ideias para o futuro
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ideias para o futuro
A REVISTA PARA OS VOITHIANOS Report #2 | 2012 FOCO Inovação Ideias para o futuro Insight Group Conference 2012 No Local O importante é participar – a Voith nas Olimpíadas Marcos A mistura perfeita Gente inteligente na Voith O Diretor de Produtos Jörg Lochschmidt trabalha na Voith desde 2007. Junto com outros especialistas da Voith, ele desenvolveu a StreamDiver, miniturbina coberta por água para uso em estruturas transversais existentes, tais como barragens e soleiras submersas (ver Foco Inovação p. 14). Seu lema é: trabalhar de modo sustentável pelo meio ambiente, pela sociedade e pela empresa. Expediente Edição: Voith GmbH Comunicações Corporativas St. Pöltener Straße 43 89510 Heidenheim, Alemanha www.voith.com Responsável pela publicação: Lars A. Rosumek Editores-Chefes: Dr. Eric Marzo-Wilhelm, Gudrun Köpf, Christine Tantschinez Escritório editorial: Fone: +49 73 21 37-34 62 Fax: +49 73 21 37-71 07 E-Mail: [email protected] Em colaboração com: Burda Creative Group GmbH, Munique va bene publishing GmbH, Munique Britta Frühling Gráfica: Wahl Druck GmbH, Aalen Papel: A Voith Report é impressa em Respecta Silk. Este papel consiste de até 60 por cento de fibras secundárias e foi fabricado em uma máquina Voith. Créditos das fotos: Dawin Meckel: capa, p. 3, p. 6, p. 7 (1), p. 12, p.16, p.18, 22–23, p.24, p. 25, p. 26–27, p. 28–29, p. 36 Hans Herbig: p.14, p.15 Siegfried Geyer: p. 24 Christian Wesser: p. 19, p. 21, p. 38–39 Patrick Oberem@iStockphoto: p. 44–45 Andras Deak@iStockphoto: p. 45 (1) Transport for London 2005: p. 30, S. 31 Londres, 2012: p. 32–33 Todas as outras fotos fornecidas pela Voith Direitos autorais: Reimpressão e reprodução de artigos e imagens permitidas apenas com prévia autorização da Voith GmbH. A Revista Voith Report é publicada em alemão, inglês, português e chinês. Editorial Caros Voithianos, Inovações são um tema crucial para toda empresa que queira continuar sendo bem-sucedida. Na atual conjuntura de competitividade, fazer sucesso com inovações é mais importante do que nunca. Para cada ideia fascinante é preciso encontrar logo o modelo de negócio apropriado. Inovar significa desenvolver soluções para as questões certas. Soluções que serão objeto de grande demanda durante as próximas décadas. Não é apenas uma questão de interesse próprio, mas também de bemestar da coletividade. Muitas inovações na Voith – leia sobre elas a partir da página 10 – são não apenas exemplos bemsucedidos da arte da engenharia, como também contribuições bem-sucedidas para temas de grande relevo e importância, tais como eficiência no uso de recursos naturais, geração de energia e urbanização. “Futuro e ação futura” é também o lema da Group Conference deste ano. Tendo como tema geral “Voithianos em 2020”, cerca de 500 executivos internacionais de todas as unidades da Voith debateram durante três dias, em Heidenheim, a perspectiva para os próximos anos. Veja na página 22 algumas impressões que reunimos do evento. Aliás, a convenção inteira reluziu com o branco e azul do novo design corporativo. Este assumirá um papel cada vez maior em nosso cotidiano como elemento harmonizador de todas as divisões do grupo e todos os continentes e como forte sinal distintivo de nossa igualmente forte marca-mãe. Em escala global. Leia mais sobre isso a partir da página 26. Esse caráter harmonizador em escala global está presente também nos frutos de nosso trabalho coletivo como Voithianos. Em Londres, por exemplo, milhões de pessoas serão transportadas de uma ponta a outra da cidade todos os dias e com naturalidade – com ajuda da Voith (página 30). E uma demonstração do interesse que a tecnologia Voith tem despertado em todo o mundo é quando duas corajosas freiras da Tanzânia arrumam as malas para participar de um curso na Kössler, nossa subsidiária em St. Georgen, Áustria (página 36). Desejo-lhes uma boa leitura! Cordialmente, Lars A. Rosumek Vice-Presidente Sênior de Comunicações Corporativas report 2/2012 | 3 40 42 Conteúdo FOCO 10 Como crescem as ideias Mundo Inovações são vitais para empresas como a Voith. Como elas surgem? Que resultados geram? Quem está por trás delas? 12 Para que as ideias gerem produtos bem-sucedidos para o mercado, muitos fatores têm de estar entrelaçados. 15 O carbono é tido como o “aço do século XXI”. No Voith Composite Center, o futuro desse minério já começou. 16 Com a StreamDiver, Jörg Lochschmidt e sua equipe exploram novos caminhos rumo à extração de energia hidráulica. 17 O SteamTrac converte o calor residual de motores em energia aproveitável. 18 A inspiração para inovações pode estar oculta em qualquer lugar – inclusive na natureza. 20 Chidi Wang, da Voith Hydro Xangai, sabe que as inovações têm de ser desenvolvidas sob medida para mercados locais. 21 Mesmo detalhes supostamente pequenos podem gerar grandes resultados. Em Mergelstetten isso não é novidade. 21 Em São Paulo, os clientes podem experimentar e vivenciar as inovações de perto. 4 | report 2/2012 38 30 Insight 22 Group Conference 2012 Heidenheim “Nosso futuro começa agora”. Foi esse o tema condutor desse encontro internacional. 44 34 no local 30 Rumo ao ouro! Grã-Bretanha Lon- dres inteira em êxtase olímpico – e a Voith marca presença com potência máxima. 34 Um belo papel 25 Transformação e deslocamento Heidenheim Hubert Lienhard explica as metas e resultados da Group Conference. Índia Mercados emer- gentes como a Índia e a China querem fabricar seu próprio papelmoeda. A Voith é parceira em papéis especiais. 26 Sob um único teto Mundo Marca forte, presença forte: o design corporativo no cotidiano de trabalho. 28 O mercado não espera Mundo Entrevista com Hans-Peter Sollinger sobre as mudanças nas posições de mercado da Paper. 18 marcos 38 Um peso-pesado em alto-mar Mundo A hélice radial da Voith: 108 toneladas de impulso concentrado. 40 A mistura perfeita Suíça O Advanced CT Control System garante máxima precisão na fabricação de papel. Panorama 42 Local da boa esperança África do Sul Alunos com deficiência física recebem com prazer a doação de smart boards da Voith. 44 Uma metrópole no paraíso Austrália Michelle McLain, chefe de escritório da unidade da Voith em Brisbane, apresenta as atrações turísticas de sua cidade. 36 Com muita energia Tanzânia Duas freiras africanas arrumaram as malas para fazer um curso rápido de turbinas hidráulicas em St. Georgen, Áustria. 02 Expediente 03 Editorial 06 Notas report 2/2012 | 5 em suma O site do grupo Voith agora tem novo visual e maior facilidade de uso www.voith.com. Casa virtual Mundo A Voith incrementou sua pre- sença no mundo virtual com um site totalmente reformulado e novos sites nacionais para suas regiões de atuação. Duas mil e seiscentas páginas únicas, centenas de fotos, muitas ilustrações e clipes de vídeo com um visual direto e generoso que corresponde ao novo design corporativo fazem 6 | report 2/2012 do Voith.com um site global e moderno. Foi dada importância sobretudo à clareza do conteúdo e à rapidez do acesso à informação. Afinal, este é o local onde a Voith apresenta mais de 4.000 produtos diferentes. Fazem parte do site global os sites regionais: em junho foram inaugurados os sites próprios dos escritórios regionais no Brasil e na China e outros já estão sendo planejados. A propósito, a estratégia de estabelecimento de raízes nos países onde a empresa mantém escritórios está sendo seguida também pelos novos membros da família da revista corporativa da Voith. Já estão sendo editadas as Regional Reports para a China e Brasil e outras regiões seguirão. // em suma Novo CEO na Turbo Mundo Desde julho, Carsten J. Rein- hardt é membro da Direção do Grupo Voith e novo diretor-presidente da divisão Voith Turbo. Formado em engenharia mecânica e pós-graduado em engenharia automobilística, Reinhardt, 43 anos, traz para a Voith cerca de 20 anos de experiência em gestão internacional em renomadas empresas das áreas de veículos comerciais e indústrias. Ele começou a carreira na Mercedes-Benz AG, na divisão de veículos de uso comercial, e, mais tarde trabalhou para a Daimler nos EUA. Sua mais recente função foi como presidente e diretor operacional de equipamentos automotivos comerciais e industriais e de reposição da Meritor, empresa norte-americana fabricante de peças para automóveis. Um dos feitos de sua administração foi modernizar as atividades produtivas e impulsionar a ampliação dos negócios nos mercados emergentes da América do Sul e Ásia. A próxima edição do Voith Report conterá uma entrevista detalhada com Carsten J. Reinhardt. // 265.000 horas sem acidentes Alemanha/Inglaterra Na Voith, se- gurança no trabalho é prioridade máxima há anos. A Voith Industrial Services, com a campanha “Safety – it’s your life”, montou um amplo pacote de medidas nessa área para os funcionários. Deu certo: em 2011, a empresa recebeu de seus clientes quatro premiações por operar com segurança e sem acidentes. A Shell nos deu o prêmio de segurança por 200.000 horas trabalhadas sem acidentes operacionais, nem violações das normas de segurança na Rheinland Raffinerie. A Esso também reconheceu o zelo dos cerca de 100 membros da equipe Voith que, no ano passado, em Fawley, Inglaterra, concluíram os trabalhos de parada de fábrica com 45.000 horas trabalhadas sem acidentes. A refinaria Heide conferiu à Voith um prêmio de segurança por ausência total de acidentes, boa qualidade e cumprimento de prazos durante a parada ocorrida no segundo trimestre de 2011. Por fim, em março de 2012, recebemos da Exxon Mobil um prêmio de segurança como melhor fornecedor de 2011. // A equipe premiada da Voith com Mototsugu Ito, presidente da JMF (4º à direita) Agregado premiado Japão Nos últimos anos, a equipe da Voith do Japão conseguiu desenvolver o DF Coat – um agregado de pintura para máquinas de fabricação de papel – a tal ponto que em comparação com seu antecessor ele consome 80 por cento menos energia. Isso teve o reconhecimento da Japan Machinery Federation (JMF), organização nacional da indústria de máquinas e engenharia japonesa, que premiou o DF Coat da Voith com o “Energy Conserving Machinery Award 2011”. O prêmio é concedido anualmente a produtos que geram uma economia especial de energia em máquinas industriais. Em 2011, foram premiados apenas 13 produtos manufaturados em todo o Japão. O DF Coat é usado na fabricação de papel, especificamente na pintura dos trilhos de papel, a fim de obter maior qualidade. Ao contrário de outros processos de pintura nos quais se exerce pressão mecânica sobre o papel, neste processo o injetor de distribuição aplica a tinta sem contato algum. A vantagem é que o teor sólido do papel aumenta e a tinta é aplicada de maneira mais uniforme. // report 2/2012 | 7 em suma “Ter persistência” No topo Malásia Mingming Liu foi premiada pela organização “Mulheres em Liderança” como a executiva mais inovadora da Ásia. Desde janeiro de 2009, ela é presidente da Voith Paper Asia. Liu trabalha desde 1998 para a Voith. Ela foi gerente do primeiro escritório de representação da Voith em Pequim e é tida como a entusiasmada precursora de muitos megaprojetos da Voith Paper na Ásia e especialmente na China. Agora, o comprometimento da executiva foi reconhecido pela sociedade internacional com uma premiação. A senhora acha que hoje em dia uma mulher que ocupa um cargo de liderança na Ásia ainda é uma exceção? Pode-se dizer que sim. No setor industrial, há poucas mulheres na liderança. Por exemplo, entre todas as candidatas, eu fui a única mulher da área de