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ISSN 2447-3081 ANAIS POSTURAS E TENDÊNCIAS CENÁRIO ATUAL Organizadoras: Fabiana Xavier Vieira Zanella Gislaine Barbosa Zaneti AGUDOS – SP 2015 NO EXPEDIENTE COORDENAÇÃO GERAL Fabiana Xavier Vieira Zanella Gislaine Barbosa Zaneti DIREÇÃO ACADÊMICA Lúcia Helena Aravéchia de Oliveira COORDENADORES DE CURSO Administração: Gislaine Barbosa Zaneti e Cristina Eliane Vannuzini Santana Ciências Contábeis: Luís Henrique Araújo Lima Engenharia de Produção: Rodrigo Fantini e Bruna Andrade Machado Letras: Antonia Aparecida Flores Saggioro Pedagogia: Fabiana Xavier Vieira Zanella Tecnólogo em Gestão de Recursos Humanos: Cristina Eliane Vannuzini Santana Tecnólogo em Logística: Bruna Andrade Machado REALIZAÇÃO Faculdade de Agudos REVISÃO EDITORIAL Antonia Aparecida Flores Saggioro Hicléa Luzia Costa Ton Pauletti DESIGN E EDITORAÇÃO ELETRÔNICA Juliana Silveira Garroux CONTATO Avenida Marginal Vereador Delfino Tendolo, D1200 - Agudos – SP - CEP: 17120-000 Fone: (14) 3262-9400 Fone/Fax: (14) 3262-9401 - Site www.faag.com.br A532 Anais Postura e Tendências no Cenário Atual II Encontro Científico. Faculdade de Agudos – FAAG / Copyright Faculdade de Agudos – FAAG, 2015 Fabiana Xavier Vieira Zanella; Gislaine Barbosa Zaneti (Org.) Agudos/SP: Editora ISE Ltda. 2015. ISSN 2447-3081 1. Artigos - Encontros 2. Posturas e Tendências I. Zanella, Fabiana Xavier Vieira II. Zaneti, Gislaine Barbosa. CDD 378 Copyright Faculdade de Agudos – FAAG, 2015 APRESENTAÇÃO A Faculdade de Agudos – FAAG apresenta os Anais do II Encontro Científico Multidisciplinar da FAAG “Posturas e Tendências no cenário atual” realizado na IV Semana Integrada de Cursos (SIC) realizada no período de 03 a 06 de novembro de 2015. O caráter multidisciplinar do evento possibilitou abranger as diversas áreas do conhecimento e os artigos foram divididos nas seguintes temáticas: Educação, Gestão de Pessoas, Gestão Empresarial, Gestão de Projetos, Sistemas Produtivos e Tecnologias, Informação e Comunicação demonstrando a importância dos estudos científicos e propiciar a socialização do conhecimento. O II Encontro oportunizou a apresentação de artigos científicos que contemplaram assuntos atuais e pertinentes ao contexto presente apresentados nos formatos de painel e comunicação oral. Nossos agradecimentos a todos que participaram do II Encontro Científico Multidisciplinar da FAAG. Coordenação Geral do II Encontro Científico Multidisciplinar da FAAG SUMÁRIO EDUCAÇÃO A EXPERIÊNCIA DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE BAURU: O PLANO DE CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS E A ATIVIDADE DE TRABALHO PEDAGÓGICO ENQUANTO POLÍTICAS PÚBLICAS ............................................................................ 7 A FORMAÇÃO CONTINUADA E SEU PAPEL NA PRÁTICA EDUCATIVA: O CONTEXTO DA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE BAURU/SP .......... 15 A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS DIGITAIS PARA PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR ................................................................ 25 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ........................................................................................................ 36 A TEORIA HISTÓRICO CULTURAL E A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL 43 ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA UM ALUNO COM TGD, VISANDO RESULTADOS PEDAGÓGICOS FAVORÁVEIS .................................................................................. 54 ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO E O ENSINO SUPERIOR: LEVANTAMENTO DE PESQUISAS EM BASES DE DADOS ..................................... 64 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL ........................................................................................... 76 CIDADÃOS REFLEXIVOS E COM ACESSO AOS SEUS DIREITOS ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO E CULTURA: “PROJETO CRIANDO PENSADORES” .......................... 87 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA EM DIFERENTES CONTEXTOS BRASILEIROS: UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................ 98 INCLUSÃO ESCOLAR: OS BENEFÍCIOS DA CONVIVÊNCIA COM ALUNOS COM TGD PARA SEUS PARES ........................................................................................ 107 JOGOS DIGITAIS COMO ATIVIDADE MEDIADA SEGUNDO A PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL .......................................................................................... 116 O ENSINO COLABORATIVO E A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNICÍPIO DE AGUDOS ......................................................................................... 125 O OLHAR MARGINAL DE JÚLIO BRESSANE: CONSTRUÇÃO E SUBVERSÃO DE UMA NOVA LINGUAGEM POÉTICA ........................................................................ 136 O USO DE VIVÊNCIAS DE GRUPO PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS .................................................................................................................... 146 OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: RECURSOS DIGITAIS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................................................................ 155 RELATO DE EXPERIÊNCIA EM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A PARTIR DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL E PEDAGOGIA HISTÓRICOCRÍTICA .................................................................................................................... 166 GESTÃO EMPRESARIAL ESTÍMULO DA INOVAÇÃO – O COMBUSTÍVEL DE SUPERAÇÃO, APRENDIZADO E CRESCIMENTO ECONÔMICO DAS ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS .................. 176 O GESTOR DA PEQUENA EMPRESA E SUA PERCEPÇÃO QUANTO A SEGURANÇA DO TRABALHO: SUGESTÃO PARA IMPLANTAÇÃO ...................... 186 UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO ASSERTIVA FACEWORK COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA: ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE REFRIGERANTES ANGOLANA ............................................................................... 197 GESTÃO DE PESSOAS A COMUNICAÇÃO INTERNA COMO ESTRATÉGIA DE GESTÃO DE PESSOAS.. 208 A INFLUÊNCIA DA LIDERANÇA Y NA MOTIVAÇÃO DOS COLABORADORES .... 220 ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL .......................................... 236 CLIMA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE SUA IMPORTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES...................................................................................................... 249 COACHING APLICADO ÀS EMPRESAS ................................................................. 259 DIMENSÕES DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PROFISSIONALIZANTE DA CIDADE DE BIRIGUI/SP ............................. 271 FATORES FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS AO CLIMA ORGANIZACIONAL: APLICAÇÃO EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE AGUDOS/SP ................ 285 GESTÃO E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS ATRAVÉS DO ESTABELECIMENTO DE METAS, EM TODOS OS NÍVEIS HIERÁRQUICOS ........ 296 SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: RECOMENDAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO EM ORGANIZAÇÕES DE MÉDIO E PEQUENO E MÉDIO PORTE ............................... 312 SUGESTÃO DA IMPLANTAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO SUPERMERCADO PANELA CHEIA DA CIDADE DE BAURU – SP ........................ 321 GESTÃO DE PROJETOS ESTUDO DOS BENEFÍCIOS DA VIRTUALIZAÇÃO PARA A REDUÇÃO DO RISCO EM PROJETOS ......................................................................................................... 334 QUALIDADE EM PROJETOS DE SOFTWARE: UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS E TÉCNICAS ÁGEIS. ................................................................................................... 346 VIRTUALIZAÇÃO DE SERVIDORES NOS AMBIENTES EMPRESARIAIS ............. 357 SISTEMAS PRODUTIVOS A IMPORTÂNCIA DO MANEJO SUSTENTÁVEL NAS FLORESTAS DE EUCALIPTOS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE LENÇÓIS PAULISTA – SP ................ 369 CALIBRAÇÃO PERIÓDICA DE INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO: IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS ............................................................................................................. 382 ESTUDO DAS PROPRIEDADES TÉRMICAS E MECÂNICAS DE RESINAS EPÓXI E EPÓXI ÉSTER VÍNILICA ........................................................................................... 394 POLÍMEROS: A BUSCA DE NOVAS APLICAÇÕES ................................................ 407 INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO BENEFÍCIOS DO CRM PARA A GESTÃO DE PROCESSOS EM ORGANIZAÇÕES...................................................................................................... 419 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 7 ISSN 2447-3081 EDUCAÇÃO A EXPERIÊNCIA DO SISTEMA MUNICIPAL DE ENSINO DE BAURU: O PLANO DE CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS E A ATIVIDADE DE TRABALHO PEDAGÓGICO ENQUANTO POLÍTICAS PÚBLICAS Fernanda Carneiro Bechara Fantin – SME/Bauru 1 Marta de Castro Alves Corrêa – SME/ Bauru2 Sirlei Sebastiana Polidoro Campos – SME/ Bauru3 RESUMO O presente artigo tem como objetivo apresentar o Plano de Cargos, Carreiras e Salários – PCCS e a Atividade de Trabalho Pedagógico – ATP como meios de valorização da carreira e qualificação do trabalho pedagógico e técnico dos educadores do Sistema Municipal de Ensino de Bauru, enquanto política pública de valorização e aprimoramento profissional. Salientamos que a ATP se destaca enquanto oportunidade de estudos e atendimento à comunidade escolar. Para a organização do estudo, optamos pelo relato de experiência do município de Bauru, por contemplar estes instrumentos legais que refletem diretamente na qualidade do ensino das unidades escolares deste Sistema Municipal de Ensino. PALAVRAS-CHAVE: Educação. PCCS. ATP. Valorização Profissional. ABSTRACT This article aims to present the Plan for Positions, Careers and Salaries – “PCCS” and Pedagogical Work Activity – “ATP” as means for career recognition and qualification of the pedagogical and technical work of educators from the Municipal System Education, while public policy for staff appreciation program and professional development. We emphasize that the ATP stands out as an opportunity to study and service the school community. For the organization of the study, we opted to report the case of the city of Bauru as it has these legal instruments that directly reflect the quality of education of the school units from this Municipal School System. KEYWORDS: Education. PCCS. ATP. Employee recognition. 1 INTRODUÇÃO Bauru foi fundada em 1896; seu crescimento foi impulsionado pela chegada das estradas de ferro Noroeste do Brasil, Paulista e Sorocabana, que facilitaram a comunicação, o transporte e o intercâmbio comercial entre São Paulo e Mato Grosso. 1 Bióloga graduada pela Faculdade de Ciências - UNESP/Bauru, com especialização em Toxinas de Animais Peçonhentos pela UNESP/FMVZ e especialização em Vigilância Sanitária e Hospitalar pela UNAERP. Membro-fundadora da Estação Ciência de Bauru. Diretora do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais. Contato: [email protected]. 2 Professora da Educação Básica Educação Infantil do Município de Bauru. 3 Diretora de Divisão de Coordenação de Áreas, do Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Bauru POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 8 Localizada no centro-oeste paulista, a 326 km da Capital São Paulo, Bauru abriga uma população de 343.937 habitantes (INSTITUTO..., 2013). A economia do município gira em torno da prestação de serviço, comércio e indústria; destaca-se também por sua identidade de cidade universitária, pois abriga várias instituições de nível superior. Em relação à educação básica formal, a Educação Infantil conta com escolas municipais, filantrópicas conveniadas e particulares; o Ensino Fundamental com escolas municipais, estaduais e particulares; o Ensino Médio com estaduais e particulares e vários polos de ensino que atendem na modalidade Educação de Jovens e Adultos (EJA). Administrativamente, a Secretaria da Educação é a maior em número de funcionários no município, dois mil e quinhentos aproximadamente, lotados nos cinco departamentos que a compõe: Departamento de Alimentação Escolar; Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais; Departamento de Administração; Departamento de Ensino Fundamental e Departamento de Educação Infantil. Atualmente atende um total de 18.420 alunos, divididos nas 62 unidades de Educação Infantil (9.228 alunos), 16 unidades de Ensino Fundamental (8.491 alunos), e Educação de Jovens e Adultos (700 alunos). Com as conquistas sobre o atendimento educacional especializado (Decreto n. 6.571, de 17 de setembro de 2008), são atendidos atualmente pela Divisão de Ensino Especial 282 alunos, com acompanhamento direto no ensino regular (classe comum, sala de recursos e itinerância). Além dos alunos de Educação Infantil que o sistema atende diretamente, conta também com 3.240 alunos de 29 unidades de Creches Conveniadas, subsidiadas por meio do recebimento de per capita mensal de alunos do segmento creche e pré-escola em forma de subvenção. Neste sentido, a Secretaria Municipal da Educação de Bauru tem procurado, ao longo de sua história, situar a educação escolar como espaço privilegiado do conhecimento e valorização profissional. Frente a estes anseios, esta Secretaria, em conjunto com os servidores da educação municipal conquistaram a promulgação da Lei 5.999, de 30 de novembro de 2010, que dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Salários – PCCS (BAURU, 2010) e o Decreto n. 11.580, de 11 de julho de 2011 que regulamentou a Atividade de Trabalho Pedagógico – ATP (BAURU, 2011). Este trabalho se deterá aos principais aspectos de valorização profissional, principalmente dos especialistas em educação (gestor e professor). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 9 2 PLANO DE CARGOS, CARREIRAS E SALÁRIOS - PCCS Destinado aos servidores específicos da área da educação do município de Bauru, legalmente investidos em cargos públicos de provimento efetivo subordinados à regime estatutário, versa sobre atribuições e responsabilidades previstas pelo município situado e embasado em documentos como o Plano Nacional de Desenvolvimento – PND, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (9394/96), Legislação da Administração Pública Vigente e Diretrizes da Secretaria Municipal da Educação. Esta última passa a ter estrutura de cargos e carreiras organizados mediante um sistema permanente de capacitação dos educadores, além de critérios estabelecidos de reconhecimento e valorização dos mesmos, fundamentados na igualdade de oportunidades e na qualidade de seus serviços. Vale ressaltar que, visando acompanhamento, apoio e fiscalização das ações relativas ao PCCS, foram criados a Comissão de Interna de Políticas de Administração e Remuneração da Educação (CIPARE) e o Sistema de Negociação Permanente (SINP). O primeiro, composto por representantes das Secretarias de Educação, de Administração, Economia e Finanças e do Conselho Municipal da Educação e o SINP composto por membros da Administração Municipal e Sindicato dos Servidores Públicos Municipais (SINSERM). Com princípios e diretrizes norteadores baseados na universalidade, equidade, concurso público, participação na gestão, publicidade e transparência e isonomia, visa subsidiar o trabalho pedagógico oferecendo melhores condições de trabalho, por meio de incentivo ao permanente enriquecimento teórico e prático dos profissionais, questão primordial para a melhoria da qualidade do ensino municipal. Estruturalmente, conta com um rol de cargos direta e indiretamente ligados à docência, elencados com o objetivo de oferecer direcionamento, planejamento, inspeção, supervisão, orientação, coordenação e apoio educacional a práxis do professor, mediador fundamental entre o conhecimento historicamente construído pela humanidade e a criança, neste caso específico, os alunos do Sistema Municipal de Ensino de Bauru. As formas de evolução na carreira, previstas neste Plano, são: a Progressão por Mérito Profissional (PMP), a Progressão por Qualificação Profissional (PQP) e Promoção por Qualificação Profissional por Escolaridade (PQPE). Com diferenças quanto à periodicidade, avanço propriamente dito na carreira, critérios e remuneração, todas as POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 10 ISSN 2447-3081 formas visam valorizar os profissionais e seu trabalho enquanto educador, ensejando formar cidadãos críticos e conscientes das possibilidades de mudança social, propósito deste Sistema Municipal de Ensino. Por meio da PQP e da PQPE, o profissional da educação, vê na formação continuada, além da oportunidade de enriquecimento de seus saberes, instrumentos de valorização salarial. Em relação ao PMP, são critérios também avaliados as relações interpessoais e a dinâmica da comunidade escolar como contribuintes da educação pretendida. Também previsto nesta Lei tem-se o Programa de Capacitação e Aperfeiçoamento (PCA) o qual busca garantir aos profissionais da educação municipal, formas de atualização e aperfeiçoamento pedagógicos, considerando os interstícios estabelecidos pela estrutura organizacional do Plano e a oferta de oportunidades de participação a todas as categorias funcionais. Para tanto, as Secretarias Municipais de Educação e Administração organizarão, planejarão, promoverão e controlarão as ações de formação continuada, por meio de parcerias e convênios. O objetivo aqui proposto é de clarificar a importância do papel do educador na construção do Sistema Municipal de Ensino e no processo de ensino e aprendizagem, bem como colaborar para o entendimento por parte dos profissionais de sua vital relevância no processo de melhoria da qualidade do ensino. 3 ATIVIDADES DE TRABALHO PEDAGÓGICO – ATP É impossível falar de conquistas na educação se estas não perpassarem também pela valorização e condições objetivas do trabalho do professor. A prática em sala de aula necessita de constante estudo e aprimoramento da teoria que a sustenta e a formação inicial do docente é incapaz de proporcionar. Desse modo, torna-se fundamental estabelecer Políticas Públicas de Educação que garantam, na carreira do professor, a prática de estudo remunerada. A esse respeito, Saviani (2007, p. 20) defende: Essa carreira teria que estabelecer a jornada integral em um único estabelecimento de ensino, de modo que se pudessem fixar os professores nas escolas, tendo presença diária e se identificando com elas. E a jornada integral, de 40 horas semanais, teria que ser distribuída de maneira que se destinassem 50% para as aulas, deixando-se o tempo restante para as demais atividades. Com isso, os professores poderiam participar da gestão da escola; da elaboração do projeto político-pedagógico da escola; das reuniões de colegiado; do atendimento às demandas da comunidade e, principalmente, além da preparação das aulas e correção de trabalhos, estariam acompanhando os alunos, orientando-os em seus estudos e realizando atividades de reforço para aqueles que necessitassem. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 11 ISSN 2447-3081 O município, por meio da regulamentação da Atividade de Trabalho Pedagógico (ATP e ATPC) em 2011, normatizou e garantiu uma conquista de vanguarda iniciada em 1985 – fruto da luta dos professores – com a implantação da Atividade Extraclasse – AEC, referendado pela promulgação da Lei n. 2.636, de 30 de dezembro do mesmo ano, que garantia ao longo da trajetória de trabalho do professor uma crescente oportunidade de estudo remunerada, contribuindo para a melhoria salarial e o resgate do papel intelectual que o professor educador deve exercer. Dentre as políticas públicas de melhoria da qualidade do ensino, acreditamos ser este instrumento, um dos mais relevantes para o desenvolvimento do processo de valorização profissional e rendimento escolar, pois oportuniza o momento de estudos e atendimento a alunos e comunidade . Segundo o decreto, a ATP deve ser realizada coletiva ou individualmente de acordo com o tempo de exercício do docente no cargo, assim distribuídas: I - Nível “A” – 05 horas semanais, sendo 03 coletivas e 02 de livre escolha do docente; II - Nível “B” – 10 horas semanais, sendo 03 coletivas e 05 na Unidade Escolar e 02 de livre escolha do docente; III - Nível “C” – 15 horas semanais, sendo 03 coletivas e 10 na Unidade Escolar e 02 de livre escolha do docente; IV - Nível “D” – 20 horas semanais, sendo 03 coletivas e 15 na Unidade Escolar e 02 de livre escolha do docente (BAURU, 2011, p.16). Porém, na prática cotidiana o coletivo escolar (gestor e professor) apontou uma nova reorganização para melhor atender as necessidades dessa categoria visando melhor aproveitamento desse espaço e aprimoramento profissional que extrapola os limites dos muros escolares, refletindo nova publicação por meio da Lei nº 6.707/2.015 (BAURU, 2015). I - Nível “A” – 05 (cinco) horas semanais, sendo 02 (duas) coletivas e 03 (três) de livre escolha do docente; II - Nível “B” – 10 (dez) horas semanais, sendo 02 (duas) coletivas, 04 (quatro) na Unidade Escolar e 04 (quatro) de livre escolha do docente; III - Nível “C” – 15 (quinze) horas semanais, sendo 02 (duas) coletivas, 08 (oito) na Unidade Escolar e 05 (cinco) de livre escolha do docente; IV - Nível “D” – 20 (vinte) horas semanais, sendo 02 (duas) coletivas, 12 (doze) na Unidade Escolar e 06 (seis) de livre escolha do docente (BAURU, 2015, p. 1). Vale ressaltar que esta republicação demonstra o estreitamento das relações participativas, dos gestores públicas com os segmentos envolvidos, fator necessário para construção de uma escola pública de qualidade, reafirmando a gestão democrática defendida nos documentos oficiais. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 12 ISSN 2447-3081 A ATP coletiva, onde todos os especialistas em educação devem estar presentes (exceto adjuntos), coordenados preferencialmente pelo Diretor da unidade escolar e, em caso de impedimento legal deste, do Assistente de Direção ou Coordenador Pedagógico para estudos. Este momento ímpar de socialização do conhecimento, sistematicamente planejado, organizado e registrado, visa à unidade das ações pedagógicas, administrativas e atendimento das demandas de formação, com vistas a melhoria do processo de ensino e aprendizagem. A ATP desenvolvida na Unidade Escolar e a ATP de livre escolha do docente são momentos de participação em ações de formação contínua, atendimento a escolares e pais ou responsáveis legais. Os primeiros em suas necessidades didático-pedagógicas e os últimos quanto às questões relacionadas à gestão e acompanhamento da vida escolar de seus filhos ou tutelados. Segundo Paro (1998), a participação da comunidade na rotina escolar, premissa de uma gestão verdadeiramente democrática, é fundamental. Portanto, estes momentos de atividade pedagógica, condicionantes internos de efetivação da democracia, são oportunidades efetivas de participação da comunidade no processo educacional. Sendo assim, Paro et al (1988, p. 228 apud PARO, 1998, p.40) destaca que No âmbito da unidade escolar, esta constatação aponta para a necessidade de a comunidade participar efetivamente da gestão da escola de modo a que esta ganhe autonomia em relação aos interesses dominantes representados pelo Estado. E isso só terá condições de acontecer “na medida em que aqueles que mais se beneficiarão de uma democratização da escola puderem participar ativamente das decisões que dizem respeito a seus objetivos e às formas de alcançá-los. Além das oportunidades acima expostas, estes momentos de trabalho pedagógico, podem ser utilizados para construção e implementação do projeto político pedagógico da escola, para articulação de ações educacionais, identificação de fatores que favorecem evasão e retenção - podendo assim evitá-los ou diminuí-los – favorecimento de intercâmbio de experiências, entre outras possibilidades. Consideramos importante salientar que a ATP é facultativa ao especialista em educação, até 31 de dezembro de 2017, passando ser obrigatória a partir do início do ano letivo de 2018. Esta medida visa à adequação profissional do docente, considerando as especificidades de cada indivíduo em particular evitando possíveis prejuízos. A desistência após opção por realizar a ATP, pode se dar a qualquer momento. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 13 ISSN 2447-3081 Quanto à remuneração destas horas de ATP, o Decreto n.º 11.580/2011 (BAURU, 2011, p. 17) apresenta a seguinte formatação: Nível A: 05 horas semanais – 25% sobre sua referência Nível B: 10 horas semanais – 50% sobre sua referência Nível C: 15 horas semanais – 75% sobre sua referência Nível D: 20 horas semanais – 100% sobre sua referência A educação brasileira, ao longo de sua história, tem sido marcada por políticas públicas ditadas de forma impositiva, cujos resultados nem sempre configuram de maneira satisfatória, vez que se cria um ranço em relação ao que vem prescrito sem consultar as bases que seriam os maiores interessados no assunto. A educação que deveria ser uma prática social emancipatória, torna-se assim trabalho alienado, com os professores sendo meros executores de projetos elaborados por técnicos. Dentro do princípio da gestão democrática, a Secretaria Municipal de Educação e seus educadores, referendados por outras Secretarias Municipais, Conselho Municipal de Educação e o SINSERM, construíram colaborativamente estes documentos buscando sua legitimidade e respeitando a voz dos partícipes. Por fim, constatamos que estes meios de participação democrática e valorização profissional, adotados pela administração do município de Bauru, o Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) e a Atividade de Trabalho Pedagógico (ATP), são medidas eficazes de valorização do profissional da educação, condição primaz para um ensino de qualidade. REFERÊNCIAS BAURU. Lei Municipal de Bauru nº 5.999, de 30 de novembro de 2010 - Dispõe sobre o Plano de Cargos, Carreiras e Salário - PCCS, dos servidores específicos da área da educação do município; bem como reenquadra os respectivos cargos, reconfigura as carreiras, cria nova grade salarial, dispõe sobre a cessação do pagamento das gratificações e adicionais e institui jornadas de trabalho. Diário Oficial de Bauru, Poder Executivo, Bauru, SP, 1 dez. 2010. p.1 Disponível em: <http://www.bauru.sp.gov.br/arquivos2/sist_diariooficial/2010/12/do_20101201_especial_0 4.pdf>. Acesso em: 9 out. 2015. ____. Decreto nº 11.580, de 06 de julho de 2.011 - Regulamenta o art. 40 da Lei Municipal nº 5.999, de 30 de novembro de 2.010, que dispõe sobre a Atividade de Trabalho Pedagógico (atividades exercidas fora da sala de aula). Diário Oficial de Bauru, Poder Executivo, Bauru, SP, 7 jul. 2011. p.16 Disponível em: POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 14 <http://www.bauru.sp.gov.br/arquivos2/sist_diariooficial/2011/07/do_20110707_1978.pdf>. Acesso em: 9 out. 2015. _____. Lei nº 6.707, de 07 de agosto de 2.015 Altera dispositivos da Lei Municipal nº 5.999, de 30 de novembro de 2. Diário Oficial de Bauru, Poder Executivo, Bauru, SP, 13 ago. 2015. p.1 Disponível em: <http://www.bauru.sp.gov.br/arquivos2/sist_diariooficial/2015/08/do_20150813_2572.pdf>. Acesso em: 9 out. 2015. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Disponível em: <http://cidades.ibge.gov.br/painel/painel.php?codmun=350600>. Acesso em: 11 out. 2013. PARO, V. H. Gestão Democrática na Escola Pública. São Paulo: Ática, 1998. SAVIANI, D. O Plano de Desenvolvimento da Educação: análise do projeto do MEC. Educação e Sociedade, Campinas, v. 28, n. 100 - Especial, p. 1231-1255, out. 2007. Disponível em: <http://www.cedes.unicamp.br/>. Acesso em: 11 out. 2013. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 15 ISSN 2447-3081 A FORMAÇÃO CONTINUADA E SEU PAPEL NA PRÁTICA EDUCATIVA: O CONTEXTO DA SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO DE BAURU/SP Fernanda Carneiro Bechara Fantin - SME1 Vera Mariza Regino Casério – SME 2 Wagner Antonio Junior – SME/ FAAG3 RESUMO O presente trabalho parte do acesso teórico à problemática da formação continuada para, na sequência, compor um painel que possibilite dialogar a respeito das iniciativas desenvolvidas pela Secretaria Municipal da Educação de Bauru/SP. Tais ações avançam no sentido de oferecer suporte pedagógico aos educadores, por meio da formação continuada, da orientação pedagógica e de projetos de pesquisa e extensão. A articulação deste processo é realizada pelo Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais, composto por três divisões: Divisão de Coordenação de Áreas, Divisão de Projetos e Pesquisas Educacionais e Divisão de Formação Continuada. As considerações iniciais contribuem para pensar o papel e as possibilidades das Secretarias de Educação como polos de formação continuada. PALAVRAS-CHAVE: Educação Básica. Formação continuada. Sistema Municipal de Ensino. ABSTRACT This study starts with the theoretical problem of the continuing education to compose a panel that enables to dialogue about the initiatives undertaken by the Secretary of Education in Bauru / SP. Such actions advance in order to provide pedagogical support to educators, through continuing education, pedagogical guidance, and research and extension projects. The articulation of this process is carried out by the Department of Planning, Projects and Educational Research, composed of three divisions: Areas Coordination Division, Projects and Educational Research Division, and Continuing Education Division. Initial considerations contribute to think about the role and the possibilities of the Secretary of Education as a continuing education center. KEYWORKS: Basic education. Continuing education. Municipal School System. 1 Bióloga graduada pela Faculdade de Ciências - UNESP/Bauru, com especialização em Toxinas de Animais Peçonhentos pela UNESP/FMVZ e especialização em Vigilância Sanitária e Hospitalar pela UNAERP. Membro-fundadora da Estação Ciência de Bauru. Diretora do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais. Contato: [email protected]. 2 Doutora em Educação Escolar pela UNESP/Araraquara. Secretária da Educação do município de Bauru e Diretora Adjunta do Centro Universitário de Bauru. É avaliadora de Curso e Institucional do INEP e do Conselho Estadual de Educação de São Paulo. Contato: [email protected]. 3 Pedagogo graduado pela Faculdade de Ciências – UNESP/Bauru. Mestre em Educação pela Faculdade de Educação – USP. Professor do ensino superior na Faculdade de Agudos. Diretor da Divisão de Formação Continuada da Secretaria Municipal da Educação de Bauru. Contato: [email protected]. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 16 1 INTRODUÇÃO A formação de professores nos diversos níveis e modalidades de ensino tem sido, nas últimas décadas, questão central de estudos e pesquisas, especialmente diante das diversas mudanças na política educacional do país. As propostas de formação, muitas vezes, aparecem pautadas em diferentes concepções, tais como o treinamento dos professores, que predominou durante a década de 1970, priorizando as técnicas e o estudo dirigido, massificando os conteúdos a serem transmitidos, ou na década de 1980, que buscava atender às reformas educacionais decorrentes do momento histórico vivido pelo país e, mais recentemente, na década de 1990, com a questão da formação para o espaço escolar, pautando um novo conceito de formação em serviço. Atualmente, segundo Pimenta (1999), vivencia-se um momento de reflexão sobre a experiência em sala de aula, tendo sido esta ressaltada como principal lócus de formação do professor. Há de se questionar, também, qual é o espaço de formação do professor, porém, estas posições não convergem para um consenso. Para alguns, a ênfase da formação do professor está nele próprio e em sua trajetória profissional. A decorrência dessa posição desdobra-se em duas práticas bastante díspares: a que apresenta um programa formativo a partir do memorial do professor e a que coloca à disposição do professor uma multiplicidade de cursos e eventos formativos para que ele escolha as atividades que lhe convém. Contudo, ainda persistem programas de treinamento em uma gama muito diversificada de iniciativas, tais como as que procuram formar os professores segundo as prerrogativas de uma proposta pedagógica específica. Para Imbernón (2010), formação não é treinamento. Este conceito levou a uma padronização de formação, nomeada por este mesmo autor, por standard, na qual especialista ou especialistas são chamados a ministrar cursos, palestras, seminários, entre outras atividades, nas quais estabelecem o conteúdo e o desenvolvimento das ações a serem realizadas. Neste tipo de formação standard, os objetivos e os resultados esperados para os participantes são claros e previsíveis. Porém, desconhecem a realidade na qual os professores vivem e a eles próprios, pois partem do pressuposto de que, mudando-se os professores, mudariam a educação e as suas práticas e que os problemas da educação POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 17 ISSN 2447-3081 são genéricos. Tal pressuposto não considera a maneira pessoal de ver, sentir e reagir do indivíduo e seu contexto. Sabe-se atualmente que a formação continuada de professores, ao considerar as idiossincrasias, a realidade local e a razão da educação das gerações futuras, na qual é necessário analisar a complexidade dessas situações, vai requerer dar voz aos protagonistas da ação e, para tanto, deverão ser agentes de sua própria formação, sendo eles próprios sujeitos e autores na realização dos projetos de mudança (TOZETTO, 2010). A formação dos professores, nesta visão, parte da análise de situações problemáticas reais, do fazer docente e objetiva melhorar a práxis. Segundo Imbernón (2010, p. 56), é preciso lembrar que “a formação, enquanto processo de mudança, sempre gerará resistências, mas estas terão caráter mais radical, se a formação for vivida como uma imposição arbitrária, aleatória, não verossímil e pouco útil”. 2 A FORMAÇÃO DE EDUCADORES: ALGUMAS REFLEXÕES No atual contexto brasileiro, a proposta curricular de formação do profissional da educação deveria buscar a interface entre teoria e prática, oferecendo oportunidades para compreensão da realidade das escolas, bem como um arcabouço teórico consistente. Na afirmação de Gatti (1997, p.55), É notório que predomina entre nós a concepção de que é preciso primeiro dar ao aluno, no nosso caso ao futuro professor, a teoria, e depois, então, dar a ele uma instrumentalização para aplicar o que aprendeu. Criamos com isto um quadro curricular em que de modo estanque oferecemos, quiçá muito precariamente, noções de Sociologia, Biologia, Psicologia, etc..., acreditando que assim o aluno fará sua síntese daí tirará, a partir de métodos discutidos nas práticas de ensino as aplicações pertinentes estabelecendo as relações necessárias. A partir dessa proposta de formação, acredita-se que o educador está instrumentalizado para atuar no contexto escolar. Porém, o currículo não questiona como esses futuros educadores farão as conexões entre as ações concretas de sala de aula e a teoria apresentada durante o processo de formação. Para Gatti (1997) falta a articulação das teorias com a complexidade do espaço da sala de aula durante os anos de formação desses educadores. Em razão dessa carência, o educador necessita ser atualizado constantemente. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 18 Percebe-se, portanto, o dilema do currículo e da ação pedagógica nos cursos de formação de professores, que é contribuir para a melhoria do processo educativo, auxiliando na formação integral do educador. Pode-se afirmar que currículos estudados em uma perspectiva crítica trarão melhores condições de trabalho ao profissional da educação. O objetivo da formação inicial será estreitar a relação entre teoria e prática, bem como manejar uma prática refletida a partir do cotidiano da escola real. Dirigir o olhar aos fundamentos da educação relacionando-o com o dia a dia, numa busca constante de formar o profissional comprometido com a aprendizagem do seu aluno. Nesse contexto formativo a produção do conhecimento vem do ato refletido favorecendo a relação teoria prática desejada. A valorização da construção do conhecimento do professor gera saberes e uma fecunda interação com a prática pedagógica. A mudança no paradigma da formação docente é inegável. A pesquisa e a reflexão da prática que domina o cenário neste momento parece ser uma proposta coerente. Assim, projetam-se novas perspectivas de trabalho, das quais sente-se a necessidade de que todos se sensibilizem, pois "este processo demanda novas habilidades cognitivas e sociais dos cidadãos para atingir um novo patamar de desenvolvimento” (GATTI, 1997, p. 3). Assim, pensar, analisar, estudar, refletir sobre a formação dos professores é primordial. A análise dos fatos nos leva a concluir que a realidade social de nossas escolas necessita de mudanças no processo formativo dos docentes. Essas transformações não virão apenas de projetos governamentais, mas de ações efetivas e contínuas nos projetos pedagógicos dos cursos de formação, bem como da aplicação de uma proposta de ensino que deverá ser discutida e refletida, tendo como base o interior das escolas brasileiras. Ao invés de discutir teorias abstratas, deve-se buscar uma conexão das mesmas com a prática, por meio da reflexão e da análise, incentivando os futuros educadores a fazerem parte decisiva dessa história, conferindo à formação atual a responsabilidade pelas demandas futuras. Assim, percebe-se que as mudanças virão das ações pensadas e refletidas a partir da realidade social e histórica do interior da escola. A formação continuada vista como um processo dinâmico, como um aperfeiçoamento constante, conduz a uma investigação da própria prática. Os saberes docentes se transformam e se ampliam na medida em que o professor busca compreender sua atuação, discute ações, investiga sua própria práxis em sala de aula. Frente a esse contexto é que a pesquisa vai auxiliar o docente (TOZETTO, 2010). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 19 Pesquisar e refletir sobre sua prática no contexto de sala de aula possibilita aos professores desenvolverem sistematicamente um saber educacional, justificar suas práticas educativas, bem como desenvolver a docência e a pesquisa, dando sentido e significado a práxis; refletir sobre a contribuição que seu trabalho está propiciando a uma teoria da educação e a um ensino acessível (GERALDI; FIORENTINI; PEREIRA, 1998). Ao desencadear essa metodologia de trabalho, o professor poderá confrontar a teoria com a prática e modificar sua ação, resultando em melhoria na qualidade do ensino oferecida ao aluno. Ao coordenador pedagógico caberá, então, proporcionar discussões das teorias geradas na prática educativa de sua escola, de seu grupo de professores, auxiliando na produção do conhecimento do mesmo. Vemos nessa alternativa de trabalho o incentivo à investigação sobre os problemas do cotidiano, que algumas vezes são entrave ao desenvolvimento do trabalho pedagógico. Dessa forma, não há como pensar a formação continuada dos professores a partir de uma tradição positivista, pois não se tem modelos prontos e acabados. Toda essa concepção está norteada pela ação dialética, pela atuação do ir e vir, refletir, (re) construir, numa constante. Busca-se uma análise focada nas necessidades do contexto, buscando suprir as lacunas existentes e comprometia com realidade histórica e social da escola. O posicionamento do Coordenador Pedagógico da escola frente aos professores e professoras será sempre de confrontar teoria e prática, levando à “busca do equilíbrio entre a reflexão e a rotina, entre o ato e o pensamento” (GERALDI; FIORENTINI; PEREIRA, 1998, p. 248). Por conseguinte, é no cotidiano que devem emergir as propostas frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos e não em pacotes encomendados para especialistas e executados por professores. Na reflexão da prática é que se geram os conceitos teóricos, que se desencadeiam as soluções dos problemas e, principalmente se sentem as necessidades educativas. Vemos que a formação continuada do professor é imprescindível, pois para articular teoria e prática há necessidade de muita reflexão e estudo sobre o cotidiano de sala de aula. Nesse sentido, o professor precisa ser provocado a isso, pois é por meio de um continuum na sua formação que se chegará uma prática pedagógica significativa. À medida que cada educador se mobilizar para investigação de sua ação, a boa qualidade do ensino nas escolas brasileiras tende a aumentar. Constatamos, hoje, a forte progressão global da participação de todos os que realmente estão interessados na melhoria da educação brasileira, pois vemos esforços dos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 20 pesquisadores em buscar soluções; dos professores à procura de cursos; das escolas em unir-se em projetos coletivos; da comunidade em estar mais presente nas ações da escola; enfim será por meio dessas pequenas e grandes ações que a educação vai avançar. É o professor que tem que promover sua formação, sua valorização, refletir sobre suas ações, apropriar-se de uma práxis que o leve a resgatar sua dignidade profissional perante a sociedade, consciente de seu papel histórico e comprometido com os interesses da classe trabalhadora. É o professor que se responsabiliza e assume a construção de seus saberes, ou seja, através da reflexão toma para si a condição de produtor de conhecimentos necessários à docência, passa a ser sujeito de sua própria prática. A atividade de pensar e analisar torna-se inerente ao ofício do professor. O profissional reflexivo deve ser uma figura presente na escola. Entretanto, temos diversos e diferentes problemas nas instituições de ensino, o que leva a ausência de uma prática reflexiva. O que as algumas pesquisas (TOZETTO, 2010; GATTI, 1997, PIMENTA, 1999) têm nos mostrado, é que grande parte dos profissionais da educação que tomam a reflexão como base de suas atividades, não à fazem livres de intervenções. A referência do professor reflexivo passa a ser o livro e/ou resultados de pesquisas produzidas fora do contexto, inspira-se nos saberes e conhecimentos que emergiram da reflexão de uma ação do outro. Assim, a reflexão não contribui para a solução de seus problemas, que tem peculiaridades próprias de sua ação pedagógica. Chegar à verdadeira prática reflexiva exige uma postura de análise e investigação mediada por discursos reais, coerentes com o dia a dia da escola. A reflexão do professor muitas vezes fica oculta, somente reservada para si, ele não se sente à vontade para partilhar suas verdadeiras angústias e necessidades. O cotidiano não é realmente analisado e problematizado, pois a academia dita normas, posturas que são seguidas sem questionamentos. O refletir deveria fornecer uma base segura para o educador tornar-se sujeito de seu próprio trabalho. O conhecimento acumulado cientificamente vai contribuir e muito, entretanto não é suficiente. Faz-se necessário à descoberta de instrumentos que levem os docentes à construção de seu próprio saber, para resolver seus próprios problemas. Quando se leva em conta a realidade vivida, as análises tomam por base a realidade concreta, se trilha um caminho que provoca a verdadeira análise reflexiva. A formação dos professores na tendência reflexiva se configura como um novo paradigma a ser construído. Preparar o profissional da educação para assumir uma postura reflexiva, implica em ações calcadas na autonomia, no conhecimento, educá-los como POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 21 ISSN 2447-3081 intelectuais críticos capazes de transformar o discurso teórico que adquiriram, em ações na prática. Segundo esse ponto de vista, temos a afirmação de Pimenta (1999 p. 31): A formação de professores reflexivos compreende um projeto humano emancipatório. [...]... as escolas de formação de professores necessitam ser reconcebidas como esferas contrapúblicas, de modo a propiciarem a formação de professores com consciência e sensibilidade social. Para isso, educá-los como intelectuais críticos capazes de ratificar e praticar o discurso da liberdade e da democracia. A partir dessa proposta é que a formação do professor vai auxiliar na construção da práxis. Podemos vislumbrar um compromisso e um desafio, na luta por uma autonomia intelectual do educador, que o possibilite a atuar como sujeito flexivo que pratica discussões e investigações de sua própria prática. Entretanto, a reflexão sobre a prática não resolve todos os problemas do cotidiano da sala de aula, se faz necessário estratégias, procedimentos, o fazer e o pensar caminhando imbricados objetivando a melhoria do trabalho docente. Conforme Gimeno Sacristán (1991) o professor é o agente pedagógico com intencionalidade na ação que requer uma formação consistente teoricamente, balizada na realidade da escola concreta e preparado para assumir um processo dinâmico e flexível. Pressupomos por todo o exposto que a centralidade docente suscita a necessidade de que as ações pedagógicas coletivas possibilitem e enfoquem o sucesso de uma instituição educacional. Acreditamos que estas ações devam partir de um grupo de pessoas que trabalha de maneira comprometida, articulada e organizada e que, a priori, reconheçam em profundidade as necessidades educativas e os caminhos para estimular o grupo a fazer da escola um local de formação constante, buscando nas adversidades e nos pares, possíveis soluções. 3 FORMAÇÃO CONTINUADA E O CONTEXTO DA EDUCAÇÃO MUNICIPAL EM BAURU O município de Bauru, localizado no interior do estado de São Paulo, destaca-se por ser um polo educacional. Possui mais de 10 instituições de ensino superior, sendo que a maioria possui cursos de formação de professores. A cidade oferece, ainda, Educação Básica nas esferas privada, estadual e municipal. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 22 No âmbito municipal, Bauru presta atendimento à Educação Infantil, Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos e Educação Especial, sendo seu quadro composto por aproximadamente 2000 funcionários, sendo 1179 professores, conforme dados atualizados pela SME em março de 2015. Vale ressaltar que são atendidas também instituições parceiras, por meio de oferecimento de vagas nas atividades de formação e orientações pedagógicas in loco. Dentre inúmeras atividades formativas e de acompanhamento dos professores, executadas pela Secretaria Municipal da Educação (SME), optou-se por socializar o suporte pedagógico oferecido aos profissionais da educação, por meio do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais (DPPPE). Este setor é composto por três divisões que são, a saber: Coordenação de Áreas, Projetos e Pesquisas Educacionais e Formação Continuada. A Divisão de Coordenação de Áreas é responsável pela orientação pedagógica, apoio das ações dos professores em sua prática docente e acompanhamento da efetiva implantação da Proposta Curricular e do Currículo Comum, composto por diretrizes didático-pedagógicas do Sistema Municipal de Ensino, respectivamente da Educação Infantil e do Ensino Fundamental. É composto por professores especialistas, denominados coordenadores de área, cada qual atuante em uma das seguintes frentes: Língua Portuguesa, História, Geografia, Matemática, Ciências Naturais, Arte, Educação Física, Língua Estrangeira Moderna (Inglês), Alfabetização, Educação Infantil, Educação Especial. A proposta enseja desmistificar o traço da supervisão e do controle e investe no diálogo e na troca de conhecimentos e reflexões para que o foco não seja apenas o profissional docente, mas também a sua práxis. As ações se caracterizam por atendimentos individuais e coletivos, predominantemente em horário de Atividade de Trabalho Pedagógico (ATP), que é um momento coletivo de formação dos professores e gestores da unidade escolar, instituído pela Lei Municipal nº 5.999, de 30 de novembro de 2010. Tais atendimentos são realizados quando solicitados pela escola ou quando demandas pedagógicas específicas são identificadas pelos coordenadores das áreas. Dois pontos positivos parecem estar sendo sedimentados pela iniciativa: o fortalecimento de relações profissionais de partilha, acolhimento e reflexão e o empoderamento profissional dos envolvidos. A Divisão de Projetos e Pesquisas Educacionais responde pela análise, aprovação e acompanhamento de projetos e programas a serem desenvolvidos nas unidades escolares POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 23 municipais, como projetos de pesquisa, projetos de extensão, parcerias entre escolas e universidades e encaminhamento de estagiários dos cursos de licenciatura. Esta iniciativa objetiva ampliar a base de conhecimento docente e o escopo de seus saberes vinculandoos à realidade, às identidades e ao contexto local. Nesse sentido, os projetos passam por uma dinâmica que garante a objetividade, a pertinência e as condições essenciais para uma transposição didática que garanta os resultados esperados. A Divisão de Formação Continuada é responsável pelo planejamento e execução das ações formativas oferecidos aos profissionais da educação municipal, dentre as quais destacam-se a Formação Continuada e a Semana da Educação Municipal de Bauru (SEMB), que é um evento anual, articulado em torno de uma temática que norteia as diversas atividades e agrega o Congresso Municipal de Educação de Bauru, o Fórum Infanto-juvenil e o Fórum dos Conselhos Escolares. As atividades de formação continuada são oferecidas semestralmente e contemplam cerca de 100 ações anuais, dentre elas palestras, cursos, grupo de estudos, oficinas e workshops. Também é responsável pela gestão do Núcleo de Aperfeiçoamento dos Profissionais da Educação Municipal (NAPEM), um espaço de formação idealizado e desenvolvido para atender aos profissionais da educação do município, composto por salas de aula, auditório, polo de informática, oficina pedagógica permanente e biblioteca com acervo de mais de oito mil obras de amplo interesse, totalizando 732 metros quadrados. Outro destaque na formação continuada é o uso do espaço virtual. São oferecidos cursos na modalidade de ensino a distância (EaD), com conteúdos desenvolvidos pela SME e acompanhamento tutoriado. Além dos cursos em EaD, também ocorrem outras formas de interação virtual, como videoconferências e redes sociais. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados impulsionam a continuidade das ações de formação no âmbito da educação municipal em Bauru. Levantamentos preliminares e exploratórios indicam: a) melhorias no processo de profissionalização docente, b) melhorias no processo de socialização e no compartilhamento de sentidos e significados, c) melhorias na organização do trabalho pedagógico e no clima escolar e o empoderamento dos sujeitos da educação, inclusive dos alunos. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 24 ISSN 2447-3081 Espera-se que a estrutura atual do DPPPE, com sua dinâmica de atuação, subsidie e ofereça apoio pedagógico aos educadores do Sistema Municipal de Ensino proporcionando atualização, aprofundamento e ampliação de saberes e conhecimentos referentes ao universo da aprendizagem escolar. Espera-se ainda que a equipe formadora ofereça embasamento teórico aliado à prática pedagógica, objetivando a melhoria da qualificação profissional dos envolvidos no processo educacional e consequente melhoria na qualidade do ensino municipal. REFERÊNCIAS GATTI, B. A. A formação de professores e carreira: problemas e movimentos de renovação. Campinas: Autores Associados, 1997. GERALDI, C. M. G.; FIORENTINI, D.; PEREIRA, E. M. A. (Org.). Cartografias do trabalho docente: professor(a) pesquisador(a). Campinas: Mercado das Letras/ALB, 1998. IMBERNÓN, F. Formação continuada de professores. Lisboa: Porto Alegre: Artmed, 2010. PIMENTA, S. G. (Org.). Saberes pedagógicos e atividade docente. São Paulo: Cortez, 1999. SACRISTÁN, J. G. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional dos Professores. In.: NÓVOA, A. (Org.) Profissão professor. Porto: Porto Editora, 1991. TOZETTO, S. S. Trabalho docente: saberes e práticas. Curitiba: CRV, 2010. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 25 ISSN 2447-3081 A IMPORTÂNCIA DA CONSTRUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS DIGITAIS PARA PROFESSORES DO ENSINO SUPERIOR Edilmar Marcelino – UNESP1 Ana Beatriz Buoso Marcelino – UNESP2 RESUMO Atualmente, muitos estudos são voltados para os novos caminhos da educação frente a sociedade contemporânea e a inserção das tecnologias da comunicação no cotidiano das pessoas. Um olhar direto e específico sobre as formas de ensinar neste novo contexto, nos faz refletir se a tradicional metodologia pedagógica ainda se faz eficaz ou se existe a necessidade dos professores se adaptarem a um público mais contextualizado e que busque adquirir conhecimento de acordo com sua necessidade de tempo, lugar e que utilize os avanços dos meios de comunicação também para estudar. Frente a esta nova realidade educacional a UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” através de sua equipe de profissionais que atuam no NEAD – Núcleo de Educação a Distância, ofereceu o curso de “Construção de Materiais Didático-Pedagógicos para E-Learning, MLearning e B-Learning” voltado para seu quadro de professores e demais profissionais de apoio técnico, para que assim, estes possam produzir materiais didáticos agora de maneira que os alunos possam acessar através das novas tecnologias da informação, seja em sala de aula ou em qualquer lugar que estejam. O presente trabalho teve como ideia principal avaliar o comprometimento destes profissionais com a produção de materiais didático pedagógicos digitais durante o curso, avaliando se os professores estão adaptados as novas tecnologias de comunicação e educação. Para isto, fizemos uma análise do Fórum de Dúvidas em que os profissionais interagiam com os tutores, ressaltando suas dúvidas e principais dificuldades para atingirem os objetivos propostos pelo curso. PALAVRAS-CHAVE: Educação a Distância. Materiais Didáticos Digitais. Ensino Superior. ABSTRACT Currently, many studies are focused on new ways of education across contemporary society and the integration of communications technology in daily life. A direct and specific look on ways to teach this new context, makes us wonder whether the traditional teaching methodology still is effective or whether there is a need for teachers to adapt to a more contextualized public and that seeks to acquire knowledge according to your needs time, place and use the advances of the media also to study. Faced with this new educational reality UNESP - Universidade Estadual Paulista "Julio de Mesquita Filho" through its team of professionals engaged in ADEN - Education Center Distance, offered the course "Building Didactic-Pedagogical Materials for E-Learning , M-Learning and B-Learning "facing its teaching staff and other technical support professionals, so that these can produce teaching materials now so that students can access through new information technologies, whether in room school or anywhere you are. This study had the main idea assess the commitment of these professionals with the production of digital educational materials for teaching the course, evaluating whether teachers are adapted to the new technologies of communication 1 Tutor do NEAD UNESP. Especialista em Educação a Distância. Mestre em Saúde Coletiva e Mestrando em Biotecnologia Médica da Faculdade de Medicina de Botucatu. 2 Mestranda em Comunicação Midiática da UNESP – Bauru. Especialista em Educomunicação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 26 and education. For this, we analyzed the question forum where professionals interact with tutors, highlighting your questions and main difficulties in achieving the objectives proposed by the course. KEYWORDS: Distance Education. Digital Teaching Materials. Higher education. 1 INTRODUÇÃO Dotar-se dos conhecimentos sobre os Fundamentos da Educação torna-se algo indispensável ao profissional que pretende desenvolver seus trabalhos de estudo e atuação didática. Tal conhecimento aqui adquirido engloba fundamentos sociais, psicológicos, biológicos e filosóficos, tudo agindo de forma sinérgica servindo de apoio para o processo de ensino. Todo processo educacional deverá levar em conta a natureza e anseios do aluno, o qual deve ser visto como um indivíduo com natureza própria e com natureza psicológica única. O ideal sugerido seria que o aluno passasse por um processo de aprendizagem conquistado passo-a-passo pela absorção de um conhecimento dirigido e bem elaborado em um plano pedagógico. Porém, será que os professores estão preparados para enfrentar a evolução do ensino atual? O acesso à informação e aos mais diversos meios de comunicação é um fator determinante na sociedade atual. Tudo se faz pela internet (rede internacional de computadores), mantendo as pessoas informadas, em tempo real, dos acontecimentos mundiais. Através desta universalização do acesso à informação e a formação plena dos indivíduos para que possam utilizar tais ferramentas é algo a ser modulado. A educação atualmente, assim como, a evolução mercadológica, vem crescendo e se modulando para enfrentar os desafios que as novas tecnologias do dia-a-dia requerem. Passou-se o tempo em que o conhecimento era apresentado de forma engessada, imutável e duradouro. Não que o aprendizado seja passageiro, mas a adequação do conhecimento as novas tecnologias da informação fazem que as pessoas estejam cada vez mais preparadas e possuam habilidades capazes de se adequarem a tais situações. Sabemos que as pesquisas em tecnologias com referência a formação de educadores não poderiam deixar de lado algumas questões comuns a todos os professores, que diariamente, entram em contato com centenas de alunos, muitos desses desmotivados por um sistema de ensino não evolutivo. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 27 Com o avanço tecnológico, os meios de comunicação e informação estão em constante mutação e aperfeiçoamento, alterando a noção de tempo-espaço. A linguagem visual tornou-se referência na comunicação, apresentando recursos sofisticados, técnicas específicas para seu manuseio e habilidade atualizada para sua manipulação. Na educação, como exemplo, podemos citar a inserção dos computadores, datashow, vídeoaulas e até aulas online, dentre muitos exemplos. Em uma educação formal (tradicional) o objetivo era a transmissão do conhecimento pelo professor de uma forma arqueada sobre um modelo vivenciado por anos, exigindo apresentação das aulas presencialmente e requerendo que o aluno memoriza-se e estudase sobre tais assuntos, hora apresentados formalmente, e depois cobrados em uma avaliação. Hoje, com o avanço principalmente do modo de pensar na educação, a tecnologia ocupa lugar de destaque e o centro das atenções passa a ser o aluno, o qual busca o conhecimento dentro de uma universidade preparada para oferecer de forma atual, online ou presencial, mas respeitando a individualidade e perspectiva do aluno. Estas novas tecnologias da educação traçam novas ideias e bases para educação, podendo citar: a necessidade de uma abordagem interdisciplinar do currículo, a necessidade de trabalho em equipe, a necessidade do aprendiz se responsabilizar com seu aprendizado e a necessidade de uma abordagem educacional construtiva, voltada para a interação. Com o avanço da tecnologia, o local da busca do conhecimento pelo aluno não tem mais um polo fixo presencial imutável. A internet possibilitou a construção de novas formas do conhecimento e até um amadurecimento por parte do aluno, o qual passa a ser investigador do saber. As escolas, produtoras do saber, por sua vez, utilizam as tecnologias para melhorarem suas metodologias de ensino, mudando seus paradigmas de gestão e produção didática. Esta mediação pedagógica é fundamental tanto presencialmente quanto no ensino a distância. O professor passa a ter um papel coadjuvante no processo de aprendizagem, sendo o aluno, o maior interessado em buscar o conhecimento e atingir suas metas. Ao professor, cabe dispor, apresentar os materiais educacionais e direcionar o aluno para seu desenvolvimento. Logicamente que o professor deverá dominar o conhecimento a que se propõe ensinar/mediar, porém, só isto não basta. O mesmo deverá dominar as tecnologias da informação e os meios atuais da educação. Pensando neste novo olhar sobre a educação, a UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” através de sua equipe de profissionais que atuam no NEAD – Núcleo de Educação a POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 28 Distância, ofereceu o curso de “Construção de Materiais Didático-Pedagógicos para ELearning, M-Learning e B-Learning” voltado para seu quadro de professores e demais profissionais de apoio técnico, para que assim, estes possam produzir materiais didáticos agora de maneira que os alunos possam acessar através das novas tecnologias da informação, seja em sala de aula ou em qualquer lugar que esteja. O presente trabalho teve como ideia principal avaliar o comprometimento destes profissionais com a produção de materiais didático pedagógicos digitais durante o curso, avaliando se os professores estão adaptados as novas tecnologias de comunicação e educação. Para isto, fizemos uma análise do Fórum de Dúvidas em que os profissionais interagiam com os tutores, ressaltando suas dúvidas e principais dificuldades para atingirem os objetivos propostos pelo curso. . 2 ASPECTOS TEÓRICOS Em um trabalho desenvolvido por Costa e Franco (2015) os autores basearam-se na avaliação da concepção construtivista acerca da aprendizagem. Tal concepção considera que o conhecimento se consolida a partir de auto regulações que ocorrem através das relações estabelecidas entre o sujeito e o objeto. É a partir da constituição de novas relações baseadas no conhecimento prévio, que se alcançam patamares cognitivos superiores, sempre levando em consideração o caráter simultâneo e provisório da teoria piagetiana. Simultâneo por considerar o patamar inferior e superior ao mesmo tempo; e provisória, por prever patamares infinitamente superiores, sempre como constituição de relações sobre relações. Neste contexto, alguns elementos presentes no ato educativo precisam ser reinterpretados. O erro, que costuma ter um caráter punitivo e inibidor, passa a ser construtivo para a aprendizagem. Ele poderá revelar elementos a respeito do processo de aprendizagem do estudante, podendo assim, auxiliar o professor nas suas estratégias de mediação. Tratar o erro como um momento privilegiado de reflexão e investigação, considerando os mesmos como acontecimentos significativos e impulsionadores dessa prática, consiste estratégia fundamental para uma proposta de aprendizagem. Os autores ainda reforçam que a discussão sobre os erros e acertos promove a participação ativa dos alunos, tão importante para a visão epistemológica construtivista. Mais importante que acertar a resposta é dar ênfase ao processo de elaboração da segundo Piaget, considerava POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 29 o erro mais fecundo que um acerto imediato, principalmente porque a consideração da hipótese falsa pode fornecer novos conhecimentos, quando se analisam as consequências dessa hipótese. O erro possibilita ao professor identificar as concepções prévias dos alunos, proporcionando a base para a concepção de novas intervenções pedagógicas. Zanoni e Baccaro (2008) refletem que a Sociedade do Conhecimento e da Informação exige das universidades uma formação de qualidade que considere os indivíduos por seus aspectos cognitivos, sociais e afetivos, oferecendo ao mercado profissionais competentes e capazes de agir com independência frente às constantes transformações. Neste sentido, a educação extrapola o ambiente escolar como único meio de ambiente de aprendizagem, surgindo assim, os ambientes virtuais de aprendizagem em decorrência do ensino à distância. A expansão da educação à distância no Brasil vem ganhando notória importância como uma ferramenta na disseminação e difusão do conhecimento. Esta educação é definida por meio do decreto n. 2494/98 (BRASIL, 1998), como uma forma de ensino que permite ao aluno a autoaprendizagem utilizando recursos didáticos organizados sistematicamente, como por exemplo: correio eletrônico, chat, fórum, videoconferência, softwares, textos e exercícios de apoio impressos e digitalizados. As instituições de ensino estão investindo cada vez mais na educação à distância, no ano de 2007 houve um expressivo aumento de oferta de cursos nos níveis de graduação, especialização, cursos técnicos, ensino fundamental e médio. Segundo dados da ABRAEAD (2008), em 2007 os cursos de graduação deram um salto de 112% com relação ao ano anterior, e 972.826 brasileiros utilizaram este sistema de ensino, representando um acréscimo de 24,9% com relação a 2006. Desde 2004, ano em que teve início a realização da pesquisa ABRAEAD, o crescimento do número de alunos atingiu 356% nos cursos de graduação e pósgraduação, e 62,8% para os cursos de educação básica, profissionalizante, e educação de jovens e adultos, totalizando um acréscimo geral em número de alunos de 213% (ABRAEAD, 2008). O uso da tecnologia da informação, como facilitadora do processo de ensinoaprendizagem, também pode ser observado no ensino presencial, que cada vez mais têm buscado novas formas de garantir a formação adequada de seus alunos. Lévy (1998) salienta que será cada vez menos pertinente esta distinção entre educação presencial e à distância, já que as formas de ensino mais clássicas estão se integrando progressivamente ao uso das redes de telecomunicação e dos suportes de multimídias interativos. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 30 Os olhares, neste momento, concentram-se nos aspectos que promovam o alcance de novos patamares de qualidade para os cursos superiores ministrados levando em consideração esta nova realidade. De acordo com Assman (2000) antigamente, as tecnologias da informação eram utilizadas para aumentar o alcance dos sentidos dos indivíduos (visão, movimento, braço); hoje, elas são utilizadas para aumentar a capacidade cognitiva do ser humano, possibilitando mixagens entre os parceiros. Com o foco totalmente voltado para o uso de tecnologias de informação e comunicação que permitam o intercâmbio de experiências e informações entre vários parceiros no processo de ensino, surge a necessidade de um Ambiente Virtual de Aprendizagem, que segundo Viera e Luciano (2002, p. 2) são “cenários que envolvem interfaces instrucionais para a interação de aprendizes”. Além de dispor de ferramentas e recursos para a atuação autônoma e auto monitorada com foco na aprendizagem, seja ela, coletiva ou individual. Neste sentido, Behar, Leite e Santos (2005, p. 2) conceituam o ambiente virtual de aprendizagem como um espaço na Internet formado pelos sujeitos, suas interações e as formas de comunicação que se estabelecem através de uma plataforma de software (infraestrutura tecnológica composta pelas funcionalidades e interface gráfica), tendo como foco principal a aprendizagem. Já Almeida (2003, p. 331) utiliza o termo ambiente digital de aprendizagem como sendo “sistemas computacionais disponíveis na Internet, destinados ao suporte de atividades mediadas pelas tecnologias de informação e comunicação”. Bastos e Massaro (2004) preferem adotar o termo ambiente virtual de ensino-aprendizagem (AVEA), pois busca destacar e valorizar o papel que o professor desempenha no processo de planejamento e implementação das atividades didáticas que acontecem nestes ambientes. Mesmo com as várias terminologias utilizadas, os ambientes virtuais de aprendizagem se referem aos sistemas que utilizam a tecnologia da informação e da comunicação como um instrumento facilitador do processo de ensino-aprendizagem. Observa-se na atualidade, grande proeminência deste assunto principalmente nas organizações de educação à distância. Tal fato está associado à colocação de Almeida (2003), sobre a participação em um curso à distância utilizando um AVA, cujo significado é sinônimo de convívio com a diversidade, a singularidade, a troca de ideias e experiências, realização de simulações, teste de hipóteses, resolução de problemas e criação de novas situações, de forma a engajar o aluno na construção coletiva. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 31 A partir daí, tal relevância se fortalece devido à particularidade de cada um dos atores envolvidos neste cenário, seus anseios, suas diversidades e formações individuais. Por isso, a importância do AVA é oferecer possibilidades distintas de forma a propiciar o processo educativo, sem deixar de lado a respectiva abordagem pedagógica. Loiselle (2002) reforça o exposto, quando descreve a participação do aluno conduzindo suas próprias operações de coleta de informações e não se dispondo como um simples consumidor da informação, além disso, acrescenta que o ambiente virtual de aprendizagem busca estimular os estudantes a desenvolverem um conteúdo individual. 3 METODOLOGIA Para desenvolvimento deste trabalho, foi avaliado um curso a distância promovido pela UNESP – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” através de sua equipe de profissionais que atuam no NEAD – Núcleo de Educação a Distância. O curso denominado “Construção de Materiais Didático-Pedagógicos para E-Learning, M-Learning e B-Learning” foi voltado para seu quadro de professores e demais profissionais de apoio técnico (denominados alunos), vinculados e atuantes em todos os campi da UNESP no Estado de São Paulo. O objetivo do curso era oferecer aos alunos, conhecimentos sobre Educação a Distância (EAD) e “ensiná-los” ou “aprimorá-los” a trabalhar com plataformas digitais voltadas para educação. Foi disponibilizado a plataforma do Núcleo de Ensino a Distância da UNESP, disponível no endereço www.edutec.unesp.br, onde o aluno deveria acessar e se inscrever no curso. Foram realizadas 378 (trezentas e setenta e oito) matrículas. Estes alunos foram distribuídos em 7 (sete) grupos, distribuídos por áreas acadêmicas e função na universidade. Para acompanhar cada grupo, foi disponibilizado o apoio de um tutor online, o qual foi contratado pela UNESP mediante concurso o qual necessitava de conhecimentos prévios sobre EAD e que receberam treinamento para atuarem utilizando todos os recursos da plataforma virtual da instituição. Ao final do curso com duração de 4 (quatro) meses, estes alunos deveriam estar aptos a produzirem materiais didáticos digitais que pudessem ser utilizados em suas aulas na universidade, complementando desta forma, o ensino presencial nos cursos de graduação e pós-graduação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 32 O curso foi realizado no período de junho a setembro de 2015. Com reuniões constantes, os tutores planejavam a melhor forma didática de oferecer o curso, sempre monitorados por uma coordenação central. Ao final do período em que ocorreram as atividades didáticas do curso, cada tutor ficou responsável de avaliar a participação de cada aluno e emitir um relatório detalhado do desenvolvimento do curso, as principais dificuldades e facilidades encontradas e relatadas pelos alunos, visando assim, uma constante melhoria desta modalidade de ensino oferecida pela UNESP. Para concluir o objetivo deste trabalho em avaliar a participação e principais dúvidas ou dificuldades encontradas pelos alunos, foi avaliado um Fórum de comunicação de cada grupo, denominado “Fale com o Tutor”. Neste fórum, os alunos postavam suas dúvidas de ordem técnica ou acadêmica e os tutores tinham até 24h para orientá-los. Ao final do curso, um levantamento foi feito e ressaltadas as principais informações contidas nestes Fóruns. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS Avaliando os Fóruns “Fale com o Tutor” de todos os grupos do curso de “Construção de Materiais Didático-Pedagógicos para E-Learning, M-Learning e B-Learning” da UNESP, notamos uma participação efetiva de todos os alunos, independente da área acadêmica ou ramo de atuação. No início do curso, frente a um primeiro impacto das normas e atividades requeridas, as dúvidas mais frequentes eram em relação de como postar suas atividades, de problemas com login e senha de acesso e com relação à frequência. Por se tratar de uma nova metodologia de ensino, percebemos que muitos alunos não estavam habituados a trabalhar com a EAD, apresentando muitas dúvidas na usualidade do computador e das ferramentas da comunicação. Os tutores tiveram que dar uma atenção especial a vários alunos que demostravam interesse, porém, com pouco conhecimento nas ferramentas operacionais de internet e demais TICs. Após o desenvolver do curso, as dúvidas se tornaram mais de ordem técnica, como selecionar materiais existentes e utilizados no ensino presencial e como adaptá-los para o meio digital. Atenção especial foi dada aos aspectos legais de Direitos Autorais, uso de imagens, referências e demais materiais que seriam utilizados por estes alunos. Outro contraponto observado foi à falta de tempo relatada por alguns alunos, pois a EAD permite uma maior flexibilidade desta modalidade de ensino, mas por outro lado, requer maior POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 33 planejamento e dedicação, pois é o aluno quem determina o momento e o local em que realizará suas atividades. Como o objetivo principal do curso era que o aluno pudesse produzir materiais didáticos digitais para utilizá-los em suas atividades acadêmicas, notamos que havia dúvidas frequentes de como adaptar legalmente seus trabalhos impressos em meio digital observando os requisitos legais dos mesmos. Por exemplo, um professor havia publicado um artigo em uma revista, porém, para utilizado em meio digital, mesmo sendo o autor do artigo, o mesmo teria que pedir autorização do meio em que o mesmo foi publicado para poder utilizá-lo. Ao final, notamos uma participação efetiva da maioria dos alunos, sendo que mesmo assim, nem todos conseguiram terminar suas atividades. A todos foi solicitado um feedback de como foi o curso, elencando seus pontos fortes e fracos para que fosse permitida uma constante evolução do mesmo. Por se tratar de um curso recente, uma nova reunião entre tutores e coordenação geral está prevista para o final deste mês de outubro, onde todos os tutores apresentarão seus resultados e uma aferição crítica dos resultados será feita. Como a plataforma EAD da UNESP está sempre em forma de construção, a contribuição de opiniões, ideias e sugestões de todos profissionais envolvidos é sempre satisfatória. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Notadamente a Educação a Distância vem ocupando lugar de destaque na atual sociedade, agora mais contextualizada e aberta às novas tecnologias da informação. A educação também evoluiu e os professores devem estar sempre quebrando os velhos paradigmas educacionais e se aperfeiçoando para enfrentar esta nova demanda de alunos mais antenados com os meios digitais. Produzir material didático digital é algo desafiador e requer do professor, além de um amplo domínio sobre o tema estudado, também saber utilizar as tecnologias da informação e comunicação, adaptando seu planejamento pedagógico para esta nova modalidade educacional. Na UNESP, através do NEAD – Núcleo de Educação a Distância, os profissionais são incentivados através de cursos de qualificação, a desenvolverem seus materiais didáticos pedagógicos sempre serem voltados também para os meios digitais, visando assim, atender uma demanda de alunos cada vez mais críticos e que necessitam também de materiais atualizados conforme as novas tecnologias. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 34 ISSN 2447-3081 No curso avaliado de “Construção de Materiais Didático-Pedagógicos para ELearning, M-Learning e B-Learning” a participação dos profissionais da educação foi muito produtiva e dúvidas de ordem técnica e alguma falta de conhecimento nas TICs por parte de alguns profissionais foi evidenciada. Por a Educação a Distância ser uma porta aberta para o conhecimento, a UNESP apoia e investe nesta metodologia de ensino, capacitando seus professores e demais equipe de apoio técnico acadêmico, pois uma educação de qualidade não para no tempo, assim como as diversas maneiras de ensinar devem acompanhar o contexto atual da sociedade. REFERÊNCIAS ABRAEAD – Anuário Brasileiro Estatístico de Educação Aberta e a Distância, 2008. 4. ed. São Paulo: Instituto Monitor, 2008. ALMEIDA, M. E. B. de. Educação a distância na internet: abordagens e contribuições dos ambientes digitais de aprendizagem. 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POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 36 ISSN 2447-3081 A IMPORTÂNCIA DO LÚDICO NA SUPERAÇÃO DAS DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Janaina Fernanda Gasparoto Fusco – UNESP 1 Eliana Marques Zanata – UNESP2 RESUMO Mediante a realidade da educação atual é visível a dificuldade de encontrada pelos alunos do ensino fundamental I dentro de uma mesma sala de aula, ou perante crianças de um único ciclo escolar. Assim faz se necessário o desenvolvimento de um trabalho nessa faixa de escolaridade, sendo esta etapa imprescindível para o êxito nos anos subsequentes. Vários fatores são apontados como desencadeadores de tais conflitos, porém por meio da observação e experimentação vivenciadas na relação ensino- aprendizagem faz-se necessária a intervenção pontual para a superação de tantas desigualdades, as quais refletem nos índices escolares e no desenvolvimento educacional da nação brasileira. Para a reversão deste quadro são necessárias ações partindo do universo da sala de aula, escola, e sistema educacional em sua totalidade. Com um olhar reflexivo sobre o diagnóstico real dos alunos faz-se necessário o uso de metodologias, didáticas e intervenções diferenciadas para atender e superar as dificuldades múltiplas, proporcionando uma verdadeira inclusão (entre alunos regulares ou portadores de necessidades especiais), os quais possuem o direito de atendimento individualizado, sendo o jogo elemento fundamental para a apropriação e superação, pois o mesmo possibilita assimilar as realidades intelectuais, para que sejam internalizadas à inteligência infantil. PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade. Dificuldades de aprendizagem. Superação. ABSTRACT By the reality of education today is visible to the difficulty encountered by students from elementary school within the same class, or to any child of a single school year. Thus making it necessary to develop a job that education range, and this step essential for success in subsequent years. Several factors are identified as triggers of such conflicts, but through observation and experimentation experienced in relation to teaching and learning occasional intervention is needed to overcome so many inequalities, which reflect in school indices and the educational development of the Brazilian nation. For the reversal of this framework are necessary from the standpoint of the classroom universe, school and educational system in its entirety. With a reflective look at the actual diagnosis of the students it is necessary the use of methodologies, teaching and differentiated interventions to meet and overcome the many difficulties, providing real inclusion (among regular students or people with special needs), which have the right to individualized care, and the game key element for ownership and overcoming, because it makes it possible to assimilate the intellectual realities, to be internalized child intelligence. KEYWORDS: Playfulness. Learning difficulties. Overcoming. 1 Mestranda do programa de Pós-graduação em Docência para a Educação Básica/UNESP-Bauru. Pedagoga e psicopedagoga na área de ensino fundamental e educação infantil. 2 Professora Orientadora. Doutora. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 37 ISSN 2447-3081 1 INTRODUÇÃO Como não concordar, sem se mobilizar? Como modificar, sem identificar? Como atualizar, sem adequar às reais necessidades? Como despertar interesses, sem aproximarse à realidade? Como motivar, sem desafiar? Como aprender, sem sensibilizar-se? A educação necessita de mudanças significativas que partam de um grande sistema, contudo ajustes e adequações são urgentes na relação ensino-aprendizagem. Inúmeras tendências, propostas, didáticas e metodologias permeiam o meio educacional, das quais o educador possui conhecimento, mas é na relação diária com o aluno, que intervenções, mediações e adaptações são constantemente realizadas para alcançar avanços e a aprendizagem almejada. Mediante observações, pesquisas e índices apontados, a aprendizagem somente ocorrerá por meio de uma reorganização do trabalho de sala de aula, a qual sensibilize o educando frente ao saber. O lúdico é uma atividade específica da infância, desta forma a criança recria a realidade por meio de sistemas simbólicos, iniciando sua integração social, aprendendo a conviver e situar-se no mundo que a cerca, além de adquirir qualidades fundamentais para o desenvolvimento físico e mental. Neste sentido Vigotsky (1991), ao referir-se à ligação que as crianças muito pequenas fazem entre a percepção e o significado dos objetos, nota que é a partir do brincar, do jogo que a criança, pela primeira vez faz distinção entre os campos do significado e da visão. Neste sentido o autor preconiza: No brincar o pensamento está separado dos objetos e a ação surge das ideias e não das coisas (...) a ação regida por regras começa a ser determinada pelas ideias e não pelos objetos. Isso representa uma tamanha inversão da relação da criança com a situação concreta, real e imediata...(VIGOTSKY, 1991, p.111). 2 ASPECTOS TEÓRICOS Não é mais possível conformar-se com os quadros atuais de baixo rendimento escolar e simplesmente contemplar a repetição da realidade no decorrer dos anos. Novos planos educacionais e propostas são lançados, porém o professor é quem estará presente no momento de maiores entraves observados na relação ensino-aprendizagem. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 38 ISSN 2447-3081 O que fazer mediante grupos heterogêneos que requerem adaptações e adequações didáticas e metodológicas para a superação de níveis na construção do conhecimento? Inúmeros questionamentos e inquietações estão presentes na rotina diária do educador, porém ajustes pontuais são necessários para a aproximação do aprendiz à nova etapa do conhecimento. Vygotsky (1984, p. 35) enfatiza que (...) a brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz. Piaget (1976) aponta que a atividade lúdica é o berço obrigatório para as atividades intelectuais da criança. O jogo e o brincar, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, proporciona uma assimilação da real atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das crianças exigem todos que se forneça as crianças um material conveniente, a fim de que, jogando e brincando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem isso, permanecem exteriores a inteligência infantil (PIAGET, 1976, p. 160). Ao brincar a criança não possui intencionalidade na aquisição de conhecimento, ou desenvolvimento de habilidades, mas por meio da inferência e mediação do educador será despertada potencialidades na construção de novos saberes, dessa forma Kishimoto (1996), ressalta: [...] a incerteza presente em toda conduta lúdica é um ponto que merece destaque. No jogo nunca se tem o conhecimento prévio dos rumos da ação do jogador, que dependerá, sempre, de fatores internos, de motivações pessoais, bem como estímulos externos, como a conduta de outros parceiros (KISHIMOTO,1996). No mesmo sentido, por meio do jogo o educador consegue adentrar mais próximo às necessidades do aluno, para que possa mediar a ação lúdica, com intencionalidade. Para Kobayashi (2008), o jogo torna-se um espaço privilegiado ao professor. O jogo e a brincadeira passam a ser então um espaço privilegiado de confiança em que o professor é autorizado pelo aluno a saber algo ao seu respeito, a conhece-lo em que ele pode identificar a dificuldade de seus alunos na vida intelectual, social e afetiva para auxiliá-los , mas diferente da postura diretiva em que o professor controla as variáveis da aprendizagem e escolhe o que, e como fazer; ou da postura POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 39 ISSN 2447-3081 espontaneísta ,que deixa o jogo correr livremente; o professor deve posicionar-se com respeito ao rumo que vai tomar a atividade [...] (KOBAYASHI, 2008, p. 31). A introdução dos jogos adaptados aos conteúdos específicos de sala de aula, proporciona a superação de conflitos de aprendizagem de maneira desafiadora e atrativa, proposta a qual é mencionada nos parâmetros curriculares nacionais como uma enorme potencialidade educativa, capaz de atender as inteligências múltiplas, além de contemplar a diversidade de alunos com necessidades especiais, sendo estes com déficits de aprendizagem ou com altas habilidades. Afirma Capellini (2010), voltada ao referir-se à formação de uma escola verdadeiramente, inclusiva: Pensar e realizar a inclusão escolar não é apenas compreender a presença da diversidade em sala de aula; é preciso, acima de tudo, que haja reestruturação pedagógica e administrativa da escola, elaborando coletivamente uma proposta pedagógica que realmente priorize a inclusão (CAPELLINI, 2010, p. 161). É tempo de agir mediante as dificuldades, com estratégias e direcionamentos, então os bons resultados mudarão as reais estatísticas. 3 METODOLOGIA 3.1 Local de desenvolvimento do projeto O projeto será desenvolvido na rede municipal de ensino da cidade de Bauru, nos anos iniciais do ciclo I, em salas regulares, bem como nas turmas de reforço escolar e salas de recurso, com envolvimento e participação dos professores titulares de sala e apoio da equipe gestora (coordenação pedagógica e direção), assim como responsáveis e representantes dos departamentos pedagógicos em suas respectivas funções. 3.2 Condições para o desenvolvimento Através de pesquisa qualitativa e quantitativa, diagnósticos e levantamentos por meio de diálogos e intervenções junto aos professores serão realizados, com ênfase nas reais POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 40 necessidades e principais dificuldades encontradas na relação ensino-aprendizagem em diferentes grupos de crianças na idade escolar referida. Pontuando-se os maiores focos, abordagens serão realizadas por meio de registros, sondagens, conversas com os alunos, observação e análise de instrumentos avaliativos utilizados, atividades desenvolvidas, observação de intervenções dos professores frente aos alunos, interação entre o grupo, relacionamento professor-aluno e aluno-professor, propostas de atividades adaptadas frente ao currículo para os alunos da educação especial, reações dos educandos perante as propostas de trabalho e mediações dos professores e reais resultados de tais práticas. Após diagnósticos, rever junto aos professores os conteúdos programáticos para a correspondência do ano letivo, para que em posse da realidade de seus alunos, adaptações e ajustes de jogos educativos sejam realizados para comtemplarem de forma dinâmica, interessante e desafiadora as competências e habilidades previstas. Adequar através do lúdico, propostas que auxiliem na superação de bloqueios, traumas e reais déficits que impedem a superação na construção do conhecimento, assim como enriquecer e implementar o currículo de alunos com altas habilidades, por meio da efetiva participação dos respectivos professores. Compartilhar resultados positivos e significativos entre a equipe escolar, para a troca de experiência e aprimoramento da prática docente e apresentar os efetivos avanços na qualidade da relação de aprendizagem dos alunos. Expor em periódicos, livros, veículos de comunicação e redes de informação (dentro e fora da unidade escolar) experiências que obtiveram êxito, a fim disseminar práticas significativas que contribuirão para o avanço qualitativo, de uma educação que alcance as expectativas de aprendizagem de maneira significativa, efetiva e certamente atrativa, motivadora, desafiante e de real interesse às necessidades atuais dos alunos. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS A pesquisa encontra-se em pleno desenvolvimento, por se tratar de uma dissertação de mestrado profissional. A proposta de trabalho está em fase de levantamento das dificuldades locais, incluindo os principais entraves no desenvolvimento da aprendizagem em sala de aula, como também entrevistas com a equipe gestora e corpo docente. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 41 ISSN 2447-3081 Depoimentos dos alunos frente ao dia-a-dia na escola, expectativas de melhorias e ideais para um ensino atrativo, lúdico e significativo. Tais levantamentos são imprescindíveis para o norteamento e direcionamento de pressupostos para o encaminhamento da pesquisa. Os resultados obtidos são compartilhados com a orientadora e grupo de estudos e pesquisas, para posterior mediação frente a realidade encontrada. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Durante o desenvolvimento da presente pesquisa busca-se proporcionar por meio do lúdico, metodologias diferenciadas para a superação das dificuldades de aprendizagens, favorecendo uma educação igualitária e verdadeiramente inclusiva. Para o alcance dessas perspectivas será necessário diagnosticar os conflitos de aprendizagens e seus principais entraves nas metodologias utilizadas em sala de aula, bem como desmistificar bloqueios enfrentados pelos alunos para o avanço na conquista da aprendizagem. Através de didáticas e metodologias diferenciadas por meio do lúdico, atendendo as múltiplas necessidades para a verdadeira inclusão, com adaptação e adequação de jogos aos conteúdos pedagógicos desenvolvidos na escola, considerando a heterogeneidade do grupo com o favorecimento de métodos atrativos e desafiadores que impulsionem o progresso do educando na aquisição do conhecimento, para posterior divulgação destas propostas assertivas em diferentes veículos de comunicação a fim de colaborarem nas práticas de sala de aula, favorecendo o embasamento em intervenções efetivas que resultem qualitativamente nos índices atuais. REFERÊNCIAS CAPELLINI, Vera, L. M. F; RODRIGUES, Olga. M. P. R. 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São Paulo: Martins Fontes, 1991. 42 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 43 ISSN 2447-3081 A TEORIA HISTÓRICO CULTURAL E A MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL Suzana Maria Pereira dos Santos – SME/Bauru1 Fernanda Carneiro Bechara Fantin – SME/Bauru2 Marta de Castro Alves Correa – SME/Bauru3 RESUMO O presente artigo tem por finalidade discutir o papel do professor enquanto mediador entre alunos em idade pré-escolar e os conhecimentos científicos, especificamente no campo da matemática, à luz das teorias da Psicologia Histórico Cultural e da Pedagogia Histórico Crítica. A importância da compreensão sobre a concepção de homem, nesta perspectiva teórica, bem como o domínio por parte do docente acerca das especificidades da etapa de desenvolvimento das crianças de 4 – 5 anos, são abordados no intuito de enfatizar a necessidade de uma formação inicial e continuada de qualidade e expressão. Inferências sobre as atividades adequadas à promoção do pensamento lógico matemático, são realizadas visando destacar a importância do jogo protagonizado, enquanto instrumento pedagógico promotor de aprendizagem. Ressalta-se a preocupação do professor em conduzir o ensino com vistas a incidir na zona de desenvolvimento iminente (ZDI), ação necessária à realização de saltos qualitativos no psiquismo infantil. Em suma, destarte para o papel fundamental do docente na apropriação dos pseudoconceitos matemáticos pelas crianças em idade pré-escolar. PALAVRAS-CHAVE: Psicologia histórico cultural. Pedagogia histórico crítica. Jogo protagonizado. Matemática. Educação infantil. ABSTRACT This article aims to discuss the role of the teacher as mediator between students in preschool and scientific knowledge, specifically in the field of mathematics, to the theories of Psychology Cultural History and Pedagogy Critical History. The importance of understanding the concept of man, this theoretical perspective, as well as the domain by the teacher about the specifics of children's developmental stage 4-5 years are addressed in order to emphasize the need for initial training quality and expression. Inferences about the activities which will promote the mathematical logical thinking, are conducted to highlight the importance of played game while learning is an educational tool promoter. Underscores the concept of the teacher about leading insight the school in order to focus on the impending development zone (ZDI), an necessary action to conduct qualitative leaps in the children's psyche. In short, thus for the key role of teachers in the appropriation of mathematical pseudo concepts by children in preschool age. KEYWORDS: Psychology Cultural History. Pedagogy Critical History. Played game. Mathematics. Childhood education. 1 Professora da Educação Básica Ensino Fundamental do Município de Bauru Professora da Educação Básica Ensino Fundamental do Município de Bauru 3 Professora da Educação Básica Educação Infantil do Município de Bauru 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 44 1 INTRODUÇÃO A Matemática foi elaborada pelo homem na busca de transformar a natureza e para atender a necessidade de resolução de problemas vividos pela humanidade em suas relações. Constitui-se, portanto, uma conquista humana, um patrimônio histórico da humanidade o qual merece espaço no contexto escolar enquanto conhecimento científico. Aprender matemática significa compreender como os conceitos foram construídos em respostas às necessidades do homem, compreender o papel que esta ciência desempenha no desenvolvimento do conhecimento humano. “O intuito é que a criança, ao aprender o conceito matemático, possa entender e entender-se no meio, da mesma forma que o homem se constrói humano construindo o conhecimento do mundo” (AZEVEDO, 2007) e esta apropriação não está distante do universo infantil, pois desde a mais tenra idade a criança está imersa no mundo simbólico desta área do conhecimento. Algumas das contribuições da teoria histórico-cultural de Vygotsky e seus seguidores, sustentarão este ensaio teórico, especificamente no que diz respeito à Teoria da Atividade de Leontiev. 2 A EDUCAÇÃO COMO PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO Segundo esta perspectiva, nascemos candidatos à humanização, condição que não é dada naturalmente. Aquilo que nos constitui como humanos não é herdado geneticamente. Em suma, para tornar-se ser social, histórico e crítico, capaz de transformar sua realidade e a si mesmo por meio do trabalho, cada indivíduo deverá ter acesso a todos os meios e instrumentos de humanização. Este processo, vinculado ao ensino e, portanto, intencional, sistematizado e planejado, apresenta características específicas que serão abordadas neste capítulo. Toda a produção histórica da humanidade, toda a objetivação humana, deve ser apropriada pela criança para que ela se torne humanizada. O local privilegiado para aquisição dos conhecimentos eruditos, é a escola. Nela, a educação enquanto condição sine qua non do processo de humanização, se realiza de forma intencional e sistematizada, sendo o professor o responsável pela transmissão de conhecimentos às futuras gerações, de forma a socializar o saber historicamente acumulado pela humanidade, desarticulando assim, a hegemonia da escola burguesa. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 45 Cabe ao professor proporcionar uma “educação que permita a construção, assimilação do conhecimento, promover a dúvida, instigar a procura por mais conhecimento e motivar as crianças no processo de aprendizagem” (MOURA, 2010, p. 66). Assentando-se no materialismo histórico dialético, o desenvolvimento do psiquismo considera a realidade independente da consciência humana, portanto, as objetivações não estão postas ao indivíduo, devem ser apropriadas por meio de mediações adequadas e, essas mediações, devem objetivar a apropriação do patrimônio cultural. Esta relação, meio social–indivíduo, é realizada por meio de atividades específicas que para os pressupostos teóricos em baila, compreendem uma cadeia de atos que possuem o objetivo de atender a uma necessidade humana, não sendo em hipótese alguma apenas uma ação descontextualizada. Durante este processo, formam-se no psiquismo humano, imagens subjetivas da realidade objetiva (MARTINS, 2013, p. 29), movimento que se caracteriza como o próprio desenvolvimento do psiquismo. Ressalta-se que, apesar do caráter social, não herdado da formação desta imagem, a mesma se constitui graças ao aparato material biológico, que conjuntamente com o social, sinaliza para uma unidade material ideal. Segundo os estudiosos da psicologia históricocultural, esta construção se dá por meio de um sistema interfuncional, sistema esse que se compõem pelas funções psíquicas elementares e superiores tais como sensação, percepção, atenção, memória, linguagem, pensamento, imaginação, sentimento e emoção. Nesse sentido, podemos afirmar que a preponderância do papel do signo como mediador entre objeto/conhecimento e sujeito para a qualificação do psiquismo é crucial para a compreensão de todo o método dialético. Não menos importante, o processo de internalização desses signos se baseia na objetivação e apropriação do conhecimento. Os signos são o universo simbólico, as objetivações humanas, o produto do trabalho dos homens. É uma ampliação da captação aos quais todos nós respondemos primariamente, é supra individual e, portanto, não está, a priori, disponibilizado a todos os indivíduos naturalmente. Com base nesta afirmação, os signos necessitam ser apresentados, dispostos, disponibilizados, mediados visando sua apropriação e objetivação pelos indivíduos, para que estes passem a portar o universo simbólico. Para que a apropriação do historicamente produzido, converta-se em instrumento de transformação da natureza e do próprio homem, há que se entender a necessidade de intervenções adequadas que considerem atividade, mediações e conteúdos específicos promotores deste desenvolvimento. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 46 ISSN 2447-3081 Os referenciais em L. S. Vygotsky, Luria, A. N. Leontiev e Davidov, a qual pressupõe o desenvolvimento psíquico da criança essencialmente determinado pelos “processos de apropriação das formas históricas e sociais da cultura” (BOCK, 2004, p. 66), serão utilizados como base teórica para o desenvolvimento deste trabalho. Em sua obra O Desenvolvimento do Psiquismo, Leontiev (1978) apresenta seu estudo da atividade mental e de sua relação com o próprio desenvolvimento da personalidade, desencadeando a Teoria da Atividade. A compreensão desta atividade se dá com base em regras socialmente constituídas, formando o psiquismo do indivíduo no qual a consciência faz parte. Cada estágio do desenvolvimento psíquico está marcado por uma determinada relação com a realidade, mediada por instrumentos da cultura e um tipo de atividade, denominada principal, que para Leontiev (1978) não é sinônimo de “atividade predominante”, mas deve-se entender que é por meio da atividade principal que se dá a formação das funções psíquicas superiores, é por meio dela que são produzidas as formas mais elaboradas de comportamento. Na Atividade estão articulados necessidade, motivo, objeto, ação e operação do indivíduo. A ausência de um motivo implica em não existir atividade, e deste modo, não há razão para executar ações. Assim, “a atividade é a própria condição do homem humanizarse” (DIAS, 2012, p. 6). Na idade pré-escolar, a atividade dominante é o jogo protagonizado (brincadeira de papéis), no sentido de satisfazer a necessidade da criança de se apropriar de formas de comportamento e atividades dos adultos que não lhes são permitidas diretamente. O jogo, atividades lúdicas, tem a finalidade de revelar as relações humanas existentes nele, de forma a proporcionar a apropriação destas relações pelas crianças, uma vez que o alvo do jogo não está no resultado, mas na ação. Neste sentido, A ação educativa do educador, no jogo das crianças, dá-se menos por sua ação direta nele que por sua ação de organizar os materiais e conhecimentos sobre determinado tema para serem apropriados pelas crianças. Trata-se de materiais que enriqueçam e direcionem a compreensão dos papéis a serem representados, ou seja, que enriqueçam e direcionem o tipo de apropriação dos elementos da vida ao redor das crianças, das relações interpessoais em determinada atividade no mundo adulto e suas relações (MOURA, 2010, p. 141). Por meio dos jogos de papéis acontecem a transição do pensamento concreto para o abstrato, a generalização do pensamento e o autodomínio da conduta tão necessários ao desenvolvimento dos conceitos matemáticos. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 47 ISSN 2447-3081 O homem para se apropriar da cultura criada ao longo da humanidade precisa reproduzir para si e em si os objetos da forma para os quais eles foram criados, deste modo, não se pode pensar a Matemática desvinculada de sua função social, nem conceber o ensino desta ciência como algo separado das experiências da criança que a aprende. Assim, o ponto de partida deverá ser sempre o das práticas sociais, das experiências e vivências de cada criança. A educação matemática na infância é um dos caminhos rumo a uma ruptura com o ensino mecânico desta ciência. Uma perspectiva histórico-cultural proporcionará elementos para “atribuir um significado aos conteúdos, ligando-os às necessidades sentidas pela humanidade ao longo de seu desenvolvimento” (AZEVEDO, 2007, p. 17). Esses conhecimentos devem ser apropriados de forma a gerar necessidades nos estudantes, garantindo a apropriação do conhecimento científico. Assim, o ensino mecânico, superficial, memorístico e repetitivo, deve ser substituído por um ensino fundamentado nos conhecimentos científicos, não permitindo que uma perspectiva empírica acabe por limitar o processo de pensamento das crianças. Além disso, uma abordagem histórica e cultural contribuirá para que estes tenham compreensão da necessidade e do surgimento de conteúdos, da sua fundamentação, do “por que” ao invés do “para quê”, proporcionando uma visão dos seus significados, da multiplicidade de relações na sua totalidade. Assim, Para compreender um conceito matemático como atividade humana não basta conhecer uma definição e operacionalizá-la na resolução de problemas, mas sim compreender os traços principais que originaram tal conceito, sua essência, bem como àqueles que determinaram seu desenvolvimento. É nesse sentido que se caracteriza a aproximação da atividade matemática desenvolvida pela humanidade à sua apropriação pelo sistema educacional (DIAS, 2010, p. 6). 3 O PAPEL DO PROFESSOR E O ENSINO DA MATEMÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL A escola de educação infantil vem lutando nestes últimos anos pelo reconhecimento enquanto espaço precípuo de ensino sistematizado. Educar a criança da educação infantil, longe de significar antecipação das tarefas e funções específicas da escola de ensino fundamental, significa desenvolver ações que formem as necessidades da criança de conhecer e ampliar suas relações com os objetos simbólicos produzidos, que melhorem POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 48 ISSN 2447-3081 sua autonomia psicomotora e repertório verbal, que promovam o desenvolvimento da forma primária do pensamento e dos atos volitivos de comportamento, entre outros que qualificam o pensamento e o desenvolvimento do psiquismo. Ainda que não tenha a capacidade de apropriação dos conceitos científicos, adquiridos ao longo do processo educacional, as crianças desta idade são capazes de formar pseudoconceitos, tão necessários à compreensão dos fenômenos, ainda de forma elementar. Neste sentido, a importância do trabalho pedagógico deve ser enfoque deste ensaio, visto que é ponto fulcral da educação escolar. A esse respeito, pontua Moura: Embora o sujeito possa se apropriar dos mais diferentes elementos da cultura humana de modo não intencional, não abrangente e não sistemático, de acordo com suas próprias necessidades e interesses, é no processo de educação escolar que se dá a apropriação de conhecimentos aliada à questão de intencionalidade social, o que justifica a importância da organização do ensino (MOURA, 2010, p. 89). É fato que a matemática está presente na vida das crianças, nas atividades que realiza, das mais simples às mais elaboradas e complexas. Desde muito pequena, a criança compara quantidades, classifica objetos, relaciona eventos no espaço e no tempo, apropriando-se de noções de grandezas, formas, comprimentos, entre outras. Segundo mediações estabelecidas com o meio, a criança vai se apropriando da linguagem matemática e utiliza-se dela para resolução de situações problema, classificar ou quantificar brinquedos, por exemplo. É possível inferir que a matemática é um produto da necessidade do homem, e nesse sentido, tem um significado real para o desenvolvimento da criança, concordamos com Moura quando salienta: Ao longo do percurso da humanidade, a necessidade de controlar quantidades promove o movimento de controle das quantidades que vai do concreto ao abstrato. Isto só foi possível graças à construção de um sistema de signos que, ao serem partilhados nos processos comunicativos, partilham um modo de fazer entender objetivamente o movimento das quantidades (MOURA, 2007, p. 46-47). Porém, que conhecimentos matemáticos devemos ensinar, como ensinar, como a criança aprende? Faz-se necessário pensar o ensino da matemática na sua totalidade, ou seja, na sua dimensão matemática, pedagógica e psicológica. Essa reflexão é essencial para a condução do processo ensino e aprendizagem para as crianças, em especial para a educação infantil. Moraes (2010, p. 4) salienta que “a apropriação dos conhecimentos científicos não ocorre de forma natural e externa. Faz-se necessário uma adequada POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 49 ISSN 2447-3081 organização do ensino para que os sujeitos possam apropriar-se dos conhecimentos produzidos historicamente”. Por estar inserida numa sociedade numeralizada, a criança supera facilmente, quase imperceptivelmente, a etapa da sensação numérica e passa a utilizar uma forma mais elaborada de controle de quantidade, essa superação antecede até a compreensão do cálculo. Assim, é papel do professor organizar atividades com vistas a proporcionar às crianças a compreensão do conceito de número, de cálculo nos controles de quantidade das diferentes grandezas, das classificações e das formas. O ensino deve superar as experiências que envolvem apenas a memorização de sequências numéricas, este deve proporcionar condições para a compreensão das relações internas dos conceitos, permitindo a superação da sensação numérica e transição ao processo de controle de quantidade, utilizando-se das formas mais elaboradas produzidas pelo homem. A organização do ensino deve ter como ponto de partida o conhecimento que a criança possui, caracterizada como Zona de Desenvolvimento Real (ZDR) e as ações de ensino devem ser desenvolvidas de tal modo que permita uma aprendizagem além desse conhecimento, ou seja, a prática pedagógica deve incidir no conhecimento ainda não apropriado pela criança, caracterizado pela Zona de Desenvolvimento Iminente (ZDI), revelando um novo nível de desenvolvimento real. Nessa perspectiva, as ações pedagógicas devem ser contrárias àquelas que disponibilizam as crianças um ensino repetitivo de contagem oral, ou de transcrição escrita de numerais. Moraes (2010) explica Um exemplo destes exercícios rotineiros, propostos às crianças, é a escrita repetitiva dos numerais, ou mesmo o cantarolar de músicas que envolvem a contagem oral, por exemplo, a música intitulada “A galinha do vizinho”. Não queremos descaracterizar, totalmente, a importância de tais exercícios, apenas marcar os sérios limites dessa prática pedagógica para o desenvolvimento do pensamento numérico. É claro que, para pensar numericamente, a criança precisa saber contar sequencialmente e que, para quantificar não pode contar um mesmo objeto duas vezes, bem como precisa dominar a escrita dos dez signos numéricos, mas o conceito de número envolve outros conceitos que somente esse tipo de exercício ou outros parecidos não dão conta. Tal forma de trabalhar com os números parte de situações artificiais e considera-se que a repetição leva a compreensão (MORAES, 2010, p. 9). Diante do exposto, vale ressaltar que o ensino de matemática deve propiciar aos estudantes a apropriação dos pseudoconceitos, a partir de atividades organizadas e sistematizadas, que partam de situações de aprendizagens que o homem vivenciou quando POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 50 do processo de criação do conceito. Considerando que esses conceitos correspondem a uma síntese complexa das produções humanas, abstrações que necessitam de mediação e instrumentos, que devem possibilitar às crianças a apropriação desses conhecimentos de modo a desenvolver as suas máximas capacidades humanas. O trabalho com a matemática desde a educação infantil nessa perspectiva possibilita “que as crianças no processo inicial de escolarização apropriem das bases teóricas dos conceitos matemáticos e, consequentemente, possam utilizá-los como ferramentas simbólicas para a compreensão mais elaborada da realidade” (MOARES, 2010, p. 10). As atividades lúdicas, de modo especial o jogo protagonizado, é o caminho possível para a elaboração dos pseudoconceitos e a efetivação do ensino da matemática. 