Aparato de Mentiras
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Aparato de Mentiras Aparato de Mentiras Desinformação e Propaganda de Saddam Desinformação e Propaganda de Saddam 1990 1990–- 2003 2003 Aparato de Mentiras Desinformação e Propaganda de Saddam 1990 – 2003 1 Índice Resumo............................................ 4 Arquitetando a tragédia........................... 7 Instalações iraquianas de militares e civis em espaço compartilhado. Naquela época… ................................8 …E agora.....................................................10 Estudo de caso: O abrigo-bunker de Amiriyah................. 12 Explorando o sofrimento.......................... 14 Culpando as sanções pelas falhas do regime.................. Estudo de caso: Funerais de bebês .......................... Medo do urânio empobrecido.................................. Fatos médicos sobre a exposição a armas químicas iraquianas. 15 16 18 18 Explorando o Islã................................ 20 As extorsões da Hajj........................................ 21 Opressão dos muçulmanos Shi’a............................... 23 A Guerra do Golfo: Mentiras sobre militares não-muçulmanos no Oriente Médio ........................................... 24 A Guerra do Golfo: Mentiras sobre conflitos entre aliados muçulmanos e ocidentais .....................................25 Deturpando as informações ao público............. 26 Danos auto-infligidos....................................... 26 Falsa entrevista com um transeunte ......................... 27 Censura..................................................... 27 Inserções dissimuladas ......................................27 Estudo de caso: A falsificação Al-Fahd...................... 29 A Guerra do Golfo: Falsas alegações de vitória.............. 30 Conclusão: As mentiras continuam................. 31 Bibliografia..................................... 33 Notas finais .................................... 35 2 “Não é uma mentira se você tiver recebido a ordem de mentir”. - um funcionário do alto escalão do setor de armas biológicas no Iraque 3 Resumo Em dezembro de 1998, quando o Dr. Richard Spertzel, inspetor de armas das Nações Unidas, irritado com as evasivas e apresentações falsas iraquianas, confrontou a Dra. Rihab Taha, considerada pelos iraquianos como a chefe do programa de armas biológicas, perguntando diretamente: “Você sabe que sabemos que está mentindo. Por quê faz isso?” Ela empertigou-se na cadeira e respondeu, “Dr. Spertzel, não é uma mentira se tiver recebido a ordem de mentir”1. A resposta curta da Dra.Taha é um símbolo de um programa altamente desenvolvido, bem disciplinado e organizado com maestria para obter apoio ao regime iraquiano por meio de fraude total. Este elaborado programa é uma das armas mais potentes do regime para dar prosseguimento aos seus objetivos políticos, militares e diplomáticos. Em suas campanhas de desinformação e propaganda, os iraquianos usam de ardis elaborados, óbvias falsidades, ações dissimuladas, declarações oficiais falsas e a preparação sofisticada e exploração espontânea de oportunidades. Muitas das técnicas não são novas, mas este regime as explora de forma mais agressiva e eficaz – e com efeitos mais perniciosos – do que qualquer outro regime da atualidade no poder. Nas próximas semanas, enquanto a comunidade internacional busca fazer cumprir as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas e desarmar o regime iraquiano, os governos, a mídia e o público devem analisar as palavras, ações e imagens deste regime sob a luz desse registro brutal de enganos. Aparato de Mentiras discute as mentiras que o Iraque tem usado para promover sua propaganda e desinformação em quatro amplas categorias: • Arquitetando a tragédia: Para criar a tragédia, o regime coloca civis próximos de equipamentos, instalações e tropas militares, que são alvos legítimos em um conflito armado. O regime iraquiano usou abertamente iraquianos e estrangeiros como escudos humanos durante a Guerra do Golfo, mas acabou, eventualmente, cedendo à pressão internacional e libertou-os. Ele também colocou equipamento militar perto ou dentro de mesquitas e tesouros culturais da antiguidade. Causou, deliberadamente, danos a essas instalações e atribuiu-os ao bombardeio da coalizão. Finalmente, tentou fazer com que males causados por catástrofes naturais, como terremotos, passassem como danos causados pelos bombardeios. • Explorando o sofrimento: Para explorar o sofrimento, Saddam culpa as Nações Unidas ou os Estados Unidos da América e seus aliados pela fome e crises médicas – freqüentemente causadas por ele próprio. Esse é um ardil tão eficaz que o regime iraquiano realmente causa ou ignora completamente o sofrimento do povo iraquiano e o explora intensamente. Nos últimos anos, os iraquianos promoveram agressivamente a falsa noção de que urânio empobrecido – uma substância relativamente inofensiva e usada nas munições perfurantes durante a Guerra do Golfo – causou câncer e defeitos em recém-nascidos no Iraque. Evidências científicas indicam que quaisquer taxas elevadas de câncer e defeitos em recém-nascidos devem ter sido causados pelo uso de armas químicas pelo Iraque. 4 • Explorando o Islã: Os peritos sabem que Saddam Hussein é um homem sem religião que pertence a um partido secular, quase ateístico. Mas, para explorar os sentimentos islâmicos, ele adota expressões de fé em seus pronunciamentos públicos e a máquina de propaganda iraquiana instala outdoors e distribui imagens mostrando Saddam rezando ou realizando atos piedosos – enquanto o regime impede que peregrinos façam a Hajj. O regime também fez diversas acusações falsas buscando incitar os muçulmanos contra seus adversários. • Deturpando as informações ao público: Para deturpar as informações ao público, o regime usa uma combinação de mentiras oficiais, inserções dissimuladas de notícias falsas, danos auto-infligidos, falsificações e entrevistas falsas. O regime iraquiano usa várias ferramentas em diversas combinações para espalhar informações e imagens falsas esperando que os que o apóiam e comentaristas façam com que os assuntos espalhem-se pela mídia. Muitas das falsificações morrem rapidamente, mas até mesmo as alegações mais improváveis encontram crentes ou um lugar permanente no registro público. Sob determinadas circunstâncias, algumas ganham força, continuam a ser repetidas e crescem, mesmo depois de provadas falsas. Os iraquianos adaptaram e variaram a mistura de temas e técnicas com o passar dos anos, dependendo da situação, e apropriaram-se rapidamente de novas oportunidades para espalhar informações falsas. O esforço de desinformação iraquiano é sério e sofisticado. O regime destina uma verba substancial para este esforço e vem obtendo enorme sucesso. Principais ferramentas da desinformação iraquiana • • • • • • • • • • • Encenação de sofrimento e dor Instalação em espaço compartilhado de bens militares e civis Restrição aos movimentos dos jornalistas Revelações ou alegações falsas Falsas entrevistas com o povo Danos auto-infligidos Mentiras oficiais Disseminação dissimulada de histórias falsas Censura Imagens e filmes falsos, editados ou antigos Documentos fabricados Uma prioridade importante no aparato de mentiras de Saddam é a manipulação das imagens televisionadas para o mundo. Isto é conseguido através do controle dos movimentos dos jornalistas estrangeiros, da monitoração e censura às transmissões noticiosas, da disseminação de vídeos antigos ou falsos e da encenação cuidadosa de eventos ou cenas. A estratégia mais cínica do regime é causar pesado sofrimento e, até mesmo, mortes aos civis e depois explorar o sofrimento do povo iraquiano, culpando as sanções impostas pelas Nações Unidas ou outros países. 