engenharia de máquinas e instalações. Quais são os motivos de seu sucesso? Ocorrem-me quatro fatores: ter persistência e nunca desistir, manter um diálogo franco com os clientes e com a Voith na Europa, ter inovação e criatividade e, por último, liderar uma grande equipe com transparência e sempre com espírito empreendedor. Como a senhora descreveria sua personalidade? Acho que sou otimista, receptiva e gosto de aceitar novos desafios. Isso implica em assumir responsabilidade, inclusive em situações de estresse, saber pensar no grande plano e saber tomar iniciativas e decisões. Informações sobre a Women in Leader ship estão no site: www.womeninleadership.ca Mundo A Voith do Brasil foi eleita a melhor empresa do ramo brasileiro de Bens de Capital. Este prêmio foi concedido à divisão Voith Hydro pela “Exame”, uma das principais revistas brasileiras de economia. O ranking anual publicado pela revista apresenta as 500 empresas mais sólidas do país e é o mais importante desse tipo no mercado brasileiro. Neste ano, 3.500 empresas de 18 ramos foram avaliadas com base em 31 critérios, entre eles crescimento, lucratividade, solidez financeira, investimentos e produtividade por funcionário. “Ficamos muito honrados com essa premiação. Ela é o reconhecimento de nosso trabalho no Brasil”, disse Osvaldo San Martin, presidente e CEO da Voith Hydro do Brasil. A Voith ajudou a escrever uma parte da história da energia no Brasil. O grupo está presente há cerca de 50 anos no país com uma unidade de produção própria. Além disso, quase 50 por cento da capacidade de energia hídrica disponível na América Latina está instalada em usinas equipadas pela Voith. // Doação para escola Japão Foi instalado o gerador de energia solar no telhado de uma escola de Ensino Fundamental em Motomiya, para cuja construção a Voith havia doado 100.000 euros (ver Voith Report 1/2012). A partir de agora, o gerador pode extrair energia solar e, com isso, poupar o meio ambiente. A doação foi feita sob o impacto do trágico acidente de Fukushima após o forte terremoto de março de 2011. Motomiya está a cerca de 60 quilômetros da usina nuclear. // 8 | report 2/2012 Os alunos da escola de Ensino Fundamental de Motomiya recebem com prazer a doação. em suma Veículo do deserto: o navio instalador recebe as hélices Schneider da Voith no gigantesco hangar de Dubai antes de ser navegar no Mar do Norte. Hélice Schneider da Voith oferece plataforma estável Dubai Cento e trinta e um metros de comprimento, 39 e largura e 11,4 megawatts de potência de acionamento – são essas as principais especificações técnicas dos dois navios instaladores de construção idêntica que serão montados respectivamente até setembro no hangar da Lamprell Energy, em Dubai. Os dois navios destinam-se ao transporte e instalação de usinas de energia eólica off-shore, sobretudo no Mar do Norte. Para isso, sua proprietária, a norueguesa Fred. Olsen Windcarrier, encomendou pela primeira vez a montagem de três hélices Schneider da Voith (VSP) em cada um deles. A impulsão precisa, que pode ser alterada em apenas três segundos, impede que o navio seja controlado pelo vento, cor- renteza e ondulações do mar. O importante é o posicionamento exato, sobretudo no momento em que as colunas de içamento se fixam no leito marinho, elevam o navio e com isso o transformam em uma estável plataforma de trabalho. Outra vantagem das hélices é que elas permitem que o casco tenha uma forma especialmente favorável à correnteza, possibilitando economia de combustível. Além disso, o sistema especial de estabilização de rolagem garante que o navio oscile menos até mesmo em condições difíceis de navegação. Isso certamente vai fazer o investimento valer a pena, pois o Mar do Norte, assim com o Cabo Horn, é tido como uma das regiões mais propensas a ventos do mundo. // report 2/2012 | 9 Foco Inspiração Como crescem as ideias O crescimento sustentável precisa de inovações. Apenas se encontrarmos hoje as respostas às perguntas de amanhã é que conseguiremos manter nossa posição no mercado. Para isso, precisamos não apenas de boas ideias, como também de pessoas que as reconheçam e implementem. 10 | report 2/2012 Quem mantém os olhos e ouvidos abertos encontra muitas bases para novas ideias. Foco Evolução Desenvolver uma ideia muitas vezes produz novas e surpreendentes possi bilidades de aplicação. Concentração Manter sempre a atenção. Detalhes menores também podem levar a grandes progressos. Adaptação Revolução Para chegar a territórios desconhecidos, é preciso ter também disposição para explorar novos caminhos. Uma inovação é boa apenas se for bem apresentada no mercado. O sucesso é determinado por necessi dades locais. report 2/2012 | 11 Fokus | Innovation O Fórum de Novas Tecnologias foi local de discussão para (da esquerda para a direita:) Christian Naydowski, Ulrich Begemann, Stefan Lutzmann e Falko Baier. Inovação – ideias para o mercado Inovações são importantes para as empresas. Mas quais são os requisitos para que as ideias de fato produzam algo de novo? Entre eles está, sobretudo, uma cultura empresarial transparente. S eria bom se as coisas fossem sempre tão simples! Ao entrar em uma banheira cheia até a borda e observar a água transbordando, o matemático e engenheiro Arquimedes de Siracusa viu-se de repente diante da solução para a incumbência que lhe havia sido dada pelo rei Hierão: para comprovar que a coroa do rei era realmente de ouro puro, Arquimedes teria de comparar se a coroa e uma barra de ouro de igual peso deslocariam a mesma quantidade de água quando mergulhadas em um recipiente. Nascia ali o Princípio de Arquimedes. Naturalmente, o relato de que o gênio da Antiguidade teria ficado tão entusiasmado com sua descoberta que saiu nu em pelo pelas ruas da cidade gritando “Eureka!” – que significa “Encontrei!” em grego – permanece envolto em lendas... Hoje em dia, os herdeiros de Arquimedes precisam fazer jus a requisitos bem diferentes. Na atual era da concorrência global e de mercados que se saturam com rapidez cada vez maior, nunca foi tão difícil fazer uma nova descoberta ou invenção. A área de Pesquisa e Desenvolvimento e a inserção de novos produtos no mercado com a maior rapidez possível tornaram-se fatores decisivos na concorrência. Mais do que isso: “Inovações 12 | report 2/2012 são uma questão de sobrevivência no mercado”, diz Ulrich Begemann com convicção. “Elas são como novos brotos que surgem em uma árvore na primavera. Possibilitam o crescimento e a adaptação a condições de vida alteradas.” Begemann é Diretor de Novas Tecnologias. Sua missão é procurar e avaliar projetos de desenvolvimento inovadores que complementem no médio prazo as áreas de negócios já existentes e sobretudo abram acesso a novos e rentáveis mercados. Isso ele faz estabelecendo contatos externos para ficar sabendo das novidades o quanto antes possível, filtrando uma grande quantidade de ideias e projetos para selecionar os que podem trazer crescimento para a Voith e acompanhando-os até que seja possível tomar uma decisão definitiva. Uma troca de experiências entre especialistas das diversas divisões da empresa é possibilitada pelo “Fórum de Novas Tecnologias”. Os membros do fórum reúnem-se regularmente para se informar e atingir um consenso sobre projetos interessantes em desenvolvimento em instituições de pesquisa ou jovens empresas. Além disso, várias vezes por ano, palestrantes de alto nível fazem palestras para funcionários da Voith sobre tendências tecnológicas atuais. Foco | INOVAÇÃO “Precisamos de alguém que tenha uma grande ideia e acredite nela, que seja receptivo para o novo e que em vez de se dar por satisfeito com o status quo prefere questioná-lo.” Falko Baier, Diretor de Tecnologias da Voith Turbo “Articular a integração de pessoas criativas ente si, estimulá-las a um contato pessoal, oferecer-lhes liberdade de ação” – esse é o melhor celeiro de inovações que o fórum oferece na opinião de Falko Baier. Baier pertence ao grupo de organizadores do Fórum e é Diretor de Tecnologias da divisão Voith Turbo. “As ideias”, acredita ele, “não surgem sob pressão. A criatividade é liberada quando existe um bom equilíbrio entre liberdade de ação e necessidade”. O motivo disto é óbvio: inventores e indivíduos criativos são um tipo humano específico, acredita Baier. “Precisamos de alguém que tenha uma ótima ideia e acredite nela, que seja receptivo para o novo e que em vez de se dar por satisfeito com o status quo, prefere questioná-lo.” Para isso faz-se necessária uma cultura empresarial específica. Franqueza, tolerância e paciência são o complemento ideal. “A empresa tem de estar preparada para permitir falhas na fase de desenvolvimento inicial. É preciso ter liberdade para experimentar algo novo, mesmo quando isso pareça uma loucura à primeira vista”. As descobertas não estão nos velhos moldes de pensamento. Em suma: é preciso não só ter visões, como também conhecer o assunto. A regra de ouro de Begemann para Pesquisa e Desenvolvimento é ter liberdade criativa suficiente na frase inicial e, em seguida, foco gradual e implementação sistemática. Christian Naydowski, Diretor de Tecnologia Química da Voith Paper, complementa: “Quando os especialistas trocam experiências e mantêm um bom contato entre si, a solução logo surge entre eles”. “Os cientistas”, acrescenta ele, “precisam de companheiros de treino”. Mas por que isso tudo é tão importante? Porque a experiência demonstra que de muitas centenas de ideias apenas algumas resultam em produtos bem-sucedidos. Isso soa frustrante à primeira vista, mas é algo bastante normal em um processo de inovação. Afinal, as ideias puras são seguidas de estudos de viabilidade, planos de negócios e testes – até chegar a hora da inserção do produto no mercado. E esta não pode fracassar. Mas nisso a intuição não é relegada a segundo plano. Diz Falko Baier: “Os projetos descartados não são em vão, pois essas experiências também são parte valiosa de nosso cabedal de conhecimentos”. Para Baier, é imprescindível saber esperar. “Temos de possuir a capacidade de observar com pouco dis- “As inovações são ideias introduzidas no mercado de maneira bem-sucedida.” Stefan Lutzmann, Diretor de Inovação da Voith Hydro pêndio as ideias que são boas já em termos de princípio. Em épocas de recursos naturais escassos e emissões de dióxido de carbono crescentes, certas questões que hoje já são tecnicamente solucionáveis somente muito mais tarde se tornam interessantes do ponto de vista econômico.” Mas como os especialistas do grupo definem inovações? A resposta nem sempre é semelhante: a ênfase não é na pesquisa pura tal como é praticada nas universidades, mas sim no desenvolvimento de produtos e, portanto, na visão de mercado. Stefan Lutzmann, ele também membro do grupo de organizadores do Fórum de Novas Tecnologias e Diretor de Inovação da divisão Voith Hydro, comenta: “As inovações são ideias introduzidas no mercado de maneira bem-sucedida.” Um exemplo típico, segundo o engenheiro, é a hélice Schneider da Voith. Para Ulrich Begemann, report 2/2012 | 13 Foco | INOVAÇÃO outros exemplos são o Voith WinDrive e a pintura por cortina dos equipamentos de fabricação de papel – ambas são avanços com os quais a Voith pôde conquistar novos mercados e para os quais ela contribuiu, por assim dizer, com o necessário fôlego: “Lançar inovações rapidamente no mercado não funciona.” Falko Baier tem a mesma opinião e considera “um tanto curto” o período de sete anos transcorridos desde os planejamentos iniciais até os protótipos da usina de energia maremotriz e da turbina de