4 OS JOGOS PROTAGONIZADOS E A MATEMÁTICA O universo cultural em que a criança está inserida é refratado de conhecimentos matemáticos, o que instiga a curiosidade dos pequenos nas mais variadas relações com os objetos do mundo simbólico. Porém, para que esta curiosidade se converta em aprendizagem, faz-se necessária a interlocução do professor, adulto mais experiente, mediante este processo de forma consciente e intencional. Tendo claro que o ensino deverá incidir sobre a ZDI e que a criança pré-escolar, segundo Elkonin (1998) tem como atividade principal o jogo de papéis ou protagonizado, momento em que ocorrem os maiores avanços no desenvolvimento das habilidades motoras e intelectuais, o professor como mediador da relação ensino aprendizagem deverá criar repertórios ricos que motivem as crianças nessas atividades. Nesta fase, a criança procura agir no mundo assim como o adulto, de forma imitativa. Neste momento, o que lhe interessa é “fazer o que o adulto faz”. Assim, o jogo protagonizado tem relevância ímpar neste processo pois é comum, observar as crianças envolverem-se em brincadeiras que instiguem a pensar as relações numéricas e pseudoconceitos, pois é no brinquedo e nas brincadeiras que os instrumentos culturais desencadeiam aprendizagem e desenvolvimento mediados pelo professor. Segundo Jardinetti (1997, p. 48-53) “as propriedades lógicas do conceito a ser apropriado (ou parte de tais propriedades) [de forma a retratar] a essência lógica que engendra e explica os conceitos matemáticos”. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 51 ISSN 2447-3081 A questão laboral das relações humanas é algo levado a sério no contexto dos jogos protagonizados. Embora as regras deste jogo não estejam explicitamente colocadas aos participantes da atividade, estas existem e encontram-se presente em todo seu enredo, de forma interiorizada no sujeito que brinca. O jogo como conteúdo é um conhecimento particularmente empregado na educação infantil, em que o lúdico, ou a brincadeira, é um meio largamente utilizado para os processos de ensino e aprendizagem. Nesse sentido, o jogo é uma forma didática de trabalhar com os conteúdos e conhecimentos específicos das disciplinas. Seu uso nos processos educativos, portanto, não significa trabalhar com a atividade principal da criança, ao menos não pedagogicamente, ou seja, organizada e direcionada intencionalmente... esse tipo de jogo faz parte da ação da criança e não da usa atividade. A finalidade e a organização do jogo como ação são a aprendizagem de hábitos ou conteúdos específicos, ao passo que o jogo como atividade da criança tem como finalidade a apropriação e o desenvolvimento de certas formas culturais de comportamento (MOURA, 2010, p. 127, grifo nosso). Desta forma, caberá ao professor da Educação Infantil ensejar momentos, situações propícias para o jogo protagonizado se desenvolver. Para que este seja um instrumento efetivo de aprendizagem, deve ser meio de apropriação das relações humanas reais, como pequenos comércios (salão de beleza, feiras, mercados) os quais suscitam em sua trama, inúmeras relações que favorecem o desenvolvimento do psiquismo, dentre elas, as matemáticas. À medida que o aluno é estimulado a classificar, organizar, distribuir tarefas, numerar, quantificar entre outras situações problema, ele forma a base para construções mais elaboradas que esta ciência exige. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Um caminho possível para o ensino efetivo de matemática na educação infantil, assenta-se em 3 premissas básicas. Conhecer o preponderante papel que a psicologia histórico cultural e a pedagogia histórico crítica representam para o processo de ensino e aprendizagem como garantia de humanização dos indivíduos. Neste processo, as objetivações humanas, são apropriadas pelos alunos de modo a garantir seu pleno desenvolvimento em direção a sua formação enquanto ser histórico, social e crítico, capaz de transformar a si mesmo e a realidade concreta, fundamento do materialismo histórico dialético que embasa este estudo. Outra premissa é a importância fundamental da ação do professor enquanto mediador entre o conhecimento e o sujeito que aprende. Para tanto é necessário que domine o processo de apropriação, pelo aluno, do conhecimento historicamente acumulado pela POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 52 ISSN 2447-3081 humanidade. Este domínio só é conquistado por meio de uma formação inicial e continuada abrangente que dê conta da imensa complexidade de fatores que envolvem o desenvolvimento infantil, de modo especial os que dizem respeito à necessidade de operar com a atividade principal, promotora de saltos qualitativos no psiquismo. A terceira premissa a se considerar é o modo como o jogo protagonizado na matemática incide efetivamente no desenvolvimento da criança, pois nele a criança se apropria dos pseudoconceitos à medida que elabora relações de grandeza, espaço, formas, medidas, contagem, sequência entre outras. Para tanto, cabe ao professor ampliar o repertório da criança em relação às atividades laborais do adulto de modo a qualificá-lo. Em suma, estas considerações afirmam o sentido da matemática como conhecimento clássico para o pleno desenvolvimento do psiquismo infantil. REFERÊNCIAS AZEVEDO, M. G.; MIGUEIS, M. R. (Orgs.) Educação matemática na Infância. Abordagens e desafios. Vila Nova de Gaia: Gailivro, 2007. BOCK, A. M. B. A perspectiva sócio-histórica de Leontiev e a crítica à naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. In: Cadernos Cedes. São Paulo: Cortez; Campinas: CEDES, v. 24, n.62, p.26 - 43, abril, 2004. DIAS, M. S. Atividade Matemática no Processo Formativo do Professor. XVI ENDIPE – Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino – UNICAMP – Campinas, 2012. DIAS, M. S.; MORETTI; V. D. Números e Operações: elementos lógico-históricos para a atividade de ensino. Curitiba: Ibpex, 2011. ELKONIN, D. Psicologia do Jogo. São Paulo. Martins Fontes, 1998. JARDINETTI, J. R. B. G. O Abstrato e o Concreto no Ensino da Matemática: algumas reflexões, n. 12. Rio Claro: UNESP, Boletim de Educação Matemática, 1997. LEONTIEV, A. N. O desenvolvimento do psiquismo. São Paulo: Moraes, 1978. MARTINS, L. M. O desenvolvimento do psiquismo e a educação escolar: contribuições à luz da psicologia histórico-cultural e da pedagogia histórico-crítica. Campinas: Autores Associados, 2013. MOURA, M. O. (Org.). A Atividade Pedagógica na Teoria Histórico-Cultural. Brasília: Liber livro, 2010. Educação/USP: 2003. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 53 ________ .Matemática na infância. In: MIGUEIS, M. R. e AZEVEDO, M. G. Educação Matemática na infância: abordagens e desafios. Serzedo – Vila Nova de Gaia: Gailivro, 2007. p. 39-64. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 54 ISSN 2447-3081 ADAPTAÇÃO CURRICULAR PARA UM ALUNO COM TGD, VISANDO RESULTADOS PEDAGÓGICOS FAVORÁVEIS Ana Paula Leme Baptistella – UNESP/ Bauru1 Marisol Gelamos Ruiz Morales – UNIESP/IESB2 RESUMO O presente trabalho teve por objetivo descrever o processo de adaptação curricular para um aluno com Transtornos Globais do Desenvolvimento , incluso no segundo ano do Ensino Fundamental I de uma escola regular no Município de Agudos-SP. Utilizou-se para o desenvolvimento do mesmo, o estudo de caso participante, cujo resultado confirmou a hipótese de que, quando a adaptação curricular é executada de maneira eficiente, os resultados alcançados podem ser vistos mesmo quando existe um grau elevado de comprometimento no processo de aprendizagem, uma vez que, acarreta em um desenvolvimento eficaz e cada vez mais independente dentro das características peculiares e individuais. PALAVRAS-CHAVE: Inclusão. Transtornos Globais do Desenvolvimento. Adaptação Curricular. ABSTRACT This study aimed to describe the curricular adaptation process for a student with Pervasive Developmental Disorders, included in the second year of elementary school to a regular school in the municipality of Agudos-SP. It was used to develop the same , a case study participant, which confirmed the hypothesis that , when the curriculum adaptation is performed efficiently the obtained results achieved can be seen even when there is a high degree of commitment in the teaching learning, since, causes an efficient development and increasingly independently within their individual and unique characteristics. KEYWORDS: Inclusion. Pervasive Developmental Disorders. Curricular Adaptation 1 INTRODUÇÃO No contexto educacional atual, a Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva tem fomentado uma ampliação no número de alunos com deficiência, 1 Aluna Especial do Curso de Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Membro do Grupo de Pesquisa: “A inclusão das pessoas com deficiência, TGD ou superdotação e os contextos de aprendizagem e desenvolvimento”`. Psicopedagoga. Pedagoga. 2 Professora Universitária Uniesp/Iesb; Coordenadora Pedagógica – Prefeitura Municipal de Agudos. Mestre em Comunicação, Mídia e Cultura. Psicopedagoga. Pedagoga. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 55 ISSN 2447-3081 transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na classe comum. A legislação brasileira preconiza a inclusão escolar desta população, pois a Educação Especial, como área de conhecimento visa oferecer atendimento educacional especializado, além de apoiar a inclusão escolar como modalidade complementar ou suplementar, tendo como público alvo alunos com deficiência auditiva, visual, intelectual, física, transtornos globais do desenvolvimento – TGD e altas habilidades ou superdotação. O presente relato tem como objetivo descrever o processo de uma adaptação curricular de um aluno com TGD, regularmente matriculado em uma escola pública do Município de Agudos-SP, visando demonstrar que ao se respeitar as características individuais do aluno os resultados pedagógicos são favoráveis. O trabalho justifica-se por demonstrar a adaptação curricular de um aluno incluso podendo auxiliar os leitores na forma como se dá esse processo. 2 Educação Inclusiva e as Adaptações Curriculares O nosso país vive um momento em que a perspectiva da Educação Especial enquanto Educação Inclusiva determina que todo e qualquer aluno, independente da deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, deve frequentar a classe comum pela proposição nacional. Porém efetivar isso no cotidiano escolar brasileiro é um processo que ainda não ocorreu de maneira plena, encontrando-se em desenvolvimento, sendo que em alguns lugares de modo mais avançado e em outros com maiores dificuldades. De acordo com as modificações na Lei de Diretrizes e Bases ocorridas no ano 2013, destacou-se a oferta à educação, pública e gratuita, as pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, assegurando o direito à educação desta população. Segundo Capellini e Rodrigues (2014), para contribuir com esse processo existem alguns mecanismos legais importantes, tais como a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva de 2008, que institui a oferta do Atendimento Educacional Especializado, conservando os alunos nas turmas comuns do ensino regular e consequentemente priorizando a articulação entre a educação especial e o ensino regular, uma vez que estipula as atividades a serem desenvolvidas no atendimento POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 56 ISSN 2447-3081 educacional especializado como complementares ou suplementares àquelas ofertadas em sala de aula do ensino regular, com a finalidade de desenvolver autonomia e independência aos envolvidos no processo. O Plano Municipal de Educação do Município de Agudos-SP, ano 2015, institui as diretrizes da Educação e estabelece metas específicas a ser cumprida na Educação Especial, entre elas a garantia da oferta de educação inclusiva, promovendo a articulação pedagógica e o atendimento educacional especializado. É importante ressaltar que a organização inclusiva da rede possui caráter colaborativo, tendo em vista que na sala de aula existe a permanência de um profissional denominado Professor Auxiliar de Educação Especial atuando conjuntamente com a professora de sala do ensino regular. O ensino municipal é estruturado pelo Sistema Sesi de Ensino desde o ano de 2013, tendo como base o ensino, aprendizagem e pesquisa em abordagem que contempla a interdisciplinaridade e a dialogicidade, uma vez que os alunos necessitam interagir com a realidade, construindo seus conhecimentos a partir das relações intra e interpessoais O foco do presente trabalho está na prática da adaptação curricular pontuada na observação de um aluno diagnosticado com Transtornos Globais do Desenvolvimento, incluso no segundo ano do Ensino Fundamental I, no referido município. No ano de 2013, quando a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – V) passou a vigorar, a nomenclatura foi alterada para de Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), entretanto a terminologia utilizada no presente trabalho será Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) considerando tantos os documentos legais do Estado de São Paulo, assim como a LBD (2013). Entende-se por Transtornos Globais do Desenvolvimento, uma inadequação e disfunção no desenvolvimento do indivíduo por toda a vida. O diagnóstico é clínico, baseado na história pregressa e na observação do comportamento. Vale lembrar que não há testes laboratoriais ou de imagem que possam diagnosticar o autismo, os mesmos podem ser realizados com a finalidade de descartar outros diagnósticos. Caracteriza-se como autismo uma desordem severa do desenvolvimento neurobiológico, caracterizado pela presença de alterações no comportamento social, dificuldades na comunicação e no repertório de atividades, além de interesses restritos (FONSECA; WALTER; FERREIRA-DONATTI, 2014, p. 2). Com isso as questões que permeiam a frequência deste aluno na sala de aula do ensino regular, assim como, as práticas educacionais que envolvem todo o processo POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 57 ISSN 2447-3081 inclusivo devem ser pensadas com um olhar assertivo nos momentos da avaliação, ensino e aprendizagem como um todo, pois de acordo com Matos e Mendes (2015, p. 20) “a simples inserção de alunos com NEE (Necessidades Educacionais Especiais) em classes comuns do ensino regular não assegura aprendizagem, nem viabiliza trocas sociais e simbólicas satisfatórias”. Considerando estes fatores o aluno, objeto deste estudo necessita de adaptações e apoios que supram as dificuldades inicias, possibilitando que o mesmo consiga através de estímulos apropriados atingir os objetivos propostos nas atividades realizadas. As adaptações curriculares de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais são estratégias da prática docente que possibilitam ao aluno incluso no sistema regular de ensino novos caminhos a serem traçados com o intuito de facilitar o processo de aprendizagem. Os Parâmetros Curriculares Nacionais definem as adaptações curriculares como: [...] possibilidades educacionais de atuar frente às dificuldades de aprendizagem dos alunos. Pressupõem que se realize a adaptação do currículo regular, quando necessário, para torná-lo apropriado às peculiaridades dos alunos com necessidades especiais. Não um novo currículo, mas um currículo dinâmico, alterável, passível de ampliação, para que atenda realmente a todos os educandos. Mas afinal, o que são adaptações curriculares? As adaptações curriculares implicam a planificação pedagógica e as ações docentes fundamentadas em critérios que definem o que o aluno deve aprender; como e quando aprender; que formas de organização do ensino são mais eficientes para o processo de aprendizagem; como e quando avaliar o aluno (PCN, 1998, p. 33). O trabalho de adaptação curricular do aluno em questão começou com uma anamnese realizada com a mãe, a fim de coletar informações sobre o mesmo. Em seguida, foi realizado um levantamento dos conhecimentos prévios da professora do segundo ano do ensino regular sobre o aluno e sobre seu olhar acerca do TGD. A partir daí iniciou-se a avaliação diagnóstica de caráter pedagógico, onde foi possível pontuar o nível da aprendizagem e desenvolvimento do aluno. Posteriormente, deu-se início à etapa envolvendo o processo de planejamento das atividades e das adaptações curriculares, onde as ações propostas pela professora de sala de aula do ensino regular foram minuciosamente analisadas e a partir daí adequadas dentro dos padrões pertinentes ao estágio de aprendizagem do aluno, visando não apenas facilitar o desempenho do mesmo na realização da tarefa proposta, mas sim, ofertar um estímulo que servisse de ponte para que o mesmo pudesse chegar ao objetivo traçado sem necessitar de apoio. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 58 ISSN 2447-3081 O aluno possui dificuldades na comunicação oral, apresentando ecolalia em diversos períodos além de se utilizar de gestos e expressões faciais para se comunicar. Apresenta riso e sorrisos inapropriados, algumas estereotipias, resistência a mudança de rotina, assim como outras características pertinentes ao quadro de TGD. Encontra-se na fase das garatujas ordenadas e na fase do grafismo primitivo, ainda não consegue realizar traçados lineares e desenhos de figuras simples. Reconhece sem apoio as vogais A e U, as demais e as consoantes apenas com apoio visual e verbal. Ainda não sequência histórias. Demonstra compreensão dos comandos verbais simples e de alguns mais complexos. Em relação às habilidades lógico-matemáticas ainda não identifica, nomeia ou associa numerais às quantidades de maneira sistêmica, sendo que por vezes demonstra reconhecer numerais, nomeando os mesmos e em momentos posteriores nomeia os mesmos de maneira inadequada. O tempo de atenção durante as comandas recebidas é variável, muitas vezes prejudicada pelos momentos de crise de ausência, o que interfere no desempenho da autonomia de vida diária do aluno. A impulsividade se faz presente, principalmente nos momentos em que é contrariado, demonstrando irritabilidade e deixando nítido seu desgosto por meio de expressões faciais que nos remetem a braveza e desapontamento. A sustentação do foco de concentração é relativamente baixa, quando não sofre interferência pelas crises de ausência o aluno consegue realizar algumas atividades com certa autonomia e independência. As atividades planejadas e desenvolvidas foram realizadas contando com apoio visual e verbal para que o aluno atingisse os objetivos propostos. Partindo desta premissa, as atividades foram, num primeiro momento, realizadas pelo aluno juntamente com a Professora Auxiliar de Educação Especial. De acordo com Damiani (2008), a imitação para a aprendizagem pertence ao conceito Vigotskiano de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) uma vez que O que uma criança pode realizar hoje somente com ajuda, ou em colaboração, amanhã poderá realizar sozinha, de maneira independente e eficiente. A ZDP seria, então, a área onde estão esses conhecimentos/essas habilidades que têm potencial para ser internalizados/ desenvolvidos por meio da mediação de outros seres humanos ou de artefatos culturais (DAMIANI, 2008, p. 216). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 59 ISSN 2447-3081 Uma das adaptações realizadas foi a da atividade número cinco, da Unidade 3, Quadrinhos que Divertem, pertencente à Unidade Significativa de Língua Portuguesa do Segundo Ano do Sistema SESI de Ensino. As expectativas gerais de aprendizagem desta unidade focavam a leitura e escrita dos diferentes gêneros textuais, o reconhecimento de suas características nos conceitos de produção, além da percepção nas práticas diárias de leituras de diferentes gêneros e seus diferentes propósitos, a fim de ampliar a fluência leitora dos envolvidos no processo. Na atividade os principais objetivos visavam à leitura do gênero textual assim como o reconhecimento de suas características, entretanto, para o aluno objeto desse relato as expectativas foram pontuadas no sentido de reconhecer uma história em quadrinhos e identificar as expressões facias, evidenciando os conceitos de felicidade e tristeza em uma atividade especialmente desenvolvida com este objetivo, além de posteriormente propiciar o reconhecimento das mesmas na história em quadrinhos trabalhada com a sala. (Figura 1). Figura 1 – Material Adaptado Fonte: Arquivo Pessoal da Pesquisadora. Todos os alunos pertencentes à classe do segundo ano realizaram a atividade em questão, no entanto o aluno alvo do estudo iniciou a atividade folheando um gibi com diversas histórias em quadrinhos com o intuito de desenvolver o reconhecimento deste gênero textual. Posteriormente, foi apresentado um dado com as expressões faciais POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 60 ISSN 2447-3081 contendo sentimentos diversos, entre eles alegria, tristeza, susto, foi verificado se o mesmo conhecia tais expressões. A partir daí, através de um desenho em uma folha de sulfite contendo o contorno de uma face humana, com auxílio de massa de modelar o aluno pode colocar a boca expressando o sentimento trabalhado no dado das emoções. (Figura 2 e Figura 3). Figura 2 - Expressão de Alegria Fonte: Arquivo Pessoal da Pesquisadora. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 61 ISSN 2447-3081 Figura 3- Expressão de Tristeza Fonte:Arquivo Pessoal da Pesquisadora. Atividade foi realizada contando com apoio físico, verbal e visual. O aluno conseguiu atingir os objetivos propostos, uma vez que indentificou as expressões facias de maneria adequada, associando e reconhecendo as mesmas conforme foi solitado, além de conseguir identificar gibis com diversas histórias em quadrinhos em uma caixa contendo um conjunto de livros, gibis e revistas. 3 METODOLOGIA A proposta deste estudo em analisar as adaptações curriculares realizadas para um aluno com TGD incluso no ensino regular da rede pública do Município de Agudos-SP, assim como, descrever as observações realizadas a partir da própria prática, caracterizam um estudo de caso participante. Uma vez que de acordo com Yin (2005, p.32) este método de pesquisa refere-se a um estudo empírico que investiga um fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade. Além disto, de acordo com Ibrahim (1979), em um estudo de caso é possível observar o comportamento em seu contexto natural e passa a ser participante, tendo em vista que o pesquisador também é partícipe da pesquisa em questão. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 62 ISSN 2447-3081 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS De acordo com Rodrigues, Capellini e Santos (2014) É preciso refletir sobre a construção de uma sociedade e de escolas em que a diferença entre os homens, com ênfase no respeito, seja a tônica, possibilitando a igualdade de oportunidades e a valorização das diferentes características. Embasado neste conceito nota-se que o ensino oferecido na perspectiva da educação inclusiva tem encontrado diversas dificuldades a serem superadas, porém com embasamento teórico adequado e uma estrutura educacional favorável, pode-se modificar a conjuntura do processo inclusivo tornando o ambiente escolar realmente um local de trocas de experiências e oportunidades a todos os envolvidos. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O resultado obtido neste trabalho demonstra que os indivíduos com TGD são pessoas que necessitam de uma estrutura eficiente, de métodos de ensino adequados, de ambientes apropriados para apresentarem um desenvolvimento eficaz e cada vez mais independente dentro de suas características peculiares e individuais. Contudo, conclui-se que especificamente neste estudo, as adaptações curriculares foram de extrema importância, tendo em vista que são estratégias capazes de auxiliar o aluno em questão na superação de suas limitações ao atuarem como instrumentos mediadores e assim favorecer a solução de problemas sem a necessidade de amparo, facilitando o entendimento do aluno sobre as questões trabalhadas em sala de aula de uma maneira diferenciada, porém sem perder o foco das atividades pertencentes ao currículo pertinente a série em que o mesmo se encontra. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSIQUIATRIA. Manual de Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-V). Porto Alegre: Artes Médicas,2013. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP,2008.Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/politicaeducespecial.pdf>. Acesso em: 20 jul. 2015. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 63 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais – Adaptações curriculares: estratégias de ensino para educação de aluno com necessidades educacionais especiais. Brasília: MEC/SEF/SEESP,1998. BRASIL. Lei n. 12.796, de 4 de abril de 2013. Altera a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para dispor sobre a formação dos profissionais da educação e dar outras providências. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20112014/2013/lei/l12796.htm>. Acesso em: 20 jul. 2015. CAPELLINI, V.L.M.F.; RODRIGUES, O.M.P.R. Fundamentos Históricos e legais da educação da pessoa com deficiência, transtorno global do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação no Brasil. 2014. Disponível em: http://www.acervodigital.unesp.br/bitstream/unesp/155261/1/unespnead_reei1_ee_d02_te xto02.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2015. DAMIANI, M. F. 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Neste sentido, este trabalho se propõe a fazer um levantamento de pesquisas, nos últimos dez anos, no Banco teses e Dissertações da Capes, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e no portal SCIELO, que enfoquem as AH/SD no ensino superior. Este estudo é caracterizado como uma pesquisa bibliográfica e documental. Os resultados apontaram que o número de pesquisas encontradas que retratam diretamente as AH/SD e o Ensino Superior ainda é escasso, apenas 4 trabalhos trataram diretamente a temática. Apesar de restrito número de trabalhos, eles discutiram aspectos importantes quanto à identificação e atendimento do aluno AH/SD e como esses alunos foram vistos pelos outros alunos, professores e coordenadores de seus cursos, quais as concepções, mitos e pré-conceitos existentes sobre AH/SD no ensino superior. Também, que a falta de conhecimento, aliada a ideias pré-concebidas mostraram-se como empecilhos às possibilidades de incluir, de fato, os estudantes mais capazes nas instituições de ensino superior no Brasil. PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Altas Habilidades/superdotação. Ensino Superior. ABSTRACT Although there is increasing interest in the area High Abilities / Giftedness (AH / SD) in the current research, the practice of care for this population has not kept pace with this growing interest. The student with AH / SD is part of the target audience of Special Education and have the right to specialized care, and to have access to higher education. Thus, this study aims to conduct a survey of research in the past decade, the Bank theses and dissertations from the CAPES, the Brazilian Digital Library of Theses and Dissertations and SCIELO portal, that address the AH / SD in higher education. This study is characterized as a bibliographical and documentary research. The results showed that the number of studies found which directly depict the AH / SD and Higher Education is still scarce, only 4 jobs directly addressed the issue. Despite limited number of jobs, they discussed important aspects regarding the identification and care of the AH / SD students and how these students were seen by other students, teachers and coordinators of their courses, which designs, existing myths and preconceptions about AH / SD in higher education. Also, the lack of knowledge, combined with preconceived ideas appeared as obstacles to the possibilities to include, in fact, the most able students in higher education institutions in Brazil. KEYWORDS: Special Education. High abilities/giftedness. Higher education. 1 2 Mestranda em Educação Especial, Universidade Federal de São Carlos- UFSCar. Professora Orientadora. Doutora em Educação Especial. Universidade Federal de São Carlos- UFSCar. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 65 ISSN 2447-3081 1 INTRODUÇÃO Apesar de haver um aumento de interesse pela temática das Altas Habilidades/Superdotação (AH/SD) nas pesquisas atuais, a prática de atendimento a essa parcela da população não tem acompanhado esse crescente interesse. Dentre alguns pesquisadores da área – que destacam essa defasagem e a necessidade de uma maior informação da população sobre a temática, além de um melhor preparo das escolas, universidades, professores e famílias para lidarem com essa questão, destaca-se Alencar (2001), que explana como os superdotados representam um grupo que é pouco compreendido e negligenciado, ressaltando a escassez de programas específicos, direcionados para seu atendimento. Os alunos AH/SD ainda são permeados por mitos, a respeito destes, Pérez (2003) afirma: Assim, um dos primeiros aspectos que devem ser aprofundados são os fatores que têm alicerçado a carência e/ou precariedade de atendimento, entre eles, os mitos e crenças populares, alguns decorrentes de características próprias das pessoas com AH/SD, outros, de preconceitos socioculturais e/ou ideológicos e até da própria desinformação sobre as AH/SD. Eles são fortes empecilhos para a formação de uma identidade própria das pessoas com AH/SD e contribuem para uma representação negativa ou, pelo menos, distorcida destas pessoas (PÉREZ, 2003 , p. 46). Portanto, torna-se necessário o desenvolvimento de pesquisas na área das altas habilidades, divulgando a necessidade da identificação desses alunos no ensino comum como no ensino superior. À medida que pesquisas são realizadas no sentido de desmitificarem seus conceitos referentes às altas habilidades/superdotação, haverá uma maior probabilidade de que tais alunos tenham seus direitos educacionais realmente cumpridos. Neste sentido, este trabalho se propõe a fazer um levantamento de pesquisas, nos últimos dez anos, no Banco teses e Dissertações da Capes, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e no portal SCIELO, que enfoquem as AH/SD no ensino superior. 2 AH/SD E O ENSINO SUPERIOR A legislação brasileira no que concerne às AH/SD apresenta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) - Lei nº 4.024 (BRASIL, 1961) e educação para POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 66 ISSN 2447-3081 excepcionais como eram denominados os que estavam acima e abaixo da média, no Título X, arts. 88 e 89, como se constata a seguir: (..) TÍTULO X – Da Educação de Excepcionais Art.88 – a educação de excepcionais deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de educação, a fim de integrá-los na comunidade. Art. 89 – Toda iniciativa privada considerada eficiente pelos conselhos estaduais de educação, e relativa à educação de excepcionais, receberá dos poderes públicos tratamento especial mediante bolsas de estudos, empréstimos e subvenções (BRASIL, 1961, p.15) Somente no art. 9º da LBBEN 5.692, de 11 de agosto de 1971 (BRASIL, 1971) que estabeleceu os alunos superdotados. Art. 9º - Os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial, de acordo com as normas fixadas pelos competentes Conselhos de Educação (BRASIL, 1971, p.3) Sobre o atendimento educacional aos alunos com AH/SD saíram três pareceres consecutivos, entre os quais destacou-se o Parecer CFE nº 436 (BRASIL, 1973 apud ANDRES, 2010) em que ficou garantido o direito do aluno AH/SD ao ensino superior. O Parecer CFE nº 436, de 9 de maio de 1972 (Documenta 138, maio 1972): admite matrícula condicional de aluno superdotado em curso superior, com prazo de até dois anos para apresentação de prova conclusão do ensino de segundo grau, desde que reconhecida sua superdotação antes da inscrição no vestibular (BRASIL, 1973 apud ANDRES, 2010, p. 15). A partir da década de 80, nota-se novos termos de qualificação da problemática AH/SD, a Portaria CENESP/MEC nº 69, de 28 de agosto de 1986, define os superdotados como: Art. 3 (..) Superdotados: educandos que apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade nos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual, aptidão académica, pensamento criador, capacidade de liderança, talento especial para artes, habilidades psicomotoras, necessitando atendimento educacional especializado. (BRASIL, 1986, p.6) Prosseguindo com as ações de cunho legal, em 1994, a Política Nacional de Educação Especial (PNEE) foi ligeiramente modificada, incluindo-se o termo “altas habilidades”, substituindo-se “crianças” por “educandos” e retirando-se “talentosas”, como pode ser visto a seguir: POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 67 ISSN 2447-3081 Portadores de altas habilidades/superdotados são os educandos que apresentam notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos, isolados ou combinados: capacidade intelectual superior; aptidão acadêmica específica; pensamento criativo ou produtivo; capacidade de liderança; talento especial para artes e capacidade psicomotora. (BRASIL, 1995, p. 17) O Plano Nacional de Educação (PNE) - Lei nº 10.172/01 -, no capítulo da Educação Especial, também propôs como meta nº 26 “implantar gradativamente, a partir do primeiro ano deste plano, programas de atendimento aos alunos com altas habilidades nas áreas artística, intelectual ou psicomotora” (BRASIL, 2001, p.57). Mas somente em 2008, com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEI), que os alunos com AH/SD são definidos como alvo de atendimento educacional especializado em todas as etapas e modalidades de ensino. (...) assegurar a inclusão escolar de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, orientando os sistemas de ensino para garantir: acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão; participação da família e da comunidade; acessibilidade arquitetônica, nos transportes, nos mobiliários, nas comunicações e informação; e articulação intersetorial na implementação das políticas públicas (BRASIL, 2008, p. 14). Assim, o aluno com AH/SD faz parte do público alvo da Educação Especial (PAEE), conforme o documento orientador acima citado e tem direitos ao atendimento especializado; garantidos de acordo com o Decreto 7.611 (BRASIL, 2011). A primeira vez em que apareceu na legislação o direito do aluno AH/SD ao acesso ao ensino superior antecipado foi no Parecer CFE nº 436, de 9 de maio de 1972. Esse documento explicitou que o aluno tinha matrícula condicional ao ensino superior, desde que apresentasse, em até 2 anos, o certificado de conclusão do ensino médio e que poderia fazer sua inscrição no vestibular antecipadamente desde que ficasse atestado sua superdotação. O que seria então esta entrada antecipada no ensino superior? POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 68 ISSN 2447-3081 De acordo com Cuppertino (2008), existem várias modalidades de atendimento e cada alternativa atende a diferentes necessidades entre elas os agrupamentos, a aceleração e o enriquecimento. A aceleração, assinalada pela citada autora é (...) mais uma forma de flexibilizar sistemas educacionais muito cristalizados, desta vez por permitir ao aluno que pule etapas da formação regulamentar. Pode se dar de maneiras diferentes: pela entrada precoce na escola, pela dispensa de cursos, ou pelo estabelecimento de programas de estudos acelerados, flexíveis no ritmo, tarefas e/ou áreas de conhecimento (CUPERTINO, 2008, p. 49). De acordo com Guenther (2009), historicamente, a aceleração é vista como oportunidade para que o aluno sinalizado com AH/SD possa progredir pela seriação escolar a um ritmo mais rápido, e/ ou iniciar os diversos níveis de escolarização em idade mais nova que o convencional. Ambas as ideias visam permitir progressão mais rápida que os outros alunos. Isso frequentemente significa adaptar o currículo escolar ao nível de desenvolvimento, produção e aprendizagem do aluno, individualmente, ou em pequenos grupos, sem insistir na noção de que a mesma proposta curricular seja apropriada a todos os alunos de uma faixa etária. Como intervenção para alunos AH/SD, a citada autora, aponta que a aceleração se distingue do enriquecimento pelo fato de que este preenche o tempo ganho com atividades diferentes do que é previsto no currículo regular, o qual permanece igual para todos. Mas, muitos alunos AH/SD já trazem um acervo maior de conhecimento, trabalham a um nível de produção mental mais avançado que seus pares. E, adiantar seus estudos é uma alternativa mais realista para trabalho escolar do que seguir o mesmo currículo e ritmo da turma Ainda, Guenther (2009) explicita há 18 tipos de aceleração disponíveis aos alunos AH/SD no domínio da inteligência, divididos em duas amplas categorias, de acordo com as dimensões de tempo e conteúdo. Aqui focaremos nos doze tipos de aceleração que se baseiam na temporalidade, com objetivo precípuo de adiantar o tempo escolar, sem alterar o conteúdo curricular: 1. Admissão antecipada à Educação Infantil (pós-creche) 2. Admissão antecipada à 1ª série fundamental 3. Saltar uma ou mais series escolares 4. Progressão continuada 5. Classes combinadas (multi-seriadas) POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 69 ISSN 2447-3081 6. Currículo Telescópico (um ano em um semestre, ou dois anos letivos em um) 7. Diplomação antecipada 8. Matricula simultânea (em dois níveis de ensino) 9. Cursos para crédito (Secundário ou Superior) 10. Crédito por exames e provas 11. Entrada antecipada ao nível médio e superior 12. Aceleração do próprio curso universitário (GUENTHER, 2009, p.283) (grifo nosso) Nesse contexto, Fleith (2007) assinala que os resultados de pesquisas têm indicado benefícios para o aluno, quando o processo de aceleração é bem conduzido, levando-se em conta as suas necessidades e características intelectuais, sociais e emocionais, paralelamente, a professores adequadamente preparados para apoiá-lo em suas necessidades. Os estudos realizados ajudaram a fazer cair por terra diversos mitos associados a esta prática, como a presença de solidão e desajustamento entre jovens que progridem mais rápido no seu programa acadêmico, ou ainda um decréscimo no rendimento acadêmico e motivação pelo estudo, entre alunos com inteligência superior, alocados em séries mais avançadas. A PNEEI (2008, p.14) garante que o PAEE, entre eles o AH/SD, tenha “acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior”. Portanto, fica assegurado que o aluno AH/SD têm direito ao acesso, participação, aprendizagem e continuidade da Educação Infantil até o Ensino Superior. Neste sentido, este trabalho se propõe a fazer um levantamento de pesquisas nos últimos dez anos, no Banco teses e Dissertações da Capes, Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e no portal SCIELO, que enfoquem as AH/SD no ensino superior, buscando explicitar o que está sendo pesquisado na área. 3 METODOLOGIA Este estudo é caracterizado como uma pesquisa bibliográfica e documental. Segundo Gil (2002), as pesquisas bibliográficas se desenvolvem a partir de materiais já elaborados, como os livros, jornais e artigos científicos. O mesmo autor assinala que o desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica. Apenas, cabe considerar que enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas em material impresso localizadas nas bibliotecas, na pesquisa documental POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 70 as fontes são muito mais diversificadas e diversas. Sendo assim, além de buscas em livros e textos impressos, foi realizada buscas no Banco de Teses da Capes, disponível em: <http://bancodeteses.capes.gov.br/>; Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, disponível em: <http://bdtd.ibict.br/vufind/>; e no portal SCIELO, disponível em: <http://www.scielo.org/php/index.php>. Para tanto, foram utilizadas as palavras chave: altas habilidades; altas habilidades/superdotação; AH/SD, ensino superior, dotação; talento; universidade; superdotação, separadas ou combinadas. O período de busca foram os últimos 10 anos, 2005 a 2015. Para a análise dos dados optou-se por categorizar os trabalhos encontrados em: Título, Autores, Ano, Universidade (origem da pesquisa), Especificação (dissertação ou tese) e Objetivos da pesquisa. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS Pensar em AH/SD no ensino superior, ainda é um trabalho rodeado por mitos, superstições e crenças pré-concebidas como poderá ser visto nos trabalhos apresentados no quadro 1. Segundo Fleith (2007, p.38) “o problema parece ser resultado da falta de conscientização sobre o assunto e pelos preconceitos e mitos ainda tão enraizados na sociedade”. Assim Fleith (2007) pontua que estudiosos da área de AH/SD, há décadas, se preocupam com questões relacionadas aos aspectos emocionais, sociais e de personalidade manifestados por indivíduos com AH/SD. Como consequência, muitos estudos foram desenvolvidos na perspectiva de derrubar mitos de que indivíduos superdotados são susceptíveis a desajustamentos emocionais, comportamentos de isolamento, depressão e até loucura. Apesar de apresentarem comportamentos inusitados e diferenciados para sua época e cultura, atualmente sabe-se que essa parcela de pessoas, se atendidas em suas necessidades, tende a uma vida próspera e feliz, rechaçando-se ideias falsas sobre o seu desenvolvimento. Também, que no caso de crianças com AH/SD, um desenvolvimento cognitivo avançado não necessariamente implica desenvolvimento afetivo maduro. Sendo assim, por meio do levantamento realizado no banco de teses e dissertações da Capes foram encontradas 3 produções que eram diretamente relacionadas às AH/SD e o ensino superior, conforme está representado no Quadro 1. No levantamento realizado na POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 71 ISSN 2447-3081 Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações foi encontrado somente um trabalho relacionado à temática, o trabalho de Cianca, Marquezine (2012), porém este já está sendo apresentado no quadro 1 abaixo. No portal da SCIELO, foram encontrados dois trabalhos relacionados a temática, porém, um destes trabalhos (CIANCA, MARQUEZINE 2012), apareceu no Banco de Teses e Dissertações da Capes. No Quadro 1 será apresentado somente o segundo trabalho encontrado. Título Quadro 1: Produções: altas habilidades e ensino superior Autores e Ano Especificação Universidade O PROFESSOR UNIVERSITÁRIO FRENTE ÀS ESTRATÉGIAS DE IDENTIFICAÇÃO E ATENDIMENTO AO ALUNO COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO MATOS, D. N. ACADÊMICO IDOSO NO ENSINO SUPERIOR: CARACTERÍSTICAS DE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO? COSTA, L. C. 2011 Dissertação Tratar sobre o professor diante da identificação e do atendimento ao aluno com AH/SD, no contexto universitário, tendo como lócus UFPR. 2012 Dissertação Discutir sobre a continuidade da aprendizagem do indivíduo idoso a partir da investigação de características de AH/SD em acadêmicos idosos inseridos no ensino superior da UFSM-RS. 2012 Dissertação Investigar como a temática de AH/SD tem sido vislumbrada pelos docentes do ensino superior, buscando conhecer, mais especificamente, qual é a percepção dos coordenadores dos colegiados dos cursos de licenciatura da UEL. 2014 Relato Pesquisa MOREIRA, L. C. UFPR FREITAS, N. S. UFSM-RS A PERCEPÇÃO DOS COORDENADORES DE LICENCIATURAS DA UEL SOBRE ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO CIANCA, F. S. C MARQUEZINE , M. C. UEL A CARÊNCIA DE FORMAÇÃO SOBRE A SUPERDOTAÇÃO NAS LICENCIATURAS DA UFPEL: UM ESTUDO DE CASO RAMALHO, J. V. A. et al UFPel UFRGS Objetivos de Investigar a conjectura de que há bastante desconhecimento sobre AH/SD nas licenciaturas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Fonte: Elaboração própria Como pode ser visto no quadro 1, o número de pesquisas encontradas que retratam diretamente as AH/SD e o Ensino Superior ainda é escasso. Apenas 4 trabalhos retratam diretamente a temática. A produção de Matos, Moreira (2011) teve como objetivo principal investigar se os professores universitários reconheciam alunos com altas habilidades/superdotação, como POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 72 o faziam e que estratégias metodológicas adotavam para a inclusão educacional na universidade. Foram entrevistados 9 (nove) professores universitários que possuíam entre 5 (cinco) e 40 (quarenta) anos de docência; com formação diversificada, sendo que 66,6% dos entrevistados foram indicados por alunos superdotados da UFPR e 33,3% indicados pela coordenação do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais da UFPR (NAPNE/UFPR). Constatou-se que a maioria dos professores divergiu sobre a concepção de necessidades educacionais especiais, demonstrando incerteza acerca da participação do estudante superdotado no grupo de alunos que faziam parte do público alvo da educação especial. Sobre a concepção de AH/SD que os professores universitários tiveram, concluiuse que, em sua maioria, foi constituída por informações do senso comum, não sistematizadas e que dificultavam a aplicação de procedimentos pedagógicos que atendessem aos critérios necessários para organização de práticas de enriquecimento curricular. Os professores que promoviam encaminhamentos pedagógicos e estratégias diferenciadas aos alunos com perfil de superdotados, de modo geral o faziam empírica e informalmente, sem focar as características de AH/SD e nem necessidade específica de enriquecimento curricular. A dissertação de Costa, Freitas (2012) buscou características de AH/SD em idosos no ensino superior e dessa forma, procurou relacionar às questões de senso comum que envolvem essa faixa etária, quanto a ideia de que a velhice está diretamente relacionada à desaceleração da vida em sociedade. Os sujeitos dessa pesquisa foram 5 acadêmicos com mais de 60 anos, os quais tiveram como forma de ingresso na UFSM o vestibular na modalidade presencial e atualmente são alunos regulares da instituição. O ser humano necessita que suas áreas de interesse sejam reconhecidas, estando presentes em seu cotidiano a motivação, os estímulos e os desafios necessários para que, independentemente da sua idade, esteja sempre buscando algo que o leve a realização pessoal. Assim, esta proposta de estudo pretendeu inserir a referida população na linha de investigação das AH/SD. As autoras, Cianca, Marquezine (2012), objetivaram identificar a percepção dos coordenadores dos colegiados dos cursos de licenciatura da UEL a respeito de AH/SD e, paralelamente, os objetivos específicos de investigar como os docentes percebiam a área de AH/SD; verificar se eles reconheciam os estudantes com AH/SD em seu curso e se, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 73 consequentemente, proporcionaram um atendimento diferenciado; desvelar os mitos e ideias equivocadas inseridos no ideário dos docentes sobre a temática AH/SD. A pesquisa teve 14 docentes participantes, coordenadores dos colegiados das licenciaturas. Os resultados indicaram que a percepção dos docentes sobre a temática AH/SD é ainda elementar, utilizando-se do senso comum ao tratar da superdotação, não reconheciam seus estudantes com potencial de AH/SD, entretanto, apontaram diversos indicadores em alunos das licenciaturas em que atuavam, que condizem com aqueles elencados na literatura como recorrentes em pessoas com AH/SD. Constou-se, também, que em decorrência de um conhecimento pouco significativo sobre o tema, os docentes não foram capazes de identificar os superdotados. Mesmo os alunos que se destacavam, os docentes não acreditavam que eles podiam ser superdotados, afirmando apenas serem estudantes esforçados. No relato de pesquisa dos autores Ramalho, J. V. A. et al (2014), os autores concluem que apesar de muitos avanços no campo da educação especial, ainda há poucos trabalhos relativos ao tema das AH/SD, particularmente no interior do Brasil. Neste artigo foram apresentados resultados de uma pesquisa objetivando investigar a conjectura de que há bastante desconhecimento sobre este assunto nas licenciaturas da Universidade Federal de Pelotas (UFPel). Como estudo de caso, foram levantados dados com cerca de um terço dos estudantes dos cursos de Licenciatura em Matemática. Utilizou-se como instrumento de pesquisa um questionário que permitia avaliações quantitativas e qualitativas dos conhecimentos e concepções dos alunos acerca das AH/SD. Os resultados indicaram que a maioria deles não estudou o assunto e este não foi abordado curricularmente no curso. Com isso, eles desconhecem a legislação pertinente e nem mesmo sabem que os termos "superdotação" e "altas habilidades" têm o mesmo significado. Como fruto da desinformação, as respostas deles continham diferentes concepções mitológicas segundo a literatura de referência. Apenas para exemplificar, a maioria via os alunos com AH/SD como um grupo homogêneo e não imagina esses sujeitos apresentando baixo rendimento escolar. Assim, apesar de restrito o número de trabalhos, eles discutiram aspectos importantes quanto à identificação e atendimento do aluno AH/SD, bem como, como esses alunos são vistos pelos outros alunos, professores e coordenadores de seus cursos, quais as concepções, mitos e pré-conceitos existentes quando se fala em AH/SD no ensino superior. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 74 ISSN 2447-3081 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Mesmo após 54 anos da primeira aparição da AH/SD, ainda com o termo “excepcionais”, na legislação brasileira e, ainda, após 43 anos da saída dos Pareceres que reconheciam o atendimento educacional aos alunos AH/SD, observa-se que tais termos e direitos são ainda “invisíveis” na nossa sociedade atual. A área de AH/SD ainda é rodeada de muitos mitos, como também é permeada por uma cultura de marginalização em relação ao reconhecimento de alunos que possuem estas características. A falta de conhecimento, aliada a ideias pré-concebidas acabam emperrando as possibilidades de incluir, de fato, os estudantes mais capazes que estão nas instituições de ensino superior no Brasil. Assim, falar sobre a as AH/SD no Ensino Superior, bem como, abordar a temática sobre AH/SD, torna-se importante, pois, há mudanças que precisam ocorrer para que essa parcela de estudantes se torne visível. REFERÊNCIAS ALENCAR, E. S. Criatividade e educação de superdotados. Petrópolis: Vozes, 2001. ANDRÉS, A. Educação de Alunos Superdotados/Altas Habilidades, Legislação e Normas Nacionais, Legislação Internacional. Biblioteca Digital da Câmara dos Deputados, Brasília: 2010. BRASIL. Centro Nacional de Educação Especial/Ministério da Educação e Cultura. Portaria nº 69, de 28 de agosto de 1986. Documenta. n. 310, p. 192-6, out. 1986. _____. Decreto nº 7.611, de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Brasília: DF, 2011. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20112014/2011/Decreto/D7611.htm>. Acesso em: 01 out. 2015. _____. 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POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 76 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NA CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DO ENSINO FUNDAMENTAL Wagner Antonio Junior1 Fernanda Carneiro Bechara Fantin2 RESUMO O presente trabalho tem como foco o processo de avaliação contínua da aprendizagem. O problema levantado foi como incorporar a concepção de avaliação contínua à prática pedagógica dos professores que lecionam nos anos iniciais do Ensino Fundamental de uma escola localizada no interior do Estado de São Paulo. Os objetivos propõem uma ação interventiva a partir do diagnóstico da realidade observada. Esse trabalho se pautou pela metodologia da pesquisa-ação, sob enfoque qualitativo. Os resultados apontaram um quadro inicial de necessidades formativas por parte dos docentes, e a intervenção orientada a partir desse levantamento se mostrou relevante para a incorporação da concepção de avaliação contínua ao trabalho do professor em sua prática pedagógica. PALAVRAS-CHAVE: Avaliação da aprendizagem. Formação de professores. Prática pedagógica. ABSTRACT This paper focuses on the process of continuous assessment of learning. The problem raised was how to incorporate the concept of continuous evaluation with pedagogical practice of the teachers who teach in the early years of elementary school in a school located in the state of São Paulo. The objectives proposes an interventional action that starts with the diagnosis of observed reality. This work is guided by the methodology of action research, in qualitative approach. The results provided an initial list of the professional development needs of the teachers, and the intervention from this survey proved relevant to the incorporation of the concept of continuous assessment in the pedagogical practice of the teachers work. KEYWORKS: Assessment of learning. Teacher development. Pedagogical practice. 1 INTRODUÇÃO A avaliação da aprendizagem, nos últimos anos, tem tomado lugar de destaque em debates, análises, estudos e projetos que tem por objetivo um repensar conceitual sobre os métodos e técnicas de ensino, bem como uma reformulação dos currículos escolares Pedagogo graduado pela Faculdade de Ciências – UNESP/Bauru. Mestre em Educação pela Faculdade de Educação – USP. Professor do ensino superior na Faculdade de Agudos. Diretor da Divisão de Formação Continuada da Secretaria Municipal da Educação de Bauru. Contato: [email protected]. 2 Bióloga graduada pela Faculdade de Ciências - UNESP/Bauru, com especialização em Toxinas de Animais Peçonhentos pela UNESP/FMVZ e especialização em Vigilância Sanitária e Hospitalar pela UNAERP. Membro-fundadora da Estação Ciência de Bauru. Diretora do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais. Contato: [email protected]. 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 77 ISSN 2447-3081 com vistas a formar cidadãos mais preparados para atender as demandas impostas pelo sistema criado pela globalização. É notório o fato de que uma das maiores dificuldades com que o docente se depara no processo educacional é a avaliação. Frente ao modelo tradicional de avaliação, o docente julga seus alunos de modo quantitativo, hierárquico e classificatório, algo ainda distante daquele modelo qualitativo, tão almejado pela literatura educacional contemporânea. E, mesmo frente a essa avalanche de propostas e estudos já existentes, de autores reconhecidos e de realidades observadas, o ato de avaliar ainda é uma questão que carece de avanços. Esse trabalho foi estruturado a partir das concepções sobre avaliação contínua da aprendizagem, com base em diagnóstico realizado com professores que atuam nos anos iniciais de uma escola pública de Ensino Fundamental localizada na cidade de Bauru, no estado de São Paulo. 2 AVALIAÇÃO: FUNDAMENTOS E PRESSUPOSTOS Há séculos o homem tem a necessidade de aprender e de conhecer. Há milênios a humanidade tem sido formada e transformada graças ao conhecimento historicamente construído. E o lugar para construção do conhecimento humano, por excelência, é a escola. Criada e tornada obrigatória, a escola e sua organização desde sempre tem como elemento chave a avaliação, que surgiu da necessidade de medir a capacidade e aprendizado dos alunos, a fim de que se pudesse decidir quais alunos deveriam passar para o estágio seguinte e quais deveriam repetir o estágio atual. Mesmo com uma evolução escolar referenciada pela literatura mundial, a escola ainda caminha devagar em aspectos centrais, e a avaliação ainda permanece calcada em uma cultura secular de culpa. A avaliação não é uma tortura medieval. É uma invenção mais tardia, nascida com os colégios por volta do século XVII e tornada indissociável do ensino de massa que conhecemos desde o século XIX, com a escolaridade obrigatória (PERRENOUD, 1999, p.9). Muitos autores, durante a evolução da didática e da pedagogia, tentaram apontar mudanças que deveriam ser incorporadas à escola tradicional, para que as avaliações POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 78 realmente seguissem um modelo moderno, dinâmico, onde não se enfatize o aluno mais fraco ou o mais forte e sim moldando o ensino de modo que todos os alunos conseguissem atingir os objetivos. A dificuldade em mudar o modelo de avaliação está no próprio modelo de ensino e não apenas na avaliação em si. O que realmente importa é pensar em um modelo de avaliação menos seletiva, mais formativa, o que modificaria a escola como um todo (PERRENOUD, 1999). Vasconcellos, em uma análise intensa das práticas concretas de avaliação da aprendizagem, apresenta possibilidades de práticas mediadoras como forma de superar a avaliação seletiva, alerta sobre os equívocos em que se pode incorrer na tentativa de mudar práticas tradicionais (VASCONCELLOS, 1998). Esteban, por outro lado, aponta a necessidade de uma nova cultura de avaliação que ultrapasse os limites da técnica e incorpore em sua dinâmica à dimensão ética, transformando a avaliação num processo de reflexão e investigação “sobre e para a ação”. Afirma, ainda, que o grande desafio é construir uma avaliação capaz de dialogar com o real, criando novos laços entre saberes e fazeres (ESTEBAN, 2001). Hadji, ao ponderar que uma pedagogia do acerto passa necessariamente pela aceitação do erro, mostra que é fundamental entender a possibilidade de errar como a primeira condição de uma aprendizagem. Porém, indica que boa parte dos professores, ao avaliar seus alunos, rende-se à burocracia do sistema educacional, aplicando provas e solicitando trabalhos, os quais, em muitos casos, são apenas para cumprir a exigência de atribuir um número ou conceito a ser associado ao desempenho de cada aluno ao final de um período letivo (HADJI, 2001). A abordagem de Hoffmann sobre a contradição entre o discurso e a prática de alguns educadores indica que a ação classificatória e autoritária da avaliação é ainda exercida nas escolas. Segundo a autora, esta atitude está ligada à concepção de avaliação do educador, reflexo de sua história de vida como aluno e professor. Enfatiza a necessidade da tomada de consciência dessas influências para que a prática avaliativa não reproduza, de forma inconsciente, a arbitrariedade e o autoritarismo contestado no discurso (HOFFMANN, 1993). De modo geral, existem muitas teorias sobre avaliação, algumas delas presentes na literatura internacional. Porém, observa-se um distanciamento entre as concepções consideradas inovadoras, acompanhado de um divórcio existente entre a teoria e a prática. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 79 Sobre o significado da avaliação para professores, tema deste trabalho, Hoffmann aponta a necessidade de o professor se aproximar do aluno, refletindo sobre o significado de suas respostas, construídas a partir de vivências próprias, pois o fazer do aluno é uma etapa significativa na construção do próprio conhecimento (HOFFMANN, 2001). 2.1 Avaliação da aprendizagem e seus objetivos O ponto de maior realce na avaliação da aprendizagem recai a um padrão de competência pré-estabelecido em objetivos operacionais que se encontram de maneira bem clara em Hoffmann, “a avaliação alcança seu significado maior quando realizada em função de objetivos. Os objetivos, com esse propósito devem ser formulados em termos de comportamento observável” (HOFFMANN, 2001, p.104). Neste sentido, o objetivo maior da avaliação é o acompanhamento de cada etapa do processo de aprendizagem dos indivíduos em formação, de maneira contínua, constante, gradual, cumulativa, coerente, cooperativa e participativa, onde a escola e o corpo docente a façam de forma adequada, variada, fidedigna e consciente dos limites e das possibilidades de tais técnicas aplicadas as práticas de avaliação, para que estas práticas não sejam consideradas fins e sim meios para alcançar tais objetivos. Neste sentido, o processo de avaliação continua da aprendizagem na realidade escolar implica no reconhecimento de inúmeros significados e seus desdobramentos, que expressam e refletem concepções de homem, de mundo, de sociedade, de organização social, que subsidiam a organização do currículo, dos tempos e ritmos escolares. Contudo, podemos perceber que o que está em jogo no processo avaliativo é a superação de uma ética da exclusão pelo desenvolvimento de relações éticas que sejam mais democráticas, mais igualitárias e mais justas. A proposta de avaliação acima abordada tem como perspectiva subsidiar uma prática que assegure estes últimos princípios, na medida em que situa os indivíduos nela envolvidos dentro de um processo histórico. A avaliação na realidade escolar tende a ser um processo dinâmico e envolvente, que deve, obrigatoriamente, englobar quatro categorias educacionais: O aluno, que tem o direito de conhecer o próprio processo de aprendizagem para se empenhar na superação das necessidades. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 80 Os pais, também responsáveis pela educação dos filhos e por parte significativa dos estímulos que eles recebem. O professor, que precisa constantemente avaliar a própria prática. A equipe docente, que deve garantir continuidade e coerência no percurso escolar da criança e do jovem. O processo de avaliação no Ensino Fundamental é composto por três pilares de sustentação, que quando bem articulados entre si, podem trazer resultados satisfatórios ao processo de ensino e aprendizagem: os procedimentos, os critérios e os instrumentos avaliativos. Esse planejamento, feito pelo professor, deve partir sempre dos objetivos educacionais, e não dos conteúdos desejados. Um dos ‘nós’ da avaliação está no terceiro item, os instrumentos. Mesmo com um bom planejamento didático, a escolha do instrumento é decisiva perante o objetivo a ser alcançado. Porém, outros fatores tornam-se preponderantes na hora de adotar um instrumento. O uso ou aplicação de determinado instrumento avaliativo dependerá de fatores favoráveis, observados pelo professor, e seu uso está condicionado ao tipo de dado que se quer obter da turma e do planejamento pedagógico. 2.2 Avaliação da aprendizagem na perspectiva escolar Dentro da sala de aula, o termo avaliar está intimamente relacionado à resolução de provas, exames, resultado de nota, ser aprovado ou reprovado. Em meio a esses fatores, a prova torna-se instrumento característico de todo processo de uma avaliação tradicional, mas pode também ser de muita utilidade para o professor e aluno saberem em que medida o processo de ensino-aprendizagem está útil para a formação do conhecimento do aluno. Nessa perspectiva, “esse instrumento é adequado especialmente quando desejamos avaliar procedimentos específicos, a capacidade de organizar ideias, a clareza da expressão e a possibilidade de apresentar soluções originais” (FURLAN, 2006, p.58). Assim, a avaliação tem seu lado positivo e negativo. O primeiro pode ser atribuído ao fato da avaliação admitir uma função de orientadora e cooperativa, sendo assim, realizada de uma forma contínua, cumulativa e ordenada dentro da sala de aula com o objetivo de fazer um diagnóstico da situação de aprendizagem de cada educando, em relação aos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 81 ISSN 2447-3081 conteúdos passados pelo professor, desse modo, verificando se o aluno está progredindo no processo de ensino-aprendizagem. A avaliação, dessa forma, tem uma função prognostica que avalia os conhecimentos prévios dos alunos, considerada a avaliação de entrada, avaliação de input; uma função diagnóstica, do dia-a-dia, a fim de verificar quem absorveu todos conhecimentos e adquiriu as habilidades previstas nos objetivos estabelecidos (FURLAN, 2006, p.93). Por outro lado, a avaliação está voltada com a função de classificação, apresentando o lado negativo, pois o aluno que não alcançou a média fica sob a visão de excluído e fracassado perante os colegas de classe, professores e escola, ocasionando muitas vezes a evasão escolar. De acordo com Luckesi, a avaliação que é praticada na escola é sinônimo da avaliação da culpa (LUCKESI, 2006). As notas são usadas para como índices de classificação de alunos, onde os desempenhos são comparados e não perspectivas que se desejam atingir. O que significa em termos de avaliação um aluno ter obtido nota 5,0 ou média 5,0? E o que tirou 4,0? O primeiro, na maioria das escolas está aprovado, enquanto o segundo, reprovado. O que o primeiro sabe é considerado suficiente. Suficiente para quê? E o que ele não sabe? O que ele deixou de “saber” não pode ser mais importante do que o que ele “sabe”? E o que o aluno que tirou 4,0 “sabe” não pode ser mais importante do que aquilo que não “sabe”? (FURLAN, 2006, p.62). Dentro do contexto da avaliação temos o erro, significando algo que não ocorreu de maneira correta. No entanto, esse erro pode ser útil vindo a ser utilizado como fonte de virtude para aprendizagem escolar, pois tanto para o professor quanto para o aluno ao reconhecerem a origem e a constituição dos seus erros passam a superá-los, tornando assim um ‘obstáculo vencido’ e uma avaliação adequada. Luckesi afirma quando o professor atribui uma atividade a seus alunos e observa que estes não conseguem obter o resultado esperado, o educador deve conversar com seu aluno e verificar o porquê desse erro e como foi cometido. Esse autor ainda ressalta que, na maioria das vezes, é frequente o aluno dizer que só agora ele percebeu o que era para fazer, ou seja, o erro conscientemente elaborado possibilita o avanço (LUCKESI, 2006). Com base nos autores mencionados, podemos concluir que é necessário um repensar conceitual sobre as bases que sustentam a avaliação e, mais que isso, repensar a escola e seus modelos pedagógicos como um todo. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 82 ISSN 2447-3081 3 METODOLOGIA O presente trabalho utilizou em sua abordagem a metodologia da pesquisa qualitativa, considerando a amplitude do contexto escolar. Segundo Minayo (1995, p.21-22): A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis (MINAYO, 1995, p.21-22). Deste modo, a pesquisa buscou obter dados por meio do contato direto do pesquisador no contexto da pesquisa de campo, que foi realizada em uma escola pública municipal localizada em Bauru, interior do Estado de São Paulo. A comunidade atendida predominantemente de classe média a baixa, sendo que a maioria possui renda mensal de 1 a 3 salários mínimos. Em relação ao grau de escolaridade, a maioria completou o ensino fundamental completo. A escola atua como espaço de construção de conhecimentos básicos: leitura, escrita, cálculos, resolução de problemas. Por isso é importante que a equipe pedagógica pense nas crianças como sujeitos ativos que participam e intervêm no que acontece ao seu redor, visto que ações são, também, formas de reelaboração e de recriação do mundo. Nos seus processos interativos, a criança não apenas recebe, mas também cria e transforma – é constituída na cultura e também é produtora de cultura. A avaliação incidirá sobre os aspectos pedagógicos, administrativos e financeiros da atividade escolar, devendo ser realizada através de procedimentos internos, definidos pela Escola e externos, pelos órgãos supervisores. A avaliação interna, realizada pelo Conselho de Classe e Série em reuniões especialmente convocadas, tem como objetivo a análise, orientação e reformulação, se necessário, dos procedimentos pedagógicos, financeiros e administrativos. Uma das principais metas é o aprimoramento da qualidade do ensino, sendo sustentada por procedimentos de observação e registros contínuos, para permitir o acompanhamento: Sistemático e contínuo do processo de ensino e do processo de aprendizagem, de acordo com os objetivos e metas constantes da Proposta Pedagógica e Plano de Gestão. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 83 Do desempenho da equipe escolar, dos alunos e dos demais funcionários, nos diferentes momentos do trabalho educacional. Da participação da comunidade escolar nas atividades propostas pela Escola. A intervenção, iniciada e desenvolvida em uma primeira fase, teve duração de 4 meses. O problema proposto foi ‘incorporar a concepção de avaliação contínua à prática pedagógica dos professores que lecionam nos anos iniciais do Ensino Fundamental’. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS Foi elaborado um questionário para obter um diagnóstico dos professores investigados. Este instrumento de coleta de dados foi composto por 20 questões, entre tópicos fechados e abertos. Em relação ao sexo, todos os docentes são do sexo feminino, pela observação da realidade dos últimos anos, a maioria dos professores atuantes nos anos iniciais da Educação Básica ainda é composto por mulheres. Sobre a formação acadêmica, todos possuem formação em nível superior, sendo que 87,8% dos professores possuem curso de pós-graduação lato sensu, enquanto 22,2% possuem apenas a licenciatura. Isso demonstra que um fator predominante entre os professores é a busca por formação e aperfeiçoamento. As professoras foram questionadas sobre a viabilidade em se avaliar o aluno de modo contínuo e paralelo durante todo o processo escolar? Das professoras pesquisadas, apenas uma respondeu que não é possível proceder com a avaliação contínua, dentro da situação real vivenciada. Segundo essa educadora, “nossas salas apresentam grande número de alunos e cada um com uma realidade escolar”, ou seja, um dos entraves que afetam uma avaliação satisfatória e qualitativa está no número excessivo de alunos em salas de aula. Para as demais pesquisadas, a avaliação de modo contínuo é possível de ser realizada. Em relação ao esclarecimento dado aos pais sobre os procedimentos de avaliação adotados (instrumentos, critérios, quantidade de avaliações, cronograma etc.), a pais de alunos, somente uma das professoras pesquisadas respondeu que não dá esse tipo de esclarecimento. Porém, quando perguntadas sobre o esclarecimento diretamente aos alunos, todas foram afirmativas. Talvez um dos entraves na avaliação da aprendizagem é o não esclarecimento de pais ou responsáveis, pois os mesmos não têm sustentação para orientar os filhos em casa sobre como encarar determinada avaliação ou tipo de avaliação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 84 ISSN 2447-3081 Mas as professoras também responderam acerca de sua atitude diante dos resultados de uma avaliação, o que envolve sentimentos e expectativas. As professoras pesquisadas demonstraram uma diversidade de ações e reações, como: procedimentos anteriores; b) a) repensar algumas atitudes e reformular métodos, conteúdos; c) replanejar suas aulas; d) estabelecer coerência entre as metas, o que se ensina e o que se avalia. Em resumo, a maioria das professoras pesquisadas demonstrou preocupação quanto à necessidade em replanejar sua prática diante dos resultados obtidos. Quanto questionadas se gostariam de avaliar seus alunos de outra forma, diferente da usual, 78% das professoras responderam que não mudaria seu modo de avaliar, enquanto 22% responderam que mudariam seu modo de avaliar. Das que mudariam sua avaliação, algumas apontaram alternativas como autoavaliação, jogos e dinâmicas, encenações, experimentações e brincadeiras. Sobre a devolutiva da avaliação aos alunos, apenas uma das professoras declarou que não fornece os resultados. As demais afirmaram que dão as devolutivas, por meio de ações didáticas. As ações em devolutiva que predominaram foram: demonstrar os resultados, avanços e dificuldades aos alunos, fazer e corrigir junto com o aluno, comentar a correção, reflexão sobre o progresso da turma. As professoras pesquisadas responderam sobre sua satisfação com a forma como avaliam seus alunos e os resultados alcançados. 22% das professoras se sentem satisfeitas, enquanto 78% não têm o mesmo sentimento. Sobre o esclarecimento que o aluno deveria receber dos professores quanto à avaliação, no que diz respeito à instrumentos, procedimentos, critérios e datas, as professoras foram questionadas se os alunos b) a) sempre sabem como serão avaliados; ou nem sempre sabem que serão avaliados. Das professoras, 78% afirmaram que seus alunos são esclarecidos e sempre sabem quando e como serão avaliados, enquanto 22% não esclarecem esses detalhes aos alunos. Isso é uma hipótese da insegurança de alguns alunos frente à avaliação, ou seja, o fato de não conhecerem o processo. Isso traz expectativas demasiadas por parte dos alunos, constituindo sentimentos diversos. As professoras foram questionadas sobre esses sentimentos, sendo-lhes pedido que elencassem os sentimentos mais comuns nessa situação. Segundo os dados colhidos, 40% dos alunos demonstram segurança na hora de fazer a prova. A esse resultado, segue-se que 20% demonstram indiferença, 20% insegurança e 10% ansiedade. Um grupo de 10% declara que não há um sentimento único, isso dependerá do tipo de aluno e época do ano. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 85 ISSN 2447-3081 Sobre a utilidade da avaliação na prática educativa, 38% das professoras declarou que esta serve de norte ao trabalho pedagógico. Ao final do questionário, foi solicitado às professoras que definissem o ato de avaliar em uma palavra. Todas as professoras responderam a essa pergunta com termos que constituíram palavras-chave da própria prática pedagógica. As mais relevantes foram: aprender; resultado; práxis; repensar; reflexão; valorização; nortear; feedback. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS As representações das professoras demonstram a importância da avaliação da aprendizagem escolar. Porém, apesar do discurso que aponta para o entendimento de avaliação formativa, na prática isso ainda está longe de acontecer. Nosso objetivo foi analisar o conceito de avaliação no imaginário dos docentes da unidade escolar, seguida por uma proposta de intervenção. Os resultados preliminares apontam a necessidade de um plano de ação, a ser desenvolvido em trabalho futuro com a equipe pedagógica. A partir destes resultados, delimitaremos com mais precisão um plano de ações, dirigidas aos professores e que, com certeza, terá impacto significativo sobre os alunos, famílias e comunidade escolar. REFERÊNCIAS ESTEBAN, Maria Tereza. O que sabe quem erra? Reflexões sobre avaliação e o fracasso escolar. Rio de Janeiro: DP&A, 2001. FURLAN, Maria Ignês Carlin. 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Este paper tem o objetivo de apresentar alguns pensamentos sobre educação, cultura e cidadania, além de embasar e nortear a ideia de um projeto de criação de espaço cultural e educacional para a sociedade. Além disso, discutir a ideia do projeto para que se consiga entender a necessidade dessas famílias e visa apoiá-los para que consigam estudar e trabalhar. Para atender essas famílias, a implantação e a viabilidade desse projeto que aqui propõe, apresenta-se um ambiente com acesso à saúde, informação, cultura e lazer para a família. Com isso, através de interpretação e pontos de vistas de autores, tem-se o sentimento de quebrar paradigmas que se apresentam a sociedade. E para o Estado, uma sugestão em que educação, cultura e cidadania andam juntas, além de que a educação não só visa a alfabetização, mas sim o letramento e o multiletramento. PALAVRAS-CHAVE: Espaço cultural. Educação. Cidadania. Cultura. Letramento. ABSTRACT The State must create spaces for training and education of society, in order to develop citizenship and training with quality and, as a consequence, a thinking society. Even with the advent of globalization, issues such as health, education and culture are not accessible to a whole society. This leads to situations in which a citizen loses his citizenship and dignity. This paper aims to present some thoughts on education, culture and citizenship, in addition to support and guide the idea of a project of creation of cultural and educational space for the society. In addition, discuss the idea of a project so that you can understand the need of these families and aims to support them so they can study and work. To meet these families, the deployment and the viability of this project has the vision to create an environment with access to health, information, culture and entertainment for the family. With that, through interpretation and points of view of authors, has the feeling of breaking paradigms showing society, to the State a suggestion in that education, culture and citizenship go together, and that education not only aims to literacy, but the literacy and the multiletramento. KEYWORDS: Cultural space. Education. Citizenship. Culture. Literacy. 1 Pós-graduanda em MBA Gestão de Projetos pela Faculdade Anhanguera de Bauru. Graduada em Processos Gerenciais. E-mail: [email protected] 2 Professor Orientador. Mestre em Televisão Digital: Informação e Conhecimento com pesquisa em Educação Assistida pela FAAC/UNESP. Especialista em Gestão de Negócios e Didática do Ensino Superior pela Faculdade Anhanguera de Bauru e Antropologia pela Universidade Sagrado Coração. Graduado em Tecnologia em Marketing. Graduação em andamento - Licenciatura em Pedagoga. E-mail: [email protected] POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 88 ISSN 2447-3081 A cidadania é o direito a ter direitos, pois a igualdade em dignidade e direitos dos seres humanos não é um dado. É um construído da convivência coletiva, que requer o acesso ao espaço público. É este acesso ao espaço público que permite a construção de um mundo comum através do processo de asserção dos direitos humanos (Hannah Arendt). 1 INTRODUÇÃO A ideia deste texto surgiu através de esforços ao pensar num projeto de criação de um espaço onde possa ter a interdisciplinaridade entre educação, cidadania, cultura, educação para os filhos e para os pais. Nesse projeto também possa articular estratégias da participação do Estado bem como da sociedade. Tal projeto visa promover um espaço em que famílias que precisam trabalhar deixar seus filhos, e também possa oferecer a reflexão crítica do pensar de uma sociedade justa e igualitária. Pois é com a educação que se faz cidadãos críticos e reflexivos. Para Freire (2013, p. 9) “o conhecimento, pelo contrário, exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo”. Entendemos que o “problema maior de estudar” tem profundas ligações com a configuração do Estado brasileiro e, consequentemente, com a política educacional que foi traçada a partir dessa configuração. Enquanto em outros países, já no século XIX, os sistemas nacionais de educação começavam a se articular e a generalização da instrução elementar passava a ser entendida como uma tarefa precípua do Estado nacional, ainda não temos, no Brasil do século XXI, um sistema de educação que possa ser denominado nacional, dadas as profundas disparidades entre redes, sistemas de ensino, entre estados e regiões (ARAUJO, 2011, p. 280 [on line]). Atualmente observa-se que o Estado tem deixado à educação em segundo plano, mesmo estando em tempos de globalização e tecnologia, no qual a sociedade passou a perder seus valores sendo reprimidos e ficando sem perspectiva para seus futuros. O Estado não está disposto a promover a cidadania e o bem-estar da sociedade. Diante disso, apresentar um projeto com intuito de fornecer possibilidades para estas famílias quebrarem os paradigmas impostos pela sociedade torna-se essencial para que os cidadãos possam refletir tanto sua existência quanto questões pertinentes sobre educação, sociedade e sujeito. Pois Freire (2013, p. 11) “também é fundamental sua análise da relação entre técnica, modernização e humanismo”. O processo de construção da cidadania é marcado por paradoxos na medida em que se explicitam três dinâmicas concomitantes: o reconhecimento e a construção POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 89 ISSN 2447-3081 das identidades dos distintos sujeitos sociais envolvidos; o contexto da inclusão das necessidades expressas pelos distintos sujeitos sociais; e a definição de novas agendas de gestão. Estes aspectos se referem, notadamente, quanto à extensão dos bens a amplos setores da população (universalidade e equidade)(JACOBI, 2008, p. 115 [on line]). As responsabilidades do cotidiano, problemas financeiros e de locomoção, turnos diferenciados, filhos, crises psicológicas e falta de apoio familiar impedem que estas pessoas consigam quebrar o ciclo em que se encontram. Utilizou-se da pesquisa bibliográfica exploratória e descritiva, que segundo Marconi e Lakatos (2012) é a utilização de material já publicado com a exploração de dados e descrevendo as experiências já vividas. Além disso, utilizou-se da experiência empírica tanto pessoal quanto profissional desses últimos anos como profissional. 2 EDUCAÇÃO, CULTURA E CIDADANIA Estamos em uma sociedade onde não é necessário criar leis para garantir nossos direitos, Aranha (2010) mostra que as mais nítidas transformações da organização da sociedade estão diretamente ligadas ao Estado. Mas sim em uma sociedade onde é necessário lutar para que essas leis sejam cumpridas. Seguindo o pensamento de Hannah Arendt citado por Lafer (1979), temos direitos a um espaço coletivo que nos faça obter a dignidade e o projeto visa esse espaço. Hoje temos pequenos espaços limitados que não atendem as famílias e não temos uma cultura educacional atuante que nos faça lutar pelos nossos direitos, de fato observa-se que é mais alienante do que formadora de cidadãos reflexivos, e Freire (2015, p.32) “não há para mim, na diferença e na distância entre a ingenuidade e a criticidade, entre o saber de pura experiência” [...]. Como as pessoas são apenas alfabetizadas, sabemos que só isso não é o suficiente para que estas pessoas tomem decisões voltadas ao seu bem-estar. Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB 9394/96, tem-se firmado a importância da educação infantil e garante a educação como um dever da família e do estado, conforme art. 4º, IV que diz: "o dever do Estado com educação escolar pública está efetivado mediante a garantia de atendimento gratuito em creches e pré-escolas as crianças de zero a seis anos de idade". A Lei abrange a educação para todos, ou seja, é um direito reconhecido, mas não garantido. Não é possível atender a família, pois o Estado POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 90 ISSN 2447-3081 não comporta este atendimento e é nosso dever também promover a garantia dessa lei, ou seja, a sociedade deve participar da educação num todo. Pensar a arte educação requer considerar um elemento importante para a sua compreensão: o sujeito educado através da arte que seja capaz de conquistar autonomia, criticidade frente às questões sociais que o cerca e capaz de promover a construção da sua identidade, à medida que entendemos que é por meio da arte que o agente transformador e socializador se manifestam (SANTOS; BARROS, 2010, p. 1 [on line]). A educação e a formação do cidadão devem estar ligadas a democracia e a cidadania, mas assistimos uma corrupção do Estado que só pensa em visibilidade eleitoral e lucratividade, onde a criação de cidadãos com famílias pensantes e se profissionalizando para alcançar um padrão melhor em suas vidas não faz parte da pauta. Mas há na cultura – enquanto expressões, saberes e valores – uma dimensão secular que se apresenta como resistência, mobilizando sem cessar a solidariedade na convivência, o respeito à diferença, a decantação do belo e do justo, e não deixa morrer a ética e a estética. O desafio da busca pela sustentabilidade, em todas as suas dimensões – política, econômica, social e ambiental – tem forte respaldo nessa força da cultura (CARRARA, CARVALHO E LIMA, 2010, p. 8 [on line]). A sociedade está cada vez mais acaçapada, pois, os impostos corroem salários, faltam escolas, e com isso observa-se que durante todo esse tempo, procura-se um método milagroso que resolva o problema da educação. PROCURA-SE: ‘um método milagroso ou uma técnica santa para curar todos os males da educação brasileira!’ QUESTIONA-SE: ‘a cura para problemas de ensino e aprendizagem deve ser procurada, única e exclusivamente, no método utilizado pelo professor?’ LAMENTA-SE: ‘será que os professores brasileiros perderam o bom senso ou será isto um problema de má formação mesmo? (SILVA, 2001, p. 13). Silva (2001) questiona se o método utilizado pelo professor seria a cura dos problemas na educação, mas vemos que está muito além de uma boa aula. Temos problemas familiares que impedem o desenvolvimento dos alunos, problemas financeiros e familiares, transporte, uma educação atrasada e a falta de incentivo do Estado. E essa situação já discutida por Silva (2001) ainda é pertinente nos dias atuais. A sociedade deve se conscientizar sobre a importância da família, aqui se reflete e, principalmente, criar uma perspectiva de futuro. Deseja-se que a família crie seu autorrespeito e a capacidade de dizer não para esta sociedade exploradora, alienada pelo POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 91 ISSN 2447-3081 consumo e mão de obra escrava sendo vendida sem garantias reais de uma vida digna para uma parte da população menos favorecida. Além disso, sem possibilidades criando possiblidades e oportunidades para que consigam mudar a sociedade. Mas para isso, devese ensiná-los sobre a sua importância na sociedade. A sociedade não mais entende sua importância e força, com isso, são levados de acordo com interesses políticos. Enquanto não saírem da alfabetização para aprenderem o letramento, não saberão o que fazer com o que aprendem na escola. Nós aprendemos com Paulo Freire a rejeitar a segregação cultural na educação. As décadas de luta para que os oprimidos possam se libertar da ignorância sobre eles próprios nos ensinaram que uma educação libertária terá sucesso só quando os participantes no processo educacional forem capazes de identificar seu ego cultural e se orgulharem dele. Isto não significa a defesa de guetos culturais ou negar às classes populares o acesso à cultura erudita. Todas as classes populares têm o direito de acesso aos códigos da cultura erudita, porque esses são os códigos dominantes - os códigos de poder. É necessário conhecê-los, ser versado neles, mais tais códigos continuarão como um conhecimento exterior a não ser que o indivíduo tenha dominado as referências culturais da sua própria classe social, a porta de entrada para a assimilação do “outro”. A mobilidade social depende da interrelação entre os códigos culturais das diferentes classes sociais e o entendimento do mundo depende de uma ampla visão que integre o erudito e popular (BARBOSA, 2008. p. 20). Acredita-se na dignidade, mas não se sabe mais seu verdadeiro significado, por isso, o apoio dado às famílias visa que se qualifiquem, que conheçam a diferença de alfabetização, letramento e multiletramento pois conforme Mandela, a Educação é a única arma. A única arma para melhorar o planeta é a Educação com ética. Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor da pele, por sua origem, ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar (PENSADOR UOL, 2015). Diante disso, através da educação se pode romper paradigmas impostos pela sociedade. Talvez, com um olhar mais crítico, não há interesse em um povo letrado, pensante e atuante com famílias que tenham orgulho (no sentido de estarem felizes e com gratidão) de suas origens. Observa-se que não há integridade para famílias que trabalham por tantas horas, em turnos diferenciados que pagam seus impostos e não tem esses benefícios revertidos. A sociedade perdeu seu amor próprio, respeito e a consciência de seus valores? Pois é um questionamento que se deve ser discutido, logo, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 92 ISSN 2447-3081 a educação é relevante para que haja essas reflexões e avaliações. Mas para isso, acredita-se que a educação além de alfabetizar, deve também, letrar a sociedade. Acredita-se que a educação são os passos para retomarmos nossa dignidade, onde poderemos tratar formas de discriminação e recalque e aprendam a viver em sociedade com seus direitos e deveres. Pensar certo implica a existência de sujeitos que pensam mediados por objeto ou objetos sobre que incide o próprio pensar dos sujeitos. Pensar certo não é que fazer de quem se isola de quem se “aconchega” a si mesmo na solidão, mas um ato comunicante (FREIRE, 2015, p. 38). Vemos todos os dias pessoas sem perspectiva, acuadas e sem direção, olhando para seus filhos com angústia, pois eles repetirão o ciclo de seus pais e não sabem como romper este ciclo. São cobrados por quererem romper o ciclo, pois isso significa em ser diferente. E as pessoas não foram preparadas para ser diferentes. 3 ALÉM DA ALFABETIZAÇÃO: LETRAMENTO E O MULTILETRAMENTO PARA REFLEXÃO E O PENSAR CRÍTICO Faz-se necessário um espaço para fornecer a convivência, onde as famílias poderão ter acesso à educação, cultura, lazer, além disso, promover a cidadania, com isso, estudar e ter acesso à cultura, educação e saúde. Incentiva-se o estudo com diplomas reconhecidos, pois a qualidade no ensino será a chave para a mudança em suas vidas. Há uma preocupação de que a juventude que está na escola pública está muito ligada nas mídias em geral, seja ela de massa ou sejam as digitais e a escola se mantém ignorando essas mídias desde os impressos do séc. 19. Então esse movimento que começou com um manifesto lá em 1996, nos Estados Unidos, de pesquisadores e professores americanos por uma Pedagogia dos Multiletramentos é justamente pensar que para essa juventude, inclusive para o trabalho, para a cidadania em geral, não é mais o impresso padrão que vai funcionar unicamente. Essas mídias, portanto, têm que ser incorporadas efetivamente, todas elas, tvs, rádios, essas mídias de massas, mas sobretudo as digitais incorporadas na prática escolar diária. Então, eles vão propor uma pedagogia para a formação, isso lá em 1996, portanto, já há muitos anos atrás. A ideia é que a sociedade hoje funciona a partir de uma diversidade de linguagens e de mídias e de uma diversidade de culturas e que essas coisas têm que ser tematizadas na escola, daí multiletramentos, multilinguagens, multiculturas (ROJO, 2013 [ on line]). Como o saber preenche nossa vida diária, compartilhar o “saber” para as famílias em um ambiente sem discriminação. Para Babini (1957, p.21): “[...] é o saber que POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 93 ISSN 2447-3081 preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado ou estudado, sem a aplicação de um método e sem se haver refletido sobre algo [...]”. De certa forma, o fato de que o problema da aprendizagem da leitura e da escrita tenha sido considerado, no quadro dos paradigmas conceituais “tradicionais”, como um problema sobretudo metodológico contaminou o conceito de método de alfabetização, atribuindo-lhe uma conotação negativa: é que, quando se fala em “método” de alfabetização, identifica-se, imediatamente, “método” com os tipos “tradicionais” de métodos – sintéticos e analíticos (fônico, silábico, global etc.), como se esses tipos esgotassem todas as alternativas metodológicas para a aprendizagem da leitura e da escrita. Talvez se possa dizer que, para a prática da alfabetização, tinha-se, anteriormente, um método, e nenhuma teoria; com a mudança de concepção sobre o processo de aprendizagem da língua escrita, passou-se a ter uma teoria, e nenhum método (SOARES, 2004, p. 11 [on line]). É pertinente utilizar-se de conceitos, pesquisas da sociologia, filosofia, das ciências políticas para o ensinamento e letramento. Dissociar alfabetização e letramento é um equívoco porque, no quadro das atuais concepções psicológicas, linguísticas e psicolinguísticas de leitura e escrita, a entrada da criança (e também do adulto analfabeto) no mundo da escrita ocorre simultaneamente por esses dois processos: pela aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização – e pelo desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema em atividades de leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua escrita – o letramento. Não são processos independentes, mas interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização desenvolvesse no contexto de e por meio de práticas sociais de leitura e de escrita, isto é, através de atividades de letramento, e este, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por meio da aprendizagem das relações fonema–grafema, isto é, em dependência da alfabetização (SOARES, 2004, p. 14 [on line]). Quanto ao multiletramento, entende-se ser um instrumento de difusão dos preceitos que englobam todas as áreas de direitos humanos. 4 NECESSIDADE DE UM ESPAÇO CULTURAL E EDUCACIONAL: SOCIEDADE E ESTADO PARA UMA DIGNIDADE HUMANA ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO, SAÚDE E ATENDIMENTO As escolas apenas alfabetizam os alunos. A existência de espaços culturais para ensinar as famílias que a educação, moral, ética e o respeito vêm de seus lares. A educação se perdeu não só nas escolas, mas nos lares. [...] o Brasil desconhece a si mesmo. Na relação do País consigo mesmo, é comum prevalecerem vários estereótipos, tanto regionais quanto em relação a grupos étnicos, sociais e culturais. [...] O País evitou o tema por muito tempo, sendo marcado por “mitos” que veicularam uma imagem de um Brasil homogêneo, sem POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 94 ISSN 2447-3081 diferenças, ou, em outra hipótese, promotor de uma suposta “democracia racial”. (CANDAU, 2010, p. 18 apud PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS, vol. 10, p. 22) O desenvolvimento cultural está sofrendo com as constantes mudanças devido à tecnologia, informações que mudam a cada segundo e a sociedade sendo massacrada pela política que não vê mais a Educação como relevante. A nossa formação histórica está marcada pela eliminação física do “outro” ou por sua escravização, que também é uma forma violenta de negação de sua alteridade. Os processos de negação do “outro” também se dão no plano das representações e no imaginário social. Neste sentido, o debate multicultural na América Latina coloca-nos diante desses sujeitos históricos que foram massacrados, que souberam resistir e continuam hoje afirmando suas identidades fortemente na nossa sociedade, mas numa situação de relações de poder assimétricas, de subordinação e acentuada exclusão (CANDAU, 2002, p. 17). Como educar com tantas distrações negativas, tantas informações, tantos perfis dentro de uma sala de aula? Aplicando o conhecimento em vez da informação. Como educadores não devemos identificar o termo informação como conhecimento, pois, embora andem juntos, não são palavras sinônimas. Informações são fatos, expressão, opinião, que chegam as pessoas por ilimitados meios sem que se saibam os efeitos que acarretam. Conhecimento é a compreensão da procedência da informação, da sua dinâmica própria, e das consequências que dela advém, exigindo para isso, certo grau de racionalidade. A apropriação do conhecimento é feita através da construção de conceitos, que possibilitam a leitura crítica da informação, processo necessário para absorção da liberdade e autonomia mental. (CASTRO, 2004, p.1) Deve-se ensiná-los como buscar o conhecimento, um conhecimento que os torne melhores, e não apenas inserir um conhecimento pronto. Mas para isso, temos de reformular nossos próprios conceitos e de que forma educá-los. Estamos em uma nova época onde temos de criar pensadores. A massa não mais pensa por si, sendo levada de acordo com interesses alheios. Seguindo o pensamento de Caetano, nosso espaço contará com professores capacitados ao universo dessas famílias. Os professores precisam conhecer as dinâmicas internas e o universo sócio-cultural vivenciados pelos seus alunos, para que possam respeitá-los, compreendê-los e tenham condições de intervirem no providenciar de um desenvolvimento nas expressões de sucesso e não de fracasso diagnosticado. Precisam ainda dessa relação de parceria para poderem também compartilhar com a família os aspectos de conduta do filho: aproveitamento escolar, qualidade na realização das tarefas, relacionamento com professores e colegas, atitudes, valores, respeito a POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 95 ISSN 2447-3081 regras (SUTTER, 2007 [on line]). E como as famílias não estão preparadas para apoiar seus filhos, não sabendo como solucionar os problemas informados pelos educadores, cabe ao nosso espaço, apoiar a família. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação é fundamental para que os cidadãos possam ter uma visão sistêmica, além disso, somada a sua visão de mundo, contribui significadamente para a interpretação e socialização. O projeto visa dar informação a estas famílias fornecendo dignidade e apoio. A partir da ideia de se construir espaços multidisciplinares e interdisciplinares com o apoio do Estado e da sociedade, este espaço poderá oferecer a comunidade serviços educacionais, informações e compartilhamento de culturas, além disso, acesso à educação à saúde. Para isto é fundamental a participação de profissionais como psicólogos, médicos, estagiários das mais variadas formações. Objetiva-se com isso o afastamento da comunidade dos atos violentos, da miséria cultural, de paradigmas impostos para que aceitem uma realidade não digna através da profissionalização, cultura e informação. Entendemos que a dignidade para estas pessoas está perdida, não há perspectiva para estas famílias, assim como não há apoio social que supra esta necessidade. Para isso, iremos apoiá-las fornecendo informação, cultura, artes, saúde e educação. Muitas famílias não têm condição financeira para cuidar de seus filhos e entendemos que este espaço possa fornecer oportunidade a família se profissionalizar e ter uma situação financeira melhor. Por isso nosso espaço contará com apoio de profissionais da área da saúde, educação e cultura. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. Sociologia: questões da atualidade. São Paulo, Editora Moderna, 2010. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 96 ARAUJO, Gilda Cardoso de. 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Acesso em: 20 out. 2015. 97 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 98 ISSN 2447-3081 ENSINO E APRENDIZAGEM DE LÍNGUA INGLESA EM DIFERENTES CONTEXTOS BRASILEIROS: UMA BREVE REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Taís Crema Remoli1 RESUMO Sabe-se que o aprendizado de uma segunda língua é importante para a plena inserção do indivíduo no mundo globalizado, entretanto, conforme relato de diferentes alunos, nem sempre a língua estrangeira é ensinada de forma atrativa ao público-alvo, especialmente em escolas de ensino regular no Brasil. Por esse motivo, este trabalho teve como objetivo apresentar a análise de três artigos, sobre essa temática, produzidos nas duas últimas décadas e a partir de diferentes realidades brasileiras, como escola pública, privada e de idiomas, visando refletir sobre o ensino e aprendizagem da Língua Inglesa, apontando semelhanças e diferenças nesses contextos por meio de um roteiro de perguntas norteadoras, bem como elaborando sugestões a fim de buscar solucionar as deficiências encontradas. PALAVRAS-CHAVE: Língua Inglesa. Brasil. Artigos. Últimas décadas. ABSTRACT It is known that learning a second language is important to any person in order to interact well in the globalized world, however, according to many students, a foreign language isn`t always taught attractively to the target audience, especially in Brazilian basic education schools. Therefore, this study aimed to present the analysis of three articles on this topic, written in the last two decades, about different Brazilian realities, such as public schools, private schools and languages schools aiming to reflect about English teaching and learning, pointing similarities and differences in these contexts through a guiding questions script, as well as elaborating some suggestions to try to solve the deficits found. KEYWORDS: English. Brazil. Articles. Last decades. 1 INTRODUÇÃO O aprendizado de uma língua, além da materna, tem se revelado como item fundamental para que qualquer indivíduo seja capaz de se comunicar e estar de fato inserido no contexto globalizado atual. Ter fluência em uma língua estrangeira envolve dominar as seguintes habilidades: falar, ouvir, ler e escrever. As quatro habilidades citadas permitem que seja possível se expressar, de maneira oral e escrita, bem como compreender o que o outro tem a comunicar. E não é preciso estar 1 Graduada em Letras Português-Inglês pela Universidade do Sagrado Coração em 2008. Especialista em Linguagem, Cultura e Mídia pela UNESP em 2012 e Mestranda em Psicologia do Ensino e Aprendizagem pela UNESP, Bauru. Professora de Língua Inglesa. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 99 ISSN 2447-3081 em contato direto com estrangeiros, basta que se atente a músicas, filmes, manuais de maquinário de outros países, jogos eletrônicos, aplicativos de celulares, produtos importados, entre outros exemplos, os quais fazem que com que o dia-a-dia de alguém que esteja conectado com a sociedade moderna seja repleto da influência de um outro idioma. Nesse sentido, a Língua Inglesa é a que mais se faz presente no Brasil. Por tal motivo, este artigo tem como objetivo avaliar e relatar de que maneira os estudantes brasileiros têm tido acesso ao ensino e aprendizagem do idioma em questão a partir de diferentes realidades, como escola pública, particular e de idiomas. Para que fosse possível o maior aprofundamento sobre o assunto, três artigos a respeito desse tópico, escritos nas duas últimas décadas, foram analisados por meio de um protocolo e os principais resultados encontrados foram relatados neste trabalho, que visa não apenas apresentar as semelhanças e diferenças entre essas três realidades, mas também apontar sugestões para que ensino e aprendizagem de um idioma tão importante atualmente possam ser mais eficientes e interessantes ao público-alvo. 2 ASPECTOS TEÓRICOS De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (BRASIL, 1998), é importante o estudo de uma segunda língua, visto que este promove a apreciação de costumes e valores de outras culturas, além de contribuir para o processo educacional como um todo por aumentar a compreensão da linguagem e desenvolver maior consciência do funcionamento da própria língua. É apontado, ainda, que: Primordialmente, objetiva-se restaurar o papel da Língua Estrangeira na formação educacional. A aprendizagem de uma língua estrangeira, juntamente com a língua materna, é um direito de todo cidadão, conforme expresso na Lei de Diretrizes e Bases e na Declaração Universal dos Direitos Linguísticos, [...] Sendo assim, a escola não pode mais se omitir em relação a essa aprendizagem (BRASIL, 1998, p. 19). Atualmente, no Brasil, de acordo com o Artigo 26o da Lei de Diretrizes e Bases (BRASIL, 1996), o ensino da Língua Inglesa é obrigatório apenas a partir da 5ª série, atualmente 6º ano do Ensino Fundamental, ficando a critério do município implantá-lo nas séries iniciais de ensino. Entretanto, A idade do indivíduo é um dos fatores que determinam o modo pelo qual se aprende POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 100 ISSN 2447-3081 uma língua. Mas as oportunidades para a aprendizagem, a motivação para aprender, e as diferenças individuais são também fatores determinantes para o sucesso na aprendizagem (FIGUEIREDO, 1997, p. 26). Visto que, além da idade, a motivação para aprender também é importante para garantir o sucesso da aprendizagem, este estudo tem como objetivo apresentar a análise de três artigos publicados nas últimas décadas, tendo a Língua Inglesa como objeto de estudo, a fim de apresentar como ela tem sido ensinada em diferentes contextos e se as maneiras escolhidas para o ensino do idioma têm garantido seu aprendizado. Os artigos selecionados para este trabalho foram: “O ensino e aprendizagem da Língua Inglesa no Ensino Médio”, publicado em 2012 na Revista Estudos Anglo-Americanos, número 37. Teve como objetivo avaliar se ensino e aprendizagem da segunda língua em questão estavam de acordo com os PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais) e se atingiam as metas relacionadas à educação nacional. O resultado desse trabalho apresenta proximidade do ensino na escola pública e privada em relação à necessidade de políticas mais claras para o ensino do idioma, bem como maior investimento na formação de professores. “Ensino/aprendizagem de inglês em escolas públicas: um estudo etnográfico”, publicado pela “Acta Scientiarum: human and social sciences” em 2003. Foi realizado em escolas públicas de Maringá e teve como objetivo investigar e registrar as percepções de alunos, professores e gestores a respeito do ensino e aprendizagem da Língua Inglesa e compará-las a um estudo realizado em 1979. Concluiu-se que, embora duas décadas mais tarde, o ensino de uma segunda língua nas escolas públicas da região ainda continuava precário. “Estratégias de aprendizagem em língua estrangeira: investigando a prática de sala de aula”, publicado pela Revista Nupem em 2010. Teve como objetivo apontar algumas das estratégias de ensino e aprendizagem utilizadas em uma escola de idiomas. O estudo relata que o uso de estratégias que facilitem o aprendizado do aluno, como linguagem corporal, associação etc., são importantes para a aprendizagem. 