Terapia Gênica e Nanotecnologia - Marilanda Bellini
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Terapia Gênica e Nanotecnologia - Marilanda Bellini
Disciplina: Fundamentos de Genética e Bio Mol Turma: Fisioterapia (1o Ano) Terapia Gênica e Nanotecnologia E-mail: [email protected] Blog: http://marilandabellini.wordpress.com Tratamento Doença Genética ↓ Paliativo ↙ Ameniza Sintoma ↘ Não age na causa gene Estratégias Terapêuticas Terapia Gênica Novo conceito terapêutico ↓ Introdução de material genético para atuar na causa fundamental da doença ↓ gene, fragmento gênico ou oligonucleotídeos Processo destinado a tratar ou aliviar doenças pela modificação genética das células do paciente. Formas Potenciais de Terapia Gênica • Terapia gênica germinativa • Terapia gênica somática Terapia Gênica em Células Somáticas In Vivo • as células são tratadas dentro do corpo. Ex Vivo Terapia Gênica em Células Somáticas In Vivo Ex Vivo • as células são tratadas dentro do corpo. • as células do paciente são retiradas e manipuladas fora do corpo. Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Métodos Físicos ou Químicos Vetores Biológicos • Microinjeção • Eletroporação (choque elétrico) • Biobalística (gene gun) • Retrovírus • Adenovírus • Adenovírus associado-AAV (parvovírus) • Lentivírus (retrovírus → cels. não dividem) • Herpes vírus (invadir neurônios) • Cromossomo artificial BAIXA EFICÁCIA E TRANSITÓRIOS Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Métodos Físicos ou Químicos • Microinjeção Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Métodos Físicos ou Químicos • Eletroporação (choque elétrico) choque elétrico→poros (morte celular) Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Métodos Físicos ou Químicos • Biobalística (gene gun) Bombardeio partículas de ouro: bomba de hélio (morte celular) Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Vetores Biológicos • Retrovírus – vetores ideais para a transferência de genes em células humanas – capazes de infectar quase 100% das células-alvo em divisão→ integra no genoma hospedeiro – Carregam fragmentos relativamente grandes de DNA (8kb) – Desvatagem: infectam somente células em divisão Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Vetores Biológicos • Retrovírus – A inserção casual do DNA no genoma das células hospedeiras pode : • inativar um gene importante: morte celular • ativar um oncogene: alterar o padrão normal de controle e divisão celular • causar mutação Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Vetores Biológicos • Adenovírus – Eficiente para células em divisão e quiescentes; – Até 30Kb de DNA; – Expressão transiente alta, mas decai em 2 semanas; – Adequado para matar células; – Quimidirigido por proteinas de superfície; – Eficaz em hepatócitos; – Causam Resposta Imune Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Vetores Biológicos • Adenovírus associado-AAV (parvovírus) – vantagem de integração estável ao DNA; – células em/ou não divisão; – nenhuma associação conhecida com doença humana; – Desvantagem: inserção de DNA de cerca de 5kb Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Vetores Biológicos • Herpes vírus – desativado: capacidade de invadir neurônios. – Desvantagem: não se integram aos cromossomos: inviabiliza expressão a longo prazo Técnicas de Introdução Gênica em Mamíferos Vetores Biológicos • Cromossomo artificial – – – – – 5-10 Mb DNA telomérico humano DNA centromérico DNA genômico Introduzidos em células em cultivo. Pré-requisitos para Terapia Gênica • escolher a doença apropriada a ser tratada; • identificar e clonar o gene e suas regiões reguladoras; • assegurar que o gene inserido não tenha efeitos prejudiciais; • determinar as células-alvo certas que tenham duração de vida adequada; • verificar se a técnica é segura e eficiente para a introdução do gene nas células; • restringir a transferência do gene às células alvo somáticas; • documentar e divulgar os resultados obtidos. Classes de Doenças Passíveis de Terapia Gênica • • • • Doenças Hereditárias (monogênicas); Neoplasias; Doenças infecciosas (AIDS); Outras Doenças: doença arterial coronária; artrite; doença renal, etc • Cerca de 650 protocolos