marés. O decisivo para a seleção de conceitos de produtos interessantes é ver as coisas do ponto de vista do cliente. Os membros do Fórum de Novas Tecnologias são unânimes: “Temos de entender muito bem as necessidades que nossos clientes terão daqui a cinco ou dez anos. A serviço do cliente, temos de ter visão de futuro, avaliar e analisar o desenvolvimento de mercados e tecnologias.” É mais fácil falar do que fazer. Muitas tecnologias têm um alto grau de desenvolvimento. Ou, em outras palavras: muitos mercados estão esgotados. Não é fácil avaliar, mas as tecnologias e produtos derivados de tendências tais como escassez de recursos naturais, proteção ambiental ou mobilidade crescente (tal como o exemplo da StreamDiver – ver página 16) estão vinculadas a grandes oportunidades para a Voith. Além disso, há também a integração global: novas ideias difundem-se em ritmo estonteante e os avanços aceleraram-se enormemente. Se nos anos 70 o ciclo de vida de um automóvel ainda era de oito anos, hoje ele encurtou-se para, em média, de dois a três anos. E a indústria dos eletrônicos de consumo ainda está literalmente a todo vapor: no caso de computadores, o ciclo de vida já se conclui em alguns meses e para televisores ele é calculado em intervalos semestrais. É claro que no caso de bens de produção, tais como os que a Voith fabrica, os relógios não giram tão rapidamente como no mercado consumidor. Porém, também nessa área o intervalo entre a centelha criativa e o primeiro contrato de compra deve ser mantido o mais curto possível. Para Arquimedes o relógio também andava acelerado. Talvez o brilhante pensador nunca teria chegado a sua genial descoberta sem a pressão de ter um contrato do rei para cumprir. A descoberta, aliás, sobreviveu intocada por quase 2.000 anos. Ela foi resgatada apenas por volta de 1750, com as pesquisas de hidrodinâmica do matemático suíço Leonhard Euler. // 14 | report 2/2012 Foco | Revolução Mudar o paradigma para avançar Devido as suas propriedades versáteis, o carbono é tido como material do futuro. Quem quiser usá-lo terá de trilhar novos caminhos. As atividades do novo Centro de Desenvolvimento e Produção da Voith Composites (VOC) inaugurado em Garching, nas proximidades de Munique, em setembro do ano passado, estão ajudando a transformar o futuro em realidade. Com instalações produtivas ultramodernas, o Centro estuda e manipula o carbono, o “aço do século XXI”. “Queremos ajudar a construir esse avanço e ser parceiros preferenciais da indústria no desenvolvimento de novos processos de produção. Um primeiro passo nessa direção foi o sinal de largada para nossa parceria de desenvolvimento com a Audi no ano passado”, conta Lars Herbeck, Diretor Executivo e responsável pela área automotiva da VOC. A montagem de componentes de fibras de carbono em veículos pressupõe uma mudança de paradigma: os veículos têm de ser projetados de outra forma e faz-se necessária uma nova tecnologia de produção. Por isso o desenvolvimento de processos de produção para a produção em série em larga escala industrial é para a Voith um importante passo rumo ao sucesso do novo material em aplicações industriais. A linha-piloto para a produção já foi montada e a produção pode começar. Diferente da produção seriada em larga escala, no caso dos produtos feitos de compósito de carbono reforçado com fibras de carbono (CRFC) para instalações industriais são produzidas apenas algumas centenas de unidades por ano. Porém, nessa área, a Voith – tal como na produção de rolos de CRFC para máquinas de fabricação de papel – já tem bastante experiência. O processo foi desenvolvido pela própria Voith. “Agora, com novos processos de produção, queremos firmar a construção leve como uma área de negócios da Voith”, explica Markus Lang, Diretor Executivo para a área industrial. O futuro é promissor. O “aço do século XXI” não é só mais leve que o metal. “Graças ao emprego de componentes feitos de CRFC podemos também reduzir oscilações nos equipamentos e aumentar a capacidade das máquinas”, explica Lang. Lang vê aplicações para componentes de CRFC tanto em máquinas de fabricação de papel e lâmina como no setor energético. // Queremos ajudar a construir esse avanço e ser parceiros preferenciais da indústria no desenvolvimento de novos processos de produção. Lars Herbeck, Diretor Executivo da Voith Composites, área automotiva Material do futuro: fibras de carbono a caminho da impermeabilização. Martin Bartl, funcionário da Voith, cuida do correto entrelaçamento das fibras. report 2/2012 | 15 Foco | Evolução Força invisível Jörg Lochschmidt, Diretor de Produtos da Small Hydro, coordena o projeto desde 2010. A energia hidráulica tem importância central na geração de energia, mas muitas inovações estão mal começando. A StreamDiver, um dos projetos de desenvolvimento mais recentes da Voith, agora permite usar áreas onde até agora não era possível construir usinas hidrelétricas convencionais, gerando energia sem agredir o meio ambiente. É um marco rumo à intensi- A StreamDiver é de fácil colocação e só precisa passar por manutenção preventiva a cada cinco anos. 16 | report 2/2012 ficação do uso de energia renovável. Apenas na Alemanha, poderiam ser gerados 3,5 terawatts-hora adicionais de eletricidade – sem agressão ao clima, nem ao meio ambiente. Esse novo conceito de usina é especialmente interessante para operadores de energia na Europa Central. O foco do interesse são as chamadas estruturas transversais – construções tais como barragens ou soleiras submersas, que já são usadas para regular o nível da água ou estabilizar o leito do rio. Nas palavras de Jörg Lochschmidt, Diretor de Produtos da Small Hydro e coordenador do projeto desde 2010: “Há muitas estruturas transversais em áreas de proteção paisagística próprias para a geração de energia em locais onde o potencial de usinas hidrelétricas convencionais está praticamente esgotado.” Ao mesmo tempo, nessas áreas há uma grande conscientização ecológica: a usina hidrelé- trica deve estar integrada à paisagem, praticamente invisível. Nenhuma obra de construção civil pode alterar a natureza, nem prejudicar os peixes. O ponto nevrálgico dessa invenção – a turbina com o nome de StreamDiver – foi apresentado em uma convenção para clientes em Zell am See, Áustria. A Verbund AG, uma das maiores produtoras de eletricidade oriunda da energia hidráulica na Europa, é nossa parceira para um projeto-piloto. A empresa pretende explorar estruturas transversais para a geração de eletricidade. Por exemplo, às margens do rio Salzach. Com 225 quilômetros de extensão, esse rio atinge quase a mesma largura do Danúbio, desloca grande volume de água, mas tem quedas-d’água baixas. Para a Verbund AG, esses são os requisitos ideais para testar a geração de energia renovável em condições semelhantes. Três barragens no Salzach podem ser usadas para tal. Foco | Evolução O funcionamento é assim: todo o grupo motopropulsor é encaixado em uma caixa de concreto na qual a água flui de cima por meio de uma tela. A tela impede a passagem de ramos, folhagem e lixo. O grupo motopropulsor é formado por turbina, eixo, mancais e gerador. O importante é cobri-lo completamente com água, pois os mancais não são lubrificados com óleo, mas com água. Onde não há óleo, não há vazamento de óleo e não se põe a qualidade da água e os peixes em risco. Além disso, a StreamDiver precisa de pouca manutenção preventiva. Ela só precisa ser desmontada e submetida a uma inspeção técnica a cada cinco anos. A Voith desenvolveu o processo de cobrir o grupo motopropulsor com água há alguns anos para usinas de energia maremotriz. No projeto da StreamDiver, a equipe de desenvolvimento fez parceria com as Universidades Técnicas de Munique e Stuttgart. Um primeiro protótipo para testes dos mancais lubrificados com água está sendo usado no rio Brenz, que passa pela área da fábrica da Voith em Heidenheim. Após um ano, a estação não mostra sinais de desgaste. “A StreamDiver é especial para nós”, enfatiza o engenheiro, pois “usinas hidrelétricas convencionais são sempre projetadas individualmente, enquanto o objetivo da StreamDiver é ser um produto em série de baixo custo para operadores de energia do mundo todo”. De início, a meta é concentrar-se sobretudo na Europa, mas mercados como EUA, Canadá ou BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) também serão interessantes nos próximos anos. A futura unidade de produção será a Kössler, subsidiária da Voith, em Sankt Georgen, Áustria. A invenção é interessante também para o poder público. O governo alemão apoia a parceria entre a Voith e as universidades de Stuttgart e Munique com fundos de incentivo. // O SteamTrac pode reduzir o consumo de combustível também em veículos ferroviários com propulsão a diesel. Propulsão econômica Você sabia? Os motores de combustão usam nada mais que um terço da energia armazenada no combustível. O resto é desperdiçado na maioria das vezes na forma de calor residual, sem ser aproveitado. Os engenheiros da Voith tomaram essa realidade como oportunidade para desenvolver uma pequena sensação: o SteamTrac, um novo tipo de sistema que torna reaproveitável uma parte da energia desperdiçada. O sistema funciona segundo o seguinte princípio: o calor residual do motor é usado para aquecer um fluido – tal como água destilada – à temperatura de aproximadamente 370 °C em um refervedor, e o vapor gerado é encaminhado por meio de um dilatador de pistões. Ali, ele é submetido a alívio de tensão ao movimentar um pistão em um cilindro. Isso gera uma energia mecânica que pode ser conduzida novamente ao motor. Resultado: menos consumo de combustível, menos emissão de dióxido de carbono, mais potência. “Esse princípio também pode ser aplicado à propulsão de um gerador. Desta forma, ele é ideal para a geração de eletricidade descentralizada em pequenas usinas, tais como usinas de biogás ou centrais de aquecimento distrital”, explica Jürgen Berger, responsável pelo desenvolvimento do sistema juntamente com sua equipe de 14 pessoas. “Com essa tecnologia, a Voith faz mais uma contribuição para a revolução energética”. O SteamTrac já comprovou sua eficácia várias vezes. Em um rebocador que faz a linha entre Roterdã e Duisburg, o consumo anual de diesel reduziu-se em 40.000 litros por motor e a emissão de dióxido de carbono em 106 toneladas. Em três centrais de aquecimento distrital na Alemanha e Grã-Bretanha, os motores a gás a atingiram uma potência dez por cento maior sem necessidade de mais combustível e sem dióxido de carbono adicional. Em uma locomotiva a diesel com turbo-engrenagem da Voith, o SteamTrac também reduziu o consumo de combustível em até dez por cento. O sistema pode ser acoplado a estações já existentes. Para isso, a Voith desenvolveu a SteamDrive. O sistema já está sendo empregado em várias centrais de aquecimento distrital e, assim como o Steam Trac, pode ser usado em embarcações e veículos ferroviários. // report 2/2012 | 17 Foco | Inspiração Árvore do conhecimento 18 | report 2/2012 Foco | Inspiração Às vezes, as ideias vêm do melhor laboratório do mundo: a natureza. A chave é saber reconhecê-las. Zsolt Roth encontrou a ponte entre a natureza e a tecnologia. Desde Newton e sua maçã, a humanidade sabe que uma árvore pode levar a uma solução. Hoje, entretanto, não se consegue uma solução deitando-se na sombra, ao lado do tronco de uma árvore, e esperando a inspiração chegar. Ao contrário, apenas quem vive com olhos e ouvidos abertos é capaz de reconhecer potenciais inexplorados. É assim que faz Zsolt Roth. Engenheiro da