3 METODOLOGIA Esta pesquisa é uma análise bibliográfica de dados a partir de artigos disponibilizados online. O critério de escolha para a seleção desses trabalhos foi a abordagem do tema POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 101 ISSN 2447-3081 ensino e aprendizagem de Língua Inglesa, por meio de relatos de experiência, bem como sua publicação nas duas últimas décadas. Visando o enriquecimento do presente trabalho, optou-se por analisar diferentes realidades brasileiras, como escola pública, privada e de idiomas, realizando-se comparações entre elas. A fim de se analisar os artigos citados, foi elaborado um protocolo com base nos seguintes critérios: 1 - O que foi ensinado? (ou seja, sobre o que incidiram os procedimentos de ensino? / Qual foi o objeto de ensino?) 2 - a) Quais são os conhecimentos adicionais sobre o objeto de ensino? 2 - b) Em que consistiu o procedimento de ensino? 3 - O que foi aprendido? (ou seja, em que consistiu a aprendizagem?) 4 - a) Quais são os conhecimentos adicionais sobre o que foi aprendido? 4 - b) Quais foram as evidências admitidas (interpretadas) como medidas da ocorrência da aprendizagem indicada no item 3? Assim, a partir da análise dos três artigos citados por meio dos questionamentos apresentados, visou-se apresentar pontos de vista de diferentes autores relacionados ao ensino e aprendizagem da Língua Inglesa em diferentes contextos brasileiros, investigando-se se o que os autores apontaram como sendo ensinado realmente havia sido aprendido pelos alunos e qual medida de aprendizagem foi utilizada em cada um dos contextos descritos. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS Conforme apontado anteriormente, os artigos foram analisados por quatro critérios e, a partir deles e da leitura minuciosa dos trabalhos previamente descritos, elaborou-se o seguinte quadro: Quadro 1 – Análise dos artigos 1, 2 e 3 por meio de questões norteadoras ITENS AVALIADOS: ARTIGO 1 ARTIGO 2 ARTIGO 3 O ENSINO E A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA INGLESA NO ENSINO MÉDIO ENSINO/APRENDIZAGEM DE INGLÊS EM ESCOLAS PÚBLICAS: UM ESTUDO ETNOGRÁFICO ESTRATÉGIAS APRENDIZAGEM LÍNGUA ESTRANGEIRA: INVESTIGANDO DE EM A POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 102 ISSN 2447-3081 1- O que foi ensinado? 2- a) Quais são os conhecimentos adicionais sobre o objeto de ensino? 2- b) Em que consistiu o procedimento de ensino? Língua Inglesa (no Ensino Médio de escolas públicas e privadas) Segunda língua é vista como produto cultural complexo / Ferramenta de acesso à informação Ensino deve ser um processo, eficaz e significativo. Ensino de estruturas gramaticais durante as aulas, principalmente por meio de atividades escritas. Gramática 3- O que foi aprendido? 4- a) Quais são os conhecimentos adicionais sobre o que foi aprendido? De acordo com a pesquisa, “estudantes das escolas públicas e particulares desejam que sejam priorizados, em sala de aula, os aspectos relacionados à leitura de texto e vocabulário, paralelo ao ensino de estruturas gramaticais. Isto demonstra que os Língua Inglesa (em escolas públicas) PRÁTICA DA SALA DE AULA Língua Inglesa (em curso de idiomas) Necessidade de aprender a Língua Inglesa está relacionada à inserção no mercado de trabalho. Aquisição/aprendizagem de uma nova língua relaciona-se à memorização, construção de enunciados, inserção social e afetividade. Habilidades de leitura (compreensão textual e interpretação de texto) trabalhadas por meio de materiais já prontos que o professor deve seguir de acordo com as leis que regem as escolas públicas. Vocabulário e estruturas gramaticais por meio de apresentação oral (realizada pela professora) do tópico de estudo e repetições de vocabulário e estruturas curtas (conforme modelado pela professora e com reforço de termos corretos reproduzidos pelos alunos). Vocabulário e estruturas gramaticais simples. Interpretação de textos. Sabe-se que a habilidade oral não é aprendida por meio do trecho “A necessidade revelada pelos alunos de praticar a oralidade muitas vezes não é disponibilizada por fatores outros que não a competência linguística de seus professores, mas sim pela falta de espaço físico adequado ou excesso de alunos em sala” (PERIN, 2003, p.116). Há necessidade de local mais adequado e investimento em maior de domínio e fluência da segunda língua, por parte dos professores, para que esta seja melhor trabalhada com os alunos. Para que as aulas não foquem apenas no ensino de habilidades relacionadas à leitura e compreensão de texto, “A revisão dos objetivos de ensino determinados nas diretrizes e nos parâmetros Estratégias de ensino são consideradas importantes pelos autores da pesquisa, como facilitar que o aluno entenda o que o professor está dizendo sem que haja tradução, mas por mímica ou associação (como destacado em trechos de aula filmados e transcritos no artigo): “De acordo com as discussões POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 103 ISSN 2447-3081 educandos estão cientes de que são essas as habilidades necessárias fora da sala de aula” (SANTOS, 2012, p.149). Ainda de acordo com o artigo, os alunos compreendem que precisariam aprender mais do que lhes tem sido ensinado (e muitos acabam buscando tal ensino em cursos de idiomas). Notas atribuídas a atividades avaliativas (atividades escritas e provas aplicadas durante as aulas). curriculares torna-se necessária diante dessa realidade” (PERIN, 2003, p.116) apresentadas, consideramos de muita valia para o professor a habilidade de conhecer as estratégias para a busca da otimização de suas aulas” (ROSA; BASSO, 2010, p. 98). 4- b) Quais Respostas a questões de Observação/Transcrição foram as interpretações dos textos lidos de comportamentos de evidências por meio de perguntas professor e alunos admitidas previamente elaboradas e filmadas durante (interpretadas) disponibilizadas no material situação de aula. como medidas utilizado pelos professores da ocorrência durante as aulas. da aprendizagem indicada no item 3? Fonte: Elaborado pela autora a partir da disciplina “Processos de Ensino e Aprendizagem: Aspectos teóricos, metodológicos e de aplicação”, ministrada pelo Professor dr. Jair Lopes Junior no curso de mestrado em Psicologia do Ensino e Aprendizagem, UNESP, Bauru, 2015. Por meio da tabela apresentada, nota-se, pela primeira questão norteadora do quadro, que todos os artigos tiveram como objeto de estudo a Língua Inglesa; porém, apresentando diferentes realidades como foco: escola pública, privada e de idiomas. É importante ressaltar que em relação ao conhecimento adicional do objeto de estudo (Item 2- a), diferentes contextos refletiram diferentes visões sobre a importância de se aprender um segundo idioma, como maior acesso à informação (artigo 1) e inserção no mercado de trabalho (artigo 2). A maneira de se aprender a língua também é vista de modo diferente no artigo 1 (ensino deve ser um processo eficaz e significativo) e artigo 3 (ensino focado na memorização e repetição). A partir dessas crenças, o procedimento de ensino é trabalhado diferentemente (Item 2- b), como por meio de estruturas gramaticais no artigo 1, a partir de textos de apoio no artigo 2 e pela oralidade, modelação e repetições no texto 3. A maneira como se ensina influencia o que é aprendido, conforme resultados apresentados a partir da questão norteadora 3, apontando diferenças entre os três artigos, pois o primeiro revela que o aprendizado está voltado para a gramática, o segundo está POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 104 ISSN 2447-3081 relacionado à leitura e interpretação de textos e o terceiro está focado em vocabulário e estruturas gramaticais simples por meio da prática oral. Como conhecimento adicional sobre o aprendizado da Língua Inglesa (item 4- a), o artigo 1 aponta que estudantes sentem falta de um trabalho realizado com a gramática de maneira mais contextualizada, partindo do trabalho com textos por exemplo. Devido a essa queixa de ensino mecânico, relacionado apenas a regras, é enfatizado que muitos alunos acreditam que o ensino formal da língua em instituições de ensino regulares acaba sendo insuficiente, o que os motiva a procurar compensar esse déficit por meio de aulas em escolas de idiomas. O artigo 2 revela que além de aprimoramento da fluência dos professores, é necessário que haja local mais adequado para o trabalho da habilidade de falar, assim como menos alunos por sala de aula para que atividades orais possam ser realizadas com maior qualidade. No artigo 3, é apontado que o professor precisa se utilizar de diversos recursos para que o aprendizado do idioma seja garantido, para isto, ele deve ter, além de bom repertório linguístico para realizar associações com a língua-alvo (sem necessidade de tradução), domínio de linguagem corporal e expressões faciais a fim de favorecer a compreensão do aluno. O último item do quadro reflete que a maneira como se enxerga o aprendizado do aluno também é diferente, pois as medidas de aprendizagem se voltam para os seguintes aspectos: notas a atividades escritas no artigo 1, respostas escritas dos alunos a questões previamente elaboradas pelo material didático no artigo 2 e observação de comportamento e resposta orais de alunos no artigo 3. Por meio das descrições apresentadas nos diferentes contextos dos três artigos analisados, nota-se que nas três realidades abordadas há deficiência em relação ao trabalho com as quatro habilidades relacionadas ao ensino de uma segunda língua: falar, ouvir, ler e escrever, extremamente importantes, conforme destacado por Wildgrube et al.: Dentro do aprendizado de uma língua estrangeira, se faz necessário um avanço contínuo do educando, ou seja, o aluno de uma segunda língua deve desenvolver as quatro habilidades linguísticas para ter uma formação completa no idioma (ler, ouvir, falar e escrever). Esta prática deve ser diária em sala de aula, com o auxílio do professor, e fora dela, com os amigos, com a família ou no seu trabalho. Ao priorizarmos o estudo de uma ou mais habilidades de forma isolada, pode-se atender necessidades emergenciais, porém ao aluno precisa estar esclarecido sobre a formação que está recebendo. De fato, devemos propiciar um trabalho que faça com que uma habilidade remeta a outra (WILDGRUBE et al., 2008, p. 2). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 105 Assim, nota-se que, por meio dos contextos apresentados, é preciso haver maior dedicação ao planejamento das aulas de Língua Inglesa nas diferentes realidades brasileiras para que os alunos possam desenvolver plenamente as quatro habilidades linguísticas e adquirir fluência na língua-alvo. Sugere-se que se invista na formação e capacitação dos professores, para que também eles tenham domínio das quatro habilidades citadas a fim de desenvolvê-las plenamente em seus alunos. É importante, também, que se verifique com maior precisão se o que o aluno aprende é realmente o que o professor pretendeu ensinar, bem como ter clareza sobre os instrumentos utilizados como medida de verificação da aprendizagem para que ensino e aprendizagem sejam processos coerentes e favoreçam a fluência na línguaalvo por parte do público-alvo. Atentar-se às necessidades e interesses dos alunos é de suma importância, por este motivo, a escolha de materiais didáticos que vão a esse encontro, bem como um número de alunos em sala de aula que permita ao professor conhecer e avaliar a evolução de cada aluno nas quatro habilidades, é recomendada. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Embora o ensino de uma língua estrangeira seja de extrema importância no contexto atual, é possível observar, por meio da análise de artigos que abordam o ensino de Língua Inglesa em diferentes realidades de escolas brasileiras, que ainda há muito a ser aprimorado, tanto no sentido do trabalho com as quatro habilidades linguísticas necessárias ao aprendizado de uma língua quanto em relação ao olhar mais apurado sobre ensino, aprendizagem e as medidas utilizadas para verificar o aprendizado do aluno, pois, conforme destacado na discussão deste trabalho, nem sempre esses três itens estão devidamente relacionados. É importante destacar que este trabalho apresenta um recorte a partir da análise de três artigos que abordam o ensino de Língua Inglesa em diferentes contextos de escolas brasileiras. Para um próximo estudo mais aprofundado da temática, sugere-se um trabalho em lócus, por meio observações e entrevistas a professores e alunos a fim de se ampliar a análise do trabalho que vem sendo realizado com línguas estrangeiras atualmente, tendo como foco principal o trabalho com as quatro habilidades (falar, ouvir, ler e escrever), bem como a relação entre ensino, aprendizagem e medidas de aprendizagem. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 106 ISSN 2447-3081 Recomenda-se, ainda, maior pesquisa e divulgação de resultados de trabalho com as temáticas descritas com o intuito de levar professores e instituições a refletirem sobre suas práticas, tornando-as mais coerentes e benéficas aos alunos. REFERÊNCIAS BRASIL. Artigo 26. Lei de Diretrizes e Bases. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ldb.pdf. Acesso em: 8 set. 2015. BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais. Terceiro e Quartos ciclos do Ensino Fundamental: língua estrangeira. Brasília: MEC/SEF, 1998. FIGUEIREDO, F. J. Q. Aprendendo com erros: uma perspectiva comunicativa no ensino de línguas. Goiânia: UFG, 1997. PERIN, J. O. R. Ensino/aprendizagem de inglês em escolas públicas: um estudo etnográfico. Acta Scientiarum: human and social sciences, 2003, v. 1, p.113-118. ROSA, A. A. C.; BASSO, E. A. Estratégias de aprendizagem em língua estrangeira: investigando a prática de sala de aula. Revista NUPEM, 2010, v. 2, p. 89-100. SANTOS, J. N. dos. O ensino e a aprendizagem do inglês no ensino médio. Estudos Anglo-Americano, 2012, n. 37, p.136-157. WILDGRUBE, R.; DREHER, G. M.; SOUZA, M. A.; NARDI, N. L. O trabalho integrado das habilidades linguísticas em Língua Inglesa. Revista Voz das Letras, 2008, v. 10, p. 1-8. Disponível em: <http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/2010/artigos_teses/Ingles/Wildgru be.pdf>. Acesso em: 30 ago. 2015. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 107 INCLUSÃO ESCOLAR: OS BENEFÍCIOS DA CONVIVÊNCIA COM ALUNOS COM TGD PARA SEUS PARES Priscila Rocha Machado1 Vera Lúcia Messias Fialho Capellini2 RESUMO A Inclusão Escolar é mais que uma realidade, tornou-se fator preponderante para que uma sociedade seja de fato igualitária. As leis que asseguram a matrícula e permanência de crianças Transtorno Global de Desenvolvimento nas escolas brasileiras – Lei 7.853 de 24 de outubro de 1989 – mesmo que a passos lentos no início, e a caminhadas mais entusiásticas nestes últimos anos, tem-se feito ampliar o número de matrículas nas escolas comuns de alunos público alvo da Educação Especial, tais como os que convivem com Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD) e Altas Habilidades ou Superdotação AH/SD. Não são poucos os profissionais da área educacional e médica, não somente brasileiros, mas de todo o mundo, que apoiam e defendem tal inclusão, provando cada vez mais seus benefícios para a criança com deficiência bem como para seus familiares. O presente estudo busca identificar e, através de análises bibliográficas, relatar o quão salutar a convivência escolar de criança com TGD é para àquelas que não possuem e/ou apresentam nenhum tipo de deficiência. Conviver com o novo nos tira da chamada zona de conforto e nos incita a novos aprendizados e a progredirmos enquanto seres humanos. A convivência democrática na escola, dentro da sala de aula, prepara não somente para a vida profissional adulta, mas revela-se um período importante de preparação do ser humano que seremos por toda vida, dessa forma, a prática do respeito e da empatia é o que define a maneira que seremos conosco e com o próximo. PALAVRAS-CHAVES: Inclusão Escolar. Transtorno Global de Desenvolvimento. Convivência Democrática. ABSTRACT School inclusion is more than a reality it became a predominant factor so that a society is made in fact egalitarian The laws that assure enrollment and permanence of the children with Global Disorder of Development in the Brazilian schools – Law 7.853 of October 24th, 1989 – even though at slow steps in the beginning, and at a more enrollment in common schools for students who are target public of special Education has increased, such as the ones who live with Global Disorders of Development (TGD) and High Abilities or Gifted/Talented students AH/SD. Professionals in the educational and medical areas are not few in numbers, not only Brazilians, but from all over the world who support and defend such inclusion, proving more and more the benefits for t children with deficiency as well as for their families. The present study tries to identify and, through bibliographic analyses, to report how healthy the school interaction of children with TGD is for those who do not present and/or have any kind of deficiency. Living together with the “new” or “different” takes us out Professora do Ensino Fundamental I no município de Agudos/SP e membro do Grupo de Pesquisa “A inclusão da pessoa com deficiência, TGD ou superdotação e os contextos de aprendizagem e desenvolvimento” – UNESP/ Bauru. 2 Professora Doutora do Departamento de Educação, do Programa de Pós-graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e da Pós-graduação em Docência para a Educação Básica - Faculdade de Ciências da UNESP/ Bauru 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 108 of the so called comfort zone and stimulates us to new learnings and to progress as human being the democratic living in the school, inside the classroom, prepares not only for the adult professional life, but it comes to be an important period of preparation of the human being that we are going to be for the whole life. This way, the practice of respect and empathy is what defines that way we will be ourselves and how we will treat our neighbor. KEYWORDS: School Inclusion. Global Disorder of Development. Democratic Living. 1 INTRODUÇÃO Inúmeras são as discussões, pesquisas, estudos e conjecturas acerca da Inclusão Escolar - que teve seu marco histórico em junho de 1994, com a Declaração da Salamanca na Espanha, realizado pela UNESCO na Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, assinado por noventa e dois países, cujo princípio fundamental preconiza que: "todos os alunos devem aprender juntos, sempre que possível independente das dificuldades e diferenças que apresentem" - e seus inúmeros benefícios para o desenvolvimento cognitivo e social da criança com alguma necessidade especial de aprendizagem e socialização. Realmente os fatores benéficos são indiscutíveis, todavia, foquemos a priori no que vem a representar a Inclusão Escolar de alunos público alvo da Educação Especial para os demais. Nas escolas de Educação Infantil e Ensino Fundamental I, a Inclusão há muito é uma realidade, desde o berçário até o 5º ano. É legítimo afirmarmos que inúmeros professores não se sentem preparados ou plenamente confiantes em lecionar numa mesma sala de aula para alunos público alvo da Educação Especial e seus pares, mesmo contando com a colaboração contínua do professor especialista. Indiscutivelmente o professor deverá independente do seu alunado, buscar meios de auxiliá-los em suas dificuldades, estar atualizado no intuito de oferecer ensino de qualidade, não os privando de conhecimentos. O mesmo se aplica ao lecionar para alunos com TGD. Para que haja de fato uma convivência escolar justa e harmoniosa entre alunos com TGD e os que não o possuem, o mediador deve ser sempre o professor. As crianças tendem a ser muito mais receptivas e tratar as demais com desenvoltura e naturalidade quando percebem a segurança e normalidade nas atitudes do professor. Ao se sentirem seguras, essas crianças passam a se socializar e demonstrar uma incrível capacidade de solucionar os problemas que surgem no cotidiano e que necessite de uma rápida ação de modo a fazer com que a criança com TGD, também se sinta segura e confortável no grupo. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 109 ISSN 2447-3081 A presença, permanência e convivência da criança com TGD em sala de aula comum, demonstra um avanço cultural e social, validando o regime político em que vivemos denominado de democrático. Ao romper com o véu que os escondia e excluía da convivência social, apresentá-los como cidadãos com os mesmos direitos que os demais, fez com que todos se atentassem para os quão egoístas havíamos sido por tantos anos. Acreditar que inclusão é o mesmo que buscar igualar a todos é inconcebível, uma vez que, segundo Kunc (1992): [...] o princípio fundamental da educação inclusiva é a valorização da diversidade e da comunidade humana. Quando a educação inclusiva é totalmente abraçada, nós abandonamos a ideia de que as crianças devem se tornar normais para contribuir para o mundo (KUNC, 1992 apud MRECH, 2004, p.14). A diferença é fator fundamental para o desenvolvimento da capacidade de respeitar, bem como o de compreensão e aprendizagem. A troca de vivência nos leva à prática da empatia. A escola tem por objetivo maior, ao menos assim deveria ser, oportunizar a liberdade de expressão e valorização das capacidades de cada indivíduo. O que, infelizmente, ainda encontramos com frequência, como o relata com bastante clareza Mrech, 2004, é que "o paradigma da inclusão encontra-se atrelado, na prática pedagógica, a uma Pedagogia da Diversidade, da Diferença e não da Normalidade" (MRECH, 2004, p. 14). O intuito da Inclusão Escolar não é beneficiar somente as crianças com TGD, tampouco colocá-las em sala de aula comum evidenciando suas diferenças e cercando-as de condições que acabam por excluí-las ainda mais, ao contrário, o objetivo é respeitar a todos, com ou sem TGD, em suas individualidades e oportunizar uma convivência benéfica e harmoniosa que se estenda além dos muros escolares. 2 METODOLOGIA Baseando-se na prática profissional de ambas as autoras e demais colegas de profissão, bem como relatos de pais em reuniões escolares, a priori nos foi possível aferir acerca da importância da Inclusão Escolar não somente para alunos com TGD, mas e, sobretudo, para àqueles que com ele convive em seu cotidiano escolar. O quão salutar tal convivência pode ser para toda a vida dos que desta realidade compartilham. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 110 A presente pesquisa, de âmbito qualitativo, pautou-se em análises bibliográficas de pesquisas, artigos, experimentos e conclusões de pedagogos, professores e demais profissionais da área educacional. 3 EQUIDADE E INCLUSÃO A escola é, não somente um espaço onde se constrói e desenvolve o conhecimento, mas, sobretudo, um espaço de convivência social. A família é a instituição primeira de formação e inserção do indivíduo na sociedade, porém não é a única, conforme afirma La Taille (2009, p.231) “[...] a família é uma instituição privada, mas a moral também deve valer para o espaço público”. A escola não pode nem deve se eximir da responsabilidade de auxiliar, pelo longo tempo em que a criança nela permanece, na formação moral de seus educandos tendo vista que é no ambiente escolar que os mesmos irão se deparar, por inúmeras vezes, com o novo, o diferente e desenvolver seus laços de parcerias e afetividades. No ambiente escolar o ato predominante deve ser sempre a equidade. Ao afirmarmos que todo cidadão deve ser respeitado, e preconizarmos o que dita nossa Constituição Federal (1988) em seu Artigo 5º de que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza [...]” a escola tem por um dos objetivos maior respeitar e fazer valer tal premissa. Todo ser humano tem algo a oferecer à sociedade no qual está inserido, “um potencial humano universal, uma capacidade de que partilham todos os seres humanos. É esse potencial, em vez de qualquer coisa que uma pessoa possa ter feito dele, que assegura que cada pessoa merece respeito” (TAYLOR, 2000, p. 253). Proporcionar a equidade nada mais é do que fazer valer as leis de nosso país e mesmo as leis asseguradas pelos Direitos Humanos que são universais. O fato de culturas diferentes se unirem no ambiente escolar é mais que propício para a formação do indivíduo enquanto ser social. Inclusão Escolar de forma alguma deve significar a busca por igualar os educandos, mas, sobretudo oportunizar as condições para que todos possam atingir os mesmos objetivos, ou seja, o de construir e ampliar seus conhecimentos e desenvolver suas habilidades. Acreditar e, até mesmo, apostar no fracasso do outro devido suas limitações revela uma enorme falha de caráter, compreensão e conhecimento. Quando esse descrédito parte POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 111 do professor, tal atitude agrava-se ainda mais, pois acaba por condenar e tirar do aluno o direito de aprender e se desenvolver. Ainda nas palavras de Taylor (1994, p. 58): “[...] a projeção sobre o outro de uma imagem inferior ou humilhante pode deformar e oprimir até o ponto em que essa imagem seja internalizada” e não “dar um reconhecimento igualitário a alguém pode ser uma forma de opressão”. A convivência escolar de crianças normais com àquelas com TGD, só torna o discurso da inclusão uma prática quando ambos detêm os mesmos direitos e deveres. Passam a se conhecer num processo contínuo. Só podemos romper com os paradigmas e quebrar conceitos pré-estabelecidos quando passamos a conhecer e nos identificar com o outro. O convívio escolar faz com que os receios e temores sejam rompidos ou nem mesmo se forme. A capacidade de aceitação e adaptação da criança é bem maior que o do adulto. Ao conhecer e conviver com crianças com TGD, as demais passam a perceber como algo normal e não coloca nenhum tipo de obstáculos em tal convivência, ao contrário, quando necessário, apontam soluções. Alguns adultos tendem a ficar constrangidos diante de uma pessoa que apresenta uma deficiência física, por exemplo, mesmo no intuito de ajudar, por vezes dramatizam a situação ou, até mesmo, se receiam ao se dirigir ao indivíduo com deficiência para oferecer ou dispensar uma ajuda. Já a criança não apresenta tais comportamentos, ela tende a expor suas dúvidas com naturalidade e se mostrar prestativa. Reconhecer que a inclusão escolar para alunos que não sejam público alvo da educação especial é tão importante quanto o é para aqueles com TGD torna o processo mais ameno e igualitário. Acreditar que a inclusão só é benéfica para uma das partes, ou seja, somente para o aluno com TGD é errôneo e consiste num atraso ideológico e acadêmico. Outra parte que também se beneficia tanto quanto os demais são os professores que aprende com cada um deles e desfruta do privilégio de acompanhar e fazer parte da formação, desenvolvimento e sucesso de cada um em sua trajetória escolar e pessoal. A convivência escolar de crianças com TGD, professores e equipe escolar como um todo representa a convivência democrática social como fato e torna a premissa de igualdade para todos uma realidade. O uso de materiais diferenciados e específicos para o atendimento de alunos com TGD bem como o profissional especializado (professor da Educação Especial/sala de recursos) é indispensável para que se atinjam os objetivos desejados, visto que “Para aqueles que têm desvantagens ou mais necessidades é POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 112 ISSN 2447-3081 necessário que sejam destinados maiores recursos ou direitos do que para os demais”, como declara Taylor (1994, p.64), tais fatores servem para validar a premissa da equidade que tanto ansiamos ver nas escolas brasileiras. Ao lançarmos um olhar mais analítico sobre a convivência escolar de crianças com e sem TGD, será possível observarmos o quão importante e fundamental essa convivência se revela. Desperta em ambas certa cumplicidade, capacidade de adaptação e empatia que não vemos com tanta frequência em grupos onde não há nenhum aluno com TGD. Ao ter a oportunidade de auxiliar e orientar um colega com TGD, a criança se sente importante, útil, necessária, e desenvolve o sentimento de responsabilidade e comprometimento, isso tudo sem que lhe tenha sido imposto, tudo ocorre de forma natural. Em um aprofundado trabalho de pesquisa realizado na Espanha, referente à Aprendizagem e Convivência na Educação Infantil, Capellini, Muñoz e Torres (2012) puderam observar o quão salutar e fundamental se faz o trabalho escolar ao cumprir de maneira fidedigna o seu papel social, como tão adequadamente colocou: La educación desde la infancia debe tener una perspectiva inclusiva. Consideramos que todos los niños deben tener acceso a la educación en la primera infancia, lo que todavía no se ha conseguido del todo, pero tenemos que garantizar la legitimidad de este proceso promoviendo el aprendizaje y el desarrollo de todos ellos (CAPELLINI, MUÑOZ, TORRES, 2012, p. 40.)1 A função da escola abarca uma amplitude que vai além do técnico, do transmitir informações, e imposições de regras. O papel que a mesma deve desempenhar socialmente é tão importante quanto, e não há meios de ser ignorado. Cada ser humano anseia e necessita de ajuda para seu amplo e completo desenvolvimento, visto não sermos feitos de maneira fragmentada, não nos é possível dividirmos em partes desconexas que se juntam em determinados momentos para que se atendam às necessidades. Somos um todo, agimos, pensamos e sentimos como um todo e temos, sem nenhuma exceção, o direito de recebermos uma educação que possa, verdadeiramente, ser classificada como de qualidade e completa. Por vezes o professor recebe em seu grupo crianças com valores morais distorcidos, com conceitos familiares que divergem com os apregoados no âmbito educacional, crianças 1 A educação deve ter uma perspectiva inclusiva desde a infância. Consideramos que todas as crianças devem ter acesso à educação desde a primeira infância, que ainda não foi alcançado em tudo, mas temos de garantir a legitimidade do processo, promovendo a aprendizagem e desenvolvimento de todos eles (CAPELLINI, MUÑOZ, TORRES, 2012, p. 40) – Tradução nossa. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 113 cujos princípios estão voltados para o individual. Diante de tais circunstâncias, cabe ao professor criar vínculos de afetividade e cumplicidade entre o grupo para que possam construir, sempre em coletividade, valores e princípios que favoreçam a todos. A adaptação não ocorre somente por parte do aluno com TGD ao ser incluído no grupo, a adaptação ocorre com todos os integrantes e este processo requer tempo, atenção e dedicação. Sobretudo, o fundamental é que o professor reconheça e assuma seu papel de responsável e condutor dos trabalhos, oferecendo condições e oportunizando situações em que possam trabalhar em conjunto, como uma verdadeira equipe e igualando os direitos de cada um, respeitando suas individualidades e limitações, mas, sobretudo valorizando os potenciais que cada aluno possui e, por vezes, fazendo-o reconhecer e estimar suas próprias virtudes. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Num ambiente de convívio diário, com inúmeras pessoas que possuem diferentes hábitos e costumes, requer tolerância, compreensão e solidariedade, para que todos possam se beneficiar e aprender com o outro. Esse ambiente se aplica totalmente à sala de aula. Nossa experiência como docentes nos mostrou que, ao conviver com crianças com TGD, nos é possível conhecer sua realidade, identificar e valorizar suas habilidades e competências e, acima de tudo, nos oportuniza sermos melhores como cidadãos e indivíduos. Entre os significados e sinônimos da palavra inclusão está o fazer parte; unir-se, e neste contexto não só o aluno com TGD, ao estar matriculado e frequentando a sala de aula regular, faz parte e se une ao grupo, como os demais integram e unem-se a ele. Tem-se que evidenciar a unificação do grupo, seus componentes possuem singularidades, diferenças e necessidades distintas, entretanto, tais diferenças se complementam e fortalece ainda mais, de maneira a oportunizar que um possa aprender com o outro, o que reforça ainda mais a já citada cumplicidade, fator fundamental para que se efetive a união. Ao conviver e se relacionar, por um período demasiadamente longo, com crianças público alvo da Educação Especial, as demais desfrutam da possibilidade de conhecer as diferenças, não se escandalizando nem tampouco criando uma imagem e associação de POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 114 deficiência com ineficiência. Passam a compreender que cada indivíduo possui singularidades e desenvolvem potencialidades. Acreditamos que, ao alcançarem a fase adulta, serão cidadãos tolerantes, solidários e compreendendo o real significado da equidade e plenamente consciente que a inclusão escolar vem a ser o primeiro passo para que de fato haja a inclusão social. Dessa forma, podemos inferir que a inclusão escolar não é unilateral, ela abrange e envolve a todos – alunos que não sejam público alvo da Educação Especial, alunos público alvo da Educação Especial, professores, equipe escolar e a família – viver de maneira democrática possui inúmeras implicações, todavia, todas elas nos prepara e nos fortalece para a vida. A criança que convive com a diferença e compreende que todos possuem os mesmos direitos, tendem a se mostrar mais preparadas para a resolução de situações adversas. Tornam-se adultos tolerantes, menos ansiosos e que sabem valorizar as oportunidades. A convivência escolar de crianças com TGD e as que não sejam público alvo da Educação Especial, constrói valores que, dificilmente, uma sala de aula formada só com alunos sem TGD conseguiria alcançar, baseando-se somente em teorias. Tampouco, manter tais alunos isolados ou limitados a um determinado ambiente e situações, a ajudaria em seu desenvolvimento cognitivo e social, não as motivaria a expor seus potenciais, habilidades e reconhecer seu papel enquanto cidadão. Sabemos que a inclusão escolar e a interação entre alunos com TGD e os que não as possuem é um processo longo e contínuo e que, por mais decepcionante que seja, devemos admitir que não é algo aceito por muitas pessoas, inclusive por alguns professores. Dando segmento as concepções de Cardoso, temos a convicção de que, com a persistência e determinação de muitos educadores, pesquisadores e demais profissionais da área educacional, médica e social, pessoas contrárias à inclusão mude seus conceitos e passem a reconhecer e incentivar a inclusão não somente escolar, mas em todos os patamares sociais. Pautamo-nos em pesquisas e constatações do quão benéfico, produtivo e salutar a convivência democrática de indivíduos com necessidades, capacidades e habilidades diferentes vem a ser, não só para as crianças que vivenciam esse processo, mas para a sociedade como um todo. A tarefa é árdua devido aos inúmeros entraves que se colocam, porém, os resultados positivos nos encorajam. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 115 ISSN 2447-3081 Os valores morais e sociais que se pretende incentivar, para que haja uma convivência harmoniosa, é o respeito e a solidariedade e quanto mais cedo esses valores forem incentivados, melhores serão os resultados que se perpetuaram no decorrer de toda a vida. Ao conviver de maneira igualitária com crianças com TGD, as demais dificilmente incorrerão no erro do pré-conceito e de desvalorizar o próximo devido às suas especificidades. REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº. 7.853, de 24 de Outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, Diário Oficial [da República Federativa do Brasil], Brasília. ________ Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998. CAPELLINI, V. L. M. F; MUÑOZ, Y.; TORRES, S. L. Apoyando la inclusión educativa: un estudio de caso sobre el aprendizaje y convivencia en la educación infantil en Castilla-La Mancha. Espanha, 17 mai 2012. CARDOSO-BUCKLEY, Maria Cecília de Freitas. Valores influenciando a visão do ser humano e pesquisa em educação especial: uma reflexão. Rev. Bras. Educ. Espec.; 17(spe1); 17-22; 2011-08. LA TAILLE,Y. Formação Ética. Porto Alegre: Artmed. 2009, p. 231. MINISTÉRIO DA JUSTIÇA. Declaração de Salamanca e Linha de Ação sobre Necessidades Educativas Especiais. Brasília, Corde, 1997. MRECH, L. M. (2004). Educação inclusiva: realidade ou utopia? (Online). 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Este trabalho tem como objetivo apresentar os jogos digitais e suas possibilidades na mediação do conhecimento, com base na psicologia histórico-cultural, por meio dos resultados de uma pesquisa realizada com crianças do 1º ano do Ensino Fundamental de uma escola pública localizada na cidade de São Paulo. Os resultados demonstram a ocorrência de atividade mediada nos momentos em que as crianças brincavam com os jogos digitais, em ambientes não formais de educação. PALAVRAS-CHAVE: Jogos digitais. Psicologia histórico-cultural. Mediação. ABSTRACT Digital games are a result of the advancement in information and communication technologies, the expansion of virtuality as space of human relations and the convergence of these phenomena with society and culture. This work aims to present digital games and their possibilities in the mediation of knowledge, based on the historical-cultural psychology, through the results of a research with children in the 1st grade of elementary school from a public school in the city of São Paulo. The results demonstrate the occurrence of mediated activity when children played with digital games, in non-formal education environments. KEY WORKS: Digital games. Historical-cultural psychology. Mediation. 1 INTRODUÇÃO O jogo constitui-se como um dos elementos essenciais na formação humana. Seu encantamento tem passado por gerações de crianças, visto que estabelece vínculos sociais e afetivos, seja pelas regras traçadas pelos diferentes grupos ou pelo caráter lúdico que traz. Pedagogo graduado pela Faculdade de Ciências – UNESP/Bauru. Mestre em Educação pela Faculdade de Educação – USP. Professor do ensino superior na Faculdade de Agudos. Diretor da Divisão de Formação Continuada da Secretaria Municipal da Educação de Bauru. Contato: [email protected]. 2 Bióloga graduada pela Faculdade de Ciências - UNESP/Bauru, com especialização em Toxinas de Animais Peçonhentos pela UNESP/FMVZ e especialização em Vigilância Sanitária e Hospitalar pela UNAERP. Membro-fundadora da Estação Ciência de Bauru. Diretora do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais. Contato: [email protected]. 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 117 ISSN 2447-3081 Atualmente, o jogo está cada vez mais presente na vida das crianças. Mas o que os educadores conhecem sobre a relação entre educação e ludicidade? Qual a real relação entre os jogos e brinquedos pedagógicos, e qual o verdadeiro significado para tal adjetivo, seriam mesmo esses objetos auxiliares ao processo educativo? (ANTONIO JUNIOR; KISHIMOTO; KOBAYASHI, 2013). Antes de falar sobre jogo e educação é preciso retroagir ao conceito de cultura lúdica, que segundo Brougére (2009, p.1) explicita: A criança adquire, constrói sua cultura lúdica brincando. É o conjunto de sua experiência lúdica acumulada, começando pelas primeiras brincadeiras de bebê, evocadas anteriormente, que constitui sua cultura lúdica. Essa experiência é adquirida pela participação em jogos com os companheiros, pela observação de outras crianças (podemos ver no recreio os pequenos olhando os mais velhos antes de se lançarem por sua vez na mesma brincadeira), pela manipulação cada vez maior de objetos de jogo (BROUGÉRE, 2009, p.1). Adentrar no mundo da criança, qualquer que seja a participação, é entrar no mundo da fantasia, dos brinquedos e jogos e os quais ela utiliza na relação com as pessoas ao seu redor, com os adultos desde bebê, ao ser chamada a brincar, os jogos iniciais nos quais as crianças descobrem a lógica de funcionamento – o esconde e esconde, atrás de um anteparo, uma fralda, um travesseiro ou um móvel e, posteriormente, no contato com outras crianças e adultos (ANTONIO JUNIOR; KISHIMOTO; KOBAYASHI, 2013). Para os adultos, pais e professores, no qual a observação do envolvimento da criança com os brinquedos e jogos que nos dará pistas e ocasião para conhecê-la, saber dos seus desejos, medos, alegrias, competências, habilidades enfim é o momento de conhecê-la melhor e a partir daí planejar ações para seu cotidiano que atendam aos seus desejos e as às suas necessidades. Com a difusão do computador nas últimas décadas, os jogos digitais constituem atualmente uma das atividades mais frequentes entre crianças e adolescentes. Com sua evolução, ganharam recursos sinestésicos atraentes, com imagens animadas e sonorizadas nas quais o jogador interfere. Estes ambientes não podem substituir a experiência infantil ou o contato da criança com a realidade, mas constituem em um espaço potencializador do real. Existem também certos fenômenos que, pela sua natureza, podem ser raros ou perigosos, e que não podem ser explorados sem recursos às possibilidades que a informática nos oferece. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 118 Porém, existem indagações a serem respondidas, em especial no campo da infância. Quais impactos os jogos digitais trazem à educação da infância? Quais são as inquietações de pais e professores sobre a influência desses jogos digitais sobre as crianças? Como se dão as relações entre essas crianças e entre elas e o conhecimento, mediadas pelos jogos? A mediação durante as sessões de jogos pode proporcionar aprendizagem e ampliação do conhecimento? Essas são algumas questões que nortearam a presente pesquisa. Este trabalho teve como base referencial os estudos sobre jogos digitais (GEE, 2003; MATTAR, 2010; ALVES, 2006; MCGONICAL, 2010) e a psicologia histórico-cultural (VIGOTSKI, 1995; ELKONIN, 1998; LURIA, 1986; DANIELS, 2003). O objetivo desta pesquisa foi investigar o papel dos jogos digitais como mediadores do conhecimento, em espaços não formais de educação. 2 O JOGO NO IMAGINÁRIO INFANTIL Os jogos e os brinquedos são frutos de um tempo e de uma cultura, que retorna esporadicamente, em função de várias razões entre elas a mídia, que hoje dissemina pelo mundo o incentivo e o desejo de ter aquele brinquedo, ou aquele jogo. Podemos tomar como exemplo os ioiôs, que foram criados há muito tempo, utilizado por Sócrates, como exercícios de relaxamento, para o treino seus discípulos nos caminhos da sabedoria, o cavalinho, as carroças, os caminhões, e carros e, atualmente, os brinquedos e jogos eletrônicos entre eles o computador, que fazem a alegria das crianças e a preocupação dos pais. Roger Caillois, sociólogo e crítico literário francês, no clássico Les Jeux et les Homme, classifica os jogos em quatro categorias agon, alea, mimicry e ilinx, determinadas segundo a atitude do jogador (CAILLOIS, 2003). Agon está relacionado aos jogos que criam igualdade de condições e que o vencedor é aquele que apresenta as maiores e melhores habilidades na qual está sendo avaliado, o resultado é fruto do seu esforço, os jogos olímpicos traduzem o espírito do agon, é derivado de agonos, que, em grego, significa sem limites, ou seja, sem limites para vencer. Nas crianças, as brincadeiras de quem aguenta por mais tempo sem piscar os olhos, ou a uma sessão de cócegas ou beliscões, é um exemplo dessa categoria. Do latim Alea, é o nome jogo de dados está relacionada à sorte, ao acaso, “o destino é o artesão da vitória” (CAILLOIS, 2003, p.58). No entanto, alguns jogos, como o gamão e POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 119 o dominó, unem essas duas categorias, nas quais o jogador tem que se utilizar da sorte e da sua exploração. Contudo, apesar de opostas, essas duas categorias têm em comum a criação de situações artificiais nas quais os jogadores estão em igualdade de condições, que a vida nos nega. Mimicry está relacionado à ilusão, ao faz-de-conta, ao disfarce, ao assumir um papel, no qual a principal característica desse grupo de jogos é a simulação, o faz-de-conta. Caillois não mencionou os jogos digitais, nesta categoria, mas sabemos que os mesmos simulam situações nas quais se assumem outros papéis, mesmo que virtualmente. Na criança que brinca de mamãe, de aviador, de bombeiro, em cujas brincadeiras na qual fazde-conta que é o centro das ações, mas essa conduta não é exclusiva da criança, pois os adultos também se transvestem nos bailes carnavalesco, de máscaras e outros, e hoje nos jogos de simulação. A última categoria está relacionada à perda momentânea da estabilidade da percepção que ocasiona um pânico temporário, como ao descer do tobogã, o chicote americano, ou o movimento dos balanços são exemplos da quarta categoria – Ilinx, do grego um turbilhão de água, e que deriva nessa língua a vertigem, ou ilingos. Muitas outras formas de classificação dos jogos e brinquedos existem, pedagógicas, psicológicas, filosóficas, para nós nesse estudo seguiremos investigando os jogos de simulação, que hoje para além das situações lúdicas e recreativas estão na formação de pilotos, aviadores, economistas entre outros profissionais. Para Vigotski (1994), o brincar e a interação com os jogos possibilitam à criança a aprendizagem de regras e a sujeição às ações impulsivas pela via do prazer. Logo, para ele, os jogos atuam como elementos mediadores entre o conhecimento já cristalizado, construído, presente no nível de desenvolvimento real, nas possibilidades e potencialidades existentes na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). A ZDP se caracteriza pela faixa intermediária entre aquilo que o sujeito já é capaz de fazer sozinho sem a ajuda do outro e as suas possibilidades de ampliar o seu desenvolvimento e aprendizagem. Nesse espaço de transição, os novos conhecimentos estão em processo de elaboração e, frente à mediação dos instrumentos, signos e interlocutores, serão consolidados e ou ressignificados. Assim, as crianças constroem o significado da cooperação e da competição entre os seus iguais. São regras que podem ser transmitidas de geração em geração ou ser POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 120 ISSN 2447-3081 espontâneas, elaboradas de forma momentânea por sujeitos da mesma ou de idades diferentes. O brincar se torna, então, uma atividade que deve ser incentivada e encarada com seriedade pelos adultos, respeitando-se os momentos em que crianças e adolescentes desejam brincar, jogar, enfim, construir algo novo, valendo-se da elaboração dos conhecimentos existentes. 3 JOGOS DIGITAIS E A MEDIAÇÃO Os jogos refletem determinada cultura, tempo e espaço. Porém, o conceito de cultura não se limita apenas a um conjunto de costumes, instituições e obras que fazem parte da herança cultural de uma comunidade. Na abordagem de Geertz (1989), podemos definir cultura como sendo: [...] sistemas entrelaçados de signos interpretáveis (o que eu chamaria símbolos, ignorando as utilizações provinciais) [...] a cultura não é um poder, algo ao qual podem ser atribuídos casualmente os acontecimentos sociais, os comportamentos, as instituições ou os processos: ela é um contexto, algo dentro do qual eles podem ser descritos de forma inteligível – isto é, descritos com densidade (GEERTZ, 1989, p.10). Nessa abordagem, cultura passa a ser vista como um gigantesco sistema semiótico, que envolve diferentes mídias como textos, sons, imagens, luz, cores, formas e gestos, que são percebidos, armazenados e divulgados mediante a função cognitiva da memória, a qual não se estrutura de forma individual, mas, coletiva. Esses elementos são construídos pelos homens por intermédio de uma teia de significados contextuais e históricos, transmitidos de geração em geração. Assim, a cultura é assumida como sendo essas teias e a sua análise; portanto, não como uma ciência experimental em busca de leis, mas como uma ciência interpretativa, à procura do significado (ALVES, 2004, p. 24). Analisar a cultura como um sistema semiótico implica em considerar os diversos signos, as linguagens e os meios de comunicação. Na atual sociedade tecnológica, estamos vivenciando o que Turkle (1997) denomina de cultura da simulação, que aponta POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 121 os modelos computacionais como seus representantes e os jogos digitais, como elementos que compõem estas representações. Representações que instauram uma lógica não linear e fazem parte do universo da nova geração conectada em rede. Esta cultura se caracteriza por formas de pensamento não lineares. Estas envolvem negociações, abrem caminhos para diferentes estilos cognitivos e emocionais; arrastam os adultos criados em uma outra lógica a percorrer estas novas trilhas, a participar das suas metamorfoses virtuais, a escolher diferentes personagens, avatares, a ressignificar a sua forma de ser e estar no mundo, tendo em vista que a interação com os computadores facilita o “[...] pluralismo nos estilos de utilização. Oferecem coisas diferentes a pessoas diferentes; permitem o desenvolvimento de diversas culturas da computação” (TURKLE, 1997, p. 66). Os jogos digitais surgiram por volta da década de 1960, com Spacewar. Nas décadas de 1970 e 1980, os computadores pessoais ficaram mais potentes e os games se popularizaram. Surgiram jogos de aventura, de quebra-cabeças, de estratégia e de ação. Em certos jogos de estratégia, por exemplo, o jogador deve projetar cidades ou civilizações e administrar seu crescimento. Muitos jogos simulam esportes, como futebol, golfe entre outros. Integrados por eventos rápidos, móveis e simultâneos, demandam coordenação de variáveis interagentes e, para tanto, habilidades de representação espacial dinâmica e atenção visual distribuída (GREENFIELD, 1988). Com um contexto de aprendizagem, a prática de jogos digitais, assim como nos jogos tradicionais de tabuleiro e de seus componentes, por exemplo, porém com o diferencial das inovações de suporte logístico – o programa, a interface interativa, os joystchs – apresenta-se como uma possibilidade na elaboração de habilidades de planejar, prever, reelaborar, analisar o erro, de gerar e avaliar hipóteses, contribuindo para flexibilidade cognitiva e criatividade. Segundo Vygotsky (1994), quando a criança reproduz o comportamento social de um adulto em seus jogos está fazendo uma combinação do real com sua ação fantasiosa, isto porque a criança tem como necessidade a reprodução do cotidiano do adulto, o qual ainda não pode fazer como gostaria. Neste sentido, os jogos digitais constituem-se como possibilidades para a criança na construção do imaginário, por meio da brincadeira e da simulação de situações reais no espaço virtual. Para Bruner (1997), a criança se torna ativa nesse processo por modos de representação, obtendo conhecimentos antecipados do mundo ao seu redor. A escola pode proporcionar uma fase muito rica para a criança, dependendo do que aborda e das POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 122 ferramentas que disponibiliza. Neste sentido, o uso de games é essencial, pois possibilita à criança vivenciar situações lúdicas pelo computador, inventando e descobrindo coisas novas. Para Vigotski (1994), o brincar e a interação com os jogos possibilitam à criança a aprendizagem de regras e a sujeição às ações impulsivas pela via do prazer. Logo, para ele, os jogos atuam como elementos mediadores entre o conhecimento já cristalizado, construído, presente no nível de desenvolvimento real, nas possibilidades e potencialidades existentes na Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). A ZDP se caracteriza pela faixa intermediária entre aquilo que o sujeito já é capaz de fazer sozinho sem a ajuda do outro e as suas possibilidades de ampliar o seu desenvolvimento e aprendizagem. Nesse espaço de transição, os novos conhecimentos estão em processo de elaboração e, frente à mediação dos instrumentos, signos e interlocutores, serão consolidados e ou ressignificados. O brincar se torna, então, uma atividade que deve ser incentivada e encarada com seriedade pelos adultos, respeitando-se os momentos em que crianças e adolescentes desejam brincar, jogar, enfim, construir algo novo, valendo-se da elaboração dos conhecimentos existentes. São cada vez mais comuns jogos digitais que procuram simular no ambiente multimídia as experiências concretas. São, frequentemente, programas que procuram, por meio de diferentes soluções interativas, fazer com que a criança aprenda sobre situações presentes no ambiente material em um ambiente simulado. 4 METODOLOGIA A pesquisa de campo foi realizada de acordo com a metodologia qualitativa, de cunho etnográfico (BOGDAN; BIKLEN, 1994; ANDRÉ, 1995) durante 2012 e se deu por meio da observação participante, que segundo Denzin (2006) constitui-se em uma estratégia de investigação de campo que combina, simultaneamente, a análise de documentos, entrevistas de respondentes e informantes, participação e observação diretas, e a introspecção. Deste modo, as observações foram sistemáticas e tiveram como foco um grupo de crianças matriculadas no 1º ano do Ensino Fundamental, matriculadas na Escola de Aplicação, localizada na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - USP, nos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 123 ISSN 2447-3081 momentos de atividades lúdicas nas dependências do Laboratório de Brinquedos e Materiais Pedagógicos – LABRIMP. Além das observações, foram registradas as vozes das crianças e das professoras, por meio de registros de áudio e entrevistas. Estes dados foram comparados às observações por meio de triangulação de dados, cujo objetivo foi validar em que momentos e porque houve a mediação por meio da ação com os jogos digitais. Enquanto grupos de crianças utilizavam os computadores e os jogos digitais, observou-se a ocorrência de atividade mediada, que segundo Daniels (2003), ocorrem por sujeitos, instrumentos e signos. Foram registradas 76 situações diferentes de mediação, que foram agrupadas nas seguintes categorias: mediação sujeito-sujeito: interações que ocorreram entre as professoras e as crianças, entre o pesquisador e as crianças e entre as crianças (pares). mediação sujeito-instrumento: interações entre as crianças e os artefatos materiais (computador, periféricos e os jogos digitais). mediação sujeito-signo: interações entre as crianças e os signos, que possibilitaram a internalização de conceitos. Ao final, foi possível verificar as modalidades de mediação que são mais efetivas para propiciar a cultura lúdica e ao mesmo tempo a ampliação da experiência da criança. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os dados e as análises descritivas a partir dos registros das observações, das vozes das crianças, das professoras e as anotações do pesquisador, na perspectiva da psicologia histórico-cultural, demonstraram a ocorrência da mediação pelos sujeitos, por instrumentos e por signos, sendo essas categorias possíveis em atividades com os jogos digitais e os computadores, em ambientes não formais de educação. Também foi possível verificar que nem sempre a mediação resultará na internalização de conceitos, mas isso dependerá da zona de desenvolvimento proximal de cada criança. REFERÊNCIAS ANDRÉ, M.E.D.A. de. Etnografia na prática escolar. São Paulo: Papirus, 1995. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 124 ANTONIO JUNIOR, W.; KISHIMOTO, T.M.; KOBAYASHI, M.C.M. Games e aprendizagem informal: análise de Tetris. In: ARIOSI, C.M.F. (Org.) Fazeres e saberes da educação infantil: reflexões sobre a prática pedagógica. Curitiba : Editora CRV, 2013. BOGDAN, R.; BIKLEN, S. Investigação qualitativa em educação. Porto: Porto Editora, 1994. BROUGERE, G. A criança e a cultura lúdica. Revista da Faculdade de Educação. São Paulo, v. 24, n. 2, July 1998 . Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010225551998000200007&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 Jun. 2009. BRUNER, J. Atos de significação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997. CAILLOIS, R. Les jeux et les hommes. Paris: Gallimard, 2003. DANIELS, H. Vygotsky e a pedagogia. São Paulo: Editora Loyola, 2003. DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. O Planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. 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POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 125 ISSN 2447-3081 O ENSINO COLABORATIVO E A PRÁTICA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO MUNICÍPIO DE AGUDOS Marisol Gelamos Ruiz Morales – UNIESP/IESB1 Ana Paula Leme Baptistella – UNESP2 RESUMO O presente artigo propôs discutir o formato da Educação Especial no Município de Agudos – SP, uma vez que o mesmo apesar de não configurar em seus termos legais qualquer indicação à referida denominação, apresenta uma proposta de trabalho inclusivo pautada em uma estrutura colaborativa. Essa estrutura pode ser facilmente vista no Plano Municipal de Educação do referido município. Utilizou-se a pesquisa exploratória assumindo a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. O resultado deste estudo confirmou a hipótese levantada de que o ensino colaborativo é um instrumento facilitador na inclusão do aluno especial em sala regular sendo o município de Agudos um exemplo desse fato. PALAVRAS-CHAVE: Educação Especial. Ensino Colaborativo. Agudos. ABSTRACT This paper proposes to discuss the format of Special Education in Agudos Municipality - SP, since even though not set in their legal terms any indication to that designation, presents a comprehensive job offer guided in a collaborative framework. This structure can be easily seen in the Municipal Plan of the municipality Education. We used the exploratory research taking the form of literature and case study. The result of this study confirmed the hypothesis that collaborative learning is an instrument that facilitates the inclusion of special student in regular room and the Treble municipality an example of this fact KEYWORDS: Special education. Collaborative teaching. Agudos 1 INTRODUÇÃO A Educação Especial enquanto Educação Inclusiva no Brasil não é um tema recente, porém apesar da legislação pontuar que todo e qualquer aluno independente da deficiência, transtorno global do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação deve frequentar a classe comum, isso ainda não ocorre da maneira esperada e continua sendo um assunto amplamente discutido por diversos autores sob diferentes enfoques. Professora Universitária Uniesp/Iesb; Coordenadora Pedagógica – Prefeitura Municipal de Agudos. Mestre em Comunicação, mídia e Cultura. Psicopedagoga. Pedagoga. 2 Aluna Especial do Curso de Mestrado em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Membro do Grupo de Pesquisa: “A inclusão das pessoas com deficiência, TGD ou superdotação e os contextos de aprendizagem e desenvolvimento”`. Psicopedagoga. Pedagoga. 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 126 O presente trabalho objetivou discutir o formato da Educação Especial no Município de Agudos - SP, ou seja, de que forma foi estruturado o processo inclusivo dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação na classe comum do ensino regular e também, se essa implementação teve como base o ensino colaborativo, também conhecido coensino. Justifica-se a pesquisa uma vez que apesar do processo inclusivo ser pautado na legislação brasileira, poucos são os municípios que conseguem efetivamente trabalhar com os conceitos corretos da mesma, visando que não haja exclusão ao invés de inclusão. O fato de se ter alunos com deficiências, transtornos ou altas habilidades no sistema regular de ensino não garante que haja realmente a inclusão dos mesmos, uma vez que, de acordo com Matos e Mendes (2015, p. 22) “a realidade revela também que as escolas são espaços contraditórios, nos quais existem práticas de discriminação e conscientização, e que ainda se encontram distantes do que preconizam os documentos oficiais sobre inclusão escolar”. Considerando estes fatores se não houver um trabalho especializado, planejado e um acompanhamento da evolução desses alunos, os mesmos se tornam apenas números e não recebem o atendimento adequado, deixando de avançar da forma como poderiam. O município de Agudos foi selecionado para esse “estudo de caso” por caminhar no propósito de inclusão sob o enfoque de um ensino colaborativo, tendo em vista que sua estrutura inclusiva possui características favoráveis para tal prática, uma vez que o professor denominado auxiliar de educação especial permanece em sala com o aluno incluso no período de aula, atuando juntamente com o professor do ensino regular. Entretanto, esta permanência não significa que a prática diária seja colaborativa, uma vez que para tal prática ocorrer efetivamente existe uma lacuna a ser preenchida, pois é necessária uma parceria real, sobretudo, entre os principais atores do processo, o Professor do Ensino Regular e o Professor Auxiliar de Educação Especial. Segundo Cook e Friend (1993), nesta parceria os dois professores devem se responsabilizar e compartilhar o planejamento, assim como a execução e a avaliação de um grupo heterogêneo de estudantes, do qual o aluno com deficiência faz parte. Considerando estes fatores, ainda existe um caminho a ser percorrido para a efetivação plena deste modelo educacional inclusivo no Município em questão, pois considerando não haver documentos legais que pontuem e que clarifiquem a necessidade POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 127 ISSN 2447-3081 dessa parceria, tem-se em geral o exercício apenas da prática da adaptação curricular, sem a existência dos movimentos e ações que transformariam a estrutura em ação colaborativa. O presente estudo teve-se como hipótese a de que o ensino colaborativo é um instrumento facilitador na inclusão do aluno com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação em sala regular sendo a estrutura educacional do Município de Agudos, possui características conceituais que nos reportam ao ensino colaborativo. Utilizou-se para a elaboração do artigo análises bibliográficas e observação em loco do processo de inclusão desses alunos. O mesmo foi dividido em tópicos iniciando-se com os aspectos teóricos e em seguida colocou-se explicações sobre o que vem a ser o ensino colaborativo. No próximo tópico explanou-se sobre como está estruturada a educação especial no município de Agudos, a metodologia do trabalho realizado, a discussão dos resultados, considerações finais e os referenciais bibliográficos utilizados. 2 ASPECTOS TEÓRICOS Pensar em educação no Brasil, principalmente no Estado de São Paulo, é observar aspectos como o trabalho centrado no aluno considerando aquilo que o mesmo já traz enquanto cultura social e histórica, o trabalho de equipe e principalmente o direito de todos à educação. Neste aspecto, encontra-se a questão dos direitos humanos, ou seja, da valorização de todas as comunidades ou grupos sociais no âmbito escolar. Portanto, a inclusão e a aceitação das diferenças individuais encontra-se agora, em forma de lei. Essa ideia vem se acentuando durante as últimas décadas e os municípios tendem, aos poucos, a se adequarem à nova realidade. A Declaração de Salamanca (1994), deixa os aspectos da inclusão definidos com extrema clareza. Toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, • toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, • sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades, • aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodálos dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 128 ISSN 2447-3081 necessidades, • escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas proveem uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional. A partir da referida declaração, ações diversas foram necessárias por parte dos governos, tanto federal quanto os estaduais e municipais. No âmbito federal, a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) institui a oferta do atendimento educacional especializado, conservando os alunos nas turmas comuns do ensino regular privilegiando a articulação entre o ensino regular e a educação especial. O Decreto 7.611/2011 institui a garantia de um sistema educacional inclusivo e define em seu 2º art. que exista a “garantia dos serviços de apoio especializado voltado a eliminar as barreiras que possam obstruir o processo de escolarização dos estudantes público-alvo da Educação Especial” (BRASIL, 2011, p. 1). Para que se possa entender uma educação que possa atender às demandas de todos os alunos, faz-se necessário pensar em uma educação colaborativa, ou seja, um ensino colaborativo. 2.1 Educação ou ensino colaborativo Quando se fala em algo colaborativo, imediatamente remete-se a ideia de colaboração ou de cooperação. Porém, segundo Damiani (2004), embora os termos colaboração e cooperação terem o mesmo prefixo (co), que significa ação conjunta, são distintos pelo fato do verbo “cooperar” ser derivado da palavra “operare”, em latim, operar, executar, funcionar; e o verbo “colaborar” deriva-se de “laborare”, significando trabalhar, produzir, desenvolver atividades tendo em vista determinado fim. Na cooperação, há ajuda mútua na execução de tarefas, embora suas finalidades geralmente não sejam fruto de negociação conjunta do grupo, podendo existir relações desiguais e hierárquicas entre os seus membros. Na colaboração, por outro lado, ao trabalharem juntos, os membros de um grupo se apoiam, visando atingir objetivos comuns negociados pelo coletivo, estabelecendo relações que tendem à não-hierarquização, liderança compartilhada, confiança mútua e coresponsabilidade pela condução das ações (DAMIANI, 2004, p. 215). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 129 ISSN 2447-3081 Apesar dos termos serem diferentes, segundo Torres, Alcântara e Irala in DAMIANI (2004, p. 215), [...] derivam de dois postulados principais: rejeição ao autoritarismo e promoção da socialização, não só pela aprendizagem, mas, principalmente, na aprendizagem. Freitas (1997) refere que Vygotsky, em sua teoria, deixa embasamento para o trabalho colaborativo na escola e perpassa a ideia de que as atividades que são realizadas em grupos, conjuntamente com o outro, torna-se muito mais vantajosas do que as individuais permitindo que haja processos Inter psicológicos e a mediação que vai agir diretamente na Zona de Desenvolvimento Proximal onde explica que tudo o que a criança só consegue realizar com ajuda em um determinado momento, em momentos subsequentes poderá realizar sozinha. Sem o outro, o homem não mergulha no mundo sígnico, não penetra na corrente da linguagem, não se desenvolve, não realiza aprendizagens, não ascende às funções psíquicas superiores, não forma a sua consciência, enfim não se constitui como sujeito. O outro é peça importante e indispensável de todo o processo dialógico que permeia ambas as teorias (FREITAS, 1997, p. 320). Se a ideia de cooperação entre os alunos é tão forte, a proposta de um ensino colaborativo tramita também o posicionamento do professor. A postura colaborativa ou o também chamado, coensino, deve estar presente em todos as esferas da educação para que possa se tornar efetiva dentro da escola, mas especificamente, dentro da sala de aula. Quanto ao ensino colaborativo, Conderman, Bresnahan e Pedersen (2009), enfatizam que é preciso discutir na escola questões relacionadas ao tempo de planejamento em comum entre o professor de educação especial e o professor da sala regular; aos conteúdos que devem ser incluídos no currículo; às adaptações curriculares; à distribuição de tarefas e responsabilidades; às formas de avaliação; às experiências em sala de aula; aos procedimentos para organização da sala; à comunicação com alunos, pais e administradores; ao acompanhamento do progresso de aprendizagem dos alunos; às metas para o Plano Educacional Individualizado dos alunos com deficiência. Segundo a proposta dos autores, só poderia se definir o ensino colaborativo em uma escola quando houver uma redefinição do papel dos professores de ensino especial e do professor da sala onde essa criança está inserida. Há a necessidade de que exista ampla colaboração entre os dois profissionais e pleno conhecimento dos conteúdos a serem POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 130 trabalhados e metodologias a serem empregadas. Isso demanda tempo e planejamento conjunto. Referir-se a escola, não reduzindo-a somente à figura do professor, mas a toda uma equipe, afinal “a efetivação de uma proposta inclusiva tem como condição essencial: apoios, recursos, além de um bom clima na escola e na sala de aula” (CAPELLINI, 2011, p. 140). O ensino colaborativo sob o enfoque de suporte ao aluno incluso em sala comum, tornou-se uma possibilidade a mais de atendimento à criança especial, além da sala de recursos e de uma escola especial. Capellini (2004), coloca que diferentes estudos relatam que o uso do ensino colaborativo tem sido promissor em práticas inclusivas, porém devese deixar claro e entender-se que essa proposta é onde o professor de educação especial e o professor do ensino comum trabalham em colaboração no contexto da classe comum em prol da inclusão de todos os alunos. Conforme aponta Capellini (2004), a atuação destes dois profissionais, professor especial e comum, na classe comum pode ocorrer de diversas formas: um professor como suporte, onde os dois atuam juntos, um apresenta as instruções e o outro apoio os alunos, podendo ser feito um rodízio. Esse tipo de trabalho já vem sendo desenvolvido em outros países e, no Brasil, são poucos os municípios que têm conhecimento do real funcionamento de um ensino colaborativo. Percebe-se que as produções científicas, sobre esse assunto, no Brasil, vem crescendo consideravelmente. Autores como Capellini (2004), Mendes (2010), Mendes, Almeida e Toyoda (2011), Rabelo e Mendes (2011) e Rabelo (2012) são alguns dos estudiosos que acreditam que o ensino colaborativo é uma estratégia que potencializa o desenvolvimento das crianças inclusas em sala comum. 2.2 A Educação Especial no município de Agudos O município de Agudos apresenta uma proposta interessante e que vem de encontro com o direcionado pelas linhas de ação da Declaração de Salamanca. Agudos apresenta um trabalho com a Educação Especial que poucos municípios, mesmo maiores, conseguiram desenvolver. O mesmo conta com um Plano Municipal de Educação (2015) onde consta as diretrizes da educação, as metas as estratégias para que as mesmas sejam alcançadas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 131 Mesmo sem configurar em seus termos a denominação de ensino colaborativo, no que tange a educação especial, o município conta com uma estrutura colaborativa em sala de aula e fora dela. Pode-se entender melhor essa estrutura com a descrição das funções de cada indivíduo da equipe. A Equipe de Educação Especial do Município é formada por um professor itinerante, professores auxiliares de educação especial, cuidadores e psicólogos escolares. Além disso conta com salas multifuncionais, transporte adaptado para todos os alunos que necessitarem e parceria com a Secretaria de Saúde/Agudos, APAE/Agudos e APAE Bauru além da Sorri/Bauru. A função do Professor Itinerante assemelha-se ao de uma coordenação sendo que o mesmo dá assessoria às escolas regulares com alunos inclusos devendo auxiliar os professores auxiliares destes alunos na produção de materiais pedagógicos necessários, realizar atendimentos domiciliares aos alunos que porventura estiverem impossibilitados de frequentar a escola, fazer visitas semanais as escolas para trabalhar com os professores auxiliares de educação especial e também com os alunos quando necessário. Além disso, esse profissional em ação conjunta com o professor especializado e com o professor regular de sala, deve avaliar o desempenho dos alunos inclusos para o planejamento de ações. Já o Professor Auxiliar de Educação Especial também tem funções específicas sendo o responsável por adaptar, se necessário, os materiais utilizados pelo professor de sala intervindo sistematicamente com o aluno incluso promovendo uma integração entre o aluno e o restante da sala a fim de assegurar um processo colaborativo em todos os âmbitos. Além desses professores, existe a função de cuidador que é aquele que vai auxiliar o aluno em atividades práticas que não consegue realizar com autonomia como a higiene pessoal, alimentação etc. Nota-se que o Professor Auxiliar de Educação Especial, por acompanhar o aluno incluso durante todo o tempo de aula, muitas vezes executa a função de cuidador também pelo fato de estar durante todo o tempo que o aluno permanece na escola, diretamente com o mesmo, não necessitando de outro profissional para isso. Em casos mais graves, onde o aluno não controla minimamente os aspectos físicos e práticos, a figura do cuidador é imprescindível. O Psicólogo Escolar deve realizar orientações aos pais e responsáveis além de avaliações que lhes são encaminhadas a pedido da escola. Utiliza para a avaliação com os POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 132 ISSN 2447-3081 alunos alguns testes, conversas com a família e com a escola e, quando necessário, encaminhamento para outros profissionais da saúde. Quanto as Salas Multifuncionais, o município possui somente duas. Estas salas, localizadas em escolas municipais, possuem mobiliário, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos específicos que facilitam o atendimento dos alunos especiais. Estes atendimentos acontecem no contra turno escolar. O Plano de Educação do Município (2015, p. 91), tem como meta: Oferecer, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. Para que mais essa meta seja alcançada, foram traçadas 13 (treze) estratégias sendo que se objetiva, por meio delas, no decorrer da vigência do atual Plano de Educação do Município, ampliar em quantidade e em qualidade o atendimento às crianças especiais buscando um desenvolvimento maior e uma diminuição na limitação das mesmas. 3 METODOLOGIA O presente trabalho desenvolveu-se por meio de pesquisa exploratória que proporciona maior familiaridade com o problema a fim de explicitá-lo. Segundo Gil (2008), esse tipo de pesquisa geralmente assume a forma de pesquisa bibliográfica e estudo de caso. Para a pesquisa bibliográfica utilizou-se de livros e documentos além de sites. Pensando no “estudo de caso”, além das bibliografias houve a observação em loco pelo fato de uma das autoras ser coordenadora da rede e ter acesso a todo o processo e a outra autora ser participante ativa, sendo professora auxiliar de educação especial. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS O Município de Agudos, de acordo com o Plano Municipal de Educação, possui uma estrutura que claramente busca uma Educação Inclusiva pautada no Ensino Colaborativo POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 133 e para que isso ocorra, planejou e traçou metas a curto, médio e longo prazo para que esse processo efetivamente ocorra. Percebe-se que a Gestão do Município em conjunto com a Secretaria de Educação esforça-se para a ampliação do processo de inclusão e a estruturação para que isso aconteça provendo recursos de pessoal, financeiros e instrumentais. Pelos planos traçados e os resultados que estão sendo obtidos, pode-se perceber que ainda há muito o que se fazer em relação a conscientização por parte de professores e gestores sobre como pode-se trabalhar por meio de um ensino colaborativo que seja efetivo, principalmente no que tange ao papel do professor de sala e do professor auxiliar de educação especial. Entretanto, nota-se que partindo do pressuposto, de que o Município possui uma estrutura inclusiva do com aspectos que nos reportam as práticas de ensino colaborativo, pode-se pontuar que o mesmo se encontra a pouco para efetivar a prática inclusiva de maneira plenamente satisfatória. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS O trabalho realizado no município de Agudos, em relação a inclusão em salas regulares de alunos especiais, pode servir de referência a outros municípios a fim de ampliar os horizontes em termos de ensino colaborativo. Não se têm a ingenuidade de declarar que tudo está perfeito e acabado porque há um longo caminho a trilhar no que diz respeito ao entendimento por parte dos professores, gestores, psicólogos e outros envolvidos no processo, de que o ensino colaborativo é a melhor forma de estar envolvido com a inclusão. Dessa forma, a hipótese de que o ensino colaborativo é um instrumento facilitador na inclusão do aluno com deficiências, transtornos globais do desenvolvimento ou altas habilidades/superdotação em sala de aula do ensino regular foi assertiva, tendo-se Agudos como referência, mesmo estando em processo de ajuste no que se refere as práticas colaborativas. O objetivo principal do trabalho também foi atingido havendo relatos de autores renomados referente aos resultados positivos de projetos elaborados sob a ideia de trabalho colaborativo e a visualização desse trabalho estar sendo desenvolvido no município foco do estudo. Pode-se concluir que se a Secretaria de Educação do Município de Agudos- SP, caminha na direção pautada pelos documentos oficiais que permeiam a Educação Especial POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 134 ISSN 2447-3081 e Inclusiva no nosso país e que se permanecer pesquisando e se adequando as condições pautadas nas leis vigentes, assim como continuar ofertando treinamento e estimulando a colaboração entre os participantes do processo educacional, em um curto espaço de tempo, as práticas colaborativas serão desenvolvidas automaticamente pelos envolvidos no processo, favorecendo o processo de ensino-aprendizagem como um todo. REFERÊNCIAS BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil - promulgada em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988. _____. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente. 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Contudo, a complexidade dos elementos narrativos e estéticos presentes em tais obras caracterizadas principalmente pela fragmentação, tanto da narração quanto da forma, afetam o entendimento lógico das ações trazendo à tona a ideia de uma constante postura ativa do espectador, caracterizando a singularidade de uma nova linguagem poética cinematográfica. PALAVRAS-CHAVE: Júlio Bressane. Cinema Marginal. Cinema poesia. Recepção. Sentido. ABSTRACT This study of essayistic methodological character, based on the discussion of ideas in the light of film theories, it is proposed to confront, analyze and argue ideas aimed at elucidating the marginal language developed by Júlio Bressane in his poetic construction this in its first three long, part of the Marginal Cinema scope, in bulkhead to the singular look of the ordinary viewer given the studies on the influences exerted by the hegemonic action of looking, which can change the direction of such film production processes. However, the complexity of the narrative and aesthetic elements present in such works characterized mainly by the fragmentation of both narration as the way affect the logical understanding of the shares bringing up the idea of a constant active attitude of the viewer, featuring the uniqueness of a new cinematic poetic language . KEYWORDS: Júlio Bressane. Marginal cinema. Poetry cinema. Reception. Sense. 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem em vista a discussão acerca dos processos de produção de sentido gerados pela obra marginal do cineasta Júlio Bressane, suas características e efeitos ao espectador cujos objetivos giram em torno da ideia de como uma possível crise da forma (XAVIER, 2012) poderia alterar a produção de sentido desses filmes alterando a recepção 1 Mestranda em Comunicação Midiática pela UNESP. Arte-educadora da rede pública de ensino estadual e municipal da cidade de Bauru. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 137 da mensagem. A partir de seus planos o cineasta nos apresenta uma forma complexa e inovadora de se fazer cinema. É possível que o olhar iniciante da obra de Bressane possa entrar em uma espécie de catarse ao ver pela primeira vez imagens que não se equivalem, fragmentos, cenários precários, a exploração do grotesco e temas de forte apelo emocional passíveis de chocar ou desconfortar, ora tentando buscar nexos prováveis, porém que somente produzirão algum sentido a partir do olhar sobre o todo da obra. Dessa forma, o olhar da câmera de Bressane entra em conflito com o olhar do espectador, e ao mergulhar no universo de significações propostas por seus primeiros longas: “Cara a cara” (1967), “Matou a família e foi ao cinema” (1969) e “O anjo nasceu” (1969), tem-se a possibilidade de sistematizar os processos de produção de sentido presentes, que acabam por se desdobrar em rotas variadas de significação através da análise de seus elementos audiovisuais e narrativos, ampliando-se as possibilidades de fruição. Para tal iniciação, entretanto, torna-se pertinente entender a complexidade contextual que abarca a época em que tais filmes foram produzidos, assim como suas raízes precursoras. 2 ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 Caminhando contra o vento: Da Tropicália ao Marginal Dentro de um cenário explosivo cultural marcado por fortes conflitos políticos e ideológicos, a Tropicália e demais movimentos engajados, o Cinema Marginal (RAMOS, 1987) aparece como uma nova vertente do cinema brasileiro moderno, considerado outra fase do Cinema Novo, nitidamente inspirado no cinema underground americano aliando a invenção estética ao debate político, somando-se a outras tradições como o cinema de Mário Peixoto, Orson Welles, Godard e a Chanchada, junto à literatura de Lima Barreto e Machado de Assis, além do cancioneiro popular dos anos 30. Tal ousadia gerou um rompimento radical com o público, acostumado ao distanciamento do espetáculo, com o exclusivo objetivo de provocar e promover o ato reflexivo para um espectador que tenta juntar peças de um quebra-cabeça a princípio sem nexo. A perspectiva adotada por Favaretto (2007) sobre a Tropicália nos ajuda a compreender a complexidade sobre esfera cultural da qual Bressane se inspirou para eliciar POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 138 ISSN 2447-3081 sua estética marginal: “Mais do que um movimento estético e semiológico [...] uma extraordinária escola de filosofia aplicada” (MATOS in FAVARETTO, 2007, nota de capa). Tal pressuposto leva-nos a pensar no cinema marginal como uma tentativa de levantar proposições políticas através de uma estética ideológica impregnada de nacionalismo, que a autora fomenta à Tropicália como uma espécie de “platonismo revés”, no sentido em que projeta a tentativa de superação da deglutição causada pela hegemonia cultural global, como o “primeiro mundo e sua reprodução mais ou menos degradada no subdesenvolvimento” (MATOS in FAVARETTO, 2007, nota de orelha). Essa abordagem traz à tona o importante papel da arte como forma de contestação de uma cultura sedentária, elevando o banal à dignidade estética. Assim, entende-se que: “o tropicalismo alegoriza o nacionalismo e os produtos da indústria cultural” (MATOS in FAVARETTO, 2007, nota de capa), ressignificando seus mais diversos objetos culturais, como o cinema aqui em pauta. Nos primeiros longas de Bressane é possível se deparar com temas que vão além de um universo estético universalizado. Sem obsessão por uma identidade cultural homogênea, se constroem pautados pela heterogeneidade em meio ao perfil de um país marcado pela ânsia de superação cultural, na tentativa de firmar sua identidade ao resgatar suas imagens. Dessa forma, o Cinema Marginal, apoiado pela Tropicália aparece como uma espécie de fratura da hegemonia cultural imposta pela Indústria Cultural e a Cultura de Massa. Permeado por paradoxos adota a própria contradição como afirmação de sua identidade, caindo no campo conceitual: “É a parte paradoxal - em constante conflito com a melancolia, o escárnio e a corrosão - que só encontra harmonia e coerência no todo” (TATIT IN FAVARETTO, 2007, p. 13). Embora fortalecida pela arte musical, a Tropicália também se traduziu na linguagem audiovisual, ecoando procedimentos de mistura, próprios da linguagem carnavalesca, associado à prática antropofágica oswaldiana. A exploração do kitsch1 ao cafonismo2, junto ao psicodélico, ao pop, punk e hippie, tem-se uma bricolagem de estilemas cujos Longman (1995) define o termo alemão kitsch como um objeto ou estilo que, simulando uma obra de arte, é apenas imitação de mau gosto para desfrute de um público que alimenta a indústria cultural da cultura de consumo ou cultura de massa; atitude ou reação desse público em face de obras ou objetos com essa característica. 2 “... uma revivescência de arcaísmos brasileiros" (FAVARETTO, 2007, p. 23). 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 139 ISSN 2447-3081 significados evocam um caleidoscópio de sentidos por vezes vertiginosos, que Bressane não economizou em seus primeiros longas. Segundo Favaretto (2007) os tropicalistas assumiram ambiguidades implícitas provocadas pelas contradições da modernização também como uma forma de confirmação de ruptura, conforme aponta: Quando justapõe elementos diversos da cultura, obtém uma suma cultural de caráter antropofágico, em que contradições históricas, ideológicas e artísticas são levantadas para sofrer uma operação desmistificadora. Esta operação, segundo a teorização oswaldiana, efetua-se através da mistura dos elementos contraditórios enquadráveis basicamente nas oposições arcaico-moderno, local-universal - e que, ao inventaria-las, as devora. Este procedimento do tropicalismo privilegia o efeito crítico que deriva da justaposição desses elementos (FAVARETTO, 2007, p. 26). A resposta de Bressane a tal processo de deglutição é justificada pelas estratégias que ele usa para ressignificar sua obra ao adotar uma estética suja que chega a causar horror e empatia a um espectador domesticado pelo olhar hegemônico. Tais produções, segundo o cineasta, se dirigiam a um público determinado, seleto e intelectualizado, como estudantes, cinéfilos e artistas (Bressane, 2000). A atividade gerida por esses grupos de intelectuais com nítida atitude maniqueísta manteve acesa a chama da oposição entre a arte alienada e a participante, gerando uma forma de consciência participante, um público esclarecido e politicamente avançado. Além da nítida inspiração que a Tropicália exerceu sobre a construção poética do cineasta, outras raízes teóricas advindas de estudos cinematográficos aliados a outras discussões trouxeram à tona material para a construção de uma linguagem singular legitimadora de uma auto poiésis1. 2.2 Raízes precursoras: construindo uma nova linguagem poética Em meio a tantas teorias e métodos que se arriscam por caminhos diversos para explicar a complexidade do cinema, podemos questionar dentro da linguagem cinematográfica marginal o conceito de estética2. Dentro desta perspectiva surgem Do grego auto “próprio” e poiésis “criação”. Vale lembrar a concepção adotada por Kant (1993), para explicar o conceito de beleza desfocada do objeto para o sujeito, segundo juízos de valor, gosto e de conhecimento advindos do receptor da informação. Para 1 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 140 ISSN 2447-3081 inúmeros questionamentos como o que seria verdadeiramente belo dentro das representações cinematográficas? Ou o que poderia ser considerado de fato uma “obra prima” para a arte ou repugnante para a ética? Como o olhar do espectador deve se comportar diante das informações apresentados por um determinado filme? Como ele deve melhor degluti-las? Entre tantas outras perguntas – não menos importantes – que poderiam ser apontadas dentro da complexidade de um filme marginal pode-se apontar, na história do cinema nomes de profunda relevância para possíveis elucidações. Sergei Eisenstein (2002) em sua teoria do cinema destaca uma estética que vai além de uma simples mimese, ampliando o olhar eurocentrista para outros nichos, que por meio da montagem altera a forma no filme, produzindo relevantes significados e alterando percepções à luz do modernismo: “a montagem tornou-se o axioma inquestionável sobre o qual se construiu a cultura cinematográfica internacional” (EISENSTEIN, 1957, p. 257). Tal predominância do olhar hegemônico sobre o cinema também é apontada por Stam (2013) ao afirmar que A forma dominante euro americana de cinema não apenas herdou e propagou um discurso colonial hegemônico, como também criou uma poderosa hegemonia por intermédio do controle monopolístico da distribuição e da exibição cinematográficas em grande parte da Ásia, da África e das Américas. Assim, o cinema euro colonial mapeou a história não somente para as audiências domésticas, mas para o mundo inteiro, de uma maneira que apresenta profundas implicações para as teorias da espectatorialidade cinematográfica. [...] Para o espectador europeu, portanto, a experiência cinematográfica promovia uma gratificante sensação de pertencimento nacional e imperial, mas para o colonizado, o cinema deflagrava uma sensação de extrema ambivalência, mesclando a identificação provocada pela narrativa cinematográfica com um intenso ressentimento (STAM, 2013, p. 34). Um olhar, entretanto, ressentido e que desejava ser quebrado por um visual sujo, áspero, e de grosso trato parece levar os planos de Bressane a uma necessidade de resgate e superação à dependência pragmática que se instaurou na sétima arte ao longo dos anos. Os teóricos estruturalistas soviéticos já chamavam a atenção para a importância da montagem como geradora de sentidos. Para Lev Kuleshov “a arte cinematográfica consistia em exercer o controle sobre os processos cognitivos e visuais do espectador por meio da segmentação analítica de visões parciais” (STAM, 2013, p. 55). Para o fundador da primeira o filósofo tais juízos são dotados de paradoxos que dificultam a solução dos problemas estéticos que acabam por distanciar-se da objetividade, já que os considera como pura sensação subjetiva. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 141 ISSN 2447-3081 escola de cinema do mundo, seria a montagem a responsável por organizar fragmentos dispersos gerando sentido e sequência rítmica, distinguindo assim o cinema das demais artes. Tais fragmentos encontrados nos filmes marginais de Bressane estão longe de um ritmo sequencial. Os efeitos causados pela diacronia das cenas podem chegar a aturdir o espectador na tentativa de buscar caminhos sintagmáticos para sanar o desconforto mental que fora instaurado, porém que somente ao final da obra estarão conexos. Contudo, está na teoria de Eisenstein, considerada altamente estilizada e intelectualmente ambiciosa, os reflexos mais nítidos da obra bressaneana: ecletismo, sinestesia, antinaturalismo, dialética da forma, multiculturalismo, entre outras características parecem descrever as próprias obras de Bressane: Mais que por uma construção linear da trama, fundada sobre a causa e o efeito. Eisenstein interessava-se por uma diegesis truncada, disjuntiva, fraturada, interrompida por digressões e materiais extra diegéticos [...]. Vislumbrava o potencial do cinema para estimular o pensamento e o questionamento ideológico por meio de técnicas construtivistas. Em um lugar de contar histórias através de imagens, o cinema eisensteiniano pensa através de imagens, utilizando o choque entre planos para provocar, na mente do espectador, chispas de pensamentos resultantes da dialética de preceito e conceito, ideia e emoção (STAM, 2013, p. 57). Todavia a obra de Eisenstein fora julgada como totalitária, asfixiante e sujeita a uma espécie de despotismo formal. Entretanto, Eisenstein superaria tais críticas ao firmar a montagem em sua teoria como a chave para o domínio estético e ideológico. Segundo o autor, “o cinema era acima de tudo transformador, catalisando, em sua forma ideal, não a contemplação estética, mas a prática social, ao submeter o espectador a um choque de consciência com relação aos problemas contemporâneos” (STAM, 1913, p. 58). Assim também o fizera Bressane, porém, subvertendo a própria forma, evocando a crise como solução estética, e diferentemente de Eisenstein, que acreditava numa vanguarda experimental popular acessível às grandes massas, dedicava seus experimentos a grupos específicos de espectadores: como amigos ou cinéfilos. A poesia proposta por Bressane nos faz mergulhar em um universo infinito de proposições que poderiam ser instrumentalizadas através de várias vertentes teóricas, entretanto, tais métodos de análise configurariam itinerários de leitura possíveis, assim, qual deles um espectador da obra de Bressane deveria adotar? Estaria a resposta dentro do próprio filme, como nos propõe a semiótica, ou nas particularidades do espectador, segundo os estudos de recepção? Ou ainda com mais ousadia, haveriam de fato POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 142 ISSN 2447-3081 respostas? Ora, se pensarmos pela perspectiva da anti-arte1, talvez não. Daí levanta-se o conceito de anti-herói, que fundamenta o caráter antropofágico do cineasta. Sobretudo, uma postura mais ativa do espectador parece apontar caminhos de reflexões em busca de tais respostas. Em contraponto a isso, os posicionamentos adotados por Kracauer (1960) nos ajuda a refletir o cinema sob a postura do engajamento social. Seu discurso marxista lança dúvidas quanto à influência exercida pela hegemonia cultural que prevê sob a perspectiva crítica um cinema de “abate ao gado”, precursor da antidemocracia. Stam (2013) cita Duhamel para elucidar a ideia “de que o cinema convertia o público em uma entidade bovina e passiva” (p. 83), um legítimo “matadouro da cultura”. Para Duhamel, a massificação do cinema estupidificara as mentes elevando a espetacularização à falsa sensação de abastamento. Tal posição ridicularizante fez Walter Benjamin discordar, já que considerava tal postura positivista como uma semente para a abolição da posição passiva do espectador. Para o autor, o cinema enriquecia as percepções, além de disponibilizar acesso a um grande contingente de público: A distração não implicava passividade; era, em lugar disso, uma manifestação liberatória da consciência coletiva, um sinal de que o espectador não estava “enfeitiçado na escuridão”. Por meio da montagem, o cinema administrava efeitos de choque instauradores de uma ruptura com as circunstâncias contemplativas do consumo da arte burguesa (STAM, 2013, p. 85). Contudo, Theodor Adorno considerou as proposições de Benjamin como ingênuas. Para ele, o cinema estava provido da crença de um poder focado na negação crítica, produzindo espectadores como consumidores. Tanto Adorno quanto Horkheimer estavam preocupados coma legitimação ideológica do cinema, “as massas iludidas, hoje, deixam-se cativar pelo mito do sucesso muito mais que as próprias pessoas bem-sucedidas. Imóveis, se obstinam na própria ideologia que as escraviza” (STAM, 2013, p. 88). Tal apontamento O conceito anti-arte apoia-se na ideia dadaísta da determinação do valor estético não como procedimento técnico, mas como um puro ato mental, uma atitude diferente em relação à realidade: “Com suas intervenções inesperadas e aparentemente gratuitas, o Dadaísmo propõe uma ação perturbadora, com o fito de colocar o sistema em crise, voltando para a sociedade seus próprios procedimentos ou utilizando de maneira absurda as coisas a que ela atribuía valor” (ARGAN, 1999, p.356). O estilo inventivo e provocativo de Duchamp chamou a atenção da crítica pelo caráter enigmático de suas obras, consideradas quebra-cabeças desafiadores a estudiosos e o grande público: “Precisa-se apenas de virar o caleidoscópio da interpretação para descobrir que os fragmentos da vida de Duchamp e da sua obra, formaram um novo padrão” (MINK, 2000, p.8). 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 143 pessimista eleva a arte difícil como uma ferramenta necessária para o aprimoramento perceptivo e crítico legitimador da democracia. Essa ideia de contracinema postulada pelos teóricos críticos veste efetivamente estes objetos de análise. Os filmes de Bressane, aqui estudados, nos dão matéria-prima para a execução do pensamento, posicionando o espectador ativamente, como participante do ato criativo, e, pensando-se em arte contemporânea, possíveis coautores das obras. Ecos da Teoria Crítica na obra deste cineasta apresentam-se principalmente sobre o aspecto da subversão, sobretudo a formal, e enquanto antiarte ou antiestética, na rejeição ao conceito clássico de beleza, em favor de uma estética de fragmentos e de restos, na tentativa de romper com a estética hegemônica, em prol de uma estética da fome e do lixo, antipopular e descontínua. Assim, os filmes de Bressane ficam longe de um espectador passivo. O perfil hedonista que marca o olhar (hegemônico) do espectador entra em conflito com a marginalidade desses filmes, capazes de promover outro tipo de prazer – um tanto sádico: o de conhecer. Metz argumenta que “as satisfações tradicionais são substituídas pelos prazeres do domínio intelectual, por um sadismo do conhecimento” (STAM, 2013, p. 173). Esse processo de mediação ao conhecimento faz com que tais filmes de Bressane possam cair no seio da educação (ou deseducação), na medida em que trazem à tona situações para análise, que por seu caráter contraditório e conflituoso, poderiam provocar debates frutíferos. Tal caráter reflexivo afirma a arte como um meio transparente de comunicação, um caleidoscópio de possibilidades. Dessa forma, os olhares do cineasta e do espectador adentram um território conflituoso e transformador de significados exponenciais. Nem sempre o que um artista materializou de seu pensar é o que se contempla ou vice-versa. O processo de fruição artístico é em demasia complexo por sua natureza, de caráter imprevisível, multidirecional, dinâmico e auto transformável. Pensar um objeto artístico, entretanto, significaria então traçar um itinerário libertador e independente, marcado por impressões arbitrárias de livre pensar. Esse caráter “interminável”, de seguir percursos imprevistos e conclusões inusitadas, como se o espectador não obtivesse o controle, permite a ampliação de possibilidades e um enriquecimento da compreensão, com crescente proporção do entendimento, um pensamento que infla em anteparo à burocracia do saber permeada por paradigmas fixos e regras ortodoxas, como um caleidoscópio de ideias sensíveis e inteligíveis. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 144 3 METODOLOGIA O presente trabalho foi embasado especificamente pela revisão bibliográfica cuja metodologia de pesquisa foi norteada pelo caráter ensaístico pertinente a obras de cunho cinematográfico, segundo um debate teórico entre as teorias do cinema e demais estudiosos citados. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS O impulso emergente de artista experimental de Júlio Bressane parece questionar a própria forma de fazer cinema, um suposto cinema de invenção (FERREIRA, 2000), acentuado pelo ajuste formal e o tratamento dado às cenas que indica ao telespectador o avesso de soluções, prejudicando um entendimento linear das ações, multidirecionando caminhos de leitura e apreciação, um estilo marcado pela heterogeneidade e disjunção (XAVIER, 2012), uma espécie de olhar corrosivo que percorre livremente os espaços e cria seu próprio interesse. Assim, esta dialética de fragmentação intenciona a suspeita de uma possível crise formal, pois o olhar da câmera de Bressane é como uma máquina que tudo observa a seu próprio tempo, uma câmera que está longe de ser “tranquila”. Suas imagens trazem uma dimensão polêmica, intertextual, na recusa de envolvimento sob uma imobilidade que pode ser considerada dialógica. A liberdade da câmera de Bressane traz à tona uma diegese, enunciadora de um espaço off de reflexão independente das ações, com um olhar amplificador enriquecido pela disjunção. A parataxe aparece como elemento crucial para a diacronia das cenas. Sem encadeamentos ou subordinações, as séries são descontínuas e nem sempre olhar e objeto se encontram. Sendo assim, cada sequência é um recomeço através da liberdade do olhar a princípio sugerindo ser arbitrário, mas que no conjunto da obra produzirá sentido. Dessa forma, o fluxo de estímulo das ações é desencadeado fazendo com que o espectador tome uma suposta postura de decifrador da mensagem. Entretanto, a condição do cineasta como um representante social imaginário torna ainda mais aguda esta discussão em vista dos desafios do cinema na contemporaneidade, assim, entender suas origens torna-se de suma importância que indubitavelmente são cruciais a compreensão de sua complexidade. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 145 ISSN 2447-3081 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os apontamentos e reflexões aqui apresentados problematizam como o olhar marginal de Júlio Bressane pode ser absorvido por um público cujo olhar é marcado pela hegemonia, e como uma possível crise formal e narrativa são passíveis de intervir na fruição desses filmes, alterando a produção de sentido e desafiando o entendimento lógico do espectador, libertando ou aprisionando-o. A obra de Bressane, entretanto, parece se assemelhar a um caleidoscópio, quantificando um exponencial semântico ao espectador, investindo em sua elaboração perceptiva, crítica, sensível e inteligível. REFERÊNCIAS ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1999. BRESSANE, Júlio. Cinemancia. Rio de Janeiro: Imago, 2000. EISENSTEIN, Sergei. A forma do filme. Rio de Janeiro: Zahar, 2002. ___________. Film form and film sense. Cleveland: Merieian, 1957. [Trad. Bras.: O sentido do filme. Rio de Janeiro: Zahar, 1990 e A forma do filme. Rio de Janeiro: Zahar, 2002]. FAVARETTO, Celso. Tropicália: alegoria, alegria. Cotia: Ateliê Editorial, 2007. FERREIRA, Jairo. Cinema de invenção. 2. ed. São Paulo: Limiar, 2000. KANT, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993. LONGMAN. Dictionary of contemporary English. Third Edition. England: Longman Dictionaries, 1995. MINK, Janis. Marcel Duchamp 1887-1968: a arte como contra-arte. Köln: Taschen, 2000. RAMOS, Fernão. Cinema marginal (1968/1973): a representação em seu limite. São Paulo: Brasiliense, 1987. STAM, Robert. Introdução à teoria do cinema. Campinas: Papirus, 2013. XAVIER, Ismail. Alegorias do Subdesenvolvimento. São Paulo: Cosac Naify, 2012. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 146 ISSN 2447-3081 O USO DE VIVÊNCIAS DE GRUPO PARA O DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS Renata Biem Henrique – FAAG1 RESUMO A pesquisa conceitua habilidades sociais, identificando a necessidade e a importância dessas para a socialização do indivíduo; e descreve o uso das vivências de grupo como metodologia significativa em sala de aula para desenvolvimento destas habilidades. O objetivo deste estudo foi de identificar os resultados da aplicabilidade das vivências para o desenvolvimento das habilidades sociais. A pesquisa de campo foi aplicada com um grupo de alunos de mestrado, na disciplina Prática docente do ensino superior, como atividade avaliativa obrigatória. Os resultados foram alcançados e demonstrados pelo referencial teórico pesquisado. PALAVRAS-CHAVE: Habilidades sociais. Vivências de grupo. Interação. ABSTRACT Research conceptualize social skills, identifying the need and the importance of these for the socialization of the individual; and describes the use of group experiences as meaningful methodology in the classroom to develop these skills. The objective of this study was to identify the results of the applicability of experiences for the development of social skills. The field survey was conducted with a group of master's students in teaching practice discipline of higher education as a compulsory evaluation activity. The results were achieved and demonstrated the theoretical searched. KEYWORDS: Social skills. Group Experiences. Interaction. 1 INTRODUÇÃO A partir da compreeensão que o indivíduo aprende quando constrói conhecimento, que para este ser construído há a necessidade da interação deste individuo com o objeto a ser conhecido, identifica-se a primordialidade de buscar estratégias de ensino que promovam esta relação. Para criar oportunidades baseadas nesta relação é necessário que os alunos tenham a possibilidade de identificar seus conhecimentos prévios, de expor certas experiências, de participar de situações diversificadas que sejam capazes de induzir as mudanças desejadas. O professor precisa estruturar atividades que promovam situações de aprendizagem que oportunizem a vivência destas experiências. 