5 Relatórios recentes do governo dos EUA, incluindo Uma Década de Desafios e Fraudes, documentam as fraudes cometidas por Saddam no tocante às resoluções da ONU e às inspeções de armas. Para aumentar a conscientização sobre as outras formas de engodo do regime, especialmente as que têm probabilidades de serem repetidas, Aparato de Mentiras examina os fatos por trás da desinformação e a propaganda iraquiana desde 1990. Tendo em vista a natureza e história do regime, é quase certo que provas de outros engodos serão trazidas eventualmente à tona. 6 Arquitetando a tragédia “A presença ou movimentação de população civil ou indivíduos civis não deve ser usada para imunizar determinados pontos ou áreas contra as operações militares, especialmente tentando usá-los como escudo de proteção de objetivos militares ou para proteger, favorecer ou impedir operações militares. As partes do conflito não devem direcionar a movimentação da população civil ou indivíduos civis para proteger objetivos militares de ataques ou salvaguardar operações militares” Protocolo da Convenção de Genebra, 1949, Artigo 51 Baseado no que já fez no passado, caso ocorra um conflito com o Iraque, é quase certo que Saddam irá criar uma armadilha para a mídia global. Aparentemente, ele acredita que civis iraquianos mortos são sua arma mais poderosa para as tentativas de gerar revolta contra qualquer ação militar que possa ser realizada contra o Iraque. Durante a Operação Tempestade no Deserto, a coalizão escolheu cuidadosamente seus alvos e definiu regras rígidas para evitar bombardear civis inocentes. Mesmo com o planejamento cuidadoso dos alvos, disciplina de tiros e o conhecido uso de munição precisa na campanha, algumas baixas de civis foram registradas. Saddam Hussein usou as mortes de civis inocentes para tentar minar o apoio internacional e doméstico da coalizão liderada pelos americanos. O regime iraquiano fez várias alegações de que alvos civis estavam sendo atingidos e mortos pelas forças aéreas da coalizão. 7 A campanha de propaganda do regime iraquiano foi muito além dos protestos normalmente esperados quando existem baixas civis. Os iraquianos perceberam rapidamente que instalar bens militares – incluindo tanques, mísseis e instalações de comando e controle – perto de civis e de infra-estrutura civil poderia trazer benefícios substanciais. Ao abrigar bens militares com civis e com a infra-estrutura civil, Saddam compreendeu que as forças de coalizão iriam evitar o ataque a alvos perto de civis ou arriscar-se-iam a sofrer graves danos políticos causados por mortes não intencionais de civis no que deveria ser um alvo puramente civil. A estratégia de instalação em espaço compartilhado possui três objetivos: • • • Ocultar bens militares; Deter ataques da coalizão sobre bens militares que não podem ser ocultados; e Caso os dois primeiros objetivos falhem, tirar proveito dos ataques, causando baixas civis e a destruição de pontos de importância cultural. Algumas das instalações em espaços compartilhados do regime eram claramente detectáveis através de fotos aéreas. As que não o eram trouxeram resultados trágicos e um rico veio de propaganda. Esta é uma prática antiga em todo o país. O governo iraquiano continua a instalar bens militares perto ou junto de instalações civis e locais de importância cultural e continua a construir novas mesquitas e outras instalações civis dentro, ou próximo de áreas militares. Instalações iraquianas de militares e civis em espaço compartilhado. Naquela época... Peter Arnett, repórter da CNN, escreveu que uma noite, durante a Guerra do Golfo, um lançador e um míssil SCUD surgiram no gramado frontal do Al-Rashid Hotel, onde ele e outros jornalistas estavam hospedados.2 Em 1990, a imprensa internacional divulgou que o Iraque mantinha mais de 1.000 homens, mulheres e crianças ocidentais e japoneses como escudos humanos em cerca de 70 locais no Iraque, incluindo bases da força aérea, guarnições militares, fábricas de armas e centrais de energia antes de, finalmente, libertá-los por causa da pressão internacional. Durante a Guerra do Golfo, o regime Iraquiano colocou duas aeronaves militares perto do antigo templo de Ur, perto de Tallil, Iraque. Um ataque da coalizão sobre a aeronave teria causado grandes danos a este antigo tesouro cultural mesopotâmico. Quando os líderes da coalizão anunciaram publicamente que locais religiosos não seriam alvos de ataques, Saddam começou a usá-los como abrigo de equipamento e unidades militares. Em outros casos, instalações de duplo uso foram exploradas para propaganda. 8 Em 21 de janeiro de 1991, bombardeios da coalizão atingiram o que os iraquianos alegam ser uma “fábrica de leite infantil” em Bagdá. Os Estados Unidos insistem em dizer que o Iraque usava as instalações como local de desenvolvimento de armas biológicas. Na verdade, parece que as instalações foram, por um curto período em 1979 e 1980, uma fábrica de “leite infantil” e depois no segundo e terceiro trimestre de 1990, antes que o regime iraquiano as utilizasse como local para armas biológicas. Os oficiais americanos mostravam que naquela época o regime iraquiano defendia o local como defenderia uma instalação militar. Depois da Guerra do Golfo, inspetores da UNSCOM (Comissão Especial da ONU) descobriram que três cientistas da principal instalação de armas biológicas iraquiana estavam trabalhando na fábrica de “leite infantil”. 9 Jornalistas que foram levados a visitar a fábrica de “leite infantil” em 1991 viram esta placa escrita à mão em inglês e árabe. ...E agora. Desde a Guerra do Golfo, os iraquianos vêm colocando sistemas de mísseis de defesa aérea e equipamentos relacionados dentro e ao redor de várias áreas civis, incluindo parques, mesquitas, hospitais, hotéis, centros de compras, locais religiosos e de importância cultural e, até mesmo, cemitérios. Equipamentos para lançamento de mísseis foram instalados perto de estádios de futebol que estão em atividade, estacionaram sistemas SAM em centros industriais civis. No final de 1997, o regime iraquiano fez questão que a mídia global filmasse civis iraquianos, incluindo mulheres e crianças, em áreas militares e industriais. Mais tarde o governo americano descobriu que os civis foram secretamente substituídos por prisioneiros, na maioria figuras da oposição, bem como alguns criminosos. Se os locais tivessem sido atacados, o regime iraquiano poderia alegar que os prisioneiros mortos eram os civis iraquianos que haviam estado lá anteriormente. Em abril de 2002, imagens de satélites comerciais mostraram que os iraquianos construíram 15 abrigos militares perto de uma escola em Saribadi, uma cidade 50 quilômetros ao sul de 10 Bagdá. Alguns dos abrigos, que são basicamente buracos onde veículos militares estacionam como medida de proteção contra ataques aéreos, estão a menos de 10 metros do muro da escola. Abrigos militares (setas) na área civil de Saribadi, abril de 2002. Em 2002, os EUA descobriram que o governo iraquiano ordenou que os táxis e ônibus fossem pintados com cores militares para parecerem com veículos militares. Em 8 de janeiro de 2003, a Associated Press e outras agências divulgaram que o primeiroministro interino Tareq Aziz dava as boas-vindas a voluntários estrangeiros que quisessem entrar no Iraque e servir de escudos humanos ao redor de instalações civis no caso da ocorrência de um conflito armado, criando assim a idéia de que instalações civis estariam sujeitas a ataques. O Iraque lançou um chamado similar para voluntários em 1990. No caso de um conflito armado, os escudos humanos seriam colocados ao redor de alvos militares – para deter ataques contra os alvos ou criar baixas caso esses alvos fossem atingidos. 