Voith, ele assistiu a uma palestra do renomado biomecânico Prof. Claus Mattheck em fevereiro de 2008, em Crailsheim. O assunto da palestra era um princípio da natureza, a chamada “construção triangular com força tênsil” (Zugdreieckskonstruktion), encontrada em troncos de árvores. Roth recorda-se: “De repente, ficou claro para mim que temos de construir a forma pedicular de nossas rodas dentadas segundo esse princípio a fim de manter uma maior capacidade de sustentação e transmitir um momento de torção maior sem alterar o tamanho”. O engenheiro de desenvolvimento de 54 anos é responsável pelo cálculo de engrenagens na Voith. Em seus cálculos, ele lida com milionésimos de metro. “Engrenagens e suas rodas dentadas devem ter uma longa durabilidade e grande firmeza. Elas têm de rodar de maneira ideal e ter a maior leveza possível”, resume ele a quintaessência de seu trabalho. Há 22 anos tudo na vida profissional de Roth gira em torno dessa ambição. Participar do desenvolvimento de sistemas de acionamentos e engrenagens é para ele sempre uma questão de envolvimento pessoal. Desde o curso de engenharia mecânica, ele tem se especializado em sistemas de acionamento e quando ingressou na Voith, em 1984, atuou como construtor mecânico na área de desenvolvimento de engrenagens. Logo, ele descobriu que no fim de um projeto de desenvolvimento pode estar sempre o descarte de um conceito. “Quando há uma alteração repentina no mercado, isso significa o abandono de projetos de desenvolvimento”, conta ele. Por isso ele está convencido de que sua profissão exige certa obstinação especial. “Não se pode desistir jamais.” Para Roth, abnegação, persistência e idealismo estão entre as características mais importantes que um inventor deve ter. E sobretudo paixão e criatividade. “O trabalho com equipamentos é para mim não só uma profissão como também uma vocação”, admite ele. A profissão está sempre ocupando os pensamentos de Roth. Quando ele tem uma ideia, registra-a imediatamente em papel. “Quando há entusiasmo, a centelha do pensamento de alguma forma surge sozinha.” É útil, claro, manter os olhos e ouvidos abertos e não se fechar para novas ideias. Nos anos seguintes, juntamente com vários estudantes empenhados e motivados – Roth é também docente nas escolas superiores duais de Heidenheim – ele usou o que aprendeu naquela palestra rica em conhecimentos e trabalhou em uma patente do “perfil biônico de base de roda” (bionische Zahnfußkontur), recebendo da Voith os recursos para os experimentos necessários. O sucesso veio em seguida: hoje, as rodas dentadas fabricadas segundo a patente – que aliás, já está registrada mundialmente – passaram no teste de resistência. A invenção também pode ser empregada também em jogos de engrenagens e grandes turbo-engrenagens. Roth mal pode esperar: “Espero que a inserção no mercado ganhe uma ímpeto.” Essa, afinal, constata ele, satisfeito, “é a verdadeira recompensa para o desenvolvedor”. // O perfil biônico de base de roda desenvolvido segundo o modelo presente na natureza. Um precursor da biônica O prof. Claus Mattheck, do Instituto de Tecnologia de Karlsruhe, é tido como precursor da biônica, ramo da ciência que investiga o modo como os princípios e modos de operação encontrados na natureza podem ser empregados em aplicações tecnológicas – tal como na construção triangular com força tênsil. Mattheck é professor de Análise e Prevenção de Falhas de Construção e estudou por que as árvores formam intumescências de raízes na base de seu tronco. A intumescência faz a “extremidade aguda” entre o tronco e o solo – chamado entalhe – adquirir a forma de um triângulo que alivia a tensão que atua sobre a árvore devido a ventos fortes. Muitos componentes mecânicos também têm entalhes. Trata-se de locais onde o componente adquire fora ramificada ou concentrada – como, por exemplo, na transição da rosca ao cilindro de um parafuso. Como as forças de tensão e pressão aumentam enormemente nesses locais, muitas vezes formam-se fissuras ou pontos de fratura que produzem avaria do material. De suas observações, Mattheck inferiu constatações sobre como se pode neutralizar essa avaria. Tais constatações tiveram influência decisiva no conceito de perfil biônico de base de roda, desenvolvido por Roth e sua equipe. Outras informações estão no site em alemão e inglês do prof. Mattheck: www.mattheck.de report 2/2012 | 19 Foco | Entrevista Compreender e mudar As inovações têm de se adaptar ao mercado ao qual se destinam. Chidi Wang, da Voith Hydro Xangai, sabe que a adaptação a necessidades locais é uma obrigação. Qual a chave para se conseguir implementar a tecnologia de ponta da Voith entre clientes na China? A Voith da China é uma empresa relativamente pequena. Para que a tecnologia da Voith seja implementada também nas empresas que são nossas clientes na China, temos de usar nossa experiência em energia hídrica e nossas habilidades de comunicação para poder explicá-la em “chinês”, isto é, de um modo tal que ela seja compreendida pelos chineses. Temos de compreender totalmente as necessidades e especificações de nossos clientes para sermos capazes de escolher exatamente as soluções que melhor se adequam aos projetos em questão. Até lá devemos evitar riscos e dar o melhor de nós para construir produtos competitivos e deixar nossos clientes satisfeitos. Quais desafios se enfrenta quando se aplica mundialmente os padrões de qualidade da Voith no processo de estabelecimento de raízes regionais? No decorrer dos últimos dez anos, a Voith Hydro Xangai implementou tecnologias e padrões de qualidade da Voith em projetos na China. Além disso, também trabalhamos em inovações locais. De posse do conhecimento sobre a tecnologia de ponta, podemos otimizar e até aperfeiçoar tais inovações, transmitindo-as a outras unidades operacionais na China. Exemplos típicos são a fabricação de rotores para as usinas de An Khe, no Vietnã, e Jin Ping II, na China. Não nos restringimos a apenas usar a tecnologia existente, mas sim desenvolvemos uma nova tecnologia de rotores – com base no produto, no projeto e nos requisitos de produção. A Voith Hydro Xangai é a unidade operacional líder na China em construção de rotores, qualidade em engenharia mecânica e controle de qualidade e de processos. Essa é, afinal, a tecnologia de nossa empresa, a mesma que tem marcado os padrões de 20 | report 2/2012 construção e produção na Hydro chinesa. Até agora fizemos o requerimento de oito patentes e três delas já foram concedidas, enquanto as outras cinco já passaram por todo o processo de seleção. Além disso duas outras patentes estão sendo testadas neste momento. Superamos os desafios de aplicar os padrões de qualidade da Voith no estabelecimento de raízes na região e fizemos grandes progressos. Tenho muito orgulho de ser Voithiano. Que conselhos e expectativas o senhor tem para os jovens engenheiros chineses? Como veterano da Voith, eu diria que o mais importante é construir uma equipe profissional de engenheiros e incentivá-la a aperfeiçoar cada vez mais a tecnologia hídrica. Temos um programa de treinamento organizado que possibilita que nossos engenheiros aprendam, se mantenham atualizados e possam trabalhar com engenheiros alemães a cada dois ou três anos na matriz da Voith, em Heidenheim. Isso tem efeito positivo não só para a construção de cooperações profissioChidi Wang é nais, como também de amizades pesVice President of Ensoais – e esse efeito, por sua vez, ajugineering na Voith da a manter baixos os custos de Hydro Xangai. Ele é responsável pelo innossos projetos, elevar a qualidade e tercâmbio de conhegarantir a pontualidade nos prazos de cimentos entre a conclusão. O programa de treinamenChina e a Alemanha e pelas inovações to forma uma boa base para o estabelocais. lecimento de raízes locais. Até agora quase 30 engenheiros já participaram e todos passaram a ter a oportunidade de trabalhar com autonomia e liderar projetos de maneira bem-sucedida. Atualmente, a competitividade mais acirrada está em como atrair funcionários qualificados. Nossa meta definitiva é formar uma equipe sólida e profissional. // Este foi um trecho da entrevista publicada na Voith Regional Report China nº 2/2012. Foco Os funcionários cheios de ideias da fábrica da Voith Turbo, em Mergelstetten Desenvolver ideias Buscar sempre novas formas de aperfeiçoamento – isso também pode ser uma mola propulsora de processos inovadores. Justamente no cotidiano de trabalho é onde as pequenas mudanças são capazes de produzir grandes efeitos. Um exemplo é nossa fábrica em Mer- gelstetten, onde 104 Voithianos contribuíram com suas ideias para ajudar a economizar tempo e dinheiro e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade, a segurança no trabalho e o balanço ambiental. Ao todo, foram recebidas 155 sugestões, correspondendo a 1,5 por funcionário. // tissue innovation Center Após a reforma em novembro do ano passado, o Tissue Innovation Center de São Paulo foi reinaugurado. Cerca de 150 empresários, diretores e engenheiros-chefes atuantes em empresas clientes em todo o mundo vieram conferir de perto a capacidade do novo centro. E ela é considerável: na metrópole brasileira, encontra-se em operação uma das mais rápidas máquinas de fabricação de papel tissue do mundo. Atualmente, a máquina atinge a velocidade máxima de 2.500 metros por minuto na produção de papel higiênico convencional e 1.800 metros por minuto no caso de papel higiênico premium. Na categoria premium, é empregado o processo ATMOS, que consome cerca de 60 por cento menos energia e 30 por cento menos fibras que processos tradicionais. O importante é que o equipamento pode ser configurado rapidamente de um tipo de produção para o outro, seja convencional ou premium. A máquina deve sua velocidade à grande capacidade de secamento. O novo cilindro Yankee tem um diâmetro maior que o de seu predecessor e o capuz secador Ultra Hood permite temperaturas de até 650 graus. A prensa de sapata NipcoFlex T, desenvolvida especialmente para a produção de papel tissue, reduz em 20 por cento o consumo de energia. Os sistemas de ventilação e recuperação de calor também são novos. O Tissue Innovation Center oferece aos clientes a oportunidade de realizar eles mesmos testes na máquina – atração que tem gerado grande interesse, pois até dezembro a agenda está lotada para novos interessados. A Voith Paper também usa a máquinas de papel tissue para atividades de Pesquisa e Desenvolvimento. No Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de São Paulo, inaugurado em 1994, já foram desenvolvidos muitos novos componentes e processos. // report 2/2012 | 21 INSIGHT Group Conference 2012 22 | report 2/2012 INSIGHT Como será o mundo de 2020? A Group Conference 2012 analisou as perspectivas do futuro. “Our future starts now” – nosso futuro começa agora. O lema da Group Conference deste ano era, ao mesmo tempo, também um claro objetivo. Durante três dias, de 23 a 25 de julho, este que foi o maior evento desse tipo organizado pela Voith para executivos teve como tema central as oportunidades e desafios dos próximos anos. De que forma o mundo se transformará até 2020? E quais impulsos temos de dar hoje para lidar corretamente com essa transformação? Cerca de 500 altos executivos internacionais de 31 países ouviram atentamente todos os dias as palestras e experiências de seus colegas nesse quesito e, durante o programa noturno, discutiram os conhecimentos adquiridos – sem problema de compreensão algum, apesar das 29 línguas presentes no evento. Pela primeira vez, a matriz da Voith em Heidenheim sediou a Group Conference, evento realizado a cada três anos. Muitos Voithianos ajudaram a fazer com que a convenção fosse um acontecimento elogiado por todos os participantes. O participante que veio de mais longe foi Mats Hansson, da Voith Turbo Austrália. Ele percorreu cerca de 16.500 quilômetros de distância em linha reta de Wetherill Park até Heidenheim. A viagem, enfatiza Hansson, valeu a pena com toda certeza. // report 2/2012 | 23 INSIGHT EINBLICK O evento, no estilo de “audiência pública”, ofereceu oportunidade para uma minuciosa sessão de perguntas e respostas com toda a direção do grupo. As inúmeras palestras dos colegas vindos de todos os escritórios regionais da Voith geraram motivos para reflexão … … e tema de conversa para os intervalos no Cento de Convenções de Heidenheim. 