1 Professora do Curso de Pedagogia. Pedagoga. Psicopedagoga e Mestranda em Fonoaudiologia, na área de Processos e Distúrbios da Comunicação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 147 ISSN 2447-3081 Partindo destes pressupostos que as estratégias do professor precisam tornam a aprendizagem significativa, pois são importantes ferramentas na dinamização das aulas, permitindo a interação do aluno com objeto de estudo. Essas estratégias se tornam mais importantes ainda quando os objetivos estão relacionados as habilidades atitudinais e comportamentais, pois necessiariamente precisam atuar para aprender. A socialização é um processo que ocorre desde o nascimento e durante o decorrer da vida.O individuo é um ser social, que aprende a conviver em grupo, a estabelecer relações sociais, que são necessárias para um convívio saudável. O desenvolvimento dessas habilidades sociais acontece diariamente, por meio do próprio convívio social de cada indíviduo, porém e preciso aprender a estabelecer relações sociais que sejam positivas e saúdaveis. Segundo Del Prette e Del Prette (2007) adquirir habilidades sociais no ambiente escolar, também ocorre de forma espontânea pelo relacionamento diário com os colegas, professores e demais membros. Porém está previsto dentro das propostas pedagógicas educacionais, segundo a LDB 9.394 de 1996, que “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana” e ainda “a educação escolar deve se vincular ao mundo do trabalho e à prática social” (LEI DAS DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL, 1996). O objetivo deste estudo foi destacar a importância do desenvolvimento das habilidades sociais no ambiente escolar e sua aplicabilidade por meio de uma metodologia. O primeiro capítulo aborda o conceito de habilidades sociais destacando como estas podem ser desenvolvidas e quanto se torna positiva as relações sociais por meio do desenvolvimento dessas habilidades. Já no segundo capítulo destaca-se a importância de metodologias de vivência para o desenvolvimento de habilidades atitudianais e comportamentais. A pesquisa baseia no referencial teórico de Del Prettte, Del Pettre, principais pesquisadores da temática de habilidades socias, e seus colaboradores. Já para identificar metodologias educionais significativas para o desenvolvimento atitudinal, a base teórica utilizada foi de Franco e Libâneo. A metodologia foi a aplicação das vivências de grupo em ambiente educacional de uma turma de mestrado. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 148 Por fim, é possível relacionar a base teórica com a prática aplicada demonstrando os resultados alcançados com a pesquisa. 2 HABILIDADES SOCIAIS (HS) O ser humano é um ser social, que consequentemente estabelece relações sociais, e por meio dessas relações desenvolve-se culturalmente e socialmente. A socialização do indivíduo acontece desde o nascimento e perdura ao longo de toda a vida. Estas relações sociais ocorrem em diferentes contextos e situações de acordo com os padrões culturais, e, o que torna estas relações positivas ou negativas para os seres envolvidos dependerá das habilidades sociais de cada indivíduo. O conceito de HS (Habilidades Sociais) tem sido definido como a atuação do indivíduo diante de uma situação interpessoal e refere-se ao conjunto dos desempenhos disponíveis em seu repertório (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 1998), a comportamentos específicos que resultam em interações sociais positivas e abrangem tanto comportamentos verbais como não-verbais necessários para uma comunicação interpessoal efetiva (GRESHAM, 1986). As interações sociais positivas são aquelas que trazem benefícios as pessoas envolvidas, sejam: sociais, comportamentais, interpessoais e intrapessoais. Exemplos de HS incluem: sorrir e fazer contato olha a olho, perguntar e responder resposta, dar e reconhecer elogios durante uma troca social (BEIDEL et al., 2000). Essas habilidades são aprendidas e o seu desempenho depende do estágio de desenvolvimento do indivíduo, das variáveis ambientais e cognitivas, e da interação entre esses aspectos. As habilidades sociais podem contribuir para o desenvolvimento sadio do indivíduo, pois, havendo uma resposta social positiva, a chance de mais eventos acontecerem, proporcionando assim, uma motivação e interesse em futuras trocas sociais (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2007) Segundo Del Prette e Del Prette (2007), habilidades sociais são os diversos tipos de comportamentos adquiridos pelo indivíduo para agir de forma mais assertiva nas suas relações interpessoais. A competência social é a habilidade de sistematizar os pensamentos os sentimentos e as ações para se relacionar no ambiente social. Os acontecimentos sociais se dão em contextos que são norteados pelas normas e padrões culturais e também pela dimensão pessoal. As pessoas socialmente competentes POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 149 ISSN 2447-3081 colaboram para que nas diferentes situações sociais, as interações sejam as mais positivas possíveis; para si e para os outros envolvidos. 3 AS METODOLOGIAS DE ENSINO As metodologias de ensino são compreendidas como a maneira que o professor tem para ensinar, é o “como ensinar?”, tão estudado na didática, nos cursos de formação de professores. Este questionamento é denominado por Libâneo como “teoria de ensino”, que: A ela cabe converter objetivos sociopolíticos e pedagógicos em objetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em função desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das capacidades mentais dos alunos. [...] trata da teoria geral do ensino (LIBÂNEO,1990, p. 26). Segundo a LBD 9.394/96, a educação básica tem como finalidade garantir a formação integral, inclusive a social do indivíduo e a formação comum indispensável para o exercício da cidadania. Na escola o professor é responsável pelo processo de ensino-aprendizagem, ambos devem ser compreendidos como indissociáveis e interligados, o professor precisa desenvolver o ensino com qualidade e competência, para que desta forma a aprendizagem promova o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias e adequadas para aquisição de conhecimentos, técnicas e a formação de valores e atitudes. Para exercer sua função de forma adequada o professor precisa ser intermediador do conhecimento, promover situações de aprendizagem que favoreçam a interação do aluno com o objeto do conhecimento (FRANCO, 1995). Este objeto do conhecimento pode ser conceitual, quando o objetivo principal é a compreensão e entendimento de concepções teóricas; ou procedimental, que o objetivo da aprendizagem é fazer o aluno ser capaz de desenvolver habilidades técnicas e utilizar procedimentos adequados nas determinadas situações; ou ainda, atitudinal, pois o aluno precisa adquirir habilidades relacionadas a atitudes, autonomia, comportamento e relacionamento interpessoal e intrapessoal. O enfoque de conhecimento desta pesquisa é o desenvolvimento de habilidades atitudinais, relacionadas especificamente aos relacionamentos, ao contexto social. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 150 ISSN 2447-3081 O desenvolvimento dessas habilidades precisa ser desenvolvido por meio de ações, de metodologias que permitam a atuação constante do aluno; e uma dessas ações pode ser o uso de vivências. 3.1 VIVÊNCIAS: ESTRUTURA E A UTILIZAÇÃO As vivências são identificadas como experiências de vida, aquilo que o indivíduo participa, desenvolvem pelo contato e pela prática. Pela vivência pode ocorrer o desenvolvimento de habilidades pessoais, emocionais e comportamentais. O uso das vivências proporciona oportunidades de ação, observação, feedback, relações interpessoais e intrapessoais, desenvolvendo a sensibilização e atuando na ansiedade social. Vivência pode ser entendida, então, como uma atividade, estruturada de modo análogo ou simbólico a situações cotidianas de interações sociais dos participantes, que mobiliza sentimentos, pensamentos e ações, com o objetivo de suprir déficits e maximizar habilidades sociais em programas de THS em grupo (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2007, p. 106). Ainda segundo Del Prette e Del Prette (2007), algumas características devem ser consideradas fundamentais para que seja garantida de forma eficaz a aplicabilidade das vivências, como: A escolha adequada de acordo com as necessidades do grupo e com objetivos antecipadamente estabelecidos; Realizar avaliação para adaptar ao nível de necessidades dos participantes; Garantir a participação igualitária de todos os membros do grupo; Estimular a cooperação e o desenvolvimento dessa habilidade para os que ainda não a possuem. Com relação à estrutura, as vivências apresentam os objetivos, material necessário para a aplicação e os procedimentos, descrevendo a forma de quem aplica da vivência deve conduzir a atividade, desenvolvendo explicações e análises a todos os participantes. Portanto, a estrutura não deve ser seguida de forma rígida, a flexibilidade e a sensibilidade para a aplicação são fundamentais para o alcance de seus objetivos, até mesmo a adequação dos objetivos de acordo com as necessidades de cada grupo. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 151 4 METODOLOGIA A presente pesquisa iniciou-se com uma pesquisa bibliográfica, contemplando um aprofundamento teórico de uma pesquisa de mestrado. A pesquisa de campo foi desenvolvida durante uma atividade de sala de aula, na disciplina Prática Docente do Ensino Superior, como atividade avaliativa que o objetivo foi desenvolver uma metodologia diversificada e aplicar durante a aula, como instrumento de avaliação. A metodologia escolhida foi uma vivência de grupo para a promoção do desenvolvimento das habilidades sociais. A vivência aplicada foi à denominada segundo Del Prette e Del Prette (2007), como “conduzindo o outro”. Os objetivos foram exercitar a solidariedade; refletir sobre as dificuldades o cotidiano como ocorrências a que todos estão sujeitos e exercitar a análise de metáforas e simbolismos. Os materiais utilizados foram lenços escuros para vendar os olhos. A vivência foi desenvolvida em etapas. A primeira etapa os alunos foram solicitados a andar pela sala de aula de forma livre, por aproximadamente dois minutos. Em seguida, tiverem que descrever de forma sucinta o comportamento dos participantes. Dando continuidade os participantes retomaram a caminhada em duas situações, alguns caminharam de olhos vendados e outros não, a escolha foi aleatória, após dois minutos trocaram de situação: os que caminhavam de olhos abertos passaram a caminhar de olhos vendados e vice e versa. A segunda etapa os participantes formaram pares, em que um ficou de olhos vendados e o outro recebeu a missão de guiá-lo. Na terceira etapa estas funções foram invertidas; e para finalizar a caminhada ambos caminharam de olhos vendados e escolhem outro participante para guiá-los. Os participantes ao término de cada fase descreveram os sentimentos que sentiram ao receber ajuda e também ao oferecer ajuda. Ao final da vivência discutiram quais foram às possíveis relações que podiam ser feitas com experiências reais já vivenciadas pelos participantes no decorrer de seu percurso de vida. Para colaborar nas lembranças alguns questionamentos foram feitos: o que faz as pessoas que encontram dificuldades? Nas dificuldades na vida sabemos que decisões POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 152 tomar? Deixar levar pela opinião de outras pessoas é sempre o caminho mais adequado? Que tipo de pessoas são modelos e servem de guia? O que pode ocorrer quando um indivíduo é guiado por outro? (DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2007) As participações foram mediadas e as discussões foram sendo conduzidas e ordenadas pelos aplicadores no momento da vivência. 5 DISCUSSÃO E RESULTADOS Os alunos da disciplina de Práticas docente do ensino superior, da turma de mestrado, participaram de forma ativa da vivência. Todas as etapas foram realizadas de acordo com a descrição de Del Prette e Del Prette (2007). No primeiro momento, alguns alunos hesitaram em participar, e não foram obrigados, ficaram à vontade para observar. Após alguns instantes, começaram aos poucos, interagirem com o grupo e na segunda etapa, todos já estavam participando de forma ativa e prazerosa. Ao final da vivência, no momento da discussão foi possível identificar os alunos desenvolvendo reflexões sobre suas atitudes e comportamentos, alguns admitiram que pudessem ter ajudado melhor o outro e compararam com situações da vida que também deveriam ter contribuído melhor com as pessoas, participado mais de forma positiva. Já outros alunos foram capazes de refletir sobre insegurança e perceberam como são influenciados pelos outros, alertarem-se ao perceber na vida também acabam sendo influenciados, mas que nem sempre essa influência é positiva. Neste momento apontaram a importância da empatia, a responsabilidade de influenciar as pessoas de forma positiva, foi destacado o aspecto da neutralidade, ou seja, analisar as situações de forma neutra, pois o indivíduo tem a tendência de argumentar e conduzir os fatos pensando em benefícios próprios, nem sempre esta atitude é a mais adequada. Destaca-se nesta fase a importância da mediação do aplicador da vivência, conduzindo e coordenando os pensamentos e reflexões, resgatando os objetivos e fazendo análise coletiva dos resultados alcançados. Conforme descreve Del Prette e Del Prette (2007, p. 104), este contexto permitiu “a identificação de um ambiente de apoio mútuo, baseado nos crescentes recursos interpessoais”, a importância das vivências para o desenvolvimento das habilidades sociais. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 153 ISSN 2447-3081 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS O desenvolvimento habilidades sociais são extremamente necessárias para a formação humana, para que as relações sociais aconteçam de forma positiva, resultando em crescimento pessoal e consequentemente integral dos indivíduos. A escola precisa garantir a formação dessas habilidades, portanto, deve repensar em práticas que proporcionem e concretizem essa formação comportamental, social e pessoal. Os alunos precisam ter oportunidades de vivenciar, dialogar, refletir em suas ações, adquirir a capacidade de se colocar no lugar do outro, repensar as consequências sociais de suas atitudes e compreender que o bem comum também é o seu próprio bem. Pesquisas em práticas educativas que possam garantir esta aprendizagem são fundamentais, identificar aos professores ações práticas em sala de aula, além promover essa formação de atitude e de comportamento também podem incentivar os alunos o interesse pelo convívio escolar, pois como demonstra à teoria a melhor forma de garantir o aprendizado é a prática. Assim, poderá ocorrer uma melhora educacional na forma integral do aluno, pois com formação social e pessoal bem desenvolvida e com incentivo e interesse escolar, consequentemente as demais habilidades e competências também serão melhores desenvolvidas. REFERÊNCIAS BEIDEL, D. C.; TURNER, S. M.; MORRIS, T. L. Behavioral treatment of childhood social phobia. Journal of Consulting and Clinical Psychology, 68:1072–1080, 2000. BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº. 9.394, de 20 de dez. 1996. DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Desenvolvimento interpessoal e educação escolar: o enfoque das habilidades sociais. Universidade de São Carlos: Temas em Psicologia, 6(3): 205-215,1998. DEL PRETTE, A.; DEL PRETTE, Z. A. P. Psicologia das relações interpessoais: vivências para o trabalho em grupo. 5. Ed.Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. FRANCO, S. R. K. O construtivismo e a educação. Porto Alegre: Mediação, 1995. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 154 GRESHAM, F. M. Strategies for enhancing the social outcomes of mainstreaming: A necessary ingredient of sucess. In: J. MEISEL (ed.) Mainstreaming handicapped children: Outcomes, controversies and new directions. Londres: L.E.A., 1996. LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 1990. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 155 ISSN 2447-3081 OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: RECURSOS DIGITAIS PARA EDUCAÇÃO BÁSICA Wagner Antonio Junior1 Fernanda Carneiro Bechara Fantin2 RESUMO: Objetos virtuais de aprendizagem constituem-se em um novo parâmetro educativo que utiliza a elaboração de um material didático envolvendo conteúdos, interdisciplinaridade, exercícios e complementos. Isso tudo com os recursos das tecnologias. Esse novo tipo de material educativo tem padrões e formas para ser desenvolvido. Além disso, possibilita repensar o processo educativo considerando o espaço da virtualidade e suas possibilidades. A base teórica para a construção destes objetos é o paradigma da virtualidade e a virtual literacy como eixo central. O objetivo deste trabalho é apresentar referências para análises sobre o que são esses objetos e como são constituídos, além de oferecer subsídios para sua aplicabilidade na educação básica. PALAVRAS-CHAVE: Objetos virtuais de aprendizagem. Virtual literacy. Educação básica. ABSTRACT: Virtual objects of learning are in a new educational parameter that uses the elaboration of didactic material involving content, interdisciplinarity, exercises and complements. All of these with the resources of technology. This new type of educational material has standards and rules to be developed. Besides, It is possible to rethink the educational process considering the space of virtuality and its possibilities. The theoretical basis for the construction of these objects is the paradigm of virtuality and virtual literacy as a central axis. The objective of this paper is to present references to analyzes of what these objects are and how they are made, in addiction, to offer support for its applicability in basic education. KEY WORKS: Virtual objects of learning. Virtual literacy. Basic education. 1 INTRODUÇÃO A sociedade da informação e do conhecimento enfrenta o problema de armazenamento e distribuição de informações por meios digitais. A informação é preciosa, mas momentânea e rapidamente atualizável. Quando falamos em educação, esses problemas ficam mais evidentes, principalmente se considerarmos os paradigmas de Pedagogo graduado pela Faculdade de Ciências – UNESP/Bauru. Mestre em Educação pela Faculdade de Educação – USP. Professor do ensino superior na Faculdade de Agudos. Diretor da Divisão de Formação Continuada da Secretaria Municipal da Educação de Bauru. Contato: [email protected]. 2 Bióloga graduada pela Faculdade de Ciências - UNESP/Bauru, com especialização em Toxinas de Animais Peçonhentos pela UNESP/FMVZ e especialização em Vigilância Sanitária e Hospitalar pela UNAERP. Membro-fundadora da Estação Ciência de Bauru. Diretora do Departamento de Planejamento, Projetos e Pesquisas Educacionais. Contato: [email protected]. 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 156 conhecimento, ciência e produção cultural. Ampliar e diversificar a interação de conteúdos científicos no processo de ensino e aprendizagem utilizando a tecnologia é um desafio para os pesquisadores e professores. Dentre os estudos e possibilidades que surgiram nessa área, podemos destacar os objetos de aprendizagem. Este artigo tem como objetivo apresentar referências para análises acerca do conceito de objetos de aprendizagem e sua aplicação na educação básica. 2 OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM: CONCEITOS O conceito de objetos de aprendizagem é muito amplo e surgiu com um objetivo: localizar conteúdos educacionais na Web, para serem reutilizados em diferentes cursos e plataformas e, assim, possibilitar a redução do custo de produção dos materiais desses cursos. Várias organizações empreenderam esforços para desenvolver padrões de descrição dos Learning Objects, a fim de atender a sua característica fundamental: a reutilização. Seu uso traz contribuições à construção de cursos, pois diminui o tempo de desenvolvimento e os custos a ele associados, visto que dispensa técnicos ou instrutores especialistas. Longmire (2001) destaca que os Objetos de Aprendizagem possuem características e elementos que procuram resolver diversos problemas existentes atualmente quanto ao armazenamento e distribuição de informação por meios digitais. Segundo Longmire (2001), são elas: A flexibilidade. A facilidade para atualização. Customização. Interoperabilidade. Aumento do valor de um conhecimento. Indexação e procura. Todas essas características mostram que os objetos de aprendizagem vêm para facilitar e melhorar a qualidade do ensino, proporcionando aos tutores, alunos e administradores diversas ferramentas facilitadoras. A definição de objetos de aprendizagem ainda é considerada vaga. Talvez por ser um objeto de estudo relativamente novo, ainda não existe um conceito que seja universalmente POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 157 ISSN 2447-3081 aceito. Segundo Muzio (2001, p.1), “existem muitas diferentes definições para Objetos de Aprendizado e muitos outros termos são utilizados. Isto sempre resulta em confusão e dificuldade de comunicação, o que não surpreende devido a esse campo de estudo ser novo”. Dentre os conceitos acadêmicos, destacamos o de Wiley (apud BECK, 2002, p.1): Qualquer recurso digital que possa ser reutilizado para o suporte ao ensino. A principal ideia dos Objetos de Aprendizado é quebrar o conteúdo educacional em pequenos pedaços que possam ser reutilizados em diferentes ambientes de aprendizagem, em um espírito de programação orientada a objetos. Conforme citação extraída de Wiley (apud MUZIO et al., 2001), objetos de aprendizagem podem ser definidos como elementos de um novo tipo de instrução baseada em computador construído sobre um novo paradigma da ciência da computação. Eles permitem aos designers instrucionais a construção de pequenos componentes instrucionais, os quais podem ser reutilizados inúmeras vezes em diferentes contextos de aprendizagem. Eles são geralmente entendidos como entidades digitais derivados da internet, e que podem ser acessados e utilizados por qualquer número de pessoas simultaneamente. A partir destas caracterizações, destacamos que, segundo Bettio e Martins (apud SINGH, 2000, p.04), um objeto de aprendizagem deve ser bem estruturado e dividido em três partes bem definidas, como mostra a figura a seguir: Objetivos: esta parte do objeto tem como intenção demonstrar ao aluno o que ele poderá aprender a partir do estudo desse objeto; também poderá conter uma lista dos conhecimentos prévios necessários para um bom aproveitamento de todo o conteúdo disponível; pode ser comparado a ementa de uma disciplina. Conteúdo instrucional: aqui deverá ser apresentado todo o material didático necessário para que, ao término da atividade, o aluno possa atingir os objetivos citados no item anterior. Prática e feedback: uma das características importantes do paradigma Objetos de Aprendizagem é que, a cada final de utilização, julga-se necessário que o estudante verifique se o seu desempenho atingiu as expectativas; caso contrário, o mesmo deve ter a liberdade para retornar e utilizar-se do objeto quantas vezes julgar necessário. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 158 ISSN 2447-3081 Além de definir estes três aspectos, a IMS (Instructional Management Systems Global Learning Consortium, Inc) também definiu um padrão de armazenamento de informações necessárias para uma indexação dos Objetos de Aprendizagem, de tal modo que a propriedade de indexação e procura possa ser cumprida. A maneira encontrada pelos pesquisadores envolvidos no consórcio IMS foi a criação de metadados utilizando-se a tecnologia XML (eXtensible Markup Language). Estes metadados podem ser considerados como dados contendo informações sobre outros dados, ou como define Wiley (2002, apud TORI, 2003, p. 33-34), “metadados são informações descritivas sobre um recurso”. Segundo este autor: Metadados educacionais se constituem hoje em um dos campos mais importantes na área de tecnologia aplicada à educação. Tais metadados contém informações sobre Objetos de Aprendizagem, os quais podem ser, conforme já definido, “qualquer entidade, digital ou não, que possa ser referenciada e reutilizada em atividades de aprendizagem”. (TORI, 2003, p.34). Quando um conteudista cria um objeto de aprendizagem, ele deve repassar dados necessários para a construção do metadados. Assim, qualquer plataforma de e-learning que siga o padrão IMS poderá procurar por objetos em qualquer Learning Content Repository – local de armazenamento dos objetos de aprendizagem. Esses objetos têm, ainda, padronização computacional específica para serem elaborados. Esses padrões deram origem aos roteiros denominados encomendas, as quais são realizadas para serem posteriormente transformadas em formatos digitais. Tais “encomendas” são diretrizes pedagógicas para explicação e desenvolvimento do objeto e contemplam os seguintes elementos: a) título; b) autores; c) atividades [conceitos envolvidos, objetivos, material necessário para a elaboração do objeto]; [para que série está definida]; e) d) categorização da atividade legenda [informações da área específica]; objeto [a síntese do que será elaborado]; g) f) resumo do o usuário [fluxo do usuário na animação]; computador [como são desenvolvidos seus passos e detalhadamente explicitados]; i) h) o suas telas sequencialmente detalhadas. Para a elaboração técnica dos objetos de aprendizagem, são empregadas diversas mídias ou formatos, como: applet java, animação flash, vídeo ou áudio clip, foto, apresentação PowerPoint, website. Essa característica torna este paradigma universal e de alcance mundial, quebrando barreiras geográficas, pois pode ser utilizado em qualquer plataforma. Para os pesquisadores, a opção mais viável para as escolas públicas é a POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 159 ISSN 2447-3081 elaboração dos Objetos de Aprendizagem com os recursos do aplicativo Microsoft PowerPoint, visto ser este um recurso presente na grande maioria dos computadores e de maior facilidade de uso. 3 A ELABORAÇÃO DE OBJETOS VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM NUMA PERSPECTIVA PEDAGÓGICA Os princípios para a construção dos objetos de aprendizagem buscam integrar a usabilidade do design e a usabilidade pedagógica. Segundo Martins (2004) a usabilidade de design engloba estudos na área da ergonomia, focados em usuário-interface-sistema, conceito que busca definir as características da utilização, do desempenho na interação e leitura das - e nas - interfaces computacionais pelo usuário. Já a usabilidade pedagógica, para Vetromille-Castro (2003), se refere à necessidade de aprendizagem significativa e à utilização de ambientes para aprendizagem construtivista. As características da aprendizagem e o uso da tecnologia são inter-relacionados, interdisciplinares, interativos e interdependentes. A interdisciplinaridade, para Fazenda (1991), está fundamentada na intersubjetividade, mostrando-se presente mediante a linguagem como forma de expressão humana. A interdisciplinaridade possibilita o diálogo entre as diversas disciplinas e uma formação mais completa, na medida em que viabiliza traçar conexões entre os saberes. A interatividade, nas análises de Silva (2001) expressa a bidirecionalidade entre emissores e receptores, a troca e a conversação. O autor distingue duas acepções: 1) a interatividade tecnológica, na qual prevalece o diálogo, a comunicação e a troca de mensagens; 2) a interatividade situacional, definida pela possibilidade de agir-interferir no programa e/ou conteúdo. A interatividade pressupõe uma ação de troca de informações, mensagens, análises, sugestões. Enfim, uma ação que precisa de inteligência para que aconteça. Essas características da interatividade, transferidas para o espaço da tecnologia, são possíveis e plenamente viáveis. Mas o grande aspecto que faz da tecnologia um meio plenamente possível e interativo é a flexibilidade, que pode ser considerada um dos princípios de um novo padrão de inteligência para a tecnologia. A flexibilidade e a potencialidade que a tecnologia disponibiliza são os principais meios de interatividade comunicacional. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 160 Ambientes interativos de aprendizagem têm recebido grande importância na área educacional, principalmente no que diz respeito ao suporte à aprendizagem colaborativa, com foco no trabalho em grupo. Este conceito surgiu com a finalidade de proporcionar um ambiente cooperativo, no qual os alunos atuam em interação entre si, mediados pelo professor, visando construir conhecimentos. O planejamento dos objetos tem como referência a teoria do instrucional design ou, melhor definindo, sistema de técnicas que envolvem a análise, planejamento, desenvolvimento, implementação e avaliação (FILATRO, 2003). O paradigma utilizado para a elaboração de objetos deve ser o da virtualidade, um paradigma que tem por princípio: o pensar em rede, a conectividade, o processo interdisciplinar, o uso da imagem, a competência em informação e, principalmente, a competência na virtualidade, aqui caracterizada pela virtual literacy (BARROS, 2007). O que sustenta o paradigma da virtualidade e sua aplicabilidade diretamente ao trabalho pedagógico, utilizando o computador, denomina-se virtual literacy. Tal competência é o uso dos aplicativos das tecnologias para transformar o conhecimento em informações, dados e imagem. Portanto, pode-se considerar a virtual literacy como um processo de comunicação que trabalha com a linguagem visual e suas novas propriedades de códigos virtuais na aplicação da tecnologia, com os recursos da plataforma Windows, no processo de uso como ferramenta e mediação da construção do conhecimento. 4 ANÁLISE DE UM OBJETO DE APRENDIZAGEM: “O HOMEM E A ÁGUA” Analisaremos a seguir um objeto de aprendizagem construído com o software PowerPoint, dirigido aos alunos de educação infantil. Este material foi avaliado por docentes das escolas. O título do módulo é “O Homem e a Água”. Vale a pena ressaltar que o conteúdo foi abordado de forma interdisciplinar, sendo usado o recurso de hiperlink em praticamente todo o decorrer do material. Também houve preocupação com a interatividade, que pode ser observada nas atividades desenvolvidas. Conforme a primeira tela, denominada tela de apresentação [figura 01], podemos ter uma ideia inicial do conteúdo a ser abordado. O módulo desenvolve-se em uma sequência POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 161 ISSN 2447-3081 coerente e coesa, com enfoque na ação do aluno. Esta primeira tela antecipa o conteúdo que será abordado. A movimentação das figuras, o contraste das cores e os textos curtos em tamanho, mas com profundidade de conteúdo científico, proporcionam atratividade ao aluno. Figura 1: Módulo experimental, tela de apresentação Fonte: elaborado pelo pesquisador (2014). Na sequência, a tela que antecede o conteúdo relativo à utilidade da água [figura 02], ilustra, além de todos os recursos já mencionados anteriormente, os hiperlinks. No contexto das tecnologias, hiperlinks criam vínculos a outras informações, conteúdos de ensino e conhecimentos. Figura 2: Módulo experimental, introdução ao conteúdo: as utilidades da água Fonte: elaborado pelo pesquisador (2014). Do ponto de vista pedagógico, estes hiperlinks contribuem para a interdisciplinaridade, no diálogo entre os saberes, além de estimularem os alunos a fazerem associações entre POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 162 ISSN 2447-3081 as informações, a pensar em rede, na medida que estes hiperlinks criam pontes entre as informações. Os hiperlinks desta tela permitem aos alunos acessar outras telas que ilustram a importância da água. Um desses exemplos está ilustrado na figura 03. Nesta tela, o aluno tem informações sobre a importância da água para o banho. Com as informações da tela, que estão em diferentes linguagens [textuais, imagéticas, sonoras], é possível para o aluno abstrair conceitos de corporeidade, ao aprender sobre os cuidados com a higiene pessoal. Figura 3: Módulo experimental, tela de conteúdo: as utilidades da água Fonte: elaborado pelo pesquisador (2014). Após concluir estas etapas, o aluno passa para outro estágio, desta vez será abordado a localização das fontes de água existentes na natureza, conforme a figura 04. Figura 4: Módulo experimental, introdução ao conteúdo: as fontes de água na natureza Fonte: elaborado pelo pesquisador (2014). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 163 ISSN 2447-3081 Esta tela possui recursos interativos, multimídia e hiperlinks, permitindo ao aluno manipular os comandos na interface gráfica, interagindo com os recursos disponíveis. Além das imagens e dos pequenos textos, esta tela conta ainda com sons como, por exemplo, de brisa marítima, de água corrente de rios etc. Após a elaboração deste módulo, submetemos o mesmo a um teste informal, realizado com algumas professoras, o que nos possibilitou passar ao estágio seguinte, uma avaliação formal cujos resultados apresentamos a seguir. Além dos dados relativos ao módulo em si, também obtivemos conceitos que os docentes possuem em relação ao uso das tecnologias. No quadro 01, apresentamos os resultados obtidos nas questões fechadas da avaliação em relação a aspectos técnicos e pedagógicos. Quadro 1: Critérios de avaliação geral do módulo Técnicos Estética Funcionalidade Pedagógicos Didática Layout da tela; Cores; Figuras; Tamanhos; Tipos sociais. Recursos multimídia (imagens, efeitos e sons) adequados; Mapeamento (esclarecimento de localização dentro do módulo); Clareza nas instruções. Objetivos do conteúdo explicado; Coerência e coesão (na sequência de apresentação em relação ao conteúdo); Adequação da linguagem; Série/faixa etária abordados está de acordo com a realidade; Atratividade (capacidade em despertar interesse no aluno); Interdisciplinaridade; Possui desafios pedagógicos. Os aspectos técnicos se subdividem em estéticos e de funcionalidade. Os critérios levantados foram fundamentados em Lévy (1993) e Oliveira (2001), considerando as capacidades de ordem cognitiva superiores e de que forma as tecnologias podem potencializar tais capacidades. Todos os critérios gerais do módulo, expostos acima, foram avaliados pelos docentes de forma positiva, com conceitos ótimo e bom. Os docentes foram questionados sobre possíveis falhas do módulo, bem como convidados a darem sugestões para a melhoria. Todos responderam que o módulo não necessita de mudanças, pois atende às expectativas didático-pedagógicas e técnicas. Em POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 164 ISSN 2447-3081 seguida, discorreram sobre as possibilidades da aprendizagem com os objetos de aprendizagem e de que forma eles poderiam potencializar o ensino. Estes elementos foram levantados das respostas dos docentes em relação às potencialidades que este material poderia proporcionar ao ensino. De acordo com os professores investigados, os elementos potencializadores dos Objetos virtuais de aprendizagem, sob uma perspectiva pedagógica, são: motivação; e) a) interatividade; b) atratividade; c) desafios pedagógicos. Na assertiva de Sá Filho e Machado (2004), os recursos por si sós não poderiam gerar tais inovações, porém oferecem ferramentas que potencializam as ações da mente humana e as estratégias didáticas. Através desses itens, os alunos respondem melhor aos estímulos proporcionados pelos objetos de aprendizagem. Por meio da avaliação do material pelos docentes, foi possível analisar que o módulo experimental construído em forma de objeto de aprendizagem virtual atingiu os objetivos dentro dos critérios técnicos e pedagógicos propostos na ficha avaliativa. Os professores consideraram que os recursos tecnológicos e didáticos deste material podem potencializar a ação pedagógica em sala de aula. Analisamos ainda que os docentes que participaram dessa avaliação possuem conhecimentos limitados em relação ao uso das tecnologias, o que dificulta o trabalho desses docentes com os objetos virtuais de aprendizagem. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos resultados deste trabalho, é possível concluir que a utilização de objetos de aprendizagem é viável na construção de ambientes interativos de aprendizagem, visto que oferecem novas possibilidades ao trabalho pedagógico, potencializando o aprendizado do aluno, ao mesmo tempo em que são de fácil acesso ao docente. Porém, sua inserção na rede pública de ensino não é uma tarefa fácil, considerando as condições em que a escola pública se encontra, tanto em recursos materiais e financeiros como em corpo docente preparado para trabalhar com este tipo de material. REFERÊNCIAS BARROS, D. M. V. Tecnologias da inteligência: gestão da competência pedagógica virtual. Madri: Popular, 2007. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 165 BECK, R.J. Learning objects: what? Center for Internation Education. University of Winsconsin: Milwaukee, 2001. FAZENDA, I (Org.). Práticas interdisciplinares na escola. São Paulo: Cortez, 1991. FILATRO, A. Design instrucional contextualizado educação e tecnologia. Senac: São Paulo, 2004. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de metodologia científica. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2001. LÉVY, P. As tecnologias da inteligência. São Paulo: Editora 34, 1993. LONGMIRE, W. A primer on learning objects. American Society for Training & Development: Virginia, USA, 2001. MARTINS, M.de L. O. O papel da usabilidade no ensino a distância mediado por computador. Dissertação de Mestrado. Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais – CEFET, 2004. MUZIO, J.; HEINS, T.; MUNDELL, R. Experiences with reusable e learning objects: from theory to practice. Victoria, Canadá, 2001. OLIVEIRA, C. C. 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POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 166 RELATO DE EXPERIÊNCIA EM FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES A PARTIR DA PSICOLOGIA HISTÓRICO-CULTURAL E PEDAGOGIA HISTÓRICOCRÍTICA José Tadeu Acuna- UNESP, Bauru 1 Vera Lúcia Messias Fialho Capellini – UNESP, Bauru ² Marisa Eugênia Melillo Meira Silva – UNESP, Bauru ³ RESUMO Este trabalho tem como objetivo relatar uma experiência de formação continuada de professores da educação básica que ocorreu em duas escolas municipais de Bauru no ano de 2013. Por meio de uma parceria entre estagiários de Psicologia Escolar da UNESP de Bauru com a Secretaria de Educação da mesma cidade, foi proposto aos professores da escola A, a promoção da formação identitária do grupo docente e a discussão sobre a relação escola-família. Por outro lado, na escola B, trabalhou-se os seguintes temas: conceitos da Psicologia Histórico-Cultural; Introdução aos princípios da Pedagogia Histórico-Crítica; Discussão da especificidade da educação, função social da escola e professor. A metodologia de trabalho teve como abordagem teórica a Psicologia HistóricoCultural e a Pedagogia Histórico-Crítica. Os encontros aconteciam uma vez por mês, ao longo do ano, em cada escola em um tempo estimado de três horas em que os professores, supervisores e estagiários discutiam a temática do dia e utilizavam de dinâmicas de grupo, recursos audiovisuais, confecção de cartazes, contação de história e leituras para a consecução dos objetivos, sendo que ao final de cada encontro era solicitado que verbalizassem os pontos positivos e negativos da reunião. Na escola A, constatou um maior entrosamento entre os docentes e a construção de vínculos afetivos, além da desconstrução de mitos e preconceitos em relação a família. Na escola B, pode-se perceber o domínio dos conceitos gerais da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia HistóricoCrítica abarcando o tema especificidade da educação, função social da escola e do professor. Tais resultados visíveis foram compreendidos a partir dos relatos dos professores, nesta direção, estas propostas de trabalho em formação docente renderam transformações visíveis nas singularidades dos mesmos, nas práticas pedagógicas, bem como no próprio funcionamento da escola. PALAVRAS-CHAVE: Formação de professores. Psicologia Histórico-Cultural. Pedagogia Histórico-Crítica. ABSTRACT This work has as objective reporting an experience of continued training of teachers of the basic education that occurred in two municipal schools in Bauru, in the year 2013. Through a partnership between interns of School Psychology of UNESP in Bauru with the Secretary of Education of the same city, was proposed to teachers of the school A, the promotion of 1 Psicólogo. Aluno do Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem da UNESP de Bauru. ² Prof. Drª do Departamento de educação da UNESP de Bauru e dos Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem e Docência para a Educação Básica. ³ Prof. Drª aposentada do Departamento de Psicologia da UNESP de Bauru. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 167 ISSN 2447-3081 the training of the teaching staff group identitary and discussion on the school-family relationship. On the other hand at school B, worked on the following themes: the concepts of Psychology Historic-cultural; Introduction to the principles of Pedagogy Historic-Critical; discussion of specificity of education, social function of school and professor. The methodology of work had as theoretical approach of Psychology Historic-cultural and Pedagogy Historic-Critical. The encounters raged once a month throughout the year in each school in an estimated time of three hours in which the teachers, supervisors and trainees were arguing the theme of the day and used to group dynamics, audiovisual resources, confection of posters, where history and readings for the achievement of the objectives, being that at the end of each meeting was prompted to verbalize the positive and negative points of the meeting. In School A, found a better relationship understanding between the teacher and the construction of affective bonds, in addition to the deconstruction of the myths and prejudices in relation to the family. In the school B, can realize the domain of the general concepts of Psychology and Pedagogy Historic-Critical covering the theme specificity of education, the social function of the school and of the teach. Such visible results were understood from the reports of teachers, in this direction, these proposals for work in teacher training yielded transformations visible in the singularities of teachers, in pedagogical practices, as well as the functioning of the school. KEYWORDS: Training of Teachers. Psychology Historic-Cultural. Pedagogy Historic-Critic. 1 INTRODUÇÃO A educação é uma objetivação humana; atributo essencialmente humano, que o diferencia dos demais animais. Para sua sobrevivência, o homem não se adapta à natureza, mas pelo contrário, cria formas de transformá-la às suas demandas, representando mentalmente seus objetivos e as propriedades necessárias do mundo real, de valorização e simbolização para a atividade de subsistência (SAVIANI, 1992). Neste processo de criar formas para sobrevivência, colocando seu psiquismo a serviço de suas necessidades, o homem cria o mundo da cultura e complexifica suas funções psicológicas. Este movimento só é concretizado quando, em momento anterior, ocorreu a apropriação dos elementos necessários para esta realização. De acordo com Leontiev (1978, p.267): Podemos dizer que cada homem aprende a ser um homem. O que a natureza lhe dá quando nasce não lhe basta para viver em sociedade. É-lhe preciso ainda entrar em relação com os fenômenos do mundo circundante, através de outros homens, isto é, num processo de comunicação com ele. A partir da transmissão e apropriação dos elementos culturais já desenvolvidos no decorrer da história humana, nas e pelas relações sociais, cada indivíduo da sociedade POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 168 garante seu atributo “humanizado”. Desta forma, a educação é fator possibilitador de desenvolvimento humano e social. Para tanto, a ideia de Martins (2007) complementa este pensamento, que concebe o objetivo central da educação como a [trans]formação dos indivíduos para que sejam aptos à transformar suas condições objetivas as quais estão inseridos. O processo educativo acontece por meio das relações sociais em diversos espaços da sociedade, mas centra-se atenção neste trabalho na escola, visto que, nesta o conhecimento acumulado socialmente é transmitido intencionalmente para os indivíduos, mediados pela ação do professor. Desta forma entende-se que a função social da escola é de proporcionar ao indivíduo a apropriação do conhecimento produzido social e historicamente e contribuir para que ele tenha um desenvolvimento em direção generecidade humana (SAVIANI, 1980). Neste sentido, os processos de ensino e aprendizagem e a mediação do professor por meio de práticas pedagógicas direcionadas a este fim é de suma importância para o desenvolvimento do aluno. De acordo com Vigotskii (1984), o desenvolvimento das funções psicológicas superiores dos seres humanos advém da experiência ativa no seu contexto social e cultural, ao se apropriarem dos elementos necessários para sua sobrevivência e dos saberes socialmente construídos. Para que este movimento, o qual Vigotskii o intitula por lei geral do desenvolvimento humano, aconteça (apropriação e objetivação na realidade concreta), é necessário que o indivíduo seja mediado e direcionado por pessoas que garantam subsídios necessários para que ocorra este salto qualitativo em seu desenvolvimento. Nesta direção, fala-se sobre a questão da zona de desenvolvimento proximal que complementa esta ideia. O autor menciona que a partir dos processos de ensino e aprendizagem sistematizados e intencionais, mediados pela ação do professor, o docente partindo da zona de desenvolvimento real (ZDR) do aluno, ou seja, do que ele é capaz de realizar sem ajuda alguma, poderá propor ações pedagógicas com vistas à ultrapassagem deste atual nível de conhecimento, auxiliando a realizar determinadas tarefas as quais não é capaz de atingir sozinho. Neste momento, o docente está trabalhando no que o autor intitula de ZDP, zona de desenvolvimento proximal. A relação entre o que o aluno é capaz de realizar sozinho e o que somente é capaz de fazer com ajuda de outrem, é intitulado de Zona de Desenvolvimento Potencial. Cabendo POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 169 ISSN 2447-3081 ao docente, por meio do ensino, auxiliar o aluno a ultrapassar este caminho. Nas palavras do autor: Is the distance between the actual development level as determined by independent problem solving and the level of potential development as determined through problem solving under adult guidance or in collaboration with more capable peers (VYGOTSKY, 1978, p. 86). Esta mediação tem como norte a humanização do indivíduo, e é considerada como função da escola, do projeto pedagógico e de todos os envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, especialmente o docente. Considera-se o professor como agente mediador essencial deste processo, nesse caso, ele deve em sua formação inicial apropriar-se de conjuntos de saberes teóricos, metodológicos e didáticos, para que no exercício da sua função possibilite que seus alunos se apropriem dos conhecimentos produzidos e acumulados historicamente. Neste sentido, o educador embasará sua ação em 3 objetivos, selecionar os conhecimentos produzidos socialmente, para que assim, possa transformá-los em saberes escolares adequados para os alunos e garantir que tais elementos sejam apropriados pelos discentes ocasionando uma transformação qualitativa em seu modo de compreensão da realidade (SAVIANI, 1992). Destarte, o trabalho docente demanda um profundo conhecimento das ferramentas teórico metodológicas para sua execução. Portanto, compreende-se que a formação do professor deve ser a mais completa possível e não se esgota nela mesma, sendo assim a formação continuada se caracteriza como fundamental e necessária e deve visar a instrumentalização dos docentes para o desvelamento da ideologia dominante vigente na sociedade, ou seja, a explicitação das contradições existentes, condições desumanizadoras, mitos e estereótipos acerca do próprio trabalho educativo. Portanto, propor cursos ou intervenções que visem oferecer elementos que contribuirão para o trabalho docente, indica a preocupação em construir uma educação e uma escola de qualidade que se importa com o desenvolvimento do alunado. À fim de colaborar com a construção de uma educação de qualidade, este artigo se propõe a relatar uma prática em formação continuada de professores de séries iniciais em duas escolas municipais de Bauru. Tendo como abordagens teóricas para a consecução de tal objetivo a Psicologia Histórico-Cultural e a Pedagogia Histórico-Crítica. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 170 1.1 Objetivos Específicos Devido ao fato da existência de duas realidades escolares distintas, as propostas também se configuraram diferentes. Neste acaso, objetivou-se na escola A: 1) Formação da identidade grupal e desenvolvimento de laços afetivos entre o grupo de docentes da escola; 2) Discutir a relação escola-família. Na escola B: Discutir e refletir sobre o papel e a função social do professor, da escola e a especificidade da educação, bem como, os pressupostos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica 2 MÉTODO E MATERIAIS As atividades foram desenvolvidas em reuniões em horário de ATP, em média uma vez por mês, ao longo do ano, em cada escola, com duração de três horas. As temáticas que foram propostas em ambas instituições foram determinadas em reunião coletiva com os gestores das escolas, supervisora do estágio em psicologia escolar, integrantes do departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação de Bauru e com os estagiários de psicologia escolar, que na data estavam no 5º ano da graduação, da UNESP de Bauru. Tomou-se um posicionamento flexivo referente às demandas dos grupos de docentes, caso surgisse alguma outra necessidade no decorrer da intervenção, esta seria ouvida e adequada ao planejamento. Devido as particularidades de cada escola, respeitando o espaço e tempo dos professores e das atividades escolares cotidianas, foram realizados seis encontros na escola A e cinco na escola B. Como recursos para o trabalho, foram utilizados textos teóricos oriundos da Psicologia Histórico-Cultural e da Pedagogia Histórico-Crítica, músicas, vídeos, dinâmicas de grupo embasadas na obra de Serrão e Balaeeiro (1999), confecção de cartazes. Todas as discussões propostas eram mediadas pelos estagiários e supervisores pedagógicos da secretaria de educação. Ao final de cada encontro, era solicitado aos participantes que avaliassem verbalmente a reunião do dia e levantassem os pontos positivos e negativos da prática proposta, nesta direção, foram colhidos os relatos dos docentes e realizada uma síntese geral dos mesmos. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 171 ISSN 2447-3081 3 RESULTADOS Escola A Encontros 1 2 3 Objetivos Apresentação dos estagiários; conhecimento dos integrantes do grupo docente e desenvolvimento de laços afetivos entre os integrantes do curso Leitura do texto “Doras e Carmosinas” e “Dinâmica dos balões” para integração e apresentação dos participantes Promover formação da identidade grupal a partir da reflexão e discussão crítica da função social do professor Promover a Identidade grupal a partir da discussão dos determinantes da escolha da carreira docente Dinâmica das memórias, onde cada participante levou uma foto e contou sobre sua história até o momento que se tornou professor Resultados Maior aproximação e aprofundamento dos laços afetivos entre os participantes do grupo Compreensão das múltiplas determinações do trabalho docente e formação de vínculos entre os participantes Métodos Leitura dos textos: “Cheirinho de Professora”; “Vida Maria”; Vídeo “Vida Maria – O recomeço”; Apresentação da música “Maria Maria”. Discussão sobre os pontos positivos e negativos do trabalho docente Formação de vínculos entre os participantes e reflexão aprofundada sobre a trajetória pessoal Escola A Encontros 4 5 6 Objetivos Continuação do encontro anterior Discutir sobre a relação escola-família Continuação do encontro anterior Métodos Dinâmica das memórias e debate sobre as questões levantadas no grupo: o que a minha história colaborou para o que sou hoje em minha atividade docente? Quais os motivos que me levaram a ser professor? Foi proposta a leitura em grupo do texto: Relação Escola – Família: reflexões no âmbito da educação infantil” da autora Lígia Márcia Martins (2009). Em seguida foi aberta uma plenária para a discussão do conteúdo do texto Em grupos os docentes foram solicitados a responder um questionário que investigou as concepções a respeito da relação escola-família. Foi solicitado aos grupos que desenhassem em cartolina uma família que participa ativamente na escola e outra que não. Foi proposta a dinâmica “Tribunal” que consistiu em dois grupos, um atacando a família e culpabilizando-a pelo fracasso escolar dos alunos e outro defesa da família. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 172 ISSN 2447-3081 Resultados Formação de vínculos entre os participantes e reflexão sobre a trajetória pessoal Estas práticas propuseram um ambiente de reflexão sobre os determinantes da relação escola-família e como esta díade pode colaborar com o processo educativo dos alunos As práticas colaboraram para a compreensão da relação escola-família e as múltiplas variáveis que compõe tal díade Escola B Encontros 1 2 3 Objetivos Apresentação dos estagiários; Discutir alguns elementos do conhecimento dos integrantes do conjunto conceitual da grupo de professores e Psicologia Histórico-Cultural discussão sobre a profissão docente Métodos “Dinâmica dos Balões” para apresentação dos participantes; Leitura do texto “Doras e Carmosinas” e discussão sobre os pontos positivos e negativos da profissão docente Resultados Maior aproximação dos integrantes e aprofundamento dos laços afetivos entre os participantes Introdução aos princípios básicos da Pedagogia HistóricoCrítica (função social da escola, professor e educação) Elaboração de cartazes, Divisão da sala em utilizando desenhos, colagens grupos para a leitura do e textos sobre o conjunto texto e escrita dos conceitual da Psicologia principais trechos do Histórico-Cultural e discussão manuscrito encontrado destes conceitos no livro de Demerval correlacionados a prática Saviani: “Sobre a docente natureza e especificidade da educação” (1992). Exposição dialogada sobre a função social da escola, educação e professor Aprofundamento dos Promoveu a apropriação conhecimentos acerca da dos conteúdos teoria e contribuições à prática introdutórios referentes docente à Pedagogia HistóricoCrítica Encontros 4 5 Objetivos Discussão sobre os 5 passos da prática pedagógica proposta pela Pedagogia Histórico-Crítica Divisão da sala em grupos e leitura do capítulo 1 do livro “A prática Pedagógica HistóricoCrítica” (MARSIGLIA, 2011). Foi solicitado que os professores construíssem exemplos de aulas pautados nos 5 passos propostos pela Pedagogia Histórico-Crítica Retomar os conceitos trabalhados ao longo do curso e confraternização Exposição dialogada Métodos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 173 ISSN 2447-3081 Resultados Este encontro proporcionou variados conhecimentos sobre práticas pedagógicas que até então os professores não conheciam, colaborando para o repertório de seus métodos em sala de aula Os docentes relembraram os conceitos trabalhados e sua influência em sua prática pedagógica A formação identitária proposta na escola A em três reuniões, percorreu caminhos que tangenciaram assuntos, tais como, determinantes da escolha profissional e função social do docente, todos com vistas ao desenvolvimento de laços afetivos por meio de técnicas e dinâmicas de grupo com esse intuito. Realizada esta etapa, foi discutida a relação escolafamília em dois encontros, abordando diversos aspectos a respeito dessa temática utilizando de leitura de textos e plenárias. Na escola B, inicialmente tratou-se de discutir aspectos ligados a profissão docente e aproximação com o corpo de professores da escola, os demais encontros foram voltados especificamente para a discussão e reflexão dos conceitos básicos da Psicologia HistóricoCultural, um encontro, e da Pedagogia Histórico-Crítica em dois encontros, sendo que o último encontro voltou-se para a revisão dos conceitos abordados. As técnicas empregadas foram leituras, confecções de cartazes, dinâmicas de grupo e plenárias para a discussão. Ao final de cada encontro era realizada avaliações colhidas pelo relato dos professores, optou-se por realizar uma síntese geral das mesmas que serão indicadas na próxima seção. 3.1 Panorama Geral das Sínteses das Avaliações dos Encontros Os professores da escola A relataram a importância de conhecer e estabelecer vínculos com outros docentes, pois em suas palavras, permite compreender o desempenho do aluno em vários contextos. Outro ponto apontado, foi que os intervalos os quais os professores se reúnem na sala de reunião, ficaram mais divertidos e descontraídos. Eles também indicaram que tinham algumas ideias equivocadas sobre a família da comunidade que frequentava a escola, passando a compreender o histórico de alguns alunos. Apontaram que é necessário ter “combinados” com as famílias para que assim possa auxiliar os alunos a aprender. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 174 Os docentes da escola B, relataram que o curso foi muito útil e proporcionou uma nova visão de seu próprio trabalho. Disseram que foi motivador saber que existe uma teoria que tanto valoriza o professor e a importância da educação. Apontaram que ao estarem instrumentalizados com novos conteúdos, sejam eles teóricos e/ou práticos, estão se sentindo um pouco mais preparados para enfrentar as demandas que aparecem durante as aulas. Indicaram que as referências utilizadas no curso foram boas e devem ser lidas mais a fundo para aprenderem mais sobre o conteúdo. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente artigo objetivou descrever um relato de formação continuada de professores de séries iniciais, tendo como abordagem teórica a Psicologia Histórico-Cultural e alguns conteúdos da Pedagogia Histórico-Crítica. Buscou-se conceitos nestas teorias para a instrumentalização da prática docente. Estes dois arcabouços teórico-conceituais foram escolhidos pois concebem que a educação é fator de grande importância para o desenvolvimento humano e tem como protagonista o professor, focando nas práticas pedagógicas para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores dos alunos. A educação é um processo fundamental para a constituição do ser humano, ela garante ao indivíduo capacidades para se tornar humanizado, pois de acordo com Vigotskii (1998) o homem só se constitui como tal e se diferencia dos demais animais, devido a apropriação da herança cultural já produzida pelas gerações anteriores, e a educação permite esta apropriação e o desenvolvimento de suas capacidades. Nesta relação encontra-se o professor como agente educador que proporcionará meios para que o indivíduo consiga realizar este salto qualitativo, de ser humano para ser humanizado. Para tal tarefa, o docente deve ter sob seu domínio conhecimentos cientificamente construídos, bem como, metodologias que vão de encontro a esta atividade. Portanto, é necessário que o professor tenha uma formação inicial e continuada adequada para esse fim. Nesta direção, a prática proposta nestas duas escolas almejou oferecer novos elementos para suas ações pedagógicas ampliando o leque de compreensão dos múltiplos fatores que envolvem o trabalho docente. Basicamente, os objetivos almejados foram: Discussão sobre os elementos teóricos da Psicologia Histórico-Cultural, formação da identidade grupal, debates sobre a especificidade da educação, função social da escola e POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 175 ISSN 2447-3081 do professor, relação escola-família, bem como os cinco passos propostos pela Pedagogia Histórico-Crítica. Estas proposições destinadas a estes dois grupos de professores de duas escolas distintas renderam transformações visíveis em suas singularidades, bem como, na estrutura da instituição, fato constatado na apuração da avaliação dos cursos a partir dos relatos verbais destes docentes. Nesta direção, defende-se a ideia que seja necessário investir na formação inicial e continuada de professores para a construção de uma educação com qualidade com vistas ao desenvolvimento humano. Portanto, cabe a todos que estejam comprometidos com este ideal, lutar para a construção e implementação de políticas públicas que valorizem e defendam esta classe trabalhadora que tem nas mãos o futuro de milhares de pessoas. REFERÊNCIAS LEONTIEV, A.N. O desenvolvimento do psiquismo. Lisboa: Livros Horizonte, 1978. p. 267. MARSIGLIA, A. C. G. A prática pedagógica histórico-crítica na educação infantil e ensino fundamental. 2011. Disponível em: <http://www.afoiceeomartelo.com.br/posfsa/Autores/Marsiglia,%20Ana%20Carolina/A%20 pratica%20pedagogica%20historico-critica.pdf>. Acesso em: 24 set 2015. MARTINS, L. M. A formação social da personalidade do professor: um enfoque vigotskiano. Campinas: Autores Associados, 2007. _____. Relação Escola-Família: reflexões no âmbito da Educação Infantil. Revista Amazônida. Manaus: Editora da UFAM, ano 14, n. 1, jan./jun. 2009, p 31-48. SAVIANI, D. Educação: do senso comum à consciência filosófica. São Paulo: Cortez; Campinas: Autores Associados, 1980. _____. Pedagogia Histórico-crítica primeiras aproximações. 3 ed. São Paulo. 1992. SERRÃO, M; BALEEIRO, C. Aprendendo a ser e a conviver. FTD, 1999. VIGOTSKII, L. S. A Formação Social da Mente. S. Paulo: Martin Fontes, 1984. _____. Pensamento e Linguagem. Rio de Janeiro: Martins Fontes, 1998. _____. Mind in society: the developmente of higher psychological process. Cambridge MA: Harvard University Press. p. 86, 1978. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 176 ISSN 2447-3081 GESTÃO EMPRESARIAL ESTÍMULO DA INOVAÇÃO – O COMBUSTÍVEL DE SUPERAÇÃO, APRENDIZADO E CRESCIMENTO ECONÔMICO DAS ORGANIZAÇÕES BRASILEIRAS Maurício Maroto – FAAG1 RESUMO Em plena era do conhecimento e da inovação, muitas organizações buscam constantemente aprimorar suas práticas de gestão a fim de promover um ambiente favorável à criatividade, experimentação e implementação de novas ideias geradoras de um diferencial competitivo. Mas, como sobreviver e crescer em um mundo globalizado no qual o comércio deixou de respeitar as fronteiras geográficas e a concorrência é, literalmente, mundial? Os ativos convencionais – capitais físicos e financeiros – não desaparecerão, mas é inevitável que o conhecimento se transforme em ativo cada vez mais importante. Na verdade deve se transformar no ativo mais importante, o capital intelectual. Inovação, conhecimento e capital intelectual são aspectos que uma gestão moderna não pode desconsiderar e que atualmente, são competências exigidas e praticadas por equipes de trabalho que possuem a influência de Engenheiros. São temas que vão além dos modismos e mimetismos e, de fato, integram o cardápio gerencial das organizações voltadas para a excelência. O atual estudo foi desenvolvido mediante a grande importância e concentração de assuntos relacionados à fundamental atuação do Engenheiro nas organizações, bem como reflexões sobre a capacitação e a formação contínua deste profissional, e pela oportunidade diante do aumento da competitividade empresarial, proporcionada pelo amadurecimento e implantação da cultura inovadora nos sistemas empreendedores, portanto, o objetivo geral do estudo será contribuir para a disseminação e multiplicação da cultura que norteia a gestão da inovação nas empresas contemporâneas. PALAVRAS-CHAVE: Organizações. Inovação. Engenharia. Competitividade. ABSTRACT In the age of knowledge and innovation, many organizations constantly seek to improve its management practices in order to promote a favorable environment for creativity, experimentation and implementation of new generating ideas a competitive edge. But how to survive and grow in a globalized world in which trade has ceased to observe geographical boundaries and competition is literally world? Conventional assets - physical and financial capital - will not disappear, but it is inevitable that knowledge would become active increasingly important. Actually should become the most important asset, the intellectual capital. Innovation, knowledge and intellectual capital are aspects that modern management can not ignore and that currently are required skills and practiced by work teams that have the influence of Engineers. Are topics that go beyond the fads and mimicry and, in fact, make up the management menu of organizations for excellence. The current study was developed by the great importance and concentration issues related to the fundamental role of the engineer in organizations, as well as reflections on the training and further training of 1 Especialista em Engenharia de Produção UNESP. Tecnólogo em Desenho Técnico UNIP. Aluno do Curso de Engenharia de Produção FAAG. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 177 ISSN 2447-3081 this professional, and the opportunity in the face of increased business competitiveness, provided by the maturation and deployment the innovative culture in entrepreneurs systems, so the overall objective of the study will contribute to the spread and multiplication of culture that guides the management of innovation in contemporary companies. KEYWORDS: Organizations. Innovation. Engineering. Competitiveness. 1 INTRODUÇÃO A tecnologia fascina a sociedade contemporânea, particularmente no que se convencionou chamar de sociedade do conhecimento. Estamos ante um salto no âmbito da modernidade, na busca de maior eficiência com menor demanda de matéria e energia. Há um apelo forte para se reduzir custos, aumentar receitas e diminuir o impacto ambiental em qualquer setor da atividade humana. Esse quadro estimula expectativas e exige inovações. Mas estas não são automáticas, constituindo um desafio para as organizações que produzem bens ou oferecem serviços. Neste sentido, grandes mudanças são necessárias no ensino das Engenharias para que o Brasil se torne um país mais produtivo e realmente inovador. Em especial, dispor de mais e melhores Engenheiros e Tecnólogos é vital para a indústria. Embora o teor de inovação de uma companhia dependa não só de Engenheiros, mas de Designers, Projetistas, Analistas, Desenvolvedores e de toda a sua força de trabalho, os primeiros são aqueles que dão funcionalidade a protótipos e produtos, tornando-os aptos à produção seriada, de volume e com alta qualidade. O primeiro grande desafio do país é o da quantidade de profissionais. O Brasil forma em engenharia somente cerca de 5% de todos os seus alunos de graduação superior. Isso é menos que duas vezes a quantidade média de Engenheiros formados nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com 12% do total de alunos, e quatro vezes menos o que a Coreia do Sul, com 23%. A taxa de evasão dos cursos de Engenharia, que nas faculdades particulares supera 20% dos matriculados, é um agravante dessa baixa disponibilidade de Engenheiros (CNI, 2015). A ausência de uma sólida formação escolar básica e a pouca motivação decorrente de currículos ultrapassados nos cursos de engenharia estão entre os fatores apontados como responsáveis pela elevada taxa de evasão. Formar em quantidade, porém, não é o bastante. O segundo grande desafio do país é o da qualidade dos profissionais. As mesmas deficiências de educação no ensino fundamental e médio, que afetam a formação em todas as áreas e levam o país a apresentar índices de proficiências muito baixos nos testes POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 178 internacionais do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), também afetam fortemente os alunos dos cursos de engenharia. Além desse problema estrutural, há também um debate no mundo todo sobre a formação profissional de Engenheiros. É cada vez mais forte a compreensão de que faculdades de engenharia devem formar profissionais com capacidade de inovação. Esses Engenheiros precisam ter habilidades pessoais que transcendem a formação objetiva e quantitativa dos cursos tradicionais. Nos estudantes, devem ser estimulados o desenvolvimento de liderança e o trabalho em equipe, o empreendedorismo, o conhecimento geral de áreas não científicas. Esses são atributos que vêm se tornando cada vez mais importantes para a formação moderna do Engenheiro empreendedor e inovador. A tendência mundial é a de formar, na graduação, profissionais mais generalistas, deixando para a pós-graduação, lato ou stricto sensu, o aprofundamento em especialidades. Segundo o MCTI (2015), temos pouquíssimos Engenheiros Doutores empregados em empresas brasileiras, se compararmos nossos números com a maioria dos países da OCDE. Essa defasagem decorre do fato de a grande maioria permanecer nas universidades e centros de pesquisa, ao passo que poucos ingressam no setor industrial. A qualificação e a experiência profissional devem ser priorizadas na contratação do corpo docente nas escolas de engenharia, de modo a valorizar a experiência prática industrial. Os profissionais brasileiros possuem muitas titulações, mas pouca ou nenhuma experiência profissional no mercado de trabalho. Isso pode prejudicar, em maior ou menor grau, o próprio ensino de engenharia, por dificultar a tão necessária conexão entre a teoria e a prática. Neste sentido é desejável que o país tenha um sistema adaptável às suas características regionais e aos diferentes estágios de desenvolvimento da produção de bens e serviços. 2 REFLEXÕES SOBRE ENGENHARIA NO BRASIL E O MUNDO Os Engenheiros são uma categoria muito importante da mão-de-obra de um país. A existência de Engenheiros e cientistas operantes no mundo real da produção está intimamente associada à inovação, à geração e a absorção de novas tecnologias, à pesquisa e desenvolvimento e à produção de patentes industriais. Estima-se que, para cada milhão de dólares em novos investimentos nos países desenvolvidos, haja a necessidade de um novo Engenheiro atuante. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 179 2.1 Produção tecnológica da Engenharia Brasileira No contexto da criação de novas tecnologias, assim como na produção de artigos científicos, a Engenharia Brasileira situa-se em posição inferior à dos demais países dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ao contrário da área de Medicina, em que o país só perde para a China. Com a baixa interação entre universidades e empresas, não se pode esperar que seja alta a geração de patentes, da mesma forma que, sem propriedades intelectuais, torna-se previsível a pouca penetração da indústria brasileira no mercado internacional competitivo de tecnologia. Um Estudo do Banco Mundial (High Technology Exports, 2012) mostra que o Brasil ficou situado na 26ª colocação entre os exportadores de produtos de alta tecnologia, embora seja a 8ª economia mundial. As empresas brasileiras que inovam e diferenciam seus produtos representavam, em 2010, apenas 1,7% da indústria, mas eram responsáveis por 25,9% do faturamento industrial e por 13,2% da geração de emprego. Commodities primárias representavam, na mesma época, 40% do total das exportações brasileiras. Produtos de baixa intensidade tecnológica eram 18% da nossa pauta de exportações e os de média e alta tecnologia, pouco mais de 30%. No mundo, 60% dos produtos exportados são de média e alta intensidade tecnológica e a participação de commodities nas exportações é de 13% (DE NEGRI; SALERNO, 2005). Diante desse cenário, há intenso debate na sociedade sobre o lugar das Engenharias. Há uma percepção entre os empresários de que existe, sim, escassez de Engenheiros em diversos setores, principalmente na indústria. Isso poderia colocar em xeque a sustentabilidade do crescimento econômico em longo prazo, uma vez que a abundância e a qualidade do capital intelectual humano são requisitos para a inovação e a competitividade em todos os setores da economia. Entre 2006 e 2011, o PIB brasileiro cresceu a uma taxa média anual de cerca de 4,3%. Nesse período, para cada 1% de crescimento, a demanda por Engenheiros aumentou em média 2%. Comparando com o PIB Industrial, essa relação é ainda maior, 2,4%, conforme se pode observar no gráfico da Figura 1. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 180 ISSN 2447-3081 Figura 1 – Demanda por Engenheiros e variação do PIB Fonte: CNI Dentre as principais características desse avanço, destaca-se a desconcentração da demanda por Engenheiros, com maior participação do Nordeste e do Centro-Oeste, como reflexo da dinâmica econômica brasileira. 2.2 Produção científica A produção científica de artigos em periódicos especializados na área de Engenharia, em alguns países selecionados entre 1999 e 2010, é apresentada no gráfico da Figura 2. Nele, a escala da China é representada a direita devido à grande produção, equivalente à 60 mil publicações em 2010. Figura 2 – Artigos de produção científica de Engenharia indexada nos países Fonte: CNI POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 181 Como se pode perceber, o Brasil está em penúltimo lugar entre os países selecionados. Visando à melhoria e modernização da Engenharia Brasileira, torna-se imperioso discutir o papel da pós-graduação e da pesquisa nesse processo, visando obter melhores resultados e a excelência no ensino superior. Segundo Pieracciani (2008), compreender que o mundo é o laboratório de sua empresa, e que a inovação pode ser amplamente prospectada. As ideias, os experimentos e a tecnologia estão em algum lugar por aí, esperando sua inteligência e capacidade de realização para transformarem-se em negócios e resultados para uma organização. 2.3 Perfil e Qualidade dos Engenheiros formados Estudos mostram que as principais habilidades e competências que se esperam dos Engenheiros recém-formados são aquelas que mais podem contribuir com a inovação nas empresas. Entre os principais atributos esperados em um Engenheiro que ingressa no mercado de trabalho, pode-se citar: Aptidão para identificar problemas e desenvolver soluções originais e criativas; Capacidade de trabalhar em equipe e de absorver novos conhecimentos de forma autônoma; Pleno domínio de conceitos como qualidade total e preservação ambiental; Percepção do que acontece no mercado de sua empresa; Conhecimento de aspectos legais e normativos; Entendimento de fenômenos em áreas básicas do ensino e educação; Capacidade de conhecer e operar sistemas complexos; Espírito investigativo e capacidade de desenvolvimento tecnológico; Domínio de línguas estrangeiras. Buscando sempre a valorização do ser humano, devido às necessidades e às exigências do mercado, o desenvolvimento de competência nas pessoas é um diferencial de vital importância para a sobrevivência das organizações. Para Canêo (2006, p. 110), o conceito de competência procura ir além do conceito de qualificação, refere-se à capacidade de a pessoa assumir iniciativas, ir além de atividades POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 182 prescritas, ser capaz de compreender e dominar novas situações de trabalho, ser responsável e ser reconhecido por isso. Segundo dados mais recentes da FNQ (2015) Fundação Nacional da Qualidade, a inovação, requerida pelo profissional Engenheiro, não se reduz à criação de produtos, serviços, processos ou tecnologia que rompem com a maneira convencional de fazer as coisas, mas considera também mudanças que podem ter impactos abrangentes e duradouros em uma organização. 3 METODOLOGIA A metodologia básica utilizada foi à pesquisa bibliográfica, baseada em publicações atuais e compenetradas no conceito sobre a inovação e seu desenvolvimento no Brasil e no mundo, através da literatura vigente com abordagens sobre inovação. De acordo com o Manual de OSLO (2015), a implantação de um produto, bem ou serviço, seja novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional ou de gestão é o que se chama de inovação. Segundo Kelley (2014), a inovação e a criatividade são reconhecidas como os principais elementos por trás do sucesso nos negócios e, atualmente, são tidas como características fundamentais em líderes de várias organizações. Na visão da CNI (2015), algumas propostas preliminares poderão fortalecer os cursos de Engenharia, a fim de aprimorar a qualidade de ensino: Aumento da integração entre os cursos de Engenharia e o setor produtivo; Reavaliação das diretrizes curriculares da Engenharia; Incentivo à criação de centros de pesquisa tecnológica, associados a faculdades de Engenharia; Integração entre graduação e pós-graduação com estímulos à formação continuada, em sintonia com o mestrado profissionalizante; Criação de um programa para apoiar escolas de Engenharia em ações realizadas com escolas de ensino médio e fundamental (públicas e privadas); Criação de um programa de avaliação internacional dos principais cursos, que conduziriam uma avaliação global da Engenharia no Brasil. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 183 Segundo a CNI (2015), como formas de catalisar a inovação, a fim de incentivar os cursos de Engenharia: Estímulo às pesquisas associada a governo e empresas, de modo a estimular e apoiar a criação de centros de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), o que permitiria à equipe acadêmica trabalhar com problemas reais baseadas em demandas do governo e de empresas; Incentivo a projetos de inovação desenvolvidos por equipes de estudantes, com orientação de professores e Engenheiros que trabalham em empresas; Criação e financiamento de rede de suporte nacional para pequenos e médios empreendedores, com projetos de conteúdo inovador, com a utilização da competência instalada nas diferentes instituições, desenvolvido por equipes de estudantes orientadas por professores e técnicos especializados. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS A formação do Engenheiro para o século XXI tem sido tema de muitos trabalhos acadêmicos, seminários e ações. Eles discutem as novas responsabilidades dos Engenheiros tanto diante da sociedade quanto diante da necessidade de adaptação do novo profissional às transformações agudas da tecnologia, às novas responsabilidades da profissão e à globalização. Há grande concordância quanto ao fato de que a próxima geração de Engenheiros terá de desenvolver a inovação pela integração, sendo, por isso, necessário incluir, em sua formação, questões acerca do domínio de sistemas complexos, sustentabilidade, micro e nanossistemas, megassistemas e sistemas vivos. Esse novo Engenheiro deverá, ainda, ser capaz de projetar e desenvolver produtos; criar, operar e manter sistemas complexos; atender as bases científicas de um dado produto ou processo, além de compreender os contextos econômicos, industriais, sociais, políticos e globais da Engenharia. Segundo Citterio (2012), o grande motor de um projeto, desenvolvido pela competência de Projetistas, Engenheiros e Designers talvez seja a curiosidade e a criação de um produto e a refinada capacidade especulativa, do ato criativo até o marketing, com a aceitação plena dos clientes. Para que organizações possam sobreviver e crescer em questões econômicas e com resultados sustentáveis, é imprescindível uma íntegra e sólida gestão do ativo intelectual POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 184 de Engenheiros, de forma a potencializar a pesquisa e desenvolvimento de inovações para a produção tecnológica brasileira. A infraestrutura na qual a inovação mais facilmente frutifica vem sendo amplamente estudada internacionalmente. A educação de um povo, a agilidade de suas burocracias, a existência de um sistema tributário racional, convivendo com políticas de incentivos transparentes, a confiabilidade e a flexibilidade da legislação trabalhista, a disponibilidade de energia e de infraestrutura de transportes, entre outros fatores, têm sido apontadas como peças críticas na formação de clusters (grupos) de inovação. Não basta que um país possua um corpo de cientistas e técnicos bem preparados. É preciso que haja ambiente regulatório propício e demanda pela solução dos problemas encontrados, ante necessidades da sociedade, assim como ambição de vender essas soluções em qualquer parte do mundo. De acordo com Brynjolfsson (2015), a criatividade e o empreendedorismo vão gerar novos modelos de negócios e novas formas de usar a tecnologia. É por meio da combinação de máquinas mais inteligentes com o talento das pessoas altamente qualificadas que o valor será gerado no futuro para o progresso das organizações. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Baseado na literatura vigente e de acordo com as abordagens apresentadas, em resposta à questão inicial desta pesquisa, sobre como sobreviver e crescer em um mundo globalizado torna-se evidente a importância de gerir um ativo intangível que é o capital intelectual, agregado ao conhecimento e a inovação nas empresas. Neste sentido, ao se pensar em um país com proporções continentais e aspectos sociais e demográficos diferenciados por região, é de alta relevância políticas de incentivos transparentes para a gestão da inovação, a parceria e a integração de universidades e empresas, visando empreendedores regionais, com senso de propriedade, ousadia e criatividade para efetuar seus sonhos, contribuindo incansavelmente para a formação da nova economia brasileira. Em resposta ao objetivo geral, a inovação não requer altos investimentos das organizações, mas pressupõe a transformação de boas ideias em algo concreto, que represente algum tipo de melhoria de processos, produtos e atitudes. Aliada às competências e habilidades de Engenheiros e especialistas, com métodos, sistemas e POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 185 ISSN 2447-3081 processos de qualidade e integridade, a inovação é a solução que contribui decisivamente para o aumento da competitividade das empresas contemporâneas. REFERÊNCIAS BANCO MUNDIAL. Indicators. Disponível em: <http://data.worldbank.org/indicator>. Acesso em: 02 ago. 2015. BRYNJOLFSSON, E.; McAFEE, A. A segunda era das máquinas. São Paulo: Alta Books, 2015. CANÊO, L. C. Trabalho e gestão de pessoas: reflexões e experiências. Bauru: Jorate, 2006. CITTERIO, A. Coleção folha grandes designers. São Paulo: Folha de São Paulo, 2012. CNI. O Estado da Inovação no Brasil. Disponível em: <http://www.portaldaindustria.com.br/cni/canal/mobilizacao-empresarial-inovacaopublicacoes/>. Acesso em: 20 set. 2015. DE NEGRI, J. A.; SALERNO, M. S. (Org.). Inovações, padrões tecnológicos e desempenho das firmas industriais brasileiras. Brasília: Ipea, 2005. FNQ. Critérios de Excelência. 20.ed. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/informese/publicacoes/criterios-de-avaliacao-da-gestao/criterios-de-excelencia>. Acesso em: 10 out. 2015. Manual de OSLO: Proposta de Diretrizes para Coleta e Interpretação de Dados sobre Inovação Tecnológica. Disponível em: <http://download.finep.gov.br/imprensa/manual_de_oslo.pdf>. Acesso em: 04 out.2015. MCTI. Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação. Disponível em: <http://www.mcti.gov.br/ index.php/content/view/740.html>. Acesso em: 02 ago. 2015. KELLEY, T; KELLEY, D. Confiança criativa: Libere sua criatividade e implemente suas ideias. São Paulo: HSM Editora, 2014. PIERACCIANI, V. Usina de Inovações: guia prático para transformação de sua empresa. São Paulo: Canal Certo, 2008. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 186 ISSN 2447-3081 O GESTOR DA PEQUENA EMPRESA E SUA PERCEPÇÃO QUANTO A SEGURANÇA DO TRABALHO: SUGESTÃO PARA IMPLANTAÇÃO Diego Angelo Rompineli – FAAG1 Leandro Manfrinato – FAAG2 Fernanda Serotini Gordono de Oliveira – FAAG3 RESUMO A segurança do trabalho visa melhorar as condições do ambiente laboral da empresa, evitando assim acidente de trabalho ou atos e condições inseguras. Assim, se faz necessário que qualquer empresa, seja ela de qualquer porte realize programas voltados à segurança do trabalho, para que combatam e evitem os riscos de acidentes, lesões, doenças, ambientes insalubres, etc. A saúde ocupacional é importante para manter o bemestar dos trabalhadores e contribuir para a produtividade, motivação e satisfação no trabalho. As doenças ocupacionais são provenientes de riscos que o trabalhador desenvolve à sua atividade. Podem causar afastamentos temporários, repetitivos e até definitivos, prejudicando a produtividade. O PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) e o PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), estabelece a obrigatoriedade de elaboração e implementação, por parte dos empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto de seus trabalhadores. Para isso o papel do gestor é de suma importância na realização desses programas. O presente trabalho estudou uma pequena empresa do ramo de eletricidade do município de Lençóis para verificar qual o papel do gestor em relação à criação, aplicação e fiscalização de programas voltados à segurança do trabalho, caracterizando e identificando tais programas. PALAVRAS-CHAVE: Segurança do Trabalho. Micro e Pequena Empresa. Gestor. ABSTRACT The safety of work aimed at improving the conditions of the company's work environment, avoiding accidents at work or unsafe acts and conditions. Thus, it is necessary that any company, be it of any size realize programs focused on safety, to fight and avoid the risk of accidents, injury, disease, unhealthy environments, etc. Occupational health is important to maintain well-being of workers and contribute to productivity, motivation and job satisfaction. Occupational diseases are from risks that the employee to their activity. Can cause temporary absences, repetitive and even definitive, hurting productivity. The PPRA (Environmental Risk Prevention) and PCMSO (Control Program Occupational Health) establishes the obligation to design and implementation, by employers and institutions that admit workers as employees, with the aim of promoting and preserving the health of all of its workers. To do so the manager's role is very important in conducting the programs. This paper presents a small company of sheets of municipal electricity branch to find what the 1 Aluno do Curso de Engenharia de Produção. Aluno do Curso de Engenharia de Produção. 3 Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 187 role of the manager in relation to the creation, implementation and monitoring of programs focused on safety, characterizing and identifying such programs. KEYWORDS: Occupational Safety. Small and Medium Enterprises. Manager. 1 INTRODUÇÃO A segurança do trabalho visa evitar o acidente de trabalho, ou seja, aquilo que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, perda ou redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho (SALIBA, 2010). Sendo assim, se faz necessário que qualquer empresa (Segundo a NR 09 - Programa de Prevenção de Riscos Ambientais), faça programas voltados à segurança do trabalho, para que combatam e evitem os riscos de acidentes, lesões, doenças, ambientes insalubres, etc., mesmo sendo uma empresa pequena, como é o objeto do estudo do trabalho. Com isso, os gestores têm um papel fundamental para que se crie e se fiscalize esses programas e deve atrelar a segurança à rotina da empresa, caminhando junto com o processo produtivo, devendo inseri-la no sistema de gestão da organização. De acordo com Chiavenato (2014), segurança no trabalho deve ser fundamentada em um sistema de gestão, que se considerando as particularidades de cada situação, devem ser estruturadas para atender as metas a partir das diretrizes estabelecidas pela empresa. A Segurança do Trabalho é exigida por lei, mas por outro lado faz com que a empresa se organize. Aumentando a produtividade e a quantidade dos produtos, melhorando as relações humanas no trabalho. Sendo assim, as pequenas empresas muitas vezes não realizam programas voltados à segurança do trabalho, pois, seus gestores veem esses programas como custos para a organização, por isso, esse trabalho pretende verificar o que a pequena empresa estudada está fazendo em relação a programas de segurança e com isso, caracterizar e identificar os processos de segurança do trabalho, sugerindo assim, sua implantação. Portanto os objetivos do trabalho são caracterizar e identificar programas voltados à segurança do trabalho na pequena empresa estudada, mostrar o papel do gestor da pequena empresa estudada em relação a programas voltados à segurança do trabalho, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 188 identificar as principais causas que norteiam a segurança do trabalho nas pequenas empresas e sugerir melhorias e sugestões, caso haja necessidade. 2 ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 A segurança no trabalho Segurança do trabalho é a ciência que, através de metodologias e técnicas apropriadas, estuda as possíveis causas de acidentes do trabalho, objetivando a prevenção de sua ocorrência, cujo papel é assessorar o empregador, buscando a preservação da integridade física e mental dos trabalhadores e a continuidade do processo produtivo (CHIAVENATO, 2009). A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras (De 01 a 36), leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho (OIT), ratificadas pelo Brasil (NASCIMENTO, 2009). 2.2 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA De acordo com Saliba (2010), é um programa permanente que deve ser realizado uma vez por ano. PPRA é a sigla de Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Esse programa está estabelecido em uma das Normas Regulamentadoras (NR-9) da CLTConsolidação das Leis Trabalhistas, sendo a sua redação inicial dada pela Portaria nº 25, de 29 de dezembro de 1994, da Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho, do Ministério do Trabalho. A NR 9 define o procedimento para estabelecer implementação e assegurar o cumprimento desse programa. O objetivo do PPRA é estabelecer uma metodologia de ação que garanta a preservação da saúde e integridade dos trabalhadores frente aos riscos dos ambientes de trabalho (NASCIMENTO, 2009). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 189 2.3 Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO É obrigatório à elaboração e implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional - PCMSO, com o objetivo de promoção e preservação da saúde do conjunto dos seus trabalhadores. O PCMSO complementa o PPRA. O reconhecimento, avaliação e o controle dos riscos ambientais somente são eficazes com subsídios dos exames médicos (SALIBA, 2010). 2.4 Como minimizar os custos com a segurança no trabalho Para Chiavenato (2014), a melhor maneira de minimizar os custos da empresa é investir na prevenção de acidentes. O custo de um acidente pode trazer inúmeros prejuízos à empresa. 3 METODOLOGIA Para realizar o trabalho, os pesquisadores utilizaram a pesquisa bibliográfica, que segundo Yin (2010), também é chamado de fontes secundárias, é relacionada a publicações em boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, dentre outros. A pesquisa bibliográfica ajuda a enfocar um tema já escrito, permitindo avaliá-lo e concluir algo sobre o assunto. Também será utilizado o estudo de caso, que segundo Coutinho (2003), refere que quase tudo pode ser um “caso”: um indivíduo, um personagem, um pequeno grupo, uma organização, uma comunidade ou mesmo uma nação. Da mesma forma, foi aplicado um questionário estruturado para o gestor da empresa estudada e os resultados serão tabulados no Microsoft Excel. 4 ESTUDO DE CASO 4.1 Caracterização da Empresa Estudada POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 190 A empresa estudada é considerada de pequeno porte, no ramo de eletricidade, localizada na cidade de Lençóis Paulista. O contato com a empresa se deu no dia 10 de julho de 2015, o aceite a participação da entrevista foi imediato, porém, um dos sócios não autorizou a divulgar os dados da empresa e os pesquisadores concordaram. A empresa tem dois sócios com cotas de 50% cada um, conta com quinze colaboradores sendo cinco eletricistas, dois eletricistas chefes e dez auxiliares de eletricista. O faturamento da empresa foi outro dado que a empresa não divulgou. Está no ramo há 13 anos, sua fundação se deu no dia 20/08/2002, não é uma empresa familiar, ela foi fundada pelos dois sócios que trabalhavam juntos em outra empresa da cidade e que não estavam felizes com o a empresa onde trabalhavam e também por verem que havia mercado para esse ramo na cidade, por isso resolveram se unir e abrir uma empresa para eles. No começo eram somente os dois sócios e na medida em que o serviço foi aumentando fizeram as novas contratações, a primeira contratação aconteceu após 6 (seis) meses de empresa aberta. O último funcionário foi contratado há cinco anos. A empresa faz a prestação dos seus serviços somente em empresas jurídicas. Seus principais clientes são empresas da região e tem uma grande parceria com uma Construtora de renome da cidade de Bauru – SP, empresa especializada em licitações públicas. 5 DISCUSSÃO E RESULTADOS A entrevista aconteceu no dia 11/07/2015 na própria empresa e o respondente do questionário foi um dos gestores, que chamaremos de Sr. Antonio. Foi uma entrevista estruturada, uma vez que as perguntas já foram pré-definidas, o respondente fazia o relato e foram anotados somente os pontos principais, pois não foi permitido o uso de gravador. O quadro 1 mostra as perguntas realizadas. Quadro 1 – Perguntas e respostas da entrevista Perguntas Respostas “A quantidade de colaboradores são quinze, sendo cinco Qual o número total de empregados? eletricistas e 10 auxiliares de eletricista, dentre os cinco (produção e administrativo) eletricistas há dois líderes. Há também um engenheiro prestador de serviço”. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 191 ISSN 2447-3081 Quais as principais características do processo produtivo? Como é constituído o departamento de segurança na empresa? Quais são as principais normas de segurança existentes na empresa? Existem pontos de hidrantes na empresa para gerenciamento emergencial de incêndio? Máquinas e equipamentos são protegidos? Piso, escadas, acessos de entrada e saídas, estado de conservação dos equipamentos, equipamentos de elevação e movimentação de materiais, são adequados e com condições de uso? Pinturas, organização e limpeza? Higiene do Trabalho (Banheiros, Bebedouros, Locais para Alimentação etc.)? Iluminação, Calor, Ergonomia? Gestão da informação à vista (cartazes, banner, placas de segurança)? Treinamentos realizados? Sinalização de CIPA nas áreas Ronda e Reunião de Segurança Controle de Exames Médicos (Admissional, Periódico, Mudança de Função, Demissional). Controle de acidentes de trabalho? Controle de faltas por doenças? Controle de afastamento por doença ocupacional? “Ela monta painéis elétricos para as empresas e faz toda a instalação predial. Mas nos últimos 5 anos, só atende a empresas jurídicas e tem uma parceria com uma construtora da cidade de Bauru – SP, que é especializada na área de licitação pública.” “A empresa não tem um departamento responsável pela segurança, uma vez que há uma empresa terceira que faz esse serviço. Não faz análise de risco detalhada dos seus processos, só uma análise geral do ambiente laboral. Essa análise é apenas visual.” “Os colaboradores têm curso na área de segurança, que é a NR 10, curso esse exigido pelo mercado, uma vez que é obrigatório no ramo de eletricidade”. “Existe 1 ponto de hidrante na empresa, sua instalação foi recente, por uma exigência do corpo de bombeiros, uma vez que a empresa alugou esse prédio há 4 meses.” “Na empresa não há máquinas e equipamentos fixos, os equipamentos e ferramentas utilizados saem toda hora da empresa e quando estão na empresa ficam guardados em prateleiras”. “Não são adequados, mas como é por um período transitório, a empresa não investiu para melhorá-los ou para adequá-los. Mas no novo prédio, todas as medidas de segurança estão sendo respeitadas, como colocar piso antiderrapante, entradas e saídas conforme a legislação.” “Não há um local adequado para armazenagem, há apenas um barracão onde são armazenados todo o material, ferramentas e equipamentos utilizados”. “Há apenas um banheiro e ainda não é adaptado e também não temos divisão de homem e mulher”. Há um bebedouro e não há um local adequado para alimentação.” “A empresa fica em cima de uma loja e têm portas do tipo balcão, essas portas ficam sempre abertas e com boa ventilação. Agora sobre ergonomia só tem mesmo descanso dos pés e de mãos no computador.” “Só há uma placa referente ao hidrante.” “O único treinamento que nós todos fazemos é a NR10 que é uma exigência da legislação devido à natureza da empresa. ” “Nós não temos CIPA”. “Nós fazemos reuniões de segurança. Geralmente discutimos a importância de utilizar EPI´s.” “Nossos exames são realizados por uma empresa terceirizada.” “Nunca houve um acidente grave na empresa que precisasse abrir a CAT, só aconteceram pequenos acidentes como arranhões, por exemplo.” “Eu tenho uma planilha e faço o controle de faltas de todos”. “Nunca tivemos afastamento”. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 192 ISSN 2447-3081 Controle de Custos relacionado à segurança do trabalho? Colocação do entrevistado? “Também não fazemos controle de custos relacionados à segurança, nem quanto à compra de equipamentos, quando um funcionário precisa de algum EPI, ele me comunica e eu autorizo – o a buscar nos locais autorizados. Mas não há nenhum tipo de controle. Como são poucos funcionários e são honestos quanto a isso, eu não vejo problemas nessa maneira, mas sei que é errado”. “A nossa empresa está longe de ser ideal quanto à segurança do trabalho, infelizmente precisaríamos de instruções nessa área”. Fonte: Os autores 5.1 Análise dos Resultados e Sugestões de Melhorias Após a entrevista, pôde-se perceber que o gestor da empresa não conhece muito bem o que é PPRA e PCMSO, não sabe quais são os exames obrigatórios relativos à sua atividade e que seus colaboradores só realizam exames quando a empresa terceirizada que eles contratam os avisam sobre isso, portanto sugere-se que o gestor tenha mais informações sobre o assunto, e nós, os autores do trabalho nos dispomos a irmos até a empresa mais uma vez e informá-lo de como funciona o PPRA e PCMSO. A empresa tem PPRA, mas quem o elabora é uma empresa terceirizada, o gestor não faz nenhum controle sobre os riscos existentes. Pôde-se perceber que o ambiente de trabalho é pequeno e não está adequado para os colaboradores. Tudo está apertado e acondicionado de maneira imprópria. Mesmo sendo transitório o tempo que a empresa ficará nesse local, uma vez que está construindo um prédio no Distrito Industrial do município, deveria - se oferecer um local mais salubre para seus colaboradores. O próprio gestor reconhece essa falha. A sugestão que os autores dão é que a empresa analise todas as atividades detalhadamente, adotando alguns critérios básicos como: a) Observação das funções desempenhadas pelos colaboradores: É necessário realizar uma análise detalhada do processo (a função e as atividades desempenhadas). Para realizar essa etapa é importante conversar com o colaborador sobre quais são as atribuições dessa função, ele deverá descrever quais são as atividades que ele desempenha e como realiza essas atividades. b) Identificar atos inseguros ou condições inseguras de trabalho: Verificar se os procedimentos realizados pelos colaboradores estão corretos. Identificar quais atividades que poderão gerar acidentes e lesões, choques, esmagamentos, cortes, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 193 queimaduras, decepamentos de membros, etc., até a morte. Identificar atividades com riscos de acidentes e verificar se os colaboradores estão utilizando os equipamentos de proteção individual. Observar o posicionamento do colaborador em relação às máquinas e se as máquinas e equipamentos estão instalados corretamente. Observar principalmente se o ponto de operação permite a introdução de dedos ou da mão. Em relação ao choque elétrico no ambiente laboral, observar se há fios expostos, principalmente se o trabalho está relacionado com eletricidade. Essa é a fase que exige maior envolvimento do colaborador, pois é importante envolver os empregados para que eles relatem como executam o seu serviço e ajudem na discussão de riscos em potencial e soluções recomendadas. c) Identificar as necessidades de treinamentos: O ideal é que os colaboradores tenham além do treinamento da NR 10, que é uma exigência da legislação, tenham também treinamentos voltados para comportamento e qualidade, uma vez que para a prestação de serviços são importantes e necessários, e que a qualidade é medida conforme o serviço é prestado, assim como o comportamento do colaborador. d) Identificar como está a estrutura física, arrumação e limpeza do local de trabalho: Observar os pisos e passagens irregulares, obstruídas, escorregadias, com saliência ou buracos. Quanto à arrumação do local, esse quesito foi o que mais preocupou os pesquisadores. Pôde-se observar que não há uma arrumação correta no local de trabalho. Portanto, o ideal é que haja um local apropriado, separado e que as prateleiras sejam mais organizadas com as ferramentas e equipamentos mais leves e menores abaixo. O correto é que houvesse um almoxarifado, onde um dos pontos mais importantes é seu espaço, pois é ele que determina, na verdade, toda a estratégia de compra, de estocagem e de distribuição, tirando o máximo proveito de sua área total. O espaço vertical deve ser utilizado ao máximo, fazendo-se uso de prateleiras ou por meio do empilhamento dos materiais. No entanto, alguns pontos básicos devem ser considerados: Resistência dos materiais que sofrerão empilhamento; Equipamento disponível para a execução de um empilhamento seguro; Resistência dos pisos e do pavimento. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 194 Observar se há falta de espaço e se tem pilhas inseguras ou materiais sobre a cabeça, além de verificar se o colaborador está sujeito à exposição a poeiras, fumos e substâncias químicas. A carga e a descarga de materiais devem ser sempre feitas de forma segura e ágil. As entradas e as saídas dos mesmos não devem possuir bloqueios e devem ser suficientemente compatíveis com a dimensão dos produtos em circulação. A altura do prédio deve ser compatível com o tipo de produto a ser estocado, o mesmo ocorre com os pavimentos, que devem ser projetados de maneira a suportar empilhamentos e/ou o peso dos materiais estocados. A largura, o comprimento, a altura, o volume etc. dos materiais que serão transportados são importantes fatores que deverão compor o planejamento do layout do prédio. É importante estruturar o trânsito interno dentro do prédio, levando-se em conta suas dimensões, tamanho dos produtos e circulação interna. As passagens dos corredores devem ser retas e não devem conter obstruções causadas por empilhamento de materiais ou colunas, de forma a permitir a direta comunicação entre as portas e todos os setores do prédio, que devem estar devidamente identificados e divididos por critérios de conveniência (cores, números etc.). Para se manter em segurança, deve ser respeitado o limite máximo de altura do teto, que não deve ultrapassar a 30 cm. Isso garante a ventilação e a facilidade nas retiradas. É importante salientar que os materiais devem ser armazenados de acordo com sua frequência de saída. Também é importante observar se as ferramentas estão adequadas e corretamente armazenadas ou se estão inadequadas ao trabalho, gastas, usadas de forma incorreta. Portanto, após a empresa elaborar a análise de riscos do trabalho é importante revisar na prática, cada etapa, para ver se as sequências das operações, os riscos, os procedimentos para execução das tarefas e segurança estão corretos ou podem ser melhorados na sua eficiência, qualidade do trabalho, sem comprometer a segurança. É necessário modificar as condições físicas e ambientais que geram os riscos de acidentes, tais como ferramentas, materiais, equipamentos, layout, produtos e matérias primas. O colaborador precisa saber a fim de desempenhar a tarefa quais são as maneiras corretas de trabalhar e quais os EPI´s que deverá utilizar, portanto é importante realizar reuniões mensais sobre a importância do seu uso. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 195 ISSN 2447-3081 Ao rever todo o processo com os empregados que executam as tarefas, é necessário perguntar sobre novas ideias e a melhor execução do processo, os riscos, e os melhores procedimentos adotados para executar as operações. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS As questões de saúde e segurança no trabalho são objeto de atenção contínua em qualquer seguimento, pois suas consequências afetam os trabalhadores, as empresas, o governo e a sociedade como um todo. A empresa deve ter ações imediatistas e deve considerar principalmente sugestões dos colaboradores, uma vez que são eles que executam o processo. O gestor deve ter visão do conjunto de atos e ações a serem empreendidos na empresa, buscar profissionais especializados, conhecer e aplicar a legislação vigente, em ações de prevenção, de informação e formação. No caso da empresa estudada, o gestor ainda não tem uma política voltada a ações de Segurança e Medicina do trabalho, não conhece os procedimentos do PPRA e PCMSO e quais são os exames obrigatórios. Mas essa situação é transitória, pois construirão um novo prédio, seguindo corretamente as normas de segurança. REFERÊNCIAS CARTA DAS NAÇÕES UNIDAS. Disponível em: <www.oas.org/dil/.../1945%20Carta%20das%20Nações%20Unidas.pdf>. Acesso em: 23. ago. 2015. CHIAVENATO, I. Gestão de pessoas: e o novo papel dos recursos humanos nas organizações. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. ______. Introdução a teoria geral da administração. 9. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. COSTA, A. C; FERRAI, I; MARTINS, M. R. Consolidação das leis do trabalho. 29. ed. São Paulo: LTR, 2002. EDUCA. Fundação da OMS. Disponível em: <http://www.igeduca.com.br/biblioteca/quedia-e-hoje/fundacao-da-oms.html>. Acesso em: 23. ago. 2015. LAKATOS, E. M. MARCONI, M. de A. 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Estudo de Caso: planejamento e métodos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2010. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 197 ISSN 2447-3081 UTILIZAÇÃO DA FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO ASSERTIVA FACEWORK COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA; ESTUDO DE CASO EM UMA EMPRESA DE REFRIGERANTES ANGOLANA Flávio Tadeu Kahótio Tchivela – FAAG1 Yara Therezinha de Almeida Lozano – FAAG2 RESUMO Facework enfatiza a comunicação interna para gerar resultados organizacionais. O objetivo desta pesquisa é apresentar um estudo sobre como o facework é estrategicamente importante para as organizações, apresentando abordagens teóricas sobre comunicação, facework e estratégia competitiva. Para analisar a aplicabilidade da pesquisa, foi utilizado o estudo de caso na empresa Refriango, uma empresa de bebidas, localizada em Luanda, capital de Angola. Por meio da pesquisa bibliográfica foi possível verificar que é necessário melhorar a comunicação interna para que o relacionamento nas organizações seja sadio, resultando no aumento da produtividade e na fidelização do consumidor final, e por meio do estudo de caso apurou-se que há relacionamentos favoráveis entre a empresa estudada e seus colaboradores, permitindo a esses estarem comprometidos com a empresa, para que trabalhem mais motivados, a fim de otimizar os processos internos, e alcançar vantagem competitiva. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação. Facework. Relacionamento. ABSTRACT Facework emphasizes internal communication to generate business results. The objective of this research is to present a study on how the facework is strategically important for organizations, presenting theoretical approaches to communication, facework and competitive strategy. To analyze the applicability of the research, we used the case study in Refriango company, a beverage company, located in Luanda, capital of Angola. Through literature it observed the need to improve internal communication for the relationship in organizations is sound, resulting in increased productivity and loyalty of the final consumer, and through the case study it was found that there are favorable relationships between the studied company and its employees, allowing these are committed to the company, to work more motivated in order to optimize internal processes and achieve competitive advantage. KEYWORDS: Communication. Facework. Relationship. 1 INTRODUÇÃO Conceituar comunicação não é uma tarefa tão simples por se tratar de um assunto amplo. Comunicação é muito mais que passar informação, pois o processo de comunicação 1 Aluno do Curso de Especialização em Gestão de Pessoas. Administrador. Professora Orientadora. Mestra em Comunicação. Especialista em Gestão Empresarial e Marketing. Administradora e Publicitária. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 198 deve necessariamente decorrer por meio da troca de informação entre as partes através de símbolos compartilhados. A comunicação é fundamental para as organizações, tanto no contexto interno como externo, visto que além de buscar alcançar o cliente externo, os gestores de uma organização precisam desenvolver a comunicação interna, de modo que esta resulte em forte relacionamento entre os níveis organizacionais para cumprimento das ações previamente definidas. É exatamente no âmbito dos aspectos acima descritos que surge a ferramenta, que está sendo utilizada pelas organizações na gestão da comunicação, facework. Essa ferramenta enfatiza a comunicação assertiva no ambiente organizacional para otimização dos resultados. Ela é fundamental, principalmente no processo de troca da informação e está ligada a forma com que as pessoas por meio da comunicação influenciam e motivam outras pessoas, a habilidade de manter bons relacionamentos e a destreza em fazer negociações delicadas. Visto que gerir pessoas é tão complexo quanto gerir uma organização, pois cada pessoa é um indivíduo com características específicas e nas organizações as pessoas deverão conviver coletivamente a fim de alcançar um objetivo comum, mas as pessoas representam uma das bases das organizações, é importante que exista uma comunicação sadia para aprimorar o relacionamento da organização em relação aos seus clientes internos e alcançar vantagem competitiva. Este artigo procura apresentar teorias e soluções sobre facework para fortalecer o relacionamento das organizações com seu público interno. Assim, o objetivo desta pesquisa é apresentar o facework como método de melhoria no relacionamento entre a organização e o público interno, a fim de fidelizar os colaboradores, aperfeiçoar os processos e alcançar a vantagem competitiva. A proposta desta pesquisa visa contribuir com o conhecimento acadêmico e gerencial em comunicação organizacional, trazendo análises e soluções para aprimorar a comunicação interna, utilizando em especial o facework como estratégia competitiva. Portanto, foi apontado fatores que evidenciaram a necessidade de comunicação interna, o diagnóstico mensurado pelo nível de comunicação interna da empresa estudada e os resultados apurados na empresa estudada, sendo interessante também a demais empresas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 199 ISSN 2447-3081 2 COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL A comunicação deve fazer parte da estratégia operacional de toda organização, assim como a qualidade é compromisso de todos os colaboradores, e não só do departamento de qualidade. Quando assim acontecer, a comunicação interna poderá ser entendida como um indicador de modernidade da cultura corporativa dessa organização (URRUTIA, 1999). Conforme Marchiori (2006), se a organização já aprendeu a ouvir o consumidor em relação ao marketing, é preciso aprender a ouvir o que o colaborador tem a dizer sobre a organização. De nada servem veículos e canais oficiais de comunicação interna, tais como intranet, jornal interno, boletim e mural de notícias, se não houver efetivamente a disposição das lideranças para o diálogo e um ambiente favorável à conversação e à troca de ideias. Comunicação empresarial é um processo de troca de informações empresarial por meio de instrumentos e métodos comunicacionais dentro da organização para alcançar objetivo comum, e deve ser vista como um processo holístico onde se desenvolvem ações internas e externas objetivando um resultado comum (NASSAR, 2006). É necessário o monitoramento do ambiente pelo qual a empresa está inserida para assim solucionar eventuais erros que surjam durante o processo de comunicação empresarial. Corrado (1994, p. 7), afirma que a comunicação organizacional não se concentra apenas em transmitir informações, “mas também em mudar o comportamento dos empregados para realizarem um bom trabalho, impulsionando a organização em direção a suas metas”. É importante que em tempo hábil toda equipe da empresa possua as informações necessárias para que haja mudança de comportamento na melhor execução das atividades, de modos a aumentar o nível de entendimento e comprometimento de cada colaborador para o alcance da eficiência e eficácia na produção de bens e serviços. 3 FACEWORK Gillen (2001), comenta sobre os comportamentos assertivo, passivo, passivo/agressivo e agressivo, sendo o comportamento assertivo o ideal e recomendável, pois esse é equilibrado, não fala apenas o que julga ser importante, mais fala com POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 200 propriedade e sem ofender o ouvinte ou receptor. Escolher o comportamento assertivo é optar pela comunicação assertiva, e esta por sua vez é o facework. O Quadro 1 apresenta exemplos dos tipos de comportamento citados por Gillen (2001), destacando a importância da assertividade na comunicação interna ou facework. Quadro 1 – Os quatro tipos de comportamento Tipo de Comportamento Expressão Corporal Ação PASSIVO Mínimo contato visual, Culpa-se de tudo, odeia o assunto, evita Ansioso por evitar o confronto quieto, voz hesitante, fala abordagem direta, justificação mesmo à custa de si próprio. confusa, atitude excessiva; solicita aprovação, sede Espera que as pessoas defensiva, postura facilmente, gera simpatia, faz com que compreendam o que ele (a) encolhida, mexe as mãos, as pessoas se sintam culpadas em deseja, muito preocupado com a inquieto. pedir-lhe as coisas. opinião dos outros a seu respeito. Imediatamente joga a culpa nos outros, AGRESSIVO critica as pessoas e não seu Máximo contato visual, Ansioso por vencer, mesmo à comportamento, interrompe com voz alta, seco, postura custa dos outros. Mais frequência, autoritário, usa de evasiva, aperta os dedos preocupado com os próprios sarcasmo, críticas, escárnio para e aponta. desejos do que o dos outros. ganhar a questão, solicitação parece ordem, engrossa facilmente a situação. PASSIVO/AGRESSIVO Mínimo contato visual, Apresenta comportamento misto, mas olha para frente mais Dá respostas indiretas, faz alusões possui elementos de que para o chão, sarcásticas tem senso de humor agressividade e passividade. lacônico, suspira de irritante, faz acerto de contas Ansioso em acertar contas sem impaciência, exasperado, indiretamente. correr riscos de confronto. usa expressões como Comportamento frequente “não posso acreditar no encontrado em pessoas que que estou ouvindo”, querem se afirmar sem ter poder postura fechada. para tanto. Contato visual suficiente ASSERTIVO para dar entender que ele Ouve bastante, procura entender, trata Ansioso por não defender seus (a) está sendo sincero (a), as pessoas com respeito, aceita direitos, mas ao mesmo tempo, tom de voz moderado acordos, soluções, aceita declarar ou capaz de aceitar que as outras neutro, postura com explicar suas intenções, vai direto ao pessoas também tenham os medida e segura, ponto sem ser áspero, insiste na busca seus. expressão corporal de seu objetivo. condizente com suas palavras. Fonte: Gillen, 2001. O Quadro 1 ilustra que a comunicação assertiva interna ou facework é importante na vida profissional e pessoal. Por meio deste, obtém-se inteligência emocional, capacidade de administrar conflitos internos e correr riscos calculados, dentre outros benefícios. Portanto, as pessoas que possuem um comportamento assertivo são assertivas, e este por sua vez resulta em comunicação assertiva que quando manifesto na organização é o facework. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 201 A expressão facework enfatiza o emprego de todas as formas e ferramentas de comunicação para evitar constrangimento e fortalecer o relacionamento no ambiente corporativo. Essa expressão surgiu pela primeira vez com o fundador do Instituto Haggai para liderança avançada, que conceitua facework como uma situação ou jogo que por meio da comunicação assertiva se objetiva evitar o constrangimento mútuo (HAGGAI, 2004). Por meio da comunicação assertiva na organização se evita o constrangimento, se alcançam benefícios tangíveis e intangíveis. O facework é uma comunicação interna assertiva que por meio da troca de informações busca otimizar as relações entre os colaboradores de organizações, proporcionando fortes possibilidades de negociações internas e consequentemente o alcance da vantagem competitiva no mercado. Ele usa todos os conceitos relevantes de comunicação aqui apresentado, para alcançar melhor resultado no indivíduo ou grupo pelo qual se comunica. Tal realidade aplicada ao contexto empresarial basicamente representa a inserção de boas técnicas de comunicação, ferramentas comunicacionais certas para estreitar as relações e proporcionar fortes oportunidades de negociações, pois pessoas procuram negociar com pessoas que conhecem. Portanto, pode-se dizer que a comunicação ideal é aquela que estreita os relacionamentos organizacionais (HAGGAI, 2004). O autor cita ainda, que o facework positivo representa grande ganho na organização, pois com ele os colaboradores buscam harmonia nos relacionamentos interpessoais, evitando os conflitos e estando bem informados sobre a cultura organizacional, podendo aprimorar a execução de suas atividades laborais, propiciando que a empresa alcance vantagem competitiva. 4 ESTRATÉGIA COMPETITIVA Segundo Kotler e Keller (2006), a estratégia é um plano de como chegar ao objetivo estabelecido. Cada negócio deve estabelecer sua própria estratégia para atingir suas metas, pois uma vez que as metas podem variar entre organizações, visto que essas possuem características e valores peculiares, fica evidente a necessidade de essas criarem individualmente uma estratégia para alcançar os resultados pretendidos. Estratégia é o padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e sequência de ações de uma organização em um todo coerente. Uma estratégia bem formulada ajuda POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 202 a ordenar e alocar os recursos de uma organização para uma postura singular e viável, com base em suas competências internas e relativas, mudanças no ambiente e providências contingentes realizadas por oponentes inteligentes (MINTZBERG; QUINN, 2001). Assim, entende-se que a estratégia não deve apenas estar limitada a uma circunstância ou ocasião, mais deve também ser vista como um plano genérico e amplo pra alcance dos objetivos previamente definidos como certos. O estabelecimento de metas e a busca pelo cumprimento desta estratégia devem ser baseados nas competências que este ambiente possui. Basicamente estratégia é a definição de caminhos, maneiras e ações adequadas para alcançar de modo diferenciado determinado objetivo. Segundo Mintzberg e Quinn (2001, p. 26) o conceito de estratégia não deve ser visto de maneira isolada, mais sim como conceito holístico e abrangente, pois, este aponta “as cinco definições formais da estratégia, os então chamados de cinco P’s da estratégia: plano, pretexto, padrão, posição e perspectiva”. Porter (2004), oferece uma importante contribuição sobre estratégia quando apresenta importantes reflexões do contexto em que se aplica a estratégia competitiva de uma organização. Para o autor, devem ser analisados criteriosamente os aspetos que compõem uma organização tais como: pontos fortes, pontos fracos, oportunidades, ameaças, valores, expectativas da sociedade, fatores internos e externos. Oliveira (2004), afirma que o planejamento estratégico significa a determinação de uma série de procedimentos a serem implementados pela alta administração nas situações em que busca alcançar no futuro um cenário diferente do passado. Trata-se de um processo que exige continuidade e foco de todos os departamentos da empresa, sem que haja envolvimento apenas da alta direção da organização. Segundo Nogueira et al. (2001), comentam que estratégia competitiva diz respeito aos programas, planos, políticas e ações praticados por uma organização ou departamento no sentido de preservar ou aumentar, sustentavelmente, as vantagens competitivas já conquistadas em relação à concorrência. Oliveira (2001, p. 223), afirma que “vantagem competitiva é aquele algo mais que identifica os produtos e serviços e os mercados para os quais a empresa está, efetivamente, capacitada a atuar de forma diferenciada. Uma boa estratégia competitiva possibilita o alcance da vantagem competitiva”. Ferrell e Hartline (2005, p. 33) destacam que “quando uma empresa possui capacidades que lhe permite atender às necessidades dos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 203 consumidores melhor do que a concorrência, diz-se que ela tem uma vantagem ou diferencial competitivo”. 5 METODOLOGIA Esta pesquisa se caracteriza como exploratória e qualitativa, por ser caracterizada como um entendimento detalhado dos significados e características situacionais ao invés da produção de medidas quantitativas (RICHARDSON, 2007). A pesquisa bibliografia foi utilizada para fundamentar os principais conceitos aqui apresentados. Quanto ao estudo de caso, este foi aplicado na Refriango, uma empresa Angolana especializada na produção e distribuição de refrigerantes, sumos, águas e bebidas alcoólicas. A atividade da Refriango iniciou-se em 2005, em um complexo industrial localizado no Kikuxi, município de Viana, Estado de Luanda. Em 2007, deu-se início à produção de águas e sucos, vindo a expandir em nível de marcas, como por exemplo: Red Cola, Speed, Tutti, Pura Sport. Sendo referência no continente africano, ela é detentora de quinze marcas, algumas das quais líderes de mercado nos segmentos em que atuam, tais como o refrigerante Blue, a água Pura, os sumos Nutry e Tutti, e a água tônica Welwitschia. Ela ocupa uma área de 42 hectares, com capacidade de produção de mil milhões de litros por ano e 25 linhas de enchimento para todos os tipos de embalagem que respondem a mais de 150 produtos, e possui mais de 4.500 colaboradores. Para disponibilizar seus produtos ao consumidor final, a Refriango possui uma frota de distribuição própria com cerca de 300 veículos que distribuem seus produtos ao mercado Angolano, em dez países africanos e na Europa. A Refriango desenvolve vários projetos sociais junto aos colaboradores e a comunidade, tais como apoio a inclusão de crianças desfavorecidas, apoio à atletas olímpicos e disseminação da prática desportiva, acesso à cultura e projetos ligados à saúde, formação profissional e benefícios sociais para os seus colaboradores. Na formação profissional, os colaboradores recebem bolsas de estudos, em Angola e alguns, pelo cargo que ocupam, são enviados para países estrangeiros com o objetivo de obterem formações técnicas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 204 ISSN 2447-3081 Para coletar os dados sobre a empresa, foi utilizado a técnica de entrevista com a Gerente de Comunicação Interna da empresa, Srª Joana Ribeiro, por e-mails e contato telefônico. A coleta de dados junto aos demais colaboradores, se deu pelo envio de questionários encaminhados por e-mail a Gerente de Comunicação Interna para que esta encaminhasse aos colaboradores. 6 DISCUSSÃO E RESULTADOS A apuração do resultado se deu por meio da aplicação de um questionário com 7 (sete) questões, que foi respondido por 2.400 colaboradores e devolvido uma semana após o envio, no mês de outubro de 2014. Para verificar o perfil dos colaboradores, as respostas dos questionários apuraram que do total de respondentes, 75% representam o gênero masculino e 25% representam o gênero feminino, ocupando a faixa etária predominante de 26 a 35 anos de idade, caracterizando a presença maioritária de pessoas jovens. Para verificar o tempo de permanência dos colaboradores na empresa, as respostas dos questionários apuraram que o turnover da organização é razoável, pois o tempo médio de permanência na empresa varia de 2 a 4 anos. Para mensurar a qualidade da comunicação interna, uma das questões do questionário apresentou alguns métodos utilizados na comunicação que deveriam ser avaliados em uma escala de 0 a 10, onde 0 é completamente ineficaz e 10 é extremamente eficaz, conforme apresentados no Quadro 2. Quadro 2 – Métodos utilizados na comunicação da Refriango MÉTODOS UTILIZADOS NA COMUNICAÇÃO Pesquisas de engajamento Pesquisas qualitativas (Focus Groups e entrevistas) Pesquisas de clima organizacional Pesquisas quantitativas (questionários presenciais e online) Indicadores de acesso, colaboração e participação nos canais internos (número de views, manifestações como curte/não curte/comentários) Monitoramento de mídias Fonte: Autoria própria, 2015. De 0 a 10 7 10 7 3 10 5 Em entrevista, a Gerente de Comunicação Interna da Refriango foi questionada se a qualidade do ambiente de trabalho oferecido contribui para a troca de informações e desempenho dos colaboradores. Entre 5 (cinco) opções nomeadas como “extremamente”, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 205 ISSN 2447-3081 “muito”, “um pouco”, “muito pouco” e “nem um pouco”, a opção escolhida foi “extremamente”. Com relação à quantidade de apoio recebida da Diretoria e dos colegas, a Gerente de Comunicação Interna da Refriango respondeu, entre 5 (cinco) opções nomeadas como “total apoio”, “bastante apoio”, “algum apoio”, “pouco apoio”, e “nenhum apoio”, a opção “bastante apoio”. Os meios de comunicação interna existentes na Refriango são: intranet, placar (mural) de comunicação interna, caixa de sugestões e newsletters internas. A eficácia dos meios de comunicação existentes na Refriango também foi analisada, apurando que em sua maioria, os meios de comunicação físicos são mais eficazes que os meios de comunicação virtual, conforme descrito no Quadro 3. Quadro 3 – Eficiência dos meios de comunicação na Refriango Meio de Comunicação Muito eficaz Eficaz Pouco eficaz Telefone fixo X Site Correio Eletrônico Interno Placares (murais) informativos X X X Comunicação escrita Comunicação oral Reuniões Fonte: Autoria própria, 2015. Ineficaz X X X Relativamente aos outros aspectos relevantes da comunicação interna na empresa estudada, a Gerente de Comunicação Interna afirmou que “é importante referir o tipo de informação que normalmente comunicamos internamente, tais como mensagens sobre higiene e segurança no trabalho, notícias sobre as marcas, novos lançamentos, eventos que organizamos, promoções, informações de ações de responsabilidade social que fazemos e de eventos que patrocinamos. Também fazemos passatempos e concursos internos para que os trabalhadores ganhem prêmios como kits de produtos, dinheiro e bilhetes para espetáculos. Fazemos isso porque priorizamos que nossos colaboradores estejam bem informados para estarmos melhor posicionado dentro e fora da empresa”. Portanto, com essa comunicação assertiva a empresa estudada tem alcançado vantagem competitiva no mercado, pois a comunicação desperta o comprometimento nos colaboradores que produzem mais e melhor. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 206 ISSN 2447-3081 Pode-se destacar que a empresa estudada pode obter vantagem competitiva, que resulta da diferenciação presente desde o início do processo até na entrega de um produto ou serviço excelente, pois ela tem boa comunicação organizacional (PORTER, 2004). Mas, esta comunicação deve ser um processo de troca de informações por meio de instrumentos e métodos comunicacionais dentro da organização para alcançar objetivo comum. Nesse processo deve-se eliminar os ruídos que impossibilitam a comunicação, melhorando a tomada de decisão (NASSAR, 2006). Por meio do questionário aplicado com os colaboradores, apurou-se que a comunicação interna na empresa estudada é assertiva (HAGGAI, 2004). A Refriango se comunica de maneira assertiva, tendo como seus meios de comunicação predominante; telefone fixo, mural, reuniões e comunicação oral. A pesquisa permitiu mensurar o índice de facework na organização estudada e apurar que ela tem consciência da importância da comunicação interna assertiva. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Facework é comunicar-se assertivamente, demonstrando respeito e valor ao colaborador, para que assim os relacionamentos internos sejam estreitados e a organização possa conquistar mercados. O objetivo principal dessa pesquisa foi atingido ao apresentar o facework como uma ferramenta para desenvolver estratégias competitivas, reunindo métodos, programas e instrumentos de comunicação que busquem um relacionamento eficaz entre a organização e seus colaboradores, fazendo com que esses se comprometam e se sintam parte integral e fundamental da organização, levando a organização ao alcance de vantagens competitivas. A presença da comunicação interna assertiva viabiliza e perpetua o relacionamento entre os colaboradores, e isso pode ser visualizado na Refriango que tem a comunicação interna assertiva, sendo fundamental o alcance da vantagem competitiva, REFERÊNCIAS CORRADO, Frank M. A força da comunicação: quem não se comunica... São Paulo, Makron Brooks, 1994. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 207 FERRELL, O. C.; HARTLINE, M. D. Estratégia de Marketing. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005. GILLEN, Terry. 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Com um exemplo bem-sucedido de empresa que adotou esta ferramenta como um dos componentes dos Recursos Humanos, aborda-se a eficácia da comunicação interna enquanto agente mediador entre empregador e colaborador. É uma fundamental e estratégica ferramenta de gestão de pessoas, responsável por balizar as relações hierárquicas e prevenir eventuais ruídos e crises entre as duas partes. A metodologia adotada compreende pesquisa documental, bibliográfica e de caso, incluindo artigos, sites, livros e outras fontes de informação, além do case da indústria Thermic. Por meio do case apresentado neste artigo, ficam evidentes os canais utilizados, a contribuição e a missão de cada uma dessas ferramentas na busca por um clima organizacional sadio para todos os lados. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação. Comunicação interna. Gestão de pessoas. Clima organizacional ABSTRACT The objective of this research is to confirm how organizational communication is decisive and dominant in the people management process. With a successful business example that adopted this tool as a component of human resources, it deals with the effectiveness of internal marketing as mediator between employer and employee. The methodology comprises documentary, literature and case, including articles, es sit, books and other sources of information, beyond the case of Thermic industry. Through the case presented in this article, are evident the channels used, the contribution and mission of each of these tools in the search for a healthy organizational climate everywhere. KEYWORDS: Communication. Organizational climate Internal communication. People management. 1 INTRODUÇÃO Este artigo tem por objetivo estudar a eficácia da comunicação interna na gestão estratégica de pessoas. Aborda-se o papel desta importante ferramenta no processo de gerir os recursos humanos no mundo corporativo e garantir um clima organizacional favorável a todos. A pesquisa traz ainda o exemplo de uma empresa em Pederneiras-SP, 1 2 Jornalista. Discente do Curso de MBA em Gestão de Pessoas da Faculdade de Agudos – FAAG. Socióloga e Pedagoga. Mestre em Sociologia. Professora Orientadora da Faculdade de Agudos. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 209 ISSN 2447-3081 que após adotar a comunicação interna em sua célula de gestão de pessoas conquistou mais confiança e comprometimento dos colaboradores. Dessa forma, a comunicação é discutida como mediadora das relações entre empregador e colaborador, sendo também um importante apoio para o líder atuar com mais precisão e eficiência. As questões norteadoras da pesquisa foram: de que forma a comunicação interna pode colaborar com a gestão de pessoas? Qual seu papel essencial neste contexto? A responsabilidade de gerir pessoas dentro de uma organização não representa mais a relação chefe-empregado, na qual a hierarquia impõe por si só o modelo de gestão que os recursos humanos tinham obrigatoriamente que seguir. Hoje, os colaboradores são peças fundamentais no processo administrativo, e assim fazem questão de serem reconhecidos e tratados. Para a boa e moderna liderança, estar consciente sobre essa transformação é crucial à estabilidade organizacional no que diz respeito ao patrimônio intelectual. Reconhecimento, feedback constante e projetos desafiadores são os elementos que fazem desta geração de colaboradores menos passiva, mais atuante, automotivadora e questionadora sobre o cumprimento da rotina de trabalho. Uma insatisfação que só colabora com o sucesso da corporação. O tema comunicação interna merece destaque neste artigo pela importância enquanto componente de mediação e de estabelecimento de relações dentro de uma empresa. É por meio desta ferramenta que a gestão de pessoas consegue um ambiente favorável para conduzir todos para o mesmo sentido, ultrapassando as barreiras da hierarquização. A comunicação corporativa possibilita a conversa entre empregador e colaborador, uma necessidade e uma postura das organizações modernas. Mas, sobretudo, é uma forma de atenção a uma das principais reivindicações das pessoas, que é receber informações e serem ouvidas também. Para abordagem do tema apresenta-se o referencial teórico, em seguida a metodologia utilizada e os resultados obtidos com a pesquisa realizada. 2 A COMUNICAÇÃO INTERNA É fato que o colaborador precisa alinhar os valores profissionais com os pessoais para se sentir bem onde trabalha e com o que faz. Para isso, a comunicação interna é um importante meio para mostrar o conceito e os objetivos corporativos da forma mais transparente possível, possibilitando a todos o acesso à informação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 210 ISSN 2447-3081 Nos nossos dias, os empregados não aceitam mais desempenhar, cegamente, papéis e atribuições que lhes são imputados. Eles exigem condições para um desempenho consciente e para que possam avaliar, em seus aspectos éticos, sociais, legais e humanos, as estratégias de planos de trabalho das empresas. Em outras palavras, eles requerem maior visibilidade no ambiente organizacional. Por oportuno, vale salientar que tais exigências não devem ser consideradas atitudes antagônicas, mas indicadores de seu maior envolvimento na vida da empresa. A implicação básica para a gestão de pessoas é formular programas de comunicação amplos e sistemáticos que, além de proporcionar visibilidade necessária, propiciem a transparência, acabando com o segredismo, maior fonte de desconfiança dos empregados e muitas vezes usado como esconderijo do abuso do poder, traço típico do autoritarismo, estilo incompatível com as características das organizações modernas (TEIXEIRA, 2012, p. 87). Mas, lidar neste cenário não é tarefa simples, nem mesmo para os gestores mais experientes. A complexidade do processo exige inovação, busca de conhecimento e lançar mão de ferramentas assertivas para o controle da situação. É neste momento que a comunicação tem o seu papel mais importante, o de informar, mediar, estabelecer e até de resgatar relacionamentos. Conforme Marchiori (2008, p. 97), [...] é preciso se interessar pelas pessoas. Esse pensamento não coaduna com o passado, quando para se ter uma empresa era necessário simplesmente saber fazer algo. Manusear e manipular eram ações vistas como normais. Nos dias atuais, as questões concentram-se em comunicar e se relacionar, uma extraordinária visão do empreendimento na qual, na realidade, as habilidades técnicas passaram a ser substituídas pelas habilidades humanas. Como se vê, a comunicação interna nas empresas é uma poderosa e estratégica ferramenta de gestão dos recursos humanos, responsável, sobretudo, por balizar as relações hierárquicas, cada vez mais horizontalizadas. Por meio de inúmeros canais e acessórios comunicativos, o mundo corporativo consegue oferecer a valorização e o respeito que o colaborador contemporâneo tanto reivindica. Uma postura que ainda imuniza a organização de eventuais crises diplomáticas com o público interno, as quais, sem sombra de dúvidas respingam diretamente no público externo. A consequência direta é o impacto em sua imagem institucional, que deve e precisa ser preservada. A comunicação interna deve divulgar, sempre de forma planejada e estratégica, as ações e atividades da empresa, o que fortalecerá os canais de relacionamento e uma boa visibilidade entre os clientes internos. Comunicação interna são as interações, os processos de trocas, os relacionamentos dentro de uma empresa ou instituição. Também chamada de endocomunicação, a comunicação interna é responsável por fazer circular as POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 211 ISSN 2447-3081 informações, o conhecimento, de forma verticalmente, ou seja, da direção para os níveis subordinados; e horizontalmente, entre os empregados de mesmo nível de subordinação (MENDES, 2011). A comunicação interna fortalece a imagem institucional e está preparada para antever crises ou atuar na contenção quando já instalada. Uma organização que adota um mecanismo interno de comunicação está pronta para enfrentar situações adversas e respaldada quanto às atitudes a serem tomadas para que o impacto na marca ofereça o mínimo de ranhuras possíveis. A comunicação adquiriu notoriedade no campo da gestão organizacional graças ao seu caráter estratégico, que vem sendo reconhecido especialmente pelas empresas que se propõem a acompanhar as transformações e abrir suas portas para os diferentes públicos com os quais se relaciona. Nesse contexto, a atitude empresarial interna é condição fundamental para o êxito desse processo (MARCHIORI, 2008, p. 27). Em um momento em que as pessoas querem ser ouvidas, externar suas insatisfações, colaborar, fazer e se realizar, a comunicação ganha ainda mais status de fiel da balança, com a difícil tarefa de filtrar as mensagens de ambas as partes - empregador e colaborador - para preservar uma relação que precisa ser formada pela confiança, transparência, reconhecimento e bom senso. Conforme Marchiori (2008, p. 98) “é através da cultura e da comunicação que as pessoas dão sentido ao mundo em que vivem e atribuem significado às experiências organizacionais”. Mais do que nunca, hoje, as pessoas procuram dar um sentido à vida, especialmente no ambiente de trabalho, onde passam grande parte do tempo. A comunicação pode e deve ajudá-las neste encontro. É importante destacar que o ato da comunicação é indispensável em quaisquer relações humanas. Para tudo é necessário informar, seja de forma oral, escrita, gestual ou simbológica. É somente por meio do comunicar que as relações acontecem e os envolvidos no processo de emissão e recepção da mensagem correspondem, de acordo com suas interpretações e interesses pessoais, aos objetivos do conteúdo das mensagens. A comunicação é um grande desafio que se apresenta às organizações. Como afirmava Marshal McLuhan, ‘vivemos séculos em décadas’ – revoluções tecnológicas frequentes e mudanças constantes que sempre encontram a mesma velocidade de reação dos grupos humanos. Assim, apenas uma empresa que possua uma comunicação efetiva, evidenciada também por uma equipe coesa e comprometida, conseguirá ser bem-sucedida nesse cenário (COSTA, 2010, p. 83). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 212 ISSN 2447-3081 Sobre a realidade das organizações quando o assunto é comunicação interna, Marchiori (2008) ressalta que o empresariado tem se conscientizado e compreendido mais a importância da valorização da comunicação interna como atividade oportuna para desenvolver e dar mais consistência à gestão de pessoas. Um dos tipos de relação da comunicação interna é a de identidade, que expressa o conjunto de hábitos que funcionam como códigos e dão sentido à percepção das pessoas de pertencer a determinada empresa (as regras de convivência e a história da organização são exemplos). Assim, a comunicação interna é um processo indispensável para pensar e entender a organização (MARCHIORI, 2008, p. 142). Carvalho e Pestana (2010) ressaltam que o endomarketing influenciou diretamente o comprometimento das pessoas com a empresa de onde tiram o próprio sustento. Sendo assim, a comunicação interna deve estar em sintonia com os acontecimentos e ambientes externos, além de ser responsável por empregados motivados trabalhando em harmonia e focados nos mesmos objetivos da empresa a qual pertencem (CARVALHO, PESTANA, 2010). Vale ressaltar que a responsabilidade da comunicação interna permeia também o controle do comportamento, por estabelecer doutrinas e induzir posturas interativas. É sua função ainda oferecer informações sobre o foco do negócio, além de gerar credibilidade e confiança entre o público interno e externo. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Este estudo apresenta o exemplo prático de comunicação interna praticada pela Thermic, empresa especializada em processos de usinagem e fabricação de peças pesadas para o setor sucroalcooleiro, sediada em Pederneiras, no Interior do Estado de São Paulo, criada em 22 de março de 1993. A metodologia adotada compreende pesquisa bibliográfica e estudo de caso da empresa Thermic. Na pesquisa bibliográfica utilizaram-se artigos, livros e sites como os RH.com.br e o Convicom. O gestor de pessoas da empresa foi entrevistado a fim de ressaltar os principais ganhos para a corporação desde a implantação do jornal. As pessoas se sentem satisfeitas com o trabalho que desempenham, respeitadas por serem informadas sobre tudo o que acontece no ambiente ou em relação ao que produzem. O POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 213 comprometimento de todos só aumentou, o que é demonstrado pela adesão maior dos funcionários nos projetos da empresa. Em 2011 foram criados canais para as lideranças se comunicarem de forma eficaz com os colaboradores, evitar ruídos de informação e instabilidade na relação entre as hierarquias. Entre eles, destacam-se o Jornal Mural, Comunicados Internos e o informativo bimensal. Visando melhorar a comunicação interna na empresa surgiu a proposta da elaboração de um jornal que circulasse a cada dois meses, acessível a todos os colaborados. O jornal, que circula a cada dois meses, é intitulado “Entre Nós” e que é o foco analisado nesta pesquisa, assim como o Mural, publicado mensalmente. Este tem periodicidade mensal e é dividido entre as editorias de: Sua Empresa (com notícias internas da Thermic), Sua Cidade (traz notícias de Pederneiras) e Seu Mundo (atualidades políticas, esportivas e internacionais). Cada seção tem uma página, totalizando três por mês, são fixadas em murais espalhados estrategicamente pela empresa. 4 THERMIC E O “ENTRE NÓS” O Entre Nós foi pensado estrategicamente para estabelecer uma comunicação efetiva entre empresa e cliente interno, expondo situações em que os colaboradores estão diretamente envolvidos. Uma forma de valorizá-los como peças fundamentais à corporação. Este periódico foi criado por um conselho editorial, formado por dois jornalistas especialistas em comunicação interna, além do gestor de pessoas da empresa. O conteúdo foi pensado como uma ferramenta que pudesse levar informação e serviço aos funcionários, úteis no cotidiano de cada um, além das mensagens que a diretoria precisa passar. O jornal contempla assuntos do cotidiano que, de uma forma ou outra, impactam a vida dos funcionários, seja dentro da empresa ou em casa. Essas abordagens trazem dicas, orientações e exemplos para ajudá-los e até conscientizá-los sobre atitudes e mudanças de hábitos. O periódico, publicado a cada dois meses e distribuído para os 160 funcionários da Thermic - que inclusive levam para casa - possui oito páginas, sendo segmentado entre capa, editorial e as editorias Nossa Gente, Nossa Capa, Saúde, Finanças, Variedades e Receita. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 214 ISSN 2447-3081 Na capa, o objetivo é sempre explorar uma imagem e chamada de texto que faça um apelo ao leitor e o conquiste para a leitura interna. Na maioria das vezes, a capa ressalta o assunto abordado na editoria Nossa Capa. Porém, pode destacar a pauta de qualquer outra editoria. Essa escolha depende muito do diagnóstico que a comunicação interna conclui sobre o que é mais importante e necessário divulgar entre os colaboradores, sempre tendo como base os interesses corporativos. Foto 1- Capa Fonte: Entre Nós O editorial, localizado na página 2, é uma espécie de carta da diretoria aos funcionários. Neste espaço, os diretores dialogam com o colaborador, geralmente em primeira pessoa - justamente para dar uma ideia e sensação de proximidade com seu cliente interno. É a oportunidade de justificar a matéria principal do informativo e dizer o que a empresa espera do funcionário em relação àquele tema. Neste texto, são usadas, estrategicamente, palavras que levem o leitor a se sentir parte da empresa, como se fosse "dono" do empreendimento. Exemplos: "Nossas decisões", "nossa empresa", "nosso dever", "unidos", "estamos juntos", "nossos resultados", "lutamos juntos" etc. Ao final da carta, há a assinatura dos sócios da empresa, justamente para passar a ideia de que querem e acham importante se relacionar, conversar com seus funcionários. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 215 ISSN 2447-3081 Foto 2 - Editorial e Nossa Gente Fonte: Entre Nós Na página 3, ao lado, a editoria Nossa Gente explora assuntos internos, que têm relação direta com os funcionários. Em muitos casos, eles são as fontes de informação. As pautas referem-se a benefícios concedidos pela empresa, cursos de formação, capacitação ou reciclagem que todos participam, eventos corporativos e esportivos destinados a eles e a trabalhos realizados em conjunto, cujo resultado foi extremamente eficaz. Também é um espaço estratégico à direção, já que pode ressaltar a preocupação da empresa com as ações pensadas e realizadas em prol dos funcionários. É, ainda, uma forma de se blindar contra possíveis crises de relacionamento, entre direção e empregados. Vale exemplificar uma situação vivida no segundo semestre de 2014, quando era necessário informar que haveria um reajuste na coparticipação do plano de saúde. O aumento ocorreria em janeiro de 2015, mas estrategicamente o jornal trouxe, com três meses de antecedência, uma matéria comprovando a importância do plano. Na ocasião, um colaborador tinha sofrido várias fraturas em um acidente de carro. Em entrevista à reportagem do Entre Nós, disse que se não tivesse o plano de saúde oferecido pela empresa, muito provavelmente não teria condições de arcar com os custos da cirurgia e das despesas do tratamento. A matéria, ao tomar o colaborador como fonte de informação, provocou uma reflexão nos leitores sobre como é imprescindível um plano de saúde, principalmente nos dias de hoje. O resultado foi um clima bem mais ameno quando o reajuste foi anunciado. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 216 Na mesma página da editoria Nossa Gente é publicado os nomes dos colaboradores aniversariantes dos meses correspondentes à edição. Esta é uma das seções mais lidas do informativo, conforme constatado em pesquisa de opinião realizada pela comunicação interna. Em geral, os funcionários se sentem lembrados e valorizados. A editoria Nossa Capa ocupa duas páginas por receber a principal e maior matéria do jornal. Em geral, a pauta é motivo de chamada e ilustração na capa do informativo. Nesta editoria, a comunicação interna decide com a direção o assunto mais importante do mês que precisa ser comunicado de forma mais detalhada e ostensiva. Dessa forma, a informação é trabalhada estrategicamente, priorizando um texto leve, um layout lúdico e recheado de ilustrações, fotos e iconografias, justamente para chamar à leitura e ser interessante. Em 2013, por exemplo, a empresa precisava retomar sua brigada de incêndio, o que significava conseguir voluntários para reativá-la. No mês de setembro daquele ano, a matéria da Nossa Capa trouxe exatamente um texto que abordava a importância de fazer parte da brigada como uma ação voluntária que pode salvar vidas. A reportagem foi escrita com o propósito de despertar nos clientes internos que o trabalho voluntário dá mais sentido à vida e que com ele se aprende muito mais do que se ensina. Foram entrevistados colaboradores que puderam usar fora da empresa o aprendizado obtido anteriormente com a brigada de incêndio. Um deles relatou que, certa vez, ao chegar em casa para almoçar, sua mãe estava engasgada com uma espinha de peixe. Graças às técnicas aprendidas como brigadista, conseguiu salvar sua mãe de uma asfixia. A matéria contribuiu muito para motivar os funcionários a se candidatarem voluntariamente à brigada. Em Saúde, as pautas sempre buscam conscientizar sobre hábitos de vida saudáveis, além dos compromissos com a empresa em relação aos exames periódicos. Finanças segue a mesma linha de Saúde, sempre focando o consumo responsável para não se endividar. Antes do final do ano, por exemplo, o jornal sempre traz uma matéria sobre o uso consciente do décimo terceiro salário. Empréstimos pessoais e financiamentos também são assuntos recorrentes na editoria, já que há uma grande tendência dos colaboradores em aderirem a esses produtos bancários. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 217 ISSN 2447-3081 Foto 3 - Saúde, Finanças, Variedades e Receitas Fonte: Entre Nós Por fim, na página 8, em Variedades, as pautas trazem assuntos mais sociais, como fotos de eventos, festas e torneios esportivos. Trata-se de uma página mais leve. Logo embaixo, em Receita, a cada edição é publicado um prato rápido e acessível a todos, além de ser fácil de fazer em casa. A aceitação é grande e é uma das seções mais esperadas. As receitas escolhidas usam esses critérios e também o período do ano. No inverno são escolhidos pratos mais quentes, como caldos, enquanto no final do ano, sugestões natalinas e de verão. O Entre Nós já tem 5 anos de circulação na Thermic, cumprindo seu papel de estabelecer uma comunicação eficaz entre direção e funcionários, além de ser um canal de comunicação no qual também fazem parte também como fontes de informação. Sua tiragem a cada edição é de 300 exemplares, sendo distribuído também para os clientes da empresa. 5 UMA ESTRATÉGIA PARA O RECURSOS HUMANOS Diante do contexto apresentado, levando em consideração vários pontos de vista, entende-se que a comunicação interna - tema central deste estudo - é um componente essencial à gestão organizacional. O diálogo entre empregador e colaborador não pode ser negligenciado. Da mesma forma, ao existir, precisa cumprir seu real papel, o de conversar POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 218 ISSN 2447-3081 e também o de ouvir. A reciprocidade de mensagens no processo de comunicação interna é imprescindível para uma boa relação diplomática da direção com o maior patrimônio que uma empresa pode ter: as pessoas. O líder não é mais aquele chefe que apenas definia e cobrava o cumprimento das metas. Hoje ele é, principalmente, o que motiva – envolve e cativa – equipes para os objetivos combinados sejam atingidos. Para atingi-los, o líder deve ter em mente que, antes, ou durante o processo, será o uso eficaz da comunicação que fortalecerá e fixará sua imagem de chefe, garantirá seu reconhecimento entre os integrantes da organização e ajudará na sua atuação como agregador (PRADO, 2013, p. 25). O conteúdo comunicado também merece toda a atenção no sentido de informar - sem complexidade, lacunas ou imposições - a postura que a empresa espera do colaborador. Além disso, dizer onde a corporação quer chegar e de que forma é fundamental. A comunicação deve trabalhar como se fosse o fio condutor da missão da empresa, mas sempre balizando as relações para o equilíbrio do clima organizacional. A não valorização deste importante apoio à gestão de pessoas, assim como o seu entendimento enquanto um mediador de relações, expõe a empresa a riscos muito sensíveis, e não somente com o público interno, mas com o externo também. 6 CONCLUSÃO Por meio da elaboração deste trabalho, é possível concluir que comunicação e gestão de pessoas não podem ser desassociadas em um projeto de administração dos recursos humanos. Ambas as áreas andam juntas e se complementam. O contexto atual do mercado de trabalho exige do líder uma dedicação maior às pessoas, especialmente no sentido de se importar com a vida delas e de ouvi-las. Neste cenário, a comunicação interna estratégica fornece a habilidade necessária ao gestor de recursos humanos para cuidar do colaborador, da forma como ele reivindica, ou seja, sendo participativo nas decisões e entendendo os motivos das escolhas. Portanto, a empresa que insistir na gestão hostil do seu cliente interno e deixar de lado o diálogo, condena-se naturalmente a conviver com dificuldades de relacionamento, prejuízos financeiros, técnicos e intelectuais, além de uma exposição negativa da marca fora da empresa. Uma série de complicações que poderia ser blindada ou, no mínimo, minimizada com um trabalho eficiente e estratégico de comunicação interna. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 219 ISSN 2447-3081 REFERÊNCIAS CARVALHO, M; PESTANA, E. Endomarketing: A estratégia para o sucesso das organizações. 2010. Disponível em: <http://www.webartigos.com/artigos/endomarketing-a-estrategia-para-o-sucesso-dasorganizacoes/50126/#ixzz3lpUexQUy>. Acesso em: 15/9/2015 COSTA, D. Endomarketing inteligente: a empresa pensada de dentro para fora. Porto Alegre: Dublinense, 2010. MARCHIORI, M. Cultura e comunicação organizacional: um olhar estratégico sobre a organização. 2. ed. São Caetano: Difusão Editora, 2008. MENDES, M. Comunicação interna: os possíveis erros estratégicos e operacionais nas organizações. 2011. Disponível em: <http://www.rhportal.com.br/artigos/rh.php?rh=COMUNICAcaO-INTERNA:-os-possiveiserros-estrategicos-e-operacionais-nas-organizacoes&idc_cad=ht3i3jm4h>. Acesso em: 15/9/2015 PRADO, E. Imagem & reputação na era da transparência: As boas práticas de comunicação a serviço dos líderes. São Paulo: Aberje Editorial, 2013. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 220 ISSN 2447-3081 A INFLUÊNCIA DA LIDERANÇA Y NA MOTIVAÇÃO DOS COLABORADORES Carlos Augusto Silveira Nascimento – FAAG1 Fernanda Serotini Gordono – FAAG2 Marcos Daniel Gomes de Castro3 RESUMO A liderança “Y” está presente nas organizações atualmente, por isso as empresas necessitam cada vez mais conhecer a maneira com que lideram e o impacto dessa liderança na motivação do liderado. A liderança “Y” é moderna, participativa, criativa, acostumados a dar ideias e sugestões, trabalham por prazer, são esforçadas, assumem responsabilidades e estão abertos a novos desafios. Para realizar o trabalho, foi utilizado uma pesquisa quantitativa, onde foi elaborado um questionário com onze perguntas e escolhido seis colaboradores de empresas de segmentos diversos na cidade de Bauru – SP que são liderados por líderes pertencentes a geração “Y”. Com isso, pode-se perceber que essa liderança tem sido mais democrática e é objeto de estudo de diversas áreas do meio empresarial, pois, possui outro conceito de trabalho. Sabendo que para isso é necessário estudar profundamente os aspectos emocionais desses líderes, além de rever profundamente também, as pessoas, os processos, a estrutura e as metodologias internas da organização. PALAVRAS-CHAVE: Equipe. Geração Y. Liderança. Motivação. ABSTRACT Leadership "Y" is present in organizations today, so companies increasingly need to know the way they lead and the impact of leadership in motivating the led. Leadership "Y" is modern, participatory, creative, used to give ideas and suggestions, work for pleasure, they are hardworking, take responsibility and are open to new challenges. To perform the work, a quantitative research was used, which was prepared a questionnaire with eleven questions and selected six employees of companies from various sectors in the city of Bauru - SP which are led by leaders from "Y" generation. With this, one can see that this leadership has been more democratic and is studied by various areas of the business community therefore has another concept of work. Knowing that this requires deep study the emotional aspects of these leaders, and to review deeply too, people, processes, structure and internal methodologies of the organization. KEYWORDS: Team. Generation Y Leadership. Motivation. 1 INTRODUÇÃO O artigo irá abordar a questão da liderança “Y” no ambiente de trabalho e o quanto a liderança influencia na motivação. Muitas empresas encontram dificuldades para motivar seus colaboradores, devido às diferenças individuais de cada funcionário, cabe, portanto 1 Aluno do Curso de Especialização em Gestão da Produção. Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. 3 Mestre em Engenharia de Produção. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 221 ao líder “Y” reconhecer essas diferenças e procurar políticas e ações motivacionais voltadas o colaborador. De acordo com Chiavenato (2010) a motivação é um conceito que surge com frequência para explicar as variações de determinados comportamentos e apresenta uma grande importância para a compreensão do comportamento humano. O comportamento das pessoas é motivado por suas intenções e seus objetivos. Variedade de fatores podem motivar os indivíduos ao trabalho, desde o dinheiro até a realização pessoal, mas organizações nem sempre conseguem criar condições motivacionais suficientes para satisfazer seus colaboradores. As organizações precisam de pessoas motivadas para que a produtividade e a qualidade aconteçam. O desempenho de cada colaborador está relacionado com suas habilidades e aptidões, mas o bom desempenho requer também motivação para trabalhar. A razão da escolha do tema, é que a maior parte do tempo o colaborador passa em seu trabalho e é através do mesmo que se pode adquirir o domínio sobre si mesmo e o seu meio, e realizar-se. Para que a motivação funcione é necessário que o colaborador esteja também disposto a se motivar, com vontade de trabalhar e principalmente que tenha prazer no que faz, além da ajuda da liderança. O papel da empresa e do líder neste processo é o de propiciar condições e incentivos e têm responsabilidades diretas neste processo motivacional quando falamos de visão de futuro da organização e objetivos dentro de uma trajetória profissional. A motivação está muito ligada aos anseios, desejos, sonhos e objetivos do profissional, cada indivíduo possui uma motivação própria gerada por fatores diferentes e pessoais é necessário entender quais as razões ou motivos que influenciam o desempenho das pessoas. A organização juntamente com o apoio da liderança deve criar situações de trabalho que proporcione o aumento da satisfação e consequentemente da produtividade, e tal responsabilidade cabe a gerencia de cada empresa, com isso esse assunto tem sido um desafio constante para a maioria das organizações. Diante desse contexto, o trabalho pretende mostrar qual será o papel do líder “Y” na motivação dos colaboradores nas organizações e o levam os líderes a exercerem influência na motivação da equipe. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 222 2 ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 Liderança e sua importância Segundo Maximiano (2009) é o método de influência, frequentemente, de uma pessoa, por meio de um indivíduo ou grupo é orientado para a formação e atingimento de metas. De acordo com Marras (2011) liderança pode ser entendida como a capacidade de influenciar e entusiasmar pessoas para que se envolvam em tarefas para a concretização de objetivos comuns, sem que haja pressão. Para Chiavenato (2010), a liderança é um fenômeno social que acontece unicamente em grupos sociais. Pode ser estabelecido como uma influência interpessoal exercida em circunstancias e administrada através do processo de comunicação humana para o êxito de um ou mais objetivos específicos. A influência pode ocorrer através de diversas formas, desde as mais violentas imposições, até as formas mais suaves de convencimento. Ainda para o autor, liderar não é mais comandar e supervisionar seus liderados. O exercício de liderança exige uma renovação de valores internos do líder, pois os comportamentos sempre demonstram as complexas convicções que o indivíduo alimenta dentro de si. Só consegue ensinar o que se aprende, compreende e coloca em prática, e o líder para ajudar a modificar seus liderados em líderes autônomos, envolvidos, responsáveis, inovadores, assertivos, constantes, entre outras habilidades deve possuir um perfil com todos esses conhecimentos, competências e atitudes. O papel da liderança nas organizações fundamenta-se, em síntese, em articular as necessidades das orientações estratégicas com coerência as necessidades dos indivíduos, orientando as necessidades de ambos na direção da evolução institucional e individual. (ROBBINS, 2010). É crucial para a organização que seus líderes aperfeiçoem as competências fundamentais para o êxito da empresa, que se envolvam, assumam compromissos e ameaças, sejam eternos aprendizes e professores, tenham visão inovadora e discernimento do negócio. Este perfil de liderança é fator fundamental para indivíduos que assumem cargos chaves nas organizações. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 223 Para Robbins (2010) a liderança é a essência da capacidade de persuadir outros indivíduos para alcançar objetivos e metas. E essa habilidade resulta principalmente do processo de comunicação. O bom líder não pode ignorar de que as pessoas têm qualidade, com características diferentes que mudam de acordo com a cultura que os cerca. Para isso, o líder precisa ser capaz de entender e lidar com problemas que envolvem motivação, trabalho em equipe, criatividade, mudança, etc. (VERGARA, 2010). A liderança é capaz de oferecer adaptações positivas a diversos padrões ligados às relações de trabalho. Tem também o poder de transformar a visão de mundo de funcionários, colaborando para a construção de uma sociedade mais envolvida, sem deixar de lado as metas da organização. 2.2 Principais tipos de Liderança Para Chiavenato (2010) liderar requer equilíbrio delicado entre autoridade e compreensão, intimidade e distanciamento crítico, negociação e motivação, entre outras tantas habilidades. Abordaremos alguns tipos de liderança, conforme mostra o quadro 1. Quadro 1 – Tipos de liderança Descrição O líder é focado apenas nas tarefas. Apenas o líder impõe as regras, sem qualquer participação do grupo, determina as técnicas para a execução das tarefas. É também ele que designa qual a função de cada um dos funcionários e qual será o colega de trabalho de cada Líder sujeito. É prepotente, acarretando apreensão e insatisfação na equipe, não dá lugar para a Autocrático criatividade dos liderados. Os resultados dessa liderança são a falta de naturalidade e de iniciativa, a inexistência de qualquer companheirismo de grupo, visto que os objetivos são apenas o lucro e os resultados. O líder autoritário é o mais antigo, a sua origem remota à préhistória, quando os primeiros agrupamentos humanos se organizavam e surgiram os primeiros chefes. É chamado também de liderança participativa ou consultiva, este tipo de líder é voltado para as pessoas e há cooperação dos liderados no processo de decisão. Essa liderança promove o bom relacionamento entre a equipe, tendo como resultado um ritmo de trabalho evolutivo e Líder seguro. O líder democrático presencia e incentiva o debate entre todos da equipe. É o grupo Democrático que planeja as medidas e técnicas para alcançar os objetivos. Todos participam nas decisões. As diretrizes são decididas pela equipe, havendo prevalência (pouco demarcado) da voz do líder. Cada membro do grupo decide com quem vai trabalhar e é o próprio grupo que define sobre a divisão das tarefas. O líder democrático quando crítica ou elogia, verifica os fatos e é objetivo. Este é normalmente classificado a pior maneira de liderança, pois impera a desorganização, o desrespeito e a falta de uma voz ativa que estabelece funções e resolva conflitos. O líder liberal, não impõe regras, não se impõe a equipe e automaticamente não é respeitado. Os Líder Liberal comandados têm total liberdade para tomar decisões, sem ter a obrigatoriedade de consultar o líder. Os integrantes da equipe agem livremente, com frequente desejo de abandonar o grupo, pois não conseguem esperar nada desse líder. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2010. Tipos de líder POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 224 2.3 As Gerações Para motivar e liderar é necessário conhecer quais são as gerações que trabalham na organização, para só assim conseguir criar ações mais pontuais para reter e até mesmo atrair colaboradores. O mais importante dessa classificação é as empresas poderem trabalhar de forma coerente com cada um desses biótipos (diversidade). Para Oliveira (2010) a adaptação das gerações na empresa e a empresa com as gerações, possibilitam o surgimento de inúmeros benefícios para ambos como: clima e cultura organizacional equilibrados, crenças e valores dos colaboradores respeitados, motivação, troca de experiências e promoção de sinergia entre os diferentes tipos de gerações. Atualmente é inaceitável que a empresa e seus gestores não conhecerem o seu colaborador e principalmente a geração que pertence. 2.3.1 Quem são os Líderes Y Segundo Chiavenato (2010), os indivíduos chamados de Geração Y têm características muito especiais, pois foram os únicos que acompanharam a revolução tecnológica desde pequenos. São conhecidos como a “Geração que não conhece a cor do céu”. Eles se conectaram desde pequenos com o mundo digital e incorporaram em sua rotina as novas tecnologias, conseguindo, assim, desenvolver aptidões diferentes das gerações anteriores: a Baby Boomers e Geração X. De acordo com Antunes (2010), as suas principais características são: Estão sempre conectados e vivem em redes sociais; Digitam ao invés de escrever; Compartilham tudo o que é seu: dados, fotos, hábitos (a privacidade não é um ponto forte dessa geração); Preferem e-mails do que relacionamento tête-à-tête; Procuram informação fácil e imediata; Estão sempre em busca de novas tecnologias; Têm muita energia, se bem direcionada promovem um grande desenvolvimento em suas carreiras e consequentemente na organização; POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 225 São mais ousados, quebram com maior facilidade os paradigmas impostos e são capazes de promover transformações em um mercado muito mais competitivo, onde as empresas necessitam, como nunca, de inovações e de pessoas sem medo de se arriscar; Muitas vezes não são tão comprometidos; São curiosos, gostam de explorar o novo sem receios. Têm necessidades de reconhecimento o tempo todo (ascensão na carreira, elogios, aumento de salário, premiação, incentivos, etc.); Gostam da informalidade, preferem ambientes menos formais, mais atrativos e horários mais flexíveis; Têm que estar o tempo todo motivado (por isso importante criar frequentemente políticas de incentivos para essa geração); Pensam muito neles mesmos, esquecem um pouco de pensar no coletivo; Prezam mais a quantidade e não a qualidade; Muitas vezes são inconsequentes em relação ao que falam (pois falam o que pensam sem pensar nas consequências); Escolhem onde trabalhar de acordo com os valores que a empresa pode lhe oferecer; seja em relação ao clima organizacional, seja em relação a ascensão profissional; São mais empreendedores, sempre estão pensando em maneiras de empreender suas carreiras ou abrir seu próprio negócio; São mais flexíveis que as gerações anteriores; Sabem trabalhar sob pressão e gostam de trabalhar por objetivos; Não gostam de rotinas, por isso o ideal é dar várias tarefas para eles ao mesmo tempo. Os gestores Y destacam-se pela sua disposição, vigor e alegria, buscam soluções positivas e o relacionamento interpessoal. Essa geração é ligada à tecnologia, busca inovação constantemente. São líderes transparentes e comunicativos, para esses gestores todos os funcionários têm direito de saber os rumos da empresa, são motivados por feedbacks. Os líderes Y são conhecedores de seus limites e ao contrário de dar ordens, procuram integrar os componentes da equipe de maneira que consegue ouvir a todos sem forçar sua opinião, usando da democracia para uma boa gestão. É assim que um líder Y POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 226 executa o seu trabalho, ele procura transmitir confiança nos seus colaboradores para que esses optem em segui-lo e atenderem suas solicitações. A geração Y entende que liderança acontece individualmente, porém de igual para igual, desde o mais alto cargo de gestão na empresa, até colaboradores de produção merecem o mesmo tratamento. Para Oliveira (2010) a “geração Y é uma equipe de resultados e não de processos, pois não tem paciência para muitas argumentações e desculpas complexas”. Esta geração é um tanto quanto impaciente, mas se esse ponto for bem compreendido pode resultar em aperfeiçoamento na liderança. Lacombe e Heilborn (2008) comentam que o trabalho para a Geração Y é mais do que uma fonte econômica, é fonte de satisfação e aprendizado. Esta mudança altera o entendimento de carreira, promoção, estabilidade e vínculo profissional, aspectos relativos à vida organizacional bastantes valorizados pelas gerações anteriores. 2.4 Motivação Marras (2011) conceitua motivação como uma força que se encontra intrinsicamente em cada um e que na maioria das vezes está ligada a um desejo. Assim, ninguém consegue motivar alguém, o que se pode fazer é oferecer estímulos. A motivação constitui uma importante área do conhecimento da natureza humana e explica o comportamento das pessoas. Para se compreender o comportamento humano, é necessário conhecer sua motivação. É difícil definir o termo motivação, uma vez que tem sido utilizado com diferentes sentidos. De maneira geral, a motivação é a força que estimula as pessoas a agir de determinada forma, ou que dá origem a um comportamento específico. Acreditava-se que a motivação é determinada principalmente pela ação de outras pessoas nas quais se tem admiração tanto no âmbito profissional como familiar. Hoje, acredita-se que a motivação tem sempre origem numa necessidade (ROBBINS, 2010). De acordo com Chiavenato (2010), para se conhecer a motivação humana, o primeiro passo é conhecer o que ocorre no comportamento das pessoas, a figura 1 mostra o modelo básico de motivação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 227 ISSN 2447-3081 Figura 1 – O modelo básico de motivação Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2010. Para Chiavenato (2010) esse é o modelo básico de motivação, mas inicialmente seve para todas as pessoas, o resultado é que pode ser diferente, uma vez que depende da percepção do estímulo, das necessidades, e dos desejos, da cognição de cada pessoa. O modelo básico é a base para o ciclo motivacional, que funciona conforme os estímulos e os desejos das pessoas, a figura 2 mostra o ciclo motivacional. Figura 2 – Ciclo motivacional Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2010. Com o ciclo motivacional uma necessidade pode ser ou não satisfeita, depende de qual é a necessidade ou desejo do indivíduo. Já para Vergara (2010) a motivação, portanto pode ser considerada como a energia ou impulso que mobiliza os recursos de uma pessoa para alcançar uma meta, portanto, a motivação vem de dentro. 3 METODOLOGIA Para o desenvolvimento do trabalho, foi escolhido o estudo bibliográfico em livros, artigos e trabalhos sobre o assunto (monografias, dissertações e teses), para dar embasamento teórico sobre o assunto (GIL, 2011). Também foi escolhido a pesquisa quantitativa, onde foi elaborado um questionário com 11 (onze) perguntas fechadas. O público respondente são 6 (seis) colaboradores de empresas de segmentos diversos da cidade de Bauru – SP, que são liderados por líderes pertencentes a geração “Y”. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 228 ISSN 2447-3081 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS Os ramos de atividades das empresas onde o público respondente trabalha são: gráfica, remédios, construção civil, educação, elétrica, celulose, transporte e alimentos. Os respondentes pertencem de alguma forma do ciclo profissional dos pesquisadores e ao receberem o convite, aceitaram participar da pesquisa de imediato. O questionário foi enviado via e-mail no dia 10 de julho de 2015, onde a pesquisadora pediu que fossem devolvidos até dia 15 de agosto de 2015. Todos os questionários foram devolvidos. Portanto, de acordo com as respostas, foi possível verificar que: 1. Quando perguntado sobre a escolaridade: Gráfico 1 – Escolaridade Fonte: Os autores. O público respondente tem ensino superior completo, o que mostra a qualificação dos líderes entrevistados. 2. Quando perguntado sobre o tempo que trabalha na empresa: POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 229 ISSN 2447-3081 Gráfico 2 – Tempo que trabalha na empresa Fonte: Os autores. De acordo com as respostas dadas, o público respondente trabalha na empresa de 1 ano a 5 anos em média, portanto conhece a empresa. 3. Quando perguntado sobre a periodicidade de feedbacks efetuados pelo líder pertencente a geração “Y”: Gráfico 3 – Periodicidade do feedback Fonte: Os autores. De acordo com as respostas, o líder “Y” dá feedback constante para os seus liderados, o que mostra que a liderança tem preocupação eles. O perfil dos colaboradores pertencentes a geração “Y” necessitam de dar feedback contínuo. 4. Quando perguntado sobre como a forma dos líderes da geração “Y” administrarem os conflitos e dificuldades no trabalho em equipe: POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 230 ISSN 2447-3081 Gráfico 4 – Administração de conflitos Fonte: Os autores. Para os entrevistados o líder da geração “Y” é um bom ouvinte e respeita muitos seus liderados, portanto se preocupa com seus liderados. 5. Quando perguntado sobre a periodicidade que o líder da geração “Y” avalia seus liderados. Gráfico 5 – Periodicidade de avaliação 0% 33% 67% Sempre As vezes Nunca Fonte: Os autores. De acordo com as respostas dadas, os respondentes disseram que seus líderes os avaliam constantemente, isso mostra a preocupação com a qualidade dos serviços prestados. 6. De que maneira seu líder avalia o seu trabalho. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 231 ISSN 2447-3081 Gráfico 6 – Maneira de avaliação Fonte: Os autores. Através da resposta do público respondente, foi possível constatar que a liderança “Y” avalia seus liderados através de questionário, metodologia essa, importante para conhecer melhor seu colaborador, avaliando assim, todos os liderados da mesma forma. 7. Quando perguntado se o seu líder tem ideias para solucionar os problemas. Gráfico 7 – Ideias sobre solucionar problemas Fonte: Os autores De acordo com os entrevistados os líderes pertencentes à geração “Y” têm ideias (criatividade) para solucionar problemas, o que mostra iniciativa, uma das características da geração “Y”. 8. O que acha de ser liderado por um líder pertencente a geração “Y”. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 232 ISSN 2447-3081 Gráfico 8 – O que acha da liderança “Y” Fonte: Os autores. Cerca de 80% do público respondente, acham bom e ótimo serem liderados pela geração “Y”, isso se deve devido a algumas características fortes dessa geração estudadas no referencial teórico. 9. Quando perguntado sobre o modelo de liderança utilizado pelos líderes da geração “Y”. Gráfico 9 – Modelo utilizado pela liderança Fonte: Os autores. A liderança na empresa é democrática, o que é importante para que haja maior interação entre os líderes e os liderados. Ser democrático é escutar todos os lados, é compartilhar as informações, enfim é trabalhar em equipe, o que é um ponto positivo para as organizações onde trabalham essas lideranças. 10. Quando perguntado sobre a opinião se o líder é motivador. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 233 ISSN 2447-3081 Gráfico 10 – Líder é motivador 17% 83% Sim Não Fonte: Os autores De acordo com os respondentes, a maioria, cerca de 83% responderam que seu líder é motivador, o que é importante para manter a equipe motivada. 11. Quando perguntado sobre qual o tipo de ação motivadora que seu líder mais aplica. Gráfico 11 – Tipos de ações motivadoras 0% 0% 13% Premiações 20% Reconhecimento em Público Quando precisa dele, está sempre disposto a ajudar 67% Tem sempre uma palavra motivadora Outra Fonte: Os autores. De acordo com os respondentes, cerca de 67% afirmaram que o líder reconhece em público, 20% premia de alguma maneira e 13% que quando precisam dele, podem contar com ele. Isso dá segurança ao colaborador, que na hora que ele precisa de algo motivador, a liderança vai reconhecer o seu trabalho. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através do referencial teórico foi possível conhecer as principais características da geração “Y”. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 234 ISSN 2447-3081 Também foi possível perceber que a liderança é fundamental para o sucesso organizacional, os líderes “Y” têm várias características e as principais é que são tecnologicamente superiores, gostam de reconhecimento periódico, precisam estar a todo momento motivado, são multifacetados e são fiéis aos projetos que acreditam. Também são seletivos e escolhem onde trabalhar de acordo com os valores da empresa, se acostumam com qualquer tipo de ambiente, principalmente em ambientes mais informais, são empreendedores, flexíveis e sabem trabalhar sob pressão. Através da pesquisa pode-se perceber que a liderança “Y” é ativa e percebe a importância dos colaboradores na organização, realizando avaliações constantes e sendo bem aceita pelos liderados. Também utiliza o modelo democrático, que nas organizações modernas é o mais indicado. O líder da geração “Y” tem mais percepção para lhe dar com os liderados e como são criativos conseguem criar ações e políticas mais assertivas. REFERÊNCIAS ANTUNES, L. O poder nas mãos da geração Y. Revista Exame, 10 mar. 2010. Disponível em: <http://exame.abril.com.br/carreira/noticias/poder-maos-geracao-y542736>. Acessado em: 14 set. 2015. BERGAMINI, C. W. Motivação nas Organizações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2008. CHIAVENATO, I. Recursos Humanos: o capital humano das organizações. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2009. ______. Gestão de Pessoas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. ______. Gestão de Pessoas. São Paulo: Atlas, 2011. LACOMBE, F. J. M.; HEILBORN, G.L.J. Recursos Humanos: Princípios e Tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MAXIMIANO, A. C. A. Teoria geral da administração. Edição Compacta. São Paulo: Atlas, 2009. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 14. ed. São Paulo: Futura, 2011. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 235 OLIVEIRA, S. Geração Y: o nascimento de uma nova versão de líderes. 5.ed. São Paulo: Integrare, 2010. ROBBINS, S.P. Comportamento organizacional. 14. ed. São Paulo: Person, 2010. VERGARA, S. C. Gestão de Pessoas. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2010. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 236 ISSN 2447-3081 ASSÉDIO MORAL NO AMBIENTE ORGANIZACIONAL Giovana da Silva Inocêncio - FAAG1 Leticia Rocha dos Santos - FAAG2 Adeline da Silva Pereira - FAAG3 RESUMO O presente artigo aborda o tema assédio moral no ambiente organizacional, desde a sua identificação, até as ações preventivas e corretivas. Assédio Moral é toda e qualquer conduta abusiva frequente e intencional que possa ferir a integridade física e psíquica do ser humano. O estudo deste fenômeno é relevante devido à banalização do termo e suas consequências irreparáveis para empresas e sociedade que, por sua vez encontram-se despreparadas para atuar e exigir que seus direitos sejam resguardados. A proteção ao trabalhador deve assegurar o direito à integridade mental e corporal do ser humano não permitindo que essa seja afetada devido a diferenças pessoais e profissionais. Logo, é de responsabilidade do gestor da organização, a criação de um ambiente de trabalho saudável que garanta a dignidade humana dos colaboradores e que promova a igualdade social. Contudo a maioria das organizações não possuem colaboradores preparados ou não preparam esses colaboradores para atuar de forma humanitária. Um dos motivos é não “considerarem importante” e visarem somente o lucro a qualquer custo ou até mesmo, por receio de que seus colaboradores possuam conhecimento e possam utilizá-lo contra a própria empresa. Outro motivo é não saberem como agir e não possuírem noção da gravidade dessas atitudes. E com o objetivo de auxiliar essas organizações a entenderem e agirem mediante essas situações, é que este artigo foi desenvolvido. A metodologia de trabalho utilizada caracterizou-se pela pesquisa quantitativa combinada com a pesquisa bibliográfica. Como enriquecimento do estudo foi aplicado um questionário em diferentes organizações, com pessoas de níveis hierárquicos variados que teve como foco analisar o conhecimento e as atitudes dessas pessoas mediante a situação de assédio moral. O resultado obtido classificou os entrevistados em três grupos basicamente: Um grupo que realmente não sabe o que é assédio moral, um grupo que acha que sabe mas na verdade não sabe, e um outro grupo que sabe o que é assédio moral mas não se manifesta quando ocorrido. Baseado neste questionário e por meio da análise desenvolvida, a proposta deste artigo é descrever de forma clara e objetiva as principais características para configuração do assédio moral e mediante isso, descrever plano de ações preventivas e corretivas para as organizações de modo a auxiliá-las a minimizarem o assédio moral e fornecer instruções de práticas que podem ser aplicadas para o perfeito engajamento organizacional. PALAVRAS-CHAVE: Assédio Colaboradores. Organização. 1Aluna Moral. Prevenção. do Curso de Administração. Aluna do Curso de Administração. 3Professora Orientadora. Especialista em Recursos Humanos. 2 Correção. Conhecimento. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 237 ABSTRACT This article is about bullying in the organizational environment, from identification, to the preventive and corrective actions. Bullying is any frequent and intentional wrongful conduct that may harm the physical and psychological integrity of human beings. The study of this phenomenon is relevant because of the trivialization of the term and its irreparable consequences for business and society, which in turn are unprepared to act and demand that their rights are safeguarded. The protection of the worker must ensure the right to mental and bodily integrity of the human being not letting that be affected due to personal and professional differences. Therefore, it is organizing the manager's responsibility to create a healthy work environment that ensures human dignity of employees and promoting social equality. Yet most organizations do not have employees prepared or do not prepare these employees to act humanely. One reason is not "consider important" and seeks only profit at any cost or even, for fear that its employees have knowledge and can use it against the company itself. Another reason is they do not know how to act and they have no idea of the severity of these attitudes. And in order to help these organizations understand and act upon these situations, it is that this article was developed. The methodology used was characterized by quantitative research combined with the literature. As enrichment study a questionnaire was applied in different organizations, with people from different hierarchical levels which focused on analyzing the knowledge and attitudes of these people according to the situation of bullying. The result obtained classified respondents into three groups basically: A group that does not really know what is bullying, a group that thinks he knows but does not really know, and another group that knows what bullying but is silent when occurred. Based on this questionnaire and through the analysis conducted, the purpose of this article is to describe clearly and objectively the main features for bullying configuration and by this, describe plan preventive and corrective actions for organizations in order to help them to minimize bullying and provide instruction practices that can be applied to the perfect organizational engagement. KEYWORDS: Harassment Ethical. Prevention. Correction. Knowledge. Contributors. Organization. 1 INTRODUÇÃO O fenômeno do assédio moral existe desde a origem das primeiras relações de trabalho. Contudo, ganhou destaque nas últimas décadas devido as constantes mudanças advindas da globalização, é uma espécie de guerra “econômica”, na qual está em jogo a sobrevivência da empresa acima de tudo. Neste ambiente laboral competitivo as situações de assédio moral se intensificam e precisam ser coibidas. Trata-se de uma preocupação social que não pode mais ser ignorada, pois possui um enorme potencial ofensivo e destruidor. Sendo assim, os danos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 238 irreparáveis causados pelo assédio moral, desperta interesse para a elaboração deste trabalho. A banalização do termo possibilita que pessoas mal intencionadas enquadrem qualquer tipo de aborrecimento como assédio moral visando retornos financeiros. Além disso, impossibilita a sociedade e as organizações em manifestar-se em busca da garantia de seus direitos e deveres. Este artigo destina-se a elucidar os impactos causados pelo assédio moral na organização e em seus colaboradores, através do detalhamento de sua definição, características, atos e efeitos. O presente artigo tem como objetivo discorrer sobre as diversas variáveis do assédio moral no ambiente laboral. Mais concretamente sobre os métodos aplicados pelas empresas para combate às ações consideradas aspectos imorais. As maneiras de combate a essas atitudes, poderão ser melhor entendidas baseadas no estudo proposto. O real conhecimento do fenômeno assegura as empresas e lhes proporciona maior embasamento no desenvolvimento de práticas preventivas e corretivas para que o assédio moral no ambiente organizacional pereça. Espera-se que o referido estudo possa contribuir para que o Assédio Moral seja identificado na relação de trabalho, que as organizações consigam desenvolver ações preventivas e corretivas para sanar essas situações e, além disso, que as vítimas saibam como agir, se defender e denunciar. Conscientizando os agressores que precisam mudar de conduta, uma vez que todos são seres humanos e devem ser tratados com dignidade. Dessa forma, o trabalhador terá proteção do bem maior, que é a vida, vivida com dignidade. 2 ASSÉDIO MORAL Com o surgimento do trabalho, iniciou-se também as primeiras formas de Assédio Moral. Mesmo tendo seus primeiros indícios na Antiguidade, ainda hoje o fenômeno se faz presente com intensidade devido ao conhecimento distorcido, e a falta de impunidade e prevenção dentro e fora das organizações. Segundo Hirigoyen (2005, p.30) “O assédio moral caracteriza-se antes de tudo pela repetição. São atitudes, palavras, comportamentos, que, tomados separadamente, podem parecer inofensivos, mas cuja repetição e sistematização os tornam destruidores”. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 239 ISSN 2447-3081 Segundo Molon (2004), em um ambiente de trabalho, globalizado e moderno, indústrias e empresas, forçam cada vez mais a rotina de trabalho visando o lucro. A ignorância de conhecimento, em conjunto com o ritmo acelerado das empresas globalizadas, promove a propagação de comportamentos desumanos, o individualismo, a violação da dignidade humana e por consequência, o assédio moral. A obtenção do lucro a qualquer custo, e a satisfação do interesse individual presentes no ambiente de trabalho, infelizmente estão acima dos direitos básicos do homem, e caracteriza as empresas como aéticas por serem convenientes com a situação. Segundo Hirigoyen (2005), não é possível chegar a um denominador comum sobre a definição de assédio moral, pois o mesmo consiste em um conjunto de sentimentos incompreensíveis e que por sua vez possuem definições especificas de acordo com área estudada. Possivelmente é nessa linha de raciocínio que as organizações encontram dificuldade em lidar com a existência do assédio moral em meio a seus colaboradores. Contudo, independentemente da definição, o importante é compreender que o assédio moral se caracteriza pelo abuso de poder de forma repetida e sistematizada. Culturalmente, subentende-se que o assédio moral ocorre somente em empresas de pequeno porte, por aparentarem fragilidade e inexperiência em lidarem com esse tipo de situação. Porém, essa definição, não pode ser adotada como regra geral e específica sobre o assunto, pois mesmo diante de tanta evolução e desenvolvimento, ainda hoje, grandes empresas, até mesmo multinacionais, não estão sabendo lidar com esse fenômeno que é tão comum e ao mesmo tempo tão destruidor. Em contrapartida, pode-se dizer que a influência política e econômica, está expandindo a visão dos empreendedores de modo que comecem a enxergar sua organização como um conjunto de fatores que precisam estar totalmente em sintonia para que o tão esperado lucro seja atingido de forma ética. Com isso, algumas empresas estão desenvolvendo ações preventivas que as melhor estruturam e preparam para os possíveis acontecimentos de assédio moral nas organizações, proporcionando aos seus colaborares um ambiente de trabalho mais agradável e motivador e que por consequência traz resultados satisfatórios para toda a equipe. Segundo Ferreira, (2006, p.16) O assédio moral nas organizações representa condutas abusivas, humilhantes e constrangedoras, frequentes e no exercício das funções dos trabalhadores, manifestadas através de atitudes comportamentais que possam trazer danos ao empregado, pondo em perigo o seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 240 Embasado no que foi exposto, surge a necessidade de aprofundar ainda mais sobre o assunto, descrevendo a composição do assédio moral em suas diversas esferas com o objetivo de inibir a alegação de desconhecimento do assunto que se torna justificativa para impassibilidade das organizações. 3 AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS PARA A ORGANIZAÇÃO Com o aumento do assédio moral muito se ouve falar da destruição que ele causa na vítima, que por sua vez sofre a maior parte das consequências calada enquanto destrói sua saúde física e mental e prejudica seu relacionamento com familiares e amigos pois é com eles que elas acabam desabafando ou expondo seus desapontamentos. Embora a família seja um porto seguro para muitos, ela não tem o conhecimento necessário e o equilíbrio psicológico para ajudar a vítima, ela pode até se compadecer da situação, mas por estar a parte do ambiente aonde está acontecendo o assédio não são capazes de ajudar plenamente o assediado. É responsabilidade da organização o combate e a adoção de estratégias preventivas contra práticas de assédio moral no trabalho. A organização tem que cuidar da saúde dos indivíduos que fazem parte dela, bem como proporcionar equilíbrio psicológico visto que qualquer dano psíquico resulta em uma recuperação muito lenta e difícil. Muitas vezes, os problemas ficam sem solução, simplesmente pela não intervenção, ou são postergados, ou seja, deixados para resolver depois, como se as questões relacionadas a dignidade humana não merecessem atenção. A longo prazo, a violência no trabalho traz consequências sérias a organização e aos seus membros, pois afeta o alcance das metas e a imagem da instituição, além de causar danos, por vezes irreversíveis, aos seus servidores. Toda organização, além de cumprir a missão para qual é destinada, tem o dever de proporcionar um ambiente adequado e saudável de trabalho. A organização deve planejar e organizar o trabalho preventivamente, combatendo com a máxima eficácia a ocorrência de situações de violência no trabalho, esclarecendo de forma precisa a todos os seus integrantes que não será admitido, no curso das atividades laborais, qualquer processo dessa natureza e que serão tomadas, prontamente medidas para investigar, resolver, prestar apoio e solidariedade ao atingido. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 241 Cabe ressaltar que, em caso de insucesso da mediação e da persistência de práticas de violência no trabalho, o responsável deverá receber da organização as sanções administrativas pertinentes. O assédio antes de tudo precisa de limites e regra. Os gestores devem deixar bem claro no regulamento interno que o assédio moral não será admitido e que quem cometelo receberá as devidas punições. 4 METODOLOGIA As ciências caracterizam o método como todos os processos que foram empregados na investigação para a demonstração da verdade e que são fundamentados por meio do objeto de pesquisa utilizado. De modo geral, método é uma sequência ordenada de processos eficientes e necessários para atingir os resultados desejados. Existem basicamente dois tipos de método: Método de Abordagem e Método de Procedimento. Segundo Marconi e Lakatos (2014, p.110): “O método se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da sociedade”. Como método de abordagem, este trabalho irá aplicar o método indutivo, que parte de premissas particulares para atingir uma verdade universal, é o processo pelo qual a abrangência da conclusão é maior do que as premissas. Desse modo, o método servirá de auxílio para definir qual o plano de ação mais adequado para as empresas quanto ao combate do assédio moral. O método de procedimento de acordo com Marconi e Lakatos (2014, p.110): “Pressupõe uma atitude concreta em relação ao fenômeno e estão limitadas a um domínio particular”. Logo, para enriquecimento das informações apresentadas, será utilizado o método de procedimento comparativo, que estabelecerá uma relação entre as empresas que possuem Ações Preventivas contra o Assédio Moral e as empresas que possuem Ações Corretivas contra o Assédio Moral. A aplicabilidade dos métodos é dada por meio das técnicas, que nada mais é do que a coleta de dados habilidosa para alcance dos resultados. Essas técnicas apresentam duas divisões: documentação indireta que consiste na pesquisa documental e bibliográfica, e documentação direta que por sua vez se subdivide em observação direta intensiva que é composta por técnica de observação e entrevista, e observação direta extensiva que engloba técnicas de questionário, formulário, medidas de opinião e de atitudes, testes, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 242 ISSN 2447-3081 sociometria, análise de conteúdo, história de vida e pesquisa de mercado. Dentre as divisões e subdivisões das técnicas existentes, as aplicadas neste trabalho, serão: Observação; Questionário; Medidas de opinião e de atitudes; Análise de conteúdo; Pesquisa de Mercado. Após a interpretação dos dados mensurados através da pesquisa, será realizado o estudo e aplicação de ações preventivas referente ao assédio moral para garantir a integridade do público das organizações pesquisadas. O trabalho de consultoria será voltado a correções de ações que caracterizem assedio, e definição do que é considerado assédio moral, dentro do limite de respeito entre superiores e subordinados. 5 APURAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS Gráfico I – Definição de Assédio Moral 41,67% 50% A B C D 8,33% 0% Fonte: Autoria própria. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 243 ISSN 2447-3081 Gráfico II – Situações de Assédio Moral 41,67% 50% A B C D 8,33% 0% Fonte: Autoria própria. Gráfico III - Convite feito fora do ambiente de trabalho 16,66% 16,67% 0% A B C 66,67% Fonte: Autoria própria. D POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 244 ISSN 2447-3081 Gráfico IV – Trabalhando com metas e tarefas de difícil realização 16,67% 41,67% A B 33,33% C 8,33% D Fonte: Autoria própria. Gráfico V – Trabalhando sob constante pressão 8,33% 8,33% 16,67% A B C D 66,67% Fonte: Autoria própria. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 245 ISSN 2447-3081 Gráfico VI – Reação a uma situação de Assédio Moral 0% 33,33% A 66,67% B C D 0% Fonte: Autoria própria. Gráfico VII – Envolvidos no Assédio Moral 16,67% 8,33% 50% A B 25% C D Fonte: Autoria própria. Com a análise e interpretação dos resultados obtidos por meio da pesquisa de campo, foi possível constatar que o assédio moral ganha força devido a discrepância de conhecimento e atitude das pessoas. Os entrevistados deste trabalho foram por nós divididos em três grupos: Realmente não conhece o que é assédio moral; POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 246 Acha que conhece, mas não conhece; Que conhece o assédio moral, mas não se manifesta. O conteúdo exposto e analisado dá margem para que o assédio se fortaleça e as consequências sejam ainda piores. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Através das bibliografias utilizadas, concluímos que assédio moral é uma relação triangular, entre o assediado, assediador e colegas e que sua principal característica é a repetição. O objetivo geral desta monografia era expor métodos adequados de ações preventivas e corretivas para as organizações mediante ao assédio moral. Para tanto, foi aplicado um questionário, contendo sete questões alternativas que abordavam o assédio moral, suas características, seus participantes e suas formas de agressão. O foco deste questionário foi identificar se os colaboradores entrevistados sabiam o que era assédio moral, qual era o seu perfil e sua postura diante do fenômeno. Os resultados obtidos permitiu identificar que a maioria dos colaboradores que atuam em organizações onde há situações de assédio moral, não possuem entendimento sobre o seu real significado. Outros, julgam conhecer, mas na verdade não conhecem e alguns conhecem, mas não se manifestam. O fato de não saber o que é assédio moral, suas características e suas consequências devastadoras, que são independente de raça, cor e gênero, dificulta tanto para o colaborador, pois ele não consegue concluir que está sofrendo assédio, quanto para a organização, pois não se apercebe que em seu meio está acontecendo está violência e por conseguinte não toma nenhuma atitude para preveni-lo e corrigi-lo. A banalização do termo propicia que toda e qualquer atitude desagradável seja vista como assédio moral. Para muitos um comentário infeliz, um chefe zangado, metas, uma cobrança por não ter desenvolvido algo previamente solicitado já pode ser considerado assédio moral. Mas, essas atitudes são corriqueiras e fazem parte do cotidiano de qualquer trabalhador. Assédio moral é uma tortura psicológica, é uma violência perversa que fere a integridade física e emocional da vítima, é algo premeditado e seus ataques são planejados POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 247 ISSN 2447-3081 para não haver erros na hora de desestruturar o assediado escolhido, para se configurar a agressão, ela precisa ser frequente, situações isoladas não configuram o assédio moral. Vale ressaltar, que o assédio moral difere-se do conflito por se tratar de uma violência invisível, e que não promove benefícios para nenhum de seus envolvidos. Além disso, o assédio moral embora confundido com dano moral, se diferencia pela frequência e pela necessidade de confirmação por meio de uma investigação minuciosa. Contudo, diferente do que muitos pensam, este estudo deixou explicito que o assédio moral organizacional não precisa necessariamente ocorrer dentro do ambiente aonde o trabalho é executado, mas sim, que estando em função do trabalho, atitudes que causam lesão a sua imagem e honra são caracterizadas como assédio. O estudo propiciou o entendimento que o assédio moral apesar de ser muito comentado é pouco compreendido e sua punição é muito falha. Uma vítima de assédio moral para ser indenizada pelo fato ocorrido tende enfrentar um longo e difícil processo judicial, no qual ela precisa provar que foi vítima dessa perversidade, além do custo com os honorários. Mesmo que ela ganhe a causa e seja indenizada, os danos psicológicos jamais serão ressarcidos e muitos traumas adquiridos ficarão para sempre. A organização por sua vez, é responsável por capacitar e treinar seus colaboradores para que saibam identificar, prevenir, corrigir e punir ações de assédio moral. Entretanto, foi possível observar que grande parte das organizações são neutras, ou seja, não se manifestam. As justificativas são o medo do conhecimento ser revertido de forma negativa para ela, ou até mesmo de ter a imagem denigrida, mas isso é tolice pois colaboradores bem informados saberão distinguir o que realmente é assédio e serão capazes de identificar se está havendo na organização, o que é essencial para que se tome providências. A conclusão primordial deste estudo foi a evidencia da necessidade das organizações em adotarem planos de ação preventiva e corretiva, o que corresponde com a expectativa deste trabalho. Logo, para minimizar ocorrências de assédio moral organizacional e respectivamente puni-lo a esperança está no desenvolvimento e aplicação dos métodos sugeridos no decorrer desta monografia. REFERÊNCIAS ANDRADRE, L. M. M. Assédio Moral: diversidade e discriminação nas relações do trabalho. 09/. Instituto de Pesquisas Tecnológicas. Grupo de Estudos de Recursos Humanos na Administração Pública. 2006. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 248 BARRETO, Margarida. Uma jornada de humilhações. São Paulo: FAPESP-PUC, 2000. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. Assédio moral e sexual no trabalho. Brasília: ASCOM, 2010. 43 p. FERREIRA, D. S. Assédio moral – relações desumanas nas organizações. Rio de Janeiro: ed. Exato, 2006. FLORINDO,V.. Dano moral e o direito do trabalho. 4. ed.rev.ampl. São Paulo: LTr, 2002. HIRIGOYEN, M. F. Mal-estar no trabalho: redefinindo o assédio moral.2. ed. Rio de Janeiro: ed. Bertrand Brasil ,2005. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M.. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Altas, 2014. MARTININGO FILHO, A. Assédio moral e gestão de pessoas. Brasília, 2007. Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade de Brasília. MOLON, R. C. Assédio moral no ambiente do trabalho e a responsabilidade civil: empregado e empregador. Rio Grande do Sul, 2004. NASCIMENTO, Sônia A. C.M. O assédio moral no ambiente de trabalho.2004. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=5433>. Acesso em 21 de outubro de 2015. SILVA, M.A.L.F. Assédio Moral nas relações trabalhistas sob a ótica civil-trabalhistaconstitucional. Rio de Janeiro, 2007. SOUZA, Jorge Dias. As chefias avassaladoras, assédio moral. São Paulo, 2009. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 249 ISSN 2447-3081 CLIMA ORGANIZACIONAL: UM ESTUDO SOBRE SUA IMPORTÂNCIA NAS ORGANIZAÇÕES Altair Francisco Silva – FAAG1 Fernanda Serotini Gordono – FAAG 2 Washington Luiz Tomas3 RESUMO Nesse mundo competitivo que as organizações vivem para manter-se e até conquistar uma boa colocação no mercado, é necessário que além de produtos e serviços de excelente qualidade, também tenham mão-de-obra capacitada. As empresas necessitam se atualizar em relação às exigências do mercado, buscando inovação, oferecendo produtos e serviços com maior qualidade e recursos humanos capacitados e talentosos. Nesse trabalho se mostrará o clima organizacional e o seu impacto no colaborador, sendo assim é importante mostrar para as empresas a importância da pesquisa de clima organizacional e as vantagens que se possa ter com sua aplicação. PALAVRAS-CHAVE: Clima organizacional. Organizações. Pesquisa. ABSTRACT In this competitive world organizations to keep living and to gain a good position in the market, it is necessary that in addition to products and services of excellent quality, also have hand-trained workforce. Companies need to upgrade to the demands of the market, seeking innovation, delivering products and services with higher quality and skilled and talented human resources. In this report we show the organizational climate and its impact on employees, so it's important for companies to show the importance of organizational climate survey and the advantages it may have with your application. KEYWORDS: Organizational Climate. Organizations. Research. 1 INTRODUÇÃO A pesquisa de clima organizacional é uma ferramenta de elevado valor para Gestão de Pessoas e Planejamento Estratégico de Recursos Humanos, tendo por objetivo, mensurar o nível de satisfação dos colaboradores com relação aos aspectos do ambiente organizacional e a maneira como as pessoas interagem, ou seja, como se relacionam no ambiente de trabalho e como esse conceito pode ser aprimorado através dos subsídios apresentados na pesquisa em questão (CHIAVENATO, 2007). 1 2 3 Aluno do Curso de Pós-Graduação FAAG Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 250 De maneira clássica, o clima organizacional é o conjunto de comportamentos e atitudes que os colaboradores evidenciam nos seus contatos profissionais e a percepção do mesmo sobre sua relação com a empresa (BOM SUCESSO, 2009). Já para Robbins (2010), é o conjunto de características que descrevem uma organização e que as distinguem, são relativamente permanentes ao longo do tempo e influenciam o comportamento das pessoas na organização. Segundo Marras (2011), a pesquisa de clima organizacional pode revelar alguns fatores como: a imagem institucional, estrutura organizacional, políticas internas, benefícios e assistências, organização de gestão, condições de trabalho, reconhecimento, relacionamento interpessoal, comportamento da gerência, satisfação e motivação pessoal, planejamento institucional, processo decisório, autonomia, remuneração, avaliação institucional, liderança e comunicação. Assim como o clima organizacional, a comunicação interna tem um papel fundamental dentro das organizações. Com a globalização de novas tecnologias, a comunicação interna tem a função de fazer circular as informações novas, promover a interação entre vários segmentos da organização e também capacitar os colaboradores para os novos desafios. Sendo assim, o presente artigo pretende relatar a importância da pesquisa de clima organizacional nas empresas e suas principais vantagens. 2. ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 Clima Organizacional O clima organizacional está ligado ao grau de motivação das pessoas da organização, favorecendo a satisfação do colaborador e da própria empresa. Quanto melhor for o nível de satisfação das pessoas numa organização, melhor será o clima organizacional, que se resulta em relações de motivação e interesse, sendo capaz de melhorar o ambiente de trabalho com inovações tecnológicas, políticas, sociais, culturais e econômicas, permitindo que os colaboradores desempenhem suas tarefas com satisfação e não apenas por obrigação. De acordo com Luz (2006), o grau de satisfação dos funcionários de uma empresa está relacionado à atmosfera psicológica, uma vez que em ambientes laborais com POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 251 mudanças contínuas devem buscar a satisfação do cliente interno, ou seja, os funcionários, pois sua motivação implicará no atendimento do cliente externo, contribuindo para atingir os objetivos empresariais. Para Chiavenato (2009, p. 53), “o clima organizacional é favorável quando proporciona satisfação das necessidades pessoais dos participantes, produzindo elevação do moral interno. É desfavorável quando proporciona frustração daquelas necessidades”. Se o clima organizacional não é adequado é possível perceber conflitos entre os colaboradores, entre liderança e liderado, gerando assim prejuízos para a empresa. Um dos aspectos que se pode perceber em um clima organizacional insatisfatório é o alto índice de turnover dos colaboradores. O clima organizacional resulta das atitudes e comportamentos que os colaboradores demonstram nas suas relações de trabalho e como assimilam a ligação deles com a empresa. Também pode ser definido como a concentração de particularidades que retratam uma organização e que as diferem. Essas particularidades perduram-se de certa forma ao longo do tempo e inspiram o comportamento das pessoas na instituição. Para Marras (2011), a organização pode manter um clima de cooperação ou de negativismo, quanto melhor o companheirismo melhor será o clima. Chiavenato (2014) aponta três fatores que contribuem para um clima positivo: • Responsabilidade: pode reprimir ou incentivar o comportamento das pessoas por meio da negação de iniciativa, restrição quanto à decisão pessoal, etc. • Risco: a situação de trabalho pode estimular no sentido de assumir novos desafios como protetora para evitar riscos, quanto maior o estímulo melhor será o clima. • Conflitos: a fim de evitar choques ou incentivar os diferentes pontos de vistas a organização pode estabelecer regras e procedimentos, administrando os conflitos por meio da confrontação. Segundo Luz (2006, p. 25) existem duas formas de avaliar o clima: • Avaliação setorial: A função do gestor é ouvir individualmente cada membro da equipe, mantê-los motivados e satisfeitos, pois é através dos mesmos que se obtêm os resultados desejados, por isso é importante conhecer o ambiente, o grau de confiança, harmonia e cooperação existente; POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 • 252 Avaliação corporativa ou institucional: Nesse tipo de avaliação são os Recursos Humanos que se responsabilizam em avaliar o clima organizacional da empresa, ouvindo coletivamente os funcionários. Este pode pedir auxílio de consultoria externa, eliminando assim qualquer suspeita por parte dos empregados sobre eventual manipulação, com maior credibilidade. 2.2 Pesquisa de Clima Organizacional Segundo Chiavenato (2007), a pesquisa de clima organizacional é uma ferramenta muito importante para Gestão de Pessoas e Planejamento Estratégico de Recursos Humanos, porque visa verificar o nível de satisfação dos colaboradores com relação às perspectivas do ambiente organizacional. Além disso, objetiva também demonstrar a maneira como os colaboradores se relacionam no ambiente de trabalho. De acordo com Marras (2011), a pesquisa organizacional é tida de grande valor para a empresa, porque através dela é possível visualizar alguns elementos, dentre eles: as políticas internas, remuneração, benefícios e assistências, imagem institucional, condições de trabalho, reconhecimento, relacionamento interpessoal, estrutura organizacional, comportamento da gerência, satisfação e motivação pessoal, processo decisório, comunicação, autonomia, avaliação institucional, planejamento institucional, liderança. Portanto, a pesquisa de clima organizacional analisa o seu ambiente, as condições do grau de satisfação ou insatisfação dos funcionários e das demais pessoas que com eles interagem. Para Marras (2011), dentre as principais contribuições da pesquisa de clima organizacional destacam-se: • Buscar ações efetivas, alinhada com a cultura da organização; • Integrar os diversos processos e áreas de atuação dos colaboradores; • Promover o crescimento e desenvolvimento dos colaboradores; • Treinamento, desenvolvimento pessoal/gerencial e de educação empresarial; • Otimizar as ações gerenciais, tornando-as mais eficazes; • Comunicação efetiva; • Reduzir a burocracia; • Focalizar o cliente interno e externo; • Organizar e ter flexibilidade nas atividades da organização, dentre outras. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 253 Com a pesquisa de clima organizacional, onde se coleta dados de maneira objetiva e criteriosa, é possível identificar o estado emocional das organizações e a realidade percebida pelos colaboradores; esta tradução é feita a partir da análise das relações de satisfação dos indivíduos e dos grupos, com o comprometimento na realização de suas funções e com a efetiva melhoria de qualidade dos serviços prestados ou dos bens oferecidos. De acordo com Bom Sucesso (2007), a análise do clima foi desenvolvida inicialmente por Litwin e Stinger em 1968 e tem por objetivo, determinar o clima organizacional através da medição do grau de motivação dos membros da organização, ou seja, analisa-se o "estado de saúde" da organização formando o diagnóstico através de análises estatísticas da pesquisa, identificando-se onde é necessário intervir. Algumas empresas optam pela pesquisa de clima organizacional, pois, enfrentam problemas como: alto índice de rotatividade; alto índice de absenteísmo, o que impacta diretamente na produtividade; sinais subjetivos de revolta e conflitos dos funcionários, em relação a outras pessoas dentro da empresa ou, às políticas da empresa; resultados pobres nos programas de sugestões indicando falta de comprometimento dos funcionários com os resultados; resultados ruins das avaliações de desempenho; greves que demonstram a insatisfação generalizada; desperdício de material e queixas frequentes, que são uma maneira dos funcionários desabafarem, expondo problemas. Para uma ampla avaliação, esses indicadores apresentados acima também devem ser avaliados de forma independente do questionário, junto à equipe de recursos humanos. Esses indícios revelam também o reflexo da cultura estabelecida. Para se ter o diagnóstico de clima é preciso recorrer a um conjunto de técnicas de pesquisa e análise (LACOMBE, 2010). O resultado final da Pesquisa de clima organizacional deve apresentar as informações necessárias para a identificação de oportunidades de melhoria através da elaboração de um plano de ação que contenha o planejamento das prioridades estratégicas e as variáveis da área de Humanas que fundamentalmente, incrementarão a saúde financeira e humana da empresa já que, gerenciar o clima organizacional é gerir os resultados financeiros da empresa a médio e longo prazo, pois, está intimamente ligada a produtividade e lucratividade (CHIAVENATO, 2009). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 254 2.3 Técnicas de Pesquisa de Clima Organizacional Existem três técnicas para pesquisa de clima organizacional, são elas: questionário, entrevista e painel de debates. O questionário é a técnica mais utilizada nas pesquisas formais de clima e tem as seguintes características: • Permite uma aplicação ampla e maciça. • Custo relativamente baixo. • É mais aceito pelos respondentes, já que preserva o anonimato, com isso garante maior credibilidade na pesquisa. • Permite o uso de questões abertas e fechadas. • Permite um questionário com poucas questões. • Permite que seja enviado aos respondentes ou apresentado. • Não exige espaço físico. A entrevista possui outras características: • Quebra o anonimato. • Demanda mais tempo. • Exige pessoas habilitadas para conduzir. • Exige muitos entrevistadores. • Permite aprofundar as variáveis pesquisadas O painel de debates é uma entrevista, porém com vários entrevistados e se observa as seguintes características: • É mais econômico do que a entrevista. • É possível montar grupos de 5 a 8 pessoas. • Quebra o anonimato das pessoas. • Exige espaço físico adequado. 2.4 Benefícios da Pesquisa de Clima Organizacional De acordo com Chiavenato (2014), a introdução da pesquisa de clima organizacional rende benefícios no seu planejamento, durante a aplicação e após sua análise como: • Compor os processos e as áreas materiais, pois, além do desenvolvimento individual, há o coletivo, não só dentro de uma equipe, mas também através do POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 255 organograma da empresa, relacionado áreas funcionais e atividades discordantes, como as de finanças, marketing, produção ou recursos humanos. • Perseguir o enquadramento da cultura organizacional com as ações da empresa, porque a influência do comportamento das pessoas não deriva somente de normas escritas, mas consiste em uma cultura organizacional, e esta deve estar na alinhada aos objetivos maiores da organização, sendo a pesquisa de clima peça chave no reconhecimento das mudanças culturais urgentes. Profissionaliza a medição do clima e da cultura organizacional através de ferramenta própria de diagnóstico organizacional. • Divulgar o crescimento e desenvolvimento profissional dos colaboradores uma vez que, além de se importar com os resultados da organização, a mesma deve se preocupar também com os frutos ou conquistas individuais. O instrumento de Pesquisa de Clima Organizacional permite a identificação dos critérios e atributos que são valorizados pelas pessoas que pertencem ao quadro de funcionários. • Identificar as necessidades de treinamento e desenvolvimento de pessoal, identificando as deficiências do corpo de colaboradores, não tendo como meta a fiscalização ou penalização dos envolvidos, mas sim a identificação das demandas de melhoria e crescimento, que podem ser desenvolvidas em treinamentos, que busquem capacitar as pessoas para seus respectivos cargos e funções. Permitindo que a empresa visualize como é vista pelos funcionários, pode-se trabalhar de maneira assertiva nas políticas de gestão de recursos humanos. • Aperfeiçoar a comunicação através do conhecimento das particularidades dos indivíduos e equipes envolvidas, visto que a organização pode criar um plano de comunicação mais amplo, que favoreça a troca de informações entre as pessoas dos diferentes setores organizacionais, tornando eficiente a comunicação interna, gerando motivação nos funcionários a partir do sentimento de ser ouvido; sem desentendimentos na comunicação, que dificultam o bom andamento das atividades diárias. • Intensificar as ações de coordenação uma vez que a Pesquisa de Clima digna-se, a ajudar a priorizar, a partir de uma escala de demandas, quais devem ser as primeiras ações do setor de pessoas, no momento de criar suas atividades, já que a partir dos dados obtidos na pesquisa é que se podem buscar proventos efetivos, possibilitando a empresa de conhecer seus pontos fortes e de melhoria conforme a visão dos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 256 colaboradores além, de identificar o nível de motivação, comprometimento e fidelidade dos colaboradores para com a empresa. • Propagar o conceito de cliente interno e externo já que, a preocupação com os clientes externos é evidente desde o início da administração moderna, contudo, a corrente atual de gestão de pessoas defende a importância do foco no cliente interno, ou seja, os colaboradores, exatamente por ser este o responsável pelos resultados da instituição que permitem a mesma de verificar onde precisa focar suas ações de melhoria para obter maior produtividade e lucratividade. • Adequar e tornar flexível as atividades da organização tendo como prova material um plano de ação, pois, caso sejam realizados com certa frequência padrão, o acompanhamento dos resultados da pesquisa, e evolução individual de cada item mencionado na pesquisa além, da variação geral dos resultados, permite-se que a organização tome decisões estratégicas baseadas em fatos gerados a partir de informações tangíveis através do resultado da pesquisa, de acordo com as mudanças que impactam direto na gestão e desenvolvimento. • Dar feedback após a aplicação da pesquisa. 3 METODOLOGIA Para realizar o trabalho, utilizou-se a pesquisa bibliográfica que segundo Lakatos e Marconi (2010), abrange a leitura, análise e interpretação de livros, periódicos, documentos mimeografados ou fotocopiados, mapas, imagens, manuscritos. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que poderão servir à fundamentação teórica do estudo. É usada para estabelecer ou confirmar fatos, reafirmar os resultados de trabalhos anteriores, resolver problemas novos ou já existentes, apoiar teoremas e desenvolvimento de novas teorias para testar a validade de instrumentos, procedimentos ou experiências, a pesquisa pode replicar elementos de projetos anteriores, ou o projeto como um todo. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Na realização do trabalho, pode-se constatar que a pesquisa de clima organizacional é uma ferramenta importante e que se bem aplicada, auxilia a Gestão de Pessoas e seu Planejamento Estratégico, uma vez que através dela, pode-se determinar a satisfação dos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 257 ISSN 2447-3081 colaboradores com a organização, portanto o clima é um reflexo do colaborador, bem como suas aspirações, necessidades e anseios. Assim, é importante que a Gestão de Pessoas realize pesquisas constantes para detectar possíveis problemas no clima organizacional e realizar ações mais pontuais para combatê-los. Através da pesquisa de clima organizacional é possível equilibrar o clima organizacional e torna-lo sadio para os colaboradores e consequentemente gerar motivação. É importante que as empresas se preocupem com seus colaboradores e com sua estrutura, para que se ofereça um ambiente laboral adequado para que ele possa desenvolver suas tarefas. Com a pesquisa de clima, onde se coleta dados de maneira objetiva é possível identificar o estado emocional das organizações e a realidade percebida pelos colaboradores, esse resultado é obtido através da análise das relações de satisfação dos indivíduos com o comprometimento na realização de suas funções e com efetiva melhoria de qualidade de serviços prestados. REFERÊNCIAS BERGAMINI, C. W. Motivação nas Organizações. 5. ed. São Paulo: Editora Atlas, 2008. BOM SUCESSO, E. Relações interpessoais e qualidade de vida no trabalho. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. CHIAVENATO, I. Administração: teoria, processo e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. _____. Comportamento Organizacional: a dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Campus, 2009. ______. Gestão de Pessoas. 4. ed. São Paulo: Campus, 2014. LACOMBE, F. Recursos humanos. São Paulo: Saraiva, 2010. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. de A. Metodologia cientifica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. LIMONGI-FRANÇA, A. C. Qualidade de vida no trabalho. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. LUZ, R. Gestão do Clima Organizacional. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 14. ed. São Paulo: Futura, 2011. NAKATA, L., VELOSO, E., FISCHER, A., DUTRA, J. Uso de pesquisas de clima organizacional no brasil. Porto Alegre: Gestão Contemporânea, 2009. ROBBINS, S. P. Comportamento Organizacional. 14. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2010. 258 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 259 ISSN 2447-3081 COACHING APLICADO ÀS EMPRESAS Edemir Silveira Leonardo – FAAG1 Fernanda Serotini Gordono – FAAG2 Ivan Carmelingo Rochel – FAAG3 RESUMO O líder precisa ter uma boa influência com sua equipe para conseguir principalmente a obtenção de resultados. Algumas técnicas de liderança como a metodologia coaching, está sendo muito utilizado no meio organizacional, por estimular o bom relacionamento entre líder e liderados e influenciar positivamente a troca de experiências entre eles. O alvo do líder coaching é mudar paradigmas na forma de pensar, sentir e agir no dia a dia da empresa, auxiliando os colaboradores a enfrentarem os desafios da vida moderna, é um processo que se bem estruturado produz mudanças positivas e duradouras no ambiente laboral. A metodologia escolhida para atingir os objetivos da pesquisa, que consistem em conhecer a ferramenta de coaching, sua aplicabilidade e resultados esperados após sua implantação, será a pesquisa aplicada quanto sua natureza, qualitativa quanto à forma de abordagem do problema, exploratória quanto ao seu objetivo e bibliográfica quanto ao procedimento técnico. PALAVRAS-CHAVE: Coaching. Empresas. Liderança. ABSTRACT The leader needs to have a good influence with your team to achieve mainly getting results. Some techniques such as leadership coaching methodology is being widely used in the organizational environment, by encouraging good relationships between leader and led, and positively influence the exchange of experience between them. The goal of coaching is leading change paradigms in thinking, feeling and acting in everyday life at the company, helping employees meet the challenges of modern life, is a process that is well structured produces positive and lasting changes in the work environment. The methodology chosen to achieve the objectives of the research, which is to know the coaching tool, its application and expected results after its implementation, will be applied research as its nature, qualitative as how to approach the problem, exploratory as to its purpose and literature about the technical procedure. KEYWORDS: Coaching. Company. Leadership. 1 INTRODUÇÃO As organizações evoluíram ao logo dos tempos e com elas também evoluiu a forma de se analisar, controlar, determinar prioridades e gerenciar as empresas. 1Aluno do Curso de Especialização em Gestão Empresarial. Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. 3 Professor da Faculdade de Agudos. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 260 Em uma era em que as evoluções tecnológicas e informações trazem inovações e mudanças nas empresas de um modo acelerado, a competividade entre as empresas também aumenta de forma proporcional as mudanças, fazendo com que ter um diferencial seja uma questão de sobrevivência da empresa no mercado mundial. É neste cenário que a figura do capital humano e intelectual começa a ganhar destaque entre os demais recursos, como capital financeiro, equipamentos e tecnologias, uma vez que ao desenvolvê-los, a empresa possuirá colaboradores motivados e capacitados, que utilizarão todas suas qualidades em benefício da própria empresa, que se destacará no mercado concorrencial. Isto exposto, desde já evidencia-se a importância e a justificativa da elaboração da presente pesquisa que consiste em responder como as empresas podem desenvolver seus talentos, de modo a ter em seus colaboradores, uma equipe de alta performance que a destacará entre as demais empresas? Para responder a pergunta acima, será necessário conhecer a metodologia de coaching, sua aplicabilidade e resultados esperados após sua implantação, que são exatamente os objetivos propostos para a presente pesquisa, uma vez que a metodologia em tela tem se mostrado eficaz e viável na área de gestão de pessoas. A referida ferramenta, além de inovar no tratamento do capital intelectual, vem atender aos anseios expostos acima e, uma vez aplicada de forma correta, beneficiará não só os envolvidos diretamente do sistema de coaching, mas também a empresa como um todo. 2 METODOLOGIA Para obtenção dos resultados esperados, a pesquisa será aplicada quanto sua natureza, e qualitativa quanto à forma de abordagem do problema, uma vez que trará uma solução ao problema específico e interpretação sobre o tema descrito acima, além de seus desdobramentos. No final do trabalho, espera-se que o leitor tenha uma nova visão sobre o assunto em tela e para tanto será utilizada uma metodologia exploratória do tema por meio de pesquisa bibliográfica. A literatura selecionada para pesquisa será feita de forma criteriosa e especializada, de forma a garantir que o leitor reflita sobre a importância do coaching de várias maneiras e modos de pensar. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 261 3 CONCEITO DE COACHING Coaching é definido pela Federação Internacional de Coaching, como a atividade profissional que ajuda pessoas a atingir resultados extraordinários. A própria definição já mostra a similaridade de objetivos entre o Coaching e a Liderança (CHIAVENATO, 2010). Segundo Clutterbuck (2008), a metodologia de coaching é um relacionamento entre coach, pessoa responsável por conduzir o processo de coaching, e coachee, participante do processo de coaching, onde o coach atuará como um estimular externo da capacidade interna do coachee. Para que isso ocorra, o coach utilizará de suas habilidades como paciência, perseverança e interesse em auxiliar o coachee a se desenvolver, sempre com foco no resultado final que é a aprimoramento de seu desempenho. Whitmore (2012) complementa ainda que os excelentes resultados obtidos por meio da metodologia de coaching, só são possíveis devido ao relacionamento próximo de apoio entre coach e coachee que faz com que o coachee seja incentivado a buscar nele mesmo capacidade para se desenvolver. É inevitável a estipulação de metas para que o processo de coaching funcione, porém, como fazer para atingi-las é o diferencial da metodologia apresentada. Tendo exposto os conceitos acima, constate-se que a ferramenta de coaching é uma ferramenta versátil e adaptável a vários ambientes e por isso os conceitos apresentados sofrem influência do contexto pretendido a ser abordado pelo autor. Porém, constata-se também que em todos há pontos em comum que traduzem a essência do coaching, conforme demonstrado abaixo. Em primeiro lugar cabe destaque a pluralidade de pessoas para que seja realizado o coching. Em todos os conceitos, verificou-se a necessidade de pelo menos duas pessoas, o coach e o coachee. Sendo possível também utilizar-se da ferramenta de coaching, tendo um coach e vários coachees. Segundo ponto a se destacar é que a relação entre coach e coachee é duradoura e transparente, de modo que, é o esforço mútuo que trará resultados satisfatórios a ambos. A não cooperação quer seja do coach quer seja do que coachee torna-se um empecilho para a prática de coaching. As partes envolvidas devem se doar no intuito de atingir os objetivos, uma vez que a ferramenta por si só é inócua, cabendo aos participantes atuarem diretamente e objetivamente para explorarem todo o potencial neles existentes. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 262 Terceiro ponto que cabe destaque é que há atribuições definidas a cada papel dentro do coaching. Ao coach, espera-se que ele conduza o participante até o atingimento dos objetos esperados, atuando como um facilitador. Já ao coachee espera-se que ele se entregue e queira chegar aos mesmos objetos, sendo provocado, de um modo construtivo, a todo o momento para que isso ocorra. Outro ponto a se destacar é que o resultado final esperado da aplicação da ferramenta é que o coachee saia de sua zona de conforto, aprimore suas competências, devolva novas habilidades, conquiste o desenvolvimento esperado, de modo que, tudo isso se reflita em mudanças de atitude e trazendo para o âmbito empresarial, amplie e traga excelência aos processos e resultados. 4 ORIGEM DO COACHING Apesar do conceito de coaching ainda não ser tão difundido dentro das empresas, sua essência já era praticada e constatada nos períodos mais remotos da humanidade. Conforme bem explica Chiavenato (2012), um dos exemplos que pode ser citado da presença da essência do coaching na antiguidade, é a figura do filósofo grego Sócrates que todos os dias se sentava com seu discípulos para discutir assuntos de cunho existenciais e filosóficos. Sua função era propor os temas, mas ao invés de ficar explicando seu ponto de vista sobre o assunto, Sócrates estimulava e instigava os discípulo procurarem respostas neles mesmos, acabado por se desenvolverem juntamente com o filósofo. O termo coaching começou a ser utilizado muito posteriormente. Sua origem é húngara e está associada a uma pequena carruagem coberta, chamada de kocsi, criada para proteger e conduzir seus usuários a um destino final (BLOCK; MENDES; VISCONTE, 2012). Para Scotton, Salício e Gonzalez (2014), a origem simples do termo coaching, estar associado à carruagem e seu cocheiro, vale também para nos alertar de que ser um coach de modo nenhum pode estar associado a ser uma celebridade no âmbito empresarial, mas sim, estar sempre pronto para ajudar e fazer com as pessoas ao redor se desenvolvam, assim como você. Por analogia, no decorrer do século XIX, universitários ingleses passaram a denominar como coach, professores que tinham grande interesse pessoal em desenvolver e conduzir seus alunos, para o sucesso no mundo acadêmico. Desta forma, o termo coach POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 263 ISSN 2447-3081 ficou associado, até os dias de hoje, à cooperação e responsabilidade mútua, além de uma forte parceria (CHIAVENATO, 2012). Ainda segundo o autor, atualmente as particularidades da era da informação como o trabalho estar cada vez mais intelectual, os funcionários estarem deixando de ser um mero recurso de produção, a retenção de talentos ser uma questão de sobrevivência e vantagem competitiva para as empresas, fizeram com que o coaching fosse inserido dentro das organizações, visando suprir estas necessidades apontadas. 5 COACHING APLICADO ÀS EMPRESAS No âmbito empresarial o coaching pode apresentar três modalidades, como coaching de carreira, coaching empresarial e coaching executivo. Segundo Lages e O’Connor (2010), as modalidades destacadas acima, visam englobar e inserir no processo de coaching todos os tipos de profissionais existentes nas empresas seja ele principiante ou que tenham mudado de função recentemente (coaching de carreira), equipes atuantes operacionais e técnicas, média gerência (coaching empresarial) e até mesmo o alto escalão da hierarquia empresarial (coaching executivo). Seja qual for à modalidade escolhida, o sistema de coaching sempre se apresenta como uma solução baseada em desempenho, aprendizado e mudanças, em busca uma melhoria contínua, para enfrentar os problemas encontrados na atualidade como o apagão de talentos corporativo (WUNDERLICH; SITA, 2013). Um processo eficaz de coaching inevitavelmente levará à mudança de comportamento na organização, porém para que isso ocorra, o sistema de coaching deverá ser implantando de forma correta, levando sempre em consideração a individualidade e potencial de cada funcionário (PERCIA; SITA, 2013). 5.1 Os setes principais passos para aplicação do coaching Clutterbuck (2008) relaciona sete principais passos para aplicação do coaching, cujo primeiro passo consiste em identificar qual competência ou habilidade é preciso ser melhorada, ou atitude que precisa ser mudada no coachee. Tendo realizado a identificação, o segundo passo visa, por meio da observação, reunir evidências do porque o coachee possui aquela deficiência ou atitude e o que pode estar POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 264 ocasionando isso. O terceiro passo consiste em se determinar qual o resultado final esperado com a aplicação da metodologia, ou seja, é a estipulação das metas, porém de uma forma que vá motivar o coachee e o faça almejar as mudanças prevista, com intuito de atingir objetivos esperados por meio da cooperação mútua entre coach e coachee. Tendo definido as metas, o quarto passo está relacionado a elaborar um plano de ação de como e o que fazer para atingir as metas estabelecidas. Esta etapa exige muita conversa entre coach e coachee e é onde o coach começa a exercer a arte de fazer perguntas inteligentes para o coachee, uma vez que serão identificados os fatores que podem auxiliar ou atrapalhar o processo de coaching, os pontos fracos e fortes, as etapas que deverão ser percorridas para atingimento do objetivo. O quinto passo é a parte prática do planejamento, onde coach providenciará oportunidades para que o coachee coloque em pratique a habilidade desejada. Já o sexto passo consiste em o coach observar as ações do coachee e lhe oferecer um feedback objetivo de tudo o que está sendo realizado. Além do feedback, o coach realizará um acompanhamento da evolução do coachee e o estimulará a progredir e evoluir. Por último, o sétimo passo consiste em o coach utilizar suas qualidades para superar as dificuldades encontradas no processo de coaching e, desta forma, fazer com que o coachee consiga atingir as metas esperadas com sucesso. 5.2 Perfil do coach e objetivos do coaching Para ser um coach, não é necessário ser um especialista, referência ou ser excepcional, na verdade, as características de pessoas que são coach estão ligadas a conceitos simples como interesse no desenvolvimento de outras pessoas, agregar valor ao ambiente de trabalho, não estar acomodado com a situação e desempenho atual, buscar sempre a excelência e alta performance (VERGARA, 2012). A base de conhecimento do coach deverá ser fundamentada na essência e necessidades requeridas em um processo de coaching. Deste modo, para uma pessoa se tornar coach na empresa que atua ela deverá conhecer a organização e suas necessidades básicas, conhecer as pessoas e a sua natureza humana, conhecer o cliente interno e suas necessidades, conhecer o ambiente de negócios da organização e conhecer os meios de compatibilizar tudo isso (CHIAVENATO, 2010). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 265 ISSN 2447-3081 A ênfase do conhecimento do coach deverá girar em torno da realidade e peculiaridades da empresa. Desta forma, o sistema de coaching atuará em problemas específicos diagnosticados previamente, gerando um melhor desempenho empresarial. Esta base de conhecimento aliada a competências como de entender a teoria de coaching, ter capacidade de motivar e estimular pessoas, conhecer modelos e a teoria comportamental, serão exigidas do coach durante todas as etapas do processo (CLUTTERBUCK, 2008). O coach também deverá possuir algumas habilidades como de caráter, relacionais, mediação, sabedoria, conclusivas e de ação, uma vez que também serão testadas e utilizadas durante o desenvolvimento do processo de coaching (CHIAVENATO, 2010). As habilidades, competências, conhecimentos e características do coach relacionadas acima, influenciarão, positiva ou negativamente, no resultado final experimentado e auxiliarão nos objetivos do coaching dentro das empresas quer seja como preparação de pessoas, quando o foco é o desenvolvimento profissional do participante, quer seja como orientação de pessoas, quando o foco é o desenvolvimento pessoal do participante, quer seja como liderança renovadora, quando o foco está em criar novos líderes e monitorar a relação entre líderes e liderados, quer seja como impulsionador de talentos, quando o foco está em criar um ambiente propício à aprendizagem de novos conhecimentos e competências que serão aplicadas na organização (CHIAVENATO, 2012). 5.3 Gerente como coach Nos dias atuais, cada vez mais as expectativas sobre a atividade gerencial são maiores e mais visadas. Para suprir as expectativas e atingir os objetivos proposto, a figura do gerente deve cada vez mais distanciar-se da figura do antigo chefe autoritário e associarse à figura do coach para seus liderados. A fusão do papel de gestor com o papel de coach visa realizar a prática de coaching aplicada às necessidades reais da empresa, adaptando a realidade cotidiana vivenciada pelo próprio coach e coachee, ampliando os resultados experimentados. Outro ponto positivo é que não será necessário um investimento de recursos financeiros por parte da empresa para contratação de um coach externo, porém algumas dificuldades serão encontradas como, por exemplo, a destinação de um tempo para a POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 266 prática de coaching. O gerente que quer ser um líder para seus subordinados encontra na metodologia de coaching um campo fértil para sua atuação em busca de liderar e conduzir sua equipe aos resultados esperados (CLUTTERBUCK, 2008). Na visão de Goldsmith e Lyons (2012), a relação entre coaching e liderança é muito próxima, tratando-se o coaching de um exercício da liderança. Diante deste cenário, a associação do gerente ao papel de coach é inevitável nas organizações que desejam se desenvolver. Será com base em um diálogo maduro que o gerente atuará como coach e trará subsídios para seus superiores para mudanças internas, reestruturação organizacional em busca da excelência no desempenho empresarial (PAULA, 2005). 5.4 O coaching para desenvolvimento de equipes Para impulsionar e expandir os resultados e benefícios de coaching aplicado às empresas é preciso romper um paradigma de que o coaching somente é tratado e realizado de forma individual. Neste sentido, o coaching também apresenta soluções para desenvolvimento de equipe, assim como em sua essência quando o filósofo Sócrates se sentava com vários discípulos e não apenas com um. Com base em reflexões e diálogo, o processo de coaching de equipe terá o intuito de promover a busca pela alta performance e desenvolvimento esperados por intermédio do gestor que fará o papel de coach (CLUTTERBUCK, 2008). Para que isso ocorra, Marras (2011) destaca que existem quatro tipos de abordagens possíveis no coaching de equipes, sendo que caberá ao coach, gerente que possui conhecimento de sua equipe, definir a abordagem que atenderá ao perfil exigido pela equipe subordinada. Abordagem no condicionamento operante tem o intuito de buscar melhor desempenho da equipe, porém a iniciativa de mudança de comportamento, como por exemplo, o que mudar como mudar, é do coach que neste caso é o gestor que conhece sua equipe. Após propor as mudanças o coach observará o desempenho e dará um feedback à equipe. A abordagem eclética tem o intuito de diminuir a dependência da equipe em relação ao seu líder. Para que isso ocorra, o coach utilizará de técnicas para auxiliar a equipe resolver problemas de comportamento, papéis ou conflitos, aumentando, deste modo, a autonomia da equipe. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 267 A abordagem com feedback comportamental tem como objetivo criar um ambiente para discussão e melhoria do processo. Desta forma, o coaching se dará em basicamente três etapas, sendo a primeira etapa quando o coach observa a equipe executando suas atividades e faz uma análise das barreiras encontradas e o que pode estar dificultando ou impedindo o desempenho. Já a segunda etapa o coach relará a análise feita à equipe, dando-lhes um feedback do que foi observado. Na terceira etapa o coach conduzirá uma discussão em equipe sobre o que foi constatado e como fazer para superar os desafios e solucionar os problemas, com mudanças de comportamento envolvendo os membros da equipe. A abordagem progressiva analisa o melhor momento para implantação e ações voltadas para o coaching. Desta forma, o coach avalia a carga de trabalho do dia com intuito de não interferir negativamente em suas atividades, sendo realizadas as ações de coaching no dia em que a carga de trabalho está mais baixa e no dia que a carga de trabalho está alta utiliza-se para observar o desempenho da equipe. Tendo em vista estas intervenções, o coaching de equipes acaba por contribuir em diversas áreas e problemas existentes na relação de gestor e equipe, como diminuição de conflitos, melhora na eficiência dos processos e de sistemas do grupo, melhora na qualidade da comunicação da equipe, retenção de talentos, elevação do perfil e capacidade de promoção da equipe, e promover o gerenciamento geral do conhecimento (CLUTTERBUCK, 2008). 5.5 Construindo uma cultura de coaching na empresa A construção de uma cultura organizacional voltada e baseada na essência do coaching tem como premissa o envolvimento de todos os empregados, seja qual for à posição que o ocupe dentro da empresa, sendo executada e implantada por etapas. Os executivos da empresa serão os primeiros a passarem por uma intervenção de coaching. Deste modo, poderão testar os benefícios que a ferramenta oferece determinar a implantação da cultura de coaching como um objetivo estratégico da empresa e começar a desenvolver ações visando à expansão pelo dentro da organização. De uma forma planejada, organizada e gradual, os executivos serão multiplicadores da essência do coaching, por meio de intervenções, aos gestores de alto escalão, que por sua vez serão multiplicados aos gestores de médio escalão, e assim sucessivamente, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 268 passando por toda hierarquia da empresa e todos os empregados. Tendo sido implantado o coaching em todos os níveis hierárquicos de empregados, a empresa passará a vivenciar um ambiente de trabalho em que a cooperação mútua, a valorização dos empregados, desenvolvimento do conhecimento, habilidades e competências, feedbacks construtivos e eficazes, irão gerar o desenvolvimento profissional e pessoal dos empregados, além de reter os talentos que compõe a empresa, levando-a busca da excelência e da alta performance empresarial (KRAUSZ, 2007). 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante de todo exposto, tendo em vista o modelo mental que foi se formando no decorrer da presente pesquisa, retornaremos a pergunta inicial para chegarmos a possíveis conclusões sobre o tema abordado. Como as empresas podem desenvolver seus talentos, de modo a ter em seus colaboradores, uma equipe de alta performance que a destacará entre as demais empresas? O cenário atual de competitividade das empresas leva as organizações a tentarem se desenvolver e irem em busca da excelência e alta performance empresarial. Porém para isso, é necessário a utilização de técnicas e métodos para a obtenção de vantagens competitivas. Esta busca desenfreada por vantagens competitivas que gerará uma maior receita e conforto financeiro à organização, muitas vezes acabam por cegar seus líderes, que a qualquer modo e custo tentam atingir os objetivos estipulados. Contudo, os olhos destes líderes devem estar voltados ao recurso que, por muitas vezes não é tratado da forma devida, e que pode ser o diferencial para garantir uma vantagem competitiva à empresa, o capital intelectual. Desta forma, a ferramenta de coaching, por meio de um relacionamento duradouro e transparente, entre coach e coachee, visa justamente suprir as necessidades das empresas, expressa na pergunta inicial. A essência do coaching está ligada a coisas simples e não a espetáculos que prometem resultados surpreendentes e mirabolantes. Dentre os pilares que constroem o coaching estão à cooperação mútua, vontade de se doar por um objetivo comum, tratar cada pessoa como única, enxergar potencial nos colegas de trabalhos, de forma que, a POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 269 ISSN 2447-3081 busca por alta performance e potencialização dos resultados se torne algo possível e atingível. Isto é que difere a ferramenta de coaching de outras existentes, o foco na transformação em busca de resultados. No âmbito empresarial, aplicando os conceitos de multiplicação do coaching, é possível expandir a abrangência e resultados do coaching a todos os níveis hierárquicos, levando a organização a se transformar em um ambiente propício para o desenvolvimento do capital intelectual, o que gerará todos os benefícios já abordados e se transformará em um diferencial competitivo entre as demais empresas. O desenvolvimento pleno, elevando o coaching a um patamar cultural dentro da empresa, precisará do apoio incondicional de todos que fazem parte do processo, bem como a manutenção de sua essência para que seus resultados possam prosperar mediante as dificuldades do tempo e rotina. Os desafios continuarão a existir, mas é exatamente isso que deve ser utilizado de fator motivador para a busca de novas ferramentas e filosofia, novos pensamentos e métodos em busca da excelência. REFERÊNCIAS BLOCK, V.; MENDES, J.; VISCONTE, L. Coaching Executivo: uma questão de atitude. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. CHIAVENATO, I. Construção de Talentos: coaching e mentoring. 5. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2012. _______. Gestão de Pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. CLUTTERBUCK, D. Coaching Eficaz: como orientar sua equipe de trabalho para potencializar resultados. Tradução: Maria Sílvia Mourão Netto. São Paulo: Gente, 2008. GOLDSMITH, M.; LYONS, L. Coaching: o exercício da liderança. Tradução: Clarisse Cardoso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. KRAUSZ, R. R. Coaching Executivo: a conquista da liderança. São Paulo: Nobel, 2007. LAGES, A.; O’CONNOR, J. Como o coaching funciona: o guia essencial para história e prática do coaching eficaz. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2010. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 14. ed. São Paulo: Futura, 2011. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 270 PAULA, M. de. O sucesso é inevitável: coaching e carreira. São Paulo: Futura, 2005. PÉRCIA, A.; SITA, M. (Coord.). Coaching: grandes mestres ensinam como estabelecer e alcançar resultados extraordinários na sua vida pessoal e profissional. São Paulo: Ser Mais, 2013. SCOTTON, A.; SALÍCIO, C.; GONZALEZ, F. Coaching Prático: fundamentos, características e método. São Paulo: Agbook, 2014. VERGARA S. C. Gestão de Pessoas. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2012. WHITMORE, J. Coaching para aprimorar o desempenho: os princípios e a prática do coaching e da liderança. Tradução: Henrique Amat Rêgo Monteiro. São Paulo: Clio, 2012. WUNDERLICH, M.; SITA, M. (Coord.). Coaching & Mentoring foco na excelência: saiba como ultrapassar a barreira do comum e vencer na vida pessoal e profissional. São Paulo: Ser Mais, 2013. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 271 ISSN 2447-3081 DIMENSÕES DA COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA PROFISSIONALIZANTE DA CIDADE DE BIRIGUI/SP Franciane Piaui da Silva – UNESP1 Washington Luiz Tomaz – UNESP2 Erick Pacheli Pereira – UNIP3 RESUMO Estudo sobre a comunicação organizacional e a comunicação integrada em uma Escola Profissionalizante e Técnica. A questão norteadora busca responder se a comunicação integrada pode fazer avançar e/ou apoiar a gestão da empresa. O objetivo central é analisar a relação da sinergia da comunicação integrada na teoria com a prática e como esta tem colaborado nas integrações das informações. Aplicou-se o método estudo de caso e a pesquisa documental para interpretação das ferramentas utilizadas em uma Escola Profissionalizante e Técnica localizada na cidade de Birigui/SP. Por meio da pesquisa em campo é visto algumas ferramentas que a escola tem utilizado em sua comunicação e seu processo na competência das informações. Os resultados apontam que existem melhorias a serem feitas em todos os âmbitos da comunicação integrada. PALAVRAS-CHAVE: Comunicação. Comunicação Integrada. Ferramentas. ABSTRACT Study on organizational communication and integrated communication in a Vocational and Technical School. The main question seeks to answer the integrated communication can advance and / or support the company's management. The main objective is to analyze the relationship of synergy of integrated communication in theory and practice and how it has collaborated in the integration of information. We used the method of case study and documentary research to interpretation of the tools used in a Vocational and Technical School in the city of Birigui / SP. Through field research is seen some tools that the school has used in its communication and its process competence of the information. The results show that there are improvements to be made in all areas of integrated communications. KEYWORDS: Communication. Integrated communication. Tools. 1 INTRODUÇÃO Independentemente do tipo de organização, a comunicação é o elemento que mantém e sustenta os relacionamentos no ambiente organizacional. Nas atuais sociedades pós-industriais, a comunicação tem reconhecido valor econômico. Ela se tornou um meio 1 Aluno do Curso de Especialização Estratégias Competitivas de Mercado: Comunicação, Inovação e Liderança. Graduada em Administração. 2 Professor da ETEC Cidade do Livro. Aluno do Curso de Especialização Estratégias Competitivas de Mercado: Comunicação, Inovação e Liderança. Graduado e licenciado em Administração. 3 Aluno do Curso de Especialização em Marketing. Graduado em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 272 de produção primário, porque, cada vez mais, trabalhar é manejar informação. Nenhum indivíduo, grupo ou organização podem existir sem a transferência de significados entre seus membros. Apenas por meio delas as informações e ideias podem ser transmitidas. A comunicação, contudo, é mais do que simplesmente transmitir um significado: esse significado também precisa ser compreendido (ROBBINS; JUDGE; SOBRAL, 2010). Assim, a tendência atual do trabalho é também se transformar em uma atividade de documentação e manejo de símbolos, criando-se a exigência de que na boa formação daqueles que realizam as tarefas produtivas deve-se incluir a habilidade instrumental no trato com a comunicação (PINHO, 2006). Pois, nenhuma ideia, por melhor que seja, é útil se não for transmitida e compreendida pelos outros. E quando se refere ao processo comunicacional das organizações, são subentendidos os elementos básicos que o constituem: fonte, codificador, canal, mensagem, decodificador e receptor. Ou seja, trata-se de um processo relacional entre indivíduos, departamentos, unidades e organizações. Na visão de Kunsch (2003) a relação desses aspectos no âmbito comunicacional no dia-a-dia nas organizações, seja ela interna ou externa, sofre constantes interferências e condicionamentos variados, sendo um processo complexo, inclusive na dificuldade de um diagnóstico, representando o imenso volume e os diversos estilos de comunicação existente que atuam no contexto organizacional e social. A autora ainda acrescenta que “quando fazemos referências aos contextos, aos aspectos relacionais etc., queremos enfatizar que a comunicação organizacional tem de ser pensada numa perspectiva da dinâmica da história contemporânea” (KUNSCH, 2003, p. 71). Portanto, as organizações em geral, como fontes emissoras de informações para seus mais diversos públicos, não devem ter a ilusão de que todos os seus atos comunicativos causam os efeitos positivos desejados ou são automaticamente respondidos e aceitos da forma como foram intencionados. É preciso levar em conta os aspectos relacionais, os contextos, os condicionamentos internos e externos, bem como a complexidade que permeia todo o processo comunicativo. Daí, a necessidade de ultrapassar a visão meramente mecanicista da comunicação para outra mais interpretativa e crítica. Mediante a importância desta temática, e o contexto comunicacional das organizações, a presente pesquisa busca a resposta para a seguinte problemática: como uma Instituição de Ensino Profissionalizante e Técnico tem-se utilizado da comunicação POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 273 integrada e quais ferramentas comunicacionais têm adotado na integração da informação e da comunicação com o seu público? Para tanto, no intuito de buscar esta resposta, o presente artigo tem o objetivo de analisar como a comunicação integrada tem colaborado com uma Instituição de Ensino Profissionalizante e Técnico localizado na cidade de Birigui/SP nas integrações das informações e comunicação com o seu público. 2 APORTE TEÓRICO 2.1 O processo de comunicação A palavra comunicação significa “pôr em comum, transmitir, avisar” (FURSTENAU, 1976, p.233). Derivada do latim communis que dá origem ao termo comum. Contribui ao surgimento de communicare, que em Rabaça e Barbosa (1978, p.106-107; 2001, p.107) “seria 'tornar comum', 'partilhar', 'repartir', 'associar', 'trocar opiniões', 'conferenciar'”. Na visão de Sousa (2004) é a transmissão de mensagens entre dois polos, emissor e receptor. Para isso, requer um código e um canal de comunicação de conhecimento de ambos. Também significa transferência de informação, dependendo evidentemente de alguns atributos ou competências entre as partes. No âmbito de uma unidade destinada à informação e no trato com seus usuários exigirá amplo domínio da comunicação para treinamentos e compreensão das necessidades de usuários da informação por parte dos profissionais responsáveis (MORAES, 2009). Moraes (2009, p.187-188) corroboram com a ideia de comunicação como uma ação de transferência. Destacam sua efetivação por meio da transmissão de significados em sinais “na transferência de informação através de mensagens”. Para Bordenave (1985, p.41), o processo de comunicação caracteriza-se pela diversidade de níveis ou fases de sua ocorrência, composto de várias facetas que, de maneira “consciente, subconsciente, inconsciente”, fazem parte do cotidiano envolvendo todos os momentos do indivíduo. Esse processo é compreendido como um fenômeno dinâmico que causa e, ao mesmo tempo, sofre os efeitos desse movimento em que seus elementos se relacionam de maneira não linear compreendidos no ambiente real nas situações cotidianas, nos meios utilizados para se comunicar, nas interlocuções, nos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 274 ISSN 2447-3081 conteúdos das mensagens, nas representações por ocasião dos signos utilizados (BORDENAVE, 1985). 2.2 Comunicação Integrada Atualmente, a comunicação é considerada função estratégica da empresa. Por isso, define-se comunicação empresarial como uma atividade sistêmica, de caráter estratégico, relacionada aos mais altos escalões da empresa; tem por objetivo criar, manter ou mudar para favorável, se for negativa, a imagem da empresa junto a seu público (TOMASI; MEDEIROS, 2007). Torquato (2004, p. 3) afirma que os consumidores, nas últimas décadas, passaram a exigir: Não apenas informações a respeito do produto, mas também uma ideia da organização, não lhes interessando apenas saber se o relógio adquirido era bom. Ele queria saber quem fabricava o relógio. Consolidava-se o sistema híbrido entre imagem de produto e imagem da organização. A imagem institucional cobria a imagem dos produtos e vice-versa. Ao considerar todo o trabalho de comunicação levado a efeito nas organizações, Kunsch (2003) distingue como suas principais modalidades a comunicação institucional, a comunicação mercadológica, a comunicação interna e a comunicação administrativa, que devem atuar de forma sinérgica e integrada, formando, assim, o mix ou composto da comunicação organizacional. Na figura 1 são ilustradas as quatro grandes áreas da comunicação organizacional integrada e seus respectivos instrumentos, cujas atividades devem ser convergentes e estabelecidas com base numa política global e nos objetivos gerais da organização. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 275 ISSN 2447-3081 Figura 1: Composto da Comunicação Fonte: Knusch (2003, p. 151). 2.2.1 Comunicação Interna A comunicação interna não deve ser confundida com a comunicação administrativa. A comunicação interna é definida por Kunsch (2003, p. 154) como “uma ferramenta estratégica para compatibilizar os interesses dos empregados e da empresa, através do estímulo ao diálogo, à troca de informações e de experiências e à participação de todos os níveis”. A comunicação interna é importante tanto para os empregados como para a organização, ao cumprir, entre outros, o papel de estabelecer confiança, de possibilitar a participação do empregado, de criar um clima favorável no ambiente de trabalho e de favorecer o comprometimento consciente das pessoas (PESSONI; PORTUGAL, 2011). Tomasi e Medeiros (2004) acrescentam que o principal objetivo da comunicação interna é manter um elo de felicidade, visto que o relacionamento interpessoal cria um clima de alto astral no interior da empresa e favorecem a consecução da qualidade total de produtos e serviços. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 276 ISSN 2447-3081 2.2.2 Comunicação Administrativa A comunicação administrativa diz respeito aos processos comunicativos relacionados às funções administrativas da empresa, que viabilizam o funcionamento do sistema organizacional. Para Kunsch (2003, p. 152) Administrar uma organização consiste em planejar, coordenar, dirigir e controlar seus recursos, de maneira que se obtenham alta produtividade, baixo custo e maior lucro ou resultado, por meio da aplicação de um conjunto de métodos e técnicas. Isso pressupõe um contínuo processo de comunicação para alcançar tais objetivos. E o que se organiza de fato é o fluxo de informações, que permitirão à organização sobreviver, progredir e manter-se dentro da concepção de sistema aberto. Portanto, a comunicação administrativa é processada por meio de fluxos, dos níveis, dos veículos e das redes formal e informal de comunicação, que, conforme mencionado, sustentam o correto funcionamento do sistema organizacional. 2.2.3 Comunicação Institucional “No composto da comunicação organizacional integrada”, destaca Kunsch (2003, p. 164), “a comunicação institucional é a responsável direta, por meio da gestão estratégica de relações públicas, pela construção e formatação de uma imagem e identidade corporativas fortes e positivas de uma organização”. Como ela é responsável pela imagem da empresa no mercado e tem como foco a opinião pública, o comunicador tem a obrigação de ocupar-se das tendências da opinião pública, que muitas vezes está sujeita a uma dinâmica indescritível (TOMASI; MEDEIROS, 2004). Como ferramentas da comunicação institucional estão ainda o jornalismo empresarial, a assessoria de imprensa, a editoração multimídia, a imagem corporativa, a propaganda institucional, o marketing social e o marketing cultural, que enfatizam os aspectos relacionados com a missão, os valores e a filosofia da organização. 2.2.4 Comunicação Mercadológica Quando se fala de comunicação mercadológica, pensa-se nas táticas das organizações para conectar sua marca, posicionando-a na mente dos consumidores. Conforme Kotler; Keller (2006), a comunicação mercadológica é a maneira pela qual as POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 277 organizações buscam não apenas informar, mas também persuadir e lembrar sobre os produtos e serviços que comercializam. De acordo com Pinho (2006, p.39), “a comunicação mercadológica é aquela projetada para ser persuasiva, para conseguir um efeito calculado nas atitudes e/ou no comportamento do público visado”. O autor ainda acrescenta que a comunicação mercadológica (ou comunicação de marketing) está relacionada com a divulgação e promoção de produtos, serviços e marcas de uma empresa. O mix da comunicação de marketing compreende, como principais ferramentas, a publicidade, a promoção de vendas, as feiras e exposições, o marketing direto, o merchandising e a venda pessoal. 3 METODOLOGIA No presente artigo foi adotado a pesquisa básica e exploratória, caracterizando-se pela busca de conhecimentos a fim de responder as questões apresentadas e obter os resultados necessários. A pesquisa básica ocupa um lugar central na teoria e trata-se de um conjunto de técnicas a serem adotadas para construção da realidade (MINAYO, 2003). E a pesquisa de caráter exploratório, visa uma maior familiaridade com o problema, e tornando-o mais visível (GIL, 2010). Quanto a natureza foi utilizado uma pesquisa qualitativa voltada para a compreensão e entendimento dos participantes, a fim de extrair informações de como eles agem em atividades concretas, de acordo com Grahame (1999), buscando atingir o objetivo do trabalho, que é analisar como a comunicação integrada tem colaborado com uma Instituição de Ensino Profissionalizante e Técnico Ludke (1986) explica que a pesquisa qualitativa tem como fonte direta de dados do ambiente natural e o seu principal instrumento é o pesquisador, por isso na presente pesquisa, o relato da dimensão comunicacional e das ferramentas é descrito pela vivência profissional de uma das pesquisadoras e analisado a sinergia entre a teoria e prática. Em relação aos procedimentos técnicos, a pesquisa contou com estudo de caso, pois para Yin (2005) o estudo de caso permite uma melhor compreensão dos fenômenos ocorridos, pois investiga a realidade de forma completa e profunda. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 278 3.1 Apresentação da empresa O SENAI, criado em 1942 e dirigido pela Confederação Nacional da Indústria, surgiu para promover a educação e tecnológico, a inovação e a transferência de tecnologias industriais, contribuindo para elevar a competitividade da indústria brasileira. Em Birigui, o SENAI iniciou suas atividades no ano de 1984 com treinamento de corte e pesponto de calçados, ministrados por Escolas móveis. A unidade do SENAI em Birigui atualmente possui 42 funcionários. Em todo o Brasil são 797 unidades operacionais, que atendem a 28 áreas industriais e na cidade de Birigui conta com uma unidade. Destas 797 unidades, 471 são fixas, ou seja, são instalações onde são ministrados cursos, serviços técnicos e tecnológicos, mantidas pelos departamentos Regionais e Nacionais da instituição (que é o caso da unidade de Birigui). As outras 326 unidade são móveis, ou seja, levam atendimento a regiões distantes dos centros produtores do País. São carretas, veículos e barcos, equipados para oferecer programas de capacitação e ações voltadas para a empregabilidade e a geração de renda nas mais distantes localidades. Somente o estado de São Paulo é detentor de rede com 165 escolas. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS No Centro de Treinamento “Avak Bedouian” a comunicação e a informação são utilizadas como instrumento de gestão designando uma cultura organizacional onde todos os funcionários possam estar envolvidos e de alguma maneira participando. No SENAI Birigui, os objetivos e metas da escola são comunicados a todos os funcionários através de e-mails, exposição nos quadros de aviso no modo de gráfico, quadros com metas e objetivos com isso todas trabalham com um objetivo em comum e a empresa consegue atingir suas metas. Na empresa a barreira encontrada é a sobrecarga de informação, onde a capacidade das pessoas de assimilar informações é excedida. A equipe do atendimento enfrenta essa barreira, porque é necessário que eles se mantenham atualizados, pois a demanda de informações é muito grande. Com a dinâmica de cursos começando e terminando, são alteradas datas de início dos cursos, são cancelados alguns cursos, surgem novas vagas nos cursos em andamento e a equipe tem que estar preparada para que possa fazer um bom atendimento e não passar informações erradas aos clientes – frequentemente esses POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 279 erros acontecem e ocasionam alguns transtornos na área de atendimento e em alguns casos prejuízo para a empresa, pois cursos em abertos são ditos que não tem vagas. Só que a equipe procura sempre interagir com as informações e evitar que tais equívocos não ocorram. Afinal a falta de comunicação eficaz diminui o bom desempenho de um grupo. No SENAI a rede informal de comunicação conhecida popularmente como “rádio peão” tem grande influência nos funcionários. Mesmo que uma informação não tenha sido confirmada, mas existindo veracidade, as pessoas começam a agir tomando aquela informação como verdade. O ponto central não é a quantidade de informação nas redes, mas sim a frequência de como a informação informal passa a ser formal. Pois, se a informação na rede informal permanecer por muito tempo, os funcionários começam a não saber como agir e tornam-se inseguros. A empresa usa como principal meio de comunicação o e-mail que é destinado a transmitir mensagens diárias e principalmente mensagens de procedimentos que são mais complexos e muito extensos e assim mantem-se o registro da mensagem e sempre que necessário é possível fazer a consulta. Mas tem seu lado negativo que de acordo com Robbins (2000, p. 95) “o envio do e-mail não garante que ele seja recebido, nem compreendido pelo receptor da forma pretendida pelo emissor”. Além do e-mail, o SENAI de Birigui utiliza quadros de avisos como ferramentas de comunicação administrativa. Possuem diversos quadros espalhados pela escola. Conforme mostra a figura 2 há quadros de avisos para os funcionários que ficam localizados próximo ao relógio de ponto, possui outro especifico para assuntos de docentes que fica instalado nas salas dos docentes. Estes localizados no bloco superior. Já para os públicos externos possuem dois quadros: um de avisos sobre vagas de emprego e outro destinado a reportagens, notícias, novidades da biblioteca e acontecimentos das demais escolas SENAI, localizados na cantina da escola. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 280 ISSN 2447-3081 Figura 2 – Quadros de Aviso Fonte: SENAI Birigui A escola tem-se empenhado em melhorar sua imagem perante seu público externo, pois, nos últimos anos era vista como uma escola de pequeno porte, sem infraestrutura e com pouca diversidade de cursos. Com a reforma e ampliação o SENAI quintuplicou sua área pedagógica, porém, a sua imagem antiga permanece. Para isso, a empresa tenta renovar sua imagem construindo uma boa comunicação interna e promovendo eventos como o projeto “SENAI Casa Aberta”, que ocorre anualmente possibilitando que o público externo conheça as dependências da escola. O SENAI Birigui também participa de eventos da cidade em datas comemorativas promovendo divulgação mensalmente sobre seus cursos nas ruas, conforme ilustra as imagens 3 e 4. Figura 3: Comunicação Institucional – Marketing Social Fonte: SENAI Birigui POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 281 ISSN 2447-3081 Figura 4: Campanha Dia Mundial da Conscientização sobre o Autismo Fonte: Senai Birigui Todo material de comunicação com o público externo exige a autorização das chefias da unidade e depois para o setor de comunicação localizado na Sede em São Paulo. Em várias ocasiões esse processo de autorização é demorado atrapalhando o andamento da comunicação externa da unidade de Birigui. O SENAI pratica o seu marketing direto enviando mala direta para os clientes através de e-mails quando abre as inscrições para os novos cursos. É feito um cadastro de interesse de curso, caso o cliente queira se matricular, e se o curso não tiver inscrições abertas, assim que estiver disponível é realizado o contato com o cliente por meio de telefone informando-o. O SENAI de Birigui também participa de eventos (imagens 5 e 6) para a divulgação da sua marca e se seus cursos em grande diversidade. Recentemente participou de um evento na cidade, em comemoração ao dia do trabalho, e participa todos os anos, divulgando sua marcar e seus cursos. Figura 5: Comunicação Mercadológica - Propaganda Fonte: Senai Birigui POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 282 ISSN 2447-3081 Figura 6: Eventos Fonte: Senai Birigui 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A comunicação está em constante transformação nos dias atuais, algumas ferramentas são utilizadas de forma inadequada, por isso os gestores devem conhecê-las bem e utilizá-las de forma construtiva, visando alcançar os resultados esperados. Em função da análise realizada, como toda organização de grande porte, a integração da comunicação fica prejudicada em função da burocracia. Na comunicação interna, é visto que precisa ser mais dinâmica e rápida para que todos os atendentes se atualizem e forneçam informações corretas ao público. Na comunicação administrativa existem falhas, pois, é necessário o emissor além te utilizar o e-mail como ferramenta comunicacional, ter a certificação que o receptor recebeu e entendeu a mensagem, e conforme a pesquisa em campo é possível visualizar que isso não está acontecendo de modo eficiente. O e-mail é um instrumento rápido e simples de comunicação nas empresas, mas sua eficiência depende de uma linguagem adequada para a completa compreensão do receptor. Na comunicação Institucional apesar dos esforços do SENAI Birigui em desmistificar sua imagem de empresa de pequeno porte, esta imagem ainda persiste. Além da aprovação de projetos de comunicação passar pela chefia local, é necessária a aprovação do departamento de comunicação sediado em São Paulo. Essa burocracia e demora acaba atrapalhando a comunicação com o público externo e impede que uma maior divulgação da capacidade e estrutura do atendimento da escola. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 283 ISSN 2447-3081 Quanto à comunicação mercadológica são utilizadas ferramentas de marketing direto com o envio de mala direta através de e-mails para os clientes na abertura e informações de cursos. A escola também utiliza o merchandising no intuito da divulgação da sua marca. Portanto, no presente estudo de caso, é visto a importância da gestão da comunicação integrada e sua relevância na atual arena competitiva. As empresas que saberem ministrar o viés comunicacional sobressairão seus concorrentes no mercado atual. REFERÊNCIAS BORDENAVE, J. E. D. O que é comunicação. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1985. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. Ed. São Paulo: Editora Atlas. 2010. GRAHAME,P. Doing qualitative research: Three problematics. Boston: University of Massachusetts, 1999. LUDKE, M. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. KOTLER, Philip; KELLER, Kevin. 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POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 284 TOMASI, C.; MEDEIROS, J. B.; Comunicação empresarial. São Paulo: Editora Atlas, 2007. TORQUATO, G.; Tratado de comunicação organizacional e política. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004. SOUSA, José Martinez de. Diccionario de bibliología y ciencias afines. 3.ed. Gijón: Trea, 2004. YIN, Robert K. Estudos de caso: planejamento e métodos. 3. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 285 ISSN 2447-3081 FATORES FAVORÁVEIS E DESFAVORÁVEIS AO CLIMA ORGANIZACIONAL: APLICAÇÃO EM PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS DE AGUDOS/SP Flaviane Fortunato da Silva - FAAG1 Luis Carlos Rondina Júnior - FAAG2 Gislaine Barbosa Zaneti - FAAG3 RESUMO O ambiente de trabalho constitui um fator de diferenciação no desenvolvimento das empresas. Assim, aqueles que convivem em um clima organizacional desfavorável não se sentem motivados a dar o seu melhor, já em um clima favorável, o colaborador se sente motivado para desenvolver suas atividades. Com isso, o objetivo deste artigo é verificar o clima organizacional de algumas pequenas e médias empresas do município de Agudos, para apontar as principais características do clima organizacional dessas empresas e elaborar um ranking com os pontos favoráveis e desfavoráveis. Esta pesquisa é caracterizada como qualitativa e do ponto de vista de seus objetivos, como sendo uma pesquisa descritiva e explicativa. A pesquisa bibliográfica em livros e artigos foi utilizada para fundamentar os conceitos de clima organizacional, motivação e cultura organizacional. Este artigo apresenta também o resultado de questionários aplicados com os colaboradores de nove pequenas e médias empresas do município de Agudos/SP, sobre pontos favoráveis e desfavoráveis ao clima organizacional. Após a apuração dos resultados, foi possível elaborar um ranking com os cinco pontos favoráveis e desfavoráveis mais votados. PALAVRAS-CHAVE: Clima Organizacional. Motivação. Cultura Organizacional. ABSTRACT The work environment is a differentiation factor in the development of companies. Thus, those who live in a negative organizational climate don’t feel motivated to do their best. In a positive climate, the employee feels motivated to develop their activities. In this way, the aim of this article is to verify organizational climate of some small and medium companies in the city of Agudos/SP – Brazil, to indicate the main characteristics of the organizational climate in companies and draw up a ranking with the positive and negative points. This research is characterized as qualitative and from the point of view of its objectives, as a descriptive and explanatory research. The bibliographical research in books and articles was used to justify the concepts of organizational climate, motivation and organizational culture. This article also presents the results of questionnaires applied in employees of nine small and medium companies in the city of Agudos/SP - Brazil, on positive and negative points to the organizational climate. After verification of the results, was possible draw up a ranking of the most voted five positive and negative points most voted. KEYWORDS: Organizational Climate. Motivation. Organizational Culture. 1Aluna do Curso de Administração. Aluno do Curso de Administração. 3Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. Especialista em Gestão Financeira e Controladoria. Administradora. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 286 1 INTRODUÇÃO É fato conhecido que as organizações são formadas por pessoas. Essas desenvolvem as atividades a serem feitas nas organizações e passam boa parte de sua vida dentro delas, tendo que deixar a família por aproximadamente oito horas diárias para trabalhar e ganhar seu sustento mensal. Mas, a questão é que muitas organizações não têm conhecimento da importância do clima organizacional para que o bom trabalho seja desenvolvido e que seu colaborador o desenvolva da melhor maneira possível, para que a cada dia ele possa querer suprir seus desafios dentro da organização (CHIAVENATO, 2010). No mundo globalizado, a qualificação e motivação das pessoas são vitais para a sobrevivência da organização. O que se tem visto em algumas organizações são investimentos em equipamentos e na qualidade dos produtos e serviços, deixando muitas vezes o bem-estar dos seus colaboradores em segundo plano. O ser humano não é mais considerado como um apêndice da máquina, pois é por meio das pessoas que as organizações atingem seus objetivos. O fator humano pode ser a mola propulsora, o diferencial no mundo competitivo, e é por meio da motivação que o indivíduo procura se especializar para estar inserido em todo esse processo compensador. As informações coletadas em um estudo sobre clima organizacional de uma organização podem colocá-la em situação proativa, desenvolvendo assim relações de trabalho produtivas, sendo relevante para o desempenho dos indivíduos, pois é por meio de um clima favorável que existem ganhos, tanto para a empresa como para seus colaboradores. A avaliação do clima organizacional é voltada para a análise interna, tomando como base as necessidades dos colaboradores. Com o intuito de demonstrar os aspectos que interferem na motivação dos colaboradores, o problema de pesquisa deste artigo é: quais os principais pontos favoráveis e desfavoráveis do clima organizacional, dentro das pequenas e médias empresas do município de Agudos? Assim, o objetivo deste artigo é verificar o clima organizacional de algumas pequenas e médias empresas do município de Agudos, para apontar as principais características do clima organizacional dessas empresas e elaborar um ranking com os pontos favoráveis e desfavoráveis apurados após a pesquisa. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 287 ISSN 2447-3081 2 CLIMA ORGANIZACIONAL Clima organizacional é, de fato, uma característica que todas as organizações têm, seja ela boa ou ruim, mas é preciso mostrar a sua importância e desenvolver um modelo que possa ser aplicado a cada organização. Segundo Moraes (2010), clima organizacional é a imagem coletiva que os colaboradores possuem da instituição em que trabalham, sendo percebido mediante a experiência, prática de suas políticas, processos, valores e também de um diagnóstico das ações contínuas de demais colaboradores, com o objetivo de aumentar a produtividade e qualidade da empresa. Assim, Lacombe (2005) cita que a satisfação dos colaboradores com o ambiente interno da organização, está ligado à motivação, à identificação e lealdade, a ajuda entre as pessoas, ao interesse no trabalho, a comunicação interna clara, ao relacionamento entre os colaboradores e gerentes, entre outras variáveis. O autor ainda apresenta que uma boa organização, com gestores competentes, irá priorizar um ambiente em que as pessoas realizem um trabalho eficaz em conjunto, desenvolvam suas competências, realizem seus desejos profissionais e assim, alcancem o reconhecimento e recompensa apropriada da organização. As principais características deste ambiente, segundo Lacombe (2005) são: Honestidade e integridade em tudo o que todos dizem e fazem; Uma ampla comunicação em todos os sentidos na organização (de cima para baixo, de baixo para cima e lateralmente); Os superiores sempre dispostos a ouvir a visão de seus subordinados; Quando o problema aparece há um real interesse em resolvê-lo; Todos trabalham dedicados como uma equipe. Lacombe (2005), comenta que o clima organizacional é atingido por uma influência muito grande da cultura organizacional, assim, quando uma pessoa é contratada, ela deixa de ser livre para se comportar como ela quiser, aceitando as políticas e normas da empresa. Quanto mais as necessidades e valores das empresas estiverem alinhados com as necessidades dos colaboradores, maior tende a consequentemente um clima organizacional favorável. ser a motivação, atingindo Se o clima organizacional da POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 288 empresa estiver bom, as pessoas tendem a ser proativas, compartilham conhecimentos, confiam em seus chefes, colegas e subordinados e sempre procuram inovar. Agora se o clima estiver ruim, as pessoas farão o mínimo para se manter no emprego, ou as vezes nem isso, agindo com total descrença e revolta, aumentando a rotatividade e absenteísmo, apresentando fortes sintomas de um clima organizacional negativo. Chiavenato (1985), diz que o clima organizacional é favorável quando proporciona satisfação das necessidades pessoais dos participantes, proporcionando a elevação do moral, mas é desfavorável quando proporciona a frustração das necessidades pessoais. A motivação e a cultura organizacional são fatores que podem influenciar diretamente o clima organizacional de uma organização. 3 MOTIVAÇÃO Maximiano (2012), diz que motivo, motivação, mover, movimentar são palavras que estão diretamente ligadas a palavra latina motivus, que significa tudo o que se move ou tudo que sai de um lugar e vai para o outro, e que apresenta três propriedades: Direção - para o quê a pessoa está motivada? Intensidade - qual o tamanho da motivação da pessoa? Permanência – quanto tempo a pessoa ficou motivada? Quando o assunto é a motivação humana, Chiavenato (2010), cita a Teoria das Necessidades Humanas de Abraham Maslow, estudo no qual as necessidades humanas estão separadas em níveis e distribuídos em uma hierarquia de importância e influência, podendo ser melhor visualizado no formato de uma pirâmide, onde em sua base estão as necessidades fisiológicas e no topo a necessidade de autorrealização. Essas necessidades humanas variam conforme o indivíduo, mas quando aplicada aos colaboradores das organizações elas podem indicar que se essas necessidades forem satisfeitas, o colaborador terá produtividade, caso contrário o colaborador torna-se resistente, frustrado e hostil em relação as pessoas a sua volta. Ferreira (2014), afirma que essa motivação pode ser intrínseca ou extrínseca. Ela é intrínseca quando vem do interior do indivíduo, não tendo como mensurá-las, sendo as necessidades pessoais, assim o que motiva um indivíduo, pode não motivar outro. A POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 289 motivação extrínseca está relacionada a fatores externos como, status social, prêmios, bônus, ou seja, precisa-se de uma recompensa. As organizações precisam instigar o desenvolvimento das pessoas, pois quando um colaborador trabalha em um ambiente com um bom clima organizacional, o mesmo gera lucratividade para a organização. O papel do gestor é apresentar meios para que essas pessoas se sintam motivadas a manter um agradável ambiente de trabalho, onde não gere insatisfação dentro da organização. 4 CULTURA ORGANIZACIONAL Segundo Marras (2011), toda e qualquer organização possui uma cultura própria onde é formado o conjunto de atitudes que realçam seus costumes, crenças e valores. Por ela, a organização molda o seu perfil e controla o comportamento dos seus colaboradores. Em relação às pessoas, cada indivíduo é criado com valores culturais distintos dos outros, formando assim a personalidade de cada um. O mesmo ocorre com as organizações, onde cada uma forma sua própria cultura e sua própria sintalidade, a tornando única no mercado. Segundo Chiavenato (2010, p. 172), a cultura organizacional, também chamada de cultura corporativa “é o conjunto de hábitos e crenças, estabelecidos por normas, valores, atitudes e expectativas, compartilhado por todos os membros da organização”. Ferreira (2014) cita que a cultura organizacional abrange três níveis: Artefatos: é considerado o nível onde os aspectos são visíveis e podem ser percebidos e compreendidos facilmente, como padrão de comportamento, políticas, organograma, produtos e serviços; Valores Compartilhados: é a importância da realização das coisas dentro da organização; Pressuposições básicas: é o nível intangível da cultura organizacional, representado pelas crenças inconscientes, sentimentos e percepções. A cultura atinge diretamente o clima de uma organização, pois quando um colaborador passa a não concordar com alguns aspectos apresentados nos níveis da cultura da sua organização, o clima organizacional acaba sendo afetado de forma negativa. Isso pode refletir em toda a organização, influenciando desde o pessoal do operacional até a alta POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 290 cúpula da organização. Assim, tendo um clima agradável o desenvolvimento e produção da organização pode apresentar resultados favoráveis, fazendo com que os seus rendimentos sejam melhorados e evitando erros e perdas no processo de produção. 5 METODOLOGIA A classificação da metodologia possibilita um melhor entendimento em relação à disposição dos pontos abordados na pesquisa, com isso torna-se viável reconhecer as semelhanças e diferenças entre as classificações existentes. Tendo em vista, a particularidade de cada pesquisa, há necessidade de uma previsão e provisão de recursos de acordo com a especificação (GIL, 2010). Assim, a metodologia desse artigo é apresentada seguindo um sistema de classificação. Como esta pesquisa procura verificar as características do clima organizacional de algumas pequenas e média empresa do município de Agudos/SP, do ponto de vista da natureza, ela é caracterizada como sendo uma pesquisa aplicada, visto que ela foi desenvolvida com o objetivo gerar resultados baseados em interesses específicos (SILVA; MENEZES, 2005). Quanto a forma de abordagem, esta pesquisa é caracterizada como qualitativa. A pesquisa qualitativa envolve a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados (GIL, 2010). Essa interpretação ocorre ao verificar as principais características do clima organizacional das empresas pesquisadas, atribuindo significados ao apresentar a opinião dos colaboradores sobre o clima organizacional dessas empresas por grau de importância dos fatores favoráveis e desfavoráveis. É também classificada do ponto de vista de seus objetivos, como sendo uma pesquisa descritiva, que procura apresentar os fatos observados, e explicativa, que tenta explicar a razão dos fatos (GIL, 2010). Isso ocorre ao descrever o clima organizacional observado pelos colaboradores das empresas pesquisadas, e ao explicar as possíveis razões disso ao analisar o grau de importância dos pontos favoráveis e desfavoráveis apresentados no levantamento com os colaboradores. A pesquisa bibliográfica em livros e artigos foi utilizada para fundamentar os principais conceitos aqui abordados: clima organizacional, motivação e cultura organizacional. Para verificar os principais pontos favoráveis e desfavoráveis do clima organizacional das pequenas e médias empresas do município de Agudos/SP, foi inicialmente realizado POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 291 um levantamento para identificar essas empresas junto Associação Comercial e Industrial do município. Para melhor parametrização dos resultados, foi definido um filtro para as pequenas e médias empresas identificadas, onde foi escolhido as empresas que possuem mais de 5 anos e mais de 5 colaboradores, totalizando 29 pequenas e médias empresas. Para uma análise inicial, este artigo apresenta uma pesquisa com 9 empresas das que foram filtradas. Após a definição das empresas, foi desenvolvido um questionário com 14 pontos que podem ser considerados favoráveis e 14 pontos de podem ser considerados desfavoráveis ao clima organizacional. Esse questionário foi encaminhado aos colaboradores das empresas pesquisadas para que esses classificassem, os 5 pontos mais favoráveis e os 5 pontos mais desfavoráveis, sem a necessidade de serem identificados. Após o recolhimento dos questionários, os mesmos foram tabulados por empresa, e posteriormente tabulados pelo total de empresas pesquisadas. 6 APURAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS Os 14 pontos favoráveis e desfavoráveis do questionário aplicado nas empresas estão demonstrados no Quadro 1. Desses, o ranking com os melhores pontos favoráveis e os piores pontos desfavoráveis, foi elaborado com base nos 5 pontos mais votados. Quadro 1 – Pontos favoráveis e desfavoráveis Pontos Favoráveis Pontos Desfavoráveis Ausência de Boas Condições de Trabalho Benefícios (plano de saúde, vale alimentação, etc.) (materiais, equipamentos) Bom Planejamento Baixa Remuneração Condições de Trabalho Adequadas (materiais, Demora na Resolução de Problemas equipamentos) Falta de Benefícios (plano de saúde, vale Gestores Preparados para a Função alimentação, etc.) Grau de Hierarquia Estabelecido Falta de Hierarquia Informações Claras Falta de Informações Motivação Falta de Motivação Oportunidade de Crescimento Falta de Planejamento Falta de Possibilidade de Equilibrar a Vida Pessoal Ouvir Sugestão de Melhorias dos Colaboradores e Trabalho Possibilidade de Equilibrar a Vida Pessoal e Falta de Reconhecimento Trabalho Rapidez na Resolução de Problemas Gestores Despreparados para Exercer as Funções Relacionamento com Superiores Não Aceitar as Sugestões dos Colaboradores Relacionamento entre Colaboradores Relacionamento com Superiores Remuneração Adequada Relacionamento entre Colaboradores Fonte: Autoria própria, 2015. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 292 ISSN 2447-3081 Após a aplicação dos questionários, verificou-se que os colaboradores das organizações apresentaram receio em selecionar os pontos desfavoráveis dos questionários quando os mesmos foram aplicados pelos gerentes da empresa que estava sendo pesquisada, em contrapartida, os questionários que foram aplicados pelos autores do artigo, aparentemente apresentaram maior credibilidade nas respostas. Observou-se também que nas empresas em que os questionários foram aplicados pelos gerentes, houve colaboradores que não responderam o questionário, entregando-o em branco, o que pode indicar falta de confiança em seus superiores quanto a expor suas opiniões sobre o assunto abordado. Das 9 empresas pesquisadas, 70 colaboradores responderam o questionário. Com relação aos 5 pontos favoráveis mais votados, os resultados foram apontados em porcentagem, conforme apresentado no Gráfico 1. Gráfico 1 – Pontos favoráveis Pontos Favoráveis 80,0% 70,0% 67,1% Relacionamento com Superiores 62,9% 60,0% 50,0% 40,0% 30,0% 20,0% 10,0% 55,7% 54,3% 42,9% Relacionamento entre Colaboradores Condições de Trabalho Adequada ( materiais, equipamentos) Possibilidade de Equilibrar a Vida Pessoal e Trabalho Remuneração Adequada 0,0% Fonte: Autoria própria, 2015. Com base nos resultados apurados, foi observado que 67% dos colaboradores das empresas que fizeram parte da pesquisa acreditam que o relacionamento com seus superiores é o ponto positivo de maior importância que contribui para o clima organizacional favorável, pois quando o superior tem uma grande preocupação com as condições de trabalho, com bem-estar, com a saúde física e mental do colaborador, isso acarreta em um POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 293 ISSN 2447-3081 canal de comunicação melhor, e a tendência é sempre uma motivação maior entre os membros da organização, o que traz resultados melhores para a empresa. Em segundo lugar na pesquisa fica o relacionamento entre colaboradores, com aproximadamente 63%, seguido das condições de trabalho adequadas, possibilidade de equilibrar a vida pessoal e trabalho, e logo após foi apontado com 43% a remuneração adequada, como os principais pontos favoráveis encontrados nas empresas que fizeram parte da pesquisa. O Gráfico 2, apresenta o resultado dos 5 pontos desfavoráveis mais votados. Gráfico 2 – Pontos desfavoráveis Pontos Desfavoráveis 45,00% 40,00% 41,42% 35,71% 35,00% 30,00% 25,00% 32,85% 31,42% 31,42% Falta de Benefícios (plano de saúde, vale alimentação, etc ) Demora na Resolução de Problemas Falta de Planejamento 20,00% 15,00% 10,00% Falta de Informações Falta de Motivação 5,00% 0,00% Fonte: Autoria própria, 2015. Pode-se observar que aproximadamente 42% dos entrevistados compartilham a ideia que a falta de benefícios oferecidos como, por exemplo, plano de saúde, vale alimentação, plano odontológico, fica em primeiro lugar dentre os pontos desfavoráveis que contribuem para um clima organizacional desfavorável. Isso provavelmente se deve ao fato de que nos dias atuais há uma preocupação maior com a saúde e bem-estar, tanto do colaborador quanto de seus familiares, por isso quando a organização apresenta algum tipo de benefício para o profissional, consequentemente ela acaba demonstrando preocupação com o mesmo, gerando uma grande motivação entre os colaboradores, diminuindo o grau de rotatividade dentro da empresa e desenvolvendo um diferencial no mercado de trabalho. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 294 ISSN 2447-3081 A demora na resolução de problemas foi o segundo fator mais apontado durante a pesquisa, seguido da falta de planejamento e falta de informação por parte das empresas. Apurou-se também que aproximadamente 32% dos colaboradores que responderam o questionário acreditam que a falta de motivação dentro das empresas se enquadra entre pontos desfavoráveis que contribuem para o clima organizacional desfavorável. 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Foi possível apontar as principais características do clima organizacional das pequenas e médias empresas que fizeram parte da pesquisa, ao listar os 14 pontos que possivelmente contribuem para a classificação de um clima organizacional, como sendo favorável ou desfavorável. Após a apuração dos dados, foi também possível elaborar um ranking com os 5 pontos favoráveis e 5 pontos desfavoráveis mais votados pelos colaboradores das 9 empresas pesquisadas. Apesar de cada empresa apresentar características particulares no modo de agir com seus colaboradores, as pequenas e médias empresas pesquisadas apresentaram necessidades de melhorias parecidas. O resultado inicial desta pesquisa mostrou que é possível elaborar um ranking de pontos favoráveis e desfavoráveis ao clima organizacional mais completo, se a pesquisa for aplicada nas demais 20 pequenas e médias empresas do município de Agudos/SP que se enquadram no filtro definido para esta pesquisa. REFERÊNCIAS Administradores.com.br. Você está feliz no trabalho? Saiba quanto o clima organizacional influência na sua produtividade. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/noticias/carreira/voce-esta-feliz-no-trabalho-saibaquanto-o-clima-organizacional-influencia-na-sua-produtividade/45468/>. Acesso em: 14 mar. 2015. CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. ______. 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Baseado nisto, este artigo apresenta um estudo de caso, sobre o sistema integrado de gestão da qualidade, através de metas em todos os níveis organizacionais e remuneração variável, visando sustentar os resultados da organização analisada. O cenário de estudo é caracterizado por uma grande empresa do segmento de prestação de serviços, na área de transporte e logística. Concluímos com a descrição do modelo de gestão de metas, que poderá ser utilizado em futuras experiências, além de relatar os pontos favoráveis e as dificuldades encontradas neste modelo de gestão. PALAVRAS-CHAVES: Resultados. Gestão. Metas. Incentivos. Qualidade. ABSTRACT: Today one of the biggest challenges of large companies is to align all employees to achieve goals and results, and is not only the result itself, but to get everyone to work within the standards of quality and safety of this organization. Based on this, this article presents a case study on the integrated quality management through goals at all organizational levels and variable remuneration in order to sustain the results of the analyzed organization. The study scenario is characterized by a large company segment for the provision of services in transport and logistics. We conclude with a description of the goals of management model that could be used in future experiments, in addition to reporting the favorable points and the difficulties encountered in this management model. KEYWORDS: Results. Management. Goals. Incentives. Quality. 1 INTRODUÇÃO Estamos habituados a pensar nas companhias em termos de estrutura (organogramas), hierarquia, departamentos e nichos de poder, mas uma organização deve ser vista e compreendida em termos de sistema, que pode ser definido como um conjunto de partes interdependentes que interagem entre si, de forma a alcançar um objetivo comum. Neles, os recursos humanos e materiais (as pessoas, equipamentos, ferramentas e 1 2 Aluna do Curso de Pós-Graduação da FAAG. Orientadora. Professora da FAAG nos cursos de Administração e Ciências Contábeis e da Pós-Graduação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 297 métodos) são organizados em perfeita sintonia com um único propósito: o alcance das metas corporativas. Um destes sistemas é o Sistema Integrado de Gestão (SIG) que se refere a sistemas de informações que integram todos os dados e processos de uma organização em um único sistema. Este garante às empresas muitas vantagens, uma vez que lhes confere maior organização, produtividade e credibilidade – elementos facilmente identificáveis pelos clientes. O sistema de gestão com metas e objetivos, atualmente, já está bem difundido nas organizações, porém, muitas delas perdem-se ao longo do exercício, ficando muito aquém das necessidades estratégicas planejadas. Apresentaremos neste artigo, na forma de um estudo de caso, um sistema de gestão e desenvolvimento de pessoas através do estabelecimento de metas. Sistema este que faz acontecer um dos valores mais fortes da organização em questão: “A gente faz a diferença e vale pelo que faz. Uma cultura corporativa voltada para resultados e administração profissional, de meritocracia e um programa progressivo de remuneração variável”. Este estudo de caso foi desenvolvido em uma organização de grande porte, no segmento de prestação de serviço em logística e transporte, estabelecida no Brasil. A empresa possui aproximadamente 8.000 colaboradores e sua estrutura hierárquica regional é composta por um nível de operação, assistentes, supervisão, analistas, cinco coordenadores e um gerente. No estado de São Paulo são três unidades regionais, sendo que a regional em estudo fica na cidade de Mairinque. Esta regional é responsável por uma área de 1.460 Km de linha operacional, seis postos de manutenção e três postos de abastecimento. A metodologia de um trabalho científico, segundo Marconi e Lakatos (2010), tem a finalidade de estruturar o trabalho, de tal forma que seja possível obter a verdade, por intermédio da comprovação de determinadas hipóteses, que ligam a observação da realidade com a teoria científica, explicando por sua vez a própria realidade. Para as mesmas autoras, o Método ou a Metodologia Científica é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que permitem alcançar a um objetivo traçado inicialmente. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa para a coleta de dados foram: a análise de documentos e pesquisa bibliográfica. Segundo Yin (1989, p.20), um ponto forte singular do estudo de caso é a possibilidade de lidar com uma extensa variedade de evidências, tais como documentos, artefatos e observações. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 298 ISSN 2447-3081 A coleta de dados sobre a empresa teve início com a pesquisa e análise de documentos e materiais: relatórios, apresentações em PowerPoint, além de material disponível na intranet (uso interno), no site da empresa (fonte 2012) e observação estruturada e participante que utiliza instrumentos para a coleta de dados ou fenômenos observados, e a experiência de vida, uma vez que o caso foi baseado em um exemplo do dia a dia do pesquisador. Vergara (1997, p. 59) salienta que “todo método tem possibilidades e limitações”. Perante isso, o presente estudo, por sua natureza exploratória, e pelo método utilizado – o estudo de caso, tem seus resultados restritos ao caso estudado, não permitindo, portanto, generalizações. 2 SISTEMA DE GESTÃO Para este artigo foram selecionados os seguintes temas, observados no quadro abaixo, para corroborar o propósito de apresentar um caso de aplicação prática de um sistema de gestão de uma organização, utilizado para sustentar seus resultados através do modelo de excelência em gestão da qualidade, uma cultura corporativa voltada para resultados e administração profissional, de meritocracia e um programa progressivo de remuneração variável. Quadro 1 – Sistemas de Gestão Metodologia e Ferramentas Seis Sigma Incentivos GPD Gerenciamento Pelas Diretrizes Aval. desemp. Mudanças de Patamar Housekeeping GPR Gerenciamento pela Rotina Manutenção com Melhoria Contínua Gestão à Vista Tabelas de IC´s Auditorias Externas e Internas Fonte: Os próprios autores, 2015. PRV Olimpíada da Qualidade Programa Idéias e Ações POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 299 ISSN 2447-3081 3 ETAPAS DESTE GERENCIAMENTO POR METAS 3.1 Gerenciamento pelas diretrizes (metas/mudança de patamar) Quadro 2 – Gerenciamento pelas diretrizes Metodologia e Ferramentas Incentivos GPD Gerenciamento Pelas Diretrizes Seis Sigma Avaliação de Desempenho Metas - Mudanças de Patamar PPR PRV Olimpíada da Qualidade Objetivo do GPD: • • • Sustentar os saltos de patamar da companhia; Direcionar esforços na busca de objetivos comuns; Motivar os colaboradores na busca de resultados; Fonte: Os próprios autores, 2015. O Gerenciamento pelas Diretrizes (GPD) segundo Campos (2013) é um sistema voltado para atingir as metas que não podem ser atingidas pelo gerenciamento da rotina do trabalho no dia-a-dia para resolver problemas crônicos e difíceis da organização. É o controle que a organização possui, em relação aos resultados já atingidos e aos objetivos que se deseja alcançar no ano. Ele representa os saltos de patamar da organização conforme o tempo, além de motivar os colaborados na busca de resultados. São os novos projetos e os grandes desafios estipulados. Estes projetos e desafios são representados através das metas que tem por objetivo, alcançar os resultados em um determinado espaço de tempo. Campos (2011) relata sobre a filosofia do GPD centrado na concepção de que os resultados são conseguidos pela atuação criativa e dedicada das pessoas. Ele conduz as mudanças que se fazem necessárias para que os resultados possam ser atingidos, baseando-se na inovação, é uma busca permanente da melhor forma de se fazer as coisas. Para melhor compreendermos o assunto estudado, veremos alguns conceitos: POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 300 ISSN 2447-3081 Figura 1 – Quadro PDCA Toda organização tem suas diretrizes, o PDCA operacionaliza estas diretrizes. Análise, diferença entre planej x real Verificação dos Resultados A P C D Estabelecimento das Diretrizes p/ todos os níveis Gerenciais (IC’s ) Execução das medidas Fonte: Os próprios autores, 2015. Metas: são objetivos gerenciais, somados de um valor mais um prazo. Gerenciar é atingir metas. Diretrizes: metas + planos (conjunto de medidas): são as determinações de crescimento para o próximo ano, o estabelecimento de diretrizes é um processo de planejamento, as diretrizes são estabelecidas para resolver problemas. Medidas: são meios ou métodos específicos para se atingir as metas, prioritárias para atingir metas. Indicadores: são formas de avaliar e medir se as metas foram atingidas. A) PRIMEIRO PASSO: estabelecimento de metas É preciso acreditar na disciplina da análise para estabelecer metas. É o primeiro passo do método gerencial PDCA (do inglês Plan, Do, Check and Action). As metas fáceis demais para serem atingida não levam à busca de conhecimento. As metas impossíveis de serem atingidas levam ao desânimo. É por isso que as metas devem ser colocadas de forma técnica, através da definição de um indicador de uma determinada meta o profissional realiza todas as análises como o ciclo PDCA e o mais importante é que aprimora seus conhecimentos atuando como se fosse um “investigador” das possíveis soluções para esta oportunidade (problema). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 301 ISSN 2447-3081 B) SEGUNDO PASSO: desdobramento de metas O desdobramento de metas é o princípio básico do GPD que rege o sistema de gestão da Organização. As metas individuais da organização são definidas anualmente, conforme o plano estratégico e a projeção de crescimento dela para o próximo ano. Todos sabem o que realmente a organização espera de cada um. Elas são definidas através do “desdobramento de metas”. Na organização citada, todo ano no mês de setembro é realizada a reunião do desejo onde fica definida a meta do presidente, depois são definidas as metas dos diretores e são realizadas as reuniões de desdobramento de metas, até chegarmos ao nível de supervisão e técnicos de segurança. O quadro abaixo exemplifica este processo: Figura 2 – Desdobramento de metas Fonte: Os próprios autores, 2015. De acordo, com a organização estudada, participam do cumprimento das metas individuais os seguintes cargos: Presidente; Diretor Superintendente; Diretores; Superintendentes; Gerentes; POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 302 Coordenadores; Especialistas; Analistas; Supervisores; Engenheiros de Segurança e Técnicos Segurança / Meio Ambiente; Compradores; Advogados; Trainees; Programa de Engenheiros. Primeiramente, é definido qual será o salto de patamar do ano e as ações necessárias para alcançar as metas planejadas. O controle é feito através de indicadores, que são responsáveis por monitorar o alcance das metas. Quando as metas são estabelecidas para o presidente, o mesmo desdobra para os diretores, que por sua vez irá desdobrar para os superintendentes, os quais terão que cumprir a meta, para que o objetivo final seja atingido. Feito isso, temos todas as lideranças da companhia com metas individuais. Por exemplo, ao se definir como meta um aumento de X% de receita da organização, é necessário que este aumento esteja de acordo com a capacidade de crescimento, para que ele seja sustentável e o objetivo possa ser atingido. As metas são importantes para alcançar os objetivos da organização e dar um rumo na busca de resultados. As metas precisam ser focadas, medindo o que de fato é importante para a empresa e que faça alguma diferença em seus resultados. Também é importante que ela seja equilibrada, levando em consideração o quanto ela interfere nas outras metas da companhia. Uma meta também precisa ser baseada em informações disponíveis e acessíveis, ou seja, ela precisa ser acompanhada com base em um indicador correto e que esteja sempre à disposição para todos. Supondo que a meta de uma determinada regional é aumentar a produtividade da oficina em 2%, para que seja possível acompanhar o resultado, todo mês é feito o cálculo do realizado de produtividade e disponibilizado em sistema para que assim os resultados possam ser acompanhados, medindo se a meta foi atingida ou não. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 303 3.2 Metodologia e Ferramentas 3.2.1 Seis sigmas É um programa de melhoria que tem por objetivo a redução de desperdícios da não qualidade e consequentemente a redução de custos e a melhoria no atendimento de requisitos de clientes, como qualidade do produto e confiabilidade da entrega. Trata-se de uma estratégia gerencial para promover mudanças na organização, fazendo com que se chegue às melhorias nos processos, produtos e serviços para satisfação dos clientes. Os seis sigmas traduzem os esforços de melhoria das organizações na meta específica de reduzir defeitos para próximo de zero. O programa seis sigmas é uma metodologia que contribui para a melhoria da qualidade de forma disciplinada. De acordo com Rotondaro (2002) devem-se considerar quatro abordagens para os seis sigmas: Como métrica: utilizado para medir o desempenho e a variabilidade dos processos. Como metodologia: associa um rigoroso enfoque estatístico a um arsenal de ferramentas. Como filosofia operacional: ajuda a traduzir os objetivos globais da organização em metas de qualidade. Como cultura: estimula o trabalho em equipe, para que sejam atingidos os mais altos níveis de produtividade e eficácia. A gestão é baseada em evidências e a identificação da origem das causas dos problemas é parte integrante e obrigatória da linguagem dos negócios. 3.2.2 Avaliação de Desempenho (gestão à vista e tabela de IC’s) A avaliação, quando feita positivamente, tem muitos benefícios e muitos beneficiários. A principal razão da avaliação é que o retorno sobre a qualidade melhora o desempenho. Na organização em estudo, para que as metas sejam acompanhadas é utilizada a ferramenta da avaliação de desempenho. O objetivo é avaliar o resultado de cada colaborador dentro da organização. Esta avaliação é aplicada para todos os cargos que participam do Programa Gerencial de Pool de Bônus do PRV. Ela ocorre trimestralmente e indica qual o melhor caminho para o alcance POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 304 ISSN 2447-3081 das metas, juntamente com o feedback do superior. A nota final da avaliação é determinada conforme a pontuação nos indicadores da meta pessoal. A nota fecha de zero a cem (0 – 100). A nota em cada meta é representada através dos faróis, conforme a pontuação obtida. Dependendo da nota é feito o ranking e conforme a posição no grupo, o colaborador terá o reconhecimento pelo seu resultado (Pool de Bônus e Olimpíadas da Qualidade). Trimestralmente, as avaliações dos gerentes e superintendentes são expostas em um quadro de gestão a vista. A tabela com indicadores vermelhos por três meses consecutivos, além da avaliação é necessário enviar um plano de ação para recuperação dos resultados que não foram alcançados. Figura 3 – Quadro Plano de Ação Fonte: Os próprios autores (2015) Além da tabela de IC’s, como mostra o modelo acima, mensalmente a regional realiza a Reunião de Desempenho Operacional (RDO) quando os coordenadores apresentam seus resultados para a gerência local, com planos e ações de recuperação. A cada três meses, os coordenadores e o gerente da regional apresentam para um grupo de colaboradores, diretoria e presidência os resultados obtidos da sua área e da unidade, com seus respectivos planos e ações de melhoria, chamado Circuito de Produção. Nas áreas da mecânica e manutenção, como exemplo, principalmente nas sub-sedes mais distantes, os resultados chegam mensalmente através dos quadros de gestão a vista, e os treinamentos realizados pela área de RH que se chama “Terça da Informação”. A coordenadora da área visita as sedes e realiza o treinamento sobre as regras, padrões e informa ao grupo seus resultados, com os pontos que podem melhorar o seu POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 305 ISSN 2447-3081 posicionamento nas metas. Ambos são auditados externamente, devem ser comprovados por fotos, cópia da apresentação e lista de presença. 3.3 Incentivos 3.3.1 Programa de Remuneração Variável (PRV) O PRV é um pilar da cultura de resultados da organização baseado na meritocracia. Com o programa de remuneração variável, a organização materializa os valores GENTE FAZ A DIFERENÇA E VALE PELO QUE FAZ e METODOLOGIA E QUALIDADE PARA MELHORAR SEMPRE na rotina dos colaboradores. O PRV está entre os maiores programas de remuneração variável do Brasil. O PRV é como se fosse um guarda-chuva e em baixo dele estão os seguintes programas: Pool de Bônus, Olimpíada da Qualidade e o Programa de Participação nos Resultados (PPR). 3.3.2 Programa Gerencial - Pool de Bônus Programa de bônus das posições de liderança, vinculado ao resultado das metas individuais anuais do GPD e o resultado da organização. São mais de 1500 participantes, divididos em grupos, nos quais mais de 70% dos elegíveis ganham bônus duplo ou simples. Neste programa, os bônus podem chegar a 14 salários, de acordo com o regulamento. Figura 4 – Programa Gerencial Pool de bônus Fonte: Manual interno de regras. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 306 ISSN 2447-3081 3.3.3 Programa de Base - Olimpíada da Qualidade A organização conta com diversos campeonatos entre as unidades onde são avaliados resultados e meios com ênfase em Gestão da Qualidade, com premiações trimestrais e anuais, composto de cinco Campeonatos Principais e 15 Maratonas. Principais campeonatos: Campeonato das Unidades de Produção; Campeonato Corporativo; Campeonato Rodoviário; Campeonato do CCO; Campeonato de Terminais. 3.3.4 Programa de Participação nos Resultados (PPR) No início do ano a organização fecha todos os seus resultados referentes ao ano anterior e, caso tenham sido atingidos, distribui uma parte deles aos seus colaboradores. Ela possibilita que cada colaborador conquiste mais um salário no início do ano. É como se fosse o 14º salário. Essa é a cultura da meritocracia. O colaborador pode receber até 1,1 salários. A distribuição dos valores varia de acordo com: os resultados da organização, o desempenho do colaborador, o desempenho do time que o colaborador participa, o cumprimento das metas, os meses trabalhados. Todos os programas de remuneração variável estão ligados a metas, mas principalmente a gestão de custos das unidades. Caso o custo fixo da regional seja extrapolado, todos perdem o direito as remunerações/premiações. 3.3.5 Gerenciamento pela Rotina (GPR) O método de gerenciamento pela rotina tem como base o gerenciamento da rotina diária dos processos por meio da análise, descrição e monitoramento de seus indicadores. Com o auxílio do método, são eleitas e disseminadas as melhores práticas, além da padronização das tarefas críticas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 307 ISSN 2447-3081 Tem como objetivos manter a rotina para que a organização possa dar saltos de patamar através do GPD; permitir melhorias contínuas e garantir que as melhorias obtidas através do GPD sejam padronizadas e incorporadas à rotina, perpetuando o novo patamar. O gerenciamento pela rotina são as tarefas, que se realizadas com disciplina e seriedade irão refletir no resultado da organização, sustentando o salto de patamar. Por isso, é a rotina que sustenta as metas da organização. Se os indicadores da rotina forem monitorados e cumpridos, os resultados alcançados serão mais sustentáveis. 3.4 Metodologia e Ferramentas 3.4.1 Housekeeping (5S’s) O Programa é um método de gestão, que mobiliza os colaboradores, através da implementação de mudanças no ambiente de trabalho, incluindo eliminação de desperdícios, arrumação e limpeza. 1. Seiri – organização/utilização/descarte 2. Seiton – arrumação/ordenação 3. Seisou – limpeza/higiene 4. Seiketsu – padronização 5. Shitsuke – disciplina Segundo Ribeiro (2012) o programa 5 S´s foi criado com o objetivo de possibilitar um ambiente de trabalho adequado para uma maior produtividade. Este programa é um instrumento importante para união dos colaboradores, já que seu objetivo principal é mudar a maneira de pensar. As atividades são desenvolvidas em: sensibilização e perpetuação. Sendo que sensibilização inclui a educação e o treinamento de todos os colaboradores em temática, origem, concepção; e perpetuação equivale à aplicação dos últimos 2 S’s: Seiketsu e Shitsuke (padronizar o ambiente de trabalho e infra-estrutura, manter a organização a limpeza e um ambiente de qualidade em sua área, mantendo a ordem e o padrão da organização). As unidades são auditadas de três modalidades: auditoria interna, auditoria cruzada e auditoria externa. O check-list deve ser cumprido em todos os seus requisitos. Alguns itens POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 308 são passíveis de interdição, como nos casos dos alojamentos e pernoites. O cumprimento do check-list garante pontos no campeonato de unidades. 3.4.2 Incentivos 3.2.1 Programa Ideias e Ações O Programa Ideias & Ações é uma das formas que organização encontrou para promover, estimular e valorizar o comportamento empreendedor de seus colaboradores, recompensando iniciativas que contribuam para resolver problemas ou melhorar processos existentes. Se destinava a todos os colaboradores da empresa, individualmente ou em parceria com seus colegas de trabalho. Para concorrer ao prêmio a ideias deveria ser transformada em AÇÃO, isto é, ser implantada. A AÇÃO deveria ter viabilidade econômica e retorno comprovado para a empresa atendendo ao menos um dos três focos: Redução de custos; Aumento de receita; Melhoria de processos; As ideias eram analisadas de acordo com os seguintes critérios: - Aplicabilidade - Originalidade - Abrangência - Retorno Em primeiro lugar, a ideia era apresentada ao superior, e realizada a orientação sobre a viabilidade e implantação. Caso fosse viável, a ideia era implantada e transformada em ação. A partir desse momento ela já podia participar do programa. Depois que a ideia estava implantada, era necessário preencher o formulário de inscrição. Depois de preenchê-lo, era encaminhado ao gerente da área que deveria emitir um parecer e assinar o formulário, para depois encaminhá-lo à Gerência da Qualidade. Todas as ideias eram analisadas e a cada POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 309 ISSN 2447-3081 bimestre, a Qualidade reunia as ideias aprovadas e as apresenta à diretoria. As melhores ideias de cada período eram selecionadas pela diretoria para apresentação nas reuniões trimestrais de julho e outubro. Somente as ideias que eram apresentadas em reunião trimestral concorriam aos prêmios no final do ano. O programa premiava duas ideias na operação ferroviária, uma na operação rodoviária e uma ideia na área administrativa. Todos os colaboradores tinham chance de ganhar. Os prêmios eram definidos pelo Comitê da Diretoria e a premiação ocorre anualmente na Trimestral de Abril do ano seguinte. Figura 5 – Fluxograma ideias e ações COLABORADOR CHEFIA Apresenta Idéia p/ Chefia Avalia Idéia e Orienta QUALIDADE DIRETORIA Pré-Analisa idéia: critérios Analisa Idéias do período Implementa Idéia Preenche formulário Assina e endossa Apresenta na trimestral Selecionam idéias para apresentação em trimestral Selecionam melhores Idéias do ano Premiação na trimestral Fonte: Manual interno de regras. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pretendeu-se realizar neste artigo o acompanhamento do processo de gestão por metas, visto que as companhias estão sendo desafiadas a buscar e encontrar novas formas de organização e administração. Como resultado da observação das ações realizadas, verifica-se que é imprescindível mecanismos de avaliação de desempenho em seus diversos níveis desde o corporativo até o individual. Frente a isto, o gerenciamento por metas vem de encontro a esta necessidade, possibilitando a revisão de estratégias, objetivos, processos de trabalho e políticas de recursos humanos, permitindo alterações nos desvios e firmando o compromisso com a organização. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 310 ISSN 2447-3081 Após análise, observa-se que o grande entrave encontrado é a dificuldade no estabelecimento de metas claras e objetivas, são enormes os equívocos ao estabelecê-las, pois, a partir delas, é possível traçar o caminho a ser seguido, visualizando aonde se quer chegar, isto é, quais objetivos deseja-se atingir. É importante uma reflexão para a mudança no plano de ação visando o alcance das mesmas. Quando isto não acontece dificulta a consistência dos fatores gerenciais, prejudica a tomada de decisão, interfere na identificação dos entraves, não permitindo a busca coerente de novas estratégias para as metas propostas. Para resolver estes entraves neste processo, faz-se necessário sintonizar as ações, vincular os objetivos estratégicos e ter um sistema que controle os resultados, o alcance das metas e a consecução dos objetivos, isso se torna possível quando as práticas da organização permitem a ampliação do potencial de atuação organizacional. O gerenciamento por metas é extremamente eficaz, pois à medida que os envolvidos no processo (profissionais jovens e bem preparados) focam nas metas e resultados, o sucesso e a eficiência da organização estão garantidos, sendo pertinentes os benefícios deste modelo agressivo de gestão com resultados e remuneração variável, para as organizações. REFERÊNCIAS AMERICA LATINA LOGISTICA (2012). Sistema de Gestão. Disponível em:<http://pt.alllogistica.com/all/web/default_pti.asp?idioma=0&conta=45>. Acesso em: 18 de ago. 2015. BERGAMINI, Cecília Whitaker; BERALDO, Deobel Garcia Ramos. Avaliação de desempenho humano na empresa. São Paulo: Atlas, 2010. 