11 Estudo de caso O abrigo-bunker de Amiriyah Na madrugada de 13 de fevereiro de 1991, bombas de precisão da coalizão atingem o bunker de Amiriyah em Bagdá. As redes de televisão mostram cenas pavorosas de corpos carbonizados sendo removidos do prédio. O Iraque reportou mais de 300 mortes, a maioria de mulheres e crianças. O bunker havia sido construído originalmente como um abrigo antiaéreo durante a Guerra Irã-Iraque e depois convertido em um centro de comando e controle militar. Em 1991, foi usado como centro de comunicações militares, com instalações completas, incluindo cercas de arame farpado, camuflagem e guarda armada. Fontes do serviço de inteligência informaram que oficiais iraquianos de alta patente usavam o local para comunicações militares.3 O Iraque alegou que o local era um abrigo antiaéreo para civis que havia sido bombardeado deliberadamente. O que a coalizão não sabia é que civis selecionados foram admitidos ao piso superior durante a noite, enquanto os militares iraquianos usavam o piso inferior como um centro de comando e controle. Em um artigo na edição de 14 de fevereiro de 1991, da publicação finlandesa Helsingin Sanomat, um perito finlandês confirmou que as estruturas no Iraque como a de Amiriyah possuem dois andares e capacidade para 1.500 pessoas. A empresa finlandesa Perusyhtyma e a empresa sueca ABV construíram 30 dessas estruturas em Bagdá. Khidir Hamza, ex-diretor geral do programa iraquiano de armas nucleares, declarou em seu livro, Saddam's Bombmaker, que, durante a Guerra do Golfo: "Várias vezes buscamos refúgio no abrigo [Amiriyah].... Mas ele estava sempre lotado.... O abrigo possuía televisores, bebedouros, gerador elétrico e parecia sólido o suficiente para agüentar um ataque de armas convencionais. Mas eu parei de tentar entrar nele um dia, quando percebi algumas limousines negras entrando e saindo de um portão subterrâneo nos fundos. Fiz algumas investigações e descobri que era um centro de comando. Depois de observar mais detalhadamente, cheguei à conclusão de que era, provavelmente, a base operacional do próprio Saddam.”4 O governo dos EUA descobriu logo que Saddam Hussein havia decretado depois do ataque que todos os bunkers militares iriam também abrigar civis.5 12 Turistas visitam o bunker de Amiriyah. O governo iraquiano o preserva como memorial público. 13 Explorando o sofrimento O regime iraquiano é habilidoso no aproveitamento – e criação – de oportunidades para minar a resolução da comunidade internacional em manter as sanções das Nações Unidas. E uma das ferramentas mais eficientes para obtenção desta meta é a criação sistemática de provações e sofrimento para o povo iraquiano. Enquanto destina verbas maciças para a construção de palácios opulentos e programas de armas, o governo iraquiano restringe e limita o acesso da população a alimentos e serviços médicos, para depois desviar a culpa pelos sofrimentos do povo iraquiano da política de Saddam e culpar a ONU e as sanções por ela impostas. Os motivos verdadeiros do sofrimento do povo são rapidamente soterrados pelo peso emocional da visão de crianças emaciadas e em prantos, médicos lamentando a falta de remédios e suprimentos e pais suplicando por alívio. O governo de Saddam Hussein usa imagens trágicas para influenciar a opinião mundial e, particularmente, para dar apoio à alegação falsa de que as Nações Unidas estão matando os iraquianos. Essas imagens incluem: • • • • • A exploração de crianças doentes e mal nutridas perante as câmeras de emissoras de televisão internacionais; A encenação de funerais em massa; A realização de visitas a mercados vazios e hospitais dilapidados; A exibição de iraquianos doentes atribuindo as doenças à falta de instrumentos médicos modernos por causa das sanções, e A censura de filmagens televisivas e a restrição da movimentação de jornalistas e equipes de televisão. Em uma prática especialmente chocante, o regime é famoso por reunir os corpos de bebês mortos e armazená-los por meses, para que possam criar procissões de funerais em massa e criar a impressão de que as sanções das Nações Unidas estão matando crianças. O regime iraquiano desviou muitos milhões de dólares para o seu programa de armamento ou para o luxo das elites do regime, dinheiro destinado à compra de alimentos, remédios e outras necessidades. Segundo as exceções às sanções da ONU o Iraque tem permissão para importar alimentos e uma grande variedade de remédios e outras necessidades, e o Conselho de Segurança da ONU aumentou a lista de itens permitidos várias vezes para atender as necessidades humanitárias e de infra-estrutura. Ou o regime causou deliberadamente a escassez na área médica e a mal nutrição ou simplesmente viu que o sofrimento causado ao povo iraquiano por suas políticas poderia ser explorado por seu valor promocional. Seja qual for o caso, armas para as forças armadas e artigos de luxo para as elites dominantes são prioridade sobre alimentos e remédios para a população e o regime acha mais útil continuar mantendo as provações e culpar as sanções do que cumprir suas obrigações e acabar com o sofrimento. Em 2000, a revista Forbes calculou a fortuna pessoal de Saddam Hussein em US$7 bilhões, obtida principalmente com petróleo e contrabando. 14 Culpando as sanções pelas falhas do regime Em um total de 29 resoluções separadas,6 o Conselho de Segurança da ONU definiu claramente o motivo para a imposição das sanções: forçar o Iraque a aceitar as resoluções anteriores da ONU. Mas Saddam Hussein recusa-se a aceitar. Em 1990, com a resolução 661 do Conselho de Segurança, a ONU permitiu a importação de alimentos e remédios. Em 1991, o Conselho de Segurança tentou criar um programa “Petróleo em Troca de Comida” (Oil-for-Food Program) que permitiria que o petróleo iraquiano fosse vendido se o dinheiro resultante das transações comerciais fosse depositado em uma conta bancária controlada pela ONU e utilizado para a compra de alimentos, remédios e artigos humanitários para o povo iraquiano.7 O governo iraquiano rejeitou essa proposta. Em 1995, por causa dos protestos iraquianos, o Conselho de Segurança adotou outra resolução “Petróleo em Troca de Comida”.8 Foi somente em 1996, depois de um ano e meio de atrasos iraquianos e pressão internacional, que o regime iraquiano finalmente concordou em aceitar o programa, permitindo que as primeiras importações chegassem em 1997. Mesmo depois do programa estar implementado, o regime continuou a privar seus cidadãos dos alimentos e remédios que a comunidade internacional desejava fornecer. Nas 22 subseqüentes resoluções o Conselho de Segurança ampliou, revisou, ajustou ou expandiu o programa “Petróleo em Troca de Comida” por pura preocupação com o povo iraquiano, ampliando constantemente a variedade de bens permitidos para importação.9 O Iraque alega que 1,7 milhões de crianças, incluindo 700.000 com menos de cinco anos de idade, em uma população nacional total de 22 milhões, morreram por causa das sanções. Segundo um site do governo iraquiano, depois da criação do programa “Petróleo em Troca de Comida”, o número de crianças mortas com menos de cinco anos aumentou 50% de 1996 a 2001. Os fatos contam uma história diferente: • • • • • • Sob o programa “Petróleo em Troca de Comida”, o regime iraquiano exportou