24 | report 2/2012 Transformação e deslocamento INSIGHT Como a Voith se prepara para os desafios do futuro? O CEO do grupo, Hubert Lienhard, explica as metas e resultados da Group Conference 2012. “Heidenheim I” já foi a quarta Voith Group Conference. Por que fazer um evento assim na era da internet, do Lync e das videoconferências? A Voith Group Conference é o evento para executivos mais importante em nossa empresa. As discussões grupais, os impulsos lançados em conjunto e as emoções e experiências pessoais que surgem nesses momentos através do contato com outros Voithianos tudo isso são oportunidades inigualáveis. Qual foi a meta da convenção? A Group Conference abriu o caminho para a Voith chegar a 2020. Discutimos como nosso mundo se transformará nas próximas décadas e como a Voith lidará com essa transformação: o que temos de fazer hoje para continuar na rota de crescimento obtida com sucesso até agora. Quais transformações teremos nos próximos anos? Os pesos políticos e econômicos no mundo se deslocarão de modo irreversível. A Europa não continuará sendo o centro do mundo por muito tempo. Quando meus filhos tiverem a idade que tenho hoje, estarão vivendo em um mundo em que a Ásia será o centro político e econômico mundial. As empresas que não participarem desse deslocamento nos próximos anos e não ajudarem a defini-lo ativamente perderão cada vez mais importância ou desaparecerão totalmente do mercado. O senhor fez uma apresentação durante a convenção com o tema “Voith em 2020”. Que tipo de empresa será a Voith em 2020? Em 2020, a Voith será uma empresa com muitos centros profundamente arraigados em suas regiões. Uma empresa verdadeiramente internacional que se sente em casa nas regiões importantes, que atende perfeitamente às necessidades do mercado em cada região e cresce nessas regiões com produtos locais e gestão local. Mas, em 2020, a Voith continuará sendo a Voith, apesar de todas as transforma- ções. Uma empresa familiar com uma matriz forte em Heidenheim, com valores e cultura próprios. Qual é o recado da “Heidenheim I” ao grupo? Da “Heidenheim I” saem três recados. Em primeiro lugar, que as transformações na Voith e para a Voith não são uma finalidade em si. Vivemos em um mundo que passa por grandes transformações talvez jamais vistas. Temos de enfrentar esse tema hoje. O mundo não esperará por nós. Em segundo lugar, que todas essas Hubert Lienhard, diretor-presidente transformações trazem imensas oporda Voith GmbH, tunidades para a Voith. Estamos conapresentou durante seguindo lidar com todas as megatena Group Conference uma palestra sobre dências decisivas e temos as ideias, o tema “Voith em tecnologias e recursos humanos para 2020” e sobre o continuar crescendo com elas. Ou futuro do grupo. seja, podemos encarar o futuro com confiança e coragem. E o terceiro recado é que aproveitar as oportunidades nos mercados internacionais nos garante um crescimento de longo prazo, independência financeira e prosperidade econômica. Tudo isso abre para nós as possibilidades de preservar nossa tradição e nossos valores de forma contínua. Não manteremos a constância – sem o deslocamento. Em sua opinião, qual foi o destaque desta edição da Voith Group Conference? Por um lado, as muitas conversas com os Voithianos, nas quais pude sentir a imensa dedicação e o grande comprometimento deles com nossa empresa. E também a disposição para ajudar a definir e sustentar as transformações dos próximos anos. E, por outro lado, o discurso do representante da família acionista no último dia da convenção, durante o qual ficou muito claro que a família apoia a empresa sem restrições. Nossos sócios ajudam sem exceção a sustentar nosso atual curso de sucesso. A Voith é e continuará sendo uma empresa familiar. E não foi só em mim que essas palavras deixaram uma impressão marcante. // report 2/2012 | 25 EINBLICK INSIGHT 1 Sob um único teto Quem quiser ter sucesso mundialmente precisa de uma marca forte. E uma marca forte precisa de um design corporativo vivido na prática. Desde o lançamento, no ano passado, cada vez mais materiais de trabalho têm incorporado a moderna imagem da Voith. O mais novo exemplo da aplicação do novo design corporativo é a total reformulação do site www.voith.com. Equipamentos e utensílios de escritórios (classificadores, material gráfico, cartões de visita etc.) assumirão cada vez mais o novo visual. Desde a implantação oficial do novo design, em maio de 2011, o processo avançou muito. Reformulamos sistematicamente materiais de trabalho e comunicação e definimos diretrizes e manuais detalhados. A Voith é uma empresa internacional que quer ter raízes estabelecidas como marca forte local em cada país. O design corporativo cumpre o requisito para comunicarmos nossa 26 | report 2/2012 identidade corporativa de modo uniforme e inequívoco, independente de fronteiras nacionais e divisões do grupo. O objetivo é claro e ambicioso: a partir de 30/9/2012, o design corporativo será obrigatório mundialmente. Até lá, ainda se pode consumir o material de escritório antigo. Outras mudanças exigirão mais tempo e preparação. Os sistemas de sinalização e orientação não precisarão ser radicalmente revistos, mas aplicados apenas em unidades do grupo novas ou reformadas. Quanto à intranet, antes de ela assumir o novo visual queremos planejar e testar longamente todas as medidas de reformulação. Um importante elemento de apoio na transição é o portal Branding & Identity, disponível na intranet em branding-identity. voith.com. Ali, os funcionários da Voith receberão todas as informações e todas as instruções e modelos para publicações, anúncios, equipamentos para escritórios e muito mais, em alemão e inglês. Também há assistentes on-line para criar material gráfico de escritório pronto para impressão. Muitas vezes, o usuário nem precisa digitar seus dados – o assistente obtém as informações necessárias diretamente da intranet. O arquivo PDF assim gerado é recebido por e-mail e pode ser enviado diretamente à gráfica. // EINBLICK 2 3 4 5 VISÃO GERAL DA IMPLEMENTAÇÃO DO DESIGN CORPORATIVO (1) Equipamentos e utensílios para escritórios Dos classificadores às capas de CD, pastas e blocos de notas, do cartão de mesa aos crachás de lapela: o logotipo azul da Voith agora brilha cada vez mais no cotidiano de trabalho sobre um branco radiante e generoso. Os comunicados enviados aos murais de avisos, que, aliás, também foram reformulados, agora serão afixados com o design corporativo atual. (2) Revistas Justamente as revistas – tais como a Voith Report e as Regional Reports –, que são lidas tanto por Voithianos como por clientes e agregados, terão de se apresentar da melhor maneira usando o novo design corporativo. Para seguir esse alto padrão, também há tutoriais no portal Branding & Identity. Existem ainda modelos prontos para que as newsletters e folheteria sejam reconhecidas e apreciadas à primeira vista como publicações da Voith. (3) Material gráfico Foram estabelecidas diretrizes claras para papéis timbrados, cartões de visita, cartões de cumprimentos e embalagens de postagem. Os assistentes online de CD ajudam na criação rápida e segura de envelopes de postagem, cartões de cumprimentos, papéis timbrados e cartões de visitas. (4) Anúncios de recursos humanos Como empregador cobiçado, a Voith dá o tom já no anúncio de vaga. Dire- trizes e manuais de design disponíveis no portal Branding & Identity ajudam a montar os anúncios de forma estruturada. (5) Sistema de sinalização externa As novas placas de sinalização já estão sendo usadas na unidade de Garching. A implementação em outras unidades passará por longo planejamento antes de se concretizar. 6 (6) Feiras Em feiras setoriais, a marca Voith apresenta-se de modo uniforme, franco e moderno. As diretrizes e instruções para a montagem do estande de exposição ideal serão publicadas no final do atual exercício no portal Branding & Identity. // www.branding-identity.voith.com report 2/2012 | 27 Insight | Entrevista O MERCADO NÃO ESPERA A indústria papeleira passa por uma transição estrutural radical e irreversível. nosA Voith Paper também teve de reagir à mudança na situação do mercado. Nesta época difícil, planejar para o longo prazo compensa ainda mais. Senhor Sollinger, há tempos se fala da substituição de papéis gráficos por mídias digitais. Os atuais desdobramentos do mercado não eram previsíveis? Observamos o mercado mundial de papel nos mínimos detalhes e há anos começamos a nos adaptar a um retrocesso entre os produtos gráficos. Entretanto, a velocidade da transição supera todas as previsões. Isto porque foram vendidas as mídias eletrônicas em enormes quantidades. No período de um ano, a demanda por novas máquinas de fabricação de papel para impressão caiu cerca de 90 por cento. E como estamos falando de uma transformação estrutural, trata-se não de uma queda momentânea, mas de uma tendência irreversível. Que repercussões concretas tem essa situação para a Voith Paper? Devido à situação do mercado, enfrentamos uma contínua redução do faturamento com máquinas de papel gráfico. Isso gera consequências negativas também para outras linhas de produtos ligadas à fabricação de máquinas. Em uma situação como esta, é decisivo reagirmos oportunamente, de maneira refletida e firme, às transformações do mercado. Mesmo que isso provoque medidas bastante dolorosas para todos nós. O retrocesso no setor de máquinas de papel gráfico não é um movimento de mercado cíclico, mas estrutural e, a nosso ver, irreversível. Por isso somos obrigados a adaptar nossas unidades de Heidenheim, Ravensburg, Krefeld e St. Pölten – todas são centros de fabricação de máquinas gráficas ou componentes de tais máquinas. O corte de empregos é inevitável. Seria negligente de nossa parte se esperássemos parados. As grandes máquinas de papel gráfico foram durante muito tempo o carro-chefe da Voith Paper. Que linhas preencherão essa lacuna? 