativo, o qual está diretamente vinculado à presidência da Empresa. Esse esquema garante a adequação de todos os projetos aos princípios e conceitos estabelecidos no PSDS. As revisões periódicas representam um momento de aprendizado para todos os envolvidos, uma vez que as equipes são orientadas pelos consultores a como melhor utilizar o PSDS. Gestão de Subcontratação Os processos, métodos e procedimentos encontram-se definidos para esta áreachave. Contudo, dentro das metas de qualificação atuais do Serpro, não foram selecionadas ainda áreas dentro da Empresa que façam uso da gestão de subcontratação de software. Assim, não foi possível medir o grau de aderência do PSDS a essa área-chave, nem coletados resultados que comprovem sua aplicação na prática. LIÇÕES APRENDIDAS Implantar o nível 2 do CMM numa empresa como o Serpro não é uma tarefa fácil, mas os esforços aqui descritos para sua consecução provam que ela pode ser atingida com sucesso. Certamente essa é uma experiência muito enriquecedora para todos os envolvidos, a qual traz lições que podem ser assimiladas e (na medida do possível) repetidas em outros ambientes. A seguir, destacamos as principais lições aprendidas com o processo Serpro: a- A infra-estrutura de hardware e software requerida para o suporte à implantação deve ser considerada o mais cedo possível no processo, devido ao elevado custo de sua aquisição e instalação. É importante investir no aproveitamento das ferramentas já existentes na organização; b- Equipes devem ser formadas para dar suporte operacional ao novo ambiente e às ferramentas adotadas. O bom aproveitamento do ambiente depende fundamentalmente do desempenho destes profissionais; c- É imprescindível a alocação de recursos para formação de grupos de engenharia de software (SEPG) e de garantia de qualidade (GQS), a despeito da pressão pelo atendimento a demandas ou da impossibilidade de contratação de novos recursos. A contribuição desses grupos para o processo como um todo compensa o esforço de alocação da mão-de-obra; d- O investimento em larga escala para treinamento dos desenvolvedores é mais que uma necessidade. É essencial; e- A revisão periódica do trabalho é encarada muitas vezes como uma invasão dos direitos individuais pelos desenvolvedores, os quais não estão acostumados a terem seu trabalho questionado por uma pessoa externa ao projeto. Assim, é extremamente importante que o gerente de qualidade seja uma pessoa tecnicamente preparada, com habilidades para estabelecer um bom relacionamento interpessoal; f- Nunca implantar cada área-chave separadamente, devido à forte dependência entre elas; g- A tendência a ir diretamente para a fase de projeto deve ser combatida nos desenvolvedores por meio do fortalecimento dos processos de requisitos. Uma vez aplicados de maneira correta, os benefícios práticos sentidos no projeto fazem o restante do trabalho; h- É importante o planejamento e a participação das lideranças, e fundamental o apoio da alta administração. Juntos eles garantem o rumo do projeto na direção certa; i- Meios de documentação dos resultados como os sites de publicação simplificam enormemente o trabalho dos gerentes de qualidade, liberando os líderes para as tarefas específicas de gerência de projeto. Posteriormente, uma reunião é o suficiente para a discussão entre as partes; j- Instrutorias Internas proporcionam treinamentos mais voltados para a realidade da organização, incorporando exemplos práticos que facilitam a assimilação dos princípios técnicos e gerenciais. A redução dos custos com treinamento é outro fator atrativo para este tipo de prática; k- Nunca perder de vista uma das peças fundamentais no processo de melhoria: o cliente. Os clientes são um dos afetados pelas (e mais interessados nas) mudanças geradas, portanto o envolvimento e aceitação do processo por parte do cliente é um passaporte para a internalização do processo entre as equipes; l- Implantar as práticas-chave em projetos recém iniciados provoca um aumento imediato da satisfação do cliente. Porém, a sua extensão aos sistemas legados, cuja manutenção e processo evolutivo