alimentos para obter dinheiro para financiar seus propósitos. As fórmulas infantis vendidas ao Iraque sob esse programa foram encontradas espalhadas em supermercados em todo o Golfo, presumivelmente exportadas pelo regime para contornar as sanções.10 Segundo a ONU, sob o programa “Petróleo em Troca de Comida”, a ração alimentar diária no Iraque subiu de cerca de 1.200 calorias diárias em 1996 para mais de 2.200 em agosto de 2002.11 Iraque alega que a mortalidade infantil aumentou ao mesmo tempo em que o consumo calórico médio dos iraquianos aumentou em 80% e havia abundância de medicamentos. Com base na informação do item anterior, essa alegação torna-se pouco plausível. Pessoas leais ao regime e de alto escalão recebem os melhores cuidados médicos, incluindo cirurgias cardíacas e neurocirurgia usando um bisturi gama ultramoderno de U$6 milhões, enquanto remédios básicos para o atendimento da população iraquiana são escassos.12 Desde a Guerra do Golfo, Saddam Hussein gastou mais de US$ 2 bilhões na construção de 48 novos palácios, alguns com torneiras banhadas a ouro e cachoeiras artificiais.13 Quanto alimento poderia ser comprado com U$ 2 bilhões? Em 2001, o World Food Program gastou U$ 1,74 bilhões para fornecer 660.000 toneladas de alimento para 77 milhões de pessoas no mundo inteiro.14 15 Estudo de caso Funerais de bebês "Pequenos caixões, decorados com fotografias macabras de bebês mortos e suas idades – “três dias”, “quatro dias” escritas em inglês para a mídia – desfilam pelas ruas de Bagdá, nos tetos de táxis. A procissão é liderada por uma multidão de carpideiras oficiais”. – The Observer (Londres) Pessoas em todo o mundo comovem-se com o sofrimento e morte de crianças inocentes e, sempre que possível, o regime iraquiano tenta associar imagens de crianças mortas às políticas e ações de seus adversários. Eles jogaram a responsabilidade de milhares de crianças mortas sobre as sanções da ONU, não sobre o regime iraquiano que causa essas sanções. Também alegaram que a exposição ao urânio empobrecido, proveniente das munições usadas na Guerra do Golfo, causou várias mortes e deformidades em crianças. Para dar suporte a estas alegações, encenaram funerais infantis em massa e para isto precisavam de crianças mortas. O único problema, segundo exilados, jornalistas e participantes desses funerais: “Ter restos mortais infantis em número suficiente para a realização de um show adequado e, para isso, o regime precisou reunir e armazenar corpos.” Um documentário da série BBC Correspondent, transmitido no dia 23 de junho de 2002, mostrou como o regime iraquiano encena essas procissões: ao invés de enterrar imediatamente as crianças mortas, seguindo os costumes muçulmanos. As autoridades iraquianas mantinham os corpos em necrotérios refrigerados até que houvesse corpos suficientes para a criação de uma “parada de bebês mortos”.15 Em um desses eventos, o regime iraquiano exibiu cerca de 60 caixões, decorados com grandes fotografias dos falecidos, em uma parada ao redor da Praça dos Mártires em Bagdá, enquanto manifestantes controlados pelo governo entoavam slogans anti-EUA e exigiam a eliminação das sanções da ONU para os repórteres estrangeiros ali presentes. Um iraquiano, identificado como “Ali” e como sendo ex-membro do círculo íntimo de Saddam, no norte do Iraque, descreveu frente à câmera a narrativa de um motorista de táxi que havia explicado como as coisas funcionam: “Ele foi até Najaf [uma cidade 180 km ao sul de Bagdá] há alguns dias e trouxe dois corpos de crianças para um dos funerais em massa".16 “Ali” continuou: "O cheiro era inacreditavelmente forte. Ele não sabia há quanto tempo estavam armazenados, talvez seis ou sete meses. Os motoristas os recolhem através das regiões. Eles são informados com antecedência quando um funeral em massa está sendo preparado para que possam arrumar tudo. Não há dúvidas que reúnem corpos de crianças falecidas há meses e que foram mantidos armazenados para a procissão em massa”.17 Em um artigo separado o apresentador do programa informou que: “Uma segunda fonte, ocidental, foi visitar um hospital em Bagdá e, quando o oficial iraquiano encarregado da visita ausentou-se, foi levado ao necrotério. Lá, um médico mostrou vários bebês mortos empilhados, esperando a próxima procissão oficial”.18 16 Um funeral de bebês organizado pelo governo em Bagdá, 1998. [Faleh Kheiber/Reuters] 17 O medo do urânio empobrecido Durante a Guerra do Golfo, as forças da coalizão usaram munição perfurante feita com urânio empobrecido, ideal para esse propósito por causa de sua grande densidade. Nos últimos anos, o regime iraquiano realizou grandes esforços para promover a falsa alegação de que as balas de urânio empobrecido, disparadas pelas forças da coalizão causaram cânceres e defeitos de nascença no Iraque. O regime distribuiu fotos horripilantes de crianças com defeitos de nascença e relacionou-as ao urânio empobrecido. A campanha possui dois grandes pontos de impacto em propaganda: • • Urânio é um nome que gera associações assustadoras na mente das pessoas comuns, o que torna a mentira facilmente aceitável; e Iraque poderia tirar proveito de uma rede internacional estabelecida de ativistas antinucleares que já lançaram sua própria campanha contra o urânio empobrecido. Mas os cientistas que trabalham para a Organização Mundial de Saúde, o Programa Ambiental das Nações Unidas e a União Européia não conseguiram encontrar nenhum efeito nocivo à saúde que pudesse ser relacionado à exposição ao urânio empobrecido. A verdade não impediu a campanha de desinformação iraquiana. Em 15 de novembro de 2000, o jornal em idioma árabe publicado em Londres, Al-Quds al-Arabi, informou que o Iraque havia criado uma organização chamada “Comitê Central para Acompanhamento das Conseqüências da Poluição” sob a supervisão direta do primeiro-ministro interino Tariq Aziz, para acompanhar o problema. Também informava que o general Abd-al-Wahhab Muhammad al-Juburi liderava uma equipe de trabalho de militares, cientistas e outros para a criação de dados e organização de visitas para a mídia internacional. O Iraque abrigou conferências internacionais sobre os citados efeitos nocivos do urânio empobrecido e enviou “peritos” ao exterior para falar sobre o assunto, incluindo o professor iraquiano Mona Kammas, membro do "Comitê do Impacto da Poluição Causado por Bombardeios Agressivos”. Fatos médicos sobre a exposição a armas químicas iraquianas O site do Iraqi News Agency (agência de notícias iraquiana) direciona os visitantes para uma foto medonha de um menino da cidade de Mosul, com a seguinte legenda, “Dizemos aos advogados de direitos humanos: Vejam o que as bombas fizeram às crianças do Iraque. Vejam como usaram intencionalmente armas banidas, incluindo munição com urânio empobrecido, na agressão contra o Iraque." Em novembro de 2000, a revista iraquiana Alif Ba' alegou que uma criança iraquiana havia nascido com “duas cabeças e três braços” porque a mãe havia sido exposta ao urânio empobrecido. Se é que houve um aumento nos defeitos de nascimento e cânceres em regiões do Iraque, é mais provável que tenham sido causados pelo regime, que usou armas químicas de 1983 a 1988, incluindo gás mostarda e agentes sobre o sistema nervoso. Saddam Hussein usou armas químicas no sul e norte do Iraque, na luta contra os iranianos, com quem esteve em guerra de 1980-88. Usou-as novamente contra os curdos iraquianos, além dos conhecidos 18 ataques químicos na cidade de Halabja. Sabe-se há muito tempo que o gás mostarda causa câncer e suspeita-se que cause defeitos