aprovados Tentativas de Terapia Gênica • Deficiência da Desaminase de Adenosina - (ADA) • • • • • Imunodeficiência rara Enzima ADA: via purinas (tóxica) linfócitos T (células-alvo) são muito acessÍveis Grande variação no nível de expressão do gene ADA entre indivíduos normais 1990: Drs. Anderson e Blease (Ashanti De Silva) o primeiro protocolo aprovado para terapia gênica foi para a correção da deficiência da ADA. Tentativas de Terapia Gênica • Deficiência da Desaminase de Adenosina - (ADA) • expressão do gene ADA detectada por 12 anos nos linfócitos periféricos • transferência do gene não foi eficiente: receberam PEG-ADA Tentativas de Terapia Gênica • Deficiência da Desaminase de Adenosina - (ADA) • NOVA TÉCNICA: • gene ADA transferido para células tronco: sangue do cordão umbilical; • 10% dos linfócitos T circulantes carregavam o gene normal; • tratamento com enzima ADA exógena (PEG-ADA) foi removida progressivamente; • Células T expressando ADA significantemente. Tentativas de Terapia Gênica • Imunodeficiência Combinada Severa Ligada ao X – SCID – Devido mutação do gene IL2RG: codifica a cadeia γ do receptor IL-2 – Pacientes faltam células T e células B prejudicadas – França: 10 crianças selecionadas para terapia gênica: células da medula óssea retrovírus – 9/10 crianças apresentaram células T com o gene transduzido – Duas crianças desenvolveram leucemia de células T ~ 3 anos após a terapia Tentativas de Terapia Gênica • Fibrose Cística EXEMPLOS CLÍNICOS DE DOENÇASHerança MONOGÊNICAS Autossômica Recessiva AUTOSSÔMICAS RECESSIVAS Albinismo Fibrose Cística Doença pulmonar crônica. Doença de TAY-SACHS Distúrbio neurológico degenerativo; Homozigose recessiva letalidade. Aula 03 Tentativas de Terapia Gênica • Fibrose Cística - vetor adenoviral: infecta os pulmões, penetra em células que não estão em divisão sem integrar no seu DNA, permitindo que estas expressem o DNA viral, introduzido pelo nariz com um spray. - desvantagem: inflamação com ataque imune que neutraliza as células contendo gene adenoviral; efeito da terapia de vida curta, cerca de 6 semanas. Tentativas de Terapia Gênica • Hemofilia: • Mutação no gene do fator VIII (Hemofilia A) e fator IX (Hemofilia B) de coagulação • afeta 1:5000 homens (recessiva ligada ao X) EXEMPLOS CLÍNICOS DE DOENÇAS MONOGÊNICAS RECESSIVAS LIGADA AO X Hemofilia A É um distúrbio da coagulação caracterizado por tempo de sangramento prolongado. Aula 03 Tentativas de Terapia Gênica • Hemofilia: • Mutação no gene do fator VIII Hemofilia A) e fator IX (Hemofilia B) de coagulação • afeta 1:5000 homens (recessiva ligada ao X) • Sintomas: sangramento espontâneo nas articulações, nos tecidos moles e órgãos vitais • Tratamento: injeções regulares de fator VIII ou IX Tentativas de Terapia Gênica • Hemofilia (6 pacientes) – Procedimento: • extração de células da pele (fibroblastos); • inserção do gene normal em plasmídeo (não provocam rejeição pelo organismo); • clonagem dos fibroblastos • pacientes receberam implantes dos fibroblastos no abdomem, após pequenas incisões • aumento de 1 a 4% do fator VIII (melhora qualidade de vida dos pacientes) • benefícios foram temporários: apenas 10 meses Tentativas de Terapia Gênica • Neuropatia óptica hereditária de Leber (LHON) HERANÇA MATERNA DO DNA MITOCONDRIAL Neuropatia óptica hereditária de Leber (LHON) Perda visual bilateral, subaguda e indolor; Adultos Jovens; Sexo Masculino Afetado; Não transmite LHON para gerações subsequentes. Aula 03 Tentativas de Terapia Gênica • Cegueira – Abril/2008: Universidade da Pennsylvania , Hospital da Philadelphia (USA) e Universidade de Londres – Inserção do gene RPE65 (injeção com vetor viral direto na retina): codifica a enzima que auxilia na conversão da vitamina A para rodopsina A (pigmento das células fotorreceptoras que absorvem luz). – Melhora na visão: maior sensibilidade a luz, detectaram movimentos manuais e leitura de linhas de um cartaz de exame oftalmológico • Perspectiva: terapia em retinoblastoma Vítimas da Terapia Gênica • Universidade de Pensilvania: – rapaz de 18 anos faleceu durante sua participação em uma triagem de TERAPIA GÊNICA (4 dias após a terapia) ⇒ falência múltipla de órgãos • Julho/2007: – mulher de 36 anos com artrite reumatóide faleceu 22 dias após receber a segunda dose de um gene terapêutico para artrite. – Após investigação pela FDA (Food and Drug Administration) não foi possível atribuir a morte da paciente a terapia Vítimas da Terapia Gênica Terapia Gênica do Câncer • Cerca de 420 protocolos: • 2/3 dos protocolos de terapia gênica em estudo envolvem cânceres não herdados • introdução de genes supressores de tumor para restaurar a função perdida. • Ex.: inserção do gene – TP53 normal em tumores de pulmão ⇒ bloquear a progressão tumoral e apoptose Dificuldades da Terapia Gênica • Obtenção da alta eficiência na transferência gênica • Dificuldades de atingir o tecido alvo. Ex. neurônios (distúrbios do SNC) • Expressão adequada do gene transitória e de baixo nível (<1%) transferido: expressão • Necessidade de regulação precisa da atividade gênica. Ex. Talassemia • Resposta imune e inflamatória • Ocorrência de inserção casual no genoma da célula hospedeira Terapia Gênica no Brasil - Em 2004 foi criada a Rede de Terapia Gênica - 14 grupos de pesquisa dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul, financiados pelo Institutos do Milênio do CNPq/MCT. - Pesquisas: introdução de genes com efeito terapêutico Qual o alvo do Brasil? - terapia gênica em câncer - doenças graves do metabolismo - doenças degenerativas e cardiovasculares - vacinas de DNA profiláticas para doenças infecciosas e vacinas de DNA terapêuticas para HPV Nanotecnologia Nanotecnologia • Tamanho: 10-100nm (um bilionésimo de metro) - minúsculas partículas: variadas formas → tubos, conchas, espirais • Composição: moléculas funcionais como: drogas, peptídeos, proteínas, ácidos nucléicos • materiais: polímeros, dendrímeros, nanotubos de carbono, e metais (ouro e óxido de ferro) • Polímeros: avaliar a toxicidade (ativação do complemento, imunogenicidade, carcinogenicidade, teratogenicidade) → devem ser não tóxicos e biodegradáveis → evitar acúmulo no organismo (fígado, baço e medula óssea) -partículas esféricas (25nm-10um), Nanotecnolgia membrana bicamada fosfolipídica -limitações: curto tempo de Nanopartícula - Polímero circulação sangue→ → rápido clearance pelos macrófagos -2a. geração de lipossomos: tempo de circulação sangue maior (3 dias) Formação: duas partes -núcleo hidrofóbico → recipiente p/droga -Concha hidrofílica → estabilização em ambiente aquoso Nanotecnologia • Nanoconchas - esferas microscópicas – núcleo de sílica, recoberto com uma finíssima camada de ouro – destroem células tumorais quando aquecidas com a luz de um raio laser interagem com a luz de forma específica "configuradas" para destruir sob a ação de comprimentos de onda específicos • Nanoconchas e câncer de cólon de ratos – Nanoconchas na corrente sangüínea de camundongos se acumulam preferencialmente nos tumores irradiação dos tumores com fonte de laser 82% dos camundongos sobreviveram Nanotecnologia no Câncer • Nanopartícula multifuncional – a entrega da droga, eficácia do tratamento e toxicidade podem ser monitoradas usando agentes de imagem. Annu Rev Biomed Eng, 2007 NANOTECNOLOGIA Nanotubos de carbono: de parede única com anticorpos monoclonais adsorvidos → detectam células do câncer de mama •Os anticorpos eram específicos para os receptores do fator crescimento 1 (IGF1R) → comuns em células cancerosas. •A técnica poderá ser utilizada para detecção de células tumorais recorrentes ou micrometástases remanescentes de um tumor já tratado •estudos em animais, analisando a sensibilidade do sistema anticorpo-nanotubo na detecção de células cancerosas no sangue e para detectar tipos específicos de células cancerosas lançadas na corrente sangüínea pelos tumores Referências • NUSSBAUM, RL; MCINNES, RR; WILLARD, HF. Thompson e Thompson - Genética Médica. 7ª ed. Elsevier, 2008. • WEINBERG, RA. A Biologia do Câncer. Porto Alegre, Artmed Editora, 2007. • LEWIS, B. Genes VII. 7a ed. Artmed Editora, 2001. • SNUSTAD, P.; SIMMONS, M.J. Fundamentos de Genética. 2ª ed., Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 2001. • ALBERTS, B. et al. Biologia Molecular da Célula. 3a. ed., Porto Alegre, Artmed Editora, 1997.
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