continuam vivos, é fundamental para consolidar a melhoria do processo de software em toda a empresa; m- Os profissionais integrados a instituições acadêmicas por meio de cursos de Especialização e Pós-Graduação têm muito a contribuir com o processo, em especial se estes cursos são focados na qualidade de software. Essa prática deve ser incentivada em todas as empresas. Processo de Qualificação Foi escolhida como organização-piloto para qualificação no Nível 2 a área de desenvolvimento da Superintendência de Negócios e Administração Tributária (Sunat), em sua Unidade Regional de Recife, denominada ATRCE. A escolha deveu-se ao pioneirismo da unidade na implantação do PSDS dentro do Serpro, e ao alto grau de maturidade obtido ao longo do desenvolvimento de inúmeros projetos de software para a Receita Federal. Em evento realizado na última semana de novembro de 2002, a ISD-Brazil [6], avaliadora oficial do SEI para o Modelo CMM na América Latina, conduziu um processo de avaliação formal para os projetos de desenvolvimento da ATRCE. Uma equipe mista de avaliadores foi constituída por integrantes da ISD-Brasil e Analistas de Sistema, especialmente treinados no método SCE (Software Capability Evaluation – Avaliação da Capacidade de Software), regulamentado pelo SEI para avaliação de nível de maturidade do CMM. Em trinta dias de avaliação, foram conduzidas apresentações, entrevistas com gerentes e desenvolvedores, e analisada toda a documentação dos projetos candidatos. Ao final do processo, a equipe constatou a aderência da ATRCE às 121 práticas do Nível 2 do CMM, consagrando-a com esse nível de maturidade. Trabalhos Futuros A implantação de processos de melhoria de qualidade é mais que uma tendência nas empresas de software, é um requisito primordial para enfrentar o mercado competitivo e atender às exigências de seus clientes. A experiência do Serpro na implantação e qualificação no nível 2 do CMM demonstra que, apesar das dificuldades inerentes a este tipo de processo, e da complexidade adicional de sua estrutura organizacional, é possível implantar com sucesso todas as suas práticas. O planejamento bem estruturado desde o início está por trás desse sucesso. Ao longo de 2 anos de trabalho, uma das mais importantes lições aprendidas é que quando o processo trabalha para as pessoas, as pessoas trabalham para o processo. A mobilização de todos os envolvidos é crucial para garantir uma melhoria homogênea do processo de desenvolvimento, e somente pode ser conseguida na medida em que cada profissional percebe os benefícios advindos dessa melhoria. A meta do Serpro é qualificar todos os seus pólos de desenvolvimento até o final de 2003. Em paralelo, ainda no ano de 2003, treinamento e preparação do processo PSDS serão realizados, tanto no âmbito da Sunat Recife quanto em outras áreas que venham a ser qualificadas no Nível 2 de maturidade, visando capacitá-las a avançar para os níveis de maturidade seguintes do Modelo CMM. É o Serpro em sua busca constante pela excelência no desenvolvimento de software. (*) Helena Cristina Tavares, Fábio Rilston Silva Paim e Ana Elizabete Carvalho << VOLTAR opinião OBRASNET - O CONTROLE SOCIAL DAS OBRAS PÚBLICAS Luís Alfredo Alves Correa Obra suspeita, verba suspensa. Com essas palavras, o presidente Fernando Henrique marcou o lançamento, em abril de 2000, da iniciativa Brasil Transparente, criada com o objetivo de aumentar a transparência dos atos públicos. A iniciativa surgiu da constatação de que os mecanismos formais de fiscalização e acompanhamento eram insuficientes. Era necessário ampliar a participação da sociedade neste processo, de modo a garantir um melhor atendimento das necessidades da população e a correta utilização dos recursos públicos. As ferramentas tecnológicas disponíveis e iniciativas do governo federal, como o Programa Governo Eletrônico, criaram um ambiente favorável para a difusão de informações e para a participação da sociedade na condução da coisa pública. Por isso, na ocasião, o presidente assumiu o compromisso público de implantar um serviço de acompanhamento online das obras financiadas pela