congênitos. A Dra. Christine Gosden, professora de genética médica na Universidade de Liverpool, pesquisou deformações congênitas, fertilidade e cânceres em Halabja, em 1998, e afirmou: "Minhas descobertas foram muito piores do que eu imaginava... Condições como infertilidade, deformações congênitas e cânceres (incluindo pele, cabeça, pescoço, sistema respiratório, cânceres do trato gastrointestinal, mamas e infantil) nos que estavam em Halabja naquela época ... são três a quatro vezes maiores, mesmo 10 anos depois do ataque. Um número cada vez maior de crianças está morrendo todos os anos de leucemia e linfomas. Os cânceres tendem a ocorrer nos mais jovens em Halabja do que em outros lugares e as pessoas sofrem com tumores agressivos....”19 A Dra. Gosden também descreveu uma visita a um hospital em Halabja: "Os funcionários da enfermaria contaram a respeito do grande número de gravidezes com deformações. Além de abortos e mortes perinatais, também existe um grande número de mortes de crianças com menos de sete anos. A freqüência desses problemas nas mulheres de Halabjan é mais de quatro vezes superior do que na cidade vizinha de Suleymania... A descoberta de severas deformações congênitas com causas genéticas, ocorridas em crianças nascidas anos depois do ataque químico, sugere que os efeitos desses agentes químicos são transmitidos paras as gerações seguintes”.20 Segundo o Dr. Fouad Baban, presidente do Departamento de Medicina da Suleymania University: "As taxas de anormalidades congênitas em Halabja são quatro a cinco vezes maior do que nas populações pós-bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki. Os índices de natimortos e abortos na cidade são ainda mais alarmantes. Cânceres raros e agressivos em adultos e crianças são encontrados em níveis muito superiores a qualquer outro lugar do mundo”.21 19 Explorando o Islã Saddam Hussein tenta utilizar em seu proveito os sentimentos de solidariedade entre muçulmanos. Ao retratar-se como um fiel devoto e ao invocar o nome de Alá em suas batalhas contra a comunidade internacional, ele procura caracterizar seus conflitos como uma luta islâmica e tenta assumir o papel de líder dos muçulmanos. Imagens que mostram Saddam rezando ou que exaltam sua dedicação ao Islã aparecem em outdoors no Iraque e circulam em forma de fotos, publicações e vídeos. Uma análise de 1990 concluiu que “nos últimos anos os membros do partido Baath não hesitaram em explorar a religião como um agente mobilizador e, desde os primeiros meses da guerra contra o Irã, proeminentes membros do Baath fizeram questão de serem vistos comparecendo a cerimônias religiosas. Saddam Hussein aparece rezando em pôsteres exibidos em todo o país. Além disso, o partido Baath forneceu grandes somas em dinheiro para reformar importantes mesquitas”.22 Isso representa um afastamento em relação às origens laicas do partido Baath de Saddam Hussein. Os membros do Baath encaram o Islã como um produto da cultura árabe e uma ponte para o pan-arabismo e até 1990 o Iraque era o único Estado oficialmente laico na região. Ao longo do tempo, a personalidade de Saddam Hussein sobrepôs-se à doutrina do partido Baath, mas um aspecto não mudou: As figuras-chave do regime e do partido que governa o Iraque continuam sendo não-religiosos e até mesmo não-crentes. Segundo o editor do Daily Telegraph (Londres) Con Coughlin, autor de King of Terror: A Biography of Saddam Hussein (Rei do Terror: uma biografia de Saddam Hussein), em uma entrevista ao programa CNN American Morning em 8 de novembro de 2002: “Saddam é um oportunista. Ele não é realmente um muçulmano devoto. Mas, quando lhe convém, assume o papel de um líder muçulmano. Acredito que quando seus correspondentes vão a Bagdá, eles vêem todas essas imagens de Saddam como o construtor da nação, como general, Saddam com o líder religioso.” Novembro de 2002: Mulheres em Bagdá esperam por um táxi em frente a um mural com a imagem de Saddam Hussein rezando. [AP/Wide World] 20 Em uma reportagem sobre o generoso programa iraquiano de construção de mesquitas, de meados da década de 90, enquanto bens de consumo e muitos artigos de primeira necessidade estavam racionados ou não disponíveis no Iraque, o Los Angeles Times citou um diplomata europeu em Bagdá, que só se manifestou porque sua identidade foi preservada: “O bem-estar das pessoas não está na lista de prioridades do regime. O regime preocupa-se, exclusivamente, com sua própria sobrevivência. Um gigantesco programa de construção de mesquitas pode ajudar o antigo regime socialista laico – quase ateu – a reincorporar-se de forma mais completa ao grupo de nações árabes, enquanto as péssimas condições da maioria da população podem ser usadas como um escudo de propaganda.”23 As extorsões da Hajj A dicotomia entre a retórica religiosa de Saddam e sua prática nunca esteve tão óbvia quanto no modo como ele tratou os fiéis iraquianos que desejavam realizar a Hajj (peregrinação religiosa). O regime iraquiano interfere nas peregrinações religiosas, tanto de muçulmanos iraquianos que desejam realizar a Hajj até Meca ou Medina quanto de peregrinos muçulmanos iraquianos e não-iraquianos que viajam até locais sagrados dentro do país. Bagdá recusou todas as propostas de viagem que não envolviam pagamentos diretos ao governo. Em 1998 o Comitê de Sanções da ONU ofereceu-se para cobrir, usando certificados, as despesas de viagem dos peregrinos que estavam realizando a Hajj, mas o governo recusou esta oferta. Novamente, em 1999, o Comitê de Sanções ofereceu-se para custear as despesas relacionadas à Hajj por meio de uma terceira parte neutra. Mais uma vez o governo rejeitou a oferta. Após a aprovação da resolução 1284 do Conselho de Segurança da ONU, em dezembro de 1999, o Comitê de Sanções propôs liberar para cada peregrino US$250,00 em dinheiro e US$1.750,00 em cheques de viagem a serem distribuídos no escritório da ONU, em Bagdá, na presença de autoridades da ONU e do Iraque. O governo recusou mais uma vez a proposta e, conseqüentemente, nenhum peregrino iraquiano pôde utilizar os recursos disponíveis ou os vôos autorizados. O governo também tentou usar as peregrinações para burlar as sanções em seu próprio benefício financeiro. Em 2001 o governo continuou a insistir para que os recursos oferecidos pela ONU aos peregrinos da Hajj fossem depositados no Banco Central controlado pelo governo e ficassem sob o controle de autoridades do governo para serem gastos ao invés de doados aos peregrinos.24 O regime impôs uma variedade de esquemas para extorquir dinheiro dos peregrinos religiosos, fazendo com que eles pagassem taxas diretamente ao Banco Central iraquiano. As estimativas variam consideravelmente, mas está claro que Saddam Hussein arrecada milhões de dólares anualmente desta maneira. Segundo a Coalizão para Justiça Internacional: "Depois de recusar mais uma proposta da ONU para financiar viagens de peregrinação em 1999, Bagdá levou cerca de 18.000 peregrinos iraquianos de 21 ônibus até a fronteira com a Arábia Saudita, onde eles foram encorajados a fazer uma demonstração e exigir que os sauditas liberassem fundos iraquianos congelados para custear sua viagem. Ao invés disso, o rei Fahd deu as boas-vindas aos peregrinos e prometeu que a Arábia Saudita arcaria com todas as suas despesas. Sem qualquer perspectiva de que os sauditas fizessem pagamentos ao governo usando os fundos congelados ou outras fontes, Saddam ordenou que os peregrinos retornassem a Bagdá.” 