28 | report 2/2012 Faz mais de dez anos que começamos a montar novas linhas. Graças a isso nossa posição já é bem mais ampla e podemos manter parcialmente sob controle uma drástica transformação de mercado como a que estamos vivendo agora. Com muita dedicação de todos os envolvidos, conseguimos ampliar nosso negócio com outros tipos de papel. Temos hoje uma posição de liderança na área de máquinas de fabricação de papel para caixas e embalagens e de papéis especiais. Além disso, graças a uma equipe incrivelmente motivada, ingressamos novamente no mercado de máquinas de papel tissue. E não só isso: hoje somos um fornecedor completo por atuarmos também em automação, soluções ambientais e sistemas pneumáticos e ampliamos nossas atividades nas áreas de produtos e serviços. Essas conquistas só foram possíveis com a dedicação e força inovadora dos envolvidos em escala global. Graças ao trabalho de desenHans-Peter Sollinger, diretor-presidente da volvimento realizado nos últimos anos Voith Paper, explica as em muitas áreas, oferecemos à indústransformações no tria papeleira tecnologias cruciais que mercado papeleiro mundial e os próximos nos ajudam a compensar permanenpassos para essa temente o retrocesso de volumes na divisão do grupo. área de papéis gráficos. A situação do mercado parece estar se transformando não só nos produtos gráficos. Há também sinais de uma tendência de redução do porte de máquinas … Isso mesmo. As máquinas de papel de porte médio estão ganhando cada vez mais importância. A era dos grandes equipamentos parece ter acabado. Nossos clientes, sobretudo na crescente área de caixas de papelão e papéis para embalagens, pedem máquinas que exijam menos investimento e ainda assim não desperdicem os recursos naturais. Nesses casos, para poder oferecer um preço de mercado, temos de reduzir consideravelmente nossos custos e somos obrigados a manter uma fabricação essencialmente local dessas máquinas. Insight | Informativo A demanda por papelão e material para embalagens cresce sobretudo na Ásia. Esse é um dos motivos para a reorganização da Voith Paper. Estamos separando funções regionais e globais de nossa empresa para poder trabalhar de modo eficiente e centrado no cliente. Temos de nos estabelecer com firmeza ainda maior nas regiões para que nosso mercado doméstico seja não um país específico, mas o mundo. Precisamos ter sólidas organizações regionais em cada local que sejam parceiras de nossos clientes e conheçam as especificidades dos fabricantes de papel locais. Além disso, contamos com um crescimento de nossos serviços, onde a atuação centrada no cliente muitas vezes é decisiva. Nossas divisões da Voith Paper não continuarão existindo na forma atual, mas continuaremos oferecendo todos os nossos produtos e soluções – através de uma de nossas organizações locais. Em sua opinião, como será a Voith Paper daqui a cinco anos? A Voith Paper é bem situada no mercado papeleiro, que continua sendo um campo interessante para nós. Para garantir nossa posição de liderança, ouvimos o que o mercado tem a dizer. Estamos trabalhando para ampliar nossa posição ainda mais. Por exemplo, em breve seremos capazes de oferecer novidades na área de máquinas de secagem de celulose. Máquinas de papel gráfico, por outro lado, contribuirão para o faturamento em medida bem menor do que no passado. Além disso, o segmento de máquinas de médio porte ganhará importância para nós. E, claro, a Ásia continuará sendo um tema importante. Assim como nos últimos anos, grande parte dos contratos mundiais também virá dessa região. Cortes e mudanças, como os que temos de fazer atualmente, são sempre difíceis. Mas são necessários para mantemos nossa sólida posição. // MUDANÇA DE HÁBITO A transição para a sociedade digitalizada, que ocorre em muitos lugares, tem repercussões profundas para a demanda por papel. Elas atingem principalmente os chamados papéis gráficos, usados sobretudo para fazer jornais, revistas e livros. Esse tipo de papel enfrenta agora a pesada concorrência das mídias digitais. Portais de notícias, tablets como o iPad ou aparelhos leitores de livros fizeram a demanda recuar consideravelmente em todo o mundo. A substituição por mídias digitais é uma transição estrutural não apenas na América do Norte e Europa. Também na Ásia já se espera um crescimento menor do consumo de máquinas de papel gráfico. Por outro lado, a perspectiva do papelão e papéis para embalagens é positiva. A demanda por esses papéis cresce sobretudo na Ásia, graças ao crescimento econômico de países asiáticos e à globalização. Entretanto, procura-se cada vez mais equipamentos de médio porte, que exigem menos investimento. Além disso, o desenvolvimento econômico e cultural na Ásia e nos mercados em crescimento no mundo todo eleva o padrão de vida local. Isso se mostra na crescente demanda por papel tissue e papéis especiais. Mas o mercado papeleiro mundial continua crescendo. // report 2/2012 | 29 No local Do final de julho até setembro, serão disputados em Londres os Jogos Olímpicos de Verão e os Jogos Paralímpicos. 30 | report 2/2012 No local Rumo ao ouro! Neste verão europeu, cerca de 10.000 atletas de 200 nações disputaram medalhas olímpicas em Londres e milhões de espectadores de todo o mundo povoaram a capital britânica. Além de 70.000 auxiliares voluntários, a Voith também prestou importante contribuição para o sucesso do evento. Participar do evento é uma grande realização – e foi exatamente isso que a Voith tornou possível. I magine que é época de Olimpíadas e ninguém consegue chegar ao local dos jogos! Quem já tentou ir de uma extremidade de Londres à outra atravessando o denso tráfego da cidade não vê nada de absurdo nessa ideia. Uma das condições impostas pelo Comitê Olímpico às cidades candidatas à realização dos XXX Jogos Olímpicos de Verão foi um perfeito planejamento de transportes para os esperados 800.000 passageiros diários. E Londres de fato se preparou bem – juntamente com a Voith. Onibus e trens sempre foram os meios de transporte mais importantes da metrópole de oito milhões de habitantes – cerca de 3,5 milhões de pessoas utilizam diariamente o chamado “tube”, o metrô londrino. É como se a população inteira de Berlim estivesse usando o metrô ao mesmo tempo. O passageiro de um dos 3.000 trens do metrô londrino que atravessa os túneis subterrâneos sempre é acompanhado por um engate Wedgelock da Voith. Esse passageiro pode ter certeza de que os vagões permanecerão unidos não apenas mecanicamente, como também por vias pneumática e elé- trica, para que as portas continuem se abrindo e os cabos elétricos não terminem subitamente. Para os jogos, Londres apostou ainda mais no metrô e nos ônibus vermelhos de dois andares, mundialmente conhecidos. O perfeito funcionamento de tudo dependeu não apenas de equipamentos com componentes de primeira categoria, tais como as engrenagens automáticas DIWA e engates da Voith, como também da assistência técnica. Realizar manutenção e limpeza e manter os equipamentos e cabines de carros em perfeitas condições: para isso também se precisa dos especialistas da Voith, que fazem um trabalho digno de premiação olímpica. Desde 2011, uma equipe de 80 pessoas da Voith Industrial Services cuida da conservação de 600 ônibus da empresa de transportes London United. Em centros de assistência técnica da Voith Turbo em Croydon e Greenford, componentes tais como engrenagens, sistemas de refrigeração ou engates Scharfenberg de trens de curta e longa distância passam por manutenção, com até 10.000 componentes diferentes. report 2/2012 | 31 Vor Ort 3.000 1.500 50 Todos os 3.000 trens do metrô lon- Circulam em Londres 1.500 ônibus Três balsas percorrem o Tâmisa, drino são equipados com engates de dois andares com engrenagens movidas por hélices Schneider da Wedgelock da Voith, entre eles as DIWA da Voith. Além disso, em Voith (VSP) modelo 20E. Elas en- linhas que conduzem ao parque quatro garagens de ônibus da frentam um desafio: quando as olímpico. Em toda a malha de trens companhia de transporte de curta condições da corrente são difíceis, são transportadas diariamente distância London United, a Voith isso exige uma especial capacida- mais de três milhões de pessoas. Industrial Services é responsável de de manobra – nisso a VSP tem Nos trens de curta distância, foram pela manutenção diária e pela lim- eficiência testada e comprovada montados 4.000 engrenagens peza interna e externa de cerca de há 50 anos. axiais, 2.700 turbo-engrenagens, 600 ônibus. 1.600 eixos articulados, 1.000 limitadores de torque, 500 engates de alta elasticidade e 300 conjuntos radiadores da Voith. Quebra de recordes não apenas durante os Jogos Olímpicos 50 anos de Voith na Grã-Bretanha 1962 1970 1977 Fundação da Ampliação dos Venda da primeira Voith Engineering setores de Vendas engrenagem para Limited; entrega e Atendimento ao ônibus DIWA da primeira turbo- Cliente. Mudança D851. Inicia-se a engrenagem para Thornton área de negócios à British Rail Heath, nas cerca- de pós-venda nias de Londres; a fábrica muda para West Norwood 32 | report 2/2012 400.000 No Local Na King’s Lynn, a maior fábrica de Enquanto as disputas por medalhas são realizadas no estádio olímpico novo em folha, as empresas de transporte correm contra o tempo. Apenas o Javelin, primeiro trem de alta velocidade da Grã-Bretanha, que também tem equipamentos Voith, transporta milhares de passageiros por hora e gasta apenas cerca de sete minutos da London St. Pancras International Station, no centro de Londres, à Stratford International Station, no leste. O Eurostar, com seus engates Voith, transporta visitantes vindos de Paris ou Bruxelas pelo túnel abaixo do Mar do Norte, enquanto outros trens trazem os passageiros da Escócia ou outras partes da Grã-Bretanha. Apenas a companhia ferroviária Virgin Train ampliou os horários de operação para trens de longa distância de 18 para 22,5 horas – e mais de 470 funcionários da Voith Industrial Services mantêm os compartimentos em perfeitas condições 24 horas por dia. Não importa a qual evento esportivo que se queira assistir em Londres: a Voith muito provavelmente estará presente na viagem à cidade-sede dos jogos. De qualquer forma, a Voith já está estabelecida na Grã-Bretanha há 50 anos: a Voith Industrial Services oferece “Make Ready Services” sob medida para empresas de transportes; a Voith Turbo é uma parceira competente na área de sistemas de acionamento; e quem quiser se informar sobre os resultados dos jogos lendo um jornal terá nas mãos um pedaço da Voith, pois o papel é fabricado na maior fábrica de papel do mundo, a King’s Lynn, equipada com uma máquina de produção de papel da Voith. No Tâmisa também se vê a tecnologia testada e comprovada da Voith: as hélices Schneider da Voith movem as três balsas no distrito de Woolwich, no sul da cidade. Cada uma delas transporta por viagem passageiros e veículos com um peso total de até 200 toneladas – e isso também ocorre desde 50 anos atrás. // papel jornal do mundo, é usada uma máquina de fabricação de papel da Voith. Ela produz 400.000 toneladas por ano, com velocidade de 2.200 metros por minuto. A estação Deinking para tratamento de papel usado também é um equipamento Voith. O TwinDrum, o maior tambor desagregador do mundo, é capaz de processar 2.000 toneladas de papel usado por dia. 225 Não só o Eurostar como também o Javelin Train é totalmente equipado com engates automáticos Scharfenberg da Voith. Ele atinge a velocidade de 225 quilômetros por hora e gasta apenas sete minutos para percorrer os cerca de doze quilômetros da St. Pancras International à Stratford International Station, no parque olímpico. Oito trens transportam por hora 25.000 passageiros. Além disso, por encomenda da Alstom Transport, a Voith Industrial Services assume a limpeza de bordo dos trens e galpões de manutenção da Virgin Trains, na West Coast Main Line, e a limpeza de bordo e externa dos vagões-dormitório que transitam entre as estações de Euston e Glasgow. 