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SP: Editora Atlas, 2002. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 1997. YIN, R. K. Case study research: design and methods. 5. ed. Thousand Oaks: Sage Publications,1989. RUSSO, Simony Jara et al. (2012). Remuneração variável: uma estratégia para as organizações. Disponível em: <http://www.aedb.br/seget/artigos07/1162_1162_Remunceracao%20variavel.pdf>. Acesso em: 20 de set. 2015. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 312 ISSN 2447-3081 SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS: RECOMENDAÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO EM ORGANIZAÇÕES DE MÉDIO E PEQUENO E MÉDIO PORTE Andressa Ventura – FAAG1 Fernanda Sertotini Gordono – FAAG2 Marcos Daniel Gomes de Castro – FAAG3 RESUMO Reconhecer talentos, resultados, não está mais ligado apenas aos métodos tradicionais da gestão de recursos humanos. Em vista, as necessidades atuais, as empress procurar trabalhar com estratégias organizacionais, e têm buscado selecionar seus candidatos a partir de suas competências, seja ela pessoal, profissionais, alinhando as exigências reais ao cargo e necessidades interna da organização. Em face a esta questão, esta pesquisa busca tratar o tema seleção por competências em empresa de médio e pequeno porte, sendo que a maioria dessas empresas utilizam a seleção tradicional por muitas vezes desconhecerem outros métodos de seleção. Como método buscou-se na revisão bibliográfica, apoiar-se numa síntese ao assunto, possibilitando esclarecer a importância desta ferramenta na gestão de pessoas e sugerir sua implantação. PALAVRAS CHAVES: Seleção por Competência. Recursos Humanos. Empresa de Pequeno e Médio Porte. ABSTRACT Recognize talent, results is no longer connected only to the traditional methods of human resource management. In view of the current needs, the empress seek to work with organizational strategies, and have sought to select their candidates based on their skills, be it personal, professional, aligning the actual requirements for the position and internal needs of the organization. In the face of this question, this research seeks to address the topic selection by competences in medium and small business, and most of these companies use the traditional selection by often unaware of other selection methods. As a method sought in the literature review, it is based on a synthesis to the subject, making it possible to clarify the importance of this tool in managing people and suggest its implementation. KEYWORDS: Selection Competency. Human Resources. Small Business and Midmarket. 1 INTRODUÇÃO O presente artigo surgiu da ideia de que a fazer a seleção por competência pode melhorar o desempenho dos colaboradores, uma vez que é um processo mais assertivo e coloca o colaborador certo no cargo certo. 1 Aluno do Curso de Especialização em Gestão de Projetos. Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. 3 Mestre em Engenharia de Produção. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 313 Assim, a seleção por competência pode melhorar o desempenho dos colaboradores, pois ele desenvolve melhor suas atividades e se motiva em sua rotina de trabalho, tendo maior facilidade e habilidade nos assuntos, pois foi observado o seu perfil antes da contratação. Analisando o cenário do mercado de trabalho atual, nota-se a crescente aparição e ascensão de empresas de médio e pequeno e médio portes e juntamente com elas, a necessidade de profissionais qualificados, visando a sustentabilidade do negócio. No entanto, na maioria delas, não há uma área de Recursos Humanos, responsável pelo gerenciamento do seu capital humano, ficando esta função para os proprietários e/ou líderes, que, por via de regra, não possuem as técnicas e habilidades adequadas para um processo seletivo voltado para a competência do colaborador. Diante disto, a justificativa para realizar o trabalho é para que as empresas de médios e pequenos portes encontrem através da contratação por competências maior sucesso em seus processos seletivos e que esse tipo de seleção seja uma ferramenta de gestão que ofereça subsídios para a escolha do profissional o qual perfil mais se aproxima do necessário para o cargo. Portanto o artigo pretende mostrar através do referencial bibliográfico a importância da seleção por competências e sugerir para as médias e pequenas empresas a seleção por competências, visando assim maior sucesso no seu processo de contratação. 2 SELEÇÃO DE PESSOAL “A seleção de pessoas funciona como uma espécie de filtro que permite que apenas algumas pessoas possam ingressar na organização: aquelas que apresentam características desejadas pela organização” (CHIAVENATO, 2014, p. 133). De acordo com Marras (2011), a seleção de pessoas é de responsabilidade do RH que tem por finalidade escolher sobre a metodologia especifica e candidatos a empregos. Hoje a seleção nas empresas é uma ferramenta fundamental para uma boa contratação. Visto que as grandes empresas já aplicam esse processo internamente aonde possuem seu departamento de Recursos Humanos próprio, sendo que a gestão de pessoas é um assunto que vem ampliando seu espaço e relevância devido aos últimos anos por conta da valorização do capital humano dentro das organizações. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 314 ISSN 2447-3081 Para Chiavenato (2009), o recrutamento é feito a partir das necessidades dentro de uma organização, aonde consiste na pesquisa de fontes capazes de fornecer a organização número suficiente de pessoas necessárias, atraindo os candidatos que serão os futuros participantes das vagas aberta pela empresa. Fazendo a seleção internamente permite que as empresas consigam saber as reais necessidades de cada área e o tipo de profissionais que ela precisa, interagindo com as gerencias responsáveis buscando profissionais capacitados para determinadas funções. Hoje o processo de recrutamento se tornou uma das peças fundamentais para conseguir encontrar pessoas qualificadas para determinadas vagas. Para que essa seleção seja aplicada corretamente deve se tomar cuidado com algumas técnicas. Antes de iniciarmos o processo, é preciso que tenhamos em mãos uma análise da função, onde deverão estar escritas todas as tarefas que o cargo envolve as habilidades e conhecimentos necessários para o cargo as responsabilidades que este exige o horário de trabalho, o salário condizente ao cargo, de acordo com o mercado de trabalho, enfim, devemos ter analisado minuciosamente todas as características que são relevantes para o perfeito desempenho numa determinada função (SEMPLE apud FRANÇA, 2009, p. 35). A melhor maneira de representar a seleção é com uma comparação de duas variáveis sendo os requisitos do cargo pela descrição e analise do cargo a ser preenchido e o perfil das características dos candidatos por meio da aplicação das técnicas de seleção para preenchimento das vagas que estão sendo disputada (CHIAVENATO, 2009). Essas técnicas de seleção permitem que seja criado um perfil do candidato selecionado para a vaga, e se ela for bem aplicada consegue-se analisar bem os candidatos para que possa verificar qual é o mais adequado para a determinada função. O profissional que é responsável pelo recrutamento tem que sentir se o candidato vai conseguir se adaptar a cultura organizacional da empresa e se vai atender ao perfil da vaga. Para Chiavenato (2014, p. 4), “o contexto da gestão de pessoas é formado por pessoas e organizações. As pessoas passam boa parte de suas vidas trabalhando dentro de organizações. E estas dependem daquelas para poderem funcionar e alcançar sucesso”. As empresas com medo de errar em suas contratações acabam por envolver todo o pessoal de linha no processo seletivo, pois as melhores empresas querem os melhores talentos e os melhores talentos são raros. O erro acaba acarretando custos desnecessários POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 315 ISSN 2447-3081 e tempo perdido ou até mesmo não encontrando o profissional disponível mais no mercado (MARRAS, 2011). De acordo com Chiavenato (2014, p. 174) “as principais técnicas de seleção são: entrevistas, provas de conhecimento ou de capacidade, testes psicológicos, testes de personalidade e técnicas de simulação”. Figura 1 – Prós e contras da entrevista de seleção Fonte: Vogel, 2014. 2.1 Seleção por Competência Para Rabaglio (2010) o grande objetivo da seleção por competência é que através de uma metodologia, cria se um mapeamento para cada cargo fornecendo a ferramentas para que seja possível identificar o perfil e as competências do candidato, sempre focando as estratégias e as competências organizacionais. Seleção por competência apresenta não apenas tecnicamente, mas comportamentalmente a oportunidade de identificar qual é o melhor candidato, quanto mais estiver próximo do cargo menos serão os investimentos no candidato aplicando os treinamentos apenas corretivos (FRANÇA, 2009). A competência é compreendida por muitas pessoas e por alguns teóricos da administração como um conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para desenvolver suas atribuições e responsabilidades (DUTRA, 2001, p. 28). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 316 ISSN 2447-3081 Para Rabaglio (2010) uma das vantagens da seleção por competência é não se basear na intuição na hora da contratação do candidato, e sim em fatos concretos e em uma metodologia consistente testada e aprovada pelo mercado, trazendo uma maior segurança na hora da contratação. Para Matos (2006), com a competitividade nas organizações as empresas passaram a exigir mais de seus funcionários para que se adaptem ao cargo produzindo e se relacionem bem com todos da empresa, por isso a importância de pessoas qualificadas e com aptidões para ocupar suas funções. Cada organização tem que determinar qual é o processo de seleção mais adequado para sua empresa e tomar as ações necessárias. As empresas têm que se preocupar em fazer uma boa análise dos dados dos candidatos, pois é nesse momento que vai conseguir analisar se ele tem as competências necessárias, não apenas avaliar o seu currículo que na maioria das vezes ele possui um currículo perfeito com todas as exigências do cargo, como inglês, francês, faculdade, cursos entre outros, mais não tem o perfil de liderança que a vaga exige. E é nesse momento que o profissional deve aplicar dinâmicas, questionários, testes psicológicos entre outras ferramentas disponíveis no mercado, para que consiga analisar o perfil desse candidato melhor. As técnicas de seleção permitem um rastreamento das características pessoais do candidato através de amostras de seu comportamento. Uma boa técnica de seleção deve ter alguns atributos, como rapidez e confiabilidade. Ela precisa representar o melhor preditor para um bom desempenho do candidato no cargo futuro, ou seja, ter a capacidade de predizer o comportamento do candidato no cargo a ser ocupado em função dos resultados que alcançou quando submetido a essa técnica (CHIAVENATO, 2014, p. 114). O quadro 1 mostra alguns exemplos de competências de acordo com Marras (2011). Quadro 1 – Exemplos de competências Planejamento e organização Orientação para qualidade Iniciativa Solução de Problemas Liderança por objetivos Atenção Competência Técnica Estrategista Análise e Crítica Agente de Mudanças Atualização profissional e conhecimento do trabalho Equilíbrio Emocional Desenvolvimento de Pessoas Capacidade de síntese Liderança Visão Empreendedora Tolerância Organização POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 317 ISSN 2447-3081 Tomada de Decisão Visão Planejamento Administração de resultados Adaptabilidade Negociação Comunicação Monitoramento de informações Rapidez Relacionamento Interpessoal Desenvolver parcerias Motivações para o Trabalho Cooperação Ética Dividir Responsabilidades Criatividade Comprometimento Ambição Inteligência Administração de conflitos Flexibilidade Independência Desenvolvimento de pessoas e motivação de equipe Organização do trabalho Habilidade de Liderança Competitividade Sociabilidade Persuasão Fonte: Adaptado de Marras, 2011. 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Esse artigo através da pesquisa bibliográfica, buscara em livros, revistas e em mídia digital (internet) a partir de materiais já publicados. Para Marconi e Lakatos (2010), a pesquisa bibliográfica é elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. E também abordara o estudo exploratório através de questionários aplicados nas empresas se aprofundando mais no assunto. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como objetivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições (MARCONI; LAKATOS, 2010). 3.1 Empresa de Pequeno Porte e Médio Porte Empresas de pequeno porte geralmente são empresas que podem ter até 49 empregados e cujo faturamento anual esteja entre R$2,400.000,00 e R$16.000.000,00. Já a empresa de médio porte possuem entre 50 e 99 funcionários e tem seu faturamento anual na faixa de R$16.000.000,00 e R$90.000.000,00 (FREITAS, 2014). Estudos realizados tanto na Europa como nos Estados Unidos comentam sobre a importância das pequenas e médias empresas na geração de empregos. Representam cerca de 63% das empresas brasileiras que possuem um crescimento anual no número de POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 318 estabelecimentos superior ao das empresas de grande porte, essas pequenas e médias empresas no meio empresarial são responsáveis por mais da metade dos empregos formais urbanos no Brasil (PÍSCOPO; RYNGELBLUM; VIANNA, 2013). Píscopo, Ryngelblum e Vianna (2013) as empresas de pequeno e médio porte, dentre outras vantagens comparativas em relação às grandes empresas, de um processo mais flexível de tomada de decisão, conseguem atender mais rapidamente às necessidades dos consumidores e têm mais facilidade para estabelecer parcerias, essas empresas se destacam dentro da atual realidade global, conforme apontado no site World of Small Business, responde por mais de 95% das atividades de negócio de todos os países. As empresas de pequeno e médio porte são de extrema importância para promover o crescimento e desenvolvimento econômico, de qualquer região, criando empregos e renda, e melhorando a qualidade e as condições da população e também porque não dizer contribuindo para a melhoria da qualidade de vida delas (FRANÇA, 2009). A busca pela competitividade que movimenta o mercado empresarial em todo o mundo, fruto da globalização, fez com que as pequenas e médias empresas se adequassem a este contexto dinâmico, entretanto as dificuldades de adequação e aculturamento dos processos internos fez com que essas empresas estivessem à margem do desenvolvimento adequado a sua interação com o mercado. O nível de competitividade é proporcional a dinâmica das mudanças internas dentro da empresa e a suposta adequação das pessoas que operam esses processos dentro desta condição são apresentadas e os critérios de sobrevivência das pequenas e médias empresas no mercado onde estão inseridos (FUENTEFRIA; NICCHELLATTI, 2010). Diante do cenário vivenciado por organizações de pequeno e médio porte, muitas não possuem uma área muito menos estratégias de Recursos Humanos e acabam priorizando processos de Departamento Pessoal como a atividade principal de gestão de seus colaboradores. Esta visão de gerenciamento faz com que muitas destas organizações realizem uma Gestão de Pessoas apenas operacional e não tenham real conhecimento dos custos decorrentes de uma má gestão ou que impactos motivacionais podem gerar. Dentre estas estratégias está a realização de um processo de Recrutamento e Seleção coerente com a realidade da organização. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 319 ISSN 2447-3081 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS As empresas atualmente estão optando por contratar empresas terceirizadas para realizar o processo de seleção dos cargos disponíveis, porem essas empresas acabam por muitas vezes aplicando questionários fazendo entrevistas mais nem sempre conhecem a fundo a cultura e o perfil da organização para a qual está recrutando esse profissional, acabando por contratar profissionais que possuem conhecimento e se enquadram sim nas qualificações em que a empresa necessita. Mais por vezes não tem a competência que o cargo necessita para que possa desenvolver suas atividades do dia a dia. Atualmente o recrutamento e seleção se tornaram uma das mais ricas ferramentas para se lidar com a gestão de pessoas em uma organização. Através disso as organizações vêm percebendo que os colaboradores são parceiros e não simples funcionários, assim lidar com pessoas é vantagem competitiva para as organizações que pretendem obter sucesso. Apesar de possuir um custo operacional aparentemente elevado, o processo seletivo proporciona importantes resultados para a organização, adequando as pessoas ao cargo, gerando satisfação no trabalho, melhoria gradativa do potencial humano através da escolha sistemática dos melhores talentos e o incremento do capital humano, o que significa aumento de competências e do capital intelectual (CHIAVENATO, 2014). REFERENCIAS CHIAVENATO, I. Recursos humanos: o capital humano das organizações. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2009. ______. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. ______. Introdução à teoria geral da administração. 9. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2014. FRANÇA, A. C. L. Práticas de recursos humanos: conceitos, ferramentas e procedimentos. São Paulo: Atlas, 2009. FUENTEFRIA, A. H.; NICCHELLATTI, T. P. Análise dos processos internos relacionados ao mercado de tecnologia e inovação de uma empresa de pequeno porte. Revista Interdisciplinar Científica Aplicada, Blumenau, v.4, n.1, p.01-20, Sem I 2010. Disponível POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 320 em: <http://rica.unibes.com.br/index.php/rica/article/viewFile/357/315> Acesso em: 13. set. 2015. FREITAS, C. Glossário de contabilidade para empresários: definições sobre a empresa. 2014. Disponível em: <http://www.syhus.com.br/2014/09/03/glossario-decontabilidade-para-empresarios-definicoes-sobre-empresa/> Acessado em 13 de set 2015. MARRAS, J. P. Administração de recursos humanos: do operacional ao estratégico. 14. ed. São Paulo: Futura, 2011. MATOS, P. P. de. A importância da seleção por competências. 2006. Disponível em <http://www.rh.com.br/Portal/Recrutamento_Selecao/Artigo/4625/a-importancia-daselecao-por-competencias.html> Acesso em: 01. jul. 2015. MARCONI, M. A; LAKATOS, E. M. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 2010. RABAGLIO, M. O. Seleção por competências: atração e captação de talentos humanos. São Paulo: QualityMark, 2010. VIANNA, N. W. H.; PISCOPO, M. R.; RYNGELBLUM, A. L. Internacionalização da pequena e média empresa brasileira: o caso da indústria de máquinas-ferramenta. <http://urisaoluiz.com.br/anaisdocoloquio/divulgacaofinal/trabalhos/MARLENE%20BIEGER.pdf> Acesso em: 13 set. 2015. VOGEL, V. K. Técnicas que auxiliam na escolha do candidato certo para a vaga – PARTE 02: Seleção! Disponível em: <http://www.recrutebem.com.br/2014/11/25/tecnicasque-auxiliam-na-escolha-do-candidato-certo-para-a-vaga-parte-02-selecao/> Acesso em: 01. jul. 2015. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 321 ISSN 2447-3081 SUGESTÃO DA IMPLANTAÇÃO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO NO SUPERMERCADO PANELA CHEIA DA CIDADE DE BAURU – SP Zenildo Costa de Abreu– FAAG1 Fernanda Serotini Gordono – FAAG2 Marcos Daniel Gomes de Castro – FACOL3 RESUMO O presente trabalho sugere ao Supermercado Panela Cheia da cidade de Bauru - SP a implantação da avaliação de desempenho. Apontando os principais objetivos da avaliação de desempenho no trabalho. Informa através de pesquisas e estudos de caso a sua aplicação e utilização para conquistar melhores resultados visando o melhor desempenho e obtenção de êxito tanto para a empresa quanto para os colaboradores em cada área de atuação. A metodologia utilizada foi um levantamento bibliográfico sobre o assunto onde foi apresentada a importância da avaliação de desempenho do colaborador na empresa quanto à influência da satisfação na sua produtividade. Obter maior conhecimento de cada colaborador assim conseguindo mostrar as dificuldades e os principais erros que possam comprometer o aproveitamento dos colaboradores e assim traçar uma estratégia comportamental. Concluindo que a principal intenção da avaliação de desempenho para a organização é contribuir para um maior crescimento e desenvolvimento pessoal aumentar o estímulo e motivação individual e assim consequentemente no resultado final da organização. PALAVRAS-CHAVE: Estratégia. Avaliação de desempenho. Organização. Desenvolvimento. ABSTRACT This work suggests the Supermarket pan full of Bauru - SP deployment of performance evaluation. Pointing out the main objectives of the evaluation of work performance. Reports through research and case studies to their application and use to achieve better results in the best performance and achieving success for both the company and for employees in each area. The methodology was a literature on the subject which was presented to the importance of evaluating performance of the employee in the company as the influence of satisfaction in their productivity. Better knowledge of each employee as well able to show the difficulties and the major errors that could compromise the use of employees and thus draw a behavioral strategy. Concluding that the main purpose of performance evaluation for the organization is to promote greater personal growth and development to increase the individual motivation and encouragement and so therefore the final result of the organization. KEYWORDS: Performance evaluation. Organization. Development. Strategy. 1 Aluno do Curso de Especialização em Projetos. Professora Orientadora: Fernanda Serotini Gordono. Mestre em Engenharia de Produção 3 Mestre em Engenharia de Produção. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 322 1 INTRODUÇÃO O grande desafio atual das empresas é identificar e implantar técnicas de avaliação que possam garantir a melhoria e a retenção do colaborador na empresa. Nesse contexto, as organizações precisam estar alinhadas com suas definições estratégicas e sustentadas por informações para que possam criar ações e políticas de retenção e administração de seus talentos na organização. Ao avaliar as competências pessoais e corporativas, as empresas conseguem conhecer seus colaboradores e fazer políticas mais pontuais para motivá-los, além de criar ações para corrigir falhas e déficits dos colaboradores. Por isso, faz-se necessário implantar ações que permitam conhecer, potencializar, integrar e subsidiar a gestão dos talentos e das competências individuais e institucionais em diferentes perfis de organizações. Tendo em vista um cenário competitivo e a necessidade de desenvolvimento contínuo para acompanhar a gerar a mudança no ambiente organizacional, muitas empresas começam a implantar a avaliação de desempenho, levando em consideração o fator humano, que é um diferencial importante nas organizações. Desta forma, a avaliação de desempenho caracteriza-se como uma das ferramentas mais eficaz em gestão de recursos humanos e tem sido amplamente adotada por grandes empresas no Brasil, com o objetivo de estabelecer uma direta relação entre as competências individuais e a estratégia organizacional. O presente artigo pretende sugerir a implantação da avaliação de desempenho no Supermercado Panela Cheia na cidade Bauru – SP. 2 A AVALIÇÃO DE DESEMPENHO E AS PESSOAS NA ORGANIZAÇÃO As pessoas buscam seu próprio centro e esse processo envolve de um lado, a interação com os outros, e de outro, consigo mesmo. Isso significa contar com a impressão, o julgamento e o feedback de outras pessoas e do próprio julgamento sobre si mesmo. Para Chiavenato (2010), isso é a avaliação da própria realidade, e mesmo que natural, nem sempre é pacífico. O processo de percepção é um fenômeno que antecede o de julgar ou avaliar o outro. De acordo com Robbins (2010), a avaliação de desempenho é um excelente meio através do qual se pode localizar problemas de supervisão e gerencia, de integração das POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 323 pessoas à organização, de adequação da pessoa ao cargo, de localização de possíveis dissonâncias ou carências de treinamento. É um poderoso meio de resolver problemas de desempenho e melhorar a qualidade do trabalho e qualidade de vida dentro das organizações. É o processo de rever a atividade produtiva passada para avaliar a contribuição que os indivíduos fizeram para o alcance dos objetivos do sistema administrativo. É imprescindível para ter o conhecimento sobre a sucessão de objetivos da organização e detectar os problemas mais comuns. Avaliar o desempenho de cada colaborador é obter um conhecimento sobre a dinâmica comportamental de cada pessoa junto do trabalho que é realizado e o próprio ambiente onde ocorrem as ações. A avaliação de desempenho é uma forma de valorizar as qualidades do colaborador e a sua contribuição para a organização e também uma forma da empresa saber como os colaboradores desempenham suas funções e ter um parâmetro sobre o potencial de cada um. Para Chiavenato (2010), a avaliação de desempenho é uma apreciação sistemática do desempenho de cada pessoa, em função das atividades que ela desempenha, das metas e resultados a serem alcançados e do seu potencial de desenvolvimento. A avaliação é um processo que serve para julgar ou estimar o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa e, sobretudo qual é a sua contribuição para o negócio da empresa. O desempenho no cargo é influenciado por diversas variáveis, tais como: valor das recompensas, percepção de que as recompensas dependem de esforço, percepção do papel, habilidades da pessoa e esforço individual. Os objetivos da avaliação de desempenho segundo Robbins (2010) são: Objetivos Básicos: Melhorar os resultados dos Recursos Humanos da organização. Objetivos Intermediários: adequação do indivíduo ao cargo; feedback e auto aperfeiçoamento para o funcionário; treinamento; promoções, transferências; incentivo salarial; estímulo à maior produtividade; estabelecimento de metas; estimativa do potencial dos funcionários; conhecimento dos padrões de desempenho da organização, etc. Segundo Chiavenato (2010), existem 6 questões fundamentais na avaliação de desempenho: Por que avaliar o desempenho?; Qual o desempenho que deve ser avaliado?; POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 324 Como avaliar o desempenho?; Quem deve fazer a Avaliação de Desempenho?; Quando avaliar o desempenho?; Como comunicar a avaliação de desempenho? Avaliação de desempenho relacionada a organização é um processo dinâmico, algo que pode mensurar, avaliar e medir a parte comportamental do colaborador, no qual pode ser de diversas formas, auto avaliação, avaliação por parte da chefia imediata, avaliação de grupo, etc. Para Robbins (2010), o que deve ser medido em uma avaliação de desempenho é: Resultados: que devem ser concretos e se foram alcançados dentro de certo período de tempo. Desempenho: trajetória para alcançar o objetivo pretendido. Fatores críticos de sucesso: os aspectos fundamentais para que a organização seja bem-sucedida nos seus resultados e no seu desempenho. De acordo com Chiavenato (2010), há muito benefícios que a avaliação de desempenho pode trazer, dentre os quais são demonstrados no quadro 1. Quadro 1 - Benefícios da Avaliação de Desempenho Benefícios da Avaliação de Desempenho • Avaliar o desempenho e o comportamento dos subordinados de forma mais objetiva; Para o Gestor • Propor planos para melhorar o desempenho dos funcionários; • Melhorar a comunicação com os funcionários. • Conhecer as “regras do jogo/empresa”. • Conhecer as expectativas de seu chefe, da organização e conhecer seus pontos Para o fracos e fortes. Colaborador • Conhecer as providências necessárias para melhorar seu desempenho. • Fazer auto avaliação e autocrítica quanto ao autocontrole e auto desenvolvimento. • Avaliar seu potencial humano no curto, médio e longo prazos; • Identificar necessidades de treinamento e desenvolvimento. Para a • Identificar pessoas com potencial para investimento (promoção). Empresa • Dinamizar sua política de RH, estimulando a produtividade e melhorando o relacionamento interno. Fonte: Adaptado de Chiavenato, 2010. Portanto a avaliação de desempenho tem como objetivo maior, mapear os resultados apresentados pelos funcionários, visualizando os pontos fortes e fracos com o intuído de estabelecer um plano de ação de melhoria de qualidade dos produtos e serviços prestados, a avaliação procura diminuir as incertezas, e é possível através dela ter aumento de salário, promoções para novos cargos ou demissões a até mesmo possibilita a verificar o que a empresa espera do colaborador e qual o desempenho esperado por ela. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 325 Infelizmente ainda no meio empresarial é muito difícil à realização da avaliação de desempenho, pois muitas empresas não conseguem ter uma visão ampla e os benefícios e os benefícios proporcionados a pela avaliação de desempenho. 2.2 Métodos de Avaliação de Desempenho Há uma variedade de métodos, por essa razão, muitas organizações constroem seus próprios sistemas de avaliação ajustando as características peculiares do pessoal. Chiavenato (2010) afirma que uns dos fatores principais para o sucesso da avaliação desempenho é a escolha adequada do tipo de instrumento que se vai utilizar. Isso está diretamente ligado aos objetivos pretendidos pela avaliação, é muito importante que se tenha claramente aonde quer chegar assim para facilidade maior na escolha do método. As avaliações podem ser classificadas como: avaliação direta ou absoluta e avaliação relativa ou por comparação. a) Avaliação direta e absoluta É onde o avaliador foca apenas no funcionário, analisando seus pontos fortes e fracos, em seu determinado tipo de trabalho descrevendo com detalhes todas essas ações e assim comparando aos padrões exigidos e desejados. Como exemplo de avaliação direta ou absoluta, são os métodos mais frequentes como: Relatórios verbais: quando o gestor solicita aos seus líderes de forma verbal a avaliação dos funcionários sobre sua responsabilidade, descrevendo seus comportamentos, principais defeitos e qualidade. Relatórios escritos: é um relatório descritivo, com o uso de vocabulário que for conveniente, tendo total liberdade para comentários. Essa avaliação não utiliza apenas a ficha de avaliação para levantar opiniões dos avaliadores e sim outros instrumentos que tiverem a disposição. b) Instrumentos de Avaliação Relativa ou por comparação O instrumento avalia não apenas o funcionário individualmente, mas sim sua eficiência relativa dentro do grupo no qual está incluído possibilitando sua comparação uns com os outros. Podem ser divididas em: Sistema de classificação: o avaliador é solicitado a distribuir seus funcionários, classificando-os como um grupo, desde o melhor até o pior dentro de uma mesma escala. Para facilitar o avaliador o mesmo poderá utilizar sistema de POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 326 ISSN 2447-3081 cartões que contém o nome de cada elemento a ser avaliado ao invés de nomes dos funcionários, conforme mostra a figura 1. Figura 1 - Modelo de Sistema de Classificação Fonte: Chiavenato, 2010. Os sistemas de avaliação não só consideram os indivíduos, mas também as características dos trabalhos que cada um deles executa. Há cinco métodos mais utilizados na avaliação de desempenho; escalas gráficas, escolha forçada, pesquisa de campo, incidentes críticos e listas de verificação. Escalas gráficas: primeiramente deve se destacar os fatores que irão servir como instrumento de aferição e comparação de desempenho dos funcionários envolvidos. Assim os funcionários que chegam mais próximo desses fatores são aqueles que desempenham melhor suas atividades, não importando exatamente qual o cargo que ocupam. O número de fatores avaliados varia entre 5 a 10 dependendo do interesse de cada organização. É um método baseado em uma tabela de dubla entrada: nas linhas estão fatores de avaliação e nas colunas estão os graus de avaliação do desempenho. Definidos os fatores, o próximo passo é a definição dos graus de avaliação para definir as escalas de variação do desempenho em cada fator. Podem se utilizar de 3 a 5 graus de avaliação: Ótimo; Bom; Regular; Sofrível; Fraco. O método tem como pontos positivos a facilidade de planejamento e de construção do instrumento de avaliação, simplicidade e facilidade de compreensão e de utilização, facilidade na comparação de resultados. Entretanto como pontos negativos superficialidade e subjetividade na avaliação do desempenho e podem causar grandes inconvenientes ao invés de grandes indicações, podendo levar a erros tão sérios que comprometem a avaliação ou até mesmo invalidam os resultados. Os dois erros mais graves são efeito de halo onde independente da variação de classificação do avaliado o avaliador irá pelo que mais chama atenção, ou seja, se o avaliador considera um bom funcionário pelo seu julgamento, não irá se atentar com os pontos negativos e desconsiderar isto na avaliação, mas se caso POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 327 ISSN 2447-3081 o avaliador tiver um julgamento ruim do funcionário, os pontos positivos deste não irá aparecer na avaliação, tendo seu avaliador julgado pelo conceito geral. Outro erro é a “tendência central” onde o avaliador mal informado ou despreparado tem medo de atribuir notas muito baixas ao avaliado, pois esse tipo de resultado pode levar ao descontentamento do funcionário e sua dispensa. Assim, como medo de atribuir notas muito altas e vir perder seu cargo futuramente para este avaliado ou perdê-lo de sua equipe ocasionando uma perde de produção. Sendo assim o avaliador ira optar pelas notas medianas, com isso o resultado não terá utilidade pratica, pois todos os funcionários são medianos e iguais no desempenho da função. A figura 2 mostra seu funcionamento. Figura 2 - Modelo de Escala Gráfica Fonte: Chiavenato, 2010. Escolha forçada: este método tem como característica eliminar a superficialidade, a generalização e a subjetividade. A avaliação pode ser composta de 2 a 4 frases e o avaliador deve forçadamente escolher a melhor frase que se enquadra com seu funcionário assim como a que menos se enquadra. Consiste em avaliar o desempenho das pessoas através de blocos de frases descritivas que focalizam determinados aspectos do comportamento. Os pontos positivos desta avaliação são: evita o efeito de generalização, tira a influência pessoal do avaliador e não requer treinamento para a aplicação. Já os pontos negativos são: complexidade na construção da avaliação, nenhuma participação ativa do avaliado POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 328 ISSN 2447-3081 e não proporciona uma visão global de resultados. Esta avaliação é considerada como relativa ou por comparação, que dá uma ideia geral do avaliado perante o grupo de trabalho e arremata as observações parciais feita em cada umas das rubricas utilizada na ficha. A figura 3 mostra Modelo de Escolha Forçada. Figura 3 - Modelo de Escolha Forçada Fonte: Chiavenato, 2010. Pesquisa de campo: tende a ser a mais completa das avaliações, onde um especialista e o gestor juntos acabam avaliando e discutindo o resultado para obter um melhor desempenho da avaliação. O método é composto por 4 etapas; entrevista de avaliação inicial, entrevista de análise complementar, planejamento das providências e acompanhamento posterior dos resultados. Essa avaliação envolve pontos positivos e pontos negativos. Os pontos positivos é que envolve responsabilidade de linha e o especialista em avaliação, permite planejamento de ações para o futuro, proporciona profundidade na avaliação. E os pontos negativos são o alto custo operacional elevado, processo lento e demorado e pouca participação do avaliado. A figura 4 mostra a pesquisa de campo. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 329 ISSN 2447-3081 Figura 4 - Modelo de Pesquisa de Campo Fonte: Chiavenato, 2010. Incidentes críticos: é um método tradicional, onde visa não o desempenho normal dos funcionários mais sim o excepcional, tanto pelo lado negativo quanto positivo. Baseia nas características extremas (incidentes críticos) que representam desempenhos positivos (sucesso) ou negativos (fracassos). A figura 5 mostra o modelo Incidentes Críticos. Figura 5 - Modelo Incidentes Críticos Fonte: Chiavenato, 2010. Lista de verificação: baseado em uma relação de fatores de avaliação a serem considerados a respeito de cada funcionário, onde são avaliados como uma espécie POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 330 ISSN 2447-3081 de lembrete, recebendo um valor quantitativo. Uma forma de avaliação direta e absoluta representa um grande aperfeiçoamento do instrumento de avaliação das diferenças individuais de desempenho. Porém, pouca utilizada nas empresas devida o alto nível técnico para aplicação, pois consomem um grande tempo em sua elaboração e estudos estatísticos. Basicamente é uma série de frases, onde são enumerados comportamentos características do colaborador e o avaliador terá que assinalar as frases que melhor descrevem o avaliado. Estas avaliações escolhem um grande número de afirmativas que deverão descrever os possíveis aspectos do comportamento em situações praticas do trabalho sendo elas os mais desfavoráveis até os de maior produtividade, essas afirmativas deverão ser examinadas por elementos com especialização em cada área da organização. A figura 6 mostra o modelo de lista de verificação. Figura 6 - Modelo de lista de verificação Fonte: Chiavenato, 2010. 3 ESTUDO DE CASO: Histórico da Empresa: Panela Cheia Supermercados A empresa D. A. Chies-EPP iniciou suas atividades em 1992, quando Dirceu Antonio Chies comprou uma mercearia localizada na Rua Silva Jardim nº 21-31, Jardim Gerson França em Bauru-SP. Um ano após a compra do ponto ele adquiriu também o prédio. Contando sempre com o apoio de sua esposa Sra. Elizabeth, Dirceu decide construir um prédio em frente à mercearia. Em 1993, o prédio foi inaugurado e passou a obter mais clientes, em 1995 o minimercado que contava apenas com itens de mercearia e hortifrúti, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 331 passa a atender também com carnes e frios após uma ampliação no prédio. Em 2000 após momentos de dificuldades com a abertura de um grande supermercado nas suas proximidades a empresa resolve investir na construção de um novo salão ao lado do prédio atual para dobrar a área de vendas e seu mix de produtos. Em 2005, a reinauguração aconteceu com aproximadamente 500m² de área de vendas, 4 check outs informatizados, câmaras frias modernas e um quadro de funcionários maior (15 funcionários) o mercado torna-se mais competitivo, com maior variedade de itens, espaço adequado na loja e um ambiente mais agradável. No início de 2006, toma-se a decisão de construir uma padaria visando um atendimento melhor aos seus clientes, o que tem sido o objetivo principal de seu fundador desde o início. O Supermercado Panela Cheia é composto por 30 funcionários, sendo entre eles, repositores, caixas, atendentes e gerencia, está feita pela família. 4 RESULTADOS OBTIDOS Os pesquisadores procuraram os administradores do Supermercado Panela Cheia, após relatos de colaboradores que informaram que o supermercado não utilizava a avaliação de desempenho. O primeiro contato aconteceu no dia 30 de abril de 2015, onde os pesquisadores foram recebidos no supermercado por um dos donos, que ocupa um cargo de gestão na empresa, inclusive realizando funções na área de Recursos Humanos. O Gestor nos informou que a empresa não utilizava mesmo a avaliação de desempenho e também que não tinha muito conhecimento sobre o assunto. Então, ficou acordado que os pesquisadores iriam elaborar um material para esse gestor e demonstrar o que é a avaliação de desempenho, sua importância, suas vantagens, e o que a empresa poderia estar ganhando com sua aplicação. Assim, poder utilizar essa ferramenta como uma poderosa ferramenta de gestão, uma vez que através dela a empresa poderia conhecer melhor seus colaboradores, podendo assim, realizar políticas motivacionais, para a fidelização do seu colaborador. A partir dessa reunião, os pesquisadores já começaram a montar o material sobre a avaliação de desempenho para apresentar para o gestor. Esse material foi embasado no referencial bibliográfico desse trabalho. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 332 ISSN 2447-3081 O segundo encontro aconteceu no dia 02 de agosto de 2015 no supermercado, onde foram recebidos pelo gestor, mais um dos donos e o gerente da loja. Os pesquisadores mostraram os tipos de avaliação, sua importância, suas vantagens, enfim, deram todas as informações pertinentes sobre o assunto. Após a apresentação, que foi muito elogiado por todos, ficou estabelecido que eles iriam conversar melhor sobre o assunto e iriam escolher um dos tipos de avaliação e informariam os pesquisadores. No dia 04 de maio de 2015, o gestor do supermercado informou aos pesquisadores que o método escolhido é o das Escalas Gráficas, pois é um método fácil de se entender, uma vez que é baseado em uma tabela de dupla entrada, onde nas linhas estão os fatores de avaliação e nas colunas estão os graus de avaliação de desempenho, que constituem comportamentos e atitudes selecionados a valorizados pela organização. Também foi informado que a avaliação de desempenho começará a ser aplicada a partir do mês de novembro de 2015. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Portanto, com a elaboração do trabalho pudemos verificar o quanto a avaliação de desempenho é importante em uma organização, e que traz muitas vantagens para as organizações que a utilizam como ferramenta de gestão. Pode-se aprender que a avaliação é um processo que serve para julgar ou estimar o valor, a excelência e as qualidades de uma pessoa e, sobretudo qual é a sua contribuição para o negócio da empresa. Assim, conhecer os tipos de avaliação existentes e quais as empresas podem se adequar ao melhor tipo, como aconteceu com a empresa estudada, que escolheu a escala gráfica para aplicar em seus colaboradores. O trabalho atingiu os objetivos propostos, uma vez que deveríamos mostrar e sugerir aos administradores do Supermercado Panela Cheia da Cidade de Bauru a aplicação da Avaliação de Desempenho e após os encontros a empresa resolveu aderir a sua aplicação. . REFERÊNCIAS BERGAMIN, C., W. Avaliação de desempenho humano na empresa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2007. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 333 CHIAVENATO, I. Administração nos novos tempos. 2. ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 2010. GRAMIGNA, M. R. M. Modelo de competência e gestão dos talentos. 2. ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: Ibpex, 2006 LACOMBE, F.; HEILBORN, G. Administração: princípios e tendências. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. LEME, R. Aplicação pratica de gestão das pessoas por competências. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. MAXIMIANO, A. C. A. 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A função principal do gerente de projeto é a de identificar previamente, mensurar e desenvolver procedimentos de mitigação para fatores que possam impactar qualquer desses pilares, trazendo como consequência riscos para o sucesso do projeto. O avanço da tecnologia e da metodologia de gestão tem buscado tratar as variáveis que até pouco tempo atrás estavam fora do controle dos gestores de projeto, fazendo com que o nível de risco envolvido seja reduzido, levando a maior segurança e confiabilidade com relação às estimativas iniciais para o projeto. Com relação ao pilar que trata dos recursos, o fator mais importante é a disponibilidade, ou seja, um problema em um servidor, ou a perda de uma cópia do banco de dados, para citar alguns exemplos simples, pode causar grandes impactos no andamento do projeto. Portanto, garantir a disponibilidade passou a ser fator determinante de redução de riscos na gestão de projetos. Este trabalho tem o objetivo de demonstrar como a interrupção da disponibilidade de recursos pode afetar o resultado de um projeto, com foco na tecnologia de virtualização, que tende a aumentar os níveis de disponibilidade. PALAVRAS-CHAVES: Disponibilidade. Gestão de Projetos. Recursos. Virtualização. ABSTRACT Project management is based on three fundamental pillars of cost management, time management and management of resources, whether human resources, technology, physical infrastructure and others. The main function of the project manager is to previously identify, measure and develop mitigation procedures for factors that may affect any of these pillars, bringing as a consequence risks to project success. The advance of technology and management methodology has sought to deal with the variables that until recently were beyond the control of project managers, causing the level of risk involved is reduced, leading to greater security and reliability with respect to the initial estimates for the project. Regarding the pillar dealing with resources, the most important factor is the availability, ie, a problem on a server, or the loss of a copy of the database, to name a few simple examples, can cause big impacts on the progress of project. Therefore ensure the availability became 1 Aluno do Curso de Especialização em Gestão de Projetos. Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. 3 Professora e Coordenadora do Curso de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos da FAAG. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 335 a determinant of risk reduction in project management. This paper aims to demonstrate how the interruption of availability of resources can affect the outcome of a project, focusing on virtualization technology, which tends to increase the levels of availability. KEYWORDS: Availability. Project Management. Resources. Virtualization. 1 INTRODUÇÃO O avanço da tecnologia mexeu com a percepção de propriedade que imperava no início da computação. Para se chegar à noção atual de que os dados são de propriedade da empresa e devem estar disponíveis para serem analisados e suportar o processo de decisão percorreu um longo e difícil caminho de quebra de paradigmas. As empresas existem para fornecer produtos e serviços que são necessidades das sociedades modernas e se tornaram tão complexas que atualmente são constituídas de muitas diferentes áreas trabalhando em sintonia para garantir a continuidade de seu funcionamento. A cada vez mais acirrada competição do mundo capitalista de hoje em dia leva a um cenário no qual não basta oferecer o melhor produto ou serviço. Para manterem-se competitivas, as empresas buscam incansavelmente a eficiência dos processos e a redução de custos e uma forma de alcançar tais objetivos é a avaliação contínua de processos e tecnologias dentro da empresa. É nesse cenário que a área de Tecnologia da Informação se coloca como uma das que mais oferecem alternativas de redução de custos devido à sua própria característica de dinamismo no que diz respeito ao surgimento de novas tecnologias, métodos e procedimentos. Nas últimas décadas vem se consolidando o conceito de Gestão de Projetos como uma forma de desenvolver processos mais eficientes suportados por ferramentas de novas tecnologias que ofereçam a possibilidade de tornar e manter a empresa mais competitiva. Porém, o próprio processo de Gestão de projetos necessita ser rápido, eficiente, com maior controle e menor custo possível. Dentre os fatores que impactam o sucesso de um projeto, a disponibilidade de recursos figura como um dos mais importantes. Uma das tecnologias que possibilita mitigar os problemas de indisponibilidade de recursos é a Virtualização, que é uma ideia bastante antiga, porém que somente no final da POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 336 ISSN 2447-3081 década de 1990 ganhou força e passou a ser conhecida da forma que a aplicamos atualmente (ÂNGELO, 2012). 2 ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 Histórico da Virtualização De acordo com Bueno (2009), há pontos marcantes na história, conforme mostra a figura 1. Figura 1 – Pontos marcantes da história da virtualização Fonte: Elaborado com base em Bueno, 2009. Ainda de acordo com o autor, o estudo da virtualização começou nos anos 1960, época em que os computadores de enorme porte tinham alta velocidade de processamento, porém desperdiçavam muito tempo de máquina, uma vez que o gerenciamento dos processos era feito manualmente por um operador. Foi nesse cenário que se começou a buscar uma forma de tornar esse gerenciamento automático (VERAS, 2011). Piazzalunga (2005) descreve que, no início a ideia era executar diversos processos de forma paralela, sendo criado assim o conceito de time sharing (tempo compartilhado), que é uma tecnologia que torna possível um aumento da eficiência do aproveitamento do tempo de máquina, através da utilização do tempo, até então inerte entre processos, para POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 337 executar tarefas de outros processos. Assim, são executados ao mesmo tempo muitos trabalhos com a dedicação, por parte do processador central, de pouco tempo por vez para cada trabalho. Este chaveamento entre processos é extremamente rápido, não sendo percebido pelos usuários. No ano de 1972, surgiram as bases de uma da teoria para construir a arquitetura de sistemas computadorizados virtuais. O lançamento foi feito através de uma apresentação em Harvard realizada pelo cientista da computação americano, Robert P. Goldberg. No mesmo ano, a IBM lançou uma mainframe com capacidade de execução de diferentes sistemas operacionais em paralelo, usando o conceito de um programa de controle chamado de hypervisor (VARGAS, 2009). Veras (2011), a linha de computadores /370 da IBM foi a primeira a ser projetada para trabalhar com o conceito de virtualização que, através do sistema operacional CP/CMS 1, era capaz de executar ao mesmo tempo mais de uma seção. A linha que a sucedeu foi a IBM z/VM2, na qual a virtualização era realizada via hardware de forma mais completa. O sistema que ficou conhecido como VM/CMS3 tem avaliações muito boas e é muito usado tanto na indústria quanto no mundo acadêmico. Grande parte das implementações conhecidas atualmente se originaram dessa tecnologia da IBM, que foi fundamental para o progresso no tratamento de grandes volumes de dados como, por exemplo, no caso dos bancos que foram pioneiros na utilização de tecnologia de ponta no Brasil. A partir da redução da utilização da tecnologia de mainframe e o aumento da utilização da plataforma x864, o conceito de virtualização passou por um período de muitos anos de esquecimento. De acordo com publicações da VMWare5, a arquitetura x86 começou a ser utilizada como padrão apenas nos anos 1990 devido ao crescimento da utilização dos sistemas operacionais Windows e Linux. Como comprar um mainframe se tornou muito caro, as empresas começaram a investir gradativamente na compra de servidores da plataforma x86. Assim, a empresa conseguia evitar um custo inicial muito elevado com a compra de mainframe adquirindo CP/CMS – Control Program/Cambridge Monitor System – Sistema operacional de time sharing do final dos anos 60 e início dos anos 70. 2 IBM z/VM – versão de Sistema Operacional para máquinas virtuais. 3 VM/CMS - Virtual Machine/Conversational Monitor System. 4 x86 - nome genérico dado à família (arquitetura) de processadores baseados no Intel 8086, da Intel Corporation. 5 VMware - software/máquina virtual que permite a instalação e utilização de um sistema operacional dentro de outro dando suporte real a softwares de outros sistemas operativos. 1 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 338 servidores menores de acordo com a demanda. Porém, a utilização desses servidores passou a ser feita de forma dedicada, ou seja, cada servidor passou a ser utilizado para a execução de apenas uma aplicação. O motivo principal da adoção de tal prática era garantir uma boa margem de folga contra problemas de dimensionamento de hardware. Com base em estudos publicados pela International Data Corporation a subutilização de uso das CPUs chegava a ficar entre 10 a 15% da sua capacidade total, causando um retorno ao problema original dos mainframes dos anos 1960, ou seja, subutilização (VARGAS, 2011). O próximo passo só aconteceria em 1999, quando a VMWare Inc. trouxe o conceito de virtualização para a plataforma x86. Porém, apenas no ano de 2005 os fabricantes de processadores como Intel com sua tecnologia Intel VT e a AMD com a tecnologia AMD-V começaram a se preocupar com a melhoria de suporte via hardware em seus produtos. Estas tecnologias trouxeram funcionalidades muito específicas e complexas, que permitem que hypervisores sejam utilizados com a técnica de virtualização completa (full virtualization), o que torna mais fácil a implementação e potencializa a melhoria de desempenho (BUENO, 2009). Atualmente, a aplicação dessas tecnologias é largamente difundida e transparente para os usuários finais. No mundo moderno, a necessidade de permanecer conectado a qualquer momento e em qualquer lugar e trocando grandes volumes de informações, cenário fortemente favorecido com o advento da Internet, o desenvolvimento de tecnologias que possibilitem extrair o máximo da capacidade dos processadores é de fundamental importância. 2.2 Principais Conceitos As máquinas que são as hospedeiras de programas e arquivos em redes de computadores necessitam de grande poder de processamento. Essas máquinas, chamadas de servidores, possuem unidades de processamento central (CPUs) com múltiplos processadores que lhes possibilitam executar facilmente tarefas complexas (PIAZZALUNGA, 2005). Os administradores de redes de computação geralmente dedicam um servidor a uma tarefa ou aplicativo específico. A maior parte dessas tarefas não funciona bem quando realizadas em conjunto com outras, ou seja, cada uma necessita de uma máquina exclusiva. Ter apenas uma aplicação por servidor também facilita o diagnóstico e solução POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 339 ISSN 2447-3081 de problemas. É uma forma simples de criar uma rede de computadores enxuta, do ponto de vista técnico. Entretanto, esta abordagem não aproveita o poder de processamento dos servidores modernos. A maioria dos servidores emprega apenas uma fração de sua capacidade de processamento. Outro problema é que, à medida que uma rede de computadores cresce e se torna mais complexa, os servidores começam a demandar muito espaço físico. Um centro de dados pode ficar cheio de racks de servidores que consomem muita energia e geram calor. Para tentar resolver essas duas questões surgem os servidores virtuais que, através de um conjunto de programas especialistas, o administrador pode transformar um servidor físico em várias máquinas virtuais. Cada máquina virtual é como um equipamento físico único capaz de executar seu próprio sistema operacional (SO). Em teoria, pode-se criar número de servidores virtuais até usar toda a capacidade de uma máquina, porém essa não é a melhor prática. Cada tipo de tarefa demanda um tipo de virtualização específico. Na figura 2 é demonstrada a relação de softwares adequada para cada tipo de tarefa: Figura 2 – Softwares por tipo de tarefa de virtualização Fonte: Elaborado com base em Bueno, 2009. Com a introdução de programas controladores (hypervisors) entre o servidor e as máquinas virtuais a tecnologia de virtualização possibilita que vários sistemas operacionais (que podem inclusive ser diferentes entre si) possam ser carregados ao mesmo tempo em uma única máquina física. Cada uma dessas máquinas virtuais será totalmente independente tanto do ponto de vista de software (sistema operacional) quando do ponto de vista de desempenho, atingindo velocidade de processamento muito próxima à do equipamento físico. Além disso, as máquinas virtuais têm a capacidade de se interconectar através de interfaces também virtualizadas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 340 ISSN 2447-3081 Em oposição aos servidores convencionais, quando se cria uma máquina virtual recursos como memória, espaço de disco, processamento por meio de dispositivos lógicos são alocados de acordo com a necessidade especifica da aplicação à qual determinada virtual machine se destine. A figura 3 mostra a virtualização. Figura 3 – Virtualização – Arquitetura Fonte: Elaborado com base em Bueno, 2009. 2.3 O Papel da Virtualização na Eficiência de Projetos A velocidade de modernização das tecnologias faz com que qualquer projeto na área de tecnologia de informação se torne complexo, já que todas as áreas da empresa dependem dos sistemas de informação e alguma falha ou atraso de implementação pode resultar em prejuízos que algumas vezes podem ser difíceis de mitigar. Com o objetivo de reduzir a exposição a riscos na gestão de projetos de Tecnologia da Informação, uma grande parte das empresas vem utilizando uma padronização de metodologia de gerenciamento de projetos criada pelo PMI (Project Management Institute). Este instituto, que foi fundado no ano em 1969, tem como principais objetivos a padronização de gestão de projetos, a geração de conhecimento e a promoção da gestão de projetos como uma profissão, por meio dos programas de certificação. Esta padronização direciona que o ciclo de vida de um projeto passa pelas seguintes etapas: a) Iniciação; b) Planejamento; c) Execução; POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 d) Monitoramento e Controle; e) Encerramento. 341 Ainda que a maior parte das organizações trabalhe com versões personalizadas desta orientação, a base para o tratamento dos processos que compõem o ciclo de vida dos projetos tem sido essa. De acordo com Veras (2011), a padronização da metodologia também atua na determinanção das áreas de conhecimento que estão envolvidas na condução de um projeto e de acordo com o PMI as áreas de conhecimento podem ser identificadas como: a) Aquisição: a transparência e a eficiência do processo de seleção dos fornecedores para o projeto devem ser asseguradas. Quando se trata da contratação de empresas para o desenvolvimento é boa prática conduzir um processo de concorrência, cujos participantes devem ser fornecedores previamente homologados pela empresa, de acordo com critérios corporativos. b) Comunicação: o plano de comunicação deve ser criado de comum acordo entre os envolvidos já no início do projeto. É muito importante a transparência, ou seja, devem ser informados tanto os pontos que estão de acordo com o planejado, quanto os itens que estão com problemas, junto com as ações que estão sendo conduzidas para a mitigação. c) Custo: muitos fatores estão envolvidos no gerenciamento de custos do projeto, como a mão de obra, recursos de tecnologia e etc. É de responsabilidade do gerente de projetos fazer o acompanhamento do realizado em comparação com o planejado e identificar e comunicar desvios. d) Escopo: assegurar que as expectativas do contratante sejam atendidas e que novas solicitações sejam formalmente registradas e seus impactos avaliados. e) Integração: é de responsabilidade do gerente de projetos assegurar que os diversos componentes do projeto trabalhem de maneira integrada, cuidando para que todas as áreas do conhecimento estejam atendidas. f) Qualidade: devem ser especificados no início do projeto os indicadores de qualidade de comum acordo entre os envolvidos. Um projeto entregue com qualidade é aquele que alcançou todos os indicadores definidos. g) Recursos Humanos: pessoas e o relacionamento entre elas são a maior fonte de problemas em projetos. É difícil que se encontre uma dificuldade técnica que nenhum POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 342 profissional consiga resolver. Porém, uma dificuldade de relacionamento entre membros do projeto pode causar o fracasso. O gerente de projetos deve ter a habilidade de resolver conflitos e motivar o time, além de escolher a melhor pessoa para cada função. h) Risco: Muitos fatores podem representar risco para a conclusão do projeto. Estes riscos devem ser mapeados bem como a forma de mitigação proposta. i) Tempo: o gerente de projetos deve ser capaz de definir todas as atividades necessárias para a execução do projeto e determinar os tempos necessários para a sua execução. Durante o projeto deve acompanhar o andamento em comparação com o planejado, identificar e comunicar desvios. Essas áreas são igualmente importantes e a desconsideração de uma delas pode significar o fracasso do projeto. Um gerente de projetos dificilmente será especialista em todas essas áreas de conhecimento. Portanto, é muito importante que ele tenha um perfil de conseguir as informações das áreas competentes da empresa e que confie no seu time no sentido de obter colaboração para o gerenciamento dos diversos pontos. Por exemplo, no item risco do projeto, existem pontos que são de TI, mas muitos outros itens de negócio podem representar fatores de risco para o projeto e o conhecimento destes itens está de posse dos usuários. A figura 4 demonstra as áreas de conhecimento: Figura 4: Áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos Fonte: PMI POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 343 ISSN 2447-3081 Como a tecnologia de virtualização afeta diretamente a disponibilidade de recursos e o aumento da eficiência de processamento da informação, com a consequente redução do tempo, ela tem contibuído de forma determinante para a eficiência de projetos. Para Vargas (2009), fazendo uma relação com as áreas de conhecimento apresentadas anteriormente, podemos afirmar que: a) Comunicação: uma vez que recursos como servidores de e-mails, por exemplo, estão mais disponíveis, a comunicação entre os membros do time do projeto e também com a organização tende a ser contínua, facilitando não apenas o fluxo da informação, como também a agilidade na escalação e solução de problemas. b) Custo: a possibilidade de compartilhamento de recursos já existentes na companhia é fator determinante de redução de custos em novos projetos. Podemos citar como exemplo a necessidade de utilização de um servidor para uma funcionalidade específica. O custo poderia inviabilizar o projeto. Com a tecnologia de virtualização é possível compartilhar um servidor já existente na empresa, trazendo como benefício além da redução do custo para aquisição de novos equipamentos, um aumento da eficiência de utilização dos equipamentos já existentes, melhorando os indicadores de desempenho da área de TI. c) Escopo: além da habilidade de negociação do gerente de projetos, a gestão de escopo depende fundamentalmente de um bom gerenciamento da documentação. Quanto maior a disponibilidade de recursos como dispositivos de armazenamento, com cópias de segurança e procedimentos de recuperação mais confiáveis e rápidos, maior será a agilidade em dirimir dúvidas com relação à escopo. d) Qualidade: uma vez definido um padrão na criação de um servidor, por exemplo, o mesmo pode ser clonado tantas vezes quanto necessário. Dessa forma, todas as alterações que devem ser feitas em todos os servidores, podem ser realizadas apenas uma vez, na criação dessa matriz que será clonada. e) Risco: riscos existem em qualquer projeto e não devem ser temidos. Uma boa identificação de riscos com as correspondentes ações de mitigação podem, ao invés de danos, trazer benefícios ao projeto. É importante que esse trabalho seja elaborado em conjunto por todas as áreas envolvidas no projeto. A tecnologia de virtualização ajuda na redução dos riscos relacionados a perdas de tempo devido à indisponibilidade de recursos, na multiplicação dos computadores virtuais, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 344 ISSN 2447-3081 sejam eles servidores ou desktops, viabilizando uma implementação e/ou distribuição em massa. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente não há uma maneira de executar uma tarefa na internet sem que se tenha utilizado a tecnologia de virtualização. Um bom e recente exemplo é o modelo de computação na nuvem. Neste modelo, servidores virtualizados formam uma grande rede distribuída fisicamente, onde existem servidores específicos para cada serviço que se precisa realizar. Como vimos ao longo desse trabalho, a virtualização é uma tecnologia presente em todas as atividades rotineiras, envolvendo informática. No que diz respeito à gestão de projetos, esse trabalho demonstrou que a virtualização colabora que muitas das áreas de conhecimento, uma vez que garante uma elevação do nível de disponibilidade. Adicionalmente, com a melhoria de desempenho proporcionada pela execução de atividades em paralelo, a eficiência do projeto é favorecida. Em uma sociedade capitalista cada vez mais competitiva, os benefícios trazidos por uma tecnologia como a virtualização são fatores determinantes de sucesso e continuidade da empresa. REFERÊNCIAS ÂNGELO. F. Convergência digital - Hotsite Cloud Computing – 15.03.2012. 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Gerenciamento de projetos: estabelecendo diferenciais competitivos. 6. ed. Rio de Janeiro: Editora Brasport. 2005. VERAS, M. Virtualização: componente central do datacenter. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. ______. Cloud Computing: nova arquitetura de TI. Rio de Janeiro: Brasport, 2011. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 346 ISSN 2447-3081 QUALIDADE EM PROJETOS DE SOFTWARE: UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS E TÉCNICAS ÁGEIS Gabriel Alves Scavassa – FAAG¹ Robson Antônio Moreira – FAAG² RESUMO Conseguir realizar entrega de projetos mantendo-se dentro do planejamento é um desafio que inúmeros modelos de gestão tentam resolver. A seleção de ferramentas que durante a execução do projeto possam com eficiência auxiliar a manter prazo, custo e qualidade, devem ser feitas pelo gestor do projeto e pelo engenheiro de software em conjunto, durante o planejamento do projeto. O objetivo deste artigo foi aplicar técnicas e ferramentas baseadas em modelos de desenvolvimento de software da metodologia ágil durante o processo de execução do projeto e estudar suas influências. Os métodos de pesquisa utilizados foram: estudo de caso, pesquisa-ação e pesquisa bibliográfica. Os principais ganhos com a utilização das técnicas e ferramentas foram: melhor comunicação; aumento da qualidade do produto entregue; melhoria na estimativa de atividades; e, redução de risco. PALAVRAS-CHAVE: Qualidade Em Projeto. Execução de Projetos. Metodologia Ágil. ABSTRACT Achieve project delivery accomplish keeping on schedule is a challenge that many business models try to solve. The selection of tools during the execution of the project can efficiently help keep time, cost and quality, must be made by the project manager and the software engineer together during project planning. The purpose of this article was to apply techniques and tools based on the agile software development models during the project execution process and study their influences. The research methods used were: case study, action research and literature. The main gains from the use of the techniques and tools were: better communication; increasing the quality of the delivered product; improvement in estimating activities; and risk reduction. KEYWORDS: Project Quality. Project Execution. Agile Methodology. 1 INTRODUÇÃO O mercado de desenvolvimento de software tem o crescimento aquecido por conta da dependência das empresas em relação à internet e a velocidade ao atendimento. Por sua vez, as empresas prestadoras de serviços de software devem portar de meios para atender a demanda com rapidez (VIEIRA, 2007). Possuir uma gestão de desenvolvimento de software que consiga ser flexível a mudanças, mantendo a equipe de desenvolvedores produtiva e disponibilizar ao cliente POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 347 resultados respeitando a qualidade necessária, dentro do tempo e valor estipulado, é o objetivo de inúmeros modelos de gestão de projetos de softwares. Este cenário é alvo de muitos estudos, sendo possível constatar pelas inúmeras metodologias de gestão que estão presentes no mercado. As metodologias ou frameworks que atendem o Modelo Ágil apresentam para o setor de desenvolvimento de software ganhos significativos em produtividade e qualidade. Visando aprimorar os resultados do cenário apresentado, o presente artigo tem como proposta aplicar ferramentas e técnicas de metodologias ágeis durante a execução do projeto, coletar e realizar comparação do desempenho de uma equipe de desenvolvimento de software que utilizava o modelo tradicional de gestão e que passou a utilizar estas ferramentas e técnicas ágeis, com a intenção de gerar maior qualidade para o resultado do projeto. Os métodos de pesquisa utilizados foram: o estudo de caso, revisão bibliográfica e pesquisa-ação com os desenvolvedores participantes (MIGUEL, 2007; GIL 2008; SILVA; MENEZES,2005). 2 PROJETOS DE SOFTWARE Problemas com a qualidade do software não são atuais. A década de 60, recebeu o termo crise do software por conta da falta de qualidade do projeto ou documentações técnicas que poderiam auxiliar em futuras manutenções (PRESSMAN, 2006). Uma análise realizada pelo Standih Group em mais de cinquenta mil projetos de software executados e concluídos durante o período de 2002 ao final de 2013 revelou que; 39% dos projetos estudados foram entregues no período programado dentro do orçamento estabelecido e com as funcionalidades solicitadas dentro do esperado, 43% dos projetos tiveram problemas apresentando atraso nas entregas, estouro do orçamento estabelecido e com menos funcionalidades do que foi solicitado inicialmente, e 18% dos projetos falharam, sendo ele cancelado ou projetos entregues e que não foram utilizados devido a ineficiência (JOHNSON, 2014). Índices que preocupam o desenvolvimento de software e a satisfação do cliente. Para que a gestão de projetos consiga em tempo hábil realizar mudanças durante o período de execução de um projeto, mantendo prazo e custo dentro do orçamento, ações devem ser tomadas na elaboração do plano do projeto, como a inclusão de análise POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 348 da engenharia de software, tanto no âmbito prático da construção como em métodos e ferramentas para prover velocidade e qualidade do trabalho durante a execução (SOMMERVILLE, 2011). O gerenciamento de projetos de software contribui para a evolução de processos que ajudam a melhora das práticas da engenharia, pois a integração destas áreas, desde o início do projeto, irão gerar a qualidade do software e a produtividade da equipe de desenvolvimento (SOMMERVILLE, 2011). Para o PMI (2013) as decisões sobre ferramentas e técnicas utilizadas na execução de um projeto devem ser avaliadas também por um especialista para garantir que todos os detalhes foram supridos. Para o alinhamento entre gestão de projetos e engenharia de software, os modelos de gestão de projetos de software baseados na Metodologia Ágil, proporcionam ganhos significativos em relação aos modelos tradicionais. 3 MODELO ÁGIL DE GESTÃO DE DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE Metodologias de gestão de projetos de software possuem método leve, desprovido de burocracia e foco diretamente nas necessidades do projeto foram surgindo no meio dos anos 90 como uma saída às metodologias burocráticas, como a metodologia cascata (LARMAN, 2004; BORIA; RUBSTEIN; RUBSTEIN, 2013). Estes modelos leves, hoje denominados ágeis, se baseavam nas melhores práticas da indústria japonesa, usando princípios da manufatura utilizadas pela companhia Toyota e também utilizando estratégias elaboradas por Takeuchi e Nonaka (2004). O Manifesto Ágil criado 2001 gerou uma estrutura metodológica simples para o desenvolvimento de software (BORIA; RUBSTEIN; RUBSTEIN, 2013). Os princípios da Metodologia Ágil estão focados em iterações e sua frequência de entrega, comunicação e participação dos envolvidos no projeto, motivação e auto-organização da equipe de desenvolvimento, transparência, inspeção e adaptação em todas as ações realizadas para atingir o objetivo (SUTHERLAND et. al., 2001). O aumento da produtividade de uma equipe de desenvolvimento que trabalha com metodologias ágeis está basicamente ligado com o autoconhecimento de suas capacidades produtivas, isto é, saber o quanto consegue entregar com qualidade em determinado tempo e na comunicação frequente entre gestor do projeto, equipe de desenvolvimento e cliente (PRIKLANDNICKI et al, 2014; WELLS, 2009). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 349 4 EXECUÇÃO DE PROJETOS DE SOFTWARE Para a execução de projetos ferramentas adequadas podem ser avaliadas e selecionadas, devido a pluralidade de meios para gerar um software (PMI, 2013). A comunicação entre equipe de desenvolvimento, gestor do projeto e cliente deve ser feita de maneira rápida, para que problemas que estejam impedindo o andamento do projeto possam ser resolvidos o quanto antes, por tal razão as metodologias ágeis se valem de ferramentas que promovem a comunicação (SUTHERLAND; SCHWABER, 2013). Durante a execução realizar inspeção constante das atividades irá gerar informações para entender o andamento do projeto, tanto quando para entender o comportamento da equipe de desenvolvimento (SUTHERLAND; SCHWABER, 2013). Adaptar as ferramentas e métodos utilizados durante a execução do projeto é fundamental. Por meio da comunicação e da inspeção é possível identificar problemas que ocorreram e que podem ser evitados e situações que ajudam a atingir a qualidade e melhoram a produtividade podem ser adaptados para outras partes do projeto. Foram selecionadas ferramentas que tem foco em melhoria na comunicação, melhoria no entendimento das atividades, visão do status do projeto e, qualidade das atividades desenvolvidas e que possibilitem melhor entendimento no tempo gasto das atividades. 5 TECNICAS E FERRAMENTAS Para o período de execução, foram tratadas duas ferramentas, sendo elas; KANBAN e Peer-Review e duas técnicas; Estimativa em grupo e Reunião diária. 5.1 Estimativa em grupo Estimar o tempo que cada atividade levara para ser realizadas, é uma tarefa árdua e a assertividade só é possível normalizar ao longo do projeto por conta do empirismo. Preparar uma estimativa com toda a equipe irá gerar valores mais reais sobre o tempo de trabalho, pois todos os membros podem opinar, levantando dúvidas sobre regras e apontando possíveis problemas que os membros já passaram. De acordo com Cohn (2006), apenas uma pessoa realizar previsões de duração do desenvolvimento de atividades, gera ilusão por não refletir o conhecimento da equipe toda e durante o ciclo POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 350 de desenvolvimento, torna-se evidente que é impossível realizar as atividades no tempo previsto. Esta ação é realizada em reunião antes do início do projeto com a presença do gestor e dos desenvolvedores que participarão do período de desenvolvimento. 5.2 Kanban O Kanban é uma ferramenta que auxilia na visualização rápida sobre o fluxo e status das atividades (OHNO, 1997), com isto permite ao gestor do projeto e aos desenvolvedores acompanharem o andamento do projeto e prever e remover possíveis problemas que possam existir durante o ciclo de desenvolvimento (PRIKLADNICKI et. al, 2014). O Kanban se mostra uma ferramenta eficaz para a comunicação da equipe, permitindo que exista constantes inspeções durante o dia possam ser realizadas, por conta da rápida visualização do fluxo de trabalho (OZA; FAGERHOLM; MÜNCH, 2013). 5.3 Reunião Diária A reunião diária é uma reunião curta, com um limite de 15 minutos para a sua realização. Ela deve ser feita de pé, todos os dias no mesmo horário e mesmo local. Nela devem estar presentes os desenvolvedores e o gestor do projeto. Nesta reunião, os membros da equipe de desenvolvimento, devem reportar as suas atividades realizadas desde a última reunião, respondendo a três perguntas: o que fiz ontem; o que farei hoje; e se há algum impedimento. Nesta reunião, os desenvolvedores passam uma visão de como estão suas atividades e se há alguma consideração a ser feita e caso seja necessário os membros podem trocar mais informações sobre auxílios para realizar atividades (SUTHERLAND; SCHWABER, 2013). Segundo o Sutherland e Schwaber (2013), as reuniões diárias possuem diversas vantagens como, elimina outras reuniões, melhoram a comunicação, promovem rápidas tomadas de decisão, melhoram o nível de conhecimento do time de desenvolvimento e identificam problemas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 351 5.4 Peer-review O Peer-review ou revisão em pares, em desenvolvimento de software é uma prática de validação de código e funcionalidade que é realizada pelos membros da equipe. Esta técnica traz para o projeto a garantia da qualidade sobre as atividades desenvolvidas, evitando que erros grosseiros cheguem aos responsáveis pelos testes sistêmicos (Testers), gerando menor retrabalho ao final do ciclo de desenvolvimento (COHEN, 2011; RIGBY; GERMAN; STOREY, 2008). De acordo com O'Neil (2003), o Peer-Review é um excelente retorno de investimento em revisão de software, onde o custo de encontrar um problema na funcionalidade e corrigi-la no final do ciclo do projeto é quatro vezes maior que a correção deste problema em tempo de desenvolvimento No Peer-Review, é abordado a Transparência, Inspeção e Adaptação das atividades, no qual o código e a regra são avaliados por um membro da equipe e quando encontrado problema, uma solicitação de correção é gerada. 6 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS Foi utilizado a Pesquisa Bibliográfica para o embasamento teórico, Estudo de Caso e Pesquisa-Ação com os participantes envolvidos no estudo. A pesquisa bibliográfica, é elaborada a partir de um levantamento bibliográfico de livros, artigos científicos e material disponibilizado na internet, que serão utilizados para a elaboração contextual da pesquisa (GIL, 2008). O método utilizado foi o estudo de caso. Segundo Miguel (2007), é uma constatação baseada em relatos históricos de um estudo onde os resultados são extraídos de todas as informações geradas por ele. Para a obtenção de dados da equipe em relação a aplicação das técnicas, foi utilizado a pesquisa-ação, pois houve envolvimento do pesquisador com os participantes de modo cooperativo, sendo também classificada como qualitativa (SILVA; MENEZES, 2005). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 352 7 APLICAÇÃO E RESULTADO A empresa onde foi aplicado o estudo, está situada em Bauru, São Paulo, atua na área de prestação de serviços tecnológicos para o setor educacional. A aplicação do estudo se deu em uma equipe de quatro desenvolvedores, onde todos possuem níveis de experiência diferentes e afinidades com tecnologias e técnicas também diferentes. As técnicas e ferramentas ágeis utilizadas foram: Estimativa em grupo, Kanban, Peer-Review e Reunião diária. Para o estudo, foram analisados três ciclos de desenvolvimento do mesmo projeto, organizados em versões, enumeradas em: Versão 4.2.1.0: Base histórico para comparação de dados; Versão 4.2.2.0: Primeira versão a ser aplicada as técnicas e ferramentas; e Versão 4.2.3.0: Segunda versão a ser utilizada as técnicas e ferramentas. 7.1 Aplicação dos conceitos para a equipe A primeira ferramenta utilizada foi a estimativa em grupo. Foram selecionadas as atividades do escopo do projeto para serem desenvolvidas no ciclo de versão 4.2.2.0 e posteriormente, cada uma delas foi estimada em horas. No Kanban na coluna A Fazer foram registradas as atividades do escopo em um cartão adesivo contendo as informações: Nome da atividade e seu valor em horas. Cada desenvolvedor escolheu a atividade que possuía mais afinidade e movia para a coluna Fazendo do Kanban. Durante todo o ciclo de desenvolvimento da versão 4.2.2.0 foram feitas reuniões diárias com duração máxima de 15 minutos. Após o termino de desenvolvimento da atividade, a atividade era movida para a coluna Feito do Kanban, um segundo desenvolvedor escolhia uma atividade do quadro Kanban que estava na coluna Feito e realizava testes para verificar se ela está obedecendo as regras. Se o resultado fosse positivo, ele escrevia OK no cartão adesivo, e caso negativo a atividade voltava para a coluna A Fazer do Kanban. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 353 ISSN 2447-3081 Durante o ciclo, dúvidas sobre os procedimentos foram sanadas o mais rápido possível. Todas as melhorias constatadas, eram anotadas durante as reuniões diárias e adaptações foram geradas. Ao final do ciclo, foi realizado uma pesquisa com os desenvolvedores para saber qual foi o sentimento em relação às técnicas e ferramentas aplicadas. Estas informações foram usadas para identificar mais melhorias nas técnicas. Esta mesma ação ocorreu para a versão 4.2.3.0. 7.2 Resultados Os resultados obtidos com a adoção das ferramentas e técnicas de desenvolvimento ágil forma significativas como comprovam a Tabela 1. As estimativas passaram a ser mais corretas. Tabela 1: Porcentagem de acerto nas estimativas a cada ciclo de desenvolvimento Versão 4.2.1.0 Versão 4.2.2.0 Versão 4.2.3.0 Acertadas 46% 54% 64% Subestimadas 29% 25% 15% Superestimadas 25% 21% 21% Fonte: Pesquisa própria sobre o projeto. Nas versões 4.2.2.0 e 4.2.3.0 constata-se evolução no acerto das estimativas das atividades devido à participação de todos os membros da equipe. Mas pode-se constatar que pouco mudou em relação às atividades que são superestimadas, isto pode ocorrer por falta de confiança dos desenvolvedores em relação a uma definição de regra mal entendida. A versão usada como referencial histórico possuía oito problemas encontrados em testes feitos após o ciclo de desenvolvimento, já a Versão 4.2.2.0 mostrou uma diminuição destes números, caindo para seis problemas encontrados, e na Versão 4.2.3.0 foi possível zerar o número de problemas encontrados, mostrando a eficiência do Peer-review. Estes problemas registrados nas só eram corrigidos na versão seguinte e com esta melhora na qualidade, não ficaram problemas para serem corrigidos em versões posteriores. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 354 ISSN 2447-3081 Por meio da pesquisa ação os desenvolvedores apontaram qual das ferramentas ou técnicas promoveram melhoria na qualidade do projeto. Eles apontaram com 1 a mais efetiva e 4 a menos efetiva, conforme descrito na Tabela 2. Tabela 2: Visão da equipe sobre técnica e ferramentas que mais proporcionam qualidade ao projeto. Desenvolvedor A Desenvolvedor B Desenvolvedor C Desenvolvedor E Peer-Review 1 1 2 1 Kanban 4 4 4 4 Estimativa em grupo Reunião diária 3 2 3 2 1 3 3 2 Fonte: Pesquisa própria sobre o projeto. Para a equipe, o Peer-review foi apontado como a melhor técnica para o aumento da qualidade no projeto por proporcionar maior qualidade nas atividades. A reunião diária ajudou a dar visões mais rápidas do status do projeto para o cliente e quando necessário permitiu que o gestor do projeto tivesse tempo hábil para entender problemas e ajustar mudanças do escopo. A estimativa em grupo possibilitou aumento na assertividade do tempo do projeto, gerando diminuição no custo do projeto. O Kanban foi o a técnica que a equipe achou menos relevante para a melhoria na qualidade. Apesar de apresentar uma visão rápida sobre o status das atividades do projeto, os status não estavam atualizados em tempo real, o que em algumas situações gerou uma confusão sobre o progresso da atividade. 8 CONSIDERAÇÕES FINAIS Pode-se afirmar que a contribuição principal da pesquisa é expor os ganhos com a utilização das ferramentas e técnicas selecionadas. A equipe do projeto relatou as seguintes melhorias diretas: melhoria na comunicação; melhoria na qualidade; maior envolvimento no projeto; diminuição do período de desenvolvimento; e diminuição do número de problemas durante o projeto. Importante fator para o sucesso foi o engajamento entre gestor e engenheiro de software, para organizar a metodologia que a equipe irá utilizar durante a execução e desenvolvedores garantindo a execução das ferramentas e técnicas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 355 ISSN 2447-3081 Conclui-se que a utilização das ferramentas e técnicas proporcionaram ganhos de qualidade para o projeto, e também de produtividade para a equipe. Estas puderam ser facilmente aplicadas em projetos que não trabalham com gestão Ágil, sendo possível identifica a relevância deste artigo para a contribuição da literatura sobre ferramentas e técnicas para a gestão da execução de projetos de software. Para próximos estudos, indica-se realizar investigação por pesquisa da visão do cliente sobre o resultado entregue para melhor entendimento da qualidade entendida. REFERÊNCIAS BORIA. J. L., Rubinstein. V. L., Rubinstein. A. A história da tahini-tahini: melhoria de processos de software com métodos ágeis e modelo MPS. Brasília: Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, 2013. COHEN, J. 11 proven practices for more effective, efficient peer code review. 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As demandas de tecnologia geradas pelos negócios tem levado as empresas a renovar sua infraestrutura, adquirindo novos servidores, estações de trabalho, softwares de escritório, correio eletrônico, ERP, CRM etc., para continuar sustentando sua operação corporativa. Faz-se necessário garantir que o investimento realizado traga os retornos esperados, consolidando uma infraestrutura adequada que sustente o crescimento da empresa e garanta flexibilidade para atender demandas não previstas. Pensando na otimização do uso dos servidores, que são ativos importantes na sustentação do fluxo de informações das empresas, de alto valor de compra, manutenção e monitoramento, os grandes fabricantes de hardware e software tem investido em oferecer os serviços de virtualização. Esta tecnologia tem por objetivo otimizar o potencial dos servidores com o uso de diversos sistemas operacionais virtuais sendo gerenciados em uma única plataforma. Procura-se demonstrar que projetos de infraestrutura contendo virtualização favorecem a empresa a ter flexibilidade no crescimento bem como sustentar seu investimento por um longo prazo. PALAVRAS-CHAVE: Virtualização. Sistemas. Redução de Custos. Benefícios. .. ABSTRACT The technology demands generated by the businesses has led companies to renew their infrastructure, buying new servers, workstations, office software, e-mail, ERP, CRM etc., to continue supporting its corporate operation. It is necessary to ensure that the investment made to bring the expected returns, consolidating an adequate infrastructure to sustain the company's growth and ensure flexibility to meet unforeseen demands. Thinking about the optimization of servers, which are important assets in support of information flow of business, high-value purchase, maintenance and monitoring, the major hardware and software manufacturers have invested in offering the virtualization services. This technology aims to optimize the potential of servers using multiple virtual operating systems being managed on a single platform. We wanted demonstrate that infrastructure projects containing virtualization favors the company has flexibility in growth and sustain your investment for the long term. KEYWORDS: Virtualization. Systems. Cost reduction. benefits 1 INTRODUÇÃO O objetivo deste artigo é fornecer uma visão sobre a Tecnologia de virtualização e sua importância na gestão de TI das empresas, como um fator de competitividade, com redução de custo e otimização dos serviços prestados pela área. 1 Professor Especialista Ivan Leal Morales - Administração área Sistemas de Informações Gerenciais POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 358 Para que a área de TI possa responder as demandas desejadas, há necessidade de um perfeito sincronismo de informação sobre o que a empresa pretende realizar com o que há de disponível na Tecnologia da empresa. Segundo Albertin (2009) toda empresa deve definir claramente e formalmente seus objetivos a curto, médio e longo prazo. O monitoramento continuo do ambiente de negócios fornece as informações necessárias para mudanças ágeis promovendo vantagem competitiva sobre seus concorrentes. Gartner (2015) constata que os líderes de TI são pressionados a fazer mais com menos e entregar soluções para atender as demandas dos negócios com a máxima eficiência operacional com redução de custos. Virtualização tem como proposta reduzir os custos operacionais com vantagens na melhoria os processos com métodos para simplificar a forma de trabalho e prover segurança para a organização. Ainda segundo Gartner (2015) a infraestrutura aparece como 1ª tecnologia que consumirá maior parte dos orçamentos das empresas. Quando estudamos a operação diária da TI observamos um desperdício de recursos pois são inúmeros servidores com inúmeras aplicações e pouco se conhece sobre o desempenho e sua disponibilidade. Havendo necessidade da compra de um novo produto para auxiliar a gestão dos negócios, pensa-se em adquirir um novo servidor, configurado somente para resolver a demanda do produto no curto prazo. E com isto acréscimos de energia, administração, alocação de espaço físicos etc. Não há cultura de monitorar o ambiente para conhece-lo para propor um projeto sólido que trará ganhos operacionais tanto para empresa quanto para a TI. A virtualização justifica-se mediante a controles prévios do desempenho dos servidores da empresa nos aspectos de disponibilidade, confidencialidade e integridade. Um bom projeto de virtualização trás os benefícios esperados pela empresa. Contudo, é necessário um bom entendimento desta Tecnologia e avaliar o que é necessário mudar nas rotinas para consolidação do ambiente. 2 ASPECTOS TEÓRICOS O estatístico Herman Hollerit revolucionou a forma de realizar o censo de 1890 quando introduz máquinas elétricas que somavam e contavam com representações sob forma de perfurações distribuídas em papel, no formato de fita. As perfurações combinavam padrões que seriam transformados em dados ao serem utilizados pelas máquinas. A economia POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 359 ISSN 2447-3081 gerada pela introdução deste mecanismo automático de contagem fez com que ocorresse uma economia de tempo e recursos financeiros. Com o avanço das pesquisas na área de computação, surge o conceito de TSS (Time Sharing System) que é o compartilhamento do tempo de processamento de um sistema dividindo a máquina em partes menores com gestão de seus próprios recursos. Nascia, assim, a virtualização. O conceito foi aplicado aos Mainframes dando origem a um novo salto tecnológico e deixando a IBM como uma empresa de sucesso na área de processamento de dados. Em 1978 temos a introdução no mercado de computação dos processadores X86 (processadores de 16 bits com evolução posterior para 32) que seriam utilizados, anos depois, na popularização dos computadores pessoais (PC). Os processadores continuam com expansão de seu desempenho facilitando a introdução dos servidores que entram para substituir a plataforma Mainframe (downsizing). No início dos anos 2000 surge o hyper-threading (HT) com o conceito de realizar duas tarefas em um único intervalo de tempo. Dependendo do aplicativo utilizado há um ganho de aproximadamente 20% em relação a um processador sem hyper-threading. Figura1 – hyper-threading (HT) Fonte: Extreme Tech, 2015. A partir desta da tecnologia HT e evolução dos processadores para 64bits, os fabricantes de software de virtualização investem mais na tecnologia. A cultura das empresas ainda está em para cada novo sistema adquirido, um novo servidor será comprado para atender os recursos do aplicativo. Com isso, todas as demandas trazem consigo um novo servidor. Nota-se uma infraestrutura em constante crescimento ocupando muito espaço físico, consumindo muita energia, muito esforço humano para realizar o gerenciamento. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 360 ISSN 2447-3081 Com avanço da tecnologia onde mais circuitos eletrônicos são inseridos em espaços cada vez mais reduzidos, há o desenvolvimento dos processadores com vários núcleos de processamento, dentro de um único processador físico denominado Core. Canaltech (2015) define assim o conceito de Core: Independentemente de quantos núcleos (ou cores) o processador tenha, ele continua sendo apenas um componente: em outras palavras, as 4 cores estão dentro de uma mesma cápsula. Não há 4 "pedaços" de processador acoplados à sua placa mãe. O que muda é o interior do chip. Internamente, uma CPU com múltiplos núcleos é dividida em setores contendo conjuntos de transistores que funcionam de forma independente. Um transistor é a menor unidade física dentro de um processador, que costuma ter bilhões deles que acendem e apagam para processar nossos dados (e assim compõem os famosos uns e zeros da linguagem binária). Embora essa conta não seja completamente linear, quantos mais transistores, mais núcleos um processador pode ter e mais rápidos eles são capazes de funcionar. Interior de um processador. Quatro núcleos dentro de um único chip. Cada core é uma unidade de processamento separada capaz de lidar com tarefas independentes, mas aumentar a quantidade de núcleos traz somente uma parcela de aumento de desempenho. Os processadores com Core dão impulso para uso dos softwares de virtualização. 2.1 Virtualização Segundo Devmedia (2015) o avanço da tecnologia de virtualização permitiu seu uso em grandes proporções nos ambientes de TI pois permitiu consolidar vários servidores e redução de custos com hardware, software e gestão do ambiente. Para Filadoro (2007) a virtualização consiste no compartilhamento dos recursos do hardware, sendo controlado por meio de uma camada de software que fornece os serviços necessários para execução de múltiplos sistemas operacionais. Ainda segundo VirtueIT (2009), virtualização é apresentada como um processo que, por meio do compartilhamento de hardware, permite a execução de inúmeros sistemas operacionais em um único equipamento. Nota-se que o compartilhamento dos recursos de hardware controlado por um software é o grande benefício da tecnologia pois quando um datacenter possui muitos servidores, a atenção da administração da tecnologia tem que ser redobrada pois são vários servidores, cada um com seu sistema operacional, sua própria aplicação, seu próprio hardware, memória, disco, fontes de alimentação, nobreaks, ou seja, ambientes onde o risco de falha de operação é permanente e a TI não pode se descuidar do monitoramento POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 361 ISSN 2447-3081 das atividades do servidor. Além do mais, o espaço físico é maior e os gastos com energia e condicionadores de ar também elevados. Figura 3: Comparação das arquiteturas Fonte: Tecnologia interativa, 2015. A diferença entre as arquiteturas mostra os seus benefícios: enquanto em um servidor sem virtualização temos um único sistema operacional em operação, em uma arquitetura virtualizada temos “n” sistemas operacionais, cada um com sua própria aplicação, sem interferência entre os sistemas sendo controlados por um software de virtualização e um sistema Operacional. Todo o gerenciamento e alocação de recursos de hardware de uma máquina virtual é feito pelo Hypervisor ou Monitor de Máquina Virtual (VMM – Virtual Machine Monitor). O Hypervisor é uma camada de software localizada entre a camada de hardware e o sistema operacional. É, também, responsável por controlar o acesso do sistema operacional visitante (máquina virtual) aos dispositivos de hardware e prover recursos que possam garantir a segurança das máquinas virtuais através de mecanismos como isolamento, particionamento e encapsulamento. Um dos recursos mais importantes é a mobilidade de uma plataforma ambiente virtual, instalado em um servidor para outro. Isto é muito útil quando uma infraestrutura tem servidores com vários aplicativos virtualizados e pretendemos utilizar os recursos de acordo com os picos de uso durante o mês. Por exemplo, sabemos que no final do mês é intenso o uso dos sistemas financeiros, contábeis, vendas por causa do ciclo de fechamento. Numa situação convencional com vários sistemas instalados em vários servidores, se ocorrer um gargalo no sistema financeiro, não há o que fazer: é esperar a normalidade para retorno da operação. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 362 ISSN 2447-3081 No sistema virtualizado com Vmotion, o hypervisor se encarrega de tratar o problema: ele executa a movimentação automática dos aplicativos de um servidor para outro para resolver o problema de processamento. Voltando à normalidade ele refaz a movimentação ao estado original. Figura 4: Vmware Vmotion Fonte: blogtecnologiaqueinteressa (2015) 2.2 HYPER-V Microsoft iniciou sua experiência na área de virtualização desenvolvendo o software VirtualPc para resolver problemas de migração da plataforma Windows 98. Com o mercado de virtualização em expansão lança o Windows 2008 Server com Hyper-V para ser utilizado nas grandes organizações. Encontra-se a seguinte definição em Microsoft.technet (2015): Hyper-V permite criar um ambiente de computação de servidor virtualizado. Podemos usar um ambiente de computação virtualizado para aumentar a eficiência dos recursos de computação utilizando melhor os recursos de hardware. Isso é possível porque Hyper-V é utilizado para criar e gerenciar computadores virtuais e seus recursos e cada máquina virtual é um sistema de computador virtualizado, que opera em um ambiente de execução isolado. Isso permite que vários sistemas operacionais sejam executados simultaneamente em um único computador físico. Os seguintes benefícios são apresentados no produto: Redução de custos de operação e manutenção de servidores físicos aumentando a utilização do hardware; Redução da quantidade de hardware necessário para executar as cargas de trabalho do servidor; Aumentar a eficiência do desenvolvimento e de testes, reduzindo o tempo necessário para configurar hardware e software e reproduzir ambientes de teste; Aumentar a disponibilidade do servidor sem usar tantos computadores físicos quantos seriam necessários em uma configuração de redundância que usa somente computadores físicos. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 363 ISSN 2447-3081 2.3 VMWARE Em 1999 a VMware lança no mercado o primeiro produto comercial para plataforma x86 chamado VMware Virtual Plataform. Mais tarde é renomeado para VMware Workstation. Pode-se encontrar em VMware (2015): A virtualização pode aumentar a agilidade, a flexibilidade e o dimensionamento da TI e, ao mesmo tempo, permitir uma economia significativa. A implantação de máquinas virtuais são rápidas, o desempenho e a disponibilidade são maiores e as operações se tornam automatizadas. Isto resulta numa TI mais simples de gerenciar e mais barata para ter e operar. Permite ainda: Redução de custos operacionais e investimento; fornece alta disponibilidade de aplicativo; minimiza ou elimina o tempo de inatividade; Aumenta a produtividade, a eficiência, a agilidade e a capacidade de resposta da TI; Agiliza e simplifica o aprovisionamento de aplicativos e recursos; Oferece suporte a continuidade de negócios e recuperação de desastres; Possibilita um gerenciamento centralizado; 2.4 XENSERVER O produto XenServer foi lançado no ano de 2006 pela XenSource Inc. O produto era de código aberto. Em 2007 a Citrix adquire a empresa lançando produtos mais consistentes e mantendo a filosofia do código aberto. Encontramos em Livre (2015) a seguinte definição para virtualização de servidores: É uma tecnologia que permite que múltiplas máquinas virtuais possam rodar em um único servidor físico. Cada máquina virtual é completamente isolada das outras máquinas virtuais. Cada máquina virtual pode rodar diferentes sistemas operacionais e aplicativos; reduz os custos através da consolidação de servidores e redução de energia, refrigeração e espaço de datacenter; Aumenta a flexibilidade, permitindo o provisionamento de novos servidores e serviços de TI dentro de minutos; Garante que os requisitos das aplicações e níveis de desempenho são sempre cumpridos; Minimiza o tempo de inatividade, reduzindo o impacto de falhas e de proteção contra catástrofes. Nota-se que para os três produtos os aspectos como reduções de custos, aumento da disponibilidade, da gerenciabilidade são importantes e justificam um projeto de Virtualização nas empresas. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 364 ISSN 2447-3081 2.5 Etapas de projeto Um projeto típico de um ambiente virtualizado contempla: Estudo prévio do comportamento dos sistemas, os momentos e motivos da saturação de utilização, adequações realizadas nas últimas manutenções; Consumo de energia dos servidores, condicionador de ar, gastos com administração da TI e a possíveis reduções; Quais sistemas que podem ser virtualizados (CRM, ERP, Correio eletrônico, Banco de Dados, Servidores de Arquivos etc.) mediante estudo em conjunto com o desenvolvedor; Redundâncias físicas do servidor como placa de rede, fontes e hard disks com espelhamento (replica online); Nobreaks com estudos de divisão de carga elétrica entre os servidores e os equipamentos de rede; Considerar no estudo de saturação pelo menos 30% a mais de memória no servidor e se necessário aplicar a mesma regra para cada aplicativo que será virtualizado; Prever o mínimo de crescimento de 50% da totalidade do projeto e considerar uma storage caso o projeto contemple um servidor de redundância. Este item é muito importante pois o armazenamento de dados não pode ficar nos discos internos do servidor. Uma storage interligada aos dois servidores (produção e backup) garante que caso o principal fico inoperante, o backup entra em operação de forma transparente. A configuração do servidor que trabalhará com ambientes virtuais dependerá dos itens citados acima. O licenciamento é um ponto importante no projeto de virtualização: entender sobre como se procede a compra das licenças para os servidores levando em consideração quantos núcleos de processadores estarão ativos. Cada empresa tem as suas regras de licenciamento e é importante realizar uma consulta sobre quantas licenças serão necessárias para os sistemas operacionais das virtualizações, para não incorrer em pirataria. Após todo o levantamento de dados, é de sua importância negociar junto com um projetista do fabricante do hardware para validar qual é a melhor situação com o melhor custo para a empresa. Testes devem ser realizados com aval dos fabricantes. Os servidores virtuais devem ser levados a trabalhar com os picos de utilização a fim de seja garantido a qualidade do serviço para os clientes internos ou externos. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 365 ISSN 2447-3081 3 METODOLOGIA O trabalho foi realizado por meio de pesquisa bibliográfica, utilizando-se da opinião de alguns autores. Conforme Cervo e Bervian (2002), a pesquisa bibliográfica visa explicar um problema tendo como base às referências publicadas por outros autores, podendo ser realizada independentemente ou como parte de pesquisa descrita ou experimental. 4 DISCUSSÃO E RESULTADOS A validação das informações é um ponto muito importante no projeto. A equipe de TI deve monitorar de forma continua os processos de cada servidor a fim de detectar gargalos, momentos de pico de utilização do sistema, quantos usuários utilizam ao longo do mês (nas mais variadas situações), quantos chamados existem por causa de lentidão, qual a expectativa do cliente face ao uso dos sistemas, ou seja, as métricas e indicadores de produção e os acordos de serviços. Para profissionais de TI (2015) temos pontos importantes a considerar: Identificar os serviços e os requisitos do negócio em relação aos serviços de TI; Definir como os serviços serão entregues; Negociar Acordos de Nível de Serviço e os contratos de apoio que são contratos com terceiros. Monitorar os níveis de serviço a fim de medir o nível de qualidade de entrega dos serviços; Emissão de relatórios que mostram os níveis de serviço alcançados e os acordados; E a revisão periódica através da análise dos dados fornecidos pelo monitoramento que são os pontos que podem ser melhorados na entrega dos serviços. Conhecer o comportamento dos serviços prestados pela TI é muito importante. Questionamentos irão surgir e a defesa do projeto deve ser realizada com base na documentação e acompanhamento diário dos serviços prestados. Quando as garantias dos servidores expiram, as manutenções tendem a ser mais caras, tanto na troca de peças quanto mão de obra. Tudo deve ser registrado. A obsolescência técnica não deve ser desconsiderada. Quando não há acompanhamento ao longo do tempo, pode ocorrer o seu declínio por problemas de manutenção excessiva sem tentar resolver com um novo modelo operacional que pode ter um alto custo em determinado momento porém com ganhos estruturais e desempenho dos colaboradores, além dos aspectos de segurança que a nova plataforma trás. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 366 ISSN 2447-3081 Figura 5 – Virtualização de Servidores Fonte: Redes-e-servidores.blogspot, 2015. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Virtualização é uma tecnologia que muda a forma da gestão da TI da empresa. Enquanto no modelo tradicional temos vários servidores físicos em operação, cada um com seu próprio sistema operacional, memória, espaço em disco, acesso à rede e vários administradores de sistemas, na virtualização temos um único servidor que contém os demais sistemas operacionais e este realiza a gestão toda a gestão, através do Hypervisor, além de redução da administração técnica. A escolha da plataforma que será utilizada dependerá da avalição do modelo de gestão que a empresa trabalha e qual a recomendação que os desenvolvedores irão propor. Um projeto de virtualização tem um valor elevado na sua implantação. Nem sempre a empresa está disposta a pagar pelo investimento. Continuar a adquirir servidores separados para resolver problemas de novos sistemas ou obsolescência técnica não traz vantagens para as organizações pois sua infraestrutura vai continuar desestruturada sem meios de compartilhamento dos serviços providos pelos servidores. Por maior que seja o investimento no momento da compra as vantagens são maiores e justificam-se a fim de garantir o correto investimento de acordo com o atual estado da Tecnologia. Reforçamos que a cultura da Tecnologia da informática da empresa deve ser mudada pois haverá redução do número de servidores físicos para operar todos os aplicativos da empresa, enxugando custos promovendo maximização dos serviços fornecidos. Considerar que o projeto no modelo com redundância trará benefícios, pois haverá garantias da disponibilidade dos serviços para empresas e clientes, além da segurança exigida nos backups e cópias das informações. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 367 ISSN 2447-3081 O mercado de virtualização deve ser acompanhado de perto, para avaliar as tendências tecnológicas e eventuais benefícios que atualizações devem trazer. REFERÊNCIAS ALBERTIN, Alberto L; MOURA, Rosa M.: Administração de informática: funções e fatores críticos de sucesso. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009. CERVO, A. L.; BERVIAN, A. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. DEVMEDIA. Virtualização. Disponível em: <http://www.devmedia.com.br/hypervisorseguranca-em-ambientes-virtualizados/30993>. Acesso em: 01 out. 2015. FILADORO, Adriano. 10 vantagens da virtualização. Disponível em: <http://imasters.com.br/>. Acesso em: 02 out. 2015 GARTNER. Previsão gastos com TI 2015. Disponível em: <http://computerworld.com.br/gartner-reduz-em-us-9-bilhoes-previsao-de-gastos-com-tino-brasil-em-2015>. Acesso em: 03 out. 2015 IBM. História IBM. Disponível em: <http://www.ibm.com/br/ibm/history/>. Acesso em: 30 set. 2015. NETO, Manoel. Virtualização: componente central do datacenter. São Paulo: BRASPORT 2011 MICROSOFT, TechNet. Hyper-V. Disponível em: <https://technet.microsoft.com/>. Acesso em: 02 out. 2015. LIVRE, Ambiente. XenServer. 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Acesso em: 02 out. 2015 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 369 SISTEMAS PRODUTIVOS A IMPORTÂNCIA DO MANEJO SUSTENTÁVEL NAS FLORESTAS DE EUCALIPTOS: UM ESTUDO DE CASO NO MUNICÍPIO DE LENÇÓIS PAULISTA – SP Sidnei Dalberto Bento – FAAG1 RESUMO O Município de Lençóis Paulista possui uma área considerada produtiva de 76.300 hectares, o que representa a necessidade de 15.260 hectares de reserva legal. Considerando-se estes números, Lençóis Paulista apresenta um déficit de reserva legal, pois se somadas às áreas de preservação permanente e de reserva legal apresenta apenas 1.600 hectares de florestas nativas. A adequação da reserva legal somente com espécies nativas tem um custo muito alto, levando os produtores rurais a resistirem ao cumprimento da legislação. Por outro lado, a demanda por madeira é crescente, e estudos já realizados em 2005 mostram que a oferta de madeira em m³ chegaria em 2020 a aproximadamente 175 milhões de m³ e que a demanda seria de aproximadamente 330 milhões de m³ de madeira, e isso significará uma defasagem de 155 milhões de m³. Com o objetivo de incentivar a recomposição da Reserva legal, o governo paulista lançou em 2008 a Lei estadual nº. 12927/2008 que permitirá ao proprietário do imóvel recompor a reserva legal faltante da propriedade com plantios consorciados entre espécies nativas do bioma regional e espécies exóticas com direito a exploração por parte do produtor. Este trabalho tem por objetivo analisar de forma teórica o consórcio entre espécies nativas e o gênero Eucalyptus, discutindo aspectos econômicos, sociais e ambientais deste modelo de implantação para o município de Lençóis Paulista e extrapolando estes valores para o Estado de são Paulo. Desta forma teríamos um impacto positivo sobre a economia agrícola e pecuária; a minimização da pressão sobre as florestas nativas ainda existentes; a legislação seria cumprida; e a defasagem entre oferta e demanda de madeira também diminuiria. PALAVRAS-CHAVE: Reserva legal. Florestas nativas. Plantio consorciado. Lençóis Paulista. ABSTRACT The town of Lençóis Paulista has an area considered productive of 76,300 hectares, which represents the need for 15,260 hectares of legal reserve. Considering these numbers, Lençóis Paulista shows a deficit of legal reserve, because when added to the permanent preservation areas and legal reserve has only 1,600 hectares of native forests. The adequacy of the legal reserve only with native species has a cost too high, leading farmers to resist the enforcement of legislation. On the other hand, the demand for wood and growing, and studies already performed in 2005 show that the supply of wood in m³ arrived in 2020 to approximately 175 million m³ and that the demand would be approximately 330 million m³ of timber, and that will mean a gap of 155 million m³. With the goal of encouraging the recomposition of the legal reserve, the paulista government launched in 2008 the State Law no. 12927/2008 Which will allow the property owner recover the legal reserve missing 1 Professor de graduação. Administrador e Contador. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 370 property with intercropping between native species of the regional and exotic species with the right exploitation on the part of the producer. This work aims to analyze in a theoretical way the consortium between native species and the genus Eucalyptus, discussing economic, social and environmental aspects of this model of the deployment for the town of Lençóis Paulista and extrapolating these values to the State of São Paulo. This way we would have a positive impact on the agricultural economy and livestock; the minimisation of pressure on the remaining native forests; the legislation would be met; and the gap between supply and demand of wood also decrease KEYWORDS: Legal reserve. Native forests. Intercropped. Lençóis Paulista. 1 INTRODUÇÃO Este trabalho tem por objetivo destacar a importância do Manejo Sustentável e da Reserva Legal nas florestas de eucaliptos para a contribuição da preservação do meio ambiente e da proteção da biodiversidade, tendo como foco o munícipio de Lençóis Paulista do estado de São Paulo. A prática do manejo sustentável envolve três partes: biológica, física e social. Preocupar-se com o que diz respeito à hidrologia é fundamental, porém não é suficiente. É preciso identificar e analisar os impactos físicos e a consequência destes na sociedade. No final da década de 80 e início dos anos 90 a preocupação com o planejamento detalhado do manejo para futuras florestas era visto apenas como um excesso de zelo, pois o que realmente importava era por a madeira dentro das fábricas, não existindo preocupação com o manejo a médio e longos prazos. Atualmente, devido a questões ambientalistas e/ou estratégicas, fatores relativos à eficiência ganham cada vez mais importância no segmento do setor florestal, e garantir o retorno econômico e sustentável dos reflorestamentos no longo prazo passou a ser tarefa principal e obrigatória das organizações. O que pode assegurar o manejo sustentável nas florestas de eucaliptos são práticas operacionais modernas que assegurem a qualidade das florestas e, concomitantemente, corroborem para a preservação do meio ambiente. Manejo florestal é a técnica no corte de árvores, nativas ou não, realizado de forma ambientalmente correta. Schneider (1993) destaca como objetivo primordial do manejo florestal como sendo “a produção contínua e eficiente de madeira realizada de maneira simultânea com um maior incremento possível de água de boa qualidade, da fauna, da flora, dos locais recreativos e POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 371 da estética da paisagem, sem promover a degradação ambiental”. Desta forma podemos considerar o Planejamento a principal ferramenta a ser aplicada no Plano de Manejo, pois é a partir deste planejamento que as ações serão organizadas e focadas nas áreas destinadas a plantios e colheitas apoiados numa base sustentada de produção. O manejo florestal sustentável é também constituído de uma técnica que visa preservar o meio ambiente utilizando-se primeiramente da colheita das árvores mais velhas; desta forma as árvores mais novas ficam protegidas assegurando a capacidade de regeneração natural da floresta, auxiliando na manutenção da biodiversidade da mesma, e contribuindo sobremaneira para a redução do impacto ambiental. A realização de um manejo sustentável exige um conjunto de tecnologias e práticas de gestão, de modo a conciliar o cultivo, trazendo melhores resultados econômicos para as empresas e consequentemente, beneficiando diretamente as comunidades da localidade não somente com a utilização de mão-de-obra regional, como também pelo resultado da movimentação econômica local. Para o cultivo de florestas renováveis se faz importante a aplicação de modernas técnicas de manejo e de melhores práticas de cultivo, visando manter a sustentabilidade e o aumento da produtividade das áreas plantadas. Entre essas técnicas podemos destacar: espaçamento entre as árvores; novos processos de adubação; introdução de novas técnicas de genética com a ênfase principal sendo focada em clones mais resistentes e que, consequentemente, resultarão em árvores de melhor qualidade. 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 O eucalipto O eucalipto por ser uma árvore que tem grande facilidade de se adaptar às diferentes condições climáticas e de solo, vem se tornando uma planta alternativa e perfeita para constituir florestas plantadas em substituição a florestas naturais. É uma árvore que requer poucas ações do homem sobre o solo e podem ser cultivados em terrenos de baixa fertilidade natural e que ainda não exige muitos nutrientes e/ou defensivos agrícolas para seu cultivo. Consumido em larga escala o eucalipto tem uma participação importante na utilização como combustível nas indústrias siderúrgicas, já que representa uma fonte alternativa POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 372 energética que contribui sobremaneira na redução da exploração das florestas nativas. Segundo Lima (2004) uma das principais preocupações do setor florestal é o equilíbrio ambiental entre áreas de produção e reservas naturais para a preservação da flora e da fauna. As florestas plantadas seriam então consorciadas com as reservas nativas, e esse consórcio possibilita a formação, em muitos casos, de verdadeiros corredores ecológicos que garantem a biodiversidade, preservando a flora e a fauna; também protegendo a qualidade da água e assegurando a sustentabilidade das áreas cultivadas, constituindo-se assim num recurso natural e num importante benefício à cultura do eucalipto. De acordo com Foelkel (2005), estudo da AMS – Associação Mineira de Silvicultura em 2005 identificou a existência de um forte desequilíbrio entre a oferta e a procura de madeira para atender às projeções de crescimento das indústrias de base florestal, reforçando assim a tendência da demanda de plantio do eucalipto. A exploração do eucalipto para utilização como matéria prima das indústrias de celulose tem crescido muito em todo mundo, principalmente no Brasil. O Brasil é um dos países que apresenta condições altamente favoráveis para seu plantio, sendo considerado um dos países com os mais altos índices de produtividade, onde uma árvore leva em média entre 6 e 7 anos para ser cortada para uso na produção de celulose e entre 12 e 16 anos para ser serrada e comercializada como madeira bruta. Segundo dados do IBGE (2007) e da EMPRAPA (2007) o Brasil possuía em 2007 uma área plantada equivalente a 3,5 milhões de hectares. O eucalipto além de sua importância como fonte de energia para diversas indústrias e de matéria prima para indústrias de celulose, tem também uma importante participação no controle e manutenção da biodiversidade do Brasil e por que não dizer do mundo, se cultivado de maneira sustentável. Para o grupo Klabin (2009), do segmento de celulose e papel, o cultivo sustentável de florestas de eucaliptos somente é possível por meio do processo denominado manejo sustentável. O manejo sustentável é um método que visa conciliar através da aplicação de um conjunto de tecnologias e práticas de gestão, sem comprometer o futuro da população e do planeta, o cultivo de eucalipto de forma economicamente viável, conservando os recursos naturais, preservando o meio ambiente e respeitando as comunidades adjacentes. O grupo Klabin ressalta ainda que a sustentabilidade precisa ser socialmente justa, ambientalmente correta e economicamente viável. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 373 Ainda conforme o relatório Stern (2009), aproximadamente 200 bilhões de toneladas de carbono são absorvidas pela vegetação tropical em todo o mundo, e deste total cerca de 70 bilhões são absorvidos apenas pela floresta amazônica. A floresta Amazônica absorve cerca de 10% de CO2 resultante da queima de combustíveis fosseis, porém o desmatamento desenfreado da floresta está fazendo com que cada vez mais o carbono se converta em dióxido de carbono, isso tanto pelas queimadas clandestinas como pela decomposição de madeira não-queimada. O grupo Suzano Papel e Celulose (2009) estima que cerca de 20% das emissões globais de gases que causam o efeito estufa provêm da derrubada de florestas tropicais em todo o mundo. Isto posto, e sabido que as florestas em formação absorvem carbono retirando-o da atmosfera e transforma-o em biomassa, o fórum cientifico “Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU”, discutiu e analisou o assunto no Protocolo de Kyoto, documento esse firmado com o objetivo de reduzir a emissão de carbono no mundo todo. Logo, baseado na importância que tange o protocolo a nível mundial, estabelecendo limites de emissão de gases para os países considerados industrializados e criando os chamados “mecanismos para o desenvolvimento limpo”, o plantio de florestas passa a ser além de um importante aliado de defesa do meio ambiente, um instrumento de retorno financeiro para as empresas que exploram esse cultivo, porque elas após calcularem o número de emissões de suas fábricas e confrontar com suas florestas cultivadas passam a negociar (vender) seus créditos excedentes, resultando numa fonte de retorno financeiro muito interessante. No Brasil a contribuição do eucalipto para o desenvolvimento sustentável é crescente. As atividades ligadas ao setor florestal já respondem por boa parcela do PIB e geram milhões de empregos diretos e indiretos. O grupo Suzano (2009), ressalta como fator preponderante no manejo sustentável a aplicação de modernas técnicas para proteger o solo contra erosões, considerando essa prática fundamental para evitar o assoreamento dos cursos d’água. Destacam ainda como outra forma importante de contribuir para a preservação dos mananciais a importância de se respeitar e seguir a legislação no que tange às normas de preservação definidas em lei, mantendo parte da vegetação nativa em torno de nascentes e ao longo de cursos d’água. Ainda para o grupo Suzano (2009) se faz também importante outras ações participativas, tais como: realizar manejo integrado das micro bacias; realizar POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 374 monitoramento constante da qualidade e da disponibilidade das águas; plantio em sistema mosaico, isto é, plantar em talhões menores e quando possível entremeá-los por vegetações nativas formando assim corredores onde a fauna e flora possam circular livremente; dividir as áreas de plantio e colheita em sistema rotativo (técnica do cultivo mínimo) para preservação do solo por que assim todo resíduo da colheita, como folhas e cascas ficam na lavoura e assim formam uma cobertura protegendo o solo de erosões, mantendo a umidade e também agregando nutrientes ao solo; investir em tecnologia de ponta; tratamento dos efluentes e dos resíduos orgânicos; reaproveitamento das águas consumidas nos viveiros de mudas; adubação ecológica, o Biossólido, material proveniente da lama seca do esgoto tratado que além de contribuir para redução dos volumes depositados nos aterros sanitários, essa massa além de ser rica em compostos orgânicos e nutrientes reduz bastante a necessidade da utilização de adubos químicos, tendo ainda o atrativo do baixo custo, e que atrelado a tudo isso, podemos considerar uma solução ambiental altamente positiva, principalmente para as grandes cidades. 2.2 Manejo Florestal O sucesso da Gestão Florestal depende fundamentalmente do processo eficiente empregado na operação de silvicultara implantado, pois a otimização dos recursos e equipamentos de produção corroboram para evitar desperdícios de insumos e ocisiodade de mão-de-obra. A Gestão Florestal pode ser entendida como o melhor e mais eficaz uso dos recursos naturais e produtivos, e para tanto, o planejamento e o controle dos processos destas operações é fundamental. Atualmente o manejo florestal vem recebendo grande atenção por parte do mundo todo, e neste cenário, as Certificações Florestais expedidas por orgãos certificadores, passam a ser o “fiel escudeiro” na balança das empresas do segmento florestal, pois ajudam sobremaneira a melhorar o Manejo Florestal do ponto de vista técnico, ambiental, social e econômico. As florestas passaram a ser vistas como uma continuidade das fábricas, tornando a cadeia produtiva florestal mais integrada e organizada, com a introdução de novos sistemas de plantios (layouts); pesquisas e investimentos em laboratório para desenvolvimentos de clones mais resistentes e de ciclo de colheita menor. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 375 No Brasil o eucalipto é plantado, principalmente em grande escala, com destino à produção de celulose e chapas de madeira; também é utilizado como matéria-prima (lenha) em fornos, e ainda para produção de carvão. Outra importância fundamental do eucalipto é a sua utilização alternativa em programas de recuperação de áreas degradadas ou em plantações pequenas ou médias visando atender a requisitos legais da legislação florestal obrigatória no que diz respeito a reposição ou renovação de matas. Para Sedjo (1989), plantios com espécies de rápido crescimento em grandes áreas tem sido proposto para funcionar em larga escala como fontes de gás carbônico. 2.3 Florestas de Eucaliptos O cultivo das florestas plantadas de eucalipto tem sido muito questionado quanto aos possíveis impactos que poderá causar no meio ambiente: no solo, na água, no ar, e na biodiversidade do planeta. Entretanto, a opção por florestas plantadas para fins industriais ganhou força por inúmeros fatores, entre os quais podemos destacar: melhor qualidade da madeira; maior produtividade; melhor controle de ciclo de produção; escolha de área de plantio levando em conta a região, o clima, o solo, e a disponibilidade de mão-de-obra; maior proximidade das indústrias consumidoras; logística de transporte; e redução de Custos. Com o desmatamento natural ocorrendo de maneira desenfreada e sem controle, a atenção em preservar as matas nativas passou a ser uma preocupação de todas as nações, e neste quesito a opção por florestas plantadas tem ocupado lugar de destaque em todo mundo. Vale destacar a importância das florestas plantadas não somente como fonte produtiva, mas também, e principalmente como fonte de conservação, pois além da finalidade maior que é de suprir a demanda de consumo do segmento industrial, essas florestas tem um papel ambiental e social, contribuindo diretamente para a redução de gases na atmosfera e reduzindo a extração de matas nativas, evitando a degradação do solo provocada por erosões, contribuindo para a conservação de mananciais, etc, e corroborando assim para o desenvolvimento sustentável do planeta. Atualmente as florestas plantadas produzem mais de 1,5 bilhão de m3 de madeira, significando mais de 35% do consumo mundial. As serrarias consomem aproximadamente metade desta produção, ficando o restante 50% consumidos por Indústrias de Celulose e Papel; Bioenergia; produtos não madeireiros, entre outros. Estudos projetam que até 2030 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 376 a produção de madeira proveniente de florestas plantadas supere a soma de 1,9 bilhão de m3, representando mais de 75% da demanda industrial, e isso por si só justifica a importância do Manejo Florestal. 3 ESTUDO DE CASO O estudo de caso objetiva mostrar a situação da Reserva Legal no Município de Lençóis Paulista e a viabilidade e importância do plantio do Eucalipto como meio de atender a legislação pertinente utilizando-se do Manejo Sustentável. 3.1 Características do Município de Lençóis Paulista Segundo dados do site da Prefeitura Municipal de Lençóis Paulista, o município de Lençóis Paulista está localizado na região central do Estado de São Paulo; compõe a Região Administrativa de Bauru que é composta por trinta e nove municípios dos quais nove são circunvizinhos de Lençóis Paulista: Agudos, Avaré, Borebi, Botucatu, Macatuba, Pederneiras, Pratânia e São Manoel. O município apresenta três grupos de solos: Latossolo Roxo (20.200 ha), Argissolo Vermelho Amarelo (30.300 ha) e Argissolo Vermelho Escuro (30.300 ha). Quanto à vegetação natural do município basicamente é representada pelo cerrado. As características climáticas do município o enquadram no clima tropical, sendo o inverno seco e o verão chuvoso. Apresenta uma temperatura amena, onde a máxima média anual é de 26,0º e a mínima de 16,0º; com uma pluviosidade média anual de 1.700 mm. O município possui 65.000 habitantes, ocupando uma área de 808 quilômetros quadrados (equivalente a 80.000 hectares, sendo 4.500 hectares na zona urbana e 76.300 hectares na zona rural). A zona rural está dividida em 838 propriedades, sendo que 664 delas não ultrapassam 50 hectares (CATI, 2008). 3.2 Economia De acordo com a CATI (2008), a economia do município está fundamentada na indústria, na pecuária, em reflorestamento e na agricultura. A indústria está baseada na POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 377 reciclagem de derivados de petróleo, na produção de açúcar e álcool e na produção de celulose. A pecuária está baseada na produção bovina; o reflorestamento baseia-se no cultivo de eucalipto, e a agricultura, no cultivo de café, feijão, laranja, milho e, predominantemente, no cultivo de cana-de-açúcar que ocupa aproximadamente 66% da área agrícola do município. 3.3 Reserva Legal de Lençóis Paulista Não foi encontrada nenhuma literatura de estudo específica sobre o panorama atual da Reserva Legal do Município de Lençóis Paulista. Os números levantados são baseados em dados da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (CATI) em 2008; do Instituto de Economia Agrícola do Estado de São Paulo e do Código Florestal que tratam basicamente da área produtiva agrícola, dos percentuais de Área de Preservação Permanente e da Reserva Legal. A CATI é um órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Governo do Estado de São Paulo, criada 1967, e que presta serviços para os produtores rurais. O limite mínimo de Reserva Legal (RL) no Estado de São Paulo é de 20% (vinte por cento) da área das propriedades agrícolas. O Município de Lençóis Paulista possui 76.300 hectares de área agrícola, desta área apenas 1.600 hectares ou 2,10% são de florestas nativas. Esta área de vegetação nativa não representa nem as áreas de Preservação Permanente (APPs) do município, pois as APPs devem representar 7% (sete por cento) da área de produção agrícola no estado de São Paulo, o que daria uma área aproximada de 5.300 hectares. Lençóis Paulista apresenta um déficit de Reserva Legal (RL) de aproximadamente 13.660 hectares, proporcionando um alto potencial para implementação de projetos de recomposição de Reserva Legal (RL) amparados por Lei, onde todos ganhariam, principalmente o agricultor, pois estaria com sua área legalizada e ainda obteria renda. 3.4 Manejo Florestal Lençóis Paulista devido às suas características climáticas e qualidade do solo favorecem consideravelmente o plantio de eucalipto, e com a utilização de técnicas de POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 378 ISSN 2447-3081 Manejo Florestal podem contribuir significativamente para a redução do déficit de Reserva Legal existente no município. 3 MATERIAIS E MÉTODOS Para realizar o trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica em livros, internet, artigos científicos e revistas da área sobre o tema a ser estudado, e também uma pesquisa documental nos acervos da prefeitura municipal da cidade de Lençóis Paulista. O tema estudo possui poucos livros nacionais publicados o que fez a centralização da pesquisa fundamentar-se nos outros instrumentos da pesquisa. 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS A madeira é um produto que será cada vez mais valorizado no mercado e o plantio de espécies florestais nativas com potencial madeireiro se justifica no sentido de agregar maior valor econômico em função da qualidade da madeira. Como a demanda do eucalipto é bem menor que a oferta, isso faz com que essa cultura seja vista do ponto financeiro como um negócio bastante promissor e rentável. Outro ponto a destacar é que na plantação em consórcio o valor do custo da recuperação da reserva legal será rateado entre o plantio de nativas e eucalipto. O município de Lençóis Paulista possui predominância de solos que permitem a cultura do eucalipto em até duas rotações por ciclo com produtividades viáveis economicamente para produção de madeira, principalmente para processo das indústrias de celulose e madeira reconstituída. Para formação de floresta nativa, o período entre a implantação e o término da manutenção vai de zero a três anos, a partir daí não há mais necessidade da intervenção humana, exceto em casos extremos como: eliminação de competição danosa ou controle de pragas, principalmente formigas cortadeiras. Com o trabalho pôde-se atingir os objetivos pretendidos através da bibliografia; notouse a viabilidade da plantação de eucalipto e sua potencialidade de demanda, uma vez que a oferta é menor do que a procura, e Lençóis Paulista tem todas as possibilidades para o atingimento na plantação de eucalipto: espécies, solo, água, e terra disponível para plantio. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 379 Destaca-se ainda no município de Lençóis Paulista a existência de uma indústria de celulose com grande poder de demanda. Fora isso se adiciona a possibilidade do pequeno proprietário poder contar com subsídios do governo ou das próprias empresas detentoras de moderna tecnologia na produção do eucalipto, proporcionando o arrendamento das terras ou mesmo o fomento. A madeira é um produto que está cada vez mais valorizado no mercado, e o plantio de espécies florestais nativas com potencial madeireiro se justifica no sentido de agregar maior valor econômico em função da qualidade da madeira, facilitando sua comercialização e promovendo interesses cada vez maiores por este plantio. 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Conservar o meio ambiente passou a ser um desafio global, no qual o foco principal está no uso sustentável dos recursos naturais, e consequentemente na proteção da biodiversidade, e desta forma o manejo sustentável nas florestas de eucaliptos tem uma importante participação nesta sustentabilidade. O desenvolvimento sustentável deve e precisa ser analisado e praticado de forma a buscar e manter o equilíbrio entre as atividades produtivas e os interesses econômicos das organizações. Problemas relacionados à sustentabilidade vêm sendo pesquisados, estudados e tratados por meio de uma Gestão Ambiental eficazmente correta. Destaca-se ainda que a destruição em ritmo acelerado das florestas nativas tem corroborado diretamente no desaparecimento de especeis da fauna e da flora em todo planeta, além de promover também o agravamento do efeito estufa. Vale, portanto, ressaltar a importância do manejo sustentável das florestas de eucaliptos, e como essa técnica contribui para minimizar que o desmatamento sem controle e sem plano de reposição das florestas naturais continue impactando diretamente na biodiversidade e no desaparecimento de espécies; e ainda como o manejo sustentável pode também minimizar o agravamento do efeito estufa proveniente dos grandes volumes de carbono lançados na atmosfera pelas indústrias. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 380 ISSN 2447-3081 REFERÊNCIAS ABRAF: ano base 2006. Brasília, 2006. 84p. Disponível em: <www.ipef.br/estatísticas>. Acesso em: 18 de julho de 2007. ARACRUZ CELULOSE. Eucalipto & Meio Ambiente em tempos de aquecimento global. Disponível em: <www.aracruz.com.br/eucalipto>. Acesso em: 12 de maio 2009. Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. ABRAF. Disponível em: <www.abraflor.org.br >. Acesso em: 15 nov. 2011. 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Este artigo procura apresentar a importância e os benefícios da calibração dos instrumentos de medição de uma empresa para que esses estejam em condições de utilização, sem oferecer riscos à operação, e também garantir a confiabilidade de medidas. Esta pesquisa pode ser classificada como sendo uma pesquisa descritiva e explicativa, ao descrever a importância da calibração e explicar seus benefícios para as empresas. Os conceitos de sistemas de unidades e medidas, metrologia e calibração foram fundamentados em pesquisas bibliográficas. Este artigo apresenta também o procedimento de calibração de uma balança semianalítica de uma indústria de lubrificantes. Ao realizar a calibração dos instrumentos de medição periodicamente, a empresa pode ter como benefícios o prolongamento da vida útil do instrumento e menos custos com manutenções corretivas. PALAVRAS-CHAVE: Instrumentos de medição. Calibração. Metrologia. ABSTRACT For businesses to achieve results in its operations, it is necessary for machinery, equipment and instruments are working properly, and that includes the measuring instruments. This article seeks to present the importance and benefits of calibration of measuring instruments of a business so that these are able to use without offering dangerous to the operation, and also guarantee the reliability of the results. This research can be classified as a descriptive and explanatory research, describing the importance of calibration and explain its benefits for businesses. It used the literature to support concepts of units and measure systems, metrology and calibration. This article also presents the calibration procedure a semi analyical balance of a lubricant industry. By performing the calibration of measuring instruments from time to time, the business may have benefits as extending the life of the instrument and lower costs for corrective maintenance. KEYWORDS: Measuring instruments. Calibration. Metrology. 1 INTRODUÇÃO As empresas buscam melhoria contínua em seus processos produtivos, com isso elas esperam produção elevada, qualidade no produto final e custos baixos na fabricação de 1 Aluna do Curso de Engenharia da Produção Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. Especialista em Gestão Financeira e Controladoria. Administradora. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 383 seus produtos. Mas, para que isso ocorra, é necessário que seus maquinários, equipamentos e instrumentos estejam funcionando corretamente e que este não tenha uma parada inesperada. Os instrumentos de medição necessitam de calibração periódica, pois com o passar do tempo perde-se sua eficiência e seus resultados acabam possuindo um desvio do valor real. Para verificar a necessidade de calibração de um instrumento, pode-se comparar o resultado do equipamento com um padrão que possua valor conhecido. Caso seja necessário realizar algum ajuste, o instrumento deixa de ser utilizado até que seja realizada sua calibração. Apesar da calibração dos instrumentos de medição ser necessária periodicamente, se o instrumento estiver em bom estado, essa calibração pode ser efetuada em intervalos mais longos, variando de meses a anos, entretanto é importante que existam rotinas de verificações diárias, semanais ou mensais com padrões pré-estabelecidos. A calibração deve ser realizada em todos os instrumentos de medição que tenham influência na exatidão ou validade dos ensaios, incluindo aqueles que não são diretamente vinculados à medição como, por exemplo, os de controle do ambiente de trabalho ou de armazenamento de amostras, que devem ser calibrados antes de serem colocados em uso. Nem todo instrumento de medição necessita de calibração. O bom senso técnico deve prevalecer sempre que houver alguma dúvida. Porém, de modo geral, devem-se calibrar os instrumentos que são usados para controlar a qualidade do produto. Diante desses aspectos, o problema de pesquisa deste artigo é: qual a importância e os benefícios da calibração dos instrumentos de medição para que esses estejam em condições de utilização, sem oferecer riscos à operação e a qualidade do produto? Este artigo tem como objetivo apresentar que a calibração dos instrumentos de medição de uma empresa pode trazer benefícios, pois garante resultados precisos e confiáveis, qualidade do produto e o bom funcionamento dos equipamentos. 2 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES E MEDIDAS O Sistema Internacional de Unidades e Medidas, baseado no sistema métrico, é um conjunto padronizado de definições de unidades e medida, utilizadas hoje mundialmente e em várias atividades: técnico-científica, política, econômica e social. Por sua lógica e POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 384 coerência, pode ser usado por pessoas de origens, de culturas e de línguas diferentes (BRITANNICA ONLINE, 2015). A primeira unidade criada foi o tempo. Em 1793, o metro foi definido como unidade para medir distâncias. Foram definidas também as unidades de volume (o litro) e de massa (o grama). No século XIX e na primeira metade do século XX, comissões internacionais foram criadas para elaborar sistemas de unidade e peso, de medida, de voltagem ou de amperagem, entre outras (BRITANNICA ONLINE, 2015). Com a origem das unidades e medidas, surge também a Metrologia Científica, ciência que abrange todos os aspectos teóricos e práticos relativos às medições, qualquer que seja a incerteza em qualquer campo da ciência ou tecnologia (INMETRO, 2006). Trata se dos conceitos básicos, dos métodos, dos erros associados à medição e sua propagação, das unidades e dos padrões envolvidos na quantificação de grandezas físicas, bem como a caracterização do comportamento estático e dinâmico dos sistemas de medição (DICIONÁRIO CIMM, 2015). A Metrologia é uma das funções básicas necessárias a todo Sistema de Garantia da Qualidade. Efetivar a qualidade depende fundamentalmente da quantificação das características do produto e do processo. Esta quantificação é conseguida por meio de definição das unidades padronizadas, que permitem a conversão de abstrações como comprimento e massa em grandezas quantificáveis, instrumentos que são calibrados em termos destas unidades de medida padronizadas, são utilizados para quantificar ou medir os parâmetros do produto ou processo de análise. A Metrologia engloba todos os aspectos teóricos e práticos da medição, qualquer que seja a incerteza de medição e o campo de aplicação (INMETRO, 2012). 3 CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTOS Calibração de acordo com Kobayoshi (2012), é um conjunto de operações que estabelece uma relação entre valores e as incertezas de medição fornecida por padrões e as condições correspondentes com as incertezas associadas e utiliza esta informação para estabelecer uma relação visando à obtenção de um resultado de medição a partir de uma indicação. Para o autor, os equipamentos devem ser calibrados todas as vezes que apresentar as seguintes situações: POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 385 ISSN 2447-3081 Aquisição de um equipamento novo, antes de colocá-lo em uso; Na ocorrência de quedas ou sobrecargas de pesagem; Mau uso e/ou desconfiança dos resultados de medição. As calibrações dos equipamentos podem ser feitas pelo Departamento de Manutenção da empresa com padrões e materiais adequados para a unidade de medida, que esteja sendo utilizada e também por empresas terceirizadas devidamente credenciadas ao órgão competente e contratada para este fim, com acompanhamento do setor de Manutenção ou Controle de Qualidade (VOCABULÁRIO ONLINE, 2012). Todos os equipamentos de medição de uma empresa devem passar periodicamente por um checklist com padrões ou amostras com resultados conhecidos para se certificar de que não está ocorrendo nenhum desvio com os resultados. Esse acompanhamento diário, semanal ou mensal de resultados pode ser realizado com a ferramenta da qualidade denominada de Controle Estatístico do Processo (CEP) (VOCABULÁRIO ONLINE, 2012). De acordo com a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), (2008), as organizações devem determinar o monitoramento e medição a serem realizados e o equipamento de monitoramento e medição necessário para fornecer evidências de conformidade do produto e requisitos determinados. Sendo que as empresas devem estabelecer processos para assegurar que o monitoramento e a medição possam ser realizados e sejam executados de maneira consistente com os requisitos e monitoramento de medição. 4 INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO Instrumento de medição é o dispositivo utilizado para realizar uma medição e podem ser utilizados em diversas áreas, como por exemplo (INMETRO, 2015): Comércio: balança, hidrômetro, taxímetro, bomba medidora de combustível; Saúde: termômetro clínico, medidor de pressão sanguínea (esfigmomanômetro); Segurança: cronotacógrafo, medidor de velocidade de veículos, etilômetro; Laboratórios químicos: Ponto de Fulgor, Viscosímetro, balanças analíticas, Espectros, phmetros; POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 386 Meio ambiente: analisador de gases veiculares, opacímetro, módulo de inspeção veicular; Indústrias: medidor de vazão, medidor de temperatura, medidor de pressão; turbidimetro; Efeito fiscal: medidor de velocidade de veículos; analisador de gases veiculares. De acordo com a CNI 2008, pode – se classificar os instrumentos e dispositivos de medição de acordo com a função que desempenham em um processo. Instrumentos de medição indicador: Instrumento de medição que apresenta uma indicação. A indicação pode ser analógica (contínua ou descontínua) ou digital. Um instrumento de medição indicador pode também fornecer um registro (CNI, 2008). Instrumentos de medição registrador: Instrumento que fornece um registro da indicação. O registro pode ser analógico ou digital. Os valores de mais de uma grandeza podem ser registrados simultaneamente (CNI, 2008). Transmissor: São instrumentos que detectam a variação na variável medida controlada através do elemento primário e transmitem na distância. O elemento primário pode ou não fazer parte integrante do transmissor (CNI, 2008). Transdutor: Instrumento que recebe informações na forma de uma ou mais quantidades físicas, modifica, caso necessário, essas informações e fornece um sinal de saída resultante (CNI, 2008). Controlador: Instrumento que compara a variável de processo com um valor desejado e fornece um sinal de saída, a fim de manter a variável de processo em um valor específico ou entre valores determinados (CNI, 2008). Elemento final de controle: Os elementos finais de controle são mecanismos que variam a quantidade de material ou de energia em resposta ao sinal enviado pelo controlador, a fim de manter a variável controlada em um valor predeterminado (CNI, 2008). 5 METODOLOGIA Esta pesquisa pode ser classificada como sendo uma pesquisa descritiva, que procura apresentar os fatos observados, e explicativa, que tenta explicar a razão dos fatos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 387 ISSN 2447-3081 (GIL, 2010), visto que procura descrever a importância da calibração e explicar seus benefícios para as empresas. A pesquisa bibliográfica foi elaborada com base em material já publicado, o que inclui material impresso, como livros, revistas, jornais, teses, dissertações e anais de eventos científicos. Com o avanço da tecnologia e novas fontes de pesquisa, a pesquisa bibliográfica adotou também materiais disponibilizados na internet (GIL, 2010). Foi descrito, passo a passo, a calibração de uma balança semianalítica, em perfeitas condições de uso, através da comparação dos valores dos pesos padrões. Com o objetivo de demonstrar os benefícios da calibração dos instrumentos de medição para as empresas, este artigo apresenta também o procedimento de calibração de uma balança semianalítica de uma indústria de lubrificantes da cidade de Lençóis Paulista/SP. 6 PROCEDIMENTO DE CALIBRAÇÃO DE INSTRUMENTO REALIZADO EM UMA INDÚSTRIA DE LENÇÓIS PAULISTA: BALANÇA SEMIANALÍTICA O procedimento de calibração da balança semianalítica da indústria pesquisada, foi realizado no laboratório da própria empresa. Esse procedimento procura garantir que os resultados apurados por esse instrumento estejam de acordo com as normas estabelecidas pela NBR ISO 9001:9008. A balança semianalítica é do fabricante Mettler Toledo, modelo PB602-S, com capacidade de 0 a 610 gramas. Ao iniciar o procedimento de calibração, observa-se os fatores que podem influenciar a calibração e as medidas de correção. O Quadro 1 apresenta os principais fatores. Quadro 1 – Fatores que podem influenciar na calibração de uma balança Atividades Executadas Limpeza Climatização Verificação da corrente de ar Efeito Percebido Medidas de Correção O resultado de uma pesagem muda constantemente em uma direção, no dispositivo de indicação. O resultado de uma pesagem muda constantemente em uma direção, no dispositivo de indicação. Limpar pedra de nível, e capela, se houver na balança. Sempre limpar o local de pesagem (prato, plataforma). Oscilação nos valores indicados Eliminar a corrente de ar Aguardar 20 minutos estabilizar o peso, a balança e o termo-barohigrômetro POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 388 ISSN 2447-3081 Vibração no local de instalação da balança Oscilação do resultado Determinação incorreta do valor do objeto que está sendo pesado Magnetismo em balanças ou comparador que utiliza bobina interna O resultado de uma pesagem muda constantemente em uma Manuseio direção, no dispositivo de uma indicação. Fonte: Procedimento interno da empresa pesquisada, 2015. Nivelar a balança quando a bolha de nivelamento estiver disponível Transportar os pesos protegidos contra atrito. Evitar estarem próximos a imãs, alto falantes, bobinas etc. Manusear os pesos com luvas adequadas, tipo tecido e pinça. As condições ambientais do local de instalação da balança (temperatura, pressão e umidade) devem ser determinadas e registradas no início do procedimento de calibração, conforme demonstrado no Quadro 2. Quadro 2 – Condições ambientais a serem respeitados no momento da calibração Temperatura Umidade Pressão Atmosférica De 10° C até 40°C De 30% até 80% De 850 mbar (hPa) até 1050 mbar (hPa) Fonte: Procedimento interno da empresa pesquisada, 2015. O monitoramento para condições ambientais de balanças analíticas e semianalíticas são medidos por um termo-baro-higrômetro, que deve ser colocado o mais próximo possível da área de pesagem do equipamento que está sendo calibrado. Um resumo dessas medições está demonstrado no Quadro 4. Quadro 3 – Condições ambientais MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DA CALIBRAÇÃO Climatização dos pesos padrão termo-baro-higrômetro da balança Houve ajuste Interno: Há vibração no Local: Há Corrente de Ar no Local: e Horário Inicial: 10h:20 ( ) Sim ( ) Sim ( ) Sim Horário Final: 10h:40 ( x ) Não ( x ) Não ( x ) Não CONDIÇÕES AMBIENTAIS Temperatura (t) corrigida: Unidade Relativa (h) corrigida: Pressão Atmosférica (P) corrigida: Fonte: Autoria própria, 2015. Início: 19,9 °C Início: 69,8% ur Início: 944,7 hPa Final: 20,0 °C Final: 68,9% ur Final: 944,5 hPa POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 389 ISSN 2447-3081 Antes de ser iniciada a calibração da balança, a mesma ficou ligada por cerca de 20 minutos, como procedimento de estabilização. Em seguida, foi aplicado um peso com valor de 25% a 35% em relação à carga máxima da balança para ser realizado o ensaio de excentricidade, seguindo os pontos demonstrados na Figura 1. O peso utilizado para o teste de excentricidade equivale a um valor de 200,00 gramas, que corresponde a 32,8% da carga máxima da balança. Figura 1 – Execução do ensaio de excentricidade para balanças de plataforma redondas 1 4 3 5 2 Fonte: Figura retirada do procedimento interno da empresa pesquisada, 2015. Ao iniciar o ensaio de excentricidade a balança foi zerada, o peso foi colocado na posição 1 da balança e registrado o valor. Em seguida, o peso foi movido para as outras quatro posições de forma aleatória, tendo seus valores registrados. O Quadro 3 apresenta os valores obtidos. Quadro 4 - Resultados do teste de excentricidade plataforma redonda Ensaio de Excentricidade Peso Padrão utilizado de 200 gramas Posição Leitura (gramas) 1 199,98 2 200,00 3 199,99 4 200,00 5 Fonte: Autoria própria, 2015. 199,99 Após o ensaio de excentricidade, foi realizado o ensaio de repetitividade através da aplicação e retirada dos pesos da plataforma da balança em série de três, tendo seus POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 390 ISSN 2447-3081 resultados registrados. Os pesos foram colocados de forma ordenada sobre a área de pesagem do equipamento. A tabela 1 apresenta os pesos padrões utilizados e os valores obtidos. Tabela 1 – Resultado do ensaio de repetitividade Ensaio de Repetitividade Valor do Pesopadrão Aplicado Leituras Leitura 1 Leitura 2 Leitura 3 Identificação dos Pesos-padrão P1 1 1,00 0,99 1,00 MDT(157) P2 5 5,00 5,00 5,00 MDT(159) P3 50 50,00 49,99 49,00 MDT(162) P4 250 250,00 250,00 249,99 MDT(162,164) P5 500 499,99 Fonte: Autoria própria, 2015. 499,99 499,99 MDT(165) A tabela 2 apresenta os resultados obtidos através dos cálculos. Tabela 2 – Resultados obtidos através dos cálculos Resultados da Calibração Ponto de IPonto de indicação da balança 1,00 (g) Pontos de Referência K Média das Leituras Erro Sistemático Incerteza Expandida 1,00 (g) 1,00 0,00 0,00 2,00 5,00 (g) 5,00 (g) 5,00 0,00 0,00 2,00 50,00 (g) 50,00 (g) 49,99 0,01 0,01 2,00 250,00 (g) 250,00 (g) 250,00 0,00 0,00 4,30 500,00 (g) 500,00 (g) 499,99 0,01 0,00 2,00 Fonte: Autoria própria Para chegar nos valores encontrados na tabela acima, são necessários os desenvolvimentos de cálculos estatísticos, que envolvem média aritmética, erro sistemático, desvio padrão, incerteza de medição e valor de K. O ponto apresentado abaixo é o de 250,00 gramas, conforme destacado na tabela de resultados. A média aritmética segundo Stevenson (2001), é soma dos valores do conjunto e dividindo – se esta soma pelo número de valores no conjunto. Média= X m= (250,00 + 250,00 + 249,00)= 249,9966666667 3 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 391 ISSN 2447-3081 De acordo com Stevenson (2001), erro sistemático é a diferença da média encontrada e o valor nominal do instrumento, ou seja, entre o que o instrumento está medindo e o valor esperado. Es = 249,9966666667 – 250,00 = - 0,0033334 ou 3x10-3 Desvio Padrão é um parâmetro que indica o grau de variação de um conjunto de elementos, foi criada a noção de desvio padrão se dizer o quanto os valores que se extraiu de uma média são próximos ou distantes da própria média (WONFFENBUTTEL 2006). s (250 250)2 250 249)2 (250 250)2 = 0,0001 3 1 A incerteza de medição segundo Gallas (2205), é o parâmetro associado ao resultado de medição, que caracteriza a dispesão dos valores que podem ser razoavelmente atribuídos ao mensurando. 𝑈= 0,001 √3 = 5x10-5 ou 0,0000577 Fator de abrangência (K) O fator de abrangência (K) segundo (KOBAYOSHI, 2012), está diretamente relacionado com o grau de probabilidade de acerto do cálculo da incerteza. Para cada percentual existe um valor de K definido. Este valor pode ter variações no seu valor em função do número de medidas realizadas e também das fontes de incerteza a serem consideradas. As empresas adotam o fator de abrangência de K=2, baseado em uma incerteza padronizada e combinada, para um nível de confiança de 95%. Nesse caso o fator de abrangência para o ponto de 250,00 g, foi calculado e encontrado o valor de 4,30, o que significa que o desvio padrão e a incerteza de medição não estão muito precisos. Após a realização desses procedimentos, é emitido um certificado de calibração, que apresenta um resumo do procedimento realizado na calibração e os resultados obtidos, certificando que este está apto para fazer as medições exatas e com isso, a empresa não correrá o risco de ter alguma perda no seu processo de pesagem. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 392 ISSN 2447-3081 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS É importante que todas as empresas que possuem instrumentos de medição façam regularmente a calibração em seus instrumentos, ciente de que a periodicidade depende do tipo de instrumento, do quanto ele é utilizado e quando existe dúvida na exatidão dos resultados. Os benefícios da empresa tendo seus instrumentos com as calibrações em dia são seus resultados precisos e confiáveis, com check’s diários, semanais ou mensais nos equipamentos a garantia da eficiência do mesmo é prolongada, pois ao observar qualquer desvio a correção pode ser feita de imediato através de uma manutenção preventiva, fazendo com que a empresa não venha ter problemas futuros com manutenção corretiva mais grave e assim gerar um custo não previsto. Outro benefício é atender as exigências da norma ISO 9001, a garantia da qualidade do produto, na precisão dos resultados consegue atender aos parâmetros estabelecidos pelos clientes, que são as especificações dos produtos. Nos resultados apresentados da calibração ficou claro que os valores expressos como os erros e a incerteza de que a balança não precisou de reajuste, e que os seus valores ficaram abaixo do erro admissível estabelecido pela empresa de 0,01 grama, que ao realizar uma pesagem, a mesma pode apresentar um desvio de 0,01 que não terá nenhum impacto no resultado final, porém seus desvios estão bem abaixo do permitido. Este artigo contribui para o crescimento e desenvolvimento de profissionais que queiram entender melhor, o que é um instrumento de medição suas funcionalidades dentro de uma empresa, e como aumentar a vida útil do mesmo. A calibração pode ser realizada por qualquer organização desde que possua técnicos habilitados, credenciamento na RBC, padrões rastreados e demais recursos de materiais, ambientais necessários. REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR ISO 9001:2008 – Sistema de Gestão da Qualidade. Rio de Janeiro: ABNT, 2008. BRITANNICA ESCOLA ONLINE. 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PALAVRAS-CHAVE: Compósitos poliméricos. Resinas epóxi. Análise térmica. ABSTRACT Polymer composite materials have characteristics and properties that make them highly competitive within the various segments, such as aerospace. This paper compares two commercial resins, SQ 2001 bisphenol group A and the other Derakane 411-350M epoxy vinyl ester group through mechanical (tensile and bending) and characterization of thermal analysis by TG and DSC, where results They determined the influence of the matrix along the ribs, seeking a better performance. KEYWORDS: Polymer composites. Epoxy resins. Thermal analysis. 1 INTRODUÇÃO Os compósitos poliméricos são materiais avançados de engenharia, onde temos duas fases bem distintas, uma denomina-se de reforço, que pode ser de fibras de vidro, kevlar ou fibras de carbono (em formas unidirecionais também denominados fitas ou em forma de tecidos, denominados bidirecionais) e a outra se denomina como matriz polimérica. A denominação de matriz polimérica pode ser entendida pela mistura em quantidades adequadas de resinas e agentes de cura, que posteriormente polimerizados, fornecem um material sólido, com boas propriedades mecânicas. A matriz polimérica coopera com atributos importantes como a transferência da solicitação mecânica do compósito para os reforços fibrosos [1-2]. 1 Professor do curso de Engenharia de Produção da FAAG, doutorando da FEB - UNESP. Aluno do Curso de Engenharia de Produção FAAG 3 Aluna do Curso de Pedagogia FAAG 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 395 Para diversas áreas da engenharia, seja naval, mecânica, aeroespacial e outras, são necessários novos materiais, estes devem atender a rigorosos critérios de projeto, principalmente elevados valores de resistência mecânica. Devido ao reconhecimento e funcionalidade dos compósitos laminados, muitos estudos começaram a se preocupar com as propriedades mecânicas das matrizes de resinas epóxi, componente fundamental desses laminados. As laminações com resinas epóxi e epóxi ester vinílica garantem que alguns materiais compósitos atinjam elevados índices de resistência mecânica aliada a baixo peso, o que os tornam ainda mais interessantes para os critérios de projeto. Os termofixos são diferentes dos termoplásticos principalmente com relação ao seu processamento, incluindo reações químicas de polimerização ou cura. A cura é um processo de crescimento e ramificações de cadeias poliméricas. Com o aumento da velocidade da reação, acelera-se o aumento da massa molecular e consequentemente várias cadeias ficam ligados entre si, em uma rede muito grande. A transformação de um liquido viscoso, em um gel ou uma borracha elástica denomina-se ponto de gel. O grau de conversão no ponto de gel α é constante para um dado sistema termo endurecível, independente da temperatura de cura; isto é, a gelificação é isoconversional. Por esta razão, o tempo de gel em função da temperatura absoluta pode ser usado para medir a energia de ativação da cura. Vitrificação, um fenômeno completamente diferente de gelificação, pode ou não ocorrer durante a cura dependendo da temperatura de cura em relação a T g ∞ [3] A dificuldade em trabalhar com uma resina que ofereça boas propriedades com facilidade de manipulação está no fato de que há diversas combinações de resinas e diluentes os quais mudam as características de temperatura de cura e influenciam suas propriedades mecânicas A resina do grupo epóxi detém um importante papel dentro do mercado industrial internacional, sendo um dos polímeros com maior consumo, em virtude de sua versatilidade e variedade de aplicação. A Figura 1, mostra a reação entre a resina e o seu respectivo agente de polimerização [4-5]. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 396 Figura 1 - Reação de polimerização entre o Bisfenol A e o agente de polimerização epicloridrina Fonte: Chemistry and Technology of Epoxy Resins A resina epóxi éster vinilica, possui características diferenciadas com relação a resina epóxi, entre as resinas para compósitos que mais se destacam em termos de resistência a produtos químicos, as éster-vinílicas, também chamadas de epóxi éster vinílicas ou vinilésteres, ocupam um lugar privilegiado. De grande versatilidade, as resinas éstervinílicas caracterizam-se por conjugar, num só produto, elevada resistência a altas temperaturas e alongamento diferenciado, o que as indica para aplicações – a maioria industriais – continuamente sujeitas a ambientes corrosivos diversos e a elevadas solicitações térmicas e mecânicas Esta classe de resinas também encontram uma variedade de aplicações em revestimento de fibra óptica, os revestimentos finais para recipientes, bem como placas de circuitos impressos.[6,7]. A estrutura de rede de ligação cruzada da resina epóxi éster de vinilica pode ser alterada alterando a estrutura ou extremidade da espinha dorsal ou os grupos funcionais [8]. A figura 2, mostra o esquema de reação de sintese da resina epóxi éster vinilica. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 397 ISSN 2447-3081 Figura 2 – Esquema de sintetização da resina epóxi éster vinílica . Fonte: Journal of Applied Polymer Science DOI 10.1002/app 2 METODOLOGIA A resina epóxi SQ2001, utilizou 75,25 gramas de resina e 37,62 gramas de agente polimerizador, densidade de 1,16g/cm³. A resina Derakane 411-350M, utilizou 100 gramas de resina, 1 grama de MEKP e 0,05 gramas de NaFCo 6 %, ambas preparadas em temperatura de 25°C.Utilizou-se para a confecção dos corpos de prova, molde de teflon, mostrados na Figura 3. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 398 ISSN 2447-3081 Figura 3 - Teflon para confecção de corpos de prova para tração e flexão . Fonte: Autor A Figura 4 mostra os corpos de prova tanto da resina epóxi SQ 2001, quanto a resina Derakane 411-350m já ensaiados. Figura 4 - Corpos de prova ensaiados em tração Esquerda: SQ 2001. Direita: Derakane 411-350M Fonte: Sander, C. A Com relação ao volume de resinas, cada corpo de prova de tração recebeu 15 cm³ e cada corpo de provas de flexão recebeu 7 cm³ de resina. Utilizou-se estufa para o processo de cura a 120°C da resina epóxi e pós cura da resina epóxi éster vinílica, ambas por duas horas. Após este processo os corpos de prova foram ensaiados em uma máquina de ensaios universal marca EMIC, atendendo as seguintes normas técnicas: ASTM D 638 e ASTM D 790. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 399 ISSN 2447-3081 A caracterização por analise térmica da TG e o DSC foram feitos em equipamento NETZSCH STA 409C, inserindo amostra de 27,7 mg tendo como gás de purga de N 2 com uma vazão de 40 ml/mim e temperatura de aquecimento de 10°C/mim, para as duas amostras. Os dados da TG e do DSC foram obtidos simultaneamente. 3 DISCUSSÃO E RESULTADOS 3.1 Propriedades mecânicas Com relação aos ensaios mecânicos, as tabelas 1 e tabela 2 mostram os resultados obtidos para tração e flexão respectivamente: Tabela 1 – Resultados do ensaio de tração σt (MPa) SQ 2001 Derakane 411-350 m Deformação (mm) 48 ± 1,29 0,11 ± 0,019 59 ± 2,64 0,51 ± 0,38 Os resultados dos ensaios de tração, mostraram que a resina Derakane, obteve uma maior resistência a tração e uma melhor deformação, isto está relacionado com os tipos de ligações cruzadas que cada uma das resinas faz durante a cura. Tabela 2 – Resultados dos ensaios de flexão σf SQ 2001 Derakane 411- 350M Deformação (mm) 78 ± 4,64 3,70 ± 0,83 109 ± 3,53 ± 2,12 16,45 Novamente a resina Derakane obteve o melhor resultado com relação à tensão de flexão, porém podemos observar que a deformação é maior para a resina SQ 2001. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 400 ISSN 2447-3081 3.2 Propriedades térmicas Com relação a caracterização das propriedades térmicas, foi possível obter resultados, onde se determinou qual das duas resinas detém as melhores propriedades tanto para a degradação térmica, quanto a pontos de transição vítrea. Essas informações colaboram para se determinar a melhor escolha com relação a possíveis aplicações em ambientes cuja temperatura seja elevada. Figura 5 – TG e DSC da resina epóxi SQ 2001 Fonte: Autor Observa-se que a resina SQ 2001, o ponto de transição vítrea é localizado a 55°C,a perder massa começa a 125°C, em um primeiro momento e posteriormente a 270° temse a maior degradação, chegando a perda total de massa. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 401 ISSN 2447-3081 Figura 6 – TG e DSC da resina Derakane 411 350M Fonte: Autor A resina Derakane 411-350m tem a transição vítrea próxima de 120°C, mantendo uma estabilidade térmica próxima de 350°C e posteriormente a perda de massa, c chegando a degradação total próximo de 400°C. A resina tem melhor características térmicas do quando comparados com a resina SQ 2001. 3.3 Caracterização por microscopia óptica A caracterização por microscopia óptica foi aplicada para analisar as fraturas e possíveis falhas dos corpos provas das resinas. Uma característica comum é a existência de linhas de ruptura bem definidas, provocadas pela solicitação mecânica. Quando as resinas epóxi são adequadamente preparadas de acordo com a composição, estas matrizes transmitem para a microestrutura um equilibrio das propriedades mecâncas tais como uma melhor resistência à fratura, resistência à flexão e à tração e rigidez. Foram identificados fatores, onde os quais controlam as propriedades falha da fratura, e processos de deformação matrizes curadas. Muitas revisões detalhadas sobre este tema podem ser encontrados em várias referências (Kinloch e Young, 1986; Kinloch, 1986, 1987; Garg e Mai, 1988a, b; Baixa e Mai, 1990). O comportamento da fratura de matrizes polímericas curada pode envolver vários mecanismos de falhas, (Garg e Mai, 1988a). Esses incluem: POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 402 (1) formação da banda de cisalhamento (2) fratura de partículas , (3) o alongamento, (4) a descolagem, (5) rasgamento de partículas, (6) fratura interpartículas, (7) descolagem de partícula dura, (8) fissura e deflexão por partícula, (9) “holes” de partículas, (10) fissuras, (11) zona plástica na ponta da trinca, (12) propagação de ruptura difusa, (13) Interação da banda de cisalhamento Vários desses mecanismos de falha podem ocorrer simultaneamente em um sistema de matriz já curad. Cada um destes mecanismos contribui para a energia absorção de toda a estrutura da matriz, que posteriormente transmite para o reforço do material compósito. como ilustrado esquematicamente na Figura 7. Figura 7 – Mecanismos de falhas em matrizes polímeros : (1) formação da banda cisalhamento; (2) fratura de partículas; (3) o alongamento, (4) de descolagem e (5) de rasgamento partículas; (6) fratura transparticular; (7) a descolagem de partículas; (8) fissura e deflexão de partículas; (9) holes / partículas escavadas; (10) fissuras; (11) zona plástica na ponta da trinca; (12) cisalhamento difuso produzindo; Interação banda /dobra (13) cisalhamento. Fonte: Engineered interfaces in fiber reinforced composites POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 403 ISSN 2447-3081 Nesta figura 8, a micrografia, revela linhas de ruptura, provocados pela solicitação mecânica. Essas linhas estão alinhadas e a forma de deformação apresenta-se de forma mais plástica. Figura 8 – Resina SQ 2001 com linhas de ruptura Fonte: Autor. A micrografia da figura 09 mostra os alinhamentos e a plasticidade da deformação, o importante é perceber a forma como são essas deformações, lembrando forma de agulhas. Figura 9 – Resina SQ2001 com linhas de ruptura alinhadas, tendo como consequência fissura e deflexão por partícula, como indicado pela seta na figura. Fonte: Autor. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 404 ISSN 2447-3081 A micrografia da resina Derakane 411-350, FIGURA 10, apontou uma deformação com as mesmas linhas de solicitação mecânica, porém observa um maior número dessa. A forma como estas se deformaram não é tão plástica como as da resina SQ 2001, demonstrando uma maior resistência a deformação, além do surgimento de propagação difusa, na região de ruptura, como indicado pela seta. Figura 10 – Resina Derakane 411- 350m, linhas de rupturas Fonte: Autor. A caracterização da figura 11, demonstra as linhas de solicitação mecânica e também as micro linhas de solicitação, e pequenos desvios, o que não foram observados nas imagens das figuras 8 e 9; Nesta imagem apresenta a deformação plástica, caracteriza-se como veios dentro dos espaços das maiores que seguem em forma de linhas, além das fissuras e holes, observa-se duas formações de bandas de cisalhamento demonstrado pelas setas na figura. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 405 ISSN 2447-3081 Figura 11 – Resina Derakane 411- 350 m, com linhas de deformação bem definida Fonte: Autor. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os resultados apontam a resina epóxi éster vinílica, Derakane 411-350M com melhores resultados quando comparados com a resina SQ 2001 tanto para os ensaios mecânicos, quanto pela caracterização via análise térmica. As formas de ligações cruzadas da Derakane 411-350M contribuem nestes resultados, tornando interessante principalmente com relação à estabilidade térmica, para aplicações junto aos reforços fibrosos poliméricos. REFERÊNCIAS ABREU, M.S.P. Análise cinética de cura de resinas epoxídicas com endurecedor a base de anidrido por calorimetria exploratória diferencial. 10° CBpol. B. Lubin, Handbook of Composites, Van Nostrand Reinhold, New York, 1984. C.A. May, Epoxy Resin Chemistry and Technology, Marcel Dekker, New York,1988. ELLIS, B. Chemistry and technology SCIENCE+BUSINESS MEDIA, B.V.,1993 of epoxy resins. SPRINGER- M. Malik, V. Choudhary, I.K. Varma, J. Fire Sci 20 (2002) 329–342. MARINUCI, G. Materiais compósitos poliméricos. Artliber Editora, 2011. MENCZEL, J.D, Thermal analysis of polymers: fundamentals and applications. Capítulo 2. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 406 REZENDE, M; CÂNDIDO, G.M. Avaliação da Temperatura de transição vítrea de compósitos poliméricos reparados de uso aeronáutico. Polímeros: Ciência e tecnologia, v. 16, n. 1, página 79-87, 2006. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 407 ISSN 2447-3081 POLÍMEROS: A BUSCA DE NOVAS APLICAÇÕES Angelo Aparecido da Silva – FAAG1 Fernanda Serotini Gordono – FAAG2 Wendell Pinheiro – FAAG3 RESUMO Este trabalho aborda o assunto polímeros que tem sido uma crescente na área química e no desenvolvimento mundial, sendo assim este trabalho busca mostrar novas técnicas de metodologia na obtenção e melhorias no desenvolvimento dos polímeros, como o Baquelite que é abordado neste trabalho. O Baquelite um polímero termorrígido que, foi reconhecido como o primeiro polímero e considerado vidro plástico. Ele é obtido através da condensação do Fenol e Formol e ao final deste processo se torna rígido instantaneamente, para que isto não ocorra serão realizadas alterações no método de obtenção. Com a finalidade de prolongar o seu arrefecimento e torna-lo por mais tempo moldável. Será feito adições de outros compostos químicos para tentar chegar ao resultado desejado, também tentará a copolimerização e outras formas que possa mudar esta característica do Baquelite. Os métodos adotados terão a visão de aperfeiçoar as técnicas já desenvolvidas nos polímeros e principalmente no Baquelite. Palavras-chave: Desenvolvimento. Polímero. Tecnologia. ABSTRACT This work deals with the subject polymers has been increasing in the chemical area and in the developing world, therefore this new methodology show job search techniques in obtaining and improvements in the development of polymers such as Bakelite which is addressed in this paper. The Bakelite thermoset a polymer that has been recognized as the first polymer and considered plastic glass. It is obtained by condensation of phenol and formaldehyde and the end of this process becomes instantly hard, for this to occur no changes will be made in the method of production. In order to prolong their cooling and makes it more pliable by time. Will be additions of other chemicals to try to reach the desired result, it will also try to copolymerization and other forms that can change this feature of Bakelite. The methods adopted will have the vision to improve the techniques already developed in polymers and especially in Bakelitex. KEYWORDS: Development. Polymer. Technology. 1 INTRODUÇÃO Para todo processo de um produto, independente de seu seguimento, tem que se 1 Aluno do Curso de Engenharia de Produção. Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. 3 Professor do curso de Engenharia de Produção. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 408 levar em conta, a importância de se fazer investimento que deem resultados esperados mas também que talvez este resultados não aconteçam rapidamente mas levem algum tempo para se ter um resultado lucrativo e satisfatório. Para que se possam tomar decisões eficazes a respeito da aceitação ou rejeição de projetos de investimentos, evidentemente é necessário saber a quantidade de capital existente para fins de investimento. Isto pressupõe não só o conhecimento do volume de capital efetivamente disponível em termos de caixa ou ativo prontamente realizável, mas também das outras fontes de capital que podem ser utilizadas, quanto custaria levantar recursos de capital junto a essas fontes e que outras decisões podem influenciar as disponibilidades futuras de capital. É certo que investimentos levam a tecnologia que está associada com resultados econômicos, com impactos sociais e econômicos sobre uma comunidade, resultantes de aplicação de novos materiais, novos processos de fabricação, novos métodos e novos produtos nos meios de produção. Por desenvolvimento experimental entende-se a atividade que objetiva a construção de protótipos e ou a montagem de um processo experimental de produção, a partir de um amplo acervo de conhecimentos e técnicas oriundos de pesquisas e ou de experiência prática pregressa. Assim, o desenvolvimento experimental é um trabalho sistemático criativo fundado em conhecimentos, práticas e técnicas diversas e dirigido à obtenção de algum produto e ou processo de produção. Entende-se, entretanto, que a atividade de desenvolvimento experimental cessa quando um protótipo ou uma linha piloto de produção e concluída e testada, pois daí em diante, até a obtenção de uma produção definitiva e ou produto acabado, a atividade é definida como de engenharia de produto e ou processo (VLACK, 2012). Este trabalho tem o objetivo de mostrar como estas aplicações podem levar a objetivos concretos e de boa qualidade, apresentando um novo produto que possa ter uma direção diferente da qual este já está destinado. 2 ASPECTOS TEÓRICOS 2.1 Os Polímeros POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 409 ISSN 2447-3081 Para Allinger (2011), os polímeros são formados pela junção de monômeros ( micro moléculas) que dão origem ao uma molécula maior conforme indica a formula na da polimerização do baquelite que é o assunto em pauta. A figura 1 mostra a Polimerização do baquelite. Figura 1. Polimerização do baquelite Fonte: Fogaça (2013) São popularmente conhecido como plásticos, mas não de fácil obtenção pois, há vários métodos para se obter um polímero.Pode-se obter pela adição e pela condensação. Resina sintética, quimicamente estável e resistente ao calor, que foi o primeiro produto não plástico. Trata-se do polioxibenzimetilenglicolanidrido, ou seja, é a junção do fenol com o formaldeído, formando um polímero chamado polifenol. É formada pela combinação por polimerização de fenol (C6H5OH) e formaldeído ou aldeído fórmico (CH2O). Rádios, telefones e artigos elétricos como interruptores e casquilhos de lâmpadas eram formados por baquelite por causa das propriedades de resistência ao calor e isolamento. É resistente ao calor, infusível e forte, arde lentamente, pode ser laminada e moldada na fase inicial da sua manufatura, é de baixo custo e pode ser incorporada em vernizes (SKOOG, 2005). Os estudos sobre polímeros têm crescido nos últimos tempos como uma das grandes apostas na área química, não só no aspecto de descobertas, mas também como algo muito rentável para quem tem a possibilidade de investir nesta área. De acordo com Canevarolo (2006), os polímeros são compostos orgânicos que se classificam em naturais, e sintéticos, sendo que polímeros naturais são conhecidos como borracha, amido, celulose, proteínas, carboidratos, seda e fios de teia de aranha, já os artificiais são comumente conhecidos como plásticos. Porém é uma resina de baixo custo, que poderia encarecer dependendo do tratamento que fosse receber para se tornar mais maleável. Porém se esta resina ficasse mais maleável ou mais degradável, seria de grande importância, pois, além de se ter um tempo maior para moldar uma peça, também este tipo de material poderia degradar mais rápido na natureza. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 410 Na busca por novas tecnologias e melhorias em um mundo globalizado, os polímeros vêm se destacando e ganhado o campo de pesquisas e investimentos, não só voltado ao lucro, mas também para uma grande preocupação com o meio ambiente. Pois este “vilão” mais comumente conhecido como plástico é indispensável na vida da humanidade, que praticamente usa os polímeros em tudo que está a sua volta (VLACK, 2012). É certo que para buscar novos investimentos na área dos polímeros precisa-se de muito desenvolvimento e tecnologias que agilizem estas descobertas. No trabalho apresentado há esta preocupação, com o que poderia ser feito com polímeros já existentes e conhecidos para ter novas aplicações que possa melhorar e aproveitar o conhecimento adquirido com o tempo. No aspecto investimento à de se considerar que tudo o que é novo deixa certo receio, mas no caso dos polímeros praticamente é um investimento de retorno certo. Este mercado tem crescido, embora a poucas escolas técnicas de nível superior voltada para os polímeros. A utilização comercial de um novo produto depende de suas propriedades e principalmente de seu custo. O custo de um polímero resulta basicamente de seu processo de polimerização e disponibilidade do monômero. É obtido através de condensação, que difere das reações de adição, que são uma soma de moléculas individuais para formar um polímero, já condensação forma uma segunda molécula não polimerizável como subproduto. Como um monômero ou outra molécula pequena deve se juntar à molécula em crescimento, a fim de produzir moléculas poliméricas, cada monômero deve ter dois ou mais pontos de reação nos quais possam ser feitas junções. Considere-se o etileno, que quando a ligação é rompida, duas ligações simples se tornam disponíveis para conexão (MACÊDO, 2006). A indústria produz materiais específicos que são encontrados no dia a dia, pelas suas características termorrígidas é um material que aceita a laminação após ter sido produzido, sendo assim o baquelite é um polímero que oferece um retorno financeiro aos investimentos com poucos gastos e custo para a sua produção, a figura 2 ilustra materiais produzidos na indústria. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 411 ISSN 2447-3081 Figura 2. Materiais industrializados através do baquelite Fonte: Fogaça (2013) Uma das indústrias da produção de material através do baquelite é a COBEX que é uma das mais tradicionais fabricantes de produtos sintéticos do país. Desde 1971, produz laminados e moldados fenólicos, e a partir de 2009 o PTFE, com a máxima qualidade, utilizando tecnologia de ponta e gestão de processos conquistando assim o certificado ISO 9001. Na tabela 1, podem-se ver detalhes das propriedades físicas e mecânicas do baquelite que se encontra no site da COBEX. Propriedades Tabela 1. Propriedades físicas e mecânicas do baquelite Tipo Unidade Valores Peso específico Teor de cinza Dureza Brinell Coloração, aspecto Resistência à flexão Resistência à tração Resistência à compressão Temperatura de moldagem Rigidez dielétrica Físicas Físicas Físicas Físicas Mecânica Mecânica g/cm3 ºC,% MPa MPa 1,37 a 1,43 8,50 (± 1,5) 30 Preto 60 28 Mecânica Mecânica Mecânica MPa °C K/mm (T 130 170 (± 10) 2,0 curto) Obs. a cor mencionada depende da indústria e o seguimento produzido. Fonte: COBEX produtos sintéticos (2006) 3. METODOLOGIA Este trabalho visa abordar este assunto não só para conhecer os polímeros, mas também de uma forma especifica mostrar que este segmento tem muito campo para POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 412 pesquisas e desenvolvimento de produtos, aplicações e descobertas que poderão levar a soluções futuras. Neste caso estará sendo apresentada a polimerização do Fenol e do Formol que dá origem ao polímero conhecido como Baquelite. Será feito a sua produção em micro escala para melhor compreensão da sua obtenção e também será feito teste com novas fórmulas para ver a possibilidade de mudança na sua composição, levando em conta que o Baquelite é um polímero termofixo, visando assim torna-lo mais maleável ou moldável, podendo ser aplicado em outras áreas. Deve-se levar em consideração que este campo está em grande ascensão por busca de inovações e descobertas, abrindo assim um grande leque para novos investimentos. Já existem pesquisadores que conseguiram tornar um polímero termorrígido em termoplástico quando aquecido com o devido cuidado. É notório que os termorrígidos como o Baquelite não suportam aquecimento direto em alto fulgor, pois isto quebra a sua cadeia. Eles só são maleáveis no momento da sua fabricação, depois é impossível torna-lo a sua forma original, pois ele se decompõe. Como será mostrado neste trabalho o Baquelite fica rígido em questão de segundos, tornando, portanto difícil a sua moldagem. 4. DISCUSSÃO E RESULTADOS Foi produzido através de procedimentos já conhecidos e efetuados para a obtenção do mesmo. Em um béquer de 50 mL, adiciono-se cerca de 1,7 g de Fenol (pesados com exatidão), 4,3 mL de solução de formaldeído em água (formalina, fração em massa de 37%) e 1,3 mL de solução concentrada da hidróxido de amônio (fração em massa de 25%) que serve como catalizador, em seguida aquecido com agitação o béquer em um banho-maria a 90°C até que se observou, a formação de uma massa amarelada ao fundo do béquer, resultante da condensação do fenol com o formol, em seguida foi deixado o béquer em repouso até que se completou a deposição total do polímero, após decantar totalmente o liquido sobrenadante foi adicionado ao sólido contido no béquer cerca de 10 gotas de ácido acético concentrado glacial para haver a neutralização do baquelite. Aqueceu-se novamente o béquer no banho-maria por cerca de 45 minutos, e após foi retirado o béquer do banho-maria e descartado o liquido sobrenadante. Com auxilio de um bastão de vidro, transferiu a resina obtida para um molde apropriado. Para completar a polimerização e formar um polímero termorrígido, foi colocado o molde contendo o polímero POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 413 ISSN 2447-3081 em uma estufa aquecida á 80°C por cerca de 60 minutos. Nesta pratica notou-se que o baquelite quase que instantaneamente após a sua polimerização, fica duro, rígido e quebradiço com facilidade. Esta é uma característica já conhecida do baquelite que dificulta sua moldagem por isto, ele é produzido direto nos moldes para depois se for preciso passar por um processo de laminação. A maior dificuldade encontrada foi conseguir moldar o baquelite conforme segue figura 3 do primeiro baquelite produzido em laboratório, devido o seu arrefecimento rápido. Mas as característica do baquelite são evidentes já na primeira produção em micro escala em laboratório. Figura 3. Primeiro baquelite produzido em micro escala Fonte: Os autores Os teste que seguem são para demonstrar como aplicações, investimentos e tecnologia não são o suficiente para alcançar objetivos concretos, mas esforço e persistência também encorporam este tipo de projeto. O primeiro teste realizado foi uma tentativa de uma copolimerização com a resina Ureia e Formol, produzindo o Baquelite acima citado até a primeira fase, e adicionado a resina ureia e formol na segunda parte do experimento, que inicialmente foi perceptível que não haveria fusão entre as duas partes. Com os resultados obtidos depois de realizado o teste, foi descartado a possibilidade de trabalhar no mesmo. Em um segundo teste também houve uma tentativa de copolimerização entre o Bio plástico e o Baquelite, mas da mesma forma não houve o resultado esperado pelo mesmo motivo do primeiro teste sendo assim também, foi descartada esta possibilidade. Foi utilizado o mesmo procedimento acima citado, toda primeira parte do Baquelite acrescentando depois o Bio plástico. Foi realizado um terceiro teste, foi aplicado um produto conhecido comercialmente POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 414 ISSN 2447-3081 como Kraton, que é um elastômero termoplástico, e também se tratava de uma copolimerização, neste caso até ocorreu uma certa junção dos polímeros mas, o kraton ficou concentrado no meio do Baquelite como se fosse um recheio. Os polímeros do Kraton são copolímero em bloco composto de poliestireno blocos e blocos de borracha. Foi realizado mais alguns teste com este produto mas não houve resultado satisfatório, conforme ilustra figura 4 . Figura 4 Copolímero Kraton e baquelite Fonte: Os autores Após as tentativas acima citadas, e muita observação, repetiu-se a pratica de obtenção do baquelite citado no início deste tópico, com algumas mudanças de temperatura durante o processo no banho Maria e o tempo de condensação, como segue tabela 2. Levando em consideração que na prática do baquelite a temperatura mencionada é de 90ºC em todo o processo de obtenção. Ao fim do teste final o resultado foi satisfatório, pois, o baquelite não enrijeceu instantaneamente como ocorreu na pratica do início deste tópico, o teste final foi realizado no dia 16/08/15 a até 25/08/15, portanto após 10 dias, ele ainda está moldável e maleável, sendo assim o objetivo apresentado para este trabalho foi alcançado. Pode-se então afirmar que a temperatura influência muito na composição deste polímero, sendo ela uma grande aliada ou vilã dependendo da metodologia aplicada, é fato e notório que a observação constante e o tempo foram um grande aliado para se conquistar este objetivo. Para ilustrar melhor segue abaixo as fases da pratica onde foi alcançado o objetivo proposto. Depois de misturar o Fenol, Formaldeído, Hidróxido de Amônio e deixar em banho Maria por 25 minutos formou um líquido branco que conforme passou o tempo ficou transparente, mostrado na figura 5. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 415 ISSN 2447-3081 Figura 5. Fase 1- Mistura iniciais do fenol, formaldeído e hidróxido de amônio Fonte: Os autores Após a fase acima citada, foi aumentada a temperatura do banho Maria para 80ºC por 15 minutos e o líquido adquiriu uma cor branca mais densa, ilustrada na figura 6. Neste momento já era perceptível que a polimerização através da condensação do Fenol e Formaldeído, estava fluindo normalmente sem alterações que pudessem comprometer todo o desenvolvimento do projeto. Usar uma nova metodologia de processo, pode alterar muito o resultado final, quando se há falta de uma boa observação, persistência, domínio de técnicas básicas e de conhecimento prévio. Realizar práticas constantes aprimora estas técnicas que crescem conforme o envolvimento. Figura 6. Fase 2- Aumento da temperatura da condensação Fonte: Os Autores Em seguida elevou-se a temperatura para 90ºC por mais 10 minutos e formou-se uma massa amarelada, em seguida colocou-se esta massa em descanso por 10 minutos POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 416 ISSN 2447-3081 conforme figura 7. Passado os 10 minutos adicionou-se o ácido acético, voltando o béquer para o banho Maria por mais 45 minutos. Figura 7. Fase 3 - Aumento da temperatura formação de massa amarelada Fonte: Os autores Acabado a fase 3 acima citado obteve-se a polimerização total do Baquelite como mostra figura 8, chegando assim a fase final e objetivo proposto. Figura 8. Fase 4- Polimerização final do Baquelite Fonte: Os autores Foi notório a diferença do Baquelite citado no inicio tópico para este apresentado na figura 8. onde a maleabilidade e a moldagem no vidro de relógio era de uma certa constância. A tabela 2 mostra o tempo e temperatura de condensação do Baquelite moldável POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 417 ISSN 2447-3081 Tabela 2 - Tempo e temperatura de condensação do Baquelite moldável Temperatura °C Tempo Resultado 60 80 90 90 Fonte: Os autores 25 min 15 min 10 min 45 min 1 2 3 4 Liquido Transparente Liquido Branco Massa amarelada Polimerização Total 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Através de pesquisas, investimentos, desenvolvimento e aplicações pode-se atingir resultados satisfatórios. No caso do Baquelite pode-se dizer que se trata de um polímero de baixo custo e de fácil obtenção, mas, que as dificuldades encontradas nas pesquisas de polímeros é de que tudo ainda é recente, embora seja um assunto que desponte na área química. A troca de informações e experiências são importantes para estes desenvolvimentos dos polímeros, os objetivos deste trabalho que era tornar o Baquelite mais moldável e maleável foram alcançados embora se tenha um curto tempo de experiências e que devese levar em consideração que certas descobertas levam tempo e algumas anos para poder se atingir objetivos claros e concretos. Embora tenha sido alcançado o objetivo final, ainda foram feitos alguns testes adicionais que abrem um leque maior para este estudo. Depois da obtenção do Baquelite mais moldável e maleável, foi colocado em estufa aquecida em torno de 80 °C, e o mesmo se tornou mais moldável ainda, após esta tentativa também foi colocado em resfriamento a menos de 0°C e quando foi retirado ele estava duro, rígido, mas com passar de algumas horas ele voltou a ter as características alcançadas. Sendo assim, este trabalho deixa um espaço para maiores experiências, podendose testar a sua impermeabilidade na tentativa de que possa ser aplicado como uma manta asfáltica que é usada na construção civil para impermeabilizar a parte de alvenaria na intenção de barrar infiltrações. As propriedades físicas do Baquelite testado, ainda deixam abertos os testes de resistência ao calor, ou seja, tempo de fulgor, também sua resistência e outras propriedades que ajudariam a achar quem sabe uma nova aplicação e até a sua reciclagem. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 418 ISSN 2447-3081 REFERÊNCIAS ALLINGER, N. L. Polímeros Sintéticos. In: ALLINGER, Normam L. Química Orgânica. 2. Ed. Rio de Janeiro: Editora LTC, 2011. CANEVAROLO, S. V. Ciência dos polímeros: Um texto básico para tecnólogos e engenheiros. 2. Ed. São Paulo: Artliber, 2006. FOGAÇA, J. R. V. Polímero baquelite. 2013. Disponível em: http://www.mundoeducacao.com/quimica/polimero-baquelite.htm. Acesso em: 20. ago. 2015. MACÊDO, J.A.B. Introdução à Química Ambiental. 2. Ed.. Juiz de Fora: CRQ MG, 2006. MARCOVITCH, J. Administração em ciências e tecnologia. 1. Ed. São Paulo: Edgar Blucher Ltda.3, 1983. ROCHA, V. X. Polímeros de condensação. Disponível em:<HTTP:/www.mundovestibular.com.br>. Acesso: 23 mai. 2015. SKOOG, D. A. Fundamentos de Química Analítica. 8. Ed. Editora Thomsom tradução norte americana, 2005. VLACK, L. H. V. Materiais orgânicos e suas propriedades. In: VLACK, Lawrence H. Van. Princípios de ciência dos materiais. 19. Ed. São Paulo: Editora Edgard Blucher Ltda., 2012. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 419 ISSN 2447-3081 INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO BENEFÍCIOS DO CRM PARA A GESTÃO DE PROCESSOS EM ORGANIZAÇÕES Paula Eiko Mitsuoka Katafuti - FAAG1 Sirlaine Aparecida de Sibia Gonçalves - FAAG2 Gislaine Barbosa Zaneti - FAAG3 RESUMO O CRM pode ser um diferencial competitivo para as organizações, principalmente na retenção dos clientes e registro das informações. Este artigo tem como objetivo demonstrar os benefícios do CRM para as organizações visando à melhoria de seus processos, satisfação e fidelização dos clientes, possibilitando diferenciais para aumentar sua lucratividade. A metodologia utilizada foi a pesquisa qualitativa, descritiva e bibliográfica, utilizada para fundamentar os conceitos de sistemas de informação e CRM. Para verificar os benefícios deste sistema, este artigo apresenta também a análise da implantação do CRM em uma empresa contábil. Os dados da empresa contábil foram analisados antes e depois da utilização do CRM e os resultados mostram que os benefícios desta implantação contribuíram de forma direta nos processos, permitindo a mensuração dos resultados, aumento da lucratividade, apoio à tomada de decisão e um atendimento diferenciado ao cliente. PALAVRAS-CHAVE: Sistema de Informação. Gestão de Processos. CRM. ABSTRACT CRM can be competitive advantage for organizations, especially in retaining customers and recorded information. This article aims to demonstrate the benefits of CRM for organizations seeking to improve its processes, customer satisfaction and loyalty, providing differential to increase its profitability. The methodology was qualitative, descriptive and literature, used to support the concepts of information and CRM systems. To check the benefits of this system, this article also presents the analysis of CRM deployment in an accounting firm. Data from the accounting firm were analyzed before and after use of the CRM and the results show that the benefits of this deployment contributed directly in the process, allowing the measurement of results, increased profitability, decision-making to support and a differentiated service to client. KEYWORDS: Information System. Process Management. CRM. 1 Aluna do Curso de Administração. Aluna do Curso de Administração. 3 Professora Orientadora. Mestre em Engenharia de Produção. Especialista em Gestão Financeira e Controladoria. Administradora. 2 POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 420 1 INTRODUÇÃO Devido a grande massa de atividades exercidas dentro das organizações, administrar as informações e o gerenciamento dos processos internos juntamente com a satisfação dos clientes, são fatores indispensáveis para a sobrevivência das empresas diante do mercado competitivo. Diante do fato de que as informações transmitidas entre os clientes e a empresa serem de grande importância para a realização da prestação de serviços, como o CRM pode auxiliar as organizações em seus processos para melhorar o relacionamento com seus clientes? O CRM é uma ferramenta estratégica, pois auxilia nos registros das informações que são transmitidas tanto pelos clientes como pela empresa, colocando-o no centro dos processos do negócio, além de facilitar também os processos internos, distribuindo essas informações de forma direta e pontual disponibilizando relatórios precisos dos registros para análises e melhorias. Desse modo, o objetivo deste artigo é demonstrar os benefícios que o CRM, como ferramenta, pode proporcionar às empresas visando à melhoria de seus processos, satisfação e fidelização dos clientes, possibilitando diferenciais para aumentar sua lucratividade. 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÃO Os sistemas de informação são utilizados praticamente em todas as organizações. Segundo Stair e Reynolds (2012), sistema de informação é um conjunto de componentes inter-relacionados, onde coleta, manipula, armazena e dissemina dados e informações, também fornece um mecanismo de realimentação que ajuda a organização alcançar suas metas e atingir seus objetivos. Laudon e Laudon (2010), também conceituam o sistema de informação da mesma forma, acrescentando que estes sistemas apoiam a tomada de decisões, a coordenação e o controle, além de auxiliar na análise de problemas e a criar novos produtos. Laudon e Laudon (1999), ainda comentam que estes sistemas, transformam as informações em uma forma utilizável dentro das empresas auxiliando no fluxo de trabalho, POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 421 redução de custo e na tomada de decisões. Os sistemas de informação fazem isso por meio de um ciclo de entrada, processamento e saída. Os sistemas de informação armazenam de forma organizada os dados e informações, para que facilite o acesso e o processamento das informações. Segundo Silva (2003), a informação é a base, é a fonte do progresso, alimenta processos, gera conhecimento e abre novos horizontes. Também é parte fundamental para qualquer organização que deseja competir no mundo globalizado. As empresas que obtiverem informações sobre seus mercados, clientes, produtos e seus concorrentes alcançarão maior vantagem competitiva. Por meio de informações, recursos físicos, tecnológicos e humanos são possíveis transformar as entradas em saídas, definindo os processos e padronizando as atividades das empresas, registrando os processos exatamente como ele é feito e não como gostaria que fosse feito (ALCAZAR, 2015). O processo organizacional é um conjunto de atividades interligadas, envolvem pessoas, equipamentos, procedimentos e informações, realizando ou executando as operações transformam as entradas em saídas, onde agrega valor e mostra os resultados (ALENCAR; SOUZA, 2013). Melhorar processos é uma ação básica nas organizações para promover uma estratégia de gestão de processos, os sistemas e as pessoas devem estar integrados e envolvidos conhecendo os processos da empresa, desta forma a organização torna-se um diferencial diante do concorrente. Hoje informação é poder e com os sistemas, as atividades e informações podem ser mapeadas automatizando todos os processos, facilitando o acesso e tornando as operações eficientes (ANDRÉ, 2012). Uma ferramenta essencial para auxiliar no gerenciamento desses processos é o CRM. 3 CRM Fator de grande importância para as organizações diante de um cenário competitivo, o CRM (Customer Relationship Management - Gestão de Relacionamento com o Cliente) é uma forma de estreitar o relacionamento entre a empresa e clientes, objetivando gerenciar as informações de todos os pontos de contato, sendo um processo contínuo que cria novos valores nesse relacionamento (QUEIROZ, 2002). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 422 O CRM na prática sempre existiu, porém, o gerenciamento destas informações pelos softwares de CRM surgiu na década de 80, mas somente nos anos 2000 esta ferramenta apresentou maior evolução. Atualmente este software é importante para as empresas, pois são mais dinâmicos e alteram-se facilmente para atender as necessidades dos clientes (TECHINSIDER, 2015). Para Stair e Reynolds (2012), o CRM ajuda a coletar dados, educá-los sobre novos produtos e vender para os antigos e novos clientes. Com frequência este software utiliza várias fontes de informações. Porém, a definição de Zenone (2007, p. 75) é que “o CRM engloba conceitos, métricas, processos, soluções, gestão de canais, estratégias e ferramentas das áreas de marketing, vendas e serviços”. O autor afirma também que CRM é a integração e padronização de todas estas ferramentas para dar um atendimento de excelência, tornando-o leal. O principal objetivo do CRM é desviar o foco do produto e focar o relacionamento com o cliente. Complementando este conceito, Colangelo (2001), cita que o CRM é um conjunto de estratégias para aumentar a lucratividade e a satisfação dos clientes, é um conceito de processos de negócios focado no conhecimento e na interação com os mesmos. Desta forma, espera-se aumentar a rentabilidade por cliente, melhorando a receita e reduzindo custo, que é o principal objetivo das empresas. O CRM consiste em fazer análise das informações geradas através dos contatos, comportamento dos clientes e a partir dessas análises se antecipar as necessidades dos mesmos, satisfazendo e encantando-os. Segundo Colangelo (2001), o processo CRM consiste basicamente em três etapas: Desenvolvimento do conhecimento sobre o cliente, análise detalhada sobre suas características e comportamento para conhecer seus hábitos e suas necessidades, desta forma é possível definir e segmentar seus clientes; Após conhecer seu cliente, é possível planejar ações mercadológicas e desenvolver estratégias para fidelizar seu cliente e melhorar seu relacionamento; Vendas ou suporte ao cliente através de canais alternativos, dentre eles vendedores, call centers, internet, etc. Existem vários pacotes de software CRM, Laudon e Laudon (2010) citam alguns exemplos como desde ferramentas de nicho até aplicativos integrados de larga escala, que POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 423 ISSN 2447-3081 realizam interações com clientes, análises e relatórios sofisticados, sendo possível interligarem-se a outros aplicativos, sistemas integrados e até em gestão de cadeias de suprimentos. A Figura 1 destaca as principais áreas de atuação do CRM: vendas, marketing e atendimento ao cliente. Figura 1 – Recursos dos softwares CRM Fonte: Adaptado de Laudon e Laudon, 2010. Diante desses conceitos, pode-se afirmar que o CRM é uma ferramenta tecnológica que pode ser utilizada como uma estratégia para fidelizar e satisfazer clientes, aumentando sua lucratividade. 3.1 Tipos de CRM Aqui serão apresentados o CRM Operacional e o CRM Analítico (LAUDON; LAUDON, 2010). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 424 ISSN 2447-3081 O CRM Operacional são aplicações voltadas aos clientes e abrange ferramentas para automação de vendas, marketing e apoio aos atendimentos e call centers. A Figura 2 apresenta um mapa de processo desse tipo de CRM. Figura 2 – Mapa de processo da gestão da fidelidade do cliente Fonte: Adaptado de Laudon e Laudon, 2010. O CRM Analítico são aplicações voltadas nas análises dos dados do cliente geradas pelo CRM Operacional onde fornece informações para gerenciar o melhor desempenho da empresa. A Figura 3 apresenta um exemplo desse tipo de CRM. Figura 3 – Data warehouse de CRM analítico Fonte: Adaptado de Laudon e Laudon, 2010. POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 425 Além dos dois tipos de CRM aqui apresentados, o CRM Colaborativo também é muito utilizado. Greenberg (2001) define o CRM Colaborativo como sendo o meio de comunicação em que a tecnologia da informação fornece os caminhos para os clientes e fornecedores, sua finalidade é englobar todos os pontos de contato do cliente com a organização. 3.2 Implantação do CRM Segundo Pizzinato (2005), diante da facilidade tecnológica muitas organizações acreditam que a principal solução para a administração do relacionamento com os clientes esteja apenas na implantação de softwares CRM, que de fato auxiliam nesse relacionamento, porém somente será válido se: implantado conforme o planejamento, realidade e posicionamento da empresa; obter dados e processos relevantes ao negócio; forem reavaliados constantemente e contar com o apoio dos colaboradores internos para uma filosofia voltada em atender bem o cliente. Além disso, é preciso levar em consideração o envolvimento de mudanças nos processos e tecnologias. Para Colangelo (2001, p. 154), “exige a integração entre o Marketing e a Tecnologia de Informação para prover a empresa de meios eficazes e integrados para relacionar-se com o cliente”. O autor chama atenção que além de definir o modelo de relacionamento, é preciso se preocupar com a tecnologia e os processos suportados, sendo necessário para o processo de implantação a definição do modelo de relacionamento; redesenho dos processos de atendimento ao cliente; seleção sobre software, hardware, serviços de rede, etc. Segundo Brinker (2015), o segredo da utilização do CRM está na correta utilização, desde a coleta de dados até a transmissão deles para todos os envolvidos e para o sucesso destas ações, o treinamento das pessoas é algo imprescindível. Para implantar o CRM não existe uma metodologia padrão, mas para qualquer método de implantação deverá sempre conter os três pilares, tecnologia, processos e pessoas, sempre bem definidos e alinhados a estratégia da empresa na visão, missão e objetivos a serem atingidos (ROSENBOJM, 2006). POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 426 3.3 Benefícios Os benefícios se bem estruturados podem ser gerados tanto para a empresa quanto para o cliente. Alguns desses benefícios como, aumento da retenção de clientes e o aumento dos lucros, envolvimento dos funcionários, serviços customizados, aumento da produtividade e canais de relacionamento, redução de decisões incorretas, de custos desnecessários, aumenta a satisfação dos clientes, sentimento de participação, economia de tempo, esforços e dinheiro. Os benefícios são algo esperado para ambos permitindo um relacionamento produtivo, o foco deve voltar-se para o valor do cliente e suas necessidades, entregar valor a eles ao invés de produtos como, confiança e segurança (MADRUGA, 2004). Colangelo (2001) cita como as principais vantagens: aumento da eficácia do processo de vendas, melhoria do serviço ao cliente, melhor comunicação, aprimorar previsões, acesso as informações atualizadas, aumento de receitas, favorece a administração de vendas, amplia a eficácia de marketing, eleva a margem de lucro além de reduzir custos. 4 METODOLOGIA Esta pesquisa procura demonstrar os benefícios do CRM para as organizações de forma subjetiva, assim, quanto a forma de abordagem, ela é caracterizada como sendo uma pesquisa qualitativa. Segundo Gil (2010), a pesquisa qualitativa envolve a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados, sem a representação de técnicas estatísticas. Ela pode também ser classificada como sendo uma pesquisa descritiva, que procura apresentar os fatos observados e explicativa, que tenta explicar a razão dos fatos (GIL, 2010), visto que procura descrever o que é um CRM e explicar seus benefícios para os processos organizacionais. A pesquisa bibliográfica em livros, artigos e manuais foi utilizada para fundamentar os conceitos de sistemas de informação e CRM. Para verificar os benefícios do CRM para as organizações, este artigo apresenta também a análise da implantação do CRM em uma empresa contábil, que atua na cidade de Agudos/SP, desde 1998, oferecendo serviços de abertura e encerramento de empresas, consultorias tributárias, serviços nas áreas fiscais, contábeis e departamento pessoal em POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 427 diversos segmentos. Atualmente a empresa é composta por dois sócios e conta com o apoio de oito colaboradores. Para levantamento de dados, foi realizada uma entrevista com um dos sócios da empresa contábil e observações da implantação in loco. 5 ANÁLISE DA IMPLANTAÇÃO DE CRM EM UMA EMPRESA CONTÁBIL A empresa contábil pesquisada decidiu implantar o CRM no primeiro semestre de 2015 para melhorar os processos e o relacionamento de seus clientes. O sistema que está sendo implantado é o CRM Web Cloud fornecido pela Contmatic Phoenix, empresa especializada no desenvolvimento de softwares para as áreas contábil, fiscal, trabalhista e gerenciamento de empresas, com sede em Tatuapé, no Estado de São Paulo. O CRM Web Cloud faz o gerenciamento para empresas contábeis e pode ser integrado aos sistemas que essas empresas já utilizam. A implantação iniciou em agosto de 2015 com finalização prevista para dezembro de 2016. Algumas organizações, clientes da empresa contábil, estão participando da fase teste, mas a migração do atendimento ao cliente por este canal será gradativa. Em entrevista, quando um dos sócios da empresa contábil foi questionado sobre o que levou a implantação do CRM e quais eram os benefícios que este sistema agregaria a organização, o mesmo respondeu que optou por este sistema depois de conhecer e testar este módulo. Ele disse que se certificou de que o sistema era o que eles precisavam no momento e que proporcionaria inúmeros benefícios, como: auxílio no atendimento ao cliente, maior interação, controle do fluxo de informações enviadas e recebidas, otimização de tempo e redução de custo. Quando questionado sobre as funcionalidades do sistema CRM que está sendo implantado, o sócio respondeu sobre a praticidade de suas funcionalidades operacionais, como: registro das solicitações de serviços, garantia do recebimento por meio de protocolos automáticos, alerta de vencimentos das guias e documentos, acompanhamento de guias ainda não baixadas pelo cliente, gerenciamento das movimentações de informações e serviços prestados, além de oferecer segurança e pontualidade nos processos. Com relação a segurança, foi observado que o sistema realiza o acesso com senhas criadas pelos próprios usuários. Toda vez que um documento ou guia são disponibilizadas as empresas, os clientes recebem um e-mail alertando sobre o vencimento, sendo possível POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 ISSN 2447-3081 428 que a empresa contábil configure quantas vezes essas alertas devem ser direcionadas aos clientes. Os usuários conseguem visualizar e gerenciar as informações em qualquer lugar por aparelhos portáteis. O sistema dispõe de várias rotinas internas onde são cadastradas todas as atividades desenvolvidas na empresa contábil e mapeadas todos os procedimentos, desde a solicitação de um serviço até a conclusão e entrega do mesmo. A Figura 5 apresenta o fluxograma de uma atividade. Figura 5 – Fluxograma da atividade para solicitar uma guia a ser paga Fonte: Autoria própria, 2015. Na Figura 5, o processo inicia-se com o contato do cliente, que pode ser feito por telefone, e-mail, pelo site ou pessoalmente solicitando a atualização da guia de imposto. A recepcionista ao receber esta solicitação registra a ocorrência no CRM selecionando o tipo de serviço e acrescenta as observações necessárias. O sistema direciona este serviço ao departamento responsável para tomar as providências dentro do prazo estipulado. Em seguida, a recepcionista comunica ao cliente o prazo médio para o serviço solicitado. Finalizado o serviço, o sistema dispara um e-mail de alerta sobre a disponibilidade desta guia no canal CRM. Este disparo pode ser configurado para continuar alertando o cliente sobre a data de vencimento. Esses procedimentos são importantes para a empresa contábil gerenciar e acompanhar as rotinas, mantendo a realização dos serviços dentro dos prazos. Outro fator observado foi a mensuração dos serviços prestados. Antes da implantação do CRM, muitos serviços eram realizados e não faturados aos clientes. No exemplo da POSTURAS E TENDÊNCIAS NO CENÁRIO ATUAL Agudos, SP, Brasil, 04 de Novembro de 2015 429 ISSN 2447-3081 Figura 5, a guia para pagamento de impostos foi apurada e entregue ao cliente dentro do prazo de vencimento, como o cliente não efetuou o pagamento no prazo, foi necessário realizar o procedimento de geração de uma nova guia com a atualização de multas e juros, caracterizando um novo serviço a ser realizado para esse cliente, que será lançado automaticamente pelo CRM em sua fatura. De acordo com um dos sócios da empresa contábil, obteve-se resultados positivos com a implantação do CRM, gerando impacto direto nos serviços prestados otimizando tempo, aumentando a produtividade, controle e cumprimento das obrigações além de diferenciar a personalização do atendimento ao cliente. Consolidou ainda os serviços que não eram faturados devido à falta de registros, representando o equivalente a 20% do total do faturamento mensal. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Analisando a implantação do CRM na empresa contábil foi possível observar que houve melhoria nos processos quando as solicitações de serviços passaram a ser registradas, melhorando o gerenciamento das informações e dos serviços prestados, otimizando o tempo e controlando as atividades. Foi possível também observar melhorias na satisfação e fidelização dos clientes, visto que esses passaram a receber as informações de forma mais segura e pontual, garantindo o cumprimento de suas obrigações e gerando uma relação de confiança com a empresa contábil. Além disso, observou-se um acréscimo de 20% no faturamento mensal da empresa contábil com a implantação do CRM, possibilitando afirmar que o CRM pode ser um diferencial para aumentar a lucratividade das organizações. REFERÊNCIAS ALCAZAR, J. M. C. 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