União. Surgia ali o embrião do Obrasnet, com o objetivo expresso de melhorar a atuação de órgãos do governo federal no planejamento, aprovação e acompanhamento de obras e serviços de engenharia realizados com recursos do Orçamento Geral da União. Coube ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão a responsabilidade para o desenvolvimento do projeto. Isso exigiu um planejamento cuidadoso, para que o Obrasnet se constituísse numa ferramenta para auxiliar não só ao proponente de uma obra, mas também aos gerentes responsáveis pela sua aprovação e aos órgãos de acompanhamento e fiscalização da aplicação dos recursos públicos. Mais do que isso, o planejamento cuidou para tornar transparente todo o complexo processo de construção de uma obra pública para a sociedade. Após essa gestação planejada, o Obrasnet se tornou realidade com a assinatura de um Acordo de Cooperação Técnica com a Caixa Econômica Federal, em setembro de 2002. A Caixa tem ampla experiência na condução de atividades de apoio e acompanhamento de obras públicas por todo o país. Com base nessa experiência, o go-verno federal espera desenvolver o Obrasnet em duas etapas. Na primeira etapa, consolidada em outubro, o portal do Obrasnet disponibilizou informações sobre 20.000 obras em execução, constantes do cadastro da Caixa, além do acesso ao Sistema Nacional de Preços de Insumos no endereço www.obrasnet.gov.br. O sistema conta com itens básicos de engenharia cadastrados, que servirão, como determina a LDO para 2003, de parâmetro dos custos das obras. A segunda etapa abrange o desenvolvimento dos outros módulos do Obrasnet, desde o planejamento da obra, baseado nos módulos de insumos e de cadastro de projetos padrão, passando pela aprovação e o acompanhamento da obra e liberação de recursos de acordo com o cronograma estabelecido em contrato ou convênio e registro das fiscalizações efetuadas. O Obrasnet, além de permitir o acompanhamento visual do empreendimento, possibilitará o acesso a outras informações, como valor e estágio em que se encontra o andamento físico da obra, o cronograma de parcelas solicitadas ou liberadas, além de informações de operações que ainda estão em fase de estudos para contratação. Dessa forma, haverá o monitoramento de todo o processo. Do ponto de vista dos municípios que desejam participar dos programas constantes do Orçamento Geral da União, serão oferecidas facilidades na elaboração de propostas, como a padronização de programas de trabalho, oferta de projetos padrões e plantas digitalizadas. O objetivo é o de facilitar o processo de análise das propostas, ao mesmo tempo em que se garante a verificação das informações ali contidas pela comparação com o Sistema Nacional de Preços e Insumos. Disponibiliza, também, para o gestor municipal, uma ferramenta de acompanhamento e divulgação das obras sob sua responsabilidade, uma vez que um dos principais objetivos do Obrasnet é dar transparência aos processos relativos às obras realizadas com recursos do Orçamento Geral da União. Com o sistema Obrasnet será possível controlar a realização de uma determinada obra, "desde a elaboração da proposta até a prestação de contas final. Saber a qualquer momento quanto foi gasto e cotejar o gasto efetivo com o previsto". O uso desse sistema terá uma interface simplificada, de uso facilitado pela Internet. O Obrasnet permitirá ao indivíduo comum, o cidadão, o acesso a um arsenal de dados e informações sobre as obras públicas. Assim, com essa ferramenta de controle gerencial e social, será como foi dito: obra suspeita, verba suspensa. << VOLTAR opinião O PREGÃO ELETRÔNICO E AS COMPRAS GOVERNAMENTAIS Renata Vilhena O presidente Fernando Henrique sancionou a lei que estendeu a modalidade Pregão para os estados e municípios. O Pregão é um leilão ao contrário, que permite a disputa direta entre os fornecedores interessados, mediante lances sucessivos, até a proclamação de um vencedor. Vence quem oferece o menor preço. O Pregão pode ser adotado nas licitações de bens e serviços comuns, que são aqueles cujo padrão de desempenho e qualidade podem ser definidos no edital, por