1983 1984 1990 2000 2005 2010 Encomenda de Venda da primeira Cerimônia de Voith Turbo A Voith Industrial Inauguração do grande volume máquina de inauguração da L imited incorpora Services incorpo- Rail Service Cen- da British Rail: fabricar papel unidade de a Fluidrive ra a Premier ter em Greenford, turbo-engrena- completa à Croydon, com E ngineering Manufacturing nas cercanias de gens T-211- Thomas Tait, 50 convidados. ( produção, ven- Support Services, Londres para 150 trens Escócia Escritórios e das e assistência), com sede em rápidos. Pós- fábrica passam do grupo de TI Warwick, Inglaterra venda em rápida a funcionar no ascensão mesmo local report 2/2012 | 33 No local Um belo papel O dinheiro não apenas movimenta o mundo, como também viaja pelo mundo. Na forma de cédulas, ele passa por incontáveis mãos. Por isso, os padrões de qualidade deste cobiçado pedaço de papel são elevados. Cada vez mais países querem passar a fabricar suas próprias cédulas bancárias. A Índia, por exemplo, fechou com a Voith, em março, o contrato de maior volume nesta área até agora, para construção de duas máquinas de fabricação de cédulas. O contratante é o Bank Note Paper Mill India, que encomendou a construção de uma fábrica completa para fabricação de cédulas com duas máquinas de papel. Por trás desse contrato, está o fato de que a Índia, assim como a China, também quer se tornar completamente independente na fabricação de cédulas de dinheiro. “A China já está em ótimo caminho rumo à independência”, diz Wolfgang Neuss, Diretor de Vendas da Voith Paper de Düren responsável pelas máquinas de fabricação de papel-moeda e papel de segurança. Com as duas novas máquinas de papel – além de uma fábrica já encomendada em 2010 – a Índia preenche o requisito para cobrir a demanda interna por rupias. O papel-moeda contém cerca de 200 diversos atributos de segurança. Essa é uma tendência que a Voith, como líder de mercado na fabricação de máquinas de papel de segurança, considera bem-vinda. A Europa ainda é o maior fabricante de papel-moeda, mas de três anos para cá tem crescido muito a demanda por máquinas de fabricação de papel de segurança em outros continentes, sobretudo na Ásia. “A demanda crescente, tal como na China, Índia e Indonésia, tem a ver também com o crescimento econômico desses países”, explica Neuß. 34 | report 2/2012 Os padrões de qualidade do mais cobiçado pedaço de papel do mundo são elevados: durante sua vida útil, as cédulas bancárias passam por incontáveis mãos, carteiras de dinheiro e bolsas. Elas precisam resistir à sujeira e umidade e à lavagem acidental na lavadora de roupas e não podem rasgar nem quando forem amassadas e dobradas pela milésima vez. Isso é possível graças ao robusto material de base usado na maioria das cédulas: o algodão. Para a fabricação de papel-moeda usa-se na maioria das vezes o chamado estame do algodão, resíduo produzido pela indústria da fiação. A “receita” de fabricação do papel-moeda está entre os segredos mais bem guardados do mundo financeiro. Isso não surpreende: os criminosos estão sempre tentando fabricar notas fraudulentas com a aparência mais autêntica possível. Até o euro, tido como especialmente à prova de falsificações, sempre cai na mira dos gatunos: apenas no primeiro semestre de 2008 o Banco Central Alemão registrou quase 20.000 fraudes. Para evitar o máximo possível casos assim, a qualidade e fabricação do papel devem ser sempre inspecionadas e aperfeiçoadas. Além disso, o papel-moeda contém cerca de 200 diversos atributos de segurança. Entre os mais conhecidos estão a marca-d’água, fibras fluorescentes e um fio de segurança feito de material sintético com alumínio vaporizado, que é inserido na máquina de fabricação de papel. Na MasterVat, uma peneira redonda alimentada por corrente contínua e otimizada pela Voith, a marca-d’água se forma juntamente com o papel-moeda. As máquinas especiais necessárias para esses processos são responsabilidade de uma equipe de engenheiros de Düren, cidade às margens do rio Reno e perto de Colônia. A equipe da Voith Paper não apenas desenvolve continuamente essas máquinas, como também as constrói e distribui mundialmente. A No local A Índia, assim como a China, também quer se tornar completamente independente na fabricação de cédulas de dinheiro. MasterSizer, desenvolvida recentemente, também foi concebida em Düren: ela revoluciona o processo de impermeabilização e já se tornou padrão em todas as máquinas da Voith para fabricação de papel-moeda e papel de segurança. A Voith é líder de mercado nesse segmento. Cerca de 45 máquinas da empresa são usadas mundialmente na fabricação de papel-moeda e papel de segurança. Mas isso não é tudo: nos últimos anos, a Voith participou de todos os contratos para construção de fábricas novas. “O consumo em países de economias prósperas cresce continuamente. A China e a Índia são bons exemplos”, diz Neuss, com otimismo. Segundo ele, outras nações seguirão, inclusive para não terem de importar suas cédulas bancárias fabricadas no exterior. Essas são as condições ideais para que o grupo possa continuar fornecendo fábricas e ampliando sua posição de mercado. Diz Neuss: “Estamos muito bem preparados.” // Líder em papel especial Suíça Em 2010, a Voith forneceu ao fabricante suíço de cédulas bancárias LandQuart o equipamento completo para formação de folhas, umedecimento e impermeabilização usado na conversão de uma máquina Fourdrinier convencional em uma máquina para fabricação de papel-moeda. India No mesmo ano, a SPMCIL Hoshangabad, fabricante indiano de papel-moeda, assina um contrato de fornecimento de uma f para fabricação de papel para cédulas. A obra será iniciada no início do ano que vem. Rússia Ainda em 2010, a Goznak, fabricante de papel russa, encomenda uma fábrica para fabricação de papel para cédulas e outros tipos e papel de segurança -- abrangendo desde o depósito de matéria-prima até a fase de embalagem. A operação deverá começar em 2014. India O contrato de maior volume até agora é assinado em março com a Bank Note Paper Mill India, abrangendo a construção de uma fábrica completa com duas máquinas de papel. A Voith será responsável também por toda a transferência tecnológica e treinamento de técnicos qualificados. report 2/2012 | 35 No local Com muita energia Circunstâncias incomuns exigem medidas incomuns: duas monjas do mosteiro beneditino das Irmãs Africanas da Comunidade de Santa Agnes de Chipole arrumaram as malas para fazer um curso em St. Georgen, Áustria. Elas queriam aprender a fazer consertos e manutenção por conta própria em sua própria central hidrelétrica no sudoeste da Tanzânia. S uaves colinas separadas por extensos gramados e terrenos agrícolas com terra de cor vermelha escura, cortadas por inúmeros rios. A cidade mais próxima, com eletricidade e telefone, fica a 30 quilômetros. A 900 metros de altura encontrase o mosteiro no qual 300 freiras vivem com autossuficiência total e cuidam de seus protegidos – cerca de 1.200 órfãos e meninas de famílias pobres. Ali há um jardim de infância, uma escola de Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Profissionalizante, um orfanato, uma farmácia própria, serralheria, marcenaria, açougue e padaria, onde as crianças também recebem formação profissional em trabalhos manuais. Para tudo isso é preciso energia, E a energia é fornecida, há quase sete anos, por uma pequena central hidrelétrica localizada nas proximidades e construída por um empresário suíço e mecenas do mosteiro, com ajuda de doações. Os componentes principais foram doados pela Kössler, subsidiária da Voith em St. Georgen, Áustria. Com 418 quilowatts de potência nas turbinas, a central abastece exclusivamente o complexo do mosteiro com suas diversas instituições. Não há rede elétrica pública. Antes da instalação da central hidrelétrica, havia eletricidade apenas duas vezes por dia, durante duas horas – graças a geradores a diesel. Os equi- pamentos da serralheria e marcenaria funcionavam com motores a gasolina. Porém, recentemente, houve uma parada da central hidrelétrica. “A central simplesmente parou e não sabíamos o que fazer”, conta a madre superiora, Yoela Luambano. “A falta de eletricidade traz grandes restrições em nossa vida cotidiana. Não é possível realizar tarefas de escritório com computador, e não podemos cozinhar, nem lavar.” Nem mesmo a irmã Hildegarda Mwalongo, técnica em eletricidade e responsável pela central hidrelétrica, conseguiu encontrar a causa. Ela entrou em contato por e-mail várias vezes com a Kössler para localizar as falhas, mas não teve sucesso. Todo equipamento elétrico deve Para poderem fazer sozinhas a manutenção na estação de força, as irmãs Yoela Luambano e Hildegarda Mwalogo (à esquerda) receberam treinamento na Kössler, na Áustria. Aqui elas são fotografadas ao lado de Roland Münch, diretor-presidente da Voith Hydro (direita), e Josef Lampl, diretor executivo da Kössler. 36 | report 2/2012 No local passar por manutenção, mas, para isso, faltam tanto mão de obra especializada local como dinheiro. A única possibilidade é aprender por conta própria os meios de eliminar as panes. A Kössler ofereceu às monjas um treinamento e o patrocinador suíço assumiu os custos. Acompanhada pela irmã Yoela, que já havia viajado várias vezes para fora da África, a irmã Hildegarda foi de avião à Europa. IEssa não só foi a primeira vez que ela deixou sua terra, como também foi sua primeira viagem de avião – para um mundo totalmente desconhecido. Apesar das muitas novas experiências na terra estrangeira, ela esteve bastante concentrada: “Ela pegava a ferramenta e preferia trabalhar em vez de apenas observar”, diz Marcel Bösch, que sete anos antes atuou no mosteiro como coordenador de projeto. Durante duas semanas, as irmãs ficaram hospedadas no Lilienhof, lar das Irmãs da Comunidade Maria Ward, em St. Pölten, bem perto da Kössler. Durante o dia, elas participavam da instalação e ajudavam a montar uma turbina Kaplan e eliminar panes em outros equipamentos. “Durante dois dias, elas foram treinadas também no uso do programa de computador para o controle da estação de força”, conta Karl Hen- ninger, gerente de produto da Kössler. O que significam as mensagens de erro? Quais delas são simples alertas e quais significam que a estação de força deve ser desativada? “Fizemos simulações de falhas para que elas aprendessem como proceder para encontrar a causa”, diz Henninger. E deu certo: a central hidrelétrica voltou a funcionar. A causa da falha foi um erro no indicador de posição do rotor. “Estávamos prestes a contratar um técnico por nossa própria conta para ir à Tanzânia”, recorda Henninger. “Foi então que a irmã Hildegarda resolveu o problema sozinha. Tiro o chapéu para as irmãs.” // No sudeste da Tanzânia, no centro do país, uma pequena central hidrelétrica fornece energia ao complexo do mosteiro das Irmãs da Comunidade de Santa Agnes. 