22 Opressão dos muçulmanos Shi'a A hipocrisia do suposto compromisso do regime de Saddam Hussein com o Islã fica clara com a longa opressão da maioria muçulmana Shi'a no país. As restrições aos muçulmanos Shi'a incluem: impor condições e simplesmente proibir as orações públicas de sexta-feira, proibir que as bibliotecas das mesquitas Shi'a emprestem livros, negar permissão para a transmissão de programas Shi'a por estações de rádio e televisão controladas pelo governo, proibir livros Shi'a, incluindo livros de oração e guias, proibir muitas procissões fúnebres e outras cerimônias fúnebres que não sejam organizadas pelo governo e proibir certas procissões e encontros públicos em comemoração aos dias sagrados Shi'a. Os grupos Shi'a relataram ter capturado documentos dos serviços de segurança durante o levante Shi'a de 1991, que listam milhares de escritos religiosos Shi'a que foram proibidos.25 Imagens mostrando Saddam Hussein em atos de piedade muçulmana são amplamente disseminados no Iraque e em outros países muçulmanos. [Reuters] 23 A Guerra do Golfo: Mentiras sobre militares nãomuçulmanos no Oriente Médio Durante a Guerra do Golfo, Saddam explorou o fato de que tropas não-muçulmanas estavam lutando contra o Iraque muçulmano, na esperança de retratar a guerra como uma “guerra contra o Islã”. O Iraque alegava que locais islâmicos haviam sido atacados e, apelando para a desconfiança muçulmana em relação à moralidade ocidental e à atitude do Ocidente no que se refere ao Islã, afirmava que forças da coalizão haviam profanado locais sagrados e trazido imoralidade à Arábia Saudita. Ao formar a coalizão internacional, o presidente George H.W. Bush citou a imoralidade e ilegalidade da invasão do Kuwait pelo Iraque e exigiu a libertação daquele povo. O Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou resoluções autorizando o uso da força para libertar o Kuwait. O Iraque tentou enfraquecer a idéia de que os americanos e outros membros ocidentais da coalizão representavam os libertadores do Kuwait e explorar a ansiedade em relação à presença de estrangeiros armados em solo árabe. Para atingir esses objetivos, o regime iraquiano inventou relatos de crimes cometidos por militares ocidentais contra muçulmanos comuns ou importantes símbolos nacionais. Alguns relatórios alegavam que pessoas haviam sido mortas ou feridas durante atos de protesto contra a coalizão, em uma tentativa de criar a impressão adicional de que crescia a oposição à guerra no mundo árabe ou muçulmano. Algumas das alegações: • Forças multinacionais ocuparam Meca e Medina. – Declaração de Saddam Hussein, monitorada pela Rádio Monte Carlo. Nenhuma força multinacional cometeu tal ato. • "Fontes da Otan deixaram vazar informações de que algumas autoridades militares americanas haviam discutido um plano secreto para atacar a Caaba em Meca, usando um míssil com inscrições iraquianas para que o ataque servisse de pretexto para atacar o Iraque.” – An-Nahar, (jornal pró-jordaniano em Israel), 31 de dezembro de 1990. Nunca houve tal plano. • A artista pop americana Madonna estava na Arábia Saudita, entretendo as tropas dos EUA. – Inqilab (Paquistão), 27 de janeiro de 1991. Madonna nunca foi à Arábia Saudita. • Quarenta por cento dos americanos possuíam o vírus da Aids e estavam se dirigindo à Arábia Saudita para espalhá-lo. – Televisão de Bagdá, final de agosto de 1990. Não era verdade. • Comandos navais dos EUA seqüestraram um navio mercante de Bangladesh no mar da Arábia. – Sangbad (Bangladesh), 1° de janeiro de 1991. Não era verdade. • A inteligência dos EUA planeja assassinar o príncipe da coroa saudita. – Rádio Bagdá, 15 de janeiro de 1991. Não era verdade. 24 A Guerra do Golfo: Mentiras sobre conflitos entre aliados muçulmanos e ocidentais A coalizão para a Operação Tempestade no Deserto era uma ampla aliança de países ocidentais e não-ocidentais e a participação de muitos países muçulmanos na coalizão impediu que o Iraque caracterizasse o conflito como uma luta entre o Islã e os infiéis. Em um esforço para estimular a oposição à coalizão em países árabes e muçulmanos, os iraquianos inventaram estórias de discórdia ou até mesmo conflito entre militares ocidentais e muçulmanos, usando, na maioria das vezes, ações secretas e mídia controlada pelo Estado. Segundo essas estórias, militares de países muçulmanos geralmente sofriam algum tipo de humilhação ou perdiam a vida nas mãos de seus aliados ocidentais antes de poderem matar alguns dos supostos agressores. Nenhuma dessas alegações é verdadeira. Abaixo especificamos algumas dessas falsas alegações: • "Soldados americanos e britânicos atiraram contra soldados de Bangladesh, na Arábia Saudita, que teriam se recusado a participar do ataque ao Iraque. Como resultado, centenas de soldados de Bangladesh foram mortos..." – Folhetos distribuídos em Bangladesh, 28 de janeiro de 1991. • Forças dos EUA dispararam contra forças marroquinas na Arábia Saudita, causando várias mortes. – Rádio Bagdá, 31 de janeiro de 1991. • Os Estados Unidos continuavam a importar petróleo iraquiano violando o embargo e ao mesmo tempo negando este fato a seus aliados. – Ministro iraquiano do petróleo, 17 de agosto de 1990. 25 Deturpando as informações ao público Mentiras e imagens falsas usadas em registros públicos são elementos importantes da desinformação iraquiana. Autoridades iraquianas falsificaram documentos, montaram cenas para fotógrafos e televisões internacionais, inseriram histórias falsas secretamente em jornais e revistas e mentiram em declarações oficiais. Durante a Guerra do Golfo, os iraquianos fizeram declarações oficiais falsas sobre vitórias das forças armadas do Iraque, sobre o envolvimento de Israel nas operações militares da coalizão e sobre conflitos internos na coalizão entre muçulmanos e ocidentais. Alguns exemplos eram claramente voltados ao público iraquiano e árabe, como uma alegação oficial noticiada pela Rádio Monte Carlo, em 17 de janeiro de 1991: “Aconteceram enormes demonstrações próSaddam no Cairo”. Em uma declaração da agência de notícias iraquiana de 22 de janeiro de 1991: “Vinte e cinco mil sauditas, incluindo figuras importantes, buscaram refúgio no Iêmen”. Danos auto-infligidos Durante a Guerra do Golfo, em 11 de fevereiro de 1991, os iraquianos, deliberadamente, removeram a cúpula de uma mesquita em Al-Basrah e a desmontaram, em uma tentativa de fazer com que os danos parecessem ter sido causados por um bombardeio da coalizão. Mas não houve danos ao minarete, às construções do pátio ou às fundações da mesquita, o que seria o caso se o edifício tivesse sido atingido por um ataque da coalizão.26 26 Falsa entrevista com um transeunte Jornalistas ou pessoas visitando o Iraque são testemunhas freqüentes de demonstrações “espontâneas” de dor ou raiva por pessoas supostamente comuns ou ouvem histórias sobre as supostas dificuldades causadas pelas sanções econômicas impostas pelas Nações Unidas. Em uma reportagem internacional, durante a Operação Tempestade no Deserto, que tratava de um míssil que havia caído perto de uma área civil, uma mulher fingindo ser uma mera transeunte falou à câmera, em inglês fluente, sobre os “bombardeios criminosos ao Iraque”. Mas diplomatas americanos que haviam servido no Iraque reconheceram-na como Suha Turayhi, uma funcionária de carreira do Ministério de Relações Exteriores iraquiano.27 Censura A maneira mais fácil de manipular imagens é controlar e censurar a radiodifusão de informações que saem do país. Durante a Guerra do Golfo, os iraquianos não permitiam que a CNN e outras empresas de mídia transmitissem cenas de danos causados a instalações militares iraquianas – apenas imagens de vítimas civis. Segundo o jornal