meio de especificações de uso corrente no mercado. Há inúmeras vantagens na adoção do Pregão, em relação aos procedimentos convencionais (Concorrência, Tomada de Preços e Convite) da Lei Nº 8.666/93. A modalidade aumenta a competitividade e as oportunidades de participação das empresas nas licitações, além de contribuir para o esforço de redução de despesas da administração pública. O Pregão garante economias imediatas e permite maior agilidade nas aquisições ao desburocratizar os procedimentos de habilitação e a seqüência de etapas da licitação. As regras são inovadoras e simples: há uma inversão do processo de habilitação. Somente quem ganhou a melhor proposta comercial tem a documentação examinada, podendo atualizar a documentação até a assinatura do contrato. Caso não haja atendimento aos requisitos de habilitação, são aplicadas sanções. Com isso, os interessados devem se manter em dia com as obrigações fiscais e prérequisitos para participar de uma licitação. Isso inibe atrasos nos processos. A indústria de recursos não gosta do Pregão, porque a modalidade permite o credenciamento imediato e a solução de questões na própria sessão. O índice de recursos é inferior a 1%. Desde agosto de 2000, 7.690 pregões foram realizados, com cerca de R$ 2 bilhões em valores adquiridos. A redução de preços obtida tem sido da ordem de 25%, com economias diretas de desembolso da ordem de R$500 milhões. A modalidade Pregão já abrange 7% do total de despesas anuais com aquisição de bens e serviços. A meta para 2003 é a aquisição de 20% das despesas, o equivalente a R$ 2,6 bilhões, com a perspectiva de economia de desembolso de R$500 milhões/ano. Essa economia de desembolso ocorre porque as empresas disputam quem vai vender mais barato, lance a lance. Não é um preço escrito num papel dentro de um envelope. Com o Pregão há menos burocracia, o fornecedor pode vender até pela Internet. Os processos de licitação duram 20 dias nos pregões, enquanto uma concorrência exige de 4 a 6 meses. O Pregão também tem influenciado a postura dos profissionais de compras do governo e do mercado, que assimilam um novo paradigma para as licitações. Existem, hoje, 170 mil fornecedores no cadastro do governo federal. Em 2000, antes do Pregão, não passavam de 70 mil. Mas a sociedade é a grande beneficiada pela transparência e controle social permitidos pelo Pregão. Todos os lances e acontecimentos de um pregão são registrados em atas eletrônicas, que podem ser consultadas por qualquer cidadão interessado, no endereço www.comprasnet.gov.br. A administração pública, em todas as suas instâncias, já conta com uma modalidade de licitação ágil e geradora de economia para realizar suas compras e contratações. Resta apenas expandir a sua utilização. << VOLTAR opinião FUJA DO LABIRINTO (*) Sérgio Peixoto Mendes Solicitude e cooperação são as chaves para a construção da visão do conhecimento organizacional Quando uma idéia se destaca das demais e clama por nossa atenção temos vontade de fixá-la com mais ênfase na nossa memória. O registro, que neste caso pode não se restringir na memória, proporciona a leve sensação de garantir seu uso num futuro próximo. Isso talvez explique o fato de algumas pessoas sublinharem textos, rabiscarem artigos, passarem canetas marca texto e até mesmo, suspenderem temporariamente a leitura para comentar o assunto com um colega próximo. Afinal, o diálogo também é uma bela forma de fixar novos conceitos na memória e um poderoso instrumento de compartilhamento. Mas, por que anotar à parte os insights originados em leituras e conversas formais? Tudo que anotamos será útil um dia? A primeira questão talvez possa ser respondida a partir da segunda, por isso, vamos fundir as duas, criando uma terceira: Quando anotamos um insight de forma diferenciada não estamos pensando num possível uso futuro do mesmo? Se a resposta for sim, estamos agindo de maneira estratégica na nossa forma de pensar. No entanto, vejo também nesta atitude um embrião de boa vontade. Disposição para compartilhar. A maioria das estratégias de avanço são proporcionadas por insights que, depois de