300 monjas vivem aqui cuidando de cerca de 1.200 crianças de famílias pobres e órfãos vítimas da AIDS. Dependência de doações Chipole Tanzânia O mosteiro beneditino de Santa Agnes de Chipole foi fundado em 1938 com a missão de ajudar os pobres e necessitados da região. Hoje, as atividades do mosteiro estão concentradas na assistência a portadores do HIV e doentes de AIDS. Um dos maiores problemas do país são os inúmeros órfãos que perderam seus pais e muitas vezes também os avós na epidemia. A finalidade do mosteiro é oferecer a crianças e adolescentes a melhor educação possível para que eles possam ter um futuro melhor. Para isso, o convento depende de doações. Mais informações: www.chipolestagnes.org ou procure a Voith Hydro pelo tel. +49-73 21-37-65 29 report 2/2012 | 37 Marcos 38 | report 2/2012 Marcos Um peso-pesado em alto-mar Quando comparada com os funcionários da Voith Christian Aumüller e Dennis Mertens (à dir.), a nova hélice Voith Raial Propeller (VRP), com 80 toneladas, mostra suas dimensões consideráveis. Com uma potência de entrada de 5.500 quilowatts, esse propulsor gigante gera um impulso de 108 toneladas. A título de comparação, os quatro mecanismos propulsores de uma aeronave Boeing 747 geram 80 toneladas. O colosso é empregado em um navio para construção de usinas de energia eólica off-shore. O navio recebe quatro desses pacotes de força. Além dessa área de aplicação, a VRP é usada também em plataformas flutuantes no transporte off-shore de petróleo e gás natural, bem como em navios-sonda. Um primeiro protótipo acaba de ser fabricado. O desenvolvimento e a construção ficaram a cargo da unidade da Voith em Heidenheim. Em comparação com modelos de fabricantes concorrentes, a VRP atinge a eficiência energética máxima. Isso foi confirmado em minuciosos ensaios-piloto realizados no Instituto de Ensaios de Engenharia Naval de Potsdam. // report 2/2012 | 39 Marcos Mistura perfeita 40 | report 2/2012 Sensores em locais estipulados medem continuamente todos os parâmetros críticos da fabricação de papel. Isso permite uma rápida e sistemática reação a eventuais desvios. marcos O Advanced CT Control System é capaz de controlar todo o processo de fabricação de papel – aqui ele é usado pela Perlen Papier AG, nossa cliente. Quem fabrica papel precisa de mais do que apenas celulose e água. É necessário ter também a exata mistura e dosagem de inúmeros aditivos. O Advanced CT Control System da Voith permite fazer isso com precisão. Sem o uso de produtos químicos e minerais, a moderna fabricação de papel é impensável. São diversas as funções dos princípios ativos empregados, entre elas: garantir as características desejadas do papel, tais como grau de brancura, brilho ou firmeza, manter o processo de produção operando 24 horas por dia e garantir a qualidade da água utilizada. “Hoje”, explica Christian Naydowski, “cada fábrica de papel tem em média 15 fornecedores que as abastecem com diversas substâncias”. Naydowski é gerente de Pesquisa e Desenvolvimento na área de tecnologia química na Voith. Juntamente com sua equipe, ele comprovou que a quantidade de produtos químicos acrescentados só é realmente eficaz dentro de certos limites restritos. Caso haja quantidade a menos, isso gera custos para o fabricante de papel, mas sem o efeito desejado. Por outro lado, no caso de quantidades a mais, os custos não só aumentam como também surgem efeitos colaterais indesejados. Diz Naydowski: “A máxima de que ”mais é melhor” é falsa também no caso da produção de papel”. De fato, muitas vezes, mais equivale apenas a “caro demais”. O que torna essa questão complicada é que a quantidade de aditivos é apenas uma entre centenas de diversos parâmetros que influenciam a qualidade do papel, da água e do processo de fabricação como um todo. Outros fatores de influência são, por exemplo, os minerais empregados, o teor de gás e oxigênio ou a temperatura no equipamento. Não só cada parâmetro específico como também a combi- nação desses parâmetros entre si é que influencia o processo e a qualidade do produto final. Diz Naydowski: “Por isso deve-se supervisionar e controlar toda a produção de papel, de modo que o equipamento tenha sempre o desempenho ideal e a qualidade do papel e da água seja exatamente aquela especificada pelo fabricante”. Para isso, todos os parâmetros críticos têm de ser medidos continuamente. Em caso de detecção de desvios, a dosagem de determinadas substâncias tem de ser alterada. É exatamente isso que faz o Advanced CT Control System da Voith, que controla todo o processo de fabricação de papel. O sistema compreende medidores e sensores colocados em posições estipuladas durante a etapa de tratamento de materiais e na máquina de fabricação de papel. Os resultados das medições são registrados on-line e avaliados. Ao mesmo tempo, o sistema permite um controle dos equipamentos de dosagem em questão de segundos. O sistema de controle já passou pelo teste de fogo. Como ele foi concebido como novo componente do Integrated EcoMill, a Voith pôde testar o Advanced CT Control System em uma de nossas clientes, a Perlen Papier. A estratégia deu certo: “Nunca teríamos imaginado que os sensores CT funcionariam de modo tão confiável e estável”, admite Jörg Michel, membro da direção da empresa suíça. “O diagnóstico CT on-line nos convenceu totalmente e é um perfeito complemento para o Integrated EcoMill.” Com o Advanced CT Control System, a fábrica de papel do futuro está um passo mais próxima de se tornar realidade. // report 2/2012 | 41 PANORAMA Local da boa esperança Localizada nas proximidades da Voith Turbo da África do Sul, a Ithembelihle Lsen School é uma instituição para crianças com deficiências físicas. No decorrer dos anos, estabeleceu-se uma espécie de parceria que a Voith deseja fortalecer ainda mais no futuro. C omo prova disso, a empresa doou dez smartboards, juntamente com projetores e laptops, no valor de 37.000 euros, permitindo que professores montem suas aulas com mais participação e dinamismo. Em vez dos tradicionais quadros de giz, os cerca de 200 alunos agora sentam de frente para grandes quadros brancos eletrônicos, que são conectados a um computador e funcionam como telas interativas. A tela é equipa42 | report 2/2012 da com sensores que reagem ao toque. Assim, todas as fotos e ilustrações que o professor projeta na tela com o projetor são complementadas à mão com canetas especiais. Isso faz com que as crianças descubram o mundo de uma forma que elas, devido a suas respectivas deficiências, nunca puderam conhecer e talvez nunca conhecerão. “Elas escutam o barulho de ondas e o rugir de um leão e têm condições de participar ativamente da aula. Graças a esse equipamento multifuncional e multimídia, elas ficam virtualmente sedentas de novos conhecimentos”, explica Leonor Ngozi, diretora da escola. As crianças, que têm deficiências tais como ausência de membros, doenças do aparelho motor ou da musculatura, recebem cuidados e aulas de uma equipe de 20 professores, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais. Os smartboards facilitam também o trabalho dessa Panorama Janela para o mundo Ithembelihle é uma escola financiada pelo Estado, mas depende de doações para comprar materiais didáticos e equipamentos. O princípio máximo da escola é receber qualquer criança independente de sua situação social e origem. A mensalidade custa o equivalente a 100 euros por ano e apenas 20 dos pais de alunos têm condições de pagar esse valor. A escola foi fundada no início dos anos 90 por iniciativa de professores. A instituição compõe-se de salas de aula, administração, alojamento, refeitório e centro de mídia com biblioteca. Nesta última, os livros e as histórias representam para os alunos uma janela para o mundo. Joanesburgo África do Sul equipe: é possível salvar a imagem criada no quadro e, por exemplo, disponibilizá-la aos alunos como material de estudo. “A maioria dos alunos vem de famílias pobres. Por isso temos orgulho de poder ajudar a possibilitar que eles tenham uma educação melhor”, diz Graham Russell, diretor executivo da Voith Turbo da África do Sul. A escola usa o equipamento inovador desde agosto de 2011. Mas desde já se vê que cada vez mais alunos conseguem ser promovidos para uma série escolar superior e, dessa forma, conseguem uma oportunidade real de se estabelecerem no mercado de trabalho local. “Além dos smartboards, a Voith equipou a administração da escola com modernos programas de computador e prestou apoio ensinando a usá-los”, diz Russell. Assim, a escola fará realmente jus a seu nome, pois Ithembelihle significa “local da boa esperança”. // Com os smartboards da Voith, os alunos da Ithembelihle Lsen School têm à disposição um moderno recurso didático. Em todas as regiões africanas com déficits educacionais, o acesso ao ensino qualificado é importante para o indivíduo poder se firmar no mercado de trabalho. Para os professores, o smartboard (foto inferior) é um grande alívio de trabalho e para as crianças ele significa interatividade em sala de aula. report 2/2012 | 43 Panorama Uma metrópole no paraíso T Michelle McLain, 65, trabalha há oito anos na Voith Turbo em Brisbane, Austrália. Aqui, ela conta por que vale a pena visitar essa jovem cidade – tanto no verão como no inverno. 44 | report 2/2012 enho a satisfação de lhe apresentar a minha cidade. Nasci e fui criada aqui. Brisbane é a capital do estado de Queensland e tem cerca de dois milhões de habitantes. Esse fato a torna a terceira maior cidade da Austrália. Comparativamente jovem – com menos de 200 anos – desde 1990 Brisbane é uma das cidades australianas com o maior ritmo de crescimento. A cidade também obteve reconhecimento internacional – tal como nos Jogos da Commonwealth de 1982, na Exposição Universal de 1988, bem como em 2001, durante os Jogos da Boa Vontade, espécie de Olimpíadas alternativas. Adoro aproveitar o tempo livre para correr em nossas extensas praias, caminhar em nossos bosques tropicais, comer em nossos muitos restaurantes internacionais e estar com minha famí- lia e amigos. Nosso fantástico clima subtropical, com verões quentes e úmidos e invernos frios e ensolarados, e as espetaculares paisagens locais nos estimulam a viver a vida literalmente ao ar livre. Em termos de esportes, por exemplo, o rúgbi, o críquete, o tênis e a natação são elementos importantes de nossa cultura. Ou então, explore Brisbane em passeios a pé ou de bicicleta. A cidade é cortada por passeios para pedestres e pontes. Eles se estendem do South Bank aos quarteirões artísticos localizados a pouca distância e ao Central Business District, que é o centro da cidade. Estou muito curiosa para saber se minha cidade lhe deixou uma boa impressão. Para isso, claro, você precisa vir aqui. Receba minhas calorosas boas-vindas! // Panorama O Lo n sant e Pine K uário oala S de c oala anctuary s do mun é o maio do r O rio Brisbane passa serpenteando próximo ao centro da cidade até atingir sua foz e despejar suas águas no mar de corais. sua equipe ain (centro) e Michelle McL a a clientes nd ve spó porte oferecem su Mineração e te or de Transp dos setores Nossa unidade Nossa empresa está sediada em Archerfield, um dos principais centros industriais de Brisbane. Em 1994, a Voith incorporou a Hydraulic Company, onde trabalho há oito anos. Isso faz de mim um dos primeiros membros da Voith aqui em Brisbane. Somos uma fantástica equipe de 15 pessoas trabalhando na área de Transporte Ferroviário e Rodoviário e Indústria. Brisbane Austrália Oferecemos um amplo suporte pós-venda a nossos clientes atuantes sobretudo nos setores de Transporte e Mineração. Como chefe de escritório, sou responsável pelo impecável transcorrer das operações diárias e presto apoio também à administração e a todos os funcionários. A Gold Coas t fica a menos de uma hora carro de Bris de bane em dire ção ao sul report 2/2012 | 45 Quer saber mais sobre nós? www.voith.com PaPeR TeCHnoloGY JouRnal T wOgE THER #33 | 2012 THE MAGAZINE FOR POWER TRANSMISSION PERSPECTIVES #1 | 2012 hypower Ma gaZine For hydro poWer technology # 2 0 | s u m m e r 2 0 11 METROPOLITAN REGION DELHI MAKING WAY FOR PUBLIC TRANSPORT MINING POWER IN THE DARK VOITH AQUATARDER SWR TEST RIDE SÂO PAULO GERMAN HOTSPOT WITH POTENTIAL Focus powering the Future global expertise generating excellence case studies Full-line service CoVer sTory CLOSE TO THE CUSTOMER technology harnessing the ocean’s energy New PlaNTs DonGHae PM 1: ReSouRCe-SaVinG anD eConoMiCal A revista da tecnologia do papel Editora: Voith GmbH Comunicação Corporativa St. Pöltener Str. 43 89522 Heidenheim, Alemanha www.voith.com A revista da tecnologia de acionamento A revista de tecnologia de energia hídrica