Washington Post de 9 de fevereiro de 1991: “O operador de câmera da BBC, Peter Jouvenal disse que os censores haviam cortado imagens mostrando danos causados a alvos militares em uma ponte destruída por bombardeiros aliados em Nassariyah, ao sul de Bagdá, para que parecesse que as únicas vítimas dos ataques haviam sido civis. Em um hospital nas proximidades, ele disse à BBC que foi impedido de filmar soldados feridos nos ataques. Em certo momento – disse – um acompanhante oficial cobriu o uniforme da vítima com um cobertor para que ela parecesse ser um civil”. Inserções dissimuladas A seguinte situação reflete mais uma deturpação das informações ao público, no caso, uma especialmente odiosa: um oficial do setor de inteligência do governo iraquiano, diplomata ou alguém do setor operacional fornece a um jornalista ou a uma publicação em outro país uma história falsa. A história contém detalhes específicos que parecem confirmar seu tema principal, mas que não podem ser verificados. Fontes ou protagonistas no artigo são descritos com detalhes convincentes, mas na verdade nunca são identificados pelo nome. As datas e locais dos supostos eventos são fornecidos para dar consistência e credibilidade ao artigo. Os iraquianos também criaram histórias falsas envolvendo eventos ou encontros reais, de modo que em torno de um esqueleto de verdade foram agregados elementos falsos. O jornalista pode ou não saber a fonte original do material e, já que estas inserções são feitas de forma dissimulada, elas não podem ser sempre atribuídas com certeza ao Iraque. Mas a combinação entre o conhecimento das atividades secretas iraquianas, as evidências do envolvimento do Iraque em algumas dessas inserções dissimuladas e fortes provas circunstanciais tornam possível atribuir as seguintes ações ao Iraque. Nenhuma das notícias mencionadas abaixo é verdadeira. • Pelo menos 10 cidadãos sauditas foram martirizados e outros foram feridos, quando soldados dos EUA dispararam contra eles depois de um protesto de centenas de cidadãos sauditas, em frente a uma base militar dos EUA. – Sawt Al-Sha'b (Jordânia), 13 de agosto de 1990. 27 • Mais de 100 igrejas cristãs foram construídas na Arábia Saudita. Os americanos importaram mais de US$ 5 milhões em bebidas alcoólicas para a Arábia Saudita. Soldados americanos estavam espalhados por toda a Arábia Saudita disfarçados como sauditas. – Carta falsa de nigerianos morando na Arábia Saudita para o diário nigeriano Republic, 28 de outubro de 1990. • Uma empresa americana de relações públicas contratou uma firma egípcia de recrutamento de mão-de-obra para o fornecimento de 5.000 (posteriormente disseram 10.000) prostitutas para funcionários americanos na Arábia Saudita. – Times of India, 13 de agosto de 1990. Em seguida o repórter foi despedido. • Soldados paquistaneses da força multinacional entraram em confronto com soldados americanos, o que resultou na morte de 72 americanos e cinco paquistaneses. – Markaz (Paquistão), 16 de janeiro de 1991 (Em 18 de janeiro, o Paquistão expulsou o adido de imprensa iraquiano por “atividades incompatíveis com seu status diplomático”). Esta carta falsa de estudantes nigerianos na Arábia Saudita apareceu na edição de 28 de outubro de 1990 do jornal nigeriano Republic. 28 Estudo de caso A falsificação Al-Fahd No final de outubro de 1990, o embaixador iraquiano nas Nações Unidas submeteu ao secretário-geral da ONU o que ele alegava ser um memorando “ultra-secreto” do brigadeiro Fahd Ahmed Al-Fahd, diretor-geral do Departamento de Segurança do Estado do Kuwait, ao ministro do Interior do Kuwait, descrevendo uma suposta reunião que o chefe de segurança teria tido em Washington com o diretor da CIA William Webster, em novembro de 1989. Este memorando era completamente falso e tinha a intenção de reforçar as falsas alegações iraquianas de que os Estados Unidos e o Kuwait haviam se engajado em uma conspiração para desestabilizar o Iraque. O falso memorando do Kuwait declarava o seguinte: “Concordamos com os americanos que era importante aproveitar a situação econômica em deterioração no Iraque para pressionar o governo daquele país a traçar nossa fronteira comum. A Agência Central de Inteligência (CIA) forneceunos seu ponto de vista em relação aos meios apropriados de pressão, dizendo que uma ampla cooperação deveria ser iniciada entre nossos países, desde que tais atividades fossem coordenadas em um alto nível.” Em uma carta anexada ao memorando, o vice-primeiro-ministro iraquiano Tariq Aziz acusou o suposto documento do Kuwait de: “... ilustrar a conspiração entre os governos do Kuwait e dos Estados Unidos para desestabilizar a situação no Iraque… Este documento confirma de forma clara e inequívoca a conivência entre os serviços de inteligência dos EUA e do antigo governo do Kuwait, conspirando contra a segurança nacional, a integridade territorial e a economia nacional do Iraque”. 28 A falsificação foi noticiada na mídia em 30 de outubro e imediatamente denunciada como tal, tanto pela CIA quanto pelo governo do Kuwait. A CIA descreveu a visita do general Al-Fahd ao diretor Webster como “visita rotineira de cortesia ... Nada foi discutido nesta reunião que dissesse respeito às relações do Kuwait com o Iraque ou qualquer outro país”.29 Em uma carta de 27 de outubro ao secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuéllar, o ministro do exterior do Kuwait Sabah Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah havia dito que o documento continha “falsidades e mentiras infundadas” e “expressões lingüísticas que nunca foram usadas no Kuwait....”. Ele também observou que “seu estilo difere daquele usado entre autoridades do Kuwait”.30 29 A Guerra do Golfo: Falsas alegações de vitória No início da Operação Tempestade no Deserto, o regime iraquiano divulgou uma série de falsas alegações de sucessos militares. O público-alvo de tais mentiras era a população comum muçulmana, incluindo iraquianos e os iraquianos usaram declarações oficiais, histórias falsas e jornalistas simpatizantes para disseminar suas histórias. Exemplos específicos de alegações – todas falsas – incluem: • A embaixada dos Estados Unidos na Mauritânia relatou que a embaixada do Iraque naquele país teria divulgado um vídeo em preto-e-branco de supostos militares da coalizão capturados, apenas três dias após o início da campanha aérea. O grande número de “prisioneiros” no vídeo e a velocidade com a qual ele foi produzido e divulgado na Mauritânia indicaram imediatamente que se tratava de uma falsificação.31 • Durante o conflito, o Iraque alegou ter derrubado mais de 200 aeronaves da coalizão, “um grande número” de mísseis de cruzeiro e ter recuperado um míssil de cruzeiro que não foi detonado e que seria reutilizado. O Iraque também alegou ter destruído um porta-aviões. Na verdade, foram perdidos 37 aviões da coalizão no conflito e nenhum porta-aviões foi destruído. • Soldados ocidentais mortos durante a Guerra do Golfo estavam sendo “evacuados da Arábia Saudita para o Djibuti em aviões britânicos e, em uma segunda etapa, para a ilha de Creta, onde eram enterrados secretamente”. Não era verdade. – Serviço de imprensa argelino, 29 de janeiro de 1991. • Mísseis iraquianos atingiram o Ministério de Defesa israelense e transformaram Tel Aviv em uma “cidade fantasma”. Embora o Iraque tenha atacado Israel com mísseis SCUD, os danos causados não foram extensivos. – Agência de notícias iraquiana, 20 de janeiro de 1991, citando um “correspondente britânico”. • Iraque matou 6.000 soldados aliados (alegação feita apenas quatro dias após o início da campanha aérea da coalizão). Na verdade, foram mortos em todo o conflito 148 soldados dos EUA. – Inqilab (Bangladesh), 20 de janeiro de 1991. 