estruturados, podem se transformar em grandes negócios. A boa idéia não aplicada, não concretizada, não comunicada, está fadada ao esquecimento, por isso é importante realizar pesquisas de forma estruturada, principalmente no âmbito organizacional. É fundamental também ter na equipe pesquisadora senso prático para que os diálogos, encontros e reuniões sejam gerenciados. A busca, quando direcionada, é pesquisa. O dialogo temático também, porém ambos dependem da solicitude e da cooperação. Note-se que estas palavras aparecem em destaque (itálico), pois são chaves para o que estamos aqui querendo demonstrar. Vejamos agora a importância da solicitude e da cooperação na criação da visão do conhecimento. Se a busca de novos conhecimentos não for direcionada, o campo de pesquisa pode se transformar num grande labirinto e, corre-se o risco de não encontrar a saída. Por isso é importante ter uma visão da onde se quer chegar, principalmente se estamos pesquisando novas soluções ou desenvolvendo novos produtos e serviços. Também é importante ganhar tempo (a menos que nossas pesquisas sejam movidas pelo simples prazer ou curiosidade) caso se queira atingir alguns resultados imediatos, caso contrário a pesquisa pode se desviar para a especulação teórica e perder o foco. A visão do conhecimento numa empresa tem a finalidade de fornecer este direcionamento fechando o leque de opções dando novos estímulos aos pesquisadores. No entanto, essa visão não pode limitar-se a necessidade empresarial, tem de contemplar também os seus agentes que são os trabalhadores do conhecimento. Busca-se o conhecimento para explicar, para entender, para compreender e também para vender. É fato: em relação ao conhecimento somos todos movidos por necessidades, de explicações, de entendimento, de compreensão e também de manter a empresa no páreo. Neste ponto, a solicitude e a colaboração são fundamentais. Estimular os diálogos em grupos de discussão, comunidades de práticas e, principalmente, a atitude solícita (disposição para ensinar e aprender), podem ser a chave da inovação para a empresa, mas, repetimos, a criação do conhecimento não pode depender somente das técnicas, é preciso recompensar e estimular adequadamente os trabalhadores do conhecimento. Os portais corporativos EIPs (Enterprise Information Portals) se apresentam atualmente como a solução tecnológica para registar os novos insights. No entanto, são apenas meios de gerir o conhecimento e nada podem fazer em relação à melhoria da qualidade dos diálogos. Também não motivam as atitudes solícitas. Solicitude e cooperação devem fazer parte da cultura organizacional que, muitas vezes, precisa ser trabalhada, com técnicas motivacionais apropriadas. Os programas de motivação para o compartilhamento podem ser a chave para esta mudança cultural e deverão se tornar, nos próximos anos, o “boom” da literatura especializada. Trabalhar as técnicas de estimulo à criatividade e à colaboração, tornar-se-á tarefa básica das áreas de Gestão de Pessoal e dos ativistas do conhecimento (Nonaka 2002). Arriscando um palpite, digo que as disciplinas de Gestão de Conhecimento Organizacional e Gestão de Pessoas se fundirão num futuro próximo, formando uma estrutura capaz de alinhar com mais precisão o agente do conhecimento (sujeito) com os objetivos empresariais (negócios). O estreitamento desta relação pode se traduzir em vantagem competitiva. É nisso que acreditamos. Voltemos ao nosso ponto anterior. Quais são as nossas verdadeiras intenções ao negritarmos uma palavra ou uma sentença? Na maioria das vezes, quer-se dar ênfase especial a um assunto, chamar atenção para um ponto específico, ser compreendido aqui e acolá. No entanto, este destaque que damos a certos conteúdos pode trazer na sua essência uma possibilidade de compartilhamento, uma boa vontade, uma solicitude em potencial ou ser simplesmente uma atitude preventiva para usar o conhecimento como poder em beneficio próprio. Compreender esta questão pode auxiliar no momento de definição de uma visão do conhecimento e no alinhamento do discurso interno da empresa. A visão do conhecimento deve, portanto, estimular a atitude solícita demonstrando que o conhecimento necessita de movimento e, na medida que se movimenta, estimula novos insights. Dizem as más línguas (não teria sido Maquiavel?) que cooperar num ambiente competitivo é o mesmo que entregar o ouro para o bandido. Então, quem vai se arriscar num campo de batalha a mandar flores ao inimigo? Como confiar naquele que acumula e constrói barreiras? O contexto capacitante adequado tem de estar voltado para o aprendizado, para o fluxo livre de conversa, para a troca livre de correspondência, para uma convivência sem interesses escusos e, acima de tudo, guiado por uma visão do conhecimento abrangente que envolva todos os stakeholders. É isso, da mesma forma que a organização possui os seus valores, missão, visão, fatores críticos de sucesso, e ou-tros, deve ter também uma noção do que acontecerá no futuro em termos de novos conhecimentos e novos negócios. Tarefa árdua, largar o presente, abandonar por algum tempo os problemas cotidianos e olhar para o futuro com o objetivo de ver para onde os negócios caminham. A visão do conhecimento de uma organização, no sentido que entendemos, não deve se restringir à gestão do conhecimento acumulado (administração de repositórios). O que se tem arquivado é importante (mesmo porque num processo de combinação pode gerar o novo), mas para a construção da visão do conhecimento talvez não seja essencial. Ao contrário do que se imagina, o conhecimento atual pode inibir a quebra de paradigmas e se transformar em amarras coletivas. Quem não lembra o que aconteceu com as máquinas de escrever e os PCs. Nesse sentido, A pergunta fundamental de um ativista do conhecimento é: Em que mundo viverão os membros da organização? Que tipo de conhecimento devem buscar? Como estes conhecimentos podem ser transformados em vantagem competitiva? Como transformar estes novos conhecimentos (valores intangíveis) em conceitos e posteriormente em produtos? Como aplicar essas descobertas sem interferir no meio ambiente e na qualidade de vida das pessoas? Como se pode perceber, a constituição da visão do conhecimento depende fundamentalmente da arte de perguntar e da arte de provocar o diálogo e a imaginação. As respostas da imaginação algumas vezes soam estranhas aos nossos ouvidos e, quase sempre, só dão retorno financeiro quando são concretizadas em filmes, novelas e livros, ou seja, no entretenimento ficcional. A imaginação quando levada ao extremo, pode se transformar em loucura, aberração, mas quando bem dosada pode ser a solução, que o diga Hollywood. A reflexão imaginativa coletiva (um brainstorming estimulado por ondas de inovação) pode evitar os desvios da imaginação individualista, afinal a loucura coletiva pode perfeitamente se transformar em normalidade, no entanto, ninguém ficará rico com isso. A visão do conhecimento organizacional deve ser fecunda mas, acima de tudo, deve ser diferenciada para se transformar em estímulos criativos e motivadores. Mas, segundo vimos acima, temos que atuar prioritariamente na cultura organizacional. Enfim, quando se trata de mudança cultural voltada para o compartilhamento e para a criação do conhecimento as palavras chaves são: solicitude e cooperação. Ambas dependem de um relacionamento fundamentado na confiança, pois não há como ser solícito a partir do medo, da insatisfação e da desconfiança. No entanto, solicitude e cooperação dependem de um contexto capacitante orientado por uma visão do conhecimento onde a imaginação dê o tom e a concorrência interna seja desestimulada para evitar a retenção planejada do conhecimento e sua conseqüente estagnação, como garantia de poder individualizado. Se você gostou deste tema recomendamos ler, anotar, rabiscar, sublinhar, grifar, fichar o novo livro de Krogh, Ichijo e Nonaka: Facilitando a Criação de Conhecimento, quem sabe no próximo encontro sobre Gestão do Conhecimento nossa participação não seja mais ativa. (*) Pós-graduado em filosofia e mestrando da Universidade Católica de Brasília na área de Gestão do Conhecimento e da TI. << VOLTAR
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