30 Conclusão: As mentiras continuam Este relatório lança uma luz sobre o aparato usado por Saddam Hussein e seu gabinete para enganar a população iraquiana e a comunidade internacional. A natureza opressora e totalitária do regime de Saddam Hussein permite esse engodo e estratagema. Este regime, que se especializou em ocultar informações durante a Guerra do Golfo de 1991, teve mais de uma década para aperfeiçoar essas práticas. A intenção do regime iraquiano no sentido de continuar mentindo fica evidente quando observamos as suas ações mais recentes. Caso os Estados Unidos e seus aliados determinem que é necessária uma ação militar para desarmar Saddam Hussein, a declaração de Tareq Aziz, de 8 de janeiro de 2003, ilustra o que estaria à espera da comunidade internacional. Nessa declaração, o vice-primeiro ministro iraquiano e membro do círculo íntimo de Saddam convidou amigos do ditador para servir de escudos humanos. O que Tareq Aziz não informa é que eles estarão defendendo equipamentos militares do Iraque e um regime que tiraniza seu povo. Enquanto isso, o regime continua a professar pobreza enquanto gera somas significativas de dinheiro por meio do programa “Petróleo em Troca de Comida”. Durante o período de 4 a 10 de janeiro de 2003, o Iraque exportou 6,7 milhões de barris de petróleo, gerando estimados US$174 milhões, segundo o programa “Petróleo em Troca de Comida” da ONU. O mesmo programa projeta que entre dezembro de 2002 e junho de 2003, o Iraque terá gerado US$1,4 bilhão com a venda de petróleo. O Conselho de Segurança da ONU pretendia permitir o programa “Petróleo em Troca de Comida” para impedir que a população iraquiana morresse de fome. Conforme salientado neste relatório, enquanto muitos cidadãos iraquianos quase morrem de fome, Saddam Hussein continua a usar o dinheiro conseguido com o petróleo para construir castelos e fabricar armas. Nesse meio tempo, o regime culpa de forma enganosa as sanções da ONU pelas péssimas condições enfrentadas pela população iraquiana. Este relatório coloca em perspectiva outras ações recentes do Iraque, entre elas a violação material da Resolução 1441 do Conselho de Segurança da ONU. Essa resolução exige a divulgação completa e definitiva das armas de destruição em massa e um processo de desarmamento monitorado no Iraque. O que a ONU recebeu em troca foram mais mentiras e engodos. • • • • Em 16 de janeiro de 2003, inspetores da ONU descobriram ogivas para armas químicas que não haviam sido reveladas anteriormente. Contínua intimidação de cientistas iraquianos por meio da inconstante posição do regime a respeito das entrevistas particulares com os inspetores da ONU. A declaração do Iraque não menciona numerosas armas e programas de armas químicas, biológicas e nucleares. Ausência de uma cooperação "ativa" por parte do Iraque em relação aos inspetores da ONU. 31 Conforme o secretário de Estado Colin Powell disse durante o programa Face the Nation de 19 de janeiro de 2003: "É responsabilidade do Iraque, de acordo com a resolução 1441, cooperar integralmente com os inspetores no processo de desarmamento. O Dr. Blix disse não ter encontrado nenhum “cano fumegante”, mas também disse que tudo que está obtendo do Iraque é uma cooperação passiva. 'Agarre-nos se puderem. Se vocês encontrarem algo, podemos admiti-lo. Mas estamos trabalhando duro para enganá-los, para ocultar as coisas e para dificultar o acesso a informações verdadeiras.'" 32 Bibliografia Arnett, Peter, Live From the Battlefield (Ao vivo do campo de batalha), Nova York, Simon and Schuster, 1994. Coughlin, Con, Saddam: King of Terror (Saddam: Rei do terror), Nova York, Ecco Press, 2002. 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Ver também "Scientists are Sought as Key to Iraqi Arms" (“Cientistas são procurados como peças-chave para entender as armas iraquianas”) artigo de Joby Warrick, The Washington Post, 15 de dezembro de 2002. 2 Peter Arnett, Live from the Battlefield (Ao vivo do campo de batalha), pp. 385-386. 3 Departamento de Defesa dos EUA, Relatório Final ao Congresso, Conduct of the Persian Gulf War (Conduta durante a Guerra do Golfo), abril de 1992, pp. 141, 615. 4 Kidhir Hamza, Saddam's Bombmaker (O fabricante de bombas de Saddam), p. 248. 5 Ibid., 469-470. 6 Resoluções 661, 687, 706, 712, 778, 986, 1051, 1111, 1129, 1143, 1153, 1158, 1175, 1210, 1242, 1266, 1275, 1280, 1281, 1293, 1302, 1330, 1352, 1360, 1382, 1409, 1443 e 1447 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. 7 Resoluções 706 e 712 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. Ver "State Department Fact Sheet on UN Oil-for-Food Program for Iraq" (“Informativo do Departamento de Estado sobre o programa Petróleo em Troca de Comida da ONU”), 20 de dezembro de 2002, http://usinfo.state.gov/regional/nea/iraq/text/1221fact.htm 8 Resolução 986 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. 9 Resoluções 1051, 1111, 1129, 1143, 1153, 1158, 1175, 1210, 1242, 1266, 1275, 1280, 1281, 1293, 1302, 1330, 1352, 1360, 1382, 1409, 1443 e 1447 do Conselho de Segurança das Nações Unidas. 10 Departamento de Estado dos EUA, Saddam Hussein's Iraq (O Iraque de Saddam Hussein), p. 11. 11 "Oil for Food Programme in Brief" (“Resumo do programa Petróleo em Troca de Comida”), United Nations Office of the Iraq Programme, setembro de 2002. http://www.un.org/Depts/oip/background/inbrief.html 12 Saddam Hussein's Iraq (O Iraque de Saddam Hussein), Departamento de Estado dos EUA, p. 10. 13 Ibid., p. 11. 14 "Facts and Figures" (“Fatos e números”), The World Food Programme, http://www.wfp.org/index.asp?section=2 15 "The Mother of All Ironies" (“A mãe de todas as ironias”), BBC Correspondent em 23 de junho de 2002. Ver também "How Saddam 'staged' fake baby funerals" (“Como Saddam ‘encenou’ falsos funerais de bebês”) artigo de John Sweeney, The Observer, 23 de junho de 2002, http://observer.co.uk/worldview/story/0,11581,742303,00.html 16 Ibid. 17 Ibid. 18 John Sweeney, "How Saddam staged fake baby funerals" (“Como Saddam encenou falsos funerais de bebês”) artigo publicado no Observer, 23 de junho de 2002. 19 Christine Godsen, "Why I Went, What I Saw" (“Por que fui e o que vi”), artigo publicado no Washington Post, 11 de março de 1998, p. A19. 20 Ibid. 21 "Experiment in Evil" (“Experiências com o mal”), artigo publicado no Sydney Morning Herald, 7 de dezembro de 2002. 22 Helen Chapin Metz, Iraq: A Country Study (Iraque: um estudo sobre o país), Departamento de Defesa dos EUA, 1990. 23 Loiko, Sergei Loiko, "In Iraq, All Sanctions All the Time" (“No Iraque, sanções o tempo todo”), artigo publicado no Los Angeles Times, 6 de janeiro de 2003. 24 Departamento de Estado dos EUA, "Iraq" (“Iraque”), relatório internacional sobre liberdade religiosa, 2002. (http://www.state.gov/g/drl/rls/irf/2002/13996.htm) 25 Departamento de Estado dos EUA, "Iraq" (“Iraque”), relatório sobre direitos humanos no país, 2001. 4 de março de 2002. 35 26 Todd Leventhal, Iraqi Propaganda and Disinformation During the Gulf War: Lessons from the Future (Propaganda iraquiana e desinformação durante a Guerra do Golfo: Lições para o futuro), The Emirates Center for Strategic Studies and Research, 1999, p.55. 27 Ibid, p. 55. 28 Documento S/21907 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, 25 de outubro de 1990. 29 Declaração da CIA, 30 de outubro de 1990. 30 Todd Leventhal, Op. Cit., p. 30. 31 Ibid., p. 54. 36
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